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ONDE VAI ESTAR A INTELIGÊNCIA AMANHÃ?

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ONDE VAI ESTARA INTELIGÊNCIA AMANHÃ?

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Marcando o final de um ciclode conferências Culturgestsobre Inteligência Artificial, a

terceira Talk Fidelidade sobrea temática foi mais além das

especulações.

Quando

se reúnem quatro especialis-tas para debater o futuro da Inteli-gência Artificial, o resultado é maissustentado em conhecimento do queem especulações. Ainda assim, sob

o tema "Especulações", a terceira e última TalkFidelidade associada ao ciclo de ConferênciasCulturgest realizou-se no passado dia 6 de junhono auditório da sede da seguradora em Lisboa,com o objetivo de criar uma visão sólida de comoserão postas em prática as inovações no campoda Inteligência Artificial (IA) que têm sido apre-sentadas em anos recentes e até mesmo aquelasque se avizinham.

O painel de debate, moderado pelo jornalistaJoão Tomé, contou com a presença de Ana Paiva,Professora Catedrática de Engenharia Informática,Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira, Pre-sidente do Instituto Superior Técnico, bem comoTeresa Rosas, Diretora de Informação e Tecnologia(IT) da Fidelidade e João Pedro Machado, Diretor do

Center for Transformation da Fidelidade.O ponto de partida para este debate sobre um

tema tão tecnológico foi, curiosamente, a ques-tão social. Ana Paiva alerta para "mudanças so-

ciais tão grandes que nem sequer as estamos a

prever." Isto porque a personalização permiti-da pelos sistemas de inteligência artificial e data

analisys está, segundo a especialista, "a alterara sociedade, a criar uma sociedade polarizada."

Já Teresa Rosas sublinha que, no ramo das se-

guradoras, esta tendência tem criado nos clientesuma expectativa muito elevada no que diz respei-to à experiência de comunicação que se cria entreambas as partes ao ponto de "o cliente esperar

que as seguradoras saibam tanto ou mais sobre as

suas vidas do que eles próprios sabem." Mas coma expectativa também aumentou a correlação e

complexidade dos riscos encontrados na socieda-

de, na vida quotidiana. Razão suficiente para a

informação (estruturada ou não) ter ganho umaimportância muito maior na análise do risco,uma análise que, em certa medida, já beneficiade ação humana assistida por lA. "Iniciámos umcaminho muito relevante" refere a Diretora de

IT, "nomeadamente introduzindo automatismosno reconhecimento de imagens, bem como intro-duzindo uma série de assessorias no processo dedecisão dos averiguadores de sinistros." O futuro,aparentemente, já está em ação.

UM MOTOR DE INOVAÇÃOArlindo Oliveira reforçou esta noção de que

"os seguros estão muito à frente na IA", argumen-tando que esta área já põe em prática os processoslógicos associados à inteligência artificial, curio-samente, desde o século XIX. O académico adver-te, contudo, para um futuro em que os modelosindividuais construídos para cada cidadão - a jáfalada personalização - serão cada vez melhores,

quase eliminando os riscos face à capacidade pre-ditiva. "O negócio dos seguros terá de ser muitobem pensado", sublinha.

Perante esta ideia, João Pedro Machado nãodeixou de assegurar que, mais do que esta-

gnar, o "negócio dos seguros vai evoluir, porqueos riscos vão continuar lá." Esta evolução, queo especialista em transformação da Fidelidaderevela já estar a decorrer, passa pela criaçãode uma componente complementar de serviços,num contexto de prevenção e não somente dacobertura de risco. "De facto, vamos conhecermelhor, vamos prevenir melhor", assegura. "Maso risco vai continuar a acontecer, especialmen-te nos ambientes cibernéticos. Com o avanço dadomótica, por exemplo, existem riscos acrescidos

nos nossos lares. E existirão eventualmente ris-cos que ainda não conseguimos prever, porquedependem da evolução das tecnologias."

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Por enquanto, e com a informação que existesobre o risco, é possível criar uma relação entreseguradoras e segurados que transcende o forma-to tradicional de avaliação e cobertura de risco,

quase numa base reativa. Segundo Teresa Rosas,a personalização do produto à tipologia de risco e

à exposição ao risco de determinada pessoa pos-sibilita uma melhor proposta de valor que é feitaaos clientes da Fidelidade. Caso disso é a criaçãode um produto específico para uma tipologia de

A evolução da InteligênciaArtificial já está a permitir maior

eficiência nos processos de

decisão, nomeadamente no setordas seguradoras

condição clínica, nomeadamente o cancro, paraque os seguros sejam mais adaptados à realidadedos segurados, e não apenas a eventuais segmen-tos da população a que pertençam, sejam eles afaixa etária ou género, entre outros. Ou seja, e

de acordo com as palavras de Ana Paiva, "com os

dados podemos prever, mas poderemos tambémevitar." Mas a questão dos dados traz consigo a

questão dos enviesamentos. A sociedade não é

perfeita, e por consequência as predições da IAnão o serão também.

TOLERAR AS MÁQUINAS COMOSE FOSSEM HUMANOS

Nesse aspeto, todos os especialistas referiram a

importância das sinergias criadas entre os meiosacadémicos e as empresas. Por um lado, porque é

na academia que se estão a definir as tendências -tecnológicas ou sociais - que vão marcar o futuro.Por outro lado, são as empresas que identificamos problemas reais, os seus ou os dos seus clientes,

que permitem testar hipóteses e criar soluçõespara um mundo, também real.

Só com este entrosamento entre os dois mun-dos, o académico e o empresarial, com a criaçãode equipas multidisciplinares de investigação e

desenvolvimento, será possível criar soluçõesque simultaneamente aproveitem o melhor da

evolução tecnológica, mas que também estejampreparados para as mudanças estruturais queeles terão na sociedade. Uma sociedade que teráforçosamente que ajustar um fator crítico: a con-fiança perante a lA. Isto porque, de acordo comJoão Pedro Machado, pese embora que atualmen-te já sejam atingidos níveis de erro na automaçãomuito inferiores aos níveis do erro humano, en-

quanto sociedade "temos muito menor tolerânciaao erro da máquina do que ao erro do humano."

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ComputerVision

Uma das expressões em destaque

nesta Talk Fidelidade foi a noção

de Computer Vision. Em traços

largos, Computer Vision diz

respeito às tecnologias destinadas

a dotaras máquinas ou sistemas

inteligentes não só da capacidade

de ver imagens, mas também de as

interpretar. Um sistema que já tem

dado provas de grandes avanços,

nomeadamente na catalogação de

bancos de imagens por categorias,

mas que terá certamente um papel

fulcral nos processos de segurar

e averiguar sinistros, combater

fraude e acelerar os procedimentos

de resolução. Combinada com

machine learning, as aplicações de

Computer Vision serão também

múltiplas nos campos da medicina e

da engenharia, entre outros.