onde estão os sujeitos jovens nas teorias da juventude

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1 Onde estão os (sujeitos) jovens nas teorias da juventude? Lucia Rabello de Castro Programa de Pós-graduação em Psicologia Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio de Janeiro Este trabalho parte da contribuição apresentada na mesa-redonda sobre Teorias da Juventude no VII JUBRA, quando pude discutir alguns aspectos relevantes na configuração do embate teórico sobre juventude no Brasil. Uma das preocupações centrais aqui será colocar em questão uma certa indistinção entre teorias da juventude 1 e teorias dos sujeitos juvenis presente no âmbito deste debate teórico. Ao se indiferenciar as teorias da juventude das teorias dos sujeitos juvenis, não se dando conta das nuances que as distinguem, reduz-se a pluralidade epistêmica do campo teórico e se aplainam as eventuais controvérsias no diálogo necessário entre as disciplinas que se ocupam do campo da juventude. A pergunta que intitula o presente trabalho expressa o questionamento sobre como, e se, as teorias da juventude tematizam os sujeitos jovens. Afinal, falar de juventude, discutir teoricamente seu estatuto, configuração e sua produção nos Este trabalho foi desenvolvido a partir da comunicação apresentada na mesa- redonda Teorias da juventude: para que servem? Onde nos conduzem? no Simpósio Internacional sobre a Juventude Brasileira, JUBRA VII, Fortaleza, Ceará, 14 de agosto de 2017. 1 Estarei falando no singular “teorias da juventude”, e não juventudes, sem me deter aqui na discussão teórica sobre este importante aspecto: o que significa pluralizar, sob que condições, o termo juventude. No entanto, pelo fato de usar o nome juventude no singular não estou defendendo posição teórica mas simplificando a narrativa que já está aludindo a uma pluralização teórica (“teorias”) presente no campo da juventude.

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Ondeestãoos(sujeitos)jovensnasteoriasdajuventude?♣

LuciaRabellodeCastro

ProgramadePós-graduaçãoemPsicologiaInstitutodePsicologia

UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro

Estetrabalhopartedacontribuiçãoapresentadanamesa-redondasobreTeorias

daJuventudenoVII JUBRA,quandopudediscutiralgunsaspectosrelevantesna

configuração do embate teórico sobre juventude no Brasil. Uma das

preocupaçõescentraisaquiserácolocaremquestãoumacertaindistinçãoentre

teorias da juventude1e teorias dos sujeitos juvenis presente no âmbito deste

debate teórico. Ao se indiferenciar as teorias da juventude das teorias dos

sujeitos juvenis,nãosedandocontadasnuancesqueasdistinguem,reduz-sea

pluralidade epistêmica do campo teórico e se aplainam as eventuais

controvérsias no diálogo necessário entre as disciplinas que se ocupam do

campodajuventude.

A pergunta que intitula o presente trabalho expressa o questionamento sobre

como,ese,asteoriasdajuventudetematizamossujeitosjovens.Afinal,falarde

juventude,discutir teoricamenteseuestatuto,configuraçãoesuaproduçãonos

♣ Estetrabalhofoidesenvolvidoapartirdacomunicaçãoapresentadanamesa-redonda Teorias da juventude: para que servem? Onde nos conduzem? noSimpósioInternacionalsobreaJuventudeBrasileira,JUBRAVII,Fortaleza,Ceará,14deagostode2017.1Estarei falandonosingular“teoriasda juventude”,enão juventudes,semmedeter aqui na discussão teórica sobre este importante aspecto: o que significapluralizar,sobquecondições,otermojuventude.Noentanto,pelofatodeusaronome juventude no singular não estou defendendo posição teórica massimplificando a narrativa que já está aludindo a uma pluralização teórica(“teorias”)presentenocampodajuventude.

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contextoshistórico-sociais,significariatambémincluiros jovens,comosujeitos,

nessa discussão? Argumentamos, neste trabalho, que embora possamos dizer

queas teoriasda juventude incidemsobreos jovens,provendosemprealguma

forma de percebê-los e representa-los como sujeitos, elas mantêm um foco

próprio de análise que não necessariamente coincide com a discussão sobre

comosedáaproduçãodosjovens,comosujeitos. Ofocoespecíficodasteorias

dajuventudeestáreferidoàemergênciaeconstituiçãodacategoriasocialqueéa

juventude, eportanto, comoessa categoria social se constróino jogode forças

sociaisdosdiferentesgruposdassociedadesmodernas. Poroutro lado,o foco

que interessa às teorias dos sujeitos jovens é aquele visa inquirir quem é o

sujeitojuvenil,parasimesmoeparaosoutros,oquequalificaestesujeitocomo

juvenil,comosedáaproduçãodeumasubjetividadejuvenil.Assim,adiscussão

sobre juventude(s) parece estabelecer um determinado enquadre cujo foco

permanece distinto daquele que se interessa em discutir como os jovens,

enquantosubjetividades,seproduzemnascircunstânciasemquevivem. Neste

sentido, este trabalho propõe-se a analisar a imbricação necessária entre as

teoriasdajuventudeeasteoriasdossujeitosjuvenisque,somenteaomanterem

suas devidas distinções analíticas, permitirão que os enfoques, seja sobre a

juventude,sejasobreossujeitosjovens,possamsecomplementarnastensõese

contradiçõesquemantêmentresi.

A discussão aqui apresentada visa trazer uma contribuição ao debate teórico

sobrejuventude,particularmentenoBrasil,apartirdequestõesfrequentesque

aqui se colocam. Por força das condições específicas da constituição deste

campo teórico no país, este debate assumiu alguns contornos específicos não

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necessariamentepresentesnodebate internacional. Umaspectodizrespeitoà

demandadesedistinguirentreoadolescenteeojovem(AbramoeLeon,2005),

demanda essa produzida mais pela necessidade de se configurar campos

distintos de intervenção das políticas públicas cujos aportes são concedidos

conforme a adequação dos beneficiários à pletora de exigências dos órgãos

públicos de assistência. Destemodo, o debate que se produziu no Brasil em

torno da distinção entre o jovem e o adolescente não iluminou, por certo, a

compreensão teórica acerca destes conceitos, mas forneceu os elementos

necessários para definir campos de intervenção para o destino das políticas

públicaseparaaaçãodosagentesdopoderpúblicoeprivado.

Teorias da juventude e teorias da subjetividade juvenil: a disciplinarização do

debateteóricosobrejuventudeejovens

OséculoXXassistiuàemergênciadacategoriasocialdajuventudecomoaspecto

deanálisedassociedadesmodernasemprofundatransformaçãopolítica,social,

culturaletecnológica.Paripassu,foiadisciplinadaSociologiaqueseencarregou

doestudodadinâmicaeestruturaçãodassociedadessobaégidedasmudanças

naModernidade. Cabe lembrar que, para umdos fundadores da disciplina, E.

Durkheim,umaquestãofundamentalresidiujustamenteemexplicaranatureza

dasociedade,ouseja,oquetrazhomensemulheresparaaconvivênciacomum,

oquedeterminaaordemsocialsobreoestadodebarbárie.Aolongodoséculo

XX, os cientistas sociais se ocuparam de compreender como se organiza o

conjunto social sob os novos condicionantes materiais e simbólicos da

modernidade,ecomoesseconjuntoseestruturaesemantémtendoemvistaas

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transformações que o acometem e os conflitos que aí se produzem. A

tematização da juventude no campo da Sociologia nestemomento surge como

elemento importante de explicação da nova ordem social, quando também se

recompõe a ordem geracional no âmbito de um outro patamar de relações de

transmissão,agorainstitucionalizadaspeloadventoeconsolidaçãodossistemas

educacionaisnacionais.

O estudo das sociedades ao longo do século XX vai lançar mão da juventude

como categoria social como parte da analítica da transformação e da ordem

social.Assim,sejapeloenfoquenajuventudecomoproblemasocial–eportanto,

categoria que coloca questões à ordem e harmonia social (Thrasher, 1936;

Burrows,1946;ReissJr,1951;SykeseMatza,1957;Eisenstadt,1976),sejacomo

categoriaquefavoreceatransformaçãoearegeneraçãosocial(Mannheim,1968;

Ianni, 1968), esta categoria – juventude – foi amplamente tematizada pelos

cientistassociais. NoBrasil,umdosestudospioneiros,odeMarialiceForacchi

tematizaa juventudecomocategoria social egeracional emque se sobressai a

dimensão do conflito geracional. Como coloca a autora, ...”localiza-se

socialmente esta formade conflitona fasede transiçãodaadolescênciapara a

maturidade.Aadolescênciaeajuventudesão,pois,elaboradascomocategorias

analíticasespeciais”....(1972:23-4).Paraaautora,setratanãotãosomentede

conflitos que expressam a transição psicológica a um estado de maturidade

psicológica, mas de conflitos referentes ao ingresso definitivo do jovem na

sociedade.Dizela:

“Porseressaetapa–ajuventude–definidoradoingressodefinitivo

dojovemnasociedade,eporserojovemoadolescentecujascriseso

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transformaram num ser psicologicamente amadurecido, por essas

condiçõesespeciais,amarginalizaçãodajuventudeapresentaefeitos

dramáticos para a sociedade, colocando-a, pelo fato de existir como

marginalização,emxequeesobofocodacontestação.”(1972:32)

Assim,paraForacchi,adinâmicasocietáriamodernacolocaquestõesespecíficas

para a inclusão deste segmento ao todo social. E se tal dinâmica favorece a

marginalizaçãodestegrupo,asociedadepadecerásobosefeitosdacontestaçãoe

dos conflitos que daí advirão promovidos pelamobilização deste grupo social.

Um ponto importante a notar no fragmento desta estudiosa é que ela adverte

para dois aspectos teóricos, não exatamente semelhantes, mas convergentes,

sobre a situaçãodo jovem. Emprimeiro lugar, ela enfocao jovemadolescente

enquanto sujeito imaturo psicologicamente que vive circunstâncias específicas

de transiçãoaumacondiçãodemaiormaturidade.Emsegundo lugar,aautora

enfocaamarginalizaçãodeumgruposocial–a juventude– frenteàsociedade

adulta, circunstância que pode propiciar o convulsionamento da ordem social.

Neste sentido, a autora, de modo perspicaz, atenta para a duplicidade de

aspectosteóricosqueenvolvemosujeitojovemadolescente:umaspectoteórico

dizrespeitoàsuacondiçãocomosujeito–nocaso,psicologicamenteimaturo;o

outro aspecto se refere à sua condição comopartedeuma categoria ou grupo

social dentro da sociedade. Estes dois aspectos, ainda que coincidam na

temporalidadebiográfica,permanecemanaliticamentedistintosnadiscussãode

Foracchi. Trata-se, portanto, de uma análise que tanto contempla uma

perspectiva sociológica da juventude, como também contempla uma visão

psicológica sobre o sujeito jovem. Mesmo que a alusão a uma noção de

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maturidade psicológica seja hoje considerada como aspecto de uma teoria

ultrapassadaeobsoletapara explicar a constituiçãoda subjetividade juvenil, o

fatoéqueaanálisedessaautoranospermitetecerconsideraçõeseimbricações

possíveis entre a condição psicológica que define o sujeito juvenil e a condição

socialquedefinea juventude. Neste sentido, podemosperguntar, por exemplo,

comoaimaturidadepsicológicadosjovensestariaimplicadanosmovimentosde

contestação e rebeldia à ordem social? Mesmo lançando mão de aspectos

psicológicos que hoje podem parecer datados, a análise da autora, não só é

pioneira, como também arrojada ao fazer face à exigência, nem sempre

realizável, de fazer análise social “com sujeitos”, assim, aproximando teorias

sociológicasepsicológicas. Amarginalizaçãosocialdajuventudeaparececomo

fatordeconflitonadinâmicasocial,eossujeitosjovensseconstituemnoâmbito

específicodeumadinâmicapsicológicadetransiçãoecrise.

A tematização do jovem e da juventude no campo da Psicologia ao longo do

século XX assumiu problematizações diversas ao campo da Sociologia. A

constituição do sujeitomoderno e suas formas de ser, pensar, agir e sentir no

âmbitodeumamatrizhistórico-culturalde individualizaçãodas subjetividades

(Watt,1996)torna-sefocodeinteresse.Assim,ademandaquesecolocouneste

campo do saber foi inquirir e compreender como a individualização – como

processohistóricoemododesubjetivaçãodominantenamodernidade–produz

as subjetividades. Essas se realizam ao longo do tempo biográfico que, nas

sociedadesmodernas,seinstitucionalizaatravésdaorganizaçãoda(re)produção

da vida e da sociedade. Para muitos estudiosos da Psicologia, uma questão

central foi justamente compreender as mudanças nas formas de ser, sentir,

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pensar e agir ao longo do tempo biográfico, uma vez que essas resultam do

encontroentreas forçasedisposições internasaosujeitoeaquelasresultantes

de coerções e possibilidades nas circunstâncias em que ele vive. Portanto, as

teorias psicológicas buscaramexplicar odesenvolvimentodossujeitosao longo

do tempobiográfico, focalizando a emergência dasmudanças ao longo da vida

cuja regularidade poderia ser sistematizada segundo um determinado padrão.

Porumlado,oqueéinternoeoqueéexterioraosujeitotornaram-seaspectos

de relevância teórica neste contexto de análise para definir uma teoria de

sujeito/indivíduo (esse distinto da sociedade); por outro lado, as teorias de

sujeito variaramemrelaçãoa comoconsideraro ajuste e a regulaçãoentre as

forças internas ao sujeito/indivíduo e aquelas advindas da sociedade. Para

Freud (1996), por exemplo, o ajuste entre o indivíduo e a sociedade é sempre

precário e conflituoso, pois, para o indivíduo, ele se traduz comoumônus em

termosdarenúnciaàsuarealizaçãomaislivreeimediata.

Vamos tomar como exemplo, no campo da Psicologia, um contemporâneo da

socióloga M. Foracchi , o psicanalista E. Erikson. A compreensão deste autor

sobre o sujeito jovem busca dar conta da especificidade deste momento

biográfico entendido comouma ruptura em relação à estruturação psicológica

anterior.Nestesentido,Eriksoncompreendeosujeitojuvenilcomoaquelequeé

instadoareposicionar-senomundo,reestruturandosuasrelaçõescomosoutros

econsigomesmo,umavezqueojogoentreforçasinternaseexternaséabalado

porumanovaconjunturadefatores.Assimdizoautor:

“Também devemos compreender a função da adolescência na

sociedadeenahistória,poisodesenvolvimentoadolescenteabrange

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um novo conjunto de processos de identificação com pessoas

significativaseforçasideológicas....Najuventude,abiografiacruza-se

com a história; nela, os indivíduos são confirmados em suas

identidadeseassociedadesregeneradasemseuestilodevida...Para

ingressarnahistória,cadageraçãodejovenstemquedescobriruma

identidade consonante com sua própria infância e consonante com

uma promessa ideológica no processo histórico perceptível.”

(1976:276)

Nestetrecho,oautorafirmaacondiçãopsicológicaespecíficadosujeito juvenil

comosendodefinidapor–“onovoconjuntodeprocessosde identificaçãocom

pessoas significativas e forças ideológicas” – o quepromove a busca do jovem

porumaidentidadequeovinculeaoquefoinainfânciacomoqueelequerser.

Erikson se refere a este processo como a “função da adolescência” já que o

processoadolescenteresidejustamentenarupturacomoquesefoi,aomesmo

tempoemqueseoreestruturaemnovasbases.Oautorreconhecequeasforças

ideológicaspresentesnasociedadeestruturarãoodesenvolvimentoadolescente,

jáqueasopçõesparasernofuturodependemdeseperceberoportunidadesno

processo histórico. Ao prover uma teoria do sujeito juvenil, Erikson pouco se

detémsobreocontextohistóricodomomento, sinalizandoapenasqueabusca

de identidadepelos jovens concorreparauma regeneraçãodas sociedades, ou

seja, para a manutenção e renovação dos valores que as sustentam.

DiferentementedeForacchi,queincluinasuadiscussãotantoumavisãoteórica

sobreajuventude,comoumasobreosjovens,Eriksonlançaofocodesuaslentes

teóricassobreoprocessoadolescentedeser jovem,situando-o–aindaqueem

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uma descriçãomenos apurada – no contexto histórico da segundametade do

séculoXX.

Assim,tantoaSociologiacomoaPsicologia,pormeiodassuasdiversasvertentes

teóricas,contribuíramparaodebateteóricosobreajuventudeeosjovens.Por

forçadaconstituiçãodiversadecadaumdestescamposdeestudo,atematização

dajuventudevaiconsistirnaênfaseteórico-conceitualdaSociologia,assimcomoa

tematizaçãodasconstituiçãodassubjetividadesjuvenisseráaênfasepresenteno

campo da Psicologia. Todavia, parece inevitável que ao se falar de juventude

comocategoriasocialseassume,dealgummodo,umavisãosobreojovem,eo

contrário também ocorre: quando se fala sobre o jovem se incorre, de algum

modo,emalgumateoriadasociedadeedajuventude,comocategoriasocial.Sea

imbricação das abordagens parece necessária e inevitável, há um mérito

indiscutível em manter aberta a discussão interdisciplinar preservando as

ênfases que advirão das contribuições disciplinares. Assim, o que pode se

colocar como retrocesso no debate teórico seria a dispensa de qualquer uma

destasabordagensemdetrimentodaoutra.

Umoutropossívelequívocoseria,ainda,ademarcaçãodoscamposdisciplinares,

PsicologiaeSociologia,emtornodossignificantesadolescênciaejuventudeonde

adolescênciaserelacionariaunivocamenteaocampodeestudosdaPsicologia,e

juventude,aodaSociologia.Aestepontosedirigenossaanáliseaseguir.

Adolescênciaejuventude:emquaismarcosteóricosestasnoçõesseinscrevem?

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Cabelembraresublinharcomomuitosteóricosdocampodajuventudetrazem

em sua discussão as noções adolescência/adolescente e juventude/jovens,

frequentemente, de modo intercambiável (Coleman, 1961; Musgrove, 1965;

Foracchi,1968;Mannheim,1968;Erikson,1976;Blos,1996). Noentanto,para

algunsautores/as,Foracchiéumexemplo,háumaapropriaçãocuidadosadestes

termosque revelama relevânciade se incluirvisões teóricas complementares,

sobre o sujeito juvenil e sobre a categoria social juventude na dinâmica

societária.Aoseenfocaracompreensãosobreoaspectogeracionaldajuventude

enquanto categoria necessária na constituição da estrutura e dinâmica

societária moderna implica-se uma compreensão sobre a estruturação

psicológica deste sujeito que participa como indivíduo da condição geracional.

No entanto, nem sempre se tem claroqueodivisor de águas entre os campos

disciplinaresresidenositineráriosintelectuaispercorridospelasdisciplinasque

definem,porsuavez,teoriasespecíficas.Argumentamos,nestetrabalho,queno

campodajuventude,asteoriassobreasociedadeesuadinâmicaconstitutivaa

partirdasgeraçõestemdefinidoatrajetóriaintelectualdaSociologianodebate

sobre a juventude. NaPsicologia e Psicanálise, o campoda juventude tem se

orientadopeladiscussãoda constituição subjetiva epsicológicados jovens e a

especificidadedojuvenilenquantoaspectoconstitutivodasubjetividade.

Nestaveia,atrajetóriaintelectualpercorridapelaPsicologiaePsicanálisetomou

a adolescência como conceito que definia uma função psicológica no processo

constitutivo da subjetividade moderna em que o se tornar adulto colocava (e

ainda coloca) um leque de novas demandas para o sujeito, tanto advindas de

forças internas, como de externas. A função ‘adolescente’ emerge, pois, no

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âmbitodassociedadesmodernase,portanto,asteoriaspsicológicasalocalizam

como resultante do processo histórico-cultural damodernidade. Reconhecida

por psicólogos, psicanalistas e também sociólogos, a contribuição pioneira de

StanleyHall,Adolescence,publicadaem1904, fazvaleranoçãodeadolescência

comocrise, comocondiçãoderupturaereestruturaçãodavidahumana. Este

momento,paraHall,eclodesobacondiçãodotumultopubertárioeaintensidade

dastransformaçõescorporaisdecorrentes,daíametaforizaçãode“tempestadee

tormenta” utilizada para dar conta deste momento. A contribuição de Hall,

datadaecriticadaemmuitosaspectos(Gallatin,1978),constitui,noentanto,um

aportesingularquejáserefere,noiníciodoséculoXX,aoprocessoadolescente

do sujeito moderno como aquele que o insta a mudanças profundas rumo à

“intensificaçãodoseueu”eà“afirmaçãodasuaindividualidade”.

A noção de adolescência afirma a condição de ruptura presente na vida do

indivíduomodernofrenteàconvocaçãodeseureposicionamentoemrelaçãoaos

vínculos anteriores da família e os outros, da sociedade em geral. Tal

rompimento se anuncia como um processo conflitivo, intra e

intersubjetivamente, uma vez que não se apresentam trajetos previamente

dadosdecomocadaumdeveperseguirsuaprópriaindividualização.Sobretudo,

a adolescência é vista como uma função estruturante do sujeito moderno,

independentedomomentoetário,jáque“aadolescêncianãoéprerrogativados

jovens” (Figueiredo, 2006:70).Neste sentido, a desregulamentaçãomoderna, e

mais acentuadamente a contemporânea, diversifica (e complexifica)modos de

adolescerquandoháinúmerasalternativasdeseconstruirosetornaradulto.Até

mesmo,apróprianoçãodeadulto–oqueéseradulto-épostaemquestãohoje

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(Galland,2001;Monteiro,2014),oquetornaaindamaisdifícillongoetentativo

este processo. No âmbito da Psicologia e da Psicanálise, a teorização sobre o

processo adolescente incluiu a discussão das transformações corporais da

puberdade, ressignificadasapartirdoprocessoadolescentequeaí se instaura.

Asmodificações sexuais do corpo infantil conduzemà elaboraçãodadiferença

sexual e do encontro com o outro sexual, processos inscritos e determinados

culturalmente. Isso significa que no caso dos sujeitos jovens modernos, o

processoadolescenteestácircunstanciadopelaposiçãosocialsingular–nãoser

maiscriança,eaindanãoseradulto–aqualfomentaconflitosinternosentre“a

manutençãodeseusinvestimentosnarcísicos,herançadainfância,eoempenho

nos investimentos objetais (o encontro com o outro).” (Cardoso, 2008:12)

Assim, a função da adolescência ganha destaque no estudo da juventude das

sociedadesmodernas, umavezque apassagempara a assunçãoda adultidade

está determinada por incertezas: não apenas os indivíduos estão menos

sustentadospordispositivosculturaisquepodemorienta-losnasvicissitudesde

seuscaminhoseescolhasdeseradulto,comopodehaver“oriscodeseperder

portertantooquemudar”(idem,2008:11).

Aoafirmareargumentarqueaadolescênciadenomina,natrajetóriaintelectual

do campo da Psicologia/Psicanálise, umprocesso e uma função constitutiva da

subjetividademoderna, consideramosque ela ilumina todos osmovimentos e

ações dos jovens na direção de se reestruturarem, em termos de vínculos,

relações e posições nomundo em que vivem. Neste sentido, discordamos da

visãoqueconsideraaadolescênciacomoum“períododevida”. Comoafirmam

AbramoeLéon:

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... “distinguir dois momentos do período de vida amplamente

denominado juventude, sendo que adolescência corresponde à

primeirafase(tomandocomofaixaetáriaquevaidos12aos17anos,

como estabelecido no ECA) caracterizado principalmente pelas

mudanças que marcam esta fase como um período específico do

desenvolvimento, de preparação para inserção futura; e juventude

(ao que alguns apagam o qualificativo propriamente dito, ou então

comojovensadultos,ouaindapós-adolescência)parasereferiràfase

posterior,deconstruçãodetrajetóriasnavidasocial.”(2004:8)

Percebemosnestapassagemumduploequívocodosautores,sejaaotomarema

adolescência como uma fase, ou período de vida, como também ao oporem a

adolescênciaàjuventudepropriamentedita,comoseoprocessoadolescentenão

estivessepresentena juventude,ouseja,atuando intensamentenomodocomo

osjovensconstroemsuastrajetóriasnavidasocial. Nestesentido,disputamos,

neste trabalho, a visão que tende a considerar a adolescência como “fase de

vida”, eportanto, distintadestaoutra faseque é a juventude.Essaperspectiva

nãoreconhecearelevânciadeumateoriadesujeitojuvenilque,justamente,se

fundamentana visãoda adolescência como função direcionada a compreender

como os jovens agem e se reposicionam na construção de suas trajetórias

laborais,educacionais,amorosasesociais. Comoargumentadoanteriormente,

tantoasteoriasdossujeitosjuveniscomoasteoriasdajuventudecomocategoria

social devem ser convocadas a contribuir para o debate teórico sobre a

juventudeampliandooraiodecompreensãosobreocampoecomplexificando-o

nastensõesquedaíemergem.

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Namesmaveia,osociólogomexicanoJ.Perez-Islasincorrenoequívocodevera

adolescênciacomoumafasedevida,objetodeestudodaPsicologia.Dizele:

“...Por su parte, la psicologia asumió la temática juvenil a partir de

considerarla como una “etapa de vida del hombre”; su desarrollo

conceptual alcanzará carta de cidadania teórica con StanleyHall en

1905 y su adopción a la famosa frase de Goethe... que sintetiza la

perspectiva de crisis del período, determinado biologicamente y

dominado por la fuerza del instinto... Así aparece una teoria

normativa, donde la adolescencia seria considerada una fase

universal del desarrollo psíquico, y que coloca al entorno social y

culturalenunlugarsecundario”.(2008:10)

Além de afirmar, equivocadamente, a nosso ver, que a Psicologia considera a

adolescênciacomoumperíododevida,oautoratribuiaestateoriapsicológica

umvaloruniversal. Afunçãoadolescentetemsidoconceituadacomoresultado

do processo histórico-cultural moderno de individualização cujos

desdobramentossefazempresentesnaconstruçãodasubjetividadeeidentidade

(Kehl, 2004; A.P.P.A., 2004; Costa, 2004). Neste sentido, destaca-se o caráter

processualehistóricodaadolescência.Mesmoquealgumasteoriaspsicológicas

tenham atribuído um caráter fásico e universal à adolescência, elas não

representama totalidadedeste campodo saber. Sobretudo, tais contribuições

da Psicologia no campo da juventude, ao ressaltarem o aspecto invariante

(universal?) da condição adolescente, tendem a reduzi-la à sua ancoragem

biologicamente instaurada–apuberdade. Entretanto,uma leituramaisampla

das teorias psicológicas sobre o sujeito juvenil inscrevem a puberdade emum

processo muito mais amplo e complexo, a adolescência, que corresponde aos

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modos de se estruturar como sujeito humano frente às demandas de se

construir,departiciparnasociedade,devivereconvivercomosoutrosede“se

sentir real” (Winnicott, 2005). Tal amplitude e complexidade refletem a

inscrição da puberdade no processo adolescente, entendido como uma

construção histórico-cultural da modernidade. A teoria de sujeito juvenil que

resgata a adolescência comoumprocesso psicológico diz respeito aos sujeitos

que,aolongodoséculoXX,etambémnoséculoXXI,têmpelafrenteaconstrução

de suas identidades, vínculos e posições nas sociedades (modernas) em que

vivem.

Argumentamos,assim,queaadolescênciasecolocacomoummarcoconceitual

importanteefundamentalparaoestudodajuventude. Elaseinscrevecomoo

processopsicológiconoâmbitodeumateoriadesujeitoquedevesearticularao

estudodajuventudenasuaoutradimensão:aquelaqueinscreveajuventudeno

marcodaestruturaçãosocietáriasoboprismageracional.

Teorias do sujeito juvenil e da categoria juventude no estudo da participação

políticadosjovens:doisestudosdecaso

Com o intuito de discutir as articulações necessárias entre teorias do sujeito

juvenil e teorias da categoria juventude, analiso, a seguir, dois estudos sobre

participaçãopolíticajuvenilemquetantoumateoriadosujeitojuvenilcomoda

categoria juventude se fazem presentes, com ênfases diferentes. Apesar de

distantesno tempoemque foramrealizadosepublicados, elesexemplificama

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complexidadedocampodeestudosda juventudeemquepeseaarticulaçãodo

esforçointerdisciplinarparaacompreensãodesteobjetodeestudo.

O. Iannipublicouseu trabalhoOjovemradicalem1962,épocaemqueoBrasil

consolidavaavançosnaconstruçãodeumademocraciaaindatitubeante.Neste

contexto,o ingressodosjovensnasuniversidadesconcorreparaaformaçãode

uma classe de jovens – provenientes das classes médias urbanas – cujas

aspiraçõesdeparticipaçãovãoserobjetode interessedesteautor,assimcomo

deoutros(Foracchi,1965).Otrabalhoemtelaconsisteemumestudopioneiro

no Brasil sobre a participação dos jovens universitários, buscando dar conta

desta complexidade ao aliar tanto uma análise psicológica como sociológica

destaparticipação.

Para Ianni as contradições de uma sociedade de classes, como as do Brasil

moderno, atingirão o jovem desde a dinâmica geracional. Os elementos

mistificadoresdaordemsocialburguesavãosefazerpresentesnascontradições

do mundo do trabalho. Os jovens, ao mesmo tempo em que se sentem

convocados a dele participar, vislumbram a negação desta realização. As

opressões do mundo do trabalho põem em relevo a submissão exigida e a

subordinação à autoridade adulta. Para o autor, há, sim, um comportamento

divergente e contestador do jovem ainda “imaturo”,mas esse comportamento

não dá conta das ações emovimentos de rebeldia do jovem à ordem vigente.

Para ele, a revolta contra os pais se coloca como um dos elementos, talvez o

menosimportante,paraacompreensãodainsubmissãojuvenilaostatusquo.O

jovemrevolucionáriorealizaumtrabalhodetotalizaçãosobrearealidadesocial

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em que vislumbra, a partir de sua posição geracional, seu lugar de

subalternidadeeascontradiçõesdosistemacapitalista.Convocadoaomundodo

trabalho,elepercebequeesselheseránegado,ouselhepermitido,resultarána

sua opressão. O trabalho intelectual de totalização depende, para Ianni, da

capacidadeintelectualdojovemedasuaresistênciaàcooptação.Aoapreender

intelectualmentesuaposiçãonomundo,comosujeitodahistória,ojovemradical

adquire consciência revolucionária posicionando-se como negatividade à

realidadevigente.Dizoautor:

“Comoaestruturadosistemasocialéalienadora,produz-se,em

consequência, o radicalismo, que se funda em uma consciência

adequada, sintetizadora. Daí a atuação política radical como

umarelaçãodenegatividadecomopresente.Noprocessodere-

totalização da personalidade em desenvolvimento na

adolescência, o jovem organiza intelectualmente a sociedade

globalemtermosconcretos,totalizandoasuapersonalidadecom

base numa nova e muito mais ampla visão do mundo.”

(1968:242)(grifosdoautor)

Paraoautor,aaçãorevolucionáriadecorredaapreensãototalizadadarealidade

e das suas contradições. A consciência resulta de um trabalho intelectual e

racional – próprio do jovem universitário de classe média; mas, também,

depende do envolvimento do jovem e de sua capacidade de resistência, ao

recusaraalienação.Assim,Iannitrazumaconcepçãodacategoriajuventudena

sociedade de classes que emerge como posição privilegiada na contraditória

dinâmica capitalista: é deste lugar social marginalizado que o sujeito juvenil

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podesereposicionarnomundoeagirpoliticamente.Iannitambémadmiteuma

certa imaturidade no jovem radical, decorrente da visão psicológica (teoria de

sujeitojuvenil)queinformaseutrabalho.Contudo,paraoautor,aimaturidade

não constitui o fator explicativo fundamental para os movimentos de

participaçãopolíticadojovemuniversitárionoBrasildosanos60.

Nostrabalhosdesenvolvidospormimecolaboradoresdepesquisa(CastroeCol.,

2010; Castro e Nascimento, 2013; Castro, 2016) sobre os movimentos de

participaçãopolíticaesocialdejovens,universitáriosesecundaristas,realizados

ao longo da primeira década do século XXI, há um leque de opções de

engajamentoemilitânciaparaos jovens, enão tão somenteaquelasestudadas

por Ianni, a dos movimentos estudantis universitários. Grêmios, diretórios

acadêmicosuniversitários,coletivosdetrabalhocomunitário,ecológico,sociale

educacionalsãoalgunsdosmodosdeparticipaçãojuvenilpornósestudados.No

processoadolescentedebuscadenovosvínculos,ogrupodeparesassumepapel

fundamental de reconexão identitária para os jovens: é ele que fornece

identificações para novos enlaces e vínculos extrafamiliares, viabilizando,

portanto, a adesão e ao pertencimento a grupos demilitância política e social.

Paraosautores/a,aaçãodosjovensnãodecorredeumadecisãoracionalemse

engajar, ou fazer parte de um grupo com cuja ideologia concorda, mas ela é

precipitadapeloenvolvimentoafetualcomooutro:o“estarjunto”eaderidopara

sedescobriroquesequerser.Nestesentido,elaéaçãoerrática,contingenteaos

acontecimentos:sefazeseageparasaberoquesequerser.Usoaexpressão,se

acharoquesequerser,comocondiçãodesteagirqueconduzàconstruçãodesie

àadesãoideológica(Castro,2016).Emummundosocialcrivadodeincertezas,

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ojovemmantémumarelaçãomaisflexívelemaisautônomanoscoletivosaque

pertence (Castro e Silva, 2015) assegurando um espaço pessoal de maior

autonomia. Assim, é frequente que os jovens pertençam a diversos coletivos

simultaneamente,enãofaçamumaadesãoplenaeconvictaaqualquerumdeles.

Frequentemente, os jovens buscam formas de organização coletiva menos

hierárquicas e institucionalizadas baseadas em uma crítica a modelos

estabelecidosdeparticipaçãopolíticae social (idem,2015). Umapreocupação

com os efeitos da ação engajada a curto prazo é também contumaz nas

narrativas dos jovens que justificam uma adesão a modos de participação

política diferentes daqueles existentes nas agremiações de partidos políticos e

suasformasdemilitância.

Assim,nosestudosempreendidossobreparticipaçãopolíticaesocialdosjovens,

propomos uma teoria do sujeito juvenil cujo processo de reestruturação

subjetivaconduzosjovensaoseiodogrupodeparescomonichoidentificatório

doqual lançamãoparareconectar-seasimesmoeàsociedademaisampla. A

açãoéfundamental,osujeitofaz-sepelaação,construindotentativamenteseus

vínculos,suasrelaçõesesuaideologia,enãoocontrário.Nestesentido,ateoria

de sujeito juvenil coloca como central a adesão, o pertencimento e a ação,

aspectos que reforçam a dimensão alteritária, identificatória, de estar comum

outro,opar,eagircomele.Desloca-se,portanto,aimportânciadareflexãoeda

preparação racional do agir em prol do quê se revela para o jovem na

experimentaçãomaistentativadoseuagir.Nestesestudos,acategoriasocialda

juventude emerge como um modo de vida cujo imperativo se articula à

experimentação(Castro,2010).Assim,diferentementedeIanni,quevislumbraa

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juventude como ator político na conflitualidade da sociedade de classes, estes

estudos favorecem uma visão da juventude como ator e agente, mas cuja

participação não é reivindicada somente por meio da conflitualidade e

contestação à ordem vigente, mas também por outras formas inéditas e

inusitadasdeoperartransformaçõesnasociedade.Essas formasserelacionama

modos de experimentar e recriar relações, relações e concepções de mundo

visando objetivos tanto sociais, como políticos e culturais (Mayorga, Castro e

Prado,2012).Nestesentido,aespecificidadedojuvenil,comodiferençasociale

cultural,potencializariatantomovimentoseaçõesclarosdecontestaçãoàordem

social,comoaquelescujocaráterrenovadormaisseadequamàordemvigentee

comelasereconciliam.Adiferençageracionaléexperimentadanãoapenascomo

olugardasubalternidade(deondesepodetotalizaraopressãodasociedadede

classes), mas, também, simultaneamente, o que detém a chave de novas

possibilidadesde(re-)inscreveraculturaerenová-la.

Para finalizar, trago estes dois estudos de caso no intuito de detalhar a difícil,

mas necessária, interlocução entre os vários campos disciplinares sobre a

juventude. Aindaqueas teoriasde sujeito e as teoriasda categoria juventude

possamse fazerpresentesemestudosespecíficosdediferentesautoresquese

ocupam da temática juventude, parece inevitável que as ênfases e enfoques

privilegiemumaou outra teoria. Neste caso, o convite a debater e discutir as

possíveis articulações está feito aos pesquisadores das ciências humanas e

sociais,semoquêocampoperdeemcomplexidadeeprofundidade.

REFERENCIAS

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