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Oficina de Vegetação
FLG 356 – BIOGEOGRAFIA
Profa Dra Sueli Ângelo Furlan
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Oficina de Vegetação – Treinamento de Campo 2
Nome:
Data: Período:
Objetivos
A finalidade deste treinamento de campo é introduzir algumas técnicas utilizadas no estudo da espacialização da vegetação. A partir deste treinamento os
alunos deverão discutir em grupo quais procedimentos utilizarão para obter informações sobre a biota que estudarão em suas áreas de estudo e incluir este
procedimentos no trabalho de campo específico.
A aplicação de diferentes procedimentos de coleta de informações sobre o meio fornece-nos um conhecimento básico sobre o ecossistema, comunidade ou
espécies individuais. Esse conhecimento prévio possibilita muitas vezes a extrapolação da informação ou comparação entre diferentes tipos de
ecossistemas.
Atividades:
1. A técnica do desenho do perfil da vegetação.
2. Principais métodos para levantamentos florísticos e fitossociológicos – Parcelas Fixas e
3. Quadrante Centrado.
4. Decifrando a planta .
1. A técnica do desenho de perfil da vegetação. Estudo da estratificação e fisionomia
A estratificação pode ser estudada pelo método de representação gráfica em Diagrama de Perfil. Escolha um trecho do perfil montado no transecto com
barbante, anote o número de sua amostra e desenhe o perfil artisticamente em escala horizontal. Sugestão de escala:
Horizontal: 1 m = 10 cm.
Vertical: 10 m = 5 cm.
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Se for necessário ajuste a escala para valores que melhor representem a realidade. Todas as plantas presentes na faixa devem ser marcadas e mapeadas
cuidadosamente, segundo a escala, devendo ser considerada a altura do dossel, o limite inferior da copa e sua extensão. A altura das árvores pode ser
estimada por meio de métodos indiretos, tais como triangulação e comparação com objetos de tamanho conhecido.
O Diagrama de Perfil é utilizado no estudo da estratificação, para ilustrar as relações entre a topografia e a distribuição horizontal das espécies ou vegetação
de baixo porte. Esse perfil pode ser elaborado com base em carta topográfica e em fotografia aérea, aliados à observação de campo.
Exemplo de perfil sem topografia Emperaire, 2000.
Exemplo de perfil com topografia Diniz , 1997.
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PERFIL
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2. Principais métodos para levantamentos florísticos e fitossociológicos: Parcelas e Quadrantes
Os métodos quantitativos de levantamento fitossociológico podem ser divididos em duas categorias:
Método com área fixa com uma ou múltiplas parcelas1.
Método com área variável, baseados em medidas de distância. Por exemplo, o método de quadrantes.
Método das Parcelas Fixas
As parcelas podem ter áreas variáveis conforme a formação vegetal estudada. Para sistemas florestais costuma-se utilizar como área mínima amostral
100m² = 10 m x 10 m.
Delimite uma área de 10m X 10m, formando um quadrado. Utilize estacas e barbante ou as próprias árvores. Observe as folhas das árvores, seu tronco,
descreva tudo o que vê. Classifique-as e anote o número de vezes que uma mesma planta ocorreu na sua parcela.
Para estudos de Frequência, Dominância e Índice de Importância trabalhe apenas com elementos de porte arbóreo.
É necessário, portanto, que se determine o diâmetro mínimo que será considerado (DAP – Diâmetro à Altura do Peito). Anote os seguintes dados:
1 Parcela: uma pequena área tomada no estande e que deve apresentar em seu interior as características que se deseja investigar.
Estande: qualquer porção de vegetação que seja essencialmente homogênea em todos os estratos e que seja diferente dos tipos contíguos de vegetação por caracteres
tanto quantitativos quanto qualitativos.
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Tabela para anotação da distribuição da vegetação
Parcela n° N° de ocorrências PAP cm PAP m DAP Raio Área basal (m²)
Espécies
exemplo 10 20 cm 8 cm 4 0,051 m2
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9-.
Tabela para anotação dos dados quantitativos de distribuição da vegetação
Espécies npi ni Abi (m²) FR% DR% DoR% IVI
1.
2.
3.
4.
5.
6.
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7.
8.
9.
10.
Total
npi: Número de parcelas onde ocorreu a espécie “i”
ni : Número de indivíduos de cada espécie
Abi: Área basal da espécie “i” – soma da área basal de todas as árvores
da espécie “i”
ABT: Área basal total: soma da área basal de todas as árvores amostradas
FR: Frequência relativa= npi/npi total)
DR:Densidade relativa= (ni/ni total).100
DoR: Dominância relativa= (Abi/Ab total).100
IVI: Índice do valor de importância (FR+DR+DoR)
DAP: PAP/ π
Raio: Perímetro/2.π
Área basal: π . (Raio²)
π = 3,1416
Método dos Quadrantes
Deve-se escolher a área que se deseja investigar e nesta distribuir, de forma sistemática ou aleatória, certo número de postos de amostragem que
permitam uma suficiente coleta de dados para caracterização da vegetação da área. Como o objetivo deste treinamento é didático recomenda-se um
transecto de 20 m com 2 pontos de amostragem equidistantes.
Em cada ponto de amostragem estabelecem-se de modo aleatório os quatro quadrantes por meio de uma cruzeta de madeira com o centro furado e
encaixado em um suporte.
Mede-se a distância do ponto até a árvore (centro da árvore, portanto, soma-se o raio da mesma) mais próxima em cada quadrante, mede-se com uma
trena o perímetro e identifica-se a espécie.
Deve-se considerar as árvores mortas e excluir os pontos de amostragem localizados em áreas que não representam a vegetação que se pretende
caracterizar, como por exemplo, os pontos de amostragem que caem em clareiras no interior da mata.
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O limite inferior de diâmetro deve ser escolhido com base no estrato mais baixo que se deseja incluir na amostragem, estimando o
diâmetro médio das árvores desse estrato. (DAP - Diâmetro à Altura do Peito: 1,30m).
Os dados coletados pelo método dos quadrantes e das parcelas fixas serão utilizados para o cálculo dos valores relativos de Densidade, Frequência e
Dominância e depois o Valor de Importância.
Tabela para organização dos dados:
N° do ponto
Coordenadas
Espécies Distância + Raio Perímetro Observações
1- a.
b.
c.
d.
2 - a.
b.
c.
d.
Tabela para anotação dos dados quantitativos de distribuição da vegetação
Espécies nqi ni Abi (m²) FR% DR% DoR% IVI
1.
2.
3.
4.
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5.
6.
7.
8.
Total
npi: Número de pontos onde ocorreu a espécie “i”
ni : Número de indivíduos de cada espécie
Abi: Área basal da espécie “i” – soma da área basal de todas as árvores
da espécie “i”
ABT: Área basal total: soma da área basal de todas as árvores amostradas
FR: Frequência relativa= npi/npi total)
DR: Densidade relativa= (ni/ni total).100
DoR: Dominância relativa= (Abi/Ab total).100
IVI: Índice do valor de importância (FR+DR+DoR)
DAP: PAP/ π
Raio: Perímetro/2.π
Área basal: π . (Raio²) π = 3,1416
2. Decifrando a planta
Atividade exploratória de observação de características distintivas entre as plantas e noções básicas de sucessão natural.
Atividade 1: Plantas e suas características
a. Principais diferenças entre angiospermas e gimnospermas;
b. Principais diferenças entre monocotiledônias e dicotiledôneas;
c. Caracterização das diferenças entre ramo, raiz, folha, flor e frutos;
d. Diferenças entre folhas simples, compostas (pinadas) e recompostas (bipinadas);
e. Diferenças entre frutos secos, carnosos, deiscentes e indeiscentes;
f. Diferenças entre plantas epífitas e parasitas (hemi e total).
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Tarefa:
Tarefa: Pesquisar sobre as características de uma espécie presente na Mata Atlântica. Fazer uma radiografia de suas características, incluindo a que
momento da sucessão ela pertence, com apoio de bibliografia (pesquisa com bibliografia).
PESQUISA: _____________________________________________________________________________________
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Atividade 2: Sucessão Ecológica
A sucessão Ecológica é um dos importantes mecanismos de regeneração florestal, influindo na regulação, reprodução e renovação das florestas tropicais.
Ela ocorre a partir de perturbações causadas por origem antrópica ou natural. Inicia-se, principalmente, pela abertura de clareiras a partir da colonização de
espécies pioneiras que permitem o desenvolvimento de espécies tardias ou secundárias, assim sucessivamente, até que atinja uma condição de floresta
madura ou que uma nova perturbação faça com que se retome o processo desde o início. O processo de transformação deste fenômeno tem relação com a
estrutura, com a arquitetura das florestas, bem como sua composição florística, seu equilíbrio e estabilidade.
Admite-se que a maioria das espécies de árvores da floresta tropical necessita da abertura do dossel para atingir seu clímax. Hartshorn (1978 apud PUIG,
2008) estimou que 75% das espécies que compõem o dossel dependem das clareiras para o sucesso de seu crescimento. Assim, é atribuída a clareira a
posição essencial do sucesso das florestas tropicais úmidas, bem como o seu rejuvenescimento.
A regeneração natural é à base do equilíbrio e da demografia das populações vegetais; ela garante a renovação dos indivíduos e a
perenidade das espécies no ecossistema. Como regra geral, a clareira desempenha papel muito importante na regeneração que
sucede a uma perturbação natural do biótopo. Com efeito, a queda de uma árvore provoca uma abertura no dossel, modificando
as condições locais e desencadeando os processos de reconstituição da cobertura vegetal (PUIG, 2008).
Este processo contínuo, didaticamente dividido em fases, possui determinadas características que se alteram ao longo do seu desenvolvimento. Como
exemplo, podemos citar a predominância de um maior número de indivíduos da mesma espécie e menor variedade de espécies nos estágios iniciais,
condição que se altera para um maior número de espécies com menor incidência de indivíduos em estágios mais avançados. A sucessão, portanto, caminha
no sentido da complexificação de suas estruturas e da biodiversidade presente.
A qualidade e capacidade de regeneração de uma floresta têm estreita relação com o seu entorno. Ela terá diferentes características, que dependem, em
resumo, da presença ou não matrizes florestais ao redor, de condições edafoclimáticas, da fauna e de aspectos relacionados às várias formas de
perturbação da paisagem.
Aubreville foi um dos primeiros autores a chamar a atenção para o caráter dinâmico das florestas, para quem estas se apresentam
organizadas em manchas florestais com estrutura e composição florística distintas, formando um mosaico em processo contínuo
de modificação ao longo do tempo (TABARELLI, 1994).
Com isso, ressalta-se que a floresta tropical não é homogênea, mas composta por diversas tipologias vegetacionais em diferentes estágios de sucessão.
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Veja alguns exemplos de estágios de sucessão da floresta:
A partir de um fragmento da mata observada, descreva comentários acerca do estágio de regeneração que se encontra.
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Referências Bibliográficas:
AB’SÁBER, Aziz N. Paisagens e problemas rurais da região de Santa Isabel. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, n. 10, p. 45-70, 1951.
DINIZ, Amarildo. Fitogeografia do Parque Estadual de Campos do Jordão a luz das relações entre classificações de vegetação, fitossociologia, escalas e
alterações sócio-culturais. 1997. 141 f. TGI (Trabalho de Graduação Individual). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo, São Paulo, 1997.
EMPERAIRE, Laurence (Ed.). A floresta em jogo. O extrativismo na Amazônia central. São Paulo: Editora UNESP: Imprensa Oficial do Estado, 2000. 233p.
PUIG, Henry. A floresta tropical úmida. São Paulo: editora UNESP, 2008
RICHARDS, P. W. The tropical rain forest: an ecological study. Cambridge University Press. Cambridge, 1998. p.115-116.
TABARELLI, Marcelo. Clareiras e a dinâmica sucessional de um trecho de floresta na serra da Cantareira, SP. 1994. Dissertação (Mestrado em Ecologia)
Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994.
WHITMORE, T. C. An introduction to tropical forests. Oxford: Clarendon Press, 1990.