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ANAIS | CONGRESSO MEDVEP INTERNACIONAL DE ESPECIALIDADES VETERINÁRIAS 2017 2

ÍNDICE

ANAISCONGRESSO MEDVEP INTERNACIONAL DE ESPECIALIDADES

VETERINÁRIAS 2017

11Abscesso esplênico em cão: relato de dois casos

14Abscesso Mediastinal por Pseudomonas Aeruginosa em um Gato Doméstico FeLV Positivo – Relato de Caso

17Abscesso Prostático como causador de Peritonite Aguda em cão – Relato de Caso

19Abscesso Prostático - Relato de Caso

21Ação da morfina e da metadona sobre a pressão arterial quando associada à acepromazina na medicação pré-anestésica

23Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico Decorrente de Metástase Cerebral de Osteossarcoma em um Cão

26Afecções Ortopédicas Tratadas Cirurgicamente com Emprego de Clamp and Rod Internal Fixation (CRIF) – Relatos de 21 Casos Em Diferentes Espécies

29Agenesia das Vértebras Sacrococcígeas em um Canino – Relato de Caso

31Alterações hematológicas em cães infectados por Ehrlichia canis em diferentes métodos diagnósticos

33Alterações Ovarianas Decorrentes do Uso de Anticoncepcionais em Gatas

35Anatomia macroscópica do úmero e do rádio-ulna do tamanduá-mirim

38Anemia Hemolítica Imunomediada Primária em um Felino - Relato de Caso

40Artrogripose Congênita em Felino (Felis catus) - Relato de Caso

43Atrofia Senil de Íris em Cão – Relato de Caso

45Avaliação citológica e histopatológica de testículos de cães clinicamente saudáveis não criptorquidas

47Avaliação da glicemia pós-anestésica em cães submetidos a procedimento cirúrgico eletivo

49Avaliação da Mensuração Renal Ultrassonográfica: Qual o Melhor Método na Rotina Diagnóstica?

51Avaliação da Resposta Inflamatória com utilização de proteína C reativa em cadelas com Carcinoma Ductal In Situ

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ANAIS | CONGRESSO MEDVEP INTERNACIONAL DE ESPECIALIDADES VETERINÁRIAS 2017 3

Avaliação da Sobrevida de Cães Diagnosticados com Neoplasias Mamárias Atendidos no Hospital Veterinário da Unopar-Arapongas

55Avaliação dos Efeitos Analgésicos do Emprego Sistêmico de Tramadol e Butorfanol no Pós-operatório de Gatas Submetidas à Ovariohisterectomia

57Avaliação dos Efeitos Analgésicos do Emprego Sistêmico de Tramadol e Nalbufina no Pós-operatório de Cães Submetidos à Orquiectomia

59Avaliação Ecodopplercardiográfica e de Ritmo Cardíaco da Associação de Acepromazina e Xilazina em Cães

62Avaliação Goniométrica em Cães da Raça Golden Retriever

64Avaliação macroscópica de úlceras cutâneas em Ratos de linhagem Wistar tratadas pela Laserterapia de Baixa Potência

66Avaliação qualitativa da composição mineral de 52 urólitos obtidos de cães

68Avaliação renal em cão nefropata submetido à anestesia – Relato de caso

70Avaliação Sorológica para Toxoplasma gondi em Cutias (Dasyprocta azarae) Mantidas em Semi-cativeiro na Cidade de Curitiba-PR

72Bloqueio dos nervos ciático e femoral em aves: Estudo anatômico

74Cálculo Urinário Secundário á Corpo Estranho – Relato de Caso

76Carcinoide Neuroendócrino Intestinal em Cão - Relato de caso

78Carcinoma Inflamatório Mamário em cadela SRD - Relato de Caso

80Carcinoma Papilar Ovariano em uma Cadela Pastor Alemão

82Carcinoma Urotelial associado a metástase pulmonar e osteopatia hipertrófica em cão - Relato de Caso

85Cardiomiopatia Hipertrófica Congênita – Um mal silencioso

87Castração é a Solução – controle populacional de cães e gatos em um bairro de vulnerabilidade social

89Ceratite Eosinofílica Felina – Relato de Caso

91Cirurgia Reconstrutiva com Retalho de Rotação Duplo Modificado para Excisão de Hemangiossarcoma Cutâneo em Cão – Relato de Caso

93Cistectomia Total com Anastomose Ureterovaginal em um Cão com Carcinoma de Células de Transição

95Cisto paraprostático mineralizado e hérnia perineal associados à hiperplasia prostática benigna em um cão

97Cisto Sinovial Cervical em Cão - Relato de Caso

99Colangiocarcinoma em Felino Doméstico

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102Colecistectomia laparoscópica em cão com extensa quantidade de litíases

104Colonoscopia com biopsias em paciente com colite e infestação por Ancylostoma caninum

106Colopexia Videoassistida com Dois Portais como Tratamento de Intussuscepção e Prolapso de Cólon em um Carneiro

108Comparação citológica e histopatológica de lesões esplênicas em cães

110Comparação da Ação Analgésica de Nalbufina e Tramadol em Gatas Submetidas à Ovariosanpingohisterectomia

112Comparação entre três métodos para detecção de glicosúria em cães e gatos

114Complicações de Doença Periodontal Grave - Relato de Caso

116Comportamento Térmico Pós Aplicação de Ultrassom Terapêutico em Phantom de Membro Pélvico Canino

118Conhecimento das Professoras da Educação Infantil Acerca de Zoonoses no Município de Curitiba-PR

120Contagem fúngica e umidade em alimentos extrusados para cães comercializados sob diferentes condições de armazenagem

123Correção Cirúrgica Ortopédica de Bugio-Ruivo (Alouatta guariba) Politraumatizado - Relato de Caso

126Correção da Persistência do Arco Aórtico Direito em um Felino

128Correlação Entre as Ondas do ECG e o VHS em Cães

131Criptococose em Cavia porcellus (Porquinho da Índia) - Relato de Caso

134Defeito de Septo Atrial (DSA) em Felino Doméstico - Relato de Caso

137Detecção de Brucelose em Javalis de um Município do Paraná

139Detecção de parvovírus canino tipo 2 a partir da reação em cadeia pela polimerase (PCR) e sequenciamento genético

141Diagnóstico de Adenite Sebácea Associada à Leishmaniose Visceral Canina

143Diagnóstico e Tratamento de Cadela com Flutter Atrial e Dissociação Atrioventricular - Relato de Caso

145Diagnóstico e tratamento videoassistido para Leydigoma em cadela com síndrome do ovário remanescente – Relato de Caso

147Dioctophyma renale Intracavitário em Cão - Relato de Caso

149Distribuição de pulgas por região corpórea de cães criados em área rural nos municípios de Pelotas e Capão do Leão-RS

151Doença Vestibular Central por Infarto Isquêmico Secundário a Hipotireoidismo em um Cão

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153Doenças vetoriais na rotina clínica veterinária de animais de companhia no município de Pelotas-RS

155Efeito da lipemia pós-prandial sobre a determinação bioquímica de albumina em cães saudáveis alimentados com ração comercial

157Efeito da lipemia pós-prandial sobre a mensuração refratométrica de proteínas totais séricas caninas

159Efeito do ozônio gasoso na inativação de Aspergillus flavus inoculado em alimentos para cães

162Efeitos da hemodiálise no tratamento de cão com doença renal crônica em crise urêmica

165Efetividade da ação repelente de extratos oleosos e aquosos de plantas nativas do Brasil em moscas

167Eficácia da Ceratectomia superficial com broca de diamante no tratamento de úlcera de córnea indolente em cão - Relato de Caso

169Eficácia do Tratamento com Afoxolaner para o Tratamento da Sarna Otodécica Felina – Relato de Caso

171Eletroquimioterapia Adjuvante a Cirurgia Conservativa para Tratamento de Carcinoma de Células Escamosas e Ameloblastoma Intranasal em Canino – Relato de Caso

174Eletroquimioterapia Associada à Exérese de Tumor no Tratamento de Carcinoma de Células Escamosas em um Felino - Relato de Caso

177Endoparasiticidas de Uso em Pequenos Animas: A Baixa Rotatividade de Princípios Disponíveis em Diferentes Marcas Comerciais

179Enfisema Orbitário Secundário à Sialoadenectomia em Cão - Relato de Caso

181Estudo Casuístico de Animais Silvestres e Exóticos Atendidos Entre 2013 e 2015 no Hospital Veterinário Unisul, Tubarão SC

184Estudo da pressão arterial em cães submetidos à nefrectomia devido à dioctofimatose

186Estudo de Associação do Histórico Clínico com Malignidade de Neoplasias Mamárias

188Estudo retrospectivo: Alterações esplênicas observadas em 19 cães esplenectomizados

190Estudo Retrospectivo das Afecções de Córnea em Gatos – Serviço de Oftalmologia Veterinária HCV/UFRGS

192Evolução Clínica de Fibrossarcoma Cutâneo Altamente Recidivante e Metastático em Cadela Golden Retriever

194Expressão do Colágeno em Úlceras Cutâneas de Ratos Wistar Tratadas com Óleo-resina de Copaíba (Copaifera langsdorfii)

196Felinos paraplégicos e perfil de seus tutores: estudo retrospectivo de 15 casos

198Ferida Crônica em Gato por Co-infecção de Micobacterium Spp. e Pseudomonas Spp.

201Fibrilação Atrial Associada a Cardiomiopatia Dilatada em um Dálmata - Relato de Caso

203

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Fibrossarcoma Canino – Relato de Caso

205Fisioterapia em Três Casos de Lesão Iatrogênica do Nervo Isquiático

208Fístula frontal Associada a Rinossinusite em um Mico-Leão–Preto (Leontophitecus chrysopygus, Mikan, 1823) - Relato de Caso

210Fragmentação da cartilagem cricotireoidea com ruptura esofágica traumática em um felino

212Fratura cominutiva e articular distal de úmero tratada com fixador esquelético externo transarticular em três gatos

214Fratura da Coluna Vertebral T11 por Trauma e uso da Técnica Segmentar Modificada – Relato de Caso

217Gato macho (Felis catus) tricolor - Relato de Caso

219Hemangiossarcoma e Colangiocarcinoma em Cadela - Relato de Caso

222Hemangiossarcoma Vesical Metastático em Cão

224Hematúria Renal Unilateral Idiopática em um Cão da Raça Cocker Spaniel

226Hemipelvectomia como tratamento de osteossarcoma no fêmur

228Hemoparasitas em Aves Silvestres de um Centro de Triagem e um Hospital Veterinário

230Hermafroditismo Verdadeiro em Cão - Relato de Caso

232Hidropsia e Lábio Leporino Fetal em Cães da Raça Bulldog Inglês - Relato de Caso

235Hiperplasia Fibroepitelial Mamária Felina - Relato de Caso

238Hipertensão Arterial Pulmonar em um Gato Doméstico - Relato de Caso

240Histiocitoma Fibroso Maligno Interescapular em Felino (felis catus) Após Vacinação – Relato de Caso

243Histoplasmose canina - Relato de Caso

245Holoprosencefalia alobar, Sinoftalmia e Arinia em Neonato Felino (Felis catus)

248Incidência de Oftalmopatias em Cães do setor Banho e Tosa de Pet Shops

250Infeção Oral por Toxoplasma gondii (ME-49) ocasiona Fibrogênese na Túnica Submucosa do íleo de Ratos na Fase Aguda

253Influência da Fisioterapia Pós-operatória na Reabilitação de Cão com Extrusão do Disco Intervertebral Toracolombar - Relato de Caso

256Influência de Agregados Plaquetários no Leucograma de Gatos Analisados pelo Método de Impedância

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258Inquérito Sorológico de Anticorpos Anti-Leptospira spp. e Anti-Toxoplasma Gondii em Javalis da Região de Ponta Grossa – PR

260Instabilidade Atlantoaxial Congênita em um Cão – Relato de Caso

262Interferência da lipemia pós-prandial induzida por ração comercial na determinação bioquímica de colesterol em cães

265Leiomiossarcoma Uterino em Cadela

268Leishmaniose Visceral Canina: Relato de Dois Casos de Doença Sistêmica Fatal

270Lentigo canino em mucosa oral – Relato de Caso

272Leucemia aguda em felino associada à hematopoiese extramedular - Relato de Caso

274Linfoma Cutâneo em Canino da Raça Chow Chow - Relato de Caso

277Linfossarcoma Multicêntrico em um Cão de Dois Anos de Idade - Relato de Caso

279Lipossarcoma Renal em Cão – Relato de Caso

281Lobectomia pulmonar para exérese de hemangiossarcoma grau III

283Lúpus eritematoso discoide em cão - Relato de Caso

285Luxação Dentária Lateral Associada à Fratura do Osso Alveolar em Cão - Relato de Caso

287Megabactéria (Macrorhabdus ornithogaster) em Psitacídeos Mantidos em Estabelecimentos Comerciais do Município de Uberaba – MG

290Melanocitoma Uveal em um Cão - Relato de Caso

293Melanoma de Corpo Ciliar em Cão – Relato de Caso

295Melanoma na mucosa vulvar em cadela - Relato de Caso

297Meningoencefalomielite e pneumonia por Cryptococcus spp. em um gato – Relato de Caso

299Mixossarcoma em região infraorbital, maxilar e zigomática em cão - Relato de Caso

301Morfologia da Aorta torácica em Onça Parda (Puma concolor) - Relato de Caso

304Mortalidade de Cães no Período Transoperatório e Pós-Operatório: Estudo Retrospectivo de Pacientes do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná

307Natação e antocianinas sobre a histologia dos ossos longos de ratos tratados com dieta hipercalórica

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Necrólise Epidermal Tóxica Induzida por Monossulfiram - Relato de Caso

312Neuromiopatia Isquêmica em Cinco Cães (2008-2016)

314Ocorrência de Hemólise Após Tratamento com Inipiném e Cilastatina Sódica em um Felino - Relato de Caso

316Ocorrência de Insuficiência Renal Aguda em Bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans)

318Ocorrência de Meningite Bacteriana em dois Felinos - Relatos de Caso

320Ocorrência de microfilaremia em uma população de cães atendida em um Hospital Universitário Veterinário de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, Brasil

322Ocorrência e Classificação das Anemias de Cães em Ourinhos-SP

324Osteíte Mandíbulo-Alveolar em um Felino Doméstico

326Osteocondrite Dissecante na Articulação do Ombro em Cão – Relato de Caso

328Osteossarcoma Osteoblástico Primário com Múltiplas Metástases em Cão Jovem da Raça Rottweiler - Relato de Caso

331Osteossíntese de Carapaça em Hydromedusa tectifera (Cágado-Pescoço-De-Cobra) com Placa de Compressão Dinâmica

333Osteossíntese supracondiliana femoral com emprego de pinos cruzados, combinados com grampos de Kirschner - Relato de Caso

335Otoscopia Videoassistida na Rotina de Pequenos Animais – Relato de Caso

337Ovariossalpingectomia Terapêutica Videoassistida em Um Tigre-d’água-de-orelha-vermelha (Trachemys scripta elegans)

339Parâmetros Hematológicos de cães diagnosticados com microfilárias pela técnica de Woo em um Hospital Universitário Veterinário de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, Brasil

341Peritonite infecciosa não efusiva com sintomatologia neurológica em felino - Relato de Caso

343Persistência do Arco Aórtico Direito em um Cão - Relato de Caso

345Pilorectomia/Gastroduodenostomia e Colecistoduodenostomia em Felino

347Piogranuloma Estéril em canino – Relato de Caso

349Plasmocitoma extramedular disseminado em cão - Relato de Caso

351Pneumotórax Espontâneo em um Canino - Relato de Caso

353Pododermatite Plasmocítica Felina – Relato de Caso

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Potencial antifúngico do extrato aquoso de Cymbopogon citratus frente à levedura Malassezia pachydermatis

357Potencial antifúngico in vitro do extrato hidroalcoólico de Maytenus sp frente à Malassezia pachydermatis

359Prevalência das Afecções Reprodutivas em Fêmeas Caninas no Centro Clínico Veterinário de Patos de Minas – MG

361Prevalência de Bactérias Associadas à Piodermites de Cães e Gatos em Blumenau/SC e Região

363Prevalência de Sinais Clínicos Respiratórios em Cães Portadores da Síndrome do Braquicefálico

366Pseudocisto Perinéfrico Esquerdo Secundário à Ruptura de Pelve Renal em Cão - Relato de Caso

368Pseudomonas spp e Staphylococcus spp como agente causador de Rinite Bacteriana Primária em Cão – Relato de Caso

370Punção de medula óssea para diagnóstico de leishmaniose visceral canina - Relato de Caso

372Quantificação de Componentes Morfofuncionais do Pâncreas de Zebrafish

375Quimioterapia como modalidade única de tratamento do carcinoma de células escamosas em um felino

377Reconstrução de Defeito Cirúrgico Via Retalho de Padrão Axial da Artéria Genicular Após Exérese Tumoral

380Redução de Fratura em Processo Palatino da Maxila em Paciente Felino - Relato de Caso

382Redução de Prolapso Uretral em um Bulldog Inglês de Oito Meses Utilizando a Uretropexia - Re-lato de Caso

384Relação entre sintomatologia clínica e achados morfohistopatológicos em glândulas adrenais de caninos

386Relato de Caso – Defeito de Septo Atrial em Canino

388Relato de caso - Carcinoma espinocelular em canino

390Relato de Caso - Fibrossarcoma em Felino após Lesão por Mordedura

392Relato do Primeiro Caso de Leishmaniose Visceral Canina em LondrinaPR e Investigação do Caso

394Ressecção De Adenocarcinoma Retal Pela Técnica Da Eversão Anal em Cão

396Ressecção e anastomose entre porção final de duodeno e cólon descendente em um canino com osteossarcoma extra-esquelético em linfonodo mesentérico

398Retalho de padrão axial da artéria genicular medial para reconstrução de defeito após ressecção de grande neoplasma

400Sarcoma nasal em cão da raça Labrador Retriever – Relato de Caso

402Síndrome Cardiorrenal - Relato de Caso

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404Síndrome da Fragilidade Cutânea Adquirida e Diabete Melito secundários ao Hiperadrenocorticismo em um Felino

406Síndrome da Hiperestesia Felina - Relato de Caso

408Síndrome Uveodermatológica Canina – Relato de Caso

411Susceptibilidade a antimicrobianos em bactérias isoladas de cães com otite externa no Departamento de Controle de Zoonoses (DCZ) em Rio Branco – AC

413TAPP (Transabdominal Preperitoneal Patch Plasty) laparoscópica para tratamento de hérnia inguinal em cadela – Relato de Caso

415Taquicardia Ventricular Sustentada em Pastor Alemão com Hematoma Esplênico – Relato de Caso

417Técnica de Coleta de Sêmen em Jabutis Chelonoidis denticulatus Linnaeus, 1766 e Chelonoidis carbonarius Spix, 1824

419Técnica de TightRope Modificada para Tratamento da Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial em Cão – Relato de Caso

421Tratamento de ferida com Soluto de Dakin associado a metil 2- cianocrilato em canino vítima de mordedura- Relato de Caso

423Tratamento Homeopático para Arrancamento de Penas em Periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri): Relato de caso

425Tumor de Células da Granulosa em Cadela Castrada – Relato de Caso

428Tumor Venéreo Transmissível Canino com Localização Genital e Conjuntival e Metástase Mamária

430Tumor Venéreo Transmissível Retrobulbar e em Cavidade Nasal em Cão Relato de Caso

432Uretrostomia Escrotal em Cão – Relato de Caso

434Uso de retalho de avanço unipediculado para reconstrução cutânea facial em cão - Relato de Caso

436Uso do Corante Azul Patente 2,5% na Identificação do Linfonodo Sentinela em Neoplasias Mamárias em Cadelas (HV UFMG)

438Utilização de Fitoterápico no Tratamento de Lesão Cutânea em um Canino - Relato de Caso

441Utilização do Glucagon como Opção de Tratamento Terapêutico para Ureterolitíases em Gatos Domésticos

444Vasculite Neutrofílica em um Cão Relato de Caso

446Velocidade de Onda de Pulso Arterial em Felino com Defeito de Septo Atrial (DSA) por meio de Ultrassonografia Duplex Doppler

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Abscesso esplênico em cão: relato de dois casosTaisa Schuartz Saragosa - aluna de medicina veterinária da Unifil*Daniela Scapini Mendes - médica veterinária do Hospital veterinário da UnifilKarina M. Basso - professora do curso de medicina veterinária da Unifil* [email protected]

RESUMOO baço faz parte do sistema hematopoiético, com função de filtrar e retirar do sangue bactérias, estocar componentes sanguíneos e hematopoiese extramedular. É um órgão alvo de inúmeras alterações, neoplásicas ou não neoplásicas, que podem resultar em esplenomegalia. Essas alterações ocorrem com maior frequência em animais idosos, que apresentam sinais clínicos inespecíficos, como anorexia, apatia, perda de peso, aumento abdominal, fraqueza, vômitos, diarréia, poliúria e polidipsia. O diagnóstico confirmatório é realizado pelo exame histopatológico, após esplenectomia. O abscesso esplênico é uma alteração incomum na rotina veterinária e pouco relatada na literatura, mas pode se desenvolver em infecções por bactérias piogênicas filtradas pelo baço que se multiplicam e causam necrose liquefativa com cápsula. O abscesso pode se romper levando o animal ao desenvolvimento de peritonites, choque séptico e óbito. O objetivo deste trabalho foi relatar a ocorrência de abscesso esplênico em dois cães atendidos no Hospital veterinário da UNIFIL LONDRINA – PR, confirmados após avaliação histopatológica pelo setor de patologia veterinária.

Palavras chave: baço; esplenomegalia; necrose liquefativa

INTRODUÇÃO O baço é um órgão do sistema hematopoiético, que tem como principal função filtrar o sangue por meio de capilares sinusóides (1), estocagem de plaquetas e eritrócitos maduros e hematopoiese extramedular(2). Ao filtrar o sangue, o baço retira da circulação bactérias, realiza fagocitose e destruição de eritrócitos, plaquetas e leucócitos senescentes, anormais ou infectados por hemoparasitas. Tornando-se assim um órgão alvo de inúmeras alterações, como distúrbios de crescimento, anormalidades circulatórias com destaque para os casos de hematoma, congestão e infarto, e foco de neoplasias primárias ou metástases(1). Essas e outras alterações são causas de esplenomegalia(2), com maior incidência entre os animais idosos (3). Para diagnóstico confirmatório da origem da alteração esplênica é realizado o exame histopatológico, após esplenectomia total (4). O objetivo deste trabalho foi relatar a ocorrência de abcesso esplênico em dois cães atendidos no Hospital veterinário da UNIFIL LONDRINA - PR.

MATERIAL E MÉTODOS O primeiro caso recebido pelo Hospital Veterinário (HV) UNIFIL foi um cão, Golden Retriever, macho, 11 anos, apresentando sinais de choque e abdome distendido e foi imediatamente estabilizado. O exame ultrassonográfico evidenciou aumento de volume circular no baço com conteúdo hipoecogênico. O animal foi encaminhado para coleta de exames de sangue e laparotomia exploratória, porém veio à óbito durante a cirurgia devido à parada cardiorrespiratória.

O segundo cão, Bull Terrier, macho, castrado, 14 anos, foi atendido com queixa de emagrecimento progressivo e apatia. O exame físico evidenciou mucosas hipocoradas, aumento abdominal com dor à palpação e aumento de temperatura retal (40,2°C). Foram realizados exames de sangue e ultrassonografia. O animal foi submetido à esplenectomia, sem maiores complicações.

Após a esplenectomia de ambos os cães, as peças foram encaminhadas ao setor de patologia veterinária para avaliação histopatológica.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOOs sinais clínicos de cães com esplenomegalia são inespecíficos, como anorexia, apatia, perda de peso, aumento abdominal, fraqueza, vômitos, diarreia, poliúria e polidipsia. O tratamento recomendado é a esplenectomia, que resulta na rápida resolução dos sinais clínicos, sendo contraindicada em pacientes com hipoplasia medular, nos quais o baço representa o principal órgão hematopoiético (5).

O cão um apresentou leucocitose (64.400 leucócitos) com desvio à esquerda (1.288 bastonetes), sendo evidenciado durante a cirurgia aumento de volume encapsulado em polpa esplênica com drenagem de material liquefeito. O segundo cão apresentou leve leucocitose (25.500 leucócitos) com desvio à esquerda (510 bastonetes) e a ultrassonografia mostrou massa esplênica expansiva com aspecto agressivo e contorno regular. Após a esplenectomia foi realizada punção da lesão para cultura e antibiograma com resultado positivo para Escherichia Coli.

A avaliação macroscópica dos órgãos evidenciou aumento de volume uniforme, encapsulado de consistência flutuante e presença do omento aderido à cápsula esplênica (Figura 1A e B). O exame histopatológico confirmou abscesso esplênico nos dois casos, devido à formação de cápsula composta por tecido fibroso contornando grande área de necrose liquefativa, com acúmulo de debris e neutrófilos íntegros e degenerados.

A formação de abscesso esplênico é pouco relatada na literatura, mas pode se desenvolver após septicemia e/ou bacteremia em infecções por bactérias piogênicas (Streptococcus sp, por exemplo) que são filtradas pelo baço, multiplicam-se e causam necrose liquefativa com consequente formação de cápsula(2). Há trabalhos que citam (6) que os abscessos esplênicos representaram 7% (4/57) entre as afecções esplênicas não neoplásicas e 3,6% (4/109) do total de esplenomegalias observadas em 109 cães esplenectomizados.

O primeiro animal teve o diagnóstico confirmado após o óbito, enquanto o segundo animal encontra-se estável e sem maiores comprometimentos após a ressecção cirúrgica.

Figura 1: (A) Fragmento de baço do cão Golden Retriever com área circular encapsulada delimitando área de necrose liquefativa (pus) aderida ao parênquima esplênico; (B) Fragmento de baço do cão Bull terrier, com área circular encapsulada delimitando áreas de necrose liquefativa, e área de amolecimento do parênquima esplênico.

CONCLUSÃOO abcesso esplênico é uma alteração incomum na rotina veterinária, e pouco relatada. Os sintomas iniciais são inespecíficos e comuns a outras alterações do baço, mas devido à alta concentração de bactérias piogênicas pode romper e levar o animal ao desenvolvimento de peritonites, choque séptico e óbito, de maneira que deve ser destacado entre os diagnósticos diferenciais para alterações esplênicas.

Abscesso esplênico em cão: relato de dois casos

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Abscesso esplênico em cão: relato de dois casos

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Abscesso Mediastinal por Pseudomonas Aeruginosa em um Gato Doméstico FeLV Positivo – Relato de CasoThierry Grima de Cristo - Pós-graduando em Ciência Animal – UDESCRicardo Antonio Pilegi Sfaciotte - Pós-graduando em Ciência Animal – UDESCRenata Assis Casagrande - Prof. Dra. Patologia Animal – UDESCContato: [email protected]

RESUMOPseudomonas aeruginosa é uma bactéria gram-negativa de distribuição mundial, que só causa enfermidades em animais imunocomprometidos. Os abscessos de mediastino são raros em gatos e podem estar associados às infecções pulmonares e fístulas esofágicas. Descreve-se um caso de abscesso de mediastino causado por P. aeruginosa em um gato. Um gato, macho, 2,5 anos, infectado pelo Vírus da Leucemia Felina (FeLV), foi atendido com dispneia e submetido à radiografia torácica onde observou-se uma massa em mediastino. Após o óbito realizou-se necropsia, demonstrando em mediastino uma massa de 6x4cm, esbranquiçada, rangendo ao corte que microscopicamente foi compatível com abscesso. Fragmentos da massa foram encaminhados para cultivo bacteriano, onde houve crescimento profuso de P. aeruginosa. Os abscessos mediastinais não devem ser excluídos dos diagnósticos diferenciais das massas mediastinais e acredita-se que a P. aeruginosa não deve ser ignorada quanto a causa de abcessos neste local.

Palavras-chave: Dispneia; leucemia felina; trauma torácico; medicina felina

INTRODUÇÃOPseudomonas aeruginosa é uma bactéria gram-negativa baciliforme aeróbia de distribuição mundial, encontrada nas mucosas, pele e fezes de animais e é frequentemente associada às infecções nosocomiais em humanos (1,2)combined with a low permeability of the outer membrane. Em casos de imunocomprometimento, esta bactéria adota comportamento patogênico, podendo desenvolver otites, cistites, endocardites, pneumonias e dermatites em cães e gatos (2).

Os abscessos mediastínicos normalmente possuem associação com infecções pulmonares e fístulas esofágicas decorrentes de ingestão com migração de corpos estranhos (3). Clinicamente os principais diferenciais para as massas mediastinais dividem-se em neoplásicos e não neoplásicos. Os neoplásicos são linfoma mediastinal, intimamente relacionado a infecções FeLV, timoma, tumores da base do coração e de tireoide ectópica. Os não neoplásicos são hemorragias e os cistos e abscessos mediastinais (4). O objetivo deste trabalho é relatar o desenvolvimento de um abscesso mediastinal em um gato doméstico.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) um paciente da espécie felina, SRD, macho, 2,5 anos, resgatado de rua, com queixa de prostração e dificuldade respiratória. Realizou-se avaliação clínica sistêmica completa e colheitas de amostra para avaliação hematológica e bioquímica, além de teste rápido de ELISA para vírus da Leucemia (FeLV) e Imunodeficiência (FIV) felina e radiografias torácicas latero-lateral e ventrodorsal.

Realizou-se toracocentese, durante o procedimento ocorreu o óbito. O animal foi encaminhado para o Laboratório de Patologia Animal (LAPA) da UDESC. Durante a necropsia foram coletadas amostras de todos os órgãos e da massa em mediastino para processamento histopatológico de rotina. Adicionalmente fragmentos refrigerados da massa mediastinal foram encaminhados para isolamento bacteriano.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOHavia histórico de prostração, dificuldade respiratória após administração de antiparasitário, meneios de cabeça bilaterais, acompanhados por prurido moderado em ambas as orelhas. Foi relatado pelo responsável que o animal possuía comportamento agressivo e havia frequentado um estabelecimento de banho e tosa antes de iniciar com os sinais, também relatou que o animal havia batido o esterno durante uma queda.

Na radiografia torácica observou-se uma massa em região de mediastino com áreas de ossificação. O teste rápido de ELISA indicou que o paciente era FeLV-positivo e FIV-negativo. As avaliações clínica e laboratorial associadas às características do animal, indicavam o linfoma mediastinal como principal diferencial. Foi realizada quimioterapia com vincristina, ciclofosfamida e prednisona. Essa suspeita dá-se pela conhecida associação dos gatos, principalmente machos jovens, com a infecção pelo FeLV (5). Após 4 dias de internação no HCV-UDESC, foi encaminhado para clínica externa, onde apresentou anorexia no segundo dia de internação, recebendo alimentação forçada. No terceiro dia constatou-se, por percussão, presença de efusão pleural, levando a realização de toracocentese. Não houve melhora clínica, decorrendo no óbito do paciente.

Na necropsia observou-se uma massa amarelada, firme, mineralizada ao corte, medindo 6x4cm, alojada entre o timo e o coração (Figura 1). Macroscopicamente não era possível excluir o linfoma dos diferenciais, entretanto com auxílio da microscopia determinou-se o diagnóstico de abscesso mediastinal com grandes áreas de calcificação distrófica. Na cultura bacteriana da massa houve crescimento profuso de P. aeruginosa.

A principal causa de abscessos mediastinais em animais são os corpos estranhos esofágicos (3), entretanto, não se observou nenhuma lesão perfurante ou cicatriz no esôfago. O manejo durante o banho, prejudicado pelo temperamento, e/ou o trauma da queda associados as alterações imunológicas causadas pelo FeLV, podem ter contribuído para o desenvolvimento do abscesso. P. aeruginosa é uma causa importante de pneumonia em felinos imunocomprometidos e causa redução gradual na atividade fagocítica dos macrófagos (6). Não há relatos de abscessos causados por P. aeruginosa em gatos domésticos, caracterizando um achado incomum.

Figura 1: A) Massa mediastínica entre o timo e o coração. B) Massa após secção sagital.

CONCLUSÃOOs abscessos mediastinais são incomuns em gatos, entretanto, não devem ser excluídos dos diagnósticos diferenciais das massas mediastinais, bem como P. aeruginosa não deve ser ignorada como agente etiológico.

Abscesso Mediastinal por Pseudomonas Aeruginosa em um Gato Doméstico FeLV Positivo – Relato de Caso

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Abscesso Mediastinal por Pseudomonas Aeruginosa em um Gato Doméstico FeLV Positivo – Relato de Caso

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Abscesso Prostático como causador de Peritonite Aguda em cão – Relato de CasoVanessa Aparecida Cavalheiri - Discente do curso Medicina Veterinária - Universidade Federal de Uberlândia.Sthéfany da Cunha Dias - Discente do curso Medicina Veterinária - Universidade Federal de Uberlândia.Gustavo Ferreira Mota - Médico Veterinário no Hospital Veterinário [email protected]

RESUMOA ocorrência de prostatopatias é comum em cães de meia-idade ou idosos. Pode-se formar através de uma extensão da prostatite bacteriana ou de doenças císticas primárias. O presente trabalho descreve um caso de abscesso prostático como causador de peritonite aguda em cão, que veio a óbito no momento do atendimento. De acordo com a necropsia e exames laboratoriais confirmou-se choque séptico e insuficiência múltipla de órgãos.

Palavras chaves: necropsia; choque séptico; insuficiência múltipla de órgãos.

INTRODUÇÃO A ocorrência de prostatopatias é comum em cães de meia-idade ou idosos (1). Dentre elas, estão inclusos os abscessos prostáticos, que geralmente decorrem de infecções bacterianas ascendentes que ultrapassam os mecanismos de defesa da uretra e colonizam o parênquima prostático. Os principais microrganismos envolvidos são Escherichia coli, Staphylococcus spp. e Proteus spp. (2).

Os sinais clínicos comumente encontrados são tenesmo, disúria, letargia, corrimento uretral sanguinolento com ou sem micção (3). Caso haja ruptura do abscesso, podem ocorrer dor, febre, êmese e apresentar sinais de septicemia devido à infecção fulminante e peritonite (4).

O diagnóstico pode ser realizado por meio do exame clínico, ultrassonografia, citologia, cultura do líquido prostático e exame radiográfico. Além disso, exames complementares como hemograma e urinálise também podem ser úteis (3).

O presente trabalho descreve um relato de caso de um cão com peritonite aguda proveniente da ruptura de um abscesso prostático.

Este trabalho descreve um relato de caso de um cão com rinite bacteriana primária causada pelas bactérias Pseudomonas e Staphylococcus spp, a qual se assemelhava muito com rinite fúngica ao manifestar-se por despigmentação nasal, hiperqueratose, secreção mucopurulenta unilateral e lesão nasal erosiva na cavidade nasal direita

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Hospital Veterinário Franciscano, localizado no município de Uberlândia-MG, um macho canino da raça Labrador Retriever, 9 anos, que segundo o tutor, apresentava êmese e anúria nas últimas 24 horas.

No momento do exame clínico, foi observada icterícia, desidratação, letargia, distensão e desconforto abdominal e na percussão foi percebido um som maciço característico da presença de líquido na cavidade abdominal.

Através do histórico e do exame físico, foram listados os seguintes diagnósticos diferenciais: hepatite aguda, torção gástrica e efusão pleural.

Após a coleta de material para exame o animal entrou em parada respiratória e veio a óbito. Realizou-se uma necropsia para avaliar a causa mortis e coleta de materiais para análise laboratorial.

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Os exames complementares realizados incluíram hemograma e perfil bioquímico hepático (ALT e ALP) e renal (Creatinina e uréia).

RESULTADOS E DISCUSSÃOO hemograma revelou uma neutrofilia sem leucocitose com desvio à esquerda regenerativo. Ressalta-se que o aumento do número de células imaturas na circulação, registrado no exame de hemograma, frequentemente está relacionado com a fase aguda ou crônica dos processos inflamatórios (5).

Os exames bioquímicos séricos revelaram aumento da creatinina, uréia e ALT. O aumento plasmático da uréia pode ser devido a causas pré-renais, que diminuem o fluxo sangüíneo no rim. Já o aumento da creatinina pode estar relacionado à desidratação, pois há uma intensa reabsorção de água nos túbulos renais o que fará que haja uma intensa concentração da creatinina urinária. O ALT elevado pode indicar uma lesão hepática devido a uma hepatite infecciosa ou tóxica (6).

A anúria apresentada pelo paciente e associada ao aumento da creatinina são indicativos da redução súbita de lesão glomerular sugestivo de insuficiência renal aguda (IRA). Nos casos de septicemia a ocorrência de insuficiência renal aguda poderá ocorrer, uma vez que a fisiopatologia do processo inclui a vasodilatação que induz a hipoperfusão glomerular, o processo inflamatório, lesão oxidativa, e a disfunção tubular (7).

Durante a necropsia foi observado grande quantidade de efusão fibrino hemorrágica, cerca de 5 l, hiperemia peritoneal parietal e visceral, áreas de necrose e vasos congestos no mesentério. Além disso, notou-se a presença de dois abscessos prostáticos, sendo um com área de ruptura. Na citologia da efusão abdominal encontrou-se grande quantidade células inflamatórios predominantemente neutrófilos.

A peritonite séptica decorre de ferida penetrante na cavidade abdominal, ruptura de orgãos ou de abscessos (hepático e prostático). O paciente com peritonite é sempre uma emergência médica (8,9,10), pois ocorre alta taxa de mortalidade, se não for tratada adequadamente, pode evoluir para sepse e insuficiência múltipla de órgãos (11).

CONCLUSÃOCom esse relato podemos concluir que o abscesso prostático é uma das prostatopatias que pode ocasionar complicações como peritonite, sepse e insuficiência múltipla de órgãos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1) KAY, N. D. Doenças da próstata. In:. Manual saunders clínica de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Roca, cap 84, 2008, p. 970-977.2) Apparício M, Vicente WRR, Pirez EA, Mostachio GQ, Ribeiro APC, Covizzi GJ, et al. Omentalização prostática em cães. Braz Journal Animal Science: 2006; v.43, p.754-761.3) Michael D. Willard. Distúrbios do peritônio. In: Medicina Interna de Pequenos animais. 5ª edição. Rio de janeiro: Elsevier. Cap 34, 2015, p.492-494.4) KUSTRITZ, M. V. R.; KLAUSNER, J. S. Doenças prostáticas. In: Tratado de medicina interna veterinária. 3ª edição. vol. 2.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. cap. 172, 2008, p. 1777-1784.5) Schultze d, r; arnold, p, i. Properties of four acute phase proteins: C – reactive protein, serum amyloid A protein, alfa1 – acid glycoprotein, and fibrinogen. Arthritis Rheumatology; 2000 (20):129-147. 6) Thrall, mary anna. Hematologia e bioquímica clínica veterinária. 2ª edição. Editora Roca, 2007.7) Doi K, Leelahavanichkul A, Yuen PST, Star RA. Animal models of sepsis and sepsis-induced kidney injury. Journal Clinical Investigation. 2009;119(10):2868-78.8) BRAY, J. Diagnosis and management of peritonitis in small animals. In Practice, London, 1996; v.18, n.9, p.403-413, 9) Crowe jr., d.t.; Bjorling, d.e. Peritônio e cavidade peritoneal. In: Manual de cirurgia de pequenos animais.Vol. 1. São Paulo: Manole, 1998. Cap. 34, p.499-528.  10) Swann, h.; Hughes, d. Diagnosis and management of the peritoneal cavity. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, Philadelphia, 2000, v.30, n.3, p.603-615. 11) Wong, p.f. Antibiotic regimens for secondary peritonitis of gastrointestinal origin in adults. In: Cochrane review abstracts, 2005.

Abscesso Prostático como causador de Peritonite Aguda em cão – Relato de Caso

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Abscesso Prostático - Relato de CasoLorrane Alves de Melo1

Pedro Paulo Oliveira Silva1

Júnior Artur do Reis2

1Graduandos em Medicina Veterinária pelo Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM 2Medico Veterinário [email protected]

RESUMOAtendeu-se um cão SRD com claudicação bilateral de membros posteriores, ao examiná-lo foi passível notar a ausência de um dos testículos, ao solicitar exame ultrassonográfico visualizou-se a presença do mesmo na cavidade abdominal, o exame revelou ainda a presença de um aumento de volume proximal a próstata, condizente com abscesso. Confirmou-se o diagnóstico de abscesso prostático durante a cirurgia onde foi feita a exérese do mesmo juntamente com o testículo ectópico. Em decorrência a distúrbios fisiológicos o testículo ectópico provocou uma disfunção hormonal provocando hiperplasia prostática que cronicamente tornou-se um abscesso, que por sua vez causou claudicação e hematúria no paciente.

Palavras chaves: Hiperplasia prostática, criptorquidismo, cão, claudicação.

INTRODUÇÃO Abscessos prostáticos podem se originar de infecções bacterianas ascendentes ou serem resultados de prostatite bacteriana supurativa ou até mesmo pela presença de cistos de retenção podendo ser metaplasicos ou paraprostaticos.1

O paciente pode vim a apresentar: anorexia, letargia, tenesmo, disúria, dificuldade locomotora, distensão abdominal, abdômen agudo e choque. O seu diagnostico é baseado no histórico e sinais clínicos. A palpação retal e abdominal pode perceber aumento e diferença entre os lobos prostáticos. (1)

O abscesso é uma patologia de incidência baixa pouco vista na rotina pratica, porém, ainda assim, é considerada uma enfermidade grave que com atraso de diagnóstico e tratamento apresenta taxa de mortalidade de 18%. (2) Sendo assim o presente trabalho teve por objetivo relatar um caso de abscesso prostático associado a um testículo ectópico demonstrando a influência que este tem sobre a patologia apresentada.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi atendido em Patos de Minas – MG em fevereiro de 2017, um cão SRD, de nome Tatu, com 4 anos de idade, não castrado e pesando 24,5kg.

A queixa principal foi em decorrência da claudicação dos membros posteriores, ao desequilíbrio e a diarreia presentes a 3 dias, ambos os sinais foram observados na inspeção e no exame clínico. Por micção espontânea foi possível visualizar hematúria.

No exame físico a frequência cardíaca estava 108 bpm, frequência respiratória 28 mpm, temperatura retal em 36,6°c, linfonodos sem alterações, mucosas normocoradas e estado de consciência alerta.

Foram pedidos exames complementares, tais quais hemograma, ALT, creatinina e ultrassonografia. Com exceção da ultrassonografia, todos os demais exames estaval dentro dos valores de referência. Na ultrassonografia abdominal identificou-se o testículo ectópico do lado esquerdo, hiperplasia prostática com a presença de massa periprostática compatível a um cisto e/ou abscesso.

O cão foi internado e medicado com Previcox (227 mg/kg – 1 comprimido/VO/SID) e Finasterida (1 comprimido/VO/SID). Em março de 2017 foi realizada orquiectomia e exérese do cisto periprostático.

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RESULTADO E DISCUSSÃOO diagnóstico definitivo de testículo ectópico se deu por meio da ultrassonografia devido sua sensibilidade, e da identificação do mesmo durante a cirurgia. O testículo ectópico geralmente é diagnosticado nas consultas onde o veterinário observa a ausência de um ou dos dois testículos na região escrotal. (3) O animal criptorquida sem comprometimento e neoplasias no testículo ectópico, pode ser observada redução de tamanho do testículo da cavidade intra-abdominal quando comparado o que está presente na bolsa escrotal. (4)

A identificação da próstata juntamente com o aumento do volume proximal a ela se deu por meio da ultrassonografia, que é o método de eleição, sendo a radiografia uma segunda opção. (5)

A ultrassonografia encontra-se em um ângulo superior para a realização deste método não invasivo podendo oferecer informações mais especificas sobre a imagem gerada, podendo avaliar formato, estrutura, tamanho e arquitetura. No exame radiográfico é possível observar a hiperplasia prostática, mas não avalia abscesso prostático com auxilio deste, ao contrario do que pode ser visto no exame de ultrassom que constitui melhor método de avaliação, mesmo ele não sendo o eletivo para diferenciar cisto de abscessos. (3,6)

O acometimento de doenças prostáticas varia de acordo com a raça, porém a grande maioria das lesões são observadas em animais SRD, podendo observar também que a segunda maior ocorrência de doença na próstata se identifica nos cães Pit Bull que normalmente não existe muitos relatos.(1,6) Apesar de todos os critérios de avaliação racial avaliando a predisposição de raças mais susceptíveis a ter a doença prostática, deve-se ressaltar o avançar da idade e a maior ação de hormônios que são os principais responsáveis por essas afecções. (6) A hiperplasia prostática benigna é um fator primário ao desenvolvimento de prostatites bacterianas e formação de abcessos, sendo o provável fator que levou ao desenvolvimento do abcesso. (3)

CONCLUSÃO Fatores hormonais secundários a presença do testículo ectópico influenciou no aparecimento do abscesso prostático, iniciando com a hiperplasia prostática e em consequência o surgimento do abcesso, tal fator é controlado pela orquiectomia dos testículos ectópicos.

REFERÊNCIAS1) Crivellenti, LZ; Borin-Crivellenti, S. Casos de rotina em medicina veterinária de pequenos animais. 2ª ed. São Paulo: MedVet; 2015.2) Borges, N; Ribeiro, JC; Freire, J; Azevedo, T. Abcesso Prostático. 2007. Acta Urológica 2007, 24; 1: 75-78. 3) Davidson, A.P. Distúrbios do sistema reprodutor. In: Nelson, RW. Couto, CG. Medicina interna de pequenos animais. 5th ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. p. 944.4) Boothe, HW. Testículos e Epidídimos. In: Slatter, D, editor. Manual de cirurgia de pequenos animais. 3th ed. São Paulo: Manolle, 2007. p.1521 – 1530.5) KRAWIEC, D. R. Canine prostate gland. Journal of the American Animal Hospital Association, South Bend, v. 204, n. 10, p. 1561-4, 1994.6) Alves, CEF; Corrêa, AG; Santos, HLJ; Elias, F; Costa, SS; Moura, VMBD. Abscesso prostático em cães: relato de 15 casos. Semina: Ciências Agrárias 2012; 3(33): 1157-1164.

Abscesso Prostático - Relato de Caso

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Ação da morfina e da metadona sobre a pressão arterial quando associada à acepromazina na medicação pré-anestésicaLeticia Mafra da Silva¹; Barbara Emanoele de Oliveira¹; Charlene Hitomi Gonçalves Inaba².¹ Graduandos de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná – [email protected]²Residente de Anestesiologia Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná

RESUMOA medicação pré-anestésica (MPA) é útil na preparação do paciente para anestesia, causando sedação, analgesia e menor incidência de efeitos adversos. O objetivo deste trabalho é avaliar a variação da pressão arterial antes da MPA, e depois da indução dos pacientes. Foram utilizados 40 pacientes, divididos em dois grupos: o grupo I recebeu associação de acepromazina (0,03 mg/kg) e morfina (0,3 mg/kg); grupo II recebeu associação acepromazina (0,03 mg/kg) e metadona (0,3 mg/kg) administradas por via intramuscular. Foram avaliadas a PA1 antes da MPA e a PA2 foi avaliada no momento da indução com propofol, e manutenção com isoflurano. Não existe diferença estatística significativa entre os grupos.

Palavras-chave: Anestesia; Protocolo anestésico; Medicação pré-anestésica

INTRODUÇÃO Os fármacos pré-anestésicos (MPA) são úteis na preparação do paciente para anestesia, causando sedação, analgesia e menor incidência de efeitos adversos [1]. O uso da acepromazina no cão é associado com a diminuição da excitação e da atividade motora, atribuída principalmente ao antagonismo dopaminérgico central [2]; possui, ainda, um efeito alfa adrenérgico, podendo determinar um quadro de hipotensão [3]. Os opioides, além de analgésicos, deprimem o sistema nervoso central produzindo sedação e sonolência [4]. Pertencente à classe dos opioides pode-se citar a metadona, que atua como antagonista de receptores NMDA (N-metil-D aspartato) na medula espinhal, podendo incrementar a analgesia e diminuir a ocorrência de tolerância pelo seu uso contínuo [5]. Outro opioide importante, a morfina, causa analgesia com certo grau de sedação e alívio da dor, seja no período pré-anestésico ou no transoperatório [5,6]. Pode ocorrer náusea e vômito que estão relacionados à estimulação da zona deflagradora dos quimiorreceptores localizadas nas paredes laterais do terceiro ventrículo [5]. Este trabalho tem como objetivo analisar a diferença entre a pressão arterial sistólica antes e depois da utilização da medicação pré-anestésica.

MATERIAIS E MÉTODOSForam avaliados 40 pacientes, do período de junho a dezembro de 2016, atendidos na Clinica Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná que necessitaram da intervenção anestésica para a realização de procedimentos diversos e, a partir dos dados obtidos de cada paciente, estes foram divididos em grupos. Todos os pacientes estavam classificados em ASA I ou II e não foram consideradas diferenças entre espécie (caninos e felinos), raças ou tamanho/peso.

Vinte e um pacientes utilizaram como medicação pré-anestésica (MPA) a acepromazina, 0,03 mg/kg, associada a morfina, 0,3 mg/kg (grupo I) e 19 utilizaram a acepromazina, 0,03 mg/kg, associada a metadona, 0,3 mg/kg (grupo II) por via intramuscular. Em ambos os grupos os pacientes esperaram em média 45 minutos do momento da MPA até o momento da indução, realizada com propofol.

A PA1 (pressão arterial um) representa a média da pressão arterial dos pacientes antes da MPA (pressão normal), a PA2 (pressão arterial dois) representa a pressão arterial média dos pacientes logo após o momento da indução. Todos os pacientes receberam isoflurano como manutenção anestésica.

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RESULTADOS E DISCUSSÕESEm alguns estudos realizados com felinos a associação de opioides à acepromazina não exercem grandes efeitos em pressão arterial quando utilizados em baixas doses (até 0,5 mg/kg) porém exercem grande depressão de frequência cardíaca [1].

Os pacientes do grupo 1 apresentaram uma queda de 29% entre PA1 e a PA2 enquanto o grupo 2 apresentou uma queda de 31%. Aplicando-se a avaliação estatística do teste t de student considerando variações semelhantes não encontra-se diferença estatística significativa entre as amostras (p=0,83).

A queda da pressão arterial normal (PA1) para 15 minutos após a indução foi de 26% em ambos os grupos. Em um estudo realizado em felinos na UNESP-Botucatu os resultados obtidos quanto à pressão arterial dos pacientes, 15 minutos após indução, foram parecidos com os obtidos nesse trabalho.

CONCLUSÃONeste estudo percebe-se que não há diferença estatística significativa entre os grupos. Independente do protocolo pré-anestésico escolhido os pacientes apresentaram alterações na pressão arterial, cabe ao médico veterinário responsável escolher o melhor protocolo para cada paciente.

REFERÊNCIAS1) Manfrinate R. et all; Efeitos da morfina e da metadona associadas à acepromazina em gatas anestesiadas com propofol e halotano e submetidas à ovariossalpingohisterectomia; Acta Scientiae Veterinariae. 37(3): 245-251.2) Stepien, R.L.; Bonagura, J.D.; Bednarski, R.M.; Muir, III, W.W. Cardiorespiratory effects of acepromazine maleate and buprenorphine hydrochloride in clinically normal dogs. Am. J. Vet. Res., 56(1):78-94, 1995.3) Thurmon, J.C.; Tranquilli, W.J.; Benson, G.J. Preanesthetic and anesthetic adjuncts. In: Thurmon, J.C.; Tranquilli, W.J.; Benson, G.J. Lumb & Jones. Veterinary Anesthesia. 3.ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1996. p. 183: 209.4) Clinica Perionatal. 2002. Analgesia opióide em recém-nascidos na unidade de terapia intensiva, 493-509p. Disponível em: <http://www.paulomargotto.com.br/documentos/analgesia.doc> acessado em 02/20175) Wagner A.E. 2002. Opoids. In: Gaynor J.S. & Muir W.W. (Eds). Veterinary pain management. St. Louis: Mosby, pp.164-183.6) Gorniack S.L. 1996. Hipnoanalgésicos e neuroleptoanalgesia. In: Spinosa V., Gorniack S.L. & Bernardi M.M. (Eds). Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 4 eds. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, pp.142-143.

Ação da morfina e da metadona sobre a pressão arterial quando associada à acepromazina na medicação pré-anestésica

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Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico Decorrente de Metástase Cerebral de Osteossarcoma em um CãoThierry Grima de Cristo - Pós-graduando em Ciência Animal – UDESCCristiane Borges Vargas - Pós-graduanda em Ciência Animal – UDESCRenata Assis Casagrande - Prof. Dra. Patologia Animal – UDESCContato: [email protected]

RESUMOO acidente vascular encefálico (AVE) é uma condição clínica súbita que compreende rápida perda das funções cerebrais em decorrência de ruptura ou oclusão vascular, dentre todas as causas da lesão vascular, os êmbolos neoplásicos são os menos comuns. O objetivo deste trabalho é relatar um AVE associado à metástase de osteossarcoma (OS). Uma canina, SRD, fêmea, 7 anos, foi submetida a amputação de membro torácico esquerdo por apresentar um OS em região proximal de úmero. Após três semanas, apresentou crises convulsivas ininterruptas e coma, resultando no óbito. Na necropsia observou-se em córtex frontal esquerdo uma massa friável avermelhada de 2cm, microscopicamente constituída por metástase do OS associados com múltiplos vasos sanguíneos e hemorragia focalmente extensa e acentuada, causando um AVE. Relatos de metástases de OS provocando AVE são raros em animais e humanos, o que leva a crer que este fato é infrequente ou pouco diagnosticado ante e post-mortem, necessitando maior investigação em animais com OS.

Palavras-chave: Neoplasia; hemorragia intracraniana; neurologia; oncologia

INTRODUÇÃOO acidente vascular encefálico (AVE) é o início agudo do déficit neurológico a partir de hemorragia intracraniana espontânea ou oclusão do vaso sanguíneo intracraniano por trombo ou êmbolo, caracterizando um infarto cerebral. Cerca de 88% de todos os AVEs são isquêmicos, onde os êmbolos neoplásicos são as causas menos comuns (1). Estima-se que 30% dos pacientes portadores de quaisquer tipos de câncer desenvolvem metástases cerebrais, entretanto, somente 0,8% destas provêm de tumores com origem musculoesquelética ou de sarcomas de tecidos moles (2,3).

Osteossarcomas (OS) são os mais comuns tumores ósseos nos animais e seres humanos (4). Nos cães correspondem a 75% de todos os tumores ósseos, incidindo principalmente em machos de porte médio a grande entre os 7 e 8 anos de vida (5). Os protocolos de tratamento recomendados incluem desde a abordagem cirúrgica radical até a quimioterapia, entretanto geralmente ocorre o óbito em decorrência de infiltração local ou distante do foco primário. O objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência de um AVE associado à metástase de OS em um cão.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da UDESC (HCV-UDESC) uma canina, SRD, porte médio, 7 anos apresentando dificuldade de locomoção decorrente de aumento de volume em região proximal de úmero esquerdo, doloroso e firme à palpação. Realizou-se avaliação clínica e radiológica, optando-se pela amputação alta do membro devido à suspeita de neoplasia óssea. A peça cirúrgica foi encaminhada para o laboratório de patologia animal (LAPA) da UDESC, para exame histopatológico. O animal veio a óbito posteriormente, sendo encaminhado para necropsia e exame histopatológico.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOA peça cirúrgica recebida para avaliação anatomopatológica compreendia um membro torácico esquerdo com uma massa medindo 15x20cm que ocupava toda a região proximal e diáfise de úmero (Figura 1, A), de consistência variando de firme a dura, branca ao corte. Microscopicamente essa massa era caracterizada por uma proliferação neoplásica de origem mesenquimal e comportamento biológico maligno, associado à formação de matriz osteoide, compatível com um OS. Após 12 dias o proprietário retornou ao hospital relatando que o animal apresentou crises convulsivas ininterruptas, desde o retorno pós-cirúrgico e não se alimentava, foi mantido internado, porém progrediu para um quadro comatoso, irresponsivo a estímulos. O óbito ocorreu 20 dias após a amputação.

Figura 1: A) Massa em úmero. E: Escápula. B) Metástase do OS em SNC. *:AVE.

Durante a necropsia realizaram-se secções transversais no encéfalo, permitindo observar no córtex frontal esquerdo, uma massa friável com aproximadamente 2cm de diâmetro. A histopatologia determinou o diagnóstico de OS metastático associado intimamente com a túnica de vários vasos sanguíneos, rompendo-os, causando hemorragia focalmente extensa acentuada e desenvolvendo um AVE (Figura 1, B).

O OS comumente configura metástases em pulmão e demais ossos, quando considerada a via de metástase típica desta neoplasia, a circulação sanguínea, tornando-se hipotética a associação do tromboembolismo neoplásico cerebral à metástase pulmonar (2). Estes êmbolos aderem-se frequentemente nos vasos localizados na junção entre as meninges e o encéfalo (6)two were positive based on unenhanced FLAIR images, seven were positive based on contrast-enhanced FLAIR images, and 10 were positive based on contrast-enhanced T1-weighted MR images. Of the 57 studies of patients without leptomeningeal metastases, 53 were negative based on unenhanced FLAIR images, 50 were negative based on contrast-enhanced FLAIR images, and 53 were negative based on contrast-enhanced T1-weighted MR images. The sensitivity and specificity of unenhanced FLAIR images for detecting leptomeningeal metastases were 12% (two of 17, como observado neste caso.

Em um dos raros os relatos de AVE associados com metástases de OS; um cão Boerboel em estado de choque e com sinais neurológicos graves, demonstrou-se através da histopatologia associação direta do tumor metastático com a parede do vaso, levando a uma lesão isquêmica local (3). A associação com a parede do vaso é um fator similar entre ambos os casos, entretanto a lesão está associada unicamente com a isquemia por obstrução vascular, ao contrário do caso relatado, onde houve quadro hemorrágico agudo.

CONCLUSÃOTão incomum quanto a descrição de metástases encefálicas de OS são os AVE associados às mesmas, indicando a baixa incidência destes. São necessárias maiores investigações em animais portadores de OS com neuropatias centrais concomitantes para excluir as metástases dos diferenciais, e acidentes vasculares associados a elas.

Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico Decorrente de Metástase Cerebral de Osteossarcoma em um Cão

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REFERÊNCIAS1) Casals JB, Pieri NC, Feitosa ML, Ercolin AC, Roballo KC, Barreto RS, et al. Use of Animal Models for Stroke Research: A Review. Comparative Medicine. 2011;61(4):305–13.2) Shweikeh F, Bukavina L, Saeed K, Sarkis R, Suneja A, Sweiss F, et al. Brain metastasis in bone and soft tissue cancers: A review of incidence, interventions, and outcomes. Sarcoma [online]. 2014;2014. Available from: http://dx.doi.org/10.1155/2014/4751753) Pazzi P, Tompkins S, Kirberger RM. Canine spirocercosis-associated extraskeletal osteosarcoma with central nervous system metastasis. Journal of South African Veterinary [online]. 2013;84(1):E1-4. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pub med/237181484) Navalkele P, Jones SM, Jones JK, Salazar JD, Toy PC, Iyer R V, et al. Osteosarcoma tumor thrombus: a case report with a review of the literature. Texas Heart Institute Journal [online]. 2013;40(1):75–8. Available from: https://ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/234666235) Langenbach A, Anderson MA, Dambach DM, Sorenmo KU, Shofer FD. Extraskeletal osteosarcomas in dogs: a retrospective study of 169 cases (1986-1996). Journal of American Animal Hospital Association. 1998;34(2):113–20. 6) Singh SK, Leeds NE, Ginsberg LE. MR imaging of leptomeningeal metastases: Comparison of three sequences. American Journal of Neuroradiology. 2002;23(5):817–21.

Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico Decorrente de Metástase Cerebral de Osteossarcoma em um Cão

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Afecções Ortopédicas Tratadas Cirurgicamente com Emprego de Clamp and Rod Internal Fixation (CRIF) – Relatos de 21 Casos Em Diferentes EspéciesÍsis dos Santos Dal-Bó – Doutoranda do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Aline Schafrum Macedo - Doutoranda do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. [email protected] Ricardo Auada Ferrigno – Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zoo-tecnia da Universidade de São Paulo.

RESUMOForam revisados os registros de 21 animais entre os anos de 2010 e 2015 nos quais foi utilizado o Clamp and Rod Internal Fixation (CRIF), no total de 15 cães, 5 gatos e um ganso australiano. Esse implante foi utilizado para osteossíntese de 16 fraturas de fêmur, 1 fratura de úmero, estabilização de 1 luxação tíbio-társica, 1 fratura/luxação L7-S1 e 2 casos de luxação medial de patela grau IV para osteotomia femoral para correção de deformidade angular e rotacional do membro. O emprego de CRIF em osteossínteses, estabilização de luxação, artrodeses e estabilização de osteotomias corretivas propiciou bons resultados pós-operatórios em cães, gatos e um ganso australiano.

Palavras-chave: O cão, gato, ave, luxação, fratura.

INTRODUÇÃOO Clamp and Rod Internal Fixation (CRIF) consiste em uma barra cilíndrica, que pode ser moldável de acordo com o formato do osso e de presilhas que deslizam nessa barra, e podem ser posicionadas ao redor da mesma em variadas posições. Essas presilhas são comprimidas por meio do aperto de parafusos corticais, os quais as fixam firmemente à barra e o sistema ao osso (1, 2). Da mesma maneira que as placas bloqueadas, esse dispositivo não necessita de adaptação perfeita ao osso, uma vez que as presilhas se movimentam livremente ao redor da barra. Além disso, permite o tratamento de fraturas dos ossos longos pela abordagem minimamente invasiva, através de pequenas incisões nas suas porções proximal e distal, sendo a barra inserida em um túnel sob a musculatura, sem a necessidade de abertura do foco da fratura (2). Este estudo tem por objetivo relatar 21 casos de afecções ortopédicas tratadas cirurgicamente com o emprego de em cães, gatos e em um ganso australiano (Cereopsis novaehollandiae).

MATERIAL E MÉTODOForam atendidos 15 cães, 5 gatos e um ganso australiano (Cereopsis novaehollandiae). A média de idade dos cães foi de 5,4 ± 4,8 anos (0,5 a 16,0) e a média de peso foi de 10,1 ± 9,4 kg (1,8 a 32,0), sendo 5 machos e 10 fêmeas. As raças dos pacientes atendidos foram Yorkshire Terrier (n = 3), Pastor Alemão (n = 1), Poodle (n = 1), Bull Terrier (n = 1), Dachshund (n = 1), Pinscher (n = 1) e SRD – sem raça definida (n = 7). Todos os gatos eram SRD, sendo 4 machos e 1 fêmea e sua média de idade foi de 3,2 ± 3,9 anos (0,4 a 10) e sua média de peso foi de 3,7 ± 1,4 kg (1,7 a 4,4). Quanto ao ganso australiano, o sexo não foi determinado, o paciente era adulto e pesava 3,75 kg. O sistema CRIF foi utilizado para osteossíntese de 16 fraturas de fêmur, 1 fratura de úmero, estabilização de 1 luxação tíbio-társica e 1 fratura de vértebra lombar L7 e luxação L7-S1 concomitante. Além disso, utilizou-se o mesmo sistema para tratamento de dois casos de luxação medial de patela grau IV em que foi necessária realização de osteotomia femoral para correção de deformidade angular e rotacional do membro. Em 11 casos foram utilizadas 2 montagens de CRIF e nos demais casos optou-se por apenas 1.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOOs dados referentes aos pacientes a às intervenções cirúrgicas estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1: Dados clínicos dos pacientes e características de suas afecções ortopédicas.

Paciente Espécie Raça Idade (anos) Sexo Peso

(kg)

Mem-bro

opera-do

Osso Tipo de fratura ou luxação

1 can Pastor Alemão 6 M 32 MPD fêmur cominutiva diáfise média

2 can Pinscher 8 F 1,9 MPD fêmur oblíqua diáfise proximal

3 can Poodle 0,5 F 2,9 MPE fêmur luxação medial de patela grau IV

4 can SRD 8 F 4,2 MPD fêmur transversa diáfise distal

5 fel SRD 0,7 M 4,2 MPE fêmur cominutiva diáfise distal

6 can Bull Terrier 2 M 29 MPE fêmur transversa diáfise distal

7 can Yorkshire Terrier 11 F 2,9 MPD fêmur cominutiva diáfise distal

8 can Yorkshire Terrier 0,83 F 1,8 MPD art TT luxação TT e fratura de calcâneo

9 can SRD 2 M 11,8 MPD fêmur cominutiva diáfise distal

10 can SRD 4 F 15,6 MPE fêmur cominutiva diáfise distal

11 fel SRD 0,4 M 1,7 MPD fêmur oblíqua longa diáfise

12 can SRD 2 M 10 MPD fêmur oblíqua longa diáfise

13 can Yorkshire Terrier 3 F 2,1 MPD fêmur luxação medial de patela grau IV

14 fel SRD 3 M 4 MPE fêmur inter e supra condilar

15 fel SRD 10 F 4,3 MPE fêmur cominutiva diáfise proximal

16 can SRD 13 F 12 MPE fêmur cominutiva diáfise média

17 can Dachshund 1 M 5 MPE fêmur oblíqua curta diáfise distal

18 fel SRD 2 M 4,4 coluna LS L7-S1 fratura L7 e luxação L7-S1

19 can SRD 16 F 10,8 MPD fêmur oblíqua diáfise distal

20 can SDR 4 F 9,8 MPE fêmur oblíqua diáfise distal com fissura

21 ave Ganso austra-liano adulto Indefinido 3,75 asa E úmero oblíqua curta diáfise média 2 esquírolas

Can: canino; fel: felino; MPD: membro pélvico direito; MPE: membro pélvico esquerdo; M: macho, F: fêmea; Art. TT: articulação tíbio-társica; SRD: sem raça definida; E: esquerda; LS: lombo sacra.

A maior parte das fraturas atendidas foram no fêmur e esse implante se mostrou de fácil aplicação pois necessita de pouco retorcimento para tal osso. Outras vantagens desse sistema é que se adapta a qualquer tamanho de osso (2) e não está restrito às osteossíntese (3), como demonstrado nesse trabalho, em que foi usado em osteotomia corretiva para luxação medial de patela grau IV em um Yorkshire Terrier e estabilização fratura/luxação L7-S1 em um gato.

CONCLUSÃOA utilização de CRIF em osteossínteses, estabilização de luxação, artrodeses e estabilização de osteotomias corretivas propiciou bons resultados pós-operatórios em cães, gatos e um ganso australiano.

Afecções Ortopédicas Tratadas Cirurgicamente com Emprego de Clamp and Rod Internal Fixation (CRIF) – Relatos de 21 Casos Em Diferentes Espécies

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REFERÊNCIAS1) Dal-Bó ÍS; Ferrigno CRA; Ferreira MP; Santos JF; Cavalcanti RAO; Paes F. Osteossíntese de fêmur com placa bloqueada e clamp rod internal fixation (CRIF) em felino doméstico. Clínica Veterinária, 2014. XIX:74-82. 2) Zahn K; Matis U. The clamp rod internal fixator – application and results in 120 small animal fracture patients. Veterinary and Compared Orthopedics and Traumatology, 2004. 17:110-120.3) Zahn K; Frei R; Wunderle D; Linke B; Schwieger K; Guerguiev B, et al. Mechanical properties of 18 different AO bone plates and clamp-rod internal fixation system tested on a gap model construct. Veterinary and Compared Orthopedics and Traumatology, 2008. 21:185-194.

Afecções Ortopédicas Tratadas Cirurgicamente com Emprego de Clamp and Rod Internal Fixation (CRIF) – Relatos de 21 Casos Em Diferentes Espécies

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Agenesia das Vértebras Sacrococcígeas em um Canino – Relato de CasoGustavo Soares Forlani – Mestre pela Universidade Federal de Pelotas Rodrigo Franco Bastos – graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de PelotasCamila Valente Louzada – graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de [email protected]

RESUMOA agenesia das vértebras sacrococcígeas é caracterizada por uma malformação espinhal congênita, rara e com etiologia desconhecida, tendo como consequência injúrias na estrutura óssea e neurológica. A alteração resulta com frequência na inexistência de inervação do ânus e bexiga, ocasionando disturbios na eliminação das excreções fisiológicas. Para a realização do diagnóstico, uma anamnese detalhada, exame clínico preciso e exames complementares, como radiografia, são fundamentais. Os sinais clínicos podem variar de acordo com a porção comprometida da medula espinhal, podendo apresentar evolução do quadro ou estabilização do mesmo. O presente trabalho tem o objetivo de descrever o caso de um paciente canino diagnosticado com agenesia das vértebras sacrococcígeas.

Palavras-chave: coluna vertebral; doenças congênitas; neurologia veterinária

INTRODUÇÃOA agenesia de vértebras sacrococcígeas é uma malformação espinhal congênita rara, de etiologia desconhecida, caracterizada pela ausência parcial ou total das vértebras sacrococcígeas e, por consequência, ausência dos segmentos nervosos que acompanham essas estruturas ósseas (1), que pode acometer diversas espécies, dentre elas o homem, o cão e o gato. Os sinais clínicos variam de acordo com o grau de comprometimento da coluna vertebral e da medula espinhal (2), podendo ocorrer anomalias musculoesqueléticas como deformidades nos membros pélvicos, ou ainda deficiência no neurônio motor inferior, e também paraplegia, incontinência urinária e/ou fecal (3), podendo o quadro clínico ser estável ou com evolução progressiva (4).

O diagnóstico é obtido a partir de uma anamnese adequada, assim como pelo descarte de outras enfermidades com sinais semelhantes (5), além do auxílio de exames complementares como raio x e mielografia que possibilitam uma boa avaliação da integridade medular (4), permitindo a observação da agenesia vertebral e o diagnóstico definitivo. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um paciente canino acometido por essa enfermidade.

MATERIAIS E MÉTODOSAtendeu-se uma cadela, SRD, com quatro meses de idade e pesando 4kg. Na anamnese o tutor relatou que a cadela apresentava dificuldade de locomoção, incontinência urinária e fecal. Deste modo foi realizado exame físico geral e neurológico e radiografia dos segmentos lombares e sacrais da coluna vertebral.

RESULTADOSO paciente encontrava-se em estado alerta, temperatura retal de 39,2ºC, mucosas róseas, frequência cardíaca de 96 bpm e frequência respiratória de 24 rpm, sendo estes considerados parâmetros fisiologicamente normais. Também foi observada paralisia dos membros posteriores, incontinência urinária e fecal. Observou-se ainda destruição tecidual com áreas com aspecto macroscópico de necrose no membro posterior direito. Após, foi realizado exame clínico neurológico detalhado onde constataram-se alterações, sendo elas a ausência de dor superficial no membro posterior direito (MPD) e certo grau de desconforto no membro posterior esquerdo (MPE). No teste do panícula notou-se ausência de reflexo cutâneo apenas na região caudal à lesão. Ao teste de dor profunda o MPE apresentou responsivo, já o mesmo não foi observado no MPD, que não apresentou nocicepção. Ainda, dando seguimento ao atendimento,

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solicitou-se exame radiográfico da região, o qual confirmou a presença de agenesia vertebral na região sacrococcígea.

DISCUSSÃOOs sinais clínicos apresentados vão de encontro aos referidos em casos de agenesia sacrococcígea (6,2), resultando em paralisia do trem posterior e incontinência urinária e fecal, o que demonstra o caráter progressivo desta malformação cujas alterações neurológicas podem evoluir com o crescimento do animal pelo aumento da compressão da medula, causando comprometimento maior da mesma (5). O exame radiográfico demonstrou ausência das vértebras sacras a partir de S2 e agenesia total das vértebras coccígeas. Diante dos achados clínicos e resultados obtidos no exame radiográfico foi possível obter o diagnóstico de agenesia sacrococcígea. As causas mais frequentemente observadas são as idiopáticas (1), e a raridade do aparecimento dessa afecção é notória pois, por exemplo, em um estudo retrospectivo de 774 casos de afecções da coluna vertebral, em um período de 10 anos, foram diagnosticados 306 casos de fratura e calcificação de disco intervertebral frente a apenas um caso de malformação (7).

O exame clínico específico e os exames complementares, como a radiografia simples são de extrema importância para o diagnóstico definitivo de agenesia sacrococcígea (4,5). A mielografia e tomagrafia também são uteis e permitem a caracterização do local das lesões e sugere o grau de comprometimento da medula espinhal (8), contudo, não foi viável a execução deste exame no caso descrito. O tratamento consistiu na remoção do tecido necrosado do membro posterior direito, seguido de tratamento sistêmico com amoxicilina na dose de 25 mg/kg a cada 12 horas, prednisona na dose de 1 mg/kg a cada 12 horas, e observação em 10 dias com avaliações periódicas conforme o recomendado na literatura (1,4). A incontinência urinária e fecal deve ser manejada apenas com limpeza diária, afim de evitar lesões como assaduras (2), conduta também recomendada ao tutor pelo médico veterinário responsável pelo atendimento ao paciente, que ainda sugeriu como adjuvante ao tratamento a fisioterapia para o fortalecimento da musculatura dos membros pélvicos (1). O prognóstico para este tipo de enfermidade é classificado como reservado, pois o quadro clínico pode evoluir progressivamente ou estagnar (9).

CONCLUSÃOA agenesia das vértebras sacrococcígeas é de rara ocorrência e resulta principalmente sinais neurológicos que diminuem a qualidade de vida do paciente. Devido a ausência de correção cirúrgica, deve-se priorizar tratamentos que melhores a qualidade de vida desses pacientes.

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Agenesia das Vértebras Sacrococcígeas em um Canino – Relato de Caso

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Alterações hematológicas em cães infectados por Ehrlichia canis em diferentes métodos diagnósticos Yan Augusto Gomes Silva - graduando em Medicina Veterinária pelas Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO).Jacqueline Satomi Tho - graduanda em Medicina Veterinária pelas FIO.Nathalia Lopes Tavares Silva - graduanda em Medicina Veterinária pelas FIO.Luiz Daniel de Barros - Professor Doutor da Disciplina de Enfermidades Infecciosas das FIO;Breno Fernando Martins de Almeida - Professor Doutor da Disciplina de Laboratório Clínico Veterinário das FIO.Autor para correspondência: Yan Augusto G. Silva, e-mail: [email protected]

RESUMOA erliquiose monocítica canina (EMC) é uma doença infecciosa transmitida por carrapatos Rhipicephalus sanguineus, sendo a Ehrlichia canis o principal agente etiológico. O objetivo do presentes estudo foi comparar e destacar as alterações hematológicas em cães com EMC diagnosticados por punção biópsia aspirativa (PBA) de linfonodo e reação em cadeia de polimerase (PCR). Hemogramas de 22 cães com EMC foram avaliados, sendo sete diagnosticados por PBA de linfonodo e 15 por PCR. Não foram observadas diferenças nas alterações hematológicas de acordo com o método diagnóstico. As alterações mais frequentes em ambos os métodos foram anemia, leucopenia, linfopenia, monocitopenia, eosinopenia, trombocitopenia e aumento de proteína plasmática total. Conclui-se que não há um padrão hematológico característico que poderia guiar o clínico na escolha do método diagnóstico para EMC, sendo observadas alterações como anemia sugestiva de hipoplasia medular, inflamação e estresse em ambos os métodos diagnósticos.

Palavras-chave: Rhipicephalus sanguineus; Hematologia; Doença infecciosa.

INTRODUÇÃOA erliquiose monocítica canina (EMC) é uma doença causada por um parasito intracitoplasmático obrigatório, sendo a Ehrlichia canis a principal espécie infectante em cães, que é transmitida pela secreção salivar dos carrapatos Rhipicephalus sanguineus (1).

Os principais sinais clínicos da EMC são letargia, perda de peso, distúrbios hemorrágicos e anorexia (2). O diagnóstico pode ser direto pela visualização de mórulas em tecidos como linfonodos e medula óssea, ou em esfregaço sanguíneo; pela detecção de altos títulos de anticorpos contra E. canis ou ainda pela amplificação do DNA de E. canis pela reação em cadeia de polimerase (PCR). O diagnóstico por método parasitológico direto é mais comum na fase aguda da doença (3), enquanto o diagnóstico pela PCR tem se mostrado bastante sensível e específico para o diagnóstico de erliquiose, pois consegue detectar o agente mesmo que este esteja em pequenas quantidades (4).

O objetivo do presente estudo foi avaliar as alterações hematológicas de cães diagnosticado com EMC por diferentes métodos diagnósticos, o que poderia auxiliar o clínico veterinário na escolha do método diagnóstico.

MATERIAL E MÉTODOSFoi realizado um estudo retrospectivo de cães diagnosticados com EMC entre os anos de 2016 a abril de 2017. O método de diagnóstico parasitológico direto consistiu na visualização de mórulas de E. canis em tecido linfoide por punção biópsio-aspirativa (PBA) de linfonodos poplíteos, sendo este resultado negativo, as amostras de sangue e linfonodo eram encaminhadas para PCR segundo metodologia previamente descrita (5).

O hemograma foi realizado a partir de amostras de sangue venoso periférico (4 mL) acondicionadas em tubos com anticoagulante ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) comerciais (INJEX, Ourinhos, SP, Brasil) e analisadas em até 30 minutos. As contagens totais de eritrócitos, leucócitos, plaquetas e dosagem de hemoglobina foram obtidas a partir do contador de células automatizado veterinário (ABX Micros ESV 60, Paris, França). O volume globular foi determinado pelo método do microcapilar de Strumia (11.400 rpm por 5 minutos). Os valores de VCM e CHCM foram calculados segundo fórmula previamente descrita e para classificação dos distúrbios hematológicos, foram

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utilizados os valores de referência obtidos por Weiss e Wardrop (6) para a espécie canina.

RESULTADOS E DISCUSSÃODos 22 cães diagnosticados com EMC, sete foram diagnosticados por método parasitológico direto e 15 pela amplificação de DNA de E. canis na PCR. Os hemogramas dos animais diagnosticados por PBA de linfonodo poplíteo apresentaram anemia normocítica normocrômica (57,14%), anemia normocítica hipocrômica (14,28%), leucopenia (28,57%), linfopenia (42,85%), monocitopenia (28,57%), eosinopenia (28,57%), trombocitopenia (57,14%), trombocitose (28,57%) e aumento da proteína plasmática total (28,57%).

Nos hemogramas dos cães diagnosticados pela PCR, as alterações foram trombocitopenia (93,33%), anemia normocítica normocrômica (46,66%), anemia microcítica normocrômica (6,66%), anemia macrocítica normocrômica (6,66%), leucopenia (46,66%), linfopenia (66,66%), monocitopenia (26,66%), eosinopenia (20%), aumento de proteína plasmática total (33%) e diminuição da proteína plasmática total (13,33%).

Embora não tenha havido diferença entre os métodos quanto à presença de anemia, com frequência acima de 60%, esse achado foi semelhante ao de Moreira (7), que detectou anemia em 78% dos animais com erliquiose. Tal redução dos valores eritrocitários pode ser decorrente da formação de anticorpos antieritrocitários, sequestro de hemácias no baço e ocorrência de hemorragias nos animais infectados (8,9).

Já as alterações leucocitárias, como eosinopenia e linfopenia observadas no presente estudo podem ser atribuídas ao estresse com a liberação de corticosteroides e catecolaminas, provocando lise dos eosinófilos, linfólise e/ou sequestro dos linfócitos nos tecidos linfoides (7). Além disso, a hipoplasia da medula óssea causada pelo processo infeccioso também parece contribuir para linfopenia e anemia observadas nesses cães (9).

A trombocitopenia associada à anemia foram os achados mais frequentes em cães com EMC, independentemente do método diagnóstico. A trombocitopenia pode ser justificada pelo consumo das plaquetas nos casos de vasculite, por destruição imunomediada ou sequestro de plaquetas no baço (10).

CONCLUSÃOConclui-se que as alterações hematológicas de cães com EMC mais frequentes são anemia, linfopenia e trombocitopenia e estas alterações não dependem do método diagnóstico empregado, alterações que o clínico deve considerar para o diagnóstico da EMC.

REFERÊNCIAS1) Nelson, R. W.; Couto, C.G. Doenças requetsianas polissistêmicas. In: Nelson, RW; Couto, CG. Medicina Interna de pequenos animais. 2.ed; Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001.2) Moraes, H. A. Manual Prático de Terapia dos Caninos e Felinos. 1.ed. São Paulo: Editora Andrei; 2004.3) Harrus, S; Waner, T. Diagnosis of canine monocytotropic ehrlichiosis (Ehrlichia canis): an overview. Veterinary Journal 2011; 187:292-296.4) Aguiar, D. M. et al. Prevalence of Erlichia canis (Rickettsiales: Anaplasmataceae) in dogs and Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidade) ticks from Brazil. Journal of Medical Entomology 2007; 44:126-132.5) Alves, L. A. et al. Avaliação de iniciadores e protocolo para o diagnóstico da pancitopenia tropical canina por PCR. Ciência Animal Brasileira 2005; 6(1):49-54.6) Weiss, D. J. Wardrop, KJ. Schalm’s Veterinary Hematology. 6. ed. Ames: Wiley-Blackwell; 2010.7) Moreira, S. M. et al. Estudo retrospectivo (1998-2001) da erliquiose canina em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. In Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária, 12, 2002, Rio de Janeiro.8) Mendonça, C. S. et al. Erliquiose canina: Alterações hematológicas em cães domésticos naturalmente infectados. Bioscience Journal 2005; 21(1):167-174.9) Neer, T. M.; Harrus, S. Canine monocytotropic ehrlichiosis and neorickettsiosis (E. canis, E. chaffeensis, E. ruminantium, N. sennetsu, and N. risticii infections). In: Greene, CE. Infectious Diseases of the Dog and Cat. Saint Louis: Saunders Elsevier; 2006.10) Brandão, L. P. et al. Platelet aggregation studies in acute experimental canine ehrlichiosis. Veterinary Clinical Pathology 2006; 35:78-81.

Alterações hematológicas em cães infectados por Ehrlichia canis em diferentes métodos diagnósticos

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Alterações Ovarianas Decorrentes do Uso de Anticoncepcionais em GatasHérika Regina Vieira Santiago - Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Residente de Anestesiologia Veterinária da UFRA, Belém, Pará. [email protected] Douglas de Oliveira Guimarães - Mestre em Saúde e Produção Animal; Residente de Clínica Cirúrgica da UFRA, Belém, Pará.Thayse Braun Martins - Discente de Medicina Veterinária da UFRA, Belém Pará.Yvana Carla Rezende Hadad - Discente de Medicina Veterinária da UFRA, Belém, Pará.

RESUMOO presente trabalho é uma pesquisa sobre alterações anátomo-patológicas em gatas que foram submetidas à ovariosalpingohisterectomia no bloco cirúrgico da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e cujo aparelho reprodutor foi encaminhados ao setor de patologia da Instituição para análise microscópica. Foi observado que todos os animais foram expostos à medicação contraceptiva e a maioria apresentou alguma alteração ovariana, tais como cistos foliculares e cistos de rete ovarii. Conclui-se que o uso de anticoncepcionais em gatas pode resultar em patologias do sistema reprodutor.

Palavras-chave: Felino, reprodução, contraceptivo

INTRODUÇÃOO uso de anticoncepcionais, naturais ou sintéticos, em animais é bem conhecido na medicina veterinária. Administrados por via oral ou injetável são hormônios de ação prolongada, os quais interrompem de forma reversível o ciclo estral das fêmeas, evitando o cio e consequentemente a gestação. No entanto, não possuem garantia quanto à eficácia e ausência de riscos à saúde animal, principalmente quando utilizado de forma indiscriminada e sem orientação médico-veterinária (1,2,3,4). Sendo assim, este estudo tem como objetivo relatar alterações anátomo-patológicas em trato reprodutor de gatas submetidas à ovariosalpingohisterectomia e relacioná-las ao uso de substâncias contraceptivas.

MATERIAL E MÉTODOSForam utilizadas 19 gatas provenientes do atendimento no Hospital Veterinário Mário Dias Teixeira da Universidade Federal Rural da Amazônia – HOVET/UFRA, cadastrados no Projeto Vida Digna e submetidos à cirurgia de ovariosalpingohisterectomia (OSH) eletiva. Estes animais foram avaliados clinicamente a partir de realização de hemograma e exame físico, cujos dados foram registrados em fichas clínicas específicas. Foram, também, agrupados em dois grupos: grupo 1 (G1), que compreendeu animais com idade igual ou inferior a um ano, sendo considerados animais jovens; e grupo 2 (G2), que compreendeu animais com idade superior a 1 ano de vida, sendo considerados animais adultos. Após a excisão cirúrgica, o sistema reprodutor feminino de cada animal foi encaminhado ao setor de Patologia da Instituição – LABOPAT para avaliação histopatológica. A fim de relacionar as eventuais alterações do sistema reprodutor, foi questionado durante a anamnese de cada animal sobre o uso de contraceptivos. Os dados foram registrados e planificados através de estatística descritiva simples no programa Miscrosoft Excel ®.

RESULTADOS E DISCUSSÃODe acordo com a análise dos dados, todos os animais foram submetidos à administração de, pelo menos, uma dose de substância contraceptiva, muitas vezes sem prévia orientação médico-veterinária.

Dos animais do G1 (n=9; 47,4%), 33,3% (n=3) apresentaram alterações ovarianas caracterizadas apenas por cistos foliculares. Já no G2 (n=10; 52,6%), observou-se que 60% apresentaram alterações caracterizadas, predominantemente por cistos foliculares, seguidas de cistos da rete ovarii. Tais alterações observadas podem estar relacionadas ao uso de

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progestágenos, uma vez que o uso indiscriminado dessas substâncias pode resultar em diversas patologias do trato reprodutor nessa espécie, tais como enfermidades mamárias, uterinas, ovarianas, metabólicas e comportamentais (5).

Neste estudo foi observado que a frequência das alterações aumentou com o aumento da idade dos animais, fato também comprovado por (6).

CONCLUSÃOConclui-se que o uso indiscriminado e inadvertido de fármacos contraceptivos em gatas pode resultar em alterações anátomo-patológicas em ovário, tais como cistos foliculares e em rete ovarii.

REFERÊNCIAS1) 1 Mol JA, Garderen E V, Selman PJ, Wolfswinkel J, Rijnberk A, Rutteman GR. Growth hormone mRNA in mammary gland tumors of dogs and cats. The Journal of Clinical Investigation, 1995 95(1):2028-2034.1) 2 Filgueira KD, Reis PFCC, Paula VV. Hiperplasia mamária felina: sucesso terapêutico com o uso do aglepristone. Ciência Animal Brasileira, 2008, 9(4):1010-1016.1) 3 Neves MM, Marques Júnior AP, Oliveira ECS. Endocrinologia reprodutiva e controle da fertilidade da cadela – revisão. Archives of Veterinary Science,2003, 8(1):1-12.1) 4 Oliveira ECS, Marques Júnior AP. Endocrinologia reprodutiva e controle da fertilidade da cadela. Revista Brasileira de Reprodução animal, 2006, 30(1/2):11-18.1) 5 Mcaloose D, Munson L, Naydan DK. Histologic features of mammary carcinomas in zôo felids treated with melengestrol acetate (MGA) contraceptives. Veterinary Pathology, 2007, 44:320-326.1) 6 Aquirra LRVM, Lobato RB, Bertolo HLB, Bernal MKM, Filho STR, Pereira WLA. Cistos da rete ovarii em cadelas e gatas submetidas à castração eletiva. 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA, 2015, Curitiba, PR.

Alterações Ovarianas Decorrentes do Uso de Anticoncepcionais em Gatas

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Anatomia macroscópica do úmero e do rádio-ulna do tamanduá-mirimRafaela Scerni Machado1

Jimmy Wiggley Moura Oliveira1

Ana Rita de Lima2

Érika Renata Branco2

1Discente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, Belém.2Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, Belém.

RESUMOO tamanduá-mirim pertence à Superordem Xenarthra, constituída por tamanduás, preguiças e tatus. Esta superordem apresenta características únicas que são as articulações adicionais entre as vertebras lombares conhecidas como “xenarthrales”. Seu membro torácico é bem desenvolvido com garras grandes e curvas utilizadas para a alimentação e apreensão de ramos de árvores. Assim, objetivamos descrever a anatomia macroscópica do úmero e do rádio-ulna do tamanduá-mirim, buscando embasar futuras pesquisas anatômicas sobre a espécie em questão. Foram utilizados 3 espécimes do tamanduá-mirim, nos quais o úmero apresentou características próprias, adaptadas conforme o desenvolvimento da espécie, com dois tubérculos na sua epífise proximal e na epífise distal, destacou-se a tróclea para a articulação com o rádio e a ulna. O rádio e a ulna apresentaram-se como dois ossos longos que compõem e possibilitam o movimento de rotação do antebraço. Assim, a descrição macroscópica do úmero e do rádio-ulna do tamanduá-mirim, mostrou-se importante para a anatomia comparativa, bem como para melhor desenvolvimento de pesquisas futuras sobre a anatomia da espécie em questão.

Palavras- chave: Xenarthra; membro torácico; morfologia; osteologia.

INTRODUÇÃO A Superordem Xenarthra é constituída atualmente por tamanduás, preguiças e tatus. As características que distinguem esta Superordem de outras são a presença de articulações adicionais entre as vértebras lombares, conhecidas como “xenarthrales”. Quando os membros deste grupo se encontram em situação de defesa, estas articulações possibilitam com que eles mantenham uma postura ereta sobre um tripé, formada pelos membros pélvicos e cauda (1).

Existem atualmente quatro espécies e três gêneros de tamanduás, sendo o Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim) objeto alvo de nosso estudo (2).

O tamanduá-mirim apresenta membros torácicos bem desenvolvidos com garras grandes e curvas (2). Adaptadas para rasgar ninhos e abrir madeiras infestadas de insetos (3). Assim como para apreensão dos ramos de árvores (4).

Em atenção ao interesse da anatomia comparativa, tornou-se necessário um estudo para elucidar a descrição macroscópica do úmero e do rádio-ulna desta espécie, buscando embasar pesquisas anatômicas futuras sobre a espécie em questão.

MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliados três exemplares de T. tetradactyla, entre machos e fêmeas oriundos da mineração Paragominas S/A (MPSA) - Hydro Paragominas, empresa Eco Florestal, sob autorização nº SEMA-PA 455/2009 e 522/2009, congelados e encaminhados ao Laboratório de Pesquisa Morfológica Animal (LaPMA) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), após óbito por atropelamento.

Esses animais foram dissecados, removendo-se pele e músculos da região, seguido de desarticulação e maceração em água fervente por período aproximado de 4 horas. Toda nomenclatura utilizada foi baseada na Nomina Anatômica Veterinária (5).

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RESULTADO E DISCUSSÃO O úmero era um osso longo que se encontrava localizado obliquamente contra a parte ventral do tórax, podendo mudar sua conformação de acordo com a espécie (6). No tamanduá, apresentou em sua epífise proximal, uma cabeça em formato de meia esfera, na qual se articulava com a cavidade glenoide da escápula, semelhante ao úmero de carnívoros (6). Além disso, observaram-se dois tubérculos, similares ao do Tamanduá-bandeira, onde o tubérculo menor apresentou uma crista do tubérculo menor, partindo distalmente até a tuberosidade redonda maior (7).

Na diáfise observamos a presença do sulco para o músculo redondo maior em face medial, e da tuberosidade deltoide, que se apresentou larga, projetando-se lateralmente (8). Na porção distal, destacou-se o sulco do músculo braquial, disposto na face lateral e o forame supracondilar. Entre os epicôndilos, destacamos duas trócleas para a articulação com o rádio e a ulna (9).

O rádio do tamanduá-mirim apresentou-se como um osso longo, diferentemente do rádio de Tatu, que se apresentou curto (10). Na face medial do rádio, notou-se a presença de uma discreta crista, semelhante à descrita em tamanduá-bandeira, sendo esta bem mais evidente (7). Na epífise proximal do rádio, foi possível identificar a cabeça do rádio e a circunferência articular, descrita em carnívoros como uma faceta para se articular com a ulna (6). Além disso, foi identificada lateralmente a tuberosidade radial.

Na epífise distal, notou-se a presença de uma projeção saliente, o processo estiloide do rádio e a incisura ulnar, paralelamente disposta ao processo estiloide da ulna, assim como já descrito em tamanduá-mirim (9).

A Ulna apresentou-se como osso longo, com sua epífise distal mais reduzida em relação a sua epífise proximal, como relatado em cão (6). Na sua epífise proximal, notou-se uma projeção prolongada, o olecrano, igualmente descrito em tatu (10). E a tuberosidade do olecrano.

Figura 1: Fotomacrografia do úmero, rádio e ulna do T. tetradactyla. Vista cranial (A) e caudal (B) do úmero, rádio e ulna; evidenciam-se a cabeça do úmero (1); o tubérculo maior (2); Tubérculo menor (3); o colo da cabeça do úmero (4); Sulco para o músculo redondo maior (5); tuberosidade deltoide (6), forame supracondilar (7); epicôndilo medial (8); epicôndilo lateral (9); crista supracondilar (10); tróclea (11); sulco do músculo braquial (12); colo do rádio (13); tróclea (14); processo estiloide do rádio (15); fóvea da cabeça do rádio (16), circunferência articular (17); tuberosidade radial (18), incisura ulnar (19) olecrano (20), crista ulnar (21), processo ancôneo (22), incisura troclear (23), incisura radial (24), processo coronóide medial (25), tuberosidade do olécrano (26), processo estiloide da ulna (27) Escala 1cm.

Na vista cranial, foi possível identificar o processo ancôneo, e distalmente a este processo notou-se duas incisuras. A incisura troclear e a incisura radial. Ainda na porção cranial, observou-se uma discreta crista, semelhante a do tamanduá-bandeira (7). Já na epífise distal da ulna, observou-se o processo estiloide para a articulação com o osso ulnar do carpo, diferente do descrito em carnívoros, no qual se articulava com acessório (6).

Anatomia macroscópica do úmero e do rádio-ulna do tamanduá-mirim

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CONCLUSÃOApós análises das características macroscópicas do úmero, rádio e ulna do tamanduá-mirim, verificaram-se grandes similaridades com o tamanduá-bandeira bem como divergências da maioria dos mamíferos. Este estudo se faz importante no objetivo de esclarecer sobre a conformação óssea da espécie, além de possibilitar embasamento para futuras pesquisas, inclusive acesso para cirurgias ortopédicas.

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Anatomia macroscópica do úmero e do rádio-ulna do tamanduá-mirim

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Anemia Hemolítica Imunomediada Primária em um Felino - Relato de CasoAnaísa Fuhrmann Brudna - Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ, [email protected] Elise Teichmann - Mestre de Medicina Veterinária, UNIJUÍ.Fernanda Vieira Amorim da Costa - Doutora em Medicina Veterinária, UFRGS.

RESUMOA anemia hemolítica imunomediada (AHIM) é uma síndrome clínica incomum em gatos, na qual a anemia é resultado da diminuição da sobrevida dos eritrócitos mediada por imunoglobulinas e/ou pelo complemento. O objetivo desse trabalho é relatar um caso de AHIM primária em um felino acompanhado durante a realização do estágio final supervisionado em medicina veterinária, no HCV-UFRGS. Durante o atendimento foram realizados anamnese, exame clínico e exames complementares, como exame de sangue e mielograma e, após os resultados, concluiu-se se tratar de um caso de AHIM. A prednisolona foi o tratamento de escolha e obteve bons resultados sendo que, com aproximadamente 20 dias do início do seu uso, o animal apresentou melhora clínica.

Palavras-chave: eritrócitos; imunoglobulinas; gatos; imunossupressão, medula óssea.

INTRODUÇÃOA anemia hemolítica imunomediada (AHIM) é uma síndrome clínica na qual a anemia é resultado da diminuição da sobrevida dos eritrócitos mediada por imunoglobulinas e/ou pelo complemento (1). É rara em gatos, embora sua prevalência esteja maior que há 10 anos atrás (2).

São reconhecidas duas classificações de AHIM, a primária e a secundária (1), onde são observados sinais de letargia, anorexia, palidez, icterícia e vômito (2). O diagnóstico de AHIM é baseado na presença de autoaglutinação de hemácias e/ou no teste de Coomb’s positivo (3). Um dos pontos importantes para a instituição de um tratamento eficaz está na distinção entre AHIM primária e secundária (4).

A taxa de mortalidade em gatos é de 24% (5), mas quando se trata de AHIM primária, essa taxa se eleva para 70% e o prognóstico é reservado (3). O objetivo desse trabalho é relatar um caso de AHIM primária em um felino acompanhado durante a realização do estágio final supervisionado em medicina veterinária, no Hospital das Clínicas Veterinárias da UFRGS (HCV-UFRGS), confirmado após mielograma.

METODOLOGIAUma gata, sem raça definida, castrada, com dois anos de idade, pesando 3,6 Kg, foi atendida no Serviço de Medicina Felina do HCV-UFRGS/RS. O animal se apresentava prostrado e de acordo com o relato do tutor, vinha emagrecendo há cinco meses, havia sido tratado por outro veterinário com doxiciclina e eritropoietina recombinante humana por mais de 60 dias sem apresentar melhora clínica. As vacinas estavam em dia, tinha contato a outros animais e a rua. Na época da consulta anterior realizou o teste para FIV/FeLV com resultado negativo.

No exame físico, apresentou desidratação e mucosas pálidas, apenas. Foi realizado hemograma completo e perfil bioquímico, com dosagem de glicose, proteínas totais, ureia, globulina, albumina, alanina aminotranferase e fosfatase alcalina, além da concentração de creatinina. Novo teste com IDEXX SNAP® para FIV e FeLV, também com resultado negativo. Foi orientado a retornar para o mielograma.

Baseado no resultado do mielograma que demonstrou aplasia de medula associado à anamnese, exame clínico, e teste FIV e FeLV negativo, concluiu se tratar de um caso de AHIM primária. Foi prescrita antibioticoterapia com amoxicilina, na dose de 14 mg/kg + clavulanato na dose de 3,0 mg/kg por via oral, a cada 12 horas, por sete dias, Tramadol na dose de 2,0 mg/kg, por via subcutânea, a cada 8 horas, por três dias e prednisolona na dose de 3,0 mg/kg, por via oral, a cada 12 horas, até a próxima consulta em 15 dias. Após este período, um novo hemograma

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demonstrou anemia macrocitica hipocrômica, porém bem menos grave mantendo-se o uso de prednisolona, na mesma dose. Foi solicitado retorno em 20 dias onde devido resultado do hemograma a dose de prednisolona foi diminuída pela metade. Na última informação passada pelo tutor, o animal encontrava-se bem clinicamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃOEm gatos, os sinais clínicos de AHIM podem ser agudos ou crônicos e muitas vezes são inespecíficos. Em um estudo realizado em 19 gatos com AHIM primária os seguintes sinais eram relatados pelos tutores: letargia, inapetência, vômitos, prurido, dispneia (6). O gato deste relato de caso apresentava apenas letargia e inapetência, esse foi o motivo pelo qual o tutorlevou o animal para a consulta.

Os resultados do exame de sangue do paciente abordado nesse relato de caso revelaram anemia macrocítica hipocrômica, provavelmente relacionada com a regeneração e aglutinação eritrocitária. Para Scott-Moncrieff (2) a anemia é o principal achado laboratorial, seguido da presença de auto-aglutinação que confirma a hemólise imunomediada sem a necessidade da realização do teste de Coomb’s (7).

A trombocitopenia, observada no exame do paciente em questão provavelmente apresenta relação com a remoção acelerada de plaquetas, resultado também encontrado em 8 dos 19 gatos com AHIM primária estudados por Kohn e colaboradoes (6).

O tratamento consiste no emprego de fármacos imunossupressivos que são essenciais para a prevenção de hemólise sendo a prednisolona usando neste paciente o corticóide de escolha. A maioria dos pacientes apresenta melhora nos primeiros sete dias, mas o efeito terapêutico completo pode não ser evidente em até duas a quatro semanas após o início do tratamento (2).

O exame de sangue realizado com mais de 30 dias de tratamento apresentou-se de acordo com os parâmetros para a espécie felina e a dose de corticoide foi diminuída pela metade. De acordo com a literatura uma vez que o hematócrito aumente para 30%, a dose de prednisolona pode ser diminuída para a metade (2). Em gatos, AHIM apresenta um prognóstico melhor do que em cães, possivelmente devido a uma menor incidência de complicações tromboembólicas (3).

CONCLUSÃOA AHIM deve ser incluída no diagnóstico diferencial de anemias hemolíticas graves em gatos, principalmente naqueles em que a infecção por micoplasmose e pelo vírus da leucemia viral felina é descartada.

REFERÊNCIAS1) Fighera RA. Anemia hemolítica em cães e gatos. Acta Scientia e Veterinariae. 2007; 35 (2): 264-266.2) Scott-Moncrieff JCR. Doenças comumente mediadas pelo sistema imune. In: Nelson RW, Couto CG. Medicina interna de pequenos animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. cap. 101, p. 1417-1438.3) Paes G, Paepe D, Veldeman J, Campos M, Daminet S. Immune-mediatedhemolytic anemia (IMHA) in cats, part 1: a review. Vlaams Diergenees kundig Tijdschrift 2010; 79 (6): 415-423.4) Balch A, Mackin A. Canineimmune-mediatedhemolytic anemia: treatment and prognosis. Compendium (Yardley, PA) 2007; 29 (4): 230.5) Sharp C, Kerl ME. Immune-mediatedHemolytic Anemia.Standards of care emergency and crititical care medicine 2008; 10 (10): 1-6.6) Kohn B, Weingart C, Eckmann V, Ottenjann M, Leibold W. Primaryimmune-mediatedhemolytic anemia in 19 cats: Diagnosis, Therapy, and Outcome (1998–2004). Journal of veterinary internal medicine 2006; 20 (1): 159-166.7) Rebar AH, MacWilliams PS, Feldman BF, Metzger FL, Pollock RVH, Roche J. Guia de hematologia veterinária para cães e gatos. 1. ed. São Paulo: Roca, 2003. p. 291.

Anemia Hemolítica Imunomediada Primária em um Felino - Relato de Caso

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Artrogripose Congênita em Felino (Felis catus) - Relato de CasoKaisa Freitas de Araujo - Discente de Medicina Veterinária, Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR)Eduarda Aranha da Costa - Discente de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas (UFPeL)Igor Mansur Muniz - Doutor em Clínica e Reprodução Animal, docente de Medicina Veterinária da UNIRE-mail: [email protected]

RESUMOA artrogripose congênita é caracterizada pela rigidez das articulações dos membros torácicos e pélvicos que acometem principalmente bovinos, sendo incomum em felinos e pouco relatado no Brasil. Os animais com essa anomalia geralmente nascem de partos distócicos e apresentam dificuldade de se manterem em posição quadrupedal. O caso estudado trata-se de uma fêmea felina sem raça definida, adulta, multípara, não domiciliada, em trabalho de parto, que foi encaminhada para clínica veterinária com perda de líquido pela vulva. Foi realizada uma cesariana e por tratar-se de animal não domiciliado foi realizada a castração. Só havia um feto o qual apresentava artrogripose. Ao exame clínico realizado logo após o nascimento, verificou-se que o animal apresentava artrogripose caracterizada por hiperextensão e desvio axial médio com rotação medial do membro posterior do lado direito e hiperflexão do lado esquerdo. Apesar das alterações no membro pélvico o animal conseguiu ter uma vida saudável. Este trabalho teve por objetivo relatar um caso de artrogripose congênita de um produto de uma fêmea felina sem raça definida.

Palavras-chave: anomalias congênitas; articulação; neonatos.

INTRODUÇÃOA artrogripose significa literalmente “articulação torta”1, sendo definida como rigidez ou movimentação restrita permanente de múltiplas articulações2,3, com alteração da postura e da função dos membros4. Entretanto, os órgãos internos, sistema nervoso central e o tecido muscular, historicamente, apresentam-se normais5.

Pode afetar somente os membros anteriores ou os membros posteriores (bimélico), como também pode afetar os quatro membros (tetramélico) e rigidez em flexão ou extensão em ambos os casos. Os animais afetados geralmente são produtos de partos distócicos devido ao posicionamento anormal e à falta de flexibilidade6,7. Pode ocorrer de forma esporádica ou epidêmica, sendo na maioria dos casos difícil de definir a etiologia da artrogripose1.

Entre as principais causas conhecidas encontram-se a transmissão hereditária e os agentes teratogênicos6. A doença afeta diversas espécies domésticas2 e o homem1. Ocorre mais em cordeiros, bezerros, leitões e potros e, com menor frequência, em gatos, cães1,9 e caprinos8. Este trabalho teve por objetivo relatar o caso de artrogripose congênita em um feto felino sem raça definida.

MATERIAIS E MÉTODOSUma fêmea felina sem raça definida, adulta, multípara, não domiciliada, em trabalho de parto, foi encaminhada para clínica veterinária com perda de líquido. O animal apresentava contração, mas não havia abertura suficiente do canal do parto para passagem do feto e por isso foi realizada uma cesariana de emergência. Por tratar-se de animal não domiciliado foi realizada a castração. Só havia um feto o qual apresentava artrogripose.

RESULTADOSAo exame clínico realizado após o nascimento, constatou-se que o animal apresentava artrogripose, caracterizada por alterações articulares e alinhamento inadequado nos membros posteriores (FIGURA 1). No membro posterior direito apresentava hiperextensão na articulação femorotibial, formada entre os côndilos do fêmur e os côndilos da tíbia, e desvio axial com rotação medial (FIGURA 2). Do lado esquerdo do membro posterior apresentava uma acentuada

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hiperflexão nas articulações tíbiotársica, formada entre a tróclea da tíbia e o tálus do calcâneo, e tarsometatársica, situada entre os ossos da fileira distal do tarso e a base do metatarso (FIGURA 3), e uma leve hiperflexão bilateral na articulação metatarso-falangeana, formada entre as duas tróclea do metacárpico III e IV, as superfícies articulares proximais das falanges proximais e os quatro sesamóide proximais (FIGURA 4).

Figura 1: Felino com artrogripose e alinhamento inadequado dos membros posteriores (vista ventral). Figura 2: Felino com desvio axial com rotação medial na altura da articulação femorotibial do membro pélvico do lado direito (vista ventral). Figura 3: Felino com acentuada hiperflexão na articulação tíbio-társica e tarso-metatársica (vista lateral). Figura 4: Felino com uma leve hiperflexão bilateral nas articulações metatarsofalângicas (vista lateral).

DISCUSSÃOSegundo a literatura, a etiologia da artrogripose pode estar relacionada a diversos fatores, como genética11, ingestão de plantas tóxicas, infecções virais ou hipertermia durante a prenhez5 bem como especificadamente em felinos, o estresse e causas tóxicas no desenvolvimento de mal-formações12, porém, por tratar-se de um animal não domiciliado foi difícil estabelecer relação com qualquer desses fatores.

Em estudos realizados em equinos13 e bovinos14, os animais do sexo masculinos são mais propensos ao problema que o sexo feminino10, diferentemente do presente relato que ocorreu em uma fêmea. Sendo escassos os estudos em felinos, não se pode afirmar qual sexo é mais afetado.

A hidrocefalia, palatosquise, escoliose e disrafia espinhal são sinais clínicos frequentemente encontrados em animais que apresentam quadros de artrogripose congênita15,16,17. Porém, não foram observadas no presente estudo.

Houve discordância parcial com a literatura, pois neste caso as alterações ocorreram nos membros posteriores assim como em estudos realizados em búfalos1,18,19. Contudo a presença de alterações nas articulações distais e em mais de um membro coincide com os estudos e relatos anteriores8,10. O presente estudo teve dificuldade na concordância com a literatura, pois é o primeiro caso a descrever membros com alterações não simétricas no mesmo animal e desvio axial médio. Sendo um caso pouco relatado em felinos no Brasil é difícil estabelecer padrões para a espécie.

CONCLUSÃOFoi constatado o diagnóstico de artrogripose por apresentar alterações articulares, alinhamento articular inadequado e deformidade rotacional diferenciando da contratura dos tendões flexores onde apenas os tendões e músculos estão envolvidos, sem alteração articular. Apesar das alterações no membro pélvico o animal conseguiu ter uma vida saudável.

REFERÊNCIAS1) Hulland, T. J. Pathology of domestic animals. Florida: Academic Press, 1993. v.1, p.183-265.2) Leipold, H. W., Hiraga, T., Dennis, S. M. Congenital defects of the bovine musculoskeletal system and joints. Veterinary Clinics of North America: food animal practice, v.9, n.1, p.93-104, 1993.

Artrogripose Congênita em Felino (Felis catus) - Relato de Caso

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3) Schild, A. L. Defeitos congênitos. In: Riet-Correa, F., Schild, A. L., Méndez, M. C., Lemos, R. A. A. Doenças de ruminantes e eqüinos. 2. ed. São Paulo: Livraria Varela, 2001. v.1, p.19-43.4) Doherty, M. L. Exame Clínico e Diagnóstico em Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p.495-518.5) Greene, H. J.; Leipold, H. W.; Huston, K. Bovine congenital defects: Arthrogryposis and associated defects in calves. Am. J. Vet. Res., v.34, p.887-891, 1973.6) Schild A.L. Defeitos congênios. Riet-Correa F., Schild A.L., Méndez M.C. & Lemos R.A.A. (Eds), Doenças de rumi¬nantes e eqüinos. 3ª ed. Livraria Varela, São Paulo, 2007. 722p.7) Radostits O.M., Gay C.C., Blood D.C. & Hinchcliff K.W. Clí¬nica Veterinária. 9ª ed. Guanabara Koogan, Rio de Janei¬ro, 2010. 1735p.8) Radostits, O. M., Gay, C. C., Blood, D. C., Hinchcliff, K. W. Clínica veterinária. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p.1560-1593.9) Doherty, M. L., Kelly, E. P., Healy, A. M., Callanan, J. J., Crosby, T. F., Skelly, C., Boland, M. P. Congenital arthrogryposis: an inherited limb deformity in pedigree Suffolk lambs. The Veterinary Record, v.146, n.26, p.748-753, 200010) Lloyd, K. C. K., Smith, B. P. Tratado de medicina interna de grandes animais. São Paulo: Manole, 1994. v.2, p.1142-1144.11) Lomo, O.M. Arhtogryposis and associated defects in pigs: indication of simple recessive inheritance. Acta Vet. Scand., v.26, p.419 – 422, 1985.12) Slatter D. 2005. Desenvolvimento e anormalidades congênitas. In: Slatter D. (Ed). Fundamentos de oftalmologia veterinária. 3.ed. São Paulo: Roca, pp.23-26.13) Nes, N.; Lomo, O.M.; Bjerkas, I. Hereditary lethal arthrogryposis (“muscle contracture”) in horses. Nord. Veter. Med., v. 34, p. 425 – 430, 1982.14) Van Huffel, X.; Moore, A. Reflections on the rale of mechanical influences on foetal movement and the relationship to arthrogryposis multiplex congênita in calves. Vloams Diergeneesk. Ttijd., v.54, p. 470 – 481, 1985.15) Duncan R.B., Carrig C.B., Agerholm J.S. & Benixen B. 2001. Complex vertebral malformation in a Holstein calf: report of a case in the USA. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation. 13: 333-336.16) Jagoe S., Kirkland P.D. & Harpper P.A. 1993. An outbreak of Akabane virus-induced abnormalities in calves after agistment in an endemic region. Australian Veterinary Journal. 70: 56-58.17) Kitano Y.; Yamashita S. & Makinoda K.A. 1994. Congenital abnormality of calves, suggestive of a new type of arthropodborne virus infection. Journal of Comparative Pathology. 111: 427-437.18) Silva L.A.F., Franco L.G., Eurides D., Silva O.C., Silva M.A.M., Damasceno A.D., Alves R.O., Moura M.I., Garcia A.M. & Trindade B.R. 2005. Aspectos clínicos, ocorrência e tratamento da artrogripose cárpica... Acta Scientiae Veterinariae. 33: 131-137.19) Schild, A. L., Soares, M. P., Damé, M. C., Portianski, E. L., Riet-Correa, F. Arthrogryposis in Murrah buffaloes in southern Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.23, n.1, p.13-16, 2003.

Artrogripose Congênita em Felino (Felis catus) - Relato de Caso

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Atrofia Senil de Íris em Cão – Relato de CasoAna Lucinda Barcelos – Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária - Universidade Federal de Lavras (UFLA)Alana Colombo Martins – Médica Veterinária Residente em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Animais de Companhia / UFLAGabriela Rodrigues Sampaio – Professora Associada II – Orientadora – Setor de Cirurgia Veterinária – Departamento de Medicina Veterinária / [email protected]

RESUMOA íris é a porção anterior da úvea composta por células estromais, epitélio pigmentado e músculos dilatador e esfíncter da pupila. A atrofia de íris é uma das alterações adquiridas que podem ocorrer nessa porção, podendo ser primária ou secundária. A visão, muitas vezes, não é acometida, caso não esteja acompanhada por catarata. O objetivo deste resumo é o relato de caso de um cão da raça Poodle, de onze anos de idade, com histórico de dificuldade visual e apresentando catarata e atrofia senil de íris em ambos os olhos. O animal foi atendido no Setor de Cirurgia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras, onde o proprietário relatou que o animal apresentava dificuldade de locomoção por esbarrar nos móveis da casa. Após exame clínico foi observado opacificação da lente, alterações morfológicas em ambas as íris e ausência de reflexo direto e consensual no olho esquerdo. Foi, então, diagnosticada a atrofia senil de íris e catarata madura em ambos os olhos do paciente. Recomendou-se a realização de exame hematológico para a avaliação de possíveis enfermidades que são causas comuns de catarata em pequenos animais. Em relação à atrofia senil de íris, foi recomendado retornos semestrais somente para avaliação, pois a atrofia apresenta um desenvolvimento progressivo e não possui tratamento não sendo porém, responsável pela dificuldade visual dos pequenos animais.

Palavras-chave: oftalmologia; catarata; pupila; cão.

INTRODUÇÃOA íris é a porção anterior da úvea composta por células estromais, epitélio pigmentado e músculos dilatador e esfíncter da pupila. (1,2). Há diferentes tipos de alterações que podem ocorrer na íris, desde alterações congênitas a alterações adquiridas como atrofia de íris (3,4).

As atrofias de íris podem ser primárias, onde ocorre formação de criptas e roturas na superfície da íris (4), ou pode ocorrer um afinamento progressivo espontâneo da íris em cães de meia-idade ou idosos (5). Essa condição é vista especialmente em gatos da raça Siamês e cães das raças Schnauzer miniatura, Poodle, e outras raças (2). Ou podem ser secundárias (2,4).

A atrofia senil de íris pode ser observada em todas as espécies (6). São caracterizadas por margem pupilar irregular, espaços na íris, diminuição ou ausência do reflexo pupilar (2). Pode ocorrer perda do músculo do esfíncter, levando a uma resposta diminuída a luz, e não ocorrer miose adequada (3,6). Porém, a visão muitas vezes não é acometida, em casos que não estejam acompanhados por catarata (2,5).

Não há um tratamento conhecido para as atrofias primárias, já nas atrofias secundárias a causa deve ser removida (4).

O objetivo desse trabalho é o relato de caso de um cão da raça Poodle, de onze anos de idade, com histórico de dificuldade visual e apresentando catarata e atrofia senil de íris em ambos os olhos

MATERIAL E MÉTODOSUm canino da raça Poodle, de 11 anos de idade, atendido no Setor de Cirurgia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras com histórico relatado pelo proprietário de dificuldade de locomoção, por estar sempre “trombando” nos móveis da casa, há aproximadamente um mês. À inspeção, visualizou-se em ambos os olhos do animal opacificação da lente e, ao exame oftalmológico, o teste de produção lacrimal de Schirmer apresentava-se

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dentro dos valores padrões para a espécie, não houve coloração corneana no teste de fluoresceína sódica a 2% e não houve alteração no exame de tonometria. Nos testes do reflexo pupilar direto e indireto, visualizou-se alterações morfológicas em ambas as íris e ausência de reflexo direto e consensual no olho esquerdo. A íris esquerda apresentava porções de ausência circulares em toda a sua porção temporal, e margem falhada em todo o entorno da pupila. A íris direita apresentava pequenas falhas e a margem pupilar apresentava-se disforme, mas estavam presentes os reflexos direto e consensual, apesar de diminuídos. Foi, então, diagnosticada a atrofia senil de íris. Além das alterações de íris, também foi diagnosticada catarata madura em ambos os olhos do paciente.

Recomendou-se, então, ao proprietário que fosse feito um exame hematológico para a avaliação de colesterol total e frações e glicemia, para descartar doenças sistêmicas como Diabetes mellitus e hiperadrenocorticismo, que são causas comuns de catarata em pequenos animais. E, em relação à atrofia senil de íris, foram recomendados retornos semestrais somente para avaliação, pois não há tratamento para essa enfermidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃOSegundo a literatura citada em 5, a atrofia senil de íris pode ocorrer por um afinamento progressivo espontâneo da íris em cães de meia-idade ou idosos. No presente caso, apresenta-se um canino de onze anos de idade com porções da íris com defeitos de afinamento das suas camadas. E segundo os autores referenciados em 2 e 4, essa condição é comum em cães da raça Poodle, Schnauzer miniatura, Chihuahua e outras raças, tendo sido acompanhado um caso em um cão da raça Poodle, confirmando a literatura.

No presente caso, foram vistas alterações na íris como formação de falhas circulares, margens pupilares disformes e irregulares, e diminuição nos reflexos pupilares, o que condiz com a literatura citada em 2. A visão do referido paciente foi acometida pela catarata e não pela atrofia senil de íris, conforme citado em 2 e 5.

CONCLUSÃOA atrofia senil de íris apresenta um desenvolvimento progressivo, que muitas vezes não é acompanhado pelo proprietário dos pacientes, apesar de suas alterações serem bem visíveis.

No presente caso a atrofia senil de íris não foi a queixa principal da proprietária, mas sim um achado oftalmológico. Havia características condizentes com a literatura especializada, demonstrando-se bem clássica. Apesar de ocorrerem alterações na morfologia da pupila, a atrofia senil de íris não é responsável pela dificuldade visual dos pequenos animais.

REFERÊNCIAS1) Herrera DH. Oftalmologia Clínica em Animais de Companhia. São Paulo: MedVet Livros, 2008, cap. 8, p.144-148.2) Slatter DH. Fundamentals of Veterinary Ophthalmology. USA: Saunders Elsevier, 2008. cap. 13. p. 262.3) Crispin SM. The Uveal Tract. In: Petersen-Jones SM, crispin SM. Manual of Small Animal Ophthalmology. UK: BSAVA, 1993, cap.8, p.177.4) Stades FC, Boevé MH, Neumann W, Wyman M. Fundamentos de Oftalmologia Veterinária. São Paulo: Editora Manole Ltda, 1999. cap. 9, p. 105.5) Gelatt KN. Manual de oftalmologia veterinária. São Paulo: Manole, 2003, p.31-232.6) Severin GA. Manual de Oftalmologia Veterinária. Buenos Aires: Hemisferio Sur, 1991, cap.12, p.154.

Atrofia Senil de Íris em Cão – Relato de Caso

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Avaliação citológica e histopatológica de testículos de cães clinicamente saudáveis não criptorquidasThaís Araldi - Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UnCDaniella Matos da Silva - Médica Veterinária, Mestre, Professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade do Contestado (UnC) [email protected]

RESUMOAs afecções testiculares muitas vezes requerem exame histopatológico para seu diagnóstico. Poucos estudos comparam a eficácia do exame citológico ao histopatológico para diagnóstico de lesões testiculares em cães, especialmente naqueles com ambos os testículos no escroto (menos susceptíveis às alterações). O presente trabalho utilizou a histopatologia e a citologia como métodos de diagnóstico para afecções testiculares em cães adultos, hígidos, com testículos escrotais. O estudo foi realizado com 15 cães submetidos à orquiectomia eletiva. Obteve-se 13,3% (2 cães) de prevalência de afecções testiculares, sendo todas as alterações caracterizadas como neoplasias benignas (tumor de células de Leydig) pelo exame histopatológico. O exame citológico para auxilio diagnóstico de neoplasia testicular apresentou sensibilidade de 50% e 100% de especificidade. Conclui-se que as neoplasias testiculares podem estar presentes em cães clinicamente saudáveis e que o exame citológico pode auxiliar no diagnóstico e na decisão de orquiectomia, porém não substitui o exame histopatológico.

Palavras-chave: biopsia; citologia; histologia; neoplasia; orquiectomia.

INTRODUÇÃONos cães, principalmente em animais idosos e/ou criptorquidas, as alterações testiculares são frequentes. Muitas vezes não acarretam sinais clínicos evidentes sendo, portanto, frequentemente subdiagnosticadas (1).

A histopatologia testicular constitui o método de escolha para diagnóstico definitivo da maioria das afecções testiculares em cães, no entanto só é rotineiramente realizada em animais com suspeita de neoplasia testicular (associada ou não ao criptorquidismo). O exame citológico dos testículos, embora não rotineiramente utilizado, também pode contribuir para o diagnóstico (2). Poucos estudos relatam a frequência de alterações testiculares e seus métodos de diagnóstico em cães com ambos testículos no escroto.

O presente trabalho objetivou avaliar por meio da análise citológica e histopatológica, testículos de cães hígidos encaminhados para orquiectomia eletiva.

MATERIAL E MÉTODOSO estudo foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade do Contestado no período de setembro a outubro de 2016. Foram incluídos apenas cães clinicamente hígidos, com ambos os testículos no escroto, acima de um ano, sem predileção por raça, encaminhados à orquiectomia eletiva por decisão de seus tutores, como método para evitar a reprodução, sem intenção terapêutica.

Previamente a orquiectomia, com o animal já preparado para o procedimento cirúrgico, foram coletadas amostras para exame citológico testicular. A técnica utilizada foi a de biópsia aspirativa por agulha fina (BAAF). O processo foi realizado bilateralmente e o material aspirado foi distribuído em duas lâminas de vidro para microscopia, e corado com a coloração de panótico rápido, para posterior avaliação microscópica.

Para realização do exame histopatológico, foram colhidos os testículos imediatamente após a orquiectomia e fixados em solução de formol 10%. Os testículos foram encaminhados para posterior processamento histológico de rotina.

O resultado do histopatológico foi considerado o padrão ouro para o diagnóstico das afecções testiculares encontradas. Para verificar a eficácia do exame citológico como método de diagnóstico, foi realizado o cálculo de acurácia,

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sensibilidade e especificidade, para as alterações testiculares, comparando-se com o diagnóstico histopatológico.

RESULTADOSForam estudados 15 cães, com idades variando de 3 a 11 anos (média de 5,26 anos, desvio padrão de 2,89). No total, 30 testículos foram avaliados.

De acordo com o resultado do exame histopatológico, 13 cães (86,7%) não apresentaram quaisquer alterações em ambos os testículos enquanto que 2 (13,3%) apresentaram alterações em ambos os testículos. A alteração testicular detectada nestes 2 cães foi neoplásica, sendo histologicamente classificada como tumor de células intersticiais (de Leydig). Logo, a prevalência de alterações testiculares encontrada foi de 13,3%.

Comparando-se com a histopatologia os resultados obtidos com a citologia testicular dos 30 testículos avaliados, foram obtidos 2 resultados verdadeiro-positivos, 26 verdadeiro-negativos, 2 falso-negativo e nenhum falso-positivo. Logo, o exame citológico para auxilio diagnóstico de neoplasia testicular apresentou valor preditivo positivo de 100%, valor preditivo negativo de 92,8% sensibilidade de 50% e 100% de especificidade. Ressalta-se que o exame citológico foi sugestivo para neoplasia em apenas um testículo de cada um dos 2 cães que apresentavam neoplasia em ambos os seus testículos.

DISCUSSÃOA prevalência de alterações testiculares encontrada no presente trabalho foi de 13,3%, resultado considerado baixo quando comparado ao encontrado na literatura. (1). Este fato pode ser justificado devido a idade pouco avançada dos animais.

A incidência real das neoplasias testiculares na população de cães não pode ser avaliada em decorrência de diversos fatores, tais como a realização de orquiectomia precoce e ausência de exames histopatológicos (3). Ressalta-se que os animais incluídos no presente estudo não apresentavam nenhuma alteração clínica relacionada ao trato reprodutor e que a prevalência de neoplasia encontrada estava oculta, sendo sua elucidação somente possível pelo exame citológico ou histopatológico.

No presente estudo, 2 cães obtiveram laudos histológicos positivos para alterações neoplásicas em ambos os testículos, ao passo que a citologia indicou alteração em apenas um dos testículos de cada animal. Sendo assim, é adequado afirmar que os resultados obtidos estão de acordo com a literatura, considerando o exame histopatológico como padrão-ouro para diagnóstico de afecções testiculares (1,2). Em contrapartida, vale ressaltar que o exame citológico se mostrou uma boa forma de triagem, já que o diagnóstico sugestivo de neoplasia em um dos testículos já poderia oferecer ao clínico médico veterinário respaldo para indicação cirúrgica (orquiectomia de ambos os testículos), ainda mais em animais sem lesões palpáveis no exame físico.

CONCLUSÕESExiste prevalência de alterações neoplásicas testiculares em cães clinicamente saudáveis, sendo o exame histopatológico testicular superior ao exame citológico para o diagnóstico. No entanto, a citologia testicular constitui um bom exame de triagem para realização previamente à orquiectomia.

REFERÊNCIAS1) Tostes RA; Cestari FK. Aspectos morfológicos e epidemiológicos de alterações testiculares em cães. Archives of Veterinary Science 2013; 18(2):536-538.2) Cunha GN. Estudo da viabilidade do uso da punção biópsia aspirativa por agulha fina comparada ao da “tru-cut”, em testículos de cães [Tese de Doutorado]. Jaboticabal: Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias UNESP; 2009. 3) Veiga GAL, Barbosa A, D Oliveira KS, Brito C, Kitahara F, Frignani JF, Iannone MAB, Pereira FP, Carramenha CP. Retrospective study of tumors at the genital tract of dogs presented at the veterinary hospital of Unisa during the period of February 2000 to December 2008. In:34th World Small Animal Veterinary Congress; Brasil: 2009.

Avaliação citológica e histopatológica de testículos de cães clinicamente saudáveis não criptorquidas

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Avaliação da glicemia pós-anestésica em cães submetidos a procedimento cirúrgico eletivoPaula Carolina Martins - Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade PositivoRafaella Silva de Hollanda - Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade PositivoRosângela Tavella - Graduada em Biomedicina, Universidade PositivoTaíse Fuchs - Professora do Curso de Medicina Veterinária, Mestre em Biotecnologia, Universidade [email protected]

RESUMOA hiperglicemia pós-operatória decorrente da resposta metabólica ao estresse está associada diretamente ao aumento da morbidade e mortalidade pós-cirúrgica em humanos. Objetivo desse estudo foi avaliar a incidência de hiperglicemia em cães submetidos a orquiectomia e ovariosalpingohisterectomia eletiva. Amostras sanguíneas para mensuração da glicemia foram coletadas no período pré-operatório (M0), ao final do procedimento cirúrgico (M1) e duas horas após a cirurgia (M2). Todos os cães apresentaram aumento no nível de glicose sanguínea, com 31,76% apresentando hiperglicemia. Valores obtidos neste trabalho sugerem que medidas de controle devem ser utilizadas para evitar complicações pós-operatórias.

Palavras-chave: hiperglicemia, glicose, estresse cirúrgico, resposta metabólica, pós-operatório.

INTRODUÇÃOA hiperglicemia é uma das respostas metabólicas decorrente da injúria cirúrgica, podendo acarretar efeitos deletérios ao organismo e, assim, retardar a recuperação pós-cirúrgica. Dessa forma, está diretamente associada ao aumento da morbidade e mortalidade, mesmo em cirurgias eletivas (1).

Na medicina veterinária, a aferição glicêmica trans e pós-operatória não integra o protocolo anestésico de rotina, estando reservada a pacientes com histórico de doenças metabólicas, como diabetes mellitus e / ou com doenças graves (2). Os valores glicêmicos em pacientes não diabéticos submetidos a cirurgias eletivas, o que inclui procedimentos de castração, ainda são escassos e pouco conhecidos, limitando-se as pesquisas envolvendo controle da dor e não a resposta metabólica em si (3). A possibilidade de uma alta taxa de hiperglicemia nesses animais exigiria o desenvolvimento de protocolos de controle glicêmico, melhorando a recuperação pós-cirúrgica. Dessa maneira, esta pesquisa teve por objetivo determinar a prevalência da hiperglicemia pós-operatória em cães submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos de ovariossalpingohisterectomia (OSH) e orquiectomia (ORQ).

MATERIAL E MÉTODOSEstudo prospectivo, aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Positivo (346/2016) foi realizado com 85 cães, sendo 25 machos submetidos ao procedimento de ORQ eletiva e 60 fêmeas à OSH eletiva. Todos os animais receberam acepromazina (0,05mg/kg) e morfina (0,5mg/kg) por via intramuscular (IM) seguida de indução com propofol (5mg/kg) por intravenosa (IV) e manutenção com isoflurano. Analgesia transoperatória foi realizada com citrato de fentanila (5mcg/kg IV) e meloxicam (0,1mg/kg) por via subcutânea (SC) e pós-operatória com cloridrato de tramadol (3mg/kg IM). Antibioticoterapia foi realizada com amoxicilina (20mg/kg SC).

Amostras sanguíneas provenientes da veia safena foram coletadas no período pré-operatório (M0), ao final do procedimento cirúrgico (M1) e duas horas após a cirurgia (M2) para mensuração da glicemia por aparelho portátil (Glicosímetro Accu-Chek® Active – Roche Diagnóstica Brasil Ltda). Animais com glicemia acima de 118mg/dL foram considerados hiperglicêmicos.

Após confirmação da normalidade dos dados a análise estatística foi realizada pelo software Statistica 7.0 utilizando análise de variância (ANOVA) para comparação entre médias e post hoc de Tukey.Para todos os procedimentos foi adotado o nível de significância de 5% (p 0,05).

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RESULTADOS E DISCUSSÃOAumento da glicemia foi verificado em 24% dos animais no período M1 (±105,5mg/dL) e em 18% dos animais em M2 (±100,7mg/dL) quando comparados aos valores de M0 (±80,9mg/dL) (p = 0,0001), não havendo diferença estatística entre os momentos M1 e M2. O aumento da glicemia no período trans e pós-operatório é esperado, uma vez que trata-se de resposta ao estresse cirúrgico, o que pode incluir ainda a liberação de catecolaminas, hormônios de estresse, ativação da cascata inflamatória e catabolismo proteico, entre outros (1).

Em relação ao sexo, a incidência de hiperglicemia foi mais elevada nas fêmeas, com 41% dos animais apresentando quadro hiperglicêmico (±140,09mg / dL), enquanto, apenas, 12% dos machos manifestaram esta alteração (±152,33mg / dL). O tamanho da injúria, bem como a região da cirurgia, influencia diretamente a resposta neuroendócrina e metabólica dada pelo organismo. Assim, a alteração glicêmica ter sido mais frequente em fêmeas pode estar relacionada às técnicas cirúrgicas adotadas e ao tempo de procedimento, uma vez que a OSH é mais invasiva e mais demorada (± 39min) quando comparada a ORQ (±16,69min) (4).

Considerando o valor de corte adotado de 118mg / dL, a incidência geral de hiperglicemia pós-operatória na população estudada foi de 31,76%. Sabe-se que o aumento exacerbado e permanente da glicemia pode interferir na recuperação do paciente, assim como aumentar o risco de complicações, levando a insuficiência renal aguda, afecções sanguíneas e, em casos mais graves, ao óbito. O momento ideal para instituição de terapia de controle, entretanto, ainda é causa de divergência na medicina. Em humanos já foi constatada que a manutenção de níveis glicêmicos entre 80 e 100 mg / dL assegurada por infusão de insulina promoveu uma redução de 8% no índice de mortalidade (5, 6). Em animais, a avaliação do controle glicêmico se limita a pacientes diabéticos, sendo o valor glicêmico para intervenção bem mais elevado (250 mg / dL), valor este provavelmente inadequado para extrapolação em animais saudáveis.

CONCLUSÃOHouve prevalência de 31,76% hiperglicemia no pós-operatório de cães submetidos a castração eletiva. Sabe-se que o aumento no nível de glicose sanguínea é esperado em procedimentos cirúrgicos, porém os valores obtidos neste trabalho sugerem que medidas de controle devem ser utilizadas para evitar complicações pós-operatórias.

REFERÊNCIAS1) Pereira VR, Azuma RA, Gatto BEO, Silva Junior, JM, Carmona, MJC, Malbouisson, LMS et al. Avaliação de hiperglicemia na sala de recuperação pós-anestésica. Revista Brasileira de Anestesiologia 2016; Disponível em: URL: http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2015.08.003 [2017 mar.28]2) Kronen PWM, Moon-Massat PF, Ludders JW et al. Comparison of two insulin protocols for diabetic dogs undergoing cataract surgery. Veterinary Anaesthesia and Analgesia 2001; 28:146-55. 3) Lacerda MS, Nunes TC. Efeitos do cetoprofeno e flunixinmeglumine na modulação neuroendócrina à dor pós-operatória em cadelas submetidas à ovário-histerectomia. Bioscience Journal 2008; 24(4)131-137. 4) GiannoudisPV, DinopoulosaH, Chalidisa B, Hall GM. Surgical stress response. Injury. International Journal of the Care of the Injured 2006; 37:3–9. 5) Ljungqvist O, Nygren J, Soop M et al. Metabolic periope-rative management: novel concepts. Current Opinion in Critical Care 2005;11(4):295-299.6) Van den Berghe G, Wouters P, Weekers Fet al. Intensive insulin therapy in the critically ill patients. New England Journal of Medicine 2001; 345:1359–1367.

Avaliação da glicemia pós-anestésica em cães submetidos a procedimento cirúrgico eletivo

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Avaliação da Mensuração Renal Ultrassonográfica: Qual o Melhor Método na Rotina Diagnóstica?Crysthian Callegaro da Silva - Graduando, Universidade Tuiuti do ParanáDaniela Aparecida Ayres Garcia - Doutora, Garra Hospital VeterinárioLorena Tavares B. N. Jaworski - Mestre, Universidade Federal Rural de PernambucoDennis Dallegrave Peixoto - Graduando, Universidade Tuiuti do Paraná[email protected]

RESUMOA avaliação renal ultrassonográfica é um método complementar importante para a avaliação da estrutura anatômica renal, por não se caracterizar um método invasivo é realizado rapidamente e sem riscos ao paciente. Alterações na morfologia renal são indicativos para uma avaliação de função renal, mais especificamente exames como urinálise e exames complementares de sangue como ureia e creatinina. Foi realizado um estudo com 33 animais na qual foi avaliado a mensuração por um médico veterinário. Dessa forma, concluímos que ambos os métodos são passiveis de serem realizados na rotina ultrassonográfica abdominal.

Palvras-chave: rim; relação rim-aorta; relação rim/L5-L6; vértebra; aorta

INTRODUÇÃOA ultrassonografia é considerada o exame de eleição para avaliação da morfologia renal em cães (1), podendo ser avaliado o tamanho, a forma e a arquitetura interna (2)

Os parâmetros normais do comprimento renal, pelo exame ultrassonográfico, em cães relacionam-se com o peso e a conformação do animal, não sendo bem definidos em literatura os parâmetros normais para o tamanho renal (1).

Mareschal et al.³ comparam o comprimento renal com o diâmetro da aorta e Barella et al.¹ comparam o comprimento renal com o comprimento dos ápices ventrais das vértebras L5 ou L6 em cães. Mas em ambos os trabalhos o intervalo de normalidade é grande, limitando assim a sua utilidade na prática.

O objetivo deste trabalho foi comparar a metodologia empregada por Mareschal et al.³ com a de Barella et al.¹ quanto a avaliação do tamanho renal, para saber a que mais se adequa a rotina ultrassonográfica.

MATERIAL E MÉTODOSForam incluídos no estudo trinta e três cães (14 machos e 19 fêmeas), de diferentes raças, com idade variando de 3 meses a 13 anos (média de 8 anos), com peso de 2 a 60kg (média de 31kg). Os animais foram encaminhados a um Hospital Veterinário na cidade de Curitiba para avaliação ultrassonográfica de rotina. Determinou-se como critérios de inclusão: cães que não apresentavam alterações na anatomia e morfologia ultrassonográfica renal e que não tinham alterações ultrassonográficas nos demais órgãos abdominais. Os animais que apresentaram alteração no tamanho renal foram submetidos a exames laboratoriais de ureia e creatinina, além de urinálise. A avaliação ultrassonográfica renal foi realizada por um único ultrassonografista experiente com aparelho de ultrassonografia de alta resolução com o transdutor específico para o tamanho e porte do animal. A obtenção da imagem renal foi realizada em corte transversal e longitudinal, sendo considerado a medida longitudinal para o cálculo do tamanho renal. A medida da aorta foi aferida em sístole próximo a inserção da artéria renal esquerda e o comprimento renal foi dividido pela tamanho do diâmetro da aorta sendo considerado de 5,5 a 9,1 como parâmetro normal assim como descrito por Mareschal et al.³ e para a mensuração dos ápices das vertebras L5-L6 foi utilizado corte longitudinal, e o comprimento renal foi dividido pela espaço intervertebral das vertebras L5-L6 sendo considerado normal de 1,3 a 2,7 assim como descrito por Barella et al.¹.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOA mensuração da aorta durante o exame ultrassonográfico foi realizada sem dificuldades e de forma tranquila, já a mensuração da vértebra em alguns casos foi mais trabalhosa devido ao porte do animal e em alguns casos pela dificuldade da observação exata das vértebras devido à espondilose deformante.

Dos animais avaliados, oito cães (24%) apresentaram alteração no tamanho renal. Destes, em três cães (9%) foi observado uma diminuição do tamanho renal comparado com o diâmetro da aorta, todos com idade variando entre 7-9anos, um cão Labrador apresentou relação rim esquerdo/aorta de 5,3; um cão Poodle com relação rim direito/aorta de 5,08 e um cão Pug com relação rim esquerdo e direito/aorta de 5,2, mas todos tiveram a relação tamanho renal com a vértebra normais. Estes cães não tiveram alteração nos exames laboratoriais. Nestes casos o indicado é sempre utilizar as duas formas de mensuração do tamanho renal e indicar exames laboratoriais para averiguar se este indicativo de leve redução renal pode já ser um princípio de alteração de função.

Dois cães (6%) tiveram aumento do tamanho renal comparado com o diâmetro da aorta, um cão de 5 meses com relação rim esquerdo/aorta de 9,8 e um cão de 3 meses com relação rim direito/aorta de 9,7, ambos com relação tamanho renal com a vértebra normais. Três cães (9%) todos de três meses tiveram a relação rim/vértebra aumentada, um rim esquerdo/vértebra de 2,9, outro com rim direito/vértebra de 3,2 e outro com ambos os rins com relação rim/vértebra aumentada, esquerda 3,02 e direito 2,9.

No estudo de ¹Barella et al., 2012 e Mareschal et al.³ só foram utilizados cães adultos com mais de 1 ano, portanto faz-se necessário mais estudos sobre a real utilização da mensuração do tamanho renal em cães filhotes e se esta razão do comprimento renal com a aorta e/ou a vértebra pode ser utilizado com segurança em cães filhotes. Acreditamos que deva ser utilizado com cautela e deva ser associada com os demais exames laboratoriais.

Consideramos a relação comprimento renal/ diâmetro da aorta, mais simples de ser realizada. No entanto, no presente estudo a relação comprimento renal/vértebra foi mais fidedigna, exceto, quando a avaliação foi realizada em filhotes.

CONCLUSÃO:A avaliação do tamanho renal não pode ser deixada de lado na rotina veterinária, por ser um método simples e rápido de indicação de alteração renal pode ser uma ferramenta prática e concisa na tomada de decisões clinicas para com o paciente, dessa forma, concluímos que ambos os métodos são passiveis de serem realizados na rotina ultrassonográfica abdominal e que também podem ser utilizados concomitantemente.

REFERÊNCIAS:1) Barella, G.; Lodi, M.; Sabbadin, L. A. and Faverzani, S. (2012) A new method for ultrassonographic meansurement of kidney size in healthy dogs. Department of Veterinary Clinical Sciences, Milan, Italy.2) Nyland, T.G.; Widmer, W.R. and Matton, J.S. (2015) Urinary tract. In: Small Animal Diagnostic Ultrasound. 3rd ed. W.B. Saunders Company, Philadelphia, PA. p557-608.3) Mareschal, A.; D’anjou, M.-A.; Moreau, M.; Alexander, K. and Beauregard, G. (2007), Ultrasonographic Measurement of Kidney-to-aorta Ratio as a Method of Estimating Renal Size in Dogs. Veterinary Radiology & Ultrasound, 48: 434–438

Avaliação da Mensuração Renal Ultrassonográfica: Qual o Melhor Método na Rotina Diagnóstica?

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Avaliação da Resposta Inflamatória com utilização de proteína C reativa em cadelas com Carcinoma Ductal In Situ Marcel Capelini Sartoretto – Discente em Medicina Veterinária, Centro Universitário da Grande Dourados Sandriele Goes de Campos Deboleto – Biomédica, Centro Universitário da Grande DouradosCamilla Jaime Dourisboure – Discente em Medicina Veterinária, Centro Universitário da Grande Dourados Carolina Pereira Marinho – Residente em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais, Centro Universitário da Gran-de DouradosPaulo Henrique Braz - Docente do curso de Medicina Veterinária, Centro Universitário da Grande Dourados [email protected]

RESUMOEm tumores mamários, é comum alterações inflamatórias, causadas principalmente em neoplasias que metastatizam. Este trabalho tem por objetivo avaliar a concentração de Proteína C Reativa, correlacionada as alterações de proteínas totais e albumina em cadelas com carcinoma ductal in situ e demonstrar as alterações hematológicas encontradas. Foram utilizadas 13 cadelas diagnosticadas com carcinoma ductal in situ, triados pelo exame citopatológico e confirmado pela histopatologia. Conclui-se que a PCR é uma proteína de fase aguda que se eleva independente das proteínas totais e albumina e as alterações hematológica são de pouca relevância para o diagnóstico de carcinoma ductal in situ.

Palavras-chave: proteínas de fase aguda, inflamação, tumor mamário canino, biomarcadores.

INTRODUÇÃOEm processos inflamatórios ocorre a liberação por parte do organismo de proteínas de fase aguda (APPs), dentre as proteínas que aumentam na inflamação, chamadas de APPs positivas. A Proteína C-Reativa (PCR) é uma das mais importantes, pois tem uma função semelhante à de um anticorpo, devido ao fato de realizar a ativação do sistema complemento, fazendo com que fagócitos captem patógenos. Além disso, a PCR pode neutralizar a produção de superóxido, realizar degranulação neutrofílica e minimizar o acúmulo de neutrófilos em tecidos inflamados (1).

A prevalência dos tumores mamários faz com que diferentes técnicas laboratoriais sejam estudadas para auxiliar no prognóstico e tratamento do paciente com câncer mamário.

MATERIAS E MÉTODOSO experimento foi executado no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária, situado no Hospital Veterinário da UNIGRAN, localizado no município de Dourados-MS. As amostras de sangue foram colhidas entre os meses de novembro de 2015 a abril de 2016 para a obtenção de soro e execução dos exames de Proteína-C-Reativa.

Foram utilizadas 13 cadelas diagnosticadas com neoplasia mamária, do tipo carcinoma ductal in situ, triados pelo exame citopatológico e confirmado pela histopatologia. Foram utilizados 25µl de amostra de soro, usando-se partículas de látex revestidas com anticorpo monoclonal anti-PCR por aglutinação indireta, para instilação no Kit comercial (Wama Diagnóstica®), considerado negativo quando havia total ausência de aglutinação, indicativo de concentração inferior a 6 mg/litro. Quando ocorreu aglutinação do soro, a concentração era igual ou superior a 6 mg/litro. As amostras positivos eram diluídas em salina (NaCl a 0,9%) nas proporções 1:2, 1:4, 1:8, 1:16 para semi-quantificar o resultado.

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RESULTADOS E DISCUSSÃODentre os animais examinados, a PCR foi positiva em 23,1% (n=3). A necessidade de correlação entre o desenvolvimento do câncer e inflamação ocorre, devido a resposta inflamatória de defesa como moderadora para a reparação e regeneração tecidual. Isso pode ocorrer devido aos danos teciduais de forma infecciosa ou não infecciosa (2). Já foi demonstrado que existe a ocorrência de infiltrado inflamatório em neoplasias devido a tentativa de fagocitose de células tumorais (3).

Foi possível notar que os carcinomas mamários ductal in situ geram uma inflamação do tipo leve, sendo que em todos os casos a concentração de PCR foi de 6mg/dL. A PCR geralmente se eleva em processos inflamatórios leves com aumento entre de 10-40 mg/L. Já em inflamações mais severas e infecções bacterianas, as concentrações séricas elevam-se entre 40-200 mg/L (4).

CONCLUSÕESA PCR pode ser utilizada para acompanhar o quadro clínico de pacientes com diagnóstico de inflamações agudas precocemente, visto que as neoplasias desencadeiam um processo inflamatório.

REFERÊNCIAS1) SQUASSONI, G. F. et al. Concentração sérica de proteína c-reativa em cadelas hígidas, gestantes ou com piometra. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, a.9, n.1, 2011.2) BALKWILL, F.; MANTOVANI, A. Inflammation and cancer: back to Virchow? Lancet, v.357, p. 539-45, 2002. 3) BRAZ, P. H. et al. Comparação entre a citopatologia por biopsia com agulha fina e a histopatologia no diagnóstico das neoplasias cutâneas e subcutâneas de cães. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.36, n.3, p.197-203, 2016. 4) AGUIAR, J. B. et al. Proteína C reativa: aplicações clínicas e propostas para utilização racional. Revista da Associação Médica Brasileira. São Paulo. v. 59, n. 1, p. 85-92, 2013.

Avaliação da Resposta Inflamatória com utilização de proteí-na C reativa em cadelas com Carcinoma Ductal In Situ

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Avaliação da Sobrevida de Cães Diagnosticados com Neoplasias Mamárias Atendidos no Hospital Veterinário da Unopar-ArapongasBeatriz Aristides Miranda1; Anderson Gomes do Nascimento1;Nayara Emily Viana1;Rogério Anderson Marcasso2.1Discente da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) - campus Arapongas - PR; 2Professor Doutor da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) - campus Arapongas – PR.Email para correspondência: [email protected]

RESUMOA neoplasia mamária maligna é a mais frequentemente diagnosticada. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento de dados no Laboratório de Anatomia Patológica e no Hospital Veterinário da Unopar, para identificar os animais com neoplasias mamárias e correlacionar fatores prognósticos, diagnóstico histopatológico e sobrevida. A idade média dos animais com neoplasia mamária foi de 9 anos. A maioria das neoplasias benignas apresentava tamanho menor que 3 cm e as malignas, maior que 5 cm. A sobrevida média foi de 10,7 meses. Conclui-se que neoplasias mamárias malignas apresentam uma evolução mais rápida com maior crescimento em um tempo de evolução menor quando comparadas as benignas, indicando a necessidade de uma abordagem terapêutica mais agressiva.

Palavras-chave: Glândula mamária; exame histopatológico; câncer; cadelas.

INTRODUÇÃONeoplasias mamárias representam de 25 a 50% de todos os tumores identificados em cadelas e a apresentação multicêntrica é a mais comum (1). Cadelas inteiras ou submetidas à ovariohisterectomia (OSH) após o primeiro cio são as mais acometidas (3). A idade média de manifestação é de 10 a 11 anos, com baixa ocorrência em cães com menos de 4 anos (1,3). Um dos fatores de risco mais descritos para neoplasias mamárias em cadelas compreendem a estimulação estrogênica e o emprego de contraceptivos (1). Através da realização da OSH precoce há redução da incidência das neoplasias mamárias (1,2).

Através da análise histopatológica destas neoplasias pode-se classifica-las em benignas e malignas (5). O tamanho da neoplasia é tido como um fator prognóstico importante, e descreve-se que tumores menores apresentam melhor prognóstico (1,2). Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a sobrevida em cadelas com neoplasias mamárias atendidas no Hospital Veterinário durante três anos.

METODOLOGIAFoi realizado um levantamento de prontuários e selecionados animais com diagnóstico de neoplasia mamária no Laboratório de Anatomia Patológica e no Hospital Veterinário da Unopar - Arapongas. Destes animais, foram obtidos dados como história clínica, tamanho do tumor, tratamentos, recidivas e evolução clínica.

No total, 27 cadelas foram selecionadas e separadas em dois grupos: G1 - animais vivos no término do estudo (16/27) e G2 - animais mortos durante o estudo (11/27). Quanto à idade, os animais foram divididos em três grupos: filhotes (< 1 ano), adultos (1 a 9 anos) e idosos (> 9 anos) (4). O tempo de evolução da neoplasia foi considerado como o intervalo entre a observação da neoformação pelo proprietário até o momento do atendimento pelo médico veterinário, e os animais separados nos grupos: tempo de evolução até 6 meses, de 6 á 12 meses e acima de 12 meses. Quanto ao tamanho da neoplasia, os animais foram agrupados como descrito no sistema TNM em (T1): tumores menores que 3 centímetros; (T2): tumores de 3 a 5 centímetros e (T3): tumores maiores que 5 centímetros (6). As neoplasias foram classificadas histopatologicamente de acordo com a classificação de Goldschmidt e colaboradores

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(2011) e separadas em malignas ou benignas (5). O tempo de sobrevida do animal foi avaliado considerando-se desde o diagnóstico até o óbito do paciente. Os dados foram analisados através de estatística descritiva.

RESULTADOS E DISCUSSÃODentre os animais do estudo a idade variou de três a 13 anos, com média de 9 anos de idade, o que está de acordo com literatura (2,3). O desenvolvimento de neoplasia mamária antes dos 5 anos é considerado raro e geralmente apresentam comportamento benigno (7), como observado neste trabalho em um animal com três anos diagnosticado com tumor misto benigno. A maioria dos animais com neoplasia benigna apresentou tumores menores que 3 cm e os classificados como maligna, tumores maiores que 5 cm (Quadro 1).

A sobrevida variou de um a 27 meses, com média de 10,7 meses. O carcinoma inflamatório mamário teve o pior prognóstico com tempo médio de sobrevida de 1 mês, o que está de acordo com a literatura (1,2). A maior sobrevida foi do carcinoma misto mamário com 27 meses. Esse dado corrobora com a literatura que cita uma maior sobrevida para tumores mistos (8), além disso, sabe-se que o prognóstico vai ser influenciado pelo estadiamento clínico que em conjunto com um tratamento efetivo, pode influenciar a sobrevida (1).

Quadro 1 - Fatores prognósticos avaliados em 27 cadelas com neoplasia mamária atendidas no Hospital Veterinário da Unopar - Arapongas.

  IDADE TEMPO DE EVOLUÇÃO TAMANHO   < 1 1 a 9 > 9 < 6 6 a 12 > 12 T1 T2 T3

G1(16/27) 1 6 9 7 8 1 8 2 6G2(11/27) 0 8 3 6 4 1 3 2 6

(G1): Grupo 1 - Animais vivos no término do estudo; (G2): Grupo 2 - Animais mortos no término do estudo; (< 1): Menor que um ano de idade; (1 a 9): De um a nove anos; (> 9): Maior que nove anos; (< 6): Menos que 6 meses de evolução; (6 a 12): de 6 a 12 meses; (> 12): Mais que 12 meses; (T1): tumores menores que 3 cm; (T2): Tumores de 3 a 5 cm; (T3): Tumores maiores que 5 cm.

CONCLUSÃO Conclui-se que neoplasias mamárias malignas apresentam uma evolução mais rápida com maior crescimento em um tempo de evolução menor quando comparadas as benignas, indicando a necessidade de uma abordagem terapêutica mais agressiva.

REFERÊNCIAS1) Daleck CR; De Nardi AB; Rodaski S. Oncologia em cães e gatos. 1ª ed. São Paulo: Editora Roca; 2009. 2) Withrow SJ; Vail DM. Small Animal Clinical Oncology. 4th ed. St Louis: Saunders Elsevier; 2007. 3) Nelson RW; Couto CG. Medicina Interna de Pequenos Animais. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier; 2006. 4) Fighera RA; Souza TM; Silva MC; Brum JS; Graça DL; Kommers GD et al. Causas de morte e razões para eutanásia de cães da Mesorregião do Centro Ocidental Rio-Grandense. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2008; 28(4):223-230. 5) Goldschmidt M; Peña L; Rasotto R; Zappulli V. Classification and Grading of Canine Mammary Tumors. Veterinary Pathology. 2011; 48(1):117-131. 6) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. TNM: classificação de tumores malignos / traduzido por Ana Lúcia Amaral Eisenberg. 6ª ed. Rio de Janeiro: INCA; 2004. 7) Malatesta FDS. Perfil da Neoplasia Mamária Canina e sua Relação com a Poluição Atmosférica [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2015. 8) Queiroga F; Lopes C. Tumores mamários caninos, pesquisa de novos fatores de prognóstico. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias 2002; 97(543):119-127.

Avaliação da Sobrevida de Cães Diagnosticados com Neoplasias Mamárias Atendidos no Hospital Veterinário da Unopar-Arapongas

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Avaliação dos Efeitos Analgésicos do Emprego Sistêmico de Tramadol e Butorfanol no Pós-operatório de Gatas Submetidas à OvariohisterectomiaDanielli Aparecida da Silva - médica veterinária autônomaJéssica Paola de Oliveira - graduação Universidade Norte do Paraná Bernardo Kemper - docente Universidade Norte do ParanáDaniella Aparecida Godoi Kemper - docente Universidade Norte do Paraná[email protected]

RESUMOO uso de opióides em gatos ainda é limitado devido ao receio do emprego na espécie. Objetivou-se avaliar os efeitos analgésicos do Tramadol ou Butorfanol no pós-operatório de gatas submetidas a OSH. Participaram 20 animais que receberam Acepromazina associado a Meperidina como medicação pré-anestésica, foram induzidos com Propofol e mantidos com Isoflurano. Os animais foram divididos em dois grupos: Butorfanol (GB, n=10) e Tramadol (GT, n=10). O GB recebeu 0,4 mg/kg de Butorfanol e o GT recebeu 2 mg/kg de Tramadol, ambos foram administrados ao término da cirurgia pela via endovenosa. A avaliação da analgesia foi realizada uma hora após a administração dos opióides através da escala analógica visual (EAV), escala proposta por Lascelles, escala da Unesp-Botucatu, e escala da Universidade de Colorado. Não houve diferença significativa entre os grupos nas escalas de dor, porém sete animais do GB e três animais do GT necessitaram de analgesia resgate. Portanto, o Butorfanol não promoveu analgesia satisfatória para OSH em gatas, sendo o Tramadol um opióide mais apropriado para tal procedimento.

Palavras-chave: opióides; dor aguda; analgesia; cirurgia; felinos.

INTRODUÇÃOA analgesia na veterinária é extremamente relevante no tratamento e recuperação dos pacientes. Entretanto, ainda existe receio quanto ao emprego dos opióides em felinos, devido aos possíveis efeitos adversos.

O Butorfanol é um opióide de ação central, kappa agonista e µ antagonista, com ação antitussígena e antiálgica, com menor tendência a causar depressão respiratória. É considerado um fraco antagonista do receptor μ, mas um potente agonista kappa. Sendo assim, o Butorfanol produz analgesia com baixa incidência de reações adversas comparado aos demais opióides (1).

O Tramadol é um opióide que atua por bloqueio de receptores μ e ação monoaminérgica central. Oferece analgesia comparável àquela apresentada pela morfina, indicado para o tratamento de dor moderada à intensa (1).

Este estudo tem como objetivo avaliar a eficácia analgésica da administração dos fármacos Butorfanol ou Tramadol no controle da dor pós-operatória em gatas submetidas à OSH eletiva.

MATERIAL E MÉTODOSParticiparam deste estudo 21 felinos domésticos hígidos, de diferentes raças e pesos, fêmeas, para realização de OSH eletiva. Os animais foram anestesiados conforme o protocolo: Acepromazina (0,1mg/kg) associada à Meperidina (3mg/kg) por via intramuscular (IM) como medicação pré-anestésica; indução anestésica com Propofol (5mg/kg) por via intravenosa (IV) precedida da intubação orotraqueal; manutenção com Isoflurano. Os animais foram divididos em dois grupos: Butorfanol (GB, n=11) e Tramadol (GT, n=10). O GB recebeu Butorfanol na dose de 0,4 mg/kg e o GT recebeu Tramadol na dose de 2mg/kg, ambos medicamentos foram administrados IV ao término da cirurgia. Uma hora após a administração dos analgésicos realizou-se a avaliação da analgesia através das seguintes escalas: escala analógica visual (EAV) (0-10), escala de análise descritiva proposta por Lascelles (0-3), escala descritiva de

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dor da Universidade de Colorado (0-4) e da escala de dor multidimensional proposta pela UNESP-Botucatu (0-30). Avaliou-se também o grau de sedação através da escala de Ramsey (1-6). O resgate analgésico foi realizado quando o animal apresentou intensidade de dor superior ou igual a 4 no EAV, Colorado maior ou igual a 3, e/ou Unesp maior ou igual a 8, nestes casos empregou-se Morfina na dose de 0,2mg/kg (IV). Os dados foram analisados por estatística não paramétrica (teste de Mann-Whitney) com nível mínimo de significância de 5%.

RESULTADO E DISCUSSÕESNão houve diferença significativa entre os grupos nas escalas de dor, porém sete animais do GB e três animais do GT necessitaram de analgesia resgate. Os valores de mediana e valor mínimo-máximo pela EAV foram 3 (1-10) no GB e 2,5 (1-7) no GT; na escala de dor proposta por Lascelles foram 0 (0-3) no GB e 1 (0-2) no GT; na escala de dor da UNESP-Botucatu foram 8 (0-15) no GB e 7 (1-13) no GT; e na escala de dor de Colorado foram 1,5 (0-4) no GB e 0,4 (0-1,5) no GT. Não houve diferença significativa entre os grupos na escala de sedação de Ramsey, cujos valores de mediana foram 3 (1-6) no GB e 3 (1-3) no GT.

Apesar de não haver diferença estatística entre os grupos, o grupo Butorfanol apresentou alta necessidade de analgesia complementar (resgate), ou seja, promoveu analgesia insuficiente para o pós-operatório de OSH em gatas. Sendo assim, este estudo corrobora com a literatura, no qual estudos anteriores demonstraram que o Butorfanol não promoveu analgesia satisfatória no pós-operatório de OSH em gatas (2,3).

CONCLUSÃOO Butorfanol não promove analgesia satisfatória para OSH em gatas, sendo o Tramadol um opióide mais apropriado para tal procedimento.

REFERÊNCIAS1) Fantoni DT, Mastrocinque S. Fisiopatologia e controle da dor aguda. In: Fantoni DT, Cortopassi SRG. Anestesia em cães e gatos. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2009. p.521-544.2) Warne LN, Beths T, Holm M, Bauquier SH. Comparison of perioperative analgesic efficacy between methadone and butorphanol in cats. Journal of the American Veterinary Medical Association 2013; 243(6):844-50. 3) Warne LN, Beths T, Holm M, Carter JE, Bauquier SH. Evaluation of the perioperative analgesic efficacy of buprenorphine, compared with butorphanol, in cats. Journal of the American Veterinary Medical Association 2014; 245(2):195-202.

Avaliação dos Efeitos Analgésicos do Emprego Sistêmico de Tramadol e Butorfanol no Pós-operatório de Gatas Submetidas à Ovariohisterectomia

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Avaliação dos Efeitos Analgésicos do Emprego Sistêmico de Tramadol e Nalbufina no Pós-operatório de Cães Submetidos à Orquiectomia Daniella Aparecida Godoi Kemper1;Bernardo Kemper1;Luanna Nathálya Romera de Oliveira2; Anderson Gomes do Nascimento3; Nicole Thomazi Cabrera3; 1Professor Doutor da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) - campus Arapongas – PR; 2Médica Veterinária autônoma; 3Discente da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) - campus Arapongas - PR. Email para correspondência: [email protected]

RESUMOA utilização de opioides no pós-operatório de animais submetidos a cirurgias é de extrema importância. Objetivou-se avaliar os efeitos analgésicos do tramadol ou nalbufina no pós-operatório de cães submetidos à orquiectomia. Participaram 20 animais que receberam acepromazina associada à meperidina como medicação pré-anestésica, foram induzidos com propofol e mantidos com isoflurano. Os animais foram divididos em dois grupos: nalbufina (GN, n=10) e tramadol (GT, n=10). O GT recebeu 2 mg/kg de tramadol e o GN recebeu 0,3 mg/kg de nalbufina, ambos foram administrados ao término da cirurgia pela via endovenosa. A avaliação da analgesia foi realizada uma hora após a administração dos opioides através da escala visual analógica (EVA), escala proposta por Lascelles, escala de Glasgow modificada, escala da Universidade de Colorado, e escala da Universidade de Guelph. Não houve diferença significativa entre os grupos nas escalas de dor, sendo que a mediana (mínimo-máximo) pela EVA foram 1 (0-3) no GN e 1 (0-5) no GT; 0 (0-2) no GN e 0 (0-2) no GT pela escala de Lascelles; 1 (0-2) no GN e 1 (0-2) no GT pela escala de Colorado; 1 (0-2) no GN e 1 (0-2) no GT pela escala de Guelph; e 2 (0,87-3,12) no GN e 2 (0,87-5,41) no GT pela escala de Glasgow. Concluiu-se que o tramadol e a nalbufina promoveram analgesia satisfatória no pós-operatório de orquiectomia em cães e a nalbufina apresentou analgesia semelhante ao tramadol.

Palavras-chave: analgesia; opioides; escalas de dor; dor aguda.

INTRODUÇÃOA nalbufina é um agente opioide k-agonista com efeito similar à morfina, sua duração varia de 6 a 8 horas podendo ser utilizada pelas vias intravenosa (IV), subcutânea (SC) e intramuscular (IM). O uso desde fármaco traz vantagens, pois além da analgesia é capaz de reverter efeitos adversos de outros agonistas (1).

O tramadol é um opioide agonista puro de ação central e análogo sintético da codeína. Possui seletividade para mi (µ), porém apresenta baixa afinidade para esses receptores. Além da ligação a esses receptores ocorre a inibição da recaptação de noradrenalina com consequente liberação de serotonina, bloqueando os impulsos na medula espinhal através desses dois fatores (1,2). Sendo assim, o trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos analgésicos da administração de tramadol ou nalbufina no pós-operatório de cães submetidos à orquiectomia.

METODOLOGIAParticiparam deste estudo 20 cães hígidos encaminhados para orquiectomia eletiva. Os animais receberam acepromazina (0,05 mg/kg) associada à meperidina (2mg/kg) por via intramuscular como medicação pré-anestésica, foram induzidos com propofol (5mg/kg) através da via endovenosa e mantidos no isoflurano. O estudo foi prospectivo, comparativo, aleatório e cego. Os animais foram divididos em dois grupos: nalbufina (GN, n=10) e tramadol (GT, n=10).

O GT recebeu tramadol na dose de 2mg/kg e o GN recebeu nalbufina na dose de 0,3 mg/kg, ambos os fármacos foram administrados ao término do procedimento cirúrgico pela via endovenosa. A avaliação da analgesia foi

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realizada uma hora após a administração dos opioides, através das seguintes escalas: escala visual analógica (EVA) (0-10), escala de análise descritiva proposta por Lascelles (0-3), escala composta de Glasgow modificada (0-10), escala de dor aguda para cães da Universidade de Colorado (0-4), e escala de dor da Universidade de Guelph (0-10). Os escores (pontuação) de dor por não atenderem os pressupostos de normalidade e de distribuição dos erros foram analisados por estatística não paramétrica (teste de Mann-Whitney) com nível mínimo de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃONão houve diferença significativa entre os grupos nas escalas de dor, sendo que os valores de mediana (mínimo-máximo) estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1 - Valores de mediana (mínimo-máximo) das escalas de dor.

EVA LASCELLES COLORADO GUELPH GLASGOWGN 1 (0-3) 0 (0-2) 1 (0-2) 1 (0-2) 2 (0,87-3,12)GT 1 (0-5) 0 (0-2) 1 (0-2) 1 (0-2) 2 (0,87-5,41)

(GN): grupo nalbufina. (GT): grupo tramadol. (EVA): escala visual analógica.

Apesar das limitações do estudo, como a avaliação única da analgesia no pós-operatório imediato, foi possível observar que ambos os fármacos promoveram analgesia satisfatória no pós-operatório imediato de orquiectomia em cães, constatado pelo baixo escore de dor obtido. Ademais, neste estudo a nalbufina apresentou eficácia analgésica semelhante ao tramadol. São escassos os estudos da nalbufina em cães, em estudo clínico realizado com a administração de nalbufina no pós-operatório de cães submetidos à osteotomia de nivelamento de platô tibial (TPLO), que receberam infusão de fentanil durante o transoperatório, reduziu-se efetivamente o tempo de recuperação anestésica quando comparado ao tramadol, porém o tramadol promoveu analgesia superior e de maior duração (3). Sendo assim, mais estudos são necessários.

CONCLUSÃOO tramadol e a nalbufina promovem analgesia satisfatória no pós-operatório imediato de orquiectomia em cães, e a nalbufina apresenta eficácia analgésica semelhante ao tramadol.

REFERÊNCIAS1) Fantoni DT; Cortopassi SRG. Anestesia em cães e gatos. 2ª ed. São Paulo: Roca; 2009. 2) Górniak SL. Hipnoanalgésicos. In: Spinosa HS; Górniak SL; Bernardi MM, editores. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. cap.15, p.164.3) Marques JS. Efeitos da nalbufina e do tramadol após infusão contínua com fentanil em cães submetidos à osteotomia de nivelamento de platô tibial (TPLO) [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2015.

Avaliação dos Efeitos Analgésicos do Emprego Sistêmico de Tramadol e Nalbufina no Pós-operatório de Cães Submetidos à Orquiectomia

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Avaliação Ecodopplercardiográfica e de Ritmo Cardíaco da Associação de Acepromazina e Xilazina em CãesAnderson Gomes do Nascimento¹; Alexandre de Freitas Coelho²; Daniella Aparecida Godoi Kemper3.1Discente da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) - campus Arapongas - PR; 2 Médico Veterinário Especialista do Hospital Veterinário da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) - campus Arapongas - PR; 3 Professora Doutora da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) - campus Arapongas - PR. Email para correspondência: [email protected]

RESUMOA preservação da hemodinâmica de animais que são submetidos à sedação pré-cirúrgica ou para procedimentos de diagnóstico é de extrema importância. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da associação de acepromazina (0,03mg/kg) e xilazina (0,2mg/kg) por via intramuscular sobre o sistema cardiovascular, realizando-se a avaliação ecodopplercardiográfica, eletrocardiográfica e mensuração da pressão arterial sistólica, bem como os efeitos sedativos desta associação, antes e após a administração dos fármacos em 10 cães hígidos. O protocolo promoveu sedação satisfatória, com diminuição significativa da FC, DC e PAS; diminuição significativa do volume máximo do fluxo pulmonar e aórtico; e aumento significativo do tempo de ejeção do fluxo pulmonar e aórtico. Não foram observados bloqueios atrioventriculares. Sendo assim, a associação de acepromazina e xilazina promoveu boa sedação com efeitos cardiovasculares consideráveis.

Palavras-chave: sedação; ecocardiografia; fenotiazínico; alfa2-adrenérgico; sistema cardiovascular.

INTRODUÇÃOA acepromazina é o fenotiazínico mais utilizado na veterinária como medicação pré-anestésica. Promove bloqueio dos receptores dopaminérgicos e redução de dopamina e noradrenalina no SNC. O principal efeito cardiovascular é a hipotensão arterial, causada pelo bloqueio dos receptores alfa1-adrenérgicos nas arteríolas periféricas, resultando em vasodilatação, diminuição da resistência vascular e aumento compensatório na frequência cardíaca (1).

A xilazina é um agonista alfa2-adrenérgico, promove depressão no SNC e periférico, ocorrendo assim uma menor liberação de noradrenalina. Atua em receptores α2A promovendo sedação, analgesia, bradicardia por mediação central e hipotensão. Ademais, atuam em receptores α2B promovendo vasoconstrição periférica e bradicardia reflexa. Apresenta ação parassimpatomimética que promove arritmia sinusal e bloqueio atrioventricular de segundo grau (1,2).

Sendo assim, a hipótese deste trabalho é que a acepromazina associada à xilazina, ambas em doses baixas, pode promover sedação com mínimos efeitos cardiovasculares, devido aos efeitos antagônicos destes fármacos. Portanto, o objetivo deste estudo foi de realizar essa associação anestésica e determinar as possíveis alterações cardiovasculares através da avaliação ecodopplercardiográfica e eletrocardiográfica, bem como a sedação.

METODOLOGIAForam estudados 10 cães hígidos, que foram submetidos ao exame físico, avaliação ecodopplercardiográfica, avaliação eletrocardiográfica e mensuração da pressão arterial sistólica antes e 15 minutos após a administração do protocolo sedativo, constituído de acepromazina na dosagem de 0,03 mg/kg associada à xilazina na dosagem 0,2 mg/kg por via intramuscular.

A avaliação ecodopplercardiográfica foi realizada através do aparelho ecocardiográfico M-Turbo (Sonosite). A

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avaliação eletrocardiográfica foi realizada com o aparelho eletrocardiográfico Ecafix analógico, ambos os exames foram realizados por um profissional capacitado. A pressão arterial sistólica foi mensurada através do método não invasivo ultrassônico por Doppler. A sedação foi avaliada conforme a escala de sedação de Ramsay.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs valores dos parâmetros cardiovasculares (média ± desvio padrão) estão descritos na tabela 1. Foi observado bradicardia (FC < 60 bpm) em apenas um animal, e não foi constatado hipotensão em nenhum dos animais (PAS < 90 mmHg). Ademais, não foram observadas arritmias devido à associação de acepromazina e xilazina neste estudo. Em relação à sedação, os valores de mediana (mínimo - máximo) da escala de Ramsey foram 3 (2 - 4).

A associação de baixa dose de acepromazina com xilazina promoveu diminuição significativa na pós-carga e na frequência cardíaca. Desta forma, ocorreu diminuição do débito cardíaco pela queda da frequência cardíaca, mas o volume sistólico manteve-se inalterado.

Tabela 1 - Parâmetros cardiovasculares pré e pós-sedação (média ± desvio padrão).

Parâmetros Pré Pós Valor de pV. máx. fluxo pulmonar (m/s) 0,88 ± 0,14 0,73 ± 0,16* <0,0001

TE fluxo pulmonar (ms) 176,64 ± 20,91 194,32 ± 15,09* 0,0023

V. máx. fluxo aórtico (m/s) 1,18 ± 0,19 0,99 ± 0,22* 0,0116

TE fluxo aórtico (ms) 161,81 ± 21,4 177,88 ± 19,72* 0,0191

IVSF (mL/m²) 19,17 ± 9,26 17,97 ± 9,22 0,5266

IVDF (mL/m²) 62,23 ± 17,24 57,24 ± 22,15 0,1137

FE (%) 69,6 ± 6,17 67,3 ± 8,51 0,3955

IVS (mL/m²) 43,06 ± 9,44 39,26 ± 13,78 0,1317

DC (mL/min) 2112,35 ± 1107,73 1532,41 ± 887,47* 0,031

FC (bpm) 115,1 ± 18,27 87,4 ± 26,09* 0,0002

PAS (mmHg) 145,5 ± 17,07 115,5 ± 15,71* 0,0027

(V. Máx.): volume máximo. (TE): tempo de ejeção. (IVSF): índice de volume sistólico final. (IVDF): índice de volume diastólico final. (FE): fração de ejeção. (IVS): índice de volume sistólico. (DC): débito cardíaco. (FC): frequência cardíaca. (PAS): pressão arterial sistólica. *p<0,05.

Observou-se aumento no tempo de ejeção do fluxo pulmonar e aórtico por efeito da diminuição da frequência cardíaca e da pós-carga, porém a velocidade máxima dos fluxos aórtico e pulmonar foram reduzidos. Sendo assim, apesar do volume sistólico inalterado é possível que a associação dos fármacos possa ter levado a uma diminuição da contratilidade, que foi mascarada pela diminuição da pós-carga. Contudo, tal fato deve ser melhor avaliado através da análise da deformação miocárdica baseada em speckle tracking pela ecocardiografia tecidual bidimensional. Ademais, apesar da associação dos fármacos promoverem diminuição da frequência cardíaca, não foram observados bloqueios atrioventriculares de segundo grau. Finalmente, o protocolo empregado promoveu sedação satisfatória, mas com efeitos cardiovasculares consideráveis.

CONCLUSÃOApesar dos fármacos xilazina e acepromazina apresentarem efeitos antagônicos no sistema cardiovascular, tal combinação é caracterizada pela baixa FC e DC, condições que são deletérias em pacientes com doenças cardiovasculares.

Avaliação Ecodopplercardiográfica e de Ritmo Cardíaco da Associação de Acepromazina e Xilazina em Cães

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REFERÊNCIAS1) Fantoni DT; Cortopassi SRG. Anestesia em cães e gatos. 2ª ed. São Paulo: Roca; 2009.2) Tranquilli WJ; Thurmon JC; Grimm KA. Lumb & Jones’ Veterinary Anesthesia and Analgesia. 4th ed. Ames: Blackwell Publishing; 2007.

Avaliação Ecodopplercardiográfica e de Ritmo Cardíaco da Associação de Acepromazina e Xilazina em Cães

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Avaliação Goniométrica em Cães da Raça Golden Retriever Luis Guilherme de Faria – Discente de Doutorado em Cirurgia Veterinária – Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, FCAV Jaboticabal, Unesp – Univ Estadual Paulista; Laura Zanato – Discente do Curso de Medicina Veterinária – Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, FCAV Jaboticabal, Unesp – Univ Estadual Paulista; Fernando Yoiti Kawamoto Kitamura – Discente de Doutorado em Cirurgia Veterinária – Departamento de Cirurgia e Anes-tesiologia Veterinária, FCAV Jaboticabal, Unesp – Univ Estadual Paulista; Nicole Wolski Pereira – Médica Veterinária Autônoma; Bruno Watanabe Minto* – Professor Adjunto – Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, FCAV Jaboticabal, Unesp – Univ Estadual Paulista. *Autor para Correspondência: [email protected]

RESUMO A análise da amplitude de movimento articular por meio da goniometria é frequentemente utilizada em humanos, servindo de subsídio ao diagnóstico clínico de muitas afecções articulares. Entretanto é pouco utilizada na Medicina Veterinária, contudo pode ser usada na ortopedia canina para avaliar a eficácia do tratamento clínico, cirúrgico e/ou fisioterapêutico. Em cães, este procedimento é pouco estudado e validado por pesquisas científicas. O presente projeto teve como objetivo avaliar e determinar os valores goniométricos do ângulo máximo de flexão e extensão do ombro, cotovelo, carpo, quadril, joelho e tarso de cães da raça Golden Retriever. Foram utilizados 20 cães, machos ou fêmeas, divididos em Grupo 1 composto por cães com idade entre 1 e 5 anos de idade e Grupo 2 com indivíduos com idade entre 6 e 12 anos. Foram aferidas a máxima flexão, a máxima extensão e calculou-se a amplitude de movimento- das articulações, direita e esquerda, dos membros torácicos (ombro, cotovelo e carpo) e pélvicos (coxofemoral, joelho e tarso), com o emprego de um goniômetro universal. Cada articulação foi mensurada em triplicata. Não foram detectadas diferenças estatísticas entre as médias em ambos os grupos.

Palavras-chave: Movimento articular, goniometria, fisioterapia, análise quantitativa, cão.

INTRODUÇÃO Os movimentos articulares devem ser livres e completos, favorecendo a deambulação adequada e indolor. Avaliar a magnitude articular permite determinar os valores da amplitude de movimento (ADM) normal ou anormal, auxiliando no diagnóstico de disfunções articulares (1). Em animais de companhia, a goniometria pode ser utilizada de forma similar na avaliação do grau de amplitude articular, determinando alterações de flexão e/ou extensão do membro, ou mesmo para acompanhamento do tratamento de afecções osteomusculares (2). Porém, há escassez de estudos científicos que determinem valores de referência para cada raça ou espécie (3). Entretanto, este procedimento é valioso em pesquisas científicas, principalmente quando se necessita definir os valores máximos e mínimos da amplitude articular, seja as lesionadas ou as contralaterais hígidas, no que tange a finalidade de se comparar estes valores (3,4,5).

Propõe-se determinar os valores de referência dos ângulos máximo e mínimo de flexão e extensão e, calcular a ADM das articulações do membro torácico (articulação do ombro, cotovelo e carpo) e pélvico (articulação do quadril, joelho e tarso) de cães da raça Golden Retriever.

MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizados 20 Golden Retrievers, machos e fêmeas, cujo escore corporal encontrava-se dentro dos padrões de referência (cinco) (6). Os animais, oriundos da rotina de atendimento clínico do Hospital Veterinário “Governado Laudo Natel”, eram de fácil manipulação e não houve necessidade de sedação. O Grupo 1 foi composto por cães jovens (1 a 5 anos), já o Grupo 2 foi circunspeto por cães com idade entre 6 a 12 anos. O exame clínico completo foi realizado em todos as amostras. As medidas goniométricas foram aferidas com o animal em decúbito lateral, em três repetições. Foi avaliada a amplitude de flexão e extensão das articulações do membro anterior e posterior, bilateralmente, de cada cão e pelo mesmo examinador. Empregou-se um goniômetro universal com sistema de

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transferidor de zero a 180 graus. Para mensuração, a articulação foi posicionada e o segmento proximal estabilizado para isolar o movimento. Em seguida, foi feito o alinhamento dos braços do goniômetro, sendo o braço fixo com o segmento proximal e o braço móvel com o segmento distal da articulação. O alinhamento dos braços do goniômetro foi realizado mediante referências anatômicas ósseas dos segmentos próximos à articulação (1,3,7).

Os resultados foram submetidos à análise de variância e nos casos de significância estatística, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A repetibilidade das amostras equivale ao N igual a 20 (número de observações), tanto para o Grupo 1, quanto para o Grupo 2. Não foram detectadas diferenças estatísticas entre os Grupos 1 e 2 em todas as variáveis estudadas. Considerando o coeficiente de variação, obtido pela razão entre o desvio-padrão e a média, indica-se que a variância observada entre os dados fora menor que 25% (dentro dos padrões estatísticos de referência).

O goniômetro foi posicionado nos mesmos pontos anatômicos utilizados e padronizados por Jaegger et al. (2002). Em um estudo realizado por Millis et al. (2004), notou-se que os valores de referência para cães diferem em poucos graus para os valores aqui observados, assim como no estudo conduzido por Jaegger et al. (2002). Isso ocorre, pois, deve-se levar em consideração fatores e variáveis que podem interferir nos resultados, por exemplo: área do corpo, tipo de paciente, diferenças entre raças ou espécies, se a realização do movimento é ativa ou passiva ou se as mensurações são realizadas em triplicatas ou inter-observacionais (7).

A variabilidade média das aferições das articulações proximais foi maior que a variabilidade média das medições das articulações distais, assim como o proposto do JAEGGER e colaboradores (2002), isso se deve ao fato de haver uma quantidade maior de tecidos moles adjacentes às articulações proximais. Os valores obtidos pelo goniômetro universal, posicionados nos pontos anatômicos padronizados e preconizados nesta pesquisa, mostraram-se satisfatórios. As aferições consecutivas realizadas em cada posição articular pelo examinador, não apresentaram grandes variações, ou seja, foram similares entre si (CV > 25%). Não se objetivou comparar os dados entre os lados direito e esquerdo, assim como também não foram realizadas comparações entre machos e fêmeas ou entre as idades.

CONCLUSÕES Conclui-se que os parâmetros avaliados neste estudo validaram o uso de goniômetro em um grupo de cães saudáveis, da mesma raça, em dois grupos diferentes entre si, no que se refere à idade. Os valores de referência quanto à máxima, mínima e amplitude articular foram determinados, com base na média das variáveis nos cães da raça Golden Retriever.

REFERÊNCIAS 1) Mendonça, G. B. N. Goniometria em cães da raça Rottweiler [Mestrado]. Goiás: Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2009. 2) Mercado, M. C.; Gambarota, M.; Gonzáles, S.; Pallares, C. Utilidad de la goniometría en la evaluación del rango de los movimientos de flexión y extensión de la articulación del codo canino. InVet; 2008; 10(2): 55-62 3) Jaegger, G. H.; Marcellin-Little, D. J.; Levine, D. Reliability of goniometry in Labrador Retrievers. Am. J. Vet. Res.; 2002; 63(7):979-986. 4) Gillette, R. Gait Analysis. In: Millis, D. L.; Levin, D.; Taylor, R. A. Canine rehabilitation & physical therapy. St. Louis: Elsevier, 2004. p.201 - 210. 5) Canapp Junior, S. O. The canine stifle. Clinical Techniques in Small Animal Practice; 2007;22(4):195-205. 6) Eastland-Jones, R. C.; German, A. J.; Holden, S. L.; Biourge, V.; Pickavance, L. C. Owner misperception of canine body condition persists despite use of a body condition score chart. Journal of Nutritional Science; 2014;3(2):45-45. 7) Norkin, C. C.; White D. J. Medida do movimento articular: manual de goniometria. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p.260. 8) Millis, D. L. Assessing and measuring outcomes. In: Millis, D. L.; Levine, D.; Taylor, R. A. Canine rehabilitation & physical therapy. St. Louis: Elsevier, 2004.

Avaliação Goniométrica em Cães da Raça Golden Retriever

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Avaliação macroscópica de úlceras cutâneas em Ratos de linhagem Wistar tratadas pela Laserterapia de Baixa PotênciaJoelma de Faria Santos*

Carolina Couto Barquete**

Lorena Oliveira da Silva*

Rodrigo Gomes de Souza*Soraia Figueiredo de Souza***

* Discente de Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Acre.** Mestranda pelo Programa de Pós-graduação em Sanidade e Produção Animal Sustentável na Amazônia Ocidental da Natureza da Universidade Federal do Acre.*** Docente Adjunta de Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Acre. Autor para correspondência: [email protected].

RESUMO Tem-se desenvolvido protocolos alternativos para o tratamento de úlceras cutâneas com o uso de técnicas como a laserterapia de baixa potência. A fim de avaliar-se a eficácia dessa técnica em úlceras cutâneas de ratos de linhagem Wistar confeccionou-se três feridas de oito milímetros cada, através de punch de biopsia, sobre a região dorsal. Empregou-se três tratamentos, com efetuação diária durante o período de 14 dias, sendo: uso de solução salina, controle negativo; utilização de vaselina, controle positivo; análise de laserterapia de aserneto de gálio de baixa potência (904 nm), em modo contínuo, focal, durante 10 segundos, sob a dose de 4 J/cm². Avaliou-se a presença de edemaciação e secreções durante o período cicatricial e determinou-se as dimensões de regeneração dérmica através de utilização de paquímetro universal analógico e fotodocumentação até completa oclusão. Os dados obtidos foram submetidos ao teste de Kruskal-Wallis. O seu emprego apresentou capacidade superior de redução de inflamação aguda e necrose tecidual, além de expressão superior de fibroplasia. Desta forma, atesta-se que a aplicação de laserterapia de baixa potência oferece potencial cicatricial.

Palavras-chave: Cicatrização tecidual; feridas cutâneas; lasers terapêuticos.

INTRODUÇÃOO emprego de lasers terapêuticos apresenta potencial acelerador de reparação tecidual e crescimento celular. Além de, capacidade anti-inflamatória similar às drogas empregues com esta finalidade. Relata-se que a radiação a laser estimula o desenvolvimento de fibroblastos, eleva a produção colágena e promove a angiogênese local, de forma a viabilizar o processo cicatricial. (1, 2)

Assim, objetivou-se estudar os efeitos macroscópicos de terapia a laser de baixa potência em úlceras cutâneas induzidas cirurgicamente em ratos de linhagem Wistar para se avaliar a eficácia de seu emprego.

MATERIAL E MÉTODOSUtilizou-se 15 ratos de linhagem Wistar (Rattus norvergicus), após aprovação pelo Comitê de Ética de Uso de Animais da Universidade Federal do Acre (CEUA), de aproximadamente 350 g, com cerca de 100 dias de idade, machos. Distribuíram-nos em três grupos de cinco animais cada. Manteve-se os animais em caixas de polipropileno individuais em ambiente aclimatizado durante sete dias, alimentando-os com ração peletizada para roedores e água ad libitum, ao longo de todo o estudo.

Empregou-se três tratamentos, com efetuação diária durante o período de 14 dias: uso de solução salina para controle negativo; utilização de vaselina para controle positivo; e análise de laserterapia de baixa potência (904 nm), em modo contínuo, focal, durante 10 segundos, sob a dose de 4 J/cm².

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Avaliou-se a presença de edemaciação e secreções durante o período cicatricial e determinou-se as dimensões de regeneração dérmica através de utilização de paquímetro universal analógico e fotodocumentação até a completa oclusão. A avaliação estatística empregue efetuou-se de forma não paramétrica, com efeitos terapêuticos verificados pela Prova de Kruskal-Wallis (P>0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃOAtravés de avaliação macroscópica, verificou-se 14 pós-tratamento, que em ferimentos em que se efetuou terapia a laser de baixa potência e aplicação de solução fisiológica a 0,9% houve maior reconstituição tecidual, enquanto, se observou índice cicatricial inferior em úlceras que se empregou vaselina sólida, apesar de umidade superior (Tabela 1), observada pelo seu tamanho em relação as demais. Apesar disto, a laserterapia de baixa potência apresentou-se de eficácia inferior a aplicação de solução salina a 0,9% para reconstituição tecidual, em objeção a observação de Silveira, Streck e Pinho3, em que o uso de terapia a laser asernieto de gálio de baixa potência (comprimento de onda de 904 nm) possibilitou completa restruturação, apesar de ausência de associação de tratamentos para sua conferência.

Tabela 1 - Área de feridas cutâneas (mm) induzidas cirurgicamente, através de punch de biópsia de 8 mm, em ratos Wistar, tratados pela aplicação de solução fisiológica a 0,9% (T1); vaselina sólida (T2); e laserterapia de baixa potência (T3), aos dias um, sete e 14 de pós-operatório.

Dia 01 Dia 07 Dia 14T1 0,25 (0,21-0,37) c 0,01 (0,0035-0,02) c 0 (0-0) aT2 0,28 (0,23 - 0,37) abc 0,04 (0,03-0,07) ab 0,01 (0-0,005) aT3 0,28 (0,25 - 0,32) bc 0,03 (0,02-0,08) b 0 (0-0) a

Os benefícios verificados pela aplicação de laserterapia de baixa potência de acordo com Demir et al.4, onde verificou-se ganho em síntese de colágeno e força tecidual cicatricial, além de redução de período inflamatório. Esses dados corroboram com os resultados verificados para esta pesquisa, em que a aplicação de laserterapia de baixa potência estrita obteve grau inferior de necrose tecidual, e expressão superior de fibroplasia ao dia sete, apesar de estatisticamente igual ao emprego de solução fisiológica a 0,9%.

Contudo, a julgar pela cicatrização tecidual, a aplicação de solução fisiológica a 0,9% apresentou potencial cicatricial superior, seguido pela terapia de laser de baixa potência. Fato esse não comprovável pela avaliação microscópica, visto que os resultados referentes ao infiltrado inflamatório atestam a superioridade de tratamento a laser de baixa potência, em relação a solução fisiológica a 0,9%, com grau inferior de necrose e inflamação aguda, e níveis superiores de fibroplasia.

CONCLUSÃOA terapia a laser de baixa potência apresentou capacidade superior de redução de inflamação aguda e necrose tecidual, além de expressão superior de fibroplasia. Desta forma, atesta-se que seu emprego em úlceras cutâneas oferece potencial cicatricial.

REFERÊNCIAS1) Farivar S, Malekshahabi T, ShiarI R. Biological Effects of Low Level Laser Therapy. Journal of Lasers in Medical Sciences. 2014; 5 (2): 58-62.2) Peplow PV, Chung TY, Baxter GD. Laser Photobiomodulation of Wound Healing: A Review of Experimental Studies in Mouse and Rat Animal Models. Photomedicine and Laser Surgery. 2010; 28 (3): 291-325.3) Silveira PC, Streck EL, Pinho RA. Evaluation of mitochondrial respiratory chain activity in wound healing by low-level laser therapy. Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology. 2007; 86: 279-2827.4) Demir H, Yaray S, Kirnap M, Yaray K. Comparison of the effects of laser and ultrasound treatments on experimental wound healing in rats. Journal of Rehabilitation Research & Development. 2004; 41 (5): 721–728.

Avaliação macroscópica de úlceras cutâneas em Ratos de linhagem Wistar tratadas pela Laserterapia de Baixa Potência

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Avaliação qualitativa da composição mineral de 52 urólitos obtidos de cãesÉvelin Alessandra Silveira¹Rafael Fernando de Oliveira¹Leonardo Sanches²¹ Discentes no Curso de Medicina Veterinária - Centro Universitário do Norte Paulista² Docente no Curso de Medicina Veterinária - Centro Universitário do Norte Paulista [email protected]

RESUMOA urolitíase em cães consiste na presença de concreções policristalinas de substâncias da urina e consequente formação de urólitos no sistema urinário. Esses urólitos podem ter inúmeras origens, sendo que a grande maioria deles é composta de fosfato amoníaco magnesiano (estruvita) e de oxalato de cálcio. Objetivou-se neste estudo descrever a composição de urólitos vesicais obtidos de cães diagnosticados com urolitíase. Foram avaliados 52 urólitos obtidos de cães atendidos em clínicas veterinárias particulares em São José do Rio Preto, no período de janeiro de 2014 a junho de 2016, utilizando o Kit para Análise de Cálculo K008® (Bioclin). Observou-se principalmente a presença de magnésio, carbonato e amônio nas amostras, bem como a existência de fosfato e cálcio, o que sugere a presença de componente estruvita na maioria dos urólitos, atestando a importância dessas análises, uma vez que o esclarecimento da composição desses urólitos pode auxiliar o clínico veterinário na determinação da possível causa-base.

Palavras-chave: urina; urolitíase; estruvita.

INTRODUÇÃOA urolitíase em cães consiste na presença de concreções policristalinas de substâncias da urina e consequente formação de urólitos no sistema urinário. Podem ser simples, compostos ou mistos, sendo que a grande maioria deles é composta de fosfato amoníaco magnesiano (estruvita) e de oxalato de cálcio (1). Alguns fatores predispõem ao surgimento de urólitos em cães, como a predisposição familiar e racial, defeitos congênitos, lesões adquiridas, administração de medicamentos, como antibióticos, quimioterápicos e corticosteroides (2), o tipo de alimentação oferecida, anomalias vasculares portais, hipercalcemia ou hiperadrenocorticismo (3), o tipo de ingestão hídrica e infecções do trato urinário (4).

Sendo assim, a análise da composição dos urólitos torna-se importante para determinação da causa-base da enfermidade e para o estabelecimento de protocolos de tratamento (5).

Objetivou-se, portanto, avaliar a composição de urólitos vesicais obtidos de cães da região de São José do Rio Preto, a fim de descrever quais os minerais mais encontrados.

MATERIAIS E MÉTODOSForam avaliados 52 urólitos de cães diagnosticados com urolitíase e atendidos em clínicas veterinárias de São José do Rio Preto, durante o período de janeiro de 2014 a junho de 2016, e obtidos após intervenção cirúrgica. Os urólitos foram encaminhados ao Laboratório VETPAT - Patologia e Biologia Molecular Veterinária, Campinas - SP, para devida avaliação. A análise físico-química do material seguiu a metodologia descrita por Ohlweiler (6), utilizando o Kit para Análise de Cálculo K008® (Bioclin), que permite a determinação de carbonato, oxalato, amônio, fosfato, cálcio, magnésio, urato e cistina.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOPode-se observar que houve uma diversidade nos componentes dos cálculos analisados, mas o predomínio de magnésio (90,38%, n=47), amônio (71,1%, n=37) e fosfato (63,46%, n=33) foi associado à maioria dos urólitos e pode sugerir a existência do componente estruvita, encontrado principalmente em animais com infecção bacteriana do trato urinário (7). A frequência de outros minerais como carbonato (80,77%, n=42), reforça o fato da infecção do trato urinário (ITU) ser um fator predisponente importante na formação desses urólitos, o que corrobora com os dados já relatados na literatura (7). A significativa presença de cálcio (63,46%, n=33) e oxalato (26,92%, n=14) pode ser justificada pelo uso de dietas terapêuticas na tentativa de dissolver os urólitos de estruvita.

Ainda que a frequência de urato (21,15%, n=11) observado tenha sido discreto, esta pode estar associada ao pH ácido da urina, ao consumo diário de dietas ricas em proteínas e algumas disfunções hepáticas que dificultam a metabolização das mesmas (8), e apesar da também discreta existência de cistina (3,85%, n=2) é possível à correlação com a cistinúria, ocasionado por uma desordem hereditária no transporte renal (9).

CONCLUSÕESPor meio da análise físico-química foi possível verificar a prevalência do componente estruvita nos urólitos de cães de São José do Rio Preto, atestando a importância dessas análises, uma vez que o esclarecimento da composição desses urólitos pode auxiliar o clínico veterinário na determinação da possível causa-base.

REFERÊNCIAS1) Lulich JP; Osborne CA; Bartges JW; Lekcharoensuk C. Distúrbios do trato urinário inferior dos caninos. In: Ettinger SJ; Feldman EC. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. p.1841-1867.2) Osborne CA; Lulich JP; Kruger JM; Ulrich LK; Koehler LA. Analysis of 451,891 canine uroliths, feline uroliths, and feline urethral plugs from 1981 to 2007: perspectives from the Minnesota Urolith Center. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice 2009; 39(1): 183-197.3) Monferdini RP; Oliveira J. Manejo nutricional para cães e gatos com urolitíase– Revisão bibliográfica. Acta Veterinaria Brasilica 2009; 3(1). p.1-4.4) Stevenson A; Rutgers C; Nutritional management of canine urolithiasis. In: Pibot P; Biourge V; Elliott D. Encyclopaedia of Canine Clinical Nutrition. 4ed. França: Aniwa; 2006. p.285-315.5) Lee HP; Leong D; Heng CT. Characterization of kidney stones using thermogravimetric analysis with electron dispersive spectroscopy. Urological research 2012; 40(3). p.197-204.6) Contu P; Ohlweiler R. Morphological obsvations about arterial branches of anterior preforate substance. Anatomical record 1975; 181(2): 526-527.7) Grauer GF. Distúrbios do trato urinário. In: Nelson RN; Couto CG. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010. p.609-697.8) Ulrich LK; Osborne CA; Cokley A; Lulich JP. Changing paradigms in the frequency and management of canine compound uroliths. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice 2009; 39(1): 41-53.9) Sanderson SL; Osborne CA; Lulich JP; Bartges JW; Pierpont ME; Ogburn PN et al. Evaluation of urinary carnitine and taurine excretion in 5 cystinuric dogs with carnitine and taurine deficiency. Journal of Veterinary Internal Medicine 2001; 15(1): 94-100.

Avaliação qualitativa da composição mineral de 52 urólitos obtidos de cães

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Avaliação renal em cão nefropata submetido à anestesia – Relato de casoVeridiane da Rosa Gomes1*

Luma Tatiana Silva Castro2

Camila Nunes Figas3

1 Mestranda em Medicina Veterinária, Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ), Universidade Federal de Goiás (UFG)2 Doutoranda em Medicina Veterinária, EVZ/UFG3 Estudante de Graduação em Medicina Veterinária, EVZ/ UFG* [email protected]

RESUMOO termo doença renal crônica refere-se à presença de lesão renal persistente que desencadeia perda funcional dos rins de forma definitiva e irreversível. A possibilidade dos doentes renais crônicos agravarem a nefropatia após procedimentos cirúrgicos e anestésicos é conhecida, mas pouco estudada e avaliada. Por esse motivo, é de extrema importância ampliar as pesquisas a respeito do tema e adotar, como no caso descrito, protocolos pré-cirúrgicos, anestésicos e pós-cirúrgicos eficientes em preservar a integridade renal e a qualidade de vida do paciente. No entanto, dada a gravidade da doença renal, mesmo com o uso de protocolos diferenciados, o cão deste relato apresentou hipotensão ao longo de todo o momento cirúrgico, o que pode ter contribuído para o agravamento da lesão renal e posterior aumento na frequência de crises urêmicas.

Palavras-chave: doença renal crônica; estabilização; cirurgia

INTRODUÇÃOA doença renal crônica (DRC) é uma enfermidade caracterizada por perda da massa funcional de um ou ambos os rins devido à presença de lesão renal persistente pelo período mínimo de três meses1. O diagnóstico pode ser realizado através da anamnese, exame físico e análises laboratoriais. Na anamnese, os sinais clínicos mais relatados são polidipsia compensatória à poliúria. No exame físico, pode se observar a palidez das mucosas e úlceras na boca devido à azotemia. Assim, uma das alterações laboratoriais mais importantes em casos de DRC, é o aumento das concentrações séricas de ureia e creatinina2.

O doente renal crônico, quando submetido a procedimento cirúrgico e anestésico, pode ser sujeitado a novo insulto renal que pode agravar seu quadro clínico3. Dessa forma, considerando a recorrência dessa enfermidade na clínica de pequenos animais e a importância do monitoramento pós-operatório para a prevenção do agravamento de uma nefropatia pré-existente, o presente trabalho tem por objetivo relatar um caso clínico de um cão com DRC, prestando esclarecimentos a respeito do diagnóstico e conduta terapêutica.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido na rotina do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (HV/EVZ/UFG), um cão da raça Poodle com 17 anos de idade e pesando 6,8 kg. Após a realização dos exames de triagem e avaliação clínica pelos médicos veterinários e residentes, o animal foi encaminhado para uma nodulectomia de carcinoma hepatóide perianal. Depois do agendamento da cirurgia, com o consentimento do tutor, o paciente passou a compor um estudo sobre a morfofuncionalidade do rim de cães com e sem nefropatias submetidos à anestesia. Assim, a fim de cumprir os procedimentos pré-operatórios e diagnosticar alguma nefropatia, o animal foi submetido à realização de vários exames laboratoriais como hemograma, exame de urina, quantificação sérica de creatinina, proteína total e albumina, atividade urinária da gama glutamiltransferase (GGT) e hemogasometria sérica e urinária.

Mediante o resultado da creatinina (acima de 1,4 mg/dL), o animal foi considerado apto para integrar o grupo dos nefropatas no estudo e, a partir disso, foi estabilizado com fluidoterapia antes da exérese do tumor. Para a realização desse procedimento cirúrgico, foi utilizado o protocolo padrão de anestesia do HV/EVZ/UFG, mas houve a exclusão

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da acepromazina na medicação pré-anestésica, sendo aplicada apenas a morfina (0,3 mg/kg IM) e no pós-operatório houve predileção pelo uso da cefalotina (30mg/kg IV) e ceftriaxona (20mg/kg/h IV), sendo excluído o uso dos AINEs.

Ao término da cirurgia, os mesmos exames laboratoriais realizados inicialmente foram repetidos imediatamente após a cirurgia, no dia dois, no dia sete, no dia 28 e no dia 90; totalizando seis momentos de avaliação. Essa análise laboratorial seriada possibilitou a caracterização da lesão renal como do tipo glomérulo- tubular e estabelecimento do diagnóstico de doença renal crônica (DRC).

Após a cirurgia e identificação da nefropatia, o animal foi acompanhado até a estabilização. Ao longo desse período de acompanhamento o paciente apresentou várias crises urêmicas e emagrecimento progressivo. Após 30 dias da nodulectomia, as crises urêmicas se intensificaram, fazendo com que o paciente permanecesse internado por longos períodos e, após uma semana da última colheita, a eutanásia foi autorizada.

RESULTADOS E DISCUSSÃODurante a avaliação hematológica, o paciente apresentou anemia normocítica normocrômica que persistiu em todos os momentos avaliados. A presença de anemia em nefropatas é um resultado esperado devido diversos fatores como a deficiência relativa de eritropoietina e a deficiência de ácido fólico e vitamina B124, por exemplo. Quanto às médias de creatinina, a redução dos seus valores médios no dia 90 mostrou a eficiência do protocolo de estabilização na preservação da função renal. Os valores médios de proteína total foram significativamente menores após a cirurgia, provavelmente devido à perda sanguínea no momento cirúrgico. Os valores médios de albumina foram menores que a referência para a espécie na maioria dos momentos avaliados, provavelmente devido à perda urinária. Os valores médios da atividade urinária da GGT reduziram ao longo do período experimental, indicando que a estabilização do paciente e a retirada da doença primária, diminuiu a injúria ao túbulo renal. No entanto, após o término da cirurgia, o animal apresentou aumento na atividade enzimática da GGT urinária associada à hipotensão, o que pode ter contribuído para a intensificação das crises urêmicas. A literatura corrobora com essa possibilidade visto que, cães com DRC, quando submetidos a estresse fisiológico ou patológico, podem entrar em crise urêmica5. A densidade urinária do cão foi baixa em todos os momentos avaliados e apresentou isostenúria na última avaliação. A redução na densidade urinária é uma das primeiras manifestações clínicas de DRC, sendo que a isostenúria representa a fase final da DRC6.

CONCLUSÕESNo presente relato nota-se a importância da realização de exames laboratoriais para a identificação da nefropatia e consequente estabilização do paciente. Além disso, a utilização de protocolos pré-cirúrgicos direcionados ao nefropata e a monitorização no pós-cirúrgico é crucial na manutenção da qualidade de vida do paciente. No entanto, mesmo com a realização de tais procedimentos, o caso do animal aqui relatado agravou-se e a eutanásia foi considerada a resolução clínica mais aceitável.

REFERÊNCIAS1) DiBartola SP, Westropp JL. Urinary tract disorders. In: Nelson RW, Couto CG. Small animal internal medicine. St. Louis, Missouri: Elsevier Mosby. 2014; 5:629-712.2) Sanderson SL. Measuring glomerular filtration rate: practical use of clearance tests. In: BONAGURA, J.D.; TWEDT, D.C. Kirk´s current veterinary therapy XIV. St. Louis: Saunders Elsevier, 2009; 872-879.3) Greene SA, Grauer GF. Renal Disease. In: Tranquilli WJ, Thurmon JC, Grimm KA. Lumb & Jones’ veterinary anesthesia and analgesia. 4a ed. Iowa: Blackwell publishing, 2013; 915-919.4) Abensur H, Bastos MG, Canziani MEF. Aspectos atuais da anemia na doença renal5) crônica. J Bras Nefrol. 2006; 28: 104-107.6) Martínez, Pedro P; Carvalho, Marileda B. Participação da excreção renal de cálcio,fósforo, sódio e potássio na homeostase em cães sadios e cães com doença renal crônica.Pesq Vet Brasil. 2010; 30(10): 868-876.7) McGrotty, Y. Diagnosis and management of chronic kidney disease in dogs and cats. Companion Animal Practice, Santa Barbara, v. 30, p. 502-507, 2008.

Avaliação renal em cão nefropata submetido à anestesia – Relato de caso

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Avaliação Sorológica para Toxoplasma gondi em Cutias (Dasyprocta azarae) Mantidas em Semi-cativeiro na Cidade de Curitiba-PR Ana Carolina Yamakawa – Graduanda de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná - UFPR, Curitiba, PR, Brasil. Evelyn Cristine da Silva - Graduanda de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná - UFPR, Curitiba, PR, Bra-sil. Maysa Pellizzaro – Mestranda, Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (Saúde Pública Veterinária), Univer-sidade Estadual Paulista (UNESP) - Botucatu, SP, Brasil. Helio Langoni – Professor, Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Botucatu, SP, Brasil Alexander Welker Biondo – Professor, Laboratório de Zoonoses e Epidemiologia Molecular, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Curitiba, PR, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO Animais silvestres em meio urbano podem servir como reservatórios de zoonoses, sendo necessário estudos sobre sua sanidade. Pouco se sabe sobre o papel das Cutias (Dasyprocta spp.) na epidemiologia da toxoplasmose, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. O objetivo desse estudo foi avaliar a soropositividade para T. gondii, em cutias da espécie D. azarae. Utilizando contenção física, 36 cutias, foram capturadas e tiveram sangue coletado. Foram registradas informações de sexo, idade e peso. Utilizando soro foi realizado o método de aglutinação direta (MAD) para pesquisa de imunoglobulinas anti-T. gondii. Análise estatística foi realizada usando os testes exato de Fisher e Mann-Whitney (nível de significância 5%). A frequência de T. gondii foi de 25% (9/36), sendo 5/9 (55,55%) fêmeas e 4/9 (44,44%) machos, porém, não houve diferença estatística (p=0,27). Em relação a faixa etária, os animais foram divididos nos grupos: jovens adultos e adultos, e a frequência para T. gondii foi 3/9 (33%) e 6/9 (67%), respectivamente; não houve diferença entre os grupos (p=0,15). A média do peso dos animais positivos não foi significantemente maior, comparando com os animais negativos (p=0,99). A alta prevalência para T. gondii, pode ser atribuída a possível presença de oocistos no ambiente ou em alimentos fornecidos aos animais.

Palavras-chave: sentinela; toxoplasmose; saúde única

INTRODUÇÃO Cutias são roedores da família Dasyproctidae (1). Na cidade de Curitiba-PR duas espécies são mantidas em cativeiro, a Dasyprocta leporina e a D. azarae. O Museu de História Natural do Capão da Imbuia (MHNCI), localizado no bairro Capão da Imbuia, Curitiba-PR, é uma área com cerca de 42.000 m² e rodeado por uma floresta de araucárias onde vivem diversos pequenos roedores, dentre eles, cutias da espécie D. azarae.

A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, cosmopolita, tendo como hospedeiros definitivos felídeos e intermediários animais homeotérmicos, inclusive humanos (2). A infecção se dá por ingestão de carne crua ou mal cozinha ou por alimentos contaminados (3), sendo importante conhecer a procedência de ambos.

Poucos estudos avaliaram a suscetibilidade desses animais para esse patógeno, ou seu papel como potencial reservatório. O objetivo deste trabalho foi avaliar a presença de anticorpos anti-T. gondii em cutias (D. azarae) do MHNCI.

MATERIAIS E MÉTODOS As cutias foram capturadas com puçás pelos técnicos e tratadores do MHNCI. Por meio de contenção física, os animais foram submetidos a uma avaliação clínica e então foram coletados 5 mL de sangue por punção das veias safeno lateral e femoral, seguindo essa ordem de preferência. Informações sobre idade (adulto ou adulto jovem), sexo

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(fêmea ou macho) e peso foram registradas.

Após centrifugação das amostras, o soro foi utilizado para detecção de anticorpos anti-T. gondii pela técnica de aglutinação direta (MAD) adaptada (4).

A análise estatística foi realizada utilizando-se os testes Exato de Fisher e MannWhitney com nível de significância a 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram capturadas36 cutias (D. azarae), dos quais 9 (25%) foram soropositivos para T. gondii. Este resultado foi similar a estudos na Guiana Francesa e no Rio Grande do Norte, onde encontraram 23,3% e 27,1%, respectivamente, utilizando o mesmo método (MAD)(5,6). Outro estudo realizado no Pará, encontrou uma soropositividade de 13,1% (6).

Com relação ao sexo, a prevalência em fêmeas foi 5/9 (55,56%) e 4/9 (44,44%) em machos, porém não houve diferença estatística significante (p=0,27). A frequência de positivos nos grupos de idade jovens adultos e adultos foi 3/20 (15%) e 6/16 (37,5%), respectivamente; não houve diferença entre os grupos (p=0,15). Trabalhos anteriores que utilizaram a mesma estratificação em grupos também não encontraram diferença significativa, indicando que a suscetibilidade ao protozoário é independente de sexo e idade (6). A média do peso dos animais positivos (3,050 kg) não foi significantemente

maior, que a média do peso dos negativos (3,081 kg) (p=0,99). Essa indiferença provavelmente é devido a permanência dos animais nos mesmos locais, não sendo segregada sua fonte de alimento e água.

CONCLUSÕES As cutias apresentam alta frequência de sorologia para T. gondii, porém não foi possível identificar a fonte de infecção: oocistos no ambiente, devido a presença de felinos domésticos; ou alimentos contaminados. Estudos adicionais devem ser realizados afim de estabelecer a fonte de infecção e a susceptibilidade dos animais no desenvolvimento da doença.

REFERÊNCIAS 1) Lange RR, Schmidt EM dos S. Rodentia - Roedores Silvestres (Capivara, Cutia, Paca, Ouriço). In: Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL, editors. Tratado de Animais Selvagens. ROCCA; 2007. p. 475–87. 2) Fialho CG, Teixeira MC, Araujo FAP De. Toxoplasmose animal no Brasil. Acta Sci Vet. 2009;37(September 2008):1–23. 3) Dubey JP, Lago EG, Gennari SM, Su C, Jones JL. Toxoplasmosis in humans and animals in Brazil: high prevalence, high burden of disease, and epidemiology. Parasitology [Internet]. 2012;139(11):1375–424. 4) Desmonts G, Remington JS. Direct agglutination test for diagnosis of Toxoplasma infection: method for increasing sensitivity and specificity. J Clin Microbiol [Internet]. 1980;11(6):562–8. 5) Carme B, Aznar C, Motard A, Demar M, Thoisy BDE. Serologic survey of Toxoplasma gondii in noncarnivororous free-ranging neotropical mammals in French Guiana. Vector Borne Zoonotic Dis. 2002;2(1):11–7. 6) Soares HS, Minervino AHH, Barrêto-Júnior RA, Neves KAL, Oliveira MF, Santos JR, et al. Occurrence of Toxoplasma gondii antibodies in Dasyprocta aguti from Brazil: Comparison of diagnostic techniques. J Zoo Wildl Med [Internet]. 2011;42(4):763–5.

Avaliação Sorológica para Toxoplasma gondi em Cutias (Dasyprocta azarae) Mantidas em Semi-cativeiro na Cidade de Curitiba-PR

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Bloqueio dos nervos ciático e femoral em aves: Estudo anatômicoMayara Travalini de Lima1*

Natache Arouca Garofalo2

Antonio José de Araujo Aguiar3

1Mestranda – Pós-graduação em medicina veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) – UNESP – Botucatu.2Médica Veterinária do Serviço de Anestesiologia – FMVZ – UNESP – Botucatu, SP.3Prof. Adjunto – Dpto. Cirurgia e Anestesiologia Veterinária – UNESP - Botucatu, SP.*autor para correspondência: [email protected]

RESUMOO bloqueio local dos nervos ciático e femoral (BNCF) guiado por neuroestimulador (ENP) foi realizado em um pavão (Pavo cristatus) submetido à amputação tarsometatársica e uma galinha d’angola (Numida meleagris) submetida à osteossíntese tibiotarsal. Para bloquear o NF, as aves foram posicionadas em decúbito dorsal e seus membros-alvo foram abduzidos a 90o, inserindo-se a agulha cranial à artéria femoral, no músculo femorotibial, observando contração do m. femorotibial e extensão do joelho. Para bloquear o NC, traçou-se uma linha entre trocânter maior do fêmur (TF) e tuberosidade isquiática (TI). A agulha foi puncionada a 60º no ⅓ proximal de TF e, como respostas motoras, observaram-se extensão plantar e contração caudal da coxa. Para resgate analgésico, instituiu-se a variação dos parâmetros vitais (FC e PAM invasiva) > 20% dos valores basais (pós-bloqueio). Os animais permaneceram estáveis e apresentaram menor requerimento de sevofluorano comparado ao relatado em galinhas (Gallus gallus) (3,53%). Concluiu-se que, o BNCF reduziu o requerimento do anestésico geral inalatório, promoveu analgesia e aumentou a segurança perianestésica.

Palavras-chave: Locorregional; ave; dor.

INTRODUÇÃOOs bloqueios de nervos periféricos proporcionam analgesia, insensibilização local e minimizam possíveis efeitos adversos (1,2,3). Contudo, sua eficácia depende da dispersão e concentração perineural apropriada do anestésico local (4,5,6). As aves compõem a classe mundial mais populosa, com aproximadamente 10.000 espécies e suas afecções mais comuns em membros pélvicos são compostas por luxações, fraturas e pododermatites. Desta forma, a incorporação dos BNCF em intervenções cirúrgicas e ambulatoriais se torna promissora (4,6,7,8). O bloqueio dos nervos ciático e femoral é uma alternativa à anestesia peridural e foi descrito para tratar pododermatites em falcões (4,6,8). Além disso, o crescente interesse por essa técnica deve-se à analgesia e anestesia semelhantes aos bloqueios de neuroeixo, com menores complicações (4). Contudo, estudos anatômicos e a avaliação de sua eficácia em aves de diferentes espécies ainda são escassos (1,3,4,7,9). Desta forma, o presente manuscrito visa descrever os BNCF em galiformes submetidos à amputação tarsometársica e osteossíntese tibiotarsal, através de um estudo anatômico comparativo com as técnicas locais descritas em cães (5,6,8,9).

MATERIAIS E MÉTODOSUm pavão (Pavo cristatus) e uma galinha d´angola (Numida meleagris), com luxação de articulação tibiotársica e fratura de tibiotarso, respectivamente, foram atendidos no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina e Zootecnia da FMVZ – UNESP, campus de Botucatu – SP, em 2016. Para possibilitar a realização dos procedimentos cirúrgicos e a manutenção do bem-estar animal, os galiformes receberam como medicação pré-anestésica 2 mg/kg de morfina e 2 mg/kg de midazolam, por via intramuscular e foram induzidos via máscara de oxigênio com sevofluorano a 4Vol%.

Em seguida, foram intubados com sonda endotraqueal sem “cuff” de número 4,0 e, receberam analgesia locorregional com lidocaína a 1%, sem vasoconstritor 1 mg/kg, via bloqueio dos nervos isquiático e femoral, guiados um neuroestimulador de nervos periféricos. Para manutenção do plano anestésico e monitoração dos parâmetros vitais, puncionou-se a artéria radial, colocou-se um termômetro esofágico e utilizou-se um capnógrafo “sidestream” Além

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disso, visando melhoria da eficácia da técnica local administrada em aves, um estudo anatômico foi realizado através de uma revisão de literatura e da dissecção do membro pélvico de um cadáver de Carcara plancus, o que possibilitou a localização exata de ambos os nervos e a determinação das referências anatômicas para o bloqueio.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAs aves permaneceram estáveis e apresentaram menor requerimento de sevofluorano (ETSEVO 2,35% e 2,47%) comparado ao relatado em galinhas (3,53%) (1). Portanto, os BNCF demonstraram antinocicepção adequada e, reduziram significativamente o requerimento do anestésico geral inalatório. Ademais, as respostas motoras obtidas se assemelharam muito aos resultados descritos em animais de companhia (especificamente cães) e a localização anatômica dos nervos ciático e femoral em aves se demonstrou análoga à morfologia anatômica de cães (Canis lupus familiaris). Portanto, a técnica do bloqueio dos nervos ciático e femoral aplicada tanto em pequenos animais, quanto em aves, pode ser considerada a mesma e deve ser guiada pelos mesmos pontos de referências anatômicas.

CONCLUSÃOIntervenções cirúrgicas e ambulatoriais em membros pélvicos de aves são comumente necessárias, tanto para procedimentos simples, como debridamento de feridas, quanto para procedimentos elaborados, como osteossínteses e amputações. Contudo, estes animais ainda são submetidos a tais procedimentos, mantidos apenas via anestesia geral inalatória, sem analgesia multimodal, promovendo assim, aumento dos riscos anestésicos e cirúrgicos. Devido à manutenção da estabilidade cardiovascular dos dois casos clínicos apresentados, conclui-se que, o BNCF promoveu inibição motossensorial das estruturas supracitadas, aumentou a segurança transoperatória e o conforto desses pacientes. Sendo assim, a escolha do BNCF, comumente incorporado em animais de companhia, se torna promissora na rotina clínica de aves. Entretanto, devido ao pequeno número de estudos que demonstrem a aplicação desta técnica, são necessários novos ensaios prospectivos que investiguem e comprovem seu efeito analgésico em grupos mais numerosos e em diferentes espécies desta classe.

REFERÊNCIAS1) Escobar A, Rocha, WR. Anestesia em aves. Investigação, 2010; 14:1-9.2) Skarda TR, Tranquilli JW. Técnicas de anestesia e analgesia local e regional: Cães. In: Roca, editor. Lumb & Jones Anestesiologia e Analgesia Veterinária. 4th ed. São Paulo, SP, 2013. p. 615–650.3) Hellyer P, DOWNING R, ROBERTSON SA. AAHA/AAFP Pain management guidelines for dogs & cats. Journal of American Hospital Association, 2007; 43: 235-248.4) Campoy L, Martin-Flores M, Ludders JW, et al. Comparison of bupivacaine femoral and sciatic nerve block versus bupivacaine and morphine epidural for stifle surgery in dogs. Veterinary Anaesthesia and Analgesia, 2012; 1(39): 91 98.5) Costa-Farré C, Blanch XS, Cruz JJ, et al. Ultrasound guidance for the performance of sciatic and saphenous nerve blocks in dogs. Veterinarian Journal, 2001; 1(3): 221-224.6) Klaumann PR, Kloss filho JC, Nagashima JK. Anestésicos Locais. In: Klaumann PR, OTERO PE. Anestesia Locorregional em Pequenos Animais. 1th ed. São Paulo, SP, 2013. p.23-421.7) Sampaio BFB. O membro pélvico da ave de rapina: Anatomia e principais afecções. Revista eletrônica Veterinária. [cited 2017 apr 28]. Available from: http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n030314.html.8) D’ovidio D, Noviello E, Adami C. Nerve stimulator-guided sciatic-femoral nerve block in raptors undergoing surgical treatment of pododermatitis. Veterinary Anaesthesia and Analgesia, 2014. 1-5.9) Paul-Murphy J, Ludders JW. Avian analgesia. Veterinary Clinics of North America: Exotic animal practice, 2001. 4: 35-45.

Bloqueio dos nervos ciático e femoral em aves: Estudo anatômico

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Cálculo Urinário Secundário á Corpo Estranho – Relato de CasoBernardo Kemper, Professor, Dr. UNOPAR/Campus Arapongas.Eduardo Kato Watanabe, médico veterinário autônomo, Maringá PR.Isadora Sartini Andrade, Acadêmica em medicina veterinária UNOPAR – [email protected]

RESUMODescreve-se um caso de cálculo urinário induzido por corpo estranho em uma cadela sem raça definida de seis anos de idade. O animal apresentava disúria, hematúria e estrangúria, com histórico de castração há quatro anos. No exame radiográfico observou-se presença de dois cálculos urinários, sendo que em um havia uma estrutura linear fina metálica em seu centro. Foi realizado a cistotomia para remoção dos cálculos.

Palavras-chave: Urolitíase; Cistotomia; Agulha.

INTRODUÇÃOO sistema urinário tem como função a eliminação de metabólitos através da urina, entretanto alguns destes são menos solúveis precipitando na urina sob a forma de cristais que se acumulam no trato urinário, podendo então combinar com outros compostos, culminando na formação de cálculos. A formação de precipitados em forma sólida em qualquer ponto das vias urinárias é chamada urolitíase, e o composto sólido são chamados de urólito ou cálculo urinário (1,2).

Diversos fatores podem predispor os animais à formação de cálculos como disfunções fisiológicas ou anatômicas do trato urinário, diminuição da ingestão de água, infecção do trato urinário, dieta com alto aporte de minerais e proteínas, pH alterado, raça, sexo, idade, anormalidades metabólicas e presença de corpo estranho (1,2,3).

A presença de um corpo estranho fornece um nidus para agregação mineral, atuando como um núcleo heterogêneo para a formação de urólitos, assim, a quantidade de minerais litogênicos necessários para que ocorra a precipitação é reduzido (3,4,5).

O objetivo deste trabalho foi relatar o caso de um paciente canino sem raça definida de seis anos de idade apresentando hematúria, disúria e estrangúria devido à urolitíase induzida por corpo estranho.

MATERIAL E MÉTODOFoi trazido ao atendimento veterinário uma cadela sem raça definida de 6 anos de idade. Segundo o proprietário a paciente apresentava disúria, hematúria e estrangúria há 3 semanas, e realizou tratamento com Cefalexina durante 7 dias. Segundo o mesmo, enquanto o animal estava sendo medicado exibiu melhoras dos sintomas urinários. O proprietário relatou que a paciente foi castrada há quatro anos.

No exame clinico a paciente apresentava todos os parâmetros dentro da normalidade para espécie, e foram coletadas amostras para realização de hemograma e creatinina, que não mostraram alterações. Foi realizado também exame radiográfico, onde se visualizou cálculo em vesícula urinaria, com presença de estrutura metálica linear fina.

O paciente foi encaminhado para o tratamento cirúrgico para remoção dos cálculos. Foram retirados dois cálculos, sendo que no nidus de um havia uma agulha, também se notou vestígios de fio de nylon de pesca próximos ao exterior da vesícula.

Após procedimento cirúrgico, o animal permaneceu internado por mais sete dias para avaliação, sendo administrados oralmente os medicamentos cefalexina 30mg/kg duas vezes ao dia, durante 7 dias; meloxicam 0,1mg/Kg uma vez ao dia, durante 3 dias; cloridrato de tramadol 2mg/Kg três vezes ao dia, durante 3 dias. O animal recebeu alta no sétimo

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dia, com prescrição de ração urinária durante 3 meses. Em reavaliação após 6 meses apresentou-se livre de sintomas urinários e ausência de alterações na vesícula urinaria durante controle ultrassonográfico.

RESULTADOS E DISCUSSÕESOs corpos estranhos na vesícula urinária são incomuns, mas têm sido registrados em cães, gatos e equinos. Os objetos podem atingir a vesícula por migração de outros órgãos, iatrogenicamente durante a cirurgia ou manipulação do trato urinário, ou até mesmo por trauma (3,4,5).

Qualquer objeto estranho intravesical é particularmente propenso a ser um local para a deposição de sais minerais com a formação de cálculos urinários (2,3,4).

No caso aqui relatado, a agulha, provavelmente, foi perdida dentro da cavidade abdominal durante o procedimento de castração realizado quatro anos atrás, migrando para a vesícula urinária, onde subsequentemente serviu como nidus para a formação de urolito (2,3). A sintomatologia apresentada pelo animal juntamente com exame radiográfico confirmaram a suspeita de cálculo urinário (Figura 1A), permitindo escolher a terapia mais apropriada para remoção.

A presença do corpo estranho (Figura 1B) foi o fator predisponente desencadeante para formação do cálculo, uma vez que a deposição de cristais sobre a superfície sólida potencializou a cristalização, mesmo sem a urina estar necessariamente supersaturada (3,4,5).

Figura 1 - Imagem radiográfica evidenciando estrutura linear fina metálica intravesical (A). Cálculo urinário com agulha em seu nidus (B).

CONCLUSÕESA presença de um objeto estranho em vesícula urinária é rara e requer um alto índice de suspeitas, uma vez que o corpo estranho pode permanecer no organismo por um longo período antes dos sintomas se desenvolverem. Assim se torna importante em todos os procedimentos revisar cuidadosamente a cavidade para evitar desta forma perder/esquecer objetos que futuramente são responsáveis por transtorno ou enfermidades.

REFERÊNCIAS1) Grauer GF. Urolitíase canina. In: Nelson RW, Couto CG. Medicina Interna de Pequenos Animais. 4 ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, cap. 46, p. 670-679.2) Jones TC et al. Patologia Veterinária. 6ª ed. São Paulo: Manole; 2000.3) Houston DM, Eaglesome H. Unusual case of foreign body-induced struvite urolithiasis in a dog. Can Vet J 1999; 40:125–126.4) Appel SL, Lefebvre SL, Houston DM, et al. Evaluation of risk factors associated with suture-nidus cystoliths in dogs and cats: 176 cases (1999–2006). J Am Vet Med Assoc 2008; 233:1889–1895.5) Textor JA, Slone DE, Clark CK. Cystolithiasis secondary to intravesical foreign body in a horse. Vet Rec 2005; 156:24–26.

Cálculo Urinário Secundário á Corpo Estranho – Relato de Caso

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Carcinoide Neuroendócrino Intestinal em Cão - Relato de CasoMarina Zanin* – Graduanda de Medicina Veterinária – UFPel *[email protected] Ane Oliveira – Graduanda de Medicina Veterinária – UFPelPatrícia Vives – Médica Veterinária Hospital de Clínicas Veterinárias – UFPel

RESUMO Carcinoides em cães são neoplasias raras do sistema celular neuroendócrino difuso. O termo tumor neuroendócrino tem sido proposto e a manifestação clínica está relacionada com a localização. Apesar da baixa velocidade de crescimento e de metastatização, tais neoplasias frequentemente são malignas e devem ser submetidas a ressecção cirúrgica. Objetivou-se descrever uma cadela apresentando fecaloma em colón descendente ocasionado pela presença de massa neoplásica pré-púbica. O histopatológico, pós-ressecção, revelou carcinoide neuroendócrino, havendo excelente recuperação da paciente com remissão dos sinais intestinais.

Palavras chave: constipação; enterotomia; fecaloma; tumor; carcinoma.

INTRODUÇÃOOs tumores carcinoides são neoplasias do sistema neuroendócrino difuso raramente identificados em cães e podem ter diferentes perfis de produção hormonal de acordo com o sítio de origem. Quando malignos, podem produzir peptídeos vasoativos e hormonais, gerando diversas reações orgânicas e originando diferentes quadros clínicos (1,2,3). A sintomatologia varia de acordo com a localização do tumor, dificultando o diagnóstico a partir do quadro clínico, sendo rara a hipótese pré-operatória de tumor carcinoide (1). A avaliação pode ser realizada por meio do exame clínico e físico do animal, além de exames de imagem e exame histopatológico (4). Embora os carcinoides sejam raros em cães, os gastrointestinais são de maior prevalência. A remoção cirúrgica do tumor consiste na primeira escolha terapêutica, tanto com finalidade curativa como paliativa (2,3). O presente trabalho objetiva-se a descrever um caso de carcinoide neuroendócrino em cólon descendente, em paciente apresentando constipação e tenesmo, com excelente recuperação após exérese tumoral.

MATERIAL E MÉTODOSFoi levada à Clínica Veterinária Pet Mania, cidade de Pelotas, uma cadela, sem raça definida, 10 anos, com histórico de tenesmo e constipação. Ao exame clínico foi constatado presença de massa abdominal firme, em região de cólon descendente. Foram realizados exames de imagem e ao raio-X foi constatada a presença de fecaloma que se estendia desde o cólon transverso até a entrada do reto.

Após estabilização e preparo prévio a paciente foi encaminhada ao setor cirúrgico objetivando enterotomia; entretanto, à celiotomia verificou-se, além do fecaloma, duas massas, uma de aproximadamente 6x4 cm posicionada na lateral esquerda, cranialmente ao púbis, aderida à serosa do cólon descendente e ilíacas esquerdas interna e externa, e outra de 1x2cm cranial à primeira. Após enterotomia, remoção do conteúdo fecal e enterorrafia, procedeu-se a exérese destes tumores por meio de divulsão romba delicada e ligadura de vasos. A seguir a cavidade abdominal foi irrigada abundantemente com solução salina 0,9% aquecida e fez-se celiorrafia de rotina. A paciente foi mantida hospitalizada por 24 horas, tendo alta com prescrição de medicação analgésica e antimicrobiana.

RESULTADOSApós 60 dias de pós operatório, a paciente apresentava-se bem, sem sinais de recidiva do neoplasma. O tumor foi enviado para a histopatologia, na qual as massas eram constituídas por cordões ou ninhos de células de tamanho médio, redondas a ovaladas, com citoplasma eosinofílico moderado e, por vezes, fibrilar. Os núcleos eram

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arredondados e hipercromáticos. Numerosas mitoses, pleomorfismo moderado, presença de rosetas e pseudo-rosetas. Grupos celulares delimitados por estroma fibrovascular delicado e pequenos focos de necrose. Diagnóstico de Carcinoide (carcinoma neuroendócrino bem diferenciado).

DISCUSSÃO Embora a bibliografia veterinária acerca de tumores neuroendócrinos em cães seja escassa, trabalhos citam maior prevalência em animais acima de sete anos, conforme verificado no presente relato. Com relação à predileção por raça ou sexo, embora não haja citação, estudos em humanos demonstram maior acometimento de indivíduos do sexo feminino (2,3). Os sinais clínicos normalmente inespecíficos estão diretamente relacionados a localização anatômica do tumor e quando acometem o intestino, os pacientes podem apresentar hemorragia intestinal e/ou vômito, anorexia, perda de peso, diarreia, desidratação e anemia. Apesar de não apresentar esta sintomatologia, a paciente em questão demonstrava tenesmo e sinais de constipação, justificados pela localização do tumor em cólon descendente, desencadeando o processo obstrutivo (2,4).

Em relatos de humanos acometidos por carcinoides extra intestinais foi possível verificar a Síndrome Carcinoide, causada pelos mediadores neuroendócrinos secretados pelo tumor, caracterizada por flushing, diarreia, dor abdominal, broncoespasmo e doença valvar cardíaca (3). No presente relato o tutor não referiu sinais endócrinos, provavelmente por se tratar de um subtipo não secretor ou, ainda, embora as células dos carcinoides possam apresentar grânulos contendo diversas aminas bioativas, não há relatos em animais de que estas substâncias possam desencadear sintomatologia. Além disso, a etiopatogenia dos carcinoides em cães não está elucidada, tendo em vista o reduzido número de relatos.

Exames de imagem são úteis na suspeita de tumores intestinais, contudo, o diagnóstico definitivo de tumor neuroendócrino só é obtido após o exame histopatológico mediante a remoção cirúrgica da massa (1,4). Naqueles em que há a liberação de substâncias, o diagnóstico pode ser sugestivo por meio da mensuração do 5-hidroxiindolacético na urina, um metabólito oriundo da serotonina (2).

A exérese do neoplasma só foi possível após a enterotomia uma vez que o fecaloma ocupava boa parte do abdômen dificultando a identificação e ressecção das massas; além disso, a remoção cirúrgica consiste na primeira escolha terapêutica, tanto com finalidade curativa como paliativa e quando removidos por completo o prognóstico é favorável (3). Na maioria dos casos, o diagnóstico é obtido no pós-operatório por meio histopatológico, apesar da dificuldade em predizer o comportamento biológico destes carcinoides com base na morfologia celular. Entretanto, possibilita a classificação em tumores neuroendócrinos bem diferenciados e pouco diferenciados (2).

CONCLUSÃOCarcinoides neuroendócrinos devem ser considerados como causa de tenesmo e constipação em cães, especialmente nos idosos, e o prognóstico é favorável quando os pacientes são submetidos ao procedimento cirúrgico com ressecção adequada do tumor.

REFERÊNCIAS1) Creutzfeldt, W. Carcinoid tumors: development of our knowledge. World Journal of Surgery. 1996. 20:126-31.2) Alleman AR, Choi US. Sistema Endócrino. In: Raskin, R.E., Meyer, D.J. Citologia de cães e gatos: Atlas colorido e guia de interpretação. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2011. p. 391-3.3) Niwa, A.B.M, Nico, M.M.S. Síndrome carcinóide - Relato de caso. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2008; 83(6):549-53.4) Nagase, NF., Coutinho, A.S., Bittencourt, G.C., Coelho, V.S., Fiuza, B.M., Prada, T.C., Kolber, M. et al. Neoplasia de intestino delgado de cães: Relato de caso. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia. 2011. v. 9, n. 2.

Carcinoide Neuroendócrino Intestinal em Cão - Relato de Caso

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Carcinoma Inflamatório Mamário em cadela SRD - Relato de CasoAmanda Ellen Pessoa Cabral – Discente da Universidade Federal de Rondônia – UNIRRodrigo Gomes de Sousa – Discente da Universidade Federal de Rondônia – UNIRIgor Mansur Muniz – Médico Veterinário e docente da Universidade Federal de Rondônia – UNIRE-mail: [email protected]

RESUMO Os carcinomas inflamatórios são de difícil diferenciação e apresentam um extensivo infiltrado celular mononuclear e polimorfonuclear. Ele se origina de células normais que sofreram alterações genéticas herdadas. Após sofrerem essas alterações, as células começam a agir de maneira descontrolada, não respondendo as suas funções normais. Este trabalho relatou o caso de uma cadela, de treze anos de idade com carcinoma inflamatório mamário descoberto por meio de biopsia e histopatologia e no raio-x de tórax constatou uma possível metástase pulmonar. A causa da neoplasia da glândula mamária é desconhecida, embora tenha grande relação hormonal.

Palavras-chave: Carcinoma inflamatório; metástase; glândula mamária.

INTRODUÇÃO Os carcinomas inflamatórios são carcinomas pouco diferenciado com extensivo infiltrado celular mononuclear e polimorfonuclear, o tumor é pouco demarcado, firme, geralmente ulcerado, e pode acometer as duas cadeias mamárias, algumas áreas acometidas apresentam aspecto urticariforme (1). Denomina-se carcinoma um tumor maligno tanto epitelial quanto glandular. Estes por sua vez tendem a desenvolver metástases. As células começam a agir de maneiras descontrolada, não respondendo as suas funções normais. Os tumores aparecem principalmente em animais de meia idade ou idosos, é raro em animais jovens. O prognóstico para cães com tumores malignos é variado e depende de diversos fatores, incluindo o tipo e o estádio do tumor, status da OSH e a presença de metástase (2). Nos tumores malignos, as alterações na adesão, motilidade e produção de proteases permitem às células tumorais deixar a massa tumoral e penetrar nos tecidos circundantes (3). O objetivo do trabalho foi relatar o caso de carcinoma inflamatório mamário que, apesar de não ser raro, mesmo assim não possui tantos relatos e tem grande importância na medicina de pequenos animais.

MATERIAIS E MÉTODOSCanino, fêmea, com treze anos de idade, sem raça definida, multípara. Foi encaminhada para atendimento veterinário por apresentar certo grau de dispneia, dor a palpação, hiperemia e aumento da temperatura local. Apresentando tumor de mama nos quartos inguinais de tamanho considerável, e também ulceração com eliminação de secreção serosanguinolenta. Foi indicado biópsia para realização de histopatologia para ter orientação na terapia. Solicitou-se também raio-x de tórax.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O resultado da biópsia foi de Carcinoma inflamatório mamário. A causa da neoplasia da glândula mamária é desconhecida, entretanto são hormônio dependentes, e a maioria pode ser evitada se a OSH for realizada antes de um ano de idade, a excisão é o tratamento de escolha para todos os tumores mamários, exceto para os carcinomas inflamatórios, que são extremamente agressivos e a cirurgia não tem valor no controle ou alívio da doença, a maioria dos tumores mamários caninos malignos é de carcinoma, a metástase torácica ocorre em 25% a 50% dos cães com tumores mamários malignos no momento do diagnóstico (1). A maioria dos cães com tumores malignos sem evidências de metástases no momento da cirurgia morre ou é submetido à eutanásia em um a dois anos, em consequência de problemas relacionados com o tumor (1). As células inflamatórias são atraídas ao tumor por quimiocinas e citocinas

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liberadas pelas próprias células tumorais ou por células polimorfonucleares e mononucleares infiltradas no tumor, as células inflamatórias servem como fonte de prostaglandinas, leucotrienos e espécies reativas de oxigênio (3). No exame de imagem foi identificado inúmeros nódulos, sugerindo metástase pulmonar. O diagnóstico é feito através de exame histopatológico e radiografias. Os tumores mamários malignos se espalham através dos vasos linfáticos e pulmões (1). Os pulmões são o local mais comum de metástase a distância. Estes contêm o principal sistema capilar transitado pela maioria das células neoplásicas circulantes. As metástases pulmonares provenientes de carcinoma mamário são bem comuns (4). Pelo estado avançado da metástase, o proprietário optou por não realizar cirurgia nem quimioterapia, apenas tratamento de suporte. O prognóstico a longo prazo para os animais com doença metastática pulmonar é mau (4). Outros tipos de tratamentos sem cirurgia podem diminuir a progressão do tumor, mas poucos dados estão disponíveis para predizer com certeza sua deficiência (1).

Figura 1 - Tumor mamário nas mamas inguinais da cadela com processo inflamatório ulcerado.

CONCLUSÃO Conclui-se que a OSH eletiva é a forma mais eficaz para prevenção de carcinoma inflamatório mamário proporcionando sobrevida aos animais domésticos.

REFERÊNCIAS1) Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 4ª ed. Trad. de Ângela Manetti. Rio de Janeiro: Elsevier; 2014.2) Chang SC; Chang CC; Chang TJ, et al,: Prognostic factors associated with survival two years after surgery in dogs with malignant mammary tumors: 79 cases (1998-2002), J Am Vet Med Assoc 227:1625, 2005.3) Zachary JF; McGavin MD. Bases da patologia em veterinária. 5ª ed. Trad. Renata Scavone de Oliveira. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013. 4) Ettinger SJ; Feldman EC. Tratado de medicina interna veterinária: Doenças do cão e do gato. 5ª ed. Trad. de Adriana de Souza Coutinho. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014.5) Feitosa FLF. Semiologia veterinária: A arte do diagnóstico. 3ª ed. São Paulo: Roca; 2016.

Carcinoma Inflamatório Mamário em cadela SRD - Relato de Caso

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Carcinoma Papilar Ovariano em uma Cadela Pastor Alemão Deusa Tassiane de Oliveira Mayer1* Saulo Tadeu Lemos Pinto Filho2 Maíra Scheid3 1Discente do curso de Medicina Veterinária, UFSM-RS. *[email protected] 2Médico Veterinário, professor adjunto da UFSM 3Médica Veterinária autônoma

RESUMO Na medicina veterinária a incidência de tumores ovarianos em cadelas é rara e ainda desconhecida. O presente trabalho busca descrever o caso de um canino, fêmea, da raça pastor alemão, de quatro anos de idade, apresentando hiporexia, perda de peso progressiva e que, ao exame clínico, na palpação abdominal suspeitou-se de uma neoplasia abrangendo toda a cavidade. Assim, o animal foi encaminhado ao exame ultrassonográfico, onde foi observada uma massa tumoral ocupando a maior parte da região abdominal. Optou-se então, pela realização de laparotomia exploratória emergencial, em que foi observado uma neoplasia ovariana. Após a ovariosalpingohisterectomia o paciente encontra-se completamente curado.

Palavras-chave: tumores ovarianos; laparotomia exploratória; ovariosalpingohisterectomia

INTRODUÇÃO A casuística dos tumores ovarianos primários são relativamente raras em animais domésticos. Estas neoplasias são infrequentes por totalizar menos de 1,04% (1) e 3,6% de todas as neoplasias destas espécies (2). Ainda, observou-se que boxers, pastores alemães e yorkshire terriers foram as raças mais comumente afetadas e idade média dos cães foi de 8,5 anos (1). O diagnóstico precoce é difícil, levando em consideração que os sinais clínicos são vagos e inespecíficos. Em decorrência disso, muitas vezes a doença é detectada tardiamente, impedindo que o animal obtenha o benefício completo do tratamento. O exame ultrassonográfico tem sido usado extensivamente em animais de pequeno porte para avaliação dessas desordens reprodutivas (3) e pelo exame radiológico a observação de metásteses é facilitada (4). Existem dados limitados sobre o tratamento de neoplasias ovarianas no cão, sendo a cirurgia de ovariosalpingohisterectomia o tratamento de eleição para todos os tipos de tumores ovarianos (4).

O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de carcinoma papilar ovariano em uma fêmea canina da raça Pastor Alemão, alertando aos colegas veterinários para a ocorrência destes neoplasmas que poderão apresentar-se com grande tamanho.

MATERIAL E MÉTODOS Uma cadela da raça Pastor Alemão, com aproximadamente quatro anos de idade, pesando 26 kg, foi trazida para o atendimento veterinário por apresentar emagrecimento progressivo e hiporexia. Ao exame físico, o animal encontrava-se com todos os parâmetros clínicos dentro da normalidade. Na palpação da região abdominal constatouse a presença de uma massa que ocupava grande parte do abdômen, suspeitando-se de neoplasia esplênica. Posteriormente, foram realizados exames de sangue e ultrassonográfico, neste último evidenciou-se uma grande massa envolvendo a maior parte da cavidade abdominal, impedindo a avaliação das estruturas abdominais. Assim, o animal foi encaminhado para cirurgia de laparotomia exploratória emergencial. No préoperatório foi realizada tricotomia para acesso cirúrgico e medicação pré-anestésica com tramadol (5mg/kg/IM), indução com propofol (4mg/kg/IV) e manutenção através da anestesia inalatória com isoflurano ao efeito. A técnica cirúrgica foi realizada por meio de uma incisão pré-retroumbilical na linha média ventral. Com o acesso a cavidade, foi identificada uma massa tumoral ocupando grande parte do abdômen originando-se do ovário direito e envolvendo o rim direito. O tumor foi dissecado cuidadosamente concomitante a hemostasia preventiva com ligadura circular e transfixante dos vasos principais com poliglactina 2-0. O pedículo ovariano esquerdo e direito, bem como o coto uterino foram ligados

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com uma sutura transfixante e poliglactina 2-0. Posteriormente, houve a ressecção do tumor ovariano que pesava 3,8kg. Durante o procedimento de excisão tumoral foram retirados útero, ovários e rim direito, os quais estavam envolvidos no neoplasma. Após a finalização dos procedimentos, foram submetidos a análise histopatológica ovários, útero e rim, onde foi constatado útero e rim direito sem alterações e ovário diagnosticado como carcinoma papilar.

No pós-operatório o animal permaneceu internado com prescrição medicamentosa de tramadol (1,5mg/kg/TID), ceftriaxona (25mg/kg/BID), metronidazol (15mg/kg/BID), ranitidina (1mg/kg/BID) e dipirona (25mg/kg/TID). Após quatro dias de cuidados na unidade de internação o animal recebeu alta, mantendo na prescrição dipirona (25mg/kg/TID) e cefalexina (20mg/kg/BID), além dos cuidados pós operatórios referentes a restrição total de exercícios de média e alta intensidade por tempo indeterminado, uso de colar elizabetano, limpeza dos pontos e retirada dos mesmos em 10 dias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os tumores ovarianos são descritos em todas as espécies, mas são raros (5) dificultando a determinação da taxa de incidência (6), sendo assintomáticos até que ocorram sinais clínicos referentes a uma massa abdominal (7), semelhante ocorreu no relato deste caso, evidenciando clinicamente apenas uma grande massa abrangendo a cavidade abdominal. Destaca-se aqui, que no presente relato o neoplasma pesava 3,8kg; correspondente a 14,6% do peso total da paciente. Não é comum encontrar alterações laboratoriais, portanto o exame ultrassonográfico é fundamental para o diagnóstico e a avaliação radiográfica completa é importante para a identificação de possíveis metástases (5). Entretanto, neste relato não foi realizado o exame radiográfico. A ovariosalpingohisterectomia foi fundamental para a resolução deste caso e é indicada em pacientes com neoplasia ovariana, além de quimioterapias paliativas. O prognóstico para animais tratados com excisão cirúrgica com ausência de metástases é geralmente favorável(7), confirmando a escolha pelo tratamento utilizado.

CONCLUSÃO Apesar da escassa casuística de tumores ovarianos a técnica de ovariossalpingoisterectomia e excisão cirúrgica foram eficazes no tratamento imediato do carcinoma papilar ovariano e como não havia evidência de metástases, o uso de quimioterápicos não foi necessário para determinar o prognóstico favorável.

REFERÊNCIAS1) Hori Y, et al. Canine Ovarian Serous Papillary Adenocarcinoma with Neoplasic Hypercalcemia. Internal Medicine, 2006. 2) White RN; Brearley M. Tumours of the urogenital system. In: J.M. Dobson & B.D.X. Lascelles (Eds.), BSAVA Manual of Canine and Feline Oncology (3ªEd., pp.248264). Gloucester, England: British Small Animal Veterinary Association, 2011. 3) Diez-Bru N, et al. Ultrasonographic appearance of ovarian tumors in 10 dogs. Veterinary Radiology & Ultrasound, 1998. 4) O’keefe DA. Tumores do sistema genital e glândulas mamárias. In: ETTINGER, S.J., FELDMAN, E.C. Tratado de medicina interna veterinária, 4. ed. São Paulo: Manole, 1997. 5) Daleck RC, et al. Neoplasias do Sistema Reprodutivo Feminino. In: Roca, editora. Oncologia em cães e gatos. 1th ed. 2008. p354-357. 6) Omori M, et al. Cytologic features of ovarian granulosa cell tumors in pleural and ascitic fluids. Diagnostic Cytopathology, 2015. 7) Herron MA. Tumors of the canine genital system. J Am Anim Hosp Assoc. v. 19, p. 981-994, 1983.

Carcinoma Papilar Ovariano em uma Cadela Pastor Alemão

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Carcinoma Urotelial associado a metástase pulmonar e osteopatia hipertrófica em cão - Relato de CasoJimmy Wiggley Moura Oliveira1

Rafaela Scerni Machado1

Leandro Nassar Coutinho2

1Discente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, da Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA, Belém. 2Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, Belém. Email: [email protected]

RESUMOO carcinoma das células de transição (CCT) é a neoplasia primária mais comum da bexiga dos canídeos, um cão Macho da raça Labrador com 10 anos de idade foi atendido em uma clínica veterinária de Belém/PA com histórico de cistite recorrente não responsiva a antibióticoterapia. No exame de ultrassom foi detectada massa, posteriormente caracterizada como carcinoma urotelial, o qual foi removido cirurgicamente, porém foi detectada metástase pulmonar e em consequência desta, o animal apresentou a osteopatia hipertrófica nos exames de controle, a localização das massas dificultou a terapêutica do animal levando-o à óbito.

Palavras-chave: CCT; cistite; canino; ultrassom.

INTRODUÇÃO O carcinoma das células de transição (CCT) é a neoplasia primária mais comum da bexiga no cão, representando 50% a 75% de todos os tumores deste órgão. É um tumor maligno que se desenvolve a partir das células epiteliais de transição da mucosa da bexiga. Classifica-se em duas categorias, a primeira em tumor superficial, e a segunda em tumor invasivo com elevada capacidade de metastização (1).

Em canídeos, este tumor invade as camadas mais profundas da parede vesicular, incluindo as camadas musculares. No diagnóstico a maioria dos pacientes encontra-se num estado de doença avançada com cerca de 82% a 98% dos CCT infiltrados na camada muscular (2). 10 a 20% dos cães diagnosticados já possuem metástases (3). Os órgãos mais frequentemente afetados são os linfonodos inguinais e os pulmões (4).

A osteopatia hipertrófica trata-se de uma desordem osteoproliferativa periosteal generalizada que afeta principalmente as extremidades dos ossos longos (5) gerada por uma resposta óssea a uma doença crônica, geralmente intratorácica (6).

A patogênia da doença ainda não está bem elucidada, alguns trabalhos relatam que o pulmão deixa de sintetizar substâncias vasodilatadoras e remodeladoras de tecido ósseo onde o fator de crescimento pode ser proveniente de plaquetas (7). As espécies nas quais essa doença mais ocorre são em humanos e cães, embora haja registro de casos em gatos, equinos, bovinos e primatas (8).

MATERIAIS E MÉTODOS Um cão Macho, da raça Labrador com 10 anos de idade foi atendido em uma clínica veterinária de Belém/PA com histórico de cistite recorrente, tratada por duas vezes com cefalexina e ciprofloxacina. Persiste com hematúria e incontinência, hiporexia, um episódio de êmese isolado, fezes de aspecto normal. O animal apresentava tosse e ficava facilmente cansado.

Também foram requisitados exames laboratoriais, hemograma, EAS, uréia, cretinina e ALT, além de exames de imagem, raios-x de tórax e abdômen, eletrocardiograma e aferição da pressão arterial. Na ultrassonografia detectou-se a presença de uma massa na vesícula urinária, a qual foi retirada cirurgicamente por meio de cistotomia. Após 3

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meses, o proprietário retornou à clínica veterinária relatando que o animal estava com dificuldades de locomoção, para o qual foi solicitado uma radiografia de membros torácicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO proprietário relatou a ocorrência de polaquiúria e estrangúria, comum em neoplasias de bexiga (9). O animal apresentou urina com caráter alcalino associado à proteinúria e hemoglobinúria no EAS de rotina, com piócitos e hemácias abundantes, o que caracterizou a ocorrência da cistite hemorrágica. Durante o exame de ultrassonografia visualizou-se uma formação nodosa de ecogenicidade mista, ecotextura grosseira, pouco vascularizada ao mapeamento doppler com diagnóstico sugestivo de cistite, hiperplasia nodular e processo neoplásico. Os raios-x de tórax demonstraram diversos nódulos de radiopacidade aquosa, com tamanhos variados dispersos no parênquima pulmonar sugestivos de metástase pulmonar oriunda da neoplasia primária na bexiga. Sendo esta relação entre metástase pulmonar e neoplasia primária na bexiga pouco comum na clínica veterinária (4,9).

O animal foi submetido a cistotomia para retirada do tumor, visto que este tratamento é mais efetivo quando comparado com o tratamento quimioterápico (10). Foi realizada a retirada de dois nódulos acastanhados medindo 1,0 x 0,5 x 0,5 cm e 4,0x 3,0x 2,5 respectivamente. Na microscopia foram visualizados fragmentos apresentando neoplasia maligna invadindo submucosa e camada muscular, caracterizada por células epiteliais com alto pleomorfismo nuclear, numerosas figuras de mitoses e citoplasma eosinofílico volumoso. Presença de numerosas figuras de mitose com diagnóstico de Carcinoma Urotelial Invasivo.

No pós-cirúrgico, o animal apresentou dificuldades de locomoção e retornou a clínica para radiografia de membros onde detectou-se reação periosteal de formato irregular bem definidas paralelamente as diáfises do rádio e ulnar assim como metacarpal e falangeana, sem comprometimento articular do membro anterior direito, sugerindo diagnóstico de osteopatia hipertrófica, que embora incomum, tem sido descrita em cães frequentemente associada a processos neoplásicos pulmonares (11).

Devido ao estádio tumoral avançado, e a opção dos proprietários em não realizar o tratamento quimioterápico, o animal manifestou complicações no quadro respiratório e veio a óbito após 3 meses de sobrevida pós intervenção cirúrgica na bexiga.

Figura 1: Imagens radiográficas mostrando inumeros nódulos radioopacos de tamanhos variados no parênquima pulmonar (A, B). Reação

periosteal em membro torácico – osteopatia hipertrófica (C, D).

CONCLUSÃOO diagnóstico de massas tumorais vesicais se mostrou factível por meio do diagnóstico por imagem, associado a análise histopatológica, o que pode ser realizado de forma precoce, favorecendo o prognóstico do paciente, pois nota-se que o diagnóstico em estágio avançado da doença é pouco favorável devido a possível ocorrência de metástases. A ocorrência da osteopatia hipertrófica pode estar associada a presença de metástase pulmonares, porém não haviam antes sido relatadas a ocorrência dessas alterações em metástases associadas a neoplasias de carcinoma de bexiga, o

Carcinoma Urotelial associado a metástase pulmonar e osteopatia hipertrófica em cão - Relato de Caso

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que torna a radiografia de membros, uma opção de controle e estadiamento para esse tipo de alteração.

REFERÊNCIAS 1) ANTUNES, Marlene Domingos et al. Clínica de animais de companhia: carcinoma das células de transição da bexiga no cão. 2014. Dissertação de Mestrado. Universidade de Évora.2) Knapp, D. W (2009). Urinary Bladder Cancer. In: Kirk`s Current Veterinary Therapy XIV. Ed Bonagura JD e Twedt D, Saunders, EUA, pp. 369-372.3) Mutsaers A. J, Widmer WR e Knapp DW (2003). Canine transitional carcinoma. J Vet Intern Med, 17 (2): 136-144.4) Reed, L.T, Knapp DW e Miler MA (2013). Cutaneous metastasis of transitional cell carcinoma in 12 dogs. Veterinary Pathology, 50 (4): 676-681.5) ALAN, G. S., Radiographic signs of joint disease in dog and cats In: THRALL, D. E. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. 5º ed. Editora: Saunders Elsevier. St. Louis – Missouri, 2007. 6) OGILVIE, G.K. Paraneoplastic Syndromes In: WITHROW, S.J.; VAIL, D.M. Small Animal Clinical Oncology. 4 ed. Philadelphia: Saunders Elsevier, 2001, p.303-310.7) Hermeto, Larissa Correa, et al. “OSTEOPATIA HIPERTRÓFICA PULMONAR-ALTERAÇÕES CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS EM UM PACIENTE CANINO.” Archives of Veterinary Science 18.2, 2013. 8) TROST, M. E. et al. Osteopatia hipertrófica em sete cães. Pesq. Vet. Bras. 32(5):424-429, maio 2012.9) RAPOSO, T. M. M. Associação entre a imunoterapia intravesical e quimioterapia antineoplásica no tratamento de carcinoma urotelial em vesícula urinária de cão. Vet. e Zootec. 2014 mar.; 21(1): 82-86. 10) CARVALHO, M. B; BRUM, A. M. Neoplasia do sistema urinário. In: DALECK, C. R., DE NARDI, A. B, RODASKI, S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: roca; 2009. P. 386-398.11) RAHAL, S.C; MAMPRIM M.J; SEQUEIRA J.L; FRANCO A.P.R. Osteopatia hipertrófica associada à metástase pulmonar de osteossarcoma em um cão. ARS VETERINARIA, Jaboticabal, SP, Vol. 19, nº 1, P. 035-039, 2003.

Carcinoma Urotelial associado a metástase pulmonar e osteopatia hipertrófica em cão - Relato de Caso

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Cardiomiopatia Hipertrófica Congênita – Um mal silenciosoGustavo Soares Forlani, Mestre em Ciências Veterinárias UFPel;Rodrigo Franco Bastos, Graduando em Medicina Veterinária UFPel;Márcia de Oliveira Nobre, Doutora em Ciências Veterinárias UFPel;[email protected].

RESUMOA esterilização de pequenos animais é imprescindível para controle populacional e aumento da longevidade dos mesmos. Todavia para sua realização são necessários exames complementares visando verificar o real estado de saúde do paciente. O objetivo desse trabalho é relatar complicações anestésicas em um gato com cardiomiopatia hipertrófica congênita (CMH) não diagnosticada pelos exames pré-operatórios convencionalmente indicados para esses procedimentos em animais jovens.

Palavras-chave: bloqueio atrioventricular; arritmias; gatos

INTRODUÇÃOAs cirurgias eletivas, em específico a esterilização, têm sido amplamente solicitadas, pois trazem aspectos positivos, no caso dos machos reduzindo ou eliminando comportamentos não desejáveis como urinar em locais inadequados, disputas por fêmeas e/ou territórios que podem ocasionar injúrias ao animal e, no caso das fêmeas ainda possui caráter preventivo, pois quando esterilizadas antes do primeiro cio reduz a chance de surgimento de tumores mamários para apenas 0,5% (1). Todavia para sua realização é indispensável a realização de exames para avaliar a condição do paciente a ser submetido ao procedimento anestésico e cirúrgico, bem como a investigação de doenças que podem interferir no processo. Os exames laboratoriais pré-anestésicos variam de acordo com a idade e o estado clínico (2), e possuem grande importância dentro da clínica médica e cirúrgica de animais de companhia. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é relatar o caso de complicações anestésicas em um gato com CMH congênita.

MATERIAIS E MÉTODOSAtendeu-se um gato macho, sem raça definida, de cinco meses de idade para realização de orquiectomia eletiva. Durante o exame clínico geral não observou-se alteração digna de nota. Logo, o paciente foi submetido à triagem de exames pré-cirúrgicos de rotina que incluiu: radiografia (RX) torácica, eletrocardiograma (ECG), hemograma completo, análises bioquímicas de ureia, creatinina, alanina aminotransferase, fosfatase alcalina e glicose.

RESULTADOSTodos os exames realizados encontravam-se dentro dos parâmetros de referência para a espécie. No dia seguinte foi realizado o procedimento cirúrgico no qual o paciente foi submetido à medicação pré-anestésica com cloridrato de tramadol 2mg/kg, indução com 4mg/kg de propofol e manutenção com isofluorano. Após o início da manutenção anestésica o paciente apresentou hipotensão (100mmhg de pressão arterial sistólica), redução da frequência cardíaca (FC) - 60 batimentos por minuto. Objetivando aumentar a FC foi administrado o fármaco atropina na dose de 0,04mg/kg, porém sem resposta, evoluindo subitamente de bradicardia com ritmo sinusal para bradicardia com bloqueio atrioventricular de terceiro grau. Passados três minutos em bradiarritmia o paciente cursou com parada cardíaca, iniciou-se o protocolo de ressuscitação cardiorespiratória com o uso de adrenalina e massagem cardíaca, porém sem sucesso. Após o óbito o paciente foi encaminhado para necropsia onde foi constatado no exame macroscópico grave hipertrofia concêntrica do miocárdio, e na avaliação microscópica desarranjo de fibras e áreas com dissociação de miofibras, caracterizando cardiomiopatia hipertrófica.

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DISCUSSÃONo atendimento do paciente felino descrito, além da ausência de queixas durante a anamnese, não foram observadas alterações no exame físico. O não aparecimento de sinais clínicos em pacientes com CMH assim como a ausência de sopro pode ocorrer na espécie felina, pois segundo relatos uma elevada porcentagem (que varia de 33 a 55%) de gatos diagnosticados com essa doença são assintomáticos (3,4,5), e, ainda, em muitos casos a morte súbita pode ser a primeira manifestação de CMH, podendo ocorrer em qualquer faixa etária mas sendo mais comumente observada em felinos com menos de cinco anos de idade e machos (3,5). As doenças cardíacas são de extrema importância dentro da clínica médica de felinos, onde as cardiomiopatias representam cerca de 95% dessas doenças, sendo a principal afecção cardíaca na espécie (6), estimando-se uma prevalência de casos assintomáticos de aproximadamente 16% (7). Embora a CMH seja a doença miocárdica de maior relevância e a mais diagnosticada em felinos (8,9), ainda se torna difícil estimar a real prevalência desta doença, contudo autores sugerem prevalência de 20% (10).

No caso descrito, todos os exames auxiliares recomendados para o paciente foram realizados, pois os exames requeridos para realização de procedimento anestésico em um paciente hígido, sem alterações clínicas, com menos de cinco anos de idade consistem em hemograma, proteínas plasmáticas totais, função renal e hepática (2). Mesmo realizados todos os exames supracitados, além de RX e ECG, não foi possível a constatação das alterações cardíacas do paciente. Embora indesejável essa situação é possível haja vista que o exame padrão ouro para diagnóstico de afecções cardíacas é o ecodopplercardiograma. Sendo assim, recomenda-se a inclusão desse exame como fundamental mesmo na realização de procedimentos eletivos em animais jovens.

CONCLUSÃOConclui-se assim a indubitável necessidade da realização do ecodopplercardiograma como avaliação pré-cirúrgica, haja vista que determinadas afecções só podem ser corretamente detectadas com seu auxílio.

REFERÊNCIAS1) Daleck C, Franceschini P, Alessi A, Santana AS, Martins MM. Aspecto clínico e cirúrgicos do tumor mamário canino. Ciência Rural. 1998; 28(1):95-100.2) Natalini CC. Teoria e técnicas em anestesiologia veterinária. 1st ed. Porto Alegre: Artmed; 2009. 3) Payne J, Luis Fuentes V, Boswood A, Connolly D, Koffas H, Brodbelt D. Population characteristics and survival in 127 referred cats with hypertrophic cardiomyopathy (1997 to 2005). Journal of Small Animal Practice. 2010; 51(10):540-547.4) Côte E, A MacDonald K, Montgomery Meurs K, M Sleeper M. Feline cardiology. 1st ed. Ames, Iowa: Wiley-Blackwell; 2011.5) Rush J, Freeman L, Fenollosa N, Brown D. Population and survival characteristics of cats with hypertrophic cardiomyopathy: 260 cases (1990-1999). Journal of the American Veterinary Medical Association. 2002; 220(2):202-207.6) Fox P. Feline Heart Diseases - New Perspectives. Proceedings of the North American Veterinary Conference. Orlando; 2006. p. 208-210.7) Paige C, Abbott J, Elvinger F, Pyle R. Prevalence of cardiomyopathy in apparently healthy cats. Journal of the American Veterinary Medical Association. 2009;234(11):1398-1403. 8) Riesen SC, Kovacevic A, Lombard CW, Amberger C. Prevalence of heart disease in symptomatic cats: an overview from 1998 to 2005. The European Journal of Companion Animal Practice. 2008; 18(1):15-20.9) French A.  Feline cardiomyopathies - an update. In Gething M, Jones B, editors, Conference Proceedings: 33rd World Small Animal Veterinary Association Congress, Dublin, Ireland, 20-24 August 2008. Bondi: Australian Small Animal Veterinary Association. 2008. p. 104-106. 10) Ferasin L. Feline idiopathic cardiomyopathy: a retrospective study of 106 cats (1994–2001). Journal of Feline Medicine & Surgery. 2003;5(3):151-159.

Cardiomiopatia Hipertrófica Congênita – Um mal silencioso

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Castração é a Solução – controle populacional de cães e gatos em um bairro de vulnerabilidade socialJuliana Aparecida Dalsass Petri Yoda, Aluna de graduação em Medicina veterinária da Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE. [email protected] Nicodemo Baccarin, Aluna de graduação em Medicina veterinária da Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE. Camila Angela Bernardi, Professora Mestre do Curso de Medicina Veterinária da Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE.

RESUMOAnimais abandonados representam um problema de saúde publica, pois são os principais reservatórios e transmissores de enfermidades. Este relato descreve as atividades realizadas no Projeto de Extensão Castração é a Solução da Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE, que objetivou controlar a população de cães e gatos em um bairro de vulnerabilidade social por meio de programa de castração e o controle de agentes zoonóticos e infecciosos, com ações sociais aliadas ao ensino e pesquisa. Até o momento no percorrer do projeto foram esterilizados 78 animais, destes 45 foram vermifugados, 17 receberam vacina contra raiva e 17 para o controle de sarna. Toda atividade realizada colaborou para a formação acadêmica e profissional dos alunos, com envolvimento multidisciplinar do curso de Medicina Veterinária e a interação intercursos, representados por alunos de Direito, Design Gráfico, Publicidade e Engenharia de Produção. Pode se concluir que o controle populacional de cães e gatos, aliado a prática de ensino e extensão, em conjunto com a instituição acadêmica torna-se viável ao ensino em Medicina Veterinária, assim como o bem estar animal e o controle e amenização da disseminação de zoonoses.

Palavra Chave: Cães; Gatos; controle da População; Saúde Pública.

INTRODUÇÃOSegundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1), a população de cães em domicílios brasileiros foi estimada em 52,2 milhões, o que indicou uma média de 1,8 cachorros por domicílio enquanto a população de gatos foi estimada em 22,1 milhões, o que representa aproximadamente 1,9 gatos por domicílio.

Em Presidente Prudente, cidade que o projeto é realizado, segundo o CCZ (centro controle de zoonoses), há em média 53 mil animais, porém não há estimativa de quantos vivem em situação de abandono.

Na falta de uma política pública nacional com diretrizes oficiais para o controle populacional de animais errantes, faz com que muitos municípios negligenciem esse tipo de ação e quando existe, não é eficaz (2).

Segundo listagem Organização Mundial da Saúde, o excesso de animais errantes provoca diversos problemas, principalmente as zoonoses, proliferação de ectoparasitas, poluição sonora e por dejetos entre outras perturbações (3).

Beaver (4) descreve que nascem mais cães do que há lares disponíveis para abriga-los. No período de 6 anos, uma única cadela não castrada pode dar origem direta e indiretamente a 67.000 cães. O procedimento de esterilização por si só não se faz eficaz, para ser efetivo é necessário educar a população para a posse responsável.

MATERIAL E MÉTODOS O projeto foi realizado com os animais do bairro Jardim Morada do Sol, em Presidente Prudente. Para a divulgação realizou-se palestras interativas e atividades lúdicas com as crianças na sede Núcleo Casa da Sopa. Para arrecadação dos recursos, realizaram-se palestras, vendas de camisetas, canecas e adesivos com o logotipo do projeto, artesanatos feitos nas atividades com as crianças do bairro, doações de materiais e dinheiro de empresas atuantes na área de saúde animal e simpatizantes com o projeto.

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Na fase de cadastramento, as casas foram visitadas a fim de identificar os moradores interessados, avaliar semiologicamente se o animal estava apto a passar pela cirurgia. Avaliou-se também a condição do morador em cuidar deste animal após a cirurgia. O pré-cirúrgico iniciou-se com a busca dos animais no bairro; em seguida já no HV UNOESTE, realizou-se pesagem e tricotomia. Os animais permaneciam alocados em baias individuais, permanecendo de jejum até o dia seguinte para realização da cirurgia.

Para o ato cirúrgico os alunos foram distribuídos em grupos de cinco, em dez bancadas formadas por cirurgião, auxiliar, instrumentador, anestesista e volante. Durante a cirurgia os alunos são supervisionados pelos professores e residentes. No pós-operatório os parâmetros vitais são aferidos até que voltem à sua normalidade e estejam aptos a serem devolvidos aos seus tutores. Após retornarem da anestesia os animais foram devolvidos, juntamente com o receituário e medicação. Neste momento orientaram-se os tutores sobre os devidos cuidados pós-cirúrgicos. O retorno para retirada dos pontos foi realizado 10 dias após o procedimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃONo período de setembro de 2016 a abril de 2017 foram esterilizados 49 cães, entre 13 Machos e 36 fêmeas e 29 felinos, 11 machos e 18 fêmeas, totalizando 78 animais. Destas fêmeas duas estavam com piometra, dois animais vieram a óbito, um durante o trans-operatório e o outro 20 dias após, devido complicações por erliquiose. Houve deiscência de pontos em dois casos sendo necessário reintervenção. Do total, 45 animais foram vermifugados, 17 receberam vacina contra raiva e 17 para o controle de sarna.

Apesar das condições de higidez dos animais não ter sido avaliada com exames complementares, como hemograma, por exemplo, os procedimentos de OSH e Orquiectômia se mostram seguros, mesmo quando realizados por alunos que passaram pela aula de técnica cirúrgica.

No estudo realizado por Gutjahr (5) obteve-se que com a castração de 60% dos animais refletiriam em um resultado teórico eficiente no controle populacional, desta mesma forma se espera que o mesmo ocorra no bairro ao qual a intervenção foi realizada. Outro fator a ser levado em consideração foi à conscientização da população, realizada nas etapas de divulgação e visitas aos moradores selecionados, a fim de informar e instruir tanto a necessidade do controle populacional quanto os cuidados com os animais recém-operados, práticas de bem estar e posse responsável.

CONCLUSÕESConclui-se que a interação entre instituição acadêmica e a comunidade local, além de aprimorar as técnicas dos discentes contribuem para o controle populacional, bem estar animal e saúde publica. Também insere um olhar humanitário e solidário em cada participante do projeto e dimensiona a responsabilidade social e de saúde publica que o medico veterinário exerce.

REFERÊNCIAS1) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Plano de saúde Nacional. 2013. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94074.pdf 2) Moutinho FFB, Nascimento ER, Paixão RL. Percepção da sociedade sobre a qualidade de vida e o controle populacional de cães não domiciliados. Ciênc. anim. bras., 2015;16(4):574-88. http://dx.doi.org/10.1590/1089-6891v16i430468.3) Macente BI, Tartarelli A, Lins LA, Leal LM, Prada TC, Miranda CMJ. et al. Evolução do programa de controle de cães e gatos realizados na Unesp, Campus de Jaboticabal-SP, no período de 2007 a 2014. Revista de Educação Continuada em Medicina 2016; 14(2):6-11.4) Beaver BV. Comportamento canino: um guia para veterinários. São Paulo: Roca; 2001.5) Gutjhar M. Estudo do impacto da esterilização cirúrgica no controle populacional canino por distrito administrativo no município de São Paulo. [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Universidade se São Paulo; 2013.

Castração é a Solução – controle populacional de cães e gatos em um bairro de vulnerabilidade social

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Ceratite Eosinofílica Felina – Relato de CasoIsabela Pessôa Barbieri Bastos – Aluna do Curso de Medicina Veterinária - UFRRJ Diefrey Ribeiro Campos – Médico Veterinário Aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veteri-nárias - UFRRJ Julio Israel Fernandes – Professor do Departamento de Cirurgia e Medicina, Instituto de Veterinária- UFRRJ [email protected]

RESUMOA ceratite eosinofílica felina (CEF) é uma ceratopatia crônica, de provável origem imunomediada, que acomete os felinos.Esta afecção caracteriza-se, principalmente, pelo aparecimento de uma massa rosada no limbo que pode evoluir em direção ao centro da córnea. Relata-se um felino com seis anos de idade, macho, castrado, sem raça definida, com queixa principal de massa rosada em córnea, com evolução de sete dias, localizada no globo ocular esquerdo. Sinais como neovascularização e edema de córnea também foram observados. O olho direito não apresentava alterações. O diagnóstico de ceratite eosinofílica foi baseado no histórico, sinais clínicos e na citologia da massa, a qual evidenciou a presença de eosinófilos, sendo este o critério considerado para diagnóstico desta ceratopatia. Corticoide tópico a base de dexametasona foi estipulado para o tratamento e após quatro semanas havia remissão completa da massa. É de extrema importância o conhecimento desta afecção oftálmica pelos clínicos veterinários, uma vez que o diagnóstico e o tratamento são simples e pode evitar complicações como a cegueira.

Palavras-chave: gatos; córnea; ceratopatia

INTRODUÇÃOA população de gatos cresceu muito nos últimos anos, aumentando desta forma sua importância no atual cenário de clínicas veterinárias. Os diagnósticos das afecções oftálmicas em felinos devem ser conhecidos para melhor conduta e prognóstico. A ceratite eosinofílica felina (CEF) é uma injúria de caráter crônico e progressivo, que acomete a córnea de gatos. Sua etiologia é incerta, mas suspeita-se de etiologia imunomediada (1), porém o Herpes Vírus felino tipo 1 (HVF-1) parece estar envolvido na patogênese desta enfermidade (2). A lesão é caracterizada pelo surgimento inicial de uma massa esbranquiçada à rosada no limbo que se infiltra na córnea(3). Sinais clínicos como vascularização, edema e úlcera de córnea, lacrimejamento, hiperemia conjuntival e blefaroespasmo podem estar associados(4,5,6). O diagnóstico é baseado no exame oftálmico associado ao exame citológico da lesão onde observa-se a presença de eosinófilos e/ou mastócitos (1). O tratamento de eleição é a corticoterapia ocular com frequência de aplicação variando de cada quatro a oito horas (7). A redução completa da lesão pode ser vista entre três a seis semanas (8). O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de Ceratite Eosinofílica Felina.

MATERIAL E MÉTODOSNo presente relato, reporta-se o caso de um gato, sem raça definida, macho castrado, com seis anos de idade e FeLV positivo. Foi observado, no canto lateral do olho esquerdo o surgimento de uma massa rosada com evolução de sete dias, apresentava crescimento em direção ao centro da córnea. Não havia desconforto ocular ou secreção. A massa encontrava-se no limbo, com cinco milímetros de diâmetro e aspecto denso. A córnea apresentava-se edemaciada e com neovascularização. Não foi observada qualquer outra alteração no exame oftálmico e foi realizado, com o animal sedado, citologia por punção aspirativa com agulha fina.O olho direito não apresentava nenhuma alteração. O tratamento estipulado foi colírio a base de dexametasona 0,1%, em uma frequência de três vezes ao dia.

RESULTADOSO teste da Fluoresceína foi negativo, excluindo a possibilidade de úlcera de córnea. O exame citológico evidenciou células epitelias, hemácias, neutrófilos segmentados e hipersegmentados e eosinófilos. A presença de eosinófilos confirmou o diagnóstico de ceratite eosinofílica felina. Após duas semanas de tratamento foi possível observar melhora clínica acentuada e em quatro semanas foi observado remissão completa.

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DISCUSSÃOO felino já havia apresentado complexo respiratório viral felino, sendo provável portador HVF-1 sugerindo a participação do vírus no desenvolvimento desta afecção, conforme hipótese de Nasisse e colaboradores (2). Os sinais clínicos encontrados neste caso foram mínimos, uma vez que não apresentava hiperemia conjuntival, blefaroespamos, úlcera de córnea, secreção e desconforto ocular associados (4,5,6) apenas foi observado edema e neovascularizaçao corneana. Neste caso, o diagnóstico e a intervenção medicamentosa precoce podem ter impedido a evolução do quadro clínico.

O exame citológico foi imprescindível para o diagnóstico pois foi possível observar a presença de eosinófilos, células que em córnea integra não são visualizadas. Neste caso, não foi visualizado a presença de mastócitos. O colírio a base de dexametasona 0,1% com frequência de aplicação de três vezes ao dia se mostrou eficaz no tratamento desta afecção. A remissão completa da massa ocorreu em quatro semanas de acordo ao descrito em literatura (8). O conhecimento da existência da CEF foi fundamental para realizar o diagnóstico. Desta forma, a rápida intervenção medicamentosa impediu a evolução da massa para o centro corneano o que prejudicaria mecanicamente a visão do animal, tornando-o cego do olho esquerdo.

CONCLUSÃOO diagnóstico precoce desta ceratopatia permite iniciar o tratamento correto e impede sua evolução. O uso de colírio a base de dexametasona 0,1% com frequência de aplicação de três vezes ao dia se mostra eficaz no tratamento desta afecção.

REFERÊNCIAS 1) Spiess AK; Spaienza JS; Mayordono A. Treatment of proliferative feline eosinophilic keratitis with topical 1.5% cyclosporine: 35 cases Veterinary Ophthalmology 2009; 12(2):132–137.2) Nasisse MP; Glover TL; Moore CP et al. Detection of feline herpesvirus 1 DNA in corneas of cats with eosinophilic keratitis or corneal sequestration. American Journal of Veterinary Research 1998; 59(7):856–858.3) Slatter D. Fundamentos de Oftalmologia Veterinária. 3 ed. Trad.de Carla de Freitas Campos, Denise Eliza de Almeida, Marlos Gonçalves Sousa. São Paulo : Roca, 2005.4) Stiles J, Coster M. Use of an ophthalmic formulation of megestrol acetate for the treatment of eosinophilic keratitis in cats -Veterinary Ophthalmology 2016; 19(1):86–90.5) Morgan RV; Abrams KL; Kern TJ. Feline eosinophilic keratitis: a retrospective study of 54 cases:(1989-1994). Veterinary & comparative ophthalmology 1996; 6(2):131-134.6) Paulsen ME; Lavach JD; Severin GA; Eichenbaum JD. Feline eosinophilic keratitis: a review of 15 clinical cases. Journal of the American Animal Hospital Association 1987; 23(1):63-69.7) Bercht BF; Freitas LVRP; Albuquerque L; Hünning PS; Pereira FQ; Pigatto JAT. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2011;9(31): 608.8) Allgoewer I, Schaffer E.H, Stockhaus C, Vogtlin A. – Feline eosinophilic conjuntivitis – Veterinary Ophtalmology 2001; 4(1):69-74.

Ceratite Eosinofílica Felina – Relato de Caso

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Cirurgia Reconstrutiva com Retalho de Rotação Duplo Modificado para Excisão de Hemangiossarcoma Cutâneo em Cão – Relato de CasoAlinne Rezende de Souza - Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária - Universidade Federal de Lavras (UFLA) - [email protected] Douglas de Oliveira Reis- Médico Veterinário Residente em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Animais de Companhia / UFLAGabriela Rodrigues Sampaio - Professora Associada II – Orientadora – Setor de Cirurgia Veterinária – Departamento de Medicina Veterinária / UFLA

RESUMOHemangiossarcoma é uma neoplasia maligna de origem endotelial vascular cujo principal sítio primário é o baço, mas pode também ocorrer na pele. Em geral, o hemangiossarcoma de pele apresenta crescimento rápido, tornando-se uma massa tumoral grande, necessitando de cirurgias reconstrutivas. Cirurgias reconstrutivas são técnicas de reconstruções teciduais utilizadas para o fechamento primário de feridas muito extensas causadas por traumatismos, ou mesmo no tratamento cirúrgico de neoplasias. Este trabalho tem por objetivo descrever um caso de hemangiossarcoma cutâneo em uma fêmea canina, da raça Boxer, atendida no Setor de Cirurgia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras. A paciente apresentava um nódulo de 14 cm de diâmetro, localizado em região torácica. O tutor do animal afirmou que a massa tumoral apareceu há três anos e que a mesma possuía crescimento lento. Realizou-se excisão da neoplasia associada a tratamento cirúrgico reconstrutivo, utilizando-se a técnica de retalho com rotação dupla modificada. As cirurgias reconstrutivas são úteis para reparar grandes defeitos teciduais, proporcionando um bom resultado estético e funcional.

Palavras-chave: neoplasia; pele; defeitos teciduais; plástica.

INTRODUÇÃOAs cirurgias reconstrutivas consistem no uso de técnicas de reconstrução tecidual, como flaps e enxertos (1), e na correção de defeitos de pele traumáticos (2, 3, 4, 5, 1), quando não é possível o fechamento primário devido ao excesso de tensão tecidual (3, 6, 7). Existem inúmeras técnicas de reconstrução. No momento da escolha da técnica a ser utilizada, deve-se levar em consideração a localização da ferida, seu tamanho, linhas de tensão, disponibilidade de pele e, principalmente, a preferência e experiência do cirurgião quanto à técnica a ser adotada (8, 2, 4, 1). Este é um procedimento que exige que o cirurgião tenha boa imaginação, além de compreensão da anatomia vascular (9, 10, 7).

Este trabalho tem por objetivo descrever um caso de hemangiossarcoma cutâneo em uma fêmea canina, da raça Boxer, com 12 anos de idade, a qual apresentava um nódulo de 14 cm de diâmetro localizado na região torácica do antímero direito. Realizou-se a excisão da neoplasia seguida de tratamento cirúrgico reconstrutivo, utilizando-se a técnica de retalho com rotação dupla modificada.

MATERIAIS E MÉTODOSAtendeu-se no Setor de Cirurgia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras uma fêmea canina, da raça Boxer, com 12 anos de idade. O animal apresentava uma massa de 14 cm de diâmetro na região torácica direita. O tutor afirmou que essa massa apareceu há três anos e que possuía crescimento lento. A paciente foi submetida a cirurgia para excisão da massa. Para conseguir uma adequada margem de segurança, formou-se um leito muito extenso na ferida cirúrgica, necessitando-se de uma técnica de cirurgia reconstrutiva. A técnica escolhida foi a de retalho com rotação dupla modificada, indicada para fechamento de grandes feridas na região do tronco. Posteriormente, a peça cirúrgica foi encaminhada para exame histopatológico, diagnosticando-se hemangiossarcoma

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cutâneo. No pós-operatório realizou-se bandagens compressivas uma vez ao dia por sete dias consecutivos. Instituiu-se antibioticoterapia e analgesia adequadas. Os pontos foram retirados após 15 dias.

RESULTADOS E DISCUSSÃOQuando se planeja uma cirurgia reconstrutiva, deve-se considerar a localização do ferimento, a elasticidade do tecido ao redor, o suprimento regional de sangue e a qualidade do leito da ferida, decidindo-se então pela melhor técnica a ser empregada (1, 10, 11). No caso relatado, a paciente apresentava hemangiossarcoma cutâneo localizado na região torácica do antímero direito, sendo uma massa de 14 cm de diâmetro próximo à região axilar. A técnica cirúrgica reconstrutiva adotada foi a de retalho com rotação dupla modificada, que é uma variação da técnica de retalho de rotação no tronco. Esse padrão modificado é mais uma alternativa para o fechamento de grandes feridas no tronco (12).

O retalho duplo modificado é uma ótima opção para o fechamento de feridas extensas. Alguns pesquisadores não usam dreno, o qual pode ser uma alternativa para evitar a formação de seroma no pós-operatório. Pode-se também usar bandagem compressiva, trocada a cada 24 a 48 horas. Os pontos são retirados com 14 dias de pós-operatório (12). No caso relatado, realizou-se bandagem compressiva no pós-operatório por uma semana, trocada a cada 24 horas, e os pontos foram retirados após 15 dias.

CONCLUSÕESAs cirurgias reconstrutivas têm sido aplicadas cada vez mais na Medicina Veterinária, seja na reconstrução tecidual causada por traumatismos ou no tratamento cirúrgico de neoplasias. São diversas técnicas, desde as mais simples, como as técnicas de retalhos de avanço, até as mais complexas, que requerem bom conhecimento anatômico. São técnicas extremamente úteis para reparar grandes defeitos teciduais, proporcionando bom resultado estético e funcional, auxiliando na aceleração cicatricial e diminuindo as chances de infecção.

Com um bom planejamento, seguindo-se corretamente a descrição da técnica e tomando-se os devidos cuidados no trans e pós-operatórios, as chances de insucesso tornam-se mínimas. É imprescindível, no momento da escolha da técnica a ser adotada, levar em consideração a experiência e a preferência do cirurgião.

REFERÊNCIAS1) Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 3ª ed. Elsevier, Rio de Janeiro, 2008. p.192-228.2) Degner DA. Facial reconstructive surgery. Clinic. Tech. Small Anim. Pract., 22:82-88, 2007.3) Sivacolundhu RK. Use of local and axial pattern flaps for reconstruction of the hard and soft palate. Clinic. Tech. Small Anim. Pract., 22:61-69, 2007.4) Slatter D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3ª ed. Manole, São Paulo, 2007, p.274-338.5) Daleck CR, De Nardi AB, Rodaski S. Oncologia em cães e gatos. 1ª ed. Roca, São Paulo, 2008. p.151-160.6) Tobias KM. Manual of Small Animal Soft Tissue Surgery. 1st ed. Wiley-Blackwell, Cambridge, 2010, p.3-67.7) Coltro PS, Ferreira MC, Batista BPSN, Nakamoto HA, Mil Cheski DA, Junior PT. Atuação da cirurgia plástica no tratamento de feridas complexas. Rev. Col. Bras. Cirurg., 38:381-386, 2011.8) Chung KC, Swanson JA, Schmitz D, Swlivan D, Rohrich RJ. Introducing evidence based medicine to plastic and reconstructive surgery. J. Am. Soc. Plastic Surg., Plastic Reconstruct. Surg., 123:1385-1389, 2009.9) Szentimrey D. Principles of reconstructive surgery for the tumor patient. Clinic. Tech. Small Anim. Pract.,13:70-76, 1998.10) Neto NT, Chi A, Paggiars AD, Ferreira MC. Tratamento cirúrgico das feridas complexas. Rev. Med., 89:147-151, 2010.11) Pavletic M. Atlas of small animal wound management and reconstructive surgery. 3rd ed. Wiley-Blackwell, Cambridge, 2010, p.81-124, p.241-284, p.307-430.12) Castro JLC, Huppesr RR, Nardi AB, Pazzini JM. Princípios e Técnicas de Cirurgias Reconstrutivas de Pele em Cães e Gatos (Atlas Colorido). 3ª ed. Medvep, Curitiba, 2015, p.152-153.

Cirurgia Reconstrutiva com Retalho de Rotação Duplo Modificado para Excisão de Hemangiossarcoma Cutâneo em Cão – Relato de Caso

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Cistectomia Total com Anastomose Ureterovaginal em um Cão com Carcinoma de Células de TransiçãoRoberta do Nascimento Libardoni¹*João Pedro Scussel Feranti²Maurício Veloso Brun³1Discente do curso de Medicina Veterinária, UFSM-RS *[email protected] Doutorando em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais – UFSM3Professor Doutor do Departamento de Pequenos Animais – UFSM

RESUMOCarcinoma de células de transição é o tipo mais comum de neoplasia que acomete o trato urinário de cães. O tratamento na maioria dos casos é cirúrgico, por meio de cistectomia parcial, cistectomia total e cistostomia. A cistectomia total com anastomose ureterovaginal mostra-se como opção quando o tumor acomete a região do trígono vesical e uretra. Este estudo tem por objetivo relatar um caso de cistectomia total com anastomose ureterovaginal em um cão, fêmea, onze anos de idade, castrada que apresentava neoplasia vesical envolvendo grande extensão do órgão. Após quinze dias do procedimento cirúrgico a paciente foi submetida à quimioterapia e tratamento para infecção do assoalho vaginal. Passados cem dias, o animal se encontra saudável, sem relatos de complicações, demonstrando que a técnica é viável e pode ser uma opção cirúrgica para neoplasias vesicais.

Palavras-chave: neoplasia vesical; vesícula urinária; trígono vesical.

INTRODUÇÃOCarcinoma de células transicionais são tumores malignos que surgem a partir de um tipo transicional de epitélio estratificado e que afetam geralmente a bexiga (1). (2) Afirma que é o tipo mais comum de neoplasia que acomete o trato urinário de cães.

Segundo (3), apesar de a cistectomia total ser um procedimento incomum no tratamento de neoplasias vesicais de animais, oferece um controle local à longo prazo, mas apresenta como desvantagem incontinência urinária completa.

Conforme (2), frequentemente o carcinoma das células de transição envolve o trígono da bexiga, eliminando a cistectomia parcial como opção terapêutica, ou tornando essa opção menos desejável. Este trabalho teve como objetivo relatar a técnica cirúrgica de cistectomia total com anastomose ureterovaginal e demonstrar a eficácia do procedimento.

MATERIAL E MÉTODOSFoi encaminhado ao Hospital Veterinário Universitário da UFSM, um cão fêmea, castrada, Lhasa Apso, 11 anos de idade, apresentando estrangúria com episódios anteriores de hematúria. A ultrassonografia revelou existência de neoformação na vesícula urinária envolvendo o trígono vesical, sendo a paciente submetida à laparotomia exploratória para biópsia. Após diagnóstico de carcinoma de células de transição por meio de exame histopatológico, optou-se pela realização de cistectomia total.

A paciente foi posicionada em decúbito dorsal, realizando-se celiotomia da cicatriz umbilical ao púbis, de modo a expor a vesícula urinária. Os ureteres foram seccionados o mais próximo possível de sua inserção na vesícula urinária e a uretra foi dissecada até sua junção ao vestíbulo uretral, onde foi seccionada. A vesícula urinária foi então isolada dos tecidos adjacentes restantes e completamente removida junto à uretra. Suturas de reparo foram posicionadas na porção distal de ambos os ureteres e incisões longitudinais foram realizadas no aspecto medial de cada ureter (espatulação). As incisões ureterais foram suturadas em padrão interrompido simples, com fio de polidioxanona 5-0 de modo a formar um lúmen único mais amplo no aspecto distal dos ureteres. Um cateter “duplo J” foi inserido de maneira retrógrada em cada ureter e então ambos foram posicionados através da vagina. A partir de uma sutura em padrão isolado simples (ocluída em diferentes pontos em sua extensão) com mesmo fio, foi criada

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uma anastomose entre o aspecto distal dos ureteres e a vagina. Os cateteres “duplo J” foram removidos 10 dias após o procedimento cirúrgico, por meio de vaginoscopia. Uma semana após a retirada do “duplo J”, o animal foi submetido à quimioterapia com Carboplatina (300mg/m²).

RESULTADOS E DISCUSSÃOA paciente apresentou melhora clínica progressiva no pós-operatório, contudo, após a sessão de quimioterapia, manifestou efeitos colaterais graves, como vômito, alopecia, anorexia e hematúria manejados clinicamente. Optou-se então por interromper a quimioterapia. No período mínimo de 100 dias a paciente se apresentava clinicamente estável e sem sinais de estenose uretral, apesar da incontinência urinária já esperada para esses casos (3). Em estudo que utilizou 10 cães, sendo oito fêmeas, as quais foram submetidas à cistectomia total com anastomose ureterovaginal não desenvolveram alterações neurológicas ou gastrointestinais. Apenas uma fêmea desenvolveu pielonefrite, realizando antibioticoterapia (4).

CONCLUSÃOA técnica cirúrgica empregada possibilitou adequado resultado clínico e se configura como uma das alternativas para o manejo de carcinoma de células de transição na vesícula urinária de cadelas.

REFERÊNCIAS1) 1. Fossum TW. Cirurgia da bexiga e da uretra. In: Fossum TW et al. Cirurgia de pequenos animais. 2ed. São Paulo: Roca, 2007. p. 572-604.2) 2. Waldron DR. Bexiga. In: Slatter D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3 ed. São Paulo: Manole, 2007. p.1629-1627.3) 3. Boston S. Total Cystectomy for Treatment of Transitional Cell Carcinoma of the Urethra and Bladder Trigone in a Dog. Veterinary Sugery 9999 .Copyright 2014 by The American College of Veterinary Surgeons. 2014. p.1-7. Disponivel em: https://www.researchgate.net/publication/259768296_Total_Cystectomy_for_Treatment_of_Transitional_Cell_Carcinoma_of_the_Urethra_and_Bladder_Trigone_in_a_Dog [ 2017,abril 25]. 4) 4. Saeki K, Fujita A, Fujita N, Nakagawa T, Nishimura R. Total cystectomy and subsequent urinary diversion to the prepuce or vagina in dogs with transitional cell carcinoma of the trigone area: A report of 10 cases (2005–2011). Can Vet J 2015. p.73-80. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4266061/pdf/cvj_01_73.pdf. [2017,abri 20].

Cistectomia Total com Anastomose Ureterovaginal em um Cão com Carcinoma de Células de Transição

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Cisto paraprostático mineralizado e hérnia perineal associados à hiperplasia prostática benigna em um cão Marcella Teixeira Linhares1

Matheus Macagnan2 Maurício Veloso Brun3 1Doutoranda em Clínica cirúrgica de pequenos animais- UFSM *[email protected] 2Programa de Residência em Área Profissional da Saúde / Medicina Veterinária / Cirurgia de pequenos animais - UFSM 3Professor Doutor no Departamento de pequenos animais - UFSM

RESUMO A hiperplasia prostática benigna, cistos paraprostáticos e hérnia perineal são distúrbios que acometem com frequência cães machos sexualmente intactos de meia idade e podem ocorrer de forma concomitante. O presente relato descreve a conduta terapêutica clínica e cirúrgica em um caso de cisto paraprostático mineralizado de grandes dimensões e hérnia perineal associados à hiperplasia prostática benigna (HPB) em um cão macho inteiro, SRD, de 12 anos que apresentava tenesmo há 6 meses. O diagnóstico foi realizado com base nos sinais clínicos, exame físico, exame ultrassonográfico e radiográfico. O tratamento cirúrgico compreendeu a ressecção do cisto, associada à prostatectomia, herniorrafia perineal e orquiectomia terapêutica. O paciente apresentou recuperação satisfatória, com a remissão dos sinais clínicos.

Palavras-chave: próstata; prostatectomia; cisto prostático.

INTRODUÇÃO A hiperplasia prostática benigna (HPB) é o distúrbio prostático mais comum nos cães machos inteiros, está relacionada à idade e ocorre em 95% dos cães a partir dos nove anos (1) enquanto os cistos paraprostáticos estão entre os mais incomuns (2), com uma prevalência de 1,12% (3). Tais cistos se originam dos ductos müllerianos e desenvolvem-se adjacentes à próstata, raramente se comunicando com o parênquima (1). Os sinais clínicos mais comuns incluem tenesmo, fezes em forma de fita, disúria, sangramento uretral, hematúria e infecções urinárias recorrentes (1,4).

A hérnia perineal acomete principalmente cães machos de meia idade (1) e sua etiologia é multifatorial, resultando de um diafragma pélvico enfraquecido em combinação com diversas causas potenciais de estresse associados a esta estrutura (4), incluindo a HPB e a pressão causada pela presença de um cisto prostático (1,4).

O presente relato descreve o diagnóstico e conduta terapêutica clínica e cirúrgica em um caso de cisto paraprostático mineralizado de grandes dimensões e hérnia perineal associados à HPB em um cão.

MATERIAL E MÉTODOS Um canino macho, não castrado, SRD, de 12 anos e 24 kg, foi atendido com histórico de tenesmo há 6 meses e presença de uma massa em região perineal com evolução de 2 anos. Ao exame físico apresentava uma massa irregular de consistência firme na região perineal direita e uma massa regular de consistência firme à palpação em abdômen médio e caudal. Os exames ultrassonográfico e radiográfico evidenciaram a presença de estrutura grandes dimensões e bordos bem definidos em região mesogástrica e hipogástrica, além de prostatomegalia, presença de estrutura mineralizada na região perineal direita e discreta quantidade de líquido livre abdominal.

Optou-se por uma laparotomia exploratória, na qual foi identificado um cisto paraprostático de formato ovóide, parede mineralizada e conteúdo líquido, medindo 17x9,5x8cm. O cisto foi resseccionado e procedeu-se a prostatectomia. Havendo sinais de peritonite, foram coletadas amostras para realização de cultura e antibiograma, irrigação da cavidade e posicionamento de drenos confeccionados com sondas uretrais fenestradas nº 16. A massa presente em região perineal foi resseccionada, sendo identificada conexão desta com o cisto paraprostático abdominal.

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Orquiectomia bilateral pré-escrotal foi realizada de forma concomitante.

No pós-operatório o cão permaneceu sondado e recebeu tramadol 3mg kg-1 SC, TID, por 7 dias; dipirona 25mg kg-1 IV, TID, por 10 dias; ceftriaxona 30mg kg-1, IV, BID durante 14 dias, metronidazol 15 mg kg-1 IV, BID durante 7 dias e lactulose 0,5ml kg-1, VO, BID. Dada a obstrução dos drenos abdominais, estes foram substituídos por 4 drenos de Penrose no segundo dia do pós-operatório. Os drenos foram removidos em dez dias, quando da remissão de sinais clínicos de peritonite. A sonda uretral foi removida no oitavo dia de pós-operatório.

Os tecidos foram submetidos à avaliação histopatológica, confirmando o diagnóstico de hiperplasia prostática benigna, de cisto paraprostático mineralizado na massa intracavitária e de cistos paraprostáticos múltiplos com formação de tecido fibrovascular e metaplasia óssea na amostra da massa presente na região perineal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os cistos paraprostáticos desenvolvem-se em cães de meia idade e de grande porte (4), os sinais clínicos mais comuns incluem tenesmo e disúria (5) devido à invasão da fossa perineal, onde podem deslocar e comprometer as vísceras adjacentes (1). O cão deste caso era um macho inteiro, idoso, de grande porte, que apresentava tenesmo intenso e hérnia perineal.

A maioria das hérnias perineais são unilaterais e se desenvolvem no lado direito (4), assim como observado no paciente. As influências hormonais e a prostatomegalia têm sido implicadas no enfraquecimento da musculatura pélvica (4) embora a pressão exercida pelo cisto sobre o diafragma pélvico (1) possa ter sido a causa do desenvolvimento da hérnia perineal neste caso.

A mineralização de cistos paraprostáticos por metaplasia óssea é bem documentada (1,4,6) e o tratamento nestes casos consiste na excisão cirúrgica concomitante à orquiectomia (1,4), apresentando excelente resultado na ausência de aderências extensivas à outras estruturas abdominais (6). O paciente apresentou remissão completa dos sinais clínicos, sem a recorrência de hérnia perineal dentro de um período de três anos de acompanhamento do paciente.

CONCLUSÕES A abordagem cirúrgica envolvendo a prostatectomia, ressecção do cisto paraprostático, herniorrafia perineal e orquiectomia, bem como o manejo das complicações pós-operatórias associadas à peritonite foram efetivos para a condução do caso à completa remissão dos sinais clínicos e recuperação do paciente.

REFERÊNCIAS 1) Hedlund, C. Cirurgia do Sistema Reprodutivo e Genital; In: Fossum T. Cirurgia de pequenos animais. Rio de Janeiro: Elsevier, 3ª ed., p.747-757, 2008. 2) Krawiec, DR. Canine prostatic disease. Journal of the American Veterinary Medical Association 1994; 204:15671-1564. Krawiec DR, Heflin D. Study of prostatic disease in dogs: 177 cases (1981- 1986). Journal of the American Veterinary Medical Association 1992; 200, 1119-1122. 3) Head, L; Fancis, DA. Mineralized paraprostatic cyst as a potential contributing factor in the development of perineal hernias in a dog. Journal of the American Veterinary Medical Association 2002; 4(221), 2002, p. 533-535. 4) Barsanti JA. Diseases of the prostate gland. In: Osborne CA, Finco DR, eds. Canine and feline nephrology and urology. Baltimore: The Williams & Wilkins Co, 1995;745– 746. 5) White RAS, Herrtage ME, Dennis R. The diagnosis and treatment of paraprostatic and prostatic retention cysts in the dog. Journal of Small Animal Practice 1987; 28: 551574.

Cisto paraprostático mineralizado e hérnia perineal associados à hiperplasia prostática benigna em um cão

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Cisto Sinovial Cervical em Cão - Relato de CasoDênis Antonio Ferrarin - Méd. Veterinário, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)Dakir Polidoro - Méd. Veterinário, Me., Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)Alexandre Mazzanti - Méd. Veterinário, Dr., Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)[email protected]

RESUMORelata-se primeiro caso no Brasil de cisto sinovial entre a quarta e quinta vértebras cervicais (C4-C5) em um canino São Bernardo, fêmea, com três anos de idade e histórico de paraparesia evoluindo para tetraparesia não ambulatória. Na mielografia, foi evidenciada compressão extradural, lado direito. O animal foi submetido à laminectomia dorsal modificada para descompressão medular. O fragmento removido foi enviado para análise histopatológica e confirmado cisto sinovial. Após dois meses de cirurgia, a paciente já deambulava (tetraparesia ambulatória) e, aos 19 meses, houve recuperação funcional satisfatória, com discreta deficiência proprioceptiva dos membros torácico e pélvico direitos. O caso traz como relevância clínica a inclusão de doenças degenerativas como o cisto sinovial como causa de hiperestesia e tetraparesia não ambulatória em cães jovens adultos, principalmente de raças de grande porte.

Palavras-chave: cão, laminectomia dorsal, compressão cervical, faceta articular

INTRODUÇÃOCistos sinoviais originam-se de uma extrusão da membrana sinovial em articulações instáveis ou degeneradas. Tipicamente encontrados em articulações como a coxofemoral, joelho e cotovelo, também podem emergir das articulações presentes na coluna vertebral (1), sendo sua apresentação extradural incomum em cães (2).

Os sinais neurológicos causados pelo cisto sinovial na região cervical variam desde hiperestesia à tetraparesia não ambulatória (3), cuja progressão pode ser de vários dias a meses. Na região cervical, acometem principalmente animais jovens e de raças gigantes, enquanto que cistos isolados toracolombares são mais comuns em animais idosos também em raças grandes. O tratamento recomendado é cirúrgico, cujo prognóstico é considerado excelente (4).

O objetivo deste estudo foi apresentar o primeiro caso de cisto sinovial em C4-C5 relatado no Brasil e descrever os sinais neurológicos, método de auxilio diagnóstico, terapia instituída e evolução do paciente após 19 meses do tratamento.

MATERIAIS E MÉTODOSFoi atendida pelo Serviço de Neurologia do Hospital Veterinário Universitário (HVU) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) uma cadela São Bernardo com três anos de idade, castrada, pesando 60 kg, com histórico de paraparesia aguda, evoluindo à tetraparesia não ambulatória cinco dias após o aparecimento dos primeiros sinais clínicos.

No exame neurológico foi verificada hiperestesia cervical e tetraparesia não ambulatória, compatível com lesão entre C1-C5 da medula espinhal. Como método diagnóstico complementar foi solicitado análise do líquido cerebroespinhal coletado da cisterna magna, o qual revelou aumento de proteínas (35mg/dL) e de células (27 CN/mm3), sendo estas 27% neutrófilos, 75% linfócitos, 12% monócito e 1% macrófagos.

Na mielografia foi identificado desvio axial e interrupção da linha de contraste na região de C5, lado direito. Também foi evidenciada uma proliferação óssea arredondada e de aspecto radiopaco, adjacente à articulação dos processos articulares caudal de C4 e cranial de C5, lado direito.

Com base no histórico, exame neurológico e características das imagens mielográficas, o diagnóstico presuntivo foi de cisto sinovial entre os processos articulares das vértebras C4 e C5. A paciente foi submetida a laminectomia dorsal modificada (5), cujo material cístico coletado consistia, mediante análise histopatológica, de um tecido conjuntivo

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fibroso com uma ou mais camadas de revestimento de células sinoviais. O liquido drenado tinha aspecto semelhante aquele de fluido sinovial drenado convencionalmente de outras articulações.

Decorridos dois meses da cirurgia, o animal já conseguia deambular, com poucas quedas e, após 19 meses do procedimento, a paciente caminhava normalmente, apresentando discreta deficiência proprioceptiva nos membros torácico e pélvico direitos.

RESULTADOS E DISCUSSÃOCistos sinoviais extradurais na região cervical têm sido relatados esporadicamente na literatura internacional, acometendo predominantemente cães de raças grandes e gigantes, sendo ou não associados à outras malformações (3). No entanto, não existem relatos desta afecção na literatura nacional, sendo este o primeiro caso descrito no Brasil.

A ressonância magnética é considerada o melhor método diagnóstico de cistos sinoviais. Achados radiográficos não são específicos e só sugerem degeneração da articulação entre processos articulares. Mielografias são apenas sugestivas, mas não constituem diagnóstico definitivo (3). A mielografia foi utilizada neste caso devido a restrição das outras modalidades diagnósticas. A análise do liquido cefalorraquidiano pode apresentar dissociação albuminocitológica ou pleocitose mononuclear (2,6), esta última, encontrada na cadela deste relato.

O tratamento de um cisto sinovial cervical é cirúrgico e seu prognóstico geralmente é favorável (3). Tratamentos clínicos podem ser inicialmente indicados, assim como na medicina humana. Entretanto, melhores resultados são encontrados por meio da cirurgia, tanto na medicina humana quanto veterinária (2,6,7). Diante dessas informações, a paciente deste relato foi submetida à laminectomia dorsal modificada que permitiu a confirmação do diagnóstico e o tratamento definitivo da doença.

CONCLUSÃOO caso traz como relevância clínica a descrição do primeiro caso de cisto sinovial cervical no Brasil e a inclusão dessa doença no diagnóstico diferencial de cães com hiperestesia e tetraparesia não ambulatória de evolução progressiva. O tratamento cirúrgico mediante a laminectomia dorsal modificada é efetivo na descompressão medular de cães com este tipo de afecção.

REFERÊNCIAS1) Phan K, Mobbs RJ. A rare case of cervical facet joint and synovial cust ar C5/C6. Journal of Clinical Neuroscience; 2016; 29:191-194.2) Dickinson PJ, Sturges BK, Berry WL. et al. Extradural spinal synovial cysts in nine dogs. Journal of Small Animal Practice; 2001; 42:502-509.3) Da Costa RC, Cook LB. Cystic abnormalities of the spinal cord and vertebral column. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice; 2016; 46:277-293.4) Dewey CW, Da Costa RC. Practical guide to canine and feline neurology. 3a Ed. Wiley-Blackwell; 2016.5) Sharp NJH, Wheeler SJ. Small animal spinal disorders – Diagnosis and surgery. 2a Ed. Elsevier Mosby; 2005.6) Lowrie ML, Platt, SR, Garosi LS. Extramedullary spinal cysts in dogs. Veterinary Surgery; 2014; 43:650-662.7) Boviatsis EJ, Stavrinou LC, Kouyialis AT. et al. Spinal synovial cysts: pathogenesis, diagnosis and surgical treatment in a series of seven cases and literature review. European Spine Journal; 2008; 17:831-837.

Cisto Sinovial Cervical em Cão - Relato de Caso

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Colangiocarcinoma em Felino DomésticoMariana Palha de Brito Jardim¹, Mariana Junger Bastos², Gabriela de Carvalho Cid³.1Médica Veterinária, Mestranda em Ciências Clínicas pelo Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária da Uni-versidade Federal Rural do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected]édica Veterinária, Residente em Clínica Médica dos Gatos Domésticos pela Universidade Federal Rural do Rio de Janei-ro.3Médica Veterinária, Doutoranda em Patologia pelo Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária da Universida-de Federal Rural do Rio de Janeiro.

RESUMOO carcinoma de ducto biliar é um tumor maligno, constituindo o tipo o tumoral mais comum dentre as neoplasias hepáticas malignas em felinos, apesar de se considerar rara a ocorrência de neoplasmas hepatobiliares primários nesta espécie animal. O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de colangiocarcinoma em um felino doméstico, abordando os achados macroscópicos e histopatológicos do tumor. Foi apresentado para avaliação um gato macho, sem raça definida, com 3 anos, havendo queixa da proprietária de hiporexia, perda de peso e vômitos, no exame clínico foi verificada desidratração e presença de massa palpável na região abdominal, sendo solicitado hemograma, bioquímicas e ultrassonografia. A partir da visualização ultrassonográfica de uma massa em fígado, sugestiva de neoplasia, decidiu-se por realizar punção da tumefação por agulha fina para exame citológico, onde foi sugerida a presença de colangiocarcinoma. Após a eutanásia, o animal foi submetido ao exame histopatológico, onde se confirmou a presença de carcinoma colangiocelular com metástase em pâncreas e linfonodo. O relato pôde contribuir para a ampliação de informações a cerca desta neoplasia rara em felinos.

Palavras-chave: Carcinoma; Ducto Biliar; Metástase; Gatos.

INTRODUÇÃOOs colangiocarcinomas são neoplasias malignas originadas principalmente dos ductos intra-hepáticos, extra-hepáticos ou da vesícula biliar, esses tumores apesar de se distribuírem amplamente entre as espécies animais, ocorrem principalmente em cães e gatos idosos (1,2). Os carcinomas conlangiocelulares constituem os tipos mais comuns de neoplasmas hepáticos malignos em gatos, entretanto, as neoplasias hepatobiliares primárias são consideradas raras em felinos (3). Devido ao grande potencial de disseminação, progressão e migração, os carcinomas de ducto biliar são intratáveis, empregando-se raramente a intervenção cirúrgica, devido ao risco de óbito e recidivas (4).

O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de colangiocarcionoma em um felino doméstico, abordando a agressividade e invasividade do tumor em um gato jovem, através dos achados macroscópicos e microscópicos nos tecidos acometidos, ampliando assim as informações sobre as neoplasias primárias de ducto biliar em animais de companhia.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Setor de Clínica Médica de Gatos Domésticos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, um felino de 03 anos, macho, sem raça definida. A tutora do animal constatava hiporexia, perda de peso e vômito, ao exame físico do paciente foi verificada desidratação moderada, mucosas hipocoradas e presença de massa abdominal a palpação, sendo solicitado hemograma, bioquímicas e ultrassonografia, além de sorologia para o vírus da imunodeficiência felina e para o vírus da leucemia viral felina (FIV/FeLV). A partir da evidenciação ultrassonográfica de tumefação em fígado, sugestiva de neoplasia, realizou-se punção da massa por agulha fina, guiada por ultrassom para citologia, sendo verificada através deste exame a presença de células compatíveis com tumor de ducto biliar. Após informar a tutora do gato sobre o mau prognóstico do caso, a mesma optou pela eutanásia do felino, que foi submetido à necropsia para realização do exame histopatológico, através do qual o diagnóstico de colangiocarcinoma foi confirmado.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOOs achados clínicos de gatos com colangiocarcinoma são variáveis e inespecíficos, incluindo anorexia, vômito, perda de peso e letargia (2,3). O perfil bioquímico hepático do felino mostrou-se alterado, no entanto os resultados dos exames laboratoriais também não são específicos de tumores hepáticos, tendo em vista que algumas dessas alterações podem refletir somente lesão hepatocelular ou estase biliar (3). Em muitos casos através apenas do exame citológico é difícil determinar o sítio primário das células neoplásicas, havendo a necessidade do exame histopatológico para confirmação diagnóstica (2). Na avaliação macroscópica evidenciaram-se inúmeras massas de coloração esbranquiçada e consistência macia ao corte, abrangendo quase todo parênquima hepático e acometendo também o pâncreas como visualizado na figura 1, achados estes compatíveis com colangiocarcinoma (4).

Figura 1: Tecido hepático de felino com carcinoma colangiocelular ao exame macroscópico. A) Massas de coloração esbranquiçada abrangendo o parênquima hepático; B) Múltiplas massas em lobos hepáticos compreendendo a vesícula biliar do animal.

Já no exame histopatológico, verificou-se o fígado com extensas áreas de proliferação de células neoplásicas de origem epitelial, organizada em túbulos, exibindo moderado pleomorfismo e anisocitose. Havia a presença frequente de figuras mitóticas e faixas de tecido conjuntivo margeando a proliferação celular, por vezes formando nódulos, contornadas por infiltrado inflamatório linfoplasmocitário, verificando-se extensas áreas de hemorragia e necrose. No pâncreas e linfonodo foram visualizadas áreas de proliferação celular neoplásica de origem epitelial, formando túbulos, possibilitando o diagnóstico de colangiocarcinoma moderadamente diferenciado com metástase em pâncreas e linfonodo. Sendo comum a ocorrência de mestástase em gatos com este tipo tumoral (1,2). As neoplasias hepatobiliares primárias acometem principalmente animais idosos, com idade média de dez anos, no entanto no presente relato verificou-se o tumor em um gato jovem. Colangiocarcinomas em gatos jovens estão frequentemente associados à presença do Felv (3,4), porém o animal em questão foi considerado negativo a partir do teste sorológico para o vírus, neste caso pode-se sugerir que a causa da doença estava possivelmente vinculada à presença precoce e contínua de carcinógenos, como o trematódeo de vias biliares Platynosomum sp. e/ou agentes químicos, parasitas intestinais e inflamações crônicas (1,4).

CONCLUSÕESOs achados histopatológicos permitiram a confirmação do diagnóstico de colangiocarcinoma com metástase em pâncreas e linfonodo, desta forma o relato pôde contribuir para a ampliação das informações a cerca desta neoplasia rara em gatos, se fazendo necessária a elucidação da afecção, a fim de se obter formas de prevenção, minimizando-se assim o risco de óbito dos animais por tumores hepatobiliares primários.

BA

A B

Colangiocarcinoma em Felino Doméstico

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REFERÊNCIAS 1) GUSMÃO MA; KELLER D; SANTOS FILHO AA; TORRES MBA.M. Colangiocarcinoma em cão com metástase em omento, linfonodos regionais e pâncreas – relato de caso. Arquivos de Ciência Veterinária e Zoologia; 2015; 18 (2): 129-132.2) JACOBS TM; SNYDER PW. Mucinous  cholangiocarcinoma  in a  cat. Journal of the American Animal Hospital Association; 2007; 43(3): 168-172.3) CUNHA VAF; FERNANDES DO; BADE PL; VIEIRA-FILHO CHC; CUNHA VAF; MARTINS FILHO EF; ESTRELA-LIMA A. Cistoadenocarcinoma biliar em felino - Relato de caso. Revista Brasileira de Medicina Veterinária; 2016; 38 (1): 168-172.4) FILGUEIRA KD; REIS PFCC; FREITAS VAL; PAULA VV. Colangiocarcinoma em felino doméstico: relato de um caso. Medvep: Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação; 2009; 7 (20): 203-207.

Colangiocarcinoma em Felino Doméstico

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Colecistectomia laparoscópica em cão com extensa quantidade de litíases Gabriela Pesamosca Coradini – Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (PPGMV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Bernardo Nascimento Antunes – Graduando da UFSM Maurício Veloso Brun – Professor Dr. da Universidade Federal de Santa Maria [email protected]

RESUMO A litíase biliar é rara em cães. O presente relato descreve o caso de colelitíase em um cão, macho, da raça Yorkshire, com doze anos e histórico de presença de lama biliar e cardiopatia em tratamento havia três anos. O paciente apresentou sinais clínicos inespecíficos como hematúria, porém, ao exame ultrassonográfico foi percebido o espessamento da parede da vesícula biliar com conteúdo compatível a cálculos de vesícula biliar e cistos renais. O animal foi submetido à colecistectomia e biópsia hepática videolaparoscópicas. O paciente teve alta hospitalar no mesmo dia da cirurgia e, aos 45 dias de pós-operatório não demonstrou recidiva da doença ou sinais clínicos.

Palavras-chave: Lama biliar, videocirurgia, hepatopatia.

INTRODUÇÃO Os cálculos biliares, são formados a partir da precipitação do colesterol em pequenos cristais, os quais se acumulam formando litíases maiores (1). Os sinais mais relacionados são vômitos, anorexia, poliúria, polidipsia, febre e dor abdominal (2). A ultrassonografia pode auxiliar na detecção de obstrução de vias biliares e suas causas. As colelitíases têm tamanho variado, frequentemente com formação de sombra acústica posterior anecóica ou hipoecóica (3). A colecistectomia é o único tratamento definitivo para a colelitíase e é indicada para a maioria dos pacientes sintomáticos. Para os acessos cirúrgicos referentes a colecistectomia laparoscópica, se empregam três a quatro portais em triangulação (4).

MATERIAL E MÉTODOS O paciente foi atendido trazendo como queixa principal hematúria, porém trazia um histórico de doença cardíaca controlada e lama biliar em exames ecográficos de rotina havia três anos. Através de novo exame de ultrassonografia abdominal observou-se espessamento da parede da vesícula biliar e conteúdo compatível com lama densa, evidenciando-se concreções biliares. Frente as observações clínicas, e ultrassonográficas optou-se pela realização de colecistectomia videolaparoscópica. A partir da decisão de tratamento cirúrgico, o paciente já começou a receber ácido ursodesoxicólico (15 mg.kg-1, v.o., s.i.d., durante 60 dias). Foram requisitados hemograma e bioquímicos onde, apenas a enzima fosfatase alcalina (FA) apresentou alteração.

Para o procedimento, foi instituída fluidoterapia na taxa de 10ml/kg-1h-1 com Ringer com lactato. A profilaxia antimicrobiana foi estabelecida com Cefalotina (25mg/kg-1, i.v.), 30 minutos antes do início do procedimento. Para medicação pré-anestésica, foi utilizado metadona (0,3 mg.kg-1). Após tricotomia ampla da região abdominal, o paciente foi induzido com cetamina (0,5 mg.kg-1) e propofol (4 mg.kg-1), seguido da entubação orotraqueal com traqueotubo de tamanho adequado ao peso. A manutenção foi realizada com isoflurano 1% em oxigênio a 100% vaporizado em sistema universal em um fluxo de 1,5 Lmin-1. Procedeuse o bloqueio epidural com associação de lidocaína (0,26 ml.kg-1) e morfina (0,1 mg.kg-1).

Com o paciente em decúbito dorsal, através de incisão cutânea de aproximadamente 11mm na linha média ventral, próximo ao prepúcio, introduziu-se um portal de 10 mm para insuflação abdominal com CO2 medicinal e inspeção laparoscópica da cavidade com endoscópio de 10 mm. Em seguida, sob visão direta, foram introduzidos mais dois portais laterais ao primeiro e em triangulação com este, um de 10 mm do lado esquerdo, e outro de 5 mm do lado direito. Através do portal direito realizou-se a exposição da vesícula com auxílio de uma pinça Kelly, foram dissecados e ligados o ducto e a artéria cística em conjunto, podendo-se assim, com uma tesoura Metzembaum, posicionada no

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portal esquerdo, realizar-se a dissecção da vesícula, a qual apresentava-se bem aderida ao leito hepático.

Após exposição da vesícula foram seccionados o ducto e a artéria cística, retirando-se a vesícula da cavidade abdominal através do acesso portal esquerdo. Logo em seguida foram coletadas biópsias hepáticas. Após a verificação de ausência de hemorragias, foi desfeito o pneumoperitônio e as feridas de acesso suturadas sendo na musculatura utilizado o padrão colchoeiro em cruz com poliglactina 910 2-0. Na sutura cutânea, optou-se pelo padrãode Wolff com náilon 4-0. A vesícula encontrava-se macroscopicamente com paredes espessadas e seu conteúdo era composto quase que totalmente de extensa quantidade de microcálculos. O tempo cirúrgico totalizou 110 minutos.

Após a recuperação anestésica, o paciente recebeu prescrição domiciliar de Cloridrato de tramadol (5mg/kg-1, v.o., q.i.d., durante 4 dias) e Dipirona (25mg/kg-1, v.o., t.i.d, durante 4 dias). O uso do ácido ursodesoxicólico seguiu a recomendação até completar o período total de 60 dias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os distúrbios da vesícula e ductos biliares em pequenos animais são incomuns porém, a lama biliar é frequentemente identificada em cães durante a ultrassonografia abdominal, considerada um achado incidental (5). No paciente em questão, no qual a lama biliar foi encontrada nos exames ultrassonográficos de rotina, foi indicado somente o acompanhamento clínico do cão.

Em geral, implicam em sinais clínicos frequentemente discretos, temporários e recidivantes. A icterícia é mais notada quando o material provoca a obstrução do ducto biliar (2), o que aparentemente não chegou a ocorrer no caso descrito, já que o paciente apresentou somente um espessamento na parede vesical tendo como únicos sinais clínicos dor abdominal, apatia e inapetência.

A retenção da bile é o estímulo mais potente para acelerada produção da fosfatase alcalina (FA). Não é especifica para o fígado, mas pode ser usada como indicador de colestase (2) confirmando os resultados encontrados nos exames relatados, onde a única alteração observada bioquímica sanguínea foi o aumento dos níveis de fosfatase alcalina.

A colecistectomia é a técnica cirúrgica de escolha pois há remoção total dos cálculos e do reservatório para evitar o acumulo futuro (3). No paciente relatado, a opção pela cirurgia minimamente invasiva, foi também devido à redução de lesão tecidual associada a um tempo cirúrgico apropriado, já que o paciente apresentava idade avançada e alterações cardíacas compensadas, o que a tornou a opção mais segura para o presente caso.

CONCLUSÕES A abordagem videolaparoscópica para colecistectomia é indicada em pacientes caninos, tendendo a demonstrar rápida e satisfatória recuperação no período pós-operatório.

REFERÊNCIAS 1) Guyton AC, Hall JE. Tratado de fisiologia médica. Elsevier Brasil, 2006. 2) Mehler SJ, Bennett RA. Canine Extrahepatic Biliary Tract Disease and Surgery. Comp. 2006:302-315. 3) Willard MD, Fossum TW. Diseases of the Gallbladder and Extrahepatic Biliary System. In Ettinger SJ, Feldman EC. Textbook of Veterinary Internal Medicine, ª ed., St. Louis: Elsevier,2005: 1478-1482. 4) Freeman LJ. Kolata RJ. Minimally invasive surgery of the liver and biliary system. In: Freeman LJ. Veterinary Endosurgery. Saint Louis: Mosby,1998. V.1, p.156-158. 5) Mannion P. The Liver and Spleen. In: Mannion p. Diagnostic Ultrasound in Small Animal Pratice, 1st ed. Oxford: Blackwell Science Ltd, 2006, cap.5, p.50-69.

Colecistectomia laparoscópica em cão com extensa quantidade de litíases

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Colonoscopia com biopsias em paciente com colite e infestação por Ancylostoma caninumMaurício Tatto. Graduando em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria. [email protected] Teixeira Linhares. Doutoranda em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais - UFSMMaurício Veloso Brun. Professor Doutor da UFSM. Bolsista CNPq-Brasil

RESUMOUm canino macho, sem raça definida, com cinco anos, pesando 10kg, foi atendido em outro estabelecimento veterinário com queixa de vômito, diarreia pastosa de coloração esverdeada, anorexia e dor abdominal. Não apresentava histórico de desverminação prévia. Foi realizado exame parasitológico de fezes, o qual apresentou resultado negativo. Recebeu tratamento paliativo e apresentou melhora. Porém, após um mês o animal retornou para consulta, apresentando fezes muco-sanguinolentas, sendo indicado colonoscopia com biópsias. Durante a colonoscopia, foi observada a presença de significativa parasitose por Ancylostoma caninum fixado à parede intestinal. O exame histopatológico demonstrou alterações inflamatórias nos fragmentos enviados, sugerindo que as mesmas fossem decorrentes da presença dos parasitas ou de doença intestinal inflamatória. O resultado da colonoscopia permitiu a obtenção do diagnóstico e indicação da conduta terapêutica apropriada para esse paciente com colite crônica.

Palavras-chave: Ancilostomose; diarreia; cólon.

INTRODUÇÃOA colite é uma colonopatia inflamatória que pode ser observada isolada ou associada a gastroenterocolites generalizadas, se os sinais persistirem por mais de três semanas ela será considerada crônica (1). Na rotina clínica, geralmente o diagnóstico presuntivo de colite tem sido associado aos sinais clínicos e aos resultados terapêuticos, pois os achados laboratoriais nos pacientes com colite crônica são pouco elucidativos. Para um diagnóstico definitivo, a colonoscopia com biópsias é o procedimento de escolha (2).

Os hospedeiros definitivos do Ancylostoma caninum são os cães e os gatos, que apresentam os vermes adultos fixados à mucosa intestinal através de suas cápsulas bucais, que permitem a espoliação de grande quantidade de sangue. Em cães a enfermidade é caracterizada por anemia hemorrágica aguda ou crônica. Em infecções mais leves, a anemia não é tão grave. Entretanto, em infecções prolongadas o cão pode se tornar deficiente de ferro e desenvolver anemia hipocrômica e microcítica, principalmente animais mais velhos (3).

De maneira geral a colonoscopia é indicada para cães e gatos com doença crônica do intestino que não respondem a dieta, terapias antibacterianas e anti-helmínticas apropriadas (4).

Desta forma, este trabalho tem como objetivo relatar a obtenção de adequado diagnóstico e indicação terapêutica em canino com hematoquezia via colonoscopia, demonstrando sua eficácia no diagnóstico definitivo de afecções crônicas do sistema digestório inferior.

MATERIAL E MÉTODOSUm canino macho, sem raça definida, com cinco anos, pesando 10kg, foi atendido em outro estabelecimento veterinário, com queixa de vômito a cada 15 dias, diarreia pastosa de coloração esverdeada, anorexia e dor abdominal, sem histórico de desverminação prévia. Foi realizado exame parasitológico de fezes, o qual apresentou resultados negativos. Porém após um mês o animal retornou para consulta, apresentando fezes muco-sanguinolentas, foi prescrito então, a associação de metronidazol com sulfadimetoxina (500mg, b.i.d.), sem sucesso no tratamento, o paciente retornou apresentando inapetência, sem melhora do aspecto das fezes. Desta forma, o animal havia sido internado com o seguinte tratamento: sulfadoxina associado à trimetoprim 10mg/kg BID, omeprazol 1mg/kg, N-butilrometo de hioscina em associação com Dipirona Sódica 25mg/kg TID, Ondasentrona 0,2mg/kg TID e fluidoterapia com Ringer Lactato 500ml/24h. Foi indicado que o paciente fosse submetido à colonoscopia para

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diagnóstico definitivo.

Para a realização da colonoscopia, o animal recebeu preparo intestinal durante cinco dias antes do procedimento. O preparo consistiu em dieta pastosa misturada com água durante os três primeiros dias, além da administração de bisacodil (5mg b.i.d., v.o). No quarto dia, além do animal ser submetido à jejum alimentar de 15h e jejum hídrico de quatro horas, manteve o laxante e passou a fazer uso de supositório composto por sorbitol laurilsulfato de sódio. Antes do início do procedimento, no quinto dia, o animal utilizou o mesmo supositório.

A indução anestésica foi realizada com Propofol 6mg/kg e mantido em anestesia inalatória com Isofluorano em 100% de Oxigênio. Realizou-se enema transoperatório com NaCl 0,9%. Durante a colonoscopia, foi observada considerável espoliação da mucosa colônica com ulcerações provocadas por Ancylostoma caninum, os quais estavam fixados na parede intestinal. Além disso, foram coletados nove fragmentos da mucosa do cólon descendente para exame histopatológico.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA colonoscopia completa durou aproximadamente 34 minutos sem intercorrências cirúrgicas ou anestésicas.

O exame histopatológico realizado através dos fragmentos coletados via cirurgia endoscópica, demonstraram alterações inflamatórias na mucosa colônica do paciente. Estas alterações foram sugestivas da ação espoliativa exercida pelo parasita visualizado durante o procedimento, evidenciando um caso de colite parasitária (5).

Neste caso foi indicada a desvermifugação do paciente. A resposta clínica à essa conduta terapêutica foi satisfatória. O diagnóstico diferencial recai sobre a presença de doença intestinal inflamatória primária, já que a histologia não permitiu adequada diferenciação. Acredita-se que a causa primária da colite tenha sido a presença do parasito frente a resposta clínica.

Apesar da considerável infestação verificada pela colonoscopia, o exame parasitológico das fezes deu negativo devido ao método de avaliação empregado, o qual permite a constatação dos ovos por flutuação, impossibilitando assim a observação das formas larvais infectantes que sedimentam na solução de análise (6).

CONCLUSÕESConclui-se, que a colonoscopia com biópsia é uma ferramenta muito importante no diagnóstico definitivo de colite crônica e atribuição de suas causas.

REFERÊNCIAS1) STURGESS, C. P. Doenças do Trato Alimentar. In: DUNN J. K. Tratado de Medicina de Pequenos Animais. 1ª ed. Roca. São Paulo; 2001.2) SCHAFER, F. M. A. V. Colites em cães. 2006. 37f. Monografia do curso de pós-graduação em Cirurgia de Pequenos Animais – Curso de pós-graduação “lato sensu” em clínica médica e cirúrgica em pequenos animais, Universidade Castelo Branco, Campo Grande; 2006.3) URQUHART, G.M.; ARMOUR, J.; DUCAN, J.L.; DUNN, A.M.; JENNIGNS, F.W. Parasitologia Veterinária. Guanabara Koogans S.A.; 2ª ed.; São Paulo; 1998.4) NELSON R.W. & COUTO C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Editora Elsevier; 2015.RIBEIRO, V. M. Controle de Helmintos de Cães e Gatos, XIII Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária & I Simpósio Latinoamericano de Ricketisioses. Ouro Preto, Minas Gerais, Revista Brasileira de Parasitologia, v.13, Suplemento I, 2004.5) ÁVILA, V. P. F.; ESMERALDINO, A. T.; BERNARDI, L.; FALLAVENA, L. C. B. RODRIGUES, N.C., Enterite eosinofílica canina- relato de caso. In: CONBRAVET, 2008.6) ROBERTSON, I. D.; IRWIN, P. J.; LYMBERY, A. J.; THOMPSON, R. C. A. The role of companion animals in the emergence of parasitic zoonoses. International Journal for Parasitology, v.30, n.12- 13, 2000.

Colonoscopia com biopsias em paciente com colite e infestação por Ancylostoma caninum

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Colopexia Videoassistida com Dois Portais como Tratamento de Intussuscepção e Prolapso de Cólon em um CarneiroBernardo Nascimento Antunes* – Graduando da UFSM. Bolsista CNPq/BrasilHenrique Jonatha Tavares – médico Veterinário Residente do HVU da UFSMMaurício Veloso Brun – Docente da UFSM . Bolsista CNPq/Brasil.*[email protected]

RESUMOAs afecções de reto em ovinos podem ocorrer devido a vários fatores, sendo a caudecto-mia inapropriada um deles. O objetivo do trabalho é relatar a técnica de colopexia vídeo-assistida utilizando dois portais de acesso como tratamento de intussuscepção e prolapso de cólon em um carneiro. Foi atendido um carneiro da raça Téxel no HVU da UFSM apre-sentando prolapso retal havia seis dias. Foram realizadas suturas em bolsa de tabaco pri-meiramente, sendo realizada, a colopexia videoassistida como meio de tratamento defini-tivo. O paciente não apresentou recidiva do prolapso retal, recebendo alta médica seis di-as após a cirurgia. Houve adequada evolução pós-operatória, mostrando-se a técnica e a conduta medicamentosa efetivas para o presente caso.

Palavras chave: Laparoscopia; videocirurgia; ovino; reto; cólon.

INTRODUÇÃOO prolapso retal é uma afecção comum em ovinos de cauda curta, sendo a colopexia uma alternativa de tratamento do prolapso retal (1). Segundo o conhecimento dos autores são raros os casos relatados de procedimentos videocirúrgicos como meio de tratamento de prolapso de cólon em ovinos, além de não haver descrição do uso da técnica de colopexia videoassistida com dois portais de acesso em ovinos. Considerando que a técnica vídeo-assistida com dois portais pode ser a primeira escolha para colopexias em pequenos ani-mais (5), no presente relato optou-se por empregar essa técnica no tratamento de ovino com prolapso retal recidivante e intussuscepção de cólon.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no HVU da UFSM um ovino macho de um ano de idade e 53 kg, da raça Téxel, com prolapso retal havia seis dias. A mucosa retal apresentava-se viável. Houve relato de miíase na região ventral do esfíncter anal antecedente ao prolapso. Primeiramente, foi realizada uma sutura em bolsa de tabaco, sendo que após sua retirada ocorreu recidiva do prolapso. Realizou-se então três pontos de sutura captonada em pa-drão Wolff perirretais para reduzir o risco de necrose durante os quatro dias que antece-deram a colopexia.

Para a videocirurgia, foi realizado jejum de sólidos de 27 horas e feita tricotomia ampla na região abdominal, estendendo-se da cartilagem xifoide à região púbica e na parede abdo-minal lateral até a altura dos processos transversos, além de períneo e região sacrocau-dal. Foi realizada hemoterapia com sangue total no trans e pós-operatório, visto que o pa-ciente apresentava-se anêmico. Como medicação pré anestésica o paciente recebeu ce-tamina (8 mg.kg-1), midazolam (0,5 mg.kg-1) e tramadol (4 mg.kg-1), sendo induzido à a-nestesia com propofol (4 mg.kg-1) e mantido com isoflurano vaporizado em O2 a 100% e ventilação mecânica. Realizou-se bloqueio epidural baixo com lidocaína (1,15 mg.kg-1).

Após antissepsia com o paciente em decúbito dorsal, foi realizada incisão de aproximada-mente 12mm na pele sobre a cicatriz umbilical para introdução do primeiro portal de 11 mm e realização do pneumoperitônio com CO2 medicinal aquecido a uma pressão de 12 mmHg. Após inspeção da cavidade abdominal com endoscópio de 10 mm, procedeu-se a colocação do segundo portal de 11 mm na região paramediana pré-púbica esquerda. O paciente foi posicionado em Trendelenburg, sendo através do segundo portal identificado e tracionado o cólon descendente com auxílio de uma pinça de apreensão Babcock. Com o auxílio externo de um volante a partir de palpação retal, o tecido

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prolapsado foi mantido reduzido, para que na sequência fosse exteriorizado o cólon pelo acesso pré-púbico am-pliado em aproximadamente 1,5 cm. Com a aplicação de suturas de arrimo, realizou-se u-ma incisão seromuscular de 2,5 cm na borda antimesentérica do mesmo, para fixação das bordas desta ferida no músculo reto abdominal por meio de sutura simples contínua com polipropileno 3-0 e 2-0. Retirou-se os pontos de reparo e se realizou a síntese do folheto externo do músculo abdominal. Inspecionou-se a cavidade abdominal e, na sequência, foi aplicada sutura cutânea em Wolff com fio náilon 4-0. O paciente recebeu ceftiofur (1,1 mg.kg-1, a cada 24 horas por 5 dias), meloxicam (0,5 mg.kg-1, a cada 24 horas por 48 ho-ras) e açúcar com pasta de nitrofurazona na ferida anal.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA associação mais comum ao prolápso retal em cordeiros é o corte curto da cauda, de-vendo o clínico aconselhar os proprietários a evitar tal erro de manejo. Os fatores que pre-dispõem tal doença são os ambientes empoeirados, o supercondicionamento físico, a pre-sença de doenças respiratórias e de cálculos urinários (3). Segundo alguns autores, a cor-reção de prolapso retal é custo-proibitivo, sendo recomendada em animais valiosos (2). Já a laparoscopia em pequenos ruminantes é utilizada, mais comumente, como ferramenta reprodutiva, podendo também ser empregada como forma diagnóstica alternativa à lápa-rotomia exploratória (3).

O procedimento teve duração de 60 minutos, havendo estabilidade anestésica e dos parâ-metros fisiológicos durante toda a operação. Conforme a indicação da literatura, utilizou-se o isoflurano que é eficaz e seguro para anestesia em ovinos, assim como foram em-pregadas a ventilação em sistema com cânula absorvente de CO2 (6). O jejum de 27 ho-ras, como na literatura indicado de 24 a 48 horas para ovinos (3), foi eficiente, assim co-mo o acesso crânioventral na linha média, citado como ótimo para visualização da porção cranioventral em bovinos (4). Dessa forma, os autores concordam com relato prévio o qual afirma-se que a técnica para a exploração láparoscópica do abdômen em bovinos pode ser modificada para uso em ovinos (3). O paciente apresentou evolução clínica sa-tisfatória e recebeu alta médica seis dias após a cirurgia, não havendo recidiva ou compli-cações, as quais são comuns em colopexias convencionais (1).

CONCLUSÃODessa forma conclui-se que a técnica de colopexia videoassistida é uma alternativa de tratamento de intussuscepção e prolapso de cólon em ovinos.

REFERÊNCIAS1) Oliveira GK, Oliveira CK, Raiser AG, Silva SV, Mônaco F. Colopexia em ovinos da raça Dorper com prolapso retal. Cienc. Rural 2009; 39(2):479-483.2) Schoenian S. Rectal prolapse: a complex problem with many contributing factors. Maryland small ruminant page [periódico online] 2006; 1(1). Disponível em:  URL: http://www.sheepandgoat.com/articles/rectalprolapse.html [2017 abr. 25].3) Christine BN, Baird AN, Pugh DG. Diseases of the Gastrointestinal System. In: Pugh DG, Baird AN. Sheep and Goat Medicine. 2th ed. Maryland Heights, Missouri: Elsevier; 2002. p. 71-105.4) Radostits OM, Gay CC, Blood DC, Hinchcliff KW. Clínica Veterinária – Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Equinos: Doenças do trato alimentar – II. 9ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan; 2002. p. 235-310.5) Brun MV. Videocirurgia em Pequenos Animais: Cirurgias do aparelho digestório. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan; 2015. p. 239-250.6) Hui-Chu L, Caldwell F, Pugh DG. Anesthetic Management. In: Pugh DG, Baird AN. Sheep and Goat Medicine. 2th ed. Maryland Heights, Missouri: Elsevier; 2002. p. 517-538.

Colopexia Videoassistida com Dois Portais como Tratamento de Intussuscepção e Prolapso de Cólon em um Carneiro

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Comparação citológica e histopatológica de lesões esplênicas em cãesEmanoelly Sousa da Silva - Aluna de graduação em Medicina Veterinária - Universidade de Cuiabá.Kamila Peruchi Fernandes - Aluna de mestrado em Biociência Animal - Universidade de Cuiabá.Lívia Saab Muraro - Professora de Patologia Clínica Veterinária - Universidade de Cuiabá.Luiz Gustavo Schneider de Oliveira - Professor de Patologia Veterinária - Universidade de Cuiabá.Fabiana Marques Boabaid - Professora de Patologia Veterinária- Universidade de Cuiabá.E-mail: [email protected]

RESUMOO baço é um órgão linfático que pode ser acometido por alterações inflamatórias, hiperplásicas e neoplásicas. Visto que o diagnóstico clínico dessas alterações ainda carece estudos, o objetivo deste trabalho foi comparar a avaliação citológica e histológica de lesões esplênicas de cães e determinar a acurácia do exame citológico. Os dados foram obtidos dos laudos de exames do Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá entre 2011 e 2016. Foram reunidos 22 casos, dos quais 15 tiveram resultados compatíveis ou parcialmente compatíveis entre, os exame citológico e histopatológico. Os resultados obtidos sugerem que apesar das limitações decorrentes de dificuldades na coleta, a citologia é um exame de triagem satisfatório para avaliação lesões esplênicas.

Palavras-chave: baço; correlação cito-histológica; doenças de cães.

INTRODUÇÃOO baço é um importante centro linfático e monocítico-fagocitário e constitui um local importante de metástases e origem de tumores benignos e malignos (1).

A citologia pode oferecer vantagens em relação ao exame histopatológico, como menor traumatismo, rapidez e boa relação custo-eficácia. Em alguns casos, porém, a amostra citológica pode apresentar celularidade insuficiente e a coleta para exame histopatológico se torna a única forma de obter um diagnóstico confiável. As indicações de biópsias esplênicas devem ser, no entanto, cuidadosamente avaliadas quanto ao risco que podem conferir, que são contraindicados em casos de distúrbios hematológicos, os quais estão frequentemente associados, como em casos de pacientes com trombocitopenia (2;3).

Frente às inúmeras possibilidades diagnósticas, às vantagens e limitações de cada técnica, esse trabalho teve como objetivo comparar os resultados da citologia com os diagnósticos da histopatologia e determinar a acurácia do exame citológico.

MATERIAL E MÉTODOSEste estudo foi realizado de forma retrospectiva, prospectiva e observacional no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2016 nos Laboratórios de Patologia Clínica e Patologia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá. A coleta de material para citologia por agulha fina foi guiada pela ultrassonografia através da técnica de mão livre, com uma agulha 25x7, e em seguida era realizado squash com o material obtido. Após secagem as lâminas eram coradas com panótico e avaliadas. Para o exame histológico foram coletados fragmentos de tecido através de biópsias cirúrgicas excsionais ou na necropsia. Os tecidos coletados foram processados rotineiramente e corados por hematoxilina e eosina. Posteriormente, a capacidade da citologia em indicar o diagnóstico foi comparada de forma descritiva à histopatologia.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOForam avaliados os exames citológicos e histopatológicos de 22 cães, sete machos e 15 fêmeas, com idade variando de um a 15 anos, sendo a raça PitBull a mais frequente (9/22), seguida de SRD (7/22), Rottweiler (2/22), Labrador (1/22), Dogo Argentino (1/22), Beagle (1/22) e Dachshund (1/22).

A citologia demonstrou predominância de lesões não neoplásicas (12/22) sobre as neoplásicas (10/22). Lesões não neoplásicas foram classificadas como baço reativo (11/12), dos quais, a metade aproximadamente (6/11) confirmou-se como hiperplasia linfoide na histologia, porém em um caso constatou-se concomitantemente hemangiossarcoma na histopatologia e em outro caso foi descrito esplenite eosinofílica na citologia porém não foi visualizada na histopatologia. Dos casos restantes (5/11), três receberam diagnóstico histopatológico de hemangiossarcoma, um de linfoma e um caso de esplenite eosinofílica e histiocitária. Em um caso (1/12) foi visualizado na citologia numerosos eosinófilos e matóscitos, porém na histologia revelou-se hemangiossarcoma.

Os neoplasmas foram classificados na citologia como mesenquimais (5/10), linfoma (3/10) e carcinoma (1/10). Em uma amostra se identificou na citologia neoplasma misto de células epiteliais e redondas. Os casos diagnosticados na citologia como neoplasia mesenquimal corresponderam na histologia a hemangiossarcoma (3/5), sarcoma indiferenciado (1/5), hemangioma (1/5), sendo portanto, compatíveis com a análise citológica. Casos de linfoma ao exame citológico foram diagnosticados na histologia como linfoma (1/3), sarcoma histiocítico (1/3), enquanto o terceiro caso foi diagnosticado como hiperplasia linfoide (1/3), revelando compatibilidade em apenas um caso, e compatibilidade parcial no caso do sarcoma histiocítico. O diagnóstico citológico carcinoma foi compatível com a histologia, que revelou tratar-se de um caso de carcinoma mucoepidermoide. O caso em que se diagnosticou processo neoplásico misto de células epiteliais e redondas, foi constatado metástase de tumor venéreo transmissível na histologia.

Ao comparar-se os exames, os resultados foram em sua maior parte compatíveis ou parcialmente compatíveis (15/22), demonstrando uma taxa de acerto de 68,2%. Por outro lado, constatou-se que dos sete casos não compatíveis, quatro consistiam em hemangiossarcoma à histologia. O fato decorre, provavelmente, da escassez de células neoplásicas obtidas pela punção das neoplasias mesenquimais. Quanto ao diagnóstico de linfomas, , apenas um entre três foram compatíveis, demonstrando a dificuldade em distinguí-los de hiperplasia linfoide em casos de linfomas bem diferenciados, o que já foi demonstrado por outros autores (2;3).

Outros autores demonstraram que os resultados citológicos frequentemente refletem os histológicos, porém a baixa quantidade de células viáveis e a contaminação com sangue e restos celulares pode tornar o diagnóstico citológico inviável. Além disso, a reatividade tecidual intensa pode gerar alterações citomorfológicas em que, ás vezes, se faz necessária a observação da arquitetura do órgão (3).

CONCLUSÃONesse estudo verificou-se que a citologia é um exame de triagem adequado para diagnóstico de lesões esplênicas, porém em alguns casos necessita-se deexame histológico para obtenção de um resultado seguro.

REFERÊNCIAS1) Fry MM, McGavin MD. Medula Óssea, Células Sanguíneas e Sistema Linfático. In: Zachary JF, McGavin M D. Bases da Patologia em Veterinária. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Cap. 13, p. 740-744.2) Raskin RE. Categorias Gerais de Interpretação Citológica. In: Raskin RE, Myer DJ. Citologia Clínica de Cães e Gatos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. Cap. 2, p. 15-25.3) Ballegeer EA, Forrest LJ, Dickinson RM et al. Correlation of ultrasonographic appearance of lesions and cytologic and histologic diagnoses in splenic aspirates from dogs and cats: 32 cases (2002–2005).Journal of American Veterinary Medical Association. 2007; 230:690–696.

Comparação citológica e histopatológica de lesões esplênicas em cães

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Comparação da Ação Analgésica de Nalbufina e Tramadol em Gatas Submetidas à OvariosanpingohisterectomiaJéssica Aires Barros de Carvalho - Médica veterinária autônoma, Londrina PR. Isadora Sartini Andrade - Acadêmica em medicina veterinária UNOPAR – Arapongas.Fernanda Cristina Sanches - Médica veterinária autônoma, Londrina PR.Bernardo Kemper - Professor, Dr. UNOPAR/Campus Arapongas.Daniella Aparecida Godoi Kemper - Professora, Dra. UNOPAR/Campus [email protected]

RESUMOO estudo teve como objetivo avaliar a analgesia e sedação da administração de nalbufina ou tramadol em gatas submetidas à OSH eletiva. Participaram 20 animais que receberam acepromazina associado à cetamina como medicação pré-anestésica, indução com propofol, manutenção com isofluorano e analgesia transoperatória com epidural de lidocaína. Os animais foram divididos em dois grupos: Tramadol (GT, n=10) e Nalbufina (GN n=10). O GT recebeu 2mg/kg de tramadol e o GN recebeu 0,2mg/kg de nalbufina, ambos medicamentos foram administrados IV após a cirurgia. Uma hora após a administração dos analgésicos realizou-se a avaliação da analgesia através das seguintes escalas: escala analógica visual (EAV) (0-10), escala de análise descritiva proposta por Lascelles (0-3), escala descritiva de dor da Universidade de Colorado (0-4) e da escala de dor multidimensional proposta pela UNESP-Botucatu (0-30). Avaliou-se também o grau de sedação através da escala de Ramsey (1-6). Não houve diferença significativa entre os dois grupos nas escalas de avaliação da dor e também na escala de sedação, porém sete animais do GT e seis animais do GN necessitaram de analgesia resgate. Os opiódes não promoveram analgesia satisfatória no pós-operatório de gatas submetidas à OSH, e a nalbufina mostrou eficácia analgésica semelhante ao tramadol nas doses empregadas.

Palavras-chave: Analgesia; Dor Aguda; Felinos; Opióide; Pós-operatório.

INTRODUÇÃOA avaliação de dor em animais é um desafio, já que o reconhecimento do fenômeno se baseia principalmente na observação do comportamento. Nos felinos, esta tarefa torna-se mais complexa, dado ao seu comportamento natural peculiar dificultando mais ainda o reconhecimento da dor (1).

O tramadol é um opióide que tem ação agonista para o receptor µ (mi) e uma ação que bloqueia a recaptação de norepinefrina e promove a liberação de serotonina. Devido essa atividade mista, sua utilização é desprovida de efeitos colaterais como dependência, constipação, depressão respiratória ou efeitos cardiovasculares (2).

O cloridrato de nalbufina é um agonista ƙ (kappa) e antagonista µ, com ação sedativa leve. É considerado o mais potente antagonista quando comparado a outros fármacos da mesma classe, promove excelente analgesia, sendo esta sua grande vantagem (2).

O tratamento da dor aguda é um dos vieses mais importantes do protocolo anestésico, uma vez que pode ser deletéria para a recuperação. Os opióides são considerados os mais potentes analgésicos conhecidos. Porém ainda há resistência no seu uso em felinos, por receio de possíveis efeitos adversos, fatos que motivaram a elaboração desse trabalho, com finalidade principal de avaliar o efeito analgésico da nalbufina comparado ao tramadol, no controle da dor pós-operatória em gatas submetidas à ovariosalpingohisterectomia (1).

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MATERIAL E MÉTODOSParticiparam deste estudo 20 gatas hígidas, dóceis, de idades e pesos variados, encaminhadas para realização de OSH. Os animais foram anestesiados conforme o protocolo: acepromazina (0,1mg/kg) associado à cetamina (2mg/kg) por via intramuscular (IM) como medicação pré-anestésica; indução anestésica com propofol (5mg/kg) por via intravenosa (IV); lidocaína (4mg/kg) via epidural lombossacra, e manutenção com isoflurano.

O estudo foi prospectivo, comparativo, aleatório e encoberto. Os animais foram divididos em dois grupos: Tramadol (GT, n=10) e Nalbufina (GN n=10). O GT recebeu tramadol na dose de 2mg/kg e o GN recebeu nalbufina na dose de 0,2mg/kg, ambos medicamentos foram administrados IV imediatamente após o término do procedimento.

Uma hora após a administração dos analgésicos realizou-se a avaliação da analgesia através das seguintes escalas: escala analógica visual (EAV) (0-10), escala de análise descritiva proposta por Lascelles (0-3), escala descritiva de dor da Universidade de Colorado (0-4) e da escala de dor multidimensional proposta pela UNESP-Botucatu (0-30). Avaliou-se também o grau de sedação através da escala de Ramsey (1-6). O resgate analgésico foi realizado quando o animal apresentou intensidade de dor superior ou igual a 4 no EAV, Colorado maior ou igual a 3, Unesp maior ou igual a 8, ou Lascelles superior ou igual a 2, nestes casos empregou-se morfina na dose de 0,2mg/kg (IV). Os dados foram analisados por estatística não paramétrica (teste de Mann-Whitney) com nível mínimo de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÕESNão houve diferença significativa entre os grupos nas escalas de dor, porém sete animais do grupo tramadol e seis animais do grupo nalbufina necessitaram de analgesia resgate. Os valores de mediana e valor mínimo-máximo pela EAV foram 1 (0-6) no GN e 2 (0-4) no GT; na escala de Lascelles foram 1 (0-2) no GN e 1 (0-1) no GT; na escala da UNESP-Botucatu foram 8 (0-14) no GN e 8,5 (2-12) no GT; e na escala de Colorado foram 1,5 (0-4) no GN e 2 (0-4) no GT. Ademais, não houve diferença significativa entre os grupos na escala de Ramsey, cujos valores de mediana foram 3 (1-4) no GN e no GT.

O presente estudo demonstrou que ambos os grupos, tanto tramadol quanto a nalbufina não promoveram analgesia satisfatória no controle da dor pós-operatória imediata de gatas submetidas à OSH. Apesar de não haver estudos sobre a nalbufina em felinos, os achados divergem com a literatura referente ao tramadol, pois em estudo realizado por Evangelista et al (2014), o tramadol promoveu analgesia satisfatória por 6 horas e foi superior a meperidina no pós-operatório de OSH em gatas (3). De fato, a avaliação da dor em animais é subjetiva e está sujeita a viés e interpretação, mesmo com o emprego de escalas específicas. Neste sentido, é provável que para maior impacto científico um trabalho com maior número de animais seja necessário.

CONCLUSÃO O tramadol e a nalbufina não promoveram analgesia satisfatória no pós-operatório de gatas submetidas à OSH. A nalbufina na dose de 0,2mg/kg apresenta eficácia analgésica semelhante ao tramadol na dose de 2mg/kg.

REFERÊNCIAS1) Robertson S. Pain management in the cat. In: Muir W, Gaynor J. Handbook of veterinary pain management. 2nd ed. Missouri: Mosby; 2009. p. 415-36.2) Fantoni DT, Garofalo NA. Fármacos Analgésicos Opióides. In: Fantoni DT. Tratamento da Dor na Clínica de Pequenos Animais. (Ed). Rio de Janeiro: Elsevier; 2012. p.109-126.3) Evangelista MC, Silva RA, Cardozo LB, Kahvegian MA, Rossetto TC, Matera JM, Fantoni DT. Comparison of preoperative tramadol and pethidine on postoperative pain in cats undergoing ovariohysterectomy. BMC Vet Res. 2014;10:252.

Comparação da Ação Analgésica de Nalbufina e Tramadol em Gatas Submetidas à Ovariosanpingohisterectomia

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Comparação entre três métodos para detecção de glicosúria em cães e gatos Tainara Renata Tineli¹*; Mauricio Eduardo Mezzaroba¹; Angela Patricia Medeiros Veiga Veiga²; 1Discentes do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Curitibanos.2Docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Curitibanos - orientadora. *Autor apresentador e-mail: [email protected]

RESUMO A glicosúria pode ser fisiológica ou patológica, ocorrendo em dietas ricas em carboidratos, excitação ou administração parenteral de glicose, sem que tenha sido respeitado jejum previamente à colheita. A glicosúria patológica é observada em casos de diabetes mellitus, necrose pancreática e síndrome nefrótica, dentre outras. Estudos realizados em humanos detectaram uma maior sensibilidade do reativo de Benedict ao avaliar glicosúria, porém, até então, não há relatos sobre o uso deste teste em cães e gatos. Objetivou-se avaliar a presença de glicose na urina de caninos e felinos utilizando três metodologias, sendo duas através do uso de tiras reagentes a terceira através do reativo de Benedict. Os animais foram submetidos à colheita de urina por meio de micção espontânea, massagem seguida de compressão vesical ou cistocentese. Observou-se alta correlação no teste de Pearson entre as análises (R=0,80) e baixa correlação entre ambas as tiras e o teste de Benedict (manual: R=0,35; automático: R=0,44). Os resultados permitem concluir que, assim como em humanos, o teste de Benedict é mais eficiente do que as tiras reagentes na detecção de glicosúria em cães e gatos.

Palavras-chave: urinálise; diabetes mellitus; patologia clínica; reativo de Benedict.

INTRODUÇÃO Os rins possuem capacidade expressiva na produção de glicose, através do cortéx renal, associado com a medula da adrenal que apresenta uma alta capacidade glicolítica relacionada ao mecanismo de concentração. Portanto, sabe-se que os rins participam da produção, utilização e conservação da glicose. Quando ocorre elevação de glicose nos níveis sanguíneos, acima do limiar de reabsorção renal, o transporte tubular cessa e a glicose aparece na urina.¹

Em exames urinários obtêm-se informações básicas como cor, odor, aspecto e presença de açúcares. A Diabetes mellitus é considerada uma das patologias em que mais se evidencia glicosúria, caracterizada por hiperglicemia causada por um distúrbio metabólico.² Existem dois testes utilizados para detecção de glicose na urina: teste da tira reativa e o teste confirmatório, Benedict. O teste de Benedict baseia-se na adição à urina de um reagente químico usado para detecção semi-quantitativa de açúcares,³ porém, escassas são as informações sobre a sua aplicação na detecção da glicosúria em cães e gatos. Objetivou-se avaliar a presença de glicosúria em cães e gatos utilizando três diferentes metodologias, sendo duas através do uso de tiras reagentes: uma avaliada manual e outra automaticamente, e a terceira através do reativo de Benedict.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados 22 animais, sendo 10 felinos (05 machos e 05 fêmeas) e 12 caninos (06 machos e 06 fêmeas), provenientes do município de Curitibanos, SC. Os animais apresentavam-se saudáveis e submetidos a exames pré-operatórios, foram submetidos à colheita de urina por meio de micção espontânea, massagem seguida de compressão vesical ou cistocentese. Após a colheita, as amostras foram analisadas através do uso de duas tiras reagentes, uma lida automaticamente no leitor de tiras urinárias Urivision® (Wama) e outra lida manualmente (Urigold®, Analisa). As tiras são impregnadas com substâncias químicas que, em contato com a urina sofrem reação e produzem coloração característica; e através do teste de Benedict, em que 04 gotas de urina foram adicionadas a 2,5 mL de reativo de Benedict em um tubo de ensaio, o qual foi incubado por cinco minutos em Banho Maria a 100 ºC e após foi efetuada a avaliação da coloração, observando-se mudança ou não de coloração na solução, que pode variar de verde límpido

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a vermelho tijolo, conforme a concentração de glicose presente na amostra.¹

RESULTADOS E DISCUSSÕES A glicosúria pode ser fisiológica ou patológica, o limiar renal de reabsorção tubular de glicose é de 180mg/dl no canino e de 280 mg/dl no felino. Das amostras testadas, 10 (45,45%) apresentaram positividade no teste de Benedict, mostrando coloração esverdeada, dentre estes, 04 felinos (03 machos e 01 fêmea) e 06 caninos (03 machos e 03 fêmeas), enquanto que somente 02 apresentaram positividade pelo método de leitura manual e 03 pelo método automático de tiras reagentes. Em análises humanas, dos voluntários em jejum, a minoria apresentou reação esverdeada, indicando menor porcentagem positiva para glicose, comparado ao presente estudo, enquanto que as coletas pós-prandiais apresentaram 100% de positividade.³ Observou-se alta correlação no teste de Pearson entre as análises realizadas através das tiras reagentes (R=0,80) e baixa correlação entre ambas as tiras e o teste de Benedict (manual: R=0,35; automático: R=0,44), o que indica maior sensibilidade do teste de Benedict para a detecção de glicosúria em cães e gatos do que as tiras reagentes.

CONCLUSÕES Os resultados permitem concluir que, assim como em humanos, o teste de Benedict é mais eficiente do que as tiras reagentes na detecção de glicosúria em cães e gatos. Assim, recomenda-se que o teste seja utilizado quando se suspeita de glicosúria nestas espécies.

REFERÊNCIAS 1) Malnic G, Marcondes M. Fisiologia renal. 3. ed. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária Ltda; 1986 2) Torres RM, Fernandes JD, Cruz EA. Adesão do Portador de Diabetes ao Tratamento: Revisão Bibliográfica. Revista Baiana de Enfermagem. 21(2/3): 61-70, 2007. 3) Em suporte eletrônico -Carvalho, W.L. ; Araujo, H.C.; Campos, V.N.S.; Sales, J.S.; Pereira, M.R.S.; Nunes, S.F.L.C. Determinação de açucares redutores na urina utilizando o reagente Benedict. 54ª Congresso Brasileiro de Química. Rio Grande do Norte. 2014 [citado em 23/03/2017]. Disponível em: URL: http://www.abq.org.br/cbq/2014/trabalhos/11/6183-19193.html.

Comparação entre três métodos para detecção de glicosúria em cães e gatos

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Complicações de Doença Periodontal Grave - Relato de CasoSabrina de Oliveira Capella – Doutoranda – Programa de Pós-graduação em veterinária – UFPel – [email protected] Márcia de Oliveira Nobre - Prof. Adjunta do Departamento de Clínica Veterinárias – Universidade Federal de Pelotas

RESUMOA doença periodontal acomete cerca de 85% de cães e gatos com cinco anos ou mais. Quando não tratada ela pode levar a complicações locais e sistêmicas graves. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de doença periodontal grave com reabsorção de tecido ósseo. Foi atendido um canino, fêmea, dez anos de idade, SRD, apresentando queixa de halitose intensa. No exame clínico observou-se a ausência de vários dentes, a presença de uma fistula oronasal. Em exame radiográfico demonstrou área radioluscente na região de maxila e mandíbula. Realizou-se o tratamento de doença periodontal para remoção do acúmulo bacteriano e encaminhou-se o paciente para cirurgia de reconstrução de palato.

Palavras-chave: Fistula; reabsorção óssea; profilaxia dentária.

INTRODUÇÃOA doença periodontal faz parte da rotina da clínica médica de pequenos animais. Ela é responsável por incidências variadas de inflamação e infecção nos tecidos bucais. Apesar de comum, está doença periodontal é facilmente negligenciada, sendo dada como sem importância (1).

Contudo, casos graves da doença levam a dor, perdas dentárias e fraturas de mandíbula ou maxila. Além disso, pode acarretar distúrbios sistêmicos, comprometendo órgãos vitais, como coração, fígado e rins, e também articulações (1). Casos de doença periodontal grave, a bolsa periodontal maxilar está profunda pela alta destruição do periodonto, podendo progredir para o ápice radicular, provocando a lise do osso entre o alvéolo dentário e a cavidade nasal ou o seio maxilar (2). Neste contexto, o presente trabalho objetiva relatar um caso de doença periodontal grave com complicações ósseas.

MATERIAL E MÉTODOSUm canino fêmea de dez anos de idade, SRD foi levado ao Hospital de Clinicas Veterinárias da Universidade Federal de Pelotas apresentando como queixa principal uma intensa halitose. Durante a anamnese, o proprietário relatou que o paciente se alimentava bem, sendo oferecida ração juntamente com alimentos caseiros, para que o alimento estivesse com consistência amolecida. Além disso, foi relatado que a ingesta hídrica era normal e que o paciente não tinha hábitos de roer objetos.

Ao exame físico geral a paciente apresentava adequado estado de condição corporal, hidratado, estado de alerta, mucosas normocoradas, sem alteração em parâmetros vitais, com linfonodos submandibulares levemente aumentados. No exame físico especifico da cavidade oral observou-se mucosas e língua sem alterações, porém a língua encontrava-se lateralizada. Constatou-se a ausência de diversos dentes, estando presentes na cavidade oral: no quadrante superior esquerdo primeiro e terceiro incisivos e canino; No quadrante superior direito quarto pré-molar; Quadrante inferior esquerdo com presença do quarto pré-molar; Quadrante inferior direito com presença do primeiro e quarto pré-molar. Estando alguns com mobilidade dentária. Além disso, constatou-se a presença de uma fistula oronasal no lado direito cranial da cavidade oral, gengivite com leve sangramento, e cálculo dentário com retração gengival. Quando questionado, o tutor relatou que a fistula ocorrera em decorrência da perda do canino superior direito e que permanecera em torno de um ano. Assim, estabeleceu-se o diagnóstico presuntivo de doença periodontal grave, e solicitou-se exames complementares de hemograma completo, analises enzimáticas para perfil hepático e renal do paciente, e exame radiográfico de face, para avaliação completa da cavidade oral.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas análises laboratoriais averiguou-se eritrograma e analises bioquímicas dentro dos padrões fisiológicos e leucograma com presença de leucocitose discreta. No exame radiográfico da face observou-se áreas de radioluscência, localizadas na região de focinho e mandíbula (Fig01).

Figura 01: Radiografia de face, evidenciando áreas de radioluscência na região cranial da maxila e mandíbula.

Dessa forma, estabeleceu-se a terapia medicamentosa com Amoxicilina e clavulanato (20mg/kg), via oral, duas vezes ao dia, dipirona sódica (25mg/kg), via oral, três vezes ao dia e cloridrato de tramadol (1,5mg/kg), via oral, três vezes ao dia, todos, durante um período de 15 dias. Sendo a amoxicilina uma beta-lactamase, amplamente utilizada na rotina de pequenos animais, nas periodontites é utilizada juntamente com ácido clavulânico por abranger infecções causadas por bactérias gram-negativas (3). Além disso, foi realizado o procedimento de tratamento de doença periodontal para remoção de cálculo dentário e controle bacteriano.

O procedimento foi realizado cinco dias após o estabelecimento da antibioticoterapia, sendo neste realizada a raspagem das faces dentárias supra e subgengivais, polimento dentário e a exodontia de dentes inviáveis. Foram removidos o quarto pré-molar superior direito, primeiro e quarto pré-molares inferiores direito e o quarto pré-molar inferior esquerdo, pois apresentavam intensa mobilidade dentária, tornando impossível sua conservação. Com a evolução da lesão periodontal, pode ocorrer perda óssea, os tecidos moles são deteriorados e o ligamento periodontal é separado de seu suporte, assim verifica-se o aumento de mobilidade dentária e consequentemente a perda dentaria(1). A partir do que foi realizado o paciente foi encaminhado para procedimento cirúrgico de redução da fistula oronasal e reconstrução de palato duro.

CONCLUSÃOConclui-se que o doença periodontal é uma afecção recorrente que pode levar a complicações graves quando não dada a devida atenção, levando a execução de procedimentos laboriosos.

REFERÊNCIAS1) Santos NS; Carlos RSA; Albuquerque GR. Doença Periodontal em Cães e Gatos – Revisão de Literatura. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2012; 10(32): 1-12.2) Pachaly JR; Oliveira A; Trein JB. Fístula oronasal associada a abscesso periapical de origem periodontal em uma gata doméstica - relato de caso. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2009; 7(23): 586-591. 3) Cruz AR. Perfil de sensibilidade de bactérias patogênicas isoladas de cães frente a antimicrobianos [dissertação de mestrado]. São Paulo: Faculdade de Veterinária da UNESP; 2009.

Complicações de Doença Periodontal Grave - Relato de Caso

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.Comportamento Térmico Pós Aplicação de Ultrassom Terapêutico em Phantom de Membro Pélvico CaninoAndressa De Castro Souza, Discente em Medicina Veterinária, UFAC, [email protected] Luiza Catharina Martins Da Silva, Discente em Medicina Veterinária, UFACGlória Diniz Pires De Contreira, Discente em Medicina Veterinária, UFACLuis Eduardo Maggi, Docente do CCBN, UFACSamyla Paiva de Albuquerque, Discente do MESPA, UFAC

RESUMOTendo em vista a carência de literatura disponível referente à quantificação e dissipação do efeito térmico gerado pela aplicação de ultrassom terapêutico (UST), objetivou-se neste trabalho realizar esta avaliação em um phantom de quadríceps femoral canino. Utilizou-se frequência de 3MHz, 1W/cm² de intensidade em modo contínuo e estático por 5 minutos. Imediatamente após a aplicação e a cada 5 minutos em um período de 60 minutos foram geradas imagens térmicas do local de aplicação na região superficial e interna. Observou-se imediatamente após a aplicação um pico de temperatura entre 41 e 44°C, que baixou consideravelmente do decorrer dos minutos.

Palavras-chave: Fêmur; UST; calor.

INTRODUÇÃOO Ultrassom Terapêutico é utilizado há aproximadamente seis décadas para tratamentos de doenças, promovendo reparo tecidual (1) e também promovendo diminuição da dor (2). Sabe-se que a vibração ultrassônica promove um aquecimento nos tecidos influenciando no metabolismo celular (3) e acelerando o processo cicatricial. Segundo OLSSON et al., 2006, tratamentos terapêuticos com a utilização de ultrassom mostram resultados promissores na cura de várias lesões teciduais, mesmo existindo controvérsias sobre seu potencial biológico relacionado ao tempo, dosimetria e modo de aplicação do ultrassom terapêutico (4). Portanto, informações precisas sobre estas, serão extremamente proveitosos e satisfatórios na clinica veterinária.

Uma boa opção para se estudar o aquecimento por UST seria a utilização de corpos de prova (phantoms) com parâmetros térmicos e acústicos semelhantes a dos tecidos biológicos e usar uma câmera infravermelha para conhecer a distribuição espacial de temperatura, visto que há poucas evidências quantitativas a respeito (5).

Esse estudo realizou a análise do comportamento térmico gerado pela aplicação de ultrassom terapêutico utilizando phantom e câmera infravermelha.

MATERIAIS E MÉTODOSInicialmente, afim de simular a temperatura corporal de um animal hígido, o phantom foi submergido em banho-maria a temperatura entre 38 e 39°C. Ao atingir a temperatura desejada, o modelo foi retirado do banho-maria e disposto sobre uma superfície isolante térmica para captura de imagens infravermelhas (Flir Systems AB). Em seguida, foi devolvido ao banho-maria para a aplicação de ultrassom terapêutico a frequência de 3 MHz, intensidade 1W/cm² em modo contínuo por 5 minutos com o transdutor estático. Imediatamente após a aplicação, a temperatura foi monitorada em intervalos de 5 minutos por um período de 60 minutos. Após o registro das imagens, o phantom era reconduzido ao banho-maria para mimetizar a temperatura corporal. Posteriormente, todas as imagens termográficas foram analisadas através do software FLIR tools.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOA temperatura do phantom no local de aplicação aumentou consideravelmente logo após a aplicação do ultrassom alcançando em média 44°C e após cinco minutos imerso em banho-maria a temperatura ficou no limite entre 38 e 39°C. Nos minutos seguintes se manteve dentro mesmo limite e por fim apresentou um leve aumento chegando até 40°C.

Através das imagens obtidas pela câmera infravermelha, notou-se a diferença de temperatura no local de aplicação do UST entre a superfície da peça e o seu interior. O phantom tornou-se mais quente internamente após a aplicação do que em sua superfície. Isso implica diretamente com a ação terapêutica do aparelho de ultrassom, quanto mais calor exercido no músculo mais circulação sanguínea e mais atividade celular podem agir no local acelerando ou intensificando processos inflamatórios que podem ter ou não resultados benéficos na reparação tecidual. Perante os dados obtidos, é preciso levar em consideração que a peça não é constituída por tecido biológico, assim, a não existência de qualquer tipo de circulação no phantom torna-se um impedimento para a avaliação dos benefícios ou malefícios do uso do UST.

CONCLUSÕESOs dados obtidos são claros, porém limitados, podendo existir variáveis que justifiquem essa mudança drástica de temperatura, como o phantom não ser constituído de tecido biológico. Mesmo assim, as informações térmicas obtidas são de grande valor para um maior entendimento do efeito térmico gerado pelo UST nos tecidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1) Matheus J, Oliveira F, Gomide L, Milani J, Volpon J, Shimano A. Efeitos do ultra-som terapêutico nas propriedades mecânicas do músculo esquelético após contusão. Revista Brasileira de Fisioterapia [Internet]. São Carlos; 2008;12(3):241–7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v12n3/a13v12n3.pdf2) FRANCO AD, PEREIRA LE, GROSCBITZ M, AIMBIRE F, MARTINS RÁBL, CARVALHO RA. ANÁLISE DO EFEITO DO ULTRA-SOM NO EDEMA INFLAMATÓRIO AGUDO – ESTUDO EXPERIMENTAL Analysis of ultrasound effect in acute inflammatory. Fisioter em Mov. 2005;18(2):19–24. 3) Rodrigues DF, Mendes FF, Dias TA, Lima AR, Silva LAF. O programa ImageJ como ferramenta de análise morfométrica de feridas cutâneas. Enciclopédia Biosf [Internet]. 2013;9(17):1955–63. Available from: http://www.conhecer.org.br/enciclop/2013b/CIENCIAS AGRARIAS/O PROGRAMA.pdf4) OLSSON DC, MARTINS VMV, MARTINS E, MAZZANTI A. Estimulação ultra-sônica pulsada e contínua no processo cicatricial de ratos submetidos à celiotomia. ISSN 0103-8478. Santa Maria; 2006;865–72. 5) Andrades AO De. Aquecimento gerado pelo ultrassom terapêutico em presença de placa óssea metálica no fêmur de cadáveres caninos. 2013; Available from: http://w3.ufsm.br/ppgmv/images/dissertacoes2013/Amanda Oliveira de Andrades.pdf

Comportamento Térmico Pós Aplicação de Ultrassom Terapêutico em Phantom de Membro Pélvico Canino

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Conhecimento das Professoras da Educação Infantil Acerca de Zoonoses no Município de Curitiba-PR Evelyn Cristine da Silva - Graduanda de Medicina Veterinária na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil. Patrine Thiele - Graduanda de Medicina Veterinária UFPR, Curitiba, PR, Brasil. Carolina Trochmann Cordeiro – Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, UFPR, Curitiba, PR, Brasil. Simone Tostes Oliveira – Dra. Professora do Departamento de Medicina Veterinária, UFPR, Curitiba, PR, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO Os programas de saúde são estabelecidos por lei como obrigatórios na educação das crianças, portanto o professor deve portar um conhecimento adequado sobre o tema. O objetivo do trabalho foi avaliar as professoras da educação infantil do município de Curitiba-PR sobre zoonoses. Esta avaliação foi realizada por meio da aplicação de um questionário durante ação do projeto extensão “Educação em Guarda Responsável de Animais e Prevenção de Zoonoses”, da UFPR. As perguntas do questionário abordaram o conceito de zoonoses, o conhecimento prévio acerca de algumas zoonoses e o interesse por receber material de apoio sobre o tema. Foram analisados 83 questionários, aplicados de jan/2015 a dez/2016. Entre as professoras, 63 (75,90%) responderam que sabiam o que é zoonose, porém 51 (61,45%) relataram que não conheciam todas as zoonoses apresentadas e 72 (86,75%) se interessaram pelo encaminhamento de material de apoio. Os resultados revelaram que as professoras detém um conhecimento básico sobre zoonoses, porém este conhecimento se mostra deficiente não contemplando as principais zoonoses. Esta deficiência no conhecimento demonstra uma necessidade de orientação sobre o tema.

Palavras-chave: Educação em saúde; animais; doenças.

INTRODUÇÃO Assim a promoção de saúde na educação infantil visa desenvolver conhecimentos e habilidades, que auxiliem na percepção de autocuidado e a prevenção das condutas de risco (1). Entretanto nem sempre essa visão esteve presente na conduta pedagógica das escolas (2). Os programas de saúde nos currículos educacionais estão estabelecidos pela Lei 5692/1971, definindo a importância da educação em saúde nas escolas (3). A exigência do trabalho em educação em saúde faz com que o professor deva ter este conhecimento, visto que o docente age como um mediador no conhecimento dando a oportunidade do aprendizado ao educando (4).

Relacionando a importância da educação em saúde e o papel fundamental do professor na formação do conhecimento da criança, o objetivo do presente trabalho foi avaliar as professoras de escolas públicas e particulares do município de Curitiba-PR em relação aos conhecimentos gerais em zoonoses, como uma investigação da abordagem coerente da educação em saúde no ensino infantil.

MATERIAL E MÉTODOS Para o estudo foi aplicado um questionário a 83 professoras de educação infantil que atuam em escolas públicas e privadas do município de Curitiba – PR no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2016. As perguntas do questionário abordaram o conceito de zoonoses, se havia o conhecimento prévio acerca de algumas zoonoses e o interesse, por parte das professoras, em receber material didático de apoio sobre o tema.

A aplicação do questionário como parte da avaliação foi inserida em uma ação pertencente ao projeto de extensão “Controle de Zoonoses e Educação em Guarda Responsável em Curitiba e Região Metropolitana”, vinculado à Universidade Federal do Paraná. Os questionários foram entregues após a ação intitulada “Mini Hospital Veterinário”, na qual é simulado um hospital veterinário fictício, com bichos de pelúcia, e que são transmitidos, de

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forma lúdica, conhecimentos sobre zoonoses, guarda responsável, bem-estar animal, e proteção à fauna silvestre às crianças. Durante a ação do Mini Hospital Veterinário foi apresentado atividades que abordavam as zoonoses raiva leptospirose, sarna e bicho geográfico.

Após a coleta dos dados foi feita a análise através do programa estatístico Epi Info versão 7.2.0.1 e para análise das correlações foi adotado intervalo de confiança de 95%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram 83 professoras que responderam os questionários de 18 escolas (11 públicas e 7 particulares). Entre as professoras, 63 (75,90%) responderam que sabiam o que é zoonose, porém relataram que 51 (61,45%) não conheciam todas as zoonoses apresentadas. Em relação ao questionamento a cerca do encaminhamento de material de apoio sobre o tema, 72 (86,75%) relataram possuir interesse, enquanto que 11 (13,25%) não mostraram interesse para recebimento de material de apoio. Quanto a forma de encaminhamento do material de apoio, 41 (56,94%) das professoras preferiam encaminhamento de material impresso, 25 (34,72%) encaminhamento por e-mail, 6 (8,34%) em deixar o material disponível no site criado pelo projeto de extensão direcionada a ação “Mini-hospital Veterinário”, composto de uma fanpage no Facebook.

Os dados obtidos revelaram que as professoras detêm um conhecimento básico acerca do conceito de zoonoses, porém este conhecimento se mostra deficiente devido a não contemplar as principais zoonoses, que foram apresentadas na ação. Outros trabalhos que abordavam o grau de conhecimento das professoras na temática de zoonoses concordam com o encontrado, mostrando que as professoras detêm um conhecimento prévio limitado e insatisfatório sobre o tema (5). Esta deficiência no conhecimento demonstra uma necessidade de orientação sobre o assunto, o que converge com o interesse apresentado pelo encaminhamento do material de apoio, pelas professoras.

CONCLUSÃO O estudo revelou que a formação das professoras não contempla todos os pontos exigidos em lei, como a educação em saúde. Essa carência interfere no ensino e capacitação das crianças, ficando evidente a importância de projetos continuados, que contemple os professores de educação infantil, visando a possibilidade de transferência de informações aos alunos e, em consequência, a toda a comunidade. A introdução da escola como uma parte importante na educação e promoção da saúde na infância proporciona a formação de cidadãos participantes da sociedade e conscientes. Além disso, os profissionais da educação devem ser vistos como promotores da saúde por exercerem um papel essencial dentro da escola e da comunidade.

REFERÊNCIAS1) Pelicioni C. A escola promotora de saúde. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1999. p.12. (Séries Monográficas) 2) Goncalves FD, Catrib AMF, Vieira NFC. A promoção da saúde na educação infantil. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v.12, n.24, pp.181-192, 2008. 3) Brasil. Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, DF: 1971. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm. Acesso em 18 fevereiro de 2017. 4) Bulgraen VC. O papel do professor e sua mediação nos processos de elaboração do conhecimento. Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.4, 2010. 5) Tome, RO, Serrano AC, Nunes CM, Perri SHV, Bresciani KDS. Inquérito epidemiológico sobre conceitos de zoonoses parasitárias para professores de escolas municipais do ensino infantil de Araçatuba-SP. Revista Ciência em Extensão. v.2, n.1, p.46, 2005.

Conhecimento das Professoras da Educação Infantil Acerca de Zoonoses no Município de Curitiba-PR

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Contagem fúngica e umidade em alimentos extrusados para cães comercializados sob diferentes condições de armazenagemJuliana Regina da Silva - Doutoranda em Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa CatarinaMarcella Nunes Pereira - Mestranda em Ciência dos Alimentos, Universidades Federal de Santa CatarinaLívia Colletti. Escatolin - Graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina.Ítala Sabrina Fernandes Freire - Graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Santa Cata-rinaVildes Maria Scussel - professora Dra, Universidades Federal de Santa [email protected]

RESUMODentre os alimentos para cães, destacam-se as rações secas extrusadas, nas quais o processo de produção com alta temperatura (± 120ºC) é o principal parâmetro para a redução da contaminação microbiológica, umidade (mc) e atividade de água (aw). No entanto as condições de comercialização nas lojas podem alterar esses parâmetros. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a contaminação fúngica e umidade em alimentos extrusados para cães comercializados sob diferentes condições de armazenagem (a granel e em embalagem fechada). Foram analisadas 50 amostras ao total para contagem fúngica, mc e aw. Em relação à contagem total de fungos, 48% das amostras vendidas a granel apresentaram contaminação, em contrapartida com as embalagens fechadas que apresentaram apenas 28%. Como esperado, as amostras comercializadas a granel obtiveram um maior mc (6,63 a 15,35%) em relação as embalagens (6,32 a 10,77%) (p<0,05). Já para aw não houve diferença significativa entre as duas condições de armazenagem durante a comercialização. Rações comercializadas a granel recebem maior umidade do ambiente favorecendo a presença de fungos.

Palavras-chave: a granel; cão; embalagem; fungos; ração

INTRODUÇÃO Dentre os alimentos para cães, destacam-se as rações secas extrusadas, nas quais o processo de produção com alta temperatura (± 120ºC) é o principal parâmetro para a redução da contaminação microbiológica, umidade e atividade de água (aw) (1).

A umidade e aw do extrusado podem afetar características da dieta e está relacionada com a sua estabilidade, qualidade e segurança. Devido à baixa umidade e aw final na ração extrusada as características desses alimentos afeta positivamente sua estabilidade e segurança (2, 3). Por isso, suas determinações são uma das medidas mais importantes e utilizadas na análise desses alimentos, pois são as principais técnicas para prevenir ou retardar o crescimento de colônias de fungos (toxigênicos ou não) e consequentemente a deterioração dos alimentos.

O valor adequado de umidade deve ser de 6 a 10% e aw entre 0,60 a 0,80 para que a vida de prateleira seja elevada e não haja crescimento fúngico, no entanto, a condição de comercialização desses alimentos, como a granel, pode afetar esses valores e modificar a qualidade do alimento (4, 5). Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a contagem total de fungos, umidade e aw em alimentos extrusados para cães comercializados sob diferentes condições de armazenagem, a granel e em embalagem fechada.

MATERIAL E MÉTODOSForam analisadas 50 amostras de alimentos extrusados para cães, comercializados a granel (n=25) e em embalagens fechadas (n=25), coletadas randomicamente em agropecuárias, pet shops e mercados. As amostras para contagem total de fungos foram plaqueadas em ágar-batata-dextrose e incubadas a 25º C durante 7 dias para o isolamento fúngico da ração, em diluições de 10 e 101. Após 7 dias, as placas foram analisadas para presença de fungos e selecionadas para quantificação dos mesmos. Os resultados foram expressos em unidades formadoras de colônias por grama

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de amostra (UFC/g) (6). Já as análises de conteúdo de umidade e aw foram realizadas de acordo com a AOAC (7). Para análise estatística, foi realizado o teste-T para comparação das duas condições de armazenagem.Todos os procedimentos foram analisados em triplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação da carga de fúngica tem sido um bom indicador das condições sanitárias de alimentos comerciais para cães. Os danos causados por fungos estão geralmente relacionados com perdas nutricionais de matérias-primas e deterioração dos produtos finais (5). Os alimentos expostos ao ambiente favorecem a absorção de umidade aumentando a aw, contribuindo assim para o crescimento fúngico. Os resultados deste trabalho estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Contagem total de fungos, umidade e atividade de água em alimentos comercializados a granel e em embalagem fechada

Alimento extrusado CTFa

(UFC/g) Umidade awb

Venda EstatísticaA granel

Total positivo/total 12/25 NAc NAVariação 1,0x10 – 4,0x10 6,63-15,35 0,4529-0,7763Média 2,0x10 9,20 0,5688DPd 1,1874 1,88 0,07DPRe% 129,0689 20,46 12,45

Embalagem fechadaTotal positivo/total 07/25 NA NAVariação 1,0x10 – 2,0x10 6,32-10,77 0,4426-0,6896Média 1,0x10 7,99 0,5353DPe 0,589 1,42 0,055DPRf% 157,95 17,74 10,27

acontagem total de fungos batividade de água c não se aplica, d desvio padrão; e desvio padrão relativo

Os níveis de contaminação variaram de 1 a 4x10 UFC/g, com os maiores níveis detectados nos alimentos a granel (expostos ao ambiente), corroborando com outros autores (4, 5). É importante ressaltar, que no Brasil não existe um limite oficialmente estabelecido para animais de estimação. A ABINPET (1), recomenda que a carga total não deve exceder 1,0x104 UFC/g. Todas as amostras analisadas estavam abaixo do limiar recomendado pelo ABINPET.

Alimentos comercializados a granel apresentaram maior umidade (6,63 a 15,35%) do que as embalagens fechadas (6,32 a 10,77%). Em relação aw, variou de 0,4529 a 0,7763 e 0,4426 a 0,6896, para as amostras a granel e embaladas, respectivamente. A umidade e aw da ração podem afetar sua estabilidade, qualidade e segurança. Estudos têm relacionado o desenvolvimento de fungos com armazenamento incorreto em ambiente com umidade elevada em alimentos para cães (2, 5, 8).

CONCLUSÕESAlimentos comercializados a granel, onde há exposição ao ambiente, recebem maior umidade do ambiente favorecendo a presença de fungos.

Contagem fúngica e umidade em alimentos extrusados para cães comercializados sob diferentes condições de armazenagem

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REFERÊNCIAS1) ABINPET. Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação. Manual do programa integrado de qualidade pet - PIQPET. 2ª ed. São Paulo, 2008. 2) Brito, C.B.M., Félix, A.P., Jesus, R.M., França, M.I., Oliveira, S.G., Krabbe, E.L. Maiorka, A. Digestibility and palatability of dog foods containing different moisture levels, and the inclusion of a mould inhibitor. Animal Feed Science and Technology, 2010;159: 150–155. 3) Tran, Q. D., Hendriks, W. H. and van der Poel, A. F.. Effects of extrusion processing on nutrients in dry pet food. Journal Scince Food Agriculture; 2014; 88: 1487–1493.4) Copetti, M.V. Avaliação micológica de rações comerciais para cães e gatos e potencial micotoxigênicos de espécies selecionadas. [Dissertação de Mestrado]. Rio Grande do Sul: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2005.5) Girio, T.M.S.; Nader Filho, A.; Rossi Junior, O.D. Qualidade microbiológica de rações para cães comercializadas no varejo em embalagem fechada e a granel. Ars Veterinaria, 2012; 28:36-40.6) Silva, N.; Junqueira, V.C.A.; Silveira, N.F.A.; Taniwaki, M.H.; Santos, R.F.S.; Gomes, R.A.R.Manual de métodos de Análise Microbiológica de Alimentos e Água. 4ª ed, São Paulo, Varela; 2010.7) AOAC. Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of AOAC International. Gaithersburg (MD).2005.8) Andrade, R.M., Nascimento, J.S. Presença de fungos filamentosos em ração para cães comercializadas na cidade de Pelotas – RS. Arquivo do Instituto Biológico de São Paulo, 2005; 72(2):10-12.

Contagem fúngica e umidade em alimentos extrusados para cães comercializados sob diferentes condições de armazenagem

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Correção Cirúrgica Ortopédica de Bugio-Ruivo (Alouatta guariba) Politraumatizado - Relato de CasoLetícia Corrêa Santos*Marcos Massaaki Shiozawa**Monica Judith Borges Ventura**** Msc. em Med. Veterinária pela UFV- MG, Médica Veterinária no Hospital Veterinário da UNIFIL, PR; **Médico Veterinário Hospital Veterinário da UNIFIL, PR; ***Graduanda em Medicina Veterinária no Centro Universitário Filadélfia UNIFIL, PRe-mail: [email protected]

RESUMOO Bugio-ruivo é um primata pertencente ao gênero Alouatta, espécie Alouatta Guariba clamitans, endêmico da Mata Atlântica. O desmatamento intenso desse bioma com redução de habitats, é uma das principais causas de fuga de primatas e outras espécies para regiões próximas às cidades. Essa fuga resulta na interação desses animais silvestres com humanos e animais domésticos culminando em transmissão de doenças, agressões, atropelamentos e até morte desses animais. O presente relato descreve o caso de um Bugio-ruivo subadulto, macho, que foi levado ao atendimento do hospital veterinário da UNIFIL. Exames complementares revelaram fratura completa em terço médio de fêmur direito e fratura exposta do tipo monteggia em membro torácico esquerdo. Foram realizadas osteossínteses dos membros acometidos, associado a tratamento clínico e suporte alimentar, com ótima recuperação clínica do animal.

Palavras-chave: ortopédica; Bugio-ruivo; politraumatizado

INTRODUÇÃOA Mata Atlântica é uma bioma de floresta tropical que, pela intensa degradação, possui hoje menos de 10% de sua cobertura vegetal original, o que implica em redução drástica do habitat de suas espécies de animais silvestres endêmicas. Esses se deslocam em direção às áreas urbanas, gerando uma interação entre animais silvestres, domésticos e seres humanos normalmente é desfavorável (1).

O gênero Alouatta possui nove espécies, dentre elas está o Alouatta guariba, mais conhecido como Bugio-ruivo, que é endêmica da Mata Atlântica (2). São macacos folívoros-frugívoros que formam pequenos grupos, em média seis indivíduos, geralmente com um macho dominante, e que mantém e defendem pequenos territórios (3). O Bugio-ruivo é citado na Lista Oficial das Espécies Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul, o que reforça a necessidade de sua preservação (4).

O objetivo do trabalho é relatar o caso de um Bugio-ruivo, recebido pelo hospital veterinário da UNIFIL. O animal encontrava-se politraumatizado e em péssimas condições clínicas, mas teve ótima recuperação após tratamento clínico, cirúrgico e suporte nutricional pertinentes.

MATERIAIS E MÉTODOSUm primata da espécie Bugio Ruivo (Alouatta guariba), subadulto, macho, pesando 4,5kg foi levado ao hospital veterinário da UNIFIL, sem histórico clínico específico. Animal apresentava midríase bilateral, desidratação grave, diarréia e hipertermia, (43°C). Ao exame clínico observou-se crepitação em membro torácico direito (MTD) com ferida perfuro contundente, exposição de região proximal do rádio e presença de secreção purulenta, impotência funcional de MTE sem áreas de crepitação aparente, além de crepitação em fêmur esquerdo. Animal permaneceu internado com fluído terapia intravenosa, dipirona e enrofloxacina. Foram realizadas coletas de sangue, fezes e radiografias. Amostra da secreção purulenta foi encaminhada para cultura bacteriana e antibiograma.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Radiografias mostraram fratura completa transversa em terço médio de fêmur esquerdo e fratura do terço proximal da ulna com deslocamento da cabeça do rádio (fratura do tipo Monteggia). Em MTE não haviam alterações radiográficas, mas ocorreu piora gradativa da sensibilidade, sugestivo de lesão nervosa em plexo braquial. Exames hematológicos e parasitológicos sem alterações. Após 8 dias de internamento e tratamento suporte, animal foi submetido à cirurgia de correção das fraturas. Realizada osteossíntese de fêmur com colocação de placa óssea de aço inoxidável 316L, 3,5mm com 8 furos, sendo 3 parafusos proximais e 3 distais. Inserido pino intramedular de aço inox F-138, com 2,5mm de diâmetro na ulna. A luxação do rádio foi corrigida e fixada com sutura em forma de “8” utilizando-se fio de naylon 0 entre parafusos corticais fixados em região distal do úmero e região proximal do rádio, substituindo ligamento colateral radial. Técnicas cirúrgicas utilizadas foram descritas por Brinker, Piermattei e Flo (5) para pequenos animais. Suturas de musculatura e subcutâneo e pele utilizando padrão simples contínuo com fio de naylon 3,0.

Foram realizados cuidados pós-operatórios baseados em repouso em gaiola restrita, suporte nutricional, analgesia com cloridrato de tramadol e dipirona. Antibioticoterapia, baseada em antibiograma, com cefovecina, de aplicação subcutânea única que facilitou o manejo, uma vez que, com gradativa melhora clínica o animal não mais permitia manipulação diária. Radiografias realizadas após 45 dias do procedimento cirúrgico revelaram consolidação radiográfica das fraturas, com deambulação e movimentação normal dos membros acometidos revelando consolidação clínica.

CONCLUSÃOConclui-se que as técnicas cirúrgicas e as próteses utilizadas na rotina ortopédica de pequenos animais, foram satisfatórias para correção das fraturas deste primata. Apesar do sucesso do tratamento empregado, o animal permanece impossibilitado à reintrodução à natureza, principalmente pela não funcionalidade do membro torácico esquerdo com provável lesão nervosa.

Correção Cirúrgica Ortopédica de Bugio-Ruivo (Alouatta guariba) Politraumatizado - Relato de Caso

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REFERÊNCIAS1) HASS, G. P. Levantamento populacional do bugio-ruivo (Alouatta clamitans) e do macaco-prego (Sapajus nigritus) em fragmentos florestais de Mata de Araucária em Fazenda Souza, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. 2012. 29 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Diversidade e Conservação da fauna) – Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 20122) RYLANDS, A. B. et al. An assessment of the diversity of new world primates. Neotropical Primates, Belo Horizonte, v. 8, n. 2, p. 61-93. June 2000. Disponível em: http://static1.1.sqspcdn.com/static/f/1200343/18197706/1337026096653/NP8.2.pdf?token=6 26 . 3) GREGORIN, R.; KUGELMEIER, T.; VALLE, R. R. Gênero Alouatta. In: REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; ANDRADE, F. R. (Ed.). Primatas brasileiros. Londrina: Technical Books, 2008. p. 189-204. 4) MARQUES, A. A. B.; FONTANA, C. S.; VÉLEZ, E.; BENCKE, G. A.; SCHNEIDER M.; REIS, R. E. (Org.). Lista das espécies da fauna ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul. Decreto no 41.672, de 11 de junho de 2002. Porto Alegre: FZB/MCTPUCRS/ PANGEA, 2002. 52 p5) PIERMATTEI D. L.; FLO, G. L,; DECAMP, C. E. Fractures: classification, diagnosis, and treatment. In: Handbook of small animal orthopedics and fracture repair. St Louis: Saunders Elsevier, 2006. p. 372-374; 610-622

Correção Cirúrgica Ortopédica de Bugio-Ruivo (Alouatta guariba) Politraumatizado - Relato de Caso

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Correção da Persistência do Arco Aórtico Direito em um Felino Deusa Tassiane de Oliveira Mayer1* Isabela de Andrade Brum2 Jéssika Schopf Pasini3

1Discente do curso de Medicina Veterinária, UFSM-RS. *[email protected] 2Médica Veterinária, residente em Clínica de Pequenos Animais 3Médica Veterinária, residente em Anestesiologia

RESUMO Na medicina veterinária a persistência do arco aórtico direito (PAAD) é uma afecção rara em felinos. Visto que há poucos relatos na literatura, esse trabalho tem por objetivo descrever um caso de PAAD em um felino, macho, sem raça definida, com dois meses de idade, apresentando regurgitação e dificuldade em ganhar peso. Foram realizados hemograma e bioquímicos, exames ultrassonográfico e radiográfico (simples e contrastado), sendo que neste último foi possível observar a dilatação parcial do esôfago, compatível com megaesôfago secundário à anomalia do anel vascular. Confirmou-se a PAAD após exploração e correção cirúrgica. Onze dias após a cirurgia o animal retornou, apresentando melhora do quadro clínico.

Palavras-chave: regurgitação; megaesôfago; PAAD

INTRODUÇÃO A persistência do arco aórtico direito (PAAD) é uma falha congênita no anel vascular, que envolve o esôfago gerando uma obstrução esofágica cranial à base do coração (1). O megaesôfago é considerado raro em gatos, acometendo cerca de 0,05% dos felinos atendidos (2). Essa enfermidade congênita tem o seu diagnóstico feito após o desmame (3), já que a passagem do conteúdo alimentar é prejudicada pela constrição esofágica, que irá levar a dilatação do segmento cranial do esôfago e a regurgitação (4). Além dos sinais clínicos, o exame radiológico simples e o contrastado são fundamentais para o diagnóstico (5). O reparo cirúrgico do defeito vascular é o tratamento definitivo nesses casos (6). O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de PAAD em um felino, alertando os sinais clínicos evidentes e o tratamento cirúrgico precoce, que determinarão o prognóstico favorável para o animal.

MATERIAL E MÉTODOS Foi atendido um felino macho, sem raça definida, com dois meses de idade, pesando 78 gramas, apresentando regurgitação e dificuldade em ganhar peso. Ao exame clínico, apresentava mucosas rosa pálidas e os parâmetros clínicos dentro da normalidade. Assim, foram realizados exames de sangue (hemograma e bioquímico) e ultrassonografia, para diferencial de doença intestinal inflamatória, gastrite alimentar, parasitos e corpo estranho esofágico. O diagnóstico de megaesôfago secundário à anomalia do anel vascular foi definido após exame radiográfico simples, que evidenciou discreta dilatação por conteúdo gasoso em porção cervical e dilatação parcial em porção torácica. Ao esofagograma, observou-se dilatação parcial identificada pelo contraste em porção torácica e estenose do lúmen esofágico na base do coração. Foi prescrita alimentação semissólida ou líquida até o dia da cirurgia, a qual ocorreu 55 dias depois. O animal retornou para cirurgia, e foi mantido em oxigenioterapia antes do procedimento. Foi aplicada medicação pré-anestésica com meperidina (4mg/kg/IM); indução a anestesia com etomidato (2mg/kg/IV) e midazolam (0,2mg/kg/IV); e manutenção anestésica com isoflurano ao efeito, via inalatória. Ainda, foi procedido o bloqueio de nervos intercostais com lidocaína (3mg/kg) e como terapia de apoio cefalotina (30mg/kg/IV) e dipirona (25mg/kg/IV). A técnica cirúrgica foi realizada através da toracotomia por incisão intercostal no 4º espaço intercostal esquerdo, secção muscular e incisão da pleura torácica, colocação de gaze e posicionamento do afastador auto-estático. Introduziu-se sonda orogástrica, divulsão delicada da região até identificação do arco aórtico direito. Procedeu-se dupla ligadura com fio de polipropileno nº 4-0 e secção do ligamento. Após, divulsionou-se ao redor do esôfago para liberar as aderências que reduziam sua luz. A síntese da cavidade ocorreu através de sutura circuncostal com poliglactina 910 nº 3-0 e reposição da pressão negativa por insuflação pulmonar antes do último

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ponto. O subcutâneo foi aproximado com poliglactina 910 nº 3-0, em padrão zig-zag e dermorrafia com náilon nº 4-0. Ainda, foi optado pela colocação de sonda de faringostomia, para preservar o esôfago durante o pós-operatório. O animal permaneceu na unidade de internação por sete dias durante o pós-operatório, com prescrição de clavacilin (0,045ml/BID/SC), maxicam (0,04ml/SID/SC), tramadol (0,03 ml/TID/SC), alimentação pastosa batida, cinco vezes ao dia e nutralife (uma medida para 30ml de água, administrado 4ml batidos no liquidificador), mantendo o plano inclinado depois de alimentar. Após sete dias de internação o animal teve alta pesando 900 gramas, com prescrição de hemolitan gold (0,1ml/BID/40dias), vetaglós pomada (para aplicação após limpeza com solução fisiológica no local da sonda de faringostomia/BID/10dias) e ração pastosa para filhotes a cada 4 horas em pequenas porções. O animal retornou quatro dias após alta hospitalar apresentando melhora do quadro clínico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A maioria dos gatos acometidos pela persistência do arco aórtico apresentam menos de seis meses de idade (6), sendo descrito neste relato de caso a ocorrência de PAAD em um felino de apenas dois meses. Ainda, é muito comum nos casos de megaesôfago que os animais sejam levados ao veterinário por apresentarem “vômitos”, ou mais corretamente, regurgitação (7), bem como relatado pelo proprietário do felino acometido pela enfermidade nesse caso. A cirurgia de correção da PAAD foi realizada 55 dias após a consulta clínica, porém, com o objetivo de diminuir os danos causados ao esôfago, a realização precoce da cirurgia é indicada, sendo que após a mesma, alguns animais podem ter sinais de regurgitação no pós-operatório e como consequência, broncopneumonia (1), fatos que não ocorreram neste caso. A correção precoce reduz a possibilidade de complicações, mas ainda assim, o prognóstico da persistência do arco aórtico direito é sempre reservado, já que o animal pode ter dilatação esofágica irreversível ou pneumonia aspirativa (4), sendo esta última a principal causa de morte entre os animais que possuem megaesôfago (7).

CONCLUSÃO Apesar da infrequente ocorrência de PAAD em felinos, a correção cirúrgica, assim como a instalação de sonda de faringostomia, mostram-se eficientes, determinando o prognóstico favorável.

REFERÊNCIAS 1) Tosato GBS, et al. Persistência do arco aórtico direito em felino: Relato de caso AAD em felino: relato de caso. 13ª Conpavet, 2015. 2) Ushikoshi WS, et al. Megaesôfago em gato. Relato de caso. Braz. J. vet. Res. Anim.Sci., São Paulo, 2003. 3) Tilley LP; Junior FWKS. Consulta Veterinária em 5 Minutos: espécies canina e felina. 3. ed. Barueri: Manole; 2008. 4) Reimberg JY, et al. Persistência do quarto arco aórtico direito em cão adulto - relato de caso. 11ª Conpavet, 2013. 5) Thrall DE. Diagnóstico de Radiologia Veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010. 6) Little SE. O gato. 1ª ed. Trad. de IdiliaVanzellotti e Roxane Gomes dos Santos Jacobson. Rio de Janeiro: Roca; 2016. 7) Nelson RW; Couto CG. Medicina Interna de Pequenos Animais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2010.

Correção da Persistência do Arco Aórtico Direito em um Felino

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Correlação Entre as Ondas do ECG e o VHS em Cães 1Amanda Maria Prado;1Maíra Prestes Margarido;1Amanda Dela Antonio Barbosa;2Carolina Fortes Cirimbelli;3Deise Carla Almeida Leite Dellova;1Graduandas do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, FZEA/USP. 2Médica Veterinária Aprimoranda da Unidade Didática Clínico-Hospitalar, FZEA/USP. 3Prof. Dr. da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, FZEA/USP. [email protected]

RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar se cães com aumento na amplitude e duração das ondas do eletrocardiograma (ECG) podem apresentar também um aumento nos valores do Vertebral Heart Size (VHS). Foram avaliados 27 cães (machos e fêmeas), divididos em 2 grupos: ECG normal e ECG alterado. O grupo de cães com ECG alterado apresentou maiores valores médios para a duração de P (em DII) e do QRS (em DII), amplitude de R (em V1, V2 e V3) e do VHS, em comparação ao grupo com ECG normal (P<0,05). Observou-se também uma correlação moderada e positiva entre o VHS e a amplitude da onda R (em V1 e V2) (>+0,40). Esses resultados indicam que, em cães, a sugestão de aumento ventricular pelo ECG pode implicar no aumento do tamanho do coração.

Palavras-chave: eletrofisiologia; tamanho do coração; pequenos animais.

INTRODUÇÃO O eletrocardiograma (ECG) é amplamente utilizado na Medicina Veterinária para a avaliação da atividade elétrica do coração (1), além disso, em cães, a onda P e o complexo QRS mais largos e amplos são sugestivos do aumento atrial e ventricular, respectivamente (2,3).

A silhueta cardíaca pode ser avaliada pelo método Vertebral Heart Size (VHS), que estabelece padrões de normalidade para o tamanho do coração de cães (4). O tamanho do coração é uma variável importante que pode ser considerada durante a interpretação do ECG. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar se cães com aumento na amplitude e duração das ondas do ECG podem apresentar também um aumento no VHS.

MATERIAL E MÉTODOS Foram incluídos nesta pesquisa os dados de 27 cães, que realizaram o ECG e o exame radiográfico no mesmo período, sendo 18 fêmeas e 9 machos, com raça definida (52%) ou não (48%) e média de idade e peso corporal iguais a 11±4 anos e 13±11 Kg, respectivamente (protocolo CEUA nº 4226070416).

Os cães também foram submetidos ao exame físico geral. No ECG, foram registradas as derivações frontais e precordiais (N, 25 mm/s) para a determinação do ritmo, frequência cardíaca (FC), eixo elétrico, duração e amplitude da onda P e do complexo QRS (3). Ainda de acordo com as conclusões do ECG, os cães foram divididos em 2 grupos: ECG normal (N = 14) e ECG alterado (N = 13).

As radiografias foram realizadas na projeção látero-lateral direita (LLD) para obtenção do VHS (4).

Os parâmetros do ECG e VHS foram apresentados como valores médios, ± desvio padrão. A comparação entre os 2 grupos foi feita pelo teste t não pareado (P<0,05) e, para avaliar a correlação entre as medidas do ECG e o VHS, calculou-se o coeficiente de correlação de Pearson.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO No exame físico, a principal alteração foi a presença de sopro (em foco de mitral, de diversos graus) em 31% dos cães do grupo ECG alterado.

O grupo ECG alterado foi definido pela identificação do aumento da amplitude e duração de P e do QRS (em DII), acima das referências (3), sendo sugestivos do aumento e/ou sobrecarga atrial direita e ventricular, além de bloqueio atrioventricular de 2º grau (Mobitz tipo I e II).

Em comparação ao grupo ECG normal, o grupo ECG alterado apresentou aumento da amplitude de P, da duração do QRS (em DII), da amplitude de R (em DII, V1, V2 e V3) (P<0,05). A FC, eixo elétrico, duração de P (em DII) e amplitude de S (em V1, V2 e V3) não diferiram entre os grupos (Tabela 1). Não foram identificadas arritmias supraventriculares ou ventriculares.

No grupo ECG alterado, observou-se também o aumento do VHS (P=0,0046), em comparação ao grupo ECG normal (10,47±0,62 versus 9,74±0,73), indicativo de discreto aumento da silhueta cardíaca (5). Evidenciou-se uma correlação moderada e positiva apenas entre o VHS e a amplitude de R em V1 (+0,429) e V2 (+0,463).

Tabela 1: Parâmetros do ECG dos cães dos 2 grupos.

Parâmetros Grupo ECG normal (N=14) Grupo ECG alterado (N=13)

121,4 ± 19,1

62,14 ± 8,01

0,042 ± 0,007

0,201 ± 0,074

0,046 ± 0,009

1,241 ± 0,477

0,89 ± 0,200

0,55 ± 0,214

1,32 ± 0,443

0,24 ± 0,203

0,92 ±0,309

0,08 ± 0,095

108,5 ± 10,9

70,46 ± 19,97

0,041 ± 0,006

0,251 ± 0,075*

0,053 ±0,008*

1,708 ± 0,661*

1,59 ± 0,562*

0,87 ± 0,689

1,94 ± 0,896*

0,37 ± 0,284

1,50 ± 0,784*

0,11 ± 0,141

FC (bpm)

Eixo Elétrico (˚)

P (s)

P (mV)

QRS (s)

QRS (mV)

V1 R (mV)

S (mV)

V2 R (mV)

S (mV)

V3 R (mV)

S (mV)

Valores médios ± desvio padrão. *P<0,05

CONCLUSÕES Os cães com alteração no ECG podem apresentar alteração no VHS. Estes resultados apoiam a recomendação para avaliação das câmaras cardíacas nos cães, por meio do exame de imagem (RX simples ou ecocardiograma), quando for observado o aumento da amplitude de R no ECG.

Correlação Entre as Ondas do ECG e o VHS em Cães

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REFERÊNCIAS 1) Ettinger SJ, Feldman EC. Eletrocardiografia. In: Tratado de Medicina Interna Veterinária: doenças do cão e do gato. 5th ed. Ettinger SJ, Feldman EC. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, v.1, 2004. p.846-883. 2) Birkbeck JP, Wilson DB, Hall MA, Meyers DG. P-wave morphology correlation with left atrial volumes assessed by 2 dimensional echocardiography. Journal of Electrocardiology. 2006 39:225-9. [Citado em 2017 Abril 27]. Disponível em: URL: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022073605002281 3) Tilley LP. Manual of Canine and Feline Cardiology. 4th ed. Canada: Elsevier; 2008. 4) Buchanan JW, Bücheler J. Vertebral scale system to measure canine heart size in radiographs. Journal of the American Veterinary Medical Association. 1995 206(2):194-9. 5) Castro MG, Tôrres RCS, Araújo RB, Muzzi RAL, Silva EF. Avaliação radiográfica da silhueta cardíaca pelo método vertebral heart size em cães da raça Yorkshire Terrier clinicamente normais. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2011 63(4):850-7. [Citado em 2017 Abril 27]. Disponível em: URL: http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v63n4/09.pdf

Correlação Entre as Ondas do ECG e o VHS em Cães

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Criptococose em Cavia porcellus (Porquinho da Índia) - Relato de CasoSophia Prata de Carvalho - médica veterinária formada pela UNIUBEIsabella Hercos de Paula - médica veterinária formada pela UNIUBE, residente de diagnóstico laboratorial no Hospital Veterinário de Uberaba Claudio Yudi Kanayama - MSc., docente do curso de Medicina Veterinária da UNIUBEEmail: [email protected]

RESUMOA criptococose é uma doença fúngica importante na Medicina Veterinária, uma vez que acomete várias espécies, inclusive o ser humano. É causada pelo fungo, Cryptococcus spp.,. Os animais mais acometidos por essa doença são gatos e cães. Nos outros animais domésticos há poucos relatos. Neste contexto, o presente trabalho objetivou relatar a ocorrência da Criptococose em um porquinho da Índia (Cavia porcellus) atendido no Hospital Veterinário de Uberaba. Na anamnese pode-se notar a presença de lesões na região facial, parte superior da narina, na conjuntiva ocular direita, entre ouvido externo direito e olho além de um nódulo ulcerado na base do pavilhão auricular direito. Nos exames citopatológicos e histopatológicos das lesões diagnosticaram-se a presença de leveduras arredondadas encapsuladas características de Cryptococcus neoformans. O tratamento com Anfotericina B e Itraconazol foi preconizado, mas o animal veio a óbito. Neste contexto pode-se concluir que apesar de ser uma enfermidade comum em cães e gatos, Cryptococcus neoformans, pode acometer outros animais, dentre eles o porquinho da Índia, podendo este atingir os sistemas, oftálmico e o respiratório. Os diagnósticos citolológico e histopatológico são métodos eficazes para identificar Cryptococcus neoformans nesta espécie.

Palavras-chave: Cryptococcus neoformans; citopatologia; doença fúngica

INTRODUÇÃOA criptococose é uma doença causada por um fungo, a levedura Cryptococcus spp., que é capaz de infectar o ser humano, alguns mamíferos domésticos e silvestres (1).

Dentre os animais, o mais importante, por ser veiculador da doença está o pombo comum (Columba livia domestica). O Cryptococcus neoformans tem a capacidade de colonizar a mucosa do papo desses animais sem causar doença, sendo um parasita natural dessas aves (2).

Acredita-se que a via de transmissão do Cryptococcus spp. seja pela inalação de esporos e leveduras (3) ou disseminando por via hematógena (4).

Os sinais clínicos dependem de fatores como: localização das lesões, ocorrência de imunossupressão e também da variedade do agente etiológico envolvido (5).

O diagnóstico é feito através de exames citopatológicos (6). O diagnóstico definitivo é possível através biópsia, testes de aglutinação em látex, ELISA ou cultura fúngica. Em alguns casos pode ser feito PCR (6,7).

O tratamento normalmente é feito com Cetoconazol, Itraconazol ou Fluconazol (3).

O objetivo do presente trabalho foi relatar a ocorrência da criptococose em porquinho da Índia, atendido no Hospital Veterinário de Uberaba e mostrar os aspectos clínicos e métodos diagnósticos da enfermidade nessa espécie.

MATERIAIS E MÉTODOSUm porquinho da Índia, com seis meses de idade, foi levado para consulta no Hospital Veterinário de Uberaba. No exame clínico foi possível observar dificuldade respiratória e lesões nas regiões da narina, conjuntiva do olho direito e entre ouvido externo direito e olho além de nódulo ulcerado na base do pavilhão auricular direito.

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O animal foi encaminhado ao bloco cirúrgico para realização de biópsia das lesões e colheita de material para exames citopatológico e histopatológico. Como medicação pré anestésica foi utilizado Zoletil® na dose de 50 mg/kg via IM. Como pós operatório foi instituído Profenid® gotas.

RESULTADOSO exame citológico possibilitou a visualização de formas de leveduras arredondadas encapsuladas, sugestivas de C. neoformans. A confirmação do resultado foi possível através do exame histopatológico das lesões, que revelou no fragmento da pele e no fragmento da conjuntiva; dermatite linfohistocitária e neutrofílica difusa moderada, associada a organismos fúngicos intralesionais compatíveis com C. neoformans. Foi preconizado como tratamento definitivo Anfotericina B 0,3 mg/dose pasta oral, sabor banana, a cada 48 horas por 16 dias consecutivos e Itraconazol 3,5 mg/dose pasta oral, sabor banana, a cada 24 horas durante 15 dias consecutivos.

O animal apresentou complicações respiratórias que levou ao óbito após o procedimento cirúrgico.

DISCUSSÃOHá relatos de que a criptococose pode acometer seres humanos, mamíferos silvestres, cães e gatos em que a doença é mais comum. Também há relatos em lhamas e coelhos (1,8), no presente relato, houve acometimento de um porquinho da Índia pelo Cryptococcus neoformans, que foi infectado de forma natural pelo fungo.

Um estudo realizado em porquinhos da Índia foi observado a presença do fungo em pulmões, cérebro, fígado e baço de animais infectados experimentalmente (7). No animal atendido no Hospital Veterinário de Uberaba só foram observadas lesões externas, como deformidade na narina, lesões na conjuntiva ocular, na região entre ouvido externo e olho direito e uma lesão no pavilhão auricular direito uma vez que depois do óbito não foi realizada necropsia.

Como pode-se notar os diagnósticos citológico e histopatológico permitiram identificar formas arredondadas encapsuladas sugestivas de C. neoformans o que está de acordo com estudos realizados (6), que relataram esses dois métodos de diagnóstico e ainda citaram outros como, Elisa, cultura fúngica e em alguns casos o PCR.

O tratamento preconizado é com o uso de anfotericina B, cetoconazol, itraconazol, fluconazol, ou flucitosina.É indicado a anfotericina B em casos em que há disseminação da doença (3). O veterinário que atendeu o porquinho da Índia no HVU preconizou como tratamento dois antifúngicos, a Anfotericina B, uma vez em que a doença estava aparentemente disseminada.

O animal veio a óbito no mesmo dia da intervenção cirúrgica, decorrente do quadro de dificuldade respiratória que o animal apresentava antes do procedimento devido às lesões e comprometimento da narina, ocasionados pelo fungo. De acordo com a literatura, o metabolismo dos porquinhos da Índia é rápido e tem necessidades elevadas de oxigênio e energia, predispondo a hipoglicemia e hipóxia (9); e como o animal já apresentava debilidade no quadro respiratório o animal provavelmente teve um quadro de hipóxia pós cirúrgico, resultando a óbito.

CONCLUSÃOCom base no presente relato de caso, pode-se concluir que:

- Apesar de ser comumente encontrado em cães e gatos, o Cryptococcus neoformans, pode acometer outros animais, dentre eles o porquinho da Índia.

- Em Cavia porcellus (porquinho da Índia), Cryptococcus neoformans pode atingir os sistemas, oftálmico e o respiratório;

- Os diagnósticos citológico e histopatológico permitem confirmar e identificar Cryptococcus neoformans;

Criptococose em Cavia porcellus (Porquinho da Índia) - Relato de Caso

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REFERENCIAS1) Juliano RS, Souza AI, Scheide R. Criptococose felina . Revista de patologia tropical, 2006; 35: 65-702) REOLON A, PEREZ LRR, MEZZARI A. Prevalência de Cryptococcus neoformans nos pombos urbanos da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, J. Bras. Patol. Med. Lab. 2004; 5(40)3) NELSON RW, COUTO CG. Medicina interna de pequenos animais, 5 ed, Rio de Janeiro, Editora Elsevier, 2015, p. 1360-13634) CAMPOS FL, BARONI, FA. Isolados de Cryptococcus neoformans, C. gatii e C. laurentii produtores de protease e fosfolipase. Revista de patologia tropical, 2010; (39): 83-895) PEREIRA APC, COUTINHO SD. Criptococose em Cães e Gatos: Revisão de Literatura. Revista Clínica Veterinária, 2003 (45): 24-326) RASKIN RE, MEYER DJ. Citologia clinica de cães e gatos. 2 ed, Rio de Janeiro, Editora Elsevier, 2011, p. 367) RIERA CM, MASIHT NOBILE, R. Experimental cryptoeoccosis in guinea pigs. Mycopathologia, 1983; 3(82): 179-1848) MacDougall L, Kidd SE, Galanis E, Mak S, Leslie MJ, Cieslak PR. Spread of Cryptococcus gattii in British Columbia, Canada, and detection in the Pacific Northwest, USA. Emerg Infect Dis, 2007 (13): 42–509) ARAÚLO SAC. Anestesia em roedores. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Universidade do Porto. Porto, 2010

Criptococose em Cavia porcellus (Porquinho da Índia) - Relato de Caso

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Defeito de Septo Atrial (DSA) em Felino Doméstico - Relato de CasoGraduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)Paola Mota Gadelha;Lorena Aparecida Alves;Ruthnéa Aparecida Lázaro Muzzi;[email protected]

RESUMOO defeito de septo atrial (DSA) pode ser definido como uma comunicação anômala entre os átrios, que tem o potencial de permitir a passagem de sangue da esquerda para a direita, ou em quadros crônicos e graves, da direita para a esquerda. Na maioria dos casos, o sangue é desviado do átrio esquerdo para o direito, resultando em uma sobrecarga de volume sobre o lado direito. A apresentação clínica é pouco relatada na medicina veterinária, sendo mais observada em felinos. Entretanto, O DSA vem sendo diagnosticado e confirmado mais precocemente frente ao desenvolvimento de novas tecnologias, como a ecoDopplercardiografia. O objetivo do presente trabalho foi relatar o caso de um felino jovem, apresentando DSA, discutindo os sinais clínicos, os meios de diagnóstico e as terapias adequadas, correlacionando-os com a literatura.

Palavras-chave: Cardiopatia congênita; cardiologia; gato.

INTRODUÇÃOAs doenças cardíacas congênitas são infrequentes na clínica de pequenos animais e correspondem à cerca de 6,5% dos casos de doenças cardiorrespiratórias em gatos. Os defeitos de septo atrial, mais observados em felinos, representam aproximadamente 4% das cardiopatias congênitas nesta espécie. O defeito de septo atrial (DSA) pode ser definido como uma comunicação anômala entre os átrios, que tem o potencial de permitir a passagem de sangue nas duas direções (1). Na maioria dos casos, o sangue é desviado do átrio esquerdo para o direito, resultando em uma sobrecarga de volume sobre o coração direito (2). O objetivo desse estudo é relatar um caso de DSA, em um felino doméstico jovem.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Setor de Clínica Médica de Pequenos Animais da instituição, um felino, macho castrado, sem raça definida, pesando 3,7 kg e com um ano de idade. Ao exame clínico, observou-se à ausculta cardiorrespiratória um sopro grau III/VI. Foram solicitados radiografias torácicas e eletrocardiograma, o qual evidenciou ritmo sinusal com presença de onda Q, sugerindo hipertrofia septal. Ao exame ecocardiográfico, foram observadas alterações compatíveis com DSA (Figura 1), revelando um orifício de 2,7 mm. Não foi prescrita nenhuma medicação e indicou-se apenas reavaliação a cada seis meses.

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Figura 1. Imagem ecocardiográfica, ao Doppler em cores evidenciando a presença do defeito de septo atrial, em corte parasternal esquerdo apical 4 câmaras, em felino doméstico jovem.

RESULTADOS E DISCUSSÃOApesar de não existirem muitos estudos na literatura em relação à prevalência de defeito de septo atrial em felinos, um estudo observou a ocorrência em gatos Pêlo Curto Doméstico (69,8%), Persa (13,9%) e Chartreux (4,7%), entre outras raças. Em relação ao sexo, não existe predisposição para o aparecimento desta anomalia (1). Normalmente, a idade média do diagnóstico é de aproximadamente 4 anos, contrastando com o descrito neste relato, pois o diagnóstico foi firmado com um ano de idade.

Os sinais clínicos de DSA relacionam-se com o grau do defeito anatômico (3). Animais com lesões pequenas, não complicadas e restritas são assintomáticos; porém, em casos avançados com lesões graves, uma insuficiência cardíaca congestiva pode ser evidente (2,4). No caso em questão, o animal não apresentava sinais clínicos evidentes. A ausculta cardíaca de animais com DSA frequentemente demonstra um sopro sistólico de moderada a alta intensidade, como auscultado nesse relato de caso (4).

O diagnóstico de DSA é baseado nos exames complementares (3). O eletrocardiograma pode ser normal, ou também demonstrar aumento de átrio e ventrículo direitos, podendo ocorrer arritmias (3,4). Neste estudo, o eletrocardiograma evidenciou presença de onda Q, sugerindo hipertrofia septal. A ecocardiografia é fundamental para o diagnóstico de DSA e pode demonstrar a presença de fluxo sanguíneo anormal pelo defeito, como observado na Figura 1 (2,5).

O tratamento também está relacionado com a gravidade do defeito, já que em casos leves de derivação esquerda-direita pode não ser necessário, pois hemodinamicamente o organismo compensa adequadamente o problema (3). Os DSA secundum geralmente são bem tolerados pelos animais e não requerem tratamento. Quando ocorre insuficiência cardíaca congestiva os animais devem receber medicações específicas (4). Neste caso, optou-se apenas pelo acompanhamento do animal, já que não apresentava sinais clínicos evidentes e sem repercussão hemodinâmica.

Defeito de Septo Atrial (DSA) em Felino Doméstico - Relato de Caso

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CONCLUSÃOOs DSA são anomalias cardíacas congênitas não muito frequentes na medicina veterinária. No presente relato foi observado que o animal estava assintomático e os exames complementares foram fundamentais, especialmente a ecoDopplercardiografia, que demonstrou o defeito e a hemodinâmica incorreta do fluxo sanguíneo. Assim, com o avanço da medicina veterinária, os DSA têm sido mais facilmente diagnosticados.

REFERÊNCIAS1) Chetboul V, Charles V, Nicolle A, Sampedrano CC, Gouni V, Pouchelon JL. Retrospective study of 156 atrial septal defects in dogs and cats (2001-2005). Journal of Veterinary Medicine; 2006. 53:179-184.2) Guglielmini C, Diana A, Pietra M, Cipone M. Atrial septal defect in five dogs. Journal of Small Animal Practice; 2002. 43:317-322.3) Mucha CJ, Belerenian GC. Defeitos septais. In: Belerenian GC, Mucha CJ, Camacho AA (Eds). Afecções Cardiovasculares em Pequenos Animais. Interbook: São Caetano do Sul; 2003. pp.136-139.4) Bonagura JD, Lehmkuhl LB. Congenital heart disease: atrial septal defects. In: Fox PR, Sisson D, Moïse NS (Eds). Textbook of Canine and Feline Cardiology: Pinciples and Cinical Pactice. 2nd ed. Saunders: Philadelphia, 1999. pp.485-499.

Defeito de Septo Atrial (DSA) em Felino Doméstico - Relato de Caso

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Detecção de Brucelose em Javalis de um Município do ParanáFernanda Pistori Machado - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Fede-ral do Paraná (UFPR – PR) / [email protected] Lucia Gravinatti - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR – PR).Meila Bastos de Almeida - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR – PR).Louise Bach Kmetiuk - Doutoranda do Programa de Biologia Celular e Molecular, Universidade Federal do Paraná (UFPR--PR). Alexander Welker Biondo - Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR – PR).

RESUMOA brucelose é uma enfermidade infectocontagiosa que causa implicações na saúde animal e pública. Objetivou-se estimar a prevalência de anticorpos anti-Brucella abortus em javalis derivados da caça no município de Ponta Grossa - PR, utilizando o Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) como teste de triagem e a Prova do 2-Mercaptoetanol (2-ME) como confirmatório. Apesar da apresentação negativa dos resultados, o estudo visa entender e informar a comunidade científica sobre a epidemiologia da doença nessa espécie e em seres humanos, visto que a caça encontra-se permitida pelo IBAMA e sabe-se que a doença é subnotificada nestes.

Palavras-Chave: sorologia; saúde pública; animais selvagens; caça

INTRODUÇÃOOs javalis (Sus scrofa) são animais exóticos que estão distribuídos em grande parte dos biomas do Brasil trazendo prejuízos ambientais, econômico e sanitário(1). A brucelose (Brucella spp.) é uma doença de importância à saúde pública e o javali desempenha função de reservatório, hospedeiro e manutenção no meio rural. A transmissão nos animais é dada pela ingestão de água ou alimentos contaminados (descargas do sistema reprodutivo) se disseminando de maneira sistêmica(2).

Desde 2013(3), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autoriza o controle populacional do javali vivendo em todo o território nacional, por ser uma espécie nociva e introduzida para exploração comercial, e que traz preocupações quanto ao aspecto sanitário, dada as pequenas propriedades de suinocultura.

A necessidade de vigilância ativa, principalmente devido a aproximação do javali a fazendas, rebanhos e cruzamento com porcos domésticos, objetiva-se o estudo de prevalência sorológica em javalis das proximidades do município de Ponta Grossa – PR para a brucelose.

MATERIAIS E MÉTODOSAs amostras de sangue foram coletadas a campo, após os animais serem abatidos por caçadores do município de Ponta Grossa – PR, utilizando-se tubos de vácuo de 8 mL, (foi feita a separação do soro e colocado em tubos de 1,5ml - eppendorf) e transportados sob refrigeração para o Laboratório do Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR) onde foram realizados os exames sorológicos anti-Brucella abortus, conforme a Instrução Normativa no 19, de 8 de outubro de 2016(4). Os soros foram submetidos ao teste de triagem do antígeno acidificado tamponado (AAT), seguido dos testes confirmatórios 2-mercaptoetanol (2-ME), conforme as instruções(4), sendo considerado soropositivo o animal que apresentasse reação ao 2-ME.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOForam analisadas 13 amostras de javalis e nenhum animal apresentou reação anti-Brucella spp. em ambos os testes. Dados sobre a prevalência de Brucella abortus em javalis na Europa(5) relatam infecção em caçadores devido ao consumo de carne de javali, e nos EUA(6) foram comprovados casos de brucelose em dez estados, dos quais sete estavam associados a caçadores expostos ao contato/consumo de javalis infetados.

CONCLUSÃOApesar da possível participação das populações exóticas na emergência e reemergência relacionadas a brucelose, a falta de informações precisas da sanidade de javalis, principalmente no Brasil, dificultam a elaboração de estratégias adequadas para o seu controle, levando em consideração a interação animais selvagens, domésticos, exóticos e seres humanos, tornando-se talvez a maior dificuldade no processo de tomada de decisões voltadas para o controle dessa doença negligenciada em nosso país.

REFERÊNCIAS1) FRANKENBERG, Von S. T. Levantamento e validação da Portaria 138/02 e Instrução Normativa 25/04, que regulamentaram o controle do javali (Sus scrofa) no Rio Grande do Sul no período compreendido entre 2003 e 2005. Produto PNUD, Projeto BRA/01/037, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, 2005.2) ROSA, D. C.; GARCIA, K. C. O. D.; MEGID, J. Soropositividade para brucelose em suínos em abatedouros. Pesquisa Veterinária Brasileira, 2012, v.32, p.623-626.3) IBAMA. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 03/2013, de 31 de janeiro de 2013. Disponível em: http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/fauna/2014/07/IN_Ibama_03_2013.pdf. 4) MAPA. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 19, DE 10 DE OUTUBRO DE 2016. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Departamento de Saúde Animal.  Manual Técnico do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT)5) MENG, X. J.; LINDSAY, D. S.; SRIRANGANATHAN, N. Wild boars as souces for infectious diseases in livestock and humans. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Science, 2009, v.364, p.2697-2707.6) Woldemeskel M. Zoonosis due to Brucella suis with special reference to infection in dogs (Carnivores): A brief review. Open Journal of Veterinary Medicine, 2013, 3, 213-221.

Detecção de Brucelose em Javalis de um Município do Paraná

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Detecção de parvovírus canino tipo 2 a partir da reação em cadeia pela polimerase (PCR) e sequenciamento genético Ana Paula da Veiga Argus – Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal Catarinense – Campus Ara-quari.Andressa Fernanda Kunz – Mestranda do programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal do Paraná - Setor Palotina.Daniela Lorencena – Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina.Jamile Jeannie Caovila – Médica Veterinária do Centro Veterinário Cães & Gatos.Marlise Pompeo Claus –Docente do Curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal Catarinense - Campus Araquari. E-mail: [email protected]

RESUMO Foi detectado o CPV-2 em fezes de cães com sinais clínicos de parvovirose através da reação em cadeia pela polimerase (PCR) e em seguida o sequenciamento genético dos amplicons. As amostras biológicas foram provenientes de animais jovens, adulto e idoso, com ou sem esquema completo de vacinação. Todas as 4 amostras foram positivas na PCR com a amplificação parcial do gene VP2. O sequenciamento dos produtos indicou a presença da variante CPV-2c em todas amostras. Os resultados indicam a circulação dessa variante na população canina estudada.

Palavras chave: parvovirose canina; fezes; CPV-2c.

INTRODUÇÃO A parvovirose canina é uma doença infecto-contagiosa, determinada pelo parvovírus canino tipo 2 (CPV-2), família Parvoviridae, gênero Parvovirus (1). Desde o seu surgimento, já foram identificadas três variantes denominados CPV-2a, CPV-2b e CPV-2c. Este trabalho teve como objetivo, detectar o CPV-2 em fezes de animais suspeitos de parvovirose através da reação em cadeia pela polimerase (PCR) e sequenciamento genético.

MATERIAL E MÉTODOS Esse estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais(CEUA) do Instituto Federal Catarinense, Campus Araquari com o protocolo número 0147/2016. As amostras biológicas de fezes foram coletadas de cães exibindo sinais clínicos relacionados a gastroenterite com diferentes idades, raças, esquema de vacinação em estabelecimentos veterinários no estado de Santa Catarina.

A extração de ácido nucleico foi realizada pela associação das técnicas fenol-clorofórmio-álcool isoamílico (25:24:1) e da sílica/isotiocianato de guanidina (2,3), com modificações descritas por Alfieri et al., (4). Na PCR, foi utilizado o par de primers 555for: 5´CAGGAAGATATCCAGAAGGA 3´ e 555rev: 5´ GGTGCTAGTTGATATGTAATAAACA 3´ (5) amplificando um segmento de 583pb do gene VP2 (nt 4003 a 4585). Os produtos da PCR foram submetidos ao sequenciamento. O alinhamento e percentual de identidade foram estimados no software BioEdit 7.0.5 (Ibis Therapeutics, Carlsbad,CA, EUA) (6). Para a análise filogenética foi utilizado o programa Mega 6.0 (7).

RESULTADOS E DISCUSSÃOUm total de 4 amostras de fezes foram avaliadas e apresentaram resultado positivo para o CPV-2 na PCR. Na análise do sequenciamento todas as amostras demonstraram ser CPV-2c. Essa metodologia permitiu identificar a variante de CPV-2 (a, b ou c).

Duas amostras foram provenientes de animais com histórico completo de vacinação. Porém, um esquema vacinal

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havia sido feito com vacina da linha ética em um cão de 11 meses de idade, SRD, enquanto outro animal tinha 1 ano e 2 meses, da raça Pêquines, com esquema de vacinação realizado em estabelecimento agropecuário.

Desde o seu primeiro relato em 2001 (5), o CPV-2c está relacionado a quadros de gastroenterite hemorrágica em cães jovens vacinados ou não e também em animais com idade superior a dois anos que apresentam esquema de vacinação completo (8,9). Têm sido sugerido que a vacina baseada no tipo-2 é eficaz contra as variantes que estão atualmente em circulação no campo (10). Entretanto, recentes estudos epidemiológicos e moleculares envolvendo a presença do CPV-2c em amostras biológicas provenientes de animais vacinados, levanta o questionamento da eficácia das vacinas atualmente utilizadas para a proteção do desafio de campo (11,12). O CPV-2c foi o principal tipo que circulou no Brasil entre os anos 2008 a 2010 (11,12).

Em nosso estudo, uma das amostras foi proveniente de um animal sem o esquema vacinal em dia, entretanto, se tratava de um animal idoso (13 anos e 4 meses) que ao longo da sua vida vinha recebendo o reforço anual, mas que deixou de ser imunizado nos últimos anos. Embora o perfil epidemiológico de infecção pelo CPV-2 ainda demonstre uma maior prevalência em animais jovens e não imunizados (11), nossos resultados comprovam a infecção em animais adulto e idoso.

CONCLUSÃOEste trabalho confirma a importância do parvovírus como um dos principais agentes etiológicos envolvidos nos quadros de gastroenterite. A ocorrência de parvovirose canina, tanto em animais jovens como em animais adultos, sem ou com esquemas de vacinações completos ratificam um perfil epidemiológico amplo para essa virose. É necessário que mais estudos epidemiológicos e moleculares sejam realizados com o intuito de se conhecer o panorama a respeito da circulação do parvovírus e suas variantes antigênicas na população canina.

REFERÊNCIAS 1) ICTV – International Comittee on Taxonomy of Viruses. Virus Taxonomy: 2014 Release. Disponível em: <http://ictvonline.org/virusTaxonomy. asp>. Acesso em: 1 de abril de 2017.2) Sambrook J, Fritsch EF, Maniatis T. Molecular cloning: a laboratory manual. In: Sambrook J, Fritsch EF, Maniatis T. Molecular cloning: a laboratory manual 2nd ed.: 1989, New York, Cold Spring Laboratory Press, New York, 1989.3) Boom R, Sol CJA, Salimans MMM, Jansen CL, Wertheim-Van Dillen PME, Noordaa-Van Der J. Rapid and simple method for purification of nucleic acids. Journal of Clinical Microbiology; 1990; 28; 495-503.4) Alfieri AA, Parazzi ME, Takiuchi E, Medici KC, Alfieri AF. Frequency of group A rotavirus in diarrhoeic calves in Brazilian cattle herds, 1998-2002. Tropical Animal Health and Production; 2006; 38; 521-526.5) Buonavoglia C, Martella V, Pratelli A, Tempesta M, Cavalli A, Buonavoglia D et al. Evidence for evolution of canine parvovirus type-2 in Italy. Journal of General Virology; 2001; 82; 3021–3025.6) Hall TA. BioEdit: A user-friendly biological sequence alignment editor and analysis program for Windows 95/98/NT. Nucleic acids symposium series; 1999; 41; 95-98.7) Tamura K, Stecher G, Peterson D, Filipski A, and Kumar S (2013) MEGA6: Molecular Evolutionary Genetics Analysis Version 6.0 Molecular Biology and Evolution 30:2725-2729. 8) Rolim VM, Sonne L, Casagrande RA, Souza SO, Pinto LD, Wouters ATB et al. Enterites caused by type 2c canine parvovirus in a 5-year-old dog. Acta Scientiae Veterinarie; 2014.9) Decaro N, Desario C, Elia G, Martella V, Mari V, Lavazza A et al. Evidence for immunisation failure in vaccinated adult dogs infected with canine parvovirus type 2c. New Microbiologica; 2008; 31; 125-130.10) Wilson S, Illambas J, Siedek E, Stiring C, Thomas A, Pleová E et al. Vaccination of dogs with canine parvovirus type 2b (CPV-2c) induces neutralising antibody responses to CPV-2a and CPV-2c. Vaccine; 2014; 32; 5420-5424.11) Streck AF, Souza CK, Gonçalves KR, Zang L, Pinto LD, Canal CW. First detection of canine parvovirus type 2c in Brazil. Brazilian Journal of Microbiology; 2009; 40; 465-469.12) Pinto LD, Streck AF, Gonçalves KR, Souza CK, Corbellini AO, Corbellini LG et al. Typing of canine parvovirus strains circulationg in Brazil between 2008 and 2010.Virus Research; 2012; 165; 29-33.

Detecção de parvovírus canino tipo 2 a partir da reação em cadeia pela polimerase (PCR) e sequenciamento genético

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Diagnóstico de Adenite Sebácea Associada à Leishmaniose Visceral CaninaNathália Lopes Fontoura Mateus1

Eliane Mattos Piranda2

1 Aluna do Programa de Mestrado de Ciências Veterinárias da UFMS2 Professora Doutora do Instituto de Biociências da UFMSEmail:[email protected]

RESUMOA adenite sebácea é um processo inflamatório destrutivo que tem como alvo as glândulas sebáceas, normalmente primária, de origem idiopática, comum em Akitas e Poodles; porém pode ser secundária a outras dermatopatias como a leishmaniose visceral canina (LVC). É descrito um caso de adenite sebácea associado à leishmaniose visceral canina. Um canino fêmea, 2 anos, da raça Akita foi acompanhado durante 67 dias. O paciente apresentou histórico de trombocitopenia recidivante e sinais dermatológicos. Foi arresponsivo ao tratamento com corticoesteróides e antibioticoterapia para Ehrlichia canis. A biópsia de pele confirmou a suspeita de adenite sebácea e o animal foi diagnosticado com Leishmania chagasi através da reação em cadeia da polimerase. A LVC deve ser incluída como diagnóstico diferencial para adenite sebácea em cães, mesmo que estes sejam de raças predispostas e, principalmente em áreas endêmicas para esta enfermidade.

Palavras-chave: Leishmania chagasi; Akita; dermatopatia

INTRODUÇÃOA adenite sebácea é um processo inflamatório destrutivo que tem como alvo as glândulas sebáceas, ocasionando assim a redução na produção do sebum, e consequentemente alterações na estrutura e função da pele (1). Trata-se de uma doença incomum em cães e normalmente primária, de origem idiopática, mais frequentemente observada em Akitas e Poodles (1,2). No entanto, já foi relatada como secundária a outras dermatopatias como leishmaniose, foliculite, demodicose, síndrome úveo-dermatológica e alergia alimentar (3,4). Os principais sinais clínicos são: presença de escamas aderentes e perda de pelo bilateralmente simétrica na regiões dorsal do tronco, face, pina e temporal, com o aparecimento inclusive de alopecia da cauda. Este trabalho relata um caso de adenite sebácea associado à leishmaniose visceral canina (LVC), enfermidade zoonótica causada pelo protozoário Leishmanina infantum (6), o qual apesar de ser agente viscerotrópico, causa uma diversidade de alterações e manifestações cutâneas na pele do cão (7).

MATERIAL E MÉTODOSFoi acompanhado por um período de 67 dias um canino, Akita, fêmea, não castrada, de 2 anos, 28 kg, único animal do domicílio, residente no município de Campo Grande (MS). O atendimento foi feito no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

RESULTADOS E DISCUSSÃOO paciente foi atendido por queixa de emagrecimento, prostração, queda de pelos e vômitos. Ao exame físico não foram encontrados ectoparasitas e observou-se atrofia muscular nos membros anteriores e posteriores, mucosas normocoradas, temperatura corporal de 39,2oC e linfonodos não reativos. As alterações observadas no hemograma foram: linfopenia (935mm3), trombocitopenia (94.000mm3) e hemácias em rouleaux (+). Pesquisa de hemoparasitas e diagnostico parasitológico e sorológico para Leishmania sp. negativos. Ainda assim, foi prescrito 120mg de doxiciclina (PO/BID) por 28 dias considerando possível infecção por E. canis.

Dez dias após, o proprietário queixava-se da intensa queda de pelos e prostração. O diagnóstico foi negativo na

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pesquisa de ectoparasitas em raspado profundo de pele e para infecção fúngica após tricograma e cultura fúngica através de laminocultivo (Dermatobac®, Probac do Brasil, São Paulo, SP) ainda que presente a trombocitopenia (120.000mm3). Frente à estas exclusões e dos resultados sorológicos não reagentes para LVC, iniciou-se a suspeita de adenite sebácea por se tratar de um cão da raça Akita.

Devido à ausência de resposta ao tratamento com doxiciclina e queixa de prurido generalizado intenso, suspeitou-se de trombocitopenia imunomediada e associou-se à antibioticoterapia 20mg de prednisolona (PO/BID) durante 7 dias As análises de sangue medular para detecção de DNA de Leishmania chagasi e Ehrlichia canis através da reação em cadeia da polimerase (PCR); e para pesquisa direta de formas amastigotas de Leishmania spp. em lâminas de esfregaço de sangue medular também tiveram resultados negativos. Após o tratamento prescrito detectou-se a permanência da trombocitopenia (157.000mm3).

Passados 67 dias, o animal foi atendido novamente com ausência da melhora dos sinais dermatológicos, visível aumento da rarefação pilosa e alopecia, agora generalizada. Os exames indicaram trombocitopenia (96.000mm3) e leucopenia (5.700mm3) por linfopenia (912mm3) e cultura fúngica negativa. Desta vez, a amostra foi reagente no ELISA (OD: 0,275 e cut off: 0,207) e na RIFI (reagente 1/40) para LVC.

Para confirmação da suspeita de adenite sebácea foi realizada a biópsia de pele do animal, na qual foram coletados três fragmentos de pele, provenientes de áreas alopécicas da região dorsal do pavilhão auricular esquerdo, região dorsal da cauda e região torácica do animal. A análise histopatológica confirmou o diagnóstico devido ao encontro de infiltrado inflamatório piogranulomatoso multifocal moderado composto por neutrófilos e alguns macrófagos, principalmente na região bulbar do folículo piloso; ausência de glândulas sebáceas e discreta fibrose perifolicular. Nesta data, o diagnóstico molecular de LCV e EMC em amostra de sangue medular foi positivo para DNA de L. chagasi, assim como a pesquisa de formas amastigotas.

CONCLUSÃOA leishmaniose visceral deve ser incluída como diagnóstico diferencial para adenite sebácea em cães, mesmo que estes sejam de raças predispostas e, principalmente em áreas endêmicas para LVC. Recomenda-se o acompanhamento e monitoramento do paciente de área endêmica que apresente sinais clínicos dermatológicos e/ou manifestações laboratoriais compatíveis com LVC através da realização de exames sorológicos e parasitológicos periodicamente.

REFERÊNCIAS1) Simpson, A; Mckay, L. Sebaceous adenitis in dogs. Compendium: continuing education for veterinarians; 2012; E1-E6.2) Sousa, CA. Sebaceous Adenitis. Veterinary Clinics Small Animal Practice; 2006; 243-249. 3) White, SD; Rosychuk, RAW; Scott, KV; Hargis, AM; Jonas, L; Trettien, A. Sebaceous adenitis in dogs and results of treatment with isotretinoin and etretinate: 30 cases. Journal of the American Veterinary Medical Association; 1995; 207(2); 197-200.4) Mc Gavin, MD; Zachary, JF. Bases da patologia em veterinária. 4ª ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.5) Gross, TL; Ihrke, PJ; Walder, EL. Diseases of the epidermis. In: Gross, TL; Ihrke, PJ; Walder, EJ; Affolter, VK, editors. Skin diseases of the dog and cat: clinical and histopathologic diagnosis. 2th ed. Oxford, UK: Blackwell Science, 2005, p.186-188. 6) Grimaldi, JR; Tesh, RB. Leishmaniasis of the New World: current concepts and implications for future research. Clinical Microbiology Review; 1993; 361(3); 230-250.7) Koutinas, A.F; Scott, DW; Knots, V; Lekkas, S. Skin lesions in canine leishmaniasis (Kalazar): a clinical and histopathological study on 22 spontaneous cases in Greece. Veterinary Dermatology; 1993; 3(3); 121-130.8) Jerico, MM; Neto, JPA; Kogika, MM. Tratado de Medicina Veterinária de Cães e Gatos. 1ª ed. São Paulo: Roca; 2015.

Diagnóstico de Adenite Sebácea Associada à Leishmaniose Visceral Canina

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Diagnóstico e Tratamento de Cadela com Flutter Atrial e Dissociação Atrioventricular - Relato de CasoTamyris Beluque - Aluna de Mestrado da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Campus de JaboticabalAparecido Antônio Camacho - Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Campus de JaboticabalMarlos Gonçalves Sousa - Professor Adjunto da Universidade Federal do Paraná, Campus de Curitiba.E-mail para correspondência: [email protected]

RESUMOO flutter atrial é uma arritmia supraventricular que pode estar associada ao bloqueio atrioventricular de 3º grau, cujo diagnóstico e tratamento representam um desafio para o clínico. Foi atendida uma cadela com sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) direita e bradiarritmia. O eletrocardiograma diagnosticou os distúrbios de condução elétrica e o ecocardiograma possibilitou o estadiamento da ICC. A paciente recuperou a qualidade de vida e manteve-se estável com o tratamento clínico durante 4 meses, até a data da implantação do marca-passo sendo o tratamento definitivo para essa arritmia. O relato mostrou a importância do conhecimento a respeito da cardiologia para o diagnóstico e tratamento adequados.

Palavras-chave: Arritmia; bradicardia; marcapasso; supraventricular.

INTRODUÇÃOArritmias são comuns em cães, no entanto, o flutter atrial não costuma ser tão diagnosticado quanto a fibrilação atrial (1). As arritmias atriais apresentam menor risco de óbito ao paciente do que as ventriculares, porém, em longo prazo, podem evoluir para morte súbita. O flutter atrial consiste em uma arritmia supraventricular que apresenta ritmo regular e rápido, e frequência cardíaca oscilando entre 300 e 500 batimentos por minuto (bpm). Na forma típica, as ondas P são substituídas por ondas f, as quais se apresentam serrilhadas (2,3). A condução atrioventricular pode estar presente em diversos graus (2,3), sendo que pode ser observado o bloqueio atrioventricular (3). O flutter atrial pode ser secundário a certas enfermidades, tais como ruptura das cordoalhas tendíneas, comunicação interatrial, displasia da valva tricúspide e fibrose valvar mitral crônica (2); ou idiopático. O objetivo do presente relato foi descrever o diagnóstico e tratamento realizados na paciente para estabilização do quadro clínico, a fim de colaborar na condução de casos semelhantes.

RELATO DE CASOUma canina, sem raça definida, de 7 anos, foi atendida no hospital veterinário da UNESP, campus de Jaboticabal, apresentando apatia, hiporexia, distensão abdominal, fraqueza e cansaço fácil.

Ao exame físico, foram constatadas bradicardia (FC = 40 bpm), taquipneia (FR = 80 mpm), desidratação discreta e ascite. Não havia alterações nas radiografias torácicas, já no exame ultrassonográfico, havia congestão hepática e renal.

Não houve alterações no hemograma e urinálise. À bioquímica sérica, apresentou azotemia (creatinina = 3,3 mg/dL; ureia = 223 mg/dL), hiperfosfatemia (P = 6,7 mg/dL) e aumento da fosfatase alcalina (FA = 373 UL).

Na eletrocardiografia, foi diagnosticado flutter atrial e bloqueio atrioventricular de 3º grau, e na ecocardiografia, foram constatadas ausência de contração dos átrios e sobrecarga de volume atrial e ventricular resultante.

Foram prescritos furosemida 1 mg/kg a cada 24 horas, pimobendam 0,2 mg/kg a cada 12 horas, benazepril 0,5 mg/kg a cada 24 horas e espironolactona 1 mg/Kg a cada 24 horas, todos pela via oral. Após 6 dias de tratamento, a paciente estava clinicamente bem, se exercitando sem cansaço.

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DISCUSSÃOO flutter atrial representa um circuito de reentrada nos átrios, elevando a frequência atrial, e, possivelmente, a ventricular (3). Neste caso, houve bloqueio atrioventricular de 3º grau, caracterizado por ausência de condução atrioventricular, em que o estímulo para a sístole ocorre abaixo do nodo sinusal, não havendo relação entre o estímulo elétrico atrial (ondas f) e o complexo QRS (2), o que explica a bradicardia apresentada pelo animal (figura 1).

A fraqueza e cansaço fácil decorrem da redução no débito cardíaco (1). O animal apresentou sinais compatíveis com insuficiência cardíaca congestiva direita (4): congestão renal e hepática (azotemia e aumento da fosfatase alcalina) e ascite, devido à congestão da veia cava caudal, que leva à congestão dos órgãos abdominais.

O objetivo do tratamento foi amenizar a insuficiência cardíaca reduzindo a pós-carga com o uso de vasodilatador (benazepril) e a pré-carga com diurético (furosemida), utilizando fármaco cardioprotetor (espironolactona) e aumentando a força de contração com o pimobendam. Sendo medicada com esses fármacos, a paciente ficou estável por 4 meses, até a implantação do marca-passo, que é o tratamento definitivo.

Figura 1. Eletrocardiograma realizado no primeiro atendimento da paciente. Presença de ondas f e bloqueio atrioventricular de 3º grau.

CONCLUSÃOComo visto neste relato, o flutter reduziu o volume diastólico, uma vez que anulou o volume ejetado pelos átrios, diminuindo, portanto, o débito cardíaco, o que provocou a insuficiência cardíaca congestiva e, por conseguinte, os sinais clínicos.

Deste modo, é de suma importância conhecer a fisiopatogenia da insuficiência cardíaca congestiva e suas principais causas a fim de se realizar o diagnóstico e tratamento corretos. A estabilização clínica da paciente foi imprescindível para que a mesma recuperasse a qualidade de vida e se mantivesse estável e apta a ser submetida ao procedimento de implantação do marca-passo.

REFERÊNCIAS1) EDWARDS, N. J. Bolton’s handbook of canine and feline electrocardiography. 2th ed, 1987.2) TILLEY, L. P. Essentials of canine and feline electrocardiography: Interpretation and treatment. 3th ed, 1992.3) GOODACRE, S.; IRONS, R. ABC of clinical electrocardiography: Atrial arrhythmias. British Medical Journal, Volume 324, 9 de Março de 2002; p. 594 – 597. 4) SAYER, G. T.; SEMIGRAN, M. J. Right Ventricular Performance in Chronic Congestive Heart Failure. Cardiology Clinics, 2012; p. 271–282.

Diagnóstico e Tratamento de Cadela com Flutter Atrial e Dissociação Atrioventricular - Relato de Caso

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Diagnóstico e tratamento videoassistido para Leydigoma em cadela com síndrome do ovário remanescente – Relato de CasoThabata Laccort Bortolato1, Discente de Medicina Veterinária – Universidade Tuiuti do Paraná (UTP-PR)Itallo Barros de Freitas, MSc, MV, AutônomoRogério Luizari Guedes, MSc, MV, Docente de Medicina Veterinária – UTP/PR; Doutorando em Cirurgia Veterinária - UFPR1Autor para correspondência: [email protected]

RESUMOA síndrome do ovário remanescente é causada pela presença de resíduo ovariano funcional em cavidade abdominal após castração. Já o Leydigoma aparece com frequência em machos senis, porém não há relatos desta neoplasia acometer fêmeas caninas, apenas em literatura clássica e raros casos em mulheres. Neste resumo foi relatado o caso de uma cadela castrada pré-púbere que, aos 12 anos, apresentou histórico de cio persistente. Em laparotomia exploratória foi encontrado um cisto ovariano e uma neoformação compatível com Leydigoma, com posterior exérese de ambos. O tratamento cirúrgico foi efetivo, comprovando a causa da síndrome e, mesmo raro, a presença de Leydigoma em fêmeas.

Palavras-chave: neoplasia; videocirurgia; Leydig; cão.

INTRODUÇÃOA síndrome do ovário remanescente pode acometer cadelas que, após ooforectomia, apresentam ciclos ou sinais físicos e comportamentais de estro, causado pela técnica cirúrgica aplicada, podendo manter a produção de estrogênio e apresentar foliculogênese (1,2). As células de Leydig são componentes do tecido intersticial do testículo produtoras de testosterona por estímulo do hormônio luteinizante hipofisário. Fêmeas também possuem células intersticiais secretoras de esteroides (3). A neoplasia destas células ocorre normalmente em machos com mais de 10 anos de idade, podendo produzir testosterona causando síndromes paraneoplásicas e puberdade precoce (1,3). Em fêmeas, normalmente os tumores ovarianos são unilaterais, firmes e lobulados, já os das células de Leydig podem ocorrer bilateralmente causando hiperandrogenismo, sendo raros em mulheres e animais, sendo relevante relatar sua ocorrência na medicina veterinária (4,5).

MATERIAL E MÉTODOSUma paciente da espécie canina, sem raça definida, 12 anos, apresentava histórico de cio persistente mesmo após ovariohisterectomia pré-púbere. Foi realizada avaliação ultrassonográfica, sendo identificada uma massa de aproximadamente 4cm, com bordas irregulares, maciça, de ecogenicidade mista e localizada em região abdominal média, lateral direita, sendo sugestiva de neoplasia de origem ovariana.

. Mediante a esta primeira impressão, foi indicado o procedimento de laparoscopia exploratória para diagnóstico complementar. Em decúbito dorsal, foram realizados dois acessos pela técnica aberta, o primeiro para a inserção de um portal de 6mm para uso de um endoscópio rígido de 5mm e 0°, e o segundo sendo um portal de 11mm para manipulação de instrumentais cirúrgicos. Durante a inspeção da cavidade foi identificada a massa na região abdominal lateral direita, distante caudalmente do coto ovariano direito. A paciente foi posicionada em decúbito lateral esquerdo, confirmando não haver alterações em coto, sendo encontrada uma neoplasia apresentando cerca de 8cm de diâmetro, inserida em região de mesentério jejunal. Uma vez que essas alterações e localização foram identificadas, foi realizada a ampliação do acesso cirúrgico de 11mm para exteriorização do segmento intestinal afetado. Optou-se pela remoção da neoplasia associada à enterectomia de um segmento jejunal de aproximadamente 20cm. Também foi realizada a avaliação do coto ovariano esquerdo, sendo encontrado e removido um cisto de 0,5cm de diâmetro, utilizando ligadura circular e fio poliglactina 910 2-0. A síntese de parede abdominal foi realizada em três camadas, a linha alba foi aproximada com padrão contínuo simples e fio poliglactina 2-0, o tecido subcutâneo

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com padrão Cushing e mesmo fio e a pele com o padrão Wolff interrompido e fio mononáilon 4-0. Após a exérese, a neoplasia e o cisto ovariano foram encaminhados para análise histopatológica.

O tratamento pós-operatório consistiu de jejum gradual, analgesia pós-operatória com cloridrato de tramadol (2mg.kg-1, TID, SC) e dipirona (25mg.kg-1, TID, SC) por três dias. Para antibioticoprofilaxia foi utilizada amoxicilina com clavulanato de potássio (22mg.kg-1, BID, VO) e metronidazol (25mg.kg-1, BID, VO) por cinco dias. Após 15 dias foi realizada a retirada dos pontos, não havendo sinais de alterações gastrintestinais ou reprodutivas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO tempo cirúrgico total foi de aproximadamente 120 minutos. Durante a laparoscopia exploratória, foi constatada que a neoplasia lateral direita não tinha comunicação com a região do coto ovariano, encontrava-se aderida em base de mesentério jejunal, sendo mais ampla que a imagem ecográfica. Apresentando cerca de 8cm de diâmetro, aspecto rugoso e coloração enegrecida. Considerando a castração pré-púbere e síndrome do ovário remanescente na senilidade, foi comprovado neste caso que complicações cirúrgicas podem ser responsáveis por distúrbios hormonais, alterações comportamentais tardias e desenvolvimento de neoplasias funcionais (1,2), neste caso comprovado por histopatologia que se trata de um Leydigoma. Para os autores deste relato, a neoplasia não aderida ao coto ovariano comprova ainda que resquícios de tecido ovariano que porventura fiquem livres na cavidade abdominal também podem ser responsáveis por neoplasias funcionais e síndrome do ovário remanescente. Os tumores das células de Leydig não acometem apenas indivíduos do sexo masculino em neoplasias testiculares. Mulheres podem desenvolver essa neoplasia, porém representa menos de 0,1% das neoplasias ovarianas causando hiperandrogenismo e virilização (5). Em cadelas também são neoplasias raras (4), neste caso não funcional, pois a cadela não apresentou hiperandrogenismo, e sim sinais de cio que estão relacionados à síndrome do ovário remanescente, que também pode estar relacionada ao pequeno cisto compatível com ovário, removido do coto esquerdo.

CONCLUSÃOA síndrome do ovário remanescente pode ocorrer pela perda de fragmentos ovarianos, com sua reimplantação em outros locais da cavidade abdominal e desenvolver neoplasias. Apesar de raro, o Leydigoma pode acometer fêmeas, porém com menor incidência que em machos, sendo de grande importância o uso do exame histopatológico para diagnóstico diferencial das células neoplásicas.

REFERÊNCIAS 1) Nelson RW & Couto CG. Fundamentos da medicina interna de pequenos animais. Rio de Janeiro:Guanabara koogan; 2010.2) Beck CA de C, Pippi NL, Raiser AG, Brun MV, Gonçalves GF, Portella LCV, Leme MC, Stedile R. Ovariectomy laparoscopic in a female dog with remaining ovaries: case report. MedveP - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2004; 2(5):15-9. Disponível em: URL: http://medvep1.hospedagemdesites.ws/wp-content/uploads/2015/07/Mv005-01.pdf [2016 agos.26]3) Junqueira LC, Carneiro J. Histologia básica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. 4) Klein MK. Tumors of the Female Reproductive System. In: Withrow SJ, Vail DM, Page RL. Withrow and macewen’s small animal clinical oncology. Philadelphia: Saunders; 2007. p.661.5) Nardo LG, Ray DW, Laing I et al. Ovarian Leydig cell tumor in a perimenopausal woman with severe hyperandrogenism and virilization. Gynecological Endocrinology 2005; 21(4):238-241.

Diagnóstico e tratamento videoassistido para Leydigoma em cadela com síndrome do ovário remanescente – Relato de Caso

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Dioctophyma renale Intracavitário em Cão - Relato de CasoWillian Kaida de Almeida*¹Edinéia Karine de Souza Mengatto² Vanessa Massumi Kaneko3

¹ Médico Veterinário professor do Centro Universitário Unifacvest, pós-graduando em Ciência Animal, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)² Graduanda do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Unifacvest3 Mestre Professora do Centro Universitário Unifacvest *E-mail: [email protected]

RESUMOO Dioctophyma renale é um nematóide de ciclo evolutivo indireto, tendo como hospedeiro definitivo (HD) o cão e hospedeiro intermediário (HI) um anelídeo oligoqueta que parasita as brânquias de peixes. Cães errantes e de hábitos alimentares pouco seletivos são os mais acometidos. O parasitismo causa destruição do parênquima renal e leva a sinais clínicos como hematúria e disúria. O objetivo deste trabalho é relatar o atendimento e acompanhamento de um cão, fêmea, sem raça definida, de aproximadamente cinco meses que apresentava hematúria e apatia. Na urinálise havia grande quantidade de ovos de D. renale. O tratamento foi realizado de forma cirúrgica através de nefrectomia total do rim direito. Constatou-se a presença de dois parasitas na cavidade abdominal e 11 no rim direito. Concluiu-se que, a presença de D. renale intracavitários com frequência é observada apenas no post mortem e que a quantidade de parasitas encontradas em cães que se recuperaram bem no pós-operatório é muito menor do que as deste estudo.

Palavras-chave: Nefrectomia; Nematoide; Cirurgia.

INTRODUÇÃOO Dioctophyma renale é o maior nematóide conhecido, parasitando rins de cães e outras espécies de animais.(1) Os adultos têm morfologia cilíndrica, coloração vermelha e pode medir até um metro de comprimento.(1) Os cães errantes e de hábitos alimentares pouco seletivos são os mais acometidos.(1) No cão (hospedeiro definitivo), o parasita adulto localiza-se geralmente no rim direito, devido a sua proximidade com o rim deireito, porém pode ocorrer localizações ectópicas, como na cavidade abdominal.(1,3) Após penetrar a cápsula renal o parasita causa a destruição progressiva das camadas cortical e medular do parênquima renal. As glândulas esofagianas do D. renale são bem desenvolvidas e possuem poderosa ação histolítica.(1,2,3) Apatia, emagrecimento, hematúria, aumento de volume palpável na região renal e algumas vezes, andar cambaleante são sinais clínicos observados.(1) O tratamento de eleição é o cirúrgico, com nefrectomia total do rim afetado.(1,2)

O objetivo deste trabalho é relatar o atendimento e tratamento cirúrugico de um cão diagnosticado com D. renale, que apresentava parasitas na cavidade abdominal e 14 nematóides dentro da cápsula renal direita.

MATÉRIAIS E MÉTODOSFoi atendido na Clínica Veterinária Unifacvest, Lages-SC, um cão, fêmea, não castrada, sem raça definida, de aproximadamente 5 meses que foi resgatada das ruas. O animal apresentava hematúria e apatia como sinais clínicos. Após anamnese e exame físico o animal foi encaminhado para a realização de exames de hemograma, urinálise e ultrassonografia (US). Chegando-se ao diagnóstico de parasitismo por D. renale.

O tratamento foi realizado de forma cirúrgica, com nefrectomia total do rim direito. Durante o procedimento, foram localizados dois parasitas intracavitários, próximos a borda caudal do fígado e presença de peritonite. Em seguida, o rim direito foi localizado e realizado nefrectomia total. Posteriormente a realização da nefrectomia, foi feita a abertura do rim retirado onde foi possível visualizar a presença de 11 parasitas e a destruição total do parênquima renal.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOO diagnóstico do helminto é feito através de achado de necrópsia, ou pela presença de ovos na urina durante a urinálise.(4) No caso em questão somente o rim direito estava acometido e o animal apresentava sinais clínicos característicos,(1) no hemograma os parâmetros se encontravam dentro dos valores de referência, (5) entretanto alterações como monocitose, eosinofilia, anemia podem ocorrer.(3,6) Na urinálise a urina apresentava coloração marrom escuro, com presença de sangue oculto e grande quantidade de ovos do parasita D. renale.

Durante o procedimento cirúrgico confirmou-se a presença do parasita no rim direito. O parasitismo por vinte e oito vermes livres na cavidade abdominal e seis no interior da cápsula renal do rim direito, totalizando 34 parasitas, durante a necropsia de um cão, sendo o maior número descrito em um só animal até hoje.(4) Em relatos de cães que sobreviveram ao tratamento cirúrgico, a média de nematódeos encontrados é de 1 a 2 nematóideos dentro da cápsula renal,(2,6) no caso deste relato foram encontrados 2 parasitas intracavitários e 11 no rim direito(Figura 1).

Após a cirurgia, a paciente ficou sob observação durante dois dias e apresentou uma boa recuperação voltando a apresentar urina sem alterações e se alimentar normalmente. Após 8 dias o proprietário retornou com a paciente para retirada dos pontos.

Figura 1 - Presença de 11 Dioctophyma renale dentro da capsula renal direita após nefrectomia total.

CONCLUSÃOÉ raro encontrar um número elevado de parasitas em um cão vivo, como o descrito neste relato. A presença de Dioctophyma renale intracavitário geralmente é um achado de necropsia. O tratamento cirúrgico é o mais apropriado, pois obteve-se um resultado satisfatório e uma ótima recuperação pós-operatória.

REFERÊNCIAS1) Alves GC, Silva DT, NEVES MF. Dioctophyma renale: O parasita gigante do rim. Revista Cientifica eletrônica de Medicina Veterinária 2007; (8). Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/fPXZwNY3BuYYQ8A_2013-5-24-11-38-31.pdf2) Brun MV, Beck CAC, Mariano MB, Antunes R, Pigatto JAT. Nefrectomia Laparoscópica em cão parasitado por Dioctophyma renale - relato de caso. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da Unipar 2002; 5(1):145-152. 3) Leite LC, Círio SM, Diniz JMF, Luz E, Navarro-Silva MA, Silva AWC et al. Lesões anatomopatológicas presentes na infecção por Dioctophyma renale (Goeze, 1782) em cães domésticos (Canis familiares Linnaeus, 1758). Archives of Veterinary Science ;2005; 10(1):95-101. 4) Monteiro SG, Sallis ESV, Stainki DR. Infecção natural por trinta e quatro helmintos da espécie dioctophyma renale (GOEZE, 1782) em um cão. Revista da FZVA. Uruguaiana, 2002; 9(1):95-99. 5) Lopes STA et al. Manual de patologia clinica veterinária. 3. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2007. 6) Secchi P, Valle SF, Brun MV, Motta AC, Rausch SF, Messina SA et al. Nefrectomia videolaparoscópica para tratamento da dioctofimose em um cão. Acta Scientiae Veterinariae; 2010; 38(1):85-89.

Dioctophyma renale Intracavitário em Cão - Relato de Caso

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Distribuição de pulgas por região corpórea de cães criados em área rural nos municípios de Pelotas e Capão do Leão-RSVinicius Macedo Padilha* – Graduando de Medicina de Veterinária, Universidade Federal de PelotasArtur Guidotti Nunes – Graduando de Medicina de Veterinária, Universidade Federal de PelotasJaqueline Freitas Motta – Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de PelotasBruno Cabral Chagas – Programa de Pós Graduação em Parasitologia, Universidade Federal de PelotasLeandro Quintana Nizoli – Professor Adjunto do Departamento de Veterinária Preventiva, Universidade Federal de Pelo-tas*[email protected]

RESUMOAs pulgas são ectoparasitas hematófagos que geralmente parasitam cães e gatos na medicina veterinária. As espécies de pulgas mais frequentes são Ctenocephalides felis e Ctenocephalides canis, responsáveis pela transmissão de doenças e por serem hospedeiros intermediários de agentes infectantes. Avaliou-se neste trabalho a distribuição de pulgas por região corpórea de cães das raças galgo, veadeiro pampeano e SRD criados em zonas rurais dos municípios de Pelotas e Capão do Leão-RS. No período de 19 a 28 de Julho de 2016 foram coletadas 425 pulgas de 18 cães de zona rural, onde estas foram capturadas com o uso de pente fino. Os valores encontrados foram expressos em porcentagem nas respectivas regiões: anca/cauda 6,35% (27/425), peito/ventre 5,41% (23/425), cabeça/pescoço 10,35% (44/425), nos membros anteriores 12,24% (52/425), membros posteriores 14,82% (63/425) e região das costelas 38,12% (162/425) de pulgas. Conclui-se que a área de maior concentração de pulgas é a região das costelas e que esse método de escovação modificada mostrou-se eficaz para a identificação das regiões corpóreas com maior número de pulgas.

Palavras-chave: ctenocephalides spp.; ectoparasitas; concentração de pulgas

INTRODUÇÃOAs pulgas são ectoparasitas hematófagos, onde seus hospedeiros são animais endotérmicos(1), que geralmente são encontrados em cães e gatos, porém podem ser visualizados em outras espécies(2). As espécies de pulgas mais frequentes, tanto em cães de zona urbana como de zona rural, são da espécie Ctenocephalides felis e Ctenocephalides canis(3).

O controle desses parasitos é de suma importância por estarem envolvidos na transmissão de viroses, doenças bacterianas, protozooses e helmintoses(4). Além disso, o gênero Ctenocephalides é o responsável pela ocorrência da dermatite alérgica à picada de pulga em cães e gatos, conhecida também como DAPP(5).

Os cães, quando infestados por pulgas, podem apresentar sinais clínicos de prurido, irritação cutânea e em casos mais graves até dermatites(2). Medleau e Hnilica(6) afirmam que as lesões localizam-se principalmente na região lombosacra dorsocaudal, dorso da inserção da cauda, porção caudomedial da coxa, abdome e flancos.

O objetivo desse trabalho foi avaliar a distribuição de pulgas por região corpórea de cães da raça galgo, veadeiro pampeano e SRD criados em zonas rurais do munícipio de Pelotas e Capão do Leão, RS.

MATERIAL E MÉTODOSNo período de 19 a 28 de Julho de 2016, foram coletadas pulgas de 18 cães provenientes do distrito do Salso, região de Pelotas, RS e do distrito Jardim América município de Capão do Leão, RS. As pulgas foram apanhadas através do uso de pente fino, específico para remoção de pulgas em animais, com uso da técnica de Marchiondo(7) modificada. A escovação conforme o método de Marchiondo(7) foi adaptado para esse estudo. De acordo com a técnica descrita originalmente pelo autor, seria realizada uma escovação contínua em toda extensão do animal, desde a cabeça até a cauda com aproximadamente 50 escovações como uso de pente fino. Para o estudo, foi elaborada uma resenha com

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delimitações de regiões corporais por animal.

A estratificação corpórea englobou seis áreas: cabeça/pescoço, membros anteriores, membros posteriores, costelas, anca/cauda e peito/ventre. Cada região foi submetida a 10 escovações, totalizando 70 escovadas. Após, as pulgas capturadas foram acondicionadas em recipiente isotérmico em temperatura de 4°C a 6°C para reduzir o seu metabolismo. Foi realizada análise numérica de porcentagem relativa às regiões corpóreas.

RESULTADOS E DISCUSSÃODo total de 425 pulgas coletadas, apresentadas por área em porcentagens revelam os valores: anca/cauda 6,35% (27/425), peito/ventre 5,41% (23/425), na cabeça/pescoço 10,35% (44/425), nos membros anteriores 12,24% (52/425), membros posteriores 14,82% (63/425) e por fim na porção das costelas encontrou-se 38,12% (162/425) de pulgas. De acordo com esses resultados pode-se afirmar que a região corpórea com maior grau de concentração de pulgas é a área das costelas, seguida dos membros posteriores. Conforme os dados obtidos, com a técnica modificada foi possível identificar a região corpórea com maior parasitismo e melhores resultados na escovação e coleta das pulgas.

Os dados encontrados corroboram com os estudos de Medleau e Hnilica(6), que identificaram lesões na extensão caudomedial dos membros posteriores, flancos e dorso. Bastos(8) em análise realizada em cães, afirmou a presença de possíveis picadas de pulgas nas regiões caudomedial da coxa, região das costas e flancos indo de encontro à informação gerada neste trabalho.

CONCLUSÕESA partir dos dados expostos conclui-se que as áreas de maior concentração de pulgas, em ordem decrescente, são costelas, membros posteriores, membros anteriores, cabeça/pescoço, cauda e peito/ventre. Este trabalho reflete a intensa distribuição de pulgas por todo o corpo do animal, demonstrando uma técnica eficaz para identificação e estabelecendo o método modificado como modo auxiliar ao controle deste ectoparasito.

REFERÊNCIAS1) Linardi PM. Biologia e epidemiologia das pulgas. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Minas Gerais; 2004; 1(13); 103-106.2) Oliveira AC; Machado JAC; Antônio NS; Neves MF. Ctenocephalides canis e Ctenocephalides felis: revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária; 2008; 11. Disponível: http://faef.revista.inf.br/imagens_ arquivos/arquivos_estaque/9xwDPiLIb8PLwoS_2013-6-14-10-24-6.pdf3) Xavier GA; Rodrigues ASL; Lucas AS; Cunha Filho NA; Pappen FG; Farias NAR. Ectoparasitas de cães urbanos e rurais da região de Pelotas, RS. In: Congresso de iniciação científica da UFPEL; 2006; Pelotas. Anais. Disponível em: http://www2.ufpel.edu.br/cic/2006/arquivos/conteudo_CB.html#009174) Xavier GA; Fernandes MAG; Silva GC; Pereira IC; Santos TRB; Farias NAR. Distribuição sazonal de espécies de siphonaptera em cães das cidades de Bagé e Pelotas no RS. In: Congresso de iniciação científica da UFPEL; 2007; Pelotas. Anais. Disponível em: http://www2.ufpel.edu.br/cic/2007/cd/pdf/CB/CB_00886.pdf5) Uquhart GM; Armour J; Duncan JL; Dunn AM; Jennings FW. Parasitologia Veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan; 1998; 154-155.6) Medleau L; Hnilica KA. Dermatologia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca; 2003; 78-80/113-115.7) Marchiondo AA; Holdsworth PA; Green P; Blagburn BL; Jacobs DE. World association for the advancement of veterinary parasitology (W.A.A.V.P.) guidelines for evaluating the efficacy of parasiticides for the treatment, prevention and control of flea and tick infestation on dog sand cats. Veterinary Parasitology; 2007; 3-4(145); 332-344.8) Bastos PA. Dermatite alérgica a picada de pulgas – DAPP. Rio de Janeiro; 2009. Disponível em: http://www.drapriscilaalves.com.br/artigos/DAPP.pdf

Distribuição de pulgas por região corpórea de cães criados em área rural nos municípios de Pelotas e Capão do Leão-RS

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Doença Vestibular Central por Infarto Isquêmico Secundário a Hipotireoidismo em um CãoMarcelo Luís Schwab – Médico Veterinário, pós-graduando do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – RS. E-mail: Rafael Oliveira Chaves – Médico Veterinário, Professor Doutor do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Caxias do Sul – UCS – RS.Alexandre Mazzanti – Médico Veterinário, Professor Doutor do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – RS. [email protected]

RESUMORelata-se um caso de doença vestibular central por infarto isquêmico secundário a hipotireoidismo primário diagnosticado em uma cadela Pit Bull com tetraparesia não ambulatória, diminuição do nível de consciência, reações posturais diminuídas nos quatro membros e nistagmo vertical. O caso traz como relevância clínica, demonstrar as alterações encontradas em um cão com sinais vestibulares centrais e evidenciar o hipotireoidismo como causa indireta da doença vestibular central, mesmo que essa afecção metabólica raramente acometa o sistema nervoso central de cães.

Palavras-chaves: aterosclerose; acidente vascular; sistema nervoso central

INTRODUÇÃOAlterações neurológicas secundárias ao hipotireoidismo são incomuns em cães, principalmente quando comparadas a outros sinais clínicos como letargia, ganho de peso e alterações dermatológicas (1,2). Quando presentes, podem envolver o sistema nervoso periférico ou central e os mais comuns incluem: diminuição do nível de consciência, andar em círculos, doença vestibular, crises epilépticas, disfunção cognitiva, paralisia de nervo facial, paralisia de laringe e polineuropatia (1,3,4,5,6).

Em um estudo sobre doença vestibular em 81 casos, não foi encontrado nenhum caso de hipotireoidismo ocasionando doença vestibular central (7). Além disso, mesmo na literatura consultada são poucos os casos demonstrados (1,2,4). Com o relato do caso a ser descrito, pretende-se demonstrar que o acidente vascular encefálico (infarto isquêmico), embora infrequente, pode ocasionar síndrome vestibular central e ter, como causa indireta, o hipotireoidismo.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendida no Hospital Veterinário Universitário de uma Instituição, uma cadela Pit bull, com 13 anos de idade, pesando 37kg, com histórico de dificuldade para caminhar há duas semanas. O surgimento dos sinais neurológicos foi agudo e a evolução progressiva. No exame neurológico, foi observado nistagmo vertical, sonolência, tetraparesia não ambulatória, reações posturais (propriocepção e teste do salto) diminuídas nos quatro membros, reflexos segmentares espinhais em membros pélvicos (patelar, flexor e perineal) e torácicos (flexor) e tônus muscular normais, caracterizando doença vestibular central.

Frente ao histórico, achados clínicos e neurológicos, o diagnóstico presuntivo foi de neoplasma intracraniano. Como principais diagnósticos diferenciais foram listados: doença inflamatória infecciosa, não infecciosa e vascular. Os exames complementares realizados incluíram: hemograma, bioquímica sérica, urinálise, ultrassom de abdome e radiografia simples do tórax. Foi observado hipercolesterolemia [861mg dL-1] e hipertrigliceridemia [554mg dL-1] além de generalizada cardiomegalia e discreta hepatomegalia. Os níveis dos hormônios T4 total, T4 Livre e TSH foram 0,74mcg/dl (1,4-3,8), 0,38ng/dl (0,50-1,60) e 0,52ng/ml (0,04-0,40), respectivamente, compatíveis com hipotireoidismo.

O animal apresentou piora do quadro clínico e foi a óbito. Na necropsia, foi observado aumento moderado do coração e artérias coronárias esbranquiçadas, espessadas e com parede externa irregular, sem alterações macroscópicas no encéfalo.

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No estudo histológico do coração, observou-se uma acentuada desorganização na parede das artérias coronárias que estavam acentuadamente espessadas, quase ocluindo o lúmen arterial. As áreas de desorganização e espessamento da parede eram caracterizadas por acúmulo de lipídeos, e focos de mineralização. A mesma alteração observada nas artérias coronárias foi encontrada em grande quantidade de arteríolas esplênicas, renais e nas leptomeninges do encéfalo, principalmente na região do tronco encefálico. Apresentava também infiltrado nodular multifocal de linfócito, plasmócito e macrófagos na tireóide, além de congestão e destruição folicular caracterizando tireoidite linfocítica. Logo, as alterações microscópicas observadas em múltiplas artérias e na tireóide desse cão foram compatíveis com aterosclerose secundária ao hipotireoidismo primário.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO cão desse relato apresentava sinais de doença vestibular central (diminuição do nível de consciência, deficiência nas reações posturais e nistagmo vertical), os quais foram resultados do infarto isquêmico no tronco encefálico (2).

A lesão arterial e consequente isquemia observada no encéfalo, particularmente no tronco encefálico (medula oblonga rostral), secundárias a aterosclerose, resultaram nos sinais neurológicos. Adicionalmente, a elevação nas concentrações de triglicerídeos e colesterol, como observadas nesse caso, contribuíram para o aumento da viscosidade do sangue e o risco de eventos tromboembólicos (5).

Hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia ocorrem em 75% e 88%, respectivamente, dos cães com hipotireoidismo, devido ao aumento das concentrações de lipoproteínas de baixa densidade (8). O cão do presente relato apresentava hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, além dos níveis de T4 total e livre baixos e TSH alto. Assim, devido à alta correlação entre o colesterol triglicerídeos com o hipotireoidismo, os autores desse trabalho recomendam investigar os níveis séricos desses lipídios em cães adultos e idosos com alterações vestibulares centrais, mesmo na ausência de outros sinais que fariam suspeitar dessa endocrinopatia.

CONCLUSÕESO caso traz como relevância clínica, demonstrar as alterações encontradas em um cão com sinais vestibulares centrais e evidenciar o hipotireoidismo primário como causa indireta de doença vestibular central, mesmo que essa afecção metabólica raramente acometa o sistema nervoso central.

REFERÊNCIAS1) Dixon RM., Reid SW, Mooney CT. Epidemiological, clinical, haematological and biochemical characteristics of canine hypothyroidism. The Veterinary Record 1999; 145(17):481-487.2) Higgins MA, Rossmeisl JrJH, Panciera DL. Hypothyroid-associated central vestibular disease in 10 dogs: 1999-2005. Journal of Veterinary Internal Medicine 2006; 20(6):1363-1369. 3) Bertalan A, Kent M, Glass E. Neurologic manifestations of hypothyroidism in dogs. Compendium on continuing education for the practicing veterinarian 2013; 35(3):E1-E7, 4) Bichsel P, Jacobs G, Oliver JrJE. Neurologic manifestations associated with hypothyroidism in 4 dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association 1998; 192(12):1745-1747. 5) Hess RS, Kass PH, Van Winkle TJ. Association between diabetes mellitus, hypothyroidism or hyperadrenocorticism, and atherosclerosis in dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine 2003; 17(4):489-494.6) Jaggy A, Oliver JE, Ferguson DC, Mahaffey EA, Glaus JrT. Neurological manifestations of hypothyroidism: A retrospective study of 29 dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine 1994; 8(5):328-336.7) Chaves RO, Beckmann DV, Copat B, Souza FW, Fabretti AK, Gomes LA et al. Doença vestibular em cães: 81 casos (2006-2013). Pesquisa Veterinária Brasileira 2014; 34(12):1231-1235.8) Mooney CT. Canine hypothyroidism: a review of etiology and diagnosis. New Zealand Veterinary Journal 2011; 59(3):105-114. 9) Downs LG, Bolton CH, Crispin SM, Wills JM. Plasma lipoprotein lipids in five different breeds of dogs. Research in Veterinary Science 1993; 54(1):63-67.

Doença Vestibular Central por Infarto Isquêmico Secundário a Hipotireoidismo em um Cão

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Doenças vetoriais na rotina clínica veterinária de animais de companhia no município de Pelotas-RSBruno Cabral Chagas – Programa de Pós Graduação em Parasitologia, Universidade Federal de PelotasAne Gabriela Vogt – Programa de Pós Graduação em Bioquímica e Bioprospecção, Universidade Federal de PelotasVinicius Macedo Padilha* – Acadêmico de Medicina de Veterinária, Universidade Federal de PelotasMárcia de Oliveira Nobre – Professora Adjunta do Departamento de Clínicas Veterinárias, Universidade Federal de Pelo-tasSérgio Silva da Silva – Professor Adjunto do Departamento de Veterinária Preventiva, Universidade Federal de Pelotas*[email protected]

RESUMOOs vetores em medicina veterinária possuem uma importância muito significativa visto que são transmissores das doenças vetoriais de frequência na rotina clínica e de importância sanitária por algumas serem de cunho zoonótico. Foram avaliadas neste trabalhos as ocorrências de doenças vetoriais em clínicas veterinárias no município de Pelotas-RS, por meio de questionários entregues a médicos veterinárias abrangendo seis doenças vetoriais, a serem classificadas em níveis, sendo 1 a de maior ocorrência e 6 a de menor ocorrência. A dermatite alérgica à picada de pulga, foi a doença mais prevalente 70% nível 1, seguida de babesiose 40% nível 2. A doença leishmaniose, foi a doença de menor significitude relatada, visto que foi alocada em 70% no nível 6. Estes dados trazem a tona que dentro da rotina clínica, diariamente as doenças vetoriais são relatadas e merecem uma importância quanto ao seu cuidado e profilaxia.

Palavras-chave: vetores; epidemiologia; cães; parasitoses.

INTRODUÇÃOAs doenças vetoriais, a exemplo de dipilidiose, babesiose, erlichiose, leishmaniose, são categorizadas por serem transmitidas a partir de um organismo vetor como pulgas, carrapatos, mosquitos e moscas, podendo causar quadros sintomatológicos distintos com base na ação de determida doença propagada por um vetor específico(1). São de ocorrência global, tendo, porém, frequências exacerbadas em países subdesenvolvidos que possibilitam condições para a mantença das mesmas a partir do ciclo dos vetores(2). É de notável expressão também, o papel dos vetores com alterações não relacionadas as doenças que transmitem, mas com reações alérgicas cutâneas expressas pelos hospedeiros(3). Em conluio ao exposto, este trabalho teve por objetivo realizar um levantamento de ocorrência das doenças vetoriais em clínicas veterinárias do município de Pelotas-RS.

MATERIAL E MÉTODOSDurante o período de julho de 2016, foi submetido a Médicos Veterinários atuantes na área de clínica médica de animais de companhia do município de Pelotas-RS, um questionário referente a ordem de ocorrência de doenças vetorias na rotina clínica. O questionário abordava 6 doenças sendo elas: dermatite alérgica a picada de pulgas(DAPP), dipilidiose, leishmaniose, erlichiose, babesiose, dirofilariose e um espaço para preenchimento no caso de alguma outra doença com ocorrência não relatada no questionário. A ordem de importância foi ajustada de 1 a 6, sendo 1 a doença de maior ocorrência e 6 a de menor ocorrência. Os dados foram analisados para frequência da variável doenças vetoriais através do software Statistica 6.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃODas doenças vetoriais pesquisadas a que emergiu em maior ocorrência de acordo com os médicos veterinários foi a DAPP, sendo relatada em 70% no nível 1. A DAPP possui uma casuística bastante elevada em grande parte de distribuição do globo aonde existe proliferação de pulgas. A ocorrência de DAPP relatada, vai de encontro com a descrita por Zur et al.(4), que após realizar levantamento a partir do históricos de 266 cães atendindos no hospital

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veterinário da universidade da Califoria EUA, no intervalo de 1992-1998 identificou DAPP em 50% dos cães previamente diagnosticados com dermatite atópica, sendo os cães da raça pastor alemão os que apresentaram maior frequencia da doença, sem distinções de idade e/ou sexo.

A doença que figurou com a menor ocorrência clínica, com estratificação 6 de 70% foi a leishmaniose. A leishmaniose é transmitida pelas fêmeas dos flebotomíneos contaminadas com o agente Leishmania spp. sendo que os cães, desenvolvem a forma visceral que é mais agressiva pelo envolvimento sistêmico e a forma cutânea com menos nuances de complicações, servindo ainda como reservatório da doença visto que a mesma é uma zoonose, estando a manifestação de leishmaniose visceral canina estritamente relacionada a leishmaniose visceral humana(2).

As outras doenças vetoriais que apresentaram-se com as maiores ocorrências (nível 2) foram a babesiose com 40%, doença transmitida pelo carrapato Riphicephalus sanguineus para os cães cursando com quadros de apatia, emagrecimento, anemia, febre e esplenomegalia, em alguns casos devido a destruição eritrocitária causada pelo parasito(5). No nível 3 a doença erlichiose causada pelo parasito intracelular Erlichia spp. é transmitida também pelo carrapato Riphicephalus sanguineus, apresentou valor de 30% de ocorrência seguido de babesiose, leishmaniose e dipilidiose em um patamar de 20% sendo esta última uma doença causada pelo cestódeo Dipylidium caninum transmitida pela pulga(1).

Junto a apresentação do nível 4 a doença de maior expressão com 40% foi a erlichiose, no nível 5 a dirofilariose, doença causada pelo verme Dirofilaria spp. o verme do coração, transmistida por mosquitos dos gêneros Aedes spp, Anopheles spp e Culex spp, doença que cursa com sinais circulatórios, aonde o parasito após morrer, causa um quadro de obstrução do vaso, vindo assim a causar uma série de manifestações clínicas, sendo também pouco diagnosticada, o que pode ter alocado essa doença em valor de tão baixa ocorrência(6). Micoplasmose foi a única doença citada separadamente por um clínico.

CONCLUSÕESEste trabalho afirmou a significidade lograda pelas doenças vetoriais expressas na rotina clínica pelos médicos veterinários de Pelotas-RS, bem como, a importância que as mesmas possuem junto a mantença da sanidade dos animais de companhia. Esta pesquisa foi pioneira na coleta de dados sobre doenças vetoriais junto a médicos veterinários clínicos no município de Pelotas, porém, necessita de maiores informações para que os dados sejam expressos com maior seguridade.

REFERÊNCIAS1) Acha PN, Szyfres B. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre ya los animales.1ª ed. Washington; Organización Panamericana de la Salud Washington;1977.2) Teles APS, Herrera HM, Ayres FM, Brazuna JCM, Abreu UGP. Fatores de risco associados à ocorrência da leishmaniose visceral na área urbana do município de Campo Grande. Hygeia: Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, 2015; 11; 35-48.3) Sousa CA, Alliwell RE. The ACVD task force on canine atopic dermatitis (XI): the relationship between arthropod hypersensitivity and atopic dermatitis in the dog. Veterinary Immunology and Immunopathology, 2001; 81; 233-237.4) Zur G, Ihrke PJ, White SD, Kass PH. Canine atopic dermatitis: a retrospective study of 266 cases examined at the University of California, Davis, 1992–1998. Part I. Clinical features and allergy testing results. Veterinary dermatology; 2002; 13; 89-102.5) Corrêa A, Nascimento MV, Faria LS, Bisoli EDAG, Pena SB. Babesiose Canina: relato de caso, Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária; 2005; 3; 167-171.6) Silva RC, Langoni H. Dirofilariose. Zoonose emergente negligenciada. Ciência Rural; 2009; 39.

Doenças vetoriais na rotina clínica veterinária de animais de companhia no município de Pelotas-RS

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Efeito da lipemia pós-prandial sobre a determinação bioquímica de albumina em cães saudáveis alimentados com ração comercialPaula Lima de Oliveira - graduanda em Medicina Veterinária pelas Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO). Nathalia Lopes Tavares Silva - graduanda em Medicina Veterinária pelas FIO.Natália Camila Minucci Bonatto - licenciada em Ciências Biológicas pelas FIO e graduanda em Medicina Veterinária pelas FIO.Maria Rachel Melo Bosculo Lima - Farmacêutica graduada pelas FIO.Breno Fernando Martins de Almeida - Professor Doutor da Disciplina de Laboratório Clínico Veterinário das FIO.Autor para correspondência: Paula L. Oliveira, e-mail: [email protected]

RESUMOA lipemia é uma causa comum de rejeição de amostras no laboratório clínico veterinário, nem sempre podendo ser evitada em casos de urgência. Por interferir diretamente na absorção de luz, substâncias determinadas por espectrofotometria em amostras lipêmicas poderiam não apresentar valores confiáveis nas análises laboratoriais, sendo escassos estudos avaliando esse tipo de interferência na Medicina Veterinária. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo verificar se a lipemia pós-prandial induzida por ração comercial em cães saudáveis causam alteração dos teores séricos de albumina determinados por espectrofotometria. Para tal, amostras de soro de 13 cães saudáveis tiveram seus teores de albumina mensurados por espectrofotometria imediatamente antes e 2, 3 e 4 horas após indução de lipemia utilizando ração comercial. Observou-se que a lipemia pós-prandial induzida pela ração comercial causou aumento dos teores séricos de albumina quando comparado ao momento não lipêmico (3,47 ± 0,45 g/dL vs. 3,56 ± 0,42 g/dL, p=0,0297). Conclui-se que a lipemia pós-prandial causa aumento dos teores séricos de albumina de cães saudáveis determinados espectrofotometricamente. Porém, clinicamente tal interferência parece não ser relevante.

Palavras-chave: hipertrigliceridemia; espectrofotometria; proteínas; canino.

INTRODUÇÃOA lipemia é a alteração do soro ou plasma sanguíneo decorrente do acúmulo de partículas maiores de lipoproteínas (1). É causada comumente por jejum prolongado ou inferior a 8 horas (2), ou ainda devido a diversas condições patológicas (3,4).

Amostras com presença de lipemia são frequentemente submetidas a análises bioquímicas e por interferirem diretamente com a absorção de luz, poderiam fazer com que os resultados dos exames bioquímicos estejam sujeitos a erros analíticos (5), sendo de suma importância estabelecer o grau de interferência que a lipemia causa nos exames bioquímicos de rotina (3,4).

Considerando que nem sempre é possível excluir as amostras lipêmicas na rotina hospitalar e que o efeito da lipemia pós-prandial sobre as determinações bioquímicas tem sido pouco avaliado na Medicina Veterinária, o presente trabalho teve por objetivo verificar se a lipemia pós-prandial induzida por ração comercial em cães saudáveis causam alteração dos teores séricos de albumina determinados por espectrofotometria.

MATERIAL E MÉTODOSForam selecionados para o estudo 13 cães saudáveis de 2 e 6 anos de idade, sem alterações clínicas, hematológicas e bioquímicas, pesando entre 8 e 20 kg e com escore corporal entre 4 e 5 (6).

Esses cães foram alimentados com ração comercial contendo proteína bruta mín. 26%, extrato etéreo mín. 14%, matéria fibrosa máx. 2,5% e matéria mineral máx. 7,5% com energia metabolizável de 3.730 kcal/kg (CIBAU Adult, Farmina Pet Food, SP, Brasil) na quantidade indicada pelo fabricante, recebendo metade da porção diária.

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Foram colhidas amostras sanguíneas imediatamente antes e 2, 3 e 4 horas após a alimentação, sendo que nestes momentos ocorre o pico de lipemia nos monogástricos (2). O soro obtido foi submetido à determinação de albumina utilizando reagentes comerciais (Labtest Diagnóstica SA, MG, Brasil) em espectrofotômetro semiautomático (BIO 2000, BioPlus, Barueri, SP, Brasil) segundo as recomendações do fabricante. As análises foram realizadas em duplicata após calibração com calibrador (Calibra H, Labtest Diagnóstica SA, MG, Brasil) e verificação com controles comerciais níveis I (Qualitrol 1H, Labtest Diagnóstica SA, MG, Brasil) e II (Qualitrol 2H, Labtest Diagnóstica SA, MG, Brasil).

Após análise das variáveis quanto à normalidade (Teste de Shapiro-Wilk), o grupo de amostras não lipêmicas foi comparado ao grupo de amostras lipêmicas utilizando teste de t não-pareado em programa computacional (GraphPad Prism, v.6.00 para Windows, GraphPad Software, USA), sendo considerados significantes quando p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA lipemia pós-prandial causou aumento dos teores séricos de albumina de cães saudáveis alimentados com ração comercial, quando comparado ao momento não-lipêmico (3,47 ± 0,45 g/dL vs. 3,56 ± 0,42 g/dL, p=0,0297). Tal resultado pode ser justificado pelo fato de a espectrofotometria se basear na absorção de luz, sofrendo interferência pela amostra lipêmica, pois além da substância mensurada, as lipoproteínas presentes na amostra também absorvem a luz (2, 7).

São escassos estudos determinando o efeito da lipemia em amostras caninas e até o momento não existem trabalhos analisando o efeito específico da lipemia pós-prandial canina induzida por ração comercial. Saldaña (8) ao determinar o efeito da lipemia in vitro em humanos, observou que os valores de albumina não sofreram interferência significativa na presença de lipemia devido à variação ser inferior a 10%. Entretanto, Alleman (5) observou aumento dos teores séricos de albumina causado pela adição de substância lipídica in vitro em soros caninos. Nesse contexto, é possíveis que os efeitos observados pela lipemia pós-prandial observados no presente estudo sejam semelhantes aos da lipemia simulada in vitro pelo último autor.

No presente estudo, embora a lipemia pós-prandial tenha aumentado significativamente os valores de albumina, nenhuma amostra lipêmica excedeu os valores de referência da espécie canina. Porém, como todos os animais eram saudáveis, mais estudos são necessários para verificar se tais resultados seriam semelhantes em animais doentes.

CONCLUSÃOA lipemia pós-prandial causa aumento dos teores séricos de albumina de cães saudáveis determinados espectrofotometricamente. Porém, clinicamente tal interferência parece não ser relevante.

Referências

1) Kazmierczak, SC. Hemolysis, lipemia, and high bilirubin: Effect on Laboratory Tests. In: Dasgupta, A; Sepulveda, JL (Eds.). Accurate Results in the Clinical Laboratory: A Guide to Error Detection and Correction. Amsterdam: Elsevier, 2013, p. 53-62.2) Thrall, MA; Baker, DC; Campbell, TW; Denicola, D; Fettman, MJ; Lassen, ED; Rebar, A; Weiser, G. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. São Paulo: Roca, 2007, 582p. 3) Glick, MR; Ryder, KW; Glick, SJ; Woods, JR. Unreliable visual estimation of the incidence and amount of turbidity, hemolysis, and icterus in serum from hospitalized patients. Clinical Chemistry 1989, 35:837-839.4) Simundic, AM; Nikolac, N; Vukasovic, I; Vrkic, N. The prevalence of preanalytical errors in Croatian ISO 15189 accredited laboratory. Clinical Chemistry Laboratory Medicine 2010, 48:1009-1014.5) Alleman, AR. The effects of hemolysis and lipemia on serum biochemical constituents. Veterinary Medicine 1990, 85:1272-1284.6) Laflamme, D. Development and validation of a body condition score system for dogs. Canine Practice 1997, 22:10-15.7) Nikolac, N. Lipemia: causes, interference mechanisms, detection and management. Biochemistry Medicine 2014, 24(1):57-67.8) Saldaña, IM. Interferencia en las determinaciones de 24 constituyentes bioquímicos en el autoanalizador ADVIA 1800, causada por adición in vitro de emulsión comercial de nutrición parenteral a un pool de sueros. Anales de la Facultad de Medicina 2016, 77(2):147-52.

Efeito da lipemia pós-prandial sobre a determinação bioquímica de albumina em cães saudáveis alimentados com ração comercial

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Efeito da lipemia pós-prandial sobre a mensuração refratométrica de proteínas totais séricas caninasNatália Camila Minucci Bonatto - licenciada em Ciências Biológicas pelas Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO) e graduanda em Medicina Veterinária pelas FIO.Paula Lima de Oliveira - graduanda em Medicina Veterinária pelas FIO. Nathalia Lopes Tavares Silva - graduanda em Medicina Veterinária pelas FIO.Beatriz Perez Floriano - Professora Doutora da disciplina de Anestesiologia Veterinária das FIO. Breno Fernando Martins de Almeida - Professor Doutor da disciplina de Laboratório Clínico Veterinário das FIO.Autor para correspondência: Natália C. M. Bonatto, e-mail: [email protected]

RESUMO A lipemia é a principal causa de recusa de amostras na rotina bioquímica laboratorial veterinária. Entretanto tal alteração nem sempre pode ser evitada e não se conhece o efeito de tal alteração sobre os valores de proteínas totais (PT) obtidos por refratometria. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou determinar o efeito da lipemia sobre a mensuração de PT por refratometria, comparando-a ao método bioquímico do biureto. Para tal, amostras de soro de 13 cães foram obtidas antes e 2, 3 e 4 horas após a alimentação com ração comercial, sendo os teores de PT determinados por refratometria e método bioquímico do biureto. Foi observado que a refratometria superestima os valores de PT em amostras não lipêmicas e lipêmicas. Entretanto, tal diferença diminui em amostras lipêmicas, possivelmente porque a lipemia interferiu mais no método bioquímico do que no refratométrico. Conclui-se que os valores de proteínas totais obtidos por refratometria de amostras lipêmicas são mais próximos dos valores obtidos por refratometria. Entretanto, tal resultado parece ser decorrente do erro que a lipemia causa sobre as determinações bioquímicas de proteínas totais na espécie canina.

Palavras-chave: Hipertrigliceridemia; Cão; Biureto; Espectrofotometria.

INTRODUÇÃOA técnica de refratometria é um importante instrumento na medicina veterinária utilizado para a mensuração de proteínas totais (PT) em amostras de soro, plasma e efusões, na qual a combinação da concentração de todos os solutos dissolvidos denominados de sólidos totais alteram o ângulo de refração da luz. Admite-se que substâncias não-proteicas como glicose, ureia, fibrinogênio, eletrólitos, colesterol e triglicerídeos contribuem para o ângulo de refração gerando resultados que não expressam o valor real de proteínas (1), o que torna a precisão refratométrica controversa (2,3).

A lipemia causa a turbidez da amostra devido ao acúmulo de lipoproteínas (4), sendo uma importante causa de recusa de amostras destinadas à análise bioquímica na rotina laboratorial veterinária. Pode ser causada por jejum prolongado ou inferior a 8 horas (5), ou ainda devido a diversas condições patológicas (7). Nesse contexto, a lipemia nem sempre pode ser evitada e informações específicas sobre o efeito da lipemia na mensuração de proteína total por método refratométrico são escassos.

Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi determinar interferência da lipemia pós-prandial de cães alimentados com ração comercial sobre a mensuração de proteína total pelo método de refratometria, comparando-o ao método bioquímico do biureto.

MATERIAL E MÉTODOSForam selecionados para o estudo 13 cães saudáveis de 2 e 6 anos de idade, sem alterações clínicas, hematológicas e bioquímicas, pesando entre 8 e 20 kg e com escore corporal entre 4 e 5 (8). Esses cães foram alimentados com ração comercial contendo proteína bruta mínima 26%, extrato etéreo mín. 14%, matéria fibrosa máxima 2,5% e matéria mineral máx. 7,5% com energia metabolizável de 3.730 kcal/kg (CIBAU Adult, Farmina Pet Food, SP, Brasil) na quantidade indicada pelo fabricante, recebendo metade da porção diária recomendada. O soro obtido de amostras imediatamente antes e 2, 3 e 4 horas após a alimentação, pico lipêmico dos monogástricos (5), foi submetido

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à determinação de PT utilizando refratômetro portátil (ATAGO, Mod. Master-SUR-NM, Japan) previamente calibrado e utilizando reagente bioquímico comercial (Labtest Diagnóstica SA, MG, Brasil) em espectrofotômetro semiautomático (BIO 2000, BioPlus, SP, Brasil), em duplicata e após calibração com calibrador e verificação com controles comerciais níveis I e II (Qualitrol 2H, Labtest Diagnóstica SA, MG, Brasil).

Após análise das variáveis quanto à normalidade (Teste de Shapiro-Wilk), os métodos foram comparados utilizando-se teste de t pareado em programa computacional (GraphPad Prism, v.6.00 para Windows, GraphPad Software, USA), sendo considerados significantes quando p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs valores de PT obtidos por refratometria foram superiores aos obtidos por método bioquímico tanto em amostras não lipêmicas (6,05 ± 0,52 vs. 6,57 ± 0,46 g/dL, p<0,0001), quanto lipêmicas (6,32 ± 0,56 vs. 6,51 ± 0,44 g/dL, p=0,0095). Entretanto, pôde-se observar que a diferença média entre os métodos que era de 0,52 g/dL em amostras não lipêmicas reduziu para 0,19 g/dL em amostras lipêmicas. Essa redução na diferença entre os métodos em amostras lipêmicas provavelmente deve-se à interferência direta da lipemia na absorção de luz da espectrofotometria, responsável por causar falso aumento de PT nas análises bioquímicas (9), conforme foi observado valores médios de PT de 6,05 g/dL em amostras não-lipêmicas e 6,35 g/dL em amostras lipêmicas.

Até o presente momento não existem estudos avaliando o efeito da lipemia pós-prandial sobre os valores de PT obtidos por refratometria. Entretanto, outro estudo avaliando o efeito da ureia sobre tal determinação, observou que amostras azotêmicas aumentam os teores de PT obtidos por refratometria (1), diferentemente do presente resultado. Tal discrepância provavelmente deve-se ao fato de a lipemia ter interferido mais no método espectrofotométrico do que no método refratométrico. Embora tenha-se observado que a lipemia pós-prandial tenha diminuído a diferença entre os métodos avaliados, vale ressaltar que tais resultados foram obtidos com animais saudáveis com lipemia moderada, sendo necessários mais estudos com animais doentes exibindo lipemia mais significativa.

CONCLUSÃOOs valores de proteínas totais obtidos por refratometria de amostras lipêmicas são mais próximos dos valores obtidos por refratometria. Entretanto, tal resultado parece ser decorrente do erro que a lipemia causa sobre as determinações bioquímicas de proteínas totais na espécie canina.

REFERÊNCIAS1) Legendre, KP; Leissinger, M; Le Donne, V; Grasperge, BJ; Gaunt, SD. The effect of urea on refractometric total protein measurement in dogs and cats with azotemia. Veterinary Clinical Pathology, 2017; 46(1):138-142.2) Briend-Marchal, A; Medaille, C; Braun, JP. Comparison of total protein measurement by biuret method and refractometry in canine and feline plasma. Revue de Médecine Vétérinaire, 2005; 156:615-619.3) Hunsaker, JJH; Wyness, SP; Snow, TM; Genzen, JR. Clinical performance evaluation of total protein measurement by digital refractometry and characterization of non-protein solute interferences. Practical Laboratory Medicine, 2016, 6:14–24.4) Kazmierczak, SC. Hemolysis, lipemia, and high bilirubin: Effect on Laboratory Tests. In: Dasgupta, A; Sepulveda, JL (Eds.). Accurate Results in the Clinical Laboratory: A Guide to Error Detection and Correction. Amsterdam: Elsevier, 2013, p. 53-62.5) Thrall, MA; Baker, DC; Campbell, TW; Denicola, D; Fettman, MJ; Lassen, ED; Rebar, A; Weiser, G. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. São Paulo: Roca, 2007. 6) Bauer, J.E. Lipoprotein-mediated transport of dietary and synthesized lipids and lipid abnormalities of dogs and cats. Journal of the American Veterinary Medical Association, 2004; 224(5):668–675.7) Simundic, AM; Nikolac, N; Vukasovic, I; Vrkic, N. The prevalence of preanalytical errors in Croatian ISO 15189 accredited laboratory. Clinical Chemistry Laboratory Medicine 2010; 48:1009-1014.8) Laflamme, D. Development and validation of a body condition score system for dogs. Canine Practice 1997; 22:10-15.9) Alleman, AR. The effects of hemolysis and lipemia on serum biochemical constituents. Veterinary Medicine 1990; 85:1272-1284.

Efeito da lipemia pós-prandial sobre a mensuração refratométrica de proteínas totais séricas caninas

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Efeito do ozônio gasoso na inativação de Aspergillus flavus inoculado em alimentos para cãesJuliana Regina da Silva - Doutoranda em Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa CatarinaMarcella Nunes Pereira - Mestranda em Ciência dos Alimentos, Universidades Federal de Santa CatarinaLívia Colletti. Escatolin - Graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina.Ítala Sabrina Fernandes Freire - Graduanda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Santa Cata-rinaVildes Maria Scussel - professora Dra, Universidades Federal de Santa [email protected]

RESUMOO Aspergillus flavus é o principal e mais relatado fungo toxigênico em alimentos para animais de estimação. Sua presença no alimento pode acarretar prejuízos para os fabricantes e saúde dos animais. Processos de descontaminação fúngica com gás ozônio (O3) já foram utilizados em outros alimentos. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a inativação de A. flavus por meio do ozônio gasoso em alimentos para cães. Foram analisados alimentos comerciais extrusados para cães de Classe Econômica e Super premium contaminados artificialmente com A. flavus. O O3 foi eficiente para reduzir esporos de A. flavus previamente inoculados. A redução foi significativa (p<0,05) nos dois grupos em relação ao controle. A maior redução (98,3%) observada nas duas classificações foi no tempo de 120 min, independente da concentração de O3. A oxidação lipídica não foi alterada. Ozônio gasoso é capaz de reduzir o fungo A. flavus sem alterar a estabilidade lipídica com as condições aplicadas no presente estudo em alimentos para cães de diferentes classificações.

Palavras-chave: fungo; oxidação lipídica; descontaminação; ração

INTRODUÇÃO Com ampla gama de produtos no mercado, proprietários passaram a não somente se interessar pelos níveis nutricionais das rações, como também pela sua segurança.

A falta de segurança pode acarretar prejuízos para os fabricantes e saúde dos animais, um dos fatores de risco se refere à contaminação do alimento por fungos. Essa contaminação pode ocorrer desde a produção e o armazenamento da matéria-prima, principalmente grãos, que são amplamente utilizados na fabricação de rações para cães, até a industrialização e embalagem do produto final (1, 2).

O Aspergillus flavus é o principal e mais relatado fungo toxigênico em alimentos para animais de estimação, responsável pela produção de aflatoxina (3). Os sinais de intoxicação dependem do grau de contaminação do alimento, do tempo, da quantidade de alimento ingerido pelo animal e seu estado nutricional (4, 5).

Em relação à descontaminação de fungos, muitos estudos já foram realizados utilizando o gás ozônio (O3) como descontaminante (5, 6, 7), no entanto não foram encontrados na literatura trabalhos utilizando O3 em alimentos para cães. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a inativação do A. flavus inoculado em alimentos para cães inoculados por meio do ozônio gasoso.

MATERIAL E MÉTODOSForam analisados alimentos comerciais extrusados para cães de Classe Econômica e Super Premium (6 kg) contaminados artificialmente com A. flavus. As cepas de A. flavus foram obtidas da micoteca do Laboratório de Micotoxinas e Contaminantes Alimentares (LABMICO), posteriormente porções de 25 g do alimento para cães foram inoculadas através de uma solução de Tween 80 (10 mL) previamente preparada, contendo 6x10³ de esporos. Os esporos foram contados por meio da câmara de Neubauer.

As amostras foram divididas em dois grupos para o estudo do efeito do gás O3. Grupos I e II (tratamento com O3,

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concentrações 40 e 60 ppm, respectivamente) e Grupo C (controle – sem O3) e três tempos de exposição ao gás (30, 60 e 120 min), foram realizadas 10 repetições de cada tratamento. Coleta de amostras para análises foram realizadas após a aplicação. Para contagem total fúngica e índice de peróxido, foram realizados os métodos de Silva et al (8) e do Compêndio Brasileiro de Nutrição Animal (9), respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos dados obtidos foi observado que o O3 foi eficiente para reduzir esporos de A. flavus previamente inoculados (Tabela 1). A redução foi significativa (p<0,05) pela análise de variância nos dois grupos em relação ao controle.

Tabela 1. Efeito do gás ozônio sobre A.flavus durante três diferentes tempos de exposição (30, 60 e 120 min) e duas concentrações de 40 e 60 ppm em alimentos de classificação (a) econômica e (b) super Premium para cães

ParâmetroTratamento O3

*

Média Redução (%)Grupo Conc. (ppm)

Tempo(min)

Econômica

Contagem total de fungos

I 4030 3,0x102 95,060 4,2x10² 93,0

120 1,0x10² 98,3

II 6030 2,2x10² 96,260 4,0x10² 93,3

120 1,0x10² 98,3Controle sem O3 - 6,0x10³ 0

Super Premium

Contagem total de fungos

I 4030 1,2x10² 97,860 2,5x10² 95,8

120 1,0x10² 98,3

II 6030 1,2x10² 97,860 1,1x10² 98,1

120 1,0x10² 98,3Controle sem O3 - 6,0x10³ 0

*O3: ozônio

A maior redução (98,3%), observada nas duas classificações, foi no tempo de 120 min, independente da concentração de O3 (40 e 60 ppm). Os resultados corroboram com Kreibich et al. (6), que observaram a redução A.flavus a 180 min na concentração de 60 ppm em amêndoas de cacau.

Em relação ao índice de peróxido, o gás mostrou não afetar a estabilidade lipídica. Esta era uma preocupação nesse tipo de alimento, onde há uma adição de óleo por cobertura, já que o O3 é oxidativo. A utilização de ozônio gasoso em amêndoas de cacau, também não afetou esse parâmetro (6).

CONCLUSÃOOzônio gasoso é capaz de reduzir o fungo A. flavus sem alterar a estabilidade lipídica com as condições aplicadas no presente estudo em alimentos para cães de diferentes classificações. A maior redução foi no tempo de 120 min nas duas concentrações. De acordo com o presente estudo, é possível mencionar que o gás O3 tem um forte efeito em A.flavus em alimentos para cães com aplicações potenciais na indústria de alimentos para esses animais.

Efeito do ozônio gasoso na inativação de Aspergillus flavus inoculado em alimentos para cães

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REFERÊNCIAS1) Scussel, V.M. Fungos em grãos armazenados. In: Qualidade de arroz na pós-colheita (I. Lorini and M.C. Elias, eds.). Abrapós, Pelotas, RS 2002.p. 79.2) Carciofi, A.C. Fontes de proteína e carboidratos para cães e gatos. Revista. Brasileira de Zootecnia, 2008; 37:28-41.3) Muzolon, P. Micotoxicoses em cães. [Dissertação de Mestrado] Paraná: Universidade Federal do Paraná, 2008. 4) Luo, X.; R. Wang, R.; Wang, L.; Li, Y. Bian, Y.; Chen, Z. Effect of ozone treatment on aflatoxina B1 and safety evaluation of ozonized corn. Food Control. 2014;37:171-176.5) de Souza Koerich, K; Simao, V; Scussel, V.M. Ocurrence of dogs and cats diseases records in the veterinary clinics routine in South Brazil and its relationship to mycotoxins. International Journal of Applied Science and Technology,2012; 2:129-134.6) Kreibich, H.H.; Christ, D.; Maria, G.S.; Silva, J.; Savi, G.D.; Scussel, V.M. Decontamination of Cocoa Beans (Theobroma cacao L.) Inoculated with Aspergillus flavus by Ozone Gas J. Chem. Bio. Phy. Sci. Sec.2016;.6 (3): 560-570.7) Beber-Rodrigues, M.; Savi, G.D.; Scussel, V.M. Ozone effect on fungi proliferation and genera susceptibility of treated stored dry paddy rice (Oryza sativa L.). J Food Saf. 2015;35: 59-65.8) Silva, N.; Junqueira, V.C.A.; Silveira, N.F.A.; Taniwaki, M.H.; Santos, R.F.S.; Gomes, R.A.R.Manual de métodos de Análise Microbiológica de Alimentos e Água. 4ª Ed. São Paulo: Varela; 2010. 9) Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal. São Paulo: Sindirações/Anfal. Campinas CBNA/SDR/MA.1998.

Efeito do ozônio gasoso na inativação de Aspergillus flavus inoculado em alimentos para cães

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Efeitos da hemodiálise no tratamento de cão com doença renal crônica em crise urêmica Karine Kleine Figueiredo dos Santos1; Juliana de Abreu Pereira2;1Mestre em Medicina Veterinária pela UNIFRAN, e-mail: [email protected] 2Doutora pelo Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas) da UFRRJ

RESUMOA hemodiálise (HD) um procedimento que substitui temporariamente a função renal e remove toxinas urêmicas por difusão, podendo ser utilizada para tratamento da crise urêmica em nefropatas crônicos. O presente relato teve por objetivo descrever a evolução clínica e laboratorial de um paciente nefropata em estágio IRIS III submetida à hemodiálise, bem como seu acompanhamento após o período dialítico. O animal realizou quatro sessões dialíticas em virtude de uma crise urêmica, com reduções consideráveis dos níveis séricos de compostos nitrogenados, em torno de 61% para a creatinina e 54% para ureia. Deste modo, A HD constitui uma importante ferramenta terapêutica para redução da azotemia em pacientes nefropatas crônicos, o que permite a melhoria das condições clínicas dos mesmos para que possam retomar o tratamento conservador.

Palavras-chave: doença renal, hemodiálise, cães

INTRODUÇÃO A Doença Renal Crônica (DRC) pode ser definida pela perda progressiva e irreversível da função dos rins (1). Sua classificação é realizada conforme descrição da IRIS (2) pelos níveis séricos de creatinina, conforme demonstrado no Quadro 01.

Quadro 01: Estadiamento estabelecido pela International Renal Interest Society para doença renal crônica em cães.

Estágio I Não azotêmico - ausência de sinais evidentes de uremia. Concentração sérica de creatinina menor que 1,4 mg/dL.

Estágio II Azotemia renal discreta - ausência de sinais evidentes de uremia. Concentração sérica de creatinina entre 1,4 e 2,0 mg/dL.

Estágio III Azotemia renal moderada - sinais moderados de uremia. Concentração sérica de creatinina entre 2,1 e 5,0 mg/dL.

Estágio IV Azotemia renal severa - sinais graves de uremia como alterações gastrintestinais, neuromusculares ou cardiovasculares. Concentração sérica de creatinina superior a 5,0mg/dL

A hemodiálise (HD) é um procedimento que substitui parte da função renal temporariamente, até que os rins recuperem sua função de maneira total ou parcial. É um tratamento que remove toxinas urêmicas, eletrólitos e líquido por difusão (3). A HD é indicada para animais acima de 4 quilos que estejam com uréia maior que 150 mg/dl ou creatinina maior ou igual a 4 mg/dl (4).

O tratamento por HD requer um acesso venoso através de um cateter venoso central de duplo lúmen, por onde o sangue sai do corpo do paciente e entra nas linhas do circuito extra-corpóreo (4). A sedação raramente é realizada; porém, quando necessária, existem protocolos anestésicos seguros para este procedimento conforme descritos por Santos et al (5). O presente relato teve por objetivo descrever a evolução clínica e laboratorial de uma paciente canina com nefropatia crônica em estágio IRIS III submetida à hemodiálise, bem como seu acompanhamento após o período dialítico.

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MATERIAL E MÉTODOS Um canino, fêmea, raça Bichon Frisé, de 6 anos de idade, estadiamento IRIS III foi atendida pelo setor de nefrologia do Grupo Kleine Especialidades Veterinárias; Rio de Janeiro. A paciente apresentou quadro clínico de uremia, com anorexia e vômitos; além de severa azotemia evidenciada por exames laboratoriais. Foi estabelecido o tratamento por hemodiálise com a realização de quatro sessões, sendo o animal submetido a exames antes e depois do procedimento dialítico. No primeiro dia de tratamento, foram realizadas duas sessões de HD, e posteriormente uma sessão por dia. Durante a terapia, o animal foi intensamente monitorado quanto aos parâmetros clínicos e pressão arterial. A paciente permaneceu internada durante este período e após alta médica retornou ao tratamento convencional empregado para nefropatas crônicos. Os resultados dos exames laboratoriais da paciente durante todo período estão representados na Tabela 01.

Tabela 01: Acompanhamento laboratorial de paciente submetida à hemodiálise em três momentos distintos de tratamento

Uréia

Antes

3ª sessão de HD 4ª sessão de HD

AntesDepois Depois

184,4 162,8 113,0 86,484,0111,0

Creatinina 7,0 6,0 4,1 3,52,73,9

Fósforo 4,5 8,8 4,9 4,3* *

Potássio

10 dias após HD

Início do tratamento

Parâmetro

3,8 4,1 4,5 4,6* *

Valores de referência: uréia – 12 a 60 mg/dl; creatinina - 0,5 a 1,5 mg/dl; fósforo – 2,2 a 6,2 mg/dl; potássio – 4,3 a 5,4 mmol/l. *Não foi realizada avaliação

RESULTADOS E DISCUSSÃO Polzin (6) utiliza como terapia convencional a dieta específica, suplementação com ácidos-graxos ômega 3, inibidores da enzima conversora de angiotensina para manejo da

proteinúria, quelantes de fósforo para manejo da hiperfosfatemia e reposição hormonal com eritropoetina para manejo da anemia. Apesar deste manejo, com a progressão da doença, o paciente tende a entrar em quadro de azotemia severa. A crise urêmica em pacientes nefropatas crônicos causa grande comprometimento da qualidade de vida dos animais e, caso não haja uma terapia substitutiva da função renal, pode levar o paciente ao óbito.

Conforme descrito por Santos (3), no caso apresentado pode-se observar redução da creatinina em 61,4% do valor observado no início do tratamento (7,0 para 2,7). Para os valores séricos de ureia também foi observado redução em torno de 54% (184,4 para 84,0). Valores de fósforo e potássio variaram dentro dos valores de referência durante todo período de tratamento. Após o tratamento, foi observado bom controle da azotemia com o tratamento conservador; através da melhora clínica da paciente, bem como a manutenção da creatinina em valor sérico correspondente à metade do valor do início do tratamento.

CONCLUSÃO A hemodiálise constitui uma importante ferramenta terapêutica para redução da azotemia em pacientes nefropatas crônicos, o que permite a melhoria das condições clínicas dos mesmos para que possam retomar o tratamento conservador.

Efeitos da hemodiálise no tratamento de cão com doença renal crônica em crise urêmica

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Efeitos da hemodiálise no tratamento de cão com doença renal crônica em crise urêmica

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Efetividade da ação repelente de extratos oleosos e aquosos de plantas nativas do Brasil em moscasBruno Cabral Chagas – Programa de Pós Graduação em Parasitologia, Universidade Federal de Pelotas Sabrina de Oliveira Capella- Programa de Pós Graduação em Veterinária, Universidade Federal de Pelotas Ivandra Ignês Santi - Programa de Pós Graduação em Bioquímica e bioprospecção, - Universidade Federal de Pelotas.Alana Hijano - Médica veterinária autônomaMárcia de Oliveira Nobre – Professora Adjunta do Departamento de Clínicas Veterinárias, Universidade Federal de Pelo-tas.

RESUMOO uso de repelentes naturais contra insetos de importãncia em medicina veterinária são extremamente importantes pela seguridade dos mesmos. Este trabalho objetivou avaliar a repelência de 3 compostos de extratos naturais sendo dois em apresentação oleosa LCEO 302 a 20% e LCEO 301 50% e um de apresentação aquosa LCEA 206 25%. Foram utilizadas 7 armadilhas contendo fígado bovino deteriorado para atração de moscas sendo 4 controles, 1 positivo e 3 negativos e 3 com a utilização dos produtos. O produto LCEO 302 20% apresentou o maior efeito de repelência (98%), seguido do extrato LCEO 301 50% (78%) e o produto LCEA 206 25% (71%). Estes dados refletem a capacidade que estes compostos apresentam frente a exposição ambiental, sendo que com o produto LCEO 302 20% se igualou a capacidade insetífuga apresentada pelo repelente químico utilizado. Este trabalho demonstrou em o efeito de repelência de extratos naturais que estão em vias de registro de patentes LCEO 302 20%, LCEO 301 50% e LCEA 206 25%.

Palavras-chave: repelentes naturais. Clinica veterinária, controle de moscas

INTRODUÇÃOOs muscídeos de importância em medicina veterinária, configuram dentro do contexto sanitário como vetores de várias doenças, como leishmaniose, dirofilariose e anaplasmose (1). A míiase, a exemplo, é uma doença parasitária de elevada importância e casuística clínica que possui a mosca Cochliomia homnivorax como agente causador, caracterizada pela deposição e proliferação das larvas deste agente em lesões com tecido vivo (2). Existe uma extensa gama de produtos comerciais com efeito repelente a estes agentes, não sendo raros os casos de intoxicação por estes produtos químicos em pequenos animais, em sua grande maioria pela falta de cuidado na administração do mesmo (3). Uma alternativa aos produtos químicos habituais utilizados são os extratos naturais de plantas, que possuem eficácia e uma gleba de ações comprovadas como repelência e cicatrização (4, 5). Com base no contexto a priori exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar a capacidade bioativa de repelência dos extratos oleosos LCEO 302 20%, LCEO 301 50% e do extrato aquoso LCEA 206 25%, de plantas nativas do Brasil, frente a moscas habitantes das fauna do município de Capão do Leão-RS.

METODOLOGIADurante o período de 11 a 18 de abril de 2017, foram instaladas iscas do tipo W.O.T (Wind Oriented Trap) (6, 7) contendo 500 g de fígado bovino deteriorado em cada. As armadilhas foram instaladas em uma área equivalente a 2 ha com pastagem nativa e reduções de mata nativa, no município de Capão do Leão (31°45´00’’S, 52°30’00’’W, altitude de 21,00 m), estado do Rio Grande do Sul. Foram utilizadas seis armadilhas, ajustadas com um raio de separação de cinco metros, suspensas a 1,50 metros do solo, ficando instaladas por 7 dias ininterruptos. As armadilhas, foram divididas em 3 controles negativos uma contendo somente fígado, e as outras duas contendo fígado mais os diluentes utilizado nos extratos, sendo eles propilenoglicol e vaselina sólida. Um controle positivo contendo fígado e um produto químico comercial a base de Cipermetrina high cis, Triclorfon, DDVP e Butóxido de Piperonila e os extratos oleosos LCEO 302 concentração de 20%, LCEO 301 50% e o extrato aquoso LCEA 206 25%. Os produtos estão denominados em códigos devido à existência de processo de registro de patente dos mesmos, Era realizada a captura de moscas diariamente bem como a substituição do extrato utilizado a cada 24 horas. As moscas presentes no interior de cada armadilha foram removidas e quantificadas a cada 24 horas. Os dados foram analisados através do

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Índice de proteção, tendo como base o teste de Abbott (1925) (8) avaliando o número de moscas presentes no grupo controle (C) e número de moscas presente nos tratamentos avaliados (T) [(C - T) / C] x 100.

RESULTADOS E DISCUSSÃODos fitoterápico utilizados, o extrato LCEO 302 a 20% foi o que demonstrou a maior eficácia 98%, igualando-se ao repelente químico utilizado como controle positivo. Outro tratamento fitoterápico com o produto LCEO 301 a 50% teve um efeito de repelência expresso em 78% e o produto LCEA 206 a 25 % demonstrou 71% de repelência. As armadilhas contendo os controles negativos 2 e 3 não apresentaram repelência relativa em comparação ao controle. Os resultados expressos com extratos oleosos vão de econtro com a eficácia de repelência descrita por Fernandes et al 2013, que fazendo uso de extrato oleoso a base de Caesalpinia ferrea Mart. (Jucá) demonstraram eficácias de 97 e 100%, nas concentrações de 20% (J20) e 50% (J50) e eficácias de 93,4% e 56,5% com extrato oleoso de Carapa guianensis (Andiroba) nas concentrações de 20% e 50% respectivamente. Em testes de eficácia utilizando extrato aquoso de Azadirachta indica nas concentrações de 7522 e 1368 ppm para mosca Anastrepha fratecurlus a mortalidade variou de 52% a 80% e para Ceratitis capitata a mortalidade variou de 56% a 88%, aproximando-se dos resultados encontrados com repelência do extrato aquoso neste trabalho (9).

CONCLUSÕESEste trabalho demonstrou a eficiência de bioatividade expressa na repelência de muscídeos da fauna do interior do município de Capão do Leão-RS dos extratos oleosos LCEO 302 20%, LCEO 301 50% em superioridade ao extrato aquoso LCEA 206 25%, sendo que todos expressaram potenciais acima de 70%.

REFERÊNCIAS1) Acha PN, Szyfres B. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre ya los animales: Organización Panamericana de la Salud Washington, DC; 1977.2) Dantas-Torres F, Otranto D. Cães, gatos, parasitos e humanos no Brasil: abrindo a caixa preta. Parasit Vectors. 2014;7:22.3) Cardoso JIG. Estudo sobre intoxicações em animais de companhia no concelho de Loures 2016.4) Fernandes CPM. Avaliação da ação cicatricial e repelente de Carapa guianensis e Caesalpinia ferrea Mart. 2013.5) Fernandes CPM, Machado C, Lopes TV, Cunha Filho N, Bretanha PR, Schons S, et al. Repellent Action of Carapa guianensis and Caesalpinia ferrea for flies species of Calliphoridae family. Ciência Rural. 2016;46(5):867-70.6) Broce A, Goodenough J, Coppedge J. A wind oriented trap for screwworm flies. Journal of Economic Entomology. 1977;70(4):413-6.7) de Oliveira CMB. Ocorrência e flutuação populacional de três espécies do gênero Chrysomya. Pesquisa Agropecuária Brasileira. 1982;17(12):1707-8.8) ABBOTT WS. A method for computing the effectiviness of insecticidies. J Econ Entomol. 1925;18:3.9) Silva MA. Perspectiva do emprego de limonoides do nim (Azadirachta indica) no controle comportamental de Ceratitis capitata (Diptera: Tephritidae): Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz; 2014.

Efetividade da ação repelente de extratos oleosos e aquosos de plantas nativas do Brasil em moscas

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Eficácia da Ceratectomia superficial com broca de diamante no tratamento de úlcera de córnea indolente em cão - Relato de CasoMatheus Kuiava Nunes- Graduando, Universidade de Passo Fundo - RS, Brasil. Email: [email protected]ísio Guerra Guimarães - Doutorando, Universidade de Évora - Portugal. E-mail; [email protected] Ferrari - Medica Veterinária, Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai - RS, Brasil

RESUMOA úlcera de córnea indolente é uma enfermidade corneana ocasionada pela não aderência do epitélio ao estroma corneano devido a deficiência da membrana basal. Este relato visa destacar a eficácia e segurança do emprego do Diamond Burr na ceratectomia superficial corneana. Atendido no serviço de Oftalmologia Veterinária Centro Veterinário Bichos.Cão em Erechim-RS, um cão da raça Buldogue Campeiro, com queixa de olhos desconfortáveis a 45 dias, após uma avaliação detalhada ocular e de seus anexos foi o animal foi diagnosticado com úlcera de córnea indolente. Como tratamento, foi indicada a ceratectomia superficial removendo o epitélio corneano solto com emprego do Diamond Burr. Após 10 dias do procedimento observou-se cicatrização corneana, comprovando a eficácia e segurança no emprego da broca de diamante na ceratectomia superficial em úlcera de córnea indolente.

Palavras chave: debridamento; Diamond burr; epitélio corneano.

INTRODUÇÃOA úlcera de córnea indolente ou ceratite superficial espontânea crônica é uma lesão decorrente da separação do epitélio do estroma corneano de difícil resolução, decorrente a deficiência de hemidesmossomos, colágeno IV e VII e de laminina (3). Diversas técnicas e procedimentos cirúrgicos são relatadas para a resolução dessa enfermidade (2), dentre as técnicas destacamos a broca de diamante é usada para o debridamento através da ceratectomia superficial da córnea acometida, suprindo técnicas já consolidados para essa enfermidade (1,5) e mostrando-se ser um procedimento seguro em seu emprego (4). Objetiva-se relatar a eficácia e segurança do emprego da broca de diamante no tratamento de úlcera refratária em cão Buldogue Campeiro.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Centro Veterinário Bichos.Cão em Erechim-RS no Serviço de Oftalmologia, um cão, da raça Buldogue Campeiro 6 anos, com histórico do olho esquerdo desconfortável e vermelho. O animal estava em tratamento aproximadamente 45 dias, com o uso de colírio de Diclofenaco de Sódio 0,1% na frequência de três vezes ao dia, com melhoras esporádicas do desconforto ocular.

Ao exame oftalmológico observou blefarospasmo, fotofobia e epífora, com auxílio do biomicroscópio com lâmpada de fenda observou olho esquerdo com hiperemia conjuntival, injeção ciliar, vascularização corneana e lesão com contorno irregular e bordas elevadas. Ao exame de fluoresceína sódica 1% na conjuntiva bulbar, verificou-se a perda da integridade corneana no olho acometido corando e penetrando abaixo do epitélio solto. Com o auxílio da instilação de 1 (uma) gota de colírio anestésico (cloridrato de tetracaína + cloridrato de felinefrina) e um swab estéril realizou-se um discreto toque na lesão evidenciando a elevação da borda epitelial.

Devido ao histórico do animal, sinais clínicos e característica da lesão na córnea, pode-se afirmar que trata-se de um quadro de úlcera de córnea indolente. Sendo o tratamento indicado a remoção do epitélio corneano solto com emprego da broca de diamante (Diamond Burr).

Para a ceratectomia superficial corneana com Diamond Burr, previamente foi instilado uma gota do colírio de Tropicamida no olho acometido e 10 minutos após 1 gota de colírio anestésico. Após alguns minutos e previamente ao procedimento foi realizada a antissepsia da região periocular com iodo-povidona e a antissepsia de toda a

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superfície da córnea e saco conjuntival foi realizada com solução de iodo-povidona (PVPI) 5% colírio, posteriormente administrou-se novamente uma gota de colírio anestésico sobre a superfície da córnea. A broca então foi aplicada sobre a lesão e superfície corneana de forma delicada e em movimentos circulares até a remoção total de todo epitélio não aderido.

Durante o procedimento devido a anestesia tópica ocular o animal não apresentou qualquer desconforto, demostrado ser seguro a sua execução e não sendo necessário o emprego de qualquer contenção medicamentosa devido a índole do paciente. Após o procedimento preconizou-se a utilização do colar protetor e colírios de Tobramicina, EDTA e soro heterólogo na frequência de quatro vezes ao dia, associados ao lubrificante oftálmico na frequência de 2 vezes ao dia e atropina na frequência de 2 vezes, por três dias, os demais colírios foram utilizados até o retorno em 10 dias.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO primeiro retorno foi realizado 10 dias após o procedimento, com intuito de verificar a cicatrização epitelial. Segundo o proprietário, o animal não apresentava mais qualquer desconforto ocular, e observou uma intensificação do olho vermelho. No exame clínico foi observado a presença de intensa vascularização corneana e discreta ceratite, que ao exame de fluoresceína sódica 1% na conjuntiva bulbar, não foi observado a penetração do corante. Foi mantida a prescrição com Tobramicina, EDTA e lubrificante oftálmico, solicitado um novo retorno em 10 dias.

O segundo retorno realizado ao 21° dia após o procedimento, o proprietário informou que o animal manteve sem qualquer desconforto ocular, e observou redução do olho vermelho. No exame clínico foi observado a presença discreta vascularização e cicatriz corneana, ao exame de fluoresceína sódica 1% na conjuntiva bulbar, não foi observado a penetração do corante. O animal recebeu alta médica após 21 dias após o procedimento de ceratectomia superficial com emprego da broca de diamante.

CONCLUSÃO O emprego da broca do diamante na resolução de úlcera de córnea indolente, mostrou-se um dispositivo eficaz, de fácil aplicação e seguro em sua execução, obtendo excelente resultado e um período curto de tempo.

REFERÊNCIAS1) Dees DD, Fritz KJ, Wagner L, Paglia D, Knollinger AM, Madsen R. Effect of bandage contact lens wear and postoperative medical therapies on corneal healing rate after diamond burr debridement in dogs. VetOphth 2016: 1-8.2) Gosling AA, Labele AL, Breaux CB. Management of spontaneous chronic corneal epithelial defects (SCCEDs) in dogs with diamond burr debridement and placement of a bandage contact lens. VetOphth 2012: 1-6.3) Ribeiro AP. Oftalmologia. In: Casos de Rotina em Medicina Veterinária de Pequenos Animais. 2ª ed. São Paulo: MedVet; 2015. p 714- 715.4) Silva EG, Powell CC, Gionfriddo JR, Ehrhart EJ, Hill AE. Histologic evaluation of the immediate effects of diamond burr debridement in experimental superficial corneal wounds in dogs. VetOphth 2011; 14(5): 285-291.5) Spertus CB, Brown† JM, Giuliano EA. Diamond burr debridement vs. grid keratotomy in canine SCCED with scanning electron microscopy diamond burr tip analysis. VetOphth 2017: 1-9.

Eficácia da Ceratectomia superficial com broca de diamante no tratamento de úlcera de córnea indolente em cão - Relato de Caso

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Eficácia do Tratamento com Afoxolaner para o Tratamento da Sarna Otodécica Felina – Relato de CasoDiefrey Ribeiro Campos – Médico Veterinário, Aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veteri-nárias – UFRRJMarília Alves Machado – Médica Veterinária, Aluna de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veteriná-ria - UFRRJJúlio Israel Fernandes - Professor do Departamento de Cirurgia e Medicina, Instituto de Veterinária- [email protected]

RESUMOA sarna otodécica é uma doença parasitária causada pelo ácaro Otodectes cynotis. Acomete principalmente o conduto auditivo de cães e gatos, sendo fator primário para otite externa. O trabalho teve como objetivo relatar o uso do afoxolaner no tratamento de um gato com sarna otodécica. O animal foi atendido com o quadro clínico de otite externa, a presença do ácaro foi confirmada pelo exame de vídeo-otoscopia. Antes do tratamento foram realizados exames clínicos e laboratoriais para avaliar o estado geral de saúde do animal. Após o diagnóstico, o animal foi tratado com afoxolaner, na dose de 2,5mg/kg, por via oral em dose única. Sete dias após o tratamento não foi evidenciado nenhuma alteração clínica ou laboratorial do animal e também não foi detectado a presença do ácaro no conduto auditivo. O animal foi avaliado a cada sete dias por 30 dias e não foram detectados efeitos colaterais devido ao tratamento e este encontrava-se negativo para o ácaro. A partir deste relato, sugere-se que novos estudos sejam realizados para avaliar a eficácia e segurança da isoxazolina afoxolaner no tratamento da sarna otodécica em gatos.

Palavras-chave: Otodectes cynotis, gatos, isoxazolinas

INTRODUÇÃOA sarna otodécica é causada pelo ácaro Otodectes cynotis que habita o conduto auditivo de cães e gatos. É considerado fator primário para o desenvolvimento de otite externa e, em casos graves, a otite pode evoluir para otite média e interna. Alguns animais também podem desenvolver quadros de hipersensibilidade ao parasitismo (1, 2).

No exame otológico, normalmente os gatos apresentam grande quantidade de exsudato, geralmente escuro e seco, eritema, crostas e reflexo otopodal positivo O diagnóstico é realizado pela avaliação da citologia do ouvido ou pela otoscopia (1).

Diferentes grupos químicos podem ser utilizados com produtos tópicos como: fiproni (3), selamectina(4) e moxidectina(5) ou com produtos de ação sistêmica, como a ivermectina(6).

As isoxazolinas são moléculas novas, inicialmente lançadas para o controle de ectoparasitos em cães. Estudos recentes, mostram que o fluralaner já foi utilizado para o tratamento de infestações de O. cynotis e Lynxacarus radovskyi em gatos, demonstrando ser eficaz. Entretanto, pouco se sabe sobre o uso do afoxolaner em felinos (7, 8).

O objetivo deste trabalho foi relatar a eficácia o tratamento de um gato com sarna otodécica com o afoxolaner.

MATERIAL E MÉTODOSNo presente relato, reporta-se o caso de um gato, com quatro anos de idade, com peso de 4,6kg, macho, atendido com prurido otológico, lesão erodo-ulcerada no pescoço e atrás do pavilhão auricular. No exame otológico apresentava no conduto a presença de um cerúmen enegrecido e seco, eritema, crostas e inúmeras formas evolutivas do ácaro Otodectes cynotis.

Foi realizado exame clínico e laboratoriais completos para detectar qualquer doença sistêmica antes do tratamento.

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Nos exames laboratoriais foram realizados: hemograma completo; dosagem de alnina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), fosfatase alcalina (FA), gama glutamiltransferase (GGT), proteína total e frações, uréia e creatinina.

O animal foi tratado com o produto afoxolaner (Nexgard® Merial) na dose de 2,5mg/kg por via oral em dose única. Após o tratamento o animal ficou em observação por um período ininterrupto de seis horas e foi observado diariamente para detectar possíveis efeitos adversos. Avaliações clínico-laboratoriais foram realizadas nos dias +7, +14 e +30 após o tratamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃOApesar de existirem poucos estudos sobre a segurança das isoxazolinas em felinos, durante os trinta dias de observação, não foram notados quaisquer efeitos adversos no animal medicado, não sendo observado qualquer alteração no exame clínico ou nos parâmetros laboratoriais.

A vantagem do afoxolaner no tratamento da sarna otodécica é que com apenas uma administração houve cura parasitológica do felino, diferente do tratamento com outros produtos que devem ser administrados de forma repetida para conseguir eliminar completamente o ácaro (3, 4, 5, 6).

A partir do sétimo dia do tratamento não foi detectado a presença de ácaros no exame otoscópio. E houve melhora das alterações clínicas como prurido e lesões erodo-ulceradas. O gato permaneceu negativo até 30 dias após o tratamento. Outras isoxazolinas já demonstraram eficácia acaricida frente a O. cynotis e L. radovskyi (7,8).

O afoxolaner demonstrou ser uma possibilidade terapêutica para o tratamento da sarna ototdécica em gatos, contudo, mais estudos são necessários para confirmar sua eficácia e sua segurança para o uso nesta espécie.

CONCLUSÃO Neste relato, o afoxolaner na dose de 2,5mg/Kg demonstrou ser eficaz no controle da sarna otodécica em gatos.

REFERÊNCIAS1) SOTIRAKI, S. T., et al. “Factors affecting the frequency of ear canal and face infestation by Otodectes cynotis in the cat.” Veterinary parasitology 2001; 96(4): 309-315.2) SWEATMAN, G. K. Biology of Otodectes cynotis, the ear canker mite of carnivores. Canadian Journal of Zoology 1958; 36(6):849-862.3) COLEMAN, G. T.; ATWELL, R. B. Use of fipronil to treat ear mites in cats. Australian Veterinary Practitioner 1999; 29(4): 166-168.4) SHANKS, D. J. et al. The efficacy of selamectin in the treatment of naturally acquired aural infestations of Otodectes cynotis on dogs and cats. Veterinary Parasitology 2000; 91(3): 283-290.5) FOURIE, L. J.; KOK, D. J.; HEINE, J. Evaluation of the efficacy of an imidacloprid 10%/moxidectin 1% spot-on against Otodectes cynotis in cats. Parasitology research. 2003; 90(3): 112-113.6) AENZLER, J. et al. Efficacy of fluralaner against Otodectes cynotis infestations in dogs and cats. Parasites & Vectors 2017; 10(1): 30 - 35.7) GRAM, Dunbar et al. Treating ear mites in cats: a comparison of subcutaneous and topical ivermectin. Veterinary Medicine 1994; 3(2): 23 -27.8) HAN, H. S.; NOLI, C.; CENA, T. Efficacy and duration of action of oral fluralaner and spot‐on moxidectin/imidacloprid in cats infested with Lynxacarus radovskyi. Veterinary Dermatology 2016; 27(6): 474-479.

Eficácia do Tratamento com Afoxolaner para o Tratamento da Sarna Otodécica Felina – Relato de Caso

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Eletroquimioterapia Adjuvante a Cirurgia Conservativa para Tratamento de Carcinoma de Células Escamosas e Ameloblastoma Intranasal em Canino – Relato de CasoMarcelo Monter Mor Rangel¹; Jennifer Ostrand Freytag¹; Jean Carlos dos Santos da Luz²; ¹VetCâncer, São Paulo – SP ²Acadêmico de Medicina Veterinária - Faculdade Integrado de Campo Mourão – PR E-mail: [email protected]

RESUMOA eletroquimioterapia (EQT) é uma técnica que consiste na associação da quimioterapia com aplicação de pulsos elétricos específicos (amplitude, duração, número, frequência de repetição e forma), de forma que estes aumentem a permeabilidade da membrana plasmática aos fármacos antineoplásicos de forma reversível, potencializando seus efeitos citotóxicos. Além disso, sua utilização adjuvante à cirurgias em regiões de difícil planejamento como em cavidade oral, pescoço, extremidades, perianal, dentre outras, tem ampliado possibilidades de pacientes oncológicos, tornando os procedimentos mais conservativos ou mesmo tornando-os factíveis tecnicamente de serem realizados. O presente trabalho traz uma breve revisão bibliográfica sobre a EQT, além de relatar o caso de um cão com carcinoma de células escamosas (CCE) e ameloblastoma (AME) em região intranasal, o qual após a ressecção tumoral sem margem de segurança,recebeu o tratamento por EQT , ainda no trans-cirúrgico. O animal vem sendo acompanhado, e após 2,5anos do tratamento, não apresenta quaisquer sinais de recidiva. Palavras-chave: bleomicina; cão; eletroporação; oncologia; oral

INTRODUÇÃOAmeloblastomas são tumores estromais benignos do tecido odontogênico, localmente agressivos, expansivas e osteolíticos, não apresentando metástases (1,2). O CCE é uma neoplasia maligna com agressividade local, osteolítica e metastática (1,4). A ressecção cirúrgica é o método de eleição para ambos os tumores devido a não reincidência quando realizada com margem de segurança, tendo grande reincidência em cirurgias conservativas (1,3,4,5,6,7), mas pode ser declinada pelo tutores devido à possíveis problemas funcionais e cosméticos resultantes (3,7,8). Outros tratamentos incluem, radioterapia, quimioterapia intralesional e criocirurgia (1,3,4,6,7,8,9,11).

A EQT é definida como um aumento reversível da permeabilidade da membrana celular, através de pulsos elétricos com amplitude, duração, número, frequência e forma corretos, facilitando a entrada de antineoplásicos na célula, potencializando-os (11,12,13), apresentando eficácia mesmo em tumores refratários à outras terapias (15). A bleomicina é utilizada em EQT devido sua citotoxidade e seletividade celular (11), sendo eficaz em diversos tumores como mastocitomas, melanomas, CCE oral, entre outros (8,10,14). Este trabalho traz uma revisão bibliográfica sobre a EQT, além do relato de caso de um cão com CCE e AME, apontando os principais benefícios desta técnica em abordagem adjuvante a cirurgia conservativa.

MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada revisão bibliográfica nas bases de dados Elsevier, PubMed e SciElo, sendo os termos de busca utilizados: ameloblastoma, bleomicina, cães, carcinoma de células escamosas, eletroquimioterapia. O trabalho relata ainda o tratamento empregado em um cão que apresentava carcinoma de células escamosas e ameloblastoma intranasal tratados por meio da técnica de EQT adjuvante a cirurgia conservativa.

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RELATO DE CASO Um canino, macho, Golden retriever, 8 anos de idade, foi encaminhado à Clínica Veterinária VetCâncer em São Paulo-SP, com queixa principal de neoformação em região intranasal esquerda e também em parte da região de narina direita, com exteriorização da massa tumoral na região dos dentes incisivos. Além disso, o animal apresentava comprometimento ósseo (lise óssea) da maxila rostral esquerda, atingindo desde conchas nasais até o palato duro, sendo tais deformidades visíveis ao exame tomográfico. O animal estava sob indicação de maxilectomia bilateral total. Os exames histopatológicos foram indicativos de carcinoma de células escamosas (CCE) e ameloblastoma, respectivamente. Com a recusa dos tutores pelo tratamento anteriormente indicado, foi sugerido cirurgia conservativa por meio de ressecção do CCE/ameloblastoma sem margem de segurança devido a localização do mesmo, avaliação histopatológica no trans-operatório, aliada à aplicação da eletroquimioterapia no sítio cirúrgico durante o trans-operatório. Exames pré-anestésicos e de estadiamento do paciente oncológico foram realizados. O estadiamento clínico do paciente no momento do paciente era III. O protocolo utilizado para a eletroquimioterapia foi: Bleomicina 15.000 U/m² i.v., e após 8 minutos procedeu-se a eletropermeabilização do leito cirúrgico e margens com eletrodo de agulhas na intensidade de 1300 v/cm. O paciente foi acompanhado por 933 dias até a redação do presente trabalho e após o único procedimento apresenta-se em remissão completa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os proprietários foram refratários a conduta cirúrgica radical, chegando a cogitar eutanásia do paciente (3,7,8). Por meio da eletroquimioterapia adjuvante a cirurgia conservativa, o animal foi tratado e após 2 anos e meio não apresenta sinais de recidivas. A EQT tem apresentado alto índice de resposta mesmo em procedimentos conservativos, evitando assim amputações, possíveis problemas funcionais, diminuição da qualidade de vida e defeitos cosméticos resultantes de cirurgias radicais. A EQT apresenta tempo de controle semelhante ao tratamento de tumores por bleomicina intralesional (5,7). A EQT tem resultados mesmo em tumores refratários à outros tratamentos (13). Até o momento da redação deste trabalho, não há relatos sobre o tratamento de AME pela EQT.

CONCLUSÃO Com o presente trabalho podemos concluir que o a terapia instituída, EQT adjuvante a cirurgia conservativa, foi eficiente no controle da doença do paciente do presente relato, apresentando resultado semelhante aos obtidos pelas terapias convencionais. O resultado obtido nesse trabalho encoraja a realização de mais trabalhos para uma avaliação mais ampla da abordagem sugerida como possível futura alternativa mais conservativa em casos semelhantes.

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Eletroquimioterapia Adjuvante a Cirurgia Conservativa para Tratamento de Carcinoma de Células Escamosas e Ameloblastoma Intranasal em Canino – Relato de Caso

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Eletroquimioterapia Adjuvante a Cirurgia Conservativa para Tratamento de Carcinoma de Células Escamosas e Ameloblastoma Intranasal em Canino – Relato de Caso

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Eletroquimioterapia Associada à Exérese de Tumor no Tratamento de Carcinoma de Células Escamosas em um Felino - Relato de CasoMariane Fernandes Safons - Graduanda em Medicina Veterinária – Universidade Federal de PelotasRafael Müller Costa – Médico Veterinário – Universidade Federal de PelotasMarcio Fernando Weber Brito - Graduando em Medicina Veterinária – Universidade Federal de Pelotas – [email protected]

RESUMOO carcinoma de células escamosas (CCE) é uma neoplasia maligna da epiderme que acomete geralmente felinos de pelagem branca, podendo ser agravada pela exagerada exposição solar. A eletroquimioterapia (EQT) é uma recente opção terapêutica que se baseia na aplicação local de pulsos elétricos, aumentando a permeabilidade celular e facilitando a entrada da droga antineoplásica. O trabalho tem como objetivo relatar a utilização de EQT adjuvante a exérese tumoral no tratamento de CCE em um felino. Foi atendido um felino, branco, SRD, macho, que permanecia por longos períodos em exposição solar. O paciente apresentava lesões ulcerativas na região pré-auricular, sendo diagnosticado com CCE após o exame histopatológico. A utilização de EQT adjuvante a exérese tumoral apresentou-se como excelente protocolo oncológico, acarretando a remissão total da neoplasia, sem apresentar efeitos adversos.

Palavras-chave: EQT; CCE; neoplasia; gato.

INTRODUÇÃOAs neoplasias tegumentares correspondem à 1/3 do total de cânceres diagnosticados em gatos domésticos, dentre essa estimativa, o carcinoma de células escamosas (CCE) possui expressiva ocorrência (1,2).

O CCE é uma neoplasia maligna da epiderme, localmente invasiva, e que se origina dos queratinócitos. A exposição exagerada à luz ultravioleta, falta de pigmentação na epiderme e ausência de pêlos, estão entre os fatores agravantes dessa enfermidade oncológica (2,3).

Inúmeros tratamentos são protocolados na bibliografia oncológica, porém, ainda há limitações entre eles (4). A eletroquimioterapia (EQT) é um recente método terapêutico que consiste na aplicação local de curtos e intensos pulsos elétricos. A alta voltagem transmembrana gerada permite a abertura de poros na membrana celular, aumentando a permeabilidade celular (5,6). O tratamento baseia-se na associação de quimioterápicos e aplicação de pulsos elétricos permeabilizantes, facilitando a passagem do fármaco para o meio intracelular (6).

Diante da escassez de relatos descritos na literatura, o presente trabalho tem como objetivo relatar a utilização de EQT no tratamento de carcinoma de células escamosas em um felino.

MATERIAL E MÉTODOSUm felino, macho, de pelagem branca, SRD, de 10 anos de idade, foi atendido em uma clínica veterinária particular, na cidade de Pelotas - Rio Grande do Sul, apresentando lesões ulcerativas na região pré-auricular esquerda. Durante a anamnese, o tutor relatou que o felino passava grande parte do dia em exposição à luz solar, alegou também ter aplicado no local da lesão um creme cicatrizante, não obtendo resposta terapêutica. Ao exame físico o paciente apresentava adequado estado de condição corporal, bem hidratado, alerta, mucosas normocoradas e normotérmia. Os exames hematológicos estavam dentro dos parâmetros de normalidade para a espécie.

Ao avaliar a face do paciente, a região pré-auricular apresentava aumento de volume ulcerativo, de coloração avermelhada, consistência firme, sensibilidade a palpação, superfície irregular, aderido e presença de secreção purulenta. O felino foi encaminhado para biópsia incisional para a realização do exame histopatológico. Sendo assim, com o diagnóstico definitivo, foi sugerido o tratamento com a técnica de eletroquimioterapia adjuvante à

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exérese tumoral.

Após certificar-se do estado geral do paciente, o mesmo foi submetido à anestesia geral e encaminhado para o processo cirúrgico. Imediatamente após a remoção cirúrgica da área tumoral, administrou-se via intravenosa, Sulfato de Bleomicina. O procedimento consistiu em instilar o quimioterápico na dose de 15.000 U/m², via intravenosa e após 7 minutos, aplicou-se um campo elétrico intratumoral com o eletroporador VetCP 125®, em voltagem de 1300 V/cm, 8 pulsos em 5kHz de frequência com tempo de exposição de 100µs, através do eletrodo de 6 agulhas. O felino manteve-se estável, não havendo complicações durante e pós-cirúrgico, sendo liberado ao fim do efeito anestésico.

RESULTADOS A análise histopatológica da lesão abordada neste caso foi conclusiva para carcinoma de células escamosas. Os exames complementares não apresentaram alterações e não indiciaram a existência de metástases adjacentes e/ou distantes.

Não foram constatadas complicações e/ou efeitos adversos decorrentes da administração intravenosa de Sulfato de Bleomicina e/ou da eletroporação. Não ocorreram lesões térmicas e/ou hemorrágicas imediatas decorrentes do contato dos eletrodos com a região submetida ao protocolo.

Ao sétimo dia após o procedimento terapêutico, o paciente apresentava-se clinicamente bem sendo possível observar a redução do tamanho da lesão e início do processo de cicatrização local. No décimo dia após o procedimento, houve a remoção da sutura e constatou-se maiores áreas de cicatrização e continua diminuição da lesão. Aos vinte e um dias, havia cicatrização completa da lesão e remissão completa da doença. O paciente foi reavaliado mensalmente por meio de exames físico e complementares, não exibindo indícios de recidivas e metástases.

DISCUSSÃO O felino do presente relato além de possuir pelagem branca, permanecia várias horas/dia em exposição à luz solar. Segundo a literatura, fatores fenótipos e do ambiente tais como, pelagem branca, deficiência local de pelos e exposição exagerada a luz ultravioleta são agravantes para o desenvolvimento de carcinoma de células escamosas (2,3).

A administração intravenosa de sulfato de bleomicina não causou nenhum tipo de adversidade ao paciente, corroborando com resultados já descritos na literatura (7). No presente relato não foram observadas lesões térmicas e hemorrágicas após a manipulação dos eletrodos, fato que também pode ser elucidado na literatura (7).

A observação clínica do paciente após a remissão tumoral permaneceu por meses, não indicando indícios de recidiva da neoplasia. Estudos vem demonstrando excelentes respostas no uso da EQT frente a neoplasias cutâneas, sendo uma terapia eficaz e bem tolerável (6,7,8).

CONCLUSÃOCom os resultados obtidos no referido relato e a observação dos resultados já apresentados pela literatura, conclui-se que a EQT adjuvante a exérese apresenta-se como uma técnica segura, de baixa toxicidade e promove resultados satisfatórios para o tratamento de CCE.

Eletroquimioterapia Associada à Exérese de Tumor no Tratamento de Carcinoma de Células Escamosas em um Felino - Relato de Caso

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Eletroquimioterapia Associada à Exérese de Tumor no Tratamento de Carcinoma de Células Escamosas em um Felino - Relato de Caso

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Endoparasiticidas de Uso em Pequenos Animas: A Baixa Rotatividade de Princípios Disponíveis em Diferentes Marcas ComerciaisAne Gabriela Vogt – Programa de Pós Graduação em Bioquímica e Bioprospecção, Universidade Federal de PelotasBruno Cabral Chagas – Programa de Pós Graduação em Parasitologia, Universidade Federal de PelotasVinicius Macedo Padilha* – Acadêmico de Medicina de Veterinária, Universidade Federal de PelotasIuri Vladimir Pioly Marmit – Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, Universidade Federal de PelotasLeandro Quintana Nizoli – Professor Adjunto do Departamento de Veterinária Preventiva, Universidade Federal de Pelo-tas*[email protected]

RESUMOO mercado veterinário, principalmente o de produtos antihelmínticos de pequenos animais possui uma ampla distribuição de marcas comercias, porém mesmo com o grande estoque e variedade de produtos disponíveis no mercado, encontram-se casos de resistência aos endoparasiticidas. Avaliou-se neste trabalho o universo de endoparasiticidas disponíveis aos clínicos veterinários de toda federação. Dos 43 produtos encontrados, 47% (20/43) apresentavam um princípio ativo em sua composição, 2 princípios 33% (14/43), três 19 % (8/43) e quatro 2% (1/43). O princípio Pirantel tem distribuição massiva em produtos comerciais, constatado em 56% das bulas de produtos veterinários seguido do Praziquantel que regula 51% das bulas e a associação destes dois princípios grassa em 87% (20/23) dos produtos endoparasiticidas disponíveis comercialmente no Brasil. A relevância expressa neste trabalho é relativa ao risco de favorecimento de resistência a produtos em relação aos mesmos princípios integrarem a maioria das bulas de endoparasiticidas disponíveis.

Palavras-chave: parasiticidas; pirantel; praziquantel; resistência antihelmíntica

INTRODUÇÃOO mercado veterinário, principalmente o de produtos antihelmínticos de pequenos animais possui uma ampla distribuição de marcas comercias e envolve em média 19 empresas fabricantes somente no Brasil(1).

Alguns dos produtos utilizados em pequenos animais hoje em dia, são também e primariamente explorados na clínica médica humana(2), sendo necessários estudos de comprovação da eficácia para que os produtos estejam disponíveis para comercialização(3). Existe uma ampla gama de princípios ativos disponíveis para venda, como ivermectinas, pirantel, praziquantel, disofenol, mebendazol e selamectina com distintos modos de aplicação, forma farmacêutica e indicações(4). Porém, mesmo com o grande estoque e variedade de produtos disponíveis no mercado, encontram-se casos de resistência aos endoparasiticidas que remontam a técnicas errôneas e/ou desenfreadas de aplicação(5).

Em detrimento a este cenário apresentado, este trabalho tem por objetivo avaliar os compostos endoparasiticidas de pequenos animais presentes no mercado brasileiro no ano de 2016.

METODOLOGIANo período de maio de 2016, foi realizada a pesquisa no Compêndio de Produtos Veterinários, organizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, disponível em http://cpvs.com.br/cpvs/pesquisar.aspx. Foram selecionados os dados referente a todos os endoparasiticidas disponíveis no mercado veterinário brasileiro no ano de 2016 e analisados sob a forma de porcentagem.

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RESULTADOS E DISCUSSÃODos 43 produtos encontrados, 47% (20/43) apresentavam um princípio ativo em sua composição, 33% (14/43) dois princípios, 19% (8/43) 3 princípios e 2% (1/43) 4 princípios.

O princípio ativo Pirantel foi o composto que mais integrou produtos comerciais, estando em 56% (24/43) das formulações.

A ampla distribuição do uso do Pirantel em 56% dos produtos comerciais, é derivada da conhecida ação nematodicida do produto. Viana e Benevenga(6); já demonstravam na época a efetividade do Pirantel em formas maduras de parasitos e a grande seguridade pela baixa toxicidade expressa em cães adultos. O Praziquantel, também grassa em elevado número de apresentações comerciais 51% (22/43) pela segurança em administrações em cães e por seu efeito cestodicida(7). A associação de pirantel e praziquantel expressa em 87% de conjugações (20/23) tem uma exponencialidade tão acentuda, em virtude do sinergismo do efeito dos dois princípios em um único composto(7), que no entanto, demanda cuidado em virtude do problema já instaurado e enfrentado diariamente por muitos clínicos que é a resistência antihelmíntica, pela baixa rotatividade e disposição de diferentes princípios ativos(5).

CONCLUSÕESEm detrimento as informações expostas, confere-se que os princípos ativos pirantel e praziquantel isolados, permeiam em grande quantidade os produtos comerciais disponíveis no mercado veterinário brasileiro. E em conjugação correspondem a quase 90% de toda medicação endoparasiticida comercializável e por isso deve-se atentar no momento de seleção do produto a ser a aplicado para evitar a ocorrência de resistência antihelmíntica e efetuar rotação de princípios ativos.

REFERÊNCIAS1) Sindicato Nacional De Produtos Para Saúde Animal (SINDAN). Compêndio de produtos veterinários SINDAN. Compêndio on-line. Disponível em: http://www.cpvs.com.br/cpvs. [Capturado em 2 de maio de 2016]2) Xavier V, Domingues B, Teresa M. Desparasitisação intestinal sistemática em idade pediátrica: uma revisão baseada na evidência. Revista Portuguesa de Medicina Geral Familiar; 2012; 28; 178-186.3) Ministério Da Agricultura Pecuária E Abastecimento (MAPA). Regulamento Técnico Dos Produtos Antiparasitários De Uso Veterinário. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br. [Capturado em 13 de maio de 2016].4) Matos MS, Alho AM, Carvalho LM. Antí-hemínticos em animais de companhia: quando os fins justificam os meios. Clínica Animal, Lisboa; 2013; 6; 18-22.5) Isea GA, Rodriguez IE, Urdaneta RA. Antihelmínticos en perros y gatos, un enfoque farmacológico y toxicológico. Centro veterinário; 2011; 48; 14-20.6) Viana JGL, Benevenga SF. Avaliação da antitoxicidade e da atividade antinematódica do pamoato de pirantel em Toxocara sp. e Ancylostoma sp. parasitas de cães. Revista do centro de ciências rurais; 1988; 18; 311-318.7) Machado HHS, Gomes FF, Fiuza VRS, Toledo RS, Oliveira FCR. Utilização de fenbendazole e da associação febantel, pamoato de pirantel e praziquantel no controle de oxiurídeos em gerbis. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia; 2007; 1(59); 268-270.

Endoparasiticidas de Uso em Pequenos Animas: A Baixa Rotatividade de Princípios Disponíveis em Diferentes Marcas Comerciais

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Enfisema Orbitário Secundário à Sialoadenectomia em Cão - Relato de CasoJuliana Durigan Baia – Mestranda do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. [email protected] Kowalesky – Doutora pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Uni-versidade de São Paulo.Marco Antonio Gioso – Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.

RESUMOO enfisema orbitário é caracterizado pela presença anormal de ar na órbita. Sua ocorrência espontânea não é frequente e a maioria dos casos está associada à fratura de órbita ou viabilidade do ducto nasolacrimal após enucleação. Pouco descrita na literatura, a sialocele orbitária em cães caracteriza-se pelo acúmulo de saliva no espaço orbitário. A causa é desconhecida, mas supõe-se origem traumática, processos inflamatórios, infecciosos e doenças imunomediadas. Esta afecção pode apresentar diversos sinais clínicos como tumefação, exoftalmia, protrusão de terceira pálpebra e estrabismo. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um cão adulto da raça Pug, de globo ocular esquerdo enucleado, posteriormente diagnosticado com enfisema orbitário após sialoadenectomia de glândula zigomática esquerda.

Palavras-chave: Enucleação; Glândula zigomática; Odontologia veterinária.

INTRODUÇÃODefine-se a sialocele por uma coleção fluida oriunda do extravasamento de saliva para o parênquima de tecidos adjacentes a uma glândula ou ducto salivar (1,2). Em cães, a sialocele está frequentemente associada à glândula sublingual, considerando-se raro o acometimento da glândula zigomática (2,3,4). Cães com sialocele zigomática manifestam coleção de saliva no espaço orbitário, estrabismo divergente, exoftalmia, neuropatia óptica e protrusão de terceira pálpebra, (3,4,5,6,7). O diagnostico é realizado a partir dos sinais clínicos, achados ultrassonográficos, citológicos e histopatológicos (4). O tratamento conservador é ineficiente (6), sendo a sialoadenectomia a melhor escolha (1,4). Este trabalho objetivou descrever um caso de enfisema orbitário após sialoadenectomia em um cão enucleado.

MATERIAL E MÉTODORelata-se o caso de um cão macho da raça Pug, 3 anos de idade, castrado, 11 kg, encaminhado ao Laboratório de Odontologia Comparada do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (HOVET FMVZ USP), com queixa de edema palpebral e secreção purulenta em região enucleada aos 4 meses de idade, junto à excisão de glândula de terceira pálpebra esquerda, suspeitando-se de abscesso periapical. Foi submetido à radiografia intra-oral de todos os elementos dentários, sob anestesia inalatória, exploração de órbita esquerda, coleta de material drenado a partir de fístula para cultura bacteriana e antibiograma, além de sialoadenectomia de glândula zigomática esquerda. Os resultados obtidos a partir da coleta confirmaram tratar-se de conteúdo salivar, ausente de crescimento bacteriano. De acordo com laudo histopatológico, a glândula zigomática apresentava tecido fibroadiposo adjacente e focos de calcificação. Prescreveu-se meloxicam, amoxicilina com clavulanato de potássio, cloridrato de tramadol, dipirona sódica, higienização com digluconato de clorexidina 1% e colar protetor. Durante a consulta de retorno, paciente apresentava enfisema em região orbitária enucleada, sendo referida a realização diária de pressão digital para esvaziamento de ar. Foi sugerido um exame tomográfico para investigação, não havendo o tutor aceitado. Após 12 meses, durante consulta de acompanhamento, o paciente apresentava queixa de persistência do quadro de enfisema orbitário, sendo realizado o esvaziamento gasoso diário por pressão digital e não havendo prejuízo ao bem-estar geral do paciente.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOO paciente apresentou trauma crânio-encefálico com consequente exoftalmia irreversível e, assim como descrito na literatura, a conduta terapêutica realizada foi a enucleação do globo ocular acometido (5,8,9). Como rara consequência da enucleação, o enfisema em região orbitária pode ocorrer devido à comunicação desta área com o nariz, através do ducto nasolacrimal, sendo recomendado exame tomográfico para avaliação (1,9). No caso descrito, não foi realizado o exame tomográfico, impossibilitando a determinação do fator etiológico. Sendo caracterizada pelo acúmulo de saliva em região orbitária, a sialocele de glândula zigomática em cães é considerada rara e pouco descrita pela literatura (3). Esta afecção pode ter origem idiopática, além de sialólitos, infecções, corpos estranhos e neoplasias. Alguns autores sugerem que o quadro possa ser resultado de trauma, complicações pós-operatórias em extrações dentárias e maxilectomias parciais (2,6,7,10). Não foi possível determinar o fator etiológico primário neste caso. O tratamento da sialocele zigomática por meio de sialoadenectomia é recomendada por vários autores (4,5,11). Sendo, neste caso, o paciente enucleado, o acesso à glândula zigomática foi feito através de orbitotomia, sem a necessidade de realizar osteotomia do arco zigomático (1,5,9,11).

CONCLUSÃOAlterações em glândulas salivares podem ser causa ou consequência de problemas oftálmicos, sendo importante a intervenção interdisciplinar para a completa resolução do quadro clínico. A partir deste relato, conclui-se que a enucleação de globo ocular pode ocasionar lesão em glândula salivar zigomática e ter como consequência a sialocele orbitária e que a sialoadenectomia é a melhor opção terapêutica de acordo com a literatura.

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Enfisema Orbitário Secundário à Sialoadenectomia em Cão - Relato de Caso

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Estudo Casuístico de Animais Silvestres e Exóticos Atendidos Entre 2013 e 2015 no Hospital Veterinário Unisul, Tubarão SCRaiane Nunes Mateus1 – Acadêmica de Medicina Veterinária, UNISUL.Camila de Sousa Gil - Acadêmica de Medicina Veterinária, UNISUL.Joares Adenilson May Junior – Professor Mestre de Medicina Veterinária, UNISUL.1E-mail: [email protected]

RESUMOA manutenção de animais silvestres, como animais de estimação é comum no Brasil. Foi realizada uma análise dos registros de animais silvestres atendidos no Hospital Veterinário da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL (Tubarão/SC), no período de abril de 2013 a abril de 2015. Foram avaliados prontuários de 125 animais, entre 41 fichas de animais de apreensão ilegal e 84 fichas de animais silvestres particulares. A Classe mais atendidas eram de aves, seguida por mamíferos e em seguida répteis. A principal queixa relatada foi trauma. O estudo retrospectivo demonstrou a importância da conscientização ambiental e o fornecimento de maiores informações de manejo sobre os animais silvestres a ser realizada com os proprietários.

Palavras-chave: aves, répteis, clínica

INTRODUÇÃOA manutenção de animais silvestres, como animais de estimação é comum no Brasil. As informações levantadas nas consultas, revelam na maioria dos casos, condições de manejo sanitário e nutricional inadequadas. O atendimento clínico especializado pode aumentar a qualidade de vida destes animais em cativeiros, além de repassar informações importantes aos proprietários, como comportamento, hábito alimentar de cada espécie. O objetivo deste relato, foi realizar um estudo retrospectivo dos atendimentos de animais silvestres, visando estabelecer a casuística e as principais patologias de cada classe atendida.

MATERIAL E MÉTODOSFoi realizada uma análise dos registros de animais silvestres atendidos no Hospital Veterinário da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL (Tubarão/SC), contabilizando as principais suspeitas clínicas e das principais classes de animais avaliados, no período de abril de 2013 a abril de 2015. Foram reunidas 41 fichas de animais apreendidos pela polícia ambiental (PA) e 84 fichas de animais silvestres pets particulares. As fichas apresentavam dados de classificação taxonômica, sexo, idade, peso, data de atendimento, queixa principal, exames complementares, exame clínico, tratamento, observações e retorno. As fichas foram divididas de acordo com a classe taxonômica, conforme o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN).

RESULTADOS E DISCUSSÕESForam avaliados 125 animais, sendo 57% aves, 36% de mamíferos, e 7% de répteis. (gráficos 1).

Gráfico 1. Porcentagem das classes de animais silvestres encaminhados pela polícia ambiental e proprietário, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL (Tubarão/SC), no período de abril de 2013 a abril de 2015.

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Entre as (72) aves atendidas 17 apresentavam traumas diversos, 12 problemas nutricionais, 7 tinham quadros infecciosos, outros causes diversas e orientações de manejo. O trauma foi a principal causa e pode estar relacionado a atropelamentos ou perseguição por outros animais (1). O manejo inadequado é associado com as principais patologias de aves em cativeiro (2,3). O maior número de aves atendidas corresponde a diversidade d espécies de aves na região (4), e as aves de rapina representaram 50% das aves atendidas (Figura 1).

Figura 1. Algumas das espécies de aves atendidas no HVU, no período do estudo. A- Coruja-buraqueira (Athene cunicularia). B- Gavião-asa-de-telhaelha (Parabuteo unicinctus).

Com relação aos (45) mamíferos, foram atendidos 12 traumas diversos, 9 resgates, 5 atropelados, o restante erro de manejo e quadros infecciosos. Segundo Herrera (5), o erro na dieta interfere no trânsito digestivo dos alimentos, dessa forma, aumenta a proliferação de bactérias patogênicas e surgimento de enterites.

Quanto aos (8) répteis observou-se casos de 3 atropelamento, paralisia intestinal e distocia, todos relacionados ao manejo de temperatura.

CONCLUSÕESO estudo retrospectivo demonstrou a importância da informação correta de manejo a proprietários de animais exóticos e silvestres, além da trabalho de conservação de fauna silvestre próxima a áreas urbanizadas.

A B

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REFERÊNCIAS1) Kaandorp J. 2004. General Laboratory Concepts. In: Willard MD; Tvedten H, editors. Small Animal Clinical Diagnosis By Laboratory Methods. 4th ed. Philadelphia: Saunders; 2004. p.1-13.2) Bonello FL. Avaliação do manejo e do potencial zoonótico de papagaios verdadeiros (Amazona aestiva) mantidos em cativeiro domiciliar. 2006. 72 f. (Dissertação de Mestrado ± Faculdade de Odontologia e Curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista).3) Werthert K. Housing, husbandry, care and welfare of selected birds. In: Fowler ME; Cubas ZS. Biology, medicine and surgery of south american wild animals, Ames: Iowa State University Press, 2001. p. 157-163.4) Marini MÂ; Garcia, F.I. Conservação de aves no Brasil. Megadiversidade, v. 1, n.1, 2005, p. 95-102.5) Herrera ADPN et al. Importância da fibra na nutrição de coelhos. Ciência Rural, Santa Maria, v.31, n.3, 2001,p.557-561.

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Estudo da pressão arterial em cães submetidos à nefrectomia devido à dioctofimatosePâmela Caye* – Graduanda, FaVet – Universidade Federal de PelotasGuilherme Albuquerque de Oliveira Cavalcanti – Professor, Universidade Federal de Pelotas Mariana Cardoso Sanches – Médica Veterinária, Universidade Federal de PelotasFabrício de Vargas Arigony Braga – Professor, FaVet – Universidade Federal de Pelotas Josaine Cristina da Silva Rappeti – Professora, FaVet – Universidade Federal de Pelotas*[email protected]

RESUMOO Dioctophyme renale afeta o rim direito, levando à completa destruição do órgão, porém os animais afetados podem ser assintomáticos ou apresentarem anorexia, hematúria, dor e uremia. A Doença Renal Crônica (DRC) ocorre quando há 75% de perda da capacidade renal e está intimamente relacionada com a hipertensão arterial. Este trabalho teve como objetivo avaliar se houve alterações na pressão arterial em cães afetados pela dioctofimatose antes e após o tratamento. Para tanto, foram medidas as pressões arteriais dos pacientes imediatamente antes e sete dias após a nefrectomia direita. Tal procedimento é o tratamento de eleição para a enfermidade. Conclui-se que não há diferenças nos valores pressóricos antes e uma semana após o procedimento cirúrgico.

Palavras-chave: Dioctophyme renale; rim; hipertensão.

INTRODUÇÃOA dioctofimatose é uma doença causada pelo parasita Dioctophyme renale (D. renale), um nematoide, parasito preferencial do rim direito de animais carnívoros (1). A parasitose causa intensa destruição tecidual, levando à perda funcional do rim acometido (2), sendo a nefrectomia o tratamento indicado (1). O D. renale pode alcançar um metro de comprimento, possui cor avermelhada e libera ovos, juntamente com a urina, de casca espessa e cor castanha (2,3).

Pacientes com dioctofimatose podem se aparentar assintomáticos ou com fraqueza, anorexia, ascite, disúria, hematúria, estrangúria, dor à palpação e uremia, por insuficiência renal (1). A doença renal crônica (DRC) é determinada quando ocorre perda maior de 75% da capacidade funcional dos néfrons (4), podendo ao mesmo tempo ser causa ou consequência da hipertensão arterial (5).

Os principais mecanismos causadores da hipertensão arterial decorrente da DRC são a sobrecarga salina, resultando em aumento de volume sanguíneo, e a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona levando à vasoconstrição (6). Este trabalho tem como objetivo avaliar se existem alterações na pressão arterial em cães afetados pela dioctofimatose antes e após o tratamento por nefrectomia.

MATERIAL E MÉTODOSForam realizadas no Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas as aferições da pressão arterial média (PAM) pelo método oscilométrico (Comen – STAR8000) de nove pacientes com D. renale em rim direito, imediatamente antes (T0) e sete dias após (T1) a remoção cirúrgica do rim direito. Os pacientes eram levados a uma sala tranquila, silenciosa e com poucas pessoas. Permitia-se ambientação do animal por pelo menos cinco minutos antes do início da aferição. O paciente era então posicionado em decúbito lateral direito e o manguito fixado no membro anterior esquerdo, acima da articulação radiocarpal.

Em T0 e em T1 a PAM foi aferida cinco vezes. O menor e maior valor de cada paciente foram desconsiderados e a média calculada a partir dos três valores então restantes. As médias das pressões arteriais médias em T0 e T1 foram calculadas e submetidas ao Teste t de Student (7).

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RESULTADOS E DISCUSSÃOOs valores médios da PAM em T0 foi de 116mmHg (±22,69) e em T1 de 108mmHg (±17,27), sendo que esses valores são fisiológicos para a espécie (8) e iguais perante o Teste t de Student (7), o que pode ter ocorrido devido a dificuldade de se avaliar a pressão arterial corretamente em cães.

A visita à clínica veterinária, ambiente estranho, hospitalização, contenção, ruídos e vibrações, inflação do manguito e demais estímulos podem levar ao chamado “artefato induzido por ansiedade”, onde há falsa elevação da pressão arterial e se podem obter resultados errôneos (9). A ambientação realizada nos pacientes previamente às mensurações de pressão objetivou minimizar o artefato induzido por ansiedade. Na medicina humana, a hipertensão arterial crônica não maligna é associada a lesões renais de natureza microvascular (6). Na medicina veterinária, faltam estudos sobre as alterações renais decorrentes de hipertensão discreta ou moderada (9), no entanto, diversas são as lesões provocadas por hipertensão sistêmica grave, como as injúrias oculares, cardíacas e também as renais (5,9).

A dioctiofimatose, por causar destruição renal, leva à hiperfunção do rim contralateral, podendo ainda levar a DRC e consequentemente hipertensão arterial (5). Portanto, mesmo com o resultado desse trabalho, deve-se realizar nefroproteção dos animais portadores de dioctofimatose, pois são animais com apenas um rim funcional. O estudo realizado apresenta a limitação do intervalo entre aferições ter sido de sete dias, portanto, considerando que um paciente sem um rim perde metade da sua massa renal, estudos com intervalos mais longos podem apresentar resultados diferentes dos aqui encontrados.

CONCLUSÃO As pressões arteriais de cães com dioctofimatose não mudaram sete dias após a nefrectomia curativa e, ainda, mantiveram-se dentro da normalidade para a espécie antes e após esse procedimento cirúrgico. Estudos a longo prazo devem ser realizados para confirmar inexistência de alterações pressóricas.

REFERÊNCIAS1) Pedrassani D; Nascimento AA. Verme gigante renal. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias 2015; 110(593-594):30-37. 2) Monteiro SG; Sallis ESV; Stainki DR. Infecção natural por trinta e quatro helmintos da espécie Dioctophyma renale (Goeze, 1782) em um cão. Revista da Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia PUCRS 2002; 9(1):95-99.3) Pedrassani D; Hoppe EGL; Avancini N; Nascimento AA. Morphology of eggs of Dioctophyme renale Goeze, 1782 (Nematoda: Dioctophymatidae) and influences of temperature on development of first-stage larvae in the eggs. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária 2009 jan-mar;18(1)15-19. 4) Kronfeld DS. Dietary management of chronic renal disease in dogs: A critical appraisal. Journal of Small Animal Practice 1993; 34:211-219. 5) Galvão ALB; Borges JC; Vieira MC; Ferreira GS; Léga E; Pinto ML. Hipertensão arterial na doença renal crônica em pequenos animais – revisão da literatura. Nucleus animalium 2010; 2(2)9-20. 6) Titlley LP; Goodwin JK. Manual de cardiologia para cães e gatos. 3ª. ed. São Paulo: Roca; 2002. 7) Sampaio IBM. Estatística aplicada à experimentação animal. 2a. ed. Belo Horizonte: Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia; 2002. 8) Brown S; Atkins C; Bagley A; Carr A; Cowgill L; Davidson M et al. Guidelines for the identification, evaluation, and management of systemic hypertension in dogs and cats. Journal of Veterinary Internal Medicine 2007; 21:542-558. 9) Bortolotto LA. Hipertensão arterial e insuficiência renal crônica. Revista Brasileira de Hipertensão 2008; 15(3)152-155.

Estudo da pressão arterial em cães submetidos à nefrectomia devido à dioctofimatose

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Estudo de Associação do Histórico Clínico com Malignidade de Neoplasias MamáriasFabiana Sperb Volkweis – Profª. da Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central-FACIPLAC – Gama/DF.Ana Paula de Andrade Silva – Graduanda de MV das Faciplac –Gama/DFAmanda Ayumi Silva Alimura - Graduanda de MV das Faciplac –Gama/DFMaria Laura Nogueira Pimentel - Graduanda de MV das Faciplac –Gama/DFVanessa da Silva Mustafa - Profª. da Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central-FACIPLAC – Gama/DF.E-mail: [email protected]

RESUMOAs neoplasias mamárias representam alta porcentagem dos casos neoplásicos em cães, afetando sobretudo fêmeas, sendo à metade das neoplasias múltiplas malignas. Hormônios esteroides, sobretudo o estrógeno, fazem papel fundamental no avanço dos tumores de mama em cadelas. Porém, o valor da supressão hormonal através da ovário-histerectomia como tratamento adjuvante continua controverso. Foi realizado acompanhamento de dez animais com neoplasia de mama, onde se avaliou o uso de contraceptivos, castração prévia, acometimento de linfonodos e grau de invasão. Observou-se que o grau de invasividade das tumorações possui uma possível correlação com o uso de progestágenos.

Palavras-chave: Cadelas; contraceptivos; linfonodos; hormonal.

INTRODUÇÃOAs neoplasias mamárias, têm grande importância no estudo oncológico comparativo. Em estudo demonstrou-se que 66% dos cães que receberam contraceptivos à base de progesterona e estrógenos, por 5-7 anos, tiveram nódulos mamários, dos quais 95% eram benignos (1). O grande período necessário para que se desenvolva um tumor de mama nas cadelas expostas a terapia hormonal indica que os hormônios agem como promotores e não iniciadores (2). Cadelas castradas antes do primeiro cio tem o risco de ter neoplasias mamárias de 0,5%. Acredita-se que ao castrar os animais os tumores irão regredir por remoção da influência estrogênica (3), porém, a supressão hormonal só terá valia para remissão de tumores na fase de dependência hormonal (1). Independente do fator que inicie a carcinogênese os fatores endócrinos serão responsáveis pela promoção do tumor. Assim, objetivou-se estadiar os tumores mamários e analisar possíveis fatores de influência tais como idade, uso de contraceptivos, gestação, castração e presença de metástases.

MATERIAL E MÉTODOSDe setembro a outubro de 2016, foi efetuado o projeto para pesquisa de neoplasias mamárias. Os animais com suspeita de neoplasia mamária eram encaminhados para atendimento no Hospital Veterinário das Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central-FACIPLAC. Durante a consulta era realizada a palpação das cadeias mamárias, e feito estadiamento dos tumores mamários, baseado no sistema TNM. Dados como uso prévio de contraceptivos, prenhez, entre outros foram tabulados. Foram solicitados hemograma, bioquímico, radiografia torácica em três posições (latero-lateral direita, latero-lateral esquerda e ventro-dorsal) e ultrassonografia abdominal, para a detecção de metástase. Os animais que se encontravam aptos foram conduzidos para a cirurgia e foi coletado material para exame histopatológico.

RESULTADOS E DISCUSSÃONo decorrer do projeto foram atendidos 15 animais. Desses, 10 realizaram a mastectomia e foram incluídos no estudo, o restante não se enquadravam na pesquisa. Dos supracitados, 40% fizeram uso de contraceptivos. Destes

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50% tiveram acometimento de linfonodo e todos apresentaram neoplasias com alta invasividade a tecidos adjacentes. Sabe-se que a aplicação de anticoncepcionais à base de progestágenos aumenta a incidência de tumor mamário devido a disfunção hormonal (4). Não se sabe ao certo se a disfunção hormonal causada pelo uso desses fármacos além de predispor a incidência da neoplasia mamária em cadelas pode induzir uma neoplasia mais agressiva.

A prenhez reduz o risco de tumores mamários, pois, nesse período as concentrações de progesterona são maiores que as de estrógeno (8). No estudo 40% dos animais estudados já haviam emprenhado. É importante ressaltar que cadelas que já gestaram podem apresentar neoplasia mamária, não sendo esse um fator excludente.

Quanto a localização dos tumores 40% foi de acometimento inguinal, 40% torácica caudal, 20% torácica cranial, 20% abdominal caudal e 20% abdominal cranial. Sendo que 40% dos pacientes que tiveram envolvimento de múltipla localização foram os de grau de invasividade acentuada. Em estudos prévios, animais com envolvimento de mais de uma glândula mamária apresentam o diagnóstico do câncer de maior malignidade (7).

As neoplasias malignas são comumente observadas em cadelas, sendo os carcinomas tubulares, carcinomas túbulo papilíferos e os carcinomas em tumor misto os mais frequentes (6). Nesse estudo todos os animais com neoplasia de mama apresentavam neoplasia maligna, apenas um animal apresentava neoplasia benigna que não tinha origem em mama (hemangioma). Após a análise histopatológica, foi confirmado a presença de carcinoma em tumor misto (77,8%), carcinoma papilar (11,1%) e hemangioma (11,1%).

O animal com carcinoma papilar apresentou êmbolos metastáticos, demonstrando o potencial metastático dessa neoplasia. Mesmo em neoplasias onde os êmbolos metastáticos não são observados é possível ter comprometimento de outros órgãos, como foi visto em um animal deste relato com comprometimento de linfonodo. Tumores malignos como o carcinoma, tendem a ser mais invasivos e de evolução rápida, com acometimento de linfonodos regionais. O prognóstico é desfavorável, onde metástases a distância são comuns, mesmo sem acometimento de linfonodo (5).

CONCLUSÕESO uso de contraceptivos foi correlacionado com uma maior agressividade das neoplasias mamárias. Os animais com essa neoplasia com histórico de uso hormonal apresentaram neoplasias mais invasivas e 50% tiveram comprometimento de linfonodo regional. É importante a realização de novos estudos para verificar se o uso de contraceptivos, além de aumentar a ocorrência da neoplasia de mama podem também aumentar sua agressividade em uma neoplasia futura.

REFERÊNCIAS1) Carvalho, TB; Borges, APB; Ganns, CMC, et al. Neoplasia mamária em cadelas: expressão de proteínas de estresse (HSP 72). Veterinária e Zootecnia, suplemento ao v.15, n.3, p.19-22, 2008.2) Fanton, JW; Withrow, SJ. Canine mammary neoplasia: anoverview. Califórnia Veterinarian, v.7, p.l2-16, 1981.3) OVERLEYB; Shofer FS; Goldschmidt, MS; Sherer D & Sorenmo, KU. Association between ovarihysterectomy and feline mammary carcinoma. Journal Veteterinary International Medicine. 19, 560-3, 2005.4) Sorenmo, K. Canine mammary gland tumors. Vet. Clin. North Am. Small Anim. Pract. 33, 573-96, 2003.5) Rodaski, S; De Nardi, AB; Piekarz, CH; em Daleck, CR; De Nardi, A.B.; Rodaski, S; Oncologia em cães e gatos, p. 611, 2008.6) O’keefe DA. Tumores do sistema genital e das glândulas mamárias. In: Ettinger S.J. & Feldman E.C. (Eds). Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4ed. 1997, São Paulo: Manole, pp. 2344-2354.7) Hataka, A. Universidade Estadual Paulista Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Alessandre Hataka. Citologia aspirativa com agulha fina e histopatologia: valor e significado para o diagnóstico e prognóstico do câncer de mama em cadelas – Tese de doutorado, Botucatu – SP, 2004.8) Henderson, BE; Ross, RK; Pike, MC. Toward the primary prevention of cancer. Science, v.252, p.1131-1138, 1991.

Estudo de Associação do Histórico Clínico com Malignidade de Neoplasias Mamárias

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Estudo retrospectivo: Alterações esplênicas observadas em 19 cães esplenectomizadosTaisa Schuartz Saragosa - aluna de medicina veterinária da Unifil*Karina M. Basso - professora do curso de medicina veterinária da Unifil* [email protected]

RESUMO O baço participa do sistema hematopoiético, filtrando, estocando e maturando componentes do sangue. Alterações esplênicas podem ser observadas com maior frequência em cães com idade avançada, e as de maior ocorrência são os distúrbios circulatórios (hematoma, congestão, trombose, infarto e inflamação) e as neoplasias (hemangiossarcomas e hemangiomas) resultando em esplenomegalia. Foram incluídos neste estudo cães atendidos pelo Hospital veterinário da UNIFIL (HV) apresentando esplenomegalia e submetidos à esplenectomia e exame histopatológico do baço. O diagnóstico dos 19 animais, machos e fêmeas, de qualquer raça e idade foram classificados de acordo com o tipo de alteração esplênica, raça e idade. Sendo que 52,6% (10/19) dos cães apresentaram hematoma, 36,8% (7/19) hemangiossarcoma e 5,3% (1/19) abscesso esplênico. Dentre as raças não foi observada predisposição direta, porém cães idosos parecem ser mais associados ao desenvolvimento de alterações esplênicas com 63,1% (12/19) do total de alterações. O objetivo deste trabalho foi identificar as alterações esplênicas diagnosticadas na analise histopatológica de cães esplenectomizados no HV entre 2014 e 2016.

Palavras chave: baço; esplenomegalia; canino.

INTRODUÇÃO O baço realiza atividades importantes no sistema hematopoiético, retirando da circulação eritrócitos velhos, bactérias e outras partículas estranhas, além de ser responsável pelo estoque e maturação de componentes sanguíneos (1). Cães com idade avançada são predispostos ao desenvolvimento de alterações esplênicas (2).

Diversos tipos de alterações esplênicas podem ser observadas em cães, entre as de maior ocorrência estão os distúrbios circulatórios, como hematoma, congestão, trombose, infarto e inflamação, e as neoplasias, como hemangiossarcomas e hemangiomas(1). A esplenomegalia ocorre como consequência de alterações que acometem o baço, descrita como aumento localizado ou difuso do baço, sendo o tipo localizado mais comum em cães (3).

O objetivo deste trabalho foi identificar as alterações esplênicas diagnosticadas na analise histopatológica a partir de cães esplenectomizados no Hospital veterinário (HV) da UNIFIL LONDRINA – PR entre 2014 a 2016.

MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado o levantamento de todos os casos de peças provenientes de esplenectomia encaminhados ao setor de anatomia patológica do HV no período de janeiro de 2014 a outubro de 2016. Os animais foram submetidos à esplenectomia devido alterações observadas na ultrassonografia e os baços submetidos à análise histopatológica. As peças foram fixadas em formalina 10%, processadas e coradas rotineiramente em Hematoxilina e eosina. Os diagnósticos obtidos foram classificados de acordo com o tipo de alteração esplênica encontrada em lesões não neoplásicas e neoplásicas, raça e idade dos animais.

RESULTADOS E DISCUSSÃOForam analisados neste estudo retrospectivo um total de 19 baços de cães, machos e fêmeas, de qualquer raça e idade, atendidos pelo HV e submetidos à esplenectomia, com posterior exame histopatológico do baço.

O resultado de histopatologia revelou que 52,6% (10/19) dos cães com alterações esplênicas apresentaram hematoma,

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caracterizado por uma massa vermelha a vermelha-escura, macia e delimitada pela cápsula esplênica, muitas vezes reativa (1).

O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna de origem endotelial e o baço é o órgão onde se desenvolve de forma primária com maior frequência (4), sendo esta o único tipo de alteração neoplásica identificada nos cães deste estudo, representando 36,8% (7/19) dos diagnósticos obtidos.

Apenas 5,3% (1/19) dos cães apresentaram abscesso esplênico, alteração relativamente rara que pode se desenvolver a partir de bactérias filtradas pelo sistema monocítico fagocitário no baço, mas conseguem se multiplicar no interior do órgão (1).

Dentre as raças dos animais incluídos neste estudo, não foi observada uma predisposição direta, sendo que os Pitt Bulls e SRD (sem raça definida) representaram 15,8% (3/19) cada, seguido das raças Fila Brasileiro, Rottweiller e Pastor Alemão com 10,5% (2/19) cada. As outras raças representaram 5,3% (1/19) cada, dentre elas: Yorkshire, Basset Hound, Weimaraner, Shih Tzu, Labrador, Poodle e Teckel.

Cães considerados adultos, com idade entre um e oito anos, representaram 31,6% (6/19) do total de animais acometidos por alterações esplênicas, e os idosos (acima de oito anos de idade), corresponderam a 63,1% (12/19). Um dos animais não teve a idade informada.

CONCLUSÃODiante dos resultados obtidos, foi possível concluir que o hematoma esplênico foi a alteração não neoplásica mais frequente do total de baços analisados no presente levantamento. O hemangiossarcoma foi o único tipo de neoplasia detectada neste estudo, reforçando os resultados de outros autores de que esta é a neoplasia esplênica mais comumente diagnosticada em cães. Neste estudo não foi constatada influência da raça sobre a frequência de lesões esplênicas, porém a idade avançada dos animais pode ser associada à maior fragilidade e consequente ocorrência de alterações.

REFERÊNCIAS1) MCGAVIN, M.D., ZACHARY, J.F. Bases da Patologia em Veterinária. 4ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1324 p., 2009.2) CAMPOS, S. N. de, MENEZES, R. S., FERREIRA, A. M. R., ALMEIDA, E. C. P. de. Estudo retrospectivo de alterações esplênicas em caninos. XV Encontro Nacional de Patologia Veterinária e I Congresso Brasileiro de Patologia Veterinária; 2011; Goiânia. Goiânia: Patologia Veterinária/EVZ/UFG, 2011.3) NELSON, Richard W.; COUTO, C. Guillermo. Medicina interna de pequenos animais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.4) FERNANDES, S.C.: DE NARDI, A.B. Hemangiossarcoma. In: DALECK, C. R.; DE NARDI, A. B.; RODASKI, S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca, 2010. 612 p.

Estudo retrospectivo: Alterações esplênicas observadas em 19 cães esplenectomizados

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Estudo Retrospectivo das Afecções de Córnea em Gatos – Serviço de Oftalmologia Veterinária HCV/UFRGSMelina Barbbara Bender Macedo – Aluna de graduação, Faculdade de Veterinária da UFRGS.Tanise Carboni da Silva - Aluna de graduação, Faculdade de Veterinária da UFRGS.João Antonio Tadeu Pigatto – Professor Associado, Faculdade de Veterinária da [email protected]

RESUMOA córnea é a porção anterior do globo ocular e tem como função proteger as estruturas oculares internas e permitir que os raios luminosos cheguem na retina. Lesões na córnea podem levar à cegueira por perda da transparência. Objetivou-se, valendo-se de estudo retrospectivo, determinar quais as afecções que acometem a córnea dos felinos. Foram revisadas todas as fichas oftálmicas dos gatos atendidos no Serviço de Oftalmologia Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no período de abril de 2007 a junho de 2016. Do total de 579 gatos atendidos, 303 apresentavam afecções de córnea. O sequestro de córnea foi a doença mais prevalente (28%), afetando principalmente gatos das raças Persa (63%) e Himalaia (21%), seguido por ceratite ulcerativa (19,3%), ceratopatia Florida Spots (17,9%), perfuração ocular (7,7%), simbléfaro (9,5%), leucoma cicatricial (4,8%), úlcera indolente (4,6%), ceratite eosinofílica (3,3%), descemetocele (2,9%), ceratoconjuntivite seca (1,4%), degeneração corneana (0,3%) e neoplasia (0,3%). Concluiu-se, com este estudo, que a afecção de maior prevalência é o sequestro de córnea e que a córnea dos gatos pode ser acometida por diversas afecções.

Palavras-chave: oftalmologia; felinos; persa; herpesvírus.

INTRODUÇÃOA córnea é a porção anterior da túnica fibrosa do olho e tem como função proteger as estruturas oculares internas e permitir que os raios luminosos cheguem na retina (1). Em felinos domésticos, a córnea ocupa cerca de 30% da camada externa do bulbo ocular e apresenta uma forma cônica (2). Qualquer agressão à córnea provoca uma reação, havendo perda de transparência, algum grau de opacificação e até mesmo a perda de visão temporária ou permanente (3).

Algumas doenças oculares acometem mais frequentemente os gatos, como o sequestro de córnea, a ceratoconjuntivite herpética e a ceratite proliferativa eosinofílica. O sequestro de córnea é uma condição caracterizada por uma área necrótica na córnea, de coloração marrom a negra. A região pode variar de 1 mm a quase a totalidade da córnea. A ceratite proliferativa caracteriza-se por uma intensa inflamação eosinofílica e a lesão apresenta-se proliferativa, branca a rosada, irregular e vascularizada. Afecções relacionadas à produção lacrimal comumente vistas em cães, como a ceratoconjuntivite seca, são infrequentes em felinos (4).

Objetivou-se, através de estudo retrospectivo, determinar as afecções que mais acometem a córnea dos gatos.

MATERIAL E MÉTODOSPara definir quais as afecções da córnea têm maior prevalência em gatos, foram verificadas todas as fichas de atendimentos de felinos do Serviço de Oftalmologia Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no período compreendido entre abril de 2007 e junho de 2016.

RESULTADOS E DISCUSSÃODos 579 gatos atendidos no período estudado, 303 foram acometidos por afecções da córnea, sendo estas sequestro de córnea (28%), ceratite ulcerativa(19,3%), ceratopatia Florida Spots (17,9%), perfuração ocular (7,7%), simbléfaro

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(9,5%), leucoma cicatricial (4,8%), úlcera indolente (4,6%), ceratite eosinofílica (3,3%), descemetocele (2,9%), ceratoconjuntivite seca (1,4%), degeneração corneana (0,3%) e neoplasia (0,3%).

O sequestro de córnea é uma desordem comum em gatos, particularmente nas raças Persa e Himalaia como doença estromal primária, caracterizada por necrose do epitélio superficial e do estroma, mas também pode ocorrer após ceratites ulcerativas crônicas, ceratite herpética e até mesmo pela irritação causada por entrópio ou triquíase (4,5). No estudo, 63% dos felinos afetados eram da raça Persa e 21% da raça Himalaia. Úlceras de córnea compreenderam a segunda afecção mais frequente, sendo estas de etiologias variadas e, muitas vezes, indeterminadas. Sabe-se que o herpesvírus é comumente o causador de doenças da superfície ocular em gatos (1,4,6). Em terceiro lugar, a ceratopatia Florida Spots, uma afecção assintomática que se apresenta na forma de opacidades brancas a acinzentadas na córnea que não provocam desconforto ocular (4). A respeito dos casos de descemetocele e perfuração ocular, estavam entre as causas para estas afecções o sequestro de córnea, úlceras de córnea não tratadas e traumas. O simbléfaro, que constitui uma aderência da conjuntiva sobre a córnea, é encontrado como principal consequência da ceratoconjuntivite herpética em gatos jovens (4). Embora incomum em gatos, a ceratoconjuntivite seca é a principal doença lacrimal da espécie e pode estar relacionada com a ceratoconjuntivite herpética crônica, além de outras causas (4). Degeneração corneana e neoplasia de córnea são raras em gatos e corresponderam a 0,6% dos casos.

CONCLUSÃOCom base nos resultados obtidos no presente estudo, foi possível concluir que as afecções da córnea mais prevalentes em gatos são o sequestro de córnea e as úlceras de córnea, doenças de extrema importância diagnóstica, visto que podem levar o paciente a cegueira. Foi possível aferir também que a córnea do felino pode ser acometida por diversas doenças, sendo algumas exclusivas da espécie como o sequestro de córnea e a ceratite eosinofílica. Além disso, concluiu-se que a ceratoconjuntivite seca, doença altamente prevalente em cães, é vista raramente nos felinos.

REFERÊNCIAS1) Peiffer R, Peterson-Jones S. Small Animal Ophthalmology: A problem oriented approach. 4th ed. Philadelphia, USA: Elsevier Limited; 2009.2) Diesem CD. Órgãos dos sentidos do carnívoro e tegumento comum: Órgão da visão. In: Sisson S, Grossman JD, editores. Anatomia dos Animais Domésticos. 5ª ed., Vol. 2. Rio de Janeiro, Brasil: Editora Guanabara Koogan. 1986. p1635-1659.3) Gellat KN, Gellat JP. Veterinary Ophthalmic Surgery. Philadelphia, USA: Elsevier Limited; 2011.4) Stiles J. Feline Ophthalmology. In: Gellat KN, editor. Veterinary Ophthalmology (two volume set), 5th ed. Wiley-Blackwell; 2013. p 1477-1559.5) Barachetti L, Giudice C, Mortellaro CM. Amniotic membrane transplantation for the treatment of feline corneal sequestrum: a pilot study. Veterinary Ophthalmology 2010; 13, 5:326-330. 6) Thomasy SM, Maggs DJ. A review of antiviral drugs and other compounds with activity against feline herpesvirus type 1. Veterinary Ophthalmology 2016; 19:119-130.

Estudo Retrospectivo das Afecções de Córnea em Gatos – Serviço de Oftalmologia Veterinária HCV/UFRGS

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Evolução Clínica de Fibrossarcoma Cutâneo Altamente Recidivante e Metastático em Cadela Golden Retriever Taiane Portella Canals - Graduanda em Medicina Veterinária – UFPel – [email protected] Betina Miritz Keidann - Graduanda em Medicina Veterinária – UFPel Thomas Normanton Guim - Dr. – Hospital de Clinicas Veterinária – UFPel

RESUMO Os fibrossarcomas cutâneos são neoplasmas malignos caracterizados por baixa taxa de metástase e alta infiltração local. Relata-se um caso de um canino que apresentava uma massa localizada em região cervical, ulcerada e aderida à musculatura adjacente e conduto auditivo, que apresentou múltiplas recidivas e metástase pulmonar após terapia cirúrgica e quimioterapia metronômica. O fibrossarcoma foi classificado histologicamente como grau II. As metástases pulmonares foram identificadas por exame radiográfico e posteriormente por histopatologia através da necropsia. O tempo total de sobrevida foi de 210 dias após o diagnóstico e a eutanásia foi realizada por questões éticas, pois apresentava angústia respiratória severa. O tamanho, a localização, a invasividade para tecidos adjacentes e o grau histológico são fatores determinantes para o sucesso da terapia e prognóstico dos fibrossarcomas. O exame histopatológico é fundamental no diagnóstico, planejamento terapêutico e prognóstico da doença. A ressecção incompleta propicia aumento das chances de recidivas e metástases.

Palavras-chave: tumores cutâneos; sarcoma de tecido mole; canino.

INTRODUÇÃO A pele e o tecido subcutâneo são os tecidos mais predispostos às transformações neoplásicas e compreendem um terço de todas as neoplasias encontradas na espécie canina. O fibrossarcoma é uma neoplasia maligna que se origina dos fibroblastos dérmicos ou subcutâneos e pode ocorrer em qualquer parte do corpo, principalmente na cabeça e nos membros. Não existe predisposição sexual, acomete geralmente cães idosos e as raças mais predispostas são o Doberman e o Golden Retriever (1). São caracterizados por baixa taxa de metástase e alta infiltração local, que pode levar a recorrência local (2).

O objetivo deste trabalho é relatar a evolução clínica de uma cadela portadora de fibrossarcoma subcutâneo com comportamento biológico altamente agressivo, descrevendo os aspectos diagnósticos, terapêuticos e patológicos da doença.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da UFPel um canino, fêmea, 9 anos, da raça Golden Retriever, com histórico de tumor na região da base da orelha há quatro meses. Para o diagnóstico e estadiamento foram realizados exames físico, hematológico, bioquímico, radiografias torácicas e ultrassom abdominal, citologia aspirativa com agulha fina (CAAF) e histopatológico. A terapia instituída foi a cirurgia associada com quimioterapia metronômica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao exame físico, foi identificada uma massa subcutânea de consistência firme, dolorida, medindo 13 centímetros de diâmetro, ulcerada e aderida à musculatura cervical, próximo ao conduto auditivo médio. CAAF foi realizada e foi observada baixa celularidade, porém havia população de células mesenquimais com características de malignidade sugerindo sarcoma de tecido mole (STM). Embora a CAAF seja método de triagem em pacientes portadores de nódulos cutâneos, ela pode não ser conclusiva (STM), porém ela sempre está indicada no sentido de indicar se a

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lesão é um processo neoplásico e para diferenciação de outros tumores cutâneos (2). Hemograma e testes de função renal e hepática não apresentaram alterações. Os exames de imagem também não indicaram evidências de lesões metastáticas.

A biopsia incisional é o método de eleição para o diagnóstico nos casos de STM antes que se proceda a exérese cirúrgica definitiva (2), no entanto, no presente caso, esta abordagem não foi possível, pois o tumor apresentava rápido crescimento e extensas áreas de hemorragia, necrose e inflamação, fatores que dificultariam a exérese do neoplasma caso fosse adiado o procedimento e poderiam prolongar o diagnóstico definitivo devido à colheita de material não representativo, respectivamente.

A cirurgia é o tratamento de eleição do fibrossarcoma, considerando essencial ampla margem cirúrgica (1). No presente caso não foi possível obter-se ampla margem cirúrgica, principalmente devido ao tamanho e localização do neoplasma e pelo seu comportamento agressivo, uma vez que já apresentava invasão às fibras musculares cervicais e ao conduto auditivo médio. Esses fatores associados ao tipo e graduação histológica, contribuíram para o aparecimento das recidivas frequentes e metástases.

Para histopatologia foram realizadas colorações de hematoxilina-eosina e tricrômico de Masson, que permitiu caracterizar o neoplasma como sendo de origem fibroblástica. Microscopicamente foi observado uma massa delimitada porém invasiva, com presença de células alongadas com núcleos fusiformes pleomórficos em meio à matriz fibrilar eosinofílica densa. As células arranjavam-se em grandes redemoinhos ou feixes paralelos e desencontrados. Segundo Sistema de graduação dos STMs (2), o neoplasma foi classificado como grau II.

Duas semanas após o procedimento cirúrgico o animal encontrava-se bem disposto e sem evidências de recidiva. Embora a eficácia da quimioterapia para STMs não esteja comprovada, esta modalidade tem sido utilizada em cães portadores de sarcomas de grau III ou na presença de doença metastática. No presente caso, em detrimento da impossibilidade de remoção do neoplasma com ampla margem cirúrgica, foi instituída a quimioterapia metronômica (QM) com ciclofosfamida (10mg/m2) por via oral, diariamente e uso contínuo. A QM é indicada no controle de neoplasias metastáticas ou recidivantes impossíveis de ressecção completa, em pacientes muito debilitados ou cujos proprietários rejeitam a quimioterapia convencional (3).

Alguns estudos citam a QM como uma opção viável e com bons resultados no controle local, no entanto o paciente do presente relato, embora não tenha apresentado efeitos adversos, apresentou três episódios subsequentes de recidiva do neoplasma, sendo o penúltimo acompanhado de metástase pulmonar e no último foi realizada a eutanásia. Os períodos de recidiva foram de 70, 115 e 190 dias após o procedimento cirúrgico inicial. O tratamento da recidiva é geralmente mais difícil do que tumores primários, pois é possível que a neoplasia se torne cada vez mais agressiva com as tentativas subsequentes, resultando em maiores taxas de morbidade (2). O tempo total de sobrevida foi de 210 dias após o diagnóstico e a eutanásia foi realizada por questões éticas, pois apresentava angústia respiratória severa em decorrência de metástase pulmonar. Na necropsia foi observado múltiplos nódulos ocupando cerca de dois terços do parênquima pulmonar, que foi histologicamente compatível com metástase de fibrossarcoma.

CONCLUSÃO O tamanho, a localização, a invasividade para tecidos adjacentes e o grau histológico são fatores determinantes para o sucesso da terapia e prognóstico dos fibrossarcomas. O exame histopatológico é fundamental no diagnóstico, planejamento terapêutico e prognóstico da doença. A ressecção incompleta propicia aumento das chances de recidivas e metástases.

REFERÊNCIAS 1) Vail DM, Withrow SJ. Tumors of the skin and subcutaneous tissues. In: Withrow, SJ, Macewen EG. Small animal clinical oncology. 4th ed., Missouri: Saunders; 2007.p.233-60. 2) Jark PC, Filho NPR, Ferreira MGPA, Ramos CS, Pascoli ALCR. Sarcomas de tecidos moles cutâneos e subcutâneos em cães. In: Daleck CR, De Nardi AB. Oncologia em cães e gatos. 2a ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016.p.517-29. 3) Rodigheri SM, De Nardi AB. Quimioterapia metronômica em cães e gatos-revisão de literatura Clínica Veterinária 2013; n.105:40-48.

Evolução Clínica de Fibrossarcoma Cutâneo Altamente Recidivante e Metastático em Cadela Golden Retriever

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Expressão do Colágeno em Úlceras Cutâneas de Ratos Wistar Tratadas com Óleo-resina de Copaíba (Copaifera langsdorfii)Lorena Oliveira da Silva – Discente da graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Acre, [email protected] Couto Barquete – Mestre em Ciência Animal, Universidade Federal do Acre.Ariel de Aguiar - Discente da graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Acre.Aline de Marco Viott – Professora Doutora da Universidade Federal do Paraná.Tatiane Caleffo – Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina.

RESUMOA cicatrização de feridas é um procedimento comum na prática veterinária, e seu sucesso depende do protocolo terapêutico empregado e das condições do paciente. Com o objetivo de avaliar a eficácia da administração tópica de óleo-resina de copaíba (Copaifera langsdorfii) na expressão de colágeno em de feridas cutâneas de ratos Wistar (Rattus novergicus) confeccionaram-se feridas de oito milímetros, através de punch de biopsia, na região dorsal desses animais. Essas foram tratadas individualmente com os seguintes protocolos: grupo controle negativo, com solução fisiológica (T1); grupo controle positivo, com vaselina sólida (T2) e grupo do óleo-resina de Copaíba (T3), durante 14 dias. Através da histopatologia do tecido lesado avaliou-se a quantidade e tipo de colágeno presente no tecido, com o uso da coloração de Picrosirius Red. Os dados foram submetidos teste Kruskal-Wallis. O tratamento com óleo-resina de copaíba apresentou aos 14 dias de experimento uma maior expressão de colágeno tipo III, quando comparado ao grupo controle negativo. Conclui-se, portanto, que a copaíba quando utilizada isoladamente no tratamento de feridas cutâneas é capaz de promover a expressão do colágeno no tecido.

Palavras-chave: Cicatrização de feridas; Fitoterápicos; Picrosirius Red.

INTRODUÇÃOA cicatrização de feridas é um processo dinâmico, que envolve a coordenação precisa de vias: fisiológica; imunológica e celular (1). Esses eventos são iniciados logo após a injúria e podem se estender por meses, logo, o objetivo do tratamento das feridas é a redução do tempo envolvido no processo, além de buscar evitar consequências como as cicatrizes (2).

Além dos métodos tradicionalmente utilizados na cicatrização de feridas, novas alternativas vêm sendo desenvolvidas, com o objetivo de melhorar os resultados obtidos nesses protocolos, como o emprego de fitoterápicos, que além de incentivo a comunidades tradicionais, ganha destaque devido a biodiversidade amazônica. Nesse contexto, a Copaíba (Copaifera spp.) conhecida como fitoterápico cicatrizante, em virtude de suas propriedades adstringentes e anti-inflamatórias merece ser analisada como alternativa viável dentro dos protocolos de terapêuticos com essa finalidade (3).

Portanto, busca-se estudar os efeitos da copaíba em feridas cutâneas induzidas cirurgicamente em ratos da linhagem Wistar.

MATERIAL E MÉTODOSForam utilizados 15 ratos Wistar (Rattus norvergicus), distribuídos em três grupos com cinco animais cada, submetidos a procedimento cirúrgico para a confecção de três feridas, com o auxílio de punch de biopsia cutânea. O tratamento se iniciou logo após do procedimento cirúrgico, e seguiu o seguinte protocolo: grupo controle negativo, com solução fisiológica a 0,9% (T1); grupo controle positivo, com vaselina sólida (T2) e grupo do óleo-resina de Copaíba estrito (T3). A aplicação de cada tratamento, foi homogênea em todos os animais, desde o dia do procedimento cirúrgico (D0), até o final do estudo (D14).

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Os fragmentos cutâneos foram analisados histopatologicamente na coloração de Picrosirius Red, para a quantificação e caracterização do colágeno. Nas análises de Picrosirius Red, a expressão de cada tipo de colágeno foi descrita a partir de sua porcentagem no tecido, sendo o colágeno tipo I visto como vermelho, e o colágeno tipo III como verde, ambos sob luz polarizada.

A análise estatística utilizada foi realizada de maneira não paramétrica, com os efeitos dos tratamentos comparados através do teste de Kruskal-Wallis (P>0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃOA quantificação do colágeno presente nos cortes histológicos revelou aos 14 dias de experimento, de acordo com a Tabela 1, que as feridas tratadas somente com a administração tópica de óleo-resina de copaíba (T3) apresentaram uma maior expressão de colágeno tipo III, quando comparadas ao grupo controle negativo (T1). Esses resultados condizem com o experimento de Silva et al. (5), no qual o protocolo terapêutico com o uso de copaíba possuiu fibras colágenas de maior espessura, e melhor organizadas. Embora não tão evidentes quanto os resultados de Masson-Meyers et al. (1), nos quais observou-se diferença na síntese de colágeno, através do ensaio de hidroxiprolina, com melhores resultados para as feridas tratadas com copaíba, também pode ser observada uma tendência para maior expressão dessas moléculas, nos tratamentos que incluíam fitoterapia.

Tabela 1 – Quantificação dos colágenos tipo I (I) e tipo III (III) das feridas cutâneas induzidas cirurgicamente, através de punch de biópsia de 8mm, em ratos Wistar e tratadas com grupo, com solução fisiológica a 0,9% (T1); vaselina sólida (T2) e óleo-resina de Copaíba (T3); de animais pertencentes ao grupo 3, ou seja, coletadas no último dia de tratamento.

I (%) II (%)T1 25 (15-57,5) a 10 (7,5-15) aT2 20 (10-52,5) a 25 (15-32,5) abT3 20 (12,5-22,5) a 35 (17,5-42,5) b

Legenda: a partir das porcentagens de colágeno tipo I (%) e tipo III (%) de cada ferida foram calculadas as medianas dos tratamentos, posteriormente submetidos ao teste de Kruskal-Wallis, em que letras iguais não possuem diferença significativa.

CONCLUSÕESO Tratamento com copaíba favoreceu a expressão do colágeno tipo III no tecido, portanto, a copaíba pode ser usada como fitoterápico cicatrizante, valorizando a biodiversidade amazônica.

REFERÊNCIAS1) Masson-Meyers D, Enwemeka CS, Bumah V, Andrade T, Frade MA. Topical Treatment with Copaifera langsdorffii oleoresin improves wound healing in rats. International Journal of Phytomedicine. 2013; 5(3): 378-386.2) Adiele LC, Adiele RC, Enye JC. Wound healing effect of methanolic leaf extract of Napoleona vogelii (Family: Lecythidaceae) in rats. Asian Pacific Journal of Tropical Medicine. 2014; 7(8): 620-624. 3) Santos MRA, Lima MR, Oliveira CLLG. Medicinal plants used in Rondônia, Western Amazon, Brazil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. 2014; 16(3): 707-720.4) Vieira RC, Bombardiere E, Oliveira JJ, Lino-Júnior RS, Brito LAB, Junqueira-Kipnis AP. Influência do óleo de Copaifera langsdorffii no reparo de ferida cirúrgica em presença de corpo estranho. Pesquisa Veterinária Brasileira. 2008; 28(8): 358-366.5) Silva MA, Pereira AC, Marin MCC, Salgado MAC. The influence of topic and systemic administration of copaiba oil on the alveolar wound healing after tooth extraction in rats. Journal of Clinical and Experimental Dentistry. 2013; 5(4): 169-173.

Expressão do Colágeno em Úlceras Cutâneas de Ratos Wistar Tratadas com Óleo-resina de Copaíba (Copaifera langsdorfii)

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Felinos paraplégicos e perfil de seus tutores: estudo retrospectivo de 15 casos Jéssica Rodrigues Orlandin* - Mestrando em Biociência Animal1 Ingrid da Silva Gomes - Mestrando em Biociência Animal1

Shamira de Fátima Sallum Leandro - Graduanda em Medicina Veterinária1

Carlos Eduardo Ambrósio - Professor Associado1

1Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo *Correspondências: [email protected]

RESUMO Traumas são a segunda maior causa de morte em gatos, perdendo apenas para envenenamentos. No presente trabalho, 15 tutores de gatos paraplégicos responderam um questionário online. A causa de maior prevalência da paraplegia foi maus tratos (40%). A média de idade foi de 1 ano e 7 meses. Em média, os animais fazem/fizeram tratamento durante 11 meses, sendo que 26,7% só utilizou medicação antiinflamatória e analgésica, enquanto dentre os demais, 27,3% foram submetidos à cirurgia, 72,7% fizeram acupuntura, 45,5% fisioterapia, 9% terapia celular e 9% outros. Entretanto, 33,3% dos tutores não observaram melhora. As doenças concomitantes mais predominantes foram constipação e retenção urinária (53,5%), e cistites recorrentes (40%), seguidas de escaras (33,3%), incontinência fecal e urinária (26,7%), dermatite de contato na região da fralda (6,7%) e necrose de cauda (6,7%). 40% dos tutores cogitaram ou foram instruídos a realizar a eutanásia, sendo que 16,7% optaram pelo procedimento. Apesar da paraplegia, 93,3% dos tutores consideram que seus animais apresentam boa qualidade de vida.

Palavras-chave: paraplegia; gatos; maus-tratos; crueldade animal; bem-estar animal.

INTRODUÇÃO Gatos foram domesticados há aproximadamente 5.000 anos atrás, provavelmente para controle de roedores, mas desde os primórdios da sociedade, já eram associados à rituais religiosos (1,2).

De acordo com um estudo retrospectivo realizado em um Hospital Veterinário da Filadélfia, 32% dos gatos paraplégicos eram acometidos por doenças inflamatórias ou infecciosas, sendo a peritonite infecciosa felina, a principal causa. 25% eram causadas por neoplasias e apenas 14% tinha origem traumática (3). No Brasil, dentre os achados não acidentais em necropsias em gatos domésticos, 75,39% são por envenenamento, seguidos de 21,99% de lesões traumáticas (4).

No Brasil, as práticas de abusos e maus tratos à animais são classificadas como crime contra o meio ambiente, de acordo com o Artigo 32, da Lei Federal 9605/88, passível de detenção de três meses à um ano, e multa. Entretanto, felinos domésticos ainda são alvos de agressões e envenenamentos devido aos seus hábitos exploratórios (4–6). Não há prevalência de sexo, mas animais jovens são os mais acometidos (6).

No presente estudo, solicitamos a tutores de gatos paraplégicos que respondessem um questionário online. Consideramos de extrema importância traçar o perfil destes animais e seus tutores para que sejam adotadas práticas de prevenção e providências legais cabíveis.

MATERIAL E MÉTODOS Foi solicitado, através de redes sociais, que tutores de gatos paraplégicos respondessem um questionário que continha questões como: sexo do animal; raça; castração; idade e tempo de paraplegia; estado corpóreo; causa da paraplegia; tratamentos; enfermidades concomitantes; qualidade de vida; eutanásia. Também foi reservado um espaço para comentários adicionais. Os dados foram avaliados através de média aritmética básica.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO 15 tutores responderam o questionário, perfazendo 8 eram fêmeas (37,5% castradas) e 7 machos (14,3% castrados). Nenhum animal possui raça definida. Os gatos tinham entre 1 dia de vida e 5 anos (média de 1 ano e 7 meses), estando 46,7% sem movimentos voluntários dos membros posteriores há mais de 1 ano.

Quanto às causas, a maior parte dos casos foi devido à maus tratos (40%), seguido de atropelamentos (26,6%), mordeduras e brigas com outros animais (13,3%). Os demais gatos são paraplégicos devido à queda (6,7%), má formação congênita (6,7%) e causas infecciosas (6,7%).

Quanto aos tratamentos, 26,7% dos animais utilizaram apenas medicação antiinflamatória e analgésica. Dentre os demais gatos, 27,3% foram submetidos à procedimento cirúrgico, 72,7% fizeram acupuntura, 45,5% fisioterapia, 9% células-tronco e 9% fitoterapia e homeopatia. Em média, os animais fizeram ou estão fazendo

tratamento há 11 meses, e 33,3% dos tutores relaram não haver melhora alguma. 40% dos animais usou cadeira de rodas, sendo que destes, 66,7% não de adaptaram ao equipamento.

93,3% dos animais apresentou alguma enfermidade concomitante, como constipação e retenção urinária (53,3%), cistites recorrentes (40%), escaras (33,3%), incontinência urinária e fecal (26,7%), dermatite de contato na região da fralda (6,7%), e necrose da cauda (6,7%).

40% dos tutores cogitaram ou foram instruídos a realizar a eutanásia em seus animais, inclusive por profissionais, sendo que 16,7% optaram por este procedimento. Apesar disso, 93,3% dos tutores consideram seus animais felizes e ativos.

CONCLUSÃO Concluímos que a maior parte dos felinos não apresentam movimentos voluntários dos membros posteriores devido à maus-tratos, e apresentam também outras enfermidades concomitantes. Os tratamentos resultaram em melhora para a maioria dos gatos, e o mais utilizado foi a acupuntura. A maioria dos felinos não se adaptou à cadeira de rodas. Apesar da paraplegia, a maioria dos tutores acredita que seus animais apresentam boa qualidade de vida.

REFERÊNCIAS 1) Bradshaw JWS, Casey R, Brown S. The Behaviour of the Domestic Cat. 2nd ed. Oxford: CABI; 2012. 2) Sinclair L, Lockwood R. Cruelty Toward Cats. In: J.R. August , editor. Consultations in Feline Internal Medicine, 5h ed. Philadelphia: Elsevier Inc; 2005. p. 693–9. 3) Marioni-Henry K, Vite CH, Newton AiL, Winkle TJ. Prevalence of Diseases of the Spinal Cord of Cats. J Vet Intern Med. 2004;18(6):851–8. 4) de Siqueira A, Cassiano FC, Landi MF de A, Marlet EF, Maiorka PC. Non-accidental injuries found in necropsies of domestic cats: a review of 191 cases. J Feline Med Surg. 2012;14(10):723–8. 5) de Siqueira A, Salvagni FA, Yoshida AS, Gonçalves-Junior V, Calefi AS, Fukushima AR, Spinosa HS, Maiorka PC. Poisoning of cats and dogs by the carbamate pesticides aldicarb and carbofuran. Res Vet Sci. 2015;102:142–9. 6) Marlet E, Maiorka P. Retrospective analyzes of cruelty toward dogs and cats in the city of São Paulo. Brazilian J Vet Res Anim Sci. 2010;47(5):385–94.

Felinos paraplégicos e perfil de seus tutores: estudo retrospectivo de 15 casos

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Ferida Crônica em Gato por Co-infecção de Micobacterium Spp. e Pseudomonas Spp.Elissandra da Silveira - M.V., Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RSSilvana Bellini Vidor - M.V., MSc, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RSFernanda Vieira Amorim da Costa - M.V., Dra. Professora Adjunta III, Setor de Medicina Felina, Departamento de Medi-cina Animal, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS; E-mail: [email protected]

RESUMOA forma cutânea da infecção por Mycobacterium spp. caracteriza-se por nódulos dérmicos ou feridas não cicatrizantes exsudativas, associadas a linfadenopatia. Co-infecção é a infecção simultânea de um hospedeiro por dois ou mais patógenos, sendo que algumas co-infecções do Mycobacterium spp. com patógenos diversos já são reconhecidas. O presente relato descreve um caso de co-infecção de Mycobacterium spp. com Pseudomonas spp. em uma ferida crônica de um gato. O diagnóstico de infecção por Mycobacterium spp. foi realizado através de coloração de Zihel Neelsen durante análise histopatológica de biópsia de pele e do isolamento primário da bactéria em cultura. A mesma biópsia apresentou crescimento de bactérias do gênero Pseudomonas spp. com perfil de resistência a Ampicilina, Doxiciclina e Tetraciclina. A conduta inicial de antibioticoterapia com Doxiciclina foi alterada para Claritromicina e Marbofloxacina, contudo o gato foi a óbito por sepse. A necropsia revelou hepatite infecciosa por Pseudomonas spp. com mesmo perfil de resistência da isolada anteriormente na pele. Dessa forma, conclui-se que há a necessidade de mais estudos sobre co-infecções de Mycobacterium spp. com outros patógenos, para um melhor planejamento do tratamento antimicrobiano de feridas crônicas em gatos.

Palavras-chave: linfadenopatia, micobacteriose, infecção, dermatopatia infecciosa.

INTRODUÇÃOOs casos de infecção por Mycobacterium spp. em felinos geralmente são subclínicos, em gatos adultos, com acometimento do sistema respiratório, digestório ou da pele de forma localizada (1). A forma cutânea é caracterizada por nódulos dérmicos ou feridas não cicatrizantes exsudativas, associadas a linfadenopatia local ou generalizada. A distribuição mais comum é na face, pescoço, ombros, membros torácicos e, menos frequentemente, no tórax ventral e na base da cauda. A infecção pode ocorrer por mordedura infectada, disseminação local ou hematógena na pele, ou contaminação ambiental, quando há exposição prolongada a bovinos, seres humanos ou aves infectadas (1). No Reino Unido, a maioria dos casos de doença micobacteriana felina é de natureza cutânea e apresenta-se como nódulos, áreas de drenagem, ulcerações e locais de infecção de origem local, geralmente por M. fortuitum, M. avium e M. intracellulare complex (2).

Co-infecção é a infecção simultânea de um hospedeiro por dois ou mais patógenos, sejam eles bactérias, fungos, protozoários, helmintos ou artrópodes. A co-infecção cria um ambiente de competição que regula as populações de patógenos, quer protegendo o hospedeiro, nos casos de imunidade cruzada, quer aumentando o risco de infecção. Assim, as infecções concomitantes frequentemente exacerbam os efeitos de infecções isoladas (3but little is known about their effects in other non-human hosts. This work aims to investigate the relationship between Mycobacterium bovis infection and other pathogens in wild boar (Sus scrofa), mas podem também enfraquecê-las (4). Os patógenos mais conhecidos de co-infecção com o Mycobacterium spp. são: o vírus HIV, algumas espécies de helmintos em seres humanos, o Circovírus suíno tipo 2 em javalis selvagens e espécies de nematódeos em búfalos africanos (3but little is known about their effects in other non-human hosts. This work aims to investigate the relationship between Mycobacterium bovis infection and other pathogens in wild boar (Sus scrofa). O presente relato pretende apresentar um caso de co-infecção de Mycobacterium spp. com Pseudomonas spp. em ferida crônica de um gato.

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MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Hospital de Clinicas Veterinárias da UFRGS, um felino, macho, castrado, 6 anos, SRD, FIV/FeLV negativo, com ferida crônica na região medial do membro pélvico esquerdo há um ano. O gato era tratado com amoxicilina com ácido clavulânico há 4 meses. Anteriormente, haviam sido realizadas duas cirurgias reconstrutivas, sempre com ocorrência de deiscência de sutura em aproximadamente sete dias de pós-cirúrgico. A única alteração do exame clínico geral era linfadenopatia do linfonodo poplíteo e inguinal ipsilateral à ferida. Realizou-se biópsia incisional de pele, incluindo camadas profundas de tecido subcutâneo e muscular para cultura fúngica, bacteriana e histopatologia. Na histopatologia, a coloração com Zihel Neelsen revelou a existência de bacilos álcool-ácido resistentes. No exame bacteriológico, foram isoladas colônias de bactérias do gênero Pseudomonas spp. A ferida, muito exsudativa, era lavada a cada oito horas com solução de Ringer´s com lactado e solução aquosa de clorexidine 0,12%. O curativo era realizado com uma camada primária de triglicerídeos de cadeia média e glicerina sólida, uma camada de gaze estéril e outra de atadura elástica. Foi iniciada a terapia antimicrobiana empírica com Doxiciclina (10 mg/Kg, SID, VO), e a analgesia com metadona (0,2 mg/Kg, QID, SC) e dipirona sódica (25 mg/Kg, BID, VO). Sete dias após a colheita da biópsia, o teste de sensibilidade a antimicrobianos das colônias de Pseudomonas spp. apresentou um perfil de sensibilidade para Estreptomicina, Neomicina e Norfloxacina, e de resistência para Ampicilina, Doxiciclina e Tetraciclina. Foi então alterada a conduta antimicrobiana para Claritromicina (125 mg/gato, BID, VO) e Marbofloxacina (6,875 mg/gato, BID, VO). Após 10 dias de tratamento, o paciente apresentou-se em sepse, e foi mantido com tratamento intensivo durante três dias, vindo a óbito após esse período.

RESULTADOSNa necropsia, observaram-se nódulos hemorrágicos no fígado, e a pele com dermatite piogranulomatosa associada à presença de bactérias, porém sem evidências de bacilos álcool-ácidos resistentes na coloração de Zihel Neelsen. Após cerca de 60 dias de isolamento primário das biopsias de pele coletadas da ferida in vivo, colônias com padrões de crescimento semelhantes a Mycobacterium spp. foram detectadas e coradas com a técnica de Zihel Neelsen, revelando bacilos álcool-ácido resistentes. Tanto na pele, quanto no fígado, houve isolamento post mortem de Pseudomonas spp. com mesmo perfil de sensibilidade e resistência encontrados anteriormente na ferida, o que permite supor a ocorrência de invasão sistêmica da bactéria por via hematógena e sepse.

DISCUSSÃOÉ possível que a infecção por Mycobacterium spp. tenha favorecido a colonização da ferida por Pseudomonas spp. (3but little is known about their effects in other non-human hosts. This work aims to investigate the relationship between Mycobacterium bovis infection and other pathogens in wild boar (Sus scrofa), mantendo a homeostase da ferida por um longo período. Ao realizar a antibioticoterapia empírica com Doxiciclina, mesmo essa sendo indicada como uma opção para infecções cutâneas (5), pode-se ter alterado essa homeostase e favorecido a disseminação de Pseudomonas spp. Nessa ocasião, ainda não havia a informação sobre a resistência desta bactéria à Doxiciclina. Em estudo recente, foi demonstrado que, em casos de co-infecção do Mycobacterium spp. com P. aeruginosa, o Mycobacterium spp. apresenta vantagem competitiva e pode inibir a multiplicação da P. aeruginosa, pois é capaz de degradar algumas de suas moléculas sinalizadoras (3but little is known about their effects in other non-human hosts. This work aims to investigate the relationship between Mycobacterium bovis infection and other pathogens in wild boar (Sus scrofa). Assim, ao suprimir o Mycobacterium do organismo, pode-se ter retirado a concorrência e favorecido a multiplicação da Pseudomonas spp. Por esse motivo, a antibioticoterapia deveria ter sido instituída após se conhecer também o perfil de sensibilidade da Pseudomonas spp.

CONCLUSÃOHá a necessidade de estudos sobre co-infecções do Mycobacterium spp. com outros patógenos em gatos, com o objetivo de entender melhor a sua fisiopatogenia e alertar os médicos veterinários para que possam considerar um melhor planejamento do tratamento antimicrobiano ao tratar feridas crônicas em gatos.

Ferida Crônica em Gato por Co-infecção de Micobacterium Spp. e Pseudomonas Spp.

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REFERÊNCIAS1) Gunn-moore D, Shaw S. Mycobacterial disease in the cat. In Pract. 1997;19:493–501. 2) Gunn-Moore D. Mycobacterial infections in cats and dogs. In: Ettinger S, Feldman E, editors. Textbook of veterinary internal medicine. 7th ed. Philadelphia, EUA; 2010. p. 875. 3) Risco D, Serrano E, Fernández-Llario P, Cuesta JM, Gonçalves P, Garcia-Jiménez WL, et al. Severity of bovine tuberculosis is associated with co-infection with common pathogens in wild boar. PLoS One. 2014;9(10). 4) Birmes FS, Wolf T, Kohl TA, Rüger K, Bange F, Kalinowski J, et al. Mycobacterium abscessus subsp. abscessus Is Capable of Degrading Pseudomonas aeruginosa Quinolone Signals. Front Microbiol. 2017;8(March):1–10. 5) Gunn-Moore DA. Feline mycobacterial infections. Vet J. v.2, n.201, p. 230–8, 2014.

Ferida Crônica em Gato por Co-infecção de Micobacterium Spp. e Pseudomonas Spp.

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Fibrilação Atrial Associada a Cardiomiopatia Dilatada em um Dálmata - Relato de CasoThamires Rodrigues Cavalheiro – Discente Universidade do Oeste Paulista UNOESTEGiovana José Garcia Estanho – Aprimoranda Universidade do Oeste Paulista UNOESTEYudney Pereira da Motta – Docente Doutor Universidade do Oeste Paulista UNOESTEE-mail: [email protected]

RESUMOA fibrilação atrial (FA) é uma arritmia supraventricular, que ocorre geralmente decorrente de cardiomiopatias, sendo a Cardiomiopatia Dilatada uma das principais afecções que levam a esta alteração. O objetivo deste estudo foi relatar um paciente canino, macho, da raça Dálmata, com 13 anos, 32kg, atendido no Hospital Veterinário da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), que foi diagnosticado através do exame Ecocardiográfico com Cardiomiopatia Dilatada, e, durante a realização do exame eletrocardiográfico em repouso, observou-se fibrilação atrial (FA) com frequência de 250 bpm. Após ser instituído o tratamento com diltiazem e amiodarona, a frequência ficou em 160 bpm. Concluindo que a terapia instituída conseguiu o seu objetivo no caso relatado.

Palavras-chaves: taquicardia supraventricular; cardiopatia; cães; arritmia

INTRODUÇÃOA Fibrilação Atrial (FA) é uma arritmia supraventricular sustentada que ocorre principalmente em cães, caracterizada por inúmeros impulsos atriais desordenados, na qual as fibras atriais se contraem independentemente e a sístole e a diástole não ocorrem mais. Geralmente está associada a um aumento do átrio em decorrência de outras doenças cardiovasculares, principalmente a cardiomiopatia dilatada e a endocardiose de válvula mitral (1), sendo que a cardiomiopatia dilatada (CMD) caracteriza-se por uma redução progressiva da contratilidade miocárdica, que determina uma disfunção sistólica, a qual se encontra equilibrada pelos sistemas compensatórios do organismo (2).

O trabalho objetiva demonstrar a importância da fibrilação atrial, causada pela cardiomiopatia dilatada, onde o diagnóstico através da anamnese, do eletrocardiograma e do ecocardiograma pode ser confirmado.

RELATO DE CASOFoi atendido no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais, do Hospital Veterinário da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), um animal da espécie canina, macho, da raça dálmata, 13 anos, pesando 32kg, não castrado e vacinado, com histórico de tosse seca, apatia, letargia, cansaço, dispneia em repouso e após exercícios e episódio de síncope após atividade física, sopro sistólico grau V/VI em foco de auscultação de valva mitral e IV/VI de foco de tricúspide.

Na radiografia do tórax foi visibilizado presença de alteração em forma e tamanho da silhueta cardíaca evidente em ambos os ventrículos, deslocamento dorsal da traqueia em toda a sua extensão e achados de edema pulmonar e de efusão pleural. O eletrocardiografia (ECG) constatou fibrilação atrial, presença de extrassístoles e frequência cardíaca em 250 bpm, com o ecocardiograma diagnosticou a Cardiomiopatia Dilatada com importante regurgitação e hipertensão arterial pulmonar moderada.

Com o diagnóstico, foi prescrito o tratamento para a insuficiência cardíaca esquerda e hipertensão arterial pulmonar com o uso de inibidor da ECA (Benazepril 0,5mg/kg BID), diurético (Furosemida 2mg/kg - TID) e vasodilatador arterial pulmonar (Sildenafil 1,5 mg/kg BID). Foi iniciado o uso de antiarrítmico (Amiodarona 10 mg/kg – SID) e após 5 dias foi realizado um novo ecg em repouso, onde não apresentava mais extrassístoles, mas a frequência cardíaca se manteve acima dos 200 bpm. Foi introduzido ao tratamento o digitálico (digoxicina 0,22mg/m2 BID) e após uma semana, no retorno, o paciente apresentava uma frequência cardíaca entre 140 e 160 bpm, então o uso da digoxina foi suspendido e prescrito o antiarrítmico (Diltiazem 0,5 m/kg TID). Nos resultados dos novos exames, a

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frequência cardíaca manteve-se ao redor de 160 bpm, apesar do animal apresentar algumas extrassístoles, porém com menor frequência.

DISCUSSÃO Cães com fibrilação e taquicardia atrial podem apresentar frequências cardíacas superiores a 200 bpm e podem se encontrar em IC aguda descompensada (3). Um dos objetivos no tratamento da FA então, é de reduzir a frequência cardíaca (animais em repouso) para menos de 150-160 bpm. A digoxina é um dos fármacos de escolha, devido as suas propriedades inotrópicas positivas leves (4) ou, ainda, pode ser utilizado o diltiazem. Estudos ainda indicam que pacientes com FA na fase de insuficiência cardíaca têm uma tendência significativamente maior a se converterem espontaneamente ao ritmo sinusal durante a terapia com amiodarona crônica (5).

Cães com cardiomiopatia dilatada normalmente se encontram em estados de ICC moderada a grave. O objetivo do tratamento consiste na redução da formação do edema pulmonar sendo que uma das drogas efetivas nesse caso, é a furosemida (3). O enalapril também foi utilizado, sendo um inibidor da ECA e resulta em melhora clínica nos cães com insuficiência cardíaca causada por regurgitação de mitral ou miocardiopatia dilata (6).

Para a hipertensão arterial pulmonar foi utilizado o sildenafil, que é um vasodilatador pulmonar. Literaturas apontam que ele pode promover a queda da resistência vascular pulmonar, com consequente melhora na oxigenação (7).

CONCLUSÃOPode-se dizer então, que a terapêutica empregada é apropriada para o caso, e que o uso desses medicamentos antiarrítmicos é válido para o tratamento de cães com FA secundária a Cardiomiopatia Dilatada, já que atinge o objetivo principal que é diminuir a frequência cardíaca e propiciar melhor qualidade de vida ao animal.

REFERÊNCIAS1) Meireles LS. Fibrilação atrial em cães [monografia online]. Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre; 2013. Disponível em: URL: http://hdl.handle.net/10183/81295. 2) Murta, DJ de MCS. Cardiomiopatia dilatada canina, a propósito de 13 casos clínicos [dissertação mestrado]. Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa; 2009; 27. Disponível em: URL: https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/1572/1/CARDIOMIOPATIA%20DILATADA%20CANINA.pdf.3) Lobo LL, Pereira, R. Cardiomiopatia dilatada canina. Revista portuguesa de ciências veterinárias; 2002; 97; 53-159. Disponível em: URL: http://www.fmv.ulisboa.pt/spcv/PDF/pdf12_2002/544_153_157.pdf.4) Martin M. ECG de pequenos animais. Trad. de Idilia Ribeiro Vanzellotti. Rio de Janeiro: Revinter Ltda.; 2010.5) Deedwania PC, Singh BN, Ellebogen K, et. al. Spontaneous conversion and maintenance of sinus rhythm by amiodarone in patients with heart failure and atrial fibrillation: observations from the veterans affairs congestive heart failure survival trial of antiarrhythmic therapy investigators. Circulation; 1998; 98; 23; p2574-2579. Disponível em: URL: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/98434656) Lobo LL, Pereira, R. Cardiomiopatia dilatada canina. Revista portuguesa de ciências veterinárias; 2002; 97; 53-159. Disponível em: URL: http://www.fmv.ulisboa.pt/spcv/PDF/pdf12_2002/544_153_157.pdf.7) Júnior ERS, Melo NA, Wischral A. Fisiopatologia da insuficiência cardíaca e o uso de maleato de enalapril em cães. Ciência Veterinárias no Trópicos; 2007; 1-8. Disponível em: URL: http://www.rcvt.org.br/volume10/um.pdf8) Bentlin MR, Saito A, Luca AKC, Bossolan G. Sildenafil no tratamento da hipertensão pulmonar após cirurgia cardíaca. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro; 2005; p175-178.

Fibrilação Atrial Associada a Cardiomiopatia Dilatada em um Dálmata - Relato de Caso

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Fibrossarcoma Canino – Relato de CasoAna Lucinda Barcelos – Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária - Universidade Federal de Lavras (UFLA)Alana Colombo Martins – Médica Veterinária Residente em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Animais de Companhia / UFLAGabriela Rodrigues Sampaio – Professora Associada II – Orientadora – Setor de Cirurgia Veterinária – Departamento de Medicina Veterinária / [email protected]

RESUMOOs fibrossarcomas são neoplasias mesenquimais de fibroblastos, de caráter maligno, que representam cerca de 1,5% dos tumores cutâneos nos cães. Seu diagnóstico é feito baseado na história clínica e nos exames físico, citopatológico e histopatológico. O objetivo deste trabalho é o relato de caso de uma cadela, castrada, da raça Lhasa Apso, de treze anos de idade, com histórico de claudicação e aumento de volume na região do plexo braquial do membro torácico direito, sendo diagnosticado fibrossarcoma. O animal foi atendido no Setor de Cirurgia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras com histórico relatado pelo proprietário de claudicação do membro torácico direito há aproximadamente quatro meses. À inspeção, foi observado que o animal apresentava aumento de volume na região do plexo braquial do lado direito e, ao exame radiográfico, verificou-se aumento de volume de tecido mole, não ósseo. Realizou-se biópsia do aumento de volume, tendo resultado sugestivo de fibrossarcoma. A paciente foi, então, encaminhada para cirurgia, realizando-se a exérese da massa tumoral juntamente à amputação do membro afetado. À análise histopatológica do membro confirmou-se o diagnóstico de fibrossarcoma. O exame físico do paciente após a remoção do tumor é de extrema importância; para tanto, recomendou-se o retorno mensal do animal durante um ano, para avaliação.

Palavras-chave: neoplasia; amputação; histopatologia.

INTRODUÇÃOOs fibrossarcomas são neoplasias mesenquimais de fibroblastos, de caráter maligno, que representam cerca de 1,5% dos tumores cutâneos nos cães (1,2). Não há predisposição sexual ou racial para o surgimento dessa neoplasia (3,4).

O diagnóstico é baseado na história clínica e nos exames físico, citopatológico e histopatológico (5,6). Macroscopicamente, os fibrossarcomas são irregulares, de coloração branco-acinzentado, de tamanho variável e com consistência firme (7). É comum a presença de hemorragias, necrose e ulcerações (8,9). Microscopicamente, as células apresentam-se entrelaçadas ou arranjadas em um padrão de redemoinho, exibindo alto pleomorfismo (7).

O tratamento indicado consiste na exérese da massa tumoral com ampla margem de segurança (10). O exame físico do paciente após a remoção do tumor é de extrema importância, devendo ser realizado mensalmente durante um ano (11).

O objetivo deste trabalho é o relato de caso de uma cadela, castrada, da raça Lhasa Apso, de treze anos de idade, com histórico de claudicação e aumento de volume na região do plexo braquial do membro torácico direito, sendo diagnosticado fibrossarcoma.

MATERIAL E MÉTODOSUma cadela, castrada, da raça Lhasa Apso, de treze anos de idade, foi atendida no Setor de Cirurgia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras com histórico relatado pelo proprietário de claudicação do membro torácico direito há aproximadamente quatro meses. Foi diagnosticada artrose há dois meses por um profissional. O animal foi medicado com cloridrato de tramadol, meloxicam e dipirona sódica e fazia sessões de acupuntura, porém sem melhora clínica. À inspeção, observou-se que o animal apresentava aumento de volume na região do plexo braquial do lado direito. Na radiografia verificou-se aumento de volume de tecido mole, sem aparente alteração óssea. Realizou-se citologia aspirativa por agulha fina e biópsia do aumento de volume, tendo resultado inconclusivo e sugestivo de fibrossarcoma, respectivamente.

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Encaminhou-se a paciente para cirurgia, para exérese da massa tumoral juntamente à amputação do membro afetado. Enviou-se a peça cirúrgica para análise histopatológica, observando-se proliferação de células mesenquimais, com núcleo alongado ou ovalado e citoplasma escasso eosinofílico, além de anisocitose e anisocariose acentuada, com grande quantidade de figuras mitóticas, arranjadas principalmente na forma de feixes paralelos e em diferentes direções, por vezes formando redemoinhos. Áreas centrais da massa apresentavam necrose, a musculatura adjacente possuía áreas de compressão e necrose, confirmando-se o diagnóstico de fibrossarcoma.

O exame físico da paciente após a remoção do tumor é de extrema importância; para tanto, recomendou-se o retorno mensal para avaliação do animal, durante um ano.

RESULTADOS E DISCUSSÃOTendo sido acompanhado nesse estudo o caso de uma cadela de treze anos de idade com diagnóstico de fibrossarcoma na região do plexo braquial do lado direito, corrobora-se com a literatura citada em 3, que afirma que os fibrossarcomas são comumente encontrados em animais adultos ou idosos.

Como visto em 7, células encontradas no fibrossarcoma se apresentam entrelaçadas ou arranjadas em um padrão de redemoinho e ainda, as células apresentam alto pleomorfismo, variando desde células fusiformes indiferenciadas, com núcleos redondos a ovóides, até células alongadas entremeadas com feixes, associado à presença de células dispostas em grupos paralelos entre si. No presente estudo, na análise histopatológica do membro, foi observada proliferação de células mesenquimais, com núcleo alongado ou ovalado, com grande quantidade de figuras mitóticas, arranjadas principalmente na forma de feixes paralelos e em diferentes direções, por vezes formando redemoinhos, o que condiz com a literatura citada.

CONCLUSÕESO prognóstico para fibrossarcoma depende da graduação histopatológica, do tamanho do tumor, da localização e da ressecção das margens de segurança. Portanto, em tumores grandes localizados em áreas de difícil excisão, associados à presença de metástases, o prognóstico é desfavorável.

No presente caso, o fibrossarcoma apresentava-se como um aumento de volume localizado no plexo braquial do membro direito, sendo, portanto, a amputação do membro o tratamento recomendado.

REFERÊNCIAS1) Carlton WW, Mc Gavin MD. Patologia veterinária especial de Thomsom. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002, p.742-743.2) Gross TL. Doenças de pele do cão e do gato: Diagnóstico clinico e histopatológico. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2009. p 889.3) Hauck M. Feline injection site sarcomas. The Veterinary Clinics of North America Small Animal Practice, Orlando, v.33, n.3, p.553-571, May 2003.4) Yager JA, Scott DW. Neoplastic disease of skin and mammary gland In: Yager KVF, Kennedy PC, Palmer N. Pathology of domestic animals. 4ª ed. v.1, California: Academic Press Inc., 1993.5) Goldschimidt MH, Hendrick MJ. Tumors of the Skin and Soft Tissues. In: Meuten DJ (Ed). Tumors in domestic animals. 4ª ed. Ames: Iowa State Press. 2007. p. 45-118.6) McEntee MC. Soft tissue sarcomas. In Ettinger SJ, Feldman EC (Ed). Textbook of Small Animal Internal Medicine. 7ª ed. St. Louis: Saunders. 2010. p. 2169−2175.7) Carlton WW, Mc Gavin MD. Patologia veterinária especial de Thomsom. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1998, p. 742-743.8) Santos JA. Patologia geral dos animais domésticos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara,1988, p.314-315.9) Moulton JE. Tumors in domestic animals. 3ª ed. California: University of California press, p. 25-27, 1990.10) Ettinger, SJ. Tratado de medicina veterinária interna. 3ªed. v.4, São Paulo: Manole, 1992.11) McEntee MC, Page RL. Feline Vaccine- Associated Sarcomas. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.15, n.3, p.176-182, 2001.

Fibrossarcoma Canino – Relato de Caso

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Fisioterapia em Três Casos de Lesão Iatrogênica do Nervo IsquiáticoYasmin Krug – Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – RS. E-mail: [email protected] Schneider – Médica Veterinária, pós-graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – RS.Alexandre Mazzanti – Médico Veterinário, Professor Doutor do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – RS.

RESUMORelata-se o emprego da fisioterapia em três casos de lesão iatrogênica do nervo isquiático ocasionada por injeção intramuscular. Todos apresentavam monoparesia, deficiência proprioceptiva e diminuição do tônus muscular que envolvia os membros pélvicos direito ou esquerdo. Ao final das sessões, os animais recuperaram a deambulação e ocorreu retorno da propriocepção, demonstrando que a fisioterapia pode ser um método viável na recuperação funcional para casos de lesão do nervo isquiático.

Palavras-chave: monoparesia; neuropatia traumática; órtese.

INTRODUÇÃOLesões do nervo isquiático são comumente provocadas pela fixação intramedular retrógrada de pinos no fêmur, fraturas isquiáticas e acetabulares ou injeções intramusculares (1, 2). Neste último, diversos fatores podem afetar o nível de dano, como o tipo e a quantidade do agente químico injetado e a localização da injeção (intrafascicular ou extrafascicular) (3).

A fisioterapia é um método que favorece a reabilitação de cães e gatos com neuropatias que afetam a funcionalidade do membro, cuja finalidade é a recuperação e a melhora a qualidade de vida do paciente (4,5,6).

Este relato descreve a fisioterapia como tratamento adjuvante de três pacientes com sinais neurológicos em decorrência de lesão iatrogênica do nervo isquiático ocasionado por injeção intramuscular.

MATERIAL E MÉTODOSForam atendidos três pacientes (um felino e dois caninos) com monoparesia, deficiência proprioceptiva e diminuição do tônus muscular que envolvia os membros pélvicos direito ou esquerdo (Tabela 1). Em todos os casos, segundo os tutores, os animais apresentaram sinais de neuropatia após administração de fármacos por via intramuscular na região caudolateral da coxa, sobre os músculos bíceps femoral ou semitendinoso.

A zona cutânea foi mapeada em todos com a finalidade de definir os nervos afetados mediante os estímulos de sensibilidade da pele com auxílio de uma pinça hemostática. Foi também utilizada uma órtese confeccionada a partir de elástico que permanecia fixada na coleira ou peiteira e nos metatarsos e dígitos do membro afetado.

Foram adotados dois protocolos de reabilitação, sendo um domiciliar diário empregado pelos tutores, compostos por massagem de deslizamento profundo durante 5 minutos, movimentos de bicicleta (30 movimentos), estimulação do reflexo flexor mediante pinçamento interdigital (15 vezes) e estímulo de propriocepção por meio da escovação do coxim adiposo do membro afetado com uma escova de cerdas firmes (5 minutos).

O segundo protocolo fisioterapêutico foi realizado em um centro especializado duas vezes na semana e foi compreendido de massagem de deslizamento profundo (5 minutos), alongamento em extensão cranial/caudal e em flexão (20 segundos), movimento passivo articular (30 movimentos), estimulação do reflexo flexor (15 vezes), eletroestimulação neuromuscular com corrente RUSSA (on/off de 1:2, duração de pulso 10 minutos para o coxim e 10 minutos para a musculatura no caso 1, e de 15 minutos apenas no coxim nos casos 2 e 3), tábuas proprioceptivas (2

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minutos), pista proprioceptiva (10 circuitos) e natação (10 minutos).

Tabela 1 – Esquema representativo quanto à espécie, raça, idade, início do tratamento após a lesão, membro e nervo envolvido na lesão iatrogênica.

Espécie/Raça/Idade

Início do trata-mento pós lesão Monoparesia Zona cutânea Nervos afetados

Caso 1 C/Pequinês/5a 18 dias MPD

Ventral a articula-ção do tarso (face caudal e lateral)

tarsotarso

Nervos tibial e fibular

Caso 2 F/SRD/13a 15 dias MPEVentral a articu-lação do tarso

(lateral)Nervo fibular

Caso 3 C/Poodle/10a 23 dias MPDVentral a articula-ção femoro-tibio patelar (lateral)

Nervos isquiático, tibial e fibular

C: Canina; F: Felina; SRD: Sem Raça Definida; MPD :membro pélvico direito; MPE: membro pélvico esquerdo

RESULTADOS As modalidades terapêuticas empregadas tanto a domicílio como no centro especializado promoveram aumento do tônus muscular, manutenção da amplitude articular e melhora da propriocepção.

A órtese empregada nos dois cães protegeu a face dorsal da pata afetada de possíveis lesões por escaras durante a recuperação funcional do membro.

Os animais voltaram a apoiar e deambular normalmente 11 semanas após a lesão nos casos 1 e 2 e após 21 semanas no caso 3. Foram realizados no centro especializado ao todo 14, 15 e 18 dias de fisioterapia nos casos 1, 2 e 3, respectivamente.

DISCUSSÃOO diagnóstico nos três casos relatados teve base na anamnese, histórico e exame

neurológico, mediante ao teste de pinçamento das zonas cutâneas dos nervos periféricos, que revelou lesão no isquiático e de seus principais ramos (tibial e fibular) (Tabela 1).

As complicações geradas por lesão do nervo isquiático, como escoriações na região dorsal e plantar dos dígitos e automutilações, geralmente levam os clínicos a optarem pela amputação do membro afetado, sendo a fisioterapia uma técnica alternativa de reabilitação, conforme demonstrado nos três casos relatados (7,8,9,10).

A órtese, como a utilizada nesse relato, diminuiu automutilações e a formação de úlceras abrasivas por arrastamento, frequentes em casos de monoparesia em função do contato e apoio da superfície dorsal das falanges em decorrência da deficiência proprioceptiva (7).

CONCLUSÕESA fisioterapia demonstra ser uma alternativa na reabilitação de cães e gatos com neuropatias do nervo isquiático e poder evitar as sequelas do desuso durante a recuperação funcional do membro afetado.

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REFERÊNCIAS1) Chambers JN, Hardie EM. Localization and managemente of sciatic nerve injury due to ischial or acetabular farcture. Journal of the American Animal Hospital Association 1986; 22:539-544.2) Fanton J, Blass C, Withrow S. Sciatic nerve injury as a complication of intramedullary pin fixation of femoral fractures. Journal of the American Animal Hospital Association 1983; 19:687-694.3) Añor S. Monoparesis. In: Platt S, Olby N, editors. BSVA Manual of Canine and Feline Neurology. 4th ed. Nova York, NY: John Wiley and Sons; 2013. p.328-341.4) Forterre F, Tomek A, Rytz U, Brunnberg L, Jaggy A, Spreng D. Iatrogenic sciatic nerve injury in eighteen dogs and nine cats (1997-2006). Veterinary Surgery 2007; 36:464-471.5) Formenton, M. Physical therapy in dogs: applications and benefits. Veterinary focus 2011; 21(2):11-17.6) Bockstahler B. The Orthopedic Patient: Conservative Treatment, Physiotherapy and Rehabilitation. In: Iams Clinical Nutrition Symposium; 2006 set. Suíça: 2006, p.25-30.7) Levine JM, Fitch RB. Use of an ankle-foot orthosis in a dog with traumatic sciatic neuropathy. Journal of Small Animal Practice 2003; 44:236-238. 8) Welch JA. Peripheral nerve injury. Seminars in Veterinary Medicine and Surgery (Small Animal) 1996; 11: p.273-284.9) Oliver JE, Lorenz MD, Kornegay JN. Paresis in one limb. In: Handbook of Veterinary Neurology. 3rd ed. W. B. Saunders. Filadélfia; 1997. p.114-115.10) DeLahunta, A. Lower motor neuron – general somatic efferent system. In: Veterinary Neuroanatomy and Clinical Neurology. 2nd ed. W. B. Saunders. Filadélfia; 1983. p.362-363.

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Fístula frontal Associada a Rinossinusite em um Mico-Leão–Preto (Leontophitecus chrysopygus, Mikan, 1823) - Relato de CasoLucas Belchior Souza de Oliveira - Graduando em Medicina Veterinária, Pontifícia Universidade Católica de Minas GeraisCarlyle Mendes Coelho - Médico Veterinário – Fundação Zoo-Botânica de Belo HorizonteHerlandes Penha Tinoco - Médico Veterinário – Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte

RESUMOApesar da importância do conhecimento de processos patológicos em espécies ameaçadas, a ausência de relatos em mico-leão-preto é um fator que compromete sua manutenção e conservação em cativeiro. Neste relato, apresenta-se um mico-leão-preto com um abscesso frontal e rinossinusite a qual se desenvolveu para um trato fistuloso no seio frontal. O tratamento da fistula foi realizado com limpeza local, lavagem com metronidazol 0,5%, pomada a base de gentamicina, valerato de betametasona e clotrimazol e antibioticoterapia sistêmica a base de Amoxicilina com clavulanato. A terapêutica utilizada associada com a melhora clínica foi efetivo para a recuperação do animal.

Palavras-chave: Calitriquídeos; primatas; sistema respiratório, clínica de animais silvestres.

INTRODUÇÃOOs seios paranasais dos primatas são estruturas ósseas frequentemente leves, porém, mecanicamente fortificadas por cavidades internas e trabeculares. Estão presentes no crânio e, em primatas, são encontrados três seios: na região frontal, central ao crânio no corpo da esfenóide e na região maxilar (1). Várias afecções respiratórias de primatas possuem características similares em termos de coriza e efeitos sobre os seios como o sarampo, que também pode levar a decorrências respiratórias mais graves como broncopneumonia, doenças virais, dentre outras, sendo importante o diagnóstico diferencial nestas situações (2).

O mico-leão-preto (Leontophitecus chrysopygus) é considerado pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação (IUCN) das espécies ameaçadas como um primata ameaçado de extinção. A espécie é conhecida por estar presente em 11 localidades do estado de São Paulo, onde a maior população (820 animais) habita uma área de aproximadamente 23,800 ha (3). Este relato tem como objetivo apresentar a ocorrência e o tratamento de uma fístula associada a Rinossinusite do Seio Frontal em um Mico-leão–preto.

RELATO DE CASOUm mico-leão-preto, macho, 16 anos, presente na quarentena da Seção de Veterinária do Departamento de Jardim Zoológico da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte apresentou um aumento de volume local na região frontal da cabeça. Ao exame clínico, constatou-se a presença de um abscesso acima da região do crânio o qual foi drenado e tratado localmente com solução fisiológica e gentamicina, e, a longo prazo, com limpeza diária e pomada tópica a base de Alantoína e Óxido de Zinco (uso tópico, SID, Alantol, Vetnil, Louveira – SP, Brasil), e antibioticoterapia oral com amoxicilina com clavulanato (0,2 ml, PO, BID, 10 dias, Medley S.A., Sumaré - SP, Brasil). Devido ao escore corporal do animal, a dieta também foi alterada.

Duas semanas após o ocorrido, o animal foi novamente contido fisicamente e, posteriormente, farmacologicamente com isoflurano para a avaliação da ferida. Foi realizada a limpeza da região craniana para a retirada da camada de crosta, onde encontrou-se um trato fistuloso entre o seio frontal e as narinas pelo ducto nasofrontal. A fístula decorrente da rinossinusite foi então tratada com limpeza local com solução fisiológica pelo trato fistuloso, lavagem com metronidazol 0,5% (15 ml, BID, 7 dias, Endonidazol, Fresenius Kabi, Barueri-SP, Brasil), aplicação de pomada a base de gentamicina, valerato de betametasona e clotrimazol (uso tópico, 15 ml, SID, 10 dias, Otomax, MSD Saúde Animal, SP, Brasil) e antibioticoterapia a base de Amoxicilina com clavulanato (0,2 ml, PO, BID, 10 dias, Medley S.A., Sumaré – SP, Brasil). Após sete dias de tratamento, o trato fistuloso estava completamente fechado e o tecido de

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cicatrização apresentava-se bem irrigado e com deposição de tecido de granulação.

DISCUSSÃOO processo de cicatrização envolve fases de inflamação, reepitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de matriz intersticial que garante a presença de um grande número de células nestas funções (5). Devido as interações entre células imunes circulantes e células endoteliais, faz-se necessário que a medicação seja conciliada com um bom estado de saúde (5). A alteração da dieta buscando um maior ganho de peso corpóreo pode ser um fator favorável para a cicatrização rápida, devido a imunocompetência.

A antibioticoterapia a base de Amoxicilina (penicilina) com clavulanato é relevante devido a sua indicação em casos de afecções respiratórias e da pele (6). Quanto a pomada tópica, o clotrimazol é um anti-fúngico imidazólico, e, a gentamicina, antibiótico aminoglicosídeo bactericida, atuam localmente contra determinados agentes infecciosos (8). O uso tópico e sistêmico de corticoides em tratamento de feridas ainda é questionável, já que este fármaco pode prejudicar a cicatrização devido a supressão da fase inflamatória do processo (4). Apesar disso, com o protocolo estabelecido, foi possível obter-se uma cicatrização adequada em um tempo curto de medicação.

CONCLUSÕES O tratamento de rinossinusites consiste na abordagem terapêutica da causa primária e da infecção decorrente e pode requerer tratamento cirúrgico por curetagem ou drenagem. Apesar da ausência de relatos referentes a fistulas e doenças do trato respiratório superior como rinossinusites em espécies do gênero Leontophitecus, pode-se concluir que o tratamento tópico e sistêmico utilizado pode ser empregado no tratamento de quadros patológicos similares ao citado neste relato.

REFERÊNCIAS1) Ankel-Simons F. Primate Anatomy: An Introduction. 3rd ed. North Carolina: Academic Press; 2007. p.161-197. 2) Longley LA; Fiddes M; O’brien M. Anaesthesia of exotic pets. Philadelphia: Elsevier Saunders; 2008. p.103-111. 3) Kierulff MCM; Rylands AB; Mendes SL; Oliveira MM. Leontopithecus chrysopygus. The IUCN Red List of Threatened Species, 2008. Available from: http://www.iucnredlist.org/details/11505/0 4) Biondo-Simões MLO; Ioshii SO; Tenius FP. Efeitos do uso crônico da dexametasona na cicatrização de feridas cutâneas em ratos. Anais Brasileiros Dermatologia 2007;82(2):141-149. 5) Yamamoto M; Sato T; Beren J; Verthelyi D; Klinman DM. The acceleration of Wound Healing in Primates by the Local Administration of Immunostimulatory CpG Oligonucleotides. Biomaterial 2011;32(18):4238–4242. 6) Carpenter JW; Marion CJ. Exotic Animal Formulary. 4th ed. Missouri: Elsevier; 2013. 7) Oliveira PR; Resende SM; Oliveira FC; Oliveira AC. Ceratite fúngica. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia 2001; 64: 75-79. 8) Matias dos Santos LHML. Análise automática de gentamicina por quimiluminescência [Dissertação de Mestrado]. Porto: Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto; 2008.

Fístula frontal Associada a Rinossinusite em um Mico-Leão–Preto (Leontophitecus chrysopygus, Mikan, 1823) - Relato de Caso

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Fragmentação da cartilagem cricotireoidea com ruptura esofágica traumática em um felinoJuliana Ellen Gusso - Programa de Residência em Área Profissional da Saúde / Medicina Veterinária / Cirurgia de peque-nos animais. [email protected] Marcella Linhares Teixeira - Mestre em Cirurgia Veterinária, UFSM Alceu Gaspar Raiser - Doutor em Cirurgia Veterinária, UFSM

RESUMOUm felino macho foi atendido com dispneia, disfonia e flegmão submandibular. Através de radiografias contastou-se pneumomediastino e enfisema subcutâneo. A cervicotomia exploratória foi necessária para a restauração da cartilagem cricotireoidea da traqueia e de um ponto de laceração no esôfago. O presente relato expõe um caso de lesão cervical ocasionada por traumatismo em um felino, evidenciando as injúrias típicas encontradas, o tratamento instituído e o manejo das complicações associadas até a resolução do quadro.

Palavras chave: disfagia; pneumomediastino; esofagopexia

INTRODUÇÃO As lesões cervicais penetrantes resultam muitas vezes em dano extenso à outras estruturas do pescoço: perfuração da laringe e da traqueia, laceração do esôfago, lesão nervosa e vascular e solução de continuidade na pele e nos músculos. É possível que ocorra infecção local com subsequente desenvolvimento de abscessos, enfisema do mediastino, pneumotórax ou piotórax. O presente relato expõe um caso de lesão cervical ocasionada por traumatismo em um felino, evidenciando as injúrias típicas encontradas na região e complicações associadas, bem como a conduta clínica cirúrgica para resolução do quadro.

MATERIAL E MÉTODOS Um felino, macho, adulto, pesando 5kg, foi atendido apresentando dispneia, sem informações adicionais acerca do histórico, por tratar-se de um animal errante. Ao exame clínico observou-se flegmão submandibular, estridor respiratório, disfonia e rigidez muscular em membros pélvicos. O hemograma apontou leucocitose e presença de neutrófilos tóxicos, o exame radiográfico revelou pneumomediastino e enfisema subcutâneo cervical. Optou-se por uma cervicotomia exploratória. O paciente foi pré medicado com tramadol (3mg/kg IM), a profilaxia antimicrobiana foi realizada com cefalotina (30mg/kg IV) e a indução com propofol (5mg/kg IV). Em seguida, o paciente foi entubado e mantido com isofluorano. O felino foi posicionado em decúbito dorsal e, após tricotomia ampla e anti-sepsia da região cervical ventral com clorexidine alcoólico 0,5%, foi realizado acesso mediano cervical ventral. Constatou-se a presença de pus e tecido necrótico bem como a fragmentação e perfuração da cartilagem cricotireóide. Procedeuse a curetagem do tecido desvitalizado e lavagem com solução fisiológica. A cartilagem cricotireóide foi reparada em padrão colchoeiro horizontal com fio de mononailon 4-0 entre os fragmentos avulsos. Dois drenos de Penrose foram posicionados antes da síntese da ferida. O tratamento instituído inicialmente consistiu de fluidoterapia com Ringer com Lactato 60ml/kg/dia, antibioticoterapia empírica com ceftrixona (20mg/kg BID) e metronidazol (15mg/kg BID), tramadol (2mg/kg TID), dipirona (25mg/kg TID), meloxicam (0,1mg/kg SID) e ranitidina (2mg/kg BID). Durante o período pós-operatório, o paciente apresentou anorexia, e no terceiro dia, disfagia e ptialismo, além de grande desconforto e dispneia durante a alimentação forçada em seringa. Houve deiscência dos pontos e observou-se extravasamento de alimento através da ferida cirúrgica. Realizou-se uma segunda intervenção, com desbridamento da ferida, coleta de material para cultura e antibiograma, localização e reparo de ruptura esofágica. A ferida esofágica foi reavivada e ampliada, a fim de introduzir um tudo de alimentação, e realizou-se a esofapexia com sonda uretral nº 12, em pontos de colchoeiro horizontal interrompido cranial e caudal à introdução do tubo. A cartilagem tireóide avulsionada foi reparada com mesmo padrão de sutura entre os fragmentos com fio polipropileno 6-0 e a musculatura foi sobreposta à cartilagem com fio mononailon 3-0. A cultura do material revelou presença de Streptococcus sp. e Enterobacter aerogenes, sensíveis à enrofloxacina e ampicilina, ajustando-se a antibioticoterapia. Após 13 dias a sonda foi retirada e o paciente teve alta, porém, uma semana depois, o mesmo retornou com piora na

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condição corporal, desidratação e secreção nasal purulenta. A tutora relatou hiporexia, apatia e extravasamento de alimento através da ferida cervical, sendo constatado ao exame físico a presença de secreção purulenta e cavitações no tecido subcutâneo no local da esofagostomia. Procedeu-se nova esofagostomia no lado direito. O paciente recebeu uma dieta comercial hipercalórica, administrada de acordo com a necessidade energética basal e foram prescritos amoxicilina com clavulanato (20 mg/kg BID), suplementação de vitaminas do complexo B com aminoácidos e ranitidina (1mg/kg BID SC). Durante este período, o paciente foi testado para doenças infectocontagiosas, sendo soropositivo para o vírus da leucemia felina. Após restabelecimento do apetite e melhora da condição corporal do paciente, a sonda esofágica foi retirada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Traumatismos extrínsecos da laringe são em grande parte decorrente de lesões ocasionadas por arma de fogo, guias de contenção e interação animal. Na suspeita de lesão laríngea deve-se instituir de modo precoce procedimentos de exploração para estabilização e alinhamento das fraturas de cartilagem, além de reparo das lacerações de mucosa, de modo a evitar obstrução e estenose das vias aéreas. A continuidade da mucosa representa a meta terapêutica mais importante para garantir a resistência à infecção tecidual profunda. As cartilagens fraturadas devem ser desbridadas, aparadas para alinhamento dos fragmentos e ocluídas com suturas monofilamentosas absorvíveis ou inabsorvíveis 3-0 a 5-0 em padrão interrompido. Os antibióticos são instituídos após a obtenção da cultura dos tecidos contaminados, devendo ser utilizados por 3 a 5 semanas1. No caso de perda de fragmentos, a cartilagem pode ser restaurada com a aplicação flapes unipediculados do músculo esterno-hióideo para evitar o colapso dessa estrutura e estenose por tecido de granulação2. A mediastinite, pneumomediastino e/ou efusão pleural sugerem a perfuração esofágica e os sinais clínicos observados são a disfagia, dispneia, febre, ptialismo3. A dificuldade de cicatrização do esôfago observada neste caso se justifica pela ausência de serosa, vascularização segmentada e movimentação constante3, além da presença de infecção nos tecidos adjacentes.

CONCLUSÕES Uma avaliação completa e minuciosa das lesões cervicais penetrantes consiste em uma medida crítica para estabelecimento da terapia mais adequada. Havendo possibilidade de lesão laríngea, traqueal ou esofágica, é necessário instituir de modo precoce os procedimentos de exploração, desbridamento, alinhamento tecidual e drenagem, bem como terapia clínica. Os procedimentos adotados neste caso e o manejo das complicações vão ao encontro do preconizado pela literatura e possibilitaram o sucesso terapêutico.

REFERÊNCIAS 1) Nelson AW. Sistema Respiratório: Traumatismo e estenose da laringe. In: Slatter D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3 ed. Barueri, SP: Manole, 2007. p. 845-857. 2) Linhares MT, Santos SP, Macagnan M, Brun MV. Reparação de laringe com flape unipediculado de músculo esterno-hióideo apos fratura e avulsão de cartilagem tireóidea em cão – relato de caso. In: Anais do XI Congresso Brasileiro de Cirurgia do CBCAV; 2014 nov. 13-16; Bento Gonçalves. 3) Hedlund CS, Fossum TW. Cirurgia do Sistema Digestório. In: Fossum TW. Cirurgia de Pequenos Animais. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2008. p. 372-84.

Fragmentação da cartilagem cricotireoidea com ruptura esofágica traumática em um felino

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Fratura cominutiva e articular distal de úmero tratada com fixador esquelético externo transarticular em três gatos Ísis dos Santos Dal-Bó – Doutoranda do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Aline Schafrum Macedo - Doutoranda do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. [email protected] Ricardo Auada Ferrigno – Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zoo-tecnia da Universidade de São Paulo.

RESUMOForam atendidos três gatos com fraturas cominutivas diafisárias distais de úmero associadas às fraturas supra e intercondilar antigas, em um total de quatro fraturas. Optou-se pela estabilização com fixador esquelético externo transarticular. Todos as fraturas consolidaram e os pacientes obtiveram retorno satisfatório a função.

Palavras-chave: Osteossíntese, artrodese, cotovelo, felino.

INTRODUÇÃONos gatos, as fraturas de úmero representam 13% de todas as fraturas nesta espécie e acometem mais comumente a diáfise média e a região supracondilar. Geralmente são resultantes de traumas de alta energia como quedas, acidentes automobilísticos e lesões por projétil de arma de fogo, apresentando traço cominutivo (1). As opções de tratamento para esse tipo de fratura são restritas. E por se tratar de lesão articular, é mandatório reparo cirúrgico precoce visando redução anatômica, manutenção da congruência articular e retorno à função (2). O presente trabalho tem por objetivo relatar quatro fraturas cominutivas diafisárias distais associadas às fraturas supra e intercondilar antigas, estabilizadas com fixador esquelético externo transarticular em três felinos domésticos

MATERIAL E MÉTODOCaso 1: Felino, Siamês, macho, 3 anos, 3,7 kg e temperamento dócil. Trauma por queda do quarto andar de um prédio e 14 dias de evolução do quadro ortopédico. Apresentava fratura cominutiva diafisária distal de úmero com comprometimento inter e supracondilar e subluxação carpo-rádio-ulnar em membro torácico direito e fratura cominutiva de olécrano envolvendo a superfície articular em membro torácico esquerdo. Foi tratado com fixador esquelético externo híbrido transarticular para estabilização da fratura e instabilidade articular do lado direito. Foi observada consolidação da fratura aos 150 dias de pós-operatório. Case 2: Felino, SRD, fêmea, 10 anos, 4,1 kg e temperamento agressivo. Trauma devido à queda do terceiro andar e 16 dias de evolução das fraturas. Foi diagnosticada fratura cominutiva de úmero com perda da relação articular e comprometimento supra e intercondilar em membro torácico direito e fratura de colo da escápula em membro torácico esquerdo. A fratura de úmero foi tratada com fixador esquelético externo linear transarticular. A consolidação foi obtida aos 240 dias de pós-operatório. Case 3: Felino, SRD, fêmea, 1 ano, 4,5 kg e temperamento arredio. Trauma decorrente de queda do quarto andar e 15 dias de evolução das fraturas. Apresentava fratura cominutiva de úmero com perda da relação articular e comprometimento supra e intercondilar em ambos os membros torácicos. Aos 60 e 120 dias de pós-operatório foi observada consolidação das fraturas de MTD e MTE, respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs pacientes que apresentam fraturas diafisárias distais de úmero devem ser avaliados quanto à lesão de nervo periférico. Os casos relatados não presentavam lesão neurológica apesar do trauma de alta energia (1,3). A abordagem às fraturas distais de úmero podem ser craniolateral, medial ou caudal ou ainda combinação destas. Em casos como

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os desse trabalho, em que as fraturas articulares foram consideradas antigas, apresentado 14, 16 e 15 de evolução e havia presença de tecido fibroso, a redução aberta necessita de excessiva manipulação, levando à lesão aos tecidos moles e suprimento sanguíneo, aumentando risco de infecção e formação sequestro ósseo (4). O padrão-ouro para tratamento das fraturas articulares é a fixação interna rígida por meio de parafusos com efeito compressivo e placas, os quais necessitam de redução aberta. As placas disponíveis no Brasil nem sempre se adequam ao tamanho dos ossos e ao tipo de fratura dos gatos (4). Em casos em que a redução anatômica não pode ser realizada, seja pelo tempo de evolução da fratura ou pela ausência de comprimento ósseo capaz de suportar parafusos, a redução fechada é indicada e a estabilização com fixadores transarticulares é uma alternativa (2). Os fixadores híbridos são bem tolerados pelos pacientes, pois são mais leves em comparação aos circulares e mais versáteis que os lineares. No presente estudo, utilizou-se fixadores transarticulares em função da localização das fraturas e do seu tempo de evolução. Apesar da fixação da articulação úmero-rádio-ulnar, os pacientes de adaptaram muito bem os dispositivos apresentando deambulação satisfatória já no primeiro dia pós-operatório. Uma desvantagem dos fixadores é o cuidado pós-operatório, que inclui curativos, utilização de colar, repouso e cooperação por parte do tutor. Dois animais apresentavam comportamento agressivo/arredio, o que não impediu o manejo prolongado de pós-operatório e adaptação ao fixador.

CONCLUSÃOConclui-se que as fraturas cominutivas distais de úmero com comprometimento articular podem ser tratadas com o emprego de fixador esquelético externo transarticular em gatos.

REFERÊNCIAS1) Silva HR; Clements DN; Yeadon R; Fitzpatrick N. Linear-circular external skeletal fixation of intra-condylar humeral fractures with supracondylar comminution in four cats. Veterinary and Comparative Orthopaedics and Taumatology. 2012. 25(1): 61-66.2) Voss K; Langley-Hobbs SJ; Montavon PM. Humerus. In: Montavon P.M., Voss K., Langley-Hobbs S.J. Feline orthopedic surgery and musculoskeletal disease. London: Saunders Ltd; 2009. p. 343-58.3) Moses PA; Lewis DD; Lanz OI; Stubbs WP; Cross AR; Smith KR. Intramedullary interlocking nail stabilization of 21 humeral fractures in 19 dogs and one cat. Australian Veterinary Journal. 2002. 80(6): 336-343.4) Macias C; Gibbons SE; Mckee WM. Y-T humeral fractures with supracondilar comminution in five cats. Journal of Small Animal Practice. 2006. 47(2): 89-93.

Fratura cominutiva e articular distal de úmero tratada com fixador esquelético externo transarticular em três gatos

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Fratura da Coluna Vertebral T11 por Trauma e uso da Técnica Segmentar Modificada – Relato de CasoAmanda Silva de Oliveira - acadêmica do curso de Medicina Veterinária da Universidade Católica Dom Bosco.Karime Mathias da Silva - acadêmica do curso de Medicina Veterinária da Universidade Católica Dom Bosco.Luciano Pereira de Barros - mestre, docente da Universidade Católica Dom [email protected]

RESUMOOs acidentes automobilísticos envolvendo animais de companhia são de grande prevalência na Medicina Veterinária. As fraturas da coluna podem levar a perdas das funções normais, sendo assim, necessária intervenção cirúrgica adequada. Existem várias técnicas que se executadas corretamente levam a um grau significativo de melhora. No relato o exame neurológico constatou paraplegia e dor profunda, realizou-se a radiografia em duas projeções para diagnosticar a fratura. A técnica escolhida foi a segmentar modifica, utilizada em um canino de seis meses de idade que fraturou a coluna vertebral da região torácica.

Palavras-chave: reabilitação; paraplegia; estabilização.

INTRODUÇÃOOs acidentes provocados por veículos a motor causam frequentemente traumatismos em cães e gatos. As lesões resultantes do atropelamento são geralmente torácicas, ortopédicas, neurológicas, tegumentares e abdominais (1). A gravidade das lesões depende da velocidade do veículo e da área do corpo a ser atingida (2). Conforme o tipo da lesão á coluna vertebral e a medula espinhal podem levar a sequelas devastadoras, como perda parcial ou completa das funções motoras, sensoriais e viscerais (3). As áreas mais acometidas estão entre a T11 e L6 ocorrendo cerca de 50 a 60% dos casos em pacientes traumatizados (4). Na medicina veterinária e humana o tratamento é um desafio, e deve ser considerada emergencial, visto que a decisões rápidas e adequadas aumentam as chances de recuperação funcional do membro afetado ou órgão (5,6,7,8). Para garantir a estabilização espinhal deve ser rígido o suficiente para suportar as forças atenuantes garantindo a união óssea no período de cicatrização (9). As técnicas mais utilizadas na região toracolombar são placas, pinos, polimetilmetacrilato (PMMA) e estabilização segmentar modificada (10, 11,12).

MATERIAL E MÉTODOSUm canino, fêmea, boxer, 6 meses de idade, peso 23kg, foi atendido na Clínica Veterinária em Campo Grande MS, após acidente automobilístico. Ao exame clinico o animal apresentava hidratação normal, tempo de preenchimento capilar (TPC) 2 segundos, temperatura retal 38,2ºC, mucosas róseas, e demais parâmetros fisiológicos dentro dos valores de referência para a espécie. No exame neurológico constatou paraplegia com presença de dor profunda e tônus muscular aumentado nos membros pélvicos. Foi realizada radiografia da coluna vertebral da região tóraco-lombar em duas projeções latero-lateral e ventro-dorsal (figuras 1 e 2), no qual se constatou fratura de corpo vertebral T11. O caso foi encaminhado ao setor cirúrgico, onde realizou a intervenção cirúrgica, a estabilização vertebral com técnica segmentada com o uso de fios de cerclagem e pinos de Steinmann.

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Figura 1 e 2: Imagem Radiográfica demonstrando a presença de fratura em corpo vertebral de vértebra T11 (Círculo). Esquerda (projeção latero-lateral); Direita (projeção ventro-dosal).

RESULTADOS O animal teve um excelente pós-operatório, ficando em observação na clínica no período de 72 horas, e foi medicado com cefalotina 30 mg/kg, a cada 12h por via intravenosa; Metadona 0,3 mg/kg a cada 8h por via intramuscular e meloxicam 0,1 mg/kg a cada 24h por via intramuscular. Observou paraplegia com presença de dor superficial 48 horas após o procedimento. Foram prescritos os seguintes medicamentos: cefalexina 30mg/kg a cada 12h durante 7 dias, cloridrato de tramadol 3mg/kg a cada 8h durante 3 dias e meloxican 0,1mg/kg a cada 24h durante 2 dias. Em torno de 20 dias após procedimento o animal já apresentava paraparesia não ambulatória com apenas déficit proprioceptivo, após um mês o animal começou a fisioterapia para complementar o tratamento, tendo posteriormente o retorno completo de sua deambulação.

Figura 3 e 4 - Imagem radiográfica pós-operatória podendo ser observado o realinhamento da coluna e posição dos implantes. Esquerda (projeção latero-lateral); Direita (projeção ventro-dosal).

DISCUSSÃOSegundo Streeter et al., (2009) (13) atropelamento por veículos causam grandes traumas em animais domésticos. Podendo existir casos em que as lesões não são evidentes ao exame clinico/neurológico, sendo necessário uso de métodos que facilitem o diagnóstico mais minucioso (14) (15) o que não foi observado no relato, devido as lesões neurológicas serem bem evidentes. A cirurgia de coluna vertebral praticada rotineiramente em cães e gatos variam entre técnicas de estabilização das fraturas espinhais toracolombar e lombares (11,16). A técnica escolhida no presente

Fratura da Coluna Vertebral T11 por Trauma e uso da Técnica Segmentar Modificada – Relato de Caso

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relato tem como vantagem o custo da aplicação quando comparado a utilização de placas citado por Slatter (1998) (17) nos processos espinhosos dorsais, o que também preservou e promoveu a estabilidade vertebral. Segundo o mesmo autor, as complicações mais comuns é a fratura dos processos espinhosos e deslizamento de placa o que também pode ser observado e não ocorreu na técnica escolhida no relato.

De acordo com Wong, Emms (1992) (18) outra opção é a utilização de pinos acoplados ao cimento ósseo para a estabilização da coluna toracolombar, podendo ser utilizado em pesos variáveis, na técnica segmentada aplicam-se pinos dorsais no qual tem sua indicação em cães acima de 20 kg.

CONCLUSÃOA escolha de um método de estabilização na fratura da coluna vertebral depende da particularidade do caso, da apresentação da lesão e a idade do animal, considerando-se a familiaridade do cirurgião e complexidade da técnica. A técnica segmentada foi elegida pelo peso do animal sendo ele superior a 20 quilos, segurança da técnica e custo benefício.

REFERÊNCIAS1) Culp, W.T.N. & Silverstein, D.C. (2015). Thoracicand Abdominal Trauma. In: D.C., Silverstein & K., Hopper (Eds.), Small Animal Critical Care Medicine (2ª edição, pp.728-733). St. Louis: W.B. Saunders.2) Voss, K. (2009). Polytrauma. In: Montavon, P.M., Voss, K. & Langley - Hobbs, S.J. (Eds), Feline Orthopedic Surgery and Musculoskeletal Disease (1ªedição, pp. 106-110). Edinburgh: W.B. Saunders.3) Bergman R. 2000. Spinal cordinjury. Veterinary Medicine. 95:845.4) Selcer, R.R.; Bubb, W, J.; Walker T, L. Manegement of vertebral column fractures in dogs and cats: 211 cases (1977-1985). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 11, P. 1965- 1968, 1991.5) Bergman R., Lanz O. & Shell L. 2000a. Acute spinal cord trauma: mechanisms and clinical syndromes. Veterinary Medicine 95:846-849. 6) Bergman R., Lanz O. & Shell L. 2000b. Initial assessment of patients with spinal cord trauma. Veterinary Medicine 95:851-53. 7) Bergman R., Lanz O. & Shell L. 2000c. A review of experimental and clinical treatments for acute spinal cord injury. Veterinary Medicine 95:855-866.8) Arias M.V.B., Nishioka C.M., Garcia C.O., Reia A.Z., Júnior D.B. & Marcasso R.A. 2007. Avaliação dos resultados clínicos após cirurgia descompressiva em cães com doença do disco intervertebral. Arquivo Brasileiro Medicina Veterinaria 59:1445-1450. 9) Braund, K.G. Clinical Syndromes in veterinary neurology. 2ed. St. Louis: Mosby, 1994. 476p.10) Swaim, S. F. Vertebral body plating for spinal immobilization. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.10, p. 1683- 1695, 1971.11) Blass, C. E.; Seim, H. B. Spinal fixation in dogs using Steinmann pins and mephylmetacrylate. Veterinary Surgery, v.13, p.203-210, 1984.12) Mcanulty, J.F.; Lenehan, T.M.; Maletz, L. M. Modified segmental spinal stabilization in repair of spinal fractures luxations in dogs. Veterinary Surgery v.15, p. 143-149, 1986.13) Streeter, E.M., Rozanski, E.A., Laforcade-Buress, A., Freeman, L.I.M. & Rush, J.E. (2009). Evaluation of vehicular trauma in dogs: 239 cases (January-December 2001). Journal ofthe American Veterinary Medical Association, 235(4), 405-408.14) Lisciandro, G.R., Lagutchik, M.S., Mann, K.A., Fosgate, G.T., Tiller, E.G., Cabano, N.R., Bauer, et al. (2009). Evaluation ofan abdominal fluidscoring system determine dusing abdominal focusedas sess mentwithsonography for trauma in 101 dogs with motor vehicle trauma. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, 19(5), 426-43.15) Kolata, R.J. & Johnston, D.E. (1975). Motor vehicle accidents in urban dogs: a studyof 600 cases. Journal of the American Veterinary Medical Association, 167(10), 938-941.16) Wheeler S.J. & Sharp N.J.H. 1999. Diagnóstico e tratamento cirúrgico das afecções espinais do cão e do gato. Manole, São Paulo. P. 224.17) Kenneth A. Bruecker e Howard B. Seim III. Fraturas e Luxações Vertebrais. In: Slatter D. Manual de cirurgia de Pequenos Animais. 2ª edição. São Paulo: Manole Ltda; 1998. P. 1332-1344.18) Wong, W. T.; Emms, S. G. Use of pins and mephylmetacrylate in stabilization of spinal fractures and luxations. Journal of Small Animal Practice, v.33, p.415-422, 1992.

Fratura da Coluna Vertebral T11 por Trauma e uso da Técnica Segmentar Modificada – Relato de Caso

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Gato macho (Felis catus) tricolor - Relato de CasoMarcela Caroline Brasileiro da Silva – Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Rondônia - UNIRHorrana Andressa da Silva Rodrigues – Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Rondô-nia - UNIRIgor Muniz Mansur – Docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Rondônia - UNIRE-mail: ([email protected])

RESUMOOs estudos dos cromossomos mostraram que a maioria das espécies de mamíferos tem o sistema de determinação do sexo do tipo XX/XY. O presente caso foi relatado em um gato, que foi levado à clínica para procedimentos de rotina. Constatou-se então que o animal se tratava de um gato macho de pelagem tricolor, visto que essas características são uma condição rara, já que os genes para coloração de pelagem estão ligados ao cromossomo X. Machos normais são cromossomicamente XY e as fêmeas são XX, logo, o macho é heterogamético, por produzir dois tipos de gametas, e a fêmea, por produzir um, é homogamética. Vale salientar que, em condições como estas, o que comumente ocorre é que ao invés do macho possuir dois cromossomos sexuais (XY), eles possuem três (XXY).

Palavras-chave: cromossomos; anomalia; genética.

INTRODUÇÃOOs estudos dos cromossomos mostraram que a maioria das espécies de mamíferos tem o sistema de determinação do sexo do tipo XX/XY (1), no entanto, podem ocorrer mutações entre as espécies. Mutações ou aberrações cromossômicas, são alterações que ocorrem no número ou na estrutura dos cromossomos (2). Nas espécies com um sistema de determinação do sexo XY, as fêmeas têm dois cromossomos X, enquanto os machos têm apenas um. O gato macho, quando nasce com a pelagem tricolor, o que comumente ocorre, é que o mesmo possui dois cromossomos X (3), ou seja, normalmente possuem uma cópia extra do cromossomo X. O presente caso foi relatado em um gato, que foi levado à clínica para procedimentos de rotina, e tem como objetivo salientar a importância em registrar a incidência de gatos machos tricolores, por se tratar de um caso raro.

MATERIAL E MÉTODOS UTILIZADOSUm felino, macho, sem raça definida, com 6 meses de idade, de pelagem tricolor (laranja, preto e branco), foi levado à clínica para fazer suas vacinas como procedimento de rotina. Constatou-se então, que o animal se tratava de um gato macho de pelagem tricolor, visto que essas características são uma condição rara, com poucos casos registrados.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO gato foi encaminhado à clínica veterinária para realizar suas vacinas de rotina e o caso foi registrado. Se tratando da cor da pelagem dos mamíferos em geral, a sua divisão depende da natureza e distribuição do pigmento (2). Vale destacar que 1% dos gatos nascidos tricolores são machos. Um par de cromossomos distintos proporciona a base para a determinação do sexo na maioria dos animais, e esses cromossomos são conhecidos como cromossomos sexuais. (4) Machos normais são cromossomicamente XY e as fêmeas são XX, logo, o macho é heterogamético, por produzir dois tipos de gametas, e a fêmea, por produzir um, é homogamética (1). As gatas heterozigotas para o loco O, que está situado no cromossomo X, apresentam em seu corpo áreas de pelagem com a cor “laranja” e áreas de pelagem com cor não laranja, que seriam as cores preto ou marrom (2), este fenômeno ocorre pelo fato destas gatas possuírem áreas do corpo com o cromossomo X de gene O ativo, e em outras, o cromossomo X ativo é o de gene o. Porém, os machos, por possuírem cromossomos XY, tendem a nascer com as manchas de cor preto ou laranja, e não com as duas, como pode ocorrer nas fêmeas. Os machos que têm pelagem tricolor apresentam, em sua maioria, cariótipo 39, XXY (2).

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Figura 1. Gato tricolor na clínica para consulta de rotina

Figura 2. Gato macho tricolor.

CONCLUSÃONo caso relatado, não há como afirmar que o animal tenha três cromossomos sexuais, já que não foi realizado o cariótipo do mesmo, porém, a literatura afirma que, gatos machos nascidos com pelagem tricolor apresentam uma rara condição genética nos cromossomos sexuais, que ao invés de apresentarem dois (XY), o que é biológica e geneticamente normal, eles apresentam três (XXY) determinando então o aparecimento da terceira cor na pelagem.

REFERÊNCIAS1) Stansfield WD. Genética. 1 ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil; 1974.2) Otto PG. Genética básica para veterinária. 5 ed. São Paulo: Roca; 2012.3) Griffiths AJ; Wessler SR; Lewontin RC; Carroll SB. Introdução à genética. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008.4) Ramalho MA; Santos JB; Pinto CA. Genética na agropecuária. Lavras: UFLA; 2000.

Gato macho (Felis catus) tricolor - Relato de Caso

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Hemangiossarcoma e Colangiocarcinoma em Cadela - Relato de CasoGabriela Pereira dos Santos - acadêmica em Medicina Veterinária na Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected]ísa Cristina Teixeira Santos - acadêmica em Medicina Veterinária na Universidade Federal de Uberlândia.Mariana Ribeiro de Castro - Médica veterinária, residente da área de Patologia Animal na Universidade Federal de Uber-lândia.

RESUMO Atualmente, os cães apresentam maior expectativa de vida, aumentando também as chances de desenvolvimento de tumores. Objetivou-se relatar a ocorrência incomum de hemangiossarcoma e colangiocarcinoma em cadela mestiça, de aproximadamente 10 anos de idade que chegou ao hospital veterinário com a queixa de um aumento de volume na região perineal e dificuldade para defecar. O exame histopatológico de fragmento coletado nesta região revelou hemangiossarcoma. Como exame complementar foi realizado ultrassonografia da região abdominal constatando-se massa no fígado. O animal veio a óbito e à necropsia coletou-se material para análise histopatológica sendo diagnosticado colangiocarcinoma. Relata-se a ocorrência incomum destas duas neoplasias concomitantemente e reafirma-se a necessidade do exame histopatológico para o diagnóstico de neoplasias.

Palavras-chave: cão; histopatologia; necropsia; neoplasia.

INTRODUÇÃOOs tumores representaram 27% do total de diagnósticos dos animais submetidos à necropsia, sendo que 11% morreram ou foram eutanasiados devido à presença de neoplasias, e entre as biópsias solicitadas, 62% dos animais apresentaram tumores (1).

O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia maligna de origem mesenquimal caracterizada por proliferação do endotélio vascular (2), podendo ocorrer metástases no início do desenvolvimento (3). O prognóstico para animais com HSA é sempre reservado, e com freqüência de 39% em cães (4). Os órgãos mais acometidos incluem: baço, pulmão, fígado, peritônio, rim, encéfalo, pleura e coração (5).

Os colangiocarcinomas (neoplasia de ductos biliares intra-hepáticos) são raros em cães, representando menos de 1% de todos os tumores que ocorrem nesta espécie (6), porém representam até 41% dos tumores hepáticos malignos em cães (7) e também apresenta prognóstico desfavorável (8).

O objetivo deste trabalho foi relatar o caso incomum de ocorrência simultânea de hemangiossarcoma e colangiocarcinoma em cadela.

MATERIAL E MÉTODOSFoi encaminhada ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia uma cadela, mestiça, castrada, 10 anos, apresentando aumento de volume na região perineal, abdome distendido, dor à palpação abdominal e dificuldade para defecar. Realizou-se exame citopatológico de material proveniente de punção aspirativa por agulha fina (PAAF) do aumento de volume localizado na região perineal, além de hemograma e bioquímica sérica. A cadela apresentou agravamento do quadro clínico, sendo realizada a eutanásia. Ao exame necroscópico coletou-se fragmentos do aumento de volume da região perineal e de nódulo do fígado, que foram conservados em formol 10% tamponado processando-os de forma convencional para confecção de lâminas histológicas coradas com Hematoxilina e Eosina.

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RESULTADOSA cadela apresentou anemia normocítica e normocrômica e leucocitose, com desvio à esquerda regenerativo e monocitopenia. A bioquímica sérica indicou creatinina (4,56 mg/dL) e fosfatase alcalina (500,5 U/L) elevadas. Na citopatologia observou-se discreta quantidade de células com citoplasma fusiforme e levemente basofílico, núcleo alongado, cromatina frouxa e nucléolos indistintos, com presença de hemácias, sendo diagnosticado neoplasia mesenquimal.

Durante a necropsia os achados mais relevantes foram: coágulos livres no abdome, fígado friável com lobo lateral direito ocupado por massa brancacenta irregular, de consistência macia, que ao corte fluía liquido de aspecto leitoso. Na região pélvica havia massa aderida à bexiga, uretra e vagina, de formato irregular, composta por áreas brancacentas entremeadas a coágulos. Havia ainda área irregular na mucosa vaginal de coloração vermelha escura, discretamente elevada, medindo 3,0 x 2,5 cm.

A análise histopatológica da massa na cavidade pélvica identificou presença de células que se agrupavam formando espaços vasculares com ou sem células sanguíneas em seu interior. As células possuíam formato ovalado à fusiforme com moderado pleomorfismo, anisocitose e anisocariose e nucléolos evidentes. Foi diagnosticado hemangiossarcoma.

Quanto à massa hepática, a mesma possuía estroma fibroso e era formada por proliferação de células de formato cúbico, com pleomorfismo evidente e atipia celular, organizadas em estruturas acinares a tubulares rudimentares. O diagnostico atribuído foi Colangiocarcinoma.

DISCUSSÃOO HSA é um tipo de tumor comum em cães e mesmo tratado o animal possui sobrevida curta, geralmente menos de um ano (9). As alterações bioquímicas como, creatinina e fosfatase alcalina elevadas, observadas no presente caso, também foram citadas por outros autores (10) como presentes nesta doença. A ausência de sinais clínicos específicos dificulta o diagnóstico clínico, sendo raro o diagnóstico precoce do HSA (10;11).

O colangiocarcinoma origina-se do epitélio dos ductos intra-hepáticos, sendo formado por células epiteliais destes ductos, numa distribuição em ácinos rudimentares (12,13). O exame histopatológico do animal em questão apresentava exatamente estas características, confirmando tal diagnóstico. Tanto o hemangiossarcoma como o colangiocarcinoma ocorrem com maior frequência em animais mais velhos e em cadelas castradas (4, 14, 15), assim como descrito neste caso. Além disso, a paciente também era de médio porte, fator predisponente descrito na literatura (5,16,17).

CONCLUSÃOA ocorrência simultânea de hemangiossarcoma e colangiocarcinoma em um mesmo animal leva a prognostico desfavorável. A avaliação histopatológica é necessária para o estabelecimento do diagnóstico destas neoplasias.

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Hemangiossarcoma e Colangiocarcinoma em Cadela - Relato de Caso

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Hemangiossarcoma e Colangiocarcinoma em Cadela - Relato de Caso

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Hemangiossarcoma Vesical Metastático em Cão Betina Miritz Keidann - Graduanda Medicina Veterinária - UFPel - [email protected] Taiane Portella Canals - Graduanda Medicina Veterinária - UFPel Thomas Normanton Guim - Dr. – Hospital de Clinicas Veterinária - UFPel

RESUMO Hemangiossarcomas são neoplasias invasivas com alto potencial invasivo e metastático. São raramente diagnosticados na vesícula urinária e há escassos relatos desta localização descritos na literatura disponível. Relata-se um caso de um cão que apresentava sinais de hematúria, polaquiúria, emagrecimento progressivo e apatia. Para o diagnóstico foram realizados exames radiográfico e ultrassonográfico, hematológicos, bioquímicos e histopatológicos. A cirurgia foi a terapia principal adotada, uma vez que não foi possível a instituição de quimioterapia convencional adjuvante. Houveram complicações pós operatórias relacionadas à recidivas, metástases e síndromes paraneoplásicas. O tempo de sobrevida pós operatório foi de 50 dias. A causa da morte foi decorrente de disseminação metastática e sepse. No presente relato, a cirurgia não foi hábil em conter a progressão da doença em detrimento do avançado estágio no momento do diagnóstico.

Palavras-chave: neoplasia de bexiga; neoplasia endotelial; canino

INTRODUÇÃO Os hemangiossarcomas (HSAs) são neoplasias malignas agressivas e altamente metastáticas oriundas do endotélio vascular que acometem geralmente cães idosos machos de grande porte. Geralmente o prognóstico é desfavorável, exceto em casos em que o tumor é não invasivo e confinado à derme (1).

Os animais diagnosticados com HSA apresentam sinais clínicos inespecíficos, variando de acordo com a localização e tamanho tumoral (1). Particularmente, quando localizados na bexiga, os cães cursam com hematúria, polaquiúria e incontinência (2).

Neoplasias de bexiga respondem por apenas 2% de todos os tumores que acometem os cães (2). O HSA é raramente diagnosticado na vesícula urinária e há escassos relatos desta forma de apresentação na literatura disponível (3). Neste sentido, este trabalho tem como objetivo relatar um caso de hemangiossarcoma vesical em cão, descrevendo os aspectos diagnósticos, terapêuticos e patológicos da doença.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinária da UFPel, um canino, macho, 12 anos, da raça pit bull, apresentando polaquiúria, disúria, hematúria e perda de peso. Para o diagnóstico e estadiamento foram realizados exame clínico geral e específico, radiografias torácicas, ultrassom abdominal, hemograma, bioquímica sérica e avaliação histopatológica.

O estadiamento clínico do paciente foi realizado pelo sistema TNM. Quanto à terapia, foi realizada exérese cirúrgica seguida de terapia de suporte. Após período de tratamento, houve complicações decorrentes do neoplasma culminando com a morte do paciente. O cadáver foi encaminhado para necropsia e histopatologia das lesões.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o exame físico notou-se apatia, pobre condição corporal, mucosas hipocoradas e polaquiúria com hematúria. À palpação abdominal, percebeu-se presença de neoformação em região retroperitoneal. Haviam diversos pequenos nódulos localizados na região prepucial, compatíveis com neoplasia cutânea de origem endotelial.

Em todos os casos de HSAs estão indicados os exames de imagem, uma vez que são valiosos para avaliar o tumor

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primário e ajudar a determinar a presença de possíveis metástases (4). Na ultrassonografia observou-se uma neoformação com cerca de 5cm de diâmetro, hipoecogênica, moderado grau de vascularização ao doppler colorido, com base associada à parede vesical projetando-se para o lúmen; e uma segunda neoformação em região hipogástrica, cranial à bexiga com cerca de 8cm apresentando ecogenicidade mista, ecotextura heterogênea, com margem irregular e contorno indefinido. O rim esquerdo apresentou-se ligeiramente aumentado e preenchido por líquido anecogênico, compatível com hidronefrose severa. As radiografias torácicas não apresentaram alterações. Pelo sistema TNM, o animal foi classificado em estádio III, que é o mais comum de ocorrer no momento do diagnóstico dos animais acometidos por HSA (1).

Os exames pré operatórios revelaram anemia discreta. O tratamento de eleição para os HSAs é a ressecção cirúrgica, no entanto, por sua natureza agressiva, há necessidade de múltiplas modalidades de tratamento (1). Inicialmente foi excisada a massa peritoneal, que localizava-se em região de omento, cranial à bexiga. Foi realizada uma cistotomia e posterior exérese da neoformação vesical que localizava-se em região da inserção do ureter na parede da bexiga, sendo necessária a realização de uma ureteroneocistotomia.

Microscopicamente, em ambas as massas observou-se proliferação de células com núcleos alongados ou arredondados e citoplasma escasso, arranjadas em fendas ou vasos rudimentares. Apresentavam muito pleomorfismo, contagem de 3 a 5 mitoses por campo e invasão evidente para tecidos adjacentes. A massa vesical promovia ulceração da mucosa e se estendia pela submucosa até a serosa.

Uma semana após a cirurgia houve melhora significativa dos sinais de hematúria e disúria, no entanto, o animal apresentava inapetência e deiscência parcial da sutura cutânea e subcutânea, sendo necessário período de internação. Foi iniciado um protocolo de quimioterapia (QT) metronômica utilizando ciclofosfamida (10mg/m2) por via oral, porém, em apenas uma semana o tratamento foi descontinuado, pois apresentava vômitos após a administração. A QT tem sido considerada adjuvante no pós operatório em virtude da natureza metastática da maioria dos casos (1), no entanto, no presente caso, não foi possível a administração de QT convencional, em detrimento da pobre condição orgânica do paciente. O hemograma indicou anemia intensa (Ht 19%), trombocitopenia, anisocitose, presença de esquizócitos e leucocitose com desvio à esquerda. As alterações apresentadas no hemograma geralmente estão relacionadas à hemorragia oriunda da neoplasia, hemólise microangiopática e coagulação intravascular disseminada (CID), proporcionando altas taxas de mortalidade (4).

Terapia de suporte e transfusão sanguínea foi realizada e houve melhora. Após quatro semanas da transfusão, o animal retornou com histórico de inapetência e fraqueza há alguns dias e posterior hipotermia, hipotensão e estado de estupor. A terapia instituída não foi efetiva para reversão do quadro. Na necropsia foi observada recidiva do neoplasma vesical e lesões metastáticas nos pulmões e fígado. Havia áreas de abscesso no peritônio, pielite supurativa e endocardite valvular, sugerindo morte por choque séptico.

CONCLUSÃO Hemangiossarcomas são neoplasias altamente invasivas e metastáticas com rara localização vesical. Os exames de imagem e a histopatologia são fundamentais para o estadiamento, diagnóstico e prognóstico. A cirurgia não foi hábil em conter a progressão da doença em detrimento do avançado estágio no momento do diagnóstico.

REFERÊNCIAS 1) Fernandes SC, De Nardi AB. Hemangiossarcomas. In: Daleck CR, De Nardi AB. Oncologia em cães e gatos. 2a ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016.p.531-44. 2) Knapp DW, McMillan SK. Tumors of the urinary system In: Withrow SJ, Vail DM, Page RL. Small Animal Clinical Oncology, 5th ed. Missouri: Elsevier; 2013.p.572-82 3) Liptak JM, Dernell WS, Withrow SJ. Haemangiosarcoma of the urinary bladder in a dog. Australian Veterinary Journal 2004;82(4):215-7. 4) Thamm DH. Miscellaneous Tumors. In: Withrow SJ, Vail DM, Page RL. Small Animal Clinical Oncology, 5th ed. Missouri: Elsevier; 2013.p.679-88.

Hemangiossarcoma Vesical Metastático em Cão

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Hematúria Renal Unilateral Idiopática em um Cão da Raça Cocker SpanielJéssica Aline Withoeft - Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária – UDESCThierry Grima de Cristo - Pós-graduando em Ciência Animal – UDESCGiovana Biezus - Pós-graduanda em Ciência Animal – UDESCContato: [email protected]

RESUMOA hematúria renal idiopática é diagnosticada em situações onde a razão da hematúria não é esclarecida, descartando-se todos os possíveis diagnósticos diferenciais. A descrição de hematúria idiopática de origem renal unilateral é pouco frequente em medicina veterinária, e a nefrectomia total do rim acometido costuma ter ação curativa. O presente relato traz o caso de um cão, fêmea, da raça Cocker Spaniel com 14 anos de idade que manifestou hematúria contínua, sem alterações concomitantes, caracterizando hematúria renal unilateral idiopática diagnosticada através da presença de sangue na urina obtida por meio de cateterização ureteral esquerda.

Palavras-chave: Rim; nefrectomia; urinálise.

INTRODUÇÃOA hematúria é um sinal clínico comum na rotina veterinária e pode indicar a existência de doenças no trato urinário. Causada por infecções, doenças inflamatórias, neoplasias e traumas, pode ocorrer com menor frequência por doenças vasculares e coagulopatias. Em alguns casos, o fator que causa a hematúria não é bem definido, sendo classificada como “hematúria renal idiopática (HRI)” (1).

A HRI unilateral é pouco descrita em animais, e geralmente não leva a alterações histológicas no rim ou em exames radiográficos (2), porém nos casos graves aonde a perda de sangue é massiva existe o risco do desenvolvimento de anemia e a formação de coágulos que podem causar um processo obstrutivo do trato urinário (3). Para chegar ao diagnóstico de HRI, exames devem ser efetuados para descartar todas as possíveis causas de hematúria (4). O objetivo do presente relato é demonstrar um caso de HRI unilateral diagnosticada através de cateterização ureteral.

MATERIAL E MÉTODOSUm cão, fêmea, da raça Cocker Spaniel, com 14 anos de idade foi levado até o pronto atendimento do Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) apresentando urina de coloração vermelho-escura e contendo coágulos de sangue há dois meses, com piora 20 dias antes da consulta.

Foi realizado exame físico e devido a queixa, ultrassonografias abdominais, urinálise, urocultura e antibiograma e coagulograma. Realizou-se cistotomia exploratória e cateterização uretral, na qual foi identificada a origem da hemorragia, levando a realização de nefrectomia total esquerda. A peça cirúrgica foi enviada para avaliação no Laboratório de Patologia Veterinária (LAPA) da UDESC. Houve deiscência da sutura vesical provocando óbito do animal, que foi encaminhado para necropsia no LAPA-UDESC.

RESULTADOS E DISCUSSÃONo exame físico não foram encontradas alterações além da hematúria, que se manifestava durante todo o processo de micção. Através da ultrassonografia, evidenciou-se na vesícula urinária uma estrutura circular ecogênica de contornos bem definidos, com aproximadamente 2,3cm de diâmetro. Na urinálise, a urina apresentava-se vermelha e intensamente turva, com três cruzes de proteína e sangue oculto, com campo cheio de eritrócitos. Uma semana depois, em novo exame ultrassonográfico a estrutura visualizada anteriormente ainda estava presente.

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Durante cistotomia exploratória percebeu-se que havia uma massa compatível com coágulo cruórico. No segundo dia após o procedimento o paciente voltou a apresentar grave hematúria. Diante do quadro clínico foi submetido a uma cateterização uretral, permitindo identificar hematúria proveniente do rim esquerdo, optando-se pela nefrectomia total esquerda. Ao incisar o rim, visualizaram-se coágulos cruóricos na pelve. No primeiro dia após o procedimento o paciente apresentou hiporexia e líquido livre altamente celular no abdômen. Devido a essas alterações suspeitou-se de deiscência da sutura em vesícula urinária, com consequente extravasamento de urina. Ocorreu o óbito antes da correção cirúrgica da deiscência. Na necropsia observou-se deiscência da sutura em vesícula urinária, provocando peritonite química na cavidade abdominal.

O diagnóstico de HRI foi feito através da exclusão de qualquer outra enfermidade que levasse ao sangramento das estruturas do trato urinário através da ausência de alterações nos exames realizados. A urinálise é um exame essencial para confirmar a hematúria e descartar possível hemoglobinúria ou mioglobinúria, que também podem resultar em urina de cor avermelhada. No entanto, no exame do sedimento, apenas a hematúria demonstrará elevada quantidade de eritrócitos. Neste distúrbio não há alterações radiográficas ou ultrassonográficas que o caracterizem, exceto a presença de possíveis coágulos ao longo do trato urinário, principalmente em vesícula urinária (5). A análise histopatológica dos rins caracterizou glomerulonefrite, condição que não pode ser considerada causa de hematúria, visto que é comum em animais idosos devido a deposição de imunocomplexos nos glomérulos renais, sem sinais evidentes de nefropatia (6).

O diagnóstico definitivo para hematúria renal baseia-se na presença de sangue na urina obtida através de cateterização ureteral (1). A hematúria renal tende a ser unilateral, não manifestando-se no rim contralateral após realização de nefrectomia total do rim acometido, mostrando-se uma intervenção curativa (7). No entanto, o acompanhamento do paciente não foi possível pelo óbito resultante de deiscência de sutura. Porém, após nefrectomia, a hematúria não foi mais visualizada até o momento do óbito.

CONCLUSÃOA hematúria contínua, junto a ausência de alterações concomitantes e a presença de sangue na urina após cateterização ureteral esquerda, caracteriza HRI unilateral. Apesar de ser uma condição rara, é necessário que seja incluída dentro dos diagnósticos diferenciais ao examinar um paciente com hematúria.

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Hematúria Renal Unilateral Idiopática em um Cão da Raça Cocker Spaniel

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Hemipelvectomia como tratamento de osteossarcoma no fêmur Betina Fabis Lautert¹; Daniel Curvello de Mendonça Muller²;¹Discente do Curso de Medicina Veterinária, UFSM – RS. [email protected] ²Profesor Doutor da Universidade Federal de Santa Maria

RESUMO Em medicina veterinária, a incidência de neoplasmas vem crescendo conjuntamente com o aumento da longevidade dos pacientes. No caso de tumores ósseos, o osteossarcoma é o que possui maior casuística. Por ser um neoplasma maligno e agressivo, o prognóstico do paciente é normalmente desfavorável. Em vista disso, buscam-se alternativas que permitam de forma paliativa ou até mesmo definitiva melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados. Este relato busca descrever uma hemipelvectomia, procedimento que apesar de não ser executado rotineiramente vem sendo cada vez mais utilizado como alternativa à eutanásia no tratamento de neoplasias ósseas próximas à pelve.

Palavras-chave: neoplasia óssea, oncologia, cirurgia.

INTRODUÇÃO Neoplasmas ósseos em geral não ocorrem frequentemente em cães (1). Entretanto, o osteossarcoma (OSA) é o neoplasma ósseo primário mais comum, correspondendo a cerca de 85% de todos os tumores malignos originados do esqueleto e a até 5% de todos os neoplasmas da espécie (2), acometendo mais frequentemente o esqueleto apendicular (3).

O diagnóstico de neoplasmas ósseos primários em cães deve ser o mais acurado possível, uma vez que implica em decisões clínico-terapêuticas radicais como remoção cirúrgica de grandes porções de tecido, amputação de membros e quimioterapia agressiva (1). O tratamento de eleição para cães com OSA é a amputação, concomitantemente à quimioterapia com agente único ou combinado (2).

O objetivo deste trabalho é descrever a realização do tratamento cirúrgico por meio de uma hemipelvectomia subtotal caudal em um paciente canino com neoplasia óssea no fêmur proximal.

MATERIAL E MÉTODOS Foi encaminhado ao Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria um canino, fêmea, SRD, com doze anos de idade, 27kg, com histórico de dificuldade de caminhar com os membros pélvicos, apresentando fraqueza. O animal demonstrava dor à palpação do membro esquerdo, sendo a principal suspeita clínica a de displasia. Encaminhada ao Raio-X sedada, foi observado presença de proliferação óssea na porção proximal do fêmur. O Raio-X de tórax não mostrou sinais compatíveis com metástase.

Antes do procedimento cirúrgico, como medicação pré-anestésica foram aplicados meperidina (4mg/kg/IM), midazolan (0,3mg/kg/IM) e acepromazina (0,03mg/kg/IM); na indução anestésica foi utilizado propofol (4mg/kg/IV) e sua manutenção feita com anestesia inalatória de isoflurano ao efeito. O protocolo anestésico ainda contou com anestesia local utilizando-se lidocaína epidural (4mg/kg) sendo cefalotina (30mg/kg) e dipirona (25mg/kg) utilizadas como terapia de apoio. Com a paciente em decúbito lateral direito, foi feita a antissepsia e posterior colocação dos campos cirúrgicos. A incisão foi realizada em formato circular, com margem cirúrgica ampla, ao redor de todo o membro esquerdo, excisando-se acima do trocanter maior do fêmur, parte da musculatura abdominal ventral e lateral. Objetivando-se a retirada do membro em bloco, foi realizada osteotomia do ílio em seu ponto mais cranial com serra óssea manual, preservando a articulação sacro-ilíaca e a asa do ílio. Posteriormente, púbis e ísquio também foram seccionados. Por não haver herniação com a retirada do membro, não foi necessário a colocação de tela de polipropileno. Para a ligadura dos vasos, utilizou-se Poliglactina 910 (n°2-0), na síntese da musculatura pélvica,

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utilizou-se o mesmo fio, em padrão de colchoeiro isolado. A redução do subcutâneo foi realizada com Poliglactina 910 (2-0) em padrão zig-zag e a dermorrafia com Naylon (3-0) em padrão isolado simples.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A remoção de um segmento pélvico pode ser indicada para o tratamento de tumores envolvendo a pelve e os tecidos moles circundantes, traumatismo pélvico grave ou malunião (4). A hemipelvectomia requer familiaridade com a anatomia regional, cuidadosa consideração ortopédica, urinária, intestinal, da parede abdominal e do procedimento tegumentar relacionado às técnicas de cirurgia oncológica quando indicado (4). Cada indivíduo possui uma apresentação única em termos de tipo de tumor, localização e extensão, dessa forma para cada paciente existirão considerações diferentes (4). Ainda assim, a hemipelvectomia vem sendo executada cada vez mais (5). Até à data, estudos veterinários indicam que cães e gatos toleram bem a hemipelvectomia (4, 6, 7, 8), a adaptação de quadrúpedes amputados já é conhecida no meio veterinário, uma vez que ocorre a triangulação dos membros remanescentes, gerando um equilíbrio adequado (9).

No presente relato, optou-se pela técnica por se tratar de uma área com alta proliferação de tecido ósseo na pelve, sendo a colocefalectomia insuficiente para sua remoção. A paciente começou a apoiar os membros três dias pós operatório. Foi para casa estável, porém voltou após 15 dias ao Hospital Veterinário com escara de decúbito e um mês após sem comer. Por meio de exame radiológico, constatou-se metástase pulmonar significativa, o proprietário optou por não fazer nenhum tratamento com quimioterápicos ou eutanásia, levando o animal para casa. Em outros trabalhos (7), cita-se que 62% dos pacientes obtiveram um ano de sobrevida. Neste relato, infelizmente, a paciente já devia apresentar pequenas mestástases no pré operatório, não sendo ainda sensíveis ao exame radiológico.

CONCLUSÃO Apesar do prognóstico de pacientes com neoplasma ósseo ser reservado a ruim, a hemipelvectomia é um tratamento cirúrgico que proporciona melhora na qualidade de vida e aumento da sobrevida dos pacientes. Por isso, vê-se cada vez mais a necessidade do clínico e do cirurgião terem conhecimento de sua aplicabilidade e considerarem-no como forma de tratamento dessas neoplasias.

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Hemipelvectomia como tratamento de osteossarcoma no fêmur

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Hemoparasitas em Aves Silvestres de um Centro de Triagem e um Hospital Veterinário Tatiane Marquini Ribeiro – Acadêmica de Medicina Veterinária no curso de Medicina Veterinária da Universidade Fede-ral de Uberlândia, UFU, [email protected]. Isabela Da Costa Silveira – Médica Veterinária autônoma – Pronto Socorro Veterinário, PSV – MG. Daniel Giordani Silveira – Acadêmico de Medicina Veterinária no curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, UFU.

RESUMO Foi estudada a infecção por hemoparasitas em Psitacídeos mantidos no Laboratório de Estudo e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Foram estudadas 50 aves da Família Psittacidae. Sendo encontrados hemoparasitas dos gêneros Haemoproteus sp., Leucocitozoom sp., e Plasmodium sp. . A taxa de prevalência para Plasmodium sp. foi de 100%, para Haemoproteus sp. 10% e Leucocitozoom sp. 22%. O significado biológico e parasitológico é discutido com base na importância que têm esses parasitas para aves da família Psittacidae.

Palavras-chave: hemopesquisa; psitaciformes; parasitas.

INTRODUÇÃO Malária aviária é uma enfermidade causada pela infecção por protozoários do gênero Plasmodium, porém, outros hemosporídeos, como Haemoproteus, Leucocytozoon, e Fallisia, são frequentemente agrupados por proximidade taxonômica e similaridades epidemiológicas (1). Os casos destas infecções são geralmente subclínicos, no entanto, animais com quadros de estresse e/ou infecções concomitantes podem apresentar sintomatologia grave (letargia, dor, penas eriçadas, mucosas pálidas, cabeça caída, inapetência, regurgitação e óbito). Há um grande número de estudos relacionando a presença de hemoparasitas em aves silvestres com os possíveis efeitos negativos destes, porém, existem poucas informações sobre a ocorrência em espécies da família Psittacidae e aves mantidas em condições de cativeiro (2). Os psitaciformes são aves muito sociáveis, inteligentes, de coloração exuberante, e com capacidade de imitar sons, sendo requisitados como animais de companhia (1), convivendo com outros animais e seres humanos, além de poderem ser reintroduzidos à vida livre (reabilitação, acidentalmente), podendo contribuir para a disseminação destes parasitas e gerando prejuízos a criadores e ao meio ambiente (1).

MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), em conjunto com a Universidade de Uberaba (UNIUBE). Os animais são provenientes de apreensão pela Polícia Ambiental e após avaliação, e cuidados (quando necessário), mantidos em cativeiro, para posterior destinação. Foram coletados exames de aves em estado de recuperação, irrecuperáveis para posterior eutanásia, e saudáveis à espera de destinação, todos os animais apresentavam-se clinicamente estáveis durante o desenvolvimento do trabalho, realizado no período de fevereiro de 2015 a maio de 2015. As aves foram contidas e, após exame do estado geral, colocadas em decúbito dorsal, com uma de suas asas em extensão. De cada ave foram colhidos aproximadamente 0,5 ml de sangue, a partir da veia braquial. O sangue colhido foi utilizado para confeccionar de 1 a 4 esfregaços por escorregamento, os quais foram fixados por dessecação numa primeira fase e por imersão em metanol puro numa segunda fase, sendo então corados pelo corante de Giemsa. Em seguida foram observados ao microscópio óptico (Olympus CH2), durante 30 minutos, na ampliação 1000 x, e os parasitas presentes identificados (3).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisadas 50 aves pertencentes à família Psittacidae, totalizando 4 espécies distribuídas, sendo elas: 3 exemplares de Alipiopsitta xanthops (Papagaio galego), 12 de Amazona aestiva (Papagaio verdadeiro), 1 de Amazona amazônica (Papagaio do mangue) e 34 de Psitacara leucophthalmus (Periquito maracanã). Os hospedeiros observados

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não apresentavam sinais clínicos característicos da afecção, mostrando-se assintomáticos, no entanto 14% dos animais mostravam-se em estado de caquexia e 8% dos animais estavam magros. A percentagem de hospedeiros positivos a Plasmodium sp., foi de 100%, e o total de hospedeiros positivos para outros hemoprotozoários de 34%. Sendo destes 24% da espécie Psittacara leucophthalmus, 8% da espécie Amazona aesiva e 2% Alipiopsitta xanthops. Os hospedeiros positivos para Haemoproteus sp correspondem a 10%, Leucocitozoom 22%.. Foi encontrada uma alta incidência de hemosporídeos em hospedeiros mantidos em cativeiro. Todos os animais eram mantidos nas mesmas condições de manejo (instalações, alimentação e higienização). Ressaltando que estas condições possibilitavam o contato dos hospedeiros com vetores.

CONCLUSÃO Os resultados desacordaram dos tradicionalmente obtidos, nos quais se encontram baixa prevalência de hemoparasitas em aves de vida livre de diversas espécies (4). O que sugere a maior propensão de animais em cativeiro à infecção por hemoparasitas. Psittacideos são animais de grande exuberância e inteligência, o que o torna de grande estima para cativeiro, sejam eles mantenedouros, zoológicos, e até mesmo como animais de estimação, que neste último muitas vezes há coabitação com animais de outras espécies, podendo haver grande proliferação dos hemosporídeos. Por isso há tamanha importância nos estudos de hemosporídeos, para que haja maior conservação das espécies, e melhoramento das condições de cativeiro, também para casos de soltura, voluntária ou não, para evitar que haja contaminação dos animais de vida livre (1,2). Doenças infecciosas como a malária aviária são de grande importância, pois podem causar rápido declínio de populações, extinções e diminuição da biodiversidade. Estudos como este possuem forte implicação na conservação e no manejo das aves silvestres de vida livre ou mantida em cativeiro (2).

REFERÊNCIAS 1) Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL. Tratado de animais Selvagens. 2. ed. São Paulo: Roca, 2014. 2 v. 2) Belo NO. Ocorrência de Plasmodium spp. Em aves silvestres da família Psittacidae mantidas em cativeiro no Brasil, 2007. 45 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Medicina Veterinária, Preventiva, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. 3) Benetti GF, Ealé RA, Peirce MA. The Leucocytozoidae Of South African Birds: Passeriformes, 1992. OnderstepoortJ.vet.Res., 59, 235—247. 4) Fecchio A, Marini MA, Braga EM. Low prevalence of blood parasites in Cerrado birds, Central Brazil. Neotropical Biology And Conservation, São Leopoldo, v. 3, n. 2, p.127-135, dez. 2007.

Hemoparasitas em Aves Silvestres de um Centro de Triagem e um Hospital Veterinário

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Hermafroditismo Verdadeiro em Cão - Relato de Caso1Gabriela Santiago de Oliveira;2Fabiano Luiz Dulce de Oliveira;3Taísa Matamoros Amaral;1Médica Veterinária, Proprietária do Clinvet Centro Veterinário (Juiz de Fora/MG)2Médico Veterinário, Mestrando em Saúde pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. ([email protected])3Médica Veterinária Autônoma

RESUMODesordens do desenvolvimento genital podem ocorrer em todos os mamíferos, no entanto o mecanismo que leva à sua ocorrência ainda não está bem esclarecido. A intersexualidade é considerada uma doença congênita rara em animais domésticos. Os indivíduos afetados apresentam parte ou totalidade dos órgãos genitais de ambos os sexos, resultando em uma variedade de fenótipos. Hermafroditas verdadeiros são indivíduos com tecido testicular e ovariano ou combinados em uma única gônoda (ovotestis) ou existentes em gônodas separadas. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de hemafroditismo verdadeiro, confirmado através do exame histopatológico, em um canino da raça Yorkshire com característica fenotípica incomum.

Palavras-chave: pênis diminuto; hiperplasia vaginal; hispotatologia

INTRODUÇÃOIntersexo é um termo geral que inclui várias anomalias congênitas do sistema genital, usado para definir animais que apresentam características sexuais ambíguas (1,2), entretanto, não indica a etiologia da anormalidade (3). Sob a denominação de intersexo estão enquadrados os hermafroditas verdadeiros, os pseudo-hermafroditas e outras formas de reversão sexual (4).

Os hermafroditas verdadeiros são indivíduos com tecido testicular e ovariano ou combinados em uma única gônoda (ovotestis) ou existentes em gônodas separadas (5). Os pseudo-hermafroditas possuem apenas um tipo de tecido gonodal, e os sexos cromossômicos gonodais são concordantes (3); assim são classificados em masculinos ou femininos, dependendo do tipo de gônoda presente (5).

O presente trabalho foi escrito com intuito de relatar um caso de hermafroditismo verdadeiro em um animal que, até o fechamento do trabalho, não foi possível identificá-lo como macho ou fêmea, devido a não concordância da proprietária em fazer o teste para avaliação cromossômica. A análise histopatológica identificou presença de células condizentes com o sexo masculino.

RELATO DE CASOFoi atendido, na clínica veterinária CLINVET – Centro Veterinário, localizado na cidade Juiz de Fora-MG, um animal da raça Yorkshire, de 10 meses de idade, pesando 2,6 kg, cuja proprietária relatava que o animal apresentava uma estrutura anômala na região vulvar. A única alteração, ao exame clínico, foi a presença de uma estrutura proeminente, com cerca de 3,0cm de comprimento, na vulva do animal, sem causar qualquer obstrução uretral ou vaginal. Suspeitando-se, de hiperplasia vaginal, foi sugerido à proprietária a realização do procedimento de ovariossalpingohisterectomia (OSH) para evitar a ocorrência de complicações na época do ciclo estral, bem como no intuído de regressão da estrutura.

Durante o procedimento cirúrgico observou-se que os ovários se assemelhavam a testículos. Os mesmo, assim como os cornos uterinos, foram encaminhados para a biópsia. O exame histopatológico revelou epidídimo revestido por epitélio pseudoestratificado cilíndrico contendo estereocílios ao lado de túbulos seminíferos onde não havia espermatogênese. Adjacente ao epidídimo e túbulos seminíferos fora observado tecido ovariano com estroma e cápsula.

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Após 30 dias do procedimento cirúrgico, o animal retornou para reavaliação e pode-se observar que a estrutura vulvar não havia regredido, mas sim aumentado de tamanho, tomando aspecto de um pênis, com corpo cavernoso e glande. Foi proposto à proprietária nova intervenção cirúrgica, para a retirada de tal estrutura, porém a mesma não concordou com o novo procedimento.

DISCUSSÃOA avaliação clinica e anátomo-histopatológica caracterizam o caso como hermafroditismo verdadeiro, diferentemente de outros casos que são apenas caracterizados como persistência dos ductos de Muller, cujo animal apresenta gônodas masculinas, presença de órgãos genitais internos femininos e genitália do sexo oposto, compatível morfologicamente com peseudo-hermafroditismo masculino. Diferentemente dos hermafroditas verdadeiros, como o do presente relato, que apresenta gônadas e vias genitais internas de ambos os sexos e genitália externa feminina. A concordância entre o sexo cromossômico e gonodal justifica a classificação dessa síndrome entre as alterações do sexo fenotípico (6).

De acordo com a literatura consultada, cães que apresentam pseudo-hermafroditismo masculino podem apresentar algumas características, tais como cio irregular (7), o que não foi relatado no presente caso. Por ter sido castrado precocemente, o animal não apresentou ciclo estral. O comportamento masculino também não foi evidenciado no caso descrito, pelo menos até a elaboração deste resumo.

O animal do presente trabalho apresentava genitália externa feminina com uma estrutura também externa semelhante a um pênis, dois cornos uterinos completos, porém juntamente com o tecido ovariano havia também tecido considerado de origem masculina como epidídimo e túbulos seminíferos, mas não havia espermatogênese.

CONCLUSÃODiante do exposto, conclui-se que o exame clínico e a análise histopatológica, foram suficientes para caracterizar o caso de Hermafroditismo Verdadeiro em Cão.

REFERÊNCIAS1) Howard, P.E.; Bjorling, D.E. The intersexual animal. Associated problems. Probl. Vet. Med. 1989; 1(1):74-84;2) Mickelsen, W.D.; Memon, M.A. Disturbios hereditarios e congênitos dos sistemas reprodutivos do macho e da fêmea. In: Ettinger, S.J.; Feldman, E.C. Tratado de medicina interna veterinária. Molestias do cão e do gato. Ed. Manole:São Paulo; 1997;3) Meyers-Wallen, V.N. Inherited abnormalities of sexual development in dogs and cats. In: Concannon, P.W; England, G.; Verstegen, J.; Linde-Forsberg, C. Recent Advantage in small animal Reproduction; 2001;4) Rosnina, Y; Jainudeen, M.R; Hafez, E.S.E. Genéticas da falha reprodutiva. In: Hafez, E.S.E.; Hafez, B. Reprodução animal. Ed. Manole:São Paulo; 2004;5) Bearden, H.J.; Fuquay, J.W. Anatomical and inheriyed causes of de reproductive failure. Applied animal reproduction. Saddle River: Prentice Hall, 2000;6) Lyle, S. K. Disorders of sexual development in the dog and cat. Theriogenology 2007; 68:338-343;7) Prestes, N.C.; Leal, L.S.; Jorge, P. Pseudo-hermafroditismo masculino canino: relato de três casos. Rev. Vet. Zootec 2005; 12:14-19.

Hermafroditismo Verdadeiro em Cão - Relato de Caso

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Hidropsia e Lábio Leporino Fetal em Cães da Raça Bulldog Inglês - Relato de CasoKaisa Freitas de Araujo¹;Eduarda Aranha da Costa²;Igor Mansur Muniz³;¹ Discente de Medicina Veterinária, Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR)² Discente de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)³ Doutor em Clínica e Reprodução Animal, docente de Medicina Veterinária da UNIRE-mail: [email protected]

RESUMOA hidropsia fetal é uma síndrome caracterizada pela presença de edema subcutâneo generalizado (anasarca), que se desenvolve durante a vida intra-uterina. Já o lábio leporino é uma malformação congênita da face, caracterizada pela abertura deformante nos lábios superiores do animal. O caso estudado trata-se de uma fêmea canina da raça Bulldog Inglês, com 21 meses de idade, primípara, vacinada, desverminada, com 62 dias de gestação, que foi encaminhada para a clínica veterinária com perda de líquido. Foi realizada uma cesariana de emergência. Nasceram cinco filhotes e destes dois apresentavam malformação. O paciente com hidropsia sobreviveu por 6 horas, apresentava o dobro do peso dos outros animais e quadro de dispneia. Na necropsia observou-se edema subcutâneo, efusão peritoneal, pleural e pericárdica, pulmão e coração de tamanho reduzido e líquido abdominal. No animal com lábio leporino apresentou fenda bilateral, apesar da alteração estética labial evidente o animal conseguiu ter uma vida saudável. Este trabalho teve por objetivo relatar as anomalias congênitas como a hidropsia e o lábio leporino que ocorrem durante a vida fetal.

Palavras-chave: braquicefálicos; anasarca; neonatos; anomalias congênitas.

INTRODUÇÃOA hidropsia fetal é caracterizada pelo acúmulo de líquido anormal no espaço extravascular do feto, causando edema subcutâneo generalizado e coleções em quantidade variável nas cavidades peritoneal, pleural e pericárdica1,2. Sua etiologia está relacionada aos genes autossômicos recessivos e anomalias hipofisárias. Os fetos acometidos chegam a termo; porém, devido ao excesso de líquido no tecido subcutâneo, normalmente causam distocias, sendo necessária, nestes casos, uma intervenção cirúrgica por meio de cesariana3,4.

O lábio leporino é uma malformação congênita da face, causando abertura deformante nos lábios superiores do animal. Apresenta-se de forma isolada ou associada a anomalias do palato secundário5

. Esse comprometimento oral constitui uma condição multifatorial, na qual a suscetibilidade genética é influenciada por fatores ambientais, os quais estão presentes ao longo do desenvolvimento embrionário e interagem entre si, tornando difícil a avaliação exata do papel de cada um6. Este trabalho teve por objetivo relatar o caso de hidropsia e lábio leporino em fetos caninos da raça Bulldog Inglês.

MATERIAIS E MÉTODOSUma fêmea canina da raça Bulldog Inglês, com 21 meses de idade, primípara, vacinada, desverminada, com 62 dias de gestação foi encaminhada para a clínica veterinária com perda de líquido. Devido a ausência de contrações e pouca abertura do canal do parto, foi realizada uma cesariana de emergência. Durante o período pré-natal foram realizados exames clínicos e hemograma constatando parâmetros normais. Nasceram cinco filhotes, dos quais três eram normais e dois apresentavam malformação: hidropsia e lábio leporino.

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RESULTADOSpaciente com hidropsia (1) sobreviveu por 6 horas, apresentava o dobro do peso dos outros animais e quadro de dispneia. Na necropsia observou-se edema subcutâneo generalizado (FIGURA 1 e 2), efusão peritoneal, pleural e pericárdica, pulmão e coração de tamanho reduzido e líquido abdominal. No animal com lábio leporino (2) ao exame clínico apresentou fenda bilateral (FIGURA 3), apesar da alteração estética labial evidente o animal conseguiu ter uma vida saudável.

Figura 1: Feto canino com edema subcutâneo (vista ventral). Figura 2: Canino apresentando assimetria rostral causado por edema subcutâneo (vista rostral). Figura 3: Canino apresentando lábio leporino esquerdo (vista rostral).

DISCUSSÃO

No presente trabalho houve discordância parcial com a literatura, pois ocorreu mais de um defeito congênito na mesma ninhada. Contudo, os achados de necropsia do paciente 1 estão de acordo com o descrito na literatura sobre hidropsia fetal2,4,7,8, ao relatarem que os fetos acometidos por esta anomalia apresentam excesso de líquido no tecido subcutâneo, efusão pleural, peritoneal e pericárdica, resultando em distocia obstrutiva durante o parto.

O paciente 2 apresentou fenda bilateral pelo fato de não causar sinais clínicos agravantes, o prognóstico de pacientes acometidos, sem tratamento cirúrgico é considerado favorável 5. Em pacientes operados, o prognóstico também é bom, porém pode necessitar de múltiplas cirurgias para total reconstrução labial9.

CONCLUSÃO

A etiologia dessas malformações envolvem fatores genéticos e ambientais. No paciente 1, acredita-se tratar de uma condição hereditária em raças braquicefálicas, provavelmente como característica recessiva ou mutação acrossomal. E o paciente 2, a causa provável do achado seria falha no desenvolvimento embrionário ou fetal do animal avaliado.

REFERÊNCIAS 1) Toniollo, G. H.; Vicente, W. R. R. Manual de obstetrícia veterinária. São Paulo: Livraria Varela, p.57-60, 2003.2) Sorribas, C. E. Manual de emergências e afecções frequentes do aparelho reprodutor em cães. 1. ed. São Paulo: MedVet, 2009.3) Nelson, R. W. & Couto, C. G. (2015). Medicina interna de pequenos animais. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1474 p.4) Silva, T. M., Zakimi, R. S., Garcia, P. D., Thomé, H. E., Lorenço, M. L. G. & Alves, J. D. S. (2012). Diagnóstico ultrassonográfico de hidropisia fetal intrauterino – relato de caso. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV, 10, 26–31.5) Ribeiro, E. M.; Moreira, A. S. C. G. Atualização sobre o tratamento multidisciplinar das fissuras labiais e palatinas. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 18, n.1, p. 31-40, 2005.6) Dutra, A. T. Defeitos palatinos congênitos. 2008. 22f. Tese de Conclusão de Curso (Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais) – Universidade Castelo Branco, São José do Rio Preto – SP.

Hidropsia e Lábio Leporino Fetal em Cães da Raça Bulldog Inglês - Relato de Caso

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7) De Oliveira, Gisele Santos Silva et al. Anasarca fetal em bulldog inglês – relato de caso. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, [S.l.], v. 11, n. 3, p. 83-83, dec. 2013. ISSN 2179-6645.8) Assis, A. R., Martin, C. M., Cantadori, D. T., Paiva, F. D. & Tabosa, M. S. P. (2013). Diagnóstico ultrassonográfico de hidropsia fetal em gestações consecutivas associadas a óbito perinatal das ninhadas em cadela bulldog inglês. Anais do 34º Congresso Nacional da Anclivepa. Acta Veterinaria Brasilica, 7, Supl.1.9) Fossum, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 1. ed. São Paulo: Mosby, 2002, 1606p.

Hidropsia e Lábio Leporino Fetal em Cães da Raça Bulldog Inglês - Relato de Caso

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Hiperplasia Fibroepitelial Mamária Felina - Relato de Caso Nayara Adriana Rengel; Sabrina Heinden Glonek Junkes - Acadêmicas do Curso de Medicina Veterinária, UnC – Câmpus Canoinhas. Simone Ballão Taques Wendt - Doutora em Medicina Veterinária, Docente do Curso de Medicina Veterinária UnC– Câm-pus Canoinhas. E-mail: [email protected]

RESUMO A hiperplasia fibroepitelial felina é uma condição raramente relatada na literatura. Apesar de ser uma neoplasia benigna, a apresentação clinica pode ser emergencial. O presente relato descreve o diagnóstico e tratamento de hiperplasia mamária em um felino encaminhado para consulta no Hospital Veterinário da Universidade do Contestado onde a principal queixa por ocasião do atendimento era relacionada à tumefação das mamas com evolução clínica entre 3 e 4 semanas, observada após a administração de progestágeno.

Palavras-chave: Hospital Veterinário, doenças de gatos; glândula mamária.

INTRODUÇÃO A hiperplasia fibroepitelial felina é uma condição não neoplásica, responsiva a progesterona. Caracteriza com uma rápida hipertrofia e hiperplasia ou proliferação do estroma e epitélio ductal das glândulas mamarias. É comum que acometa mais de uma glândula mamária, resultado da estimulação hormonal do tecido. Macroscopicamente os nódulos mamários são bem delimitados, não sendo encapsulados, seu tamanho pode variar em torno de 2 a 5cm de diâmetro sendo recomendado que se faça somente a castração do animal . Acomete gatas jovens, geralmente com menos de dois anos de idade ( 1 ) sendo que este distúrbio é mais comumente descrito em fêmeas no início da gestação ou naquelas que estão ciclando ( 2 ), mas tem sido observado, embora mais raramente, em machos inteiros ou castrados, após administração prolongada de medicamentos à base de progestágenos; em cães a ocorrência é extremamente rara ( 3 ). Embora a causa seja desconhecida, há evidências de que se trate de uma lesão hormônio-dependente, associada à ação de substâncias progestacionais naturais ou sintéticas ( 4 ).

MATERIAL E MÉTODOS Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade do Contestado (UnC), uma gata, SRD, 4 anos de idade, não castrada, pesando 3,6kg. na qual o proprietário relata ter aplicado hormônio anticoncepcional há 30 dias . No exame físico geral não apresentou alterações sistêmicas, porém foi observado um aumento significativo da quarta glândula mamária esquerda com um diâmetro de 6,5x6,5cm (Figura 1).

Figura 1 – Acentuado aumento da mama, com início de ulceração, em uma gata.

Para auxiliar no diagnóstico, foi realizada o aspirado citológico por agulha fina da massa e dos linfonodos poplíteo e inguinal. No aspirado da massa, foram encontradas células ovais e eosinofílicas. (Figura 2).

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Figura 2 – Aspirado citológico para visualização em microscópio óptico de aspirado por agulha fina de nódulo mamário felino. Coloração Panótico rápido. Aumento 40X.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Embora a causa da hiperplasia fibroepitelial seja desconhecida, há evidencias de que se trate de uma lesão hormônio dependente, associada à ação de substâncias progestacionais naturais ou sintéticas. Como tratamento, foi realizada castração (OSH) e mastectomia da mama acometida(Figura 3), devido ao fato de que o exame citológico não ser sido conclusivo para hiperplasia fibroepitelial. A mastectomia foi usada como tratamento para a gata apesar de não ser um procedimento indicado isoladamente. De modo geral, o tratamento para gatas afetadas por hiperplasia fibroepitelial mamária consiste na retirada do estímulo hormonal, seja endógeno ou exógeno, através de ováriohisterectomia ou suspensão do medicamento à base de progesterona, respectivamente (5). Quando a hiperplasia é acentuada e as mamas estão muito aumentadas, pode haver necessidade de extirpação cirúrgica pois raramente ocorrerá involução espontânea . Os diagnósticos diferenciais devem incluir neoplasias mamárias malignas de crescimento rápido, principalmente adenocarcinomas e situações mais raras, como displasia mamária cística e mastites. A hiperplasia fibroepitelial mamária pode ser diagnosticada clinicamente por meio da anamnese e do exame físico. Biópsias podem confirmar o diagnóstico presuntivo. O diagnóstico definitivo do presente relato foi feito através da coleta de um fragmento da massa extirpada cirurgicamente com posterior encaminhamento para o exame histopatológico, que confirmou hiperplasia fibroepitelial mamaria.

Figura 3 – Cirurgia de Mastectomia de uma gata acometida com hiperplasia mamária fibroepitelial.

CONCLUSÃO Podemos concluir que a realização do exame histopatológico é fundamental para o diagnóstico diferencial de hiperplasia fibroepitelial mamária.

Hiperplasia Fibroepitelial Mamária Felina - Relato de Caso

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REFERÊNCIAS 1) Amorin, Fernanda Vieira. HIPERPLASIA MAMÁRIA FELINA. Programa de Faculdade de Veterinária (FaVet-UFRGS), Porto Alegre, RS/Brasil. Acta Scientiae Veterinariae. : s279-s280, 2007. 2) Dias e Silva, Tairon. RELATO DE CASO – HIPERPLASIA MAMÁRIA FELINA; ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.8, N.14; p. 2012 3) Souza, Tatiana Mello. HIPERPLASIA FIBROEPITELIAL MAMÁRIA EM FELINOS: CINCO CASOS; Ciência Rural, v. 32, n. 5, 2002. 4) Jones, T.C., Hunt, R.D., King, N.W. Sistema genital. In: JONES, T.C., HUNT, R.D., KING, N.W. Patologia veterinária. São Paulo : Manole, 2000. 1415p. Cap.25. p.11691244. 5) Mialot, J.P. Patologia da mama. In: MIALOT, J.P. Patologia da reprodução dos carnívoros domésticos. Porto Alegre : A Hora Veterinária, 1988. 160p. Cap.11. p.128141.

Hiperplasia Fibroepitelial Mamária Felina - Relato de caso

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Hipertensão Arterial Pulmonar em um Gato Doméstico - Relato de CasoBruna Toledo Duran Foglia – Aprimoranda na Clínica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário (UNOESTE)Yudney Pereira da Motta – Docente na disciplina de Clínica Médica de Pequenos Animais do curso de Medicina Veteri-nária (UNOESTE)Mayra Claudino Villa - Aprimoranda na Clínica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário (UNOESTE)Email: [email protected]

RESUMOFoi atendido um gato de cinco anos no Hospital Veterinário (UNOESTE), com emagrecimento, apatia, distensão abdominal e tosse esporádica há um mês. Foi observada presença de sopro de grau III/VI em hemitórax direito em foco de auscultação da valva tricúspide. Na ultrassonografia do abdômen e radiografia foi observada congestão hepática, efusão abdominal e alteração em forma e tamanho do coração com deslocamento dorsal de traquéia. No ECG o animal apresentou taquicardia sinusal e bloqueio de ramo direito. O ecocardiograma revelou aumento de átrio direito com refluxo moderado em tricúspide, aumento de ventrículo direito com alteração de contratilidade segmentar e elevação da pressão arterial pulmonar. Não houve alteração em hemograma, função renal e hepática e hemocultura. De acordo com os exames, foi diagnosticada hipertensão arterial pulmonar (HAP). Foi realizado tratamento com inibidor de eca, diurético e antagonista da aldosterona, para controle da insuficiência cardíaca, e com vasodilatador pulmonar, devido à baixa saturação de oxigênio. Por ser uma condição rara em felinos, o presente trabalho teve como objetivo relatar um caso de HAP idiopática nesta espécie.

Palavras-chave: HAP; felinos; insuficiência cardíaca direita; idiopática

INTRODUÇÃOA hipertensão arterial pulmonar (HAP) é definida como a elevação da pressão da artéria pulmonar de forma anormal e persistente. O aumento na resistência vascular pulmonar gera como consequência uma maior sobrecarga no ventrículo direito (1). Pode ser classificada em primária, ou idiopática, e secundária (2). É rara em gatos, e está frequentemente associada à infecção por dirofilariose, tromboembolismo e ducto arterioso persistente (3). Em casos graves, ascite e fadiga associadas à dispnéia e intolerância ao exercício são vistos como resultados de insuficiência cardíaca congestiva direita (4). O ecodopplercardiograma é o método de escolha para o diagnóstico visto que permite fácil e rápida obtenção da pressão da artéria pulmonar (5). Em razão de não ser uma doença frequente em felinos, o objetivo deste relato é compartilhar um caso HAP idiopática em um gato doméstico.

DESCRIÇÃO DO CASOFoi atendido no Hospital Veterinário da Unoeste, Presidente Prudente, SP, um animal da espécie felina, de 3kg, macho, sem raça definida, cinco anos de idade, com acesso à rua, não castrado e não vacinado, com histórico de emagrecimento, apatia, distensão abdominal e tosse esporádica, com evolução de um mês. Ao exame clínico visualizou-se o abdômen distendido, sinais de congestão sistêmica e sopro de grau III/VI em hemitórax direito em foco de auscultação de valva atrioventricular direita na auscultação cardiopulmonar. A pressão arterial sistólica apresentou valor de 140 mmHg. Não foram identificadas alterações em hemograma e em função renal e hepática. Na ultrassonografia do abdômen, visualizou-se presença de líquido livre na cavidade e congestão hepática. A radiografia torácica, em projeções ventrodorsal e laterolateral direita e esquerda, revelou alteração de forma e tamanho de ventrículo direito e aumento de átrio direito com deslocamento dorsal da traquéia. Não foi observada alteração em parênquima pulmonar. Na análise do liquido da efusão abdominal foi observado um transudato modificado, sem a presença de células cancerígenas. Através do ECG foi diagnosticado uma taquicardia sinusal e bloqueio de ramo direito. No ecocardiograma observou-se um aumento acentuado de átrio direito (Figura 1A) com um refluxo moderado em tricúspide (Figura 1B) com velocidade 257 cm/s e gradiente de pressão em 26,4 mmHg (Figura 1C). O ventrículo direito em avaliação subjetiva estava aumentado e com alteração de contratilidade segmentar. A pressão arterial pulmonar estimada através do refluxo tricuspídeo foi de 41,4 mmHg. Foi realizada hemocultura,

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com resultado negativo. A gasometria obtida através do sangue arterial apresentou pO² com valor de 87,5mmHg. Instituiu-se tratamento com inibidor de eca (Benazepril, 0,5mg/kg, SID, VO), diurético (Furosemida, 2mg/kg, BID, SC), antagonista da aldosterona (Espironolactona, 2 mg/kg,BID, VO) e vasodilatador pulmonar (Sildenafil 1mg/kg, BID, VO).

DISCUSSÃONo presente estudo, o animal apresenta HAP sem causa definida, o que segundo a literatura, é de ocorrência rara em gatos e normalmente está associada a afecções secundárias (3). A avaliação clínica e exames complementares levaram ao diagnóstico de insuficiência cardíaca congestiva direita, no entanto, o ecocardiograma foi o que trouxe maiores informações para o diagnóstico de HAP, concordando com a literatura que este é o exame de escolha para avaliação da pressão arterial pulmonar no ambulatório (5). A pressão arterial pulmonar estava em um valor classificado como leve, mas pode ter sido subestimado, visto que o ventrículo direito, na avaliação subjetiva, estava com a função sistólica prejudicada. A ausência de shunts e a não visualização de Dirofilaria immitis ou obstruções na via de saída do ventrículo direito descartou anormalidades cardíacas que poderiam ser a causa da HAP (2). O tratamento foi instituído para controle da insuficiência cardíaca usando inibidores de eca e diurético. Através da gasometria foi observado saturação abaixo do valor normal e também foi instituído o tratamento com vasodilatador pulmonar (5). Após os exames realizados e a falta de condições para realização de outros exames mais específicos, o diagnóstico foi de hipertensão arterial pulmonar idiopática.

Figura 1 – A. Aumento importante de átrio direito. B. Refluxo moderado na valva tricúspide. C. Velocidade e gradiente de pressão do refluxo tricuspídeo.

CONCLUSÃOApesar de a hipertensão arterial pulmonar idiopática ser uma condição rara em felinos, é de grande importância a sua discussão, visto que a doença pode diminuir consideravelmente a sobrevida do animal. Faz-se necessária rápida intervenção, a fim de evitar a evolução para um quadro de insuficiência cardíaca congestiva direita.

REFERÊNCIAS1) Johnson LR. Pulmonary hypertension. In: Luis Fuentes V, Johnson LR, Dennis S. (Eds). Canine and Feline Cardiorespiratory Medicine. 2th ed. London, United Kingdom: British Small Animal Association; 2010. p. 264-267.2) Henik RA. Pulmonary hypertension. In: Bonagura JD, Twedt DC. (Eds). Kirk’s current veterinary therapy XIV. 14th ed. St Louis, Missouri, United States of America: Saunders Elsevier; 2009. p. 697-702.3) Baron Toaldo M, Guglielmini C, Diana A, Giunti M, Dondi F, Cipone M. Reversible pulmonary hypertension in a cat. The Journal of Small Animal Practice. 2011; 52(5): 271-277.4) Kittleson MD, Kienle RD. Small animal cardiovascular medicine. 1th ed. St Louis: Mosby; 1998.5) Morais, A. Causes, Diagnosis, and Treatment of Pulmonary Hypertension. In: Proceeding of the Southern European Veterinary Conference; 17-19; Barcelona: Spain; 2008.

Hipertensão Arterial Pulmonar em um Gato Doméstico - Relato de Caso

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Histiocitoma Fibroso Maligno Interescapular em Felino (felis catus) Após Vacinação – Relato de CasoPatrícia Ferreira da Silva - discente de Medicina Veterinária, Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR.Carlos Eduardo de Souza - Médico Veterinário Autônomo.Vanessa Ingrid Jaines - Mestre, Docente na Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal. e-mail: [email protected]

RESUMOOs Sarcomas vacinais ou em local de injeção, são tumores de origem mesenquimal com característica maligna e metastáticas. O histiocitoma fibroso maligno é incomum em cães e gatos, é uma neoplasia que contém uma mistura de células semelhantes a fibroblastos e histiócitos. Nos locais de injeção podem ocorrer uma desorganização da resposta de reparação do tecido conjuntivo fibroso, que por fim levam à formação de neoplasia em alguns casos. Este trabalho teve por objetivo relatar o caso de um sarcoma vacinal em felino. O relato descreve o surgimento de um nódulo interescapular em felino, fêmea, sem raça definida de 5 anos após esquema vacinal. O diagnóstico definitivo foi através da histopatologia e o tratamento preconizado foi a ressecção ampla do nódulo com a utilização de bisturi elétrico sem terapia adjuvante. O tratamento cirúrgico isolado mostrou-se eficiente.

Palavras-Chave: Histiócitos; Gatos; Sarcomas; Tumores mesenquimais; Injeção.

INTRODUÇÃOOs sarcomas de aplicação em felinos, também denominados sarcomas associados a vacina (1), tem origem mesenquimal com característica maligna (2). Uma reação inflamatória ou imunológica, associada a fármacos que contenham alumínio como adjuvantes, nos locais de injeção predispõem o gato a uma desorganização de sua resposta de reparação do tecido conjuntivo fibroso, por fim levando à formação de neoplasia em alguns casos (1) podendo ser superficial ou profunda (5).

Frequentemente encontrado em região da coxa, nos músculos interescapulares, no subcutâneo (5), flanco, tórax dorsolateral e sobre a escápula (6)

O sarcoma felino desde a última década tem sido extremamente discutido no âmbito cientifico devido ao aumento de sua incidência (3).

O histiocitoma fibroso maligno é uma neoplasia que contém uma mistura de células semelhantes a fibroblastos e histiócitos. É incomum em cães e gatos e encontra-se geralmente em tecido subcutâneo, pouco metastático, porém pode invadir os ossos e causar lise (4).

O diagnóstico presuntivo é baseado no histórico, exame físico, exames de imagem e o histopatológico para o diagnóstico definitivo. O tratamento consiste na ressecção cirúrgica da neoplasia, associada a radioterapia, quimioterapia e hipertermia, para fornecer um prognóstico favorável (1,4).

O presente trabalho teve como objetivo relatar o caso de um felino que desenvolveu sarcoma após vacinação.

MATERIAIS E MÉTODOSUm felino, fêmea, sem raça definida, 5 anos, veio para consulta à clínica veterinária Água Viva, apresentando nódulo em região interescapular. A proprietária relatou vacinação de quadrupla felina e antirrábica há 3 meses, sendo que 1 mês após já havia sentido um nódulo do tamanho de um grão de feijão, porém achou ser somente uma reação da vacina. No exame físico, tempo de reperfusão capilar (TRC) um segundo e temperatura retal em 38,8°C. Na palpação abdominal não foi observado qualquer alteração e na palpação do nódulo interescapular apresentou consistência firme, irregular e aderido à musculatura, com aproximadamente 4cm (Figura 1). Foi requerido hemograma, cujo resultado não mostrou qualquer alteração.

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A paciente foi encaminhada para o tratamento cirúrgico para a ressecção do nódulo em sua totalidade utilizando bisturi elétrico, incluiu-se nesta remoção os músculos epaxiais (Figura 2). O nódulo foi enviado para análise histopatológica (Figura 3). Após a cirurgia, o animal recebeu alta com prescrição de cefalexina (30mg/kg VO) por 10 dias e meloxican (0,1mg/kg VO) por 4 dias, curativo com clorexidine.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA análise histopatológica apresentou características de neoplasia maligna invadindo o tecido muscular e panículo adiposo adjacente, com proliferação de células alongadas com alto pleomosfirmo nuclear, núcleos grandes, ovalados, presença de necrose, numerosas figuras de mitose e estroma fibroso, sendo compatível com histiocitoma fibroso maligno, confirmando o sarcoma vacinal ou em local de injeção. As margens cirúrgicas apresentaram-se comprometidas, mesmo tendo sido removidas os músculos epaxiais e tecido adiposo.

Passando-se dez dias da cirurgia, o animal retornou para retirada dos pontos, apresentando-se muito bem. Apesar do exame mostrar comprometimento das margens, não foi realizada nenhuma outra terapia adjuvante, pois a proprietária não autorizou. Após 6 meses o animal foi novamente reavaliado e não apresentou quadro de metástase ou recidiva. A etiologia do sarcoma vacinal está ligada a qualquer administração injetável que cause uma reação inflamatória ou imunológica, principalmente os que contém adjuvantes (alumínio) como é o caso das vacinas (1). Como ocorreu com a paciente que recebia vacinação anual com vacina antirrábica, que é obrigatória, e a quadrupla felina, sempre na região interescapular.

O diagnóstico definitivo se dá através da histopatologia (4), e as características de proliferação de células alongadas com alto pleomosfirmo nuclear, núcleos grandes e ovalados, presença de necrose e estroma fibroso (2), são muito semelhantes ao Histiocitoma Fibroso Maligno, observado no caso relatado.

A indicação terapêutica é cirúrgica, com remoção ampla de 3 cm, e remoção dos processos vertebrais dorsais, podendo ser associado a terapias adjuvantes como radioterapia, hipertermia e quimioterapia, para um prognóstico mais favorável (1). No caso, em questão, foi realizado, como tratamento único, a ressecção do nódulo em sua totalidade incluindo músculos epaxiais, por uma opção da proprietária.

Figura 1: nódulo interescapular aderido à musculatura. Figura 2: tratamento cirúrgico para a ressecção do nódulo. Figura 3: O nódulo foi enviado para análise histopatológica.

CONCLUSÃOO sarcoma vacinal ou em local de injeção é uma enfermidade que afeta somente os felinos, principalmente os que são regularmente vacinados. Devido ao Histiocitoma Fibroso Maligno ser pouco metastático a realização de ressecção cirúrgica isolada sem associação de terapia adjuvante mostrou-se ser eficaz.

Histiocitoma Fibroso Maligno Interescapular em Felino (felis catus) Após Vacinação – Relato de Caso

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REFERÊNCIAS1) Kisseberth WC. O Gato: Medicina Interna. In: Little SE. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016. p.758-261.2) Cogliati B. Tratado de medicina interna de cães e gatos. In: Jericó MM, Kogika MM, Andrade Neto JP. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015. p.3) Amorim FV. Sarcomas de locais de injeção. Acta Scientia e Veterinariae. 2007; 35(Supl 2): s221-s223.4) Birchard, SJ; Sherding, RG. Manual Saunders – Clínica de pequenos animais. 3ª Ed. São Paulo: Roca; 2003. p.237-241.5) Nelson, RW; Couto, CG. Medicina interna de pequenos animais. 2 ed. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan; 1998. p.905.6) Norsworthy, GD. The feline patient. 4 ed. Iowa: Blackwell Publishing; 2011. p. 472-474.

Histiocitoma Fibroso Maligno Interescapular em Felino (felis catus) Após Vacinação – Relato de Caso

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Histoplasmose canina - Relato de CasoAnderson Gomes Carneiro - Médico Veterinário, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO).Mariani Vaz Domingues - Graduanda de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO).Jayme Augusto Peres - Doutor, Docente da Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)[email protected]

RESUMODescreve-se um caso de Histoplasmose cutânea em um cão da raça Pinscher com dez anos de idade. O animal apresentava aumento de volume ulcerado na região nasal, que por não responder aos tratamentos iniciais, e com a evolução progressiva, levou o proprietário a optar pela eutanásia do animal. Durante a necropsia foram coletadas amostras das lesões, que por avaliação histológica acusaram a presença de leveduras características da histoplasmose.

Palavras-chave: cão, histopatologia, histoplasma capsulatum

INTRODUÇÃOA histoplasmose é uma enfermidade micótica causada por agentes do gênero Histoplasma, como o H. capsulatum, sendo este responsável pela infecção de cães e gatos (1). Este fungo se faz presente em solos úmidos, com alto teor de nitrogênio e pH ácido, tendo que dejetos de aves e morcegos favorecem o seu crescimento e disseminação (2). Esta afecção pode acometer cães e gatos de qualquer idade, sendo mais prevalente em animais jovens e imunossuprimidos (3). A infecção dos animais pode ocorrer por ingestão ou inalação da microconídea na fase miceliar, o qual penetra os alvéolos pulmonares ou agrega-se a mucosa gastrointestinal, podendo gerar lesões localizadas. Pode ocorrer inflamações granulomatosas em tecidos persistentemente infectados após três semanas de infecção, período no qual ocorre a resposta imune do hospedeiro, podendo acarretar em células gigantes, formação de granulomas com necrose caseosa e póstuma calcificação dos focos inflamatórios. O aparecimento de sinais cutâneos é raro, contudo, podem surgir múltiplos nódulos pequenos que podem ulcerar ou formar crostas (4).

O presente trabalho demonstra um caso de histoplasmose canina e suas alterações histopatológicas em um cão atendido na Clínica Escola Veterinária, CEVET, da UNICENTRO, na cidade de Guarapuava – Pr.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido na Clínica Veterinária Escola Veterinária (CEVET), da Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO), um cão, fêmea, da raça Pinscher, com dez anos de idade, sem acesso a rua, possuindo dois contactantes saudáveis e apresentando na região infraorbitária esquerda um aumento de volume ulcerado há dois meses. O animal foi anestesiado para curetagem devido à suspeita de abscesso por doença periodontal. Durante o procedimento notou-se que o aumento de volume constituía-se de um tecido friável de alta vascularização e optou-se então por realizar a biopsia da lesão.

O animal passou pela conduta terapêutica antibiótica e analgésica, com enrofloxacina, metronidazol, dipirona e cloridrato de tramadol, até o resultado do exame hispotalógico.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAo exame histopatológico foi detectada a presença de leveduras características da H. capsulatum, observando grande quantidade de exsudato proteico e macrófagos ativados, com presença de formações leveduriformes intracelulares e extensa área de necrose tecidual com granulações, formado por múltiplos macrófagos ativados e fibroplasia. As lâminas também foram coradas pela técnica de Grocott, onde as formações leveduriformes, com protoplasma levemente basofílico e núcleo púrpuro, rodeados por um halo fino e claro, coraram-se de preto.

Porém devido ao avanço extremamente rápido da lesão não houve resposta positiva ao tratamento, e por opção do

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proprietário o animal foi encaminhado para eutanásia e posterior necropsia. A ocorrência de histoplasmose cutânea é incomum, por esse motivo as suspeitas clínicas foram focadas inicialmente em doenças periodontais, principalmente o abscesso periapical (5). Outro fator que desfavorecia a possibilidade de histoplasmose era o fato de ser um animal que sem acesso à rua, assim, não possuía contato constante e direto com as fezes de aves e morcegos como relatado por Ferreira (6), além de possuir dois contactantes saudáveis. A ausência de espirros, tosse e alterações durante ausculta respiratória excluiu em um momento inicial a necessidade de radiografias torácicas relatada por Hnilica (5).

Devido à agressividade do animal as lesões só puderam ser devidamente observadas sob anestesia geral, momento no qual iniciou-se a suspeita de alguma afecção incomum à região. O aspecto da lesão, juntamente com as alterações de gengiva e palato, levaram às suspeitas de neoplasia. Houve então a necessidade de coleta de material para exames mais específicos como também relatado por Hnilica (5).

Possivelmente a não resposta do paciente ao tratamento esta relacionada ao tempo entre o aparecimento dos primeiros sinais clínicos e a consulta, a resposta imune do animal, a invasibilidade da lesão, a velocidade de progressão da doença, a resistência do patógeno e ao período entre o primeiro atendimento e o diagnóstico, assim como descrito por Brilhante (7).

CONCLUSÃOUm dos principais fatores para a resolução da doença é o diagnóstico e início precoce do tratamento. A falta de sinais específicos, baixa casuística e possivelmente a falta de realização de exames iniciais específicos em animais com histoplasmose leva os profissionais a não classificarem essa doença como uma suspeita clínica inicial e vigente em nossa região, o que aumenta o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento. Isso pode acarretar na piora do quadro clínico do paciente, e animais com lesões de características avançadas possuem pior prognóstico, baixa resposta ao tratamento e maior possibilidade de óbito.

REFERÊNCIAS1) Nelson RW & Couto CG. Infecções micóticas multissistêmicas. Medicina Interna de Pequenos Animais. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.2) Carneiro RA., Lavalle GE, Araujo RB. Histoplasmose cutânea em gato: relato de caso. Arquivo brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. Vol. 57, supl.1, p. 158-161, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2005.3) Silva TIB, Silva ACB, Muñoz LMV, Zubieta LMV, Zubieta FEV, Silva MJG. Histoplasmose pulmonar canina no estado de Pernambuco, Brasil: relato de caso. Arquivo brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. Vol. 65, supl.6, p. 1636-1640, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2013.4) Telles AJ, Gomes AR, Cabana AL. et al. Histoplasmose em cães e gatos no Brasil. Science And Animal Health, V.2 N.1 2014 P. 50-66. 5) Hnilica KA. Dermatologia de Pequenos Animais: Atlas Colorido e Guia Terapêutico. Tradução de Aline Santana de Hora et al.. In Elsevier (ed.) 3 ed, Rio de Janeiro, 2012.6) Ferreira RR, Machado MLS, Spanamberg A, Bianchi SP, Aguiar J, Hummel J, et al. Infecções fúngicas do trato respiratório de cães e gatos. Acta Scientiae, v.35, supl.2, p.285-288, 2007.7) Brilhante RSN, Coelho CGV, Sidrim JJC, et al. Feline Histoplasmosis in Brazil: Clinical and Laboratory Anpects and a Comparative Approach of Published Reports. Springer Scrience: Mycopathologia, ed.173, p.193-197, 2011.

Histoplasmose canina - Relato de Caso

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Holoprosencefalia alobar, Sinoftalmia e Arinia em Neonato Felino (Felis catus)Juliana Sousa Terada Nascimento¹ Arthur Antunes Nascimento Costa¹ Sandro de Vargas Schons²1 Acadêmico de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Rondônia – UNIR2 2Professor Doutor, Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Departamento de Medicina Veterinária

RESUMOA holoprosencefalia é uma anomalia do desenvolvimento do sistema nervoso central considerada incomum, caracterizada pela clivagem incompleta do prosencéfalo, estando associada a anomalias da linha média facial. Este trabalho tem por objetivo acrescentar informações a literatura científica sobre as alterações patológicas da holoprosencefalia e o disformismo craniofacial em felino. Um gato, SRD, com malformações faciais foi necropsiados e os fragmentos de vísceras, fixados em formalina 10% tamponada e posteriormente processadas na rotina do laboratório. No exame macroscópico observou agenesia do osso frontal, ausência dos ossos etmoide e osso incisivo e no encéfalo polimorfia decorrente da clivagem incompleta do prosencéfalo. Histologicamente o tecido nervoso apresentava espongiose da camada superficiais do córtex e da substância branca com redução do número de neurônios de purkinje. O diagnóstico holoprosencefalia de grau severo foi realizado pela observação da agenesia ósseo da face, caracterizadas por sinoftalmia, bragnatismo, arhinia e pelas alterações de malformação do encéfalo.

Palavras chave: malformação, ciclopia, Sistema Nervoso Central, gato

INTRODUÇÃOAnomalias de desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC) são frequentes na medicina veterinária, tais como, a anencefalia, amielia, exencefalia, espinha bífida e hidrocefalia, porém, a holoprosencefalia, é incomum, sendo caracterizada pela polimorfia decorrente da clivagem incompleta do prosencéfalo, (1,6,7) estando associada a anomalias da linha média facial, como a ciclopia, etmocefalia, cebocefalia, microftalmia e agenesia pré-maxilar. (2)

A holoprosencefalia pode ser classificada como alobar, semilobar e lobar. (3,9,12) e sua etiologia está associada a causas genéticas e ambientais, sendo consideradas as síndromes de aneuploidia, incluindo a trissomia 18, e o uso de teratógenos. (4,5,6,10)

OBJETIVOO presente trabalho tem por objetivo acrescentar informações à literatura científica sobre a sinoftalmia e arinia decorrente da holoprosencefalia alobar, bem como as lesões histológicas observadas nesta patologia em gatos.

MATERIAL E MÉTODOS Um gato, com 2 dias, sem raça definida foi encaminhado ao laboratório de histopatologia animal, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), com lesões faciais compatíveis com sinoftalmia e arinia. O animal foi necropsiado e os fragmentos de vísceras foram fixados em formalina tamponada a 10% e posteriormente processadas na rotina do laboratório.

RESULTADOSUm filhote pertencente a uma ninhada de seis gatos apresentava ao nascer má-formação da face vindo a morrer

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48 horas após o nascimento (Figura 1). Na necropsia observou-se agenesia do osso frontal, resultando na união dos olhos (sinoftalmia). Ausência total dos ossos etmoide; das conchas nasais e processos septalis, que auxiliam na formação do septo nasal em carnívoros (arinia); osso incisivo, responsável pela formação da parte rostral do crânio; ausência de recesso mandibular; seio frontal e seio palatino.

O encéfalo apresentava o telencéfalo de tamanho reduzido, ausência da comissura longitudinal cerebral rostral e redução discreta no terço médio do cérebro, metencéfalo aumentado e lissencefalia (Figura 2). Ausência de bulbo olfatório e presença de um único ramo do nervo ótico.

As lesões histológicas do encéfalo eram caracterizadas por separação da pia-máter pelo liquido cefalorraquidiano, hiperplasia das células ependimárias com status esponjoso da substância cinza e branca (Figura 3), diminuição e degeneração dos neurônios de purkinje e vacuolização dos neurônios da camada molecular do córtex frontal (Figura 4).

Figura 1. Animal com sinoftalmia e arinia. Figura 2. Encéfalo com ausência de comissura longitudinal cerebral rostral e discreta no terço médio do cérebro. Figura 3. Separação da pia máter da camada celular pelo líquidocefalorraquidiano. Figura 4. Vacuolização dos neurônios da camada molecular do córtex frontal.

DISCUSSÃOO diagnóstico de holoprosencefalia foi realizado a partir das malformações dos hemisférios cerebrais, caracterizadas pela falha no desenvolvimento da vesícula prosencefálica, localizada na parte cranial do tubo neural, e pelas dismorfias craniofaciais. A malformação ocorre na quinta semana de gestação, onde originam-se os dois hemisférios cerebrais, telencéfalo, diencéfalo, bulbos olfatórios e vesícula óptica. (1,12) As dismorfias craniofaciais observadas foram sinoftalmia e arinia. Tais lesões associadas com a fusão dos hemisférios cerebrais e sistema ventricular único, são compatíveis com holoprosencefalia alobar, alteração cerebral com deformidades craniofaciais mais graves. (7,12)

As alterações de malformação descritas acima caracterizadas por ausência da separação dos componetes rostrais, ausência da comissura longitudinal rostral e discreta no terço médio do cérebro, ausência de bulbos olfatórios, sinoftalmia, holosfério e circunvoluções aberrantes, caracterizam a forma mais grave da anomalia. (7,8,16)

CONCLUSÃOEm humanos, existem evidências sugerindo a participação de diversos fatores ambientais como teratógenos nos casos da holoprosencefalia, como etanol, ácido retinóico, diabetes materna, infecção por citomegalovírus, salicilatos, sulfasalazine e hipocolesterlemia materna, porém, não foi possível determinar a causa da holoprosencefalia alobar

Holoprosencefalia alobar, Sinoftalmia e Arinia em Neonato Felino (Felis catus)

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com sinoftalmia relatado neonato felino, assim como, as lesões histológicas observadas no encéfalo não haviam sido citadas na literatura científica.

REFERÊNCIAS 1) Golden JA. Towards a greater understanding of the pathogenesis of holoprosencephaly. Brain Dev 1999;21:513–521.2) Coelho HE. Sistema Nervoso Central. Patologia Veterinária. Editora Malone. 2002, p. 160.3) Dubourg C, Lazaro L, Pasquier L, Bendavid C, Blayau M, Le Duff F, et al. Molecular screening of SHH, ZIC2, SIX3, and TGIF genes in patients with features of holoprosencephaly spectrum: Mutation review and genotype-phenotype correlations. Hum Mutat. 2004;24(1):43-51. 4) Isaza C, Saldarriaga W, Pachajoa H. Uso inadecuado de misoprostol. ?Un problema de salud Pública?. Colombia Médica. V.39, n.2, p. 61-65, 2008.5) Binns W, James LF, Shupe JL. Toxicosis of Veratrum californicum in ewes and its relationship to a congenital deformity in lambs. Ann N Y Acad Sci 1964;111:571–576.6) Cohen MM Jr, Shiota K. Teratogenesis of holoprosencephaly. Am J Med Genet 2002;109:1–15.7) De Meyer W, Zeman W. Alobar holoprosencephaly (arhinencephaly ) with median cleft li p and palate: clinical, electroencephalographic an d nosologi c considerations. Confini a Neuro l 1963 , 23: 1-36.8) Koch T, Loretti A, Lahunta A, Kendall A, Russell D, Bienzle D. Semilobar Holoprosencephaly in a Morgan Horse. J Vet Intern Med 2005;19:367–372.9) DeMeyer W. Classification of cerebral malformations. Birth Defects 1971;7:78-93.10) Fisher KR, Partlow GD, Holmes CJ. Anatomical observations of holoprosencephaly in swine. J Craniofac Genet Dev Biol 1989;9:135–146.11) Goodman FR. Congenital abnormalities of body patterning:Embryology revisited. Lancet 2003;362:651–662. 12) Lamego IS, Coutinho LMB. Holoprosencefalia: Estudo de seis casos. Arq Neuropsiquiatr 1994, 52(4): 523-529.

Holoprosencefalia alobar, Sinoftalmia e Arinia em Neonato Felino (Felis catus)

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Incidência de Oftalmopatias em Cães do setor Banho e Tosa de Pet ShopsLara Martins Fuchs - Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Católica Dom Bosco. e-mail: [email protected] Guedes Zanolla - Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Católica Dom Bosco.Millena Soares Wanderley e Silva - Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Católica Dom Bosco.Cristiano Marcelo Espinola Carvalho - Docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Católica Dom Bosco.Joyce Katiuccia Medeiros Ramos Carvalho - Docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Católica Dom Bosco.

RESUMOO sistema visual é composto por complexas estruturas, cuja as quais possuem como principal função, a visão e comunicação do animal com o meio externo. O mesmo está diretamente interligado com outros órgãos, tais como cavidade oral e conduto auditivo. Objetivou-se identificar possíveis alterações no sistema visual de cães encaminhados exclusivamente aos serviços de banho de tosa de Pet Shops, considerando-se que frequentemente tais alterações não são notadas pelos seus tutores. As avaliações consistiram em: mensuração de pH lacrimal, quantificação de produção lacrimal por meio do Teste de Schirmer, coloração com Lissamina Verde e Fluoresceína, oftalmoscopia direta, e exame físico de cavidade oral. Foram avaliados 57 cães. Constatou-se que 75% da população apresentou afecções oftalmológicas, sendo epífora, a principal, seguida de Ceratoconjuntivite Seca. Pôde-se considerar alta a prevalência de oftalmopatias até então despercebidas, por conseguinte estas são notificadas pelos tutores geralmente após seu agravo. Concluiu-se ainda, que características anatômicas e a presença de doença periodontal podem estar relacionadas com a predisposição a afecções do sistema visual.

Palavras-chave: Oftalmologia; Epífora; Ceratoconjuntivite Seca; Predisposição Racial;

INTRODUÇÃOO aparelho lacrimal é um dos importantes constituintes do sistema visual, dividido em três camadas, é essencial para promover a homeostase e garantir a integridade da córnea, além de promover drenagem lacrimal (2,1).

Patologias do sistema lacrimal e nasolacrimal são frequentemente diagnosticadas na clínica veterinária. A hipoprodução lacrimal, denominada Ceratoconjuntivite Seca (KSC) demonstra maior prevalência (4). A epífora é a manifestação clínica mais comum em relação ao sistema de drenagem, possui origem congênita ou adquirida. Entre as possíveis causas, destaca-se as características anatômicas de órbita e pálpebras de raças de pequeno porte, tais como Poodle, Maltês e Chihuahua (3).

No presente trabalho foi realizado o levantamento das principais afecções oftálmicas em cães encaminhados ao setor banho e tosa, posto que estas geralmente são despercebidas pelos tutores, além do mais, as mesmas podem ser secundárias à doenças sistêmicas, o que ressalta a importância de tais avaliações.

MATERIAIS E MÉTODOSForam avaliados 57 cães, de diversas raças, ambos os sexos e idade entre 4 meses e 18 anos. As avaliações ocorreram no setor banho e tosa de dois Pet Shops.

A mensuração do pH lacrimal foi realizada com a colocação de fita de papel impregnada com indicador de pH universal junto a margem palpebral. Após a lágrima embeber a fita, obteve-se a coloração da mesma, que foi comparada com a tabela universal. Obteve-se um valor individual para cada cão.

Para aferir a quantidade de lágrima produzida em um minuto, realizou-se o Teste de Schirmer. O teste consiste na utilização de papel de filtro, preparado em tiras milímetradas, de 5 cm de comprimento por 0,5 de largura. Uma das extremidades da fita é dobrada a 0,5 cm é inserida no terço médio do saco conjuntival inferior durante um minuto

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(2,4). A média normal de produção lacrimal situa-se entre 20mm/min (4).

Em casos de hipoprodução lacrimal e epífora, utilizou-se os métodos de coloração com Lissamina Verde e Fluoresceína. A avaliação de drenagem nasolacrimal, denominada Teste de Jones, pode ser realizada utilizando o corante fluoresceína, nesta, deve-se observar presença de coloração verde brilhante nas narinas após administra-la nos olhos. A fluoresceína também permite diagnóstico de úlceras de córnea.

RESULTADOS E DISCUSSÃODos 57 cães avaliados, 75% apresentaram alterações oftalmológicas. Notou-se maior acometimento do aparelho lacrimal e seu sistema de drenagem.

A epífora é a principal manifestação clínica em relação à problemas no sistema de drenagem (3). Dos cães acometidos 75% apresentaram epífora, sendo 64% unilateral e 36% bilateral. Este fator geralmente é ocasionado por más conformações do ducto nasolacrimal, obstruções, alérgenos e irritantes (2). Raças de pequeno porte parecem ter predisposição à epífora, por conta de características anatômicas e de pelagem destas. Houve maior ocorrência nas raças Poodle e Shih-tzu.

Observou-se hipoprodução lacrimal em 42% da população, sendo 64% unilateral e 36% bilateral. A deficiência qualitativa do filme lacrimal é uma das características da Ceratoconjuntivite Seca (KSC), considerada uma das oftalmopatias mais frequentes na oftalmologia veterinária (2).

Com base no Teste de Schirmer, animais com produção lacrimal entre 10 e 15mm/min são considerados suspeitos para KSC. A produção abaixo de 10mm/min considera-se portador, e igual ou inferior a 5mm/min considera-se KSC grave (4). Deste modo, dentre os cães que possuíam hipoprodução lacrimal, 56% foram considerados suspeitos para KSC e 17% portadores, sendo considerada KSC grave em 67% destes últimos.

Considerando a possível correlação entre a cavidade oral e oftálmica (5), avaliou-se a cavidade oral da população em estudo. Constatou-se que 44% dos cães com alterações oftalmológicas possuíam periodontite de graus variados.

CONCLUSÕESConclui-se a relevância da realização de exames oftalmológicos na rotina veterinária, visto que técnicas básicas e de fácil execução possibilitam identificar determinadas patologias. Alterações oftalmológicas, muitas vezes imperceptíveis, como as de produção lacrimal, podem ter etiologias multifatoriais, ressaltando a importância da presença do Médico Veterinário que monitore e atue preventivamente nos setores de banho e tosa.

REFERÊNCIAS 1) LEITE AGB, OLIVEIRA D, BARALDI-ARONI SM. Morfologia do sistema ocular dos animais domésticos. ARS vet 2013;29(1):042-051.2) LAUS JL, GALERA PD, SOUZA MSB, MORALES A, ANDRADE AL. Padronização dos valores do “Teste da Lágrima de Schirmer modificado” e da “Tonometria de Indentação pelo método de Schiôtz”, em cães da região de Jaboticabal - SP – Brasil. Brazilian Journ al of Veterinary Research an Animal Science 1995;32(3):173-6.3) GUSSONI FRA, BARROS PSM. Epífora no cão: mensuração do pH da lágrima. Brazilian Journ al of Veterinary Research an Animal Science 2003;40:87-94 4) ORIÁ AP, FURTADO MA, SOUZA JUNIOR ES, PINNA MH. Ceratoconjuntivite seca em cães. PUBVET [Periódicos na Internet]. 2010 [acesso em 16 mar 2017]; 4(30) 5) VALDUGA MIR. Manifestações oftálmicas de doenças do sistema estomatognático em cães. Curitiba. Dissertação - Universidade Federal do Pará; 2012.

Incidência de Oftalmopatias em Cães do setor Banho e Tosa de Pet Shops

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Infeção Oral por Toxoplasma gondii (ME-49) ocasiona Fibrogênese na Túnica Submucosa do íleo de Ratos na Fase AgudaLarissa Carla Lauer Schneider1; Adilson Paulo Marchioni Cabral2; Joquebede Caroline Pessoa do Nascimento1; Débora de Mello Gonçales Sant’Ana1; Nilza Cristina Buttow1.1Departamento de Ciências Morfológicas, Universidade Estadual de Maringá – UEM.2Acadêmico Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Maringá – [email protected]

RESUMOA infeção oral pelo Toxoplasma gondii causa uma resposta imune na superfície mucosa intestinal, a qual pode alterar a quantidade de colágeno do tecido lesado como nas doenças intestinais inflamatórias. O objetivo deste trabalho foi estudar as alterações do colágeno tipo I e III do intestino de 40 ratos infectados oralmente com 5000 oocistos de T. gondii (ME-49) em diferentes tempos experimentais na fase aguda, os quais foram aleatoriamente distribuídos em 8 grupos (n=5): não infectado (GC) e, infectados (GI) com 6, 12, 24, 48 e72 horas e 7 e 10 dias de infecção. Foram colhidos segmentos do íleo para o processamento histológico e quantificação dos colágeno tipo I e III da túnica submucosa. Observou-se que a resposta inflamatória local resultou em alterações estruturais na tela submucosa, das fibras colágenas a partir de 12 horas de infecção com alternância de colágenos tipo I (a partir de 12 horas) e tipo III (a partir de 72 horas), porém após 10 dias de infeção a quantidade de colágeno voltou semelhante ao controle, indicando dano moderado. Concluiu-se que esse tipo de infeção ocasiona fibrogênese na túnica submucosa do íleo de ratos infectados experimentalmente.

Palavras-chave: Toxoplasmose; colágeno; inflamação aguda; intestino delgado.

INTRODUÇÃOToxoplasma gondii é um parasito intracelular obrigatório agente etiológico da toxoplasmose, zoonose com ampla distribuição mundial (1). Nesta ocorre diarréia acompanhadas de ulcerações intestinais que podem evoluir para ileíte fatal em camundongos susceptíveis (2). Os ratos são usualmente resistentes à infecção (4), mas ainda assim pode haver inflamação (3).

A superfície da mucosa intestinal, constituída por células epiteliais desempenham importante papel na barreira mecânica às agressões do meio externo e penetração de microrganismos (4). Porém, apesar de sua existência o T. gondii invade as células epiteliais do intestino delgado (5), que liberam citocinas e quimiocinas iniciando uma resposta imune local (6). Esta resposta imune pode alterar a quantidade de colágeno do tecido lesado como demonstrado nas doenças intestinais inflamatórias (7).

A infecção oral com cistos teciduais de T. gondii demonstrou um aumento de fibras colágenas no duodeno de gatos na fase crônica (8). Assim, o objetivo deste trabalho foi estudar as alterações do colágeno tipo I e III de ratos infectados oralmente com oocistos de T. gondii em diferentes tempos experimentais na fase aguda.

MATERIAL E MÉTODOSO protocolo experimental foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Estadual de Maringá (protocolo nº 013/2013). Quarenta ratos machos Wistar (60 dias de idade) foram aleatoriamente distribuídos em 8 grupos (n=5): não infectado (GC) e, infectados: 6 (GI6h), 12 (GI12h), 24 (GI24h), 48 (GI48h) e 72 horas (GI72h) e 7 (GI7d) e 10 dias (GI10d) de infecção com a inoculação de 5000 oocistos de T. gondii esporulados (cepa Me-49, genótipo II). Segmentos do íleo foram separados para o processamento histológico para a quantificação dos colágeno

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tipo I e III da túnica submucosa. Os resultados foram expressos em porcentagem da quantidade de cada colágeno pela área da túnica submucosa.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA resposta inflamatória local resultou em alterações estruturais na tela submucosa, como observado na reestruturação das fibras colágenas a partir de 12 horas de infecção com alternância de colágenos tipo I (a partir de 12 horas) (Figura 1a) e tipo III (a partir de 72 horas) (Figura 1b). Todavia, este dano foi moderado já que transcorridos 10 dias de infecção a área ocupada pelo colágeno voltou a normalidade. A fibrogênese ocorre nas doenças intestinais inflamatórias para reparar um tecido lesionado (9) e sua intensidade depende da severidade da inflamação (10).

Figura 1. Micrografia de cortes transversais do íleo de ratos infectados com 5000 oocistos de Toxoplasma gondii (cepa ME-49) corados com Picro Sirius Red. A) Alta densidade de colágeno tipo I (cor vermelha) é observado no GI24h; B) Alta densidade do colágeno tipo III (cor verde) é observado no GI7d. (*p<0,05, **p<0,01 e ***p<0,001 para cada técnica foi comparada todos os grupos pelo teste de variância One-way ANOVA). Barra: 50 μm.

CONCLUSÃO A infecção oral pelo T. gondii (cepa ME-49) ocasiona fibrogênese na túnica submucosa do íleo de ratos infectados experimentalmente na fase aguda.

REFERÊNCIAS1) Tenter AM, Heckeroth AR, Weiss LM. Toxoplasma gondii: from animals to humans. International 2000; 30: 1217-1258.2) Liesenfeld O, Kosek J, Remington JS, Suzuki Y. Association of CD4+ T cell-dependent, interferon-gamma-mediated necrosis of the small intestine with genetic susceptibility of mice to peroral infection with Toxoplasma gondii. The Journal of Experimental Medicine 1996; 184: 597-607.3) Dubey JP. Comparative infectivity of Toxoplasma gondii bradyzoites in rats and mice. Journal Parasitology 1998; 84: 1279-1282.4) Schreiner M, Liesenfeld O. Small intestinal inflammation following oral infection with Toxoplasma gondii does not occur exclusively in C57BL/6 mice: review of 70 reports from the literature. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 2009; 104: 221-233.

Infeção Oral por Toxoplasma gondii (ME-49) ocasiona Fibrogênese na Túnica Submucosa do íleo de Ratos na Fase Aguda

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5) Pelaseyed T, Bergström JH, Gustafsson JK, et al. The mucus and mucins of the goblet cells and enterocytes provide the first defense line of the gastrointestinal tract and interact with the immune system. Immunological Reviews 2014; 260: 8-20.6) Denkers EY. Toll-like receptor initiated host defense against Toxoplasma gondii. Journal of Biomedicine and Biotechnology 2010; 2010: 737125.7) Ju CH, Chockalingam A, Leifer CA. Early response of mucosal epithelial cells during Toxoplasma gondii infection. The Journal of Immunolgy 2009; 183: 7420-7427.8) Principi M, Giorgio F, Losurdo G, et al. Fibrogenesis and fibrosis in inflammatory bowel diseases: Good and bad side of same coin? World Journal of Gastrointestinal Pathophysiology 2013; 4: 100-107.9) da Silva JM, da Silva AV, Araújo EJ, Sant’ana DeM. [The effects of the infection caused by Toxoplasma gondii on the cat duodenal wall]. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária 2010; 19: 55-61.10) Rieder F, Brenmoehl J, Leeb S, Schölmerich J, Rogler G. Wound healing and fibrosis in intestinal disease. Journal of the British Society of Gastroenterology 2007; 56: 130-139.

Infeção Oral por Toxoplasma gondii (ME-49) ocasiona Fibrogênese na Túnica Submucosa do íleo de Ratos na Fase Aguda

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Influência da Fisioterapia Pós-operatória na Reabilitação de Cão com Extrusão do Disco Intervertebral Toracolombar - Relato de CasoCarlos Leandro Hanemann1 Michelle Oliveira da Silva de Souza2

Mhayara Samile de Oliveira Reusing3*

1Médico Veterinário (UFPR-Palotina-PR), pós-graduado em Ortopedia de Pequenos Animais (USP), autônomo (Clínica Vete-rinária Alles Blau)2Médica Veterinária (UFPR-Curitiba-PR), autônoma (Instituto de Reabilitação Animal)3Médica Veterinária (UFPR-Curitiba-PR), Especialista em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais (Residência Multiprofissio-nal em Saúde-HV-UFPR) e Fisioterapia de Pequenos Animais (Fisiocare Pet-São Paulo), Mestranda em Ciência Animal na PUCPR, MV responsável pelo atendimento de Fisiatria (Instituto de Reabilitação Animal)*email para contato: [email protected]

RESUMOA discopatia toracolombar (TL) é uma doença da coluna vertebral mais comum em cães condrodistróficos. Os sinais clínicos são dor epaxial, ataxia proprioceptiva em membros pélvicos (MP), paraparesia não ambulatória, paraplegia, disfunção urinária e, em casos mais severos, perda da sensibilidade à dor profunda. O tratamento clínico com repouso e anti-inflamatórios é indicado geralmente para casos mais brandos, nos quais o cão apresenta dor, ataxia, e paraparesia ambulatória. A descompressão cirúrgica da medula é uma modalidade terapêutica amplamente aceita, especialmente em casos de extrusão do disco intervertebral (DIV) associada à paraparesia não ambulatória, disfunção urinária e comprometimento da nocicepção. O prognóstico depende da severidade da lesão primária e do tempo decorrido entre o início dos sinais clínicos e a instituição do tratamento adequado. Nesse contexto, a associação de técnicas da fisioterapia visa potencializar os resultados do tratamento de escolha para hérnia de disco TL em cães, buscando a recuperação máxima da função locomotora. Este relato de caso apresenta o protocolo fisiátrico utilizado em um cão da raça pequinês, após realização de hemilaminectomia TL devido a hérnia de disco toracolombar.

Palavras-chave: fisiatria; hemilaminectomia, hidroterapia, laserterapia, eletroterapia

INTRODUÇÃOA doença de disco intervertebral (DDIV) é a causa mais frequente de lesões na medula espinhal de cães e ocorre devido à degeneração e extrusão do núcleo pulposo ou protrusão do ânulo fibroso dorsal no canal vertebral, classificada como Hansen tipo I e II, respectivamente. Tais alterações resultam na compressão da medula espinhal ou raízes nervosas, gerando déficits neurológicos (1). A localização mais comum das lesões medulares compressivas por DDIV em cães é a região TL (2). Casos com manifestação de dor e incoordenação em geral possuem prognóstico favorável com tratamento conservador, enquanto a descompressão cirúrgica é indicada em casos de paraparesia não ambulatória, disfunção urinária e perda da sensibilidade à dor profunda (3,4).

Independentemente do tratamento escolhido, a associação da fisioterapia na medicina veterinária através de mecanismos físicos com efeitos analgésicos, aceleradores da regeneração tecidual, exercícios de equilíbrio, propriocepção e fortalecimento muscular visa à reabilitação com recuperação máxima da função locomotora dos pacientes com déficits neurológicos (5,6). O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de reabilitação pós-cirúrgica através de técnicas da fisioterapia em cão com hérnia de disco toracolombar.

MATERIAIS E MÉTODOSUm cão da raça pequinês de 5 anos de idade foi atendido na Clínica Veterinária Alles Blau, Curitiba-PR com histórico de paraparesia não ambulatória aguda há uma semana, com perda de sensibilidade à dor superficial em MP. Considerando-se a anamnese e sinais clínicos, realizou-se tomografia computadorizada (TC) da região TL para confirmação diagnóstica e planejamento cirúrgico de hemilaminectomia, a qual foi realizada entre T12-T13 e

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L1-L2, no período de 15 dias depois do início dos sinais clínicos. Um mês depois da cirurgia, o paciente foi atendido no Instituto de Reabilitação Animal, Curitiba-PR, apresentando cifose, paraparesia não ambulatória, reflexos segmentares aumentados, ausência de propriocepção e presença de sensibilidade à dor profunda e superficial em MP. Após avaliação fisiátrica, foram recomendados exercícios de mobilização passiva e sustentação alternada nos MP para os proprietários realizarem em casa, e dado início ao plano de tratamento com 16 sessões de fisioterapia duas vezes por semana incluindo eletroterapia FES (Functional electrical stimulation) na musculatura flexora e extensora da coxa, por 7 minutos em cada membro, TENS (transcutaneous electrical nerve stimulation) por 15 minutos na musculatura paravertebral, laserterapia intensidade 4,5J por ponto direcionado aos espaços intervertebrais da coluna TL e articulações dos membros torácicos, magnetoterapia por 20 minutos na região TL, hidroterapia com 15 minutos de caminhada na esteira aquática com o nível da água na altura do trocânter maior.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA DDIV relatada nesse caso ocorreu nos espaços intervertebrais mais comumente afetados em cães, T12-T13 e T13-L1 (Fig. 1a e 1b), com incidência de 26,2% e 21,3%, respectivamente (7). O tratamento fisiátrico teve dois meses de duração, havendo melhora da postura do paciente, aumento da força muscular, retorno à locomoção e recuperação da propriocepção. Após oito meses de acompanhamento, o animal apresenta-se estável e clinicamente saudável, não apresentando mais nenhuma crise e ainda, com melhora progressiva na coordenação dos movimentos. Tais indicativos de sucesso do tratamento estão de acordo com um estudo com 248 cães com extrusão de disco em região TL, o qual demonstrou que o grupo submetido a fisioterapia (n=87) no pós-operatório obteve maior porcentagem de animais que recuperam completamente a função neurológica, e obteve menor número de animais com recidivas e complicações (8). Apesar da cronicidade da lesão até o momento da realização do procedimento cirúrgico, com comprometimento do aspecto macroscópico (coloração) do tecido medular (Fig. 2), e da grande quantidade de material do DIV removido do canal medular (Fig. 3), no momento da primeira consulta fisiátrica, após um mês da cirurgia, o paciente já apresentava melhora da nocicepção e presença de movimentos voluntários em MP, fatores esses relacionados a um bom prognóstico (7). Os resultados obtidos com a cirurgia e fisioterapia foram considerados satisfatórios pelos proprietários, bem como pela equipe de médicos veterinários.

Fig. 1a – Tomografia computadorizada – Compressão medular de 50% do canal vertebral, mais grave do lado esquerdo, DDIV de T12-T13.

Fig. 1b – Tomografia computadorizada – Degeneração do núcleo pulposo, DDIV de T13-L1.

Fig. 2 – Aspecto macroscópico da medula durante o procedimento de hemilaminectomia. Nota-se a coloração arroxeada do tecido medular, indicando cronicidade e severidade por compressão isquêmica.

Fig. 3 – Material do núcleo pulposo que sofreu extrusão invadindo o canal medular que removido durante procedimento de hemilaminectomia toracolombar.

Influência da Fisioterapia Pós-operatória na Reabilitação de Cão com Extrusão do Disco Intervertebral Toracolombar - Relato de Caso

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CONCLUSÕESA escolha do tratamento cirúrgico de hemilaminectomia, bem como dos protocolos de fisioterapia adotados foram assertivos e eficientes na reabilitação do paciente relatado. Desse modo, a fisioterapia pode ser indicada como terapia complementar no período pós-operatório de lesões por DDIV toracolombar, com o objetivo de aliviar a dor, e restabelecer a função locomotora, além de evitar complicações e recidivas.

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Influência da Fisioterapia Pós-operatória na Reabilitação de Cão com Extrusão do Disco Intervertebral Toracolombar - Relato de Caso

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Influência de Agregados Plaquetários no Leucograma de Gatos Analisados pelo Método de Impedância Letícia Gomes Zanfagnini – Médica VeterináriaDiefrey Ribeiro Campos – Médico Veterinário, Aluno de Doutorado do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Renata Quintela Assad – Médica Veterinária – Aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação no Programa de Pós-Graduação em Clínica e Reprodução AnimalThais Ribeiro Azevedo Correia – Médica Veterinária, Professora Adjunta do Departamento de Parasitologia Animal, Insti-tuto de Veterinária – UFRRJFabio Barbour Scott – Médico Veterinário, Professor Associado do Departamento de Parasitologia Animal, Instituto de Veterinária – UFRRJ

RESUMOJá é conhecido que em humanos a presença de agregado plaquetários podem influenciar na contagem celular em aparelhos automáticos que utilizam o método de impedância. O objetivo foi avaliar a influência dos agregados plaquetários sobre a leucometria global, quando realizados em contadores hematológicos automatizados. Para realização do estudo foram utilizadas 140 amostras sangue de gatos coletadas em tubo de EDTA. As amostras foram processadas em contador hematológico automatizado (Sysmex pocH-100iv®), conforme as recomendações do fabricante. Para comparação da leucometria global foi feita a contagem de leucócitos manualmente. A classificação dos agregados plaquetários na extensão hematológica, foi realizada em microscópio óptico com aumento de 100x. Entre as amostras analisadas 42 (30%) foram classificados no grupo que apresentavam formação de 3+ de agregação plaquetária, 31 (22,14%) no grupo 2+, 34 (24,28 %), no grupo 1+ e 33 (23,57%) não apresentaram formação de agregados plaquetários. A formação de agregados plaquetários influencia na contagem da leucometria global contabilizados em aparelhos automatizados que utilizam o método de impedância.

Palavras chaves: Leucometria total, felinos, alteração

INTRODUÇÃOO atendimento de gatos em clínicas veterinárias cresceu nos últimos anos. Em consequência, aumentou a necessidade da execução de exames hematológicos de forma rápida para estabelecer diagnósticos e avaliar prognósticos (1).

Os métodos automatizados atendem essa demanda, pois aceleram o trabalho do patologista. O método de impedância é capaz de diferenciar células do sangue pela sua diferença de peso. No entanto, apesar de facilitar, não substituem o patologista, já que não são realizar com precisão a contagem diferencial de leucócitos, contagem de plaquetas e também não são capazes de identificar hemoparasitos (2, 3).

A formação de agregados plaquetário são alterações hematológicas fisiológicas acontecem em gatos devido coletas laboriosas. Sabe-se que em outras espécies a presença do agregado pode influenciar na contagem de células pelo método de impedância (4, 5).

O objetivo do estudo foi analisar a influência que os agregados plaquetários têm sobre a leucometria global de felinos, quando realizados em contadores hematológicos automatizados que utilizam o método de impedância, comparando com a contagem manual de leucócitos

MATERIAL E MÉTODOForam utilizadas 140 amostras de sangue em tubo de EDTA de gatos sem restrição quanto sexo, idade e raça. As amostras eram provenientes da rotina do Hospital Veterinário de Pequenos Animais e do Laboratório de Quimioterapia Experimental de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Todas as

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amostras de sangue total foram processadas em um contador hematológico automatizado (Sysmex pocH-100iv®). Para comparação da leucometria global dos felinos foi feita a contagem de leucócitos manualmente, realizada através da diluição de 20µl de sangue total em 380µl do líquido de Türk (ácido acético 2%) em tubo de ensaio.

Para visualização da presença ou ausência de formação de agregados plaquetários na extensão hematológica, foi utilizado o microscópio óptico no aumento de 100x. A presença do agregado plaquetário foi classificado da seguinte forma : uma cruz (+1) quando havia uma pequena formação de grumos de plaquetas em pontos aleatórios da franja ou quando havia uma única e pequena formação de agregado plaquetário; duas cruzes (+2) quando havia grumos de plaquetas maiores e mais frequentes durante a observação da franja, porém não passava de 50 % da extensão de toda franja; três cruzes (+3) quando havia presença de grumos de plaquetas por quase toda extensão da franja, superando 50 % do total de toda franja.

A variação na contagem de leucócitos nos grupos de animais de acordo com o grau de agregado plaquetário foi comparada através do teste não-paramétrico Kruskal-wallis com nível de 5% de significância. Foi utilizado o programa BioEstat 5.0 (AYRES, 2007).

RESULTADO E DISCUSSÃODentre as amostras analisadas 42 (30%) foram classificadas no grupo de 3+; 31 (22,14%) foram classificados no grupo de 2+, 34 (24,28 %) foram classificados no grupo de 1+ e 33 (23,57%) não apresentaram agregados plaquetários na amostra enviada.

A variação entre a contagem de leucócito total automática e manual dos grupos foi de no máximo 2.500 células no grupo onde não houve formação de agregados plaquetário. No grupo de 1+ de agregados plaquetários houve variação máxima de 6.500 células nucleadas. Já no grupo de 2+ houve variação máxima de 7.100 células. No grupo de 3+ apresentou a maior variação podendo chegar a um valor de 15.000 células nucleadas.

Os aparelhos que utilizam o método de impedância fazem a identificação do tipo celular a partir de seu peso. A presença de agregados plaquetários durante a análise pode causar uma falsa leucocitose, uma vez que estes podem ser contados como leucócitos. Aumentando, desta forma, sua contagem total (4,5,6,7).

Na análise estatística os grupos que apresentam formação de uma e duas cruzes de agregados plaquetários não diferem significativamente. No entanto, os grupos com formação de três cruzes e o grupo que não apresentam agregado plaquetário apresentaram diferença estatística (p<0,05).

CONCLUSÃOA formação de agregados plaquetários influenciam na contagem da leucometria global contabilizados em aparelhos automatizados que utilizam o método de impedância.

REFERÊNCIAS1) Norman EJ, Barron RCJ, Nash AS, Clampitt RB. Prevalence of low automated platelet counts in cats: comparison with prevalence of thrombocytopenia based on blood smear estimation. Veterinary Clinical Pathology (2001); 30(3): 137-140.2) Bacall NS. Analisador automático hematológico e a importância de validar novos equipamentos em laboratórios clínicos. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (2009); 31(4): 218-220.3) Dusse LMS, Vieira LM, Carvalho MG. Pseudotrombocitopenia. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial (2004); 40(5): 321-324.4) Torrance A. Overview of Haematological Diagnostic Techniques. In Day M, Mackin A, Littlewood, A. Manual of Canine and Feline Haematology and Transfusion Medicine. 2nd. ed. Gloucester: British Small Animal Veterinary Association;. 2002. p. 3-17.5) WALLACH, J. Interpretação de exames laboratoriais. Rio de Janeiro: Medsi. 2003. 1068p.6) Weiser, G. Sample Collection, Processing, and Analysis of Laboratory Service Options. In Thrall, MA, Weiser G, Allison RW, Campbell TW. Veterinary Hematology and Clinical Chemistry. 2. ed. Ames, Iowa: Wiley-Blackwell. 2010. p. 61-80

Influência de Agregados Plaquetários no Leucograma de Gatos Analisados pelo Método de Impedância

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Inquérito Sorológico de Anticorpos Anti-Leptospira spp. e Anti-Toxoplasma Gondii em Javalis da Região de Ponta Grossa – PRFernanda Pistori Pistori Machado - Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias da Universida-de Federal do Paraná (UFPR – PR)/ [email protected] Lucia Gravinatti - Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR – PR).Amanda Haisi - Graduanda de Medicina Veterinaria, Universidade Federal do Paraná (UFPR).Maysa Pellizzaro - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Vete-rinária e Zootecnia da Unesp – BotucatuAlexander Welker Biondo - Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR – PR).

RESUMOO javali (Sus scrofa) pode ser reservatório e veículo de transmissão de uma variedade de patógenos. A toxoplasmose e a leptospirose são doenças de grande importância à saúde pública, e mesmo com os poucos dados sobre a relevância do javali no contexto epidemiológico, esse trabalho visa coloborar no entendimento do papel do javali como reservatório, mesmo com os resultados negativos para todas as amostras testadas.

Palavras-chave: toxoplasmose; leptospirose; zoonose; prevalência

INTRODUÇÃOJavalis (Sus scrofa) são suídeos silvestres suscetíveis a doenças infecciosas e de caráter zoonóticas, oferecendo riscos a saúde de animais de produção, domésticos, selvagens e seres humanos(1). A transmissão da toxoplasmose (Toxoplasma gondii) pode ocorrer pela ingestão de alimentos mal higienizados ou congênita(2), sendo mais comumente causada pela ingestão de cistos do protozoário alocados em tecidos de animais infectados no consumo de carne crua e/ou mal cozida. A espiroqueta do gênero Leptospira tem sua ocorrência favorecida em regiões de climas tropicais e subtropicais(3), sendo a transmissão por contato com mucosas ou lesões de pele(4). Devido à ausência de informações sobre o papel dos javalis como reservatórios de Toxoplasma gondii e Leptospira spp.,a liberação da caça e o eventual consumo da carne desses animais, foi delineado o presente estudo com o objetivo de realizar o inquérito sorológico de prevalência para toxoplasmose e leptospirose.

MATERIAIS E MÉTODOSFoi coletado sangue, para obtenção de soro, de javalis abatidos por caçadores, regulamentados pelo IBAMA, do município de Ponta Grossa – PR, no período de agosto de 2015 a dezembro de 2015, para a realização de testes por soroaglutinação microscópica (MAT) de anticorpos anti-Toxoplasma gondii, e anti-Leptospira spp, no laboratório de diagnóstico de zoonoses da Unesp – Botucatu.

O MAT para T. gondii utilizou-se taquizoítos inativados(5) em diluições de 1:25 e 1:50. A pesquisa de anticorpos anti-Leptospira spp. deu-se pela coleção de 31 sorovares de Leptospira - patogênicas e não patogênicas, diluídos em 1:100 como triagem e os reativos foram titulados em diluições de razão dois, e com 50% ou mais de leptospiras aglutinadas por campo microscópico.

RESULTADOS E DISCUSSÃOSorologicamente as 13 amostras de javalis testadas foram negativas para ambos os testes. Os ciclos tanto da toxoplasmose quanto da leptospirose já relataram o javali como um reservatório compatível e hospedeiro no Brasil, trazem também a importância do javali na transmissão e manutenção dessas zoonoses(6,7,4). Mesmo a negatividade dos

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dados desse trabalho traz informações relevantes para um cenário pouco investigado que é a interação de animais exóticos na fauna brasileira.

CONCLUSÃOA ausência de soropositividade nos animais estudados sugere que a região onde habitam não apresenta fatores de risco que exponham os javalis aos patógenos, ou ainda que esses animais são refratários, pois os mesmos já foram considerados reservatórios pela literatura. Portanto, estudos adicionais com a população de javalis de Ponta Grossa e do Estado do Paraná devem ser realizados para determinar o risco dos javalis no ciclo dessas zoonoses, identificando lacunas a serem exploradas em torno desse tema.

REFERÊNCIAS1) GARCIA, J. L.; NAVARRO, I. T.; OGAWA, L.; OLIVEIRA, R. C. Soroprevalência do Toxoplasma gondii, em suínos, bovinos, ovinos e eqüinos, e sua correlação com humanos, felinos e caninos, oriundos de propriedades rurais do norte do Paraná-Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v. 29, n. 1, p. 91-97, 1999. Disponível em < www.scielo.br/pdf/cr/v29n1/a17v29n1.pdf> . Acesso em: 18 Mar 2008.2) BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G.; Manual Saunder: Clínica de Pequenos Animais. 2ª ed. São Paulo: Roca, 20033) Acha P.N. & Szyfres B. 2003. Zoonosis y Enfermedades Transmisibles Comunes al Hombre y a los Animales: Bacteriosis y Micosis. Vol.1. 3ª ed. Publicación Científica no.580, OPS, Washington, p.175-185.  4) Vasconcellos SA. Detection of Leptospira in two free living populations of capybaras (Hydrochaeris hydrochaeris) from São Paulo State, Brazil. International Leptospirosis Society Barbados. 2002, p. 62.5) Dubey J.P. & Desmonts G. 1987. Serologic responses of equids fed  Toxoplasma gondii  oocysts. Equine Vet. J. 19:337-339.6) Dubey J.P. & Beattie C.P. 1988. Toxoplasmosis of Animals and Man. CRC Press, Boca Raton. 220p. 7) Corrêa S.H.R., Vasconcellos S.A., Teixeira A.A., Dias R.A., Guimarães M.A.B.V., Ferreira F. & Ferreira Neto, J.S. 2004. Epidemiologia da leptospirose em animais silvestres na Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. 41:189-193

Inquérito Sorológico de Anticorpos Anti-Leptospira spp. e Anti-Toxoplasma Gondii em Javalis da Região de Ponta Grossa – PR

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Instabilidade Atlantoaxial Congênita em um Cão – Relato de CasoAmanda do Nascimento Oliveira - acadêmica em Medicina Veterinária – UFLA Caio Afonso dos Santos Malta - MV residente – UFLA Leonardo Augusto Lopes Muzzi - MV, Dr., Prof. – UFLA [email protected]

RESUMO A instabilidade atlantoaxial (IAA) é uma alteração existente entre as duas primeiras vértebras cervicais, resultante de anormalidades congênitas ou trauma. Tal acometimento leva à compressão da medula, podendo ocasionar até a morte do paciente. A alteração congênita mais comum é a agenesia do processo odontóide. Afeta preferencialmente cães de raças toy, com até um ano de idade e o diagnóstico é feito com base no histórico, exame neurológico e radiografias. O tratamento pode ser conservativo ou cirúrgico, sendo este último com abordagens vias ventrais ou dorsais. O objetivo do estudo foi relatar um caso de IAA associada à agenesia do processo odontóide em um cão da raça pequinês de seis meses de idade. O animal apresentava tetraplegia e dor cervical. Foi realizada intervenção cirúrgica para promover a correta fixação atlantoaxial. O paciente se recuperou dos sinais neurológicos na primeira semana após o procedimento.

Palavras-chave: Agenesia; Processo odontóide; Vértebras.

INTRODUÇÃOA instabilidade atlantoaxial (IAA) é uma alteração caracterizada por uma maior mobilidade entre as duas primeiras vértebras cervicais. Pode ter origem traumática, congênita ou ambas (1). As alterações congênitas são as mais frequentes e comumente estão relacionadas à agenesia ou hipoplasia do processo odontóide (2,3,4,5). Tais situações podem causar compressão da medula espinhal e das raízes nervosas (6). A forma congênita afeta principalmente cães de raças ‘’toy’’ com até um ano de idade, mas pode manifestar-se ao longo da vida (4). A sintomatologia varia com a gravidade da injúria medular, desde dor cervical até tetraplegia, e em compressões medulares graves o paciente pode vir a óbito devido à parada respiratória (7). Baseando-se no histórico, sinais clínicos, neurológicos e exames de imagem é possível chegar ao diagnóstico (4). O tratamento inclui métodos conservativos ou cirúrgicos, sendo este último com abordagens vias ventrais ou dorsais, e o prognóstico varia dependendo da cronicidade e gravidade da lesão medular (3).

Este estudo tem como objetivo relatar um caso clínico-cirúrgico de instabilidade atlantoaxial associada à agenesia do processo odontóide.

MATERIAL E MÉTODOSUma cadela da raça pequinês com seis meses de idade foi atendida no Hospital Veterinário da UFLA. A principal queixa era de dor cervical e deambulação deficiente a partir dos dois meses de idade que evoluiu para tetraplegia. Ao exame neurológico constatou-se dor cervical e reflexos condizentes com lesão de neurônio motor superior (NMS) no primeiro segmento medular. A partir da radiografia simples foi possível diagnosticar a agenesia do processo odontóide com luxação da articulação atlantoaxial. Optou-se pelo tratamento cirúrgico, tendo em vista o grave deslocamento dorsal do áxis. Foi utilizada a abordagem cirúrgica ventral, a fim de reduzir e provocar a fusão entre o atlas ao áxis. Realizou-se a curetagem das superfícies articulares para promover artrodese e a fixação foi feita por dois pinos de Kirschner transarticulares, aplicando o cimento ósseo sobre as partes expostas dos pinos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOA causa mais comumente relatada de IAA é a agenesia do processo odontóide. Em um estudo realizado por Beckmann et al (8), a agenesia do processo odontóide ocorreu em 10 casos (71,5%) dos 14 animais avaliados. Esta informação é confirmada no caso em estudo. Segundo Shires (4), o processo odontóide está propenso ao desenvolvimento defeituoso em animais miniaturas, devido às aberrações ocorrentes durante a oclusão da placa fisária de crescimento. Cães como Yorshire Terrier, Chihuahua, Poodle miniatura e Pequinês são mais comumente afetados (9). Animais com anormalidades congênitas, em geral, desenvolvem sinais clínicos nos primeiros 12 meses de vida. Segundo Lorigados (10), dos sete animais avaliados em seu estudo, seis eram cães de raças de pequeno porte, com idade variando de quatro a doze meses. Tais informações confirmam que o animal relatado possui tanto predisposição racial quanto etária para IAA.

Ainda no estudo realizado por Lorigados (10), sinais neurológicos estavam presentes em 100% dos animais. A disfunção ambulatória ocorre na maioria dos casos e a tetraplegia em aproximadamente 10% (2,5). Dor cervical acomete 30% a 60% dos cães com alterações congênitas (4,5,9). O animal possuía tal sintomatologia, confirmando assim a veracidade das informações. Em relação ao tratamento, várias opções cirúrgicas foram descritas, podendo ser realizadas pelo acesso ventral ou dorsal. As taxas de sucesso com técnicas ventrais são de boas a excelentes em 47% a 92% dos cães, dependendo do método de escolha (5). Beckmann et al (8), relatou uma boa recuperação em 90% dos cães submetidos ao tratamento cirúrgico, confirmando o resultado satisfatório obtido por este método de tratamento. No atual relato, o animal se recuperou dos sinais neurológicos e da dor cervical na primeira semana do pós-operatório, sendo que após 3 meses de cirurgia foi constatado por meio de radiografia simples a artrodese atlantoaxial.

CONCLUSÃOA IAA associada à agenesia do processo odontóide ocorre com frequência em animais de pequeno porte. O diagnóstico deve ser feito com base no exame neurológico e exames de imagens. O tratamento cirúrgico demonstra ser eficaz, com menor possibilidade de recidivas. A fixação feita pela abordagem ventral é a técnica de escolha, por apresentar melhores resultados e promover estabilidade adequada.

REFERÊNCIAS1) Zani CC, Marinho PVT, Minto BW, Lima TB, Moraes PC, Laus JL. Instabilidade atlantoaxial em cães: fisiopatologia, abordagens clínico-cirúrgicas e prognóstico. Vet. e Zootec. 2015 jun.; 22(2): 163-182.2) Cerda-Gonzalez S, Dewey CW. Congenital diseases of the craniocervical junction in the dog. Vet Clin North Am. 2010; 40: 121-41.3) Westworth DR, Sturges BK. Congenital spinal malformations in small animals. Vet Clin North Am Small Anim Pract. 2010; 40: 951-81.4) Shires PK. Condições atlantoaxiais e síndromes da oscilação. In: Slatter D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 3.ed. São Paulo: Manole; 2007. p. 80-1173.5) Sharp NJH, Wheeler SJ. Atlantoaxial subluxation. In: Small animal spinal disorders: Diagnosis and surgery. 2.ed. Philadelphia: Saunders Elsevier; 2005. p. 80-161.6) Silva AC, Figueiredo ML, Araújo BM, Silva CES, Espíndola CRS, Peluso EM et al. Resposta ao tratamento clínico conservativo diante da instabilidade atlantoaxial em cão – relato de caso. In: Anais do Jornada de ensino, pesquisa e extensão, 2009; Recife. Recife: UFRPE, 2009.7) McCarthy RJ, Lewis DD, Hosgood G. Atlantoaxial subluxation in dogs. Compend Contin Educ Vet. 1995; 17: 27-215.8) Beckmann DV, Mazzanti A, Santini G, Rosmarini PS, Festugato R, Pelizzari CR et al. Subluxação atlantoaxial em 14 cães (2003-2008). Pesq. Vet. Bras. 2010 fev.; 30(2):172-176.9) Platt SR, Da Costa RC. Cervical spine. In: Tobias KM, Johnston SA. Veterinary surgerysmall animal. Missouri: Elsevier; 2012. p. 48-410.10) Lorigados CAB, Sterman FA, Pinto ACBF. Estudo clínico-radiográfico da subluxação atlantoaxial congênita em cães. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. 2004; 41(6): 368-374.11)

Instabilidade Atlantoaxial Congênita em um Cão – Relato de Caso

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Interferência da lipemia pós-prandial induzida por ração comercial na determinação bioquímica de colesterol em cãesNathalia Lopes Tavares Silva - graduanda em Medicina Veterinária pelas Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO).Paula Lima de Oliveira - graduanda em Medicina Veterinária pelas FIO. Natália Camila Minucci Bonatto - licenciada em Ciências Biológicas pelas FIO e graduanda em Medicina Veterinária pelas FIO.Guilherme Coutinho Vieira - aprimorando em Medicina Veterinária pelas FIO.Breno Fernando Martins de Almeida - Professor Doutor da Disciplina de Laboratório Clínico Veterinário das FIO.Autor para correspondência: Nathalia Lopes T. da Silva, e-mail: [email protected]

RESUMO A lipemia é uma das principais causas de rejeição de amostras nos laboratórios clínicos veterinários, causando interferência nas determinações bioquímicas obtidas por espectrofotometria. Nesse sentido, o presente objetivou determinar o efeito da lipemia pós-prandial em cães alimentados com ração comercial sobre os teores séricos de colesterol obtidos por espectrofotometria. Para tal, 13 cães saudáveis tiveram a lipemia induzida por ração comercial para obtenção de soro de amostras imediatamente antes (após 12 h de jejum) e de hora em hora até 11 h após a alimentação. Os teores de colesterol total foram obtidos bioquimicamente por espectrofotometria. A lipemia pós-prandial não causou alteração dos níveis séricos de colesterol de cães alimentados com ração comercial. Conclui-se que o jejum após alimentação com ração comercial não é necessário para determinação de colesterol total sérico, uma vez que a lipemia pós-prandial induzida por ração comercial não altera os valores de colesterol total nas análises bioquímicas.

Palavras-chave: Hipertrigliceridemia; Jejum; Espectrofotometria; Lipoproteínas.

INTRODUÇÃOOs exames bioquímicos analisam a atividade de enzimas, concentrações de substratos e eletrólitos presentes no sangue, formando uma base informativa sobre a funcionalidade de órgãos ou sistemas específicos. Nas determinações bioquímicas obtidas por espectrofotometria, características da amostra como lipemia, hemólise ou icterícia podem interferir nas análises, gerando erros de resultados (1). A lipemia, que pode ser definida como a turbidez da amostra causada pelo acúmulo de partículas de lipoproteínas (2), é causada por jejum excessivo ou insuficiente (inferior a 8 horas), ou ainda por diversas condições patológicas (1).

Considerando que nem sempre é possível selecionar amostras não lipêmicas e animais em jejum na prática hospitalar e que não se conhece o efeito da alimentação com ração comercial sobre a dosagem de colesterol em cães, o presente estudo teve como objetivo determinar os níveis de colesterol de cães saudáveis antes e após alimentação com ração comercial, determinando se a lipemia pós-prandial interfere em tal determinação.

MATERIAL E MÉTODOS Foram selecionados 13 animais clinicamente saudáveis sem alterações hematológicas e bioquímicas com faixa etária entre 2 e 6 anos de idade, pesando mais de 6 kg e com escore corporal entre 4 e 5 (3). Esses cães foram alimentados com ração comercial contendo proteína bruta mín. 26%, extrato etéreo mín. 14%, matéria fibrosa máx. 2,5% e matéria mineral máx. 7,5% com energia metabolizável de 3.730 kcal/kg (CIBAU Adult, Farmina Pet Food, SP, Brasil) na quantidade indicada pelo fabricante, recebendo metade da porção diária. Foram colhidas amostras sanguíneas (cerca de 3 mL) imediatamente antes (após jejum de 12 horas, amostra 0h) e 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11 horas após a alimentação com ração comercial. As determinações bioquímicas séricas de colesterol total foram realizadas em espectrofotômetro semiautomatizado (BIO 2000, BioPlus, Barueri, SP, Brasil) utilizando conjunto de reativos comerciais (Labtest Diagnóstica SA, MG, Brasil) de acordo com as recomendações do fabricante. As análises foram realizadas em duplicata após calibração e controles comerciais níveis I e II (Labtest Diagnóstica SA, MG, Brasil).

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Após análise das variáveis quanto à normalidade (Teste de Shapiro-Wilk), os diferentes momentos foram comparados utilizando ANOVA com medidas repetidas e pós-teste de Tukey em programa computacional (GraphPad Prism, v.6.00 para Windows, GraphPad Software, USA), sendo considerados significantes quando p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAo se comparar os teores de colesterol total nos diferentes momentos, não foi observada diferença estatisticamente significante (p=0,6376), de forma que a lipemia pós-prandial induzida por ração comercial em cães saudáveis não afeta os níveis séricos de colesterol total (Figura 1).

Figura 1. Teores de colesterol total (média e desvio-padrão) de cães saudáveis (n=13) após jejum de 12 horas (momento 0h) e 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11 horas após a alimentação com ração comercial

Embora no presente estudo tenha-se observado que a lipemia pós-prandial induzida por ração comercial não tenha alterado os valores de colesterol total, outros estudos têm demonstrado que a presença de lipemia faz com que os resultados das determinações bioquímicas estejam sujeitos a erros pela interferência direta com a absorção de luz (4), em que as lipoproteínas podem interferir fisicamente porque essas partículas podem absorver luz (5).

Discordando dos resultados do presente estudo, Jacobs (6) observou que a lipemia in vitro alterou negativamente as concentrações de colesterol no soro canino, tal efeito provavelmente deve-se à diluição causada pela adição de composto lipídico ao soro canino ou à reação desses compostos com os reagentes para determinação de colesterol.

Também foi observado que o fato de os animais terem se alimentado com ração comercial não foi capaz de causar alteração significativa dos teores de colesterol total, resultado similar a estudo prévio que também utilizou ração comercial em cães (7).

CONCLUSÃOA lipemia pós-prandial induzida por ração comercial não altera os valores de colesterol total nas análises bioquímicas, não sendo necessário jejum em tais determinações.

Interferência da lipemia pós-prandial induzida por ração comercial na determinação bioquímica de colesterol em cães

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Interferência da lipemia pós-prandial induzida por ração comercial na determinação bioquímica de colesterol em cães

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Leiomiossarcoma Uterino em Cadela Taiane Portella Canals - Graduanda em Medicina Veterinária – UFPel – [email protected] Betina Miritz Keidann - Graduanda em Medicina Veterinária – UFPel Thomas Normanton Guim - Dr. – Hospital de Clinicas Veterinária – UFPel

RESUMO Os tumores uterinos são raros em cães, não possuem predileção por raça e ocorrem principalmente em fêmeas idosas e não castradas, pois são hormônio-dependentes. Relata-se um caso clínico de um leiomiossarcoma uterino que se desenvolveu em uma cadela da raça rottweiler, de 11 anos de idade, não castrada, apresentando sinais de distensão abdominal e perda de peso progressiva. Ao exame clínico e ultrassonográfico identificou-se massa em região de abdômen médio sugestivo de localização uterina ou ovárica. Exames de imagem não identificaram lesões metastáticas. Laparotomia exploratória foi realizada e após a confirmação de neoformação em parede uterina foi realizada a ovariohisterectomia terapêutica. O diagnóstico definitivo foi realizado através de exame histopatológico. Duas semanas após, os pontos foram removidos e a paciente recebeu alta médica. Até o término desse relato, apresentava sobrevida de nove meses, sem evidência de lesões metastáticas. Dentre todos os tumores uterinos, as neoplasias mesenquimais benignas são as mais comuns, sendo a contraparte maligna de rara ocorrência. Os meios diagnósticos de imagem realizados foram úteis no diagnóstico e no estadiamento da paciente. A histopatologia é ferramenta essencial para o diagnóstico definitivo e prognóstico desta doença. A ovariohisterectomia terapêutica proporcionou bem estar e cura da paciente.

Palavras-chave: tumores genitais; neoplasia uterina; canino

INTRODUÇÃO Os tumores de útero raramente acometem cadelas, com incidência de 0,3 a 0,4% em relação a todos os tumores que acometem a espécie canina (1). Os tumores mais comuns, que correspondem a aproximadamente 90% dos casos, são benignos (2).

Através da realização de exames de diagnóstico por imagem, é possível obter mais precisamente o diagnóstico da neoplasia, bem como o diferencial para outras patologias com sintomas similares. As radiografias abdominais podem confirmar a presença de uma massa no abdômen e o ultrassom pode ajudar a determinam a origem da massa. Além disso, através da realização de tais exames, pode-se detectar metástases (3).

Um diagnóstico definitivo de tumor uterino é geralmente obtido pelo exame histopatológico das amostras cirurgicamente excisadas (2). Ovariohisterectomia é o tratamento de escolha para tumores uterinos (1).

O objetivo deste trabalho foi relatar um caso clínico de um animal acometido por um leiomiossarcoma uterino, bem como a abordagem terapêutica utilizada e a sobrevida livre de doença neoplásica.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas, um canino, fêmea, 11 anos, da raça Rottweiler, com histórico de distensão abdominal há algumas semanas, apatia, emagrecimento progressivo e cansaço fácil ao exercício. Ao exame físico, na palpação abdominal, foi identificada uma massa de consistência firme, medindo aproximadamente 20 cm de diâmetro, móvel, localizada em porção média e caudal do abdômen, produzindo abaulamento.

Após foram realizados exames complementares, como hemograma, testes de função renal e hepática, radiografias torácicas e ultrassom abdominal. Os exames hematológicos e de bioquímica sérica não apresentaram alterações. Radiografia torácica revelou padrão pulmonar broncointersticial severo, no entanto, não foram observadas lesões compatíveis com metástases. A ultrassonografia revelou a presença de grande massa irregular, ocupando abdômen médio, de contorno mal definido, heterogênea, de ecogenicidade mista, com presença de nodulações hipoecogênicas

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medindo aproximadamente 3,6x3,2cm de diâmetro, pouco vascularizada ao doppler colorido, sugerindo neoformação em útero ou ovário. Não foi possível precisar a origem da massa.

A terapia indicada foi a laparotomia exploratória. Durante a inspeção da cavidade abdominal foi observado a presença de grande massa na parede do corpo e corno uterino, com ulceração da camada serosa. Procedeu-se então a realização da ovariohisterectomia terapêutica para exérese da neoformação. Não foram observadas demais lesões macroscópicas que pudessem evidenciar massas em outras vísceras e/ou metastáticas.

Macroscopicamente a massa apresentou-se dimensões de 25 cm em seu maior eixo, firme, com superfície de corte esbranquiçada e multinodular. Fragmentos da massa foram fixadas em formalina 10% e encaminhadas para avaliação histopatológica. Microscopicamente apresentou alta celularidade, constituída por miócitos arranjados em feixes paralelos com núcleos e citoplasmas alongados, eosinofílico e fibrilar, com ausência de estriações. Havia pleomorfismo celular e índice mitótico moderado.

Duas semanas após o procedimento cirúrgico foi realizada a retirada dos pontos. O animal encontrava-se bem disposto, ganhou peso e a ferida cirúrgica estava completamente cicatrizada. A sobrevida livre de doença neoplásica até a conclusão do relato foi de 9 meses.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os sinais clínicos apresentados por cães com tumores uterinos dependem do tamanho e tipo do tumor, da presença de metástases, da localização destas metástases e da presença de outras doenças concomitantes, tais como mucometra e piometra (5). Alguns cães com tumores uterinos apresentam anorexia, constipação, estrangúria e descarga vulvovaginal (6). No presente caso, os sinais apresentados foram mais relacionados ao desconforto produzido pelo efeito compressivo dos órgãos abdominais pela neoformação, porém, a porção uterina não acometida pelo neoplasma encontrava-se normal. Muitas vezes não são observados sinais clínicos e o achado de neoplasia uterina é acidental.

Neoplasias uterinas são mais frequentes em fêmeas idosas não castradas, pois este tipo de patologia é hormônio-dependente (7). Devido a este fato, este tipo de neoplasia frequentemente está associada à ocorrência de outras patologias como cistos foliculares ovarianos, tumores secretores de estrógenos, hiperplasia endometrial e neoplasia mamária (8). No presente caso a paciente apresentava concomitantemente neoplasia mamária. A administração exógena de progestágenos também tem sido associada ao desenvolvimento destes tumores, no entanto, a paciente do presente relato nunca havia recebido contraceptivos.

Os Leiomiossarcomas geralmente são caracterizados por serem grandes, com células apresentando atipia celular e alta taxa mitótica (2), fato observado no presente relato.

A cirurgia de ovariohisterectomia é a terapia de escolha e pouco é conhecido sobre a quimioterapia destes neoplasmas (1). No presente caso, a cirurgia foi hábil em identificar a origem da massa, bem como promover a cura da paciente através da ovariohisterectomia.

Em tumores malignos, o prognóstico depende da ocorrência ou não de metástases e o envolvimento destas em outros órgãos (4). No presente relato, embora o neoplasma tenha sido diagnosticado como maligno, não foram observadas lesões na cavidade abdominal que pudessem sugerir metástase, contribuindo para a cura da paciente e bom prognóstico.

CONCLUSÃO Leiomiossarcoma uterino é uma neoplasia raramente observada em cães. Os meios diagnósticos de imagem realizados foram úteis no diagnóstico e no estadiamento da paciente. A histopatologia é ferramenta essencial para o diagnóstico definitivo e prognóstico desta doença. A ovariohisterectomia terapêutica proporcionou bem estar e cura da paciente.

Leiomiossarcoma Uterino em Cadela

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Leiomiossarcoma Uterino em Cadela

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Leishmaniose Visceral Canina: Relato de Dois Casos de Doença Sistêmica Fatal Amanda Mansur Oliveira – Graduanda do 9° período do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras/MG. Matheus de Oliveira Reis – Mestrando em Patologia Animal, Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, UFLA.Angélica Terezinha Barth Wouters – Professora Adjunta do Departamento de Medicina Veterinária, UFLA. E mail para correspondência: [email protected]

RESUMOA Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma zoonose grave, que acomete cães de forma clínica ou subclínica, sendo esta a mais comum. O trabalho objetiva descrever dois casos da doença com icterícia significativa, alteração pouco relatada para a doença na literatura. Os cães foram necropsiados no Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Lavras e realizados os exames citológico e histopatológico. Os principais achados macroscópicos foram mucosas, pele e subcutâneo amarelados, pele, subcutâneo e pulmões com hemorragias, hepato e esplenomegalia, rins e fígado amarronzados. No exame citológico da medula óssea foram observadas numerosas formas amastigotas de Leishmania sp. Ao exame histológico foram observadas estruturas amastigotas de Leishmania sp. em medula óssea, fígado e baço. O diagnóstico foi confirmado pelos achados em exame citológico e histopatologia. Conclui-se que ocorrem casos fatais de LVC com doença sistêmica caracterizada principalmente por icterícia, alterações renais e hepáticas.

Palavras-chave: Leishmania; icterícia; cão; doenças parasitárias.

INTRODUÇÃOA leishmaniose visceral canina (LVC) é uma zoonose endêmica em diversos países do mundo (1) causada na América do Sul pelo protozoário Leishmania infantum, transmitido pelo flebotomíneo Lutzomyia longipalpis. O reservatório urbano mais importante é o cão doméstico (2), no qual a doença pode ser subclínica ou clínica, dependendo da resposta imune do animal afetado (3,4). Cães com doença subclínica representam a maioria da população canina infectada (5) e são epidemiologicamente importantes por serem fontes de infecção para flebotomíneos (5,6). Há sinais clínicos da LCV que são comuns a outras afecções e a doença pode predispor a outras infecções, devido à imunossupressão. O quadro compreende principalmente linfadenopatia, hepato e esplenomegalia, alterações cutâneas, onicogrifose, alterações renais, emagrecimento e apatia (4,7,8). O presente trabalho tem como objetivo relatar dois casos de LVC com alterações sistêmicas, incluindo icterícia significativa.

MATERIAL E MÉTODOSForam encaminhados para necropsia no Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Lavras dois cães machos, adultos, um sem raça definida (Cão 1, morte espontânea) e um Labrador (Cão 2, soropositivo para Leishmania sp., submetido a eutanásia). Na necropsia foram coletados fragmentos de tecidos e órgãos, fixados em formol a 10% tamponada, processados pelo método histológico de rotina e corados em hematoxilina e eosina para exame histológico. Também foi realizado exame citológico de medula óssea da região proximal do fêmur, corado com Panótico rápido, para pesquisa de estruturas de Leishmania sp.

RESULTADOSOs principais achados clínicos e laboratoriais foram icterícia, trombocitopenia, aumento de creatinina e bilirrubinas (Cães 1 e 2), inapetência (Cão 1) ou anorexia (Cão 2), caquexia, mucosas pálidas (Cão 1), êmese, diarreia, leucocitose (Cão 2). Na necropsia foram observadas mucosas conjuntivais e oral moderada (Cão 2) a acentuadamente (Cão 1) amareladas, pele amarelada e com petéquias (Cão 1), subcutâneo amarelado e hemorrágico (Cães 1 e 2),

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esplenomegalia discreta (Cão 2) a acentuada (Cão 1) e infartos esplênicos (Cão 1); fígado aumentado de volume (Cães 1 e 2), alaranjado (Cão 1) a amarronzado (Cão 2) e com consistência discretamente aumentada (Cão 2); rins amarelo-amarronzados (Cães 1 e 2) com múltiplos focos brancacentos na superfície cortical (Cão 1), bexiga urinária com petéquias na mucosa; hemorragias pulmonares de 0,5 a 1,0 cm (Cão 2) e medula óssea avermelhada (Cão 1). No exame citológico da medula óssea foram observadas numerosas formas amastigotas de Leishmania sp. em macrófagos/histiócitos (Cães 1 e 2). Os achados histológicos mais importantes foram: grande quantidade de macrófagos/histiócitos contendo formas amastigotas de Leishmania sp. na medula óssea; glomerulonefrite membranosa e material eosinofílico intratubular renal (Cães 1 e 2) associada a nefrite intersticial linfoplasmocítica com fibrose (Cão 1), dilatação tubular e trombose renal (Cão 2); congestão hepática, atrofia de cordões de hepatócitos, fibrose centrolobular e quantidade moderada de hemossiderina (Cão 1), colestase intra-hepática e macrófagos com abundante quantidade de formas amastigotas de Leishmania sp. (Cão 2); baço com grande quantidade de formas amastigotas em macrófagos/histiócitos, hemossiderose moderada (Cão 2) e infartos esplênicos (Cão 1); hemorragia pulmonar multifocal e atelectasia (Cão 2).

DISCUSSÃOVários sinais clínicos da Leishmaniose são comuns a outras doenças, o que dificulta o diagnóstico clínico (7). Icterícia foi um achado marcante em ambos os casos, mas é uma alteração pouco descrita na literatura para Leishmaniose (8). De acordo com as lesões encontradas o principal diagnóstico diferencial a ser considerado é a Leptospirose Canina, em que as alterações macroscópicas de icterícia, hepatomegalia, fígado alaranjado-amarronzado, rins amarelo-amarronzados e pulmão hemorrágico podem também ser encontradas (9). No exame microscópico confirmou-se o diagnóstico de LVC pelo achado de estruturas amastigotas na medula óssea, embora em um dos casos a Leishmaniose já havia sido diagnosticada por prova sorológica. O exame histológico também permitiu a visualização do protozoário em medula óssea, fígado e baço. Alterações histológicas foram significativas nos rins de ambos os casos, com glomerulonefrite membranosa, alteração também observada por outros autores (10). Estas alterações foram atribuídas a deposição de imunocomplexos, estimulados pelo parasitismo prolongado por Leishmania sp. (8,10).

CONCLUSÃOA Leishmaniose pode causar doença sistêmica com icterícia significativa, alterações renais e hepáticas e outras. A pesquisa do agente em exame microscópico de medula óssea foi uma ferramenta importante no diagnóstico da infecção.

REFERÊNCIAS1) Solano-Galego L, Koutinas A, Miró G, Cardoso L, Pennisi MG, Ferrer L et al. Directions for the diagnosis, clinical staging, treatment and prevention of canine leishmaniosis. Veterinary Parasitology; 2009; v.165, p.1-18.2) Moreno J, Alvar J. Canine leishmaniasis: Epidemiological risk and the experimental model. Trends in Parasitology; 2002; v.18, p.399-405.3) Rogers KA, Dekrey GK, Mbow ML, Gillespie RD, Brodskyn CI, Titus R. Type 1 and Type 2 responses to Leishmania major. FEMS Microbiology Letters; 2002; 209: 1-7.4) Passos EA, Fiuza RF, Leite AKRM. Achados reprodutivos e clínicos dermatológicos em um cão com leishmaniose visceral canina. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária [online]; 2012.5) Cabral M, O’Grady JE, Gomes S, Sousa JC, Thompson H, Alexander J. The immunology of canine leishmaniosis: strong evidence for a developing disease spectrum from asymptomatic dogs. Veterinary Parasitology; 1998. v. 76, n. 3, p. 173-180.6) Guarga JL, Lucientes J, Peribanez MA, Molina R, Gracia MJ, Castillo JA. Experimental infection of Phlebotomus perniciosus and determination of the natural infection rates of Leishmania in dogs. Acta Tropica; 2000; 77: 203-207.7) Faria AR, Andrade HM. Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina: grandes avanços tecnológicos e baixa aplicação prática. Revista Pan-Amazônica de Saúde; 2012; v.3, p.47-57.8) Pocai EA, Frozza L, Headley SA, Graça DL. Leishmaniose visceral (calazar), cinco casos em cães de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural; 1998; v. 28, n.3.9) Tochetto C, Flores MM, D. Kommers G, Barros CSL, Fighera RA. Aspectos anatomopatológicos da leptospirose em cães: 53 casos (1965-2011). Pesquisa Veterinária Brasileira; 2012; 32(5): 430-443.10) Albuquerque BCNC, Maia FCL, Silva Jr VA, Lima AMA, Albuquerque ERC, Pimentel DS et al. Alterações estruturais em rins de caninos naturalmente infectados por Leishmania (Leishmania) chagasi. Revista Brasileira de Ciência Veterinária; 2008; v. 15, n.1, p. 3-5.

Leishmaniose Visceral Canina: Relato de Dois Casos de Doença Sistêmica Fatal

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Lentigo canino em mucosa oral – Relato de CasoMarcela Caroline Brasileiro da Silva – Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Rondônia - UNIRHorrana Andressa da Silva Rodrigues – Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Rondônia – UNIRKlaus Kasaro Saturnino – Docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Goiás - UFGE-mail: ([email protected])

RESUMOLentigo é uma proliferação melanocítica, melhor interpretada como uma hiperplasia melanocítica intradermal de melanócitos bem diferenciados. O presente relato descreve um caso de lentigo em um canino, macho, sem raça definida, 7 anos de idade, que apresentou aumento de volume na região rostral da mandíbula, com evolução de aproximadamente 6 meses e coloração enegrecida. A biopsia incisional apresentou-se com epiderme difusamente hiperpigmentada, composta por queratinócitos hiperpigmentados (citoplasma carregado por grânulos de melanina), mas sem alterações morfológicas e hiperplasia de melanócitos sem invasão ou modificação estrutural da derme. Não há descrições desta alteração em mucosa de cão, confirmando a importância diagnóstica diferencial, especialmente para melanomas.

Palavras-chave: hiperpigmentação; melanina; epiderme.

INTRODUÇÃOA hiperpigmentação (também denominada melanodermia ou hipermelanose) é um aumento do conteúdo cutâneo do pigmento melanina. Este aumento pode ser genético ou adquirido (pós-inflamatório, endócrino) ou neoplásico (1). Lentigo é uma proliferação melanocítica, melhor interpretada como hiperplasia melanocítica intraepidérmica de melanócitos diferenciados (2). É a alteração na pigmentação da pele, podendo ocorrer em cães e gatos, mas com poucos relatos na literatura. O presente relato objetivou descrever um caso de lentigo canino na mucosa oral mandibular, local de ocorrência ainda não descrito.

MATERIAL E MÉTODOSUm canino, macho, sem raça definida, de 7 anos de idade, apresentou aumento de volume na região rostral da mandíbula, com evolução de aproximadamente 6 meses, sem ulcerações, de consistência firme medindo aproximadamente 3cm de diâmetro, e coloração escura (enegrecida). Foi realizada biópsia incisional e análise histopatológica de rotina por hematoxilina e eosina (HE).

RESULTADOS E DISCUSSÃOA amostra colhida era composta por tecido tegumentar de mucosa com epiderme difusamente hiperpigmentada e levemente hiperplásica. Os queratinócitos apresentavam-se hiperpigmentados (citoplasma carregado por grânulos de melanina), mas sem alterações morfológicas. Havia proliferação de melanócitos, mas sem alterações morfológicas. A derme e submucosa não apresentaram invasões ou alteração de arquitetura. Histopatologicamente, o lentigo é caracterizado por hiperplasia e hiperpigmentação epidérmica, bem como aumento no número de melanócitos, os quais se distribuem ao longo da camada basal (junção dermoepidérmica), granulosa e córnea. Os melanócitos são citologicamente normais, como no presente estudo, podendo haver discreta melanofagia na derme papilar (2), o que não foi observado. As lesões em gatos ocorrem predominantemente na cabeça, às margens das pálpebras, muitas vezes sobre os lábios e plano nasal. (3). Em cães, esta dermatose tem sido relatada nos mamilos de animais idosos, sem predisposição de raça (2). O presente relato descreve uma região diferente de ocorrência (mucosa mandibular), mas em cão de idade e sem raça definida, corroborando com a literatura.

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Figura 1. Imagem microscópica de mucosa oral de cão com lentigo. Notar hiperpigmentação celular. HE, 100X.

Figura 2. Imagem microscópica de mucosa oral de cão com lentigo. Notar hiperpigmentação celular e melanócitos na camada basal (seta). HE 400x.

CONCLUSÃOLentigo é uma doença em que, normalmente, a aparência física das lesões já é suficiente para um diagnóstico, porém, é importante a realização, se possível, do exame histopatológico para a eliminação de possíveis doenças mais graves, especialmente neoplásicas.

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Lentigo canino em mucosa oral – Relato de Caso

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Leucemia aguda em felino associada à hematopoiese extramedular - Relato de Caso

Bruna Scalzilli Luzes - Pós graduanda pelo Departamento de Patologia e Clínica Veterinária da Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ, Brasil. Julielton de Souza Barata - Pós graduando pelo Programa de Cirurgia Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP- Campus Jaboticabal, São Paulo, Brasil. Nayro Xavier de Alencar - Professor Associado III da Faculdade de Veterinária, Universidade Federal Fluminense, Ni-terói-RJ, Brasil. E-mail para correspondência: [email protected]

RESUMOAs leucemias são definidas pela presença de células sanguíneas neoplásicas no sangue periférico ou na medula óssea, sendo a leucemia aguda de pior prognóstico devido à rápida progressão da doença. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de leucemia aguda em felino associada à hematopoiese extramedular (HEM). O paciente, felino sem raça definida, de dois anos de idade, apresentava nódulos pela superfície corporal, acometendo diversos ossos, sem demais alterações clínicas. Foi submetido a exames complementares, tais como: hematológico completo, o qual se encontrava dentro da normalidade para a espécie; radiografia das lesões, sugestiva para osteocondromatose felina; citologia aspirativa por agulha fina, onde se observaram precursores hematopoiéticos; biopsia das lesões, apresentando tecido ósseo e medular sem alterações, e mielograma, sugerindo leucemia mielóide aguda com diferenciação, incomum em felinos. Com base nos resultados obtidos, concluiu-se que se tratava de nódulos provenientes, possivelmente, de hematopoiese extramedular associada à leucemia aguda, configurando um quadro de leucemia aleucêmica, a qual provocou o óbito do paciente.

Palavras-chave: neoplasia hematopoiética; gato; oncologia veterinária

INTRODUÇÃOLeucemias são neoplasias malignas das células precursoras hematopoiéticas da medula óssea, podendo ou não atingir a circulação sanguínea. De acordo com a linhagem leucocitária afetada, as leucemias são classificadas como linfóide ou mielóide, e segundo o grau de diferenciação e agressividade das células neoplásicas, classificam-se em aguda ou crônica, sendo as agudas aquelas associadas aos piores prognósticos (1,2). A hematopoiese extramedular (HEM) está frequentemente associada à hemoglobinopatias, ou a doenças mieloproliferativas, como a leucemia (3). O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de leucemia aguda associada à HEM em um gato.

MATERIAL E MÉTODOSUm felino, sem raça definida, de aproximadamente dois anos de idade, foi atendido no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Professor Firmino Mársico Filho da Universidade Federal Fluminense (HUVET-UFF), Niterói-RJ. No exame físico foram observadas inúmeras formações nodulares em vários ossos do paciente. A avaliação clínica dos demais sistemas não revelou nenhuma alteração. O paciente já havia sido diagnosticado como portador do vírus da leucemia viral felina (FeLV). Amostras de sangue foram coletadas para realização de hemograma e bioquímica (Ureia, creatinina, cálcio, proteína total, ALT e AST). Exame radiográfico foi realizado do tórax e crânio, regiões nas quais se encontravam as principais lesões. Amostras para avaliação citológica foram coletadas por punção por agulha fina (PAAF) dos nódulos. Posteriormente, o paciente foi submetido ao procedimento de biópsia incisional dos nódulos para posterior exame histopatológico, e punção de medula óssea, realizada em porção proximal de úmero, para avaliação citológica desta (mielograma).

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RESULTADOS E DISCUSSÃOEm doenças mieloproliferativas agudas, são comuns alterações em hemograma, tais como: leucopenia ou leucocitose, anemia, neutropenia e trombocitopenias, sendo frequente a ocorrência de infecções e hemorragias (1,2). No presente caso, não foram observadas nenhuma dessas alterações, visto que os exames laboratoriais realizados encontravam-se dentro dos padrões de normalidade para a espécie. Dessa forma, é possível afirmar que se tratava de uma leucemia de caráter aleucêmico, uma vez que nenhuma célula neoplásica foi encontrada na circulação a partir do esfregaço sanguíneo. Geralmente, quando não são encontradas células neoplásicas circulantes, o diagnóstico de leucemia baseia-se exclusivamente no exame de aspirado da medula óssea (1), a semelhança do que foi observado no presente caso.

Na radiografia torácica e de crânio, foram visibilizadas, nas estruturas ósseas, intensa e irregular proliferação óssea com áreas de mineralização sobre tecidos moles adjacentes, sendo sugestivas para osteocondromatose felina. Entretanto, na PAAF dos nódulos ósseos foram observados osteoclastos, osteoblastos, adipócitos, material hematopoiético composto por numerosos precursores hematopoiéticos . Além disso, o resultado do exame histopatológico, a partir da biopsia das lesões ósseas, evidenciou tecido ósseo sem alterações, com presença de medula óssea sem alterações, descartando a osteocontromatose felina, e, possivelmente, tratando-se de HEM.

A HEM, comumente observada em casos de leucemia, é formada por áreas microscópicas difusas de tecido hematopoiético (2,3). A patogênese da HEM intratorácica já foi descrita em humanos, e inclui a extrusão das células tronco da medula óssea, através do córtex fino dos corpos vertebrais e costelas, para a região subperiosteal, auxiliadas pela pressão negativa, em que ocorre a proliferação destas células, não só na região da extrusão, como em outras áreas à distância, provavelmente pela proliferação de tecido hematopoiético embolizado de outras áreas (3). Na histopatologia, encontra-se tecido hematopoiético bem formado (3), justificando as lesões observadas neste caso.

A avaliação do mielograma, revelou uma medula hipercelular (85%), considerada aumentada para a espécie e faixa etária do animal. As séries, megacariocítica, eritroide, linfoide e monocítica apresentavam-se em quantidade normal com maturação completa e ordenada, já a série mielóide, apresentou maturação não ordenada, com aumento das fórmulas blásticas (23,11%) e disgranulopoieses, sendo o resultado indicativo para leucemia aguda sugestiva de LMA-M2 (leucemia mieloblástica aguda com diferenciação), recomendando-se imunohistoquímica para confirmação da origem dos blastos.

As doenças mieloproliferativas agudas possuem evolução rápida, e, embora sejam de ocorrência rara, ocorrem mais comumente em cães jovens (1), em contraste com este caso, no qual a doença foi observada em um felino de dois anos de idade. O paciente foi a óbito poucos dias após a realização do último exame. Na medicina humana, o transplante alogênico de células hematopoiéticas é uma opção de tratamento curativo para pacientes com leucemia mieloide aguda (4,5), reiterando a necessidade de mais estudos na medicina veterinária acerca da doença, seu diagnóstico e possibilidades terapêuticas que reduzam sua alta taxa de mortalidade.

CONCLUSÕESA hematopoiese extramedular foi a provável causa dos nódulos observados no paciente. A análise dos precursores hematopoiéticos medulares é imprescindível para o diagnóstico de neoplasias hematopoiéticas. Contudo, faz-se necessário o uso da citoquímica e imunofenotipagem para identificação da linhagem e diagnóstico diferencial.

REFERÊNCIAS1) Daleck CR, De Nardi AB. Oncologia em cães e gatos. 2ª ed. Rocca; 2016.2) Tochetto C, Souza TM, Barros CSL, Fighera RA. Aspectos epidemiológicos, clínicos, hematológicos e anatomopatológicos da leucemia eritroide aguda (LMA M6) em gatos. Pesquisa Veterinária Brasileira; 2011; 31(7), 610-619.3) Marchiori E, Escuissato DL, Irion KL, Zanetti G, Rodrigues RS, Meirelles GSP et al. Hematopoese extramedular: achados em tomografia computadorizada do tórax de 6 pacientes. Jornal Brasileiro de Pneumologia; 2008; 34(10), 812-816.4) Bakst RL, Tallman MS, Douer D, Yahalom J. How I treat extramedullary acute myeloid leukemia. Blood; 2011; 118(14), 3785-3793.5) Gupta V, Tallman MS, Weisdorf DJ. Allogeneic hematopoietic cell transplantation for adults with acute myeloid leukemia: myths, controversies, and unknowns. Blood; 2011; 117(8), 2307-2318.

Leucemia aguda em felino associada à hematopoiese extramedular - Relato de Caso

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Linfoma Cutâneo em Canino da Raça Chow Chow - Relato de CasoThullyo Alex Flores¹;Isael de Sousa Sá¹;Antônio Augusto Nascimento Machado Junior²;¹ Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária do Campus Profa. Cinobelina Elvas-UFPI² Professor Doutor do Curso de Medicina Veterinária do Campus Profa. Cinobelina Elvas-UFPI.Email: [email protected]

RESUMOO linfoma cutâneo é uma neoplasia incomum e rara no canino, representando apenas cerca de 1% das neoplasias cutâneas, sendo o seu prognóstico desfavorável para os cães. Objetivou-se relatar um caso de linfoma cutâneo em canino da raça Chow Chow atendido no Hospital Veterinário Universitário (HVU) do Campus Professora Cinobelina Elvas (CPCE), no município de Bom Jesus no sul do estado do Piauí. A tutora relatou que o animal apresentava nódulos subcutâneos disseminados e não ulcerados por todo o corpo. Realizou-se então uma punção aspirativa com agulha fina (PAAF) nos nódulos cutâneos, a qual diagnosticou células compatíveis com linfoma cutâneo. Foi definido um tratamento com o protocolo COPLA modificado, porém antes do início do mesmo o animal apresentou um declínio no seu estado geral, apresentando dificuldades respiratórias devido à compressão da traqueia pelos nódulos subcutâneos e com sangramento intenso na cauda, oriundo da ulceração de alguns nódulos, que não foi possível controlar com uso de medicamentos. Foi indicada uma transfusão sanguínea, pois o animal apresentava trombocitopenia acentuada, porém a proprietária optou pela eutanásia.

Palavras-chave: linfossarcoma; linfoma não-epiteliotrópico; linfoma epitelitrópico; COPLA

INTRODUÇÃOO linfoma cutâneo é uma neoplasia incomum e rara no canino, representando apenas cerca de 1% das neoplasias cutâneas. O mesmo pode ser classificado em epiteliotrópico, localizado na epiderme, não epitelitrópico, que se encontra na derme (linfoma cutâneo primário) ou idiopático caracterizado pela presença de células linfoides B ou T na epiderme, derme ou tecidos anexos (1).

A punção aspirativa com agulha fina (PAAF) é método confiável para o diagnóstico de linfoma, no entanto, as biópsias histopatológicas permitem chegar a um diagnóstico mais definitivo, além de permitir a realização do estadiamento da neoplasia. A terapêutica mais recomendada para essa enfermidade é a quimioterapia, porém a cura é improvável o que faz com que o prognóstico, para este problema, seja totalmente desfavorável (2). A sobrevida do paciente em tratamento varia, entre os caninos, de 4 meses a 2 anos.

Objetivou-se relatar um caso de linfoma cutâneo em canino da raça Chow Chow atendido no HVU-CPCE, no município de Bom Jesus-Piauí.

MATERIAL E MÉTODOSUm canino, fêmea, com 5 anos de idade, da raça Chow Chow, pesando 22 kg, residente em Bom Jesus - PI, foi atendido no HVU/UFPI, apresentando nódulos subcutâneos disseminados e não ulcerados por todo o corpo.

Durante a anamnese a tutora informou que os nódulos se iniciaram nos membros e após o ciclo estral se alastraram para o restando do corpo. No exame físico foram evidenciados nódulos subcutâneos de diferentes tamanhos espalhados por todo o corpo do animal, imóveis e com consistência firme. Foi notado também um aumento das mamas inguinais. As mucosas estavam normocoradas, tempo de preenchimento capilar menor que dois segundos e os linfonodos poplíteos estavam aumentados.

Solicitou-se um hemograma no qual ficou evidenciada uma trombocitopenia (60.000 plaquetas) e, em função do

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animal residir em uma área endêmica, um teste para leishmaniose o qual foi negativo. Neste momento foi realizada a punção aspirativa com agulha fina (PAAF) nos nódulos cutâneos no animal. As amostras foram enviadas ao Laboratório de Patologia Clínica do HVU que diagnosticou a presença de células características de linfoma cutâneo.

RESULTADOFoi definido um tratamento com o protocolo COPLA modificado (6). A tutora foi esclarecida sobre os prós e contra do tratamento com enfoque na sobrevida do animal. O protocolo de tratamento encontra-se no quadro 01.

Tabela 01: Esquema terapêutico definido no protocolo COPLA modificado

Dia Vincristina Ciclofosfamida L-asparaginase Prednisona1 + + + BID15 + BID22 + + BID43 + + QID64 Repetir o 43º dia

a cada 3 sema-nas

Entretanto, nos dias subsequentes e antes do início do tratamento, o animal apresentou um declínio no seu estado geral, apresentando dificuldade respiratória, devido à compressão da traqueia por nódulos cutâneos, e sangramento intenso na cauda, oriundo da ulceração de alguns nódulos, não sendo possível o seu controle com uso de ácido tranexâmico, 25mg/Kg/VO/TID e vitamina K, 3mg/Kg/SC/SID. Foi indicada uma transfusão sanguínea, porém a tutora optou pela eutanásia do animal. Após a eutanásia foram coletados fragmentos dos nódulos e linfonodos, para avaliação histopatológica, que confirmou a achado da PAAF.

DISCUSSÃOÀ anamnese foi percebida a presença de nódulos na pele, não pruriginosos, que evoluíram para ulceração e sangramento. Essas nodulações foram reladas por Duarte (3) em 15 cães com linfoma cutâneo durante um experimento avaliando animais tratados com lomustina.

A PAAF mostrou-se eficiente neste diagnóstico, o qual foi confirmado pelo histopatológico. Esse método diagnóstico é recomendado para diferenciação de neoplasias cutâneas em cães (4), pois estudos relataram que os linfomas podem ser diagnosticados pelo método de PAAF em até 90% dos cães acometidos (2). O resultado da PAAF, para este caso, revelou um predomínio de células linfoblásticas com cromatina pálida e difusa, com nucléolo visível e presença de vacúolos intracelulares, semelhantes ao descrito por Vieira (5) em cão..

Existem vários protocolos na literatura para tratamento de linfoma cutâneo, no entanto o protocolo COPLA modificado foi o tratamento indicado para esse paciente, pois apresenta um bom resultado com poucos efeitos colaterais (6).

CONCLUSÃOPode-se concluir que o linfoma cutâneo é uma manifestação rara dos tipos de neoplasias hematopoiéticas, sendo o prognóstico desfavorável para a maioria dos casos.

Linfoma Cutâneo em Canino da Raça Chow Chow - Relato de Caso

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REFERÊNCIAS1) FONTAINE, J.; BONVENS, C.; BETTENAY, S.; MUELLER, R. S. Canine cutaneous epitheliotropic T-cell lymphoma: a review. Veterinary and Comparative Oncology, v.7, p. 1-14, 2009.2) NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.3) DUARTE, A. R. Resposta do Linfoma Cutâneo Canino à Lomustina – Achados Clínicos, Imunohistoquímicos e Expressão do MDR – 1. 2013. Botucatu, 93f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Campus de Botucatu.4) MORRIS, J.; DOBSOM, J. Oncologia em pequenos animais. São Paulo: Roca, p. 300, 2007.5) VIERA, M. M. F. S. L. Linfoma canino e em espécies exóticas. Dissertação (Mestrado em medicina veterinária)-Universidade Técnica de Lisboa. Disponível em: <http://www.repository.utl.pt>. Portugal: Lisboa, 2008.6) LANORE, D.; DELPRAT, C. Linfoma. In: Quimioterapia Anticancerígena. São Paulo: Roca,2004.

Linfoma Cutâneo em Canino da Raça Chow Chow - Relato de Caso

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Linfossarcoma Multicêntrico em um Cão de Dois Anos de Idade - Relato de Caso Luis Alan Zambrano Corrêa¹;Tayná Mayer Veronezi¹;Paula Costa Leite2;¹ Graduando na Faculdade de Medicina Veterinária UFRGS - Porto Alegre, RS. 2 MV no Centro Veterinário Dr. de Bicho. Especialista em Clínica Médica Cirúrgica de Pequenos Animais Email: [email protected]

RESUMO Este trabalho teve como objetivo descrever um caso de linfoma multicêntrico em um cão, macho, da raça Bulldog Inglês e com dois anos de idade com histórico de dificuldade de locomoção, inapetência e hiporexia há 10 dias. Ao exame físico, o canino apresentava abdômen com aumento de volume e temperatura retal de 41ºC. Os exames solicitados como triagem foram ultrassonografia abdominal, hemograma e perfil bioquímico. No exame ultrassonográfico abdominal foi verificado aumento de linfonodos e hepatoesplenomegalia. O paciente foi submetido à internação com suspeita clínica inicial de leptospirose, porém a evolução do quadro clínico foi rápida e o paciente veio a óbito após três dias, quando foi submetido à necropsia e diagnosticado linfoma multicêntrico.

Palavras-chave: linfadenopatia; hepatoesplenomegalia; bulldog

INTRODUÇÃO Linfossarcoma é a neoplasia linfoproliferativa mais comum na clínica médica de pequenos animais e atinge todas as faixas etárias, tendo maior incidência em cães de 6 a 12 anos (1,2). A forma multicêntrica é a mais comum em cães, representando cerca de 80% dos linfomas diagnosticados nesta espécie (1,3,4). Os sinais clínicos apresentados pelos animais incluem: linfadenopatia generalizada, anorexia, inapetência, esplenomegalia, hepatomegalia, desidratação, febre, mucosas hipocoradas e icterícia (5,6). O presente trabalho descreve um relato de linfossarcoma multicêntrico em um cão de dois anos de idade, enfatizando as alterações clínicas e laboratoriais, a fim de diferenciar de outras enfermidades nesta faixa etária, como a leptospirose.

RELATO DE CASO Um canino macho, da raça Bulldog Inglês, com dois anos de idade e histórico de dificuldade de locomoção, inapetência e hiporexia há 10 dias foi atendido no Centro Veterinário Dr. de Bicho, em Porto Alegre/ RS. Ao exame físico, apresentava aumento de volume da região abdominal, temperatura retal de 41ºC, mucosa oral hipocorada, taquipneia e dificuldade de locomoção. O tutor relatou que o animal teve contato com roedores dias antes da consulta. O cão foi encaminhado para exame de ultrassom (US) e internação. Ao exame utrassonográfico, foi verificado hepatoesplenomegalia, rins com dimensões aumentadas, sugerindo injúria renal aguda, e linfonodos abdominais aumentados. No hemograma se verificou leucocitose com desvio à esquerda. O perfil bioquímico revelou creatinina de 2,3 mg/dL (intervalo de referência (IR): 0,5 a 1,8 mg/dL), ALT de 184 U/L (IR: 10 a 100 U/L), BUN 67 mg/dL (IR: 7-27 mg/dL), FA 1.485 U/L (IR: 23-212 U/L) e CK 877 U/L (IR: 10-200 U/L). Foi solicitado sorologia para leptospirose. Durante a internação, o paciente teve náuseas, vômitos, urina marrom-escura, anorexia, icterícia, febre persistente e edema de membros. Devido à idade, sintomatologia clínica, histórico, achados laboratoriais e ultrassonográficos, foi sugerido diagnóstico provisório de leptospirose. Após três dias, o paciente veio a óbito e foi encaminhado para necropsia, na qual se observou mucosas ictéricas, petéquias em tecido subcutâneo e uma massa de 16x11cm no mediastino. Na cavidade abdominal, o fígado estava aumentado de tamanho com nódulos. Os linfonodos abdominais apresentavam nódulos. A histopatologia dos linfonodos e do fígado revelou proliferação neoplásica de linfócitos. A medula óssea apresentava linfoma difuso, concluindo o diagnóstico de linfoma multicêntrico.

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DISCUSSÃO Neste relato, o cão tinha dois anos de idade, estando fora da faixa etária geralmente acometida, o que justifica o relato deste caso clínico. No presente relato, houve sinais clínicos compatíveis com a literatura citada, como letargia, hiporexia, febre persistente, emagrecimento e icterícia. Além disso, o paciente apresentava dispneia, o que foi explicado pela presença de uma massa no mediastino, verificada na necropsia. A massa no mediastino causa o surgimento súbito de dispneia (7). A icterícia, dentre outros sinais, levou o clínico a suspeitar de leptospirose, portanto foi solicitada sorologia, e o resultado foi “não reagente”. O aumento dos linfonodos no exame de US é típico nessa doença (7,8). A hepatoesplenomegalia pode ser explicada pela infiltração neoplásica nestes órgãos (9). A leucocitose pode ser interpretada como uma manifestação da síndrome paraneoplásica, que comumente é encontrada em cães com linfoma (10). O quadro de azotemia pode ocorrer pela infiltração renal do linfoma (11), corroborando com o exame de US onde se pôde observar renomegalia bilateral, sugerindo injúria renal aguda e, consequentemente, disfunção renal. A avaliação das enzimas hepáticas pode ajudar na detecção de infiltração tumoral hepática quando as mesmas se encontram aumentadas, por isso é valiosa na avaliação do paciente com possível linfoma (10). No presente relato, a ALT e a FA se encontravam aumentadas. A CK e ureia estavam elevadas, indicando disfunção hepática (10). O exame histopatológico hepático revelou proliferação neoplásica de linfócitos e a medula óssea apresentava linfoma difuso. O linfoma pode ocorrer em nervos periféricos e se estender chegando ao canal medular, nessa situação estarão presentes sinais clínicos de doença espinhal (9). Neste relato, a queixa principal do tutor era a dificuldade de locomoção, que pode ser associada à migração da neoplasia para a medula óssea, comprometendo o sistema locomotor.

CONCLUSÃO No presente trabalho, se conclui que o linfoma do tipo multicêntrico induz a sinais clínicos inespecíficos que variam com a localização e extensão da neoplasia. Os achados histopatológicos associados aos resultados laboratoriais e ultrassonográficos foram essenciais para finalizar o caso clínico, bem como comprovar o diagnóstico de linfoma.

REFERÊNCIAS 1) Couto, C.G. Oncologia: Nelson, R.W.; Couto, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro. Editora Elsevier, 2015. Cap. 11. p1160. 2) Olgivie, G.K.; Vail, D.M. Neoplasias linfoides In: Bichard, S.J.; Sherding, R.G. Manual Saunders: Clinica de Pequenos Animais. São Paulo: Editora Roca, 1998. p. 218-225. 3) Dobson, J.M., Samuel, S., Milstein, H., Rogers, K. & Wood, J.L. (2002). Canine neoplasia in the UK: estimates of incidence rates from a population of insured dogs. Journal of Small Animal Practice, 43 (6), 240-246. 4) Rosenthal RC. Epidemiology of canine lymphosarcoma. Comp Cont Educ Pract Vet 1982; 4:855-858. 5) Morrison, W.B. Lymphoma in dogs and cats. Jackson: Teton NewMedia, 2005, p. 124. 6) Vail, D.M.; Young, K.M. Canine lymphoma and lymphoid leukemia. In: Withrow, S.J.; Vail, D.M. Withrow & MacEwen’s small animal clinical oncology. 4.ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2007. Cap.31, p.699-769. 7) Vail, D. (2011). Tumours of the haemopoietic system. In J.M. Dobson, B.D.X Lascelles. (Eds.), BSAVA Manual of Canine and Feline Oncology. (3ª ed.). (pp 285-295). Inglaterra: British Small Animal Veterinary Association. 8) Bryan, J.N. (2010). Tumours of the hematopoietic system. In C.J. Henry & M. L. Higginbotham, Cancer Management in Small Animal Practice. (pp.343-351). Missouri: Saunders Elsevier. 9) Fighera, R.A.; Souza, T.M.; Barros, C.S.L. Linfossarcoma em cães. Ciência Rural, v.32, n.5, p.895-899, 2002. 10) Morris, J.; Dobson, J. Oncologia de pequenos animais. São Paulo, SP: Roca; 2007, 300p. 11) Vail, D.M. (2013). Canine lymphoma and lymphoid leukemias/Feline lymphoma and leukemia. In S.J., Withrow & MacEwen, E.G.Small Animal Clinical Oncology, (5ªed.). (pp. 608-650). Missouri: Saunders Elsivier.

Linfossarcoma Multicêntrico em um Cão de Dois Anos de Idade - Relato de Caso

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Lipossarcoma Renal em Cão – Relato de CasoElaine da Silva Soares¹;Pâmela Thalita Rocha¹;Fabiano Luiz Dulce de Oliveira²;¹Médica Veterinária, Mestranda em Morfofisiologia dos Animais Domésticos no Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Viçosa – UFV. ([email protected]) ²Médico Veterinário, Mestrando em Saúde na Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF.

RESUMOOs lipossarcomas são tumores originários de células mesenquimais embrionárias. É uma neoplasia maligna originada dos lipoblastos que raramente ocorre nos animais domésticos. Sua etiologia ainda não foi elucidada. Possui predileção racial em cães Shetland Sheepdogs, Dachshund e Brittany Spaniel. O tratamento do lipossarcoma envolve a exérese do tumor e o prognóstico varia com sua extensão e com o local afetado. O presente trabalho teve por objetivo relatar o caso de lipossarcoma renal em um cão. Para isso, é descrito todas as etapas do caso, desde o atendimento clínico, passando por procedimento cirúrgico, diagnóstico definitivo e prognóstico.

Palavras-chave: Canino; Células mesenquimais; Lipoblastos; Neoplasia; Rim

INTRODUÇÃOO lipossarcoma é uma neoplasia maligna de células mesenquimais embrionárias, precursoras de lipoblastos (1,2). Acredita-se que não resulte da transformação maligna de lipomas pré-existentes (3). Acomete animais adultos, com média de idade de 8 anos, sendo comum em fêmeas obesas (1). Representam 14 a 17% das neoplasias malignas de cães e 7 a 9% de gatos (4).

Os tumores podem ser simples ou múltiplos, acinzentados ou brancacentos, firmes e aderentes aos tecidos vizinhos e, como outras neoplasias mesenquimais tende a ser localmente invasivo, porém, raramente, origina metástase (1, 5, 6).

Os sinais clínicos dependem da localização, do tamanho e do potencial de invasão da neoplasia, bem como da presença de metastástases (4). O exame histopatológico tem por objetivo delinear o grau da neoplasia primária e avaliar se há enfermidade metastática (4). O tratamento do lipossarcoma envolve a exérese do tumor e o prognóstico varia de acordo com sua extensão e com o local afetado (5).

O presente trabalho teve por objetivo relatar todas as etapas do caso de lipossarcoma renal em um cão.

RELATO DE CASOFoi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa, um canino macho, sem raça definida, com quatro anos de idade, pesando 9,5 kg. O histórico do animal era hiporexia, hipodpsia, prostação, apatia e aumento de volume abdominal, há cerca de duas semanas. Ao exame clínico, observou-se mucosas hipocoradas, FC:130bpm e a presença de uma massa abdominal arredondada e firme, à palpação. O ultrassom revelou a presença de uma massa na cavidade abdominal com parênquima heterogêneo, textura grosseira que se estendia da região hipogástrica até a região epigástrica, não sendo possível determinar sua origem. O exame radiográfico do tórax não apresentou qualquer evidência.

O paciente foi encaminhado para procedimento exploratório de todo o abdome. Iniciou-se o processo de tentativa de remoção da mesma, através da dissecação tecidual e ligadura de vasos. Logo, observou-se que a massa era oriunda do rim esquerdo, sendo necessária a realização de nefrectomia total. À avaliação da massa, observou-se que esta possuía consistência firme, superfície lisa com áreas de coloração vermelha escura e esbranquiçada aderida à cápsula renal esquerda, medindo 20 cm de diâmetro, pesando 2,5 kg. Como prescrição médica foi receitado Ceftiofur®, tramadol e Hemolitan Gold®. Tem-se a notícia de que após 6 meses o paciente veio a óbito.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOO presente relato ocorreu em um cão onde a idade, o porte, sexo e a raça do animal não coincidem com o descrito na literatura (1,3).

Ao exame radiográfico do tórax, não houve evidência de metástase no pulmão. Este achado é semelhante ao descrito por outros autores (7), os quais relataram que geralmente os lipossarcomas infiltram-se localmente, sendo raro metástases.

O tratamento para neoplasias renais consiste em nefrectomia total. Entretanto, de acordo com alguns pesquisadores (8), cães tratados cirurgicamente, a sobrevida após a cirurgia é muito pequena e grande parte dos animais morrem em menos de um ano, independentemente do tipo de tumor, como o ocorrido neste relato.

CONSIDERAÇÕES FINAISA raridade e a ausência de esclarecimento de sua etiologia na literatura faz com que o presente relato contribua para com a escassez de publicações sobre casos de lipossarcoma em cães.

REFERÊNCIAS1) Moulton JE, Harvey JW. Tumors of the lymphoid and hemopoietic tissues. In: Tumors in domestic animals. 3.ed. Berkeley: California Press. 1990; Cap 6, p 23-82.2) Lewis DD et al. Extradural spinal liposarcoma in a dog. Journal American Veterinary Medical Association, Schaumburg.1991; v 199, n 11, p 1606-1607.3) Goldschmidt MH, Hendrick MJ. Tumors of the skin and soft tissues.In: Tumors in domestic animals. Ed. Meuten DJ. 2002; p 45–117. 4) Bichard SJ, Sherding RG. Sarcomas de Tecido Mole e Neoplasias de Mastócito. Manual Saunders Clínica de Pequenos Animais. 2008; v 1, 3 ed, São Paulo: Roca, p 306-310.5) Mccarthy PE, Hedlund CS, Veazy RS. Liposarcoma associated with a glass foreign body in a dog. Journal of the American Veterinary Medical Association. 1996; v 209, p 612-614.6) Raskin RE, Meyer DJ. Pele e Tecido Subcutâneo. Atlas de Citologia de Cães e Gatos. 1ed. Roca. 2003; cap 6, p 20-78.7) Pulley LT, Stannard AA. Tumors of the skin and soft tissues. In: Moulton, JE. Tumors in domestic animals. 3.ed. Berkeley : University of California.1990; cap 2, p 23-82.8) Weinstein MJ et al. Nonangiogenic and nonlymphomatous sarcomas of the canine spleen: 57 cases (1975-1987). Journal American Veterinary Medical Association, Schaumburg. 1989; v 195, n 3, p 784- 788.

Lipossarcoma Renal em Cão – Relato de Caso

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Lobectomia pulmonar para exérese de hemangiossarcoma grau IIIFrancisco Jorge Schulz Júnior, acadêmico da Universidade de Passo Fundo.Renan Idalencio, professor adjunto da Universidade de Passo Fundo.Michelli Westphal de Ataide, professora adjunta da Universidade de Passo Fundo.E-mail para correspondência: [email protected]

RESUMOO hemangiossarcoma é um tumor de células mesenquimais, que pode atingir qualquer tecido vascularizado. O presente relato descreve uma lobectomia para retirada de um hemangiossarcoma grau III que atingia grande parte do lobo pulmonar direito de um cão jovem. Realizou-se uma toracotomia para acesso a cavidade, seguido de um ostectomia de costelas, para a realização da lobectomia do lobo médio pulmonar. Como medidas de pós operatório, o animal ficou internado por três dias recebendo forte analgesia, antibiótico e também iniciou o tratamento com quimioterapia.

Palavras-chave: Toracotomia; neoplasia; quimioterapia.

INTRODUÇÃOO hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia originária de células endoteliais agressivas, tanto com relação à infiltração como com relação a metástases (1). Cães de qualquer raça e idade são suscetíveis a esta patologia, porém a incidência é maior em cães de meia idade, entre oito a 13 anos (2). A lobectomia pulmonar parcial é indicada em casos de biópsia pulmonar ou de excisões de lesões localizadas na extremidade do órgão, contudo em casos de lesões traumáticas severas, neoplasias, torção de lobos ou abscessos que estejam confinados a um único lobo, é indicada a técnica de lobectomia pulmonar completa (3).O presente trabalho tem por objetivo relatar uma lobectomia como meio de tratamento de uma neoplasia no lobo médio pulmonar direito de um canino.

MATERIAIS E METÓDOS Foi atendido no Hospital Veterinário de Passo Fundo um cão, SRD, fêmea, três anos, 5,5kg, apresentando dispneia, hiporexia e prostração há aproximadamente dois dias. No exame físico constatou-se abafamento na auscultação cardíaca no quadrante direito. Diante do quadro foram solicitados exames hematológicos, os quais não apresentaram alterações, e, exame de imagem, radiografia torácica para avaliação dos campos pulmonares, onde no mesmo, visibilizou-se massa radiopaca circular de aproximadamente 8cmx7cm em topografia de lobo médio pulmonar direito, com restante dos campos pulmonares com padrão preservado. Sob visualização do ecocardiodopller, foi realizado um aspirado por agulha fina, transparietal da massa apresentada, e a avaliação citológica demonstrou ser um hemangiossarcoma. Diante disso, e após o coagulograma sem alterações, optou-se pela exérese cirúrgica. No pré operatório foi aplicado tramadol (6mg/kg-1, SC), para a indução anestésica foi utilizado propofol (3mg/kg-1, IV), e para manutenção isoflurano (ao efeito, IT), após o animal entrar em plano anestésico foi realizado um bloqueio intercostal com lidocaína (2,5mg/kg-1, SC) e bupivacaína (2,5mg/kg-1, SC). Como antibioticoterapia profilático foi utilizado cefalotina sódica (30mg/kg-1, IV), além da manutenção com fluidoterapia com FLK (10ml.kg/hora-1, IV). Em decúbito lateral esquerdo, foi realizado uma toracotomia, seguida de uma ostectomia da sexta e sétima costela pela aderência do tumor as mesmas (Figura 1A), o lobo médio pulmonar foi localizado e exteriorizado com compressas umedecidas, realizando-se a lobectomia com auxílio de pinças Satinski e ligadura com fio poligrecapone 2.0 no brônquio acometido (Figura 1B). Após a inspeção da cavidade, foi introduzida uma sonda de toracostomia fixada a pele, dorso-caudal a incisão. A toracorrafia foi realizada com poliglactina 910 0, o tecido subcutâneo ocluído também com poliglactina 910 0 e a pele aposicionada com náilon 3-0 e PIS. No pós operatório o animal permaneceu internado durante três dias recebendo fluidoterapia com FLK, cefalotina (30 mg/kg-1, IV, TID), tramadol (4mg/kg-1, SC, TID), dipirona (25mg.kg-1, IV, TID), cetamina (1mg.kg-1, IV, BID), omeprazol (1mg.kg-1, IV, SID), meloxican (0,1mg/kg-1, IV, SID) e metoclopramida (0,2mg.kg-1, IV, TID), com drenagem do dreno a cada duas horas, além da limpeza das feridas cirúrgicas uma vez ao dia. A massa foi encaminhada para análise anatomohistopatológica, onde o resultado

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mostrou-se como hemangiossarcoma grau III.

RESULTADOS E DISCUSSÃOTratando-se de uma neoplasia maligna, foi optada pela lobectomia do lobo médio pulmonar direito, sendo esse o tratamento de eleição para remoção de neoplasmas pulmonares (1). O tamanho extenso do neoplasma visualizado na radiografia e ecocardiodopler, foi determinante na eleição da técnica cirúrgica de ressecção de costela para lobectomia, uma vez que o neoplasma estava aderido as costelas (3). A característica agressiva do hemangiossarcoma, com elevado índice de metástase, se deve à sua origem de células de vasos sanguíneos proporcionando, desta forma, rápida disseminação de células tumorais por via hematógena (5). Não há relato de hemangiossarcoma com sítio primário nos pulmões em cães jovens, sendo este mais comumente relatado em cães mais velhos, com idades entre oito e 13 anos (2). O diagnóstico definitivo dessa doença é estabelecido apenas por meio de exame histopatológico. A opção terapêutica mais eficaz para neoplasmas pulmonares consiste na excisão cirúrgica, e outras formas de tratamento, são quimioterapia e radioterapia que podem ser utilizadas como adjuvantes (4). Na paciente relatada, o uso de quimioterápicos foi preconizado após procedimento cirúrgico para evitar possíveis recidivas, sendo utilizado doxorrubicina (25 mg/m2, IV), vincristina (0,7 mg/m2, IV) e ciclosfosfamida (200 mg/m2, IV) (4). A paciente completou quatro ciclos da terapêutica quimioterápica, sem sinais clínicos e imagens de recidivas tumorais.

Figura 1: Canino, SRD, fêmea, três anos, 5,5kg. A) Toratocotomia, após a ostectomia da sexta e sétima costela para melhor exposição do lobo pulmonar médio direito. B) Após a exérese do lobo médio pulmonar com a massa neoplásica.

CONCLUSÃOA toracotomia com ressecção de costelas para a realização da lobectomia parcial se tornou uma alternativa eficaz para o tratamento de uma neoplasia maligna, sendo que após a cirurgia o animal não possuía mais sinais de dificuldade respiratória, e o acompanhamento de exames radiográficos não demonstravam focos de metástase, deixando assim seu prognóstico mais favorável.

REFERÊNCIAS1) COUTO, C. G. Oncologia. In: NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2001, p. 897 a 899.2) GILSON, S. D.; PAGE, R. L. Princípios de Oncologia. In: BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Manual saunders - Clínica de pequenos animais. 1 ed. São Paulo: Roca. 1998, p. 215. 3) Fossum T.W. 2002. Cirurgia do sistema respiratório inferior: pulmões e parede torácica. In: Fossum T.W. (Ed). Cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Roca, pp.705-732.4) Silva M.C.V., De Nardi A.B. & Rodaski S. 2009. Neoplasias do sistema respiratório In: Daleck R.C., De Nardi A.B. & Rodaski S. (Eds). Oncologia em Cães e Gatos. São Paulo: Roca, pp.335-344.5) PAGE, R.L., THRALL, D.E. Sarcomas de tecidos moles e hemangiossarcomas. In: ETTINGER S.J., FELDMAN E.C. Tratado de medicina interna veterinária, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p.561-566.

Lobectomia pulmonar para exérese de hemangiossarcoma grau III

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Lúpus eritematoso discoide em cão - Relato de Caso Bruno Borges Silva – Graduando em Medicina Veterinária UFLA Natiélle Rodrigues Wajima – Médica Veterinária residente na Clínica médica de pequenos animais UFLARuthnéa Aparecida Lázaro Muzzi – Professora associada do Departamento de Medicina Veterinária [email protected]

RESUMOLúpus eritematoso discoide acomete a pele de cães causando lesões eritematosas, ulceração e alopecia no plano nasal e na face do animal. É um distúrbio imunomediado com etiologia desconhecida que ocorre devido a deposição de imunoglobulinas na epiderme que ocasionam uma reação de hipersensibilidade. É uma doença de ocorrência rara na medicina veterinária, com diagnóstico baseado nos sinais clínicos, exame físico, anamnese e exames complementares. No setor de Clínica médica do hospital veterinário da instituição foi atendida uma cadela, sem raça definida, 5 anos de idade que apresentava alopecia periocular e no focinho, ausência de prurido, onicogrifose e claudicação no membro pelvico esquerdo. No exame físico o animal apresentou esplenomegalia, posição plantígrada em todos os membros. O hemograma e perfil bioquímico apresentaram-se sem alterações. Foi feito um exame sorológico para leishmaniose canina, e o resultado foi negativo. Foi realizada biopsia das lesões no focinho. O resultado obtido foi dermatite com infiltrado de células monocucleares com predomínio de plasmócitos condizente com um quadro de dermatopatia imunomediada sugestivo de lúpus eritematoso discoide.

Palavras-chave: imunomediada; dermatopatia; plano nasal.

INTRODUÇÃOO lúpus eritematoso discoide (LED) é uma afecção dermatológica imunomediada que apresenta lesões eritematosas no plano nasal, com despigmentação, eritema, ulceração e erosões que podem evoluir para a toda face do animal. Trata-se de uma doença que oscila entre forma benigna (LED) até forma sistêmica (lúpus eritematoso sistêmico), com prognóstico reservado (1). As dermatopatias autoimunes representam 1,0-1,5% dos atendimentos em dermatologia (2). É a segunda afecção imunomediada de pele mais comum representado 60% da casuística (3,4).

Há evidência de predisposição racial. A radiação ultravioleta está associada ao agravamento das lesões, no qual ocorre a expressão de antígeno epidérmicos específicos, sendo capazes de desencadear reações autoimunes com consequente dano ao queratinócito basal. O diagnóstico diferencial deve ser vitiligo, pênfigo foliáceo, lúpus sistêmico, leishmaniose, entre outros. O diagnóstico é feito pela anamnese, histórico, sinais clínicos e exames complementares(1,2,4). O presente relato tem como objetivo expor um caso de LED apresentando as lesões e bases para o diagnóstico clínico da afecção.

MATERIAL E MÉTODOSAtendeu-se no Setor de Clínica Veterinária do Hospital Veterinário da Instituição um canino, fêmea, sem padrão racial definido, aproximadamente 5 anos e com 16 kg. O paciente apresentava lesões crostosas periocular bilateral há mais de 4 meses que veio aumentando progressivamente e começou a espalhar para o plano nasal. Presença de alopecia localizada em plano nasal, encimada por crosta hemomelicérica que se destacava facilmente. Ausência de prurido e pelame opaco, onicogrifose em todos os membros. Tutor relatava ixodidiose e puliciose esporádicos.. Ainda relatou claudicação no membro pelvico esquerdo. Ao exame físico observou-se esplenomegalia, posição plantígrada de todos os membros, caracterizando osteoartrose. Foi coletado sangue para hemograma e para exames bioquímicos (creatinina e transaminase pirúvica) e para sorologia de leishmaniose, como diagnóstico diferencial. Não foram observadas nenhuma alteração digna de nota e a sorologia negativa. Paciente foi encaminhado para realizar biópsia das lesões no serviço de patologia, que resultou no diagnóstico de lúpus eritematoso discoide.

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RESULTADOS E DISCUSSÃONos resultados laboratoriais muitas vezes não há nenhuma alteração no lúpus eritematoso discoide, diferentemente do sistêmico. Os achados histopatológicos nos indicam derme superficial com abundante infiltrado inflamatório predominantemente linfoplasmocitário em manto associado a necrose de epiderme e incontinência pigmentar, há infiltrado inflamatório linfoplasmocitário perianexal discreto. O diagnóstico é compatível com dermatite imunomediada. Em associação aos exames físicos, anamnese e descarte de outras enfermidades, chegou-se à conclusão diagnostica de lúpus eritematoso discoide.

As lesões encontradas no plano nasal com despigmentação, descamação e ulceração são compatíveis com as lesões descritas (2,4). A conduta medicamentosa foi à base de corticoterapia sistêmica, sendo utilizado a prednisona na dose 2mg/kg, por via oral durante 30 dias associado a vitamina E. Não se pode constatar melhora clínica visto que o proprietário não retornou com o animal.

CONCLUSÃOO presente relato descreve um quadro de lúpus eritematoso discoide em um cão, sendo uma dermatopatia imunomediada de ocorrência rara e com lesões inespecíficas na epiderme do animal, apresentando na maioria dos casos com lesões eritematosas no plano nasal dos cães. Embora inespecíficos, os achados dos exames físicos, anamnese e principalmente histopalógico permitiram o diagnóstico de LED.

REFERÊNCIAS1) Larsson CE, Lucas R. Tratado de Medicina externa. 1th ed. São Caetano do Sul: Interbook; 2016.2) Scott DW, Miller WH, Griffin CE. Dermatologia de pequenos animais,editor. Interlivros. 5th ed. Rio de Janeiro;1996. P.361-80.3) Palumbo MIP. Incidência das dermatopatias auto-imunes em cães e gatos e estudo retrospectivo de 40 casos de lupus eritematoso discóide atendidos no serviço de dermatologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Botucatu 2010; 3(31):739-7444) Gerhauser I, Strothmann-Leverssen A, Baumgortner W. A case of interface perianal dermatites in a dog: is this anual manifestation of lúpus erythematosus. Veterinary Pathology. 2006; 5(43):761-764.

Lúpus eritematoso discoide em cão - Relato de Caso

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Luxação Dentária Lateral Associada à Fratura do Osso Alveolar em Cão - Relato de CasoJuliana Durigan Baia – Mestranda do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. [email protected] Kowalesky Cardoso – Doutora pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.Marco Antonio Gioso – Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.

RESUMOA luxação dentária pode ser ocasionada por brigas entre animais e atropelamentos, sendo este um dos traumas dento-alveolares mais comuns nos cães. Considerada uma emergência veterinária, a luxação dentária deve ser rapidamente identificada para que o tratamento adequado possa ser realizado. Nestes casos, nota-se desconforto oral, aumento de volume de tecidos moles e relutância para comer. O diagnóstico pode ser realizado por inspeção visual e radiografias intraorais e o tratamento depende do tipo de luxação e das estruturas atingidas, sendo o prognóstico favorável. O presente trabalho relata o caso de um cão diagnosticado com luxação lateral de canino superior direito, sendo realizada extração dentária e retalho mucogengival.

Palavras-chave: Emergência odontológia; odontologia veterinária; trauma dento-alveolar.

INTRODUÇÃOOs traumatismos dentários são situações de urgência odontológica, que necessitam de rápido atendimento (1,2). Traumas dento-alveolares podem ser originados de traumas faciais ou crânio-encefálicos como, por exemplo, atropelamento e briga entre animais, afetando com maior frequência o periodonto e a polpa dentária (2). São caracterizados pelo envolvimento de três estruturas: dente, osso alveolar e tecidos moles adjacentes (2,3). A luxação é um dos traumas dento-alveolares mais comuns, podendo ser vertical ou lateral. O primeiro grupo, de luxação vertical, divide-se em dois tipos: intrusão e extrusão. A luxação vertical do tipo intrusão ocorre quando o elemento dentário é empurrado apicalmente, em direção ao osso alveolar e a luxação vertical do tipo extrusão ocorre quando o dente é deslocado parcialmente para fora do alvéolo. O segundo grupo, de luxação lateral, caracteriza-se a partir da inclinação dentária à direção vestibular ou lingual, sempre associado à fratura de placa óssea alveolar, permitindo ao dente se desloque ao invés de fraturar (4). Em contrapartida, denomina-se avulsão o fenômeno que luxa totalmente o dente de seu alvéolo (3). Nota-se desconforto oral, aumento de volume de tecidos moles e relutância para comer. Além da inspeção visual, radiografias intra-orais são indispensáveis. O tratamento depende do tipo de luxação e das estruturas atingidas e o prognóstico é favorável (1,4). O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um cão da raça Rottweiler, diagnosticado com luxação lateral de canino superior direito e tratado a partir da extração deste elemento dentário, junto a realização de um retalho mucogengival, a fim de evitar comunicação oronasal.

MATERIAL E MÉTODORelata-se o caso de uma cadela Rottweiler de 9 anos de idade, pesando 33 kg, atendida no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (HOVET FMVZ USP), apresentando disorexia, polidipsia, engasgos, prostração e lesões em região dorsal, face e membros, resultado de briga com outro cão. Prescreveu-se alimentação pastosa, amoxicilina com clavulanato de potássio, metronidazol, cloridrato de tramadol, dipirona sódica, limpeza das lesões com sabonete à base de triclosano e triclocarbano, além de rifamicina spray. Na semana seguinte, notou-se anormalidade em cavidade oral e o paciente foi encaminhado ao Laboratório de Odontologia Comparada (LOC) do HOVET FMVZ USP, sendo diagnosticada a luxação dentária do tipo lateral, associada à extrusão, em dente canino superior direito (104). As medicações foram mantidas e, elegeu-se como conduta terapêutica mais adequada a extração do elemento dentário acometido, pois o trauma apresentava uma semana, tendo havido importante perda do osso alveolar na região dentária. Uma semana depois, durante consulta de retorno, notou-se ótima reparação tecidual em região gengival suturada e o paciente foi liberado.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOLuxações são importantes lesões que podem afetar a vitalidade pulpar e o ligamento periodontal na superfície radicular, gerando desconforto oral e relutância para comer (4,5). No caso relatado, estas queixas foram apresentadas durante consulta inicial. Assim como descrito neste relato, durante a luxação lateral existe o deslocamento do dente em direção labial ou lingual, normalmente junto à fratura de osso maxilar (4,6,7). Radiografias intraorais podem auxiliar na determinação do diagnóstico desta afecção, pois apresentam um alargamento do espaço do ligamento periodontal (4,6). Neste caso, mesmo havendo a determinação da luxação a partir da inspeção visual durante consulta inicial, realizou-se radiografia intraoral sob anestesia geral. Devido à inviabilidade tecidual, a partir da identificação tardia da lesão e falta de manejo adequado durante as primeiras 72 horas, elegeu-se a extração dentária e curetagem alveolar. Quando possível, indica-se o reposicionamento imediato do elemento dentário luxado, com o auxílio de um fórceps, e posterior estabilização com metacrilato de metila, por 4 semanas. Deve-se monitorar a vitalidade pulpar e, havendo necrose, indica-se tratamento de canal no intuito de prevenir reabsorção radicular (6).

CONCLUSÃOLesões dentárias decorrentes de trauma são comuns em cães de raças grandes, devendo ser identificadas nas primeiras horas para que possam ser adequadamente tratadas. A luxação dentária é a afecção mais comum dentre os traumas dento-alveolares nesta espécie. Pode-se concluir que nestes casos, o diagnóstico correto realizado de maneira precoce favorece a determinação de uma conduta terapêutica adequada e prognóstico favorável.

REFERÊNCIAS1) Gracis M, Orsini P. Treatment of traumatic dental displacement in dogs: six cases of lateral luxation. Journal of Veterinary Dentistry, 1998. 15(2):65-72.2) Spodnick GJ. Replantation of a maxillary canine tooth after traumatic avulsion in a dog. Journal of Veterinary Dentistry, 1992. 9(4):4-7.3) Barrett EJ, Kenny DJ. Avulsed permanent teeth: a review of the literature and treatment guidelines. Endodontics and Dental Traumatology, 1997.13:153-1634) Lobprise HB. Odontologia em pequenos animais – consulta em 5 minutos. Rio de Janeiro: Revinter, 2010.5) Cunha RF, Pavarini A, Percinoto C, Lima JEO. Influence of surgical repositioning of mature permanent dog teeth following experimental intrusion: a histologic assessment. Dental Traumatology, 2002. 18: 304–308.6) Flores MT et al. Guidelines for the management of traumatic dental injuries. I. Fractures and luxations of permanent teeth. Dental traumatology, 2007. 23(2):66-71.7) Staudacher G, Staudacher M. Replantation and fixation of luxated canine teeth in the dog. Tierarztliche Praxis, 1994. 22(3):264-7.

Luxação Dentária Lateral Associada à Fratura do Osso Alveolar em Cão - Relato de Caso

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Megabactéria (Macrorhabdus ornithogaster) em Psitacídeos Mantidos em Estabelecimentos Comerciais do Município de Uberaba – MGIsabella Hercos de Paula¹;Flávia Prata Linhares²;Sophia Prata de Carvalho3;Cláudio Yudi Kanayama4;Joely Ferreira Figueredo Bittar5;¹Médica Veterinária e Residente em Diagnóstico Laboratorial –Hospital Veterinário de Uberaba UNIUBE email: [email protected]²Médica Veterinária e Residente na faculdade federal de Uberlândia em Patologia Clínica UFU³Médica Veterinaria e Pós Graduanda em Homeopatia animal4Professor do curso de Medicina Veterinária UNIUBE5Professora do curso de Medicina Veterinária e do Mestrado em Sanidade e Produção Animal nos Trópicos – UNIUBE. 

RESUMOA megabacteriose é uma doença que acomete algumas espécies de aves, tendo como agente etiológico Macrorhabdus ornithogaster, um microrganismo gram positivo de forma bacilar e com características de fungo, sendo classificado como fungo ascomiceto anamórfico. É um agente oportunista que se torna patogênico em casos de imunossupressão, manifestando assim a sua forma clínica, que varia muito de acordo com cada animal, podendo levar esse ao óbito. Neste contexto, o presente trabalho objetivou avaliar a prevalência de megabactéria em psitacídeos criados em estabelecimentos comerciais do município de Uberaba-MG associado as condições de criação. Para isso, foram colhidas amostras de secreções do ventrículo e proventrículo de 71 aves, entre elas Calopsitas (Nymphicushollandicus) (n=33), Periquitos Australianos (Melopsittacusundulatus) (n=31), Agapornis (Agapornisroseicollis) (n=4) e Catarinas (Bolborhynchuslineola) (n=3). As amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Medicina Veterinária Preventiva do Hospital Veterinário de Uberaba, para pesquisa do patógeno. Após coloração das lâminas por Gram pode-se notar a presença do microrganismo em 35,21% das aves analisadas. A prevalência entre as calopsitas, periquitos australianos, agapornis e catarinas foi respectivamente de: 42,42% (14/19), 29,03% (9/22), 50% (2/4) e 0% (0/3). Neste contexto, pode-se concluir que a Macrorhabdus ornithogaster é comum entre as aves, principalmente entre as calopsitas e o manejo incorreto dos animais pode ser a causa da elevada prevalência.

Palavras-chave: megabacteriose; diagnóstico; fungo

INTRODUÇÃOA megabacteriose, também conhecida como “Síndrome Light Going” tem como agente etiológico Macrorhabdus ornithogaster, um microorganismo Gram positivo em forma de bacilo, porém de tamanho maior. De acordo com suas características, foi classificado como um fungo ascomiceto anamórfico, que habita principalmente o proventrículo e ventrículo de diversas aves, mas que também pode ser encontrado em glândulas superficiais (uropigiais e anexas) das aves (1).

É uma doença oportunista de distribuição mundial em aves, tanto domésticas quanto selvagens. Sua sintomatologia depende do sistema imunológico de cada ave, sendo algumas assintomáticas e outras podendo apresentar sinais clínicos, tais como, emagrecimento progressivo, regurgitação, mudança no aspecto das fezes, apatia e pequenas hemorragias levando ao óbito (2).

Para diagnosticar clinicamente a megabactériose, deve-se olhar atentamente as fezes, se estiverem com aspecto amolecido ou de coloração anormal, é indício da presença da doença. Outros fatores clínicos importantes como diagnóstico são as penas arrepiadas, aves apáticas, tristes e o papo vazio mesmo após terem se alimentado. O diagnóstico definitivo é feito com o isolamento do microrganismo, ou pelo esfregaço das fezes ou do proventrículo com a coloração de Gram ou PAS (3).

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de Macrorhabdus ornithogaster em aves criadas em

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cativeiros da região de Uberaba-MG.

MATERIAS E MÉTODOSO trabalho foi realizado em 71 psitacídeos criados em estabelecimentos comerciais na cidade de Uberaba. Sendo 33 Calopsitas (Nymphicushollandicus), 31 Periquitos Australianos (Melopsittacusundulatus), 4 Agapornis (Agapornisroseicollis) e 3 Catarinas (Bolborhynchuslineola).

Antes da coleta das amostras, os animais foram avaliados em relação à alteração comportamental, local em que habitavam, presença dos coabitantes e condições sanitárias do ambiente. Os animais foram capturados aleatoriamente e contidos corretamente.

Amostras de secreções foram coletadas da parede do ventrículo e proventrículo das aves, com swab estéril. O material foi transferido para uma lâmina de vidro e encaminhado ao Laboratório de Medicina Veterinária Preventiva do Hospital Veterinário de Uberaba. As lâminas contendo as secreções do ventrículo e proventrículo foram submetidas á coloração de gram.

Nos criatórios observou-se as condições das gaiolas, qualidade dos bebedouros e comedouros, quantidade de fezes na gaiola e poleiro e número de animais por gaiola.

RESULTADOSDas 71 aves avaliadas, 25 (35,21%) eram positivas para megabactéria e 46 (64,79%) eram negativas.

Em relação às espécies de aves avaliadas a prevalência de megabactéria em Calopsitas (Nymphicus hollandicus) foi de 42,42% (14/33), em Periquitos australianos (Melopsittacus undulatus) de 29,03% (9/31), em Agapornis (Agapornis roseicollis) 50% (2/4) e Catarinas (Bolborhynchus lineola) 0% (0/3).

Em relação as gaiolas, bebedouros e comedouros observou-se que em todos os criatórios eram deficientes, principalmente nas condições sanitárias, observava-se excesso de fezes nas gaiolas e poleiros e o número elevado de animais por gaiola, visualizado pelo bater dos animais um nos outros durante o voo.

DISCUSSÃOA prevalência observada no presente estudo foi menor que a observada em outros estudos. Um estudo realizado em 2013, observou 48% de aves positivas (2), e outro realizado em 2000, 56,25% das aves apresentaram megabacteria (4).

Vários autores colhem materiais das fezes, pois acreditam que a megabactéria além de ter seu habitat no proventrículo e ventrículo, tenha predileção também nas fezes (5). Nos estudos realizados em 2013 de 39 aves apenas duas (5,12%) foram positivas para megabactéria no exame de fezes, e eram assintomáticos, o que mostra que a pesquisa de Macrorhabdu sornithogaster em secreções do proventrículo e ventrículo tem maior sensibilidade (6).

Apesar do elevado percentual de positividade em Calopsitas (Nymphicus hollandicus), nenhuma apresentou sinais clínicos aparentes, assim como foi citado em alguns estudos, que muitas aves aparentemente saudáveis costumam ser portadoras de megabactéria (6).

O aumento da propagação da doença se dá pelo manejo incorreto, como por exemplo: aves de espécies diferentes, aglomeradas e com condições sanitárias ruins, que podem ser um fator agravante para sua transmissão (2). Tais fatos corroboram com os resultados do presente trabalho, em que ocorreu uma maior porcentagem de animais positivos naqueles que eram mantidos aglomerados, enquanto que em locais onde havia menor aglomeração de animais (um a dois em cada gaiola), o resultado positivo para megabactéria foi menor.

CONCLUSÃOCom base nos resultados obtidos pode-se concluir que:

Aves mantidas em estabelecimentos comerciais de Uberaba apresentam megabactéria (Macrorhabdus ornithogaster).

Megabactéria (Macrorhabdus ornithogaster) em Psitacídeos Mantidos em Estabelecimentos Comerciais do Município de Uberaba – MG

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Calopsitas (Nymphicus hollandicus) apresentam maior prevalência por Macrorhabdus ornithogaster que Periquitos Autralianos (Melopsittacus undulatus ) e Agapornis (Agapornis roseicollis).

Catarinas (Bolborhynchus lineola) não apresentam Macrorhabdus ornithogaster devido à baixa aglomeração.

REFERÊNCIAS 1) Tomaszewski, E. K. et al. Phylogenetic analysis identifies the ‘megabacterium’ ofbirds as a novel anamorphic ascomycetous yeast, Macrorhabdus ornithogaster gen. nov.,sp. nov. Int J Syst Evol Microbiol. 53(Pt 4):1201-5. 2003. 2) Queiros, T. S.; Lourenço, P.; Pita, M. C. G. Análise de esfregaço fecal para diagnóstico de megabactéria (Macrorhabdus ornithogaster) em aves domésticas e silvestres.PUBVET, Londrina, V. 7, N. 13, Ed. 236, Art. 1559, Julho, 2013. 3) Balani, V. Megabactéria e os prejuízos que ela pode causar no plantel. Revista Aves e Criadores, n. 24, p. 48- 49, 2016.4) Werther, k et al . Megabacteriosis Occurrence in Budgerigars, Canaries andLovebirds in Ribeirao Preto region - Sao Paulo State - Brazil. Rev. Bras. Cienc.Avic., Campinas , v. 2, n.2,p.183-187,Aug.2000.Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 635X2000000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso: 22 Jun 2016. 5) Carvalho, P.R.; Queiros, T. S.; Pita, M. C. G. Megabacteriose em Aves.Pesquisa &Tecnologia,vol.8,n.2,Jul-Dez2011.Disponívelem:<http://www.aptaregional.sp.gov.br/acesse-os-artigos-pesquisa-e-tecnologia/edicao-2011/2011-julho-dezembro/1251-megabacteriose-em-aves-1/file.html.> Acesso em: 22Jun 2016.6) Lanzarot, P. et al. Prolonged fecal shedding of ‘megabacteria’ (Macrorhabdusornithogaster) by clinically healthy canaries (Serinus canaria). Medical Mycology, 51,888–891. 2013.

Megabactéria (Macrorhabdus ornithogaster) em Psitacídeos Mantidos em Estabelecimentos Comerciais do Município de Uberaba – MG

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Melanocitoma Uveal em um Cão - Relato de CasoEriane de Lima Caminotto – Doutora, IFC Câmpus AraquariFrancimery Aparecida Fachini – Graduanda em Medicina Veterinária IFC Câmpus AraquariLenita Pessoa – Médica Veterinária autônoma Joinville/SC.E-mail: [email protected]

RESUMOO melanocitoma uveal é uma neoplasia intraocular benigna que pode causar alterações secundárias no olho do animal. A abordagem clínica de uma caso deste em um cão foi descrita seguida dos métodos diagnósticos e do tratamento empregado. O melanocitoma uveal causou alterações como o glaucoma e uveíte que não foram controlados medicamentosamente. O crescimento tumoral em um curto período de tempo, mesmo sem grau de malignidade, resultou numa exenteração do globo ocular. O acometimento da íris, corpo ciliar, coroide, córnea, esclera e estruturas extraoculares foram confirmados no exame histopatógico e comprovaram a severidade do caso.

Palavras-chave: úvea; melanocitoma; cão.

INTRODUÇÃODentre as neoplasias intraoculares em cães, o melanocitoma uveal em câmara anterior é o mais comum (1). Os que afetam a coroide são mais raros, variando sua ocorrência entre 5% e 6% dos casos (2, 3).

Independente das características histopatológicas, as neoplasias melanocíticas da úvea em cães dispõem de alta capacidade em causar alterações oftalmológicas, em decorrência do seu grande poder de invasão tecidual que culmina por atingir todas as estruturas oculares e extracurriculares, de maneira extremamente rápida (1, 2).

O objetivo deste trabalho é alertar os profissionais da área para um caso de melanocitoma uveal em um cão, com rápido crescimento e acometimento de várias estruturas oculares, que resultou na exenteração do globo ocular.

MATERIAL E MÉTODOSUm cão de 10 anos, SRD, macho não castrado, foi atendido apresentando apatia, epífora e blefarospasmo no olho direito. Durante a consulta oftalmológica foram realizados os testes de reflexo, a aferição da pressão intraocular (PIO) e a oftalmoscopia direta. Ao constatar o quadro de glaucoma agudo e celularidade na câmara anterior do olho direito foram prescritos colírio de timolol e dorzolamida a cada 8 horas e meloxican a cada 24 horas, por via oral.

Uma semana depois, o animal retornou com menos celularidade na câmara anterior, o que possibilitou a visualização de uma pequena massa na região equatorial da íris. Nesse momento, foi solicitado exame ultrassonográfico ocular, o qual constatou a presença de uma extensa massa na úvea do olho direito.

Foram indicados um exame de sangue para check up seguido de uma punção aspirativa do nódulo ocular. Porém, quando estes seriam realizados, o olho apresentava uma intensa buftalmia, o que justificou a decisão pela cirurgia de exenteração orbitária de urgência. Após a cirurgia, o globo ocular foi enviado para exame histopatológico, o qual confirmou o diagnóstico de melanocitoma uveal.

RESULTADOSO teste de ameaça, de movimento e de RPL foram negativos e o consensual estava impossibilitado. O olho direito estava com 34 mm/Hg de PIO e o apresentava buftalmia, secreção mucosa 2+ e hiperemia conjuntival 4+. Na oftalmoscopia direta não foi possível visualizar as estruturas internas do globo em decorrência da intensa celularidade em câmara anterior.

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No retorno, foi visualizada a presença de uma massa na da úvea anterior e indicado o exame de ultrassonografia ocular que revelou: diâmetro ântero-posterior assimétrico (23,1 mm), presença de uma massa de ecotextura grosseira e ecogenicidade elevada com 5,0 a 9,6 mm de profundidade e 19,8 mm de largura na porção ventral câmara anterior; além da íris e o corpo ciliar com a porção ventral comprometida e o cristalino preservado, mas já envolto parcialmente.

Como o eritrograma, leucograma, bioquímica sérica de albumina, ALT e creatinina não tinham alterações, a cirurgia de exenteração orbitária foi realizada e o material foi enviado para a histopatologia. No corte sagital do bulbo ocular (Figura 1) observou-se a presença de uma massa sólida pigmentada na íris que deslocava a lente e acometia a úvea, córnea, esclera e estruturas extraoculares. Quando avaliado o corte histológico corado com HE foi observado proliferação de células grandes com núcleo pequeno e redondo confirmando a presença do melanocitoma.

Figura 1- Melocitoma uveal. Imagem cedida por Eduardo Perlmann.

DISCUSSÃONeoplasias melanocíticas são mais comuns em animais idosos (3) e possuem maior prevalência em cães da raça Cocker Spaniel (1) corroborando com o caso relatado deste cão com 10 anos e paternidade desta raça.

O glaucoma no olho direito do cão é característico de um animal portador de melanocitoma uveal (2), sendo já comprovado que 3,5% dos casos de glaucoma secundário estão relacionados às neoplasias intraoculares (4). Além disso, quadros de uveíte ou endoftalmite podem estar presentes (2); como foi o caso deste cão que apresentou glaucoma e uveíte e foi tratado inicialmente com as medicações de eleição para o caso (5).

Optou-se pelo ultrassom ocular por este ser recomendado para detecção de neoplasias intraoculares e avaliação da extensão do comprometimento da estrutura (4). O rápido crescimento tumoral e a suspeita primária de melanoma fizeram com que a cirurgia de exenteração orbitária fosse realizada, pois esse é um dos tratamentos recomendados pela literatura nos casos de malignidade (2, 3).

As características morfológicas do melanocitoma uveal canino condizem com as alterações descritas no laudo histopatológico (3) e ressalta a importância dessa patologia na oftalmologia veterinária, onde cerca de 77% dos casos de neoplasias em úvea são melanocitomas e 23% melanomas (1).

CONCLUSÃO Este relato alerta para um caso de melanocitoma uveal com crescimento rápido e acometimento de várias estruturas oculares que resultou numa exenteração do globo ocular.

Melanocitoma Uveal em um Cão - Relato de Caso

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REFERÊNCIAS1) Montiani-Ferreira F, et al. Neoplasias oculares. In: Daleck CR, Nardi AB, Rodaski S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca, 2009. p. 293-312.2) Slatter D. Úvea. In: Slatter D. Fundamentos de oftalmologia veterinária. 3ª ed. São Paulo: Roca, 2005. p .339-376. 3) Dubielzig RR, et al. The uvea. In: Dubielzig RR. Veterinary ocular pathology: a comparative review. Elsevier, 2010. p. 245-321.4) Gelatt KN, MacKay EO. Secundary glaucomas in the dog in North America. Veterinary ophthalmology 2004; 7(4): 245-259.5) Maggio F. Glaucoma, Topics in companion animal medicine. Walpole 2015; 30: 86-96.

Melanocitoma Uveal em um Cão - Relato de Caso

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Melanoma de Corpo Ciliar em Cão – Relato de CasoJessica de Oliveira e Silva – Acadêmica do 10º período do curso de Medicina Veterinária – UFLA. E-mail: [email protected] Afonso dos Santos Malta – Médico Veterinário Residente em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Animais de Com-panhia – UFLAGabriela Rodrigues Sampaio – Professora Associada II – Orientadora – Setor de Cirurgia Veterinária - DMV - UFLA

RESUMONeoplasias oculares representam enfermidades frequentes na oftalmologia veterinária. Atingem cães com idade igual ou superior a oito anos, e cursa com uveítes não responsivas a tratamentos, hifema, opacidade corneana, endoftalmite por necrose tumoral, massa tumoral visível, glaucoma, hemorragia intra-ocular, descolamento de retina, infiltração para o nervo óptico e cegueira. O objetivo deste trabalho foi o relato de caso de um paciente atendido no Setor de Cirurgia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras, apresentando histórico prévio de esplenectomia devido a hemangiossarcoma de baço. Após exame oftálmico constatou-se presença de epífora, blefaroespasmo, hiperemia conjuntival, exoftalmia, hifema, glaucoma e sensibilidade dolorosa no bulbo ocular direito. Delimitou-se uma massa que se iniciava na íris e terminava na conjuntiva, em canto temporal, confirmada por meio de exame ultrassonográfico. Submeteu-se o animal ao procedimento de exenteração e exérese de anexos oculares para diminuir possíveis chances de metástases.

Palavras-chaves: Caninos; Neoplasia ocular; Enucleação; Oftalmologia.

INTRODUÇÃONeoplasias oculares são enfermidades cada vez mais frequentes na oftalmologia veterinária. Quando localizadas no bulbo ocular, órbita ou anexos podem acarretar consequências para a visão, comprometendo o conforto do animal e sinalizando a possibildade de coesxistir doença sistêmica grave. Melanoma é a neoplasia ocular primária mais comum no cão (1,2). Pode crescer a partir da íris, corpo ciliar ou, menos comumente, da coroide (1,3,4,5).

Os sinais clínicos cursam com uveítes não responsivas a tratamentos, hifema, opacidade corneana, endoftalmite por necrose tumoral, massa tumoral visível, glaucoma, hemorragia intra-ocular, descolamento de retina, infiltração para o nervo óptico e cegueira.

Métodos de diagnóstico para neoplasias oculares são oftalmoscopia indireta, angiografia fluoresceínica e gonioscopia (6,8). Ainda existem outros meios, como citologia e histopatologia. Para tratamento de melanomas oculares podem ser utilizadas radioterapia, termoterapia transpupilar, enucleação, exenteração, quimioterapia ou imunoterapia, dependendo das características da neoplasia (7). O objetivo deste trabalho é relatar um caso de melanoma de corpo ciliar em um cão sem raça definida, enfatizando sua manifestação clínica diagnóstico e tratamento.

MATERIAIS E MÉTODOSUma cadela sem raça definida, de 10 anos de idade, foi atendida no Setor de Cirurgia Veterinária do HV da Universidade Federal de Lavras com histórico prévio de esplenectomia devido à hemangiossarcoma. O animal apresentava-se com epífora, blefaroespasmo e hiperemia conjuntival, e após detalhado exame oftálmico constatou-se também exoftalmia, hifema, glaucoma e sensibilidade dolorosa no bulbo ocular direito. Delimitou-se uma massa que iniciava na íris e terminava na conjuntiva, em canto temporal. Realizou-se ultrassonografia confirmando a massa ocular. O tratamento de eleição foi a exenteração, para diminuir qualquer chance de metástases. Encaminhou-se o material para exame histopatológico, confirmando-se o melanoma de corpo ciliar.

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RESULTADOS E DISCUSSÃONeste trabalho apresentou-se um caso de melanoma de corpo ciliar, localizado em regiões cuja literatura cita uma grande frequência de ocorrência (regiões de úvea e conjuntiva palpebral) (8). A prevalência desta neoplasia se dá em cães a partir de oito anos de idade (1,6). O animal citado neste trabalho apresenta idade próxima à relatada. De acordo com sua localização, os tumores melanocíticos apresentam características e prognósticos diferentes. Neste caso, a cadela apresentou melanoma no olho direito na região de estroma do corpo ciliar; geralmente, estes tumores apresentam massa elevada, pigmentação da íris, crescimento lento, localmente invasivo e baixo potencial metastático (8). Melanomas benignos e malignos que afetam principalmente o corpo ciliar e a coróide, possuem grande potencial de malignidade, por serem altamente invasivos (6). Pacientes tratados cirurgicamente com neoplasias pequenas, apresentam sobrevida, em média, de 12 meses e porcentagem de óbito de 54% dentro de dois anos. Mas existem autores que relatam que em melanomas intra-oculares a taxa de mortalidade é baixa (9). Sete meses após excisão cirúrgica, a paciente em questão encontra-se bem, sem sinais de metástases ou complicações.

CONCLUSÕESEste trabalho foi escrito com o objetivo de alertar médicos veterinários e tutores sobre a importância do diagnóstico precoce das neoplasias oculares em cães. A localização e a precocidade do diagnóstico são de extrema importância para determinar o tipo de tratamento e o prognóstico do animal e, com isso, melhorar a qualidade de vida do mesmo. Não se pode esquecer que os melanomas oculares podem assumir características de malignidade idênticas aos de cavidade oral, que são comumente agressivos. Isso reforça quanto à importância de realizar a ultrassonografia na oftalmologia para averiguar quais são as estruturas envolvidas e delimitar a abrangência da neoplasia a fim de definir qual a conduta terapêutica mais apropriada.

REFERÊNCIAS1) Dubielzig R.R., Aguirre G.D., Gross S.L. & Diters R.W. 1985. Choroidal melanomas in dogs. Veterinary Pathology. 22(6): 582-5852) Teixeira A.L., Barros L.F.M. & Barros P.S.M. 2009. Afecções da túnica vascular. In: Laus J.L. (Ed). Oftalmologia Clínica e Cirúrgica em Cães e em Gatos. São Paulo: Roca, pp.107-109. 3) Simon M. 2008. Afecções do trato uveal. In: Herrera D. (Ed). Oftalmologia Clínica em Animais de Companhia. São Paulo: MedVet, pp.191-193. 4) Slatter D. 2005. Úvea. In: Fundamentos de Oftalmologia Veterinária. 3.ed. São Paulo: Roca, pp.358-359. 5) Yi N., Park S., Park S., Jeong M., Kang M., Jung J., Choi M., Kim D., Nam T. & Seo K. 2006. Malignant ocular melanoma in a dog: case a report 2007. Journal of Veterinary Science. 7(1): 89-90. [Fonte: DOI: http://dx.doi.org/10.4142/ jvs.2006.7.1.89]. [Acessed May 2015].6) Kleiner, J. A.; Silva, E. G.; Masuda, E. K. Melanoma intra-ocular primário de coróide em um cão da raça Rottweiller: relato de caso. In: CONFERÊNCIA SULAMERICANA DE MEDICINA VETERINÁRIA, 3., 2003, Rio de Janeiro. Anais… Rio deJaneiro, 2003.7) Arcieri, E. S.; Fonseca, D.; França, E. T.; Braga, E. F.; Ferreira, M. A. Estudo de melanoma de coróide na Universidade Federal de Uberlândia. Arquivo Brasileiro Oftalmologia, v. 65, n. 1, 89-93, 2002.8) Baptista, C. S. N. F. Cão e gato caracterização ecográfica em modo brilho e modo amplitude de melanomas epibulbares e da uvea anterior. 2003. 107f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, Universidade do Porto, Porto, 2003. Disponível em: <http://repositorio-aberto.up.pt/ bitstream/10216/9567/3/5270_TM_01_P.pdf>. Acesso em: 11 abril 2017.9) Cavalcante, J. A. Avaliação da incidência do melanoma em um estudo retrospectivo de 37 cães (Canis familiaris) com neoplasias, atendidos na clínica Escola de Medicina Veterinária da Universidade Castelo Branco e na clínica veterinária Ossian. 2006. 69 f.

Melanoma de Corpo Ciliar em Cão – Relato de Caso

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Melanoma na mucosa vulvar em cadela - Relato de CasoMaurício Eduardo Mezaroba1; Giuliano Moraes Figueiró2; Angela Patricia Medeiros Veiga2; 1Discente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Curitibanos. 2Docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Curitibanos - * orientado-ra. * Autor apresentador. E-mail: [email protected]

RESUMO O melanoma, um tumor de melanócitos invasivo e altamente metastático, possui como áreas de comum ocorrência a pele, a cavidade oral e estruturas oculares, sendo responsável por 10-15% das neoplasias cutâneas de caninos. O Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias (LaClin) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) diagnosticou um caso de melanoma em local incomum de ocorrência (mucosa vulvar) em uma cadela errante por meio de avaliação citológica de um imprint do local. Diante disso, objetivou-se relatar o caso para que sirva como modelo de diagnóstico diferencial de neoplasias mais comuns na genitália de cadelas, como o tumor venéreo transmissível canino.

Palavras-chave: Oncologia; Patologia Clínica; Citologia; Caninos; Neoplasia.

INTRODUÇÃO A segunda principal causa de morte em caninos da microrregião de Curitibanos com uma prevalência de 19%, é por neoplasias, perdendo somente para motivos de morte por trauma (1). Em cães, melanoma corresponde de 10-15% das neoplasias de pele que acometem essa espécie, sendo encontrados principalmente em pele, cavidade oral e estruturas oculares (2).O melanoma é um tumor de melanócitos, normalmente, invasivo e altamente metastático sem predileção sexual, com maior ocorrência em caninos que felinos afetando animais mais velhos (3).

Objetivou-se descrever o caso de melanoma em localização incomum (mucosa vulvar) de uma cadela para alertar sobre o uso como diagnóstico diferencial de neoplasias na genitália.

MATERIAL E MÉTODOS Uma cadela errante sem raça definida, de pequeno porte, apareceu em uma propriedade particular na região de Curitibanos – SC, apresentando sangramento e aumento de volume vaginal. Ao ser comprimido o abdômen, uma massa vulvar mostravase aparente através da vulva. A massa apresentava superfície lisa e cerca de 4 cm de diâmetro. Foi realizado imprint da massa, cujas lâminas foram enviadas ao Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias (Laclin) da Universidade Federal de Santa Catarina – Campus Curitibanos, coradas imediatamente com Panótico Rápido, seguindo-se as instruções fornecidas pelo fabricante e, após secas, observadas sob microscopia em objetiva de imersão (1000X).

RESULTADOS As lâminas em fundo hemorrágico apresentaram alta celularidade, população celular heterogênea, consistindo de raros neutrófilos íntegros e muitas células pleomórficas, contendo numerosos grânulos finos e enegrecidos no citoplasma, mascarando, na maioria das vezes, o núcleo da célula. Havia presença de grande quantidade de bactérias. O resultado sugeria melanoma melanótico, porém, devido à cobertura celular por grânulos, a avaliação quanto a critérios de malignidade ficou prejudicada.

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DISCUSSÃO Devido o animal ter desaparecido pós tentativa de contenção, advinda dos proprietários da localidade em que o animal foi encontrado, não foi possível realizar uma biópsia com finalidade de avaliação histológica, a qual permitiria avaliação de critérios, como simetria da lesão, nível de invasão, tipo de crescimento, a forma, presença de invasão linfática e/ou vascular, lesões epidérmicas, além do índice mitótico, que é o considerado o melhor critério quando comparado aos outros critérios, histológicos ou citológicos, para o estabelecimento do prognóstico quanto a malignidade da neoplasia (2). O desaparecimento do animal impossibilitou também a realização de qualquer terapia.

Dentre 65 casos de melanomas em caninos avaliados na França, houve uma prevalência de apenas 9% na pele perianal e peri vulvar, no entanto, nenhum caso relatado de melanoma na região mucosa vulvar de cadelas (2), demonstrando a ocorrência incomum nessa localização da neoplasia.

Em estudo realizado por Borges et al. (2016), avaliaram-se 18 casos de neoplasias em vulva de cadelas diagnosticadas por citologia, onde 14 (77,8%) referiam-se ao tumor venéreo transmissível. Nesse contexto, observa-se a importância de utilizar o melanoma como possível diagnóstico diferencial a partir desse relato de caso.

As neoplasias com maior prevalência em pequenos animais submetidos à necropsia na UFSC – Campus Curitibanos referem-se em primeiro lugar a neoplasias mamárias (26%), seguido de carcinoma de células escamosas (19%), seminomas (11%), fibrossarcoma (11%), mastocitoma (11%) e outros tipos de tumores, incluindo melanoma, com 22% de prevalência (5). Esse estudo demonstra que a baixa incidência desta neoplasia na região de Curitibanos pode fazer com que seja negligenciada sua utilização como diagnóstico diferencial das principais neoplasias da genitália de caninos.

CONCLUSÃO Os dados epidemiológicos nos levam a negligenciar o melanoma como diagnóstico diferencial de neoplasias que acometem a genitália. Assim, devemos estar atentos a essa possibilidade. Seriam necessário mais estudos com a cadela para determinar malignidade e outras características da neoplasia, no entanto, tornou-se impossível visto que não foi mais encontrada.

REFERÊNCIAS 1) Serena, GV; Santos, EC; Caliari, CD; et al. Levantamento das causas de morte em animais de companhia da microrregião de Curitibanos, Santa Catarina. Agropecuária Catarinense, v. 29, n.2, 2016. 2) Lacroux, C. et al. Study of canine cutaneous melanocytic tumours: Evaluation of histological and immunohistochemical prognostic criteria in 65 cases. Revue de Medecine Veterinaire, v. 163, n. 8, p. 393, 2012. 3) Manzan, RM et al. Considerações sobre Melanoma Maligno em cães: uma abordagem histológica. Boletim de Medicina Veterinária, v. 1, n. 1, 2005. 4) Borges, IL et al. Diagnóstico citopatológico de lesões palpáveis de pele e partes moles em cães. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, v. 10, n. 3, p. 382-395, 2016. 5) Serena, GV; Caliari, CD; Zanin, GP; et al. Pravalence of neoplasia in small animal submited do necropsy in UFSC- Campus Curitibanos – SC, Brazil. Brazilian Journal of Veterinary Research, v.34, n. 9, 2016.

Melanoma na mucosa vulvar em cadela - Relato de Caso

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Meningoencefalomielite e pneumonia por Cryptococcus spp. em um gato – Relato de CasoBruna Meus Zanotto - Médica Veterinária Residente em Cirurgia de Pequenos Animais - Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS Amanda dos Santos Siviero - Médica Veterinária Autônoma Fernanda Amorim da Costa - Professora Adjunta do Departamento Medicina Animal – [email protected]

RESUMOA criptococose é uma importante micose sistêmica de distribuição mundial que acomete humanos, animais domésticos e silvestres. A infecção é adquirida por inalação do fungo ou de basidiósporos presentes no ambiente e pode manifestar-se por lesão nasal localizada, comprometimento pulmonar ou por disseminação hematógena para o sistema nervoso central. A obtenção de um diagnóstico definitivo pode ser realizado através de cultura, exame histopatológico ou de técnicas moleculares. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de criptococose em um felino doméstico que apresentava sinais neurológicos, diagnosticado através dos achados de necropsia.

Palavras-chave: criptococose, meningite fúngica, micose sistêmica, felino

INTRODUÇÃOA Criptococose é causada por um fungo saprófito encontrado em várias partes do mundo (1). Embora o gênero Cryptococcus contenha várias espécies, somente C. neoformans produz infecções oportunistas (2). Esses microorganismos são encontrados no ambiente, associados principalmente a excrementos de pombos e material vegetal em decomposição (3,4). A infecção ocorre por contaminação de ferimentos ou inalação de propágulos viáveis que podem atingir os alvéolos pulmonares ou disseminar-se por via hematógena aos tecidos, como o sistema nervoso central (5,6).

A síndrome respiratória é a mais comum e ocorre em 80% dos gatos. Observa-se a formação de massas firmes ou pólipos no tecido subcutâneo, principalmente sobre a região nasal (7). Em apenas 25% dos felinos ocorre a disseminação hematógena ou a extensão local através da placa cribriforme, resultando em mielite ou meningoencefalite granulomatosa difusa (1). As manifestações clínicas incluem depressão, alterações de comportamento, convulsões, cegueira, andar em círculos, ataxia, perda do olfato e paresia (8). Pode ocorrer também doença vestibular periférica em alguns casos.

Pretende-se, com o presente trabalho, enfatizar o caráter sistêmico da infecção, ressaltando a importância da investigação desta doença como diagnóstico diferencial de doenças com envolvimento neurológico em gatos.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS, um felino macho, de 12 anos de idade que apresentava prostração, hiporexia, alteração comportamental (vocalização e agressividade), e alteração de equilíbrio há 7 dias. O animal não era vacinado ou castrado, e tinha acesso ao pátio da casa da tutora. A tutora havia levado o felino para receber atendimento veterinário em outro local, em que foi instituído tratamento com prednisolona na dose de 1,5 mg/kg BID, por cinco dias. Após o tratamento, o animal apresentou piora do quadro, demostrando sinais de tetraparesia. Ao exame clínico, ele estava em decúbito lateral, alternando movimentos de pedalagem com excitação, agressividade e vocalização. Não apresentava reflexo pupilar, palpebral ou resposta à ameaça. O animal ficou internado para terapia de suporte e realização de exames complementares (hemograma, bioquímicos, radiografia de coluna cervical e de crânio e ultrassonografia abdominal). O animal veio a óbito 18 horas após o internamento e em seguida foi realizada a necrópsia.

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RESULTADOS E DISCUSSÃONo hemograma realizado, foi evidencida linfopenia, no entanto, não foram observadas alterações nos demais exames solicitados. A maioria dos casos de criptococose ocorrem em indivíduos imunocomprometidos (8). No referido caso notou-se a piora do quadro clínico após a instituição do tratamento com prednisolona, que ocasionou imunodepressão iatrogênica. Devido a gravidade e rápida evolução do quadro, não foi possível avaliar a presença de outras enfermidades imunodepressoras concomitantes.

No exame macroscópico de necropsia observou-se petéquias multifocais no córtex cerebral e meninge, conificação do cerebelo (Figuras 1 e 2) e enfisema discreto nos lobos pulmonares. Ao exame microscópico, observou-se nas leptomeninges, grande quantidade de estruturas circulares a ovoides com halo espesso e pouco corado compatível com Cryptococcus neoformans. Nos pulmões identificou-se estruturas circulares leveduriformes, enfisema crônico discreto e congestão moderada.

Figuras 1 e 2: Cérebro e cerebelo do gato acometido por criptocose, durante a necropsia, onde visualizam-se, macroscopicamente petéquias multifocais no córtex cerebral e meninge e corificação do cerebelo.

O diagnóstico definitivo baseou-se nos achados de necropsia, compatíveis com meningoencefalomielite granulomatosa. A pneumonia apresentada pelo animal sugere que a via respiratória foi o local de entrada do microorganismo (5,7).

CONCLUSÃOApesar do diagnóstico de meningoencefalomielite por criptococose em felinos ser incomum, o clínico deve sempre considerar a micose sistêmica dentre os diferenciais em animais que apresentem alterações neurológicas. A criptococose neurológica é uma infecção potencialmente fatal e um correto diagnóstico é de fundamental importância para o estabelecimento de um tratamento precoce.

REFERÊNCIAS1) Sherding RG. Micoses Sistêmicas. In: Stephen, JB, Sherding RG. Manual Saunders de Clínica de Pequenos Animais. 3 ed. São Paulo: Roca, 2008. p. 215-17.2) Amstutz HE. Manual Merck de Veterinária. 9 ed. São Paulo: Roca; 2008. 3) Casadevall A, Steenbergen JN, Nosanchuk JD. ‘Ready made’ virulence and ‘dual use’ virulence factors in pathogenic environmental fungi: The Cryptococcus neoformans paradigm. Current Opinion in Microbiology 2003 Aug;6(4):332–7.4) Trabulsi RL, Alterthum F. Microbiologia. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2004.5) Perfect JR, Casadevall A. Cryptococcosis. Infectious Diseases Clinics of North America 2002 Dec;16(4):837-746) Quinn, PJ, Markey BK, Carter ME, Donnely WJ, Leonard FC. Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 7) Marcasso, RA, et al. Criptococose no sistema nervoso central de cães: relato de três casos. Ciências Agrárias 2005 Abr;26(2):229-38.8) Lappin MR. Doenças infecciosas. In:Nelson, RW, Couto, CG. Medicina interna de pequenos animais. 4 ed. São Paulo: Elsevier, 2010. p.1355-57.

Meningoencefalomielite e pneumonia por Cryptococcus spp. em um gato – Relato de Caso

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Mixossarcoma em região infraorbital, maxilar e zigomática em cão - Relato de CasoBrunna Silva Moreira – Acadêmica de Medicina Veterinária do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário do Triângulo, UNITRI. Uberlândia – MG, Brasil. E-mail: [email protected] Peixoto Pereira – Médico Veterinário, Prof. do Departamento de Clínica Cirúrgica e Anestesiologia do Centro Uni-versitário do Triângulo, UNITRI. Uberlândia – MG, Brasil. Sílvia Molnár Leite Fernandes – Médica Veterinária autônoma – Hospital Pronto Socorro Veterinário, PSV de Uberlândia – MG. Brasil.

RESUMOO mixossarcoma é caracterizado como um tumor maligno, capaz de produzir alta quantidade de mucina. Derivado dos fibroblastos, dentre todos os sarcomas de tecidos moles caninos, este possui um caráter invasivo, com uma taxa de metástase relativamente baixa. Em relação a sua ressecção, pode ser extremamente desafiador em virtude da alta secreção de mucina dificultar a delimitação tumoral. Este relato tem por objetivo, descrever um caso de um canino, macho, SRD, de 10 anos de idade, que apresentava massas globulares duras, mosqueadas com hemorragias, além de áreas com lesões papilares moles e translúcidas, de aspecto gelatinoso, nas regiões infraorbital, maxilar e zigomática da face esquerda. Diagnosticado com mixossarcoma, o paciente não foi responsivo a qualquer tipo de tratamento proposto devido a extensão do comprometimento morfoestrutural da face. Tumores malignos localizados na cabeça, devem ser estudados e a abordagem cirúrgica deve ocorrer com cautela, neste relato observou-se uma apresentação rara de mixossarcoma localizado na face, que desencadeou um prognóstico ruim ao paciente.

Palavras-chave: oncologia; sarcoma; neoplasia facial.

INTRODUÇÃOO mixossarcoma é uma neoplasia originada a partir dos fibroblastos, que geram maior quantidade de mucina em relação ao colágeno, e sua incidência é considerada incomum em cães e gatos (1). Como características destacam-se a produção de grandes quantidades de material mucinoso, de caráter invasivo, mas com taxa metastática de baixa a moderada (2). Por alguns autores é considerado uma versão maligna do mixoma odontogênico (3).

O tratamento é limitado, com qual a exérese cirúrgica é o procedimento de eleição (3). O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso clinico de um paciente canino acometido com mixossarcoma, cuja localização e invasão nos tecidos da face foi relevante para o estabelecimento do prognóstico de vida do paciente.

RELATO DE CASOFoi atendido no Hospital Pronto Socorro Veterinário (PSV), um canino macho, SRD, com 10 anos de idade, cuja queixa principal foi um aumento de volume na face esquerda, recidivante mesmo após diversas tentativas terapêuticas medicamentosas. Ao exame físico foi observado, aumento de volume na região infraorbital esquerda, com áreas rígidas e firmes, além de hiperplasia gengival sobre os molares, periodontite moderada, e algia sob a região acometida.

Através de exames complementares, foi visualizado a presença de uma fístula infraorbitária com abscesso periapical, então o paciente foi submetido ao procedimento de extração dentária com curetagem óssea da região acometida, sob anestesia geral inalatória.

Após 20 dias de tratamento com antibioticoterapia intensa, guiado por cultura e antibiograma, e limpeza com desbridação além de uso de soluções antissépticas, o paciente não demonstrou melhora clínica, com qual houve aumento significativo das partes moles, com incremento de tecido exuberante, exsudativo, e odor pútrido, além de áreas de lise em região maxilar e zigomática (FIGURA1). Então optou-se pela realização de exérese da porção acometida para análise histopatológica.

Posteriormente de inúmeras tentativas de controle do crescimento da massa, e de sua exsudação, através de

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desbridação e antibioticoterapia, foi observado grave comprometimento morfofuncional das estruturas motoras da face, ocasionando déficit da qualidade de vida do paciente, em virtude da dor intensa controlada apenas sob uso de analgésicos.

Figura 1 – [A] Aspecto da região facial após 20 dias de drenagem do abscesso periapical, nota-se a presença de uma massa exuberante, irregular e dura. [B] Aspecto da região facial dois meses após curetagem, nota-se comprometimento muscular, neural, oftálmico, além de áreas mosqueadas com hemorragia. [C, D] Radiografias latero-lateral esquerda, e ventro-dorsal, destaca-se importante lesão óssea agressiva com características líticas e proliferativas nos ossos zigomático esquerdo (seta), e maxila (seta). Aumento de volume de partes moles próximo ao foco da lesão, com mineralização de conduto auditivo esquerdo, além de ausência de dentes pré-molares e molares superiores esquerdo, Fonte: arquivo pessoal.

No laudo histopatólogico, foi observado neoformação de celularidade média, não encapsulada, com proliferação de fibroblastos arranjados, envolto em matriz mixomatosa, rica em polissacarídeos, além de núcleos pequenos e hipercromáticos, e com figuras de mitose. Confirmado o diagnóstico de mixossarcoma, o tutor optou pela eutanásia.

DISCUSSÃOClinicamente, as lesões apresentam-se como uma massa hemorrágica, semelhante a ulceração piogênica, ou tecido granulomatoso. Tendem a possuir um crescimento rápido e infiltrativo, e sua recorrência pode ser observado após uma excisão local inadequada (4). O paciente em questão, apresentou áreas de ulceração e hemorragia, e demonstrou recorrência após exérese, porém em virtude de sua localização e invasão dos tecidos adjacentes, a retirada com margem cirúrgica tornou-se limitada.

A lise óssea pode ser observada, juntamente com a destruição das estruturas adjcentes (5, 6), neste caso houve a presença de lise óssea das regiões infraorbital, maxilar e zigomática, com comprometimento respiratório, ocular, auditivo, e alimentar, culminando principalmente para estabelecimento do prognóstico desfavorável e tratamento conservador.

CONCLUSÃOSarcomas de cabeça e pescoço, em destaque os mixossarcomas são raros, e pouco relatados na literatura médica humana e veterinária. Em casos atípicos, podem se apresentar com lesão destrutiva de tecidos ósseos associado aos tecidos moles, resultando em um prognóstico desfavorável, com opções de tratamento limitado quando localizados em regiões nobres facial.

REFERÊNCIAS1) Goldschimdt MH.; Hendrick, MJ. Tumors of the skin and soft tissues. In: meuten, d. J. (ed.). Tumors in domestic animals. 4 th. Ed. Iowa state press: ames, 2002. P. 84-117.2) North S., Banks T. Introduction to small animal oncology. Londres: Saunders Elsevier, 2009. 304p.3) Lamberg MA, Calonius BP, Makinen JE, Paavolainen MP, Syrjanen KJ. A case of malignant myxoma (myxosarcoma) of the maxilla. Scand J Dent Res. 1984;92(4):352-57.4) Knerler C, Rowe L. Myxosarcoma of the Skin. AMA Arch Derm. 1955; 72(2): 173-75.5) Foo GC, Zain RB. Well-Differentiated Fibrosarcoma of the Maxilla - A Case Report. Singapore Med J. 1984;25(4):274-77.

Mixossarcoma em região infraorbital, maxilar e zigomática em cão - Relato de Caso

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Morfologia da Aorta torácica em Onça Parda (Puma concolor) - Relato de CasoJimmy Wiggley Moura Oliveira1

Rafaela Scerni Machado1

Érika Branco2

1Discente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária, da Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA, Belém. 2Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, Belém. Email: [email protected]

RESUMOO Puma concolor é o segundo maior felídeo neotropical que ocorre em grande diversidade de biomas, de áridos desertos a florestas tropicais. Objetivando contribuir para o conhecimento da morfologia da onça parda (Puma concolor), estudou-se o arco aórtico em um animal após óbito por atropelamento no qual verificou-se que da aorta torácica emergiu a artéria braquiocefálica e a artéria subclávia esquerda. Da artéria braquiocefálica emergiram concomitantemente a artéria subclávia direita, da qual posteriormente originou a artéria torácica interna direita, e as carótidas comuns direita e esquerda. Da artéria subclávia esquerda surgiram respectivamente: artéria torácica interna esquerda; artéria vertebral esquerda; artéria costocervical; e cervical superficial. Foram encontrados padrões diferentes dos relatados para animais domésticos e selvagens, evidenciando a necessidade de mais pesquisas para o esclarecimento do padrão do arco aórtico dessa espécie.

Palavras-chave: Felídeo; arco aórtico; anatomia comparada.

INTRODUÇÃOA Puma concolor é o segundo maior felídeo neotropical que ocorre em grande diversidade de biomas, de áridos desertos a florestas tropicais, do nível do mar até 5.800 m de altitude (1) exceto na Tundra. Pode viver até 21 anos em cativeiro, tem hábitos crepusculares-noturnos e sua dieta varia desde répteis, aves, tatus, marsupiais, pequenos roedores e animais domésticos (2).

Pouco se sabe sobre a morfologia desta espécie, não havendo registros sobre a anatomia do sistema circulatório do Puma concolor, o que inclui as ramificações da aorta. Esta, por sua vez, é o vaso de maior calibre do sistema cardiovascular, emerge do ventrículo esquerdo, dirigindo-se cranialmente e para a direita medialmente ao tronco pulmonar, fazendo uma curva acentuada para a esquerda onde denomina-se arco aórtico e segue caudalmente com nome de aorta descendente ventral às vertebras, dividida pelo diafragma em aorta torácica e aorta abdominal (3).

Sendo assim, objetivamos descrever os vasos emergentes do arco aórtico e a configuração na qual se apresenta neste exemplar de Puma concolor, visando contribuir para futuros estudos sobre a morfologia da espécie assim como, auxiliar na anatomia comparativa.

MATERIAL E MÉTODOS Foi estudado um animal jovem, fêmea, advindo da área de Minas Bauxita, em Paragominas, Pará, sob autorização SEMA-PA nº 485/2009 e 522/2009, que veio a óbito por atropelamento e doado ao Laboratório de Pesquisa Morfológica Animal (LaPMA) da Universidade Federal Rural da Amazônia.

Para fixação e conservação do espécime foi utilizada solução de formaldeído a 10% mediante aplicações intramusculares, subcutâneas e intracavitárias. Em seguida, o animal foi totalmente imerso na mesma solução e após uma semana foi realizada a dissecação do arco aórtico e ramos colaterais da espécie em questão. Toda nomenclatura adotada foi baseada na Nomina Anatomica Veterinaria (4).

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RESULTADOS E DISCUSSÃOA anatomia das artérias no arco aórtico do Puma concolor possuia simetrias com o gato doméstico (Felis catus) (5) e com a jaguatirica (Leopardus pardalis) (6). No entanto, observou-se a particularidade de não apresentar o tronco bicarotídeo.

Após emergir do ventrículo esquerdo a aorta fez uma curva característica para direita, dela emergiu o tronco braquiocefálico com cerca de 5 cm de comprimento, semelhante ao descrito em Leopardus pardalis, do qual o arco aórtico também emergiu do ventrículo esquerdo, originando obliquamente a artéria braquiocefálica (6) e diferentemente do descrito em pacas, onde nesta espécie o arco aórtico originou-se primeiramente a artéria subclávia esquerda e depois o tronco braquiocefálico, sendo esta ordem distinta do padrão encontrado em animais domésticos e selvagens (7).

Da artéria braquiocefálica derivam concomitantemente a artéria subclávia direita, cranialmente a primeira costela, a artéria carótida comum direita e a artéria carótida comum esquerda, ambas na superfície ventral da traqueia, diferindo do descrito em gatos, onde a artéria carótida comum esquerda nasceu isoladamente da artéria braquiocefálica e da artéria subcávia, nos 165 casos examinados (5).

A artéria subclávia esquerda originou-se diretamente do arco aórtico abaixo do nível de origem do tronco braquiocefálico, inclinada para a esquerda, dela emergiu a artéria torácica interna, artéria vertebral esquerda, o tronco costocervical e a artéria cervical superficial, assim como descrito em Galea spixii (8). Apesar da artéria subclávia esquerda ter origem mais caudal em relação a direita, os ramos derivados de ambas originaram ramos semelhantes com trajetórias homólogas (9). As artérias subclávias se projetam para o espaço axilar mantendo seu calibre e passam ser chamadas de artéria axilares e posteriormente artéria braquiais onde irão irrigar os membros torácicos.

CONCLUSÃO A partir deste estudo pôde-se esclarecer detalhes na conformação do arco aórtico da onça parda mostrando similaridades com o gato doméstico e jaguatirica em alguns parâmetros, e também divergências, evidenciando a necessidade de mais pesquisas que possam confirmar o padrão e servir como base anatômica futuramente.

Figura 2: Fotomacrografia mostrando os principais ramos colaterais do arco aórtico: 1- arco aórtico, 2-tronco braquiocefálico, 3- a. subclávia esquerda.

Figura 1: Fotomacrografia do arco aórtico de suçuarana e seus ramos emergentes:1 arco aórtico, 2- tronco braquiocefálico,3- a. carótida comum direita, 3.1- a. carótida comum esquerda, 4- a. torácica interna direita, 4.1- a. torácica interna esquerda 5.1- a. subclávia esquerda,6- a. vertebral esquerda, 7- a.costocervical, 8- a.cervical superficial.

Morfologia da Aorta torácica em Onça Parda (Puma concolor) - Relato de Caso

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REFERÊNCIAS1) SANA, D. A.; CULLEN, L. Puma Concolor Capricornensis Goldman, 1946. In: Machado, A. B. M; Drummond, G. M.; Paglia, A. P. (Eds). Livro Vermelho Da Fauna Brasileira Ameaçada De Extinção. Volume I 1.Ed. Brasília, Df: Ministério Do Meio Ambiente, 2008. P. 795 - 797.2) Walker, E. P. et al. (1975). Mammals ofthe world 2. (3rd edn). Baltimore: Johns Hopkins Press.3) Schaller, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. Manole, 1. Ed. São Paulo .614p. 1999. P.242-244.4) International Committee On Veterinary Gross Anatomical Nomenclature. Nomina Anatômica Veterinária. 5 Ed. Knoxville: World5) FILHO, A. F.; BORELLI, V. Contribuição ao Estudo dos Colaterais Calibrosos do Arco Aórtico no Gato. Departamento de anatomia descritiva dos animais domésticos. Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo — Vol. 8 fase. 2, 1970.6) MARTINS, D. M. Descrição Morfológica dos Ramos Colaterais do Arco aórtico e suas principais ramificações em Leopardus pardalis. Acta Veterinaria Brasilica, v.4, n.2, p.74-77, 2010.7) OLIVEIRA, F. S.; MACHADO, M. R. F.; MIGLINO, M. A.; NOGUEIRA, T. M.Gross Anatomical Study Of The Aortic Arc Branches Of Paca (Agouti Paca, Linnaeus, 1766). Brazilian Journal Of Veterinary Research And Animal Science, 38(3): 103-105, 2001. 8) OLIVEIRA, R. E. M. Ramos colaterais do arco aórtico do preá (Galea spixii Wagler, 1831). Pesq. Vet. Bras. 35(8):762-766, agosto 2015. 9) Evans, H. E.; Lahunta, A. Pescoço, Tórax E Membro Torácico, P. 91-95. In: Guia Para A Dissecação Do Cão. 5. Ed. Rio Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

Morfologia da Aorta torácica em Onça Parda (Puma concolor) - Relato de Caso

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Mortalidade de Cães no Período Transoperatório e Pós-Operatório: Estudo Retrospectivo de Pacientes do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná Camila Lopes Ribeiro – Residente em Oncologia – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – E-mail: [email protected] Roberta Carareto – Doutora em Cirurgia Veterinária – Universidade Federal do Paraná (UFPR) Thais Jassek Soares – Acadêmica de Medicina Veterinária – Universidade Federal do Paraná (UFPR)

RESUMO O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo retrospectivo do índice de mortalidade de cães submetidos a anestesia geral por mais de 30 minutos no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná entre janeiro de 2011 e dezembro de 2016, totalizando 1.600 fichas anestésicas avaliadas. Durante o estudo foram coletados os seguintes dados: número da ficha clínica do paciente, raça, idade, ASA, óbito e momento do óbito. A taxa de mortalidade foi de 0,94%. A análise estatística evidenciou há correlação entre a classificação ASA e a ocorrência de óbitos.

Palavras-chave: veterinária; taxa de mortalidade; anestesia geral

INTRODUÇÃO Nos últimos anos o índice de mortalidade anestésica está diminuindo devido a fatores como: melhor monitoramento dos pacientes, melhores equipamentos, surgimento de anestésicos mais seguros e a presença de médicos especializados na área. Mas mesmo com essas melhorias o índice de mortalidade ainda é razoável na medicina veterinária1, 2.

Nesse sentido, o objetivo deste estudo é relatar o índice de óbitos de cães submetidos a anestesia geral por mais de 30 minutos no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2016.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas fichas anestésicas do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, durante o período de janeiro de 2011 a dezembro de 2016. Avaliou-se 1.600 fichas anestésicas de cães. Foram incluídos nesse estudo somente óbitos ocorridos durante o período transoperatório e pós-operatório de até 48 horas. Os animais foram submetidos a anestesia geral por mais de 30 minutos. Foram analisados os seguintes dados dos animais que vieram a óbito: raça, idade e ASA. O coeficiente de correlação de Pearson foi utilizado para análise estática para a classificação ASA, sendo um valor significativo quando P<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se um total de 15 óbitos, totalizando 0,94% das fichas analisadas. Destes, 11 (73,33%) ocorreram em até 48 horas do pós-anestésico.

Em dois estudos realizados no Brasil, a taxa de mortalidade encontrada foi de 1,13% e 0,89%1,2. Na análise de estudos de outros países, verificamos que o índice de mortalidade de cães relacionada com a anestesia menores do que encontramos nesse estudo. Brodbelt et al.3 e Clarke e Hall4 no Reino Unido, encontraram 0,17% e 0,24% de óbitos, respectivamente. Porém a taxa de mortalidade que encontramos para cães (0,94%) foi menor do que a encontrada por Redondo e Gil5, de 1,29%.

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Quando comparamos as raças de cães observamos maior índice de mortalidade na raça Cane Corso (25,00%). Os cães da raça Pinscher foram os que apresentaram menor índice de mortalidade (0,92%) (Tabela 1). Em outro estudo as raças de cães que mais apresentaram mortes foram Yorkshire Terrier (3,20%) e Labrador (5,90%)5.

Tabela 1. Óbitos ocorridos em cães, relacionados a raça do paciente.

Em relação à classificação ASA, não ocorreram mortes entre os animais classificados com ASA 1, porém todos os animais ASA 5 vieram a óbito (Tabela 2). Estes dados foram submetidos a análise de correlação, observando-se P=0,733724, mostrando que há uma correlação forte entre a classificação ASA e os óbitos6. De acordo com outros autores, cães classificados ASA 3, 4 e 5 apresentaram altas taxas de mortalidade 4,5. Carareto et al1 não encontraram correlação entre o índice de mortalidade com a classificação ASA.

Tabela 2. Óbitos ocorridos em cães, relacionados à classificação ASA do paciente

Cães com 15 anos (3,33%) apresentaram os maiores índices de mortalidade. O menor índice foi de cães de 10 anos (0,68%) (Tabela 3). Em outro estudo, ocorreram mais óbitos em animais com idade avançada5.

Tabela 3. Óbitos ocorridos em cães, relacionados a idade do paciente em anos

Mortalidade de Cães no Período Transoperatório e Pós-Operatório: Estudo Retrospectivo de Pacientes do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná

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CONCLUSÃO Conclui-se que, nos 5 anos avaliados, pode-se relatar um índice de mortalidade de 0,94%. Alguns fatores apresentaram maior probabilidade de morte. São eles: classificados ASA 3, 4 e 5; animais com 15 anos de idade; e as raças Cane Corso e Shar-pei. A maioria das mortes anestésicas registradas ocorreram no pós-operatório.

REFERÊNCIAS 1) CARARETO R, ROCHA LS, GUERRERO PNH, SOUSA MG, NUNES N, PAULA DP, NISHIMORI CT. Estudo retrospectivo da morbidade e mortalidade associada com anestesia geral inalatória em cães. Semina: Ciências Agrárias 2005;26(4):569-574. 2) CORRÊA AL, OLESKOVICZ N, MORAES AN. Índice de mortalidade durante procedimentos anestésicos: estudo retrospectivo (1996-2006). Ciência Rural 2009;39(9):2519-2526. 3) BRODBELT DC, BLISSITT KJ, HAMMOND RA, NEATH PJ, YOUNG LE, PFEIFFER DU, WOOD JL. The risk of death: the confidential enquiry into perioperative small animal fatalities. Vet. Anaesth. Analq. 2008;35(5):365-373. 4) CLARKE KW, HALL LW. A survey of anaesthesia in small animal practice: AVA/BSAVA report. Veterinary Anaesthesia and Analgesia 1990;17(1):4-10. 5. REDONDO JI, GIL L. Canine anaesthetic death in Spain: a multicentre prospective cohort study of 2012 cases. Veterinary Anaesthesia and Analgesia2013;40(6):56-67. 5) FILHO DBF, JÚNIOR JAS. Desvendando os Mistérios do Coeficiente de Correlação de Pearson (r). Revista Política Hoje 2009;18(1):115-146.

Mortalidade de Cães no Período Transoperatório e Pós-Operatório: Estudo Retrospectivo de Pacientes do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná

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Natação e antocianinas sobre a histologia dos ossos longos de ratos tratados com dieta hipercalóricaLizandra Amoroso¹Felipe PerissiniBeatriz Almeida RodriguesVinícius Galatti da SilvaGabrielle Queiroz Vacari¹Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp, Câmpus de Jaboticabal, [email protected]

RESUMOOs efeitos negativos da ingestão crônica de dieta industrializada energética sobre os ossos podem ser reduzidos por meio do uso de emagrecedores associados à prática regular de atividade física. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos da suplementação com laranja vermelha de Moro associada à natação, sobre os aspectos microscópicos dos ossos longos em ratos tratados com dieta hipercalórica. Os animais cada grupo experimental foram eutanasiados no final do experimento, com o uso de anestésico geral volátil, o Isofluorano. Os úmeros e fêmures foram coletados e destinados à análise óssea. Infere-se que os ossos longos respondem de forma heterogênea à natação, com alongamento do úmero total e maior extensão da diáfise nos grupos que praticaram natação. O úmero não apresentou padrão de resposta histomorfométrica. A espessura das trabéculas ósseas e o número de osteócitos foi maior no fêmur de ratos que praticaram natação. O extrato de laranja vermelha não modifica o padrão biométrico de ossos longos em modelos experimentais saudáveis ou tratados com ração hipercalórica. A natação favorece o crescimento longitudinal heterogêneo no úmero e no fêmur, com estímulo biomecânico favorável à manutenção do tecido ósseo esponjoso na epífise proximal do fêmur o que acarreta em benefícios ao desenvolvimento ósseo em ratos.

Palavras-chave: morfometria; úmero; fêmur; exercício físico aeróbio; dieta hipercalórica.

INTRODUÇÃOA obesidade, doença inflamatória crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo, é um problema de saúde que está associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, ósseas e endócrinas (1). Mecanismos moleculares têm sido elucidados, pelos quais o processo inflamatório provocado pela obesidade é responsável por diminuir massa óssea afetando o remodelamento através da inibição de osteoblastos, e aumento da diferenciação dos osteoclastos (2). A obesidade é grave problema de saúde pública e, com o uso inadequado de recursos terapêuticos, vem aumentando a procura por alternativas para combatê-la, a exemplo dos fitoterápicos e aumento do gasto energético por meio de exercícios (3). A laranja vermelha Citrus sinensis é constituída por compostos fenólicos flavonoides que inibem a peroxidação de lipídios (4). Exercícios de moderada intensidade também têm efeitos positivos sobre os ossos. Considerando a literatura apresentada, o objetivo do trabalho foi estudar em ratos Wistar os efeitos da ingestão de dieta hipercalórica e das antocianinas sobre a histomorfometria óssea, associados ou não ao exercício físico aeróbio.

MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi realizado no Câmpus de Jaboticabal. Para os animais do grupo controle a dieta foi ração Presence da Purina®, e, para promover acúmulo de tecido adiposo, foi utilizada a dieta de cafeteria. O total de 84 animais com 21 dias de vida foi distribuído em um delineamento inteiramente casualizado com 7 grupos de 12 animais cada. Após 30 dias de adaptação à dieta de cafeteria, foi administrado o fitoterápico uma vez por dia, durante 60 dias por gavagem. Os tratamentos consistiram em: dieta normocalórica (T1); dieta hipercalórica (T2); dieta normocalórica e fitoterápico (T3); dieta hipercalórica e fitoterápico (T4); dieta normocalórica e natação (T5); dieta hipercalórica e natação (T6) e grupo submetido à dieta hipercalórica, natação e fitoterápico (T7). Os grupos submetidos à natação

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passaram por uma semana de adaptação ao exercício, com aumento crescente no período da atividade física (cinco minutos no primeiro dia até atingir 30 minutos diários), durante 12 semanas. Para a análise histológica, os animais passaram pela eutanásia e seções longitudinais da epífise proximal do úmero e fêmur direito foram fixadas em Bouin por 24h, descalcificadas em citrato de sódio e processadas histologicamente. As imagens pertinentes à avaliação morfométrica foram analisadas no programa CellSens 1.14 non que diz respeito à espessura trabecular e contagem de osteócitos do úmero e fêmur. Os valores obtidos foram avaliados pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Os dados homocedásticos foram comparados pelo teste ANOVA, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey. Valores heterocedásticos foram submetidos à comparação estatística pelo teste não-paramétrico de kruskal-Wallis com Dunns posterior. O valor de P foi ajustado em 0,05. Todas as análises foram feitas no software Graph Pad Prism, versão 5.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAo avaliar os dados de espessura das trabéculas ósseas do úmero, nota-se que houve diferença (p<0,05) entre T1 e T5 e T1 e T7, sendo que T1 apresentou maior média (Tabela 1). Infere-se que o tipo de dieta, o fitoterápico ou a prática de atividade física não interferiram na morfologia do úmero. No que diz respeito ao número de osteócitos da epífise proximal do úmero, houve diferença (p<0,05) entre os grupos. Ratos tratados com dieta hipercalórica apresentaram maior número de osteócitos em relação aos demais, não diferindo do grupo tratado somente com fitoterápico, grupo dieta hipercalórica e fitoterápico, grupo dieta normocalórica e exercício aeróbio e, do grupo tratado com dieta hipercalórica, exercício aeróbio e fitoterápico. Com relação à espessura das trabéculas ósseas do fêmur, o T6 e o T7 apresentaram maior espessura de trabéculas. A dieta hipercalórica também não influenciou na espessura das trabéculas do fêmur de camundongos (5). O número de osteócitos da epífise proximal do fêmur foi maior no grupo tratado com dieta hipercalórica, natação e fitoterápico e diferiu (p<0,05) do grupo dieta hipercalórica e fitoterápico, não diferindo dos demais grupos (p>0,05). Isso pode ser explicado pelo aumento de carga mecânica nos ossos dos animais que praticaram a natação, levando ao aumento do número de células.

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão da espessura trabecular (µm) e da contagem de osteócitos da epífise proximal do úmero e fêmur de ratos submetidos à dieta hipercalórica e tratados com fitoterápico associado à natação.

Úmero FêmurGrupo Espessura

trabecular Número de osteócitos

Espessura trabecular

Número de osteócitos

T1 86,66±5,73a 62,49±5,80 b 86,00±1,63b 56,13±4,34ªb

T2 81,84±5,83ªb 71,33±8,93a 89,86±3,40ªb54,03±3,16ªb

T3 79,98±1,3ªb 66,60±3,61ªb 88,18±2,27ªb 56,33±3,44ªb

T4 77,83±4,21ªb 64,83±1,3ªb 89,76±2,15ªb52,31±3,26b

T5 74,89±5,62b 64,23±3,13ªb 89,01±3,27ªb55,34±2,79ªb

T6 80,06±2,31ªb 62,69±2,64b 90,34±1,71a56,23±1,44ªb

T7 76,76±2,00b 67,83±1,63ªb 90,69±2,05a 57,69±2,49a

Pr>F 0,0008* 0,0589 0,0081* 0,0077*Valor de F - 3,418 3,366 2,219CV (%) 4,8458 5,8401 2,6431 5,4163

Médias seguidas de letras minúsculas distintas na coluna diferem entre si (p<0,05) pelo teste de Tukey. Tratamentos: 1- Dieta normocalórica (grupo controle); 2-Dieta hipercalórica; 3-Fitoterápico e 4- Dieta hipercalórica e fitoterápico; 5- Dieta normocalórica e natação; 6- Dieta hipercalórica e natação; 7- Dieta hipercalórica, natação e fitoterápico.

CONCLUSÕES O extrato de laranja vermelha não modifica o padrão biométrico e o Índice de Seedor de ossos longos de modelos experimentais saudáveis ou tratados com ração hipercalórica. O padrão histomorfométrico do úmero não é influenciado pela natação demonstrando que há heterogeneidade na resposta óssea de acordo com a duração e frequência da atividade física. A natação favorece o crescimento longitudinal dos longos e fornece estímulo biomecânico favorável à manutenção do tecido ósseo esponjoso e do osteócitos na matriz óssea do fêmur.

Natação e antocianinas sobre a histologia dos ossos longos de ratos tratados com dieta hipercalórica

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REFERÊNCIAS1) Fujimoto WY, Bergstrom RW, Boyko EJ, Chen KW, Leonetti DL, Newel-Morris L, Shofer JB, Wahl PW. Visceral adiposity and incident coronary heart disease in Japanese American Men. Diabetes Care; 1999; 22(11):1808-1812.2) Oh SR, Sul OJ, Kim YY, Kim HJ, Yu R, Suh JH, Choi HS, 2010. Saturated fatty acids enhance osteoclast survival. Journal of Lipid Research; 2010; 51(5):892-899.3) Steyer TE, Ables A. Complementary and alternative therapies of weight loss. Primary Care: Clinics in Office Pratice; 2009; 36(2): 395-406.4) Ratty, AK, Das NP. Effects of flavonoids on nonenzymic lipid peroxidation: Structure activity relationship. Biochemical Medicine Metabolic Biology; 1988; 39(1):69-79.5) Cao, JJ, Sun, L, Gao, H. 2010. Diet-induced obesity alters bone remodeling leading to decreased femoral trabecular bone mass in mice. Annals of The New York Academy of Sciences; 2010; (1192):292–297.

Natação e antocianinas sobre a histologia dos ossos longos de ratos tratados com dieta hipercalórica

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Necrólise Epidermal Tóxica Induzida por Monossulfiram - Relato de CasoBruna Toledo Duran Foglia – Aprimoranda na Clínica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário (UNOESTE)João Victor Goulart Consoni Passareli – Graduando do curso de Medicina Veterinária (UNOESTE)Giovana José Garcia Estanho - Aprimoranda na Clínica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário (UNOESTE)Email: [email protected]

RESUMOFoi atendida uma cadela de 5 anos, da raça pinscher, no Hospital Veterinário da Unoeste, Presidente Prudente, SP, que apresentou lesões na pele três dias após a administração diária de um spray ectoparasiticida a base de monossulfiram. No exame físico, foram observadas lesões ulceradas e secreções purulentas em região de abdome ventral e medial de membros posteriores, áreas de necrose na região escrotal, áreas com eritemas e perda da continuidade da pele. Através dos sinais dermatológicos e por ter sido administrado apenas um produto topicamente, determinou-se este como a causa de uma reação de necrólise epidermal tóxica. Houve melhora parcial das lesões após quinze dias de tratamento a base de antibiótico sistêmico e pomada dermatológica. A farmacodermia é uma reação adversa rara em cães, no entanto, quando presente pode ser uma condição grave. Desta maneira, o objetivo do presente relato foi alertar os clínicos de pequenos animais a respeito de possíveis reações adversas após a administração de qualquer fármaco por qualquer via, com o intuito de realizar o diagnóstico precoce para uma boa e rápida recuperação do animal.

Palavras-chave: farmacodermia; sarnicida, ectoparasiticida; necrose.

INTRODUÇÃOA farmacodermia é uma reação adversa a fármacos que pode atingir pele, mucosas e anexos, e ainda outros órgãos e sistemas (1). É de ocorrência rara em cães, e pode desenvolver-se através da administração por via oral, parenteral e tópica (2). A reação altera a estrutura e função da pele e pode ocasionar lesões localizadas até generalizadas e graves, as quais apresentam alta mortalidade (3,4). A necrólise epidermal tóxica é um dos sinais dermatológicos de farmacodermia. O diagnóstico pode ser difícil, devido à extensa variedade de sinais clínicos, da similaridade com outras doenças de pele (3) e pela administração de mais de um fármaco simultaneamente. Depois de estabelecido o diagnóstico, é importante a suspensão da administração do fármaco (3). Concomitantemente, realiza-se o tratamento de suporte, principalmente em casos graves (4). O presente trabalho tem como objetivo relatar a ocorrência de necrólise epidermal tóxica em um cão após a administração tópica de um produto ectoparasiticida.

DESCRIÇÃO DO CASOFoi atendido no setor de Clínica Medica de Pequenos Animais, no Hospital Veterinário da Unoeste, Presidente Prudente, SP, um animal da espécie canina, macho, da raça Pinscher, cinco anos, pesando 3 kg, não castrado e vacinado, com o histórico de que o proprietário administrou por via tópica um sarnicida e ectoparasiticida spray a base de monossulfiram (Ectomosol®), a cada doze horas, durante cinco dias. Após três dias da aplicação começou a apresentar lesões com áreas necrosadas e secreções purulentas. O animal foi levado em uma clínica veterinária e foi instaurado o tratamento com antibioticoterapia (Cefalexina 250mg/5ml na dose de 20mg/kg) no período de 10 dias. Entretanto, a proprietária veio ao Hospital Veterinário para fechar o diagnóstico e esclarecimento de dúvidas. Durante o atendimento, constatou-se que o animal apresentava anorexia, hipertermia, apatia, lesões ulceradas e secreções purulentas em região de abdômen ventral e medial de membros posteriores, áreas de necrose na região escrotal, áreas com eritemas e perda da continuidade da pele (Figura 1 A e B). De acordo com o histórico de administração do medicamento, o súbito aparecimento e as características das lesões, foi diagnosticado como farmacodermia do tipo necrólise epidermal tóxica (NET). O tratamento foi mantido com a mesma medicação já prescrita (Cefalexina 250mg/5ml na dose de 20mg/kg), e associado o uso de pomada dermatológica a base de colagenase 0,6 U/g + cloranfenicol 0,01 g/g (Kollagenase com cloranfenicol®) três vezes ao dia. Foi pedido retorno com quinze dias e no retorno o animal apresentou melhora parcial das lesões (Figura 1 C e D). Foi pedido retorno com 30 dias para

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acompanhamento do caso.

DISCUSSÃOSegundo a literatura, o uso de monossulfiram em humanos pode induzir reações sistêmicas tipo dermatite de contato. Apesar de reações de farmacodermia serem raras em cães, é de extrema importância identificar os sinais dermatológicos, a fim de realizar o diagnóstico precoce e instituir o tratamento adequado. A reação pode ocorrer a partir da administração de qualquer medicamento (5,6) e através de qualquer via. Deve-se suspender imediatamente a administração do fármaco suspeito e para não haver complicações secundárias, é necessário que seja instituído tratamento suporte intenso, visto que se trata de uma afecção com alto índice de óbito (3,6).

Figura 1. (A e B) Lesões ulceradas e secreções purulentas, áreas de necrose na região escrotal, áreas com eritemas e perda da continuidade da pele no primeiro atendimento. (C e D) Retorno após 15 dias de tratamento.

CONCLUSÃOOs achados clínicos são compatíveis com farmacodermia do tipo necrólise epidermal tóxica (NET) e em consequência de ter sido administrado apenas o produto sarnicida e ectoparasiticida nos últimos dias, conclui-se que este seja o produto causal da reação dermatológica.

REFERÊNCIA1) Caballero A B A, Rivelli V B, Gorostiaga G, Mendoza G. Farmacodermias en niños. Pediatría; 2004; 31: 112-116.2) Sousa M G, TalierI I C, Jorge A T B, Costa M T. Reação farmacodérmica decorrente do uso do levamisol: relato de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia; 2005; 57 (2): 154-157.3) Nayak S, Acharjya B. Adverse cutaneous drug reaction. Indian Journal of Dermatology; 2008; 53: 2-8.4) Silvares M R C, Abbade L P F, Lavezzo M, Golçalves T M, Abbade J F. Reações cutâneas desencadeadas por drogas. Anais Brasileiros de Dermatologia; 2008; 83 (3): 227-232.5) Silva L M, Roselino A M F. Reações de hipersensibilidade a drogas (farmacodermia). Revista Medicina; 2003; 36: 460-471.6) Larsson C E. Drug eruption (DE). In: 27 WSAVA 2002, Granada. Disponível em: <http://www.vin.com/proceedings/Proceedings.plx?CID=WSAVA2002&PID=2551/.>

Necrólise Epidermal Tóxica Induzida por Monossulfiram - Relato de Caso

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Neuromiopatia Isquêmica em Cinco Cães (2008-2016)Angel Ripplinger – Doutoranda, Universidade Federal de Santa MariaGraciane Aiello – Doutora, Universidade Federal de Santa MariaAlexandre Mazzanti – Professor Doutor, Universidade Federal de Santa [email protected]

RESUMOO objetivo deste estudo foi apresentar dados epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos de cinco cães com neuromiopatia isquêmica secundária a tromboembolismo aórtico. Os cães eram fêmeas, com idade ≥ 11 anos, que apresentavam paraplegia ou monoplegia de membro pélvico. Em 40% dos casos foi relatada claudicação previamente à disfunção motora. Os principais achados clínicos foram ausência de pulso femoral uni ou bilateral, extremidade de membros pélvicos frias, dor muscular acima da articulação do joelho e ausência de dor profunda nos dígitos dos membros pélvicos. Na necropsia foi encontrada alteração cardíaca em três cães, neoplásica em um e, sem causa determinante em outro caso. Os trombos estavam localizados na aorta abdominal e se estendiam até as artérias ilíacas. Mesmo sendo baixa a incidência, a neuromiopatia isquêmica deve ser incluída no diagnóstico diferencial de cães com claudicação, paraparesia ou paraplegia uni ou bilateral, quando os sinais neurológicos são compatíveis com lesão de neurônio motor inferior e de evolução aguda ou crônica.

Palavras-chave: aorta; trombo; tromboembolismo; cão.

INTRODUÇÃOA neuromiopatia isquêmica é uma síndrome clínica secundária à interrupção do aporte sanguíneo geralmente para os membros pélvicos, causada pela presença de trombo na trifurcação da aorta abdominal (1). A isquemia pode causar paresia ou paralisia tanto em felinos (3) como em caninos (2, 4).

Alguns sinais clínicos inespecíficos da neuromiopatia isquêmica como claudicação (2), paresia ou plegia, diminuição de reflexos espinhais e do tônus muscular (5) podem levar o clínico a suspeitar de afecção de origem ortopédica ou neurológica (5), dificultando o diagnóstico da doença. Devido a isso, objetivou-se relatar dados epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos de cinco cães com neuromiopatia isquêmica secundária à trombose ou tromboembolismo aórtico e apresentar os principais fatores que podem auxiliar na diferenciação de outras doenças que causam sinais clínicos semelhantes.

MATERIAL E MÉTODOSForam revisados os registros médicos do serviço de neurologia de cães que apresentavam alterações nos membros pélvicos entre 2008 e 2016, atendidos no Hospital Veterinário Universitário (HVU) da Universidade Federal de Santa Maria e incluídos aqueles com diagnóstico clínico e pós-morte de trombose ou tromboembolismo aórtico.

RESULTADOS E DISCUSSÃONo presente estudo, a doença ocorreu em cadelas, com idade entre 11 e 15 anos, sendo três de raça pura e dois sem raça definida. Entretanto, estudos com maior número de pacientes envolvidos comprovaram a ausência de predileção por sexo, raça ou idade, incluindo pacientes a partir de cinco meses de idade (6). A ocorrência desta afecção em caninos atendidos no serviço de neurologia do HVU foi considerada baixa (0,97%), assim como em outros hospitais veterinários (7). Um dos motivos a ser considerado para as baixas casuísticas é provavelmente a falta ou diagnóstico equivocado, pois a apresentação clínica e a patogênese da doença em cães diferem daquelas que ocorrem em felinos (4).

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Quanto à evolução clínica da doença, em 60% dos pacientes foi crônica, que progrediu para paraplegia em dois e monoplegia em um caso e, 40% de forma aguda, caracterizada por paraplegia. Dois pacientes, com evolução acima de crônica apresentaram claudicação em apenas um dos membros pélvicos precedendo a disfunção motora bilateral. A claudicação é observada provavelmente pela obstrução incompleta do fluxo sanguíneo e a dor muscular decorrente da isquemia parcial do membro pélvico (7). Apesar de serem descritas em cães, tanto a apresentação aguda como a crônica, a primeira está associada a sinais clínicos mais severos e menor sobrevida (5, 7).

A avaliação da locomoção durante exame neurológico revelou paraplegia em quatro cães e monoplegia associada à monoparesia contralateral em um cão e sem ataxia proprioceptiva. Em todos os pacientes foram observadas deficiências proprioceptivas, com reflexos segmentares espinhais ausentes bilateralmente em quatro cães e, em um cão, ausente no membro pélvico esquerdo e diminuído no direito. O tônus muscular estava diminuído em todos os casos. Verificou-se ausência de dor profunda bilateral ou unilateral, além de ausência de dor a palpação epaxial em todos os casos. Esses achados clínicos decorrentes da lesão isquêmica (1) podem confundir o clínico no momento da avaliação do paciente em suspeitar de doenças que afetam a medula espinhal entre os segmentos L4-S3 (5). Uma das maneiras que permite reduzir ou até mesmo descartar o envolvimento medular é a presença de sensibilidade e mesmo dor grave acima da articulação do joelho, evidenciada na neuromiopatia isquêmica, associada à ausência de pulso femoral. Por outro lado, nos casos de paraplegia sem dor profunda de origem medular ocorre perda da sensibilidade em todo o membro do paciente.

Na necropsia, três pacientes apresentaram alteração cardíaca, sendo dois de endocardite e um de cardiomiopatia dilatada com presença de trombo focalmente extenso na aurícula esquerda. As cinco pacientes apresentavam trombo focalmente extenso que se estendia da aorta abdominal até a região de bifurcação das artérias ilíacas externas. Outros achados de necropsia como infartos renais e esplênicos são os locais mais comuns em cães com alteração cardíaca, sobretudo endocardite infecciosa, seguidos por miocárdio e encéfalo (6).

O diagnóstico precoce, quando o paciente ainda não apresenta quadro plégico bilateral talvez seja a chave para maiores taxas de sucesso no tratamento e isso depende tanto da patofisiologia da doença e alterações concomitantes como da habilidade do clínico diagnosticar, associada aos custos da terapia (2). Outros métodos diagnósticos para a neuromiopatia isquêmica, além da palpação do pulso arterial já foram descritas (2, 6). Entretanto, é preciso lembrar que a suspeita clínica inicial que direciona para outros meios diagnósticos, em todos os casos, surge pela ausência ou diminuição do pulso arterial à palpação, um exame simples, rápido e não invasivo.

CONCLUSÕESA neuromiopatia isquêmica secundária ao tromboembolismo aórtico deve ser considerada como diagnóstico diferencial em cães que apresentem claudicação, paraparesia ou paraplegia de início agudo ou crônico, sem distinção de sexo, raça ou idade, mesmo que os sinais clínicos mimetizem disfunção medular do segmento L4-S3.

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Neuromiopatia Isquêmica em Cinco Cães (2008-2016)

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Ocorrência de Hemólise Após Tratamento com Inipiném e Cilastatina Sódica em um Felino - Relato de Caso Elissandra da Silveira - M.V., Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS Silvana Bellini Vidor - M.V., MSc, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS Fernanda Vieira Amorim da Costa - M.V., Dra. Professora Adjunta III, Setor de Medicina Felina, Departamento de Medi-cina Animal, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS; E-mail: [email protected]

RESUMO Anemias hemolíticas com formação de corpúsculos de Heinz ocorrem através de compostos oxidantes presentes na circulação que podem reagir com o radical sulfidril dos aminoácidos da globina e em parte da molécula de ferro que compõem a hemoglobina. A oxidação da hemoglobina leva à precipitação e à formação de metamoglobina e corpúsculos de Heinz, podendo ser resultantes da ingestão ou administração de substâncias oxidantes. Um felino, Siamês, de 15 anos de idade foi atendido com histórico de convulsão. O diagnóstico estabeleceu-se através da tomografia computadorizada de crânio, que revelou otite média e interna em orelha direita. Após realizar osteotomia ventral de bula timpânica, o material colhido foi submetido à cultura e antibiograma, confirmando otite interna de origem bacteriana por Klebsiella spp. multiressistente, sensível apenas à Imipinem com cilastatina sódica.O tratamento foi instituído e o paciente começou a apresentar hemólise aguda, com ocorrência de óbito. O objetivo deste trabalho é relatar o primeiro caso de hemólise em um felino pelo uso de imipinem, já descrito em humanos. Há a necessidade de trabalhos que demonstrem a segurança do uso de carbapenêmicos em gatos e que determinem a sua dose terapêutica e seus prováveis efeitos adversos.

Palavras-chave: meningoencefalite; corpúsculo de Heinz; tomografia; convulsões; carbapenens.

INTRODUÇÃO Os felinos apresentam uma característica biológica e estrutural importante de suscetibilidade do eritrócito em se oxidar resultando na formação de metamoglobina, que é incapaz de transportar oxigênio, e formação de corpúsculos de Heinz, que ocorrem principalmente com o uso de drogas específicas, como paracetamol, benzocaína, dipirona, azul de metileno, cloridrato de fenazopiridina e propofol[1]. Dentre os medicamentos que, em humanos, causam anemia hemolítica estão os carbapenêmicos, porém ainda não descrita em felinos [2].

A anemia hemolítica é demostrada através da redução do hematócrito e hemoblobina e aumento significativo nos corpúsculos de Heinz, que são oriundos da desnaturação oxidativa da hemoglobina. Cerca de 1% a 2 % das hemácias de gatos normais contêm esses corpúsculos, possivelmente devido à tendência incomum de desnaturação da hemoglobina e por ela conter o dobro de grupos sulfidrilas reativos comparados a outras espécies [3]. O objetivo deste trabalho é descrever o primeiro caso de um felino com anemia hemolítica aguda após 14 dias de tratamento com imipinem com cilastatina sódica, bem como reforçar a necessidade de se realizar mais estudos com este fármaco em gatos.

MATERIAL E MÉTODOS Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, um gato, macho, castrado, Siamês, com quinze anos de idade, negativo para presença de antígenos do vírus da leucemia e anticorpos contra o vírus da imunodeficiência felina (FIV/FeLV), com histórico de três episódios de convulsão em dois dias, tônicos, localizados em cabeça, pescoço e membros torácicos, com duração de um minuto. O paciente apresentava febre de 41,3ºC, estava alerta e o reflexo de ameaça bilateral ausente foi a única alteração encontrada no exame neurológico. Foi solicitado hemograma, bioquímica sérica, ecocardiograma, exame qualitativo de urina, radiografia

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de tórax, ultrassonografia abdominal e tomografia encefálica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Após verificar que os exames não continham alterações significativas, o paciente foi submetido à anestesia e tomografia computadorizada de crânio, que revelou otite média e interna em orelha direita. Foi realizada osteotomia ventral de bula timpânica da orelha direita e o material coletado da bula enviado para cultura e antibiograma, sendo confirmada otite interna de origem bacteriana por Klebsiella spp. multiressistente, sensível apenas à Imipinem com cilastatina sódica.

O paciente foi acompanhado com exames periódicos de sangue, quando no 14º dia houve uma redução significativa do hematócrito (12%) e hemoglobina (3.8 g/dL), policromasia discreta e presença de 40% de corpúsculos de Heinz. Foi realizada transfusão de sangue fresco total, porém, sem resultar em melhora clínica. A tutora optou pela não interrupção do tratamento, e o gato veio a óbito após 17 dias de tratamento.

Na necropsia, foram encontradas alterações macroscópicas em bula timpânica direita e fígado, ambos com conteúdo mucoso e presença de grumos esbranquiçados. No exame bacteriológico post mortem, não houve crescimento bacteriano significativo na orelha direita. Nas amostras tanto do sistema nervoso central, quanto do fígado houve crescimento bacteriano de Klebsiella spp. Foi determinado como diagnóstico definitivo otite bacteriana, com possível migração bacteriana para encéfalo.

O isolamento de Klebsiella spp. na bula timpânica após a osteotomia e do tecido cerebral post mortem, permitem inferir que houve a migração bacteriana intracraniana da otite, seja por êmbolo bacteriano ou por passagem através da barreira hematoencefálica, o que explicaria as convulsões, conforme relatado em cinco gatos [4]. Já a ausência de crescimento bacteriano na bula timpânica direita no isolamento post mortem, demonstra que houve inibição do crescimento de Klebsiella spp. no conduto auditivo, após tratamento com o imipenem, associado à diminuição da carga bacteriana por lavagens sucessivas da bula timpânica com solução fisiológica durante a osteotomia ventral.

A hemólise apresentada pelo paciente foi associada a este fármaco devido ao seu início súbito e concomitante, o que gerou insucesso do tratamento. Há estudos comprovando a segurança do uso de Imipenem em seres humanos, mas não foram encontrados estudos em gatos. Há, contudo, relato de hemólise grave em paciente humano idoso pelo uso de Meropenem [2], outro antimicrobiano da classe dos carbopenens. Sabe-se ainda que o Imipenem pode apresentar, em estudos in vitro, inibição por competição da eritrócito-glutationa redutase humana, responsável pela defesa do eritrócito contra a hemólise [5].

CONCLUSÃO Há a necessidade de estudos que demonstrem a segurança do uso de carbapenêmicos em gatos e que determinem a sua dose terapêutica e seus prováveis efeitos adversos.

REFERÊNCIAS 1) SOUZA, H.J.M. Particularidades da terapêutica felina. In:Coletâneas em medicina felina. Rio de Janeiro: L.F. Livros de Veterinária, 2003, p. 349-362. 2) LAMBDEM, S.P. et al. Acute intravascular haemolysis associated with intravenous administration of meropenem in a sixty four year old man. Can J Clin Pharmacol, v. 17, n. 1, p. 64-66, 2010. 3) THRALL, A.M. Morfologia das hemácias. In: Hematologia e bioquímica clínica veterinária. 1º Ed. São Paulo: Roca, 2007, p. 71-72. 4) NEGRIN, A. et al.Clinical signs, magnetic resonance imaging finding sand outcome in 77 catswith vestibular disease: a retrospective estudy. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 12, n. 4, p. 291–299, 2010. 5) SENTURK, M. et al. Effects of some antibiotics on human erythrocyte glutathione reductase: an in vitro study. J Enzyme Inhib Med Chem.v. 23, n. 1, p. 1-6, 2008.

Ocorrência de Hemólise Após Tratamento com Inipiném e Cilastatina Sódica em um Felino - Relato de Caso

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Ocorrência de Insuficiência Renal Aguda em Bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans) Cássia Zandonoto Zambiasi¹ Bruna Zafalon da Silva² Stella de Faria Valle³ ¹ Graduanda de Medicina Veterinária - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). ² Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias - UFRGS. ³ Professor Adjunto III do Departamento de Patologia Clínica Veterinária da Faculdade de Veterinária da UFRGS. [email protected]

RESUMO Foram encaminhados três espécimes de bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans), em períodos diferentes, provenientes de criadouro conservacionista, cativos em mesmo recinto, para atendimento no Preservas-UFRGS. Os três animais apresentavam histórico e sinais clínicos semelhantes. Após exames clínico e complementares, foram observadas alterações no hemograma como leucocitose com desvio a esquerda, na bioquímica sérica como o aumento dos valores séricos de ureia e creatinina, na urinálise bacteriúria e alterações em morfologia renal, diagnosticadas por ecografia abdominal total. Tais achados foram consistentes com o diagnóstico de insuficiência renal aguda (IRA) o qual apresentou sucesso no tratamento com terapia de suporte.

Palavras-chave: primatas; nefrologia; silvestres; IRA.

INTRODUÇÃO Quando a capacidade de função renal é abruptamente diminuída, fazendo com que os rins falhem em executar suas funções metabólicas e endócrinas, instala-se a IRA. (1) Esta patologia pode ser causada por infecções bacterianas, como pela Leptospirose spp que, em animais selvagens, é extremamente comum em várias espécies. (2) Partindo deste contexto, o presente trabalho tem como objetivo descrever três casos clínicos de bugios acometidos por IRA, onde foi obtido sucesso no tratamento clínico.

MATERIAIS E MÉTODOS Três bugios-ruivos, provenientes de um criadouro conservacionista, cativos em mesmo recinto, foram encaminhados ao PRESERVAS-UFRGS em períodos distintos, com histórico e sinais clínicos semelhantes de hiporexia, desidratação e prostração. O bugioruivo “1” era macho, jovem, com 5,4 kg de massa corporal; o “2” era fêmea, adulta, com 3,2 kg apresentando caquexia; e o “3” era macho, jovem, com 6,4 kg. Como exames complementares foram realizadas avaliações hematológicas e bioquímicas com total de três coletas, urinálise e exame ultrassonográfico abdominal total.

RESULTADOS Após exames, os três apresentaram alterações como leucocitose (referência: 4,64 - 6,06 x10³/µL) (3) com desvio a esquerda, aumento significativo para os valores séricos de uréia e creatinina. Na urinálise, foi verificado bacteriúria. Na ultrassonografia abdominal, o bugio “3” apresentou alterações em morfologia renal. Conforme a Tabela 1, podem ser observados os valores obtidos em diferentes coletas feitas durante o tratamento de IRA nos três indivíduos, sendo os valores de referência para espécie foram considerados como creatinina sérica entre 1,11 - 1,27 mg.dL-1 e ureia sérica 33,35 - 40,22 mg.dL-1. (3)

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Tabela 1: Valores de creatinina e ureia sérica no período de internamento hospitalar.

Para o bugio-ruivo “1”, foi administrado fluidoterapia (50 mL/kg/dia, IV, 7 dias), associado a amoxicilina com clavulanato (15 mg/kg, BID, VO, 15 dias), enalapril (0,125 mg/kg, BID, VO, 5 dias) e associação de suplementações vitamínicas. O animal “2” recebeu o mesmo tratamento, associado ao uso de simeticona (40 mg/kg, TID, VO, 3 dias), enrofloxacina (5 mg/kg, BID, VO, 7 dias), além de reposição de ferro e uso de probióticos (0,2 g/kg, VO, 4 dias). Para o bugio “3”, a terapêutica instituída foi semelhante ao “1”. Após melhora dos sinais clínicos e normalização dos valores dos exames sanguíneos, os pacientes receberam alta após 19, 27 e 11 dias de tratamento, respectivamente.

DISCUSSÃO A IRA é caracterizada por elevação das concentrações séricas de creatinina e ureia. (4) Como os animais tinham procedência do mesmo recinto, conviviam juntos e eram da mesma espécie, considerou-se que a possível causa da IRA pudesse ser infectocontagiosa, sugerida pela leucocitose com desvio a esquerda em todos os animais.

Dentre as doença infecciosas que cursam com IRA, pode-se destacar a leptospirose. Devido aos relatos de ocorrência de roedores no ambiente de cativeiro dos animais, esta era a principal suspeita. Os roedores comportam-se como portadores permanentes de Leptospira spp. Isso faz com que ambientes por onde circulam, estejam constantemente contaminados por esse agente. (5) A doença é considerada rara em primatas neotropicais, porém surtos já foram observados em Saguinus midas midas, Saguinus midas niger, Pithecia monachus (Sá et al., 1999), Saguinus labiatus (Reid et al., 1993), Saimiri sciureus (Perolat et al., 1992) e Callithrix khulii (Baitchnan et al., 2006).(3)

A IRA é uma importante complicação da fase tardia de leptospirose, cursando com a perda progressiva do volume intravascular, os pacientes desenvolvem insuficiência renal, devido à azotemia pré-renal. (6)

Partindo disso, recomenda-se estudos sorológicos para investigar a causa da IRA, investigando a suspeita clínica. São recomendados manejos preventivos no cativeiro, com o intuito de reduzir a população de roedores próximo ao criatório.

CONCLUSÕES Conclui-se que a terapêutica instituída foi efetiva no tratamento de IRA nos bugiosruivos, obtendo-se normalização dos valores de creatinina e ureia. Sugere-se que a ocorrência da IRA nesses animais tenha etiologia infectocontagiosa sendo necessários novos estudos para diagnóstico de agente etiológico nessa população de primatas.

REFERÊNCIAS1) Newman S, Confer A, Panciera R. Sistema urinário. In: McGavin D, Zachary J, editores. Bases da Patologia em Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. Cap. 11. p. 613-692. 2) Fornazari F, Langoni L. Principais zoonoses em mamíferos selvagens. Veterinária e zootecnia 2014; 21(1): 10-24. 3) Junior JCS. Perfil sanitário de bugios-ruivos, Alouatta guariba clamitans (Cabrera, 1940) (Primates: Atelidae): um estudo com animais recepcionados e mantidos em perímetro urbano no município de Indaial, Santa Catarina – Brasil [dissertação]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2007. 4) Nelson R; Couto G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 5) Lopes ALS, Silva WB, Padovani CR, Langoni H, Modolo JR. Frequência sorológica antileptospírica em cães: sua correlação com roedores e fatores ambientais, em área territorial urbana. Arquivos do instituto biológico; 2005; 72(3): 289-296. 6) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica [homepage da internet]. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso [acesso em 01 dez 2016]. Disponível em: URL http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.p df

Ocorrência de Insuficiência Renal Aguda em Bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans)

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Ocorrência de Meningite Bacteriana em dois Felinos - Relatos de Caso Elissandra da Silveira - M.V., Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS Tiago Zim da Silva - M.V. autônomo em Clínica Médica de Pequenos Animais, Caxias do Sul- RS. Fernanda Vieira Amorim da Costa - M.V., Dra. Professora Adjunta III, Setor de Medicina Felina, Departamento de Medi-cina Animal, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS; E-mail: [email protected]

RESUMO A meningite bacteriana é uma infecção incomum em gatos, caracterizando-se por uma inflamação e colonização bacteriana das meninges. A colonização bacteriana é causada por traumas ou mordeduras, podendo ocorrer também devido à disseminação hematógena de microrganismos de um foco infeccioso distante.Os sinais clínicos caracterizam-se por hiperestesia e febre, além de outros sinais neurológicos. O diagnóstico é feito através da cultura bacteriana do líquido cefalorraquidiano. O prognóstico é reservado já que, na grande maioria dos casos, o diagnóstico é tardio.O presente trabalho descreve o caso grave de meningite bacteriana aguda por Staphylococcus coagulase negativo em um gato doméstico com paraplegia e de um segundo caso tendo como sinal clínico convulsão, com prognóstico favorável após tratamento antimicrobiano.

Palavras-chave: felino, infecção, trauma, meningoencefalite.

INTRODUÇÃO As infecções do sistema nervoso central (SNC) em felinos são consideradas incomuns, ocorrendo em cerca de 1,0% dos gatos com doença neurológica e 3,7% dos gatos com doença inflamatória central (1).

De maneira geral, os microrganismos podem ter acesso ao SNC por via hematógena ou por invasão neurógena através de axônios periféricos e por disseminação direta (2), resultante de processos contíguos ou através de soluções de continuidade induzidas como processos traumáticos. As principais bactérias envolvidas em doenças infecciosas do SNC de gatos domésticos são Pasteurella spp. e Staphylococcus spp(3).

O diagnóstico precoce e a instituição imediata de terapêutica são condições imprescindíveis para reduzir a mortalidade associada aos casos de meningite bacteriana. A realização de colheita de líquor (LCR) é o principal meio para se estabelecer o diagnóstico definitivo(4). A ressonância magnética e a tomografia computadorizada podem também auxiliar no diagnóstico.

Esse trabalho relata dois casos de meningite bacteriana com prognósticos distintos, salientado os achados clínicos, patológicos, microbiológicos e conduta terapêutica, tendo por objetivo alertar os clínicos sobre a importância da realização de uma conduta rápida e agressiva mediante uma suspeita clínica.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (HCV-UFRGS), um felino, macho, sem raça definida (SRD), um ano de idade. A queixa principal do responsável era paralisia dos membros pélvicos há um dia e uma lesão cutânea dorsal na região lombossacra esquerda há um mês. Esta lesão foi tratada sem orientação de um médico veterinário com rifamicina, a cada oito horas, porém, sem melhora clínica. No exame neurológico, percebeu-se arreflexia patelar e do panículo, propriocepção ausente nos membros pélvicos com paraplegia evidente, além de propriocepção diminuída nos membros torácicos. Durante a avaliação neurológica, o paciente apresentou parada cardiopulmonar indo à óbito, sendo encaminhado para exame post mortem. Durante a abertura da calota craniana, observou-se extravasamento de grande quantidade de material purulento, o qual se acumulava no assoalho da cavidade e sob a dura-máter em toda a extensão medular. Um swab da medula espinhal, do cérebro e do cerebelo foram encaminhados para cultura bacteriana. Houve crescimento de colônias brancas,

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não hemolíticas, que quando submetidas à coloração de Gram, apresentaram-se na forma de cocos gram-positivos. Foram realizados os testes de catalase e coagulase, no qual a bactéria apresentou resultado positivo e negativo, pode-se então confirmar que a bactéria era da espécie Staphylococcus saprophyticus multirresistente.

O segundo caso foi de um felino, fêmea, SRD, encontrado na rua na manhã do atendimento com um ferimento na cabeça, sem histórico devido ao fato de ser um animal errante, apresentando como sinais clínicos convulsão e estado mental comatoso. Durante o exame clínico, a paciente apresentou convulsão generalizada de aproximadamente dois minutos, temperatura retal de 40,3º C, lesão cutânea purulenta no crânio, com bordos necróticos. O paciente ficou hospitalizado devido ao estado clínico geral, sendo solicitado hemograma e teste imunoenzimátio para presença de antígenos do vírus da leucemia e anticorpos contra o vírus da imunodeficiência felina (FIV/FeLV). Estando o paciente estabilizado, optou-se pela colheita de líquor sob anestesia geral.A amostra colhida foi enviada para análise, cujo resultado estava dentro dos valores de referência, porém com a presença de incontáveis cocos por campo. Uma alíquota da amostra foi enviada para cultura e antibiograma, em que não houve crescimento de nenhum microorganismo, mesmo em meios mais enriquecidos. Foi então estabelecido antimicrobiano empírico com sulfa com trimetropim (30 mg/kg, a cada 12 horas, durante 30 dias) com sucesso no tratamento. A paciente voltou para reavaliação sem histórico de novos episódios de convulsão e com a ferida cicatrizada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A discrepância dos casos apresentados demonstra o quão difícil pode ser identificar agentes que possam estar causando lesões neurológicas nos pacientes na rotina clínica. Uma das dificuldades é estabelecer com precisão o diagnóstico diferencial de meningite bacteriana, particularmente naqueles casos em que os testes para a identificação da bactéria são negativos, já que o líquor tem um cultivo fastidioso que pode resultar em resultados falso negativos(5).

A terapia antimicrobiana deve ser incluída em animais com lesão cutânea traumática no SNC ou adjacentes a esse, já que a infecção do SNC pode ocorrer por migração e colonização bacteriana, conforme já descrito em humanos (6).

O sucesso do tratamento implica na seleção de antibióticos eficazes contra os patógenos prováveis, que tenham boa penetração no SNC, que atinjam concentrações bactericidas adequadas e apresentem baixa toxicidade (4). Outro fator decisivo para o sucesso terapêutico é a instituição da antibioticoterapia de forma mais precoce possível, tão logo tenha se suspeitado de meningite, o que infelizmente não foi possível no primeiro caso, em vista da evolução aguda, rápida e desfavorável.

CONCLUSÃO Na suspeita de meningite, o tratamento profilático, sintomático e de suporte deve ser iniciado o quanto antes, até a elucidação do agente causador em questão, já que a infecção bacteriana do SNC resulta em complicações neurológicas graves.

REFERÊNCIAS 1) CIZINAUSKAS, S, A.; TIPOLD, R.; FATZER, A.; BURNENS, A.; JAGGY. Streptococcal Meningoencephalomyelitis in 3 Dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, 2001; v.15, p.157-161. 2) MCGAVIN, M. D.; ZACHARY, J. F. Bases da patologia em veterinária. 4° edição, Elsiever, 2007. 3) GUNN-MOORE, D. Infectious Diseases of the Central Nervous System.Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 2005, p.103–128. 4) FARIA, S. M.; FARHAT, C. K.; Meningites bacterianas - diagnóstico e conduta.Journal of Pediatr, Rio de Janeiro (BR) 1999. v.75 ( Supl.1), p.46-56. 5) JUNIOR, G.B.J.; LEITE, R.D. Neonatal meningitis: diagnostic cevaluation Ver. Pediatr. Ceará, 2006. V.7, n.2, p.49-58. 6) SCHEITHAUER et al. Prospective surveillance of drain associated meningitis/ventriculitis in a neurosurgery and neurological intensive care unit. Journal Neurol Neurosurg Psychiatry, 80:1381–1385, 2009. doi:10.1136/jnnp.2008.165357

Ocorrência de Meningite Bacteriana em dois Felinos - Relatos de Caso

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Ocorrência de microfilaremia em uma população de cães atendida em um Hospital Universitário Veterinário de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, BrasilNathalia Carneiro Maia - graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF)Karina de Oliveira Rangel - graduanda em Medicina Veterinária pela UFFMaria Regina Ferreira - Mestranda do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (PPGMV) da UFFTatiana Moniz Portella Lovatto - Bióloga e Técnica de Laboratório do Departamento de Patologia e Clínica Veterinária (MCV) da UFF Aline Moreira de Souza - Doutora em MV, professora do Departamento MCV da [email protected]

RESUMOAs filarioses caninas são provocadas por nematoides, destes o de maior importância é D. immitis, são transmitidas por mosquitos, podendo acometer o homem. O objetivo deste trabalho foi descrever a ocorrência de cães positivos para microfiárias atendidos em um Hospital Universitário Veterinário de Niterói, em um período de 19 meses. Um total de 4312 amostras de sangue de pacientes caninos susceptíveis foram analisadas pela Técnica de Woo. Foram positivos 239 (5,54%) cães. Comparando o mesmo período (Junho a Dezembro) nos dois anos analisados, observa-se que em 2016 houve maior ocorrência (7,79%), comparado a 2015 (3,52%). Ao longo do ano de 2016, os meses com maior ocorrência de microfilária foram: Julho (11,65%), Agosto (10,93%) e Novembro (9,84 %), enquanto os meses com menor ocorrência foram: Março (2,90%), Junho (4,91%) e Setembro (4,15%). O número de machos acometidos (5,07%) por microfilárias foi maior do que o de fêmeas (3,63%) no período entre junho de 2015 a junho de 2016. A ocorrência de cães positivos dobrou no período estudado, alertando para a necessidade de uma maior atenção aos programas de prevenção desta doença na cidade de Niterói.

Palavras chave: dirofilariose; microfilária; verme do coração

INTRODUÇÃOAs filarioses caninas são provocadas por nematoides, destes o de maior importância é D. immitis, transmitido por mosquitos dos gêneros Culex, Aedes ou Anopheles e que se instala na artéria pulmonar e ventrículo esquerdo do animal. Tem distribuição mundial, mas é mais frequente em regiões costeiras e onde há desenvolvimento desses mosquitos (1). A menor prevalência em áreas longe do litoral pode estar ligada aos vetores (2).

Os cães parasitados podem apresentar dispneia, intolerância ao exercício, epistaxi, ascite e anorexia e este parasita também pode infestar humanos acidentalmente, gerando nódulos pulmonares similares a neoplasias pulmonares (3).

O presente trabalho teve como objetivo descrever a ocorrência de microfilárias em cães atendidos em um Hospital Universitário Veterinario da cidade de Niterói, região litorânea e endêmica para a doença.

MATERIAL E MÉTODOSForam atendidos no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Professor Firmino Mársico Filho da Universidade Federal Fluminense 4312 pacientes caninos de diferentes raças, sendo a maioria sem raça definida, que apresentavam suspeita clínica para a doença. Foram coletadas amostras sanguíneas por punção de veia cefálica ou jugular e acondicionadas em tubos contendo ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) e processadas ate 8 horas apos a coleta pela Técnica do Microhematócrito ou Técnica de Woo. Nesta técnica, o sangue é colocado em tubos microcapilares e centrifugado por 5 minutos a 11000 RPM. Dessa forma, as microfilárias podem ser visualizadas, quando presentes, na região acima da camada leucocitária, em microscópio óptico (4). A visualização microscópica do parasito em

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esfregaço sanguíneo corado com corante instantâneo (Panóptico rápido) também foi realizada. Foi realizado levantamento dos laudos no período de Junho de 2015 a Dezembro de 2016 e os resultados analisados por estatística descritiva.

RESULTADOS E DISCUSSÃOUm total de 4312 pesquisas de microfilárias foram realizadas neste período, sendo 239 (5,54%) positivas, 184 das quais só em 2016. Um estudo anterior (5) demonstrou 24.46% de cães positivos na mesma região estudada, utilizando técnica de Knott modificada e teste imunoenzimático para detecção de antígeno (ELISA), mais sensíveis e específicos para detecção de D. immitis, o que pode ter refletido na diferença, além disso o teste de Woo não é capaz de classificar qual nematódeo está relacionado a infecção. Comparando o mesmo período (Junho a Dezembro) nos dois anos analisados, observa-se que em 2016 (7,79%) houve o dobro da ocorrência, comparado a 2015 (3,52%). Apesar da evolução na terapêutica preventiva à filariose muitos tutores desconhecem ou não fazem regularmente o uso destes medicamentos sendo necessária uma maior atenção dos programas de prevenção contra este agente nesta região. Os meses com maior frequência de microfilária foram: Julho (11,65%), Agosto (10,93%) e Novembro (9,84%). Já os meses com menor frequência foram: Março (2,90%), Junho (4,91%) e Setembro (4,15%). Segundo (2), a transmissão possui influência da temperatura ambiental sobre a taxa de desenvolvimento larval do mosquito vetor, tornando a transmissão sazonal de acordo com a temperatura. A análise da distribuição das amostras por sexo foi realizada de Junho de 2015 a Junho de 2016, tendo sido analisados nesse período amostras de 1341 machos e 1597 fêmeas. O número de machos acometidos (5,07%) por microfilárias foi maior do que o de fêmeas (3,63%). Dados semelhantes foram relatados (6,7), embora não exista explicação fisiopatogênica para este resultado.

CONCLUSÕESA ocorrência de cães microfilarêmicos dobrou no período estudado, alertando para a necessidade de uma maior atenção aos programas de prevenção contra este agente nesta região, principalmente por se tratar de uma zoonose.

REFERÊNCIAS

1) Genchi C; Traldi G; Di Sacco B; Benedetti MC. Epidemiological aspects of canine heartworm disease in Italy. In: Atti del 4° Seminário Filariosi; 1988; Italia; p.53-64..    2) Labarthe, N; Serrão ML; Melo, YF; Oliveira, SJ; Lourenço-de-Oliveira, R. Potential Vectors of Dirofilaria immitis (Leidy, 1856) in Itacoatiara, Oceanic Region of Niterói Municipality, State of Rio de Janeiro, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz  [Internet]; 1998;  93(4): 425-432. Disponível em:  http://dx.doi.org/10.1590/S0074-02761998000400001 [2017 abr. 1]3) Dantas-Torres F, Otranto D. Dirofilariosis in the Americas: a more virulent Dirofilaria immitis?. Parasites & Vectors; 2013; 6:288.4) Woo, PTK. Evaluation of the haematocrit centri- fuge and other techniques for the field diagnosis of hu- man trypanosomiasis and filariasis; Acta Tropica; 1971; 28:298–303. 5) Labarthe, N; Almosny, N; Guerrero, J; Duque-Araújo, NA. Description of the Occurrence of Canine Dirofilariasis in the State of Rio de Janeiro, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz  [Internet]; 1997 ;  92( 1 ): 47-51. Disponível em:  http://dx.doi.org/10.1590/S0074-02761997000100010 [2017 abr. 1)6) Mendonça, IL; Carvalho, V; Serra-Freire, NM et al. Ocorrência de dirofilariose canina no Município de Teresina-Piaui. In: Congresso Brasileiro Medicina Veterinária; 1994; Olinda. Anais. Olinda: SBMV; 1994. p.256.7) Souza, NF; Larsson, MHMA. Frequencia de dirofilariose canina (D. immitis) em algumas regiões do estado de são Paulo por meio da detecção de antígenos circulantes. Arw. Bras. Med. Vet. Zootec.; 2001; 53:321-325.

Ocorrência de microfilaremia em uma população de cães atendida em um Hospital Universitário Veterinário de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, Brasil

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Ocorrência e Classificação das Anemias de Cães em Ourinhos-SPYan Augusto Gomes Silva - graduando em Medicina Veterinária pelas Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO). Maria Rachel Melo Bosculo - Pós-graduanda, Hematologia Laboratorial, Academia de Ciência e Tecnologia (A&C); Cleiton Damião Paulin - graduando em Medicina Veterinária pelas FIO.Luiz Daniel Barros - Professor Doutor da Disciplina de Enfermidades Infecciosas das FIO;Breno Fernando Martins de Almeida - Professor Doutor da Disciplina de Laboratório Clínico Veterinário das FIO; Autor para correspondência: Yan Augusto G. Silva, e-mail: [email protected];

RESUMOUma das principais alterações hematológicas observadas no eritrograma dos animais domésticos são os distúrbios anêmicos, que normalmente têm etiologia secundária às doenças sistêmicas e por isso muitas vezes não são estudados com a devida atenção. O presente estudo teve como objetivo relatar a ocorrência e classificação das anemias caninas. Para realização do estudo, foram revisados 2.395 eritrogramas caninos realizados no Hospital Veterinário “Roque Quagliato”, das Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO), no período de 2.013 a 2.015. No total, 909 cães apresentaram anemia, predominantemente anemias normocíticas normocrômicas. Portanto, é importante que o clínico veterinário diagnostique enfermidades que cursem principalmente com aplasia/hipoplasia medular para o restabelecimento do processo anêmico.

Palavras-chave: Animais domésticos; Anêmicos; Classificação morfológica.

INTRODUÇÃO Dentre os exames realizados rotineiramente pelos médicos veterinários, os hematológicos e bioquímicos são os mais comuns, auxiliando no diagnóstico das principais enfermidades (1). O hemograma se destaca pela sua praticidade, economia e diversidade de informações que pode oferecer na clínica médica, desde que adequadamente interpretado. É dividido em três partes: eritrograma, leucograma e plaquetograma (2,3).

Uma das principais alterações hematológicas observadas nos animais domésticos é a anemia, que normalmente tem etiologia secundária a doenças sistêmicas (2,4). A anemia é caracterizada pela diminuição da concentração de hemoglobina, número de eritrócitos e/ou hematócrito (5). A anemia pode ser classificada morfologicamente com base nos índices hematimétricos volume corpuscular médio (VCM) e concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM) e é importante porque auxilia no estabelecimento da causa do processo anêmico. A avaliação do VCM classifica a anemia em microcítica, normocítica ou macrocítica, enquanto a avaliação do CHCM classifica o processo anêmico em hipocrômico ou normocrômico (1,2,4,5).

O presente estudo objetivou fazer um estudo retrospectivo com a ocorrência e classificação morfológica das anemias de cães atendidos na região de Ourinhos-SP, auxiliando na determinação de possíveis fatores predisponentes para o processo anêmico.

MATERIAIS E MÉTODOSFoi realizado um estudo retrospectivo com análise dos hemogramas realizados no Hospital Veterinário “Roque Quagliato” das Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO) no período de 2.013 a 2.015. Foram considerados os exames de animais que obedeceram jejum prévio de 8 horas, que não faziam uso de medicações que alterem o eritrograma e que apresentaram dados completos do paciente como idade, espécie, raça e sexo.

As amostras de sangue (4 mL) dos animais foram colhidas das veias cefálica ou jugular e acondicionadas em tubos com EDTA (INJEX, Ourinhos, SP, Brasil), sendo analisadas em até 30 minutos. As contagens totais de eritrócitos, leucócitos, plaquetas e dosagem de hemoglobina foram obtidas a partir do contador de células automatizado veterinário (ABX Micros ESV 60, Paris, França). O volume globular foi determinado pelo método do microcapilar de Strumia (11.400 rpm por 5 minutos). Os valores de VCM e CHCM foram calculados segundo fórmula previamente

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descrita (3).

Os animais foram classificados segundo a faixa etária em filhotes (até 1 ano de idade), adultos (1 a 9 anos) e idosos (>9 anos), segundo critério previamente publicado (6). Para diagnóstico e classificação das anemias, foram utilizados os valores de referência obtidos por Weiss e Wardrop (7).

RESULTADOS E DISCUSSÃOVerificou-se que do total de 2.395 hemogramas caninos realizados, 909 apresentaram anemia. As fêmeas caninas apresentaram maior ocorrência de anemia, acometendo 508 cães.

De acordo com a faixa etária, a anemia foi mais frequente em cães idosos (373/909), seguida dos adultos (306/909) e filhotes (230/909). A anemia em cães idosos pode estar relacionada à redução de eritrócitos que ocorre naturalmente nesses animais (8).

Quanto à morfologia, as anemias normocíticas normocrômicas foram as mais frequentes, estando presentes em 50% dos hemogramas caninos. Outros estudos detectaram 80,5% (5) e 95,5% (2) de anemia normocítica normocrômica em cães. Essas anemias normocíticas normocrômicas são as mais comuns em animais domésticos, estando presentes em animais com deficiência da síntese de eritropoietina, inflamações crônicas, insuficiência renal crônica, transtornos endócrinos, neoplasias, aplasia eritroide seletiva, hipoplasia e aplasia medular, hemorragia e hemólises agudas, intoxicação por chumbo e deficiência de ferro (9). As anemias microcíticas hipocrômicas foram o segundo tipo de anemia mais frequente em cães, totalizando 187 (20,5%) dos hemogramas caninos, seguida das anemias microcíticas normocrômicas em 100 (11%), anemias normocíticas hipocrômicas em 84 (9,2%), macrocíticas hipocrômicas em 43 (4,7%) e macrocíticas normocrômicas em 38 (4%) dos hemogramas caninos.

Em relação às raças, cães sem raça definida (SRD) apresentaram anemia com maior frequência (387/909), principalmente do tipo normocítica normocrômica, microcítica hipocrômica e microcítica normocrômica. A maior prevalência de anemia nos cães SRD pode estar relacionada à falta de assiduidade do controle sanitário como vacinação e desverminação, que ocorre menos em relação aos animais com padrão racial definido.

CONCLUSÃOA anemia normocítica normocrômica foi a mais prevalente em cães, sendo de fundamental importância para clínico veterinário a consideração de patologias que cursem com diminuição da produção de eritrócitos para resolução da causa do processo anêmico.

REFERÊNCIAS1) Dias, CS, et al. Levantamento de exames laboratoriais e casuística de anemia em cães e gatos atendidos no hospital de clínica veterinária do CAV-UDESC no ano 2013. UDESC em Ação 2014, 8(1):e111, 2014.2) Antunes, MS. Pesquisa clínica e etiológica de anemia em cães. 2010. 78 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Curso de pós-graduação em Medicina Veterinária, Rio de Janeiro, 2010.3) Lopes, STA; Biondo, WA; Santos, AP. Manual de Patologia Clínica Veterinária. 3.ed. Santa Maria: UFSM / Departamento de clínica de pequenos animais, 2007.4) D’avila, AER. Parâmetros hematológicos e classificação de anemias em uma população de cães atendidos no LACVET – UFRGS. 2011. 59 f. Monografia (Residência Medica em Patologia Clínica Veterinária) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2011. 5) Drumond, MRS. Ocorrência, classificação e fatores de risco de anemia em cães. 2013. 84 f. Dissertação (Mestrado em medicina veterinária) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais. 2013. 6) Fighera, RA, et al. Causas de morte e razões para eutanásia de cães da Mesorregião do Centro Ocidental Rio-Grandense (1965-2004). Pesquisa Veterinária Brasileira 2008, 28(4):223-230. 7) Weiss, DJ; Wardrop, KJ. Schalm’s Veterinary Hematology. 6. ed. Ames: Wiley-Blackwell; 2010. 8) Pati, S; Panda, SK; Acharya, AP; Senapati, S; Behera, M; Behera, SS. Evaluation of geriatric changes in dogs. Veterinary World 2015, 8(3):273-278.9) Thrall, MA.; Baker, DC.; Campbell, TW.; Denicola, D; Fettman, MJ.; Lassen, ED.; Rebar, A; Weiser, G. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. São Paulo: Roca; 2007.

Ocorrência e Classificação das Anemias de Cães em Ourinhos-SP

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Osteíte Mandíbulo-Alveolar em um Felino DomésticoCarolina Pereira Marinho – Residente em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais – Centro Universitário da Grande DouradosIsabela Marafon Souza – Discente do Curso de Medicina Veterinária - Centro Universitário da Grande DouradosPaulo Henrique Braz – Docente do Curso de Medicina Veterinária - Centro Universitário da Grande Dourados. [email protected]

RESUMO A osteíte mandíbulo-alveolar é uma condição patológica pouco descrita na medicina veterinária de pequenos animais. Se trata de uma condição em que há exposição óssea decorrente de exodontia. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de osteíte mandibular em um felino doméstico. O paciente foi tratado com Amoxicilina com Clavulanato na dose de 20 mg/kg, duas vezes ao dia, durante 14 dias e maxicam na dose de 0,1 mg/kg, sid, durante 4 dias, com posterior melhora clínica.

Palavras- chave: Inflamação; mandíbula; odontologia veterinária.

INTRODUÇÃO A osteíte mandíbulo-alveolar e uma condição que gera intensa dor no paciente, comum em ser decorrente após cerca de três a cinco dias após a exodontia. Apresenta odor fétido, com paredes ósseas alveolares expostas sem cobertura protetora. Pode ser descrita pelo mecanismo de destruição da fibrina do coágulo sanguíneo antes que o mesmo seja substituído por tecido de granulação (1).

Embora sejam raros os relatos descritos na medicina veterinária, em seres humanos se trata de uma condição relativamente frequente após extrações de terceiros molares, tendo algumas pesquisas importantes apresentado dados de prevalência que variam entre 1 a 45% após cirurgias nessa região e 2 a 4% após extrações simples em outras regiões (1,2,3).

Este trabalho teve como objetivo relatar um caso de um felino doméstico com diagnóstico de osteíte mandíbulo-alveolar e sua evolução após terapêutica médico-veterinária.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no hospital veterinário do Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN, um felino, sem raça definida, apresentando alterações buco-maxilares. O tutor do animal relatou como principais sinais clínicos: apatia persistente, hiporexia e aumento da região mandibular. Ao exame físico e clínico foi possível notar a presença de um abcesso mandibular com secreção mucopurulenta e apatia. Para confirmação do diagnóstico foram solicitados exames citopatológico e de raio-x

O animal realizou tratamento com Amoxicilina com Clavulanato na dose de 20 mg/kg, duas vezes ao dia, durante 14 dias e maxicam na dose de 0,1 mg/kg, sid, durante 4 dias. Após 15 dias de tratamento, o animal não apresentava mais nenhum sintoma clínico, apenas o aumento ósseo se manteve, porém, sem trazer danos à saúde.

RESULTADOS Durante a consulta foi possível notar intensa protuberância mandibular com perda de um dos caninos mandibular. A citopatologia foi realizada pela técnica de punção aspirativa por agulha fina, por meio da qual foi possível ser visualizada grande quantidade de células espumosas executando fagocitose e células inflamatórias, com predominância de neutrófilos. O raio x demonstrou síntese excessiva de osso, localizado cranialmente à mandíbula,

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com área radiopaca e aumento da densidade óssea.

DISCUSSÃONas primeiras 24 horas após a remoção do dente, os pacientes relatam uma melhora inicial ou redução da dor, mas em seguida desenvolvem uma dor severa, debilitante e constante, que continua durante a noite e se torna mais intensa em 72 horas após a extração. A gengiva adjacente pode se apresentar com aspecto avermelhado, inflamado e frágil (4)

Halabí et al. (2012), realizaram um estudo para avaliar fatores de risco para o desenvolvimento de osteíte alveolar. Foram encontradas associações estatísticas significantes entre extração traumática, uso de tabaco após a extração, infecção prévia do sítio cirúrgico e o desenvolvimento de osteíte-alveolar (5). Em felinos podemos relacionar a casuística ao fato de auto higienizarem em grande frequência, facilitando a contaminação por agentes infecciosos.

CONCLUSÃO Embora a osteíte mandíbulo-alveolar seja pouco descrito na literatura veterinária, foi observado que o tratamento com antibioticoterapia associado a utilização de anti-inflamatório para minimizar a dor no paciente, demonstraram ser eficazes no tratamento da doença.

REFERÊNCIAS1) Hupp JR. Legal Implications of Third Molar Removal. Oral Maxillofacial Surg Clin N Am 2007; 19:129–1362) Eshghpour M, Akbari RS, Nejat AH. Periodontal problems following surgical extraction of impacted mandibular third molar teeth. Journ Dent Mat Tech 2013 Mar; 2(2):59-62.3) Eshghpour M, Nejat A. Dry socket following surgical removal of impacted third molar in an Iranian population: Incidence and risk factors. Journ Clin Practice 2013 Out; 16(4):496-504.4) Bowe DC, Rogers S, Stassen LFA. The management of dry socket/alveolar osteitis. J Irish Dent Assoc 2011 Dez; 57(6):305-3105) Halabí D, Escobar J, Muñoz C, Uribe S. Logistic Regression Analysis of Risk Factors for the Development of Alveolar Osteitis. J Oral Maxillofac Surg 2012; 70:1040- 1044.

Osteíte Mandíbulo-Alveolar em um Felino Doméstico

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Osteocondrite Dissecante na Articulação do Ombro em Cão – Relato de CasoAlinne Rezende de Souza* - Graduanda em Medicina Veterinária UFLA [email protected] Afonso dos Santos Malta – Médico Veterinário Residente em Cirurgia e Anestesiologia de Pequenos Animais UFLA Leonardo Augusto Lopes Muzzi - Professor Associado – Orientador – Setor de Cirurgia Veterinária/DMV/UFL

RESUMO A osteocondrite dissecante (OCD) é uma afecção da cartilagem articular decorrente da má ossificação endocondral, sendo caracterizada pela fragmentação da área acometida, com formação de fragmentos livres no espaço sinovial. Nos cães, afeta principalmente a articulação escapuloumeral, mas pode afetar as demais articulações, cujo principal sinal clínico é a claudicação. O tratamento definitivo é cirúrgico e consiste na retirada do retalho de cartilagem que recobre o defeito, geralmente por artrotomia. Este trabalho tem por objetivo descrever o caso de uma cadela da raça Dogue de Bordeaux atendida no Hospital Veterinário da UFLA e diagnosticada com OCD na articulação do ombro esquerdo. A paciente apresentava histórico de claudicação intensa no membro torácico esquerdo. Ao exame clínico foi observada dor à movimentação da articulação do ombro. Ao raio-x das articulações escapuloumerais observaram-se alterações compatíveis com OCD bilateral. Na articulação do ombro esquerdo, que apresentava manifestação clínica da doença, foi instituído o tratamento cirúrgico por meio de artrotomia. Após recuperação pós-operatória, o animal não demonstrava sinais de claudicação.

Palavras-chave: Endocondral, artrotomia, articulação escapuloumeral

INTRODUÇÃO A osteocondrose é um distúrbio na cartilagem de crescimento resultante de uma alteração na ossificação endocondral. Representa uma causa frequente de claudicação em cães jovens, geralmente em raças de porte médio a gigante (1). Esta afecção pode evoluir para osteocondrite dissecante (OCD), caracterizada pela fragmentação da área espessada, com formação de retalhos ou fragmentos livres no espaço sinovial (2). Os principais sinais clínicos são dor articular e claudicação (3). A claudicação pode ter início súbito e se tornar crônica, sendo geralmente intermitente com piora após exercícios ou descanso (4). Cães com OCD na articulação escapuloumeral apresentam claudicação em um ou ambos os membros torácicos. A sintomatologia bilateral pode ocorrer com relativa frequência devido ao fato da ossificação endocondral anômala acometer simultaneamente os dois membros (5). O diagnóstico baseia-se no histórico, exame físico e ortopédico, e nos achados aos exames de imagem (4; 6).

Este trabalho tem por objetivo descrever o caso de uma cadela da raça Dogue de Bordeaux diagnosticada com OCD na articulação escapuloumeral e submetida ao tratamento cirúrgico por meio de artrotomia.

DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO Foi atendida no Hospital Veterinário da UFLA uma cadela da raça Dogue de Bordeaux, com 10 meses de idade, que apresentava histórico de claudicação constante e intensa no membro torácico esquerdo, que se exacerbava após a realização de exercícios físicos. A paciente já havia sido avaliada em outra clínica veterinária aos quatro meses de idade, sendo previamente diagnosticada com OCD. Ao exame clínico foi observada dor à palpação e movimentação da articulação escapuloumeral esquerda. Foram realizados exames radiográficos simples das articulações do ombro em posicionamento adequado, onde se observou achatamento circunscrito do osso subcondral na porção caudal da cabeça umeral, e ainda esclerose subcondral e proliferação óssea periarticular compatíveis com OCD. Apesar da sintomatologia unilateral, o acometimento era bilateral radiograficamente. Foi recomendado o tratamento cirúrgico da articulação com apresentação clínica da afeção.

O animal retornou ao Hospital Veterinário com um ano e cinco meses de idade. Optou-se, então, pela técnica cirúrgica de artrotomia exploratória para curetagem da lesão e remoção do provável retalho de cartilagem. A técnica cirúrgica realizada foi por meio da abordagem craniolateral à articulação escapuloumeral, com tenotomia do infraespinhoso (6). Foi encontrada uma lesão de OCD na região caudocentral da cabeça umeral com aproximadamente 1,5cm de diâmetro. O retalho de

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cartilagem ainda se encontrava pediculado no local da lesão, onde foi removido por meio de curetagem. O tendão do músculo infraespinhoso e as camadas teciduais foram suturados de forma convencional. No pós-operatorio imediato foram prescritos analgésico, anti-inflamatório e antibiótico, e o animal foi mantido com restrição das atividades físicas por 30 dias.

DISCUSSÃOA OCD acomete cães de rápido crescimento e especialmente de raças de grande porte, apesar de também ser observada em animais de porte médio. Sua maior incidência é observada em cães entre quatro e oito meses de idade (7; 8; 9). O animal foi inicialmente diagnosticado com OCD aos quatro meses de idade. A claudicação é descrita como o primeiro sinal clínico da afecção, sendo mais frequente o acometimento clínico unilateral (9). Verifica-se ainda exacerbação da claudicação após os exercícios e ligeira melhora após o repouso. No caso descrito, embora o animal possuísse OCD bilateral, ele apresentava sinais de claudicação apenas do membro torácico esquerdo, principalmente após exercícios, com discreta melhora após o descanso.

O exame clínico geralmente revela dor à palpação da articulação escapuloumeral, e em aproximadamente 50% dos casos, os animais estavam afetados bilateralmente (9). Ao exame físico, o animal descrito sentia muito dor à movimentação articular, principalmente na extensão do ombro acometido. O diagnóstico da OCD baseia-se na associação de inúmeros fatores, mas só é confirmado após exame radiográfico, onde são observadas irregularidades, achatamento ou concavidade radiotransparente no contorno articular da porção caudal da cabeça do úmero, comumente acompanhados de esclerose do osso subcondral (10). Ao exame radiográfico, o animal do presente relato apresentava essas alterações radiográficas descritas de forma bem evidente.

Há divergências quanto ao melhor tratamento para OCD da cabeça do úmero. Foi descrito que apenas 25% dos animais acometidos e tratados conservativamente apresentaram melhora clínica (8). Alguns autores afirmam que a cirurgia é o único tratamento eficaz para a OCD (10). O animal do atual relato foi diagnosticado com OCD aos quatro meses de idade, sendo realizado o tratamento cirúrgico somente com um ano e cinco meses de idade. Após a realização da cirurgia e dos cuidados pós-operatórios, o animal não apresentou mais claudicação no membro operado.

CONCLUSÃOO diagnóstico precoce e específico da OCD é de grande valor para definição de um plano adequado de tratamento para a doença, objetivando um prognóstico favorável quanto ao retorno da normal função do membro. O presente relato demonstra que o tratamento cirúrgico é o procedimento de eleição para a OCD da cabeça umeral em cães com manifestação clínica do distúrbio.

REFERÊNCIAS1) Hulse, DA; Johnsson, AL. Osteochondritis dissecans of the proximal humerus.In: Fossum, TW. et al. Small animal surgery. 4 ed. Mosby Elsevier Inc. p.1245-55, 2013.2) Pollard, RE.; Wisner, ER. Orthopedic diseases of young and growing dogs and cats. In: THRALL, D.E. Textbook of veterinary diagnostic radiology. 6 ed. Saunders. p. 267-80, 2013.03) Buquera, LEC. et al. Osteocondrite dissecante do côndilo femoral medial em quatro cães. Arq. Ciên. Vet. Zool. UNIPAR. v. 6. n. 2, p.139-143, jul./dez, 2003.4) Unruh, SM.; Iwasaki, Masao. Artrografia na avaliação da osteocondrose e da osteocondrite dissecante da articulação escápulo-umeral de cães. Revista Clínica Veterinária, Ano V, n.26, maio/junho, 2000.5) Selmi, AL. et al. Osteochondritis Dissecans of The Humeral Head In Dogs. Retrospective Study of 36 Cases (1991-1996). Ciência Rural, Santa Maria, v. 28, n.1, p.71-75, 1998.6) Fossum, T. W. Cirurgia de pequenos animais. São Paulo, Editora Roca, 2002.FOX, S.M., WALKER, A.M. The ethiopathogenesis of osteochondrosis. Veterinary Medicine, v. 2, p. 116-122, 1993b.7) Fox, SM., Walker, AM. The ethiopathogenesis of osteochondrosis. Veterinary Medicine, v. 2, p. 116-122, 1993b.8) Olsson, SE. Pathophysiology, morphology and clinical sings of osteochondrosis in the dog. In: BOJRAB, M. j. Disease mechanisms in small animal surgery. 2 ed. Philadelphia, Lea; Febiger, 1993.9) Houlton, JEF., Collinson, R.W. Manual of small animal arthrology. l ed. London. British Small Animal Veterinary Association. Cap. 6: Osteochondrosis: p. 75-85. 1994.10) Owens, J.M. Radiographic interpretation for the small animal clinician. Saint Louis: Raiston Purina, 1982. Cap. 3: Thejoints: p. 29-32.

Osteocondrite Dissecante na Articulação do Ombro em Cão – Relato de Caso

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Osteossarcoma Osteoblástico Primário com Múltiplas Metástases em Cão Jovem da Raça Rottweiler - Relato de CasoDaniela da Silva Camargo*Letícia Corrêa Santos **Karina Maria Basso****Médica Veterinária, UEL; ** Msc. em Cirurgia pela UFV, Médica Veterinária no Hospital Veterinário da UNIFIL, PR; *** DSc. Patologia Animal UEL, Professora de Patologia Clinica UNIFIL, PR.e-mail: [email protected]

RESUMOO osteossarcoma (OSA) caracteriza-se uma neoplasia maligna, de origem primária e que acomete principalmente cães de raças de grandes ou gigantes com idade média de 7 anos. O presente relato descreve o caso clínico de um canino, fêmea, da raça rotweiller de aproximadamente 2 anos de idade com osteossarcoma osteoblástico primário. O animal foi atendido no hospital veterinário da Unifil com nódulo em topo da cabeça, além de claudicação e dor em membros pélvicos, ambos de aparecimento agudo. Sem resposta ao tratamento clinico inicial, exames de radiografia e citologia revelaram extensa área de lise em região pélvica e crânio, e citologia do nódulo compatível com neoplasia mesenquial maligna. Mediante piora da dor, não responsiva a medicamentos e mal prognóstico, optou-se pela eutanásia. Análises histopatológicas coletadas em necropsia confirmaram tratar-se de um osteossarcoma osteoblástico primário.

Palavras- chave: Osteossarcoma; cão; metástases; Rottweiler

INTRODUÇÃOO osteossarcoma (OSA) ou sarcoma osteogênico é responsável por mais de 85% das neoplasias com origem no esqueleto (2,3,4). Sua etiologia ainda não foi totalmente esclarecida. São mais acometidos cães de raças de grande porte e gigantes com idade média de 7,5 anos (2,4,7). Podem se desenvolver no esqueleto apendicular (75%) ou no esqueleto axial e crânio (25%) (11). É um tumor invasivo e metastático (4, 5). Sinais clínicos abrangem dor, claudicação ou impotência funcional do membro acometido, além de sinais sistêmicos inespecíficos (5, 12).

O diagnóstico é baseado na história clínica, exame físico, achados radiológicos e de tomografia, e a confirmação pode ser feita por citologia aspirativa com agulha fina (CAAF) e exame histopatológico (3, 7, 12). O tratamento baseado em amputação do membro acometido, associada à quimioterapia, proporciona maior sobrevida para cães com OSA, mas 90% deles morrem ou são eutanasiados em decorrência de metástases pulmonares (16).

O objetivo do trabalho é relatar um caso de OSA em um cão. Tal relato torna-se relevante por se tratar de um cão jovem, com uma forma agressiva de OSA, que apresentava múltiplas metástases no momento do diagnóstico.

MATERIAIS E MÉTODOS Uma cadela da raça Rottweiler, com 2 anos e 4 meses de idade, foi atendida no hospital da UNIFIL apresentando nódulo flutuante em topo da cabeça, claudicação e dor em membros pélvicos. Início há 2 semanas e piora progressiva. Ao exame clínico constatou-se dor à palpação de região sacro-ilíaca, sem outras alterações. Foram realizados exames de sangue, radiografia de região pélvica e cabeça, além de citologia aspirativa com agulha fina (CAAF) do nódulo. Foi prescrito cloridrato de tramadol e dipirona para controle da dor.

Nas radiografias foram observadas áreas osteolíticas com bordas irregulares em ílio e osteólise em crânio (figura 1), exames hematológicos sem alterações. O resultado da CAAF foi descrito como células isoladas na lâmina, arredondadas a fusiformes com citoplasma mal delimitado, núcleos ovais com cromatina grumosa e núcleos evidentes. As células exibem acentuado pleomorfismo, sugestivo de neoplasia mesenquimal maligna (figura 2).

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No retorno após 5 dias relatou-se piora clínica da dor e anorexia. Radiografia torácica sem alterações. Mediante quadro clínico e prognóstico desfavorável, animal foi submetido à eutanásia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Exames radiográficos post-mortem revelaram áreas de osteólise em região proximal de tíbia esquerda e região distal de úmero direito (figura 1). A avaliação histopatológica das lesões líticas confirmaram um quadro de osteossarcoma osteoblástico pouco produtivo. Nos demais órgãos o animal não apresentou alterações dignas de nota.

Figura 1:

Figura 2:

CONCLUSÕESTendo em vista que o OSA é uma afecção de alta morbidade e prognóstico desfavorável, o diagnóstico preciso torna-se imprescindível para decisão clínica que visa minimizar a dor e sofrimento dos pacientes. O OSA deve estar presente no diagnóstico diferencial de afecções ósseas líticas nos animais de grande porte, mesmo os muito jovens. No referido relato, apesar da eutanásia do animal, o rápido diagnóstico, possibilitou abreviar o sofrimento do paciente, dada a agressividade do OSA constatada em necropsia.

REFERÊNCIAS1) STRAW, R. C. Tumors ofthe skeletal system. In: WJTHROW, S. l.; MacEWEN, E. G. Small animal clinicai oncology. i’”ed, Philadelphia: WB Saunders, 1996. p. 287-315.2) DERNELL, W. S.; STRAW, R. C.; WITHROW, S. J. Tumors of the Skeletal System. In: WITHROW, S. J.; MacEWEN, E. G. Small animal clinical oncology. 3 ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2001. p. 378-417.3) GARZOTTO, Caroline; BERG, John. Sistema Muscuesquelético. In: SLATTER, Douglas. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3.ed. São Paulo: Manole, 2007. p. 2460-2474.

Osteossarcoma Osteoblástico Primário com Múltiplas Metástases em Cão Jovem da Raça Rottweiler - Relato de Caso

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4) HAAN, J. J.; BRIAN, S. B. Theskeletal system.ln: GOLDSTON R. T.; HOSK\NS,J. D. Geriatrics & gerontologyof thedog and cat. I ed. PhIladelphm: WB Saunders, 1995. capo 17. p. 291-313.5) NEWTON, C. D.; BIERY, D. N. Moléstias esqueléticas. IN: ETTINGER, S. J. Tratado de medicina interna veterinária. 3. ed. São Paulo: Manole, 1992. v.4, capo 121, p. 2494-2517.6) COUTO, C Guilhermo. Oncologia. In: NELSON, Richard W.; COUTO, C Guilhermo. Medicina Interna de Pequenos Animais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsivier Brasil, 2010. p. 1199-1201.7) SCHULZ, Kurt S. Outras Doenças dos Ossos e Articulações. In: FOSSUM, TheresaWelch. Cirurgia de Pequenos Animais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsivier, 2014. p. 1395-1405.8) O’BRIEN, M. G.; STRAW, R. C.; WITHROW, S. J.; POWERS, B. E.; JAMESON, V. J.; LAFFERTY, M.; OGILVIE, G. K.; LARUE, S. M. Resection of pulmonary metastases in canine osteosarcoma: 36 cases (1983-1992). Veterinary Surgery, v. 22, p.105-109, 1993.

Osteossarcoma Osteoblástico Primário com Múltiplas Metástases em Cão Jovem da Raça Rottweiler - Relato de Caso

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Osteossíntese de Carapaça em Hydromedusa tectifera (Cágado-Pescoço-De-Cobra) com Placa de Compressão DinâmicaMarina Gatto - acadêmica da Universidade De Passo Fundo-UPF. E-mail para correspondência: [email protected]ís Fernando Pedrotti - residente em clínica cirúrgica de pequenos animais da Universidade De Passo Fundo-UPFMichelli Westphal De Ataide - professora adjunta da Universidade De Passo Fundo-UPF

RESUMOFraturas de carapaça e plastrão estão entre os traumas mais comuns que acometem os quelônios. O presente relato trás um cágado-pescoço-de-cobra (Hydromedusa tectifera), com fratura de carapaça. Para o procedimento cirúrgico foi adotado um protocolo de anestesia geral, com a utilização de morfina, propofol e isoflurano. Realizou-se a osteossíntese com placa de compressão dinâmica de quatro parafusos, sendo finalizado com resina acrílica em cima da placa para evitar soltura. No pós operatório fez-se o uso de analgésico e antibiótico de amplo espectro. O paciente vem apresentando a coaptação das linhas de fratura.

Palavras-chave: quelônio; réptil; redução de fratura.

INTRODUÇÃOOs Testudines diferem dos de outros répteis por possuir a coluna vertebral fixada a uma estrutura óssea (1). Na ordem Chelonia, a maioria dos animais possui plastrão (ventral) e a carapaça (dorsal) e, fraturas dessas áreas ocorrem com certa frequência, provocadas por traumas de predadores e veículos motorizados (1). Assim como a pele dos mamíferos, a carapaça tem inúmeras terminações nervosas e fraturas dessas estruturas deverão ser tratadas com bastante cuidado. Inicialmente deve-se instituir um protocolo analgésico e estabilização clínica, quando necessário. Após a avaliação minuciosa da fratura pode ser traçada uma linha de reconstrução cirúrgica. O material escolhido para redução da fratura vai variar conforme o tamanho e local em que se encontra, sendo que as placas ósseas podem ser utilizadas em diversos tipos de fraturas. Cerclagem com parafusos e o uso de resina acrílica também podem ser opções a serem escolhidas nesses casos (2).

Dessa forma o presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de fratura e osteossíntese de carapaça em um cágado-pescoço-de-cobra com placa de compressão dinâmica.

MATERIAIS E MÉTODOS: Foi atendido no Hospital veterinário da Universidade de Passo Fundo um cágado-pescoço-de-cobra (Hydromedusa tectifera), 0,9 kg, adulto, fêmea e, com sangramento na região proximal de carapaça. O réptil foi encontrado na periferia da cidade de Passo Fundo. Ao exame físico o animal apresentava uma área de fratura vertical com aproximadamente 10 cm de comprimento na região de C1, V1 e V2 da carapaça (Figura 1A). Após a limpeza do local com solução fisiológica a 0,9%, aplicou-se tramadol (2mg/kg-1, IM) e foi realizado um curativo com esparadrapo. Posteriormente o cágado foi encaminhado para o setor de animais silvestres, permanecendo em um recinto com água e aquecimento a 25ºC, até o procedimento cirúrgico. Foram realizados exames pré-operatórios e tendo o paciente se apresentado apto, foi encaminhado à cirurgia. Na medicação pré-anestésica utilizou-se morfina na dose de 1mg/kg-1, propofol 10mg/kg-1 na indução, e isoflurano ao efeito para manutenção, com a intubação traqueal com cateter venoso 16. Durante todo o procedimento anestésico realizou-se ventilação assistida (Figura 1B), a sala e mesa operatória mantiveram-se aquecidas a uma temperatura de 28ºC. Na antissepsia pré-cirúrgica, foram utilizados clorexidine degermante a 2%. Com o auxílio das mãos foi realizada a redução da fratura e moldagem da placa. Após foram feitas as perfurações com broca de 1,5mm e parafusadeira tendo o cuidado de evitar danos em tecidos adjacentes. Logo após, procedeu-se a fixação com quatro parafusos de tamanho (dois de 12mm e mais dois de 14 mm), e para auxiliar a fixação dos parafusos, foi aplicado metilmetacrilato (Figura 1C). Durante a recuperação anestésica foi realizada ventilação

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assistida, uma por minuto até o paciente despertar, juntamente com o monitoramento da FC, com auxílio do dopler. Após a recuperação, o cágado foi encaminhado para o setor de internação, onde permaneceu em local seco e aquecido a temperatura em torno de 25ºC e umidade relativa de 57%. Como medicação pós-operatória utilizou-se morfina (1mg/kg-1, IM, SID) e enrofloxacina (2,5mg/kg-1, IM, SID), por cinco dias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante todo o procedimento, a sala e mesa operatória mantiveram-se aquecidas a uma temperatura acima de 25ºC favorecendo a metabolização e ação dos fármacos utilizados, tendo em vista que em procedimentos cirúrgicos em pecilotérmicos a temperatura ambiental é fundamental para que se obtenha a farmacologia esperada das drogas empregadas (1). Para tartarugas, o agente inalatório de escolha é o isoflurano, devido a sua rápida indução e tempo de recuperação, mínimo efeito depressor na função cardiopulmonar e pequena toxicidade hepática ou renal (1). A escolha ideal da redução da fratura também é importante para diminuir o tempo de anestesia. Uma placa ortopédica age como placa de tensão, quando se aplica compressão à linha de fratura por meio da adequada colocação de prótese e seus parafusos, transformando forças tênseis em compressivas (2). Diversas vezes, fraturas de carapaça cursam com comprometimento pulmonar associado (3), devido a isso, nesse caso em questão, foi realizada radiografia que acabou excluindo o comprometimento respiratório. A temperatura ambiental também afeta o processo cicatricial (1), dessa forma o paciente vem sendo mantido em local aquecido a 25ºC com água, acesso ao sol e terra diariamente, sendo ofertada uma dieta balanceada.

Figura 1: Cágado-pescoço-de-cobra (Hydromedusa tectífera), fêmea, de 0,9k e adulta. A) fratura de carapaça em região de C1, V1 e V2. B) durante o processo anestésico, com intubação com cateter 16 e mantido em ventilação assistida. C) após a redução da fratura com placa de compressão dinâmica de 5 furos e 4 parafusos (dois de12mm e mais dois de 14 mm).

CONCLUSÕESO trauma de carapaça em répteis é comum na clínica de animais silvestres e necessita rápida intervenção, podendo levar o animal à óbito. No caso em questão, a intervenção clínica e cirúrgica foi eficaz, sendo que o animal apresenta melhora gradativa. A utilização de placa de compressão dinâmica para a osteossíntese de fratura de carapaça mostrou-se uma alternativa eficaz para os quelônios.

REFERÊNCIAS:1) Cubas Z S, Silva J C R, Catão-Dias J L. Tratado de animais selvagens-medicina veterinária. 2ªed. São Paulo: Roca; 2006.2) Tudury E A, Potier G M A. Tratado de técnica cirúrgica. São Paulo: MedVet; 2009.3) Bernardi E L, Reolon M, Finkler F, Diaz J S, Cardona R O C, Martins D B. Fratura de casco em quelônio-relato de caso. XVI Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão; [periódico online] 2011; Disponível em: URL: https://www.unicruz.edu.br [2017 mar.20].

A B C

Osteossíntese de Carapaça em Hydromedusa tectifera (Cágado--Pescoço-De-Cobra) com Placa de Compressão Dinâmica

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Osteossíntese supracondiliana femoral com emprego de pinos cruzados, combinados com grampos de Kirschner - Relato de CasoBrunna Silva Moreira – Acadêmica de Medicina Veterinária do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário do Triângulo, UNITRI. Uberlândia – MG, Brasil. E-mail: [email protected] Peixoto Pereira – Médico Veterinário, Prof. do Departamento de Clínica Cirúrgica e Anestesiologia do Centro Uni-versitário do Triângulo, UNITRI. Uberlândia – MG, Brasil. Laura Melgaço Faria – Médica Veterinária autônoma – Clínica Veterinária Boi e Cão, Patos de Minas MG – MG. Brasil.

RESUMODevida a alta casuística de fraturas femorais em cães e gatos, existem várias opções de reparação cirúrgica citadas na literatura. Neste relato avaliou-se a utilização de pinos cruzados combinado ao “grampo de Kirschner”, em um cão, macho, da raça Blue Heeler, com 5 meses de idade, encaminhado para realização de correção aberta de fratura completa, simples, em região supracondiliana do fêmur. Através da associação do uso do grampo, permitiu a geração de estabilidade no foco da fratura, em virtude da neutralização das forças distensivas. A instalação dos pinos múltiplos, foi imprescindível para a determinação alinhamento, fixação e consolidação óssea, garantindo a preservação funcional do membro.

Palavras-chave: ortopedia; fratura; fêmur; fixação de fratura.

INTRODUÇÃOAs fraturas de fêmur são de grande ocorrência na rotina clínica, representando de 20 a 25% de todas as fraturas. Para fraturas em fêmur distal, existem diversas técnicas de osteossíntese tais como pinos intramedulares combinadas a fios ou fixador externo, haste de Rush, pinos cruzados, parafusos, placas ou associações destas técnicas (1, 2).

Os pinos cruzados são comumente utilizados em filhotes com fraturas femorais distais, e são capazes de gerar menor dano à cartilagem epifisária, porém quando há a associação com outro método de fixação permite maior estabilidade de fraturas oblíquas e fragmentares (3, 4). Objetiva-se através deste relato, descrever o desenvolvimento de um novo modelo de fixação de fratura supracondilar, através da utilização de “grampo de Kirschner” associado a pinos cruzados.

RELATO DE CASOFoi encaminhado ao setor de ortopedia e traumatologia do Hospital Pronto Socorro Veterinário (PSV), um canino macho, da raça Blue Heeler, pesando 11 kg, com 5 meses de idade, para redução de fratura femoral bilateral. Na avaliação radiográfica do membro esquerdo, o paciente apresentava fratura completa, oblíqua, simples e instável, na região supracondilar da porção metafisária distal.

Com o paciente mantido sob anestesia geral inalatória em circuito fechado, foi realizado o procedimento de osteossíntese do fêmur, com o objetivo de alinhar e fixar o fragmento supracondilar. Iniciou-se com a incisão de pele na superfície crânio-lateral do joelho, após seguiu-se com a divulsão dos tecidos e abertura da articulação fêmur-tíbio-patelar, de forma que houvesse a exposição da patela, e da porção óssea traumatizada.

Observou-se grande instabilidade da cartilagem femuropatelar, com deslocamento da região da troclear. Então, optou-se pela fixação através de dois fios de Kirschner de 2,0mm, lisos, cruzados, inseridos através do côndilo lateral e pela fossa intracondilar. Seguiu-se com a inserção do grampo, sobre a superfície cranial da cartilagem troclear, confeccionado a partir do fio de Kirshner de 1,0mm, moldados de acordo com a superfície da cartilagem femoropatelar, determinando a estabilização da cartilagem sob seu ponto de origem.

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Figura 1 - [A] Grampo de Kirschner. [B] Esquema representativo dos pinos cruzados e do grampo de Kirschner após inserção no fêmur distal, na projeção craniocaudal. [C] Radiografia pós-operatória, destaca-se a coaptação dos fragmentos ósseos. Fonte: arquivo pessoal.

Com 30 dias de pós-operatório, o paciente apresentou indícios de consolidação óssea. Com 90 dias, o cão recebeu alta médica após consolidação e retorno à função normal do membro.

DISCUSSÃOA aplicação de pinos intramedulares garante o bloqueio de força de flexão (5). Com a utilização de pinos cruzados, observou-se instabilidade discreta da área da fratura, principalmente quando submetida a cargas axiais e de rotação. Já ao se implantar o “grampo de Kirschner”, sob o flap da cartilagem troclear, garantiu estabilidade e bloqueio das demais forças atuantes sob o foco da fratura, com a capacidade de converter forças distensivas em forças compressivas.

A região metafisária do fêmur, é caracterizada pela pouca quantidade de matriz óssea, com qual garante maior fragilidade em relação aos ligamentos, cápsula articular e ossos adjacentes (6), através da associação dos métodos propostos, observou-se a preservação do potencial de crescimento, e também dos tecidos osteoarticulares. Contudo, nenhum aspecto negativo foi observado no paciente em questão.

A técnica do grampo, demonstrou ser de fácil instalação, resultando em ótima aposição óssea em virtude da possibilidade do fio de Kirschner ser flexível e moldável.

CONCLUSÃOO uso de grampo de Kirschner demonstrou-se eficaz na estabilização e fixação do flap da cartilagem troclear, demonstrando-se ser um novo modelo de neutralização de forças distensivas sob linhas de fraturas.

REFERÊNCIAS1) Piermattei, D., FLO, G., Decamp, C. Fraturas do fêmur e da Patela. Ortopedia e Tratamento de Fraturas de Pequenos Animais. 4ª Ed. São Paulo. cap. 17, p.580-636, 2009.2) McLaughlin R.M. Surgical diseases of the feline stifle joint. Vet. Clin. Small Anim. 32:963-982, 2002.3) Harasen G. Fractures involving the distal extremity of the femur. 1. The immature patient. Can. Vet. J. 42:949-950, 2001. 4) Bojrab, M. Joseph. Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Roca, 1996. 896p.5) Dallabrida, A. L.; Schossler, J. E.; De Aguiar, E. S. V.; Amendola, G. F.; Da Silva, J. H. S.; Soares, J. M. D. Análise biomacânica ex-vivo de dois métodos de osteossíntese de fratura diafisária transversal em fêmur de cães. Ciência Rural, v. 35, n. 1, p. 116-120, 2005.6) Kowaleski, M. P. & Barcelona, S. Management of the growth plate and juvenile long bones. Proceedings of the Southern European Veterinary Conference & Congreso Nacional. Barcelona, 2013.

Osteossíntese supracondiliana femoral com emprego de pinos cruzados, combinados com grampos de Kirschner - Relato de Caso

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Otoscopia Videoassistida na Rotina de Pequenos Animais – Relato de CasoHelena do Amaral de Lima* - Médica Veterinária Autônoma Letícia Araujo Fernandes - Médica Veterinária Autônoma Rogério Luizari Guedes - MSc, MV; Docente de Medicina Veterinária (Universidade Tuiuti do Paraná); Doutorando (Uni-versidade Federal do Paraná)*Autor para correspondência: [email protected]

RESUMOAs afecções otológicas na rotina clínica de pequenos animais são muito frequentes. A otoscopia videoassistida ou vídeo-otoscopia permite a visualização das estruturas do conduto auditivo, principalmente da porção profunda do canal horizontal e da membrana timpânica. Este trabalho relata um caso de otite crônica recidivante em um cão, submetido à otoscopia convencional associada a video-otoscopia. Foi realizada coleta de material para cultura e antibiograma, que constatou crescimento bacteriano de Proteus mirabilis e sensibilidade ao norfloxacino, seguido de lavagem do conduto auditivo esquerdo com solução fisiológica aquecida, drenando o conteúdo. Ao final do exame foi identificada a membrana timpânica rompida, edemaciada e em processo de retração cicatricial. A vídeo-otoscopia tem grande importância diagnostica e auxilia na terapêutica sendo um método seguro e que maximiza o exame otoscópico convencional.

Palavras-chave: vídeo-otoscopia; otite; cão.

INTRODUÇÃOO diagnóstico das otopatias compreende o exame físico geral, dermatológico, otoscópico e neurológico, como também o exame citológico do cerúmen, testes de cultura e antibiograma (1). Otites graves ou recidivantes e otite média são casos que exigem uma avaliação mais precisa, sendo indicada a realização de métodos diagnósticos de imagem (2). A vídeo-otoscopia é uma ferramenta eficaz no diagnóstico de afecções do conduto auditivo, uma vez que possui várias vantagens sobre a otoscopia convencional, sendo a principal delas o fornecimento de alto grau de ampliação, devido a sua óptica superior (3) e iluminação intensa fornecida pela sua fonte de luz forte, permitindo uma visualização detalhada das estruturas da orelha, principalmente da porção profunda do canal horizontal e da membrana timpânica (1,2). O presente trabalho objetiva relatar o uso da otoscopia videoassistida como método auxiliar no diagnóstico de otopatias em um cão, com histórico de otite crônica recidivante.

MATERIAL E MÉTODOSUm cão macho, da raça Cocker, com 10 anos de idade foi atendido apresentando histórico de recidiva de otite crônica, com ausência de sinais neurológicos. Ao exame físico da orelha esquerda foi observado hiperemia, edema e hiperqueratose, promovendo estenose do conduto auditivo. Em otoscopia convencional foi percebida presença de secreção purulenta e processo inflamatório que se estendia à orelha média, porém devido à edemaciação e as alterações do conduto auditivo, não foi possível atingir a região da membrana timpânica.

Complementar ao exame otoscópico foi realizado a vídeo-otoscopia sob sedação (propofol, 4mg.kg-1, IV). Com o animal em decúbito lateral direito, foi realizada coleta de material para cultura, que posteriormente constatou crescimento bacteriano de Proteus mirabilis e antibiograma indicando sensibilidade ao norfloxacino. A seguir procedeu-se a lavagem do conduto auditivo esquerdo com solução fisiológica aquecida, instilada por uma seringa de 20ml que, acoplada a uma sonda uretral 8Fr, permitia a aspiração do conteúdo. A orelha foi tracionada rostralmente para alinhamento do conduto auditivo e inserção de um endoscópio rígido (Karl Storz, Alemanha) de 5mm de diâmetro, 30cm de comprimento e 30° de angulação. Foram observados sinais de inflamação como na otoscopia convencional, porém com maior definição das alterações presentes nas cartilagens da base de orelha externa, parede interna de condutos horizontal e vertical, sendo possível avaliar os folículos pilosos e suas inserções em epiderme. Não foram evidenciados processos neoplásicos. Ao final do exame foi identificada a membrana timpânica rompida,

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edemaciada e em processo de retração cicatricial. Por fim, repetiu-se a lavagem sob visualização, aspirando secreções restantes.

O tratamento após o exame consistiu no uso da norfloxacina (15mg.kg-1, VO, BID, 21 dias) e prednisolona (0,5mg.kg-

1, VO, BID por cinco dias; 0,5mg.kg-1, SID a cada 48h por mais cinco dias). Até o momento, o paciente não apresenta sinais de piora do quadro e aguarda-se o final do tratamento para avaliação da evolução do quadro clínico.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA otoscopia videoassistida vem sendo utilizada em associação à otoscopia convencional para maximizar o potencial do exame (2) que pode não ser suficiente para identificação de alterações da orelha média e membrana timpânica em casos crônicos de otite, onde há presença de estenose da orelha externa pela inflamação crônica (2), como neste caso em que não foi possível a avaliação devido ao edema e processo inflamatório que se estendia à orelha média. Por este motivo com a otoscopia videoassistida foi possível identificar sinais inflamatórios com melhor definição das alterações presentes nos acidentes da base de orelha externa, parede interna de condutos horizontal e vertical, avaliação dos folículos pilosos e de suas inserções em epiderme, corroborando com os dados da literatura (5), que descreve que o vídeo-otoscópio proporciona uma óptica superior e alto grau de ampliação e resolução em detalhes.

A desvantagem do otoscópio convencional ocorre pelo fato da sua luz não ser forte suficiente para visualização precisa da membrana timpânica, além do campo de visualização ser dificultado pela utilização de instrumentos (2), diferente do endoscópio que possui a lente e a luz localizadas na sua extremidade evitando assim o sombreamento ou bloqueio do campo visual do operador no momento da introdução e manipulação de instrumentos de auxílio (1). O canal de trabalho do vídeo-otoscópio facilita a obtenção de amostras, possibilita maior eficácia e precisão nos procedimentos de limpeza e diminui o risco de lesões iatrogênicas nas estruturas da orelha média e interna (2,4).

Neste caso foi identificada a membrana timpânica rompida, espessada e em processo de retração cicatricial. A ruptura da membrana timpânica pode ser um achado comum em pacientes com otite crônica, sendo possível observar nestes casos a reepitelização do tecido (5).

CONCLUSÃOA otoscopia videoassistida demonstra ser um método eficaz e seguro para avaliação da orelha externa e da membrana timpânica, podendo ser considerada como procedimento auxiliar no diagnóstico, prognóstico e tratamento de otopatias em pequenos animais.

REFERÊNCIAS1) Radlinsky MG. Advances in Otoscopy. Veterinary Clinics Small Animal, 2016; 46(2016): 171-179. 2) Machadinho RFL. Estudo comparativo de ressonância magnética e tomografia computorizada associadas a vídeo-otoscopia na avaliação do ouvido. [Dissertação de Mestrado online]. Lisboa: Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa. 2011 [citado 2016 Maio 20]. Disponível em: http://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/3698. 3) Souza CP, Verocai GG, Balbi M, Scott FB. Videootoscopy as a diagnostic tool for canineotoacariasis. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 2013; 22(3): 440-442. 4) Maniscalco CL, Aquino JO, Passos RFB, Bürger CP, Moraes PC. Emprego da vídeo-otoscopia no diagnóstico de otites externas de cães. Ciência Rural Santa Maria, 2009; 39(8): 2454-2457. 5) Angus JC, Campbell KL. Uses and indications for video-otoscopy in small animal practice. Veterinary Clinics Of North America: Small Animal Practice, 2011; 31(4): 809-828.

Otoscopia Videoassistida na Rotina de Pequenos Animais – Relato de Caso

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Ovariossalpingectomia Terapêutica Videoassistida em Um Tigre-d’água-de-orelha-vermelha (Trachemys scripta elegans)Bernardo Nascimento Antunes* – Graduando da Universidade Federal de Santa Maria e Bossista CNPq/BrasilMichelli Westphal de Ataíde – Docente de Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia e Clínica Cirúrgica de Animais Sil-vestres da Universidade de Passo FundoLuis Fernando Pedrotti – Residente Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais e Colaborador do Geas da Universidade de Passo Fundo*[email protected]

RESUMOA espécie Trachemys scripta elegans é exótica, sua inserção no habitat brasileiro traz pre-ocupações pelo potencial competitivo habitacional e alimentar com a espécie nativa. O presente trabalho traz o relato do procedimento cirúrgico de ovariosalpingectomia (OS) vi-deoassistida como tratamento de distocia em um tigre-d’ água-de-orelha-vermelha. Foi encaminhado para o Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo um Tigre-d’ á-gua-de-orelha-vermelha (Trachemys scripta elegans) para doação, apresentando clinica-mente distúrbio nutricional crônico, sem evidência de maiores comprometimentos fisiológi-cos. Por se tratar de uma espécie exótica, após os exames de triagem, o animal foi enca-minhado para realização da ovariosalpingectomia (OS) videoassistida através de acesso pré femoral, para posterior destinação. Durante o procedimento constatou-se a presença de um ovo rompido no interior da cavidade celomática. Segundo os autores, tal quadro distócico possivelmente foi o causador do óbito da paciente. O procedimento mostrou-se eficiente e menos traumático em relação á outras alternativas terapêuticas.

Palavras chave: videocirurgia, animais selvagens, quelônios, distocia

INTRODUÇÃOA comercialização indiscriminada da espécie Trachemys scripta elegans oriunda dos Es-tados Unidos, traz problemas para as espécies nativas (1), uma vez que, a introdução das exóticas é a segunda principal causa de perda de biodiversidade, sendo a hibridização com as espécies nativas uma das principais causas de impacto negativo (2). O trabalho tem como objetivo relatar a técnica videoassistida de ovariosalpingectomia em um tigre-d’ água-de-orelha-vermelha por acesso pré femoral, uma vez que a mesma é citada como minimamente invasiva, segura e de rápida recuperação (1).

MATERIAL E MÉTODOSFoi encaminhado para o Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo um Tigre-d’ água-de-orelha-vermelha (Trachemys scripta elegans) para doação, apresentando clini-camente distúrbio nutricional crônico, sem evidência de maiores comprometimentos fisio-lógicos. Após, a internação do animal, foi optado pela realização da ovariosalpingectomia vídeoassistida por acesso pré femoral. Para o procedimento cirúrgico foram realizados e-xames de sangue para avaliação geral, os quais não apresentaram alterações, procedeu-se o preparo da paciente realizando jejum de sólidos por 24 horas e, climatização da sala cirúrgica á uma temperatura constante de 28°C. O animal recebeu MPA com morfina e in-dução anestésica com propofol (12 mg.kg-1, IV no seio supraoccipital) e a intubação oro-traqueal com cateter 14G, mantendo-se a anestesia com isoflurano vaporizado em oxigê-nio a 100% em circuito aberto, para em seguida realizar-se anestesia epidural com lido-caína 2% (0,2 ml.5cm de carapaça) no espaço intervertebral coccígeo. Para monitoração cardíaca utilizou-se Doppler Vascular Eletrônico.

Em decúbito dorsal obliquado, realizou-se a antissepsia da região pré-femoral com clore-xidine 0,5% alcoólico aquecido para em seguida, por meio de incisão de 5mm desta, ga-nhar acesso celioscópico à cavidade celomática. Á inspeção da cavidade com endoscópio de 5 mm, pôde-se visualizar inflamação tecidual e aderências de órgãos à membrana ce-lomática, além de um ovo rompido oriundo de uma ruptura do oviduto esquerdo.

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Após retirada do ovo rompido, por meio da liberação de aderências, os folículos e ovário esquerdo foram melhor localizados e tracionados com uma pinça Kelly laparoscópica de 5mm. Delicadamente os folículos foram exteriorizados possibilitando melhor identificação do ligamento suspensório e do plexo arteriovenoso ovariano , com auxílio de eletrocauté-rio bipolar, realizou-se a hemostasia e secção dos mesmos. Igualmente procedeu-se do lado contralateral e corpo dos ovidutos direito e esquerdo.

Após, a cavidade celomática foi inspecionada e, realizado lavagem com solução salina 0,9% (1l.kg-1), procedeu-se a rafia dos tecidos incididos inicialmente para o acesso celios-cópico utilizando-se fio náilon 4-0 em padrão Wolff.

RESULTADOS E DISCUSSÃOConforme indicado na literatura o propofol é utilizado para indução anestésica, podendo-se observar apnéia, o que segundo alguns autores, não oferece risco de óbito pelo fato dos répteis serem capazes de permanecer por tempo prolongado sem ventilar, realizando respiração anaeróbia (4). A temperatura do ambiente foi mantida acima de 25°C, confor-me indicado na literatura, visto que os répteis são animais ectotérmicos e não tem a capa-cidade de regulação térmica (1,5) assim sendo, a manutenção de uma temperatura eleva-da é extremamente necessária para a realização do procedimento e seu sucesso poste-rior.

O padrão Wolff de sutura utilizado para dermorrafia baseia-se no fato de que a pele dos répteis apresenta tendência à inversão após a sutura e, caso as escamas fiquem em con-tato umas com as outras, a cicatrização é retardada, sendo a utilização de padrões de su-tura de eversão a melhor maneira de se suturar a pele de répteis (5).

O procedimento compreendeu de 58 minutos, estando em concordância com trabalhos que citam para esta técnica um menor tempo cirúrgico e anestésico (1,3,5). Durante a re-cuperação anestésica a paciente evoluiu ao óbito na manhã seguinte, deduzindo-se a um processo inflamatório e infeccioso levado pela celomite avançada secundária a distocia, fato confirmado pela necropsia posterior.

CONCLUSÕESPôde-se concluir com o presente relato, que a técnica estipulada é uma alternativa para esterilização terapêutica de tigres-d’água-de-orelha-vermelha, (Trachemys scripta elegans), permitido boa inspeção celomática e uma intervenção eficiente. Porém, o tempo decorrido da afecção e problemas nutricionais podem diminuir a margem de sucesso dos procedimentos cirúrgicos em quelônios.

REFERÊNCIAS1) Ataíde MW. Ovariossalpingectomia videoassistida via acesso pré-femoral em Tigre-d’ água-de-orelha-vermelha (Trachemys scripta elegans) [Tese de Mestrado]. Porto Alegre: Faculdade de Veterinária da UFRGS; 2012.2) Figueiredo PICC. Verificação da ocorrência de hibridação entre Tartaruga-tigre-d’ água, Trachemys dorbigni (Duméril & Bibron, 1835) e Tartaruga Americana, Trachemys scripta (Thunberg & Schoepff, 1792) (Testudines, Emydidae) [Trabalho de Conclusão de Curso]. Imbé: Instituto de Biociências da UERGS em parceria com a UFRGS; 2014.3) Pessoa CA, Rodrigues MA, Kozu FO, Prazeres RF, Fecchio RS. Ooforectomia videoassistida por acesso pré-femural em Targaruga-de-ouvido-vermelho (Trachemys scripta elegans). Pesquisa Veterinária Brasileira 2008; 28(7):345-349.4) Santos ALQ, Gomes DO, Lima CAP, Nascimento LR, Menezes LT, Kaminishi APS. Anestesia de tigre d’água brasileiro Trachemys dorbigni (DUMÉRIL e BIBRON, 1835) - Testudine: Emydidae com a associação de midazolam e propofol. Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia 2011; 5(17): 1106-1111.5) Carvalho CM. Acessos cirúrgicos à cavidade celomática em quelônios [Tese de Conclusão de Curso]. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UnB; 2013.

Ovariossalpingectomia Terapêutica Videoassistida em Um Tigre-d’água-de--orelha-vermelha (Trachemys scripta elegans)

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Parâmetros Hematológicos de cães diagnosticados com microfilárias pela técnica de Woo em um Hospital Universitário Veterinário de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, BrasilKarina de Oliveira Rangel - graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF)Nathalia Carneiro Maia - graduanda em Medicina Veterinária pela UFFLarissa Lourrane Resende de Jesus - Mestranda do PPGMV da UFFTatiana Moniz Portella Lovatto - Bióloga e Técnica de Laboratório do Departamento de Patologia e Clínica Veterinária (MCV) da UFF Marcia de Souza Xavier - Doutora em MV, professora do Departamento MCV da UFF [email protected]

RESUMOAs filarioses estão distribuídas mundialmente, sendo potenciais causadores de distúrbios clínicos e laboratoriais que podem levar o animal a óbito. Sendo de grande importância epidemiológica. As amostras de sangue foram analisadas pela técnica de Woo e/ou visualizadas em esfregaço sanguíneo através de microscopia óptica. Os hemogramas foram processados no Analisador Hematológico Automatizado (Sysmex Poch 100 iV Diff) e contagem relativa e conferência dos valores foram realizadas por microscopia óptica de esfregaços corados pela técnica Diff Quick. Este estudo teve como objetivo avaliar os parâmetros hematológicos de cães com microfilarídeos atendidos em um hospital veterinário univversitário, no ano de 2016.

Palavras chave: Microfilaremia, hemoparasita, hematologia, trombocitopenia.

INTRODUÇÃOAs filarioses são relatadas mundialmente, principalmente em regiões costeiras, são causados por nematoides, estes podem infestar mamíferos domésticos de várias ordens. (1,2,3). No Brasil, estudos (4,5) identificaram, analisando de forma simuntânea, uma maior prevalência de casos de Acantocheilonema em relação a D. imittis, clinicamente são observadas lesões subcutâneas, nódulo e sistêmicas, porém a maioria dos animais parasitados não apresentam sinais clínicos aparentes ou alterações laboratoriais. O Acanthocheilonema foi correlacionado às filarioses assintomáticas de cães e gatos sendo encontrados por diversas regiões brasileiras e em possíveis associações com D. imittis (5,6,7). O objetivo do presente estudo é relacionar os parâmetros hematológicos de animais microfilarêmicos em um hospital universitário de Niterói, do estado do Rio de Janeiro, Brasil no ano de 2016.

MATERIAIS E MÉTODOSForam atendidos no Hospital Veterinário Universitário Professor Firmino Mársico Filho da Universidade Federal Fluminense 2750 pacientes caninos no período de janeiro a dezembro de 2016, com idade a partir de 2 meses. Destes foram coletadas amostras de sangue em EDTA, analisadas no mesmo dia da coleta. Utilizando o Analisador (Sysmex Poch 100 iV Diff) estabeleceu-se a análise quantitativa das amostras sanguíneas. A contagem relativa e conferência dos valores foram realizadas por microscopia óptica de esfregaços corados pela técnica Diff Quick como descrito em literatura (8). Os resultados foram confrontados com os valores de referência (9). O hematócrito foi obtido através da microcentrifugação e leitura em régua específica.

A pesquisa de microfilárias foi realizada pela Técnica de Woo, onde o sangue é centrifugação por 5 minutos, em tubos capilares com posterior observação em microscopia óptica. As microfilárias podem ser visualizadas acima da camada leuco-plaquetária. Sendo realizada avaliação do perfil hematológico dos 184 animais positivos no teste. Levou-se em consideração o hematócrito, leucometria global, quantificação absoluta e relativa de eosinófilos e plaquetometria com posterior análise qualitativa dos dados.

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RESULTADOS E DISCUSSÃODas 2750 amostras examinadas, 184 (6,69%) resultaram positivas para microfilárias circulantes. Dessas, 101 foram de machos (55,19%) e 82 fêmeas (45,05%). A trombocitopenia foi encontrada em 68 animais (36,96%), assim como observado por outros autores podendo estar relacionada à vasculite ou imunomediada secundária (10,11) A eosinofilia absoluta foi observada em 30,4% das amostras avaliadas, assim como foi observado nos resultados divulgados em literatura (10, 11, 12).

Acredita-se que este tipo de resposta se dê pela importância destas células na resposta inflamatória contra helmintos e à expressão de uma melhor resistência a nematóides (13, 15). A maioria dos animais não apresentaram anemia (60,87%). O que vai de encontro com o observado em outros estudos (10, 12, 15, 16) que notaram frequentes casos de anemia normocítica normocrômica nos animais parasitados.

CONCLUSÃOMicrofilarídeos circulante ainda são achados comuns, mesmo que a ausências destes indivíduos não seja critério eliminatório da contaminação de outros animais, o presente estudo fornece uma importante base de dados epidemiológicos fomentando mecanismos de erradicação e profilaxia dessas enfermidades.

REFERÊNCIAS 1) Canestri Trotti G; Pampiglione S; Rivasi F. The species of the genus Dirofilaria, Railliet & , Henry, 1911. Parassitologia; 1997; 39:369–374.2) Vicente JJ; Rodrigues HO; Gomes DC; Pinto RM. Nematóides do Brasil Parte V: nematóides de mamíferos. Revista Brasileira de Zoologia; 1997; 14(1):1–452. Yai LEO; Kasai N; Costa MJ. Prevalência de microfilárias em cães errantes capturados no município de São Paulo. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária; 1991; 1:74.3) Genchi C; Traldi G; Di Sacco B; Benedetti MC. Epidemiological aspects of canine heartworm disease in Italy. In: Atti del 4° Seminário Filariosi; 1988; Italia; 1988 p.53-64. 4) Machado ES. Aspectos epidemiológicos de Dirofilariose Canina e Humana, no município de Florianópolis, Brasil. Perfil de uma zoonose. [Tese de Mestrado em Saúde Pública]. Santa Catarina: Universidade Federal de Santa Catarina da UFSC; 2005.5) Lira RN; Lempekk MR; Neves CC; Souza-Junior JC; Poffo GL. Pesquisa de Dirofilaria immitis e Dipetalonema reconditum no canil municipal de Itajaí, Santa Catarina, Brasil. PUBVET; 2012; 6(17).6) Mccall JW; Genchi C; Kramer LH; Guerrero J; Venco l. Heartworm disease in animals and humans. Advances in Parasitology; 2008; 66:193–285. 7) Simón F; Siles-Lucas M; Morchón R; González-Miguel J; Mellado I; Carretón E et al. Human and animal dirofilariasis: the emergence of a zoonotic mosaic. Clinical Microbiology; 2012; 25:507–544. 8) Jain NC. Essentials of veterinary hematology. Philadelphia: Lea & Febiger; 1993.9) Meyer DJ; Harvey JW. Veterinary laboratory medicine: interpretation and diagnosis. 2nd ed. Philadelphia: W.B. Saunders Company; 1998.10) Niwetpathomwat A; Kaewthamasorn M; Tiawsirisup S; Techangamsuwan S; Suvarnvibhaja S. A retrospective study of the clinical hematology and the serum biochemistry tests made on canine dirofilariasis cases in an animal hospital population in Bangkok, Thailand. Research Veterinary Science; 2007; 82:364-369.11) Oliveira INV; Moreira HR; Fazio-Junior PI; Castro LRS; Trindade CED; Bezerra DKO et al. Perfil hematológico e bioquímico de cães infectados por Dirofilaria immitis da localidade da Ilha de Algodoal, Pará. Revista Brasileira de Medicina Veterinária; 2013; 35(2):74-80.12) Ranjbar-Bahadori SM; Mohri M; Helan JA, Jamshidi K; Kashefinejad M. Clinic-Pathologic Evaluation of the Canine Heartworm Infestation. J. Parasitol.; 2010; 5:90-98.13) Buddle BM; Jowett G; Green RS; Douch PG; Risdon PL. Association of blood eosinophilia with the expression of resistance in Romney lambs to nematodes. International Journal for Parasitology; 1992; 22(7):955-960.14) Dawkins HJS; Window RG; Eagleson, GK. Eosinophil responses in sheep select for high and low responsiveness to Trichostrongylus colubriformis. Int J Parasitol; 1989; 19(2):199-205.15) Atwell RB; Buoro IB. Clinical presentations of canine dirofilariasis with relation to their haematological and microfilarial status. Res Vet Sci; 1983; 35(3):364-6.16) Sevimli FK, Kozan E, Bülbül A, Birdane FM, Köse M, Sevimli A. Dirofilaria immitis infection in dogs: unusually located and unusual findings. Parasitolol Res; 2007; 101(6).

Parâmetros Hematológicos de cães diagnosticados com microfilárias pela técnica de Woo em um Hospital Universitário Veterinário de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, Brasil

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Peritonite infecciosa não efusiva com sintomatologia neurológica em felino - Relato de CasoBárbara Cardoso Weinstein - Pós graduanda pelo Departamento de Patologia e Clínica Veterinária da Universidade Fe-deral Fluminense, Niterói-RJ, Brasil. Fernanda Mendes Diniz Mauricio - Médica veterinária particular e pós graduada em Clínica Médica e Cirúrgica de Feli-nos – Instituto Qualittas, Rio de Janeiro-RJ, Brasil. Maria Cristina Nobre e Castro - Professora Associada da Faculdade de Veterinária, Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ, Brasil. E-mail para correspondência: [email protected]

RESUMOA peritonite infecciosa felina (PIF) é uma doença viral imunomediada, progressiva e fatal, que apresenta sinais clínicos inespecíficos. Os pacientes podem ou não apresentar efusões cavitárias. Afeta principalmente gatos jovens que vivem ou são provenientes de abrigos ou locais com superlotação populacional. Os exames laboratoriais podem apresentar-se normais em alguns casos e o padrão-ouro para o diagnóstico é a histopatologia. O tratamento objetiva retardar a progressão da doença, porém não é curativo. O caso relatado é de um felino de sete meses, portador de PIF não efusiva com alterações neurológicas. O diagnóstico foi realizado por histopatologia de múltiplos órgãos após necropsia.

Palavras-chave: coronavírus entérico; doença viral; gato.

INTRODUÇÃOA peritonite infecciosa felina (PIF) é uma doença sistêmica infectocontagiosa e imunomediada que acomete gatos domésticos, sendo progressiva e fatal (1). O coronavírus entérico (CoEFe) causa infecção entérica e após mutação pode causar PIF (2). O CoEFe é eliminado nas fezes e transmitido via fecal-oral entre os felídeos (3). A etiologia da PIF ainda não está completamente elucidada (4).

Clinicamente observam-se dois tipos de PIF: forma efusiva e não efusiva (4). O quadro clínico é muito variado, refletindo a variabilidade das lesões piogranulomatosas e vasculares em diversos órgãos (1). Os casos de PIF não efusiva podem apresentar evolução clínica lenta, com alterações em diversos órgãos, sendo que as alterações neurológicas estão presentes na minoria dos casos (4).

O objetivo do presente trabalho é relatar o caso de um felino com sintomatologia neurológica, diagnosticado com PIF não efusiva, bem como demonstrar sua importância na população de gatos domésticos.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido em uma clinica particular do Rio de Janeiro, um felino, macho, sem raça definida, com sete meses de idade. O felino foi adotado após resgate da rua há trinta dias. Durante o exame observaram-se emagrecimento, ataxia, dificuldade de defecação e hiporexia. Ao exame clínico o animal apresentava-se discretamente desidratado, normotérmico, escore de condição corporal 2/5, presença de secreção nasal purulenta, ausculta cardio-pulmonar e palpação abdominal sem alterações. O hemograma revelou apenas aumento de proteína plasmática totais: 9,4g/dL (6,0 a 8,0g/dL). Sorologia para Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV) e Vírus da Leucemia Felina (FeLV) foram negativas. Com a suspeita de trauma, foi solicitada radiografia da coluna, que não revelou alterações, porém, foi verificado distensão de alças intestinais por conteúdo radiopaco, sugerindo fecaloma. Animal retornou à clínica no mesmo dia para procedimento de enema. Também foi prescrito a dexametasona (0,2mg/kg IM). Não houve melhora clínica, e o paciente apresentou-se com anorexia. O hemograma revelou leucocitose neutrofílica, presença de neutrófilos tóxicos e hiperproteinemia (9,4g/dL). Bioquímica sérica com aumento de ALT (95,0UI/L), hiperglobulinemia com relação

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albumina:globulina (A:G: 0,44). Também foi solicitado Ensaio imunoenzimático indireto (ELISA), que foi reagente para anticorpos anti-FCoV (coronavírus felino) com título de 1:270. Foi prescrito prednisolona 3mg/kg a cada 24 horas, e alimentação forçada. Animal veio a óbito e foi submetido a necrópsia/histopatologia, que demonstrou perivasculite mononuclear em diversos órgãos (fígado, rins, coração, cérebro), meningite e nefrite granulomatosa, com laudo conclusivo de Peritonite Infecciosa Felina.

RESULTADOS E DISCUSSÃODevido ao caráter infecto contagioso do coronavírus felino, sugere-se que o animal descrito no relato tenha adquirido a infecção inicial da mãe.

O animal atendido, por ser filhote, estava na faixa etária mais acometida (4, 5), apresentando sintomatologia inespecífica (2). Alterações neurológicas podem ocorrer na PIF não efusiva (4, 5). Perda de propriocepção e ataxia de membros posteriores, como foi o caso, podem estar presentes em lesões na periferia do nervo ou coluna espinhal causada por lesões piogranulomatosas (2).

A avaliação do título de anticorpos deve ser feita com bastante critério e seu uso é controverso (5). Na sorologia uma alta porcentagem de gatos sadios apresenta anticorpos contra CoEFe, porém, somente a presença dos anticorpos não indica PIF (3). Na forma não-efusiva da doença, os felinos apresentam aumento das proteínas séricas, principalmente causada por hiperglobulinemia, como no caso relatado. O estímulo imune crônico da doença leva ao aumento de globulinas (2). A relação A:G é bastante significativa para o diagnóstico de PIF (4, 5), porém, deve ser associada com sinais clínicos (5). O diagnóstico de PIF é provável quando a relação A:G é menor que 0,8 (2), sendo no caso descrito, a relação A:G do soro de 0,4.

Para tratamento tentou-se o uso de glicocorticóide (3, 5), vitaminas do complexo B (4) e alimentação hipercalórica como suporte (2), sem sucesso. As alterações histopatológicas, consideradas padrão ouro para o diagnóstico (2), foram conclusivas para o diagnóstico.

CONCLUSÕESA PIF é uma afecção grave e fatal, sendo um desafio para o clínico de felinos. É importante conhecer suas manifestações clínicas para seu diagnóstico e manejo clínico adequado, visando aumentar a qualidade de vida do paciente.

REFERÊNCIAS1) Addie D, Belák S, Boucraut-Baralon C, Egberink H, Frymus, Gruffydd-Jones T et al. Feline Infectious Peritonitis ABCD Guidelines on Prevention and Management. Journal of Feline Medicine and Surgery; 2009; 11; 594-604.2) Sherding, RG. Peritonite Infecciosa Felina (Coronavírus Felino). In: Bichard, SJ; Sherding, RG. Manual Saunders Clínica de Pequenos Animais. 3th ed. São Paulo: Roca, 2008, p.135-146.3) Hartmann, K. Diagnóstico e Tratamento da Peritonite Infecciosa Felina. In: August, JR. Medicina Interna de Felinos, 6th ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011, p.63-77.4) Addie, DD. Feline Coronavirus Infection. In: GREENE, CE. Infectious Diseases of the Dog and Cat, 4th ed. Athens, Georgia: WB Saunders, 2012, p.92-108.5) Pedersen, NC. An update on feline infectious peritonitis: Diagnostics and therapeutics. The Veterinary Journal; 2014; 201; 133-141.

Peritonite infecciosa não efusiva com sintomatologia neurológica em felino - Relato de Caso

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Persistência do Arco Aórtico Direito em um Cão - Relato de CasoRenata Schons de Azevedo¹;Daniel Sia²;Maria Luiza Moreira³;¹ Aluna de graduação da Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul –UFRGS, Porto Alegre, RS.²Msc em Cirurgia Veterinária.³Médica Veterinária .Contato: [email protected]

RESUMO As anomalias de anéis vasculares são malformações congênitas dos grandes vasos e seus ramos, causam constrição do esôfago e sinais de obstrução esofágica. A persistência do arco aórtico direito é a anomalia mais comum, sendo a principal causa de megaesôfago secundário em cães e gatos jovens. Este trabalho tem como objetivo relatar um quadro de persistência do arco aórtico direto (PAAD) em um canino de três meses de idade atendido no Hospital Veterinário Pet Support e a resolução do quadro através da correção cirúrgica do ligamento arterioso.

Palavras-chave: megaesôfago; regurgitação; ligamento arterioso.

INTRODUÇÃOAs anomalias dos anéis vasculares são alterações congênitas provocadas por defeitos na embriogênese dos arcos aórticos (1). Como exemplo, podemos citar a persistência do arco aórtico direito, o duplo arco aórtico, artéria subclávia esquerda ou direita aberrantes e a persistência do ducto arterioso como possíveis patologias dos anéis vasculares em cães e gatos (2). A anomalia do anel vascular mais comum em cães e gatos é a persistência do arco aórtico direito, diagnosticada em 95% dos casos (3). A presença desta má formação ocasiona a compressão extra luminal esofágica ao nível da base cardíaca (1). Esta constrição esofágica é responsável pela ocorrência de um quadro chamado de megaesôfago (4). A Regurgitação é o sinal clínico mais comum desta enfermidade, podendo apresentar má condição corporal, subdesenvolvimento e tosse, decorrente de uma possível pneumonia aspirativa (5). O diagnóstico pode ser confirmado por exame radiográfico, ecocardiograma e endoscopia, ajudando a excluir outras causas de estenose ou obstrução esofágica (6). O tratamento é cirúrgico e a correção precoce favorece o prognóstico. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de persistência do arco aórtico direito em um canino tratado cirurgicamente com auxílio de endoscopia.

MATERIAIS E MÉTODOSUm canino da raça Shihtzu, fêmea com três meses de idade e 1,45 kg, chegou no Hospital veterinário Pet Support em Porto Alegre - RS, encaminhado de outro local com exame radiográfico sugestivo de megaesôfago. No exame físico, todos os parâmetros estavam dentro da normalidade e o animal apresentava bom estado geral e bem ativo, não apresentando comprometimento cardiopulmonar. Os sinais clínicos relatados pelos tutores foram apetite voraz, não apresentava ganho de peso, algumas vezes tinha tosse e após a alimentação regurgitava o alimento. A partir da suspeita clínica de PAAD, foram solicitados exames complementares como ecocardiograma e endoscopia. Ao ser submetido a endoscopia revelou-se a diminuição da luz esofágica como possível causa da persistência do ducto. Foi encaminhado a cirurgia para uma exploração mais precisa e, se fosse possível, a realização da ligadura e ressecção do arco aórtico. O cão foi pré medicado com acepromazina, metadona e atropina, induzido com cetamina, propofol e mantido com isoflurano ao efeito. Para auxiliar na analgesia foi utilizado bloqueio no quarto espaço intercostal com bupivacaína. A abordagem para a correção da anomalia se fez por toracotomia lateral esquerda através do quarto espaço intercostal, após cuidadosa dissecção foi identificada, com auxílio de um endoscópio intraesofágico a presença do ducto aórtico. Realizou-se uma ligadura dupla com fio de seda 3-0 em cada extremidade e posterior secção da estrutura. A toracorrafia foi realizada com mononylon 3-0 em padrão sultan envolvendo as costelas, subcutâneo com vicryl 3-0 em padrão contínuo simples e a dermorrafia com nylon 3-0 em padrão simples isolado. A pressão negativa

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torácica foi então restabelecida através de aspiração com cateter e torneira de três vias.

O paciente teve alta após quatro dias, recebeu tramadol, dipirona, clavacilin, cetamina e sildenafil no pós operatório. Foi alimentado em plano elevado recebendo dieta pastosa em pequenas quantidades, várias vezes ao dia. Retornou para a reavaliação após 10 dias apresentando boa recuperação pós cirúrgica.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA imagem radiográfica encaminhada na consulta apresentava a traquéia torácica e silhueta cardíaca deslocada ventralmente e uma dilatação esofágica em toda sua extensão mostrando uma imagem compatível com megaesôfago. No resultado do ecocardiograma não foi observado fluxo sanguíneo no arco aórtico persistente, portanto não foi visualizada alteração significativa do quadro. Com a imagem da endoscopia podemos avaliar a diminuição da luz esofágica causada pela compressão do ducto aórtico. O tratamento cirúrgico teve como objetivo o alívio da constrição do esôfago e seus conseqüentes sinais clínicos, é o tratamento de eleição, visto que apenas o tratamento medicamentoso não tem bons resultados (7).

O manejo alimentar consistiu em pequenas refeições semi sólidas ou líquidas oferecidas com o animal em posição bipedal, em um ângulo de 45 a 90º em relação ao solo, mantendo-o nessa posição de 15 a 30 minutos após a alimentação com a finalidade de minimizar a regurgitação e prevenir uma pneumonia por aspiração (5,8). Após a ligadura do anel vascular que estava obstruindo o esôfago, consegue-se notar, com o auxílio do endoscópio, a evidente liberação do lúmen. A passagem do endoscópio por toda a extensão do esôfago confirma a resolução da obstrução e também a presença de flacidez esofágica prévio ao local de obstrução. A presença de regurgitações, ainda após o período cirúrgico, pode ser observado nos animais, porém, sua ocorrência tende a diminuir com a redução do megaesôfago (9).

Para o diagnóstico, o histórico foi essencial, pois a sintomatologia observada nos casos de PAAD são muito sugestivas e colaboram para a identificação do problema e sua resolução. O reconhecimento precoce da anomalia juntamente com a abordagem correta da técnica foram fundamentais para o prognóstico positivo do paciente.

CONCLUSÃOA correção cirúrgica precoce do ducto aórtico direito por toracotomia e com auxilio da endoscopia é uma técnica segura e eficaz na correção da estenose esofágica e redução gradual do megaesôfago.

REFERÊNCIAS1) Ricardo C; Augusto A; Canavese S. Double aortic arch in a dog (Canis familiaris): a case report. Anatomia histologia embryologia journal of veterinary medicine 2001; 30(6): 379-381.2) Helphrey M. Anomalias vasculares anelares. In: Bojrab MJ. Mecanismos da Moléstia na Cirurgia dos Pequenos Animais. 2º ed. São Paulo: Manole, 1996.3) Ettinger SJ. Tratado de Medicina Interna Veterinária. Manole; 1997. 4) Jones TC, Hunt RD, King NW. Patologia Veterinária. 6º ed. São Paulo: Manole; 2000.5) Nelson RW, Couto CG. Medicina interna de pequenos animais. 5ªed. Rio de Janeiro: Elsevier; 20156) Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2014.7) Krebs IA., Lindsley S, Shaver S, Macphail C.Short- and long-term outcome of dogs following surgical correction of a persistent right aortic arch. Journal of the American Animal Hospital Association 2014; 50 ( 3): 181- 186. 8) Tams TR. Diseases of the esophagus. In: Tams TR. Handbook of Small Animal Gastroenterology. 2nd ed. United States of America: Elsevier Saunder; 2003.p 118 - 158.9) Muldoon MM, Birchard SJ, Ellison GW. Long-term results of surgical correction of persistent right aortic arch in dogs: 25 cases (1980-1995). Journal of the American Animal Hospital Association 1997; 10 (2): 1761-1763.

Persistência do Arco Aórtico Direito em um Cão - Relato de Caso

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Pilorectomia/Gastroduodenostomia e Colecistoduodenostomia em FelinoRammy Vargas Campos1*

Matheus Macagnan2

João Pedro Scussel Feranti3

1Discente do curso de Medicina Veterinária, UFSM-RS. *[email protected]ós-graduando em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais - UFSM3Doutorando em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais - UFSM

RESUMONa Medicina Veterinária a cirurgia gástrica é frequentemente realizada em pequenos animais, já o desvio do fluxo biliar é indicado caso este tenha sido severamente traumatizado e a vesícula biliar não esteja diretamente envolvida. Este trabalho descreve um caso da realização de pilorectomia/gastroduodenostomia e colecistoduodenostomia em um felino macho, SRD, de cinco anos de idade, que apresentava vômito crônico e suspeita de sarcoma intestinal indiferenciado. Após ressecção cirúrgica da massa que envolvia a porção piloroduodenal, essa foi enviada para avaliação histopatológica, tendo como resultado o diagnóstico de Fibroplasia Esclerosante Eosinofílica Gastrointestinal Felina (FGESF), condição descrita apenas recentemente na literatura médica veterinária e que se caracteriza pelo desenvolvimento de uma lesão nodular e não neoplásica no intestino de gatos. Contudo, a abordagem cirúrgica tornou-se necessária para manutenção e melhora na qualidade de vida do felino.

Palavras-chave: neoplasia; vesícula biliar; ducto biliar; fibroplasia

INTRODUÇÃOA pilorectomia e gastroduodenostomia (Billroth I) são indicadas em casos de neoplasia, ulceração de mucosa local ou obstrução de escoamento por hipertrofia pilórica. Em casos de neoplasias, leva-se em consideração a margem de segurança na ressecção dos tecidos abordados e posterior estudo histológico, bem como, o acometimento do ducto biliar comum, pois se este tiver sido acometido, exigir-se-á realização de uma colecistoduodenostomia ou colecistojejunostomia (1).

Para o restabelecimento do fluxo biliar, é preconizado a realização de um desvio no sistema biliar, como a coledocoenterostomia ou colecistoenterostomia (2). A colecistoenterostomia pode ser executada pela técnica de colecistoduodenostomia (anastomose entre a vesícula biliar e o duodeno) mais recomendada para o direcionamento biliar ou pela colecistojejunostomia (anastomose entre a vesícula biliar e o jejuno), a qual diminui a chance de refluxo enterobiliar, entretanto, possibilita um aumento no risco de úlceras duodenais, justificado pelo aumento da secreção de ácido gástrico e a diminuição da neutralização da acidez no duodeno (3).

O presente trabalho teve como objetivo, descrever a técnica de pilorectomia, gastroduodenostomia e colecistoduodenostomia em um felino com Fibroplasia Esclerosante Eosinofílica Gastrointestinal.

MATERIAL E MÉTODOSUm felino macho, SRD, com cinco anos de idade foi encaminhado ao Hospital Veterinário Universitário - UFSM, para realização de endoscopia, devido estar apresentando vômito crônico e por ter sido visualizado acentuado espessamento parietal em piloro, além da presença de massas associadas no exame ultrassonográfico. A biópsia realizada na porção piloroduodenal no procedimento endoscópico, teve como resultado, no exame histológico, sugestivo de sarcoma indiferenciado, no entanto, para confirmação foi recomendada biópsia incisional.

Desse modo, o paciente foi encaminhado para realização do procedimento cirúrgico. Realizando-se uma pilorectomia, enterectomia parcial (duodeno proximal) e gastroduodenostomia. Ainda, se fez necessária à realização de uma colecistoduodenostomia e uma pancreatectomia parcial, devido às estruturas envolvidas. A anastomose gástrica foi executada com poliglactina 3-0 em padrão de sutura isolado simples, já a colecistoduodenostomia foi feita

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com polidioxonona 4-0 em padrão de sutura contínuo simples. Após o procedimento a porção resseccionada foi encaminhada para avaliação histopatológica.

O animal permaneceu internado, sendo prescrito Metronidazol (15mg/kg/BID) por cinco dias, Cefalotina (25mg/kg/TID) por sete dias, Dipirona (25mg/kg/BID) por três dias, Metadona (0,3mg/kg/QID) por quatro dias e Ranitidina (2mg/kg/BID) por cinco dias, além disso, foi estabelecido um jejum de 24 horas, iniciando com alimentação pastosa-líquida nas porções de 10 ml de água e 10ml de ração a/d. Tratamento estabelecido conforme apresentação diária do animal.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA avaliação histopatológica, realizada na porção seccionada piloroduodenal, teve como resultado diagnóstico Fibroplasia Esclerosante Eosinofílica Gastrointestinal Felina (FGESF). A FGESF é uma condição recentemente reconhecida que tipicamente estimula vômitos e perda de peso (4).

As lesões podem ser confundidas com linfoma, granuloma ou adenocarcinoma, enquanto histologicamente as lesões foram confundidas com neoplasia de mastócitos esclerosantes, fibros-sarcoma ou osteossarcoma extra-esquelético (4). Passível de entendimento o resultado sugestível de sarcoma indiferencial na biópsia realizada através da endoscopia, a diferenciação definitiva entre o FGESF e a neoplasia intestinal requer aparência histológica característica, além da histopatologia do FGESF, o que permite o diagnóstico seguro (5).

A partir do diagnóstico iniciou o tratamento descrito em alguns trabalhos em casos de FGESF com o uso da corticoterapia, fazendo o uso de Prednisolona (0,25mg/kg/SID). O tratamento com corticosteróides prolonga significativamente a sobrevida quando comparado ao tratamento com antibióticos (4). Evidências atuais sugerem que esta doença poderia ser tratada com sucesso com terapia imunossupressora e / ou excisão cirúrgica(5). Entretanto, o animal apresentou uma sobrevida de dois meses, sendo que nesse período demonstrou-se com dificuldades nutricionais, quadros recorrentes de vômito e pancreatite.

CONCLUSÃOA abordagem cirúrgica utilizando as técnicas de pilorectomia/gastroduodenostomia e colecistoduodenostomia foi fundamental para manutenção e melhora da qualidade de vida do paciente.

REFERÊNCIAS1) Fossum TW. Cirurgia do Estômago. Cirurgia de Pequenos Animais. 4aed. Trad. Ângela Manetti et al. Rio de Janeiro: Elsevier; 2014.2) Lehner C, McAnulty J. Management of extrahepatic biliary obstruction: a role for temporary percutaneous biliary drainage. Compendium Continung Education for Veterinarians; 2010; Sep: E1-E10. 3) Mehler SJ, Bennett RA. Canine extrahepatic biliary tract disease and surgery. Compendium Continung Education for Veterinarians; 2006; Apr: 302- 314.4) Craig LE, Hardam EE, Hertzke DM, Flatland B, Rohrbach BW, Moore RR. Feline gastrointestinal eosinophilic sclerosing fibroplasia. Veterinary Pathology; 2009; Jan: 63–70.5) Munday JS, Martinez AW, Soo M. A case of feline gastrointestinal eosinophilic sclerosing fibroplasia mimicking metastatic neoplasia. New Zealand Veterinary Journa; 2014; Sep: 356-360.

Pilorectomia/Gastroduodenostomia e Colecistoduodenostomia em Felino

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Piogranuloma Estéril em canino – Relato de CasoMartina Mentges – Estudante de Medicina Veterinária – Universidade de Passo Fundo. Luis Fernando Ben – Estudante de Medicina Veterinária – UPF.Bianca Medeiros – Médica Veterinária Especialista – [email protected]

RESUMOO piogranuloma estéril consiste de uma enfermidade de patogenia desconhecida. É incomum em cães e rara em gatos, cursando com lesões múltiplas na forma de pápulas e nódulos firmes não pruriginosos e indolores, podendo apresentarem-se alopécicos ou ulcerados. Relata-se um caso da enfermidade piogranulomatosa estéril em um cão, detalhando os exames complementares realizados e terapia empregada. Um canino, fêmea castrada, sem raça definida, pelagem bege, 2 anos de idade e pesando 17 kg de massa corporal, foi atendida apresentando lesões cutâneas há cerca de seis meses e responsiva ao tratamento com corticosteroides, no entanto havia recidiva das lesões na interrupção do mesmo. Foram constatadas lesões indolores, eritematosas, alopecicas, ulceradas, sem presença de pus, predominantes na região da face. O diagnóstico foi estabelecido após dermatohistopatologia e exclusão de agentes infecciosos como causa da doença. Instituiu-se a terapia com prednisona associado à azatioprina com redução gradativa da corticoterapia. Tentou- se remover a azatioprina, porém as lesões tiveram remissão, permanecendo seu uso, apenas com monitoramento bioquímico.

Palavras chave: idiopático, cão, azatioprina.

INTRODUÇÃO O piogranuloma estéril consiste de uma enfermidade de patogenia desconhecida (1,2), acredita-se que possua algum caráter autoimune por responder positivamente ao tratamento com corticosteroides na dose imunossupressora. Não tendo predileção por sexo, idade ou raça. É uma doença incomum em cães e rara em gatos, cursando com lesões múltiplas na forma de pápulas e nódulos firmes não pruriginosos e indolores, podendo apresentarem-se alopécicos ou ulcerados (1,2). As lesões podem ocorrer em qualquer local, todavia predominam-se na cabeça, orelhas e membros. O diagnóstico baseia- se pela dermatohistopatologia (1). O tratamento consiste em corticoterapia (3). O objetivo desse estudo consiste no relato de caso de um canino com lesões cutâneas ulcerativas crônicas condizentes com Piogranuloma Estéril, assim como a terapia empregada e sua evolução clínica.

MATERIAIS E MÉTODOSUm canino, fêmea castrada, sem raça definida (SRD), pelagem bege, 2 anos de idade aproximadamente e pesando 17 kg de massa corporal, foi atendida apresentando lesões cutâneas há cerca de seis meses e responsiva ao tratamento com corticosteroides, no entanto havia recidiva das lesões. Ao exame físico, foram constatadas lesões indolores, eritematosas, alopecicas, ulceradas, sem presença de pus, predominantes na região da face. Foi solicitado hemograma completo e perfil bioquímico sérico (ALT, FA, Creatinina, Albumina) para investigar possível enfermidades sistêmicas, exame parasitológico e micológico de pele, ambos negativos. Realizou-se coleta de material para biópsia, na região perioral superior direito e periocular direito, que apresentavam feridas crônicas, sugerindo o diagnóstico de síndrome do granuloma e piogranuloma estéril.

RESULTADOS Dessa forma, instituiu-se a terapia com Azatioprina (2,0 mg/kg SID VO), Omeprazol (1,0 mg/kg SID VO), Prednisona (1,0 mg/kg BID VO). Após 30 dias do início do tratamento o animal retornou prostrado e apresentando hiporexia, porém as lesões de pele apresentaram em regressão significativa. Optou-se pela realização de hemograma completo, ultrassonografia abdominal e bioquímica sérica, apresentando anemia discreta, trombocitopenia, leucopenia, ALT e FA elevadas, e ultrassonografia sugerindo hepatopatia esteroide, optando por introduzir no tratamento

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suplementação vitamínica com aminoácidos essenciais (Hepvet® 1 cp VO SID), ácido ursodesoxicólico (5 mg/kg

VO SID) e reduzindo a dose de Prednisona para 0,5 mg/kg SID VO. Por conseguinte, promoveu-se a retirada da corticoterapia gradativamente, permanecendo somente a azatioprina como imunomodulador, o paciente retornou para consulta e realização de exames para avaliar as enzimas hepáticas que mantiveram-se dentro dos valores considerados de referência para a espécie e mantem-se saudável com raras lesões esporádicas.

DISCUSSÃOA resposta ao tratamento com o uso de prednisona na dose imunossupressora foi excelente, tendo remissão total das lesões em curto prazo, concordando com MAZZEI, et al. (1).

Neste relato o animal respondeu positivamente ao tratamento instituído. Tendo resultados satisfatórios, com a remissão das lesões cutâneas e mantendo-se estável. Houve a presença de efeitos colaterais, como hepatopatia esteroide, que é esperado quando instituída a terapia com corticosteroides. KAWARI, et al. (3) obtiveram sucesso no tratamento quando associado a terapia medicamentosa com azatioprina. SANTORO, et al. (4) citam que em casos onde não poderá ser promovida a terapia com corticosteroides, existe eficácia no uso de Ciprofloxacino.

CONCLUSÃO O piogranuloma estéril é uma doença incomum, dificultando o diagnóstico, assim, exames complementares são fundamentais. O paciente apresentou boa resposta à terapia imunossupressora e imunomoduladora, mantendo-se estável.

REFERÊNCIAS1) MAZZEI, C.R.N; FERNANDES, M.E; MICHALANY, N.S. Granuloma Estéril Idiopático em cão- Relato de Caso. Anais do 6º Congresso Paulista de Clínicos Vet. de Pequenos Animais (Anclivepa- SP), 2006.2) MEDLEAU, L; HNILICA, K, A; Dermatologia de Pequenos Animais (Atlas colorido e guia terapêutico). 2 ed. São Paulo: Roca 2009. 3) KAWARI, S; MATSURA, S; YAMAMOTO, S; KIUCHI, A; KANEMAKI, N; MADARAME, H; SHIROTA, K. A Case of Cutaneous Sterile Pyogranuloma/Granuloma Syndrome in a Maltese. vol. 50, July 2004, 278-283 p.4) SANTORO, D; SPATERNA, A; CIARAMELLA, P. Cutaneous sterile pyogranuloma/granuloma syndrome in a dog. Can Vet J. vol 49, Dec. 2008.

Piogranuloma Estéril em canino – Relato de Caso

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Plasmocitoma extramedular disseminado em cão - Relato de CasoBruna Scalzilli Luzes - Pós graduanda pelo Departamento de Patologia e Clínica Veterinária da Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ, Brasil. Julielton de Souza Barata - Pós graduando pelo Programa de Cirurgia Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP- Câmpus Jaboticabal-SP, Brasil. Andrigo Barboza De Nardi - Professor Assistente Doutor do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP- Câmpus Jaboticabal-SP, Brasil. Prof. Dr. E-mail para correspondência: [email protected]

RESUMOO plasmocitoma extramedular é uma neoplasia originária dos plasmócitos, podendo ocorrer em qualquer tecido mole. Objetiva-se com este trabalho relatar um caso de plasmocitoma extramedular disseminado em um cão. O paciente, canino, sem raça definida, de oito anos de idade, apresentava nódulos em testículo, região periocular esquerda e língua. Realizou-se radiografia torácica e ultrassonografia abdominal, ambas sem evidências de metástases; citologia aspirativa do nódulo em região ocular, sugestiva para plasmocitoma, e hematológico completo, no qual o hemograma revelou intensa hemoparasitose contraindicando o procedimento cirúrgico, sendo o paciente tratado e estabilizado para tal. No dia da cirurgia, observou-se nódulo em membro pélvico direito. Optou-se por realizar biópsia de todos os nódulos. A avaliação histopatológica sugeriu neoplasia de células redondas, confirmando plasmocitoma a partir da imunohistoquímica. Ultrassonografia abdominal posterior revelou nódulos em fígado, baço e ambos os rins. Realizou-se quimioterapia adjuvante com melfalano em dose pulsátil de 0,7mg/m²/SID/5 dias, com remissão completa dos nódulos em rins e baço, e remissão parcial dos nódulos em fígado. O paciente evolui a óbito, sendo confirmada a neoplasia em fígado e baço, concluindo-se que se tratava de uma forma rara de apresentação.

Palavras-chave: plasmócitos; neoplasia; canino

INTRODUÇÃOO plasmocitoma é um tumor de células redondas do sistema hematopoiético. Na medula óssea é chamado mieloma, sendo sua forma mais comum. (1) Entretanto, pode ocorrer em qualquer tecido mole, principalmente na pele, cavidade oral e trato digestivo (1-3). Quando não há envolvimento da medula óssea, denomina-se plasmocitoma extramedular ou extraósseo, sendo considerada uma neoplasia benigna (1), porém sua etiologia ainda não está bem elucidada. O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de plasmocitoma extramedular disseminado em um cão.

MATERIAL E MÉTODOSUm canino, sem raça definida, de oito anos de idade, foi atendido no Setor de Oncologia Veterinária do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel” (Unesp, Jaboticabal-SP), apresentando nódulos em testículo; porção mediodorsal da língua, de aspecto circunscrito, hiperêmico, não ulcerado, de aproximadamente 0,4 cm em seu maior eixo, e pálpebra inferior em canto medial do olho esquerdo. Seguiu-se com o estadiamento clínico da doença, a partir do exame físico, citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) da massa em região ocular, exames laboratoriais (hemograma e bioquímica sérica) e exames de imagem (radiografia de tórax e ultrassonografia abdominal). Nos exames de imagem não foram evidenciadas metástases, entretanto, o hemograma revelou alta carga parasitária de Hepatozoon spp., contraindicando o procedimento cirúrgico. A análise citológica foi sugestiva de neoplasia de células redondas (plasmocitoma). Procedeu-se ao tratamento clínico do paciente para a hemoparasitose, e este foi estabilizado para a cirurgia. Durante o preparo do paciente para o procedimento cirúrgico, observou-se um nódulo em membro pélvico direito do paciente. Optou-se pela exérese do nódulo da pálpebra, realizando-se uma H-plastia, associada à orquiectomia com ablação da bolsa escrotal, biópsia excisional do nódulo em língua e biópsia incisional do nódulo em membro. Todo material excisado foi encaminhado para avaliação histopatológica.

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RESULTADOSO exame histopatológico de todas as regiões foi diagnóstico para plasmocitoma. Dessa forma, foi solicitada a avaliação imunohistoquímica, a qual confirmou o diagnóstico a partir da expressão de CD79a e MUM1, sendo o paciente encaminhado para tratamento quimioterápico adjuvante. Realizou-se novo estadiamento clínico a partir de exames de imagem, em que a ultrassonografia abdominal revelou nódulos em fígado, rins direito e esquerdo, e baço, além de linfonodos mesentéricos reativos. Já a radiografia de tórax não apresentou evidências de metástases. Institui-se terapia quimioterápica com melfalano na dose pulsátil de 0,7 mg/m² SID, durante 5 dias, sendo um ciclo a cada 21 dias. Após o segundo ciclo de quimioterapia, a partir de nova ultrassonografia abdominal, verificou-se que houve regressão total dos nódulos em rins e baço, e regressão parcial dos nódulos em fígado. O paciente evolui ao óbito. Realizou-se exame post-mortem com avaliação histopatológica de baço e fígado, confirmando que se tratava do plasmocitoma nestes órgãos.

DISCUSSÃOO plasmocitoma extramedular é uma neoplasia incomum no cão e rara no gato, sendo cães adultos a idosos, com aproximadamente 10 anos de idade, a faixa etária mais acometida, não havendo predisposição racial (1-3), conforme observado neste caso. Em cães, encontra-se com mais frequência na pele, cavidade oral e aparelho digestivo, raramente descrito em outros sítios (1,3). Entretanto, neste caso, além do paciente apresentar plasmocitomas múltiplos, a neoplasia ocorreu em órgãos parenquimatosos tais como fígado e baço, constituindo uma forma rara de apresentação.

A imunohistoquímica tem como objetivo reconhecer antígenos, e dessa forma identificar e classificar células específicas (5). Neste estudo, a realização da análise imunohistoquímica com expressão para MUM1 e CD79a e a observação da não expressão para CD1 e Lisozima, foi fundamental para diagnóstico definitivo e elucidação do caso, visto que os marcadores CD79a e MUM1 são utilizados para diagnóstico de plasmocitoma, e marcadores CD1 e Lisozima para diagnóstico diferencial de histiocitose maligna (5).

O tratamento consiste na remoção cirúrgica das lesões associada à quimioterapia e/ou radioterapia (1). Semelhante ao que foi realizado no presente caso, no qual se optou pela quimioterapia adjuvante, obtendo-se resposta satisfatória. O comportamento biológico dos plasmocitomas cutâneos é comumente benigno, sendo curáveis com excisão cirúrgica (1,3,4), porém, já foram descritos raros casos nos quais houve a progressão da doença com múltiplos plasmocitomas cutâneos compatíveis com o subtipo histológico anaplásico, em cães com doença mais agressiva (4). Neste caso, podemos afirmar que se tratava de um plasmocitoma de caráter agressivo, incomum em cães, sendo o óbito do paciente atribuído à progressão da doença.

CONCLUSÕESO plasmocitoma extramedular apresentou-se de maneira disseminada, acometendo diversos sistemas orgânicos do paciente, caracterizando uma forma incomum de apresentação, não descrita em cães, e conferindo pior prognóstico ao paciente.

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Plasmocitoma extramedular disseminado em cão - Relato de Caso

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Pneumotórax Espontâneo em um Canino - Relato de CasoRenata Schons de Azevedo¹;Rafael Kretzer Carneiro²;Marcio Poletto Ferreira³.¹ Aluna de graduação da Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS.² Médico Veterinário, Residente do Hospital de Clínicas Veterinária – UFRGS³Médico Veterinário e Professor Doutor Adjunto de Diagnóstico por Imagem – UFRGS. Contato: [email protected]

RESUMOO pneumotórax é o acúmulo de ar no espaço pleural, é classificado como: espontâneo, traumático ou iatrogênico. A forma espontânea é menos comum e ocorre com maior freqüência em cães do que em gatos. A presença de ar na cavidade pleural quebra o selo da tensão superficial do fluido pleural e os pulmões podem entrar em colapso, sua rápida correção é fundamental para estabilização do animal. Este trabalho tem como objetivo relatar um quadro de pneumotórax espontâneo, que ocorreu em um canino de um ano de idade atendido no hospital veterinário da UFRGS e sua estabilização através de drenagem torácica em selo d’água e toracostomia.

Palavras-chave: estabilização; toracostomia; drenagem torácica.

INTRODUÇÃOO pneumotórax espontâneo é menos comum que o traumático e ocorre quando o ar entra no espaço pleural na ausência de uma causa iatrogênica ou traumática (1), sua ocorrência leva uma rápida e profunda angústia respiratória nos pacientes (2). A causa mais comum, em cães, são vesículas pulmonares ou bolhas que se rompem (3). A avaliação clínica, a radiografia torácica e a toracocentese confirmam o diagnóstico. O tratamento inicial, geralmente, envolve estabilização com oxigenoterapia, bem como drenagem torácica ou colocação de um tubo de toracostomia, removendo o máximo de ar da cavidade(4). Este trabalho tem o objetivo relatar um caso de pneumotórax espontâneo em um cão sem doença pulmonar subjacente atendido na emergência do hospital veterinário da UFRGS. O paciente teve uma boa resposta as técnicas abordadas, demonstrando assim, serem satisfatórias.

MATERIAIS E MÉTODOSUm cão sem raça definida, um ano de idade e 7 kg, chegou na emergência do Hospital Veterinário – UFRGS por apresentar dificuldade respiratória. No exame clínico foi observado abafamento de sons cardíacos e dispnéia grave. Foi estabilizado com oxigenoterapia e drenagem torácica em selo d’água sendo, em seguida, encaminhado para o exame radiográfico onde confirmou pneumotórax com ausência de lesões torácicas. Foi encaminhado a cirurgia para toracostomia de emergência, sendo pré-medicado com tramadol (4mg/kg IM), induzido com propofol (4mg\kg IV) e mantido no isoflurano ao efeito.

Realizou-se a toracostomia com um dreno torácico ativo no oitavo espaço intercostal sendo esse fixado com nylon 2.0 em padrão de sapatilha romana. O dreno permaneceu no paciente durante seis dias consecutivos para remover o ar, restabelecer a pressão negativa e promover a drenagem de líquidos na cavidade. O canino ficou internado no HCV-UFRGS por um período de dez dias recebendo tramadol (4 mg/kg, TID, SC, quatro dias), dipirona (25 mg/kg, TID, SC, quatro dias), meloxicam (0,1 mg/kg, SID, SC, três dias), ranitidina (2mg, BID, VO, oito dias), ampicilina (20mg, TID, IV, sete dias) e metronidazol (25mg, BID, VO, sete dias). Após a alta, foi solicitado retorno do paciente em sete dias para a reavaliação.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOAo chegar ao Hospital o paciente passou por uma avaliação rápida e foi conduzido a sala de emergência onde foi estabilizado com oxigenoterapia e toracocentese. Dentre as técnicas de estabilização do pneumotórax, preconizou-se a utilização da combinação de drenagem torácica em selo d’agua seguido de uma toracostomia com tubo. O selo d’água, realizado no primeiro momento do atendimento, mostrou-se efetivo, pois melhorou a condição respiratória do animal, visto que, a remoção de ar da cavidade pleural melhora significativamente a ventilação, permitindo assim, a estabilização do paciente para os procedimentos subsequentes (5). Foi encaminhado ao exame radiográfico, no qual, foi possível confimar o pneumotórax espontâneo. O exame de imagem é essencial para auxiliar no diagnóstico, pois possibilita a visualização rápida do pneumotórax e descarta possíveis lesões traumáticas (6). Com a confirmação do pneumotórax o paciente foi submetido à toracostomia, usada quando o acúmulo de ar permanece constante causando instabilidade no quadro respiratório (4). O dreno torácico foi introduzido no oitavo espaço intercostal permanecendo ativo no paciente até que se restabelecesse a pressão negativa por mais de 24 horas consecutivas, sendo isso concretizado no sexto dia. A colocação do tubo de toracostomia é indicada quando o acúmulo de ar na região pleural é demasiadamente rápido e difícil de ser controlado por drenagem torácica (7,8), permitindo que o ar seja removido intermitentemente ou continuamente conforme a necessidade (9,10).

O reconhecimento precoce dos sinais clínicos de pneumotórax juntamente com a abordagem correta das técnicas de estabilização e terapia conservadora foram fundamentais para o prognóstico positivo do paciente e se tornaram eficazes na recuperação do mesmo.

CONCLUSÃOO método de tratamento e melhora do quadro clínico do paciente, tanto pela drenagem torácica em selo d’água quanto a toracostomia mostraram-se eficientes na estabilização do animal. Ambas as técnicas são simples de serem executadas e de baixo custo, tornando-as acessíveis e com um prognóstico favorável.

REFERÊNCIAS1) Lipscomb VJ, Hardie RJ, Dubielzig RR. Spontaneous pneumothorax caused by pulmonary blebs and bullae in 12 dogs. Journal of the American Animal Hospital Association 2003; 39: 435–445.2) Nelson RW, Couto CG. Medicina interna de pequenos animais. 5ªed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015.3) Puerto DA, Brockman DJ, Lindquist C, et al. Surgical and non surgical management of and selected risk factors for spontaneous pneumothorax in dogs: 64 cases (1986–1999). Journal of the American Animal Hospital Association 2002; 220: 1670–1674.4) Tilley LP, Smith FWK. Consulta veterinária em 5 min: espécies canina e felina. 3ª ed. SãoPaulo: Manole; 2008.5) Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2014.6) Farrow CS. Veterinária Diagnóstico por imagem do cão e Gato. São Paulo: Roca Ltda; 2006.7) Holtsinger RH, Beale B, Bellah JR, et al. Spontaneous pneumothorax in the dog: a retrospective analysis of 21 cases. Journal of the American Animal Hospital Association 1993; 29: 195-210.8) Valentine A, Smeak D, Allen D, et al. Spontaneous pnuemothorax in dogs. Compendium on Continuing Education for the Practising Veterinarian 1996; 18(1): 53-62.9) Tillson D. Thoracostomy tubes. Part 1. Compendium on Continuing Education for the Practising Veterinarian 1997; 19: 1258-1266.10) Tillson D. Thoracostomy tubes. Part 2. Compendium on Continuing Education for the Practising Veterinarian 1997; 19: 1331-1337.

Pneumotórax Espontâneo em um Canino - Relato de Caso

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Pododermatite Plasmocítica Felina – Relato de CasoNayara Ribeiro de Souza Santos - Médica Veterinária Residente em Clínica Médica de Animais de Companhia, Universi-dade Federal de Lavras/MG Raquel Cavalcante dos Santos - Médica Veterinária Residente em Clínica Médica de Animais de Companhia, Universida-de Federal de Lavras/MGRuthnéa Aparecida Lázaro Muzzi - Professora Associada, Clínica Médica de Pequenos Animais, Universidade Federal de Lavras/MG [email protected]

RESUMOA pododermatite plasmocítica felina (PDF) é uma afecção de comprometimento dos coxins palmo-plantares. Por ser considerada rara, objetivou-se relatar um caso de PDF atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras. Ao exame físico, observaram-se coxins palmo-plantares edemaciados, doloridos, além de relutância ao movimento. O diagnóstico definitivo foi por exame histopatológico. A terapia de eleição foi a doxiciclina (10mg/kg/dia) por via oral, associada a pomada de fluocinolona (0,02%) a cada 12 horas, durante 90 dias. Ao retorno, o animal se locomovia normalmente, mas sem melhora clínica dos coxins. Optou-se então pela pomada de fluocinolona (0,04%) a cada 12 horas. Com 210 dias de tratamento, observou-se remissão total das lesões sendo recomendada a retirada gradual da fluocinolona. A resposta à terapia medicamentosa foi favorável, apesar do tempo prolongado de tratamento, e da possibilidade de recidiva.

Palavras-chave: dermatoses; doença imunomediada; gatos; histopatológico.

INTRODUÇÃOA pododermatite plasmocitíca felina (PDF) é uma afecção considerada rara, que acomete os coxins palmo-plantares dos felinos (1,2), sem predileção racial, sexual e de idade (2). Apesar de sua etiologia ainda ser desconhecida, acredita-se em seu caráter imunomediado pela presença de grande quantidade de infiltrado linfocíticos, hipergamaglobulinemia e por ser responsiva ao uso de corticosteróides em doses imunossupressoras (1). Essa teoria torna-se questionável por serem lesões localizadas e responderem à abordagem cirúrgica (2,3). Em alguns casos, pode ocorrer remissão espontânea das lesões, assim como exacerbação das mesmas de acordo com a época do ano (3,4), sugerindo também, uma dermatose de origem alérgica (2). O prognóstico da PDF é favorável, porém apresenta caráter recidivante e que necessita muitas vezes, de longos períodos de tratamento (1).

O presente trabalho tem como objetivo, descrever um caso de pododermatite plasmocítica felina, as características de diagnóstico, bem como o tratamento, cujo perfil é prolongado.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Hospital Veterinário da Instituição, um felino, macho, três anos de idade, sem raça definida, proveniente do gatil do departamento de zootecnia da universidade, apresentando lesões cutâneas há dois meses, localizadas em coxins de membros pélvicos. O responsável relatou que essas lesões já haviam aparecido anteriormente, com melhora utilizando pomada Hipoglós®. Ao exame físico, observou-se intensa queda de pelo, pelagem opaca, gengivite bilateral e linfonodos poplíteos reativos. Coxins palmares e plantares edemaciados, com consistência macia e doloridos à palpação, além de relutância ao se movimentar. Foi presumido o diagnóstico de pododermatite plasmocítica, e realizada biopsia dos coxins para exame histopatológico, que confirmou o quadro.

Iniciou-se tratamento com doxiciclina (10mg/kg/dia) por via oral, durante 30 dias, omeprazol (1mg/kg/dia) por via oral e pomada de fluocinolona (0,02%) a cada 12 horas em todos os coxins. Após dois meses de tratamento, o animal apresentou melhora dos coxins palmares, porém, os coxins plantares ainda apresentavam consistência flácida. A doxiciclina e a pomada foram indicadas por mais 60 dias. Com 120 dias de tratamento, o animal se locomovia normalmente, porém, sem diferença dos coxins. A partir disso, foi recomendada a pomada de fluocinolona (0,04%)

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a cada 12 horas, até novas recomendações. Após 210 dias de terapia, o animal apresentou remissão total das lesões dos coxins e foi instituído o uso da pomada, uma vez ao dia, com redução gradativa da sua frequência de aplicação.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAs lesões observadas nos coxins ao exame clínico possuem características semelhantes àquelas citadas na literatura para PDF (2). Estomatite plasmocítica, amiloidose renal e glomerulonefrite imunomediada podem estar associadas em alguns casos (3). Alterações sistêmicas como febre, letargia, anorexia, anemia e linfadenopatia também podem estar presentes (5). Neste caso, o animal apresentava gengivite bilateral e linfonodos poplíteos reativos.

O diagnóstico é realizado por meio do exame clínico, citológico e exame histopatológico confirmatório (2). No caso em questão, foi observado ao histopatológico, intenso infiltrado de plasmócitos, células Mott e grande quantidade de neutrófilos, confirmando o diagnóstico de PDF, corroborando com demais trabalhos (1,6). A presença de corpúsculos de Russel é comum nos casos de PDF (2,3,6).

O tratamento de escolha foi a doxiciclina (10mg/kg/dia) por via oral, pois possui efeito imunomodulatório, inibe neutrófilos tóxicos, suprimi o processo de fagocitose e a proliferação de linfócitos, agindo também no controle de processos infecciosos (7). O uso de doxiciclina associada ao tratamento tópico a base de corticosteróides também pode ser utilizada (1). Neste presente caso, foi utilizada pomada a base de fluocinolona inicialmente a 0,02%, e depois a 0,04%, a cada 12 horas. Após cura clínica, foi realizada a retirada gradativa da mesma. Outros tratamentos como crioterapia, utilização de vitamina E, e uso de outros antibióticos, quando há infecção bacteriana secundária, já foram descritos (2,6), assim como a excisão cirúrgica para casos de um único coxim acometido (2).

CONCLUSÃOA pododermatite plasmocítica felina é uma doença rara, com causas ainda não totalmente elucidadas. A doxiciclina associada a terapia tópica a base de corticosteróides se mostrou eficiente, apesar do tempo prolongado de tratamento, e da possibilidade de recidiva.

REFERÊNCIAS1) Larsson CE, Odaguiri J, Santana AE, Rossi CN, Severo JS, Larsson Jr CE et al. Pododermatite plasmocítica felina - relato de caso. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP 2013; 11(1): 58-58.2) Gruchouskei L, Viott AM, Santana R, Giraldes FF, Tostes RA. Pododermatite Plasmocitária Felina. Archives of Veterinary Science 2012; 17(1):32-36.3) Pereira PD, Faustino AMR. Feline plasma cell pododermatitis: a study of 8 cases. Veterinary Dermatology 2003; 14(6): 333-337.4) Drolet R, Bernard J. Plasma Cell Pododermatitis in a Cat. The Canadian Veterinary Journal 1984; 25(12): 448-449.5) Guaguere E, Hubert B, Delabre C. Feline Pododermatoses. Veterinary Dermatology 1992; 3(1): 1-12.6) Cadiergues MC, Delverdier M, Franc M. Feline plasma cell pododermatitis: a clinical case and literature review. Revue Médecine Vétérinaire 2002; 153(5): 311-313.7) Bettenay SV, Lappin MR, Mueller RS. An Immunohistochemical and Polymerase Chain Reaction Evaluation of Feline Plasmacytic Pododermatitis. Veterinaty Pathology 2007; 44(1): 80-83.

Pododermatite Plasmocítica Felina – Relato de Caso

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Potencial antifúngico do extrato aquoso de Cymbopogon citratus frente à levedura Malassezia pachydermatisRisciela Salardi Alves de Brito – Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Veterinária, Universidade Federal de Pelo-tasMárcia de Oliveira Nobre – Profa. Dra. Universidade Federal de PelotasRosema Santin – Profa. Dra. Instituto Federal Catarinense – Campus ConcórdiaMarcella Zampoli Troncarelli - Dra. Instituto Federal Catarinense – Campus ConcórdiaEduardo Negri Mueller - Prof. Dr. Instituto Federal Catarinense – Campus Concó[email protected]

RESUMO Malassezia pachydermatis é uma levedura comensal na microbiota de cães e gatos podendo se tornar patógeno oportunista. A resistência microbiana assim como a diversidade da flora brasileira, tem estimulado a busca por novos princípios ativos oriundo de plantas. Neste contexto, objetivou-se avaliar o potencial antifúngico do extrato aquoso de Cymbopogon citratus frente à levedura M. pachydermatis isolada de cães com otite externa. Para o preparo dos extratos vegetais, a amostra de C.citratus foi obtida comercialmente e preparados os extratos aquosos em infusão e em decocto. Foram obtidos 12 isolados da levedura M. pachydermatis os quais foram semeados em Ágar Sabouraud acrescidos de cloranfenicol incubados a 37ºC por 48 horas. Para os testes in vitro foi utilizada a técnica de microdiluição em caldo (CLSI M27A3) com modificações para fitofármacos e M. pachydermatis. Os extratos aquosos, infusão e decocto de Cymbopogon citratus não demonstraram ação antifúngica nas concentrações de 16,25mg a 500mg. Portanto, os extratos vegetais aquosos de Cymbopogon citratus não apresentam ação antifúngica in vitro frente à levedura Malassezia pachydermatis nas concentrações testadas.

Palavras-chave: planta; capim limão; otite externa; in vitro.

INTRODUÇÃO Malassezia pachydermatis é uma levedura da microbiota auditiva de cães e considerada um patógeno oportunista. É muito comum em casos de otite externa, impedindo e retardando o sucesso do tratamento (1).

O Cymbopogon citratus, popularmente conhecido como capim-limão, erva-cidreira ou capim-santo, se desenvolve em todo o Brasil (2). O óleo volátil possui atividade antifúngica (3), sendo também conhecido por possuir atividade anti-inflamatória, anti-bacteriana, anti-oxidante e anti-mutagênica (4).

Neste estudo, objetivou-se avaliar o potencial antifúngico do extrato aquoso de Cymbopogon citratus frente à levedura M. pachydermatis isolada de cães com otite externa.

MATERIAL E MÉTODOSAs folhas secas da planta foram obtidas de distribuidor comercial (Luar Sul, Santa Cruz do Sul/RS). Foram preparados os extratos aquosos em decocto e em infusão. O decocto foi preparado com 50g da folha em 1000mL de água destilada, sendo fervido por um período de 5 minutos. Já, infusão foi preparada com 50g da planta em 1000mL de água fervente, deixando o infuso por um período de 20 minutos.

Foram utilizadas amostras do cerúmen auditivo de cães com otite externa, encaminhadas para cultura no Laboratório de Microbiologia Veterinária do Instituto Federal Catarinense – Campus Concórdia. As amostras foram semeadas em ágar saboraud dextrose acrescidas com cloranfenicol, sendo incubadas em estufa microbiológica a 37ºC por 48 horas. Foram obtidos 12 isolados da levedura Malassezia pachydermatis os quais foram submetidos ao estudo in vitro.

Os testes in vitro foram realizados através da técnica de microdiluição em caldo proposta no documento M27A3 do

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CLSI (5) com adaptações para o uso em M.pachydermatis e fitofármacos (6). Os inóculos foram preparados a partir de colônias jovens, suspensas em solução salina 0,9% e homogenizadas em vórtex, sendo sua turbidez ajustada na escala McFarland entre 0,5 e 1. Foi realizada uma diluição de 1:50 em solução salina e posteriormente uma dilução de 1:20 em caldo Sabouraud, o qual foi distribuído em alíquotas de 100 µL nos poços das microplacas. Os extratos da planta foram testados em duplicata nas concentrações de 16,25 mg/mL a 500mg/mL diluídos em caldo Sabouraud. Também foram realizadas as análises da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Fungicida Mínima (CFM) do cetoconazol utilizado como controle positivo, nas concentrações de 0,046 a 1,5 μg/mL. As microplacas foram incubadas em estufa microbiológica por 72 horas, após este período foi realizada a leitura da (CIM) pelo método visual. Para determinação da (CFM) foram transferidos 10µL dos poços das microplacas para placas de petri contendo Ágar Sabouraud dextrose acrescidos de cloranfenicol, as quais foram armazenadas a 37º C por 72 horas para a leitura da CFM.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs extratos aquosos, tanto infusão quanto decocto, do Cymbopogon citratus não inibiram o crescimento da levedura Malassezia pachydermatis nas concentrações testadas. Embora, não tenha sido observada atividade antifúngica dos extratos aquosos sobre a M. pachydermatis, o óleo essencial de Cymbopogon citratus foi efetivo frente as leveduras Candida albicans, Candida tropicalis e Candida parapsilosis (7). Porém, estudos de Alvarenga (8) não encontraram eficiência do extrato aquoso e hidroalcoólico da planta frente a S. aureus, S. choleraesuis, S. mitis e S. mutans.

Não foram encontrados estudos relacionados a extratos vegetais aquosos e sensibilidade a Malassezia pachydermatis. Por outro lado, a atividade antifúngica com óleo essencial de Origanum majorana e Rosmarinus officinalis frente esta levedura foi testada (6).

CONCLUSÕESOs extratos vegetais aquosos de Cymbopogon citratus não apresentam ação antifúngica in vitro frente à levedura Malassezia pachydermatis nas concentrações testadas.

Agradecimentos: à FAPESC pelo apoio financeiro e ao Instituto Federal Catarinense pela bolsa de iniciação científica do primeiro autor (Edital FAPESC 02/2015).

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Potencial antifúngico do extrato aquoso de Cymbopogon citratus frente à levedura Malassezia pachydermatis

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Potencial antifúngico in vitro do extrato hidroalcoólico de Maytenus sp frente à Malassezia pachydermatisRisciela Salardi Alves de Brito – Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Veterinária, Universidade Federal de Pelo-tasRosema Santin – Profa. Dra. Instituto Federal Catarinense – Campus ConcórdiaSheila Mello da Silveira - Profa. Dra. Instituto Federal Catarinense – Campus Concórdia Eduardo Negri Mueller - Prof. Dr. Instituto Federal Catarinense – Campus Concórdia [email protected]

RESUMOMalassezia pachydermatis é uma levedura comensal da microbiota cutânea e das mucosas de cães e gatos podendo se tornar patógeno oportunista. Maytenus sp. é comumente utilizada como anti-inflamatório, porém tem sido relatado seu potencial antimicrobiano. Objetivou-se determinar a ação antifúngica in vitro do extrato hidroalcólico de Maytenus sp. sobre a levedura Malassezia pachydermatis. O extrato hidroalcoólico foi preparado a partir de folhas de Maytenus sp. colhidas e secas em estufa com circulação de ar. Foram obtidos 15 isolados de M. pachydermatis os quais foram semeados em Ágar Sabouraud acrescido de cloranfenicol incubados a 37º C por 48h. Foi utilizada a técnica de microdiluição em caldo (CLSI M27A3) com modificações. O extrato hidroalcoólico obteve uma variação na CIM de 125 a 500mg/mL e na CFM > 500mg/mL. Conclui-se que o extrato hidroalcoólico de Maytenus sp. apresenta reduzida ação antifúngica frente às cepas de M. pachydermatis testadas.

Palavras-chave: planta; espinheira santa; otite externa; in vitro.

INTRODUÇÃOA Malassezia pachydermatis é uma levedura da microbiota auditiva de cães e gatos considerada um patógeno oportunista. Sua manifestação patogênica, pode estar associada a mudanças no microclima auditivo, como temperatura, pH, umidade e microbiota ou a distúrbios nas barreiras químicas, físicas e imunológicas do hospedeiro (1). A resistência microbiana aos tratamentos disponíveis associadas às possibilidades de recidivas, bem como a difícil resolução do quadro clínico quando associado a enfermidades fúngicas, estimulam a busca por novos princípios ativos em Medicina Veterinária (2).

Maytenus ilicifolia e Maytenus aquifolium, popularmente conhecidas como “espinheira santa”, tem sido utilizadas de forma empírica pela população para o tratamento de gastrite e úlceras gastroduodenais. São relatas ainda propriedades analgésica, anti-inflamatória, antitumoral, anti-ulcerosa, antioxidante e antimicrobiana (3,4).

Nesse contexto, objetivou-se determinar a ação antifúngica in vitro do extrato hidroalcoólico de Maytenus sp sobre a levedura Malassezia pachydermatis.

MATERIAL E MÉTODOSEste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Uso de Animais do Instituto Federal Catarinense – Campus Concórdia (Parecer nº 34/2014).

As plantas foram colhidas, as folhas secas em estufa com circulação de ar e após maceradas e pesadas em balança de precisão. Para o preparo do extrato hidroalcoólico foram adicionadas 50g de folhas secas em 800 mL de álcool absoluto e 200 mL de água destilada. A mistura foi armazenada em um frasco âmbar em temperatura ambiente, sendo agitada uma vez ao dia por um período de sete dias para maceração. Após foi realizada a filtração a vácuo e utilizado rotaevaporador em temperatura de 50º C para a extração do álcool.

Foram obtidos 15 isolados de M. pachydermatis a partir de amostras de cerúmen auditivo de cães com otite externa.

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As amostras foram semeadas em placas de Petri com ágar Sabouraud dextrose acrescidos com cloranfenicol e, incubadas em estufa microbiológica por 48h a temperatura de 37º C.

Para avaliação da atividade antifúngica foi utilizada a técnica de Microdiluição em Caldo proposta no documento M27A3 do CLSI (5) com adaptações para o uso em M. pachydermatis e fitofármacos (6). Os inóculos foram preparados a partir das colônias jovens com 48h de crescimento, suspensas em solução salina 0,9% e ajustada na escala 1 de McFarland. A partir desta solução foi realizada diluição de 1:50 em solução salina e após uma diluição de 1:20 em caldo Sabouraud, a qual foi distribuída em alíquotas de 100μL nos poços das microplacas. O extrato foi testado em duplicata nas concentrações de 16,25 a 500mg/mL diluídos em caldo Sabouraud. Após o preenchimento, as microplacas foram incubadas em estufa a 37ºC por 72h, após foi realizada a leitura da Concentração Inibitória Mínima (CIM) pelo método visual. Em seguida foram transferidos 10μL de cada poço para placas de Petri contendo ágar Sabouraud acrescidos de cloranfenicol, sendo incubados a 37ºC por 72h para a leitura da Concentração Fungicida Mínima (CFM). Também foi realizada a análise da CIM e CFM do cetoconazol, utilizado como controle positivo, nas concentrações de 0,046 a 1,5 μg/mL

RESULTADOS E DISCUSSÃOO extrato vegetal apresentou variações na CIM de 125 a 500mg/mL e CFM >500mg/mL nos 15 isolados estudados. Não foram encontrados estudos sobre a ação antifúngica de extratos vegetais da espinheira santa frente à Malassezia pachydermatis. Porém, Gullo (7) comprovou a ação antifúngica de metabólitos obtidos da planta frente a diferentes cepas de Candida sp., Cryptococcus sp, Histoplasma sp, Aspergillus sp e Trichophyton sp com valores de CIM entre 0,12 e 62,5mg/L. Já a atividade antifúngica do extrato metanoico de M. ilicifolia foi obtida por Braga (8) frente ao Cryptococcus neoformans, o qual obteve valores de CIM de 312μg/mL, apesar de não observar ação do extrato frete à Candida albicans.

CONCLUSÕESO extrato hidroalcoólico de Maytenus sp. apresenta reduzida ação antifúngica frente às cepas de M. pachydermatis testadas.

Agradecimentos: ao Instituto Federal Catarinense – Campus Concórdia pela bolsa de iniciação científica do primeiro autor (Edital nº 74/2014).

REFERÊNCIAS1) Guillot J, Bond R. Malassezia pachydermatis: a review. Medical Mycology 1999; 37(5): 295-306.2) Giordani C. Investigação de plantas medicinais e tóxicas em Pelotas-RS e determinação da atividade antifúngica frente à Malassezia pachydermatis. [Dissertação de Mestrado] Pelotas. Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Programa de Pós- Graduação Veterinária; 2013.3) Oliveira SR, Coulaud CS, Colaço W. Revisão da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, Celastraceae. Contribuição ao estudo das propriedades farmacológicas. Revista Brasileira de Farmacognosia 2009; 19(2): 650-659.4) Cordeiro PJ, Vilegas JH, Lanças FM. HRGC-MS analysis of terpenoids from Maytenus ilicifolia and Maytenus aquifolium (“espinheira santa”). Journal of the Brazilian Chemical Society 1999; 10(6): 523-526.5) CLSI. Clinical and Laboratory Standards Institute. Reference method for broth dilution antifungal susceptibility testing of yeasts, approved standard. CLSI Document M27-A3.3.ed. Clinical and Laboratory Standards Institute, Wayne, PA, USA, 2008. 25pg.6) Santin R. Potencial antifúngico e toxicidade de óleos essenciais da família lamiaceae [Tese de Doutorado] Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); 2013.7) Gullo FP, Sardi JC, Santos VA, Sangalli LF, Pitangui NS, Rossi SA, Furlan M. Antifungal activity of maytenin and pristimerin. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine 2012.8) Braga FG, Bouzada MLM, Fabri RL, Matos MDO, Moreira FO, Scio E, Coimbra E S. Antileishmanial and antifungal activity of plants used in traditional medicine in Brazil. Journal of Ethnopharmacology 2007; 111(2):396-402.

Potencial antifúngico in vitro do extrato hidroalcoólico de Maytenus sp frente à Malassezia pachydermatis

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Prevalência das Afecções Reprodutivas em Fêmeas Caninas no Centro Clínico Veterinário de Patos de Minas – MGAna Caroline Romão da Silva - Discente do curso de Medicina Veterinária (UNIPAM). E-mail: [email protected]ísa Cristina Araújo Mota - Médica Veterinária. Guilherme Nascimento Cunha - Docente do curso de Medicina Veterinária (UNIPAM).

RESUMOOs cães passaram a ocupar um papel importante na vida das pessoas nos últimos anos. Neste contexto, houve um aumento na busca por profissionais para acompanhamento da saúde destes animais, garantindo medidas preventivas e tratamento adequado, principalmente para afecções do sistema reprodutivo. Dessa forma, este estudo objetivou determinar as afecções reprodutivas de maior ocorrência em cadelas atendidas no Centro Clínico Veterinário do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM em Patos de Minas – MG, através do levantamento de fichas de atendimento no período de 2015 a 2016. Das cadelas que apresentavam queixa reprodutiva, 61% eram sem raça definida, 24% eram multíparas e a maior frequência foi em cadelas com idade entre 9 a 12 anos (38%). O tumor mamário representou 60% das fichas clínicas, enquanto piometra com 14%, seguido de 6% para metrite, 6% pseudociese, 4% TVT, 4% maceração fetal, 3% parto distócico, 2% ovário remanescente e por fim, 1% vaginite.

Palavras-chave: cão; reprodução; mama; piometra

INTRODUÇÃOOs cães assumiram um papel estimável na evolução humana tanto na execução de tarefas ou ocupando espaço entre as famílias. Para a sobrevivência de uma espécie o sistema reprodutivo é considerado muito importante, visto que as alterações decorrentes de enfermidades do sistema reprodutor podem apresentar consequências diversas, que se estendem desde a ausência de sinais clínicos, comprometendo somente a fertilidade da cadela e passando despercebidas ao proprietário, até manifestações clínicas agudas que podem levar à morte. Quando detectadas tardiamente, essas alterações podem comprometer a vida dos animais, refletindo em perdas emocionais para seus proprietários1, 2.

De tal forma, objetivou-se com este estudo investigar a prevalência das afecções reprodutivas das cadelas atendidas no Centro Clínico Veterinário de Patos de Minas, MG comparando-se com a faixa etária, a influência ou não do número de partos e a raça.

MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado no Centro Clínico Veterinário (CCV) do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM, através do levantamento dos dados presentes nas fichas clínicas dos animais atendidos. Foram analisadas 661 fichas referentes aos animais atendidos no período de junho de 2015 a julho de 2016, independente de espécie, sexo, idade, queixa principal e/ou procedência. Após computar estes dados, foi realizado o levantamento epidemiológico com a colheita de dados relativos às fêmeas da espécie canina que deram entrada no CCV por queixa relacionada ao sistema reprodutor. Foram coletados das fichas clínicas os seguintes dados: número da ficha, número total de cães atendidos, número total de fêmeas caninas acometidas, tipos de afecções (diagnóstico), faixa etária, raça e a casualidade das alterações quanto ao número de partos. O diagnóstico das afecções reprodutivas foi realizado através do histórico, sinais clínicos e exames complementares. Realizou-se a análise estatística descritiva, através da frequência absoluta (n) e relativa (%) dos resultados obtidos e avaliação através do teste binomial de duas proporções pelo software BioEstat, considerando-se o nível de significância de 5%.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisadas 661 fichas de animais atendidos no CCV-UNIPAM, sendo 81% (535/661) delas da espécie canina, 64% (340/535) pertenciam a fêmeas caninas e, destas, 26% (89/340) apresentavam queixa relacionada ao sistema reprodutivo, resultado inferior a estudo que observou alterações deste sistema em 66,7% das cadelas3.

Quanto às raças acometidas, 61% (54/89) das cadelas eram SRD. Já em relação à idade, não houve queixa reprodutiva em fêmeas com idade inferior a um ano, sendo a faixa etária entre nove e 12 anos mais acometida, referindo-se a 38% (34/89) dos animais deste estudo. A idade é um fator de influência sobre as afecções, visto que a cadela adulta não castrada está sujeita ao efeito acumulativo da progesterona em ciclos estrais repetidos ao longo da vida e/ou administração de progestágenos de forma exógena4.

Das doenças relatadas, a alteração mais comumente encontrada foi o tumor mamário, onde perfazem 60% (53/89) dos animais, com média de idade de 9,4 anos. Isso se deve ao aumento da expectativa de vida e o uso indiscriminado de progestágenos nestes animais5,6. A piometra foi encontrada em 14% (12/89) dos prontuários, resultado inferior ao encontrado por Filho7, onde representaram 74% dos casos. Além disso, acomete quase um quarto de todas as cadelas inteiras até os 10 anos de idade8.

A metrite foi observada em 6% (5/89) dos casos e é comum no período pós-parto, quando a concentração de progesterona sérica está baixa, o que justifica a menor frequência neste estudo2. Pseudociese em 6% (5/89) dos casos, semelhante ao encontrado por Filho7 onde foi relatada em 7% dos casos. O tumor venéreo transmissível (TVT) constituiu apenas 4% (4/89) dos casos e sua incidência pode estar relacionada ao comportamento das fêmeas em aceitar diferentes parceiros durante o estro9. A maceração fetal representou 4% (4/89), o parto distócico apenas 3% (3/89), síndrome do ovário remanescente 2% (2/89) e vaginite em 1% (1/89) dos casos descritos. Diversos autores citam que estas afecções têm baixa prevalência2,10.

CONCLUSÃOAs afecções reprodutivas mais comuns em cadelas foram o tumor mamário, o complexo hiperplasia endometrial cística (piometra) e a metrite, sendo a idade um fator determinante.

REFERÊNCIAS1) Nascimento, EF; Santos, RL; Edwards, F. Patologia do Sistema Genital Masculino. In: Patologia da Reprodução dos Animais Domésticos. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Sec. 3. 2011.2) Santos, RL; Nascimento, EF; Edwards, JF. Sistema Reprodutor Feminino. In: Santos, RL; Alessi, AC. Patologia Veterinária. 1 ed. Roca 20113) Lopes, TV; et al. Levantamento epidemiológico das afecções reprodutivas em gatas e cadelas atendidas no Hospital Veterinário do Hvet-FIMCA–Porto Velho–RO. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 13, n. 2, p. 77-77. 2014.4) Mendes, AR. Avaliação da quimioterapia metronômica em carcinomas mamários de cadelas por imunomarcações. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Unesp, Campus de Araçatuba. Araçatuba – SP. 2014. 5) Deusdado, F; et al. Estudo sobre o conhecimento da importância da castração na prevenção do câncer de mamas em cadelas. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 13, n. 3, p. 91-91. 2015.6) Sanches, FCS; et al. Avaliação bacteriológica uterina de cadelas com piometra. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal. v. 9, n. 1, p. 111-121, 2015.7) Filho, FBB. Estudo Retrospectivo das enfermidades relacionadas à Clínica da Reprodução de pequenos animais no período de 2001-2007 no HV-CSTR-UFCG. Monografia. Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande. 2008.8) Verstegen, J; Dhaliwal, G. Mucometra, cysticendometrial hyperplasia and pyometra in the bitchen: Advances in treatment and assessment of future reproductive success. Theriogenology. v.70, p.364 – 374, 2008.9) Costa, RG; et al. Identificação dos principais microrganismos anaeróbios envolvidos em piometras de cadelas. Acta Scientiae Veterinariae.v. 35, n. 2, p. s650-s651, 2007.10) Freitas, VAL; et al. Síndrome do ovário remanescente em uma gata doméstica. Acta Veterinaria Brasilica, v. 4, n. 2, p. 118-122, 2010.

Prevalência das Afecções Reprodutivas em Fêmeas Caninas no Centro Clínico Veterinário de Patos de Minas – MG

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Prevalência de Bactérias Associadas à Piodermites de Cães e Gatos em Blumenau/SC e RegiãoMilena Gimenez Valente - acadêmica de medicina veterinária FURB/SC.Thabatta Christinna Tomelin - acadêmica de medicina veterinária FURB/SC.Msc. Eleine Kuroki Anzai - docente na Universidade Regional de Blumenau (SC).Dr. Thiago Neves Batista - docente na Universidade Regional de Blumenau (SC).Dr. Alessandro Conrado Oliveira Silveira - docente na Universidade Regional de Blumenau (SC)[email protected]

RESUMOA piodermite é uma infecção bacteriana cutânea piogênica comum em cães e gatos, normalmente secundária a outras doenças, como por exemplo, pequenos traumas e imunossupressão sendo o Staphylococcus pseudointermedius, o patógeno mais comum em casos de piodermite. Este estudo tem como objetivo determinar a frequência de isolamento de bactérias que acometem cães e gatos. Foram coletadas amostras de lesões cutâneas com swab estéril e analisadas no Laboratório de Análises Clínicas Veterinária na Fundação Universidade Regional de Blumenau. Das 62 amostras obtidas, 8,06% (n=5) não houve crescimento bacteriano, 82,27% (n=51) foram Gram-positivas e 9,66% (n=6) foram Gram-negativas sendo estas Escherichia coli, Proteus spp, Citrobacter spp e Enterobacter spp. Das Gram-positivas, o Staphylococcus spp foi o mais isolado, sendo um dado relevante, já que este pode ter potencial zoonótico e vem apresentando resistência a antimicrobianos cada vez mais frequente.

Palavras-chave: Infecção bacteriana; Staphylococcus spp; Resistência antimicrobiana;

INTRODUÇÃONa medicina veterinária, a dermatologia constitui uma importante área onde casos correspondem em média de 31,38% das consultas realizadas em cães (1). A piodermite é uma infecção bacteriana cutânea piogênica e normalmente secundária a outras doenças (2), como por exemplo, pequenos traumas ou imunossupressão (3).

Staphylococcus pseudointermedius é o patógeno mais comum em casos de piodermite. Já bactérias gram-negativas como Proteus spp, Pseudomonas sp e Escherichia coli são mais propensos a ser invasores secundários, comuns em piodermite profunda (4).

Este trabalho tem como objetivo determinar a frequência de isolamento de bactérias que acometem cães e gatos na cidade de Blumenau/SC e região.

MATERIAL E MÉTODOSCom o auxilio de um swab estéril em meio Stuart, foram coletadas amostras de lesões cutâneas de cães e gatos atendidos em clínicas veterinárias de Blumenau/SC e região envolvendo Rodeio, Ibirama e Joinville. Ambas as amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Análises Clínicas Veterinária da Fundação Universidade Regional de Blumenau, semeadas em placas de Muller-Hinton e MacConkey e armazenadas em estufa microbiológica a 35ºC por 24 horas. Posteriormente, foi realizado o método de coloração de Gram para observação em microscópio da sua estrutura de parede celular a partir da coloração que estas adquirirem e morfologia. As bactérias Gram-negativas foram submetidas a testes bioquímicos, como o Rugai com Lisina, TSI (triple sugar iron), motilidade e citrato e para a Gram-positivas, catalase, coagulase e manitol (5). A pesquisa foi realizada no período de setembro de 2015 a janeiro de 2017.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOForam coletadas amostras de 51 animais, porém, obtiveram-se 62 colônias, já que em que em 8 animais (12,91%) ocorreu crescimento de pelo menos duas colônias diferentes no mesmo local de coleta, sendo uma destas, Staphylococcus spp, observando o mesmo ocorrido em estudos realizados por Barbosa (2009), enfatizando o caráter de invasores secundários em infecções por Staphylococcus spp.

Das 62 amostras, em 8,06% (n=5) não houve crescimento bacteriano, 82,27% (n=51) foram Gram-positivas e 9,66% (n=6) foram Gram-negativas conforme tabela 1.

Tabela 1 – Bactérias isoladas de lesões cutâneas de cães e gatos no município de Blumenau/SC e região.

Bactéria isolada n / Freq. Simples (%)

Total de Gram-positivas 51 / 82,27

Staphylococcus spp

Streptococcus spp

43

1

/ 69,36

/ 1,61

Bactérias corineformes 7 / 11,3

Total de Gram-negativas 6 / 9,66

Escherichia coli

Proteus spp.

1

2

/ 1,61

/ 3,22

Citrobacter spp. 1 / 1,61

Enterobacter spp. 2 / 3,22

Negativas 5 / 8,06

Total de isolados 62 / 100

Fonte: produção própria.

Staphylococcus spp. foi de longe a bactéria mais isolada apresentando a maior frequência neste estudo, colaborando com outros estudos realizados (6). Isso pode ocorrer devido à presença dessas bactérias como comensais da pele e membranas mucosas (3). Fator importante, pois se realizarmos identificação de espécie, o Staphylococcus pseudointermedius tem fator zoonótico e vem apresentando resistência a alguns antimicrobianos.

CONCLUSÃOO presente estudo enfatiza a presença de Staphylococcus spp como importante agente infeccioso nos casos de dermatopatias em cães e gatos em Blumenau – SC e região. Consequentemente, ressalta a importância da identificação bacteriana, visto que se trata de uma bactéria com potencial zoonótico.

REFERÊNCIAS1) CARDOSO, M. J. L.; MACHADO, L. H. A.; MELUSSI, M.; ZAMARIAN, T. P.; CARNIELLI, C. M.; JÚNIOR, J. C. M. F. Dermatopatias em cães: revisão de 257 casos. Archives of Veterinary Science, v.16, n.2, p. 66-74, 2011.2) HNILICA, K. A. Small Animal Dermatology: a color atlas and therapeutic guide. 3. ed. Filadélfia: Saunders, 2011. 3) QUINN, P. J.; MARKEY, B. K.; CARTER, M. E.; DONNELLY, W. J. C.; LEONARD, F. C.; MAGUIRE, D.   Microbiologia veterinária e doenças infecciosas. Porto Alegre, RS : Artmed, 2005. 4) IHRKE, P. J. Management challenges in canine pyoderma. The North American Veterinary Conference, 2005.5) MARKEY, B.; LEONARD, F.; ARCHAMBAULT, M.; CULLINANE, A.; MAGUIRE, D. Clinical Veterinary Microbiology. 2. ed. Edinburgh: Elsevier, p. 901, 2013.6) ALMEIDA, G. R. Isolamento de Staphylococcus spp. multirresistentes da pele de cães saudáveis e com piodermite. [Dissertação]. Goiânia, Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, 2011.

Prevalência de Bactérias Associadas à Piodermites de Cães e Gatos em Blumenau/SC e Região

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Prevalência de Sinais Clínicos Respiratórios em Cães Portadores da Síndrome do BraquicefálicoGisella Stephanie de Oliveira Dias da Silva1, [email protected] Francisco Mendes Junior2, João de Frapoint Castañon², Ana Maria Barros Soares³, Nádia Regina Pereira Almonsny4, 1Aluno de Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal Fluminense (UFF). 2Doutorando em Medicina Veterinária, Universidade Federal Fluminense (UFF).3Professora associada departamento de Patologia e clínica veterinária, Universidade Federal Fluminense (UFF)4Professor Titular, Universidade Federal Fluminense

RESUMOOs cães portadores da síndrome dos braquicefálicos invariavelmente apresentam inúmeros sinais clínicos respiratórios. Um questionário prospectivo, baseado no estudo de Pohl et al. (2016), composto por questões objetivas quanto à percepção do tutor em relação à ocorrência e frequência de sinais clínicos respiratórios relacionados à síndrome dos braquicéfalos foi presencialmente aplicado ao responsável de cada animal. Todos os 26 tutores relataram que os animais apresentavam ronco ao dormir (100%). Espirro foi citado em 25 (96,2%), ronco acordado em 21 (80,7%), espirro reverso em 18 (69,2%) e tosse em 17 (65,4%). Averiguou-se então que é grande a prevalência de sinais respiratórios em cães portadores da síndrome do cão braquicefálicos, sendo imprescindível a conscientização de tutores, criadores e médicos veterinários para a seleção de animais braquicefálicos com menos alterações anatômicas das vias aéreas, com o objetivo de diminuir a frequência e a gravidade desses sinais.

Palavras-Chave: Questionários, qualidade de vida, sinais clínicos

INTRODUÇÃOA síndrome respiratória dos braquicéfalos é descrita por alterações anatômicas que causam importante obstrução das vias aéreas anteriores, impedindo o fluxo adequado do ar até os pulmões. As alterações classificadas como primárias são: estenose de narina, prolongamento de palato mole e hipoplasia de traqueia. Esses defeitos podem gerar alterações secundárias como eversão de sáculos laríngeos, edema e inflamação de nasofaringe, paralisia e colapso de laringe (1,2,3).

Os pacientes portadores da síndrome respiratória dos cães braquicefálicos invariavelmente apresentam inúmeros sinais clínicos respiratórios (4), como tosse, espirro, ronco, intolerância ao exercício, ruídos respiratórios alterados e apneia são sinais comumente descritos (5).

O objetivo desse trabalho foi determinar os principais sinais clínicos observados por responsáveis de cães com a síndrome respiratória braquicefálica e verificar a frequência com que ocorrem.

MATERIAIS E MÉTODOSEste projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal Fluminense, sob o número de protocolo 686 / 2015.

Foram incluídos cães braquicefálicos, machos ou fêmeas, acima de quatro meses de idade, portadores de estenose de narina, atendidos no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Firmino Mársico Filho, da Universidade Federal Fluminense (HUVET-UFF), no período de março de 2015 a março de 2016. Os cães passaram por exame clínico, onde foi realizada inspeção direta das narinas afim de constatar a presença de estenose das narinas e diagnóstico inicial da síndrome do cão braquicefálicos.

Um questionário prospectivo foi presencialmente aplicado ao responsável de cada animal, este era composto por

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questões objetivas quanto à percepção do mesmo em relação à ocorrência e frequência de sinais clínicos relacionados à síndrome dos braquicéfalos. No presente estudo optou-se por avaliar sinais que fossem facilmente identificados pelos tutores e com respostas mais objetivas. Desta forma, indagou-se sobre, ronco ao dormir, ronco acordado, espirro, espirro reverso e tosse. Os sinais foram classificados em ausentes, ocasionais, frequentes e muito frequentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃOTodos os 26 tutores relataram que os animais apresentavam ronco ao dormir (100%). Espirro foi citado em 25 (96,2%) animais, ronco acordado em 21 (80,7%), espirro reverso em 18 (69,2%) e tosse em 17 (65,4%) animais (Figura 1).

Dos 26 animais que roncavam ao dormir, 15 (57,7%) apresentavam esse sinal com muita frequência. Já o ronco acordado, relatado em 25 cães, foi um achado frequente, observado por 11 (52,4%) tutores. O espirro que também foi observado por 25 tutores, foi relatado como ocasional em dez (40%) animais, frequente em dez (40%) e muito frequente em cinco (20%). O espirro reverso foi frequente em nove (50%) e a tosse ocasional em dez (58,8%)

Figura 1 - Gráfico percentual da ocorrência dos sinais clínicos respiratórios relatados pelos tutores dos 26 cães braquicefálicos portadores da síndrome do cão braquicefálico.

Os sinais respiratórios foram bastante pontuados, com ocorrência amplamente comprovada por diversos autores que apontaram uma elevada observação de sintomatologia respiratória na síndrome braquicefálicas (1,2,3,4,5). O fato de que 100% dos animais estudados apresentaram ronco ao dormir, sendo que 57,7% deles de forma muito frequente, condiz com achados de estudos anteriores (6,7), o mesmo se repete nos sinisl clínicos ronco acordado e espirro reverso, citado em 80,7% e 69,2% dos nossos animais, respectivamente. A presença de “ronco ao dormir” é mais frequente nesses animais pois o relaxamento muscular generalizado diminui ainda mais a passagem de ar, isso faz com que as bordas dos tecidos moles se encontrem na área estenosada, causando esse som respiratório típico da doença (8).

Quanto aos resultados de Tosse e espirro, citados por 65,4% e 96,2% dos tutores, respectivamente, foram notadamente superiores aos encontrados anteriormente, em outro estudo (9). Atribui-se, na pesquisa ora conduzida, que o aumento da frequência de tosse e espirro, associado a presença de espirro reverso, é resultado da crescente seleção de animais de focinhos cada vez mais curtos, com consequente diminuição dos espaços da naso e orofaringe, pois, o espirro reverso, espirro e tosse ocorrem devido à intensa irritação da mucosa da nasofaringe, secundária ao aumento da pressão negativa da região cervico-torácica pela obstrução das vias aéreas anteriores ( 7).

CONCLUSÃOA prevalência de sinais respiratórios em cães portadores da síndrome do braquicefálico é grande. Por isso, é imprescindível a conscientização de tutores, criadores e médicos veterinários para a seleção de animais braquicefálicos com menos alterações anatômicas das vias aéreas, com o objetivo de diminuir a frequência e a gravidade desses sinais clínicos e proporcionar mais qualidade de vida a esses animais.

Prevalência de Sinais Clínicos Respiratórios em Cães Portadores da Síndrome do Braquicefálico

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REFERÊNCIAS1) Meola, S.D. Brachycephalic Airway Syndrome. Topics In Companion Animal Medicine, ago. 2013;28(3): 91-96, Elsevier BV. DOI: 10.1053/j.tcam.2013.06.004.2) Dupré, G.; Heidenreich, D. Brachycephalic Syndrome. Veterinary Clinics Small Animal, 1-17, 2016.3) Heidenreich, D.; Gradner, G.; Kneissl, S.; Dupré, G. Nasopharyngeal Dimensions From Computed Tomography of Pugs and French Bulldogs With Brachycephalic Airway Syndrome. Veterinary Surgery 20116. 45(1): 83–90.4) O’neill, D.G. et al. Epidemiological associations between brachycephaly and upper respiratory tract disorders in dogs attending veterinary practices in England. Canine Genetics and Epidemiology, 2015. 2(1): 10, 2015.5) Packer, RMA; Hendricks A; Burn CC.Do dog owners perceive the clinical signs related to conformational inherited disorders as ‘normal’ for the breed? A potential constraint to improving canine welfare. Animal Welfare 2012. 21: 81-93.6) Roedler, S.R; Pohl, S.; Oechtering, G. U. How does severe brachycephaly affect dog’s lives? Results of a structured preoperative owner questionnaire. The Veterinary Journal 2013. 198(3): 606– 10.7) Pohl, S, Roedler, F.S, Oechtering, G.U.  How does multilevel upper airway surgery influence the lives of dogs with severe brachycephaly? Results of a structured pre- and postoperative owner questionnaire.  The Veterinary Journal. 2016;210: 39-45.8) Koch, D. A. et al. Brachycephalic syndrome in dogs. Compendium 2003; 25(1): 48-55.9) Torrez, C. V; Hunt, G. B. Results of surgical correction of abnormalities associated with brachycephalic airway obstruction syndrome in dogs in Australia. Journal of small animal practice 2006. 47(3):150–4.

Prevalência de Sinais Clínicos Respiratórios em Cães Portadores da Síndrome do Braquicefálico

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Pseudocisto Perinéfrico Esquerdo Secundário à Ruptura de Pelve Renal em Cão - Relato de CasoMarina Zanin* – Graduanda de Medicina Veterinária – UFPel *[email protected]éssica Bastos – Médica Veterinária Hospital de Clínicas Veterinárias - UFPelLuana Durante – Médica Veterinária Hospital de Clínicas Veterinárias – UFPel

RESUMOPseudocistos perinéfricos são caracterizados por acúmulo de líquido em localização perirrenal, contido por uma fina camada fibrosa. O pseudocisto é classificado de acordo com o fluido no seu interior, sendo chamado de urinoma quando constituído de urina. O sinal clínico mais comumente observado é a distensão abdominal no lado do rim acometido, acompanhada ou não de dor abdominal. Como método diagnóstico a ultrassonografia é a técnica mais indicada, permitindo a avaliação tanto do pseudocisto quando das demais alterações renais que podem estar presentes. O tratamento usualmente constitui-se de drenagem do líquido com capsulotomia e omentalização, embora o paciente seja passível de nefrectomia, dependendo da lesão renal encontrada. O presente trabalho tem como objetivo descrever um caso de pseudocisto urinífero perinéfrico esquerdo secundário à ruptura de pelves renal em um cão. O paciente foi submetido a uma nefrectomia e, possuindo o rim contralateral viável, apresentou melhora.

Palavras chave: urinoma; pararrenal; nefrectomia; trauma.

INTRODUÇÃOPseudocistos perinéfricos caracterizam-se pelo acúmulo de fluido ao redor do rim, contido por uma cápsula fibrosa, e sua classificação se dá de acordo com o tipo de fluido presente (1). Quando do acúmulo de urina no pseudocisto, podemos denominá-lo urinoma, e suas possíveis causas são trauma com decorrente ruptura de pelve e/ou segmento de ureter, abertura anormal na arquitetura real ou obstrução uretral (1,2). Destaca-se a rara ocorrência de pseudocisto perinéfrico urinífero na espécie canina (1). A sintomatologia é baseada em distensão abdominal, acompanhada ou não de sinais de doença renal, frequentemente associadas à presença de dor à palpação (1,3). O exame ultrassonográfico é considerado o melhor método diagnóstico, uma vez que permite visualização do acúmulo de líquido perirenal, auxilia no diagnóstico de doença renal preexistente e ainda exclui outras causas de renomegalia (4). O método de tratamento de escolha para pseudocistos uriníferos é a nefrectomia, já que somente a remoção da parede do pseudocisto não impede a formação de um novo, posteriormente. O prognóstico é favorável, considerando-se a função renal do rim contralateral mantida (5). O presente trabalho objetiva-se a descrever um caso de pseudocisto perinéfrico esquerdo secundário à ruptura de pelves renal, em cão com histórico de trauma submetido à nefrectomia e com boa recuperação pós-cirúrgica.

MATERIAL E MÉTODOSFoi recebido no Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal de Pelotas um paciente canino, 10 meses, pesando 3,7 kg, com histórico de trauma, apresentando tenesmo, inapetência, aumento de volume e dor em região abdominal esquerda. Submetido ao exame de ultrassonografia, foi possível observar possível ruptura de pelve renal, com presença de líquido em região perirrenal, compatível com urina. Foi realizada punção na cápsula renal para coleta e avaliação do material, o que confirmou a presença de urina. Após preparo prévio e constatação da função renal contralateral, o paciente foi encaminhado ao procedimento cirúrgico de nefrectomia de rim esquerdo.

Administrada a medicação pré-anestésica e feito o preparo do paciente, foi realizada celiotomia de rotina. Após incisão do peritônio sobre o rim esquerdo, este foi liberado de suas fixações sublombares e realizou-se dupla ligadura de artéria e, em seguida, de veia renal. Em seguida ureter foi ligado, próximo à bexiga, e então rim e ureter foram removidos. A cavidade foi lavada com solução salina 0,9% aquecida e realizou-se celiorrafia em três planos.

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RESULTADOSApós o procedimento cirúrgico, o paciente foi mantido em observação por 24 horas. Em seguida foi liberado, sob prescrição de analgesia (tramadol) e antibioticoterapia (cefalexina), apresentando melhora clínica, urinando normalmente e sem presença de dor abdominal.

DISCUSSÃOO presente caso relata a ocorrência de pseudocisto perinéfrico em um cão, embora os relatos desta patologia sejam, em sua maioria, sobre gatos e, ainda assim, considerados de ocorrência incomum nestas espécies (1). Bem como descrito na literatura, a formação do urinoma provavelmente ocorreu em decorrência de ruptura de pelve renal oriunda de um processo traumático do trato urinário, uma vez que o paciente chegou ao Hospital Veterinário com histórico de trauma antigo (2).

Tratando-se da sintomatologia, o paciente apresentava aumento de volume em região abdominal esquerda, correspondendo ao lado de acometimento renal, concomitante com dor abdominal. Embora relatos tragam o abdômen distendido como o sinal mais comum, há divergências quanto à presença de dor abdominal; alguns autores citam a presença de sensibilidade abdominal, enquanto outros relatam a ausência desta, acompanhadas ou não de doença renal concomitante (1, 3). O paciente apresentava tenesmo, sintomatologia não relatada em outros trabalhos, embora possa ser justificada pelo aumento de volume em região abdominal causado pelo pseudocisto.

Em função da alteração abdominal, o paciente foi encaminhado ao exame ultrassonográfico, o qual evidenciou a ruptura de pelve e presença de formação sugestiva de pseudocisto. Foi possível localizar a lesão de forma não invasiva e descartar outras causas de renomegalia, justificando o exame de ultrassom como o melhor método diagnóstico de pseudocistos perirenais (4). Além disso, a aspiração percutânea do pseudocisto foi realizada, tendo como base o seu auxílio no diagnóstico (1). Destaca-se aqui a importância de exames de imagem a fim de excluir os diagnósticos diferenciais mais importantes para renomegalia unilateral, que incluem hidronefrose, pielonefrite, pseudocisto perirenal, ou hematoma (5). Tratando-se de urinomas, a nefrectomia é o tratamento de escolha, uma vez que somente a remoção da parede do pseudocisto não impede o contínuo extravasamento de urina, possibilitando, portanto, a formação de novos pseudocistos. Corroborando com a literatura, o paciente do presente relato foi submetido à nefrectomia e apresentou melhora, uma vez que, oriundo de trauma prévio, o pseudocisto e a lesão não estavam relacionados a doenças renais (5).

CONCLUSÃOPseudocistos perinéfricos devem ser considerados como causa de abaulamento e dor abdominal em cães, principalmente naqueles com histórico de trauma. Além disso, salienta-se a importância da classificação do pseudocisto, a qual influencia diretamente no método de tratamento que, quando feito de forma adequada e precoce, fornece um prognóstico favorável ao paciente.

REFERÊNCIAS1) Lemire TD, Read MK. Macroscopic and microscopic characterization of a uriniferous perirenal pseudocyst in a domestic short hair cat. Veterinary Pathology, 1998. v.35, p.68-70.2) Meyers, MA. Uriniferous perirenal pseudocyst: new observations. Radiology, 1975. v.117, p.539-545.3) Lulich JP, Osborne CA. Perirenal pseudocysts. In: Tilley LP, Smith FWK. The 5minute veterinary consult: canine and feline. 2nd ed. Philadelphia, Pa: Lippincott Williams & Wilkins; 2000. p.1004. 4) Beck JA, Bellenger CR, Lamb WA, Chucher RK, Hunt GB, Nicoll, et al. Perirenal pseudocysts in 26 cats. Australian Veterinary Journal, 2000. v.78, n.3, p.166-171.5) Ferreira, ARA. Pseudocisto perirenal bilateral em um gato doméstico de pelo curto: Revisão de Literatura e Relato de Caso. [Monografia]. Salvador, Faculdade de Medicina Veterinária da UFBA; 2008.

Pseudocisto Perinéfrico Esquerdo Secundário à Ruptura de Pelve Renal em Cão - Relato de Caso

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Pseudomonas spp e Staphylococcus spp como agente causador de Rinite Bacteriana Primária em Cão – Relato de Caso Vanessa Aparecida Cavalheiri. Discente do curso Medicina Veterinária - Universidade Federal de Uberlândia. Yuri Luppi Pimentel. Médico Veterinário, Residente em Clínica Médica de Pequenos Animais - Universidade Federal de Uberlândia. Sofia Borin-Crivellenti. Médica Veterinária, Professora Dra. da Disciplina de Clínica Médica de Pequenos Animais - Uni-versidade Federal de Uberlândia. [email protected]

RESUMO A rinite bacteriana é uma inflamação das mucosas das narinas e seios nasais. O principal sinal clínico é a secreção nasal mucopurulenta. O presente relato descreve um caso rinite bacteriana primária em cão com hiperqueratose, despigmentação de plano nasal e secreção mucopurulenta causada por Pseudomonas e Staphylococcus spp. isoladas por swab nasal e tratada satisfatoriamente com amoxicilina + clavulanato de potássio.

Palavras chave: secreção mucopurulenta com hemorragia; despigmentação nasal; hiperqueratose nasal.

INTRODUÇÃO Rinite é uma inflamação aguda ou crônica das membranas mucosas do nariz e seios nasais. A rinite bacteriana é uma complicação secundária comum, resultante da proliferação da flora bacteriana normal após um trauma, infecções fúngicas ou virais, e tem como principais sinais clínicos a presença de secreção nasal mucopurulenta. Os exames que auxiliam no diagnóstico são as culturas (bacterianas/fúngicas) e a citologia de Swab nasal e o tratamento é baseado nos resultados do antibiograma (1).

Este trabalho descreve um relato de caso de um cão com rinite bacteriana primária causada pelas bactérias Pseudomonas e Staphylococcus spp, a qual se assemelhava muito com rinite fúngica ao manifestar-se por despigmentação nasal, hiperqueratose, secreção mucopurulenta unilateral e lesão nasal erosiva na cavidade nasal direita.

MATERIAL E MÉTODOS Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia uma fêmea canina da raça Rottweiler, 2 anos, que apresentava espirros, despigmentação nasal, crostas, hiperqueratose, erosão na cavidade nasal direita e presença de secreção nasal mucopurulenta unilateral nas últimas 2 semanas. Todos os exames físicos realizados resultaram adequados para a espécie.

Através do histórico e do exame físico, foram listados os seguintes diagnósticos diferenciais: rinite fúngica, rinite bacteriana, rinite linfoplasmocítica, neoplasia, pólipos e corpo estranho.

Os exames complementares realizados incialmente incluíram radiografia de crânio (cavidades nasais e sinusais) nas projeções lateral e ventrodorsal, hemograma, bioquímicos séricos (ALT e Creatinina) e exame citopatológico de amostra colhida na cavidade nasal direita, os quais foram seguidos de radiografias torácicas, cultura fúngica e bacteriana a partir de swab nasal e amostra de lavado traqueobrônquico e biopsia nasal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A radiografia do crânio não mostrou alteração em ossos da face, perda de definição de turbinados, corpos estranhos ou tumores, somente um leve aumento da radiopacidade da cavidade nasal, a qual pode representar acumulação de muco decorrente da obstrução da drenagem para a cavidade nasal (2).

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Os hemogramas revelaram leucocitose com crescente aumento de desvio à esquerda regenerativo, eosinofilia e linfocitose, e as imagens obtidas nas radiografias torácicas revelaram padrão misto (intersticial e bronquial). Os exames bioquímicos séricos não revelaram nenhuma alteração. Ressalta-se que o aumento do número de células imaturas na circulação, registrados nos dois exames hemogramas realizados, frequentemente esta relacionado com a fase aguda ou crônica dos processos inflamatórios (3).

O exame de citopatologia sugeriu reação inflamatória, com grande prevalência de células polimorfonucleares. A histopatologia realizada por punch nasal de 1,0 cm revelou acentuado processo inflamatório difuso representado principalmente por neutrófilos e debris celulares, levando ao diagnóstico de processo inflamatório misto característico de rinite.

Em decorrência dos resultados dos exames e das manifestações clínicas da rinite apresentada pela paciente, a suspeita de rinite fúngica, especialmente a causada por Aspergylus fumigatus, manteve-se como principal diagnóstico diferencial (1) até que as culturas fúngicas, tanto do swab nasal quanto do lavado broncoalveolar surpreendentemente mostraram-se negativas. Ambas apresentaram intenso crescimento de Pseudomonas spp. e Staphylococcus spp.

Os gêneros Pseudomonas spp. e Staplylococccus spp. possuem distribuição mundial e estão presentes em mucosas, pele e fezes de animais (4,5). Têm sido relatados como responsáveis por infecções em vários mamíferos (6), podendo causar desde conjuntivites, gastroenterites, problemas reprodutivos e pneumonias (7), como atestado neste caso. A presença dessas duas bactérias reforça a afirmação que a rinite tem origem bacteriana, resultante da proliferação da flora bacteriana normal após, provavelmente, a uma complicação secundária comum (1).

O tratamento foi instituído baseado na sensibilidade ao antibiótico evidenciada pelo anibiograma. Foi prescrito amoxicilina + clavulanato de potássio 10 mg/kg, VO, BID, incialmente durante 20 dias. Na metade do tratamento já era possível constatar a contínua redução da despigmentação nasal, das crostas e da hiperqueratose, as quais cicatrizaram e foram recuperadas totalmente após o tratamento.

CONCLUSÃO Este relato destaca a importância de se realizar um bom diagnostico diferencial, uma vez que os sinais clínicos muitas vezes são semelhantes em várias enfermidades.

REFERÊNCIAS 1) HAWKINS E. Rinite Bacteriana. In: Medicina Interna de Pequenos animais. 5ª edição. Rio de janeiro: Elsevier. Cap 15, 2015, p.236-237. 2) HAWKINS E. Teste diagnóstico para cavidade nasal e seios paranasais. In: Medicina Interna de Pequenos animais. 5ª edição. Rio de janeiro: Elsevier. Cap 14, 2015, p.223 246. 3) SCHULTZE, D, R; ARNOLD, P, I. Properties of four acute phase proteins: C – reactive protein, serum amyloid A protein, alfa1 – acid glycoprotein, and fibrinogen. Arthritis Rheumatology; 2000 (20):129-147. 4) KLEIN, G; GOULART, L, S. Prevalência de Staphylococcus aureus multirresistentes em amostras biológicas do Laboratório Osvaldo Cruz, Uruguaiana RS. Revista Brasileira de Farmacologia 2008; (89): 121-124. 5) Quinn, P.J., Carter, M.E., Markey, B. Et Al. Clinical Veterinary Microbiology. 2th London: WOLFE, 1994. 6) Carter Gr, Cole Jr. Diagnostic procedures in veterinary bacteriology and micology. 5.th San Diego: Academic, 1990. 7) GREENE, C. Infectious Diseases of the Dog and Cat. 4th ED. Rio de Janeiro: Elsevier. 1376 p.

Pseudomonas spp e Staphylococcus spp como agente causador de Ri-nite Bacteriana Primária em Cão – Relato de Caso

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Punção de medula óssea para diagnóstico de leishmaniose visceral canina - Relato de Caso Bruno Borges Silva – Graduando em Medicina Veterinária UFLA Natiélle Rodrigues Wajima – Médica Veterinária residente na Clínica médica de pequenos animais UFLARuthnéa Aparecida Lázaro Muzzi – Professora associada do Departamento de Medicina Veterinária [email protected]

RESUMOLeishmaniose é causada por um protozoário do gênero Leishmania que acomete os cães, sendo uma zoonose. Pode se apresentar de forma sintomática ou assintomática. Pode ser detectada por métodos sorológicos, parasitológicos e moleculares. Não existe um teste diagnóstico 100% específico e sensível. Destaca-se o teste de imunofluorescência indireta (RIFI) e o ELISA como os testes mais usados, entretanto quando usados isolados ocorrem muitos erros diagnósticos devido a sensibilidade analítica. A detecção do DNA de Leishmania em tecidos pela PCR (reação de em cadeia de polimerase) permite uma maior especificidade no diagnóstico da infecção quando comparada a outras técnicas. O objetivo deste trabalho foi de utilizar a PCR como contraprova numa paciente canina, 3 anos de idade, sem padrão racial definido, não aparentava nenhum sinal clínico. Foi feita uma colheita de medula óssea e enviado para o laboratório. Anteriormente, a cadela apresentou resultados positivos nos exames de ELISA e RIFI. O resultado obtido da PCR foi positivo. A leishmaniose é incurável, que requer eutanásia ou cuidados específicos, portanto a prevenção e o diagnóstico preciso são meios para o controle da doença.

Palavras-chave: PCR; biomolecular; contraprova.

INTRODUÇÃOA leishmaniose visceral canina é uma patologia causada por um protozoário do gênero Leishmania, que acomete os cães e pode se apresentar de forma sintomática ou assintomática, sendo que a forma sintomática pode ter envolvimento visceral ou sistêmica e comprometimento cutâneo (1), podendo infectar o homem. A espécie canina é o principal reservatório da doença no ciclo urbano. Os flebotomíneos popularmente conhecidos por mosquito-palha ou birigui são os vetores responsáveis pela disseminação da doença, sendo o gênero Lutzomyia de importância no Brasil. A doença é potencialmente letal para os homens se não diagnosticada e tratada precocemente (2,3).

O diagnóstico clinico é difícil devido à variedade de sintomas e aos animais assintomáticos. A confirmação diagnostica pode ser obtida por meio de métodos parasitológicos, sorológicos e moleculares. A reação em cadeia de polimerase (PCR) é um teste molecular capaz de ampliar e identificar sequências de DNA do parasita, aumentando a sensibilidade e especificidade diagnostica (4). O objetivo deste trabalho foi de relatar um caso de exame de punção de medula óssea para PCR quantitativo de leishmaniose usado para contraprova em um canino fêmea.

MATERIAL E MÉTODOSEspécie canina, fêmea, aproximadamente 3 anos de idade, sem padrão racial definido. O animal passou por um exame físico de rotina e não apresentava nenhum sinal clínico. Entretanto, a cadela apresentou resultado positivo nos exames sorológicos de ELISA e imunofluorescência direta (RIFI) que foram realizados de acordo com Oliveira et al. (5). Como contraprova foi utilizado a técnica de PCR quantitativa. O paciente foi previamente anestesiado e colocado em decúbito dorsal. Foi feita uma punção no esterno, na região do manúbrio, para coletar medula óssea com o auxílio de uma agulha calibrosa (40x12). O tecido colhido foi enviado para o laboratório.

RESULTADOS E DISCUSSÃODe acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil o limite máximo de leishmanina/mL é de 500.000.000. O resultado obtido no teste deste relato foi de 969.181,5 cópias de DNA de leishmania/ml, logo o animal foi classificado como

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positivo para leishmaniose visceral canina.

As técnicas sorológicas são rápidas e práticas, mas com sensibilidade variável e baixa especificidade podendo resultar em falso-positivos que ocasionalmente acarretam em eutanásia de animais sadios e ou podem gerar resultados falso-negativos contribuindo para a disseminação da doença. (6).

A PCR é um teste com alta especificidade e sensibilidade aceitável e quando realizado na medula óssea associado aos métodos sorológicos resultam em 100% de positividade (7).

CONCLUSÃOA leishmaniose é uma doença incurável no cão, portanto o diagnóstico preciso reveste-se de grande importância. A associação de técnicas sorológicas e moleculares aumentam a detecção da infecção nos cães e colaboram para diminuir diagnósticos errôneos, como demonstrado no relato de caso.

REFERÊNCIAS1) Tilley LP, Smith Jr. Consulta veterinária em cinco minutos. Espécies canina e felina. 3ed. São Paulo; 2008.2) Costa CHN. How effective is dog culling in controlling zoonotic visceral leishmaniasis. A critical evaluation of the Science, politcs and ethics behind this public health policy. Revista da Sociedade brasileira de Medicina Tropical 2011; 44(2);232-242.3) Romero GA, Boelaert M. Controlo of visceral leishmaniasis in latin America: a systematic review. PLos Negl Trop Dis 2010; 4:584.4) Ikeda GFA, Marcondes M. Métodos de diagnóstico de leishmaniose visceral canina. Clínica Veterinária 2007; 12(71);34-42.5) Oliveira TMFS et al. A study of cross-reactivity in sérum samples from dogs positive for Leishmina sp., Babesia canis and Erlichia canis in enzyme-linked immunosorbent assay and indirect fluorescente antibody test. Revista Brasileira Parasitologia Veterinária 2008;17(1):7-11.6) Badaró R, et al. Immunofluorescent antibody test in American visceral leishmaniasis:sensitivity and specificity of diferente morphological forms of two Leishmania species. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene 1983; 32(3):480-484.7) Gramiccia M, Gradoni L. The current status of zoonotic leishmaniasis and approaches to disease control. International Journal for Parasitology 2005; 35(11-12):1169-1180.

Punção de medula óssea para diagnóstico de leishmaniose visceral canina - Relato de Caso

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Quantificação de Componentes Morfofuncionais do Pâncreas de ZebrafishCarolina da Silva Leite, estudante, Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos, Faculdade de Agronomia e Medici-na Veterinária, Brasília, DF. Kaique Nogueira, estudante, Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Brasília, DF. Anna Clara dos Santos, estudante, Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos, Faculdade de Agronomia e Medi-cina Veterinária, Brasília, DF. André Rodrigues da Cunha Barreto-Vianna, estudante, Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Brasília, DF. Eduardo Maurício Mendes de Lima, professor, Laboratório de Anatomia dos Animais Domésticos, Faculdade de Agro-nomia e Medicina Veterinária, Brasília, DF. Email para correspondência: [email protected]

RESUMO Devido a tamanha importância do pâncreas no organismo como um todo, diversos estudos vêm sendo realizados em cima deste órgão. O objetivo deste trabalho foi a elucidação das modificações morfofuncionais desse órgão no Zebrafish, empregando avaliações morfométricas e estereométricas do pâncreas desta espécie. Foram utilizados 36 peixes da espécie Danio rerio divididos em doze grupos. A única correlação significante foi entre a Vv(ácinos) e Vv(adipócitos), que se mostrou como forte e negativa. Aparentemente, o motivo dos adipócitos estarem bastante presentes na histologia pancreática se deve ao fato deste órgão estar difundido no tecido adiposo do animal e mesentério, sendo difícil a delimitação do pâncreas.

Palavras-chave: Danio rerio; Peixe; Anatomia; Glândula.

INTRODUÇÃOCom a grande ascensão do zebrafish como modelo experimental devido a seu pequeno porte, baixo custo de manutenção, alto conhecimento genômico da espécie e alta taxa de reprodução, entre outros (1), há a necessidade de elucidar aspectos morfofuncionais dos órgãos deste peixe, tendo em vista que até então não existia um estudo avaliando o comportamento do pâncreas ao longo do tempo. Para tanto, o presente trabalho teve como objetivo elucidar as possíveis modificações fisiológicas na morfologia e funcionalidade do pâncreas no Zebrafish, avaliando as densidades de volume (Vv) de ácinos pancreáticos, ilhotas pancreáticas, vasos e adipócitos através de avaliações morfométricas e estereométricas, visando embasar futuros estudos.

MATERIAL E MÉTODOSEste trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade de Brasília sob o protocolo n° 127542/2013. Foram utilizados 36 (trinta e seis) peixes da espécie Danio rerio divididos em 12 (doze) grupos em aquários diferentes. Todos os aquários foram aclimatizados à temperatura constante de 24 + 2°C controlada por um termostato e pH = 6,8-7,0. No final de cada semana foi promovida a eutanásia através da imersão dos peixes em solução aquosa de tricaína metanossulfonato 0,2% e pH=7,0 seguida de imersão em água gelada (4ºC) por 15 minutos.

Os peixes foram fixados em solução aquosa de formol 10% por 24 horas. Posteriormente foram cortados em espessura de 4µm, acondicionados em lâminas e corados Hematoxilina e Eosina para quantificação de vasos dispostos ao longo do tecido renal. Um microscópio óptico (BX51 Olympus®) acoplado ao programa de captura e análise de imagens (ProgRes® Capture Pro 2.5) foi utilizado na captura de fotomicrografias, sendo três fragmentos de cada animal e três animais por semana. A área total de ácinos pancreáticos, ilhotas pancreáticas, vasos e adipócitos foi calculada através do princípio de Delesse. Sendo o resultado expresso em densidade de volume (Vv). Os dados foram submetidos à estatística descritiva, seguida pela aplicação do teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov, análise de variância one-way ANOVA e pós-teste de Holm-Sidak ou Friedmann, de acordo com o resultado obtido no

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teste de normalidade, através do programa GraphPad Prism®6. Foi considerado significativo P≤0,05.

RESULTADOSA Vv (ácinos) (Figura 2A) foi menor na 2ª semana (56,79%±10,86) e maior na 4ª (78,71%±9,52). Por outro lado, a Vv(ilhotas) (Figura 2B) apresentou sua menor porcentagem na 7ª semana (5,87%±6,43) e maior na 1ª (16,05%±17,56). Com relação à Vv (vasos) (Figura 2C), esta teve sua menor média na 5ª semana (2,16%±3,87) e maior na 2ª (7,4%±7,34). Por fim, a Vv (adipócitos) (Figura 2D) foi menor na 1ª semana (4,94%±6,33) e ápice na 2ª (32,41%±15,83).

Ao comparar as semanas da Vv(ácino), observou-se significância entre a 1ª e 2ª semanas, 2ª e 4ª, 2ª e 5ª, 2ª e 8ª, e 2ª e 10ª. Em relação à Vv(adipócitos), observou-se relevância (P≤0,05) nas comparações entre 1ª e 2ª, 2ª e 4ª, e 2ª e 10ª semanas. A única correlação significante foi entre a Vv(ácinos) e Vv(adipócitos), que se mostrou como forte e negativa. O comportamento comparativo de tais estruturas avaliadas está expresso na Figura 2E.

Figura 1 – Imagens histológicas de pâncreas de Zebrafish e sua localização anatômica, mostrando ilhotas pancreáticas (área pontilhada), ácinos pancreáticos (seta), adipócitos (asterisco), intestino (seta vermelha) e vasos sanguíneos (seta azul).

Figura 2 - Valores de médias e erros padrão para os parâmetros, Vv (ácino) (A), Vv (ilhotas) (B), Vv (vasos) (C) and Vv (adipócitos) (D). Comportamento comparativo das densidades de volume do ácino, ilhotas pancreáticas, vasos sanguíneos e adipócitos (E). ). [a] ≠ semana 1; [b] ≠ semana 2.

Quantificação de Componentes Morfofuncionais do Pâncreas de Zebrafish

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DISCUSSÃONão foi possível observar relação entre o tempo e alterações estruturais no pâncreas do Zebrafish. Muitas vezes foi possível encontrar apenas um concentrado de ilhotas em meio ao tecido exócrino, denominada de Corpo de Brockman. Os cortes histológicos revelaram abundância de adipócitos por todo o tecido pancreático. Aparentemente, o motivo dessa abundância de adipócitos nos cortes histológicos se deve ao fato do órgão estar quase que completamente difundido no tecido adiposo abdominal do Zebrafish bem como em seu mesentério.

CONCLUSÃOO pâncreas do Zebrafish adulto não demonstrou alterações significativas em sua morfologia ao longo do tempo com relação às densidades de volume aqui avaliadas. Novos estudos avaliando demais estruturas pancreáticas como o tecido conectivo e os diferentes tipos de colágeno presentes.

REFERÊNCIAS 1) Silveira TRD, Schneider AC and Hammes TO. Zebrafish: Modelo Consagrado para Estudos de Doenças Humanas. Ciência e Cultura 2012; 64(2): 4-5.

Quantificação de Componentes Morfofuncionais do Pâncreas de Zebrafish

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Quimioterapia como modalidade única de tratamento do carcinoma de células escamosas em um felino Lucas Krusch Bello1 Marcella Teixeira Linhares2 Andrey Berlesi Agnes3 1Programa de Residência em Área Profissional da Saúde / Medicina Veterinária / Cirurgia de pequenos animais – UFSM *[email protected] 2Doutoranda em Clínica cirúrgica de pequenos animais- UFSM 3Discente do Curso de Medicina Veterinária - UFSM

RESUMO Carcinoma de células escamosas é um neoplasma maligno de queratinócitos que acomete cães e gatos, sendo mais comum nesta última espécie. A exposição solar parece predispor o desenvolvimento do tumor em áreas de pele despigmentada, ocorrendo principalmente no pavilhão auricular, no plano nasal e pálpebras. Diferentes modalidades terapêuticas, tais como criocirurgia, cirurgia, radioterapia e quimioterapia, são usados como tratamento. Descreve-se o caso de um felino de 12 anos, diagnosticado com carcinoma de células escamosas no plano nasal, que foi submetido à criocirurgia sem resposta, sendo posteriormente tratado exclusivamente com quimioterapia, modalidade que possibilitou a regressão da massa tumoral. O presente relato, objetiva descrever a associação quimioterápica da bleomicina e doxorrubicina como modalidade única de tratamento em um caso de carcinoma de células escamosas em felino.

Palavras-chave: bleomicina; doxorrubicina; neoplasma; crioterapia.

INTRODUÇÃO O crescimento ou a proliferação anormal de células originando uma massa de tecido são denominados neoplasmas (1). Essas alterações quando desenvolvidas nas células escamosas da epiderme provocam uma das principais alterações cutâneas que acometem os animais domésticos, conhecida como carcinoma de células escamosas (2). É relatado como o neoplasma mais comum e frequente em gatos e caracteriza-se por sua extrema malignidade e invasividade. Acomete principalmente animais de coloração branca, de pelos curtos e com idade entre 8 e 10 anos, sem predisposição sexual. As alterações geralmente são causadas pela exposição solar e se pronunciam nas extremidades, como pavilhão auricular, plano nasal, pálpebras e têmporas (3). O desenvolvimento se caracteriza como uma área eritematosa, levemente ulcerada, com evolução lenta, podendo se assemelhar a uma couve-flor (4). O diagnóstico definitivo é baseado na anamnese, exame físico, biopsia e confirmado pelo exame histopatológico. No que diz respeito aos tratamentos existem

várias modalidades incluindo criocirurgia e quimioterapia, porém os melhores resultados são observados com a cirurgia e radioterapia (7). O presente trabalho relata o caso de um felino diagnosticado com Carcinoma de Células Escamosas (CCE) em plano nasal, tratado exclusivamente com quimioterapia.

MATERIAL E MÉTODOS Um felino, SRD, fêmea, castrada, de 12 anos de idade e de coloração predominantemente branca, foi atendida no Hospital Veterinário Universitário apresentando uma lesão nasal, indolor e edemaciada (Figura 1a), com evolução de um ano. O animal já havia sido submetido a algumas sessões de criocirurgia em outra instituição sem, no entanto, obter êxito no tratamento da lesão.

Uma vez que o resultado exame de citologia aspirativa com agulha fina (Caaf) e escarificação da lesão nasal foi sugestivo de CCE, optou-se por realizar quimioterapia. O protocolo instituído consistiu de uma aplicação Doxorrubicina (1mg/Kg/IV) no 1º dia e, no 8º e 15º dia Bleomicina (5mg/SC). Esse ciclo foi repetido por quatro

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vezes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O carcinoma de células escamosas caracteriza-se pela alteração cutânea em animais expostos à intensa radiação ultravioleta e de coloração branca, sendo considerado extremamente maligno (5). As alterações e o aparecimento de feridas em regiões expostas e despigmentadas são preocupantes, devido seu potencial carcinogênico, necessitando um tratamento adequado. O felino em questão apresentava aspectos predisponentes, como a despigmentação e exposição à luz solar, bem como lesão característica no plano nasal.

O tratamento quimioterápico possibilitou a regressão completa do carcinoma neste caso (figura 1b). Dentre os diferentes métodos existentes de tratamentos para carcinoma cutâneo, a quimioterapia sistêmica é pouco recomendada devida resposta insatisfatória e aos efeitos colaterais (3,6). Muitos autores recomendam a utilização de criocirurgia, entretanto neste caso a referida modalidade terapêutica não se mostrou eficaz e a nosectomia nem sempre tem aceitação entre os proprietários, principalmente em relação às mudanças estéticas (7).

Figura 1 – Estágios de CCE em felino. Em (A): Lesão no dia da primeira consulta. Em (B): Resultado após última quimioterapia (regressão completa do tumor).

Fonte: elaborada pelos autores (2017).

CONCLUSÃO A associação dos quimioterápicos doxorrubicina e bleomicina pode ser efetiva como modalidade única no tratamento de alguns casos de carcinoma de células escamosas, devendo ser considerada como opção em casos selecionados.

REFERÊNCIAS 1) Santos JA. Patologia geral dos animais domésticos (mamíferos e aves). 2ª ed. Rio de Janeiro: interamericana; 1978. 2) Jones TC, Hunt RD, King NW. Patologia Veterinária. 6ª ed. São Paulo: Manole; 2000. 3) Daleck CR, Nardi AB, Rodaski S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca; 2008. 4) Cunha SCS. Radioterapia em gatos domésticos com carcinoma de células escamosas cutâneo: avaliação dos protocolos de hipofracionamento e fracionamento padrão [dissertação de mestrado]. Niterói: faculdade de medicina veterinária da UFF; 2013. 5) Rosolem MC, Moroz LR, Rodigheri SM. Carcinoma de células escamosas em cães e gatos – revisão da literatura. In: PUBVET, Londrina, v.6, n.6, Ed, 193, Art. 1299; 2012. 6) Gayer MM. Carcinoma de células escamosas em felino – relato de caso [monografia de especialização]. Santa Maria: programa de pós graduação em medicina veterinária da UFSM; 2006. 7) Huppes RR, Nardi AB, Uscategui, RAR, et al. Nosectomia em felinos portadores de carcinoma espinocelular - Relato de sete casos. Ciências Agrárias, Londrina, v. 35, n. 2, p. 919-926, 2014.

Quimioterapia como modalidade única de tratamento do carcinoma de células escamosas em um felino

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Reconstrução de Defeito Cirúrgico Via Retalho de Padrão Axial da Artéria Genicular Após Exérese Tumoral Wendel Neiva Martins Lago - graduando em Medicina Veterinária, FACIPLAC-DFFabiana Sperb Volkweis - Mestre, Professora Adjunta I, [email protected]

RESUMOCorreções cirúrgicas de defeitos estabelecidos após exéreses tumorais são um constante desafio na medicina veterinária, para tanto, novas técnicas em cirurgia reconstrutiva são disponibilizadas para viabilizar o tratamento adequado de pacientes oncológicos. Objetivou-se, no presente estudo, a descrição trans e pós-operatória da técnica de retalho de padrão axial da artéria genicular para reparo de defeito cirúrgico após exérese tumoral em dois pacientes caninos diagnosticados com mastocitoma. Verificou-se que a técnica favoreceu o prognóstico dos pacientes, por meio da translocação de grandes áreas teciduais, evitando-se a adoção de medidas cirúrgicas mais drásticas, tais como a amputação. Esta técnica revelou-se como uma significativa ferramenta cirúrgica para correção de lesões em membros pélvicos em pacientes oncológicos.

Palavras-chave: cirurgia reconstrutiva; oncologia; mastocitoma; caninos.

INTRODUÇÃOEstudos epidemiológicos revelam que um em cada cinco cães irá desenvolver alguma neoformação maligna (1) e a excisão cirúrgica completa é preconizada como tratamento de eleição em tais casos (2). A cirurgia reconstrutiva permite o fechamento de grandes defeitos cutâneos ocasionados principalmente por traumas, anomalias congênitas ou retirada de tumores (3), para tal, existem várias técnicas cirúrgicas como enxertos, retalhos cutâneos, suturas de alívio de tensão e incisões de relaxamento (4). Retalhos de padrão axial são pediculados, irrigados por artéria e veia cutânea direta em sua base, sendo mais eficientes do que retalhos pediculados que possuem somente irrigação proveniente do plexo subdérmico (5,6,7). Normalmente são em forma de L ou retangulares e podem ser rotacionados dentro de um raio de até 180° (5,8). Os retalhos de padrão axial permitem mobilizar grandes segmentos de pele, em um único procedimento, com a certeza de uma boa irrigação e bom arco de rotação (6,8,9), podendo ser utilizados em áreas de pouca vascularização, áreas com exposição de ossos, nervos, tendões (5,7). Em cães os retalhos de padrão axial podem ser provenientes dos ramos das artérias caudais laterais e genicular (5,6). Diante do exposto, objetivou-se, no presente estudo, a implementação e a descrição trans e pós-cirúrgica da técnica de retalho de padrão axial da artéria genicular para reparo de ferida cirúrgica após exérese de mastocitoma em dois pacientes caninos.

MATERIAL E MÉTODOSDois casos clínico-cirúrgicos em pacientes caninos foram avaliados e submetidos ao estudo: raça Boxer (fêmea, 8 anos, 21 kg, atendida em hospital particular - DF) e raça Pit bull (macho, 9 anos, 33 kg, atendido no hospital da FACIPLAC - DF), ambos apresentaram tumor em membro pélvico esquerdo de 10 e 12 cm, respectivamente. Foram submetidos à citologia aspirativa, sob suspeita de mastocitoma. Assim, elegeu-se a excisão cirúrgica, seguida de reconstrução da ferida por meio de retalho de padrão axial da artéria genicular, em ambos os casos, de forma a viabilizar uma ampla margem cirúrgica aliada à integral reconstrução do defeito criado sem tensão.

Após ampla remoção de pêlos, delineou-se o modelo do retalho com caneta dermográfica e realizou-se antissepsia pré cirúrgica. A exérese cirúrgica do nódulo (Figuras 1-A e 2-A) foi realizada com margem de 2 a 3 cm. O retalho axial foi incisionado (Figura 1-A), delicadamente rotacionado, para preservação do plexo subdérmico e artéria genicular, e sobreposto sobre o defeito. O leito doador foi aproximado com um ponto walinkg suture (fio absorvível 2-0). A sutura realizada foi padrão simples interrompido (fio de naylon 3-0) (Figuras 1 – B e 2-B). No pós-cirúrgico, realizou-se bandagem compressiva de Robert-Jones modificada, para prevenção de seromas. Os nódulos resseccionados

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foram encaminhados exame histopatológico, cujos resultados, em ambos os casos, foram de mastocitoma grau II.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados apresentaram-se satisfatórios (Figuras 1-C e 2-C). No entanto, algumas complicações pós-cirúrgicas foram detectadas no segundo caso (Pit Bull), tais como, a evolução de edema de membro associada à deiscência de sutura (Figura 2-C), decorrente da retirada a bandagem pelo canino, no segundo dia de pós cirúrgico.

Figura 1 – Raça Boxer: A) Ferida cirúrgica após exérese tumoral e formação do retalho. B) Pós-cirúrgico imediato. C) 15 pós-cirúrgico, sem complicações.

Figura 2 – Raça Pit Bull: A) Exérese tumoral e formação do retalho. B) Pós-cirúrgico imediato. C) 7 pós-cirúrgico, deiscência de sutura e edema.

A literatura descreve a aplicabilidade da bandagem e restrição de movimentos para que se evite a formação de seroma (10), corroborando com o presente estudo, no qual o canino que fez o uso de bandagem compressiva não apresentou seromas, em contrapartida, o que retirou a bandagem precocemente apresentou as citadas complicações. A técnica cirúrgica em questão permitiu a exérese da neoplasia com ampla margem de segurança aliada manutenção da viabilidade histológica da região acometida.

CONCLUSÃOO retalho de padrão axial com o uso da artéria genicular mostrou-se eficaz para a reparação de defeitos cirúrgicos em região de tíbia e fíbula, apresentando-se como alternativa eficaz no tratamento cirúrgico de pacientes oncológicos.

REFERÊNCIAS1) Daleck CR, Nardi AB, Rodaski S. Oncologia em Cães e Gatos. SP, Rocca, 2009, 612 p.2) Withrow SJ, Vail DM. Withrow and Mac Ewen’s Small Animal Clinical Oncology. Elsevier Saunders, St. Louis, Missouri, 4ªEd., 2007, pp. 375-447.3) Leal LM, Souza MC, Mattosinho RO, et al. Utilização de retalho de avanço de padrão subdérmico para correção

Reconstrução de Defeito Cirúrgico Via Retalho de Padrão Axial da Artéria Genicular Após Exérese Tumoral

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de lesão necrótica na porção rostral do lábio superior – relato de caso. Revista Investigação Medicina Veterinária. 2016,15(1): 86-89.4) Sheffer JP, Atallah FA, Gomes C, et al. 2013. Cirurgia reconstrutiva no tratamento de feridas traumáticas em pequenos animais. Rev. Bras. de Med. Veterinária. 35(1): 70- 78.5) Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 3ª ed. Elsevier, RJ, 2008, p.192-228.6) Slatter D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3ª ed. Manole, SP, 2007, p.274-338.7) Tobias KM. Manual of Small Animal. Soft Tissue Surgery. 1st ed. Wiley-Blackwell, Cambridge, 2010, p.3-67.8) Fowler D, Williams JM. Manual of Canine and Feline Wound Management and Reconstrution. 1st ed. British Small Animal Veterinary Association, RU, 1999, p.57-122.9) Liptak JM, Dernall WS, Rizzo SA et al. Reconstruction of chest wall defects after rib tumor resection: a comparison of autogenous, prosthetic, and composite techniques in 44 dogs. Vet. Surg., 2008, 37:479-487.10) Nardi AB, Castro JLC, Huppes RR, Pazzini JM. Técnicas reconstrutivas de membro torácico. Princípios e técnicas reconstrutivas da pele de cães e gatos. 1° ed. Medvep, Curitiba, 2015, p. 48,164-169.

Reconstrução de Defeito Cirúrgico Via Retalho de Padrão Axial da Artéria Genicular Após Exérese Tumoral

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Redução de Fratura em Processo Palatino da Maxila em Paciente Felino - Relato de CasoJuliana Durigan Baia – Mestranda do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. [email protected] Kowalesky Cardoso – Doutora pelo Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.Marco Antonio Gioso – Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.

RESUMOO trauma em gatos é bastante comum e representa uma significativa morbidade e mortalidade nestes animais. Devido ao seu tamanho reduzido, gatos recebem impactos em mais de um órgão e frequentemente apresentam lesões cranianas. O crânio é a segunda região lesionada com mais frequência nestes animais, incluindo danos aos tecidos moles, ossos e lesão neurológica. Fraturas em mandíbula e maxila representam quase 30% das fraturas em gatos, fazendo parte da rotina clínica veterinária. Por muitas vezes, o profissional não está familiarizado com a anatomia da região craniana. Sendo assim, algumas fraturas são subdiagnosticadas. O presente trabalho tem como objetivo descrever o caso de um paciente felino diagnosticado com fratura de processo palatino do osso maxilar, entre outras fraturas em região craniana, que foi tratado a partir de técnicas minimamente invasivas e não invasivas descritas pela literatura.

Palavras-chave: Odontologia veterinária; palato duro; viscerocrânio.

INTRODUÇÃOA face, para a odontologia veterinária, é a região mais importante da cabeça, sendo dividida em região oral, orbital e nasal. Chamada de viscerocrânio, a porção facial da cabeça é composta por osso incisivo, nasal, mandíbula, concha nasal dorsal e ventral, zigomático, palatino, lacrimal e maxila (1,2). Fraturas em mandíbula e maxila representam 15 a 23% de todas as fraturas em gatos. O trauma felino é comumente visto na clínica médica e, com frequência, envolve danos ao viscerocrânio. Nestes pacientes, podem ser encontrados diversos sinais clínicos (3,4,5). O diagnóstico é realizado mediante a inspeção direta da cavidade oral, durante o exame físico específico. Exames radiográficos e tomográficos são de grande importância para o planejamento cirúrgico. As opções para o tratamento descritas pela literatura são inúmeras (6,7). O objetivo deste trabalho é relatar a redução de fratura de maxila, decorrente de trauma não especificado, em paciente felino politraumatizado.

MATERIAL E MÉTODORelata-se o caso de uma gata, castrada, dois anos de idade, sem raça definida, atendida no Laboratório de Odontologia Comparada da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com trauma crânio-encefálico de origem desconhecida. De acordo com a anamnese, o acidente teria ocorrido há 36 horas, tendo recebido atendimento especializado em terapia intensiva por 24 horas para controle de dor e realização de exames complementares. Diagnosticou-se disjunção de sínfise mentoniana com consequente luxação de articulação têmporomandibular, fratura de processo coronóide esquerdo, arco zigomático, processo palatino da maxila - com presença de fenda palatina secundária de 1 cm de largura, lesão lacerante no corpo da língua, fratura dentária dos caninos superiores, quemose em ambos os olhos, úlcera em olho esquerdo, epífora, epistaxe, anorexia, aquesia, adipsia, polaquiúria, desidratação e estupor. Ainda na consulta inicial (dia 0), realizou-se esofagostomia cervical para colocação de tubo de alimentação, adequação do meio bucal para a redução de contaminação da cavidade oral e sutura da língua. O paciente recebeu uma focinheira para estabilização parcial provisória e foi encaminhado para o serviço de oftalmologia. Foi prescrito, via sonda esofágica, amoxicilina com clavulanato de potássio, cloridrato de tramadol, dipirona sódica, prednisolona, alimentação pastosa e uso tópico de clorexidina 0,12% na cavidade oral. No 7º dia, realizou-se ferulização com resina acrílica autopolimerizável em toda a maxila e entre os caninos inferiores, uranorrafia e sutura de tecidos moles em região de sínfise. Acrescentou-se metronidazol à prescrição e a resina

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Redução de Fratura em Processo Palatino da Maxila em Paciente Felino - Relato de Caso

acrílica foi removida no dia 68.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO paciente apresentou melhora significativa a partir do 10º dia, alimentando-se sem auxílio da sonda. Houve ótima cicatrização de tecidos moles e estabilidade satisfatória em tecidos ósseos. O processo palatino da maxila corresponde ao palato duro, que separa a cavidade oral da nasal. Sua superfície ventral está em contato com a cavidade oral e é revestida por uma mucosa mastigatória histologicamente classificada como epitélio pavimentoso estratificado ortoqueratinizado, o que torna este tecido mais resistente ao trauma (1,3,4). Mesmo assim, é comum que ocorra fenda palatina secundária em casos de trauma crânio-encefálico. A literatura sugere que fendas traumáticas pequenas possam ser corrigidas sem intervenção cirúrgica (3,4,8). Neste caso, devido à extensão e largura da mesma, optou-se pela uranorrafia. Em pacientes politraumatizados, podem ser encontrados diversos sinais clínicos. Os mais comuns são hiporexia ou anorexia, epistaxe, descarga nasal serosa ou purulenta, tosse, engasgo, espirro, drenagem de alimentos pela cavidade nasal e infecções respiratórias (5,6,7,8), coincidindo com o caso relatado. O tratamento de fendas palatinas traumáticas consiste na escolha de uma das diversas técnicas para a síntese dos tecidos moles afetados. Nos casos de fraturas em maxila, os diversos ossos cranianos atuam como pilares anatômicos e são responsáveis pela dissipação das forças de impacto nesta região. Sendo assim, as fraturas são mais estáveis. Entretanto, a utilização de miniplacas, técnicas de ferulização e bloqueio maxilomandibular são opções terapêuticas úteis (7,8). Com respaldo da literatura, utilizou-se a ferulização com resina de metacrilato de metila para a resolução do caso.

CONCLUSÃOEm casos de trauma crânio-encefálico, é fundamental que haja amparo intensivo para estabilização dos parâmetros vitais, controle de dor e exames complementares, nas primeiras 24 a 48 horas, no intuito de que o paciente possa ser anestesiado com segurança para que sejam realizadas as correções cirúrgicas necessárias. Técnicas não invasivas - como a ferulização com metacrilato de metila, ou pouco invasivas - como a sutura de aproximação de tecidos moles, sendo realizadas por profissionais devidamente habilitados, visam à resolução do quadro clínico sem a necessidade de intervenções secundárias.

REFERÊNCIAS1) Gioso MA; Carvalho, VGG. Oral anatomy of the dog and cat in veterinary practice. Veterinary clinics small animal practice, 2005. 35:763-780.2) König HE, Liebich HG. Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6. ed. São Paulo: Artmed, 2016. 3) Vnuk; Dražen et al. Feline high-rise syndrome: 119 cases (1998–2001). Journal of Feline Medicine & Surgery, 2004. 6(5):305-312. 4) Whitney WO; Mehlhaff CJ. High-rise syndrome in cats. Journal of the American Veterinary Medical Association 1987; 191(11):1399-1403.5) Adamantos S; Garosi L. Head trauma in the cat: 1. Assessment and management of craniofacial injury. Journal of feline medicine and surgery, 2011.13(11):806-814.6) Piermattei DL; Flo GL; Decamp CE. Fractures and luxations of the mandible and maxillae. In: Handbook of small animal orthopaedic and fracture repair. 4th ed. St Louis: Saunders/Elsevier, 2006.7) Fossum TW. Cirurgia de Pequenos Animais. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 8) Pope ER; Constantinescu GM. Repair of cleft palate. In: Bojarb MJ. Current techniques in small animal surgery. 5th ed. Pennsylvania: Saunders, p.195 - 204, 2014.

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Redução de Prolapso Uretral em um Bulldog Inglês de oito meses utilizando a Uretropexia - Relato de Caso Joseana de Lima Andrades; graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas. Isabel Silva Wetzel; graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas. Marco Aurélio Avendano Motta; Médico Veterinário autônomo Especialista de Clínica Cirúrgica em Pequenos Animais, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Mestrando em Medicina Veterinária (Clínica Médica Veterinária), UFSM. [email protected]

RESUMO O prolapso uretral consiste em uma protrusão da mucosa uretral que ultrapassa a extremidade distal peniana. Sua fisiopatologia é desconhecida, porém é relatado uma maior ocorrência em cães jovens braquicefálicos. É recomendada a intervenção cirúrgica devido a não ocorrência de resolução espontânea. O presente relato discorre sobre um caso de prolapso uretral em um cão Bulldog Inglês atendido no Centro Clínico e Cirúrgico Veterinário na cidade de Pelotas-RS, e avaliar a técnica cirúrgica de uretropexia como tratamento cirúrgico. Os resultados demonstraram que a uretropexia é uma técnica de execução rápida e fácil, sendo considerada eficaz para resolução de prolapso uretral em que a uretra não apresente alterações irreversíveis como necrose ou trauma.

Palavras-chave: uretra; braquicefálico; protrusão,

INTRODUÇÃO O prolapso uretral é uma doença que acomete mais comumente cães jovens e braquicefálicos como os da raça Bulldog Inglês e Boston Terrier, porém sua ocorrência é pouca observada. Sugere-se que esta condição esteja ligada ao aumento da pressão intra-abdominal na síndrome braquicefálica (1). Contudo, outras raças também podem ser acometidas como o Yorkshire Terrier e o Dachshund de pelo longo. (2)

O prolapso consiste em uma protrusão da mucosa uretral, que ultrapassa a extremidade distal peniana (3). Sua fisiopatologia ainda é desconhecida, sendo algumas condições sugeridas: masturbação, excitação sexual excessiva, infecções do trato geniturinário, predisposição genética, entre outros (2).

Para a resolução do problema é recomendada a intervenção cirúrgica, uma vez que a condição não se resolve espontaneamente (1). Assim, este relato tem por objetivo descrever a redução de um prolapso uretral através de uretropexia, em um Bulldog Inglês de oito meses, atendido no Centro Clínico e Cirúrgico Veterinário na cidade de PelotasRS.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi atendido no mês de Novembro de 2016 um cão da raça Bulldog Inglês, macho, não castrado, com oito meses de idade, pesando 22 kg. O proprietário relatou que o animal apresentava sangramento peniano e priapismo constante. Na realização do exame clínico, constatou-se que o mesmo apresentava prolapso uretral e criptorquidia abdominal bilateral. Em um primeiro momento foi realizada ressecção da porção uretral prolapsada e sutura à albugínea com pontos isolados simples, com fio monofilamento absorvível. Após 75 dias, o animal retornou a clínica com recidiva, sendo necessária uma nova abordagem cirúrgica, desta vez por uretropexia.

Prévio ao procedimento foi realizada a antissepsia da região com solução de clorexidina a 0,2%, de uso tópico. Para a redução do prolapso uretral, foi utilizada a técnica de uretropexia conforme descrito por Fossum, com fio de sutura absorvível Poliglactina 910 (Vicryl) n° 1 e uma tentacânula. O pênis foi exteriorizado manualmente e introduziu-se a extremidade distal da tentacânula pelo uretra prolapsada que progrediu caudalmente até reduzir o prolapso (1).

A partir da superfície externa e ventral do pênis, foi introduzida a agulha de sutura, que transfixou a albugínea,

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até alcançar o lume uretral. Nesse momento, ela foi deslizada cranialmente, pelo sulco da tentacânula, até protruir na abertura cranial (osteo da glande). A seguir, a agulha foi redirecionada caudalmente pelo lúme uretral de modo a transfixar a parede uretral e albugínea, saindo 0.5 cm caudal ao ponto de entrada. Ao confeccionar o nó, foi configurado um ponto de Donatti. Por fim, foi inserida uma sonda uretral 8 Fr, para averiguar patência do lume uretral (1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO A recuperação espontânea de casos de prolapso uretral nunca foi relatada, sendo o tratamento de primeira escolha a cirurgia de redução do prolapso. Contudo, a técnica mais utilizada e indicada como primeira escolha na literatura, não se mostrou efetiva neste caso assim como em outros estudos que demonstram que, além de pouco eficaz, esta pode ocasionar maior irritabilidade e comprometimento nos prolapsos de pequena dimensão (3).

Na segunda intervenção, a porção protuída da mucosa uretral do paciente, não apresentava alterações irreversíveis em decorrência de necrose e trauma, mesmo assim não era cabível de redução por manipulação externa (3). Dessa forma, optou-se pela técnica de uretropexia para a redução do prolapso, a qual é efetiva e recomendada por outros autores (4).

Esta técnica ainda tem como vantagens o menor tempo de duração, menor sangramento, e menor consumo de anestésicos, além de ser considerada eficaz (5). Após 26 dias da intervenção cirúrgica, o paciente retornou sem recidiva do prolapso e nenhuma alteração anatômica ou de micção.

CONCLUSÃO Conclui-se que a uretropexia foi a técnica mais adequada a ser aplicada neste caso de prolapso uretral com pouca dimensão e pode ser recomendada como primeira escolha em casos semelhantes, onde não haja necrose ou lesões irreversíveis.

REFERÊNCIAS1) Fossum, T. W; Cirurgia de pequenos animais .4. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 2) Richard W. Nelson, C.Guillermo Couto. Medicina interna de pequenos animais / tradução Cíntia Raquel Bombardieri, Marcella de Melo Silva, et al. - 5.ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2015. 3) Neto, J. M; Souza, C. M. B; Toríbio, J. M. M. L; Teixeira, R. G; Masuko, T. S; D’assis, M. J. M. H; Filho, E. F. M. Prolapso uretral em cães: relato de casos. Arq. Ciênc. Vet. Zool. Unipar, Umuarama, v. 12, n. 1, p. 79-86, jan./jun. 2009. 4) Kirsch, J. A.; Hauptman, J. G.; Walshaw, R. A urethropexy technique for surgical treatment of urethral prolapse in the male dog. Journal of the American Animal Hospital Association, Denver, v. 38, n. 4, p. 381-384, 2002. 5) Lopes, M.C.T. et al. Prolapso da mucosa uretral em cães - Relato de caso. PUBVET , Londrina, V. 6, N. 11, Ed. 198, Art. 1326, 2012. PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Redução de Prolapso Uretral em um Bulldog Inglês de oito me-ses utilizando a Uretropexia - Relato de Caso

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Relação entre sintomatologia clínica e achados morfohistopatológicos em glândulas adrenais de caninosAnanda Colares¹ Gabriela Cristine Gualberto¹Joelma Lucioli² José Eduardo Basílio de Oliveira Gneiding²¹ Acadêmicas - Medicina Veterinária - Universidade Regional de Blumenau - FURB.² Docentes – Departamento de Medicina Veterinária – Universidade Regional de Blumenau – FURB.e-mail para correspondência: [email protected]

RESUMOO declínio de secreções hormonais, em especial da glândula adrenal, pode ocorrer devido ao envelhecimento do organismo. As glândulas adrenais possuem função de proteção do corpo durante as circunstâncias de estresse, por meio de alterações metabólicas e adaptações cardiovasculares. O objetivo do trabalho foi verificar se os animais necropsiados no Laboratório de Patologia Veterinária – HEV/FURB que apresentaram algum tipo de alteração histopatológica em glândulas adrenais, manifestaram ou não sinais clínicos relacionados a distúrbios endócrinos. Foram compilados os dados referentes a sintomatologia clínica e de histopatologia de quarenta e quatro caninos. Dos 44 animais, 22 (50%) eram machos, 22 (50%) eram fêmeas, 22 (50%) eram animais sem raça definida, 6 eram cães jovens, 11 adultos, 22 idosos e cinco animais não possuíam informações referentes à idade. Apesar de serem constatadas alterações histopatológicas relevantes em glândulas adrenais de nove animais, apenas em três desses pode-se observar manifestações clínicas de origem endócrina.

Palavras-chave: adrenal; histopatologia; caninos; sinais clínicos.

INTRODUÇÃO Afecções do sistema endócrino são cada vez mais frequentes na rotina em medicina veterinária. Com o envelhecimento do organismo ocorre o declínio de secreções hormonais, em especial da glândula adrenal, que tem por função proteção do corpo durante as circunstâncias de estresse, mediante alterações metabólicas e adaptações cardiovasculares (1).

As lesões que acometem as glândulas do sistema endócrino são divididas em anormalidades do desenvolvimento, alterações circulatórias, inflamatórias, degenerativas e proliferativas (2). E apesar de algumas alterações serem consideradas achados acidentais de necropsia, essas podem acarretar síndromes clínicas que podem levar a morte do animal (3).

O objetivo do trabalho foi verificar se os animais necropsiados no Laboratório de Patologia Veterinária – HEV/FURB que apresentaram algum tipo de alteração histopatológica em glândulas adrenais, manifestaram ou não sinais clínicos relacionados a distúrbios endócrinos.

MATERIAL E MÉTODOSDurante um período de seis meses foram compilados os dados referentes a sintomatologia clínica e de histopatologia de quarenta e quatro caninos necropsiados no Laboratório de Patologia Animal – HEV/FURB. Foram coletadas informações referentes a sexo, raça, idade, sintomatologia clínica e análise histopatológica de glândula adrenal. As alterações em glândulas adrenais foram classificadas de acordo com Kiupel et al. (2008) e Capen (2002). As alterações em cortes histológicos foram fotomicrografados com máquina fotográfica Nikon® modelo D5100, acoplada a unidade de controle de exposição de luz. Para a tabulação dos dados referentes à idade, os cães foram subdivididos em três grupos etários: animais jovens – até 5 anos; animais adultos – 6 a 10 anos e animais idosos – acima de 11 anos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 44 animais necropsiados no período, 22 (50%) eram machos e 22 (50%) eram fêmeas. Destes, 6 eram cães jovens, 11 adultos, 22 idosos e cinco animais não possuíam informações referentes à idade. Em relação as raças, foram 22 animais sem raça definida (SRD), 3 Yorkshire, 2 Shitzu, 2 Pitbull, 2 Pinscher, 2 Pastor Alemão, 2 Rottweiler, 2 Retriever de Labrador, 2 Old Sheep Dog, 1 Australian Cattle Dog, 1 Pastor Belga, 1 Akita, 1 Fox Paulistinha e 1 Boxer. De todos os animais necropsiados foram coletadas e analisadas histologicamente as glândulas adrenais, sendo que 4 amostras estavam em estado de autólise. Destes somente três animais demonstraram sintomatologia relacionada a distúrbios endócrinos.

Dois animais, um SRD e um Poodle, ambas fêmeas e com 15 anos de idade, apresentaram abauloamento de abdômen, prostação e pele alopécica e hipotônica, sendo confirmado o diagnóstico de hiperadrenocorticismo. Um dos animais apresentou pele de região pélvica enegrecida. Nesses animais foi observado histopatologicamente em glândulas adrenais, hiperplasia nodular adrenocortical unilateral. Nos casos de hiperadrenocorticismo a sintomatologia pode ser variada, em virtude dos efeitos gliconeogênicos, imunossupressores, anti-inflamatórios e catabólicos que ocorrem. O abdômen abaulado é um sinal frequentemente encontrado, e está relacionado ao acúmulo de tecido adiposo na região abdominal, juntamente com astenia dos músculos abdominais, decorrentes do catabolismo proteico (4). E no outro caso, uma fêmea, SRD, de 14 anos de idade apresentou clinicamente prostação e abauloamento de região abdominal, mas o diagnóstico definitivo foi em decorrência de um processo neoplásico em baço. Esse animal apresentou histologicamente um carcinoma adrenocortical em glândula adrenal esquerda. Nesse caso, o abauloamento de região abdominal pode ser em decorrência aos dois processos neoplásicos associados.

Observou-se ainda em seis animais, um jovem (4 anos), um adulto (10 anos) e quatro idosos (14 a 16 anos) apresentaram lesões histológicas importantes em glândulas adrenais, sendo observados dois adenomas adrenocorticais, quatro hiperplasias nodulares unilateral e carcinoma adrenocortical bilateral, não demonstraram nenhum tipo de sintomatologia clínica relacionada a distúrbios endócrinos. Sendo seus diagnósticos definitivos a relacionados a outros processos patológicos.

CONCLUSÃODos 44 animais necropsiados observamos que, apesar de serem constatadas alterações histopatológicas relevantes em glândulas adrenais de nove animais, apenas em três desses pode-se observar manifestações clínicas de origem endócrina. Sendo todos animais considerados idosos, ou seja, com idade superior a 11 anos de idade.

REFERÊNCIAS1) EILER, H. Glândulas endócrinas. In: REECE, W.O. (Org). Dukes, Fisiologia dos animais domésticos, 12º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Cap 37, p. 577-622.2) ECCO, R.; LANGOHR, I.M. Patologia do Sistema Endócrino. In: SANTOS, R.L.; ALESSI, A.C. (Org), Patologia Veterinária. São Paulo: Roca. 2011. cap 13. P 747-792.3) FRANK, C.B.; VALENTIN, S.Y.; SCOTT-MONCRIEFF, J.C.; MILLER, M.A.; 2013 Correlation of inflammation with adrenocortical atrophy in canine adrenalitis. J. Comp. Pathol. 149:268-279.4) JERICÓ, M. M.; KOGIKA, M. M.; NETO, J. P. A. Tratado de medicina interna de cães e gatos. 1 ed. Rio de janeiro: Roca. 2015.

Relação entre sintomatologia clínica e achados morfohistopatológicos em glândulas adrenais de caninos

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Relato de Caso – Defeito de Septo Atrial em CaninoEliesse Pereira Costa¹* – Discente do curso de Medicina Veterinária, UFSMIsabela de Andrade Brum² - Médica Veterinária, programa de residência em área profissional da saúde, UFSMPâmela Nunes Krüger³ - Discente do curso de Medicina Veterinária, UFSM*[email protected]

RESUMODefeito do septo atrial é uma cardiopatia congênita raramente diagnosticada em pequenos animais. O caso relata um defeito de septo atrial em um canino Shih Tzu, fêmea, de 4 anos, atendido no hospital veterinário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O paciente apresentava dispneia e síncope. O exame radiográfico indicou silhueta cardíaca com aumento de volume. O eletrocardiograma acusou defeito de septo atrial, doença degenerativa da valva mitral e aórtica, insuficiência mitral de grau leve e insuficiência aórtica de grau moderado. O clínico optou pelo tratamento de suporte com enalapril 0,5 mg/kg a cada 24 horas em uso contínuo.

Palavras-chave: cardiopatia; insuficiência; congênita

INTRODUÇÃODefeito de septo atrial (DSA) é uma cardiopatia congênita considerada rara em caninos. Define-se como comunicação anômala entre os átrios no qual há passagem de sangue nas duas direções. Os defeitos são classificados em três tipos principais, dependendo de sua localização: ostium secundum, ostium primum e forame oval(1). Os sinais clínicos geralmente ocorrem em animais com idade inferior a três anos, possui prognóstico variável dependente do tamanho do shunt, presença de outros defeitos e a resistência do vaso pulmonar(2). O objetivo do trabalho é relatar o defeito de septo atrial em um Shih Tzu de 4 anos de idade.

RELATO DE CASOUm canino, fêmea, da raça Shih tzu de três anos de idade, pesando 2,4 kg foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Santa Maria e o proprietário relatou que o animal apresentava sinais de fraqueza desde filhote, porém há 3 meses apresentou episódios de síncope. Ao exame físico percebeu-se que o animal apresentava sopro grau IV, frequência cardíaca de 120 bpm, frequência respiratória de 32 mpm, tempo de reperfusão capilar de 3 segundos, temperatura retal de 37,9 º C, pulso forte, dispneia e mucosas cianóticas.

O hemograma não apresentou alterações, porém o leucograma apresentou leucocitose por neutrocitose e linfocitose. Apresentou presença de macroplaquetas e plasma discretamente hemolisado. No exame bioquímico a fosfatase alcalina apresentou-se aumentada.

O exame radiográfico torácico indicou silhueta cardíaca com aumento de volume; Em projeção látero-lateral, não houve evidência de aumento de câmaras cardíacas. Em projeção ventrodorsal, observou-se o formato do coração em D invertido, o que pode ser fisiológico ou significar aumento do ventrículo direito. Os campos pulmonares não apresentaram padrões sugestivos de alterações, e a traquéia estava com o lúmen preservado.

O exame ecocardiográfico foi fundamental para o diagnóstico; A análise quantitativa modo M e B e Doppler indicou que a valva atrioventricular esquerda (mitral) estava levemente espessada e insuficiente, valva semilunar esquerda (aórtica) com cúspides levemente espessadas e insuficiência de grau moderado; O exame das cavidades cardíacas indicou aumento de átrio e ventrículo direitos, com comunicação entre os átrios na porção média do septo (defeito de septo atrial), ventrículo esquerdo com septo interventricular íntegro, movimentação de septo e paredes normal, e função sistólica preservada; O pericárdio se apresentou com aspecto normal.

Após o diagnóstico foi prescrito como tratamento enalapril 0,5 mg/kg a cada 24 horas com utilização contínua. O animal não retornou ao hospital para reavaliação. Ao contatar o tutor foi relatado que o animal se encontra estável e não houve mais ocorrências dos episódios descritos. O tratamento definitivo é através de correção cirúrgica, porém não foi realizado.

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DISCUSSÃO O defeito do septo atrial é uma doença congênita no qual existe uma comunicação anômala entre os átrios e passagem do sangue nas duas direções, descrita na literatura como rara em pequenos animais(1), sendo mais rara ainda em cães do que em gatos(2). Três tipos de defeitos ocorrem, sendo que o mais comum é o ostium secundum(1). As raças predispostas a ter o efeito do septo atrial são Sheepdog, Samoieda e Boxers(4), diferentemente do caso relatado, o qual trata de um Shih Tzu. O exame físico e os sinais clínicos colaboraram para a suspeita da doença. O exame radiográfico permitiu que se observasse melhor o formato, aumento e alterações sugestivas do coração. Para um diagnóstico conclusivo é necessário um exame ecocardiográfico(1). O animal em questão realizou todos os exames sugeridos e que foram fundamentais para o fechamento de diagnóstico de defeito no septo atrial. O prognóstico é desfavorável para animais portadores dessa cardiopatia, já que o tratamento definitivo é através de correção cirúrgica(2). Neste caso, a terapia prescrita como tratamento foi conservativa, com enalapril 0,5mg/kg a cada 24 horas em uso contínuo. A cirurgia corretiva não foi realizada devido ao hospital não possuir estrutura para tal. A relevância do caso clínico se dá por ser um caso atípico em caninos, além disso, o caso em questão apresentou diagnóstico definitivo e sucesso no tratamento até então.

CONCLUSÃO O defeito do septo atrial na clínica de pequenos animais não é frequente. Os sinais clínicos são variáveis e muitos animais possuem a patologia, porém se apresentam assintomáticos. A raça Shih Tzu também pode ser afetada, diferentemente do que a literatura relata. A presença de sopro é um achado clínico importante. A ecocardiografia é um exame complementar indispensável para o diagnóstico.

REFERÊNCIAS1) Moise NS. Echocardiography. In: Fox PR, editor. Canine and Feline Cardiology. New York: Churchill Livingstone; 1988. p.141-142.2) Ware Wa. Congenital Cardiovascular Diseases. In: Ware Wa, editor. Cardiovascular Disease in Small Animal Medicine. 1th softcover ed. London: Manson Publishing, 2011. P243-244.3) Bonagura JD, Lehmkuhl LB. Congenital heart disease. In: Fox PR, editor. Textbook of Canine and Feline Cardiology. 2nd ed. New York: W.B Saunders, 1999. p. 495-499.4) Boon, JA. Congenital Heart Disease. In: Boon JA, editor. Manual of Veterinary Echocardiography. 1th ed. New York: Lippincott Williams & Wilkins, 1998. p. 424-430.

Relato de Caso – Defeito de Septo Atrial em Canino

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Relato de Caso - Carcinoma espinocelular em caninoLetícia Brasil Simões Pires Telesca – Discente do curso de Medicina Veterinária – Universidade do Oeste de Santa Cata-rina – UNOESC/ Xanxerê – SC.Cláudia Brasil Simões Pires Telesca – Médico Veterinário autônomo – CLIMVET clínica médica veterinária/ Chapecó-SC.Mylena Cheyla Pozzan - Médico Veterinário autônomo – CLIMVET clínica médica veterinária/ Chapecó-SC.E-mail para contato: [email protected]

RESUMOAs neoplasias orofaríngeas são comuns em cães e gatos representando aproximadamente 5% de todos os tumores na medicina veterinária. O carcinoma espinocelular (CEC) acomete todos as animais domésticos, principalmente cães de meia idade a idoso. Este relato tem por objetivo descrever o caso de um canino idoso que apresentou leve assimetria facial, além de desconforto, dor, disfagia e halitose, o qual somente chegou ao diagnóstico definitivo através de exame histológico. Quando esta afecção acontece de maneira agressiva em animais de alto risco cirúrgico e anestésico deve-se haver um consenso entre médico veterinário e tutor para garantir o bem-estar do paciente.

Palavras-chave: orofaríngeo; neoplasia; cão.

INTRODUÇÃOA maioria das neoplasias orofaríngeas em cães e gatos é de característica maligna. Os animais chegam à clínica com sinais de halitose, disfagia, salivação e dor, além de edema facial (1). O CEC representa uma parcela significativa em estudos de prevalência, e acometem principalmente cães de meia idade a idosos. A excisão cirúrgica agressiva é o tratamento de escolha para animais com tumores orofaríngeos sem metástase, porém poderá ser usada de maneira paliativa (2). O objetivo deste trabalho foi demonstrar a importância do método histológico do fechamento do diagnóstico, além de evidenciar que em alguns casos, o tratamento cirúrgico pode não ser a melhor técnica empregada.

RELATO DE CASOUm canino, macho, pequinês, de 13 anos e pesando 7 kg foi atendido na clínica veterinária no mês de junho de 2016, devido à queixa do proprietário de mau hálito e dificuldade para se alimentar, além de dor. Ao exame clínico foi constatada halitose, sialorréia, disfagia e assimetria facial em lado esquerdo com aumento na região do osso maxilar, além de desconforto e dor (Imagem 1).

Diante das evidências clínicas, foram realizados exames hematológicos e bioquímicos os quais apresentaram leucocitose, sem outras alterações; para melhor avaliação foi necessário sedação. Após anestesia, foi coletado material da região afetada para exame histopatológico. Macroscopicamente apresentava-se como uma formação neoplásica densa, pobremente delimitada, infiltrativa e não encapsulada (imagem 2). As radiografias de crânio constataram que havia perda de tecido no arco zigomático (imagem 3).

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O laudo histopatológico foi de células neoplásicas do tipo epiteliais, grandes, com citoplasma escasso à abundante e eosinofílico; núcleo grande e evidente com cromatima frouxa. Pleomorfismo moderado e índice mitótico elevado. As células epiteliais dispõem-se em padrão lobular, por vezes circundando pérolas córenas. Há ulceração multifocal e metaplasia óssea, focal e moderada. A conclusão é de que se tratava de um carcinoma espinocelular.

A evolução do quadro foi rápida. Devido ao animal ser idoso, e possuir cardiopatia já conhecida, a proprietária optou por não realizar tratamento cirúrgico, ou quimioterapia e radioterapia. Como havia contaminação bacteriana secundária, foi realizada cultura e antibiograma onde o microrganismo isolado foi Escherichia coli, sensível a todos os antibióticos, menos penicilina. Para tratamento clínico foi instituído metronidazol 25 mg/kg/BID 14 dias como antibiótico, cloridrato de tramadol 4 mg/kg/BID e dipirona 30 mg/kg TID ambos para controle da dor. Algumas semanas após o proprietário optou pela realização da eutanásia.

RESULTADOS E DISCUSSÃONeste presente relato, tanto a neoplasia quanto o animal acometido, corrobora com a literatura, aonde cita que CCE estão entre as principais neoplasias orofaríngeas, ocorrendo principalmente em cães de meia idade a idosos, além de que o tumor apresenta característica friável, ulcerativa e infiltrativa e que os cães chegam as clínicas veterinárias com sinais de dor, disfagia e halitose. O CCE em região orofaríngea caudal apresenta comportamento metastático, infiltrativo e extremamente rápido, como ocorrido com este cão. O tratamento clínico foi efetivo, devido a natureza do agente e as características do antibiótico, além de metronidazol 20 a 25 mg/ kg a cada 12 horas, pode ser utilizado clindamicina 5 mg/kg a cada 12 horas (1).

A excisão cirúrgica agressiva é o tratamento de escolha para os pacientes, tanto como tratamento definitivo como para medida paliativa para aumentar a sobrevida do animal (2), porém em alguns casos, a condição clínica do paciente torna-se um empecilho, onde o risco cirúrgico dificulta a aceitação do proprietário para realização do tratamento. Além da excisão cirúrgica a radioterapia é bem sucedida, já a quimioterapia raramente é benéfica (4).

CONCLUSÃOO CEC é uma neoplasia geralmente apresentada de forma maligna, ulcerativa e infiltrativa de progressão rápida. Como não há característica marcante macroscopicamente, o exame histopatológico torna-se de suma importância para proceder ao tratamento adequado.

REFERÊNCIAS1) COUTO, G. Oncologia. In: Medicina interna de pequenos animais. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 1112-1113, 2006.2) DAGLI, Z. L. M. Oncologia Veterinária. In: Tratado de Medicina Interna de cães e gatos. 1 ed. v. 1 São Paulo: Roca, p. 477-588, 2015.3) FERREIRA, M. F. Neoplasias oculares. In: Oncologia de cães e gatos. 1 ed. São Paulo: Roca, p. 296 – 297, 2008.

Figura 1: Assimetria facial Figura 2: Neoplasia Figura 3: Acometimento ósseo

Relato de Caso - Carcinoma espinocelular em canino

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Relato de Caso - Fibrossarcoma em Felino Após Lesão por MordeduraCaroline Munhoz* - Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Federal de PelotasMariana Cardoso Sanches – Médica Veterinária, Universidade Federal de PelotasBeatriz Maroneze – Médica Veterinária, Universidade Federal de Pelotas* [email protected]

RESUMOO tecido inflamatório como promotor de crescimento tumoral vem sendo relatado tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária. Na clínica de felinos essa relação tem se destacado com intensidade, ainda mais sobre o desenvolvimento de sarcomas vacinais, comumente relatados. Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias, da Universidade Federal de Pelotas (HCV-UFPEL) um felino, macho, idoso, apresentando lesão extensa, necrosada, com imobilidade do membro torácico após lesão por mordedura. Após a realização do exame clínico e exames laboratoriais, por inviabilidade de manutenção tecidual optou-se pela amputação do membro, sendo o tecido enviado para análise histopatológica, e diagnosticado como Fibrossarcoma. O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso, destacando a importância clínica do estudo relacionando lesões teciduais com o desenvolvimento de tumores, para a correta orientação dos tutores na identificação dos primeiros sinais, permitindo a avaliação, identificação e tratamento precoce desta enfermidade.

Palavras Chave: Tecido inflamatório; Sarcoma; Neoplasias

INTRODUÇÃOFibrossarcomas são neoplasias malignas que acometem os fibroblastos e possuem rápido crescimento na região acometida (1), sendo o mais relatado em casos de sarcomas por injeções em felinos (2). Acredita-se que o desenvolvimento dessa neoplasia está relacionado com fatores genéticos de cada indivíduo, processos de cicatrização pelos fibroblastos e aplicação de fármacos ou vacinas, podendo ocorrer semanas, meses ou até mesmo anos após a lesão (2). O diagnóstico é realizado através da avaliação clínica, exames complementares e avaliação histopatológica, sendo esse último essencial para fechamento do diagnóstico definitivo (1). Geralmente o prognóstico para esta enfermidade é desfavorável e o tratamento mais indicado consiste na retirada cirúrgica associada a terapias de suporte para conforto e qualidade de vida do paciente (2).

O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um felino acometido pela enfermidade, destacando a importância clínica do estudo relacionando lesões teciduais com o desenvolvimento de tumores, para a correta orientação dos tutores na identificação dos primeiros sinais, permitindo a avaliação, identificação e tratamento precoce desta enfermidade.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no HCV-UFPEL- um felino, macho, sem raça definida, de 16 anos de idade, pesando 4.2kg. Durante a anamnese o tutor queixou-se que a ferida causada por mordedura, presente no membro anterior direito, não apresentava sinal de melhora há 4 meses, e que nos dias que antecederam a consulta, o animal se apresentava apático e inapetente. Durante o exame clinico específico do membro afetado observou-se que a lesão lacerada com necrose extensa, edemaciada e presença de pus. Foi então, realizada a coleta de amostra de sangue para análise laboratorial, afim de verificar-se o estado geral do paciente.

A conduta terapêutica escolhida frente ao caso foi a realização da amputação do membro torácico esquerdo acometido. O procedimento cirúrgico mostrou resultados satisfatórios, e o membro necrosado foi encaminhado para análise histopatológica.

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RESULTADOS E DISCUSSÃONo hemograma realizado prévio ao procedimento cirúrgico foi possível identificar leucocitose intensa e linfopenia significativa, elevação nos níveis de fibrinogênio, evidenciando assim um intenso processo inflamatório em andamento. No histopatológico realizado através de Coloração de tricrômico de Masson, foi identificada a invasão e destruição da estrutura óssea do rádio, com osteólise e formação de tecido indiferenciado, constituído por células fusiformes com núcleos alongados, muito pleomórficas, com múltiplos nucléolos apresentando citoplasma escasso ou moderado e fortemente eosinofílico, com matriz fibrilar exuberante, arranjada em feixes paralelos ou redemoinhos. Numerosas mitoses com invasão para a epiderme, com ulceração recoberta por crostas, contribuindo com o diagnóstico de Fibrossarcoma (4).

Há anos o desenvolvimento de tumores por irritação, inflamação ou lesões, vem sendo relatado tanto na medicina veterinária quanto na medicina humana, e ainda assim a patogenia dos tumores associados aos processos inflamatórios se mantém desconhecida (3). No presente relato de caso, acredita-se que a mordedura desencadeou o processo de oncogênese, vindo de encontro com o que (3) sugere em seu trabalho. Achados do crescimento de células inflamatórias no local de sarcomas vacinais em felinos suportam a indicação da relação entre processos inflamatórios e o desenvolvimento de tumores (4), muito semelhante ao caso relatado. Teorias foram propostas de que, durante a resposta inflamatória os linfócitos liberam fatores que recrutam macrófagos, levando a proliferação de fibroblastos no local e a expressão de oncogenes (3), como os descritos na análise histopatológica do presente relato. Acredita-se que a formação de cápsula fibrosa é um fator considerado mais relevante no processo de oncogênese do que o processo inflamatório ativo, embora o papel da resposta inflamatória local no mecanismo molecular neoplásico se mantém desconhecido (3). Pesquisas que estabeleçam o mecanismo de atuação e a relação entre processos inflamatórios e o desenvolvimento de tumores, pode beneficiar a espécie humana, felinos e outras espécies (3).

CONCLUSÃOConclui-se com o presente trabalho a necessidade de se intensificar estudos e pesquisas estabelecendo uma relação entre tecidos inflamatórios e o desenvolvimento de tumores, em especial o Fibrossarcoma. Através do estabelecimento dessa relação será possível uma melhor percepção a cerca da fisiopatogênia da enfermidade possibilitando assim uma melhor orientação aos tutores afim de se intensificar a identificação prévia do crescimento tumoral, permitindo uma intervenção precoce, tratamento adequado e melhor qualidade de vida para esses pacientes.

REFERÊNCIAS1) MONTANHA, Francisco Pizzolato; CORRêA, Carmen Silvia de Souza. SARCOMA PÓS APLICAÇÃO DE FÁRMACOS EM GATOS. Revista CientÍfica EletrÔnica de Medicina VeterinÁria: Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça – FAMED/FAEF, Garça, v. 11, n. 20, p.1-9, jan. 2013. Semestral.2) PAULA, Rafaela Casado de et al. Sarcoma de injeção em felinos domésticos: Revisão de Literatura: Feline domestic injection-site sarcoma : a review. Revista de Ciência Veterinária e Saúde Pública, Maringá, v. 2, n. 1, p.045-053, jun. 2015.3) KIDNEY, Beverly A.. Role of inflammation/wound healing in feline oncogenesis: A commentary.  Journal Of Feline Medicine And Surgery,  [s.l.], v. 10, n. 2, p.107-109, abr. 2008. SAGE Publications. http://dx.doi.org/10.1016/j.jfms.2007.12.008.4) COUTO, S. S. et al. Feline Vaccine-associated Fibrosarcoma: Morphologic Distinctions. Veterinary Pathology, [s.l.], v. 39, n. 1, p.33-41, jan. 2002. SAGE Publications. http://dx.doi.org/10.1354/vp.39-1-33.

Relato de Caso - Fibrossarcoma em Felino Após Lesão por Mordedura

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Relato do Primeiro Caso de Leishmaniose Visceral Canina em Londrina/PR e Investigação do Caso Eloiza Teles Caldart - doutoranda em Ciência Animal, UEL. Isabelli Sayuri Kono - graduanda em Medicina Veterinária, UEL. Weslem Garcia Suhett - docente em Medicina Veterinária, UEL. E-mail para correspondência: [email protected]

RESUMOA leishmaniose visceral é uma zoonose vetorial crônica de caráter insidioso e leva à morte inclusive pessoas tratadas. Os cães são considerados os principais reservatórios da doença para os humanos e também apresentam quadro clínico crônico e grave quando acometidos. O objetivo do presente relato foi descrever o primeiro caso provavelmente autóctone de leishmaniose visceral canina do município de Londrina e sua investigação. Um animal de rua apresentando extensas lesões dermatológicas, onicrogrifose, leve anemia e leucopenia foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina, onde contatou-se positividade para Leishmania spp. em exames sorológicos (RIFI e ELISA). Foi recomendada a eutanásia, visto que o animal não tinha um responsável e portava uma zoonose grave em estágio avançado, oferecendo risco à saúde pública. A citologia foi positiva em medula óssea; a PCR e a cultura parasitária foram positivas em pele, baço, fígado, linfonodo e medula óssea. Ao sequenciamento confirmamos a espécie do parasito L. (L.) infantum. O diagnóstico oficial foi realizado pelo LACEN do Paraná (ELISA e TR-DPP) e mediante laudo oficial iniciou-se a investigação do caso para a confirmação de autoctonia. No momento está ocorrendo a busca ativa do vetor e de outros casos caninos no município, bem como busca por informações da origem do animal em questão.

Palavras-chave: Leishmania (L.) infantum; Lutzomyia longipalpis; cão errante.

INTRODUÇÃOO principal agente etiológico da leishmaniose visceral (LV) humana e canina no Brasil é a: Leishmania (Leishmania) infantum e seu vetor o Lutzomyia longipalpis (1). Cerca de 58.000 casos novos humanos de LV são notificados por ano no mundo; o Brasil notifica uma média de 3481 casos por ano a uma taxa de mortalidade média de 7,2% (2). O estado do Paraná era considerado indene para LV até julho de 2015, quando o primeiro caso humano autóctone foi notificado na cidade de Foz do Iguaçu (3). O vetor da LV foi relatado nesta cidade em 2012 (4) e em 2014 foram confirmados os primeiros casos caninos autóctones (5). Casos caninos alóctones são diagnosticados frequentemente em municípios como Curitiba e Londrina (6), levando em consideração que cães são os principais reservatórios dessa doença para humanos, constatamos o intenso risco ao qual o estado está submetido, bastando a expansão geográfica do vetor para que essa importante zoonose se instale. A LV canina (LVC) está se espalhando rapidamente nos municípios do oeste do estado de São Paulo que fazem fronteira com o estado do Paraná e esse é o caminho mais provável que os vetores percorram para chegar até o Norte do Paraná (7), região a qual pertence o município de Londrina. O objetivo do presente relato foi descrever o primeiro caso provavelmente autóctone de LVC de Londrina e sua investigação.

MATERIAL E MÉTODOSEm Janeiro de 2017, foi atendido um paciente canino, fêmea, sem raça definida, com aproximadamente um ano de vida, após ter sido encontrado na rua. Foi realizada anamnese, exame físico, coleta de sangue para hemograma e soro para reação de imunofluorescência indireta (RIFI) (8) e enzimaimunoensaio (ELISA) (9) para a detecção de anticorpos anti-Leishmania spp. Após o diagnóstico clínico e laboratorial de LVC, foi recomendada a eutanásia, visto que o animal não tinha um responsável e portava uma zoonose grave em estágio avançado, oferecendo risco à saúde pública. Após a necropsia do animal foi feita a punção de medula óssea e a coleta de fragmentos de órgãos para uso na citologia, PCR e cultura parasitária. A PCR em questão amplifica o gene ITS1 de Leishmania spp. (10), caso positiva deve-se realizar o sequenciamento de DNA pelo método de Sanger para que se possa identificar a espécie do parasito. A cultura parasitária foi realizada em meio difásico Blood Ágar Base (BAB) e Schneider. Uma amostra de soro foi enviada para o Laboratório Central do Estado do Paraná (LACEN), onde seriam realizados os exames oficiais. A

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investigação do caso foi iniciada para a confirmação de autoctonia.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO animal apresentava claudicação em membro anterior direito com ausência de propriocepção, aumento de volume e desvio angular da articulação carporadio-ulnar, lesões extensas de pele, com presença de alopecia, colaretes epidérmicos, crostas, descamações, hiperpigmentação e hiperqueratose nas regiões de cabeça, pavilhão auricular e distal de membros, além de onicogrifose. No exame radiográfico foi identificado fratura de ulna, com má união e osteopenia. Ao hemograma constatou-se leve anemia com hematócrito 32% e leucopenia de 4200. O resultado da RIFI foi reagente com título 320, o ELISA foi reagente, a citologia foi positiva, a PCR e a cultura parasitária foram positivas em pele, baço, fígado, linfonodo e medula óssea; ao sequenciamento confirmamos a espécie do parasito L. (L.) infantum. Os exames realizados no LACEN, ELISA e teste rápido (TR-DPP) foram positivos ocasionando a confirmação do caso e desencadeamento da investigação do mesmo. A investigação se faz necessária para a confirmação da autoctonia do caso para posterior notificação deste como o primeiro caso autóctone do município de Londrina e está sendo realizada juntamente com a Vigilância em Saúde do Município e com a 17ª Regional de Saúde do Estado do Paraná. O local onde o animal foi encontrado é alvo de abandono segundo o relato de moradores e vigilantes e, por ficar próximo a uma rodovia, o cão pode, inclusive, ter vindo de cidades paulistas onde a LVC já é endêmica. Armadilhas para captura do vetor já foram colocadas no local onde o animal foi encontrado (fundo de vale) e até o momento L. longipalpis não foi capturado. Agentes comunitários de saúde e de endemias foram treinados para realizar a busca ativa de novos casos. Panfleto informativo está sendo distribuído nas residências das imediações do caso para busca por informações da origem do animal.

CONCLUSÃOO diagnóstico de leishmaniose visceral canina do presente caso é baseado nos sinais clínicos evidentes, no exame físico, nos exames complementares e laudo oficial do LACEN. O caso relatado é fortemente suspeito de ser autóctone do município de Londrina; no entanto, somente ao final da busca ativa pelo vetor L. longipalpis e por outros casos de LVC poderemos encerrar a investigação e definir a autoctonia do mesmo para posterior notificação.

REFERÊNCIAS1) Brasil. Ministério da Saúde. Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral. Brasília-DF: Ministério da Saúde, 2014. 2) Alvar J, Vélez ID, Bern C, Herrero M, Desjeux P, Canos J et al. Leishmaniasis Worldwide and Global Estimates of Its Incidence. PLoS one; 2012, 7(5): e35671. 3) ANP. Agência Nacional de Notícias do Paraná. Disponível em: http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=84980. Acessado em 23 de dezembro de 2015. 4) dos Santos DR, Ferreira AC, Bisetto-Junior A. O primeiro registro de Lutzomyia longipalpis (Lutz & Neiva, 1912) (Diptera: Psychodidae), no Estado do Paraná, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical; 2012, 45(5). 5) Bisetto-Junior A, Thomaz-Soccol V, Navarro IT. Leishmaniose Visceral no Estado do Paraná. Revista Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná; 2014, 41:6-7. 6) Thomaz-Soccol V, Castro A, Navarro IT, de Farias MR, de Souza LM, Carvalho I et al. Casos alóctones de leishmaniose visceral canina no Paraná, Brasil: implicações epidemiológicas. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária;2009, 18(3): 46-51. 7) D’Andrea LAZ, Fonseca ES, Prestes-Carneiro LE, Guimarães RB, Yamashita RC, Soares CN, et al. The shadows of a ghost: a survey of canine leishmaniasis in Presidente Prudente and its spatial dispersion in the western region of São Paulo state, an emerging focus of visceral leishmaniasis in Brazil. BMC Veterinary Research; 2015, 11(1): 273. 8) Oliveira TMFS, Furuta PI, Carvalho D, Machado RZ. A study of cross-reactivity in serum samples from dogs positive for Leishmania sp., Babesia canis and Ehrlichia canis in enzyme- linked immunosorbent assay and indirect fluorescent antibody test. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária; 2008, 17: 7-11. 9) Szargiki R, Castro EA, Luz E, Kowalthuk W, Machado AM, Thomaz-Soccol V. Comparison of serological and parasitological methods for cutaneous leishmaniasis diagnosis in the State of Paraná, Brazil. The Brazilian Journal of Infectious Diseases; 2009, 13: 47-52. 10) Schönian, G, Nasereddin A, Dinse N, Schweynoch C, Schallig HD, Presber W et al. PCR diagnosis and characterization of Leishmania in local and imported clinical samples. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, 47(1): 349–358.

Relato do Primeiro Caso de Leishmaniose Visceral Canina em Londrina/PR e Investigação do Caso

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Ressecção de Adenocarcinoma Retal Pela Técnica da Eversão Anal em Cão Thomas Normanton Guim, Dr. – Hospital de Clinicas Veterinária - UFPel Fernanda Rodrigues Mendonça, Graduanda Medicina Veterinária - UFPel – [email protected] Jéssica Bastos Lavadouro, Residente Clínica Médica de Animais de Companhia - UFPel

RESUMO Neoplasias intestinais são de baixa ocorrência em cães e quando malignos são invasivos e apresentam potencial metastático. Relata-se um caso de adenocarcinoma retal em uma fêmea canina, raça Chow Chow, oito anos de idade que apresentava disquezia e hematoquezia. Na palpação retal percebeu-se massa exofítica na mucosa retal com cerca de 5 centímetros, que foi avaliada e biopsiada pelo exame endoscópico. Radiografia do tórax não indicou lesões metastáticas e ultrassonografia abdominal revelou diversas neoformações hepáticas posteriormente identificadas pela histopatologia como hiperplasia nodular. O diagnóstico definitivo de adenocarcinoma retal foi estabelecido pela histopatologia. A abordagem transanal foi utilizada para exérese da neoformação. Terapia adjuvante com quimioterapia metronômica foi realizada com ciclofosfamida e piroxicam. A endoscopia é fundamental na identificação, diagnóstico e planejamento cirúrgico de neoplasias anorretais. A histopatologia é ferramenta essencial para o diagnóstico definitivo e estadiamento da doença. A técnica de abordagem transanal foi efetiva no controle local do neoplasma e demonstrou ser pouco invasiva, promovendo conforto pós operatório.

Palavras-chave: cirurgia, neoplasia intestinal, neoplasia retal

INTRODUÇÃO As neoplasias que acometem os segmentos intestinais de cães, excetuando-se os linfomas, são de baixa ocorrência e correspondem a cerca de menos de 10% de todas as neoplasias malignas. Os adenocarcinomas intestinas originam-se das células epiteliais das criptas intestinais e apresentam potencial metastático para linfonodos regionais e órgãos distantes. Os sinais clínicos são variáveis e inespecíficos de doença crônica gastrointestinal e, no caso de localização colorretal, a palpação digital e o exame endoscópico são ferrramentas valiosas no estabelecimento do diagnóstico. A cirurgia é o tratamento de eleição podendo ou não ser associada à quimioterapia, porém, em medicina veterinária não há descrição de protocolos efetivos. O prognóstico é reservado para lesões malignas, sendo favorável para tumores bem diferenciados, totalmente ressecados e sem evidências de lesões metastáticas.

O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de adenocarcinoma retal em um canino, descrevendo os aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos da doença.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal de Pelotas um canino fêmea, da raça Chow-Chow, de oito anos de idade e pesando 23 kg. A principal queixa da proprietária foi que o animal apresentava dificuldade para defecar e sangue nas fezes. Para a realização do diagnóstico foram realizados exame físico, palpação digital do reto e exame endoscópico colorretal com coleta de material para avaliação histopatológica. O estadiamento foi realizado através de exame radiográfico do tórax, ultrassom abdominal e laparotomia para coleta de amostras de tecido hepático suspeito de lesão metastática. Exame de hemograma e função bioquímica hepática e renal foram realizados para avaliação da condição geral e pré-operatória. A cirurgia através da abordagem anal associada com quimioterapia metronômica (ciclofosfamida 10 mg/m2 a cada 24 horas e piroxicam 0,3 mg/kg a cada 24 horas, ambos por tempo indeterminado) foi o tratamento realizado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Através da palpação retal, foi constatado que a paciente apresentava uma massa na região da mucosa retal há cerca de cinco centímetros do ânus. O exame endoscópico revelou que esta neoformação era friável, avermelhada, irregular e peduncular, possuía aproximadamente cinco centímetros de diâmetro e três centimentros de base, obstruindo parcialmente o lúmen intestinal. Os adenocarcinomas são altamente invasivos e proliferativos, podendo se estender para o lúmen ou serem infiltrativos, produzindo um estreitamento circunferencial (1). O exame endoscópico é uma ferramenta extremamente útil na identificação e localização das lesões, bem como coleta de material para diagnóstico definitivo e planejamento terapêutico (1). No presente relato, as amostras biopsiadas durante o exame endoscópico foram avaliadas por histopatologia e apresentaram diagnóstico de adenocarcinoma papilar retal.

Os exames de imagem são extremamente importantes no estadiamento da doença oncológica. Embora o animal do presente caso não apresentasse lesões torácicas compatíveis com metástase, no exame ultrassonográfico foram identificados diversos nódulos hepáticos, de diâmetros variados e aspecto hiperecóico e heterogêneo, compatíveis com neoformação. Associado à essas lesões, foi observado aumento moderado das enzimas de função hepática. O fígado é um sítio comum de localização de metástases de neoplasias intestinais malignas (1), no entanto, a histopatologia dos fragmentos das lesões hepáticas coletadas através de laparotomia foram compatíveis com hiperplasia nodular hepática, lesão comumente observada em cães idosos.

Utilizando fios de náilon, foi realizada a colocação de quatro suturas de ancoragem, em quatro quadrantes na junção mucocutânea para eversão da parede retal. Esse processo foi repetido duas vezes, sendo aplicada tração caudal, com o objetivo de aumentar o prolapso da ampola retal e posterior exposição da massa. As suturas de ancoragem finais ficaram localizadas cranialmente à massa. Um bisturi elétrico foi utilizado para realizar a excisão completa do adenocarcinoma. Depois da completa exérese, foi realizada a proctorrafia e então foram retirados os pontos de ancoragem e foi permitido que o local cirúrgico se retraísse para sua posição anatômica. A abordagem através da técnica da eversão anal está indicada para excisão de massas retais pequenas, não invasivas e grandes massas retais de base larga que podem ser exteriorizadas através do ânus, desde que envolvam o reto caudal ou canal anal (2), no entanto, impossibilita a coleta de material de linfonodos regionais para correto estadiamento (1). Por ser pedunculada e tamanho razoável, a neoplasia do presente caso foi removida com margem de segurança, mas sem a realização de resseção do reto, que geralmente quando realizada está associada com incontinência fecal (2). A ressecção de uma porção do intestino, através de abordagens ventral, dorsal e lateral é possível, porém essas abordagens são mais agressivas e propiciam maior risco de contaminação (2).

Não é descrito na literatura veterinária protocolo de quimioterapia convencional efetivo para os adenocarcinomas intestinais (1), no entanto, a quimioterapia metronômica tem se mostrado promissora no tratamento de diversos tumores. Até o momento, 45 dias após o procedimento cirúrgico o animal encontra-se sem nenhum sinal clínico e não apresenta efeitos adversos da utilização da quimioterapia metronômica.

CONCLUSÃO A endoscopia é fundamental na identificação, diagnóstico e planejamento cirúrgico de neoplasias anorretais. A histopatologia é ferramenta essencial para o diagnóstico definitivo e estadiamento da doença. A técnica de abordagem transanal foi efetiva no controle local do neoplasma e demonstrou ser pouco invasiva, promovendo conforto pós operatório, sem sequelas e complicações gastrintestinais.

REFERÊNCIAS 1) Sobral RA, De Nardi AB. Tumores do trato digestório. In: Daleck CR, De Nardi AB. Oncologia em cães e gatos. 2a ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016.p.531-44. 2) Radlinsky MG. Cirurgia do Sistema Digestório. In: Fossum TW. Cirurgia de Pequenos Animais. 4º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. p.386-583.

Ressecção de Adenocarcinoma Retal Pela Técnica da Eversão Anal em Cão

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Ressecção e anastomose entre porção final de duodeno e cólon descendente em um canino com osteossarcoma extra-esquelético em linfonodo mesentéricoEtiene Etges – Graduando da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)Matheus Macagnan – Programa de Residência Multidisciplinar em Saúde da UFSMMaurício Veloso Brun – Professor Dr. da UFSM, Bolsista CNPq/Brasil [email protected]

RESUMOO osteossarcoma extra-esquelético é um neoplasma maligno de origem mesenquimal incomum em cães. Dentre as opções de tratamento se destacam a ressecção cirúrgica associada à quimioterapia, sendo o prognóstico considerado reservado. O presente relato tem como objetivo descrever a ressecção de um extenso segmento intestinal para exérese de um osteossarcoma extra-esquelético localizado na raiz do mesentério de um cão, bem como o manejo das complicações no pós-operatório. Um canino macho, da raça American Staffordshire Terrier, de 7 anos e 25kg apresentou aumento de volume no linfonodo mesentérico em exame ultrassonográfico de controle, três meses após a ressecção de um linfossarcoma intestinal. Optou-se por ressecção e anastomose intestinal associada à quimioterapia e manejo das complicações pós-operatórias relacionadas à síndrome do intestino curto (SIC).

Palavras-chave: cirurgia intestinal; neoplasia; cão.

INTRODUÇÃOO osteossarcoma extra-esquelético (OSEE) é uma neoplasia mesenquimal maligna rara caracterizada pela produção de osteóide ou osso, algumas vezes acompanhado de cartilagem (1). Um estudo de 169 casos de osteossarcoma extra-esquelético, onde 61 localizavam-se em tecidos moles, demonstrou que a maioria apresentava o trato gastrointestinal acometido, sendo o jejuno e o mesentério os locais mais prevalentes (2). O prognóstico para o OSEE em cão é pobre, tendo uma previsão média de sobrevida em torno de dois meses (3).

As ressecções e anastomoses extensas são recomendadas para remoção de segmentos isquêmicos, necróticos, neoplásicos ou fúngicos infectados do intestino, bem como em casos de intussuscepções irredutíveis (4).

O presente relato tem como objetivo descrever a ressecção de um extenso segmento intestinal para exérese de um osteossarcoma extra-esquelético localizado na raiz do mesentério de um cão, associada à quimioterapia e aos manejos das complicações pós-operatórias.

MATERIAL E MÉTODOSUm canino macho, da raça American Staffordshire Terrier, de 7 anos e 25kg, foi atendido no Hospital Veterinário Universitário da UFSM para uma ultrassonografia de controle, três meses após a ressecção de um linfossarcoma localizado no jejuno. O exame ultrassonográfico revelou um aumento de volume significativo em posição de linfonodo mesentérico jejunal.

Optou-se pelo procedimento de laparoscopia exploratória para avaliar a extensão e possibilidade de excisão da massa. O paciente foi submetido ao jejum sólido e hídrico de 12 e 6 horas, respectivamente. Foi submetido à tricotomia ampla, estendendo-se da cartilagem xifóide à região púbica e até região média da parede abdominal lateral. O cão foi mantido em plano anestésico com isoflurano vaporizado em oxigênio a 100% com ventilação espontânea. Com o paciente em decúbito dorsal, realizou-se a antissepsia e o posicionamento dos campos cirúrgicos. O primeiro portal (11mm) foi introduzido pela técnica aberta. sobre a cicatriz umbilical. Após estabelecido o pneumoperitônio com

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CO2 medicinal, realizou-se a inspeção da cavidade abdominal com endoscópio rígido de 10 mm. O segundo portal (11 mm) foi posicionado em sentido cranial na região entre a cicatriz umbilical e o púbis. Foram observadas diversas aderências entre fígado, baço e peritônio, bem como a massa em linfonodo mesentérico de grandes proporções, fazendo-se necessária a conversão para laparotomia, por meio da ampliação do primeiro portal. Dada sua localização na raiz do mesentério e a impossibilidade de dissecar a massa sem comprometer a vascularização de grande extensão do intestino, optou-se pela excisão dos linfonodos mesentéricos alterados e dos segmentos intestinais associados e amplo segmento intestinal. Para tal, realizou-se a ligadura dos vasos associados, oclusão do lúmen em ambas as extremidades do segmento intestinal e incisão das alças com bisturi, próximo à flexura duodenal caudal e na porção inicial do cólon descendente. A anastomose das alças foi realizada em padrão interrompido simples, com fio poliglecaprone 4-0. A disparidade no diâmetro das alças foi corrigida pela incisão do intestino delgado em sua superfície antimesentérica e pelo maior espaçamento das suturas no cólon descendente. A cavidade abdominal foi lavada com 2L de solução fisiológica aquecida e suturada em três planos. Na celiorrafia utilizou-se poliglactina 2-0 em padrão Sultan, redução do espaço morto com sutura contínua simples e fio poliglactina no 2-0, e por fim, sutura de pele em padrão Wolff com fio de náilon 3-0. O paciente permaneceu internado por seis dias, recebendo ração pastosa batida em água após jejum pós-operatório sólido de 48h e hídrico de 24h

RESULTADOS E DISCUSSÃONo retorno pós-cirúrgico, sete dias após o animal receber alta, o tutor relatou vômito, diarréia, hiporexia, apetite seletivo e perda de 4kg de peso corpóreo, complicações esperadas na Síndrome do Intestino Curto (SIC). A SIC ocorre quando mais de 70 a 80% do intestino delgado é ressectado e como tratamento deve-se fornecer suporte nutricional e medicamentoso até que ocorra adaptação intestinal e a diarréia seja controlada (4). Até 44 dias de pós-operatório, o paciente encontra-se em fase de adaptação da dieta. O prognóstico para o osteossarcoma extra-esquelético em cães é pobre, tendo uma previsão média de sobrevida em torno de dois meses (3). Metástases são comuns, mas os pulmões estão menos envolvidos que nos ostoessarcomas esqueléticos (5). No presente caso foi observada uma metástase hepática. A terapia quimioterápica adjuvante está indicada neste caso, sendo utilizada uma associação de doxorrubicina e carboplatina, aplicadas a cada 21 dias.

Conclui-se que é possível remover osteossarcoma extra-esquelético na raiz do mesentério a partir de ressecções extensas de intestino delgado e grosso, desde que se observe os cuidados intensivos no pós-operatório e as possíveis complicações da SIC.

REFERÊNCIAS1) Bane B.L., Evans H.L. & Ro J.Y. 1990. Extraskeletal osteosarcoma. A clinicopathology review of 26 cases. In: Cancer (New York, EUA). 66: 62-70.2) Langenbach A., Anderson M.A., Dambach D.M., Sorenmo K.U. & Shofer F.D. 1998. Extraskeletal osteosarcomas in dogs: a retrospective study of 169 cases (1986-1996). In: Journal of the American Animal Hospital Association. (New York, USA) 34: 113-120.3) Kuntz C.A., Dernell W.S., Powers B.E. & Withrow S. 1998. Extraskeletal Osteosarcomas in dogs: 14 cases. In: Journal of the American Animal Hospital Association. (New York, U.S.A) 34: 26-30.4) Fossum, T.W (2005). Cirurgia de pequenos animais, 2.ed. São Paulo: Roca. 1390 p.5) Lima M.A., Rivas L.G., Grecco M.A.S. & Drumond J.M.N. 1998. Osteossarcoma extra-esquelético primário da região frontal. In: Revista da Associação Médica do Brasil. (Curitiba, Brasil) 44: 43-46.

Ressecção e anastomose entre porção final de duodeno e cólon descendente em um canino com osteossarcoma extra-esquelético em linfonodo mesentérico

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Retalho de padrão axial da artéria genicular medial para reconstrução de defeito após ressecção de grande neoplasmaRammy Vargas CAMPOS1*

Renan Bonotto de OLIVEIRA2

Paula Cristina BASSO3

1Discente do curso de Medicina Veterinária, UFSM-RS.*[email protected] 2Mestrando do Programa de Pós- Graduação em Medicina Veterinária (PPGMV), UFSM.3 Médica Veterinária-Clínica de Pequenos Animais-HVU/UFSM

RESUMOO mastocitoma é um dos tumores mais frequentes na prática clínico cirúrgica de pequenos animais. A ressecção cirúrgica como terapia única não é recomendada se o tumor for classificado como pouco diferenciado. A cirurgia deve ser devidamente planejada para permitir a ressecção com margens adequadas e posterior técnica reconstrutiva, o que se faz necessário nas exéreses de grandes tumores. Relata-se o caso de um canino adulto diagnosticado com mastocitoma de grau II de Patnaik em face lateral da perna, o qual foi tratado com quimioterapia e ressecção cirúrgica da massa tumoral, aliado a flape de padrão axial da artéria genicular medial para correção do defeito. A abordagem foi considerada satisfatória uma vez que não houveram recidivas tumorais ou deiscência, manteve-se a função do membro e a estética no local.

Palavras-chave: Cirurgia reconstrutiva; mastocitoma; canino; quimioterapia.

INTRODUÇÃOMastocitoma é a neoplasia cutânea mais frequente do cão e compreende 11 a 27% das neoplasias malignas. Ocorre principalmente em cães com idade média de 8-9 anos, sem predileção por sexo (1). Os objetivos da cirurgia reconstrutiva na medicina veterinária são a cura completa de feridas e principalmente o retorno à função da área danificada, preservando a estética quando possível (2). A escolha da técnica a ser utilizada para o fechamento de feridas complicadas depende de fatores inerentes a lesão e ao paciente (3). Um flape ou retalho de pele é um segmento pediculado de pele e tecido subcutâneo, no qual a base é responsável pela manutenção da irrigação da pele durante sua transferência para um leito receptor (4). Os retalhos em padrão axial são aqueles que possuem uma artéria e uma veia cutânea incorporadas à sua base, o que permite maior mobilidade em sua confecção (5). O objetivo deste trabalho é descrever o tratamento clínico cirúrgico de um canino acometido por mastocitoma, evidenciando o uso de retalho de padrão axial da artéria genicular medial como uma alternativa para a reconstrução de grandes defeitos de pele após a ressecção de neoplasmas extensos próximos ao joelho.

MATERIAIS E MÉTODOSDeu entrada no Hospital Veterinário Universitário um canino sem raça definida, macho, castrado, porte médio, com oito anos de idade, sendo relatado pelo tutor a presença de uma massa localizada na face lateral da perna, no terço proximal da tíbia. Durante a consulta, foi informado um crescimento expressivo da massa nos últimos 60 dias e presença de prurido local moderado. Realizou-se um exame de citologia aspirativa por agulha fina (CAAF), cujo laudo sugeriu mastocitoma. Uma biópsia excisional foi realizada para, através de histopatologia, graduar o neoplasma. O exame histopatológico da massa corroborou com o laudo da CAAF e apontou mastocitoma de grau II de Patnaik, moderadamente diferenciado como diagnóstico definitivo. Verificou-se deiscência da ferida cirúrgica sete dias após a biópsia excisional da massa. Foi recomendado ao tutor a limpeza e desinfecção da ferida, aliado ao seguinte protocolo de quimioterapia: vimblastina 2 mg/m² (IV) a cada 7 dias e predinisona 1 mg/kg (PO) a cada 24 horas por 28 dias. Ao fim do quarto ciclo de quimioterapia, realizou-se cirurgia para correção da ferida resultante da deiscência. As margens cirúrgicas foram ampliadas, evidenciando um grande defeito cutâneo no qual a aproximação direta das bordas não seria possível. Optou-se então pela confecção de um retalho de padrão axial baseado na artéria

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genicular medial com rotação ventral de 120°, o qual foi ancorado ao subcutâneo com poliglactina 910 3-0 em pontos isolados, e as margens cirúrgicas da pele, bem como a região do leito doador, foram apostas com náilon 3-0 em pontos isolados simples, seguido de imobilização do membro por gesso.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO mastocitoma canino é uma neoplasia de comportamento extremamente variável, de benigno a altamente maligno. Os graus histológicos propostos por Patnaik podem informar o prognóstico (6). A cirurgia isoladamente, ainda que realizada com margem recomendada de 3 cm, não é curativa para tumores de grau II visto que recidivas ocorrem em até 50% dos casos (7). O retalho baseado na artéria genicular medial, que é uma ramificação cranial da safena, se origina na face lateral da articulação do joelho e progride em direção ao trocânter maior do fêmur. Está indicado para correção de feridas na porção lateral, medial e caudal da tíbia (4). Para a execução desta técnica, é recomendado o decúbito lateral com o membro afetado para cima. O retalho deve ser cuidadosamente elevado e manipulado delicadamente através de pinças teciduais ou pontos de reparo nas bordas livres (4,8). Após a cirurgia reconstrutiva é recomendado o uso de bandagem de Robert Jones para evitar a formação de seroma e limitar a movimentação do membro (8). A necrose do retalho varia de 10% a 33% e se deve principalmente à localização variável dos ramos arteriais geniculares, flape excessivamente longo e trauma pós cirúrgico auto infligido (9). O uso de atadura gessada para confecção de bandagem nos membros de caninos após cirurgias reconstrutivas é pouco explorado, e o presente relato descreve o sucesso desta associação. O tratamento aplicado ao paciente em questão possibilitou a remoção completa da massa tumoral e a subsequente reconstrução cirúrgica do defeito resultante, que aliado à quimioterapia prévia, impediu a progressão da doença.

CONCLUSÃOAs técnicas cirúrgicas para reconstrução de feridas extensas e após a exérese de tumores através do uso de retalhos de pele são comuns na medicina veterinária desde a década de 1980. Cães e gatos acometidos por grandes defeitos teciduais expostos se beneficiam destas técnicas de correção, objetivando a oclusão destes, o retorno da função, da flexibilidade original da região, conforto pós operatório e manutenção da estética. O planejamento cirúrgico, bem como o conhecimento anatômico e habilidade do cirurgião são fatores determinantes no sucesso do procedimento.

REFERÊNCIAS1) Scott, DW et al. Dermatologia de pequenos animais. 5. ed. Rio de Janeiro: Interlivros. Cap.19. p. 926- 1054, 1996.2) Amsellem, P. Complications of Reconstructive Surgery in Companion Animals. Veterinary Clinics Small Animal. 2011.41: 995–1006.3) Tschoi, M.; Hoy, E. A.; Granick, MS. Skin Flaps. Perioperative Nursing Clinics. 2011. 6:171– 186. 4) Pavletic, MM. Atlas of small animal wound management and reconstructive surgery. 3rd. ed. Wiley-Blackwell, 2010.5) Reetz, JA. et al. Ultrassonographic and color-flow Doppler ultrasonographic assessment of direct cutaneous arteries used for axial pattern skin flaps in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association. 2006. 228: 1361-1366.6) Patnaik, AK. et al. Canine cutaneous mast cell tumor: morphologic, grading and survival time in 83 dogs. Veterinary Pathology.1984. 21:469-474.7) Lenore, D; Delprat, C. Quimioterapia anticancerígena. São Paulo: Roca, 2004.8) Castro, JLC et al.; Princípios e técnicas de cirurgias reconstrutivas da pele de cães e gatos (Atlas Colorido). Curitiba: Medvep, 2015.9) Wardlaw, JL; Lanz, OI. Axial pattern and myocutaneous flaps. In: Tobias KM and Johnston SA, editor. Veterinary surgery small animal. 1st ed. St Louis (MO): Saunders Elsevier, p.1256- 1270, 2012.

Retalho de padrão axial da artéria genicular medial para reconstrução de defeito após ressecção de grande neoplasma

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Sarcoma nasal em cão da raça Labrador Retriever – Relato de Caso Edgar Cardoso¹ Jéssica Pinheiro Feliciano do Nascimento² Maria Luiza Machado Pereira³

RESUMO Um canino macho, de raça Labrador Retriever, com sete anos, pesando 30 kg. foi atendido em 2012 na Vira-Lata Clínica Veterinária em Indaial, Santa Catarina, apresentando secreções nasais e espirros com sangue viscoso. Na radiografia observouse aumento de radiopacidade em região caudal compatível com edema, inflamação e radioluscencia em porção rostral sugestivo de perda óssea em seio nasal direito. No exame histopatológico foram encontradas anormalidades compatíveis com sarcoma nasal. O tratamento foi realizado com o uso de doxorrubicina e ciclofosfamida, durante aproximadamente dois meses. Os fármacos de escolha apresentaram-se eficazes, pois passados cinco anos não foram observados até o momento retorno dos sinais clínicos. O objetivo deste trabalho foi relatar o caso de sarcoma nasal com excelente resultado utilizando doxorrubicina e ciclofosfamida.

Palavras-chave: histopatologia; radiografia; quimioterápicos; oncologia.

INTRODUÇÃO Os sarcomas são neoplasmas malignos relativamente raros e são classificados de acordo com o tipo de tecido histológico. As origens do sarcoma nasal podem estar relacionadas a diversas causas, como traumas, síndromes genéticas, agentes químicos ou exposição à radiação (1). O principal protocolo terapêutico indicado é a quimioterapia, com alguns medicamentos específicos, como a doxorrubicina, pertencente à família das antraciclinas, e a ciclofosfamida, dos alquilantes. Estes são os agentes antineoplásicos mais utilizados na medicina veterinária para o tratamento de distintos sarcomas (2,3). O presente trabalho objetivou relatar o caso de sarcoma nasal em um cão da raça Labrador Retriever e o excelente resultado da doxorrubicina e ciclofosfamida no tratamento.

MATERIAL E MÉTODOS Um canino macho, de raça Labrador Retriever, com sete anos e cinco meses, pesando 30 kg. foi atendido em 2012 na Vira- Lata Clínica Veterinária em Indaial- SC, sendo relatado na anamnese que a cerca de três semanas começou a apresentar sinais clínicos de secreção nasal, espirro, chegando a espirrar sangue viscoso. Para diagnosticar o caso foi realizado exame histopatológico e radiografia do crânio na projeção ventrodorsal e decúbito lateral direito. Na radiografia observou-se aumento de radiopacidade em região caudal compatível com edema, inflamação e radioluscencia em porção rostral sugestivo de perda óssea em seio nasal direito. Com o exame histopatológico através da biópsia por punção da fossa nasal direita, macroscopicamente observou-se que o corte exibia consistência levemente firme, aspecto regular e coloração acastanhada. Microscopicamente foi possível observar fragmentos de mucosa incluindo tecido cartilaginoso e ulceração difusa com deposição de fibrina e infiltração de neutrófilos. Além de células alongadas atípicas com núcleo grande oval e citoplasma abundante e basofílico. Concluindo-se que as lesões eram de sarcoma indiferenciado acompanhado de reação inflamatória purulenta na fossa nasal direita. Para o tratamento do sarcoma foi administrado 25 mg doxorrubicina IV por via endovenosa a cada duas semanas durante um mês junto com fluidoterapia (4). Devido ao animal ter parado de alimentar-se foi suspensa a terapia com doxorrubicina e iniciouse o tratamento com ciclofosfamida (Genuxal) 50 mg via oral por trinta dias, sendo um comprimido ao dia. Após o tratamento quimioterápico foi realizado o hemograma, o qual apresentou leucopenia com trombocitopenia cujos efeitos são esperados e reversíveis da terapia com ciclofosfamida (3).

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RESULTADOS E DISCUSSÕES Devido à sintomatologia clínica, exame histopatológico e radiografia de crânio do animal, confirmou-se sarcoma nasal na fossa direita. Inicialmente utilizou-se doxorrubicina via endovenosa, pois esta não é absorvida pelo trato gastrointestinal, além de não ser estável em suco gástrico (5). Aproximadamente 1% de todos os tipos de neoplasias correspondem a cavidade nasal e seios paranasais em cães. Os animais de médio a grande porte e com idade média de dez anos parecem ter maior predisposição a desenvolver neoplasia, corroborando com o caso, já que o animal enquadra-se nestas características (6). A radiografia foi empregada como um exame de triagem, pois é uma alternativa na ausência de tomografia computorizada. Esta, aliada ao histopatológico e sinais clínicos do animal auxiliou para a confirmação de sarcoma nasal (7). O quimioterápico doxorrubicina é recomendada por (4) para cães, sendo a dose de aproximadamente 30 mg/m² a cada três ou quatro semanas, através de infusão endovenosa durante pelo menos 10 a 20 minutos. As doses desse medicamento variam de acordo com as indicações, protocolos, tamanho e espécie do animal (4).

A ciclofosfamida possui distintas indicações com eficácia significativa e em geral os pacientes tratados com esta terapia toleram os efeitos adversos e beneficiam- se com o tratamento (3). A terapia utilizando este fármaco e a doxorrubicina apresentaram-se eficazes, pois durante todo o período de acompanhamento não houve reincidência do sarcoma no animal.

CONCLUSÃO O sarcoma nasal é uma doença que pode acometer animais da raça Labrador Retriever, sendo relativamente incomum o seu aparecimento, onde os sinais clínicos podem variar de acordo com o quadro clínico do animal. Os exames histopatológicos e radiográficos mostram-se essenciais para o diagnóstico da doença. A doxorrubicina e a ciclofosfamida como quimioterápicos apresentam-se eficazes, pois durante todo o período de acompanhamento nestes últimos cinco anos não houve reaparecimento do sarcoma no animal.

REFERÊNCIAS 1) Zachary JF, Mcgavin MD. Bases da patologia em veterinária. 4ª ed. São Paulo: Elsevier Brasil; 2009. 2) Neuwald EB. Avaliação hematológica, bioquímica e eletrocardiográfica de cães com diferentes neoplasias tratados com doxorrubicina [Tese de Mestrado]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2009. 3) Barros VTM, Repetti CSF. Quimioterapia metronômica em cães: revisão de literatura. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias 2015; 105: 49-53 4) Rodaski S, Nardi AB. Quimioterapia antineoplásica em cães e gatos. 3ª ed. Curitiba: MedVet, 2008. 5) Fuchs FD, Wanmacher L, Ferreira MBC. Farmacologia Clínica: Fundamentos da terapêutica racional. 3 ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 6) Pavelski M, Silva DM, Flores TR. Radiografia das cavidades craniana e nasal em afecções neoplásicas em cães: características e limitações. Veterinária e Zootecnia. 2016; 23 (2): 164- 173 7) Thrall D. Textbook of veterinary diagnostic radiology. 6th ed. Philadelphia: Saunders; 2013.

Sarcoma nasal em cão da raça Labrador Retriever – Relato de Caso

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Síndrome Cardiorrenal - Relato de CasoBruna Marcondes Ditzel – Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária - UTPVinícius Caron – Docente do Curso de Medicina Veterinária

RESUMOUm cão, macho, da raça Dashsund, doze anos, foi atendido na Clínica Escola de Medicina Veterinária da UTP (CEMV-UTP), com diagnóstico de cardiopatia e episódios de síncope. Foram realizados exames radiográficos, ecocardiográficos, sendo diagnosticado com endocardiose de valva mitral. Foi medicado com diuréticos e inibidores da ECA. Posteriormente em exames de controle bioquímicos, foi diagnosticado com azotemia e também já apresentava manifestações clínicas de disfunção renal, como poliúria, polidipsia, êmese, diarreia. Sendo sugerido o diagnóstico de síndrome cardiorrenal.

Palavras-chave: azotemia; cardiovascular; diuréticos

INTRODUÇÃOA interação entre o coração e rins é natural, complexa e bidirecional, constante, caso ocorra uma disfunção renal, o prognóstico para uma insuficiência cardíaca é ruim e vice-versa.(1-4) Dessa interação, surge o termo Síndrome cardiorrenal (SCR) ou Cardiovascular-renal Disorders, onde tais órgãos, junto com vasculatura, insuficientes, coexistem.(6) Podendo envolver condições agudas e crônicas, o primeiro órgão a falhar pode ser tanto o coração quanto o rim, onde efeitos diretos e indiretos do órgão disfuncional, podem iniciar e perpetuar a insuficiência combinada dos dois órgãos, mas também pode ser ocasionada pelo tratamento instituído, e assim levando à insuficiência no outro.(4-7) Na medicina veterinária pode ser classificada em três tipos: CvRDH (heart – coração), CvRDK (kidney – rim) e CvRDO (others – outros).(6)

RELATO DE CASOUm cão, da espécie canina, da raça Dachshund, macho, 12 anos, foi atendido na Clínica Escola de Medicina Veterinária da UTP (CEMV-UTP) com diagnóstico de cardiopatia e episódios de síncope. Já realizava tratamento com Furosemida, Enalapril, Sildenafil e Espironolactona. Observou-se em exame clínico sopro em valva mitral, crepitação pulmonar e dispneia. O paciente retornava à clínica com manifestações de hiporexia, poliúria, polidipsia, oligodipsia, êmese, diarreia e dispneia, junto com alterações renais. Permanecia em fluidoterapia de manutenção e medicação com Enalapril, Anlodipino, Pimobendam, Furosemida, Espironolactona. Foram realizados exames sanguíneos e de imagem, como ecocardiografia e radiografia.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA doença degenerativa de valva mitral (DDVM) ou também denominada de endocardiose de valva mitral, é dentre as cardiopatias adquiridas, aquela que mais ocorre,(2) e como relatado no caso acima a DDVM estava presente sendo possível o diagnóstico através das manifestações clínicas e do exame ecocardiográfico.

Embora sejam utilizados a radiografia torácica e a eletrocardiografia como exames auxiliares para diagnóstico da DDVM, atualmente considera-se a ecocardiografia como o exame que fornece ao clínico o diagnóstico definitivo da doença.(2) No paciente relatado foram realizados os dois exames, o radiográfico, avaliando aumento de átrio esquerdo e padrão intersticial compatível com edema justificando a crepitação pulmonar e, o ecocardiográfico, avaliando degeneração de valva mitral e tricúspide, aumento importante de átrio esquerdo congestão de veias pulmonares e hipertensão arterial pulmonar moderada.

Devido a sintomatologia clínica presente e exames complementares realizados, foi sugerido um diagnóstico de Síndrome Cardiorrenal.(6)

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Na Síndrome Cardiorrenal ou Cardiovascular-Renal Disorders ‘Heart’ (CvRDH), quando um animal tem uma doença cardiovascular primária, os rins podem sair lesados, pois os dois órgãos atuam em conjunto, formando um ciclo, consequentemente, a diminuição do débito cardíaco irá diminuir a perfusão renal, e também a ativação de sistemas neuroendócrinos a longo prazo, como sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA) e sistema nervoso simpático (SNS), geração de espécies reativas de oxigênio por tecido endotelial anormal ou ferido e congestão venosa passiva do rim.(6)

De acordo com a classificação proposta pela IRIS (International Renal Interest Society) (2017), o animal apresentou-se em azotemia discreta (1,4 a 2mg/dL) a moderada (2,1 a 5mg/dL) com 1,6 a 2,4mg/dL, sendo classificado como paciente renal em estágio III.(3)

O uso da Furosemida, Benazepril e Enalapril para o tratamento do paciente não foi benéfico em questão da função renal, pois o aparecimento da azotemia, permanência da mesma e manifestações clínicas da disfunção renal podem ter sido causadas pelo uso dos medicamentos. A dose diurética para o tratamento de insuficiência cardíaca deve ser mínima para que não haja comprometimento renal e, terapias com inibidores da ECA utilizados propriamente para o manejo de cardiopatas e hipertensos, pode causar nefrotoxicidade.(5-6)

CONCLUSÃOConclui-se que o animal relatado estava com Síndrome Cardiorrenal ou CvRDH, pois as manifestações clínicas de disfunção renal após o diagnóstico de degeneração de valva mitral e após início de tratamento para cardiopatia, são compatíveis com a bibliografia. Também foi possível concluir que a dose diurética utilizada para o tratamento da cardiopatia influenciou no desenvolvimento da disfunção renal e aparecimento e permanência da azotemia.

REFERÊNCIAS1) BOCK, J. S.; GOTTLIEB, S. S. Cardiorenal syndrome new perspectives. Circulation, v.121, n.23, p.2592-2600, 20102) CHAMAS, P.P.C.; SALDANHA, I.R.R.; COSTA, R.L.O. Prevalência da Doença Degenerativa Valvar Crônica Mitral em Cães. Journal of the Health Science Institute, v.23, n.3, 20113) GRAUER, Gregory, F. Treatment Guidelines for Chronic Kidney Disease in Dogs and Cats: IRIS Recommendations. Jan/Feb, 20174) MAHAPATRA, H. S., et.al. Cardiorenal syndrome. Iranian Journal Kidney Diseases, v.3, n.2, p.61-70, 20095) NICOLLE, A. P., et.al. Azotemia and Glomerular Filtration Rate in Dogs with Chronic Valvular Disease. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.21, p.943-949, 20076) POUCHELON, J. L., et.al. Cardiovascular–renal axis disorders in the domestic dog and cat: a veterinary consensus statement. Journal of Small Animal Practice, v.56, n.9, p.537-552, 2015.7) RONCO, C., et.al. Cardiorenal Syndrome. Journal of the American College of Cardiology, v. 52, n.19, p.1527-1539, 20088) GRAUER, Gregory, F. Treatment Guidelines for Chronic Kidney Disease in Dogs and Cats: IRIS Recommendations. Jan/Feb, 2017

Síndrome Cardiorrenal - Relato de Caso

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Síndrome da Fragilidade Cutânea Adquirida e Diabete Melito secundários ao Hiperadrenocorticismo em um Felino Deusa Tassiane de Oliveira Mayer1* Bruna Weber2

Ana Paula da Silva3 1Discente do curso de Medicina Veterinária, UFSM-RS. *[email protected] 2Discente do curso de Medicina Veterinária 3Médica Veterinária-Clínica de Pequenos Animais-HVU/UFSM

RESUMO A casuística de hiperadrenocorticismo felino é rara. Este trabalho descreve um caso de síndrome da fragilidade cutânea adquirida e diabete melito secundários ao hiperadrenocorticismo em um felino macho, siamês, de sete anos de idade, que apresentava lesões cutâneas, polifagia, poliúria e polidipsia. Foram realizados exames laboratoriais, ultrassonografia abdominal, teste de supressão com dexametasona, cultura fúngica e bacteriana e histopatologia da pele, confirmando os diagnósticos. O tratamento com trilostano e insulina glargina mostraram-se eficientes para o controle das endocrinopatias, embora a síndrome da fragilidade cutânea ainda seja um desafio.

Palavras-chave: glicocorticoides; pele frágil; hiperglicemia

INTRODUÇÃO O hiperadrenocorticismo ou síndrome de Cushing é uma doença incomum no gato e com sinais clínicos decorrentes do excesso crônico de glicocorticoides, sendo uma enfermidade grave e com prognóstico reservado (1). Há uma alta correlação entre a síndrome de Cushing e o diabete mellito tipo II (aproximadamente 80% dos casos) e eventualmente, o animal pode permanecer insulino dependente (2). Um total de 50% dos gatos com hiperadrenocorticismo desenvolvem síndrome da fragilidade cutânea, uma vez que a endocrinopatia resulta em atrofia dérmica e epidérmica, tornando a pele extremamente fina, frágil e facilmente ulcerada (3). O objetivo deste trabalho foi relatar um caso diabete melito e síndrome da fragilidade cutânea secundários ao hiperadrenocorticismo, atentando principalmente aos sinais dermatológicos, diagnóstico e tratamento.

MATERIAL E MÉTODOS Um felino, macho, de sete anos de idade, siamês, foi atendido com histórico de polifagia, poliúria, polidipsia e lesões de pele ulceradas no tronco e região cervical com evolução de aproximadamente dois meses. Ao exame físico, todos os parâmetros clínicos estavam dentro da normalidade. Foram realizados coleta de sangue para exames laboratoriais de hemograma, bioquímica sérica, teste rápido para FIV e FeLV, raspado cutâneo para parasitológico, suabe das lesões para citologia, cultura fúngica e bacteriana, ultrassonografia abdominal e biópsia cutânea. O diagnóstico do hiperadrenocorticismo foi confirmado pelo teste de supressão com dexametasona (0,1mg/Kg-1/IV) associado aos achados do exame ultrassonográfico, no qual evidenciou-se aumento da adrenal direita (medindo 13mm de comprimento e 51mm de diâmetro) e esquerda (medindo 14,4mm de comprimento e 4,6mm de diâmetro. Através da detecção de hiperglicemia de jejum (273mg/dL) e glicosúria confirmou-se o diagnóstico de diabete melito. Os achados histológicos foram de atrofia dérmica e epidérmica difusa acentuada, indicativos de síndrome da fragilidade cutânea adquirida felina. A terapia instituída incluiu insulina glargina 1U/BID via subcutânea, ração terapêutica (Diabetic feline, Royal Canin®) e trilostano 2,4mg/Kg-1/VO/BID. Para o tratamento da ferida, foi realizada ampla tricotomia e limpeza com solução fisiológica de NaCl 0,9%, curativo com gaze umedecida, atadura e roupa cirúrgica para maior proteção, além da prescrição de amoxicilina com clavulanato de potássio (12,5mg/Kg-1/VO/BID/10dias). Após quatro dias, o animal apresentava novas lesões laceradas com secreção purulenta e crostas em região lombar. A cultura indicou o isolamento de Staphylococcuscoagulase positiva e o antibiograma revelou sensibilidade apenas à nitrofurantoína, medicamento prescrito na dose de 5mg/Kg-1/VO/TID e mantido durante 30 dias. Após dois meses

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de tratamento, houve considerável diminuição da glicemia (170mg/dL), porém o animal ainda apresentava sinais de polifagia, poliúria e polidipsia. Assim, a dose do trilostano foi aumentada para 3mg/Kg-1/VO/BID, e mantida insulinoterapia na mesma dosagem e frequência. Após três meses de terapia, o proprietário relatou diminuição da polidpsia, manutenção do peso e do apetite e a glicemia em jejum foi de 137mg/dL. A frequência da insulina foi diminuída para SID(aplicação matinal) e a dose do trilostano aumentada para 4mg/Kg-1/VO/BID. No terceiro mês de tratamento o animal retornou com nova lesão de pele lacerada, extensa no dorso, com secreção piosanguinolenta, ulceração e necrose, causada por interação animal e autotraumatismo por prurido causado pela infestação por pulgas. O tratamento da ferida consistiu do mesmo protocolo utilizado anteriormente e prescrição de fipronil tópico(mensalmente), nitenpiram (11,4mg/VO, dose única) e enrofloxacina (5mg/VO/SID) até resultado de cultura e antibiograma da lesão cutânea. Após quatro meses de terapia a glicemia em jejum foi menor do que 90 mg/dL em três aferições semanais, o que levou a suspensão da insulinoterapia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O hiperadrenocorticismo é uma doença de gatos de meia idade a idosos, sem existir uma predileção por raça (1), sendo descrito neste caso em um felino de sete anos da raça Siamês. Diabete melito não controlada e anormalidades dermatológicas são os sinais clínicos mais comuns em gatos com hiperadrenocorticismo, portanto esta combinação deve levar a testes diagnósticos para a endocrinopatia (4).Um total de 50% dos gatos com hiperadrenocorticismo desenvolvem a fragilidade cutânea, sendo que a sua presença parece contribuir negativamente (1), como visto neste caso. Sinais clínicos como poliúria e polidipsia ocorrem tanto no hiperadrenocorticismo (75% dos casos), como nos casos de diabete melito (80% dos casos) (5), sinais que foram reduzidos com o tratamento com trilostano neste relato. Ainda, o sucesso do tratamento a longo prazo para o hiperadrenocorticismo, pode resultar na resolução do quadro de diabete melito, levando um melhor controle glicêmico na maioria (67%) dos casos (6), coincidindo com este caso, em que houve remissão do diabete melito. Em gatos, é difícil a obtenção de sucesso no tratamento e o animal acaba vindo a óbito por causa dos efeitos dos glicocorticoides sobre a fragilidade cutânea, levando a laceração da pele, feridas e cicatrização tardia (1), mostrando-se o principal entrave para resolução do caso relatado.

CONCLUSÃO Apesar do felino ainda estar em tratamento, houve controle dos sinais clínicos referentes ao hiperadrenocortiscimo e a remissão do diabete melito, entretanto, o quadro da síndrome da fragilidade cutânea permanece desafiador, pelas constantes recidivas das feridas cutâneas.

REFERÊNCIAS 1) Little SE. O gato. 1ª ed. Trad. de IdiliaVanzellotti e Roxane Gomes dos Santos Jacobson. Rio de Janeiro: Roca; 2016. 2) Martinez M; Lloret A. Hiperadrenocorticismo felino tratado contrilostano. Hospital ClínicVeterinari. UniversitatAutònoma de Barcelona. Vol. 29, nº4, 2009. 3) Nelson RW; Couto CG. Medicina interna de pequenos animais. 5ª ed. Rio de janeiro: Elsevier; 2015. 4) Valentin, SY et al. Clinical Findings, Diagnostic Test Results, and Treatment Outcome in Cats with Spontaneous Hyperadrenocorticism: 30 cases. Journal of Veterinary Internal Medicine, 28, 481-487, 2014. 5) Hoenig M. Felinehyperadrenocorticism – Where are wenow? Proceedingsofthe Hills/ESFM FelineSymposiumat ESVIM Congress 2011. JournalofFeline Medicine andSurgery, 4, 171–174, 2002. 6) Keith AMM et al. TrilostaneTherapy for TreatmentofSpontaneousHyperadrenocorticism in Cats: 15 Cases (2004-2012), JournalofVeterinaryInternal Medicine, 27, 1471, 1477, 2013.

Síndrome da Fragilidade Cutânea Adquirida e Diabete Melito secundários ao Hiperadrenocorticismo em um Felino

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Síndrome da Hiperestesia Felina - Relato de CasoRoberta Cunha Azevedo¹, Letícia Athayde Rebello Carvalho¹, Ana Cecília Novaes Coimbra³¹ Médica Veterinária – Hospital Veterinário das Faculdades Integradas do Norte de Minas - FUNORTE² Professora MSc. do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da FUNORTE.³ Médica Veterinária Esp. Autônoma – Clínica veterinária Clinicão. [email protected]

RESUMOA Síndrome da Hiperestesia Felina é um agrupamento de sintomas e sinais que acometem gatos de qualquer idade ou raça, onde passam a apresentar alterações comportamentais e ondulações musculares anormais. O presente estudo objetivou relatar um caso de um felino, SRD, de 3 anos diagnosticado com a patologia. O animal apresentava sinais de irritabilidade, espasmos e tremores. Após a exclusão de outras patologias, instituição da terapia com fenobarbital e mudanças de manejo, o animal cessou a apresentação clínica. A escassez de dados científicos sobre a hiperestesia em gatos e as limitadas descrições de tratamentos, levam ao atraso diagnóstico, limitando a qualidade da interação proprietário com o animal.

Palavras-chaves: Irritabilidade, espasmos, hipersensibilidade

INTRODUÇÃOA Síndrome da Hiperestesia Felina é um agrupamento de sintomas que acometem gatos, de qualquer idade, sexo e raça, porém é mais comum em animais jovens de 1 a 5 anos de idade e raças como abissínio, persa, burmês e himalaia (1).

A doença apresenta sinais clínicos variados, que podem ocorrer de forma isolada ou em conjunto. Os mais comuns são ondulações e tremores da pele, do dorso, espasmos da musculatura toracolombar, irritabilidade, costumam lamber e morder excessivamente cauda, membros e dorso (2).

A patologia é também conhecida como síndrome do rolamento da pele, epilepsia psicomotora felina, dermatite pruriginosa do siamês, dentre outras, a hiperestesia tem as mudanças ambientais e-ou fatores estressantes como possíveis gatilhos da síndrome (3).

Diante da escassez de trabalhos sobre a hiperestesia em gatos e as limitadas descrições de tratamentos, o objetivo desse trabalho foi relatar o caso de um felino, de 3 anos de idade diagnosticado com a patologia.

MATERIAL E MÉTODOS - RELATO DE CASOFoi atendida uma gata, sem raça definida, de 3 anos de idade, com histórico de inquietação, lambedura excessiva do corpo, contrações anormais da musculatura dorsal e movimentos excessivos de orelha e cauda. O animal anteriormente era mantido confinado em um quarto com outros 20 gatos, pois sua proprietária era protetora de animais e não queria contato dela com os demais.

A única alteração encontrada no exame físico, foi uma hipersensibilidade e contração da pele quando era realizado o toque na região dorsal. Não havia lesões de pele, nem presença ou relato de ectoparasitas.

Foram realizados exames laboratoriais (Hemograma, função renal e hepática), nos quais não foram encontradas alterações. A suspeita inicial foi de doença de hipersensibilidade, onde foi iniciado tratamento com prednisolona (0,5 mg-kg BID) por 3 dias. Sem alteração do quadro, entrou-se com Fenobarbital (1mg/kg BID) e mudanças no manejo do paciente.

Após o início do tratamento, o paciente apresentou melhora progressiva, tendo remissão significativa dos sinais.

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Com alguns meses foi feita a tentativa de desmame do Fenobarbital, porém o paciente voltou a apresentar fortemente os mesmos sintomas antes relatados e optou-se por voltar e manter a dose inicial.

RESULTADOS E DISCUSSÃOA Hiperestesia Felina é ainda uma síndrome pouco conhecida, onde existem poucos relatos e estudos mostrando dados de incidência e informações consistentes sobre diagnóstico e tratamento (3). Diante do fato se deu a dificuldade diagnóstica no presente relato, o que causou e causa com frequência atraso na instituição de uma terapia adequada.

Por ser uma afecção emergente e com pouca literatura é ainda muito subdiagnosticada pelos veterinários (3). Por ser uma patologia que afeta drasticamente a qualidade de vida do animal e do proprietário, consequentemente a sua interação no ambiente, pode ser uma causa importante de abandono.

O diagnóstico se inicia por descartar ou tratar possíveis causas que podem gerar sinais semelhantes. Dentre esses podemos citar as dermatopatias como a dermatite alérgica a picada de pulgas, alergia alimentar, atopia e dermatites infecciosas; Afecções musculoesqueléticas como miosites, miopatias e artropatias; Desvios comportamentais como transtorno compulsivo-obsessivo; Afecções neurológicas como crises epilépticas, doenças encefálicas e-ou espinhais (neoplásica, inflamatória-infecciosa), radiculopatia e afecções e neuromusculares (3).

No caso em questão foram descartadas todas as possibilidades diagnóstica, diante do histórico inconsistente com outras patologias, ausência de sinais característicos e exames complementares sem alterações.

O sucesso terapêutico se deu rapidamente com a instituição do fenobarbital e mudanças de manejo, o que deu consistência ao diagnóstico da hiperestesia felina, e assim promovendo qualidade de vida ao animal e melhorando a interação do mesmo no ambiente.

CONCLUSÃOA hiperestesia felina é uma afecção subdiagnosticada no nosso meio. A literatura é escassa, e ainda faltam dados para compreensão da doença. A melhor compreensão da patologia promove o diagnóstico precoce e aumentam as chances de sucesso terapêutico. Sendo assim melhora a qualidade de vida do animal e proprietário, promovendo uma melhor interação do mesmo no ambiente.

REFERÊNCIAS1) Ciribassi J. Understanding behavior: feline hyperesthesia syndrome. Compend Contin Educ Vet. 2009 Mar; 31(3): E10.2) Frank D. Overgrooming in Cats. Applied Behavior. NAVC Clinician’s Brief. Montreal, 2003 Mar; 3) Torres, BB. Sensibilidade à flor da pele. Revista cães e gatos 2016; 32(206):54-55

Síndrome da Hiperestesia Felina - Relato de Caso

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Síndrome Uveodermatológica Canina – Relato de CasoJuliana Sousa Terada Nascimento¹ Arthur Antunes Nascimento Costa¹ Igor Mansur Muniz²1Acadêmico de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Rondônia – UNIR2Professor Doutor, Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Departamento de Medicina VeterináriaE-mail: [email protected]

RESUMOA síndrome uveodermatológica (SUD) em cães é um distúrbio autoimune caracterizado por alterações oftalmológicas, dermatológicas e até neurológicas. É uma dermatopatia autoimune rara que corresponde a 6,06% dos casos. O diagnóstico definitivo se dá por meio de anamnese detalhada, testes de função ocular e exames histopatológicos, sendo este último considerado padrão ouro, já que é confirmatório para a SUD. O tratamento baseia-se em uma terapêutica com corticosteroides tópicos e sistêmicos que contribuem para a redução dos sinais clínicos. Este trabalho teve como objetivo reportar o caso de um cão da raça Akita, com 5 anos de idade, que foi encaminhado à clínica com histórico de lesões oculares e dérmicas. Após diagnóstico confirmatório e consequentemente tratamento adequado com corticoterapia, o animal apresentou remissão total dos sinais clínicos. Existem poucos dados na literatura sobre esta patologia, portanto, são necessárias novas pesquisas para um diagnóstico mais rápido e um tratamento adequado.

Palavras-chave: dermatologia; autoimune; raro; canino

INTRODUÇÃOA síndrome uveodermatológica (SUD) em cães é pouco observada na clínica, sendo caracterizada por alterações oftalmológicas, dermatológicas e neurológicas. (1,10,11) Em humanos denomina-se síndrome Vogt-Koyanagi-Harada (SVKH). (2)

Corresponde a 6,06% das dermatopatias autoimunes. (9) A etiologia é relacionada com a resposta autoimune atuando contra melanócitos, uveal e dérmico. (3,10) Tem alta incidência em cães da raça Akita ocorrendo pela influência de fatores genéticos ou hereditários, (5,6) e cães da raça Samoieda e Husky siberiano. (11)

O diagnóstico definitivo é obtido a partir da avaliação clínica, realização de exames específicos e avaliação histopatológica da pele. (3,4,10,11) Por tratar-se de uma doença autoimune, o tratamento é a base de corticoterapia que contribui no controle dos sinais clínicos. (5,11) O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um cão da raça Akita encaminhado à clínica com histórico de lesões no corpo, incluindo olhos, abordando o diagnóstico e tratamento da síndrome uveodermatológica canina.

MATERIAL E MÉTODOSUm cão da raça Akita, com 5 anos de idade, foi encaminhado à clínica com histórico de lesões na região de focinho, ânus, testículos e olhos. Foi realizada anamnese detalhada e teste de fluoresceína, teste de shirmer, exame neuroftalmológico e oftalmoscopia completa.

Como método diagnóstico confirmatório foi realizado biópsia de pele para realização de exame histopatológico. O material foi acondicionado em formalina tamponada a 10% e encaminhada para o laboratório.

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RESULTADOSDurante a anamnese foram observadas lesões com despigmentação no focinho (Figura 1), testículos e ânus. Nos testes oftalmológicos foi constatada uveíte aguda. Já no exame histopatológico observou-se dermatite liquenoide de interface com predomínio de histiócitos de grande tamanho e incontinência pigmentar.

A partir do diagnóstico definitivo foi instituído o protocolo terapêutico ideal que consistiu na utilização de prednisolona 2mg/kg, via oral, BID; Complexo vitamínico mineral, SID; Quadriderm® nas lesões. Instilação de colírios a base de dorzolamina e timolol uma gota, BID. Após o tratamento com corticoides o animal apresentou remissão total dos sinais clínicos.

Figura 1. Animal com despigmentação nas narinas e alterações oftalmológicas bitalerais.

DISCUSSÃOA uveíte aguda caracteriza-se por coroidite difusa associada a descolamento retiniano exsudativo e papilite. (1) Podendo também apresentar sinais de inflamação intraocular, despigmentação do fundo do olho e do limbo. (7)

Nos cães, a única evidência de envolvimento genético é a maior incidência em da raça Akita. (6,11) Porém, não há estudos veterinários que tenham identificado genes ou proteínas imunogênicas que possam estar associadas à ocorrência desta enfermidade em uma raça específica. (8)

O exame histopatológico é considerado padrão ouro para o diagnóstico, já que há doenças semelhantes quanto ao padrão de lesão, como lúpus eritematoso e leishmaniose. (3,4,11,12)

CONCLUSÃO Existem poucos trabalhos acerca desta doença devido sua baixa incidência, portanto, demonstra-se a necessidade de novas pesquisas envolvendo as características da doença e diagnóstico precoce da SUD em cães. Dessa forma, seria possível prolongar a manutenção da visão, como também, minimizar as lesões cutâneas. Neste caso o animal teve melhora clínica, mas o uso contínuo de corticosteroides levou a diversos efeitos colaterais.

Síndrome Uveodermatológica Canina – Relato de Caso

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REFERÊNCIAS1) Godoy CAL, Safatle AMV, Teixeira AL, Souza MSB, Barros PSM. Uveodermatological syndrome in a cocker-poodle mixedbreed dog. Archives of Veterinary Science. 2003; 8(1): .29-33.2) Vercelli A, Taraglio S. Canine VogtKoyanagi-Harada-like Syndrome in Two Siberian Husky Dogs. Veterinary Dermatology. 2008; 1(3): 151-158, 2008.3) Matiello M, Carvalho HC, Alvarenga H, Alvarenga RMP. Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada. Caderno Brasileiro de Medicina, v.17, 2004.4) Laus JL, Sousa MG, Cabral VP, Mamede FV, Tinucci-Costa M. Uveodermatologic syndrome in a Brazilian Fila dog. Veterinary Ophthalmology,2004; 7(3): 193-196.5) Walton RC. Vogt-Koyanagi-Harada Disease. EMedicine, 2008.6) Blackwood SE, Barrie KP, Plummer CE, Taylor D, Nunnery CM, Seltzer JD, Ben-Shlomo G, Brooks DE. Uveodermatologic syndrome in a rat terrier. Journal of the American Animal Hospital Association. 2011; 47(4): 56-63.7) Read RW, Holland GN, Rao NA, Tabbara KF, Ohno S, Arellanesgarcia J, Pivetti-Pezzi P, Tessler HH, Usui M. Revised diagnostic criteria for VogtKoyanagi-Harada disease: report of an international committee on nomenclature. American Journal of Ophthalmology. 2001; 131(5): 647-652.8) Horikawa T, Vaughan RK, Sargent SJ, Toops EE, Locke EP. Pathology in practice. Uveodermatologic syndrome. Journal of the American Veterinary Medical Association. 2013; 242(6): 759-61.9) Palumbo MIP, Machado LHA, Conti JP, Oliveira FC, Rodrigues JC. Incidência das dermatopatias auto-imunes em cães e gatos e estudo retrospectivo de 40 casos de lupus eritematoso discóide atendidos no serviço de dermatologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP – Botucatu. Semina: Ciências Agrárias, Londrina. 2010; 31(3): 739-744.10) Mcgavin MD, Zachary JF. Bases da Patologia em Veterinária. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.11) Moraillon R, Legeay Y, Boussarie D, Sénécat O, Jossier R, Royer D. Manual Elsevier de Medicina Veterinária: diagnóstico e tratamento de cães, gatos e animais exóticos. 7.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.12) Scott DW, Miller WH, Griffin CE. Immune-mediated skin disorders. In: Small Animal Dermatology. 5.ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 2001.

Síndrome Uveodermatológica Canina – Relato de Caso

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Susceptibilidade a antimicrobianos em bactérias isoladas de cães com otite externa no Departamento de Controle de Zoonoses (DCZ) em Rio Branco – ACCarolyne Maciel Sales - Graduanda em Veterinária na Universidade Federal do Acre (UFAC) Lilian Bernardina Ferreira - Graduanda em Veterinária na Universidade Federal do Acre (UFAC)Gabriel Farias de Queiroz - Graduando em Veterinária na Universidade Federal do Acre (UFAC)Luciana dos Santos Medeiros - Profª Drª em Microbiologia e Imunologia na Universidade Federal do Acre (UFAC)Email: [email protected]

RESUMOA otite externa (OE) é uma afecção comum na espécie canina, principalmente em climas quentes e úmidos como o amazônico. Seus agentes causais são bactérias ou fungos, presentes na microbiota do animal. Trinta cães com suspeita de OE foram selecionados aleatoriamente, no Departamento de Controle de Zoonoses de Rio Branco, Acre (DCZ). Coletou-se secreções do conduto auditivo destes animais. As amostras foram cultivadas em ágar específico conforme a identificação sugestiva do esfregaço direto da amostra clínica. Cocos gram positivos foram identificados em 56,6% das culturas; bastonetes gram negativos em 30% e leveduras em 13,3%. Vinte e seis amostras foram submetidas ao antibiograma pelo método de difusão em disco. Os fármacos mais eficientes contra as bactérias isoladas foram: Ciprofloxacina, Amoxicilina+Ácido Clavulânico, Polimixina B e Neomicina.

Palavras-chave: afecção; fármacos; antibiograma

INTRODUÇÃOA otite externa (OE) é uma doença comum que ocorre em diferentes espécies, sendo os cães os mais acometidos [2, 3, 5]. A microbiota normal da orelha de cães é composta por bactérias e leveduras como Staphylococcus sp. e Malassezia pachydermatis [3, 5].

O antibiograma é a alternativa para a escolha do fármaco adequado para tratar uma infecção bacteriana. Porém, a automedicação exercida pelos proprietários em seus animais, dificulta o tratamento e o prognóstico do mesmo [1]. Caso semelhante ocorre em departamentos responsáveis pelo controle de zoonoses, onde o abrigo de animais de espécies e raças diferentes predispõe o uso generalizado de um único antibiótico para todos. Este estudo teve como objetivo, avaliar a ocorrência de infecção bacteriana em cães com suspeita de otite externa no Departamento de Controle de Zoonoses de Rio Branco, Acre (DCZ). Realizando o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento das espécies bacterianas isoladas.

MATERIAIS E MÉTODOSForam coletadas 30 amostras, de conduto auditivo, de cães apresentando sinais clínicos indicativos de otite externa – sem predileção por raça, idade ou sexo, obtido no Departamento de Controle de Zoonoses de Rio Branco - Acre (DPZ) durante o segundo semestre do ano de 2015. Após a coleta as amostras foram encaminhadas ao laboratório de microbiologia da Unidade de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária da UFAC. Foram confeccionados esfregaços com as amostras clínicas e posterior coloração de Gram para observação microscópica [1, 3]. Amostras com morfologia consistente a de bactérias gram positivas foram cultivadas em Ágar Manitol Salgado e bactérias identificadas como gram negativas foram semeadas em meio EMB (Eosin Methylene Blue) e incubadas a 37ºC por 24 horas [3]. Posteriormente as colônias sugestivas de estafilococos e enterobactérias foram inoculadas em caldo nutritivo BHI e incubadas a 37ºC por 24 horas. Após crescimento em BHI as amostras de cocos Gram positivos foram submetidas ao teste da catalase, e as amostras de bastonetes Gram negativos semeadas em meio TSI. Amostras consideradas sugestivas de Staphylococcus sp. pelo teste da catalase foram submetidas ao antibiograma voltado para este gênero

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bacteriano. Amostras que se enquadraram como enterobactérias pela triagem feita no TSI foram encaminhadas para o antibiograma voltado para bactérias da família Enterobacteriaceae. O antibiograma foi procedido segundo o método de Bauer et al [4]. As bactérias embebidas em caldo BHI, foram semeadas em meio Müeller Hinton e incubadas a 37ºC por 24 horas. Logo após os discos contendo antibióticos foram dispostos como: Ciprofloxacina, Gentamicina, Amoxacilina+Ác. Clavulânico, Rifamicina e Neomicina, para amostras classificadas como cocos gram positivos; e para bastonetes gram negativos: Neomicina, Polimixina B, Ciprofloxacina, Gentamicina e Rifamicina.

RESULTADOS E DISCUSSÃODas 30 amostras coletadas 17 (56,6%) foram cocos gram positivos, 9 (30%) bastonetes gram negativos e 4 (13,3%) leveduras – sendo as mesmas descartadas. Divergindo do estudo realizado por Cruz et. al. [2] onde o maior grupo isolado foram as gram-negativas. Apenas as amostras relacionadas com infecções bacterianas (26) foram encaminhadas para realização do antibiograma. Foram observados os seguintes percentuais de sensibilidade nos isolados de bactérias Gram positivas (sugestivo do gênero Staphylococcus): Amoxacilina+Ac. Clavulânico (70,5%); Ciprofloxacina (47%); Gentamicina (29,4%). Nos isolados de bactérias Gram negativas (família Enterobacteriaceae) foram observados os seguintes percentuais de sensibilidade: Polimixina B (66%); Ciprofloxacina (44,4%) e Neomicina (33,3%). Mais de 70% das amostras foram multirresistentes aos antibióticos, afirmando a possível ineficácia dos mesmos nos tratamentos de otite em cães [2,3]. Neste estudo o antibiótico que apresentou o melhor resultado para infecções causadas por cocos gram positivos foi Amoxicilina+Ác. Clavulânico, semelhante ao estudo de Cruz et. al. (2) em que as amostras de Staphylococcus sp. foram sensíveis a amoxicilina + Ác. Clavulânico. E o que melhor apresentou resultados para infecções causadas por bastonetes gram negativos foi Polimixina B.

CONCLUSÃO Os resultados demonstram a importância do diagnóstico individualizado para animais com suspeita de OE e da realização do perfil de susceptibilidade a antimicrobianos, evitando o uso excessivo e errôneo de antibióticos.

REFERÊNCIAS1) Maína de S. Almeida; Sandra B. Santos; André da R. Mota; Luana T.R. da Silva. Isolamento microbiológico do canal auditivo de cães saudáveis e com otite externa na região metropolitana de Recife, Pernambuco. Pesq. Vet. Bras. 36(1):29-32, janeiro 2016.2) Cruz A.R.; Paes A.C.; Siqueira A.K. Perfil de sensibilidade de bactérias patogênicas isoladas de cães frente a antimicrobianos. Vet. e Zootec. 2012 dez.; 19(4): 601-610. 3) 601.4) Moraes L.A.; Pereira J.M.M.; Silva S.P.; Trajano da S. Moreira V.M.; Casseb A.R. Diagnóstico microbiológico e multirresistência bacteriana in vitro de otite externa de cães – Comunicação curta. Vet. e Zootec. 2014 mar.; 21(1): 98-101.5) Bauer AW, Kirby WM, Sherris JC, Turck M. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. Am J Clin Pathol. 1966;45:493-6.6) Silva, C. Z. Identificação e susceptibilidade de bactérias isoladas de otite externa em cães aos antimicrobianos. [dissertação de mestrado]. Porto Alegre: Universidade federal do Rio Grande do Sul; 2014.

Susceptibilidade a antimicrobianos em bactérias isoladas de cães com otite externa no Departamento de Controle de Zoonoses (DCZ) em Rio Branco – AC

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TAPP (Transabdominal Preperitoneal Patch Plasty) laparoscópica para tratamento de hérnia inguinal em cadela – Relato de CasoFernanda Amorelli Viriato da Silva*, Discente de Medicina Veterinária - Universidade Tuiuti do Paraná (UTP-PR)Karina Fernanda Zortéa, Discente de Medicina Veterinária (UTP-PR)Rogério Luizari Guedes, MSc, MV, Docente do Curso de Medicina Veterinária (UTP-PR); Doutorando em Cirurgia Veteriná-ria - UFPR *Autor para correspondência: [email protected]

RESUMOO surgimento da hérnia inguinal pode ocorrer por motivos congênitos ou adquiridos, podendo ter exteriorização de determinado órgão e/ou conteúdo. Estudos descrevem que o tratamento para correção por laparoscopia é minimamente invasivo, observando uma recuperação pós-operatória mais rápida e garantindo menor incidência de dor. Este relato tem como objetivo demonstrar a eficácia da videocirurgia com o uso de tela de polipropileno e grampos espirais de titânio. Uma cadela SRD de sete anos de idade apresentou aumento de volume em região inguinal e através da ecografia, foi diagnosticada com hérnia inguinal. A técnica realizada foi a TAPP (Transabdominal Preperitoneal Patch Plasty), comumente realizada em humanos, a qual utiliza uma tela de polipropileno sobre o defeito herniário fixando com grampos espirais. A período pós-operatório ocorreu sem intercorrências e sinais de recidiva. A técnica de correção denominada TAPP demonstrou-se eficaz, proporcionando excelente recuperação ao paciente no período pós-operatório, sem dor significativa, sem recidivas ou rejeição ao material utilizado.

Palavras-chave: tela de polipropileno; hernioplastia; herniorrafia; videocirurgia; cão.

INTRODUÇÃOEstudos descrevem a relação entre hérnias inguinais e videocirurgia, como satisfatória correção, causando menor incidência de dor aguda e crônica e melhor recuperação a atividades habituais, apresentando um baixo percentual de infecções e rejeições (1). A busca pela realização de herniorrafia livre de tensão de suturas deu abertura a técnicas com colocação de telas (2). As próteses utilizadas são compostas de polipropileno, porosas, entrelaçadas entre si e minimamente elásticas. Através dos poros existentes ocorre implantação de fibroblastos, e posteriormente uma deposição de colágeno, seguindo-se de cicatrização por junção tecidual (3). Dentre as técnicas mais comumente usadas para correção de hérnia inguinal em humanos, destaca-se a TAPP (Transabdominal Preperitoneal Patch Plasty), que consiste em uma técnica o qual objetiva-se a correção livre de tensão com uso de tela de polipropileno, e considera fatores anatômicos e todo o processo de evolução patológica do local (4). O objetivo deste trabalho é relatar um caso de correção de hérnia inguinal através da TAPP laparoscópica e seus resultados.

MATERIAL E MÉTODOSUm canino fêmea, sem raça definida, com sete anos e pesando 7,7kg apresentou diagnóstico de hérnia inguinal unilateral esquerda. Encaminhada para correção do defeito, a paciente foi sondada para esvaziamento urinário e posicionada em decúbito dorsal. Foi realizada uma incisão de aproximadamente 10mm caudal à cicatriz umbilical para introdução de um trocarte de 11mm e endoscópio rígido de 10mm e 0° de angulação. Após instituição do pneumoperitônio (12mmHg), foi realizada em parede abdominal lateral direita, de maneira endoguiada, o acesso cirúrgico para introdução de um segundo portal de 10mm, para utilização de instrumentais. Após a identificação do anel inguinal interno esquerdo, iniciou-se a redução do conteúdo herniário com uma pinça de apreensão atraumática de 5mm de diâmetro. Durante o reposicionamento, foi possível identificar como estruturas herniadas: intestino delgado, mesentério, ambos cornos uterinos e omento maior.

Após a retirada do conteúdo da hérnia foi realizado um terceiro acesso de 5mm, agora em parede abdominal lateral esquerda para posicionamento de um segundo portal de trabalho e assim iniciar as manobras para a oclusão do

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anel inguinal esquerdo. Foi utilizada uma tela de polipropileno (2,0x2,0cm), posicionada sobre o defeito herniário e fixada com a aplicação de grampos espirais de titânio (ProTack, Tyco Auto-Suture, EUA). Inicialmente, os grampos foram aplicados em três extremidades da tela sob a pressão de 12mmHg. Para a fixação da última extremidade, foi realizada a redução do pneumoperitônio para 4mmHg, ajustando o posicionamento da tela para que a mesma permanecesse esticada. Após esta aplicação, dois novos grampos foram aplicados para ajuste das bordas da tela, sendo utilizados então um total de seis grampos. A síntese dos acessos cirúrgicos foi realizada com fio poliglactina 3-0 e padrão Sultan em fáscia muscular e subcutâneo, e mononáilon 4-0 com padrão Wolff em pele.

O pós-operatório consistiu na administração oral de meloxicam (0,2mg.kg-1, SID, três dias), cloridrato de tramadol (2,0mg.kg-1, TID, cinco dias) e enrofloxacina (5,0mg.kg-1, BID, sete dias). Após 24 horas do procedimento, a paciente se apresentou estável, sem manifestação de dor ou febre, comendo e urinando normalmente, porém ainda sem defecar. Houve retorno três dias após, pois a paciente apresentava aumento de volume da região da hérnia. Em avaliação ultrassonográfica constatou-se somente gás no local, sendo drenado com uma punção com uma agulha 40x12mm. Após quinze dias, foi realizada a retirada de pontos e mais uma avaliação ultrassonográfica, sem presença de órgão ou conteúdo no local antes herniado e evidência de linha ecogênica sugestiva da tela em posição.

RESULTADOS E DISCUSSÃOUm estudo relata a correção através da TAPP laparoscópica com um total de 602 pacientes humanos com hérnias inguinais (4). Os procedimentos tiveram duração média de 49 minutos, e de todos os casos apenas cinco tiveram recidivas, permitindo concluir esta técnica como segura. O procedimento cirúrgico do presente relato durou 58 minutos, considerado um tempo satisfatório e a aplicação da técnica foi considerada de simples execução, considerando para ambas a curva de aprendizado do cirurgião.

A tela de polipropileno utilizada no procedimento foi escolhida por ser constituída de material resistente e garantir na maioria dos casos uma menor rejeição do organismo, proporcionar recuperação mais rápida e menor índice de dor. A paciente operada apresentou-se sem dores, sem deiscência de pontos, sem recidivas e com parâmetros normais, em concordância com outros relatos por técnica convencional (5).

CONCLUSÃOA hérnia inguinal é uma enfermidade que rotineiramente acomete cães. Quando diagnosticada, o tratamento de escolha deve ser o cirúrgico. A técnica de correção denominada TAPP (Transabdominal Preperitoneal Patch Plasty) nesse caso é eficaz, pois proporciona excelente recuperação ao paciente no período pós-operatório, sem dor significativa, sem recidivas ou rejeição ao material utilizado.

REFERÊNCIAS 1) Ilias EJ, Kassab P. O uso de telas resolveu o problema da recidiva na cirurgia da hérnia inguinal?.  Revista da Associação Médica Brasileira 2009; 3(55):240-2402) Minossi JG, Silva da AL, Spadella CT. O uso da prótese na correção das hérnias da parede abdominal é um avanço, mas o seu uso indiscriminado, um abuso. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões 2008; 416-424.3) Melo RS. et al. Efeitos da protese de polipropileno colocada por inguinotomia no espacopre-peritoneal, em caes: avaliacaolaparoscopica e microscopica. Acta Cirurgica Brasileira 2003; 8:289-296.4) Trindade EN, Vaz M. Correção de hérnia inguinal por técnica videolaparoscópicatransabominapré-peritonial (TAPP): avaliação de 696 correções. Salão de Iniciação Científica, Livro de resumos 2004.5) Ettinger JEMT et al. Técnica de Lichtenstein sob anestesia local em herniorrafias inguinais. ABCD Arquivos Brasileiros de Cirurgia digestiva. 2007; 4(20):283-289.

TAPP (Transabdominal Preperitoneal Patch Plasty) laparoscópica para tratamento de hérnia inguinal em cadela – Relato de Caso

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Taquicardia Ventricular Sustentada em Pastor Alemão com Hematoma Esplênico – Relato de CasoWillian Kaida de Almeida1

Mere Erika Saito2

Leticia Andreza Yonezawa2

¹ Pós-Graduando em Ciência Animal, Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)² Professora Doutora, CAV, UDESC*E-mail: [email protected]

RESUMOA taquicardia ventricular sustentada (TVS) é um distúrbio de ritmo que ocorre quando um foco ectópico localizado no ventrículo gera impulsos que levam a contrações ventriculares prematuras por mais de um minuto. As causas dessa arritmia ventricular são variadas, podendo ser de origem cardíaca ou extracardíaca, como por exemplo, a presença de massas esplênicas. Este trabalho teve como objetivo relatar o caso de uma cadela da raça Pastor Alemão com massa esplênica e que apresentou a TVS, sendo tratada com dose única de lidocaína intravenosa e amiodarona por via oral durante quatro dias, além da esplenectomia, resultando na resolução da taquicardia e retorno do ritmo sinusal.

Palavras-chave: Eletrocardiograma, Amiodarona, Arritmia

INTRODUÇÃOA estimulação elétrica gerada por focos ectópicos no ventrículo pode causar complexos ventriculares prematuros (CVP). A taquicardia ventricular ocorre quando uma série contínua de CVP está presente no traçado eletrocardiográfico.(1)

Quando esse estímulo ventricular ocorre por mais de um minuto, podemos classificar como taquicardia ventricular sustentada (TVS), que é uma condição emergencial quando causa alterações hemodinâmicas, devendo ser tratada imediatamente.(1,2) As causas para o aparecimento de TVS são as mesas das relacionadas ao CVP, podendo ser de origem cardíaca (insuficiência cardíaca congestiva, infarto miocárdico, neoplasia, cardiomiopatias), não cardíaca (hipóxia, anemia, uremia, dilatação vólvulo-gástrica, massas esplênicas) ou por medicações (digitálicos, epinefrina, atropina).(1,3,4) O tratamento de escolha é o uso intravenoso de lidocaína, inicialmente em bolus de 2 a 4 mg/kg, seguido de infusão contínua até a estabilização do paciente.(1)

Este trabalho teve como objetivo relatar um caso de uma cadela com massa esplênica e durante o exame eletrocardiográfico apresentou taquicardia ventricular sustentada.

MATERIAL E MÉTODOFoi atendida no Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), uma cadela da raça Pastor Alemão, 10 anos de idade, não castrada, apresentando apatia, anorexia e distensão abdominal. Pelo exame ultrassonográfico foi observada uma massa no baço, com múltiplas áreas cavitárias de contornos irregulares, sendo então recomendada a esplenectomia. Para avaliação pré-operatória, foram solicitados hemograma, exame de bioquímica sérica, ecocardiografia e eletrocardiograma (ECG).

RESULTADOS E DISCUSSÃONo hemograma foi verificada anemia normocítica normocrômica, no exame de bioquímica sérica foi verificado aumento da concentração de ureia e na avaliação ecocardiográfica não foram evidenciadas alterações.

Durante a avaliação eletrocardiográfica, no início do exame o animal apresentou arritmia sinusal com CVP isolados,

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mas em pouco tempo manifestou a TVS (Figura 1), sendo aplicada uma dose de lidocaína (2 mg/kg) intravenosa, resultando em reversão da taquicardia. Porém, como o animal ainda manteve episódios de taquicardia ventricular paroxística não sustentada, logo após foi prescrito o uso de amiodarona (20 mg/kg) por via oral e feita uma nova avaliação ECG após 4 dias, antes do procedimento cirúrgico.

O uso da lidocaína na dose de 2 a 4 mg/kg pela via intravenosa é recomendado para o tratamento de arritmias ventriculares, apresentando um baixo efeito hemodinâmico e seu efeito antiarrítmico ocorre dentro de 2 a 3 min após a aplicação.(1) Após 2 min da aplicação intravenosa de lidocaína, o animal voltou a apresentar um ritmo sinusal com VPC isolados, e nos exames seguintes ao tratamento com amiodarona foi verificada somente a presença da arritmia sinusal. O uso da amiodarona na dose diária de 20 mg/kg, por via oral, é indicado para o tratamento de arritmias ventriculares e supraventriculares, sendo possível inclusive, a conversão de taquicardias ventriculares refratárias para o ritmo sinusal, e com baixo risco de efeitos colaterais.(5) Após quatro dias, foi realizada a esplenectomia do animal. Após 30 dias, no exame eletrocardiográfico foi observada apenas arritmia sinusal, e no exame hematológico também não foi verificada mais a anemia.

Cães com massas esplênicas podem apresentar arritmias ventriculares, principalmente devido à anemia secundária à hemorragia intra ou extraesplênica, metástase cardíaca ou ação de catecolaminas sistêmicas.(3,4) O animal deste relato apresentava anemia, o que pode justificar o aparecimento da TVS, uma vez que nenhuma massa metastática foi evidenciada no exame de ecocardiograma ou indícios de aumento de catecolaminas, além disto, 30 dias após o tratamento foi feito um novo hemograma, no qual não foi evidenciada anemia, e durante a avaliação eletrocardiográfica também não houve presença de arritmias ventriculares. Na análise histopatológica, verificou-se que a massa era um hematoma. Dentre os cães de raça, o Pastor Alemão apresenta maior predisposição para o desenvolvimento de massas esplênicas, neoplásicas e não neoplásicas.(3) Além disso, essa raça também apresenta uma maior susceptibilidade para o surgimento de arritmias ventriculares adquiridas, podendo inclusive levar à morte súbita de filhotes, principalmente quando evidenciada taquicardia ventricular não sustentada no exame eletrocardiográfico.(6)

CONCLUSÃOConcluiu-se que anemia associada ao hematoma esplênico pode favorecer o surgimento de TVS em cães, e o uso de lidocaína associado à amiodarona foi eficiente para um bom controle da arritmia ventricular neste caso.

REFERÊNCIAS1) Tilley LP. Essentials of Canine and Feline Eletrocardiography: Interpretation and Treatment, 3ª ed., Filadélfia: Lea Febiger, 1992.2) Ferreira WL; Dias FGG; Camacho AA. Avaliação da Eletrocardiografia de Alta Resolução em Cães Clinicamente Normais. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. 2005; 42(4):271-275.3) Keys ML; Rush JE; Morais HSA; Couto CG. Ventricular Arrhythmias in Dogs With Splenic Masses. Veterinary Emergency and Critical Care. 1993; 3(1):33-38.4) Marino DJ; Matthiesen DT; Fox PR; Lesser MB; Stamoulis ME. Ventricular Arrhythmias in Dogs Undergoing Splenectomy: A Prospective Study. Veterinary Surgery. 1994; 23:101-106. 5) Pedro B; López-Alvarez J; Fonfara S; Stephenson H; Dukes-McEvan J. Retrospective Evaluation of the Use of Amiodarone in Dogs With Arrhythmias (from 2003 to 2010). Journal of Small Animal Practice. 2012, 53:19-26.6) Moise NS; Meyers-Wallen V; Flahive WJ; Valentine BA; Scarlett JM; Brown CA et al. Inherited Ventricular Arrhythmias and Sudden Death in German Sheperd Dogs. Journal of American College of Cardiology. 1994; 24(1):233-243.

Taquicardia Ventricular Sustentada em Pastor Alemão com Hematoma Esplênico – Relato de Caso

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Técnica de Coleta de Sêmen em Jabutis Chelonoidis denticulatus Linnaeus, 1766 e Chelonoidis carbonarius Spix, 1824Ana Júlia Silva Alves Guimarães1*Teresinha Inês Assumpção2

André Luiz Quagliatto Santos2

1Graduação em Medicina Veterinária; 2Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil. *Autor para correspondência: [email protected].

RESUMOA reprodução assistida dos testudines ainda é pouco explorada com poucas informações sobre os métodos de coleta, avaliação e congelação de sêmen. O objetivo deste estudo foi desenvolver uma nova técnica de coleta de sêmen em jabutis (Chelonoidis denticulatus e Chelonoidis carbonarius), sem sedação do animal. Utilizou-se 12 jabutis provenientes do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres da Universidade Federal de Uberlândia. A técnica foi a seguinte: Após o macho subir na fêmea e entrar em ereção completa iniciando a ejaculação, este foi separado da fêmea, preso o seu falo com mão enluvada e aspirado o sêmen da extremidade distal dilatada do falo com uma seringa. A técnica foi eficiente, sendo que o conteúdo recolhido tinha alta quantidade de sêmen, com volume variando de 2 a 3 ml/animal e alta viscosidade, e teve a vantagem de dispensar a sedação do réptil. O método de colheita de sêmen por aspiração da extremidade distal dilatada do falo, no momento da cópula, em jabutis (Chelonoidis denticulatus e Chelonoidis carbonarius) mostrou-se eficiente e útil na obtenção de sêmen para avaliação e utilização em reprodução assistida.

Palavras-chave: répteis; testudines; reprodução; andrologia.

INTRODUÇÃOOs jabutis são répteis pertencentes à família Testudinidae. No Brasil existem duas espécies: jabuti tinga (Chelonoidis denticulatus) e Jabuti piranga (Chelonoidis carbonarius) (1). A reprodução ocorre com 6 anos nos machos e 8 anos nas fêmeas e são mais férteis de outubro a janeiro. As sociedades são hierárquicas, os machos brigam pela fêmea e no processo de acasalamento normalmente vocaliza sons característicos (2).

A reprodução assistida dos testudines ainda é pouco explorada com poucas informações sobre os métodos de coleta, avaliação e congelação de sêmen (3). O estudo da fertilidade nos jabutis visa principalmente a inseminação artificial, manejo genético de animais criados em cativeiro e cruzamentos de espécies ameaçadas de extinção (2).

Apesar dos jabutis não apresentarem risco de extinção, isto não os torna menos relevantes para estudo e conhecimento de sua fisiologia reprodutiva, pois é um bom modelo para estudo de espécies semelhantes ameaçadas de extinção.

Assim, o objetivo deste estudo foi desenvolver uma nova técnica de coleta de sêmen em jabutis (Chelonoidis denticulatus e Chelonoidis carbonarius), sem sedação do réptil.

MATERIAL E MÉTODOSO estudo foi realizado com 12 jabutis (Chelonoidis denticulatus e Chelonoidis carbonarius) provenientes do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres da Universidade Federal de Uberlândia. Os animais eram mantidos em baias com alimentação apropriada para a espécie e água de boa qualidade.

Na coleta utilizou-se uma técnica sem sedação do animal, e procedeu-se da seguinte forma: Após o macho subir na fêmea e entrar em ereção completa iniciando a ejaculação, este foi separado da fêmea, preso o seu falo com mão enluvada e em seguida foi aspirado o sêmen da extremidade distal dilatada do falo, utilizando uma seringa estéril de 5 ml.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOA técnica utilizada para a coleta de sêmen foi eficiente, sendo que o conteúdo recolhido tinha alta quantidade de sêmen, com volume variando de 2 a 3 ml/animal e alta viscosidade.

Há relatos em outros testudines, como os de Kawasu et al. (4), que trabalhando com tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata) realizaram a coleta de sêmen por eletroejaculação sem anestesia do animal, apenas com contenção física corporal, obtendo um volume médio de 0,5 ml (0,2-1,5 ml). Também usando eletroejaculação, sob sedação, Juvik et al. (5) coletaram espermatozoides de tartarugas de Madagascar (Geochelone yniphora) e Tanasanti et al.(6) obtiveram ejaculados em tartaruga verde oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata) com volumes médios de 1 ml (0,01-2,2 ml) e 4.4 ml, respectivamente. Já Durrant (7) coletou sêmen com sucesso, utilizando uma combinação de eletrojaculação e massagem manual do falo sem sedação, em tartarugas de Galápagos (Geochelone elephantopus) e tartaruga gigante de Seychelles (Aldabrachelys gigantea).

Várias técnicas de coleta de sêmen têm sido testadas em testudines, já com sucesso na obtenção de ejaculados, com volumes variados de acordo com a espécie. A técnica utilizada neste estudo tem a vantagem de dispensar a sedação do réptil, sendo rápida e com poucos riscos para o animal. Em jabutis, são escassos os relatos sobre reprodução assistida, sendo necessários mais estudos para compreensão da fisiologia reprodutiva dos machos das espécies.

CONCLUSÕESO método de colheita de sêmen por aspiração da extremidade distal dilatada do falo, no momento da cópula, em jabutis (Chelonoidis denticulatus e Chelonoidis carbonarius) mostrou-se eficiente e útil na obtenção de sêmen para avaliação e utilização em reprodução assistida.

REFERÊNCIAS1) Sociedade Brasileira de Herpetologia. 2015. Répteis Brasileiros. Disponível em: http://www.sbherpetologia.br. Acesso em: 20 de março de 2017.2) Cavalheiro RC, Bessa E. Sexual Selection in the Tortoise Chelonoidis denticulata: Dominant partner or healthy partner? Oecologia Australis; 2016; 20(3): 20-27.3) Zacariotti RL, Grego KF, Fernandes W, Sant’Anna SS, Guimarães MABV. Semen collection and evaluation in free-ranging Brazilian rattlesnakes (Crotalus durissus terrificus). Zoo Biology; 2007; 26:155-160.4) Kawazu I, Maeda K, Koyago M, Nakada K, Sawamukai Y. Semen Evaluation of Captive Hawksbill Turtle. Chelonian Conservation and Biology; 2014; 13(2): 271–278.5) Juvik JO, Meier DE, McKeown S. Captive Husbandry and Conservation of the Madagascar Ploughshare Tortoise, Geochelone yniphora. In: First International Symposium on Turtles & Tortoises: Conservation and Captive Husbandry; 1991; Orange, California, Proceedings, 1991. p.127-137.6) Tanasanti M, Sujaritthanyatrakul C, Dhanarun K, Sahatrakul K, Sakorncharoun P, Manawatthana S et al. Electroejaculation and semen evaluation in olive ridley turtle (Lepidochelys olivacea) and hawksbill turtle (Eretmochelys imbricata) in Thailand. In: 4th International Symposium on SEASTAR 2000 and Asian Bio-logging Science; 2007; Phuket, Thailand, Proceedings, 2007. p. 29-32.7) Durrant BS. Semen collection, evaluation, and cryopreservation in exotic animals species: maximizing reproductive potential. Oxford Journals; 1990; 32(1):2-20.

Técnica de Coleta de Sêmen em Jabutis Chelonoidis denticulatus Lin-naeus, 1766 e Chelonoidis carbonarius Spix, 1824

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Técnica de TightRope Modificada para Tratamento da Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial em Cão – Relato de CasoAmanda do Nascimento Oliveira, acadêmica em Medicina Veterinária – UFLA Caio Afonso dos Santos Malta, MV residente – UFLA Leonardo Augusto Lopes Muzzi, MV, Dr., Prof. – UFLA [email protected]

RESUMO O ligamento cruzado cranial (LCCr) desempenha um papel de suma importância na estabilização da articulação do joelho. A ruptura do LCCr é uma das causas mais comuns de claudicação dos membros pélvicos em cães. Decorrente disso há uma instabilidade articular, provocando dor e inflamação que resultam em diversas alterações degenerativas. A afecção possui patogenia complexa e multifatorial, não inteiramente compreendida. O objetivo deste estudo foi relatar um caso clínico-cirúrgico de tratamento para ruptura do LCCr, utilizando-se a técnica TightRope modificada. Foi atendida uma cadela sem raça definida, com seis anos de idade, castrada, demonstrando claudicação no membro pélvico. Com base no exame físico foi possível detectar dor na articulação do joelho com estalo ao movimento, edema e testes positivos para gaveta cranial e compressão tibial. A modificação da técnica consiste na utilização de fios de náilon e do ponto quase-isométrico na tíbia para estabilização da articulação. A intervenção cirúrgica demonstrou boa eficácia e o animal se recuperou bem, com apoio precoce do membro afetado.

Palavras-chave: Articulação; Claudicação; Joelho; Pontos quase-isométricos.

INTRODUÇÃOA ruptura do ligamento cruzado cranial (LCCr) é uma das afecções ortopédicas mais diagnosticadas em cães e resulta de causas traumáticas ou degenerativas (1,2). Afeta comumente cães adultos e ativos, pertencentes a raças de grande porte (2,3). Fatores como idade, excesso de peso, anormalidades anatômicas e artropatias imunomediadas contribuem para a ruptura do ligamento (1). Os sintomas irão depender da gravidade da lesão e da progressão da doença articular degenerativa. O diagnóstico é baseado no histórico e nos testes ortopédicos como gaveta cranial e compressão tibial. No tratamento, as técnicas cirúrgicas são divididas em métodos extracapsulares, intracapsulares e osteotomias tíbiais (2). Nos últimos anos, foi desenvolvida uma nova técnica extracapsular denominada TightRope, baseada na fixação entre tíbia e fêmur a partir de pontos quase-isométricos utilizando um fio sintético inabsorvível (Fiberware®) (4).

O objetivo deste estudo foi relatar um caso de tratamento cirúrgico para ruptura do LCCr utilizando-se uma modificação da técnica TightRope.

MATERIAL E MÉTODOS Foi atendida uma cadela sem raça definida, com seis anos de idade, castrada, apresentando excesso de peso (25kg) e claudicação intensa no membro pélvico direito. Ao exame ortopédico observou-se dor na articulação do joelho, edema, estalo “click” meniscal e testes de gaveta cranial e compressão tibial positivos. Como diagnóstico complementar, foi realizada radiografia simples sob estresse tibial. A estabilização cirúrgica da articulação foi feita por meio da técnica extracapsular de TightRope modificada, utilizando-se fio de náilon poliamida e modificação do ponto quase-isométrico da tíbia. O fio de náilon foi colocado em pontos quase-isométricos por meio da confecção de túneis ósseos no fêmur e na tíbia. No ponto quase-isométrico da tíbia foi selecionado um local logo cranial ao sulco do tendão do extensor digital longo, permitindo assim a estabilização óssea entre a tíbia e o fêmur. Além disso, foi realizada a meniscectomia parcial do menisco medial.

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RESULTADOS E DISCUSSÃOA ruptura do LCCr está entre as principais enfermidades ortopédicas na espécie canina, podendo ocorrer de forma parcial ou total, por causas traumáticas ou degenerativas, com maior ocorrência em cães entre 5 a 7 anos de idade

(5). Segundo Vasseur (6), as fêmeas apresentam maior incidência e a castração contribui para o aparecimento da doença em ambos os sexos. Em um estudo realizado por Bach et al (5) as fêmeas (68,75%) foram mais representativas e a obesidade foi citada como um fator predisponente. Tais fatos podem ser constatados no paciente relatado que, além de predisposição etária e sexual, era castrada e obesa. O menisco medial pode-se romper gravemente no momento da lesão, embora seu rompimento esteja mais relacionado a uma instabilidade crônica da articulação (2). O animal em questão possuía lesões no menisco medial, comprovando a afirmação. O tratamento preconizado é o cirúrgico e embora existam inúmeras técnicas, nenhuma é considerada de eleição. A TightRope é uma técnica que permite a inserção de um fio cirúrgico extracapsular para estabilização do joelho (4). Cook et al (7) demostraram que a TightRope é menos invasiva, de menor dificuldade técnica, resultando em menor tempo de anestesia e cirurgia, com menor taxa de complicações pós-operatórias quando comparada a outras duas técnicas. Além disso, promove o retorno do paciente à locomoção em torno de 6 a 8 semanas. Sakamoto et al (8) e Kemper et al (9), consideraram que modificações na técnica de TightRope são efetivas para a estabilização da articulação, pois são capazes de anular o movimento de gaveta cranial. No atual relato, o uso do fio de náilon e a alteração do ponto quase-isométrico na tíbia apresentaram bons resultados. O animal demonstrou ausência do movimento de gaveta cranial no pós-operatório imediato e recuperação cirúrgica sem complicações. Houve apoio precoce do membro operado e melhora gradativa da claudicação, que se resolveu em 12 semanas.

CONCLUSÃO Conclui-se que a técnica de Tightrope modificada se mostrou viável para tratamento da ruptura do LCCr, pois permitiu a estabilização da articulação do joelho e possibilitou a recuperação da função do membro. A técnica modificada também preservou as principais características da Tightrope original, tais como recuperação rápida e ausência de complicações pós-operatórias.

REFERÊNCIAS1) Torres BBJ, Muzzi LAL, Mesquita LR. Ruptura do ligamento cruzado cranial - revisão. Clín. Vet. 2012 set/out.; (100): 100-112.2) Fossum TW. Afecções articulares. In: Cirurgia de pequenos animais. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2015. 1215-1374.3) Bregadioli T, Mota FCD, Eurides D, Faria LM, Dias RC, Souza LA. Uso da técnica TightRope modificada em cães com ruptura do ligamento cruzado cranial. Rev. Bra. de Ciên. Vet. 2014 abr/jun.; 21(2): 90-95.4) Arthrex Vet Systems. Orthopaedic Products & Medical Education. Developed in conjunction with James L. Cook, DVM, PhD, Diplomate ACVS Director, Comparative Orthopaedic Laboratory, University of Missouri, 2008.5) Bach M, Junior JAV, Tasqueti UI, Pimpão CT, do Prado AMB, Junior PVM. Estudo retrospectivo de cães portadores de ruptura do ligamento cruzado cranial: 32 casos (2006 a 2012). Se: Ciên. Agr. 2015 maio/jun.; 36(3): 1409-1418.6) Vasseur PB. Articulação do joelho. In: Slatter D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 3.ed. São Paulo: Manole: 2007. 2090-2133.7) Cook JL, Luther JK, Beetem J, Karnes J, Cook CR. Clinical comparison os a novel extracapsular stabilization procedur and tibial plateau leveling osteotomy for treatment of cranial cruciate ligament deficiency in dogs. Veterinary Surgery. 2010 apr.; 39(3): 315-323. 8) Sakamoto BY, Zaniboni L, Russo C. Estabilização da articulação femorotibiopatelar em cães por meio da utilização dos implantes “Tightrope”. In. Anais da VI Mostra Interna de trabalhos de iniciação cientifica. 2012; Marília. Marília: Cesumar, 2012.9) Kemper B, Trapp SM, Porto TF, Barca FA. Movimento de gaveta em joelhos de cães submetidos à estabilização extracapsular após secção do ligamento cruzado cranial in vitro. Cien. Ru. 2013 jun.; 43(6): 1096-1101.

Técnica de TightRope Modificada para Tratamento da Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial em Cão – Relato de Caso

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Tratamento de ferida com Soluto de Dakin associado a metil 2- cianocrilato em canino vítima de mordedura - Relato de Caso Beatriz Persici Maroneze, Médica veterinária, Residente em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital de Clíni-cas Veterinária (HCV), Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Francisco de Assis Araújo Camelo Junior, graduando em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Tainá Ança Evaristo Mendes Cardoso, graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas (UFPel) E-mail: [email protected]

RESUMOAs feridas são soluções de continuidade da pele ou mucosas, de profundidade variável, podendo atingir o subcutâneo. Dentre as causas do aparecimento de feridas, as mordeduras são frequentes promovendo perda de tecido cutâneo. Foi encaminhado para atendimento um canino, fêmea, SRD, com seis anos de idade em estado crítico após mordeduras por outro canino. O paciente foi estabilizado e, após apresentar melhora do quadro foi submetido a diversos procedimentos para tratamento da ferida, dentre eles a utilização de Soluto de Dakin e metil 2- cianocrilato até o fechamento da lesão.

Palavras-chave: pele; avulsão; adesivo; cicatrização.

INTRODUÇÃO As feridas são soluções de continuidade da pele ou mucosas, de profundidade variável, podendo atingir o subcutâneo. As causas do aparecimento de feridas são mordeduras, quedas, queimaduras, agressões e atropelamentos, onde se tem grande perda de tecido cutâneo. Tais lesões podem gerar até mesmo infecções sistêmicas e comprometimento da vida do animal, pois a pele apresenta importantes funções de proteção, termorregulação, excreção, dentre outras (1).

O conhecimento da classificação das lesões, tipos de cicatrização e os fatores que contribuem ou interferem na cicatrização, a limpeza, o desbridamento e a troca periódica da bandagem são importantes para o sucesso no tratamento (1).

O objetivo do presente trabalho é relatar o caso de um canino com avulsão de pele devido a mordedura por outro canino, o qual foi submetido ao desbridamento de ferida e posterior, utilização da associação de Soluto de Dakin e adesivo de metil 2- cianocrilato.

MATERIAIS E MÉTODOS Foi encaminhado para atendimento um canino, fêmea, sem raça definida (SRD), com seis anos de idade em estado crítico após mordeduras por outro canino. O paciente foi estabilizado e, após apresentar melhora do quadro foi submetido a diversos procedimentos para correção da ferida. Inicialmente, realizou-se a tricotomia das regiões acometidas, limpeza das feridas com solução fisiológica e remoção de sujidades.

Realizou-se o desbridamento cirúrgico para remoção do tecido desvitalizado e necrosado, e algumas lesões puderam ser fechadas sendo tratadas como cicatrização por primeira intenção. No entanto, outras feridas se apresentavam contaminadas, e para isso, optou-se pela utilização de Soluto de Dakin durante uma semana a fim de auxiliar na proliferação de tecido de granulação devido à grande extensão da lesão que impossibilitava o fechamento cirúrgico e, posteriormente, iniciou-se a utilização dos adesivos de metil 2cianocrilato.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO A cicatrização de feridas é influenciada por fatores do paciente, características da ferida e outros fatores externos. Dentre os fatores relacionados ao paciente, os principais são a idade, sendo mais lenta a cicatrização em animais idosos, devido às doenças concomitantes ou debilidade orgânica. Animais desnutridos e aqueles com baixas concentrações séricas de proteína podem ter cicatrização retardada e resistência menor de ferida (1).

As características das feridas que influem na cicatrização são a presença de materiais estranhos, como sujeira, resíduos, fios de sutura e implantes cirúrgicos podendo causar reações inflamatórias que irão interferir na cicatrização normal, como a paciente citada por tratar-se de um caso de mordedura.

As feridas promovidas por mordedura de animais geralmente acarretam em lesão por esmagamento, dilaceração e avulsão, sendo mais graves para o tecido subjacente do que podem aparentar pelo aspecto, em geral, insignificante, da laceração ou perfuração da pele. Os locais mais comumente acometidos são o pescoço, os membros, a cabeça, o peito, os ombros, o abdome e as regiões perineais (1).

A mortalidade associada a mordeduras é inferior a 10% e normalmente ocorre nos casos de mordeduras torácicas, no entanto, a mortalidade ocorre devido a infecções ou traumatismos concomitantes. É comum a ocorrência de múltiplas feridas e sua contaminação é devido ao elevado número de bactérias presentes na boca do agressor, pelos e outros resíduos da pele e do ambiente.

Dentre os tratamentos, pode-se citar a utilização do Soluto de Dakin ou hipoclorito de sódio a 0,5%. Em situações de curta duração em feridas agudas e altamente colonizadas pode ser eficaz (2) tendo como objetivo auxiliar na produção de tecido de granulação e consequentemente promover o fechamento da lesão. O adesivo de metil 2-cianocrilato é outro método de grande importância no tratamento de feridas, pois esse adesivo, em contato com o tecido, é convertido do estado líquido para o sólido por polimerização e catalisado por baixa umidade. O tempo de assentamento varia entre dois e sessenta segundos, dependendo da presença e quantidade de fluidos corporais, da espessura da película e do comprimento da molécula do radical alquil (3). A utilização do adesivo traz como vantagens a fácil aplicação, a diminuição do tempo de cirurgia e, consequentemente, do tempo de anestesia. Além disso, possuem ações antibacterianas, sendo comprovada a sua eficácia ao serem utilizadas na superfície de pele ou mucosa, em substituição à sutura convencional e, por isso, foi uma das formas terapêuticas adotadas neste caso.

CONCLUSÃO Conclui-se que o tratamento de feridas é eficaz com a aplicação de Soluto de Dakin associado ao uso de adesivos de metil 2-cianocrilato. Afinal, esse tratamento se apresenta eficiente, auxiliando na recuperação do paciente com menor tempo de cicatrização.

REFERÊNCIAS 1) FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. 4° Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1640 p. 2014. 2) AYELLO, E., CUDDIGAN, J. Debridement: Controlling the Necrotic/Cellular Burden, ADV SKIN WOUND CARE; 17:66-78, 2004. 3) SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais.Manole, São Paulo, SP. 3.ed. v.1. 1286p, 2007.

Tratamento de ferida com Soluto de Dakin associado a metil 2- cianocrilato em canino vítima de mordedura - Relato de Caso

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Tratamento Homeopático para Arrancamento de Penas em Periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) - Relato de casoIsabella Hercos de Paula1 Cláudio Yudi Kanayama2

Francynny Helena Fonseca Eulálio3 1Médica Veterinária e Residente em Diagnóstico Laboratorial –Hospital Veterinário de Uberaba UNIUBE e-mail: [email protected]édico Veterinário e Professor do curso de Medicina Veterinária UNIUBE3Médica Veterinária e Professora do curso de Medicina Veterinária UNIUBE

RESUMOO arrancamento de penas é um problema frequente na clínica aviária, sendo os da família Psittacidae os mais acometidos. Entretanto devido às diversas causas, físicas e comportamentais, o tratamento eficaz é ainda um desafio. O objetivo é relatar um caso arrancamento de penas Brotogeris chiriri e a utilização do tratamento homeopático. O paciente apresentava arrancamento das penas na região torácica e abdominal há seis meses. Foi administrado como tratamento homeopático os medicamentos Belladona 2LM e Aconitum 2LM, ambos por via oral, oferecidos alternadamente a cada 24 horas. O uso da terapêutica homeopática auxiliou na redução do sintoma apresentado, sendo satisfatório o tratamento de arrancamento de penas da ave.

Palavras-chaves: automutilação; psitacídeo; comportamento; aves; homeopatia.

INTRODUÇÃOO arrancamento de penas é um problema comumente encontrado em psitacídeos cativos. É caracterizado pelo arrancamento ou destruição das próprias penas ou de outras aves que habitam o mesmo ambiente. Este transtorno obsessivo-compulsivo é multifatorial (1,2). O tratamento consiste na modificação comportamental com a implantação de programas de enriquecimento ambiental e alimentar, associado à utilização de drogas psicotrópicas, esta última, porém, apresenta efeitos indesejados (3). A terapêutica homeopática é uma opção de tratamento que visa o retorno às funções comportamentais normais do animal e evitar os efeitos colaterais desagradáveis (4). O objetivo do trabalho é de relatar um caso de arrancamento de penas em um periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) e a utilização do tratamento homeopático.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Hospital Veterinário de Uberaba, um periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri), sem sexo definido, dois anos de idade, peso 66 gramas, origem desconhecida, que vive em ambiente doméstico isoladamente dentro de uma gaiola. Alimenta-se de frutas e ração comercial para a espécie. Não há enriquecimento ambiental de qualquer natureza. A ave apresentava arrancamento diário das penas de contorno na região torácica e abdominal há seis meses (Figura 1). Nenhum tratamento havia sido realizado na ave até a consulta. Exame de coproparasitológico e ectoparasita negativo. Iniciou-se o tratamento homeopático com o uso dos medicamentos Bellabonna 2LM, por via oral, três gotas, a cada 48 horas e Chamomilla 2LM, por via oral, três gotas, também a cada 48 horas, sendo ambos oferecidos alternadamente, ou seja, a cada 24 horas apenas um medicamento era oferecido. Foi solicitado o enriquecimento ambiental por meio de brinquedos para a espécie.

RESULTADOS E DISCUSSÃODecorrido 15 dias da primeira consulta de tratamento homeopático a ave (Figura B) foi reavaliada e o proprietário relatou melhora do arrancamento das penas. No exame clínico já se notava o crescimento de plumas e penas de

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contorno nas regiões afetadas. A prescrição continuou a mesma até o próximo retorno. No intervalo de 30 dias novamente a ave foi reavaliada e o crescimento de penas permaneceu constante. A prescrição permaneceu a mesma até o próximo retorno. Após 60 dias de tratamento a ave (Figura C) apresentava a ausência do arrancamento das penas. Áreas aptéricas permaneciam na região torácica e abdominal devido o arrancamento completo do folículo da pena. A conduta da prescrição continuou a mesma até o presente momento. As drogas psicoativas têm sido utilizadas frequentemente em aves para o arrancamento de penas, sendo o haloperidol o fármaco psicoativo mais comumente utilizado, entretanto as aves da mesma espécie, tratadas com tal medicamento, apresentaram hipotensão, sedação, confusão mental, incoordenação motora e tremores (3). A terapia homeopática apresenta como vantagem a ausência de efeitos colaterais, a facilidade de administração (4). A etiologia do comportamento de arrancamento de penas tem como causa provável o isolamento permanente da ave em gaiola, haja vista que esta espécie vive em bandos entre 50 e 100 indivíduos em ambiente silvestre (5). O medicamento Belladona é extraída da planta Atropa belladonna utilizado quando o animal apresenta os sintomas de automutilação, ansiedade e manias agudas (6). Já o medicamento Chamomilla é extraído da planta Matricaria chamomilla sendo indicado nos casos de agitação e ansiedade (6). Mesmo sendo solicitado, não houve a introdução de enriquecimento ambiental pelo tutor da ave. O manejo alimentar não foi alterado durante o período já que a ave alimentava-se de ração comercial balanceada (1-3).

Figura A. Imagem do periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) no momento da primeira consulta. Figura B. Imagem do periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) após 15 dias de tratamento homeopático. Figura C. Imagem do periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) após 60 dias de tratamento homeopático. Nota-se que as penas de contorno e plumas já cobrem a região torácica e abdominal da ave.

CONCLUSÕESO tratamento homeopático dos medicamentos prescritos se mostra eficaz na remissão do arrancamento de penas e possibilita a recuperação total da ave.

REFERÊNCIAS1) Lightfoot T, Nacewicz CL. Comportamento de psitacídeos. In: Bays TB, Lightfoot T, Mayer J. Comportamento de animais exóticos de companhia: aves, répteis e mamíferos de pequeno porte. São Paulo: Roca; 2009. p. 43-85.2) Rubinstein J, Lightfoot T. Feather Loss and Feather Destructive Behavior in Pet Birds. Journal of Exotic Pet Medicine. 2012;21(2):219-234.3) Telles LF, Malm C, Melo MM, Vilela DAR, Lago LA, Silva MX, et al. Arrancamento de penas psicogênico em maritacas: haloperidol e enriquecimento ambiental. Ciência Rural [periódico online]. 2015; 45(6). Disponível em: URL: http://dx.doi.org/10.1590/0103-8478cr20140318 [2017 fev 17]4) Torro AR, Larsson CL, Bonamin LV. Homeopatia e dermatoses por lambedura: estudo clínico. Revista Brasileira de Ciência Veterinária [periódico online]. 2004; 11(3). Disponível em: URL: http://www.uff.br/rbcv/ojs/index.php/rbcv/article/view/555 [ 2017 fev. 19]5) Paranhos SJ, Araújo CB, Marcondes-Machado LO. Comportamento alimentar do periquito-do-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) no interior do estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Ornitolologia. 2007; 15(1):95-101.6) Lathoud JA. Estudos da Matéria Médica Homeopática. 3ª ed. Trad. Heloisa Helena de Macedo. São Paulo: Organon; 2010.

Tratamento Homeopático para Arrancamento de Penas em Periquito--de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) - Relato de caso

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Tumor de Células da Granulosa em Cadela Castrada – Relato de CasoRosileide dos Santos Carneiro* Mestre, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de Patos, Paraíba. Fernanda Vieira Henrique Doutoranda, UFCG, Campus de Patos, Paraíba. Antônio Flávio Medeiros Dantas Professor, Doutor, UFCG, Campus de Patos, Paraíba. *Autora para correspondência: [email protected].

RESUMO Relata-se um tumor de células da granulosa (TCG) em uma cadela castrada com dificuldade à defecação e massa na região abdominal caudal. Após exame laboratorial e de diagnóstico por imagem, a cadela foi submetida a uma celiotomia exploratória onde se observou um tumor no “coto ovariano”, o qual foi encaminhado para imunohistoquímica diagnosticando-se TCG. A cadela veio a óbito durante a recuperação anestésica.

Palavras-chave: canino; castração; neoplasia; ovário.

INTRODUÇÃO A ovário-histerectomia quando realizada incorretamente pode contribuir para o desenvolvimento de neoplasias ovarianas (1), com o TCG representando a maioria dos casos, derivando do cordão estromal (2). O objetivo deste relato é descrever um caso de TCG em uma cadela castrada diagnosticado por imunohistoquímica.

MATERIAL E MÉTODOS Uma cadela, SRD, castrada, de 14 anos foi atendida com histórico de dificuldade de defecação. Ao exame clínico observou-se uma massa, de consistência firme, não dolorosa, de superfície regular, arredondada e móvel em localização abdominal e pélvica. Realizou-se radiografia torácica e abdominal, hemograma e perfil bioquímico sérico.

RESULTADOS A radiografia abdominal demonstrou uma massa abdominal, porém os órgãos estavam pouco evidenciados (Figura 1), solicitando-se uma imagem contrastada da bexiga. Nesta ficou evidente, além do tumor ocupando abdome e região inguinal, o deslocamento ventral de colón, reto e vesícula urinária (Figura 2). O animal foi encaminhado para celiotomia exploratória, onde se observou duas massas dorsais à bexiga, sendo encaminhadas para imunohistoquímica. Os dois nódulos apresentaram-se encapsulados, com superfície irregular avermelhada e ao corte fluía conteúdo avermelhado; havia cavitações e conteúdo friável (Figuras 3 e 4).

Figura 1. Radiografia do abdome em projeção látero-lateral em cadela com TCG. Observam-se massa abdominal e órgãos pouco evidenciados. Figura 2. Radiografia contrastada da bexiga, em projeção látero-lateral (A) e ventro-lateral (B). Observa-se um deslocamento ventral de cólon, reto e bexiga, além da massa abdominal.

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Figuras 3 e 4. Nódulos encapsulados, com superfícies irregulares e ao corte conteúdos avermelhados e material friável.

Na imunohistoquímica (Figura 5) foram positivos: anticorpo CK, marcador de citoqueratina de baixo peso molecular presente em epitélios escamoso, basal e ductal; e pan citoqueratina, marcador de filamentos intermediários de células epiteliais. Foi estabelecido um diagnóstico definitivo de TCG.

Figura 6. Imunohistoquímica de nódulos encontrados em coto uterino com marcação positiva para anticorpo CK (A) e pan citoqueratina (B).

DISCUSSÃO O TCG tem sido relatado em cadelas castradas ou inteiras (1,3). A apresentação não funcional deste tumor determina quadro clínico inespecífico (4), conforme observado no paciente em questão, em que a queixa principal estava ligada ao sistema digestivo. A idade de apresentação do TCG é variável, apresentando-se em animais de meia idade a idosos (2) como no presente relato.

As imagens radiográficas são condizentes com relatos anteriores (2); a projeção ventro-dorsal revelou um desvio látero-ventral do cólon descendente e reto, o qual justificou a dificuldade de defecação.

A literatura descreve o TCG como uma massa palpável, firme, não dolorosa, em localização abdominal e/ou inguinal, em geral de volume considerável (3). Na imunohistoquímica, uma positividade para citoqueratinas é um indicativo de carcinoma (5), porém a maioria dos TCG em cadelas é benigna e o tratamento de escolha é a remoção cirúrgica, quando não há metástase, como no presente relato.

CONCLUSÃO O TCG tem características benignas na maioria das vezes, sendo o tratamento cirúrgico o de escolha, porém nesse caso a cadela veio a óbito durante a recuperação anestésica devido a uma parada cardiorrespiratória. O longo tempo para o desenvolvimento do TCG associado a quadros atípicos pode dificultar o diagnóstico e retardar o tratamento. A partir da imunohistoquímica é possível estabelecer o diagnóstico definitivo, estadiamento e prognóstico do TCG.

Tumor de Células da Granulosa em Cadela Castrada – Relato de Caso

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REFERÊNCIAS 1) Pluhar GE, Memon MA, Wheaton LGJ. Granulosa cell tumor in an ovariohysterectomized dog. American Veterinary Medical Association 1995; 207(8):1063-1065. 2) Patnaik AK, Greenle PG. Canine ovarian Neoplasm: a clinicopathologic study of 71 cases, including histology of 12 granulosa cell tumours. Veterinary Pathology 1987; 24(6):509-514. 3) Hyejin KIM, Heeyeon CHOI, Hyunwook KIM, Jihye CHOI. A giant parovarian cyst in a dog with a Granulosa Cell Tumor. Journal of Veterinary Medical Science 2012; 74(3):385–389. 4) Koivisto MB, Carvalho IR, Carreira JT, Trevizan JT, Machado GF, Sueiro FAR, Ciarlini LDRP, Gomes PBCG. Granulosa cell tumor in a bitch - Case report. In: Proceedings of the 7th International Symposium on Canine and Feline Reproduction – ISCFR; 2012; Whistler, Canada. 5) Barra MB. O uso da imunoistoquímica no diagnóstico: indicações e limitações. Revista da AMRIGS 2006; 50(2):173-184.

Tumor de Células da Granulosa em Cadela Castrada – Relato de Caso

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Tumor Venéreo Transmissível Canino com Localização Genital e Conjuntival e Metástase Mamária Nathália Viana Barbosa, Graduando do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria. Ana Martiele Engelmann, Programa de Pós–Graduação em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Santa Maria. Cínthia Melazzo de Andrade, Departamento de Clínica de Pequenos Animais, Universidade Federal de Santa Maria. *[email protected]

RESUMO O tumor venéreo transmissível (TVT) é uma neoplasia de células redondas, contagiosa, localizada principalmente na membrana mucosa da genitália externa de cães de ambos os sexos. A avaliação citológica das lesões é uma ferramenta extremamente útil que pode ser realizada com rapidez e facilidade, baixo custo e com risco mínimo ao paciente. O presente trabalho relata o caso de um canino, sem raça definida, macho, de 3 anos de idade, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Santa Maria (HVUUFSM), onde foi constatado através da citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) TVT com localização genital, conjuntival e mamária. Houve a completa remissão das lesões com o quimioterápico Sulfato de Vincristina, permitindo assim a conclusão de TVT como lesão primária genital e conjuntival e com metástase mamária.

Palavras-chave: Punção aspirativa por agulha fina; células redondas; neoplasia.

INTRODUÇÃO O tumor venéreo transmissível (TVT) é uma neoplasia contagiosa, sexualmente transmissível que, em condições naturais, afeta somente caninos (1). A transmissão ocorre pela implantação de células tumorais viáveis nas mucosas (2). Geralmente se desenvolve na genitália externa, mas pode ocorrer nas mucosas nasal, oral e conjuntival. Metástases não são frequentes, mas podem acometer a cavidade bucal, seios nasais, bolsa escrotal, baço, globo ocular, tecido subcutâneo, cérebro e adenohipófise (3).

A citologia é um excelente meio para o diagnóstico, pois trata-se de uma técnica simples e minimamente invasiva (4). As amostras citológicas de TVT são, em geral, muito celulares e compostas por células redondas, com citoplasma bem delimitado e, frequentemente, contém múltiplos vacúolos pontilhados (4).

O tratamento inclui quimioterapia, particularmente com vincristina, radioterapia e excisão cirúrgica. O prognóstico é bom quando se utiliza a quimioterapia. A recorrência é alta quando se realiza intervenção cirúrgica (4).

Por se tratar de uma patologia muito frequente na clínica veterinária, devido a sua fácil transmissão, objetiva-se relatar a ocorrência de TVT genital, conjuntival e mamário em uma cadela e os resultados obtidos com o tratamento quimioterápico.

MATERIAL E MÉTODOS Uma fêmea canina sem raça definida, com três anos de idade foi atendida no HVUUFSM, apresentando anorexia, massa avermelhada que se projetava para fora do globo ocular direito e vários nódulos mamários em ambas as cadeias mamárias. O tutor refere que as massas tanto no olho quanto os nódulos nas mamas surgiram há três semanas. Além disso, informa que o animal vivia preso no pátio juntamente com outros cães que não apresentavam lesões semelhantes e que possuíam acesso à rua. Ao exame físico constatou-se a presença de uma massa vaginal. A partir destes achados, foi solicitada a citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) dos tumores.

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RESULTADOS As amostras da CAAF provenientes dos três locais eram altamente celulares e compostas por uma população monomórfica de células redondas dispostas individualmente, com citoplasma discretamente basofílico e, por vezes, com pequenos vacúolos puntiformes. O núcleo era excêntrico. Foram observadas, binucleação e figuras de mitose, caracterizando TVT do tipo plasmocitóide.

A partir destes resultados, foram procedidas seis sessões de quimioterapia com Sulfato de Vincristina na dose de 0,75 mg/m² com intervalos de sete dias, havendo total remissão do TVT genital, conjuntival e mamário.

DISCUSSÃO O contágio do TVT genital está relacionado com o coito (1). Considerando que o animal não era castrado, a ação dos hormônios durante o período fértil promove um intumescimento vulvar, garantindo maior suprimento sanguíneo para a genitália, favorecendo a implantação de células tumorais (5). Outro fator predisponente foi o convívio com outros cães do sexo oposto que possuíam acesso à rua, uma vez que os cães com maior risco de contágio são aqueles que se encontram constantemente nas ruas (1).

O TVT conjuntival provavelmente foi transmitido pela implantação de células neoplásicas devido aos hábitos sociais de farejar e lamber que os cães apresentam (2). No entanto, a autoinfecção por lambedura do tumor genital não pode ser descartada (6).

Apesar de a autoinfecção e do transplante mecânico após lesão da pele ser descrito, o grande número de nódulos encontrados em ambas as cadeias mamárias do animal estudado necessitaria de várias lesões para implantação para serem considerados neoplasia primária, o que sugere tratar-se de metástases (3).

A CAAF correspondeu a uma adequada forma de diagnóstico tanto para as apresentações primárias de TVT (genital e conjuntival) quanto para a forma metastática (TVT mamário) (4). O TVT com aspecto plasmocitóide é aparentemente mais maligno, podendo apresentar menor resposta ao agente quimioterápico (7). No entanto, o tratamento com o Sulfato de Vincristina mostrou-se completamente eficaz.

CONCLUSÃO Conclui-se com este relato, a importância da avaliação citológica como ferramenta de auxílio ao diagnóstico, pois se não tivesse sido realizada a punção da massa ocular e dos nódulos mamário, provavelmente teria sido realizado os procedimentos de enucleação de globo ocular e de mastectomia, respectivamente. Além disso, também se destaca a importância do tratamento quimioterápico, pois através dele, que se definiu que a localização do TVT era conjuntival e não ocular.

REFERÊNCIAS 1) Rogers, K.S.; Walker, M.A.; Dillon, H.B. Transmissible venereal tumor: a retrospective study of 29 cases. Journal of the American Animal Hospital Association 1998; 6(20):463470. 2) Cohen, D. The canine transmissible venereal tumor: a unique result of tumor Progression. Advances in Cancer Research 1985; (43):75-112. 3) Alexandrino, A.C.; Bandarra, E.P.; Figueiredo, L.M.A. Tumor Venéreo Transmissível em cães na região de Botucatu-SP. Arquivos da Escola Superior de Veterinária do Estado de Minas Gerais 1976; 1(28): 101-104. 4) Raskin, R.E.; Meyer, D.J. Citologia Clínica de Cães e Gatos. 2nd Ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2011. 5) Sobral, R.A.; Tinucci-Costa, M.; Camacho, A. Ocorrência do tumor venéreo transmissível em cães na região de Jaboticabal. Ars Veterinária 1998; 1(14):1-10. 6) Fowler, K.A. et al. Diagnostic exercise: neoplastic mass of the vagina and vulva in a dog. Laboratory Animal Science 1997; 5(47):534-536. 7) Daleck C.R., De Nardi A.B. & Rodaski S. Oncologia em Cães e Gatos. 1rd ed. São Paulo: Roca; 2009.

Tumor Venéreo Transmissível Canino com Localização Genital e Conjuntival e Metástase Mamária

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Tumor Venéreo Transmissível Retrobulbar e em Cavidade Nasal em Cão - Relato de Caso Lenise Garbelotti Gonçalves – Mestranda da FMVZ-UNESP/Botucatu. Micaella Gordon Gandolfi – Doutoranda da FMVZ-UNESP/Botucatu. Claudia Valéria Seullner Brandão – Dra. Docente do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, FMVZ-UNESP/Botucatu. [email protected]

RESUMO Neste relato de caso é apresentada uma forma extragenital e plasmocitóide do tumor venéreo transmissível (TVT), com acometimento retrobulbar, cavidade nasal, palpebral e em palato de um canino. O diagnóstico foi realizado por meio de citologia e histologia das lesões em pálpebra e palato. Tomografia computadorizada foi realizada demonstrando acometimento retrobulbar e em seios nasais. Sulfato de vincristina na dose 0,75mg/m² de superfície corpórea, foi administrada semanalmente, demonstrando regressão macroscópica de 100% das lesões após sessões de quimioterapia.

Palavras-chave: plasmocitóide; extragenital; tomografia; quimioterapia; canino.

INTRODUÇÃO O tumor venéreo transmissível (TVT) é uma neoplasia de células redondas de ocorrência natural em cães e ocasionalmente observada em outros canídeos (1). Transmitida principalmente pelo coito, o TVT pode também ser transplantável pelo contato direto, como por exemplo, pelo hábito de cheirar ou lamber a animais susceptíveis. Imunossupressão e a presença de lesões em mucosa genital ou extragenital facilitam a transmissão (2).

Os órgãos genitais externos são o local mais comum da neoplasia (3). Metástases são raras, ocorrendo em aproximadamente de 1 a 6% dos cães infectados (3,4). Lesões em locais extragenitais como ânus, tecidos subcutâneo e cutâneo, baço, fígado, globo ocular, cavidade nasal e oral são descritos, podendo estar acompanhados ou não da forma genital (5).

A quimioterapia citotóxica mostra ser a terapia mais eficaz sendo o tratamento de eleição. A monoterapia com o agente sulfato de vincristina tem demonstrado ser relativamente seguro e barato, onde 90% a 95% dos cães tratados respondem à quimioterapia após duas a seis semanas de tratamento (4).

Com este relato, objetiva-se descrever o caso de TVT com lesões extragenitais localizadas em cavidade oral e retrobulbar.

RELATO DE CASO Um cão macho com sete anos de idade, sem raça definida, pesando 17,6 Kg, foi atendido no serviço da oftalmologia veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista de Botucatu, com queixa de aumento de volume em região periorbitária do olho direito.

No exame clínico pode-se observar neoformação em cavidade oral e em pálpebra inferior do olho direito. Medindo aproximadamente 2,0x2,5 cm e encontrava-se próximo aos dentes molares direitos em região de palato e nódulo em região palpebral media aproximadamente 4,0x3,0 cm de diâmetro, ambos era macio, aderido e não ulcerado. Exoftalmia do bulbo ocular direito também foi observado, sugerindo a presença de neoplasia retrobulbar. Sem outras alterações em exame clínico, os resultados dos exames hematológicos apresentavam-se dentro dos limites normais.

Inicialmente foi efetuada uma radiografia simples de face e tórax. Na radiografia de tórax não foi notado nada digno de nota e na de face pode-se observar opacificação de cavidade nasal direita e seio frontal, com perda de definição dos ossos etmoturbinados e zigomático com alteração de trabeculado e presença de áreas de lise óssea. Sinais

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clínicos estes que culminavam com um padrão neoplásico. Para fins de avaliações mais profundas, a tomografia computadorizada verificou neoformação retrobulbar que se projetava para os tecidos moles adjacentes, adentrando a cavidade nasal direita e resultando em intensa osteólise adjacente.

O TVT foi diagnosticado por meio da citologia aspirativa por agulha fina. A microscópia do esfregaço da citologia transpalpebral e oral demonstrou alta celularidade de células redondas dispostas isoladamente e de pleomorfismo moderado. Grande parte das células exibiam citoplasma amplo, claro e com vacúolos, núcleo redondo por vezes com uma cromatina grosseira e com nucléolos evidentes, excêntrico ao citoplasma. Também foram observadas figuras de mitose e eritrócitos e células inflamatórias.

A quimioterapia com sulfato de vincristina foi optada como tratamento de escolha, sendo administrado na dose 0,75mg/m² de superfície corpórea, pela via intravenosa a cada sete dias. Interrupções da quimioterapia foram necessárias durante o tratamento devido a alterações hematológicas do paciente. Após duas sessões consecutivas de quimioterapia, o animal demonstrou regressão macroscópica de 100% das lesões, entretanto apresentava leucopenia (WBC 3,3x10³/µL, segmentados 33%) impossibilitando a continuidade da quimioterapia até que seu estado melhorasse. Ao todo, quatro sessões de quimioterapia foram realizadas dentro de oito semanas de tratamento. Uma segunda tomografia computadorizada foi realizada indicando evolução favorável da neoformação retrobulbar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Embora o TVT apresente alta contagiosidade entre os cães, em geral sua presença não acarreta grandes danos à saúde (3). Os quimioterápicos como a vincristina, possuem mielotoxicidade resultando em leucopenia. Quando a contagem de leucócitos for inferior a 4.000 mm³ e a de neutrófilos inferior a 2.500/mm³, deve-se adiar a administração até que a produção de leucócitos normalize (1), condizendo com a conduta tomada neste caso.

Fatores como superlotação, má nutrição e doenças concomitantes, comum em animais de vida livre, predispõe a ocorrência de metastases devido as maiores chances de imunossupressão (3). Metástases em linfonodos regionais, pele, lábios, mucosa oral e nasal são registrados mais frequentementes enquanto que aqueles encontrados em passagens nasais, fígado, pâncreas, baço, cérebro, pulmões, rim e olho são menos frequentes (4,5). Casos de TVT envolvendo o bulbo ocular, mucosa oral e nasal podem ser oriundos tanto de metástases quanto por implantação através dos atos comportamentais de lamber e cheirar (5,6). Desta forma, supõe-se que o TVT neste caso tenha se originado pela transplantação, por não conter sinais genitais e linfonodos livres de alterações macroscópicas. Além do mais, o animal era desnutrido e tinha livre acesso à rua. O fato de este TVT ser de aspecto plasmocitóide também reforça essa ideia.

CONCLUSÃO Embora o comportamento biológico do TVT de aspecto plasmocitóide ser mais agressivo, após duas sessões de quimioterapia com o sulfato de vincristina, foi observado regressão macroscópica de 100% das lesões tumorais.

REFERÊNCIAS 1) Withrow SJ, Vail DM. Withrow & MacEwen’s Small Animal Clinical Oncology. 4th ed. Canada: Saunders Elsevier; 2007. 2) Jericó MM, Neto JPA, Kogika MM. Tratado de Medicina Interna de Cães e Gatos. 1ª ed. São Paulo: Roca Ltda; 2015. 3) Costa MT. Tumor Venéreo Transmissível Canino. In: Daleck CR, De Nardi AB, Rodaski S. Oncologia em Cães e Gatos. 1ª ed. São Paulo: Roca Ltda; 2010. p.540-551. 4) Rogers KS, Walker MA, Dillon HB. Transmissible venereal tumor: a retrospective study of 29 cases. Journal of the American Animal Hospital Association; 1998; 34(6):463-470. 5) Boscos CM, Ververidis HN, Tondis DK, Stamou AI, Samartzi FC. Ocular involvement of transmissible venereal tumor in a dog. Veterinary Ophthalmology; 1998; 1:167-170. 6) Rodrigues GN, Alessi AC, Laus JL. Intraocular transmissible venereal tumor in a dog. Ciência Rural; 2001; 31(1):141-143.

Tumor Venéreo Transmissível Retrobulbar e em Cavidade Nasal em Cão - Relato de Caso

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Uretrostomia Escrotal em Cão – Relato de CasoAlinne Rezende de Souza - Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária - Universidade Federal de Lavras (UFLA) - [email protected] Oliveira Ribeiro - Médico Veterinário Residente em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Animais de Companhia / UFLAGabriela Rodrigues Sampaio - Professora Associada II – Orientadora – Setor de Cirurgia Veterinária – Departamento de Medicina Veterinária / UFLA

RESUMOA uretrostomia é uma técnica cirúrgica realizada em cães e gatos machos, de qualquer idade, que apresentem obstrução uretral parcial ou completa. Atendeu-se no Setor de Cirurgia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras, um cão sem padrão racial definido, de três anos de idade, não castrado, apresentando histórico de urinar em gotejamento e com hematúria há quatro dias. O paciente já havia sido levado a uma clínica veterinária, sendo diagnosticado com urolitíase. Ao exame físico do paciente, não foi possível a passagem da sonda uretral, havendo resistência e sugerindo uma obstrução uretral por urólitos. Ao exame radiográfico, a vesícula urinária continha estruturas radiopacas circulares e na uretra peniana, adjacente à porção caudal do osso peniano, também havia esse tipo de formação. O tratamento instituído foi a uretrostomia escrotal a fim de se retirar os urólitos, seguida de cistotomia, para remoção dos cistólitos.

Palavras chaves: canino; urólitos; uretra; cistólitos; cistotomia.

INTRODUÇÃOUrolitíase em cães consiste na presença de concentrações policristalinas de substâncias da urina e, consequente, formação de cálculos no sistema urinário. Urólitos geralmente se encontram na bexiga e na uretra e podem ter diferentes causas, desde alimentares até bacterianas. (1).

Os sinais clínicos variam de acordo com tipo, tamanho e localização do urólito, sendo polaquiúria, disúria e estrangúria os mais comuns (2), oligúria ou anúria em casos mais graves, além de hematúria e cistite. O diagnóstico é feito pela anamnese, sinais clínicos e exames complementares (3).

Os urólitos podem obstruir o trato urinário, principalmente em cães, devido às características anatômicas de sua uretra (longa, estreita e sinuosa) (4). O tratamento da urolitíase obstrutiva consiste na realização da uretrostomia escrotal, sendo esta mais vantajosa que a uretrostomia perineal ou a pré-púbica, já que a uretra é mais larga, superficial e circundada por menos tecido cavernoso do que nos demais locais (5).

Este trabalho tem como objetivo descrever um caso de urolitíase em um cão sem padrão racial definido, de três anos de idade, submetido aos tratamentos cirúrgicos de uretrostomia escrotal e cistotomia.

MATERIAIS E MÉTODOSAtendeu-se no Setor de Cirurgia Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras um cão sem raça definida, de três anos de idade, não castrado, com histórico de urinar em gotejamento e com hematúria há quatro dias. O paciente já havia sido levado a uma clínica veterinária, sendo diagnosticado com urolitíase e cálculos vesicais. Não foi possível a passagem da sonda uretral, havendo resistência e sugerindo obstrução uretral por urólitos. Ao exame radiográfico, a vesícula urinária apresentava estruturas radiopacas circulares e na uretra peniana, adjacente à porção caudal do osso peniano, também havia esse tipo de formação. Optou-se pela uretrostomia escrotal para retirar os urólitos, e cistotomia, para remoção dos cistólitos.

Realizou-se incisão elíptica com o bisturi ao redor do escroto e divulsão romba do subcutâneo para individualizar os testículos. Realizou-se a orquiectomia fechada. Após individualizar e tracionar o músculo retrator do pênis, realizou-se punço-incisão da linha média uretral, prolongando-se essa abertura com tesoura romba. Passou-se uma sonda uretral calibrosa em direção à bexiga e realizou-se a sutura da uretra em aposição à pele com fio náilon 4.0. Em

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seguida realizou-se a cistotomia. Encaminhou-se urólitos e cistólitos para análise mineral qualitativa e quantitativa. No pós-operatório, realizou-se analgesia e antibioticoterapia sistêmica, mantendo-se a sonda uretral por cinco dias. Retiraram-se os pontos com 10 dias. Os cálculos eram mistos de estruvita e oxalato de cálcio, necessitando de correções na dieta do paciente.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO paciente em questão apresentava polaquiúria, disúria e estrangúria, e urinava gotejando com hematúria, que conforme as descrições de (6) e (1), são indicativos de urolitíase. As radiografias simples confirmaram a presença de cistourólitos, como indicado por (7). Ao exame radiográfico do paciente, a vesícula urinária apresentava três estruturas radiopacas e circulares (cistólitos). Na uretra peniana, adjacente a porção caudal do osso peniano, havia a presença de três estruturas radiopacas e circulares de diâmetros aproximados de 0,55 cm X 0,53 cm cada.

O tratamento da urolitíase pode ser médico e/ou cirúrgico, baseando-se em alguns princípios que incluem o alívio de qualquer obstrução uretral e a descompressão da vesícula urinária, pela passagem de um cateter, pela cistocentese ou o deslocamento do cálculo por hidropulsão (8). Neste animal a sonda uretral não progredia. O tratamento para urolitíase obstrutiva consiste na realização da uretrostomia escrotal, sendo esta mais vantajosa que a uretrostomia perineal ou a pré-púbica, já que a uretra é mais larga, superficial e circundada por menos tecido cavernoso do que nos demais locais. Devido a isso, a hemorragia pós-operatória é quase sempre menor do que no caso de outras técnicas e as estenoses se tornam menos prováveis (5). No animal em questão realizou-se uretrostomia escrotal, seguida de cistotomia, para remoção de urólitos e cistólitos.

CONCLUSÕESA urolitíase é uma das doenças mais comuns em cães, e cada vez mais vem aumentando sua incidência. Isso pode ser explicado devido ao fato de os animais estarem vivendo em ambientes fechados, em que petiscos são oferecidos à vontade e onde são submetidos a restrições urinárias. O diagnóstico precoce é extremamente importante para que se possa realizar o tratamento mais apropriado e a correção dietética necessária.

REFERÊNCIAS1) Lulich JP, Osborne CA, Bartges JW, Lekcharoensuk C. Distúrbios do trato urinário inferior dos caninos. In: ETTINGER SJ, FELDMAN EC. Tratado de medicina interna veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. v. 2, p. 1841-1877.2) Monferdini RP, Oliveira J. Manejo Nutricional para Cães e Gatos com Urolitíase – Revisão Bibliográfica. Acta Veterinaria Brasilica, Mossoró-RN, v.3, n.1, p.1-4, 2009.3) Osborne CA. et al. Canine an urolithiases: relationship of pathogenis to treatment and prevention canine and feline nephorilogy and urology. In: OSBORNE CA, FINCO DR. Canine and feline nephrology and urology. Philadelphia: Williams & Wilkins, 1995. p.798-888.4) Garcia et al. Urolitíase Obstrutiva In: Manual de semiologia e clínica, São Paulo: Varela,1996. p. 247.5) Fossum TW. Cirurgia da Bexiga e da Uretra. In: FOSSUM TW. Cirurgia de pequenos animais. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. cap. 25, p. 663-698.6) Blood DC, Henderson JA. Medicina Veterinária. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978. Cap. 10, p. 170-175.7) Nelson RW, Couto CG. Medicina Interna de Pequenos Animais. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Cap. 46, p. 607-616.8) Picavet P,, Detilleux J, Verschuren A, Sparkes A, Lulich J, Osborne C, Istasse L, Diez M. Analysis of 4495 canine and feline uroliths in the Benelux. A retrospective study: 1994-2004. Journal of animal physiology and animal nutrition, Berlin, v. 91, n. 5/6, p. 247-251, 2007.

Uretrostomia Escrotal em Cão – Relato de Caso

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Uso de retalho de avanço unipediculado para reconstrução cutânea facial em cão - Relato de CasoDaniel Peixoto Pereira – Médico Veterinário, Prof. do Departamento de Clínica Cirúrgica e Anestesiologia do Centro Uni-versitário do Triângulo, UNITRI. Uberlândia – MG, Brasil. Sílvia Molnár Leite Fernandes – Médica Veterinária autônoma – Hospital Pronto Socorro Veterinário, PSV de Uberlândia – MG. Brasil.Brunna Silva Moreira – Acadêmica de Medicina Veterinária do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário do Triângulo, UNITRI. Uberlândia – MG, Brasil. E-mail: [email protected].

RESUMOAs técnicas cirúrgicas reconstrutivas, são de grande importância para correção de defeitos faciais após cirurgias oncológicas. As opções de técnicas de reconstrução facial são variadas, porém o retalho de avanço proporciona uma cobertura imediata da região receptora, possui a capacidade de manter o suprimento sanguíneo local, e devido a sua simplicidade, tornou-se a técnica de eleição. Objetiva-se com este relato descrever um caso de dermoplastia cutânea facial em um cão macho, de 9 anos de idade, com histórico de realização de exérese tumoral na região maxilar esquerda, resultando em um defeito cutâneo sem marginalização para síntese primária. A utilização do retalho cutâneo de avanço lateral, demonstrou-se eficaz para cobertura e preservação das estruturas moles da face, respeitando os contornos e anatomia facial, garantindo bom resultado estético.

Palavras-chave: cirurgia reconstrutiva; retalho facial; dermoplastia; plexo subdérmico.

INTRODUÇÃOAs técnicas cirúrgicas reconstrutivas, favorecem a correção de falhas cutâneas traumáticas, quando há um aumento da tensão sobre os tecidos, impossibilitando seu fechamento primário (1, 2). A escolha de qual técnica a ser utilizada, deve-se destacar a localização da ferida, a elasticidade do tecido adjacente, além da irrigação sanguínea, e a viabilidade do leito da laceração, com a finalidade de evitar a presença de fatores que induzam a deiscência, e necrose, desencadeando a falha no enxerto (1, 3).

O retalho de avanço baseia-se na utilização de um fragmento de pele elástica e divulsionada, com qual possa ser tracionada sobre a ferida. Esse tipo de retalho favorece o aproveitando do plexo subdérmico, padrões de pedículo único, bipediculado, H plastia, V ou Z-plastia (1, 3). O objetivo deste relato é descrever um caso cirúrgico de reconstrução cutânea facial através da utilização do retalho unipediculado de avanço, de um cão submetido a exérese tumoral, com qual obteve-se a cobertura total do defeito resultante da extração da massa.

RELATO DE CASOUm cão macho, SRD, de 9 anos de idade, porte médio, foi encaminhado ao serviço de cirurgia oncológica do Hospital Pronto Socorro Veterinário (PSV), para a realização de exérese de tumor na região maxilar esquerda.

Após preparação do paciente, prosseguiu-se com a indução anestésica com propofol endovenoso, e manutenção através de anestesia geral inalatória com isoflurano, em circuito anestésico fechado. Então, seguiu-se com a ressecção da região tumoral, que se apresentava com proliferação de tecido heterogêneo e exuberante, contaminada com conteúdo exsudativo, acometendo cerca de 3,5 cm da região maxilar.

Posteriormente a ressecção tumoral e debridação do tecido resultante, realizou-se duas incisões em pele, no sentido do pescoço proximal, perpendicularmente ao defeito, em direção ao sentido de menor tensão cutânea. Foi realizado a seguir, a divulsão da região subcutânea, por dissecção romba de forma cautelosa, com a finalidade de preservar o plexo subdérmico.

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Logo após a criação do enxerto, realizou a tração da pele doadora sob a região receptora, de forma que houvesse a total cobertura da porção acometida, sem a presença de forças de tensão. A síntese foi realizada com pontos de ancoragem, com auxílio do fio de náilon 3.0, com pontos simples, e após fixação, seguiu-se para a finalização da síntese da ferida com o mesmo padrão.

Figura 1 - [A] Defeito resultante da ressecção tumoral. [B] Resultado final da dermoplastia. Fonte: arquivo pessoal.

Com 15 dias de pós-operatório o paciente retornou a clínica para retirada dos pontos, e não foi observada nenhuma alteração morfológica tecidual que denotasse falha do retalho.

DISCUSSÃOAs cirurgias reconstrutivas permitem a extração de tumores com vasta margem de segurança, porém a escolha da técnica apropriada varia de acordo com o tipo e grau do tumor, localização anatômica, e extensão tecidual (4). A escolha do padrão por adiantamento, baseou-se na sua versatilidade, da disposição tecidual da região doadora localizada na região do pescoço proximal, e cobertura completa de estruturas nobres, como vasos e nervos.

De acordo com Fossum (2008), a viabilidade destes retalhos é mantida através dos plexos subdérmicos, através deste caso observou-se a importância da preservação dos mesmos durante a divulsão para o alívio de tensão, tornando-se imprescindível para o resultado final. De baixo custo, e de rápida recuperação, a técnica empregada também promoveu, o relaxamento imediato das linhas de tensão, e auxiliou no deslocamento cranial da região doadora sobre a ferida.

CONCLUSÃOA utilização do retalho unipediculado de avanço, demonstra-se eficaz em casos de reconstrução cutânea da face lateral, em virtude da oportunidade de doação tecidual pelas regiões adjacentes, capaz de gerar um bom resultado estético.

REFERÊNCIAS1) Fossum TW. Cirurgia de pequenos animais. 3ª ed. Elsevier, Rio de Janeiro, 2008. p.192-228.2) Coltro PS, Ferreira MC, Batista BPSN, Nakamoto HA, Mil Cheski DA & Junior PT. Atuação da cirurgia plástica no tratamento de feridas complexas. Rev. Col. Bras. Cirurg., 38:381-386, 2011.3) Pavletic M. Atlas of small animal wound management and reconstructive surgery. 3rd ed. Wiley-Blackwell, Cambridge, 2010, p.81-124, p.241-284, p.307-430.4) Sakuma, C; Matera, JM; Valente, NS. Estudo clínico sobre aplicação do retalho cutâneo pediculado em cirurgia oncológica no cão Clinical study of skin flap application during oncologic surgery in dog. Braz J vet Res anim Sci, v. 40, n. suplemento 1, 2003.

Uso de retalho de avanço unipediculado para reconstrução cutânea facial em cão - Relato de Caso

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Uso do Corante Azul Patente 2,5% na Identificação do Linfonodo Sentinela em Neoplasias Mamárias em Cadelas (HV UFMG)MV Stella Habib Moreira – Unesp Fcav/Jaboticabal-SP [email protected] MV Dra. Gleidice Eunice Lavalle – Universidade Federal de Minas Gerais MV Profa. Dra. Christina Malm – Universidade Federal de Minas Gerais MV Dr Pablo Herthel de Carvalho – Universidade Federal de Minas Gerais MV Ms. Renato Dornas – Universidade Federal de Minas Gerais

RESUMO Tumores de mama são as mais frequentes neoplasias que acometem cadelas, sendo relevante buscar meios diagnósticos, prognósticos e tratamentos mais eficazes visando a qualidade de vida dos animais. Os linfonodos sentinelas são definidos como os primeiros linfonodos de uma rede linfática regional a drenar a linfa do sítio neoplásico. A possibilidade de identificação do linfonodo axilar sentinela com o corante azul patente 2,5% tem auxiliado na determinação de metástase regional, definindo prognóstico, sobrevida e terapias adjuvantes necessárias. Objetivou-se realizar uma revisão de literatura e levantamento de casos de metástase em linfonodos axilares em cadelas com tumor de mama submetidas à mastectomia, cuja identificação do linfonodo foi possível com o uso intradérmico do corante azul patente 2,5%.

Palavras-Chave: prognóstico; oncologia veterinária; linfonodo axilar; mastectomia.

INTRODUÇÃO Os tumores de mama são frequentes em cadelas, representando de 50 a 70% das neoplasias na espécie (1,2), sendo ocasionado por mutação ou ativação anormal dos genes que controlam o crescimento celular (3).

O estadiamento dos tumores mamários em cadelas é baseado no sistema TNM: tamanho do tumor primário (T), comprometimento dos linfonodos regionais (N) e presença de metástases a distância (M) (4).

O linfonodo sentinela é considerado o primeiro linfonodo de uma rede linfática regional a drenar um sitio neoplásico (5). A análise histopatológica desses linfonodos reflete o estágio da doença de modo sistêmico, sendo considerado um fator prognóstico, auxiliando no tratamento adjuvante e sobrevida (6,7). O uso do corante azul patente 2,5% intradérmico em cadelas com neoplasias mamárias é considerado uma técnica de localização transoperatória do linfonodo sentinela (8).

Objetivou-se a utilização do corante azul patente 2,5% na identificação do linfonodo axilar e presença de metástases em linfonodos axilares sentinelas no período de novembro de 2015 à agosto de 2016 no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais (HV UFMG).

MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizado um estudo das cadelas submetidas à mastectomia regional ou radical unilateral e exérese do linfonodo axilar com uso do corante azul patente 2,5% para localização transoperatória. As cadelas foram atendidas e operadas no HV UFMG entre novembro de 2015 a agosto de 2016.

As cadelas foram submetidas aos exames de hemograma, perfil bioquímico; radiografia de tórax (projeções LLD, LLE e VD) e ultrassonografia abdominal; além dos exames de eletrocardiograma e ecocardiograma quando necessário.

Cadelas com menos de 10kg foram aplicados 0,5ml do corante azul patente 2,5% intradérmico próximo à mama torácica cranial, enquanto cadelas acima de 10kg foram aplicados 1mL do corante em mesmo local.

Os materiais coletados (mamas e linfonodo axilar) foram enviados para o Laboratório de Patologia Comparada do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (LPC - ICB) para análise histopatológica.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO A amostragem foi baseada na rotina do setor de oncologia do HV UFMG, não havendo um n amostral pré-determinado. No presente estudo 15 cadelas foram submetidas ao uso do corante azul patente 2,5% intradérmico em mama torácica cranial na identificação do linfonodo axilar, cujo resultado histopatológico foi disponibilizado. Foram identificados 13 linfonodos axilares (86,7%).

Três (20%) linfonodos axilares analisados foram positivos para a presença de células neoplásicas, sendo estas cadelas estadiadas anteriormente à mastectomia e linfadenectomia: duas em estágio II (T2, N0, M0 e T2, N0, M0) e uma em estágio III (T3, N0, M0).

Cadelas em estágio II apresentaram o seguinte resultado histopatológico: carcinoma em tumor misto com áreas micropapilares in situ e linfonodo com presença de formação neoplásica de arranjo micropapilar e áreas de proliferação de células mioepiteliais; carcinoma sólido com áreas tubulares e linfonodo apresentando substituição de parênquima linfóide por proliferação epitelial maligna em arranjo sólido. A cadela em estágio III apresentou carcinoma sólido e linfonodo metastático com áreas multifocais de proliferação carcinomatosa de arranjo sólido e em algumas áreas com formações tubulares.

O uso do corante azul patente 2,5% intradérmico de mama torácica cranial foi de fácil aplicação e eficaz na identificação do linfonodo axilar. A urina com coloração esverdeada foi evidenciada em 100% dos animais, resultado similar de demais estudos (5,7,9). O corante difundiu-se pelos vasos linfáticos superficiais, corando a região axilar em 100% dos casos, similar à literatura (5,7). Foi possível a identificação do linfonodo axilar em 86,7% das cadelas, sendo inferior a outros estudos (5,9). Êmbolos tumorais podem criar uma barreira mecânica, impedindo o corante de percorrer os vasos linfáticos, logo, alterar a dose aplicada do corante azul patente 2,5% não seria eficaz (5,8).

Três cadelas (23%) apresentaram linfonodo sentinela positivo, superior à literatura referente à 16,3% (5). Após o resultado histopatológico, as cadelas foram então consideradas em estágio IV de acordo com o estadiamento TNM (4). O envolvimento dos linfonodos regionais é considerado um fator prognóstico desfavorável (2,4, 6).

CONCLUSÃO Ao utilizar o corante azul patente 2,5% permitiu fácil identificação do linfonodo axilar e a análise do mesmo tornou possível maior precisão no estadiamento TNM do animal, auxiliando na definição do prognóstico.

REFERÊNCIAS1) Horta, R. S. Avaliação da nocicepção, complicações pós-operatórias e impacto na qualidade de vida provocados por duas técnicas cirúrgicas de mastectomia na espécie canina. [Dissertação de Mestrado]. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG; 2013. 2) Nardi, A. B., Ferreira, T.M.M.R., Assunção, K.A. Neoplasias Mamárias. In: DALECK, C. B. e Nardi, A. B. Oncologia em Cães e Gatos. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca; 2016. p. 499-516. 3) Silva, A. E., Serakides, R., Cassali, G. D. Carcinogênese hormonal e neoplasias hormônio-dependente. Ciência Rural 2004; 34(2):625-633. 4) Cassali, G.D., Lavalle, G.E., Ferreira, E , Estrela-Lima, A., Nardi, A.B. et al. Consensus for the diagnosis, prognosis and treatment of canine mammary tumors - 2013. Braz J Vet Pathol 2014; 7(2):38-69. 5) Bianchi, S. P. Linfonodo axilar como sentinela nas neoplasias mamárias de cadelas submetidas à mastectomia unilateral total. [Dissertação de Mestrado]. Porto Alegre: Faculdade de Veterinária da UFRGS;2015. 6) Tuohy, J. L.; Milgram, J.; Worley, D.R.; Dernell, W.S. A review of sentinela lymph node evaluation and the need for its incorporation into veterinary oncology. Veterinary and Comparative Oncology 2009; 7(2): 81-91. 7) Beserra, H.E.O. Linfonodo Sentinela. In: In: Dalexk, C. B. e Nardi, A. B. Oncologia em Cães e Gatos. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016. p.129-132 8) Alvarenga, C. A., Santos, C.C., Alvarenga, M., Paravidino, P.I., Brenelli, H.B.,Carvalho, F.M. Localization of metastasis within the sentinel lymph node biopsies: a predictor of additional axillary spread of breast cancer. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia 2013; 35(11):483-489. 9) Pinheiro, L. G. P., Moraes, M.O., Soares, A.H., Lopes, A.J.T., Naguére, M.A.S.P. et al. Estudo experimental de linfonodo sentinela na mama da cadela com azul patente e Tecnécio Tc99m. Acta Cirúrgica Brasileira 2013; 18 (6): 514-517. 10) Gadelha, M. I. P., Costa, M. R., Almeida, R. T. Estadiamento de Tumores Malignos - análise e sugestões a partir de dados da APAC. Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(3):193-199.

Uso do Corante Azul Patente 2,5% na Identificação do Linfonodo Sentinela em Neoplasias Mamárias em Cadelas (HV UFMG)

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Utilização de Fitoterápico no Tratamento de Lesão Cutânea em um Canino - Relato de CasoSabrina de Oliveira Capella - Pós-Graduando do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária – Universidade Federal de Pelotas.Márcia de Oliveira Nobre - Docente da Faculdade de Veterinária – Universidade Federal de PelotasMarcio Fernando Weber Brito - Graduando em Medicina Veterinária – Universidade Federal de Pelotas – [email protected]

RESUMOAs feridas cutâneas correspondem a grande parte dos atendimentos dermatológicos rotina clínica veterinária, e podem apresentar diversas origens, incluindo acidentes com animais peçonhentos. A fitoterapia tem sido amplamente estudada nos últimos anos, devido a existência de plantas medicinais utilizadas empiricamente que podem auxiliar e ampliar as opções de tratamento na rotina clínica veterinária, sendo uma opção de menor custo e toxicidade. O presente trabalho tem por objetivo relatar o tratamento de lesões cutâneas, causadas por peçonha de serpente, em um canino, utilizando um fitoterápico tópico experimental (LCEO302). Foi atendido um canino, fêmea de três meses de idade, da raça Collie, apresentando na face e na região cervical, lesões hemorrágicas, necróticas e com edema. Como medida terapêutica das lesões, foi utilizado um produto teste (LCEO302), o qual trata-se de um extrato vegetal oleoso. Com o acompanhamento da evolução cicatricial das lesões, foi possível concluir que o LCEO302 tem papel benéfico frente ao reparo tecidual, acelerando o processo cicatricial das lesões cutâneas do paciente.

Palavras-chave: cicatrização; collie; extrato vegetal; feridas.

INTRODUÇÃOAs lesões de pele são rotineiras na clínica veterinária e requerem cautela para um adequado tratamento (1). O acidente com animais peçonhentos está entre as causas e o gênero Bothrops sp. representa os casos mais frequentes de ataques, especialmente em regiões de focinho e pescoço (2).

A cicatrização é um processo complexo, composto por diversos eventos divididos didaticamente em três fases: inicialmente a fase inflamatória, seguindo pela fase de proliferação tecidual, e por fim, a fase de remodelação. A identificação dessas fases do processo cicatricial é de extrema importância, pois permite ao clínico veterinário a escolha do tratamento mais adequado (3).

No mercado podem ser encontradas uma ampla variabilidade de produtos tópicos que visam acelerar o processo cicatricial. Porém, a ação desses inúmeros produtos tem apresentado contradições (4). Afim de encontrar novas opções de tratamento, a fitoterapia tem sido alvo de investigação de muitos pesquisadores (5).

Nesse contexto, objetivo-se relatar o tratamento à base de um fitoterápico teste (LCEO302), em lesões cutâneas de um canino causado por serpente peçonhenta.

MATERIAL E MÉTODOSUm canino fêmea de três meses de idade, da raça Collie foi levado ao Hospital de Clinicas Veterinárias da Universidade Federal de Pelotas apresentando lesões faciais e cervicais. Na anamnese, o tutor relatou que o paciente vivia em ambiente rural e, há uma semana, teria sofrido um ataque acidental por uma serpente, identificada como sendo um exemplar de jararaca (Bothrops sp.). Ao exame físico, o cão apresentava adequado estado de condição corporal, discreta desidratação, alerta, mucosas normocoradas e sem alteração em parâmetros vitais. As lesões cutâneas observadas apresentavam-se hemorrágicas, necrosadas e com edema, uma no focinho e outra no pescoço.

A paciente foi hospitalizada para a condução terapêutica adequada. Colheu-se amostras de sangue para os exames hematológicos, que identificaram um discreto processo anêmico. Iniciou-se reposição hidroeletrolítica com solução de ringer com lactato, via intravenosa e medicações anti-inflamatórias, anti-histamínicas e antibióticoterapia. Para

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as feridas, os curativos eram realizados duas vezes ao dia, com limpeza local (NaCl 0,9%) e após, aplicação tópica de LCEO302 (codificado para fins de proteção de patente) e bandagem. Semanalmente, as lesões eram avaliadas clínicamente quanto a presença/ausência de exsudato, crosta e epitelização. Além disso, era efetuado registro fotográfico das lesões e as imagens obtidas tratadas no software GIMP 2® e software Image J® para determinação da área da lesão em cm².

RESULTADOSNas análises clínicas das feridas verificou-se a presença de exsudato, crosta e epitelização dentro dos parâmetros esperados na cicatrização. No primeiro registro (antes do início do tratamento), as duas lesões apresentavam exsudato e por volta do décimo dia de tratamento, era ausente. A presença de epitelização era evidente em ambas as lesões a partir do sétimo dia de tratamento, mantendo-se até o final do estudo. A presença de crosta foi observada em ambos ferimentos, apenas na terceira semana de tratamento.

Na planimetria digital foi constatado nas duas lesões, a aproximação dos bordos do ferimento. Na primeira semana verificou-se na lesão facial, uma redução de 22% da lesão inicial, enquanto na ferida cervical, houve uma redução de 19,4%. Na segunda semana de tratamento, a lesão do focinho teve uma diminuição de 42,1% de área ao comparar-se à lesão inicial, já a lesão cervical, reduziu sua área inicial em 40,6%. Na terceira semana de tratamento, a lesão facial estava 90,5% menor e, a ferida cervical havia reduzido 82,3%.

Após vinte e dois dias a paciente recebeu alta hospitalar seguindo em tratamento domiciliar. Em consulta de retorno, na quarta semana de tratamento, a lesão do focinho e a lesão do pescoço haviam reduzido 99,3% e 84% respectivamente. Na quinta semana de tratamento, a área da lesão do focinho apresentava uma redução de 99,5% e a lesão da região cervical havia reduzido 89,5% da área da lesão inicial.

DISCUSSÃOAs lesões cutâneas observadas no paciente apresentavam principalmente características de necrose e hemorragia. Estas lesões são características de peçonhas de serpentes do gênero Bothrops as quais provocam edema, hemorragia e necrose (6). Da mesma forma o quadro de discreta anemia apresentado neste caso é descrito na literatura pela ação da peçonha no organismo (7).

A epitelização observada na primeira semana de tratamento corroboram com outros estudos com fitoterápicos, que também demonstram uma aceleração na reepitelização (8). Na análise de retração cicatricial observou-se uma maior aceleração na cicatrização das lesões nas primeiras semanas após o início do tratamento, corroborando com achados na literatura, onde se observou até os quatorze primeiros dias de tratamento, que o extrato de barbatimão promoveu uma aceleração no processo cicatricial das lesões (9).

CONCLUSÃOConclui-se que o uso do fitoterápico LCEO302 tem papel benéfico frente ao reparo tecidual, acelerando a cicatrização, reduzindo-se os riscos de contaminação e proporcionando ao paciente uma melhor qualidade de vida.

REFERÊNCIAS1) Tillmann MT; Felix SR; Mundstok CP; Mucillo GB; Fernandes CG; Nobre MO. Tratamento e manejo de feridas cutâneas em cães e gatos (revisão de literatura). Nosso Clínico 2015; 103: 12-19.2) Gutiérrez JM; Rucavado A. Snake venom metalloproteinases: Their role the pathogenesis of local tissue damage. Biochemie 2000; 82: 841-850.3) Hosgood G. Stages of wound healing and their clinical relevance. Veterinary Clinics of North America Small Animal Practice, v. 36, n. 4, p. 667-685, 2006.4) Huppes RR; Vieira ER; Pazzini JM; De Nardi AB; Minto BW; Santalucia S; Amorim RL. Manejo de feridas abertas em cães e gatos. Jornal brasileiro de cirurgia veterinária. 2013; 2(5): 24-34.5) Klein T; Longhini R; Bruschi ML; Mello JCP. Fitoterápicos: um mercado promissor. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada 2009; 30(3): 241-248.

Utilização de Fitoterápico no Tratamento de Lesão Cutânea em um Canino - Relato de Caso

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6) Maruyama M; Kamiguti AS; Cardoso JLC. Studies on blood coagulation and fibrinolysis in patients bitten by Bothrops jararaca (jararaca). Thrombosis Haemostasis. 1990; 63: 449-453.7) Santos MMB; Melo MM; Jacome DO; Fereirra KM; Habermehl GG. Avaliação das lesões locais de cães envenenados experimentalmente com Bothrops alternatus após diferentes tratamentos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2003; 55(5).8) Coelho NPMF, et al. Cenostigma macrophyllum Tul. on the healing of skin wounds in rats with Diabetes mellitus. Acta Cirurgica Brasileira 2013; 28(8): 594-600.9) Martins PS; Alves ALG; Hussni CA; Sequeira JL; Nicoletti JLM; Thomassian A. Comparação entre fitoterápicos de uso tópico na cicatrização de pele em equinos. Archives of Veterinary Science 2003; 8(2): 1-7.

Utilização de Fitoterápico no Tratamento de Lesão Cutânea em um Canino - Relato de Caso

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Utilização do Glucagon como Opção de Tratamento Terapêutico para Ureterolitíases em Gatos DomésticosMariana Palha de Brito Jardim¹, Lara Patrícia Santos Carrasco², Heloisa Justen Moreira de Souza³.1Médica Veterinária, Mestranda em Ciências Clínicas pelo Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária da Uni-versidade Federal Rural do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected]édica Veterinária, Doutoranda em Ciências Clínicas pelo Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária da Uni-versidade Federal Rural do Rio de Janeiro.3Médica Veterinária Dra, Professora adjunta de Patologia Clínica e Cirúrgica I pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

RESUMOAs obstruções de ureter em gatos domésticos são cada vez mais frequentes na prática clínica, estas são causadas mais comumente pela presença de ureterólitos e estão associadas à restrição do fluxo urinário, o que pode resultar em crise urêmica, alterações na estrutura do rim e ureter e perda da função renal do paciente. O objetivo do trabalho é relatar um caso no qual foi administrado o relaxante de musculatura lisa Glucagon mediante ao quadro de ureterolitíase em um gato doméstico, evidenciando a boa resposta do animal frente ao tratamento. Foi atendido na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, um felino doméstico de 02 anos, fêmea, sem raça definida, com histórico de hiporexia e perda de peso, apresentando desidratação e renomegalia ao exame físico, sendo solicitado hemograma, bioquímicas, ultrassonografia, radiografia e urinálise. A partir da visualização ultrassonográfica de um cálculo em ureter esquerdo iniciou-se a terapia com Glucagon e após 6 meses de tratamento o ureterólito foi expelido. A terapia com Glucagon foi associado à boa resposta clínica do paciente, sendo necessários mais estudos que comprovem a eficácia do fármaco no tratamento desta afecção.

Palavras-chave: Felino; Obstrução Ureteral; Ureterólitos; Oxalato de Cálcio;

INTRODUÇÃOAs obstruções ureterais em felinos têm emergido como um problema cada vez mais comum na prática clínica, havendo um aumento da prevalência nos últimos anos. A ureterolitíase é causa mais comum de obstrução ureteral em gatos e mais de 98% dos ureterólitos em felinos são formados por oxalato de cálcio (1,2). Diante da impossibilidade de dissolução deste tipo de cálculo, o prognóstico dos animais com litíase ureteral é considerado reservado, devido ao risco de lesão progressiva do parênquima renal, seguida de falência do órgão e óbito (3). Animais com obstrução parcial de ureter permanecem em muitos casos sem tratamento, devido aos riscos de um procedimento invasivo, como a remoção cirúrgica, visto que frequentemente apresentam insuficiência renal (2,4). O Glucagon pode promover o relaxamento do músculo liso ureteral, tornando possível a passagem dos ureterólitos pelo trato urinário (4).

O objetivo do presente trabalho é relatar um caso no qual foi administrado Glucagon em um gato com ureterólito, evidenciando a boa resposta do paciente ao tratamento, visando contribuir com informações que possam culminar com a adoção de uma nova opção terapêutica para tratar desta afecção.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Setor de Clínica Médica de Gatos Domésticos, do Hospital Veterinário de Pequenos Animais, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, um felino doméstico, fêmea, sem raça definida, com 2 anos de idade. A queixa principal da tutora do paciente concentrava-se na hiporexia e perda de peso do animal. No exame físico verificou-se desidratação moderada e rim esquerdo irregular e levemente aumentado à palpação, sendo solicitado exame hematológico, bioquímicas, ultrassonografia, radiografia e urinálise.

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A partir do diagnóstico de obstrução ureteral devido à litíase em ureter esquerdo, iniciou-se o tratamento terapêutico com protocolo Glucagon (GlucaGen ®) conforme esquematizado na tabela 1. Em todas as aplicações, previamente a realização do protocolo, foi mensurada a glicemia do felino, após tal mensuração o paciente era então colocado em fluidoterapia intravenosa. Desta forma nos primeiros 4 meses de tratamento considerou-se o intervalo de 07 dias entre a realização dos protocolos, aumentando-se o intervalo para 15 dias posteriormente a este período de tempo. Ao todo foram realizadas 20 aplicações do protocolo ao longo de 5 meses.

Tabela 1: Protocolo Glucagon para gatos domésticos.

Momentos Intervalo de tempo Medicação Via de administração Dose

Momento 0 - Cloridrato de Tramadol Intramuscular 1mg/kg

Momento 1 10 minutos após mo-mento 0

Furosemida Intravenoso 2mg/kg

Momento 2 10 minutos após mo-mento 1

Glucagon Intravenoso 0,1 mg/gato

Momento 3 30 minutos após mo-mento 2

Furosemida Intravenoso 2mg/kg

Momento 4 10 minutos após mo-mento 3

Glucagon Intravenoso 0,1 mg/gato

Durante o tratamento foi recomendado que a tutora administrasse ao gato 100 ml soro Ringer com Lactato, por via subcutânea, 1 vez ao dia e prazosina por via oral, na dose de 0,25 mg/gato, 2 vezes ao dia.

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs aumentos de uréia, creatinina e fósforo, evidenciados pelo exame bioquímico, corroboram com a presença de cálculo de ureter esquerdo, verificado no exame ultrassonográfico, onde foi descrito um cálculo em ureter esquerdo com dimensão 0,40 x 0,20 cm, a uma distância de 3,10 cm da pelve renal. Já no hemograma observou-se leucocitose com desvio nuclear neutrofílico à esquerda, possivelmente relacionada à infecção do trato urinário, associada à presença de ureterólitos (4). Os sintomas clínicos de gatos com ureterolitíase comumente são inespecíficos e assemelham-se ao que foi evidenciado pela tutora, ocorrendo como consequência da uremia existente (2,4).

As intervenções cirúrgicas de ureter estão usualmente associadas a complicações pós-operatórias e mortalidade, por este motivo optou-se por realizar a terapia medicamentosa com um relaxante de músculo liso, visto que a injúria renal presente seria um fator complicador para uma abordagem invasiva (1,4). Durante a realização do protocolo Glucagon, foram realizados exames para acompanhamento, sendo verificado que o cálculo percorria um trajeto descendente em direção ao trígono vesical como visualizado na figura 1. O animal não apresentou efeitos colaterais que pudessem ser associados ao tratamento, mantendo a glicemia dentro do intervalo de referência.

Figura 1: Cálculo em ureter esquerdo de um gato doméstico. A - Posição do cálculo ureteral no primeiro mês de tratamento com protocolo Glucagon; B- Cálculo em ureter aproximando-se do trígono vesical, 2 meses após o início do tratamento com Glucagon.

CONCLUSÕES O tratamento com Glucagon foi associado à boa resposta clínica do felino, carecendo-se de mais estudos

A B

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que comprovem a eficácia do medicamento, visto que a crescente incidência das obstruções ureterais, combinada a invasividade e mortalidade, associadas às técnicas cirúrgicas tradicionais, tornam necessárias novas formas de intervenção.

REFERÊNCIAS 1) ZAID MS, BERENT AC, WEISSE C, CACERES A. Feline Ureteral Strictures: 10 Cases (2007–2009). Journal of Veterinary Internal Medicine; 2011; 25 (2): 222–229.2) BERENT AC, WEISSE CW, TODD K, BAGLEY DH. Technical and clinical outcomes of ureteral stenting in cats with benign ureteral obstruction: 69 cases (2006–2010). Journal of the American Veterinary Medical Association; 2014; 244(5): 559-576.3) PIMENTA MM, RECHE-JÚNIOR A, FREITAS MF, KOGIKA MM, HAGIWARA MK. Estudo da ocorrência de litíase renal e ureteral em gatos com doença renal crônica. Pesquisa Veterinária Brasileira; 2014; 34(6): 555-561.4) HARDIE EM, KYLES AE. Management of ureteral obstruction. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice; 2004; 34(4): 989-1010.

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Vasculite Neutrofílica em um Cão - Relato de Caso Bárbara Silva Correia¹ Mariana Feijo Chagas¹ Simone Scherer² ¹Aluna da graduação na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre. ²Me. Dra. Médica Veterinária autonoma Autor principal: [email protected]

RESUMO Um canino, macho, SRD, foi atendido em uma clínica veterinária com histórico de lesão no focinho e cavidade nasal não responsivo a tratamentos anteriores. O paciente chegou a clínica para a realização de uma biópsia. Nos exames sanguíneos foi evidenciado anemia, leucocitose e trombocitose. O paciente foi submetido a biópsia e exame bacteriológico com antibiograma. No exame histopatológico foi diagnosticado piodermite difusa severa e vasculite neutrofílica. Foi instituída terapia medicamentosa, porém depois de um mês o animal apresentou episódios de vômito e diarreia, a ferida havia piorado, assim como o quadro de anemia e infecção. Como não houve resposta à terapêutica instituída, optou-se pela eutanásia do animal.

Palavras-chave: Vasculopatia; autoanticorpos; neutrófilos; cão.

INTRODUÇÃO O termo vasculite refere-se à inflamação dos vasos sanguíneos que pode ocorrer sem uma causa aparente ou em resposta a algum insulto. A vasculite primária, na maioria das vezes pode estar associada a doença autoimune, incluindo anticorpos anti-neutrófilos citoplasmáticos (ANCA). Nesses casos, muitas vezes associada a anemia(1), glomerulonefrite e hemorragia pulmonar (2). A manifestação clínica vai depender do órgão afetado, severidade e cronicidade da alteração vascular. Já a vasculite secundária pode estar relacionada a infecções, inflamações ou outras afecções sistêmicas (1). O objetivo desse trabalho é relatar um caso de vasculite neutrofilica associado a piodermite difusa severa atendido numa clínica veterinária.

MATERIAIS E MÉTODOS Um canino, macho, sem raça definida, pesando 17,4 Kg, foi atendido em uma clínica veterinária com histórico de lesão no focinho e cavidade nasal que não respondeu a tratamentos anteriores. O paciente tinha como objetivo a realização de uma biópsia. Ao exame clínico o animal não apresentou alterações significativas. Para a realização da biópsia foram coletados exames sanguíneos de hemograma e perfil bioquímico, cujos resultados evidenciaram uma anemia, leucocitose e trombocitose. O paciente foi submetido a anestesia geral para a realização da biópsia e de um exame bacteriológico com antibiograma. O último foi feito através de um swab da ferida e evidenciou-se a presença de Klebisiella spp, Proteus spp e Staphylococcus spp coagulase negativa. No histopatológico observou-se moderada deposição de colônias bacterianas e na derme profunda, áreas de vasculite neutrofílica. O diagnóstico sugerido pelo laudo foi de uma piodermite difusa severa e vasculite neutrofílica. A terapêutica instituída foi pentoxifilina (10mg/Kg, PO BID), predinisona (0,5mg/Kg PO, SID), metronidazol (20mg/Kg PO, BID), rilexine (20mg/Kg PO, BID) e dipirona (25mg/Kg PO, TID). Isto levou a melhora da leucocitose, que mostrou-se com desvio a esquerda, porém, a anemia piorou, assim como a fosfatase alcalina. Após um mês e nove dias, os tutores relataram melhora da lesão. Foram incluídos na terapêutica amoxacilina com clavulanato (22mg/Kg PO, BID); e ciclosporina (5mg/Kg PO, SID). Após quase dois meses de terapêutica a lesão apresentava-se em bom estado, com tecido de granulação e sem secreções. Sendo assim, foi realizada a cirurgia para debridamento e síntese da ferida.

Depois de um mês o animal apresentou episódios de vômito e diarreia, a ferida havia piorado, apresentando-se edemaciada e com secreção, além da piora no quadro de anemia e infecção. A terapêutica instituída foi pentoxifilina (10mg/Kg, PO BID), predinisona (0,5mg/Kg PO, SID), omeprazol (1mg/Kg PO, SID), zelotril (10mg/Kg PO, SID). Após 10 dias sem melhora trocou-se o antibiótico para metronidazol (20mg/Kg PO, BID) e clindamicina (5mg/Kg PO, BID).

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O paciente foi internado 10 dias depois para tratamento da ferida e correção da desidratação. Como não houve resposta à terapêutica instituída, optou-se pela eutanásia do animal.

DISCUSSÃO Os anticorpos anti citoplasmático de neutrófilos (ANCA) são uma família de autoanticorpos que reagem com proteínas predominantemente expressas em grânulos citoplasmáticos de neutrófilos (3). Quando associado a vasculite, causa uma afecção multissitêmica que resulta em vasculite autoimune. Ocorre, predominantemente, a formação de imunoglobulina G (igG) que reage, principalmente, contra proteinase 3 ou a mieloperoxidase. Os neutrófilos possuem papel central na patogenia dessa doença, pois apresentam em sua membrana esses antígenos-alvo para ANCA (4). Sua etiologia permanece desconhecida, mas sabe-se haver contribuições de fatores genéticos e ambientais (5). Quando ocorre a ativação desse anticorpo, ele se liga aos neutrófilos, desencadeando a liberação de grânulos tóxicos. Ocorre então uma adesão dos neutrófilos ao endotélio, causando alterações no citoesqueleto, permitindo assim maior permeabilidade microvascular e diapedese neutrofílica. Subsequentemente, esses neutrófilos ativados causam lesão das células endoteliais e morte celular, que resultará em vasculite (4).

Os pacientes afetados podem desenvolver necrose inflamatória de diversos órgãos, mas são a glomerulonefrite, hemorragia pulmonar e colite ulcerativa os mais frequentes e são os maiores causadores de mortalidade (2). Manifestações cutâneas também são frequentemente observadas. Em decorrência dessa variedade na apresentação clínica, o tratamento pode variar baseado em quais sistemas foram acometidos, podendo ser de agentes imunossupressores, antibióticos ou simplesmente remover o fármaco causador (3).

CONCLUSÃO Neste trabalho, conclui-se que a vasculite neutrofílica apresenta sinais que variam de acordo com o órgão afetado. Os achados histopatológicos, juntamente com a sintomatologia clínica foram essenciais para o fechamento do diagnóstico.

REFERÊNCIAS 1) James, W.S.; Simon, L.P.; Charlotte, D.Y.; Oliver, A.G.; Histologic and clinical features of primary and secondary vasculitis: a retrospective study of 42 dogs (2004–2011). Journal Of Veterinary Diagnostic Investigation, 2015, 27 (4), 489-496. 2) Mark, A.L.; Lucy, S.; Alan, D.S.; Sriparna, M.; Jennifer, S.; Dorian, H.; Sussan, N.; H.Terence, C.; Charles, D.P.; Experimental Autoimune Vasculitis An Animal Model of Anti-neutrophil Cytoplasmic Autoantibody- associated Sistemic Vasculitis. The American Journal of Pathology, v.174, 2009. 3) Maria, W.; Márten, S.; The clinical presentation and therapy of diseases related to anti-neutrophil citoplasmic antibbodies (ANCA). Autoimmunity Reviews, v. 15, 2016, 978-982. 4) Pierre-André, J.; Gilles, K.; Pathogenisis of ANCA-associated vasculitis: Na update. Autoimmunity Reviews, v.15, 2016, 704-713. 5. Caroline, O.S.; Pathogenisis of Anti-neutrophil citoplasmic autoantibody (ANCA)associated vasculitis. The Journal of Translational Immunology, 2011.

Vasculite Neutrofílica em um Cão - Relato de Caso

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ANAIS | CONGRESSO MEDVEP INTERNACIONAL DE ESPECIALIDADES VETERINÁRIAS 2017 446

Velocidade de Onda de Pulso Arterial em Felino com Defeito de Septo Atrial (DSA) por meio de Ultrassonografia Duplex DopplerPaola Mota GadelhaLorena Aparecida AlvesRodrigo Bernardes NogueiraGraduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)[email protected]

RESUMOA velocidade de onda de pulso arterial é a velocidade da onda de pressão gerada durante a ejeção ventricular, que se propaga pelas artérias desde o coração até a periferia. Em humanos, a velocidade de onda de pulso carotídea-femoral (VOPcf) tem sido associada como uma medida de avaliação do enrijecimento arterial e a ultrassonografia duplex Doppler (UDD), tem sido considerada um método bem difundido, de comprovada acurácia, não invasivo e indolor para sua obtenção. Em veterinária, a determinação da VOPcf por meio da UDD é pouco estudada, principalmente na clínica felina. Desse modo, este trabalho teve por objetivo verificar se a UDD é um método capaz de avaliar e determinar a medida da VOPcf em um felino doméstico, com defeito de septo atrial (DSA). Os resultados demonstraram que a metodologia utilizada permitiu a determinação da VOPcf por meio da UDD, com boa exequibilidade. Entretanto, mais estudos devem ser realizados a fim de avaliar a aplicabilidade da VOPcf na medicina felina.

Palavras-chave: Cardiopatia congênita; cardiovascular; hemodinâmica; fluxo sanguíneo.

INTRODUÇÃOO estudo sobre a fisiopatologia vascular é realizado por meio da ultrassonografia duplex Doppler (UDD). Esta é uma técnica não invasiva, segura e indolor ao paciente, sendo um método utilizado para diagnosticar alterações hemodinâmicas nas doenças vasculares periféricas, em humanos (2) e animais (3). Um dos parâmetros determinados pela UDD é a velocidade da onda de pulso gerada durante a ejeção ventricular que propaga pelas artérias desde o coração até a periferia, sendo obtida a partir do fluxo sanguíneo nas artérias carótida comum e femoral (VOPcf). Apesar de ser um parâmetro de fácil obtenção e reprodutibilidade, a determinação da VOPcf por meio da UDD é pouco estudada em veterinária, principalmente na clínica felina. Dessa maneira, o objetivo desse estudo foi determinar os valores da VOPcf e verificar se a UDD é um método exequível em gatos domésticos, apresentando DSA.

MATERIAL E MÉTODOSFoi atendido no Setor de Clínica Médica de Pequenos Animais, DMV/UFLA, um felino, macho castrado, sem raça definida, pesando 3,7 kg e com um ano de idade. Ao exame clínico, observou-se à ausculta cardiorrespiratória um sopro grau III/VI. Foram solicitados radiografias torácicas e eletrocardiograma, o qual evidenciou ritmo sinusal com presença de onda Q, sugerindo hipertrofia septal. Ao exame ecocardiográfico, foram observadas alterações compatíveis com DSA. Não foi prescrita nenhuma medicação, indicou-se apenas reavaliação a cada seis meses.

Para obtenção da VOPcf foi utilizado um equipamento de Doppler pulsado bidirecional (MyLab® 40, Esaote) com transdutor eletrônico linear de 7-10 MHz. O felino foi mantido em decúbito lateral, direito e esquerdo, e todas as mensurações nas artérias carótidas comuns e femorais foram realizadas sem qualquer tipo de sedação ou anestesia (Figura 1).

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Figura 1. Avaliação do fluxo sanguíneo na porção proximal (±0,5cm) antes da bifurcação das artérias carótida comum (ACC) e na porção distal (±0,5cm) após a bifurcação das artérias ilíacas, nas artérias femorais (AF), direitas e esquerdas.

O cálculo da VOPcf foi realizado utilizando a formula ilustrada na Figura 1. O tempo de trânsito (tt ou Δt), em segundos, é calculado como a diferença entre [o tempo entre o pé da onda da AF até a onda R - T2] menos [tempo entre o pé da onda da ACC até a onda R - T1] (4), utilizando o cursor do software de medidas (MyLab® Desk, v.6.1, Esaote).

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs Δt entre os valores médios de tais medidas calculados foram 134,9- 95,2m/s, para lado esquerdo, e 142,5-100,7m/s, para lado direito, e a distância percorrida (L) pela onda de pulso entre os dois pontos de avaliação foi de 0,35 metros, resultando em uma VOPcf esquerda de 0,0098±0,0035m/s, e direita de 0,0125±0,0160m/s. Na maioria dos casos de DSA, o sangue é desviado do átrio esquerdo para o direito, resultando em uma sobrecarga de volume do lado direito, justificando assim, o aumento da VOPcf direita (5).

Nesse estudo, a técnica de UDD permitiu determinar o valor das variáveis que compõem a VOPcf direita e esquerda e boa exequibilidade em felinos domésticos, apresentando DSA. A UDD ainda permite o reconhecimento de anormalidades estruturais do vaso avaliado e em seu fluxo sanguíneo, detectando mudanças na direção, velocidade ou característica (laminar ou turbulento) (2).

Em medicina veterinária, alguns estudos utilizando cães (3,6) relataram que o registro do fluxo sanguíneo periférico foi factível, utilizando a técnica de UDD. A determinação de valores da VOPcf para a espécie felina, por meio da UDD, ainda é algo inexplorado, porém por se tratar de uma técnica não invasiva, segura e indolor ao paciente, a mesma também poderá ser reproduzida em felinos domésticos.

CONCLUSÃOConclui-se que a UDD permitiu a determinação da VOPcf e se mostrou uma técnica factível de ser realizada, servindo como modelo para estudos mais aprofundados e amplos sobre as medidas da VOPcf em gatos domésticos.

Velocidade de Onda de Pulso Arterial em Felino com Defeito de Septo Atrial (DSA) por meio de Ultrassonografia Duplex Doppler

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REFERÊNCIAS1) Chetboul V, Charles V, Nicolle A, Sampedrano CC, Gouni V, Pouchelon JL. Retrospective study of 156 atrial septal defects in dogs and cats (2001-2005). Journal of Veterinary Medicine 2006; 53:179-184.2) Kienle RD, Thomas WP. Ecocardiografia. In: Nyland TG, Matton JS. (Ed.). Ultra-som diagnóstico em pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Roca; 2002. p.365-438.3) Masoudifard M, Vajhi AR, Kavari A, Borhani HMH. Normal color and Pulsed waved Doppler ultrasonography of femoral and axillary arteries in dogs. Iranian Journal of Veterinary Surgery, Tehran; Jan. 2006. v. 1, n. 1, p. 43-49.4) Laurent S, Cockcroft J, Van Bortel L, Boutouyrie P, Giannattasio C, Hayoz D et al. Expert consensus document on arterial stiffness: methodological issues and clinical applications. European Heart Journal; 2006. 27(21):2588e605.5) Guglielmini C, Diana A, Pietra M, Cipone M. Atrial septal defect in five dogs. Journal of Small Animal Practice; 2002 .43:317-322.6) Nogueira RB, Pereira LA, Basso AF, Fonseca IS, Alves LA. Arterial Pulse Wave Propagation Velocity in Healthy Dogs by Pulse Wave Doppler Ultrasound. Veterinary Research Communication; Dec 2016. 41 (1), 33-40.

Velocidade de Onda de Pulso Arterial em Felino com Defeito de Septo Atrial (DSA) por meio de Ultrassonografia Duplex Doppler