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1 OFICINA SOBRE ESTRATÉGIAS PARA A INCLUSÃO DA JUVENTUDE RURAL No âmbito do Encontro de Jovens Rurais do Semiárido, realizado pelo Governo do Estado da Paraíba, através do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase). 30 de janeiro de 2016 Campina Grande – Paraíba - Brasil O Sertão é rico Não há como duvidar. E com a permanência do jovem Ainda vai melhorar. Com força e luta Nós iremos ganhar. Conviver com o Semiárido É objetivo principal. Vamos criar formas De maneira natural. Para mudar o cenário Econômico e social. Sou um jovem do sertão Do Semiárido nordestino, Digo sempre e repito Este é o meu destino. Vivendo e aprendendo E cada vez construindo. Ta no peito o orgulho, No sorriso a alegria, Na emoção sinto Tamanha magia Um sertão rico Eu vejo todo dia. Teones Suzano Jovem rural do município de Uauá – Bahia* * O cordel foi elaborado pelo joven Teones Suzano, jovem rural do município de Uauá. Teones participa ativamente das atividades voltadas à juventude rural da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos Uauá e Curaçá – Coopercuc e desde o começo do 2016 foi envolvido nas atividade do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Semiárida Baiana (Pró-Semiárido), fruto da parceria entre o Governo do Estado da Bahia e o Fundo Internacional do Desenvolvimento Agrícola (FIDA). Atualmente Teones desenvolve, em parceria com a Coopercuc e o Pró-Semiárido, a função de Agente Comunitárioa Rural (ACR).

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OFICINA SOBRE ESTRATÉGIAS PARA A INCLUSÃO DA

JUVENTUDE RURALNo âmbito do Encontro de Jovens Rurais do Semiárido, realizado pelo Governo do Estado da Paraíba, através do Projeto de

Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase).

30 de janeiro de 2016 Campina Grande – Paraíba - Brasil

O Sertão é ricoNão há como duvidar.

E com a permanência do jovemAinda vai melhorar.

Com força e lutaNós iremos ganhar.

Conviver com o SemiáridoÉ objetivo principal.Vamos criar formasDe maneira natural.

Para mudar o cenárioEconômico e social.

Sou um jovem do sertãoDo Semiárido nordestino,

Digo sempre e repitoEste é o meu destino.Vivendo e aprendendo

E cada vez construindo.

Ta no peito o orgulho,No sorriso a alegria,

Na emoção sintoTamanha magiaUm sertão rico

Eu vejo todo dia.

Teones SuzanoJovem rural do município de Uauá – Bahia*

* O cordel foi elaborado pelo joven Teones Suzano, jovem rural do município de Uauá. Teones participa ativamente das atividades voltadas à juventude rural da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos Uauá e Curaçá – Coopercuc e desde o começo do 2016 foi envolvido nas atividade do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Semiárida Baiana (Pró-Semiárido), fruto da parceria entre o Governo do Estado da Bahia e o Fundo Internacional do Desenvolvimento Agrícola (FIDA). Atualmente Teones desenvolve, em parceria com a Coopercuc e o Pró-Semiárido, a função de Agente Comunitárioa Rural (ACR).

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SUMÁRIO

1. Apresentação 3

2. Sobre o encontro de jovens rurais do semiárido 4

3. Participantes 5

4. Contextualização 7

5. Experiências, ganhos e desafios da inclusão da juventude rural 8

6. Árvore da vida: construção de elementos fundamentais para a estratégia de inclusão da juventude rural 11

7. Avaliação 12

8. Considerações 12

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1. APRESENTAÇÃOA juventude rural sempre foi pauta e preocupação nas ações e atuação da Procasur. Com suas potencialidades empreendedoras, acreditamos na força e na capacidade de transformação dos jovens rurais em prol do desenvolvimento e da dignidade dos povos que habitam o campo. Reforçando essa nossa compreensão, implantamos o Programa Regional Juventude Rural com o apoio do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) em diversos países da América Latina, inclusive ampliamos algumas ações para o Semiárido do Nordeste brasileiro. Desde 2010, a Procasur tem trabalho acumulado com a juventude rural desde o ano de 2010.

O Programa Regional Juventude Rural Empreendedora, projeto co-financiado pelo FIDA ALC (2012-2015), tem o objetivo de contribuir diretamente para a gestão e o desenvolvimento do conhecimento da situação de jovens rurais e seus processos, estratégias de vida e subsistência. E ainda promover assim o desenvolvimento de inovações eficazes para esse significativo segmento da população rural, que é a juventude.

O Programa Regional visa também melhorar as capacidades das operações financiadas pelo FIDA, assim como de outras instituições, para aumentar o acesso dos jovens rurais a iniciativas de desenvolvimento rural que sejam relevantes para as estratégias de vida das juventudes. E, assim, promover espaços de debates e apontar estratégias de inclusão e oportunidades para os/as joves no campo.

Nesse sentido, reforçando essa nossa preocupação e criando espaços estratégicos de debates no âmbito da juventude rural, realizamos a Oficina sobre Estratégias para a Inclusão da Juventude Rural no âmbito do Encontro de Jovens Rurais do Semiárido, promovido pelo Governo do Estado da Paraíba, através do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase), na cidade de Campina Grande, na Paraíba (Semiárido do Nordeste).

A proposta da Oficina foi compartilhar experiência relevantes de inclusão da juventude rural implementadas pelos Projetos FIDA no Brasil, bem como por outras organizações e entidades da região

que atuam no setor e estimular a reflexão e o dialogo sobre estratégias e políticas públicas de inclusão da juventude rural. A atividade teve o intuído também de contribuir com reflexões e apontar caminhos de superar os desafios para a inclusão e a sucessão dos jovens no campo, em especial no meio rural do Semiárido brasileiro.

O Oficina possibilitou ainda uma análise conjunta de enfoques, ferramentas e experiências relevantes de inclusão econômica e social da juventude rural em temas específicos - a exemplo de: inovação, empreendedorismo, financiamento, gestão do conhecimento, ampliação e fortalecimento das capacidades – identificando estratégias, mecanismos, boas práticas e recomendações que possam ser aplicadas no contexto de atuação dos Projetos apoiados pelo Fida no Brasil. A atividade ainda teve como foco identificar mecanismos e propostas de espaços para a inclusão das ações com foco na Juventude rural no âmbito dos projetos apoiados pelo Fida.

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2. SOBRE O ENCONTRO DE JOVENS RURAIS DO SEMIÁRIDO

“Compartilhando e Construindo novos Saberes sobre a Convivência com o Semiárido”. Este foi o tema do Encontro de Jovens Rurais do Semiárido realizado entre os dias 28 a 31 de janeiro de 2016, na sede do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), em Campina Grande, na Paraíba - Brasil. O evento teve como objetivo fortalecer as pautas das juventudes das regiões do Semiárido brasileiro a partir dos espaços de participação e no processo de construção das políticas de desenvolvimento territorial. Outro objetivo importante foi contribuir com subsídios e diretrizes para o Plano Nacional de Juventude e o Plano de Sucessão Rural.

A iniciativa foi realizada pelo Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú - Procase, da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento do Semiárido (SEAFDS), em parceria com o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA), Programa Semear (IICA/FIDA/AECID), Corporação Procasur, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Secretaria Nacional de Juventudes (SNJ), Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF), Secretaria Estadual de Juventudes, Esporte e Lazer (SEJEL), Movimento Sem Terra (MST), Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) e as Juventudes das Comunidades Quilombolas e Ciganas do Estado da Paraíba.

O Encontro foi um momento significativo para esses jovens, pelas pautas e temas refletidos, e pelo fortalecimento da articulação das juventudes, uma vez que reuniu mais de 300 jovens oriundos de todos os estados do semiárido brasileiro para discutir formas de convivência com a região. O momento também promoveu intercâmbios, oportunizando espaços de troca de experiências das vivências coletivas de aprendizagem, com o propósito de fortalecer a participação dos movimentos juvenis do campo nas políticas públicas de juventude, voltadas para a região, numa perspectiva do desenvolvimento territorial.

O evento fomentou debates e buscou reunir as diversas expressões juvenis camponesas, fortalecendo suas pautas como juventude do campo nos espaços de participação e de construção das políticas de desenvolvimento territorial. Promoveu o devido reconhecimento dessas juventudes em suas decisões, no zelo de seus interesses, apoiando-as nos processos de protagonismo das suas vidas, de transformação social, de luta por uma sociedade mais democrática, justa e solidária, e nas rupturas dos processos de exclusão social.

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3. PARTICIPANTESA Oficina foi dirigida a i) equipes técnicas dos Projetos; ii) jovens lideranças que foram envolvidas em iniciativas/projetos/programas com foco na juventude rural promovidos no âmbito dos projetos Fida; ii) jovens lideranças representantes de organizações e entidades da região que tem experiência acumulada no âmbito da inclusão da Juventude Rural. No entanto, a atividade teve uma demanda maior do que havíamos programado e participaram também representantes de outras organizações e entidades estratégicas.

Participaram da Oficina 43 pessoas - em sua maioria jovens, de delegações dos projetos FIDA : Procase (Paraíba), Projeto Dom Távora (Sergipe), Projeto Paulo Freire (Ceará), Pró-Semiárido (Bahia) e Projeto Dom Helder Camara (Pernambuco e Rio Grande do Norte) e também de outros estados estratégicos para o FIDA, como Minas Gerais e Maranhão, além de representações de organizações parceiras nos territórios de atuação dos Projetos. A Procasur apoiou a participação da delegação de jovens e técnicos dos Projetos apoiados pelo Fida no Brasil, no intuito de compartilhar as suas experiências no âmbito do Encontro.

Logo no início da Oficina, foi realizada a apresentação dos/as participantes. Cada um/uma falou o nome, o município e o estado de onde vinha, conforme a seguir:

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Nome Município EstadoRenata Nunes Pitimbu ParaíbaNaiara oliveira Montes Claros Minas GeraisMarlene Pereira Capitão Enés Minas GeraisGildo Oliveira Pocinhos ParaíbaVenileide Loiola Tauá CearáIago Barbosa Salitre CearáLuana Teixeira Zabelê CearáAna Beatriz Teles Taperoá ParaíbaLucas Weslley Silva São João do Tigre ParaíbaSabrina Tutu São João do Tigre ParaíbaJosé Samuel Silva São João do Tigre ParaíbaGabrielle da Silva São João do Tigre ParaíbaRenaly Maria Ferreira Monteiro ParaíbaÍtalo Gabriel Barbosa São João do Tigre ParaíbaFrancisco Mauricelio Trairi CearáNeila Maria dos Santos Sobral CearáJosé Lourenço de Sousa Araripe PernambucoAntonia Valdirene Coutinho Frecheirinha CearáAna Fabrícia Lira Quinterianópolis CearáLusirene Coutinho Frecheirinha CearáFrancisco Gilvan de Assis Ipueiras CearáAdão Bezerra Crateús CearáSantino Barbosa de Sousa Antonina CearáGilson da Hora França banzaê BahiaTeores Almeida Uauá BahiaHelio de Oliveira Coité BahiaEduardo Ribeiro Lima Simão Dias SergipeDenis Abreu São João Batista ParaíbaValdo Silva Simão Dias SergipeElanea Mendes Silva Salgado ParaíbaEdivania Silva Pereira Itabaiana ParaíbaEdilene Maria da Silva Itabaiana ParaíbaMaria Valdenice Silva Ingá ParaíbaFrancilene Santos Uauá BahiaFabiana da Silva Salitre CearáJeferson de Sousa Exu PernambucoAlex Silva Santo Antônio Rio Grande do NorteRita de Cássia Silva Natal Rio Grande do NorteRobson Bezerra Nísia Floresta Rio Grande do NorteAna Paula Nascimento Várzea ParaíbaAntonio Francisco Azevedo Caraúbas Rio Grande do NorteFrancisco Ciro Nunes Caraúbas Rio Grande do NorteWagner Silva Espírito Santo Rio Grande do NorteGabriel Araújo São Mamede ParaíbaRenan Cabral Silva Boqueirão Paraíba

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4. CONTEXTUALIZAÇÃOA juventude rural brasileira representa, hoje, 8 milhões com idade entre 15 e 29 anos. Destes, quase três milhões estão no Semiárido do Nordeste (IBGE, 2014). Os altos índices de migração nessa faixa etária entre os jovens rurais estão na região do Semiárido. Faz-se necessário refletir esses dados e oportunizar espaços de debates sobre essa realidade, os desafios e caminhos para que esses jovens camponeses permaneçam no campo com dignigdade, oportunidades e geração renda.

É um desafio constante que muitos jovens rurais enfrentam em permanecer ou sair do campo. Muitas vezes não é uma escolha, é traçar um destino e mudar a rota em busca da mais rápida ou desafiante oportunidade, seja de estudo, melhorias de vida, seja por emprego. O grande desejo de ter uma vida melhor e estável incentiva muitos a deixarem suas origens. No entanto, a migração geralmente tem sido uma alternativa frustrada para a sobrevivência de jovens que saem de suas comunidades, de seus territórios.

Os jovens precisam vislumbrar o rural não mais apenas como um espaço do agropecuário e da produção agrícola. Mas, enxergar e viver o campo como um universo de oportunidades, de serviços, de lazer, de culturas, de qualidade de vida e geração de renda. Nesse contexto, o meio rural transforma-se em um espaço cada vez mais heterogêneo e diversificado, a juventude é afetada de maneira mais dramática por essa dinâmica de diluição das fronteiras entre os espaços rurais e urbanos, associada com a falta de perspectivas.

É importante ressaltar que a própria agricultura familiar pode ser também uma nicho de oportunidades e geração de renda. Abarca diversas frentes para a juventude desde a produção, passando pela comercialização até na área de assessoria técnica. A agricultura familiar não está fadada, ao contrário está cheio de oportunidades e potencialidades para a juventude “explorar” e fazer a diferença, ser protagonista da sua própria transformação.

O êxodo rural da juventude deve ser uma preocupação de toda a agricultura familiar, das organizações representativas e dos projetos que atuam nos territórios do Semiárido. Para o modelo da agricultura familiar que se apresenta, mais sustentável e participativo envolvendo toda a família, a juventude é evidenciada e chamada a ter um papel importante e protagonista nas dinâmicas dessa agricultura.

A garantia de condições para a permanência da juventude no campo é um desafio no Brasil, principalmente para o Semiárido. Questões como o direito à terra e à assessoria técnica, o acesso ao crédito e à comercialização dos produtos agrícolas e não agrícolas do campo estão presentes no dia a dia da juventude que vive nos territórios rurais. A garantia da renda é fundamental, mas a decisão de ficar ou sair do campo vai muito além. Fatores como a inclusão digital e o acesso à educação do campo, à cultura, ao esporte, saúde, isto é, as condições de cidadania e qualidade de vida no campo também afetam a decisão de permanecer no campo.

Nesse sentido, abordar os desafios e caminhos da inclusão da juventude rural no Semiárido brasileiro é compreender seu lugar de pertencimento como um espaço de vida e de possibilidades; vislumbrar e potencializar o meio rural como um território de disputa e resistência, mas acima de tudo um lugar cheio de vida, dignidade, oportunidades e sonhos para os jovens camponeses.

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5. EXPERIÊNCIAS, GANHOS E DESAFIOS DA INCLUSÃO DA JUVENTUDE RURALCom o intuito de aprofundar os conhecimentos e compartilhar as experiências/trajetórias das organizações/grupos participantes, bem como as ações e boas práticas de inclusão da juventude rural nos territórios e na atuação dos Projetos FIDA, no primeiro momento, foram realizados trabalhos em grupo.

Distribuídos em grupos por estados/Projetos, os/as participantes apresentaram suas experiências inseridas no contexto dos seus territórios. Em seguida, cada grupo apresentou os resultados das reflexões e das discussões coletivas, conforme a seguir:

GRUPO 1: MARANHÃO

O grupo formado por representantes Maranhão apresentaram como experiências voltadas para inclusão e participação da juventude a i) aprovação da lei que cria o Conselho Municipal da Juventude nos municípios do estado e a criação do Fórum de Políticas Públicas de Juventude da Baixada; ii) incentivo à participação dos jovens nos conselhos municipais, principalmente no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável; iv) surgimento de espaços de entrenimento e lazer para a juventude, como Capoeira na Comunidade, Projeto Ocupando a Praça e implantação da Casa da Cultura.

GRUPO 2: CEARÁ

A delegação do Ceará apontou como desafios para a inclusão digital a i) formação/educação contextualizada continuada na comunidade; ii) fomento de estratégias de promoção da sucessão rural; e iii) valorização e resgate da cultura local.

O grupo também pontuou algumas conquistas no território, como a i)Arca das Letras; ii) Escola Família Agrícola; iii) Casa Digital; iv) Pronatec Campo; v) Escola Camponesa; e implantação de algumas tecnologias sociais e ampliação da produção agrícola com o cultivo de diversas culturas consorciadas.

GRUPO 3: SERGIPE

A delegação de Sergipe colocou como um dos desafios para os/as jovens rurais é a formação continuada e contextualizada na própria comunidade. O grupo também apresentou como ações desenvolvidas no território envolvendo a juventude local o resgate das sementes crioulas, desde o plantio até distribuição e comercialização.

Outras iniciativas destacadas são o banco de proteína, consórcio milho e feijão, silagem e palma adensada em parceria com a Embrapa. Na parte de formação, apontaram como conquista no território o Pronatec Campo, Projovem/Saberes da Terra e capacitações voltadas aos grupos de jovens.

O grupo ainda ressaltou as ações desenvolvidas em parceria com o Projeto Dom Távora, como a criação de aves, implantação de banco de sementes; implementações de ovinocultura, horticultura orgânica e minhocários, além da produção de compostagem.

GRUPO 4: BAHIA - COOPERCUC/PRÓ-

SEMIÁRIDO

Esse primeiro grupo da Bahia apresentou como iniciativas exitosas em seu território envolvimento da juventude em processos de formação, como Estágio para jovens, em parceria com a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) e a Procasur, capacitações de jovens multiplicadores e realização de intercâmbios. Destacaram também algumas estratégicas de convivência com como estoque de matéria prima para beneficiamento e para ração animal e construção de barragem subterrânea.

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GRUPO 5: BAHIA

O segundo grupo da Bahia destacou como boas práticas a i) formação envolvendo grupos de jovens; ii) implantação de hortas comunitárias; iii) atividades envolvendo pesca, artesanato, cultura e lazer; iv) realização do Festival de Cultura; v) realização de intercâmbios; e vi) publicação do livro “Resgatando Nossa História”.

GRUPO 6: PERNAMBUCO

O grupo ressaltou envolvimento da juventude na associação. Ainda destacou a prática da Meliponicultura consorciada com outras culturas da agricultura familiar, promovendo o manejo da Caatinga e a diversidade na produção.

Apontaram como desafios para a juventude local o acesso aos serviços de telecomunicação, como uso de redes de celulares e internet. Entre os parceiros, estão Projeto Dom Helder Camara e as organizações Caatinga e Chapada.

GRUPO 7: RIO GRANDE DO NORTE

A delegação do Rio Grande do Norte apresentou as boas práticas envolvendo a juventude como estratégia de inclusão sobre três aspectos: 1) Turismo local; 2) Produção inclusiva; e 3) Inclusão Digital.

Foi destacada a capacitação de jovens para transformá-los em um orientador turístico rural para o aproveitamento da propriedade familiar como local de visitação turística, apresentando e valorizando o modo de vida da agricultura familiar. Como se produz e como se vende. Essa iniciativa é desenvolvida no território de Nísia Floresta - RN.

Na perspectiva do aspecto da Produção Inclusiva, apontou-se a produção e beneficiamento do mel de abelha, realizado por jovens de comunidade rural, como alternativa de convivência no semiárido, no território de Caraúbas - RN.

No aspecto Inclusão Digital, o grupo colocou como experiências exitosas o Programa Jovem Saber/Contag e iniciativa do STTR de Nísia Floresta em implantar um ponto de internet aberta para as comunidades rurais, oferecendo também curso de informática.

GRUPO 8: MINAS GERAIS

O grupo de Minas Gerais colocou como boas práticas desenvolvidas em seus territórios os festivais de juventude e a participação dos jovens no Grita da Terra, nas machas e em reuniões de base. Ainda enfatizaram a participação da juventude em espaços políticos, como cooperativas, sindicatos, associações, territórios, universidades, fóruns, conselhos, partidos políticos e conferências.

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A maioria dos Projetos apoiados pelo FIDA encontram-se em fase de implementação das atividades em campo e/ou nas primeiras etapas de execução, portanto – com a exclusão do Projeto Dom Helder Cámara (PDHC/MDA/FIDA) e do Projeto Gente Valor (parceria entre o Governo do Estado da Bahia e o FIDA, que já concluiu) – atualmente não tem uma experiência acumulada sobre ações de inclusão da juventude rural.

Durante a Oficina, aproveitando da presença de técnicos das UGPs dos Projeto e de jovens lideranças, debateu-se sobre a transversalização da temática da juventude rural nos projetos de desenvolvimento rural, bem como sobre avanços e desafios com relação às metas para os jovens nos marcos lógicos dos projetos.

Através de trabalhos em grupo (e apresentação em plenária dos resultados) foram identificadas lições aprendidas e recomendações metodológicas para o desenho e a implementação de iniciativas de desenvolvimento rural, a partir da experiências existentes nos territórios de abrangência dos Projetos.

Neste sentido, foram apresentadas algumas boas práticas, implementadas pelos Projetos, ao exemplo da experiências da juventude rural protagonista da implementação do Bioágua, apoiada pelo Projeto Dom Helder, apresentada a seguir:

“A cultura de convivência com o Semiárido é um aprendizado gradativo e coletivo que, dentre outros, implica em avanços nos campos da educação contextualizada, do crescimento de valores de pertençam à região, e da ampliação do conhecimento de formas de cultivos e criações apropriadas à semiaridez e que conservam os recursos naturais”. É o que afirma o coordenador do Projeto Dom Helder Câmara, Espedito Rufino, na introdução do Manual do Bioágua Familiar. Entre os desafios rumo à cultura da convivência, o uso sustentável da água desponta cada vez mais um limitante para a população da região.

A iniciativa é vista com bons olhos para os/as jovens do campo. No território do Apodi, no Rio Grande do Norte, jovens rurais têm contribuído com a experimentação e execução do Sistema Bioágua Familiar de Reuso da Água Cinza . Eles ajudam nos processos de mobilização

e formação junto às famílias agricultoras, que irão ser beneficiadas com a tecnologia social. A atividade é uma excelente oportunidade de aprendizagem e geração de renda para a juventude da região, uma vez que as famílias selecionadas recebem sistema pronto e capaitações para mantê-lo funcionando.

O Sistema Bioágua Familiar surge como uma alternativa para a produção de alimentos com a redução da contaminação ambiental nos quintais das famílias agricultoras da região semiárida brasileira. O projeto de consolidação do uso do sistema está sendo implementado no Território do Sertão do Apodi (RN), no qual se pretende formar mil agricultores/as sobre implantação, manejo e manutenção do sistema bioágua familiar. O projeto também vai capacitar 120 alunos de escolas rurais ligadas a essas comunidades sobre o tema da educação ambiental.

O Sistema Bioágua também pretende prestar assessoria técnica às famílias para a implantação de 200 sistemas bioágua familiar; gerar informações sobre o funcionamento no que concerne: a oferta de água cinza, produção de alimentos, manejo do filtro e manejo do quintal produtivo; disseminar o conhecimento acumulado no Projeto entre agricultores, gestores públicos, técnicos, professores e demais atores sociais envolvidos com a agricultura familiar na região semiárida.

A metodologia utilizada privilegia a aprendizagem, a partir do “ciclo natural” do Sistema Bioágua, onde os participantes “aprendem a fazer, fazendo” e todos pode contribuir na implantação, no manejo e na manutenção. É aí onde a juventude têm papel fundamental. Instrumentados pela vontade de fazer diferente, inovar, eles são os maiores disseminadores da sustentabilidade provocando crianças e agricultores a pensar sobre a importância de preservar o meio ambiente e de usar a água de maneira adequada. Eles são treinados e estimulados no que concerne à realização de experimentação participativa aliada a um amplo trabalho protagonista na implementação do Bioágua, educação ambiental nas escolas das comunidades e nos assentamentos onde o projeto está tomando forma.

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Como estão envolvidos desde o início até o final do projeto, os jovens têm o sentimento de pertencimento, acreditam no que fazem e sabem que é possível transformar a vida dos produtores rurais que ainda vivem à mercê da cultura do combate à seca. E assim, o Bioágua vem mais do que nunca reafirmar o paradigma da convivência com o Semiárido, que possível praticar a cultura do estoque da água para viver com dignidade e qualidade de vida na região.

Reiterou-se a importância da focalização das ações e de promover estratégias de inclusão efetiva dos jovens, inclusão económica e social. Os participantes debateram sobre a urgência de oportunizar espaços e prever ações específicas para esse setor importante da população rural do Semiárido e de como os Projetos apoiados pelo Fida, bem como as experiências das organizações e instituições do Semiárido comprometidas com o protagonismo juvenil, podem influenciar as políticas publicadas voltadas à juventude rural.

Os jovens participantes da Bahia apresentaram a experiência dos estágios, promovidos pela da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos Uauá e Curaçá – Coopercuc em parceria com a Procasur, como estratégia eficaz e efetiva de inclusão. Esses mesmos jovens, que tiveram a oportunidade de vivenciar a experiência do cooperativismo e de aprender do saber-fazer dos cooperados e cooperadas da Coopercuc, estão sendo envolvidos nas atividades do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Semiárida Baiana (Pró-Semiárido) - fruto da parceria entre o Governo do Estado da Bahia e o Fundo Internacional do Desenvolvimento Agrícola (FIDA) - desenvolvendo a função de Agente Comunitário Rural (ACR).

6. ÁRVORE DA VIDA: CONSTRUÇÃO DE ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA A ESTRATÉGIA DE INCLUSÃO DA JUVENTUDE RURAL Foi construída uma “árvore (da inclusão da juventude rural)” numa cartolina. A ideia foi que a árvore simbolizasse o caminho para a inclusão da juventude rural, construída pelos jovens participantes que iam identificado elementos fundamentais para as estratégias de inclusão e sucessão da juventude no meio rural, a partir das experiências apresentadas e das questões abordadas durante a Oficina. Esses elementos foram escritos em tarjetas, que aos poucos, eram sendo colocados como folhas na “copa” da árvore.

• Organização e mobilização;• Atividades culturais e lazer;• Turismo rural;• Participação;• Acesso aos meios de comunicação;• Armazenamento de água;• Incentivo à produção;• Diversidade;• Educação contextualizada; • Identidade e valorização dos saberes locais;• Inclusão digital; • Técnicas/estratégias de convivência com o

Semiárido;• Assessoria técnica adequada e continuada;• Apoio financeiro;• Autonomia;• Permanência e pertença; • Formação;• Continuidade nos projetos;• Protagonismo.

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7. AVALIAÇÃOAo final da Oficina, foi realizada uma avaliação sobre a metodologia e os conteúdos abordados durante a atividade. Cada participante falava em breves palavras o que tinha achado da iniciativa. Abaixo, alguns relatos dos/as participantes:

“Gostei muito dos debates e dos trabalhos em grupo”.“Esperamos levar esses debates para nossas comunidades e organizações”.“Foi muito proveitosa. Cheia de aprendizados”.“Precisámos de mais tempo para abordar um tema importante”.“Esse debate é importante, tem que ter mais”.“Volto cheia de entusiasmo e conhecimentos”.“Foi muito bom. Precisamos ter mais momentos como esses”.“Gostei bastante. Quero participar de mais oficinas como essas”.“Vou ampliar a discussão na minha comunidade.”“A juventude rural dever ser encarada com seriedade. Temos que debater sempre suas questões”.

8. CONSIDERAÇÕESA possibilidade de permanência da juventude rural passa necessariamente pela construção de estratégias de inclusão desse segmento em questão, a juventude rural. A juventude rural do Semiárido não quer só plantar e colher. Os/as jovens querem ter acesso à internet, quer espaços de lazer, quer mais educação no campo, quer mais oportunidades de emprego e renda no meio rural.

Tanto as tecnologias sociais, como as tecnologias digitais/eletrônicas, voltadas à produção e para o dia a dia dos/as jovens, podem surgir como elementos estratégicos de contribuir com a inclusão da juventude rural. Há também outras formas de promover a presença dos jovens no contexto rural, fazer com que eles tenham um sentimento de pertencimento e autonomia para eleger os projetos de vida que desejam desenvolver. Muitos grupos da juventude rural têm projetos, formam redes e associações, e até importantes cooperativas no Semiárido, desenvolvem experiências e tecnologias sociais inovadoras.

As políticas públicas de juventude devem ser compreendidas como prioridade por todas as gerações e devem, necessariamente, contemplar o estímulo à participação das juventudes em todas as esferas de decisão. Nesses marcos, sublinhamos a importância do fortalecimento das políticas de educação que sejam contextualizadas, que respeitem e valorizem a identidade, os saberes locais, a diversidade cultural, racial, étnica e de gênero. Uma educação que contemple toda a diversidade que há no Semiárido brasileiro.

A reforma agrária, garantindo autonomia no acesso à terra para a juventude rural, bem como à agua de qualidade, o combate à violência no campo, o fortalecimento da agricultura familiar, da economia solidária, a defesa da soberania e segurança alimentar e da organização associativa são ações indispensáveis para alcançar um modelo de desenvolvimento sustentável pautado na agroecologia, sem sombra de dúvida são elementos estratégicos também para superar os desafios da sucessão rural e, de fato, serem importantes para que os jovens fiquem e permaneçam em suas terras, em suas comunidades.

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É preciso uma ação estratégica dos diferentes setores que atuam no meio rural com vistas a inserir os jovens em suas dinâmicas produtivas. Incluir o jovem rural nas associações, cooperativas, movimentos sociais, sindicatos, é um caminho onde todos saem ganhando. Os jovens aprendem novos trabalhos, desenvolvem suas capacidades e trazem novas ideias. Com base nas experiências apresentadas, o cooperativismo, associativismo e formação de grupos/redes se destacam como ferramenta efetiva de inclusão dos jovens rurais no Semiárido.

Ficar no campo deve ser uma escolha do jovem e não uma fatalidade. É preciso compreender que ser agricultor não é limitante nem independe da educação. O nível educacional é importante para o agricultor ou para o exercício de outras profissões no campo. O rural não pode ser visto apenas como o lugar da agricultura, mas também de outras profissões. Ao limitar o acesso dos jovens à informação, educação, lazer e cultura, são reduzidas também suas possibilidades de desenvolvimento. Só assim poderíamos ter caminhos para que os jovens rurais se sintam inclusos, protagonistas e, de fato, queiram permanecer no campo com qualidade de vida e oportunidades.