ocorrÊncia de aerÓbios mesÓfilos, coliformes e · mestrado profissional em ciÊncia e tecnologia...

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TRIÂNGULO MINEIRO Campus Uberaba MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS JOÃO PAIXÃO DOS SANTOS NETO OCORRÊNCIA DE AERÓBIOS MESÓFILOS, COLIFORMES E Salmonella sp., EM OVOS COMERCIAIS HIGIENIZADOS POR DIFERENTES MÉTODOS UBERABA, MG 2016

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO TRIÂNGULO MINEIRO – Campus Uberaba

MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

ALIMENTOS

JOÃO PAIXÃO DOS SANTOS NETO

OCORRÊNCIA DE AERÓBIOS MESÓFILOS, COLIFORMES E

Salmonella sp., EM OVOS COMERCIAIS HIGIENIZADOS POR

DIFERENTES MÉTODOS

UBERABA, MG

2016

JOÃO PAIXÃO DOS SANTOS NETO

OCORRÊNCIA DE AERÓBIOS MESÓFILOS, COLIFORMES E

Salmonella sp., EM OVOS COMERCIAIS HIGIENIZADOS POR

DIFERENTES MÉTODOS

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-graduação em

Ciência e Tecnologia de Alimentos,

do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Triângulo

Mineiro, como requisito para

conclusão e obtenção do Título de

Mestre em Ciência e Tecnologia de

Alimentos.

Orientadora:

Profa. Dra. Carolina Rodrigues da

Fonseca

Co-Orientadora:

Profa. Dra. Elaine Donata Ciabotti

UBERABA, MG

2016

JOÃO PAIXÃO DOS SANTOS NETO

OCORRÊNCIA DE AERÓBIOS MESÓFILOS, COLIFORMES E

Salmonella sp., EM OVOS COMERCIAIS HIGIENIZADOS POR

DIFERENTES MÉTODOS

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-graduação em

Ciência e Tecnologia de Alimentos,

do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Triângulo

Mineiro, como requisito para

conclusão e obtenção do Título de

Mestre em Ciência e Tecnologia de

Alimentos.

Aprovada em 24 de Setembro de 2016

Banca Examinadora

_________________________________________________________________

Profa. Dra. Carolina Rodrigues da Fonseca (Orientadora) – IFTM, Campus Uberaba

_________________________________________________________________

Profa. Dra. Fernanda Barbosa Borges Jardim – IFTM, campus Uberaba

_________________________________________________________________

Profa. Dra. Mônica Hitomi Okura – Universidade Federal do Triângulo Mineiro

UBERABA, MG

2016

Dedico este trabalho a minha rainha

(mãe), Luzenir Paixão dos Santos, pois

todo sonho que se sonha

junto é realidade.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelo dom da vida.

A minha avó do coração Geruza (In memoriam), saudades eternas.

A minha família, em especial minha mainha Luzenir, minhas irmãs Jackelliny e

Joanny, meus sobrinhos Maria Ryta e Cicero Hiago.

Ao Instituto Federal do Triângulo Mineiro, campus Uberaba, por proporcionar a

oportunidade de ingressar no mestrado e desenvolvimento do projeto de pesquisa.

A orientadora Dr.ª Carolina Fonseca, pela orientação e por compartilhar seus

conhecimentos de vida e ciência.

A co-orientadora Dra. Elaine Ciabotti pelos incentivos e pelas contribuições

estatísticas.

A Dra. Mônica Okura pela disponibilidade de participar da banca e por ceder o seu

laboratório.

Aos componentes da banca de qualificação, Dra. Fernanda Jardim e Dr. Gabriel

Nascentes por todas as correções e sugestões importantes para o andamento deste

trabalho.

Aos meus colegas da turma de mestrado (2014), em especial três pessoas que se

tornaram minhas amigas a ‘best friend’ M.ª Cindy, a minha ‘preta’ Suelen e a

‘parceira’ Cristielle.

A técnica Cintia Oliveira por ter me ajudado na condução do experimento, sem você

não teria conseguido.

Aos meus amigos de longas datas Edjamir Silva e Tarcísio Rodrigues, mesmo

distantes sempre estamos juntos.

A Tia Lúcia Mendonça, minha professora e amiga por quem tenho enorme carinho, a

qual foi a primeira pessoa que me ajudou a seguir este objetivo.

A mainha do coração Márcia Carvalho pelos primeiros ensinamentos em suas aulas de

reforço e carinho.

A Raphaela Viana pelos incentivos e por me ceder a estadia durante a realização do

experimento, me senti em casa.

A tantas outras pessoas que direta ou indiretamente me ajudaram a realizar este

objetivo.

Meu muito obrigado!

RESUMO

Ocorrência de aeróbios mesófilos, coliformes e Salmonella sp., em ovos

comerciais higienizados por diferentes métodos.

A finalidade deste estudo foi analisar a ocorrência de micro-organismos em ovos in

natura comerciais higienizados por diferentes procedimentos. Os ovos coletados da

granja foram selecionados de forma aleatória e submetidos à simulação dos

procedimentos de lavagem e higienização industrial com cloro e ácido peracético em

diferentes concentrações. Foram avaliadas as populações na casca e conteúdo interno de

mesófilos aeróbios, do grupo dos coliformes, além da pesquisa de Salmonela sp.

segundo Silva et al. (2010) afim de avaliar a eficácia da sanitização na qualidade

microbiológica. Em todas as amostras estudadas foi verificado contagem total de

mesófilos aeróbios de até 2,4 x 102 UFC g-1, para o grupo dos coliformes totais foi

encontrado até >110 NMP g-1 e para coliformes termotolerantes até 24 NMP g-1. Em

uma amostra proveniente da higienização com sanitizante a base de cloro (5,5%) foi

observada a presença de Salmonella sp. Concluiu-se que para o procedimento de

higienização faz-se necessária uma pré-seleção visual dos ovos, com intuito de retirar da

linha de higienização os que apresentarem alguma sujidade, otimizando a ação do

sanitizante, e que a água e cloro 100 ppm foram mais eficazes para a redução de micro-

organismos.

Palavras-chave: avicultura, micro-organismos, limpeza, sanitização, cloro, ácido

peracético.

ABSTRACT

Occurrence of aerobic mesophilic, coliforms and Salmonella sp. in

commercial eggs sanitized by different methods.

The purpose this study was analyze the occurrence of microorganisms in in natura

commercial eggs sanitized by different cleaning procedures. The eggs collected from

factory-farm egg were random shape selected and submitted to simulation process of

washing and sanitizing procedures with industrial chlorine and peracetic acid in

different concentrations. Mesophilic aerobic and the coliform group populations were

evaluated, in addition to research of Salmonella sp. according Silva et al. (2010) in

order to evaluate the sanitization effect on microbiological quality of eggs. In all

samples was verified total count of aerobic mesophilic of up to 2.4 x 102 CFU g-1, and

the result for the group of total coliforms was found to > 110 MPN g-1 for termotolerant

coliforms populations rechead up 24 MPN g -1. In a sample (5.5%) that was sanitized

with chlorine at 50 ppm, it was observed presence of Salmonella sp. It was concluded

that it is helpful and necessary a visual pre-selection of eggs before the sanitization

procedure, in order to remove the dirt eggs from the line production, optimizing the

action to sanitizer and that just cleaning the eggs with water or using 100 ppm of

chlorine were efficient to improve the reduction of micro-organisms populations.

Keywords: aviculture, micro-organisms, cleaning, sanitization, chlorine, peracetic acid.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10

2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 12

2.1 Avicultura de postura, estrutura e formação do ovo ................................................. 12

2.2 Contaminação microbiológica de ovos..................................................................... 15

2.3 Efeitos da higienização na qualidade microbiológica de ovos ................................. 16

2.4 Os métodos de sanitização de ovos comerciais ........................................................ 18

2.4.1 Aplicação do Cloro ................................................................................................ 18

2.4.2 Aplicação do Ácido peracético .............................................................................. 19

2.5 Contaminação por Salmonella sp. e Escherichia coli em ovos comerciais.............. 20

3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 25

3.1 Local e coleta das amostras ...................................................................................... 25

3.2 Procedimentos de lavagem e higienização dos ovos ................................................ 26

3.3 Análise microbiológica da casca e do conteúdo interno dos ovos ........................... 26

3.4 Análise de mesófilos aeróbios .................................................................................. 27

3.5 Análise de coliformes totais e termotolerantes ......................................................... 27

3.6 Análise de Salmonella sp. ......................................................................................... 28

3.7 Análise estatística ..................................................................................................... 29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 30

4.1 MICROBIOLOGIA DAS CASCAS ........................................................................ 30

4.1.1 Contagem de Mesófilos Aeróbios ......................................................................... 30

4.1.2 Contagem de Coliformes Totais e Termotolerantes .............................................. 33

4.1.3 Ocorrência de Salmonella sp. ................................................................................ 37

4.2 MICROBIOLOGIA DO CONTEÚDO INTERNO ................................................. 41

5. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 43

6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44

10

1. INTRODUÇÃO

A avicultura de postura tem apresentado um crescimento significativo nos últimos

anos, tendo a produção brasileira de ovos um aumento de 6,1% em 2015, em relação ao

ano de 2014, e resultou em 39,5 milhões de unidades, sendo o estado de São Paulo

responsável por 33,24% da produção brasileira, seguido do estado de Minas Gerais com

11,5%. O consumo doméstico chegou a 191,7 unidades per capita (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL – ABPA, 2016).

O ovo comercial é o resultado de uma eficiente transformação biológica realizada

pela galinha. Sua estrutura básica é composta por casca, gema e clara e apresenta

constituintes que atuam como barreiras físicas e químicas, preservando a qualidade e

evitando a contaminação por patógenos. Especialmente a casca, membranas interna e

externas e enzimas com propriedades antimicrobianas as quais atuam como barreira

protetora.

Os dados epidemiológicos divulgados pelas mídias, que referem a casos de toxi-

infecções alimentares causados por ovos, tem como principais agentes etiológicos as

salmonelas e os coliformes.

A maior frequência de contaminação em ovos comercializados em locais de

vendas relaciona-se ao sistema de produção das aves, muitas vezes, sem a atenção

necessária aos aspectos higiênico-sanitários do ambiente; contato de ovos com as fezes

pela passagem na cloaca no momento da postura ou no ninho; tempo de permanência no

ninho; armazenamento em locais impróprios e por tempo indeterminado e a

manipulação inadequada (ANDRADE et al., 2004).

O processo de higienização dos ovos gera grande polêmica quando se reporta a

qualidade de ovos. Todavia, este procedimento influencia positivamente na aceitação do

produto pelo consumidor, uma vez que melhora a aparência para comercialização, por

questão de aspecto visual (LLOBET; PONTES; GONZALEZ, 1989), além de diminuir

a probabilidade de contaminação e a ameaça à segurança alimentar (LAUDANNA,

1995; ALMEIDA, 2013).

Os procedimentos de higienização de ovos, comumente, utilizam como agentes

químicos o ácido peracético e cloro, este último devido sua facilidade na aplicação,

11

custo e por apresentar rápida ação biocida sobre micro-organismos, sendo assim

bastante usado na indústria de alimentos.

O objetivo deste estudo foi analisar a ocorrência de mesófilos aeróbios, coliformes

totais e termotolerantes e Salmonella sp. em ovos comerciais, tanto na casca como no

conteúdo interior, lavados com água e/ou higienizados com cloro e ácido peracético em

diferentes concentrações.

12

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Avicultura de postura, estrutura e formação do ovo

A criação e o manejo de poedeiras comerciais apresentam algumas diferenças em

relação aos frangos de corte. De uma maneira geral, as aves são criadas em gaiolas de

produção, sendo separadas em fase de cria, recria e postura. O ponto mais importante da

produção do ovo é a sua qualidade, no entanto, isso envolve desde a compra da pintinha

até a venda do ovo (LANA, 2000).

Há granjas onde estas aves são alojadas na fase de pintinhas em piso dos galpões e

somente depois, quando atingem a fase de postura (cerca de 17 semanas), são alojadas

em gaiolas de postura. Na fase de produção, geralmente elas permanecem de 87 até 100

semanas pondo ovos, podendo chegar a 120 semanas. Os galpões, geralmente, são

abertos, telados, com as baterias de gaiolas em seu interior. Nas gaiolas, é fornecida

água ad libitum (à vontade) e ração sobre sistema GAD (Gramas de ração por Aves ao

Dia), de acordo com a recomendação da linhagem. As aves são submetidas a um

fotoperíodo gradual geralmente iniciando com 14 horas e terminando com 17 horas de

luz por dia. Cada ave põe um ovo por dia e, ao final da vida, uma boa ave de postura

deve ter posto em média 280 ovos por ano durante a fase produtiva. Os ovos são

depositados sobre uma canaleta pela ação da gravidade, assim coletados e armazenados

em uma sala de estocagem com temperatura e umidade controladas. Algumas granjas

adotam o processo de limpeza e sanitização de ovos, principalmente os sujos de fezes

(LANA, 2000).

O ovo é uma estrutura complexa que possui três partes principais: a gema, a clara

e a casca. Outras partes do ovo encontram-se em menor proporção, o blastodisco, a

chalaza, a câmara de ar, a cutícula e as membranas da casca (Figura 1). A coloração da

casca dos ovos varia do branco ao marrom escuro, sendo uma característica genética,

determinada pela linhagem da ave. É importante ressaltar que, do ponto de vista

nutricional, não há diferenças entre os ovos com coloração das cascas branca e vermelha

(ROSE, 1997; BENITES; FURTADO; SEIBEL, 2005).

O processo biológico de formação do ovo ocorre no sistema genital reprodutivo

da galinha que constitui desde o ovário até a cloaca, dividido em cinco regiões,

infundíbulo, magno, istmo, útero e vagina (FURLAN, 2009, SESTI; ITO, 2009).

13

Figura 1. Anatomia de um ovo

Fonte: Horst (2007).

A formação do ovo tem início após a ovulação, e na região do infundíbulo, onde a

gema (ou oócito) é captada. Em seguida, o ovo em formação passa para a região do

magno, onde é depositada a maior porção da proteína do ovo, a clara; e onde há a

formação das chalazas, isto é mucinas retorcidas que mantém a gema no centro do ovo.

Em continuação, ele chega a região do istmo, onde ocorrerá a formação das membranas

interna e externa da casca. Estas membranas estão intimamente ligadas, exceto onde

existe a formação de uma câmara de ar (BURKE, 1996; SESTI; ITO, 2009).

Após, o ovo em formação chega no útero ou na glândula da casca, onde é

adicionada a parte fluida da clara, formada basicamente de água, sais minerais e

vitaminas, os quais passam através das membranas por osmose. Ainda no útero ocorre a

formação da casca, composta basicamente pela deposição de carbonato de cálcio (98%)

e por uma menor parte de matriz orgânica (2%). No processo de calcificação da casca os

íons cálcio são retirados da corrente sanguínea (BURKE, 1996; SESTI; ITO, 2009).

A casca é essencial para manter a integridade dos componentes dos ovos, podendo

ser considerada a embalagem natural do ovo, resistente, rígida e suporta o peso de uma

ave adulta durante a incubação natural, em função de sua forma ovalada e arranjo

radiado de cristais. É porosa, contém 7.000 a 17.000 poros por ovo, que possuem 0,5 a

12,8 micra de diâmetro, para permitir a respiração do embrião e perda de umidade,

sendo considerada a maior fonte de minerais para o desenvolvimento do embrião

14

(MORENG; AVENS, 1990). A casca constitui de 8 a 11% do peso do ovo e possui 94%

de carbonato de cálcio (CaCO3), 1,4% de carbonato de magnésio (MgCO3), 3% de

glicoproteínas, mucoproteínas, colágeno e mucopolissacarídeos (ORNELLAS, 2001).

A casca é coberta por uma cutícula formada por uma camada proteica e

hidrossolúvel que protege o ovo da penetração de micro-organismos, além de preservar

a umidade interna do ovo, evitando a troca entre o interior e exterior (PROUDLOVE,

1996; BURKE, 1996; BENITES; FURTADO; SEIBEL, 2005).

O ovo possui duas membranas, sendo a interna mais fina, e a externa mais

espessa, que se localiza próximo à casca. As duas membranas conferem resistência à

casca evitando rompimento e também tem a função de impermeabilizar o conteúdo dos

ovos contra a penetração de micro-organismos (MADRID; CENZANO; VICENTE,

1996; RAMOS, 2008).

A câmara de ar constitui num espaço entre a membrana interna e externa da casca,

estando localizada na ponta mais larga do ovo, sendo formada logo após a oviposição.

Com o esfriamento natural do ovo, ocorre uma contração do seu conteúdo, fazendo com

que a membrana interna se separe da externa, proporcionando as trocas gasosas. A

câmara de ar é importante na mensuração de qualidade interna do ovo. Em ovos frescos

ela é quase inexistente. Todavia, aumenta o tempo de armazenagem do ovo, a câmara de

ar aumenta e ocorre uma perda de umidade e gás carbônico pelos poros da casca e

penetração do ar no ovo (LLOBET; PONTES; GONZALEZ, 1989).

A clara constitui aproximadamente 56 a 61% do peso do ovo e contém 88% de

água. Essa estrutura é praticamente isenta de lipídios e carboidratos (OLIVEIRA, 2006)

e é uma importante fonte de riboflavina (0,2 a 0,5g 100g-1 de clara), e cerca de 3,5 g 100

g-1 de proteína (CARBÓ, 1987).

A gema constitui aproximadamente de 27 a 32% do peso do ovo e é composta por

50% água, 34% de lipídeos, 16% de proteína e traços de glicose e sais minerais. Possui

também lecitina, que é um lipídeo emulsificante (estabiliza misturas de água e óleo)

(OLIVEIRA; SILVA, 2006), e contém aproximadamente a metade das proteínas

presentes no ovo e é considerada de alto valor biológico, responsável por toda a

vitamina A, D e E presente no ovo, e ainda contém fósforo, manganês, ferro, cobre,

cálcio, zinco, fosfoproteínas ricas em aminoácidos essenciais, lipídios em forma de

emulsão com grande proporção de ácidos graxos insaturados e colesterol (XAVIER et

al., 2008).

15

2.2 Contaminação microbiológica de ovos

Os ovos e produtos à base de ovos estão frequentemente envolvidos nos surtos de

Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs). De acordo com o Sistema de Informação

de Agravos de Notificação Nacional (SINAN, 2015), estes produtos foram associados a

7,8% dos casos epidemiológicos entre os anos de 2000 a 2015, sendo o 3º maior grupo

de alimentos relacionados às DTAs.

As bactérias que produzem infecções sistêmicas, como por exemplo Escherichia

coli e Salmonella sp., são introduzidas nas galinhas através do trato gastrointestinal.

Estudos de Soncini e Bittencourt (2003) e Okamura et al. (2001a, b) propõem duas vias

possíveis de contaminação de ovos: por transmissão vertical e transmissão horizontal

(Figura 2).

Figura 2. Mecanismo de contaminação de ovos.

Fonte: PLUSVET (2014).

Na transmissão horizontal os ovos podem ser contaminados por penetração

através da casca de ovo no intestino colonizado, ou por fezes contaminadas durante, ou

após a oviposição (MESSENS; GRIJSPEERDT; HERMAN, 2005; DE REU et al.,

2006). A segunda rota possível é por contaminação direta, também denominada

transmissão vertical, da gema, clara, membranas, ou, casca de ovo antes de oviposição,

e é originária da infecção de órgãos reprodutivos com Salmonella Enteritidis (KELLER

16

et al., 1995; MIYAMOTO et al., 1997; OKAMURA et al., 2001a, b). No entanto,

Soncini e Bittencourt (2003) relatam que a transmissão transuterina ou transmissão

vertical ocorre devido contaminação com E. coli.

Embora alguns autores afirmem que a transmissão horizontal é a mais importante

forma de contaminar os ovos (BARROW; LOVELL, 1991; BICHLER et al., 1996), a

maioria dos autores afirmam que a transmissão vertical é a rota mais importante

(GAST; BEARD, 1990; MIYAMOTO et al., 1997; GUARD-PETTER, 2001), por estar

em contato direto com o conteúdo interno dos ovos. E, que a preservação das barreiras

naturais da casca serve para evitar a contaminação dos ovos, tendo em vista uma melhor

eficiência produtiva das aves e a preservação da qualidade microbiológica dos seus

produtos, sendo importante o aprofundamento no conhecimento dos diversos produtos

de sanitização, objetivando a manutenção das características protetoras da casca (CAFÉ;

GONZALES, 2003).

2.3 Efeitos da higienização na qualidade microbiológica de ovos

A higienização é a ação combinatória da limpeza e sanitização. A etapa de

limpeza define-se como sendo a remoção das contaminações visíveis, tais como

resíduos orgânicos e minerais presentes nas superfícies. A sanitização pode ser realizada

por meios físicos e químicos e tem como objetivo reduzir ou eliminar completamente a

presença de micro-organismos de importância higiênico-sanitária e patogênicos

(ALMEIDA et al. 1995, EVANGELISTA, 2005).

Os efeitos de lavagem e sanitização no processo de higienização da casca de ovo

são muito discutidos em sua produção, apesar destes processos resultarem em melhor

aparência para comercialização e influencia diretamente na aceitação do produto pelo

consumidor (LLOBET; PONTES; GONZALEZ, 1989; ALMEIDA, 2013).

Os primeiros estudos sobre a qualidade dos ovos armazenados mostraram que a

etapa de lavagem dos ovos aumentou a probabilidade de deterioração e, por essa razão,

a limpeza de ovos por lavagem já foi e é amplamente condenada em alguns países

(European Food Safety Authority - EFSA, 2005).

O conteúdo interno do ovo é um meio ideal para o crescimento de micro-

organismos potencialmente patogênicos para os seres humanos. Tem sido observado

que a microbiota da casca do ovo é dominada por bactérias Gram-positivas, enquanto

17

que as bactérias Gram-negativas são melhores estruturadas para superar as defesas

antimicrobianas do conteúdo do ovo (DE REU et al., 2006).

A casca de um ovo contém milhares de poros, grandes o suficiente para permitir a

entrada de bactérias, e é revestida externamente por uma fina cutícula proteica, que a

torna impermeável, e internamente por duas membranas subjacentes, as quais lhe

fornecem resistência adicional à penetração por micro-organismos (GANTOIS et al.,

2009).

De acordo com Laudanna (1995), existe desvantagem do procedimento de

lavagem dos ovos, como a remoção da cutícula dos poros da casca, o que facilita a

entrada de micro-organismos, resultando na deterioração e diminuição do período de

estocagem, ou seja, de vida de prateleira, depreciando a qualidade e a segurança

alimentar para o consumo. Entretanto, na tentativa de reduzir problemas decorrentes da

contaminação por micro-organismos patogênicos e deteriorantes, os ovos são

submetidos a processos como a lavagem da casca.

No entanto, os defensores da lavagem dos ovos, apresentam que os riscos de

contaminação aumentam com a comercialização de ovos sujos, com cascas defeituosas,

sujas e rachadas, e apontam que há baixa incidência de toxi-infecções alimentares ligada

a ovos lavados. Porém, enfocam que em estudos com ovos provenientes de locais onde

há cadeia de frio, torna-se difícil avaliar a eficácia de lavagem (TOOD, 1996;

HUTCHISON et al., 2003).

Em estudo de Musgrove et al. (2008) acerca do efeito da lavagem sobre a

incidência de micro-organismos em ovos, foi observada, após todo o processo de

lavagem, a redução e até mesmo a eliminação de algumas bactérias presentes.

Hutchison et al. (2003) e Jones et al. (2005) entenderam que a lavagem industrial

e a sanitização são eficientes e tem efeito benéfico na conservação dos ovos, quando

adotados corretamente os requisitos de temperatura e qualidade da água. De acordo

com o United States Department of Agriculture – (USDA, 2001) recomenda-se a

lavagem dos ovos com água abundante a 32ºC com uma margem de ± 12ºC.

Nessa mesma perspectiva, Arrifano (2013) relata que a utilização de água limpa e

morna contendo detergente e sanitizante com efeito germicida com uma rápida secagem

dos ovos, ajuda no combate à invasão microbiana.

18

2.4 Os métodos de sanitização de ovos comerciais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Portaria n° 15,

de 23 de Agosto de 1988, definiu sanitizantes ou desinfetantes como formulações que

têm na sua composição substância microbicida que apresenta efeito letal sobre micro-

organismos não esporulados (BRASIL, 1988).

A sanitização é o conjunto de medidas empregadas para impedir a entrada e

crescimento de micro-organismos em um ambiente ou estrutura, tornando-os livres de

agentes infecciosos, com o uso de substâncias sanitizantes ou outras formas físicas de

sanitização (SPINOSA; GORNIAK; BERNARDI, 2006). As substâncias são usadas

para destruir todas as formas vegetativas de micro-organismos em superfícies, mas esse

processo não promove necessariamente a esterilização do material (PELCZAR et al.,

1990). Segundo Kondo (2006), a sanitização de ovos pode ser feita na forma seca

(fumigação) ou úmida (aspersão ou imersão).

Os sanitizantes são classificados em agentes de níveis alto, intermediário e baixo.

A efetividade dos processos de sanitização é influenciada pela natureza do material a ser

desinfetado, número e resistência dos organismos contaminantes, quantidade de

material orgânico presente (que pode inativar o sanitizante), tipo e concentração, além

da duração e temperatura de exposição. Os sanitizantes cloro e ácido peracético

referem-se ao nível alto, sendo suas utilizações mais eficientes se for realizado uma

limpeza prévia da superfície para remoção de material orgânico (MURRAY;

ROSENTHAL; PFALLER, 2009).

2.4.1 Aplicação do Cloro

O cloro (Cl) e os compostos que possuem cloro são os sanitizantes mais

comumente utilizados como agente bactericida em processamento de ovo, devido à sua

disponibilidade, custo relativamente baixo e eficácia (CAO et al., 2009). O cloro puro

(Cl2) dissocia-se quando adicionado na água e libera o ácido hipocloroso, conforme a

reação (1). Atua combinando-se a radicais oxidáveis, principalmente – SH de enzimas

(SPINOSA; GORNIAK; BERNARDI, 2006).

Cl2 + H2O ⇌ HClO + H+ + Cl- (1)

19

Os hipocloritos são muito reativos, podendo ser empregados em baixa

concentração, mostrando eficácia num amplo espectro, incluindo esporos e

bacteriófagos, porém são instáveis ao armazenamento, corrosivos além de precipitarem

em presença de ferro e serem inativados pela matéria orgânica (McDONNELL, 2009).

Wang e Slavik (1998) estudaram ovos higienizados com hipoclorito de sódio e

demonstraram que o sanitizante é eficiente na redução da multiplicação e penetração de

Salmonella Enteritidis na casca dos ovos.

O dióxido de cloro atua como agente oxidante forte, que na maioria das vezes

reage por meio de mecanismo de transferência de elétrons agredindo a membrana

celular, penetrando, desidratando, e por último, oxidando os componentes internos da

célula microbiana sem, no entanto, gerar ação tóxica como a maioria dos compostos de

cloro (McDONNELL, 2009).

Os altos níveis de cloro podem ser maléficos para a qualidade do ovo (BIAŁKA et

al., 2004) tornando-os não completamente aceitáveis devido a resíduos químicos, a

eficácia limitada e impactos ambientais adversos, e segundo Jaculi (2009), recomenda-

se após a aplicação de compostos clorados a uma concentração acima de 200 ppm, um

enxágue final com água potável para que o cloro residual não reaja com a matéria

orgânica dos alimentos.

Jaenisch, Kuchiishi e Coldebella (2010) avaliaram atividades antibacterianas in

vitro utilizando hipoclorito de sódio a 1% e a 0,1% de cloro ativo em Escherichia coli,

Salmonella Enteritidis e Staphylococcus aureus, na presença e ausência de matéria

orgânica, sob duas diferentes temperaturas (10ºC e 30ºC), e tempo de contato de 20

minutos, obtendo resultados eficazes frente às bactérias testadas.

2.4.2 Aplicação do Ácido peracético

O ácido peracético (APA) (CH3 – COOOH), também chamado de peróxido de

ácido acético ou ácido peroxiacético é um princípio ativo de vários sanitizantes

comerciais. Sua reação é obtida do ácido acético (2) ou anidrido acético com o peróxido

de hidrogênio (SREBERNICH, 2007).

CH3COOH + H2O2 ↔ CH3COOOH + H2O (2)

20

O APA é irritante para a pele e para as mucosas, havendo necessidade de cuidados

especiais no manuseio do produto concentrado como roupas protetoras, luvas de

policloreto de vinila e proteção ocular (CHEREGATTO, 2015). Sua eficácia é

semelhante ou superior a do hipoclorito de sódio, e mais potente que o peróxido de

hidrogênio, tendo uma rápida ação inclusive em baixas concentrações (0,0001% a

0,2%). É efetivo na presença de material orgânico, possui baixa dependência de pH, e

não apresenta efeito residual tóxico, atuando sobre um amplo espectro de micro-

organismos, bactérias, fungos, vírus, algas e esporos (BLOCK, 2001; SILVA et al.,

2008).

O APA é considerado um excelente sanitizante pelo potencial inativador de

bactérias Gram-positivas e negativas, pela sua capacidade de oxidação dos componentes

gerando grupos hidroxilas livres, sulfidrila e ligações dissulfeto que atacam lipídeos de

membranas, DNA e proteínas, altera o equilíbrio químico-osmótico podendo causar o

rompimento de sua parede celular (TOMAZELLI; SANTOS, 2000; RUTALA;

WEBER, 2008), entretanto sua ação biocida é influenciada pela concentração,

temperatura e tipo de micro-organismos (BLOCK, 2001).

O uso do ácido peracético foi eficiente para a redução dos micro-organismos

Staphylococcus aureus e Escherichia coli em superfície de aço inoxidável (KUNIGK;

ALMEIDA, 2001). Uma desvantagem ou limitação do ácido peracético é que ele

apresenta uma baixa estabilidade da solução de uso em temperatura ambiente (PETRUS

et al., 2001).

Jaenisch, Kuchiishi e Coldebella (2010) avaliaram atividades antibacterianas in

vitro utilizando ácido peracético 2% em Escherichia coli, Salmonella Enteritidis e

Staphylococcus aureus, na presença e ausência de matéria orgânica em ovos, sob duas

diferentes temperaturas (10ºC e 30ºC), e tempo de contato de 20 minutos, demonstrando

que na ausência de matéria orgânica, reduziu a zero a contagem de UFC frente à S.

Enteritidis, sendo igualmente efetivo, independente da matéria orgânica, frente a S.

aureus e E. coli, revelando-se uma opção válida para sanitização na avicultura.

2.5 Contaminação por Salmonella sp. e Escherichia coli em ovos comerciais

21

Estudos relatam que a contaminação de ovos ocorre de forma natural. Ovos são

apontados como principal alimento responsável pela salmonelose em seres humanos

(PINTO; SILVA, 2009). Os principais patógenos associados à contaminação do ovo são

Salmonella thyphimurium, Salmonella Enteritidis, Salmonella Pullorum e Escherichia

coli enteropatogênica (STRINGHINI et al., 2009).

Salmonella sp. e Escherichia coli presentes na superfície da casca de ovos podem

penetrar no seu interior, dependendo da qualidade da casca, condições de tempo,

temperatura e estocagem (HUMPHREY, 1990; PADRON, 1990; CLAY; BOARD,

1991; HUMPHREY et al., 1991; SCHOENI et al., 1995; JORDAN; PATTISON, 1998;

FERREIRA; KNÖBL, 2000).

A Salmonella sp. presente nas fezes da ave pode penetrar no ovo antes do

estabelecimento da barreira cuticular proteica da sua superfície, a qual é considerada a

primeira barreira de prevenção contra a invasão bacteriana. Assim, o agente localizado

na vagina se adere à casca, ultrapassando-a e contaminando o conteúdo interno do ovo

(MIYAMOTO et al., 1997).

A salmonelose é uma doença causada pela bactéria da família Enterobacteriaceae,

do gênero Salmonella, que são bastonetes gram-negativos, móveis, flagelados e não

fermentadores de lactose e sacarose. São anaeróbios facultativos, catalase positivos,

produzem ácido sulfídrico e reduzem nitrito a nitrato, com crescimento ótimo a 35 a 37

ºC e pH 6,5 a 7,5. Podem sobreviver ao congelamento e à desidratação por longos

períodos na matéria orgânica (VASCONCELLOS; HAMATY; NASCIMENTO, 2014).

Há cerca de 2.500 sorotipos de Salmonella identificados, mas as de sorotipo de

Salmonella Enteritidis tem sido associadas a mais de 20% dos surtos alimentares

(Centers for Disease Control and Prevention - CDC, 2011). É uma doença de grande

importância para o homem e, portanto, para a saúde pública, pois é uma zoonose que se

caracteriza por uma toxi-infecção de origem alimentar, geralmente decorrente de má

higiene e pelo contato com animais portadores assintomáticos ou doentes, que eliminam

o agente da salmonelose através de suas fezes, podendo contaminar alimentos de origem

animal e também vegetal. S. Typhimurium é o principal sorotipo de salmonela

encontrado em alimentos, seguido pela S. Enteritidis, que tem se envolvido com

infecções transmitidas a partir de ovos crus e derivados (VASCONCELLOS;

HAMATY; NASCIMENTO, 2014).

22

Escherichia coli é uma bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae, é um

bastonete curto, com coloração Gram negativa, não esporulado, cujo tamanho varia de

1,1 a 1,5 μm por 2-6 μm. Em sua maioria, são móveis, devido à existência de flagelos

peritríqueos. Em meios nutrientes sólidos, as colônias apresentam cerca de 1 a 3 mm de

diâmetro podendo apresentar duas formas, lisa e rugosa, mas podem existir colônias

com características intermediárias e mucoides. Colônias lisas são convexas e brilhantes,

possuem bordas regulares, enquanto colônias rugosas apresentam um aspecto e

aparência grosseira, contornos irregulares (EDWARDS; EWING’S, 1986; FERREIRA;

KNÖBL, 2009). Essa bactéria possui metabolismo respiratório e fermentativo, pois é

anaeróbio facultativo. A sua temperatura ideal de multiplicação é 37ºC, porém consegue

multiplicar em temperaturas de 18 a 44ºC. Nas provas bioquímicas é positiva para

vermelho de metila (VM) e produção de indol, enquanto para as provas de catalase,

oxidase, utilização do citrato e Voger Proskauer (VP) é negativa. Não é capaz de utilizar

a ureia como única fonte de nitrogênio, descarboxila os aminoácidos arginina, lisina e

ornitina e possui como principal característica fermentar lactose e glicose produzindo

ácido e gás (EDWARDS; EWING’S 1986).

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para a

produção de ovos destinados à industrialização devem ser previamente observados os

requisitos estabelecidos pelo Serviço de Inspeção Federal para o procedimento

mencionado (BRASIL, 1990). A RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) nº 12, de 12

de janeiro de 2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a qual

estabelece padrões microbiológicos para fins de registro e fiscalização de produtos

alimentícios, a Salmonella spp. deve ser ausente em 25g de ovo cru (BRASIL, 2001).

Franco e Landgraf (2008) afirmam que a pesquisa de E. coli fornece, com maior

segurança, informações sobre as condições higiênico sanitárias de um produto, sendo a

melhor indicação da eventual presença de enteropatógenos. Os processos de produção

de ovos livres de Salmonella spp. e Escherichia coli deve priorizar a higienização após

a postura e refrigeração pois, são pontos críticos de controle para redução dos surtos de

intoxicação humana de origem alimentar (MEDEIROS et al., 2011).

A contaminação de ovos, seja na casca ou no conteúdo (gema e/ou clara), é o

principal fator de qualidade que deve ser rigorosamente inspecionado na tentativa de

garantir segurança do consumidor, já que relatos mostram alta incidência de

23

contaminação de ovos no mercado por Salmonella (ANDRADE et al., 2004; SILVA

JÚNIOR, 2014).

Vaniel et al. (2013) detectaram Salmonella sp. em 4,17% (3/72) das amostras de

ovos analisadas, sendo duas amostras provenientes de supermercado e uma proveniente

de feira livre de Pelotas, RS. De acordo com a porção do ovo analisada, duas amostras

continham a bactéria na gema e uma amostra apresentou Salmonella sp. na casca.

Corroborando com isto, Oliveira e Silva (2000) detectaram contaminação por

Salmonella Enteritidis no conteúdo interno (3,2%) e na casca (9,6%) de ovos destinados

ao consumo humano no estado de São Paulo. No entanto, Baú, Carvalhal e Aleixo

(2001), ao avaliarem 94 amostras de cascas e gemas de ovos, provenientes de granjas ou

da região da colônia de Pelotas, não detectaram a presença de Salmonella sp..

Bezerra, Vieira e Melo Júnior (1995) isolaram Escherichia coli de 70% das cascas

de ovos provenientes de supermercados e feiras livres. Essa observação é preocupante,

uma vez que as enterobactérias possuem atividade proteolítica, que destroem algumas

estruturas da casca do ovo, podendo facilitar a penetração de micro-organismos, os

quais se multiplicam no conteúdo do ovo e provocam sua deterioração.

Andrade et al. (2004) estudaram a frequência de micro-organismos isolados em

272 amostras de ovos de galinhas coletados em granjas e no comércio varejista de

Goiânia, Goiás. Os resultados demonstraram que 40,44% dos ovos examinados

continham bacilos Gram negativos e fungos, que podem alterar a qualidade nutricional

dos ovos. A frequência de Escherichia coli isolada foi de 1,83% nas granjas, e de 1,11%

em postos de venda. Neste mesmo estudo, foi observada a presença de Salmonella sp.

em 1,48% das amostras e de Salmonella Enteritidis em 0,36%.

Em estudo realizado por Stringhini et al. (2009), as frequências de coliformes

totais das cascas de ovos dos galpões e das salas de classificação das granjas com

sistema de lavagem apresentaram um aumento da frequência do número mais provável

(NMP) de coliformes totais na sala de classificação em relação aos resultados obtidos

nos galpões. Para as frequências de coliformes termotolerantes nas cascas de ovos

coletados nos galpões, tanto nas granjas que utilizavam lavagem de ovos, quanto

naquelas que comercializavam ovos não lavados, indicaram contaminação fecal,

possivelmente pelo contato com excretas das aves na gaiola. Tal fato permite inferir que

a produção nessas granjas foi realizada em condições higiênicas insatisfatórias e que a

proliferação dessas bactérias poderia causar diminuição da vida de prateleira dos ovos e

24

perigo à saúde dos consumidores. No mesmo estudo, não se observou presença de

Salmonella sp. nas cascas, nem contaminação do conteúdo dos ovos coletados.

Cabe ressaltar que a presença de coliformes totais nas cascas de ovos não indica,

necessariamente, contaminação fecal recente ou ocorrência de enteropatógenos, uma

vez que esse grupo envolve outros gêneros além da Escherichia, como Citrobacter,

Enterobacter e Klebsiella, as quais podem estar presentes também no solo e na água

(SILVA et al., 2010).

25

3. METODOLOGIA

3.1 Local e coleta das amostras

Foram utilizados ovos com peso de 50,0±3,0g, oriundos de um mesmo lote de

poedeiras da linhagem Hisex Brown, com idades entre 35 e 50 semanas, oriundos da

produção do Setor de Avicultura do IFTM – campus Uberaba (Figura 3), que apresenta

cerca de 200 ovos por dia.

Figura 3. Galinhas Hisex Brown de postura do Setor de Avicultura – IFTM

Fonte: Acervo do autor

Foram coletados aleatoriamente 60 ovos corresponde a 30% produção diária para

cada ensaio, num total de 180 ovos em 3 ensaios realizados em semanas diferentes. A

determinação da qualidade da casca foi realizada por inspeção visual. Ovos

classificados como sem defeitos de casca foram aqueles que não apresentaram defeitos

visíveis. Os ovos selecionados foram dispostos em bandejas de papelão para transporte

ao Laboratório de Microbiologia do IFTM – campus Uberaba, onde foram

imediatamente tratados de acordo com os procedimentos de lavagem e higienização.

26

3.2 Procedimentos de lavagem e higienização dos ovos

A simulação dos procedimentos de lavagem e higienização industrial, conforme

Tabela 1, foi conduzida em béqueres constituídos com barreiras físicas (escovas de

cerdas macias) e com auxílio de movimentação controlada das soluções utilizadas. A

temperatura da água e das soluções sanitizantes, bem como os tempos de cada etapa

foram fixos em 25ºC e 3 minutos, respectivamente. Após os tratamentos de lavagem

e/ou sanitização, os ovos foram secos com secador de ar frio e, analisados

microbiologicamente, utilizando-se 6 unidades amostrais aleatórias para cada

tratamento.

Tabela 1. Procedimentos de lavagem e sanitização de ovos comerciais.

Tratamentos

T1 Grupo controle (ovos não lavados nem sanitizados)

T2 Ovos lavados com água por 3 minutos (béquer de 10L em

agitação controlada com barra magnética)

T3 Ovos lavados com água (3 minutos) + sanitização via úmida

com ácido peracético (concentração 50 ppm*) por 3 minutos

(béquer de 5L em agitação controlada com barra magnética)

T4 Ovos lavados com água (3 minutos) + sanitização via úmida

com ácido peracético (concentração 100 ppm*) por 3

minutos (béquer de 5L em agitação controlada com barra

magnética)

T5 Ovos lavados com água (3 minutos) + sanitização via úmida

com cloro ativo (concentração 50 ppm**) por 3 minutos

(béquer de 5L em agitação controlada com barra magnética)

T6 Ovos lavados com água (3 minutos) + sanitização via

úmida com cloro ativo (concentração 100 ppm**) por 3

minutos (béquer de 5L em agitação controlada com barra

magnética)

*Adaptado de Melo et al. (2015) e Silva et al. (2008).

**Adaptado de Wang e Slavik (1998) e Oliveira e Silva (2000).

3.3 Análise microbiológica da casca e do conteúdo interno dos ovos

A recuperação dos micro-organismos da casca foi realizada através da lavagem da

superfície de seis unidades amostrais (ovos) para cada tratamento, segundo Silva et al.

27

(2010), através do método International Organization for Standardization - ISO 7218:

2007. Foram pesadas as cascas e os conteúdos internos dos ovos, sendo que para cada 1

grama do peso foi utilizado 1 mL de água peptonada tamponada (APT) representando

assim a diluição zero (1:1), ou seja (100).

Para a diluição dos 25 g do conteúdo interno dos ovos e dos 25 mL de APT

proveniente da lavagem da superfície dos ovos, foram transferidos assepticamente para

225 mL representando a diluição 10-1, a partir desta obtendo-se as demais diluições

seriadas.

Tanto para a casca quanto para o conteúdo interno dos ovos, foram realizadas

análises para presença/ausência de Salmonella sp., contagem de coliformes totais e

termotolerantes e mesófilos de acordo com os itens 3.4, 3.5 e 3.6, seguindo os

procedimentos descritos no Compendium of methods for the microbiological

examination of foods (DOWNES; ITO, 2001).

3.4 Análise de mesófilos aeróbios

Para a contagem de bactérias mesófilas, o meio de cultura utilizado foi o Plate

Count Agar (PCA) para contagem e o plaqueamento foi o de semeadura em

profundidade. A partir das diluições, 1 mL foi plaqueado em profundidade com meio

PCA, sendo então as placas incubadas a 35ºC por 48 h. Transcorrido o tempo de

incubação fez-se a contagem do número de colônias com o auxilio de um contador de

colônias (Phoenix) das triplicatas. Para os cálculos do número de UFC, multiplicou-se a

média aritmétrica das triplicatas pelo respectivo fator de diluição. Os resultados foram

expressos em Unidade Formadoras de Colônias – UFC g ou mL de amostra (SILVA et

al., 2010).

3.5 Análise de coliformes totais e termotolerantes

Para análise de coliformes totais e termotolerantes foi utilizada a técnica do

Número Mais Provável (NMP), que inclui as seguintes etapas: Teste presuntivo, em que

três alíquotas de três diluições seriadas das seis unidades amostrais foram inoculadas em

uma série de três tubos de Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) por diluição. Os tubos

com LST após 24-48h de incubação a 35ºC, com formação de gás no tubo de Durhan e

28

produção de ácido evidenciado pela formação de cor amarela foram presuntivamente

considerados positivos. Para a confirmação dos coliformes totais e termotolerantes, uma

alçada de cada tubo suspeito foi transferido para tubos de Caldo Verde Brilhante Bile

2% (VB) e Caldo E. coli (EC), meios seletivos que contêm lactose. A observação de

crescimento foi realizada através da produção de gás no tubo de Durhan nos tubos de

VB, após 24-48h de incubação a 35ºC, sendo considerada confirmativa da presença de

coliformes totais. O crescimento com produção de gás nos tubos de EC, após 24h de

incubação a 44,5ºC, em banho-maria, foi considerada confirmativa da presença de

coliformes termotolerantes. Os resultados foram expressos em NMP/g ou mL de

amostra (SILVA et al., 2010).

3.6 Análise de Salmonella sp.

Para análise do conteúdo interno, as diluições 100 foram incubadas por 96 h a

35ºC. A APT obtida da lavagem da superfície dos ovos e da diluição de 25 g do

conteúdo interno homogeneizado dos ovos, após as 96 h de incubação, em 225 mL de

APT foram incubados a 35ºC por 24 horas para pré-enriquecimento. Após a incubação,

foi feito enriquecimento seletivo, transferindo-se 1 ml e 0,1 ml da cultura pré-

enriquecida para dois tubos, um contendo 10ml de caldo Tetrationato (TT) e outro com

10ml de Caldo Rappaport-Vassiliadis (RV), respectivamente, sendo os tubos do TT

incubados a 37ºC ± 1ºC, e os tubos de RV incubados em banho-maria a 41,5 ± 1ºC,

ambos durante 24 h ± 3 h. Após o enriquecimento seletivo nos caldos TT e RV, foram

semeadas alíquotas em três placas contendo: Ágar Hektoen Enteric (HE), Ágar Xilose

Lisina Desoxicolato (XLD), Ágar Bismuto Sulfito (BS), incubando-se à 37ºC ± 1ºC por

24 h (ISO 6579, 2002). Das placas que continham colônias características ou típicas,

foram selecionadas 5 (cinco) colônias:

Ágar Hektoen Enteric (HE): colônias verde-azuladas, com ou sem centro preto.

Cepas fortemente produtoras de H2S podem produzir colônias inteiramente pretas.

Ágar Xilose Lisina Desoxicolato (XLD): colônias cor de rosa escuro, com ou

sem centro preto. Cepas fortemente produtoras de H2S podem produzir colônias com

centro preto grande e brilhante, ou mesmo inteiramente pretas.

29

Ágar Bismuto Sulfito (BS): colônias marrons ou pretas com ou sem brilho

metálico. O meio ao redor das colônias muda gradativamente para uma coloração

marrom a preta, com o prolongamento do tempo de incubação.

Em tubos com ágar inclinados de Ágar Tríplice Açúcar Ferro (TSI) e Ágar Lisina

Ferro (LIA) após o período de incubação a 35 ºC ± 1ºC por 24 h, observou-se a

ocorrência de reação típica de Salmonella. Em TSI, observou-se a coloração na rampa

alcalina (vermelha) e no fundo ácido (amarelo), com ou sem produção de H2S

(escurecimento do ágar). Em LIA, observou-se a coloração do fundo e da rampa

alcalinos (roxos, sem alteração da cor do meio), com ou sem produção de H2S

(escurecimento do meio). Para a confirmação definitiva as colônias foram submetidas às

provas bioquímicas, de acordo com Andrews e Hammack (2003) realizados no

Laboratório de Microbiologia da Universidade do Triângulo Mineiro - UFTM, e as

culturas com comportamento bioquímico típico para Salmonella sp. foram confirmadas

pela técnica de aglutinação em lâmina, utilizando-se soros polivalentes anti-Salmonella

(Probac do Brasil). Os resultados foram expressos como presença ou ausência de

Salmonella sp. em 25 g ou mL de amostra.

Para averiguar o efeito da eficácia dos sanitizantes sobre a Salmonella sp. foi

realizado o teste o teste de sensibilidade bacteriana in vitro pela técnica de difusão em

disco pelo método de Kirby-Bauer (BAUER; KIRBY, 1966), utilizando diferentes

concentrações de cloro e ácido peracético (50, 100, 150 ppm), tendo como controle o

antibiótico cloranfenicol, sendo o resultado expresso em sensível, intermediário ou

resistente ao antimicrobiano testado.

3.7 Análise estatística

Os resultados das contagens das análises microbiológicas dos três ensaios foram

transformados em log 10 e submetidos à análise de variância (α= 0,05) e ao teste Scott-

Knott com o auxílio do software Assistat 7.7 a fim de verificar a influência dos

diferentes tratamentos nos ovos sobre a contagem bacteriana na casca e no conteúdo

interno dos ovos (MONTGOMERY, 1997). Os resultados obtidos das análises de

Salmonella dos três ensaios foram submetidos ao teste de Fisher, a partir da

categorização binária dos dados (presença e ausência), segundo Fleiss (1991).

30

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 MICROBIOLOGIA DAS CASCAS

4.1.1 Contagem de Mesófilos Aeróbios

Na Figura 4, é apresentada a contagem de bactérias mesófilos aeróbios dos ovos

submetidos a diferentes procedimentos de sanitização, verificou-se que para todas as

repetições houve variação na contagem de bactérias mesófilas aeróbias, sabendo que

estas podem ser consideradas indicadoras das condições de limpeza e sanitização.

Nota: APA = Ácido Peracético, Cl = Cloro, REP = Repetição do experimento

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de

Scott-Knott (P>0,05).

Figura 4. Médias das populações de bactérias aeróbias mesófilas em casca de ovos

submetidos a diferentes procedimentos de higienização por repetição.

31

A técnica de contagem em placas de bactérias aeróbias mesófilas é comumente

utilizada para indicar a qualidade sanitária dos alimentos, pois mesmo que os patógenos

estejam ausentes e que não tenham ocorrido alterações nas características sensoriais do

alimento, um número elevado destes microrganismos (contagem acima de 10⁶ UFC/g)

indica que o alimento é insalubre (FORSYTHE, 2002).

Assim, as contagens das populações das bactérias mesófilas aeróbias (Figura 4) se

expressaram de diferentes formas nas três repetições neste estudo. A dinâmica destes

resultados é condizente com a realidade industrial de processamento de ovos. Neste

sentido, o propósito da sanitização é reduzir ou eliminar as populações bacterianas na

superfície, e tornar o ovo isento ou a um índice aceitável de microrganismos

(ARAGON-ALEGRO et al., 2005).

Na primeira repetição (Figura 4), a população de mesófilos aeróbios variou de

6,0 x 100 a 2,4 x 102 UFC g-1. Os ovos do tratamento controle apresentaram 2,4 x 102

UFC g-1, a utilização dos sanitizantes nos tratamentos com água (T2), APA 50 ppm

(T3), cloro 50 ppm (T5), cloro 100 ppm (T6) reduziram as contagens a 7,0 x 100,

5,8 x 101, 1,6 x 104, 8,0 x 101, 6,0 x 100 UFC g-1, respectivamente, no entanto os

tratamentos T2 e T6 assim como T3 e T5 não apresentaram diferença entre si. De

acordo com Rêgo et al. (2012), os micro-organismos mesófilos aeróbios em ovos

integrais comerciais estiveram em populações de 2,5x103 UFC g-1.

Na segunda repetição (Figura 4), a população de mesófilos aeróbios variou de

4,0 x 100 a 1,3 x 102 UFC g-1, não sendo reduzida em nenhum dos tratamentos (T2, T3,

T4, T5 e T6) como pode ser observado pelas médias 7,2 x 101, 8,0 x 100, 2, 9 x 101,

1,3 x 102, 1,0 x 101 UFC g-1, respectivamente.

Na terceira repetição (Figura 4), a população de mesófilos aeróbios variou de

1,0 x 100 a 4,8 x 101 UFC g-1, mostrando que houve a redução nos tratamentos, T2, T3,

T5, T6, como pode ser observado nas médias 3,0 x 100, 1,0 x 100, 9,0 x 100, 7,0 x 100

UFC g-1. Não houve diferença significativa entre os tratamentos T2 e T3 assim como no

T5 e T6 em ambos demonstram-se os efeitos na redução das contagens, porém os

tratamentos com cloro 50 e 100 ppm mostraram ser mais eficazes na eliminação dos

micro-organismos.

Na repetição 1 (Tabela 2), nos tratamentos T6, T2, T3, T5 em ordem decrescente

de redução da população de mesófilos, nota-se que os melhores percentuais de redução

foram encontrados no T6 e no T2, sendo a simples lavagem com água ou a lavagem

32

com água seguida da sanitização com cloro 100 ppm recomendados para o

procedimento de higienização, desde que os ovos sejam inspecionados visualmente

antes das operações.

Na repetição 2, não houve redução alguma, ou seja, era preferível não ter

higienizado o ovo (controle). Na repetição 3, os tratamentos T2, T3 e T6 apresentaram

redução da população de mesófilos, contudo o T3 foi o mais eficaz. Pontualmente,

observa-se que o T4 (ácido peracético 100 ppm) foi ineficiente, pois não mostrou

redução nenhuma das populações de mesófilos nas 3 repetições (Tabela 2).

Tabela 2. Redução das populações de micro-organismos mesófilos em cascas de ovos

lavados com água e/ou higienizados com cloro e ácido peracético em diferentes

concentrações.

Redução da população de mesófilos (%)

REP1 REP2 REP3

T1 Controle - - -

T2 Água 97,1 0,0 95,1

T3 APA 50ppm 75,7 0,0 100,0

T4 APA 100ppm 0,0 0,0 0,0

T5 Cl 50ppm 66,7 0,0 0,0

T6 Cl 100ppm 97,6 0,0 86,0 Nota: APA = Ácido Peracético, Cl = Cloro, REP = Repetição do experimento

Diante destes resultados, pode-se considerar que os valores aceitáveis de bactérias

nas cascas de ovos, mesmo não estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, seria a menor carga bacteriana na casca, a fim de diminuir o risco de

penetração do micro-organismo no conteúdo (STRINGHINI et al., 2009).

Nas três repetições pode-se notar um comportamento diferente com o tratamento

com APA 100 ppm (T4), que de alguma forma pode ter afetado a membrana proteica da

casca de ovo, ocasionando o rompimento desta membrana, que permitiu a entrada ou

saída de bactérias, as quais se espalharam pela superfície da casca, explicando a

contagem maior da população. Na primeira repetição, foi observado que os ovos

submetidos a este tratamento estavam com incrustação de fezes na casca, mesmo depois

do procedimento de sanitização, o que também justifica a contagem maior da população

de mesófilos neste tratamento.

33

De acordo com Aragon-Alegro et al. (2005), o emprego de agentes químicos

constitui uma solução crítica para a redução ou eliminação do risco de contaminação da

casca. Favier et al. (2000) estudaram alguns sanitizantes, dentre eles o hipoclorito de

sódio, e verificaram que os sanitizantes podem afetar a fina e delicada camada da casca

e, assim, permitir a recontaminação do ovo.

Stringhini (2008) observou que os valores médios de 2,0 ± 1,3 Log UFC g-1 a

3,1 ± 0,4 Log UFC g-1 para as contagens de mesófilos nas cascas dos ovos lavados com

lavados com hipoclorito de cálcio e com clorhexidina oriundos de sala de classificação,

foram menores do que aquelas encontradas em ovos coletados em galpões, ou seja, ovos

não lavados. Os dados da Figura 4 corroboram com esta afirmativa. Já em estudo de

Melo et al. (2015), foi verificado contagem total de aeróbios mesófilos viáveis de até

3,95 Log UFC g-1 em ovos caipiras sanitizados com ácido peracético 0,02% por 15

minutos produzidos por agricultores familiares localizadas nos assentamentos da região

metropolitana do Estado do Rio de Janeiro-RJ.

4.1.2 Contagem de Coliformes Totais e Termotolerantes

Nas Tabelas 3 e 4, são apresentados os resultados relativos às determinações dos

NMP g-1 de coliformes totais e termotolerantes das três repetições experimentais.

As contagens elevadas de bactérias do grupo coliformes são consideradas

indicadores das condições de higiene e, refletem quando a limpeza e a sanitização são

ineficientes (SILVA et al., 2010).

Podem ser encontrados diversos tipos de micro-organismos na casca de ovos, e

eles variam conforme as situações, sendo os mais comuns encontrados também no ar,

solo e água (MUSGROVE et al., 2008). A presença destes micro-organismos, estão

diretamente relacionado ao manejo e condições sanitárias do campo.

Os dados microbiológicos obtidos para casca (Tabela 3) demonstram que a

população de coliformes totais no controle (T1) diferiu das demais na primeira

repetição, porém esta tendência não pôde ser observada nas demais repetições.

As análises de coliformes totais (Tabela 3) evidenciaram que na primeira

repetição os tratamentos com água (T2), APA 50 ppm (T3), APA 100 (T5) e Cl 50 ppm

(T6) demonstraram redução na população de coliformes totais, sendo que variou de

<0,36 (T2, T3 e T6) a 4,6 (T5) NMP g-1de amostra. Essas diferentes concentrações

34

diminuíram a contagem microbiana, porém, o tratamento APA 100 ppm (T4) não foi

eficiente. Todavia foi observado visualmente que os ovos que compunham este

tratamento estavam com fezes incrustadas mesmo depois de ter sido submetido ao

procedimento de lavagem.

Tabela 3. Coliformes totais em cascas de ovos submetidos a diferentes procedimentos

de higienização.

Tratamento (T) 1ª repetição

NMP g-1

2ª repetição

NMP g-1

3ª repetição

NMP g-1

T1 – Controle >110 <0,30 <0,30

T2 – Água 0,36 <0,30 <0,30

T3 – APA 50 ppm 0,36 <0,30 <0,30

T4 – APA 100 ppm >110 24 <0,30

T5 – Cl 50 ppm 4,30 <0,30 <0,30

T6 – Cl 100 ppm <0,30 <0,30 <0,30

Nota: APA = Ácido Peracético, Cl = Cloro

Pode-se observar que o aumento dos micro-organismos no tratamento T4, na

segunda repetição. No entanto este não apresentava visualmente incrustações de matéria

orgânica (fezes), sugerindo que a utilização de ácido peracético em concentração de 100

ppm tenha afetado a estrutura da membrana proteica que protege a casca do ovo, fato

relatado Tomazelli e Santos (2000) e Rutala e Weber (2008), possibilitando a entrada ou

saída de micro-organismos proveniente do material orgânico das fezes do ovo.

Segundo Ornellas (2001), caso as cascas possuam bactérias e enterotoxinas pré-

formadas por alguns micro-organismos, poderá haver a contaminação do conteúdo

interno dos ovos. E, que a ineficiência do APA também pode ser devida à baixa

estabilidade do sanitizante em temperatura ambiente, de acordo com Petrus et al.

(2001).

O procedimento de lavagem com cloro 100 ppm (T6) demonstrou ser eficiente na

eliminação deste grupo de coliformes totais, apresentando uma frequência de 100% de

eliminação nas três repetições frente os coliformes totais.

35

Os ovos que foram submetidos a diferentes procedimentos de sanitização

apresentaram uma frequência da presença de coliformes totais de 33,3%, valor equivale

ao encontrado por Cardoso et al. (2001) para coliformes totais em ovos comerciais de

vários fornecedores da região de Descalvado, estado de São Paulo.

No entanto, não se observa o mesmo no estudo de Stringhini et al. (2009) em

granjas com sistemas de lavagem, onde foi encontrado 6% de frequência para

coliformes totais nas cascas de ovos.

De encontro aos resultados deste estudo, a etapa de sanitização visa a redução

significativa da população microbiana através de substâncias químicas antimicrobianas.

Contudo, a eficiência de um agente antimicrobiano depende de fatores ambientais, que

podem agir isoladamente ou em combinação, tais como carga microbiana inicial e etapa

de limpeza para eliminação de matéria orgânica para melhor ação do sanitizante

(WILEY, 1994), com foco na qualidade microbiológica dos alimentos de forma que não

ocasionem riscos à saúde do consumidor, principalmente quando esse é consumido cru

(ANDRADE; MACÊDO, 1996; SILVA JÚNIOR, 2014).

O emprego da lavagem com cloro a 100 ppm (T6), foi eficaz na redução das

contagens de coliformes totais durante a primeira repetição, mesmo efeito notado por

Wang e Slavik (1998), que observaram a eliminação destes micro-organismos em ovos,

sem danos à cutícula da casca.

Desta forma, sugere-se que em granjas com sistemas de lavagem, seja realizado

uma pré-seleção visual de ovos, para remoção de ovos com sujeiras ou material externo

aderente a casca, visto que auxilia na diminuição do risco de contaminação e provendo

assim a segurança da qualidade. Além disso, sabe-se que a lavagem dos ovos influencia

positivamente na aceitação do produto pelo consumidor, uma vez que melhora a

aparência para comercialização (LLOBET; PONTES; GONZALEZ, 1989).

A utilização apenas da água na lavagem de ovos mostrou ser eficaz na redução de

coliformes totais (Tabela 3) e termotolerantes (Tabela 4), sendo desta forma interessante

o seu emprego no momento do consumo. No entanto, a RDC nº 12, de 2 de janeiro de

2001 da ANVISA (BRASIL, 2001), não estabelece padrões microbiológicos para

coliformes totais e termotolerantes em ovos in natura, o que poderia ser interessante no

controle de qualidade industrial, já que se sabe que os coliformes são micro-organismos

indicadores das condições higiênico-sanitárias.

36

Tabela 4. Coliformes termotolerantes em casca de ovos submetidos a diferentes

procedimentos de higienização.

Tratamento 1º repetição

NMP g-1

2º repetição

NMP g-1

3º repetição

NMP g-1

T1 – Controle 0,92 <0,30 <0,30

T2 – Água <0,30 <0,30 <0,30

T3 – APA 50 ppm <0,30 <0,30 <0,30

T4 – APA 100 ppm 1,50 24,00 <0,30

T5 – Cl 50 ppm 2,30 <0,30 <0,30

T6 – Cl 100 ppm <0,30 <0,30 <0,30

Nota: APA = Ácido Peracético, Cl = Cloro

Em 22% das amostras, houve a presença de coliformes termotolerantes (Tabela 4),

sendo que índices variaram de 0,92 a 24 NMP g-1. Os resultados diferiram de Stringhini

et al. (2009), que em granjas com sistemas de lavagem verificou a frequência de 2,1%

para coliformes termotolerantes nas cascas de ovos. Segundo Cardoso et al. (2001), os

coliformes termotolerantes foram encontrados 8,3%, de ovos comerciais, demonstrando

que esses ovos apresentavam condições higiênicas insatisfatórias. Desta forma, é

extremamente importante a pré-seleção de ovos a serem higienizados.

Stringhini et al. (2009) concluíram que os ovos lavados apresentam qualidade

bacteriológica de casca melhor que os ovos não lavados, embora o processo de lavagem

realizado nas granjas de postura comercial analisadas não tenha sido capaz de eliminar

completamente os coliformes termotolerantes, sendo essa situação a mesma deste

estudo.

O emprego do T2, e dos sanitizantes dos T3 e T6 mostraram-se eficazes na

redução deste grupo de micro-organismos na primeira repetição.

Os tratamentos com sanitizantes T4 na primeira e segunda repetição e T5 na

primeira repetição não apresentaram redução em relação ao T1. Uma das possíveis

justificativas para este fato deve-se ao espalhamento dos micro-organismos contidos nas

cascas, e também a baixa estabilidade do ácido peracético a temperatura ambiente

Petrus et al (2001) e a presença de fezes aparente na casca na primeira repetição.

37

Os baixos índices de coliformes termotolerantes (<0,30 NMP g-1) são um bom

indicador das condições de manejo na produção de ovos. Estudo de Leite et al. (2016)

demonstraram que não houve detecção de coliformes termotolerantes em ovos de

galinha caipira, julgando que a operação de manuseio foi eficiente, no entanto este

estudo não faz referência a nenhum procedimento de higienização para os ovos.

Uma possível explicação para ausência de amostras positivas (<0,30 NMP g-1)

para coliformes totais e termotolerantes nos ovos analisados foi a utilização de ovos

limpos e sem presença de fezes na casca. Este mesmo resultado pode ser notado no

estudo de Figueiredo (2008), que para coliformes totais e termotolerantes nos ovos de

poedeiras novas e velhas em diferentes condições de armazenamento apresentaram

resultados negativos para todas as 120 amostras.

A partir dos resultados das Tabelas 2 e 3, seria recomendável a aplicação da água

ou de cloro na higienização de ovos, contanto que os ovos não estejam sujos, como

definido no Decreto nº 56.585 (BRASIL, 1965), que são aqueles que apresentam

sujidades aderidas na casca.

4.1.3 Ocorrência de Salmonella sp.

As salmonelas ocupam lugar de destaque como micro-organismo indesejável na

avicultura de postura, sendo amplamente pesquisado na cadeia produtiva avícola por

acarretar grandes prejuízos no setor (SILVA; DUARTE, 2002).

Para a triagem das colônias típicas de Salmonella sp. provenientes das placas de

cultura com os meios indicadores utilizados, pode-se notar que no ágar BS, as colônias

estavam escuras, com brilho metálico; no ágar XLD, as colônias tinham aspectos cor de

rosa com centro escuro e no ágar HE, colônias esverdeadas com centro escuro (Figura

5).

38

Nota: T5TT: Tratamento 5 com colônias oriundas do Caldo Tetrationato , T5RV: Tratamento 5 com

colônias oriundas do caldo Rappaport-Vassilidis, BS: Ágar Bismuto Sulfito, XLD: Ágar Xilose Lisina

Desoxicolato, HE: Ágar Entérico de Hectoen.

Figura 5. Características morfocolônias típicas de Salmonella sp. em diferentes meios

sólidos

Fonte: Acervo do autor

Na identificação preliminar (Figura 6) utilizando o meio de cultura LIA, as

reações positivo-suspeitas apresentaram características de rampa alcalina (violeta) e

fundo alcalino (violeta). No meio de cultura TSI, as colônias apresentaram rampa

alcalina (vermelha) e fundo ácido (amarelo) com formação de H2S.

Figura 6. Cultivo em ágar “Triple Sugar Iron” (TSI) (A e B) e ágar “Lysine Iron Agar”

(LIA) (C).

Fonte: Acervo do autor

Nas análises confirmativas, por meio das provas bioquímicas, as culturas suspeitas

mostraram-se urease negativa, assim como para as provas de sulfeto e de indol. Já no

39

teste de motilidade, as culturas apresentaram resultados positivos, proporcionando a

identificação de Salmonella sp.

Através da pesquisa de Salmonella sp., foi detectada a presença desse micro-

organismo em uma amostra do tratamento 5 (5,5%) (Tabela 5) na primeira repetição do

experimento. De acordo com a legislação vigente (RDC nº 12), os ovos deste tratamento

seriam rejeitados, pois a legislação estabelece ausência para Salmonella em 25g de ovos

in natura como padrão microbiológico.

Tabela 5. Salmonella sp. em 25 g de casca de ovos submetidos a diferentes

procedimentos de higienização.

Tratamento 1ª repetição 2º repetição 3º repetição

T1 – Grupo Controle Ausência Ausência Ausência

T2 – Água Ausência Ausência Ausência

T3 – APA 50 ppm Ausência Ausência Ausência

T4 – APA 100 ppm Ausência Ausência Ausência

T5 – Cl 50 ppm Presença Ausência Ausência

T6 – Cl 100 ppm Ausência Ausência Ausência

Nota: APA = Ácido Peracético, Cl = Cloro

Corroborando com os resultados deste estudo, Vaniel et al. (2013) detectaram

4,17% das amostras positivas para Salmonella sp. sendo que apenas uma amostra

apresentou Salmonella sp. na casca. Andrade et al. (2004), avaliaram a qualidade

microbiológica de ovos de galinha comercializados em Goiânia, GO, notaram que,

aproximadamente, 40% dos ovos continham bacilos Gram-negativos e, dentre estes,

4,46% estavam contaminados com Salmonella sp., os quais poderiam representar

potencial risco à saúde humana. Já Oliveira e Silva (2000) encontraram 9,6% das cascas

e 3,2% do conteúdo de ovos de galinha obtidos no comércio varejista de Campinas, SP,

positivos para Salmonella Enteritidis.

De acordo com Scur et al. (2014), a matéria orgânica reduz a eficácia de ácido

peracético entre 57,5 a 66,2%, e do hipoclorito de sódio entre 10 a 15,5%, como foi

comprovado ao testá-los no controle de Salmonella enterica sorotipo Enteritidis ATCC

40

1402. Já quando os mesmos sanitizantes foram utilizados na ausência de matéria

orgânica, os tratamentos de higienização foram 100% eficiente na eliminação do mesmo

micro-organismo.

O teste de sensibilidade aos antimicrobianos representa uma importante

ferramenta no monitoramento da evolução da resistência bacteriana e age também como

um método auxiliar na implantação de medidas de controle que evitem a disseminação

de bactérias multirresistentes (BRASIL, 2008). Pode ser visualizado na Figura 7, as

concentrações de ácido peracético e cloro (50, 100, 150 ppm) não promoveram a

formação de halos de inibição sobre Salmonella sp. apresentando ser resistente frente

aos produtos testados. O antibiótico cloranfenicol, testado como controle, agiu no

crescimento da cultura testada, mostrando a formação de um halo de inibição de 22 mm

frente a Salmonella sp., mostrando a sensibilidade da bactéria ao antimicrobiano,

corroborando com Cortez et al. (2006), que demonstraram que as cepas de Salmonella

sp. isoladas de abatedouros de aves foram sensíveis ao cloranfenicol.

Figura 7 (A), (B). Teste de sensibilidade das colônias de Salmonella sp. as diferentes

concentrações de cloro e ácido peracético (50, 100, 150 ppm) e o controle cloranfenicol.

Fonte: Acervo do autor

41

4.2 MICROBIOLOGIA DO CONTEÚDO INTERNO

Os resultados obtidos para o conteúdo interno dos ovos nas análises de mesófilos

aeróbios, coliformes totais, coliformes termotolerantes e Salmonella sp. em todas as

repetições e tratamentos foram a ausência dos micro-organismos estudados, a qual pode

ser explicada pela presença de agentes antimicrobianos do próprio conteúdo interno dos

ovos, constituintes naturais da clara de ovos, que combatem eficientemente os micro-

organismos que possam invadir o conteúdo do ovo imediatamente após a oviposição, e

que tem como papel principal manter os micro-organismos afastados da gema, que está

é o reservatório de nutrientes do ovo (BRAKE et al., 1997, IBRAHIM, 2000, NAIDU,

2000). Aliado aos antimicrobianos, a ausência de micro-organismos pode explicada

pelos ovos terem sido analisados com 1 dia após a postura, não havendo tempo

suficiente para os micro-organismos da casca contaminarem a gema do ovo

(MARTELLI; DAVIES, 2012).

A defesa antimicrobiana da clara se deve provavelmente à imobilização de

bactérias, ao efeito bactericida, à indisponibilidade de nutrientes para bactérias e

inibição de enzimas (STADELMAN; COTTERILL, 1977; OLIVEIRA; SILVA, 2000).

A distribuição das proteínas antimicrobianas existentes na clara de ovo podem ser

dada da seguinte forma: ovalbumina (54%), ovotransferrina (12%), ovomucoide (11%),

lisozima (3,5%), ovomucina (3,5%). A avidina (0,05%), a cistatina (0,05%), a

ovomacroglobulina (0,5%), a ovoflavoproteína (0,8%), a ovoglicoproteína (1,0%), e

ovoinibidor (1,5%) são as proteínas em menor quantidade (KOVACS-NOLAN et al.,

2005).

A ovalbumina é a principal proteína da clara do ovo, sendo sintetizada no oviduto

da galinha (STADELMAN; COTTERILL, 1977). A rota bioquímica ocorre na

conversão da ovalbumina em S-ovalbumina e sucede na dissociação do complexo

ovomucina-lisozima (com a destruição do gel de ovomucina), o que resulta na

diminuição da viscosidade da clara do ovo (DAVIS; REEVES, 2002).

A ovotransferrina, também denominada de conalbumina é o componente principal

da defesa antimicrobiana do ovo. É a principal proteína que possui alta afinidade por

ferro di- e trivalente, assim como pelo cobre. O ferro é um elemento essencial para as

bactérias, pois é necessário para um número elevado de reações enzimáticas. Como

grupo prostético ou como co-fator, atua como agente bactericida e a sua atividade

42

antimicrobiana pode ser desacoplada das suas propriedades de captura do ferro, além de

possuir um efeito bacteriostático inibindo o crescimento de micro-organismos

(THEODORE; SCHADE, 1965; TRANTER; BOARD, 1984; IBRAHIM, 2000;

NAIDU, 2000).

As bactérias podem ser eliminadas por enzimas que estão presentes na clara,

principalmente se houver imobilização no gel composto por ovomucina. A lisozima

provoca lise na parede de bactérias Gram-positivas, enquanto que a N-

acetilglucosaminidase inibe o crescimento de bactérias Gram-negativas

(STADELMAN; COTTERILL, 1977).

A clara contém ainda várias proteínas que se ligam a nutrientes essenciais para os

micro-organismos, principalmente metais e vitaminas. A mais conhecida, a avidina, se

liga a biotina, sendo a avidina considerada um antibiótico presente na clara, que inibe o

crescimento in vitro de bactérias e leveduras com necessidade de biotina, e pela sua

capacidade de ligação a várias bactérias Gram negativas, por exemplo E. coli (MINE;

KEERATIURAI, 2000, NAIDU, 2000).

43

5. CONCLUSÃO

Através dos resultados obtidos neste estudo pôde-se concluir que para as granjas

de produção de ovos:

É imprescindível realizar a pré-seleção visual de ovos para que o processo de

higienização seja eficaz;

Os procedimentos de higienização podem ser realizados através da lavagem com

água potável, ou da lavagem com água potável seguida da sanitização com cloro

100 ppm por 3 minutos.

Apesar da higienização dos ovos com ácido peracético 50 ppm ter apresentado

redução nas populações de mesófilos, não é recomendável a utilização deste

sanitizante para ovos, tendo em vista suas dificuldades de utilização e que

também a utilização de concentrações maiores (100 ppm) podem ser prejudiciais

à qualidade da casca, aumentando a sua contaminação por micro-organismos.

44

6. REFERÊNCIAS

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