october doom magazine num 59

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LANÇAMENTOS + RESENHAS + SHOWS + MATÉRIAS + ENTREVISTAS MAGAZINE ANO II N º 59 FUNERAL WEDDING ENTREVISTA RESENHAS DE ALBUNS RESENHA DO SHOW CLOUDS TASTE SATANIC

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Revista Mensal com foco nas Artes Plasticas, Música e Entretenimento Underground. Download: https://goo.gl/XivMuI

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Page 1: October Doom Magazine Num 59

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L A N Ç A M E N T O S + R E S E N H A S + S H O W S + M A T É R I A S + E N T R E V I S T A S

MAGAZINEANO IINº59

FUNERAL WEDDING

ENTREVISTA RESENHASDE ALBUNSRESENHA

DO SHOWCLOUDS TASTE SATANIC

Page 3: October Doom Magazine Num 59

59JUN/2016Nº

COLABORADORES:

A October Doom Magazine é resultado da parceria e cooperação de alguns grupos e iniciativas independentes, que trabalham em função de um Underground Brasileiro mais forte e completo, além de vários individuos anônimos que contribuem compartilhando e disseminando este trabalho.

By October Doom Entertainemnt

issuu.com/octoberdoomzine/

octoberdoom.bandcamp.com/

Facebook.com/OctoberDoomOfficial

Facebook.com/FuneralWedding

EDITORIAL

CONTATO:[email protected]

Queremos Sempre MaisNão é à toa que a October Doom Magazine é uma das iniciativas que mais cresce no meio Underground no Brasil, somos uma equipe incrivel-

mente una, que trabalha bastante para publicar todos os meses, uma Revista completa, ca-prichada, cheia de conteúdo e beleza para os nossos leitores. O Resulta-do disso? Espaço. A cada mês a ODM ganha mais espaço e respeito para atuar dentro dos roles que acontecem por aí, e trazer esse conteúdo direto pra vocês. Só nessa edição, como resultado da parceria entre ODM e Last Time Produções, trouxemos duas en-trevistas com rese-nhas de shows de bandas gringas que tocaram no Brasil, e em breve vamos trazer ainda mais matérias exclusivas e incríveis, mas não é só. As bandas Brasileiras continuam sendo nosso maior objetivo, nossa paixão, e expor cada vez mais e melhor, o lindo trabalho de vocês e nossa maior missão. Por isso, mais uma leva de grandes e emergentes bandas do cenário nacio-nal ganham seu espaço nas páginas a seguir.A October Doom Magazine é como uma crian-ça, mas uma criança esperta, proativa, curiosa, que admira os “adultos”, mas que busca sua própria essência, e vai crescer e cresce. Tudo isso Graças a vocês.

Obrigado e Boa Leitura.

MORGAN GONÇALVESFacebook.com/morgan.goncalves.1

EDITOR CHEFE

As bandas Brasileiras continuam sendo nosso maior objetivo, nossa paixão, e expor cada vez mais e melhor.”

EDITOR CHEFE: Morgan Gonçalves

COLABORADORES NESTA EDIÇÃO: Fabrício Campos | Cielinszka Wielewski | Amilton Jr. | Matheus Jacques | Gustav Zombetero | Merlin Oliveira | Raphael Arizo | Leandro Vianna | Billy Goate | Rafael Sade

EDITOR DE ARTE:

Márcio Alvarenga [email protected]

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SUMÁRIO

ENTREVISTA

IMAGO MORTIS

OS ITALIANOS COM SEU NOVO ALBUM: ‘SANATORIUM’ RESENHAS

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SOULSCOURGE

ETHEREAL RIFFIAN

RUINAS DE SADE

30

1226

48

28

50

3846

ENTREVISTA

RESENHA

ENTREVISTA

ENTREVISTA

RESENHA

STONED JESUS

REFERÊNCIA

SAIBA COMO FOI A PASSAGEM DO ‘JESUS CHAPADO’ PELO BRASIL

UMA CONVERSA COM OS ORGANIZADORES DA ‘MECA’ DO POST ROCK/METAL

ENTREVISTA COM A BANDA CLÁSSICA DO THRASH METAL NACIONAL

SPACE GUERRILLA

3260

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ENTREVISTA

CLOUDS TASTE SATANICRESENHA DO ALBUM YOUR DOOM HAS COME

25 ANOS

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ENTREVISTAENTREVISTA

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ESAHOLOPAINENGUITAR - AMORPHIS

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facebook.com/OctoberDoomOfficial

POR | Rafael SadeFOTOS | Paty Freitas (p.9/capa)

facebook.com/OctoberDoomOfficial

AINDA HÁ MUITO PELA FRENTE

ENTREVISTA COMENTÁRIOS SOBRE A PASSAGEM DA BANDA FINLANDESA AMORPHIS POR SÃO

PAULO

7

Sexta-feira 27 pós--feriado em uma São Paulo fria, com seus 18 graus de temperatura. Esse era o momento em que a fila começou

a se formar em frente à casa de shows Hangar 110, famosa casa

punk próxima a estação Armênia do metrô. Quando as portas se abriram às 19hrs ainda tinha espaço o suficiente para circular pelo local e conferir o merchandising dis-ponível, além de garantir a breja pois a fila aos poucos aumentava, assim como o espaço do Hangar foi se reduzindo. Meia hora antes do show era impossível se movimentar pela casa, já que muitos espectado-res chegaram depois de saírem dos seus respectivos trabalhos. OD | A

patyfreitasfotografia.46graus.com

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Foi então que às 21:05 que entra no palco o baterista Jan Rechberger e a banda finlandesa Amorphis para realizar pela ter-ceira vez um show para o público paulista, desta vez divulgando o seu mais recente álbum: Under the Red Cloud (2015), sendo guiado pelo seu estupendo frontman Tomi Joutsen. Tomi tem a hábil facilida-de de cantar com os vocais limpos (em sua maioria), guturais e agora rasgados neste recente trabalho. E ainda consegue interagir facilmen-te com o público que delira com suas performances e seu carisma.

O set começa envolvendo o público em seu mais recente traba-lho, com a música título, Sacrifice e Bad Blood. O primeiro ponto alto do show foi a execução da música The Wanderer, do exce-lente álbum Circle. Em seguida mandaram músicas antigas como On Rich and Poor e Drowned Maid, esta que teve a participação nos vocais do guitarrista e antigo vocalista Tomi Koivusaari.

Outro ponto emocionante do show foi a performance da música Silent Waters, conduzida pelas melodias do tecladista Santeri Kallio e do baixista Niclas Etelä-vuori. Fazendo passagens por boa parte de sua carreira, a ban-da liderada pelo guitarrista Esa Holopainen fecha com a trinca My Kantele, Hopeless Days e House of Sleep, da qual o público cantou em uníssono.

Para o BIS o Amorphis retorna com a nova Death of a King, Sil-

ver Bride, e após uma hora e meia de show fecham com o maior clássico deles: Black Winter Day, fazendo os mais saudosistas suspirarem ao recordar o tempo death/doom metal da banda. Para quem prestigiou o show nesse fim de um outono frio e cinzento, não restaram dúvidas de que o Amorphis ainda continua em sua melhor forma e fase. Aguarda-mos ansiosos pelo retorno desses finlandeses.

Aproveitando a passagem deles pelo nosso país, conversamos com o guitarrista e mais antigo membro da banda Esa Holopainen, que deu mais detalhes sobre o recen-te trabalho e a longa carreira do Amorphis:

RAFAEL SADE: Amorphis possui 25 anos de carrei-ra, e mesmo assim vive um grande momento. E o lançamento do novo álbum “Under The Red Cloud” nos mostra uma banda com uma qualidade ainda maior em sua música, se comparado com o anterior e também excelente trabalho “Circle”. Como foi o processo de com-posição?

Esa Holopainen: O processo de composição não foi alterado se comparar com os outros álbuns. Nós sempre trabalhamos e organi-zamos em conjunto, mas desta vez tivemos a ajuda do produtor Jens Bogren. Ele trouxe muitas ideias novas para as músicas.

ENTREVISTAESAHOLOPAINENGUITAR - AMORPHIS

OD | A

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Cada álbum é uma ideia nova e não temos o costume de olhar para o passado. Obviamente nós temos nossos próprios métodos de fazer música, similares ao que já fizemos em outros álbuns.”Esa Holopainen, GUITARRA - AMORPHIS

facebook.com/OctoberDoomOfficialfacebook.com/OctoberDoomOfficial 9

GÊNEROMelodic Heavy Metal/Rock

ORIGEMHelsinki, Finlândia

CURRENTMEMBERSTomi Joutsen

Jan Rechberger Esa Holopainen Tomi Koivusaari Santeri Kallio

Niclas Etelävuori

FICHA

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Quem escuta as músicas de vocês sente a nostalgia dos primeiros álbuns, misturado ao som atual da banda. Pre-tendem manter esta identi-dade por muito tempo?

EH: Nunca se sabe. Cada ál-bum é uma ideia nova e não temos o costume de olhar para o passado. Obviamente nós temos nossos próprios métodos de fazer música, similares ao que já fizemos em outros álbuns.

Ao contrário de álbuns an-teriores, “Under The Red Cloud” é menos progressivo e mais Death Metal. E em algumas ocasiões os vocais de Tomi Joutsen estão mais extremos. É algo que vocês irão investir daqui para frente?

EH: Vocês nunca saberão. Como mencionei, Jens estava levando essa produção para uma direção um pouco mais pesada. Especialmente os vocais.

O álbum também está mais folk metal, similar ao que foi feito nos primeiros ál-buns. E a participação de Chrigel Glanzmann (Eluivei-tie) enriqueceu ainda mais as canções. Como foi traba-lhar com ele?

EH: Nós nunca o conhecemos. Jens conhece Chrigel de seus trabalhos anteriores e perguntou se ele estaria interessado em tocar no

álbum. Felizmente, ele teve tempo e agora temos algumas linhas de flauta que ficaram bem legais no álbum.

“Under The Red Cloud” apresenta as faixas “The Four Wise Ones,” “Sacrifice” e “White Night” que teve a participação do doce vocal da cantora Aleah Stanbrid-ge (Trees Of Eternity), que faleceu em abril deste ano. Vocês a conheceram pesso-almente? Como a participa-ção dela ajudou no álbum?

EH: Sim, nós conhecíamos Aleah e ela era uma adorável pes-soa e tinha um vocal incrível. Nós estamos profundamente tristes. Mas ficamos felizes e honrados que temos a sua voz no álbum. Nele ela viverá para sempre.

ENTREVISTA

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É sempre um prazer vir para o Brasil. Absolutamente um dos nossos países favoritos.”

Na mesma época foi lan-çado um split em conjunto com o Children of Bodon, e neles vocês tocam a música “Everytime I Die” e eles a música “Black Winter Day”. Como foi participar deste projeto finlandês?

EH: Sim, os caras do COB gravaram um cover nosso e nos veio a ideia de fazer algo similar, colocando mais algumas canções. Foi um projeto divertido de fazer.

O álbum Elegy completa 20 anos de lançamento. Pre-tendem fazer algum show especial ou tocá-lo na ínte-gra?

EH: No momento estamos divulgando o álbum “Under The Red Cloud”. Mas pretendemos to-car algumas músicas do Elegy que há muito tempo não tocamos.

Recentemente, o presidente americano Barack Obama elogiou a Finlândia pela sua vasta cultura Heavy Metal, e pelo maior número per capita, e o país ocupa um ranking alto em boa gover-nação. Você acha que isso têm alguma relação em co-mum?

EH: Algo a ver com a gente? Provavelmente, em parte, o que é uma grande honra. Finlândia é conhecida principalmente pelas bandas de metal, Papai Noel e sauna.

Esa Holopainen, GUITARRA - AMORPHIS

ESAHOLOPAINENGUITAR - AMORPHIS

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11facebook.com/OctoberDoomOfficial 11

Amorphis volta a se apresen-tar no Brasil após 3 anos. Sei que vocês visitam muitos paí-ses, mas guardam alguma me-mória especial do nosso país?

EH: Me lembro que o público e os fãs são inacreditáveis. E é sempre um prazer vir para o Brasil. Ab-solutamente um dos nossos países favoritos.

Em nome da October Doom Magazine eu agradeço pela entrevista cedida. Deixem uma mensagem para os fãs brasileiros.

EH: Muito obrigado pela entre-vista. Espero ver todos os fãs do Amorphis em São Paulo e Varginha. OD | A

https://www.facebook.com/amorphis

http://www.amorphis.net/

LINKS

UNDER THE RED CLOUD

2015

CAPA

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ENTREVISTA

IGORSYDORENKOGUITAR/VOCAL - STONED JESUS

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O DIA QUE O JESUS CHAPADO VEIO ABENÇOAR A MARCHA DA MACONHA

POR |

Tempo nublado, um frio aceitável, assim eu estava me deslo-cando para Sampa, rumo ao Inferno para ver Jesus, olha só como o hippie ju-

deu é porra loca, ainda mais quando esse Jesus é Chapado, nascido na capital ucraniana em 2009 e con-tando com 3 discos na discografia.

Antes de fazer minhas preces, a coisa não poderia ter sido mais

adequada à ocasião, neste mesmo dia trombei no meu caminho a Marcha da Maconha, como um peregrino, atravessei aquele mar de almas banhadas em altas doses ca-nábicas de inúmeras procedências. Tudo estava fazendo sentido, Jesus na terra e seus súditos propagando o amor e a liberdade, mas lá no Inferno, bom... o Inferno é sempre o lado ruim da história, não é?! Uma fila indiana já salientava em minhas vistas, uma

facebook.com/OctoberDoomOfficial

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STONED JESUS

EM SÃO PAULO

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por algum problema técnico no amplificador, a galera vai ao delírio com tal cena, hilariante. O vacilo é resolvido e a barca volta a andar, achei a guitarra um pouco alta, a bateria e o baixo se embolavam em alguns mo-mentos, mas os caras seguraram a onda, tocaram uma faixa do Debut e uma inédita.

ENTREVISTA

IGORSYDORENKOGUITAR/VOCAL - STONED JESUS

JESUS IS HERENão faço a mínima idéia de

que horas eram, só sei que já era hora do Jesus Chapar. O set dos caras ficou bem interessante, em sua maioria baseado nos “Seven Thunders Roar” de 2012 e “The Harvest” de 2015, ainda acrescen-taram o single “The Harvest” e a faixa “Black Woods” do Debut

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aproximação, encontro uns cama-radas, algumas idéias, vou ver como será o meu acesso ao fest. Mais pessoas da imprensa ficam ali, plantadas por um bom tempo, uma falha da organização foi o motivo disso tudo, o que fez com que essa galera perdesse o início da apresentação dos Hierofante. Tudo bem, adentro ao recinto e já sou sentenciado ao êxtase propagado por aquele trio, o sin-tetizador, a guitarra e a bateria, seus detentores e uma atmosfera densa, uma puta brisa que te pega de jeito, os caras parecem estar ali totalmente soltos na músi-ca, uma jam, um quadradinho daqueles, saca?! Assim seguiu a apresentação dos caras até o fim. Fui lá fora fumar um cigarro, acabei encontrando mais pessoas que há tempos não as trombava entre outras que nunca vi, aí a conversa se alonga, retorno ao re-cinto e já perdi a primeira música dos Saturndust, quando a 2ª ta rolando, a guitarra é desligada

ANTECE-DENDO O

STONED, as bandas Satur-

ndust e Hiero-fante ditaram o rumo da noite

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da banda lançado em 2010. A missa se inicia com Rituals of the Sun já chega chegando, levando a palavra do ‘nazareno’ de Kiev. Os caras executam uma apresen-tação redonda, Igor abusa em seus solos, foge a regra, traz algo mais voltado ao blues, classic rock. No último disco dos caras ficou evi-dente a experimentação da banda, mas o set buscou ser mais ‘fiel’, mais reto, e assim foi...

A empolgação da galera era duma intensidade única, cantaram junto, bateram cabeça (pareciam comadres mas tá valendo), rolou uns pulos no meio disso tudo, teve até um doido que subiu no palco, Igor não curtiu a idéia e o doido ficou de castigo no canti-nho hahahahaha... Teve outro que apareceu do nada e assumiu o microfone cantando acho que na penúltima música, vi até um rapa-zote saindo carregado devido a sua ausência de sobriedade, maluco... Eu estava num show de Rock, só faltou os vômitos, ainda bem que faltou, na real. A bruxa tava solta, uma das cordas da guitarra de Igor arrebentou, e levou um tempo para resolver esse problema, tempo que Sid (baixo) e Viktor (bateria) ocu-

param numa Jam bem massa que endoidou a galera, é realmente in-crível a troca da banda com o pú-blico, além do talento absurdo do trio. Ouvi dizer que cantaram até parabéns pro Viktor, eu realmente não lembro, lembro do momento em que Igor e Sid se jogaram no meio da galera mesmo executando suas notas, que doidera.

Posso destacar os momentos de maior euforia às faixas Stor-my Monday, I’m The Mountain, Electric Mistress e Here Come the Robots. Eu me surpreendi muito com a presença de palco desses caras, até mesmo com o português de Igor, com o mo-mento que a galera gritava “Sto-ned Jesus! Stoned Jesus! Stoned Jesus!”, aí o cara me solta um “Jesus Chapado! Jesus Chapado! Jesus Chapado!” hahahahaha entrou fácil na mente de quem se fazia presente ali. A paulada Here Come the Robots encerra a litur-gia sativa beirando as 23h. Pelo que eu pude perceber no sorriso da galera, o role foi satisfatório. Mais uma vez a Abraxas correu atrás e proporcionou uma noite de piração e Música Chapada de qualidade. Gratidão.

facebook.com/OctoberDoomOfficial

GÊNEROStonerDoom Metal

ORIGEMKiev, Ukraine

CURRENTMEMBERSIgorVocals, GuitarsSidBass, Vocals (backing)ViktorDrums

FICHA

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The HarvestFUL-LENGTH

(2015)

First Communion(2010)

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RAFAEL SADE: Como está sendo para o Stoned Jesus tocar pela primeira vez na América Latina?

Igor Sydorenko: Somos a primeira banda da Ucrânia a tocar na América Latina, então ficamos muito empolgados. É uma expe-riência que não se pode conseguir em nenhum outro lugar. Ficamos muito empolgados.

Nessa turnê vocês tiveram mais foco no último álbum "Harvest", ou fizeram um mix de toda a carreira?

IS: Tocamos 4 de 5 músicas do álbum "Seven Thunders Roar" - Bright like the Morning, I'm the Mountain, Electric Mistress, Stor-my Monday, e trouxemos a música Black Woods de volta ao set list. No ano passado foi o aniversário de 5 anos do álbum "First Commu-nion", e tínhamos decido não tocar as músicas desse álbum por 1 ano, mas quando viemos para a América do Sul resolvemos tocar porque não sabemos quando iremos voltar. Decidimos "vamos tocar para eles". Então, a Black Woods foi um pre-sente para a América do Sul.

ENTREVISTA

IGORSYDORENKOGUITAR/VOCAL - STONED JESUS

O que você achou do público brasileiro?

IS: Foi incrível! O show dessa noite em São Paulo foi o melhor que tivemos até agora. Quero di-zer, me desculpe aos outros, mas até agora o show de São Paulo foi o melhor. Tiveram outros shows muito bons, o show da Grécia foi bom, mas esse aqui de São Paulo foi realmente demais. Você ouviu, as pessoas cantaram e acompa-nharam as músicas.

Esse espaço é seu para man-dar uma mensagem para o público brasileiro.

IS: Obrigado por ser um pessoal bacana, obrigado por nos receber tão bem. Nós amamos vo-cês e prometemos voltar em outro momento, com novo merchan-dising, novos vinis, talvez novas músicas, talvez um novo set list. Eu não sei, foi a primeira vez e adoramos tudo até agora.

Após o show, o

vocalista/gui-tarrista Igor Sydorenko aproveito a animação para contar um pouco dessa experi-ência e desse momento da banda para a October Doom Maga-zine:

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Foi a primeira vez e adoramos tudo até agora.”Igor Sydorenko, STONED JESUS

OD | A

https://www.facebook.com/stonedjesusband

https://stonedjesus.bandcamp.com/

LINKS

POR |

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ENTREVISTAENTREVISTAHICSOS

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DÉCADAS DE HISTÓRIA

Hicsos já pode ser considera-da uma banda clássica do Thrash Metal nacional, na estrada des-

de os anos noventa a banda vê

apresentando diversos discos com uma Thrash matador. A banda está para lançar um dvd de comemo-ração pelos 25 anos de atividades ininterruptas, o que num país como o nosso é um feito que deve ser celebrado. Vamos ver o que a banda tem para dizer sobre sua história, esse DVD comemorativo e sobre seu novo disco.

facebook.com/OctoberDoomOfficial 19

OD | A

POR | Raphael Arizo

Raphael Arizo: Com uma vasta experiência na cena metálica, a banda nunca pa-rou desde o início dos anos 90. Isso se deve a qual fator, além de claro, muito amor pela música e a banda, além de mais o que?

Anvito: Acho que basica-mente é isso mesmo, muito amor pelo Metal e pela banda. Metal para nós é um vício, se parar dá crise de abstinência (risos). Gos-tamos demais de estar no palco

levando o som do Hicsos para todos os lugares. Ver a troca de energia com o público, reconhe-cimento, isso nos dá força e nos mantém na estrada.

Marcelo Ledd: Concordo com tudo que o Anvito falou, o tesão por fazer um som Thrash e poder espalhar nossa violên-cia musical por toda parte nos faz fortes. Cada novo fã que vem até nós, é como uma nova injeção de sangue para seguir em frente.

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Raphael Arizo: Como todo fã de metal no Brasil, algu-mas perguntas não deixam de ser sanadas, pois cada banda vive uma realidade diferente, bem como os di-versos estados de cada. Mu-danças políticas, econômicas e tendências no mercado da música devem ter oscilado bastante. Consegue descre-ver como foi a passagem da banda por essas décadas?

Anvito: Sempre existiram dificuldades e sempre existirão. Vivemos muitas fases. Sempre tivemos amizade um pelo outro e soubemos passar por cima dos problemas de maneira serena. Vivemos momentos de problemas financeiros, políticos e etc. O im-portante foi a cumplicidade de um ajudar ao outro. Uma coisa que nunca nos preocupamos foi com tendências de mercado da música, sempre nos preocupamos em fazer

ENTREVISTAENTREVISTAHICSOS

Thrash Metal da nossa maneira. Acho isso um diferencial.

Raphael Arizo: Consegue en-xergar quantos anos de vida para a banda? Imagina mem-bros mais jovens entrando no time para manter o nome ou considera o momento no fu-turo do fim?

Anvito: Cara, vou falar por mim, eu me vejo tocando Metal no Hicsos até meu corpo dizer que não consegue mais. Se for necessário para a continuidade do Hicsos não faríamos distinção de idade para entrar na banda. O que sempre buscamos em novos integrantes é vontade de estar na banda, amizade, seriedade, profis-sionalismo e dedicação.

Marcelo Ledd: Assim como todas as bandas que envelhecem, seus integrantes também envelhe-cem, mas isso é só por fora, ainda somos garotos adolescentes em-

polgados com sua banda. Quando a hora chegar a gente adapta o som para Thrash feito por velhinhos!!

Todo esse tempo, teve algo que realmente te deixou de-sapontado para com a banda, ou que nunca teve oportuni-dade de considerar falar pu-blicamente?

Anvito: Desapontado não. Triste com alguns acontecimentos talvez. Coisas normais da estrada.

Marcelo Ledd: Acho que não usaria a palavra desapontado se for com relação a carreira da banda, mas com relação a muita gente por aí, sim, acho que até mais do que desapontado, porém tem coisas que é melhor guardar para si.

Raphael Arizo: O último play da banda “Circle of Violence” foi lançado em 2013, qual o saldo que a banda teve desse lançamento?

CIRCLE OF VIOLENCE

2013

CAPA

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O tesão por fazer um som Thrash e poder espalhar nossa violência musical por toda parte nos faz fortes.”

Anvito: Foi muito bom. Tive-mos ótimas críticas e vendagens.

Marcelo Ledd: Deu mais um passo na carreira da banda, acho que mostrou uma evolução em ter-mos de produção no âmbito geral, ganhamos mais fãs também e o disco vendeu bem, mas acho que o próximo será um grande lance em nossa carreira.

Raphael Arizo: Existem mú-sicas prontas para o próximo disco? O que pode dizer a res-peito do novo trabalho a ser lançado futuramente?

Anvito: Sim, já estamos tra-balhando em composições para o próximo álbum.

Temos 3 músicas prontas. Mas o foco ainda está sobre o lança-mento do DVD documentário do Hicsos. Esperamos concluir as gravações que faltam para conse-guir lançar até setembro desse ano.

Marcelo Ledd: Como o Anvi-

to disse, nosso foco está no DVD, mas já está rolando música nova e a única coisa que posso dizer pelo que tenho visto é que nossos fãs podem esperar a porradaria e a violência musical característica do Hicsos.

Raphael Arizo: No Rio de Janeiro, existem grandes estúdios, assim como o de sua propriedade. Vai ser gravado no estúdio HCS Es-túdio?

Anvito: Sim, vai. Ficamos mais à vontade gravando no nosso estúdio.

Podemos fazer as coisas com calma e assim tirar o máximo de aproveitamento da gravação.

Marcelo Ledd: Acho que será feito da mesma forma que o ante-rior, gravaremos no HCS Estúdio faremos mixagens e masterização em Sampa com o Pompeu e o Heros.

facebook.com/OctoberDoomOfficial

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GÊNEROThrash Metal

ORIGEMRio de Janeiro

CURRENTMEMBERSMarco AnvitoBaixo & VocalAlexandre CarreiroGuitarraCelso RossattoGuitarraMarcelo LeddBateria

FICHA

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Raphael Arizo: Quais bandas de metal andaram passando por lá? Grava outro estilo de música também?

Anvito: 80% das bandas que ensaiam no HCS Estúdio são de Metal.

Ensaiam lá o Vox Mortem, Dea-thpass, Land of Tears, As Dramatic Homage, entre outras. Gravo outros estilos com certeza. Tem que olhar pelo lado comercial, não dá para perder clientes por ideologia, ainda mais em tempos de crise (risos).

Raphael Arizo: Foi anun-ciada no começo do ano a saída do guitarrista e um dos fundadores da banda Antônio Sabba, como a ban-da lidou com a saída de um membro tão importante e como tem sido o trabalho do seu substituto Alexan-dre Carreiro?

Anvito: No início foi meio complicado. Antônio é um grande amigo e estava tocando comigo há 25 anos. É estranho olhar para o lado no ensaio ou show e não o ver., mas foi de boa a saída. Entendo o lado dele. Cansou, ele não queria mais ter compromisso e precisava se dedicar mais ao trabalho e filha. Acontece. O Carreiro foi um grande achado. Se encaixou no Hicsos como uma luva. Enten-deu bem a proposta, é um cara bastante profissional, dedicado e excelente guitarrista. Deu uma nova cara a banda.

Marcelo Ledd: Foi esquisito, porém esperado, mas são muitos

anos de amizade antes da música e acho que isso é que fez a dife-rença na saída do Antônio, porém está feito e não podemos voltar no tempo, mas essa troca nos trouxe o Alexandre que esta somando muito, além de ser excelente guitarrista, é um excelente companheiro de ban-da e isso faz muito efeito positivo.

Raphael Arizo: Conforme anunciado na mídia, fize-ram um grande apanhado de shows para compor um dvd comemorativo de 25 anos, ele vai conter entrevistas, extras e trecho de shows? Como está o andamento da mídia e edição?

Anvito: Sim, estamos traba-lhando duro nesse DVD. Vai ser um documentário contando toda a história da banda. Entrevistas com amigos, ex e atuais integran-tes, fãs, fotos e alguns trechos de shows e clipes. Estamos em fase de conclusão de depoimentos e se tudo correr bem lançaremos até o fim desse ano.

Marcelo Ledd: O lance vai ser literalmente um documentário, contando toda a trajetória da ban-da, se você ainda não nos conhece é só esperar pelo lançamento e assistir que terá noção de tudo e todos que estão ou estiveram no Hicsos e também de pessoas que de alguma forma foram importan-tes para a banda em sua trajetória.

Raphael Arizo: Como per-cebe o trabalho dos selos independentes novos com os grandes selos mais tradicio-

nais e do passado? Pois era um mercado mais generoso e as vendas eram considera-velmente mais fáceis.

Anvito: Hoje a internet parou um pouco com a venda de CDs. Muitas bandas lançam Web CD’s. Eu gosto muito das mídias físicas, compro até hoje. As gravadoras pe-quenas ou independentes têm dado um grande suporte para as ban-das, isso é bem positivo. As mais tradicionais ficaram com medo de lançar as bandas novas e investem pouco. Só priorizam os grandes.

Raphael Arizo: O Hicsos já tocou com grandes bandas do cenário mundial como An-thrax, Exodus, Destruction, D.R.I, Mercyful Fate, etc. Como é a sensação de dividir o palco com grandes lendas que serviram de influência para a própria banda?

Anvito: Indescritível. Foi uma puta experiência adquirida. Estar na presença de grandes no-mes, poder ter contato com eles e mostrar seu trabalho é sensacio-nal. Ganhamos muito com esses shows.

Marcelo Ledd: O profis-sionalismo dos caras, que na verdade é algo natural, mas que aqui no underground ainda tem muita gente que acha babaquice detalhes simples, como pon-tualidade e equipamento. Mas falando como fã, aí é foda estar ali trocando uma ideia com os caras que você sempre ouviu des-de moleque, não sei nem o que dizer, mas é muito bom.

ENTREVISTAENTREVISTAHICSOS

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Raphael Arizo: Vendo e ou-vindo o novo guitarrista Alexandre Carneiro, parece que ele se entrosou bem com a banda e segue nas linhas das músicas antigas. Como ele vem se adaptando e se as mudanças na formação fa-zem muita diferença?

Anvito: Carreiro já está totalmente adaptado. Excelente guitarrista, muito versátil e enten-deu perfeitamente a proposta. As mudanças sempre são complicadas no início, mas tivemos muita sorte com os que entraram no Hicsos.

Marcelo Ledd: O Alexandre caiu como uma luva, ele tem o espírito do Thrash e está sempre disposto a ouvir, isso é ótimo, além claro de ser um exímio guitarrista. Mudanças de forma-ção nem sempre são boas, mas as vezes são para a melhor.

Raphael Arizo: A bela capa foi feita pela Obsidian De-sign, um processo no qual representa bem todas as músicas do trabalho. Uma pena a empresa não estar atuando neste ramo no mo-mento. Neste caso, foi um dos últimos trabalhos da Obsidian e também da Laser Company. Como avalia o tra-balho de ambos e acredita na volta dessas empresas para o mercado?

Marcelo Ledd: A Laser não volta mais, deixou muito a desejar no final, mas a Obsidian vai voltar sim, eu conversei com o Rodol-fo e ele deve retornar em algum

momento futuro.Com o trabalho da capa eu fiquei muito feliz, mas com a gravadora não.

Raphael Arizo: Analisando “Circle of Violence”, percebi uma faixa como bônus. Se Trata de “Angel Ripped”, ela tem a gravação similar e o contexto lírico não destoa tanto as demais. Qual o mo-tivo dessa segregação?

Marcelo Ledd: A gente tinha essa música pronta, mas já tinha fechado o cd, aí a gravadora pediu mais uma música e nós finalizamos ela para entrar no disco e para não alterar tudo, entrou como bônus.

Raphael Arizo: músico expe-riente, consegue dissecar o Thrash Metal e suas caracte-rísticas em cada país? Embo-ra os estados possam linear drasticamente a mudança, é possível descrever?

Marcelo Ledd: Cara eu adoro Thrash Metal e vejo três tipos de Thrash divididos pelo mundo, o Thrash americano que tem os anos 80 calcados na velocidade e agressividade, os anos 90 que vei com o peso e sem tanta veloci-dade, mas manteve a agressivi-dade. Depois as bandas dos anos oitenta voltaram a lançar bons álbuns com uma mistura de tudo isso. O Thrash Alemão que tem a velocidade e agressividade dos anos oitenta com a maioria tendo vocais mais rasgados, mas sem muito peso, nos anos noventa as bandas acrescentaram mais peso e nos anos 2000 melodia, mas com

riffs rasgados ainda. E o Thrash brasileiro que tem uma caracterís-tica de tudo isso misturado com a nossa realidade e a criatividade que só os brasileiros conseguem os anos oitenta já tinham isso com variedade entre velocidade e peso, depois mais peso cadencia e misturas com outros ritmos e atualmente melodia também vem sendo acrescentada.

Raphael Arizo: Algumas ban-das não tocam tanto dentro de seu estado, por falta de oportunidade ou por esco-lha própria. Pelo que venho acompanhando, a banda esteve tocando em diversas localidades do todo estado do Rio de Janeiro. Consegue descrever as características de cada público? Recente-mente tocaram em Resende, sul fluminense do estado, ainda restam alguma loca-lidade na carreira da banda para fechar o giro?

Anvito: Cada lugar tem com

ENTREVISTAENTREVISTAHICSOS

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certeza Headbanger mais loucos que o outro. Em Resende foi nossa primeira vez, achei o espaço muito legal e o público bem recepti-vo, agitando bastante. Curtimos demais. Tocamos no Nordeste e no Sul 2 vezes foi muito louco tam-bém, Headbangers insanos por lá, (risos). Acho que faltou a região Norte que nunca fomos, rolou um convite e quase se concretizou de tocarmos em Manaus, seria sensa-cional tocar lá.

Raphael Arizo: Deixe um conselho para novas bandas e a garotada que tem segui-do no caminho da música.

Anvito: Acreditem sempre no seu trabalho, não desanimem com críticas ruins, procure sempre dar o melhor de você nas composições e pé na estrada! \m/

Marcelo Ledd: Sigam suas emoções, façam o som que vem de dentro, curtam sua própria música, porque se nem você, como seguir uma carreira?

Raphael Arizo: Espaço para considerações finais e agra-decimentos...

Marcelo Ledd: Obrigado pelo espaço e não deixem de conferir nosso DVD que estará muito baca-na, metal na veia sempre!! https://www.facebook.com/hicsosofficial

LINK

Mudanças de formação nem sempre são boas, mas as vezes são para a melhor.”

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facebook.com/OctoberDoomOfficial 25

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ENTREVISTAENTREVISTAFRANCISCO BUENOGUITAR - REIKETSU

PESO E SUOR NO

POST METAL NACIONAL

Em fevereiro, a banda paulista, Reiketsu, lançou o excelente “Ninho de Harpia”, que traz muita influência do post metal e do neocrust. Tive oportuni-dade de vê-los recentemente no Mass Fest 2, onde fizeram

um belíssimo show. O disco novo dos caras

traz muitas novidades em relação aos tram-pos anteriores, apresentando uma sonoridade mais trabalhada, entre partes que alternam peso e agressividade, com belas melodias. A banda lançou o álbum em formato de cd (di-gipack), com uma linda arte, numa parceria entre diversos selos, inclusive o seu próprio, Matéria Negra Discos. Abaixo, segue a en-trevista que realizei com o Francisco Bueno, um dos guitarristas da banda.

POR | Erick Cruxen

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GÊNERONeocrustPost Metal

ORIGEMSão Paulo

FICHA

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Erick Cruxen: Quais as dife-renças do “Ninho de Harpia” para os outros trampos do Reiketsu?

Francisco Bueno: Na verda-de, eu acho que tudo é diferente! Desde as composições até a arte, fizemos tudo de uma forma dife-rente. Nos lançamentos anteriores nós criávamos as músicas e meio que já partíamos para a grava-ção. Para o Ninho de Harpia nós gravamos várias "prés" antes de fecharmos as músicas, o que nos deu a possibilidade de trabalhar com mais calma os detalhes de cada som. Foi a primeira vez tam-bém que decidimos usar samples e synths nas músicas. A parte gráfica também foi algo inédito. As capas anteriores eu mesmo que editava alguma foto ou fazia alguma montagem, no Ninho de Harpia convidamos um amigo ilustrador (Augusto Miranda) e explicamos toda a concepção por trás do cd para que ele pudesse elaborar o desenho. Ele redese-nhou o logo também. Enfim, foi

tudo feito de modo mais elabora-do e pensado do que nos lança-mentos anteriores e acreditamos que isso fez toda a diferença.

Sabemos como é difícil gra-var um disco físico (CD), por aqui, ainda mais no under-ground. Como foi todo o pro-cesso? Algum selo participou da empreitada?

FB: Vários selos participaram. Além do meu próprio selo (Ma-téria Negra Discos) e o selo do Tiagão (Cipreste Negro Records), participaram também o Hunter Records, o Back On Track Re-cords e o Crust or Die Collective Distro. A ideia inicial era lançar em vinil, mas não foi viável e partimos para o CD. Apesar de todos os contratempos comuns nesse tipo de coisa todo o proces-so foi bem tranquilo! Tanto para juntar os selos interessados como os trâmites com a fábrica. E ainda temos planos de prensar o vinil, só não temos previsão nenhuma disso por enquanto.

Foi a primeira vez também que

decidimos usar samples e synths nas músicas. A parte gráfica também foi algo inédito.” Francisco Bueno, GUITAR - REIKETSUCURRENT

MEMBERSBruno Guitarra e VocalKikoGuitarra Tiago BaixoSaulo Bateria

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Como foi a receptividade de quem já gostava da banda? “Conseguiram” apresentar os sons novos para mais pes-soas?

FB: Aparentemente o pessoal gostou! Não sei dizer ao certo se todo mundo que curtia a banda antes gostou desse novo CD pois trouxemos bastante influência nova nas gravações. Mas pelo me-nos os comentários têm sido bem positivos! E acho que estamos alcançando cada vez mais pessoas que curtem outros estilos que não seja o neocrust e/ou o post metal (que acredito que sejam as nossas maiores influências hoje em dia) justamente por conta dessa mistura de novas influências. Vira e mexe chega alguém pra conversar com a gente depois dos shows e fala que nosso som lembrou tal banda de Doom, ou tal banda de Black metal. Às vezes é alguma banda que a gente nem conhece, mas é a referência mais próxima do nosso som que a pessoa conhece. Acho bem legal isso pois é a prova de que mesmo não seguindo nenhum estilo específico, várias pessoas se identificam com nosso som de alguma maneira.

Quais foram as maiores refe-rências/ influências que ti-veram na produção do disco?

FB: Putz, não sei dizer ao certo quais foram as mais importantes. Misturamos tanta coisa que no fi-nal nem sei dizer o que sobressaiu. Posso mencionar algumas das ban-

das como o Light Bearer, o Cult of Luna, o Wolfbrigade, e até mesmo o Alcest, que são bandas que com certeza tiveram sua parcelinha de culpa ali.

Depois do lançamento do “Ninho de Harpia” quais são os planos do Reiketsu?

FB: Na verdade, já estamos trabalhando em 2 sons novos que sairão logo menos num split com a Mácula, da Bahia. Depois disso estamos planejando tocar em luga-res que ainda não tivemos opor-tunidade de tocar, como o sul e o centro-oeste, mas ainda não temos nada definido.

E acho que estamos alcançando cada vez mais pessoas que curtem outros estilos que não seja o neocrust e/ou o post metal .”Francisco Bueno, GUITAR - REIKETSU

ENTREVISTAFRANCISCO BUENOGUITAR - REIKETSU

https://www.facebook.com/reiketsuband/

https://reiketsu.bandcamp.com

https://www.youtube.com/watch?v=peROBknn1Jo&feature=youtu.be

LINKS

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NINHO DE HARPIA

2005

CAPA

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ENTREVISTAENTREVISTA

ELES VÃO ABDUZIR VOCÊ

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SPACE GUERRILLA

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31facebook.com/OctoberDoomOfficial

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POR | Merlin Oliveira

Vindos de um dos grandes polos da música arrastada e desace-

lerada do país, os gaúchos do Space Guerrilla são respon-sáveis por um dos sons mais espaciais do cenário stoner nacional. Depois de lançar seu primeiro EP “Boundless” e de passagens por festivais como Stoner Fest, Stoned to Death, Megalodoom Fuzztival, Me-dusa Stoner Festival e Paraíbas Festival, a banda se encontra agora em fase de lançamento de seu segundo trabalho.

A October Doom Maga-zine conversou com o trio formado por Angelo Boose (guitarra), Cristiano Muniz (baixo) e Gustavo RB (bateria) pra saber quais são os planos pra 2016, conhecer um pouco mais do trabalho já realizado e ouvir o que eles tem a dizer sobre o som que tem sido feito no Brasil.

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Merlin Oliveira: Primeira-mente muito obrigado pelo tempo e a atenção, pessoal. Pra começar gostaria que vo-cês falassem um pouco sobre a banda, quais são as influên-cias de vocês? De onde nasceu a ideia de montar uma banda de stoner instrumental?

Space Guerrilla: Nós que agrademos a oportunidade. Nossas influências são o rock dos anos setenta, bandas como Black Sa-bbath, Led Zeppelin, Pink Floyd, e o stoner rock de bandas como Kyuss, Truckfighters, Earthless, Causa Sui, The Sword, Kadavar, Witch, Baroness e muitas outras. A ideia de ser instrumental é fazer um som sem fronteiras, que não esbarasse na questão da língua e pudesse ser compreendido por todo o mundo e fora dele também.

Sobre o primeiro trabalho de vocês, o EP “Boundless”, como foi a recepção do públi-co nacional?

SG: Foi a melhor possível, não esperávamos que nosso trampo

fosse ter toda essa repercussão positiva. Só temos a agradecer à galera que curte e vai nos rolês apoiar a banda.

Como foi a experiência de abrir os shows pros caras do Jeremy Irons & The Ratgang Malibus?

SG: Os caras são ótimos, muito gente boa todos eles. Foi nossa primeira participação numa turnê internacional. Em resumo foi um fim de semana na estrada muito doido, nos diverti-mos muito na companhia deles. Só temos a agradecer à Abra-xas pelo convite para a turnê. Esperamos que voltem logo ao Brasil.

Além de músicos, vocês também estão envolvidos na produção de alguns eventos no Rio Grande do Sul. Como tem sido o en-volvimento do público com esses eventos?

SG: Os produtores locais têm se empenhado em promo-

ver eventos que colaboram na construção do público e da cena independente. Nós percebemos que o público pro stoner rock tem crescido nos últimos nos, antes era mais restrito às capitais, agora as cidade polo do interior aqui na região também estão recebendo shows de stoner, podendo citar Caxias do Sul, Santa Maria, Brus-que, Londrina e outras.

Vocês são uma das muitas bandas que tem se destaca-do no sul do país, ao lado de outras como Wolftruckers, Cattarse, Monte Resina e Motor City Madness. Como vocês avaliam essa nova cena e o que tem sido feito na região?

SG: Nos últimos anos surgiu uma pá de bandas novas aqui na região, que tem se destacado por buscar agregar uma personali-dade própria ao som, cada uma com uma proposta e diferencial artístico. Isso é do caralho e mostra que estamos indo no caminho certo.

ENTREVISTASPACE GUERRILLA

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Ainda nesse assunto, de quando vocês começaram a banda até hoje, quais foram as mudanças?

SG: Desde que a Space co-meçou, percebemos que há uma demanda maior do público pelo stoner rock, muita gente conheceu o estilo há pouco tempo, daí come-çam a pesquisar, se informar sobre as bandas e colam nos rolês. Temos notado também um interesse maior da gurizada mais nova no estilo.

Agora vocês estão em fase de lançamento de seu novo trabalho, o “Ocean of Beco-ming”. O que o público pode esperar desse álbum?

SG: Estamos finalizando os últimos detalhes do álbum, e o público pode esperar um disco melhor trabalhado que o EP Bou-ndless, demonstrando a evolução da banda com diferentes passagens sonoras, agregando mais elemen-tos de percussão, buscando uma sonoridade espacial, mas ao mes-mo tempo orgânica. O disco todo foi gravado no Estúdio Hurricane em Porto Alegre, por nosso parcei-ro de produção Sebastian Carsin.

Dentro dos planos de divul-gação para o lançamento, vocês pretendem incluir da-tas em outros estados ainda em 2016?

SG: Certamente está nos planos da banda uma turnê de lançamen-to com datas em outros estados e países vizinhos.

Como vocês avaliam o que tem sido feito a nível nacio-nal no Brasil? Alguma cena que tem chamado a atenção

do pessoal do Sul ou bandas que vocês gostariam de tocar juntos?

SG: Nos chama muito a aten-ção a cena do Nordeste, de bandas como Black Witch, Mad Grinder, Quarto Astral, Old Stove e ou-tras. Também destacamos a cena do Centro-Oeste e Minas, com Fuzzly, Hellbenders, Duna, Brisa e Chama, pra citar algumas. Outra banda que gostaríamos muito de dividir palco é a Saturndust de São Paulo.

Muito obrigado mais uma vez pela atenção, deixo aqui o espaço para que vocês acrescentem alguma coisa e o desejo de sucesso em nome da October Doom Magazine.

SG: Queremos agradecer mais uma vez ao público que acom-panha nossos corres e à October Doom Magazine pela oportunida-de de falar um pouco sobre nossa banda e os trampos que vêm por aí. Valeu por tudo!

GÊNEROStonerRock

ORIGEMRio Grande do Sul

CURRENTMEMBERSAngelo BooseGuitarraCristiano MunizBaixoGustavo RBBateria

FICHA

Nós percebemos que o público pro stoner rock tem crescido nos últimos nos, antes era mais restrito às capitais, agora as cidade polo do interior aqui na região também estão recebendo shows de stoner.”

SPACE GUERRILLA

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BoundlessEP(2016)

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ENTREVISTAENTREVISTARAFAEL ALVESGUITAR/VOCAL - SOULSCOURGE

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SEM TEMPO A PERDER

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POR | Cielinszka Wielewski

Depois de entrar em hiato em 2008, a banda Catarinense de Doom Metal SoulsCourge está voltando

às atividades, preparando novos trabalhos e, num futuro próximo, apresentações ao vivo. Para está edição, estive com Rafael Alves, vocal e guitarra da banda para relembrar um pouco do passado e saber os planos do SoulsCourge para os próximos passos. Confira agora oresultado dessa conversa.

Cielinszka: Olá Rafael, tudo bem? Quais são as novas para 2016 com relação à ban-da SoulsCourge?

Rafael Alves: Antes de mais nada, obrigado pela oportunida-de! Então, o Soulscourge está

parado desde 2008. Nesse tempo tentamos diversas vezes retomar as atividades, mas sempre acon-tecia algum problema e ficava só no papel. Atualmente alguns integrantes estão envolvidos em outros projetos pessoais e outras bandas, então estamos tentando encaixar o tempo da melhor for-ma o possível.

O plano imediato é finalizar as gravações do nosso CD, e poste-riormente uma possível volta aos palcos.

Conte para nós sobre a traje-tória do SoulsCourge, prin-cipalmente apresentando-a quem não conhece.

RA: O Soulscourge na verdade começou como um projeto pessoal meu, eu nem pretendia torná-lo uma banda efetivamente. Na época eu estava de saco cheio de shows e tudo o que envolve isso, queria mesmo ficar no anonimato (foi por esse motivo que saí do Osculum Obscenum, banda em que tocava), acho que eu estava ficando maluco (risos).

GÊNERODoom Metal

ORIGEMFlorianópolis

CURRENTMEMBERSGabriel FarahGuitarraErika EbsenTecladoRafael AlvesVocal/GuitarraLeonado ChagasBaixoGiuliano SchmidtBateria

FICHA

Prelude to Tragedy(2006)

facebook.com/OctoberDoomOfficial

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Sempre fui um grande fã de Doom metal, comecei a compor algumas músicas nesse estilo, e pensei que seria interessante gravá-las apenas como um registro pessoal, e talvez para amigos que pudessem se interessar. Para me ajudar nessa empreitada, convidei o Giuliano Schmidt (Gwrath Chaos - bateria), que se empolgou com a ideia. Por sua vez, ele chamou a Erika Ebsen (Witerlitany - teclados).

Gravamos alguns ensaios, que acabaram sendo ouvidos pelo Le-onardo Chagas (Chagash - braixo) e pelo Gabriel Farah (Grafvitnir - guitarra), e quando eu me dei por conta, já havia se tornado uma banda efetivamente (risos)!

Quanto ao som em si, nossa in-tenção sempre foi fazer um Doom Metal o mais pesado e mórbido o possível, mas sem necessaria-mente nos prender a rótulos, acho que isso fez toda a diferença. Pois você pode encontrar várias influ-ências dentro do nosso som, que vão da música sinfônica ao black metal. Enfim, quem quiser conferir é só acessar o myspace.com/souls-courgedoom, todas as músicas da demo Prelude to Tragedy estão disponíveis ali.

O Sul do país tem bandas distintas e algumas carac-terísticas próprias que im-primem identidade ao doom metal. Você percebe isso? Na sua opinião, quais seriam as diferenças mais notáveis?

RA: Acho que o clima frio da-qui acaba ajudando (risos)! Outra coisa que acredito ser um diferen-cial, é o fato da forte influência da cultura europeia que temos por aqui, isso acaba abrangendo o campo musical também. E como o Doom metal é um estilo que abre um bom espaço a experimen-tações, acredito que essa seja a diferença mais marcante.

Qual o show mais marcante na trajetória do SoulsCourge?

RA: Fizemos muitos shows e cada um teve sua importância. Mas acho que o mais marcante acabou sendo a seletiva para o Wacken em Porto Alegre - abril de 2007. Ficamos pasmos quando vi-mos que havíamos sido seleciona-dos para concorrer com bandas de renome e anos de estrada (como o Distraught, por exemplo).

Foi um ótimo show e tivemos uma grande aceitação por parte tanto do público, quanto das outras bandas, realmente muito satisfató-rio. Outro detalhe que nos marcou nesse show, foi o fato de ter ocor-rido no exato dia em que a banda completou 1 ano de atividades, uma ótima maneira de comemorar o aniversário (risos)!

Como é o underground no li-toral catarinense? E a recep-tividade ao doom metal?

RA: Eu diria que é realmente muito bom! Uma coisa que sem-pre me agradou muito no cenário

underground daqui é o fato da ga-lera ser bastante unida, apoiando as bandas independente do estilo, isso realmente faz uma grande diferença! Também os shows têm se tornado cada vez mais profis-sionais, tanto por parte dos organi-zadores quanto das bandas em si, realmente muito satisfatório!

Quanto à receptividade ao Doom metal, nós particularmente nunca tivemos do que reclamar, sempre recebemos um grande apoio por todos os lados, agrade-cemos e muito! O que eu sempre percebi por aqui, é que o pessoal não se prende necessariamente em um estilo de som, em um rótulo. Sendo uma banda de qualidade e personalidade a galera apoia mesmo, curte e comparece! Acho perfeito, pois na minha opinião, essa é a verdadeira essência da música, não é mesmo?

ENTREVISTAENTREVISTARAFAEL ALVESGUITAR/VOCAL - SOULSCOURGE

https://myspace.com/soulscourgedoom

LINK

Nossa intenção sempre foi fazer um Doom Metal o mais pesado e mórbido o possível.”Rafael Alves, SOULSCOURGE

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ENTREVISTAENTREVISTAPAULO‘CACHAÇO’RUINAS DE SADE

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facebook.com/OctoberDoomOfficial

OS PUPILOS DESACELERADOS

DE NIETZSCHEPOR | Gustav Zombetero

Ruínas de Sade é um quarteto formado no interior de Santa Ca-tarina, em Brusque. Os

caras são adeptos duma sono-ridade pesada, lenta, com algu-

mas pitadas de anos 70 e 90. A banda lançou recentemente o seu play de estreia, são 3 faixas em 30 minutos de culto ao abismo humano. Um fato interessante é o uso do idioma pátrio nas canções, algo não muito comum... sem delongas, fiquem com a palavra de Paulo “Cachaço”. OD | A

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GUSTAV ZOMBETERO: Sau-dações nobre Cachaço, nos apresente os Ruínas de Sade, quando, onde e por quê a banda foi criada?

Paulo Vitor: Fala ferrugem! Tudo certo, querido? Então, o ruínas começou como um projeto de rock progressivo de estúdio, o qual constava comigo no baixo, voz e teclado e Gustavo Gamba na guitarra, bateria e voz (primeiro guitarrista e segundo baterista da banda), aí depois fomos mudan-do de formações até chegar na de hoje, com o Hugo no vocal, Vitor “Bob” na guitarra, Carlos “Molly” na bateria e eu no baixo e sintetizador. A banda foi criada na cidade de Brusque, no caso todos residiam lá na época (hoje, por exemplo, eu moro em Flo-rianópolis, o Vitor e o Molly em Balneário Camboriú e o Hugo em Brusque), e meu, fizemos por que estávamos muito afim de fazer um som embasado no prog. setentista e no peso do grunge e de bandas mais modernas como RATM, por exemplo.

Já de cara, a banda lançou um Debut digital contendo 3 faixas em 30 minutos de som, um cuidado especial com a parte gráfica também chama a atenção, comente sobre todo esse processo e se tudo saiu conforme o planejado.

PV: Po cara, íamos lançar o disco com mais um som, mas aí vimos que tinha que ser essas três faixas no nosso primeiro e autointitulado disco. E sobre as 3 faixas com 10 min. em média...foi algo que a gente não escolheu, sacas? Fizemos os sons e saiu assim, rsrsrsrsrs (para você ter ideia, a primeira versão de “Funeral do Sol” era instrumental e tinha uns 16 mi-nutos). Na capa nós queríamos fazer algo que tivesse a ver com as músicas do disco, no caso o polvo remetendo a “Divindade Abissal”, o sol atrás e o polvo se apodrecendo remete a “Funeral do Sol” e “Cadáver da Terra” é representada pelos seres huma-nos combatendo esse “Cthulhu de Sade”.

ENTREVISTAENTREVISTAPAULO‘CACHAÇO’RUINAS DE SADE

GÊNEROStoner psy-chadelic doom

ORIGEMSanta Catarina

FICHA

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CURRENTMEMBERSHugo GrubertVocalVitor “Bob” ZenGuitarraPaulo MachadoBaixoCarlos “Molly” CivinskiBateria

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Um fato gritante no som da banda é o uso do idioma pá-trio nas letras, algo não tão comum neste nicho musi-cal, acredito que não tenha sido nada fácil encaixar as letras na música da banda, ou foi?

PV: Nós sempre quisemos fazer um som com letras em PT, e sempre fizemos, na verdade, desde a época prog. da banda. O Hugo ficou meio assim no começo pois ele sempre escreveu sons com letras em inglês, mas depois nós curtimos o resultado e ficou assim. Mas a real é que nós não temos essa “trava” de fazer som em um tipo de idioma só, provável que o nosso próximo disco seja um full e tenha só letras em inglês, mas temos uma música em árabe, por exemplo. A gente faz o que dá na cabeça.

A banda fechou com um selo gringo, como se deu essa fei-ta e o que podemos esperar? É possível um lançamento físico do Debut?

PV: Conseguimos fechar com dois selos: o South American Sludge Records da Argentina e o Swamp Metal Records dos EUA! Sobre o S.A.S.: é o selo do Sérgio Ch, popular guitarra do Los Natas, baita banda noventista de stoner argentino. Esse selo funciona mais com contatos e com parcerias, pois eles não mechem em ques-tões monetárias. O segundo selo, S.M.R., é um baita de um selo legal! E aqui viemos anunciar que em novembro nossas cópias de CD e K7 vão vir para o Brasil, já está ocorrendo a pré-venda do CD, deixo o link aí em baixo!

Como é de praxe... quais são as influências musicais e filosóficas da banda? O que vocês esperam atingir com o som que executam, acredi-tam que este nicho musical esteja em expansão aqui no Brasil?

PV: Cara, as influências musicais das bandas são muito amplas: King Crimson, Belze-bong, Bongzilla, Sleep, Electric

Wizard, Weedruid, Saint Vitus, Candlemass, Blue Cheer, Black Sabbath e atualmente blues e jazz. O nosso maior “cerne filosófico” é Nietzsche, com certeza (apesar da gente gostar de tantos outros, eu e o Hugo somos nietzschianos e gostamos de vários autores rela-cionados a ele também), gostamos muito do mundo trágico da Grécia Antiga, não pessimista ein (muita gente ouve nossas letras e fala que pensamos em pessimismo,

Nós sempre quisemos fazer um som com letras em PT, e sempre fizemos, desde a época prog. da banda.”Paulo ‘Cachaço’, RUINAS DE SADE

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em algo completamente existen-cialista, etc, mas não, a gente é otimista pra caramba, gostamos de dizer “sim” a vida, e meu, uma música nossa fala de zumbis, outra do H.P. Lovecraft misturado com história e antropologia, e a outra é algo mais realista da sociedade, mais trágico mesmo). Po cara, a gente nunca pensou em atingir algum público específico, mas provável que a galera que curte literatura, filosofia, sociologia, po-lítica e um som arrastadão vai se amarrar no nosso som, até por que a gente acredita que esse post-rock como um todo está em expansão sim no Brasil, só ver os lança-mentos do underground, se não é stoner, é rotulado de stoner, como o grunge nos anos 90.

Em julho vocês vão sair numa gig, quais são as ex-pectativas pra esse rolê?

PV: Po velho, são as melhores possíveis, estamos muito empolga-dos pois vamos tocar com muitas bandas que estamos querendo ver ao vivo faz um tempo, iremos ver essas bandas e conhecer a galera que geralmente só conversamos pela net! Citação especial mesmo pra Octopus que éramos pra fazer uma mini tour em janeiro mas aca-bou não rolando, aí em julho vamos fazer uma com eles, galera gente boa!! Fora que vamos gravar um Split com uma banda de um amigo: Satanoid. Nesse Split vamos gravar uns sons mais antigos e jams, vai ser algo mais descontraído.

Voltando ao play... ao meu ver a sonoridade não é tão reta, o trabalho de baixo ficou foda, criou vida pró-pria na música, alguns solos alucinados, e em certos mo-mentos notei alguma coisa dos anos 70, os trechos de “disco invertido” tiraram uma onda, o que tens a dizer sobre isso?

PV: Cara, temos influências dos anos 70, mas não muitas (pro-vável que o nosso próximo play tenha mais, pois estou ouvindo umas coisas mais das antigas no momento). A gente sempre quis dar uma ambiência a música, não fazer ela soar apenas como um “som” mas sim como arte, então por isso vemos os pratos e vozes invertidas, os timbres, guitarras duplicadas, colagens, dois solos ao mesmo tempo, sintetizador, etc. como algo a mais na música, na nossa música pelo menos.

Já podemos esperar um se-gundo play? Previsão? Se-guirá a mesma linha do “Ru-ínas...”?

PV: Já sim, estamos compondo (inclusive, nessa turnê de julho iremos tocar uns dois sons novos) alguma coisa já, no momento te-mos uma música pronta e diversas jams, provável que esse ano saia um single com um clipe feito pelo Renan Casarin, baita Filmmaker e amigão da banda; e na nossa turnê, como disse anteriormente, vamos gravar um Split ! Olha...provável

que o disco saia no mínimo no final de 2017, começo de 2018, pois iremos lançar um full de mais de uma hora e queremos atingir um perfeccionismo gigantesco, então iremos trabalhar faixa por faixa, efeito por efeito e por aí vai. Será um processo meio demora-do? Sim, mas irá ficar absurdo o próximo disco! Sobre a linha do primeiro disco, provavelmente não, o que vai ter vai ser a nossa pegada de mistura de influências, ambiência, mas pelo que está sain-do, a música anda bem diferente, muito mais psicodélica e muito mais pesada.

Mano, é isso, estarei no aguardo dos senhores na passagem por SP, utilize este espaço como quiser e finde esta.

PV: Opa, valeu mesmo velho, obrigado pelo convite! Tu eis brother mesmo, se vemos em SP! Agradecemos a todos que estão nos ouvindo, que compartilham, que comparecem nos shows, a tudo relacionado com nós, muito obrigado mesmo! Se preparem que até final do ano vai rolar muitas coisas ainda, logo anuncia-remos a nossa tour e as datas, em julho, com uma data especial no meio! Abração aí pro Morgan e pra toda a galera da ODM, vocês são fodas!

ENTREVISTAENTREVISTAPAULO‘CACHAÇO’RUINAS DE SADE

https://ruinasdesade.bandcamp.com/releases

LINKhttps://www.facebook.com/ruinasdesade

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Algumas bandas usam uma intro para iniciar o seu play, outras, costumam

começá-lo com uma música mais suave, esse não é o caso dos Ruínas de Sade. “Funeral do Sol” abre os trabalhos numa marreta-da dilacerante, lentidão e peso é a chave para abrir o teu crânio e observar os seus miolos pulsando. Pulsante é outra palavra que serve de adjetivo, cai muito bem para o baixo de Paulo “Cachaço”, os caras usam o artifício de deixar os instrumentos soltos, talvez, um resquício dos primórdios da banda quando eles eram voltados ao Prog. Rock. Não sei ‘rotular’ os vocais de Hugo, parece estar impregnado de desesperança e ao mesmo tempo satirizando a nossa vã condição humana, não é à toa que o viés lírico da banda orbite em temas históricos e filosofia, por vezes o vocal parece carregar um certo ódio, o que também vem a calhar com a feita, pois não existe nada mais humano do que o ódio. Vitor “Bob” usa uma guitarra mais limpa, solos ver-tiginosos que também parecem satirizar o mundo dos homens, a coisa começa a entrar em linha reta na 2ª faixa - “Divindade Abissal”, nesta, os caras focam mais o peso, o andamento lento, a chapação que deve ser tratada com carinho, ou então, alguém vai falar que isso não é Stoner. Esses caras são astutos nas entrelinhas, tem até aquela parada de virar o disco ao contrário, no mínimo, devem

ter xingado alguém. “Divindade Abissal” é aquela faixa que fica batendo na mesma tecla, aquele riff latejando na sua mente a mú-sica inteira, a piedade é coisa de Jesus, martela mais que tá bonito! De novo os caras entram no clima da turma da Xuxa e invertem algumas frases que lembram os chineses cochichando na pastela-ria que você foi apreciar aquele pastelzão de “flango”, que parece rato e tem gosto de barata, é assim que eles encerram a “Divinda-de...”. O clichê bate forte na alma com “Cadáver da Terra”, nesta, os caras vão passear nas feitas dos Electric Wizard, Sleep, Sabbath, por aí vai, também jogam no meio algum dialogo em italiano, que no mínimo seja fruto d’algum daque-les filmes de terror cult, os meni-nos abusam, abusam muito. Foda é o peso, a lentidão carrancuda, essa forma de cantar no idioma pátrio, algo que não é nada fácil, ainda mais nos moldes pensantes desses caras. “Cadáver da Terra” é a faixa mais longa do play, vai se arrastando e pisando na sua cara sem mostrar preocupação alguma, até que um solo paz e amor rouba a cena, porém, mais uma vez a desesperança toma conta do que Hugo urra, neste momento você para e pensa, esses caras tiraram mó onda! Os caras também capri-charam na arte gráfica do play, tem selo gringo que já abraçou a ideia e tá afim de lançar este material de forma física, sinal que os meninos de Brusque tão no rolê certo.

ANÁLISE DO ÁLBUM

RUINAS DE SADE

2016

CAPA

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REVIEW: YOUR DOOM HAS COME

COLUNA

Recebi este ma-terial faz algum tempo, mas apenas agora que estou conseguin-do descrevê-lo. O

que temos aqui é um Doom Metal instrumental e com algum flerte com o Stoner que desenrola em seus pouco mais de 40 minutos.

Esta banda está na ativa desde 2013 e este material é o segundo full-lenght deles.

Temos 6 temas de absoluto bom gosto e linhas de guitarras bem viajantes, onde podemos des-tacar os músicos Steven e David, responsáveis pelas seis cordas. Onde variam entre bases sólidas

e linhas melódicas com a cozinha impecável do baixista Sean e do batera Christy.

O disco abre com “Ten Kings” e não tem como não se empolgar com essa faixa, uma das melhores do disco.

A seguinte é a pesada “One Third of the Sun” onde a banda mostra o seu lado mais ríspido e com um convite ao headbanging, principalmente na reta final da música. “Beast of from the Sea” também segue na mesma linha e mostra a agressividade logo de cara em seu riff de abertura e depois desenrola numa vibe mais amena ou até mesmo mais melódica.

Tracklist:1 - Ten Kings 2 - One Third of the Sun 3 - Beast from the Sea 4 - Out of the Abyss 5 - Dark Army 6 - Sudden…Fallen

YOUR DOOM HAS COME

2015

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OD | A

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https://cloudstastesatanic.bandcamp.com/

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Chegando na metade do álbum, agora que o bicho pega, pois pode-mos analisar de duas formas.

A primeira, levando em conta apenas a análise de crítico, as 3 faixas restantes seguem de forma incólume, trazendo aos ouvidos excelentes linhas melódicas e a satisfação de ter ouvido um exce-lente trabalho.

A segunda forma é a do ou-vinte, principalmente aquele fã de música que gosta de consumir música e pegar o encarte para ler as letras, cantar junto, o que já não ocorre aqui. Aí você acaba via-jando e se desligando do que está ouvindo, o que acaba por matar as 3 últimas faixas. Ou tu tens a

opção de colocar o play para rolar e ler um livro (recomendável), pois certamente este material é uma trilha sonora perfeita para a história que esteja lendo. Ou então colocar o play pra rolar e ir lavar louça, fazer comida, limpar a casa ou então colocar como trilha sono-ra no seu trabalho.

Em suma, este play do Clouds Taste Satanic é bom, empolgante e lhe renderá muitas audições e diversão.

GÊNEROStonerDoom Metal

ORIGEMNew York

CURRENTMEMBERSSean BayBassChristy DavisDrumsSteven ScavuzzoGuitar David WeintraubGuitar

FICHA

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DIVULGUE SUA BANDA

Envie seu material com todas as

informações para nosso email

[email protected]

RESENHAS

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A espera finalmente terminou. Depois de longos 7 anos desde seu último disco de estúdio

os Suecos do Dark Funeral lançam seu novo disco “Where Shadows Forever Reign”. Marcando a estreia do talentoso vocalista Heljarmadr o disco apresenta tudo aquilo que se esperar dos suecos, Black Metal furioso e blasfemo como sempre. Enquanto algumas bandas do estilo preferem mudar seu estilo o Dark Funeral aposta no seu velho e bom Black Metal com letras blasfemas e Blasting Beats furiosos do batera Dominator. Os guitarristas Lord Ahriman, líder da banda, e Chaq Mol nos brinda com riffs furiosos e bem trabalhados como na pedrada “As One We Shall Conquer” e na maravilhosa faixa de abertura “Unchain My Soul”, que é o novo clipe da banda. Em faixas como “ The Temple of Ahriman” e “As i Descend” temos momentos mais cadenciados e perfeitos para quebrar os pescoços dos fãs dessa grande banda. O batera Dominator se destaca

ainda mais com viradas e linhas de bateria matadoras em faixas como “ The Eternal Eclipse” e “To Carve Another Wound”, essa com variações matadoras e riffs destruidores. O primeiro single e vídeo “Nail Them To The Cross” já pode ser considerado um clássico do Black Metal mundial com seus Blasting Beats matadores e vocais desgracentos de Heljarmadr. Essa obra prima dos suecos termina com a faixa título “Where Shadows Forever Reign”, mais um petardo destruidor com sua brutalidade matadora e letras cuspidas com ferocidade por Heljarmadr.

Trata-se de um disco maravi-lhoso dos mestres do Black Metal sueco. Pelo que se pode ouvir ainda vão reinar absoluto no estilo por um bom tempo pois lança-ram mais uma obra prima em sua discografia repleta de clássicos do Metal negro.

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LINKS

DARK FUNERAL

WEB

WHERE SHADOWS FOREVER REIGN

STOCKHOLM, SWEDEN

DARKFUNERAL.SE

CENTURY MEDIA RECORDS

POR | Raphael Arizo

OD | A

2016

1 - Unchain My Soul 05’20’’ A 2 - As One We Shall Conquer 04’43’’ A 3 - Beast Above Man 04’44’’ A 4 - As I Ascend 06’18’’ A 5 - Temple of Ahriman 05’21’’ A 6 - The Eternal Eclipse 04’14’’ A

7 - To Carve Another Wound 04’44’’ A 8 - Nail Them to the Cross 04’42’’ A 9 - Where Shadows Forever Reign 5’32’’

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RESENHAS

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Peso, melodias bem es-truturadas, uma união de elementos associados mais ao heavy metal e

também ao stoner rock e, princi-palmente, um vocal que transitava espontaneamente e com sobrieda-de entre o gutural e o limpo, essa foi a base que compôs o EP de es-treia dos alemães do High Fighter há 2 anos. Sem acabar incidindo em excessos e balanceando de for-ma quase cirúrgica os elementos de sua sonoridade, o quinteto ca-pitaneado pela potente e hipnótica voz de Mona Miluski arrancou elogios de veículos de comunica-ção especializados e também de nomes fortes do cenário, como Jon Paul Davis (CONAN) e John Gar-cia (KYUSS). E tudo gravado em apenas uma semana.

Dois anos depois, 2016, a banda volta a dar as caras com novidades trazendo à tona seu álbum de estreia “Scars And Cros-ses”, pelo selo Svart Records, e provando que a beleza e o horror amalgamados de forma admirável em seu EP de estreia não foi algo proveniente de mero acaso ou coi-sa passageira. Ao longo de seus 40

minutos de duração, a banda cami-nha pelos rumos tortos do stoner rock e do doom metal esbanjando domínio sobre os elementos que se propõe a explorar, ainda tendo como um dos fios condutores a habilidade de Mona em extrair de sua voz diversas possibilidades e uma alternância fluida entre o gutural e o limpo, tornando a experiência da audição do álbum dinâmica e jamais entediante.

O paredão instrumental segue convincente e mostra uma pegada Doom Metal já na abertura do tra-balho, “A Silver Heart”, faixa com um andamento lisérgico associado ao quase-arrastar da pegada mais lenta e densa presente desde o começo da faixa. “Darkest Days” se inicia de forma dinâmica com bons riffs e uma cozinha afiada seguindo por uma linha mais atre-lada ao stoner rock e com elemen-tos progressivos, deixando para o minuto final um momento de puro caos sonoro.

Os trabalhos seguem com as ótimas “The Gatekeeper” e “Blinders”, sendo que a primeira consiste em um dos melhores e mais competentes momentos da banda no álbum e a última foi a primeira a ganhar seu videocli-

pe, ambas as faixas com a sem-pre presente potência de Mona no vocal e seus bons momentos na linha dos guturais. O desta-que da quinta faixa, “Portrait Mind”, se apresenta na forma de um ótimo solo e, provavelmente, nos melhores riffs ouvidos em “Scars and Crosses”. “Gods” e “Down to the sky” mantem o bom nível do álbum com pas-sagens lisérgicas e arrastadas, entrosamento irretocável no ins-trumental e melodias bem estru-turadas compondo um monólito sonoro sob os ditames de Mona, que por vezes deixa emergir uma verdadeira vociferação abissal em meio à beleza inebriante de sua voz. A faixa título “Scars and Crosses” encerra de forma digna e sólida o álbum, sem dei-xar qualquer margem para que alguém se sinta decepcionado justamente na cena final.

Gravado ao vivo no estúdio RAMA em Manheim, na Alema-nha, e mixado e masterizado por Toshi Kasai (responsável pela mixagem/masterização de tram-pos de bandas como Melvins, Helmet e Acid King), “Scars and Crosses” se apresenta como uma peça verdadeiramente concreta e convincente de uma banda que demonstra afinidade e en-trosamento de longo tempo de estrada, apesar do curto tempo de existência. Vê-se a continuidade natural e a maturidade do traba-lho dos caras em relação ao EP “The Goat Ritual”. Bons ventos se apresentam a frente do High Fighter se o atual caminho conti-nuar sendo trilhado.

HIGH FIGHTER

WEB

SCARS & CROSSES

HAMBURG, GERMANY

HIGHFIGHTER.BANDCAMP.COM

SVART RECORDS2016

1 - A Silver Heart 06’23’’ A 2 - Darkest Days 03’57’’ A 3 - The Gatekeeper 05’29’’ A 4 - Blinders 03’26’’ A 5 - Portrait Mind 05’00’’ A 6 - Gods 06’18’’ A 7 - Down to the Sky 04’50’’ A 8 - Scars & Crosses 05’22’’

POR | Matheus Jacques

facebook.com/OctoberDoomOfficial

https://www.facebook.com/HighFighter

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RESENHAS

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Formado em 2010, em Kiev na Ucrânia, o Ethereal Rif-fian provavelmente não se parece com muita coisa que

você já ouviu por aí. Com Val Kor-nev (Stonezilla) na guitarra e vo-cais, Alexander Kornev (SAF), no baixo, Max Yuhimenko (Southman) na guitarra solo e Nikita Shipovskoi (Ship) na bateria, a banda alia o stoner e principalmente o doom a vários elementos para criar a sua sonoridade peculiar: instrumentos étnicos de percussão e sopro, como o djembê e o didgeridoo podem ser ouvidos nas músicas, bem como um vocal que na maior parte do tempo é limpo, arrastado e carre-gado de reverb, lembrando o canto dos monges tibetanos. A temática é espiritual, com letras voltadas para o inconsciente humano e nossa re-lação com o mundo místico e astral. Essas são as primeiras impressões que temos ao ouvir esses conterrâ-neos do Stoned Jesus.

Em 2016, a banda já lançou dois trabalhos: em fevereiro, di-vulgaram o “Youniversal Voice”, disco gravado ao vivo; e em maio, trouxeram à tona o EP intitulado “I AM. Deathless”.

À exceção da primeira e últi-ma faixas, que viriam a compor o recém-lançado EP, “Youniversal Voice” é um apanhado das me-lhores músicas dos dois primeiros full-length da banda, “Shaman’s Visions” (2011) e “Aeonian” (2014). O disco capta toda a pe-culiaridade do som da banda, que já fica evidente logo na faixa de introdução, na qual os vocais “ti-betanos” são a primeira coisa que escutamos, logo acompanhados pela percussão e pelos instrumen-tos de sopro característicos. Esses elementos também podem ser ouvidos na maior parte das faixas que seguem, e intercalados com ri-ffs arrastados e a bateria marcante, ajudam a criar o clima psicodélico e místico que é a marca da banda. No geral, o disco é bom e serve de apresentação para quem ainda não conhece o Ethereal Riffian, já que traz um pouco de tudo que a banda fez até o momento. Faixas como “Beyond”, “March of Spiri-tu” e “Voice of Reason” merecem destaque. Porém, como em todo disco gravado ao vivo, as músicas acabam perdendo um pouco do peso e isso fica evidente quando as escutamos em suas gravações originais.

Já em seu trabalho mais re-cente, o EP “I AM. Deathless”, o ER traz as versões de estúdio de “Drum of the Deathless” e “Sword of the Deathless”, ambas já pre-sentes em “Youniversal Voice”. A primeira traz riffs densos, linhas de baixo marcantes e pesadas, e bastante dos elementos místicos já mencionados do Ethereal, sem que nada apareça em excesso. Uma ótima faixa, que com certeza merece uma atenção ao ser ouvi-da. Já a segunda, que no disco ao vivo serve de introdução, ganhou vários minutos a mais e apesar de algumas passagens mais pesadas, dá um foco maior às batidas tri-bais e ao som do didgeridoo, que são acompanhados de mantras entoados e vozes que parecem agonizar em meio a toda a mistura de sons. Um ponto forte do EP é a mixagem, que é a melhor dentre os discos da banda. A arte também é belíssima e merece destaque. Ali-ás, vale mencionar que todo o ma-terial visual da banda é muito bem feito e os itens do merchandising são bastante interessantes.

Ethereal Riffian tenta criar uma conexão ancestral com o universo místico que nos rodeia e é uma banda que definitivamente foge do que usualmente encontramos por aí. É bem verdade que o vocal pode soar monótono para alguns ouvidos e talvez isso atrapalhe um pouco, mas no geral a banda tem uma so-noridade bem interessante e merece ser ouvida (de preferência acom-panhada de um incenso, ou outra coisa que você queira acender para auxiliar na viagem).

ETHEREAL RIFFIAN

EP

WEB

I AM. DEATHLESS

KIEV, UKRAINE

ETHEREALRIFFIAN.BANDCAMP.COM

ROBUSTFELLOW2016

1 - Drum of the Deathless 06’19’’ A 2 - Sword of the Deathless 09’57’’

POR | Amilton Jr

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https://etherealriffian.bandcamp.com/

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Desde Karmacode (2006) é a mesma ladainha a cada lançamento dos italianos do Lacuna Coil. Acusa-

ções de terem abandonado o Go-thic Metal e se voltado para o Me-tal Alternativo, “americanizando” seu som e o deixando mais comer-cial. Aliás, sobre esse último ponto

sempre achei engraçado, já que os três álbuns que o antecederam, In a Reverie (1999), Unleashed Me-mories (2001) e Comalies (2002) possuíam forte apelo comercial.

Nunca aceitei muito bem o rótulo de Gothic Metal dado por al-guns ao Lacuna Coil, já que isso o colocava na época, no mesmo bar-co de bandas como Tristania, After Forever e outras nessa linha, sendo 4

RESENHAS

POR | Leandro Vianna

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que a mesma pouco tinha em co-mum com esses nomes, que eram bem mais pesados e se utilizavam de forma maciça de artifícios como vocais na linha “Beauty and Be-ast”. Os italianos sempre foram mais “pop” e pouco se via Andrea Ferro fazendo uso dos guturais para contrapor a bela voz de Cristina. Em comum, apenas as melodias Góticas/Atmosféricas nas canções.

Além do mais, se você escutar Comalies e o contrapor a In Re-verie e Unleashed Memories, fica evidente que a fórmula adotada pela banda já vinha demonstrando desgaste e não demoraria muito para se esgotar por completo. Sen-do assim, sempre vi a mudança pós-Comalies como sendo sau-dável para a banda, por mais que considere Karmacode um álbum

fraco e seu sucessor, Shallow Life (09), ainda mais desprovido de inspiração. Mas a verdade é que desde Dark Adrenaline (12) as coi-sas pareciam ter voltado aos eixos, ao menos no quesito criatividade, já que as acusações de “america-nização” se mantinham. E gostem ou não, Broken Crown Halo é um bom trabalho (dentro da proposta adotada pela banda).

Ainda assim, os últimos dois anos não foram dos mais fáceis, já que em um curto espaço de tempo, os guitarristas Cristiano “Pizza” Migliore e Marco Biazzi e o baterista Cristiano Mozzati saíram da banda, terminando assim com uma estabilidade que

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LACUNA COIL

WEB

DELIRIUM

MILAN, ITALY

LACUNACOIL.IT

CENTURY MEDIA RECORDS

1 - The House of Shame 05’17’’ A 2 - Broken Things 03’59’’ A 3 - Delirium 03’16’’ A 4 - Blood, Tears, Dust 03’55’’ A 5 - Downfall 04’21’’ A 6 - Take Me Home 03’45’’ A 7 - You Love Me ‘Cause I Hate You 03’49’’ A 8 - Ghost in the Mist 04’14’’ A 9 - My Demons 03’56’’ A 10 - Claustrophobia 04’07’’ A 11 - Ultima Ratio 04’08’’

2016

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se mantinha desde 2008. Dessa forma, existia uma preocupação por parte dos fãs, de como isso iria afetar o trabalho dos italianos. E bem, me chamem de louco, mas ouso dizer que tais saídas foram a melhor coisa que poderia ter ocorrido ao Lacuna Coil.

Já aviso, se você é desses fãs saudosistas que vivem sonhando com o retorno do Lacuna Coil a sonoridade do passado, continue dormindo (e sonhando). O que ve-mos em Delirium é uma banda que soa ainda mais moderna em certos aspectos, mais pesada que nunca e com uma crueza que eu ainda não havia observado em seus trabalhos anteriores. E mesmo o pezinho que colocam lá no passado, não serve de consolo aos saudosistas. Sim, confesso, temos algo de sua fase inicial que pode ser percebido em diversas canções, mas nem de perto passa perto da sonoridade daquele período. Alguns podem se assustar com o que vou dizer,

mas Delirium me soou em alguns momentos, como se o Fear Fac-tory (mais discretamente) e o Korn tivessem se juntado aos italianos para regravar Comalies. Parece es-quisito, mas acreditem, não é.

O maior retrato do que vamos escutar aqui já se encontra na abertura, com “The House of Sha-me”. De cara, Andrea Ferro já en-tra rugindo como nunca o fez até então (seus vocais chegam a beirar o Deathcore em alguns momen-tos), acompanhado de um instru-mental absurdamente pesado, mo-derno e cru, que se contrapõe com as melodias que surgem quando a voz de Cristina (cantando como nunca aqui) entra na canção. Aliás, Andrea é o grande diferencial de Delirium, já que os melhores mo-mentos ocorrem quando ele surge com seus vocais mais agressivos.

Vários são os pontos a destacar aqui. Primeiro, esse é um traba-lho conceitual. Sua história foi elaborada após diversas visitas a 4

RESENHAS

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sanatórios abandonados na Itália. Aqui temos um antigo sanatório, localizado em uma fortaleza nas montanhas do norte da Itália, com as músicas contando histórias das almas atormentadas que povoam o local. Um conceito emocionalmen-te bem forte, denso e que ajuda em muito no clima mais obscuro que permeia Delirium. Podemos observar também que, ao contrário dos trabalhos anteriores, existe co-esão e unidade, pois temos padrão nas composições. Em momento algum fica aquela sensação de uma junção de canções díspares que as vezes ocorria nos álbuns que antecederam este. Delirium é um trabalho que flui naturalmente da primeira à última faixa.

PESOO Lacuna Coil, como já dito,

soa muito mais pesado que antes, além de mais direto. Apesar disso, ainda conseguem manter uma cer-ta aura “comercial” e que tem tudo

para atrair uma fatia considerável de público. Além disso, a mistura dos elementos Góticos/Atmosfé-ricos do passado (inseridos aqui com muita competência) com a pegada mais moderna adotada, acaba dando um maior dinamismo às composições. O contraste entre a agressividade maior de Andrea com as melodias vocais de Cristi-na geram uma diversidade muito interessante, e as guitarras, todas gravadas pelo baixista Marco-Coto Zelati, despejam os riffs mais pe-sados já ouvidos em um trabalho dos italianos. A bateria do estrean-te Ryan Folden soa pesadíssima e é inegável que a banda só ganhou com sua entrada.

Por mais que não exista uma grande variação de qualidade entre as músicas aqui presentes, é claro que temos algumas que se desta-cam. A já citada faixa de abertura, “The House of Shame”, é uma delas, sendo o grande destaque de Delirium. Aliás, a faixa título é ou-

tra que merece ser citada, com seu refrão grudento (escute e tente não passar dias cantarolando o mesmo) e o contraste de vocais de Andrea e Cristina. “Blood, Tears, Dust” mes-cla muito bem aspereza e melodias, enquanto “Take Me Home” tem um riff simplesmente viciante. “Ghost in the Mist” e “My Demons” são bem agressivas e cativantes e “Ul-tima Ratio” encerra o álbum sendo um retrato fiel do mesmo.

A produção é a melhor da ban-da até hoje, tendo ficado a cargo de Zelati, com a mixagem feita por Marco Barusso, que já traba-lhou com a banda em outras opor-tunidades. Já a capa também foi elaborada pelo baixista (principal compositor e que aqui tocou todas as guitarras, exceto os solos), com base em uma sessão de fotos de Alessandro Olgiati, que casou per-feitamente com a proposta lírica. Como já dito, os solos não ficaram por conta de Marco Coto Zelati, mas sim por convidados. Os res-ponsáveis foram Barusso, Ales-sandro La Porta (Forgotten Tears), Diego Cavallotti (Acid Ocean, Neptune’s Rage), Myles Kennedy (Slash, Alter Bridge) e Mark Vol-lelunga (Nothing More).

Ousando sair de sua zona de conforto, o Lacuna Coil procurou se renovar, conseguindo ótimos resultados. Soando mais renovada e fresca, podemos dizer sem medo que uma nova fase se descortina perante os italianos. Delirium pode até não ser o melhor álbum de 2016, mas certamente está entre os principais e mais surpreenden-tes desse ano.

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Sabemos que a banda sueca Candlemass não precisa provar nada pra ninguém, tamanha é o seu legado e

dedicação ao Doom Metal e dis-cos consagrados em sua gloriosa trajetória. E nesse ano de 2016 é comemorado o 30º aniversário de um dos álbuns mais importan-tes de todos os tempos, o debut

"Epicus Doomicus Metallicus". E aproveitando esse ano festivo eles resolveram gravar o EP de quatro faixas "Death Thy Lover", lançado pela gravadora Napalm Records.

Após o álbum "Psalms for the Dead" (2012) e a saída do vocalis-ta Rob Lowe, a banda encontrou em Mats Levén (ex-Malmstenn, ex-Therion) a voz que poderia se encaixar de uma maneira adequa-da, e agora permanente. Mesmo 5

RESENHAS

POR | Rafael Sade

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não sendo o melhor que já ocupou essa posição podemos ver que Mats se saiu bem nesse lançamen-to, trouxe toda a sua experiência e cantou de forma sublime fazendo um bom trabalho.

A faixa título nos mostra gran-des riffs, ótimo refrão e melodias que vão desde seu passado até pas-sagens por novos territórios musi-cais. A mesma coisa podemos dizer sobre as próximas faixas “Sleeping

Giant” e "Sinister and Sweet", riffs cativantes e letras épicas, conduzi-das pelo tradicional vocal ora tea-tral, ora sinistro de Levén. Além do som trazer toda aquela áurea oiten-tista mesclada com a modernidade dos dias de hoje, principalmente no que se diz respeito ao trabalho de guitarra. A última faixa "The Goo-se" é instrumental, e tenta resgatar toda aquela cadência fúnebre usada por eles nos anos 80.

No geral, o EP "Death Thy Lo-ver" é bom de se ouvir, é sólido e mostra que o Candlemass ainda pos-sui forças para continuar. Pode até passar batido se comparado a lança-mentos anteriores e deixar a desejar aos entusiastas das obras mais anti-gas. Mas estamos falando de Candle-mass, a lenda do Doom Metal vive!

CANDLEMASS

WEB

DEATH THY LOVER

STOCKHOLM, SWEDEN

CANDLEMAS.SE

NAPALM RECORDS

1 - Death Thy Lover 06’50’’ A 2 - Sleeping Giant 05’30’’ A 3 - Sinister and Sweet 06’34’’ A 4 - The Goose 06’34’’

2016

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O Dunk Festival é um super festival de 3 dias que acontece, anual-mente, em Zotte-gem, na Bélgica. O evento acon-

tece desde 2005, e é uma das maiores referências do post-rock/metal produ-zido pelo mundo, recebendo pessoas de todas as partes, principalmente da Europa. Estive em duas edições (2013 e 2015) tocando com o Labirinto, e pude perceber algo que difere de mui-tos outros eventos; o caráter familiar, a amizade e o carinho que a organiza-ção possui em relação aos músicos e ao público. Esse sentimento de soli-

dariedade contagia os frequentadores; muitos deles, hospedados em barracas estendidas no próprio festival, que acontece desde 2014, na proprieda-de dos organizadores. Familiares de diversas gerações, amigos e vizinhos ajudam na produção do evento. Além dos excelentes shows, da maravilho-sa infraestrutura, da ótima comida e cerveja; a interação entre todos torna o festival especial.

Abaixo segue uma entrevista que realizei com Luc Lievens e Wout Lievens (organizadores do Dunk! Fes-tival), e uma outra parte que o Luiz Mazetto fez com os mesmos, para o segundo volume do livro “Nós somos a Tempestade”; sobre bandas de Metal Alternativo, a ser lançado no segundo semestre de 2016.

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POR | Erick Cruxen

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Erick Cruxen: Como surgiu a ideia de fazer um festival dedicado ao post-rock/me-tal, e como foi no início?

Na verdade, a ideia começou como uma maneira de recolher dinheiro para o clube de basquete local através da organização de eventos culturais. A primeira edi-ção do Dunk! Festival na verdade teve 3 bandas no palco que tinham um membro que também jogava basquete. A segunda edição já era uma edição mais post-rock com Madensuyu e MOTEK no lineup. Nós nunca realmente tivemos a intenção de ser um festival de pos-t-rock. Nós só queríamos oferecer um palco para as bandas que gos-tamos e que não víamos em outros eventos. Muito cedo em nossa his-tória, já tivemos visitantes vindo de toda a Europa, assim percebemos que estávamos fazendo algo único.

Erick Cruxen: Nas duas vezes em que tocamos no Dunk!-Festival nos sentimos em casa, em um ambiente fami-

liar, em meio a diversos no-vos amigos, muito diferente de outros festivais. Pelo que percebemos, o público tam-bém sente isso. Pra vocês, quais são os fatores que nos levam a ter essa sensação, a perceber essa diferença? É algo intencional?

Nós temos sim a intenção de ter essa atmosfera amigável, e uma série de decisões são feitas com isso em mente. Por exemplo; acam-pamento é gratuito, o estaciona-mento é gratuito, o café é gratuito durante todo o festival, café da ma-nhã é livre... É como se hospedar na casa de um amigo. Mas, ainda mais importante, é que o festival é gerido pela família e amigos. Todo mundo na equipe aproveita o clima do festival, e realmente tem prazer em servir uma refeição saborosa quente e uma cerveja gelada. A equipe técnica faz tudo o que pode para garantir que cada show seja o melhor possível, naquele momento. Toda a equipe fica orgulhosa do seu trabalho, e ver todos aqueles rostos

felizes é a melhor recompensa para um ano inteiro de trabalho duro.

Outro fator importante para criar esta atmosfera amigável é que trabalhamos com este nicho espe-cífico, onde todas as pessoas estão em sintonia e você pode ter uma conversa significativa com cada pessoa no festival. Todo mundo está lá por causa da música, e 50% do público, certamente, percorreu um longo caminho para estar lá.

Erick Cruxen: Quais são as maiores diferenças que vo-cês perceberam, após o festi-val passar a ser realizado no terreno de vocês, e por que essa mudança foi necessá-ria? Vocês recebem apoio do governo para promover um festival como o Dunk, que ocorre em uma cidade pe-quena? Pudemos ver pessoas de toda a Europa (e outros continentes) visitando Zot-tegem, durante o evento.

Nós sentimos que a localiza-ção anterior não

THEOCEANE

ENTREVISTA

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era perfeita para a criação de dois palcos. Ambas os áreas eram muito longe umas das outras, e logo, a capacidade da construção teria se tornado um problema. Estávamos pensando em soluções, e uma delas foi montar tendas extras ao lado do palco interno. E se já estávamos pensando em montar essas tendas, então seria até melhor movermos o festival para uma nova localização, onde teríamos uma folha em bran-co para configurar os espaços, da melhor forma possível. Portanto, foi possível ter um pouco mais de

visitantes à medida que pudemos mudar ligeiramente a configuração do festival, para que fosse confor-tável para todos. O espaço interno anterior não seria uma opção para o tipo de festival que temos agora. Então, mudar para um novo local, seria apenas uma questão de tempo.

Nós costumávamos receber uma quantidade significativa de di-nheiro do governo Belga. À medi-da que o festival ia crescendo, pu-demos contar com um pouco mais a cada ano. Mas, há alguns meses antes do festival desse ano, nós

recebemos uma mensagem dizendo que não iríamos mais ser financia-dos pelo governo Belga em 2016. Um valor menor não teria sido uma surpresa para nós, mas indo direto para € 0, não estava previsto e, cla-ro, estava tudo já acertado para a próxima edição. Então isso foi uma chatice.

Mas nós tínhamos um bom pressentimento sobre o #dnk16 porque o primeiro lote de ingressos com desconto foi embo-ra em 5 horas. Nós nunca vimos isso antes. No entanto, seria uma

ENTREVISTA

Um dos shows que nunca vou me esquecer foi o Sigur Ros no Pukkelpop, realmente bonito.”Wout Lievens, ORGANIZADOR DO DUNK! FESTIVAL

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espécie de missão impossível não perder dinheiro nessa edição, mas nossa equipe faz todo o possível para poupar dinheiro em cada pe-quena coisa que poderia poupar, sem perder a qualidade do festival. Nós investimos muita energia na divulgação do festival, para tentar alcançar o máximo de fãs de pós--rock possível. No final, foi uma excelente edição, e mesmo com as contas ainda chegando, parece que iremos sobreviver mais uma vez, o que realmente é um milagre. En-fim, mas ainda recebemos uma pe-

RUSSIAN Circles,

durante apre-sentação no

festival

quena quantia de dinheiro (1% do custo total do festival) da cidade de Zottegem e algum apoio logístico.

Luiz Mazetto: Qual a sua opinião e a sua relação com outros festivais na Europa, como Roadburn, Amplifest, Desert Fest, Temples, entre outros? Pensa que talvez todos façam parte de uma mesma comunidade?

Wout: Essa é uma pergunta difícil. Tenho de admitir que nunca estive em nenhum desses festivais. Realmente gosto do Roadburn, mas os ingressos costumam esgo-tar muito rápido. Acho que esses festivais que você mencionou são mais ligados no stoner e no metal, de forma geral. Não temos realmente contato com esses fes-tivais. Mas gostaria de mencio-nar o Aloud Music Festival, em Barcelona. Esses caras fazem um ótimo trabalho e todo ano montam lineups incríveis. Vamos lá sempre para descobrir ou conhecer melhor bandas para o nosso festival e te-nho certeza que eles fazem isso no dunk!festival. Somos bons amigos e nos falamos sempre sobre como é organizar os nossos festivais. Até já lançamos discos juntos. O Arc-tangent, do Reino Unido, também faz parte dessa mesma comunida-de. Eles são um pouco maiores do que o nosso festival e possuem no-mes impressionantes no seu lineup todo ano. Já estive lá por duas ve-zes e definitivamente voltarei nes-te ano. Além disso, há muita coisa nova surgindo na cena de pós-rock da Europa. Por exemplo, o pessoal do Young Team está planejando outra edição do seu festival neste ano e há o Vivid, da Noruega, que aconteceu pela primeira no ano

passado. Conhecemos o organi-zados no dunk!festival de 2015 e o ajudamos o máximo possível. O Colossal, da Dinamarca, está preparando algo muito interessante para maio deste ano. Na verdade, já trabalhamos juntamente com o Colossal e o Young Team para trazer nomes grandes para o nosso festival. Então o relacionamento entre esses festivais é muito bom. Nós ajudamos o máximo que po-demos.Luiz Mazetto: Quando você mais jovem, houve algum festival ou show que tenha te marcado e talvez influencia-do a iniciar o dunk!festival?

Wout: Como eu disse antes, na verdade foi o Luc que iniciou o festival. Então o show que come-çou tudo foi algum que ele assis-tiu. Mas tenho quase certeza que a resposta dele seria o Pukkelpop (festival de música da Bélgica). Esse foi o meu primeiro festival quando era criança. Fui até lá com ele e nos divertimos muito. Na-quela época, eles costumavam ter artistas mais alternativos e desco-brimos muita música legal lá. Des-de então, só deixei de ir ao Pukke-lpop por uma vez. Apenas porque era no mesmo final de semana do Arctangent. Um dos shows que nunca vou me esquecer foi o Sigur Ros no Pukkelpop, realmente bo-nito. E também já muito tempo na frente do palco de metal lá.

Luc: Quando eu era jovem (eu nasci em 1960!), havia poucos festivais, mas tinha muitos shows. Nunca gostei dos festivais maiores e o Pukkelpop é o único que já fui (com exceção de uma vez que estive no Rock Torhout/Werchter, por causa dos artistas alternati-vos. Depois apareceu o

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OD | A

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Rhaaa Lovely, mas acabou que eu consegui ir até lá. Na verdade, nós começamos o dunk!festival porque não havia nenhum festival focado na música que eu gosto. Não con-seguia acreditar que eu era o único que gostava desse tipo de coisa.

Erick Cruxen: Uma per-gunta de guloso rs. Quem cuida da comida e cerveja durante o festival? Orga-niza o menu, seleciona as cervejas, prepara a comi-da… - que, aliás, sempre são maravilhosas!

Boa pergunta! Assim como cada equipe no festival, a equipe do catering também é formada por fa-miliares, amigos e vizinhos. Todos eles têm seus empregos, mas pas-sam muito do seu tempo livre para preparar o catering. Eles se reúnem para escolher o menu, encomendar todos os ingredientes e organizar toda a equipe. Durante o festival eles se certificam de que tenha café

da manhã, café, refeições quentes para todo. Também, a famosa pa-ella é feita por nossa própria equi-pe. Ficamos muito orgulhosos em podermos oferecer estas refeições caseiras saborosas para os nossos visitantes.

Além disso, a equipe do bar é formada por amigos, e a maioria deles, tem trabalhado no bar, du-rante anos. Ao organizar os turnos, a maioria deles se inscreve para trabalhar durante todo o festival. Sem pausas. É bom ver como esta equipe (e todas as outras equipes) trabalha em conjunto.

Erick Cruxen: Além do fes-tival, vocês possuem o selo Dunk Records. Como ele fun-ciona? As bandas que fazem parte são ligadas ao tipo de som do festival (post-rock e variantes)?

Sim, desde 2011 temos o nosso próprio selo. Tínhamos essa ideia há algum tempo, mas estava difícil

tomar tal decisão. Então, quando o Kokomo nos pediu para lançar seu próximo álbum (If Wolves), nós simplesmente dissemos: "Va-mos lá!”. Da mesma forma que o festival, tentamos ser um selo de qualidade, onde as pessoas possam descobrir boa música, em uma bela embalagem. Nós gostamos do fato de você poder conferir a maioria das bandas on-line, mas também acho que é importante ter os seus discos favoritos na sua própria co-leção física. É bom ter essas coisas por perto.

Erick Cruxen: Percebi que ao longo das edições o “tipo” de som executado pelas bandas tem variado, cada vez mais. Não se restringe apenas ao post-rock (que é bem genérico, por sinal). Essa é uma tendência que tenho observado em mui-tos lugares. Como funciona a curadoria? Quais são os critérios que vocês possuem para selecionar as bandas e projetos?

Nós temos uma pequena equipe de booking que vai mudando ao longo dos anos. Novas pessoas entram e algumas pessoas saem. Assim, o gosto médio da equipe vai mudando ao longo do tempo, e claro, naturalmente, nossos gostos pessoais também. Além disso, a cena musical também vai mudando, com novas bandas que aparecem trazendo algo um pouco diferente para o post-rock e o post-metal.

ENTREVISTA

OD | ALABIRINTO

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ENTREVISTA

Nós fazemos uma seleção interna, onde todos na equipe de booking podem apontar suas ban-das favoritas para a próxima edi-ção. Se pessoas suficientes votam em uma banda em particular, eles podem ser convidados. Também levamos a opinião do nosso pú-blico em consideração. Todos os anos fazemos uma pesquisa onde eles podem votar em suas bandas favoritas. A maioria das bandas mais votadas é convidada (se o or-çamento permitir).

(Luiz Mazetto): Por favor, me diga três discos que mudaram a sua vida e por que eles fize-ram isso.

Wout: O Infinity (1997), do Godspeed You! Black Emperor foi o que me fez curtir pós-rock de verdade. Acho que tinha uns 14 ou 15 anos quando peguei álbum “em-prestado” do meu pai. Ou talvez ele tenha me dado, não lembro. Na época tínhamos acabado de cons-truir uma nova sala de ensaio para

a minha banda e após determinada hora, quando não podíamso mais fazer muito barulho por causa dos vizinhos, apenas colocávamos a “The Dead Flag Blues” no repeat. A maneira como a música gerava ima-gens na minha cabeça era tão pode-rosa. Depois aprendi que o disco na verdade era a trilha-sonora para um filme que nunca foi lançado.

Mais ou menos na mesma épo-ca que descobri o GYBE, recebi o EP Re: Ep (2007) de uma banda belga de pós-rock chamada MO-TEK. Eles agora estão na dunk!re-cords, aliás. De qualquer forma, a vibe desse EP é muito obscura e intensa. Eles sabem o que fazem com os seus instrumentos. Não é um som típico do pós-rock, mas definitivamente possui as mesmas emoções e tensões. Os shows deles são sempre incríveis com projeções de vídeos e outras coisas.

Quando o MySpace ainda era alguma coisa, descobri uma banda do Chile chamada Kloi. Pouco de-pois disso, eles mudaram o nome

para Scl. A música que eles faziam também tinha uma história muito específica para contar. Era mais triphop, mas com um toque pós-ro-ck. É algo que me inspirou muito. Recentemente tentei encontrá-los novamente, mas eles não estão no Facebook e o MySpace foi comple-tamente renovado, então acho que estão perdidos para sempre. Tive uma conversa por e-mail com esses caras na época, mas esses e-mails também já eram...

Luc: Diria o The Modern Dance (1978), do Pere Ubu, e o Einstein on the Beach (1976), do Phillip Glass. Havia uma loja de discos perto da minha escola que importava vinis dos EUA. Naquela época era muito curioso sobre coi-sas novas (ainda sou, na verdade) e comprei esses dois álbuns sem saber muito que tipo de música era isso. Realmente gostei da música mínima do Glass e das coisas ex-perimentais do Pere Ubu. Outras coisas que me impressionaram na música foram o Zappa, Can, Faust,

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67facebook.com/OctoberDoomOfficial

The Soft Machine.... Descobri o pós-rock por meio das coisas anti-gas do Mogwai, Sigur Ros e Gods-peed You! Black Emperor.

Erick Cruxen: E, por fim, quais são os planos futuros para o Dunk!Festival?

Nosso plano é nos manter como um pequeno e agradável festival na Bélgica, que atrai bandas e visi-tantes de todo o mundo, para des-frutar um de semana maravilhosa. Pretendemos crescer devagar, para que possamos trazer nomes maiores da cena, mas também queremos manter a qualidade e a atmosfera amigável como é atualmente.

Então, se fizermos isso aos poucos, podemos monitorar esse crescimento ano após ano. Nós não queremos ser um festival lotado, onde você tem que esperar em filas para pegar uma cerveja, uma refei-ção, ou até mesmo ver um show!

Outro sonho no qual estamos trabalhando, é ter uma edição nor-te-americana do festival. Parece que não há nada parecido com o Dunk!Festival por lá, embora haja uma cena muito forte de post-rock. Há tantas bandas incríveis por lá, e um monte de bandas europeias es-tão ansiosas para tocar seu primeiro show nos Estados Unidos. Portanto, estamos agora investigando as pos-sibilidades de isso acontecer, e es-peramos ter uma ótima notícia sobre isso nos próximos meses.

GÊNEROPost RockPost Metal

SINCE2005

ORIGEMBélgica

FICHA

http://www.facebook.com/dunkfestival

http://www.dunkfestival.be

LINKS

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NO SENTIDO HORÁRIO: Mono (página anterior), equipe de organização do festival, Pelican, Amenra.

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AGENDA

DOOMED PLANET FEST

SINERGIA SONORA

FESTIVAL

SHOW

25/06

25/06

19H

20H

GEREBA’S ROCK BAR – ARUJÁ/SP

ESTÚDIO HANOI –RIO DE JANEIRO/RJ

O DOOMED PLANET FEST ACONTECE PELA PRIMEIRA VEZ EM ARUJA, EM SÃO PAULO, COM AS BANDAS FALLEN IDOL, SUPERCHIADEIRA, HANNAH E DENIEL OF LIGHT.

OUTRO EVENTO QUE ACONTECE PELA PRIMEIRA VEZ, PORÉM, EM BOTAFOGO, NO RIO DE JANEIRO. O SINERGIA SONORA #1 TRAZ AS BANDAS SLVDR, PSILOCIBINA E MOS, ALÉM DE EXPOSIÇÃO DO ARTISTA MATHEUS PORTUGAL.

ACESSE

ACESSE

https://www.facebook.com/events/1796110307285509/

https://www.facebook.com/events/1721526754771115/

AGENDA OCTOBER DOOMUMA SELEÇÃO DOS MELHORES EVENTOS, FESTIVAIS E SHOWS QUE ACONTECEM DURANTE OS PRÓXIMOS DIAS.

DIVULGUE SEU EVENTO

Envie para nossa redação, as informações e links.

Não nos responsabilizamos por mudançasocorridas na programação

[email protected]

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SANGUE DE PEDRA + QUARTO ACIDO

ALMA NEGRA, CASSANDRA E DAEMONICAL

YESOMAR, COBALT BLUE E RUÍNAS DE SADE

RED FUZZTIVAL #4

SHOWS SHOWS

FESTIVAL

25/0610/07

14/07

01/07

22H

19H

20H20H

BOTECO DO ROSÁRIO – SANTA MARIA/RS

CRAZY PUB – CURITIBA/PR

TALIESYN ROCK BAR – FLORIANÓPOLIS/SC

VILA CULTURAL CEMITÉRIO DE AUTOMÓVEIS – LONDRINA/PR

AS BANDAS SANGUE DE PEDRA E QUARTO ACIDO, QUE MISTURAM STONER ROCK E PSICODELIA SE APRESENTAM NO BOTECO DO ROSÁRIO, EM SANTA MARIA, NO RIO GRANDE DO SUL.

DOMINGO 10/07 | 19HRS | O CRAZY PUB FARÁ JUS AO SEU NOME, QUANDO AS BANDAS ALMA NEGRA, CASSANDRA E DAEMONICAL SE APRESENTAREM LÁ, NO PRÓXIMO DIA 10 DE JULHO.

MAIS UMA EDIÇÃO DO FESTIVAL LONDRINO QUE TRAZ AS BANDAS MAIS ORIGINAIS DA CENA PARANAENSE. NESTA EDIÇÃO, RED MESS, PANTANUM E LOLADÉLI SÃO AS BANDAS QUE COMPÕEM O LINE UP DO EVENTO.

ACESSE

ACESSE

https://www.facebook.com/events/1186306888059861

https://www.facebook.com/events/740282252741128/

ACESSE

ACESSE

https://www.facebook.com/events/1555923514711028

https://www.facebook.com/events/1796675750567877

AS BANDAS YESOMAR, COBALT BLUE E RUÍNAS DE SADE SE APRESENTMA NUMA NOITE PESADA, CHEIA DE STONER E PSICODELIA NA CAPITAL CATARINENSE.

facebook.com/OctoberDoomOfficial

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APAREÇA! ATO 2: INVERNO NO INFERNO

RARO ZINE FEST

UNWANTED MUSIC MEETING

SHOWS

FESTIVAL

15/07

17/07

16/07

19H

16H

20H

ARENA CARIOCA CHACRINHA –GUARATIBA/RJ

ZEBRA – BOM JESUS DOS PERDÕES

ESTUDIO HANOI – RIO DE JANEIRO/RJ

OS ADMIRADORES DO METAL NEGRO NÃO FICAM SEM ROLÊ ESSE MÊS. AS BANDAS LAPIDE, LASTIMA, DELICTA CARNIS, DISFIGURED BY HATRED, PODREIRAS, CHAOS SYNOPSIS, HARPAGO E CREPTUM PARTICIPAM DO 2º ATO CONTRA CULTURAL APAREÇA!

ACESSE

ACESSE

https://www.facebook.com/events/102897310053239/

https://www.facebook.com/events/1125705834135425/

O PROJETO UNWANTED TEM O OBJETIVO DE APRESENTAR AO PÚBLICO, BANDAS QUE NÃO SÃO “TÃO NORMAIS”, COMO A MAIORIA, E NESSE EVENTO, AS BANDAS KAHBRA, SOLIFVGAE E BOREAL DOOM.

THE SHRINETURNÊ

A BANDA CALIFORNIANA QUE MISTURA METAL, ROCK PSICODÉLICO E PUNK PREPARA PARA OS MESES DE JULHO E AGOSTO, SUA PRIMEIRA TURNÊ PELA AMÉRICA DO SUL.A PRODUTORA QUE TRAZ A BANDA AO BRASIL É A ABRAXAS, QUE TROUXE, ENTRE OUTROS NOMES, STONED JESUS E RADIO MOSCOW.

ACESSE

ACESSE

https://www.facebook.com/abraxasevents

https://www.facebook.com/events/793908770711084/

AGENDA DO THE SHRINE NO BRASIL:28/07 – BELO HORIZONTE, BRASIL @ A AUTÊNTICA 29/07 – FLORIANÓPOLIS, BRASIL @ CÉLULA SHOWCASE 30/07 – SÃO PAULO, BRASIL @ INFERNO CLUB 4/08 – RIO DE JANEIRO, BRASIL @ TEATRO ODISSÉIA 5/08 – GOIÂNIA, BRASIL @ GOIÂNIA NOISE FESTIVAL

ALÉM DAS DATAS NO BRASIL, A BANDA AINDA SE APRESENTA NOS DIAS 7/08 EM BUENOS AIRES, NA ARGENTINA E 08/08 EM MONTEVIDEO, NO URUGUAI

LUTANDO CONTRA AS BAIXAS TEMPERATURAS, COCAINE COBRAS, MONDO BIZARRO, MONDO BIZARROL E PROJETO TRATOR SE REVEZAM TOCANDO SUAS MÚSICAS CHAPADAS, PESADAS E QUEEEENTESSSS.

AGENDA

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PROJETO GRÁFICO DESIGN

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