oprincipiodaprecauçãonodireitoambiental

14
O principio da precaução no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879 Página 1 de 14 O principio da precaução no Direito Ambiental Silvana Brendler Colombo Advogada, especialista em direito ambiental e mestranda em direito pela UCS-Universidade de Caxias do Sul RESUMO A humanidade vive uma realidade de incertezas, sob o ponto de vista ecológico, haja vista que a degradação do meio ambiente aumentou significativamente nas últimas décadas. Não é apenas a poluição atmosférica, chuvas ácidas, morte dos rios, mares e oceanos que demonstram a ação devastadora do homem. Pelo contrário, a questão ambiental traz implicações complexas e polêmicas, como a produção e a comercialização dos produtos geneticamente modificados. No Brasil, a questão ambiental passou a ter relevância jurídica, pois o direito de viver num ambiente ecologicamente equilibrado foi erigido à categoria de Direito Humano Fundamental pela Constituição Federal de 1988. Neste sentido, enfatiza-se um dos princípios fundamentais do Direito Ambiental, mais especificamente o princípio da precaução, com o intuito de analisar a incorporação destes no ordenamento jurídico e sua aplicabilidade frente ao desafio de proteger o meio ambiente em que vivemos. Palavras-chave: Meio Ambiente – Homem – Participação – Efetividade – Princípio da Precaução –Responsabilidade 1 DEFINIÇÃO O direito ambiental, entendido sob o prisma de uma ciência dotada de autonomia científica, apesar de seu caráter interdisciplinar, obedece, na aplicação de suas normas, a princípios específicos de proteção ambiental. Neste sentido, os princípios que informam o direito ambiental têm como escopo fundamental proteger o meio ambiente e, assim, garantir melhor qualidade de vida a toda coletividade. No entender de Rehbender "os princípios guardam a capacidade quando compreendidos como princípios gerais de influenciar a interpretação e a composição de aspectos cinzentos do direito ambiental." (apud DERANI, 1997, p. 156). Ou seja, os princípios são o alicerce do direito ambiental, que contribuem para o entendimento da disciplina e, principalmente, orientam a aplicação das normas relativas à proteção do meio ambiente. Salienta-se, no que concerne à importância dos princípios, a lição de Canotilho, ao destacar que a utilidade dos mesmos reside: 1) em serem um padrão que permite aferir a validade das leis, tornando inconstitucionais ou ilegais as disposições legais ou regulamentadoras ou atos que os contrariem; 2) no seu potencial como auxiliares da interpretação de outras normas jurídicas; e 3) na sua capacidade de integração de lacunas (apud MORATO LEITE, 2000, p. 47).

Upload: damiao-araujo

Post on 14-Sep-2015

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

OprincipiodaprecauçãonoDireitoAmbiental

TRANSCRIPT

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 1 de 14

    O principio da precauo no Direito Ambiental

    Silvana Brendler Colombo

    Advogada, especialista em direito ambiental e mestranda em direito pela UCS-Universidade de Caxias do Sul

    RESUMO

    A humanidade vive uma realidade de incertezas, sob o ponto de vista ecolgico, haja vista que a degradao do meio ambiente aumentou significativamente nas ltimas dcadas. No apenas a poluio atmosfrica, chuvas cidas, morte dos rios, mares e oceanos que demonstram a ao devastadora do homem. Pelo contrrio, a questo ambiental traz implicaes complexas e polmicas, como a produo e a comercializao dos produtos geneticamente modificados. No Brasil, a questo ambiental passou a ter relevncia jurdica, pois o direito de viver num ambiente ecologicamente equilibrado foi erigido categoria de Direito Humano Fundamental pela Constituio Federal de 1988. Neste sentido, enfatiza-se um dos princpios fundamentais do Direito Ambiental, mais especificamente o princpio da precauo, com o intuito de analisar a incorporao destes no ordenamento jurdico e sua aplicabilidade frente ao desafio de proteger o meio ambiente em que vivemos.

    Palavras-chave: Meio Ambiente Homem Participao Efetividade Princpio da Precauo Responsabilidade

    1 DEFINIO

    O direito ambiental, entendido sob o prisma de uma cincia dotada de autonomia cientfica, apesar de seu carter interdisciplinar, obedece, na aplicao de suas normas, a princpios especficos de proteo ambiental. Neste sentido, os princpios que informam o direito ambiental tm como escopo fundamental proteger o meio ambiente e, assim, garantir melhor qualidade de vida a toda coletividade.

    No entender de Rehbender "os princpios guardam a capacidade quando compreendidos como princpios gerais de influenciar a interpretao e a composio de aspectos cinzentos do direito ambiental." (apud DERANI, 1997, p. 156). Ou seja, os princpios so o alicerce do direito ambiental, que contribuem para o entendimento da disciplina e, principalmente, orientam a aplicao das normas relativas proteo do meio ambiente.

    Salienta-se, no que concerne importncia dos princpios, a lio de Canotilho, ao destacar que a utilidade dos mesmos reside: 1) em serem um padro que permite aferir a validade das leis, tornando inconstitucionais ou ilegais as disposies legais ou regulamentadoras ou atos que os contrariem; 2) no seu potencial como auxiliares da interpretao de outras normas jurdicas; e 3) na sua capacidade de integrao de lacunas (apud MORATO LEITE, 2000, p. 47).

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 2 de 14

    No h como refutar que os princpios do direito ambiental so indispensveis para a formulao de um Estado do ambiente, medida que orientam o desenvolvimento e a aplicao de polticas ambientais que servem como instrumento fundamental de proteo ao meio ambiente e, conseqentemente, vida humana.

    mister dizer que os princpios do direito ambiental, adotados pela Constituio Federal, tiveram forte influncia da doutrina alem. Neste sentido, Correia destaca:

    Seguindo de perto a doutrina alem, poderemos dizer que o direito do ambiente caracterizado por trs princpios fundamentais: o princpio da preveno (vorsorge prinzip), o princpio do poluidor-pagador ou princpio da responsabilizao (verursacher prinzip) e o princpio da cooperao ou da participao (koopegrotions prinzip). Estes trs princpios esto condensados, ao lado de outros, no cdigo 3o da Lei de Bases do Ambiente e esto presentes em vrias disposies. (apud MUKAI, 1998, p. 35).

    No obstante a importncia de todos os princpios do direito ambiental, preciso destacar que o princpio da precauo se constitui no principal norteador das polticas ambientais, medida que este se reporta funo primordial de evitar os riscos e a ocorrncia dos danos ambientais. Entretanto, a efetivao do referido princpio pressupe a aplicao do princpio do poluidor-pagador, porque h de se considerar que os danos ambientais verificados devem, necessariamente, ter seus autores identificados, a fim de responsabiliz-los pelos seus atos.

    Assim, far-se- referncia ao princpio da precauo e tambm do poluidor-pagador, visando a demonstrar que os mesmos propiciam a viabilizao do desenvolvimento de polticas ambientais necessrias ao cumprimento da tarefa de proteger o meio ambiente. Reitera-se, entretanto, que a eficcia das medidas que objetivam a preservao do meio ambiente depende da aplicao dos princpios acima referidos, os quais devem estar, necessariamente, articulados com os demais princpios que norteiam o direito ambiental.

    2 O PRINCPIO DA PRECAUO

    pacfico entre os doutrinadores que o princpio da precauo se constitui no principal orientador das polticas ambientais, alm de ser a base para a estruturao do direito ambiental. Nesse sentido, diante da crise ambiental que relega o desenvolvimento econmico sustentvel a segundo plano e da devastao do meio ambiente em escala assustadora, prevenir a degradao do meio ambiente passou a ser preocupao constante de todos aqueles que buscam melhor qualidade de vida para as presentes e futuras geraes.

    Em que pese a recente preocupao no pas com a aplicao do princpio da precauo, pode-se dizer que a Alemanha aborda o referido princpio desde 1970, na Declarao de Wingspread, juntamente com o princpio da cooperao e do poluidor-pagador. Assim, o doutrinador alemo Kloespfer afirma que "a poltica ambiental no se esgota na defesa contra ameaadores perigos e na correo de danos existentes. Uma poltica ambiental preventiva

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 3 de 14

    reclama que as bases naturais sejam protegidas e utilizadas com cuidado, parciosamente." (apud DERANI, 1997, p. 165).

    A Declarao de Wingspread aborda o Princpio da Precauo da seguinte maneira: "Quando uma atividade representa ameaas de danos ao meio ambiente ou sade humana, medidas de precauo devem ser tomadas, mesmo se algumas relaes de causa e efeito no forem plenamente estabelecidos cientificamente." (www.fgaia.org.br/texts/t-precau, traduo de Lcia A. Melin).

    No direito positivo brasileiro, o princpio da precauo tem seu fundamento na Lei de Poltica Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938, de 31/08/1981), mais precisamente no artigo 4, I e IV, da referida lei, que expressa a necessidade de haver um equilbrio entre o desenvolvimento econmico e a utilizao, de forma racional, dos recursos naturais, inserindo tambm a avaliao do impacto ambiental.

    Salienta-se, que o referido princpio foi expressamente incorporado em nosso ordenamento jurdico, no artigo 225, 1o, V, da Constituio Federal, e tambm atravs da Lei de Crimes Ambientais (lei 9.605/1998, art. 54, 3o).

    O artigo 225, 1o, inciso IV da Constituio Federal expressa que:

    Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

    1o Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:

    IV Exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio do impacto ambiental.

    Convm, a ttulo de esclarecimento do conceito do princpio da precauo, citar Derani:

    Precauo cuidado. O princpio da precauo est ligado aos conceitos de afastamento de perigo e segurana das geraes futuras, como tambm de sustentabilidade ambiental das atividades humanas. Este princpio a traduo da busca da proteo da existncia humana, seja pela proteo de seu ambiente como pelo asseguramento da integridade da vida humana. A partir desta premissa, deve-se tambm considerar no s o risco eminente de uma determinada atividade, como tambm os riscos futuros decorrentes de empreendimentos humanos, os quais nossa compreenso e o atual estgio de desenvolvimento da cincia jamais conseguem captar em toda densidade [...]. (1997, p. 167).

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 4 de 14

    Dessa forma, o princpio da precauo implica uma ao antecipatria ocorrncia do dano ambiental, o que garante a plena eficcia das medidas ambientais selecionadas. Neste sentido, Milar assevera que "Precauo substantivo do verbo precaver-se (do latim prae = antes e cavere = tomar cuidado), e sugere cuidados antecipados, cautela para que uma atitude ou ao no venha resultar em efeitos indesejveis." (apud MIRRA, 2000, p. 62).

    Observe-se que a consagrao do princpio da precauo no ordenamento jurdico ptrio representa a adoo de uma nova postura em relao degradao do meio ambiente. Ou seja, a precauo exige que sejam tomadas, por parte do Estado como tambm por parte da sociedade em geral, medidas ambientais que, num primeiro momento, impeam o incio da ocorrncia de atividades potencialmente e/ou lesivas ao meio ambiente. Mas a precauo tambm atua, quando o dano ambiental j est concretizado, desenvolvendo aes que faam cessar esse dano ou pelo menos minimizar seus efeitos.

    Nesta linha de pensamento, Machado nos ensina que:

    A precauo age no presente para no se ter que chorar e lastimar o futuro. A precauo no s deve estar presente para impedir o prejuzo ambiental, mesmo incerto, que possa resultar das aes ou omisses humanas, como deve atuar para a preveno oportuna desse prejuzo. Evita-se o dano ambiental atravs da preveno no tempo certo. (2001, p. 57).

    No se pode olvidar que o princpio da precauo o colorario do direito ambiental, devendo estar presente na legislao, assim como tambm na escolha das medidas ambientais adequadas a eventuais riscos para o meio ambiente ocasionado pela ao humana.

    Frisando a importncia da presena do princpio da precauo nas polticas ambientais, Kloepfer assevera que: "A poltica ambiental no se esgota na defesa contra ameaadores perigos e na correo de dados existentes. Uma poltica ambiental preventiva reclama que as bases naturais sejam protegidas e utilizadas com cuidado, parciosamente." (apud DERANI, 1997, p. 165).

    Verifica-se que a precauo abarca tambm uma melhor alocao dos recursos naturais, com a adoo de instrumentos eficazes no controle da utilizao dos mesmos, dada a escassez de alguns bens naturais. Isso refora a idia de que "[...] a poltica ambiental no se limita eliminao de danos ocorridos, mas sim, tem sustentculo na proteo contra o risco, mesmo que simples." (MACIEL, www.faroljuridico.com.br/art.ambiental).

    Acrescenta-se a esse panorama que a maior dificuldade na implantao do princpio da precauo a resistncia de alguns Estados em aplicar a legislao ambiental, devido ao fato de que as normas relativas ao meio ambiente implicariam estagnao da economia, o que, na verdade, no se concretiza, porque o que se prope a utilizao de novas tecnologias que contribuam para a manuteno do equilbrio ecolgico sem prejuzo ao desenvolvimento.

    Por tudo isso, afirma-se que o princpio da precauo a base das leis e das prticas relacionadas preservao do meio ambiente. preciso, antes de tudo, se antecipar e prevenir a provvel e/ou efetiva ocorrncia de uma atividade lesiva, pois h de se considerar

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 5 de 14

    que nem todos os danos ambientais podem ser reparados pela ao humana. Hoppe assevera que " uma precauo contra o risco, que objetiva prevenir j uma suspeio de perigo ou garantir uma suficiente margem de segurana da linha de perigo." (apud DERANI, 1997, p. 165).

    Desse modo, a atuao do princpio da precauo no se constitui apenas num recurso contra a degradao do meio ambiente. Pelo contrrio, sua significao compreende tambm a garantia da preservao da espcie humana e, conseqentemente, uma melhor qualidade de vida para a coletividade.

    3 O PRINCPIO DA PRECAUO x PREVENO

    Na maioria dos documentos anteriores declarao do Rio de Janeiro, preponderava o termo preveno em vez de precauo. E apesar dos referidos termos apresentarem significados semelhantes, preciso fazer uma distino entre ambos para que se possa entender de forma correta o princpio da precauo.

    oportuno detalhar que a Constituio Brasileira no faz uma distino propriamente dita entre a expresso preveno e precauo, e as utiliza quase como sinnimas. O que se tem, no Brasil, so diferenciaes entre os referidos termos por parte de doutrinadores, como Machado e Morato Leite.

    Dessa forma, segundo Machado,

    No princpio da preveno previne-se porque se sabe quais as conseqncias de se iniciar determinado ato, prosseguir com ele ou suprimi-lo. O nexo causal cientificamente comprovado, certo, decorre muitas vezes at da lgica.

    No princpio da precauo previne-se porque no se pode saber quais as conseqncias que determinado ato, ou empreendimento, ou aplicao cientfica causaro ao meio ambiente no espao e/ou no tempo, quais os reflexos ou conseqncias. H incerteza cientfica no dirimida (www.ecoambiental.com.br/ principal/principios).

    Nesta acepo, o princpio da precauo refora a idia de que os danos ambientais, uma vez concretizados, no podem, via de regra, ser reparados ou, mais precisamente, no voltam ao seu estado anterior. Ao se destruir uma floresta, por exemplo, mesmo que o homem faa o reflorestamento, a nova floresta no apresentar as mesmas caractersticas da primitiva.

    Assim afirma Canotilho:

    Comparando-se o princpio da precauo com o da atuao preventiva, observa-se que o segundo exige que os perigos comprovados sejam eliminados. J o princpio da precauo determina que a ao para eliminar possveis impactos danosos ao

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 6 de 14

    ambiente seja tomada antes de um nexo causal ter sido estabelecido com evidncia cientfica absoluta. (apud MORATO LEITE, 2000, p. 48).

    Alm disso, o princpio da precauo est diretamente ligado atuao preventiva. Ambos objetivam proporcionar meios para impedir que ocorra a degradao do meio ambiente, ou seja, so medidas que, essencialmente, buscam evitar a existncia do risco.

    Entretanto, o princpio da precauo prioritariamente utilizado quando o risco de degradao do meio ambiente considerado irreparvel ou o impacto negativo ao meio ambiente tamanho que exige a aplicao imediata das medidas necessrias preservao.

    J a atuao preventiva o ponto central do direito ambiental, e se traduz numa frase do senso comum: "Mais vale prevenir do que remediar." (MORATO LEITE, 2000, p. 52). Ou seja, a degradao do meio ambiente deve ser evitada antes de sua concretizao e no apenas combater e/ou minimizar os efeitos dessa degradao.

    No panorama do direito estrangeiro, a Unio Europia faz a seguinte distino da expresso preveno/precauo: prevenir significaria "evitar ou reduzir tanto o volume de resduos quanto do risco" ("avaid or reduce both volume of waste and associateal hazard"), enquanto que precaucionar seria uma obrigao de intervenincia quando h suspeitas para o meio ambiente ("obligation to intervene once there is supcionus to the enviromment"), devendo neste ltimo caso ocorrer interveno estatal em relao ao risco (SCHIMIDT, www.mp.rs.gov.br).

    Desenhadas as distines doutrinrias entre o termo preveno e precauo, importante mencionar que ambos tm um objetivo comum que o de preservar o meio ambiente, exigindo para tanto, a atuao do Estado da organizao de uma poltica de proteo do meio ambiente.

    4 O PRINCPIO DA PRECAUO E A DECLARAO DO RIO DE JANEIRO

    A Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro (1992) discutiu as medidas necessrias para que houvesse uma reduo da degradao do meio ambiente, alm de estabelecer polticas ambientais que conduzissem efetiva concretizao do desenvolvimento econmico sustentvel.

    Deste modo, o princpio da precauo encontra-se inserido nos Princpios 15 e 17 da Declarao do Rio de Janeiro, que expressam o seguinte:

    Princpio 15: de modo a proteger o meio ambiente, o princpio da precauo deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaa de danos srios ou irreversveis, ausncia de absoluta certeza cientfica no deve ser utilizada como razo para postergar medidas eficazes e

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 7 de 14

    economicamente viveis para prevenir a degradao ambiental. (apud MACHADO, 2001, p.50).

    Princpio 17: a avaliao do impacto ambiental, como instrumento internacional, deve ser empreendida para as atividades planejadas que possam vir a ter impacto negativo considervel sobre o meio ambiente, e que dependam de uma deciso de autoridade nacional competente. (apud AYALA, 2000, p.77).

    Salienta-se que os princpios acima mencionados se fundamentam numa poltica ambiental preventiva, que busca a utilizao racional dos recursos naturais e a identificao dos riscos e perigos eminentes, a fim de que seja evitada a destruio do meio ambiente. Para tanto, incumbe aos Estados nacionais, observar o princpio da precauo, que deve orientar as polticas ambientais adotadas, entretanto, torna flexvel sua aplicao capacidade de implementao de cada Estado.

    oportuno detalhar que a Declarao do Rio de Janeiro estabelece tambm a necessidade da avaliao do impacto ambiental, determinando que ao ser identificado ameaa de danos srios ou irreversveis, prescindindo, portanto, do critrio da absoluta certeza cientfica, medidas ambientais eficazes devem ser tomadas a fim de preservar o meio ambiente.

    Pontua-se que h discusso na doutrina quanto imperatividade jurdica do princpio da precauo emanado da Declarao do Rio de Janeiro. Assim, apesar das declaraes internacionais no apresentarem o carter de obrigatoriedade para os pases participantes, no sendo, portanto, vinculantes na ordem jurdica interna, inegvel que as declaraes de princpios influenciam de forma significativa as aes desenvolvidas pelos Estados, do que se conclui que estes adotam, no direito interno, os princpios declarados (MIRRA, 2000, p. 64-65).

    Nestes termos, o princpio da precauo, estabelecido pela Declarao do Rio de Janeiro, deve ser obrigatoriamente respeitado no ordenamento jurdico interno, como assenta Trindade: "os princpios oriundos das declaraes internacionais so juridicamente relevantes e no podem ser ignorados pelos pases na ordem internacional, nem pelos legisladores, pelos administradores pblicos e pelos tribunais na ordem interna." (apud MIRRA, 2000, p. 65).

    Deste teor, resulta que a partir da Declarao do Rio de Janeiro (1992), foi deflagrada a necessidade de preservar o meio ambiente, consolidando assim, a tomada da conscincia ecolgica. Neste sentido, o princpio da precauo, aprovado plenamente pelos pases participantes da conferncia supra mencionada, passou a incorporar o ordenamento jurdico brasileiro, e a orientar as polticas ambientais desenvolvidas. Ressalta-se que as Convenes Internacionais tambm se reportam ao princpio da precauo como diretriz das aes que envolvam o meio ambiente.

    5 O PRINCPIO DA PRECAUO NAS CONVENES INTERNACIONAIS

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 8 de 14

    mister pontuar que as convenes ou tratados internacionais assinados pelos pases participantes dos mesmos somente se tornam obrigatrias no Direito Interno a partir da ratificao pelo poder legislativo e da sua entrada em vigor. Esta posio ressaltada por Seintenfus (1999, p. 40), quando enfatiza que para os Estados "o tratado significa, mais do que uma manifestao de soberania, o reconhecimento jurdico da existncia de uma fonte de limitao de suas competncias."

    No que concerne ao Brasil, constata-se que a legislao ambiental recebeu influncias de vrias convenes e/ou tratados internacionais. Assim, a Conveno da Diversidade Biolgica e a Conveno Quadro das Naes Unidas sobre a Mudana do Clima, que foram devidamente assinadas, ratificadas e promulgadas pelo Brasil, abrigaram o princpio da precauo. Ambas as convenes estabelecem que o princpio da precauo deve objetivar a reduo dos danos ambientais, prescindindo que seja demonstrada a certeza cientfica efetividade do dano, para que sejam tomadas medidas cabveis com vistas soluo ou pelo menos minimizao do problema.

    Entretanto, as duas Convenes abordam o princpio da precauo de modo diferente: enquanto que a Conveno da Diversidade Biolgica exige apenas ameaa de sensvel reduo ou perda de diversidade ecolgica, a Conveno Quadro das Naes Unidas sobre a Mudana do Clima exige, no seu artigo 3o, que a ameaa de dano seja sria ou irreversvel, alm de se manifestar a respeito dos custos das medidas ambientais (MACHADO, 2001).

    Ressalta-se que outras Convenes, como a Conveno de Paris para a Proteo do Meio Marinho do Atlntico Nordeste (1992), bem como a Segunda Conferncia Internacional do Mar Morto, inseriram o princpio da precauo em seus textos. Da mesma forma, o Programa Comunitrio de Ao em matria de ambiente abordou o princpio da precauo, o que demonstra que este se constitui num dos pontos norteadores da poltica ambiental de preveno dos riscos de degradao do meio ambiente.

    A ttulo de conhecimento, a Conveno de Paris para a Proteo do Meio Marinho do Atlntico Nordeste (1992) aponta que

    [...] medidas de preveno devem ser tomadas quando existam motivos razoveis de se inquietar do fato de a introduo, no meio marinho, de substncia ou energia, direta ou individualmente, poder acarretar riscos para a sade humana, prejuzo aos recursos biolgicos e aos ecossistemas marinhos, representar atentado contra os valores de lazer ou entravar outras utilizaes legtimas do mar, mesmo se no existam provas indicando relao de causalidade entre as causas e efeitos. (apud MACHADO, 2001, p. 53-54).

    Ademais, o princpio da precauo foi inserido no direito francs, em 1995, que o definiu como o princpio:

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 9 de 14

    [...] segundo o qual a ausncia de certezas, levando-se em conta os conhecimentos cientficos e tcnicos do momento, no deve retardar a adoo de medidas efetivas e em exata proporo que visem prevenir um risco de prejuzos graves e irreversveis ao meio ambiente a um custo economicamente aceitvel (GODARD, www.ambfrance.org.br).

    No h como refutar que a legislao ambiental interna do Brasil, como tambm de outros pases, tem sua poltica fundamentada no princpio da precauo. Mas outros princpios, como o da responsabilidade ambiental, tambm foram inseridos nos textos dos tratados e/ou convenes, o que nos leva a reiterar que esses tm influncia direta no ordenamento jurdico interno do Brasil.

    6 O PRINCPIO DA PRECAUO E SUAS CARACTERSTICAS

    6.1 Incerteza do Dano e Nexo Ambiental

    A partir da consagrao do princpio da precauo, desenvolveu-se uma nova concepo em relao obrigatoriedade da comprovao cientfica do dano ambiental. Desse modo, quando uma atividade representa ameaa de dano ao meio ambiente, independentemente da certeza cientfica, as medidas ambientais devem ser aplicadas a fim de evitar a degradao do meio ambiente.

    Neste ponto, convm lembrar que, at a dcada de 80, as medidas utilizadas para evitar os danos ambientais tinham como fundamento obrigatrio para sua efetivao a anlise cientfica, ou seja, a Cincia assegurava a idoneidade dos resultados (MACHADO, 2001).

    Nos ensinamentos de Machado,

    Em caso de certeza do dano ambiental, este deve ser prevenido, como preconiza o princpio da preveno. Em caso de dvida ou incerteza, tambm se deve agir prevenindo. Essa a grande inovao do princpio da precauo. A dvida cientfica expressa com argumentos razoveis, no dispensa a preveno (2001, p. 55).

    Com efeito, a certeza cientfica do dano, quando possvel de ser demonstrada, acarreta a aplicao imediata das medidas ambientais. Mas se deixssemos de aplic-las quando houvesse incerteza cientfica, estaramos incorrendo num grave erro, que o da inrcia diante dos problemas ambientais, pois os efeitos do possvel dano, provavelmente, seriam irreversveis.

    Assim, pacfico entre os doutrinadores e demais estudiosos da questo ambiental que, quando houver incerteza cientfica do dano ou tambm risco de sua irreversibilidade, o dano deve ser prevenido e, indiscutivelmente, se houver certeza cientfica do mesmo.

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 10 de 14

    No que tange incerteza cientfica do dano ambiental, Machado assevera que a precauo age no presente para no se ter que chorar e lastimar no futuro. A precauo no deve estar presente para impedir o prejuzo ambiental, mesmo incerto, que possa resultar das aes ou omisses humanas, como deve atuar para preveno oportuna desse prejuzo. Evita-se o dano ambiental, portanto, atravs da preveno no tempo certo (2001, p. 57).

    De fato, a aplicao de medidas ambientais diante da incerteza cientfica de um dano ao meio ambiente, prevenindo-se um risco incerto, representa um avano significativo no que se refere efetivao do princpio da precauo, que est necessariamente associado proteo ambiental. Reconhece-se, dessa forma, a substituio do critrio da certeza pelo critrio da probabilidade, ou seja, a ausncia da certeza cientfica absoluta no que se refere ocorrncia de um dano ambiental no pode ser vista como um empecilho para a aplicao das medidas ambientais. Assim, o princpio da precauo impe que, mesmo diante da incerteza cientfica, medidas devem ser adotadas para evitar a degradao ambiental (MIRRA, 2000, p. 67-68).

    O jurista Jean-Marc Lavieille reafirma o entendimento de que se deve agir antes que a cincia nos diga, com certeza absoluta, se determinada atividade nociva ou no ao meio ambiente ao expressar que: "O princpio da precauo consiste em dizer que no somente somos responsveis sobre o que ns sabemos, sobre o que ns deveramos ter sabido, mas tambm sobre o de que ns deveramos duvidar." (apud MACHADO, 2001, p. 58).

    Assim, o princpio da precauo abrange o risco ou perigo do dano ambiental, mesmo que houver incerteza cientfica, o que coaduna com a idia de que "(...) seu trabalho anterior manifestao do perigo e, assim, prev uma poltica ambiental adequada a este princpio." (MORATO LEITE, 2000, p. 49).

    Na verdade, o risco ou o perigo devem ser analisados a partir da verificao da atividade que ir ser provavelmente atingida, a fim de estabelecer o grau de incidncia desses, oportunizando a tomada de deciso no sentido de control-los e, se necessrio, aplicar as medidas ambientais cabveis.

    Gert Winter diferencia perigo ambiental de risco ambiental, ao afirmar que "os perigos so geralmente proibidos, o mesmo no acontece com os riscos. Os riscos no podem ser excludos, porque permanece a probabilidade de um dano menor." (apud MACHADO, 2001, p. 49). E justamente por haver sempre o risco de que ocorra um dano, que o princpio da precauo deve ser aplicado, uma vez que as agresses ao meio ambiente so de difcil reparao.

    De outra parte, tambm se faz necessrio dizer que o controle ou afastamento do risco ambiental, bem como do perigo ambiental, implicam necessariamente, para as futuras geraes, a garantia de um ambiente ecologicamente equilibrado, o que proporciona melhor qualidade de vida para a coletividade.

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 11 de 14

    6.2 A Inverso do nus da Prova

    Na esfera ambiental, diferentemente do que se verifica nas outras reas do direito, vigora a responsabilidade civil objetiva. Esta fora inserida pelo artigo 14 da Lei de Poltica Nacional do Meio Ambiente (Lei 9391/81) e recepcionada pelo artigo 225, 3o da Constituio Federal, que expressa: "O poluidor obrigado, independentemente da existncia da culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por esta atividade."

    Dessa forma, o princpio da precauo traz consigo a idia da inverso do nus da prova em favor do meio ambiente. Como enfatiza Milar, "[...] a incerteza cientfica milita em favor do meio ambiente, carregando-se ao interessado o nus de provar que as intervenes pretendidas no traro conseqncias indesejadas ao meio considerado." (2000, p. 61-62). Isso implica dizer que o provvel autor do dano precisa demonstrar que sua atividade no ocasionar dano ao meio ambiente, dispensando-o de implementar as mediadas de preveno.

    Assim, conforme leciona Marchesio,

    O princpio da precauo emergiu nos ltimos anos, como um instrumento de poltica ambiental, baseado na inverso do nus da prova: para no adotar a medida preventiva ou corretiva necessrio demonstrar que certa atividade no danifica seriamente o ambiente e que essa atividade no cause dano irreversvel. (apud MACHADO, 2001, p. 63).

    Ressalta-se que o Ministrio Pblico do Meio Ambiente do RS, atravs da Carta de Canela, reiterou a proposio de que o princpio da precauo acarreta a inverso do nus da prova, que se ampara nas disposies constitucionais do Cdigo de Defesa do Consumidor, exigindo verossimilhana das alegaes iniciais ou comprovao de hipossuficincia do titular do direito tutelado (www.mp.rs.gov.br).

    A jurisprudncia tambm se manifesta de forma favorvel em relao inverso do nus da prova, solidificando a teoria objetiva da responsabilidade civil.

    Para o reconhecimento da responsabilidade civil da indstria poluente, irrelevante a circunstncia de estar ela funcionando com a autorizao das autoridades municipais, ou fato de nunca ter sofrido autuaes dos rgos pblicos encarregados do controle do meio ambiente. Mesmo sem levar em conta a notria deficincia dos servios pblicos, neste particular, foroso concluir que demonstrada a relao causa e efeito entre a exagerada misso de poluentes e os danos experimentados pelo autor, emerge clara e inafastvel a responsabilidade civil da r. (apud SEGUIN, 2000, p. 159).

    Assim sendo, o princpio da precauo impe ao sujeito que desenvolve uma atividade potencialmente lesiva ao meio ambiente o nus de provar que a atividade no oferece riscos degradao do meio ambiente, o que implica dizer que a inverso do nus da prova, na questo ambiental, abarca, alm da certeza cientfica, o risco incerto do dano ambiental.

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 12 de 14

    Sampaio enfatiza:

    a inverso do nus da prova permite ao aplicador da lei superar obstculos que surgem para a formao de sua convico. Assim, ao se certificar da existncia do fato imputado, potencialmente causador de dano ambiental, o magistrado no estar obrigado a condicionar o acolhimento do pedido de reparao comprovao do dano e do meio de causalidade como usualmente ocorre. Poder pressupor existncia de um desses requisitos, desde que autorizado por lei a faz-lo, nos limites que o bom senso indicar, e verificar se a prova produzida pela parte r foi suficiente para elidi-la. (ALMEIDA, www.fdc.br/artigos).

    Nesse sentido, o princpio da precauo consagra o critrio da probabilidade na tomada de decises que envolvam a questo ambiental, em detrimento do critrio da certeza. Ou seja, enquanto que ao demandado incumbe o dever de demonstrar, efetivamente, que a atividade desenvolvida no lesiva ao meio ambiente, exigindo-se, portanto, certeza absoluta da inofensividade de sua prtica, ao demandante cabe demonstrar que h probabilidade da ocorrncia do dano (MIRRA, 2000).

    6.3 Os Custos das Medidas de Preveno

    Embora se possa afirmar que todos os pases tm responsabilidade ambiental, e que as agresses ao meio-ambiente devem ser evitadas, concebvel que os custos das medidas de preveno devam ser analisadas em relao ao pas em que sero implementadas. O que significa dizer que h de ser considerada a relao custo e eficcia das medidas ambientais adotadas em funo do princpio da precauo e tambm da realidade econmica, social e tecnolgica do local em que se verifica a probabilidade da ocorrncia do dano ambiental.

    A ttulo de exemplo, a Conveno "Quadro sobre a Mudana do Clima" expressa que "as polticas e medidas adotadas para enfrentar a mudana do clima devem ser eficazes em funo dos custos, de modo a assegurar os benefcios mundiais ao menor custo possvel." (MACHADO, 2001, p. 59).

    Como pode ser observado, a orientao que os custos das medidas ambientais a serem implementados como forma de prevenir a ocorrncia do dano ambiental sejam compatveis com a capacidade econmica de cada pas. Isso no afasta a responsabilidade e o compromisso que os Estados tm de adotar as polticas ambientais necessrias preservao do meio ambiente e, conseqentemente, da espcie humana.

    Nessa linha de pensamento, Ayala afirma que

    [...] verdade que se utilize da incapacidade econmica para que se postergue ou mesmo no se lance mo de medidas orientadas preveno da ameaa de agressividade ao patrimnio ambiental. no custo ambiental da medida que ser sim, indispensvel, a

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 13 de 14

    vinculao capacidade econmica estatal que ser obrigatoriamente discriminada e diferenciada em ateno a maior ou menor possibilidade de emprego da tecnologia adequada. (2000, p. 73).

    oportuno destacar que, diante desse novo cenrio ambiental, exige-se a adoo de um modelo econmico compatvel com o desenvolvimento sustentvel. O meio empresarial tambm deve assumir o compromisso de preservar o meio ambiente e diminuir, sensivelmente, a emisso de gases poluentes.

    Em contrapartida ao surgimento da conscincia ecolgica por parte das empresas, necessrio considerar que a implementao do Sistema de Gesto Ambiental nas empresas gera um custo que deve ser absorvido pelas mesmas, o que, em alguns casos, tido como um empecilho adoo de polticas ambientais que contribuam para a melhora na qualidade de vida da populao.

    Assim, apesar de os custos das aes preventivas e tambm das "tecnologias mais limpas" terem, muitas vezes, um custo elevado, no h como postergar a implementao das medidas ambientais diante da certeza ou probabilidade da concretizao do dano ambiental, porque as leses ao meio ambiente so, na sua grande maioria, irreparveis e trazem conseqncias que interferem na qualidade de vida da populao. A deciso de agir antecipadamente ao dano ambiental premissa fundamental para garantir a eficcia da aplicao do princpio da precauo, o que refora o entendimento de que tanto os Estados como as empresas no podem se eximir da responsabilidade de preservar o meio ambiente.

    OBRAS CONSULTADAS

    ALMEIDA, Luiz Cludio Carvalho de. Responsabilidade Civil por Danos Ambientais. Disponvel em . Acessado em: 15 de outubro de 2001.

    AYALA, Patrick Arajo, in: LEITE, Rubens Moraes (Org.). Inovaes em Direito Ambiental. Florianpolis: Fundao Borteux, 2000.

    BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. 27. ed. So Paulo: Saraiva, 2001.

    _____. Lei 6938, de 31 de agosto de 1981. Dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao e d outras providncias. Publicada no Dirio Oficial da Unio em 02/09/1981.

    CARTA de Canela. Elaborada no 2o Congresso Brasileiro do Ministrio Pblico de Meio Ambiente e do 1o Encontro Regional do Instituto "O Direito por um Planeta Verde". Disponvel em . Acessado em 8 de fevereiro de 2002.

    CRITRIOS para Diferenciao dos Princpios da Preveno. Disponvel em . Acessado em 15 de janeiro de 2001.

  • O principio da precauo no Direito Ambiental - Silvana Brendler Colombo

    Fonte: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5879

    Pgina 14 de 14

    DECLARAO do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento de 06/1992. Disponvel em . Acessado em 12 de janeiro de 2001.

    DERANI, Cristiane. Direito ambiental econmico. So Paulo: Max Limonad, 1997.

    MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. So Paulo: Malheiros, 2001.

    _____. Disponvel em . Acessado em 12 de agosto de 2001.

    _____. Direito Ambiental Brasileiro. So Paulo: Malheiros, 1999.

    MACIEL, Cludio Vieira. A Importncia da Participao da Sociedade nos Processos de Licenciamento Ambiental. Disponvel em . Acessado em: 10 de janeiro de 2002.

    MILAR, Edes. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudncia, prtica, glossrio. So Paulo: RT, 2000.

    _____. Ao Civil Pblica na Nova Ordem Constitucional. So Paulo: Saraiva, 1990.

    MIRRA, lvaro. In: MORATO LEITE, Jos Rubens (Org.). Inovaes em Direito Ambiental. Florianpolis: Fundao Boiteux, 2000.

    MORATO LEITE, Jos Rubens (Org.). Inovaes em direito ambiental. Florianpolis: Fundao Boiteux, 2000.

    PRINCPIO da precauo. Uma maneira sensata de proteger a sade pblica e o meio ambiente. Preparado por The Science and Enviromental Heath Network. Traduo de Lcia A. Melin. Disponvel em . Acessado em 12 de agosto de 2001.

    SCHIMIDT, Larissa. Os Princpios Ambientais e sua Aplicabilidade pelo Direito Brasileiro. Disponvel em . Acessado em 10 de abril de 2002.