olhando o futuro ... desafios para a u.e
TRANSCRIPT
Olhando o futuro…
Desafios para a U.E.
Neste trabalho dedicado aos desafios que
se colocam à U.E. nos próximos anos,
desenvolvi um estudo sistemático da
intervenção do estado social de alguns
países europeus, em situações relacionadas
especificamente com a maternidade, a
doença e o desemprego.
O que ganhamos é suficiente
para vivermos uma vida digna?
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Dinamarca Noruega Alemanha Portugal França Grécia
Satisfeitos
Não satisfeitos
• O que ganhamos é suficiente para
vivermos uma vida digna? 86% dos
dinamarqueses dizem que sim, mas 44%
dos gregos dizem que não.
• E esta assimetria entre Norte e Sul
confirma-se se olharmos para os valores
de outros países.
A busca do reconhecimento laboral na
forma de um salário é quase tão antiga
como o ser humano. Há quem diga que o
primeiro salário deve ter sido pago no
período neolítico entre 12 e 8 mil anos atrás.
Evolução dos salários mínimos
nacionais na U.E. de 1999 a 2014
Luxemburgo
França
Holanda Islândia
Bélgica
Reino Unido
Espanha Grécia
Portugal
Depois de uma análise detalhada à
evolução dos salários mínimos nacionais de
países do Norte e países do Sul da Europa,
verificamos o desnível acentuado entre os
dois grupos, situando-se Portugal
infelizmente no último lugar.
• Uma das consequências deste fosso é a
desigualdade, no que diz respeito à
qualidade de vida, ao bem-estar, ao
acesso à saúde e à educação, entre
outros.
• A intervenção que o governo exerce para
promover estes factores de bem-estar
social é obviamente muito diferente de
país para país e acentua-se
significativamente quando falamos de
países do Norte e países do Sul.
O estado social
“o Estado como agente da promoção (protetor e defensor) social”, in Wikipédia
• Segundo a Wikipédia, Estado social, também conhecido como Estado providência ou Estado de bem estar social, é um tipo de organização política e económica que coloca o Estado como agente da promoção (protetor e defensor) social.
• Nesta orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e económica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com o país em questão.
• Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos e proteção à população.
• O Estado não pode ficar indiferente ao que se passa à sua volta.
Apoio à maternidade
A maternidade será o nosso primeiro tema
de estudo.
0 5 10 15 20
Alemanha
Bélgica
Dinamarca
Suécia
Reino Unido
Itália
Portugal
Grécia
Licença de Maternidade na U.E.
Meses
Segundo um estudo do Centre for Health Promotion da Noruega, a intervenção do estado apoiando a
maternidade tem, efectivamente, um efeito positivo no bem-estar físico e psicológico das mães e,
consequentemente, das famílias.
Este estudo mostra-nos, também, o grande contraste entre o que se passa nos países escandinavos, Suécia,
Dinamarca e os restantes países da Europa.
Neste gráfico podemos comparar estes dados. Com exceção dos países escandinavos, a licença de
maternidade não excede os 6 meses.
Em Portugal, por exemplo, a licença de maternidade, que é de 120 dias, pode ser estendida a 150 dias em
casos especiais, sendo o nascimento múltiplo contemplado com um acréscimo de 30 dias por cada
gémeo nascido.
Apoio na Doença
Falando agora do apoio na doença…
Prestações pecuniárias por doença na
U.E.
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Luxemburgo
Alemanha
Dinamarca
Portugal
Grécia
França
Valor %
Meses
**
*
*Dinamarca – até 2120€/mês
**Luxemburgo – valor igual ao salário no momento da doença
• Neste quadro, podemos avaliar como é feito o apoio à doença em diferentes países da U.E.. A vermelho, vemos a percentagem do salário que é paga ao trabalhador como subsídio de doença.
• Nos países mais a sul como a França, a Grécia e Portugal, os valores podem ir até aos 75%, embora no período inicial, não ultrapassem os 50%.
• Na Alemanha, os valores não são muito diferentes, rondando os 70%, no seu ponto máximo.
• No Luxemburgo, o valor de subsídio de doença é equivalente ao salário do trabalhador no último ano.
• Na Dinamarca, o valor pode chegar aos 2120€ mensais.
• No que diz respeito ao prazo durante o qual o trabalhador tem direito ao subsídio, destes países Portugal tem o prazo máximo de 3 anos, mas nos países a Norte, com a exceção da Alemanha, que tem um prazo igual ao português, o prazo não ultrapassa 1 ano.
• Embora aparentemente não se veja grande discrepância entre Norte e Sul, a verdade é que nos países do Norte, principalmente os escandinavos, o subsídio é pago ou pela entidade patronal, ou por empresas seguradoras privadas, onde os trabalhadores subscreveram o seu seguro de doença.
• Por exemplo, na Dinamarca o subsídio de doença só será pago pela administração municipal depois de terminado o prazo de responsabilidade patronal, que é de 30 dias, durante o qual o trabalhador recebe o seu salário habitual.
• Assim sendo, não será difícil entender que, apesar dos elevados valores das prestações por doença nos países do Norte, o estado social desses países esteja “de melhor saúde” do que os dos países do Sul.
• Trata-se de mentalidades diferentes que produzem, obviamente, resultados discrepantes.
Apoio no desemprego
Falemos agora do apoio no
desemprego…
Em Portugal, a Segurança Social pagará
este ano de 2014, quase 3 mil milhões de
euros em subsídios de desemprego. Não é
de admirar, se considerarmos que cerca de
17,7% da população não tem trabalho.
Apoio no desemprego na U.E.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Valor € (mín)
Dias (máx)
• Analisemos o seguinte quadro comparativo …
• Podemos ver que existe uma discrepância significava dos montantes em euros, das prestações mensais de países do Norte, como Luxemburgo, Bélgica e Dinamarca, e países do Sul como Portugal, Espanha e Malta.
• Em todos os países mencionados, com exceção de Malta em que o valor é fixo para todos os casos, os valores que aqui vemos expressos em Euros correspondem a uma percentagem do salário que o trabalhador recebia imediatamente antes da situação de desemprego. Por essa razão, optamos por exprimir o valor correspondente ao salário mínimo de cada país.
• Como nem todos os países têm um limite superior no subsídio e, podemos estar a falar, em alguns casos, de subsídios de alguns milhares de euros.
• Até porque, em países do Norte o total ou parcial pagamento das prestações de desemprego é feito por entidades seguradoras nas quais os trabalhadores estão inscritos, voluntariamente ou não.
• Na Dinamarca, por exemplo, a prestação mensal sendo de 90% do salário, no máximo, é paga na totalidade pela entidade seguradora. Como o seguro de desemprego não é obrigatório, se o trabalhador não tiver optado por subscrevê-lo, em caso de desemprego, não recebe nada.
• Importante notar que em praticamente todos os países, os trabalhadores que se encontrem em situação de desemprego, deverão imediatamente inscrever-se na instituição respectiva, como disponíveis para trabalhar, ou, tornarem-se candidatos a vagas de emprego. Sem essa inscrição, não terão acesso ao respectivo subsídio.
Rutura do Estado Social
Porque se fala então tanto da rutura do
Estado Social?
É a muleta
do
Estado…
• Embora não seja meu objectivo fazer um estudo exaustivo sobre o Estado Social e a sua falta de saúde actual, é impossível ignorar os factos evidentes em tudo o que estes gráficos nos mostraram.
• Ou seja, apesar dos subsídios mais elevados nos países do Norte do que nos países do Sul, a verdade é que no Norte é comum pelo menos uma parte desses subsídios serem assegurados por entidades não-governamentais, o que não sobrecarrega o Estado Social desses países, como acontece nos países do Sul, incluindo Portugal.
• Estabeleceu-se uma cultura de acomodação, segundo a qual qualquer percalço na vida seria minorado pela intervenção de providência social…
• É a muleta do Estado…
• Afinal que desafios sociais se desfilam
perante os olhos dos europeus??
• Em primeiro lugar, é óbvio que o principal
desafio deveria ser eliminar o desnível
salarial…
• No entanto, não é tarefa fácil. Não só pelo
exagero da discrepância em si mesma,
mas também por condicionantes culturais,
económicas, financeiras e até políticas…
• No que diz respeito às licenças-maternidade, o desafio é nivelá-las pelo prazo de 18 semanas, tempo recomendado para a recuperação do parto. Um período de tempo mais longo poderá pôr em risco a segurança laboral e a progressão de carreira da mãe.
• O retorno da mãe ao trabalho deveria garantir as mesmas funções, condições e remuneração igual ao período pré-parto.
• Por outro lado, é bom que se continue a apoiar a tendência de dividir o tempo de licença parental entre pai e mãe, de modo a que essa ausência tenho um impacto menos na carreira profissional de cada um deles.
Na doença, promover a
ocupação terapêutica…
• No que diz respeito ao apoio na doença, as coisas não são assim tão lineares…
• Além das especificidades de cada doença, é importante ter em consideração a profissão de cada doente e de que maneira ela pode ser negativa ou positivamente influenciar o tratamento ou até agravamento da doença.
• É aí que entra o julgamento médico…
• Mas enquanto que em alguns países europeus é comum um paciente optar por continuar a trabalhar, pelo menos em tempo parcial, mesmo enquanto luta contra uma doença grave, como um cancro, a cultura de países como Portugal, Grécia e França tem como que certo um período de isolamento e afastamento que nem sempre são o mais aconselhado.
• É do conhecimento comum que a terapia ocupacional (trabalho ou hobby) pode ter uma influência muito favorável na recuperação do doente.
APLL – Associação Portuguesa
de Leucemias e Linfomas
www.apll.org
• Segundo a opinião da responsável da Comissão de Doentes da Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas,
• “O facto de um doente acordar de manhã numa cama do hospital, ou em casa e pensar que além dos exames, medicamentos e tratamentos, poderá ter ainda a oportunidade de se ocupar mental ou fisicamente com uma actividade com a qual se identifica, é meio caminho andado para um estado de relaxamento e optimismo que dificilmente se encontra de outro modo. E é sabido que esse estado oposto à ansiedade é promotor da cura.” Abigail Macedo
Desemprego, que futuro?
• No que diz respeito ao apoio no desemprego, o grande desafio parece ser aprender com o exemplo de países como a Dinamarca e o Luxemburgo.
• Esperar que seja o exclusivamente estado a garantir a sobrevivência do trabalhador desempregado, é uma ilusão que não tem futuro.
• Embora em países como o nosso já seja possível, há alguns anos, cada um subscrever um seguro de emprego que garanta o seu sustento em caso de desemprego involuntário, o facto é que continuamos a ser obrigados a contribuir para a segurança social do estado.
• Isto não só limita a possibilidade de livre escolha do trabalhador, como não liberta o estado da sua obrigação de apoio, o que se torna uma sobrecarga.
• Por outro lado, todas as acções de estimulação à criação do próprio emprego, a formação ou aperfeiçoamento profissional e o incentivo à empregabilidade deverão ser adotadas para diminuir o número de desempregados e consequentemente a carga no orçamento do estado.
• Embora em Portugal já se tenha iniciado este processo, em boa parte devido aos apoios financeiros da União Europeia, não devemos esquecer que não estamos a falar apenas de Portugal.
1. Define Estado Social.
2. Que medidas permitem à Dinamarca prestações em caso de doença de 90% do salário do trabalhador?
1. Define estado social.
• R: (slide 6) Segundo a Wikipédia, Estado social, também conhecido como Estado providência ou Estado de bem estar social, é um tipo de organização política e económica que coloca o Estado como agente da promoção (protetor e defensor) social.
2. Que medidas permitem à Dinamarca prestações em caso de doença de 90% do salário do trabalhador?
• R: (slide 13) O recurso às seguradoras privadas.
• http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/crise-evidencia-cada-vez-mais-fosso-entre-norte-sul-da-europa
• http://www.waba.org.my/whatwedo/mensinitiative/pdf/Childcare_fatherhood_Sc.pdf
• http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n132/a0637132.pdf
• http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI10842-10577,00-MAES+SO+TERAO+LICENCAMATERNIDADE+DE+SEIS+MESES+SE+EMPRESAS+ADOTAREM+O+BENEF.html
• http://www4.seg-social.pt/
• http://ec.europa.eu/employment_social/empl_portal/SSRinEU/Your%20social%20security%20rights%20in%20Greece_pt.pdf
• http://ec.europa.eu/social/