operaÇÃo de um motor cc alimentado por ponte...

60

Upload: others

Post on 15-May-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE

RETIFICADORA MONOFÁSICA CONTROLADA

Thomas de Mendonça Mertens

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Richard M. Stephan

Rio de Janeiro

Março de 2019

Page 2: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos
Page 3: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

de Mendonça Mertens, Thomas

Operação de um Motor CC Alimentado por Ponte

Reticadora Monofásica Controlada/Thomas de Mendonça

Mertens. Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,

2019.

XI, 49 p.: il.; 29, 7cm.

Orientador: Richard M. Stephan

Projeto de Graduação UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Elétrica, 2019.

Referências Bibliográcas: p. 44 45.

1. Reticador. 2. Motor DC. 3. Ponte completa. I.

M. Stephan, Richard. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Elétrica.

III. Título.

iii

Page 4: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Agradecimentos

Agradeço a todos que me ajudaram a sempre seguir adiante.

iv

Page 5: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE

RETIFICADORA MONOFÁSICA CONTROLADA

Thomas de Mendonça Mertens

Março/2019

Orientador: Richard M. Stephan

Curso: Engenharia Elétrica

Circuitos elétricos com conversores de eletrônica de potência são sistemas não-

lineares. Em vista disto, eles apresentam comportamento mais complexo do que

circuitos lineares e merecem atenção especial. Neste trabalho, o foco é o estudo de

um motor de corrente contínua acionado por uma ponte reticadora monofásica a

tiristores SCR. Para maior destaque dos efeitos não-lineares e melhor observação dos

modos de condução possíveis, foi considerada uma ponte completa monofásica com

componentes ideais e as perdas ôhmicas foram desprezadas. Os modos contínuo e

descontínuo de condução de corrente e suas implicações nos comportamentos estático

e dinâmico foram explicados. Este documento apresenta, além de deduções analí-

ticas e levantamento de curvas características de operação em regime permanente,

simulações no domínio do tempo comparadas com os resultados analíticos.

v

Page 6: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulllment

of the requirements for the degree of Engineer.

OPERATION OF A DC MOTOR POWERED BY SINGLE PHASE

CONTROLLED RECTIFYING BRIDGE

Thomas de Mendonça Mertens

March/2019

Advisor: Richard M. Stephan

Course: Electrical Engineering

Electrical circuits with power electronics converters are non linear systems. In

view of this, they have a more complex behavior than linear circuits and deserve

special attention. In this work, the focus is the study of a DC motor driven by

a SCR thyristor single-phase rectier bridge. In order to highlight the nonlinear

eects, a single-phase complete bridge with ideal components was considered and

the ohmic losses were neglected. The continuous and discontinuous modes of current

conduction and their implications for static and dynamic behavior were explained.

This paper presents, in addition to analytical expresions and the development of

characteristics curves for steady-state operation, time-domain simulations compared

to the analytical results.

vi

Page 7: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Sumário

Lista de Figuras ix

Lista de Tabelas xi

1 Introdução 1

2 Revisão Bibliográca 3

2.1 Reticador em ponte completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2.2 Motor de Corrente Contínua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3 Equações do Sistema 11

3.1 Modo Contínuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.2 Modo Descontínuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.3 Fronteira entre os Modos de Operação . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

4 Relações entre Tensões e Correntes 17

4.1 Ângulo mínimo de disparo para o modo descontínuo . . . . . . . . . . 17

4.2 Regiões de operação segundo ângulos de disparo na fronteira . . . . . 18

4.3 Fronteira entre os modos de operação - Curva Tensão x Corrente . . . 21

4.4 Limites operativos no modo não-inversor . . . . . . . . . . . . . . . . 22

4.5 Limites operativos no modo inversor . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

5 Resultados Computacionais 27

5.1 Simulação com Modelo de Máquina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

5.1.1 Casos com 32, 5 < α < 147, 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

5.1.2 Casos com α < 32, 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5.1.3 Casos com α > 147, 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

6 Dinâmica 40

7 Conclusões 43

Referências Bibliográcas 44

vii

Page 8: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

A Código em MATLAB utilizado 46

viii

Page 9: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Lista de Figuras

1.1 Modelagem em circuito elétrico do sistema a ser estudado. . . . . . . 2

2.1 Tiristor SCR - exemplo de modelo real à esquerda, simbologia ao

centro e circuito equivalente ideal a direita. . . . . . . . . . . . . . . . 3

2.2 Reticador monofásico em ponte. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.3 Formas de onda da tensão em um circuito reticador a diodos com

carga resistiva: ud representa a tensão de saída (reticada), enquanto

us representa a tensão alternada na entrada do circuito. . . . . . . . . 5

2.4 Formas de onda da tensão em um circuito reticador disparado a 45

ud representa a tensão de saída (reticada), enquanto us representa

a tensão alternada na entrada do circuito. . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.5 Controle do disparo por comparação de dente-de-serra com constante. 6

2.6 Tensão de entrada us e tensão reticada ud no modo inversor. . . . . 6

2.7 Relação entre α e sinal de saída, cedido por STEPHAN [1]. . . . . . . 7

2.8 Modos de operação de um reticador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.9 Equivalente elétrico de Motor CC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.1 Modelagem em circuito elétrico do sistema a ser estudado. . . . . . . 11

3.2 Tensões e corrente do circuito, cedido por STEPHAN [1]. . . . . . . . 12

3.3 Tensão e corrente no modo descontínuo, cedido por STEPHAN [1]. . 13

3.4 Tensão e corrente na fronteira entre os modos de operação, cedido

por STEPHAN [1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

4.1 Tensão e corrente na fronteira para α < 32, 5, cedido por STEPHAN

[1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4.2 Tensão e corrente na fronteira para α > 147, 5, cedido por

STEPHAN [1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4.3 Tensão e corrente para I0 → 0, cedido por STEPHAN [1]. . . . . . . . 22

4.4 Gráco tensão-corrente para 32, 5 < α ≤ 147, 5, cedido por

STEPHAN [1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4.5 Tensão e corrente no modo descontínuo para τdM . . . . . . . . . . . 25

ix

Page 10: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

4.6 Resultado analítico normalizado para regiões com descontinuidade,

cedido por STEPHAN [1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

5.1 Resultado analítico normalizado Id/IdgMxEMK/Udio. . . . . . . . . . 28

5.2 Sistema Simulado no PSIM com especicações dos parâmetros inter-

nos da máquina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

5.3 Corrente e tensão para α = 45 simulado com modelo de máquina. . . 31

5.4 Fronteira entre os modos de condução para 32, 5 < α < 147, 5. . . . 32

5.5 Modo descontínuo para 32, 5 < α < 147, 5. . . . . . . . . . . . . . . 33

5.6 Limite de condução para α = 120. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5.7 Condução contínua para α = 20. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5.8 Falhas na condução descontínua para α < 32, 5. . . . . . . . . . . . . 35

5.9 Modo contínuo para α = 165. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

5.10 Modo descontínuo para α = 165. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

5.11 Variação entre regiões para atingir a desejada . . . . . . . . . . . . . 37

5.12 Comportamento da corrente na região dos saltos entre os modos de

condução para α > 147, 5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

5.13 Corrente, tensão e velocidade para salto com α = 165. . . . . . . . . 39

5.14 Corrente, tensão e velocidade para salto com α = 165. . . . . . . . . 39

6.1 Diagrama de blocos do sistema estudado. . . . . . . . . . . . . . . . . 40

6.2 Dinâmica do sistema ao alterar instantaneamente o ângulo de disparo

nos modos contínuo e descontínuo de operação. . . . . . . . . . . . . 41

x

Page 11: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Lista de Tabelas

4.1 Correntes máximas na fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4.2 Tensões e correntes nos limites dos modos de condução para 147, 5 ≤α ≤ 180. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

xi

Page 12: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Capítulo 1

Introdução

A corrente alternada (CA) apresenta conhecidas vantagens na geração, trans-

missão e distribuição de energia (vide [2]). Mas equipamentos de corrente contínua

(CC) existem há muito tempo, continuam a existir e criam-se novos. Portanto, é

necessária uma maneira de alimenta-los a partir da energia em CA recebida.

Para realizar esse feito satisfatoriamente é necessário um equipamento chamado

Reticador. Ele é um conversor de energia composto de chaves totalmente contro-

ladas (como neste estudo), semi-controladas ou não-controladas, com o objetivo de

transformar a onda alternada na entrada do circuito em tensão e corrente contínua.

Aqui entende-se corrente contínua como uxo unidirecional de corrente.

Muitos equipamentos domésticos, tais como carregadores de celular, televisores,

motores de portão, bombas de aquário e fontes de computador, são conectados à

rede via reticadores. Esse conversor também é aplicado em transmissão de energia

elétrica a longas distâncias, quando a solução em CA deixa de ser economicamente

vantajosa (vide [3]).

Este projeto, baseado no trabalho de STEPHAN [1] [4], analisa o comporta-

mento de um motor de corrente contínua acionado por um reticador a tiristores

SCR em ponte completa alimentado por uma fonte senoidal de tensão, como mostra

a gura 1.1. São analisados os dois modos de condução de corrente: modo contínuo

de condução de corrente, ou apenas modo contínuo (no qual a corrente não cessa

nunca) e modo descontínuo de condução de corrente, ou apenas modo descontínuo

(no qual há períodos em que a corrente mantem-se zero). Validam-se via simula-

ções as equações aqui deduzidas, considerando a operação em regime permanente,

simplicações de perda Joule nula (resistência zero) e chaves semicondutoras ideais.

A partir das equações são traçadas as curvas características de Tensão x Corrente

médias em regime permanente, com apoio computacional.

Destaca-se como contribuição original deste trabalho a análise dos ângulos su-

periores a 147, 5 para essa topologia de circuito, cuja a passagem entre os modos

de condução apresenta descontinuidades reveladas no estudo analítico e comprova-

1

Page 13: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

das pelas simulações. Em termos práticos, ângulos dessa natureza não costumam

ser utilizados em função do tempo de recuperação dos tiristores, comprometendo a

segurança operativa (MOHAN et al. [5, p. 136-138]).

A disposição dos capítulos começa com uma breve revisão teórica sobre os prin-

cipais componentes estudados, a m de entender seus princípios de funcionamento,

seguido pela análise do circuito, construindo um sistema de equações para ele. Com

elas, avaliam-se suas interações com a variáveis, e por m tem-se os resultados si-

mulados.

Figura 1.1: Modelagem em circuito elétrico do sistema a ser estudado.

2

Page 14: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Capítulo 2

Revisão Bibliográca

2.1 Reticador em ponte completa

Esta seção se destina não a detalhar matematicamente o funcionamento do re-

ticador utilizado, mas sim a explicar seus princípios de funcionamento. As de-

monstrações dos resultados obtidos estão disponíveis em [57] e os demais cálculos

pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos 3 e 4.

Primeiramente, para entender como funciona tal conversor, deve-se conhecer seus

componentes. No caso, os tiristores que o compõem. O modelo utilizado é um SCR

((RASHID [6, p. 101])), portanto, neste texto, os dois termos serão tratados como

sinônimos.

Figura 2.1: Tiristor SCR - exemplo de modelo real à esquerda, simbologia ao centroe circuito equivalente ideal a direita.

O tiristor é uma chave unidirecional de corrente semelhante ao diodo, que blo-

queia uxo de corrente em sentido reverso, e apenas o permite quando corretamente

polarizado (tensão no anodo maior do que no catodo). Mas diferente do diodo, para

3

Page 15: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

que ele dispare, ou seja, opere fechando a chave, deve receber um comando (pulso

de corrente) no terminal do gate, mostrado na gura 2.1.

Ao utilizar um reticador como fonte de tensão, deve-se olhar para as formas das

ondas das tensões de entrada (CA) e saída (CC). Essa conguração é controlada de

forma que as chaves opostas sejam acionadas simultaneamente, ou seja, sempre os

pares 1 e 2 ou 3 e 4 são acionados, e nenhuma outra conguração é permitida (gura

2.2). A topologia do circuito (ponte completa) permite o aproveitamento de ambos

os semiciclos de us, o que não é possível em algumas outras congurações (vide [7],

[5] e [8]).

Isso faz com que, após o disparo no semi-ciclo positivo, a tensão de saída ud(t)seja igual à tensão de entrada us(t). Já no semi-ciclo negativo, ud(t) terá seu sinal

invertido em relação a us(t), tornando-a novamente positiva, e, portanto, reticada.

Figura 2.2: Reticador monofásico em ponte.

A tensão chaveada comparada à de alimentação tem o perl da gura 2.3, con-

siderando um circuito clássico de um reticação de onda completa a diodos alimen-

tando uma carga resistiva. Como o tiristor ainda permite que a condução só se inicie

quando receber um comando no Gate, essa tensão de saída pode ser controlada, como

mostra a gura 2.4.

4

Page 16: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Figura 2.3: Formas de onda da tensão em um circuito reticador a diodos comcarga resistiva: ud representa a tensão de saída (reticada), enquanto us representaa tensão alternada na entrada do circuito.

Figura 2.4: Formas de onda da tensão em um circuito reticador disparado a 45 udrepresenta a tensão de saída (reticada), enquanto us representa a tensão alternadana entrada do circuito.

Dessa forma, o controle do momento do disparo se torna crucial para maior do-

mínio sobre o valor médio da tensão Ud. Existem várias formas de controle possíveis

(vide [9], [10], [5]), mas aqui ele é feito baseado na comparação de uma constante

com uma onda dente-de-serra, estando essa última sincronizada com o meio período

da senoide de entrada (gura 2.5). Quando a dente-de-serra supera vcontrol, é dado

um comando ao par correto de tiristores (1-2 no ciclo positivo, 3-4 no negativo), que

iniciam a condução. O ponto onde isso ocorre é chamado de ângulo de disparo α,

denido por:

α = 180vcontrol

Vst.

5

Page 17: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Figura 2.5: Controle do disparo por comparação de dente-de-serra com constante.

O disparo para o ciclo negativo é feito defasado de 180 do disparo do ciclo

positivo.

Como o lado reticado se refere à parte CC do sistema, o mais interessante é o

valor médio da onda de saída, calculado por:

Ud =1

∫ 2π

0

ud(θ)dθ.

O período da saída é de apenas 180, ou π radianos. Por m, para ângulos de

disparo maiores que 90, a sequência de disparo se inverte, transmitindo ao lado CC

tensão média negativa, enquanto nele houver carga indutiva, ou fonte de corrente

(MOHAN et al. [5, p. 136-138]).

Figura 2.6: Tensão de entrada us e tensão reticada ud no modo inversor.

6

Page 18: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Então, para cada ângulo de disparo α, a tensão de saída terá valor médio di-

ferente, e quando operado no modo inversor este valor será negativo, mostrado na

gura 2.7.

Figura 2.7: Relação entre α e sinal de saída, cedido por STEPHAN [1].

De forma geral, reticadores podem operar em modo contínuo (quando a corrente

na carga é maior que zero) ou em modo descontínuo (quando a corrente permanece

nula durante parte do período, ou seja, quando o SCR será uma chave aberta). Tais

comportamentos podem ser vistos na gura 2.8 e serão analisados no capítulo 3.

7

Page 19: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

(a) Reticador operando no modo contínuo;

(b) Reticador operando no modo descontínuo, cuja carga mantém nível de tensão;

Figura 2.8: Modos de operação de um reticador.

2.2 Motor de Corrente Contínua

Máquinas elétricas convertem energia elétrica em mecânica (motor) ou vice-versa

(gerador) através da interação entre condutores carregados em movimento e campos

magnéticos. Este capítulo novamente destina-se a resumir o princípio de funciona-

mento desse tipo de máquina, sendo baseado em [11], [12], [13], [14],[15], [16], [17] e

[18], onde pode-se obter mais detalhes.

A armadura do motor recebe a corrente de um circuito externo (a fonte de

alimentação), e a armadura do gerador libera corrente para um circuito externo (a

carga). Seu núcleo é composto de material ferromagnético laminado, com isolamento

entre as lâminas para reduzir perdas por histerese e correntes parasitas, devido à

indução magnética.

O comutador existe para manter sempre a mesma polaridade da tensão em rela-

ção aos terminais da espira. É composto de segmentos de anel de cobre montados

ao redor do eixo, de forma que as escovas (segmentos de grata que fazem a conexão

8

Page 20: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

da a fonte CC aos segmentos do anel) estejam sempre em contato com um segmento

metálico do anel.

O enrolamento de campo é um eletroímã ou um ímã permanente que produz o

uxo magnético no qual as espiras da armadura estão imersas.

A lei de Faraday arma que quando há variação do enlace de uxo em uma

espira, há indução de tensão no condutor com polaridade oposta à da tensão aplicada

externamente ao motor. Por este motivo é conhecida como força contra-eletromotriz

(EMK ElektroMotorische Kraft em alemão, idioma original de publicação de [1]).

Em suma, considerando os enrolamentos de campo e de armadura, e o surgimento

da força contraeletromotriz, o motor CC pode ser representado pelas equações 2.1

e pela Figura 2.9.

vt = EMK + Lddiddt

+Rdid

vf = Rf if + Lfdifdt

EMK = Kn

mel = Kid

J = dndt

= mel −mcarga = m

(2.1)

Sendo:

Rd e Ld a resistência e indutância de armadura

vt a tensão terminal. Também chamada de tensão de armadura Va por alguns

autores

id é a corrente de armadura

Rf e Lf a resistência e indutância de campo

vf a tensão de campo

if a corrente de campo

K a constante de uxo

n a velocidade de rotação do eixo

mel o torque eletromagnético no eixo

mcarga o torque que a carga impõe ao eixo

m o torque resultante no eixo

9

Page 21: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Figura 2.9: Equivalente elétrico de Motor CC.

10

Page 22: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Capítulo 3

Equações do Sistema

Primeiramente considera-se o circuito da gura 1.1, repetida abaixo (gura 3.1).

Figura 3.1: Modelagem em circuito elétrico do sistema a ser estudado.

Neste caso desconsidera-se a indutância da fonte de tensão us e a resistência

interna do motor. Além disso, os tiristores são considerados como chaves ideais

que disparam instantaneamente ao serem acionadas. Para facilidade de notação,

letras minúsculas representarão o valor instantâneo de uma variável e maiúsculas

representarão seus respectivos valores médios. Demais notações serão noticadas

quando utilizadas.

Deve-se ressaltar a aproximação de resistência zero (ou seja, perdas ôhmicas

sobre condutores, armadura do motor, fonte e tiristores é desprezível). Essa escolha

também resulta em uma constante de tempo τ = LdRd→ ∞, ou seja, todos os

transitórios são extremamente longos. Isso não afeta o estudo analítico deste projeto

que será feito sobre o regime permanente de eletrônica de potência.

Este circuito representa um reticador monofásico em ponte completa a tiris-

11

Page 23: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

tores. O indutor é inerente à máquina e sua presença ressalta a incapacidade do

tiristor de interromper a condução de corrente apenas deixando de estar polarizado,

só o fazendo quando esta atinge o zero. O indutor, como elemento armazenador

incapaz de alterar sua corrente instantaneamente, manterá o uxo até que a energia

acumulada em um ciclo seja dissipada. Só então a condução será interrompida.

Como já dito, considera-se o regime permanente de eletrônica de potência, o que

signica que haverá oscilações sempre iguais a cada ciclo, o que pode ser comprovado

por uma análise simples do comportamento do indutor. Em regime permanente, a

corrente inicial i(ti) e nal do indutor serão iguais, em um ciclo.

vLd = Lddiddt→ 1

Ld

∫ tf

ti

vLddt = i(tf )− i(ti) = 0 (3.1)

Ou seja, a tensão média sobre o indutor em um período é zero, e as áreas A

hachuradas nas guras 3.2 e 3.3 se igualam no instante em que a corrente volta ao

seu valor inicial. Elas representam respectivamente os modos de condução contínuo

e descontínuo, que servirão de base para os equacionamentos a seguir.

Figura 3.2: Tensões e corrente do circuito, cedido por STEPHAN [1].

12

Page 24: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Figura 3.3: Tensão e corrente no modo descontínuo, cedido por STEPHAN [1].

Para que a condução ocorra no momento do disparo, os tiristores devem estar

polarizados, ou seja, ud ≥ EMK. Agora, analisando a Figura 1.1, considerando as

tensões sobre cada elemento temos que:

ud = vLd + EMK = Lddiddt

+ EMK (3.2)

Considerando o regime estacionário, e como o indutor é incapaz de zerar instan-

taneamente sua corrente, ainda há condução no circuito, que decai gradualmente

a partir do ponto em que ud = EMK. Calculando a média de tensão Ud sobre o

período T e as conclusões de 3.1, a integração da equação anterior mostra que a área

de função ud(t)−EMK, entre instantes iniciais e nais de condução, deve ser nula:

ud = vLd + EMK (3.3)

1

T

∫ T

0

ud dt =LdT

∫ T

0

did + EMK

∴ Ud = EMK (3.4)

Sendo Us o valor RMS da tensão us da fonte e ω = 2πf velocidade angular, para

frequência f , tem-se que:

13

Page 25: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

ud(ωt) =

√2Us cos(ωt) para − π

2+ α ≤ ωt ≤ −π

2+ α + τd

EMK para − π2

+ α + τd ≤ ωt ≤ π2

+ α(3.5)

Calculando a média da tensão de 3.5 e 3.4, considerando x = ωt e o período de

condução τd, isto é, por quanto tempo o indutor manteve sua corrente, 0 ≤ τd ≤ π

(os períodos de não-condução, portanto, não precisam ser considerados na equação):

Udiα = EMK =1

τd

∫ −π2+α+τd

−π2+α

ud(x) dx

=

√2Usτd

[sin

(−π2

+ α + τd

)− sin

(−π2

+ α

)]∴ Udiα = EMK = Udio

π

2τd([cosα− cos(α+ τd) ]) (3.6)

Sendo Udio = 2√2Usπ

. Considerando novamente a equação 3.2:

ud = Lddi

dt+ EMK

ud − EMK = Ldiddt

ω

ω= ωL

diddωt

A impedância em ohms da indutância é Xd = ωLd. Integrando ambos os lados:

ud(x)− EMK = Xddi

dx⇒ (ud(x)− EMK)dx = Xddid

id (x) = I0 +1

Xd

∫ x

−π2+α

(ud(x)− EMK) dx (3.7)

Resolvendo a integral:∫ x

−π2+α

(ud(x)− EMK) dx =

∫ x

−π2+α

(√2Uscosx −EMK

)dx

=

(√2Us sinx

∣∣∣∣ x

−π2

+ α

)− EMK(x− α +

π

2)

=√

2Us[sinx− sin

(α− π

2

)]− EMK

[x− α +

π

2

]Voltando à equação 3.7, substituindo ud pelas equações acima:

id(x) =

√2Us(sinx+ cosα)− EMK

Xd(x− α + π

2) para − π

2+ α ≤ ωt ≤ −π

2+ α + τd

0 para − π2

+ α + τd ≤ ωt ≤ π2

+ α

(3.8)

14

Page 26: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Denindo I0 como valor da corrente id nos instantes de disparo, o valor médio Id da

corrente id, e considerando um período de condução de 0 < τd < 180 será:

Id =1

π

∫ −π2+α+τd

−π2+α

iddx =1

2

UdioXd

[sinα− sin(α + τd) + τd cosα]− EMK

πXd

(τ 2d2

)+ I0

Substituindo EMK pela equação 3.6:

Id =1

2

UdioXd

sinα− sin(α + τd) +

τd2

[cosα + cos(α + τd)]

+ I0 (3.9)

Estas são as equações de tensão (equação 3.6) e corrente (equação 3.9) médias

para o sistema, válidas para o modo contínuo e descontínuo. O que diferencia estes

modos são os valores de τd e de I0. Portanto, interessa agora denir e avaliar estas

duas formas de funcionamento. Outro ponto a ser considerado é a fronteira entre

estes dois modos, pois nela ocorrem efeitos interessantes, dignos de nota.

3.1 Modo Contínuo

No modo contínuo de operação, cujo comportamento é mostrado na Figura 3.2,

o indutor não para de conduzir (portanto τd = π), e tem corrente I0 > 0. Nesse

caso, as equações 3.6 e 3.9 se reduzem a:

EMK = Udiα = Udio cosα (3.10)

Id =UdioXd

sinα + I0 (3.11)

O reticador pode também operar no modo inversor para α > 90, isto é, a

tensão de saída tem polaridade invertida em relação à entrada, como na gura 2.6.

Neste modo, a média da tensão reticada não varia com a carga, pois aqui não há

períodos onde o reticador não esteja conduzindo.

3.2 Modo Descontínuo

O modo descontínuo, entretanto, não é tão simples e as equações 3.6 e 3.9 não

se reduzem a algo trivial como no caso anterior. Aqui tem-se τd < π e I0 = 0, como

na gura 3.3 Alterando a carga, alteramos o nível da corrente do circuito. Existe

uma carga mínima na qual a curva de corrente encontra o eixo das abscissas fazendo

I0 = 0, chamado de Fronteira entre os modos de operação, que por sua vez será

estudada na seção 3.3. Se a carga continuar a reduzir, haverá períodos em que o

15

Page 27: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

indutor estará descarregado e não haverá condução de corrente, já que ela não pode

inverter sua direção por causa do efeito de válvula dos tiristores, até que seja dado

o próximo disparo e a condução retorne (gura 3.3).

É importante notar também que para τd → 0, pelas equações 3.6 e 3.7 a corrente

tende a zero e a tensão tende para um valor nito, discutido no capítulo 4.4, e que

quanto menor for α, maior será a média da tensão reticada (para uma mesma

carga).

3.3 Fronteira entre os Modos de Operação

As formas de onda para o limite entre as conduções é mostrado na Figura 3.4.

Neste caso limite, τd = π e I0 = 0, que substituídos na equação 3.9 resulta em:

Idg =UdioXd

sinα (3.12)

Figura 3.4: Tensão e corrente na fronteira entre os modos de operação, cedido porSTEPHAN [1].

16

Page 28: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Capítulo 4

Relações entre Tensões e Correntes

A partir das relações básicas do capítulo anterior, pode-se fazer uma análise

mais profunda entre as duas principais grandezas do sistema: tensão e corrente. Os

modos de condução podem também ser subdivididos segundo os ângulos de disparo

possíveis, trazendo muitas opções de análise e comportamentos diferentes para o sis-

tema. Cabe aqui analisar cada um deles, o que inclui seus limites e impossibilidades

operativas.

4.1 Ângulo mínimo de disparo para o modo descon-

tínuo

Se não houver corrente circulando para manter a condução do tiristor, é impos-

sível ocorrer o disparo para determinados ângulos α, pois a condição ud(α) > EMK

não está sendo satisfeita. A equação 3.6 mostra que quanto menor o ângulo α

maior será EMK, dicultando a polarização correta do tiristor. Este αlimite pode

ser calculado ao considerar operação na fronteira (τd = π e I0 = 0) para o caso

ud(α) = EMK.

ud(t) = EMK →√

2Us cos(−π2

+ αlimite) = Udio cosαlimite

Udio√2Us

=sinαlimitecosαlimite

= tan(αlimite)

Como Udio = 2√2Usπ

:

tan(αlimite) =2

π=⇒ αlimite = 32, 5

Na prática, portanto, é impossível haver operação no modo de condução descon-

tínua de corrente para ângulos menores que αlimite.

17

Page 29: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

4.2 Regiões de operação segundo ângulos de disparo

na fronteira

As equações podem ser divididas em 3 categorias:

Disparo para 32, 5 < α < 147, 532, 5 < α < 147, 532, 5 < α < 147, 5

Neste modo, o comportamento da corrente é exatamente como esperado,

baseando-se no modo contínuo: oscila sempre positiva apenas tocando o eixo

horizontal por um instante, representado na Figura 3.4.

Disparo para 0 < α < 32, 50 < α < 32, 50 < α < 32, 5

Naturalmente, como o tiristor não tem tensão para ser polarizado da maneira

que desejamos, e o indutor ainda não descarregou completamente, a condução

continuará até que estas duas situações (simultâneas e dependentes uma da

outra) ocorram em wt = ξ e A = A1 +A2, gerando um comportamento como

o da Figura 4.1.

Figura 4.1: Tensão e corrente na fronteira para α < 32, 5, cedido por STEPHAN[1].

Portanto, é interessante analisar como a corrente se comporta. Quando vLd =

0,diddt

= 0, o que signica que id passa por um máximo ou mínimo nos pontos

x = ±ξ. O gráco da Figura 4.1 mostra que para x = −ξ , id(−ξ) = 0. Por

estar na fronteira do modo contínuo, EMK = Udiocos(α) é válido. A partir

18

Page 30: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

da equação 3.8, considerando o período de condução:

id = 0 =π

2

UdioXd

(sin ξ + cosα− Udio

Xd

(−ξ − α +

π

2

)cosα + I0

)

I0 =πUdio2Xd

[sin ξ − cosα +

2

pi

(−ξ − α +

π

2

)cosα

]I0(0 < α < 32, 5) =

π

2

UdioXd

[sin ξ +

2

π(−ξ − α) cosα

](4.1)

Além disso, a corrente se torna zero somente no instante em que ud(x) =

EMK, em x = ωt = ξ. Portanto, a partir das equações 3.5 e 3.6:

ud(ξ) =√

2Us cos ξ = EMK =2√

2Usπτd

[cosα− cos(α + τd)]

Na fronteira (e no modo contínuo) tem-se que τd = π, então:

cos(−ξ) = cosξ =2

πcosα

Substituindo na equação 4.1:

I0(0 < α < 32, 5) =π

2

UdioXd

[sinξ − (ξ + α)cosξ] (4.2)

Então existe um valor mínimo de corrente para que esses ângulos possam ser

operados no modo contínuo. Ou seja, o circulo que descreve a fronteira não é

o limite para essa região operativa.

Disparo para 147, 5 < α < 180147, 5 < α < 180147, 5 < α < 180

Como a partir de 90° opera-se o modo inversor, e o ciclo da tensão de saída é

de 180°, é de se esperar que acima de 180− 32, 5 = 147, 5 também não haja

condução descontínua. Porém, neste caso, como representado na Figura 4.2,

no momento de disparo a condição ud =√

2Ussinα > EMK é satisfeita.

19

Page 31: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Figura 4.2: Tensão e corrente na fronteira para α > 147, 5, cedido por STEPHAN[1].

Considerando estes detalhes, pode-se calcular a corrente Idg na fronteira dos

modos contínuo e descontínuo. Como τd = π, que substituído na equação 3.9

da corrente tem-se que:

Idg =Udi0Xd

sinα + I0 (4.3)

E I0 pode ser novamente denido pela relação 3.8 usada anteriormente, fazendo

x = π + ξ que leva a id(π + ξ) = 0, e portanto:

id(π + ξ) = 0 =π

2

UdioXd

[sin(π + ξ) + cosα]− UdioXd

(ξ − α +3π

2)cosα + I0

I0 =π

2

UdioXd

[sinξ − cosα +

2

π(ξ − α +

2)cosα

]I0(α > 147, 5) =

π

2

UdioXd

[sinξ +

2

π(ξ − α + π)cosα

](4.4)

Novamente utilizando as equações 3.5 e 3.6:

ud(π + ξ) =√

2Uscos(π + ξ) = EMK = 2√

2Usπ

1

τd(cosα− cos(α + τd))

Como τd = π:

cos(π + ξ) = −cosξ =2

πcosα =⇒ cosξ = − 2

πcosα

20

Page 32: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Substituindo em 4.4:

I0(α > 147, 5) =π

2

UdioXd

[sinξ − (ξ − α + π)cosξ] (4.5)

Diferente do caso anterior, neste há condução tanto no modo contínuo como

no descontínuo. Porém, como será mostrado posteriormente, há um salto nos

níveis de corrente e tensão, ou seja, os limites de condução dos dois modos não

são coincidentes, resultando em descontinuidades na curva Tensão x Corrente

característica.

O valor máximo da corrente para cada um destes conjuntos de valores de α na

fronteira é um parâmetro importante para determinar o indutor a ser utilizado. Este

máximo se dá para αm, em que dIdgdα

∣∣α=αm

= 0, a partir da relação 4.3.

Tabela 4.1: Correntes máximas na fronteira

Ângulo de disparo Corrente máxima Ângulo αm32, 5 ≤ α ≤ 147, 5 Idg = Udio

Xdαm = 90

0 ≤ α < 32, 5 Idg = 0, 33UdioXd

αm = 0

147, 5 < α ≤ 180 Idg = 0, 33UdioXd

αm = 180

Dene-se a corrente máxima de fronteira possível como

IdgM =UdioXd

. (4.6)

4.3 Fronteira entre os modos de operação - Curva

Tensão x Corrente

É interessante normalizar as relações de tensão e corrente (3.6 e 3.9).

EMK

Udio=

π

2τd[cosα− cos(α + τd)] (4.7)

IdIdgM

=1

2

sinα− sin(α + τd) +

τd2

[cosα + cos(α + τd)]

+I0IdgM

(4.8)

E a condição de disparo:EMK

Udio≤ πsinα

2(4.9)

Nesta região valem as equações 3.10 e 3.12, com I0 = 0, e considerando a relação

4.6, é possível escrever:

cosα = EMKUdio

sinα =IdgXdUdio

21

Page 33: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

A partir da relação trigonométrica (sinx)2 + (cosx)2 = 1, da equação do círculo

e da eq. 4.6: (IdgIdgM

)2

+

(EMK

Udio

)2

= 1.

Isso quer dizer que a fronteira entre os modos de condução contínuo e descontínuo

descreve um círculo nas curvas tensão-corrente, à esquerda estará o modo descontí-

nuo (com I0 = 0 e τdm < τd ≤ τdM ≤ π), e à direita o modo continuo (com I0 6= 0

e τd = π). τdM é o período máximo de condução, que será discutido na seção 4.5, e

τdm é o período mínimo, discutido em 4.4.

Normalizando também as relações do capítulo 4.2:

I0IdgM

=

0 para 32, 5 ≤ α ≤ 147, 5

π2

[sinξ − (α + ξ)cosξ] para 0 ≤ α < 32, 5

π2

[sinξ − (π − α− ξ)cosξ] para 147, 5 ≤ α < 180(4.10)

4.4 Limites operativos no modo não-inversor

É preciso vericar os limites operativos, como o da gura 4.3, ou seja, quando o

intervalo de condução é o mínimo (τdm).

Figura 4.3: Tensão e corrente para I0 → 0, cedido por STEPHAN [1].

Com a equação 4.7 o limite pode ser denido .

22

Page 34: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

limId→0

EMK

Udio= lim

τd→0

EMK

Udio= lim

τd→0

π

2[cosα− cos(α + τd)]

= limτd→0

π

2[cosα + sinαsinτd − cosαcosτd]

= limτd→0

π

2

[sinα

(sin2τd

2

2

)+

(1− cos2τd

2

2

)cosα

]= lim

τd→0

π

2

[sinαcos

τd2sin

τd2

+ (sinτd2

)2cosα]

= limτd→0

π

2

[sinαcos

τd2

+ sinτd2cosα

]sin

τd2

= limτd→0

τd2

[2sin(α +

τd2

)sinτd2

]=π

2sinα

Pode ser visto que a condição de disparo é sempre satisfeita para α > 90. Mas

a equação é válida para qualquer α, então, para o modo não inversor, há sempre um

τd muito próximo a zero que fornece uma tensão máxima de

EMKmax

Udio=π

2sinα . (4.11)

Esses resultados são mostrados na gura 4.4.

23

Page 35: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Figura 4.4: Gráco tensão-corrente para 32, 5 < α ≤ 147, 5, cedido por STEPHAN[1].

4.5 Limites operativos no modo inversor

Outro fato interessante que ocorre neste modo de operação é a existência de um

período máximo de condução τdM para alguns ângulos. Pela a Figura 4.5, supondo

A1 = A, se EMK car ainda menor, A1 aumenta e A diminui fazendo A1 > A.

Assim não há mais ponto de operação estável, pois não há mais como compensar

A1.

24

Page 36: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Figura 4.5: Tensão e corrente no modo descontínuo para τdM

Considerando as equações 3.5 e 3.6, para o caso limite no qual as tensões se

igualam e a corrente zera, ou seja, τdM depois do disparo:

ud(−π2+α+τdM ) =

√2Uscos(−

π

2+ α + τdM) = EMK

sin(α + τdM) =EMK

Udio

2

π

sin(α + τdM) = Udioπ

2

1

τdM(cosα− cos(α + τdM))

1

Udio

2

π

∴ τdM =cosα− cos(α + τdM)

sin(α + τdM)(4.12)

Estes valores apenas afetam ângulos α maiores que 147, 5, pois τdM(α=147,5) = π,

que vêm a ser o período normal de condução na fronteira. Esse valor calculado no

MATLAB, mostra que a há um limite na relação IdxUd para α > 147, 5, gerando

uma descontinuidade no gráco, representados na tabela 4.2 e na gura 4.6.

Ao comparar os valores de cores iguais na tabela, ou seja, comparar a terceira

com a quinta coluna, e a quarta com a última, notamos que tais discrepâncias entre

os limites são mais visíveis quanto maior for α, congurando o já comentado salto

entre os os modos de operação. Isso quer dizer que não existe ponto de operação

estável em regime permanente durante aquele intervalo.

25

Page 37: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Tabela 4.2: Tensões e correntes nos limites dos modos de condução para 147, 5 ≤α ≤ 180.

Ângulo de

disparo ατdM EMK/Udio

em τdM

Id/IdgM em τdM

com I0 = 0

EMK/Udio (τd = π)

Contínuo na fronteira

Id/IdgM (τd = π)

Contínuo na fronteiraGraus(°) (rad)

147,5 π -0,844 0,537 -0,844 0,537

150 3,08 -0,867 0,500 -0,866 0,503

165 2,71 -1,010 0,316 -0,966 0,368

180 2,33 -1,139 0,181 -1,000 0,331

Figura 4.6: Resultado analítico normalizado para regiões com descontinuidade, ce-dido por STEPHAN [1].

26

Page 38: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Capítulo 5

Resultados Computacionais

Os resultados deste capítulo foram calculados, vericados e traçados utilizando o

programa MATLAB, segundo o código em Anexo A, cujo resultado está representado

na gura 5.1.

Assim como previsto por STEPHAN [1], os limites discutidos nos capítulos an-

teriores se repetem no resultado analítico, com o modo descontínuo à esquerda do

círculo, e contínuo a direita. Destaca-se a inexistência do modo descontínuo para

α < 32, 5, e este mesmo ângulo ser o primeiro a ter contato com o círculo que des-

creve a fronteira. Não obstante, os saltos comentados anteriormente para α > 147, 5

são visíveis.

27

Page 39: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Figura 5.1: Resultado analítico normalizado Id/IdgMxEMK/Udio.

Para comparação e consequente validação do modelo teórico, fazem-se necessárias

simulações. Estas foram feitas no software para eletrônica de potência PSIM.

28

Page 40: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

5.1 Simulação com Modelo de Máquina

Utilizou-se o modelo de máquina CC disponível no programa. O sistema mos-

trado na gura 5.2a requisitou alto tempo de simulação para atingir o estado de

regime permanente, devido à grande constante de tempo τ já comentada. Também

houve o uso de uma fonte de tensão tipo degrau de 2 níveis, pois eventualmente um

ângulo não respondia corretamente partindo do repouso, sendo necessário entrar

em regime permanente em outra conguração funcional, e depois alternar para a

desejada.

29

Page 41: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

(a) Diagrama do sistema simulado no software PSIM, circuito de controle de disparo

acima, circuito elétrico abaixo, com carga mecânica à direita;

(b) Especicações do Motor CC;

Figura 5.2: Sistema Simulado no PSIM com especicações dos parâmetros internosda máquina.

Para que o sistema se torne estável, além da indutância interna Ld = 30mH

foi necessário adicionar uma resistência de armadura interna na máquina de Rd =

0, 01Ω. Isso gerou algumas alterações nos valores esperados, que embora pequenas,

precisam ser consideradas existentes.

Não obstante, não apenas as a relação entre as médias de EMK e de Id são o

interesse deste projeto. É interessante vericar como o sistema se comporta para os

casos até então apenas teorizados.

30

Page 42: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

5.1.1 Casos com 32, 5 < α < 147, 5

As simulações destes casos apresentam-se a seguir, estando sempre de acordo

com o modelo calculado na seção 3 e 4.

Modo contínuo

O modo descontínuo representa elmente o teórico, mostrado na gura 5.3.

Nota-se que, como esperado do reticador, independente da tensão, a corrente

será sempre positiva.

Figura 5.3: Corrente e tensão para α = 45 simulado com modelo de máquina.

Fronteira

Para a fronteira entre os modos não é diferente. No instante da comutação, a

corrente está de volta ao seu valor inicial nulo, ou seja, as áreas se compensa-

ram, como na gura 4.4. Para atingir esse ponto, foi-se reduzindo a carga a

partir do modo contínuo até que I0 se tornasse 0.

31

Page 43: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

(a) Fonteira entre os modos de condução para α = 45;

(b) Fonteira entre os modos de condução para α = 120;

Figura 5.4: Fronteira entre os modos de condução para 32, 5 < α < 147, 5.

Modo Descontínuo

O modo descontínuo, devido aos ângulos superiores a 90 serem capazes de

operar com EMK tanto positiva quanto negativa, apresenta mais de um com-

portamento. Os ângulos menores que 90 operam sempre com EMK positiva.

Nos 3 casos da gura 5.5 nota-se que quando as áreas acima e abaixo de EMK

se igualam, a corrente cessa, e permanece assim até o disparo seguinte.

32

Page 44: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

(a) Modo descontínuo para α = 45;

(b) Modo descontínuo para α = 120 com EMK > 0;

(c) Modo descontínuo para α = 120 com EMK < 0;

Figura 5.5: Modo descontínuo para 32, 5 < α < 147, 5.

Além disso, o comportamento da gura 4.3, para corrente tendendo a zero,

33

Page 45: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

é repetido na gura 5.6. Nesse caso, o regime transitório era longo demais

para o computador utilizado ser capaz de simular um tempo tão longo com

delidade, mas nota-se que gradualmente a tensão EMK cresce, tendendo a

atingir seu valor teórico.

Figura 5.6: Limite de condução para α = 120.

5.1.2 Casos com α < 32, 5

Modo Contínuo

Como já comentado na seção 4.1, esse modo não apresenta maiores problemas

em regime permanente para ser operado, basta ter um certo nível de corrente.

A gura 5.7 mostra um ponto operativo estável para esse caso.

Figura 5.7: Condução contínua para α = 20.

Modo Descontínuo

34

Page 46: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

O primeiro ponto a ser analisado é a inexistência em regime permanente do

modo descontínuo para ângulos α < 32, 5. Como exemplo, a gura 5.8 o

comportamento dinâmico para ângulo de disparo α = 20.

(a) Operação instável no modo descontínuo para α = 20, visão ampla;

(b) Operação instável no modo descontínuo para α = 20, visão detalhada;

Figura 5.8: Falhas na condução descontínua para α < 32, 5.

É evidente a impossibilidade de operar em modo contínuo com baixa carga, não

havendo comutação na maior parte do tempo, porém, o que acontece nesse caso é

haver comutação das chaves em alguns momentos, tendo um ganho muito grande

de corrente.

Isso ocorre pois quando o simulador dá partida na máquina, ainda não está no

regime permanente. A dinâmica da máquina, a partir de um momento em que ela

está em movimento proveniente do transitório de partida, gera variação de velocidade

e de EMK. Durante a não condução, essas grandezas diminuem, até que a tensão ca

baixa o bastante para polarizar corretamente as chaves, habilitando a comutação e

causando um pico de corrente. Impõe-se novamente uma variação de velocidade no

35

Page 47: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

motor, o que eleva EMK, polarizando reversamente a chave. Quando a corrente

voltar a zero, dissipando toda a energia armazenada, a condução é interrompida,

com EMK em um valor alto, caindo gradativamente junto à velocidade, até que o

processo possa se repetir.

Deve-se lembrar, porém, que isso não descaracteriza o fato de não ser possível

ocorrer o disparo para tais ângulos em regime permanente no modo descontínuo.

5.1.3 Casos com α > 147, 5

Modo Contínuo

Muito semelhante aos casos anteriores em regime permanente, notamos a ten-

são média negativa e corrente sempre maior que zero.

Figura 5.9: Modo contínuo para α = 165.

Modo Descontínuo

Os períodos de não-condução coincidem, como esperado, com os períodos onde

Vr se mantém constante no valor de EMK, que também é negativa.

36

Page 48: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Figura 5.10: Modo descontínuo para α = 165.

Saltos

Como já mencionado e mostrado no capítulo 4, há duas fronteiras que não

coincidem para α > 147, 5, diferentemente dos outros. Porém, a simulação

mostrou ser possível acionar o motor nessas regiões, o que gerou um com-

portamento de corrente intermediário entre os modos, e alternante entre eles

mostrado na gura 5.11.

Para que fosse possível simular a região de interesse, foi feita uma transição

reduzindo a carga e variando o ângulo gradualmente durante a simulação.

Iniciou-se com alto torque o sistema com α = 145, até que atingisse o regime

permanente. Para evitar grandes complicações na transição entre os ângulos,

este foi gradualmente acrescido até atingir os 165. Seu transitório não foi

muito demorado. Então, reduz-se a carga do sistema para que a região dos

saltos fosse atingida. Por m, baixou-se ainda mais a carga, entrando no modo

descontínuo.

Figura 5.11: Variação entre regiões para atingir a desejada

37

Page 49: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

(a)

(b)

Figura 5.12: Comportamento da corrente na região dos saltos entre os modos decondução para α > 147, 5.

Para entender melhor o que ocorre, deve-se considerar as guras 4.2 e 4.5 e

o comportamento da tensão e velocidade além da corrente (guras 5.12, 5.13

e 5.14). Aqui, a velocidade é negativa. Então, quando ela aumenta em valor

absoluto (diminuindo em módulo), a polarização dos tiristores e compensação

das áreas volta a ser possível (como na gura 4.2) . Ou seja, com EMK e

velocidade com valor muito negativo, A = A1+A2 é realizável. Quando EMK

se torna menor, no momento do disparo, o tiristor não está corretamente po-

larizado, bloqueando a comutação até que a velocidade, devido à dinâmica da

máquina, atinja novamente um valor operável.

Quando a corrente passa em um mínimo ou máximo,di

dt= 0, e EMK = ud,

havendo a compensação de áreas novamente. Porém, ao reduzir a corrente,

perde-se a área A2. Quando a tensão EMK diminui, algo semelhante acon-

tece. Nesse caso, A diminui e, consequentemente, A1 já é suciente para sua

38

Page 50: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

compensação, interrompendo a condução do tiristor quando EMK se iguala a

ud.

Figura 5.13: Corrente, tensão e velocidade para salto com α = 165.

Figura 5.14: Corrente, tensão e velocidade para salto com α = 165.

Esse comportamento se assemelha ao que se verica na seção 5.1.2. A ins-

tabilidade das velocidades causando alteração na tensão contra-eletromotriz

gera pulsos irregulares, impossibilitando o funcionamento. Porém, nesse caso

o motor transita entre os modos contínuo e descontínuo.

39

Page 51: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Capítulo 6

Dinâmica

Até agora foi analisado o comportamento estático do sistema em regime per-

manente, relacionando as variáveis pertinentes e seu comportamento. O diagrama

da gura 6.1 representa o sistema estudado, para um motor com carga mecânica

acoplada.

Figura 6.1: Diagrama de blocos do sistema estudado.

Em que:

τ é a constante de tempo elétrica já comentada;

Tm é a constante de tempo mecânica.

K é o ganho do circuito

Para melhor ilustrar a resposta da máquina à variação instantânea do ângulo

de disparo, variou-se α instantaneamente, mantendo o torque constante, cujos re-

sultados são mostrados na gura 6.2. Foram analisados os primeiros ciclos após a

alteração do ângulo e, portanto, a variação de velocidade torna-se desprezível.

40

Page 52: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

(a) Alteração do ângulo de disparo durante operação descontínua;

(b) Alteração do ângulo de disparo durante operação contínua;

Figura 6.2: Dinâmica do sistema ao alterar instantaneamente o ângulo de disparonos modos contínuo e descontínuo de operação.

Enquanto opera em modo descontínuo na gura 6.2a, os novos valores médios são

atingidos no disparo imediatamente depois do comando de mudança de α. Porém,

a carga acoplada é um motor CC, e não houve mudança de torque. Então, passado

algum tempo devido ao longo transitório, o valor médio da corrente voltará ao mesmo

de antes da alteração de α.

Graças à dinâmica do sistema a corrente cresce gradualmente, até estabilizar-se

em seu novo valor estável, visto na gura 6.2b. O comportamento assemelha-se com

à resposta de primeira ordem ao degrau.

Percebe-se que os modos de condução de corrente contínuo e descontínuo, além

de uma inuência no comportamento de regime permanente, como detalhado neste

41

Page 53: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

trabalho, também inuencia signicativamente o regime transitório. O aspecto di-

nâmico não tenha sido o objeto de estudo do texto por se encontrar amplamente

estudado na literatura técnica, bem como a solução para compensar a variação di-

nâmica da malha de corrente, cujo controle foi proposto por Buxbaum [19]. Tal

solução encontra-se implementada em reticadores comerciais de hoje (vide [20]).

42

Page 54: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Capítulo 7

Conclusões

O objetivo deste projeto foi analisar situações não-convencionais, e simulá-las

para consolidação teórica. Embora sua execução seja de cunho educacional, já que

as regiões de interesse aqui estudadas não são normalmente operáveis, ele foi, ao que

tudo indica, pioneira, sendo portanto difícil encontrar referências na literatura para

este tópico, que acaba se restringindo a meros comentários em outros estudos (vide

[5] e [19]).

Após a elaboração analítica do sistema, e desenvolvimento matemático requisi-

tado para tal, foi feita a escolha do programa de simulação a ser utilizado.

Ao se trabalhar com conversores dessa espécie é comum analisar o valor médio,

porém, o comportamento no tempo não pode ser negligenciado, já que traz situações

inesperadas que foram o foco deste trabalho. Os resultados deste estudo já foram

comentados no capítulo 5, mas ressalta-se sua importância para validar a teoria com

experimentos simulados, e entender como e porque as supostas impossibilidades

operativas ocorrem no sistema dinâmico (como modelo de máquina).

Como diculdades encontradas é possível citar o longo tempo de simulação ne-

cessário para um resultado el. A necessidade do resistor não havia sido considerada

até o problema surgir na etapa de simulações. Um resistor pequeno resulta em uma

constante de tempo τ elevada, aumentando o tempo dos transitórios, reetindo no

acréscimo no tempo para atingir o regime permanente, o que por sua vez demanda

de maior robustez computacional. Apesar disso, os resultados são satisfatórios.

Como etapa seguinte propõe-se um estudo do comportamento do sistema durante

uma alteração (instantânea ou gradual) do ângulo de disparo durante a operação, em

cada um dos modos considerados. É também interessante comparar tais resultados

com experimentos com componentes reais, em laboratório.

43

Page 55: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Referências Bibliográcas

[1] STEPHAN, R. M. A simple Model for a Thyristor Driven DC Motor Conside-

ring Continuous and Discontinuous Current Modes, Trans. on Education,

v. 34, pp. 330335, 1991.

[2] BAKSHI, U., BAKSHI, V. Electrical Engineering. Technical Publications, 2009.

[3] HERTEM, D. V., GOMIS-BELLMUNT, O., LIANG, J. HVDC Grids: For

Oshore and Supergrid of the Future. John Wiley Sons, 2016.

[4] STEPHAN, R. M. A simple Model for a Thyristor Driven DC Motor Considering

Continuous and Disocntinuous Current Modes. Ph.D. dissertation, Rio de

Janeiro, RJ, Brasil, 1994.

[5] MOHAN, N., UNDELAND, T. M., ROBBINS, W. P. Power Electronics. Con-

verters, Applications and Design. John Wiley and Sons, 2003.

[6] RASHID, M. H. Power Electronics: Circuits, Devices, and Applications. Pear-

son, 2009.

[7] POMÍLIO, J. A. Apostila EE833 Eletrônica de Potência - Graduação. UNI-

CAMP, 2018.

[8] IRAVANI, R. Voltage-Sourced Converters in Power Systems - Modeling, Control,

and Applications. John Wiley Sons - IEEE, 2010.

[9] OESTE, R. Estudo e implementação de um reticador monofásico chaveado

microcontrolado. EESC - USP, 2010.

[10] RISCHTER, T. C. S. Análise de estabilidade robusta do controle de corrente da

ponte monofásica a tiristor alimentando uma carga RL. Tese de Mestrado,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ, 2016.

[11] CHAPMAN, S. J. Fundamentos de Máquinas Elétricas. AMGH Editora Ltda.,

2013.

44

Page 56: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

[12] KRISHNAN, R. Permanent Magnet Synchronous and Brushless DC Motor

Drives. CRC Press, 2017.

[13] RAJPUT. A Text Book of Electrical Machines. Firewall Media, 2006.

[14] KOSOW, I. L. Electric Machinery And Transformers. Prentice-Hall Of India

Pvt. Limited, 2009.

[15] FITZGERALD, A. Máquinas Elétricas com introduaão a eletrônica de potência.

Bookman, 2006.

[16] PETRUZELLA, F. Motores Elétricos e Acionamentos: Série Tekne. Bookman,

2013.

[17] KELJIK, J. J. Electricity 4: AC/DC Motors, Controls, and Maintenance.

Cengage Learning, 2013.

[18] VILLAR, G. J. V. Geradores e Motores CC. CEFET RN, 2006.

[19] BUXBAUM, A., SCHIERAU, K. Berechnung von Regelkreisen der Antriebste-

chnik. AEG Telefunken, 1980.

[20] Manual do Conversor CA / CC CTW-(A)03. weg.

45

Page 57: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

Apêndice A

Código em MATLAB utilizado

%Limpa Workspace e Command Window

clc

clear all

%plotar tudo no mesmo grafico

hold on

%plotando o circulo do limiar

th = 0:pi /50:2* pi;

xunit = 1 * cos(th);

yunit = 1 * sin(th);

p=plot(xunit , yunit ,'--');

axis ([-.02 1.3 -1.3 1.6]); % area de interesse nesse

quadrante

%criando os angulos de disparo alpha

a=(pi/180)* [0 20 32.5 55 75 90 105 120 135 147.5 165

180]];

%Plotagem do modo descontinuo - variando tau d entre 0 e

180, e I0=0

taud=(pi /180) *[0:180];

%para cada alpha , calcula e plota

syms x %definindo variavel para taud limite

for n=1: length(a)

46

Page 58: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

if a(n) >32.5*pi/180

g=(pi/2)*sin(a(n)); %tensao minima para disparar

o tiristor EMK/Uio

%calculando o taud maximo:

k= vpasolve (x*sin(a(n)+x)==cos(a(n))-cos(a(n)+x)

,x,[pi/2 pi]);

%varrendo os taus; U=Ud/EMK e I=Id/Idmg

for m=1: length(taud)

if a(n) >147.5*pi/180

if taud(m)>k

break

end

end

u1=(pi/(2* taud(m)))*(cos(a(n))-cos(a(n)+taud(

m)));

i1 =0.5*( sin(a(n))-sin(a(n)+taud(m))+taud(m)

*0.5*( cos(a(n))+cos(a(n)+taud(m))));

%verificando se o tem tensao suficuente para

polarizar o tiristor

if u1<g

U(m)=u1;

I(m)=i1;

end

end

%tirando os zeros do inicio que nao nos

interessam

b=1;

for p=1: length(I)

if I(p)==0

b=b+1;

end

end

I1=I(b:end);

U1=U(b:end);

plot(I1,U1,'black ');

%vamos apagar as matrizes U e I pois elas tem

tamanhos diferentes para

47

Page 59: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

%cada alpha , devido ao taud max de conducao

clearvars U

clearvars I

end

end

%plotagem do modo continuo. Neste caso taud=pi e I00=I0/

Idmg varia

for n=1: length(a)

if a(n) <=32.5*pi/180

cosxi =(2/pi)*cos(a(n));

senxi=sqrt(1-cosxi ^2);

xi=acos(cosxi);

I00 =[(pi/2)*(senxi -(a(n)+xi)*cosxi):.1:0.7];

for k=1: length(I00)

u2=cos(a(n));

i2 =(0.5*( sin(a(n))-sin(a(n)+pi)+pi *0.5*( cos(a

(n))+cos(a(n)+pi))))+I00(k);

U2(k)=u2;

I2(k)=i2;

end

end

if a(n) <147.5*pi/180 && a(n) >32.5*pi/180

I00 =[0:.1:0.3];

for k=1: length(I00)

u2=cos(a(n));

i2 =(0.5*( sin(a(n))-sin(a(n)+pi)+pi *0.5*( cos(a

(n))+cos(a(n)+pi))))+I00(k);

U2(k)=u2;

I2(k)=i2;

end

end

if a(n) >=147.5*pi/180

cosxi =(-2/pi)*cos(a(n));

senxi=sqrt(1-cosxi ^2);

xi=acos ((-2/pi)*cos(a(n)));

48

Page 60: OPERAÇÃO DE UM MOTOR CC ALIMENTADO POR PONTE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10027913.pdf · pertinentes aplicáveis a este trabalho estão dispostos nos capítulos

I00 =[(pi/2)*(senxi -(pi-a(n)+xi)*cosxi):.1:0.7];

for k=1: length(I00)

u2=cos(a(n));

i2 =(0.5*( sin(a(n))-sin(a(n)+pi)+pi *0.5*( cos(a

(n))+cos(a(n)+pi))))+I00(k);

U2(k)=u2;

I2(k)=i2;

end

end

plot(I2,U2,'black ');

clearvars U2

clearvars I2

end

xlabel('Id/IdgM')

ylabel('EMK/Udio')

title('Conducao continua e descontinua operando motor ';

'DC com retificador monofasico a a tiristor ')

hold off %fechando a janela

49