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O Facebook como Ferramenta de Comunicação da Marca Origens Nayara Miranda da Silva Costa UVV - Universidade Vila Velha, Vila Velha, ES RESUMO As redes sociais deixaram de ser um ambiente online de interação somente entre amigos e familiares e tornaram-se, também, um eixo próximo e direto entre empresas e clientes. O Facebook permite que empresas façam desse meio, uma fonte eficaz de comunicação, onde o consumidor final tem a oportunidade de conferir de qualquer lugar as novidades, além de permitir que o cliente interaja por meio de opiniões e sugestões. O objeto de estudo deste artigo é a Origens Marca, uma loja de roupas femininas e masculinas, que atua no mercado capixaba desde 2009, com matriz localizada na Praia do Canto, em Vitória, Espírito Santo. O objetivo é analisar a principal fonte de comunicação da loja, o Facebook, de que forma é utilizado, quais as estratégias e qual a repercussão disso para a loja. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Mercadológica; Facebook; Origens; Redes Sociais. INTRODUÇÃO As condições sociais do mundo contemporâneo, com destaque para a presença da tecnologia digital, têm mudado de maneira significativa nossas formas de interação. Desse modo, nossas possibilidades de interagir socialmente com os outros sofrem mudanças, construções e reconstruções, sendo que, dentro deste contexto, as mídias sociais se destacam como notórios meios de interação e difusores de informação do nosso cotidiano. Graduada no curso de Comunicação Social Jornalismo, pela Faesa em 2009/2, e estudante do curso MBA em Comunicação integrada e Novas Mídias, da UVV. E-mail: [email protected]

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O Facebook como Ferramenta de Comunicação da Marca Origens

Nayara Miranda da Silva Costa

UVV - Universidade Vila Velha, Vila Velha, ES

RESUMO

As redes sociais deixaram de ser um ambiente online de interação somente entre amigos e

familiares e tornaram-se, também, um eixo próximo e direto entre empresas e clientes. O

Facebook permite que empresas façam desse meio, uma fonte eficaz de comunicação, onde

o consumidor final tem a oportunidade de conferir de qualquer lugar as novidades, além de

permitir que o cliente interaja por meio de opiniões e sugestões. O objeto de estudo deste

artigo é a Origens Marca, uma loja de roupas femininas e masculinas, que atua no mercado

capixaba desde 2009, com matriz localizada na Praia do Canto, em Vitória, Espírito Santo.

O objetivo é analisar a principal fonte de comunicação da loja, o Facebook, de que forma é

utilizado, quais as estratégias e qual a repercussão disso para a loja.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Mercadológica; Facebook; Origens; Redes Sociais.

INTRODUÇÃO

As condições sociais do mundo contemporâneo, com destaque para a presença da

tecnologia digital, têm mudado de maneira significativa nossas formas de interação. Desse

modo, nossas possibilidades de interagir socialmente com os outros sofrem mudanças,

construções e reconstruções, sendo que, dentro deste contexto, as mídias sociais se

destacam como notórios meios de interação e difusores de informação do nosso cotidiano.

Graduada no curso de Comunicação Social – Jornalismo, pela Faesa em 2009/2, e estudante do curso MBA

em Comunicação integrada e Novas Mídias, da UVV. E-mail: [email protected]

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Além da comunicação entre usuários dentro das redes sociais, cada vez mais as corporações

têm percebido esta ferramenta virtual como um meio de contato privilegiado com o

consumidor. Empresas grandes e pequenas têm utilizado esses canais para promover a

marca, aumentar seu mercado consumidor e impulsionar vendas.

O presente estudo parte, portanto, de um campo delimitado de pesquisa, que são as redes

sociais enquanto ferramentas mercadológicas. Dentro deste universo, analisamos o perfil da

empresa de roupas femininas e masculinas, “Origens Marca”, na rede Facebook.

Para este artigo, fizemos um estudo teórico que buscou discutir como as redes sociais

trouxeram mudanças para nossas formas de interagir e como estas foram apropriadas tanto

pelo mercado consumidor como pelo corporativo. Também discutimos a relação entre

moda e Facebook.

A análise do perfil da marca Origens permitiu exemplificar a revisão bibliográfica

encontrada ao longo do artigo. Durante o processo, usamos prints para destacar a relevância

de cada detalhe observado, com o objetivo de sintetizar as citações de cada autor com base

nas possibilidades abordadas e no que é utilizado dessa mídia.

1. CONCEITO DE REDES SOCIAIS

Na atualidade, tratar a temática das redes sociais, implica associar o termo à socialização

entre pessoas por mediação via computador. Estas redes conectadas tecnologicamente

importam conceitos advindos de várias ações cotidianas, seja um pequeno coquetel que

estabelece o momento de socialização entre amigos, ou evento de relacionamento

profissional. No ambiente virtual temos uma continuação da vida social, já que usamos

inicialmente o critério de adicionar em nossa rede, pessoas com as quais já temos algum

tipo de relação, e a partir daí, são estabelecidos outros critérios pessoais que possibilitam

conhecer novas pessoas que tenham interesses interligados de alguma forma.

Redes Sociais são, antes de tudo, relações entre pessoas, estejam elas interagindo

em causa própria, em defesa de outrem ou em nome de uma organização,

mediadas ou não por sistemas informatizados; são métodos de interação que

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sempre visam algum tipo de mudança concreta a vida das pessoas, no coletivo

e/ou nas organizações participantes (AGUIAR, 2007, p.2).

Para Santaella, “uma rede acontece quando os agentes, suas ligações e trocas constituem os

nós e elos de redes caracterizadas pelo paralelismo e simultaneidade das múltiplas

operações que aí se desenrolam” (SANTAELLA, 2003, p.89). Estas ligações e trocas entre

os nós podem acontecer em um ambiente denominado ciberespaço, ao qual Santaella

(2003) define como a ligação entre essas redes e os computadores, no qual é estabelecida

uma relação entre os terminais das máquinas espacialmente individualizados e entre atores

que se relacionam em um espaço de representações e interação.

Em sua análise sobre redes sociais, Sonia Aguiar engloba nesse campo de redes mediadas

por computador, “todos os grupos e movimentos que se organizam online e as respectivas

questões sociais, econômicas e jurídicas decorrentes de suas ações” (AGUIAR, 2007, p.4).

A interação e ligação dos atores em suas redes são dadas de acordo com seus determinados

interesses. Essa relação independe da forma como é feita (real ou virtual), já que “o

resultado gerado é um conjunto de relações que dependem tanto das redes reais quanto das

virtuais” (AGUIAR, 2007, p.2).

Quando ligado às redes digitais, o computador permite que as pessoas troquem

todo tipo de mensagens entre indivíduos ou no interior de grupos, participem de

conferências eletrônicas sobre milhares de temas diferentes, tenham acesso às

informações públicas contidas nos computadores que participam da rede,

disponham da força de cálculo de máquinas situadas a milhares de quilômetros,

construam juntos mundos virtuais puramente lúdicos – ou mais sérios -,

constituam uns para os outros uma imensa enciclopédia viva, desenvolvam

projetos políticos, amizades, cooperações (SANTAELLA, 2003, p.103).

Raquel Recuero (2009) caracteriza as redes sociais na internet em dois tipos: redes

emergentes e redes de filiação ou redes de associação. As redes emergentes são

consideradas aquelas nas quais existe interação, porém, esta depende mais do indivíduo que

„criou‟ a rede e sua disponibilidade para interagir, como exemplo, os weblogs e fotologs,

onde é necessária uma postagem para que os demais façam comentários sobre. Já as redes

de filiação ou redes associativas são exemplificadas por meio das mídias sociais Twitter,

Orkut e Facebook, onde existem grupos de amigos, que advém de redes de convívios

sociais já existentes e que estabelecem outros vínculos novos sem necessariamente ter

algum tipo de relação anterior, apenas um interesse comum, e que permite por meio dessa

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ferramenta uma interação mútua instantânea, por meio de recados e chat online. Recuero

complementa ao afirmar que

As redes sociais do tipo emergente são aquelas expressas a partir das interações

entre os atores sociais. São redes cujas conexões entre os nós emergem através

das trocas sociais realizadas pela interação social e pela conversação através da

mediação do computador. [...] Nas redes de filiação, há apenas um conjunto de

atores, mas são redes de dois modos porque é estudado um conjunto de eventos

aos quais um determinado ator pertence. Chama-se rede de dois modos porque

são medidas duas variáveis: além dos atores-indivíduos são observados os

eventos. Cada um desses eventos é, ainda, um elemento de conexão de um

conjunto de atores. As redes de filiação seriam, assim, constituídas de dois tipos

de nós: os atores e os grupos (RECUERO, 2009, p.94).

Estas redes sociais das quais este artigo trata são, portanto, redes de filiação informatizadas

que se iniciam nos grupos de conhecimento e convívios sociais já existentes e que se

expandem por meio de interesses mútuos entre eles, abrindo espaço para inserções de novos

agentes, inclusive as marcas e os apreciadores destas marcas.

2. O Facebook como ferramenta da Comunicação Mercadológica

O Facebook foi criado em 2004 pelo americano Mark Zuckerberg quando ainda era

estudante da Universidade de Harvard. O objetivo inicial de Zuckerberg com a criação da

rede social era a interação entre os alunos da faculdade, um meio de estreitar as relações.

O foco inicial do Facebook era criar uma rede de contatos em um momento

crucial da vida de um jovem universitário: o momento em que este sai da escola

e vai para a universidade, o que, nos Estados Unidos, quase sempre representa

uma mudança de cidade e um espectro novo de relações sociais. O sistema, no

entanto, era focado em escolas e colégios e, para entrar nele, era preciso ser

membro de alguma das instituições reconhecidas (RECUERO, 2009, p.171).

A ideia conquistou o mundo. De acordo com uma pesquisa feita pelo especialista Nick

Burcher publicada no site do grupo IDG Now em 04 de janeiro de 2012, o Brasil é o quarto

país que mais acessa a rede social. Os dados apresentam um aumento de 300% na utilização

da rede social do ano de 2010 para o ano de 2011.

A mobilidade também contribui para o aumento significativo de pessoas que fazem parte

desse universo virtual, assim também como o crescimento de empresas físicas, virtuais e

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autônomos que usam desse meio para comercializar e divulgar seus produtos. Bronsztein e

Pimenta (2011) destacam o Twitter e o Facebook como as redes sociais que tem mais

acesso via mobile, indicando o Facebook como o maior site de rede social mobile do

mundo.

A Internet pode contribuir para a expansão dos vínculos sociais em uma

sociedade que parece estar passando por uma rápida individualização e uma

ruptura cívica. Parece que as comunidades virtuais são mais fortes do que os

observadores em geral acreditam (CASTELLS, 2008, p.445).

O Facebook deixou de ser um espaço somente de relações sociais/pessoais para se

transformar também em um espaço de negócios. A comunicação mercadológica sofreu

mudanças drásticas com o boom dessas mídias sociais. O comunicar deixou de ser função

de um profissional da área para fazer parte de um meio em que todos têm o mesmo poder,

poder de informar, de criticar, opinar e divulgar.

A tecnologia da informação invadiu o espaço da atividade de relações públicas e

modificou a relação entre comunicadores e públicos. O poder de comunicar,

antes restrito aos grandes grupos de mídia e aos conglomerados corporativos,

passa a estar, também nas mãos do público (TERRA, 2011, p.4).

Com o surgimento desta rede, os estabelecimentos comerciais fizeram dela um espaço para

se aproximar dos seus clientes e por meio destes, conquistar outros. Afinal, “nesse contexto

em que o consumidor tem maior autonomia, a qualificação é pulverizada para toda uma

rede de contatos em apenas um clique” (GRIGOLETTI, 2011, p.11). Essa aproximação

tornou-se necessária para que as marcas ficassem cada vez mais íntimas dos consumidores,

e o acesso às informações mais prático e rápido. Terra ainda afirma em estudo que “as

empresas descobriram a eficácia dessa mídia social e a estão utilizando para estreitar o

relacionamento com o consumidor final. Porém, ainda não há fórmula pronta que auxilie

nesta tarefa.” (TERRA, 2011, p.5 apud COUTINHO, 2007, p.12).

As formas de comunicação que cada perfil e/ou página utilizam vai de acordo com cada

objetivo. Nesse contexto, a propaganda chamada „boca-a-boca‟ também pode fazer parte da

comunicação mercadológica. Com o Facebook essa propaganda criou novas maneiras de

expressão, onde os clientes têm a liberdade de colocar sua opinião sobre o produto.

As empresas frequentemente empregam técnicas para acelerar a difusão de

novos produtos e serviços utilizando a propaganda boca a boca. Com o

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surgimento e crescimento da Internet, passa-se a discutir-se como utilizar os

canais interpessoais virtuais para aumentar o potencial do marketing boca a boca

(BENTIVEGNA, 2002, p.80).

Segundo Bentivegna o desafio é destacar uma mensagem publicitária dentre tantas que são

disparadas diariamente aos consumidores, em especial àqueles ligados a internet.

A Internet impõe um novo modo de pensar ao profissional acostumado a lidar

com redes reais em que as ligações entre os nodos são conexões físicas, como os

trilhos de um trem. Nas redes virtuais, por outro lado, as ligações entre os nodos

são invisíveis, embora sejam absolutamente fundamentais para a dinâmica do

mercado (BENTIVEGNA, 2002, p.81).

No caso específico da junção entre Facebook e moda, assunto do próximo tópico, é possível

observar vários tipos de abordagens para atrair o público. Entre elas lookbooks especiais de

acordo com cada estação, promoções em altos percentuais em toda loja, além dos

charmosos coquetéis em comemoração aos aniversários da loja, sempre com o mesmo

objetivo: aproximar e vender.

3. A Moda e o Facebook

A comunicação nas redes sociais permite muito mais que apenas uma informação emitida,

há a participação/interação, que possibilita que o leitor seja também um

emissor/comunicador direto. Tratando especificamente do objeto de estudo, percebemos o

interesse a partir do instante em que o ator adiciona ou curte a página de uma determinada

loja, marca ou até mesmo uma pessoa qualquer autônoma que revende produtos da moda. A

partir desse meio – Facebook – é possível a interação e negociação para adquirir o objeto

desejado. Uma comodidade que antes dos sistemas de comercialização eletrônica de

produtos não era permitida, dado o fato que era necessário deslocar-se do local em que se

estava para conferir e posteriormente adquirir o produto desejado.

No início do século XXI, a comunicação social e o marketing dominam o

espetáculo e reestetizam a produção, construindo uma variedade de discursos de

consumo centrados na expansão de necessidades. Com isso, uma parcela do

planeta assiste à explosão ininterrupta de códigos sob a égide da sedução

mercadológica pós- moderna. Esta sociedade seduzida generaliza o múltiplo,

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estimula a pluralidade de produtos e serviços e desencadeia inúmeras redes de

comunicação, propiciando, assim, um certo sentimento de „não-acabamento‟,

que oscila entre o heteronômico e o anônimo no cotidiano (FILHO; CASTRO,

2007, p.64).

Dentre essas redes de comunicação estão os sites de redes sociais, em especial o Facebook.

A moda e o Facebook se relacionam intimamente quando observamos a grande demanda de

lojas, e até mesmo de pessoas autônomas que usam desse meio para se aproximar de seus

clientes.

Os produtos que “estão na moda” são reinventados a cada estilo próprio que cada um dá a

seu modo de ver e gostar. É uma forma de identificação seja de grupos ou até mesmo

pessoal e de humor. Esta está cada vez mais se propagando e atingindo todas as classes,

com inúmeras possibilidades de compra.

O sentido da moda está nas vivências, nas representações e naquilo que orienta a

relação das pessoas com as roupas, aprovando e desaprovando, emitindo juízos

de valor. É assim que deve se dar a compreensão de seu sentido: como algo

que sinaliza, que aponta cotidianamente direções, significados e instrumentos de

julgamento para as roupas. E isso só é possível porque a roupa significa algo, e

exatamente por significar algo ela pode ser usada como instrumento de mediação

entre o indivíduo e o sentido que ela imprime em suas ações. Algo se torna

acessível por meio das roupas, há um interesse que orienta esse uso simbólico

(BERGAMO, 1998, p.??).

Segundo Marcos Cobra, “a propaganda, no cinema, na televisão, no outdoor, na revista ou

em outro veículo, precisa apresentar a coleção e estimular a lembrança da marca, além de

magnetizar o comprador. A propaganda pode ser criativa, comunicativa e, sobretudo,

persuasiva” (COBRA, 1997, p.5).

Mesmo sendo uma rede em que todos podem acessar e fazer parte, são necessários alguns

aspectos para atrair a atenção das “clientes online”. Entre eles está o serviço que é oferecido

e o preço. As pessoas querem saber informações sobre o objeto que deseja (valor, marca,

formas de pagamento, como adquirir o produto, etc.) e caso não seja atendido ali pela rede

social, é possível que não se interesse mais em ter aquela página ou perfil em sua rede, o

que pode fazer desta facilidade, também um risco.

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4. Caso Origens

A utilização das mídias sociais como ferramentas de comunicação mercadológica pela

marca Origens tem suas estratégias neste momento explicitadas para a conexão entre as

reflexões teóricas e práticas.

4.1. A Origens Marca

A Origens surgiu com a proposta de aliar moda, bem-estar, natureza e sustentabilidade.

Segundo Igor Sousa Almeida e Rafael Miranda, proprietários da marca, a ideia de conceito

da Origens é a moda ligada também à cultura, viagens, esportes e meio ambiente. A

primeira coleção foi lançada no verão de 2009.

Uma marca passa a significar não apenas um produto ou serviço, mas incorpora

um conjunto de valores e atributos tangíveis e intangíveis relevantes para o

consumidor e que contribuem para diferenciá-la daquelas que lhe são similares.

Assim, ao adquirir um produto, o consumidor não compra apenas um bem mas

todo conjunto de valores e atributos da marca (PINHO, 1996, p.43).

Na atualidade a marca distribui suas roupas para cidades do Espírito Santo, e para lojas em

Minas Gerais e Bahia. A Origens também tem buscado participar de eventos como o

Vitória Moda Show, um dos maiores eventos de moda do Espírito Santo; o Super Mercado

da Moda, evento realizado a cada três meses que dispõe de stands para as marcas capixabas

exporem seus produtos, que compreendem artesanatos, acessórios e roupas. Tal atuação

rendeu à Origens o troféu de marca revelação no Prêmio Hype 2012, que prestigia moda e

estilo (figura 1).

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Figura 1 – Prêmio Hype 2012.

O Facebook é a principal ferramenta de comunicação estratégica da marca Origens. As

postagens são feitas de acordo com a demanda, e vão desde promoções especiais para datas

comemorativas (figura 2), até previews de cada estação – primavera/verão, outono/inverno

com dicas de looks (figura 3), além de posts relacionados a conscientização do meio

ambiente (figura 4).

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Figura 2 – Promoções especiais para datas comemorativas

Figura 3 – Previews de cada estação com dicas de looks

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Figura 4 – Post relacionado com a conscientização do meio ambiente

Estudaremos neste artigo as formas que a Origens utiliza o Facebook e a relação existente

entre essa rede e consolidação da marca. Esse estudo de caso tem como objetivo mostrar a

funcionalidade profissional das redes sociais, em especial, o Facebook. A Origens foi

escolhida por ser uma marca que vem crescendo e ganhando seu espaço dentro e fora do

Espírito Santo usando o Facebook como uma de suas principais ferramentas de

comunicação.

4.2. A comunicação e o Facebook Origens

A comunicação da empresa estudada, antes das redes sociais online, era pautada em

propagandas em jornais impressos, matérias pagas em revistas, distribuição de folders, e

quando se tratava de internet, utilizava apenas o site próprio e e-mails marketing.

Esse tipo de comunicação, além de aliviar custos, dá ao público a possibilidade de

disseminar suas impressões sobre o que foi dito. Neto (2011) discorre sobre esta

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possibilidade e sobre como o consumidor quer ser atingido nessa era de globalização, onde

a interatividade passa a ser necessária.

A comunicação evoluiu para um patamar fortemente marcado por um cunho

tecnológico, dentro de um cenário cada vez mais global, social e ambiental.

(...) Assim, a comunicação digital assume uma importância primordial para as

organizações. As palavras-chave são cada vez mais: interactividade,

personalização, globalização, integração, aproximação, convergência e

democratização da informação. Desta forma, o consumidor é quem tem a

palavra final, assumindo o papel de actor principal. Estas novas regras indicam

que para captar a atenção do consumidor é necessário dar-lhe algo em troca,

fazendo com que este se sinta parte integrante do produto (NETO, 2011, p.29).

A Origens ainda possui um site, e tem a marca constantemente divulgada em impressos

(figura 5). Porém, tem priorizado a interação pela presença do cliente no estabelecimento

ou por meio do Facebook. Inclusive, conteúdos veiculados em meios de massa, são

imediatamente postados no Facebook, buscando uma ação de compartilhamento entre os

membros da rede para ampliar a abrangência da notícia.

Figura 5 – Matéria de Capa da Revista AG divulgada no Facebook

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Na rede social os clientes e até mesmo desconhecidos podem interagir. Não é apenas um

canal exclusivo para quem conhece a loja, mas sim um meio para quem não a conhece

fisicamente conferir produtos e participar ativamente das ações.

As redes sociais aqui em questão se organizam para constituir um sujeito do

conhecimento e que, ao mesmo tempo, é produtor de conhecimento. No caso do

Facebook, isso ocorre pela possibilidade de colocar em circulação e

compartilhar textos, artigos, vídeos, eventos, excertos, lançamentos de livros,

campanhas, etc. (DIAS; COUTO, 2011, p.637).

A página reserva aos 'amigos', as novas coleções, as peças disponíveis na loja, a numeração

e valores. Perguntas sobre numerações ou valores dos produtos não anunciados são

respondidas via inbox, de forma que quem terá acesso é apenas a pessoa interessada,

conforme destacado na figura 6.

Figura 6 – Perguntas sobre valores respondidas inbox

Visualizações de promoções, coleções novas e antigas, são feitas por meio dos álbuns,

todos separados por coleções e eventos (figura 7). Também é possível conferir de que

evento a Origens vai participar, os prêmios que concorre, dicas e comentários.

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Figura 7 – Álbuns de fotos

Segundo Mezrich (2010), o Facebook é uma ferramenta que incrementa a cena social,

tornando mais ágil as ações. Esse imediatismo e instantaneidade permitem que um

comentário possa ser uma ação eficiente de comunicação, pois conquistam novos contatos e

potenciais clientes para as marcas, numa ação profunda à medida que os comentários se

proliferem nas redes.

O surgimento da internet proporcionou que as pessoas pudessem difundir as

informações de forma mais rápida e interativa. Tal mudança criou novos canais e,

ao mesmo tempo, uma pluralidade de novas informações circulando nos grupos

sociais (RECUERO, 2009, p. 119).

Isso também exige da loja um imediatismo nas respostas e postagens frequentes. Um perfil

no Facebook desatualizado não interessa às pessoas que fazem parte desse grupo. Mezrich

(2010) afirma que o Facebook pode ser viciante ao passo que o usuário não acessa somente

uma vez ao dia, muito pelo contrário, o acesso acontece várias vezes por dia, seja para

atualizar a página, adicionar amigos ou acrescentar fotos.

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O Facebook não anula os demais meios tradicionais de comunicação, mas dá rapidez às

informações e facilidade para obter de forma cômoda o que se deseja. À exemplo do que

citamos logo acima, a figura 8 mostra o imediatismo no momento em que a Origens

responde via Facebook uma solicitação.

Figura 8 – Solicitação de um cliente via chat do Facebook

De acordo com um dos proprietários, Igor Sousa, a criação do Facebook da Origens se deu

em junho de 2011. No começo era usado apenas para divulgação de eventos, mas no início

deste ano a rede social passou a ser usada como ferramenta de divulgação de produtos da

loja e de ações que a marca participa.

A cada novidade (um novo lookbook, peças novas que chegaram na loja e promoções) são

feitas as atualizações de posts no Facebook, sem uma quantidade específica por mês, e é

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realizada pela gerente da loja ou pelos próprios proprietários. Em menos de um ano com o

Facebook ativo, a loja atingiu parte do objetivo, que é o aumento das vendas, e fazer com

que mais pessoas conheçam a marca Origens.

Em análise, no mês de agosto de 2012 foram realizadas 8 postagens. Em setembro de 2012,

10 postagens e em outubro de 2012, 26 postagens. O aumento de pouco mais que o dobro

entre os meses de agosto e setembro para o mês de outubro, ocorre porque neste último

foram realizadas ações para a divulgação da nova coleção de verão País Tropical (figura 9),

além do novo layout do site (figura 10), o lançamento do Instagram (figura 11) e a chamada

para o novo concurso para estampar com um desenho a camisa da marca Origens (figura

12).

Tais ações movimentam o Facebook e motivam as pessoas que possuem a marca em sua

rede de contatos a comentar, curtir e interagir em busca de novidades e, como

exemplificado na figura 12, também se posicionar de forma ainda mais ativa, participando

de um concurso no qual há a possibilidade de divulgação do nome, além de levar uma

recompensa em espécie no caso de ser o(a) ganhador(a).

Figura 9 – Divulgação da nova coleção de verão País Tropical

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Figura 10 – Novo layout do site

Figura 11 - Lançamento do Instagram

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Figura 12 - Concurso para estampar com um desenho a camisa da marca Origens

Nos meses usados para a análise (agosto, setembro e outubro), as postagens sobre o novo

lookbook, postado em 23 de outubro; e o prêmio Hype, em 12 de setembro, foram as que

receberam o maior número de curtições. A postagem com os proprietários recebendo o

prêmio Hype, representado na figura 1, recebeu 175 curtidas; enquanto o álbum com o

lookbook de verão, recebeu 83 curtidas (figura 13).

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Figura 13 – Lookbook de verão

Os posts mais próximos a esses números que receberam uma quantidade similar de likes foi

a matéria da Origens no Jornal A Gazeta com 55 curtições, seguida da postagem com a

coleção masculina de verão, com 52 curtições.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a discussão teórica com base no conceito de redes sociais, com ênfase nas redes

online, e no Facebook como ferramenta mercadológica e sua ligação com a moda, pôde-se

compreender esse universo baseado em estudos realizados por especialistas e também

idealizadores dessas mídias, quando ainda não se imaginava tal interação versátil

desconstruindo a primeira ideia de receptor – emissor.

O estudo apresentou a mobilidade da ferramenta Facebook, que permite além da

publicidade sem custos e com uma velocidade instantânea, a troca dessas funções, no qual o

emissor passa, por meio de opiniões e/ou informações obtidas, a ser também o receptor da

mensagem. Além desta vertente, podemos destacar também a funcionalidade dessa rede,

sendo possível atualizar em tempo real promoções, novos looks e fazer lançamento de

novidades independente de horários.

A busca da Origens pela tecnologia de informação por meio da rede Facebook atendeu as

suas expectativas sob as vendas e a visão da loja para o Estado. Expandiu a gama de

clientes, o que gerou também uma expansão no espaço físico e uma reestruturação do site e

de componentes que viessem somar com o Facebook, o chamado Instagram, que acrescenta

e possibilita ainda mais o imediatismo citado durante o artigo.

Tais ações exemplificaram, por meio de prints ao longo do estudo de caso, a eficácia sobre

a forma que a Origens utiliza o Facebook e o porquê de ser considerada a principal mídia

de comunicação, divulgação e crescimento da marca.

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6. REFERÊNCIAS

AGUIAR, Sonia. Redes Sociais na Internet: Os desafios à pesquisa. Rio de Janeiro, 2007.

BENTIVEGNA, Fernando Jucá. Fatores de impacto no sucesso do Marketing boca a boca

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