onicomicose 3

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  • 8/13/2019 Onicomicose 3

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    CAROLINA DE QUEIROZ MOREIRA PEREIRA

    Identificao de espcies de fungos causadores de

    onicomicoses em idosos institucionalizados no municpio de

    So Bernardo do Campo

    Dissertao apresentada Faculdade de

    Medicina da Universidade de So Paulo para

    obteno do ttulo de Mestre em Cincias

    Programa de: Dermatologia

    Orientadora: Profa. Dra. Cidia Vasconcellos

    So Paulo

    2012

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    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Preparada pela Biblioteca da

    Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo

    reproduo autorizada pelo autor

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    Pereira, Carolina de Queiroz Moreira

    Identificao de espcies de fungos causadores de onicomicose em idosos

    institucionalizados no municpio de So Bernardo de Campo / Carolina de Queiroz

    Moreira Pereira. -- So Paulo, 2012.

    Dissertao(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo.

    Programa de Dermatologia.

    Orientadora: Cidia Vasconcellos.

    Descritores: 1.Idoso 2.Dermatfitos 3.Onicomicose 4.Leveduras 5.Fungos

    filamentosos

    USP/FM/DBD-108/12

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    Aos meus pais Jos Pereira Junior e Abigail de Queiroz Moreira Pereira por

    sempre estarem presentes nos bons e maus momentos, por fornecerem as

    ferramentas necessrias para a construo do meu carter e por todo seu amor,

    compreenso e suporte.

    Ao meu marido Ademir Rosa de Oliveira que por tantas vezes cedeu seu

    tempo de descanso para me auxiliar na pesquisa e nos meus estudos e acima de

    tudo pelo seu amor e apoio incondicional.

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    Agradecimentos

    Primeiramente a Deus que me deu o dom da vida.

    minha orientadora Prof Dr Cidia Vasconcellos por sua pacincia e por

    tantas vezes ceder seu tempo de descanso para tirar minhas dvidas.

    A Roseli Santos Freitas e Natalina Takahashi por serem sempre solcitas e

    compartilharem seus conhecimentos em micologia.

    A Prof Dr Marta Cristina Souza por me fazer apaixonar pela micologia.

    Aos funcionrios do Laboratrio de Investigao Mdica 53 por me socorrer

    por tantas vezes no laboratrio.

    Ao meu irmo Marcos pelas oraes e apoio mesmo a distncia e pelos

    livros que consegui em sua loja.

    Meus avs Francisco e Hulda Moreira e Tia Ester Queiroz Siqueira por me

    estimularem a estudar e por investirem em minha vida.

    Aos funcionrios dos Asilos de So Bernardo do Campo: Casa So Vicente

    de Paulo e Casa de Velinhos Dona por terem aberto as portas e confiado em mim

    para a realizao do trabalho.

    Aos idosos que aceitaram fazer parte desse trabalho, sempre me

    incentivando.

    A tantos quantos me fizeram sentir no aprendizado da vitria, o que significa

    perseguir e conquistar objetivos.

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    Procura o conselho dos mais velhos,

    pois seus olhos contemplaram a face dos anos.

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    Esta dissertao est de acordo com:

    Referncias: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors

    (Vancouver).

    Universidade de So Paulo. Faculdade de Medicina. Diviso de Biblioteca e

    Documentao. Guia de apresentao de dissertaes, teses e monografias.

    Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F.

    Crestana, Marinalva de Souza Arago, Suely Campos Cardoso, Valria Vilhena. 3a

    ed. So Paulo: Diviso de Biblioteca e Documentao; 2011.

    Abreviaturas dos ttulos dos peridicos de acordo com List of Journals Indexed in

    Index Medicus.

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    Sumrio

    Lista de abreviaturas e siglas

    Lista de Smbolos

    Resumo

    Summary

    1. Introduo .............................................................................................................. 1

    2. Reviso Bibliogrfica ............................................................................................ 6

    2.1 Caractersticas gerais dos fungos ................................................................. 6

    2.2 Onicomicoses .................................................................................................. 7

    2.3 Dermatfitos ..................................................................................................... 8

    2.4 Leveduras do gnero Candida ..................................................................... 12

    2.5 Fungos fillamentosos no dermatfitos (FFND) ......................................... 14

    3. Objetivos Gerais e Especficos .......................................................................... 19

    3.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 19

    3.2 Objetivos Especficos .................................................................................... 19

    4. Mtodos ................................................................................................................ 21

    4.1 Aspectos ticos ............................................................................................. 21

    4.2 Casustica ....................................................................................................... 21

    4.3 Critrios de Incluso ..................................................................................... 23

    4.4 Critrios de Excluso .................................................................................... 24

    4.5 Coleta das Amostras ..................................................................................... 24

    4.6 Processamento das Amostras .................................................................... 25

    4.6.1 Exame Direto ............................................................................................... 25

    4.6.2 Isolamento Primrio ................................................................................... 25

    4.6.3 Isolamento Secundrio .............................................................................. 26

    4.6.4 Microcultivo em Lmina (Tcnica de Ridell) para Fungos Filamentosos

    (Dermatfitos e FFND) ......................................................................................... 26

    4.6.5 Provas Fisiolgicas e Bioqumicas para Identificao de Dermatfitos 27

    4.6.6 Re-Isolamento Pureza do Isolado Clnico e Identificao Presuntiva de

    leveduras .............................................................................................................. 27

    4.6.7 Micromorfologia - Cultivo em Agar Fub-Tween-80 ................................ 28

    4.6.8 Assimilao de Carboidratos .................................................................... 29

    4.6.9 Fermentao de Fontes de Carboidratos ................................................. 30

    5. Resultados ........................................................................................................... 32

    5.1 Caracterizao da Populao Geral ............................................................. 32

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    5.2 Caracterizao dos pacientes com leso que apresentaram exame

    micolgico direto positivo .................................................................................. 33

    5.3 Caracterizao dos pacientes com leso que apresentaram cultura

    positiva independente do resultado do exame direto ...................................... 35

    5.4 Caracterizao dos pacientes com interdgito ntegro (Grupo controle) . 43

    6. Discusso ............................................................................................................ 46

    7. Concluses .......................................................................................................... 51

    8. Anexos ................................................................................................................. 53

    9. Referncias Bibliogrficas ................................................................................. 65

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    Lista de abreviaturas e siglas

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    Lista de abreviaturas e siglas

    C. Candida

    CAPPesq Comisso de tica para Anlise de Projetos de Pesquisa

    CID Cdigo Internacional de Doenas

    DMSO Dimetilsulfxido

    et al e outros

    DM Diabetes Mellitus

    DPOC Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica

    FFND Fungos filamentosos no dermatfitos

    HCFMUSP Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da

    Universidade de So Paulo

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IMTSP Instituto de Medicina Tropical de So Paulo

    INSS Instituto Nacional do Seguro Social

    KOH Hidrxido de potssio

    LIM Laboratrio de Investigao Mdica

    M. Microsporum

    MD Exame micolgico direto

    MOC Microscpio ptico Comum

    SAB Sabouraud-Dextrose

    T. Trichophyton

    WWW World Wide Web

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    Lista de Smbolos

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    Lista de Smbolos

    % por cento

    = igual a

    C graus Celsius

    N tamanho da amostra em nmeros absolutos

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    Resumo

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    Resumo

    PEREIRA, C.Q. M. Identificao de espcies de fungos causadores de onicomicose

    em idosos institucionalizados no municpio de So Bernardo do Campo.

    [Dissertao]. So Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de So Paulo, 2012.

    86p.

    INTRODUO: Infeces fngicas superficiais podem ser causadas por

    dermatfitos, leveduras ou fungos filamentosos no dermatfitos. O tipo de leso

    desenvolvida eventualmente se correlaciona ao agente etiolgico, capacidade de

    resposta imunolgica do hospedeiro, ao stio anatmico da leso e tecido afetado. A

    proposta desse trabalho isolar e identificar agentes de onicomicose em pessoas

    idosas (acima de 60 anos de idade), que frequentemente apresentam alterao da

    resposta imune. CASUISTICA E MTODOS: A tcnica de identificao de fungos foi

    a anlise do resultado conjunto do exame micolgico direto, isolamento e

    microcultura do raspado ungueal. Escamas subungueais e escamas interdigitais

    foram coletadas de 35 pessoas idosas, com suspeita clnica de onicomicose,

    institucionalizados em duas casas assistenciais no municpio de So Bernardo do

    Campo, SP, Brasil. RESULTADOS: Os materiais coletados foram analisados e, no

    raspado ungueal, observou-se 18 (51,40%) resultados positivos no exame direto e

    15 (44,40%) no isolamento. Os dermatfitos foram evidenciados em 8 (44,40%) dos

    isolados, identificando-se 5 (27,80%) como Trichophyton rubrum e 1 (5,60%) de

    cada um como Trichophyton tonsurans, Trichophyton mentagrophytes e

    Microsporum gypseum. O segundo grupo mais isolado foram 7 (38,90%) leveduras,

    identificadas como: 3 (16,70%) Candida guilliermondii, 2 (11,10%) Candida

    parapsilosis e 1 (5,60%) Candida glabrata, 1 (5,60%) Trichosporon asahii. O ltimo

    grupo foi representado por 3 (16,70%) isolados de fungos filamentosos no

    dermatfitos, identificados como: Fusarium sp, Aspergillus sp e Neoscytalidium sp, 1

    (5,60%) de cada um. Trinta (85,70%) dos raspados interdigitais foram negativos e

    em 5 (14,30%), a identificao dos agentes coincidiu com o fungo causador da

    onicomicose (2 Trichophyton rubrum, 1 Trichophyton mentagrophytes, 1 Candida

    guilliermondii e 1 Fusarium sp). No grupo controle (9 pessoas idosas clinicamente

    sem leso ungueal) realizou-se coleta interdigital, isolando-se Candida guilliermondii

    em apenas 1 (11,0%). CONCLUSES: Pelo mtodo de identificao empregado,

    observou-se que os fungos causadores de onicomicoses encontrados neste trabalho

    esto de acordo com relatos da literatura recente; a apresentao clnica da unha

    com onicomicose por fungos filamentosos no dermatfitos foi indistinguvel daquela

    por dermatfitos ou candidoses e, do ponto de vista etiolgico, no se observou

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    diferena entre a onicomicose de pessoas idosas institucionalizadas com os dados

    da ocorrncia de onicomicose na populao geral divulgados pela literatura.

    Descritores: Idoso; Dermatfitos; Onicomicose; Leveduras; Fungos filamentosos.

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    Summary

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    Summary

    PEREIRA, C. Q. M. Identification of species of fungi that cause skin lesions in

    institutionalized elderly in So Paulo state [Dissertation]. So Paulo: Faculdade de

    Medicina, Universidade de So Paulo; 2012. 86p.

    INTRODUCTION: Superficial fungal infections can be caused by dermatophytes,

    yeasts or filamentous non-dermatophyte fungi. The type of injury eventually

    correlates to the the etiologic agent, the ability of the host immune response, the

    anatomical site of the lesion and the kind of the affected tissue. The purpose of this

    study is to isolate and identify agents of onychomycosis in the elderly (people over 60

    years old), who often have alterat ions in the immune response. MATERIAL AND

    METHODS: The technique for the identification of fungi was the analysis of the

    combined result of mycological examination, isolation and microcultures of nail

    scrapings. Subungual and interdigital scales were collected from 35 elderly with a

    clinical suspicion of onychomycosis, institutionalized in two care houses in the city of

    Sao Bernardo do Campo, SP, Brazil. RESULTS: The collected materials were

    analyzed and the nail scrapings displayed 18 (51.40%) positive results on direct

    examination and 15 (44.40%) in isolation. Dermatophytes were found in 8 (44.40%)

    isolates, 5 (27.80%) beeing identified as Trichophyton rubrum and 1 (5.60%) of each

    others as Trichophyton tonsurans, Trichophyton mentagrophytes and Microsporum

    gypseum. The second more isolated group were composed by 7 (38.90%) yeasts,

    identified as: 3 (16.70%) Candida guilliermondii, 2 (11.10%) Candida parapsilosis, 1

    (5.60%) Candida glabrata, and 1 ( 5.60%) Trichosporon asahii. The last group was

    represented by 3 (16.70%) isolated of non-dermatophyte filamentous fungi, identified

    as Fusarium sp, Aspergillus sp and Neoscytalidium sp 1 (5.60%) of each. Thirty

    (85.70%) of the interdigital scrapings were negative and 5 (14.30%) positive, being

    the agents coincident with the onychomycosis causing fungi (2 Trichophyton rubrum,

    1 Trichophyton mentagrophytes, 1 Candida guilliermondii and 1 Fusarium sp) . In the

    control group (9 elderly with clinically uninjured nail) interdigital collecting was held,

    isolating Candida guilliermondii in only one (11.0%). CONCLUSIONS: Using this

    identification method, it was observed that the fungi that cause onychomycosis found

    in this study are consistent with the reports in the recent medical literature, the

    clinical presentation of toenail onychomycosis caused by non-dermatophyte molds

    was indistinguishable from that due to candidosis or dermatophyte and, in terms of

    etiology, no difference was observed between the onychomycosis of the

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    institutionalized elderly from the occurrence of onychomycosis in the general

    population disclosed in the literature.

    Descriptors: Elderly; Dermatophytes; Onychomycosis Yeasts; Filamentous fungi.

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    Introduo

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    1

    1. Introduo

    A microbiota fngica alterada no mundo periodicamente em sua

    composio quantitativa e qualitativa, em funo de fatores ambientais,

    como o desenvolvimento urbano, a industrializao, a localizao geogrfica

    e condies climticas, tais como a temperatura e tempo de exposio

    radiao ultravioleta. (Araujo et al.,2003a)

    A transio demogrfica associada a transio epidemiolgica,

    segundo Nasri, 2008 o principal fenmeno demogrfico do sculo XX

    sendo conhecido como envelhecimento populacional, o que tem levado a

    uma reorganizao do sistema de Sade. Essa populao exige cuidados

    que so um desafio para os atores do sistema de sade devido s doenas

    crnicas que apresentam, alm do fato de que incorporam disfunes nos

    ltimos anos de suas vidas.

    O envelhecimento da populao um fenmeno amplo, a

    Organizao Mundial de Sade (OMS) prev que, em 2025, existiro 1.2

    bilhes de pessoas com mais de 60 anos, sendo que, grupos com 80 ou

    mais anos constituiro o grupo etrio de maior crescimento. No Brasil,

    estima-se que haver cerca de 34 milhes de idosos em 2025, o que levar

    o Brasil 6 posio entre os pases mais envelhecidos do mundo (Davim et

    al., 2004).

    Estima-se que 10 a 15% da populao humana podero ser

    infectadas no decorrer da sua vida (Costa et al., 2002). De maneira geral, as

    onicomicoses so consideradas uma micose de adultos e estas tem sido

    relatados com relativa frequencia em maiores de 60 anos (Rodrigues-Soto,

    et al.,1993). Os fatores que poderiam contribuir com o aumento de

    prevalncia dessas infeces, principalmente na populao de terceira idade

    seria a reduo da taxa de crescimento da lmina ungueal ao longo da vida

    (0,5% de reduo para cada ano de vida) e o aumento da possibilidade de

    traumas. (Araujo et al.,2003a).

    Dessa forma, o crescimento da populao idosa no pas deve

    merecer, cada vez mais interesse dos rgos pblicos, das polticas sociais

    e da sociedade em geral, levando-se em considerao, principalmente as

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    caractersticas demogrficas, econmicas, sociais e de sade (Davim et al.,

    2004). A expectativa de vida mdia dos brasileiros aumentou

    aproximadamente 25 anos, nos ltimos 50 anos, sem melhoras significativas

    nas condies de vida e de sade da populao e presenciando o

    envelhecimento da populao idosa (Nasri, 2008).

    Segundo a Pesquisa Nacional por amostra de domiclios (PNAD), a

    porcentagem de pessoas com 60 anos ou mais na populao alcanou 9,1%

    em 1999. De 1995 a 1999, o nmero de idosos aumentou em 1,8 milho.

    Dados do censo de 2010 informam que a populao total de brasileiros

    190.732.694 habitantes e destes 20.590.599 milhes tem 60 anos ou mais

    (IBGE/Censo, 2010).

    O Censo 2010 apurou ainda que existiam 23.760 brasileiros com mais

    de 100 anos. Os resultados mostram que existem 95.9 mulheres para cada

    100 mulheres, ou seja existem mais 3,9 milhes de mulheres mais que

    homens no Brasil. Essa diferena se acentua com o aumento da idade,na

    distribuio por sexo, segundo os grupos de idade observamos 11.434.487

    mulheres com 60 anos ou mais e 9.156.112 homens (IBGE/Censo, 2010).

    Segundo Compndio estatstico 2005 da Prefeitura de So Bernardo

    do Campo h 775.099 habitantes sendo que 6.88 % dessa populao tm

    mais de 60 anos e destes 0,4% moram em asilos assistenciais da cidade.

    Hoje h grande preocupao com o idoso nas diversas reas, pois ele

    constitui um grupo bastante diferenciado entre si e em relao aos demais

    grupos etrios, e os custos econmicos e sociais decorrentes de seu grupo

    vem transcendendo as projees numa situao vigente do sistema

    espoliado de sade pblica (Davim et al ., 2004).

    Entre as alteraes que ocorrem na terceira idade deve ser notada a

    queda da imunidade, isto , a diminuio das defesas imunolgicas, o que

    favorece o aparecimento de infeces e de tumores. A deficincia do

    sistema imunolgico leva a conseqncias devastadoras ao organismo. As

    infeces so provocadas por uma grande variedade de organismos, como

    bactrias, vrus, parasitas e fungos (Coltram et al., 2000).

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    As infeces bacterianas so uma das principais causas de morte na

    terceira idade, com destaque para a pneumonia. As viroses em geral

    provocam infeces menos graves, sendo responsveis pelo resfriado. As

    micoses tambm so freqentes, mas no so molstias graves na terceira

    idade. A infeco mais freqente no idoso, do que no jovem devido a

    queda imunidade que ocorre com o avanar da idade. As hospitalizaes

    aumentam muito a probabilidade de se contrair infeces. A queda

    localizada das defesas como, por exemplo, nas leses da pele por eczema

    servem de porta de entrada de bactrias. Pessoas submetidas hemodilise

    para tratamento da insuficincia renal esto mais sujeitas a infeco devido

    s inmeras punes em veias e artrias com agulhas. A utilizao de

    sondas urinrias pode tambm ser um fator de infeco. Uma infeco mal

    tratada, como uma sinusite, pode gerar graves infeces no idoso. O

    alcoolismo tambm um fator que facilita a instalao e o desenvolvimento

    de doenas infecciosas. A utilizao contnua de corticides produz um

    estado de queda resposta imunolgica a processos infecciosos e

    consequentemente da capacidade de cicatrizao e facilita o

    desenvolvimento de infeces (Veronezi e Focaccia, 2002).

    A pele, com seu epitlio queratinizado possui uma superfcie firme,

    geralmente seca, que atua como uma barreira mecnica e impede a invaso

    de agentes infecciosos como os fungos. Protege o organismo de radiaes

    ultravioletas do sol e a sede de algumas reaes imunolgicas

    relacionadas com a defesa do organismo. Tanto dermatfitos como

    leveduras encontram na pele seu primeiro obstculo para a colonizao;

    devido ao processo de descamao continua, tal colonizao

    persistentemente rechaada (Veronezi e Focaccia, 2002).

    Mudanas nas caractersticas da pele humana durante o

    envelhecimento so frequentemente determinadas por foras ambientais,

    tais como radiao ultravioleta, assim como fatores intrnsecos, alguns deles

    relacionados com alteraes do tecido conjuntivo da derme (Ori et

    al.,2003). Ocorre tambm uma diminuio no nmero de vasos sangneos

    e tambm de sua funo imunolgica, o que facilita as infeces. H

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    4

    diminuio no crescimento das unhas que se tornam mais quebradias e os

    distrbios da pele so facilmente reconhecidos e se apresentam atravs de

    erupes, eczemas, manchas, bolhas e vesculas, pstulas, urticria,

    coceiras, ndulos ou tumores, que podem ter como agentes fungos de

    diversas etiologias (Coltram et al., 2000).

    Onicomicoses podem agravar outras afeces clinicas, especialmente

    no individuo idoso, causando seqelas como amputaes de membros

    inferiores em portadores de Diabetes mellitus. A onicomicose crnica, em

    idosos, portanto, pode ser um fator de aumento de custos e cuidado com a

    sade (Araujo et al.,2003a).

    Muitos estudos devem ainda ser realizado a esse respeito, uma vez

    que em todos os pases a populao de idosos tem aumentado. Por outro

    lado espcies de fungos e bactrias do meio ambiente esto surgindo com

    potencial patognico devido capacidade dos seres vivos em adaptar-se no

    meio em que vivem e no poderamos negar que as mudanas ambientais

    devido poluio do planeta alteram efeitos climticos e ambientais que

    poderiam tornar esses seres essencialmente saprfitas em patgenos em

    potencial, especialmente em populaes que apresentam uma resposta

    imunolgica baixa como os idosos.

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    REVISO BIBLIOGRFICA

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    2. Reviso Bibliogrfica

    2.1 Caractersticas gerais dos fungos

    O Reino Fungi compreende um conjunto de organismos eucariticos, heterotrficos, essencialmente aerbicos, com limitada capacidade

    anaerbica e que podem sintetizar lisina pela via biossinttica do cido L--aminoadpico. Acumulam glicognio como material de reserva, so

    desprovidos de clorofila e possuem ncleo rodeado por membrana nuclear. Sua reproduo por esporos. Eles apresentam parede celular rgida

    e quitinosa, retculo endoplasmtico, mitocndrias semelhantes s de clulas de plantas e animais, alm de vacolos, microtbulos e ribossomos.

    A membrana plasmtica contm ergosterol, rRNA 80s e microtbulos compostos de tubulina. O aparelho de Golgi nem sempre est presente.

    So seres ubiqitrios e importantes na decomposio da matria orgnica. Podem ser unicelulares ou multicelulares e divididos basicamente

    em filamentosos e leveduras, conforme sua morfologia (Mendes-Giannini e Melhem, 2001).

    O sistema vegetativo dos fungos filamentosos constitudo de hifas ou miclio, contendo septos, regulares ou no. As hifas so oriundas, em

    geral, de esporos que germinam sob condies adequadas de temperatura e umidade. As hifas podem ser vegetativas, para absorverem

    nutrientes, ou especializadas, para originarem o sistema reprodutor para formao de esporos. A observao microscpica do sistema

    reprodutivo fundamental para a classificao desses fungos, permitindo a identificao do gnero e, muitas vezes, da espcie (Mendes-Giannini

    e Melhem, 2001). Nas leveduras, por exemplo, as caractersticas morfolgicas so muito semelhantes, isto , tanto em parasitismo como nos

    isolamentos primrios. Esses fungos no apresentam grande variao na estrutura micromorfolgica, necessitando, portanto, de provas

    fisiolgicas e bioqumicas para determinao do gnero e espcie (Sidrim e Rocha, 2004).

    A estrutura bsica das leveduras , em geral, unicelular com reproduo por gemulao ou brotamento, por blastocondios. Algumas delas tm

    capacidade para produo de hifas. Estas hifas podem surgir diretamente de um blastocondio, a partir da formao de um tubo germinativo, e

    neste caso so denominadas hifas verdadeiras; outras, ditas pseudo-hifas, surgem da conjuno de vrios blastocondios, que se mantm unidos

    aps sua formao (Mendes-Giannini e Melhem, 2001).

    Os fungos apresentam grande capacidade de colonizao e explorao de substratos orgnicos vivos e em decomposio. Essa capacidade

    diferenciada de explorao dos substratos est intimamente relacionada com as caractersticas ambientais e fsicas as quais o fungo exposto,bem como as exigncias nutricionais inerentes a cada espcie fngica, fundamentais para o seu desenvolvimento (Sidrim e Rocha, 2004).

    2.2 Onicomicoses

    As onicomicoses so infeces fngicas freqentes que acometem as

    unhas, responsveis por 30% das infeces superficiais e 50% de todas as

    desordens de unha, com aumento de incidncia em idosos. Estima-se sua

    prevalncia em mais de 10% da populao em geral e 40% em indivduos

    idosos, provavelmente, devido queda da imunidade, inatividade, e

    inabilidade em manter um bom cuidado dos ps (Shemer et al., 2008). A

    infeco inicia-se pela borda livre, podendo atingir superfcie e rea

    subungueal. As unhas tornam-se branco-amareladas, porosas e quebradias

    (Araujo et al., 2003).

    considerada a mais importante, das micoses superficiais humana,

    representando 20% das doenas das unhas em todo o mundo (Lacaz et al.,

    2002; Sidrim et al., 2004). uma infeco que deve ser considerada por sua

    importncia no dano que acarreta. Prejudica a qual idade de vida do

    paciente, auto-estima e a capacidade funcional por vezes so afetadas

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    interferindo nas atividades rotineiras (Martins et al., 2007).

    A infeco nas unhas pode ser determinada por vrias espcies de

    fungos como: dermatfitos, leveduras e fungos filamentosos no

    dermatfitos (FFND) [Lacaz et al., 2002; Sidrim e Rocha, 2004].

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    8

    A classificao das onicomicoses baseada nos quatro tipos clnicos

    especficos de alteraes ungueais (Zaias, 1972; Zanardi et al., 2008).

    1. Onicomicose subungueal distal e lateral: variedade clinica mais freqente

    (90%); a invaso comea no hiponquio (fina camada da epiderme e faz a

    ligao entre o leito ungueal e a polpa digital da unha) e na borda distal e

    lateral da lamina ungueal, estendendo-se de forma lenta e progressiva at a

    borda proximal da unha;

    2. Onicomicose branca superficial: representa dois a 5% das onicomicoses

    dermatofticas. Caracteriza-se pela penetrao in situ de estruturas fngicas

    em direo ao interior da lamina ungueal, podendo ser facilitada por traumas

    anteriores. comumente observada nas unhas dos ps;

    3. Onicomicose subungueal proxima: a variante clinica de menor

    frequncia, sendo observada em indivduos com sndrome da

    imunodeficincia adquirida. Inicia-se pela invaso do fungo no estrato crneo

    da dobra ungueal proximal e subseqentemente, na lamina ungueal;

    4. Onicodistrofia total: e o estagio final das onicomicoses por dermatfitos,

    Fungos Filamentosos no dermatfitos e leveduras. Verifica-se

    acometimento da matriz ungueal, e a totalidade da unha esta alterada.

    2.3 Dermatfitos

    A denominao dermatfito s pode ser util izada para espcies representantes dos gneros que so queratinoflicos, ou seja, que utilizam a

    queratina como fonte de nitrognio, e que so causadores de patologias em homens e animais (Sidrim e Rocha, 2004).

    A infeco causada por dermatfitos, dependendo da localizao, pode ser classificada em diferentes modalidades: dermatofitoses de couro

    cabeludo, pele glabra, ps e mos, granuloma (inguinal e axilar), rosto ou barba em homens, e onicomicoses (Mezzari, 1998).

    A taxonomia dos dermatfitos e sua identificao rotineira em laboratrios de micologia clnica baseiam-se fundamentalmente em critrios

    morfolgicos, macro e microscpicos, relacionados com a fase de reproduo assexuada desses fungos. Desse modo, com base nesses critrios,

    as espcies de dermatfitos podem ser classificadas em trs gneros: Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton (Lacaz et al., 2002).

    O gnero Epidermophyton apresenta uma nica espcie de importncia: E. floccosum. O gnero Microsporum compreende espcies como M.

    canis, M. gypseum, M. audouinii, M. cookei e M. nanum. O gnero Trichophyton tem como espcies mais importantes T. rubrum, T.

    mentagrophytes, T. tonsurans, T. schoenleinii. T. violaceum e T. verrucosum (Santos et al ., 2002).

    A distribuio geogrfica dos dermatfitos se mostra bastante varivel; enquanto alguns so cosmopolitas, a distribuio de outros depende dos

    seguintes fatores: adaptao ao meio ambiente, deslocamentos humanos, convvio com animais domsticos, aspectos scio-econmicos, sexo,

    idade e imunidade do hospedeiro, promovendo assim, variaes no espectro destes fungos, de regio para regio, fazendo-se inquestionvel a

    necessidade de pesquisas epidemiolgicas, clnicas e laboratoriais que relatem dados reais, no tocante a incidncia das dermatofitoses no nosso

    meio (Brilhante et al., 2005).

    Tais fungos podem ainda ser divididos em trs grandes grupos, em relao ao seu habitat, sendo classificados como geoflicos, zooflicos e

    antropoflicos (Costa et al. 2002, Lacaz et al. 2002, Santos et al. 2002, Sidrim e Rocha, 2004). As espcies geoflicas tm como habitat natural os

    solos e podem produzir processos patolgicos tanto em homens como em animais, da mesma forma as espcies zooflicas e por fim, as espcies

    antropoflicas que so adaptadas ao ser humano (Lacaz et al. 2002, Santos et al. 2002, Sidrim e Rocha, 2004).

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    O grupo de antropoflicos so os de maior incidncia no homem, pois nesse caso o contgio se d por contato direto com piscinas, banheiros

    pblicos e objetos de uso comum. O importante que o simples contato no o causador da infeco e para que esta exista devem existir

    fatores predisponentes locais, como uma alterao da barreira tegumentar, alm de fatores que fazem com que a patologia persista ou se

    agrave, tais como: diabetes, corticoterapia, atopia, etc (Veronesi e Focaccia, 2002).

    O equilbrio na relao parasita-hospedeiro alcanado ao longo da convivncia entre ambos. Quando ocorre uma boa adaptao, a resposta

    imune pode ser mnima, o processo no to agudo, mas a conseqncia dessa permissividade a tendncia a cronificao. Assim, as

    dermatofitoses por espcies antropoflicas podem produzir quadros mais crnicos, que as produzidas por espcies zooflicas, j que as ltimastm se adaptado mais recentemente, quando o ser humano incorporou sua vida animais domsticos e peridomsticos (Rubio et al., 1999).

    As manifestaes clnicas decorrentes da infeco resultam tanto da colonizao e multiplicao dos dermatfitos na camada crnea da pele,

    quanto pela conseqente reao dos hospedeiros (Santos et al., 2002). Assim, o tipo de leso desenvolvida depender da espcie de dermatfito,

    da resposta imunolgica do hospedeiro, da localizao anatmica da leso e o tipo de tecido lesionado. Geralmente, as leses so pruriginosas,

    afetam pele, plo e unhas e produzem placas descamativas, vesiculosas ou supurativas. As leses inicialmente podem ser nicas ou mltiplas e,

    sem tratamento, evoluem de forma lenta e progressiva. A infeco pode disseminar-se para outros locais em conseqncia de auto-inoculao e

    tambm podem aparecer novas leses por re-infeces devido manuteno da fonte de contgio (Larruskain et al., 2005).

    Em virtude disso, a velocidade na obteno do diagnstico um aspecto fundamental, j que tambm possibilita a prescrio de um tratamento

    antifngico especfico que permite o seu uso racional e limita o desenvolvimento de resistncias a essas drogas. (Pontn, 2002).

    Porm, para alcanar o xito no diagnstico micolgico fundamental realizar adequadamente a coleta da amostra, seu transporte e

    processamento, o isolamento em meios e temperatura adequadas, assim como a identificao e identificao correta dos isolados (Lopez et al.,2001).

    A cura espontnea das dermatofitoses rara, por isso necessrio instaurar tratamento (Palacio et al., 1999). O tratamento das dermatofitoses

    tem sido aprimorado acentuadamente nos ltimos anos com o desenvolvimento de novos agentes antifngicos de aplicao tpica ou

    administrao oral. Dermatofitoses so micoses cutneas, endmicas na America Latina e um problema de sade pblica mundial (Bergston et

    al., 2001).Elas cresceram muito nos ltimos anos. Atualmente observamos que o diagnstico das micoses superficiais apresentam melhor

    avaliao clnica, devido a especializao profissional e acurcia diagnstica, promovendo aumento da sobrevida de pacientes com doenas

    imunossupressoras e que utilizem medicamentos que exeram uma presso seletiva e permitam a instalao de micro-organismos

    convencionalmente saprfitos. Desta maneira, os dermatfitos emergem como uma possibilidade de causar processos infecciosos em stios

    anatmicos no convencionais (Sidrim et al., 2004).

    As dermatomicoses no requerem a notificao compulsria pelo Sistema nico de Sade (SUS) sendo desconhecidas sua incidncia e

    prevalncia na populao mundial (Scher, 1994). Com base numa prevalncia estimada em estudos cientficos atuais estima-se que 10 a 15% da

    populao humana podem ser infectadas no decorrer de sua vida, sendo encontrada no Brasil uma predominncia do gnero Trichophyton como

    um dos agentes de maior incidncia nas dermatomicoses (Lacaz et al., 2002). Outros estudos demonstram que a prevalncia de onicomicoses

    aumenta com a idade, sendo rara em crianas e aumentando significativamente em maiores de 55 anos e alcanando uma incidncia de at 48%

    entre a populao de 70 anos ou mais.

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    2.4 Leveduras do gnero Candida

    Leveduras so fungos unicelulares pertencentes ao reino Fungi caracterizada pela presena de parede celular rgida, ncleo organizado com

    membrana nuclear, nutrio heterotrfica, reproduo sexuada e assexuada

    por brotamento ou cissiparidade. Elas so ubiquitrias em nosso meio,

    podem ser isoladas de frutas, vegetais e de plantas em geral. As leveduras

    possuem capacidade fermentativa quanto assimilativa, sendo capazes de

    crescer em uma variedade de substratos orgnicos, aspectos utilizados

    inclusive para identificao de gnero/espcie (Meyer et al., 1998; Lacaz et

    al., 2002; Sidrim e Rocha, 2004). As leveduras do gnero Candida membro

    do Filo Ascomycota; Subfilo Ascomycotina; Classe: Ascomycetes ordem

    Saccharomycetales; Famlia Saccharomycetaceae (Meyer et al., 1998;

    Lacaz et al., 2002; Sidrim e Rocha, 2004; Summerbell, 1997).

    Algumas fazem parte da microbiota da superfcie da pele, mucosas

    bucal e vaginal e tratos intestinais de homens e animais, podendo tambm

    ser isolada de espcimes clnicos e no ter qualquer significado patolgico.

    As leveduras consideradas como microbiota normal do homem condicionam

    a doena, clinicamente manifesta somente se existir alteraes nas

    condies do hospedeiro (Lacaz et al., 2002; Sidrim e Rocha, 2004;

    Summerbell, 1997).

    bem conhecido que alteraes no mecanismo da imunidade sejam

    congnitos, adquiridos ou mediados por tratamentos com imunosupressores,

    assim como a presena de doenas associadas (diabetes e linfomas)

    condicionam o aparecimento de micoses graves, s vezes por agentes no-

    patognicos em condies normais (Veronezi e Focaccia, 2002).

    Alm disso, tratamento com corticosteroides, agentes citotxicos,

    antibiticos de amplo espectro e contraceptivos orais tambm predispem o

    indivduo a esse tipo de infeco (Wagner e Sohnle, 1995).

    A histria natural das doenas causadas por leveduras melhor

    compreendida luz da susceptibilidade do hospedeiro. O indivduo

    considerado sadio apresenta mecanismos de defesa inespecficos e

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    especficos, tais como barreiras anatmicas e fisiolgicas e resposta

    inflamatria e imunolgica, que, juntos, representam obstculo ao

    estabelecimento da infeco fngica, seja por fungos filamentosos, seja por

    leveduras. Esses mecanismos de defesa podem ser sobrepujados por

    fatores intrnsecos ou extrnsecos, que causam seu desequilbrio, resultando

    no supercrescimento da populao residente de leveduras, seguido pela

    invaso e leso dos tecidos vivos (Milan e Zaror, 2004).

    As espcies do gnero Candida mais freqentemente responsveis

    por infeces incluem C. albicans, C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C.

    lusitaniae, C. parapsilosis, C.guilliermondii, C. kefyr, C. rugosa e C.

    stellatoidea (Ghammoum, 2001), sendo o espectro dessas infeces

    bastante extenso, indo desde a colonizao de mucosas, pele e unhas, at

    quadros sistmicos, com a invaso de vrios rgos (Sidrim e Rocha, 2004).

    Essa variedade de apresentaes da doena leva necessidade de

    utilizao de diferentes mtodos diagnsticos e esquemas teraputicos

    (Crocco et al., 2004). Os mtodos de identificao das leveduras so

    diferentes daqueles utilizados para fungos filamentosos. Em relao s

    caractersticas morfolgicas, consideram-se aspectos macroscpicos da

    colnia e microscpicos da levedura. Presena de cpsula, ascos,

    blastocondios, clamidocondios, artrocondios, hifas, pseudo-hifas e

    formao de tubo germinativo devem ser pesquisadas atravs de

    metodologia especifica, e no pela simples observao do isolamento

    primrio (Milan e Zaror, 2004). Quanto ao metabolismo, muitas espcies de

    Candida apresentam habilidade fermentativa e oxidativa, enquanto outras

    so estritamente oxidativas. Fontes de carbono so assimiladas, conforme a

    espcie estudada, porm nem todas as espcies com habilidade assimilativa

    so tambm fermentativas (Lacaz et al., 2002).

    Um avano importante na identificao de fungos leveduriformes so

    os meios diferenciais, j que permitem a identificao sugestiva, pela cor e

    morfologia das colnias. Quando so utilizados como meios de isolamento

    primrio, pode-se realizar a identificao presuntiva de algumas espcies do

    gnero Candida em 24-48 horas (Pontn, 2002).

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    Ao contrrio de C. albicans espcies classificadas como no-albicans,

    mais comumente isoladas, so menos susceptveis aos derivados azlicos,

    dificultando o tratamento dessas infeces. Embora a susceptibilidade das

    leveduras do gnero Candida aos antifngicos disponveis seja varivel e

    previsvel, nem sempre uma determinada amostra isolada segue o padro

    geral (Crocco et al., 2004).

    2.5 Fungos fillamentosos no dermatfitos (FFND)

    Onicomicose uma infeco crnica das unhas, considerada como um srio problema de sade pblica. Sua prevalncia provavelmente

    superior ao citado na literatura, devido dificuldade de diagnstico clinico micolgico, coleta inadequada do material para anlise, bem como

    um tratamento ineficaz torna difcil determinar o verdadeiro perfil das onicopatias (Araujo et al., 2003b).

    O padro epidemiolgico da etiologia das onicomicoses, nas ltimas dcadas, apresenta mudanas, principalmente pelo crescimento de

    indivduos imunossuprimidos, propiciando que fungos anteriormente considerados anemfilos, ou seja, contaminantes, serem considerados

    como potencial invasor do tecido ungueal. Esta mudana na viso est levando a uma integrao entre mdicos e laboratrios para adequado

    diagnstico e tratamento. Em geral h a concepo que o diagnstico das onicomicoses simples, entretanto a falta de critrio no diagnstico

    pode gerar problemas, tais como preveno de uma terapia ineficaz e dispendiosa, recidiva da doena, alm de riscos da exposio do paciente a

    drogas, com efeitos adversos importantes (Arrese e Pirard, 2003).

    A incidncia de onicomicoses causadas por fungos no dermatfitos varia com a regio geogrfica e com o clima. As razes da discrepncia na

    incidncia das infeces por FFND e nas infeces mistas so mltiplas, mas refletem a dificuldade em provar o agente etiolgico em taisinfeces.

    Outras razes incluem reas geogrficas diferentes, diferentes tipos de amostra, diferentes tipos de como os organismos so isolados e

    identificados e as diferenas individuais de cada paciente. Os FFND so mais prevalentes em locais quentes e com umidade como nas reas

    subtropical e tropical, sendo esses organismos mais fceis de serem identificados nessas reas endmicas, do que quem vive em reas de clima

    temperado (Straten et al. 2002).

    Muitas espcies de FFND so isoladas de unhas, porm somente algumas espcies so identificadas como agente de onicomicose. Estes incluem

    Scopulariopsis brevicaulis, Fusarium sp., Acremonium sp, Aspergillus sp., Scytalidium sp., Onichocola canadensis (Tosti et al.,2000).

    FFND ocorre em aproximadamente 10% da populao mundial, com onicomicose e devido sua rara ocorrncia o diagnstico baseia-se na

    apresentao clinica, epidemiologia e estratgias de tratamento, pois at o momento so raras; alm de diagnstico criterioso (Gupta et al.,

    2001).

    Clinicamente, as leses cutneas e ungueais causadas por Scytalidium spp no diferem daquelas causadas pelos dermatfitos; em cerca de 97 %

    das vezes,os membros inferiores so os mais acometidos (Cursi et al.,2011) Importante ressaltar que em casos de suspeita clnica de FFND

    lembrar-se que esses fungos so saprfitas e na natureza alimentam-se de matria orgnica em decomposio, considerado agentes de

    onicomicoses, os gneros que possuem capacidade de degradar a queratina. Oyeka e Gugnani (1998) estudaram a capacidade de Neoscytalidium

    dimidiatum var. dimidiatum, N. dimidiatum var. hyalinum, N. japonicum e Fusarium solani em degradar a unha e demonstraram que as

    diferentes espcies de Neoscytalidium e F. solani. Eles verificaram que o gnero Neoscytalidium degrada substratos das unhas em 42-43% e

    especificamente a queratina em 24-26%, enquanto no Fusarium degradam 40% dos substratos das unhas e 20% da queratina; enquanto nos

    dermatfitos estes processos representam 70-73% dos substratos das unhas e 42-52% de queratina, demonstrando assim que os FFND possuem

    potencial como agente primrio de onicomicoses.

    O gnero Fusarium tem como caracterstica principal a produo de condios multiseptados em forma de fuso, com as extremidades afiladas. A

    taxonomia desse gnero complexa, devido ao grande nmero de espcies que existem na natureza e complicada conidiognese, que

    diferencia uma espcie da outra (Araujo et al., 2003b).

    Souza et al. (2010) utiliza-se dos critrios de identificao de onicomicose por FFND estabelecidos por Gupta (2001): a) microscopia utilizando

    soluo de KOH em escamas subungueais; b) isolamento em cultura para confirma um diagnstico de onicomicose por FFND para demonstrar a

    viabilidade de estrutura fngicas observadas no exame micolgico direto, em gar Sabouraud-dextrose acrescido de antibiticos por um perodo

    de 5 dias a 6 semanas a uma temperatura de 25C a 37C; c) ausncia de isolamento de dermatfito em cultura, a partir das escamas

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    subungueais inoculadas em cultura, para considerar o FFND como patgeno; d) o isolamento de FFND a partir de diferentes inculos de escamas,

    com crescimento do organismo como um patgeno verdadeiro.

    Neste mtodo a necessidade de coletas sucessivas do material sugestivo de onicomicose, com intervalo de 1 a 2 semanas, com crescimento em 2

    ou 3 tubos; d) Walshe e English (1966) descrevem o mtodo para distinguir fungos contaminantes do verdadeiro. Este mtodo envolve inculo de

    5 a 20 fragmentos de escamas subungueais, no meio de cultura e presume que a espcie que isolar dos fragmentos o agente. Gupta et al.

    (2001) utilizando o procedimento de isolamento sucessivo verificaram que infeco por FFND em pacientes no tratados, apresentaram sucesso

    no isolamento do agente causal da onicomicose, enquanto a metodologia utilizada por Wash e English (1966) era apenas preditiva deonicomicose por FFND; e) o exame histopatolgico pode ser utilizado como uma alternativa quando o micolgico direto, com KOH e cultura

    esto associados com resultado falso-negativo, devido ser tcnica que apresenta maior sensibilidade, alm da vantagem de demonstrar que o

    fungo est invadindo o tecido e no s colonizando-o. A desvantagem da histopatologia de tratar-se de uma tcnica que exige laboratorista

    preparado, alm de um custo maior que o micolgico direto e cultura; sendo que a maioria dos estudos utiliza trs ou mais mtodos associados

    (Gupta et al., 2001) e f) o diagnstico molecular, utilizando o PCR (Polymerase chain reaction) pode ser usado por rapidamente amplificar

    pequena quantidade do DNA fngico obtido da amostra clnica. Analise desse fragmento ampliado de DNA altamente especfico na

    identificao da espcie do fungo. Entretanto apesar de ser uma tcnica mais sensvel e produzir resultados mais rapidamente ela requer

    laboratrio especializado, com equipamentos e reagentes caros, alm de no diferenciar o agente da infeco de contaminantes. Souza et al.

    (2010) relata que estudo de 205 pacientes, atendidos no Ambulatrio de Dermatologia da FMUSP, com suspeita clnica de onicomicose, foi

    diagnosticado 8,4% de casos de FFND. De acordo com o aumento da incidncia de onicomicose por FFND de extrema importncia que mais

    estudos sejam realizados no Brasil, se possvel em todas as regies, para que se possa ter uma atual e real prevalncia desta doena em nosso

    pas.

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    OBJETIVOS GERAIS E ESPECFICOS

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    3. Objetivos Gerais e Especficos

    3.1 Objetivo Geral

    Caracterizao da onicomicose em pessoas idosas

    institucionalizadas.

    3.2 Objetivos Especficos

    1. Determinar a frequencia de leses dermatolgicas em pacientes idosos

    institucionalizados em duas casas de assistncia em So Bernardo do

    Campo;

    2 . Identificar as espcies envolvidas nessas infeces;

    3. Isolar e identificar fungos causadores de onicomicoses provenientes de

    pacientes idosos institucionalizados.

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    MTODOS

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    4. Mtodos

    4.1 Aspectos ticos

    O presente estudo foi desenvolvido nos Asilos: Casa dos Velhinhos

    Dona Adelaide (Anexo D) e Casa de So Vicente de Paulo (Anexo E),

    localizados em So Bernardo do Campo e considerados como entidades

    filantrpicas e de reconhecida utilidade pblica. Os materiais foram

    coletados da regio subungueal e interdgitos, de idosos institucionalizados,

    no perodo de ms de Maro de 2009 a ms Julho de 2010. O diagnstico

    micolgico foi realizado no Laboratrio de Micologia Mdica do Instituto de

    Medicina Tropical de So Paulo (IMT/SP) e LIM/53 HCFMUSP. A aprovao

    do Protocolo de Pesquisa n 171/11, pela Comisso de tica para Anlise de

    Projetos de Pesquisa CAPPesq da Diretoria Clnica do Hospital das

    Clnicas e da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo (Anexo

    F).

    A aceitao dos doentes ou seus responsveis foi documentado por

    meio de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

    Tal consentimento foi obtido aps esclarecimento do estudo ao sujeito ou

    responsvel (Em muitos casos o idoso era representado por um funcionrio

    responsvel, da Instituio), pelo pesquisador executante. O TCLE foi

    elaborado com base no modelo pr-estabelecido pela CAPPesq (Anexo C).

    4.2 Casustica

    Foram realizados exames micolgicos (direto e cultura) em 44

    indivduos, com 60 anos ou mais, idade limite estabelecida no Brasil pelo

    Estatuto do Idoso (terceira idade), moradores de duas casas assistenciais

    pblicas na cidade de So Bernardo do Campo, denominadas A e B.

    Caractersticas da casa assistencial A: localizada na rea central de

    So Bernardo do Campo, no qual moram 28 pessoas, com mais de 60 anos

    de idade, de ambos os sexos (17 homens e 11 mulheres), todos brasileiros.

    Conta com patrocnio financeiro de comerciantes da regio no Projeto

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    Amigos da Casa; doaes da comunidade; bazar e convnio de 18 vagas

    com a Prefeitura de So Bernardo do Campo. Segundo o estatuto do idoso a

    Casa tem direito a administrar 70% do beneficio dos moradores que

    recebem do INSS.

    A casa emprega 29 funcionrios (1 enfermeira no perodo da manh,

    12 tcnicos de enfermagem - 8 durante o dia e 4 durante a noite, 2

    cozinheiras, 2 auxiliares de cozinha, 1 coordenador de bazar, 1 gestora, 2

    auxiliar lavanderia, 2 auxiliares de limpeza, 1 psicloga, 1 terapeuta

    ocupacional, 1 fisioterapeuta, todos os 3 cumprindo jornada de 44 horas

    semanais e 2 motoristas cumprindo jornada de 40 horas semanais). Um

    mdico geriatra funcionrio cumprindo jornada de 8 horas semanais.

    A Casa A mantm um programa de intercmbio com o curso de

    auxiliar e tcnico de enfermagem da Escola ETIP, em Santo Andr, que

    envia 10 alunos de ltimo semestre juntamente com 1 supervisora para

    aprendizado prtico no asilo, 6 pela manh e 4 tarde, tambm possui

    intercmbio com a Universidade Metodista de So Paulo recebendo 6 alunos

    de fisioterapia, 6 alunos de terapia ocupacional e 4 alunos de psicologia para

    estgio sempre acompanhados de superviso da instituio alternando-se

    em escalas no perodo da manh e tarde. Conta, ainda, com o auxlio no

    remunerado de trinta e seis pessoas voluntrias (1 podloga, 1

    coordenadora de cozinha, 3 auxiliares na cozinha, 4 auxiliares de bazar, 1

    cabeleireiro, 10 cuidadoras, que fazem atividades ldicas com os idosos

    internados,4 mdicos (1 ginecologista, 1 dermatologista, 1 psiquiatra e 1

    oftalmologista que prestam atendimento sempre que necessrio) e 12

    membros de diretoria, sendo composta por pessoas da comunidade. Os

    horrios de ateno destes voluntrios so variveis. Deste, todos os

    doentes que preencheram os critrios de incluso (17 no total, com 9

    mulheres e 8 homens) foram escolhidos para participar do estudo.

    Caractersticas da Casa de Assistncia B: localizada na rea

    perifrica de So Bernardo, na qual moram 80 pessoas com mais de 60

    anos de idade, de ambos os sexos (25 homens e 55 mulheres) e mantm-se

    atravs de convnio de 40 leitos da Prefeitura Municipal de So Bernardo do

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    Campo, bazar, 2 festas e 6 bingos anuais, doaes da comunidade.

    Segundo o estatuto do idoso ficam com 70% do benefcio dos moradores

    que recebem o benefcio do INSS e pela Ordem Religiosa Catlica de So

    Vicente de Paulo.

    A casa B fez recentemente uma parceria com a Prefeitura de So

    Bernardo do Campo, cedendo 20.000 m2 de sua rea para a construo do

    Hospital das Clinicas de So Bernardo do Campo com previso de entrega

    em 2012, recebendo em troca o pagamento de despesas fixas (gua, luz e

    telefone), a reforma do asilo ( incluindo a construo de uma ala com posto

    de enfermagem para os moradores mais debilitados) e a renda do

    estacionamento que ser construdo para os usurios do hospital.

    A casa emprega 74 funcionrios (32 auxiliares e tcnicos de

    enfermagem, 6 auxiliares administrativos, 2 cozinheiras, 6 auxil iares de

    cozinha, 4 auxiliares de lavanderia, 2 motoristas, 2 auxiliares de estoque, 1

    psicloga, 1 assistente social, 1 fisioterapeuta, 1 terapeuta ocupacional, 1

    mdico geriatra, 1 nutricionista, 2 enfermeiros, 6 auxiliares de limpeza, 1

    recepcionista, 2 seguranas, 1 porteiro, 2 auxiliares de manuteno, todos

    cumprindo jornada de 40 horas semanais). O asilo B recebe pessoas que

    cometeram crimes de menor valor ofensivo e que foram designados pelo juiz

    do estado de So Paulo a prestarem servios comunitrios.

    Os horrios de ateno destes voluntrios so variveis. Deste, todos

    os doentes que preencheram os critrios de incluso (27 no total, com 17

    mulheres e 10 homens) foram escolhidos para participar do estudo.

    4.3 Critrios de Incluso

    Antes da realizao da coleta de amostras de raspado subungueal foi realizada uma avaliao de leses sugestivas de onicomicose para seleo.

    Foi coletado raspado subungueal, da rea de transio de tecido ntegro e com leso, do hlux direito ou esquerdo, associados ou no a outras

    unhas com leso, sendo a escolha baseada na unha com leso clinicamente mais afetada. Desses pacientes coletou-se tambm material da regio

    interdigital podal.

    Paralelamente, como controle da coleta, selecionou-se idosos sem leses ungueais sugestivas de onicomicoses, no qual a coleta ocorreu de

    escamas da regio interdigital podal.

    4.4 Critrios de Excluso

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    Foi utilizado como critrio de excluso os pacientes que apresentaram unhas recm manicuradas ou que estavam sob tratamento de

    antifngico.

    4.5 Coleta das Amostras

    Foi preenchida uma ficha padro (Anexo B) em programa prprio com os dados do paciente nos ltimos 5 anos e assinatura dos responsveis no

    Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Anexo C) aprovado pelo CEP.

    Foi coletado material da regio interdigital de ps, aparentemente sem leses, para estabelecer grupo controle, onde foram realizados exame

    direto e cultura. As leses das unhas dos pacientes foram documentadas fotograficamente antes da coleta.

    As coletas foram realizadas aps o banho matinal dos pacientes e aps a observao e caracterizao da leso, foi realizada assepsia com lcool

    isoproplico a 70%, para minimizar contaminaes secundrias e sujidades, e as escamas subungueais e/ou escamas da regio interdigital, ento,

    coletadas utilizando-se a cureta dermatolgica esterilizada. Os primeiros detritos coletado da poro distal foram descartados, j que so ricos

    em contaminantes. As escamas obtidas da regio de transio entre a unha normal e a afetada foram utilizadas para os exames micolgicos.

    Aps coleta as escamas foram acondicionadas entre duas lminas de microscopia e envoltas em papel laminado, devidamente identificado com o

    nmero do paciente, e enviado ao Laboratrio de Micologia LIM 53 Instituto Medicina Tropical da Universidade de So Paulo.

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    4.6 Processamento das Amostras

    4.6.1 Exame Direto

    Em at no mximo 24 horas, o material coletado foi processado, no Laboratorial de Micologia, sendo fracionado em duas partes e com uma delas

    clarificadas com KOH + DMSO [dissolver 10g KOH em 60 mL de gua destilada e acrescentar a soluo 40 mL de DMSO (dimetilsulfxido)] para

    visualizao de elementos fngicos em escamas de unhas e pele (interdgito) em microscpio ptico comum, com aumento de 40X.

    4.6.2 Isolamento Primrio

    Paralelamente, ao exame micolgico direto, as escamas foram semeadas em gar Sabouraud-dextrose (SAB) [DIFCO, Bencton Dickinson and

    Company Sparks, USA], acrescido de cloranfenicol para isolamento de leveduras e FFND e no meio seletivo gar Mycosel (DIFCO, Bencton

    Dickinson and Company Sparks, USA), que contm na sua composio ciclo-heximida para inibio de fungos anemfilos.

    Dissolveu-se meio (SAB ou Mycosel) em gua destilada sob aquecimento em banho-maria at dissolver completamente. Para o meio Mycosel

    aps total dissoluo preparou-se a soluo de cloranfenicol dissolvendo-se 100 mg de cloranfenicol em 10 mL de lcool etlico 95C (Lacaz et al.,

    2002; Sidrim et al., 2004). Distribuiu-se alquotas de 10 mL em tubos de ensaio com tampa de rosca estreis. Autoclavou-se, por 15 minutos, a

    121C. Deixou-se solidificar em superfcie inclinada.

    As escamas foram inoculadas em gar SAB e Mycosel, em duplicata, e incubadas em estufa a 28C, durante quatro semanas com reviso

    peridica a cada cinco dias. Aps esse perodo, as culturas que estavam sem crescimento fngico foram descartadas. A identificao do agentefoi realizada pela avaliao dos aspectos macroscpicos (aspecto, textura, tempo de desenvolvimento da colnia, pigmentao do verso e

    anverso dos cultivos) e micromorfolgico da colnia realizado pela tcnica de microcultivo em lmina, em meio de gar batata-dextrose para

    dermatfitos, fungos filamentosos no dermatfitos (FFND) e gar fuba-Tween 80, para leveduras. As provas fisiolgicas e bioqumicas foram

    realizadas quando necessrias. Na micromorfologia avaliamos a presena de macro e micro condios, espessura das hifas e disposio dos

    condios, para fungos filamentosos e nas leveduras a presena de hifas, pseudohifas, formato e disposio dos blastocondios, alm da presena

    clamidocondio. Na identificao das leveduras, alm da micromorfologia associou-se o comportamento fisiolgico e bioqumico (Lacaz et al.,

    2002; Sidrim e Rocha, 2004).

    4.6.3 Isolamento Secundrio

    As amostras que apresentaram crescimento de clulas fngicas no

    isolamento primrio foram submetidas ao microcultivo para avaliao das

    estruturas de reproduo. Nos casos duvidosos, por isolamento de FFND e

    foram realizadas novas coletas, com intervalo de 10 a 20 dias, e mantidos

    nas condies j descritas anteriormente para confirmao do resultado.

    Importante ressaltar que consideramos o isolamento de colnias puras.

    4.6.4 Microcultivo em Lmina (Tcnica de Ridell) para Fungos

    Filamentosos (Dermatfitos e FFND)

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    Para os casos onde o isolamento em meio Sabouraud-dextrose no

    foi suficiente para demonstrar s estruturas necessrias a identificao foi

    aplicada a tcnica de microcultivo em lmina.

    A metodologia de microcultivo em lmina consiste em utilizar

    lminas de microscopia como suporte para pequenos blocos de gar batata-

    dextrose, acondicionados no interior de placas de Petri, onde foram

    inoculados em suas extremidades fragmentos de cultura, e recobertos por

    lamnula. Estas placas foram incubadas a temperatura ambiente no perodo

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    de at 15 dias. Aps este perodo, pequenos fragmentos foram retirados e

    corados com lactofenol para observao microscpica. Esta tcnica permite

    a caracterizao dos isolados atravs da visualizao ntegra das estruturas

    de frutificao.

    A metodologia de microcultivo em lmina consiste em utilizar

    lminas de microscopia como suporte para pequenos blocos 5mm X 5mm de

    gar batata-dextrose, preparada a partir da infuso de batatas - 500 mL

    (200 g cozidas por 1hora em 500 mL de gua destilada. Em paralelo 15 g de

    Bacto Agar (DIFCO, Bencton Dickinson and Company Sparks, USA) em 500

    mL de gua destilada estril dissolvido em banho-maria. Aps o cozimento

    a infuso filtrada em gaze e ao volume foi acrescentado ao Agar dissolvido

    e acrescido de 10g de dextrose (DIFCO, Bencton Dickinson and Company

    Sparks, USA). O meio foi distribudo em tubos e autoclavado a 121C por 15

    minutos. Este bloco foi acondicionado no interior de placas de Petri, onde

    foram inoculados em suas extremidades fragmentos de cultura, e recobertos

    por lamnula. Estas placas foram incubadas a temperatura ambiente no

    perodo de at 15 dias. Aps este perodo a lamnula foi retirada e corada

    com lactofenol para observao microscpica. Esta tcnica permitiu a

    caracterizao dos isolados atravs da visualizao ntegra das estruturas

    de frutificao.

    4.6.5 Provas Fisiolgicas e Bioqumicas para Identificao de

    Dermatfitos

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    Os isolados de dermatfitos foram repicados no meio de gar batata

    com intuito de observar a pigmentao no verso e anverso da cultura, alm

    da prova da urase na diferenciao de fungos do gnero Trichophyton.

    4.6.6 Re-Isolamento Pureza do Isolado Clnico e Identificao

    Presuntiva de leveduras

    O meio CHROMAgar Candida (DIFCO Becton, Dicknson and