odes e carmen secular

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Algumas odes de Horácio traduzidas e metrificadas.

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  • OrganizadorasHelosa Penna Jlia Avellar

    Odes e Canto Secular

  • Helosa Penna Jlia Avellar

    Organizadoras

    Odes e Canto Secular

    Belo Horizonte

    FALE/UFMG

    2014

  • 5 Introduo8 Bibliografiacomentada

    10 Ode I, 1111 Dosconselhosparaodeleitedavida

    12 Ode I, 1313 Docoraoabrasadoearrebatadopelocime

    14 Ode I, 2115 DolouvoresplicaaDiana,ApoloeLatona

    16 Ode I, 3717 DamortedaafamadarainhaClepatra

    derrotadaporAugustonabatalhanaval

    20 Ode III, 921 Dadesavenaentreos

    amantesseguidadereconciliao

    24 Ode III, 3025 Dosvotosparaaperptua

    memriadonomedopoetaedesuaobra

    26 CarmenSaeculare

    27 Cantosecular

    34 InformaessobreoCD

    SumrioDiretoradaFaculdadedeLetras

    Graciela Ins Ravetti de Gmez

    Vice-DiretorRui Rothe-Neves

    ComissoeditorialElisa Amorim VieiraFbio Bonfim DuarteLuis Alberto BrandoMaria Cndida Trindade Costa de SeabraMaria Ins de AlmeidaReinildes DiasSnia Queiroz

    CapaeprojetogrficoGlria Campos Mang Ilustrao e Design Grfico

    TraduoGustavo Chaves TavaresHelosa Maria Moraes Moreira PennaJlia Batista Castilho de AvellarLuana Santana LinsMarcelo Rocha Brugger

    PreparaodeoriginaisJuliana Araujo Campos

    DiagramaoJuliana Araujo Campos

    RevisodeprovasLaila Silva

    ISBN

    978-85-7758-256-4 (impresso)978-85-7758-245-7 (digital)

    EndereoparacorrespondnciaLaboratrio de Edio FALE/UFMGAv. Antnio Carlos, 6627 sala 310831270-901 Belo Horizonte/MGTel.: (31) 3409-6072e-mail: [email protected]/vivavoz

  • O presente volume resultante dos estudos iniciados na disciplina Estudos Temticos de Lngua e Literatura Latina: Poesia Latina, ministrada pela professora Helosa Maria Moraes Moreira Penna, no primeiro semestre de 2013. Contm sete poemas do clebre escritor latino Horcio (Quintus Horatius Flaccus 65 a 8 a.C.), acompanhados da traduo feita pelos alunos e do texto latino metrificado segundo o esquema mtrico de sla-bas breves e longas, caracterstico dessa lngua. O CD, por sua vez, apre-senta poemas cantados e recitados de acordo com o trabalho de experi-mentao realizado durante a disciplina Recitao de Poemas Latinos, no segundo semestre de 2013.

    A seleo dos poemas de Horcio mostrou-se verdadeiramente proveitosa, j que esse autor explorou uma diversificada gama de rit-mos poticos, revelando-se um dos mais fecundos poetas lricos da Antiguidade quanto riqueza mtrica. Ao todo, apresentou ao pblico

    romano do sculo I a.C. treze esquemas mtricos da lrica grega, aplica-dos a cerca de 130 odes, e fez deles releituras rtmicas que agradaram aos ouvidos da poca augustana. Edificou, de fato, um monumentum aere perennius, um monumento mais duradouro que o bronze, que se mostra at nossos dias majestoso e encantador.

    Recitar poemas em latim um grande desafio. Muitas e nem

    sempre consensuais so as teorias a respeito da recitao latina, e no h registros de como os textos poticos teriam sido lidos. Diante disso,

    Introduo

  • Introduo 9Odes e Canto Secular

    Seculares), celebrao com representaes teatrais e sacrifcios aos deu-ses que ocorria em Roma, durante trs dias e trs noites, e que demar-cava o trmino de um saeculum3 e incio de outro. Executado e cantado diante do Palatino, no terceiro dia das comemoraes, aquele dedicado

    a Apolo e Diana, o poema horaciano, alm de apresentar-se como uma

    prece aos deuses (em especial a Apolo, que, aps a batalha de cio4, em 31 a.C, tornou-se patrono do augustano regime nascente), constitui-se como um verdadeiro louvor cidade de Roma.

    3 Na poca de Augusto, determinou-se que a durao de um saeculum seria de 110 anos.4 A Batalha de cio aconteceu em 2 de setembro de 31 a.C., perto de cio, na Grcia, durante a

    guerra civil romana entre Marco Antnio e Otaviano (o futuro imperador Csar Augusto Otaviano). O resultado foi a vitria da frota de Otaviano e o posterior suicdio de Marco Antnio e Clepatra.

    As organizadoras

    8

    optamos por seguir os estudiosos1 que defendem a ocorrncia do acento de intensidade coincidindo com o ictus mtrico, de modo a tentar recriar a musicalidade sugerida pela cadncia do poema. Assim, com base na proposta de experimentao, buscou-se fazer a leitura dos poemas sele-cionados de diversas formas diferentes, mas sempre respeitando sua mtrica. As odes I, 11, I, 37 e III, 9, por exemplo, foram declamadas segundo a sequncia de breves e longas. Por sua vez, para as odes I, 13, I, 21 e III, 30, foram compostas melodias que pudessem no s reproduzir o ritmo do metro latino utilizado, mas tambm sugerir, por meio do tom e da linha meldica, o tema principal do poema.2

    As tradues foram feitas em versos livres e, quando possvel,

    tentou-se manter a correspondncia entre os versos em latim e em por-tugus, para melhor e mais fcil acompanhamento do original. Alm disso, foram inseridas notas explicativas de carter lingustico, literrio, histrico e cultural ao longo do texto.

    Iniciamos a coletnea com seis odes de Horcio, provenientes dos quatro Livros das Odes, obra lrica caracterizada pela diversidade temtica e mtrica. A I, 11, famosa ode de exortao moral, destina-se a Leucnoe. A I, 37, ode de cunho civil, dedicada ao povo romano em aluso batalha de cio e s pretenses imperialistas da rainha egpcia

    Clepatra. A III, 9 estrutura-se como um singelo canto amebeu em que o desafio amoroso parte da discrdia para a reconciliao. A I, 13, de temtica amorosa, maneira de Safo e Catulo, descreve os sentimentos

    e a reao do amante diante da amada. A I, 21 consiste em um hino a Diana, Apolo e Latona, protetores do governo augustano. Por fim, a I, 30, monumental concluso dos trs livros, sinaliza quase que profeticamente

    a duradoura vida dos poemas horacianos.Finalizamos com o Carmen Saeculare (Canto Secular), hino datado

    de 17 a.C. Ele foi composto por ocasio dos Ludi Saeculares (Jogos

    1 A respeito do acento latino, existem duas opinies fundamentais com diferentes e variados matizes: a da escola francesa e a da escola alem. A primeira defende a teoria do acento musical, de modo que a slaba acentuada deveria ser pronunciada em um tom mais elevado. A segunda, por sua vez, a do acento de intensidade, que tem como funo pr em relevo a slaba acentuada. Uma se baseia no primitivo acento indo-europeu livre e musical; outra, no acento de intensidade das lnguas romnicas.

    2 Para a ode I, 21, hino de exaltao dos deuses e exortao dos jovens, foi composta uma msica em tom maior, que geralmente associado alegria. J na ode I, 13, cujo tema principal o cime, foi composta uma melodia em tom menor, que em geral relaciona-se melancolia e ao sofrimento.

  • Bibliografia comentadaOdes e Canto Secular 11

    volume contm a anlise mtrica completa das odes horacianas e comen-trios sobre cada livro de odes e epodos.

    JUVENCIUS, Joseph. Quinti Horatii Flacci Carmina Expurgata, cum adno-tationibus ac perpetua interpretatione. Nova edio revista e aumentada pelo autor. Paris: Les Frres Barbou, 1721. p. 86-88.Texto latino seguido de parfrase em latim e anotaes na mesma lngua.

    PENNA, Helosa Maria Moraes Moreira. Implicaes da mtrica nas Odes de Horcio. 2007. 343 f. Tese (Doutorado em Letras) Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2007.

    PLESSIS, E.; LEJAy, P. Oeuvres dHorace. Paris: Hachette, 1917. Obra rica em comentrios filolgicos, estudos biogrfico e literrio.

    Contm ainda notas sobre mtrica e prosdia e os textos latinos das Odes, dos Epodos e do Carmen Saeculare.

    HORCIO. Odes e Epodos. Organizao de Anna Lia Amaral de Almeida Prado. Traduo de Bento Prado de Almeida Ferraz. So Paulo: Martins Fontes, 2003. Trata-se de uma coletnea de odes e epodos horacianos, com o singular anexo A minha aula de Latim, que Anna Lia Amaral de Almeida Prado,

    organizadora do volume, quis acrescentar em homenagem ao pai, pro-fessor de latim.

    HORCIO. Obras completas: Odes, podos, Carme Secular, Stiras e Epstolas. Tradues de Elpino Duriense, Jos Agostinho de Macedo,

    Antnio Luiz Seabra e Francisco Antnio Picot. So Paulo: Edies Cultura, 1941.

    NOVAk, Maria da Glria; NERI, Maria Luiza. Poesia Lrica Latina. So Paulo: Martins Fontes, 1992.

    Traduesconsultadas

    10

    FRAENkEL, Eduard. Horace. London: Oxford University Press, 1959.Estudo exaustivo da obra horaciana, com consideraes especiais acerca do seu contexto de produo. Alm de anlises literrias e observaes de natureza lingustico-filolgica, contm informaes obtidas de fontes

    histricas antigas, de modo a oferecer um panorama cultural enriquece-dor e bem fundamentado.

    HERRERO LLORENTE, Victor Jose. La lengua latina en su aspecto prosdico: con un vocabulario de trminos mtricos. Madrid: Gredos, 1971.Obra de referncia para o estudo da mtrica e do acento latino, retoma os argumentos e as caractersticas principais das escolas francesa (defende o acento musical) e alem (defende o acento de intensidade). Contm, alm disso, consideraes a respeito do ictus, sua origem e evoluo, bem como esclarecimentos detalhados sobre os metros latinos, acom-panhados de exemplos. O vocabulrio de termos mtricos que integra

    a obra apresenta definies claras e sucintas, que em muito contribuem

    para a compreenso na nomenclatura mtrica.

    HORACE. Odes et podes. Texte tabli et traduit par Franois Villeneuve. Paris: Les Belles Lettres, 2002. Original latino.A introduo ao texto latino e traduo francesa oferece grande quan-tidade de informaes sobre a vida e a obra de Horcio. Alm disso, o

    Bibliografiacomentada

  • Odes e Canto Secular Ode I, 11 1312

    Tu no questiones crime saber o fim que para mim, que

    para tios deuses reservaram, Leucnoe, nem mesmo consultes os nmeros babilnicos5. Quo melhor suportar o que quer que

    venha!Se Jpiter te concedeu muitos invernos, ou este ltimo, que agora quebra as tirrenas ondas contra as pedras,

    sejas sbia, diluas os vinhos e, por ser breve a vida, limites a longa esperana. Enquanto falamos, foge invejoso

    o tempo: aproveita o dia, minimamente crdula no amanh.

    5 Nmeros babilnicos (babylonios numeros): referncia habilidade do povo babilnico para os clculos astronmicos, isto , para a astrologia.

    Dosconselhosparaodeleitedavida

    T n quesrs, // scr nfs, // qum mh qum tbfnm d ddrnt, // Lucn, // nc Bblns

    tmptrs nmrs. // t mls // qucqud rt pt!

    Su plrs hms // su trbt // Ipptr ltmm,

    que nnc ppsts // dbltt // pmcbs mr

    Trrhnm, sps, // un lqus // t spt bru

    spm lngm rscs. // Dm lqumr, // fgrt nud

    ats: crp dm, // qum mnmm // crdl pstr.

    A ode I, 11 de Horcio foi escrita no esquema mtrico asclepiadeu maior e possui oito versos de dezesseis slabas. O mais marcante nesse metro a presena de duas cesuras responsveis por dividir o verso em trs cola (par-tes de um verso), sendo que a parte central, um coriambo, guarda o equil-brio entre slabas breves e longas. Alm disso, as duas pausas conferem ao poema um ritmo bem marcado, dando-lhe uma colorao didtico-exorta-tiva, bastante apropriada ao contedo moral do texto. O canto, destinado a Leucnoe, adverte sobre a incerteza do porvir e aconselha a aproveitar ao mximo o presente, mas com a devida prudncia. De inspirao epicurista, tal ode deu origem mxima carpe diem, ainda hoje muito difundida e com-preendida como um conselho para o bem viver.

    Ode I, 11

  • Odes e Canto Secular Ode I, 13 1514

    Quando tu, Ldia, louvaso rseo colo de Tlefo,

    os creos braos de Tlefo,ai!, fervente, meu corao se enche de amargo fel.6

    Ento, nem mente nem cor me restamem morada certa, e as lgrimas deslizam

    furtivas por minha face, revelando o quo

    profundamente me consumo em lento fogo.Abraso-me, ou se brias discrdias

    feriram teus cndidos ombros,ou se o jovem, arrebatado,

    gravou indelvel marca de dente em teus lbios.Se deveras me ouvisses, no

    esperarias ser fiel o homem que, rude,

    desonra os doces beijos que Vnus embebeu

    com a quintessncia7 do seu nctar.Infinitamente felizes

    os que uma indissolvel unio conserva

    e que o amor desgastado por dolorosas queixas

    no separa antes do dia derradeiro.

    6 Amargo fel (difficili bile): segundo a doutrina dos quatro temperamentos, a bile era o humor caracterstico do temperamento colrico, no caso, bastante apropriado ao sentimento de cime.

    7 Quintessncia (quinta parte): a expresso a quinta parte transmite a ideia de uma parte significativa, grande parte do nctar de Vnus. Optamos na traduo pelo termo quintessncia, pelo fato de ele veicular a noo de parte principal e, ao mesmo tempo, aproximar-se formalmente do termo latino quinta.

    Docoraoabrasadoearrebatadopelocime

    5

    10

    15

    20

    Cm t, Ld, Tlph

    crucm rsm, // cr Tlph

    luds brcch, ue, mm

    fruns dffcl // bl tmt icr

    Tnc nc mns mh nc clr

    crt sd mnt, // mr t n gns

    frtm lbtr, rgns

    qum lnts pnts // mcrr gnbs.

    rr, su tb cndds

    trprnt mrs // nmdce mr

    rxe, su pr frnsnprsst mmrm // dnt lbrs ntm.

    Nn, s m sts uds,

    sprs prptm // dlc brbr

    lednt(em) scl, que Vns

    qunt prt s // nctrs mbt.

    Flcs tr t mpls

    qus nrpt tnt // cpl nc mls

    dulss qurmns

    sprm cts // slut mr d.

    A ode I, 13 apresenta uma estrutura de dstico formado por um verso glicnio seguido por asclepiadeu menor. temtica amorosa, notvel pela seleo lexical no poema, misturam-se a descrio do sentimento de cime e as sensaes por ele despertadas quando Ldia, amada do eu-lrico, vista nos braos de seu amante Tlefo. Na linha do poema 51, de Catulo, e da Ode ao cime, de Safo, so explorados tanto as alteraes fsicas e corporais causadas pelo cime, quanto o sofrimento do eu-lrico.

    Ode I, 13

    5

    10

    15

    20

  • Odes e Canto Secular Ode I, 2116 17

    Celebrai, ternas donzelas, Diana!

    celebrai, rapazes, o intonso Cntio!8

    E Latona intensamente amadapor Jpiter soberano!9

    Vs outras, louvai-a, exultante10 pelos rios e folhagem dos bosques,que se destacam no glido lgido,11

    nas negras florestas do Erimanto,

    ou nas verdejantes do Grago;

    vs outros, exaltai com louvores tantos o Tempe,12

    Delos, lugar natal de Apolo,

    e seu ombro insigne pela aljavae pela lira fraterna.13

    A guerra lacrimosa, a infeliz fome e a peste,ele as levar do povo e do prncipe Csar14

    rumo aos persas e bretes,movido de vossa splica.

    8 Intonso Cntio (intonsum ... Cynthium): epteto de Apolo. O deus denominado Cynthium por metonmia, em razo do monte Cinto localizado na ilha de Delos, local onde nascera. O termo intonsum, por sua vez, sinaliza a juventude do deus, pois era comum o uso de cabelos longos pelos jovens.

    9 Os trs deuses merecedores de louvor (Diana, Apolo e Latona) parecem constituir uma nova Trade Capitolina, criada semelhana daquela composta por Jpiter, Juno e Minerva, grupo de divindades superiores que eram associadas grandeza de Roma.

    10 Exultante (laetam): o adjetivo laetus, -a, -um, quando rege ablativo, tem geralmente o sentido de exultante ou deleitvel. No entanto, interessante observar que originalmente (e sobretudo no vocabulrio agrcola) o termo tem o sentido de frtil e abundante.

    11 lgido, Erimanto e Grago (Algidus, Erymanthus, Gragus): locais consagrados a Diana. lgido uma montanha no Lcio, ao sudeste de Roma; Erimanto uma cadeia de montanhas no norte da Pennsula do Peloponeso; e Grago um pico na Lcia, regio da sia Menor.

    12 Tempe, Delos (Tempe, Delos): locais dedicados a Apolo. Tempe o vale do rio Peleu, na Tesslia, caracterizado por extrema beleza. Delos uma ilha no Mar Egeu, situada no conjunto de ilhas denominadas Cclades.

    13 Lira fraterna (fraterna ... lyra): a caracterizao da lira como fraterna deve-se ao fato de que Mercrio, inventor do instrumento, era irmo de Apolo (ambos eram filhos de Jpiter).

    14 Csar (Caesar): o ttulo faz aqui referncia a Augusto, cujo patrono era exatamente o deus Apolo.

    DolouvoresplicaaDiana,ApoloeLatona

    5

    10

    15

    Dnm tnre // dct urgns,

    ntnsm, pr, // dct Cnthm

    Ltnmqu sprm

    dlctm pnts Iu;

    us letm flus // t nmrm cm,

    quecmqu(e) ut gld // prmnt lgd,

    ngrs ut rmnth

    slus ut urds Grg;

    us Tmp ttdm // tllt ludbs

    ntlmqu, mrs, // Dln pllns

    nsgnmqu phrtr

    frtrnqu(e) mrm lr.

    Hc bllm lcrms(um), hc msrm fmm

    pstmqu(e) ppl(o) t // prncp Cesr(e) n

    Prss tqu Brtnns

    ustr mts gt prc.

    A ode I, 21 composta por estrofes asclepiadeas B, que se caracterizam por apresentar os dois primeiros versos com o metro asclepiadeu menor, seguido por um verso ferecrcio e um verso glicnio. De temtica religiosa, pode ser considerada um hino em louvor de Apolo, Diana e Latona, cuja honra os jovens so estimulados a celebrar. Seu carter exortativo marcado pela ampla presena de imperativos e vocativos, bem como pelas frequentes anforas e repeties. Alm disso, transparecem no texto alguns aspectos polticos, como as ideias da instaurao da paz e da bem-aventurana por Augusto e, em especial, a noo de Roma como centro do mundo e cidade favorecida pelos deuses. A esse respeito, convm notar que, na ltima estrofe, o hino mais se aproxima de um canto patritico.

    Ode I, 21

    5

    10

    15

  • Odes e Canto Secular18 Ode I, 37 19

    Ora cumpre, camaradas, beber e com p livrecalcar a terra;15 eia que j tempo

    de ornar os coxins dos deuses16

    de banquetes saliares.17

    At ento era escuso tirar o vinho Ccubo18

    das ancestrais adegas, enquanto a rainha

    armava insanas runas ao Capitlioe ao imprio, funeral,

    com seu bando corrompido dhomens depravados, mulher incontida no mpeto de ousar

    e bria na doce sua fortuna.Mas lhe mitigou a loucura

    Uma s nau a custo salva das chamas, e Csar, que lhe reduziu a mente embebida

    do vinho maretico19 em temores reaisquando a perseguia com remos,

    15 Calcar a terra (pulsanda tellus): refere-se aos motivos de folia e dana alegre j para este tempo de vitria.

    16 Coxins dos deuses (pulvinar deorum): almofadas que, preenchidas de plumas ou outro material para isso, serviam de estofado nos leitos a quantos l se reclinavam aquando dos convvios. Os romanos costumavam, em tempos de festa por uma considervel vitria contra algum inimigo, reclinar, sobre leitos preparados, esttuas de seus deuses, em torno aos quais colocavam-se mesas repletas de manjares os mais variegados, e os iam servindo como se de fato estivessem em pessoa nesses convvios.

    17 Banquetes saliares (Saliaribus ... dapibus): banquetes dos Slios, sacerdotes do culto de Marte. Eram muito requintadas e variadas as viandas que nestes banquetes se serviam, da a ideia de abundncia e, por assim dizer, galanteria culinria.

    18 Ccubo (Caecubum): vinho de grande fineza, cuja produo era feita no Ccubo, monte da Campnia.19 Maretico (Mareotico): Maretis uma regio brejeira no Egito, perto de Alexandria, nomeada pela

    qualidade do vinho l produzido.

    DamortedaafamadarainhaClepatra derrotadaporAugustonabatalhanaval

    5

    10

    15

    Nnc st bbndm, // nnc pd lbr

    plsnd tlls, // nnc Slrbs

    rnr plunr drm

    tmps rt dpbs, sdls.

    nt(e)hc nfs d/prmr Cecbm

    clls uts, // dm Cptl

    rgn dmnts rns

    fns t mpr prbt

    Cntmnt // cm grg trpm

    mrb urrm, // qudlbt mptns

    sprr frtnqu dlc

    br. Sd mnt frrm

    ux n ssps // nus b gnbs,

    mntmqu lmphtm Mrtc

    rdgt n urs tmrs

    Cesr, b tl ulntm

    Ode I, 37

    5

    10

    15

  • Odes e Canto Secular20 Ode I, 37 21

    a que singrava da Itlia tal como a guia

    s brandas pombas e o ligeiro caador lebre,

    nos campos nevados de Hemnia20, para p-la em grilhes:

    esse monstro fatal: que anelando

    morrer mais nobremente, no se aturdiu, qual mulher, frente espada, nem buscou

    recnditas praias21 em sua ligeira barca,

    mas ousou fitar, impassvel,

    o seu reino por terra, e, sem medo, tocar cruis serpentes para que a peonha

    impregnasse, nefasta, em seu corpo.

    Muito altiva foi na deliberada morte: deveras recusando aos temveis liburnos22

    ser conduzida, destronada, ao soberbo triunfo,23 mulher jamais humilhada.

    20 Hemnia (Haemoniae): Tesslia. assim chamada por razo de um rei que l reinou e tinha nome mo.

    21 Recnditas praias (Latentis ... oras): Alguma parte retirada do Egito ou cidade mais no seu recndito.22 Temveis Liburnos (Saevis Liburnis): Faz meno dos barcos leves e ligeiros que se construiam na

    Librnia, terra de Ilria, com cujo auxlio Augusto travou e cometeu guerra naval contra Antnio.23 Ser conduzida ... ao soberbo triunfo (Deduci superbo ... triumpho): Ser levada do Egito para Itlia,

    onde entrava como prenda e penhor de triunfo para glria do general que na guerra a vencera.

    20

    25

    30

    rms drgns, // ccptr ult

    mlls clmbs // ut lprm cts

    untr n cmps nuls

    Hemne, drt t ctns

    ftl mnstrm.// Que gnrss

    prr querns // nc mlbrtr

    xput nsm nc ltnts

    clss ct rprut rs,

    us(a) t icntm // usr rgm

    ult srn, // frts t sprs

    trctr srpnts, t trmcrpr cnbbrt unnm,

    Dlbrt // mrt frcr:

    seus Lbrns // sclct nudns

    prut ddc sprb,

    nn hmls mlr, trmph.

    A ode I, 37 aborda um episdio j bastante conhecido: Csar Augusto, gene-ral vitorioso, derrota a Rainha Clepatra, inimiga altiva e sagaz, cujo suicdio ofuscou a glria do triunfo romano. Embora o poeta louve o vencedor e a vencida, Csar quem obtm o maior elogio, pois se trata sobretudo de uma ode cvica que enaltece Roma e seu governante. Esta ode foi escrita no ano 31 a.C., quando ocorreu a vitria em cio. composta em estrofe alcaica, metro de cadncia variada (ritmo ascendente e descendente), cujo vigor rtmico traduz o tom solene e festivo do poema.

    20

    25

    30

  • Odes e Canto Secular22 Ode III, 9 23

    Enquanto eu era o teu favorito,

    E nenhum jovem mais forte envolvianos braos teu cndido colo,

    Vivi mais afortunado que o rei dos persas.

    Enquanto por outra no ardias mais,

    Nem Ldia vinha depois de Clo,Eu, a Ldia de renome,

    Vivi mais ilustre que a lia romana.24

    Rege-me agora a trcia Clo,Douta nos doces ritmos e destra na ctara

    Por quem no temerei morrer,

    Se os fados conservarem a vida dessa minha amada.

    Queima-me em mtua chamaCalais, filho de Ornito turino,

    Por quem duas vezes suportarei morrer,

    Se os fados conservarem a vida desse meu rapaz.

    E se acaso retornar a antiga Vnus25 E unir em brnzea aliana os separados,

    E se a loira Clo for abandonada E a porta se abrir para a rejeitada Ldia?

    24 lia Romana (Romana Ilia): Tambm chamada Ria Slvia, filha de Numitor, rei de Alba Longa; me de Rmulo e Remo, fundadores de Roma

    25 Antiga Vnus (prisca Venus): Neste verso, Vnus simboliza, metonimicamente, o amor. , portanto, possvel interpretar prisca Venus como o antigo amor que retorna.

    Dadesavenaentreos amantesseguidadereconciliao

    5

    10

    15

    20

    Dnc grts rm tb

    Nc qusqum ptr // brcch cndde

    Cruc iuns dbt

    Prsrm vg // rg btr

    Dnc nn l mgs

    rsst nqu(e) rt // Ld pst Chln

    Mlt Ld nmns

    Rmn vg // clrr l

    M nnc Thrss Chl rgt

    Dlcs dct mds // t cthre scns

    Pr qu nn mtm mr

    S prcnt nme // ft sprsttM trrt fc mt

    Thrn Cls // fls rnt

    Pr qu bs ptr mr

    S prcnt pr // ft sprstt

    Qud s prsc rdt Vns

    Ddctsqu ig // cgt n

    S flu(a) xcttr Chl

    Rictequ ptt // in Lde?

    Ode III, 9

    5

    10

    15

    20

  • Odes e Canto Secular24 Ode III, 9 25

    Ainda que ele seja mais belo que os astros,

    E tu mais instvel que a cortia,26

    E mais iracundo que o revolto Adritico,

    Contigo amaria viver, contigo de bom grado morreria.

    26 E tu mais instvel que a cortia (tu levior cortice): Smile entre o amante e a cortia. O adjetivo levis, em latim, apresenta duplo sentido o que no pesado, mas, tambm, pode significar leviano. A imagem que se quer criar a de um tu moralmente frgil, cujas intenes so volveis.

    Qumqum sdr plchrr

    ll(e) st, t lur // crtc(e) t nprb

    rcndr HdrTcm uur(e) mm // tc(um) bm lbns.

    A ode III, 9 compe-se de dsticos formados por um verso glicnio seguido de um asclepiadeu menor. Trata-se de um canto amebeu, forma que alterna duas vozes, geralmente em tom de disputa. Nessa ode, a disputa a amo-rosa, entre a voz feminina do poema, a Ldia de renome, e uma voz mas-culina. Esse canto, tambm, distingue-se pela retomada do dito do outro, seja exprimindo a mesma ideia, seja para contrari-la, de modo a parear o adversrio ou a super-lo. No fim do poema, a dissoluo da disputa amo-rosa marcada pela reconciliao com o cessar das provocaes e o reco-nhecimento da impossibilidade de os amantes viverem separados.

  • Odes e Canto Secular26 Ode III, 30 27

    Ergui um monumento mais perene que o bronze

    E mais alto que o rgio edifcio das pirmides,

    Que nem a chuva voraz, nem o Aquilo27 desenfreadoPossam destruir, tampouco as inumerveisSries dos anos nem o decurso dos tempos.No morrerei de todo e boa parte de mimEvitar a Libitina;28 crescerei sempre recente no louvor vindouro, enquanto ao Capitlio29

    Subir o pontfice com a tcita virgem.30

    Serei cantado, onde o revolto ufido31 ruge E onde pobre de gua, Dauno32 reinou sobre os povos agrestes, de humilde a prestigioso,33

    Fui o primeiro a introduzir o carme elionos ritmos itlicos. Reconhece a altivezobtida pelos mritos e, de bom grado, cinge-me os cabelos, Melpmene,34 com dlfica coroa35.

    27 Aquilo (Aquilo): vento do norte.28 Libitina (Libitinam): deusa dos mortos e dos funerais, cujo templo servia de depsito dos objetos para

    as pompas fnebres.29 Capitlio (Capitolium): uma das sete colinas de Roma onde se localizava o templo de Jpiter.30 Virgem Vestal (Virgine): sacerdotisa de Vesta, deusa do fogo e do lar. As vestais se encarregavam de

    manter a chama sagrada do Capitlio acesa.31 ufido (Aufidus): rio da Aplia.32 Dauno (Daunus): rei da Aplia e tio de Turno.33 De humilde a poderoso (ex humili potens): expresso que pode se referir a Dauno tambm,

    conforme alguns tradutores.34 Melpmene (Melpomene): musa da tragdia.35 Loureiro (Delphica Lauro): a rvore de que se tiram as folhas para tecer coroas para os vencedores.

    O epteto Dlfica se refere a Apolo, deus da poesia, senhor das Musas.

    Dosvotosparaaperptua memriadonomedopoetaedesuaobra

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    10

    15

    xg mnmnt(um) er prnns

    rglqu st // prmd(um) lts,

    qud nn mbr dx, // nn qul(o) nptns

    psst drr(e) ut // nnmrbls

    nnrm srs // t fg tmprm.

    Nn mns mrr // mltqu prs m

    utbt Lbtn(am) squ(e) g pstr

    crscm lud rcns, // dm Cptlm

    scndt cm tct // urgn pntfx

    Dcr, qu ulns // bstrpt ufds

    t qu pupr que // Duns grstm

    rgnut pplr(um), x hml ptns

    prncps elm // crmn d tls

    ddxss mds. // Sm sprbm

    questm mrts // t mh Dlphc

    lur cng ulns, // Mlpmn, cmm.

    Essa ode foi escrita, a princpio, como seu contedo e posio no Livro das Odes o indicam, para concluir a obra lrica de Horcio o livro IV, de lan-amento posterior, foi adicionado aps insistentes apelos de Mecenas. E, de fato, um magnfico eplogo dos trabalhos lricos do poeta, pois apresenta um eu-lrico orgulhoso de sua obra, consciente de seu esforo e esperanoso na perenidade desse seu monumentum. A composio monomtrica, em asclepiadeu menor, ritmo empregado em apenas 3 odes (I,1; III,30 e IV,8) de carter metalingustico.

    Ode III, 30

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  • Odes e Canto Secular28 Carmen Saeculare 29

    Diana, soberana das florestas, e Febo,

    luzente ornato do cu,36 semprecultuveis e cultuados, dai-nos quanto pedimos

    neste tempo sagrado

    em que os Sibilinos versos37 profetizaramque virgens eleitas e moos castos,

    aos deuses, a quem as sete colinas38 agradaram,entoassem um canto.

    Sol nutriz, que com teu brilhante carro

    revelas e ocultas o dia e, sendo outro,nasces o mesmo, nada possas contemplar maior

    que a cidade de Roma.

    Afvel em assistir os partos iminentes,tu, protege as mes, Iltia, ora nomeada Lucina, ora, se preferes,

    Genital:

    36 Luzente ornato do cu (lucidum caeli decus): o sintagma pode se referir a ambos os deuses, Febo e Diana, apenas Diana ou somente a Febo. Por uma questo de simetria e paralelismo, mais provvel que a expresso se refira a Febo, uma vez que Diana j possui um atributo (siluarumque potens, soberana das florestas). Alm disso, considerando-se a importncia conferida a Apolo no regime augustano, pode-se afirmar que ele o elemento de destaque, e no Diana. Diante disso, seria pouco provvel que ela possusse dois eptetos, e ele nenhum.

    37 Sibilinos versos (Sybillini ... uersus): os versos sibilinos eram predies das Sibilas, profetisas romanas, e foram escritos e reunidos nos livros sibilinos, que, depositados no Capitlio, eram guardados por sacerdotes especiais.

    38 Sete colinas (septem ... colles): Capitlio, Quirinal, Viminal, Esquilino, Clio, Aventino e Palatino.

    Cantosecular

    5

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    15

    Pheb slurm // qu ptns Dn,

    lcdm cel // dcs, clnd

    smpr t clt, // dt que prcmr

    tmpr scr,

    qu Sblln // mnr urss

    urgns lcts // prsqu csts

    ds, qubs sptm // plcr clls,

    dcr crmn.

    lm Sl, crr // ntd dm qu

    prms t cls // lsqu(e) t dm

    nscrs, psss // nhl rb Rm

    usr mis.

    Rt mtrs // prr prts

    lns, lthi, // tr mtrs,

    su t Lcn // prbs ucrsu Gntls:

    CarmenSaeculare

    5

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    15

  • Odes e Canto Secular30 Carmen Saeculare 31

    deusa, faas crescer a estirpe e prosperar os decretos dos senadores sobre o matrimnio das mulheres e a prolfica

    lei conjugal,39

    para que, a cada onze dcadas,40 um exatociclo retome os cantos e os jogosfrequentados em trs dias gloriosos e

    em trs agradveis noites.

    Vs, Parcas, verdadeiras em prenunciaro que uma vez se fixou e o termo imutvel dos

    eventos o assegure bons fados acrescentaiaos j passados.

    Que a Terra frtil em gros e gado presenteie Ceres41 com uma coroa de espigas; nutram seus frutos tanto as guas salubres42

    quanto os sopros de Jpiter.

    Deposta a flecha, doce e plcido

    Apolo, ouve os splices moos; Lua, rainha bicorne dos astros,

    ouve as moas.

    39 Lei conjugal (lege marita): lei nupcial da poca, que favorecia o casamento, sobretudo ao conferir privilgios aos pais de famlia.

    40 Dez vezes onze (undenos deciens): expresso numrica latina.41 Terra, Ceres (Tellus, Ceres): divindades evocadas nesses dias de festa por sua ligaes com a vida e

    nascimento de uma nova era.42 Et ... et, aquae salubres e Iouis aurae: em razo da estrutura foram considerados, na traduo, dois

    sintagmas diferentes. No entanto, haveria tambm outra possibilidade de interpretao, segundo a qual salubres e Iouis se referem tanto a aquae quanto a aurae. A primeira opo demonstrou-se prefervel, uma vez que as conjunes et parecem demarcar os sintagmas.

    20

    25

    30

    35

    du, prdcs // sblm ptrmqu

    prsprs dcrt // spr ignds

    fmns prls // qu nue frc

    lg mrt,

    crts ndns // dcns pr nns

    rbs t cnts // rfrtqu lds

    tr d clr // ttnsqu grt

    nct frqunts.

    Vsqu, urcs // ccnss Prce,

    qud sml dct(um) st // stblsqu rrm

    trmns srut, // bn im prcts

    ingt ft.

    frtls frgm // pcrsqu Tlls

    spc dnt // Crrm crn;

    ntrnt fts // t que slbrs

    t Ius ure.

    cndt mts // plcdsqu tl

    spplcs ud // prs, pll;

    sdrm rgn // bcrns, ud,

    Ln, plls.

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    25

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    35

  • Odes e Canto Secular Carmen Saeculare 33

    Se Roma vossa obra, e as ilacas43

    tropas ocuparam o litoral Etrusco,se uma parte foi obrigada a deslocar Lares44 e cidade

    em salvo curso,

    qual, pela ardente Troia, o casto Eneias,

    suprstite ptria, sem dano garantiu

    caminho livre para dar mais do que haviam deixado,

    deuses, dai bons costumes dcil juventude;

    deuses, tranquilidade velhice serena;

    ao povo de Rmulo, riqueza, descendncia

    e toda a glria.

    Aquilo que o ilustre descendente de Anquises e Vnus,45

    vos suplica com brancos bois, que ele obtenha,

    superior ao inimigo belicoso,clemente com o derrotado.

    J, no mar e na terra, o Medo46 teme os exrcitos poderosos e as insgnias albanas;47

    J os citas e os Indianos, at ento soberbos,submetem-se s ordens.

    43 Ilacas tropas (Iliae ... turmae): referncia aos troianos originrios de lio, outro nome para Troia.44 Lares (Lares): deuses particulares dos romanos. Ancestrais familiares cultuados nas casas, cujo altar as lareiras era sempre mantido aceso.

    45 Descendente de Anquises e Vnus (clarus Anquisae Venerisque sanguis): Eneias, no passado; Augusto, no momento da composio do Carmen Saeculare.

    46 Medo (medus): nome variante para Persas.47 Insgnias albanas (Albanas ... securis): nome histrico dos combatentes romanos, proveniente da

    cidade de Alba Longa, fundada por Iulo, filho de Eneias, 30 anos aps a fundao de Lavinium.

    40

    45

    50

    55

    32

    Rm s ustr(um) st // ps lequ

    lts trscm // tnr trme,

    iss prs mtr // lrs t rbm

    sspt crs,

    ci pr rdntm // sn frud Trim

    csts ens // ptre sprsts

    lbrm mnut // tr, dtrs

    plr rlcts:

    d, prbs mrs // dcl iunte,

    d, snctt // plcde qutm,

    Rmle gnt // dt rmqu prlmqu(e)

    t dcs mn.

    Quequ us bbs // unrtr lbs

    clrs nchse // Vnrsqu sngus,

    mptrt, bllnt // prr, icntm

    lns n hstm.

    im mr trr // qu mns ptnts

    Mds lbns // qu tmt scrs,

    im Scthe rspns // ptnt, sprb

    npr t nd.

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  • Odes e Canto Secular Carmen Saeculare 35

    J a Lealdade, a Paz, a Honra, o Pudor antigo e a Virtude desprezada ousamvoltar, e aparece ditosa e cheia a

    Cornucpia;

    ugure ornado de fulgente arco, e benquisto pelas nove Camenas,48 Febo,que com sua arte salutar alivia os fatigados

    membros do corpo,

    se, benvolo, v as alturas do Palatino,49

    o Estado Romano e o prspero Lcio,prorroga para mais um lustro e uma era

    sempre melhor.

    Diana, que habita o Aventino50 e o lgido51,atende as preces dos quinze rapazes

    e, amigvel, aplica ouvidos aos rogos dos meninos.

    A esperana boa e certa de que Jpiter e os demais deuses

    ouam tudo isso, a levo para casa,eu, coro hbil em cantar os louvores

    a Febo e Diana.

    48 Camenas (Camenis): musas latinas.49 Palatino (Palatinas ... arces): colina smbolo das outras sete e da cidade de Roma. Nela existia um

    templo a Apolo.50 Aventino (Auentinum): colina em que se situava o principal templo de Diana.51 lgido (Algidum): montanha situada no Lcio, sede antiga do culto de Diana.

    60

    65

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    75

    34

    am Fds t Px // t hnr Pdrqu

    Prscs t nglct // rdr Vrts

    udt pprt // qu bt pln

    Cp crn;

    ugr t flgnt // dcrs rc

    Phebs ccpts // qu num Cmns

    Qu sltr // lut rt fsss

    Crprs rts,

    S Pltns // udt equs rcs

    Rmqu Rmnm // Ltmqu flx

    ltr(um) n lstrm // mlsqu smpr

    Prrgt eum;

    Quequ(e) untnm // tnt lgdmqu,

    Qundcm Dn // prcs urrm

    Crt t uts // prr(um) mcs

    pplct urs.

    Hec Ium sntr // dsqu cncts

    Spm bnm crtm // qu dmm rprt,

    Dcts t Pheb // chrs t Dne

    Dcr luds.

    Trata-se de um hino em estrofe sfica, esquema mtrico empre-gado por Horcio para, principalmente, poemas religiosos e de amor. Esse tipo de estrofe contm trs versos de 11 slabas e um de ape-nas 5, denominado adnio, no qual o poeta busca sintetizar o senti-mento de toda a estrofe com construes antitticas de callida iunctura. O hino inicia-se com invocaes a Apolo e Diana e pela apresenta-o de seus atributos, como tradicional nesse tipo de composio. H ainda meno a outros deuses e divindades: Sol, Lucina deusa responsvel pelos nascimentos e pelo aumento da estirpe romana; Parcas divindades que dominam os destinos e podem garantir a pros-peridade; Terra e Ceres deusas vinculadas fartura e abundncia. O elogio de Roma vem realado por sua origem mitolgica que remete a Eneias e a Vnus e por seu espetacular crescimento ao longo da histria. Povoada, inicialmente, pela gente de Rmulo, a cidade das sete colinas sobrepe-se e domina os povos do Oriente na poca de Augusto, tempo tambm da restaurao dos antigos valores e dos costumes ancestrais.

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  • InformaessobreoCD1 Ode I, 11

    Recitada por Marcelo Rocha Brugger.

    2 Ode I, 13Cantada por Jlia Batista Castilho de Avellar.Composio musical: Jlia Batista Casti-lho de Avellar.

    3 Ode I, 21Cantada por Jlia Batista Castilho de Avellar.Composio musical: Jlia Batista Casti-lho de Avellar.

    4 Ode I, 37Recitada por Gustavo Chaves Tavares.

    5 Ode III, 9Recitada por Luana Santana Lins e Gusta-vo Chaves Tavares.

    6 Ode III, 30Cantada por Helosa Maria Moraes Morei-ra Penna.Composio musical: Helosa Maria Mora-es Moreira Penna.Acompanhamento musical: Augusto Mo-raes Moreira Penna.

    7 CantoSecularCantado e recitado por Gustavo Chaves Tavares, Helosa Maria Moraes Moreira Penna, Jlia Batista Castilho de Avellar, Luana Santana Lins e Marcelo Rocha Brugger.Composio musical: Adalberto Mendes Moreira Penna.

    LocaldegravaoLaboratrio de Fontica da FALE/UFMG.

    EdiodagravaoAdalberto Mendes Moreira Penna.

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    elaboradas pelo Laboratrio de Edio da FALE/UFMG, integrado

    por estudantes de Letras bolsistas e voluntrios su-

    pervisionados por docentes da rea de edio.