onnie mason - o guerreiro das terras altasrevisado

5/16/2018 Onnie Mason - o Guerreiro Das Terras Altasrevisado - slidepdf.com

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O GUERREIRO DAS TERRAS ALTAS

Connie Mason



Tradução e Revisão Katia VanHellsing

Capítulo UmPROVINCIA DE CAITHNESS, ESCÓCIA 1415

O estrondo das espadas,os gritos dos feridos e o aromaagudo do sangue coagulado se elevavam por sobre dasinistra neblina que envolvia aos combatentes. A vingança

que aumentava desde mais de um século no vale queseparava as terras dos MacKenna daquelas dos MacKay;iniciou-se quando os MacKenna haviam subtraído ao clãrival a Torra do Ravenscraig e as férteis terras que arodeavam, e após as duas famílias eram acérrimasinimizades.Ross Mackenna, um guerreiro forte e valente, dirigia comhabilidade a espada defendendo seu clã, combatia lada a

lado com seus parentes e se estremecia cada vez que umdeles caía abatido por um dos MacKay.Ross sabia que os Mackenna não podiam permitir-se maisperdas: no transcurso dos anos já muitos tinham caído



vítimas desta interminável sede de vingança com osMacKay e seus aliados. O pai e um de seus tios, além disso,do seu irmão menor tinham morrido em mão dos MacKay;Ross sabia que aquela tragédia insensata tinha que

terminar, mas não tinha idéia de como lhe pôr fim.“Cuidado! Cuide de suas costas!” gritou seu tio Gordon

Ross.Ross imediatamente girou e seu tartán flutuou ao redor desuas musculosas coxas. Abriu os olhos encontrando-sediante uma mulher de longos cabelos vermelhos, dedelicado rosto e um tartan com as cores dos MacKay queondeava ao redor de pernas bem torneadas para pertencer

a um perito guerreiro.Ross interrompeu no ar o golpe de sua espada que pelomenos teria destroçado seu corpo em duas partes, mas istonão impediu à mulher lhe ferir de canto uma coxa.“Pare moça!” Estalou Ross. “Eu não Mato mulheres”“Eu sou uma MacKay!” Replicou ela. “Se defenda ou

morra!”Lançou-se novamente ao ataque, com os cabelos

vermelhos que dançavam ao redor de seu rosto comochamas e os faiscantes verdes olhos. Uma rajada de ventolevantou o tartan oferecendo a Ross uma fugaz visão desólidas nádegas; esse espetáculo o surpreendeu ao pontoque quase esqueceu defender-se, para depois recuperar osentido e voltar em si apenas a tempo de parar seu ataque.“Pare, eu disse!” Grunhiu. “Quem é você?”“Um inimigo” A respondeu, inclinando-se para esquivar

sua espada.“Não quero te matar, mas se não abandonar o campo de

batalha o farei”.“Pode tentar” O provocou a mulher. “fui treinada com

meus irmãos, descobrirá que não será muito fácil mematar”.Era hábil com a espada, Ross tinha que admitir, mas nãopodia igualar-se a um guerreiro como ele. Continuou aenfrentar e esquivar suas estocadas sem lhe infligir muitosdanos, mas já estava farto desse jogo.



O sol se estava escondendo detrás das Colinas Cuillin eparecia difícil distinguir os tartan vermelhos e negros dosMacKenna dos verdes e azul dos MacKay.Ross observou o campo de batalha de reojo: homens de

ambos os clã jaziam em terra, enquanto alguns ajudavamaos companheiros feridos a levantar-se e afastar-se domeio da confusão.Ross divisou ao chefe do clã inimigo inclinado sobre umcorpo recostado em uma poça de sangue, logo ouviu seugrito de dor e o viu golpear o peito. O morto devia ser umapessoa muito querida, estava claro.A névoa escura que se levantou quase lhe impedia de ver

sua adversária, Ross amaldiçoou para si e esquivou umenésimo ataque.De improviso o senhor dos MacKay apareceu ao lado damoça, o rosto retorcido pela dor, tirou-a de um braço e aafastou da letal espada do Ross.“Gillian que faz aqui?”“Combato. solte-me, posso acabar com o senhor dos

MacKenna”.

Ross com muita dificuldade conteve uma gargalhada diantedaquela presunçosa afirmação.

Tearlach MacKay o examinou carrancudo.“Levo os meus mortos. Suspendamos a batalha”

Declarou, para depois afastar-se arrastando consigo amulher de cabelos em chama.“Voltaremo-nos a encontrar, Mackenna” Gritou ela. “Pode

contar com isso”.

“Não vejo a hora” replicou Ross.Depois girou para o campo de batalha e imediatamente seesqueceu dela: os mortos e feridos realmente eram muito,pensou sacudindo a cabeça. Os enfrentamentos estavammatando a homens na flor de seus anos em ambos osclãs. .Por mais que se esforçasse por encontrar umasolução, Ross não via nenhuma possibilidade de pazenquanto os MacKay continuassem a reivindicar adevolução da Torre de Ravenscraig e das férteis terras quea rodeava.



“Seria melhor que venha, moço” disse Gordon. “Seuprimo Gunn está entre os caídos”.“Mas já é um moço, apenas capaz de sustentar uma

espada! Protestou Ross transtornado.

“Não obstante, o fez e provavelmente morrerá por isso”Insistiu Gordon triste“me leve até ele” ordenou Ross.

Gunn jazia sobre a terra nua, pálido, inerte, coberto desangue.“por que não permaneceu ao Ravenscraig como te tinha

ordenado?” disse abatido Ross.De qualquer modo Gunn conseguiu encontrar a energia de

mover devagar sua cabeça,“Não podia permanecer com as mulheres. Sou capaz de

manobrar uma espada: ensinaste-me isso.Sua voz era tão fraco que Ross teve que inclinar-se sobreele para escutá-lo.“Agüente. A velha Gizela te recomporá de tudo”.

Começou a cair uma fina chuva, Ross tirou a capavermelha e negra e envolveu com ela o corpo de seu

primo. Não se dava conta do frio e da umidade, só sentiauma dor profunda e uma grande ira.“Está muito grave, Gordno?” perguntou com voz fraca.

Ajoelhou-se, acariciou ao moço, e sacudiu sua cabeçaconsternado, a pele de Gunn se estava esfriando.“morreu Ross”.“Nãããooo!” gritou ele desesperado. “Não é justo. Viu

quem o matou?”

Gordon denegou com sua cabeça desolado. Ross tomou emseus braços Gunn e o transportou à Torre de Ravenscraig.

CASTELO DE BRAEBURN Gillian percorria em um ir e em seu quarto, a espera que

seu pai decidisse o castigo que lhe seria imposto. Nãoestava nada arrependida de ter participado da batalhacontra os MacKenna: treinou com seus irmãos já tinhaalcançado a idade de tomar suas próprias decisões. Já que



estava disposta a suportar as conseqüências de seu atuar,por que seu pai se zangou tanto?Enfrentar no campo de batalha ao odiado senhor dosMacKenna lhe tinha provocado uma excitação sem igual.

Se seu pai não a tivesse afastado, talvez tivesseconseguido lhe transpassar o coração!Especulava-se que era impossível derrotar Ross Mackennano campo de batalha; em todas a Highland os menestréiscantavam suas façanhas. Dizia-se também que descendiados vikings, que se estabeleceram nessa região em séculosanteriores, em efeito Ross Mackenna demonstrava omesmo formidável temperamento de guerreiro.

Seus olhos azuis a tinham examinado furiosos, entretanto,Gillian agora compreendia o porquê as mulheres elogiavamsuas habilidades na cama. Seu corpo musculoso podiaatrair algumas delas, mas ela preferia um tipo maisrefinado como Angus Sinclair a um homem tosco e violentocomo Ross Mackenna. Gillian estava quase de noiva com osenhor dos Sinclair e estava impaciente de que sua uniãose formalizasse logo.

Escutou um som de passos lento para fora da porta e sepreparou para enfrentar a seu pai. Tearlach, um homem demédia idade alto e forte, tinha uma expressão colérica e aomesmo tempo triste.“Adiante, decide meu castigo que mereço, mas não

espere que me arrependa do que tenho feito” o desafiouGillian. “Luto tão bem como Tavis; por que não deveriaempunhar a espada para defender ao clã?”

Seu pai apertou os punhos.“Travis morreu no combate”.

Gillian sentiu debilitar-se seus joelhos e se deixou cairsobre um banco. Travis tinha um ano mais que ela e os doisirmãos estavam muito unidos.“Não! Não é possível” gemeu.“É assim, moça: estão preparando seu corpo para sua

sepultura. Travis é o segundo filho que perco por culpa deuma espada dos Mckenna. Quer que também perca minhaúnica filha da mesma maneira?”



Gillian ficou turvada por sua expressão: seu pai apareciacansado, envelhecido de dez anos em poucas horas.Malditos Mackenna! Antes Loren e agora Travis. Quando seacabaria?

“Não posso perder outro filho e só te expôs ao perigo“acusou Tearlach lhe apontando em cima um dedo maciço.“O campo de batalha não é um sítio adequado para uma

mulher, MacKenna poderia te haver destroçado em duaspartes sem muito esforço”.

“Mas não o fez” lhe recordou ela. Tearlach MacKay sacudiu a cabeça e começou a caminharnervoso.

“Brincava contigo, filha. Este massacre deve terminar osmortos de ambas as partes estão destruindo os clãs”.“Nós estamos de parte da razão, papai: a Torre de

Ravenscraig pertence aos Mackay. esqueceu que umMacKenna raptou uma Mackay no dia de seu casamento?“Ela se lançou da torre antes que submeter-se”.“Não esqueci nada, filha, mas esta situação está matando

a meus filhos um após o outro”. Lhe dirigiu um intenso

olhar e ela se deu conta que algo tinha em mente.“Deveria te castigar, mas não posso”.

Gillian o olhou surpreendida: não era sua forma de sertitubear desse modo. Tearlach nunca retrocedeu quando setratava de infligir uma pena, e junto a seus cinco irmãosGillian tinha provado freqüentemente seu chicote.

Talvez estivesse transtornado pela dor: Tavis era o menordos varões e seu preferido.

Gillian começou a chorar devagar, não haveria nunca maisvisto o sorriso malicioso do irmão, nem escutado suasbrincadeiras.O pai continuava com seu ir e vir com o rosto escuro pelador e ela não ousou interrompê-lo. Se Ross MacKenna seencontrasse ali, o teria feito em pedaços. Odiava a essehomem; talvez não fosse ele quem matou Tavis, mas dequalquer maneira era responsável por sua morte.Gillian se secou os olhos e se levantou.



“Deveríamos atacar imediatamente a Torre doRavenscraig, quando os MacKenna não imaginam. Ondeestá minha espada?”“Sente-se, bruxa sedenta de sangue!” estalou seu pai.

“tomei uma decisão: se Ross MacKenna estiver disponíveltratarei de pôr fim a esta loucura entre nossos clãs”.“Não pode fazê-lo, papai. A guerra deve continuar até

quando teremos reconquistado Ravenscraig” se opôsimediatamente Gillian.“Pensa que Tavis e Loren falariam desta maneira, se

pudessem expressar sua opinião? Eu acredito que em trocaqueriam viver”.

“Nunca te ouvi falar assim, papai”“Perder dois filhos e ver minha única filha desafiar a um

descendente dos Vikings me tem feito repensar. ProcurareiMackenna e lhe exporei meus desejos. Talvez juntosobtenhamos finalmente pôr fim a esta guerra entre nossosclãs”.“Ross MacKenna é um bastardo sedento de sangue e

nunca aceitará. O que dizem Murdoc, Ramsey e Nob? Não

acredito que estejam de acordo contigo. Enfrentamos aosMacKenna há muito tempo para perdoar e esquecer”.“Ainda sou o senhor dos MacKay e seus irmãos farão o

que eu diga. Ramsey e Nob querem ir a corte, mas nãopodem afastar-se, enquanto continuem os combates.Murdoc, meu herdeiro, queria casar-se com MaryMacDonald e formar uma família, mas tampouco ele podeconcretizar seus projetos. Não quero que seus filhos

morram por culpa de uma guerra insensata”.“E eu? Minha opinião não conta nada?“Você é uma moça e seu parecer não conta, além disso,

para ti tenho em mente um papel importante nesteassunto” resmungou o pai.Gillian resplandeceu imediatamente.“Ajudarei a meus irmãos a matar Ross MacKenna?”“Sua pobre mãe se viraria em sua tumba te escutando

falar assim” resmungou o pai.“Então que deverei fazer?”



“Prefiro não falar, até quando me reúna com a MacKenna.Antes necessito tempo para dar digna sepultura a meufilho”.

TORRE de RAVENSCRAIG

Um jarro de cerveja na mão, Ross estava sentado perto daenorme chaminé do grande salão. Tinham transcorridoduas semanas da morte de Gunn e tinha saudadesterrivelmente de suas gargalhadas e seu bom humor,assim mesmo como tinha saudades de seu irmão, morto

em uma batalha no ano anterior.“Tome cuidado, senhor”

Ross levantou o olhar e se encontrou adiante a velhaGizela: nunca prestava atenção a suas incoerentespredições, mas tinha que admitir que seus dotes decurandeira tinham algo de milagroso.“O que há agora? perguntou brusco. “Não tenho vontades

de escutar seus desatinos”.

“Chama-os como quer, mas faria bem prestar atenção”.“Imagino que agora me contará de suas visões” suspirou

Ross.Gizela sempre tinha visões, que ele geralmente ignorava.Alguns dos Mackenna a consideravam uma bruxa, masRoss não acreditava na magia.“Sim, você faria bem me escutar” repetiu a anciã

curandeira.

“Está bem” se rendeu Ross. “Que terrível evento temprevisto desta vez?”“Não deve ser necessariamente terrível, senhor”.“Então quer te explicar ou devo me lançar a adivinhar?”

estalou Ross impaciente.“O dia se aproxima” declarou Gizela solene.“Qual dia? Está dizendo coisas absurdas. Se não

pertencesse a meu clã e não fosse uma perita curandeiranão seria tão tolerante contigo”Gizela começou a oscilar como se estivesse em transe.“O dia se aproxima” repetiu.



“Vejo o fim da guerra e nosso clã em paz. Você,entretanto, deverá superar muitos obstáculos. Uma chamaentrará em nossas vidas, se não tomará cuidado,consumirá você. Mas também pode absorvê-la e acolher.

Se não o fizer, seu coração não terá paz”.“Basta mulher! Como de costume o que diz não tem

sentido” estalou Ross exasperado.Gizela piscou e pareceu voltar em si.“Estas coisas não são absurdas, senhor. Logo chegará

uma chama e seu terá que abraçá-la”.“Queria tanto ver o fim desta guerra e nosso clã em paz,

mas é absurdo pensar que isto possa acontecer. Os MacKay

junto com seus aliados combatem aos MacKenna e nossosaliados desde gerações”.“A chama- trará a paz. Espera o mensageiro” Insistiu

Gizela. Logo se afastou arrastando os pés.Com o rosto sério Ross bebeu um comprido sorvo decerveja.“O que te há dito esta vez Gizela, moço?” perguntou

Gordo sentando-se a seu lado.

“Não deveria escutá-la: está médio louca”.“Sei tio, mas é inofensiva. Delirava com chamas, paz e a

chegada de um mensageiro”.Gordo sacudiu seus amplos ombros.“Absurdo. Venho da aldeia: os pais do Gunn estão se

desesperados. Era o único varão, com cinco irmãs”.“Encontrarei um bom marido para todas elas entre nossos

aliados” prometeu Ross.

Uma bela mulher de longos cabelos loiros o chamou daporta.“Venha para a cama, Ross. Estou aborrecida de te

esperar”.“Sua amante está impaciente” observou Gordon.

Ross girou para a mulher franzindo a frente: SeanaMacHamish era muito bela, mas muito possessiva.“me deixe em paz”respondeu. “Esta noite não estou com

ânimo”.



“Vamos, venha! Insistiu Seana. Nunca aceitava muito bemum rechaço. “Sabe que posso fazer que melhores seuestado”.“Não esta noite. Procura a outro que esteja disposto a

esquentar sua cama”.Seana se aproximou oscilando seus quadris e se sentouem seu colo.“Eu o deixei zangado?” disse mimosa. “Está seguro que

quer que procure outro homem?” “Meu pai espera que logonos casemos, sabe.”“Nunca te prometi matrimônio, Seana” refutou Ross com

um suspiro. “Quando contrairei matrimônio, será para

estipular novas alianças, nossos clãs já são aliados. Estáaqui porque não te agrada a segunda esposa de seu pai eme pediu hospitalidade “.Seana encostou seu seio contra seu peito e o beijou naboca com ardor.“Talvez seja melhor que vá” balbuciou Gordo incômodo.

“É Tarde”“Não, não vá” Ross empurrando longe Seana.

“Há uma coisa da que quero te falar”.Ela gritou ofendida e de repente se levantou.“Talvez, sua primo Niall me acolherá em sua cama.”

Grunhiu afastando-se.“Não deveria tratá-la assim, moço” lhe aconselhou Gordo.“Antes ou depois poderia te arrepender”.“Deixa perder: Seana não era pura quando veio aqui e eu

de seguro não serei seu último amante. Quanto tempo fica

segundo você, antes que Tearlach MacKay lance o próximoataque?”.Gordon coçou a cabeça cinza.“O inverno se aproxima. Talvez, a paz se sustentará até a

primavera”“Isso espero. Desta vez nossas perdas não foram muitas,

mas quem sabe quantos mortos haverá a próxima vez“suspirou Ross.Gizela apareceu de improviso.“Não haverá outros mortos, se acolher a Chama”

declarou.



TORRE DE RAVENSCRAIG

Seguro que os MacKay teriam podido atacar em qualquermomento, Ross reatou a exercitar-se com a espada junto aoutros membros do clã. Pelo geral durante o inverno osataques se interrompiam, mas Ross não se atrevia a baixara guarda. Logo depois de um treinamento mais extremadoque de costume, voltou para a fortaleza desejando umbanho quente e uma comida substanciosa. Logo que teriaterminado de comer, quando um dos homens de guarda

chegou ofegante.“chegou um mensageiro, senhor” anunciou.“Está esperando n. Portão. Quer recebê-lo?”.“Um mensageiro? Repetiu Ross desconcertado.“Sim. Diz ser Murdoc MacKay e traz uma mensagem de

seu pai”.“Está sozinho?”“Sim”

“Pergunto-me o que quer”“Há um só modo de averiguá-lo”interveio Gordon.

Ross se levantou da mesa decidido.“Tem razão: falarei com ele. Abre o portão, mas vigia” lhe

ordenou ao homem de guarda.“Não confio nos MacKay”.

Pouco depois Murdoc MacKay entrava no grande salão.Ross não o convidou a sentar-se.

“O que tem a dizer, MacKay? Perguntou-lhe.“Trago uma mensagem de meu pai”.“Isto sei” respondeu Ross impaciente.“Meu pai quer reunir-se contigo no terreno sagrado da

capela do St. Tears”“Sozinho?”“Pode trazer contigo cinco homens. Meu pai fará o

mesmo. Deverão esperar todos fora enquanto vocês doisse encontrem sozinhos na capela”“É tudo?



“Sim. Meu pai insiste que o encontro pode ser a favor denossos clãs e dos aliados”.Ross examinou Murdoc suspeito.“Não é uma armadilha” lhe assegurou este.

“O que pensa Gordon?”O tio encolheu os ombros.“Não sei por que MacKenna quer falar, mas deve ser algo

importante, para arriscar enviando a seu herdeiro comomensageiro”.“Eu também acredito. Está bem, Murdoc Mackay: me diga

o dia e a hora do encontro, mas recorda que não souestúpido”.

“Enviarei sua mensagem a meu pai. O encontro será aomeio dia, depois de amanhã, na capela de St. Tears”.“Está bem. Ali estarei”.

Murdoc virou para sair e Ross se dirigiu a seu tio.“Acompanha-o fora e veja que não aconteça nada de

mau”.Ficando sozinho, sentou-se sumido em um silênciopreocupado. Não conseguia imaginar de que assunto o

chefe do clã rival queria discutir com ele, estava turbado edesconfiado. Por outro lado, duvidava que Tearlach MacKayse atrevesse atacá-lo em um lugar sagrado.“começou senhor”.

Ross se sobressaltou; não se tinha dado conta dainoportuna aparição da Gizela.“O que disse?” murmurou mal-humorado.“A nova era começou. Não te havia predito a chegada de

um mensageiro? Seu encontro com o MacKay é só ocomeço. Produzir-se-ão muitas mudanças”“Como sabe do encontro? perguntou Ross suspeito”.

”Não estava no salão quando falamos”.“Não preciso estar presente para saber o que acontece”

declarou Gizela lançando uma dessas olhadas indecifráveis.“Você não sabe nada” a liquidou Ross. “Simplesmente

adivinhou o que queria me dizer o filho do Mackay”.Gizela o olhou com olhos brilhantes.“Não tema à Chama. Abraçe-a, porque ela é seu destino”.



Ross suspirou e deixou vagar seu olhar no fogo que ardiana chaminé.“Como de costume diz coisas absurdas. te concentre em

sanar aos doentes e feridos, mulher: essa é a coisa que

sabe fazer melhor”.Quando levantou o olhar, a curandeira se foi.Ross sentiu a necessidade de estar sozinho para pensar,subiu ao solário e se sentou perto da chaminé. Estavaainda tratando de encontrar um sentido às palavras daGizela, quando Seana entrou sem anunciar-se, só vestiauma fina camisola.“Quando soube que Murdoc Mackay tinha vindo aqui,

pensou que necessitaria consolo” declarou, deixando caira terra a camisa.Em efeito, nesses momentos realmente necessitava umamulher. Ross olhou o formoso corpo que tão bemconhecia e se despiu rapidamente. Quando a alcançoudebaixo das peles, deu-se conta que algo não ia bem:enquanto lhe lambia com ardor o mamilo, viu umamuralha de chamas levantar-se seu redor envolvendo-o.

Afastou-se rápido abandonando a cama.“Ross, o que passa”perguntou Seanna desconcertada.“Não vê “ perguntou ele, olhando a seu redor.“Que coisa?”“A chamas. Nos rodeiam”.“Eu não vejo nada”.

Seana tratou de puxá-lo para si, mas Ross estava rígidocomo uma muralha de pedra.

“Vá. Tenho que pensar.“Só deve pensar em mim. Deixa que lhe de prazer”insistiu

ela.“Para outra vez será”.

Ross se aproximou da chaminé e olhou fixo as chamas.Seana desceu do leito indignada, recolheu sua camisa esaiu nua e furiosa, sem que ele a notasse nem sepreocupasse.

Turbado, Ross se deixou cair sobre um banco: não haviamchamas ao redor do leito, só na chaminé, onde deviamestar. De repente recordou à mulher Mackay de cabelos



vermelhos, tão insensata de querer desafiá-lo na batalha.Por fortuna o pai a tinha miserável longe, visto que ahonra não lhe permitia matar a uma mulher, nem sequeruma dos odiados Mackay. Por qual misteriosa razão, não

conseguia esquecer os cabelos que ondeavam ao redor deseu rosto como chamas, enquanto combatiam.Como chamas viventes. Possível O que?...Mas não,absurdo.Estremeceu-se e voltou a concentrar-se no iminenteencontro com os Mackay.

CAPELA DO ST. TEARS

Taerlach MacKay foi o primeiro em chegar e o esperavasob os ramos de um tilo. Ross se encaminhou para ele comcautela, no preciso momento em que os sinos da igrejaanunciavam meio-dia. Fiel à palavra empenhada o chefe doclã rival havia trazido consigo cinco homens, desmontou eesperou que Ross fizesse o mesmo.

“Entramos? Convidou-o Tearlach MacKay.Ross fez um gesto a seu primo Niall, quem desmontoudesembainhou a espada e entrou na capela, para sair aopouco momento.“Não é uma armadilha” lhe assegurou.“Está bem Mackay, primeiro você”disse Ross.

Um sacerdote mais ou menos robusto vinho a seu encontrona porta.

“Se desejam entrar na casa do Senhor, devem deixar foraas armas”.Ross desconfiava, mas quando viu Tearlach MacKaydesabotoar o cinturão e deixar cair a terra a espada,decidiu imitá-lo e o seguiu para o interior.O sacerdote se afastou satisfeito e MacKay se dirigiu para asacristia, onde os esperavam dois bancos uma mesa euma jarra de cerveja e duas taças.Ross se sentou receoso, enquanto o outro servia a cervejae lhe oferecia uma taça, aceitou-o, mas só começou a



beber até que o fizesse seu adversário. MacKay se sentoue Ross o olhou fixo aos olhos.“Esta entrevista é tua obra, então me explique que faço

aqui. O que têm a dizer dois acérrimos inimigos como

nós?” perguntou.“Temos o poder de pôr fim a esta guerra, para que nossos

filhos e os filhos de nossos filhos não devam morrer pelospecados de seus antepassados” aventurou Tearlach.A Ross quase lhe escorre a taça da mão.“Quer pôr fim à guerra? Perguntou atônito e incrédulo.

“por que devo acreditar?”“Tinha cinco filhos, Mackenna, agora tenho três e estive a

ponto de ver morrer a minha única filha” respondeu ooutro com os olhos cheios de tristeza. “Não quero perderoutros. Tão sedento de sangue está para desejar a mortede todos meus moços, Ross MacKenna?”.Ross moveu a cabeça.“perdi a meu pai, meu irmão, um primo e muitíssimos

parentes, entretanto não consigo acreditar que você queirade verdade terminar com nossa guerra. Como posso estar

seguro que não retomará as armas quando menos oespere?”“O que estou por te propor demonstrará minha boa fé”.“Ou seja?”“Quero unir nossos clãs: só um matrimônio pode pôr fim a

esta guerra”.Ross bebeu um longo gole e limpou a boca com a manga.“Não tenho irmãs, nem primas para dar em matrimônio a

um de seus filhos” objetou.MacKay golpeou a taça sobre a mesa com um gestoirritado:“Não entendeu? Estou-te oferecendo como esposa minha

Gillian!“Aquela de cabelos vermelhos que me desafiou no campo

de batalha? Não, obrigado.“Preferiria desposar uma gata selvagem”.“Sim, Gillian não é um tipo fácil, mas imagino que um

descendente dos Vikings seja capaz de domá-la. E deve ser



que vocês dois se desposem: nenhum outro poderá unirnossos clãs”.“E ela está de acordo com esta louca proposta?”“Sou seu pai; fará o que eu diga”.

Ross estalou em uma gargalhada.“Sua filha me odeia, demonstrou-o no campo de batalha.

Além disso, não acredito que você queira realmenterenunciar a Ravenscraig: nossos clãs lutam pela possedessas terras por gerações”.“O filho que terá de Gillian, meu neto, herdará a Torre de

Ravenscraig e todas as terras. Entende agora, porqueGillian deve casar-se contigo e não com outro MacKay?

Ross o compreendia muito bem, mas não estavaconvencido.Recordava bem os deslumbrantes olhos de ódio do Gillian:se só pudesse, o teria feito em pedaços, para depoiscuspir sobre seu cadáver.“Você espera que sua filha me dê um herdeiro, mas

duvido que ela permita que a leve para cama sem lutar”.“Tenho certeza de que estará à altura desse

desafio”replicou Tearlach.Ross meditou longamente a proposta: também ele queriapôr fim à guerra e tremia à idéia que seus futuros filhosfossem abatidos por uma espada dos Mackay, mas casar-secom aquela peste de cabelos vermelhos só lhe teriaproporcionado problemas. Por outra parte, não fugia àlógica da proposta de Tearlach Mackay.O outro se deu conta que o estava convencendo e voltou

para a carga.“As bodas se deveria celebrar logo…digamos na sexta-

feira próxima, um dia propício para os matrimônios.Convidaremos a nossos aliados e teremos a cerimônia ebanquete ao Braeburn, mas antes deve prometer querespeitará a minha filha”.Ross o olhou friamente.“Eu não maltrato às mulheres: se quisesse, poderia havê-

la feito em pedaços durante a batalha. Aceitarei suaproposta, só se a cerimônia se celebrará aqui no St.Tearse o banquete ao Ravenscraig. Encontra o modo que sua



filha se apresente na capela antes que o sino toque a sextahora”.“Está bem”consentiu Mackay depois de uma larga

reflexão.

“Mas quero estar presente a manhã seguinte, quandoexibir o lençol ensangüentado. O matrimônio se deveconsumar essa noite, assim não haverá nenhumapossibilidade de uma anulação”.“Aceito, mas com uma condição: se depois das bodas sua

filha chegasse abandonar Ravensacraig de sua própriavontade, nunca poderá voltar e a guerra recomeçará”.

Tearlach MacKay consentiu e tendeu a mão, Ross duvidou

um momento, depois a apertou. CASTELO DO BRAEBURN

Gillian esperava ansiosa que seu pai e irmãosretornassem de sua misteriosa missão. Angus Sinclairtinha chegado pouco depois de sua partida e ela esperavaque tivesse chegado o momento de formalizar seu noivado.

Agora estava sentado a seu lado, bebendo cerveja,olhando-a fascinado.“Quando deveria voltar Tearlach? -”perguntou.“Não o disse, mas não levou provisões, portanto penso

que chegará antes do jantar”.Angus se inclinou para diante e tomou uma mão.“Sabe por que estou aqui, não é?“Para formalizar nosso noivado, acredito. por que levou

tanto tempo?O atrativo chefe do clã Sinclair lhe apertou forte a mão.“Agora estou aqui, é o que conta. Sua pergunta é audaz,

mas eu gosto das mulheres audazes especialmente nacama. Dá-me um beijo?”Gillian olhou a seu redor verificou que ninguém estavaolhando e lhe ofereceu uma bochecha, mas Angus tinhaoutros planos: levantou-se, tirou-a dos ombros a atraiupara si para depois tomar seus lábios em um beijo ávidoe rude, muito distinto do que ela esperava. Seu fôlego eradesagradável, a boca dura e seus dentes lhe faziam mal.



Quando as mãos acariciaram o seio, Gillian retrocedeuzangada e passou os dedos sobre os lábios inchados.“Angus, O que faz?”“Gostou, não é? Dei-me conta pelo modo que

correspondeu. Quando nos casarmos te ensinarei como meagradar na cama”.Gillian tentou imaginar o leito nupcial, mas em lugar deAngus vislumbrou um descendente dos Vikings de fortesmúsculos. Expulsou esses pensamentos absurdos e lhesorriu. Ele a olhou sério.“Soube de suas loucuras no campo de batalha: quando

seremos marido e mulher não poderá mais te exercitar

com as armas e cavalgar pela campina. Terá que aprendera ocupar seu lugar e me obedecer em tudo, comocorresponde a uma boa e dócil esposa”Gillian não fez conta: todos os homens queriam ser osdonos em sua casa, mas estava segura que conseguiria lhefazer mudar de idéia. Pôs um dedo sobre os lábios.“Quieto! E me beije de novo” sussurrou provocadora.

Ele não se fez de rogar.

“Tira as mãos de minha filha! Gritou uma voz detrásdeles.Gillian sobressaltou, empurrou Angus longe e alisounervosa a prega do vestido, enquanto o pai e irmãosentravam no salão.“O que faz aqui, Sinclair, a parte de te comportar mal com

minha filha?”perguntou Tearlach em um tom bastantepouco amigável.

“É este o modo de tratar a seu futuro genro?” rebateuAngus. “vim formalizar o noivado com Gillian e a assinaro contrato matrimonial”.“Muito tarde: na próxima sexta-feira Gillian se casará com

outro”replicou Tearlach.“por que me comprometeu com outro, quando sabia

desde anos que haveria desposado Angus Sinclair?”protestou imediatamente Gillian.“Não foi assinado nenhum contrato e Angus nunca

manifestou querer formalizar oficialmente o noivado” lherecordou o pai.



Gillian se aproximou com uma atitude desafiante.“E quem deverei desposar?” perguntou.

Tearlach pigarreou esclarecendo voz e olhou a seus filhosem busca de apoio. Murdoc, o mais velho se adiantou um

passo.“Papai fez um acordo com a MacKenna”.“Como? Quer que me case com Ross MacKenna?”

exclamou Gillian frenética.“não perderei outros filhos devido a esta guerra” declarou

o pai com ímpeto. “É hora de acabar e o único modo éunir aos clãs”.“E eu deveria ser o bode expiatório” estalou Gillian. - “E

vocês estão de acordo?” adicionou, dirigindo-se a seusirmãos.“Não pode fazê-lo, MacKay” interveio Angus Sinclair. -

“Nossos clãs são aliados e os Sinclair hão sempre brigadoa seu lado contra os MacKenna, perdendo muitas vidas. porque deveríamos cessar justamente agora?”“Precisamente por esta razão: não podemos nos permitir

mais mortos”.

“Gillian é minha” protestou Angus. “Não me pode tirarisso assim.”Pousou a mão sobre o punho da espada e os três irmãosimediatamente desembainhando a sua. Angus deixou cair amão e os olhou carrancudo.“Não entendo porque querem a paz, quando sempre

combatemos para recuperar o que é nosso por direito”.“Estou de acordo!” interveio Gillian exaltada. - “Ninguém

perguntou minha opinião. Como pode prometer minha mãoa um inimigo, papai? Não conto verdadeiramente nadapara você?”De repente Tearlach pareceu muito mais velho que seusquarenta e cinco anos.“Quero-te muito, filhinha: quando te vi lutar com

MacKenna, coração. procurei a maneira de pôr fim a estaguerra precisamente porque não quero perder outro filho”.“Não posso acreditar que MacKenna tenha aceitado.

Como pode estar certo de que não me maltratará?”.



“Ross MacKenna deu sua palavra de honra: jurou-me queé seu costume maltratar às mulheres e eu acredito nele”.“Todos vocês são uns idiotas! explodiu Angus Sinclair.-

Lembre-se, Gillian : se necessitar de ajuda, me mande

chamar e eu virei” Logo se afastou furioso.Gillian o olhou afastar-se presa de sentimentosencontrados: depois de seu sermão sobre mulheresobedientes não estava muito ansiosa por desposá-lo, mas aidéia de ser a esposa de Ross MacKenna e de viver emterra inimiga a fazia estremecer. Tinham-lhe ensinado aodiar aos MacKenna desde que era pequena. Tinhammatado a seus irmãos: Como podia seu pai lhe pedir para

desposar seu chefe?Gillian se sobressaltou quando Tearlach apoiou uma mãoem seu ombro.“Não tema, filha. Não entregaria a MacKenna se pensasse

que poderia te fazer mal”“Pode me obrigar a que me case, mas não a que eu

permaneça com ele” o desafiou ela”,“Se não permanecer com MacKenna depois do

matrimônio, a guerra recomeçará e você não poderá voltarpara Ravenscraig” interveio Murdoc.“Estas foram suas condições”.“por que aceitou logo? Não me esperava isso de você”.“Desejo me casar logo com Mary MacDonald e não quero

que nossos filhos morram em uma guerra com a que nãotêm nada que fazer”.“Cada um de nós tem suas razões para pôr fim a esta

guerra” disse adiantando-se Niall.- “Ramsey e euqueremos ir ao Edimburgo, a experimentar a vida da corteantes de nos casar. Você é a única capaz de interromperesta matança”.“Onde se foi sua coragem?” manifestou Gillian. “por que

devo ser eu a que deve pagar por sua felicidade?”“Aqui não se trata de felicidade, mas bem de salvar

vistas” interveio Tearlach.“Reflete, filha: o filho que terá da MacKenna, será meu

neto, será o senhor de Ravenscraig e a devolverá a nossafamília, como sempre quisemos. Você é quão única pode



obter este resultado sem necessidade de derramar maissangue. É uma solução perfeita, Gillian”.“Para todos, menos para mim. Não será você o que terá

que jazer com um vikingo e suportar seus maus tratos” lhe

recriminou ela.“Não haverá nenhum mau trato: MacKenna deu sua

palavra. Se houvesse alguma ofensa, pode voltar paracasa e a guerra começará de novo”.“Diz a sério, papai?”.“Sim: não desejo que você sofra, mas pelo bem do clã

deve fazer a paz com Mackenna”.“Eu devia me casar com o Angus!”

“Angus teve todo o tempo do mundo para formalizar onoivado:por que não se fez presente? Talvez, depois detudo não te desejava tanto”.“Não é certo! prorrompeu Gillian, ainda suspeitando que

seu pai tivesse a razão. “Eu não me casarei com aMacKenna!”Deu meia volta e fugiu. Entretanto, nem em seu quartoencontrou um pouco de paz: continuava encontrando-se

diante do poderoso guerreiro de olhos azuis e cabelosescuros que seu pai queria que desposasse. Seu olharorgulhoso podia inspirar temor, mas ela não temia a RossMacKenna; ela o detestava.Gillian entretanto, dava-se conta que todo o clã, jádizimado pela guerra, teria sofrido se ela não se casassecom o odiado inimigo. Era a única que podia salvar seu paie irmãos, ainda assim se rebelava a esse destino. Não era

justo! Por que as mulheres deviam obedecer sem discutir?Se realmente devia casar-se com o Ross Mackenna teriaencontrado a forma de não ser a só a sofrer.

TORRE DE RAVENSCARIG

“Ouviu-me, Gordon: casar-me-ei com a moça MacKay”.“Não é aquela que te enfrentou durante a batalha?”“A mesma”.“Não entendo porque MacKay lhe terá devotado isso”.



“MacKay perdeu dois filhos e também nós tivemos muitasbaixas. Quer pôr fim a esta guerra para salvar aos filhosque ficam e eu não posso mais que lhe dar a razão.Ofereceu-me sua filha para unir aos clãs”.

“Seana armará um escândalo! Estava convencida queconseguiria casar-se contigo”comentou seu tio.Ross ficou tenso.“Seana sempre soube que nunca tive intenção de me

casar com ela. O casamento se celebrará na sexta-feirapróxima e esse dia assinalará o fim da guerra entre osMackenna e os MacKay.“Posso convidar a nossos aliados? Quero que os chefes

dos clãs estejam todos presente ao matrimônio e quesaibam que como seu senhor, não tolerarei algumaruptura da trégua”.“Ocupar-me-ei disso” prometeu Gordo.” Não acontece

todos os dias que o chefe do clã MacKenna toma umaesposa”.“O banquete nupcial será memorável”.“Quem se casa? Perguntou Seana aproximando-se.

“Ross”respondeu Gordon. Lhe ofereça suas felicitações:casará com a filha de MacKay”.Ela jogou para trás a cabeça e estalou em uma gargalhadaestridente.“Não diga idiotices: Ross nunca se casaria com a filha de

seu inimigo”.“Em troca é verdade” confirmou Ross. “MacKay me

ofereceu sua filha para unir aos clãs e pôr fim a guerra e

eu aceitei”.“E eu? Te de dois anos de minha vida!”“É verdade, mas foi livre para ir a qualquer momento. Eu

não te fiz nenhuma promessa e quando não tinha desejo dete acolher em minha cama, você procurava outro”.“Sua esposa não será bem-vinda aqui” grunhiu Seana,

sem tomar em conta suas palavras. “Tal matrimônio nãoresistirá nunca, mas não se preocupe, estarei pronta pararecolher os cacos”.Furiosa se afastou e Gordon olhou a seu sobrinhopreocupado.



“Tem razão, sabe? Espero você queira domar uma gataselvagem, porque isso é o que é aquela que encontrará emsua cama. Desejo-te boa sorte, moço: far-te-á falta”.

Ross chegou à capela com bastante antecipação. Era umdia frio e tétrico, com nuvens escuras que dominavam ohorizonte.Esperou perto do altar da capelinha, abarrotada de aliadosde ambos os clãs. Os camponeses se reuniram fora daporta para esperar a chegada da noiva: a sexta hora seaproximava, mas de Gillian MacKay nem a sombra.“Poderia ser uma armadilha” lhe sussurrou ao ouvido

Gordo.“Não, tio. Talvez a moça repensou: duvido que esteja

muito ansiosa por casar-se comigo”.O sino começou a repicar. Ao último tangido, a porta dacapela se abriu, fazendo entrar a noiva e sua família juntouma rajada de vento gelado.Gillian se deteve na soleira com a atitude de uma rainha,envolta por um luminoso raio de sol que de improviso se

insinuou dentre as escuras nuvens. Sua cabeça pareciaenvolta em chamas.Ross piscou e quando reabriu os olhos notou que a noivaestava envolta com uma capa com as cores dos MacKay,escolhido certamente para irritá-lo.Ele entretanto, estava muito longe da irritação, e sentia seucoração pulsar forte no peito.

Gillian levava a cabeça descoberta e os longos cabelosvermelhos desciam pelas costas, emoldurando o rosto emuma sorte de fogo vivente. De repente Ross recordou aspalavras da Gizela e fez uma promessa a si mesmo: nãopermitiria que o temperamento de sua esposa o devorasse.Ross entrecerrou os olhos e observou Gillian que percorriaa nave ao lado do pai com passos lentos e indecisos.A umcerto ponto se deteve, lhe lançando um olhar suplicante,mas Tearlach a empurrou adiante para o ponto em que eleos esperava.



Gillian se sentia em uma armadilha: tinha tratado de evitarou adiar o casamento de todos os modos possíveis, masnada tinha funcionado. Como gesto final de desafio,colocou a capa com as cores dos MacKay, permitindo a seu

pai arrastá-la para um destino pior que a morte.Quando finalmente encontrou a coragem de olhar aos olhosdo noivo, sentiu um estremecimento ao coração pelaintensidade de seu olhar azul.

Também ele a odiava e a desposava a desgosto?Desejava a paz a tal ponto de tomar uma esposa que

jamais poderia amar? E ela queria seu amor?A expressão de seus olhos era contraditória, uma mescla

de desconfiança e admiração.Logo, Gillian se encontrou sozinha a seu lado, o sacerdotelimpou a garganta.Ross MacKenna a puxou pelo braço, aproximando-a; ela seseparou brusca e mostrou seus dentes como um lobodisposto a atacar.“Viu moço? “sussurrou Gordon preocupado - “Esta união

não promete bem”.

“Conseguirei lhe fazer frente, tio” respondeu Ross.Depois baixou o olhar para sua esposa. Ela ignorou seuatraente rosto e se concentrou nos ombros largos, o tóraxamplo e as pernas musculosas. A bolsa grande e o brochede prata coalhada de pedras preciosas que sustentava acapa eram sinais eloqüentes de sua alta fila.O sacerdote limpou de novo a garganta, em espera de umsinal para dar começo à cerimônia. Ross moveu a cabeça

e o sacerdote girou para o altar.“Odeio você, Mackenna” sussurro Gillian raivosa.

Ele simulou não havê-la ouvido, desmentido entretanto,por um brilho de ira nos olhos azuis. Bem! Agora sabiacomo estavam as coisas.O sacerdote começou a falar com voz monótona.Gillian estava a ponto de estalar: não era possível que lheestivesse acontecendo isto tão fatal.Quando lhe perguntou se quereria tomar por marido RossMacKenna, fechou os lábios obstinada.“Responda -”falou Tearlach a suas costas.



Gillian notava os olhares de todos fixas nela, depois dofundo da capela se levantou uma voz.“Detenham-se! Gillian Mackay é minha, é minha noiva;

não pode desposar a outro”

O sacerdote se estremeceu e levantou o olhar do livrosagrado.“Quem nega a legalidade deste casamento?”“Eu! Respondeu Angus Sinclair

Gillian quase desmaiou de alívio vendo-o avançar ao longoda nave central. Queria correr para ele, mas Ross a detevelhe rodeando a cintura com um braço.“Deixe-me ir!” murmurou furiosa.- “ouviu Angus Sinclair:

não pode se casar comigo. O matrimônio não seria legal”.“O que tem a dizer, MacKay?” perguntou Ross, enquanto

Tearlach avançava para deter Sinclair.“Não houve nenhum compromisso e não assinamos

nenhum contrato de matrimônio. Sinclair se equivoca.”Declarou este.“Era um acordo verbal entre amigos!” insistiu Angus.“Nenhum acordo verbal!” rugiu Tearlach.

“Sente-se e permite continuar a cerimônia.”.Angus continuou a protestar, mas foi conduzido para fora aforça pelos três filhos MacKay. Na soleira se deteve, elançou uma última ameaça e desapareceu.“Continue, padre, exortou-o Ross. Não haverão outras

interrupções”O sacerdote reatou a cerimônia do momento em que foiinterrompido.

Gillian murmurou as respostas correspondentes sem quasedar-se conta do resto da cerimônia e abandonoutropeçando a capela pelo braço de Ross Mackenna: seuúnico consolo era o conhecimento que esse matrimônioteria salvado a vida de muitos membros de seu clã.Fora da capela um orvalho gelado lhe golpeou o rosto, masela estava aturdida e não se deu conta que Ross a içavana cela de seu magnífico garanhão, montava detrás dela ese dirigia para a Torre de Ravenscraig entre as aclamaçõese aplausos dos presentes.



Ross sentia o peso do Gillian entre suas coxas e o calor queemanava de seu corpo magro, tratava de sufocar umaexcitação crescente; ela se meneou piorando a situação.“Não se mova” a intimidou.

Gillian se virou para olhá-lo.“por que se casou comigo, quando nenhum dos dois o

desejava? por que te interessava muito pôr término àguerra? Nossos clãs lutaram por gerações: é uma tradiçãoantiga e honrada”.Ross olhou seus olhos verdes e só encontrou raiva.“Seriamente está sedenta de sangue! Comentou.- “Esta

massacre não pode continuar para sempre. Seu pai e eu

encontramos o modo de terminar com uma guerra que nosestá sangrando”.“por que devo ser eu a que deve pagar o preço da paz?”

manifestou Gillian furiosa.- “Se me tocar, eu mato você -”o ameaçou.Ross exalou um profundo suspiro: admirava seu valor eodiava a idéia de ter que dobrá-la com a força, mas nãopodia lhe permitir que levasse o caos a sua casa.

“Sou seu marido e você deverá compartilhar minhacama, minha mesa e meu lar” lhe recordou severo.“Seu pai deseja que se consuma o matrimônio esta noite

e assim se fará”“E se eu me recusar?”“Não faça as coisas mais difíceis, moça. Não sou um

monstro”.“É um MacKenna”.

Ross estava por lhe responder a tom, quando Gordonadiantou seu cavalo colocando-se ao lado de seu sobrinhoe sua recente noiva.“É um alívio constatar que ainda não se mataram

reciprocamente” -riu.“O dia ainda não terminou” -replicou Gillian.“Mantenha os olhos bem abertos, moço” aconselhou o tio

divertido.“Obrigado, farei isso-” assegurou Ross.

Se queria um pouco de paz em sua casa, tinha quedemonstrar a Gillian que não toleraria escândalos nem



enganos; o amo era ele e ela faria bem a aprenderdepressa.Sentiu-a estremecer quando Ravenscraig apareceu antesua vista; apesar do mau tempo, a torre de pedra cinza

parecia mais alta e imponente que nunca. O portão estavaaberto e ele o transpassou seguido dos convidados, algunsa cavalo outros a pé.Ross deteve o cavalo no pátio e desmontou. Um rapazinhocorreu para segurar as rédeas enquanto ele depositava suaesposa a terra.“Estamos em casa. Bem-vinda a Ravenscraig”.

Esse não era certamente o modo em que Gillian tinha

imaginado entrar lá: sempre tinha pensado que seu clãteria conquistado Ravenscraig com a força das armas emtroca agora era a proprietária porque se casou com oinimigo.“Sorria -” ordenou Ross guiando-a para cima da escada.

Lhe mostrou os dentes.“É a proprietária de Ravenscraig -”disse contente Tearlach

alcançando sua filha.

“É mais do que houvesse jamais esperado”“Tenha levantada-lhe cabeça, moça”.“Escute a seu pai -conveio Ross.“Saúda minha gente com um sorriso e eles lhe retribuirão

com o respeito. odiá-los como me odeia e sua vida seráinsuportável”.As pesadas portas de carvalho se abriram e Ross e Gillianentraram, seguidos pelo cortejo nupcial. O grande salão

tinha sido decorado com ramos frescas e fragrantes depinheiro e ervas secas. Haviam menos ventos para o ar queao Braeburn e uma grande chaminé esquentava aqueleenorme ambiente. As paredes estavam adornadas comtapeçarias e as janelas e tinham vidro um luxo aindadesconhecido no castelo dos MacKay. Uma escada depedra levava a uma galeria que percorria todo o salão esubia até o solário.As mesas estavam cobertas com toalhas brancas, outroluxo; Ross guiou Gillian à mesa de honra e se sentou a suadireita, enquanto Tearlach tomava seu lugar à esquerda de



sua filha. A um sinal do Ross, os parentes mais próximosdos noivos tomaram seus lugares, e a servidão começou atrazer bandejas com comida e jarras de vinho.Gillian teve que admitir que o banquete tinha sido

preparado ao mínimo detalha e estava seriamente delicioso: de primeiro se serve ostras, seguidas de uma sopa deporros, frango e arroz, logo carne de cervo banhado comum rico molho, pescado afresco como merluza defumada emuitos outros pratos. Gillian provou de cada um deles etambém degustou os doces da sobremesa.“Você gosta da comida, esposa? Perguntou Ross.“Está ótima”admitiu ela.” Seu clã se trata sempre assim?.

“Comem o suficiente, mas hoje é um dia especial. Esperoque aprecie porque tudo o que foi feito é em sua honra”.Gillian estreitou os ombros: sabia que um banquete detamanha magnitude comportava muita dedicação, mas nãoqueria que soubesse quanto estava impressionada deRavenscraig.“Então é um desperdício de tempo e energia: Ravenscraig

pertence a meu clã e não ao seu”.

Como esperava essa crítica o irritou; Ross mantinha umaaparência fria e controlada, mas ela leu uma furiosa ira nosolhos azuis e sufocou um calafrio.até que ponto podiaincitá-lo antes que ele reagisse com brutalidade?Seriamente, tinha vontade de descobrir.“Freia sua língua, mulher”- a repreendeu Ross. “Não te

permitirei humilhar a minha gente”.“O que me fará? Baterá em mim?”.

“É isso o que quer?.“O que quero não tem importância: já me obrigaram a

que me casasse contigo”.Ross olhou seus olhos verdes e pensou às muitas coisasque queria lhe fazer, nenhuma das quais incluía o mautrato.“O que está olhando?”- estalou Gillian irritada.“É uma mulher bonita. Não vejo a hora de tê-la em minha

cama”.Viu-a franzir os lábios e captou o que estava pensando.



Entretanto ele não confiava em sua esposa e tinha pedidoao Donald de retirar cada arma do solário e das habitaçõescontigüas: se só lhe desse a ocasião, Gillian o teriatranspassado sem pensá-lo duas vezes.

Ross não queria um matrimônio assim. Desejava que ela sedesse conta de quão importante era unir os dois clãs eaceitasse esta união, mas já tinha compreendido quedomá-la requereria mais tempo e paciência do previsto. Porsorte, com as largas noites invernais e o fim da guerra,podia dedicar-se completamente a sua bela esposa.“Não espere que me jogue em seus braços, MacKenna”

lhe advertiu Gillian em tom bélico.

Ross estalou a rir e se inclinou para lhe falar com ouvido.“Consideram-me um perito amante. Dar-te-ei muito

prazer, verá”.“Considerado por quem?”- perguntou assinalando com

discrição Seana“De quem falas?”“Está cego? Da bela loira que não tira os olhos de você”.“Ah, essa. chama-se Seana MacHamish. Nossos clãs são

aliados.”“É sua amante?“Não mentirei. Foi, mas agora que estou casado contigo

não me serve mais como amante”.“Não a afaste: tem minha permissão para que me

substitua em sua cama”.“Nem o pense, esposa: cumprirá com seu dever, na cama

e fora dela, também em mente”.

Antes que Gillian pudesse replicar, um grupo de músicos ebailarinos ciganos ingressou no salão saudado comentusiastas aclamações. As mesas se deslocaram paralhes dar espaço, inclusive ela aplaudiu: adorava a música,especialmente vivaz e rítmica dos ciganos.“Meu tio teve sorte encontrar uma companhia que ainda

se dirigia ao sul devido ao inverno. Espero que você gosteda música”.“Os ciganos são meus preferidos”admitiu Gillian.

Ele riu contente, mostrando dentes cândidos e perfeitos.“Agrada-me”.



Os músicos começaram com uma melodia alegre,enquanto os bailarinos giravam ágeis, fascinando Gilliancom a graça e a energia de seus movimentos. Aplaudiucom entusiasmo junto aos outros ao término da exibição e

não se deu conta que Ross fixava o olhar em Gizelaassentindo. Efetivamente estava mais que pronta, quandoa anciã mulher se aproximou e lhe tocou o braço.“É hora, menina. Meu nome é Gizela; conduzir-te-ei ao

quarto do senhor e responderei as perguntas que queirafazer”.Gillian lançou um olhar incendiário a seu marido.“Os festejos ainda não terminaram” objetou.

“terminaram para você, esposa. Quando terminarem, nós já estaremos deitados há muito tempo”.Gizela a puxou com gentileza.“Vamos, menina”.

Vendo-a vacilar, Tearlach se dirigiu a ela.“Cumpra com seu dever, filha. O clã depende de sua

obediência para os desejos de seu marido”.Furiosa, Gillian seguiu à anciã mulher subindo a escala até

o solário e a um quarto muito simples e masculina para seugosto.“Permite que te ajude a se despir e te pôr na cama,

menina” disse Gizelda com tom gentil.“Os homens chegarão a um momento”.“Homens? mais de um?- perguntou Gillian alarmada.“É o costume: na noite de núpcias os parentes mais

próximos do laird o trazem para o quarto e o colocam na

cama”.“Comigo?”“Naturalmente” riu Gizela.

Começou a lhe tirar seu vestido, deixando-a só com acamisa, as meias e sapatos, logo a levou para o leito.“Sente-se, menina”

Gillian obedeceu sem protestar, deixou-se tirar as meias eos sapatos, mas quando fez ameaça de levantar a barra dacamisa, opôs-se com firmeza.“Onde está minha camisola?



“é sua noite de núpcias, menina e não tem nenhumanecessidade disso -lhe recordou a anciã curandeira. -“Vamos, levanta os braços e permita que te dispa e aponha no leito. Logo poderá me fazer todas as perguntas

que queira”.“Ficarei com a camisa - declarou Gillian com firmeza.

Olhou a seu redor e notou surpreendida que não haviamarmas no quarto, coisa insólita para um guerreiro. Umhomem como Ross MacKenna de certo mantinha suaespada ao alcance de sua mão, ao lado do leito.Gizela encolheu os ombros.“Faça como quiser, tão antes ou depois terminará nua”.

Levantou as mantas. Vamos, para à cama”.Gillian obedeceu, esperando livrar-se dela, entretantoGillian parecia não ter pressa para ir. Tomou uma escova ese aproximou do leito.“Escovar-te-ei os cabelos: amanhã terá uma criada que

se ocupará de você, mas esta noite o senhor pensou quenecessitava de alguém preparado para responder a suasperguntas” explicou.

“Sinceramente…não sei o que perguntar”“Sabe como acontece o acoplamento?” perguntou Gizela

sem dar tantas voltas de palavras.“Vi como o fazem os cavalos: a fêmea relincha e não

parece muito contente de ser montada. Imagino que serádoloroso também para mim.“Só a primeira vez. Mais se conheço o nosso lorde,

também sentirá prazer”.

Gizela deslizou a escova sobre os cabelos vermelhoscompridos até a cintura.“Seriamente é como um chama viva. Vi Ross e você

rodeados pelas chamas e lhe disse que se tivesse acolhidoà chama, a teria conquistado. De outro modo ela o teriadevorado”.“É uma bruxa?” perguntou Gillian impressionada“Não, uma curandeira, mas freqüentemente tenho visões.

Fará bem me escutar” Lhe escovou os cabelos uma últimavez e se levantou.- “Penso que sabe todo aquilo queprecisa saber. Seu marido de ensinará o resto”



“Não confio em um Mackenna” replicou Gillian.Quando Gizela a deixou sozinha, de um saltou abandonouo leito, aproximo-se para pegar seu vestido, decidida aconfrontar a seu marido de pé, e não deitada de costas.

“Onde está indo ? - lhe perguntou uma voz.Gillian se virou surpreendida e divisou a amante de seumarido parada na soleira.“O que quer? Perguntou brusca.“Sabe quem sou?“A amante de Mackenna”“Ross te falou de mim?” surpreendeu-se Seana.“Sim. Dei-lhe os meus parabéns”.

“O que quer dizer?- Perguntou a outra desconfiada.“Não quero ter nada a ver com seu amante” Pode ficar

com ele com minha bênção”“Não sabe o que perde: Ross é muito hábil na cama, o

melhor de todos. Você, quantos homens teve, GillianMackay? Angus Sinclair é seu amante?.“Se não tivesse sido por Ross MacKenna o haveriadesposado”

“Se não tivesse sido por você, eu teria me casado comRoss. E agora me escute bem: Ross é meu. Tente seintrometer e arcará com as conseqüências”- grunhiuSeana ameaçadora.Gillian imediatamente mudou idéia: essa mulher estavadecidida a provocar problemas e pronta a recorrer àviolência para obter o que desejava, mas ela teria feitoinúteis todos seus planos.

Um barulho nas escadas anunciou a chegada iminente domarido e de seus ruidosos parentes.Seana praguejou e fugiu, enquanto Gillian voltava para acama puxando os lençóis e mantas até o queixo: nãoqueria que a vissem todos aqueles homens, vestindo só acamisa. Pouco depois a porta se abriu.Vendo seu marido transportado nos ombros por seusparentes Gillian quase explodiu em risadas, mas estavamuito preocupada com o que aconteceria depois paraceder a esse impulso.



“me desçam, moços”- ordenou Ross. “Não quero parecerridículo diante de minha esposa”.“Podem levá-lo de volta, pouco me importa -” murmurou

Gillian

Ross lhe lançou um olhar duro, mas não disse nadaenquanto outros o colocavam de pé e o despiam.Gillian desviou o olhar, mas conseguiu ver seu magníficocorpo viril.Se não tivesse sido seu inimigo, talvez o teria acolhido deboa vontade em seu leito, Mais como podia aceitar aohomem que lhe tinham ensinado a odiar, o homem cujo clãtinha matado a seus irmãos?

Gordon levantou um pouco as mantas e Ross se introduziuna cama em meio das gargalhadas gerais. Gillian seafastou o mais possível daquele corpo nu e imponente ecom a extremidade do olho notou consternada que entre oshomens pressente também estavam seu pai e seus irmãos.Pensavam, talvez, permanecer todos a olhar enquanto Rossa possuía? Perguntou-se horrorizada.“Fora todos! -Explodiu

“Escutaram? - Adiou Tearlach empurrando para fora aospressente.- “A noite de núpcias é um momento privado”.Uma vez que todos abandonaram o quarto, por sua vez seretirou e fechou a porta.“Roubou as palavras da boca” declarou Ross quando se

encontraram sozinhos.- “ninguém deve saber o que ocorreem nossa antecâmara”.“Então não estamos obrigados a fazer o que todos

esperam de nós” observou Gillian esperançada.Ross lhe acariciou a bochecha com a ponta de seu dedoindicador.

“Em troca sim. Amanhã de manhã esperam ver o lençolensangüentado pendurado na galeria”.Gillian retrocedeu bruscamente.“Estou preparada a cortar um dedo para oferecer a meu

pai a prova que necessita. me dê sua adaga”.“Toma-me como estúpido? Fiz uma promessa e pretendo

cumpri-la”. Ross a olhou com um meio sorriso. - “Além domais , no quarto não há armas: Mandei retirar todas”.



“Não confia em mim” o acusou Gillian.“Exato -”admitiu ele tranqüilo.“Talvez prefira ter Seana em seu leito”- ela tentou uma

vez mais .

Ross lhe lançou um estranho olhar.“Não. Você é minha esposa, a única mulher que tem o

direito de permanecer aqui. Não acredito que encontre seudever muito penoso”. Enrolou ao redor de um dedo umcomprido cacho de cabelo acobreado e puxou devagar. -“Vamos, venha aqui”.Gillian não tinha mais escolha que obedecer: oporresistência só lhe teria provocada dor.

Ross continuou a puxar até quando ela se encontrouencostada contra seu corpo quente e nu.“O que é isto? Perguntou irritado, agarrando o fino tecido

que a cobria.“Minha camisa- respondeu Gillian em tom defensivo.“Não a necessita”. A arrancou e a lançou ao chão.- “OH,

assim está melhor” declarou satisfeito, inclinando-se parabeijá-la.

Ross estava gozando do beijo, quando advertiu uma doraguda e um sabor de sangue:Essa gata selvagem lhetinha mordido o lábio!Retrocedeu furioso, mais a idéia de domá-la provocouuma onda de desejo por todo o corpo.“por que fez isso?”

Ela tentou proteger seu corpo nu de seu olhar.“Não posso fazê-lo Você é o inimigo”

Tomou as mãos e a imobilizou as colocando sobre suacabeça.“Sou seu marido, não seu inimigo” replicou.- “Agora

nossos clãs são aliados. Não lute comigo, moça: Não podevencer”.Seu olhar sensual percorreu seu corpo nu e imóvel deGillian“É muito bonita - declarou.

Passou-lhe um dedo sobre as costelas e sentiu seusmúsculos tensos, depois notou que mordia seu lábio



inferior, sinal que suas carícias não lhe eram tãoindiferentes.Então passou a lhe acariciar a pele suave das coxas.“Não imaginava encontrar similares músculos em uma

mulher” comentou surpreso.“Hei-me sempre adestrado com meus irmãos” explicou

Gillian, tentando esquivar seu contato.“Acha repugnantes os músculos?” perguntou ofegante.“Acho repugnante só sua atitude belicosa e pretendo

revertê-la imediatamente”.Passou uma mão por seu seio, deteve-se com o polegar nomamilo. Gillian fechou os olhos e se arqueou, mas quando

Ross inclinou a cabeça e começou a lamber o mamilo eladeixou escapar um grito afogado.“O que me está fazendo?”“Faço o amor contigo, moça. Você gosta?”“me solte os braços. Não me sinto cômoda quando me

aprisionam”. Tampouco Ross gostava dessa situação: queria tocá-la edesejava suas carícias, embora podia imaginar Gillian

acariciando-o, a menos que tivesse uma arma apontando agarganta.Deixou-a ir e ela imediatamente levanto os punhos.“Nem sequer se atreva” lhe advertiu Ross.”Não quero te

machucar”.Voltou a beijá-la, insinuou-lhe a língua entre os lábios eantes que ela tentasse de mordê-lo de novo absorveu emboca sua língua. Sentiu-a enrigecer-se e logo relaxar-se

lentamente contra ele; então deixou seus lábios e começoua beijá-la no pescoço e lhe acariciar o sexo.Legando depoisao mamilo, envolveu-o com a língua e começou a sugar elamber.“O que… está…fazendo?” repetiu Gillian com voz fraca.

Ross levantou a cabeça.“Você gosta?”“Eu…não. Nada do que me faz eu gosto”.“Mentirosa”.

Deslocou a mão sobre sua feminilidade e recomeçou aacariciá-la.



Gillian sentia desvanecer toda resistência:Como erapossível que Ross tivesse conseguido derrubar em tãobreve tempo suas defesas? E ela que tipo de mulher era,para render-se tão rápido ao inimigo?

A boca, a língua e as mãos de Ross estavam fazendocoisas que nunca teria acreditado possível.“Basta, Mackenna! Pare!

Ele a ignorou e continuou acariciando-a entre as pernas.Quando um dedo se insinuou na parte mais íntima de suaesposa, Gillian mordeu os lábios para sufocar um gemidode prazer, mas Ross não se deixou enganar.“Não oponha resistência” lhe reprovou. “Seu corpo me

pertence. Posso lhe agradar, queira ou não”.Gillian apertou os dentes: não queria lhe dar a satisfaçãode que soubesse que provava algo bem distinto que odesgosto.. Apertou as mãos a punho para impedir-se detocá-lo…entretanto, desejava tanto tocar sua pele, passaros dedos sobre seu espesso pêlo escuro de seu peito e…Não, não devia pensar nestas coisas: seria como trair aseu clã. Era uma MacKay, a única decidida a continuar com

a guerra pela qual muitos tinham dado a vida. Seu pai eirmãos tinham enlouquecido: Não sabiam que não podiahaver paz entre os MacKenna e os MacKay? Antes oudepois Ross teria quebrado fatalmente a trégua e a guerrarecomeçaria.Os pensamentos se dispersaram quando Ross insinuou alíngua entre suas pernas; o gemido de Gillian que tinhatentado até agora sufocar, escapou dos lábios e seu corpo

se arqueou para acolher essas carícias íntimas e ardentes.Nunca tinha provado tal prazer em toda sua vida.Gillian tratou de rechaçar Ross, mas ele a sustentou firmepelos quadris e continuou a afundar a língua dentro dela,para depois retirar-se e recomeçar. Gillian perdeu abatalha, gritou de prazer e abriu as coxas, o corpo seestremecia ao ritmo de sua língua premente.Não conseguia controlar as mãos; apoiou-as insegurasobre os ombros e o sentiu relaxar-se e gemerbrandamente.



Animada, começou lhe acariciar as costas: a pele do Rossestava quente e suave, com músculos fortes apenasdebaixo.Gillian se sentia a beira de um precipício, em um lugar

onde nunca antes tinha aventurado a estar, enquanto umincrível prazer a invadia. Se Ross não parasse teriaexplorado.“Quero estar dentro de você quando sentir prazer

-murmurou ele retrocedendo.Gillian se aferrou a ele com um grito de protesto.Como podia fazer uma coisa similar, quando ela estava tãoperto do ápice do prazer?

Não sabia bem nem ela o que estava a ponto deacontecer, mas estava segura que seria algo espetacular.Sentiu algo duro e quente entre as pernas, soube queestava a ponto de perder a virgindade e ficou rígida.“Relaxe, moça: doerá só desta vez, depois só haverá

prazer”.A dor que seguiu a suas palavras foi tão aguda ao ponto delhe tirar o fôlego.

“Pare! Está me machucando.“Parece, Gillian que já não posso parar - replicou Ross

com voz suave.Logo começou a mover-se lentamente, como se quisesseprepará-la para algo magnífico que ainda devia chegar.“Basta, pare!” repetiu ela.“Posso fazê-lo mais veloz, ou posso te agradar. O que

prefere?

Gillian abriu os olhos incrédula.“Quer me agradar?”

Ross se escorou sobre suas mãos e a olhou.“Você não sabe nada destas coisas, não é ?“Vi acoplar-se aos cavalos e…”

Ele se deitou até que seus corpos se tocaram e sefundiram.“Isto é somente o início” murmurou.

Logo a beijou longamente, terno e exigente ao mesmotempo.



Gillian começou a ofegar: Era isto o prazer que seu maridolhe tinha prometido? Não queria nada dele, menos ainda oprazer, pensou mas corpo e mente já estavam separados.“Toque-me -”disse Ross com voz rouca.

Gillian apertou as mãos a punho.“Não, não posso”.“me toque” repetiu ele.

As mãos dela se moveram como dotadas de vontadeprópria: odiava a ausência de autocontrole,mas não pôdeevitar lhe acariciar os ombros.Seu calor a induziu a retroceder de um salto, mais depoisretornou a lhe tocar as costas com largas e lentas carícias.

Ouviu-o gemer, depois foi enrolada por novas e intensassensações, arqueou seu corpo para acolher os prementesimpulsos. Ross murmurou algo alentador e reatou a beijá-la com ardor, até lhe arrancar gemidos sufocados deprazer.Depois parou de beijá-la e a olhou: A luz em seus olhos eratão intensa que chegou a assustá-la. Ela não sabia mais oque desejava, mas a pele lhe parecia que ardia e uma

sensação de espera a invadia. Pareceu-lhe vislumbrar umaluz brilhante que os envolvia a ambos: se não seatrevesse , teria perdido algo excepcional, mas se oaceitasse nunca mais seria a mesma.Gillian continuou a lutar consigo mesma até quando seudesejo se tornou frenético; arqueou-se para ele e foisacudida por uma explosão de prazer sem igual.Ross se apoiou sobre ela com a respiração ofegante;

perturbada e envergonhada por sua total rendição, Gilliantratou de rechaçá-lo, mas ele não quis saber disso, rodouaté lado, arrastando-a consigo: agora ela estava em cimadele.Gillian tratou de empurrá-lo; pensava que a soltasse, vistoque tinha obtido o que queria, mais outra vez Ross asurpreendeu.“Não havemos ainda terminado” declarou.“O que outra coisa pode haver? Perguntou ela

desconcertada.



“comparou nossa união com o acoplamento com oscavalos, portanto agora é a sua vez de me cavalgar..“Mas você…eu…é muito cedo…” balbuciou Gillian

aturdida

“Como pode esperar que eu queira recomeçar?”“Uma vez não é suficiente. Não minta: sei que gostou”“Odiei. E também te odeio”.“Talvez me odeia, mas não pode negar que te dei prazer:

escutei seus gritos, senti seu corpo tremer debaixo do meu.Domei você uma vez e posso fazê-lo de novo”.Gillian tratou de lhe fugir, mas ele a imobilizou quando sedeu conta que seus movimentos estavam excitando Ross.

“Nenhum MacKenna pode domar a um Mackay” disparou.Os quadris do Ross se impulsionaram para cima, enchendo-a, as mãos se posaram em seu seio e a língua e lábiossugaram e lamberam os túrgidos mamilos. Esse homemera insaciável; se continuasseAssim, a teria matado antes que despontasse o dia.Não estava matando-a, mas, o desejo sem nome que atinha invadido pouco antes se reavivou nela e por mais que

tratasse Gillian não pôde evitar secundar seus possessivosimpulsos.Ross se sentiu rodear por sua ardente suavidade, sentiu osmúsculos que o apertavam e as coxas que pressionavamcontra seus quadris que quase perde o controle.Conseguiu conter-se, a espera que Gillian alcançasse oprazer.Era consciente da luta que se desenvolvia dentro dela:

sabia que para sua esposa submeter-se a seu corpo era opior modo de trair seu próprio clã e começava a dar-seconta que domá-la não só uma questão física.Quando a sentiu gritar, Ross lhe sustentou os quadris e seintroduziu até o fundo: nesse momento só existiam osdois. Queria ou não admiti-lo, Gillian possuía uma naturezaselvagem e apaixonada e eleEstava feliz com essa descoberta.“Maldito, MacKenna!” gritou Gillian.

Ross a olhou quando alcançava o êxtase, emitir umsufocado gemido e derrubou-se sobre ele. Nesse momento



não lutou mais para conter-se e a sua vez alcançou oclímax do prazer: nunca teria acreditado poderexperimentar algo similar precisamente com uma mulherdos MacKay.

Quando recuperou a força suficiente para mover-se, Rossdeslocou o corpo inerte de Gillian e o deixou na cama aseu lado. Ela tinha os olhos fechados, o rosto avermelhadoe os lábios inchados pelos beijos, a respiração rápida e oschamejantes cabelos pulverizados sobre o travesseiro,davam-lhe uma aparência desordenada e deliciosa.Ross se apoiou em um cotovelo e observou esse corpomusculoso e bem proporcionado. Muitos homens preferiam

mulheres com curvas delicadas, mas ele estava contenteque sua esposa tivesse ambas as qualidades.Seu olhar posou em suas coxas manchadas de sangue.“Você está bem?” perguntou devagar.“O que te importa?”.

Ross suspirou: esperava que não voltasse a precedenteatitude belicosa. Para falar a verdade nesse momentoGillian, parecia estar mas bem exausta que zangada.

Não deveria ter feito o amor outra vez com ela, reprovou-se, visto que seu corpo não estava acostumado, mas nãopôde conter-se. Desejava-a ainda, mas sufocou decididoseu impulso: já que ela o considerava uma besta, eramelhor não confirmar tal crença.“É minha esposa” respondeu. Não era minha intenção te

machucar”.“Posso dormir agora, ou quer abusar de minha outra vez?

Se tivesse virado para ele teria visto um brilho de ira emseus olhos azuis.“Já lhe disse: eu não maltrato a mulheres, nem sequer

uma MacKay com a língua venenosa e ódio no coração”.Ross saiu do leito, esvaziou um pouco de água em umabacia inundou um pano e voltou para ela. Ignorando seusprotestos, abriu-lhe as pernas e a lavou com gentileza.“Agora pode dormir” declarou. Deixou o pano no

recipiente e voltou para a cama.Gillian sentiu os olhos cheios de lágrimas de vergonha:Como tinha podido gozar tanto durante a união com Ross



MacKenna? Era anormal ou qualquer mulher teria reagidodessa maneira ante suas carícias peritas?Possivelmente como riu dela, quando tinha comparado oque tinham feito com o acoplamento dos cavalos! Por

outro lado, ignorava que os homens pudessemproporcionar às mulheres tal prazer.

Gillian despertou com os primeiros raios de sol, com Rossque a olhava.Estremeceu-se quando lhe acariciou os cabelos afundandoneles os dedos.“É você a chama, agora o entendo” murmurou. “Gizela

não se equivocava para nada”.Deixou cair os cabelos, levantou-se, dirigiu-se à chaminépara reavivar as brasas. Não obstante a inicial relutânciade observá-lo nu Gillian se encontrou olhando em suadireção e ficou sem fôlego: envolto por um raio de sol, ocorpo do Ross parecia mais divino que humano. Era umcorpo de guerreiro, forte, musculoso e sem uma fibra degordura ele se inclinou para colocar mais lenha ao fogo, a

vista de suas nádegas compactas lhe soltou um gritosufocado.Ross se levantou e se virou com um sorrisinho.“Gostou do espetáculo?”

Gillian se virou sem responder.“Meu corpo gostou muito do seu: foi feita para o amor.

Não é muito difícil te agradar” sentenciou Ross satisfeito.“Quer dizer de devemos fazê-lo de novo?”

“Sim, se tiver desejo”.Gillian ficou olhando apreensiva enquanto ele seaproximava do leito, inclinava-se para tomá-la no braços ea colocava em um banco perto da chaminé.“O que quer fazer?”“Seu pai estará ansioso para voltar para Braeburn, mas

não sairá até que não esteja seguro que nosso matrimôniofoi consumado”.Arrancou do leito o lençol manchado de sangue e deixou oquarto assim nu como estava. Ela se aproximou em vãopara detê-lo: sabia o que pretendia fazer e sentia suas



bochechas arder pelo desconforto e humilhação. Poucodepois Ross voltou com um aspecto satisfeito como nunca,seguido por entusiastas aclamações provenientes dosalão.

“Era realmente necessário?” perguntou Gillian zangada.“Sim: até o sacerdote esperava a prova da consumação

do matrimônio. Agora ninguém duvidará que estamosverdadeiramente casados”.Quando Ross se colocou diante dela, Gillian retrocedeu,fazendo-se pequena, indefesa.“Não quererá…”“Não. Só quero um banho e comida” se agasalhou com a

capa e saiu.Parecia zangado, mas não lhe importava.Não podia de novo ceder a sua paixão: envergonhava-seante a idéia de ter sacrificado sua virgindade a umbastardo arrogante que sentia prazer de sua rendição.

Já sozinha, Gillian atirou os lençóis até o queixo e afundoua cabeça no travesseiro, decidida a não chorar. Era forte,lhe teria demonstrado que não todos os MacKay eram

débeis e tolos. Para ela a guerra não tinha terminado; haviarecém começado.Um toque na porta a saco de suas reflexões.“Quem é?”“Sou eu, Gillian” respondeu a voz de seu pai. “vim me

despedir”“Entre,papai”.

Tearlach se aproximou do leito.

“antes de partir queria me assegurar com meus olhos quevocê está bem. MacKenna me disse que não te machucou:É verdade? foi gentil contigo?”“Sim,-admitiu a contra gosto.“Então tudo vai bem?”“Não, papai. Odeio esse homem e deveria odiá-lo também

” Tearlach suspirou.

“Sua atitude me entristece: de todos meus filhos, é aúnica a rechaçar o fim da guerra. me escute, menina: façaas pazes com seu marido. Não obstante que lutamos por



anos, estou convencido que Ross MacKenna é um homembom e justo”.“Está satisfeito, MacKay?” perguntou Ross entrando no

quarto.

“Havia-te dito que Gillian se encontrava bem, não? E sevocê não quebrar a trégua as coisas seguirão assim”.

Tearlach estendeu a mão.“Quer celebrar a paz entre nossos clãs, genro?”

Ross lhe estreitou a mão.“Sim, sogro”.“Agora vou” anunciou Tearlach.- “Leva Gillian de visita

antes que a neve bloqueie os caminhos. Recorda o que lhe

disse, menina” adicionou para a filha. “Agora é umamulher casada; confia em seu marido e tudo irá bem”.Gillian se conteve até quando Tearlach não se foi, depoislançou um olhar de fogo ao seu marido.“Talvez meu pai confia em você, mas eu não”.“Basta, mulher: depois desta noite, estou seguro que nos

daremos bem. A água para o banho está esquentando,logo me alcançará no salão para tomar café da manhã

juntos. Quanto antes minha gente te aceitará comosenhora de Ravenscraig, melhor será”.Depois chegaram a tina de bronze cheia de água quente ea moça a quem Ross tinha ordenado queajudasse Gillian.“Sou Alicia, minha senhora, e te servirei por ordem do

senhor MacKenna” se apresentou.“O banho está preparado. Quer que te recolha o cabelo?”

Sim, obrigado” respondeu Gillian, enquanto a graciosamorena lhe acomodava a cabeleira emaranhada.“Pretende permanecer aqui enquanto me banho?”

perguntou depois lançando um olhar de fogo a seu marido.“Sim.Também quero me banhar, portanto, não demore

muito ou a água se esfriará”.“Alicia também é sua...

Ross imediatamente entendeu que queria dizer, e seapressou a interrompê-la.“Alicia é uma parente longínqua; vive aqui com a mãe

Hannah, nossa cozinheira”



“Ah” murmurou Gillian consternada.Envolveu-se no lençol, descendeu do leito e se aproximouda tina. Deixou cair o lençol e entrou tão depressa queRoss teve só uma fugaz visão de seu esbelto corpo.

Gillian terminou rápido seu banho e pediu a Alicia de lhetrazer um tecido para secar-se.“Faço isso ” disse Ross.- “Pode ir, Alicia”

Assim que a moça saiu, Ross tomou o grande pano de linhoe o abriu, a espera que ela saísse da tina. Gillian o fez acontra gosto e quando ele permaneceu imóvel o olhoudesconcertada: os olhos azuis tinha sumido uma corintensa e tempestuosa.

“Estou esperando” protestou.Ross a envolveu no pano de linho e a estreitou para si.Eraforte e musculoso e Gillian se debateu para liberar-se.“Não queria tomar um banho?” perguntou retrocedendo.“Sim”“Então se apresse. Morro de fome”“Eu também tenho fome, mas não de comida”.

Seu olhar ardente teria podido derretê-la, mas Gillian não

tinha intenção de deixar-se de novo seduzir.“Não o farei de novo” advertiu.Cumpri com meu dever;

não terá mais de mim, Ross MacKenna”.Ele estalou em uma gargalhada sem alegria.“Não zombe der mim, MacKenna”.“Ah, Gillian, vejo que te domar não será tão fácil como

pensava” suspirou Ross.- “Temo ter que te desiludir: nãoterminamos nada …e isto se chama fazer amor”.

“por quê? Não há amor entre nos.Ross suspirou de novo, despiu-se e entrou na tina.“Esfrega-me as costas?”“Não. Quer que vá chamar Seana? Ela ficaria feliz.“Você põe a dura prova minha paciência. Vamos, vista-se:

esperam-nos abaixo no salão”.Gillian colocou o vestido que Alicia tinha preparado paraela, uma túnica verde escuro, e meias grossas de lã.Vestiu a capa com as cores dos MacKay, para demonstrarao marido que não se deixava intimidar por ele.Ross depressa terminou seu banho e por sua vez se vestiu.



“Se pensa me fazer zangar, colocando a capa de seu clãse equivoca completamente: agora nossos clãs são aliados.Se vestisse as cores dos MacKenna , entretanto,conquistaria a simpatia de minha gente”.

- Não quero conquistar nem a você e nem seus parentes.Coloque isso bem na cabeça, Mackenna”.Ele a puxou pelo braço e para si.“E você coloque na cabeça de ser amiga de minha gente

salvará muitas vidas, não só dos Mackenna, mas tambémdos MacKay. É tão desumana que não se importa em nadacom seu pai e seus irmãos?”Logo se inclinou para beijá-la com paixão e Gillian reagiu

com uma intensa e inesperada excitação.

Quando Ross e Gillian entraram no grande salão, o zumbidodas conversas cessou de repente. Ela avermelhou coibida,sentindo os olhos de todos sobre ela, enquanto Ross a faziaacomodar na mesa de honra, levantou o queixo com umgesto desafiante: rechaçava deixar-se intimidar pelosparentes do marido.

Seana entrou nesse momento e se sentou perto de Ross,logo também chegou Gordon, que tomou seu lugar ao ladodela. A um gesto de Ross, os servos começaram a trazerbandejas de porridge acompanhado de fogaças e taças decerveja. Gillian comeu uma fogaça: nunca tinha gostado dasopa quente de aveia. Para o café da manhã preferia ovose toucinho.De repente Seana se tornou para diante e falou com voz o

suficiente alta de fazer-se escutar por todos.“Esperava ver hematomas e arranhões esta manhã, mas

parece que ambos sobreviveram a noite de núpcias.Confesso de estar surpresa que não se mataramreciprocamente”comentou.“A ausência de hematomas é um bom sinal”- riu Gordon.

“Nosso clã obterá grande vantagem para a paz”.“Já veremos” replicou Seana.- “Eu não acredito que a

trégua se prolongará por muito”



“Agora basta!” bramou Ross.- “O que faz ainda aquiSeana? “por que não retornou a sua casa com a escoltaque te ofereci?”Ela o olhou encantada.

“pensei que séria divertido permanecer e ver comoprocedia seu matrimônio”.-Deu um olhar furtivo a Gillian.-“Sua esposa não parece estar contente com você e nemvocê com ela. Quando tivernecessidade de uma verdadeira mulher, conte comigo” -concluiu baixando a voz.“Pode ficar com Seana -” declarou Gillian tranqüila.- “A

mim não importa”.

“Basta de provocar problemas!” explodiu Ross furioso.-“Meu matrimônio não te incumbe. Teria que terabandonado Ravenscraig”“Niall me pediu para ficar e eu aceitei” explicou ela. - “

Não é o único homem atraente aqui”.Ross a olhou carrancudo e Gillian se perguntou se estariacom ciúmes de Niall.“Faça o que queira, Seana, mas atenção, ao primeiro sinal

de problemas lhe envio para a sua casa” -advertiu com osdentes apertados.“Não deveria lhe permitir que fique, moço-” murmurou

Gordon.- “Ter uma amante – ou uma ex-amante e umaesposa sob o mesmo teto só pode trazer complicações”.“Deixemos que Niall a desfrute” replicou Ross.- “Advertir-

lhe-ei que a mantenha longe de Gillain”.“Seana não é problema para mim, Mackenna - assegurou

ela em um sussurro. - “Se quer levá-la a sua cama, nãotenho objeções”.Ross ignorou sua declaração e se dirigiu a Seana.“Encontre outro lugar para comer: a mesa de honra já não

é para você. Gordon reúne alguns homens: é hora de levaro gado aos pastos de inverno- adicionou falando com seutio.Seana se levantou indignada e se aproximou de Niall.Gordon ao mesmo tempo abandonou o salão.



“Não devia rechaçá-la”- protestou Gillain.- “Uma noite emseu leito foi suficiente.Seana pode tomar meu lugar comminha benção”.Ross a olhou carrancudo.

“Seu pai voltaria a declarar a guerra se soubesse quetenho em casa uma amante. Já disse e lhe repito isso: éminha esposa e virá a minha cama comigo cada vez queeu queira”.“E onde estará nos outros momentos?” perguntou,

embora não tinha idéia de por que lhe interessava saber.Nada feria mais seu orgulho do que ter consciência dafacilidade com a qual seu marido podia controlar seu

corpo.“Não te interessa, mas escute bem: não estarei na cama

de Seana” adicionou, fazendo um gesto a um homemsentado ali perto. Este se levantou aproximando-se damesa de honra.“Donald te ,mostrará Ravenscraig e te apresentará a

cozinheira e o resto dos criados. Mais vale que comeceseus deveres de esposa”.

“Quem é Donald?”“meu parente. Administra Ravenscraig desde a morte de

minha mãe, no ano passado, estou certo que ficará feliz dete delegar uma parte de suas tarefas”.Gillian o olhou com atenção: era um pouco maior que Rosse tinha o aspecto de um perito guerreiro.“Donald, minha esposa quer percorrer a torre. Queira

mostrar-lhe - convidou-o Ross.

“Não deveria te ocupar disso?” replicou o outro.“Eu devo levar o gado lá nas colinas, até os pastos para o

inverno” replicou Ross. Logo se foi sem sequer saudar.Donald o seguiu sério com o olhar, logo se dirigiu a Gillianmudando de expressão.“Está pronta para conhecer sua nova casa, moça?”

perguntou.“Um momento” o deteve Gillian. “Antes devo fazer uma

coisa. Me espere aqui”Afastou-se rápida, subiu com grandes passados a escalaaté a galeria, tomou o lençol manchado de sangue que



ondeava pendurado do corrimão, levou-o ao salão e olançou ao fogo. Olhou-a queimar antes de voltar para ondeDonald estava.“Agora estou pronta” anunciou. - “Não tenho intenção de

te substituir: parece-me que tem feito um bom trabalho,dirigindo Ravenscraig” esclareceu.“Fiz o que se devia fazer, mas não me importará de lhe

passar algumas responsabilidades”.A Gillian não lhe escapou sua frieza.“Você não gosta de mim, não é?” perguntou direta.“Não mais do que você gosta de mim, mas é a esposa de

nosso senhor e te respeitarei, embora seja uma MacKay.

Venha, moça: começaremos da torre e logo desceremos,embora duvide que queira ver as masmorras”.“Há masmorras aqui?”“OH, sim, mas não se usam há anos”

Gillian passou as duas horas sucessivas a explorar suanova casa: a habitação no topo da torre estava vazia, masmuitas outras nos andares inferiores estavam ocupadaspelo tio de Ross, vários parentes e por criados que

trabalham e viviam ali. Tudo em Ravenscraig estava em boas condições: comotodas as construções desse tipo os corredores estavamcheios de janelas e cantos com tapeçarias, entretantoGillian estava feliz. Ao término da ronda Donald a levou acozinha, apresentou-a à cozinheira e se foi.“Não tenho intenção de interferir com seu trabalho”

esclareceu Gillian imediatamente, rompendo o tenso

silêncio que se formou na habitação.- “A cozinha é seudomínio e como tal permanecerá. Eu não sei nada destascoisas”.Hannah visivelmente relaxou.“Sua mãe não te ensinou nada?”“Morreu me dando a luz e meu pai me deixou crescer

livre. Minha atividade preferida era treinar com a espada junto a meus irmãos”.

“Sim, ouvi que enfrentou Ross no campo de batalha. Foiuma loucura, menina: ele poderia tê-la cortado em doiscom um só golpe”.



“Ia muito bem, até quando meu pai se intrometeu -replicou Gillian ressentida.“Se você o diz -” riu Hannah, uma mulher roliça, com as

bochechas vermelhas e os cabelos estriados de cinza.-

Poderia me indicar seu mantimentos preferidos, de modopoder incluí-los nos pratos a preparar?”- Se o banquete nupcial era um exemplo de suacapacidade, não tenho muito que acrescentar”.Mordeu o lábio inferior, insegura de lhe falar de suaspreferências para o café da manhã.“O que acontece, me diga?” animou-a Hannah.“Olhe, eu não gosto muito do porridge -” confessou

Gillian.- “Para o café da manhã prefiro ovos e toucinho.Seria possível…”“Não diga mais”- a interrompeu a cozinheira.- “Todas as

manhãs lhe prepararei isso pessoalmente”.“Obrigado”.

Hannah inclinou a cabeça e a olhou fixamente.”Não está nada mau, para ser uma MacKay” finalmente

sentenciou.- “Ross fez bem casar-se contigo, embora

temo que Seana não esteja de acordo”.“E você não está nada mau, para ser uma MacKenna” a

contradisse Gillian.- “Quanto a Seana, não me importa oque pense” continuou, levantando os ombros.- “Nem eunem Ross desejávamos este matrimônio; se ele preferirSeana por mim está bem”.“Eu acredito que Ross respeitará as promessas

matrimoniais: é esse tipo de homem. Talvez deveria…”

“Não dê conselhos quando não sabe nada da chama”- lheadvertiu Gizela da porta.Pega de surpresa, Gillian se virou brusca.“Não te senti chegar”.

A anciã curandeira se aproximou lhe dando umapalmadinha na mão.“Fique atenta, menina, alguns em Ravenscraig não

gostam de você”.“Quase todos, acredito” replicou Gillian.“Não é verdade! - protestou Hannah. - Eu gosto de você e

o mesmo vale para minha filha Alicia”.



“Sua chama arde intensa, Gillian MacKay. É forte, mastambém nosso lorde é -” declarou Gizela.“Tome cuidado com os perigos”.“Quais perigos?

“Não a escute” interveio Hannah.- “Aqui ninguém tequer mal. E você Gizela, não assuste à nova esposa doRoss.A outra se virou e se foi balbuciando consigo mesma.“Sente-se, menina” a convidou a cozinheira lhe servindo

um pão recém saído do forno cortando uma fatia.- “Osovos estarão preparados logo, aqui há manteiga fresca.Sirva-se”.

Gillian tinha abandonado o salão faminta, assim nãoduvidou em lubrificar com manteiga o pão quente edevorá-lo: estava delicioso. Quando Hannah lhe serviu osovos e uma taça de leite, de um golpe fez desaparecertudo. O leite era um luxo, e geralmente vinha reservadopara as crianças, mas em Ravenscraig não havia.

Terminou de comer, Gillian agradeceu à cozinheira e voltoupara salão; para sua desgraça, a primeira pessoa que

encontrou foi Seana.“Estava -te procurando” disse esta.- “Podemos trocar

confidências sobre Ross: Não lhe acha um amantemagnífico?”Gillian era mais hábil com a espada que com esse tipo deargúcias, mas aprendia rápido.“Não tenho tempo para ficar para a conversar, Seana.

Visto que faz um lindo dia, quero sair a cavalo. Meu cavalo

Prata precisa fazer exercício.“OH não seja tão tímida, Gillian! Ross não te deu prazer?”

insistiu Seana“O que acontece em meu dormitório não te compete”

cortou rápido . Logo empurrou Seana e se dirigiu à porta.Diferente do dia anterior, o tempo tinha melhorado muito:o sol brilhava e o ar o suficiente morno para um passeiopelos campos.Nos estábulos lhe disseram que Prata ainda não tinhachegado de Braeburn; Gillian não se desanimou,



inspecionou os cavalos e escolheu um cavalo negro comaspecto vivaz de nome Corvo.“Não lhe aconselho isso, senhora” objetou o jovem

cavalariço. - “Corvo é uma verdadeira peste; só o senhor

consegue montá-lo”Em vez de atemorizá-la, esse comentário reforçou suadecisão.“Sele-o; se Ross pode cavalgá-lo, posso fazer o mesmo”.

Corvo chutou um pouco quando foi conduzido para fora,não lhe pareceu tão perigoso. Gillian lhe acariciou ofocinho, falou-lhe com gentileza. Montou com a ajuda dorapaz e esporeou decidida para a pradaria.

Gillian galopou pelo campo coberto por hera, lançou acabeça para trás e riu eufórica, os cabelos ondulavamdetrás dela como um estandarte brilhante, fazia tempoque não se sentia tão livre.De repente divisou um cavalheiro que vinha para ela eagitava os braços, como chamar sua atenção.Diminuiu a velocidade e quando reconheceu Angus Sinclairpuxou as rédeas.

“O que faz aqui?” perguntou-lhe Angus quando esteveperto.- “Cavalgar sozinha pela pradaria é perigoso, emborame alegra vê-la”.“Esta região pertence a Ravenscraig e mais à frente

começam as terras dos MacKay: aqui está segura. Você, apropósito, o que faz aqui?”“Venho de Braeburn” respondeu Angus.- “Sei que a

obrigaram a este matrimônio e queria visitá-la e ver como

estava, mas seu pai me convenceu que não sou bem-vindoem Ravenscraig”.“Como vê, estou bem. Agradeço seu interesse, mas se

não tivesse demorado tanto tempo em formalizar onoivado, agora seria sua esposa” - Gillian o olhou aosolhos,se perguntando se a apaixonada noite no leito deRoss MacKenna fez mudar seus sentimentos por ele. Não,não era possível, pensou.“Arrepender-me-ei por essa demora o resto de minha

vida” declarou Angus empurrando o cavalo mais perto.-“Não está obrigada a permanecer com esse homem,



Gillian: não terá que confiar-se nele. Não me surpreenderiase quebrasse a trégua e atacasse sua família quandomenos se espera”.Gillian sentiu o dever de defender seu marido.

“Isto não pode afirmá-lo com certeza”.Ele alargou uma mão e agarrou as rédeas.“Em troca, sim .Venha comigo”.

Gillian tratou em vão de arrancá-las.“É muito tarde: agora estou casada. Além disso não sabe

o que ocorreria se abandonasse MacKenna”.“O rapto de esposas é uma antiga tradição entre os

Escoceses. Se fosse minha, não te deixaria cavalgar na

pradaria desprotegida” insistiu Angus. Logo começou aarrastar seu cavalo.“Pare! Está louco? Se for, a guerra recomeçará.Tão

ansioso está de derramar mais sangue?”“E você tão ansiosa está de voltar para a cama da

MacKenna?” provocou-a Angus.Gillian se enrigeceu:por mais que detestasse seu marido,esse não seria um dever muito desagradável.

“Sabe bem que não é assim”- se zangou.“Então não vejo motivo que permaneça com ele. Se a

guerra começar de novo, antes ou depois o clã dos MacKaye seus aliados conseguirão expulsar ao inimigo deRavenscraig”.“Não estou certa de desejá-lo”.“Não te achava uma traidora” gritou Angus furioso.“Queria me casar contigo, não com MacKenna, mas não

tive outra escolha - se defendeu ela rapidamente.- “Agorasou sua esposa, a guerra terminou e para manter a pazdevo permanecer em Ravenscraig. Não devo sequer voltarpara seu leito agora que o matrimônio foi consumado. Rosstem uma amante, Seana MacHamish que pode satisfazerseus caprichos”.“Se você fosse minha, não necessitaria uma amante”

replicou Angus.- “E você será minha, Gillian. Para mim seumatrimônio de farsa não conta nada”.Rodeou-lhe a cintura com um braço e tratou de arrastá-lapara sua própria cela, mas Corvo retrocedeu e ele se viu



obrigado a soltá-la. Nenhum dos dois escutou o ruído decascos sempre mais perto, até quando um grito fez Gillianse virar.Ross vinha para eles rapidamente. Angus amaldiçoou

furioso e tratou de afastar-se, mas o outro o alcançou antesque pudesse girar o cavalo.Ross estava a procura de gado extraviado acima de umacolina, quando tinha reconhecido Gillian, usando a capa dosMacKay, que galopava para a pradaria abaixo.Preocupou-se vendo-a montando Corvo, cujotemperamento não era nada plácido, depois setranqüilizou notando que o controlava com facilidade.

Estava por afastar-se quando se deu conta de outrocavalheiro galopava para ela; reconhecendo as cores dosSinclair, precipitou-se colina abaixo.Ainda de longe o tom íntimo de sua conversa se notava aprimeira vista.Quando viu que Sinclair abraçava a sua esposa, Rossesporeou furioso. Não podia acreditar que Gillian tivesseorganizado esse encontro um dia depois de seu

casamento, mas com ela tudo era possível.Ross os alcançou, puxando com força as rédeas.“Afaste suas mãos de minha esposa, Sinclair! Gritou.“Encontramo-nos por acaso -se defendeu Angus.-

“Estávamos falando dos velhos tempos”.Ross se dirigiu a Gillian.“por que não me disse que queria cavalgar? Teria

encontrado um cavalo adequado, em espera que o teu

chegasse de Braeburn. Volte para casa; falaremos maistarde de seu comportamento”.“Não fiz nada de errado- Gillian se enrigeceu

imediatamente - “Como disse Angus, foi um encontrocasual. Só estávamos conversando”.“de agora em diante conversará só no salão de

Ravenscraig, como uma pessoa civilizada”.“Está insinuando que não o sou?”“Estou dizendo que não se comporta como se convém a

uma mulher casada. Seu encontro casual não é muitoconvincente”.



“Não pode me dizer como devo me comportar MacKenna”-, incomodou-se Gillian. - “Eu faço o que me der vontade, ese quero conversar com Angus, você não pode me impedir.Se não tivesse assinado o acordo com meu pai, agora seria

sua esposa”.Ross apertou as mãos em punho para evitar de triturar aorival.“Será melhor que volte para Ravenscraig, Gillian -”lhe

aconselhou Angus. - “Temo por sua vida, se continuardesafiando ao bruto que lhe obrigaram desposar. Se baterem Gillian, MacKay não respeitará a trégua” adicionou paraRoss.

Ross sabia muito a quem tinha vontade de bater e não eracertamente Gillian.“Jamais bati em uma mulher, mas também poderia mudar

de idéia”.“Faz a prova” o desafiou Gillian.

Ele lhe lançou um olhar de fogo.“Volte para casa. Quero falar em particular com Sinclair”.

Ela vacilou um momento, depois esporeou Corvo e se

afastou a galope.“Louca imprudente” murmurou Ross.- “Corvo é perigoso;

não deveria cavalgar assim”“Não se importa em nada com dela, de outro modo, não

teria em sua casa sua amante! Acusou-o Angus.“Quem te disse uma coisa semelhante?” grunhiu Ross,

reprimindo-se apenas de lhe torcer o pescoço.“Gillian. Visitou-a, depois de ter tirado a virgindade de sua

esposa?”Nesse ponto Ross perdeu os estribos: saltou ao chão,avançou sobre ele, o fez descer do cavalo e lhe apontou aadaga na garganta.“Adiante, me mate, MacKenna” o incitou Angus.- “Assim

a trégua terminará”.“por que está tão ansioso em ver recomeçar a guerra?”“roubou minha mulher, tem que morrer, MacKenna”

grunhiu Angus.- “Mas antes que morra,posso recuperarGillian. Se para te matar é necessário recomeçar a guerra,então é isso o que quero”.



“A guerra terminou, Sinclair, mas me escute bem: secontinuar correndo atrás de minha esposa, serei eu a tematar. Quando MacKay souber o motivo, dar-me-á a razãoe a trégua permanecerá”.

Imaginar Gillian nos braços de Angus Sinclair o fazia fervero sangue: Sua esposa desejava Sinclair enquanto fazia oamor com ele,na noite anterior?” A idéia o enlouquecia.Ross retirou devagar a adaga e se levantou, imitado depoispor Angus.“Um gesto injustificado” disse Sinclair, furioso pela

humilhação.“Considera-o uma advertência: só eu tenho o direito de ir

à cama com o Gillian”.“Tomará inclusive se resistir?”“Asseguro-te que não opôs resistência esta noite.” Riu

Ross montando a cavalo. - Pense antes de seduzir de novominha esposa” Logo afundou os calcanhares nos flancosdo cavalo e se afastou a galope, deixando ao outrotossindo pelo pó.

Gillian voltou para Ravenscraig furiosa. Como ousava seumarido envergonha-la na frente de Angus e lhe dizer comodevia comportar-se? por que se interessava por ela,quando tinha Seana pronta para correr complacente a umsinal dele? Esse homem era insuportável, possessivo eprepotente. Se atrevesse em bater nela, como tinhainsinuado Angus, teria encontrado pão para seus dentes.Gillian desmontou frente aos estábulos e passou as rédeas

de Corvo a um cavalariço. Entrou na torre a grandespassos e quando Donald a chamou, fingiu não ter ouvido esubiu rápida as escada, para o solário.Lá abriu o baú que tinha chegado no dia anterior, pinçouentre os vestidos até encontrar a espada que lhe deu seupai: era mais leve que a que usava seu marido, mas afiadae letal. Moveu a cabeça desolada: estava casada um dia e

já sentia a necessidade de defender-se.Ficou caminhando inquieta, a espera do retorno de Ross;tinha faltado à refeição, mas não tinha fome, nemtemerosa de ter que enfrentar seu marido.



Era quase hora do jantar quando escutou seus passos nocorredor, escondeu a espada entre as dobras de sua saia

justo quando ele abria a porta.Ross se deteve diante de Gillian, admirado, a seu pesar,

por sua atitude desafiante.“O que tem a dizer, mulher?” perguntou-lhe sério.-“Queria, passear a cavalo; não tenho outra coisa que

acrescentar”.“Concordou com Sinclair para encontrá-lo na pradaria?“E quando teria podido fazê-lo?”“Não sei.O que queria?”“Falar comigo”.

“Não minta! Colocou as mãos em você.“Está bem, se seriamente quer saber, queria me raptar”

admitiu Gillian , desafiante.Não obstante o aspecto calmo, Ross se sentia a ponto deexplodir.“Fez bem em recusar”.“E quem disse que recusei?.“Não brinque comigo, Gillian:não estou disposto a tolerar

uma esposa infiel”.“E o que me diz de um marido infiel?” replicou ela ,

olhando-o com olhos resplandecentes.“Não tenho intenção de traí-la.E agora me escute bem:

não haverão mais encontros casuais com Sinclair ouqualquer outro”.“Caso contrário me baterá?”.

Ross alargou uma mão e ela desembainhou a espada

escondida entre os pregas do vestido e a apontou no peito.“Maldição, Gillian!O que acha que está fazendo?“Não te permitirei que me bata..“O que te faz pensar que tenha intenções de fazê-lo?”“É assim que reagem todos os homens, quando estão

descontentes com sua esposa”“Baixa a espada, Gillian”.

Alargou a mão para agarrar o punho justo enquantoretrocedia e a lâmina afiada lhe cortou a palma. Gillianlargou imediatamente a espada e olhou assustada osangue que brotava copioso.



“Não fique aí parada. Pegue um pano para estancar osangue- ”gritou ele.Gillian correu para o baú aberto, e tomou o primeiro queencontrou, uma camisa limpa e a comprimiu contra a

palma de Ross.“Devo chamar Gizela? Necessitará de pontos”.

Nesse momento a anciã curandeira apareceu na soleira daporta com uma cesta ao braço.“É grave, moço?” perguntou.“Só um arranhão” minimizou Ross.“Como…como soube?” murmurou Gillian dividida entre o

medo e o desconcerto.

Gizela tomou da cesta agulha, fio e vários ungüentos e oscolocou na mesa.“Eu sei muitas coisas” respondeu misteriosa.- “Sente-se,

e me deixe ver a mão” adicionou olhando para Ross.Ainda turbado e incrédulo, ele se deixou cair em um bancoe lhe estendeu a mão. Lançou um olhar furioso a Gillian,quem em vez de retirar-se, olhava assustada Gizela comose tivesse chifres. Ross não moveu um músculo enquanto a

ferida era lavada e suturada, mas continuou a olhar suaesposa.“O que queria dizer? Perguntou Gillian, quando Gizela se

foi.“É uma bruxa?”

Ross sacudiu os ombros.“É a curandeira de Ravenscraig desde tempos imemoriais.

Pode parecer estranha , mas é inofensiva” Se levantou

recolheu a espada e a ofereceu da parte do punho.“Nunca mais levante uma arma contra mim - lhe

advertiu- “Falaremos mais tarde que seu encontro com oSinclair, quando terei encontrado um castigo adequado aseu comportamento”“Não ousará…”“Por certo que ouso, esposa”

Antes que Gillian pudesse protestar, Ross a aproximou delee a beijou: devia subjugar à chama antes que esta seconsumasse. Talvez se queimaria, mas valia a pena correro risco.



Gillian verdadeiramente não conseguia compreender Ross:em troca de golpeá-la, tinha beijado, para depois afastar-

se deixando-a mais confusa que nunca. Aproximou-se da janela ; era quase noite e ela não tinha comido nada depoisdo café da manhã.O estômago resmungava de fome; Deveria reunir-se comRoss no salão para o jantar, ou ele preferia ignorá-la?Gillian decidiu que nenhum MaKenna teria ignorado a umaMaKay, endireitou os ombros e se dirigiu à porta,determinada a tomar o lugar que lhe correspondia na mesa

de honra.Ross voltou precisamente nesse momento; trocaram umolhar de fogo.“Vim buscá-la para te acompanhar ao salão para comer

juntos. Não quero que meus parentes pensem que há umdesacordo entre nós” explicou.“Espero que você seja hábil a recitar, então” replicou

Gillian irônica, precedendo-o para a porta.

“Estou contente que não tenha decidido me castigar, medeixando morrer de fome” adicionouRoss se conteve apenas de lhe dar uma resposta aérea.Havia tratado de esquecer o encontro de Gillian comSinclair, mas não tinha conseguido apagar a imagem desua mente. Na realidade, não queria castigá-la, só lhe fazertranscorrer uma tarde a preocupar-se do que tinhareservado para ela. Além disso tinha formas mais

agradáveis para domá-la.Pouco depois se sentaram à mesa de honra e começou o

jantar. O almoço geralmente era mais elaborado, o jantarembora mais ligeira era deliciosa; sopa de batatas, pescadocom um molho cremoso e pudim.Ross notou que Gillian se servia porções abundantes detudo e recordou que tinha saltado o almoço, cada vez quea via levar-se aos lábios um bocado, imaginava que essaboca tenra lhe envolvia certa parte de sua anatomia, o queconseguiu estar muito excitado .sentiu-se incômodo e afastou o olhar.



Notou que Seana olhava fixo Gillian com hostilidade;possivelmente deveria enviá-la a sua casa, mas como nãotinha intenção de levá-la a sua cama, não havia motivoque negasse seus favores a algum outro parente.

“Seana é verdadeiramente bela” comentou Gillian deimproviso.- “Admita-o: a deseja”.“Engana-se: entreguei-a a Niall ou a qualquer outro que a

deseje. E ela é livre de voltar com seu pai em qualquermomento”.“Ela lhe deseja.Eram noivos, antes que meu pai

interviesse”“Não. Não estava prometido a nenhuma mulher. Ao

contrário de ti, quando nos casamos não tinha emcompromisso com nenhuma outra.Gillian avermelhou e voltou a atenção a seu prato.“Se quer ir para a cama com a Seana, por mim não há

problema”- É inútil que insista, não me empurrará a deixá-la de lado,mulher. Aceita o fato que homens com objetivos melhoresque os teus, tenham encontrado a maneira de fazer a paz”.

Ross saboreou seu uísque enquanto terminava de comer,logo lhe dirigiu um olhar atraente.“Quer que nos retiremos agora?”

Gillian o olhou belicosa.“Para que você possa me castigar? Não esqueci suas

ameaças”.“O castigo que tenho em mente você gostará - prometeu

Ross levantando-se e levando-a consigo.

Também os outros começaram a levantar-se, preparadospara dedicar-se aos jogos e a outras atividades noturnas.Com uma mão em sua cintura guiou Gillian para a escada;de improviso Gizela apareceu diante deles, fazendo-asobressaltar de medo.“A curandeira não te fará mal” lhe assegurou Ross rindo.“O que acontece agora Gizela?”“Quer que troque a bandagem, senhor?”

Ross flexionou os dedos. “Não,está bem assim”.A velha olhou atentamente Gillian, logo apontou um dedocontra Ross.



“O senhor dos MacKenna esperou desde tempo à chama.Goze de seu castigo, menina” disse. Depois se afastou.“O que pretendia? Perguntou Gillian confusa.

Ross levantou os ombros.

“Não sei. Gizela freqüentemente fala com enigmas”.“Ross queria falar contigo um momento, antes que se

retire” os deteve uma voz a suas costas, enquanto sedirigia para a escala.Virou-se e divisou a seu tio.“Não pode esperasse amanhã?”Não, sinto muito”.“Está bem “cedeu Ross com um suspiro.”Não demorarei

muito” adicionou olhando Gillian.Ela correu para a escada; imaginava que tipo de castigotinha em mente seu marido, pretendia que a encontrassena cama adormecida quando ele subisse. O plano quasefuncionou: estava a beira do sono, quando Ross entrou noquarto e se aproximou decidido ao leito.“Pare de fingir, já sei que está acordada”-

Gillian levantou as pálpebras um pouco sonolenta

“Não devia falar com seu tio?”Ross puxou da cama as mantas e a fez sentar.“Gordon me disse que Sinclair foi visto em nossas terras.O

que está tramando com ele?”Gillian se liberou de um puxão.“Nada. me conceda um pouco de confiança: não acredito

que a trégua se mantenha, mas tampouco quero verpessoas que amo cair sob os golpes dos MacKenna. Não

conspirei nada com Angus. Sou sua esposa”.Ross ficou olhando durante um longo momento, que elacomeçou a sentir-se incômoda, logo seu olhar se suavizou,atraiu-a para si.“Tem razão: é minha esposa. Percebo sua chama que me

queima. Devo domá-la antes que me consuma”.“Sou eu a chama?”

Ross passou os dedos entre seus cabelos levantou umcacho vermelho para que ela o olhasse.“Você o que diz?” perguntou.



“Eu digo que Gizela é uma anciã louca. me deixe. Estoucansada e não estou de humor para que me domem”.Ross tomou o queixo e ao olhou direito aos olhos.“Estamos casados; se eu estiver de humor adequado,

domar-te-ei”.Gillian se livrou imediatamente.“consumamos o matrimônio. Não estamos obrigados a

voltar fazê-lo”“Então quer me negar ter herdeiros?” perguntou Ross

com fúria.“Um homem como você deve ter semeado toda a

campina de bastardos”.

“Não tenho filhos ilegítimos” replicou Ross.“por que não faz um filho com uma de suas amantes e

depois o reconhece como seu herdeiro? Sugeriu Gillianesperançada.Ross nunca tinha conhecida uma mulher similar.Gillian parecia odiar tudo o que aos MacKenna se referia eparticular a seu senhor. Detestava-o porquê tinha obtidonela uma resposta apaixonada contra sua vontade?

“Você põe a dura prova minha paciência” balbuciou.-“Devo te forçar a te submeter a seus deveres conjugais?”“Nunca o farei de espontânea vontade. Odeio você

“declarou Gillian belicosa.Ross tomou pelos braços e a empurrou para trás, deixando-a deitada de costas.Não se aproximou, mas ficou sobre elatenso e furioso.“Está bem, esposa: não obtenho nenhum prazer em

obrigar as mulheres, especialmente aquelas que sustentamme odiar. Enquanto goza de sua fria cama, pode estarsegura que a minha não permanecerá nem fria nemvazia”.Saiu a grandes passos, enquanto Gillian tratava deentender que significavam para elas similares palavras:Seriamente não lhe importava se Ross dormia com outras etalvez engravidasse alguma? Uma pontada similar dociúmes a golpeou, mas era absurdo: não tinha razões parasentir-se ciumenta de Ross MacKenna, visto que o odiava.



De uma coisa estava certa: Gillian odiava o modo que ele afazia vibrar, a paixão com a que seu corpo respondia aosbeijos e carícias de seu marido.

Nos dias seguintes, Gillian assumiu algumas tarefas que lhecorrespondiam como senhora deRavenscraig, e não os achou muito pesados. Especialmentegraças a Hannah e Alicia começava a sentir-se maiscômoda na fortaleza dos MacKenna, embora Donald ealguns outros dos homens não a tratavam com muitacalidez. Mas no fundo não tinha importância: não estavaprocurando fazer amizades. Só esperava o dia em que a

trégua se rompesse, lhe permitindo voltar para casa, aBraeburn.Constatou com alívio que ainda lhe era permitido cavalgar,embora nunca sozinha: podia montar Prata, seu cavalopreferido, mas um parente de Ross sempre a seguia a certadistância. Estava claro que seu marido queria evitar outroencontro casual com Angus Sinclair.Gillian o apenas o via, salvo durante o jantar; não tinha

idéia onde dormia e com quem, embora não lhe escapava ofato que haviam muitas mulheres bonitas em Ravenscraig,incluída Seana, que sem dúvida estavam dispostas asatisfazer os apetites de seu senhor.Com muita dificuldade tinham falado, desde que ele tinhaabandonado furioso sua antecâmara, portanto sesurpreendeu quando uma noite lhe dirigiu a palavra.“Como está, esposa? Tem bom aspecto”.

“Estou bem MacKenna” admitiu ela, surpreendida por seuinteresse.“Está pronta para me acolher em seu leito?”

Gillian procurou o olhar da Seana, que ria como se elaestivesse a par de algo que ela ignorava.“Jamais” respondeu- “Cansou-se de Seana? Talvez posso

te sugerir alguma outra mulher que tome seu lugar”Ross estava aponto de explodir, mas conseguiu controlar-se.“Teve seu fluxo mensal?”



Gillian ficou pálida: acreditava talvez que esperava umfilho dele?“Sim” mentiu, segura que o ciclo chegaria no momento

justo.

Ele pareceu desiludido.Ross se virou para esconder sua frustração. Esperava queseu sêmen tivesse dado fruto e que a maternidade asuavizasse, mas sua mulher era pestífera como sempre.

Talvez deveria pedir a Gizela uma poção que a tornassemais dócil. Mas Ross não desejava só um herdeiro deGillian: desejava seu corpo magro e musculoso como nuncatinha tido em sua vida. Nenhuma o tinha excitado tanto. E

para cúmulo, não tinha nenhum interesse de saciar seudesejo com outra mulher.“O que tem, moço?” perguntou Gordon a meia voz,

notando sua expressão séria.“Não é o mesmo desde dia de seu casamento. O que fez

essa Mackay?”“Nada. Esse é o problema” balbuciou ele.“Suspeitava-o: já todos sabem que não dorme em seu

leito. Não deixe que te abrande, Ross: se a quer tome-a,mas não te angustie por sua causa”.Ele levantou bruscamente a cabeça.“É o que todos pensam?”.“E o que outra coisa deveríamos pensar?” Gordon

sacudiu a cabeça.“Tem o direito de levá-la à cama: inclusive seu pai estaria

de acordo com isso”

Ross olhou seu prato carrancudo. Não sabia o que oretinha de seguir o conselho de seu tio, se não fosse odesejo que Gillian o aceitasse de sua própriavontade.Virou-se volta para sua esposa , olhou-a comintensidade; ela avermelhou e se levantou.“Retiro-me. boa noite” se despediu.“Vá com ela, moço”, murmurou Gordon.

Ross não se moveu, bebeu outra taça de cerveja e aamaldiçoou porque o fazia parecer um idiota brando diantede sua gente.



Estava tão sumido em seus tristes pensamentos que nãose deu conta da chegada de Seana.“Tem um aspecto infeliz, Ross. Seu matrimônio não

funciona?” perguntou lhe roçando os ombros com seu

seio.- “Deixa que te ajude: eu posso devolver o sorriso aseus lábios”.Sem esperar convite, deixou-se cair em seu colo e lhecolocou os braços ao pescoço.“Recorda como nos divertíamos juntos?” murmurou.“Está tratando de fazer ciúmes ao Niall?” perguntou Ross.“Niall não é como você; não pertenço a ele . Sou tua, se

me quiser”.

“Faça-o, MacKenna” o incitou a voz furiosa de suaesposa.- “Se merecem”.Ross ante isso se levantou e Seana terminou no piso.“Gillian, Não tinha se retirado?”esqueci meu xale” respondeu ela, tomando-o do respaldo

da cadeira onde o tinha deixado.“Espero que gozem da noite” lançou um olhar de

desprezo a Seana e se foi.

“Maldição! Praguejou Ross, caminhando para segui-la.Seana se aferrou a suas pernas bloqueando-o.“A MacKay te odeia. Não deixe que zombe de você,

Ross!”.Ele se liberou e a levantou.“Ninguém zomba de Ross MacKenna” replicou raivoso.

Logo seguiu a sua esposa pela escada.“Ross não vá com ela!” gritou Seana.

Não lhe deu ouvidos.“É inútil, moça” interveio Gizela. ”Não tem poder sobre

ele: pertence a jovem MacKay e não há nada que vocêpossa fazer para mudar seu destino. A chama ainda nãovenceu, haverá muitos sofrimentos, mas vi o futuro de Rosse você não forma parte dele.“Vá, velha” a expulsou Seana, lhe dando um empurrão.

“Você não sabe nada”

Ross estava de péssimo humor, quando entrou naantecâmara: a idéia que sua gente o considerassem um



idiota que se derretia por sua mulher rebelde, se não hostil,deixava-o furioso.deteve-se de repente vendo que Alicia ajudava Gillian adespir-se; ela vestia só a camisa e tratou de esconder-se

detrás da outra jovem.“nos deixe, Alicia” ordenou Ross.“Não vá!” gritou Gillian ao mesmo tempo.

Ross repetiu a ordem ameaçadora e Alicia fugiu.“O que quer, MacKenna? Perguntou Gillian em tom

agressivo.“Parece-me óbvio: minha gente me considera um

estúpido incapaz de impor a minha mulher seus deveres

conjugais. fui muito indulgente contigo: equivoquei a menegar o que desejava”.Gillian retrocedeu.“por que deseja a uma mulher que não te quer?”“OH, posso te fazer mudar de idéia -” riu Ross.-

“esqueceu de nossa noite de núpcias? Ardia entre meusbraços, tremia e gritava de prazer. por que insiste em teprivar dos prazeres do leito conjugal?”

“Pelas razões que recentemente disse: não quero arder,tremer e gritar de prazer abraçada a você. Sou umaMacKay”.“Estúpida mulher” grunhiu Ross. Depois a beijou.

Entretanto os beijos não lhe bastavam: queria tocá-la portoda parte, senti-la responder com calor, queria conquistá-la totalmente, alma e corpo. Queria consumir-se em suachama.

Ross a tomou nos braços, levou-a até o leito e se deitoucom ela. Despiu-a depressa da camisa e começou acariciarsua coxa suave com a mão ilesa.“É melhor do que recordava” murmurou satisfeito.

Gillian tratou de opor-se, mais quando ele lhe acariciou aspernas se deu conta que estava lutando uma causaperdida: seu marido era muito perito para ela.Ross se despiu depressa e voltou a deitar-se sobre o corpotrêmulo de Gillian; parecia-lhe que ardia em todos ospontos em que se tocavam. Quando lhe cobriu de beijos o



seio e o ventre e afundou a língua no umbigo, foi presa deum estremecimento incontrolável.“Você gosta?”“Não” mentiu. Na realidade Ross a fazia sentir mais

selvagem do que quando cavalgava na campina ou seadestrava com a espada.Suas carícias eram sempre mais íntimas e ardentes; amente queria detê-lo, mas o corpo de Gillian esperava quecontinuasse. Estava por protestar quando Ross a silencioucom um beijo apaixonado, lhe tirando o fôlego e anulandoqualquer resistência.Gillian fechou os olhos: não queria que visse quanto prazer

lhe estava dando. Seus dedos , sua língua estavam portoda parte, insinuavam-se em seu ponto mais íntimo eardente que lhe provocavam sensações capazes de apagarqualquer outra coisa. Quando se afastou e interrompeu obeijo, ela deixou escapar um grito de protesto.“Quer que pare?”

Os olhos empanados de paixão, Gillian o olhoudesorientada.

“O…que coisa?”- Ah, bem. Como pensava” Ross voltou a beijá-la, logogirou e a colocou sobre si.“MacKenna…”“Meu nome é Ross.Diga”“Não”.

Tomou um mamilo com seus lábios e começou a sugar.Gillian emitiu um grito sufocado: não poderia suportar por

muito aquela deliciosa tortura.“Ross”“Ah, assim está melhor. Diga-o outra vez”.“Ross”

Gillian já não tinha nenhuma outra opção: seu corpoparecia agir em modo independente de sua mente. Guiou-odentro de si, arqueou os quadris para recebê-lo. Já não eratão doloroso como a primeira vez, ao contrário.“Está toda molhada, moça. Sabe o que significa?”

Gillian negou com a cabeça.



“Não o negue: me deseja tanto quanto eu desejo a você.Me cavalgue: esta noite sou seu garanhão”.Esse convite acendeu nela uma tempestade ardente:Gillian o cavalgou com ardor, sem reservar-se de nada.

Quando o sentiu gritar, baixou o olhar para ele e viu quetinha os punhos e os dentes fechados enquanto os olhosazuis a olhavam com intensidade. Nesse momento ,entretanto estava presa de seu próprio prazer paraconcentrar-se nele; Gillian começou a tremer , e logoexplorou em uma voragem sem fim.Ross a deu volta sobre as costas e a penetrou mais commovimentos sempre mais possessivos, lançou um grito e

logo se derrubou sobre ela.Gillian teria querido gritar de raiva e frustração: Que raçade mulher era, para ceder a um MacKenna com talselvagem debilidade?Por outra parte, devia admitir que qualquer mulherdesejaria um marido atraente e viril como o seu. Tinhaconhecido outros homens bonitos, mas sem experimentaruma atração irresistível como a que sentia por seu marido.

O que tinha Ross, para lhe fazer desejar seus avanços emmodo arrebatador?Ross, rodou para um lado e Gillian conseguiu respirar.Sentiu-o suspirar, esperou um comentário irônico: havia-lhedito que não o desejava e lhe tinha demonstrado que ascoisas não eram assim.“Ahhh! Não recordo haver nunca provado tanto prazer

fazendo amor com uma mulher. Não trate mais de me

dizer que não me deseja, porque não te acreditarei: gozoutanto quanto eu”“Sua arrogância não conhece limites, MacKenna. Sim me

deu prazer, mas não terá que maravilhar-se: é muito peritocomparado comigo. Talvez se pudesse te confrontar comalgum outro poderia julgar melhor vocês…”“Basta!Nenhum outro homem entrará em seu leito, será

melhor que o recorde. Você é minha, Gillian. Minha”repetiu. Logo recomeçou a beijá-la com paixão.



Fez amor com ela e Gillian se encontrou de novo a ofegar,amaldiçoar a si mesma e Ross e gozar cada minuto desexo desenfreado.“Agora me diga que me odeia” a desafiou Ross quando a

respiração de ambos voltou à normalidade.“Eu…” tentou Gillian . “Eu lhe…”“Não escutarei mais suas mentiras” a interrompeu ele

com um sorriso satisfeito.“Agora durma, esposa. Merecemo-nos um pouco de

descanso”.Gillian se virou e fechou os olhos. por que não tinha podidopronunciar essas palavras, quando o odiava com todo seu

coração? A pergunta ficou sem resposta e ela caiu no sono.Ross permaneceu a escutar a respiração regular de suamulher sem conseguir dormir. Gillian fazia amor compaixão, entretanto, insistia em seu ódio, uma combinaçãoseriamente estranha: se realmente o detestava, Como não

jazia na cama rígida como uma estátua, ao invés de tremere gritar de prazer?Ross fechou os olhos com um sorriso e a atraiu para perto

dele; mal acabava de dormir quando alguém bateu à porta.Amaldiçoando em voz baixa, levantou-se e foi abrir.“O que devo fazer para poder descansar um pouco?”

murmurou zangado quando se encontrou diante do Niall.“Não te incomodaria se não fosse importante” se

justificou o primo.- “antes de ir para à cama saí a cavalopara controlar o gado e vi alguns invasores afastarem-secom algumas de nossos animais. Tentei detê-los, mas eram

muitos e eu estava sozinho”.“Espere aqui” ordenou Ross.

Voltou para seu quarto e se vestiu em silêncio, atento paranão despertar a sua mulher.“Quantos eram?” perguntou depois à primo.“Reconheceu algum?”“Pelo menos seis…e você não gostará, mas eram MacKay:

reconheci seus tartans”.Ross grampeou sua espada e adaga dirigindo-se à escala.



“Impossível. Não posso acreditar que tenham quebrado atrégua” replicou. - “Acorde aos homens: seguiremo-los etalvez possamos apanhar algum”.Vinte minutos depois, Ross entrava na noite à cabeça de

um grupo de homens do clã, para os campos de inverno aopé das colinas. Como pensava, os salteadores já tinhamdesaparecido, levando uma meia dúzia de vacas.“Seguiremos os rastros” estabeleceu.- “Não podem estar

muito longe”Encontraram o gado perdido a poucas milhas:evidentemente os ladrões não esperavam umaperseguição e antes que enfrentar a um grupo dos

Mackenna, tinham preferido abandonar os animais.Ross encontrou uma parte de tecido com as cores dosMacKay enganchado nos ramos de um arbusto, e voltoupara casa furioso: chegado a esse ponto, não restava nadamais que devolver a sua casa sua esposa e retomar aguerra, dando adeus a cada esperança de paz.

Ross desmontou frente a fortaleza, deu algumas ordens a

Gordon, entrou quando estava aparecendo o sol. Ospresentes do salão retrocederam ante seu olhar zangadoe os punhos apertados.“Diga a Hannah que prepare o café da manhã dentro

trinta minutos” rugiu para um dos homens que estavaacomodando as mesas. Logo subiu a escada a grandespassos, irrompeu em sua habitação e puxou as mantas deseu leito.

“Acorde!” rugiu à mulher.Ela abriu os olhos e lhe sorriu, recordando o prazer que lhetinha dado essa noite.“Se levante Gillian”, ordenou-lhe Ross, com um tom bem

distinto daquele apaixonado e carinhoso que recordavabem.“O que aconteceu?” perguntou desconcertada, puxando o

lençol até o queixo para cobrir seu corpo nu.“O que aconteceu? Parece tão…furioso”“E estou” murmurou. Logo a puxou por um braço e a

atirou ao chão sem nenhuma cerimônia.



“Não vemos no salão em meia hora. Não demore e vistauma roupa grosa: lá fora faz frio. Enviarei Alicia para queajude embalar sua bagagem”.“Bagagem? Aonde vamos?”

“Levarei você para Braeburn”“vamos visitar meus?” perguntou contente.- “Não te

farei esperar: não vejo a hora de abraçar meu pai eirmãos!”Ross lhe deu um estranho olhar, logo assentiu e saiu.Quando Gillian chegou meia hora depois, no grande salãoreinava uma atmosfera tensa e hostil; sem saber o quetinha acontecido exatamente, ela adivinhou que o

problema concernia a seu clã. Impressão confirmadaquando lhe serviram uma terrina de porridge, em trocados costumeiros ovos.“O que há Mackenna? Perguntou finalmente, exasperada.-

“por que todos me olham zangados? O que fiz, paramerecer tanta hostilidade?”“Não me diga que não sabia nada dos planos de seu pai?-

resmungou Ross

“Do que está falando?”“Esta noite, salteadores tentaram roubar nosso gado:

eram MacKay. Visto que estava vigente uma trégua amanada não estava vigiada”.“Não! Meu pai nunca romperia uma trégua que ele

mesmo propôs” protestou Gillian indignada.“Tomou-nos por surpresa, mas graças a Niall descobrimos

o roubo a tempo de persegui-los. Escaparam como

covardes, quando nos viram chegar e conseguimosrecuperar os animais”.“Não sei como pode estar seguro que tudo isto seja obra

de meu pai. Meu pai não me trairia jamais” insistiu ela.“Termine porridge” cortou rápido Ross -“Não vejo a hora

de me liberar da víbora que desposei”.“Se tivesse minha espada,o faria em pedaços” o

ameaçou furiosa.“Tentou mas não foi muito bem” lhe recordou Ross.“Enfim, Que prova tem que os ladrões eram MacKay?

Insistiu outra vez Gillian.



Ross tirou de seu bolso o pedaço de tecido.“Isto encontrei em um arbusto perto das vacas

roubadas”.“E então? Poderia ter estado ali possivelmente há dias.

Está chegando a conclusões apressadas, MacKenna”“Não acredito.Está preparada?”

Gillian se levantou e colocou a capa sobre os ombros.“Vamos. Não vejo a hora de ver sua cara quando meu pai

te demonstrará que se engana.Pouco depois se afastavam montados em seus cavalos,seguidos por uma carroça com o baú de Gillian. Rosscavalgava em silêncio, sério: sua ira estava dirigida

especialmente contra ela, isso estava claro.Gillian suspirou com alívio quando depois de várias horas,viu finalmente aparecer entre a bruma a torre de Braeburn;estava gelada e não via a hora de esquentar-se diante dachaminé. O portão estava aberto e o cruzaram semproblema.“Os MacKay deixariam aberto o portão se tivessem

quebrado a trégua?” disse em tom desafiante.

Ross não respondeu. Ela desmontou sem esperar sua ajudae se precipitou no salão, seguida por seu marido.

Tearlach MacKay se virou ao vê-los e sorriu contente.“Filha, estou contente de vê-la!”

Ela correu a seu encontro e se refugiou em seus braços.“OH, papai me tem feito tanta falta” confessou.

Tearlach a separou para lhe olhar o rosto.“O que foi? O que lhe fez MacKenna?” adicionou sério,

para Ross.“Trouxe-a para a casa do traidor de seu pai. Quebrou a

trégua e eu não quero mais esta víbora sob meu teto”.“Eu não quebrei a trégua! Rugiu o outro.- “Que coisa lhe

faz pensar isso?”“Esta noite invasores tentaram roubar meu gado.

Seguimo-los até as colinas e escaparam, deixando osanimais…e isto” respondeu Ross mostrando a parte detecido com as cores dos MacKay.- “Encontrei-o em umarbusto perto das vacas roubadas”.

Tearlach o examinou cuidadosamente.



“E então?”“Está claro como o sol: Os ladrões são vocês!“O que acontece? Perguntou uma voz

Murdoc e Nab entraram em salão.

“MacKenna nos acusa de ter quebrado a trégua tentandoroubar gado” explicou o pai.“Mas que coisa absurda diz? Protestou Murdoc falando

para Ross.“demos nossa palavra; além disso por que deveríamos

romper a trégua em um momento de festa como este?Caso-me em três dias. Pensávamos ir hoje para convidá-los”.

“Seriamente, Murdoc?” interrompeu Gillian feliz. “Émaravilhoso! Mary agrada a todos”.“Alguém tentou roubar meu gado” insistiu Ross.- “Se não

foram vocês Quem foi?”“Não sei” respondeu Tearlach.“Não acredito em você. Esta é a prova” insistiu Ross

mostrando o pedaço de tecido.Murdoc tomou para examiná-lo atentamente, para depois

passá-lo a Nab.“Esta porcaria não foi tecida por nossas mulheres”

decretou este desdenhosoGillian a arrebatou e por sua vez examinou o tecidoincriminatorio.“Nab tem razão: não vem de nossos teares” declarou

atirando-lhe a seu marido.- “Linda prova nos trouxe,Mackenna! E agora se quer me perdoar, subirei ao meu

quarto. Por favor, peça que levem meu baú para cima”Os três homens a seguiram com o olhar enquanto seafastava de cabeça erguida, Tearlach deu um empurrão aseu genro.“Cometeu um erro, MacKenne. Gillian não é do tipo que

esquece um desaforo. Tente fazer as pazes.“Está bem, mas ainda não estou convencido de todo que

sua gente seja suspeita ao saque desta noite”. Tearlach falou com seus filhos.



“Interroguem a todos os que deixaram o castelo estanoite e os habitantes da aldeia com acesso aos cavalos”ordenou.“Não confio na palavra de um MacKay - grunhiu Ross.

“Está pondo a dura prova a minha paciência” advertiu ooutro. “O que pensava obter, trazendo Gillian a Braeburn?”“Não tolero traidores”.“E pensa que ela te traiu”.“É possível: talvez o roubo foi planejado antes do

casamento, nesse caso ela tinha conhecimento”“Engana-se: Pensa que te teria devotado minha filha, para

depois organizar o roubo de seu gado , sabendo que

poderia tomar represálias com ela? Eu a quero e sei comoraciocina; não será fácil fazer que te perdoe”.“Jura-me que não tem nenhuma incumbência com o

roubo? Perguntou Ross olhando-o aos olhos.“Juro sobre a tumba de minha Maudie, a mãe de Gillian.

Não quebrei a trégua e estou certo de que o mesmo valepara meus filhos e meus parentes”.Ross se desmoronou contra o respaldo da cadeira.

“Mas então quem foi?”“Não sei, mas visto que você e Gillian estão aqui, tanto

vale que permaneçam para o casamento. Podemos tratarde resolver o mistério durante os festejos. Além disso,Gillian precisa tranqüilizar sua raiva por seucomportamento”.“Não lhe fiz mal”.“Talvez não fisicamente” suspirou Tearlach.- “Bem, mas

agora é teu problema. Estou seguro que encontrará omodo de voltar a te congraçar com ela”- fez um sinal aum servo para que trouxesse uísque.Quando chegou ele tomou o seu de um só gole, enquantoRoss o saboreou pensativo. Se seriamente os MacKay nãotinham participação com os ladrões, quem estava tentandolevá-los a romper a trégua? Expressou suas dúvidas aosogro e este moveu a cabeça.“Não sei filho. Minha gente e meus aliados aceitaram a

paz”.“Todos, menos Angus Sinclair”.



“Teria podido ter Gillian, se tivesse decidido a tempo”observou Tearlach sacudindo os ombros.Ross decidiu fazer a pergunta que o atormentava.“Ela o amava?”

“Sabemos que as mulheres amam a palavra amor.Provavelmente estava convencida de estar apaixonada porele”.“Um dia os surpreendi juntos na campina” lhe confiou de

repente. “Não sei se combinaram para encontrar-se, masSinclair tentava convencê-la que fugisse com ele”.“E ela o rechaçou. Isto deveria te dizer algo” lhe fez notar

Tearlach.

“Disse-me que cheguei a tempo para impedir que fugissecom o Sinclair”.“Está contente com seu matrimônio? Sei que Gillian pode

ser difícil, mas…”Ross estalou em uma gargalhada amarga, logo refletiuseriamente a pergunta: na cama Gillian respondiaapaixonada a suas carícias, era como uma chamaluminosa e intensa, mas domá-la estava revelando mais

difícil que o previsto.“Não posso dizer que estou descontente, mas eu gostaria

que Gillian fosse mais amável e tolerante comigo e comminha gente: tem muita dificuldade para esquecer nossasdesavenças” respondeu finalmente.“Não posso fazer muito. É seu marido: agora ela é seu

problema” corroborou Tearlach.Ross decidiu trocar de argumento: aquela esposa bela e

obstinada não era sua única preocupação.“Os Sinclair são seus aliados. Há alguma razão pela qual

seu chefe poderia desejar a ruptura da trégua? Poderiamter sido eles os que roubaram meu gado, dissimulandoserem MacKay?”“Não posso acusá-los sem provas. Em todo caso, se

estiver Angus por trás desta história, não consigo entenderseus motivos” murmurou Tearlach muito sério.“Sem uma confissão, não temos provas.”

Ross terminou seu uísque, levantou-se.“Aonde vai? Perguntou-lhe seu sogro surpreso.



“Para casa”.“Pensava que você e Gillian ficariam para o casamento de

Murdoc”.“Voltaremos para o casamento. Agora não temos roupa

adequada”.“Está bem: a cerimônia começará em três dias ao meio-

dia. Se desejarem podem passar a noite”.Ross assentiu.“vou procurar Gillian”.“Seu quarto é o primeira à direita, no segundo andar. Boa

sorte” riu Tearlach.Ross a encontrou com dificuldade, mais quando tentou

abrir a porta descobriu que estava trancada. “Gillian,vamos, abre”.“Vá embora, MacKenna”.“Estou partindo, e você vem comigo. Seu pai me

convenceu: não tem nenhuma participação no roubo demeu gado”“Eu não vou a nenhuma parte com você, Mackenna”.“Gillian, seja razoável”.

“Como posso ser razoável quando me arrastou para forado leito, chamou-me de víbora e acusou-me de te havertraído? Vá e me deixe em paz”.“É minha esposa”.“Desgraçadamente”.“Abra a porta! Gritou Ross- “Eu não gosto de falar

através de uma porta”“E eu não gosto de falar com um tipo arrogante que se

define como um guerreiro”.“Eu sou um guerreiro”.

A porta se abriu, mostrando uma Gillian em calças, com aespada desembainhada.“demonstre-me isso -o desafiou.

Ross sentiu ferver pela ira e aventurou um tom maisconciliador.“Sabe que não luto com mulheres”.“Sei, mas pretendo faze-lo mudar de idéia. Se eu ganhar,

voltará para Ravenscraig sozinho e me deixará aqui. Seganhar você, voltarei para Ravenscraig sem protestar”.



“Guarde sua espada, tanto sabe que não pode vencer.Seu irmão está por contrair matrimônio e dentro de poucoaqui haverá uma nova proprietária. Você seria somente umpeso para sua família”.

“Esta é minha casa; aqui sempre haverá um lugar paramim. Além disso,você não confia em mim e sua gente meodeia. Prefiro viver onde me sinto amada”.adiantou-se com a espada, obrigando-o a retroceder.“Esquece uma coisa: estamos casados” replicou Ross.-

“Posso te obrigar a voltar para Ravenscraig e ninguémousaria opor-se”.“Não seja covarde, MacKenna. Lute comigo pelo direito de

decidir meu destino”.“prometi a seu pai não te machucar. Se lutamos poderia

te ferir ou diretamente te matar. É isso o que quer?”.“Eu quero ser tratada com respeito e dignidade. Entre nós

há só desconfiança”.“Na cama nos damos bem. Não lhe demonstrei isso?”

replicou Ross com um sorriso lento e audaz.A espada tremeu nas mãos de Gillian, mas sem baixá-la.

via-se deliciosa, tão raivosa e confusa, mas Se continuassea provocá-la seria capaz de matá-lo?Ross duvidava, mas preferia não correr riscos e esperar aocasião de desarmá-la.“Não me trate como uma criatura frágil e indefesa,

MacKenna” advertiu ela ““Dá-se conta que se deixar minha casa e meu amparo a

trégua se romperá? Isto faz parte do acordo entre seu pai e

eu”.Ela pensou um pouco.“Se o fizermos em particular por minha liberdade, a

trégua não se alterará.” declarou finalmente.Ross estava começando a zangar-se seriamente.“Basta, Gillian: guarde a espada e venha para casa

comigo” ordenou.Ela não queria feri-lo, mas tampouco podia ceder: seretornasse a Ravenscraig, toda dócil: O que lhe impediriade voltar outra vez a acusá-la de traição, levando-a de



novo a Braeburn? Não, tinha que resolver esta questão deuma vez por todas.“Não, Mackenna. Lute comigo, ou me deixe permanecer

onde não serei acusada a cada minuto de traição”

Gillian ficou surpreendida quando ele aceitou o desafio.“Está bem…lutaremos, mas lá fora. depois de ti”

adicionou, com um gesto de precedê-la escada abaixo.“Não, você primeiro” replicou ela desconfiada.

Ross sacudiu os ombros, e começou a descer.“Não te aproveitará para me golpear nas costas, não é?”“Não sou uma assassina” disparou Gillian ofendida.-

“Vamos, se mova”.

Tearlach, Murdoc e Nab estavam no grande salão comoutros membros do clã MacKay, mas toda conversa cessouante a aparição de Ross e Gillian que se dirigiam à portacom espadas desembainhadas.“O que acontece? Inimigos a vista? Perguntou Tearlach

alarmado.“Lutarei com MacKenna pelo direito de permanecer em

Braeburn” explicou Gillian.

Todos fixaram os olhos em Ross.“É assim Mackenna?”

Ele levantou os ombros.“É o que quer Gillian” confirmou.“Está louca, menina? Não pode desafiar um guerreiro das

Highlands! Não aprendeu nada no último encontro comele?”“trata-se de minha vida, papai” se obstino ela.

“Seja razoável, Gillian” se entremeteu Murdoc.- “Desafiarseu marido não te beneficiará em nada. E você, MacKenna,está tão ansioso de ferir sua esposa?”“prometi a seu pai de não lhe machucar e pretendo

manter minha promessa”.Mackenna não pode me ferir: não o permitirei” declarou

Gillian arrogante.“Treinamos juntos muitas vezes, Murdoc e nunca me

fizeram nenhum arranhão”.“Papai o teria feito pagar, se houvesse sequer tentado”

interveio Nab.



“Vamos, Gillian, basta com esta loucura: nenhum de nóspoderia impedir MacKenna de te castigar, se quisesse”.Gillian lançou um olhar de lampejo a seu marido: nãodemonstrava estar zangado, mais muito calmo. Endireitou

os ombros e partiu para a porta: se não o fazia frenteagora, nunca ganharia seu respeito.“Então, vem?” chamou-o sem se virar.

Tearlach tomou Ross por um braço.“Não vai lutar de verdade, não é?”

Ele se livrou com um puxão.“Se não o fizer me considerará um covarde. Por outro lado

, dar-lhe-ei uma lição; não tema, não lhe acontecerá nada”.

“Espero, porque de outro modo…lhe advertiu o outroameaçador.Ross se dirigiu a Murdoc.“Sele os nossos cavalos e carregue o baú de Gillian na

carroça. Assim que esta história termine, partiremos paraRavenscraig”.Gillian se colocou em um ponto do pátio onde haviasuficiente espaço para mover-se, e ficou em posição de

combate, enquanto Ross se aproximava tranqüilamente.“Está totalmente certa de querer me atacar?” perguntou-

lhe.“Sim. Me chamou de traidora e víbora, tirou conclusões

apressadas sem provas e me arrastou aqui para meenvergonhar. Por outro lado, não esperava nada diferentede você: somos inimigos, obrigados a nos casar para salvarnossos clãs”.

“Já não somos inimigos: você poderia esperar meu filho”.Gillian baixou a espada confusa.“É possível, mas tanto faz” voltou para a carga Ross.“Arriscaria a vida de nosso filho para satisfazer seu

orgulho?”Gillian vacilou: não pensava estar grávida, mas Rossaproveitou aquela pequena indecisão para tentar lhearrebatar a espada e ela conseguiu impedi-lo só por um fio.“Não o faça mais MacKenna” lhe advertiu.

lançou-se para diante, mas ele se limitou a deter suaestocada, sem tentar fazer algo. Ela voltou a provar: não



queria matá-lo, mas não tinha problema lhe fazer algumarranhão, para castigá-lo por sua arrogância.Continuaran a girar ao redor precavidos e atentos e Rosssempre conseguiu evitar as estocadas de sua esposa. Logo

golpeou com uma velocidade e lhe fez saltar a espada damão. A arma aterrissou aos pés de Nab, que se inclinoupara recolhê-la e a estendeu a Tearlach.“terminou, menina” disse.- “Volta para casa com seu

marido e lhe dê um ou dois herdeiros”.Gillian tentou protestar, mas Ross lhe recordou ascondições do duelo, tomou-a nos braços e a colocou sobreo cavalo.

“Voltaremos para o casamento, MacKay” prometeu.-“Enquanto isso, trata de saber o que puder sobre osladrões. Eu farei o mesmo”.“E vocês o deixam fazer isso?” protestou Gillian

indignada, passando com o olhar do pai aos irmãos.Murdoc e Nab riam como loucos; para cúmulo, Rossrecusou lhe entregar as rédeas de seu cavalo, e se afastoupuxando-a como se fosse uma garotinha caprichosa que

merecia um castigo. Depois esporeou seu próprio cavalo eela pôde galopar detrás graças a sua habilidade nosarreios.Quando depois de três horas chegaram em Ravenscraig,Gillian se sentia gelada, faminta e cansada. Nevava eventava e não via chegar a hora de esquentar-se diante deuma chaminé, embora se tratasse-se uma chaminéMacKenna.

Gordon foi a seu encontro na porta.“Como é que a trouxe de volta aqui, moço?”“Estava equivocado, não se tratava dos MacKay”.“Como pode ter certeza?”“Digamos que há provas suficientes para desculpá-los. A

propósito, estamos convidados ao casamento de MurdocMacKay e Mary MacDonald”.Poucos depois ingressavam no grande salão; Gillian seaproximou imediatamente da chaminé, consciente quetodos a estavam olhando com hostilidade.



“Não há ninguém que não me deteste aqui” sussurrou,quando Ross se aproximou.Ross ordenou a um servo para que levasse bebida ecomida a seu quarto, logo levantou a mão pedindo silêncio.

“Me enganei- anunciou.- “Os MacKay não quebraram atrégua e minha esposa não é responsável pelo roubo.Gillian é minha esposa e quero que seja tratada comrespeito. fui claro?”Respondeu-lhe um coro de sim pouco convencidos.“Só um estúpido confiaria em uma MacKay” sentenciou

Seana desdenhosa. “Talvez, quando voltar a si, se daráconta como seriamente estão as coisas, então a

expulsará”.Gillian estava farta de seus insultos; sem refletir a golpeoucom um punho na mandíbula, enviando-a aochão com as pernas levantadas aos pés de Ross. Elepassou o olhar de uma para a outra, logo carregou suaesposa ao ombro como se fosse um saco de farinha e seencaminhou decidido para a escada.“O que acha que está fazendo?” vociferou Gillian quando,

chegaram à antecâmara, Ross a coloco no chão. “Soumuito capaz de subir a escala sozinha”.- E também é capaz de te afastar da Seana sem matá-la?”disse Ross com um risinho.“É diferente: ela começou, e estou pronta para terminar

de uma vez”.Ross alargou a mão para tocá-la; Gillian tentou retroceder,mas ele era muito veloz para poder fugir.

“O instinto me diz que merece um castigo”.“Prova, se puder” o desafiou.“Seu pai e seus irmãos não me deteriam”.“Não, é verdade” reconheceu ela, sem por isso assumir

uma atitude total.“Nunca levantei uma mão a uma mulher, nem nunca a

desafiei com a espada, mas você, minha indômita esposa,arrisca me fazer mudar de idéia”.“O que quer fazer?”

Ross enrolou uma mecha vermelha ao redor de seu punhoe a aproximou, tanto que seus narizes se tocaram.



“Se fosse eu, que castigo me aconselharia?”“Se eu fosse você, congratular-me-ia pela coragem

demonstrada em uma situação difícil. Poucas esposas temguelra de proteger-se de maridos brutais”.

“Considera-me um marido brutal?”“Não” admitiu Gillian.”Visto que tipo de homem é,

demonstrou um notável controle”.“Desde bem a melhor”comentou Ross. Estava claro que

não achava muito divertidas suas críticas.“Que tipo de homem sou?”“Um MacKenna” respondeu ela olhando-o direto aos olhos

azuis.- “Não nos teríamos casado jamais, se as

circunstâncias não nos teriam obrigado”.“Você também é uma MacKenna agora, Gillian. Por mais

que deseje, não te golpearei, mas deve prometer quenunca mais levantará uma arma contra mim”.“Nem sequer uma adaga?” perguntou ela com falsa

inocência.“Sua promessa deve incluir todo tipo de armas, inclusive

os punhos. Minha gente já me considera um idiota porque

me recuso a te bater; pensarão que sou um covarde seconsentir que empunhe as armas contra mim.”“Está bem, prometo” cedeu ela. “A menos que você não

faça algo verdadeiramente grave. Uma mulher deve ter odireito de defender-se”.“Falaremos mais tarde” suspirou Ross.“E agora o que vai fazer?”“Jantaremos, logo descerei para reparar os danos

causados por seus punhos”.“Seana o merecia”.“É verdade”.“Por acaso está rindo de mim ?” perguntou Gillian

suspeita pelo leve tremor de seus lábios.“Pode me reprovar? É seriamente única, menina”.

Deixou deslizar os dedos entre os cabelos: era como estarroçado por uma chama viva.Depois se inclinou para beijá-la e Gillian descobriu que eraimpossível opor-se. Sabia que Ross não se teria limitadocom beijos…mas um tímido golpe à porta os interrompeu.



“Deve ser o jantar” suspirou ele. Soltou-a e abriu a porta aAlicia e sua prima Annie, cada uma com uma bandeja.“Ponham a comida sobre a mesa” disse Gillian, com o

estômago que rangia pela fome.

“Na cozinha estão acendendo o fogo para seu banho”advertiu Alicia antes de sair com Annie.Gillian agradeceu com um sorriso.Devoraram a sopa de verduras, a carne e fatias de pãolubrificadas com manteiga.Ross se levantou.“Deixo-te com seu banho; eu desço para tentar apaziguar

Seana” anunciou

“por que se preocupa tanto com ela?”“Por distintas razões. Esta manhã minha gente estava

zangada com você: devo informar que você não tem nadaa ver com o roubo”.Ross desceu a escada perguntando-se o que teriaacontecido durante sua ausência. Encontrou um grupinhoreunido ao redor de Seana, quando se aproximou viu quecomprimia um pano contra a bochecha e o queixo. Quando

a divisou descobriu o rosto revelando um enormehematoma.“Viu o que me fez a bruxa traidora?” gritou.“Gillian não é uma traidora” replicou Ross em voz alta.-

“Digo e repito: os MacKay não são responsáveis peloroubo”.Seana levantou seus olhos para ele cheios de lágrimas.“Essa bruxa de cabelos vermelhos me machucou e você

permitiu” se lamentou.“Deveria ter freado sua língua: não posso lhe reprovar de

ter reagido. É hora que se afaste de Ravenscraig, Seana”.Olhou a seu redor.“Onde está Niall?”

O primo se apresentou. “Estou aqui, Ross”“Amanhã acompanha Seana a casa de seu pai. Insultou

minha esposa mais de uma vez”.“Não quero deixar Ravenscraig” protestou ela.- “Agora é

minha casa; a nova esposa de meu pai não me dará a boa-vinda, se voltar”



“Disse…”“Quero me casar com Seana, Ross” interveio Niall.- “Não

a envie para longe. Verei o modo que se comporta comocorresponde” prometeu.

“Tem certeza de conseguir?” perguntou Ross duvidoso.-“Ela e Gillian nunca se darão bem”.“Eu me preocuparei dela, prometo-lhe isso”.

Ross não podia rechaçar tão explicita solicitude de umparente tão próximo como Niall, mas por outro ladoduvidava que conseguiria controlar um tipo como Seana.Refletiu um momento e lhe ocorreu uma solução melhor.“O que me diz de uma união por um ano e um dia?”

propôs.Niall pensou e consentiu.“Se pode te convencer que o faço a sério, Seana e eu

permaneceremos unidos por um ano e um dia”.“E você Seana, será uma esposa dócil e fiel por tudo esse

período?” perguntou RossEla o olhou de soslaio.“E poderemos permanecer em Ravenscraig?”.

“Você o que diz, Ross?” perguntou seu primo.“Não estou de tudo convencido, mas se você pensa em

conseguir controlar Seana , podem viver aqui. Ao primeirosinal de problema, terá que levá-la para longe”.“Esta bem” consentiu Niall.

Ross passou com o olhar a todas as pessoas reunidas nogrande salão.“me escutem bem: se alguém insultar minha esposa,

cairá sob minha ira. Nem ela nem sua família sãoresponsáveis pelo roubo. Investigarei até o fundo estahistória e o mesmo fará MacKay: queremos descobrir osverdadeiros ladrões e manter a paz entre nossos clãs”.Estava caminhando para a escada quando Gizela quase foipara cima dele.“Cuidado com a víbora” lhe advertiu.

Ross ficou tenso.“Refere-se a minha esposa?“A víbora, manda-e para longe”.



“A quem devo expulsar? Não deixe isso assim” dissebrusco Ross exasperado por aquelas advertências escuras.“Posso preparar um feitiço para conquistar o coração de

sua esposa; neste momento não está muito contente com

você”.“Antes a chama de víbora, e logo te oferece para me

ajudar a conquistá-la. Se decida.”estalou Ross.“Me entendeu mal. Agora vou preparar o que necessita”.“Deixa prá la - lhe gritou Ross afastando-se para a escada,

sacudindo a cabeça.As conversas de Gizela cada vez eram mais misteriosas;não sabia nem sequer se valia a pena escutá-la.

Quando entrou na antecâmara, Gillian dormia tãoprofundamente que não quis despertá-la. A água da tinaainda estava morna, então se despiu e se deu um brevebanho, para depois deitar-se a seu lado.Gillian era suave e quente e cheirava a um perfumedelicioso. Ross a abraçou aproximando-a; ela suspirou, masnão abriu os olhos e ele se perguntou se zangaria sedespertasse. Não podia entender aquele constante desejo

por uma esposa que o considerava um inimigo, emboradepois sua resposta na cama não tinha nem reflexos dehostilidade.Apesar de sustentar que preferia Angus Sinclair, Gillian erauma amante apaixonada, um aspecto que Ross apreciavamuito: enfim, essa mulher era um mistério, assim como oroubo em deterioro dos Mackenna.A proximidade de Gillian o distraiu dessas reflexões; Ross

estava cada vez mais excitado e por mais que tentasse nãoconseguia dormir. Recusou-se para não despertá-la, masnão pôde evitar de explorar suas suaves curvas; quandochegou ao seio começou a brincar com o mamilo, este seendureceu imediatamente e Ross se perguntou com umsorriso se Gillian se dava conta que lhe respondia inclusiveno sono. Logo um suave gemido lhe deu a entender quehavia despertado.“O que está fazendo?”“Desejo-te, minha menina”.“Eu não, MacKenna. Ainda estou zangada”.



“Não acredito” Tomou os lábios em um beijo impetuoso: no começo elapermaneceu imóvel e rígida, mas ele não se deu porvencido a incitou até quando não obteve a insinuar a língua

e saborear sua doçura.“Se renda, Gillian” sussurrou- “A chama já arde e só eu

posso apagá-la”Ela permaneceu em silêncio, enquanto Ross a cobria debeijos nas bochechas, garganta e seio. Nesse momento nãopôde evitar arquear-se e gemer ofegante excitada.“Então, rende-se, amor?”“Não…sou…seu…amor”

Suas ações, entretanto desmentiam essa declaraçãoafogada: colocou-lhe os braços ao pescoço, puxando-o paramais perto e Ross passou de um seio ao outro, sugando osmamilos enrijecidos.Gillain começou a tremer e agitar-se debaixo dele.“Ross” suspirou.

Ele tomou como um sinal de rendição.“Sim, amor: sei o que quer”.

Começou acariciá-la, lhe arrancando gemidos sempre maisintensos e quando a sentiu ao vértice da excitação entrounela de um só impulso, incitando-a com estímulos fortes eprofundos, até alcançar juntos um prazer fulminante.Passou bastante tempo antes que Ross pudesse respirar aum ritmo normal e levantar-se para não pesar muito sobreela. Gillian rodou longe desgostosa consigo mesma pelafacilidade com a qual se rendeu: enfim, Não tinha orgulho?

Como era possível que o corpo a traísse desse modo,quando a mente o rechaçava? Ross a havia coberto devergonha diante de sua gente, que a detestava só porqueera uma Mackay.Lhe tocou um braço.“Gillian, está bem?”“Sim, Está contente, agora que eu o que queria?”“Ambos conseguimos. Agora durma”.“Não ainda, Mackenna; já que estamos acordados, me

conte o que aconteceu lá abaixo. Seu clã está ainda furiosocomigo?”



“Falei com eles, explicando que os MacKay não sãoresponsáveis pelo roubo. Acredito que agora lhe tratarãocom mais respeito”.Gillian se acomodou sobre um cotovelo.

“E Seana? Manou-a para longe?”.Um tronco da chaminé se acendeu, iluminando por uminstante seu rosto; a expressão séria já era uma eloqüenteresposta.“Não consigo entender que você lhe tenha permitido

permanecer! - Praguejou indignada. - A menos que lhequeira levá-la para à cama. Desta vez não o aceitarei,MacKenna: já me desonrou o suficiente”.

Quis levantar-se mas ele a reteve lhe rodeando a cinturacom os braços.“Não quero Seana. Tentei afastá-la de Ravenscraig, mas

ela se comprometeu em uma união de um ano e dia comNiall” explicou. - “Não podia expulsar a ambos”.“Não deveria ter permitido: Seana é uma criadora de

casos e ainda te deseja, embora agora finja querer Niall”.“Ele a controlará. Agora durma: amanhã começaremos a

organizar a viagem de volta a Braeburn para o matrimôniode seu irmão”.Dois dias depois com as primeiras luzes do amanhecer umnumeroso grupo da MacKenna abandonou Ravenscraig; umdestacamento pequeno ficou para a defesa da torre noimprovável caso de um ataque.Gillian e Ross cavalgavam na frente, seguidos de muitosoutros, entre eles Gordon, Niall e Seana.

Chegaram a Braeburn a tempo de participar a um dostantos festejos pré nupciais. A atmosfera era amigável,entretanto Ross se sentia inquieto.Divisou Gillian do outro lado do lotado salão, conversando erindo com algumas mulheres de seu clã, logo viu Gordon ese encaminhou para ele, detendo-se para saudar o Murdoc.“O que pensa, tio?” perguntou-lhe quando esteve perto.“Uma agradável concorrência de ex-inimigos” respondeu

Gordon seco.Notou seu rosto sério.“O que acontece? Tem um aspecto preocupado”.



“Não sei: tudo parece fluir corretamente, mas há algoque não me convence” respondeu Ross apreensivo.- “ViuSinclair entre os convidados?”Gordon olhou a seu redor, procurando identificar os mantos

dos diferentes clãs.“Não vejo nenhum Sinclair, mas isto não significa que não

estejam” Tearlach MacKay se aproximou e lhe deu uma palmada nascostas.“Vejo que conseguiu fazer as pazes com minha filha,

genro”.“Não foi fácil” admitiu Ross.

“Imaginava” riu Tearlach.- “Estou feliz de ver minhagente e a tua reunida aqui: assim asseguramos a paz dasfuturas gerações. Os filhos do Murdoc poderão viver semser perseguidos pelo medo. Eu espero que também osoutros clãs sigam nosso exemplo”.“Eu também o espero” declarou Ross. “Todos seus

aliados assistirão ao casamento ?Sim”.

“Também os Sinclair ? Não me parece vê-los”.“Angus fez saber que ele e os seus chegarão amanhã a

tempo para a cerimônia”Quando Tearlach se afastou, Gordon lhe falou com seusobrinho.“O que pensa moço?”“Não confio em Sinclair. Se amanhã não aparecer, será

melhor voltar imediatamente para Ravenscraig, em vez de

permanecer aqui para os festejos”.“Por mim está bem. Confio em seu julgamento”.

Angus Sinclair chegou com pequeno grupo de membros deseu clã na manhã seguinte. De pé perto de Gillian, Ross oviu chegar e vir absorvido pela massa de gente queesperava ir à igreja.“Necessito uma capa mais grossa” disse Gillian quando

uma rajada de vento a enrolou. “me espere aqui , Ross,não demorarei muito”.



Ross não pensava mover-se, ocupado como estava de nãoperder de vista Sinclair. Pouco antes Angus tinhadesaparecido e ele se perguntava onde se colocou.“Está bem, mas se apresse: o cortejo nupcial está para

partir”.“Se não voltar a tempo, vá sem mim. Nos vemos na

igreja”.Gillian subiu correndo para o seu quarto, encontrou ogrosso manto que procurava e o trocou pelo xale queestava usando. Quando ouviu a porta abrir-se e fechar asuas costas se virou com um sorriso, pensando encontrarseu impaciente marido.

“Angus!- Exclamou surpresa. “O que faz aqui?”“Preciso falar com você. Te segui até aqui”.“Se apresse”, disse brusca Gillian irritada.- “Ross me

está espera.“ foi para à igreja junto com outros, Estamos sozinhos”.“Não deveríamos permanecer sozinhos em meu quarto”

replicou Gillian alarmada.“Podemos conversar no caminho para a igreja” .Alargou a

mão para abrir a porta, mas Angus lhe adiantou.“É feliz, Gillian?”“Bastante, enfim o que quer?”“Estávamos unidos, menina. Sou eu quem deveria

desposar”.“Não podemos mudar o que aconteceu. Já estou casada

com Ross MacKenna e nenhum dos dois pode fazer nada”.“Equivoca-se: pode vir comigo. Em apoio ao acordo com

seu pai e MacKennna, se abandonar seu marido a guerravoltará a começar”.“Não entendo por que você quer sabotar a trégua”.“E eu não entendo por que você está disposta a viver com

o inimigo. Estou disposto a tê-la, apesar de que MacKennaa teve primeiro”.“Não posso fugir com você, Angus. por que não se

comprometeu antes Agora estou legalmente casada comRoss e nada pode mudar esse fato”.“Como pode suportar conceder seu corpo ao inimigo? Este

acordo é uma vergonha!”.



Fazer amor com Ross não era tão insuportável, aocontrário, era pura magia. Quanto à vergonha, se seu pai eseus irmãos não se faziam problemas em aceitar aMacKenna por que ela tinha que os ter? Além disso estava

começando a considerá-lo algo mais que um guerreiroperito e poderoso. Era difícil considerá-lo como um inimigo,quando lhe tinha dado um prazer que nunca tinhaacreditado possível.“Não sinto vergonha em seu leito” replicou.“Então você gosta de beijá-lo, né? Deixa que te

demonstre como beija um verdadeiro homem”Atraiu-a a si e tomou os lábios em um beijo tosco e

exigente, mas ela recusou abrir a boca. Chocou-se com obeira da cama, perdeu o equilíbrio e caiu arrastando ocorpo pesado. Angus lhe levantou a saia e ela tentourechaçá-lo lhe cobrindo as costas com golpes de punho.Quando abriu a boca para gritar, ele aproveitou para lheinsinuar a língua até o fundo e Gillian se vingoumordendo-a.Angus retrocedeu imediatamente amaldiçoando.

“Pare de lutar, Gillian. Você me deseja, admita”A porta se abriu com um estrondo.“Que diabos está acontecendo aqui? Gritou Ross.

Angus se levantou.“Parece-me óbvio, MacKenna: Gillian e eu combinamos de

nos encontrar aqui.Ela não te quer. Sempre me quis ”Gillian saltou do leito, furiosa com Angus por aquelasmentiras. Logo olhou para Ross e emudeceu: nunca o

tinha visto nesse estado. Seu rosto estava rígido pela raiva,as mãos apertadas a punho e os olhos frios.“Ross, eu…”“O que tem a dizer Gillian? Perguntou-lhe com os dentes

apertados.“Não convidei Angus ao meu quarto”.

Ross examinou o rival com um olhar que teria feito tremera um homem dotado de consciência.“É verdade o que diz Gillian?”“Ela não queria te desposar, MacKenna” insistiu Angus.-

Me convidou aqui e eu não pude recusar”



“Não é verdade! Não acredite nele Ross” gritou Gillian-“Fora! -Ordenou, indicando a porta a Angus.Ele mente, Ross; lhe juro” -disse Gillian quando ficaramsozinhos.

“Falaremos mais tarde” replicou ele friamente.-“Estamos atrasados; devemos ir imediatamente à igreja”E a acompanhou fora do quarto.Na igreja, Tearlach veio a seu encontro ansioso.“Onde estavam? atrasamos o início da cerimônia paraesperá-los”- Fomos atrasados os - cortou brusco Ross e guiou a suaesposa para o banco reservado à família.

Gillian notou Angus e os outros Sinclair sentados ao fundoda igreja.Pouco depois apareceu a noiva e a cerimônia começou.Ross permaneceu sério em um escuro silêncio; Seriamenteacreditava que ela tinha convidado Angus a seu quarto?”Gillian estava emocionada por seu irmão e pela primeiravez desde que tinha iniciado a trégua se deu conta dosignificado da paz: por causa dos contínuos s seus irmãos

tinham adiado o matrimônio, no temor de fazer em seguidaviúvas a suas esposas. Agora também Ramsey e Nabpodiam pensar em formar sua família.Os festejos seguiram no grande salão de Braeburn. Logodepois de um longo e delicioso banquete, as mesas foramretiradas para dar espaço às danças.Ross nunca antes se havia sentido ciumento e lhe custavareconhecer sua reação ante a cena no quarto de Gillian.

Sempre soube que ela preferia Angus Sinclair, masesperava que já tivesse aceitado seu matrimônio semtantas saudades. Pelo que tinha visto pouco antes, emtroca, parecia que ainda desejava Sinclair. Olhou a seuredor e o viu que falava muito com Seana.Onde estavaNiall? Deu um olhar de soslaio a Gillian e ficou surpreso aover que ela também os olhava.“Não sabia que eram amigos” murmurou, indicando ao

casal.



“Eu tampouco, mas não é tão estranho: o clã MacHamishnunca se pronunciou com respeito a nossa guerra. É tãoamigo dos Mackay como dos MacKenna”.Em espera de iniciar o baile, grupos de convidados

congratulavam aos noivos e a confusão no salãoaumentava minuto a minuto.“Devemos falar do aconteceu em seu quarto - disse Ross.

“Se formos agora, ninguém notará”.Ela olhou duvidosa, e logo assentiu. Para Ross se faziadifícil afastar o olhar daqueles olhos de esmeralda, masfinalmente o obteve.“Venha - disse estendendo a mão.

Ninguém os viu, enquanto se escapuliam e subiam aescada, caminho à antecâmara de Gillian.Apenas Ross fechou a porta, ela começou falar comímpeto:“Não convidei Angus. Sua acusação é injusta, MacKenna”.“Ainda não te acusei de nada”.

Seu olhar desgostoso se posou na cama desordenada.“E agora me explique porque você e Sinclair se deitaram

nessa cama como animais no cio”.“Se tivesse minha espada, lhe faria pagar por isso:

qualquer idiota se teria dado conta que ele me estavaagredindo e que eu me opunha com força”.Estava magnífica em sua fúria, uma verdadeira e própriachama ardente.“Me conte que aconteceu”“Não tenho por que te dar explicações” replicou ela

ofendida.- “Se não acredita em mim, pior para você..“Não é suficiente, Gillian. Convidou Sinclair a seu

quarto?”“Está surdo? Bufou ela exasperada.- “Já disse que não”.“Está-me dizendo que tentou te obrigar pela força?“É tolo, além de surdo, MacKenna? É assim precisamente

como aconteceu , e não adicionarei nada mais”.“Se está dizendo a verdade, Sinclair pagará caro este

insulto” Ross se virou e se dirigiu a grandes passos à porta.“Espere! O que vai fazer?”“me ocupar de Sinclair”



“Não ponha em perigo a trégua: é precisamente isso quequer Angus”.Ross a olhou muito surpreso.“Ele lhe disse isso?”.

“Não de maneira explícita, mas era claro”.“Mas, por quê? Que espera ganhar, caso a guerra

voltasse a começar? -” perguntou Ross perplexo.“Não sei”.“portanto me corresponde descobrir -” concluiu.- “Você

permanece aqui”.Saiu com os olhos que despediam raios e as mãosapertadas em um punho.

Os festejos continuavam sempre mais ruidosos e audazes,inclusive depois que os noivos se retiraram.Ross entrou furioso no salão e procurou com o olhar AngusSinclair; viu-o perto do pai de Seana, Douglas MacHamish ese dirigiu para eles a grandes passos.“Queria falar com você em particular, Sinclair” disse.“Esperava você, MacKenna. Aqui há uma sala e ninguém

nos incomodará”.

Ross o seguiu através de um corredor, até uma sala comuma mesa , duas cadeiras e um aparador.“Fale - o desafiou Angus, “Eu não tenho nada a

esconder”.“Você agrediu minha esposa. Agora me dê uma boa razão

para que não lhe mate”.“Entrei no quarto de Gillian a seu pedido. Talvez queria

um homem verdadeiro em sua cama”.

Ross se controlava com muita dificuldade. Outro discursocomo esse : teria perdido os estribos.“Ela nega te haver convidado”.“Não me surpreende: tem medo de você, mas me

desejava muito antes de sua aparição em cena”.“Minha esposa não teme nada: se a conhecesse de

verdade, não diria similar tolice. Segundo Gillian você querque a guerra volte a começar. me explique por que”.“Me entendeu mal. Sabe muito bem que se casasse com

você contra sua vontade e que não estava de acordo com atrégua: isso só era idéia de seu pai”.



“Se tivesse idéia da paixão que de esconde no corpo deGillian, não teria esperado tanto a se apresentar comocandidato. É uma amante magnífica, mas agora pertencesó a mim. Tente tocá-la, só com um dedo e te matarei”.

Sinclair não se mostrou assustado por suas ameaças.“Se Gillian quiser, já encontraremos a maneira de

estarmos juntos”.Demonstrava tal segurança em si mesmo que Rosscomeçou a duvidar das palavras de sua esposa: Possívelque lhe tivesse mentido? Em todo caso tinha outrapergunta que fazer a Sinclair.“Não a perdi que vista nem um minuto, desde que

chegamos a Breaburn. Quando te teria convidado a seuquarto? Pense bem, porque sua vida depende de suaresposta”.“Deveria ser óbvio: quando voltou para sua antecâmara,

deixou-me claro com seu olhar o convite”.“Você mente! - Gritou Ross. Em seguida se lançou sobre

ele: tinham mais ou menos a mesma estatura, mas a ira orendia mais forte. Lutaram com violência, fazendo cair a

mesa e cadeiras, até quando Ross conseguiu empurrarAngus contra a parede, com a mão em sua garganta.“E agora me dê a razão pela qual quer sabotar a trégua”.

Incapaz de falar, o outro se limitou a mover a cabeça.“Admite que mentiu, ao dizer que Gillian convidou a sua

antecâmara?”.Angus emitiu um soluço, mas Ross estava muito furiosopara dar-se conta que o estava sufocando.

“O que está acontecendo aqui?” vociferou TearlachMacKay na porta.- “escutamos um bulício no salão,MacKenna solte Sinclair antes que o mate”“Este bastardo agrediu sua filha em seu quarto”Tearlach incinerou ao Sinclair com o olhar.“É verdade?” perguntou.

O outro emitiu um gorjeio e tratou de livrar-se da férreamão de Ross.“Solte-o -” disse Tearlach ao genro. “Escutemos o que

tem a dizer”.



A neblina avermelhada que velava a vista de Rosscomeçava a dissipar-se; afrouxou a pressão e Sinclair sederrubou ao chão ofegando.“Quis me matar!, grasnou.

“Agrediu minha filha?” perguntou Tearlach.“Não. Gillian convidou a sua antecâmara”“Ela o nega” interveio Ross.- “Quando cheguei, estava

tentado forçá-la”“Conheço minha filha e não é mentirosa. Não criticaria

Mackenna se te matasse, mas não te julgo osuficientemente importante para destruir a trégua”.“Adiante, lhe pergunte por que quer que a guerra volte a

começar” o incitou Ross. “Como Gillian o deixou entrar”.O olhar deSinclair superou os dois homens e se deteve naporta detrás deles. Ambos se viraram paraver o que estava olhando.“Não tinha pedido que ficasse em seu quarto?” gritou

Ross.Gillian os examinou com calma.“Queria saber o que estava acontecendo”.

“Se não tivesse intervindo, Ross teria matado Angus”explicou Tearlach.- “me diga, pequena, convidou Sinclair asua antecâmara?”“Não, papai. Não sei por que Angus está mentindo”

-O olhar que me enviou foi um claro convite a te seguir”insistiu este.

Tearlach o ignorou.“Sinclair disse que quer o fim da trégua?”

“Não claramente, mas o sentido era evidente”.“Rechaço quebrar a trégua por uma questão de ciúmes”

declarou Tearlach furioso.- “Gillian está casada com oRoss e você, Sinclair, não tem nenhum controle sobre suavida. Vou acreditar em minha filha e penso que melhor quevocê e os teus abandonem a festa. Não quero outrosconfrontos neste momento de festa. Quanto a você,MacKenna , basta com a violência. Quero que meus futurosnetos vivam em paz e estou certo que o mesmo desejamvocê e Gillian”.



“Certo, mas não posso lhe prometer manter a paz, seSinclair persistir em me provocar. Se recusa aceitar queGillian está casada comigo e que não está ao seu dispor”.“Esta é sua última palavra, Mackay?” perguntou Angus.-

“Expulsa-me de sua casa?”“Sim, por agora” respondeu Tearlach. “A paz deve

manter-se”“Está bem” disse indignado Sinclair, lançando um olhar

venenoso a Ross. “Mas quando Mackenna quebrar atrégua e você precisar de minha ajuda, não lhe concedereiisso tão facilmente” se levantou com dificuldade e seafastou cambaleando.

“Deveria ter permitido que o matasse” balbuciou Ross. -“Temo que ainda não terminou que provocarinconvenientes”.

Tearlach moveu a cabeça, perplexo.“Não entendo que lhe aconteceu: Angus podia ter tido

Gillian a qualquer momento, mas esperou até quando eramuito tarde e agora só pode culpar a si mesmo”.“Sabe que motivo tem para desejar o fim da trégua?”

perguntou Ross“Não consigo entender porque - admitiu Tearlach.“Também seu clã tem a ganhar com a coexistência

pacífica”.“Angus nada faz sem um motivo” interveio Gillian.“Se pensar que eu o queira, depois do que fez hoje,

equivoca-se: não é o homem que eu pensava e agoraestou contente de não me haver casado com ele. Não sei

que tem na cabeça, mas de certonão é nada bom”.Ross pensou com um sorrisinho que no fundo foi bom nãoter matado ao bastardo de Sinclair: se o tivesse feito,nunca teria escutado tal reconhecimento da parte deGillian.“Comigo terá que ver-se-a”declarou Ross. - “Se fosse eu

não o perderia de vista” adicionou dirigindo-se a Tearlach.“Farei-o. Agora volto para salão: quero me assegurar que

os Sinclair se vão de verdade”.



Ross e Gillian o seguiram ao salão mas em vez de deter sedirigiram à escada e se encerraram no quarto de Gillian.Ross a agarrou entre seus braços e a beijou até que elaficou sem fôlego.

“Estou contente que você não o tenha matado” dissequando de novo pôde respirar. - “Papai, quer que a tréguase mantenha”“E você pequena? Houve um tempo em que me chamava

assassino e animal e repetia que queria se casar comSinclair”.“Não posso ir continuar a te odiar, Ross. É verdade, queria

Angus, e te culpava pela morte de meus irmãos, mas é

provável que será o pai de meus filhos, portanto é hora queaceite nosso matrimônio”Não era precisamente o que Ross esperava ouvir, mas nomomento podia ser suficiente. Pela primeira vezexperimentou que sua união tinha possibilidade desobreviver: entre eles havia algo mais que uma simplespaixão física.

Ross, Gillian e membros do clã MacKenna que os tinhamacompanhado, abandonaram Braeburn dois dias depois, apesar que os festejos ainda não tinham terminado. Osnoivos se tinham ido ao dia seguinte do casamento, parapassar um tempo em Inverness e Nab e Ramsey queriam ira Edimburgo para transcorrer o inverno na côrte.A viagem de volta a Ravenscraig se desenvolveu sem

incidentes: pela primeira vez desde gerações, a paz reinavanessa parte das Highlands.Havia muito que fazer ante a chegada do inverno: asprovisões foram armazenada com cuidado, a lenhacortada e empilhada de maneira a abastecer as numerosaschaminés e a carne foi adubada com sal. Os últimos frutosse transformaram em saborosas conservas.Ross e Gillian começaram a gozar de uma recíprocacompanhia: Ross não via a hora que chegasse a noite parafazer amor com ela, certo de receber uma fogosa eapaixonada resposta.



Fazia frio, mas a neve ainda não tinha caído.Ross decidiu aproveitar para viajar a Wick para comprarprovisões e materiais suficientes para o inverno, antes queviajar fosse impossível. Pediu a Donald e Niall que o

acompanhassem com a carroçaem que deveriam colocar todas as aquisições.depois de uma união mais apaixonada que de costume,Ross comunicou a seu esposa sua intenção de partir emcoisa de dois dias, se o tempo permitisse.“Faz uma lista de tudo o que te poderia servir durante o

inverno”.“Não poderiam ir também?”

“Desta vez não. Talvez na primavera quando o temposerá menos incerto”.“Está bem. Falarei com Donald e Hannah para preparar a

lista antes de sua partida”.Ross pensava tomá-la em seus braços e dormir, mas estasvirtuosas intenções desapareciam quando suas mãos seposaram sobre o seio de Gillian. Esse desejo insaciável omaravilhava; possivelmente se ela também o sentia. Era

possível, visto que nunca o rechaçava. Deslizou as mãos aolongo de seu abdômen entre as pernas; Gillian se virou e ochamou devagar.“Nunca tenho o bastante de você, pequena”.“Mas havemos apenas…”Sei”

Recomeçou acariciá-la e beijá-la intensamente, e quandoGillian começou a gemer e arquear os quadris entrou nela

com um só feroz impulso. Alcançaram ambos o topo doprazer,Gillian não podia acreditar com a facilidade com a que Rossconseguiu excitá-la apenas depois da primeira união. Nãoqueria parecer insaciável como ele, mas sempre estavapronta para recebê-lo, já não o considerava um inimigo:sua relação era muito íntima para manter tanta hostilidade.O que sentia por Ross, além da atração física? E ele o quesentia por ela?Se não fosse pela trégua, eles nunca se teriam encontradoe muito menos casado; Ela teria sido feliz casando-se com



Angus Sinclair, enquanto a idéia agora de passar a vidacom ele não a atraíam de maneira nenhuma.Gillian suspirou devagar e se perguntou o que significavatudo isto para a mulher que um dia desafiou a um duelo

Ross MacKenna. dormiu antes que chegasse a resposta.No dia seguinte, Gizela a deteve no grande salão no pisoinferior da torre, tomando-a por um braço.“Não o deixe partir, pequena”.“Do que está falando, Gizela?”“De Ross. Está indo ao encontro de um perigo”“Não tenho tempo para estas coisas” murmurou

impaciente.- “Tenho muito que fazer, antes da partida do

Ross amanhã”.“Não o deixe partir” insistiu a anciã.“Mas por quê? Que tipo de perigo o ameaça? Alguém quer

lhe fazer mal?”“Não acabo de dizê-lo? Avise-o, já que não me quer

escutar”.Gizela se virou para afastar-se, mas Gillian a deteve.“Quem lhe quer fazer mal?”

“Essa, lá” respondeu a anciã, apontando com seu nodosodedo a Seana, que nesse momento entrava rebolando nosalão.“Não diga tolices” replicou Gillian. “Em todo caso, é a

mim que detesta”.“É verdade.

Gillian afastou o olhar por um segundo para olhar a Seana,e quando se virou Gizela tinha desaparecido.

Moveu a cabeça exasperada: tinha coisas melhores quefazer, para estar escutando desvarios da anciã curandeira,entretanto não conseguia esquecer a ameaça respeito deRoss.Foi buscá-lo e o encontrou na sala pequena perto do salãoonde dirigia seus negócios. Com ele estava Niall.“Está ocupado?” perguntou, aparecendo à porta.“Estava por sair” disse Niall levantando-se.- “A menos

que seu queira falar de algo mais” adicionou.“Não me vem nada em mente. Se decidir não ir a Wick

não há problema:a viagem não é perigosa, mas você é o



herdeiro e talvez é melhor que permaneça aqui, no casoque acontecesse algo a mim”.Nem o diga, Ross!” exclamou Gillian em tom de

recriminação.

“Sua esposa tem razão” aprovou Niall- “Gordon aqui,ocupar-se-á de tudo e como eu também tenho assuntos emWick, vou acompanhá-lo”.Ficando sozinha com o marido, Gillian recordou asadvertências de Gizela e se perguntou se Ross tinha opressentimento de um perigo. Era por isso que tinhatratado de convencer Niall a permanecer em Ravenscraig?“Acontece algo?” perguntou Ross.

“Não sabia que Niall é seu herdeiro”.“É até quando não tiver um filho”- a examinou atento.-

“O que acontece? Parece preocupada”.“Falei com Gizela: diz que não deveria viajar a Wick, que

alguém quer te ferir - contou Gillian.“Está preocupada comigo?” disse Ross rindo. - “Não

tema, sei cuidar de meu mesmo, e a viagem até o Wick nãoé perigosa”

“Alguma vez faz caso às advertências da Gizela?”“E quem a entende? Fala sempre em modo vago e

incompreensível. Segundo ela Quem me fará mal?”Gillian se perguntou duvidosa se lhe dizer: pensando-obem, era improvável que Seana queria danificá-lo, vistoquanto o desejava. Além disso não teria ganhado nada comsua morte.“Tem razão: a advertência da Gizela era muito vaga para

tomá-la a sério. Entretanto, me prometa que tomarácuidado”.Ross a aproximou.“Eu sempre estou atento. E desta vez não tem que

preocupar-se” logo a beijou com paixão e Gillian esqueceuSeana, Gizela e seus temores.Dois dias depois Ross, Donald e Niall partiam para Wick.Permaneceriam longe dois dias, talvez três; durante aausência do marido Gillian pôs às mulheres a trabalhar: oinverno estava próximo e se precisava salgar mais carne eter pronta uma reserva de velas.



A atividade fervia em todos os lugares e todos, salvoSeana, ofereceram-se para ajudar.Gillian tratava de não encontrá-la, mas às vezes erainevitável.

Dois dias depois da partida de Ross, Seana a deteve nosalão.“Quando pensa que volte Ross?” perguntou.

Gillian olhou para fora da janela e notou que o sol já seocultou.“Imagino que amanhã. Como pergunta por ele e não por

Niall?”“Referia aos três. Perdão, recordei algo importante que

devo fazer”.Gillian a seguiu com o olhar enquanto se afastava.Essa mulher era um espinho na costela: até esse momentonão tinha feito nada suspeito, mas ela não podia esqueceras advertências da Gizela. Por outro lado depois da partidados três homens Seana tinha permanecido sempre emRavenscraig, então não era o caso de alarmar-se. TalvezRoss tinha razão, sustentando que Gizela amava predizer

tolices.

Tres dias depois de ter abandonado Ravenscraig a carroçaestava carregado com todas as aquisições feitas em Wick.Ross queria voltar antes, mas encontrar cada coisa tinharequerido mais tempo do que o previsto.Uma vez tomado café da manhã, decidiu partir para cavaloe deixar que os outros o seguissem a um ritmo mais lento

com a carroça.Gillian fazia falta terrivelmente; nesses três dias não tinhafeito mais que pensar nela e de noite sonhava com seuscabelos radiantes e seu corpo quente. Pensar em Gillian oajudava a suportar a monotonia da longa viagem paraRavenscraig.Se não tivesse estado tão sumido em suas reflexões, terianotado os cavaleiros que se aproximavam do oeste.Quando reconheceu as cores de seu clã, deteve-se eesperou.



“Que coisa lhes leva tão longe de casa? Perguntou a seuchefe.“Vão ao Wick por provisões ? .

Este se limitou a olhá-lo sinistro.

“O que acontece? Algo não está bem?” informou-se Rossdesconcertado.de repente o homem desembainhou a espada e lhe feriu nolado direito.“por quê?” perguntou apenas Ross, enquanto o outro

retirava a espada. Logo deslizou para o chão.O agressor lhe deu um último olhar, depois disso girou ocavalo e conduziu longe a seus homens, deixando-o morrer

em uma poça de sangue.

Gillian tinha preparado uma grande festa para a volta deRoss. Não sabia com exatidão quando chegaria e se davavoltas e voltas perto da porta para ser a primeira emsaudá-lo, assim não estava despreparada quando ouviu obarulho da carroça. Abriu a porta e se estremeceu com arajada de ar frio que entrou; um estremecimento

imprevisto lhe apertou o estômago, notando o cavalo semseu cavaleiro amarrado a carroça.“Chame Gizela” gritou Niall saltando a terra.- “Ross está

ferido. Preciso de homens para levá-lo para dentro”.“Estou aqui e já pedi ajuda” anunciou Gizela.- “por que

não me escutou?” adicionou em um sussurro, para Gillian.Ela não teve tempo de perguntar-se como foi que acurandeira já estava ali; lançou um grito angustiado e

correu para a carroça, sem preocupar-se com o frio,seguida por Gordon.“OH, não!” - vendo Ross deitado entre as provisões e

coberto de sangue.- “Não morreu, não é?O queaconteceu?”“Não sabemos -” respondeu Niall impaciente, enquanto os

homens chamados por Gizela o transportavam à fortaleza.-“Ross tinha pressa para chegar em casa e partiu a cavalo,enquanto nós o seguíamos com a carroça. Quando oencontramos, jazia por terra em uma poça de sangue pelaferida de lado”.



“Quem pôde ter feito uma coisa assim?” perguntou Gillainangustiada, seguindo aos homens até o solário.“Ross é o único que pode dizê-lo”- respondeu Niall, sério.-

“Quando soubermos a verdade o vingaremos”.

Tinham chegado à antecâmara e Ross foi depositado noleito, com a ajuda de Gordon, Gillian lhe tirou a roupa.Quando lhe descobriu o torso não pôde menos que lançarum grito horrorizado: o sangue continuava a brotar daferida profunda e trincada e seu corpo gelado.“Tragam muitas mantas!” ordenou - Ele está gelado”.“Movam-se”- interveio Gizela, empurrando de lado Gillian

e Gordon. - “Não posso curá-lo se estão me

incomodando”.Gillian obedeceu desconfiada. Ross respirava apenas, tinhaa pele palidísima, os lábios azulados e parecia mais mortoque vivo.“Conseguirá salvá-lo?” sussurrou.“Tentarei -.Gizela olhou por sobre seu ombro às pessoas

reunida na porta.- “Fora todos! A senhora de meu senhorme ajudará. Traz água quente e panos limpos”- ordenou a

Alicia, que se retorcia as mãos ali ao lado.Os homens duvidaram e Gizela teve que repetir a ordem.“Fora todos, você também Gordon”

O quarto ficou vazio..“Fecha a porta pequena”.

Gillian obedeceu, logo se aproximou da cabeceira da cama.“Como posso te ajudar? É grave? Viverá?”“Se Deus quiser- respondeu Gizela.

Alicia chegou com uma bacia de água quente e váriospanos limpos, colocou-os em uma mesa e saiu.Gillian observou ansiosa Gizela que limpava a ferida.“Sua pele está tão fria” gemeu. “Deve ter permanecido

por muito tempo sobre o terreno gelado”“Pode agradecer a Deus por isso” replicou a outra.- “O

frio impediu que morresse sangrado”.Quando suturou a ferida, Ross nem sequer se moveu. LogoGizela a lubrificou com um ungüento.“O que é?” perguntou Gillian



“Aquilea: ajuda a sanar” - com vários panos formou umaespécie de chumaço, que colocou diretamente sobre aferida, depois cortou outros para fazer ataduras paraenfaixar o dorso.

“Levante-o, pequena” ordenou.Ross , era seriamente pesado, mais por sorte Gizelatrabalhou rápido; pouco depois Gillian o recostou no leito eo cobriu.“Permaneça com ele, enquanto eu vou à cozinha para

preparar uma infusão de raiz de mandrágora. Seconseguirmos faze-lo beber, o fará dormir profundamente eatenuará a dor.

Gillian assentiu, incapaz de falar com causa do nó que lhefechava a garganta.Ross não podia morrer, ela não o teria permitido.Alargou a mão e afastou uma mecha escura da testa, logoacariciou uma bochecha. Se só lhe houvesse dito quem otinha ferido. Beijou-lhe os lábios frios e lhe falou devagarcom ouvido.“Ross, escuta-me?

Nenhuma resposta.“Peço que me diga o que aconteceu”

Os olhos de Ross de repente se abriram, velados pela dor ea confusão.“Pode me dizer quem foi?”

Ross a olhou e moveu os lábios, como se quisesse dizeralgo, sem obtê-lo.Ela se aproximou ainda mais.

“Rogo-te, me diga quem te feriu”.Ross disse um nome; estupefata, Gillian se inclinou maissobre ele esperando que falasse outra vez.Ross fechou os olhos e repetiu o nome com um sopro;embora o escutou duas vezes, ela não ousava lhe acreditare tanto menos repetir aos outros, até quando seu maridonão confirmasse o que tinha escutado.Pouco depois Gizela voltou com o sonífero; puderam fazê-lo beber e Ross se inundou em um sono profundo. Atéquando não despertasse, a Gillian não restava mais queesperar.



Ross permaneceu entre a vida e a morte, com Gizela quefazia o impossível para lhe impedir que cruzasse a soleiradas trevas perpétuas e com toda a casa de luto, orando por

sua melhoria.Gillian não se movia quase nunca de seu lado, dormiapouco e comia menos, Quatro dias depois do ataque aRoss, Gizela entrou na antecâmara e lhe ordenou quecomesse e repousasse um pouco.“Não posso deixá-lo. Se morrer enquanto não estiver?

Devo estar com ele”“Ross não morrerá” replicou a outra em um tom seguro.

Pela primeira vez em dias Gillian a olhou esperançosa.“Tem certeza? Ainda não despertou”.“O sono é a melhor remédio e a ferida não se infeccionou,

estou segura que sairá desta”.Gillian queria estar assim convencida.“Vá, a comer alguma coisa, pequena. Permanecerei ao

lado de Ross. A sua volta, poderá repousar no leito que tepreparou Alicia”

“Chamar-me-á, se acordar?”Gizela assentiu e Gillian foi a contra gosto. Enquantodescia a escada um murmúrio de vozes iradas a alcançou,mas quando entrou no salão a acolheu um silêncioabsoluto. Todas os olhares estavam fixos nela.“O senhor…” começou Gordon.“Está vivo” respondeu Gillian.“Certamente, não graças a você e aos membros de seu

clã” interveio Seana em tom desprezível.“Todos sabem de sua participação no ataque de Ross”.

Esgotada pela falta de sono, Gillian se perguntou se teriaouvido bem.“O que está dizendo? Como posso ser responsável por

algo do que não sei nada? Quando despertar, Ross dirá atodos a verdade”

“Já sabemos a verdade” gritou uma voz furiosa, seguidapor muitas outras.“Você o traiu -” a acusou Seana.- “Sua morte recairá

sobre sua cabeça”



“Ross não morrerá! - Replicou Gillian com ímpeto.-“Gizela tem certeza”.“Essa velha bruxa não sabe nada” a liquidou Seana.-

“Gillian deveria voltar para o Braeburn; quando Niall será o

novo senhor e vingará a morte de Ross.“por que contínua a insistir sobre sua morte?”

perguntou Gillian.- “Meu marido ainda está vivo”.“Não despertou em quatro dias” lhe recordou Niall.-

“Muitos pensam que nunca mais despertará”.“E a velha que o cura é uma louca não confiável-

adicionou Seana.“Podem dizer o que quiserem, eu me recuso acreditar que

Ross morrerá”- insistiu Gillian.“Deixem-na em paz” interveio Gordon. - “Está exausta e

preocupada com seu marido”.Gillian lhe agradeceu e se dirigiu à cozinha; a suas costas,podia ouvir a voz aguda da Seana que voltava a agitar osânimos. por que a gente de Ross pensava que foram osMacKay a agredi-lo?Esse ataque sem motivos era misterioso, mas ela não

podia acreditar que seu pai fosse capaz de similar traiçãoe continuava a esperar que e uma vez acordado Ross teriailuminado cada coisa.Quando entrou na cozinha, Hannah a examinoudesconfiada. suspeita.“Sabe o que dizem de você?”“E você acredita neles? Seja sincera Hannah: sua opinião

conta muito para mim”.

“conspirou para matar a nosso laird?”“Não, E meus parentes tampouco. Meu pai não quebraria

a trégua desse modo tão covarde”.Hannah assentiu satisfeita.“Alicia , jura que você é inocente, mas Seana instiga os

ânimos contra você. Já vê Ross na fossa e Niall como novosenhor, diz que não está contente de seu matrimônio equer que Ross morra para se casar com Angus Sinclair”.Gillian se deixou cair em uma cadeira com um suspirocansado.



“Estava aqui quando foi atacado e não iria querer Angusnem por todo o ouro do mundo. Acusam-me injustamente”.“Segundo Seana , enviou um mensageiro a Braeburn para

informar a seu clã da viagem de Ross, para que assim

pudessem atacá-lo pelo caminho”.“E encontraram o mensageiro, ou encontraram alguma

prova que fui eu a enviá-lo a Braeburn?”“Sustenta de lhe haver falado, mas quando Donald foi à

aldeia não encontrou rastro”.“Seana, mente -” declarou Gillian com tom cansado.-

“Agora não posso pensar; prometi a Gizela comer algumacoisa e voltar para ficar com Ross”.

“Fiz guisado de cervo para o jantar desta noite, será aprimeira em prová-lo” estabeleceu Hannah.Pôr-lhe diante uma terrina com uma abundante porção dedelicioso perfume e adicionou uma grossa fatia de pãolubrificado com manteiga, mas Gillian quase não advertiu osabor, curvada por perguntas angustiosas sobre o nomeque Ross tinha pronunciado antes de perder o sentido.Era ele o agressor? Em todo caso não podia acusá-lo sem

provas.Gillian terminou de comer, agradeceu Hannah e selevantou.“Devo voltar para Ross”.“Não se deixe angustiar por essas odiosas calúnias” lhe

recomendou Hannah.- “Seana é uma criadora de casos;espero que Niall tenha o bom sentido de não escutá-la”.Gillian voltou para o salão, cabeça alta e se dirigiu para a

escada.“Aí está! -Gritou Seana.- “Não permitamos que volte ao

lado de Ross. Talvez ela e a velha bruxa querem acelerarsua morte!.Gillian se virou bruscamente.“Como ousa? Não tem motivo de nos acusar. Ross está

vivo precisamente graças à habilidade de curandeira daGizela”.“Tem razão” interveio Gordon.- “Ela pode dizer o que

quer com suas estranhas predições, mas não anotificações de quer fazer mal a meu sobrinho”



“Devolvam a MacKay a Braeburn! -Gritou Seana.“Sim! Mandemo-la para seu pai!- Lhe ecoaram outras

vozes zangadas.“Seana não tem nenhuma prova da participação de

Gillian” protestou Gordon. “Quando Ross desperte dirá averdade”“Se despertar - replicou Seana, para depois dirigir-se a

Niall. - “Como senhor temporário, tem o poder de expulsarGillian”.“Até que Ross esteja, não posso exilar sua esposa”

objetou Niall.- “Estou certo que logo despertará e nosindicará ao homem que o atacou”.

Niall não se deu conta do olhar assassino de Seana, masGillian, sim.Virou-se com um estremecimento: sustentar a própriainocência era uma perda de tempo e energia. Só Ross sabiaa verdade e até que não falasse, esse sucedidopermaneceria no mistério.Quando entrou na antecâmara, Ross estava ainda semsentido e Gizela inclinada sobre ele, examinando a ferida.

“infeccionou-se? Tem febre?” perguntou Gillian ansiosa.“A ferida está bem e ele um pouco quente, mas não tem

febre alta. Deveria repousar; enquanto jantava Aliciatrocou os lençóis”.“Gizela, me diga a verdade: Seriamente a gente de Ross

pensa que eu e meu clã somos responsáveis pelo ataquecontra ele?”Sim” admitiu a anciã curandeira.- “Não lhe queria dizer

isso para não te perturbar; é obra dessa MacHamish. Tinha-te advertido . Não? Quando aceitou unir-se com Niall porum ano e um dia, tinha um plano em mente”.“Que plano?”

Os olhos da Gizela agora estavam velados.“Serão tempos difíceis, mas finalmente a chama ganhará.

Busca as provas, pequena, e a verdade triunfará”.“Não entendo…”“Agora durma, pequena. Os tempos difíceis estão

chegando”.



Gillian se deu conta que por essa noite não teriaaveriguado nada mais, foi ver Ross, e se deitou no colchão.Logo que colocou a cabeça no travesseiro, dormiu.

Gillian despertou sobressaltada: alguém a sacudia e umaluz intensa lhe alagou os olhos. sustentou-se em umcotovelo e olhou a seu redor alarmada.“O que acontece” Ross…”“Suas condições não mudaram- respondeu Alicia

“Gordon quer te falar; diz que é urgente”.Gillian se levantou e se aproximou do leito com passosinseguros.

“O que acontece, Gordon? por que me olha assim?”“Os membros do clã querem que vá embora; eu não estou

de acordo, mas se não partir imediatamente, temo por suavida. A falta de um culpado evidente, seus parentes são osprimeiros suspeitos. Faço-o por sua segurança Entende?”“Isto é obra da Seana” declarou Gillian. “Se não tivesse

instigado a todos contra mim, ninguém me teria acusado.Sou inocente, juro ”.

“Acredito em você e lhe envio para longe precisamentepara lhe proteger” lhe assegurou Gordon.“Seu cavalo já está selado e Hannah te preparou

provisões para a viagem. O tempo será bom e não deveriater problemas para chegar em Braeburn”.“Quer me obrigar partir?” protestou Gillian. “Não, não

posso abandonar Ross”.“Você quer matá-lo” acusou Seana da porta. “Vá,

enquanto ainda está em tempo”“Não o deixarei morrer” assegurou Gizela.“E eu ajudarei a saná-lo” adicionou Alicia.

Ross gemeu e começou agitar-se e Gillian correu a seulado.“Ross me escuta?”

Ele resmungou algo incompreensível e a fixou com umolhar vácuo.“despertou-se! - Gritou emocionada Gillian.“não, pequena. Não vê nada”-replicou Gizela.



“Deve ir agora, antes que alguém ponha em prática asameaças contra você-” insistiu Gordon.“É por seu bem”.“Vá, pequena. E recorda o que te disse: encontre as

provas - recordou-lhe Gizela.“O que está murmurando, Gizela? -Perguntou Seana.-

“Temos mais que suficiente de seus desvarios”.Alicia foi procurar o manto forrado com peles e asprovisões por ordem de Gordon e estendeu a espada aGillian. Colocou-lhe o manto sobre os ombros lhe deu osaco com moedas de ouro que seu pai tinha dado comopresente de casamento.

“Não quero deixar Ross” se obstino Gillian.“Só quero te proteger; sei que meu sobrinho te ama -”

declarou Gordon.“Tem um estranho modo de demonstrar me- replicou

isso ela áspera. Deu um último olhar a Giselda, mas acurandeira tinha os olhos baixos: não podia esperar ajudadela. Gillian afastou com reticência o olhar do leito, ondeRoss jazia pálido e imóvel.Se dirigiu à porta, para depois

dar a volta de repente.“Cuida dele, Gizela, e não deixe que se aproximem dele.

Querem lhe fazer mal”“Não exagere, Gillian!-Protestou Gordon. - “Agora, Seana

é uma Mackenna”.Gillian leu nos olhos da Gizela a promessa que teriaprotegido Ross contra as intrigas da Seana, e se foi com ocoração feito em pedaços.

Gillian, lançou um olhar a suas costas. Enquanto o portãode Ravenscraig se fechava detrás dela e se perguntou seteria feito bem em rechaçar uma escolta por Gordon. Logosentiu o peso confortável de sua espada e se disse quetudo sairia bem.“Boa viagem até sua casa” a saudou Gordon.“Me informará das condições de Ross? - Perguntou ela.“Quando estiver restabelecido a ponto de contar o que

aconteceu, lhe faremos saber isso”.



Gillian assentiu com um nó na garganta, essa promessanão era grande coisa, mais no momento deveria lhebastar.

Temia que seu pai pedisse satisfações aos MacKenna, ao

inteirar-se que a tinham obrigado abandonar Ravenscraig,conhecendo-o, Tearlach MacKay não deixaria impunesemelhante insulto. Seguiria uma batalha com mortos eferidos e ela não sabia como impedi-la.

Tinha transcorrido uma breve distancia, quando recordou oconselho da Gizela: devia procurar as provas de suainocência e então, no momento, não podia voltar paraBraeburn.

Devia descobrir se o nome pronunciado por Ross no delírioera o verdadeiro culpado da agressão. Era a única que otinha escutado e portanto era ela a que devia demonstrar ainocência dos MacKay.

Tomada essa decisão, Gillian girou seu cavalo Prata paraoutra direção. Tremendo de frio, apesar do manto forradopor peles, com o capuz sobre a frente, deteve-se por voltade meio-dia para comer a comida preparada por Hannah e

para fazer descansar seu cavalo.A temperatura era coisa séria, mas pelo menos não chovia,nem nevava. Conhecia o caminho, já que tinha visitado apequena fortaleza com sua família; quando chegou à aldeiade Halkirk, deu-se conta que por esse dia não podiacontinuar a viagem, e procurou um lugar para dormir.Parecia-lhe suportar o peso do mundo sobre os ombros enotou alarmada que o vento se levantou e começavam cair

flocos de neve.Estava começando a temer de morrer de frio nessadeserta aldeia, quando um menino passou, lhe fez gesto dedeter-se. Ele obedeceu.“Se perdeu senhora?” perguntou com gentileza.“Necessito alojamento para esta noite” explicou Gillian.-

“Há uma estalagem por estes lados?”.“Não, mas minha avó Maddie às vezes recebe viajantes

de passagem”“Levar-me-ia até ela? Perguntou Gillian aliviada.- “Posso

pagar”.



“me siga”.Na periferia da aldeia embocou um estreito caminho quelevava a uma cabana com uma luz que brilhava em uma

janela.

“A avó vive aqui” explicou.Gillian desmontou.“Meu cavalo está cansado e precisa beber e comer”“Posso me ocupar disso - se ofereceu o menino.- “A avó

tem um estábulo detrás da casa, onde seu cavalo estarácômodo”Gillian tirou uma moeda do saco e a lançou.“Cuide bem dele, por favor.”

O moço olhou extasiado a moeda de prata.“Não se preocupe, senhora: cuidarei muito bem seu

cavalo”Gillian tomou sua bolsa da cela.“Como se chama”.“Duncan MacHamish”“Agradeço por sua ajuda, Duncan MacHamish”

O moço assentiu e levou o cavalo.

Gillian se aproximou da cabana e golpeou a porta: umamulher pequena com as bochechas rosadase os cabelos brancos, veio abrir.“Seu neto me disse que poderia me dar alojamento por

esta noite” disse Gillian batendo os dentes.“É obvio. Entre, pequena, assim posso fechar a porta. Sou

Maddie MacHamish e você é…”“Gillian Mackay” respondeu ela usando a propósito seu

nome de solteira, agora que se encontrava entre aliados deseu clã.“Talvez, conheça meu pai Tearlach”“Pessoalmente não, mas escutei falar dele. Vem de

muito longe? Pobrezinha, deve estar morrendo de frio e defome- comentou. “Está sozinha?“Sim”.“Sente-se perto do fogo enquanto te preparo alguma

coisa para comer. Tenho um pequeno quarto perto dacozinha onde ficará bem”.“Posso pagar” precisou Gillian.



“Eu não o pedi, mas alguma moeda sempre é bem-vinda”Maddie a conduziu até a chaminé e a fez sentar em umbanco.- “Posso tomar seu manto?” perguntou.Gillian assentiu, esquecendo que levava a espada em uma

bainha presa nas costas e Maddie deu um grito assustada.Gillian tirou a espada e a apoiou contra a parede.“Nunca viajo sem armas” explicou.“Na panela em cima a mesa há água quente, se quiser

lavar as mãos e a cara antes de comer”, ofereceu.“Obrigado, eu gostaria muito”.

Maddie lhe colocou água em um recipiente e tirou umpano limpo do aparador.

“No balde debaixo da pia há água fria. Usa a que te serve,enquanto eu preparo o jantar”.Gillian não se fez de rogada, quando terminou de lavar-se,sentou-se à mesa e Maddie lhe serviu uma terrina deguisado de carneiro. Cantarolando para si, fatiou pão etrouxe manteiga para lubrificar.Gillian consumiu com apetite essa singela e gostosacomida e ao final suspirou de prazer.

“Estava delicioso”. “É parente de Douglas MacHamish esua filha Seana?- Perguntou depois.“Aqui todos estão aparentados de qualquer modo com os

MacHamish. Pensa visitar sua fortaleza?”“Sim. Sei que está perto, mas não podia seguir; hoje viajei

muito nesse sofrido frio”“O castelo se encontra a uma hora a cavalo daqui, mas te

convém repousar e partir amanhã de manhã. Tenho um

quarto pronto para viajantes que necessitam de abrigo; eugosto de ter companhia”

Tomou uma vela.“me siga, Gillian MacKay”.

Gillian tomou sua bolsa e a seguiu a uma habitação aolado da cozinha, decorada com uma cama estreita e comvárias mantas, uma cadeira e uma mesinha na qual Maddiecolocou a vela.“Não é luxuosa, mas pelo menos estará quente e seca.

Sob o leito há um recipiente para a noite. Dorme o quantoqueira”.



“Obrigado, Maddie. É muito gentil”.Quando ficou sozinha, Gillian se despiu e se deitou.Estava tão cansada que dormiu imediatamente.Na manhã seguinte despertou ouvindo alguém que se

movia na cozinha. Por mais que odiasse a idéia deabandonar o quente leito, sabia que devia partir antes deperder coragem: se MacHamish era seriamente o homemque tinha atacado Ross a traição, devia pagar por seucrime.Aceitou o convite de Maddie, sentou-se a tomar café damanhã antes de partir; não tinha idéia de quando fariaoutra refeição, portanto, os ovos, o presunto, o pão logo

que assado, oferecidos pela amável senhora eramirresistíveis. Com elas também estava Duncan, que seofereceu para trazer o cavalo e saiu a toda pressa.Gillian procurou em seu saco e deu duas moedas de prataa Maddie.“OH, não, é muito!” protestou a mulher.“Salvou-me a vida” replicou Gillian.

Maddie aceitou as moedas e lhe colocou o manto enquanto

ela colocava a espada. Pouco depois Gillian montava seucavalo e se dirigia para a fortaleza de Douglas MacHamish.perguntou-se como teria reagido Maddie se soubesse quese propunha acusá-lo de um terrível crime: com todaprobabilidade, em troca de acolhê-la e alimentá-la, a teriadeixado que se congelasse fora.Se MacHamish de verdade tinha ferido Ross, abandonando-o a morrer sangrado, merecia um castigo.

Por isso sabia, a essa hora seu marido poderia inclusiveestar morto, um pensamento que a fez mais determinada adescobrir a verdade.depois de uma lenta hora e meia da neve, Gilliandistinguiu a silhueta da fortaleza dos MacHamish no topode uma colina. Esporeou Prata e não se surpreendeu deencontrar o portão fechado e homens armados nasameias.“Que deseja, senhora?” perguntou-lhe de cima um

homem armado com arco e flechas.“Estou aqui para falar com Douglas MacHamish”



“Quem é?”“Gillian MacKay”. Pergunta a seu senhor se tem medo de

enfrentar a uma mulher”.O homem desapareceu e Gillian se envolveu em seu

manto, se perguntando se MacHamish teria intenções defazê-la esperar lá fora no frio, para sempre.Por sorte, depois apareceu pessoalmente.“O que quer, Gillian Mackay?” perguntou receoso.“Fiz uma longa viagem para vê-lo .Não quer , pelo menos

me convidar a entrar para me esquentar diante de suachaminé?”.Gillian sabia que o outro não teria rechaçado o pedido: nas

Highlands a hospitalidade era sagrada.MacHamish fez um gesto ao guardião do portão e estecomeçou a abrir. Gillian esporeou seu cavalo e umcavalariço correu para tomar as rédeas.“me siga” disse Douglas MacHamish, girando para a

fortaleza.Esta era pequena, comparada a Braeburn e Ravenscraig,mas o interior era acolhedor e impregnado de perfume de

ramos de pinheiro. A segunda esposa de MacHamish, umaloira alta, avançou e seu marido fez as apresentações.“O que te traz aqui com este tempo, Gillian MacKay?”

perguntou Eileen MacHamish.Ela achou suas maneiras frias.“Preciso falar em particular com seu marido”.

Eileen pareceu recordar alguma coisa.“Não se casou com Ross MacKenna? Onde está seu

marido?”Gillian deu um olhar acusador a MacHamish.“No momento não está muito bem”.“Deve ser um assunto muito importante, para te induzir a

viajar com este tempo. Não quer se esquentar um poucoperto do fogo e comer algo?” propôs Eileen.“Não. Devo falar imediatamente com seu marido…e só

com ele” precisou Gillian ganhando um olhar furioso dabela Eileen.“Está bem, embora não sei realmente do que devemos

discutir” cedeu MacHamish.



dirigiu-se para uma escada e Gillian o seguiu rogando comtodo o coração de não estar a ponto de acusar a uminocente. Ross realmente tinha pronunciado seu nome nodelírio, ou ela tinha entendido mal? Não, estava certa de

ter ouvido bem. Endireitou os ombros e repassou o discursoque tinha intenções de fazer.MacHamish lhe fez gesto de acomodar-se em um bancoperto do fogo e lhe ofereceu um uísque, mas ela declinouambos os oferecimentos, se encheu de coragem e secomeçou.“Foi você o agressor de a meu marido? Deve havê-lo pego

de surpresa, visto que está ileso”.

MacHamish permaneceu em um comprido silencio, logopareceu derrubar-se.“Então, não morreu?”“Maldito- Irrompeu Gillian tirando o manto e

desembainhando a espada com um só movimento.“Não assassinou Ross, mas enquanto falamos ele jaz

entre a vida e a morte” Gillian agitou a espada diante dorosto dele - “Como pode? Que motivo tinha para atacá-lo e

deixá-lo morrer sangrado? O que Ross lhe fez?”“Guarda a espada” replicou MacHamish. “Depois que

Angus Sinclair me informou que insulto Ross fez a minhafilha, enfureci-me e procurei vingança”Gillian o encurralou com a ponta de sua espada e o outro aevitou com uma agilidade surpreendente para um homemde sua idade.“Que mentiras te contou, Angus?”.

“Dê um passo para trás e lhe direi isso, embora duvideque fosse mentira”.Gillian obedeceu, mas se manteve em guarda.“Adiante, fala. Entretanto, para que saiba, Ross nada fez a

Seana”.“Segundo Sinclair, Ross Mackenna a obrigou a ser sua

concubina; depois de seu matrimônio a jogou de lado comoum montão de roupa suja e a ofereceu a um de seusparentes, um homem brutal que bate nela todos os dias.Seana me enviou uma mensagem dizendo que não era



feliz, mas Mackenna lhe impedia de abandona Ravenscraig.Eu fiz o que devia fazer para vingar sua honra”.Desconcertada, ante tão descaradas mentiras, Gillianbaixou um pouco a espada.

“Não devia ter escutador Angus Sinclair: ele e Seana sãomentirosos e conspiraram para prejudicar Ross. Angus oodeia e te usou para eliminá-lo sem arriscar nada”.“Está acusando minha filha de traição?” protestou

MacHamish indignado.“Sim. Procura suas armas, Douglas MacHamish. A

diferença do que fez a Ross, não te atacarei a traição,quando menos o espere”.

“Está louca? Eu não luto com mulheres” replicou o outrodesdenhoso.“Luta ou morre” desafiou Gillian.

Douglas MacHamish abriu os braços.“Como vê , não estou armado”.

Gillian olhou a seu redor, viu uma espada apoiada à paredee a indicou com um gesto da cabeça.“Pegue-a, MacHamish”.

Ele baixou os braços, claramente resistente a lutar comGillian.“Não. Disse que não luto com mulheres”.

- Por que não? atacou um homem que te considerava umamigo e que não tinha idéia de suas más intenções. Peguea espada!” gritou Gillian cansada daquelas débeisdesculpas.Machamish, moveu a cabeça.

“Se o que me contou é verdade, fui enganado por minhafilha e Angus Sinclair. Mate-me se quiser. Não lheimpedirei isso”.Gillian duvidou: a morte de Douglas Machamish não teriaresolvido nada, visto que os verdadeiros culpados eramAngus e Seana.“Se pensar que possa servir, irei a Ravenscraig para

explicar o que aconteceu e se me deixarem com vida,trarei minha filha para casa. Agi pressionado pela ira e avergonha sem analisar a fundo a situação. Sinclair temmuito que responder.



“Está disposto a ir a Ravenscraig e confessar o que fez?”assombrou-se Gillian.“Sim: o código das Highlands o obriga. Agora que sei que

meu ataque a Ross MacKenna foi um ato desprezível;

deixei-me enganar por minha filha e de seu cúmplice eagora me envergonho”.Gillian não podia matar um homem que foi burlado e quese arrependia de ter agido precipitadamente; entretantoera Angus Sinclair o verdadeiro culpado, que devia pagarcom a vida por causa de seus atos infames.“Não te matarei Douglas MacHamish; serão os MacKenna

a decidir seu castigo, mas Angus Sinclair não me escapará,

juro.O que pensa fazer?”“O que tinha em mente quando abandonei Ravenscraig:

matar ao homem que feriu Ross” respondeu Gillianduramente.Logo se virou, pronta para partir.“Espera! Você só é uma mulher; deveria ser eu a desafiar

Sinclair por me haver mentido e induzido a atacar e talvez

matar a um amigo”.“Não: para fazer justiça é mais útil que vá a Ravenscraig

e conte a Niall e Gordon o que disse a mim. Secontinuarem a acreditar que meu pai é o culpado, temoque a guerra entre nossos clãs possa recomeçar. É o quequer Sinclair, embora não entendo o porquê”.Douglas MacHamish assentiu.“Farei o que pede. Se os MacKenna me perdoarem a vida,

serei a eles agradecido, de outro modo morrerei sabendode ter feito o correto. Quanto a Seana espero que peçaperdão por seus pecados e possa continuar a viver”.Gillian assentiu e se foi olhar atrás. Chegando à escada foipara a porta, ignorando Eileen que a seguiu ansiosa.“Já vai? Estamos por nos sentar à mesa;Não quer se unir

a nós?.Gillian se deteve de repente: não tinha provisões para aviagem para a fortaleza dos Sinclair, um trajeto que lheteria demorado pelo menos quatro horas ou talvez mais otempo piorasse. Olhou fora da janela e se deu conta que



tinha começado a nevar; se a surpreendia uma tormenta jamais conseguiria chegar a seu destino.

“Não pode partir agora” interveio Douglas MacHamishaproximando-se de sua mulher. “Nesta época escurece

cedo e poderia estar bloqueada no caminho em meio deuma tempestade de neve. Durma aqui; não quero suamorte em minha consciência”.“Está bem, comerei com vocês, mas se o tempo o

permitir, desejo partir hoje mesmo”.O tempo não o permitiu e Gillian se viu obrigada apermanecer a noite.depois do jantar, Eileen a conduziu a um habitação e a

seguiu dentro fechando a porta a suas costas.“De que coisa queria falar com meu marido?” perguntou

ansiosa.- “Espero que não tenha a ver com minha enteada;Seana é uma descarada e uma encrenqueira e eu não aquero aqui. Desde que se foi, a casa está muito maistranqüila”.“Seana se uniu a Niall MacKenna por um ano e um dia e

efetivamente minha visita lhe concerne” respondeu Gillian-

“Prefiro que seja seu marido que te conte o queaconteceu”.“Sabia que Seana teria causado mais dores a Douglas”

murmurou Eileen retorcendo as mãos.“Durma bem, Gillian. Prepararei provisões para a sua

partida.Foi uma noite inquieta para Gillian: não obstante asdeclarações de arrependimento, não confiava em Douglas

MacHamish e preferiu dormir vestida, com a espada àmão, apoiada na parede perto do leito. Pareceu-lhe que ovento se acalmou e desejou que também tivesse paradode nevar.

Gillian despertou pouco depois do amanhecer, lavou-sedepressa e desceu ao andar inferior, onde DouglasMachamish a estava esperando. Primeiro se aproximou da

janela e olhou fora: o terreno estava coberto de neve, maso vento tinha cessado e o sol começava aparecer detrás



das nuvens, uma surpresa que lhe pareceu de bompresságio.“Partirei imediatamente depois de café da manhã”

anunciou.

“Imaginava e pedi à cozinheira para preparar provisõespara sua viagem. Em alguns dias partirei para Ravenscraig,mas você não cometa atos imprudentes: considera-se umguerreiro, sei, mas ainda é uma mulher. MacKennaapreciará o fato que arrisca a vida por ele?“Minha vida é problema meu e eu dito que fazer com ela”

respondeu Gillian com aspereza.- “Sou hábil com aespada; devo vingar Ross, se quero conquistar o respeito

dos MacKenna”.Pouco depois foi servida terrinas de porridge quente; Gillianfez uma careta, mas se obrigou a comer em vista da difícilviagem que devia enfrentar.

Terminado o café da manhã, MacHamish lhe deu asprovisões e lhe advertiu de desconfiar de Sinclair.“Cuide-se! Se ele pôde me convencer de matar Ross. É

capaz de tudo”.

“Pensa que Sinclair se aproveitará de mim por que souuma mulher?”.O outro teve o bom gosto de avermelhar.“Em parte sim, mas também é imoral e de tudo carente

de escrúpulos”.“Estou em condições de cuidar de mim mesma” cortou

brusco Gillian.MacHamish se deu conta que não era caso insistir.

“Seu cavalo está selado e te espera” a informou com umleve suspiro.“Saúdo-te Douglas MacHamish; espero que os MacKenna

lhe tratem melhor do que me trataram . Não posso tegarantir que lhe escutem, visto que atacou seu laird:inclusive podem te matar sem te dar a possibilidade deexplicar o que realmente aconteceu”.“cometi um engano e aceitarei meu destino, qualquer que

seja”.“Boa Sorte” lhe desejou Gillian. Tinha por diante um duro

caminho, mas a imagem de Ross pálido e inerte no leito de



morte a estimulava: matar ao homem responsável por essatragédia se converteu em uma obsessão.Quando tinha deixado de considerar Ross um inimigo?Quando o amor tinha substituído ao ódio?

A descoberta que amava Ross MacKenna foi tãoassustadora que a fez puxar as rédeas de um só golpe:precisava deter-se, refletir sobre o que havia recémdescoberto.E Ross correspondia seu amor? Se talvez conseguissematar Angus Sinclair, ele teria compreendido seussentimentos.Gillian, reatou sua viagem, detendo-se só para comer e

fazer descansar ao cavalo, e chegou à fortaleza uma horaantes do crepúsculo. Ultrapassou o portão sem problemas,entrou na corte e desmontou diante da entrada. Era umaconstrução menor que Ravenscraig, Braeburn e inclusiveque a fortaleza dos MacHamish; até não muito tempoantes, Gillian desejou viver ali como esposa de Angus ecertamente não imaginava que esse homem fosse capazde tanta maldade. Ainda agora, não conseguia entender

que pensava ganhar com a morte de Ross e o reatamentoda guerra.Gillian levantou a pesada aldaba com forma de cabeça deleão e o golpeou contra a porta. Foi Angus pessoalmentequem abriu.“O que faz aqui?” Perguntou, com uma expressão

cautelosa muito similar a sentido de culpa“Finalmente decidiu abandonar seu marido?”.

“Já sei o que fez, Angus” respondeu ela entrando. “faleicom o Douglas MacHamish”.Sinclair fechou a porta.“Não entendo do que fala- declarou tenso.“Ross jaz ao fio da morte ao Ravenscraig”.

Um sorriso de maligna satisfação encrespou os lábios deAngus.“Qual de seus numerosos inimigos o feriu?” perguntou.

Gillian se livrou do manto e desembainhou a espada.“diga-me isso você: por que incitou MacHamish a agredir

Ross?”



“É isto o que te contou?”“Sim, e eu acredito. Durante a festa de casamento de

meu irmão, você e Seana estavam planejando para matarRoss. Seu plano não funcionou, entretanto: quando deixei

Ravenscraig, Ross ainda estava vivo.“Não abandonou Ravenscraig, obrigaram-lhe a ir - a

corrigiu Angus.“Os MacKenna acusam seu clã pelo ataque a seu senhor”“E como sabe? Seana lhe disse isso?”

Angus estalou em uma gargalhada.“Efetivamente, essa mulher é uma preciosa fonte de

informação. MacKenna recebeu o que merecia por ter

roubado minha noiva. Uma vez morto, a guerra reatará eseu pai entenderá que lhe convém que você se casecomigo”“Não te entendo: Como a morte de Ross deveria ajudar a

você e a Seana?”“Seana será a senhora de Ravenscraig e esposa do novo

senhor: é o que sempre desejou. Quanto a mim, um diasaberá o que quero, mas agora não é o momento

adequado. Está aqui, e nada mais conta. Guarda a espada,antes que te machuque”Gillian levantou a afiada lâmina.“Matarei você, Angus Sinclair”.“Tenho as mãos limpas, Gillian: ninguém pode me acusar

de ter atacado seu marido. Embora MacKenna possapronunciar o nome de seu agressor antes de morrer, nãoserá o meu”

“MacHamish não teria tentado matá-lo, se você e Seananão o tivessem impulsionado a fazer esse ato com suasmentiras”.Golpeou-o em um ombro com a ponta da espada, fazendobrotar sangue. Angus saltou para trás amaldiçoando, e doisde seus homens correram imediatamente para defendê-lo.“Covarde! Tem necessidade de ajuda para lutar com uma

mulher?” provocou-o Gillian.“Minha espada” ordenou Angus.

Um dos homens a lançou. Ele tomou ao vôo e rebateu alâmina de Gillian.



“Não quero ferir minha futura esposa. Meu futuro dependede meu matrimônio”.“Nunca me casarei contigo” replicou ela levantando a

espada e lançando-se para diante.

Angus ficou surpreso por esse ataque feroz e paroufrenético seus golpes selvagens.“Basta! Pare, Gillian!” gritou.

Ela o ignorou e ele se deu conta que estava lutando parasalvar a vida. Angus era mais alto e forte e sua espadamais pesada, mas Gillian era veloz, ágil e decidida a matá-lo, ainda a risco de morrer.Angus baixou o olhar ao sangue que brotava de uma ferida

ao braço.“Isso é uma loucura. Eu não quero te matar. Se renda

agora ou terá que agüentar às conseqüências”.“Me mate, se puder. Se Ross morrer, não me importa

continuar vivendo”.“É ridículo. Capturem-na!” ordenou Angus.

Gillian estava se preparando para lhe atirar um golpemortal, quando foi agarrada por trás e a espada arrebatada

da mão. debateu-se furiosa para liberar-se, mas doisparentes de Angus a tinham presa em uma apertadamordaça.“Agora veremos quem tem a última palavra” riu Angus

secando o suor da testa. “esta devia ser sua casa, esperoque aprecie uma estadia aqui”“Eu não fico!” declarou Gillian.- “Só um covarde recusa

lutar. Tanto me teme que precisa pedir ajuda para me

desarmar?”Angus parecia que ia golpeá-la: tinha os punhos apertadose os olhos escuros pela ira.“Não tenho medo de uma mulher, mas você me serve

viva. te matar não me contribuiria nenhuma vantagem”“Outra vez não te entendo: O que pensa obter, me tendo

prisioneira aqui? Estou casada com outro..“Ross está condenado: se já não morreu, logo o estará,

talvez com uma pequena ajuda” declarou Angus com umarisada cruel.



“Ninguém, salvo Niall, ganharia algo com sua morte, enunca lhe faria mal, estou certa” rebateu Gillian.Angus não replicou e de improviso ela soube a quem sereferia.

“Seana! Vocês dois estão tramando juntos para matá-lo! Amorte de Ross a fará senhora do Ravenscraig”.“Tranquem minha noiva na torre” ordenou Angus. “Não

tema, Gillian: a habitação que te atribuído é confortável.Espero que desfrute da estadia na fortaleza dos Sinclair”.


Gizela não permitia que Seana entrasse no quarto de Ross,a menos que ela e Alicia não estivessem presente, einsistiu não obstante os protestos de Niall.O dia depois da saída forçada de Gillian, Ross despertou;ainda estava confuso e dolorido, entretanto, sabia porinstinto que a mão que tinha acariciado freqüentementea frente não pertencia a sua esposa.Olhou a sua redor em busca de Gillian, em troca viu Gizela.

“O que…aconteceu” perguntou cansado.“Então decidiu voltar para mundo dos vivos” comentou

ela. “O que recorda?“Nada. Drogaram-me?”“Só um pouco, para aliviar a dor. Não obstante meus

esforços para impedi-lo, a ferida se infeccionou”“Gillian…”

Antes que Gizela pudesse responder, Ross fechou os olhos

e dormiu: este era um sono normal, muito distinto ao comado qual mal tinha saído. Gizela deixou a habitação paraanunciar ao clã MacKenna que Ross tinha despertado eestava teria sanado.Às vezes tinha duvidado de ser capaz de salvá-lo, masagora estava segura que Ross viveria e teria trazido devolta Gillian a RavenscraigNa escada encontrou Seana.“O que é toda esta pressa, velha? Ross se foi com o

Criador? Sou a nova senhora de Ravenscraig?”



“Se for isto que espera, ganhará uma desilusão: Rossdespertou e se recuperará. Agora se mova: devo dar anotícia aos outros”Seana correu a sua habitação, decidida a recorrer a outro

sistema para acelerar o fim de Ross: conhecia as ervas epoções e sabia que certos venenos podiam matar umhomem.

Tinha roubado da despensa da Hannah uma garrafinha dearsênico, geralmente usado para eliminar ratos, e a tinhaescondido na habitação que compartilhava com Niall.

Tomou e a escondeu no bolso, aespera do momento preciso para usá-la.

Quando entrou no quarto de Ross encontrou Niall, Gordone vários outros homens reunidos ao redor do leito.Amaldiçoando sua má sorte, aproximou-se de Niall.“soube que Ross despertou” sussurrou.“Sim. Gizela sustenta que falou”.

Seana ficou tensa.“O que disse?”

A anciã curandeira a ouviu e se dirigiu a ela com um olhar

turvo“Tem medo do que poderia revelar?” perguntou.

Seana levantou os ombros.“Como todos outros, esperava que Ross revelasse o nome

do agressor”.“Ele dirá.Talvez deveria se preparar para esse momento”

resmungou Gizela. Logo se dirigiu a Niall.“Pode pedir a Hannah que prepare um caldo de carne

para Ross?”“Claro” respondeu Niall com prontidão.“O senhor precisa repousar” disse Gizela, expulsando

todos da antecâmara.- “Chamar-lhes-ei de novo quandodespertar de novo”.Os homens saíram preocupados. Seana se apressou emalcançar Niall.“Você tem outras coisa para preocupar-se; levarei eu o

caldo ao Ross” se ofereceu.



Ignorante de seus planos, Niall aceitou: além do mais acozinha era o reino das mulheres, e com o Ross reduzidonesse modo, ele estava de verdade muito ocupado.Hannah soube do despertar do Ross: quando Seana entrou

já estava preparando um substancioso caldo de carne.Escutou a mensagem de Gizela e lhe assegurou que levariao caldo logo que estivesse preparado.“Posso levar -se ofereceu Seana. “Não há razão para que

se canse subindo a escala, quando minhas pernas sãomais jovens que as tuas”.Hannah assentiu sem suspeitar de nada.“Está bem, Sente-se e espere, não demorará muito”

A espera, por quanto breve, a Seana pareceu eterna:quanto antes Ross bebesse o veneno, antes Niall seria ochefe do clã MacKenna e ela a senhora de Ravenscraig e detodas suas terras.Sorriu quando Hannah verteu em uma terrina o caldoespesso e avermelhado, ideal para colocar arsênico, posem uma bandeja com uma colher e a entregou.Seana se encaminhou com o passar do corredor que levava

ao grande salão, olhou a seu redor para assegurar-se quese encontrava sozinha e tomou a garrafinha com venenode seu bolso.Sustentando em equilíbrio a bandeja com uma mão,abriu-a,colocou o veneno no caldo, mesclando com a colher. Senão podia ter Ross, nenhuma outra o teria.“Já era hora! Disse Gizela, quando Seana apareceu.“despertou?” perguntou ela, posando a bandeja no

velador.“Não, mas estou certa que o fará logo. Agora que tem a

mente lúcida, poderá dizer o nome de seu agressor.“eu posso lhe dar o caldo?” perguntou Seana solícita.

Gizela entrecerrou os olhos desconfiada.“Você não me engana: o diabo em seus olhos te trai”

Seana retrocedeu intranqüila.“Não sei de que sua coisa está falando”.“Vá. Não necessito de sua ajuda”.

Seana se virou, mas antes de sair deu um olhar por sobre oombro e viu Gizela tomar a terrina e inclinar-se sobre Ross.



Tudo corria de acordo com seus planos: a velha curandeiraseria acusada pela morte de Ross e ninguém teriasuspeitado da esposa de Niall.Gizela esperou que Seana saísse, fechando a porta a suas

costas, antes de pôr atenção no caldo. Examinou-o comatenção, logo aproximou a terrina a seu rosto e cheirou.Quando Seana tinha entrado na habitação, Gizela tinhavisto um aura negra ao redor de sua cabeça e tinhapercebido suas más intenções. Enquanto olhava o espessocaldo, em sua mente começou a formá-la imagem de umamulher que colocava uma substância misteriosa.Imediatamente compreendeu o que tinha acontecido, levou

a terrina à janela e o jogou junto à colher sobre nas rochas.depois de alguns minutos Alicia entrou com várias ataduraslimpas.“Mamãe quer saber se Ross gostou do caldo”.Sem lhe explicar o motivo, Gizela lhe pediu que trouxesseoutra terrina de caldo.“E não permita a ninguém de tocá-lo -solicitou.“Havia algo errado na primeira terrina que mandou

mamãe?” perguntou Alicia desconcertada.“Não confiava em quem trouxe o caldo.Faz como digo:Ross está despertando e precisa comer.Alicia saiu depressa e voltou pouco depois com outraterrina de caldo e uma colher. Gizela o examinoulongamente, antes de assentir .“Nunca deixe Ross sozinho-” disse a Alicia. “Precisa servigiado de perto e protegido de quem lhe deseja o mau”.

“Alguém daqui lhe deseja mal?” repetiu Aliciaconsternada.“Sim. Ross não deve permanecer nunca sozinho comSeana. Ajudar-me-á a protegê-lo?”“Sim. Confie em mim: protegê-lo-ei até a volta de Gillian”.“Gillian…onde está…minha esposa?” perguntou Ross comvoz débil.“Logo a verá, moço” o conformou Gizela.- Agora devecomer, se quer repor suas forças. Hannah te preparou umsaboroso caldo “.Inundou a colher e a levou aos lábios de Ross.



“Vamos, abre a boca.Te fará bem”.Ele obedeceu; deu-se conta de quanto estava faminto sóquando o líquido entrou no estômago vazio. Com grandealegria da Gizela, terminou o caldo até a última gota.

Ela apoiou a terrina e o olhou nos olhos.“O que está...olhando? Perguntou Ross. - “Não morrerei, sefor isto…que teme” a voz cada vez se fazia mais forte e amente mais lúcida.“Certamente que não morrerá, moço. Alicia e eu lheprotegeremos”Ross franziu a testa.“Há algo que não vai bem? O que está escondendo?”

“Recorda o que te aconteceu? Perguntou Gizela em tompremente.Ross enrugou a testa e tocou a bandagem ao redor daferida.“Fui a Wick a comprar provisões para o inverno. Durante aviagem de volta cavalguei diante da carroça para chegarantes a Ravenscraig e…”“E? incitou-o Gizela.

Ross moveu a cabeça frustrado.“Não recordo mais”.“A resposta chegará” o consolou ela.- “Quer algo paraaliviar a dor?Ross fechou os olhos.“Basta com o láudano: ainda tenho a mente confusa eestou exausto. Diga a Gillian que quero vê-la quandodespertar”.

“Fica com ele Alicia” ordenou Gizela.- “Tenho coisas afazer, enquanto Ross dorme”.Alicia tomou uma cadeira e se instalou a sua cabeceira.“Ninguém lhe fará mal” prometeu.Gizela assentiu e se foi. Logo que entrou no grande salãono andar inferior, Seana lançou um grito.“Está morto! Ross morreu!”“É verdade, Gizela?” perguntou Niall horrorizado.A anciã lançou um olhar fulminante a Seana.“Por que pensa que está morto? Ross está vivo e começa arecordar o que lhe aconteceu”.



“Tomou…tomou o caldo que lhe levei?”“Até a última gota. Em pouco tempo mais poderá levantar-se”.“Tem certeza ?.

“Sim. E certamente não graças a você”.“Está acusando Seana de alguma coisa? Perguntou Niall-Nos olhos da Gizela apareceu uma luz cruel.“A verdade aparecerá. O mal não ficará impune”sentenciou.Logo saiu, direto para a cozinha.“Não deixe que essa louca vele Ross sozinha, Niall” disseSeana persuasiva.

“Farei eu”.“Não” interveio Gordon com firmeza.- “Eu permanecerei asua cabeceira”.Niall examinou Seana com um olhar desconcertado.“Do que falava Gizela? E por que estava tão convencidaque Ross tivesse morrido?”“Não me surpreenderia que essa velha lhe subministrasseàs escondidas uma poção para matá-lo. Como podemos

saber se lhe dá de comer?” insistiu Seana.“Gizela não tem motivos para fazer mal ao Ross”.“Tem razão” capitulou Seana.- “me perdoe, sou muitodesconfiada”.Niall assentiu e se afastou. Seana esperou que estivessefora de sua vista, para correr a sua habitação fazer abagagem: não entendia como o veneno não tivessefuncionado, mas apenas Ross recordasse que foi seu pai a

agredi-lo, teria compreendido que ela também estavaimplicada…e nesse caso , era melhor encontrar-se bemlonge de Ravenscraig.O único lugar em que seria bem-vinda era a fortaleza dosSinclair. portanto tomou sua capa mais grossa e saiu,dizendo a um servo que tinha decidido fazer uma viagematé a aldeia.Enquanto isso, na cozinha, Gizela interrogava Hannahsobre o veneno para os ratos que mantinha na despensa.Quando a cozinheira foi buscá-lo, descobriu que tinhadesaparecido.



No dia seguinte Ross despertou com a mente lúcida, viuAlicia que dormia na cadeira ao lado da cama, franziu atesta. Onde estava Gillian? Recordava ter perguntado mais

vezes por ela e não compreendia porque o evitava. Quandotratou de sentar-se, Alicia despertou e se inclinou ansiosasobre ele.“Como se sente?”“Melhor. vá chamar Gillian: quero vê-la”. Alicia lhe deu umestranho olhar, logo se virou e saiu. Pouco depoischegaram Gordon, Niall e Gizela.“Algo não esta bem” disse imediatamente Ross, notando a

ausência da esposa.“Recorda quem te agrediu?” perguntou Niall.“Claro, agora que minha mente não está nublada-

respondeu Ross dando um olhar de recriminação a Gizela.“Era por seu bem” se justificou ela.“Não atacamos o castelo de Braeburn porque queríamosesperar que despertasse, mas estamos preparados paranos mover apenas o ordene que”- explicou Niall.

“Entretanto não entendo porque MacKay quebrou a tréguae tentou te matar”.Ross o olhou desconcertado.“O que te faz pensar que ele seja o responsável por tudo?”“Quem outro te quer morto, Ross?” replicou Niall.“Não foi Tearlach MacKay a me agredir. O homem queatacou a traição foi Douglas MacHamish” revelou Ross.“Não!” protestou Gordon com voz sufocada.- “MacHamish

não tinha motivos”“Vi-o com meus olhos, tio” insistiu Ross, deixando recair acabeça no travesseiro.- “Tinha uma luz assassina nos olhos:Queria-me morto”“Mas, por quê?”.“Talvez devamos perguntar a Seana” respondeu Ross.-“Mas antes me digam como é que minha esposa não estáaqui, onde deveria estar?”Niall limpou a garganta e Gordon baixou o olhar; nenhumdos dois estava disposto a responder.



“Gillian não está em Ravenscraig” interveio Gizela em umtom que revelava com clareza o que pensava da questão.“foi embora?” perguntou Ross abatido. Tratou de levantar-se, mas não tinha força.- “por que me abandonou quando

estava às portas da morte?”Acaso havia ido para reunir-se com Angus Sinclair, ohomem que queria verdadeiramente desposar? Odiava-otanto que não pôde esperar que morresse para deixarRavenscraig?“Não se foi por sua vontade; eles a expulsaram” disseGizela, apontando um dedo contra Niall e Gordon.“Seana incendiou os ânimos e acusou os MacKay de ter

tentado te matar”.“E vocês acreditaram? indignou-se Ross.“Bem… pensamos…” balbuciou Niall.Todos aqui estavam convencido que os MacKay eramculpados e consideravam Gillian uma inimiga” adicionouGordon.“Não tivemos outra escolha que lhe ordenar que partisse -explicou Niall.

“Gillian não queria, mas eu temia por sua vida e lheaconselhei a ficar a salvo em Braeburn” confirmou Gordo.“Não posso acreditar que tenham obrigado a minhamulher a ir !” gritou Ross fora de si.- “Quando foi?”“Faz três dias atrás. Você abriu os olhos e disse algo epouco depois dormiu , mas não estava em condições derevelar o nome de seu agressor. Hoje é o primeiro dia queestá lúcido”.

“A expulsaram...; deveriam ter duvidado da lealdade daSeana, e não de Gillian. Traga aqui sua esposa, Niall. Evocê, Gizela, me dê de comer algo mais substancioso doque caldo e mingaus com as que me manteve agora”.Gizela saiu, para a cozinha, mas Niall permaneceu àcabeceira de Ross, esfregando os pés incômodo.“Fiz o que acreditei ser o melhor” se justificou Gordon.“Sabia que MacKay teria protegido Gillain e convenci aoutros a adiar o ataque a Braeburn, até quando dissesse onome do agressor”.



“Acredito no que dizem, mas se descobrir que Seana dealgum modo é responsável pelo ataque de seu pai, castigá-la-ei” avisou Ross.“Parece-me justo” aprovou Gordon.

“vá procurar Gillian em Braeburn, tio. Diga que quero quevolte para casa”“E MacHamish?”Ross ficou carrancudo.“Quero chegar até o fundo nesta questão: deve haver ummotivo, para um ataque tão feroz e absurdo”.Gordon se foi e Ross olhou ao Niall surpreso.“O que faz ainda aqui? Não te pedi que vá procurar sua

mulher?”- Seana não está aqui” confessou Niall nervoso.- “Não avejo desde ontem; disse a um servo que saía para cavalgare não voltou mais”“Quando Ross despertou, Seana compreendeu que nãopodia permanecer, sem correr o risco de ser acusada decúmplice no complô para matá-lo” disse Gizela, entrandocom uma bandeja.- “tentou te eliminar colocando veneno

em seu caldo; reconheci-a em uma visão e joguei a sopapoluída antes que você a provasse”“Tem certeza, Gizela? Perguntou Ross perplexo, enquantoNiall queria protestar.“Completamente”“Mas, por quê? Sei que queria ser minha esposa e sezangou quando me casei com Gillian, mas por queconspirar para me matar?”

Gizela, posou a bandeja no velador.“Pense bem, senhor. Quem ganharia com sua morte?”“Não escute os desvarios desta velha” estalou Niall.“Calem-se os dois” lhes ameaçou Ross com um suspiro. -Estou cansado e preciso refletir. Me enviem Gillian logo quechegue”.Apoiado por travesseiros, devorou a comida de guisado deboi, pão e manteiga e cerveja, logo decidiu de pôr a provaas pernas: se levantou bamboleando, mas logoreconquistou o equilíbrio. Ainda estava débil e dolorido,mas estava seguro que logo recuperaria as forças.



Usou o urinol sem ajuda e voltou para a cama, mas aindanão estava preparado para dormir: tinha muitos assuntosem sua cabeça. Recordava bem que Seana tinha mimadounir-se a Niall por um ano e um dia sem pôr objeções,

deixando-o um pouco surpreso por isso.Embora Ross tinha ainda a mente um pouco em nebulosa,a resposta era clara: Niall estava destinado a lhe sucedercomo chefe do clã, se tivesse morrido sem herdeiros.Tinhaconspirado também com Seana?Desejava tomar seulugar a tal ponto de assassiná-lo?Não, Ross recusava acreditá-lo. Se Seana tinha conspiradocom alguém, era com seu pai, Nem sequer isto tinha

sentido: por quanto sabia Douglas MacHamish não tinhamotivos de ressentimento com respeito a ele…entretanto,tinha-o atacado decidido a matá-lo.Ross não duvidava que Seana conseguisse convencer a seuclã que os MacKay eram os responsáveis pelo ataque; seele tivesse morrido depois de ter ingerido o caldoprovavelmente teriam acusado Gizela.Ross fechou os olhos cansado: Gillian tinha sido expulsa por

sua gente devido às falsas acusações feitas por Seana. Nãopoderia criticá-la, se recusasse voltar.Finalmente conseguiu dormir; despertou pela tarde ecomeu uma substanciosa comida. A ferida ainda lhe doía,mas sentia que estava recuperando sua força.

Gordon chegou antes de noite para dar seu relatório.“Onde está Gillian?” perguntou imediatamente Ross.-

“recusou abandonar Braeburn” disse -Por suposto, nãoposso reprová-la, mas…”interrompeu-se surpreso quando Tearlach MacKayapareceu detrás de Gordon.“Minha filha não está em Braeburn” disse. “Nem sequersabíamos que estava ferido”.“O que quer dizer?” perguntou Ross estupefato.- “Se nãoestá lá, em que parte está?”“Eu gostaria de saber também, MacKenna” grunhiu

Tearlach MacKay



“Pensa que se refugiou com os Sinclair?” perguntou Ross“No fundo era a ele a quem queria”.“Gillian procurava vingança” resmungou Gizela.“O que quer dizer? nos diga o que sabe”- lhe perguntou

Tearlach impaciente.“Pergunte ao Ross: ele sabe tudo e pronunciou o nome emseu delírio”.“Eu não sei nada”- murmurou Ross, irritado peloscostumeiros enigmas de Gizela. Logo franziu a testa,impressionado por um pensamento. “Pensa que no delírioeu revelei a minha esposa o nome de MacHamish?”“Douglas Milho? Interveio Tearlach desconcertado. “O que

tem que ver nesta história?”“foi MacHamish quem me atacou” explicou Ross.- “Não seipor que mas se aproximou como um amigo e de repenteme transpassou com sua espada”“irei procurar a minha filha a sua fortaleza” gritou TearlachMackay“Eu também vou” disse imediatamente Ross.”Partiremoscom as primeiras luzes da manhã”. ” Gordon nossos moços

estarão preparados?”“Você não pode partir, senhor” interveio Gizela. “Não estáem condições de cavalgar e necessita tempo para serestabelecer.“Tem razão” concordou Tearlach. “MacHamish não é meuinimigo: se tinha um motivo para te querer morto, farei queme diga isso”“Não pode ir sozinho. Leve alguns de meus homens com

você ” ofereceu Ross.“Está bem.Partiremos ao amanhecer”.Os homens saíram e Ross se encontrou sozinho comGizela.“Sei que muitos lhe consideram uma louca , mas eucomeço a acreditar que você possui certos poderes. mediga o que sabe de minha esposa: foi até MacHamish porminha causa? considera-se um guerreiro, mas não é maisque uma mulher”Gizela fechou os olhos e quando os reabriu parecia quaseincandescentes.



“A chama não arde mais em Ravenscraig. Sua esposa estácom Sinclair” anunciou.Ross, quase gritou.“por que foi até ele? Perguntou com voz quebrada.

Gizela o olhou como se fosse transparente, logo se virou efugiu, surda aos chamados. Ross a seguiu cambaleando,mas o corredor estava deserto. No topo da escadaencontrou Alicia.“Necessita alguma coisa, senhor?” perguntou-lhe.“Viu onde foi Gizela?”“Não a vi, senhor”“Vá atrás dela e traga até meu quarto - Ross voltou para

sua habitação e começou a caminhar, adiante e atrás parapôr a prova suas forças; as pernas ainda estavam débeis,mas logo conseguiria voltar a montar a cavalo, estavaseguro.Não vendo aparecer ninguém, Ross se serviu um pouco decerveja e voltou para o leito. antes de deslizar-se no sono,pensou em sua valente esposa de cabelos chamejantes ede espírito indômito. Quando tinha começado a amá-la?

Como tinha feito Gillian conquistá-lo em tão pouco tempo?

“Acorde, senhor. MacKay retornou”.Ross abriu os olhos; o dormitório estava iluminado por umafraca invernal luz solar e Gizela o estava sacudindo.“Que horas são? dormi muito? Perguntou confuso.“Quase meio-dia; pus láudano em sua cerveja”.“De novo me drogou! -Acusou-a furioso.

Gizela não se demonstrou absolutamente arrependida.“O sono é o melhor remédio. Alicia te traz a comida”.“Onde está MacKay? Gillian está com ele?”“O chefe do clã MacKay está comendo lá embaixo”.“Alcanço-o imediatamente. Chame alguém para que meajude a me vestir. Gillian merece minhas desculpas”. Rossdespachou depressa as objeções da Gizela e ficouprocurando sua roupa. Donald chegou poucos minutosdepois e sorriu aliviado.“É bom vê-lo de novo em pé. Todos temíamos por suavida”.



“Não podia permanecer na cama um minuto mais: hámuito que fazer. me ajude a me vestir, estou ansioso paraGillian. Todos lhe devemos desculpas”.Donald o olhou contrito.

“Julgamo-la que maneira apressada, mas estávamos muitopreocupados com você para pensar com lucidez”.“Pela primeira vez em minha vida que não estou orgulhosodos MacKenna” admitiu Ross.“Vamos: é hora de reparar a injustiça feita a Gillian”.Embora avançando com lentidão, conseguiu descer aestreita escala apoiando no braço de Donald, quandoentrou no grande salão do primeiro andar, todos se

levantaram para aclamá-lo, mas ele não pôde distinguirGillian.aproximou-se de seu sogro com passos lentos masseguros; por mais que lhe custasse admitir, a longa descidao tinha cansado. sentou-se com um suspiro e se dirigiuansioso para Tearlach.Onde está Gillian? Não a trouxe de volta contigo?”“Não estava com os MacHamish” respondeu Tearlach.

Ross saltou de sua cadeira.O que quer dizer? Não pode ter desaparecido. SeMacHamish lhe tiver feito mal, matá-lo-ei com minhaspróprias mãos”“Escuta o que devo te dizer MacKenna. É uma estranhahistória, mas tem sentido se considerar o caráter valentede Gillian. Minha filha chegou à fortaleza de DouglasMacHamish com a firme intenção de matá-lo e o teria feito

se não lhe tivesse explicado algumas coisas”.“Que coisas?” rugiu Ross levantando-se. “Não me deixeem suspense”- Sente-se, moço e coma: tem aspecto de que precisa-aconselhou Tearlach.Ross deveria admitir de estar faminto: caldo e porridge nãobastavam para lhe encher o estômago.encheu-se o prato com carne, batatas e verduras, ecomeçou a comer, mas imediatamente se deu conta quetinha dificuldade para tragar: Como podia dedicar-se a



comer, quando não sabia o que tinha acontecido comGillian?.MacKay limpou a voz.“Gillian acusou MacHamish de ter tentado te assassinar e

o desafiou , mas ele recusou lutar com uma mulher.Logoexplicou que sua ira tinha sido alimentada por AngusSinclair e sua filha: estava furioso e queria vingar-se porquesegundo seu relato, você a tinha obrigado ser suaamante, para depois abandoná-la”.“Devia ter insistido para que Seana retornasse com seupai, depois do matrimônio com Gillian” refletiu Rossarrependido.- “Entretanto, Niall a queria e ela se

demonstrou contente de desposá-lo. refugiou-se comMacHamish?”“Ele jura que não a viu depois do casamento de Murdoc;nem sequer sabia que tinha abandonado Ravenscraig.Seana e Angus Sinclair conspiraram contra você, logo eleimplicou Douglas MacHamish lhe contando que você tinhadescartado Seana , para depois obrigá-la a casar-se comseu primo, um homem frio e cruel que a agredia”.

“Niall frio e cruel?” Que absurdo!”“MacHamish sustentou de ter sido enganado por essesdois e Gillian acreditou; queria vir aqui para confessar tudo,mas sua esposa lhe rogou que permanecesse um poucomais com ela”.Ross quase se engasgou com uma parte de comida.“Pensa que Gillian foi onde Sinclair está?”“Assim sustenta MacHamish”.

“Sinclair é um homem completamente sem escrúpulos,mas não consigo entender que pensava obter, empurrandoMacHamish a me atacar” balbuciou Ross perplexo.“Tampouco eu o entendo” admitiu Tearlach.“Um tempo o considerava o marido ideal para Gillian. Ateria dado por esposa, se não tivéssemos estabelecido umatrégua entre nossos clãs e se ele não se atrasassem paraassinar o contrato nupcial”.“Não temos notícias de Gillian.Segundo você,o quesignifica?” perguntou Ross.



“Estou preocupado” confessou Tearlach com sinceridade.-“Não sei o que possa ter acontecido a minha pequena”.O rosto de Ross se endureceu.“Antes de mais nada enfrentarei Sinclair, logo me ocuparei

de MacHamish” estabeleceu.- “Volta para casa, MacKay:agora Gillian é minha responsabilidade e juro que a trareiaqui sã e salva. Minha gente a expulsou sem que eusoubesse, mas a responsabilidade permanece minha”.

Tearlach se levantou.“me mande chamar, se necessitar de minha ajuda”.Ross o seguiu com o olhar enquanto abandonava o salão.A idéia que Gillian estivesse com Angus Sinclair para

vingá-lo produzia uma dor aguda ao estômago pelo medo…e a idéia que se refugiou lá porque o amava o obrigavaapertar os dentes para não gritar de dor.Compreendia que Sinclair o queria morto para apoderar-sede Gillian, entretanto, pressentia que havia algo mais,alguma razão profunda e escura que pretendia descobrir.Seana era outra razão de preocupação. Onde se haviaescondido, visto que não tinha voltado para casa de seu

pai?A resposta era evidente: uma só pessoa no mundo a teriaacolhido com os braços abertos, seu cúmplice AngusSinclair. O que outra coisa estariam urdindo esses dois?

Gillian caminhava inquieta na habitação do topo da torre,em busca de uma via de fuga. Tal como Angus tinhaprometido, a habitação era cômoda e ninguém lhe tinha

feito mal, mas se sentia uma prisioneira deixada adoecerem solidão, com muitas horas vazias para se perguntar seRoss estava vivo ou morto. Seu coração lhe dizia que aindaestava vivo, mas necessitava de provas queultrapassassem sua intuição feminina.Estava olhando fora da minúscula janela, quando a porta seabriu e entrou Angus, Gillian se virou e olhou carrancuda aohomem que agora detestava.“Não pode fugir: se tentar escapar pela janela teestatelará contra as rochas lá embaixo” lhe advertiu.



“Prefiro esperar que Ross venha me buscar” replicou ela.-“Será interessante ver que castigo te tem reservado”.“Angus franziu a testa e lhe indicou um tamborete.“Sente-se: devo te dizer algo”.

Gillian por um momento resistiu, logo obedeceu, vencidapela curiosidade.“Adiante, fale”.“Ross MacKenna morreu faz dois dias atrás” anunciou

Angus.Ela se levantou de um salto e o cobriu de golpes depunhos.“Você mente! Ross está vivo, pressinto-o!”

Angus a bloqueou lhe agarrando os pulsos e a empurroulonge.“Você ama a esse bastardo do Mackenna! Como é

possível? Acreditava que me amava e que lhe tinhamobrigado a se casar com ele.“É verdade, no começo o odiava, mas isso aconteceu

antes que o conhecesse. Não sabia o que era o amor, atéquando encontrei Ross”.

“matou a seus irmãos”.“Poderia ter sido qualquer um, em meio da batalha.

Agora me dou conta que a trégua foi a escolha mais justa:os irmãos que ainda restam poderão casar-se e ter filhosem paz”.Angus lhe deu outro raivoso empurrão e ela teve quesustentar-se da mesa para não cair.“Tudo isto mudará assim que a guerra volte a começar”

replicou.“por que é tão importante para você? Perguntou Gillian.

Angus ia responder, mais logo se conteve e ela voltou ainsistir com outra pergunta.“Quem te disse que Ross morreu? Eu não acredito”.“Ross Mackenna está vivo” anunciou uma voz da porta.“Maldição, Seana , quando aprenderá de manter a boca

fechada?” explorou Angus.“O que faz aqui? Perguntou Gillian desconcertada“Gizela descobriu o que fiz, assim fugi de Ravenscraig”.

Gillian lançou a Angus um olhar triunfante.



“Mentia, estava certa. Ross e seus homens estarão aquiem breve”.“Não estaria tão segura” interveio Seana.- “Ross não está

em condições de levantar do leito e os MacKenna não lhe

amam. Talvez ele esteja feliz de haver-se livrado de você”Possivelmente Seana tinha razão, mas para lhe acreditardevia ouvi-lo dizerem pessoa.“me deixe voltar para Ross, Angus: não tem direito de me

ter prisioneira. Em todo caso, até que ele esteja vivo, eusou sua esposa. Seus planos fracassaram, admita”.“Não admito nada: MacKenna , necessitará de tempo para

se recuperar e possivelmente se vingará de MacHamish

antes que este consiga me envolver”.“Ou lhe acreditará, como aconteceu comigo”“Tem razão, Angus” interveio Seana. “Ross MacKenna não

é o tipo de matar de maneira indiscriminada quererá sabero que tem feito, para merecer a hostilidade de meu pai,lhe contará o que aconteceu e Ross virá para cá. Serámelhor se preparar para um ataque”“Agora os Mackay e os MacKenna são aliados” lhe

recordou Gillian.- “Seu destino está marcado: não pode sedefender contra suas forças unidas”.Sinclair a olhou com uma expressão fria e ardilosa que lhegelou o sangue.“De acordo, antes ou depois MacKenna virá, nesse ponto

você lhe dirá que veio a mim por sua espontânea vontade eque me prefere e não a ele. Segundo os termos da trégua,se você deixar Ravenscraig a guerra se reata”.

“Mas eu não fui por minha própria vontade! Meexpulsaram de Ravenscraig! -Objetou Gillian com ímpeto.Essa ferida ainda queimava.“Dirá a MacKenna que pediu refúgio a mim porque sou o

único que te ofereceu consolo e o convencerá que querpermanecer aqui. Se não o fizer, darei ordem a meushomens de crivá-lo com flechas, assim que se aproximedaqui. Ele morrerá, e os Mackenna considerarão quebradaa trégua, os dois clãs se aniquilariam reciprocamente, atéque não haverá nenhum herdeiro homem em grau de



tomar o lugar de seu pai como chefe do clã Mackay.Sórestará você.”“E por que isto é tão importante para você?”

Angus lhe dirigiu um sorriso feroz.

“Adivinha-o sozinha, Gillian. Venha Seana: vamos deixá-la sozinha para refletir sobre sua vida como minhaesposa”.Gillian de novo começou a caminhar inquieta , refletindosobre suas palavras: não duvidava que Angus teria matadoRoss, se não fizesse o que lhe pedia. Agora esse miserávelsabia que amava seu marido e com isso possuía umapoderosa arma contra ela. Então devia mentir a Ross, ou

deixá-lo morrer crivado por flechas diante da fortaleza dosSinclair!Quando Seana entrou com o jantar, Gillian se surpreendeuda quantidade de horas que tinham transcorrido.Seana posou a bandeja sobre uma mesinha, mas não fezameaça de retirar-se.“Veio desfrutar de minha situação?” perguntou direta

Gillian

“Estou contente vê-la reduzida desse modo aqui” admitiua outra.- “Se você não houvesse desposado Ross, tudo istonão teria acontecido e eu seria a senhora de Ravenscraig”“por que recordar o passado? Agora está unida a Niall;

deveu permanecer com ele”Seana baixou a voz, de maneira que o guarda ao lado da

porta não a escutasse.“Niall não é Ross. Em todo caso, já é muito tarde: não

poderei voltar para Ravenscraig nunca mais, depois do quefiz”.“O que tem feito?”“Não tem importância, visto que não funcionou”.

Seana a olhou com inveja.“E agora Angus te deseja. Entretanto, não se iluda: não

se importa em nada com você”.“Se tiver veio me dizer isso,já sabia. Não consigo

entender como nenhum de nós se deu conta de suamaldade”.Seana se aproximou mais.



“Talvez te posso ajudar” sussurrou com tom decumplicidade.“Quer me ajudar?” perguntou incrédula Gillian- E por

quê?”

O guarda limpou a voz.“É hora de ir, senhora”.

Seana se virou e saiu precedida pelo homem, Gillian ficouse perguntando o que se escondia detrás daquelainesperada proposta. Queria seriamente ajudá-la? Parecia-lhe improvável: Seana não fazia nada sem um proveitopessoal.Gillian suspirou desolada: tudo era culpa dela. Tinha agido

precipitadamente, sem refletir, impulsionada pelanecessidade de vingar Ross e tinha caído em muitoproblemas.

A recuperação de Ross tinha reflexos de milagre: graçasaos cuidados de Gizela três dias depois se declarou estarpreparado para enfrentar Sinclair e reconduzir sua esposaa Ravenscraig.

Precisava dizer a Gillian, que se soubesse o que seusparentes pretendiam fazer, ela jamais teria sido expulsa decasa.Enquanto colocava o espartilho acolchoado e as armas,Ross estava arrasado pela preocupação por Gillian: Setivesse conseguido matar Angus Sinclair, como era possívelque não tivesse chegado alguma mensagem a respeito? Etivesse falhado, por que não se refugiou em Braeburn? Se

Sinclair lhe tiver feito mal, era um homem morto, jurouapertando os punhos. Logo se dirigiu a grandes passos nosalão e assentiu satisfeito quando foi saudado por vintecavalheiros armados: todos tinham jurado reparar ainjustiça feita a Gillian quando a haviam injustamenteacusado e obrigada a abandonar Ravenscraig.O sol estava aparecendo quando Ross os conduziu parafora, ao ar frio da manhã. Um olhar ao céu nublado oconvenceu que durante aquela fria manhã invernal o solnão compareceria.



Cavalgaram sem deter-se até quase quando as torres dafortaleza Sinclair não apareceram ao longe. Ross se detevelonge do alcance das flechas, mas o suficiente perto paraser visto e ouvido pelos homens sobre as améias.

“Informem Sinclair, se está vivo, que Ross MacKenna estáaqui e veio buscar a sua esposa” trovejou.Viu os homens dispersarem-se e se perguntou se Sinclairapareceria. Não teve que esperar muito e sufocou umamaldição notando que se encontrava em boa saúde.“Onde está minha esposa?” perguntou Ross.“O que te faz pensar que se encontra aqui?”“Não me tome por idiota, Sinclair: sei o que você e Seana

fizeram e como enganou Douglas MacHamish. Sei tambémque Gillian deixou a fortaleza dos MacHamish para vir aqui.Onde está? O que lhe fez?”“Gillian se encontra bem e efetivamente veio para cá,

mas não pelas razões que pensa você: veio em busca deasilo e consolo, depois que sua gente a tinha expulsado deRavenscraig”“Não ordenei isso, e você sabe muito bem”.

“Gillian não te quer, Mackenna. veio a mim e eu a acolhiem minha casa e em minha cama”.Ross sentiu seu coração pulsar tão forte a ponto de doer.“Não acredito em você. O que lhe fez?”“Nada, salvo tratá-la bem. Minha gente a acolheu com os

braços abertos, diferente da sua”.Ross desmontou e se aproximou dos muros.“Acreditarei quando ouvir dos lábios dela. Guillian

conhece as conseqüências, em tal caso, e não acredito quedeseje o reatamento da guerra”.“Está bem, MacKenna: foi você quem quis. Chamarei

Gillian e assim te dirá pessoalmente o que sente porvocê”.Niall e Gordon desmontaram e se aproximaram do Ross.“Não confie nele - ”lhe advertiu o tio.- “Tearlach MacKay

estava convencido que sua filha queria matar Sinclair: porque cairia em seus braços? A menos claro, que DouglasMacHamish não lhe tenha mentido”.



Ross não sabia no que acreditar, mas estava certo de quefalando com Gillian tudo ficaria claro.

Gillian sentiu girar a chave na fechadura e olhou ansiosa

para a porta, mas se atirou para trás quando a portinha seabriu e Angus entrou sério.“Está aqui” grunhiu.- “Esse homem tem uma capacidade

de recuperação incrível”Gillian sentiu renascer a esperança: Ross estava vivo eestava bem, tudo graças à habilidade curativa de Gizela.A esperança morreu rápida, quando se deu conta que seumarido se encontrava em grave perigo.

“chegou o momento de expressar seu amor por mim elhe dizer claramente que não quer voltar com ele” aameaçou Angus.“Rogo-te, não me obrigue fazê-lo - implorou Gillian.- “Só

conseguirá morte e destruição”.“É precisamente o que quero: o reatamento da guerra.

perdeu dois irmãos; ainda faltam três”.“Está louco” gritou Gillian.

“Ambicioso” a corrigiu Angus- “Adiante, venha esclareceras coisas a seu marido”.“Não pode me obrigar a fazê-lo- se obstino ela.

Angus sacudiu os ombros, indiferente.“Não será difícil ordenar a meus arqueiros de acertá-lo:

esperam só meu sinal. De um modo ou outro a guerracomeçará; para mim tanto faz se Ross MacKenna guiaráseus homens em batalha ou se nesse momento já está

morto”.Gillian não tinha escolha: faria algo para salvar a vida deRoss. Uma vez segura que seu marido estava fora deperigo encontraria a maneira de interceptar os planos deAngus.“Está bem, mentirei para salvar a vida de Ross, mas

duvido que acredite em mim - cedeu.“Por seu bem, será melhor que seja convincente. Ânimo,

vamos: MacKenna está esperando” a incitou Angus.Logo a levou escada abaixo, atravessaram o salão até agrade. Quando ouviu que Ross a chamava, Gillian teve a



impressão que seu coração explodia de amor.Como podiafazer o que lhe pedia Angus? Simples: tinha que obedecer,se queria salvar a vida de seu marido.Estava muito perto dos arqueiros de Angus, constatou

Gillian angustiada.“Fique onde está” lhe advertiu.“Sinclair te deixa prisioneira?”“Não. vim por minha própria vontade, depois que sua

gente me expulsou”.“Eu não sabia, Gillian: estava sem sentido e não pude

detê-los. Agora estão arrependidos e querem desculpar-secom você”

Gillian não pôde encontrar uma resposta adequada.“Continue -” lhe murmurou Angus ao ouvido. “Deve

convencê-lo”.“Não te quero Ross, nunca te quis. Obrigaram a me casar

com você, mas eu queria Angus…e o desejo ainda”.“Teria jurado que Gillian se importava com você, moço,

mas se vê que me enganei- comentou Gordon triste.-“escutou. Vamos: não precisamos dela”.

“Não confio em Sinclair, Gordon” - insistiu firme Ross.-“A expressão de Gillian não é normal”.“Escutou-me, Ross? Gritou ela.- “Quero estar com o

homem que amo”Ross se estremeceu: esse público repúdio o feria mais doque queria admitir.“Mas MacHamish sustenta que Sinclair lhe enganou,

induzindo-o a me agredir”.

Gillian engoliu em seco, tinha um nó na garganta.“Não acreditei nele: MacHamish mente”.“É improvável” murmurou Ross.- “Sabe o que

acontecerá, se te recusa voltar para Ravenscraigcomigo?” tentou uma vez mais.Agora foi Gillian que se estremeceu.“Sim: conheço as conseqüências, mas devo seguir meu

coração”Angus lhe rodeou a cintura com um braço.“Ótimo subterfúgio o teu! Se não soubesse a verdade,

acreditaria em você”.



“Nossos clãs reatarão as lutas até quando não restarninguém vivo. É isto o que quer?” insistiu Ross.“Seus irmãos e seu pai poderiam morrer”.“Não, eu…- Angus sufocou o grito de Gillian apertando

forte seu braço.- “Vá e nos deixe em paz” concluiu comdificuldade.Uma férrea resolução endureceu o rosto de Ross.“Rechaço permitir que seu egoísmo ponha fim à trégua

desejada por ambos os clãs” Caminhou para diantedecidido.- “Você vem para casa comigo”.A um discreto gesto de Angus, os arqueiros levantaram osarcos.

“Não s aproxime! Gritou Gillian, louca de terror, temendopor ele. Logo se lançou aos braços do Angus e o beijou.“Bem feito” murmurou ele, correspondendo com

veemência o beijo.Gillian queria rechaçá-lo desgostosa, mas para salvar avida de Ross estava disposta a tudo. Uma vez que seumarido partisse, diria a Angus que o mataria se ousassetocá-la de novo.

Angus retrocedeu.“Aceita o fato que eu e Gillian somos amantes e deixa

que a guerra comece de novo, MacKenna.Meu clã lutarácom os MacKay, como sempre tem feito”.Como se não tivesse ouvido, Ross , desembainhou aespada e continuou a avançar para o portão. Angus deu umsinal a um arqueiro e uma flecha partiu; por sorte Gordonse deu conta, gritou uma advertência e se desviou por

pouco.“Não é digna de você, moço: só estava esperando a

oportunidade para te trair. Vamos, mande chamar MacKaye discutiremos em conjunto o que terá que fazer. Se achaque os termos da paz foram violados, recomeçaremos aguerra”.Quando Ross viu Sinclair pôr as mãos sobre Gillian quisgritar de raiva e dor, e quando ela o tinha beijado, sentia-sepronto a escalar a muralha e matar primeiro a Sinclair edepois a sua esposa infiel. A flecha que por pouco tinha lhe



acertado lhe confirmou o que de tempo sabia: AngusSinclair o queria morto.Possível que os membros de seu clã tinham razão e queGillian seriamente estava tramando com Sinclair para

eliminá-lo?Ross se virou lentamente e montou a cavalo. Não teriaperdido mais tempo com a mulher que o tinha traído.Nãoqueria ver nunca mais a essa bruxa!

Quando Ross se afastou a galope Gillian quis chamá-lo elhe rogar que não a abandonasse, mas não podia arriscarque desta vez uma flecha acertasse o alvo. Em todo caso

Angus ainda não tinha vencido: encontraria a maneira dearruinar seus planos e voltar para Ravenscraig, para ohomem que amava.“foi hábil e convincente” comentou Angus lhe acariciando

um braço.Ela o retirou com um movimento brusco ante esse toquedesagradável.“Não me toque nunca mais! -Gritou. “Não suporto suas

mãos sobre mim”.“Será melhor que se acostume. Quando nos casaremos

me dará um herdeiro” replicou Angus.“Talvez não viva o tempo suficiente para voltar a me

tocar” o ameaçou Gillian.Angus pareceu desconcertado por seu tom violento evenenoso.“Uma vez éramos noivos e devíamos ter nos casado - lhe

recordou.“Agora estou casada com Ross e não posso romper esse

vínculo só com…”“…a morte, - completou Angus. “Exatamente. Sou um

homem paciente e esperarei, e não acredito que demoremuito”.Puxou-a pelo braço para levá-la a fortaleza.Gillian trincou os dentes pelo frio e não opôs resistência:seu momento chegaria e lhe convinha conservar suasforças para isso.Seana foi a seu encontro na porta.



“foi bem” comentou com brilho maligno de triunfo nosolhos.- “A expressão de Ross quando acariciou e beijousua esposa era impagável. Ele merecia, por me haverabandonado para casar-se com a filha de MacKay”.

Angus a empurrou para o lado.“Faz passar a minha futura esposa” lhe disse

brusco.”Casar-me-ei apenas quando Mackenna estivermorto”.“por que quer a uma mulher que te detesta, quando

poderia me ter? insistiu Seana.- “Sabemos ambos que Niallnão me quererá de volta, enquanto nós somos feitos domesmo tecido”.

“É boa na cama , Seana, mas me casar com você não mecontribuiria nenhuma vantagem, inclusive o mais provávelé que seu pai já tenha te deserdado. Talvez te terei comoamante” lhe concedeu Angus.Gillian notou a expressão contrariada da bela loira. Talvezpensava casar-se com ele, visto que seu golpe sobre o Rosstinha falhado?“Pode ficar com Angus” declarou com tom desdenhoso.-

“Já tenho um marido e não me serve um segundo”.Seana passou o olhar de um ao outro, logo se afastoufuriosa.“Você e Seana são o casal perfeito” ironizou Gillian-

“Comigo perde seu tempo: detesto você”.Angus lhe deu um violento empurrão em direção à escada.“Está desarmada e em minhas mãos: não tem outra

escolha que te submeter a minha vontade. Esta noite virei

lhe visitar” lhe advertiu.- “Tanto que seu marido já pensaque somos amantes”.Gillian não pôde fazer nada mais que subir pela escala. Emum momento de desespero tomou em consideração a idéiade empurrá-lo abaixo para os altos degraus, mas logorepensou: Angus teria podido arrastá-la consigo. Posou amão sobre seu estômago: já tinha saltado um ciclo mensale possivelmente levava em seu ventre o herdeiro de Ross.Por nada no mundo teria arriscado lhe fazer mal.Chegando ao topo da torre, Angus abriu a porta, empurro-apara dentro e fechou com chave.



“Talvez, saltar o jantar te fará mais total” resmungou.“Nem o pense” replicou Gillian.

Gillian se sentou na cama, apoiou os cotovelos nos joelhos;por mais que se esforçasse não conseguia entender porque

a Angus importava tanto o reatamento da guerra. EmboraRoss morresse em batalha, era improvável que a mesmasorte tocasse a seu pai e a seus irmãos.O que o fazia estar tão seguro que toda a família MacKaypereceria?

Tal como tinha ameaçado, Angus a deixou sem jantar eGillian começou a perguntar-se como defender doanunciado ataque, visto que estava desarmada. Em todo

caso, lhe teria feito entender que ir para à cama com elaseria como tratar de domar uma gata selvagem. Quemdera assim, Angus teria perdido interesse e se teriadedicado a Seana.Por quanto exausta, Gillian recusou ceder ao sono. Jáestava escuro e a vela quase consumida. Quando ouviu achave girar na fechadura e se levantou de um salto,decidida a receber Angus de pé e não aconchegada sobre a

cama.A porta se abriu, mas a figura que avançou não era a deAngus Sinclair.“Seana! Pensava que era Angus. O que faz aqui?”“Angus está jogando dados, presumindo com seus

homens da iminente união com a esposa de RossMackenna” respondeu a outra.- “Não temos muito tempoa nossa disposição”

“Tempo para que coisa?“vim te libertar”

Gillian a olhou estupefata.“Mentirosa. Você me odeia e de certo não quer me ajudar.

foi Angus que te mandou para me atormentar?”“Deixa Angus em paz: quero-o para mim e isto não

acontecerá, até que você permaneça aqui. depois do quefiz não posso voltar para Ravenscraig e tampouco para aminha casa, visto que meu pai não me quer”“O que fez?”



“Agora não tem importância. Se não poder ter um senhorimportante como Ross, Angus servirá do mesmo jeito. SeAngus for para à cama com você, depois não dignará umsó olhar para mim”

“Não lhe será muito fácil me levar para a cama, acredite”lhe advertiu Gillian em tom beligerante.“Então estará contente de se desfazer dele”.“Muito contente” a examinou suspeita.- “por que me

oferece a liberdade? Não seria mais simples me matar?”“Se você morrer, Angus saberia imediatamente que fui

eu”.“Se eu desaparecer, dar-se-ia conta que está envolvida e

de todo o modo te castigaria”.“Me acha estúpida? -Seana se aproximou da janela e a

abriu as portinhas que Gillian tinha fechado para seproteger do frio.- “Você morrerá te lançando ao vazio”explicou. Notou sua expressão horrorizada e continuou emum tom impaciente.- “Realmente ninguém morrerá;vamos, rasga uma parte de vestido e me dêem isso.“Como?”

“Rápido! De um momento a outro Angus estaráaborrecido de jogar dados e virá aqui”.Curiosa mas ainda desconfiada, Gillian rasgou uma partede tecido, que Seana lançou fora da janela. Correu aobatente e o viu aterrissar sobre as rochas lá abaixo.“Perfeito” sentenciou Seana satisfeita.- “Angus pensará

que se lançou e que seu corpo foi levado pelo mar. Agorame siga”.

“Aonde vamos?”“Usaremos as escadas de trás até a cozinha e

chegaremos a uma porta onde te espera um cavalo; não éo teu, de outro modo se saberia tudo imediatamente, anão ser um que comprei hoje na aldeia. Coloque isto”concluiu Seana tirando-a capa para oferecê-la a Gillian.“E como faremos para sair sem que os guardas apostadosaqui fora nos vejam?” perguntou ela.“Não há guardas: Angus não achou necessário. Inclusive

admitindo que conseguisse sair desta habitação, a portaque permite entrar ou sair da torre está fechada por fora,



assim ele pensou que você não poderia fugir” explicouSeana.Assim que Gillian saiu, Seana fechou com chave a porta elhe fez gesto de segui-la.

A cozinha estava deserta e o jardim próximo estavasumido na sombra.“E o guarda que vigia a porta de trás?” sussurrou Gillian

enquanto avançavam na noite gelada.“Não se preocupe: coloquei um sonífero em sua cerveja”

respondeu Seana.“pensou verdadeiramente em tudo”.“Quando quero algo não descuido de nenhum detalhe.

Angus, talvez, tenha alguma suspeita, mas nenhuma provade minha implicação”.Em efeito, ao chegarem à porta traseira, viram um guardaque roncava recostado contra a muralha. Seana o ignoroue abriu a porta sem que o homem despertasse.Gillian saiu pisando no terreno nevado e distinguiu umcavalo com as rédeas amarradas a uma rocha.“Quero minha espada” disse.

“Não pude roubá-la e tampouco comprar outra, maspossivelmente não a necessitará: Braeburn não está longe.Deve se apressar: em um momento o guarda despertará equero estar bem visível no salão, quando Angus decidir tevisitar”.Gillian saltou sobre a cela e se afastou a galope. Seanafechou a porta, passou pela cozinha e entrou no salão, paradepois sentar-se perto do fogo e recolheu seu bordado

sobre o qual tinha trabalhado com antecedência; com umpouco de sorte, Angus não se teria dado conta de suabreve ausência.Pouco depois Sinclair se levantou e se estirou.“É hora de demonstrar a minha futura esposa que sou

mais homem que MacKenna” declarou excitado.Responderam-lhe com aclamações, gargalhadas econselhos obscenos.Angus notou Seana e se aproximou:“Estava aqui o tempo todo?” perguntou.



“Sim, mas você estava muito interessado em jogar dadospara notá-lo. Não deveria ir onde Gillian está: eu estou aquipara te acolher com os braços abertos, ela não”.Angus inflou o peito.

“Devia ser minha e a terei, inclusive se tiver de forçá-la.Possivelmente se depois que formos amantes, seu marido arepudiará, assim a guerra reatará e Braemurn será minha”.“Não entendo como possa acontecer: Gillian tem três

irmãos e um pai” objetou perplexa Seana.“Devem morrer todos, antes que Braeburn chegue à mãos

de Gillian”.Os olhos do Angus brilhavam malignos.

“Morrerão” assegurou “ Disso me encarregarei”.Seana era igual a ele e entendeu imediatamente o quequeria dizer.“Você os matará!” exclamou admirada por um plano tão

pérfido e engenhoso.Angus encolheu os ombros.“Na batalha os homens morrem e é difícil dizer quem os

matou”.

Logo se encaminhou com grandes passos para a escada.Seana sorriu triunfante e tranqüilamente voltou para suatarefa de bordado.Pouco depois escutou o som de um selvagem grito deAngus e se levantou de um salto quando ele, branco comoum lençol, entrou em l salão.“Angus, O que aconteceu?” perguntou solícita.“Essa maldita se matou! Gritou ele.- “me sigam”

adicionou para seus homens que o olhavam como setivesse enlouquecido. Obedeceram rapidamente.Voltaram depois de uma hora; Angus se aproximou dachaminé e se deixou cair em uma cadeira com aspectodestruído.“O que aconteceu? “Perguntou Seana- “Como Gillian se

suicidou? Estava desarmada”.Alguém ofereceu a Angus uma taça de cerveja e ele alevou a boca com mãos trêmulas.“lançou-se pela janela; encontramos uma parte de seu

vestido sobre as rochas lá abaixo. Deve ter caído ao rio e



depois a corrente a arrastou para o mar. Não exploramostodo o vale, já que a queda se por acaso foi suficiente paramatá-la”.

Tomou a mão de Seana.

“Não queria que morresse; nunca acreditei que fossecapaz de um gesto similar, se não tivesse encontrado umaprova” sacudiu a cabeça desesperado.- “Tudo o que tenhofeito para me assegurar um futuro morreu junto comGillian. E agora o que direi a MacKay?”“Ainda me tem ”o consolou Seana.- “Venha para a cama,

deixa que te console”.Confuso e desolado, Angus se levantou e a seguiu.

Gillian não podia acreditar que Seana a tivesse libertado,embora seus motivos não eram por certo altruístas.De contínuo olhava a suas costas, a espera de ouvir oshomens do Angus que a perseguiam. O cavalo facilitadopor Seana era velho e lento, a noite escura e sem estrelas,odiava a idéia de ter deixado Prata nos estábulos deSinclair, mas dado a situação era fortuna da a não ter que

fugir a pé.Seana estava equivocada, dando por certo que procurariarefúgio com seu pai em Braeburn: não, Gillian pensavavoltar para Ravenscraig, para Ross.Sabia que devia estar furioso com ela e rogava que não aexpulsasse: se desejava realmente a paz entre os doisclãs, devia lhe permitir permanecer. Esperava também, quecompreendesse que lhe tinha mentido só para salvar a vida

dele.Gillian continuou a cavalgar tremendo de frio, coberta porgelados flocos de neve: tinha saudades de sua cálida capa,bem distinta daquela fina e leve que lhe tinha dadoSeana.Sacudida por estremecimentos incontroláveis, inclinou-sesobre o cavalo, aferrando-se as crinas do cavalo para nãocair.Quando escutou o som de um corno se levantou sobre acadeira e descobriu estupefata a Torre de Ravenscraig quese recostava diante dela. Tentou lançar um grito, mas de



seus lábios só saiu um destroçado gemido.Grossaslágrimas caíram sobre suas bochechas. E de repente omundo começou a girar e a escuridão a envolveu.

Ross saiu da cama de péssimo humor: voltar paraRavenscraig sem Gillian lhe tinha deixado um saboramargo na boca. Sacudiu a cabeça para afastar essesinoportunos pensamentos e até não decidir o que faria, nãoqueria pensar a ela.lavou-se com água geada, raspou-se e vestiu e baixou atomar café da manhã. Notando sua expressão séria, todosse mantiveram afastados e se mantiveram calados até

quando ele não se sentou e bebeu um comprido sorvo decerveja.Só então o zumbido das conversações se reatou.Ross se sentia como se tivesse plantado uma faca nocoração. Não sabia se lutar para reconquistar sua esposaou repudiá-la: em apóie aos términos da trégua, se Gillianse negou voltar para o Ravenscraig a guerra teria quereatar. Talvez, seu matrimônio estava destinado do começo

a esse êxito desastroso.“Esquece-a, moço” lhe aconselhou Gordo, notando que

Ross olhava sua terrina de porridge sem provar nem umbocado.“Não vale a pena de angustiar-se tanto por uma mulher”Vete ao diabo, tio” lhe respondeu Ross brusco.

Gordo se encolheu os ombros e reatou a comer.Quanto ao Ross já tinha perdido o apetite. Se o tempo não

tivesse estado tão mau, teria folgado sua frustraçãoadestrando-se no campo de exercícios com sua espada.Possivelmente, deveria organizar encontros de luta nosalão, pensou. Algo era melhor que permanecer sentado apinçar nos enganos passados.impôs-se esquecer sua esposa infiel e ficou a comer acontra gosto.“Temos visitas” comentou Gordo escutando o som de um

corno.“Quem pode aventurar-se fora com este horrível tempo?”



Ross sacudiu os ombros indiferente. Quando Gizela lheatirou uma manga a empurrou : não tinha nenhumavontade de escutar seus desvarios.Ela, entretanto, não se deu por vencida.

“me escute, senhor: chama-a tornou e necessita de ti”.“Vete, mulher: não estou de humor para te escutar

delirar”Sabia que Gizela se referia ao Gillian, mas ele recusava ainteirar-se de qualquer noticia referente a sua esposa.“Gillian jaz perto da morte, Ross” insistiu a anciã

curandeira.“É necessário dar-se pressa”.

“Gillian está com o Sinclair” estalou ele. “Não a nomesnunca mais”.Gizela sacudiu sua cabeça cinza.“Tão pouca fé tem em sua esposa?”

Ele a empurrou furioso.“Vá! Como posso confiar em uma mulher que prefere a

cama de outro homem?”.“Quer que morra, senhor?” acossou-o Gizela.

Ross, estremeceu-se. Não, certamente que não.“O que está tentando me dizer? E por que Gillian

precisaria de mim?”Os olhos da Gizela se velaram, como se estivesse emtranse, logo lançou um grito e correu para fora. Ross selevantou desconcertado.“Melhor segui-la” sugeriu Gordon.“Gizela não se comportaria assim se não tivesse ocorrido

algo grave e insólito”Ross se recuperou e o seguiu para fora tremendo pelo frio.Gizela corria para o portão da fortaleza inconsciente dogelo.“O que acontece? Perguntou a um homem das améias.“Há alguém diante do portão. Estava por vir te advertir”.“Levantem a grade” ordenou Ross.

A curandeira foi primeira em passar para depois cair de joelhos diante da figura tombada na neve.

“Pode ver quem é?” perguntou Ross a seu tio.“Não, mas Gizela parece transtornada”.



A intuição revelou ao Ross a quem teria encontrado lá foraainda antes de distinguir a massa de cabelos chamejantes.Pareciam uma mancha de sangue, um pensamento lhegelou o sangue das veias.

“É Gillian” constatou Gordon estupefato, enquanto Rosstomava a sua esposa em seus braços.“por que voltou para Ravenscraig?”“Está enferma” gritou Gizela “Devemos nos apressar.”“Deixa-a aqui Ross” - lhe aconselhou Gordon. “Estamos

melhor sem ela e você economizará a necessidade dematá-la com suas mãos”“Não! -Interveio Gizela, cobrindo seu peito com golpes de

punho de suas mãos pequenas.“Idiota! Todos os homens são idiotas”.“Tranqüila” a acalmou Ross “Não deixarei Gillian morrer

na neve”.Levou-a para dentro da fortaleza e subiu a escada até osolário, os largos cabelos vermelhos ondeavam detrás delacomo um estandarte. Enquanto acomodava Gillian sobre oleito, Ross recordou como gostava de afundar os dedos

naquela massa chamejante.“Acende o fogo, Gordon”

A pele de Gillian era branca e tão fria que temeu de havê-laencontrado muito tarde. Tomou uma de suas mãosgeladas, amaldiçoando entre dentes: por que se tinhaaventuroso em meio de uma tempestade de neve semluvas e coberta só por uma capa fina?“Saiam” ordenou Gizela. ”Eu a curarei.E que venha Alicia

com minha caixa de remédios”.“Eu não sairei” - balbuciou Ross.

Gizela o fulminou com o olhar.“Você está zangado com minha senhora! Vá e seu tio

com você”.Gordon o puxou pelo braço e o arrastou para a porta.“Vamos, moço. Já sua sorte está nas mãos de Deus. Se

seu castigo por sua traição é a morte, que assim seja”. Tinha razão, Ross sabia: Gillian lhe tinha traído e inclusiveaté teria conspirado para matá-lo, entretanto, ele nãoqueria que morresse. Além disso eram muitas as



perguntas sem respostas que morreriam com ela.por queGillian o tinha abandonado?E o que a tinha empurrado adeixar a fortaleza de Sinclair em meio de uma tormenta deneve?

O inverno era duro nas Highlands e ela sabia.Ross encontrou Alicia e lhe transmitiu a mensagem daGizela, mas em vez de voltar para salão foi aos estábulos eexaminou o cavalo com o qual Gillian chegou aRavenscraig: o pobre animal estava exausto edesnutrido.por que não tinha escolhido Prata? Tudo era umabsurdo.Ross deixou a pobre besta em boas mãos e voltou para a

fortaleza.deixou-se cair perto da chaminé e olhou as chamasondulantes: se Gillian sobrevivesse, nada seria comoantes. Tinha dormido com outro homem e talvez levava seufilho em seu regaço: segundo a lei poderia matá-la, masentão a guerra com os MacKay não teria fim. Inclusive elenão podia conceber a idéia de fazer mal a uma mulher.Não podia confiar nela nunca mais, mas devolvê-la a

Braeburn também haveria significado o começo da guerra.Niall lhe aproximou e se sentou a seu lado.“O que faz aqui Gillian Mackay?” perguntou.“Não sei. Não está em condições de falar”.“Viverá?”“Sua sorte está nas mãos de Deus”“Merece um castigo, mas…não lhe fará mal, não é?”

Ross lhe lançou um olhar aborrecido.

“Deveria me conhecer o suficiente para saber que eu nãobato em mulheres, Niall. Se Gillian sobreviver,provavelmente a devolverei a seu pai em Braeburn; emtodo caso não a receberei nunca mais em meu leito, nemlhe darei certas liberdades em minha fortaleza”.Os dois homens estiraram suas pernas para as chamas,cada um com seus pensamentos.Quando Alicia se aproximou de Ross e lhe sussurrou algoao ouvido, ele se estremeceu e subiu correndo a escada,direto ao solário.



Com a ajuda da Alicia, Gizela trabalhou frenética paraesquentar o corpo de Gillian. Baldes de água quentetinham sido levados até ali e esvaziados na tina, masnenhuma das duas mulheres era o suficiente forte para

levantar Gillian da cama para inundá-la na água, assimGizela terminou por ceder e pedir ajuda a Ross.Ele entrou com grandes passos e se deteve de repente,vislumbrando sua esposa deitada no leito; seu rosto tinhaadquirido um pouco de cor, mas ainda estava muito pálidae seus olhos pareciam não ver nada.“Então, que esperas? Levante-a e inunda-a na tina”

estalou Gizela.

Ross ficou rígido. Havia-a visto nua inumeráveis vezes,entretanto, não se cansava nunca de olhar sua belaesposa de músculos fortes e suaves curva femininas.concentrou-se em seu rosto e seu coração se endureceucontra o encanto de seu corpo provocante.Ignorando a excitação que começava a alagá-lo, tomou emseus braços Gillian e a inundou na tina.Gizela o empurrou para longe e se ajoelhou ao lado da

doente.“Fique, perto” ordenou a Ross. “Necessito de você para

deitá-la no leito”Ele retrocedeu alguns passos e permaneceu a olhar.“Escuta-me, pequena?” perguntou Gizela enquanto

passava a esponja impregnada de água quente sobre apele de Gillian com gestos plenos de gentileza.Ross pôs atenção, mas não conseguiu distinguir a resposta

sussurrada de sua esposa.“Se recuperará?” perguntou Alicia ansiosa.

“Sim, mas faltou muito pouco para que morresse. me tragacaldo e peça alguns tijolos para esquentar na chaminé.Quando Gillian estará de novo no leito, envolveremo-la emmuitas mantas e a rodearemos com tijolos”.Depois que Alicia saiu, Ross se aproximou e conteve ofôlego quando Gillian moveu a cabeça e o olhou,murmurando seu nome.“Estou aqui. Como se sente?”“Tenho tão frio. Então, consegui chegar até Ravenscarig?”



“Encontramos você na neve frente à grade. por queabandonou seu amante?”“Não agora.” interveio Gizela.- “Envolva- a na manta que

pus para esquentar perto do fogo e leva-a para à cama”.

Ross obedeceu, tratando em vão de ignorar a sensaçãodeliciosa produzida pelo corpo de Gillian entre seus braços.Amaldiçoou a excitação que aquela mulher dos cabeloschamejantes lhe produzia, mas todo pensamento luxuriosose apagou quando a sentiu entrechocar os dentes,estremecer e agarrar-se a ele como um náufrago natempestade.Não devia ser assim, pensou colocando-a na cama.

Deveria provar só desgosto e ressentimento por ela.“por que treme tanto? Não pode fazer nada para que

cessem os tremores?Alicia voltou com o caldo. Também chegou Donald comvários tijolos, que pôs diante da chaminé para esquentá-los.“Caldo e tijolos quentes: no momento não posso fazer

mais por ela” disse Gizela. Logo olhou a Ross como se

estivesse estabelecendo seu valor. - “Você entretanto,pode fazer algo. Espera aqui enquanto trato de que tomeum pouco de caldo”.Ajudada pela Alicia, conseguiu fazer deslizar algumacolherada de caldo entre os lábios arroxeados de Gillian;ela entretanto tremia de um modo ao ponto que a maiorparte do caldo se derramou sobre o guardanapo amarradoao pescoço.

Leve a bandeja, Alicia” lhe ordenou Gizela, “Chamareiquando precisar de você”.Ao ficar sozinha com o Ross, examinou-o severo.“Está disposto a fazer todo o necessário para salvar sua

esposa?”Ross olhou para a cama: os estremecimentos que sacudiamGillian eram tão fortes que tremia com violência.“Farei o que puder: mas deve saber que ela não significa

nada para mim. Não a quero por esposa”.Gizela entrecerrou os olhos.“Arrepender-se-á por estas palavras, Ross MacKenna”.



Por um estranho motivo, essa advertência lhe produziu umarrepio na pele.“Preocuparei-me mais adiante. Então, o que quer que

faça?” balbuciou brusco.

“Se dispa, entra na cama e esquenta Gillian com o calorde seu corpo: é o único que pode reavivar a chama”.Ross retrocedeu como se o tivesse esbofeteado.“Não, não posso! renunciei a ela. Gillian pecou

gravemente contra mim”“A escassa confiança que tem em sua mulher me

desilude, senhor” declarou Gizela com dureza.“Vá, então, lhe diga a Alicia que me traga outras mantas.

Se não conseguir esquentá-la, temo por sua vida”.Por mais que Gillian o tivesse ferido e ofendido, Ross nãopodia deixá-la morrer: começou a despir-se e se aproximoudo leito. Gizela lançou um olhar a seu rosto contraído, esaiu silenciosa, fechando a porta a suas costas.Ross terminou de despir-se, separou as mantas, entrou nacama ao lado de sua esposa e tomou entre seus braços: ogelo que desprendia de seu corpo o surpreendeu, Como

podia estar ainda viva?Ela se o aconchegou mais perto e suspirou devagar“Ross” murmurou “Temia que não pudesse vê-lo nunca

mais”Parecia sincera, mas Ross estava certo que mentia.Não obstante todas suas resoluções, seu corpo reagiu antea proximidade de Gillian e a sua voz fraca que o chamava.Apertou os dentes e se obrigou recordar a provocação de

Sinclair e suas mãos sobre ela.“Ross, sinto muito ” murmurou Gillian. “Não queria,

mas…” a voz se perdeu enquanto deslizava de novo nosonho.Ross endureceu seu coração e suportou a tortura atéquando Gillian parou de tremer, logo se retirou daquelachama que ameaçava consumi-lo e saiu da cama.Permaneceu por muito tempo a observá-la, demorandocom o olhar sobre o corpo abandonado, logo se vestiudepressa e fugiu. Ter Gillian entre os braços tinha sido a



coisa mais difícil que havia feito: sua traição o tinhadevastado.Quando entrou no salão Gizela foi a seu encontro.“É toda sua, agora” balbuciou Ross.

“A chama pertence desde que nasceu: sempre foi esempre será seu destino” replicou a curandeira com umtom de absoluta certeza.“Basta, com estas tolices! Explorou exasperado.- “Cure-a

bem, Gizela: assim que se recupere, poderei devolvê-la aseu pai”.Ela se afastou balbuciando para si.“Como está a moça? Perguntou Gordon lhe oferecendo

uma caneca de cerveja.“falou que…”“Deixa prá lá: sabemos todos o que aconteceu na

fortaleza do Sinclair” cortou brusco Ross.“Assim que o tempo permitir quero que leve uma

mensagem a Tearlach MacKay:é hora que deva buscar asua filha”.“Mas isto significa…”

“Sei que significa” o interrompeu Ross. “Era destino queterminasse assim”.Gillian dormiu por todo esse dia e essa noite, e despertouna manhã envolta em um suave casulo de mantas eaquecida por tijolos e fogo.Levantou a cabeça e procurou Ross com o olhar, seu ladodo leito estava frio como se não tivesse dormido ali. Elaentretanto, não estava segura: o calor de seu corpo a

esquentava como nesse momento.Ross tinhacompreendido e a havia perdoado.Gillian sorriu à lembrança de seu marido que entrava noleito e tomava em seus braços; ainda sorria quando Aliciaentrou na habitação e correu as cortinas para fazer entrar adébil luz invernal.“Tem um melhor aspecto, minha senhora” constatou

satisfeita.Segundo Gizela, sofreu um princípio decongelamento, mas não perderá os dedos os pés ou dasmãos”.Gillian se sentou e apoiou as costas no respaldo do leito.



“Efetivamente me sinto melhor. Onde está Ross?”perguntou.“Gizela disse que deve permanecer na cama até quando

não recuperar as forças” disse Alicia sem olhá-la.

“O que me esconde?”insistiu Gillian perplexa.“Não me lhe corresponde contar isso - defendeu-se Alicia.-

“Trago-te o café da manhã”Gillian a chamou, mas ela tinha desaparecido.O que estava acontecendo? Ross não se teria introduzidona cama com ela, se não tivesse compreendido o motivopela qual o tinha rechaçado.“Alicia me disse que está acordada e que se sente

melhor” comentou Gizela , entrando.“Graças a você. Onde está Ross?”“Ah, pequena, não sei como lhe dizer isso .“me dizer que coisa? Esta ferido ou…?”“Não, esta bem, mas…enfim a atmosfera que reina aqui

não te é muito favorável”Gillian sentiu gelar o sangue nas veias: Quase tinhamorrido de frio com a volta para Ravenscraig e agora Ross

a rechaçava? Olhou Gizela intensamente.“Tem certeza de que eu estou bem?”“A criança sobreviveu a esta dura prova” assegurou ela.“Seriamente? Não tinha certeza de estar grávida de Ross”

admitiu.“olhei em seus olhos e vi o filho que lhe dará” explicou

Gizela.“Um filho? Como é que sabe?”

“Eu sei muitas coisas” respondeu ela olhando-a como sequisesse examiná-la até o fundo da alma-“Não pensa dizer-lhe verdade?”

Gillian moveu a cabeça.“Não posso: se não compreendeu o que fiz para lhe salvar

a vida, não merece saber do menino. Dirá que desejo vê-lo?”“É claro, mas não estou certa se virá”.

Gizela encontrou Ross no grande salão, discutindo comalguns de seus homens sobre o tempo e os animaisextraviados ou mortos durante a última tempestade.



Puxou-lhe uma manga.“Sua esposa deseja vê-lo”.

Ele se virou carrancudo.“Tenho coisas mais importantes a fazer” grunhiu.

Gillian o levou a um lado.“Talvez, deveria deixar de lado o rancor e a amargura e

escutá-la”.“Não tenho nada a dizer a Gillian” declarou Ross irritado.

Logo se virou.“Não negue à chama: que você queira ou não admiti-lo,

ela enche seu coração”.“Basta com esta história da chama” disse Ross com os

dentes apertados.- “Gillian é só uma mulher, com todos osdefeitos e as debilidades de seu sexo. Pensava que eradiferente, que tinha um coração de guerreiro, me enganei.Ela me traiu”.“O que devo lhe dizer? Insistiu Gizela.“Nada; não merece nada de mim”“Será você a perder…mais do que imagina” advertiu

Gizela.

Ross não fez conta, envolveu-se em sua capa e seguiu aseus homens para fora, ao ar gelado.

Gillian bicou desinteressada a comida que Alicia lhe tinhalevado; desde quando Ross tinha recusado vê-la, ela sesentia mais só que nunca. Não pensava que ele ganhasse:assim que se recusasse e ficasse de pé, teria lutado parareparar o engano e reencontrar o caminho a seu coração.

Gillian ficou um dia a mais em seu quarto. Na manhãseguinte se levantou na hora de costume, vestiu vestidosquentes, envolveu-se na capa, desceu a escada e entrou nogrande salão com a cabeça muito erguida: não havia feitonada de errado e não pretendia assumir um aspectoculpado.O tempo tinha melhorado e o sol entrava pelas janelas.Gillian escutou um murmúrio coletivo enquanto tomavalugar na mesa de honra ao lado de Ross.Ele levantou o olhar do porridge e a olhou sério.“O que faz aqui?”



“Café da manhã. Tem algo que dizer?”- Não com quem traiu minha confiança”.Levantou-se e se transladou a outra mesa, levandoconsigo a terrina e a colher.

Gillian deglutiu, e logo reencontrou a voz.“Sua gente me expulsou sem motivo: fui acusada

injustamente e julgada culpada-” replicou em um tom osuficiente alto para que todos pudessem ouvir.Ninguém respondeu, ninguém a olhou.Ross continuou a comer embora por sua expressão diziaque a comida tinha um péssimo sabor, depois jogou atrássua cadeira, levantou-se e se foi. O salão depressa ficou

vazio, deixando Gillian sozinha, isolada.Esperou que alguém lhe servisse, mas visto que não vinhaninguém, levantou-se e foi à cozinha.“Tem fome?” perguntou-lhe Hanah com cautela.

Ela respondeu com outra pergunta.“Pensa que traí Ross?”“Não sei o que pensar: a história que escutei é terrível.

Seriamente disse a Ross que ama Sinclair? Não queria

acreditar, mas Gordon me assegurou que tudo eraverdade”.“Ninguém conhece a verdade e Ross recusa a me

escutar”“Se me jurar que não o traiu, eu acreditarei.“Juro” declarou Gillian solene. “Queria que ele escutasse

minhas explicações”Hannah sorriu aliviada.

“Estava certa! Agora sente-se, enquanto te preparo seucafé da manhã preferido”Gillian substituiu a cerveja por leite quente e o bebeuenquanto Hannah cozinhava o resto. Uma vez saciada afome, subiu ao solário para urdir planos para conquistarseu marido.Nos dias seguintes permaneceu isolada, ignorada portodos, salvo Alicia, Gizela e Hannah. Ross a evitava como apeste: agora sabia onde dormia e estava decidida a pilhá-lo para ser escutada embora para isso devesse amarrá-loao leito.



Ross suspirou aliviado quando Tearlach MacKay chegou aRavenscraig, levantou-se e foi ao encontro de seu sogroque sacudia a neve das botas.“O que há aconteceu, MacKenna? Necessita de minha

ajuda para tirar minha filha das garras de Sinclair? Tinha-me oferecido te acompanhar, mas disse que podia resolvê-lo sozinho. O que deu errado mal?”Ross endireitou as costas.“Tenho más notícias, MacKay.Venha e sente-se perto do

fogo enquanto falamos”. Tearlach ficou rígido.

“Sinclair fez mal a minha pequena? Se for assim ele

pagará muito caro”Ross o guiou para a chaminé e lhe ofereceu uma cadeira.Seu sogro se sentou, mas quando falou sua voz refletiauma nota de pânico.“Onde está Gillian? Não a terá deixado com Sinclair,

espero!“Gillian está em Ravenscraig…por enquanto”.

MacKay se relaxou, mas em seus olhos brilhava uma luz

suspeita.“Então que faço aqui, moço?”

Ross respirou profundamente e lhe contou tudo, inclusive orechaço de Gillian para ele e a declaração de ter tomadoAngus Sinclair como amante.Quando terminou, o sabor que tinha na boca era horrívelcomo seu humor.“Deixe-me entender” recalcou Tearlach Mackay.-

“Sabemos ambos que foi até Sincalir para matá-lo. por quedeveria havê-lo tomado como amante?”“Repito só o que me disse. Pergunta aos presentes e lhe

confirmarão isso”.“E você acreditou?” surpreendeu-se MacKay.- “Não

conhece Gillian se pensar que te tenha traído com Sinclair.O que faz em Ravenscraig? Parece que não ficou com osuposto amante”“Chegou faz quatro dias atrás”“E você a deixou entrar?”



“Só porque não queria sua morte em minha consciência. Tinha viajado em meio de uma tempestade de neve, comuma capa leve; se não a tivesse acolhido teria morridocongelada”

“Explicou-te porque deixou Sinclair, depois de terrecusado voltar para Ravenscraig com você? Ele a tinhaprisioneira? Conhece todos os fatos?”“Sei quanto me basta. Pedi que viesse aqui para que leve

sua filha a Braeburn. Em Ravenscraig ninguém a quer”.“Se não me falha a memória, enquanto você estava

inconsciente sua gente acreditou em falsas acusaçõescontra Gillian e a expulsaram”.

Ross assentiu, presa de um leve desconforto.“E Douglas MacHamish disse que Gillian deixou sua

fortaleza com a intenção de matar Sinclair, não é?”Ross assentiu de novo.“Não obstante, ela voltou”“Não pretendo mudar de idéia, MacKay”, se obstinou Ross

com o rosto sombrio.“Tão ansioso está por recomeçar a guerra?”

“Gillian quebrou a trégua quando recusou a deixar Sinclaire voltar aqui comigo”.“E eu poderia dizer que você rompeu essa trégua quando

sua gente obrigou Gillian a deixar Ravensacraig” replicou Tearlach.

“Então estamos quites-” constatou Ross.- Leve Gillian eque a guerra comece”.MacKay se levantou e o olhou decidido.

“Não resolveremos as coisas assim. Gillian foi obrigada aabandonar Ravenscraig e depois voltou por sua própriavontade, portanto a trégua não se quebrou. Gillian tepertence: aconselho-te que se acalme e escute suasexplicações” voltou a sentar-se.- “Traga bebida e comidapara mim e meus homens: o caminho de volta paraBraeburn é longo. E diga a minha filha que quero falar comela”.“Não sou seu servo, MacKay” murmurou Ross. Logo

chamou um servo para que satisfizesse as necessidades deseu hóspede.- “Eu tampouco quero saber de derramar



mais sangue; se levar Gillian a Braeburn, prometorespeitar a trégua”.“É um covarde MacKenna: não pensava que uma moça

poderia te derrotar”

Ross se levantou de um salto e procurou sua espada, logorecordou que em casa não a usava.“Está exagerando, MacKay” advertiu ameaçador“Está bem, não direi nada mais” suspirou Tearlach. “Irei

logo que tenha comido e visto minha filha. Deverá resolversozinho este problemão, MacKenna: eu lavo as mãos”.“Papai!” gritou Gillian da porta.- “Alicia me disse que

estava aqui”

Tearlach abriu os braços e ela se refugiou correndo neles.“Que problema criou agora, pequena? Sussurrou-lhe ao

ouvido. “Seu marido me contou uma história incrível”Ross soprou desgostoso e se afastou.“Seriamente disse que amava Sinclair e que queria estarcom ele? Insistiu Tearlach.“Sim”admitiu Gillian- “Desgraçadamente, Ross

acreditou” Logo explicou a seu pai tudo o que tinha

acontecido depois que tinha deixado a fortaleza de DouglasMacHamish.“foi sempre tão impulsiva, mas tentar matar aos

responsáveis pelo ataque a Ross depois que os Mackennalhe tinham expulsado do Ravenscraig ultrapassa a qualquerde suas outras encrencas.Como veio a mente tal loucura?Só é uma mulher, Por sorte MacHamish recusou lutar comvocê, mas desafiar Angus Sinclair em sua própria fortaleza

foi uma verdadeira idiotice”.Gillian seguiu com o olhar a seu marido que saía do salão.“Ross jazia entre a vida e a morte e eu só conseguia

pensar na vingança”.“MacKenna quer que te leve de volta a Braeburn comigo”

explicou o pai com um suspiro.“Não posso solucionar esta intrincada história, pequena:

deve conseguir fazê-lo sozinha”“Sei. Não penso abandonar Ravensacraig”.MacKay assentiu.



“Imaginava: por isso rechacei a petição de seu marido. Émuito parecida comigo para se render”,levantou-se.- “Agora me abrace, assim posso partir”.Ross não se deteve para despedir-se de seu sogro; muito

zangado para pensar com lucidez, se refugiounos estábulos.Queria que Gillian se fosse, mas Tearlach o tinha derrotadocom astúcia e por mais que odiasse admiti-lo, a velharaposa tinha razão: sua esposa tinha sido obrigadaabandonar Ravenscraig e depois havia regressado porvontade própria, portanto a trégua não tinha sidoquebrada. Em todo caso nunca mais acreditaria nela.

Ninguém a queria ali; Gillian não se dava conta quepermanecendo na fortaleza dos MacKenna, teria levadouma vida a dizer pouco infernal?“O que a moça aqui ainda ?” perguntou Gordon quando

encontrou Ross nos estábulos.“MacKay sustenta que Gillian não quebrou a trégua,

porque foi obrigada abandonar Ravenscraig e que depoisvoltou por sua própria vontade. Fiz o que pude para

convencê-lo a levá-la consigo a Braeburn, mas essa velharaposa me derrotou”Gordon sacudiu a cabeça.“Que problema! De certo Gillian sabe que aqui não é bem-

vinda”.“Claro que sabe. Não dormimos juntos”.“Ofereceu-te alguma explicação?” perguntou o tio-

“Escutamos todos proclamar que era a amante de Angus

Sinclair”.“Pode me dar explicações pelo resto de seus dias e eu

não lhe acreditarei” rebateu Ross obstinado.“Ross! Sei que me está evitando, mas eu, entretanto

quero falar com você”.Ele amaldiçoou quando Gillian entrou envolta em seupesado manto.“Será melhor que vá” balbuciou Gordon.“Não. Fique, tio”“Esta é uma história entre você e a moça MacKay”

insistiu Gordon.



“Devemos falar” declarou Gillian logo que ficaramsozinhos.- “Visto que contínuas a me evitar decidi vir atrásde você”.“Não temos nada a dizer” balbuciou Ross.

“Em primeiro lugar, obrigado por salvar minha vida.Poderia me haver deixado morrer na neve”.“Não deixaria morrer assim nem sequer um animal”.

Gillian se estremeceu e se apertou dentro de sua capa: avoz de Ross era frio como uma noite de inverno. Não seriafácil convencê-lo de sua inocência: ele já a tinhacondenado.“Quando cheguei a sua fortaleza queria verdadeiramente

matar Angus Sinclair, mas cometi um grave engano pensarde poder fazê-lo sozinha”.Ross se virou.“Todas estas explicações são inúteis: nada pode justificar

o fato que você tenha aceitado ser sua amante. Volta paraa Torre: aqui faz frio”.“por que se nega a me escutar? por que está tão

obstinado?” exclamou Gillian exasperada.

“Há coisas que não se podem explicar nem perdoar”cortou rude Ross.“Está bem, pensa o que quiser. Eu em todo caso, não irei:

meu lugar é em Ravenscraig, a seu lado e em seu leito”.“Não voltará nunca mais a meu leito” a cortou Ross.-

“Agora eu tenho o que fazer e você ainda está serecuperando: deve voltar para a fortaleza, lá estará seca eaquecida”.

“Não acredite poder me ignorar para sempre, RossMacKenna, porque eu não lhe permitirei isso” lhe advertiuGillian.- “E se tenta ter uma amante, farei com que searrependa amargamente”.Logo se virou e saiu furiosa.Quando entrou na fortaleza Gillian ainda estava furiosa: seRoss recusava a escutá-la, como faria para voltar acongraçar-se com ele? sentou-se diante do fogo e olhoupensativa as chamas; não o teria permitido continuar aignorá-la, decidiu, e de qualquer modo lhe fariacompreender os sacrifícios feitos por lhe salvar a vida.



O tempo piorou de novo: nevou durante dias e um vernizde neve cobriu as janelas. No interior da fortaleza oshomens jogavam dados, as mulheres bordavam, os

músicos tocavam seus instrumentos e os menestréisentretinham com histórias de heroísmo e de antigasbatalhas.Durante as longas noites, Gillian se sentava no salão comos outros, mas todos a evitavam e ela se sentia sempremais isolada. depois de alguns dias decidiu que já erasuficiente e planejou uma noite que Ross não esqueceria

jamais .

Enquanto a gente começava retirar-se para dormir, Gilliansubiu a seu quarto e pediu a Alicia que lhe levasse umatina de água quente. Tomou um longo banho, logo seenvolveu em um tecido quente para secar-se.depois de ter despedido Alicia lubrificou seu corpo comuma nata perfumada preparada por Gizela e se examinouao espelho com olhos críticos: a gravidez ainda não senotava, mas o seio tinha engrossado. colocou-se a camisola

já quente e se sentou diante do fogo para escovar ocabelo.Sua mente trabalhava em modo frenético: O que faria seseu plano falhasse e Ross a rechaçasse? O bebê seriaaceito pelos MacKenna ou todos inclusive o pai orechaçariam ou ignoravam? Gillian não queria pensar emtal destino, mas de uma coisa estava certa: se Ross nãoreconhecesse o menino, ela voltaria para Braeburn, Lá,

pelo menos o pequeno seria amado e protegido por seu paie seus irmãos.Quando os sinos da igreja deram meia-noite, Gillianrespirou profundamente, levantou-se e abriu a porta,notando aliviada que o corredor estava deserto. Aliciahavia revelado onde dormia Ross; ela se dirigiu a suahabitação e abriu a porta.A única luz provinha da chaminé; depois de ter caminhadopelos corredores cheios de buracos, o calor da habitaçãoera seriamente agradável. Gillian fechou devagar a porta e



se dirigiu na ponta dos pés para a cama com as cortinassemicerradas, rogando que Ross estivesse sozinho.Deixou cair ao chão a camisola, soltou as pantufas, separouas cortinas e se deitou no leito.

Ross não despertou. Dormia apoiado em um lado e lhedava as costas. Gillian acariciou com amor seu corpoquente e nu, sentiu-o gemer de prazer e sorriu: a mente deseu marido a rechaçava, mas seu corpo a acolhia comagrado. Ross se deitou de costas e as carícias do Gillian sefizeram sempre mais audazes.De repente, ele despertou e lhe apanhou o pulso apertandocom força. Com a outra mão abriu as cortinas, deixando

entrar a débil luz proveniente da chaminé.“Gillian” murmurou com voz rouca.“Sou eu” confirmou ela.- “Mas, por acaso esperava a

alguém mais?”“Pareceu-me ter sido muito claro: não te quero em minha

cama” Ross afastou com um movimento as mantas etentou se levantar.Ela não pensava permiti-lo, até quando não teria escutado

o que tinha que lhe dizer.“Você não vai a nenhum lugar, Ross MacKenna” declarou

colocando-se escarranchada sobre ele.“Desejas tanto ter um homem entre as pernas que não te

importa se inclusive é alguém que não te quer?”Nesse momento as únicas palavras que lhe vinham àmente para descrever Ross eram estúpido e arrogante.“Só quero você. por que não acredita em mim?”

Ross levantou as mãos para rechaçá-la e teve a desdita delhe roçar de cheio um seio, quente e firme. Gillian tinha umdelicioso perfume; dava-se conta do que estava fazendo?Estava nua, coisa da que ele não se deu conta quando lhetinha introduzido na cama.“Deve ir ”disse com voz quebrada.- “Falaremos amanhã

pela manhã”.“Eu não vou” replicou Gillian. Logo se deitou em cima

dele.Ross se sentiu enrolar por torvelinho de sensações, equando ela o beijou, esteve a ponto de explodir. Tentou



não devolver o beijo e permanecer imóvel e indiferente,mas não era uma estátua de pedra.Conseguiu manter os lábios fechados, mas não pôdecontrolar sua excitada virilidade. Por mais que tentasse

livrar-se, Gillian estava obstinada a ele com tenacidade.Nunca se havia sentido tão débil e inepto.“Não te quero; é inútil que trate de me obrigar” tentou

desencorajá-la.“Pode dizer tudo o que queira, mas seu corpo me quer”

replicou ela.“Sou sua esposa, Ross. Não te traí: queria me vingar

daqueles que lhe tinham feito mal”

Ross estalou em uma gargalhada amarga.“Não definiria como vingança dormir com o inimigo”“Não estive na cama com o Angus. Menti para te salvar a

vida: se não tivesse te rechaçado, ele teria te matado”.“Acha que não sei cuidar de mim mesmo? portanto não

devia ter tomado as armas em minha defesa, se é queestes são os fatos”. E agora, me explique como Sinclairconseguiu te convencer de ir a sua cama com ele, quando

queria matá-lo”.“Maldição, Ross. O que devo dizer para te convencer de

minha inocência? fui tratada com crueldade: não podenegar que sua gente me acusou injustamente de tertentado te matar, para depois me expulsar. Estou cansadade palavras, é hora de passar à ação”.Colocou-se de joelhos e o acolheu dentro dela.Ross gemeu e lutou uma inútil batalha para controlar o

desejo de mover-se dentro dela com embates sempre maispotentes, logo cedeu a aquele calor intenso e aveludado.“O que…acha…conseguir…assim?” perguntou a meia voz.“Cale-se deixa que sejam nossos corpos a falem- disse

Gillian.“Não…funcionará” a desanimou Ross.- “Mas não

pretendo rechaçar uma puta que se introduz em minhacama”.Viu-a sobressaltar e imediatamente se arrependeu dessasofensivas palavras. Como era possível que essa bruxa decabelos de fogo o atraísse tanto, como era possível que a



amasse e odiasse ao mesmo tempo? Como podia desejá-latanto? Muito bem, se era sexo o que Gillian queria, o teriadado: um sexo selvagem e sem limites.Estreitou-a em seus braços e a virou até que ela se

encontrou presa sob seu corpo poderoso.“O que está fazendo?”“Dou o que quer, mas quero que saiba, que isto não

significa nada para mim. Não é diferente de outra amantequalquer, pronta para me agradar”

Tomou os quadris e se afundou nela a um ritmo sempremais frenético, logo a sentiu estremecer embaixo dele e seretirou de repente, lhe arrancando um grito de protesto.

inclinou-se sobre ela e sugou um primeiro e o outromamilo depois.“É isto o que quer, Gillian?”“Eu quero você, não um homem sem coração nem alma”.“Você quer meu corpo excitado e é isso o que terá”

inclinou-se de novo a lamber e sugar os mamilos túrgidos eGillian se sentiu alagar de uma onda de calor ardente.

Talvez, Ross pretendia tudo isto como um castigo, mas já

isso não lhe importava: se conseguissem reencontrar nacama a compenetração apaixonada que os tinha unido, elese daria conta antes ou depois de havê-la acusadoinjustamente e compreenderia que tinha sido vítima dasintrigas urdidas por Angus e Seana.Gillian o queria ter dentro dela outra vez, levantou osquadris lhe convidando mas Ross a ignorou, insinuou alíngua entre as pernas e lhe infligiu uma doce tortura, até

quando ela perdeu o controle, enrolada por ondas deprazer uma após a outra.Antes que tivesse tempo de repor-se, Ross se endireitoulhe levantou os quadris e penetrou nela, por instinto, Gillianlhe envolveu as pernas ao redor das costas e se abandonouà magia que fluía entre eles. Sentiu que Ross a olhavaenquanto se estremecia e gritava atada a ele, com leve,irônico sorriso nos lábios.Então lhe aferrou a cabeça e o obrigou a um beijo ao queele parecia indiferente.Não lhe importava, envolta comoestava por um prazer sem limites. Sentiu-o gritar e



derrubar-se sobre ela , permaneceu inerte sob seu corpoforte, incapaz de mover-se, de pensar e de entender seaquela união apaixonada os teria levado para areconciliação. Não teve que esperar muito: Ross se afastou

e se deitou a seu lado, cobrindo seus olhos com um braço.“Ross, isto…”“…não muda nada. Você veio sem que te convidasse.

Queria sexo e te contentei”.“Sabe muito bem que não queria só isso. Eu lhe…”

Ele baixou o braço e a olhou sério.“Não o diga”.“Está bem, mas há algo mais que deve saber” insistiu

ela.“Não quero ouvir nada mais. Conseguiu pelo que vieste;

agora vá”.Gillian lutou para conter as lágrimas com a raiva: conheciaessa emoção, enquanto não sabia como enfrentar essesentimento de derrota e debilidade. vestiu-se como pôde,colocou as pantufas.“me rechace, Ross mas quero que saiba que não sou uma

covarde: não me pode expulsar. Um dia se dará conta quecometeste um enorme engano comigo”.Depois saiu com a cabeça muito alta, como uma rainha.Apenas a porta se fechou a suas costas, Ross socou otravesseiro: estava furioso consigo mesmo por ter cedido asua esposa, quando deveria havê-la expulsado.perguntou-se que queria lhe dizer Gillian, e se tinha feitomal recusando-se a escutá-la, mas já nenhum assunto

podia mudar a situação entre eles: deitando-se com AngusSinclair, sua esposa tinha destruído seu matrimônio.Fez sossegar uma vizinha que o insinuava uma dúvida namente: Gillian tinha admitido sua culpa, entretanto,

Tearlach estava convencido de sua inocência.estava-se equivocando a condená-la sem antes havê-laescutado?Ao amanhecer a resposta ainda não tinha chegado.Cansado e confuso, Ross se levantou para enfrentar o novodia, gemeu quando encontrou Gizela que o esperava nocorredor.



“O que quer? Perguntou brusco.“Ao final, a chama prevalecerá. Nada do que pode fazer

atenuará sua luz”“É tudo?

“Não: vim a te pôr em guarda contra a chegada de umperigo”.“me avise, quando estiver aqui.” Disse Ross sarcástico,

prosseguindo pelo corredor.Não obstante aquela fachada indiferente, as palavras daanciã preocupavam mais do que queria admitir: já estavaclaro que Gizela via o futuro e como todos os escoceses eleera supersticioso. Até quando esse misterioso perigo não

se manifestasse, ele não tinha armas para combatê-lo.Ross entrou no salão grande e tomou lugar na mesa dehonra. Imediatamente notou que Gillian não estava eenrugou a testa: comportou-se muito duro com ela,naquela noite?“por que tem essa cara tão séria, primo?” perguntou-lhe

Niall“Contínua a nevar” respondeu Ross, evitando de

responder.- “Talvez poderíamos organizar um duelo, ouum encontro de luta no salão. Começo me fartar dos jogode dados”.“Preocupo-me - prometeu Niall- “Seana me faz falta”

adicionou depois de um leve hesitação.“Se voltasse, estoupreparado para perdoá-la”.“tentou, me envenenar”“Só temos a palavra da Gizela- protestou Niall “Como

podia saber que o caldo estava envenenado?”“Seana desapareceu: parece-me uma clara admissão de

sua culpa”“Eu não o vejo assim. Ross: possivelmente preferiu

escapar antes de ser acusada injustamente”“Douglas MacHamish contou ao Tearlach MacKay que

Seana e Sinclair conspiraram para induzi-lo a me matar”“Também neste caso só temos a palavra do MacKay” m-

lhe recordou Niall.- “Você não falou diretamente comDouglas MacHamish e eu não consigo a acreditar queSeana nos tenha traído. Se a deixa voltar prometo vigiá-la”



“A questão nem sequer se propõe: ninguém sabe ondeestá Seana. MacKay disse de não havê-la visto na fortalezade seu pai”“Seana está com Angus Sinclair”.

Os dois homens se viraram de repente e se encontraramdiante de Gillian.“É verdade?” perguntou Ross.“Se me tivesse escutado, agora não necessitaria

perguntar: fugiu lá depois de haver deixado Ravenscraig eplaneja casar-se com Sinclair”“Que coisa? Mas, Seana está casada comigo!” disse

indignado Niall.

“Por um ano e um dia, depois pode se casar com quemquer” lhe recordou Gillian- “Seana conhece a verdade doque aconteceu lá entre Angus Sinclair e eu: foi ela que meajudou a fugir de sua fortaleza, me libertou da torre naqual ele me tinha trancado”.Ross a olhou indeciso, tentado descobrir se mentia ou diziaa verdade. Podia contar só com a palavra de TearlachMacKay, um inimigo mortal dos MacKenna até quando seu

matrimônio tinha unido aos dois clãs, e visto que Seananão estava para confirmar a história de Gillian, Rossduvidava acreditar.“Pode provar que era prisioneira de Sinclair e não sua

amante?” perguntou.“Não te mentiria sobre algo assim” respondeu Gillian

orgulhosa.“Assim diz você” murmurou Ross.Logo voltou a

concentrar-se no café da manhã.Gillian se deixou cair sobre uma cadeira. Bastou-lhe umolhar ao porridge de seu marido para empalidecer,levantou-se brusca e correu fora do salão. Ross a seguiucom o olhar e pensou se finalmente compreendia que elenunca acreditaria em suas mentiras.Gillian voltou um quarto de hora depois com um aspectonormal, como se não tivesse acontecido nada, sentou-se aolado de seu marido e pediu a um servo que lhe trouxessepão torrado. sentia-se tão bem que a imprevista onda denáusea a tinha pego de surpresa; já tinha certeza de levar



em seu ventre ao filho de Ross, um filho que ele nãomerecia. Os sinais da gravidez começavam a ser evidentese logo alguém adivinharia seu segredo. Nesse ponto, Gilliancomeçava a se perguntar se era o caso de permanecer em

Ravenscraig. Nesse momento, o único lugar no que sesentia bem-vinda era Braeburn.Gillian decidiu de não entrar nunca mais no quarto de Ross.

O cru inverno das Highlands não dava trégua e ascelebrações natalinas foram reduzidas ao mínimo: todosestavam preocupados com a sobrevivência dos animais enão havia ânimo para festejar.

Uma manhã despertaram sem a costumeira neve e Rossreuniu os homens para liberar e nutrir o gado bloqueadona neve. Gillian os olhou partir com o estranhopressentimento que a sua volta as coisas mudariam.Pediu a Alicia para chamar Gizela e voltou para solário.“Sente-se mal?” perguntou Gizela logo que entrou.- “O

menino…?Gillian posou uma mão sobre seu estômago ainda plano.

“Não, mas…não se como explicar. Sinto que está poracontecer ago de ruim”.Gizela assentiu séria.“Tem razão: o mal está para voltar para Ravenscraig”.“Que tipo de mal?” perguntou Gillian alarmada.

Gizela repetiu que a crueldade estava por invadir afortaleza e lhe advertiu de estar atenta, logo se dirigiu paraa porta.

“Espera! Não me disse nada! - Tentou de detê-la.“Disse muito” replicou ela, para depois desaparecer pelo

corredor escuro.Durante o almoço começou a nevar e Ross ainda não haviavoltado. Gillian tentou comer, mas o aroma da comida lhedeva náusea. Pediu caldo e Hannah o trouxe solícita.“Sente-se mal? Tem um aspecto doentio” perguntou

olhando-a preocupada.“Não, não estou doente” Gillian se justificou com uma

das três mulheres que se demonstraram suas



amigas em Ravenscraig e lhe falou com um sussurro.-“Espero um filho de Ross, mas você não deve dizê-lo”Hannah começou aplaudir entusiasmada.“Que belo!Faz tanto tempo que não há crianças em

Ravenscraig!”“me prometa que manterá o segredo até quando eu

disser - insistiu Gillian.- “Se continuar a me ignorar,poderia voltar para Braeburn, e não revelá-lo nunca mais”.“Esse homem não entende nada” balbuciou Hannah com

insólita franqueza.- “Não se preocupe, não direi nada, atéquando você me dê permissão. Alicia sabe?”“Não, mas o direi logo: não posso esconder minha

condição e ela tem uma vista penetrante”.“Termina o caldo, pequena. Mandar-te-ei pão seco:

deveria ajudar a sua digestão”.O caldo e o pão lhe fizeram bem, e Gillian se sentiu aliviadadepois de ter revelado a Hannah sua condição.Gizela já a conhecia, mas ela estava inundada em ummundo todo dela, que poucos compreendiam.Gillian permaneceu em seu quarto até quando Alicia lhe

veio anunciar a hora do jantar. Escutou um bulício no salãoe desceu as escalas angustiada, com a sensação sempremais forte que tinha acontecido algo de ruim. Logo notouos homens que entravam pela porta, junto a uma rajada devento e de neve.Niall trazia nos braços uma mulher de rosto muito pálido elábios azulados. Gillian avançou para oferecer sua ajuda,mas uma mão tomou o braço.

“Deixa-o assim, pequena: essa só traz problemas”“Necessita de ajuda” insistiu Gillian.- “Vá procurar os

remédios” avançou, para deter-se de repente, estupefata.Agora compreendia a advertência da Gizela: a mulherentre os braços do Niall era Seana.“O que faz ela aqui?” perguntou.“Encontramos -a ” explicou Ross.- “Seu cavalo estava

quase moribundo e ela se perdeu na tempestade de neve”.“E por que a trouxeram aqui?”“Ravenscraig era o lugar mais próximo. O que devíamos

fazer, deixá-la morrer congelada?”



“esqueceu que tentou te envenenar?” replicou Gillian comum brilho de ira nos olhos.Seana se reanimou justo nesse momento e fez gesto a Niallque a colocasse a terra.

“Acusa-me injustamente: eu nunca faria mal a Ross”“Então por que fugiu, em vez de ficar e se defender?”“Escutei Gizela me acusar de ter tentado envenenar Ross

e temi por minha vida”“E por que não voltou para sua casa, em troca de se

refugiar com Angus Sinclair?”“Minha madrasta não me teria acolhido, E você não tem

direito me acusar, quando esteve na cama com Angus

Sinclair” .Gillian a ignorou e se dirigiu a Ross.“Nunca fui para à cama com o Angus Sinclair” repetiu.-

“É mais, o acusei de conspirar para te matar e o desafiei;estava tão furiosa que o teria despedaçado, mas quandocompreendeu que não conseguiria me derrotar , chamou aseus homens para que me desarmassem e me trancou natorre. Ainda estaria lá se Seana não me tivesse libertado:

tinha posto seus olhos sobre Angus Sinclair e minhapresença interferia com seus planos”Seana a olhou incrédula.“É uma mentirosa, Gillian: não era prisioneira de Angus,

mas sua amante.E parecia bastante contente decompartilhar seu leito”“Se estivesse contente por que escapei?”

Seana encolheu os ombros.

“Possivelmente se cansou de Angus, depois de terdescoberto que não era um amante excepcional”“E é por isso que você foi?”

Seana se apertou contra Niall e o olhou com adoração.“Não. Dei-me conta de ter me equivocado de fugir de

Ravenscraig, além disso sentia a falta de Niall”“E depois a mentirosa sou eu” - saltou Gillian desdenhosa.“Agora basta! -Interveio Ross exasperado. “envenenou

o meu caldo, Seana?”“Não. por que teria querido sua morte? Em um certo

momento fomos importantes um para o outro, Ross”



“Você e Sinclair induziram a seu pai a tentar me matar?”“Quem te disse algo assim?”“Seu pai disse a MacKay”“E você acreditou? Tearlach MacKay é falso como sua

filha; logo descobrirá que foi ele a conspirar para te matare que sua filha sabia.“Meu pai é um homem de honra” replicou Gillian com

tranqüila dignidade.- “Foi precisamente ele a propor a pazentre nossos clãs. Além disso não estava aqui quandoGizela descobriu o caldo envenenado”“Você, em troca, estava” replicou Seana maligna -“E

como podia saber Gizela que o caldo estava envenenado?

Provou-o, possivelmente?”“Leve Seana a seu quarto, Niall”- interveio Ross, “Tenho

suficiente desta história”“Então pode ficar?” perguntou Niall esperançado.“Agora não está em condições de voltar para a fortaleza

de seu pai”- “Pode ficar até quando não esclarecer esteassunto”- respondeu Ross seco.Logo se afastou a grandespassos.

Seana lançou a Gillian um olhar de triunfo e seguiu Niall asua antecâmara.Gillian se deixou cair em uma cadeira, desalentada ante aidéia que Ross estava mais propenso a acreditar em suaex-amante antes que em sua própria mulher. Já a situaçãoentre eles estava deteriorada a tal ponto de voltar a pensarem sua decisão de deixar Ravenscraig.Seana era uma mulher falsa e perigosa, uma traidora da

que não se podia confiar.Continuava a nevar, e Gillian se deu conta que o mautempo impedia Ross de visitar MacHamish para interrogá-losobre sua filha. Além disso duvidava que Niall conseguisseimpedir Seana de provocar problemas.levantou-se e subiu a escada, direta a seu quarto; em diasse sentia mais cansada que de costume.“Parece preocupada, minha senhora” comentou Aliciaenquanto a ajudava a se despir.- ”Compreendo você:segundo Gizela, Seana só traz problemas”



“Sim, essa mulher é um verdadeiro espinho no coração”admitiu Gillian, enquanto Alicia a ajudava a colocar umaquente camisola.- “Não entendo por que abandonouAngus Sinclair”

“Mamãe e eu a vigiaremos, embora não será fácil seguircada um de seus movimentos”“Obrigado, Alicia. Você e sua mãe foram duas boas

amigas para mim; não sei como teria feito sem vocês.Agora vá dormir, deve estar cansada também ”“Não quer que escove seu cabelo?”“Não obrigado, eu faço isso”“Durma bem, minha senhora”

Quando ficou sozinha, Gillian tomou a escova e começou apassá-lo pela longa cabeleira acobreada, um exercício quesempre conseguia acalmá-la. Estava dando a últimaescovada quando a porta se abriu, deixando entrar umamulher. No começo pensou que se tratava da Alicia, quedeveria ver se ainda necessitava algo mais, mas o sorrisomorreu em seus labior ao reconhecer Seana.Gillian se levantou: em nesse momento queria ter à mão

sua espada.“O que quer? Deveria estar com seu marido”“Niall voltou para salão para beber com os homens. Disse-

lhe que estava exausta e que tinha necessidade derepousar, depois da dura prova que enfrentei hoje”“Se não se sente bem, o que faz aqui?”

Seana avançou até quase tocá-la.“Deveria tê-la deixado murchar naquela torre” murmurou.

“As coisas não se deram como eu esperava: Angus estavafurioso comigo. Penava que te tinha obrigado a se lançarpela janela”“Sinto muito se seus planos não tenham funcionado, não

é minha culpa”“Sim; em troca. te liberar da torre foi um engano muito

grave. E além disso,você tem Ross e eu não tenho nada”“Tem Niall” lhe recordou Gillian. “Se preocupa por você,

embora você não se importa com ele”



“Niall é um estúpido: poderia ter chegado a ser o chefe doclã MacKenna…teria sido tão fácil, quando Ross estava aponto de morrer”.“Niall lhe é fiel e não o trairia nunca, Não são todos

malvados e falsos como você”Seana se aproximou ainda mais e emitiu um grunhidoameaçador. Gillian retrocedeu e tomou a asa da jarra deágua a suas costas.“Nem o tente, Seana” lhe advertiu.- “Aconselho-te que

volte com Niall para meditar sobre seus pecados. Ele nãote permitirá que faça mal a Ross; conviria-te a demonstrarser uma boa esposa”

“Não me diga o que devo fazer! Gritou Seana.- “Parece-me que você tem mais problemas que eu: ninguém te queraqui e soube que não dorme mais com Ross. Deveriavoltar para Braeburn: lá estaria segura”“Mais segura do que quem?”

Seana se virou para a porta.“Adivinha” a provocou.

Enquanto saía, Gillian sentiu um estremecimento gelado ao

longo das costas. Gizela tinha razão: Seana era uma víboraperigosa e ela devia cuidar de suas costas, se queria ter aseu filho. Talvez o conselho da Seana não era tão absurdo.

Talvez teria sido melhor que tivesse voltado para Braeburn.

Ross caminhava em seu quarto, oprimido pela sensaçãoque estivesse acontecendo algo ruim. Recordando as

advertências da Gizela,se perguntou se consentir a Seana apermanecer não seria um engano. Gillian lhe tinha dirigidograves acusações e ele não sabia se lhe acreditava ou não.Certo, não podia deixá-la morrer de frio na tempestade deneve, tal como tinha acontecido com Gillian; entretanto,não tinha provas seguras contra ela, só suspeita. Em todocaso estava confuso: se Seana tinha tentado de verdadeenvenená-lo, devia estar em guarda e pôr à parte a ira comrespeito de Gillian e escutar o que tinha a dizer.

Tomada essa decisão, Ross deixou seu quarto com umavela e se dirigiu ao solário. Diante a antecâmara de Gillian



tocou devagar a porta, mas ao não receber resposta aempurrou e entrou.Ela já tinha se retirado para dormir, porque as cortinas dacama estavam fechadas. Pôs a vela no velador, abriu as

cortinas e pôs dentro a cabeça.“Gillian, está acordada?”

Ela se moveu debaixo das mantas e abriu os olhos.Quando o viu se sentou de um salto e se esfregou aspálpebras.“Agora o estou. O que quer?

Ross se sentou a beira do leito.“Falar com você”

“Sobre o que?Ross a olhou quase perdeu a capacidade de falar: oscabelos emaranhados-lhe emolduravam o rosto como umachama viva, o seio parecia mais cheio e os mamilosdelineados sob a camisola maiores que antes.Gillian pareceu dar-se conta de seu improvisado interesse,puxou até o queixo as mantas.“me diga que quer” repetiu.

Ross afastou o olhar de seu corpo atrativo e limpou a voz.“vim em busca da verdade”.“Já lhe contei isso, mas você não quis acreditar em mim”“repita-me isso. você e Seana tem versões muito

diferentes nesta história”Gillian encolheu os ombros.“A que serviria? até agora nunca acreditou no que disse”“Pode provar que Seana e Sinclair conspiraram contra

mim?”“Para sustentar minha versão só tenho a palavra de

MacHamish”“irei interrogá-lo apenas se o tempo o permitir, enquanto

isso não sei o que esperar da Seana: se for culpada, talveztentará outra vez com algo malvado”“Eu tenho certeza que sim- replicou Gillian- Fique atento,

Ross.E agora se era isso o que queria me dizer, desejo-teboa noite”Ross alargou uma mão e lhe afastou uma mecha da testa:a onda de calor provocado por esse leve roçar o deslocou e



também Gillian a sentiu, já que aumentou os olhos eretrocedeu brusca. Ross sabia que devia haver-se ido, masseu corpo recusava obedecer e exigia algo mais que aquelebreve contato.

Tomou o rosto entre as mãos, inclinou-se para beijá-la;pensava em um leve toque, tanto para satisfazer o desejopor tanto tempo frustrado, mas não pôde retroceder e obeijo se fez sempre mais ardente. Posto que Gillian não lhecorrespondeu, Ross levantou a cabeça e a olhou nos olhos.Compreendeu a pergunta que pretendia lhe fazer aindaantes de escutá-la.“por que faz isto?”

“Porque não posso deixar de sentir saudades ”inclinou-se sobre ela, prendendo-a contra seu corpo e ocolchão, tomou as mãos as colocou sobre a cabeçaenquanto continuava a beijá-la. Gillian não protestou e eleas soltou para depois lhe tirar a camisola e lhe cobrir debeijos o seio suave.Sentiu o corpo do Gillian se relaxar sob o seus e seusbraços que o estreitavam, então se levantou depressa se

livrou da roupa, voltou nu ao leito e a abriu as pernas,preparado para entrar nela.“Não” murmurou Gillian empurrando-o .Ross fez por

levantar-se: muito desiludido por essa brusca mudança,não queria forçá-la.- “Fique ”o deteve, colocando-seescarranchada sobre ele.“Não terminei com você”

Ross deixou escapar um gemido enquanto as mãos de

Gillian começavam a acariciá-lo sempre mais audazes,seguidas pela língua e os lábios. Gemeu e se arqueou comviolência quando suas carícias ardentes lhes fizeramalcançar um fulminante prazer; morria de desejo deinundar-se nela, mas antes queria lhe devolver todo oprazer que merecia.Que fosse culpada ou não, desejava essa chama que já lhetinha consumido a alma.dedicou-se a beijá-la com paixão e Gillian lhecorrespondeu com igual ardor. Então não conseguiu maisesperar e penetrou nela de uma só investida, enquanto



sensações nunca experimentadas antes o enrolavam comsua violência.Cobriu-lhe a garganta com beijos suaves, depois tomou omamilo em sua boca e começou a sugar, gostando dos

gemidos de prazer e estímulo que escapam de seus lábios.Envolto por uma necessidade a qual era impossível resistir,Ross começou a mover-se com investidas sempre maisprementes e ela arqueou os quadris para acolher invasãodoce e impetuosa ao mesmo tempo. À medida quealcançavam o êxtase, Gillian só podia pensar nassensações paradisíacas que compartilhava com o Ross.Logo todo pensamento racional desvaneceu, envolto por

uma onda sem fim.Gillian não o sentiu deslizar-se fora dela, nem se deu contade sua expressão intensa enquanto abandonava o leito ese afastava: adormeceu.

Ross voltou para sua austera antecâmara aturdido; queriapermanecer com sua esposa,queria estreitar seu corpoquente e saber que estava com ela ao despertar.

Queria lhe acreditar, mas necessitava tempo para pensar etomar a decisão justa para ambos.Cansado das tempestades de neve que os tinham isolado edas circunstâncias que faziam de sua vida um inferno.Ross apagou a vela se despiu e se deitou. Duas mãossuaves o agarraram e ele se deu conta que não estavasozinho: a mulher que encontrou em sua cama estava nuae decidida a seduzi-lo.

“vim apenas porque Niall dormiu - murmurou Seana.“soube que não dorme mais com Gillian e não queria quese sentisse sozinho”.Ross desceu da cama de um salto e acendeu a vela.“Volte para o seu marido” lhe ordenou com cólera.- “Não

preciso de você, nem esta noite nem nunca”.Seana se sentou sem preocupar-se de esconder seu seionu.“Talvez se converteu em um monge? Desde quanto

tempo que não está com uma mulher?”



Ao invés de responder, Ross encontrou no piso suacamisola e a lançou; Seana o olhou desdenhosa e a lançoulonge.“Não posso acreditar que pretende permanecer fiel a uma

mulher que te traiu. Eu estava lá, Ross: vi Gillian e Anguscativados pela paixão, enquanto você estava moribundo.“É sua palavra contra a de Gillian” replicou ele. Sua

paciência chegava ao limite: já estava quase convencidoque todos em Ravenscraig, exceto Gizela, Alicia e Hannah,estavam equivocados com respeito a Gillian.Por outro lado conhecia bem Seana para saber que nãoteria duvidado em mentir e até usar veneno, se tivesse

servido para obter o que queria.“Então confia na filha de seu pior inimigo?” o provocou

ela.“Seu pai tratou que me matar; Isto talvez, não o converte

em um inimigo?“Não. É toda culpa do Angus Sinclair: mentiu-lhe sobre o

modo em como era tratada lá, obrigando-o a defenderminha honra”.

“Você não tem honra” replicou Ross com desprezo. “Eagora vá, antes que te expulse”.Seana se deu conta que falava a sério, deslizou-se fora doleito. Tomou sua camisola que lhe estendia e a colocou.“Tem certeza de que quer que vá?” insistiu uma vez mais,

esfregando seu corpo seminu contra o seu.Ross a empurrou para longe, dirigiu-se para a porta e aabriu.

“Certíssimo.Boa-noite, Seana”.Lhe lançou um furioso olhar e se afastou.Ross fechou com chave a porta e voltou para a cama, masenquanto o sono não chegava: continuava a pensar emGillian e como seu duro comportamento a devia ter ferido.

Tinha-a rechaçado publicamente, entretanto, nãoconseguia controlar o desejo que sentia por ela.Começava a pensar que aquela desenfreada ânsia nãoacabou com seus sentimentos concernentes a sua belaesposa de chamejantes cabelos.



Quanto mais pensava em Gillian, algo vago e ao mesmotempo premente o atormentava; se tivesse ficado com ela,talvez teria satisfeito sua curiosidade.Em troca tinha escapado como um covarde, muito confuso

para enfrentá-la, e agora tentavam em vão acalmar-se, serepetindo se estava imaginando coisas inexistentes.

Quando Gillian despertou, na manhã seguinte, lá foraresplandecia o sol.Um sorriso se desenhou em seus lábios: por mais quetentasse negá-lo Ross ainda a desejava, e não só por umanoite, mas para sempre.Tal vez, sem razão, amava-a.

Por mais desiludida de não encontrá-lo a seu lado aodespertar, pensou que Ross freqüentemente se levantavaantes que ela.Em todo caso, tinham uma vida inteira para passarem

juntos.Alicia tocou a porta e entrou com um sorriso radioso.“bom dia, minha senhora. deixou de nevar e há sol. É

incrível como o bom tempo consiga levantar a moral de

todos”.“É verdade: às vezes são as pequenas coisas que mudam

o modo de ver a vida” comentou Gillian. Na realidade fazeramor com Ross não era uma coisa tão pequena.- “meajude a vestir. Morro de fome”“Segundo minha mãe é um bom sinal” observou Alicia

com um sorriso ainda maior.- “Significa que o meninocresce bem”.

Gillian colocou as mãos sobre seu estômago poucovolumoso; era muito cedo para senti-lo mover-se, massabia que o filho de Ross estava ali.sentiria-se contente ao saber que seria pai? Queria dizer-lhe na noite anterior, mas tinha adormecido bruscamente,exausta, e a seu despertar Ross já havia ido.Gillian vestiu um vestido verde escuro com as borde corsalvia, adicionou um cinturão dourado e deixou que Alicialhe penteasse os cabelos com um estilo que a favoreciamuito, logo se colocou sobre os ombros a capa, decidida aparecer bonita para Ross.



depois da apaixonada união dessa noite tênia grandesesperança para seu matrimônio e queria conquistar asimpatia do clã MacKenna.Gillian saiu da habitação, deixando a Alicia ordenando a

antecâmara e desceu a escada eufórica. Ao chegar aosalão não viu a presença de Ross, e se aproximou deGordon a mesa de honra.“bom dia” o saudou cordial. “Onde está Ross esta

manhã?”Gordon lhe deu um estranho olhar.“Abandonou Ravenscraig”“Onde foi?”

“Decidiu aproveitar o bom tempo para ir visitarMacHamish com Niall e alguns outros. Estarão fora dois outrês dias; deixou-me responsável pela fortaleza durante suaausência”.Gillian advertiu um nó no estômago e sentiu desaparecertodas as suas rosadas esperanças: a visita a MacHamishsignificava que Ross não lhe tinha acreditado.A noite logo que transcorrida não significava nada para

ele?“deixou alguma mensagem para mim?”“Não que eu saiba. Partiu de improviso, para aproveitar o

bom tempo”.Gillian esboçou um sorriso forçado quando lhe pôs dianteseu costumeiro prato de ovos e presunto, mas não fez maisque provar um bocado quando uma repentina náusea aatacou. Mal teve tempo de levantar-se e correr onde

vomitou tudo antes de chegar a seu quarto. De repente sedeteve olhou a seu redor desconfiada: tinha a estranhasensação que alguém a estava observando, mas ocorredor estava deserto. Então decidiu que sua imaginaçãoestava lhe pregando peça e entrou na antecâmara.Alicia lhe enviou um caloroso sorriso, que se converteu emuma careta de preocupação ante sua palidez.“Não se sente bem, minha senhora?”“vomitei o café da manhã” respondeu Gillian. “Não

acredito que seja nada de grave, mas pensava me recostarum pouco antes de almoçar”.



“Posso te oferecer algo?”“Possivelmente um pouco de pão torrado me ajudará a

acalmar a náusea”.antes de ir, Alicia a ajudou a despir-se e meter-se na cama.

Ficando sozinha, Gillian fechou os olhos e voltou a pensarno que Ross lhe havia dito e feito a noite anterior.Não tinha aludido a uma visita a MacHamish, por outrolado não podia saber que o tempo tinha melhorado.abandonou-se ao sono e despertou na metade da tardebastante faminta, comeu o pão torrado deixado por Alicia epermaneceu em sua habitação pelo resto da jornada,vestindo-se só para descer para jantar.

Quando saiu, Gillian de novo se sentiu observada eenquanto avançava para a escala, foi presa por umcalafrio de temor. Alguém lhe desejava o mal oupossivelmente essa estranha ansiedade era provocadapela gravidez?Na primeira ocasião perguntaria a Gizela; Gillian suspiroucom alívio quando finalmente chegou ao salão e se sentouao lado de Gordon.

Seana chegou um pouco depois e tomou lugar do outrolado do tio de Ross; Gillian a ignorou e gozou do jantarsem os inconvenientes da manhã.Visto que os presentes não se mostravam muito amigáveis,desculpou-se imediatamente depois de ter terminado e sefoi, seguida pelo olhar malévolo de Seana.Essa noite dormiu mal.Devido que na manhã sempre sofria de náuseas, preferiu

não mostrar seu mal-estar aos homens de Ross, e nos doisdias seguintes consumiu em seu quarto o café da manhãcomo o almoço. Na noite em troca se encontrava bastantebem para descer ao salão.Entretanto, a sensação de ser observada e ameaçada porum perigo misterioso, continuava e se fazia mais intensa.Em todo caso, esse dia Gordon tinha anunciado que Rossera esperado para antes da noite e Gillian estava decididaa descer para jantar no salão.depois de uma ausência de vários dias, Gizela apareceu noquarto de Gillian enquanto Alicia a ajudava a vestir-se.



“Onde estava?” perguntou-lhe - “Faz tanto que não tevejo e te queria pedir um conselho”.“Sinto muito, mas uma mulher na aldeia teve um parto

difícil, chamaram-me quando Ross partiu e fiquei até

quando não tive a segurança que o menino teria vivido. Eagora me escute: deve estar atenta.Está em grave perigo”“O que quer dizer”? perguntou Gillian alarmada.

Gizela fechou os olhos. “Vejo escuridão. Vejo perigo.Alguém está tentando apagar a chama”.“Assim assusta a Gillian” lhe reprovou Alicia.- “Vá com

seus presságios de desventura”.“Ross volta esta tarde” adicionou Gizela afastando-se

para a porta.“Não a escute, minha senhora” tentou acalmá-la Alicia.-

Desça para saudar seu marido”.Vestindo seu vestido mais belo e envolta na capa paramanter-se quente, Gillian deixou sua habitação em umestado de excitada ansiedade: agora que teria sabido averdade de MacHamish, Ross não a teria acusado de havê-lo traído e enganado.

Escutou imediatamente o clamor que vinha do salão, logonotou desconsertada que o corredor estava sumido naescuridão: a tocha que geralmente o iluminava estavaapagada. propôs-se de dizê-lo a Donald e se deteve notopo da escala.Sentiu um rangido a suas costas e lhe veio à mente asadvertências de Gizela: advertiu uma sensação de perigo,mas antes de poder reagir, alguém lhe deu um empurrão

lhe fazendo perder o equilíbrio.Enquanto caía pelas escadas, Gillian lançou um grito cruzouos braços sobre seu estômago para proteger ao bebê.Enquanto isso, abaixo Ross se esquentava perto dachaminé e relatava a Gordon o encontro com MacHamish.de repente Gizela apareceu a seu lado e lhe puxou amanga.“te apresse, senhor; se não se mover imediatamente.

Será muito tarde para salvar a chama e a faísca que vivenela”.



“Agora não tenho tempo, Gizela: estou falando com meutio” disse Ross impaciente.“Se esperas um instante mais, depois será muito tarde

para conseguir salvá-los” insistiu ela.

“Agora, basta! Gritou Ross. “Eu…”“Possivelmente seja melhor que lhe faça caso” interveio

Gordon.- “Parece transtornada, e nós podemos semprecontinuar mais tarde nossa conversa”.Ross se levantou com um suspiro.“Guia-me, Gizela. Espero que você tenha uma boa razão

para me incomodar”Gizela não respondeu; correu e ele a seguiu. Tinha chegado

ao fundo da escala, quando ouviu umGrito e soube que Gillian estava em problemas. Empurrou àanciã e correu para cima, saltando dois degraus de umavez, viu Gillian caindo e conseguiu tomá-la em seusbraços.De repente Gordon e Niall apareceram a suas costas e osustentaram, para que não caísse para trás junto a suaesposa.

“Escutamos um grito e tentamos chegar o mais depressapossível.“O que aconteceu?” perguntou Gordon“Não sei”- Ross baixou o olhar para Gillian: seu rosto

estava branco como um lençol e os olhos fechados.-“Agora não está em condições de falar. Pode me soltar, tio.Quero levá-la para o quarto. Você chame Alicia e encontreGizela: conduziu-me até aqui, mas agora não a

vejo.Necessitaremos de sua ajuda”.Reatou subir a grandes passos. Sua preocupação aumentouquando Gillian oprimiu as mãos sobre o estômago com umgemido.“Como está? Perguntou ansioso.

Ela abriu os olhos e Ross notou que estavam ofuscados dedor e confusão.“O bebê - murmurou com voz baixa e ele pensou ter

ouvido mal.Não se surpreendeu quando encontrou Gizela esperando-osna antecâmara.



“Ponha-a na cama” lhe ordenou- “Com cuidado: estámuito delicada”.Ross recostou sua esposa ao centro do leito e se afastouenquanto a curandeira a apalpava em busca de eventuais

fraturas e lhe falava em voz baixa.“E então?” perguntou impaciente.“Não há ossos quebrados, por sorte, embora talvez tenha

sofrido um trauma na cabeça”.Ross suspirou aliviado, até quando observou a expressãograve da Gizela. Então a levou a um lado para que Gilliannão escutasse.“O que outra coisa há?”

“Poderia perder o bebê”“Qual bebê?”“Gillian não lhe contou?”

Ele moveu a cabeça consternado.Nesse momento Gillian abriu os olhos; voltaram para suacabeceira e ela passou o olhar de um a outro.“O bebê está bem?” perguntou a Gizela.“Agarra-se com tenacidade à vida. Prepararei-te uma

infusão que ajudará a não perdê-lo” Saiu rápido do quarto,deixando-os sozinhos.“foi uma feia queda, mas por sorte não quebrou nada”

observou Ross.“Não caí; me empurraram”“Empurraram?” explorou Ross- “E quem fez uma coisa

assim? diga e será castigado”“Não sei. Não vi nada. Graças a Deus que você chegou a

tempo”.“Não, graças a Gizela. Tem certeza que não tropeçou no

vestido?”“Sim, tenho certeza”.

“Encontrarei a culpado e o castigarei” prometeu Ross comvoz dura.“por que não me disse?” adicionou olhando-apreocupado.Gillian imediatamente entendeu o que lhe estavaperguntando.“Não estava preparado para semelhante noticia”

Seguiu um comprido silencio.



“É meu?” perguntou Ross finalmente.Ela empalideceu.“Se tivesse minha espada te transpassaria por haver feito

semelhante pergunta”

Ross imediatamente estava arrependido: tendo falado comMacHamish, sabia que Gillian pretendia seriamente matarAngus Sinclair.“Me perdoe, amor”

Nenhuma resposta: Gillian tinha perdido o sentido.Ross ficou a massagear os pulsos de Gillian e a chamá-ladevagar por seu nome.O que lhe tinha feito? depois de saber que seria pai, tinha-a

insultado e ofendido! Como tinha podido tratar assim àmulher que amava?de repente sentiu que lhe faltava o fôlego: Amava deverdade a sua esposa? Não se tinha dado conta até quandonão tinha arriscado perdê-la, mas agora sabia que a vidasem ela seria insuportável.Ross lançou um suspiro de alívio quando Gizela voltoucom a infusão, seguida por Alicia que trazia um cesto cheio

de ataduras limpas cobertas de neve fresca.“Não reage” explicou Ross presa do pânico.- “O que

tem?”“Está sem sentido, mas viva. trouxe neve para a ferida da

cabeça: a água fria deveria reduzir o edema”.Gizela inundou a atadura na neve que estava derretendo,espremeu-a e a posou sobre a testa de Gillian, logo adespiu com ajuda de Alicia.

Ross insistiu para colaborar e se sobressaltou quando viuos hematomas que cobriam o corpo de sua esposa.Enquanto ajudava à curandeira a colocar na sua mulher acamisola, continuava a perguntar-se por que Gillian lhetinha escondido que esperava um menino.“Gillian me escuta?” chamou-a ansioso. “Rogo-te para

que não me abandone”.Ela abriu os olhos; Gizela notou que estavam corajosos eatentos e assentiu satisfeita.“Nada de danos à cabeça. Agora devemos fazer que o

menino permaneça onde está”.



Tomou a taça e a levou aos lábios de Gillian.“Vamos, bebe: é uma infusão especial e te ajudará a não

perder o menino”Gillian obedeceu dócil, logo se abandonou contra os

travesseiros e fechou os olhos.“por que está tão pálida?” perguntou Ross.“Você também estaria, se tivesse suportado um susto tão

terrível. Não tema: nela a chama arde luminosa. Tudoacabará bem. Agora vou à cozinha preparar outra infusão.Venha, Alicia: Ross precisa estar um pouco sozinho comsua esposa”.Ross lhe agradeceu e se aproximou do leito e tomou a

mão inerte de Gillian. Queria saber mais do menino: Desdequando estava grávida e por que não lhe tinha informado?Gillian abriu os olhos.“Ross…”“Estou aqui. Quer me falar de nosso menino?”“Vá embora: estou muito zangada para falar com você e

preciso conservar minhas energias. Se quer me ajudar,encontre quem me empurrou escada a baixo”

“Perdoa minhas cruéis palavras” a implorou Ross. “faleisem refletir: sei que não me traiu e te prometo que quemte empurrou será severamente castigado”Ela virou a cabeça para não olhá-lo.Atormentado pelo remorso, Ross suspirou devagar: talvez,não era esse o momento mais adequado para lhe declararseu amor.“Está bem, deixo-te repousar.Alicia ficará com você”

Logo que saiu, a moça entrou no quarto e se sentou àcabeceira de Gillian.Ross desceu a escada com o coração pesado; dirigiu-se aum banco onde Gordon e Niall estavam falando em vozbaixa.“Como vai ela?” perguntou seu tio.“Segundo Gizela se recuperará: curou-lhe os hematomas

e o golpe da cabeça, mas…”Não conseguiu continuar e Gordo o olhou desconcertado.“O que acontece?”



“Gillian poderia perder o filho que está esperando”completou Ross com voz destroçada.“Será pai?- Perguntou Niall entusiasmado. “por que não o

havia dito?”

“Soube-o faz poucos minutos: estou surpreso igual avocês” confessou Ross. deixou-se cair a seu lado, aceitou ataça de cerveja que alguém lhe estendia e tomou um longogole.“Há algo mais, não é?” perguntou Gordon.“Gillian sustenta que alguém a empurrou escada abaixo”.“Quem poderia fazer uma…” protestou Niall, para

interromper-se ante a chegada de vários homens.

Ross reconheceu Tearlach Mackay acompanhado porMurdoc e vários membros de seu clã.Certamente não era o melhor momento para uma visita;além disso seu aspecto ameaçador não fazia pressagiarnada de bom.“Bastardo! Gritou Tearlach desembainhando a espada -

“Minha filha morreu e é sua culpa!” Em guarda, MacKenna!Ross permaneceu imóvel, muito surpreso para defender-se,

o outro o teria despedaçado se Gizela não se houvesseinterposto entre eles.“Detenham-se! Sua filha não morreu, Tearlach

MacKenna!”Este se deteve assombrado.“Gillian está viva?” perguntou a Ross“um pouco machucada, mas viva. por que pensava que

estava morta?”

“Angus Sinclair enviou a Braerburn uma mensagem com anotícia de sua morte”- Tearlach coçou a cabeça perplexo.-“Sabia que Gillian se encontrava em Ravenscraig e não meveio à mente de me perguntar como Sinclair estava emposse de uma notícia desse tipo. Estava muito furioso parapensar com lucidez. Você tentou repudiar Gillian e dedevolvê-la quando recebi a mensagem de Angus Sinclair,deduzi que a tinha matado”.“Nunca faria mal a Gillian” replicou Ross.- “Estava

zangado com ela, admito-o, mas depois soube que dizia a



verdade. Sinclair, está convencido que se lançou da torrede sua fortaleza”“Os Sinclair , já não são meus aliados” proclamou

Tearlach”- “Enfrentarei-os durante a primavera, agora

pretendo ver minha filha. Como é que não veio mesaudar?”Ross limpou a voz.“Hoje Gillian caiu da escada. Não tema, só está um

pouco machucada”. Tearlach lhe lançou um olhar venenoso, mas foi Murdoc oprimeiro em reagir.“Se não poder proteger a minha irmã, será melhor que a

levemos conosco a Braeburn”“Justo” aprovou o pai.“Vocês não a levam a nenhuma parte” replicou Ross com

dureza.“A última vez que falamos, estava ansioso para se livrar

dela -”lhe recordou Tearlach.“Após as coisas mudaram ““Quero ver minha filha”.

“Levarei-te a ela, assim saberá que está bem”.

Gillian escutou o bulício no salão e se perguntou que coisaestava acontecendo. Ross possivelmente teria descobertoquem a tinha empurrado? Suspeitava de Seana, mas nãopodia contar com provas ou testemunhas.Depois a porta se abriu de repente e Ross, seu pai eMurdoc entraram no quarto.

Nunca tinha estado mais feliz de ver seus familiares,especialmente depois que Ross tinha duvidado que o filhofosse dele. Depois se tinha desculpado, claro, mas ela nãoestava segura de poder perdoá-lo.“Papai, Murdoc!” exclamou feliz. Queria levantar-se e

saudá-los, mas Gizela lhe tinha proibido deabandonar o leito, até quando o perigo de perder o bebênão tivesse passado.- “O que fazem aqui?

Tearlach correu a sua cabeceira com lágrimas nos olhos.“Ah, pequena, como sou feliz de ver que está viva e ilesa!



“por que não deveria estar ? Só caí pela escala e Gizelaestá segura que logo me recuperarei -respondeu elaperplexa.

Tearlach retrocedeu para olhá-la e enrugou a testa.

“Está pálida como um trapo e tem um enorme galo nacabeça” replicou.- “Seu marido te maltrata? Devi te haverlevado para casa, quando me pediu isso”Gillian deu um olhar de fogo a Ross.“Não, não me maltrata”.“nos deixe sós MacKenna. Quero falar com Gillian.

Murdoc, pode ficar !”“Não pode me dar ordens em minha casa! Protestou Ross

indignado.“Vá”, pediu-lhe Gillian.”Quero falar em particular com

minha família”.“Não acredito que…”começou ele.“Este é o problema, Ross: você nunca pensa”.

Ross quis rebater, logo renunciou e saiu a grandes passos,enquanto MacKay se sentava ao lado do leito de sua filha.“por que Sinclair está convencido que você está morta?

Mandou-me uma mensagem e eu vim imediatamente aqui”“Angus acredita que me lancei da torre de sua fortaleza,

evidentemente ainda não sabe que estou sã e salva”.“Em todo caso, não tem um bom aspecto. Sei que caiu

pela escada, mas há algo mais”.“Seana MacHamish está aqui” respondeu Gillian com um

suspiro.- “Ross a deixou voltar, contou que fui até Sinclairpara ser sua amante e Ross acreditou, mas pouco a pouco

começou a mudar de idéia, me dando a esperança quepode estar apaixonado por mim”.“por que não? É uma moça adorável, quando não tem

uma espada na mão” brincou Murdoc com carinho. “E oque aconteceu?”“Não foi um acidente: alguém me empurrou”.

Tearlach se levantou.“MacKenna não me disse nada! Quem foi?”“Suspeito de Seana MacHamish, mas não tenho provas”

respondeu Gillian



“Ocupar-me-ei eu dela” prometeu Murdoc em tomameaçador.“Está casada com o Niall MacKenna, pelo menos durante

um ano e um dia. Se a tocar, a guerra se reatará. É isto o

que quer?”“Não! Não quero mais ver morrer um filho” se opôs

Tearlach.- “Quando estará em condições de viajar,pequena? Parece que o tempo se sustentará por algunsdias: poderíamos te instalar em uma carroçacom muitas mantas e peles para levá-la a Braeburn, ondeestará segura”“Espero um filho de Ross” lhe revelou Gillian depois de

uma longa reflexão.- “E não acredito que ele me permitapartir”.“Oh,sim que o fará” gritou Murdoc ameaçador.-

“Falaremos nós”“Se prefere podemos levar Gizela ao Braeburn” ofereceu

Tealach.“Mary te receberá com os braços abertos” adicionou seu

irmão “Também espera um filho

Tearlach MacKay se levantou radiante.“Em poucos meses estarei rodeado de netinhos.“Não diga nada ao Ross” advertiu Gillian.”Se o anúncio

vier de minha parte, haverão menos problemas entre osclãs”“Está bem, pequena, mas eu não mudarei de idéia”.“Ross MacKenna pode dizer o que quiser: você volta para

casa com Murdoc e comigo”.

Quando deixaram o quarto, encontraram Ross quecaminhava inquieto no corredor.“Gillian quer falar com você” anunciou Tearlach.”Nós lhe

esperamos lá embaixo.Gillian refletiu com cuidado o melhor modo de enfrentar aseu marido: não queria que a guerra entre os clãs reatasse,mas também devia defender seu menino.“Seu pai disse que desejava falar comigo” começou Ross ,

deixando cair na cadeira logo que deixada livre por Tearlach.- “Estou contente, porque esperava estar umpouco a sós com você: peço-te perdão outra vez. Nunca



duvidei que o filho fosse meu e fui cruel e insensível ainsinuar o contrário”.“Não tem idéia quanto sua atitude me fez sofrer”

murmurou Gillian.

Ross aparecia tão abatido, que não pôde fazer menos queabrandar-se.“Sei que foi visitar MacHamish. “O que lhe disse?”“confirmou tudo o que você sempre sustentou. Dizendo a

verdade, já sabia que não tinha mentido”respondeu Ross.“Entretanto, foi a visitá-lo: minha palavra não te bastava e

preferiu acreditar na versão de Seana” insistiu Gillian comamargura.- “Pensava que fazer amor aquela noite fosse

um novo início mas ao pensar que iria rechaçar a nossofilho, rechaçou a mim também“me perdoe, rogo-te: estava com ciúmes. Odiava a idéia

que preferia Sinclair do que a mim”“Não sei se posso te perdoar, mas expulsar Seana seria

um bom modo para começar a salvar nosso matrimônio.Estou certa que foi ela a que me empurrou escada abaixo”.“Se a expulsar, Niall a seguirá” foi a triste previsão de

Ross. “Entristece-me separar dele, mas se Seana for deverdade responsável pelo que te aconteceu, não há outrocoisa a fazer: deverá ir-se imediatamente de Ravenscraig”.“Se a deixa permanecer aqui enquanto tenta descobrir a

verdade, eu não estarei segura.Meu pai quer me levar aBraeburn e eu consenti”Ross saltou em pé.“Já disse que não o permitirei! Você leva meu filho.

Talvez pensa que não posso te proteger?”“até agora não o tem feito:da próxima vez, Seana poderia

conseguir me matar”“Está bem, não me deixa outra escolha” suspirou Ross.-

“Expulsarei imediatamente Seana. Fariaqualquer coisa para evitar que você me abandone”“Sei quanto afeto sente por Niall. Possivelmente

seriamente seja melhor que eu vá a Braeburn enquantotenta descobrir quem me empurrou pela escada”.Ross olhou seus olhos de esmeralda.“Como posso estar seguro que voltará?”



Gillian evitou seu olhar. Procurando em seu coração,encontrou amor mas não o perdão. Até quando nãoconseguisse perdoá-lo, possivelmente era melhor viver emBraeburn.

“Depende de muitas coisas. Quando rechaçou nosso filho,matou algo dentro de mim. Posso me defender com umaespada, mas não proteger meu coração de suas palavrascruéis”.Ross se deu conta que não poderia fazê-la mudar deopinião. Tinha tentado de tudo, salvo lhe declarar seu amore nesse momento lhe parecia muito furiosa e ferida paraescutá-lo.

“Não quero te cansar. Voltaremos a falar mais tarde”Como prometeu Tearlach MacKay o esperava no salão.“Gillian disse que voltará conosco a Braeburn?”“Sim, mas eu não quero que parta: não está em condições

de viajar. Além disso minha esposa espera um filho meu.Cuidar dela é minha responsabilidade. Não quero brigarcom você - adicionou notando sua expressão belicosa,“Você já não tem nenhum poder legal sobre ela. Sou seu

marido e Gillian permanecerá aqui.A tensão se fez cada vez mais intensa, enquanto oshomens dos respectivos clãs estendiam as mãos para asarmas. Gizela apareceu de repente e se inseriu entre osdois clãs olhando-os carrancuda.“Sua discussão é inútil: Gillian não pode viajar. Se não

quiser perder o menino, deve permanecer na cama atéquando eu disser”.

“Minha filha aqui não está segura” insistiu Tealach,empurrando de lado Gizela- “Em troca em Braeburnpodemos protegê-la”“Você me insulta” disse Ross dando um passo adiante.-

“Gillian ficará aqui em Ravenscraig, sob meu amparo”.Gizela empurrou longe aos dois homens com uma forçasurpreendente.“Há outra solução: se não podermos afastar Gillian do

perigo, podemos afastar o perigo dela. Ross já decidiuexpulsar Seana MacHamish”.

Tearlach se relaxou.



“Boa idéia: proverei pessoalmente os homens que aescoltarão de volta a seu pai”Niall se levantou de repente, com o punhos fechados nosquadris.

“Não há razão para expulsar minha esposa, Ross”protestou.”Não fez nada!”“Gillian disse que a empurraram escada abaixo” rebateu

Ross.Logo examinou um por um a seus homens presentes nosalão.“me diga Niall, Quem de nós faria uma coisa assim?”“Ninguém, embora às vezes não confiamos em

Gillian”respondeu Gordon“Isto não significa que foi minha esposa” se obstinou

Niall.“A propósito Onde está Seana?”“Estou aqui, Ross” anunciou ela adiantando-se.“Empurrou Gillian pelas escadas?”“Não, sou inocente”“Isto o diz você” estalou Gizela desdenhosa. - “Sabia que

está esperando um filho de Ross?”“Ninguém sabia, nem sequer Ross” interveio Niall,

atraindo para si Seana.Lhe sorriu sonhadora.“Talvez, Gillian mentiu para atrair a atenção de Ross”“Basta! Trovejou Tearlach MacKay.- “Assim não resolve

nada, O que diz MacKenna?” perguntou para Ross.Ele estava mais que seguro que Gillian havia dito a verdade

e não duvidava de seus homens; por maisque estivesse apegado a seu primo, não podia permitirSeana de permanecer em Ravenscraig.Por que Niall não se dava conta da verdadeira naturezadessa mulher?“Sinto muito, Niall, mas prometi a Gillia, de afastar

Seana. Não posso arriscar a vida de minha esposa e demeu filho”“Se ela se for, vou eu também”“Que assim seja: a escolha é tua”.



“Aonde irão?” perguntou Tearlach.”MacHamish não querSeana em sua casa; envergonha-se profundamente por teragredido Ross”“É verdade” confirmou este.”E o mesmo vale por sua

esposa: espera um menino e não quer perto da Seana”.“Partiremos amanhã de manhã, pediremos asilo a algum

de meus parentes” disse Niall.- De qualquer modo se tratade uma solução temporária: eu também investigarei e sedescobrir que Seana é culpada,a repudiarei.Ross voltou para solário e suspirou aliviado ao encontrarGillian dormindo. Lhe anunciar que não partiria com o pai

não se predizia algo muito fácil. Temia que também Niall enfeitiçado como estava porSeana, não levasse a sério sua maldade; ela conheciavenenos e poções e talvez tentaria novamente fazer mal aGillian. Por isso até que não tivesse abandonadoRavenscraig, Ross estava decidido a ficar perto de suaesposa.Lançou um pouco de lenha ao fogo, despiu-se e se

introduziu no leito. Ter entre seus braços esse corpo quenteera como encontrar-se no paraíso; exausto pelosacontecimentos dos últimos dias, Ross dormiu de umgolpe.A manhã seguinte despertou antes de Gillian e baixou parasaudar os MacKay e a Niall.Quando entrou no salão, seu primo e Seana ainda não seapresentaram.

“antes de voltar para Braeburn, queremos ver partir Nialle Seana” explicou Tearlach,”Não confio nessa moça”-“Eu tampouco” concordou Ross, preso de um imprevisto

estremecimento.- “Mandarei alguém a chamá-los”Fez um sinal a Donald, mas antes que este se aproximasse,Niall entrou cambaleando no salão, e quase lhe caiu emcima.“Onde está Seana?” perguntou com voz pastosa.

Ross o sustentou preocupado.



“O que te fez?” perguntou. Nenhuma resposta. Várioshomens se precipitaram e fizeram sentar Niall em umbanco.“Chamem Gizela” ordenou Ross.

“Estou aqui, senhor”“O que tem minha primo?”“Afastem-se todos: devo examiná-lo”

Ross retrocedeu e fez gesto aos outros para que oimitassem; Gizela examinou as pálpebras e a pele do Nialle farejou seu fôlego.“bebeu uma boa dose de valeriana, provavelmente junto

com vinho. Insuficiente para matá-lo, mas o suficiente

forte para fazê-lo dormir como uma rocha”.“Onde está a bruxa com quem se casou?” trovejou

Tearlach MacKayRoss reagiu com prontidão.“Donald, organiza uma busca em toda a fortaleza.

Gordon, veja se falta algum cavalo e fale com o homem deguarda no portão: havia dado a ordem de deixá-lo abertoprevendo a partida dos MacKay e de Niall e sua esposa, e

tenho a impressão que Seana aproveitou paradesaparecer.“Melhor assim” sentenciou Gizela.- “Vi-a fugir, em uma

visão; estava por dizer quando Niall entrou no salão”“Sabe onde foi?” perguntou-lhe Ross.

Gillian assentiu.“Sim, mas Angus Sinclair não a receberá com os braços

abertos”

Donald e Gordon voltaram pouco depois a informar doresultado de suas investigações.“Seana não está na fortaleza” disse Donald.-“Nos estábulos falta um cavalo e o guarda viu um

cavaleiro afastar-se ao galope pouco antes do amanhecer”referiu Gordon .”Ainda estava escuro; não o reconheceu enão lhe pareceu importante nos informar”.“Bem, espero nos haver livrado de uma vez por todas da

Seana MacHamish” comentou Tearlach. “Quanto a Sinclair,precisa de uma lição: na primavera atacarei sua fortaleza e



quando a tomar ,darei a um de meus filhos. Espero que seuprimo melhore”- concluiu.“Faremos juntos” lhe assegurou Ross.”Não se preocupe

por Gillian e Niall: Gizela é a curandeira mais hábil das

terras altas.Os MacKay partiram, Niall foi conduzido a seu quarto eRoss voltou para Gillian. Quando entrou ela estava sentadana cama, com os cabelos emaranhados e os olhossonolentos.“por que Alicia não está aqui para me ajudar a vestir?”

perguntou.- “Sei que meu pai está impaciente por partir eeu ainda não estou preparada”.

“Não pode partir: Gizela diz que não está em condições dese levantar”.“Estou bem” mentiu Gillian “Meu pai esperará até quando

Gizela não me permita me levantar?”“Você não voltará para Braeburn nem agora nem nunca”“Expulsou Seana? Não posso permanecer, até que ela

ameaça a meu filho e a mim.“Seana se foi: devia deixar Ravenscraig com Niall esta

manhã, mas o drogou para que não a detesse e fugiu aoamanhecer, sozinha”.“E Niall como está?”“Segundo Gizela se recuperará logo. Em seu quarto

encontramos uma jarra de vinho com restos de valerianapara fazê-lo dormir”.“Onde terá ido Seana? Duvido que seu pai a queira em

sua casa”.

“Seu pai e eu pensamos que se encontre com Sinclair”antes de voltar falar, Gillian refletiu sobre todas aquelassurpreendentes novidades.“Em todo caso, sentiria-me mais segura em Braeburn”

Ross passou os dedos entre seus espessos cabelos escurosem um ímpeto de raivosa frustração.“Como posso reparar todas as injustiças que cometi com

você? O ciúmes me induziram dizer coisas das que mearrependerei pelo resto de minha vida. Quando falou dobebê, vi diante mim a cara de Angus Sinclair, o homemque você sustentava de amar e que queria desposar”



“Angus nunca me tocou. Se tivesse tentado o teriamatado”.“Não duvido em acreditar. Vê, só pensar de você comoutro homem me faz perder a cabeça. Você me importa

muito, Gillian”“E isto a que significa?”

Ross estendeu a mão e lhe afastou uma mecha decabelos flamejantes da bochecha com uma carícia gentil.Decidiu que era o momento de confessar que a amava.“Não sabe o que estou tentando dizer?”

Lhe separou a mão.“Não sou hábil com as adivinhações. Não pode falar

claro?”Ross suspirou profundamente e se lançou.“Amo você, Gillian MacKay. Pronto já disse”

Ela fez um gesto para responder e ele levantou uma mãopara detê-la.“Sei que não se sente bem e que deve se recuperar,

portanto não te pedirei uma resposta imediata. Sei que nãocorresponde a meu amor, mas estou disposto a esperar”.

“por que não me disse isso antes de saber do bebê?”interveio ela. “Não é a mim que ama, mas sim ao herdeiroque cresce em mim”“Engana-se: amo os dois.Neguei meus sentimentos muito

tempo, mas já sei que não posso viver sem você”Gillain se sentia duvidosa: por que Ross não lhe havia ditonada antes? Era difícil esquecer todas as vezes que a tinharechaçado e acusado. Não tinha passado muito tempo

desde que tinha rogado a seu pai que a levasse decidido apôr fim a seu matrimônio.“Vá por favor.Estou exausta”.

Ross se levantou dócil.“Está bem: Gizela insistiu muito para não te cansar. Peço

que não rechasse meu amor. Me dê a possibilidade dedemonstrar o que sinto por você”Gillian tomou a cabeça com as duas mãos.“Neste momento me dói a cabeça e não posso pensar.

Chame Gizela”.Ross se inclinou para lhe beijar a testa.



“Não queria te perturbar. Vou chamá-la imediatamente”Quando ficou sozinha, Gillian suspiro aliviada. Os MacKennanão confiavam nela, a ex-amante de Ross tinha tentadomatá-la e agora lhe declarava seu amor! Não se

surpreendia que lhe doesse a cabeça.Ela o amava a tal ponto, que o fato que Ross lhecorrespondia, aparecia-lhe um milagre.O problema era que ela não acreditava em milagres.

FORTALEZA DOS SINCLAIR

Angus Sinclair caminhava agitadíssimo, destrambelhandofurioso e detendo-se um pouco cada tanto para apontar odedo contra Seana MacHamish.“por que não me advertiu que Gillian estava viva? Foi

você quem a ajudou a fugir? Não devia te haver aberto asportas” continuou, quando ela não respondeu. “Maldição!mandei uma mensagem ao MacKay, sustentando que suafilha estava morta!

“Não libertei , Gillian” mentiu Seana- “Se conseguiuescapar, deve ter tido ajuda de algum de seus homens.soube que estava viva só quando voltei para Ravenscraig”Angus nem sequer a escutou.“arruinou todos os meus planos: agora Braeburn nunca

mais me pertencerá. depois de anos de preparação, falhei.Fiz de tudo para sabotar a trégua, inclusive promover umaincursão contra o gado dos MacKenna tratando de inculpar

aos MacKay, mas não serve de nada”.“MacKay ainda tem três herdeiros masculinos a quem

deixar Braeburn. Não consigo entender como ter Gillianprisioneira possa ajudar a seus planos: ela, de qualquermodo não é livre para te desposar” objetou Seana.“Você não sabe nada de meus planos: segundo os termos

da trégua a guerra se reataria se Gillian abandonar a seumarido e eu me preocupei que todos os MacKenna aescutassem, enquanto o rechaçava.”“Sei que quer que a guerra comece, mas não entendo

como isso te possa favorecer”.



Exasperado, Angus passou os dedos de entre o cabelo.- É de verdade estúpida: quando os homens morrem embatalha, é difícil estabelecer quem os tenha matado. Doisfilhos de Tearlach já morreram e se a guerra tivesse

começado, ele e os outros três que restam teriam sofridoo mesmo fim. Nesse ponto me casando com Gillian teriasido o dono de Braeburn. Em troca MacKay procurou a pazmediante o casamento de Gillian com Ross” prosseguiuaborrecido. “Gillian e Braeburn estavam perdidos, a menosque ela tivesse abandonado MacKenna ou que ele tivessemorrido. Quando a expulsaram de Ravenscraig tive apossibilidade de concretizar meu sonho, mas você me traiu

ajudando-a a fugir me fazendo acreditar que estavamorta”.“Estas são falsas acusações” insistiu Seana, decidida a

negar a verdade. “Embora se Gillian tivesse permanecidoaqui, não teria podido se casar com ela. Seu marido aindaestá vivo e não pode predizer com segurança a morte de

Tearlach e de seus filhos”“Nenhum deles teria sobrevivido por muito tempo, uma

vez reatada a guerra” declarou Angus com um sorrisoardiloso.“Foi você quem matou os filhos do MacKay! Exclamou

Seana.“Se a guerra tivesse continuado, teria eliminado Tearlach

e os filhos que ainda restam”.Angus sacudiu os ombros.“Não é um ato pior de que tentou você, só que você não

conseguiu envenenar a esse bastardo do MacKenna”.Reatou a caminhar inquieto, logo se virou de repente paraSeana.“Quando se foi daqui, voltou para Ravenscraig?

Perguntou.Ela assentiu.“E desta vez a quem tentou matar?”“Não acredita que é melhor que eu” estalou Seana em

tom venenoso.- “Dei um empurrão em Gillian para fazê-lacair da escada, mas desgraçadamente Ross a agarrou a



tempo. Do contrário teria rodado até o fundo, rompendo oosso do pescoço”“Você empurrou Gillian escada abaixo?”“A odeio - declarou Seana. “Perdi Ross por sua culpa:

queria me casar com ele e chegar a ser a senhora deRavenscraig, mas ele me expulsou. A fuga me pareceu umamelhor solução que permitir Niall de me levar com eleonde não queria ir”.“Se soubesse que Gillian estava viva e que se encontrava

em Ravenscraig não teria mandado a mensagem aoMacKay. Por sua culpa assinei minha condenação a morte:neste ponto Gillian certamente contou a seu pai e a seu

marido que a tive prisioneira e obrigada a mentir”.“O que fará?

Angus olhou a seu redor com ar aborrecido.“Este lugar cai aos pedaços; não o mantive em boas

condições, dando por descontado que teria vivido emBraeburn”.“Poderíamos nos casar e recomeçar tudo de qualquer

outro lugar” sugeriu Seana.

“Você espera que me case com uma mulher rechaçadapor seu próprio pai? Parou-a Angus. “Tenho outros planos:fugirei, mas não com você. Oferecerei minha espada ao reie ganharei a vida como mercenário, junto aos homens quequererão me seguir”.Seana o agarrou por um braço.“Quer me abandonar? E eu aonde irei? O que farei?”“Você é a causa de todos meus problemas. Não sou

estúpido e sei que foi você quem ajudou Gillian a fugir. Setiver vindo aqui esperando minha ajuda, se enganou. Euirei enquanto o tempo o permite; você faça o que queira”.Angus se virou e foi falar com os homens de seu clã,seguido pelo olhar carregado de ódio de Seana.E agora o que faria?


Depois da queda pela escada, Ross quase nunca deixavaGillian sozinha, embora ela parecia não apreciar muito sua



companhia. Gizela tinha insistido que ela permanecesse nacama , consentindo que se levantasse só duas semanasdepois.Mal havia terminou de vestir-se, quando Ross entrou no

quarto.“O que faz levantada?” protestou, “Quer fazer mal a

nosso filho?“Gizela me deu permissão para me levantar” rebateu

Gillian rapidamente. “Sinto-me bem e pretendo levar acabo a gravidez”“De acordo, se Gizela lhe disse isso. cedeu Ross.

“Acompanho-te abaixo para tomar o café da manhã”.

“Posso descer sozinha, obrigado”.“Gillian, por que é tão dura comigo? Disse Ross. “Não te

confessei meus sentimentos? Não expulsei Seana, comopediu?”“Sim, mas não consigo te perdoar” suspirou Gillian.

“Deveria saber que mentia, quando afirmava que eu eAngus éramos amantes”.Ross passou os dedos entre os cabelos com gesto

impaciente.“Não sei ler o pensamento.É hora que me perdoe, doçura.

Quero formar uma família com você, quero que iremos juntos para à cama e despertar juntos na manhã”.Gillian afastou o olhar e de repente se colocou diante.“Talvez, isto te convença”

Tomou em seus braços e a beijou com paixão.Gillian queriaceder, mas o orgulho e a desconfiança a refreavam. Aos

pouco, seus braços se levantaram, como dotados devontade própria e lhe rodearam o pescoço; ele a aproximoumais, estreitando-a contra seu corpo de guerreiro, os beijosse tornaram sempre mais ávidos e ardentes, as caríciassempre mais audazes.Apesar da resposta de seu corpo, Gillian conseguiu resistir:o momento do perdão chegaria, mas agora..Baixou os braços e o empurrou, por mais pena que tivesse,Ross não insistiu.



“Me perdoe, pequena. Mal se recuperou da queda e eunão deveria ter te incomodado. Em todo caso pode estarcerta que não me renderei”Gillian não duvidava. Sabia também que não conseguiria

resistir por muito tempo a um homem tão determinado alhe declarar seu amor, mas pretendia o ter na corda frouxaainda por um tempo.Além disso queria consultar Gizela quando seria oportunode acolhê-lo de novo em seu leito: não queria fazer nadaque pudesse danificar ao bebê.Quando entrou com seu marido no salão, Gillian ficousurpreendida com a cálida bem-vinda de todos os

presentes. Dúvidas e ressentimentos pareciam estar noesquecimento, agora que ela levava a filho de Ross.Gordon e Niall se levantaram da mesa e só se sentaramquando ela tomou seu lugar.“Tem um bom aspecto” comentou Gordon -.”Ross estava

muito preocupado por você.“Estava preocupado pelo bebê” replicou Gillian.“Possivelmente, mas duvido que só pensasse nele”

Niall, limpou a voz. “Gillian, acha seriamente que foi Seanaa te empurrar pela escada?”Ela olhou seu rosto desolado e se entristeceu de não poderlhe dar a resposta que ele queria.“Sim, Niall, sinto muito, mas Seana não é a mulher que

você acreditava conhecer. É malvada: tentou envenenarRoss e de matar a meu filho e a mim, e te drogou parafugir. É hora que você abra os olhos sobre seu verdadeira

natureza”“Agradeço-te a resposta sincera. Pensava que meu amor

pudesse mudá-la, mas evidentemente me enganei -murmurou Niall abatido.“Estará melhor sem ela” interveio Ross.“Tenho saudades nossa antiga harmonia: Seana só

trouxe problemas aqui em Ravenscraig”.Gillian ingeriu em silêncio seu café da manhã. Hannah lhetinha preparado seus pratos preferidos e com grande alívioconseguiu não vomitar nada.



“Nos últimos tempos descuidei de meus deveres”declarou Ross uma vez que terminou de comer.“Hoje queria levar alguns homens para controlar o gado.

Atreve-se a ficar sozinha? Durante minha ausência a

fortaleza estará a cargo de Gordon.“Estou bem” lhe assegurou Gillian.”Pensava revisar as

provisões e a roupa de cama com a Alicia”.“Não se canse muito” lhe recomendou Ross. “É o primeiro

dia que deixa o leito” - antes de partir a beijou com ardor.

Enquanto Niall e os outros selavam os cavalos, foi embusca de Gizela e a encontrou na sala onde preparava

remédios e infusões.“Esperava-te e tenho uma resposta a sua pergunta”

declarou ela.“Já sabe o que quero saber?” assombrou-se Ross.“Sim. Gillian se recuperou e o menino está bem. Se sua

esposa desejar, pode voltar para sua cama sem temor dedanificá-la a ela ou a seu filho”“Gillian ainda está zangada comigo” objetou Ross

sacudindo a cabeça desconsolado.-Como posso conquistarseu amor?”“Já o tem, senhor. E agora vá e me deixe trabalhar”

Ross saiu reconfortado: se seriamente Gillian o amava, nãorestava mais o que fazer que o admitisse.

Terminado o café da manhã, Gillian se sobressaltousurpreendida quando Gordon lhe fez uma pergunta direta.“por que atormenta assim ao moço? Qualquer um se daria

conta que te ama com loucura. Tinha minhas dúvidas sobreseu matrimônio, mas agora já não mais. Sei que você oama também, mas é muito obstinada para admiti-lo”“É tão evidente?” perguntou ela incômoda.“Para mim sim, e acredito que também para outros. Não

está contente de esperar um filho?“É obvio, mas…” Duvidou um momento, logo confessou.-

“Ross duvidou que fosse dele, e agora para mim é difícilperdoá-lo”



“Foi um idiota, mas não pode criticá-lo muito: eu tambémte escutei afirmar que você e Sinclair eram amantes e querenunciava a seu matrimônio” recordou Gordon.“Fiz para salvar a vida dele. Ross deveria ter entendido

que mentia”“Não o perdoará jamais?” insistiu Gordon.“Sim, depois de lhe fazer sofrer ainda um pouco

mais”Gillian se levantou.- “E agora se me desculpar, devofalar com a Gizela”Gillian deixou o salão pensativa. Ross Tinha sofridosuficiente? Era hora de lhe dizer que o amava?

Talvez, poderia de novo fazer amor com ele,

naturalmente depois de ter consultado Gizela.Encontrou-a na sala onde ela preparava seus remédios e asaudou efusiva: ela e Ross estavam viva graças a suacapacidade de curandeira.“Tenho uma pergunta a lhe fazer” começou Gillian.“Sei: esperava-te e te darei imediatamente a resposta. É

hora que você perdoe seu marido e o acolha de novo emseu leito, sem temor que faça mal ao bebê. E agora vá. Não

vê que estou ocupada?”Gillian escondeu um sorriso e lhe obedeceu. Passou o diacontando a roupa branca e a controlar as provisões epediu a Hannah para preparar um jantar especial para ela eRoss: teriam jantado sozinhos no solário, evitandomoléstias e interrupções.

Tomou um longo banho, Alicia lhe escovou o cabelo e lhefez vestir uma leve camisola e uma preciosa bata. Gillian

ordenou de esvaziar a tina e enchê-la com água limpa paraRoss; ao encontrar-se sozinha, aproximou-se da janela eolhou cair a neve, tentando encontrar as palavrasapropriadas para lhe dizer.Finalmente, decidiu lhe abrir seu coração.

Ross entrou no salão trazendo consigo uma rajada de arfrio, sacudiu os pés para limpá-los da neve e se dirigiu paraa chaminé para esquentar-se. Tinha sido um dia pesado:tinham salvado várias cabeças de gado semi sepultadas



pela neve, reencontraram diversas ovelhas que seperderam e alimentaram aos famintos animais.De repente notou a ausência de Gillian e o invadiu umsentimento de desilusão e ânsia.

Talvez, havia esgotado suas forças durante aquele primeirodia fora do leito?dirigiu-se para a escada e Alicia foi a seu encontro.“Sua esposa te espera no solário, senhor” anunciou.

Incrédulo e trepidante, Ross subiu os degraus de dois emdois, entrando no solário, a primeira coisa que viu foi a tinacheia de água quente.Gillian estava de pé diante a janela; a sua chegada se

virou e lhe sorriu“Estou contente que esteja em casa, Ross”

Vestia uma elegante bata de noite e os longos cabeloschamejantes lhe caíam como um manto sobre os ombros.O que tinha em mente? por que o atormentava assim?“Deve estar congelado” continuou “O banho é para

você.“Quer que te ajude a se despir?”Sempre mais incrédulo, Ross piscou mais de uma vez

desconcertado.“Está bem, doçura?”

Ela se aproximou decidida, os olhos fixos nos dele.“Muito bem, Deixa que te dispa, de outro modo a água se

esfria”Ross, deixou-a fazer, mas seu corpo se animou excitado.Esse nova atitude lhe recordou que ela a única mulher quequeria amar e proteger pelo resto de sua vida.

Estava, finalmente disposta a libertá-lo do sofrimento dosúltimos dias?Aproximou-a para si com um impulso; Gillian seabandonou dentro de seu abraço e levantou o rosto comum claro convite. Ross não teve nenhuma indecisão:inclinou-se para beijar seus lábios suaves, muito feliz poraquele troco para restar alguma pergunta.Logo retrocedeu e lhe falou com ouvido com voz rouca.“Desejo você, esposa. Meu corpo padece por você.“Eu também te desejo” respondeu Gillian. “Se banhe, logopodemos falar e fazer amor”.



“Poderíamos inverter a ordem” sugeriu Ross, impacientecomo um rapazinho em m seus primeiros encontros.“Temos toda a vida para nos amar” replicou Gillian.

Isso era música para seus ouvidos.

“Então será melhor que tome imediatamente o banho” riuRoss.

Terminou de despir-se e se inundou na tina. Gillian seajoelhou ao lado dele e começou a esfregar e ensaboar ascostas. Era um doce tortura e Ross não sabia por quantotempo poderia resistir.“Me dê o pano, por favor. Estou impaciente de voltar com

minha mulher” grunhiu.

Ela tomou o pano que se pôs a esquentar diante dachaminé e ele saiu da tina, magnífico, poderoso e excitado.Gillian lhe envolveu o pano a imponente figura com dedostrêmulos tinha-lhe faltado, esse corpo quente ao lado doseu no leito e agora não via a hora de saborear de novo apaixão.O que fiz para ganhar seu perdão?” perguntou Ross. “Não

que me lamente” se apressou esclarecer.

“Esta manhã foi inflexível e agora…”Gillian deixou cair o pano e buscou seu olhar.“Já não somos inimigos, Ross. Meu coração sofria, mas

compreendi que para sanar devia te perdoar”Fez um profundo suspiro, e continuou.“Amo você e te perdôo. Meu pai deve ter compreendido

que éramos perfeitos um para o outro, quando propôsnossa união, mas nós necessitamos de tempo para nos dar

conta”.Ross fechou os olhos para saborear sortes palavras.Quando os abriu, Gillian lhe sorria, os olhos verdebrilhantes de lágrimas.“Amava-te como esposa e te amo ainda mais como mãe

de meus filhos”“Basta com as palavras Ross. Ter desafiado a morte me

fez entender que a vida é muito breve para desperdiçá-lacom rancor e mesquinharia. Desculpou-se e diria que nósdois sofremos bastante” levantou os braços em um claroconvite.



Ross a estreitou e a beijou profundamente, logo lheafundou os dedos nos maravilhosos cabelos cor bronze.Quando se separou dela ambos estavam sem fôlego.Recostou-a nas peles diante da chaminé, ajoelhou-se e a

liberou da bata e da camisola. Em poder de um ardentedesejo, beijou-lhe a boca, a garganta e o seio como sequisesse saboreá-la e devorá-la toda.Gillian se arqueou e gemeu de prazer quando suas mãosperitas começaram a acariciá-la entre as pernas, logosubstituídas pelos lábios.Ross se levantou um momento e a olhou com umaintensidade tal que ela se sentiu abrasar por esse ardente

olhar.“Amo você” sussurrou, lhe acariciando uma bochecha.“Eu também”.

Abriu-lhe as coxas e capturou sua doce essência com aboca, lhe arrancando sufocados gemidos . Gillian se sentiualagar por um prazer delicioso e logo se encontrou atremer e estremecer, enquanto a hábil língua de Rossacendia nela um fogo sem fim.

O sabor doce e ardente de Gillian era como uma bebidaembriagadora; Ross quase perdeu o controle quando elalevantou os quadris, lançando um grito que o fezestremecer.Reteve-a apertada contra si e a beijou, enquanto Gillian seagitava debaixo dele com sacudidas selvagens.Quando finalmente se acalmou, deu-lhe um terno beijo noestômago, encantado pela idéia que um menino podia

crescer nesse corpo tão esbelto.“Está bem, amor? Não fiz mal ao pequeno?”“Nosso menino é forte” respondeu Gillian ainda ofegante.

“O amor não pode fazer mal”.Era tudo o que Ross queria ouvir; pouco depois entravanela, acolhido por um calor maravilhoso e lhe sussurravaternas palavras. Gillian lhe correspondeu com paixão e

juntos saborearam um prazer intenso e primitivo.Finalmente, temendo esmagá-la, Ross se escorou com seusbraços, logo se levantou, tomou-a nos braços e a levou



para o leito. recostou-se a seu lado, puxando-a para si eoutra vez lhe posou a mão sobre o estômago.Nesse momento tocaram devagar a porta. Era Alicia, comuma bandeja que pôs na mesa antes de retirar-se com um

sorriso malicioso. Pouco depois se sentavam um frente aooutro e devoravam um jantar delicioso, a base de frangoassado, batatas, cebolas e torta de maçã.Quando terminaram, Gillian se apoiou no respaldo dacadeira com suspiro satisfeita“O que pretende fazer com Angus Sinclair?” perguntou.

Ross enrugou a testa: não queria arruinar nossareconciliação com um assunto como esse.

“Preocuparemo-nos seu pai e eu de castigá-lo” disse seco.“E Seana MacHamish?”“Também nos ocuparemos dela”“Não pode me dizer algo?”“Agora não, amor. Deve repousar”.

Gillian se deixou conduzir à cama, mas uma vez deitadacontra os travesseiros o puxou para si rindo.“Uma mulher grávida não deve ser contrariada e eu não

estou absolutamente cansada: se puder, queriarecomeçar”Ross estalou em risadas.“Com você, amor, nunca estou satisfeito”

Gillian nunca havia sido tão feliz: o menino crescia dentrodela sem lhe provocar particulares moléstias.Ross era o marido que sempre tinha sonhado e finalmenteganhou o respeito dos MacKenna.

Com a chegada da primavera uma sensação de espera einquietação começou a difundir-se na fortaleza. Gilliansabia que tinha que ver com o Angus Sinclair, SeanaMachamish e o desejo de vingar as ofensas sofridas poreles.Uma noite a começos de Março Ross despiu Gillian comdelicadeza, conduziu-a à cama e fez amor com ela pormuito tempo, com ternura infinita. Suas grandes e fortesmãos lhe acariciavam gentis, os seios inchados, o ventreredondo.



“É mais bela quando te vi a primeira vez, com a espadana mão” lhe sussurrou“Estou gorda, desalinhada”rebateu ela.“Para meus olhos está muito bonita. Gizela diz que é forte

e em ótima saúde e que ainda podemos fazer amor semmachucar nosso menino”.“O que estamos esperando, então?” provocou-o Gillian.

Decidido a não pesar sobre ela, Ross a pôs escarranchadasobre si e Gillian o acolheu uma vez mais, enquanto lhetocava os mamilos e lhe acariciava as costas. Estava pertodo topo do prazer, podia-se saber pela respiração ofegantee por leves gemidos. Alcançou-o pouco depois e Ross não

demorou muito tempo a unir-se a ela.Mais tarde um nos braços do outro, encararam o assuntoque tinha ficado suspenso sobre eles como uma nuvemnegra por todo o inverno.“É hora de enfrentar Sinclair e Seana. enviei uma

mensagem a Douglas MacHamish, lhe pedindo parareceber a sua filha uma vez que haja resolvido oproblema”.

“Duvido que queira de volta Seana em sua casa”.“Sei, mas deverá se encarregar disso.. Também mandei

uma mensagem a seu pai: faremos juntos o ataque àfortaleza dos Sinclair. Não empregaremos muito tempopara sair vitoriosos.“Meu pai virá aqui?” perguntou Gillian excitada.Sim. Sabia que lhe faria gosto de voltar a vê-lo, assim lhe

pedi que venha a Ravenscraig para

organizar a expedição”.Gillian de um pulo e o beijou.“Amo você, Ross MacKenna. Bendito o dia em que meu

pai teve a idéia de nosso matrimônio e de te havertranspassado com minha espada”“Nunca o teria conseguido” riu Ross.”E agora deve

descansar, de outro modo pensarei que não tem sono eencontrarei outras maneiras para te esgotar”“Não tenho sono” imediatamente lhe assegurou ela. “por

que não me mostra essas outras maneiras?”



Ross não se fez de rogar uma segunda vez. Uma horadepois dormiam ambos profundamente, enlaçados um como outro.

Tearlach MacKay chegou em Ravenscraig no dia seguinte.depois de ter estreitado a sua filha em um afetuoso abraço,retrocedeu para observá-la.“Tem um maravilhoso aspecto, pequena” decretou

finalmente satisfeito.Ross lhes aproximou e lhe rodeou a cintura possessivo.“Como pode constatar, Gillian e o menino estão bem.

Estou contente de vê-lo, MacKay: temos planos que

organizar”.“Onde está Murdoc?” perguntou Gillian. “Mary teve o

menino?”“Não, mas não falta muito e ele não quer deixá-la. Em

todo caso não vim sozinho”.Gillian deu um olhar curioso para a porta e viu entrar seusirmãos Ramsey e Nab.“Pensava que estavam em Edimburgo! Exclamou

surpreendida. Também eles a abraçaram com afeto.

“A vida da cidade e a corte do rei não é para nós”explicou Ramsey. “foi uma aventura interessante, massentíamos falta dos paramos cobertos de urse e o ar dasmontanhas”.“conhecemos a grande cidade e agora estamos contentes

de estarmos em casa” adicionou Nab.

“Vamos, conte a novidade, Ramsey” o incitou radianteseu pai.“Podemos nos sentar?” propôs Ross.”Ultimamente Gillian

se cansa com facilidade.Conduziu-os para a chaminé onde tinham sido dispostasvárias cadeiras para os hóspedes.“Então quais são estas novidades, Ramsey?” perguntou

Ross, quando todos tinham em suas mãos uma taça decerveja.“trouxe para casa uma esposa, uma beleza de olhos azuis

e cabelos da cor do ocaso do verão” respondeu ele com



olhos sonhadores. “chama-se Judith e nos conhecemos nacorte”“por que não a trouxe aqui?” perguntou Gillian desiludida.

“Teria gostado de conhecê-la”.

“Judith tem freqüentemente náuseas. Pareceu-me melhorevitar uma viagem durante os primeiros meses degravidez” explicou Ramsey com um leve rubor.“Logo estarei rodeado de netinhos! - Exclamou Tearlach. -

“Falta só você Nab” adicionou dando uma cotovelada aseu filho.“Encontrarei esposa ao seu devido tempo, papai”.

Tearlach se endireitou e adicionou em tom bem distinto.

“Em sua mensagem dizia que era hora de enfrentarSinclair, Ross. me diga quando quer começar o ataque enós estaremos a seu lado. Sua fortaleza está em ruínas”continuou.- Disse muitas vezes que devia havê-la reparado,mas Angus não se importava. Talvez esperava usar deGillian para isso”.“esperou muito” cortou Ross.”É hora de castigá-lo pelo

que tem feito”.

Os três MacKay levantaram as taças e todos juntosbrindaram pela iminente tarefa em comum. Falaram porum longo tempo do ataque e finalmente concordaram empartir para a fortaleza dos Sinclair daí a uma semana, cujoponto de reunião seria a capela de St. Tears.Gillian olhou partir sua família com uma certa tristeza, massabia que havia muito que fazer para preparar a expediçãocontra os Sinclair.

“Pensa que Angus espera um ataque?” perguntou a Rossnaquela noite.“Acredito que sim” respondeu ele. Sei que um tempo

provava uma simpatia por esse homem, mas seus crimesdevem ser castigados”“Meus sentimentos por Angus morreram no dia em que

te conheci, amor” lhe assegurou Gillian.“Agora rogo que tudo vá bem: não poderia suportar

perder outra pessoas queridas”.“Não me surpreenderia, que se vendo as dimensões de

nosso exército, Sinclair se rendesse sem combater”



comentou Ross. “Não se preocupe por nós, Gillian: nãoacontecerá nada nem a mim nem a sua família, prometo”.Alguém tocou à porta e Ross foi abrir.“Gizela! Algo está errado ?

“Vi Angus Sinclair com uniforme de combate” respondeua curandeira.Ross amaldiçoou baixinho.“Então soube que nossos planos e se prepara para nos

enfrentar! Contava evitar outros derramamento desangue”.“Não acontecerá senhor. Sinclair morrerá, mas não por

sua mão” replicou Gizela. E logo se foi antes que Ross

pudesse fazer outras perguntas.No dia seguinte chegou a resposta de Douglas MacHamishante ao pedido de Ross: sua esposa logo tinha dado a luzum menino e ele não queria que Seana voltasse paracasa.Qualquer castigo que Ross tivesse decidido lhe imporcontava com sua aprovação.Nos dias seguintes Ross esteve muito ocupado: a inteirafortaleza se preparava para a guerra. Não obstante seus

protestos, nomeou Gordon como guardião de Ravenscraigdurante sua ausência e deixou cinco homens para protegerGillian.A manhã acertada para a expedição, Ross saudou suaesposa com um beijo e partiu com vinte homens armados.

Tearlach MacKay, já tinha chegado ao lugar do encontrocom o mesmo número de companheiros; tinha deixadoMurdoc seu herdeiro em Braeburn, mas Nab e Ramsey

cavalgaram com ele.As forças unidas dos dois clãs seguiram para a fortaleza deSinclair.O tempo estava formoso e previam chegar a destino nasprimeiras horas da tarde, para depois começarimediatamente o ataque.Alcançada um topo que dava sobre a fortaleza, Ross fezdeter todos para estudar o terreno.Havia um estranho silêncio e um aspecto de abandono quequando recomeçaram a avançar, todos notaram



surpreendidos a falta de homens nas améias. A gradeestava aberta e não havia sentinelas montando guarda.“Este lugar parece deserto” observou Tearlach perplexo.

“Pensa que Sinclair nos esteja preparando uma

armadilha?” Talvez espera que nos aproximemos para nospegar de surpresa”.“Não podia saber quando chegaríamos” objetou Ross.” Eu

vou diante dar uma olhada; se chegar à grade sem queaconteça nada, vocês me seguem”.Esporeou o cavalo decidido, e pouco depois das améias umhomem ondeava uma bandeira branca.“Onde está Sinclair?” perguntou gritando

“Foi embora com aqueles que quiseram segui-lo. Aquipermaneceram só anciões, mulheres, crianças e homensque não queriam abandonar as Terras Altas. O inverno foiduro; estamos famintos”.Ross girou sobre sua cela e fez um sinal ao exército parasegui-lo, e os guiou para a dentro. Ali percebeu umavariedade de gente de aspecto extenuado e o homem quehavia flameado a bandeira branca desceu das ameias para

unir-se a eles.“Declaro a fortaleza e suas terras,propriedade de meu

filho Ramsey” proclamou Tearlach MacKay com voz clara.“Sinclair era seu aliado portanto tem direito de requisitar

suas propriedades” consentiu Ross.“me escutem” prosseguiu Tearlach” Não lhe faremos mal.

A casa e a muralha da fortaleza serão reparadas e lhesdarei provisões de minha despensa. Quem é o

administrador aqui?”O homem que tinha ondulado a bandeira branca deu umpasso adiante.“Eu, senhor.Me chamo Fergus”.“Desde quando Sinclair se foi?”“Pouco depois do Natal. Tomou todas as armas e deixou

só as provisões que seus homens não puderam levar”E onde foram?”“Isto eu posso dizer - interveio uma voz feminina.

Seana apareceu na porta aberta da fortaleza, desceu osdegraus e se deteve diante de Ross.Ele a olhou estupefato:



-Como é que ficou? por que Sinclair não a levou consigo?Niall quis lançar-se contra ela, mas Ross o detevetomando-o por um braço.“Não seja idiota” murmurou,” Esqueceu que o que Seana

fez a mim,a você e Gillian?”Nial assentiu e retrocedeu um passo, deixando-o enfrentarà mulher que era sua esposa.“Bem, Seana nos diga onde está Sinclair”“Angus queria contar a seu pai que Gillian se lançou da

torre desesperada, depois que você a tinha rechaçado.Quando soube que estava viva e que tinha voltado paraRavenscraig, temeu uma vingança

por parte dos dois clãs e de covarde que é, fugiu”.“Gillian jamais teria te matado” disse Tearlach. “Além

disso eu sabia que se encontrava segura em Ravenscraigdepois de ter escapado daqui. Tinha-a visto com meusolhos”:“Mas isso Angus não sabia” explicou Seana.“Estava

convencido que Gillian morreu ao lançar-se da torre”.“por que lhe fez acreditar isso?” perguntou Ross.”É

malvada como ele”.“Queria que se casasse comigo, mas até que Gillian

estivesse viva, isto não teria acontecido nunca, e se ativesse matado ele não me perdoaria. Assim decidi ajudarGillian a escapar, fazendo Angusacreditar que estava morta e a induzi-lo a casar-se comigoantes que se soubesse toda a verdade”.“Como pôde Seana?” perguntou Niall angustiado. “Estava

casada comigo”.“Nosso matrimônio era uma farsa. Eu queria ser a senhora

de uma fortaleza, ainda maltratada como esta, e vocênunca seria o senhor dos MacKenna: não é muito ambiciosopara fazer o que é necessário” respondeu ela desdenhosa.“Quer dizer, me matar” completou Ross.

Seana deu de ombros e Niall mal pôde sufocar um gemido.“Ainda não me disse para onde foi Sinclair” a apurou

Ross.“Foi para Edimburgo para trabalhar a serviço do rei como

mercenário” respondeu ela. “recusou me levar com ele e



me deixou aqui para enfrentar o inverno com provisõesapenas suficientes para não morrer de fome. Espero queesse maldito murche no inferno” concluiu com amargura.“Assim nunca saberemos por que era tão contrário à

trégua entre nossos clãs” observou Tearlach.“Eu posso dizer, mas quero algo em troca” declarou

Seana.“Você não merece nada! - rugiu Ross “É mais, será

castigada por tudo o que fez.“Deixar-me-á voltar para a fortaleza de meu pai?”

perguntou Seana , de repente implorando.“Seu pai não te quer, e não posso criticá-lo”

Seana empalideceu.“Então quer me matar?”“Estou tentado, mas se nos diz o que queremos saber,

poderia me mostrar clemente”.Seana se aproximou de Niall e caiu de joelhos.“Rogo-te em nome do que fomos um pelo outro, tenha

piedade. Ainda estamos casados: se voltar ame querer, prometo ser uma boa esposa”.

Niall, olhou-a implacável.“Recentemente disse que nosso matrimônio é uma farsa.

portanto renuncio a você e aceito qualquer castigo quedecidirão Ross e Tealach MacKay. Que Deus possa teperdoar, visto que eu não consigo fazê-lo”.Seana se virou para Ross.“Está bem: direi o que sei, se você prometer não me

matar”

“De acordo, consentiu ele.”Tem tudo para ganhar sedisser a verdade”.“Angus queria que a guerra continuasse até que Tearlach

MacKay e todos seus filhos morressem, logo pretendiacasar-se com Gillian e empossar-se de Braeburn”.“Mas é absurdo! - Exclamou Tearlach. “Como podia estar

seguro que morreríamos todos durante a guerra?”“Já perdeu dois filhos. O que te faz pensar que os

Mackenna os mataram?” perguntou Seana com tominsinuante.

Tearlach se cambaleou, com a verdade.



“Está dizendo que foi Sinclair quem os matou?”“Sim: por isso estava desesperado, quando a guerra

terminou. Fez o impossível para induzir a reatá-la, desdefingir uma incursão a seu gado culpando a vocês MacKay, e

enganar a meu pai para induzi-lo atacar Ross”.“Não esqueça sua participação” lhe recordou Ross com

dureza. “Seus malvados atos merecem um severo castigo”.“Prometeu não me matar! -Clamou Seana.“De fato não te matarei: será escoltada até o convento de

St.Sithian, onde transcorrerá o resto de sua vida, excluídado mundo. Já avisei à madre superiora que espera suachegada”

Seana, tentou fugir, depois se deu conta que era inútil ecaiu de joelhos implorando piedade. Ninguém prestououvidos suas súplicas; Ramsey MacKay a levantou e semmuita consideração a arrastou afastando-a.“Fecha-a com chave em qualquer parte” ordenou Ross,

logo se dirigiu a Fergus. “Há um pouco de cerveja?Estaríamos gratos de compartilhar nossas provisões comvocês: temos bastante para todos”.

“Sim, claro. Podemos trazer a cerveja e pôr a suadisposição quartos para você e Tearlach MacKay. Osoutros homens podem dormir conosco no salão”Ross assentiu e se dirigiu a Niall.“Façam com que levem provisões à cozinha” Logo levou

a seu sogro para a chaminé e se sentou a seu lado em umbanco.

Tearlach parecia chocado, mas ele também o estaria, se

logo soubesse que Angus Sinclair tinha matado a sanguefrio dois de seus filhos.“Se não tivesse procurado a paz, teria morrido junto a

todos os meus filhos” murmurou Tearlach movendo acabeça abatido.“Sinclair, já não é mais uma ameaça. Nós pusemos fim a

anos de guerra e agora somos aliados” tentou confortá-loRoss.“Ele ainda está vivo, mas meus filhos estão mortos - se

desesperou Tearlach, “Deus deveria fulminá-lo e enviá-loao inferno por seus pecados”.



“Não voltará para as Terras Altas tendo tantos inimigosaqui” observou Ross.“Se voltar é homem morto” jurou Tearlach. “decidi

chamar a este lugar Wickhaven e deixar a cargo de

Ramsey: uma vez que provisões, homens e armascheguem de Braeburn, meu filho poderá começar a pôrordem ao caos que Angus Sinclair deixou para trás. Judithvirá logo que seja possível”.Ross e seus homens permaneceram em Wickhaven paramanter a ordem, enquanto MacKay se ocupava deacompanhar Seana ao convento St.Sithian.

Tinham passado três desde que Ross tinha abandonado afortaleza dos Sinclair. Gillian estava no solário a costurarroupinhas para o recém-nascido com Alicia, quando Gizelaentrou na habitação com o olhar alucinado.“O que acontece?” perguntou-lhe alarmada.“O mal se aproxima de Ravenscraig. Deve ordenar que

baixem a grade, ou tudo estará perdido”“Quem está chegando?”

Antes que Gizela respondesse, Gordon entrou com aspectoconfuso.“Gizela acaba de dizer que devo baixar a grade. Devo

fazê-lo?”“OH, já é muito tarde! - Gritou a anciã levantando os

braços, para afastar uma presença maligna.“Agora tudo depende de você, pequena: é a única capaz

de derrotá-lo”

“Mas que…” as palavras morreram na boca, enquanto dosalão chegavam até eles um fragor de vozes e o rangerdas armas.Gordon se virou e desceu correndo as escalas, seguido porGillian.Ao chegar ao salão se deteve de maneira tão brusca queela trombou com ele e arregalou os olhos à vista dehomens armados até os dentes, que vestiam as cores dorei sobre a armadura.Quando seu chefe se virou para elacom uma careta sorridente, Gillian teve que apoiar-se em



Gordon para não cair, atacada por um incontável númerode perguntas.Foi Gordon o primeiro a recompor-se.“O que faz aqui Angus Sinclair?”

Ele se aproximou, o olhar fixo em Gillian.“Pensava que se tinha jogado de minha torre; soube que

estava viva só quando Seana deixou Ravenscraig pararefugiar-se em minha fortaleza”“Seana sabia muito bem que não estava morta” replicou

Gillian. “lhe poderia haver isso dito em qualquermomento”“Em troca não o fez. Como é, as coisas não caminharam

como queria”.“Seriamente está ao serviço do rei?”“Sim. Eu e meus homens somos mercenários de seu

exército. Era o menor dos males”.“O que faz aqui?” repetiu Gordon.“Estamos aqui por ordem do rei. Onde está Ross? por que

a fortaleza não está protegida? A grade estava aberta eninguém se opôs a nossa entrada”

“por que deveríamos ter devotado resistência aossoldados do rei? -Rebateu Gordon- “Se soubéssemos queera você, não lhe teríamos deixado entrar”“Meu marido voltará logo” lhe advertiu Gillian.

Angus a ignorou e lhe dirigiu um sorriso de triunfo.“Em nome do rei, reclamo para mim Ravensacraig”.“É um mentiroso: me mostre o documento com o selo do

rei e talvez então te acreditarei”

“Não há nenhuma diferença se existir ou não essedocumento. Agora Ravenscraig é minha. É uma verdadeirasorte que Ross não se encontre aqui para me desafiar”.Quando voltar o esperaremos com uma armadilha e omataremos”.“Quantos homens deixou Ross para defender a fortaleza?

Perguntou Gillian a Gordon com um sussurro.“Seis,me incluindo. Não havia motivo para deixar muitos

mais, em vista que estamos em paz”“O que estão murmurando vocês dois?” perguntou Angus

suspeito.



“Há homens nas ameias e outros dentro da fortaleza,preparados para impedir que tome o que não é teu”ameaçou Gordon.Angus estalou em risada.

“MacKenna deixou aqui só uma pequena guarnição: todosforam desarmados e feito prisioneiros”Para confirmar suas palavras, cinco homens entraram nosalão, vigiados pelos companheiros de Sinclair.“Aceita a situação, Gillian: agora seu novo senhor e amo

sou eu” se burlou Angus.“Nunca! Apodrecerá no inferno antes de me ter!”“Não o irrite” murmurou Gordon enquanto Sinclair

avançava ameaçador para Gillian.Ela ignorou a advertência e apertou seu vestido contra ovolumoso abdômen, de modo a destacar sua gravidez.“Olhe, Angus: espero um filho de Ross. Ainda me quer?”“Eu nunca quis. -! Explorou Sinclair raivoso.- “Era

Braeburn o que desejava. trabalhei por anos para quecaísse em minhas mãos, mas logo seu pai procurou a paz,deu você em matrimônio a MacKenna e eu perdi tudo.

Então decidi tomar Ravenscarig”.Gillian e Gordon se olharam desconcertados.“Está louco. Como podia tomar Braeburn?” perguntou

Gillian. “Tenho três irmãos e um pai ainda vivos e comboa saúde”“Se a guerra tivesse continuado todos morreriam , tal

como seus outros dois irmãos” replicou Angus.“por que acha que trabalhei tanto para sabotar a trégua?

Sem a guerra, seu marido, seu pai e seus irmãos nãopodiam morrer nos combates entre os MacKay e osMacKenna e eu nunca teria conseguido me casar com vocêe me apossar de Braeburn”“Continuo sem entender” declarou Gillian.“Enfim, seja mais claro” declarou Gordon“Seriamente estão convencidos que os moços MacKay

foram mortos por um MacKenna?- Perguntou Angus comum maligno sorriso.Gillian entendeu o que estava dizendo e uma onda de raivae dor a transpassou.



“Você os matou! Queria eliminar toda minha família eculpar os MacKenna!”Sinclair encolheu os ombros.“Não foi difícil, até quando seu pai procurou a paz. Queria

Braeburn, e quando ele te deu em matrimônio ao inimigo,tive que mudar meus planos”.No salão caiu um silêncio de horror. Até os homens deSinclair o olharam incrédulos e desconcertados: eraevidente que não sabiam nada. Atacar a um aliado era algoinaudito nas Terras Altas: as ações de Angus tinhamquebrado o código de honra que todos respeitavam.Gillian era presa de uma raiva incontrolável: Esse homem

tinha matado a sangue frio a dois de seus irmãos eplanejava eliminar seu pai e seus irmãos que restavampara depois casar-se com ela e apoderar-se de Braeburn!Procurou com a mão sua espada, logo recordouconsternada que fazia tempo que não a levava.“O rei saberá de sua traição e te castigará” gritou.

Angus Sinclair riu.“O rei não se preocupa do que acontece nas Terras Altas:

já tem trabalho de proteger as fronteiras e as guerras dosclãs são as últimas de suas preocupações”Sem refletir, Gillian tomou a faca pequena que usava paracomer e atirou contra ele. Gordon tentou detê-la, masescapou e plantou a arma no peito de Sinclair.Angus, caiu no chão gritando de dor.“Matem-na!” gritou a seus homens.-Matem-nos a todos!

Não deixem vivo a um só MacKenna”.

Os membros do clã Sinclair retrocederam, como sequisesse se distanciar do homem que tinha traído o códigode honra das Terras Altas. Gordon se lançou para frente eagarrou a espada de Angus, preparado para defenderGillian, mas logo se deu conta que não era necessário:nenhum dos Sinclair fez ameaça de agredi-la e os cincoMacKenna prisioneiros não tiveram dificuldade em libertar-se.“Covardes!- Gritou Angus. “Essa bruxa me feriu

mortalmente!



“Não é assim, desgraçadamente” replicou Gillian com umtom frio.- “Se tivesse tido uma espada ou uma adagaagora não estaria vivo. Merece a morte pelo que fez; atéos homens de seu clã lhe desprezam”

Gordon se ajoelhou ao lado de Angus e examinou suaferida.“Sim, viverá” confirmou. Logo percorreu com o olhar os

homens reunidos ao redor de seu chefe caído“Quem de vocês é o tenente de Sinclair?”

Um deles deu um passo adiante.“Eu. Meu nome é Robert Sinclair”.“Seu chefe merece morrer: traiu a todos vocês e também

a seus aliados. Se querem voltar para Edimburgo, podemfazê-lo imediatamente”.“Não o queremos absolutamente” replicou Robert. “A vida

dos mercenários não é para nós e temos saudades das Terras Altas.

“Fazem-nos falta nossas famílias” ecoou outro.“Abandonamo-las para seguir Angus” explicou Robert.-

“foi um engano e agora queremos voltar para casa. Angus

nos convenceu que o rei lhe tinha dado Ravenscraig e queteríamos um bom lugar para viver..Gillian se sobrepôs de sua cólera que a tinha empurradoatacar Angus Sinclair, puxou a faca ensangüentada e seafastou do ferido, limpando as mãos com o vestido.“Não sei o que foi feito de suas casas e de suas famílias:

meu pai e meu marido foram dias atrás para atacar afortaleza. Entretanto, estou certa que se jurarem fidelidade

a meu pai, serão perdoados e possam viver em paz emsuas terras”.Dois de seus homens ajudaram Angus a levantar-se.“Deixem-no, aí! Gritou Gordon. “Angus Sinclair deve

pagar com a vida por seus crimes”.“Tenham piedade” os implorou ele.- “Se me deixam

voltar para Edimburgo, prometo-lhes que permanecerei láaté o fim de meus dias”“Ousa pedir piedade, quando não a teve para com meus

irmãos?” indignou-se Gillian.



“Pelo menos faz que me curem minha ferida” lhe rogouAngus. “Dói-me muito”“E para que? De qualquer modo morrerá” disse Gordon

friamente.

“Me deixem passar -Gizela empurrou a um lado opequeno grupo e se deteve diante de Gillian; tinha emmãos a cesta dos remédios e das ervas.“Me entregue Angus Sinclair, minha senhora. Ocupar-me-

ei dele” Gillian a olhou nos olhos, e captou suas intenções eassentiu. Logo começou a tremer, como se só agora sedesse conta do que tinha feito. Não se arrependia, masbem esperava que se acaso lhe apresentasse outra

ocasião, de certo sua pontaria seria melhor.Alicia acudiu rápida a seu lado e a conduziu a um banco.“Mamãe está preparando algo para acalmar os nervos,

minha senhora. Treme como uma folha. Sente-se mal?”“Não, mas estou furiosa: meus irmãos estão mortos e

nada poderá lhes devolver a vida. O único consolo é a idéiaque Angus Sinclair pagará por seus crimes”“Seu pai não demonstrará nenhuma piedade”

prognosticou Alicia.Gillian trocou um olhar cúmplice com Alicia.“Angus Sinclair morrerá hoje mesmo. Gizela terminou de

lhe curar?”Alicia assentiu.“pulverizou sobre a ferida um polvilho branco e lhe

suturou ferida” referiu.“Faça trocar os juncos secos do piso” ordenou Gillian.

“Não quero ver o sangue do Sinclair em minha casa”À medida que a tensão se relaxava, sentia cada vez mais aausência de Ross.Queria a seu marido, queria abandonar-se em seus braçose deixar que ele a confortasse.Hannah apareceu com uma taça fumegante.“foi muito valente, mas agora deve beber esta infusão:

acalmará os nervos e fará bem ao pequeno”Gizela se aproximou enquanto Gillian saboreava a bebidaquente.



“Faça isso, pequena: Angus Sinclair não ameaçará nuncamais a você e nem a nenhuma de seus entesqueridos. Morrerá hoje mesmo”“Tem certeza? Minha faca não lhe provocou danos tão

graves”“Confie em mim: Angus Sinclair é um homem morto” lhe

assegurou a curandeira em tom solene.“Obrigado, Gizela” murmurou Gillian.

Os homens de Angus o levantaram e permaneceram de péa espera de ordens. Gordon se dirigiu para Gillian comuma atitude decidida.“Disse que podem ir, Gillian, mas o chefe do clã deve

permanecer aqui a espera do castigo que seu pai decidirá”comentou.“Deixa que o levem” replicou ela com um tom cansado

em sua voz.“Não! Esse homem matou a seus irmãos e merece a

morte” se rebelou Gordon.“Angus morrerá, mas não quero que isto aconteça em

minha fortaleza. E seus homens são inocentes: não sabiam

nada de sua traição. As esposas e os filhos necessitamdeles”“Ross me esfolará vivo, se deixar partir Sinclair impune”

insistiu Gordon.“Giselda se ocupou dele a seu modo” assegurou Gillian.

Disse que já é um homem morto e eu acredito”Gordon a olhou estupefato, logo se virou e deu umaordem. Pouco depois os homens de Sinclair o arrastavam

para fora da porta.“Deixa que te ajude a voltar para a cama, minha

senhora” interveio Alicia.- Teve muitas emoções por hoje.Mais tarde te levarei uma bandeja com algo saboroso paracomer”.“Não tenho fome”.“Mamãe preparará pratos que lhe farão ter apetite”.

Gillian não queria parecer débil, mas enquanto Alicia aacompanhava acima e a recostava na cama se sentiaabatida e dolorida.



Ross se assegurou que Ramsey MacKay tivesse tudo sobcontrole em Wickhaven, logo partiu com seus homens paravoltar para casa. Ao chegar a uma encruzilhada, viram unscavalheiros que vinham de Ravenscraig.

“Consegue identificá-los?” perguntou Ross a Niall.Este protegeu os olhos com a mão contra o reflexo do sol.“Parece-me que levam as cores do rei”

Ross levantou a mão para deter sua pequena escolta.“Deteremo-nos para esperá-los. Se vierem de

Ravenscraig, quero saber o motivo de sua visita a nossafortaleza”.Os cavalheiros demoraram um quarto de hora para

alcançá-los.“Pode identificá-los?”“Parecem Sinclair” resmungou Donald perplexo,

reunindo-se com Ross e Niall.“Ei, olhem lá!” gritou Niall, indicando um cavalo que

sustentava um corpo inerte.“Ninguém deve desembainhar a espada, a menos que nos

ameacem” ordenou Ross. Examinou os rostos dos Sinclair e

o homem morto atravessado sobre a cela.Robert Sinclair se adiantou e se apresentou.“estiveram na Torre de Ravenscraig? “ perguntou Ross

brusco“Mais vale que lhe conte tudo de uma vez imediatamente,

senhor” respondeu Robert nervoso.“Nosso chefe está morto e nós estamos retornando a

nossas terras e a nossas famílias. Nós não gostávamos da

vida de mercenários”.Ross se aproximou do cadáver e reconheceu Angus.“Como morreu?” perguntou.“É um verdadeiro mistério. Em Ravenscraig aconteceu

algo de incompreensível”.“Se explique” ordenou Ross com voz dura.- “Como

puderam entrar? As muralhas são inexpugnáveis”“Usamos as cores do rei: ninguém nunca nos negaria o

acesso”“Isto não explica porque estiveram em Ravenscraig, ou

como morreu Sinclair”.



“Angus nos fez acreditar que o rei lhe tinha cedidoRavenscraig e que lá viveríamos muito bem, mas depoisdescobrimos que tudo era mentira: não havia nenhumaordem escrita do rei”

“O que aconteceu?”“Sua esposa foi muito valente, senhor: desafiou Angus,

lhe pedindo para mostrar o documento com o selo do rei,mas naturalmente não podia fazê-lo. Quando descobriu queestava longe, disse que te teria feito uma armadilha para tematar a sua volta”“Minha esposa é um verdadeiro guerreiro” comentou Ross

com um sorriso orgulhoso.- “Em todo caso ainda não me

explicou como morreu Sinclair”Robert coçou a cabeça.“É um verdadeiro mistério. Hoje soubemos que Angus

traiu seus aliados e matou os filhos de MacKay parafavorecer seus planos. Quando sua esposa o escutougabar-se deste fato vergonhoso, lançou-se contra dele e oferiu com uma faca de mesa. Não parecia uma feridamuito grave e sua curandeira o curou antes de abandonar

a fortaleza, entretanto, pouco depois de ter deixadoRavenscraig, Angus morreu”“Gillian o feriu com sua pequena faca?” repetiu Ross.

Desmontou para dar uma olhada mais perto do corpo deseu inimigo.“Sua esposa demonstrou uma coragem de leão” declarou

Robert com admiração.- “Se tivesse tido em mãos umaespada, estou certo que o teria despedaçado. Quando

Angus nos ordenou matá-la junto a todos os MacKenna quepermaneciam em Ravenscraig, nenhum de nós obedeceu:tinha-nos enganado e nos envergonhamos por sua traição.Então nos rendemos. Angus quebrou o código das

Terras Altas e não merecia nossa lealdade”.Ross sentiu a dor de Gillian: saber desse modo que Angustinha matado seus irmãos podia ser fatal para uma mulhergrávida.“Seu tio Gordon queria trancar Angus nas masmorras,

mas sua esposa nos permitiu levá-lo conosco. Gordon nãoficou muito contente de sua decisão”



“Imagino” comentou Ross.“Permite-nos que voltemos para nossas famílias?”

perguntou Robert.- “Tearlach não lhes tem feito mal, nãoé?”

“Deveriam ter pensado isso antes de seguir a seu chefe,mas não se preocupem: nós não fazemos mal a mulheres ecrianças.Agora sua fortaleza se chama Wickhaven epertence a Ramsey MacKay: necessitará de homens paratrabalhar a terra e cuidar do gado e se lhes juraremfidelidade os acolherá. Estarão muito melhor que comAngus Sinclair. Não se preocupava absolutamente do bem-estar de sua gente”.

“Os Sinclair e os MacKay são aliados. Já juramos lealdadeaTearlach e não duvidaremos em fazê-lo de novo. Somoslivres para ir agora?”“Sim mas a próxima vez que nos encontremos, seria

melhor que usassem as capas de seu clã e não as cores dorei. Relatem ao Ramsey o que me disseram e ele osdeixará ficar”Ross virou seu cavalo para Ravenscraig e galopou para

casa, para sua esposa. Uma esposa que amava até aloucura, mais que a sua própria vida. Niall e os outros oseguiram, incapazes de equiparar sua marcha.O sol havia desaparecido detrás das montanhas quandoRoss entrou na fortaleza. Desmontou, lançou as rédeas ao

jovem cavalariço, subiu os degraus de dois em dois eentrou no salão enquanto estavam colocando as mesaspara o jantar.

“Onde está minha esposa?” gritou, dirigindo-se a ninguémem particular.Gordon o escutou e foi a seu encontro.“Teria que havê-la visto, moço. Estava magnífica”

declarou admirado.“Já sei tudo: encontrei os Sinclair pelo caminho. Angus

morreu”.“Não me surpreende, embora quando se foi daqui estava

vivo. O teria tido prisioneiro a espera do julgamento deMacKay, mas Gillian me convenceu que era inútil: sabiaque o traidor não teria vivido por muito tempo mais”



“Robert Sinclair, contou-me que Angus morreuinesperadamente de improviso pouco depois de partir deRavenscraig, então Gillian tinha razão”“Onde está? Como vai?”

“Alicia a levou para descansar. Estava perturbada, depoisde ter escutado Sinclair que se gabava de ter matado seusirmãos. Não a vimos desde quando subiu a seu quarto,mas segundo Alicia ela e o menino estão bem”Ross não esperou nem sequer que terminasse a frase quese lançou escadas cima.Encontrou Gillian sentada diante do fogo, envolta em umacapa com as cores dos MacKay, o olhar para as chamas.

Ross lhe aproximou com cautela para não assustá-la enotou consternado as lágrimas que lhe sulcavam o rosto.Chamou-a devagar, ela se virou e o olhou com um olharvazio, tanto que no começo temeu que não o tivessereconhecido.“Ele os matou, Ross” sussurrou. “Queria eliminar meu pai

e todos os meus irmãos, para depois casar-se comigo eapoderar-se de Braeburn”.

Ross a levantou com doçura, sentou-se na cadeira que elatinha deixado, e a colocou em seus joelhos e lhemurmurou palavras ternas e reconfortantes nos ouvidos.“Deveria havê-lo matado, pelo que fez a minha família.

Estava convencida que meus irmãos foram mortos pelosMacKenna e te odiava por isso” adicionou Gillian com voztrêmula.“Esqueçam o passado, amor, e só pense no futuro.

Temos adiante toda uma vida em paz, sem guerras nemderramamentos de sangue”.Gillian se aconchegou entre seus braços: enquanto tivesseRoss, tudo iria bem. Não podia devolver a vida a seusirmãos, mas podia encontrar a maneira que os clãs nãolutassem mais.“Conta-me o que aconteceu?” perguntou Ross.

Gillian respirou profundamente e assentiu.“No princípio não reconhecemos Angus e seus homens,

porque levavam as cores do rei, assim os guardas osdeixaram entrar. Gizela nos advertiu de baixar a grade,



mas já era muito tarde. Angus ficou surpreso: esperava teencontrar aqui, para defender o castelo e imediatamentese preparou para te matar a sua volta” se sacudiu por umestremecimento.- “Devo ter perdido a cabeça, quando o

apunhalei com minha faca”.“E se seus homens tivessem te atacado? Podiam te haver

matado junto com o menino” Disse Ross angustiado.“Sinto muito: estava muito furiosa e horrorizada pela

traição de Angus para pensar com lucidez. Seus homensestavam tão desconcertados e não obedeceram suasordens”Lhe cobriu os lábios de beijos ligeiros.

“Sei. Encontrei-os no caminho para Wickhaven”“Wickhaven? Repetiu Gillian desconcertada“É o novo nome que seu pai deu à fortaleza do Sinclair.

Conquistou-a para ele e a entregou a Ramsey. AngusSinclair morreu” adicionou depois de uma breve indecisão.Gillian não manifestou surpresa.“Escutou-me? Disse que Sinclair morreu”“Ouvi, mas não quero falar nunca mais disso”

Ross franziu a testa, mas respeitou seu desejo e a embaloucom doçura.“Quer conhecer o destino de Seana MacHamish?

Gillian assentiu.“Encontramo-la em Wickhaven: fugiu lá depois de ter

abandonado Ravenscraig e lá ficou porque não havia outrolugar onde ir, visto que Sinclair recusou levá-la consigo aEdimburgo. A gente estava em condições lastimosas e seu

pai prometeu provisões e ajuda”“Não matou Seana, não é?”“Não, mas possivelmente dentro de pouco vai querer

morrer: seu pai a acompanhou ao convento de St.Sithian,onde passará o resto de sua vida orando” respondeu Ross.Logo a beijou e a embalou como uma menina necessitadade proteção .Gillian se sentiu derreter e acolheuprofundamente sua força de guerreiro e sua inesperadaternura.



“Já me sinto melhor” declarou. “Seana está longe e Angusestá morto, embora meu pai não ficará contente: queriavingar-se pessoalmente pela morte de meus irmãos”“Sim , amor. foi muito valente para enfrentar Sinclair, mas

também imprudente, em vista de suas condições. Se deuconta que nos salvou? Se não tivesse insistido Angus aadmitir de ter matado a seus irmãos;, seus homens não sehaveriam amotinado contra ele”“Não foi uma questão de coragem, mas sim de

indignação: estava tão furiosa e assustada com a idéia queAngus queria te matar também, depois de ter matado ameus irmãos” confessou Gillian “ Te amo, Ross. Não posso

imaginar a vida sem você.Ele a estreitou mais forte.“Por isso não deve preocupar-se: amo você e não te

deixarei nunca”Um leve ruído os advertiu que não estavam sozinhos.Virou-se de um golpe e viu Gizela parada na porta.“O que faz aqui?” perguntou frustrado.“Angus Sinclair morreu?” perguntou a curandeira.

“Sim”Gizela assentiu satisfeita e Ross a olhou com umarepentina suspeita.“O que lhe fez?” perguntou.“Esse homem merecia a morte” respondeu Gizela

sacudindo os ombros.“MaKay queria vingar-se” objetou Ross.“foi melhor assim” cortou a outra. “Não pense mais,

senhor, se dedique a sua esposa: ela representa seufuturo” logo desapareceu, silenciosa como tinha chegado.“Gizela, espera! - Gritou-lhe Ross. “Como fez?”

Nenhuma resposta.“Deixa-a em paz” lhe aconselhou Gillian. “Sabia que

Gizela tinha encontrado a maneira que Angus não vivessepor muito tempo, por isso ignorei os protestos de Gordon edeixado que seus homens o levassem. Tem importânciasaber como morreu?”“Na realidade, não. A única coisa que me importa é você e

o futuro nos espera”.



Ross se levantou, levou-a para a cama e lhe mostrou semnecessidade de palavras o verdadeiro significado do amor.

EPÍLOGO

O dia que Gillian começou com seu trabalho de parto oscampos e as colinas estavam semeadas de flor, cujoperfume flutuava no ar levado por uma leve brisa.Membros dos clãs MacKay e MacKenna estavam reunidosno salão de Ravenscaraig a espera do doce acontecimento.

Em seu dormitório,Gillian caminhava para frente e paratrás, com Gizela que lhe controlava as contrações,enquanto Alicia e Hannah se preocupavam com ospreparativos para o parto. Gillian gemeu ante umacontração de regular intensidade, e a testa de cobriu desuor.Não via a hora que o menino nascesse; sentia-se enorme,desalinhada e torpe e se movia com dificuldade, apesar de

que Ross lhe assegurasse que a seus olhos sempre eramuito bela.“Está pronta para empurrar?” perguntou Gizela.“Sim: se não o fizer agora, temo que explodirei”

respondeu ela, sacudida por outra contração.“Por quanto tempo devo caminhar? Parece-me que

caminho por horas. Não sei quanto poderei resistir”Gizela examinou seu enorme abdômen e a guiou para a

cama.“é hora de dar a luz ao menino. Se deite, e você Alicia,

traga a panela de água que está esquentando perto dachaminé”Uma intensa atividade seguiu as ordens da Gizela.A água quente foi colocada em uma bacia e todas lavaramas mãos usando sabão com um aroma intenso.Depois a curandeira voltou onde Gillian, advertiu o início deuma forte contração e lhe ordenou empurrar.As contrações seguiram durante a meia hora mais longade sua vida. Até o momento que tinha conseguido



reprimir os gritos, mas desde esse momento não foipossível: a dor era tão forte que não se dava nem contaque gritava. Queria ter perto Ross, segura que sua simplespresença lhe daria mais coragem. Odiava as estúpidas

regras que mantinham os homens longe do quarto ondesuas esposas davam a luz.Os gritos de Gillian chegaram até o salão. Ross se levantoude um salto, sem saber o que fazer, mas seu sogro odeteve tomando-o por um braço.“Tudo é normal, moço: escuta um homem que teve seis

filhos. Deve esperar que tudo termine, tal como eu fiz”Ross voltou a sentar-se, mas na realidade queria estar

junto a Gillian. Por que os homens eram excluídos do parto,quando eram responsáveis pelos dores de sua esposa?Quando a escutou gritar uma segunda vez, livrou-se de

Tearlach, subiu os degraus de dois em dois e entrou noquarto.“Este não é lugar para um homem- ”lhe advertiu Hannah,

tratando de bloquear a vista.Ross a ignorou e entrou decidido. Gillian o chamou com

um fio de voz, mas seu sorriso de boas-vindaslogo se transformou em uma careta de dor. Estendeu amão e ele a estreitou forte.“Como posso ajudar Gizela?” perguntou.“O parto não é um agradável espetáculo. Tem certeza de

querer ficar ?”“Me diga que devo fazer” cortou Ross.- “Não suporto ver

Gillian sofrer . É sempre assim ?”

“Este parto é fácil, comparado com outros. Sente-sedetrás dela e segure-a, enquanto empurra parafora o bebê. Não falta muito: já vejo sua cabecinhavermelha como a de sua mãe”Ross obedeceu com prontidão.“Empurre, pequena” ordenou Gizela. “Logo estreitará a

seu filho em seus braços”Gillian se avermelhou vivamente, mas com a ajuda eestímulo de Ross tudo foi mais fácil. Um momento depois obebê se deslizava para fora do ventre e terminava nasmãos de Gizela, que o puxou pelos pés, deu-lhe um



tapinha em suas minúsculas nádegas e esperou seuprimeiro gemido. Todos deram um suspiro de alívio quandoressonou o agudo pranto do recém-nascido.“Tem um formoso varãozinho,senhor” declarou Gizela

passando o pequeno a Hannah para lavá-lo e vesti-lo.A placenta foi expulsa depressa. Ross recostou Gillian comgentileza e se sentou na beira da cama.“Está bem, amor? É terrível vê-la sofrer”

Ela o olhou com olhos sonolentos.“Valia a pena ouvir o choro de nosso filho? Será um

guerreiro forte e valente como seu pai”“Ou como sua mãe”

“Quero vê-lo”.Hannah passou o recém-nascido a Ross e ele o colocouentre os braços. Gillian contou imediatamente os dedos dasmãos e dos pés e suspirou aliviada constatando que nãohavia o mínimo defeito.“É perfeito” murmurou Ross encantado.-

“Como o chamaremos?”“Tavis, em lembrança de seu irmão”

“Tavis Loren MacKenna” adicionou Gillian, recordando aseu irmão morto na guerra“Agora deve ir, senhor” interveio Gillian.- “Sua esposa

está exausta e deve repousar e nós devemos lavá-la etrocar os lençóis, de modo que possa receber visitas”.Ross se levantou e tomou nos braços com ternura seupequeno filho, beijou Gillian na testa e desceu paraapresentá-lo ao avô e aos tios.

“Minha esposa me deu um varão forte e saudável -anunciou orgulhoso entrando no salão.“Apresento-lhes Tavis Loren MacKenna, futuro senhor do

clã MacKenna” Tearlach MacKay secou furtivo uma lágrima enquantoexaminava seu segundo neto, visto que a esposa doMurdoc já lhe tinha dado um no mês anterior.O recém-nascido foi admirado pelos membros de ambos osclãs, e começaram os festejos. Quando o pequeno começoua choramingar, Ross deixou o salão sem que outros sedessem conta e o levou até sua mãe.



Gillian o olhou entrar comovida e lhe estendeu os braços.“Deveria repousar agora” a repreendeu com doçura Ross,

lhe entregando ao filho.“Precisava vê-lo antes de dormir” respondeu ela,

balançando-o com ternura.“Amo você, Gillian” murmurou Ross. “Obrigado por me

haver dado um filho”Nenhuma resposta: Gillian estava adormecida com omenino entre seus braços, mas na realidade não tinhaimportância. Já sabia que o coração de Ross MacKenna lhepertencia, assim como o seu pertencia a ele.

FIMProibido a comercialização produzido de fã para fã sem fins

lucrativos

onnie mason - o guerreiro das terras altasrevisado

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