orçamento de atividades diárias de um grupo de macacos-prego sapajus libidinosus, (spix, 1823) do...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA NATUREZA CAMPUS SERRA DA CAPIVARA Danilo Sabino da Silva Lima Orçamento de atividades diárias de um grupo de macacos- prego Sapajus libidinosus, (Spix, 1823) do Parque Nacional Serra da Capivara-PI e entorno São Raimundo Nonato-PI 2014

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Monografia sobre comportamento com pesquisa realizada no Parque Nacional Serra da Capivara

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA NATUREZA

CAMPUS SERRA DA CAPIVARA

Danilo Sabino da Silva Lima

Orçamento de atividades diárias de um grupo de macacos-

prego Sapajus libidinosus, (Spix, 1823) do Parque Nacional

Serra da Capivara-PI e entorno

São Raimundo Nonato-PI 2014

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DANILO SABINO DA SILVA LIMA

Orçamento de atividades diárias de um grupo de macacos-

prego Sapajus libidinosus, (Spix, 1823) do Parque Nacional

Serra da Capivara-PI e entorno

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF, Campus Serra da Capivara, como requisito para obtenção do título de licenciado em Ciências da Natureza. Orientadora: Profª. Dr.ª Anna Flora de Novaes Pereira

São Raimundo Nonato-PI 2014

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Lima, Danilo Sabino da Silva

L732o Orçamento de atividades diárias de um grupo de macacos-prego Sapajus libidinosus, (Spix, 1823) do Parque Nacional Serra da Capivara-PI e entorno/ Danilo Sabino da Silva Lima. – São Raimundo Nonato, 2014.

48 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências da Natureza)

– Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Serra da Capivara, São Raimundo Nonato - PI, 2014.

Orientadora: Profª. Dr.ª Anna Flora de Novaes Pereira. 1. Macacos-prego. 2. Primatas - Comportamento. 3. Animais -

comportamento. 4. Ecologia animal. 5. Parque Nacional Serra da Capivara (PI). I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco.

CDD 599. 8

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF

Bibliotecária: Ana Paula Lopes da Silva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, que iluminou o meu caminho durante

esta caminhada.

Aos meus pais. Sem eles nenhuma realização de minha vida seria possível.

Obrigado pelo amor e carinho, que me dão suporte nesse início de minha vida

acadêmica. Em especial, à minha mãe, Maria Boaventura, que dedicou todo o amor,

força e coragem para que eu chegasse até aqui. Por ter sempre me guiado em todos

os meus passos e escolhas, e ser sempre um exemplo de caráter, humildade e

dedicação. Ao meu irmão, Daniel, pelo companheirismo e amizade.

À minha namorada, Andréia, por sua compreensão e ajuda no decorrer

desses anos de trabalho. Te amo!

À minha professora orientadora, Drª Anna Flora Novaes, pela paciência na

orientação e incentivo, que tornaram possível a conclusão desta monografia.

Agradeço, imensamente, ao laboratório de Psicologia experimental da

Universidade de São Paulo-USP, em especial a Camila Galheigo Coelho, que me

ajudou e acompanhou em todo o período de coleta de dados desse trabalho, e me

ensinou tudo o que sei hoje sobre o trabalho com primatas. Não poderia esquecer

do cara que foi peça fundamental para a coleta de dados dessa pesquisa, Francisco

Reinaldo, (Seu Chico), por toda a amizade, companhia, cumplicidade e

ensinamentos em campo.

Agradeço a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) pelo apoio

no desenvolvimento dessa pesquisa.

Ao professor Arnaldo Junior pelo incentivo, apoio e inicio da orientação desse

trabalho.

A todos os professores do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza,

que foram importantes na minha vida acadêmica.

Aos Técnicos administrativos da UNIVASF: Sandro, Venicio, Paulo Oliveira e

Paulo Junior, que sempre me ajudaram nesse processo de graduação.

Aos motoristas, João e Maninho, meu muito obrigado por tornarem nossas

viagens mais alegres e descontraídas.

Aos macacos que foram meus companheiros por várias horas de trabalho e

me aceitaram dentre eles, em especial a macaca Chica, que com suas travessuras

conseguia arrancar da gente sorrisos nos dias estressantes e cansativos de coleta.

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A todos da minha família que, de alguma forma, incentivaram-me na

constante busca pelo conhecimento.

A todos aqueles que, de alguma forma, estiveram e estão próximos de mim,

fazendo esta vida valer cada vez mais a pena. Como já dizia Camelo: “É preciso

força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê”. Hoje, vivo uma

realidade que parece um sonho, mas foi preciso muito esforço, determinação,

paciência e perseverança para chegar até aqui, mesmo sabendo que ainda não

cheguei ao fim da estrada, mas há ainda uma longa jornada pela frente. Eu jamais

chegaria até aqui sozinho. Minha eterna gratidão a todos aqueles que colaboraram

para que este sonho pudesse ser concretizado.

MUITO OBRIGADO!

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“Eu não olho para sinais, nem para marcas, nem para pêlos, nem para nada.

Eu os reconheço assim, como a você. Eu os reconheço como reconheço

gente.”

(Marino Junior Fonseca de Oliveira)

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RESUMO

Os Primatas do Gênero Sapajus, conhecidos popularmente como macacos-prego,

possuem o corpo robusto, peso de 2,5 kg a 5 kg, são arborícolas, tem hábitos

diurnos, utilizam cauda semi-preêssil para facilitar sua locomoção. O estudo do

orçamento de atividades de primatas, isto é, a alocação de tempo em diferentes

comportamentos, como alimentação, descanso, locomoção e interação social,

permite investigar como esses animais interagem com o seu habitat e gastam seu

tempo e energia melhorando assim a sua sobrevivência e reprodução. Nessa

perspectiva esse estudo tem como objetivo principal analisar e descrever o

orçamento de atividades diárias de um grupo de macacos-prego Sapajus libidinosus,

que foram observados entre os meses de março a junho de 2012, no Parque

Nacional Serra da Capivara-PI e entorno. Ao todo o grupo foi acompanhado durante

cerca de 150 horas, totalizando 841 pontos focais. Com base nas analises pôde-se

perceber que a atividade de deslocamento foi o comportamento mais observado em

todas as faixas etárias analisadas totalizando 41% dos pontos focais amostrados,

seguido de descansando (18%), comendo (17%), forrageando (16%), catando (3%),

uso de ferramentas (2%), observando (2%) e brincando (1%). A frequência de

atividades diárias realizadas pelos indivíduos de ambos os sexos foi praticamente a

mesma, sendo possível perceber que os machos descansam, observam e usam

ferramentas mais do que as fêmeas, e por outro lado as fêmeas realizam mais

atividades voltadas para a alimentação (forrageamento e comendo) do que os

machos. Trabalhos nesse sentido são importantes para o estudo desses primatas

nos mais diversos ambientes colaborando com estratégias de manejo e conservação

da espécie.

Palavras Chaves: Macacos-prego, Orçamento de atividades, Parque Nacional Serra

da Capivara.

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ABSTRACT

The Primates of the genus Sapajus, popularly known as capuchin monkeys, have the

rugged body, weight of 2.5 kg to 5 kg, are arboreal, and has diurnal habit, use tail

semi-preessil to facilitate their locomotion. The study of budget activities of primates,

that is, the allocation of time to different behaviors, such as feeding, resting,

locomotion and social interaction, enables you to investigate how these animals

interact with their habitat and spend your time and energy thus improving their

survival and reproduction. In this perspective this study has as main goal is to

analyze and describe the budget of daily activities of a group of capuchin monkeys

Sapajus libidinosus, that were observed between the months of March to June 2012,

in Serra da Capivara National Park-PI and surroundings. The whole group was

accompanied for approximately 150 hours, totaling 841 focal points. On the basis of

the analyzes we could notice that the activity of displacement was the behavior more

observed in all age groups analyzed totaling 41% of focal points sampled, followed

by resting (18%), eating (17%), foraging (16%), scavenging (3%), use of tools (2%),

observing (2%) and playing (1%). The frequency of daily activities performed by

individuals of both sexes was virtually the same, being possible to realize that the

male resting, observe and use tools more than females, and on the other hand

females perform more activities aimed to supply (foraging and eating) than males.

Works in this direction are important for the study of these primates in more diverse

environments collaborating with management strategies and conservation of the

species.

Key words: Capuchin monkeys, Budget activities, Serra da Capivara National Park.

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LISTA DE FIGURAS

Página Figura 1 - Distribuição das espécies do gênero Sapajus: Roxo: Sapajus apella; Vermelho: Sapajus cay; Azul: Sapajus flavius; Rosa: Sapajus libidinosus; Laranja: Sapajus macrocephalus; Verde: Sapajus nigritus; Amarelo: Sapajus robustus; Marrom: Sapajus xanthosternos. (Fonte: Lynch Afaro et al. 2012)............................................................................... 13 Figura 2 - Bolinha, atual macho alfa do grupo de estudo (Jurubeba) do Parque Nacional Serra da Capivara-PI, Brasil (Período de observação: março a junho de 2012). Fotos: Camila Coelho........................................... 14 Figura 3 - Mapa da localização da área de estudo no entorno do Parque Nacional Serra da Capivara-PI. (Fonte da imagem: FUMDHAM).................................................................................................. 22 Figura 4 - Fotos das formações geológicas do Parque Nacional Serra da Capivara-PI. Foto A), B) e E) alto da pedra furada (Fonte: Viarural.com). C) Pôr do sol no baixão das andorinhas (Fonte: vivendoaventuras.com). D) formações rochosas do parque (fonte: skyscrapercity.com) G) Alto da pedra furada (Foto: Danilo Sabino).............................................................. 23 Figura 5 - Exemplos dos indivíduos caracterizados do grupo Jurubeba. A) Juvenil comendo; B) Infante Chocolate dormindo; C) Bolinha (Macho Alfa do Grupo) Foto: Camila G. Coelho; D) Fêmea Jane, carregando o filhote Jota nas costas e segurando bananas; E) Juvenis Brincando (Foto: Tiago Falótico); F) Adultos fazendo catação (Foto: Eliete Silva); G) Adulto usando pedra para cavar; H) Sub-adulto Mickey Observando.................................................................................................. 26 Figura 6 - Orçamento geral das atividades diárias do grupo Jurubeba (Período de observação: março a junho de 2012)............................................................................................................ 30 Figura 7 - Macacos-prego do grupo Jurubeba usando ferramentas. A) uso de pedra para cavar raiz da farinha seca; B) uso de pedra para bater na outra........................................................................................................ 32 Figura 8 - Orçamento das atividades diárias do grupo Jurubeba categorizada por sexo.................................................................................. 32 Figura 9 - Macacos-prego do grupo Jurubeba em atividades de descanso (Parque Nacional Serra da Capivara-PI). (Foto: Danilo Sabino) ................. 33 Figura 10 - Orçamento das atividades diárias por faixa etária do grupo Jurubeba...................................................................................................... 34 Figura 11 - Orçamento de atividades do grupo Jurubeba categorizada por sexo e faixa etária.................................................................................. 35 Figura 12 - Macacos-prego do grupo Jurubeba realizando a atividade de catação......................................................................................................... 35 Figura 13 - Imagem do lagarto que estava sendo consumido por um indivíduo do grupo Jurubeba........................................................................ 36 Figura 14 - Indivíduos do grupo Jurubeba comendo alimentos provisionados (banana e milho) pela FUMDHAM................................................................................................... Figura 15 - Indivíduos do grupo Jurubeba em atividades de Brincadeira. A) Juvenis brincando de cócegas (Foto: Tiago Falótico); B) Juvenis brincando de luta. (Foto: Danilo 37

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Sabino)......................................................................................................... Figura 16 - Orçamento das atividades diárias desenvolvidas ao longo do dia................................................................................................................. 38

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LISTA DE TABELAS

Página Tabela 1 - Composição do grupo de macacos-prego (Jurubeba) durante o período de estudo (Março a Junho de 2013) no Parque Nacional Serra da Capivara-PI. ¥ = Macho alfa. * = Infantes........................................................................................................... 25 Tabela 2 - Etograma de comportamentos a serem registrados durante a amostragem baseados no método ad libitum (Altmann, 1974)..................... 27

13

SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 14

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................... 19

3. OBJETIVOS......................................................................................... 23

4. METODOLOGIA.................................................................................. 24

4.1. Área de estudo............................................................................. 24

4.2. Grupo estudado............................................................................ 26

4.3. Coleta de dados........................................................................... 29

4.4. Análise de dados.......................................................................... 30

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 32

6. CONCLUSÃO...................................................................................... 41

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 42

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1. INTRODUÇÃO

Os Primatas do gênero Sapajus, conhecidos popularmente como macacos-

prego, nome esse dado devido à glande peniana ter o formato de um prego (Ferreira

& Prado, 2001), possuem o corpo robusto, peso corporal de 2,5 kg a 5 kg, hábitos

arborícolas, padrão de atividade diurno e utilizam cauda semi-preênssil para facilitar

sua locomoção. Vivem em grupos que podem ter até 50 indivíduos. São primatas

onívoros, que incluem uma grande diversidade de itens alimentares à sua dieta,

como polpa de frutos maduros, folhas, brotos, seiva, sementes, néctar, ovos,

invertebrados e pequenos vertebrados, como aves e roedores (Galetti & Pedroni,

1994; Ferreira et. al., 2002; Resende et. al., 2003; Izar, 2004). A coloração do pelo

varia do marrom claro ao amarelo mostarda indo até o preto, os ombros e barriga

são mais claros que o resto do corpo, de acordo com as diferentes regiões

geográficas habitadas. Spix (1823) foi o primeiro a descrever a espécie Sapajus

libidinosus, a mesma foi encontrada na região do Rio Carinanha, afluente do rio São

Francisco.

A Principal característica morfológica que diferenciava os primatas do gênero

Cebus para a classificação da espécie era a ausência ou presença de tufos de pelos

longos e eréteis na extremidade da cabeça (Ford & Hobbs, 1996). Porém, devido a

incerteza na taxonomia, e diante da grande variabilidade fenotípica dos seus

representantes, características anatômicas foram utilizadas para dividi-los em forma

robusta (macacos-prego) e forma grácil (caiararas) (Groves, 2001; Silva Junior.,

2001). Recentemente Lynch Afaro et al, (2012) propôs uma nova classificação

baseada em evidências moleculares e biogeográficas, associadas às diferenças

morfológicas, ecológicas e comportamentais, sugeriram então a separação do

gênero Cebus em dois: gênero Cebus compreendendo as formas gráceis com

quatro espécies: C. albifrons (Humboldt, 1812), C. olivaceus (Schomburgk, 1848), C.

capucinus (Linnaeus, 1758) e C. Kaapori (Queiroz, 1992), e o gênero Sapajus,

compreendendo as formas robustas com oito espécies: S. apela (Linnaeus, 1758),

S. macrocephalus (Spix, 1823), S. libidinosus (Spix, 1823), S. cay (Illiger, 1815), S.

nigritus (Goldfuss, 1809) , S. robustus (Kuhl, 1820), S. xanthosternos (Wied-

Neuwied, 1826) e S. flavius (Schreber, 1774). O presente estudo adota essa nova

classificação.

15

Segundo Fragaszy et al. (2004), o gênero Sapajus possui a segunda maior

distribuição geográfica entre os primatas neotropicais, ocorrendo em Honduras,

Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Guianas, Brasil, sudeste do Paraguai

e nordeste da Argentina. No Brasil ocorrem oito espécies do gênero, sendo que as

espécies de macacos-prego são amplamente distribuídas, ocupando uma maior

diversidade de ambientes, como a região de Floresta Amazônica, Cerrado,

Caatinga, matas semi-decíduas e Floresta Atlântica (Figura 1) (Mittermeier &

Coimbra-Filho 1982). A espécie Sapajus libidinosus tem sua distribuição limitada ao

território brasileiro e não consta em nenhuma categoria de ameaça nas listas

nacionais e internacionais de extinção (Silva Júnior, 2001).

Figura 1- Distribuição das espécies do gênero Sapajus: Roxo: Sapajus apella; Vermelho:

Sapajus cay; Azul: Sapajus flavius; Rosa: Sapajus libidinosus; Laranja: Sapajus

macrocephalus; Verde: Sapajus nigritus; Amarelo: Sapajus robustus; Marrom: Sapajus

xanthosternos. (Fonte: Lynch Afaro et al. 2012).

16

Os grupos formados pelo gênero Sapajus são do tipo multimacho/multifêmea

com poligamia (um macho com várias fêmeas) (Di Bitetti & Janson, 2001). Existe

uma hierarquia com um macho dominante (macho-alfa) sobre todos os outros

indivíduos (Fedigan, 1993), embora essa estrutura hierárquica não siga um padrão

uniforme (Fragaszy et al., 2004). O macho-alfa (Figura 2) controla o acesso aos

recursos alimentares e é responsável por alguns comportamentos tais como defesa

do grupo e acasalamento (Fedigan, 1993).

Figura 2- Bolinha, atual Macho - alfa do grupo de estudo (Jurubeba) do Parque Nacional Serra

da Capivara-PI, Brasil (Período de observação: março a junho de 2012). Fotos: Camila Coelho.

As fêmeas sexualmente reprodutivas apresentam estro a cada 20-35 dias. São

elas que escolhem o macho com quem vão copular, seguindo-o e emitindo

vocalizações e expressões faciais especificamente utilizadas nesse contexto

(Verderane, 2010). As cópulas geralmente são precedidas por perseguições de

fêmeas ao macho dominante que foge das mesmas. As fêmeas solicitam atenção

com uma grande variedade de vocalizações além de expressões faciais e posturas

diversas. A monta do macho ocorre por aproximadamente dois minutos e podem

ocorrer até seis montas durante episódios separados de acasalamento. A fêmea, em

algumas ocasiões, pode efetuar catação no macho entre montas e inclusive montar

17

no macho durante as interações sexuais (Fragaszy et al., 2004). O tempo de

gestação em torno de 149 -158 dias e o intervalo entre nascimentos varia de 18 a 22

meses (Fragaszy, 1990; Fragaszy et al., 2004; Izar et al., 2007). O comportamento

materno é caracterizado por interações íntimas entre mãe e filhote (Fragaszy et. al.,

1991) e há uma grande tolerância social de indivíduos adultos com os infantes. As

espécies do gênero Sapajus são caracterizadas por um longo período de vida,

desenvolvimento lento e baixa taxa de natalidade. Em cativeiro, há registros de um

animal que viveu até os 55 anos (Fragaszy et. al., 2004).

A ecologia comportamental aborda os padrões comportamentais dos animais sob

um prisma essencialmente biológico, lidando com as possibilidades de sobrevivência

de um animal e seu sucesso reprodutivo (Krebs & Davies, 1996). Tinbergen (1976)

apud Alves (2010) definiu o comportamento como a conduta de movimento dos

animais, que vai desde o correr até um simples levantar de orelha, passando pelos

atos de respirar, acasalar e alimentar-se.

O estudo do orçamento de atividades de primatas consiste em investigar

como estes animais gastam seu tempo, por exemplo, com alimentação, descanso,

locomoção, interação social entre outros, permitindo investigar como esses animais

interagem com o seu habitat melhorando a sua sobrevivência e reprodução (Defler,

1995). O orçamento de atividades pode variar bastante entre espécies distintas,

populações de mesma espécie vivendo em ambientes diferentes bem como entre

membros de um mesmo grupo.

Na primatologia, diversos trabalhos envolvem o entendimento de orçamento

de atividades (Digby & Barreto, 1996; Di Fiore & Rodmam, 2001; Verderane, 2010;

Izar et al., 2012). O orçamento de atividades de primatas pode variar de acordo com

diversos fatores ambientais, como: pluviosidade, temperatura, variação na

abundância e distribuição dos recursos limitantes entre outros. Diversos estudos

com macacos do gênero Sapajus relatam mudanças significativas no orçamento de

atividades em função do regime de chuvas e da oferta de alimentos (Terborgh, 1983;

Robinson, 1986; Rímoli, 2001; Moura, 2004; Ferreira et al. 2008). No geral, durante

os meses de seca, os animais investem mais tempo em forrageamento, locomoção e

descanso e menos tempo em interação social (Moura, 2004).

Os animais do gênero Sapajus se destacam por apresentarem alta

encefalização e capacidade de manipulação de ferramentas (Fragazy et. al. 1990

18

apud Pereira, 2013), como o uso de pedras para quebrar cocos ou mesmo o uso de

varetas para ‘pescar’ formigas ou cupins, além de características de inquietude e

curiosidade em seu comportamento (Aurichio 1995).

O forrageamento, ou seja, a forma com que o mesmo procura alimento é

oportunístico, com emprego de técnicas extrativas para obtenção de itens

alimentares encapsulados, como larvas de insetos em galhos secos ou ninhos e

meristema de palmeiras (Taira 2007). No Parque Nacional Serra da Capivara

(PNSC) foi observado que alguns grupos de S. libidinosus usam pedras para cavar,

quebrar frutos, para cortar e quebrar troncos, varetas para coletar mel e

invertebrados, e para acessar presas e animais ameaçadores (Mannu & Ottoni,

2009), além do display sexual de fêmeas durante o período preceptivo e varetas

como sondas (Falótico, 2011). Segundo Falótico (2011), os macacos-prego do

Parque Nacional Serra da Capivara também exibiram outras maneiras de incluir

ferramentas em seus comportamentos como: uso de folha para envolver uma lagarta

e conjuntamente uma pedra para esmaga-la antes de comer; uso de varetas para

coçar outros indivíduos durante um evento de catação; uso de galho com folhas para

derrubar abelhas e depois come-las; uso de varetas para cutucar o macho durante

display de cio.

Seguindo esse enfoque este estudo tem como objetivo principal descrever e

analisar o orçamento de atividades de um grupo de macacos pregos Sapajus

libidinosus em liberdade do Parque Nacional Serra da Capivara-PI, verificando se o

orçamento de atividades desses animais é afetado pelo sexo ou idade dos

indivíduos e se as atividades diárias variam em função do período do dia.

19

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A proporção de tempo que os animais se dedicam às suas atividades caracteriza

o comportamento de diferentes populações e espécies. Essa proporção, conhecida

como orçamento de atividades, é influenciada por fatores ambientais e indica como

as espécies se ajustam ao seu habitat (Setz & de Hoyos, 1985; Cullen & Valladares-

Pádua, 1997). A forma pela qual os animais distribuem o tempo entre as várias

atividades tem consequências importantes na sua sobrevivência e reprodução

(Kierulff et. al., 2002). Logo, estudos que avaliam a flexibilidade comportamental dos

animais podem ser de extrema importância para a conservação dos mesmos.

Segundo Pianka (1978), o tempo que um animal dedica a cada uma de suas

atividades não é casual, mas depende de uma serie de fatores ambientais.

Entendendo o orçamento temporal em diferentes atividades podemos compreender

a interação das espécies com o ambiente em que vivem e a forma como a mesma

explora o ambiente (Ludwing, 2011). Uma vez que a quantidade total de tempo

disponível para qualquer individuo é fixa e finita, a maneira pela qual os animais

alocam tempo, material e energia entre as várias demandas são de fundamental

importância em estudos de ecologia. A Partição do tempo tem sido utilizada para

estimar indiretamente o orçamento energético de diversos organismos (Glander

1978; Gross et. al. 1979; Milton 1979). As diferentes atividades realizadas

distribuem-se ao longo do tempo, ocorrendo em geral, em horários previsíveis

durante o dia, com uma organização temporal rítmica favorecendo a adaptação dos

organismos a um ambiente essencialmente cíclico (Azevedo et. al., 2004).

O estudo do comportamento animal e o da história natural são utilizados

como ferramentas básicas para a compreensão de interações ecológicas e da

biodiversidade, com aplicação direta em programas de conservação (Del-Claro

2004).

Pesquisas que tratam do padrão de atividades de macacos-prego foram

conduzidas por Rímoli (2001), que estudou a espécie Sapajus nigritus em um

fragmento de Mata Atlântica, reportou que as maiores atividades dos animais foram

de 37,99% em alimentação, 26,12% em deslocamento, 15,99% em forrageio

observacional e 11,80% em forrageio manipulativo-destrutivo. Sampaio (2004)

estudou a espécie Sapajus apella na Ilha de Germoplasma na região norte do Brasil

20

e verificou 39,79% dos registros de atividades do grupo em deslocamento, 30,04%

em forrageamento e 20,03% despendidos na alimentação. Pinto (2006) estudou um

grupo de Sapajus cay no Parque Estadual Matas do Segredo em Campo Grande e

registrou 39,86% das atividades do grupo em deslocamento, 36,37% para o

forrageio e 17,10% na alimentação. E de acordo com Robinson & Janson (1987) Os

animais do gênero Sapajus gastam de 70 a 80% do seu dia forrageando.

De acordo com Terborgh (1983), primatas do gênero Sapajus despendem

menos tempo para descansar e interagir socialmente, pois dedicam muito tempo

para localizar e capturar seus alimentos. Diferenças sexuais no orçamento de

atividades foram encontradas em populações de C. capucinus selvagens, em que

fêmeas dedicam mais tempo às atividades de forrageamento e interação social,

enquanto machos à vigilância e ao descanso (Rose 1994). Já Ferreira et. al. (2008),

estudando um grupo semi-livre de macacos-prego (Sapajus spp.), observaram

diferenças no padrão de atividades em função do posto de dominância dos

indivíduos: indivíduos dominantes forragearam mais e locomoveram-se menos do

que os subordinados.

Segundo Cazzadore (2007), em estudos feitos no Parque Estadual de Matas

do Segredo-MS dentre os comportamentos desempenhados pelos animais, os que

se apresentam em maior proporção foram: deslocamento (43,75%), alimentação

(21,69%), forrageamento (16,74%), observação (11,35%) e interação social (3,70%).

Para o autor, o fato de os animais gastarem maior parte do tempo em deslocamento

está relacionado à alimentação, uma vez que, os indivíduos empregam grande parte

do seu tempo se deslocando a procura de alimento. Falótico (2011) em estudos com

um grupo de macacos pregos do Parque Nacional Serra da Capivara-PI, percebeu

que os macacos da Pedra Furada passam maior parte do tempo nas atividades

forragear (34%), deslocamento (16,9%), comer alimento provisionado (14,1%) e uso

de ferramentas (0,73%). Já no manguezal maranhense, Cutrim (2013) estudando

populações de S. libidinosus, observou que o grupo passou 63,44% do tempo

forrageando, 16,92% em deslocamento, 10,63% em alimentação, 5,21% em

interação social e 3,75% em repouso.

Quanto a estudos relacionando ao orçamento de atividades e a dieta de

primatas, podemos destacar o desenvolvido por Milton (1980) no qual afirma que

orçamento de atividades e a dieta de primatas podem variar diária e sazonalmente,

21

de acordo com fatores ambientais, como pluviosidade, temperatura, variação na

abundância e distribuição dos recursos limitantes. Do mesmo modo, Milton (1980)

comenta que em áreas com marcada sazonalidade existe um aumento no tempo de

deslocamento e nas distâncias percorridas diariamente para localizar um maior

número de fontes alimentares, aumenta o tempo dedicado à alimentação para

compensar uma dieta mais pobre ou, ainda, reduzindo o tempo de deslocamento e

aumentando o de descanso para conservar energia.

No estudo de Verderane (2010) o orçamento de atividades não sofreu

grandes ajustes entre as estações secas e chuvosas corroborando seus resultados

de ausência e escassez de alimentos. Embora a alimentação tenha sido a principal

atividade dos macacos-prego da Fazenda Boa Vista, o uso de ferramentas nessa

população apresentou pouca contribuição para o forrageamento dos animais, o

mesmo foi encontrado em outra população de Sapajus libidinosus do Parque

Nacional Serra da capivara por Falótico (2011). Uma vez que os primatas parecem

equilibrar o seu orçamento de atividades para se adaptar as condições ambientais

(Izar, 2004; Nakai, 2007; Peternelli-dos-Santos, 2009), ela pode ser usada para

comparar diferentes populações da mesma espécie que habita diferentes habitats.

Galvão et al. (2002) Ressaltaram a importância do estudo do comportamento,

não somente em primatas, mas em todas as espécies animais salienta que:

“A ciência do comportamento se preocupa em entender como os

indivíduos interagem com seu ambiente imediato para conseguir

alimento, água, ar, condições adequadas de temperatura, pressão e

umidade; como interagem com os indivíduos de sua espécie nas

mais diversas fases da vida e com os indivíduos das inúmeras

espécies que convivem no mesmo lugar”.

Nota-se que são poucos os trabalhos que trazem o conhecimento dos temas

contemplados no presente estudo, com apenas três desenvolvidos com a espécie

estudada. Vale ainda ressaltar a necessidade de conservação do ecossistema e da

área selecionada, (Parque Nacional Serra da Capivara-PI), que por ser uma unidade

de conservação, torna-se de grande importância desenvolver estudos que tragam

compreensão sobre a ecologia de espécies ocorrentes na área. Podendo dessa

forma, contribuir com o avanço nas pesquisas que visam estudar os organismos

22

ocorrentes no cenário atual da Caatinga, trazendo subsídios para futuras estratégias

conservacionistas.

23

3- OBJETIVOS

Geral

Descrever e analisar o orçamento de atividades diárias de um grupo

selvagem de macacos-prego Sapajus libidinosus (Spix, 1823) no Parque Nacional

Serra da Capivara e entorno (estado do Piauí, Brasil).

Específicos

Verificar se o orçamento de atividades desses animais é afetado pelo sexo

e/ou faixa etária dos indivíduos;

Verificar se as atividades diárias variam em função do período do dia;

24

4- METODOLOGIA

4.1 Área de estudo

O presente estudo foi realizado no Parque Nacional Serra da Capivara e

entorno, na área conhecida como oitenta (PNSC) (Figura 3), Unidade de

conservação, que desde 1991 foi considerado Patrimônio Cultural da Humanidade

pela UNESCO. O parque está localizado no sudeste do estado do Piauí, ocupando

áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e

Coronel José Dias, possui área de 129.140 ha e seu perímetro é de 214 km,

localizado entre as coordenadas geográficas: Norte (8º26’50,099”S;

42º42’53,654”W), Leste (8º36’33,681”S; 42º19’46,908”W), Sul (8º54’23,365”S;

42º10’21,874”W), e Oeste (8º46’28,382”S; 42º 19’51,316”W). (FUMDHAM, 2012)

Figura 3 – Mapa da localização da área de estudo no entorno do Parque Nacional Serra da

Capivara-PI. (Fonte da imagem: FUMDHAM).

O Parque situa-se no semiárido nordestino com temperatura média anual de

28ºC, domínio morfoclimático da Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro.

25

Porém nas áreas de Caatinga pertencentes ao parque são encontradas muitas

matas de transição de cerrado. No parque, predomina a presença de plantas

xeromóficas, arbustos decíduos e ativos na estação chuvosa, ou seja, perdem suas

folhas no período da seca, crescendo e produzindo flores e frutos na estação

chuvosa (FUMDHAM, 2012).

A paisagem do Parque Nacional Serra da Capivara é formada por chapadas,

morros, serras, serrotes, planícies e planaltos (Figura 4). Essa diversificação na

forma de relevo deve-se a dois grandes conjuntos geológicos: A Bacia Sedimentar

Piauí-Maranhão e a Depressão do Médio São Francisco (De Araújo et al. 1998).

Figura 4 - Fotos das formas geológicas do Parque Nacional Serra da Capivara-PI. Foto A) , B) e

E) alto da pedra furada (Fonte: Viarural.com). C) Pôr do sol no baixão das andorinhas (Fonte:

vivendoaventuras.com). D) formações rochosas do parque (fonte: skyscrapercity.com) G) Alto

da pedra furada (Foto: Danilo Sabino).

A fauna do parque é bem diversificada abrigando mamíferos como: Puma

concolor (onça vermelha), Dasypus novemcinctus (tatu-verdadeiro), Mazama

americana (veado mateiro), Pecari tajacu (caititu), Panthera onca (onça-pintada),

26

Callithrix jacchus (soinho), Alouatta caraya (guariba), Sapajus libidinosus (macaco-

prego). Aves: Aratinga cactorum (Periquito-da-caatinga), Penelope superciliaris

(jacu-pemba), Cariama cristata (seriema), Ara chloroptera (arara-vermelha),

Amazona aestiva (papagaio-verdadeiro), Taraba major (cã-cã-de-fogo),

Streptoprocne zonaris (andorinhã-de-coleira). Repteis: Boa constrictor (Jibóia),

Tupinambis teguixin (teiú), Spillotes pullatus (caninana), Micrurus ibiboboca (coral-

verdadeira), Bothrops erythromelas (jararaca), e anfíbios: Bufo paracnemis (sapo-

cururu), Physalaemus kroyeri (sapo-boi), Ceratophrys cf. joazeirensis (sapo-de-

chifre).

4.2 Grupo estudado

Foi observado um grupo de macacos-prego (Sapajus libidinosus) do PNSC e

entorno, na região chamada Oitenta, propriedade particular da Fundação Museu do

Homem Americano (FUNDHAM), (Figura 3). Os dados foram coletados em parceira

com o Laboratório de Etologia Cognitiva do Departamento de Psicologia

Experimental da Universidade de São Paulo (USP), que desde 2004 vem estudando

os macacos o qual identificou cada indivíduo e denominou todo o grupo de

Jurubeba.

De acordo com o grupo de pesquisa acima citado, os macacos foram

individualmente identificados e nomeados (Tabela 1 e Figura 5) de acordo com as

características físicas, tais como tamanho e formato do topete, coloração do pelo,

formato do rosto e alguma outra característica como cicatrizes que pudessem ajudar

na identificação dos mesmos. O sexo foi identificado com segurança em adultos e

subadultos.

Durante o período de estudo, o grupo Jurubeba era formado por 50 indivíduos

(Tabela 1), sendo composto por 1 macho-alfa, 11 fêmeas com filhote, 11 infantes, 3

fêmeas adultas sem filhote, 8 machos subadultos, 5 machos adultos e 11 juvenis.

Destes últimos, foi possível identificar, quanto ao sexo e nomear 5 indivíduos.

27

Tabela 1- Composição do grupo de macacos-prego (Jurubeba) durante o

período de estudo (Março a Junho de 2013) no Parque Nacional Serra da

Capivara-PI. ¥ = Macho alfa. * = Infantes

Individuo Sexo Faixa etária Grau de Parentesco Acácia Fêmea Adulto

Barba Macho Adulto

Bianca Fêmea Adulto

Biju* ? Nasc. 05/03/12 Filhote da Bianca

Boca Macho Juvenil

Bolinha ¥ Macho Adulto

Cadú Macho Subadulto

Chica Fêmea Adulto

Chocolate * ? Nasc. 28/03/12 Filhote da Chica

Choquito Macho Subadulto

Clarinha Fêmea Adulto

Cleo* ? Nasc. 12/04/12 Filhote da Clarinha

Conde Macho Subadulto

Cristal Fêmea Adulto

Croatá* ? Infante Filhote da Cristal

Curioso Macho Subadulto

Descabelada Fêmea Adulto

Didi ? Infante Filhote da Descabelada

Dunga Macho Subadulto

Elvis Macho Adulto

Gadú Fêmea Adulta

Giba* ? Infante Filhote da Gadú

Galego Macho Juvenil

Jane Fêmea Adulta

Jota* ? Infante Filhote da Jane

Loirão Macho Adulto

Maçã Fêmea Adulto

Manú* ? Infante Filhote da Maçã

Mickey Macho Subadulto

Olivia Fêmea Juvenil

Noni Fêmea Adulto

Neymar* ? Infante Filhote da Noni

Panaca Macho Adulto

Paçoca Fêmea Adulto

Pelé Macho Subadulto

Penteado Macho Adulto

Perninha Fêmea Adulto

Sandra Fêmea Adulta

Saquê* ? Nascido Filhote da Sandra

Suquito Macho Juvenil

Topetuda Fêmea Adulto

Tomate ? Infante Filhote da Topetuda

Queixinho Macho Juvenil

Tirinha Macho Subadulto

28

A classificação dos indivíduos quanto à faixa etária foram definidas com base

nos trabalhos de Izawa (1980), Torres de Assumpção (1983), Fragaszy et. al. (1991)

e Izar (1994), foi considerado “infante” os sujeitos desde seu nascimento até a

independência, quando param de ser carregados e amamentados pela mãe ou

outros indivíduos do grupo; Como “juvenis” aqueles sujeitos que já são

independentes; “Subadultos” os sujeitos totalmente independentes, mas que não

atingiram o desenvolvimento corporal e comportamental característico do adulto; E

considerados “adultos” os indivíduos a partir de 180 dias, nos machos quando se

encontram com desenvolvimento corporal bem desenvolvido e nas fêmeas quando

ela apresenta o seu primeiro período preceptivo.

Figura 5 – Exemplos dos indivíduos caracterizados do grupo Jurubeba. A) Juvenil comendo; B) Infante Chocolate dormindo; C) Bolinha (Macho Alfa do Grupo) Foto: Camila G. Coelho; D) Fêmea Jane, carregando o filhote Jota nas costas e segurando bananas; E) Juvenis Brincando (Foto: Tiago Falótico); F) Adultos fazendo catação (Foto: Eliete Silva); G) Adulto usando pedra para cavar; H) Sub-adulto Mickey Observando.

29

4.3 Coleta de dados

A Coleta de dados do orçamento de atividades ocorreu enquanto estagiava com

a Doutoranda Camila Galheigo Coelho (Laboratório de Etologia Cognitiva-USP)

entre os meses de março a junho de 2012. A princípio foi feito o processo de

habituação do grupo entre os meses de janeiro e fevereiro de 2012, pelo assistente

de campo Francisco Reinaldo (Seu Chico), esse processo consiste na perseguição

inicial do grupo de macacos-prego durante o maior tempo possível até que o mesmo

cesse a fuga e altere o mínimo possível seu comportamento natural (Setz, 1991).

Este processo demanda tempo que pode variar de meses até mesmo anos e nem

sempre é bem sucedido (Izar, 1999). Após a habituação foi feita a identificação e

nomeação dos macacos do grupo Jurubeba. Posteriormente os animais do grupo

foram observados pelo método ad libitum (Altmann, 1974) que consiste em uma

observação livre, não sistemática em que o comportamento dos animais são

observados para a construção do etograma (Tabela 2) de comportamentos que

seriam registrados durante a amostragem.

Tabela 2 - Etograma de comportamentos a serem registrados durante a

amostragem (Altmann, 1974 ):

Comportamento Definição

Brincando Individuo realiza atividades lúdicas com outros macacos, como brincadeiras de lutas ou pega-pega.

Catando Individuo realiza ou recebe uma catação no pelo, removendo sujeira e ectoparasitas com as mãos, língua ou dentes.

Descansando Um ou mais individuos descansam ou dormem em contato ou muito próximo um(uns) do(s) outro(s).

Deslocando Individuo se movimenta em relação ao substrato onde se encontra por meio de duas ou quatro patas.

Forrageando Individuo encontra-se envolvido em sua alimentação, seja inspecionando substratos, manipulando algum alimento.

Observando Individuo matem seu olhar fixado em outros macacos ou em algo.

Usando de ferramenta Animal utiliza pedras para cavar ou para abrir frutos encapsulados ou varetas para cutucar algo.

Comendo Animal ingerindo itens naturais ou provisionados (banana, milho)

30

A coleta de dados do grupo foi feita através do método animal focal (Altmann,

1974), que é uma das técnicas mais empregadas em estudos de comportamento,

especialmente de primatas. Essa técnica consiste em observar os animais por um

determinado tempo e a cada minuto é anotado o comportamento que o animal focal

está executando. Com base nessa metodologia, os animais em estudo foram

observados durante o período de cinco minutos, e, a cada minuto, o comportamento

do animal focal era anotado para no final ser feito um balanço das atividades diárias

realizadas pelos indivíduos. Os focais em que o animal permaneceu fora de

visibilidade por mais de dois minutos foram descartados. Os focais foram registrados

por meio de um gravador portátil (V-SENSOR TP-VS480 Aiwa). Foram incluídos nas

observações os cinco indivíduos juvenis que foram nomeados e identificados quanto

ao sexo (Tabela 1), contudo não foi realizado para os infantes por se tratarem de

macacos que ainda dependem da mãe para realizarem a maioria das suas

atividades, inclusive, a locomoção.

A ordem da amostragem foi feita de modo aleatório, a partir da visualização do

animal, não havendo sorteio. Porém, foi dado sempre um intervalo de no mínimo 3

minutos quando o próximo animal focal tivesse sido amostrado no focal anterior, ou

de 1 minuto para aqueles animais que não estavam presentes na varredura do focal

anterior, evitando, assim, dependência entre os pontos amostrais. Os animais foram

observados em média 40 horas por mês não havendo uma ordem de dias por

semana a serem acompanhados. O horário de observação foi realizado das

06h00min da manhã às 14h00min da tarde.

4.4 Análise de dados

Os dados coletados foram transcritos para uma planilha eletrônica e organizados

por data, hora, nome, sexo, faixa etária e atividade observada. A unidade básica

para análise foi a quantidade de focais dedicada a cada atividade em relação ao

número de indivíduos registrados no focal (frequência absoluta). Posteriormente,

com o intuito de facilitar as análises e comparações dos resultados obtidos, os

dados das observações absolutas foram transformados em frequência relativa da

seguinte maneira: pi = ni/N × 100, onde ni = o número de registros de focais de

determinada atividade i durante o período sob análise, e N = o número total de

31

focais de atividades durante o mesmo período. As analises de frequência relativa

foram realizadas em relação ao orçamento geral de atividades por sexo e atividades

por faixa etária.

Quanto à avaliação das atividades diárias em função do período do dia, optou-se

trabalhar com o numero total de observações de cada atividade (frequência

absoluta) e dividir o período de observação em quatro intervalos: (06:00h-07:59h);

(08:00h-09:59h); (10:00h-11:59h); (12:00h-14:00h).

32

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao todo o grupo foi acompanhado durante cerca de 150 horas, e a quantidade

total de pontos focais foi de 841. A atividade que apresentou maior frequência foi o

deslocamento (41%), seguido de descansando (18%), comendo (17%), forrageando

(16%), catando (3%), uso de ferramentas (2%), observando (2%) e brincando (1%)

(Figura 6).

Figura 6 - Orçamento geral das atividades diárias do grupo Jurubeba (Período de observação:

março a junho de 2012).

O deslocamento obteve maior frequência de ocorrência total por se tratar de

animais extremamente ativos, arborícolas e com grande área de vida (Bicca-

Marques et al. 2006). Sampaio (2004) em estudos com Sapajus apella na Amazônia,

observou que os animais despenderam grande parte das suas atividades diárias em

deslocamento (39,79%). Cazzadore (2007) também encontrou resultado similar com

um grupo de macacos-prego Sapajus apella no Parque Estadual de Mata dos

Segredos, onde os indivíduos desse grupo gastaram 43,75% do seu tempo em

33

deslocamento. Moura (2004), estudando outro grupo de macacos-prego Sapajus

libidinosus do Parque Nacional Serra da Capivara, encontrou resultados

semelhantes ao do presente estudo, onde os indivíduos despenderam 37% do seu

tempo em deslocamento, 20% em alimentação, 30% em forrageamento e 5,5% em

observação. Sabattini et al. (2008) em estudos com Sapajus libidinosus do cerrado

obteve resultados parecidos, onde os mesmos alocaram 41% do seu tempo em

deslocamento, seguidos de 18% forrageamento, 16% de alimentação e 15% de

descanso. Gouveia (2009) em estudos com a espécie Sapajus xanthosternos na

floresta ombrófila observou que os mesmos gastavam 53% do seu tempo em

atividades de deslocamento, 30% em forrageamento e 10% em descanso. Já Rimoli

(2001) estudando Sapajus apella nigritus encontrou resultados diferentes sendo que

as atividades voltadas para a alimentação (comendo e forrageando) foram as mais

observadas com 37,99% das observações seguidas do deslocamento com apenas

26,12%. Cutrim (2013) em estudos com macacos-prego Sapajus libidinosus no

manguezal maranhense observou em seus estudos que os indivíduos gastam

63,44% do seu tempo forrageando e somente 16,92% em atividade de

deslocamento. Miller (1997) ao acompanhar um grupo de macacos-prego Cebus

ollivaceus observou que os mesmos passavam cerca de 34% do seu tempo em

alimentação e somente 15% para o deslocamento. Terborgh (1983) em estudos com

Cebus albifrons na floresta tropical úmida do Perú, observou que os mesmos

dedicaram 39% do tempo em forrageamento, 22% em aliementação e somente 21%

em deslocamento.

Essas diferenças encontradas na pesquisa em questão com os trabalhos acima

citados se deve a grande capacidade adaptativa desses animais nos mais diferentes

habitats e reforça a importância do estudo desses primatas nos mais diversos

ambientes para colaborar com estratégias de manejo e conservação da espécie.

Na análise do orçamento das atividades por sexo, observou-se que os machos

descansam, observam e usam ferramentas mais do que as fêmeas. Os principais

registros de uso de ferramenta foram de vareta para cutucar lagarto, pedra para

cavar e adquirir porções de raízes e pedra para bater em outra rocha (Figura 7).

34

Figura 7 - Macacos-prego do grupo Jurubeba usando ferramentas. A) uso de pedra para cavar

raiz da farinha seca; B) uso de pedra para bater na outra.

As fêmeas realizam mais atividades voltadas para a alimentação (forrageando e

comendo) em relação aos machos (Figura 8). O mesmo foi observado por Rose

(1994) em populações de Cebus capucinus selvagens, em que fêmeas dedicam

mais tempo às atividades de forrageamento e interação social, enquanto machos à

vigilância e ao descanso.

Figura 8 - Orçamento das atividades diárias do grupo Jurubeba categorizada por sexo.

35

Quanto ao orçamento de atividades diárias por faixa etária, foi possível perceber

que a atividade de deslocamento foi o comportamento mais observado em todas as

faixas etárias analisadas e que a atividade de forrageamento em juvenis foi maior

quando comparada com os adultos e subadultos (Figura 10), resultado semelhante

foi observado por Winandy (2012) em seus estudos com macacos pregos (Sapajus

sp.) no Parque Ecológico do Tietê, no qual, jovens dedicaram mais tempo ao

forrageamento que adultos e subadultos. Esse resultado também teve concordância

com o descrito em outros trabalhos (Janson e van Schaik, 1993; Fragaszy e Boinski,

1995; Agostini e Visalberghi, 2005; Verderane, 2005; Santos, 2009; Verderane 2010)

nos quais os juvenis dedicaram uma maior proporção do orçamento de atividades ao

forrageamento em relação aos adultos e subadultos. Para os autores este resultado

é uma evidência a favor da hipótese de que os jovens são menos eficientes no

forrageamento do que adultos, mas também pode ser efeito de uma maior demanda

energética ou de menor acesso a fontes alimentares devido à competição intra-

grupo.

Pôde-se observar também que os adultos observam e realizam atividade de

catação mais que juvenis (Figura 10). Em relação aos subadultos as atividades mais

observadas foram, o descanso (Figura 9) e o uso de ferramentas (Figura 7).

Figura 9 - Macacos-prego do grupo Jurubeba em atividades de descanso (Parque Nacional

Serra da Capivara-PI). (Foto: Danilo Sabino).

Quando comparada, as atividades diárias realizadas pelos adultos, subadultos e

juvenis são semelhantes, com exceção do item brincadeira, em que não houve

nenhum registro para Subadultos. Na atividade de catação ficou evidente que os

36

adultos foram os que mais realizaram essa atividade (Figura 10).

Figura 10 - Orçamento das atividades diárias do grupo Jurubeba categorizada por faixa etária.

Quando as duas variáveis estudadas (sexo e faixa etária) foram analisadas

em conjunto (Figura 11), foi possível observar que o grupo analisado despende

semelhante tempo e energia nas mesmas atividades, independente do sexo ou da

faixa etária, com a predominância da atividade de deslocamento. O fato dos animais

do grupo Jurubeba terem dedicado maior parte do seu tempo em deslocamento está

relacionado a alimentação, visto que os indivíduos em grande parte das

observações estariam se deslocando a procura de alimento. Também foi possível

verificar que as fêmeas adultas e juvenis dedicam mais tempo à alimentação e ao

forrageio que os machos, dado semelhante foi observado por Verderane (2010) ao

estudar um grupo de macacos-prego Sapajus libidinosus na fazenda Boa Vista,

Piauí, ecótono cerrado/caatinga que atribui o fato a dois motivos, adultas ao custo

reprodutivo, e, juvenis a menor eficiência. O tempo despendido em descanso foi

maior entre machos adultos do que entre fêmeas adultas, e, maior entre fêmeas

juvenis do que em machos juvenis. Vale ainda ressaltar que no grupo estudado, os

machos adultos observam mais que as fêmeas, podendo ser explicado pela

organização social característica dessa espécie, pois já é de conhecimento que os

machos adultos são os responsáveis pela proteção do grupo, sendo as fêmeas

responsáveis pelos cuidados com os filhotes.

37

Figura 11 - Orçamento de atividades categorizada por sexo e faixa etária do grupo Jurubeba.

A atividade de catação está bastante acentuada em adultos (machos e fêmeas)

não havendo nenhum registro de observação dessa atividade em subadultos. As

catações vistas em juvenis estão relacionadas ao cuidado materno, visto que todas

as atividades de catação observadas para a categoria juvenil no grupo Jurubeba são

catações feitas pelas mães nos filhotes, com a finalidade de remover sujeira e

ectoparasitas com as mãos, língua ou dentes (Figura 11 e 12).

Figura 12 - Macacos-prego do grupo Jurubeba realizando a atividade de catação.

Além das atividades contidas na metodologia utilizada foram observados outros

38

comportamentos, que, apesar de terem sido registrados com menor frequência,

também são importantes seus relatos, servindo como um acréscimo ao

conhecimento do comportamento da espécie estudada. Uma das atividades

adicionais observadas foi o “Lip Smacking” com oito registros, que se trata de um

movimento que os animais fazem com a boca ao encontrarem um filhote em cima da

mãe, simulando um beijo. Vale ressaltar que todas as atividades de “Lip Smacking”

foram observadas entre um juvenil e um infante. Outra atividade adicional foi a de

solicitação de alimento, onde um juvenil solicitou um pedaço do lagarto (Figura 13)

que uma fêmea adulta estava comendo. Também foi observado o registro de uma

cópula entre o antigo macho alfa do grupo, Panaca, com a fêmea Topetuda.

Figura 13 - Imagem do lagarto que estava sendo consumido por um indivíduo do grupo

Jurubeba.

Em relação aos principais itens alimentícios consumidos pelo grupo, foi

registrado no período de observação, o consumo de lagartos, raízes e folhas de

algumas plantas. Porém, a maior parte da dieta desses animais, tem como base o

milho e a banana, alimentos provisionados pela FUMDHAM (Figura 14).

39

Figura 14 - Indivíduos do grupo Jurubeba comendo alimentos provisionados (banana e milho)

pela FUMDHAM.

As principais brincadeiras realizadas pelos indivíduos do grupo Jurubeba foram:

pega-pega, luta, puchar o rabo, cócegas, derrubar da árvore e girar ao redor da

árvore (Figura 15).

Figura 15 – Indivíduos do grupo Jurubeba em atividades de Brincadeira. A) Juvenis brincando

de cócegas (Foto: Tiago Falótico); B) Juvenis brincando de luta. (Foto: Danilo Sabino).

Quanto a análise da variação das atividades em função do período do dia, foi

observado que a frequência na execução da maioria das atividades avaliadas

aumenta a partir das 6:00 horas e atingem um pico, próximo, as 9:00 horas da

manhã (Figura 16). Logo após esse horário, verificou-se que a maioria das

40

atividades do grupo observado começa a diminuir, alcançando as menores

frequências nos últimos horários de observação 13:00 horas. O pico de atividade

observado, pode estar associado à temperatura mais amena durante o período das

06:00 às 09:00 horas, como também é o horário do dia em que o grupo recebe

comida provisionada pela FUMDHAM. Já o decréscimo das atividades pode ser

atribuído ao aumento da temperatura local, a partir das 9:00 horas da manhã.

Também foi observado que a partir das 10:30 horas os indivíduos começam a subir

a serra procurando abrigos, provavelmente, com intuito de encontrarem locais mais

frescos. Os resultados observados assemelham-se com os de Robinson (1984) que

ao estudar Cebus olivaceus, também encontrou uma redução no esforço de

forrageamento ao meio dia e também relacionou ao aumento da temperatura, o

autor justifica esse fato à necessidade desses animais em conservar água e energia

durante o período mais quente do dia. Assim, a partir desse horário, muitos

indivíduos começam a ficar fora de visualização, principalmente após as 12:00

horas.

Figura 16 - Orçamento das atividades diárias desenvolvidas ao longo do dia.

41

4. CONCLUSÃO

A frequência de atividades diárias realizadas pelos indivíduos de ambos os

sexos foi praticamente a mesma, sendo possível perceber que os machos

descansam, observam e usam ferramentas mais do que as fêmeas, e por

outro lado as fêmeas realizam mais atividades voltadas para a alimentação

(forrageamento e comendo) do que os machos.

A atividade de deslocamento foi o comportamento mais observado em todas

as faixas etárias analisadas; sendo a atividade de forrageamento em juvenis

maior quando comparada com os adultos e subadultos. O deslocamento

obteve maior frequência de ocorrência total por se tratar de animais

extremamente ativos.

Quanto ao orçamento de atividades diárias entre adultos, subadultos e

juvenis, podemos concluir que a atividade de deslocamento foi o

comportamento mais observado em todas as categorias etárias

independentemente do sexo.

As atividades mais observadas para subadultos foram, o descanso e o uso de

ferramentas.

O tempo despendido em descanso foi maior entre machos adultos do que

entre fêmeas adultas, e, maior entre fêmeas juvenis do que em machos

juvenis.

Foi possível perceber que o pico de atividade do grupo estudado ocorre por

volta das 9:00 horas da manhã. E que, provavelmente, devido ao aumento de

temperatura, por volta das 10:30 da manha, os indivíduos começam a subir a

serra, procurando locais mais frescos e ficando muitas vezes fora de

visualização.

Vale ressaltar que as informações aqui apresentadas são importantes, visto que se

trata do entorno de uma unidade de conservação, e estudos que abordam, de

alguma forma, a biodiversidade local, podem servir, posteriormente para a

elaboração de estratégias de conservação, tanto da espécie estudada, quanto ao

habitat de ocorrência.

42

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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