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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFaculdade de Engenharia Mecânica

Jorge Daniel Páez Mendieta

Operação integrada hidro/solar nabacia do Alto São Francisco

CAMPINAS2018

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JORGE DANIEL PÁEZ MENDIETA

Operação integrada hidro/solar na bacia doAlto São Francisco

Dissertação de Mestrado apresentada à Facul-dade de Engenharia Mecânica da UniversidadeEstadual de Campinas como parte dos requisitosexigidos para obtenção do título de Mestre emPlanejamento de Sistemas Energéticos.

Orientador: Profa. Dra. Ieda Geriberto Hidalgo

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃOFINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO JORGEDANIEL PÁEZ MENDIETA, E ORIENTADA PELAPROFA. DRA. IEDA GERIBERTO HIDALGO

......................................................................ASSINATURA DA ORIENTADORA

CAMPINAS2018

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Área de Engenharia e ArquiteturaLuciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Páez Mendieta, Jorge Daniel, 1980- B139o P_aOperação integrada hidro/solar na Bacia do Alto São Francisco / Jorge

Daniel Páez Mendieta. – Campinas, SP : [s.n.], 2018.

P_aOrientador: Ieda Geriberto Hidalgo. P_aDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Engenharia Mecânica.

P_a1. Energia renovável. 2. Usina hidrelétrica. 3. Energia solar. 4. Bacias

hidrográficas - São Francisco - Rio. I. Hidalgo, Ieda Geriberto, 1976-. II.Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica. III.Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Integrated hydro/solar operation in the Upper San Francisco basinPalavras-chave em inglês:Renewable energyHydroeletric power plantsolar energyRiver basins - San Francisco - RiverÁrea de concentração: Planejamento de Sistemas EnergéticosTitulação: Mestre em Planejamento de Sistemas EnergéticosBanca examinadora:Ieda Geriberto Hidalgo [Orientador]Thais Gama de SiqueiraAdriano ThomazData de defesa: 22-02-2018Programa de Pós-Graduação: Planejamento de Sistemas Energéticos

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIAMECÂNICA

PLANEJAMENTO DE SISTEMAS ENERGÉTICOS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Operação integrada hidro/solar na bacia doAlto São Francisco

Autor: Jorge Daniel Páez Mendieta

Orientadora: Profa. Dra. Ieda Geriberto Hidalgo

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

Profa. Dra. Ieda Geriberto Hidalgo, PresidenteUniversidade Estadual de Campinas

Profa. Dra. Thais Gama de SiqueiraUniversidade Federal de Alfenas

Prof. Dr. Adriano ThomazUniversidade Virtual do Estado de São Paulo

A Ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo devida acadêmica do aluno.

Campinas, 22 de fevereiro de 2018.

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Dedico este trabalho a Deus e a minha família.

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Agradecimentos

Acima de tudo, agradeço a Deus pela oportunidade de estudar fora do meu país e porestar comigo sempre.

Agradeço aos meus pais, Román e Felicita, pelo amor e apoio incondicional. A todos meusirmãos, de sangue e espirituais, que com mensagens e ligações continuaram me dando seucarinho ainda em outro país.

Ao programa de bolsas BECAL (Becas Don Carlos Antonio López) do Paraguai, peloapoio nanceiro.

Agradeço a minha orientadora, a professora Ieda Geriberto Hidalgo, pela sua orientação,dedicação, apoio, boa disposição, ajuda e conselhos no desenvolvimento desta dissertação.

Às minhas amigas e colegas da "Sala 301 e Agregados": Caroline Ferreira Paulino, SaraRestrepo e Laura Silva, pela ajuda e pelos bons momentos juntos.

A todos meus professores do programa de "Planejamento de Sistemas Energéticos". Aosprofessores Thais e Adriano, pela sua amabilidade e suas valiosas sugestões dadas noexame de qualicação.

A todos meus amigos Mercosul que me ajudaram de forma direta ou indireta no desen-volvimento deste trabalho.

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Se eu vi mais longe,foi por estar sobre os ombros dos gigantes

Isaac Newton

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Resumo

Neste trabalho um sistema integrado hidro/solar para a Bacia do Alto SãoFrancisco (BASF) é analisado. A operação combinada da Usina Hidrelétrica (UHE) TrêsMarias com uma Usina Solar Fotovoltaica (UFV) projetada é avaliada, com o objetivo deaumentar o nível do reservatório.

A instalação de uma UFV integrada à UHE Três Marias justica-se pelo baixonível do reservatório e pela redução da geração hidrelétrica a partir de 2012 e 2014, respec-tivamente. A região apresenta uma incidência solar suciente para geração fotovoltaica,porem não há UFVs integradas às UHEs em toda a extensão da bacia.

Utiliza-se um modelo hidrológico/hidrelétrico que representa a BASF e a UHETrês Marias. O modelo hidrológico/hidrelétrico é projetado, calibrado, validado e simu-lado na plataforma de software RS MINERVE. Os resultados obtidos a partir da simulaçãodo modelo hidrológico/hidrelétrico são levados em consideração para o dimensionamentoda capacidade instalada da UFV projetada.

Os parâmetros de entrada para o modelo hidrológico são os dados de preci-pitação e evapotranspiração obtidos do Banco de Dados Meteorológicos para Ensino ePesquisa (BDMEP). O modelo hidrelétrico utiliza dados de físicos e de operação da UHETrês Marias fornecidos pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pela Companhia Ener-gética de Minas Gerais S.A. (CEMIG). A UFV projetada emprega dados de insolaçãosolar disponíveis no BDMEP. Os dados são consistentes e correspondem ao período de1987 a 2016. Considerando a disponibilidade e a qualidade dos dados, o modelo hidroló-gico/hidrelétrico é calibrado para o período de 1999 a 2002 e validado em 2003.

São avaliados dois cenários de estudo para quanticar o volume de água ar-mazenado no reservatório. No primeiro cenário, sem variação climática, reduz-se a vazãoturbinada do modelo hidrelétrico para aumentar o nível do reservatório. No segundo ce-nário, com variação climática, são alterados os dados de precipitação e evapotranspiraçãodo modelo hidrológico para estudar o impacto das mudanças climáticas no nível do reser-vatório. Em ambos são consideradas as restrições operacionais estabelecidas pela ANA,pelo ONS e pela CEMIG.

Palavras-chave: Bacia do Alto São Francisco, usina hidrelétrica, usina solar, energiarenovável.

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Abstract

In this work an integrated hydro/solar system for the Upper San FranciscoBasin (BASF) is analyzed. The combined operation of the Três Marias HydroelectricPlant (UHE) with a projected Solar Photovoltaic Plant (UFV) is evaluated, in order toincrease the level of the reservoir.

The installation of a UFV, integrated to the Três Marias UHE, is justiedby the low level of the reservoir and by the reduction of hydroelectric generation from2012 and 2014, respectively. The region has sucient solar incidence for photovoltaicgeneration, but there are no UFVs integrated to the UHEs throughout the basin.

A hydrological/hydroelectric model is used to represent BASF and UHE TrêsMarias. The model is designed, calibrated, validated and simulated on the RS MINERVEsoftware platform. The results obtained from the simulation of the model are taken intoaccount for the sizing of the installed capacity of the projected UFV.

The input parameters for the hydrological model are precipitation and evapo-transpiration data obtained from the Meteorological Database for Teaching and Research(BDMEP). The hydroelectric model uses physical and operating data from the Três Ma-rias UHE provided by the National Water Agency (ANA) and Energy Company of MinasGerais (CEMIG). The projected UFV employs solar insolation data available in the BD-MEP. All data are consistent and correspond to the period from 1987 to 2016. Consideringthe availability and quality of the data, the hydrological/hydroelectric model is calibratedfor the period from 1999 to 2002 and validated in 2003.

Two study scenarios are evaluated to quantify the volume of water stored inthe reservoir. In the rst scenario, without climatic variation, the turbinated ow rate ofthe hydroelectric model is reduced to increase the reservoir level. In the second scenario,with climatic variation, the precipitation and evapotranspiration data of the hydrologicalmodel are altered to study the impact of climate changes at the reservoir level. Bothscenarios consider operational restrictions established by ANA, ONS and CEMIG.

Key-words: Upper San Francisco Basin, hydroelectric power plant, solar power plant,renewable energy.

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Lista de Ilustrações

1.1 Cenário previsto para a distribuição da matriz energética brasileira em 2050. 211.2 Mapa com representação simplicada da integração entre os sistemas de

produção e transmissão para o suprimento do mercado consumidor brasileiro. 221.3 Bacias hidrográcas do Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252.1 Oferta interna de eletricidade por fonte no Brasil em 2018. . . . . . . . . . 272.2 Esquema e principais variáveis de uma usina hidrelétrica. . . . . . . . . . . 282.3 Representação gráca da equação de balanço hídrico. . . . . . . . . . . . . 292.4 Polinômio área/cota para a usina Emborcação. . . . . . . . . . . . . . . . . 312.5 Polinômio cota/volume para a usina Emborcação. . . . . . . . . . . . . . . 312.6 Polinômio do canal de fuga para a usina Emborcação. . . . . . . . . . . . . 322.7 Função de potência máxima para usina Chavantes. . . . . . . . . . . . . . 322.8 Função de engolimento máximo para a usina Chavantes. . . . . . . . . . . 332.9 Função de rendimento de um gerador da usina de Itaipu. . . . . . . . . . . 342.10 Função de rendimento da turbina de uma unidade geradora de Manso. . . 352.11 Representação da curva colina na forma de curvas de igual rendimento -

curvas de nível. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 352.12 Características físicas do reservatório de uma UHE. . . . . . . . . . . . . . 362.13 Usina de geração fotovoltaica conectada ao sistema elétrico. . . . . . . . . . 382.14 Perl da irradiância solar ao longo de um dia. . . . . . . . . . . . . . . . . 392.15 Mapa de radiação solar global média sazonal do território brasileiro. . . . . 402.16 Estrutura de uma célula fotovoltaica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 412.17 Curva característica I-V e P-V de um módulo fotovoltaico. . . . . . . . . . 422.18 Representação das curvas I-V relativas à associação em série de três módu-

los fotovoltaicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 442.19 Representação das curvas I-V relativas à associação em paralelo de três

módulos fotovoltaicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 442.20 Representação das curvas I-V relativas à associação mista de três módulos

fotovoltaicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 452.21 Inuência da radiação solar na operação do módulo fotovoltaico. . . . . . . 472.22 Inuência da temperatura na operação do módulo fotovoltaico. . . . . . . . 483.1 Localização da RHSF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 513.2 Radiação solar global horizontal média anual da RHSF. . . . . . . . . . . . 533.3 Diagrama esquemático das principais UHEs na RHSF. . . . . . . . . . . . 543.4 Localização dos reservatórios e UFVs no mapa solarimétrico do Brasil. . . 563.5 Histórico de volumes úteis dos reservatórios da RHSF. . . . . . . . . . . . . 573.6 Demanda média anual de eletricidade, geração de eletricidade por UHEs,

UTEs, UELs e intercâmbio de eletricidade (positivo é importado, negativoé exportado para outras regiões do Brasil) para o Nordeste do Brasil. . . . 58

4.1 Modelo GR4J. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 624.2 Modelo SOCONT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

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4.3 Modelo HBV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 644.4 Modelo SAC-SMA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 664.5 Esboço descritivo (a) e perl transversal (b) disponível para o cálculo com-

putacional do roteamento dos canais dos objetos Rio. . . . . . . . . . . . . 684.6 Objetos Base e Rio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 754.7 Objetos Infraestrutura e Padrão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 765.1 Localização da BASF e UHE Três Marias na RHSF. . . . . . . . . . . . . 825.2 Insolação solar média diária anual de Minas Gerais e da BASF. . . . . . . 836.1 Modelos hidrológico e hidrelétrico projetados no RS MINERVE. . . . . . . 846.2 Estações uviométricas (a) e pluviométricas (b) na BASF. . . . . . . . . . 866.3 Regiões hidrologicamente homogêneas da BASF. . . . . . . . . . . . . . . 876.4 Modelo hidrológico/hidrelétrico completo da BASF. . . . . . . . . . . . . . 887.1 Comparação QRegistrada/QSimulada após processo de calibração e vali-

dação - Região Rio Pará e Rio Paraopeba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 917.2 Comparação QRegistrada/QSimulada após processo de calibração e vali-

dação - Região Rio São Francisco e Reservatório Três Marias. . . . . . . . . 927.3 Características e considerações dos cenários de estudo avaliados. . . . . . . 947.4 Trajetórias do comportamento do volume do reservatório de Três Marias

variando a vazão turbinada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 957.5 Trajetórias do comportamento da vazão deuente do reservatório de Três

Marias variando a vazão turbinada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 957.6 Suprimento solar da UFV projetada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 977.7 Grácos de correlação e coecientes de Pearson para as relações R1 e R2. 1037.8 Trajetórias de volume, vazão deuente e produção hidrelétrica da UHE

Três Marias para o cenário 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1087.9 Trajetórias de volume, vazão deuente e produção hidrelétrica da UHE

Três Marias para o cenário 2, caso 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1097.10 Trajetórias de volume, vazão deuente e produção hidrelétrica da UHE

Três Marias para o cenário 2, caso 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1107.11 Volumes acumulados no reservatório da UHE Três Marias, expressos em

porcentagem de volume útil, para os três cenários avaliados. . . . . . . . . 111

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Lista de Tabelas

3.1 UHEs instaladas na RHSF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 543.2 Boletim diário da situação dos reservatórios da RHSF. . . . . . . . . . . . 554.1 Lista de parâmetros e condições iniciais para o modelo GR4J. . . . . . . . 624.2 Lista de parâmetros e condições iniciais para o modelo SOCONT. . . . . . 644.3 Lista de parâmetros e condições iniciais para o modelo HBV. . . . . . . . . 654.4 Lista de parâmetros e condições iniciais para o modelo SAC-SMA. . . . . 664.5 Lista de parâmetros e condições iniciais para o objeto Virtual Station. . . . 674.6 Lista de parâmetros para o roteamento de canais. . . . . . . . . . . . . . . 684.7 Dados emparelhados e condições iniciais necessários para o objeto Reservoir. 714.8 Dados necessário emparelhados para o objeto Level-Discharge Relation(HQ).

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 714.9 Dados emparelhados, parâmetros e condições iniciais necessários para o

objeto Turbine. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 724.10 Dados emparelhados e parâmetros necessários para o objeto Hydropower. . 734.11 Dados emparelhados necessários para o objeto Diversion. . . . . . . . . . 744.12 Intervalos e valores ideais utilizados na função objetivo. . . . . . . . . . . . 787.1 Indicadores de desempenho após o processo de calibração e validação. Com-

parador 1 - Região Rio Pará. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 907.2 Indicadores de desempenho após o processo de calibração e validação. Com-

parador 2 - Região Rio Paraopeba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 907.3 Indicadores de desempenho após o processo de calibração e validação. Com-

parador 3 - Região Rio São Francisco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 907.4 Indicadores de desempenho após o processo de calibração e validação. Com-

parador 4 - Reservatório Três Marias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 907.5 Módulo Solar Cristalino Bosh c-Si M 60. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 967.6 Características elétricas do módulo Bosh c-Si M 60. . . . . . . . . . . . . 967.7 Suprimento solar mensal da UFV projetada para os dias com maior apro-

veitamento solar, considerando 10% da vazão turbinada da UHE Três Marias. 987.8 Suprimento solar mensal da UFV projetada para os dias com menor apro-

veitamento solar, considerando 10% da vazão turbinada da UHE Três Marias. 987.9 Volume nal mensal de água acumulada no reservatório da UHE Três Ma-

rias, considerando os dias com maior aproveitamento solar. . . . . . . . . . 997.10 Volume de água nal mensal acumulada no reservatório da UHE Três Ma-

rias, considerando os dias com menor aproveitamento solar. . . . . . . . . . 997.11 Volume de água nal mensal acumulada (∆V ) média mensal no reservatório

da UHE Três Marias, considerando todos os dias do ano. . . . . . . . . . . 997.12 Suprimento solar mensal da UFV projetada, para os dias com maior apro-

veitamento solar, considerando uma diminuição de 10% da precipitação eum aumento de 7% de evapotranspiração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

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7.13 Suprimento solar mensal da UFV projetada, para os dias com menor apro-veitamento solar, considerando uma diminuição de 10% da precipitação eum aumento de 7% de evapotranspiração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

7.14 Suprimento solar mensal da UFV projetada, para os dias com maior apro-veitamento solar, considerando uma diminuição de 20% da precipitação eum aumento de 7% de evapotranspiração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

7.15 Suprimento solar mensal da UFV projetada, para os dias com menor apro-veitamento solar, considerando uma diminuição de 20% da precipitação eum aumento de 7% de evapotranspiração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

7.16 Comparação do volume do reservatório da UHE Três Marias, sem varia-ção climática, com os volumes nais do reservatório com diminuição de10% (Volume A) e 20% (Volume B) da precipitação e aumento de 7% deevapotranspiração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

7.17 Relação (R1) = Volume Reservatório (VR)/Produção Hidrelétrica (PH) eRelação (R2) = Vazão Turbinada (VT)/Produção Hidrelétrica (PH). . . . 104

7.18 Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório e vazão nãoturbinada da UHE Três Marias para os dias com maior aproveitamentosolar. Diminuição de 10% de precipitação e aumento de 7% de evapotrans-piração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104

7.19 Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório e vazão nãoturbinada da UHE Três Marias para os dias com menor aproveitamentosolar. Diminuição de 10% de precipitação e aumento de 7% de evapotrans-piração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

7.20 Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório da UHE TrêsMarias, considerando uma diminuição de 10% de precipitação e aumentode 7% de evapotranspiração, para todos os meses do ano. . . . . . . . . . 105

7.21 Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório e vazão nãoturbinada da UHE Três Marias para os dias com maior aproveitamentosolar. Diminuição de 20% de precipitação e aumento de 7% de evapotrans-piração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

7.22 Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório e vazão nãoturbinada da UHE Três Marias para os dias com menor aproveitamentosolar. Diminuição de 20% de precipitação e aumento de 7% de evapotrans-piração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

7.23 Volume de água acumulada (∆V ) média mensal no reservatório da UHETrês Marias, considerando uma diminuição de 20% de precipitação e au-mento de 7% de evapotranspiração, para todos os dias do ano. . . . . . . 106

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Lista de Siglas e Acrônimos

AG Algoritmo Genético

AMCMC Adaptive Markov Chain Monte Carlo

ANA Agência Nacional de Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BASF Bacia do Alto São Francisco

BDMEP Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa

BIG Banco de Informações de Geração

BS Bias Score

CA Corrente Alternada

CBHSF Comitê da Bacia Hidrográca do Rio São Francisco

CC Corrente Contínua

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais S.A.

CHESF Companhia Hidrelétrica do São Francisco S.A.

CLHR Coupled Latin Hypercube and Rosenbrock

CMO Custo Marginal de Operação

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CO Centro-Oeste

COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia

COSR-SE Centro Regional de Operação Sudeste

CREALP Centre de Recherche Sur l'Environnement Alpin

ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

EPE Empresa de Pesquisa Energética

EPFL École Polytechnique Fédérale de Lausanne

GSM Glacier Snow Melting

GR3 Génie Rural à 3 Paramètres

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GR4J Génie Rural à 4 Paramètres Journalier

HBV Hydrologiska Byrans Vattenbalansavdelning

IBGE Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

IPCC-AR4 Intergovernmental Panel on Climate Change - Fourth Assessment Report

IPCC-ARS Intergovernmental Panel on Climate Change - Second Assessment Report

LER Leilão de Energia de Reserva

MCP Mercado de Curto Prazo

MME Ministério de Minas e Energia

MPPT Maximum Power Point Tracking

N Norte

NE Nordeste

NOCT Normal Operation Cell Temperature

NPE Normalized Peak Error

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

PDO Programação Diária da Operação

PLD Preço de Liquidação das Diferenças

PMO Planejamento Mensal de Operação

PNE Plano de Energia Nacional

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Renováveis

PISF Projeto de Integração do Rio São Francisco

RHSF Região Hidrográca de São Francisco

RRMSE Relative Root Mean Square Error

RVB Relative Volume Bias

S Sul

SAC-SMA Sacramento Soil Moisture Accounting

SCE-UA Shued Complex Evolution - University of Arizona

SE Sudeste

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SEB Setor Elétrico Brasileiro

SIN Sistema Interligado Nacional

SOCONT Soil Contibution

SPEA Strenght Pareto Evolutionary Algorithm

STC Standard Test Conditions

SWMM Storn Water Management Model

UAMC Uniforme Adaptative Monte Carlo

UG Unidade Geradora

UEL Usina Eólica

UFV Usina Solar Fotovoltaica

UHE Usina Hidrelétrica

UPV Universitat Politècnica de València

UTE Usina Termelétrica

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Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191.1 Geração de energia elétrica a partir de UHEs e UFVs no Brasil . . . 191.2 Planejamento de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN)

brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211.3 Bacias hidrográcas do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231.4 Contextualização e objetivo do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . 26

2 Geração de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272.1 Usinas hidrelétricas (UHEs) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

2.1.1 Composição das UHEs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272.1.2 Equação de balanço hídrico das UHEs . . . . . . . . . . . 282.1.3 Função de produção hidrelétrica das UHEs . . . . . . . . . 302.1.4 Dados físicos das UHEs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302.1.5 Características físicas do reservatório de uma UHE . . . . 352.1.6 Volume para vertimento de uma UHE . . . . . . . . . . . 36

2.2 Usinas solares (UFVs) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372.2.1 Organização de uma UFV . . . . . . . . . . . . . . . . . . 402.2.2 Inuência da radiação solar e da temperatura em módulos

fotovoltaicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 462.2.3 Sombreamento de módulos fotovoltaicos . . . . . . . . . . 482.2.4 Energia produzida pelos módulos fotovoltaicos . . . . . . . 48

3 Região hidrográca do rio São Francisco (RHSF) . . . . . . . . . . . . . . 513.1 Características . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 513.2 UHEs instaladas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 533.3 UFVs instaladas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 553.4 Principais problemas na RHSF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4 Plataforma de simulação: RS MINERVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 604.1 Software RS MINERVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 604.2 Modelos hidrológicos e objetos hidráulicos . . . . . . . . . . . . . . 61

4.2.1 Objetos Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 614.2.2 Objetos Rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 674.2.3 Objetos de Infraestruturas Hidráulicas e de Regulação . . 704.2.4 Objetos Padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

4.3 Módulo Expert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 774.3.1 Algoritmos de calibração dos parâmetros dos modelos hi-

drológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 774.3.2 Função objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

5 Objetos de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 815.1 Bacia do Alto São Francisco (BASF) . . . . . . . . . . . . . . . . . 815.2 UHE Três Marias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 815.3 Complementariedade hidro/solar na BASF . . . . . . . . . . . . . 82

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6 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 846.1 Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 846.2 Dados de entrada para o modelo hidrológico/hidrelétrico e para a

UFV projetada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 856.3 Regiões hidrologicamente homogêneas da BASF . . . . . . . . . . . 866.4 Modelo hidrológico/hidrelétrico completo da BASF no RS MINERVE 87

7 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 897.1 Calibração e validação do modelo hidrológico/hidrelétrico . . . . . 897.2 Cenários de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

7.2.1 Cenário: Sem variação climática . . . . . . . . . . . . . . 947.2.2 Cenário: Com variação climática . . . . . . . . . . . . . . 100

7.3 Síntese dos cenários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1068 Considerações nais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

8.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1128.2 Sugestão para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

Referências 115

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1 Introdução

Este capítulo está dividido em quatro seções. Na Seção 1.1, uma breve resenha

histórica de geração de energia elétrica no Brasil é apresentada, considerando as Usinas

Hidrelétricas (UHEs) e as Usinas Solares Fotovoltaicas (UFVs). A Seção 1.2 trata do

planejamento de operação do SIN (Sistema Interligado Nacional) brasileiro. Na Seção

1.3, as principais bacias hidrográcas do Brasil são detalhadas. A Seção 1.4 apresenta a

contextualização e o objetivo deste trabalho.

1.1 Geração de energia elétrica a partir de UHEs e UFVs no

Brasil

A primeira UHE do Brasil entrou em operação em 1883 na cidade de Dia-

mantina, Minas Gerais. A energia produzida era usada a dois quilômetros de distância,

através de uma linha de transmissão considerada bastante extensa para a época (ELE-

TROBRAS, 2016). Já em 1889 foi inaugurada a UHE de maior porte do Brasil, Marmelos

Zero, no município de Juiz de Fora, Minas Gerais. A usina tinha uma potência instalada

de 625 kW e gerava energia elétrica para uma fábrica de tecidos e para iluminação pública

da cidade. Em 1913, o rio São Francisco começou a ser explorado com a construção da

UHE Anjinquinho. A usina foi a primeira UHE do Nordeste que fornecia energia elétrica

a uma grande indústria têxtil localizada na cidade de Pedra (hoje Delmiro Gouveia) e

alimentava uma bomba d'água que abastecia a mesma cidade (BARROS, 2015).

Em 1920, o Brasil contava com uma capacidade instalada proveniente de UHEs

de 276,10 MW. Com a criação da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (ELETROBRAS), no

início da década de 60, o Brasil consolidava a tendência de construção de UHEs em função

do potencial hidrelétrico disponível (ELETROBRAS, 2016). Até o início de 2018, exis-

tiam 219 UHEs em funcionamento no Brasil com uma capacidade instalada de 101.188,68

MW, representando 60,58% da potência total instalada do país. Com relação aos em-

preendimentos hidrelétricos, tem-se sete UHEs em construção e seis UHEs não iniciadas

(ANEEL, 2018).

Em 2001, os cenários de hidrologia desfavoráveis evidenciaram a necessidade de

diversicação da matriz energética para minimizar os riscos hidrológicos no suprimento de

energia elétrica (BARDELIN, 2004). Desta forma, em 2002, foi instituído o Programa de

Incentivo às Fontes Renováveis (PROINFA). O objetivo principal do programa é promover

a diversicação da matriz energética, visando o aumento da segurança no fornecimento

de energia elétrica (MME, 2002).

As fontes alternativas de geração de energia como a solar e a eólica apresentam

maior disponibilidade no período seco do SIN, maio a novembro por padrão na maior parte

do país, sendo complementares à oferta hídrica. Desta maneira, estas fontes desempenham

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o papel de reservatórios virtuais e permitem reduzir o efeito de sazonalidade da oferta

hídrica, agregando conabilidade ao Setor Elétrico Brasileiro (SEB) (RAMOS, 2011).

Em 2011, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) lançou a Chamada

13/2011, denominada Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Fotovol-

taica na Matriz Energética Brasileira. O objetivo desta chamada, em vigência, é facilitar

a inserção da geração solar na matriz energética brasileira e viabilizar economicamente

a produção, instalação e monitoramento da geração solar para injeção nos sistemas de

distribuição e transmissão (ANEEL, 2011). As empresas interessadas neste tipo de em-

preendimento podem propor projetos de instalação de UFVs com capacidade instalada

ente 0,5 MWp e 3,0 MWp. Assim, em 2011, é construída a primeira UFV do Brasil, a

UFV Tauá, localizada no sertão do Ceará e administrada pela empresa MPX Tauá Ener-

gia Solar Ltda. Esta usina possui uma capacidade inicial de geração de 5 MWp, capaz

de fornecer energia suciente em escala comercial para 650 casas populares (CASTRO,

2014).

Em 17 de abril de 2012, a ANEEL publicou a Resolução 482, que estabelece as

condições gerais para que o consumidor brasileiro possa gerar sua própria energia elétrica

a partir de fontes renováveis e fornecer o excedente para a rede de distribuição (ANEEL,

2012). Esta publicação tornou um marco histórico para o setor de energias renováveis no

Brasil, já que permite o acesso às redes públicas de distribuição aos microgeradores e mi-

nigeradores de eletricidade a partir de fontes renováveis. A resolução contempla, além da

energia fotovoltaica, as energias hidráulicas (na forma de pequenas centrais hidrelétricas),

eólica e da biomassa (VILLALVA, 2016).

Até o início de 2018, existiam 85 UFVs em operação conectadas ao SIN com

uma potência outorgada de 1.025,96 MW, sendo a maior a UFV Parque Solar Nova Olinda.

Esta usina está localizada no município de Ribeira, Piauí, com uma capacidade instalada

total de 292 MW. Todas as UFVs em operação apenas representam 0,65% da matriz

energética atual do Brasil, porém espera-se um crescimento elevado para os próximos

anos.

Neste sentido, a escassez de chuvas e o aumento do uso das Usina Termelé-

trica (UTE)s de alto custo e poluentes estão servindo como principal motor para o de-

senvolvimento do setor de energia solar no país (SOLAR, 2016). A Empresa de Pesquisa

Energética (EPE) cadastrou 1260 empreendimentos de geração de energia eólica e solar

fotovoltaica para o 2o Leilão de Energia de Reserva (LER) 2016, sendo 419 fotovoltaicos,

com início do suprimento da energia elétrica dos projetos contratados em 1o de julho de

2019 e prazo de suprimento de 20 anos (EPE, 2016).

A Figura 1.1 apresenta a tendência de expansão da fonte solar na matriz ener-

gética brasileira. Ressalta-se que o Brasil já encontra-se muito próximo desta previsão.

Estes níveis elevados de geração podem impactar a operação do SIN. Isso se deve ao

fato da quantidade de energia produzida por um parque solar ser fortemente dependente

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das condições climáticas. Dessa maneira, identicar os possíveis impactos causados pela

geração solar no sistema elétrico é um importante objeto de discussão no planejamento

da operação.

BIOMASSA 16,60%

GAS NATURAL 17,33%

SOLAR 9,26%

ENERGIA OCEÁNICA 0,77%

HIDRELÉTRICA 45,65%

EÓLICA 20,38%

Figura 1.1: Cenário previsto para a distribuição da matriz energética brasileira em 2050.Fonte: ANEEL (2008).

1.2 Planejamento de operação do SIN brasileiro

As UHEs são construídas em espaços especícos para o melhor aproveitamento

das auências e dos desníveis dos rios e estão situadas em locais distantes dos principais

centros consumidores. Por isso, foi necessário desenvolver no país um extenso sistema

de transmissão de energia elétrica (SIN). Essa distância geográca, associada à grande

extensão territorial e às variações climáticas e hidrológicas, ocasiona períodos do ano com

excedente ou escassez de produção hidrelétrica em determinadas regiões. A interligação

viabiliza o intercâmbio de energia entre as diferentes regiões do Brasil e permite obter os

benefícios da diversidade de regime dos rios das diferentes bacias hidrográcas brasileiras

(ANEEL, 2016).

Neste sentido, o SIN é formado por empreendimentos das regiões Sul (S),

Sudeste (SE), Centro-Oeste (CO), Nordeste (NE) e parte da região Norte (N). Com

tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema

de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é considerado de grande porte,

com forte predominância de UHEs e com múltiplos proprietários.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é responsável pela coorde-

nação e controle da operação do SIN. O Módulo 26 dos Procedimentos de Rede do ONS

estabelece os critérios para classicação das UHEs segundo a modalidade de operação,

denida a partir da avaliação dos impactos vericados na operação eletroenergética do

SIN (ONS, 2017b). A Figura 1.2 ilustra a integração entre os sistemas de produção e

transmissão para o suprimento do mercado consumidor.

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Figura 1.2: Mapa com representação simplicada da integração entre os sistemas deprodução e transmissão para o suprimento do mercado consumidor brasileiro.

Fonte: ONS (2017c).

Desde meados da década de 70, o SEB é operado de forma coordenada, no

intuito de se obterem ganhos sinérgicos a partir da interação entre os agentes. A operação

coordenada busca minimizar os custos globais de produção de energia elétrica, contemplar

restrições intra e extra-setoriais e aumentar a conabilidade do atendimento da demanda.

No SIN, essa atividade é exercida pelo ONS (ANEEL, 2016).

Conceitualmente, a operação centralizada do SIN está embasada na integra-

ção dos recursos de geração e transmissão para atender o mercado. A interdependência

operativa é causada pelo aproveitamento conjunto dos recursos hidrelétricos, mediante a

construção e operação de usinas e reservatórios localizados em sequência em várias bacias

hidrográcas. Desta forma, a operação de uma determinada usina depende das vazões

liberadas a montante por outras usinas, que podem ser de outras empresas, ao mesmo

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tempo em que sua operação afeta as usinas a jusante, de forma análoga (ANEEL, 2016).

A utilização dos recursos de geração e transmissão dos sistemas interligados

permite reduzir os custos operativos, minimizar a produção térmica e reduzir o consumo

de combustíveis, sempre que houver superávits hidrelétricos em outros pontos do sistema.

No caso do Brasil, a geração térmica tem desempenhado um papel importante no aten-

dimento da demanda de pico do sistema elétrico e, principalmente, no suprimento de

energia elétrica aos municípios e às comunidades não atendidos pelo sistema interligado.

Também, em períodos de condições hidrológicas desfavoráveis, as UTEs contribuem para

o atendimento ao mercado como um todo, e não apenas aos consumidores de sua empresa

proprietária. Assim, a participação complementar das UTEs no atendimento ao mercado

consumidor também exige interconexão e integração entre os agentes (ANEEL, 2016).

1.3 Bacias hidrográcas do Brasil

Segundo BARRELLA (2001), uma bacia hidrográca corresponde a uma área

drenada por um rio principal, seus auentes e subauentes. A topograa do terreno é

responsável pela drenagem da água, além de ser responsável por delimitar as bacias, ou

seja, as partes mais altas do relevo determinam para onde as águas da chuva irão escoar.

De acordo com a ANA, o Brasil possui doze bacias hidrográcas (Figura 1.3), que estão

distribuídas por todo o território nacional (ANA, 2017c).

• Bacia Hidrográca Amazônica: Considerada a maior bacia hidrográca do pla-neta, responsável por drenar água de uma área de aproximadamente 7.000.000 km2.

No Brasil, ela compreende uma área de 3.870.000 km2, apresentando grande poten-

cial para geração de energia hidrelétrica, além de possuir características propícias

para o transporte uvial.

• Bacia Hidrográca do São Francisco: Importante meio de ligação entre as

regiões Nordeste e Sudeste, possui cerca de 640.000 km2. Apresenta extensos trechos

navegáveis, além de grande potencial hidrelétrico.

• Bacia Hidrográca do Tocantins-Araguaia: Com 967.059 km2, essa é a maior

bacia hidrográca exclusivamente brasileira. Seu potencial energético é explorado,

com destaque para a UHE de Tucuruí, no estado do Pará.

• Bacia Hidrográca do Paraná: A bacia do Paraná, presente no Brasil, Argen-

tina, Paraguai e Uruguai, possui rios de planalto e encachoeirados, que reúnem

condições ideais para a instalação de hidrelétricas. No Brasil, a região abrange uma

área de 879.860 km2, distribuídos em sete unidades da federação: Minas Gerais,

Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e o Distrito Federal.

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• Bacia Hidrográca do Parnaíba: Abrangendo uma área de aproximadamente

340.000 km2, essa bacia hidrográca está presente nos estados do Piauí, Maranhão

e na porção oeste do Ceará.

• Bacia Hidrográca do Uruguai: Esta bacia está presente nos estados do Rio

Grande do Sul e Santa Catarina. Possui uma área de 174.533 km2. O principal rio,

o Uruguai, nasce da conuência dos rios Canoas e Pelotas. Suas características são

propícias para a construção de usinas hidrelétricas.

• Bacia Hidrográca do Paraguai: A bacia hidrográca do Paraguai é típica

de planície, apresentando grandes extensões para navegação. No Brasil, ela está

presente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, englobando uma área

de 361.350 km2. Tem como principal rio o Paraguai, que nasce na Chapada dos

Parecis.

• Bacia Hidrográca do Atlântico Nordeste Oriental: A bacia do Atlântico

Nordeste Oriental é responsável por drenar água de uma área de 287.348 km2,

compreendendo os estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco e

Alagoas.

• Bacia Hidrográca Atlântico Nordeste Ocidental : Situada nos estados do

Maranhão e Pará, essa bacia hidrográca possui 254.100 km2. Os principais rios

perenes são: Mearim, Itapecuru e Turiaçu.

• Bacia Hidrográca Atlântico Leste: A bacia do Atlântico Leste, com 374.677

km2, abrange territórios de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. O Rio

Jequitinhonha se destaca nessa área de drenagem.

• Bacia Hidrográca Atlântico Sudeste: Formada pelos rios Doce, Itapemirim,

São Mateus, Iguapé, Paraíba do Sul, entre outros, a bacia hidrográca do Atlântico

Sudeste está presente nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,

São Paulo e Paraná, correspondendo a uma área de 229.972 km2.

• Bacia Hidrográca Atlântico Sul: Com predominância de rios de pequeno porte,

essa bacia hidrográca possui 185.856 km2. Seus rios desaguam no Oceano Atlântico.

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Figura 1.3: Bacias hidrográcas do Brasil.Fonte: ANA (2017c).

As bacias hidrográcas têm uma função primordial no planejamento da opera-

ção do SIN, já que a operação otimizada e coordenada do SIN busca a integração entre as

bacias hidrográcas pela possibilidade de explorar a diversidade hidrológica das regiões

(SAIDEL, 2015). Quando uma bacia sofre os embates de uma seca, afetando a operação

das UHEs, o ONS deve recorrer a estratégias operacionais para satisfazer a demanda.

Os reservatórios das UHEs instaladas nestas bacias hidrográcas estão sob a

gestão da ANA que desempenha ações de regulação, de monitoramento de rios e reserva-

tórios e de planejamento dos recursos hídricos e de operação. Tudo isto com o objetivo

de estimular a adequada gestão e o uso racional e sustentável das bacias.

À ANA cabe disciplinar a implementação, a operacionalização, o controle e a

avaliação dos instrumentos de gestão criados pela política nacional de recursos hídricos.

Dessa forma, seu espectro de regulação ultrapassa os limites das bacias hidrográcas com

rios de domínio da União, pois alcança aspectos institucionais relacionados à regulação

dos recursos hídricos no âmbito nacional. Ainda como órgão regulador, não podem ser es-

quecidas as competências da ANA para denir as condições de operação dos reservatórios

localizados nas bacias hidrográcas, públicos ou privados, para garantir os usos múltiplos

dos recursos hídricos (ANA, 2017d).

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Nesse sentido, a ANA e o ONS trabalham em conjunto para estabelecer a

estratégias a serem consideradas na operação de UHE instaladas nas bacias hidrográcas.

1.4 Contextualização e objetivo do trabalho

Desde 2012, a Região Hidrográca de São Francisco (RHSF) vem enfrentando

uma escassez de água e sofrendo condições hidrológicas adversas, com precipitações e

vazões auentes abaixo da média, o que, consequentemente, impacta os níveis de arma-

zenamento dos reservatórios instalados. Esta situação também afeta concomitantemente

os volumes úteis e vazões deuentes mínimas permitidas dos reservatórios instalados na

bacia. Sendo assim, para manter os estoques de água, a operação dos reservatórios vem

sendo realizada de forma especial e com acompanhamento periódico da ANA e do ONS.

O crescimento da agricultura, o aumento da demanda energética e a retirada

de água da bacia pela transposição do rio São Francisco são temas que podem gerar

conitos entre os setores usuários. Em 2005, a ANA concedeu outorga para o Projeto de

Integração do Rio São Francisco (PISF), que prevê duas captações (Eixo Norte e Eixo

Leste) no São Francisco, para complementar a oferta de água local no Ceará, Rio Grande

do Norte, Paraíba e Pernambuco (ANA, 2017e). A captação do Eixo Norte está prevista

para ser implantada em Cabrobó (PE), na calha do rio, e a do Eixo Leste, em Floresta

(PE), no reservatório da Hidrelétrica de Itaparica.

A partir de 2014, a geração hidrelétrica vem diminuindo por causa da estiagem

que afeta a operação das principais UHEs instaladas na bacia que por sua vez não estão

operando na sua capacidade total. Esta situação causa um aumento acentuado da geração

por UTEs assim como a eletricidade importada de outras regiões do Brasil para satisfazer

a demanda crescente.

Neste sentido, este trabalho tem como objetivo avaliar os benefícios da opera-

ção combinada de um sistema hidro/solar, visando elevar o nível do reservatório. Uma

UFV projetada é utilizada para complementar uma UHE, levando em consideração a va-

zão deuente mínima para manter o reservatório em níveis razoáveis. A necessidade de

diversicação da matriz energética, os incentivos para geração solar mencionados neste

capítulo, o aumento da demanda energética, o crescimento da agricultura, a retirada de

água pela transposição do rio São Francisco e a escassez hídrica com redução da geração

das UHEs instaladas na bacia, justicam esta pesquisa. Assim, esta integração, pode

ajudar a satisfazer tanto a demanda hídrica como energética da RHSF.

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2 Geração de energia

O Brasil dispõe de uma matriz elétrica com destaque para a geração hidráulica

que responde por 63,88% da oferta interna, como pode ser observado na Figura 2.1.

As fontes renováveis (hidráulica, eólica, solar e biomassa) representam 81,79% da oferta

interna de eletricidade no Brasil, que é a resultante da soma dos montantes referentes à

produção nacional mais as importações.

BIOMASSA9,18%

EÓLICA8,09%

FÓSSIL16,96%

HÍDRICA63,88%

Não inclui importacão de

eletricidade

NUCLEAR1,25%

SOLAR0,64%

Figura 2.1: Oferta interna de eletricidade por fonte no Brasil em 2018.Fonte: ANEEL (2018).

O parque gerador brasileiro apresenta algumas características peculiares que

o diferencia de outros sistemas. Trata-se de um sistema com predominância de UHEs,

em que as UTEs, UELs e UFVs são usadas para complementar a geração hídrica. Dada

a importância das UHEs na matriz energética do Brasil, na Seção 2.1 apresenta-se uma

breve descrição de um aproveitamento hidráulico. Da mesma maneira, na Seção 2.2 são

apresentadas as características principais para um aproveitamento solar.

2.1 Usinas hidrelétricas (UHEs)

A energia elétrica produzida por uma UHE provém da energia potencial da

água armazenada no reservatório. O volume de água, sob pressão, é conduzido pelo

canal de adução até os conjuntos turbina-gerador para ser convertida em energia elétrica.

Através do reservatório, a UHE armazena a água, regulariza a vazão e garante um maior

controle da geração de energia.

2.1.1 Composição das UHEs

Basicamente, a composição de uma UHE é a seguinte: reservatório, canal de

adução, casa de máquinas, vertedor e canal de fuga. Para facilitar a compreensão das

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variáveis principais inseridas nos modelos hidráulicos, na Figura 2.2, apresenta-se um

esquema de uma UHE.

qu

Figura 2.2: Esquema e principais variáveis de uma usina hidrelétrica.Fonte: HIDALGO (2009).

onde:

V é o volume do reservatório [hm3];

VM é o volume máximo operativo do reservatório [hm3];

Vm é o volume mínimo operativo do reservatório [hm3];

q é a vazão turbinada pela casa de máquinas (engolimento) [m3/s];

v é a vazão descarregada pelo vertedor (vertimento) [m3/s];

u é a vazão descarregada pela usina, q + v, (deuência) [m3/s];

Cx é a cota de montante do reservatório (função do volume) [m];

Cu é a cota de jusante do canal de fuga (função da deuência) [m];

hb é a altura de queda bruta, Cx − Cu, [m].

2.1.2 Equação de balanço hídrico das UHEs

A equação de balanço hídrico determina o volume nal do reservatório a par-

tir do volume inicial e das variáveis que alteram o nível de armazenamento. Pode ser

representada como uma rede de nós e arcos onde cada nó representa o comportamento da

UHE durante um intervalo de tempo. Os arcos simbolizam as variáveis que aumentam

ou diminuem o volume do reservatório (HIDALGO, 2009). Na Figura 2.3, representa-se

gracamente a equação de balanço hídrico a partir da denição de nós e arcos para um

intervalo de tempo t. A Equação 2.1 corresponde à equação de balanço em forma escrita.

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29

VVo

y

ev

q + v

uc

𝑗=0𝑗∈ Ω

𝑗=𝑛

uj

Figura 2.3: Representação gráca da equação de balanço hídrico.Fonte: HIDALGO (2009).

V = Vo + y +∑j∈Ω

uj − (q + v + ev + uc) · (∆t/106) (2.1)

onde:

V é o volume do nal do reservatório [hm3];

Vo é o volume do reservatório no início da operação do intervalo [hm3];

y é a vazão auente incremental à usina [m3/s];

Ω é o conjunto das usinas imediatamente à montante da usina considerada;

ev é a evaporação líquida do reservatório, isto é, a diferença entre a evaporação

do reservatório e a evapotranspiração da área antes do alagamento [m3/s];

uc é o uso consuntivo do reservatório e na bacia incremental da usina [m3/s];

∆t é a duração do intervalo [s]. A fração ∆t/106 é um fator de conversão de

unidades de vazão [m3/s] para volume [hm3].

Segundo HIDALGO (2009), para esta equação devem ser feitas duas conside-

rações:

• Volumes e vazões auentes: Independente do tamanho do horizonte de estudo,os volumes utilizados nessa equação são sempre instantâneos e as vazões são sem-

pre médias para o intervalo. Para o curtíssimo prazo, em geral, são utilizadas as

vazões auentes registradas na base de dados de operação, calculadas por balanço

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30

hídrico. No curto e no médio prazo, considera-se o histórico de vazões naturais

médias semanais e mensais resultantes da agregação das vazões horárias.

• Efeito de routing : O efeito de routing, translação no tempo das vazões deuentes

das usinas imediatamente à montante, deve ser considerado no curtíssimo prazo.

Já no curto e no médio prazo, esse efeito pode ser desprezado porque o tempo de

viagem é inferior à duração dos intervalos do horizonte de estudo.

2.1.3 Função de produção hidrelétrica das UHEs

A função de produção hidrelétrica determina a potência p, obtida a partir do

volume x armazenado no reservatório, das vazões turbinada e deuente, q e u, respecti-

vamente. Vale lembrar que caso ocorrer vertimento v, a vazão deuente será diferente da

vazão turbinada (HIDALGO, 2009). A Equação 2.2 corresponde a sua forma escrita.

p = k · ng · nt · (Cx − Cu − hp) · q (2.2)

onde:

p é a potência obtida no processo de conversão da energia potencial em energia

elétrica [MW];

k é a constante de aceleração da gravidade, multiplicada pela massa especíca

da água e dividida por 106. Seu valor é 0,00981 MW/(m3/s)/m;

ng.nt é o rendimento do conjunto turbina/gerador no processo de conversão

da energia mecânica em energia elétrica;

hp é a perda de carga hidráulica que a água sofre no canal de adução, desde

o reservatório até as turbinas. Essa perda deve ser descrita como uma função da vazão

turbinada [m].

2.1.4 Dados físicos das UHEs

Além das equações e fórmulas que descrevem o planejamento de operação de

uma UHE, também são necessários os dados físicos que não variam com a operação da

usina. Neste trabalho, as funções que descrevem as características físicas da usina são

detalhadas a seguir.

• Polinômio área/cota: A área de um reservatório é função da cota do nível d'água

de montante. Costuma-se utilizar polinômios para representar essa função. O ajuste

desse polinômio é feito a partir dos pares de pontos área\cota, obtidos em estu-

dos topográcos da região alagada pela construção da barragem. Na Figura 2.4,

apresenta-se o polinômio área/cota para a usina Emborcação.

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31

Cota [m]

Áre

a [k

m²]

500500

400

300

200

100610 620 630 640 650 660 670

Figura 2.4: Polinômio área/cota para a usina Emborcação.Fonte: HIDALGO (2009).

• Polinômio cota/volume: A cota do nível d'água de montante é função do volume

armazenado no reservatório. Os pares de pontos cota/volume podem ser calculados

a partir da integração dos pontos área/cota. O polinômio área/cota, de quarto

grau, é ajustado para valores de volume variando entre o limite mínimo e máximo

operativo da usina. Na Figura 2.5, apresenta-se o polinômio cota/volume para a

usina Emborcação.

0

Volume [hm³]

Cota

[m

]

670

660

650

640

630

620

6105000 10000 15000 20000

Figura 2.5: Polinômio cota/volume para a usina Emborcação.Fonte: HIDALGO (2009).

• Polinômio cota de jusante/deuência (polinômio de canal de fuga): A cota

do nível d'água de jusante é uma função da vazão deuente que também é repre-

sentada por polinômios. Para as usinas brasileiras, este polinômio de quarto grau, é

obtido a partir de regressões aplicadas a um conjunto real de dados que representam

medidas de cotas do canal de jusante para diferentes volumes de água descarregados

pela usina. Na Figura 2.6, apresenta-se o polinômio de jusante/deuência para a

usina Emborcação.

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32

Defluência [m³/s]C

ota

de J

usa

nte

[m

]

526,5

525,0

523,5

522,0

520,5

519,0500 1000 1500 2000 2500

Figura 2.6: Polinômio do canal de fuga para a usina Emborcação.Fonte: HIDALGO (2009).

• Função de potência máxima: A potência máxima de uma UG dene-se como

o maior valor de potência ativa produzida para uma determinada altura de queda,

considerando as limitações da turbina e do gerador. Na Figura 2.7, apresenta-se o

gráco da função de potência máxima para a usina Chavantes. Essa função relaciona

a potência máxima e altura de queda bruta da usina.

104

100

96

92

8866 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77

Potê

ncia

Ma

x.

[MW

]

Queda bruta [m]

Figura 2.7: Função de potência máxima para usina Chavantes.Fonte: HIDALGO (2009).

A produção de potência máxima tem dois comportamentos distintos sendo o ponto

divisor dos dois comportamentos o valor de altura de queda efetiva hef (73,2 m).

Abaixo da altura de queda efetiva a produção de potência elétrica ca limitada

pela turbina e a potência mecânica máxima produzida pela turbina é inferior a

capacidade do gerador (103,5 MW).

Para operações em condições de queda superior à queda efetiva, a turbina é capaz

de produzir potências mecânicas superiores àquela que o gerador pode absorver em

seu eixo. Para diminuir a potência mecânica transferida ao gerador, a turbina tem

seus distribuidores parcialmente fechados, para reduzir seu engolimento máximo.

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• Função de engolimento máximo: O engolimento máximo de uma unidade ge-

radora é denido como a vazão turbinada que, numa dada altura de queda, produz

a potência máxima da unidade. Na Figura 2.8, apresenta-se o gráco da função de

engolimento máximo para uma usina relacionando o engolimento máximo e altura

queda bruta. Ela também tem dois comportamentos distintos, divididos pela altura

de queda efetiva.

Queda bruta [m]

En

golim

en

toM

áx.

[m^3

/s]

172

170

168

166

16466 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77

Figura 2.8: Função de engolimento máximo para a usina Chavantes.Fonte: HIDALGO (2009).

A partir do gráco, nota-se que para uma altura de queda menor do que a queda

efetiva, a unidade geradora tem um engolimento máximo menor que seu engolimento

efetivo qef (172 m3/s), mesmo com o distribuidor totalmente aberto.

Porém, para uma altura de queda maior do que a queda efetiva, a unidade geradora

atinge sua potência efetiva e o distribuidor precisa ser gradualmente fechado para

não danicar o gerador.

Dessa forma, novamente o engolimento máximo é menor do que o engolimento efe-

tivo, pois o gerador não pode receber toda a potência disponível na turbina. Isso

signica que, para quedas maiores que a queda efetiva, a unidade geradora produz

sua potência efetiva e economiza água do reservatório, pois o engolimento máximo

necessário é menor quanto maior for a queda líquida.

• Função de perda de carga hidráulica: A função de perda de carga hidráulica hprepresenta a perda, em metros, que a água sofre pelo percurso no canal de adução

desde o reservatório até as turbinas. Essas perdas ocorrem, principalmente, pelo

atrito entre a água e as paredes da tubulação. Nos modelos adotados pelo SEB,

existem duas representações aproximadas e uma que melhor representa o efeito

físico dessa perda, conforme a Equação 2.3:

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34

hp =

c1 · hbc2

c3 · q2

(2.3)

A primeira representação aproximada, c1 ·hb, considera a perda hidráulica com uma

porcentagem c1 da altura de queda bruta hb da usina. A segunda representação

aproximada, c2, usa um valor constante c2. A terceira representação, c3 · q2, utiliza

uma constante c3 multiplicada pelo quadrado da vazão turbinada q2 sendo esta

última a que melhor representa o efeito físico.

• Função de rendimento do gerador: A transformação da energia mecânica em

energia elétrica numa Unidade Geradora (UG) depende do rendimento das máquinas

envolvidas na operação. No gerador, as perdas são por atrito mecânico e produção de

calor. O rendimento do gerador ng é uma função da potência gerada. Entretanto,

quase todas as usinas do sistema brasileiro adotam um valor constante para esse

rendimento. Na Figura 2.9, mostra-se a função de rendimento de um gerador de

uma usina de Itaipu.

Potência [MW]

Ren

dim

en

to

0,990

0,985

0,970

0,980

0,975

0,965300 400 500 600 700 800

Figura 2.9: Função de rendimento de um gerador da usina de Itaipu.Fonte: HIDALGO (2009).

• Função de rendimento da turbina: O rendimento da turbina nt pode ser ex-

presso como uma função da queda bruta ou líquida pela potência ou vazão turbi-

nada. Geralmente, essa função é fornecida pelo fabricante da turbina de acordo

com ensaios de laboratório em modelos reduzidos. Devido a sua forma, a função de

rendimento da turbina também é chamada de Curva/Colina.

Na Figura 2.10, apresenta-se a função de rendimento de uma unidade geradora

(Turbina tipo Francis) da usina Manso. O rendimento é função da altura de queda

bruta disponível e da potência. Na Figura 2.11, mostra-se a função de rendimento

em curvas de nível, isto é, curvas que possuem igual rendimento.

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35

P [MW]

0,95

nt

0,90

0,85

0,80

0,75

0,70

6040 30 20

5055

6065

hb [m]50

Figura 2.10: Função de rendimento da turbina de uma unidade geradora de Manso.Fonte: HIDALGO (2009).

0,9280,9150,9020,8890,8760,8630,8500,8380,8250,8120,7990,7860,7730,7600,747

50 55 60 6520

30

40

50

60

nt

P [M

W]

hb [m]

Figura 2.11: Representação da curva colina na forma de curvas de igual rendimento -curvas de nível.

Fonte: HIDALGO (2009).

2.1.5 Características físicas do reservatório de uma UHE

Os reservatórios têm por nalidade acumular parte das águas disponíveis nos

períodos chuvosos para compensar as deciências nos períodos de estiagem, exercendo um

efeito regularizador das vazões naturais. O volume nal de um reservatório é denido pela

Equação 2.1. Um reservatório pode ser descrito, do ponto de vista físico, por seus níveis

e volumes característicos. Estes elementos são descritos nos itens a seguir.

• Nível de água mínimo operacional (NAmin): Este nível corresponde ao vo-

lume mínimo operativo Vm do reservatório da Figura 2.2. É a cota mínima neces-

sária para a operação adequada do reservatório. Esta cota dene o limite superior

do volume morto e o limite inferior do volume útil do reservatório. Normalmente,

encontra-se acima do limite superior da estrutura de tomada de água, de forma a

evitar a formação de vórtices na entrada da tomada.

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• Volume morto: Corresponde à parcela do volume total do reservatório inativa ouindisponível para ns de captação de água. Corresponde ao volume do reservatório

compreendido abaixo do nível minimo operacional, conforme ilustra a Figura 2.12.

• Nível de água máximo operacional (NAmax): Este nível corresponde ao vo-

lume máximo operativo VM do reservatório da Figura 2.2. É a cota máxima permi-

tida para a operação normal do reservatório. Geralmente, este nível coincide com a

borda superior das comportas do vertedor. Dene o limite superior do volume útil

do reservatório.

• Volume útil: Corresponde ao volume compreendido entre os níveis de água mínimooperacional e máximo operacional, conforme ilustra a Figura 2.12. Este é o volume

efetivamente destinado à operação do reservatório, ou seja, ao atendimento das

diversas demandas de águas. Deve considerar as perdas por evaporação e inltração

no solo, quando estas forem signicativas.

NAmin

Tomada de águaVolume morto

Volume útil

NAmax

Figura 2.12: Características físicas do reservatório de uma UHE.Fonte: LOPES (2002).

2.1.6 Volume para vertimento de uma UHE

A vazão deuente de uma UHE é composta por duas parcelas: a vazão tur-

binada e a vazão vertida. A vazão turbinada é aquela que passa pelas turbinas e gera

energia. A vazão vertida é aquela que passa pelos vertedouros da usina e não gera energia

elétrica.

O vertimento não é desejado, uma vez que uma determinada quantidade de

água que poderia ser utilizada para gerar energia retorna ao rio por um caminho alter-

nativo sem acionar as turbinas. No entanto, em determinadas situações o vertimento é

necessário. Isto acontece quando não existe capacidade de armazenamento no reservató-

rio e a vazão auente à usina é superior ao turbinamento. Logo, não existe espaço para

armazenar o excedente de água no reservatório. Também o vertimento acontece quando

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devido às restrições operativas ou de manutenção, o turbinamento da usina é nulo ou

muito baixo, mas necessita-se garantir uma vazão deuente mínima da usina devido aos

usos múltiplos da água a jusante do aproveitamento.

2.2 Usinas solares (UFVs)

Um sistema de energia solar fotovoltaico, também chamado de sistema de

energia solar ou, ainda, sistema fotovoltaico, é capaz de gerar energia elétrica através da

radiação solar. Segundo VILLALVA (2016), existem dois tipos de sistemas fotovoltaicos

que são descritos a seguir:

• Sistemas fotovoltaicos autônomos: Os sistemas fotovoltaicos autônomos, tam-bém chamados sistemas isolados, são empregados em locais não atendidos pela rede

elétrica. Nos sistemas autônomos, a geração e consumo de energia nem sempre coin-

cidem devido à característica intermitente da incidência solar. Por isso, a presença

de bancos de baterias, sempre acompanhado de controladores de carga com o recurso

de Maximum Power Point Tracking (MPPT), é necessária para o armazenamento.

A função principal deste recurso é "rastrear"o ponto de máxima potência do painel

fotovoltaico e entregar esta potência máxima na tensão da bateria, proporcionando,

assim, um aumento substancial no rendimento do sistema. Desta maneira, o forne-

cimento constante de energia é garantido para o consumidor e evita-se desperdício

de energia gerada quando o consumo é baixo.

• Sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica: Os sistemas fotovoltaicosconectados à rede operam em paralelismo com a rede elétrica. Este tipo de sistema

geralmente não utiliza elementos de armazenamento de energia elétrica, porém é

utilizado um banco de baterias para garantir a segurança no fornecimento de energia

elétrica caso aconteça uma interrupção no serviço. Basicamente, a rede elétrica da

concessionária é vista como o elemento armazenador, pois toda a energia gerada é

colocada em paralelo com a energia da rede.

Segundo as denições utilizadas pela ANEEL existem três categorias de sis-

temas fotovoltaicos conectados à rede (ANEEL, 2012), classicados de acordo com seu

tamanho:

• Microgeração: potência instalada até 100 kW.

• Minigeração: potência instalada entre 100 kW e 1 MW.

• UFVs: potência acima de 1 MW.

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Na Figura 2.13, apresenta-se a organização de uma UFV conectada à rede

elétrica. As UFVs são constituídas por conjuntos de módulos fotovoltaicos que são co-

nectados a inversores centrais. Esses inversores são conectados a uma ou mais cabines de

transformação, que elevam as tensões a níveis compatíveis com as linhas de transmissão

do sistema elétrico (VILLALVA, 2016).

Conjuntos de

módulos

fotovoltaicos

Inversores

centrais

Conexão ao

sistema elétrico

em alta tensão

Cabine de

transformação

Figura 2.13: Usina de geração fotovoltaica conectada ao sistema elétrico.Fonte: VILLALVA (2016).

A energia do sol é transmitida para o nosso planeta através do espaço na forma

de radiação solar. Essa radiação é constituída de ondas eletromagnéticas que possuem

frequências e comprimentos de onda diferentes. A energia que uma onda pode transmitir

está associada à sua frequência e quanto maior a frequência, maior a energia transmitida

(SILVA, 2014).

Uma grandeza empregada para quanticar a radiação solar é a irradiância.

Ela é expressa na unidade de Watt por metro quadrado que representa uma unidade de

potência por área. Na superfície terrestre a irradiância solar é tipicamente em torno de

1000 W/m2 (VILLALVA, 2016). Esse valor é adotado como padrão na indústria fotovoltaica

para a especicação e avaliação de módulos fotovoltaicos. A Figura 2.14 apresenta um

perl da irradiância solar ao longo de um dia.

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39

1200

1000

0

0 3 5 7 9 11 21 23

0

Horas

Irradiância(W/m2)

800

600

400

13 17 1915

200

Figura 2.14: Perl da irradiância solar ao longo de um dia.Fonte: GALVANI (2014).

Outra grandeza muito utilizada para fazer o dimensionamento de sistemas

fotovoltaicos é a insolação solar. Ela expressa a energia solar que incide sobre uma de-

terminada área de superfície plana ao longo de um determinado intervalo de tempo. Sua

unidade é o Watt hora por metro quadrado [Wh/m2] que é uma unidade física de energia

(SILVA, 2014).

É importante destacar que a radiação solar de um determinado local é diferente

para cada dia do ano. A Figura 2.15 mostra o mapa de radiação solar global média sazonal

do território brasileiro com a média de todos os dias do ano. Os meses foram classicados

em quatro estações de modo que o período de dezembro a fevereiro refere-se ao verão, de

março a maio ao outono, de junho a agosto ao inverno e de setembro a novembro refere-se

à primavera. Os maiores níveis de radiação solar ocorrem na faixa que vai do Nordeste ao

Sudeste durante a primavera e os menores valores em todas as regiões do Brasil ocorrem

durante os meses de inverno.

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Figura 2.15: Mapa de radiação solar global média sazonal do território brasileiro.Fonte: ANEEL (2000).

2.2.1 Organização de uma UFV

Nesta seção são descritos os principais componentes de uma UFV. Apresenta-

se o funcionamento, as diversas tecnologias para a fabricação, a curva característica do

módulo fotovoltaico e os diferentes arranjos utilizados para a geração de energia elétrica.

Dene-se também a função do inversor dentro uma UFV e os principais recursos para a

conexão à rede elétrica.

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Conjunto de módulos fotovoltaicos

O efeito fotovoltaico é o fenômeno físico que permite a conversão direta da luz

em eletricidade. Esse fenômeno ocorre quando a luz, ou radiação eletromagnética do sol,

incide sobre uma célula composta de materiais semicondutores com propriedades especi-

cas (SILVA, 2014). A Figura 2.16 ilustra a estrutura de uma célula fotovoltaica composta

de duas camadas de material semicondutor (silício) P e N, uma grade de coletores metá-

licos superior (contato frontal) e uma base metálica inferior (contato base).

Contato base

Contato frontal

Silício tipo N

Junção PN

Silício tipo P

Figura 2.16: Estrutura de uma célula fotovoltaica.Fonte: FADIGAS (2016).

Segundo VILLALVA (2016), as tecnologias dos módulos fotovoltaicos mais

comuns encontradas no mercado são a do silício monocristalino, a do silício policristalino

e a do lme no do silício. A seguir, são apresentadas algumas características dessas

diferentes tecnologias:

• Silício monocristalino: Os módulos de silício monocristalino são as mais ecientesproduzidas em larga escala e disponíveis comercialmente. Alcançam eciências de

14%, mas têm um custo de produção mais elevado do que outros tipos de módulos.

• Silício policristalino: Os módulos de silício policristalino têm eciências de 13%,

ligeiramente inferiores aos módulos monocristalinos, entretanto seu custo de fabri-

cação é menor e isso compensa a redução de eciência.

• Filmes nos: Os módulos de lmes nos correspondem a uma tecnologia mais

recente, que surgiu após as tecnologias cristalinas já estarem bem desenvolvidas.

São fabricados através da deposição de nas camadas de materiais (silício e outros)

sobre uma base que pode ser rígida ou exível. Apesar de terem custo relativamente

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baixo, os dispositivos de lmes nos têm baixa eciência (entre 7,5% e 10%) e

necessitam de maior área de módulos para produzir a mesma energia que produzem

as tecnologias cristalinas.

Os painéis ou módulos fotovoltaicos são formados por um agrupamento de

células conectadas eletricamente. Uma célula fotovoltaica consegue fornecer uma ten-

são elétrica até aproximadamente 0,6 V. Para produzir módulos com tensões de saídas

maiores, os fabricantes conectam várias células em série.

Um módulo fotovoltaico não apresenta uma tensão de saída constante nos seus

terminais como uma bateria elétrica. Assim, a tensão elétrica depende da sua corrente

e vice-versa. Existe uma relação entre a corrente de saída e a tensão (curva I-V) de um

módulo fotovoltaico (LOPES, 2013). Consequentemente, para cada curva I-V existe uma

curva P-V (potência - tensão), como a da Figura 2.17, que mostra como a potência do

módulo varia em função de sua tensão.

Tensão elétrica (V)

5

1

Potê

ncia

elé

trica

(W)

Corr

en

te e

létr

ica

(A

)

10

8

6

5

2

0

0 0,1 0,6 0,7

ICC

IMP

PMP

VMP

VCA

0,2 0,3 0,4

0

2

3

4

0,5

Curva I-V Curva P-V

Tensão elétrica (V)

Figura 2.17: Curva característica I-V e P-V de um módulo fotovoltaico.Fonte: ROCHA (2014).

De acordo com a Figura 2.17, existem cinco pontos de destaque:

• Ponto de corrente de curto-circuito (ICC): A máxima corrente que pode ser

entregue sob condições determinadas de radiação e temperatura correspondendo à

tensão nula.

• Ponto de máxima potência (PMP ): O valor máximo de potência que pode en-

tregar o módulo fotovoltaico.

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43

• Ponto de tensão de circuito aberto (VCA): É a máxima tensão que pode en-

tregar o módulo fotovoltaico sob condições determinadas de radiação e temperatura

correspondendo à circulação de corrente nula.

• Ponto de tensão de máxima potência (VMP ): A tensão que entrega o módulo

fotovoltaico quando a potência é máxima, sob condições determinadas de radiação

e temperatura. É utilizada como tensão nominal do mesmo.

• Ponto de corrente de máxima potencia (IMP ): A corrente que entrega o mó-

dulo fotovoltaico quando a potência é máxima, sob condições determinadas de ra-

diação e temperatura. É utilizada como corrente nominal do mesmo.

Pode-se ver na Figura 2.17 que existe um único ponto nas curvas I-V e P-V

onde se tem uma situação na qual o módulo fornece a potência máxima (PMP ). Idealmente

deve-se operar o módulo nesse ponto, pois nessa situação sua produção de energia é maior.

Todos os painéis solares vêm com estas características elétricas expressas em Standard

Test Conditions (STC) e Normal Operation Cell Temperature (NOCT) que são padrões

da indústria para indicar o desempenho de módulos fotovoltaicos.

O STC são as condições laboratoriais sob as quais todos os módulos fotovol-

taicos são testados. Pode-se dizer que é uma referência para comparar diferentes tipos de

módulos fotovoltaicos, mesmo que não sejam do mesmo fornecedor. O teste realiza-se a

uma temperatura supercial de 25 C e uma irradiação de 1000 [W/m2] com um espectro

de massa de ar 1,5 (AM 1,5).

O NOCT é a temperatura que o painel solar chegou no laboratório, quando

submetido a 800 [W/m2] de irradiância (um dia de sol moderado) a uma temperatura

ambiente de 20 C e com um espectro de massa de ar 1,5 (AM 1,5). É uma medida mais

realista da temperatura que os painéis provavelmente irão operar em um dia normal.

Segundo CARNEIRO (2010), os sistemas fotovoltaicos podem empregar um

grande número de módulos conectados em série ou em paralelo para produzir a quantidade

de energia elétrica desejada. Um agrupamento de módulos é denominado arranjo ou

conjunto fotovoltaico. Assim, tem-se os seguintes arranjos:

• Conexão de módulos em série: São conhecidos com o nome de strings. Quando

os módulos são conectados em série, a tensão de saída do conjunto corresponde à

soma da tensão fornecida por cada um dos módulos. A corrente que circula pelo

conjunto é a mesma em todos os módulos. Conjuntos com mais de dez módulos em

série são comuns em sistemas conectados à rede elétrica que operam com tensões

mais elevadas. A Figura 2.18 mostra a curva característica de uma associação de

três painéis em série.

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1 módulo 2 módulos 3 módulos

ICC

6

5

4

3

2

1

0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

606060

60 65

Vca 2Vca 3Vca

Corr

en

te e

létr

ica

(A

)

Tensão elétrica (V)

Figura 2.18: Representação das curvas I-V relativas à associação em série de três módulosfotovoltaicos.

Fonte: CARNEIRO (2010)

• Conexão de módulos em paralelo: Quando os módulos são conectados em

paralelo, a tensão de saída do conjunto é a mesma tensão fornecida por um módulo

individual. Por outro lado, a corrente fornecida pelo conjunto é a soma das correntes

dos módulos do conjunto. São comuns em sistemas fotovoltaicos autônomos que

operam com tensões baixas. A Figura 2.19 mostra a curva característica de uma

associação de três painéis em paralelo.

1 módulo 2 módulos 3 módulos

20

18

16

14

12

10

8

6

4

2

0

Corr

en

te e

létr

ica

(A

)

20181614121086420 22

Tensão elétrica (V)

3 Icc

2 Icc

Icc

Vca

_+

Figura 2.19: Representação das curvas I-V relativas à associação em paralelo de trêsmódulos fotovoltaicos.

Fonte: CARNEIRO (2010).

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45

• Conexão de módulos em série e paralelo: Quando os módulos são conectados

em série e depois em paralelo, a tensão de saída e a corrente fornecida pelo conjunto

são somadas. Essa conguração é usada para aumentar a potência do sistema. A

Figura 2.20 mostra a curva característica de uma associação mista de três painéis.

20

18

16

14

12

10

8

6

4

2

0

Corr

en

te e

létr

ica

(A

)

55 60 6550454035302520151050

Tensão elétrica (V)

3 Icc

2 Icc

Icc

3 Vca2 VcaVca

_+

Figura 2.20: Representação das curvas I-V relativas à associação mista de três módulosfotovoltaicos.

Fonte: CARNEIRO (2010).

Inversores centrais

Os inversores para conexão de sistemas fotovoltaicos à rede elétrica convertem

em corrente alternada a eletricidade de corrente contínua coletada dos módulos fotovol-

taicos. Eles fornecem corrente elétrica e não têm capacidade de fornecer tensão aos con-

sumidores como os utilizados para sistemas autônomos. Eles funcionam apenas quando o

sistema está conectado a uma rede elétrica.

No caso de UFVs, os fabricantes disponibilizam os chamados inversores centrais

trifásicos com potências de 1 W até vários megawatts. Cabe destacar que os inversores

possuem vários recursos para a conexão à rede. A continuação tem-se um breve resumo

de todos os recursos e funções para a conexão de sistemas fotovoltaicos à rede elétrica:

• Chave de desconexão de corrente contínua: O inversor é equipado com uma

chave de desconexão de corrente contínua localizada na parte inferior do equipa-

mento. Ela é necessária para que, ao efetuar a manutenção do sistema, os módulos

não estejam alimentando o inversor sem a necessidade de desfazer sicamente as

conexões dos cabos elétricos entre os painéis e o inversor.

• Proteção contra fuga de corrente: Os inversores são equipados com um sistema

eletrônico que monitora a fuga de corrente para a terra por meio de um medidor

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de corrente contínua residual instalado na entrada do equipamento, onde é feita a

conexão com os módulos. Os inversores trazem embutido esse sistema de proteção

que impede o funcionamento do equipamento, desligando-o da rede.

• Sistema de rastreamento do ponto de máxima potência MPPT: O MPPT

é um recurso presente em todos os inversores. O objetivo do sistema é garantir que

os módulos operem em seu ponto de máxima potência independentemente das con-

dições de operação. Deve-se considerar que as condições de operação dos módulos

fotovoltaicos mudam aleatoriamente por causa da temperatura e radiação solar du-

rante o funcionamento do inversor. Neste caso, a estratégia do MPPT é maximizar

constantemente a produção de energia, proporcionando o maior rendimento possível

do sistema.

• Detecção de ilhamento e reconexão automática: A situação de ilhamento do

sistema fotovoltaico acontece quando o fornecimento de energia da rede elétrica é

interrompido. Nessa situação, o sistema pode continuar energizando indevidamente

a rede à qual está conectado, o que não é permitido devido aos riscos que isso

representa para pessoas que realizam manutenção na rede ou para equipamentos

que estão conectados à mesma rede.

• Isolação com transformador: os inversores para sistemas conectados à rede elé-

trica podem possuir ou não um transformador de isolação. A presença do trans-

formador possibilita a isolação completa entre o lado de corrente contínua (módulo

fotovoltaico) e o lado de corrente alternada (rede elétrica), impedindo a circulação

de correntes de fuga entre os módulos e a rede e oferecendo segurança adicional em

caso de falha de equipamentos, curtos-circuitos e mesmo na ocorrência de transientes

da rede elétrica que podem afetar os inversores.

2.2.2 Inuência da radiação solar e da temperatura em módulos fotovoltaicos

Nesta seção são apresentadas as inuências da radiação solar e da temperatura

na operação do módulo fotovoltaico em relação à tensão e corrente e às variações na curva

caraterística.

Inuência da radiação solar

A corrente elétrica que o módulo fotovoltaico pode fornecer depende direta-

mente da intensidade da radiação solar que incide sobre suas células. Com uma irradiância

solar de 1000 W/m2, o módulo é capaz de fornecer a corrente máxima especicada em seu

catálogo. Com pouca luz a corrente fornecida é muito pequena e sua capacidade de gerar

energia é severamente reduzida. A Figura 2.21 mostra como a intensidade da luz solar

afeta a curva I-V do módulo fotovoltaico.

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47

10

8

6

4

2

0

0,70,60 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Tensão elétrica (V)

Corr

en

te e

létr

ica

(A

)

1.000 W/m2

800 W/m2

600 W/m2

400 W/m2

200 W/m2

Figura 2.21: Inuência da radiação solar na operação do módulo fotovoltaico.Fonte: ROCHA (2014).

Inuência da temperatura

A temperatura tem inuência na tensão que o módulo fornece em seus termi-

nais e consequentemente na potência fornecida (LOPES, 2013). Em temperaturas mais

baixas as tensões são maiores e em temperaturas mais altas as tensões são menores, con-

forme se ilustra na Figura 2.22. Isso acontece porque os módulos solares, na sua maioria,

são feitos de silício. O silício é um material semicondutor que perde a sua eciência com

o calor.

Nesse sentido, todos os módulos possuem um coeciente de temperatura que

descreve a forma como o módulo solar fotovoltaico lida com temperaturas altas (maior

que 25 C). As unidades deste coeciente são expressas em porcentagem (%) por graus

(C). Um coeciente de temperatura alto é um sinal de um painel de baixa qualidade.

Um número razoável é entre 0,4% e 0,5%. Acima de 0,6% é um sinal de alerta. Entre

0,45% e 0,3%, é sinal de um excelente painel solar fotovoltaico.

A corrente fornecida pelo módulo não se altera com a temperatura. Uma

consequência da variação da temperatura sobre o módulo fotovoltaico é que, quando a

temperatura aumenta, a potência fornecida diminui, pois é o produto da tensão e da

corrente do módulo (VILLALVA, 2016).

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10

8

6

4

2

0

0,60,50,40,30,20,10 0,7

Tensão elétrica (V)

Corr

en

te e

létr

ica

(A

)

25 ⁰C

0 ⁰C

50 ⁰C

70 ⁰C

100 ⁰C

Figura 2.22: Inuência da temperatura na operação do módulo fotovoltaico.Fonte: ROCHA (2014).

2.2.3 Sombreamento de módulos fotovoltaicos

O efeito do sombreamento acontece quando uma ou mais células recebem pouca

ou nenhuma luz, impedindo a passagem da corrente elétrica das outras células. O mesmo

efeito acontece em módulos conectados em série. Se um dos módulos de um conjunto

estiver recebendo menos luz do que os demais, a corrente elétrica de todo o conjunto é

reduzida e consequentemente o sistema produz menos energia (LOPES, 2013).

Para minimizar o efeito do sombreamento nos módulos, os fabricantes adicio-

nam diodos de bypass ligados em paralelo com as células. O ideal seria existir um diodo

para cada célula do módulo, mas isso teria um custo muito alto e tornaria difícil a fabri-

cação dos painéis. Os fabricantes usam um diodo para um grupo com um certo número

de células (VILLALVA, 2016).

2.2.4 Energia produzida pelos módulos fotovoltaicos

Quando se trata de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos é importante

determinar quanta energia é produzida diariamente por um módulo fotovoltaico. A con-

tinuação, os métodos mais empregados para projetos de sistemas fotovoltaicos são apre-

sentados.

• Método da insolação: Segundo VILLALVA (2016), este método pode ser empre-

gado quando se tem informação sobre a insolação disponível no local da instalação.

O valor da insolação diária pode ser encontrado em mapas solarimétricos ou por

meio de ferramentas computacionais. O método é válido quando se considera o

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uso de controladores de carga com o recurso de MPPT. A energia produzida pelo

módulo fotovoltaico é calculada pela Equação 2.4.

Ep = Is · Am · n (2.4)

onde:

Ep é a energia produzida pelo módulo diariamente [Wh];

Is é a insolação diária [Wh/m2/dia];

Am é a área da superfície do módulo [m2];

n é a eciência do módulo.

• Método da corrente máxima: Para VILLALVA (2016), usando este método não

é possível ter o aproveitamento máximo da energia solar, pois o sistema fotovoltaico

não está equipado com o recurso do MPPT. O módulo fotovoltaico é impossibilitado

de operar em seu ponto de máxima potência e sua produção de eletricidade ca

condicionada ao ponto de operação imposto pela tensão da bateria ou do banco de

baterias. O cálculo da energia produzida é feito pela Equação 2.5.

Ep = Pm ·Hs (2.5)

onde:

Ep é a energia produzida pelo módulo diariamente [Wh];

Pm é a potência do módulo [W];

Hs é horas diárias de insolação [horas].

A potência do módulo é calculada através da equação 2.6.

Pm = Isc · Vbat (2.6)

onde:

Pm é a potência do módulo [W];

Isc é a corrente de curto-circuito do módulo [A];

Vbat é a tensão da bateria ou do banco de baterias [V].

A questão principal é como dimensionar o sistema para atender a demanda de

energia elétrica em todos os dias do ano. Segundo VILLALVA (2016), recomenda-se usar

o valor de insolação correspondente ao pior mês do ano para garantir o abastecimento de

energia elétrica nos meses de menor insolação.

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No caso de um sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica, a energia produ-

zida pode ser calculada baseada no consumo de eletricidade. Assim, pode-se suprir parci-

almente ou integralmente a demanda de energia elétrica. Outra maneira é considerando o

espaço disponível para instalar os módulos fotovoltaicos já que sabendo a quantidade de

módulos a serem instalados, pode-se calcular a produção de energia. A energia produzida

por um módulo em função do número de módulos é dada pela Equação 2.7:

Ep = Es/Np (2.7)

onde:

Np é o número de módulos da instalação fotovoltaica;

Es é a energia produzida pelo sistema [kWh] no intervalo de tempo considerado;

Ep é a energia produzida por um módulo [kWh] no mesmo intervalo de tempo.

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3 Região hidrográca do rio São Francisco (RHSF)

Este capítulo está dividido em quatro seções. Na Seção 3.1, as características

principais da RHSF são detalhadas. Na Seção 3.2, as UHEs em operação instaladas na

bacia do rio São Francisco são apresentadas. Seguidamente, na Seção 3.3, os empreendi-

mentos solares em operação e em construção na RHSF são especicadas e, nalmente, na

Seção 3.4, os principais problemas na RHSF são descritos.

3.1 Características

A RHSF possui aproximadamente 640.000 km2 de área (7,5% do território

nacional), abrangendo os seguintes estados: Bahia (48,2%), Minas Gerais (36,2%), Per-

nambuco (10,9%), Alagoas (2,2%), Sergipe (1,2%), Goiás (0,5%) e o Distrito Federal

(0,2%). A RHSF recebe esse nome por causa do rio São Francisco, que nasce em Minas

Gerais, na Serra da Canastra, e chega a sua foz, no Oceano Atlântico, entre Alagoas e

Sergipe, percorrendo cerca de 2.800 km de extensão. A RHSF está dividida em quatro

unidades: Alto São Francisco, Médio São Francisco, Sub-médio São Francisco e Baixo

São Francisco e engloba parte do semiárido conhecido como polígono das secas, que cor-

responde a aproximadamente 58% da região (CBHSF, 2017). Na Figura 3.1, mostra-se a

localização da RHSF, o polígono das secas e as divisões das unidades.

v

RHSF

Polígono das

Secas Baixo

Médio

Alto

Rio São

Francisco

Divisão de

Unidades

Sub-médio

REGIÃO

CENTRO-OESTE

REGIÃO NORTE

REGIÃO SUDESTE

REGIÃO

NORDESTE

Figura 3.1: Localização da RHSF.Fonte: LERNER (2006).

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O polígono das secas, situado majoritariamente na região NE e norte de Minas

Gerais, apresenta períodos críticos de prolongadas estiagens. Isto é resultado da baixa plu-

viosidade e alta evapotranspiração com baixo índice de nebulosidade e grande incidência

de radiação solar.

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a precipitação

média anual na RHSF é de 1.003 mm, muito abaixo da média nacional, de 1.761 mm. A

evapotranspiração média é de 896 mm/ano, apresentando valores elevados no Sub-médio São

Francisco e no Alto São Francisco, em função das elevadas temperaturas, da localização

geográca intertropical e da reduzida nebulosidade na maior parte do ano (CBHSF, 2017).

A vazão média é de 2.846 m3/s e a vazão de retirada ou de demanda total é

de 278 m3/s. Com relação aos usos, há predomínio de retirada para irrigação (213,7 m3/s),

que representa 77% do total de demandas na região. A irrigação é seguida pela demanda

urbana, com 31,3 m3/s (11%), concentrada principalmente na região metropolitana de Belo

Horizonte, e industrial com 19,8 m3/s (7%). A demanda animal da região é de 10,2 m3/s

(4%) e a rural, de 3,7 m3/s (1%) (CBHSF, 2017).

A RHSF tem importante papel na geração de energia hidrelétrica porque a

maioria das grandes UHEs brasileiras se localiza nesta região (LERNER, 2006). De acordo

com JONG (2013) e KOCH (2016) o aproveitamento hidrelétrico do rio São Francisco

representa a base do suprimento de energia do NE, já que aproximadamente 65% da

eletricidade gerada na RHSF é destinada para essa região do país. Atualmente, a potência

hidrelétrica instalada na RHSF supera os 10.000 MW, proveniente de pequenos e grandes

empreendimentos (ANEEL, 2018).

Com relação ao aproveitamento fotovoltaico, a RHSF apresenta um bom po-

tencial de energia solar. Majoritariamente, a RHSF ocupa 22,96% do SE (Minas Gerais,

Goias e Distrito Federal) e 18,27% do NE (Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco). Se-

gundo PEREIRA (2006), para estas duas regiões, a insolação global horizontal média

anual varia entre 5,6 kWh/m2 (SE) e 5,9 kWh/m2 (NE). Isto se observa na Figura 3.2 com a

maior disponibilidade energética no NE, seguida pela região SE. Além disso, destaca-se a

complementariedade entre as duas fontes renováveis. Segundo JONG (2013), existe uma

correlação razoavelmente expressiva entre energia solar e hidrelétrica nos meses de estresse

hídrico na RHSF compreendido entre os meses de junho e novembro. Por esta razão exis-

tem empreendimentos solares em operação na RHSF com uma potência instalada total

de aproximadamente 170 MW (ANEEL, 2018).

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53

(kWh/m2)

Insolação Solar Horizontal Média Anual

RHSF

CEPB

PI

GO

ES

SP

BA

RJ

TO

DF

PE

AL

SE

MG

MA

Rio São Francisco

3,15

3,50

3,85

4,55

4,20

4,90

5,60

5,25

7,00

6,65

6,30

5,95

Figura 3.2: Radiação solar global horizontal média anual da RHSF.Fonte: PEREIRA (2006).

3.2 UHEs instaladas

Na RHSF estão instaladas as seguintes UHEs: Cajuru, Gafanhoto, Pandeiros,

Paraúna, Queimado, Rio das Pedras, Salto do Paraopeba, Três Marias, Retiro Baixo,

Sobradinho, Luiz Gonzaga, Complexo de Paulo Afonso (constituída pelas UHEs Apolô-

nio Sales, Paulo Afonso I, II, III e IV) e Xingó. As nove primeiras estão localizadas

no Alto São Francisco e as restantes no Sub-médio e Baixo (CEMIG, 2017). As UHEs

contabilizam uma potência instalada de 10.514,87 MW e são administradas por três com-

panhias elétricas: a CEMIG, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco S.A. (CHESF)

e FURNAS.

Na RHSF existem basicamente dois tipos de UHEs: as barragens com reserva-

tório, que se caracterizam pela possibilidade de controlar cheias e regularizar o rio à jusante

das mesmas, e as barragens sem reservatório, conhecidas como usinas a o d'água. As

UHEs que acumulam água durante a estação chuvosa, alteram grandemente o regime de

vazões do rio e seus auentes, provocadas pela construção dos reservatórios (MARTINS,

2011). Na Tabela 3.1 são apresentadas todas as UHEs com suas potências instaladas,

volume útil dos reservatórios e a companhia elétrica que as administram.

De acordo com ANA (2017a), os reservatórios de Três Marias, Sobradinho

e Luiz Gonzaga (Itaparica) têm um papel fundamental para o cálculo do reservatório

equivalente para o acompanhamento diário dos reservatórios e na regularização das vazões

deuentes para satisfazer as necessidades da região. Um dos maiores desaos é equilibrar

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54

Tabela 3.1: UHEs instaladas na RHSF.UHE Rio Região UGs Potência total instalada [kW] Volume útil do reservatório [hm3] Companhia elétrica

Cajuru Pará Alto 1 7.200 132 CEMIGGafanhoto Pará Alto 4 14.000 3,95 CEMIGPandeiros Pandeiros Alto 3 5.250 usina a o de água CEMIGParaúna Paraúna Alto 3 4.280 usina a o de água CEMIGQueimado Preto Alto 3 105.000 389,46 CEMIGRio de Pedras das Velhas Alto 3 9.280 17,7 CEMIGSalto de Paraopeba Paraopeba Alto 2 2.366 usina a o de água CEMIGTrês Marias São Francisco Alto 6 396.000 15.278 CEMIGRetiro Baixo Paraopeba Alto 2 8.200 41 FURNASSobradinho São Francisco Sub-médio 6 1.050.300 28.669 CHESFLuiz Gonzaga São Francisco Sub-médio 6 1.479.600 3.548 CHESFApolônio Sales São Francisco Sub-médio 4 400.000 1.150 CHESFPaulo Afonso I São Francisco Sub-médio 3 180.000 26 CHESFPaulo Afonso II São Francisco Sub-médio 6 443.000 26 CHESFPaulo Afonso III São Francisco Sub-médio 4 794.200 26 CHESFPaulo Afonso IV São Francisco Sub-médio 6 2.462.400 127,5 CHESFXingó São Francisco Baixo 6 3.162.000 3.800 CHESF

Fonte: CEMIG (2017) e CHESF (2017).

todos os usos do recurso hídrico (irrigação, geração de energia, navegação, saneamento,

pesca e aquicultura, atividades turísticas e de lazer), o que exige uma análise do conjunto

para o planejamento adequado da sua gestão (ANA, 2017e).

As regras de operação dos reservatórios são revisadas periodicamente para

estabelecer os valores das vazões deuentes mínimas. Cabe à ANA denir as regras de

operação dos reservatórios em articulação com o ONS nos reservatórios de hidrelétricas.

Na Figura 3.3, tem-se o diagrama esquemático das principais UHEs com os volumes úteis

dos reservatórios para o cálculo do reservatório equivalente da RHSF.

Figura 3.3: Diagrama esquemático das principais UHEs na RHSF.Fonte: ANA (2017a).

Os reservatórios de Três Marias e Sobradinho, que são os principais reserva-

tórios na RHSF pelo volume de água acumulado, regularizam o rio com uma vazão de

517 m3/s e 1.815 m3/s respectivamente. Além de evitar inundações à jusante, essas duas

represas também exercem uma função estratégica, pois possibilitam a geração de energia

hidrelétrica, durante todo o ano, nas usinas à jusante de Sobradinho (LERNER, 2006).

De todos os reservatórios instalados na RHSF, Três Marias desempenha um papel funda-

mental de regularização do manancial, pois está localizada na parte mais alta e permite

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55

que a água armazenada seja liberada para o trecho à jusante em períodos de seca (ANA,

2017e). Na Tabela 3.2 apresenta-se a situação diária do reservatório equivalente da RHSF

com data correspondente a 05/02/2017.

Tabela 3.2: Boletim diário da situação dos reservatórios da RHSF.RESERVATÓRIOS Vol. Máx. Vol. Mín. Vol. Útil Cota Vol. Acum. Vol. Útil Acum. % Vol. Útil

[hm3] [hm3] [hm3] [m] [hm3] [hm3]

Três Marias 19.528 4.250 15.278 558,89 8.754 4.504,20 29,48%Sobradinho 34.117 5.448 28.669 382,96 8.667 3.219 11,23%Itaparica 10.782 7.233 3.549 300,42 8.132 905 25,50%

Reservatório Equivalente 64.427 16.931 47.496 - 25.559 8.628 18,17%

Queimado 477,97 88,51 389,46 819,83 223 134,01 34,41%

TOTAL 64.905 17.020 47.885 - 25.782 8.762 18,30%

Fonte: ANA (2017a).

Para o cálculo do reservatório equivalente se deve considerar o volume útil de

água acumulado, tipo e a localização das UHEs (montante ou jusante). A UHE Queimado,

localiza-se à montante, porém não se considera no cálculo pelo volume menor de água

acumulado (389,46 hm3). O Complexo Paulo Afonso (Volume útil total: 1.355,5 hm3) e

da UHE Xingó (Volume útil: 3.800 hm3), possuem volumes maiores de água, porém não

são considerados para o cálculo do reservatório equivalente porque são usinas a o d'água

(ANA, 2017a).

3.3 UFVs instaladas

No início de 2018 existem 85 UFVs em operação no Brasil com uma potência

outorgada de 1.025,96 MW. Dessa quantidade, seis UFVs estão localizadas na Bahia e

quatro UFVs em Pernambuco. Das seis UFVs em operação na Bahia, cinco estão situadas

na RHSF, uma no município de Juazeiro, com 2,10 MW de potência instalada e quatro no

município de Bom Jesus da Lapa com potência instalada de 160 MW. Das quatro UFVs

instaladas em Pernambuco apenas duas estão na RHSF, no município de Tacaratu, com

potência outorgada de 10 MW (ANEEL, 2018).

No caso da UFV localizada no município de Juazeiro, a UFV Solar Moradas

Salitre, os painéis estão instalados nos telhados dos condomínios populares de Morada do

Salitre e Praia do Rodeadouro. A energia gerada é utilizada nas casas e injetada na rede

da concessionária Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (COELBA). As quatro

UFVs localizadas no município de Bom Jesus da Lapa, constituem o maior parque solar

do Brasil conectado à rede. As UFVs localizadas no município de Tacaratu, Fontes Solar

I e II, estão combinadas ao parque eólico Fontes dos Ventos, tornando-se primeira planta

híbrida do país conectada ao SIN.

Na RHSF existem oito empreendimentos solares em construção com potência

outorgada total de 226 MW. Dessa quantidade, sete estão localizados na Bahia e um em

Minas Gerais. Das UFVs em construção na Bahia, sete operarão no município de Tabocas

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56

com potência total de 196 MW. Em Minas Gerais entrará em operação uma UFV, no

município de Pirapora, com potência instalada de 30 MW. Além disso, deve-se considerar

que há 90 empreendimentos solares em construção não iniciados na RHSF com potência

outorgada total de 2.364,40 MW (ANEEL, 2018).

Na Figura 3.4 pode-se observar a localização dos principais reservatórios e as

UFVs no mapa solarimétrico do Brasil. Todos os empreendimentos hidrelétricos e solares

estão situados em uma região que apresenta um bom potencial solar (5,60 e 5,95 kWh/m2).

Além disso, as UFVs estão instaladas em municípios próximos dos reservatórios, porém

não estão integradas às UHEs.

Insolação Solar Horizontal Média Anual

UHE em operação

UFV em operação

UFV em construção

3,15

3,50

3,85

4,55

4,90

5,25

5,60

5,95

6,30

6,65

(kWh/m2)

RHSFCE

PB

PI

Sobradinho

GO

ES

SP

MG

RJ

TO

DF

PE

AL

SE

JuazeiroTacaratu

BA

MA

Tabocas

Bom Jesus

da Lapa

Pirapora

Três Marias

Rio São FranciscoItaparica

4,20

7,00

Figura 3.4: Localização dos reservatórios e UFVs no mapa solarimétrico do Brasil.Fonte: PEREIRA (2006).

3.4 Principais problemas na RHSF

De acordo com o ONS e com a ANA, existem restrições nas vazões deuentes

médias mínimas diárias para os reservatórios principais da RHSF. Assim para o reserva-

tório de Três Marias a vazão mínima estabelecida é de 350 m3/s e para o reservatório de

Sobradinho é de 1.300 m3/s. Esses valores são necessários para garantir um adequado uso

múltiplo das águas (geração de energia, irrigação, navegação e vazão). Para o reservatório

de Itaparica não há restrição na vazão deuente mínima devido à existência de reserva-

tórios a jusante. Deve-se ressaltar que todos os reservatórios, ante qualquer variação nos

volumes úteis e vazões deuentes, sofrem os impactos das mudanças por pertencer a uma

mesma cascata (ANA, 2017b).

Desde 2012, a RHSF vem enfrentando uma seca contínua e sofrendo condições

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hidrológicas adversas, com vazões e precipitações abaixo da média, com consequências

nos níveis de armazenamento dos reservatórios instalados (ONS, 2018). Por esta razão,

para manter os estoques de água, a operação dos reservatórios vem sendo feita de forma

especial e com acompanhamento periódico. Na Figura 3.5, apresenta-se a variação dos

volumes úteis de Três Marias, Sobradinho, Luiz Gonzaga (Itaparica) e do reservatório

equivalente a partir de 2012.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% V

OLU

ME

ÚT

IL

RE

SE

RV

AT

ÓR

IO

MÊS

RESERVÁTORIO TRÊS MARIAS 2012 2013 2014 2015 2016

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% V

OLU

ME

ÚT

IL

RE

SE

RV

AT

ÓR

IO

MÊS

RESERVATÓRIO SOBRADINHO2012 2013 2014 2015 2016

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% V

OLU

ME

ÚT

IL

RE

SE

RV

AT

ÓR

IO

MÊS

RESERVATÓRIO LUIZ GONZAGA (ITAPARICA)

2012 2013 2014 2015 2016

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100%

VO

L. Ú

TIL

RE

SE

RV

. E

QU

IVA

L.

MÊS

RESERVATÓRIO EQUIVALENTE2012 2013 2014 2015 2016

Figura 3.5: Histórico de volumes úteis dos reservatórios da RHSF.Fonte: ONS (2017d).

Pode-se ver que desde 2013 o volume útil dos reservatórios reduziu para abaixo

de 50%. Paralelamente a esses fatores naturais, deve-se considerar o aumento constante

da demanda de água, especialmente para a irrigação agrícola, que é visto como um pro-

blema na região (KOCH, 2016). De 2006 a 2012, houve um aumento de 39% na área

irrigada principalmente no Médio, Sub-médio e no Baixo São Francisco. O aumento da

demanda hídrica para irrigação, concentrada em alguns municípios da RHSF, que tam-

bém apresentam as maiores áreas irrigadas, pode acarretar em conitos com os demais

usos múltiplos.

O reservatório de Três Marias tem sofrido uma redução de seu volume acu-

mulado devido às condições hidrológicas adversas. Por isso, para manter o estoque de

água, a CEMIG, responsável pela operação da barragem, vem reduzindo a vazão mínima

deuente para o valor médio atual que circunda os 216 m3/s muito abaixo do valor esta-

belecido pela ANA de 350 m3/s. Da mesma maneira, ante esta situação, a CHESF vem

reduzindo a vazão média deuente mínima do Sobradinho abaixo de 1.300 m3/s (patamar

mínimo em situações de normalidade) para o valor médio atual que circunda os 777 m3/s

(ANA, 2017b). Segundo a ANA, caso essas medidas especiais não tivessem sido adotadas,

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o sistema equivalente dos reservatórios da RHSF estaria com volume equivalente a -50%,

ou seja, desde 2014 já estariam usando a reserva técnica, conhecida como volume morto

(ANA, 2015).

A partir de 2012, a geração hidrelétrica diminuiu por causa da estiagem que

afeta o desempenho das principais UHEs instaladas na RHSF, isto é, não estão operando

na sua capacidade total (KOCH, 2016). Segundo a CEMIG, na UHE de Três Marias,

as seis turbinas funcionam por três horas ao dia e uma única funciona durante 24 horas,

gerando em média 36 MW (GLOBO, 2015). Segundo o ONS, a UHE de Sobradinho,

responsável pela maior parte de fornecimento de eletricidade da região NE, está com

baixo nível de reservas podendo chegar ao volume morto e correndo o risco de ser desligada

(GLOBO, 2017).

Esta situação causa um aumento acentuado da geração por UTEs e UELs assim

como a eletricidade importada de outras regiões do Brasil para satisfazer a demanda

crescente principalmente para o NE (KOCH, 2016). Na Figura 3.6, apresenta-se esse

fenômeno como consequência dos eventos acontecidos a partir de 2012.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

Potê

ncia

MW

ME

D

Demanda Geração UHEs Geração UTEs Intercâmbio Geração EOLs

Figura 3.6: Demanda média anual de eletricidade, geração de eletricidade por UHEs,UTEs, UELs e intercâmbio de eletricidade (positivo é importado, negativo é exportadopara outras regiões do Brasil) para o Nordeste do Brasil.

Fonte: ONS (2017a).

De acordo com LERNER (2006), o principal problema da RHSF não é a dispo-

nibilidade global de água, porém a concentração de precipitação dentro de poucos meses

do ano e a alta variação entre os anos. Isto vem acontecendo desde 2012 e atualmente a

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RHSF enfrenta uma escassez de água tanto para geração de eletricidade como para con-

sumo. Todos os reservatórios estão com a vazão deuente mínima abaixo do estabelecido

pela ANA.

Todos os fatos apresentados evidenciam a escassez de água. Isto afeta princi-

palmente os reservatórios, pondo em risco a operação das principais UHEs. Ao mesmo

tempo, a demanda de eletricidade segue aumentando, precisando majoritariamente de

UTEs e da importação de outras regiões do Brasil. Além disso, a escassez de água, prin-

cipalmente no polígono das secas e nas áreas cultivadas, agrava a situação da principal

fonte doadora de água, o rio São Francisco.

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4 Plataforma de simulação: RS MINERVE

Este capítulo está dividido em três seções. Na Seção 4.1, uma breve introdu-

ção do software RS MINERVE é apresentada. Seguidamente, na Seção 4.2, os principais

modelos hidrológicos e objetos hidráulicos com seus seus respectivos parâmetros são con-

siderados. Por último, na Seção 4.3, o modulo Expert e sua função objetivo, desenvolvido

para a calibração dos modelos hidrológicos, sao detalhados sucintamente.

4.1 Software RS MINERVE

A plataforma de simulação hidrológica e hidráulica RS MINERVE foi desenvol-

vida pelo Centre de Recherche Sur l'Environnement Alpin (CREALP) em conjunto com

o escritório de Engenharia Hydro-Cosmos SA, em colaboração com a École Polytechnique

Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça, a Universitat Politècnica de València (UPV), na

Espanha, e a Associação Hydro10. O RS MINERVE caracteriza-se como uma ferramenta

de modelagem hidrológica e hidráulica de bacias hidrográcas, com base num esquema

conceitual semi-distribuído (HERNÁNDEZ et al., 2015).

O RS MINERVE está disponível gratuitamente aos usuários interessados. Atu-

almente, existem vários estudos na Suíça, Espanha, Peru, França e Nepal, utilizando esta

plataforma. Nesse sentido, VALENZUELA et al. (2016) realizam uma análise compara-

tiva dos modelos hidrológicos do RS MINERVE na bacia do rio Chillón, Peru. CASTILLO

et al. (2011) utilizam a plataforma para simular processos de acumulação de neve-fusão

como suporte contra inundações na bacia hidrográca do Cantábrico, Espanha. HER-

NÁNDEZ et al. (2014) analisam um sistema integrado de previsão e gerenciamento de

inundações em uma bacia hidrográca complexa nos Alpes, Suíça. HERNÁNDEZ et al.

(2009) aplicam o RS MINERVE para a previsão hidrometeorológica na bacia hidrográca

de Ródano a montante do Lago de Genebra, França. FOEHN (2011) desenvolve um mo-

delo hidrológico para a parte nepalesa da bacia do rio Koshi para avaliar o potencial de

redução de inundações dos reservatórios hidrelétricos projetados na bacia.

O RS MINERVE possui diferentes modelos hidrológicos, como GSM, GR4J,

SOCONT, HBV, SAC-SMA, GSM, SWMM e Snow -GSM. Ele também pode repro-

duzir esquemas hidrelétricos complexos mediante a combinação de objetos de estrutura

hidráulica como reservatórios, turbinas e vertedouros. Estes objetos fornecem valores de

produção de energia e renda total com base no desempenho da turbina e no preço de

venda da energia.

O módulo Expert é um otimizador para a calibração dos parâmetros e condi-

ções iniciais dos modelos hidrológicos dentro da plataforma RS MINERVE. A calibração

automática com diferentes algoritmos, como o SCE-UA, calcula o melhor conjunto de

parâmetros hidrológicos, dependendo de uma função objetivo denida pelo usuário.

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4.2 Modelos hidrológicos e objetos hidráulicos

O RS MINERVE caracteriza-se como um software de modelagem orientado a

objetos. Esses objetos podem ser chamados de objetos Base, objetos Rio ou de Rotea-

mento do Canal, objetos de Infraestruturas Hidráulicas e de Regulação e objetos Padrão.

Os objetos Base são compostos principalmente de modelos hidrológicos e são

utilizados para simulação hidrológica. Os objetos Rio são objetos utilizados para a des-

crição do roteamento do canal e simulação de transferência de uxos de rios. Os objetos

de Infraestruturas Hidráulicas e de Regulação são objetos utilizados para simulação de in-

fraestruturas hidráulicas como reservatórios, turbinas ou vertedouros. Os objetos Padrão

são necessários para retroalimentar, estruturar e calibrar os modelos.

Geralmente, a simulação de uma bacia hidrográca, reúne todos os objetos

mencionados acima, por isso é necessário conhecer a função de cada um deles. A seguir,

apresenta-se uma breve caracterização dos diferentes objetos utilizados em uma simulação.

4.2.1 Objetos Base

A seguir são apresentados os modelos hidrológicos mais usados para a simula-

ção de uma bacia hidrográca. Alguns destes modelos são combinações de outros modelos

mais simples (GSM, SWMM, SAC-SMA e Snow -GSM) e por isso não são descritos.

Génie Rural à 4 Paramètres Journalier (GR4J)

O GR4J é um modelo determinístico-empírico que realiza a representação de

descargas médias diárias com cinco parâmetros (Tabela 4.1), e requer informação de pre-

cipitação (Peq) e evapotranspiração (ETP ) média diária para gerar séries de uxos. O

modelo GR4J (Figuras 4.1 e 4.6) tem dois reservatórios que são responsáveis pelo arma-

zenamento da precipitação onde se produzem os fenômenos de percolação e inltração.

Os processos de precipitação sólidas não são levados em consideração neste modelo.

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Figura 4.1: Modelo GR4J.Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Tabela 4.1: Lista de parâmetros e condições iniciais para o modelo GR4J.Nome Unidade Descrição Intervalo Regular

A m2 Superfície da bacia >0X1 m Capacidade de depósito de produção (Production Reservoir) 0.01 a 1.2X2 m Coeciente de troca de água -0.005 a 0.003X3 m Capacidade do depósito de laminação (Routing Reservoir) 0.01 a 0.5X4 d Tempo base dos hidrogramas unitários -0.5 a 1

Slni m Conteúdo de água inicial no reservatório de produção (Production Reservoir) -Rlni m Nível inicial de água no reservatório de laminação (Routing Reservoir) -

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Soil Contibution (SOCONT)

O SOCONT é um modelo que aglomera em série três modelos hidrológicos de

menor complexidade. O primeiro deles, o modelo Glacier Snow Melting (GSM), denido

como um modelo determinístico conceitual, simula a evolução transitória da acumulação

de neve em função da temperatura (T ) e a precipitação (P ). A saída deste modelo é levada

ao modelo Génie Rural à 3 Paramètres (GR3), que usa a precipitação equivalente (Peq) e a

evapotranspiração (ETP ) para produzir uma inltração (inet) e um uxo base QGR3 e por

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último as saídas do modelo GR3 é transitada pelo modelo Storn Water Management Model

(SWMM) que nalmente produz o escoamento supercial (Qr). O modelo SOCONT

(Figuras 4.2 e 4.6) propõe um reservatório linear para a contribuição de neve, outro não

linear representando águas subterrâneas e um último reservatório, também não-linear,

para o escoamento direto. São 14 parâmetros de calibração que representam este modelo

(Tabela 4.2), dos quais 6 correspondem ao modelo GSM, que separa a precipitação líquida

da sólida.

Figura 4.2: Modelo SOCONT.Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Hydrologiska Byrans Vattenbalansavdelning (HBV)

O HBV é um modelo determinístico-conceitual que estima o escoamento em

uma bacia a partir de dados de precipitação (P ), temperatura (T ) ou evapotranspiração

(ETP ) diários. Sua representação é feita a partir do modelo GSM e três reservatórios con-

gurados por equações lineares e uma função que calculam a umidade, evapotranspiração

e o uxo de água subterrânea (Figuras 4.3 e 4.6).

O primeiro reservatório representa a umidade do solo. O segundo reservató-

rio, denominado reservatório superior (Upper Reservoir) do solo ou depósito interuxo,

correspondente ao armazenamento superior do solo que produz o uxo de saída (uxo

supercial) (Qr) e o interuxo (Qt). O terceiro reservatório, também chamado de reser-

vatório inferior (Lower Reservoir) do solo ou reservatório de uxo básico, correspondente

ao armazenamento inferior do solo e produz o uxo base (Ql).

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Tabela 4.2: Lista de parâmetros e condições iniciais para o modelo SOCONT.Nome Unidade Descrição Intervalo Regular

A m2 Superfície de inltração >0Asn mm/C/dia Coeciente de referência degelo grau-dia 0.5 a 20Asnlnt mm/C/dia Intervalo degelo grau-dia 0 a 4AsnPh d Deslocamento de fase da função sinusoidal 1 a 365ThetaCri - Conteúdo crítico de água na neve acumulada 0.1bp d/mm Coeciente de derretimento devido à precipitação líquida 0.0125Tcp1 C Temperatura mínima crítica para precipitação líquida 0Tcp2 C Temperatura máxima crítica para precipitação líquida 4Tcf C Temperatura crítica da neve 0HGR3Max m Altura máxima do reservatório de inltração (Inltration Reservoir) 0 a 2KGR3 1/s Coeciente de liberação do reservatório de inltração (Inltration Reservoir) 0.00025 a 0.1L m comprimento do plano >0Jo - Declive do plano >0Kr m1/3/s Coeciente de Strickler 0.1 a 90

Hsnowlni m Altura inicial de neve -HGR3lni m Nível inicial no reservatório de inltração (Inltration Reservoir) -Hrlni m Nível de água inicial do escoamento a jusante da superfície -Thetalni - Conteúdo relativo de água inicial no bloco da neve (Snow Pack) -

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Desta maneira, os reservatórios superior e inferior originam o uxo total (Qt)

simulado pelo modelo. São usados um total de 15 parâmetros (Tabela 4.3), dos quais 6

correspondem ao modelo GSM.

Figura 4.3: Modelo HBV.Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

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Tabela 4.3: Lista de parâmetros e condições iniciais para o modelo HBV.Nome Unidade Descrição Intervalo Regular

A m2 Superfície da bacia >0CFMax mm/C/dia Coeciente de degelo 0.5 a 20CFR - Fator de congelação 0.05CWH - Conteúdo crítico de água na neve acumulada 0.1TT C temperatura limite de chuva / mescla de neve 0 a 3TTInt C Intervalo de temperatura para chuva neve 0 a 3TTSM C Temperatura limite para derretimento de neve 0Beta - Coeciente de forma 1 a 5FC m Capacidade máxima de armazenamento do solo 0.050 a 0.65PWP - Ponto de murchamento permanente do solo 0.030 a 1SUMax - Limite do nível de água do reservatório superior (Upper Reservoir) 0 a 0.10Kr 1/d Coeciente de liberação de uxo supercial 0.05 a 0.5Ku 1/d Coeciente de liberação de interuxo 0.01 a 0.4Kl 1/d Coeciente de liberação de uxo de base 0 a 0.15Kperc 1/d Coeciente de liberação de percolação 0 a 0.8

Hsnowlni m Altura inicial de neve -WHIni - Conteúdo inicial relativo de água no bloco da neve (Snow Pack) -HumIni m umidade inicial -SUIni m Nível inicial da água do reservatório superior (Upper Reservoir) -SLIni m Nível inicial da água do reservatório inferior (Lower Reservoir) -

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Sacramento Soil Moisture Accounting (SAC-SMA)

O SAC-SMA é um modelo determinístico-conceitual que requer informações

de precipitação (Peq) e evapotranspiração (ETP ) média diária para gerar descargas. O

modelo requer 17 parâmetros para sua calibração (Tabela 4.4), mesmo sem ter um modelo

de neve, tem uma grande capacidade de simular descargas médias diárias. Este grande

número de parâmetros exige um conhecimento profundo da bacia que será simulada, com

informações sobre cobertura vegetal ou áreas permeáveis e impermeáveis.

O modelo SAC-SMA está estruturado em três reservatórios complexos, todos

inuenciados pela evapotranspiração (Figuras 4.4 e 4.6). O primeiro, é dividido em sec-

tores permeáveis e impermeáveis que produzem escoamento supercial quando a chuva

excede a taxa de inltração. O segundo reservatório representa o solo chamado também

de zona alta (Upper Zone) onde se origina o interuxo, que pode ser entendida como

a transferência de água lateral ao uxo base e ocorre apenas quando se satura a zona

superior. O terceiro reservatório representa a zona inferior do solo (Lower Zone) e está

ligada aos processos de descargas com resposta lenta. Finalmente, os três reservatórios

originam uxo total simulado pelo modelo.

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Figura 4.4: Modelo SAC-SMA.Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Tabela 4.4: Lista de parâmetros e condições iniciais para o modelo SAC-SMA.Nome Unidade Descrição Intervalo Regular

A m2 Superfície da bacia >0Adimp - Área impermeável adicional (fracção) 0 a 0.2Pctim - Fração permanente de área impermeável 0 a 0.05Riva - Fração de cobertura vegetal 0 a 0.2UztwMax m Capacidade de tensão de água na zona superior (Upper Zone) 0.01 a 0.15UzfwMax m Capacidade de água livre na zona superior (Upper Zone) 0.005 a 0.10Uzk 1/dia Taxa de retirada da zona superior (Upper Zone) 0.10 a 0.75Zperc - Coeciente de proporção de percolação 10 a 350Rexp - Parâmetro de forma da curva de percolação 1 a 4Pfree - Fração de percolação que vai diretamente aos armazenamentos da 0 a 0.6

zona inferior (Lower Zone) de água livre (LZFW)LztwMax m Capacidade da tensão de água na zona inferior (Lower Zone) 0.05 a 0.40LzfpMax m Capacidade de água livre primário na zona inferior (Lower Zone) 0.03 a 0.80LzfsMax m Capacidade de água livre suplementar na zona inferior (Lower Zone) 0.01 a 0.40Rserv - Fracção da água armazenada na zona inferior não transferível 0 a 1Lzpk 1/dia Taxa de retirada diária do armazenamento de agua libre 0.001 a 0.03

da zona primaria inferior (LZFP) (Lower Zone)Lzsk 1/dia Taxa de retirada diária do armazenamento de agua libre suplementar 0.02 a 0.3

da zona inferior ( LZFS) (Lower Zone)Side - Relação de percolação profunda de armazenamento de agua livre 0 a 0.5

da zona inferior (Lower Zone)

AdimIni m Conteúdo de tensão de água inicial da área de Adimp -UztwIni m Conteúdo de tensão de água inicial na zona superior -UzfwIni m Conteúdo inicial de água livre na zona superior -LztwIni m Conteúdo inicial de tensão de água na zona inferior -LzfpIni m Conteúdo inicial suplementar livre da zona inferior -LzfsIni m Conteúdo inicial primário livre da zona inferior -

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

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Objeto Virtual Station

Existe também um objeto base denominado Estação Climática Virtual ou

Virtual Station (Figura 4.6). O objeto está associado às coordenadas X, Y, Z e permite a

distribuição espacial das variáveis meteorológicas tais como precipitação, temperatura e

evapotranspiração a partir de medidas ou estimativas disponíveis de um banco de dados,

com referência espacial em coordenadas métricas. Geralmente, este objeto fornece dados

de entrada para os modelos hidrológicos.

Os métodos escolhidos para a distribuição espacial da precipitação, tempe-

ratura e evapotranspiração correspondem aos métodos Thiessen e Shepard. O primeiro

método, Thiessen, procura a estação meteorológica mais próxima para cada variável me-

teorológica. O segundo, Shepard, procura as estações i que estejam em um raio de busca

e calcula a variável meteorológica dependendo da ponderação da distância. Na Tabela

4.5, mostram-se os parâmetros e condições iniciais para o objeto Virtual Station.

Tabela 4.5: Lista de parâmetros e condições iniciais para o objeto Virtual Station.Nome Unidade Descrição Intervalo Regular

X, Y, Z - Coordenadas da estação virtual -Raio de busca m Raio de busca das estações virtuais >0No. mim. Est. - Número mínimo de estacoes utilizados para interpolação ≥1Gradient P m/s/m Gradiente de precipitação -Gradient T C/m Gradiente de temperatura -0.007 to - 0.004Gradient ETP m/s/m Gradiente de evapotranspiração -Coe P - Coeciente de correção de precipitação 0.5 a 2Coe T C Coeciente de correção de temperatura -2 a 2Coe ETP - Coeciente de correção de evapotranspiração 0.5 a 2

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

4.2.2 Objetos Rio

Os objetos Rio são usados para a simulação do roteamento do canal de um

rio e são representados pelas equações de St-Venant, Muskingum-Cunge ou Kinematic

Wave. As três possibilidades são apresentadas a seguir e seus parâmetros são detalhados

na Tabela 4.6. Na Figura 4.5(a), mostra-se o esboço descritivo utilizado para os cálculos

dos parâmetros. Na Figura 4.5(b), detalha-se o perl transversal disponível para o cálculo

computacional do roteamento dos canais.

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68

Tabela 4.6: Lista de parâmetros para o roteamento de canais.

Nome Unidade Descrição Intervalo Regular

L m Comprimento total do canal 0 < x 5 LBO m Largura da base do canal >0m - Coeciente de relação banco lateral (1H / mV) 0.1 a 1JO - Declive >0K m1/3/s Coeciente de Strickler 10 a 90N - Número de seções (não para Lag-Time) >0Lag min Tempo de atraso (somente para Lag-Time) ≥0

Qlni m3/s Descarga inicial -

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

(a) (b)

Figura 4.5: Esboço descritivo (a) e perl transversal (b) disponível para o cálculo com-putacional do roteamento dos canais dos objetos Rio.

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Modelo de St-Venant

O modelo de St-Venant (Figura 4.6) simula o uxo instável do rio no canal

utilizando as equações de St-Venant apresentados a seguir:

∂A

∂t+∂Q

∂x= 0 (4.1)

∂Q

∂t+∂(Q

2

t+ g · I1)

∂x= g · A · (J0 − Jf ) + g · I2 (4.2)

onde:

A: área de uxo transversal do canal [m2];

Q: descarga ou vazão [m3/s];

x: comprimento do canal [m];

g: constante de gravidade [m2/s];

I1: coeciente de perl [m3];

J0: inclinação inferior do canal;

Jf : inclinação de fricção;

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I2: coeciente para a variação da seção transversal [m2].

A Equação 4.1 expressa a conservação de massa enquanto a Equação 4.2 ga-

rante a conservação do momento. O termo I1 leva em consideração a forma do perl

transversal do canal e se calcula a partir da Equação 4.3. O termo I2 leva em considera-

ção a variação da seção ao longo do canal e se calcula a partir da Equação 4.4.

I1 =

∫ h

0

(h− η) · b(η)dη (4.3)

I2 =

∫ h

0

(h− η)∂b

∂x|h=η (4.4)

As variáveis das Equações 4.3 e 4.4 são detalhadas na Figura 4.5. O termo h

representa o nível do rio no canal, η representa a variação do nível no canal e b representa

a variação de seção transversal para o nível do canal e constitui uma variável de integra-

ção. As equações de St-Venant podem ser resolvidas no RS MINERVE para um perl

trapezoidal de acordo com a Figura 4.5(b) com B: largura da base do perl transversal

[m]; h: nível da água [m] e m: coeciente de relação do banco lateral (1 vertical / m

horizontal).

Modelo de Muskingum-Cunge

O modelo de Muskingum-Cunge (Figura 4.6) simula o uxo de um rio con-

siderando uma aproximação de onda difusiva com a hipótese suplementar de um canal

prismático. Com essas considerações, o objeto é denido pela Equação 4.5, que é uma

variação da Equação 4.2, com derivadas parciais do tipo parabólico, que representa a

convecção e a difusão da variável Q denida pela Equação 4.6 onde D é taxa de descarga

[m3/s]. O uxo é transportado com uma velocidade c (Equação 4.7) e difundido com um

coeciente de difusão δ (Equação 4.8).

∂Q

∂t+ (

Q

BD

dD

dh) · ∂Q

∂x− D2

2 ·B · |Q|· ∂

2Q

∂x2= 0 (4.5)

Q = D · J1/20 (4.6)

c =Q

BD

dD

dh(4.7)

δ =D2

2 ·B · |Q|(4.8)

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Modelo de Kinematic Wave

O modelo de Kinematic Wave (Figura 4.6) considera insignicantes os termos

de inércia e pressão das equações de St-Venant. A hipótese cinemática supõe que as forças

de gravidade são idênticas, embora com um sinal oposto às forças de fricção. Isso implica

que há uma relação explícita entre o uxo e o nível da água. O modelo Kinematic Wave,

expressado pela Equação 4.9, indica que o uxo Q é transportado a jusante com uma

velocidade c que é denida pela Equação 4.7.

∂Q

∂t+ (

dD

dA)x0 ·

∂Q

∂x= 0 (4.9)

Modelo Lag Time

Na lista de parâmetros da Tabela 4.6, menciona-se um parâmetro denominado

Lag (atraso). Esse parâmetro corresponde ao objeto Rio denominado Lag-Time ou tempo

de atraso (Figura 4.6). O objeto Lag Time é um modelo de roteamento mais simples,

de atraso-tempo, onde os uxos a montante e a jusante são atrasados por um tempo de

atraso xo chamado Lag (minutos). Este objeto calcula uma transição do rio baseada em

um tempo de atraso, mas não produz qualquer atenuação do uxo.

4.2.3 Objetos de Infraestruturas Hidráulicas e de Regulação

A seguir, alguns dos objetos de infraestruturas hidráulicas e de regulação mais

usados no RS MINERVE são apresentados.

Objeto Reservoir

O nível da água e a evolução do volume de um reservatório são simulados

a partir deste objeto (Figura 4.7), com base em uma relação nível-volume e um nível

inicial do reservatório. A evolução transitória de um volume de água em um reservatório

é descrita pela seguinte equação:

(d∇dt

) = Qe −Qs (4.10)

onde:

∇: volume no reservatório [m3];

Qe: uxo de entrada no reservatório [m3/s];

Qs: uxo de saída [m3/s].

Para resolver a Equação 4.10, é necessário conhecer o uxo de saída como

função do volume de água no reservatório. Esta operação é possível se a relação entre o

nível da água e o volume de água é conhecida (Tabela 4.7).

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Tabela 4.7: Dados emparelhados e condições iniciais necessários para o objeto Reservoir.

Nome Unidade Descrição

H-V (dados emparelhados) m - m3 Relação Nível - Volume

Hlni m Nível inicial no reservatório

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Objeto Level-Discharge Relation (HQ)

O objeto HQ fornece uma descarga dependendo do nível do reservatório. A

saída é calculada com a ajuda de uma relação de Nível - Descarga (Tabela 4.8). Assim, a

descarga é calculada pelas Equações 4.11 e 4.12. Na Figura 4.7, mostra-se a representação

do objeto Level-Discharge Relation.

Qoutflow,n = 0 ParaHn < Hi (4.11)

Qoutflow,n = Qdev,i +Hi+1 ·Qoutflow,i+1

Qoutflow,i

ParaHi < Hn < Hi+1 (4.12)

onde:

Qoutflow,n: descarga no instante n [m3/s];

Hn: nível de água no instante n [m];

Qoutflow,i: uxo de descarga para um nível de água Hi [m3/s];

Hi: nível de água do reservatório [m];

Qdev,i : uxo de água desenvolvido no instante i [m3/s].

Tabela 4.8: Dados necessário emparelhados para o objeto Level-Discharge Relation(HQ).

Nome Unidade Descrição

H-Q (dados emparelhados) m - m3 Relação Nível - Descarga

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Objeto Turbine

Neste objeto (Figura 4.7), séries temporárias de uxo podem ser introduzidas

diretamente para fornecer uma descarga Q em um reservatório. O tempo é incorporado

em segundos e os valores associados em suas unidades correspondentes, em forma de

tabela t [s] - Q. A descarga nal também depende do nível do reservatório apresentado

nas próximas equações:

Qturbine,n = Qwanted,n Para (Hn > Hon) ou (Hoff 5 Hn 5 H e IsOperating = 1) (4.13)

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Qturbine,n = 0 Para (Hn < Hoff ) ou (Hoff 5 Hn 5 Hon e IsOperating = 0) (4.14)

onde:

Qturbine,n: descarga no instante n [m3/s];

Hn: nível de água no instante n [m];

Qwanted,n: uxo de descarga desejado no instante n [m3/s];

Hon: nível do reservatório para iniciar o ciclo da turbina [m];

Hoff : nível do reservatório para parar o ciclo da turbina [m];

IsOperating: Ciclo de turbina planejado no instante t [0/1].

Tabela 4.9: Dados emparelhados, parâmetros e condições iniciais necessários para oobjeto Turbine.Nome Unidade Descrição

H-Q (dados emparelhados) m - m3 Relação Nível- DescargaHon m Nível do reservatório para iniciar o ciclo da turbinaHoff m Nível do reservatório para parar o ciclo da turbina

IsOperatingIni 0/1 0 = não turbina; 1 = turbinaApenas tomado em consideração se Hoff > H > Hon

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Objeto Hydropower

As entradas do objeto Hydropower (Figura 4.7) são um nível de reservatório

e uma descarga. Também precisa da relação de dados emparelhados de Descarga (Q)

- Desempenho (η) para a turbina, a altitude (Zcentral) da UHE, o comprimento (L), o

diâmetro (D) e a rugosidade (K) do tubo, bem como a viscosidade cinemática do uído

(ν).

Como saídas, o objeto calcula não apenas a potência e a receita para cada

instante do tempo, conforme apresentado nas Equações 4.15, 4.16 e 4.17, mas também a

energia total produzida e a receita total obtida.

Znet,n = Zwater,n − Zcentral −f · 8 · L ·Q2

n

g · π2 ·D5(4.15)

Powern = ηn · 1000 ·Qn · g · Znet,n (4.16)

Revenuen = Powern · Pricen (4.17)

onde:

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Znet,n: altura líquida no instante n [m];

Zwater,n: altura da água no reservatório no instante n [m];

Zcentral: altitude da planta hidrelétrica [m];

F : fator de fricção [−];

L: comprimento do tubo [m];

Qn: descarga no instante n [m3/s];

G: gravidade, 9,81 [m2/s];

D: diâmetro [m];

Powern: potência no instante n [Watt];

η: desempenho da turbina no instante n [%];

Revenuen: receita da turbina no instante n [euro/Kwh];

Pricen: Preço da energia no instante n [euro/Kwh].

Tabela 4.10: Dados emparelhados e parâmetros necessários para o objeto Hydropower.Nome Unidade Descrição

Q-η (dados emparelhados) m3/s - % Relação Descarga - Desempenho

Zplant Altitude da central hidrelétricaL m Comprimento do tuboD m Diâmetro do tuboK m Rugosidadeυ m2/s Viscosidade cinemáticaPreço padrão euro/Kwh Usado apenas se não houver dados no banco de dados

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Objeto Diversion

Este objeto (Figura 4.7) é usado para simular a separação de uxo com base em

uma relação de uxo entrada - uxo desviado. Pode ser usado como um objeto hidrológico,

mas é principalmente usado como uma função hidráulica. O objeto é representado pela

Equação 4.18 e na Tabela 4.11 apresentam-se os dados emparelhados necessários para o

objeto.

Qup,n = Qdown,n +Qdiverted,n (4.18)

onde:

Qup,n: uxo total a montante no instante n [m3/s];

Qdiverted,n: uxo desviado no instante n [m3/s];

Qdown,n: uxo a jusante no instante n [m3/s].

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Tabela 4.11: Dados emparelhados necessários para o objeto Diversion.Nome Unidade Descrição

Qup - Qdiverted (dados emparelhados) m3/s - m3/s Relação Fluxo de entrada - Fluxo desviado

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

Objeto Planner

Este objeto (Figura 4.7) possui um sistema gerenciador dentro do qual, várias

regras podem ser criadas. Todas as regras serão computadas, da primeira à última. Em

cada regra, é possível denir várias condições e também criar combinações entre elas com

operadores AND ou OR. A regra será aplicada se a condição combinada ou uma condição

individual for satisfeita.

Um exemplo típico do Planner é a implementação de uma lei de turbina-bomba

em função do nível da água no reservatório. Assim, algumas regras devem ser criadas com

diferentes condições relativas aos níveis do reservatório ou, em alguns casos, aos resultados

de outros objetos.

4.2.4 Objetos Padrão

Os objetos Padrão não possuem parâmetros ou dados emparelhados. Eles estão

vinculados a um banco de dados. A seguir são apresentados alguns desses objetos.

• Objeto Junction: Este objeto Junction (Figura 4.7) adiciona diferentes entradas

de uxo provenientes de rios ou de infraestruturas hidráulicas.

• Objeto Time Series: O objeto Time Series (Figura 4.7) fornece ao modelo dados

em forma de séries temporais (tempo em segundos). Dados de qualquer tipo (uxo,

temperatura, precipitação, potencial de evapotranspiração) podem ser transferidos

diretamente para outros objetos.

• Objeto Source: O objeto Source (Figura 4.7) permite carregar dados a partir de

um banco de dados ou dataset. Geralmente é usado para denir séries de tempo de

uxo para turbina ou para uma bomba e como uxo de referência para a calibração

com um objeto Comparator.

• Objeto Comparator : O objeto Comparator (Figura 4.7) é usado para comparar

os resultados de uma simulação com os dados de referência provenientes de outro

objeto, geralmente uma fonte (Source).

• Objeto Submodel : O objeto Submodel (Figura 4.7) permite salvar uma combi-

nação de objetos como um submodelo para ser integrado como tal em outro modelo.

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Objetos Base

Simbologia Nome

GR4J: Modelo determinístico-empírico que

representa as descargas médias diárias com cinco parâmetros e requer informação de precipitação e evapotranspiração média diária para gerar séries de fluxos.

SOCONT: Modelo determinístico-conceitual que

aglomera três modelos hidrológicos (GSM, GR3 e SWMM). Requer informação de entrada de temperatura e precipitação e utiliza catorze parâmetros de calibração para representar o escoamento superficial.

HBV: Modelo determinístico-conceitual que

estima o escoamento em uma bacia a partir de dados de precipitação, temperatura ou evapotranspiração diários. São usados um total de quinze parâmetros.

SAC-SMA: Modelo determinístico-conceitual

que requer informações de precipitação e evapotranspiração média diária para gerar descargas. O modelo requer dezessete parâmetros para sua calibração.

Virtual Station: Este objeto está associado às

coordenadas X, Y, Z e permite a distribuição espacial das variáveis meteorológicas tais como precipitação, temperatura e evapotranspiração a partir de medidas ou estimativas disponíveis de um banco de dados.

Objetos Rio

St-Venant: Modelo que simula o fluxo instável

do rio no canal utilizando as equações de St-Venant.

Muskingum-Cunge: Modelo que simula o

fluxo de um rio considerando uma aproximação de onda difusiva com a hipótese suplementar de um canal prismático.

Kinematic Wave: Modelo que considera

insignificantes os termos de inércia e pressão das equações do modelo de St-Venant.

Lag Time: Modelo de roteamento mais simples,

de atraso-tempo, onde os fluxos a montante e a jusante são atrasados por um tempo de atraso fixo (minutos).

Figura 4.6: Objetos Base e Rio.Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

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Objetos Infraestrutura

Simbologia Nome

Reservoir: O nível da água e a evolução do volume

de um reservatório são simulados a partir deste objeto, com base em uma relação nível-volume e um nível inicial do reservatório.

Level-Discharge Relation (HQ): Este objeto

HQ fornece uma descarga dependendo do nível do reservatório. A saída é calculada com a ajuda de uma relação de nível – descarga.

Turbine: Neste objeto, séries temporárias de fluxo

podem ser introduzidas diretamente para fornecer uma descarga em um reservatório. O tempo é incorporado em segundos e os valores associados em suas unidades correspondentes.

Hydropower: As entradas do objeto são o nível de

reservatório e a descarga. Também precisa da relação de dados emparelhados de descarga - desempenho para a turbina, a altitude da UHE, o comprimento, o diâmetro e a rugosidade do tubo, bem como a viscosidade cinemática do fluido.

Diversion: Este objeto é usado para simular a

separação de fluxo com base em uma relação de fluxo entrada - fluxo desviado. Pode ser usado como um objeto hidrológico, mas é principalmente usado como uma função hidráulica.

Planner: Este objeto possui um sistema

gerenciador dentro do qual, várias regras podem ser criadas. Todas as regras serão computadas, da primeira à última. Em cada regra, é possível definir várias condições e também criar combinações entre elas com operadores AND ou OR.

Objetos Padrão

Junction: Este objeto adiciona diferentes entradas

de fluxo provenientes de rios ou de infraestruturas hidráulicas.

Time Series: Este objeto fornece ao modelo dados

em forma de séries temporais (tempo em segundos). Dados de qualquer tipo (fluxo, temperatura, precipitação, potencial de evapotranspiração) podem ser transferidos diretamente para outros objetos.

Source: Este objeto permite carregar dados a partir

de um banco de dados ou dataset. Geralmente é usado para definir séries de tempo de fluxo para turbina ou para uma bomba e como fluxo de referência para a calibração com um objeto Comparator.

Comparator: Este objeto é usado para comparar

os resultados de uma simulação com os dados de referência provenientes do objeto Source.

Submodel: Este objeto permite salvar uma

combinação de objetos como um submodelo para ser integrado como tal em outro modelo.

Figura 4.7: Objetos Infraestrutura e Padrão.Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

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4.3 Módulo Expert

O RS MINERVE possui um módulo denominado Expert que foi implementado

para calibrar os parâmetros dos modelos hidrológicos. Este módulo utiliza três algoritmos

para resolver uma função objetivo denida pelo usuário. Estes algoritmos são: Shued

Complex Evolution - University of Arizona (SCE-UA), Adaptive Markov Chain Monte

Carlo (AMCMC) e Coupled Latin Hypercube and Rosenbrock (CLHR). A seguir, é apre-

sentado um detalhamento breve deles.

4.3.1 Algoritmos de calibração dos parâmetros dos modelos hidrológicos

O primeiro algoritmo, o SCE-UA, basea-se em uma síntese dos melhores re-

cursos de vários algoritmos existentes, incluindo o Algoritmo Genético (AG), e introduz

o conceito de troca de informações complexa, chamado Complex Shuing. O algoritmo

SCE-UA foi projetado para resolver problemas encontrados na calibração conceitual de

modelos de bacia hidrográca, mas também foi usado de forma satisfatória na gestão de

recursos hídricos.

O segundo algoritmo é uma variação do algoritmo AMCMC, usado para re-

solver problemas complexos em espaços dimensionais elevados. Esta modicação é feita

para ajustar o espaço da solução após um conjunto denido de simulações até a conver-

gência da otimização. As variações do método de Monte Carlo são geralmente usadas em

problemas hidrológicos para otimização de parametrização.

O terceiro e último algoritmo disponível no RS MINERVE é o CLHR que

une o algoritmo Latin Hypercube com o algoritmo Rosenbrock, gerando uma poderosa

ferramenta para otimização de problemas complexos. O algoritmo de Latin Hypercube

tem sido geralmente usado em hidrologia para amostragem do espaço de parâmetros

iniciais, combinado com outros métodos. O algoritmo Rosenbrock também foi usado para

otimização de parâmetros hidrológicos ou otimização de funções numéricas.

4.3.2 Função objetivo

Uma função objetivo exível foi desenvolvida para o módulo de calibração que

visa ser adaptado aos requisitos do usuário. Esta função objetivo usa indicadores que são

fornecidos pelo objeto Comparador e ponderados com valores denidos pelo usuário.

A função objetivo é denida mediante a Equação 4.19 e leva em consideração os

valores ideais de oito indicadores (Tabela 4.12). Assim, a função objetivo busca maximizar

primeiramente cinco indicadores (Nash, Nash-ln, Pearson, Kling-Gupta (KGE) e Bias

Score (BS)), pois seu valor ideal é igual ao valor máximo possível e, ao mesmo tempo,

minimizar o valor ou o valor absoluto para os últimos três indicadores (Relative Root Mean

Square Error (RRMSE), Relative Volume Bias (RVB) e Normalized Peak Error (NPE)),

pois seu valor ideal corresponde a zero.

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FO = max(Nash · w1 + Nash-ln · w2 + Pearson · w3 + KGE · w4 + BS · w5−

− RRMSE · w6 − |RVB · w7| − |NPE · w8|)(4.19)

Tabela 4.12: Intervalos e valores ideais utilizados na função objetivo.Indicador Peso Intervalos de valores Valor ideal

Nash w1 -∞ to 1 1Nash-ln w2 -∞ to 1 1Coeciente de Correlação de Pearson w3 -1 to 1 1Eciência de Kling-Gupta w4 -∞ to 1 1BS w5 0 to 1 1RRMSE w6 0 to +∞ 0RVB w7 -∞ to +∞ 0NPE w8 -∞ to +∞ 0

Fonte: HERNÁNDEZ et al. (2015).

• O indicador Nash é usado para avaliar o poder preditivo dos modelos hidrológicos

e varia de -∞ a 1, com 1 representando o melhor desempenho do modelo.

Nash = 1−∑tf

t=ti(Qsim,t−Qref,t)

2/∑tf

t=ti(Qref,t−Qref)

2 (4.20)

onde:

Qsim,t: descarga simulada no tempo t [m3/s];

Qref,t: descarga observada no tempo t [m3/s];

Qref : descarga observada média para o período considerado [m3/s].

• O indicador Nash-Sutclie, para valores de uxo logarítmico (Nash-ln), é usado para

avaliar o desempenho dos modelos hidrológicos para uxos baixos e varia de -∞ a

1, com 1 representando o melhor desempenho do modelo.

Nash = 1−∑tf

t=ti(ln(Qsim,t)−ln(Qref,t))

2/∑tf

t=ti(ln(Qref,t)−ln(Qref))

2 (4.21)

onde:

Qsim,t: descarga simulada no tempo t [m3/s];

Qref,t: descarga observada no tempo t [m3/s];

Qref : descarga observada média para o período considerado [m3/s].

• O indicador Pearson mostra a covariabilidade das descargas simuladas e observadas

e varia de -1 a 1, com 1 representando o melhor desempenho do modelo.

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Pearson =∑tf

t=ti(Qsim,t−Qsim)∗(Qref,t−Qref)/

√∑tft=ti

((Qsim,t−Qsim))2∗((Qref,t−Qref))2 (4.22)

onde:

Qsim,t: descarga simulada no tempo t [m3/s];

Qsim: descarga média simulada para o período considerado [m3/s];

Qref,t: descarga observada no tempo t [m3/s];

Qref : descarga observada média para o período considerado [m3/s].

• O indicador KGE facilita a análise global baseada em diferentes componentes como

correlação, tendência e variabilidade para problemas de modelagem hidrológica. Ele

varia de 0 a 1, com 1 representando o melhor desempenho.

KGE = 1−√

(r − 1)2 + (β − 1)2 + (γ − 1)2 (4.23)

onde:

r: coeciente de correlação entre os valores simulados e os valores de referência;

β: relação entre a média dos valores simulados e a média dos valores de referência;

γ: razão de variabilidade, isto é, relação entre o coeciente de variação dos valores

simulados e o coeciente de variação dos valores de referência.

• O indicador BS é um indicador usado como estimativa simétrica da combinação

entre a simulação média e observação média e varia de 0 a 1, com 1 representando

o melhor desempenho do modelo.

BS = 1− [max(Qsim,t/Qref,t; Qref/Qsim)− 1]2 (4.24)

onde:

Qsim,t: descarga simulada no tempo t [m3/s];

Qsim: descarga média simulada para o período considerado [m3/s];

Qref,t: descarga observada no tempo t [m3/s];

Qref : descarga observada média para o período considerado [m3/s].

• O indicador RRMSE é denido como o erro da raiz quadrática média relativa nor-

malizada para a média dos valores observados variando de 0 a +∞ e quanto menor

é o valor de RRMSE, melhor é o desempenho do modelo.

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RRMSE =√∑tf

t=ti(Qsim,t−Qref,t)

2/n/Qref (4.25)

onde:

Qsim,t: descarga simulada no tempo t [m3/s];

Qref,t: descarga observada no tempo t [m3/s];

Qref : descarga observada média para o período considerado [m3/s];

n: número de valores.

• O indicador RVB corresponde ao erro relativo entre os volumes simulado e observado

durante o período estudado. O indicador RVB varia de -1 a + ∞ onde um índice

próximo a zero indica um bom desempenho da simulação. Os valores negativos são

retornados quando a descarga simulada é, em média, menor do que a média da

descarga observada (modelo de décit), enquanto os valores positivos signicam o

oposto (modelo de superação).

RVB =∑tf

t=ti(Qsim,t−Qref,t)/

∑tft=ti

Qref,t (4.26)

onde:

Qsim,t: descarga simulada no tempo t [m3/s];

Qref,t: descarga observada no tempo t [m3/s].

• O indicador NPE indica o erro relativo entre os picos de uxo simulados e observados

e varia de -1 a +∞. Os valores negativos são retornados quando a descarga de pico

simulada está abaixo da observada, enquanto valores positivos signicam o oposto.

Os valores próximos de zero deste indicador, indicam um bom desempenho de picos

simulados em relação aos observados.

NPE = (Smax−Rmax)/Rmax (4.27)

onde:

Smax: descarga máxima simulada para o período estudado [m3/s];

Rmax: descarga máxima observada para o período estudado [m3/s].

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5 Objetos de estudo

Este capítulo apresenta os objetos de estudo deste trabalho e está dividido

em três seções. A Seção 5.1, apresenta uma breve caracterização da Bacia do Alto São

Francisco (BASF). Na Seção 5.2, as características da UHE Três Marias são detalhadas.

Por m, a Seção 5.3 trata a complementação hidro/solar na BASF.

5.1 Bacia do Alto São Francisco (BASF)

A BASF está localizada entre os paralelos 18 e 21 de latitude sul e os meri-

dianos 4330' e 4640' de longitude oeste na região central de Minas Gerais. Possui uma

área de aproximadamente 51.000 km2, abrangendo cerca de 106 municípios. O rio São

Francisco nasce na serra da Canastra no município de São Roque de Minas a 1.460 m

de altitude. Após percorrer 570 km, é barrado formando o reservatório de Três Marias.

Este reservatório formado pela barragem corresponde à área de drenagem do Alto São

Francisco, que compreende as nascentes dos rios São Francisco, Pará, Paraopeba, Indaiá,

Borrachudo e seus auentes até a barragem de Três Marias da CEMIG. O clima desta

região é tropical úmido sendo as estações chuvosas entre novembro e abril. A média anual

das precipitações varia entre 1.200 e 1.500 mm, a temperatura média anual é 18C e a

evaporação média anual é 2.300 mm.

5.2 UHE Três Marias

A UHE Três Marias possui seis UGs com uma potência total instalada de

396.000 kW. É o segundo maior reservatório da RHSF com um volume máximo operaci-

onal de 19.258 hm3, um volume útil de 15.278 hm3 e um volume mínimo de 4.250 hm3.

Na conguração normal de operação, a UHE Três Marias tem dois barramentos de 345

kV e 300 kV, respectivamente. Os barramentos de 345 kV e 300 kV pertencem à rede de

operação e têm a sua regulação de tensão controlada pelo Centro Regional de Operação

Sudeste (COSR-SE), com comando e execução pela operação da CEMIG. O barramento

de 345 kV é do tipo anel. O barramento de 300 kV é composto de três barras. A Barra

1 ou Barra de operação é dividida em três seções separadas por secionadoras que ope-

ram normalmente fechadas. A Barra T é a Barra transferência. A Barra 3 é uma Barra

auxiliar, dividida em duas seções separadas por secionadoras que operam normalmente

fechada.

O reservatório está localizado na cabeceira da RHSF e cumpre uma função

importante de regulação, permitindo que a água armazenada seja liberada em períodos

de seca para consumo e geração de energia elétrica nas UHEs instaladas no trecho à jusante

(Figura 3.3). Nesse sentido, para cumprir com estas demandas hídricas, a vazão deuente

mínima da UHE Três Marias, estabelecida atualmente pela ANA, varia entre 350 m3/s e

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500 m3/s. Atualmente, o volume deste reservatório está comprometido pela escassez de

chuva, afetando a geração de energia elétrica e a vazão deuente mínima estabelecida

pela ANA. Na Figura 5.1, apresenta-se a localização da BASF e da UHE Três Marias na

RHSF.

Baixo SF

Sub-médio SF

Médio SF

Alto SF (BASF)

UHE Três Marias

Figura 5.1: Localização da BASF e UHE Três Marias na RHSF.Fonte: ECOA (2003).

5.3 Complementariedade hidro/solar na BASF

Considerando a integração hidro/solar na UHE Três Marias, a Figura 5.2 mos-

tra o mapa da distribuição da insolação solar média diária anual em Minas Gerais e na

BASF. Este mapa mostra que esta grandeza sobre o estado de Minas Gerais varia de 4,5

a 6,5 kWh/m2. Os valores máximos ocorrem na região Norte de Minas Gerais e os mínimos

na região Sudeste.

Os mapas de insolação (horas de brilho solar) estão consistentemente correlaci-

onados com a precipitação. No inverno (junho a agosto), quando o índice de precipitação

é o menor do ano, os números de horas de brilho solar atinge os valores máximos entre 8,5

a 9,5 horas em uma vasta região da metade oriental do estado de Minas Gerais. De forma

inversa, para o período de novembro a janeiro ocorre um máximo anual de precipitação e,

portanto um mínimo de horas de brilho solar, entre 5,0 e 6,0 horas por dia (REIS, 2016).

Em estudos de localização de usinas solares de grande porte, as seguintes variá-

veis são ponderadas: recurso solar, disponibilidade de terrenos de forma não conituosa,

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proximidade de acessos para transporte de equipamentos de porte ou delicados e proximi-

dade de linhas de transmissão. De forma individual, o conhecimento do recurso solar é a

variável de maior peso nas incertezas associadas a um projeto de sistema energético solar.

Por m, a escolha do local para instalar um sistema ou um conjunto de sistemas solares,

mediante o uso de mapas solares, tem um caráter indicativo preliminar que ressalta o

potencial da região. Uma escolha denitiva necessitará de medidas detalhadas do recurso

no local para determinar seu valor e, principalmente, a sua variabilidade temporal (REIS,

2016).

Para sistemas fotovoltaicos planos, a insolação solar deve ser maior do que

2.000 kWh/m2/ano, ou seja, 5,5 kWh/m2/dia (valor médio diário anual). Verica-se que a metade

do estado de Minas Gerais, mais precisamente todo o lado ocidental, possui uma insolação

solar diária média anual entre 5,5 e 6,5 kWh/m2/dia (REIS, 2016).

Insolação Solar Média Diária Anual (kWh/m2/dia)

Bacia Alto São

Francisco

7

6

5

3

Montes Claros

Três Marias

UberlândiaGov. Valadares

Jequitinhonha

Januária

Belo Horizonte

Juiz de Fora

Pouso Alegre

UFV

Projetada

Figura 5.2: Insolação solar média diária anual de Minas Gerais e da BASF.Fonte: REIS (2016).

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6 Metodologia

Este capítulo trata da metodologia aplicada à pesquisa e está dividido em

quatro seções. Na Seção 6.1, detalha-se o modelo hidrológico/hidrelétrico desenvolvido

para avaliar a variação do volume do reservatório da UHE Três Marias. Na Seção 6.2, os

dados de entrada necessários para o modelo hidrológico/hidrelétrico e para a UFV a ser

projetada são denidos. Na Seção 6.3, as regiões hidrologicamente homogêneas da BASF

onde se aplica o modelo hidrológico/hidrelétrico são especicadas. Na seção 6.4, ilustra-se

o modelo hidrológico/hidrelétrico da BASF projetado na plataforma RS MINERVE.

6.1 Modelagem

Para avaliar o comportamento do volume do reservatório da UHE Três Marias,

emprega-se o modelo hidrológico/hidrelétrico mostrado na Figura 6.1. O modelo hidroló-

gico é aplicado na BASF e converte os dados de precipitação (mm/d) e evapotranspiração

(mm/d) em entrada de água (m3/s) para o modelo hidrelétrico. O modelo hidrelétrico re-

presenta a UHE Três Marias. A partir do nível inicial do reservatório (m) e dos valores

de descarga de água (m3/s), o modelo hidrelétrico calcula a produção de energia (MW) e

o volume de armazenamento (hm3).

Precipitação Evapotranspiração

Entrada de água

Nível inicial Descarga de água

Energia Elétrica Armazenamento

Modelo Hidrológico

Modelo Hidrelétrico

(1) (3) (4)

(1) (4) (5) (7)

(2)

(6)

(3) (2)

UHE

Três Marias

UFV Projetada

(8)

Insolação solar

Figura 6.1: Modelos hidrológico e hidrelétrico projetados no RS MINERVE.Fonte: Elaboração própria.

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No modelo hidrológico, a BASF consiste em quatro objetos, mostrados na

Figura 6.1. Seguindo da esquerda para direita, o primeiro objeto (Virtual Station), fornece

os dados de precipitação e evapotranspiração para o segundo objeto (Modelo HBV). O

terceiro objeto (Comparator) recebe o uxo de água simulado do segundo objeto (modelo

HBV) e a entrada de água registrada do quarto objeto (Source).

O modelo hidrelétrico baseia-se na Equação 2.2 e utiliza sete objetos como

pode-se observar na Figura 6.1. Da esquerda para direita, o primeiro objeto (Junction)

une o uxo de água de toda a BASF. A informação de água simulada é comparada

mediante o segundo objeto (Comparator) com a entrada de água registrada proveniente

do terceiro objeto (Source). Seguidamente, é enviada para o quarto objeto (Reservoir).

O quinto objeto (Turbine) descarrega água para o sétimo objeto (Junction) e envia as

informações de uxo para o quarto objeto (Reservoir) e para o sexto objeto (Hydropower).

Esses dois objetos, Reservoir e Hydropower, são responsáveis pelas saídas do modelo, o

nível de armazenamento e a produção de energia, respectivamente.

Tanto o modelo hidrológico quanto o hidrelétrico são projetados, calibrados,

validados e simulados no RS MINERVE. A partir dos resultados obtidos na simulação

do modelo hidrológico/hidrelétrico será dimensionada uma UFV. Esta UFV não forma

parte do modelo hidrológico/hidrelétrico e não esta inserida como objeto na plataforma

de simulação RS MINERVE.

6.2 Dados de entrada para o modelo hidrológico/hidrelétrico e

para a UFV projetada

De acordo com a Figura 6.1, os dados de entrada para o modelo hidrológico

são precipitação e evapotranspiração. Os dados de precipitação são fornecidos pela ANA

e estão disponíveis para 49 estações de medição, para o período de 1987 a 2016 com

discretização diária. As informações mais completas para tais precipitações são obtidas

de 1987 a 2005.

Os dados de evapotranspiração provêm do INMET pela base de dados do

BDMEP. Eles são apresentados para dez estações de medição, para o período de 1987

a 2016 discretizados mensalmente. O período em torno de 2002 corresponde ao melhor

conjunto de dados devido à quantidade de informações disponíveis para as dez estações.

Para avaliar o desempenho do modelo hidrológico, as entradas de água simu-

ladas são comparadas com as entradas de água registradas. Os dados de entrada de água

também são fornecidos pela ANA através do Hidroweb. Eles estão disponíveis para 21

estações de medição, novamente no período de 1987 a 2016 com discretização diária, com

dados consistentes de 1987 a 2005.

Os dados para o modelo hidrelétrico são o nível do reservatório, uxo de en-

trada de água/saída de água. Eles são fornecidos pela empresa de energia CEMIG, res-

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ponsável pela geração de energia em Três Marias. Os dados utilizados referem-se para os

últimos vinte anos de operação com discretização diária. As funções que descrevem as

características físicas da planta provêm do ONS.

Os dados de insolação solar para a UFV a ser projetada provêm também

do INMET, pela base de dados do BDMEP. Eles são apresentados para 11 estações

de medição, com discretização diária. Três estações cam mais próximas da UHE Três

Marias: Patos de Minas, Pompeu e Corvelo. Todas a estações possuem dados de insolação

solar compreendidos entre 1961 e 2016, sendo o mais completo os dados da Estação Patos

de Minas.

6.3 Regiões hidrologicamente homogêneas da BASF

Segundo EUCLYDES (2001), a BASF possui 33 sub-bacias com sus respectivos

cursos de água a montante da barragem de Três Marias. EUCLYDES (2001) apresenta

um estudo de regionalização da BASF, considerando as sub-bacias e as estações uviomé-

tricas e pluviométricas existentes na região. De acordo com este estudo, a BASF possui

três regiões hidrologicamente homogêneas. Esta classicação estabelece que cada uma

destas regiões têm as mesmas características hidrológicas em toda sua extensão. As três

regiões homogêneas identicadas neste estudo foram consideradas para o desenvolvimento

do modelo hidrológico para a BASF. Na Figura 6.2, observam-se as estações uviométri-

cas e pluviométricas utilizadas por EUCLYDES (2001) para o estudo de regionalização

da BASF. Na Figura 6.3, as regiões hidrologicamente homogêneas são apresentadas,

resultado do estudo de regionalização de EUCLYDES (2001), da BASF.

(a) (b)

Figura 6.2: Estações uviométricas (a) e pluviométricas (b) na BASF.Fonte: EUCLYDES (2001).

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Represa Três Marias

Rio ParaopebaRio ParáRio São Francisco

Figura 6.3: Regiões hidrologicamente homogêneas da BASF.Fonte: EUCLYDES (2001).

6.4 Modelo hidrológico/hidrelétrico completo da BASF no RS

MINERVE

Na Figura 6.4, mostra-se uma visão geral do modelo hidrológico/hidrelétrico

completo. Neste modelo a BASF está representada por três regiões hidrologicamente ho-

mogêneas: Região 1 - Rio Paraopeba, Região 2 - Rio Pará e Região 3 - Rio São Francisco.

Cada região é projetada utilizando quatro objetos (Fonte, Comparador, Modelo e Esta-

ção). Logo aparece o objeto Junção Três Marias que forma parte do modelo hidrelétrico

denido na Figura 6.1. Este objeto recebe o uxo de água proveniente das três regiões

para comparar (Comparador 4) com a entrada de água registrada (Fonte 4). Posterior-

mente, a informação é enviada para os demais objetos do modelo hidrelétrico (Figura 6.1

- parte superior direita) composto por quatro objetos (Reservatório, Turbina, Hidrelétrica

e Jusante) que recebem o uxo de água proveniente da Junção Três Marias para calcular

a produção de energia e o volume do reservatório.

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Região 3

Rio São Francisco

Região 2

Rio Pará

Região 1

Rio Paraopeba

Figura 6.4: Modelo hidrológico/hidrelétrico completo da BASF.Fonte: Elaboração própria.

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7 Resultados

Este capítulo apresenta os resultados do trabalho e está dividido em três seções.

Na Seção 7.1, os resultados da calibração e validação do modelo hidrológico/hidrelétrico

são descritos. Na Seção 7.2, dois cenários de estudos, sem variação climática e com

variação climática, são avaliados para analisar o comportamento do volume do reservatório

da UHE Três Marias mediante a integração hidro/solar. Na Seção 7.3, a síntese dos

cenários estudados para realizar a integração hidro/solar é apresentada.

7.1 Calibração e validação do modelo hidrológico/hidrelétrico

Para o processo de calibração e validação do modelo hidrológico/hidrelétrico,

considera-se a disponibilidade e a qualidade dos dados. Nesse sentido, o modelo é calibrado

para o período de 1999 a 2002 e validado em 2003. Este processo de calibração e validação,

realiza-se mediante o auxílio dos objetos Comparador do modelo, de acordo com a Figura

6.4. O modelo hidrológico/hidrelétrico é calibrado e validado utilizando o algoritmo de

otimização SCE-UA. Este algoritmo resolve a função objetivo, a partir de oito indicadores,

detalhados na Equação 4.19. Segundo o manual técnico do RS MINERVE, o número

máximo de iterações para este algoritmo é de 10.000. Para a calibração e validação do

modelo hidrológico/hidrelétrico considera-se um número de 7.000 iterações.

Para examinar o desempenho do modelo, são avaliados todos os objetos Com-

parador, considerando os oito indicadores previamente detalhados na Tabela 4.12. Para

os cinco primeiros indicadores (Nash, Nash-ln, Pearson, Kling-Gupta e BS), valores mais

próximos de 1 indicam melhor desempenho do modelo. Para os últimos três indicadores

(RRMSE, RVB e NPE), valores próximos de 0 indicam um bom desempenho.

Nas Tabelas 7.1, 7.2, 7.3 e 7.4, são detalhados os valores dos indicadores para

cada objeto Comparador após o processo de calibração e validação. Da mesma maneira,

nas Figuras 7.1 e 7.2, apresentam-se as comparações entre as descargas registradas (QRe-

ference) e as descargas simuladas (QSimulation) nas regiões hidrologicamente homogêneas

e no reservatório de Três Marias ao nalizar o processo de calibração e validação. Por

tanto, as Tabelas 7.1, 7.2, 7.3 e 7.4 apresentam as divergências entre as variáveis regis-

tradas e simuladas numericamente; ao passo que as Figuras 7.1 e 7.2 apresentam estas

divergências gracamente.

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90

Tabela 7.1: Indicadores de desempenho após o processo de calibração e validação. Com-parador 1 - Região Rio Pará.

Nro. Indicador Valor de Calibração Valor de Validação

1 Nash 0,722667 0,841272 Nash-ln 0,74435 0,917533 Pearson 0,85994 0,91944 Kling-Gupta 0,85413 0,850835 BS 0,99986 0,99966 RRMSE 0,46549 0,435297 RVB 0,01188 -0,019558 NPE -0,00383 0,00001

Tabela 7.2: Indicadores de desempenho após o processo de calibração e validação. Com-parador 2 - Região Rio Paraopeba.

Nro. Indicador Valor de Calibração Valor de Validação

1 Nash 0,82646 0,795972 Nash-ln 0,84731 0,923463 Pearson 0,9118 0,896464 Kling-Gupta 0,90657 0,895375 BS 0,99901 16 RRMSE 0,39141 0,478897 RVB -0,03046 -0,000988 NPE 0,00237 0,00004

Tabela 7.3: Indicadores de desempenho após o processo de calibração e validação. Com-parador 3 - Região Rio São Francisco.

Nro. Indicador Valor de Calibração Valor de Validação

1 Nash 0,85874 0,730242 Nash-ln 0,84633 0,800413 Pearson 0,92784 0,92074 Kling-Gupta 0,92504 0,728985 BS 0,99993 0,914156 RRMSE 0,34244 0,490897 RVB -0,00805 -0,22668 NPE -0,0346 -0,20648

Tabela 7.4: Indicadores de desempenho após o processo de calibração e validação. Com-parador 4 - Reservatório Três Marias.

Nro. Indicador Valor de Calibração Valor de Validação

1 Nash 0,83443 0,946322 Nash-ln 0,79125 0,959113 Pearson 0,93311 0,973174 Kling-Gupta 0,7118 0,973165 BS 0,96087 16 RRMSE 0,42706 0,225987 RVB 0,19781 -0,000158 NPE -0,06439 -0,14595

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Comparador 1 – Região Rio Pará

Comparador 2 – Região Rio Paraopeba

1999 2000 2001 2002 2003

500

2003 2004

600

400

200

1999 2000 2001 2002 2003

2003 2004

600

400

200

600

400

200

QRegistrada

QSimulada

QRegistrada

QSimulada

QRegistrada

QSimulada

QRegistrada

QSimulada

Q[m

3/s]

Q[m

3/s]

Q[m

3/s]

Q[m

3/s]

Calibração

Validação

Calibração

Validação

Figura 7.1: Comparação QRegistrada/QSimulada após processo de calibração e validação- Região Rio Pará e Rio Paraopeba.

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Comparador 3 – Região Rio São Francisco

Comparador 4 – Três Marias

1999 2000 2001 2002 2003

20042003

1999 2000 2001 2002 2003

20042003

Q[m

3/s]

500

500

Q[m

3/s]

2000

Q[m

3/s]

3000

2000

1000

Q[m

3/s]

QRegistrada

QSimulada

QRegistrada

QSimulada

QRegistrada

QSimulada

QRegistrada

QSimulada

Calibração

Validação

Calibração

Validação

Figura 7.2: Comparação QRegistrada/QSimulada após processo de calibração e validação- Região Rio São Francisco e Reservatório Três Marias.

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As três regiões apresentam bons resultados após o processo de calibração e

validação. Para exemplicar, na Tabela 7.4, os valores dos indicadores de desempenho

no nal da BASF ou seja, no Comparador 4 perto do reservatório de Três Marias, são

detalhados. A partir da Tabela 7.4, é possível concluir que, para os uxos altos e baixos

(indicadores 1 e 2), os resultados da validação são melhores que os resultados da calibração.

Da mesma maneira, na Figura 7.2, observa-se que as descargas registradas e as

simuladas apresentam comportamentos similares no Comparador 4. A descarga simulada

apresenta-se, em média, acima da descarga registrada para os resultados da calibração

e abaixo da descarga registrada para os resultados da validação. A descarga de pico

simulada apresenta-se, em média, abaixo da descarga de pico registrada para os resultados

da calibração e validação.

7.2 Cenários de estudo

Nesta seção são avaliados dois cenários de estudo para analisar a integração

hidro/solar na BASF. No primeiro cenário, denominado de "Sem variação climática", o

modelo hidrológico/hidrelétrico é usado para simular o comportamento do volume do re-

servatório e a produção de energia hidrelétrica da UHE Três Marias, alterando a vazão

turbinada. Os dados de chuva e evapotranspiração não são alterados. No segundo cenário,

denominado de "Com variação climática", o modelo hidrológico/hidrelétrico é usado para

simular o comportamento do volume do reservatório e a produção de energia hidrelétrica

da UHE Três Marias, alterando os dados de chuva e evapotranspiração. Este segundo

cenário considera dois casos: Caso 1, diminuindo 10% a precipitação e aumentando 7%

a evapotranspiração e Caso 2, diminuindo 20% a precipitação e aumentando 7% a eva-

potranspiração. Os cenários estudados consideram uma cota inicial do reservatório de

558,31 m, inserido como parâmetro inicial do objeto Reservatório do modelo hidrelétrico.

Também, o objeto Turbina está planejado para arrancar e parar as unidades de geração

com um valor de cota do reservatório de 550,1 m e 549,2 m, respectivamente. As altera-

ções de chuva e evapotranspiração são realizadas nos objetos Virtual Station. Nos objetos

HBV são alteradas as condições iniciais do modelo hidrológico/hidrelétrico. Os pesos dos

indicadores da função objetivo são denidos no módulo Expert do RS MINERVE. Para

os dois cenários, considera-se a função de produção hidrelétrica denida pela Equação

2.2. Na Figura 7.3, apresenta-se as características e considerações dos cenários de estudo

avaliados.

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Sem Variação

Climática

Com Variação

ClimáticaCaso 1: 10% (P); 7% (E)

Caso 2: 20% (P); 7% (E)

Cenários; Casos Características

Vazão Turbinada (VT)

Precipitação (P)

Evapotranspiração (E)

Volume Máximo

Operacional

UHE Três Marias

Vazão Defluente

Mínima

UHE Três Marias

Meta Diária

de Operação

UHE Três Marias

Considerações

X X

Figura 7.3: Características e considerações dos cenários de estudo avaliados.

7.2.1 Cenário: Sem variação climática

Neste cenário, analisa-se a complementação hidro/solar a partir da diminuição

da vazão turbinada da UHE Três Marias, visando representar um caso de baixo nível

do reservatório. A diminuição da vazão turbinada leva a uma redução da produção hi-

drelétrica e a um aumento do volume do reservatório. Para este caso são consideradas

três restrições para realizar a simulação: o volume máximo operacional, a vazão deuente

mínima e a meta diária (demanda). Para a UHE Três Marias, o volume máximo ope-

racional está xado em 19.528 hm3 e a vazão deuente mínima em 350 m3/s. Para este

trabalho considera-se um limite inferior para a vazão deuente mínima de 300 m3/s já que

atualmente a vazão deuente mínima da UHE Três Marias encontra-se abaixo desse valor

e para que as simulações sejam condizentes com a realidade.

A variação da vazão turbinada é feita na database do modelo hidrelétrico, con-

siderando as restrições acima mencionadas. Para a simulação são contempladas reduções

de 10% a 70% da vazão turbinada. Na Figura 7.4, apresenta-se o comportamento do

volume do reservatório de Três Marias após a simulação com diminuições de 10% a 70%

da vazão turbinada. Neste gráco, também ressalta-se o volume máximo operacional da

UHE Três Marias (19.528 hm3).

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95

19528

Figura 7.4: Trajetórias do comportamento do volume do reservatório de Três Mariasvariando a vazão turbinada.

Os resultados indicam que, diminuindo 70% da vazão turbinada, o volume do

reservatório de Três Marias aproxima-se ao valor do volume máximo operacional. Ao

mesmo tempo, também deve ser analisada a vazão deuente para esta situação. A va-

zão deuente é avaliada realizando diminuições de 10% a 60% da vazão turbinada. Na

Figura 7.5, apresenta-se o comportamento da vazão deuente da UHE Três Marias após

a simulação com diminuições de 10% a 60% da vazão turbinada. Neste gráco, também

ressalta-se a vazão deuente mínima da UHE Três Marias adotada para este trabalho (300m3/s).

Figura 7.5: Trajetórias do comportamento da vazão deuente do reservatório de TrêsMarias variando a vazão turbinada.

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96

Como pode ser observado na Figura 7.5, para uma diminuição acima de 60% da

vazão turbinada, a vazão deuente encontra-se abaixo da vazão deuente mínima permi-

tida. Por outro lado, diminuindo 10% da vazão turbinada, a vazão deuente, encontra-se

no limite da vazão deuente mínima permitida. Desta maneira, a variação escolhida para

o primeiro cenário é a diminuição de 10% da vazão turbinada.

Para realizar a complementação hidro/solar, também deve ser cumprida a

meta diária de produção de energia hidrelétrica da UHE Três Marias. A meta diária está

determinada pela geração hidrelétrica registrada da UHE Três Marias para o período de

2003. A capacidade instalada da UFV projetada dependerá de quanta produção hidrelé-

trica a UFV deverá suprir considerando a diminuição de 10% da vazão turbinada da UHE

Três Marias. Os estudos de caso apresentam a perspectiva de instalação de uma UFV

interconectada ao barramento da UHE Três Marias. Assim, na operação em tempo real

as máquinas do barramento compensariam a UFV e vice-versa. Nas Tabelas 7.5 e 7.6,

apresentam-se as características dos painéis solares que operariam na UFV projetada.

Tabela 7.5: Módulo Solar Cristalino Bosh c-Si M 60.Módulo Valor

Classe de potência 240 WpEstrutura Laminado de vidro-películaCélulas 60 células solares monocristalinas (156 mm x 156 mm)Área total 1,6434 m2

Desempenho 14,6 %

Fonte: VILLALVA (2016).

Tabela 7.6: Características elétricas do módulo Bosh c-Si M 60.Designação Pmpp [Wp] Vmpp [V] Impp [A] Voc [V] Isc [A]

240 (STC) 240 30,00 8,10 37,40 8,60240 (NOCT) 173 26,98 - 34 6,84

Fonte: VILLALVA (2016).

Como mencionado anteriormente, a meta diária está denida pela produção

hidrelétrica registrada sem variação da vazão turbinada. Na Figura 7.6, apresenta-se a

meta diária de produção (geração registrada) da UHE Três Marias, a produção hidrelé-

trica (geração simulada) da UHE Três Marias diminuindo 10% da vazão turbinada e o

suprimento solar para o período de 2003.

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97

SUPRIMENTO SOLAR

310

300

Produção hidrelétrica simulada diminuindo 10% vazão turbinada Meta diária

Potê

ncia

(M

W)

Figura 7.6: Suprimento solar da UFV projetada.

Para estimar o suprimento solar, necessário para denir a capacidade instalada

da UFV projetada, consideram-se os dias com maior e menor aproveitamento solar nos

meses do ano 2003. Esta consideração é feita para estimar quanta produção de energia

hidrelétrica será suprida pela UFV projetada no período de maior e menor aproveita-

mento solar. Os dias com maior e menor aproveitamento solar são denidos pela duração

da insolação solar em horas. Isto é, maior e menor duração em horas, maior e menor

aproveitamento solar. Os dados de insolação solar em horas provém da Estacão Pato de

Minas. Segundo REIS (2016), para o estado de Minas Gerais, os números de horas de

insolação solar variam entre 8,5 a 9,5 horas no período seco (junho a agosto) e de 5,0 e 6,0

horas por dia para o período chuvoso (novembro a janeiro). Deve-se contemplar o valor

da insolação referente ao pior período do ano para garantir o abastecimento de energia

elétrica (VILLALVA, 2016). Neste sentido, para este cenário, escolhe-se o período chuvoso

com uma referência para a insolação de 5 horas, sendo os dias com menor aproveitamento

solar menores a 5 horas e os dias com maior aproveitamento solar maiores ou iguais a 5

horas. Desta maneira, evita-se falhas do sistema fotovoltaico por falta de energia no pe-

ríodo chuvoso e excesso de energia no período seco, que torna o sistema caro (VILLALVA,

2016).

Uma análise dos dados consistidos de insolação solar da Estação Pato de Minas

é feita, separando os dias com maior e menor aproveitamento solar para todos os meses

do ano 2003. Uma vez classicados todos os dias, determinam-se a meta mensal média

registrada e a produção mensal média simulada hidrelétrica com a vazão turbinada dimi-

nuída em 10%, da UHE Três Marias. A diferença entre estas duas variáveis resultará no

suprimento solar para cumprir com a meta mensal de produção de energia hidrelétrica.

Nas Tabelas 7.7 e 7.8, detalham-se os dias com maior e menor aproveitamento solar, a

meta mensal de produção, a produção hidrelétrica diminuindo 10% da vazão turbinada e

o suprimento solar.

As Tabelas 7.7 e 7.8 indicam que para os dias com maior e menor aproveita-

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Tabela 7.7: Suprimento solar mensal da UFV projetada para os dias com maior apro-veitamento solar, considerando 10% da vazão turbinada da UHE Três Marias.

Mês Dias Meta Mensal [MW] Produção Hidrelétrica [MW] Suprimento Solar [MW]

Janeiro 10 257,96 245,33 12,33Fevereiro 24 269,20 256,48 12,72Março 15 246,42 234,87 11,55Abril 22 222,92 212,83 10,09Maio 28 208,17 198,81 9,36Junho 30 215,94 206,86 9,08Julho 29 198,45 190,29 8,16Agosto 27 210,18 202,18 8,00Setembro 22 200,95 193,86 7,09Outubro 19 199,17 194,22 4,95Novembro 14 173,51 170,12 3,39Dezembro 19 173,18 170,65 2,53

Tabela 7.8: Suprimento solar mensal da UFV projetada para os dias com menor apro-veitamento solar, considerando 10% da vazão turbinada da UHE Três Marias.

Mês Dias Meta Mensal [MW] Produção Hidrelétrica [MW] Suprimento Solar [MW]

Janeiro 21 257,04 244,43 12,61Fevereiro 4 235,05 223,87 11,18Março 16 268,33 256,07 12,26Abril 8 219,31 209,30 10,01Maio 3 208,76 199,40 9,36Junho 0 0 0 0Julho 2 202,49 194,35 8,14Agosto 4 205,73 197,92 7,81Setembro 8 192,51 185,62 6,89Outubro 12 200,42 195,70 4,72Novembro 16 174,59 171,35 3,34Dezembro 12 169,37 166,68 2,69

mento solar, a UFV projetada deve ser capaz de produzir um valor máximo de 12,72 MW

e 12,61 MW, respectivamente. Para as duas situações, o período compreendido entre ja-

neiro e setembro precisa de maior suprimento solar. Para os meses de outubro a dezembro

acontece o contrário. Para dimensionar a capacidade instalada da UFV projetada, deve

ser considerado o máximo valor para suprir a meta mensal da UHE Três Marias que, neste

caso, corresponde a 12,72 MW.

Com o auxílio da UFV projetada, consegue-se cumprir a meta de produção e

aumentar o volume do reservatório com ajuda da UFV projetada. Nas Tabelas 7.9 e 7.10,

são detalhados os volumes de água acumulados no reservatório para os dias com maior e

menor aproveitamento solar no nal de cada mês do 2003.

Nas Tabelas 7.9 e 7.10, observa-se que para os dias com maior e menor aprovei-

tamento solar, registra-se um aumento de volume no nal de cada mês. Na Tabela 7.11,

detalha-se o aumento de volume médio mensal no nal de cada mês, considerando todos

os dias do ano. De acordo com os resultados obtidos neste primeiro cenário, consegue-se

acumular o volume do reservatório entre um valor mínimo médio mensal de 88,48 hm3

(janeiro) e um valor máximo médio mensal de 1655,72 hm3 (dezembro). A capacidade

instalada da UFV projetada seria de 12,72 MW (Tabela 7.7) para cumprir com a meta

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99

Tabela 7.9: Volume nal mensal de água acumulada no reservatório da UHE Três Marias,considerando os dias com maior aproveitamento solar.

Mês Volume Final [hm3] Volume Inicial [hm3] Volume Acumulado (∆V ) [hm3]

Janeiro 9874,38 9820,15 53,85Fevereiro 11589,90 11461,49 128,41Março 12601,54 12393,45 208,09Abril 13440,32 13149,33 290,99Maio 13555,92 132002,27 353,65Junho 13226,31 12805,04 421,27Julho 12645,70 12159,81 485,89Agosto 11831,98 11274,81 557,17Setembro 10952,19 10327,31 624,88Outubro 10014,08 9323,42 690,66Novembro 9073,10 8314,30 758,80Dezembro 8792,53 7959,24 833,29

Tabela 7.10: Volume de água nal mensal acumulada no reservatório da UHE Três Marias,considerando os dias com menor aproveitamento solar.

Mês Volume Final [hm3] Volume Inicial [hm3] Volume Acumulado (∆V ) [hm3]

Janeiro 9510,63 9471,15 39,48Fevereiro 11715,69 11576,40 139,29Março 12594,46 12381,36 213,10Abril 13388,81 13108,27 280,54Maio 13527,79 13165,38 362,41Junho 0 0 0Julho 12351,15 11836,50 514,65Agosto 11921,47 11371,19 550,28Setembro 10941,12 10315,48 625,64Outubro 9796,25 9090,94 705,31Novembro 8983,22 8217,03 766,19Dezembro 8720,78 7901,51 819,27

Tabela 7.11: Volume de água nal mensal acumulada (∆V ) média mensal no reservatórioda UHE Três Marias, considerando todos os dias do ano.

Mês Volume Final [hm3] Volume Inicial [hm3] Volume Acumulado (∆V ) [hm3]

Janeiro 9672,21 9583,73 88,48Fevereiro 11737,84 11477,90 259,93Março 12808,56 12387,21 421,35Abril 13714,78 13138,38 576,40Maio 13909,50 13202,67 706,83Junho 13654,22 12813,90 840,32Julho 13114,44 12138,95 975,49Agosto 12399,81 11287,25 1112,56Setembro 11574,33 10324,15 1250,18Outubro 10626,10 9233,43 1392,67Novembro 9787,91 8262,42 1525,49Dezembro 9592,62 7936,90 1655,72

diária de produção de energia hidrelétrica. Em termos de potência instalada, o porte

desse sistema fotovoltaico equivale a 3,21% da potência instalada nominal da UHE Três

Marias.

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100

7.2.2 Cenário: Com variação climática

Neste cenário, busca-se avaliar o comportamento do reservatório de Três Ma-

rias, considerando as projeções climáticas. Algumas publicações sobre projeções para

variações de precipitação e temperatura na RHSF e na BASF foram analisadas.

SHAEFFER et al. (2008) investigam as possíveis vulnerabilidades do setor

energético brasileiro para dezesseis UHEs no período de 2071 - 2100. As projeções climá-

ticas são baseadas a partir de Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). De

acordo com os resultados, existe uma probabilidade de queda de 8,6% para 10% no uxo

anual médio, com impacto mais intenso na RHSF.

SILVEIRA et al. (2014) realizam projeções de uxos para treze UHEs, usando

modelos de IPCC-AR4 para precipitações. As projeções de uxo médio anual para o

período de 2010 - 2099 foram comparados com o período de 1931 - 1999. Os modelos

mostram que, para SE e CO, existe uma probabilidade de aumento de 5% de uxo de

água em cada trinta anos.

SILVEIRA et al. (2016) analisam as projeções de precipitação e temperatura

para RHSF, utilizando dezessete modelos de IPCC-ARS. Cerca de 28% dos modelos

não representam adequadamente a variações de precipitação. Os modelos são avaliados

para o período de 1961 - 2000. Todos os modelos apresentam tendências positivas para

a temperatura. Apesar da divergência, os modelos apresentam anomalias entre -20% e

+20% para precipitação em cada trinta anos.

De acordo com as publicações consultadas, as previsões para a precipitação

para a RHSF e na BASF considera uma variação de -20% a +20%. As previsões para a

temperatura indicam um aumento até 7C. Como mencionado no Capítulo 3, a RHSF

vem sofrendo os embates de uma seca com diminuição da precipitação em toda sua ex-

tensão. Neste sentido, para ressaltar este cenário de estudo, as projeções de precipitação

escolhidas são de -20% e -10%, respectivamente. Da mesma maneira, que corresponde a

um aumento de 7% na taxa de evapotranspiração. Assim, para uma análise mais deta-

lhada, este segundo cenário foi dividido em dois casos de estudo. O primeiro caso (Caso 1)

considera uma diminuição de 10% da precipitação e um aumento de 7% na taxa de evapo-

transpiração. O segundo caso (Caso 2) considera uma diminuição de 20% da precipitação

e um aumento de 7% na taxa de evapotranspiração. O valor de evapotranspiração para

o aumento de temperatura escolhido de 1C foi calculado pelo método de Thornthwaite

(THORNTHWAITE, 1948). Estas escolhas são feitas para que os resultados da simulação

do modelo hidrológico/hidrelétrico sejam condizentes com a realidade atual da RHSF. As

alterações dos dados de precipitação e evapotranspiração são feitas nos objetos Estação

do modelo hidrológico (Figura 6.4).

Neste segundo cenário, o suprimento solar será calculado para cumprir com

a meta mensal de produção de energia hidrelétrica da UHE Três Marias. A partir do

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101

suprimento solar, quantica-se o volume nal de água no reservatório, necessário para

cumprir com a meta mensal de produção de energia hidrelétrica. Também leva-se em

consideração, os dias com maior e menor aproveitamento solar para o dimensionamento

da capacidade instalada da UFV projetada. Nas Tabelas 7.12 ,7.13, 7.14 e 7.15, detalham-

se o suprimento solar para as projeções de -10% e -20% para a precipitação com aumento

de 7% de evapotranspiração.

Tabela 7.12: Suprimento solar mensal da UFV projetada, para os dias com maior apro-veitamento solar, considerando uma diminuição de 10% da precipitação e um aumento de7% de evapotranspiração.

Mês Meta Mensal [MW] Produção Hidrelétrica [MW] Suprimento Solar [MW]

Janeiro 256,64 255,42 1,22Fevereiro 269,20 265,58 3,61Março 246,42 240,93 5,50Abril 222,92 215,82 7,09Maio 208,10 200,37 7,73Junho 215,94 207,07 8,88Julho 198,45 189,68 8,77Agosto 210,18 198,79 11,39Setembro 200,95 186,03 14,92Outubro 199,17 182,04 17,14Novembro 173,46 157,15 16,31Dezembro 173,18 154,46 18,71

Tabela 7.13: Suprimento solar mensal da UFV projetada, para os dias com menoraproveitamento solar, considerando uma diminuição de 10% da precipitação e um aumentode 7% de evapotranspiração.

Mês Meta Mensal [MW] Produção Hidrelétrica [MW] Suprimento Solar [MW]

Janeiro 257,04 256,16 0,87Fevereiro 235,05 231,73 3,32Março 266,58 260,70 5,88Abril 219,31 212,53 6,78Maio 208,76 200,91 7,85Junho 0 0 0Julho 202,49 193,27 9,22Agosto 205,73 195,06 10,67Setembro 192,51 178,28 14,23Outubro 200,42 182,90 17,52Novembro 174,59 158,03 16,56Dezembro 169,54 151,85 17,69

Com relação ao volume do reservatório, ao nalizar a simulação do modelo

hidrológico/hidrelétrico, registra-se uma diminuição do volume para ambos os casos estu-

dados. Isto pode ser observado na Tabela 7.16 que compara os volumes do reservatório.

A produção de energia hidrelétrica diminui porque a cota de montante Cx do

reservatório também diminui (Figura 2.2 e Equação 2.2) por causa das projeções climáti-

cas supostas. Portanto, a diminuição de precipitação e o aumento de evapotranspiração

afetam o volume do reservatório, diminuindo a cota de montante e a produção hidrelé-

trica. Isto por sua vez, provoca um aumento no suprimento solar para cumprir a meta

mensal da UHE Três Marias. Um aumento no suprimento solar implica em um aumento

na capacidade instalada da UFV projetada.

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102

Tabela 7.14: Suprimento solar mensal da UFV projetada, para os dias com maior apro-veitamento solar, considerando uma diminuição de 20% da precipitação e um aumento de7% de evapotranspiração.

Mês Meta Mensal [MW] Produção Hidrelétrica [MW] Suprimento Solar [MW]

Janeiro 257,96 255,65 2,31Fevereiro 269,20 262,57 6,63Março 246,42 263,57 9,85Abril 222,92 210,41 12,51Maio 208,17 194,64 13,53Junho 215,94 200,31 15,64Julho 198,45 181,14 17,31Agosto 210,18 187,24 22,94Setembro 200,95 174,29 26,66Outubro 199,17 169,65 29,52Novembro 173,51 145,53 27,98Dezembro 173,18 141,51 31,67

Tabela 7.15: Suprimento solar mensal da UFV projetada, para os dias com menoraproveitamento solar, considerando uma diminuição de 20% da precipitação e um aumentode 7% de evapotranspiração.

Mês Meta Mensal [MW] Produção Hidrelétrica [MW] Suprimento Solar [MW]

Janeiro 256,88 255,22 1,66Fevereiro 235,05 228,96 6,09Março 268,33 257,74 10,59Abril 218,68 206,69 11,99Maio 208,76 195,01 13,75Junho 0 0 0Julho 202,49 183,16 19,33Agosto 205,73 183,82 21,91Setembro 192,51 167,04 25,47Outubro 200,42 170,26 30,16Novembro 174,23 145,81 28,42Dezembro 169,37 139,36 30,01

Tabela 7.16: Comparação do volume do reservatório da UHE Três Marias, sem variaçãoclimática, com os volumes nais do reservatório com diminuição de 10% (Volume A) e20% (Volume B) da precipitação e aumento de 7% de evapotranspiração.

Mês Volume Inicial [hm3] Volume A [hm3] Volume B [hm3]

Janeiro 9583,73 9474,43 9380,31Fevereiro 11477,90 10984,88 10573,66Março 12387,21 11565,52 10913,75Abril 13138,38 11941,35 11027,49Maio 13198,70 11796,50 10741,72Junho 12805,04 11271,18 10127,17Julho 12138,95 10517,34 9312,58Agosto 11287,25 9589,73 8334,08Setembro 10324,15 8550,89 7254,21Outubro 9233,43 7390,69 6060,46Novembro 8262,42 6348,79 4975,20Dezembro 7936,90 5806,50 4479,02

De acordo com a Tabela 7.16, os volumes A e B são volumes nais mensais

no reservatório sem o auxílio da UFV projetada. Isto quer dizer que para cumprir com

a meta mensal da UHE Três Marias, o volume do reservatório deve ser diminuído. Esta

situação não é a apropriada já que o objetivo desta pesquisa é aumentar o volume do

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103

reservatório e não diminui-lo. Neste sentido é feito um cálculo de relações para saber

quanto seria o volume de água e a vazão turbinada necessários para cumprir com a meta

de produção de energia hidrelétrica mensal, sem a integração hidro/solar. São calculadas

duas relações: a relação R1 = Volume Reservatório (VR)/Produção Hidrelétrica (PH) e

a relação R2 = Vazão Turbinada (VT)/Produção Hidrelétrica (PH), a partir dos dados

registrados da UHE Três Marias. As relações foram calculadas a partir de equações

provenientes de grácos de dispersão, analisando a correlação entre as variáveis. Na

Figura 7.7, apresentam-se as relações entre as variáveis, bem como as linhas ajustadas

a esses valores pelo método de mínimos quadrados. Para a relação R1, o coeciente de

Pearson (r = 0,3601) apresenta uma relação positiva moderada. Para a relação R2, o

coeciente de Pearson (r = 0,9383) apresenta uma relação positiva grande. Os valores das

relações R1 e R2 para todos os meses são apresentados na Tabela 7.17.

PH = 0,0072 * VR + 135,12r = 0,3601

100

150

200

250

300

350

7000 8000 9000 10000 11000 12000 13000 14000

Pro

du

ção

UH

E (PH

) (M

W)

Volume Reservatório (VR) (hm3)

PH = 0,418 * VT - 14,218r = 0,9383

0

50

100

150

200

250

300

350

300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800

Pro

du

ção U

HE

(PH

) (M

W)

Vazão Turbinada (VT) (m3/s)

Figura 7.7: Grácos de correlação e coecientes de Pearson para as relações R1 e R2.

A partir das relações da Tabela 7.17, são calculados o volume de água no reser-

vatório e a vazão a ser turbinada, necessários para cumprir a meta mensal da UHE Três

Marias. Se for feita a integração hidro/solar, o volume de água calculado corresponderia

ao volume nal de água acumulado no reservatório. A vazão calculada corresponderia

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104

Tabela 7.17: Relação (R1) = Volume Reservatório (VR)/Produção Hidrelétrica (PH) eRelação (R2) = Vazão Turbinada (VT)/Produção Hidrelétrica (PH).

Mês Relação R1 = VR/PH Relação R2 = VT/PH

Janeiro 46,91 2,52Fevereiro 52,70 2,52Março 55,21 2,54Abril 57,19 2,56Maio 57,35 2,57Junho 56,33 2,56Julho 54,55 2,57Agosto 52,15 2,56Setembro 49,28 2,56Outubro 45,79 2,56Novembro 42,45 2,57Dezembro 41,28 2,57

à vazão que deveria ser turbinada para cumprir com a meta mensal. Os resultados são

apresentados nas Tabelas 7.18, 7.19, 7.20, 7.21, 7.22 e 7.23.

De acordo com os resultados obtidos neste segundo cenário, para uma dimi-

nuição de 10% na precipitação e um aumento de 7% na evapotranspiração na BASF,

consegue-se aumentar o volume do reservatório entre um valor mínimo de 37,04 hm3 (ja-

neiro) e um valor máximo de 846,94 hm3 (dezembro) (Ver Tabela 7.20). A capacidade

instalada da UFV projetada seria de 18,71 MW. Para uma diminuição de 20% na pre-

cipitação e um aumento de 7% na evapotranspiração na BASF, consegue-se aumentar o

volume do reservatório entre um valor mínimo de 71,73 hm3 (janeiro) e um valor máximo

de 1387,15 hm3 (dezembro) (Ver Tabela 7.23). A capacidade instalada da UFV projetada

seria de 31,67 MW. Em termos de potência instalada, o porte da UFV projetada equivale

a 4,7% e 8% da potência instalada nominal da UHE Três Marias, respectivamente.

Tabela 7.18: Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório e vazão nãoturbinada da UHE Três Marias para os dias com maior aproveitamento solar. Diminuiçãode 10% de precipitação e aumento de 7% de evapotranspiração.

Mês Volume nal de água acumulada (∆V ) [hm3] Vazão não turbinada [m3/s]

Janeiro 108,34 5,82Fevereiro 349,24 16,73Março 544,09 24,98Abril 715,28 31,99Maio 776,08 34,75Junho 880,82 40,04Julho 944,25 44,51Agosto 1196,59 58,73Setembro 1314,00 68,33Outubro 1351,57 75,44Novembro 1187,84 71,89Dezembro 1307,36 81,35

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105

Tabela 7.19: Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório e vazão nãoturbinada da UHE Três Marias para os dias com menor aproveitamento solar. Diminuiçãode 10% de precipitação e aumento de 7% de evapotranspiração.

Mês Volume nal de água acumulada (∆V ) [hm3] Vazão não turbinada [m3/s]

Janeiro 77,92 4,18Fevereiro 321,20 15,39Março 584,57 26,84Abril 685,21 30,65Maio 789,00 35,33Junho 0 0Julho 1054,69 49,72Agosto 1142,52 56,08Setembro 1255,34 65,28Outubro 1380,79 77,07Novembro 1206,54 73,03Dezembro 1238,45 77,06

Tabela 7.20: Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório da UHETrês Marias, considerando uma diminuição de 10% de precipitação e aumento de 7% deevapotranspiração, para todos os meses do ano.

Mês Volume Final [hm3] Volume Inicial [hm3] Volume Acumulado (∆V ) [hm3]

Janeiro 9620,77 9583,73 37,04Fevereiro 11634,08 11477,90 156,17Março 12661,95 12387,21 274,74Abril 13555,14 13138,38 416,76Maio 13688,75 13198,70 490,05Junho 13330,92 12805,04 525,89Julho 12675,65 12138,95 536,70Agosto 11893,08 11287,25 605,83Setembro 11087,94 10324,15 763,78Outubro 10033,91 9233,43 800,48Novembro 9041,91 8262,42 779,53Dezembro 8783,84 7936,90 846,94

Tabela 7.21: Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório e vazão nãoturbinada da UHE Três Marias para os dias com maior aproveitamento solar. Diminuiçãode 20% de precipitação e aumento de 7% de evapotranspiração.

Mês Volume nal de água acumulada (∆V ) [hm3] Vazão não turbinada [m3/s]

Janeiro 57,08 3,07Fevereiro 190,38 9,12Março 303,52 13,94Abril 405,61 18,14Maio 443,31 19,85Junho 500,03 22,73Julho 478,16 22,54Agosto 593,87 29,15Setembro 735,50 38,25Outubro 784,61 43,79Novembro 692,19 41,89Dezembro 772,56 48,07

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106

Tabela 7.22: Volume nal mensal de água acumulada (∆V ) no reservatório e vazão nãoturbinada da UHE Três Marias para os dias com menor aproveitamento solar. Diminuiçãode 20% de precipitação e aumento de 7% de evapotranspiração.

Mês Volume nal de água acumulada (∆V ) [hm3] Vazão não turbinada [m3/s]

Janeiro 40,84 2,19Fevereiro 174,92 8,38Março 324,72 14,91Abril 387,77 17,34Maio 450,43 20,17Junho 0 0Julho 503,08 23,71Agosto 556,26 27,30Setembro 701,34 36,47Outubro 802,14 44,77Novembro 702,90 42,54Dezembro 730,13 45,43

Tabela 7.23: Volume de água acumulada (∆V ) média mensal no reservatório da UHETrês Marias, considerando uma diminuição de 20% de precipitação e aumento de 7% deevapotranspiração, para todos os dias do ano.

Mês Volume Final [hm3] Volume Inicial [hm3] Volume Acumulado (∆V ) [hm3]

Janeiro 9655,46 9583,73 71,73Fevereiro 11764,39 11477,90 286,49Março 12880,00 12387,21 492,79Abril 13873,39 13138,38 735,01Maio 14057,46 13198,70 858,76Junho 13730,87 12805,04 925,83Julho 13200,93 12138,95 1061,99Agosto 12512,60 11287,25 1225,35Setembro 11690,63 10324,15 1366,48Outubro 10611,87 9233,43 1378,44Novembro 9601,52 8262,42 1339,10Dezembro 9484,14 8096,99 1387,15

7.3 Síntese dos cenários

A metodologia aplicada neste trabalho avalia dois cenários de estudo para

realizar a operação integrada hidro/solar na BASF. Esta integração hidro/solar é feita

na UHE Três Marias, visando aumentar o volume do reservatório mediante uma UFV

projetada. O dimensionamento da capacidade instalada da UFV projetada depende dos

resultados obtidos das simulações feitas na plataforma RS MINERVE, considerando os

dois cenários de estudo.

No primeiro cenário, sem variação climática, considera-se uma diminuição de

10% da vazão turbinada, cumprindo com as restrições de volume máximo operacional

do reservatório (19.528 hm3), a vazão deuente mínima (300 m3/s) e a meta de produção

hidrelétrica da UHE Três Marias. Posteriormente à simulação na plataforma RS MI-

NERVE, verica-se que a meta diária de produção hidrelétrica da UHE Três Marias não

é atendida. Isto leva ao cálculo do suprimento solar (diferença entre a meta diária e a

produção hidrelétrica simulada) com o qual é dimensionada a capacidade instalada da

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107

UFV projetada para cumprir com a meta diária de produção hidrelétrica.

Os resultados mostram que com o auxílio da UFV projetada é possível atender

todas as restrições impostas. Desta maneira, consegue-se aumentar o volume do reser-

vatório para todos os meses do ano tanto para os meses de estiagem (junho até agosto)

quanto para os meses mais chuvosos (novembro até janeiro). Para este primeiro cenário,

o volume mínimo acumulado no reservatório é de 88,48 hm3 (janeiro) e o volume máximo

acumulado é de 1655,72 hm3 (dezembro) que corresponde a 0,58% e 10,84% do volume

útil do reservatório da UHE Três Marias, respectivamente (Ver Figuras 7.8 e 7.11). A

capacidade instalada da UFV projetada é de 12,72 MW para cumprir com a meta diária

de produção hidrelétrica.

No segundo cenário, com variação climática, variam-se os dados de entrada

do modelo hidrológico (precipitação e evapotranspiração). A vazão turbinada não sofre

variação para cumprir com a restrição de vazão deuente mínima da UHE Três Marias.

Para a variação dos dados de entrada, são considerados um decréscimo de 10% e 20% da

precipitação e um aumento de 7% da evapotranspiração.

Após a simulação na plataforma RS MINERVE, verica-se que a meta diária

de produção hidrelétrica da UHE Três Marias não é atendida para o ano de 2003. Para

cumprir com a meta diária de produção hidrelétrica, calcula-se o suprimento solar com o

qual é dimensionada a capacidade instalada da UFV projetada.

Os resultados mostram um aumento do volume do reservatório para todos os

meses do ano. Para o primeiro caso (Caso 1), diminuindo 10% a precipitação e aumen-

tando 7% a evapotranspiração, o volume mínimo acumulado no reservatório é de 37,04 hm3

(janeiro) e o volume máximo acumulado é de 846,94,72 hm3 (dezembro) que corresponde

a 0,24% e 5,54% do volume útil do reservatório da UHE Três Marias, respectivamente

(Ver Figura 7.9 e 7.11). A capacidade instalada da UFV projetada é de 18,71 MW para

cumprir com a meta diária de produção hidrelétrica. Para o segundo caso (Caso 2), di-

minuindo 20% a precipitação e aumentando 7% a evapotranspiração, o volume mínimo

acumulado no reservatório é de 71,73 hm3 (janeiro) e o volume máximo é de 1387,15 hm3

(dezembro) que corresponde a 0,47% e 9,08% do volume útil do reservatório da UHE

Três Marias, respectivamente (Ver Figura 7.10 e 7.11). A capacidade instalada da UFV

projetada é de 31,67 MW para cumprir com a meta diária de produção hidrelétrica.

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108

7500

8500

9500

10500

11500

12500

13500

14500

Volu

me (h

m3)

Volume diminuindo 10% VT (Volume Final)

Volume sem variação VT (Volume Inicial)

∆VMIN : 88,48 hm3 (Jan)

∆VMIN : 1655,72 hm3 (Dez)

∆V

200

300

400

500

600

700

800

Vazão D

efl

uen

te (m

3/s)

Sem variação VT Diminuindo 10% VT

(a)

(b)

(c)

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

320

Potê

ncia

(M

W)

Produção hidrelétrica diminuindo 10% VT Meta diária

Figura 7.8: Trajetórias de volume, vazão deuente e produção hidrelétrica da UHE TrêsMarias para o cenário 1.

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109

200

300

400

500

600

700

800

Vazão D

efl

uen

te (m

3/

s)

Sem variação VT

(a)

(b)

(c)

7500

8500

9500

10500

11500

12500

13500

14500V

olu

me (h

m3)

Volume Final (Com auxílio da UFV projetada)

Volume Inicial (Sem auxílio da UFV projetada)

∆V

∆VMIN : 37,04 hm3 (Jan)

∆VMIN : 846,94 hm3 (Dez)

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

320

Ptê

ncia

(M

W)

Produção hidrelétrica (Caso 1) Meta diária

Figura 7.9: Trajetórias de volume, vazão deuente e produção hidrelétrica da UHE TrêsMarias para o cenário 2, caso 1.

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110

7500

8500

9500

10500

11500

12500

13500

14500V

olu

me (h

m3)

Volume Final (Com auxílio da UFV projetada)

Volume Inicial (Sem auxílio da UFV projetada)

∆VMIN : 71,73 hm3 (Jan)

∆VMIN : 1387,15 hm3 (Dez)

∆V

200

300

400

500

600

700

800

Vazão D

efl

uen

te (m

3/s)

Sem variação VT

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

320

Potê

ncia

(M

W)

Produção hidrelétrica (Caso 2) Meta diária

(a)

(b)

(c)

Figura 7.10: Trajetórias de volume, vazão deuente e produção hidrelétrica da UHE TrêsMarias para o cenário 2, caso 2.

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0,58%

1,70%

2,76%

3,77%

4,63%

5,50%

6,38%

7,28%

8,18%

9,12%

9,98%

10,84%

Volume acumulado no reservatório (% Volume Útil) Cenário sem variação climática

0,24%

1,02%

1,80%

2,73%

3,21%3,44% 3,51%

3,97%

5,00%5,24% 5,10%

5,54%

Volume acumulado no reservatório (% Volume Útil) Cenário sem variação climática – Caso 1

0,47%

1,88%

3,23%

4,81%

5,62%6,06%

6,95%

8,02%

8,94% 9,02% 8,76%9,08%

Volume acumulado no reservatório (% Volume Útil)Cenário com variação climática – Caso 2

Figura 7.11: Volumes acumulados no reservatório da UHE Três Marias, expressos emporcentagem de volume útil, para os três cenários avaliados.

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8 Considerações nais

Este capítulo está dividido em duas seções. Na Seção 8.1, as conclusões do

trabalho são descritas. Na Seção 8.2, as sugestões para trabalhos futuros são detalhadas.

8.1 Conclusões

A partir da metodologia proposta e dos cenários de estudo feitos no desenvol-

vimento desta dissertação, podem-se listar as seguintes conclusões:

• A utilização da plataforma RS MINERVE para simulação hidrológica e hidráulica

da BASF trouxe benefícios importante para o problema analisado. Os resultados

apresentados a partir da simulação com a plataforma RS MINERVE permitiram

conhecer a quantidade de água que pode ser acumulada no reservatório da UHE

Três Marias principalmente no período de estiagem (junho até agosto) mediante a

operação combinada de um sistema hidro/solar. O mesmo estudo poderia ser feito

com outras ferramentas. O RS MINERVE apresenta benefícios, como facilidade de

uso por meio de objetos, diversidade de modelos hidrológicos e de algoritmos de

otimização.

• Este trabalho tem mostrado que existe a complementariedade entre a energia so-

lar e a energia hidrelétrica na BASF. Mediante a operação integrada ente a UHE

Três Marias e uma UFV projetada, consegue-se aumentar o volume do reservatório

durante todos os meses do ano, tanto para o período de estiagem como para o pe-

ríodo chuvoso (novembro até janeiro). Ambas as energias, solar e hidrelétrica, são

complementares e têm o potencial para assistir com a produção de energia elétrica

durante todos os meses do ano.

• A partir dos cenários de estudo avaliados, pode-se concluir que a máxima capacidade

instalada da UFV projetada para atender aos cenários abordados neste trabalho é

de 31,67 MW. Esta capacidade instalada corresponde ao pior cenário de estudo com

uma diminuição de 20% de precipitação e um aumento de 7% de evapotranspiração.

• A capacidade instalada da UFV projetada de 31,67 MW é mínima comparada com

a capacidade instalada da maior UFV instalada na RHSF (Parque Solar da Lapa,

160 MW). A diferença importante entre estas duas UFVs é que a primeira será

interligada com o barramento da UHE Três Marias e a segunda está conectada com

a rede elétrica. Esta interligação no barramento facilita os procedimentos para a

operação da UHE Três Marias nos aspectos de interesse sistêmicos denidos pelo

ONS.

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113

• Para o cenário com variação climática, com uma diminuição de 20% de precipita-

ção e um aumento de 7% de evapotranspiração consegue-se aumentar o volume do

reservatório em todos os meses do ano, sendo dezembro o mês com maior aumento

(9,08% do volume útil). Ao mesmo tempo, para uma diminuição de 10% de preci-

pitação e um aumento de 7% de evapotranspiração consegue-se aumentar o volume

do reservatório em todos os meses do ano, sendo dezembro o mês com maior au-

mento (5,54% do volume útil). Finalmente, para o cenário sem variação climática,

diminuindo 10% a vazão turbinada, consegue-se aumentar o volume do reservatório

em todos os meses do ano, sendo dezembro o mês com maior aumento (10,84% do

volume útil).

• A superfície destinada para a UFV projetada, levando em conta a maior capacidade

instalada, é de 22,40 hectares. Este espaço pode ser obtido, considerando como

opção uma UFV utuante, aproveitando o espelho de água do reservatório da UHE

Três Marias cuja superfície é de 114.200 hectares. A área necessária para instalar

a UFV projetada corresponde a 0,02% do reservatório. O primeiro projeto-piloto

no Brasil, de exploração de energia solar em reservatórios de UHEs, com uso de

utuadores, foi feito na UHE de Balbina, no Amazonas. Esta modalidade permite

aproveitar as sub-estações e as linhas de transmissão das usinas, além da lâmina

d'água dos reservatórios, evitando desapropriação de terras.

8.2 Sugestão para trabalhos futuros

Na sequência, são listadas as sugestões para trabalhos futuros:

• Neste trabalho foram consideradas 3 regiões hidrologicamente homogêneas para

desenvolver o modelo hidrológico/hidráulico na BASF. Para uma avaliação mais

detalhada podem ser consideradas as 33 sub-bacias que compõem a BASF e realizar

uma análise comparativa entres os resultados obtidos considerando os dois casos.

• A plataforma RS MINERVE possui diferentes modelos hidrológicos, como GSM,

GR4J, SOCONT, HBV e SAC-SMA. Para este trabalho foi escolhido o modelo

HBV para realizar a simulação hidrológica da BASF. Em um trabalho futuro pode

ser feita a representação da BASF utilizando os outros modelos hidrológicos e reali-

zar uma análise comparativa de desempenho dos modelos hidrológicos mediante os

indicadores.

• Este trabalho analisa um sistema integrado hidro/solar para a BASF. Esta proposta

visa avaliar a operação combinada da UHE de Três Marias com uma UFV projetada,

com o objetivo de aumentar o nível do reservatório, utilizando uma plataforma de

simulação hidrológica/hidráulica. Para dar continuidade a este trabalho pode ser

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114

feita uma avaliação técnica e econômica deste sistema integrado para aprofundar

esta pesquisa.

• Outra sugestão para trabalhos futuros seria a análise da operação integrada da

UHE Três Marias com uma usina projetada que utilize outra fonte renovável para

geração de energia elétrica (ex: eólica). Além disso, sugere-se a aplicação de cada

cenário proposto nesta dissertação, considerando o impacto da operação integrada

em Três Marias para as demais usinas da cascata da RHSF.

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115

Referências

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