oito mulheres e um objetivo: sustentabilidade

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1291 Novembro/2013 Araçuaí Levantar cedo e aproveitar o sol frio sempre fez parte da rotina de oito mulheres batalhadoras da comunidade de São João do Setúbal, Banco do Setúbal e Vargem João Alves, ambas do município de Araçuaí. A batalha começa antes mesmo do dia amanhecer. Elas cuidam da casa, dos seus quintais e dos pequenos animais de suas propriedades. A história dessas oito mulheres é coberta de luta, desafios, vitórias e conquistas. Maria de Fátima, Maria de Lurdes, Mariza Nunes, Adaltiva Borges, Andréia Nunes, Ilda Aparecida, Maria Aparecida Ribeiro e Armelina Ramalho contam como organizaram para garantir soberania alimentar e autonomia econômica para suas famílias. Muitas delas, além de fazer o trabalho da casa, ainda trabalham no campo, plantando e colhendo os frutos que a terra oferece. É o caso de Mariza Antunes que realiza as atividades do campo e de casa depois que o marido migrou para outro estado para trabalhar na lavoura de cana-de- açúcar. Ela cuida dos dois filhos, do trabalho no campo e ainda tem tempo para fazer as quitandas e vender na Feira Local de Araçuaí, aos sábados. “Não é fácil cuidar de tudo sozinha, mas eu consigo dar conta. Faço porque acredito e confio na nossa união”, comenta Mariza. A história da organização dessas mulheres começou em 2008, quando o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD) implantou, na cidade de Araçuaí, um projeto inovador que levou o nome de Araçuaí Sustentável, ou Arassussa. O objetivo era levar tecnologias sociais e agrícolas que proporcionassem à cidade e às comunidades de Araçuaí uma forma de vida mais sustentável, reforçando a autonomia das famílias e a possibilidade da permanência das pessoas em Araçuaí e nas comunidades. A barraca Arassussa A partir das rodas de conversa com os agricultores e agricultoras dos Núcleos onde o projeto atua, surgiu o desejo de vender a produção dos quintais, das quitandas e de tudo que elas fazem, na feira livre de Araçuaí, e assim o desejo não ficou só no papel, ele foi concretizado. Hoje, a barraca tem um lugar fixo, onde as mulheres das comunidades comercializam seus produtos. “Pra gente foi uma conquista, espero que a cada feira nossos produtos aumentem e se diversifique mais ainda”, diz Maria de Lurdes. OITO MULHERES e UM OBJETIVO: Sustentabilidade Comercialização na Feira livre de Araçuaí Hortaliças do Quintal de Maria de Lurdes Produção de Quitandas da Cida Exposição das Quitandas na Barraca

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Page 1: Oito Mulheres e um Objetivo: Sustentabilidade

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1291

Novembro/2013

Araçuaí

Levantar cedo e aproveitar o sol frio sempre fez parte da rotina de oito mulheres batalhadoras da comunidade de São João do Setúbal, Banco do Setúbal e Vargem João Alves, ambas do município de Araçuaí. A batalha começa antes mesmo do dia amanhecer. Elas cuidam da casa, dos seus quintais e dos pequenos animais de suas propriedades.A história dessas oito mulheres é coberta de luta, desafios, vitórias e conquistas. Maria de Fátima, Maria de Lurdes, Mariza Nunes, Adaltiva Borges, Andréia Nunes, Ilda Aparecida, Maria Aparecida Ribeiro e Armelina Ramalho contam como organizaram para garantir soberania alimentar e autonomia econômica para suas famílias.Muitas delas, além de fazer o trabalho da casa, ainda trabalham no campo, plantando e colhendo os frutos que a terra oferece. É o caso de Mariza Antunes que realiza as atividades do campo e de casa depois que o marido migrou para outro estado para trabalhar na lavoura de cana-de-açúcar. Ela cuida dos dois filhos, do trabalho no campo e ainda tem tempo para fazer as quitandas e vender na Feira Local de Araçuaí, aos sábados. “Não é fácil cuidar de tudo sozinha, mas eu consigo dar conta. Faço porque acredito e confio na nossa união”, comenta Mariza. A história da organização dessas mulheres começou em 2008, quando o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD) implantou, na cidade de Araçuaí, um projeto inovador que levou o nome de Araçuaí Sustentável, ou Arassussa.

O objetivo era levar tecnologias sociais e agrícolas que proporcionassem à cidade e às comunidades de Araçuaí uma forma de vida mais sustentável, reforçando a autonomia das famílias e a possibilidade da permanência das pessoas em Araçuaí e nas comunidades.

A barraca ArassussaA partir das rodas de conversa com os agricultores e agricultoras dos Núcleos onde o projeto atua, surgiu o desejo de vender a produção dos quintais, das quitandas e

de tudo que elas fazem, na feira livre de Araçuaí, e assim o desejo não ficou só no p a p e l , e l e f o i concretizado. Hoje, a barraca tem um lugar f i x o , o n d e a s m u l h e r e s d a s c o m u n i d a d e s comercializam seus produtos. “Pra gente foi uma conquista, espero que a cada feira nossos produtos aumentem e se diversifique mais ainda”, diz Maria de Lurdes.

OITO MULHERES e UM OBJETIVO: Sustentabilidade

Comercialização na Feira livre de Araçuaí

Hortaliças do Quintal de Maria de Lurdes

Produção de Quitandas da Cida

Exposição das Quitandas na Barraca

Page 2: Oito Mulheres e um Objetivo: Sustentabilidade

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais

Realização Patrocínio

Os quintais são ricos em diversidades de frutas,

hortaliças e verduras. O manejo agroecológico e

agroflorestal está presente em suas produções. Isso

faz reforçar a importância da preservação e do

enriquecimento dessa prática, para melhoria das

plantas.

Os canteiros são feitos em forma de mandalas, com

t e l h a s o u

garrafas pets

c h e i a s d e

água. Isso facilita o trabalho, economiza água, e

ainda tem a vantagem de não terem que refazer todo

ano, só necessita de manutenção com matéria

orgânica.

“Antes meus canteiros eram feitos de forma

convencional, na terra pura, e todo ano eu tinha o

trabalho de fazer tudo de novo, depois das técnicas

que aprendi com o projeto, só faço a manutenção

com a matéria que produzo no meu próprio quintal”, conta Maria de Fátima.

Além dos quintais garantirem para as mulheres

alimentos para a família e geração de renda, elas

também levam para feira bolos, roscas e biscoitos,

doces de mandacaru, galinha caipira, ovos e

artesanatos.

“Antes a gente

plantava só para o

consumo de casa.

Não tínhamos o

costume de vender

na feira. A barraca

n o s a j u d o u a

conquistar nosso espaço, reforçando a importância da

agricultura familiar”, destaca Ilda Aparecida.

A disseminação das vendas dos produtos na feira é uma

forma de propagar o fortalecimento da agricultura

familiar da nossa região. É, além de tudo, uma fonte de

sobrevivência para as famílias que vivem no meio rural,

agregando valores e princípios para a soberania

alimentar.

Diversidades

Mandalas de Hortaliças

Roscas de Mariza Nunes e Adaltiva Barbosa

Produção do quintal de Armelina Ramalho

Banner de divulgação da Barraca Arassussa