opapeldaacademia osaberocupa€¦ ·...

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A ciência e o conheci- mento servem, acima de tudo, para resolver os problemas das pessoas e do Mundo. E porque a gestão da floresta e o combate ao flage- lo dos incêndios devia ser uma das prioridades a nível nacional, a segunda edição do Prémio Floresta e Susten- tabilidade deu o mote a uma reunião que juntou represen- tantes universitários, insti- tuições e investigadores para falar dos principais proble- mas da floresta e de como pode o meio académico con- tribuir para a sua futura reso- lução. A iniciativa deu pelo nome de ‘Live Lab - A Acade- mia e a Floresta’ e teve como objetivo transformar uma sala da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, num imenso laboratório de refle- xão. Entre os oradores foi unânime a urgência de con- trariar certas dinâmicas de- mográficas, sociais, fiscais, o desconhecimento do espaço florestal e os (maus) hábitos relacionados com as práticas de gestão e proteção do meio florestal. António Bento Gonçalves, investigador especializado em incêndios florestais, dis- se numa das suas interven- ções uma verdade inquestio- nável: “Ninguém ama aquilo que não conhece.” Mas mu- dar velhas fórmulas é difícil e por isso, o acento tónico tem O saber ocupa um lugar na floresta O PAPEL DA ACADEMIA PARAPROTEGER A FLORESTAÉ PRECISO AMÁ-LAE CONHECÊ-LA REUNIÃO rQuemvive etrabalhanafloresta precisademais soluçõesparanovos evelhosproblemas CIÊNCIA rOconhecimento eainovaçãopodem terresposta paramuitos dosproblemasque aflorestaenfrenta muitas vezes de ser colocado na educação e sensibilização dos mais novos, para que eles não repitam um dia os erros do passado. A este propósito, no final, foi assinado um protocolo que irá levar às escolas dos segun- do e terceiro ciclos do ensino básico uma campanha de sensibilização para o concei- to da economia circular.n GETTY IMAGES Suplemento comercial. Faz parte integrante do Jornal de Negócios nº 3891, de 11 de Dezembro de 2018, e não pode ser vendido separadamente.

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Page 1: OPAPELDAACADEMIA Osaberocupa€¦ · tainúmerosdesafios.Emcom-paraçãocomoutrospaíseseu-ropeus,hánúmerosquefalam porsi:“NaEuropa,70%daárea deflorestatemplanodegestãoe 45%

Aciência e o conheci-mento servem, acimade tudo, para resolver

osproblemasdaspessoasedoMundo.Eporqueagestãodaflorestaeocombateaoflage-lo dos incêndios devia seruma das prioridades a nívelnacional, a segunda ediçãodoPrémioFlorestaeSusten-tabilidade deuomote aumareuniãoquejuntourepresen-

tantes universitários, insti-tuiçõese investigadoresparafalar dos principais proble-mas da floresta e de comopodeomeioacadémicocon-tribuirparaasuafuturareso-lução. A iniciativa deu pelonomede‘LiveLab-AAcade-miaeaFloresta’ e tevecomoobjetivo transformar umasala da Fundação CalousteGulbenkian,emLisboa,num

imenso laboratóriode refle-xão. Entre os oradores foiunânime aurgênciade con-

trariar certas dinâmicas de-mográficas, sociais, fiscais,odesconhecimentodoespaçoflorestal e os (maus) hábitos

relacionadoscomaspráticasdegestãoeproteçãodomeioflorestal.António Bento Gonçalves,

investigador especializadoemincêndios florestais,dis-se numa das suas interven-çõesumaverdadeinquestio-nável:“Ninguémamaaquiloquenão conhece.”Masmu-darvelhasfórmulasédifícilepor isso,oacento tónico tem

Osaberocupaumlugarna floresta

OPAPELDAACADEMIA

PARAPROTEGERAFLORESTAÉPRECISOAMÁ-LAECONHECÊ-LA

REUNIÃOr�Quem�vive�e�trabalha�na�floresta�precisa�de�mais�soluções�para�novos�e�velhos�problemas

CIÊNCIAr�O�conhecimento�e�a�inovação�podem�ter�resposta�para�muitos�dos�problemas�que�a�floresta�enfrenta

muitasvezesdesercolocadonaeducaçãoesensibilizaçãodosmaisnovos,paraqueelesnão repitamumdia os errosdopassado.Aestepropósito,nofinal,foi

assinado um protocolo queirálevaràsescolasdossegun-doeterceirociclosdoensinobásico uma campanha desensibilizaçãoparaoconcei-todaeconomiacircular.n

GETTYIMAGES

Suplemento comercial. Faz parte integrante do Jornal de Negócios nº 3891, de 11 de Dezembro de 2018,e não pode ser vendido separadamente.

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II|

TERÇA-FEIRA|

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CiênciapodeedeveintervirnadefesadasflorestasCHEGARÀPRÁTICArEspecialistas reconheceramquemuitasvezesoconhecimentonãochegaaquemestáno terrenoINVESTIGAÇÃONAÁREAFLORESTALrÉprecisoprocurarconsonânciacomasnovasproblemáticasdafileiraflorestal

2.ºEDIÇÃOPRÉMIOFLORESTAESUSTENTABILIDADE ACADÉMICOSREÚNEM-SEPARAREFLETIRSOBREOSPROBLEMASDAFLORESTANACIONAL

‘LIVELAB-AACADEMIAEAFLORESTA’REALIZOU-SENAFUNDAÇÃOCALOUSTEGULBENKIANEMLISBOA

Asegunda edição do Pré-mio Floresta e Sustenta-bilidade levou à Funda-

ção Calouste Gulbenkian, emLisboa, a primeira edição do‘Live Lab’, um laboratório dereflexão sobre a forma como aciência e a Academia poderãoauxiliar a floresta portuguesa,encontrando, quer através doensino quer da investigação,soluçõesadequadasparaospa-radigmaseproblemáticasespe-cíficasdesteterritório.Otemaatraiuinvestigadores,

produtores florestais, catedrá-ticos, estudantes, jornalistas eoutrosatores ligadosàfloresta,o que se traduziunumaplateiacheia e preocupada. Menos,aliás,nãoseesperava.Atépor-queoeventocontoucomapre-sençadeváriosespecialistasde

relevo, como Abílio Pacheco(UniversidadedoPorto),Antó-nioBentoGonçalves(Universi-dadedoMinho),DomingosLo-pes (UniversidadedeTrás-os--Montes e Alto Douro, em re-presentação do presidente doConselho de Reitores das Uni-versidadesPortuguesas),ElviraFortunato (investigadora e

vice-reitora da UniversidadeNovadeLisboa),HelenaPerei-ra(ISAeFundaçãoparaaCiên-ciaeTecnologia)eRogérioRo-drigues, (Instituto da Conser-vaçãodaNaturezaedasFlores-tas). Juntos,debateramaformacomoasuniversidadeseos ins-

Odebate,moderado porAn-dreiaVale, jornalistadaCMTV,conheceu os seus momentosmaisacesosquandoalgunsdospresentes inquiriramosorado-res sobre situações concretas,expondoquestões ligadasàde-sertificação, ao abandono e àfalta de interface entre aquiloqueaAcademiaproduzemter-

mos de conhecimento e aquiloqueédepoispossívelfazerche-gar ao País real. O evento fe-choucomchavedeouro:aassi-naturadeumprotocolodesen-sibilização dos alunos dos se-gundo e terceiro ciclos para achamadaeconomiacircular.n

titutoscientíficosestãoatentarcontribuirparaaresoluçãoda-quele que é um dos grandesproblemasdoPaís.Falou-sedaadaptaçãodoscursosecurrícu-los académicos,mas, sobretu-do, das formas de canalizar osresultadosdainvestigaçãoparaaaplicaçãopráticanoterreno.O‘LiveLab’abriucomainter-

vençãodeCarlosAmaralVieira,diretor-geraldaCelpa,entida-deparceiradoPrémioFlorestaeSustentabilidade,noâmbitodoqual se realizou a iniciativa. Orepresentantedaindústriapa-peleira apresentou alguns nú-merospreocupantessobreadi-minuiçãodoespaçodaflorestalnacional, a dispersão da pro-priedadeeafaltadeumagestãoprofissional e eficaz para esteterritórioespecífico.

DISPERSÃODAPROPRIEDADEDIFICULTAGESTÃODOESPAÇO

PORTUGALFOIOÚNICOPAÍSEUROPEUONDEAFLORESTADIMINUIU

Andreia Valemoderou a conversa entre Abílio Pacheco (UP), António Gonçalves (Univ. Minho), Domingos Lopes (UTAD), Elvira Fortunato (Univ. Nova), Helena Pereira (ISA) e Rogério Rodrigues (ICNF)

CoLabvai trabalharcomempresas

LABORATÓRIOREÚNEATORESFLORESTAISu A criação do Laboratório Colaborativo da Floresta (Fo-restwise) na UTAD foi anun-ciada em Outubro e vai unir 16 parceiros num projeto único de proteção e gestão sustentável da floresta e na transmissão de conhecimen-to e tecnologia no setor.n

INÊS

GOMES

LOURENÇO

SÉRGIOLEMOS

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SUPLEMENTO COMERCIAL|

III

Abandono,pragaseclimageramnovasproblemáticasMERCADOrAglobalizaçãodas trocascomerciais trouxeaPortugaleàfloresta, emparticular, aameaçadenovaspragasALTERAÇÕESCLIMÁTICASrOaquecimentoglobaltornaasmanchas florestais abandonadasmais suscetíveis aos incêndios

INSTITUTODACONSERVAÇÃODANATUREZAEFLORESTASRELATACENÁRIOPREOCUPANTE

Neste ‘Live Lab’, RogérioRodrigues,presidentedoconselhodiretivodoIns-

titutodeConservaçãodaNatu-rezaedasFlorestasapresentouumretratoquasenegrodanos-samanchaflorestal.“A floresta tem um conjunto

deproblemasestruturaisecon-junturais que necessitam deatenção porpartedopoderpo-lítico,das instituiçõesedecadaumdenós.Nosúltimos30a40anos, milhares de hectares dosetor agrícola passarampara osetorflorestal.Ouseja,áreaqueanteseraocupadaporatividadeagráriavariadatransformou-seem mato e floresta. Por outrolado,odespovoamentodaszo-nasruraisconduziuaoabando-no da terra. Ora estas áreasabandonadas,numcontextode

alteraçõesclimáticasedegran-des transformações a nível domercado global e da troca debens(comoaquelequevivemosatualmente), não só se tornamumcenáriopropícioaoapareci-mentodenovaspragasedoen-ças como também desenvol-vemascondições típicasparaodeflagrar dos grandes incên-dios”,explicouRogérioRodri-gues.Esta deve ser não só uma

preocupaçãocentraldoEstadomas também dos municípios,queverãooseupoderreforçadonesteâmbito:“Pelaquestãodeproximidade,osmunicípiossãoos principais intervenientes,nãosónadefesadaflorestamassobretudo das pessoas e dosseusbens”,acrescentou.n

Osgrandes incêndios sãoumdosmaioresdramas de quem vive ou tenta tirar algum rendimento da sua propriedade florestal

LUSA/PAULO

CUNH

A

INÊS

GOMES

LOURENÇO

ABANDONODAATIVIDADE

RURALGEROUMATOE

FLORESTADESORDENADA

MUNICÍPIOSMAIS

PRÓXIMOSDADEFESA

DEPESSOASEBENS

u“Temosdeacabarcomcertas ideias românticasqueexistememtornodaflorestaequesóaprejudicaram.NumPaísondequase90porcentodestaáreaéprivada, oEsta-do,mesmoquerendo inver-terasituaçãoe sero líderdeumamudançadesse territó-rio, nãoopodefazersozinho.Eporisso, temosdeperceberqueaproveitarariquezadaflorestanãovaidestruí-lanemcolocar-lhemaispres-

são. Pelocontrário, éabsolu-tamentenecessárioparaadefender”, afirmouopresi-dentedo ICNF, frisando,contudoque“estevalornãotemdesereconómico”.“Asociedade temdeperce-berovalordos seusprodutose sobretudodos seus serviçosambientaisparaqueentendaporqueé temdesercontri-buinte.O futuroreclamaráissomesmoparaagestãodapaisagem”, garantiu.n

Porqueéquetodos temosodeverdecontribuirparaagestão florestal?

Rogério Rodrigues do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas

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MANCHAS ÁREADE FLORESTAPLANTADAQUASE TRIPLICOU NOSÚLTIMOSANOSE ÉAQUELAQUEMENOSARDENOVERÃO

“Étempoderelembrarobemqueelanosfaz”

VALORCARLOSAMARALVIEIRArDiretor-geraldaCelpareclamouapromoçãodovalordaflorestaatravésdosbons serviçosqueprestaàsociedadePESOrAtividadeflorestaléumadasquemaispesaaníveldasexportações

CarlosAmaralVieira,dire-tor-geraldaCelpa–Asso-ciaçãodaIndústriaPape-

leira,parceiradeiniciativa,deuomoteparaadiscussãopúblicadotema,aolembrarque,nosúl-timos três anos, muito se temfalado em floresta, “maspelasmais tristes e trágicas razões,porimensadesinformação,mi-tos e equívocose,também,pormuita demagogia”. “Ouvimosdiariamente nas nossas casasnotícias negativas sobre a flo-resta,maséchegadootempodemostrar o seuvalor”, conside-rou.Eporisso,CarlosAmaralVieira

nãoperdeutempo:“Aflorestaéomeiomais eficaz de captura esequestro do carbono, comba-tendoasalteraçõesclimáticasepurificando o ar. Além disso,promove a resistência à erosãodo solo e regulao ciclodaágua.Dátrabalhoamuitosmilharesdepessoas,éumaimportantefontede rendimento do meio rural,criaprodutossustentáveisein-dispensáveisparaavidadoho-mem e as empresas que atuamnafloresta, criamriquezaepe-sammuitonaeconomiaportu-guesa e nas suas exportações”,enumerouCarlosAmaralVieirasobre os serviços que a florestanosprestaequemuitasvezessãoesquecidospelasociedade.Oresponsávelaproveitouain-

daparalembrarque“aquaseto-talidadedaflorestaportuguesaéplantada”,áreaestaquenosúl-timos100anospassoude1,2mi-lhõesdehectaresparaosatuais3,15milhões. “Grandepartedaresponsabilidade do aumentoflorestalédasindústriasquetêmnaflorestaasuamatéria-prima,

como a indústria papeleira.Acreditamos que na florestaportuguesaháespaçopara flo-restas de proteção, lazer e paraflorestasdeproduçãoplantadas,detodasasespécies,masimpe-rativamenteparaflorestasbemgeridas,comgestãocertificada.Porquesóasflorestasbemgeri-das, amigas do ambiente, pro-dutivaserentáveistêmfuturo”,concluiu.Aflorestaportuguesaenfren-

tainúmerosdesafios.Emcom-paração comoutros países eu-ropeus, hánúmeros que falamporsi:“NaEuropa,70%daáreadeflorestatemplanodegestãoe45% tem gestão classificadapeloFSCepeloPFC.EmPortu-gal, apenas22%daáreade flo-resta é gerida, enquanto que aáreacertificadaésomente10%.OutrasingularidadeéqueoEs-tado só detém 2% da floresta.Emcontrapartida,86%perten-ce a centenas de milhares deproprietáriosprivados, emre-gimedeminioumesmomicro-fundio, comelevado estadodeabandono.”Estasserãoalgumasdasrazões

pelasquaisPortugalfoioúnicopaísdaEuropaaperder150milhectaresdeflorestanosúltimosdez anos”, lamentou CarlosAmaralVieira.n

DESCONHECIMENTODOREALVALORDAFLORESTALEVAA“EQUÍVOCOSEDEMAGOGIA”

ÉTEMPODEMUDAROTEORDASNOTÍCIASSOBREAFLORESTAPORTUGUESA

PORTUGALFOIOÚNICOPAÍSDAEUROPAQUEPERDEUFLORESTA

FALTADEGESTÃOAFETACERCADE78PORCENTODESTETERRITÓRIO

u“Hámuitopoucatradiçãodeassociativismoentreospequenosproprietáriosdaflorestaeareduzidadimen-sãodaprópriapropriedadeimpede-osde investirnumagestãoprofissional, atépor-que tambémnãoconseguemtirarrendimentodaqueleterritório”, frisouCarlos

AmaralVieira. Consequente-mente, oabandonoaumentaaacumulaçãodematerialar-bustivocombustível, bemcomoosriscos, epromoveos incêndios rurais. “Háumenormedesordenamentodoterritório,muitomaisdoquedesordenamento florestal”,frisouoresponsável.n

“Há falta deespíritodeassociativismo”

Carlos Amaral Vieira da Celpa

HUGO

MON

TEIRO

As fileiras florestais portu-guesas estão amplamente vocacionadas para a expor-tação. Na sua totalidade, os produtos florestais têm- -se destacado, representan-do 10% do total das exporta-ções do País. Em contrapar-tida, o setor é ainda respon-sável por 4% das importa-ções anuais.

Nesta balança de transa-ções internacionais, a indús-tria papeleira representa 50% do valor total das ex-portações de produtos flo-restais, seguindo-se imedia-tamente os produtos de ma-deira, carvão vegetal e mobi-liário (27%) e, em terceiro lu-gar, aparece a cortiça (com cerca de 18%).

A diminuição do território florestal deu origem a novos riscos ambientais, como a diminuição da biodiversi-dade (há mais espécies em perigo), maior erosão dos so-los e uma modificação das bacias hidrográficas, muitas vezes ignição de fogos com grandes prejuízos materiais e mesmo de vidas humanas.

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SUPLEMENTO COMERCIAL|

V

PROJETODEEDUCAÇÃOAMBIENTALrDestina-seacriançasdos seteaos12anos FASEPILOTOrEstáaserdesenvolvidanasescolasdas setelocalidadesportuguesasondeaCelpadetémas suasunidadesdeprodução

SETORORIENTADOPARAAEXPORTAÇÃO

As fileiras florestais portu-guesas estão amplamente vocacionadas para a expor-tação. Na sua totalidade, os produtos florestais têm- -se destacado, representan-do 10% do total das exporta-ções do País. Em contrapar-tida, o setor é ainda respon-sável por 4% das importa-ções anuais.n

DISTRIBUIÇÃODOMERCADOu Nesta balança de transa-ções internacionais, a indús-tria papeleira representa 50% do valor total das ex-portações de produtos flo-restais, seguindo-se imedia-tamente os produtos de ma-deira, carvão vegetal e mobi-liário (27%) e, em terceiro lu-gar, aparece a cortiça (com cerca de 18%).n

Perigo para pessoas e bens

DECLÍNIOTRAZRISCOSACRESCIDOSPARATODOSu A diminuição do território florestal deu origem a novos riscos ambientais, como a diminuição da biodiversi-dade (há mais espécies em perigo), maior erosão dos so-los e uma modificação das bacias hidrográficas, muitas vezes ignição de fogos com grandes prejuízos materiais e mesmo de vidas humanas.n

Floresta emprega quase 100mil

Relevância nomercadodetrabalho

GETTY

IMAGES

EDGAR

MARTINS

INDÚSTRIAPAPELEIRALANÇAMAISUMAINICIATIVAPEDAGÓGICA

Celpaassinaprotocoloparalevaràsescolasaeconomiacircular

u Num momento em que otema da economia circularanda nas bocas do Mundo, aCelpa–AssociaçãodaIndústriaPapeleira quis criar uma açãodesensibilizaçãonasescolasdoprimeiro e segundo ciclo doEnsinoBásico sobreeste tema.‘Missão360:DefenderaTerraéo Nosso Papel’ é o nome doprojetoquecontatambémcomo apoio da Direção-Geral daEducação e daAgênciaPortu-guesadoAmbiente.“Aintençãoédivulgarocon-

ceitoeosprincípiosdestaeco-

nomia circular, até porque éalgoqueestánagénesedospro-cessos produtivos da indústriapapeleira, que de outra formanemsequerseriaviávelecono-micamenteouambientalmen-te.Osciclosprodutivosdapas-tadepapelsãociclosque se fe-cham. E não estou só a falar dareciclagemdepapel,mas tam-bémdasimbiose industrial, dapromoçãodenovosusosparaosprodutosetc.”,explicouCarlos

Momentoda assinatura doprotocolo no final do ‘Live Lab’

INÊS

GOMES

LOURENÇO

RICARDOALMEIDA

Amaral Vieira, no final do en-contro,parajustificaramedida.Porisso,naFundaçãoCalous-

te Gulbenkian assinou-se oprotocolo que permitirá levarestaideiaabomporto.Acerimónia, simbólica, con-

touigualmentecomapresençado presidente daCelpa, DiogodaSilveira,dodiretor-geraldaDireção-Geral de Educação(DGE) José Vítor Pedroso e da

vogal do ConselhoDiretivo daAgência Portuguesa do Am-biente (APA),MercêsFerreira.Os presentes no ‘Live Lab’

puderam ainda visualizar emprimeiramãoovídeodidáticoda campanha, que em breveserá apresentado nas escolas.Neste, o ‘EsquiloMau’ e o ‘Dr.Tulha’ explicam aos mais no-vos os benefícios daeconomiacircular.n

SÉRGIOAZENHA

As férias denatureza eaventura são cada vezmais procuradas

uPortugaléumdestinoporexcelênciaparaapráticadeturismodenatureza, dispon-dodeumriquíssimopatrimó-nionatural. Cercade21%doterritórioé formadoporÁreasClassificadascomfortesvaloresnaturais ebiodiversi-dadeaníveldafauna, floraequalidadepaisagística. Exis-tem1713unidadesde turismoruralajustadasaosvários seg-mentosemtodooPaís.n

Paisagem: umvalorcadavezmais reconhecido

ECONOMIACIRCULARESTÁ

NAPRÓPRIAGÉNESE

DAINDÚSTRIAPAPELEIRA

AÇÃODESENSIBILIZAÇÃO

VAIDECORRERAOLONGO

DETODOOANOLETIVO

uOsetorflorestalé respon-sávelpelacriaçãodecercade92mil (91 583) postosde tra-balho, dosquaisquase25mil(24678) correspondemaem-pregosnosetorprimárioe in-dústrias transformadorasdebaseflorestal.OValorAcres-centadoBrutodas indústriasflorestais representamaisdetrêsmilmilhõesdeeuros.n

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TERÇA-FEIRA|

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ESTREIA PELAPRIMEIRAVEZ, O PRÉMIO ALARGOU-SEÀCOMUNIDADE ESCOLAR

Sensibilizareenvolverosmais novos é crucial para construir um futuromelhorpara a floresta nacional

Nesta segunda edição doPrémio Floresta e Sus-tentabilidade,não só fo-

ramrevistas e reformuladasascategoriasabertasaconcurso-paraqueainiciativasealargas-seamaisentidadesepersonali-dades comoéocasodasescolas- como agora abriu também aparticipação aos alunos dononoano.Por isso,este

ano, não sópodemcandi-datar-se alu-nosdosecun-dáriocomotambémosdoúlti-moanodoterceirociclo.No âmbito das escolas, os

alunos serãoconvidadosafazerumvídeode trêsminutosaler-tandoparaovaloreconómicoeambientaldafloresta.Pretende-se coma reformu-

lação das categorias operadaesteanochegar“aosmaispró-ximos,mastambémaosmenosatentosaotemaflorestal”.

“Alunoseprofessores, inves-tigadores dasciências sociaisenaturais, empresasnão flores-tais,autarquiaseONGserãoas-simtambémouvidos”, justifi-couCarlosAmaralVieira.“A gestão florestal praticada

pelaindústriapapeleiranos200milhectaresdeflorestadiversa,dequeéproprietáriaougestora,éummodelodeexcelênciaere-

conhecimen-to”, afirmou.No entanto,t a l c o m oacrescentouo

responsáveldaCelpa,“asalte-raçõesclimáticas,oradicalismodaecologiapolítica,poroposi-çãoàecologiaciência,algumasmedidas legislativaseainjusti-ficadahostilidadeemrelaçãoaalgumasespéciesnãoajudaramacorrigir o que estámal. É porissotãoimportantedarnotorie-dade,divulgarepremiarquemvalorizaafloresta”, enumerouCarlosAmaralVieira.n

ELVIRAFORTUNATO

AcientistaElviraFortunatoressalvou a importânciadedescobrireusarasno-

vasmatérias-primas.“Nãote-mosdiamantes,não temospe-tróleomas se calhar temosou-tro tipodemateriaisque temosdecomeçarautilizarcomvaloracrescentado”,afirmouacien-tista,quejáháalgumtempoco-meçouatrabalharcomcelulosenaáreadaelectrónicaedabio-tecnologia médica. “Estamosneste caso avalorizar umpro-duto,acelulose,eairaoencon-tro do repto lançado pelas Na-ções Unidas no campo dasus-tentabilidade.Seaté2030tiver-mosdesubstituiroplásticoporalternativas,nós temosacelu-lose, que é biodegradável, re-nováveleumaboasolução.Eaindústriadopapeltemestama-téria-prima”,frisou.n

“Celuloseéumaalternativasustentável”

PERFIL

ElviraFortunato, atual vice-reitora daUniversidade Nova de Lisboa, foi responsável pelainvenção do transístor de papel, que funciona comchips baseados em nanotecnologia, que substituemo silício por materiais orgânicos.

INÊS

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Daniel Bessa

preside ao júrido Prémio Flo-resta e Susten-tabilidade

uAscandidaturasparaa2ªediçãodecorrematé 31 deDezembro.AcategoriaEscolaeFloresta temprazoalargadoaté 31 de janeirode2019.Paraovencedordecadaca-tegoriaháumprémiodecin-comileuros e as escolas (alu-nosdo9º ao 12º anos).Alémdesteprémiomonetá-rio, seráconsideradoumconjuntodeoutras activida-desde interesse. Umjúriconstituídoporvárias perso-nalidades especialistasnaárea, epresididopelo econo-mistaeprofessorDanielBes-sa, decidirácombasenaaná-

lise realizadapelaPwC.Paramais informações:www.premiofloresta.cmjor-nal.xl.ptn

Prazos estabelecidos para a apresentaçãodas candidaturas estão quase a chegarao fim

OSMELHORES DAPRIMEIRA EDIÇÃOu Abastena, Herdade da Sanguinheira de Codes, As-sociação para a Certificação Florestal do Minho-Lima e INIAV foram os vencedores da edição de 2016-17. Foram ainda atribuídas duas men-ções honrosas.n

Alargamentoao9ºanoPRÉMIO

REFORMULAÇÃODASCATEGORIASrPretendeenvolvermais setoresdasociedadenoprémioOPORTUNIDADErOrganizaçãoquerouviralunosdoEnsinoSecundárioedo9ºano

OSMAISJOVENSTERÃO

DEAPRESENTARAOJÚRI

UMTRABALHOEMVÍDEO

GET

TYIM

AGES

Osvencedoresdoanopassado com os responsáveis pela atribuição do prémio

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CONCURSO

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SUPLEMENTO COMERCIAL|

VII

HELENAPEREIRA

ParaHelenaPereira,vice-–presidentedaFundaçãoparaaCiênciaeTecnolo-

gia, em Portugal “sabemosmuito,masfalhamosnautiliza-ção”doconhecimento”.“Nosanos60,criou-seumaes-trutura de investigação comumavisão integradaeholística-coisapoucohabitualemPor-tugal - para se estudar o euca-lipto e resolver certos e deter-minadosproblemas.Depois foialargada a outras espécies eproduziu-se conhecimentonalinhadafrente,mesmoemter-mosinternacionais.Antesexis-tiaaDireção-GeraldeFlorestase até uma Direção-Geral deProdutosFlorestais,masforamdesmanteladas e, por isso, émuitomaisdifícil fazeraponteentre o que a Academia sabe equemestánoterreno”,diz.n

“Édifícilfazeraponteparaoterreno”

PERFIL

HelenaPereira éprofessora catedrática noInstitutoSuperiordeAgronomia, desempenhoudiversoscargosdegestãoecoordenaçãoacadémica ecientífica emórgãosdeuniversidades,institutospolitécnicose institutosde investigação.

DOMINGOSLOPES

Referindo-seàproblemá-tica da desertificação,DomingosLopes,daUni-

versidadedeTrás-os-MonteseAlto Douro, lembrou que cadavezmais é preciso “pensar emgerir estes espaços assumindoque as visões tradicionais (queexigiammãodeobra) seestãoaalterardrasticamente”.No que diz respeito à Acade-

mia,oespecialistagarantiuquetanto a investigação como avertente de ensino são impor-tantesparaadefesadafloresta:“Maspreocupa-meaincapaci-dadequeomeioacadémicotemtidodecativaralunosparaaEn-genhariaFlorestale osproble-masdaflorestanãoseresolvemenquanto não se conseguir le-varmaistécnicaparaoterreno.Sãodomíniosqueestão interli-gados”.n

Faltadepessoasdevemudarabordagem

PERFIL

DomingosLopes é investigador, professor edirectordoDepartamento deEngenharia Florestal eArquitecturaPaisagística daUniversidadedeTrás-–os-MonteseAltoDouro. Dá apoio a projetoslançadospela AutoridadeFlorestal Nacional.

ABÍLIOPEREIRAPACHECO

Chama-seLaboratórioCo-laborativo (CoLab) Fo-restWISE, é coordenado

pelo INESCTECeestáprestesaentrar em funções. De acordocomAbílioPacheco, investiga-dor, o CoLab pretende “unir aacademia e as empresas queprecisamde soluções práticas,ou seja, o resto do percurso. Olaboratóriocomeçaráafuncio-naremplenoapartirdeJaneiro,estando agora a ser definido oâmbitodas agendas científicasemrelação à florestae ao fogo.“Estamosarecolherainforma-çãodapartedasempresasparapercebermosoque consideramimportante.Sódepoisdissoes-tabelecemosanossaestratégiacientífica.Éumalógicabaseadana procura e não naquilo quesãoosdesejosdos investigado-res”,realçou.n

Invertera lógicanaprocuradesoluções

PERFIL

AbílioPereiraPachecoéprofessorauxiliardodepartamento deEngenharia eGestão Industrial daFaculdadedeEngenharia daUniv. doPorto e inves-tigadordo Instituto deEngenharia deSistemaseComputadores, Tecnologia eCiência (INESC TEC).

ANTÓNIOBENTOGONÇALVES

Na suaprimeira interven-ção no ‘Live Lab’, o pro-fessor António Bento

Gonçalves foi peremptório:“Temdesedaraconheceraflo-resta: ninguémprotege aquiloque não ama e ninguém amaaquiloquenãoconhece.Épre-ciso fazer um trabalho consis-tenteaníveleducacional”,afir-mou. Além disso, partilhou asuaexperiêncianoterreno,quepisageralmenteapósosgrandesincêndios florestais: “Sabe-sehoje quemuitos incêndios co-meçamporquestõesdoforoso-cial e psicológico, comoasoli-dão. Pessoas de 80 e muitosanosqueateiamfogosporquesesentem sozinhas. Precisamosdetertécnicosnaáreadapsico-logia, dasociologiaedaantro-pologiatambémaresolverestasquestõesnoterreno”.n

“Trabalhoeducacionaltemdeserconsistente”

PERFIL

AntónioBentoGonçalveséprofessorauxiliarnaUniversidadedoMinhoeespecialista emincêndios florestais. Publicou 34artigosemrevistas especializadase50 trabalhosem actasdeventoscientíficos. Tem 12 livrospublicados.

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GOMES

LOURENÇO

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