obstáculos à exploração do baru (dipteryx alata vog.) no cerrado...

264
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UnB) CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Obstáculos à exploração do baru (Dipteryx alata Vog.) no Cerrado Goiano: sustentabilidade comprometida? Rogério Marcos Magalhães Orientador: Donald Rolfe Sawyer Tese de Doutorado Brasília, DF, maio de 2011

Upload: others

Post on 24-Nov-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA (UnB)

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

Obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru (Dipteryx alata Vog) no

Cerrado Goiano sustentabilidade comprometida

Rogeacuterio Marcos Magalhatildees

Orientador Donald Rolfe Sawyer

Tese de Doutorado

Brasiacutelia DF maio de 2011

ii

MAGALHAtildeES Rogeacuterio Marcos

Obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru (Dipteryx alata Vog) no

Cerrado Goiano sustentabilidade comprometida Rogeacuterio Marcos

Magalhatildees (UnB-CDS Doutor Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental 2011)

Brasiacutelia 2011

p il

Tese de Doutorado Universidade de Brasiacutelia Centro de

Desenvolvimento Sustentaacutevel Brasiacutelia

1 Baru 2 Cadeia produtiva 3 Sustentabilidade 4 Extrativismo

vegetal 5 Modelo produtivo 6 Cerrado I Universidade de

Brasiacutelia CDS II Tiacutetulo

Eacute concedida agrave Universidade de Brasiacutelia permissatildeo para reproduzir coacutepias desta Tese

e emprestar ou vender tais coacutepias somente para propoacutesitos acadecircmicos e cientiacuteficos O

autor reserva outros direitos de publicaccedilatildeo e nenhuma parte desta Tese de Doutorado pode

ser reproduzida sem a sua autorizaccedilatildeo por escrito

Rogeacuterio Marcos Magalhatildees

iii

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

Obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru (Dipteryx alata Vog) no

Cerrado Goiano sustentabilidade comprometida

Rogeacuterio Marcos Magalhatildees

Tese de Doutorado submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade

de Brasiacutelia como parte dos requisitos necessaacuterios para a obtenccedilatildeo do Grau de Doutor em

Desenvolvimento Sustentaacutevel aacuterea de concentraccedilatildeo em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental

Aprovado por

__________________________________________

Donald Rolfe Sawyer Ph D (CDSUnB)

(Orientador)

_________________________________________

Fernando Paiva Scardua Doutor (FAGCDSUnB)

(Examinador Interno)

_________________________________________

Doris Aleida Villamizar Sayago Doutora (CDSUnB)

(Examinador Interno)

__________________________________________

Thomas Ludewigs Doutor (CDSUnB)

(Examinador Interno)

__________________________________________

Aldicir Osni Scariot Ph D (EmbrapaCenargen)

(Examinador Externo)

__________________________________________

Elimar Pinheiro do Nascimento Ph D (CDSUnB)

(Suplente)

Brasiacutelia-DF 23 de maio de 2011

iv

Esta Tese foi realizada com o auxiacutelio financeiro do Projeto ldquoFLORELOS Elos Ecossociais

entre as Florestas Brasileiras Modos de vida sustentaacuteveis em paisagens produtivasrdquo

desenvolvido pelo Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza (ISPN) com o apoio financeiro

da Uniatildeo Europeia Este documento eacute de responsabilidade do autor natildeo podendo em caso

algum considerar-se que reflete a posiccedilatildeo de seus doadores

v

DEDICATOacuteRIA

Agrave Solange companheira incansaacutevel de longas horas consumidas na elaboraccedilatildeo desta Tese

Agraves minhas filhas Mayra e Nayara pela alegria que renova a minha vida a cada manhatilde

Aos meus pais Joseacute Geraldo e Maria Aparecida que me ensinaram a perseverar na busca

dos meus sonhos

vi

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Donald Rolfe Sawyer orientador paciente pelo aprendizado

Ao Professor Fernando Paiva Scardua pela valiosa contribuiccedilatildeo

Aos agricultores familiares do Assentamento Vale da Esperanccedila no Municiacutepio de Formosa

do Distrito de Caxambuacute e Bom Jesus no Municiacutepio de Pirenoacutepolis pela prestimosa

colaboraccedilatildeo sem a qual este trabalho natildeo existiria

Aos empresaacuterios e presidentes de associaccedilotildees e cooperativas que disponibilizaram seu

tempo e informaccedilotildees fundamentais para a elaboraccedilatildeo desse trabalho

Aos membros da Banca pela pertinecircncia das contribuiccedilotildees

Ao amigo Juaci Vitoria Malaquias da Embrapa-Cerrados pela grande ajuda na parte

quantitativa do trabalho

A Cynthia V Magalhatildees minha irmatilde querida Renata A da Mata Lucas de Q Valenccedila

Laura Chamo Javier Bonsen e ao colega Claacuteudio Frate pela ajuda oportuna nas horas de

maior necessidade

A Valdinea Pereira da Silva (Val) pela revisatildeo do texto num curto espaccedilo de tempo mesmo

estando passando por um momento difiacutecil

Aos professores do CDS em especial agrave Professora Vanessa Maria de Castro

Aos servidores do Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel (CDS) pela simpatia e pela

constante disposiccedilatildeo em ajudar

Aos teacutecnicos do Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza (ISPN) pelas informaccedilotildees

disponibilizadas sobre o baru

Ao povo brasileiro que por meio do seu trabalho possibilitou que eu cursasse uma

universidade puacuteblica desde a graduaccedilatildeo

vii

Este trabalho de pesquisa tem como inspiraccedilatildeo o pensamento de Ignacy Sachs para quem

o desenvolvimento sustentaacutevel pode ser um modelo correto de desenvolvimento desde que

se mantenha o equiliacutebrio entre suas dimensotildees ambiental social cultural econocircmica e

poliacutetica (SACHS 2000 p 60)

viii

Tudo que move eacute sagrado

Amor de Iacutendio ndash Beto Guedes

ix

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo verificar se a exploraccedilatildeo do fruto do baru ndash Dipteryx

alata Vogel (Fabaceae) ndash no Cerrado do Estado de Goiaacutes no Brasil Central eacute uma

alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda para os agentes que participam da sua cadeia

produtiva Para alcanccedilar esse objetivo optou-se pela mensuraccedilatildeo das dimensotildees das

sustentabilidades ambiental social econocircmica poliacutetica e da sauacutede por meio de

indicadores bem como entrevistas projetivas e semiestruturadas Os resultados obtidos com

a aplicaccedilatildeo da metodologia proposta mostram que nas condiccedilotildees atuais a exploraccedilatildeo do

baru nos municiacutepios estudados natildeo se configura como uma atividade sustentaacutevel de

geraccedilatildeo de renda para os agentes que participam da sua cadeia produtiva uma vez que

atende parcialmente ao pressuposto segundo o qual a atividade para ser considerada

sustentaacutevel tem que apresentar um equiliacutebrio entre as vaacuterias dimensotildees da sustentabilidade

Os agricultores alcanccedilaram um grau de sustentabilidade meacutedio com Iacutendice de

Sustentabilidade variado entre as dimensotildees analisadas As instituiccedilotildees privadas que

utilizam o baru alcanccedilaram grau de sustentabilidade baixo apresentando tambeacutem grande

variaccedilatildeo entre as dimensotildees avaliadas Os maiores obstaacuteculos identificados pelos

agricultores satildeo dificuldade que encontram para gerenciar empreendimentos coletivos

inexistecircncia de maquinaacuterio adequado para despolpar e quebrar o fruto do baru A legislaccedilatildeo

que natildeo estaacute sendo aplicada natildeo se configura como um obstaacuteculo para esses atores Para

as instituiccedilotildees privadas que processam o baru os maiores obstaacuteculos foram fornecimento

irregular da castanha do baru em funccedilatildeo da sazonalidade do fruto e inexistecircncia de

equipamentos e tecnologias adequada agraves necessidades do ramo no qual atuam O estudo

permitiu tambeacutem identificar que o modelo produtivo do baru encontrado nos municiacutepios

estudados apresenta caracteriacutesticas diferentes de modelos propostos por autores como

Homma A K O (1993) Recircgo J F do (1992) e Drummond J A (1996) para o

extrativismo O baru eacute importante para os agricultores familiares que o exploram pelo fato de

se constituir em uma fonte de renda imediata da qual lanccedilam matildeo quando necessitam de

dinheiro em espeacutecie

Palavras-chave Baru Cadeia produtiva Sustentabilidade Extrativismo vegetal Modelo

produtivo

x

ABSTRACT

This work aims to verify whether the exploitation of the baru fruit ndash Dipteryx alata Vogel

(Fabaceae) ndash in the Savanna of the state of Goias Central Brazil represents a sustainable

option to generate income for agents who participate in its production chain To reach this

target I measure the social economic political and sustainable dimensions by using

indicators and some projected and semi-structured interviews as well as by applying a

social-economic survey in a sample of family farmers from the State The results obtained

with the proposed methodology show that under current conditions barursquos exploitation in the

studied municipalities does not represent a sustainable activity to generate income for those

involved in its production chain since it does only attends in a partial way the necessary

equilibrium among the various sustainable dimensions The family farmers reached medium

sustainable development levels with different indices among the analyzed dimensions

Private institutions that explore baru reached low sustainable development levels and

demonstrate a huge variability among the evaluated dimensions The major obstacles

identified by the farmers were the management of collective enterprises and the lack of

appropriate machinery to remove and break the fruit Considering the private institutions the

main obstacles were the irregular baru nuts supply due to the seasonality of the fruit and

the lack of the appropriated equipment and technology required for the industry in which they

operate Since the legislation is not being applied it does not represent an obstacle to the

farmers or to the private institutions The present study has also allowed us to identify that

the baru exploitation model in the studied municipalities shows different characteristics

regarding the extrativism exploitation models proposed by Homma Recircgo and Drummond

The baru is important for family farmers since it may become an immediate source of

income when they need cash

Key words Baru Production chain Sustainability Forest extrativism Productive model

xi

RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo verificar si la explotacioacuten del fruto del baru ndash Dipteryx alata

Vogel (Fabaceae) ndash en la Sabana en el estado de Goias centro de Brasil constituye una

alternativa sostenible de generacioacuten de renta para los actores que participan de su cadena

productiva Para alcanzar este objetivo se ha optado por la evaluacioacuten de las dimensiones

de la sostenibilidad ambiental social econoacutemica poliacutetica y de salud por medio de

indicadores asiacute como tambieacuten entrevistas proyectivas y semi estructuradas ademaacutes del

levantamiento socioeconoacutemico de los agricultores muestreados Los resultados obtenidos

com La metodologia propuesta muestran que en las condiciones actuales la explotacioacuten del

baru en los municipios estudiados no se configura como una actividad sostenible de

generacioacuten de renta para los actores que participan de su cadena productiva ya que atiende

parcialmente al presupuesto seguacuten el cual la actividad tiene que presentar un equilibrio entre

las varias dimensiones de la sostenibilidad para ser considerada sostenible Los agricultores

alcanzaron un grado de sostenibilidad mediano con Iacutendice de Sostenibilidad variado entre

las dimensiones analizadas Las instituciones privadas que utilizan el baru alcanzaron un

grado de sostenibilidad bajo presentando tambieacuten gran variacioacuten entre las dimensiones

evaluadas Los principales obstaacuteculos identificados por los agricultores son gerenciamiento

de emprendimientos colectivos inexistencia de maquinarias adecuadas para despulpar y

quebrar el fruto del baru La legislacioacuten que no estaacute siendo aplicada no se configura como

un obstaacuteculo para estos actores Para las instituciones privadas que procesan el baru los

mayores obstaacuteculos fueron abastecimiento irregular de la castantildea de baru en funcioacuten de la

estacionalidad del fruto inexistencia de equipamientos y tecnologiacuteas adecuadas a las

necesidades del ramo en el cual actuacutean Para esas instituciones la legislacioacuten tampoco se

configura como un obstaacuteculo El estudio permitioacute tambieacuten identificar que el modelo

productivo del baru encontrado en los municipios estudiados presentan caracteriacutesticas

diferentes a las descritas en los modelos propuestos por Homma Recircgo y Drummond para el

extractivismo El baru es importante para los agricultores familiares que lo explotan

constituyendo una fuente inmediata de renta de la cual hacen uso cuando necesitan de

dinero en efectivo

Palabras-clave Baru Cadena productiva Sustentabilidad Extractivismo forestal Modelo

productivo

xii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Biomas brasileiros 1

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo geograacutefica do bioma Cerrado no Brasil com a indicaccedilatildeo de

aacutereas disjuntas 2

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo dos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis no Estado de

Goiaacutes 16

Figura 4 ndash Possiacuteveis formas de utilizaccedilatildeo do recurso natural depois da sua

transformaccedilatildeo em recurso econocircmico 26

Figura 5 ndash Estrutura hieraacuterquica dos indicadores utilizados 86

Figura 6 ndash Modelo geral de uma cadeia produtiva 114

Figura 7 ndash Representaccedilatildeo graacutefica de uma cadeia produtiva de PFNM 120

Figura 8 ndash Modelo geneacuterico da cadeia produtiva do baru no Estado de Goiaacutes 123

Figura 9 ndash Dispositivo manual para extraccedilatildeo da amecircndoa do baru 129

Figura 10 ndash Maacutequina eleacutetrica de despolpar e quebrar o fruto do baru 130

Figura 11 ndash Aspectos externos e internos do fruto e da semente de Dipteryx alata

Vogel 140

Figura 12 ndash Modelo conceitual de exploraccedilatildeo do fruto do baru encontrado em trecircs

comunidades rurais dos Municiacutepios de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 2010 149

Figura 13 ndash Potencial de recurso extrativo processo inicial e fase final do extrativismo

por coleta 150

Figura 14 ndash Modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do fruto do baru em trecircs comunidades

rurais dos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes 2010 155

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Nuacutemero total de espeacutecies espeacutecies endecircmicas e endemismo () no Bioma

Cerrado 3

Tabela 2 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por produto alimentiacutecio extrativo

na Regiatildeo Centro-Oeste em 2009 em toneladas 5

Tabela 3 ndash Grau de sustentabilidade das comunidades estudadas segundo os iacutendices

obtidos 15

Tabela 4 ndash Pronaf Nuacutemero de contratos e montante financiado por ano agriacutecola 125

Tabela 5 ndash Quantitativo de agricultores atendidos e valor repassado pelo MDS em R$

para o Estado de Goiaacutes pelo Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ateacute 2009 126

Tabela 6 ndash Utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de Formosa (GO) em ha em 2006 132

Tabela 7 ndash Aacuterea dos estabelecimentos por utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de

Pirenoacutepolis (GO) em 2006 136

Tabela 8 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada (g100g) e valor energeacutetico total (kcal)

da polpa de baru com 1 e 136 dias de armazenamento (Goiacircnia GO 2007) 141

Tabela 9 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada e valor energeacutetico de nozes

verdadeiras e de sementes comestiacuteveis 142

Tabela 10 ndash Composiccedilatildeo em minerais de nozes verdadeiras e sementes

comestiacuteveis 143

Tabela 11 minus Iacutendices de sustentabilidade por agricultor por localidade estudada 165

Tabela 12 ndash Para quem vende o baru e forma de venda por seis famiacutelias do Distrito

de Bom Jesus Pirenoacutepolis GO em 2010 168

Tabela 13 ndash Contribuiccedilatildeo da venda do baru para a renda familiar por faixa de

despesa 169

Tabela 14 ndash Trecircs principais fontes de renda dos agricultores e familiares entrevistados

em ordem decrescente de importacircncia 170

Tabela 15 ndash Estratos de aacuterea das unidades agriacutecolas visitadas em ha 171

Tabela 16 ndash O que mais plantou no uacuteltimo ano versus produccedilatildeo animal predominante

nas trecircs comunidades estudadas 172

Tabela 17 ndash Matildeo de obra utilizada na propriedade 172

Tabela 18 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por ficha apresentada aos agricultores

das trecircs comunidades estudadas 174

Tabela 19 ndash Nuacutemero de visitas do teacutecnico da assistecircncia teacutecnica agrave propriedade do

agricultor para orientaacute-lo sobre a exploraccedilatildeo de baru nos uacuteltimos doze meses 175

Tabela 20 ndash Condiccedilotildees dos recursos (estradas escolas postos de sauacutede) que o

Estado disponibiliza para a comunidade 176

xiv

Tabela 21 ndash Nuacutemero de agricultores que conhecem a legislaccedilatildeo sobre o uso de PFNM

no Cerrado 176

Tabela 22 minus Iacutendices de sustentabilidade Individual (Iw) por instituiccedilatildeo estudada em

2010 178

Tabela 23 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por obstaacuteculo ao bom funcionamento e

crescimento das instituiccedilotildees que utilizam o baru 181

xv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 ndash Principais entraves encontrados na coleta processamento

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros 107

Quadro 2 ndash Produtos e subprodutos do baru e respectivos usos 146

Quadro 3 ndash Comparaccedilatildeo entre modelos teoacutericos propostos para o extrativismo 159

xvi

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Quantidade de carvatildeo vegetal produzida na extraccedilatildeo vegetal de 1990 a

2009 nos Estados em que ocorre o Cerrado e no Brasil 4

Graacutefico 2 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Formosa (GO) por

setor de 1999 a 2007 em R$ mil 130

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo de gratildeos no Municiacutepio de Formosa Goiaacutes em tonelada no

periacuteodo de 2004 a 2008 131

Graacutefico 4 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Formosa (GO) no

periacuteodo de 2001 a 2008 131

Graacutefico 5 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo no

Municiacutepio de Formosa de 1990 a 2008 132

Graacutefico 6 ndash Municiacutepio de Formosa nordm de estabelecimentos agropecuaacuterios por grupos

de aacuterea total em 2006 133

Graacutefico 7 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) por

setor de 1999 a 2007 em R$ mil 134

Graacutefico 8 ndash Produccedilatildeo de gratildeos do Municiacutepio de Pirenoacutepolis Goiaacutes em toneladas no

periacuteodo de 2004 a 2008 134

Graacutefico 9 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO)

no periacuteodo de 1998 a 2007 135

Graacutefico 10 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo

no Municiacutepio de Pirenoacutepolis de 1990 a 2008 135

Graacutefico 11 ndash Municiacutepio de Pirenoacutepolis nuacutemero dos estabelecimentos agropecuaacuterios

por grupos de aacuterea total em 2006 137

Graacutefico 12 minus Iacutendice de Sustentabilidade por localidade estudada 168

Graacutefico 13 minus Iacutendices por comunidade por dimensatildeo da sustentabilidade 169

Graacutefico 14 minus Iacutendice de Sustentabilidade das instituiccedilotildees privadas por dimensatildeo da

sustentabilidade em 2010 179

xvii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIACcedilOtildeES UTILIZADAS

Anvisa

Apat

APP

ART

Ater

CB

Ceasa

CEMAm

CampI

Cifor

Cites

CLA

CNPJ

Cnumad

Conab

Conacer

CONAMA

CPA

CPR

Cofins

CRC

CSA

CT

CTF

DAP

DOF

Embrapa

EPI

EVI

FAO

FGTS

Flona

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

Autorizaccedilatildeo Preacutevia agrave Anaacutelise Teacutecnica de Plano de Manejo Florestal

Sustentaacutevel

Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente

Anotaccedilatildeo de Responsabilidade Teacutecnica

Assistecircncia Teacutecnica Rural

Cadeia de Produtos da Biodiversidade

Centrais de Abastecimento SA

Conselho Estadual do Meio Ambiente de Goiaacutes

Criteacuterio e indicador

Center for International Forestry Research

Convenccedilatildeo sobre o Comeacutercio Internacional das Espeacutecies da Flora e da

Fauna

Comprovante de Licenccedila Ambiental

Cadastro Nacional de Pessoas Juriacutedicas

Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

Companhia Nacional de Abastecimento

Comissatildeo Nacional do Programa Cerrado Sustentaacutevel

Conselho Nacional de Meio Ambiente

Cadeia de Produccedilatildeo Agroindustrial

Compra da Agricultura Familiar com Doaccedilatildeo Simultacircnea

Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social

Conselho Regional de Contabilidade

Commodity System Aproach

Cadeia Produtiva Tradicional

Cadastro Teacutecnico Federal

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Pronaf

Documento de Origem Florestal

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Environmental Performance Index

Environmental Vulnerability Index

Food and Agriculture Organization

Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

Floresta Nacional

xviii

Funbio

Funrural

GEF

GPI

GPMG

GIZ

Ibama

ICMBio

ICMS

IDR

IDRC

IE

Imac

IN

Incra

INSS

IPI

IPTU

IRPF

IRPJ

IS

ISPN

ISS

IUCN

Iw

LDL

LEF

Mapa

MDA

MDS

ME

MF

MMA

MPOG

Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

Contribuiccedilatildeo Sobre a Produccedilatildeo Rural

Fundo para o Meio Ambiente Mundial

Genuine Progress Indicator

Poliacutetica de Garantia do Preccedilo Miacutenimo

Companhia Alematilde para a Cooperaccedilatildeo Internacional

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadoria

Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

International Development Research Centre

Imposto sobre Exportaccedilatildeo

Instituto de Meio Ambiente do Acre

Instruccedilatildeo Normativa

Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e Reforma Agraacuteria

Instituto Nacional da Seguridade Social

Imposto sobre Produtos Industrializados

Imposto Predial e Territorial Urbano

Imposto de Renda Pessoa Fiacutesica

Imposto sobre Renda e proventos de qualquer natureza ndash Pessoa Juriacutedica

Iacutendice de Sustentabilidade

Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza

Imposto sobre Serviccedilos

Uniatildeo para a Conservaccedilatildeo da Natureza

Iacutendice Individual de Sustentabilidade

Lipoproteiacutena de Baixa Densidade

Licenccedila de Exploraccedilatildeo Florestal

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria

Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Ministeacuterio da Fazenda

Ministeacuterio do Meio Ambiente

Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

xix

MS

MFS

OAB

OECD

OMS

ONG

PAA

PEF

PESO

PGPM-Bio

PFNMs

PIB

PIS

PMFS

PNAE

PNPCT

POA

POP

PPP-Ecos

Pronaf

RDS

Resex

RL

SAF

SAF

SAG

SBACO

SBF

Sebrae

SFB

SISBI- IA

SISBI-POA

SISBI-POV

Ministeacuterio da Sauacutede

Manejo Florestal Sustentaacutevel

Ordem dos Advogados do Brasil

Organisation for Economic Co-operation and Development

Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos da Agricultura Familiar

Plano de Exploraccedilatildeo Florestal

Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico

Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos Modalidade Produtos da

Sociobiodiversidade

Produtos Florestais Natildeo madeireiros

Produto Interno Bruto

Programa de Integraccedilatildeo Social

Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Povos e

Comunidades Tradicionais

Plano Operacional Anual

Procedimento Operacional Padronizado

Programa de Pequenos Projetos Ecossociais

Programa Nacional da Agricultura Familiar

Reservas de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Reserva Extrativista

Reserva Legal

Secretaria de Agricultura Familiar

Sistema Agroflorestal

Sistema Agroalimentar

Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo da Conformidade Orgacircnica

Secretaria de Biodiversidade e Florestas

Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

Serviccedilo Florestal Brasileiro

Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Insumos Agriacutecolas

Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal

Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Vegetal

xx

Sisnama

SNVS

Suasa

SUS

TLTIP

UC

UNUNDP

UnB

UNICEF

VLDL

ZEE

Sistema Nacional de Meio Ambiente

Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

Sistema Unificado de Atenccedilatildeo agrave Sanidade Agropecuaacuteria

Sistema Uacutenico de Sauacutede

Taxa de Limpeza e Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

Unidade de Conservaccedilatildeo

United NationsUnited Nations Development Program

Universidade de Brasiacutelia

Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

Proteiacutena de Muito Baixa Densidade

Zoneamento Ecoloacutegico-Econocircmico

xxi

SUMAacuteRIO

Lista de figuras xii

Lista de tabelas xiii

Lista de quadros xv

Lista de graacuteficos xvi

Lista de siglas e abreviaccedilotildees utilizadas xvii

Sumaacuterio xxi

Introduccedilatildeo 1

1 Objeto e meacutetodos de pesquisa 10

11 Identificaccedilatildeo do problema 10

12 Hipoacutetese 11

13 Objetivo 11

14 Objetivos especiacuteficos 11

15 Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa 12

151 Mensuraccedilatildeo da sustentabilidade 12

1511 Iacutendice individual de sustentabilidade 13

1512 Iacutendice de sustentabilidade 14

1513 Grau de sustentabilidade 14

16 Identificaccedilatildeo dos obstaacuteculos enfrentados pelo agricultor e instituiccedilotildees no acircmbito

da cadeia produtiva do baru 15

17 Origem dos dados 15

18 Amostragem 16

19 Coleta de dados 17

110 Entrevistas semiestruturadas 18

111 Modelo produtivo do baru 18

2 Referencial teoacuterico 20

3 Legislaccedilatildeo 37

31 Legislaccedilatildeo Ambiental aplicada ao uso sustentaacutevel de PFNMs 40

311 Constituiccedilatildeo Federal 40

312 Legislaccedilatildeo Federal 41

3121 Manejo Florestal 41

3122 Licenciamento Ambiental 48

31221 Produtos florestais natildeo madeireiros 48

31222 Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente 51

xxii

31223 Reserva Legal 54

31224 Floresta plantada com nativas 56

31225 Extrativismo sustentaacutevel orgacircnico 57

31226 Licenciamento ambiental de agroinduacutestrias de transformaccedilatildeo de

PFNMs 59

32 Legislaccedilatildeo sanitaacuteria aplicada ao uso de PFNMs 60

33 Legislaccedilatildeo civil aplicada agraves atividades de comercializaccedilatildeo de PFNMs por pessoa

fiacutesica e juriacutedica na aacuterea rural 66

331 Associaccedilotildees 67

332 Cooperativas 69

34 Legislaccedilatildeo sobre a exploraccedilatildeo de PFNMs no Estado de Goiaacutes 72

4 Indicadores e dimensotildees da sustentabilidade 75

41 Dimensotildees da sustentabilidade 75

42 Indicadores das dimensotildees da sustentabilidade 81

421 Mensuraccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade 82

422 Criteacuterios e verificadores 87

5 Obstaacuteculos relacionados agrave exploraccedilatildeo do baru 105

6 Cadeia produtiva do baru 113

61 Cadeia produtiva conceito 113

611 Anaacutelise de filiegravere 115

612 O enfoque do sistema de commodities (Commodities System Aproach) 117

613 Os agentes da cadeia produtiva 118

62 As cadeias de biodiversidade 119

63 Cadeia produtiva do baru 122

64 Caracterizaccedilatildeo do ambiente externo da cadeia produtiva do baru 124

641 Poliacuteticas puacuteblicas 124

642 Caracterizaccedilatildeo dos principais segmentos da cadeia produtiva do baru nos

Municiacutepios de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 128

6421 Fornecedores de insumos 128

643 Unidades produtivas 130

6431 Municiacutepio de Formosa GO 130

6432 Municiacutepio de Pirenoacutepolis GO 133

644 Histoacuteria do uso do baru como alimento humano 137

645 Produccedilatildeo da amecircndoa do baru 138

xxiii

646 Preccedilo pago aos produtores 143

647 Distribuiccedilatildeo 143

648 Mercado consumidor 144

7 Modelo de produccedilatildeo do baru 145

71 Modelo de exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais no Cerrado Goiano 145

72 Modelo de exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru em trecircs comunidades rurais nos

Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes 150

8 Resultados e discussatildeo 163

81 Agricultores familiares 163

811 Iacutendice de sustentabilidade 163

812 Resultados por comunidade 167

813 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos agricultores e da atividade de

exploraccedilatildeo de baru 169

814 Obstaacuteculos apontados pelos agricultores agrave exploraccedilatildeo do baruhelliphelliphellip 172

82 Instituiccedilotildees 177

821 Iacutendice de Sustentabilidade 177

822 Obstaacuteculos apontados pelas instituiccedilotildees que utilizam o baru 180

Conclusotildees 182

Recomendaccedilotildees 188

Referecircncias bibliograacuteficas 190

Anexos 216

1

INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil conta com a maior floresta tropical uacutemida do planeta a Floresta Amazocircnica

que se constitui na maior aacuterea de floresta tropical remanescente (40 das florestas

tropicais do planeta) com 37 milhotildees de kmsup2 em territoacuterio brasileiro (MMA 1998) O paiacutes

tambeacutem possui outros biomas terrestres como o Bioma Cerrado o Bioma Mata Atlacircntica o

Bioma Caatinga o Bioma Pantanal e o Bioma Pampa1 (Figura 1)

A variedade dos biomas brasileiros abriga uma das maiores biodiversidades do mundo

(MMA 2007a) Uma parte significativa dessas espeacutecies nativas ainda eacute desconhecida para

a ciecircncia ndash a exemplo dos microorganismos do solo e insetos ndash sendo que apenas uma

pequena fraccedilatildeo foi classificada Algumas espeacutecies vegetais jaacute foram domesticadas ou estatildeo

em processo de domesticaccedilatildeo representando atualmente importacircncia econocircmica tais

como a mandioca o caju o abacaxi o amendoim a seringueira a castanha do Brasil o

cupuaccedilu a jabuticaba e o maracujaacute entre outras

Figura 1 ndash Biomas Continentais Brasileiros Fonte IBGE 2004

O paiacutes tambeacutem se destaca por possuir uma grande sociobiodiversidade representada

por mais de 200 povos indiacutegenas e por nuacutemero significativo de comunidades locais com

estilo de vida tradicionais como os sertanejosvaqueiros caipirassitiantes quilombolas

ribeirinhos pantaneiros (DIEGUES 2001) que apresentam um inestimaacutevel acervo de

conhecimentos sobre a conservaccedilatildeo e sistemas tradicionais de manejo dos recursos da

biodiversidade

1 O mapa de biomas continentais do Brasil pode ser encontrado em

ltftpftpibgegovbrCartas_e_MapasMapas_Muraisgt

2

O Bioma Cerrado localizado na regiatildeo central do Brasil ocupa 2392 do territoacuterio

nacional em uma extensatildeo de 2036448 kmsup2 (IBGE 2008) O termo Cerrado eacute utilizado

para designar o conjunto de ecossistemas (savanas matas campos e matas de galeria) que

ocorrem no Brasil Central (EITEN 1977) Esta fitofisionomia faz parte da paisagem do

Distrito Federal e dos Estados de Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais

Bahia Satildeo Paulo Tocantins Maranhatildeo Piauiacute e Rondocircnia (Figura 2)

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo geograacutefica do bioma Cerrado no Brasil com a indicaccedilatildeo de aacutereas disjuntas Fonte Henriques (2005 p 77)

O Cerrado tambeacutem ocorre em aacutereas disjuntas (encraves) ao norte dos Estados do

Amazonas (Campos de Humaitaacute) Rondocircnia (Serra dos Pacaaacutes Novos) Paraacute (Serra do

Cachimbo) Bahia (Chapada de Diamantina) (MACHADO et al 2004) e em pequenas ldquoilhasrdquo

no Paranaacute (RIBEIRO DIAS 2007)

Sua vegetaccedilatildeo tiacutepica desenvolveu-se sobre solos muito antigos aacutecidos com altas

concentraccedilotildees de alumiacutenio e pobres em nutrientes A classe de solo mais frequente neste

Bioma eacute dos latossolos (46) que na paisagem ocorrem em relevo plano a suave-

ondulado com solos profundos porosos de textura homogecircnea ao longo do perfil variando

de bem forte e acentuadamente drenado (REATTO MARTINS 2005) Apresenta uma

grande diversidade de paisagens que determina uma grande diversidade floriacutestica

3

colocando o Cerrado como uma das savanas mais biodiversas do mundo (FELFILI et al

2005) Plantas herbaacuteceas arbustivas e arboacutereas somam aproximadamente 12070

espeacutecies sendo 4208 endecircmicas (Tabela 1) A avifauna eacute rica e conta com 837 espeacutecies

catalogadas poreacutem o niacutevel de endemismo eacute baixo (43) (Tabela 1)

Tabela 1 - Nuacutemero total de espeacutecies espeacutecies endecircmicas e endemismo () no Bioma Cerrado

Total Espeacutecies

endecircmicas Endemismo

()

Plantas 12070 4208 349

Mamiacuteferos 195 18 92

Aves 837 36 43

Reacutepteis 150-180 20 1333 -1111

Anfiacutebios 113 - 150 32 2831 ndash 2133

Peixes de aacutegua doce 1000 - 00

Fonte Forzza et al(2010) Sabino Prado (2005) com adaptaccedilatildeo

No domiacutenio dos ecossistemas que constituem o Cerrado podem ser encontradas

vaacuterias espeacutecies vegetais nativas exploradas pelas comunidades rurais e urbanas Espeacutecies

como Caryocar brasiliense Cambess (pequiacute) Dipteryx alata Vog (baru) Hancornia

speciosa Gomez (mangaba) Hymenaea spp (jatobaacute) Eugenia desinterica (cagaita)

Anacardium humile A St-Hil (cajuzinho) Talisia esculenta Radlk (pitomba) entre outras

satildeo utilizadas diretamente para alimentaccedilatildeo (ALMEIDA 1998) e comercializaccedilatildeo Espeacutecies

lenhosas como Myracrodruon urundeuva Fr All (aroeira) Schinopsis brasiliensis Engl

(brauacutena) Tabebuia spp (ipecirc) Aspidosperma spp (perobas) e Amburana cearensis (Fr All)

A C Smith (cerejeira) satildeo utilizadas na construccedilatildeo civil (SCARIOT SEVILHA 2005)

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas tem-se assistido a um acelerado processo de transformaccedilatildeo

da paisagem do Cerrado com a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa por pastos ou monocultura

de gratildeos e da cana-de-accediluacutecar De acordo com o MMA (2011) entre 2002 e 2008 a aacuterea

desmatada desse Bioma foi de 85047 kmsup2 e ateacute 2009 acumulava um percentual de

desmatamento de 482

Se por um lado essas mudanccedilas contribuiacuteram para o desenvolvimento econocircmico da

regiatildeo por outro trouxeram severos impactos ao meio ambiente causando a contaminaccedilatildeo

dos solos e das aacuteguas por agrotoacutexicos erosatildeo da camada superficial dos solos perda da

biodiversidade aleacutem das adversidades sociais tais como a expulsatildeo dos trabalhadores

rurais para a periferia das grandes cidades criando-se um exeacutercito de desempregados

aleacutem da desestruturaccedilatildeo de comunidades tradicionais que tinham como atividade de

subsistecircncia a exploraccedilatildeo das aacutereas naturais (DUARTE 2002)

4

Satildeo apontados como causas que contribuem para o desmatamento desse Bioma o

uso ilegal da vegetaccedilatildeo nativa para produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e lenha a impunidade dos

iliacutecitos ambientais a existecircncia de aacutereas subutilizadas degradadas e abandonadas o baixo

reconhecimento do valor dos serviccedilos ambientais e o baixo percentual de aacutereas protegidas

por meio de unidades de conservaccedilatildeo e terras indiacutegenas (MMA 2010)

Segundo Duboc et al (2007) o carvatildeo oriundo de florestas plantadas tem sido

insuficiente para abastecer o mercado o que leva ao aproveitamento de resiacuteduos lenhosos

da expansatildeo da fronteira agriacutecola intensificando a pressatildeo sobre as florestas nativas

especialmente o Cerrado Os autores afirmam que do total de carvatildeo vegetal produzido no

Brasil no ano de 2005 345 foram originaacuterios do Cerrado

Segundo o IBGE (2009) desde 1999 a produccedilatildeo de carvatildeo da extraccedilatildeo vegetal vem

apresentando uma tendecircncia de crescimento somente sendo revertida a partir de 2006

(Graacutefico 1) Em 2004 o paiacutes produziu 2185950 t ndash Mato Grosso do Sul (2364) Minas

Gerais (985) Maranhatildeo (1970) Goiaacutes (1536) e Bahia (1054) Em 2005 foram

produzidas 2972405 t ndash Bahia (269) Mato Grosso do Sul (188) Maranhatildeo (169)

Goiaacutes (108) e Minas Gerais (104) Em 2006 foram produzidas 2505733 t ndash Mato

Grosso do Sul (240) Maranhatildeo (190) Bahia (145) Goiaacutes (114) Minas Gerais

(105) e Paraacute (86) (IBGE 2007) Em 2007 a produccedilatildeo voltou a crescer com um

aumento de 1 sendo produzidas 2530425 t ndash Maranhatildeo (291) Mato Grosso do Sul

(169) Minas Gerais (166) Goiaacutes (90) Paraacute (86) Paranaacute (74) Piauiacute (59) e

Bahia (22) Embora a produccedilatildeo de carvatildeo oriunda dos estados onde ocorre o Cerrado

esteja diminuindo eacute mais provaacutevel que venha ocorrendo em funccedilatildeo do esgotamento das

reservas de vegetaccedilatildeo nativa e natildeo de uma fiscalizaccedilatildeo efetiva que coiacuteba o desmatamento

De qualquer forma o desmatamento de aacutereas nativas do Cerrado para produccedilatildeo de

carvatildeo vegetal reduz as aacutereas onde os grupos humanos coletam espeacutecies vegetais para a

sua automanutenccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de excedentes

Graacutefico 1 ndash Quantidade de carvatildeo vegetal produzida na extraccedilatildeo vegetal de 1990 a 2009 nos estados em que ocorre o Cerrado e no Brasil Fonte IBGE PEVS (2009)

5

Quanto a poliacuteticas voltadas para a conservaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa do Cerrado no

ano de 2010 o Governo Federal lanccedilou o Plano de Accedilatildeo para Prevenccedilatildeo e Controle do

Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PP Cerrado) tendo como objetivo promover a

reduccedilatildeo contiacutenua da taxa do desmatamento e da degradaccedilatildeo florestal e tambeacutem a

incidecircncia de queimadas e incecircndios florestais no Bioma Ateacute a data do lanccedilamento desse

Plano natildeo havia nenhum programa ou poliacutetica de controle do desmatamento sequer de

monitoramento sistemaacutetico para o Cerrado (SAWYER 2009a) a natildeo ser accedilotildees pontuais que

natildeo demonstravam ser muito efetivas

Apesar da riqueza da flora do bioma o paiacutes ainda natildeo se mostrou capaz de aproveitar

seus muacuteltiplos recursos transformando-os em bens e serviccedilos de alto valor agregado As

aacutereas do Cerrado que ainda natildeo sofreram o processo de substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo satildeo

ainda carentes de estudos Sabe-se pouco acerca da distribuiccedilatildeo das espeacutecies vegetais

sua dinacircmica populacional sua fenologia pragas e doenccedilas mais comuns potencial de uso

etc Da mesma forma satildeo escassas as informaccedilotildees sobre a produccedilatildeo extrativa e sobre

vaacuterios aspectos das comunidades que tecircm na exploraccedilatildeo de Produtos Florestais Natildeo

Madeireiros (PFNMs) uma atividade de subsistecircncia e produccedilatildeo para comercializaccedilatildeo

O Censo Agropecuaacuterio 2006 (IBGE 2010) traz poucos dados sobre espeacutecies

extrativas vegetais da Regiatildeo Centro-Oeste Espeacutecies como o baru e a gairoba bastante

consumidas pela populaccedilatildeo satildeo sequer mencionadas Podemos afirmar que existe uma

produccedilatildeo oculta de PFNM nesta Regiatildeo natildeo considerada pelos oacutergatildeos censitaacuterios

Nem mesmo aquelas espeacutecies cujos frutos satildeo processados na forma de polpas e que

satildeo destinadas ao mercado das cidades (CARDOSO TAVARES 2008) aparecem nas

estatiacutesticas oficiais Nas feiras livres das pequenas cidades e distritos da Regiatildeo podem ser

encontrados frutos do Cerrado expostos agrave venda e que natildeo fazem parte das estatiacutesticas do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e muito menos das estatiacutesticas

estaduais

Tabela 2 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por produto alimentiacutecio extrativo na Regiatildeo Centro-Oeste em 2009 em toneladas

Censo Agriacutecola 2006 PEVS 2009

Produto Quantidade (tonelada)

Produto Quantidade (tonelada)

Amecircndoa de pequi 456 Castanha-do-Paraacute 1527

Oacuteleo de copaiacuteba 27 Erva-mate cancheada 282

Palmito 94 Palmito 52

Fonte IBGE Censo Agriacutecola (2006) PEVS (2009)

6

As instituiccedilotildees engajadas na luta contra a destruiccedilatildeo do Cerrado tecircm chamado a

atenccedilatildeo para a contiacutenua perda das aacutereas de vegetaccedilatildeo nativa em razatildeo do desmatamento e

de outras formas de uso do solo Na tentativa de minimizar os efeitos do avanccedilo da

agricultura comercial sobre os remanescentes da vegetaccedilatildeo do Cerrado alguns oacutergatildeos

puacuteblicos vecircm tomando iniciativas que vatildeo desde a criaccedilatildeo de unidades de conservaccedilatildeo ateacute

accedilotildees direcionadas agrave valorizaccedilatildeo dos produtos provenientes da exploraccedilatildeo sustentaacutevel

desse Bioma Apesar de se constituiacuterem em iniciativas ainda bastante tiacutemidas as accedilotildees

voltadas para o fortalecimento das cadeias produtivas de produtos e serviccedilos gerados a

partir dos componentes da biodiversidade tem constado de projetos geridos por oacutergatildeos

setoriais em niacutevel federal e estadual e tambeacutem por organizaccedilotildees natildeo governamentais

(ONGs) Como resultado desses esforccedilos pequenas quantidades desses produtos

comeccedilam a ser consumidas nos centros urbanos como eacute o caso da amecircndoa do baru e

polpas de frutas do cerrado (CARDOSO TAVARES 2008)

Apesar dos esforccedilos para a viabilizaccedilatildeo de iniciativas que promovam a

exploraccedilatildeocomercializaccedilatildeo de PFNMs no paiacutes satildeo poucos os mecanismos puacuteblicos ou

privados voltados para o fortalecimento dos empreendimentos que jaacute estatildeo inseridos no

mercado ou mesmo para promover o desenvolvimento local a partir da promoccedilatildeo de

produtos florestais no acircmbito de iniciativas que fortaleccedilam os atores locais para que sejam

sujeitos das suas proacuteprias accedilotildees

Da mesma forma satildeo escassas as informaccedilotildees a respeito dos fatores que

condicionam o fracasso e o sucesso desses empreendimentos A inexistecircncia de dados

dessa natureza impede a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas mais realistas voltadas para o

segmento

Para o agricultor familiar que tem na praacutetica da exploraccedilatildeo de PFNMs um meio de

obter divisas satildeo vaacuterios os obstaacuteculos que enfrenta para levar adiante as atividades de

coleta transporte processamento e comercializaccedilatildeo desses produtos e que costumam

inviabilizar a sua produccedilatildeo Da mesma forma as dificuldades se multiplicam ao longo da

cadeia produtiva desses produtos Esses obstaacuteculos podem se apresentar nas mais

variadas formas marcos regulatoacuterios inadequados (sanitaacuterios ambientais e fiscais) falta de

capacitaccedilatildeo do agricultor para as diversas etapas do processo produtivo inadequaccedilatildeo da

infraestrutura para exploraccedilatildeo dos recursos baixa capacidade de estoque dificuldades de

acesso ao creacutedito baixa eficiecircncia e ausecircncia dos serviccedilos de extensatildeo e orientaccedilatildeo ao

produtor incipiecircncia da cadeia logiacutestica de mercado (distribuiccedilatildeo e comeacutercio) destes

produtos ou mesmo na ausecircncia de condicionantes que deve atender o empreendedor para

o alcance de bons resultados bom conhecimento do mercado em que atua boa estrateacutegia

7

de vendas persistecircncia perseveranccedila e criatividade boa administraccedilatildeo e busca de capital

proacuteprio para o seu negoacutecio (SEBRAE 2007)

Os esforccedilos para a remoccedilatildeo desses obstaacuteculos tecircm mobilizado alguns setores da

sociedade em razatildeo dos benefiacutecios que o uso sustentaacutevel da biodiversidade pode trazer ao

paiacutes principalmente pela possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees articuladas de

sustentabilidade que geram ganhos ambientais O uso sustentaacutevel da biodiversidade em

larga escala contribui para a manutenccedilatildeo das funccedilotildees ecossistecircmicas (aacutegua biodiversidade

e clima) de vastas aacutereas do territoacuterio nacional promove a geraccedilatildeo de renda complementar

para milhotildees de famiacutelias e a seguranccedila alimentar aleacutem de favorecer a produccedilatildeo de

alimentos (SAWYER 2009b)

Os problemas ligados agraves cadeias produtivas baseadas em PFNMs exigem do poder

puacuteblico da sociedade civil organizada e da academia soluccedilotildees que promovam a sua

sustentabilidade Cadeias de produtos naturais bem estruturadas satildeo estrateacutegicas para o

paiacutes do ponto de vista econocircmico social e ambiental Do ponto de vista econocircmico porque

geram renda para as famiacutelias que exploram os recursos da natureza Do ponto de vista

social porque criam postos de trabalho para grupos excluiacutedos das poliacuteticas econocircmicas

vigentes e promovem o seu bem-estar Do ambiental porque se apresentam como uma

alternativa sustentaacutevel ao modelo de exploraccedilatildeo adotado pela agricultura de exportaccedilatildeo

que apesar de trazer divisas ao paiacutes provoca severos danos sociais e ambientais

Satildeo identificados diversos problemas ligados a estas cadeias produtivas tanto os que

tecircm origem na situaccedilatildeo socioeconocircmica do agente que explora o recurso quanto aqueles

inerentes agrave proacutepria atividade tais como a falta de informaccedilotildees a carecircncia de infraestrutura

para transporte armazenamento e processamento dos produtos explorados a falta de

tecnologia para aumentar a produtividade a falta de competecircncia negocial a inadequaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo a carecircncia de creacutedito a este tipo de produccedilatildeo e dificuldades que se encontra

para se integrar ao mercado entre outros

Grande nuacutemero de comunidades rurais estabelecidas na Amazocircnia e que exploram

PFNMs mesmo enfrentando problemas de infraestrutura tais como a falta de saneamento

baacutesico e aacutegua tratada precariedade dos serviccedilos de educaccedilatildeo e de sauacutede fornecidos pelo

Estado e deficiecircncia do serviccedilo de assistecircncia teacutecnica orientam suas praacuteticas de trabalho e

organizaccedilatildeo social no sentido da conservaccedilatildeo e uso dos recursos da biodiversidade (SILVA

TAVARES 2006) Como reconhecem a importacircncia desses recursos para a proacutepria

sobrevivecircncia procuram conservaacute-los e utilizaacute-los da melhor maneira possiacutevel

Em outras regiotildees do paiacutes grupos sociais que exploram extensivamente os recursos

naturais vegetais enfrentam os mesmos problemas enumerados acima Alguns desses

8

grupos se organizam na busca de soluccedilotildees que os ajudem a superar as dificuldades

abrindo-lhes perspectivas para um meio de vida mais sustentaacutevel2

O conjunto de normas que incidem sobre o uso e manejo de componentes da

biodiversidade apesar de ser de fundamental importacircncia para a regulamentaccedilatildeo dessa

praacutetica e mesmo para a sauacutede de quem consome esses produtos pode trazer dificuldades

para os grupos rurais que exploram os PFNMs Em razatildeo disso dispositivos que ao regular

a atividade econocircmica impotildeem procedimentos complexos e dispendiosos costumam ser

ignorados pela populaccedilatildeo Mais grave ainda a falta de regulamentaccedilatildeo da norma traz

inseguranccedila institucional e confunde o cidadatildeo

Para Sawyer (2009b) os entraves regulatoacuterios natildeo satildeo muito evidentes e geralmente

soacute se manifestam quando a iniciativa eacute levada a termo pelo agricultor Enquanto natildeo

esbarram com esses obstaacuteculos poucos agricultores teacutecnicos da extensatildeo e estudiosos do

assunto compreendem os limites apresentados pelos diversos marcos regulatoacuterios

sanitaacuterios ambientais fiscais e outros que incidem sobre o uso sustentaacutevel da

biodiversidade no Brasil No entanto por situaccedilotildees mais adversas que esses entraves

possam causar natildeo podem levar ao pensamento que as normas devem ser eliminadas ou

flexibilizadas O que se defende eacute a sua adequaccedilatildeo para as realidades heterogecircneas que

caracterizam o territoacuterio nacional

Este trabalho consiste em verificar se a exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru em dois

Municiacutepios do Estado de Goiaacutes pode ser caracterizada como uma alternativa sustentaacutevel de

geraccedilatildeo de renda para os atores da cadeia produtiva deste produto verificando o grau de

sustentabilidade da atividade a partir da mensuraccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade

Aprofundar o conhecimento a respeito das dificuldades encontradas pelos atores que

intervecircm nas cadeias de produtos florestais natildeo madeireiros levando-se em consideraccedilatildeo a

sua perspectiva a respeito do assunto ou seja a sua percepccedilatildeo sobre os obstaacuteculos

enfrentados ao longo da cadeia produtiva torna-se uma medida importante que iraacute

proporcionar elementos para a criaccedilatildeo de mecanismos que venham a superaacute-los aleacutem de

fornecer subsiacutedios para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionadas ao uso sustentaacutevel

de componentes da biodiversidade

Estes conhecimentos ao contribuiacuterem para uma maior compreensatildeo dos limites da

exploraccedilatildeo do baru forneceratildeo elementos que permitiratildeo agraves instacircncias governamentais

competentes contando com a participaccedilatildeo democraacutetica dos atores da cadeia produtiva a

busca por soluccedilotildees mais adequadas para os problemas que surgem a partir da exploraccedilatildeo

do recurso natural ou mesmo viabilizar mecanismos facilitadores da exploraccedilatildeo sustentaacutevel

2 De acordo com Scoones (1998) um meio de vida sustentaacutevel permite enfrentar as possiacuteveis tensotildees e

transtornos e manter ou melhorar sua capacidade ou ativos (materiais e sociais) sem depauperar a base dos recursos naturais (p 5)

9

da espeacutecie tornando a atividade uma possiacutevel forma de produccedilatildeo e geraccedilatildeo de renda capaz

de conciliar a conservaccedilatildeo ambiental e o desenvolvimento social e econocircmico das

populaccedilotildees humanas que vivem no meio rural

10

1 OBJETO E MEacuteTODOS DE PESQUISA

11 IDENTIFICACcedilAtildeO DO PROBLEMA

A exploraccedilatildeo de PFNMs tendo como apelo o fato de ser uma atividade que contribui

para a manutenccedilatildeo da floresta ldquoem peacuterdquo ou seja para a conservaccedilatildeo da biodiversidade e

uma opccedilatildeo de geraccedilatildeo local de renda capaz de conciliar um desenvolvimento

economicamente viaacutevel socialmente justo e ambientalmente sustentaacutevel vem sendo

valorizada em accedilotildees dirigidas para a conservaccedilatildeo e uso sustentaacutevel do meio ambiente

(GUERRA et al 2009 FIEDLER et al 2008 CAcircNDIDO et al 2008 BALZON 2006 ROS-

TONEN 2000 SAWYER et al 1997 CAMPBELL TEWARI 1996)

A exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru por estar inserida nesse contexto e natildeo provocar

impactos significativos ao meio ambiente vem sendo apontada como estrateacutegia para a

conservaccedilatildeo sustentaacutevel da biodiversidade (ARAKAKI et al 2009 BASSINI 2008 SANO et

al 2004)

A produccedilatildeo da amecircndoa como atividade empreendedora eacute recente e tem recebido

criacuteticas favoraacuteveis e desfavoraacuteveis quanto agrave sua viabilidade econocircmica Para Arakaki et al

(2009) seu uso amplia a geraccedilatildeo de renda e traz melhoria da qualidade de vida agraves

comunidades rurais Os que se mostram ceacuteticos recomendam cuidadosos estudos de

mercado e planos de negoacutecio antes de se incentivar tal atividade (NOGUEIRA et al 2009)

Apesar do crescente interesse que a amecircndoa vem despertando como negoacutecio pouco

se conhece acerca da sua cadeia produtiva seus limites e oportunidades e o papel exercido

por cada um dos seus atores

Uma das caracteriacutesticas desfavoraacuteveis do produto quando chega ao mercado ndash

particularmente no Estado de Goiaacutes ndash eacute a irregularidade no fornecimento poreacutem acredita-se

que essa deficiecircncia ocorra em funccedilatildeo de diferentes categorias de problemas que ocorrem

ao longo da cadeia produtiva Satildeo problemas que podem ter origem na falta de informaccedilotildees

sobre a espeacutecie (ecologia fenologia usos manejo forma de processamento etc) na

dificuldade de atendimento aos dispositivos legais previstos na legislaccedilatildeo fiscal sanitaacuteria e

ambiental que regula a conservaccedilatildeo e uso de componentes da biodiversidade no Brasil e

ateacute mesmo aqueles gerados pela competiccedilatildeo de mercado

Identificar esses obstaacuteculos as suas origens e implicaccedilotildees mensurar a

sustentabilidade da cadeia produtiva do baru e ao mesmo tempo conhecer as condiccedilotildees

econocircmicas sociais e ambientais em que este produto eacute explorado permitiraacute identificar se a

exploraccedilatildeo dessa amecircndoa se caracteriza como uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de

renda

11

Seguindo este raciociacutenio e tomando como objeto de estudo a cadeia produtiva do baru

no Cerrado Goiano chega-se a seguinte indagaccedilatildeo A exploraccedilatildeo do baru no Cerrado

Goiano nas circunstacircncias atuais eacute uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo local de renda

12 HIPOacuteTESE

Com base nos elementos apresentados foi formulada uma hipoacutetese de trabalho mais

ampla descrita abaixo seguida de outras duas sub hipoacuteteses

A exploraccedilatildeo do fruto do baru eacute uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda

para os atores da sua cadeia produtiva em dois municiacutepios Goianos nos quais predomina a

vegetaccedilatildeo do Cerrado

a) Normas natildeo regulamentadas ou que demandam comandos de difiacutecil cumprimento

por parte dos atores se convertem em obstaacuteculos que interferem negativamente na

sustentabilidade da cadeia produtiva do baru

b) O sistema de produccedilatildeo do baru no Cerrado possui caracteriacutesticas que o diferenciam

dos demais sistemas de exploraccedilatildeo de PFNMs e que devem ser consideradas na

viabilizaccedilatildeo da exploraccedilatildeo sustentaacutevel da espeacutecie

13 OBJETIVO

Identificar por meio de indicadores e de informaccedilotildees socioeconocircmicas se a atividade

de exploraccedilatildeo do fruto do baru nativo em dois municiacutepios goianos do Bioma Cerrado pode

se caracterizar como uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda para os atores da

cadeia produtiva deste produto

14 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

(i) Estudar as caracteriacutesticas do arranjo extrativista do baru a partir de trecircs comunidades

rurais da regiatildeo do Cerrado do Estado de Goiaacutes e dos atores que intervecircm nessa cadeia

(ii) Analisar o grau de sustentabilidade da exploraccedilatildeo do baru no acircmbito da sua cadeia

produtiva com o auxiacutelio de iacutendice e indicadores

(iii) Identificar os principais obstaacuteculos encontrados pelos atores da cadeia produtiva do baru

para viabilizar as operaccedilotildees de produccedilatildeo processamento beneficiamento e distribuiccedilatildeo

desse produto

(iv) Verificar se a legislaccedilatildeo ambiental sanitaacuteria civil e fiscaltributaacuteria brasileira pode ser

considerada um obstaacuteculo na exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru

(v) Propor um modelo para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru no Cerrado

12

15 MEacuteTODOS E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Com o objetivo de verificar se a atividade de exploraccedilatildeo do baru no Cerrado Goiano

pode ser considerada uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo local de renda optou-se

inicialmente pela coleta de dados que possibilitasse a descriccedilatildeo da cadeia produtiva desta

amecircndoa Com o uso de indicadores foi realizada a mensuraccedilatildeo da sustentabilidade dessa

cadeia em trecircs comunidades rurais do Estado de Goiaacutes (item 18) e junto a

empresasassociaccedilotildeescooperativas estabelecidas em Goiacircnia Alto Paraiacuteso e Brasiacutelia que

utilizam o baru como mateacuteria-prima

Outra teacutecnica de coleta de dados consistiu na identificaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos

que enfrentam os agricultores familiares nas atividades de coleta extraccedilatildeo processamento

comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo da amecircndoa do baru bem como as dificuldades encontradas

pelas instituiccedilotildees de processamento comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo dos produtos agrave base

dessa mateacuteria-prima

Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com formuladores de poliacuteticas puacuteblicas

pertencentes agraves duas esferas de poder (Executivo e Legislativo) no sentido de conhecer

suas percepccedilotildees sobre as iniciativas voltadas para o apoio agrave exploraccedilatildeo do baru

151 Mensuraccedilatildeo da sustentabilidade

Inicialmente procurou-se mensurar a sustentabilidade da cadeia produtiva a partir de

um iacutendice resultante da agregaccedilatildeo de indicadores distribuiacutedos por cinco dimensotildees da

sustentabilidade ambiental econocircmica social poliacutetico e da sauacutede Para cada dimensatildeo da

sustentabilidade foram criados indicadores tanto para medir a sustentabilidade da atividade

dos agricultores-coletores quanto das instituiccedilotildees privadas que utilizam o baru

Os indicadores utilizados para aferir a sustentabilidade das atividades de exploraccedilatildeo

do fruto do baru por agricultores familiares foram elaborados a partir de ampla revisatildeo

bibliograacutefica com destaque para a metodologia formulada por Ritchie et al (2001) e

adaptada para a vegetaccedilatildeo nativa do Cerrado

Jaacute os indicadores para afericcedilatildeo da sustentabilidade das instituiccedilotildees processadoras do

baru foram criados apoacutes revisatildeo da bibliografia sobre sustentabilidade em empresas e

cooperativas uma vez que muito pouco foi encontrado na literatura sobre sustentabilidade

em pequenas e micro empresas A partir dessa constataccedilatildeo procurou-se adaptar aqueles

indicadores agraves condiccedilotildees dessas empresas

Partiu-se do pressuposto que um sistema de indicadores deve representar o mais

fielmente possiacutevel o desenvolvimento sustentaacutevel no entanto acredita-se que natildeo existe

ainda o indicador perfeito pois todos eles apresentam alguma deficiecircncia quando se trata de

mensuraccedilotildees envolvendo as dimensotildees da sustentabilidade

13

m

m

Para chegar-se ao grau da sustentabilidade da atividade de exploraccedilatildeo do baru foi

adotado o seguinte procedimento

(a) Apoacutes o preenchimento dos questionaacuterios contendo os indicadores foi calculado

o Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw) para todos os agricultores amostrados e

para as cinco dimensotildees da sustentabilidade ambiental econocircmica social poliacutetica e

da sauacutede e na sequecircncia foi calculado o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) geral para as

comunidades estudadas

(b) Foi calculado tambeacutem o Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw) para cada

instituiccedilatildeo a partir das respostas do questionaacuterio aplicado e na sequecircncia foi calculado

o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) para estas instituiccedilotildees

(c) Finalmente foi estabelecido o grau de sustentabilidade das comunidades

estudadas e das instituiccedilotildees privadas por categoria para fins de comparaccedilatildeo

1511 Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw)

Este iacutendice foi calculado para as cinco dimensotildees empregando-se a seguinte foacutermula

= Σ (3)

Iw = Iacutendices que comporatildeo o iacutendice de sustentabilidade econocircmico social ambiental institucional e da sauacutede Eij = Escore do i-eacutesimo indicador de Iw obtido do j-eacutesimo questionaacuterio Emax i = Escore maacuteximo do i-eacutesimo indicador de Iw obtido do j-eacutesimo questionaacuterio i = 1 m nuacutemero de indicadores j = 1 m nuacutemero de questionaacuterios aplicados w = 1 5 nuacutemero de iacutendices que comporatildeo o iacutendice de sustentabilidade

Quanto mais proacuteximo de 1 o valor do iacutendice Iw melhor o desempenho do objeto de

estudo ou seja maior a sustentabilidade das atividades desenvolvidas pelas comunidades

rurais e instituiccedilotildees privadas que fazem parte da cadeia produtiva do baru O indicador estaacute

dentro do intervalo 0 lt Iw lt 1

Para esta metodologia o valor do iacutendice nunca atingiraacute zero pois a partir do momento

que o agricultor ou a instituiccedilatildeo privada explora o baru jaacute haveraacute o acuacutemulo de pontos

Os questionaacuterios contam com perguntas cujas respostas predeterminadas recebem

pontuaccedilatildeo de 0 a 4 Para se calcular o Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw) soma-se a

pontuaccedilatildeo obtida por cada respondente por questionaacuterio dividido pelo nuacutemero maacuteximo de

pontos que pode ser obtido

3 Rabelo e Lima (2007) Barreto et al (2005) Khan e Passos (2001) Fernandes et al (1997)

i=1

i=1

Σ Eij

Σ Emax i

1 n Iw

14

1512 Iacutendice de Sustentabilidade (IS)

Os indicadores utilizados para calcular o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) foram os

indicadores ambiental econocircmico social poliacutetico e da sauacutede Atribuiu-se peso igual a cada

dimensatildeo analisada O valor de IS eacute a meacutedia aritmeacutetica dos cinco iacutendices citados Quanto

mais proacuteximo de 1 maior o indicador de sustentabilidade nas comunidades e nas instituiccedilotildees

estudadas O indicador estaacute dentro do intervalo 0 lt IS lt 1

Para o caacutelculo do IS a expressatildeo utilizada foi a seguinte

(4)

IS = Iacutendice de sustentabilidade w = valor do w-eacutesimo indicador w = 1k

1513 Grau de sustentabilidade

O grau de sustentabilidade eacute obtido utilizando-se o valor dos Iacutendices de

Sustentabilidade (IS) Desse modo possibilita conhecer o atual grau de sustentabilidade da

atividade de exploraccedilatildeo do baru nas comunidades e nas instituiccedilotildees estudadas Estaacute

colocado numa escala que vai de 0 ateacute 1 divididos em trecircs graus distintos baixo meacutedio e

alto niacutevel de sustentabilidade (Tabela 3) Abaixo de 0500 e acima de 0 a atividade se

caracteriza por natildeo sustentabilidade devendo o poder puacuteblico em conjunto com a

sociedade tomarem as medidas necessaacuterias para sanear os problemas que fizeram o

iacutendice chegar ateacute esse niacutevel e tentar tornar a atividade o mais sustentaacutevel possiacutevel Quando

o valor do iacutendice fica entre 0500 e 0799 significa dizer que a atividade estudada eacute

razoavelmente sustentaacutevel mas sujeita agraves vaacuterias medidas para que chegue o mais proacuteximo

possiacutevel de 1 Assim agrave medida que crescem na direccedilatildeo de 1 vatildeo aumentando as condiccedilotildees

de sustentabilidade

Para a classificaccedilatildeo da sustentabilidade das comunidades rurais e instituiccedilotildees

privadas estabeleceu-se o seguinte criteacuterio adaptado do Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) do UNDP (UNDP 1998)

4 Rabelo e Lima (2007) Barreto et al (2005) Khan e Passos (2001) Fernandes et al (1997)

k

IS = 1k Σ Iw w=1

15

Tabela 3 ndash Grau de sustentabilidade das comunidades estudadas segundo os iacutendices obtidos

Grau Intervalo do iacutendice

Baixo niacutevel de sustentabilidade 0 lt IS le 0499 Meacutedio niacutevel de sustentabilidade 0500 le IS le 0799 Alto niacutevel de sustentabilidade 0800 le IS le 1000

Fonte UNDP (1998 p 224) com adaptaccedilatildeo

16 IDENTIFICACcedilAtildeO DOS OBSTAacuteCULOS ENFRENTADOS PELO AGRICULTOR E

INSTITUICcedilOtildeES PRIVADAS NO AcircMBITO DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

Para a identificaccedilatildeo desses obstaacuteculos foi utilizada a entrevista projetiva5 que

consistiu na apresentaccedilatildeo de cartotildees coloridos (21cm X 30cm) numerados contendo frases

que indicavam obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru visando estimular a resposta do

entrevistado A lista dos obstaacuteculos apresentados ao entrevistado teve como base o

Relatoacuterio Final do Seminaacuterio de Intercacircmbio Tecnoloacutegico para Baru Pequi e Babaccedilu (ISPN

2007) ocorrido em Brasiacutelia em 2007 Os cartotildees eram mostrados aos agricultores que

depois de le-los recebiam uma ligeira explicaccedilatildeo sobre o seu conteuacutedo Em seguida eram

estimulados a responder se aquele era um problema que enfrentavam no acircmbito das

atividades de coleta extraccedilatildeo processamento comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo da amecircndoa

do baru Em caso positivo a numeraccedilatildeo das fichas era lanccedilada no questionaacuterio

socioeconocircmico do agricultor para posterior anaacutelise

Metodologia similar foi aplicada nas instituiccedilotildees privadas que utilizam o baru como

mateacuteria-prima para seus produtos Foi apresentado ao entrevistado documento contendo

uma lista de obstaacuteculos ao bom funcionamento e crescimento dessas instituiccedilotildees (Anexo 7)

Em seguida o entrevistado era estimulado a marcar aquelas que correspondessem agraves

dificuldades que sua empresaassociaccedilatildeocooperativa vinha enfrentando

As respostas obtidas foram tratadas por meio do teste de comparaccedilatildeo de proporccedilatildeo

visando saber se eram estatisticamente significantes ao niacutevel de 95 Aquelas

estatisticamente significantes foram consideradas como obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru

17 ORIGEM DOS DADOS

Para a realizaccedilatildeo da pesquisa foram utilizados dados primaacuterios obtidos a partir da

aplicaccedilatildeo de questionaacuterios junto aos atores da cadeia produtiva do baru e tambeacutem a partir

de entrevistas com representantes do executivo federal e estadual e legislativo federal

Os dados secundaacuterios utilizados foram obtidos a partir da bibliografia pesquisada

5 Eacute uma forma de entrevista baseada na utilizaccedilatildeo de recursos visuais onde o entrevistador pode

apresentar ao entrevistado fotos cartotildees paineacuteis filmes etc

16

18 AMOSTRAGEM

Os agricultores familiares foram selecionados pelo meacutetodo natildeo probabiliacutestico de

amostragem ldquobola de neverdquo De acordo com este meacutetodo um grupo inicial de agricultores

com caracteriacutesticas previamente definidas foi indicado por pesquisadores agentes de

oacutergatildeos puacuteblicos federais e estaduais Aquelas pessoas apoacutes terem sido entrevistadas

identificaram outras elementos que pertenciam agrave mesma populaccedilatildeo-alvo Essa forma de

amostragem eacute bastante utilizada para estimar caracteriacutesticas raras na populaccedilatildeo e sua

principal vantagem eacute aumentar substancialmente a possibilidade de localizar a caracteriacutestica

desejada na populaccedilatildeo No presente caso a caracteriacutestica desejada foi a exploraccedilatildeo da

amecircndoa do baru

Nesse entendimento foram aplicados 19 questionaacuterios em trecircs comunidades

diferentes sendo duas no Municiacutepio de Pirenoacutepolis nos Distritos de Caxambuacute e Bom Jesus

e uma no Municiacutepio de Formosa no Assentamento Vale da Esperanccedila (Figura 3) No

Distrito de Caxambuacute foram aplicados quatro questionaacuterios no de Bom Jesus sete

questionaacuterios e no Vale da Esperanccedila 8 questionaacuterios

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo dos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis no Estado de Goiaacutes Fonte IBGE (2010)

Embora o Distrito de Caxambuacute (16deg 00rsquo 47rdquo S 49deg 02rsquo 3098rdquo O) conte com 598

pessoas o de Bom Jesus (15deg 45rsquo 4976rdquo S 49deg 09rsquo 3006rdquo O) conte com 233 pessoas

(CARVALHO 2001) e o Assentamento Vale da Esperanccedila (15deg 00rsquo 0806rdquo S 47deg 24rsquo 0937rdquo

O) com 165 famiacutelias (UnB 2010) natildeo foi possiacutevel selecionar as amostras pelo meacutetodo

17

probabiliacutestico pelo fato de todo este universo contar com somente 19 famiacutelias que coletam e

extraem a amecircndoa da baru

Jaacute as instituiccedilotildees privadas que participaram da amostra foram selecionadas pelo

meacutetodo natildeo probabiliacutestico uma vez que dependeu do julgamento do pesquisador De

acordo com este meacutetodo as instituiccedilotildees satildeo escolhidas para responderem ao questionaacuterio

por preencherem criteacuterios previamente definidos e relacionados com a relevacircncia das

informaccedilotildees que poderiam fornecer No caso do presente trabalho o principal criteacuterio foi a

utilizaccedilatildeo do baru como mateacuteria-prima para os produtos que satildeo levados ao mercado

consumidor ou a outras empresas processadoras O outro criteacuterio eacute que estas

empresasassociaccedilotildeescooperativas deveriam estar estabelecidas proacuteximas agraves regiotildees

fornecedoras de baru (Formosa e Pirenoacutepolis)

As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com representantes de instituiccedilotildees

puacuteblicas nas esferas federal e municipal do poder executivo com a atribuiccedilatildeo de

desenvolver accedilotildees na aacuterea de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a utilizaccedilatildeo sustentaacutevel da

biodiversidade e tambeacutem com representante do poder legislativo federal com atuaccedilatildeo na

aacuterea de conservaccedilatildeo do Cerrado Essas instituiccedilotildees tambeacutem foram selecionadas pelo

meacutetodo natildeo probabiliacutestico

O modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais dos

Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes foi submetido a dirigentes de quatro

instituiccedilotildees privadas comunitaacuterias para validaccedilatildeo (associaccedilotildees e cooperativas) Essas

instituiccedilotildees operam com a amecircndoa do baru e estatildeo domiciliadas nos Estados de Mato

Grosso Mato Grosso do Sul Tocantins e Minas Gerais

19 COLETA DE DADOS

A coleta de dados no acircmbito deste estudo foi realizada a partir de questionaacuterios

aplicados observaccedilatildeo direta entrevistas semiestruturadas e anaacutelise de documentos Foram

contatados 47 atores assim distribuiacutedos 19 agricultores familiares 21 representantes de

instituiccedilotildees privadas (empresascooperativaassociaccedilatildeo) e sete membros do executivo

federal e municipal e legislativo federal6

Um dos questionaacuterios aplicados aos agricultores familiares (Anexo 3) consistiu de 27

perguntasindicadores distribuiacutedos pelas cinco dimensotildees da sustentabilidade e em outro

questionaacuterio (Anexo 4) foram apresentadas perguntas sobre a situaccedilatildeo socioeconocircmica dos

respondentes Foram aplicados 19 questionaacuterios nos Municiacutepios de Pirenoacutepolis e Formosa

6 Todas as entrevistas foram realizadas com o consentimento dos entrevistados Antes de iniciar cada

entrevista foi informado ao entrevistado que seu nome e o nome da instituiccedilatildeo que representava seriam mantidos em sigilo

18

Outro meacutetodo consistiu na apresentaccedilatildeo de 35 fichas coloridas preenchidas com

obstaacuteculos preacute-escolhidos referentes agrave coleta beneficiamento e comercializaccedilatildeo da

amecircndoa do baru As mensagens contidas na ficha se encontram listadas no Anexo 5 Estas

fichas eram apresentadas ao agricultor que escolhia aquele obstaacuteculo que julgava mais

pertinente A escolha do agricultor era em seguida anotada

Jaacute o questionaacuterio aplicado nas instituiccedilotildees privadas (Anexo 6) consistiu de 38

perguntasindicadores distribuiacutedos pelas cinco dimensotildees da sustentabilidade Foram

aplicados 21 questionaacuterios em instituiccedilotildees domiciliadas nas cidades de Pirenoacutepolis Brasiacutelia

Goiacircnia e Alto Paraiacuteso Foi apresentada aos representantes das instituiccedilotildees privadas uma

lista (Anexo 7) com obstaacuteculos que enfrentam para viabilizar o seu empreendimento Os

respondentes marcaram aqueles obstaacuteculos mais pertinentes

110 ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS

Foram realizadas sete entrevistas semiestruturadas com um deputado federal e com

formuladores de poliacuteticas puacuteblicas nas esferas federal e municipal do poder executivo A

entrevista consistiu em perguntas dirigidas diretamente ao entrevistado cujas respostas

eram gravadas e depois transcritas Foram entrevistados dirigentes dos seguintes oacutergatildeos

Ministeacuterio do Meio Ambiente (MMA) Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA)

Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (Mapa) Serviccedilo Florestal Brasileiro

(SFB) Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Secretaria Municipal de Meio

Ambiente de Pirenoacutepolis

111 MODELO PRODUTIVO DO BARU

Para a proposiccedilatildeo do modelo foi realizado levantamento de dados junto aos atores de

cada segmento da cadeia produtiva do baru o que permitiu a confrontaccedilatildeo com os modelos

de exploraccedilatildeo de recursos naturais vegetais propostos por Homma (1993) Recircgo (1992) e

Drummond (1996) Os resultados dessa confrontaccedilatildeo levaram a proposiccedilatildeo de um modelo

para a exploraccedilatildeo do baru no Cerrado Goiano

Este novo modelo produtivo foi analisado agrave luz das dimensotildees da sustentabilidade

ecoloacutegica social econocircmica e poliacutetico propostas por Sachs (1993) e da sustentabilidade

da sauacutede (MATIAS NUNES 2004) de modo a avaliar se a atividade de exploraccedilatildeo do baru

no Cerrado Goiano pode ser considerada uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo local de

renda

Para fins de validaccedilatildeo o modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do baru foi apresentado a

dirigentes de instituiccedilotildees privadas que operam com a amecircndoa As alteraccedilotildees sugeridas

foram incorporadas a esse modelo As instituiccedilotildees que participaram dessa etapa do trabalho

foram Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativista Grande Sertatildeo (Montes

19

Claros MG) Centro de Produccedilatildeo Pesquisa e Capacitaccedilatildeo do Cerrado (Ceppec) (Nioaque

MS) Cooperativa Mista de Produtores Rurais de Poconeacute ndash (Comprup) (Poconeacute MT) e

Cooperfruto (Santa Maria do Tocantins TO)

20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

O extrativismo foi a primeira atividade realizada pelo homem para manter a sua

subsistecircncia

Com as transformaccedilotildees ocorridas na Terra no fim do paleoliacutetico quando ocorreu um

novo aquecimento do clima aliado ao degelo das calotas polares que elevaram o niacutevel dos

mares e o surgimento de novas formaccedilotildees florestais nos continentes o Homo sapiens teve

que se adaptar a essas novas condiccedilotildees colocando em praacutetica novas formas de exploraccedilatildeo

dos recursos naturais A pesca e a caccedila aos grandes e pequenos animais foi aperfeiccediloada

com a invenccedilatildeo de novas armas armadilhas e apetrechos Os caccediladores e extrativistas

com a escassez dos recursos locais se deslocavam para outra regiatildeo que lhes permitisse

manter a praacutetica da caccedila e da coleta de subsistecircncia (MAZOYER ROUDART 1998)

Essas atividades fizeram parte do modo de vida dos indiacutegenas brasileiros que tiveram

na exuberacircncia da floresta tropical ou mesmo nas savanas do Planalto Central uma fonte

inesgotaacutevel de recursos naturais Tendo na atividade extrativa de recursos naturais uma

estrateacutegia de sobrevivecircncia a interaccedilatildeo com os elementos naturais proporcionou inclusive

a domesticaccedilatildeo de algumas espeacutecies como a mandioca o amendoim e o abacaxi entre

outros

O fato eacute que as florestas aleacutem de contribuiacuterem para a manutenccedilatildeo da vida humana

influenciaram profundamente a sua consciecircncia e cultura A secular interaccedilatildeo desses povos

com o meio ambiente fez surgir os conhecimentos inovaccedilotildees e praacuteticas tradicionais que

formam seu extenso patrimocircnio sociocultural

O extrativismo vegetal sempre fez parte da histoacuteria econocircmica brasileira seja em

maior ou menor intensidade No Seacuteculo XVII o Estado do Maranhatildeo e Gratildeo-Paraacute jaacute se

constituiacuteam em um imenso empoacuterio de produtos florestais as chamadas ldquodrogas do sertatildeordquo

(SILVA 1990) Tais produtos natildeo eram somente explorados por grupos indiacutegenas como

fizeram parte da vida do colono portuguecircs que assimilou muitas caracteriacutesticas da cultura e

dos haacutebitos dos primeiros habitantes do Brasil

Atualmente inuacutemeras famiacutelias que fazem da agricultura seu principal meio de

sobrevivecircncia tecircm na extraccedilatildeo de PFNMs um elemento de complementaccedilatildeo de renda e

subsistecircncia Em alguns casos chegam a colocar a agricultura de subsistecircncia em segundo

plano em funccedilatildeo dos ganhos econocircmicos alcanccedilados com a atividade extrativa

Vaacuterias satildeo as denominaccedilotildees para os componentes da biodiversidade manejados por

grupos sociais Homma (1993) trata-os como ldquorecursos extrativosrdquo Recircgo (1992) como

ldquorecursos naturaisrdquo Van Rijsoort (2000) Santos et al (2003) Alexiades e Shanley (2004)

como ldquoprodutos florestais natildeo madeireirosrdquo Estas denominaccedilotildees surgem como expressotildees

21

para a grande diversidade de produtos animais e vegetais oriundos da floresta mas que natildeo

se referem diretamente agrave madeira ou seus derivados

No entanto o conceito de ldquoprodutos extrativosrdquo ao longo do tempo vem gerando

divergecircncias Para alguns o termo ldquoprodutos natildeo madeireirosrdquo eacute insuficiente porque pode

excluir produtos como o combustiacutevel da madeira e madeira com pequeno diacircmetro

destinada agrave construccedilatildeo Por outro lado uma maacute interpretaccedilatildeo do conceito pode incluir na

definiccedilatildeo produtos como a polpa da madeira (UNASYLVA 1991)

Embora a tendecircncia atual seja pelo emprego do termo ldquoproduto florestal natildeo

madeireirordquo o problema da conceituaccedilatildeo para esses componentes da biodiversidade

somente seraacute resolvido quando praacuteticas de uso de florestas e poliacuteticas puacuteblicas forem

ajustadas para que recebam a atenccedilatildeo que merecem (UNASYLVA 1991)

Alguns autores entendem o extrativismo como uma praacutetica econocircmica (HOMMA

1993 LESCURE et al 1994) e ainda outros a entendem como uma alternativa econocircmica

fundada no modo de vida e cultura dos grupos sociais que exploram recursos naturais

(REcircGO 1992) Por ser uma atividade que provoca controveacutersia quanto a sua viabilidade

econocircmica alguns estudiosos vecircm se debruccedilando sobre o assunto na tentativa de conhecer

as suas implicaccedilotildees como fenocircmeno social econocircmico e cultural

Para Drummond (1996) o extrativismo eacute um modo de produzir bens consistindo na

retirada de recursos naturais diretamente da sua aacuterea de ocorrecircncia natural em contraste

com outras atividades econocircmicas praticadas pelo homem Para ele a caccedila a pesca e a

coleta de produtos vegetais satildeo os trecircs exemplos claacutessicos de atividades extrativas embora

em algumas sociedades contemporacircneas existam grupos que praticam essas atividades

como parte das suas estrateacutegias de sobrevivecircncia e ao mesmo tempo desenvolvem

agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato serviccedilos ou induacutestria

O autor afirma que o termo extrativismo tambeacutem se aplica a atividades realizadas por

certos setores econocircmicos de sociedades complexas com a intermediaccedilatildeo de tecnologia e

maacutequinas mais sofisticadas como eacute o caso da induacutestria mineradora da extraccedilatildeo de petroacuteleo

e do corte de aacutervores em larga escala entre outros

Classifica esta atividade em extrativismo de baixa tecnologia e de alta tecnologia No

extrativismo de baixa tecnologia estatildeo incluiacutedas aquelas praacuteticas em que natildeo exigem

mediaccedilotildees tecnoloacutegicas ou mecacircnicas complexas entre os humanos e os recursos naturais

Caracteriza-se por ser uma atividade importante apenas em aacutereas remotas ou de

fronteira (onde tecnologia capital e infraestrutura satildeo escassos) Estatildeo incluiacutedas nesta

categoria a caccedila a pesca e a coleta vegetal Esse tipo de extrativismo que forma a base

exclusiva ou quase exclusiva de sustento caracteriza um tipo de sociedade que pode ser

qualificada de primitiva ou tribal Pode conviver com o extrativismo de alta tecnologia

22

numa mesma regiatildeo e em um mesmo setor da economia como uma forma tradicional que

sobrevive agrave modernizaccedilatildeo

A atividade extrativa de alta tecnologia seria aquela em que certos materiais naturais

satildeo retirados no seu local de ocorrecircncia natural por intermeacutedio de tecnologia e maquinaacuterio

mais sofisticados Incluem-se nesta categoria a mineraccedilatildeo a extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes

natural e o corte de aacutervores em grande escala Nesses casos o extrativismo natildeo caracteriza

a sociedade como um todo e sim certos setores econocircmicos de sociedades complexas

dotadas de agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato induacutestria transformativa e serviccedilos

O extrativismo de baixa tecnologia de produtos de origem vegetal se caracteriza por

natildeo utilizar grandes insumos de capital e tecnologia No entanto a curto prazo podem surgir

formas mais modernas de extrair esses mesmos bens Esse extrativismo se aplica a bens

cujos estoques satildeo repostos por processos naturais numa escala de tempo compatiacutevel com

a cultura humana

Eacute caracteriacutestica desse extrativismo quando voltado para o mercado concentrar-se em

praticamente um uacutenico bem de valor instaacutevel sujeito a ciclos de prosperidade e falecircncia

Esse bem costuma ser exportado da regiatildeo produtora em estado bruto ou processado

apenas para preservar as suas caracteriacutesticas naturais Essa operaccedilatildeo transfere para outras

regiotildees os benefiacutecios vinculados ao processamento secundaacuterio agrave transformaccedilatildeo industrial

agrave comercializaccedilatildeo ao marketing e ao transporte dos produtos finais

Outro traccedilo desse tipo de extrativismo eacute que o homem que o pratica tambeacutem produz

valores de uso ou seja bens como a caccedila a pesca a coleta o artesanato a agricultura e

a criaccedilatildeo de animais para o seu consumo ou para trocas locais Desse modo a sua accedilatildeo

introduz mudanccedilas na floresta alterando o ecossistema embora num grau muito menor que

qualquer outra atividade econocircmica possibilitando a manutenccedilatildeo dos sistemas ecoloacutegicos

complexos alta produtividade bioloacutegica e rica biodiversidade que por sua vez continuam a

gerar produtos extrativos

No texto Drummond (1996) aponta questotildees baacutesicas sobre o extrativismo de baixa

tecnologia na Amazocircnia tendo como propoacutesito discutir a questatildeo da viabilidade das reservas

extrativista naquela regiatildeo Satildeo colocados argumentos favoraacuteveis e contraacuterios a esse ldquomodo

extrativo de produccedilatildeordquo (p 137) e as implicaccedilotildees dos argumentos apresentados No entanto

foram extraiacutedos do texto somente aqueles elementos que dizem respeito diretamente ao

extrativismo de baixa tecnologia de produtos vegetais que poderatildeo servir de subsiacutedio para

comparaccedilotildees no acircmbito do estudo proposto A saber

(a) Na atividade de extrativismo de baixa tecnologia uma grande percentagem da

produccedilatildeo natildeo passa dos circuitos locais de subsistecircncia e escambo no entanto

podem alcanccedilar o status de commodities

23

(b) Esse modo de extrativismo daacute origem a ou perpetua economias de mera subsistecircncia

que natildeo superam baixos niacuteveis de produtividade e de bem-estar

(c) Produtos extrativos tendem a ser substituiacutedos por espeacutecies vegetais domesticadas

eou por produtos sinteacuteticos

(d) Os produtos extrativos tecircm preccedilos de mercado natildeo confiaacuteveis o que tem sido

demonstrado pelos ciclos de elevaccedilatildeo e decliacutenio dos preccedilos das mateacuterias-primas e

dos produtos primaacuterios

(e) Os produtos extrativos satildeo intensivos em capital natural e por isso os seus preccedilos

satildeo os mais baixos numa economia complexa embora em casos de extrema raridade

ou de valor estrateacutegico possam alcanccedilar alta valorizaccedilatildeo no mercado

(f) As economias extrativas de baixa tecnologia em florestas tropicais soacute podem sustentar

uma baixa densidade populacional pelo fato das taxas de exploraccedilatildeo sustentada dos

recursos serem obrigatoriamente moderadas e a distribuiccedilatildeo natural dos recursos

vegetais e animais dessas florestas tropicais seja esparsa

(g) O extrativismo vegetal de baixa tecnologia exclui ou limita severamente quase todas

as outras atividades que usam recursos naturais ndash agricultura criaccedilatildeo de gado

mineraccedilatildeo corte de aacutervores plantio comercial de aacutervores hidreleacutetricas exploraccedilatildeo de

petroacuteleo e gaacutes natural

(h) O extrativismo enfrenta seacuterias barreiras culturais provenientes de parcela das

lideranccedilas poliacuteticas e sociais brasileiras que defendem para o Brasil uma economia

sedentaacuteria agroindustrial e urbanizada O extrativismo de baixa tecnologia

sustentaacutevel ou natildeo lhes parece retroacutegrado incompatiacutevel com o tipo de economia

emergente sustentada pelo paiacutes

(i) As economias extrativas se constituem de uma larga base de extratores pobres e um

estreito aacutepice de intermediaacuterios e ricos comerciantes As regiotildees extrativas

normalmente alcanccedilam pouca prosperidade pelo fato de os benefiacutecios trazidos pela

agregaccedilatildeo de valor dos produtos extrativos permanecerem nas aacutereas geograacuteficas para

onde esses produtos foram exportados O extrativismo mesmo sustentado e

comunitaacuterio natildeo tende a gerar um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave

justiccedila social

Todas essas consideraccedilotildees de Drummond servem para subsidiar seu entendimento

segundo o qual a atividade de extraccedilatildeo eacute uma forma tradicional de vida beneacutefica agrave

conservaccedilatildeo da floresta e que a presenccedila dos ldquopovos tradicionaisrdquo devidamente

organizados em reservas extrativistas deve ser parte de uma poliacutetica geral de preservaccedilatildeo

e conservaccedilatildeo das florestas amazocircnicas

24

Para explicar o fenocircmeno do extrativismo vegetal na Amazocircnia Homma (1993)

realizou um estudo teoacuterico sobre a economia extrativa tomando como base o pensamento

econocircmico neoclaacutessico segundo o qual em um sistema de livre mercado o preccedilo das

mercadorias e dos serviccedilos satildeo definidos pelo equiliacutebrio entre a oferta e a procura

Este extrativismo em que Homma se baseou para propor sua teoria foi chamado por

Almeida (1996) de ldquovelho extrativismordquo que tem como caracteriacutestica o acesso a aacutereas

abertas que satildeo sobreexploradas e esgotadas por trabalhadores desqualificados mal

pagos e oprimidos pelo patratildeo com o uso de tecnologias ultrapassadas cujo produto eacute

destinado a mercados externos e volaacuteteis

Homma (1993) conceitua a atividade como uma forma de exploraccedilatildeo econocircmica que

se limita uacutenica e exclusivamente agrave coleta de produtos na natureza A saber

O processo extrativista sempre foi entendido como primeira forma de

exploraccedilatildeo econocircmica limitando-se agrave coleta de produtos existentes na

natureza com baixa produtividade ou produtividade declinante [] tendendo

agrave sua extinccedilatildeo com o decorrer do tempo (p 1)

Nesses termos o seu modelo natildeo leva em consideraccedilatildeo as atividades agriacutecolas

pecuaacuterias agroflorestais e de beneficiamento desenvolvidas pelas comunidades que

exploram produtos da natureza

Para o referido autor o extrativismo vegetal possui uma base de desenvolvimento

bastante fraacutegil que somente se justifica pelo niacutevel de pobreza de quem o explora e do

mercado de matildeo de obra marginal Eacute uma economia moribunda com tendecircncia ao

desaparecimento em funccedilatildeo dos seguintes fatores crescimento do mercado desses

produtos poliacutetica salarial face agrave baixa produtividade da terra e da matildeo de obra

aparecimento de alternativas econocircmicas

Outra causa da extinccedilatildeo do extrativismo seria a destruiccedilatildeo das aacutereas de exploraccedilatildeo

pelo processo de expansatildeo da fronteira agriacutecola decorrente do crescimento da demanda de

produtos agriacutecolas e crescimento populacional Nesta dinacircmica as antigas formas de

exploraccedilatildeo extrativa desaparecem em funccedilatildeo da substituiccedilatildeo por outras atividades

econocircmicas Assim mesmo que existam possibilidades que venham a mudar a

conformaccedilatildeo do ciclo extrativo todas inevitavelmente terminaratildeo com o desaparecimento

da atividade

Homma (1993) entende como uma caracteriacutestica importante do extrativismo sobre o

qual teoriza a sua dependecircncia do setor agriacutecola de onde obteacutem os alimentos necessaacuterios

para a sua subsistecircncia e sua intermediaccedilatildeo com o setor comercial eou industrial

Classifica os processos extrativistas em dois grupos quanto agrave forma de exploraccedilatildeo

extrativismo por aniquilamento ou depredaccedilatildeo e extrativismo de coleta O extrativismo por

25

aniquilamento ou depredaccedilatildeo ocorre quando a obtenccedilatildeo do recurso econocircmico implica a

extinccedilatildeo dessa fonte ou quando a velocidade de regeneraccedilatildeo for inferior agrave velocidade de

exploraccedilatildeo extrativa Exemplo dessa categoria eacute a caccedila e a pesca indiscriminadas Jaacute o

extrativismo de coleta ocorre no caso de uma obtenccedilatildeo forccedilada no iniacutecio da exploraccedilatildeo do

recurso com o objetivo de conseguir alta produtividade levando ao seu aniquilamento a

meacutedio e longo prazos ou quando a velocidade de extraccedilatildeo for igual agrave velocidade de

recuperaccedilatildeo que propiciaraacute que o recurso permaneccedila em equiliacutebrio

De acordo com essa classificaccedilatildeo toda praacutetica de extrativismo vegetal seria

insustentaacutevel uma vez que a exploraccedilatildeo do recurso econocircmico extinguiria a fonte de

produccedilatildeo (extrativismo por aniquilamento ou depredaccedilatildeo) ou conduziria para o seu

aniquilamento a meacutedio e longo prazos (extrativismo de coleta) Admite no maacuteximo um

equiliacutebrio caso a velocidade de extraccedilatildeo seja igual agrave velocidade de recuperaccedilatildeo

Basicamente a teorizaccedilatildeo de Homma (1993) sobre o extrativismo estabelece que a

evoluccedilatildeo da extraccedilatildeo dos recursos vegetais se caracteriza por quatro fases expansatildeo

estabilizaccedilatildeo decliacutenio e plantio domesticado No iniacutecio da exploraccedilatildeo a demanda pelo

produto extrativo eacute baixa Poreacutem o desenvolvimento da tecnologia dos meacutetodos de

exploraccedilatildeo da melhoria da infraestrutura na regiatildeo onde o recurso se encontra melhoram as

perspectivas de mercado e reduz os custos da extraccedilatildeo Nesta fase ocorre uma grande

oferta do produto contra uma baixa demanda

Com o crescimento do mercado a melhoria dos processos de transporte e

comercializaccedilatildeo somados a disponibilidade de infraestrutura a oferta e a demanda

tenderiam a entrar em equiliacutebrio proacuteximo agrave capacidade maacutexima de extraccedilatildeo Esta seria a

fase de estabilizaccedilatildeo A partir dessa fase o ciclo eventualmente esbarraraacute numa limitaccedilatildeo

de oferta em funccedilatildeo do caraacuteter fixo e limitado do recurso

Na fase de decliacutenio o aumento da demanda forccedilaraacute a subida dos preccedilos o que

induziraacute os produtores a superexplorar o recurso causando o seu esgotamento ndash ou mesmo

a sua extinccedilatildeo total ndash e portanto uma rigidez da oferta Consequentemente os custos para

a obtenccedilatildeo do produto iratildeo aumentar em razatildeo da pouca disponibilidade do produto na

natureza o que acabaraacute por inviabilizar a sua exploraccedilatildeo

A partir desse ponto podem ocorrer duas situaccedilotildees para aliviar a pressatildeo sobre o

recurso A primeira eacute que havendo viabilidade teacutecnica buscam-se substitutos sinteacuteticos

para o produto e a segunda situaccedilatildeo eacute o melhoramento geneacutetico da espeacutecie aliado ao

desenvolvimento das teacutecnicas para o seu cultivo racional ou seja a sua domesticaccedilatildeo A

domesticaccedilatildeo provoca uma queda de preccedilo do produto no mercado em razatildeo do aumento

da oferta O extrativismo entra em decliacutenio uma vez que os custos para a sua extraccedilatildeo satildeo

26

maiores que o seu preccedilo no mercado Essa sequecircncia pode ser demonstrada no fluxograma

abaixo (Figura 4)

Figura 4 ndash Possiacuteveis formas de utilizaccedilatildeo do recurso natural depois da sua transformaccedilatildeo em recurso econocircmico Fonte Homma (1993 p 3)

Nesse entendimento a atividade de extrativismo somente eacute viaacutevel no caso da

inexistecircncia de alternativas econocircmicas de plantios domesticados ou de substitutos

sinteacuteticos Assim na medida em que apareccedilam novas alternativas por ser uma atividade

com baixa produtividade torna-se inviaacutevel a sua permanecircncia a menos que a sua

exploraccedilatildeo seja subsidiada ou sejam criados mercados poliacuteticos para produtos locais

Excepcionalmente os dois modos de exploraccedilatildeo do recurso ndash o cultivo racional e o

extrativismo ndash podem coexistir em decorrecircncia do crescimento da demanda que provoca a

elevaccedilatildeo do preccedilo de equiliacutebrio viabilizando o extrativismo quando o estoque eacute suficiente

Contrapondo-se ao pensamento de Homma sobre o extrativismo Amazocircnico Recircgo

(1992) assinala que a realidade econocircmica da regiatildeo passou por profundas transformaccedilotildees

e que praticamente natildeo existe mais aquele ldquoextrativismordquo que foi a base dos estudos

daquele autor Considera que atualmente esse extrativismo como atividade estaria

associado agrave agricultura e pecuaacuteria com caracteriacutesticas do modo de vida das populaccedilotildees

locais

Com base nestas consideraccedilotildees propotildee uma nova alternativa econocircmica para a

Regiatildeo que chama de ldquoneoextrativismordquo e que afirma ser a mais correta para designar a

atividade de coleta de recursos naturais combinada agraves atividades agriacutecolas e pecuaacuterias

incluiacutedas no modo de vida e cultura extrativistas Diz tratar-se de um conceito ldquoligado a todas

as instacircncias da vida social a econocircmica a poliacutetica e a culturalrdquo (p 1) uma vez que envolve

os saberes e praacuteticas tradicionais daqueles grupos sociais que habitam o local onde ocorre

a praacutetica do extrativismo (REcircGO 1992)

Esse conceito leva em consideraccedilatildeo a coexistecircncia entre espeacutecies vegetais e animais

e os grupos humanos locais sejam indiacutegenas ou populaccedilotildees tradicionais Admite que estas

populaccedilotildees baseiam seu modo de vida ldquona dependecircncia e simbiose com a natureza no

conhecimento empiacuterico e simboacutelico dos ciclos e recursos naturais e tal saber eacute a base dos

sistemas de manejo de baixo impacto praticadosrdquo (p 5)

Recurso Natural Extrativismo Domesticaccedilatildeoo

Sinteacutetico

27

Esse novo modelo de exploraccedilatildeo tem como pressuposto a coerecircncia com as

caracteriacutesticas ambientais em que se encontra com as aspiraccedilotildees e exigecircncias culturais do

seu povo devendo expressar as novas relaccedilotildees de forccedilas sociais

De acordo com esse conceito a produccedilatildeo tem como base o trabalho familiar ou

comunitaacuterio subordina-se aos ciclos naturais depende do uso imediato dos recursos e tem

como racionalidade natildeo o lucro mas a reproduccedilatildeo social e cultural Essa nova forma de

produccedilatildeo se expressa pela exploraccedilatildeo de espeacutecies animais e vegetais da floresta

integraccedilatildeo do sistema de valores do trabalhador extrativista inserccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

espaccedilo existente no extrativismo inclusatildeo no sistema de manejo apoiado em saberes

praacuteticas e tradiccedilotildees do trabalhador extrativista e harmonizaccedilatildeo com os haacutebitos dos

processos de trabalho extrativistas (REcircGO 1992)

Na verdade este conceito tem por base as alteraccedilotildees ocorridas no bioextrativismo

caracterizado pelo autor como sendo

A intervenccedilatildeo na biota dos ecossistemas naturais pelo homem

(componente da biota) baseada na racionalidade da reproduccedilatildeo

familiarcomunitaacuteria e sobredeterminada por seu universo cultural fundado

na simbiose praacutetica e simboacutelica com a natureza Tal intervenccedilatildeo visa

produzir biomassa uacutetil e eacute regulada por sistemas de manejo imediato

associados agrave introduccedilatildeo e exploraccedilatildeo de plantas e animais em niacuteveis pouco

intensos que natildeo alteram substancialmente a comunidade bioacutetica do

ecossistema (p 5)

Uma vez que a produccedilatildeo baseada no bioextrativismo adquire uma nova loacutegica evolui

diversificando-se agregando-se conhecimento teacutecnico mas natildeo perdendo o seu liame com

o universo cultural da populaccedilatildeo extrativista Entatildeo surge o neoextrativismo

O conceito de neoextrativismo natildeo admite a agropecuaacuteria e a silvicultura baseadas no

uso de fertilizantes quiacutemicos pesticidas herbicidas e maacutequinas e implementos agriacutecolas

que caracterizaram a Revoluccedilatildeo Verde As teacutecnicas admitidas no acircmbito desse novo

extrativismo envolvem a diversificaccedilatildeo de culturas o consoacutercio de espeacutecies a adoccedilatildeo dos

ciclos que imitariam as fases de sucessatildeo ecoloacutegica da floresta

O neoextrativismo pode ser considerado um modelo de desenvolvimento sustentaacutevel

baseado na cultura proacutepria das populaccedilotildees extrativistas e em sistemas produtivos familiares

que harmonizem benefiacutecios econocircmicos sociais e ambientais (REcircGO 1996) Esse modelo

no entanto carece de pesquisas teoacutericas capazes de desenvolvecirc-lo alargando os seus

conceitos bem como de pesquisas empiacutericas para validaacute-lo

Essa dimensatildeo sociocultural da atividade extrativa tambeacutem foi observada por

Alexiades e Shanley (2004) que afirmaram estar relacionada com a multidimensionalidade

28

da atividade de exploraccedilatildeo de PFNMs Os PFNMs possuem caraacuteter multidimensional pois

natildeo satildeo somente utilizados para atender agraves necessidades de subsistecircncia nem mesmo

para servir como um bem econocircmico comercializado entre atores sociais poreacutem fazem

parte da vida poliacutetica institucional e cultural dos grupos envolvidos na coleta e consumo

Unidades familiares de produccedilatildeo rural em diversas regiotildees do paiacutes praticam a

extraccedilatildeo de PFNMs como fonte de renda alternativa e de absorccedilatildeo de matildeo de obra familiar

Na maioria dos casos esta atividade se realiza para complementar a renda do grupo uma

vez que a atividade principal seria a prestaccedilatildeo de serviccedilos a lavoura eou pecuaacuteria No

entanto em determinadas regiotildees como na Amazocircnia onde a exploraccedilatildeo de produtos

florestais eacute uma praacutetica de destacada importacircncia e que consome grande parte da forccedila de

trabalho familiar a agricultura torna-se marginal pelo fato de o cultivo de gratildeos eou

pecuaacuteria ser praticado como uma atividade de subsistecircncia que ocupa pouco tempo dos

membros da famiacutelia

O fato de dispensarem mais tempo para a exploraccedilatildeo de PFNMs e pouco do tempo

restante para as atividades agriacutecolas eou pecuaacuterias natildeo exclui o grupo de estar praticando

agricultura de caraacuteter familiar uma vez que a atividade continua a se fundamentar na

relaccedilatildeo entre propriedade trabalho e famiacutelia Em essecircncia o que identifica determinada

atividade rural como exploraccedilatildeo familiar natildeo eacute a fraccedilatildeo de tempo dedicado a essa ou aquela

tarefa mas a existecircncia da relaccedilatildeo supramencionada

De qualquer maneira a partir do momento que passa a se constituir como uma fonte

de renda a exploraccedilatildeo de PFNMs adquire importacircncia econocircmica para o grupo familiar e

para a regiatildeo onde eacute praticado Justamente quando passa a existir como atividade

econocircmica e consequentemente a se submeter agraves leis do mercado eacute que surgem as

maiores controveacutersias a respeito da sua viabilidade ambiental social e econocircmica

Uma das mais interessantes discussotildees a respeito da viabilidade da exploraccedilatildeo

econocircmica de PFNMs surgiu em torno do modelo sobre a dinacircmica do extrativismo vegetal

proposto por Homma (1993) tendo como base a exploraccedilatildeo da borracha natural naquela

regiatildeo na primeira metade do Seacuteculo XX Como mencionado anteriormente o autor se apoia

na teoria econocircmica neoclaacutessica alegando que em uma economia de mercado a atividade

extrativista estaacute sujeita agrave interferecircncia de diversas variaacuteveis que levam ao seu

desaparecimento inevitaacutevel a meacutedio e longo prazos Uma dessas variaacuteveis eacute a

domesticaccedilatildeo pois amplia as possibilidades de oferta aumenta a produtividade e a

produccedilatildeo e estrangula a economia extrativa Assim o crescimento da demanda e a

incapacidade do setor extrativo em ampliar a capacidade de oferta forccedilam o processo de

domesticaccedilatildeo o aparecimento de substitutos sinteacuteticos e o desaparecimento dessa

atividade Acrescenta que o extrativismo vegetal possui uma base de desenvolvimento

29

bastante fraacutegil que somente se justifica pelo niacutevel de pobreza de quem o explora e do

mercado de matildeo de obra marginal

Para alguns uma das caracteriacutesticas comuns da exploraccedilatildeo de recursos extrativos na

Amazocircnia eacute o fato de estar associada com a agricultura de subsistecircncia e criaccedilatildeo de

animais Dessa forma o extrativismo em que Homma se baseou para propor o seu modelo

somente pode ser encontrado nos lugares mais inacessiacuteveis daquela regiatildeo Portanto o

modelo claacutessico que busca explicar a dinacircmica da exploraccedilatildeo extrativista natildeo se aplicaria a

maioria dos casos de exploraccedilatildeo de produtos florestais (ALLEGRETTI 1994)

Recircgo (1992) afirma que Homma ao conceituar o extrativismo vegetal Amazocircnico

apoiou-se equivocadamente na visatildeo segundo a qual a atividade natildeo passa de uma simples

coleta de recursos e que mesmo a agricultura eou pecuaacuteria que o extrativista pratica nas

suas terras natildeo seria extrativismo mas domesticaccedilatildeo Teacutecnicas de cultivo como sistemas

agroflorestais adensamento da mata com espeacutecies nativas e ilhas de alta produtividade

tambeacutem natildeo integrariam aquele conceito de extrativismo

Ao analisar o modelo de Homma Almeida (1996) aponta duas falhas ali existentes a

primeira eacute que os microfundamentos daquele modelo ou seja a suposiccedilatildeo sobre o

comportamento da unidade familiar natildeo satildeo explicados nem testados A segunda eacute que o

modelo falha ao desconsiderar a dimensatildeo temporal uma vez que um dado sobre uma

praacutetica sustentaacutevel no passado natildeo eacute garantia para o mesmo comportamento no futuro se

os preccedilos e o mercado mudam e os fatores como terra e trabalho tecircm usos alternativos

No que diz respeito ao mercado para produtos extrativistas da Amazocircnia brasileira

Schwartzman (1994) entende que o modelo de Homma descreve uma trajetoacuteria de produtos

extrativistas maiores como a borracha e o cacau poreacutem nem todos seguem as etapas

daquele modelo Determinados processos sociais tecircm reflexos no mercado gerando efeitos

diversos nas trajetoacuterias dos produtos Nesse escopo enquanto uns desaparecem outros

ampliam a sua expressatildeo estabelecendo uma boa base para os sistemas de manejo

sustentaacuteveis da floresta

Em sentido contraacuterio Rai e Uhl (2004) afirmam que a dependecircncia de produtos

extrativistas por parte das comunidades locais pode ser problemaacutetica em razatildeo da

instabilidade de mercado distribuiccedilatildeo irregular do recurso acesso injusto ao recurso

florestal no acircmbito das comunidades rurais e a falta de seguranccedila da posse da terra

Se contrapondo agrave proposta de Homma surge o paradigma da exploraccedilatildeo extrativista

sustentaacutevel defendida por autores como Allegretti (1990 1994) Schwartzman (1989)

Anderson e Ioris (1992) Suas caracteriacutesticas satildeo baseadas no manejo tradicional de

sistemas naturais orientados para o bem-estar das pessoas e para a conservaccedilatildeo da

natureza (ALMEIDA 1996)

30

No entanto foi em torno da discussatildeo sobre a ocupaccedilatildeo sustentaacutevel da Amazocircnia

tendo a criaccedilatildeo de reservas extrativistas como uma das soluccedilotildees possiacuteveis que o debate se

firmou Segundo Homma (1993) o extrativismo vegetal teve relevacircncia no passado daquela

regiatildeo sendo que atualmente natildeo pode servir de modelo de desenvolvimento viaacutevel para a

Amazocircnia Argumenta que estas unidades de conservaccedilatildeo de uso direto na forma como

estatildeo sendo propostas tecircm a funccedilatildeo tatildeo somente de solucionar o problema dos atuais

extratores enquanto existirem

Drummond (1996) mostra-se favoraacutevel agraves reservas extrativistas e admite que o

extrativismo sustentaacutevel de baixa tecnologia pode ser ali adotado desde que em ldquobases

comunitaacuterias ecologicamente sustentaacuteveis e economicamente viaacuteveisrdquo (p 135) Admite

tambeacutem outras formas de exploraccedilatildeo nas reservas extrativistas como o manejo

agroflorestal que entende pode trazer grandes benefiacutecios aos moradores daquelas aacutereas

Argumenta que essa categoria de unidade de conservaccedilatildeo de uso direto somente se tornaraacute

viaacutevel se as comunidades locais que ali habitam adotarem a exploraccedilatildeo de um nuacutemero

variado de bens com o intuito de aproveitamento dos ciclos natildeo coincidentes de reproduccedilatildeo

natural desses bens e de oportunidades comerciais que natildeo sejam apenas sazonais e

desde que a coletividade que as explora consiga ligar as atividades de exploraccedilatildeo de bens

agraves atividades industriais comerciais e de serviccedilos

Considera desejaacuteveis as reservas extrativistas pelos seguintes aspectos (a) esse

setor extrativo cultural e politicamente saudaacutevel permitiraacute a sobrevivecircncia e a cidadania

plena de grupos tradicionais da populaccedilatildeo amazocircnica (b) representam um importante

avanccedilo para a causa de uma reforma agraacuteria democraacutetica (c) representam uma forma mais

leve de pressatildeo sobre as unidades de conservaccedilatildeo e (d) o modo extrativo de produccedilatildeo

pode ser a atividade mais racional para explorar determinadas terras florestadas

amazocircnicas

Apesar de concordar que a viabilidade econocircmica do extrativismo eacute duvidosa

considerando o seu desempenho histoacuterico Anderson (1994) argumenta que se levando em

conta o fraco desempenho econocircmico de atividades agropecuaacuterias na Amazocircnia os custos

ambientais associados e a persistecircncia dessa praacutetica entre milhotildees de habitantes da regiatildeo

a viabilidade econocircmica do extrativismo parece ser mais promissora Para o autor essas

criacuteticas contra a viabilidade econocircmica do extrativismo natildeo levam em conta o desempenho

econocircmico de outros usos da terra na Amazocircnia e por serem baseados numa anaacutelise

histoacuterica natildeo consideram as recentes mudanccedilas sociais que poderiam melhorar a eficiecircncia

das economias baseadas no manejo de PFNMs Adverte que as criacuteticas tambeacutem natildeo levam

em conta que o extrativismo representa uma opccedilatildeo econocircmica para centenas de milhares

de pessoas que residem na zona rural amazocircnica e que os baixos riscos e investimentos

31

associados com a coleta de produtos silvestres tornam essa atividade uma opccedilatildeo essencial

para a populaccedilatildeo de baixa renda

Embora tente explicar a dinacircmica do extrativismo o modelo proposto por Homma natildeo

tem aplicaccedilatildeo para a exploraccedilatildeo dos PFNMs do Cerrado Particularmente porque apresenta

como pressuposto o extrativismo vegetal da borracha que predominou na Amazocircnia no

passado tendo como principal caracteriacutestica o capital foracircneo e o latifuacutendio (RUEDA 1995)

aleacutem das relaccedilotildees de trabalho estabelecidas sob viacutenculos de subordinaccedilatildeo entre o

seringueiro e o seringalista que o impedia de cultivar sua proacutepria roccedila para que o seu

tempo fosse integralmente dedicado agrave sangria O contexto eacute bastante diverso daquele

encontrado no Cerrado cujas atividades de exploraccedilatildeo de PFNMs acontecem sob outras

bases econocircmicas e sociais

Os grupos sociais rurais que habitam a Regiatildeo do Planalto Central tecircm na coleta de

componentes da biodiversidade uma atividade de complementaccedilatildeo de renda familiar natildeo se

constituindo como sua atividade principal Normalmente datildeo preferecircncia agrave agricultura eou

pecuaacuteria eou atividades natildeo agriacutecolas ndash como a venda de trabalho para vizinhos

Contrariamente ao extrativismo da borracha natural que tomava todo o tempo do seringueiro

natildeo permitindo que se dedicasse a outra atividade o agricultor-coletor de produtos naturais

do Cerrado tem a autonomia de escolher qual atividade se dedicar para a sua reproduccedilatildeo

econocircmica e social

No que diz respeito agrave comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo autocircnomas as famiacutelias que

se ocupam da exploraccedilatildeo de PFNMs no Cerrado suas relaccedilotildees com o comprador satildeo

constituiacutedas em bases que natildeo geram viacutenculos de subordinaccedilatildeo Ademais natildeo dependem

de capital externo para a atividade de coleta fazendo uso da sua proacutepria forccedila de trabalho

para essa operaccedilatildeo

Para o agricultor familiar da Regiatildeo dos Cerrados a extraccedilatildeo de espeacutecies vegetais

costuma ocupar uma posiccedilatildeo de complementaridade de renda A relaccedilatildeo desse agricultor

com a biodiversidade do Cerrado eacute antiga Auguste de Saint-Hilaire naturalista francecircs na

sua obra intitulada ldquoViagem agrave Proviacutencia de Goiaacutesrdquo em 1819 registrou o uso do pequi

(Caryocar brasiliense Cambess) pela populaccedilatildeo local (SAINT-HILAIRE 1975) O quiacutemico

alematildeo Wilhelm Michler radicado no Brasil e falecido em 1889 jaacute relatava o uso do fruto do

tingui (Magonia pubescens St Hil) uma espeacutecie do Cerrado para a fabricaccedilatildeo de sabatildeo

(SANTOS et al 2000)

Para explicar a opccedilatildeo do agricultor da regiatildeo do Cerrado pela exploraccedilatildeo da

biodiversidade local Oliveira e Duarte (2008) admitem que aspectos climaacuteticos tais como a

ausecircncia ou escassez de chuvas durante determinado periacuteodo do ano pode ter levado o

sertanejo a desenvolver um sistema segundo o qual o risco inerente agrave produccedilatildeo agriacutecola

32

poderia ser amenizado pelo uso de espeacutecies nativas Argumentam que nesta regiatildeo os

processos migratoacuterios ecircxodo rural urbanizaccedilatildeo e a proacutepria diferenciaccedilatildeo da agricultura

familiar com sua inserccedilatildeo ao mercado contribuiacuteram para a transformaccedilatildeo de alguns

produtos pertencentes ao universo familiar regional em mercadorias (como guariroba e

pequi) abrindo novas possibilidades para o seu uso

Unidades familiares em todo o mundo podem ter parte da sua renda composta pela

exploraccedilatildeo de PFNMs Esses produtos satildeo importantes para os grupos empobrecidos

dentro de comunidades rurais Geralmente satildeo levados ao mercado na forma de mateacuteria

prima e de alimentos tanto para populaccedilotildees urbanas quanto para os habitantes das zonas

rurais (ARNOLD 1996)

Analisando a contribuiccedilatildeo da extraccedilatildeo do babaccedilu para a renda de populaccedilotildees rurais

empobrecidas no Nordeste do Brasil Hecht et al (1988) concluiacuteram que esta atividade eacute

aproximadamente equivalente agrave renda obtida com a venda de forccedila de trabalho e com a

praacutetica da agricultura destacando a sua importacircncia para a sobrevivecircncia destas

comunidades Ao estudarem a ldquoproduccedilatildeo invisiacutevelrdquo em um assentamento agroextrativista no

Municiacutepio de Nova Ipixuna Paraacute Menezes et al (2001) concluiacuteram que a renda proveniente

da comercializaccedilatildeo de produtos do extrativismo vegetal (incluindo produccedilatildeo de madeira)

alcanccedila o percentual de 265 da renda total mensal familiar enquanto a produccedilatildeo

autoconsumida de produtos do extrativismo vegetal (produccedilatildeo invisiacutevel) eacute responsaacutevel por

193 da renda total mensal dessas mesmas famiacutelias Em um projeto de assentamento no

Municiacutepio de Acrelacircndia no Estado do Acre a participaccedilatildeo do extrativismo (incluindo

madeira) na composiccedilatildeo da renda das famiacutelias foi de 289 (FRANCO ESTEVES 2008)

De acordo com os dados acima a renda familiar proveniente da extraccedilatildeo de PFNMs varia

enormemente dependendo da relaccedilatildeo da comunidade com o seu ambiente e das condiccedilotildees

de mercado para os produtos explorados No entanto o que chama a atenccedilatildeo eacute que a

exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute uma atividade natildeo agriacutecola presente em

grande nuacutemero de comunidades rurais no Brasil tanto para autoconsumo quanto para

produccedilatildeo de excedentes comercializaacuteveis

A combinaccedilatildeo de atividades agriacutecolas com atividades natildeo agriacutecolas por uma mesma

unidade familiar acompanhou o desenvolvimento da agricultura Esse fenocircmeno somente

recentemente comeccedilou a ser objeto de anaacutelise por parte de estudiosos das condiccedilotildees de

produccedilatildeo agriacutecola com base no trabalho familiar particularmente em razatildeo do aumento das

atividades natildeo agriacutecolas no meio rural e a crise da reproduccedilatildeo da agricultura de base

familiar (CARNEIRO 2006) Na tentativa de sistematizar os estudos acerca do assunto

ainda na deacutecada de 1970 cientistas sociais europeus cunharam o termo pluriatividade para

explicar o fenocircmeno por meio do qual membros da famiacutelia que habitam o meio rural optam

33

pelo exerciacutecio de diferentes atividades natildeo agriacutecolas mantendo a moradia no campo e uma

ligaccedilatildeo com a agricultura e a vida no espaccedilo rural (SCHNEIDER 2003)

Essa noccedilatildeo de pluriatividade pode ser considerada como a mais adequada para a

anaacutelise da estrateacutegia de diversificaccedilatildeo das atividades e das fontes de renda das unidades

familiares rurais no Brasil

Para Carneiro (2006) a pluriatividade adquiriu relevacircncia no paiacutes na caracterizaccedilatildeo de

fenocircmenos socioeconocircmicos associados agraves dinacircmicas por que passava o meio rural

identificadas por estudiosos como sendo o ldquonovo ruralrdquo (SILVA 1999) Contudo deve-se ter

em conta que apesar de ser bastante antiga a combinaccedilatildeo de atividades agriacutecolas e natildeo

agriacutecolas numa mesma propriedade rural o termo pluriatividade estaacute relacionado com as

transformaccedilotildees ocorridas recentemente na agricultura brasileira natildeo somente com a

modernizaccedilatildeo dessa agricultura mas tambeacutem na busca de alternativas de emprego ou

ocupaccedilatildeo provenientes do estreitamento das relaccedilotildees campo-cidade (CARNEIRO 2006)

Anjos (2001) considera de fundamental importacircncia a busca pelo real significado do

termo diferenciando-o das transformaccedilotildees gerais que perpassam as sociedades atuais

Entende que a pluriatividade acha-se inextrincavelmente vinculada agrave noccedilatildeo de agricultura

familiar e que emerge como uma estrateacutegia de resistecircncia e adaptaccedilatildeo desse modo de

fazer agricultura diante das transformaccedilotildees que se realizam tanto no seu interior como na

realidade em que se acha inserida

A pluriatividade natildeo pode ser generalizada como um fenocircmeno comum a todas as

composiccedilotildees de atividades agriacutecolas e natildeo agriacutecolas pois depende de outras caracteriacutesticas

que venham a diferenciaacute-la No universo dos grupos sociais envolvidos com a exploraccedilatildeo de

PFNMs podem ser encontradas tanto famiacutelias rurais como urbanas Muitas famiacutelias urbanas

desenvolvem essa atividade para fins de complementaccedilatildeo de renda Falta a essas famiacutelias

no entanto uma caracteriacutestica-chave para serem classificadas como pluriativas a

vinculaccedilatildeo agrave noccedilatildeo de agricultura familiar conforme ensina Anjos (2001) Mesmo as famiacutelias

rurais para que sejam categorizadas como pluriativas devem ter a composiccedilatildeo de sua

renda muito bem analisada em razatildeo da complexidade do fenocircmeno (ANJOS 2001)

A anaacutelise do fenocircmeno da pluriatividade no Brasil e em outros paiacuteses busca a

compreensatildeo das estrateacutegias de reproduccedilatildeo social e econocircmica das famiacutelias rurais

(SCHNEIDER 2003) Permite explicar o exerciacutecio de atividades natildeo agriacutecolas na unidade

de produccedilatildeo (FULLER 1990) No entanto de que forma a famiacutelia rural opta por acrescentar

as suas atividades agriacutecolas aquelas categorizadas como natildeo agriacutecolas pode ser explicado

pela claacutessica hipoacutetese chayanoviana do balanccedilo trabalho-consumo segundo a qual esta

escolha seraacute determinada pelo equiliacutebrio entre a satisfaccedilatildeo da demanda familiar e a proacutepria

penosidade do trabalho Ou seja enquanto a famiacutelia natildeo atingir o equiliacutebrio entre esses dois

34

elementos (enquanto a penosidade do trabalho for subjetivamente avaliada como inferior agrave

importacircncia das necessidades que o trabalho suportado satisfaz) teraacute todo o tipo de motivo

para prosseguir em sua atividade econocircmica Quando atinge esse ponto de equiliacutebrio natildeo

teraacute interesse em continuar trabalhando uma vez que todo dispecircndio adicional de trabalho

torna-se mais difiacutecil de suportar do que a renuacutencia aos seus efeitos econocircmicos

(CHAYANOV1981)

A economia neoclaacutessica apesar de ter como base teoacuterica conceitos derivados da

sociedade capitalista propocircs modelos explicativos sobre o comportamento da economia

camponesa Abramovay (2007) aponta trecircs modelos (entre os vaacuterios jaacute propostos para

explicar a questatildeo) que poderiam ser considerados os mais significativos para explicar a

racionalidade econocircmica do camponecircs Primeiramente o de Schultz (1965) segundo o qual

o agricultor tradicional no que se refere agrave racionalidade econocircmica se conduz de maneira

equivalente a empresas modernas Fazendo uma abstraccedilatildeo do conteuacutedo cultural e ateacute

psicoloacutegico que envolve a accedilatildeo do agricultor tradicional o seu resultado se traduz em uma

conduta de maximizaccedilatildeo de lucros De acordo com o modelo proposto por Lipton (1968) o

agricultor tradicional eacute um maximizador de oportunidades de sobrevivecircncia lutando contra

um ambiente ecoloacutegico (oscilaccedilotildees climaacuteticas) e social hostis agrave sua sobrevivecircncia Natildeo

optam pela maximizaccedilatildeo de lucros em situaccedilotildees favoraacuteveis caso vislumbrem riscos de

perdas que levem a uma reduccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola aqueacutem da subsistecircncia Assim seu

comportamento econocircmico eacute avesso aos riscos Jaacute no modelo proposto por Mellor (1963)

Sen (1966) e Nakagima (1969) a relaccedilatildeo entre as necessidades de consumo familiar e o

trabalho necessaacuterio para que estas necessidades sejam atingidas eacute a base para o

estabelecimento de um equiliacutebrio microeconocircmico em torno do qual o campesinato se

define Nesses termos o equiliacutebrio econocircmico do grupo familiar eacute definido em termos

subjetivos ou seja satildeo fatores internos que determinaratildeo seu desempenho produtivo

Nesse escopo a racionalidade econocircmica eacute uma suposiccedilatildeo que pode ser explorada ou natildeo

pelo camponecircs (SEN 1966)

Abramovay (2007) no entanto aponta que essa racionalidade econocircmica proposta

pelos neoclaacutessicos eacute incompleta pelo fato do ambiente social do camponecircs admitir que

outros criteacuterios de relaccedilotildees humanas que natildeo o econocircmico sejam organizadores da sua

vida Assegura que aqueles fatores internos que os neoclaacutessicos dizem afetar o

comportamento econocircmico camponecircs soacute podem ocorrer em um ambiente social cultural e

econocircmico especiacutefico (ABRAMOVAY 2007) Para Anjos (2001) esta racionalidade

camponesa sofre o impacto do ambiente externo estando exposta tanto agraves oscilaccedilotildees nos

preccedilos dos produtos agriacutecolas e dos insumos utilizados na produccedilatildeo agropecuaacuteria quanto agrave

35

existecircncia de um mercado de trabalho que incorpore a forccedila de trabalho presente nestes

estabelecimentos rurais

Nesse raciociacutenio apesar da sociedade camponesa estar organizada em torno de

coacutedigos sociais proacuteprios ela se relaciona com o mundo exterior por meio de viacutenculos

econocircmicos resultantes da venda de mercadorias ficando exposto agraves forccedilas de mercado

Poreacutem o camponecircs possui certa flexibilidade em suas relaccedilotildees com o mercado porque

pode frequentemente se retirar sem comprometer a sua reproduccedilatildeo social Ao perceber que

o mercado natildeo lhe eacute propiacutecio retira-se pois o seu objetivo central eacute a alimentaccedilatildeo da

famiacutelia Por outro lado sua capacidade de sobreviver no interior das sociedades capitalistas

eacute precaacuteria O mercado substitui os coacutedigos que orientam a vida camponesa e solapa sua

possibilidade de reproduccedilatildeo social (ABRAMOVAY 2007)

Para alguns teoacutericos como Abramovay (2007) com as transformaccedilotildees econocircmicas no

campo surge principalmente nos paiacuteses capitalistas centrais uma nova categoria social

mais integrada ao mercado que natildeo soacute muda suas bases teacutecnicas mas tambeacutem o ciacuterculo

social em que se reproduzem ldquode camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (p

137) Esta forma de produccedilatildeo caracteriza-se por ser baseada na famiacutelia ldquointeiramente

despojada de seus traccedilos camponeses ancestraisrdquo (p 141)

No Brasil natildeo foram poucos os estudiosos que buscaram uma explicaccedilatildeo sobre a

constituiccedilatildeo da agricultura familiar no paiacutes Wanderley (1999) parte do princiacutepio que a

agricultura familiar eacute um conceito geneacuterico que incorpora uma diversidade de situaccedilotildees

especiacuteficas e particulares sendo que ao campesinato corresponde uma destas formas

particulares da agricultura familiar Igualmente esclarece que a agricultura familiar que se

reproduz nas sociedades modernas tende a adaptar-se a um contexto socioeconocircmico

proacuteprio destas sociedades fazendo-o mediante modificaccedilotildees importantes em sua forma de

produzir e em sua vida social tradicionais Estas transformaccedilotildees natildeo produzem uma ruptura

total e definitiva com as formas ldquoanterioresrdquo faz surgir um agricultor portador de uma

tradiccedilatildeo camponesa que lhe permite adaptar-se agraves novas exigecircncias impostas pela

sociedade

Este agricultor atual que lanccedila matildeo da exploraccedilatildeo de PFNMs como forma de

melhorar a renda familiar depara-se com diversos obstaacuteculos ao longo da cadeia produtiva

de bens gerados a partir da biodiversidade Esses obstaacuteculos surgem ainda na fase de

coleta e se multiplicam ateacute o momento da comercializaccedilatildeo Mesmo a agregaccedilatildeo de valor

natildeo lhe traraacute garantias de sucesso nestas etapas pois ao decidir enfrentar o mercado iraacute se

expor aos impactos sociais econocircmicos e culturais do ambiente externo e agraves implacaacuteveis

forccedilas que o sistema econocircmico impotildee

36

Aleacutem dos obstaacuteculos estruturais que enfrenta diariamente tais como a falta de

serviccedilos puacuteblicos baacutesicos (sauacutede e educaccedilatildeo) ausecircncia de infraestrutura (eletricidade

estradas e comunicaccedilatildeo) o agricultor familiar no Brasil que participa da cadeia produtiva de

produtos da biodiversidade tambeacutem enfrenta dificuldades para atender ao que dispotildee o

marco regulatoacuterio sanitaacuterio ambiental e fiscaltributaacuterio incidentes sobre as etapas dessa

cadeia mais especificamente pelo fato de impor procedimentos de difiacutecil operacionalizaccedilatildeo

Esse conjunto de etapas conta com a participaccedilatildeo de outros atores intermediaacuterios

pequenos e grandes empresaacuterios consumidores que tambeacutem encontram obstaacuteculos mas

dispotildeem de melhores condiccedilotildees para superaacute-los Poreacutem normalmente o que predomina ao

longo desta cadeia eacute uma desigualdade de poder caracteriacutestica dos mercados imperfeitos

onde o coletorprodutor tende a ser o elo mais fraacutegil

Esse capiacutetulo nos traz subsiacutedios para apoiar a ideia que a exploraccedilatildeo do fruto do baru

no Cerrado Goiano natildeo se enquadra nos modelos descritos por Homma Drummond e Recircgo

para explicar o uso de PFNMs na Amazocircnia A exploraccedilatildeo do baru possui caracteriacutesticas

que a torna uma atividade diferenciada a) eacute uma atividade de coleta que faz parte da

estrateacutegia do agricultor para aumentar a sua renda familiar desenvolvendo paralelamente a

agricultura a pecuaacuteria e serviccedilos natildeo agriacutecolas b) grande parte dos frutos eacute coletada em

propriedades particulares de terceiros c) o manejo do baru natildeo estaacute baseado em

conhecimentos tradicionais e saberes elaborados ao longo do tempo com base na interaccedilatildeo

entre o homem e os elementos naturais e transferidos por geraccedilotildees d) trata-se da

exploraccedilatildeo comercial de frutos silvestres adotando-se praacuteticas miacutenimas de manejo com o

objetivo de diminuir o impacto sobre a espeacutecie e) o agricultor comercializa a amecircndoa

diretamente com o processador ou o consumidor sem necessidade de intermediaacuterio f) os

mercados de consumo da amecircndoa satildeo proacuteximos o que permite o deslocamento raacutepido e

com baixos custos para o agricultor e g) eacute uma atividade que pode ser mais bem explicada

pelo fenocircmeno da pluriatividade

37

3 LEGISLACcedilAtildeO

No Brasil sempre que ocorrem agressotildees em larga escala agraves florestas seja agrave

Amazocircnica ou a outras existentes em territoacuterio nacional pensa-se na exploraccedilatildeo de

produtos florestais natildeo madeireiros (PFNMs) como uma alternativa para se manter a floresta

ldquoem peacuterdquo No entanto passado aquele momento de comoccedilatildeo o assunto eacute relegado ao

esquecimento e pouca atenccedilatildeo eacute dada para a ordenaccedilatildeo da exploraccedilatildeo desses produtos

Apesar da importacircncia secundaacuteria dos natildeo madeireiros nas poliacuteticas puacuteblicas voltadas

para o uso da terra no Brasil eacute incontestaacutevel a sua contribuiccedilatildeo para a economia domeacutestica

desde que os portugueses aqui chegaram em abril de 1500 Quando as caravelas de Pedro

Aacutelvares Cabral aportaram na costa baiana os indiacutegenas jaacute retiravam da floresta produtos

para a sua alimentaccedilatildeo para tratar as suas doenccedilas para a construccedilatildeo das suas casas e

para a fabricaccedilatildeo dos seus utensiacutelios e armas Foi e continua sendo uma atividade que estaacute

arraigada na cultura e tradiccedilatildeo desses povos O contato do iacutendio com o europeu e o africano

favoreceu a assimilaccedilatildeo dessas formas de utilizaccedilatildeo dos produtos florestais por parte dos

primeiros habitantes do paiacutes Ainda hoje boa parte da populaccedilatildeo brasileira seja rural ou

urbana consome produtos vegetais provenientes das nossas matas

O uso de natildeo madeireiros para subsistecircncia eacute uma realidade incontestaacutevel no dia-a-

dia das comunidades rurais Natildeo se pode ignorar que a comercializaccedilatildeo desses produtos

movimenta um significativo mercado no interior do paiacutes apesar de ser categorizada pelos

economistas como uma fraccedilatildeo da denominada ldquoeconomia informalrdquo Milhares de famiacutelias

compotildeem a sua renda com folhas flores frutos raiacutezes cascas ceras oacuteleos etc extraiacutedas

da natureza e vendidas in natura em pequenas feiras locais para comerciantes ou mesmo

para o consumidor

As estatiacutesticas sobre esses produtos natildeo refletem a realidade encontrada no interior

do paiacutes A pesquisa sobre a Produccedilatildeo da Extraccedilatildeo Vegetal e da Silvicultura (PEVS)

realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) com o

objetivo de fornecer informaccedilotildees sobre a quantidade e o valor dos principais produtos

obtidos por meio do processo de exploraccedilatildeo dos recursos florestais nativos (IBGE 2010)

elenca vaacuterios produtos no entanto enumera somente uma pequena parcela daqueles que

efetivamente satildeo consumidos pela populaccedilatildeo

O PEVS natildeo traz a estatiacutestica do consumo de espeacutecies do Cerrado como o baru

(Dipteryx alata Vog) a guariroba (Syagrus oleracea Becc) a cagaita (Eugenia dysenterica

DC) e o araticum (Annona sp) largamente utilizadas pelas populaccedilotildees que residem nesse

Bioma Nem mesmo espeacutecies de destacada importacircncia terapecircutica como a faveira ou fava

drsquoanta (Dimorphandra mollis Benth) e a mama-cadela (Brosimum gaudichaudii Trec)

utilizadas pela induacutestria farmacecircutica nacional aparecem nos bancos de dados do IBGE A

38

faveira eacute utilizada para a extraccedilatildeo da rutina bioflavonoacuteide que entra na composiccedilatildeo de

medicamentos promotores do fortalecimento capilar de fortalecedores da estrutura da

parede dos vasos sanguiacuteneos e que satildeo muito usados no tratamento e prevenccedilatildeo de

pequenas varizes (SANTOS et al 2006) O Brasil tem a maior reserva de barbatimatildeo do

mundo e produz 1300 toneladas de rutina por ano ndash 62 do mercado mundial (REVISTA

EacutePOCA 1998) Jaacute a mama-cadela possui compostos furocumariacutenicos que satildeo aplicados no

tratamento do vitiligo Laboratoacuterios brasileiros jaacute produzem pomadas e cremes agrave base

desses princiacutepios ativos (ROSA 2009)

Apesar das evidecircncias de que o mercado de natildeo madeireiros eacute bem maior do que as

estatiacutesticas oficiais demonstram o paiacutes natildeo conta ainda com um conjunto de normas

voltadas exclusivamente para a regulamentaccedilatildeo da sua exploraccedilatildeo A legislaccedilatildeo ambiental

existente somente regula a exploraccedilatildeo de PFNM em Reserva Legal Para a exploraccedilatildeo fora

dessas aacutereas ainda natildeo foram estabelecidas normas

Assim na ausecircncia de legislaccedilatildeo especiacutefica vale o que o Coacutedigo Florestal determina

no seu art 19 ou seja que a exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras em territoacuterio

nacional depende de preacutevia aprovaccedilatildeo pelo oacutergatildeo estadual competente do Sistema

Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e da adoccedilatildeo de teacutecnicas de conduccedilatildeo exploraccedilatildeo e

manejo compatiacuteveis com o ecossistema em que estaacute inserida

De acordo com esse dispositivo o agricultor ou empresa que deseja explorar

comercialmente um natildeo madeireiro deveraacute apresentar um plano de manejo florestal

sustentaacutevel aleacutem de ter que atender a um emaranhado de normas sanitaacuterias fiscais e

tributaacuterias provenientes de todos os niacuteveis de organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativo da

Repuacuteblica (Uniatildeo Estados Distrito Federal e Municiacutepios) e que se encontram dispersas por

vaacuterios oacutergatildeos e instituiccedilotildees reguladoras pertencentes a setores diferentes do poder puacuteblico

Satildeo regras sobre as quais o extrativista pouco ou nada conhece e que muitas vezes

apresentam conflitos entre si Determinam um significativo nuacutemero de procedimentos que o

interessado deve atender para natildeo ser punido administrativo eou penalmente Cumprir o

que determina toda essa legislaccedilatildeo requer cuidados e ajuda teacutecnica especializada Aleacutem do

mais costumam ser inadequadas pois natildeo conseguem atender agrave diversidade ambiental

social e cultural do paiacutes

As empresas por possuiacuterem mais recursos encontram mais facilidade para se

regularizarem junto ao oacutergatildeo puacuteblico responsaacutevel pela gestatildeo do produto Jaacute as famiacutelias

com baixo poder aquisitivo e que corresponde agrave grande maioria daqueles que exploram a

biodiversidade no Brasil enfrentam grandes dificuldades para atender aos requisitos legais

para viabilizaccedilatildeo da sua atividade seja ela constituiacuteda em base individual ou

cooperativistaassociativista

39

Para Carvalheiro et al (2008) o marco regulatoacuterio nacional sobre o assunto eacute extenso

e ineficiente Extenso porque conta com um nuacutemero expressivo de normas geneacutericas que

natildeo atendem agraves especificidades da atividade e ineficiente porque natildeo leva em consideraccedilatildeo

as condiccedilotildees naturais em que o recurso subsiste e nem as caracteriacutesticas dos grupos

humanos que o exploram Aleacutem da legislaccedilatildeo ambiental sanitaacuteria tributaacuteria fiscal

trabalhista e fundiaacuteria o empreendedor iraacute se deparar com uma grande diversidade de

normas de status variado e cuja competecircncia eacute distribuiacuteda por vaacuterios oacutergatildeos puacuteblicos

(federais estaduais e municipais) tornando a tarefa de licenciamento da atividade de

exploraccedilatildeo de PFNMs um verdadeiro caminho para o calvaacuterio

Essa legislaccedilatildeo obedece a um complexo sistema hieraacuterquico indo de regras que se

encontram no veacutertice do sistema normativo (normas constitucionais) ateacute aquelas

consideradas infraconstitucionais a exemplo das leis decretos resoluccedilotildees de oacutergatildeos

colegiados portarias instruccedilotildees normativas e normas de execuccedilatildeo

Outro aspecto dessas normas que regulamentam a utilizaccedilatildeo de produtos florestais

natildeo madeireiros no Brasil eacute que muitas satildeo geneacutericas natildeo observando as particularidades

das espeacutecies exploradas ou apresentam lacunas que causam duacutevidas quanto a sua

aplicaccedilatildeo A legislaccedilatildeo destinada ao manejo de espeacutecies vegetais que ocorrem na Floresta

Amazocircnica eacute a mesma que regula a exploraccedilatildeo de espeacutecies nativas do Cerrado bioma com

aspectos fiacutesicos sociais e econocircmicos proacuteprios Mesmo no Cerrado as espeacutecies florestais

que ocorrem na Floresta Ombroacutefila Densa e as que ocorrem no Cerrado Sentido Restrito

tecircm caracteriacutesticas que requerem o desenvolvimento de teacutecnicas diferenciadas para o seu

manejo

Na opiniatildeo de Gonccedilalves e Alves (2003) apesar de tecnicamente avanccedilada a

legislaccedilatildeo ambiental brasileira natildeo tem garantido o desenvolvimento sustentaacutevel de

determinados setores produtivos nacionais principalmente quanto aos aspectos sociais e

ambientais da sustentabilidade Esse impasse conduz a duas hipoacuteteses ou a legislaccedilatildeo

ambiental natildeo eacute tatildeo avanccedilada quanto se espera apresentando portanto falhas na sua

especificidade e aplicabilidade ou o problema estaacute no natildeo cumprimento agrave legislaccedilatildeo

evidenciando um quadro de abusos impunidade incompetecircncia do Estado e ateacute mesmo de

corrupccedilatildeo dos organismos competentes

Este capiacutetulo aborda as principais normas que incidem sobre a atividade de

exploraccedilatildeo e processamento de PFNMs em acircmbito federal e no Estado de Goiaacutes quais

sejam ambientais sanitaacuterias e fiscaistributaacuterias Embora a legislaccedilatildeo seja fundamental

para ordenar as atividades econocircmicas do paiacutes em algumas circunstacircncias pode figurar

como obstaacuteculo particularmente quando natildeo sintonizada com a realidade das praacuteticas que

pretende regular ou mesmo apresentando lacunas que tornam a sua aplicaccedilatildeo incerta

40

Portanto eacute necessaacuteria uma anaacutelise do marco regulatoacuterio nacional sobre o uso de

componentes da biodiversidade para que se possa compreender as dificuldades que o

agricultor familiar enfrenta ao tentar legalizar a sua atividade de exploraccedilatildeo de natildeo

madeireiros junto aos oacutergatildeos puacuteblicos Tratando-se de pessoas que normalmente possuem

baixo niacutevel de escolaridade e pouco acesso agrave informaccedilatildeo o fiel cumprimento dessa

legislaccedilatildeo em todos os niacuteveis de governo e proveniente dos mais diversos setores do Poder

Puacuteblico eacute praticamente impossiacutevel

31 LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL APLICADA AO USO SUSTENTAacuteVEL DE PFNMs

A noccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel aparece nos princiacutepios fundamentais que

regem o Direito Ambiental Segundo Milareacute (1998) o direito ao desenvolvimento sustentaacutevel

deve ser considerado como fundamento ou alicerce do Direito Ambiental podendo ser

definido como ldquoo direito do ser humano de desenvolver-se e realizar as suas

potencialidades quer individual quer socialmente e o dever de assegurar aos seus poacutesteros

as mesmas condiccedilotildees favoraacuteveisrdquo (p 146)

O direito de desenvolver-se natildeo incorpora somente o sentido de acumulaccedilatildeo de bens

econocircmicos mas vai muito aleacutem estando relacionado com a melhoria da qualidade de vida

das populaccedilotildees humanas em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo de um ambiente mais saudaacutevel

Em alguns casos a melhoria da qualidade de vida dos habitantes de uma determinada

aacuterea passa pelo uso dos bens que integram o meio ambiente Nesse escopo o Direito

Ambiental tem o importante papel de estabelecer normas que apontem a forma e a

razoabilidade dessa exploraccedilatildeo negando o seu uso quando a utilizaccedilatildeo natildeo for razoaacutevel ou

necessaacuteria (MACHADO 2003)

O Direito Ambiental Brasileiro estabelece um conjunto de princiacutepios normas e

procedimentos tendo como base a nossa proacutepria Constituiccedilatildeo Federal visando agrave gestatildeo

dos bens que integram o meio ambiente de modo a conservaacute-los e garantir o seu acesso

equitativo para que venham a atender agraves necessidades do presente sem comprometer as

necessidades das geraccedilotildees futuras

311 Constituiccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal (CF) de 1988 considerada a pedra angular do nosso

ordenamento juriacutedico traz no caput do Art 225 o comando segundo o qual o meio ambiente

ecologicamente equilibrado eacute um direito de todos e um bem de uso essencial agrave sadia

qualidade de vida dos brasileiros No plano estritamente juriacutedico a natureza desse bem tem

servido de municcedilatildeo para muita discussatildeo entre juristas comeccedilando pela sua natureza

Embora o Coacutedigo Civil (CC) entenda ser o bem de uso comum do povo um tipo de bem

puacuteblico alguns juristas natildeo entendem dessa maneira Diferentemente entendem ser um

41

bem que natildeo pode ser incluiacutedo entre aqueles pertencentes a uma pessoa juriacutedica de direito

puacuteblico mas sendo integrado por bens pertencentes a diversas pessoas de direito quer

sejam naturais ou juriacutedicas puacuteblicas ou privadas (ANTUNES 1992) Portanto eacute um bem de

interesse puacuteblico pertencente a todos e a ningueacutem individualmente nem mesmo ao Estado

Patrimocircnio ambiental e patrimocircnio puacuteblico natildeo se confundem O meio ambiente natildeo eacute

propriedade estatal (DECASTRO 2004)

Na segunda parte do dispositivo constitucional acima mencionado destacamos o

cuidado do legislador brasileiro ao estabelecer ser dever do Poder Puacuteblico e da coletividade

defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras geraccedilotildees Essa ideia da

sustentabilidade intra e intergeracional foi inicialmente defendida pelo documento intitulado

Nosso Futuro Comum7 Ali o desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como sendo aquele

que atende agraves necessidades das geraccedilotildees atuais sem comprometer as necessidades das

geraccedilotildees futuras

Para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado o constituinte

de 1988 foi ainda mais preciso delegando exclusivamente ao Poder Puacuteblico a incumbecircncia

de ldquopreservar e restaurar os processos ecoloacutegicos essenciais e prover o manejo ecoloacutegico

das espeacutecies e ecossistemasrdquo (Art 225 sect1deg I) Assim zelar pelo manejo ecoloacutegico das

nossas florestas natildeo eacute uma faculdade mas uma obrigaccedilatildeo indeclinaacutevel do Poder Puacuteblico

Qualquer que seja a destinaccedilatildeo dada aos recursos naturais deveraacute seguir orientaccedilatildeo

contida no marco regulatoacuterio nacional

312 Legislaccedilatildeo Federal

3121 Manejo Florestal

Na hierarquia das leis ambientais brasileiras podemos afianccedilar que o Coacutedigo Florestal8

e legislaccedilatildeo correlata ocupam uma posiccedilatildeo de destaque pelo fato de serem normas

orientadoras da conservaccedilatildeo e uso das florestas existentes em territoacuterio nacional Nos seus

50 artigos legisla sobre a conservaccedilatildeo das florestas nativas e seu uso sustentaacutevel

estabelece os limites das Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente e de Reserva Legal nas

propriedades rurais aleacutem de fixar sanccedilotildees penais para aqueles que destroem ou danificam

as florestas

Em seus artigos iniciais o Coacutedigo Florestal estabelece a natureza juriacutedica das

florestas existentes no territoacuterio nacional qualificando-as como um bem de interesse comum

do povo brasileiro Eacute o que prescreve o Art 1deg

7 Esse documento tambeacutem conhecido como Relatoacuterio Brundtland foi elaborado pela Comissatildeo Mundial sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento e publicado no ano de 1987 A iacutentegra desse documento pode ser encontrada

no seguinte endereccedilo eletrocircnico lthttpwwwun-documentsnetwced-ocfhtmgt 8 Lei nordm 44751965

42

As florestas existentes no territoacuterio nacional e as demais formas de

vegetaccedilatildeo reconhecidas de utilidade agraves terras que revestem satildeo bens de

interesse comum a todos os habitantes do Paiacutes exercendo-se os direitos de

propriedade com as limitaccedilotildees que a legislaccedilatildeo em geral e especialmente

esta Lei estabelecem

No entendimento de Machado (2003) esse bem de interesse comum ao povo

brasileiro estabelece um forte viacutenculo com a funccedilatildeo social da propriedade de modo que a

existecircncia ou destruiccedilatildeo dessas florestas pode configurar um atentado agrave funccedilatildeo social e

ecoloacutegica da propriedade passiacutevel de puniccedilatildeo9

Para Ahrens (2003) o Coacutedigo Florestal Brasileiro reflete uma poliacutetica intervencionista

do Estado sobre a propriedade imoacutevel agraacuteria privada Assinala que somente com a

publicaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente10 as florestas nativas do paiacutes passaram a

ser um bem juriacutedico ambiental com um valor intriacutenseco proacuteprio um ldquovalor de existecircnciardquo e

natildeo mais um valor meramente de uso contrariamente ao Coacutedigo Florestal de 193411 que

tinha como propoacutesito maior a proteccedilatildeo dos solos das aacuteguas e a estabilidade do mercado da

madeira no paiacutes

De fato este dispositivo limita o direito de propriedade ao estabelecer que as florestas

e demais formas de vegetaccedilatildeo satildeo bens de interesse comum dos brasileiros Em outras

palavras o proprietaacuterio ainda que nos limites estritos da sua propriedade natildeo tem total e

absoluta disposiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa ali existente sendo obrigado a observar os limites

estabelecidos pelo legislador (BENJAMIN 1998)

A exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras no Brasil somente pode ser feito

mediante autorizaccedilatildeo do Poder Puacuteblico por meio da concessatildeo de licenccedila Esta atribuiccedilatildeo

estaacute em consonacircncia com o que estabelece o Art 19 do Coacutedigo Florestal12

A exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras tanto de domiacutenio puacuteblico

como de domiacutenio privado dependeraacute de preacutevia aprovaccedilatildeo pelo oacutergatildeo

estadual competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente ndash Sisnama

bem como da adoccedilatildeo de teacutecnicas de conduccedilatildeo exploraccedilatildeo reposiccedilatildeo

florestal e manejo compatiacuteveis com os variados ecossistemas que a

cobertura arboacuterea forme

De acordo com esse dispositivo caso o proprietaacuterio queira explorar comercialmente

a madeira nativa existente no seu imoacutevel ou mesmo subprodutos da flora (frutos flores

folhas gomas resinas etc) deveraacute obter autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo do Sistema Nacional de

9 sect1deg Art 1deg Lei nordm 44751965

10 Lei nordm 69381981

11 Decreto nordm 237931934

12 Com redaccedilatildeo dada pelo Art 83 da Lei nordm 112842006

43

Meio Ambiente (Sisnama) mediante a apresentaccedilatildeo de um plano de manejo florestal

sustentaacutevel Eacute o que estabelece o Decreto nordm 59752006

Art 2ordm A exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras sob o regime de

manejo florestal sustentaacutevel tanto de domiacutenio puacuteblico como de domiacutenio

privado dependeraacute de preacutevia aprovaccedilatildeo do Plano de Manejo Florestal

Sustentaacutevel ndash PMFS pelo oacutergatildeo competente do Sistema Nacional do Meio

Ambiente ndash SISNAMA nos termos do art 19 da Lei nordm 4771 de 1965

Aos oacutergatildeos estaduais de meio ambiente tambeacutem foi delegada a competecircncia para

licenciar as unidades de conservaccedilatildeo criadas pelo Estado e a exploraccedilatildeo de florestas

privadas existentes no seu domiacutenio Aos oacutergatildeos municipais de meio ambiente coube o

licenciamento da exploraccedilatildeo de florestas puacuteblicas de domiacutenio do Municiacutepio nas unidades de

conservaccedilatildeo criadas pelo Municiacutepio e nos casos que lhe forem delegados por convecircnio ou

outro instrumento admissiacutevel ouvidos quando for o caso os oacutergatildeos competentes da Uniatildeo

dos Estados e do Distrito Federal

O Manejo Florestal Sustentaacutevel (MFS) eacute o regime de exploraccedilatildeo das florestas nativas

no Brasil13 sendo entendido como a administraccedilatildeo da floresta para a obtenccedilatildeo de

benefiacutecios econocircmicos sociais e ambientais respeitando-se os mecanismos de sustentaccedilatildeo

do ecossistema objeto do manejo e considerando-se cumulativa ou alternativamente a

utilizaccedilatildeo de muacuteltiplas espeacutecies madeireiras de muacuteltiplos produtos e subprodutos natildeo

madeireiros bem como a utilizaccedilatildeo de outros bens e serviccedilos de natureza florestal14 O

conceito eacute bastante amplo e busca incorporar as sustentabilidades econocircmica social e

ambiental Rice et al (2001) definem o MFS como sendo a combinaccedilatildeo de diretrizes de

exploraccedilatildeo orientadas para aumentar o crescimento da oferta de madeira comercial com

esforccedilos dirigidos para a diminuiccedilatildeo dos danos agraves aacutervores da floresta Essa definiccedilatildeo dada

pelos autores somente incorpora as dimensotildees econocircmica e ambiental esquivando se da

dimensatildeo social considerada como fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevel da

atividade

Na realidade somente com a publicaccedilatildeo do Decreto nordm 1282199415 eacute que se definiu

o manejo sustentaacutevel como a forma de exploraccedilatildeo florestal no paiacutes incorporando

fundamentos teacutecnicos importantes para a atividade Por meio da Portaria Ibama nordm 481995

que dispunha sobre o manejo das florestas primitivas da Amazocircnia o Instituto Brasileiro de

Meio Ambiente e dos Recursos Renovaacuteveis disciplinou o manejo florestal sustentaacutevel

estabelecendo que esta atividade somente poderia ser realizada com a aprovaccedilatildeo do

13

Decreto nordm 59752006 14

Inciso VI art 3ordm Lei nordm 112842006 15

Revogado pelo Decreto nordm 59752006

44

respectivo Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel (PMFS)16 Aleacutem do referido plano satildeo

solicitados 21 outros documentos entre os quais o Comprovante de Licenccedila Ambiental

(EIARIMA) e o Plano de Exploraccedilatildeo Florestal (PEF) praticamente inacessiacuteveis aos

pequenos extrativistas

Importante salientar que o PMFS foi criado visando tatildeo somente agrave exploraccedilatildeo florestal

madeireira natildeo dispondo sobre o uso dos natildeo madeireiros Essa ausecircncia de norma eacute

especialmente desvantajosa para as populaccedilotildees tradicionais que vivem e exploram PFNM

em Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel tais como as Florestas Nacionais uma

vez que podem perder suas aacutereas de exploraccedilatildeo para as empresas detentoras de

concessotildees florestais

Hummel (2001) ao analisar as normas teacutecnicas e dados sobre o desmatamento e

exploraccedilatildeo de madeira na Amazocircnia Brasileira argumenta que mesmo que o PMFS viesse a

ser regulamentado ocorreriam dificuldades em razatildeo da escassez de informaccedilotildees teacutecnicas

relacionadas a esses planos e a pouca confiabilidade daquelas existentes Defende que as

causas da mencionada precariedade satildeo entre outras a) problemas no processamento

sistematizaccedilatildeo e ordenamento dos dados b) planos com informaccedilotildees distorcidas e

incompletas c) ausecircncia de dados sobre a aacutereavolumeespeacutecie de exploraccedilatildeo anual d) natildeo

execuccedilatildeo no campo e e) fato dos planos de manejo revelarem poucas informaccedilotildees sobre a

aacuterea e volume total explorado Quanto agrave aprovaccedilatildeo de planos de manejo cita que as

principais dificuldades para a sua aprovaccedilatildeo satildeo a ausecircncia ou precariedade dos

documentos de justa posse da terra a lentidatildeo e rotinas deficientes nos processos de

anaacutelise e aprovaccedilatildeo por parte dos oacutergatildeos ambientais e a demora na realizaccedilatildeo das vistorias

preacutevias

Sem duacutevida as informaccedilotildees sobre a fitossociologia tipos de solos regime

pluviomeacutetrico da aacuterea objeto de exploraccedilatildeo madeireira bem como a determinaccedilatildeo ou a

estimativa de variaacuteveis como peso aacuterea basal volume qualidade do fuste estado

fitossanitaacuterio classe de copa e potencial de crescimento das espeacutecies florestais presentes

satildeo de fundamental importacircncia para verificar se a praacutetica de manejo florestal eacute sustentaacutevel

Para Timofeiczyk Junior et al (2005) um dos grandes obstaacuteculos para determinar a

viabilidade econocircmica do manejo sustentaacutevel de baixo impacto em florestas tropicais

brasileiras eacute a falta de informaccedilotildees consistentes

Entre as normas que se seguiram ao Decreto nordm 59752006 e que buscavam

regulamentar o assunto podem ser destacadas as Instruccedilotildees Normativas MMA nordm 04 e 05

ambas de 11 de dezembro de 2006 A IN MMA nordm 042006 dispotildee sobre a Autorizaccedilatildeo

Preacutevia agrave Anaacutelise Teacutecnica de Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel (Apat) ato administrativo

16

Art 2deg Portaria Ibama nordm 481995

45

pelo qual o oacutergatildeo competente analisa a viabilidade juriacutedica da praacutetica de manejo florestal

sustentaacutevel de uso muacuteltiplo com base em uma robusta lista de documentos apresentados

pelo proponente e tambeacutem na existecircncia de cobertura florestal A Apat eacute destinada a aacutereas

de concessatildeo florestal e se configura como um documento haacutebil para a anaacutelise teacutecnica do

PMFS natildeo significando que o projeto de manejo jaacute esteja aprovado

A IN MMA nordm 052006 trata dos procedimentos teacutecnicos sobre PMFSs nas florestas

primitivas e suas formas de sucessatildeo na Amazocircnia Legal Voltada quase que inteiramente

para a exploraccedilatildeo de madeireiros pouca abordagem foi dada aos PFNMs Esta norma

excepciona da apresentaccedilatildeo do Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel e demais encargos

aquele produto natildeo madeireiro que natildeo necessita de autorizaccedilatildeo de transporte poreacutem

impotildee agraves empresas associaccedilotildees comunitaacuterias e proprietaacuterio ou possuidor rural a obrigaccedilatildeo

de se cadastrar no Cadastro Teacutecnico Federal (CTF) e de informar ao oacutergatildeo ambiental

competente por meio de relatoacuterios anuais as atividades realizadas inclusive espeacutecies

produtos e quantidades extraiacutedas17

Ocorre que o cadastramento no CTF somente poderaacute ser feito pela internet no site do

Ibama acessando o link da Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental procedimento este

que exclui automaticamente milhares de famiacutelias que sobrevivem da atividade extrativista

com restrito ou nenhum acesso aos meios de comunicaccedilatildeo e cuja renda mal daacute para

atender agraves suas necessidades baacutesicas com alimentaccedilatildeo e sauacutede quanto mais para adquirir

um micro computador e pagar os serviccedilos de um provedor de Internet Aleacutem do mais a

emissatildeo de relatoacuterios anuais sobre a produccedilatildeo eacute uma tarefa de difiacutecil consecuccedilatildeo para o

seringueiro analfabeto que recolhe o laacutetex coagulado e a castanha no interior da floresta

para comercializaccedilatildeo

Tais normas expressam total desconhecimento da realidade de grande nuacutemero de

famiacutelias que vivem da extraccedilatildeo de natildeo madeireiros no Brasil seja na Amazocircnia Legal ou em

qualquer outra regiatildeo do paiacutes que em funccedilatildeo do isolamento em que vivem do difiacutecil acesso

agrave informaccedilatildeo do analfabetismo entre outras carecircncias dificilmente teratildeo como atender a

todas as exigecircncias estabelecidas em Lei

Aliaacutes o analfabetismo entre as populaccedilotildees rurais que exploram PFNMs eacute um dos

grandes problemas sociais que o paiacutes enfrenta e um dos obstaacuteculos para o aperfeiccediloamento

da cadeia produtiva Em um diagnoacutestico socioeconocircmico realizado junto agraves 247 famiacutelias

residentes na Reserva Extrativista de Cazumbaacute-Iracema no Municiacutepio de Sena Madureira

Acre foi evidenciado um analfabetismo em torno de 49 (GOMES-FILHO et al 2004)

Pedroso Juacutenior et al (2008) em estudo para identificar os principais fatores responsaacuteveis

pelas mudanccedilas recentes nos padrotildees de subsistecircncia de nove comunidades

17

Art 29 IN MMA nordm 052006

46

remanescentes de quilombos no Vale do Ribeira Estado de Satildeo Paulo e que tem como

uma das principais fontes de renda o extrativismo identificou que o nuacutemero de analfabetos

entre os 884 chefes de famiacutelia eacute de cerca de um terccedilo (335) Somado agraves pessoas que se

declararam alfabetizadas embora natildeo tenham frequentado a escola o contingente de

pessoas sem escolaridade eacute de 348 quase metade do total (427) Eacute oacutebvio que natildeo

podemos generalizar estas situaccedilotildees para o restante do paiacutes tomando como base apenas

os dois trabalhos mencionados mas jaacute fornecem um bom indicativo do alcance do problema

da alfabetizaccedilatildeo no paiacutes e as suas graves consequecircncias A baixa alfabetizaccedilatildeo ligada agrave

dificuldade de acesso agrave informaccedilatildeo tornam-se barreiras de difiacutecil transposiccedilatildeo para essas

populaccedilotildees

O transporte e armazenamento de produtos e subprodutos florestais de origem nativa

no territoacuterio nacional deveratildeo obrigatoriamente estar acompanhados do Documento de

Origem Florestal (DOF)18 entendido como o documento vaacutelido para todo o tempo da viagem

ou do armazenamento19 No entanto ficam dispensados desta obrigaccedilatildeo as plantas

ornamentais medicinais e aromaacuteticas fibras de palmaacuteceas oacuteleos essenciais mudas

raiacutezes bulbos cipoacutes cascas e folhas de origem nativa das espeacutecies natildeo constantes de

listas oficiais de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo20 Curiosamente o dispositivo legal natildeo

menciona um dos subprodutos florestais mais utilizados na subsistecircncia de populaccedilotildees

rurais e para a comercializaccedilatildeo os frutos de origem nativa

Na regulamentaccedilatildeo do manejo florestal sustentaacutevel no acircmbito da competecircncia do

Ibama o interessado deve ainda atender ao que prescreve as seguintes normas

a) Norma de Execuccedilatildeo DirefIbama nordm 02 de 26 de abril de 2006 que institui no

acircmbito do Ibama o Manual Simplificado para Anaacutelise de Plano de Manejo Florestal

Madeireiro na Amazocircnia com a finalidade de subsidiar a anaacutelise dos Planos de Manejo

Florestal Sustentaacutevel

b) Norma de Execuccedilatildeo DirefIbama nordm 01 de 18 de dezembro de 2006 que institui no

acircmbito do Ibama a metodologia e o respectivo modelo de relatoacuterio de vistoria com a

finalidade de subsidiar a anaacutelise dos Planos de Manejo Florestal Sustentaacutevel (PMFS)

c) Norma de Execuccedilatildeo DirefIbama nordm 01 de 24 de abril de 2007 que Institui no

acircmbito do Ibama as Diretrizes Teacutecnicas para Elaboraccedilatildeo dos Planos de Manejo Florestal

Sustentaacutevel (PMFS)

A gestatildeo de florestas puacuteblicas para a produccedilatildeo sustentaacutevel foi instituiacuteda no paiacutes em

2006 por meio de Lei21 que aleacutem de ter distribuiacutedo as competecircncias para a gestatildeo de

18

Instituiacutedo pela Portaria MMA nordm 2532006 e regulamentado pela Instruccedilatildeo Normativa Ibama nordm 1122006 19

Art 3deg IN Ibama nordm 1122006 20

Art 9deg IN Ibama nordm 1122006 21

Lei nordm 112842006 regulamentada pelo Decreto nordm 60632007

47

florestas puacuteblicas entre os membros da federaccedilatildeo tambeacutem criou o Serviccedilo Florestal

Brasileiro (SFB) com a funccedilatildeo exclusiva de gerir essas florestas em acircmbito federal O SFB eacute

o oacutergatildeo que iraacute disciplinar a operacionalizaccedilatildeo das concessotildees florestais destinadas agrave

exploraccedilatildeo das florestas naturais ou plantadas e agraves unidades de manejo das aacutereas

protegidas federais

Esta lei inova ao incorporar como princiacutepios da gestatildeo de florestas puacuteblicas dimensotildees

da sustentabilidade22 Os princiacutepios mencionados no art 2deg expressam as seguintes

dimensotildees

- ldquoa proteccedilatildeo dos ecossistemas do solo da aacutegua da biodiversidade e dos valores culturais

associados bem como do patrimocircnio puacuteblicordquo (dimensatildeo ambiental)

- ldquoo estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e -

que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentaacutevel local

regional e de todo o Paiacutesrdquo (dimensatildeo econocircmica)

- ldquoo respeito ao direito da populaccedilatildeo em especial das comunidades locais de acesso agraves

florestas puacuteblicas e aos benefiacutecios decorrentes de seu uso e conservaccedilatildeordquo (dimensatildeo

social)

- ldquoa promoccedilatildeo do processamento local e o incentivo ao incremento da agregaccedilatildeo de valor

aos produtos e serviccedilos da floresta bem como agrave diversificaccedilatildeo industrial ao

desenvolvimento tecnoloacutegico agrave utilizaccedilatildeo e agrave capacitaccedilatildeo de empreendedores locais e da

matildeo de obra regionalrdquo (dimensatildeo econocircmica)

- ldquoo acesso livre de qualquer indiviacuteduo agraves informaccedilotildees referentes agrave gestatildeo de florestas

puacuteblicasrdquo (dimensatildeo social)

- ldquoa garantia de condiccedilotildees estaacuteveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo

no manejo na conservaccedilatildeo e na recuperaccedilatildeo das florestasrdquo (dimensatildeo poliacutetica)

Do mesmo modo inova ao reconhecer o direito das comunidades locais agraves suas terras

ancestrais uma vez que anteriormente agrave realizaccedilatildeo das concessotildees florestais as florestas

puacuteblicas ocupadas ou utilizadas por comunidades locais seratildeo identificadas para sua

destinaccedilatildeo como reservas extrativistas ou reservas de desenvolvimento sustentaacutevel ou

concessatildeo de uso por meio de projetos de assentamento florestal de desenvolvimento

sustentaacutevel agroextrativistas ou outros similares Estas comunidades poderatildeo participar das

licitaccedilotildees de concessatildeo florestal por meio de associaccedilotildees comunitaacuterias cooperativas ou

outras pessoas juriacutedicas admitidas em lei23

Para que essas comunidades locais natildeo tenham os produtos de uso tradicional e de

subsistecircncia esgotados por forccedila da exploraccedilatildeo das aacutereas licitadas estes produtos seratildeo

22

Art 2deg Lei nordm 112842006

23 Art 6

deg Lei nordm 112842006

48

excluiacutedos da concessatildeo sendo explicitadas as restriccedilotildees para o manejo das espeacutecies das

quais derivam esses produtos24

O oacutergatildeo gestor da floresta puacuteblica requereraacute ao oacutergatildeo ambiental competente

integrante do Sisnama a licenccedila preacutevia para uso da unidade de manejo objeto da

concessatildeo sendo que o concessionaacuterio deveraacute submeter ao Ibama o Plano de Manejo

Florestal Sustentaacutevel para o licenciamento ambiental do manejo florestal25 Todas estas

orientaccedilotildees contidas na referida lei reforccedilam o preceito legal que determina que as florestas

nativas do paiacutes somente poderatildeo ser exploradas mediante manejo florestal sustentaacutevel

devidamente aprovado pelo oacutergatildeo ambiental competente

3122 Licenciamento Ambiental

A legislaccedilatildeo brasileira estabelece que qualquer atividade utilizadora de recursos

ambientais considerada efetiva ou potencialmente poluidora ou capaz de causas

degradaccedilatildeo ambiental dependeraacute de preacutevio licenciamento do oacutergatildeo ambiental

competente26 Nesses termos a exploraccedilatildeo econocircmica de subprodutos florestais estaacute

sujeita ao licenciamento ambiental27 com as exceccedilotildees previstas em lei

Nas aacutereas circundantes das Unidades de Conservaccedilatildeo (UCs) num raio de dez

quilocircmetros qualquer atividade que possa afetar a biota deveraacute ser obrigatoriamente

licenciada pelo oacutergatildeo ambiental competente28

31221 Produtos Florestais Natildeo Madeireiros

O agricultor familiar estabelecido em aacuterea rural do Bioma Cerrado que deseja explorar

comercialmente produtos natildeo madeireiros das florestas naturais iraacute se deparar com uma

lacuna na legislaccedilatildeo uma vez que essa mateacuteria natildeo estaacute devidamente regulamentada no

Brasil e somente algumas espeacutecies contam com legislaccedilatildeo para regular a sua exploraccedilatildeo o

palmito29 a castanha-do-Brasil30 e o xaxim Este uacuteltimo por ser espeacutecie da Mata Atlacircntica

ameaccedilada de extinccedilatildeo tem o seu corte e exploraccedilatildeo permitido somente mediante criteacuterios

cientiacuteficos que venham a garantir a sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel31

Uma das espeacutecies que teve a sua exploraccedilatildeo regulamentada por normas com

posterior desregulamentaccedilatildeo foi a erva-mate Essa regulamentaccedilatildeo existiu ateacute a deacutecada de

90 e disciplinava desde a padronizaccedilatildeo do produto ateacute o periacuteodo propiacutecio para a sua

colheita Apoacutes a desregulamentaccedilatildeo essa cadeia passou a vivenciar um ambiente mais

24

Art 17 Lei nordm 112842006 25

Arts 18 e 26 Lei nordm 112842006 26

Art 10 da Lei nordm 69381981 27

Resoluccedilatildeo Conama nordm 2371997 28

Resoluccedilatildeo Conama nordm 131990 29

Instruccedilatildeo Normativa MMA nordm 051999 30

Decreto nordm 12821994 Instruccedilatildeo Normativa MAPA nordm 112010 31

Resoluccedilatildeo Conama nordm 2782001 Lei Estadual de Satildeo Paulo nordm 117542004

49

competitivo (MOSELE 2002) O mencionado autor daacute a entender que dentre as possiacuteveis

causas dessa desregulamentaccedilatildeo estatildeo o aumento da aacuterea plantada e da produtividade

desse produto no Brasil aleacutem da concorrecircncia com a erva-mate argentina

Em acircmbito federal o Decreto nordm 59752006 indicou para data futura a definiccedilatildeo dos

procedimentos para o manejo desses produtos determinando que o Ministeacuterio do Meio

Ambiente ldquoinstituiraacute procedimentos simplificados para o manejo exclusivo de produtos

florestais natildeo madeireirosrdquo32 Esse mesmo dispositivo dispotildee que ficam dispensados da

obrigaccedilatildeo do uso do documento para o transporte e armazenamento em todo o territoacuterio

nacional os PFNMs de origem nativa tais como plantas ornamentais medicinais e

aromaacuteticas fibras de palmaacuteceas oacuteleos essenciais mudas raiacutezes bulbos cipoacutes cascas e

folhas de origem nativa das espeacutecies natildeo constantes de listas oficiais de espeacutecies

ameaccediladas de extinccedilatildeo33

A Instruccedilatildeo Normativa Ibama nordm 1122006 que trata do DOF reproduz esse mesmo

dispositivo dispensando do DOF aqueles PFNMs discriminados no paraacutegrafo anterior34

Para os PFNMs natildeo discriminados na IN Ibama nordm 1122006 ou para aqueles que

fazem parte da lista da Convenccedilatildeo sobre o Comeacutercio Internacional das Espeacutecies da Flora e

da Fauna (CITES)35 seraacute necessaacuterio o licenciamento ambiental e portanto a elaboraccedilatildeo de

plano de manejo florestal sustentaacutevel bem como a posse do DOF para o transporte desses

produtos e a Declaraccedilatildeo de Estoque nos termos da lei

A reposiccedilatildeo florestal natildeo eacute obrigatoacuteria para aquele que comprovadamente utilize

mateacuteria prima florestal natildeo madeireira salvo disposiccedilatildeo contraacuteria em norma especiacutefica do

MMA36

Merecem destaque algumas iniciativas regionais que tecircm como objeto promover a

atividade de exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros O Estado do Acre criou legislaccedilatildeo37 cujo

objetivo eacute a instituiccedilatildeo de procedimento administrativo para a exploraccedilatildeo econocircmica de

PFNMs nas Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel em Terras Indiacutegenas em

propriedades rurais e em aacutereas com legiacutetimos possuidores de glebas rurais de ateacute 500 ha

incluindo as aacutereas de reserva legal exceto em aacutereas devolutas da Uniatildeo desde que natildeo

envolva a supressatildeo de indiviacuteduos

32

Art 8deg Decreto nordm 59752006 33

Art 23 IX Decreto nordm 59752006 34

Art 9deg VII IN Ibama nordm 1122006 35

Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora em inglecircs 36

Art 15 II ldquodrdquo Decreto nordm 59752006 37

Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004

50

De acordo com este dispositivo a exploraccedilatildeo econocircmica de PFNMs efetuada por

populaccedilotildees agroextrativistas tradicionais poderaacute ser realizada mediante o cadastramento e

aprovaccedilatildeo do respectivo plano de manejo florestal simplificado natildeo madeireiro38

Jaacute aquele que acessa os recursos florestais natildeo madeireiros com fins de consumo

proacuteprio ou de pesquisa estaacute isento do cadastro ou da apresentaccedilatildeo de plano de manejo

simplificado39

Primeiramente essa Portaria Conjunta resolveu a questatildeo das competecircncias

institucionais determinando que o plano de manejo florestal simplificado natildeo madeireiro

executado em aacutereas de competecircncia federal (Reservas Extrativistas Reservas de

Desenvolvimento Sustentaacutevel Florestas Nacionais Terras Indiacutegenas e Projetos de

Assentamento Agro-extrativistas) sob gestatildeo direta do Ibama seriam protocolizados na

Gerecircncia Executiva do Ibama no Estado do Acre enquanto aqueles a serem executados em

aacutereas de competecircncia estadual seriam protocolizados no Instituto de Meio Ambiente do

Acre (Imac) a quem caberia emitir as licenccedilas ambientais40

Quanto ao transporte de produtos florestais natildeo madeireiros dentro do Estado aleacutem

de ser necessaacuteria uma autorizaccedilatildeo a Portaria seguiu a mesma loacutegica nas aacutereas de

competecircncia federal a autorizaccedilatildeo caberia ao Ibama Regional enquanto nas aacutereas de

competecircncia do Estado seraacute emitida pelo Imac41

Apesar da simplificaccedilatildeo eacute exigida a apresentaccedilatildeo do inventaacuterio simplificado das aacutereas

a serem exploradas a descriccedilatildeo da forma de exploraccedilatildeo (descriccedilatildeo do estoque forma de

colheita equipamentos utilizados etc) aleacutem dos tratamentos silviculturais aplicados e

programados periacuteodo de colheita de cada produto estimativa de produccedilatildeo entre outras

exigecircncias o que dificilmente pode ser atendido sem a ajuda de um teacutecnico especializado o

que nem sempre estaacute ao alcance do agricultor familiar

O Estado do Amazonas vem tentando regulamentar a coleta de alguns natildeo

madeireiros de importacircncia econocircmica para o Estado Eacute o caso do cipoacute-titica (Heteropsis

flexuosa) cipoacute timboacute-accedilu ou titicatildeo (Heteropsis jenmanii) e cipoacute-ambeacute (Philodendron sp) e

similares utilizados na produccedilatildeo de moacuteveis refinados e artesanato e cuja ocorrecircncia vem

diminuindo no Estado em funccedilatildeo do desmatamento e exploraccedilatildeo inadequada Norma

estabelecida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel

do Estado regulamenta procedimentos baacutesicos para o licenciamento ambiental do manejo

desses produtos obrigando a apresentaccedilatildeo de Plano de Manejo42

38

Art 3deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 39

Art 5deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 40

Art 6deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 41

Art 8deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 42

Instruccedilatildeo Normativa AM nordm 012008

51

O Plano de Manejo para esses produtos eacute simplificado e deveraacute conter (a)

caracterizaccedilatildeo geral das aacutereas de coleta e dos coletores (b) croqui da aacuterea de coleta com

indicaccedilatildeo dos acessos e (c) descriccedilatildeo das boas praacuteticas de manejo a serem adotadas

A norma elenca uma seacuterie de boas praacuteticas de manejo baseadas no conhecimento

tradicional de coleta sustentaacutevel e nos resultados das pesquisas cientiacuteficas Por seu lado o

produtor deveraacute apresentar ao oacutergatildeo ambiental do Estado ficha de campo contendo as

informaccedilotildees relativas aos fios coletados aleacutem do registro do peso total coletado para fins

de monitoramento das plantas

Nas Reservas Extrativistas Reservas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e Florestas

Nacionais federais a exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros somente eacute permitida mediante plano de

manejo43 aprovado pelo Ibama No Estado de Goiaacutes existem atualmente quatro unidades de

conservaccedilatildeo naquelas categorias citadas acima44 no entanto nenhuma ainda possui o seu

plano de manejo aprovado

No entanto apesar de insuficientes existem concessotildees do Poder Puacuteblico

direcionadas a determinadas categorias sociais hipossuficientes no sentido de beneficiaacute-las

ou mesmo para excepcionar o destino dos produtos explorados seja para subsistecircncia seja

para comercializaccedilatildeo Desse modo caso o possuidor do imoacutevel seja agricultor familiar

empreendedor familiar rural ou pertencente a alguma comunidade tradicional o Estado agiraacute

no sentido de liberaacute-lo de vaacuterias obrigaccedilotildees contidas na norma ou tornar menos oneroso o

seu cumprimento

Uma dessas iniciativas foi a regulamentaccedilatildeo do uso das Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL) existentes nas propriedades rurais

condicionado a uma exploraccedilatildeo sustentaacutevel e livre de danos ao meio ambiente Esse marco

legal fornece facilidades ao agricultor familiar ou membro de comunidade tradicional para a

exploraccedilatildeo dessas aacutereas de conservaccedilatildeo para subsistecircncia ou mesmo comercializaccedilatildeo

31222 Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente

As APPs satildeo aacutereas protegidas cobertas ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo

ambiental de preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica a

biodiversidade o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanas45 Consideram-se nesta categoria as florestas e demais formas de

vegetaccedilatildeo assim localizadas46

43

Art17 sect2deg Art 18 sect5deg Art 20 sect6deg Lei nordm 99852000 44

Floresta Nacional da Mata Grande (Satildeo Domingos) Floresta Nacional de Silvacircnia (Silvacircnia) Reserva Extrativista Lago do Cedro (Aruanatilde) e Reserva Extrativista Recanto das Araras de Terra Ronca (Guarani de Goiaacutes e Satildeo Domingos) 45

Art 1deg sect2deg II Lei nordm 47711965 46

Art 2deg Lei nordm 47711965

52

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso daacutegua desde o seu niacutevel mais alto em faixa

marginal cuja largura miacutenima seraacute

1 minus de 30 (trinta) metros para os cursos daacutegua de menos de 10 (dez) metros de

largura

2 minus de 50 (cinquenta) metros para os cursos daacutegua que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura

3 minus de 100 (cem) metros para os cursos daacutegua que tenham de 50 (cinquenta) a 200

(duzentos) metros de largura

4 minus de 200 (duzentos) metros para os cursos daacutegua que tenham de 200 (duzentos) a

600 (seiscentos) metros de largura

5 minus de 500 (quinhentos) metros para os cursos daacutegua que tenham largura superior a

600 (seiscentos) metros

b) ao redor das lagoas lagos ou reservatoacuterios daacutegua naturais ou artificiais

c) nas nascentes ainda que intermitentes e nos chamados olhos daacutegua qualquer que

seja a sua situaccedilatildeo topograacutefica em um raio miacutenimo de 50 (cinquenta) metros de largura

d) no topo de morros montes montanhas e serras

e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45deg equivalente a 100

na linha de maior declive

f) nas restingas como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas a partir da linha de ruptura do relevo em

faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeccedilotildees horizontais

h) em altitude superior a 1800 (mil e oitocentos) metros qualquer que seja a vegetaccedilatildeo

Qualquer forma de intervenccedilatildeo em aacutereas de preservaccedilatildeo permanente somente seraacute

permitida para a realizaccedilatildeo de atividades ou projetos de utilidade publica ou interesse social

ou para a realizaccedilatildeo de accedilotildees consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental47 Essa

intervenccedilatildeo somente seraacute admitida por meio de autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo ambiental competente

mediante procedimento administrativo autocircnomo e preacutevio devendo ser atendidos o Plano

Diretor Zoneamento Ecoloacutegico-Econocircmico e Plano de Manejo das Unidades de

Conservaccedilatildeo se existentes

Para que ocorra o manejo agroflorestal em APPs deve haver a autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo

ambiental competente sujeito aos seguintes criteacuterios seja ambientalmente sustentaacutevel seja

praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar que natildeo descaracterize a

cobertura vegetal nativa ou impeccedila sua recuperaccedilatildeo e natildeo prejudique a funccedilatildeo ecoloacutegica

da aacuterea48

47

Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006 48

Art 2ordm II ldquobrdquo Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006

53

Aleacutem dos requisitos mencionados acima para obter autorizaccedilatildeo para esse tipo de

exploraccedilatildeo o proprietaacuterio rural deveraacute comprovar (a) a inexistecircncia de alternativa teacutecnica e

locacional agraves atividades propostas (b) atendimento as condiccedilotildees e padrotildees aplicaacuteveis aos

corpos de aacutegua (c) averbaccedilatildeo da aacuterea de reserva legal e (d) a inexistecircncia de risco de

agravamento de processos como enchentes erosatildeo ou movimentos acidentais de massa

rochosa

A coleta de produtos natildeo madeireiros para fins de subsistecircncia e produccedilatildeo de mudas

em APPs como sementes castanhas e frutos poderaacute ser feita desde que eventual e

respeitada a legislaccedilatildeo especiacutefica a respeito do acesso a recursos geneacuteticos49 Esta

atividade natildeo poderaacute comprometer as funccedilotildees ambientais destes espaccedilos tais como a

estabilidade das encostas e margens dos corpos de aacutegua os corredores de fauna a

drenagem e os cursos de aacutegua intermitentes a manutenccedilatildeo da biota a regeneraccedilatildeo e a

manutenccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa e a qualidade das aacuteguas

A exploraccedilatildeo natildeo poderaacute exceder ao percentual de 5 (cinco por cento) da APP

impactada localizada na posse ou propriedade50 Ressalte-se que esse percentual da aacuterea eacute

muito pequeno para lotes de assentamentos agriacutecolas ndash que costumam ter 50 ha em meacutedia

na regiatildeo do Cerrado ndash cujo proprietaacuterio deseja produzir mudas A produccedilatildeo de mudas com

sementes provenientes de aacutereas reduzidas natildeo eacute muito recomendado em funccedilatildeo da baixa

diversidade geneacutetica que esse material conteraacute Nesse aspecto a Resoluccedilatildeo poderia ser

mais ousada ampliando a aacuterea apta agrave exploraccedilatildeo uma vez que a coleta de sementes para

produccedilatildeo de mudas tem baixiacutessimo impacto e eacute uma atividade beneacutefica ao meio ambiente

pois tem como objeto a dispersatildeo das espeacutecies

O agricultor familiar empreendedor rural familiar e povos e comunidades tradicionais

que de alguma forma realizaram intervenccedilotildees natildeo autorizadas nas APPs existentes na sua

propriedade ateacute o dia 24 de julho de 2006 ganharam a possibilidade de regularizar tal

situaccedilatildeo A Resoluccedilatildeo Conama nordm 4252010 estabelece que em casos excepcionais de

interesse social como no caso de manejo agroflorestal sustentaacutevel essa intervenccedilatildeo

poderaacute ser regularizada pelo oacutergatildeo ambiental competente

Assim o proprietaacuterio enquadrado naquelas categorias poderaacute regularizar o que vinha

fazendo na APP desde que consiga provar que antes do dia 24 de julho de 2006 jaacute realizava

tal atividade e desde que a intervenccedilatildeo natildeo tenha descaracterizado a cobertura vegetal e

nem prejudicado a funccedilatildeo ambiental da aacuterea

O requerimento junto ao oacutergatildeo ambiental para essa regularizaccedilatildeo deveraacute conter

informaccedilotildees tais como (a) dados do proprietaacuterio ou possuidor do imoacutevel (b) dados do

49

Art 11 IX Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006 50

Art 11 sect2ordm Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006

54

imoacutevel (c) localizaccedilatildeo simplificada do imoacutevel (d) data da comunicaccedilatildeo (e) uso atual da

aacuterea de preservaccedilatildeo permanente ou de uso limitado e regularidade da reserva legal ou

solicitaccedilatildeo de averbaccedilatildeo aleacutem de ter que apresentar a indicaccedilatildeo da metodologia de

recuperaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente degradadas e daquelas natildeo passiacuteveis de

consolidaccedilatildeo em consonacircncia com as normas vigentes

31223 Reserva Legal

A Reserva Legal eacute definida como uma ldquoaacuterea localizada no interior de uma propriedade

ou posse rural excetuada a de preservaccedilatildeo permanente necessaacuteria ao uso sustentaacutevel dos

recursos naturais agrave conservaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo dos processos ecoloacutegicos agrave conservaccedilatildeo da

biodiversidade e ao abrigo e proteccedilatildeo de fauna e flora nativasrdquo51

Os proprietaacuterios rurais devem manter a tiacutetulo de reserva legal no miacutenimo o seguinte

percentual de florestas existente no seu imoacutevel52

(a) oitenta por cento na propriedade rural situada em aacuterea de floresta localizada na

Amazocircnia Legal

(b) trinta e cinco por cento na propriedade rural situada em aacuterea de cerrado localizada

na Amazocircnia Legal sendo no miacutenimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na

forma de compensaccedilatildeo em outra aacuterea desde que esteja localizada na mesma microbacia e

seja averbada

c) vinte por cento na propriedade rural situada em aacuterea de floresta ou outras formas

de vegetaccedilatildeo nativa localizada nas demais regiotildees do paiacutes e

(d) vinte por cento na propriedade rural em aacuterea de campos gerais localizada em

qualquer regiatildeo do paiacutes

A aacuterea de Reserva Legal deve ser averbada agrave margem da inscriccedilatildeo de matriacutecula do

imoacutevel rural no registro de imoacuteveis do municiacutepio sendo vedada a alteraccedilatildeo de sua

destinaccedilatildeo a qualquer tiacutetulo o desmembramento ou a retificaccedilatildeo da aacuterea53 Comete

infraccedilatildeo administrativa puniacutevel com multa quem deixar de averbar a aacuterea de Reserva Legal

em cartoacuterio54

A vegetaccedilatildeo da Reserva Legal pode ser utilizada mas somente sob regime de manejo

florestal sustentaacutevel55 Tal uso foi regulamentado pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente por meio

de Instruccedilatildeo Normativa56

51

Art 1ordm sect2deg III Lei nordm 47711965 52

Art 16 Lei nordm 47711965 53

Art 16 sect9ordm Lei nordm 47711965 54

Art 55 Decreto nordm 65142008 55

Art 16 sect2deg da Lei nordm 47711965 56

IN MMA nordm 042009

55

De acordo com esse dispositivo o agricultor familiar o empreendedor familiar rural e

os povos e comunidades tradicionais tecircm a opccedilatildeo de explorar a vegetaccedilatildeo da Reserva

Legal da sua propriedade ou posse nas modalidades de manejo sustentaacutevel para a

exploraccedilatildeo eventual para consumo na propriedade e para manejo sustentaacutevel para

exploraccedilatildeo comercial

A exploraccedilatildeo florestal eventual sem propoacutesito comercial direto ou indireto de lenha ou

madeira para consumo na propriedade ou posse do agricultor familiar do empreendedor

familiar rural e dos povos e comunidades tradicionais incluindo a aacuterea de Reserva Legal

independe de autorizaccedilatildeo dos oacutergatildeos competentes57

Para esses grupos sociais a coleta de produtos natildeo madeireiros na Reserva Legal

para uso proacuteprio e produccedilatildeo de mudas como sementes castanhas e frutos desde que

eventual e respeitada a legislaccedilatildeo especiacutefica do acesso a recursos geneacuteticos natildeo necessita

de autorizaccedilatildeo dos oacutergatildeos ambientais competentes58

Em qualquer propriedade rural a coleta de frutos folhas e sementes para consumo na

propriedade eacute livre poreacutem o interessado deveraacute observar (a) os periacuteodos de coleta e

volumes fixados em regulamentos especiacuteficos quando houver (b) a eacutepoca de maturaccedilatildeo

dos frutos e sementes (c) teacutecnicas que natildeo coloquem em risco a sobrevivecircncia de

indiviacuteduos e da espeacutecie coletada no caso de coleta de flores folhas cascas oacuteleos resinas

cipoacutes bulbos bambus e raiacutezes e (d) as limitaccedilotildees legais especiacuteficas e em particular as

relativas ao acesso ao patrimocircnio geneacutetico agrave proteccedilatildeo e ao acesso ao conhecimento

tradicional associado e de biosseguranccedila quando houver59 A Instruccedilatildeo Normativa natildeo

prevecirc puniccedilatildeo para o caso de natildeo serem atendidas as exigecircncias acima

A exploraccedilatildeo comercial direta ou indireta de natildeo madeireiros na Reserva Legal com

cobertura vegetal original somente poderaacute ser feita mediante manejo florestal sustentaacutevel e

deveraacute adotar praacuteticas silviculturais e medidas para a minimizaccedilatildeo dos impactos sobre os

indiviacuteduos jovens das espeacutecies arboacutereas secundaacuterias e climaacutecicas na aacuterea manejada60

Na propriedade ou posse do agricultor familiar a exploraccedilatildeo comercial somente seraacute

permitida com a autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo ambiental competente mediante a apresentaccedilatildeo do

laudo teacutecnico com a Anotaccedilatildeo de Responsabilidade Teacutecnica contendo no miacutenimo

ldquoinventaacuterio fitossocioloacutegico da aacuterea a ser manejada com a indicaccedilatildeo da fitofisionomia

original elaborado com metodologia e suficiecircncia amostral adequadas estimativa do volume

57

Art 4deg IN MMA nordm 042009 58

Art 7deg IN MMA nordm 042009 59

Art 6deg IN MMA nordm 042009 60

Art 8deg IN MMA nordm 042009

56

de produtos e subprodutos florestais a serem obtidos com o manejo seletivo indicaccedilatildeo da

sua destinaccedilatildeo e cronograma de execuccedilatildeo previstordquo61

Essas exigecircncias tornam a exploraccedilatildeo comercial dessas aacutereas quase impraticaacutevel ao

agricultor familiar uma vez que para atendecirc-las deveraacute contratar um profissional gabaritado

para atender ao que prescreve a legislaccedilatildeo O que obtecircm com a venda dos produtos

explorados na RL dificilmente seraacute suficiente para cobrir as despesas com a contrataccedilatildeo de

profissional e com os procedimentos burocraacuteticos exigidos

Naqueles imoacuteveis natildeo considerados propriedade ou posse do agricultor familiar do

empreendedor familiar rural e dos povos e comunidades tradicionais a autorizaccedilatildeo para a

exploraccedilatildeo de produtos florestais madeireiros e natildeo madeireiros somente seraacute permitida

com a autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo ambiental competente e deveraacute ser precedida da apresentaccedilatildeo

e aprovaccedilatildeo do Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel (PMFS)62

O proprietaacuterio ou responsaacutevel pelo PMFS deveraacute anualmente encaminhar ao oacutergatildeo

ambiental competente relatoacuterio assinado pelo responsaacutevel teacutecnico com as informaccedilotildees

sobre toda a aacuterea de manejo florestal sustentaacutevel a descriccedilatildeo das atividades realizadas e o

volume efetivamente explorado de cada produto no periacuteodo anterior de doze meses63

Aleacutem da documentaccedilatildeo anteriormente citada o proprietaacuterio ou responsaacutevel pelo PMFS

submeteraacute ao oacutergatildeo ambiental competente o Plano Operacional Anual (POA) e a

Autorizaccedilatildeo de Responsabilidade Teacutecnica (ART) com a especificaccedilatildeo das atividades a

serem realizadas no periacuteodo de doze meses e da quantidade maacutexima proposta para a

exploraccedilatildeo no periacuteodo64

31224 Floresta plantada com nativas

O agricultor que deseja plantar espeacutecies nativas na sua propriedade ou posse para

fins de exploraccedilatildeo comercial somente teraacute permissatildeo do oacutergatildeo ambiental competente para

realizar tal atividade se tiver previamente cadastrado o plantio ou reflorestamento65 Alguns

proprietaacuterios visitados durante a realizaccedilatildeo do presente trabalho e que se manifestaram

interessados no plantio racional do baru segundo o que prescreve a lei deveriam cumprir o

que determina a regra sob pena de estarem incorrendo em iliacutecito

Por ocasiatildeo da colheita comercializaccedilatildeo ou transporte dos produtos oriundos desses

plantios o proprietaacuterio cadastrado junto ao oacutergatildeo ambiental competente deveraacute previamente

notificar esse oacutergatildeo fornecendo informaccedilotildees tais como os dados do proprietaacuterio ou

possuidor dados da propriedade ou posse incluindo coacutepia da matriacutecula do imoacutevel no

61

Art 9deg I IN MMA nordm 042009 62

Art 10 IN MMA nordm 042009 63

Art 10 sect 1deg IN MMA nordm 042009 64

Art 10 sect 2deg IN MMA nordm 042009 65

Art 2deg IN MMA nordm 032009

57

Registro Geral do Cartoacuterio de Registro de Imoacuteveis ou comprovante de posse outorga para

utilizaccedilatildeo do imoacutevel emitida pela Secretaria do Patrimocircnio da Uniatildeo em se tratando de

terrenos de marinha e acrescidos de marinha bem como nos demais bens de domiacutenio da

Uniatildeo na forma estabelecida no Decreto-Lei nordm 97601946 quantidade total de aacutervores

plantadas de cada espeacutecie bem como o nome cientiacutefico e popular das espeacutecies data ou

ano do plantio identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo das espeacutecies a serem cortadas e volume de

produtos e subprodutos florestais a serem obtidos localizaccedilatildeo com a indicaccedilatildeo das

coordenadas geograacuteficas dos veacutertices da aacuterea plantada a ser objeto de corte ou supressatildeo

e laudo teacutecnico com a respectiva ART de profissional habilitado atestando tratar-se de

espeacutecies florestais nativas plantadas bem como a data ou ano do seu plantio quando se

tratar de espeacutecies constantes da Lista Oficial de Espeacutecies da Flora Brasileira Ameaccediladas de

Extinccedilatildeo ou de listas dos Estados

Aqui novamente se chama a atenccedilatildeo para o excesso de exigecircncias da legislaccedilatildeo para

a regularizaccedilatildeo da exploraccedilatildeo da RL Nunca eacute demais ressaltar o fato de essas exigecircncias

tornarem a exploraccedilatildeo comercial dessas aacutereas quase impraticaacutevel ao agricultor familiar em

funccedilatildeo das despesas com a preparaccedilatildeo da documentaccedilatildeo exigida

31225 Extrativismo sustentaacutevel orgacircnico

A partir da publicaccedilatildeo do Decreto nordm 63232007 a agricultura orgacircnica no paiacutes passou

a contar com criteacuterios para o funcionamento de todo o seu sistema de produccedilatildeo desde a

propriedade rural ao ponto de venda Esse diploma legal dispotildee sobre a produccedilatildeo

armazenamento certificaccedilatildeo rotulagem transporte comercializaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo dos

produtos orgacircnicos

Criou tambeacutem o Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo da Conformidade Orgacircnica66 que

garantiraacute aos consumidores maiores facilidades na identificaccedilatildeo desses produtos Eacute

composto pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (Mapa) oacutergatildeos de

fiscalizaccedilatildeo dos estados e organismos de avaliaccedilatildeo da conformidade orgacircnica67 Cabe ao

Mapa o credenciamento acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo dos produtos orgacircnicos Jaacute as

instituiccedilotildees desde que habilitadas pelo Ministeacuterio poderatildeo fazer a certificaccedilatildeo dessa

produccedilatildeo68

O Decreto abre tambeacutem a possibilidade para que o agricultor familiar comercialize a

sua produccedilatildeo orgacircnica diretamente ao consumidor sem certificaccedilatildeo desde que estejam

vinculados a uma organizaccedilatildeo com controle social cadastrada no ministeacuterio69

66

Art 29 Decreto nordm 63232007 67

sect Uacutenico Art 31 Decreto nordm 63232007 68

Art 32 Decreto nordm 63232007 69

Art 28 Decreto nordm 63232007

58

Naqueles casos em que o agricultor familiar ou associaccedilatildeocooperativa optar pelo

extrativismo sustentaacutevel orgacircnico como forma de ter o seu produto identificado como

orgacircnico aleacutem de cumprir com todas as obrigaccedilotildees estabelecidas pelas normas

anteriormente mencionadas deveraacute tambeacutem atender ao que determina a legislaccedilatildeo

especiacutefica sobre a mateacuteria70

As normas para a certificaccedilatildeo extrativista orgacircnica exigem que o extrativista71

interessado submeta ao oacutergatildeo competente o Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico que

deveraacute conter o manejo extrativista sustentaacutevel orgacircnico (equivalente ao Plano de Manejo

Orgacircnico regulamentado para a produccedilatildeo agropecuaacuteria orgacircnica)72

A avaliaccedilatildeo da conformidade orgacircnica pode ser realizada por meio de certificaccedilatildeo por

auditoria ou por meio de sistema participativo de garantia e estaraacute vinculada agrave apresentaccedilatildeo

de Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico Esse Projeto deve ser avaliado e aprovado

pelo organismo responsaacutevel pela avaliaccedilatildeo da sua conformidade73

Aleacutem de todas as informaccedilotildees que levem agrave identificaccedilatildeo do produtor localizaccedilatildeo e

tamanho da aacuterea da propriedade entre outras o Projeto deve conter ainda os seguintes

detalhamentos74

(a) estimativa da capacidade produtiva da espeacutecie explorada em relaccedilatildeo ao produto

obtido em determinado periacuteodo de tempo com a descriccedilatildeo do meacutetodo utilizado

(b) definiccedilatildeo das taxas de intensidade frequecircncia e sazonalidade da exploraccedilatildeo

(c) definiccedilatildeo das praacuteticas e meacutetodo de coleta a ser utilizado identificando paracircmetros

como tamanho diacircmetro idade miacutenima e fase fenoloacutegica considerados de forma isolada

ou cumulativa para a espeacutecie a ser explorada

(d) descriccedilatildeo dos procedimentos de armazenamento transporte e beneficiamento

(e) descriccedilatildeo das medidas mitigadoras aplicadas para reduccedilatildeo dos possiacuteveis impactos

negativos do manejo

(f) descriccedilatildeo do sistema de monitoramento empregado para avaliaccedilatildeo da

sustentabilidade do manejo e

(g) demonstrativos de que as taxas de intensidade frequecircncia e sazonalidade da

exploraccedilatildeo natildeo excedam a capacidade de suporte fundamentadas em estudos cientiacuteficos

experiecircncias locais consolidadas ou conhecimentos tradicionais

Teme-se que as informaccedilotildees solicitadas no Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico

natildeo possam ser atendidas em razatildeo de uma caracteriacutestica perversa da exploraccedilatildeo de

70

IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009 71

Aquele que pratica o extrativismo ou agroextrativismo (Art 2deg VIII IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009) que poderaacute ser o agricultor familiar ou a associaccedilatildeocooperativa rural 72

Art 7deg Anexo IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009 73

Art 8deg Anexo IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009 74

Art 15 Anexo IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009

59

PFNMs no Brasil a falta de dados cientiacuteficos e estatiacutesticos sobre estes produtos O paiacutes

dispotildee de poucas informaccedilotildees sobre o seu uso e biologia Na aacuterea estatiacutestica verifica-se

que os oacutergatildeos encarregados desses dados avaliam poucas espeacutecies ignorando um grande

nuacutemero de produtos explorados pela populaccedilatildeo

Aleacutem do mais o processo de certificaccedilatildeo da produccedilatildeo orgacircnica eacute complexo e o

acesso individual a esses serviccedilos costuma constituir uma barreira ao engajamento dos

produtores de menor escala e renda na produccedilatildeo orgacircnica (MEDAETS 2003) O autor cita

que alguns grupos consideram que os programas de certificaccedilatildeo aumentam os custos

dificultando que os agricultores de menor escala possam internalizaacute-los que os agricultores

menos estruturados tecircm dificuldade em cumprir com as exigecircncias documentais e que o

controle externo realizado eacute ineficiente

Os oacutergatildeos que compotildeem o Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo da Conformidade

Orgacircnica (SBACO) devem se preocupar em neutralizar todos os vieses mencionados nos

paraacutegrafos anteriores sob o risco de onerarem o agricultor familiar no processo de

certificaccedilatildeo orgacircnica Se natildeo podem acabar por se transformar em obstaacuteculos para aqueles

que veem na exploraccedilatildeo da flora nativa uma possibilidade de ganho econocircmico

31226 Licenciamento ambiental de agroinduacutestrias de transformaccedilatildeo de natildeo madeireiros

As associaccedilotildeescooperativas ou mesmo o agricultor familiar que deseja instalar uma

agroinduacutestria de pequeno porte para o beneficiamento de frutos do Cerrado aleacutem de

atender agrave legislaccedilatildeo sanitaacuteria estabelecida pela Anvisa e pelo Mapa deve obter o devido

licenciamento ambiental Esse licenciamento deveraacute ser obtido nos termos de Resoluccedilatildeo do

CONAMA75 e teraacute que atender aos seguintes criteacuterios que seja de pequeno porte (ateacute 250

msup2 de aacuterea construiacuteda) e que as atividades ali realizadas sejam de baixo impacto

ambiental76

O oacutergatildeo ambiental responsaacutevel pelo licenciamento exigiraacute a apresentaccedilatildeo da seguinte

documentaccedilatildeo77 (a) requerimento de licenccedila ambiental (b) projeto contendo descriccedilatildeo do

empreendimento contemplando sua localizaccedilatildeo bem como o detalhamento do sistema de

Controle de Poluiccedilatildeo e Efluentes acompanhado da ART (c) certidatildeo de uso do solo

expedida pelo municiacutepio e (d) comprovaccedilatildeo de origem legal quando a mateacuteria prima for de

origem extrativista quando couber

Apoacutes a anaacutelise da documentaccedilatildeo o oacutergatildeo ambiental competente se pronunciaraacute sobre

a viabilidade da localizaccedilatildeo do empreendimento e caso haja comprovaccedilatildeo de baixo impacto

ambiental e de reduzida produccedilatildeo de efluentes e resiacuteduos concederaacute as licenccedilas

75

Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 76

Art 2deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 77

Art 3deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006

60

ambientais correspondentes78 No caso de empreendimento que beneficie eou transforme

produtos provenientes de exploraccedilotildees extrativistas e florestais natildeo madeireiros seratildeo

licenciadas em apenas uma etapa por meio de Licenccedila Uacutenica de Instalaccedilatildeo e Operaccedilatildeo

(LIO)79

32 LEGISLACcedilAtildeO SANITAacuteRIA APLICADA AO USO DE PFNMs

A base constitucional da legislaccedilatildeo sanitaacuteria no Brasil eacute dada pelo Art 200 inciso II e

VI da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que assim estabelece

Art 200 Ao sistema uacutenico de sauacutede compete aleacutem de outras

atribuiccedilotildees nos termos da lei

II ndash executar as accedilotildees de vigilacircncia sanitaacuteria e epidemioloacutegica bem

como as de sauacutede do trabalhador

VI ndash fiscalizar e inspecionar alimentos compreendido o controle de

seu teor nutricional bem como bebidas e aacuteguas para consumo

humano

O Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) tem como princiacutepios que o caracterizam a

universalidade do acesso aos serviccedilos de sauacutede a descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa

a integralidade de assistecircncia eficiecircncia e a participaccedilatildeo social Tem como objeto garantir a

sauacutede como um direito de todos e como um dever do Estado (COSTA et al 2002)

A vigilacircncia sanitaacuteria faz parte das competecircncias do Sistema Uacutenico de Sauacutede e

abrange o controle de bens de consumo que direta ou indiretamente se relacionem com a

sauacutede compreendidas todas as etapas e processos da produccedilatildeo ao consumo e o controle

da prestaccedilatildeo de serviccedilos que se relacionam direta ou indiretamente com a sauacutede80

As accedilotildees de vigilacircncia sanitaacuteria no Brasil que compreendem o controle e fiscalizaccedilatildeo

de alimentos satildeo uma responsabilidade compartilhada entre oacutergatildeos da Administraccedilatildeo

Puacuteblica federal estadual e municipal com destaque para o Sistema Uacutenico de Sauacutede e para

os oacutergatildeos da Agricultura A accedilatildeo fiscalizadora cabe a autoridade federal no caso de alimento

em tracircnsito de uma para outra unidade federativa e no caso de alimento exportado ou

importado Jaacute a autoridade estadual ou municipal dos Territoacuterios ou do Distrito Federal atua

na fiscalizaccedilatildeo de alimentos produzidos ou expostos agrave venda na aacuterea da respectiva

jurisdiccedilatildeo81 De acordo com esse dispositivo caso o alimento seja produzido no municiacutepio e

ali mesmo comercializado a accedilatildeo fiscalizadora caberaacute ao municiacutepio Transpondo os limites

do municiacutepio caberaacute ao Estado ou Territoacuterios ou Distrito Federal e transpondo a divisa entre

78

Art 5deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 79

sect2deg Art 5deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 80

Art 6deg sect1deg I e II Lei nordm 80801990 81

Art 29 Decreto-Lei nordm 9861969

61

Estados e mesmo entre paiacuteses (exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo) a competecircncia para fiscalizar

seraacute da autoridade federal

Os oacutergatildeos federais estaduais e municipais que atuam no controle e fiscalizaccedilatildeo de

alimentos formam o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (SNVS) Fiscalizam os

estabelecimentos comerciais que prestam serviccedilos de alimentaccedilatildeo os supermercados

dentre outros satildeo responsaacuteveis pelo controle das induacutestrias processadoras de amendoins e

derivados de aacutegua mineral natural de conservas vegetais de gelados de comestiacuteveis de

sal para consumo humano dentre outros e do controle de todos os produtos alimentiacutecios

expostos agrave venda

Jaacute o Mapa que natildeo faz parte do SNVS controla a produccedilatildeo primaacuteria (arroz feijatildeo

milho etc) as empresas beneficiadoras de produtos de origem vegetal (minimamente

processados) e induacutestrias de processamento de bebidas e o controle das induacutestrias de

processamento de produtos de origem animal

Obviamente com uma atuaccedilatildeo tatildeo proacutexima ocorrem conflitos entre os diferentes

oacutergatildeos de controle de alimentos Carvalho (2004) identifica alguns conflitos tais como

alimentos de mesma natureza sendo registrados em dois ministeacuterios diferentes (Mapa e

MS) falta de clareza no enquadramento de alguns alimentos dupla fiscalizaccedilatildeo em

estabelecimentos produtores de alimentos duplicidade de normatizaccedilatildeo sobre processos de

produccedilatildeo de registro de rotulagem e de transporte de alimentos entre outros

No que diz respeito agrave sua competecircncia pelo registro dos estabelecimentos dos

produtos e a respectiva inspeccedilatildeo a Anvisa e secretarias estaduais e municipais da

vigilacircncia sanitaacuteria controlam os seguintes alimentos derivados de produtos vegetais

conservas doces compotas desidratados e demais derivados de pastifiacutecios cereais

amidos e derivados castanhas e amecircndoas especiarias entre outros aacutegua mineral ou

natural e aditivos alimentares (energeacuteticos e repositores de sais)

Os oacutergatildeos da agricultura controlam aacutegua de coco bebidas alcooacutelicas refrigerantes

sucos e neacutectares refrescos vinagre frutas e hortaliccedilas cruas e processadas com exceccedilatildeo

de conservas vegetais minimamente processados polpa de frutas e de vegetais cereais e

leguminosas entre outros

Os alimentos expostos ao consumo ou entregues agrave venda no paiacutes seguem uma

diretriz baacutesica devem ser registrados no oacutergatildeo competente82 Satildeo obrigados igualmente ao

registro os aditivos intencionais as embalagens equipamentos e utensiacutelios elaborados eou

revestidos internamente de substacircncias resinosas e polimeacutericas e destinados a entrar em

82

Art 3deg Decreto-lei nordm 9861969

62

contato com alimentos inclusive os de uso domeacutestico e os coadjuvantes da tecnologia de

fabricaccedilatildeo83

No entanto satildeo dispensados da obrigatoriedade de registro as mateacuterias-primas

alimentares e os alimentos in natura os aditivos intencionais e os coadjuvantes da

tecnologia de fabricaccedilatildeo de alimentos e finalmente os produtos alimentiacutecios quando

destinados ao emprego na preparaccedilatildeo de alimentos industrializados em estabelecimentos

devidamente licenciados84

Outros alimentos como geleias doces frutos em conserva polpa de frutas biscoitos

patildees vegetais e frutas (dessecados e liofilizados) estatildeo dispensados de registro85 Pessoas

ou grupos que exploram PFNMs costumam comercializar esses produtos aleacutem de mateacuterias

primas alimentares e alimentos in natura Portanto para esses produtos natildeo precisam

recorrer ao oacutergatildeo competente para registro

Outro aspecto importante da norma diz respeito a obrigatoriedade da rotulagem dos

alimentos e aditivos intencionais86 Todo aquele alimento ldquoque seja comercializado qualquer

que seja sua origem embalado na ausecircncia do cliente e pronto para oferta ao

consumidorrdquo87 deveraacute atender agraves normas sobre rotulagem Mesmo aqueles dispensados de

registro bem como as mateacuterias-primas alimentares e alimentos in natura quando

acondicionados em embalagem que os caracterizem devem ser rotulados

Exige-se que os roacutetulos de alimentos embalados contenham as seguintes

informaccedilotildees88 (a) Denominaccedilatildeo de venda do alimento (b) Lista de ingredientes (c)

Conteuacutedos liacutequidos (d) Identificaccedilatildeo da origem (e) Nome ou razatildeo social e endereccedilo do

importador no caso de alimentos importados (f) Identificaccedilatildeo do lote (g) Prazo de validade

(h) Instruccedilotildees sobre o preparo e uso do alimento quando necessaacuterio Os roacutetulos de

alimentos destinados agrave exportaccedilatildeo poderatildeo trazer as indicaccedilotildees exigidas pela lei do paiacutes a

que se destinam89

Aleacutem das informaccedilotildees discriminadas acima na rotulagem nutricional devem ser

declaradas as quantidades (porccedilotildees) dos seguintes nutrientes que o alimento conteacutem valor

energeacutetico carboidratos proteiacutenas gorduras totais gorduras saturadas gorduras trans

fibra alimentar e soacutedio aleacutem de outros que se considere importantes90 Optativamente

podem ser declarados vitaminas e minerais conteuacutedo de colesterol caacutelcio e ferro quando

estiverem presentes em quantidade igual ou maior a 5 da Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

83

Art 5deg Decreto-lei nordm 9861969 84

Art 6deg Decreto-lei nordm 9861969 85

Resoluccedilatildeo Anvisa nordm 232000 (Anexo I) 86

Art 10 Decreto-Lei nordm 9861969 87

Resoluccedilatildeo Anvisa-RDC nordm 2592002 (Anexo) 88

Resoluccedilatildeo Anvisa-RDC nordm 2592002 (Anexo) 89

Art 11 sect 2deg Decreto-Lei nordm 9861969 90

Art 2deg Resoluccedilatildeo Anvisa RDC nordm 3602003

63

(IDR) por porccedilatildeo indicada no roacutetulo no intuito de aumentar o niacutevel de conhecimento para o

consumidor

Apesar da Anvisa jaacute fornecer manuais para caacutelculo dos valores nutricionais dos

alimentos embalados91 percebe-se que esses caacutelculos satildeo complexos e devem ser feitos

por pessoas com conhecimento teacutecnico especializado

As pessoas ou grupos sociais que realizam atividades de extrativismo apontam vaacuterios

obstaacuteculos para a comercializaccedilatildeo de PFNMs entre eles alguns ligados agrave rotulagem Em

Seminaacuterio promovido pelo ISPN em 2007 o grupo responsaacutevel pela discussatildeo dos

problemas ligados a exploraccedilatildeo do baru apontou como uma das causas da dificuldade para

a sua comercializaccedilatildeo a apresentaccedilatildeo inadequada do produto (embalagem roacutetulo) em

razatildeo da falta de informaccedilatildeo e de investimentos no seu processamento e na elaboraccedilatildeo de

marcas e embalagens apropriadas Aleacutem disso citam que atender agraves exigecircncias da

legislaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria eacute muito caro e trabalhoso (ISPN 2007)

Aleacutem das regras para registro e rotulagem do alimento exposto ao consumidor o

produtor deveraacute seguir normas sobre a sua manipulaccedilatildeo Assim as instalaccedilotildees e o

funcionamento dos estabelecimentos processadoresindustrializadores onde se fabrique

prepare beneficie acondicione transporte venda ou deposite alimentos devem observar

regras de higiene que visam a proteccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo92 Estes estabelecimentos

devem ser previamente licenciados pela autoridade sanitaacuteria competente estadual

municipal territorial ou do Distrito Federal mediante a expediccedilatildeo do respectivo alvaraacute93

Desse modo as atividades de produccedilatildeoindustrializaccedilatildeo fracionamento

armazenamento e transporte de alimentos industrializados realizadas por esses

estabelecimentos devem seguir procedimentos que buscam garantir as condiccedilotildees higiecircnico-

sanitaacuterias necessaacuterias ao processamentoindustrializaccedilatildeo de alimentos94 Nessas

circunstacircncias estatildeo obrigados a desenvolver implementar e manter Procedimentos

Operacionais Padronizados (POPs) para cada item relacionado abaixo

(a) Higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees equipamentos moacuteveis e utensiacutelios

(b) Controle da potabilidade da aacutegua

(c) Higiene e sauacutede dos manipuladores

(d) Manejo dos resiacuteduos

(e) Manutenccedilatildeo preventiva e calibraccedilatildeo de equipamentos

(f) Controle integrado de vetores e pragas urbanas

(g) Seleccedilatildeo das mateacuterias-primas ingredientes e embalagens

91

Acessiacutevel em ltwwwanvisagovbrrotulomanual_industriapdfgt 92

Art 45 Decreto-Lei nordm 9861969 93

Art 46 Decreto-Lei nordm 9861969 94

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002

64

(h) Programa de recolhimento de alimentos

Cada um desses itens eacute desdobrado em vaacuterios procedimentos A tiacutetulo de exemplo os

POPS referentes agraves operaccedilotildees de higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos moacuteveis e

utensiacutelios satildeo obrigados a conter informaccedilotildees sobre natureza da superfiacutecie a ser

higienizada meacutetodo de higienizaccedilatildeo princiacutepio ativo selecionado e sua concentraccedilatildeo tempo

de contato dos agentes quiacutemicos e ou fiacutesicos utilizados na operaccedilatildeo de higienizaccedilatildeo

temperatura e outras informaccedilotildees que se fizerem necessaacuterias95

A norma estabelece que o produtorindustrializador avalie regularmente a efetividade

dos POPs implementados pelo estabelecimento e de acordo com os resultados faccedila os

ajustes necessaacuterios Aleacutem do mais exige-se que os POPs sejam aprovados por um

responsaacutevel teacutecnico o qual deveraacute firmar o compromisso de implementaccedilatildeo

monitoramento avaliaccedilatildeo registro e manutenccedilatildeo desses procedimentos96

No controle das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo em estabelecimentos

produtoresindustrializadores de alimentos eacute exigida a verificaccedilatildeo de 163 itens diferentes

que vatildeo da avaliaccedilatildeo de piso tetos paredes e divisoacuterias do edifiacutecio onde se realizam as

atividades de manipulaccedilatildeo do produto ateacute os haacutebitos de higiene dos funcionaacuterios que ali

trabalham97

Outro Sistema que busca garantir a sanidade dos produtos de origem agropecuaacuteria

colocados agrave disposiccedilatildeo do consumidor eacute o Sistema Unificado de Atenccedilatildeo agrave Sanidade

Agropecuaacuteria (Suasa) Criado com o objetivo de garantir a sanidade dos animais e vegetais

no paiacutes e a identidade qualidade e seguranccedila higiecircnico-sanitaacuteria e tecnoloacutegica dos

produtos finais destinados ao consumo98 Esse Sistema foi organizado de forma

descentralizada unificada e integrada entre a Uniatildeo sua coordenadora como Instacircncia

Central e Superior os Estados e o Distrito Federal como Instacircncia Intermediaacuteria e os

municiacutepios como Instacircncia Local Compete a essas trecircs instacircncias do Suasa em suas

aacutereas de competecircncia implantar monitorar e gerenciar os procedimentos de certificaccedilatildeo

sanitaacuteria fitossanitaacuteria e de identidade e qualidade que tecircm como objetivo garantir a

origem a qualidade e a identidade dos produtos certificados e dar credibilidade ao processo

de rastreabilidade

A adesatildeo ao Suasa eacute voluntaacuteria e as unidades da federaccedilatildeo para aderir devem

adequar seus procedimentos de inspeccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo ficando obrigadas a seguir a

legislaccedilatildeo federal ou dispor de regulamentos equivalentes reconhecidos pelo Mapa99

95

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002 (Anexo I) 96

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002 (Anexo I) 97

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002 (Anexo II) 98

Art 28-A Lei nordm 81711991 99

IN MAPA nordm 192006

65

Como o sistema possibilita a harmonizaccedilatildeo e a padronizaccedilatildeo dos procedimentos de

inspeccedilatildeo nas diferentes esferas governamentais o municiacutepio ao aderir ao Suasa permitiraacute

que um produto destinado ao consumo humano fiscalizado por um oacutergatildeo de inspeccedilatildeo

municipal seja comercializado em todo o Brasil Desse modo o agricultor familiar que tiver o

seu produto certificado no acircmbito do seu municiacutepio poderaacute comercializaacute-lo fora do municiacutepio

ou mesmo fora do Estado

Integram o Suasa os seguintes sistemas (a) Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de

Produtos de Origem Vegetal (SISBI-POV) a quem cabe desenvolver atividades de auditoria

fiscalizaccedilatildeo inspeccedilatildeo certificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de produtos de origem vegetal seus

derivados subprodutos e resiacuteduos de valor econocircmico (b) Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo

de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA) e (c) Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de

Insumos Agriacutecolas (SISBI- IA)100

O Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Vegetal visa assegurar a

identidade a qualidade a conformidade a idoneidade e a seguranccedila higiecircnico-sanitaacuteria e

tecnoloacutegica dos produtos de origem vegetal seus subprodutos derivados e resiacuteduos de

valor econocircmico por meio das accedilotildees de inspeccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de produtos

sistemas ou cadeia produtiva101 Isso quer dizer que nenhum estabelecimento industrial ou

agroindustrial que tenha como mateacuteria-prima produtos de origem vegetal poderaacute funcionar

no paiacutes sem que esteja previamente registrado no oacutergatildeo competente para inspeccedilatildeo da sua

atividade

O SISBI-POV sendo o instrumento responsaacutevel pela inspeccedilatildeo dos produtos de origem

vegetal ainda natildeo estaacute devidamente regulamentado dependendo ainda de orientaccedilatildeo legal

do Ministeacuterio da Agricultura Alguns Estados como Santa Catarina tomaram a iniciativa e jaacute

possuem legislaccedilatildeo sobre a regularizaccedilatildeo da atividade de processamento de alimentos de

origem animal e vegetal

O agricultor familiar ou as pequenas associaccedilotildeescooperativas rurais que veem na

instalaccedilatildeo de agroinduacutestria para o processamento de natildeo madeireiros uma forma de

inserccedilatildeo no mercado formal encontram dificuldades para obter a certificaccedilatildeo adequada em

atendimento agraves exigecircncias do serviccedilo de inspeccedilatildeo sanitaacuteria uma vez que poucos

municiacutepios contam com esse serviccedilo Basicamente aqueles que possuem o Sistema de

Inspeccedilatildeo Municipal devem solicitar a visita do teacutecnico para adequar a sua agroinduacutestria

conforme as exigecircncias da Lei Depois de credenciado no SIM solicitar que o municiacutepio

enquadre a agroinduacutestria no Suasa sendo que para isso o municiacutepio tem que estar inscrito

no SISBI com adesatildeo (Estado ou Uniatildeo) e responsabilizar-se pelos criteacuterios do Suasa

100

Art 130 Decreto nordm 57412006 101

Art 145 Decreto nordm 57412006

66

No entanto com a demora na regulamentaccedilatildeo do SISBI-POV o alvaraacute sanitaacuterio para

que as agroinduacutestrias familiares rurais que utilizam produtos de origem vegetal possam

funcionar devem ser obtidos junto agraves Secretarias Estaduais da Sauacutede e na Anvisa

Prezotto (1999) denuncia que a complexidade do sistema organizacional de inspeccedilatildeo

sanitaacuteria agropecuaacuteria somada a atuaccedilotildees desarticuladas na fiscalizaccedilatildeo dos alimentos

promovem um ambiente institucional desfavoraacutevel agraves agroinduacutestrias familiares uma vez que

geram incertezas e desinformaccedilotildees por parte dos responsaacuteveis pelos empreendimentos

Essa falta de conhecimento dos agricultores sobre a legislaccedilatildeo sanitaacuteria foi documentada

por Zago (2002) em estudo realizado no Municiacutepio de Arroio do Tigre (RS) A autora

constatou que os agricultores familiares tecircm noccedilatildeo de exigecircncias fiscais e sanitaacuterias

implicadas na comercializaccedilatildeo destes produtos mas reconhecem que natildeo as praticam

Mesmo reconhecendo a ilegalidade da situaccedilatildeo ainda preferem manter a informalidade da

atividade em razatildeo da excessiva burocracia para a sua regularizaccedilatildeo Afirmam nunca terem

se incomodado com fiscais ou recebido reclamaccedilatildeo por venderem produtos estragados ou

mesmo que tenham causado mal a algum consumidor

No acircmbito do Estado de Goiaacutes a Superintendecircncia de Vigilacircncia Sanitaacuteria possui

norma teacutecnica sobre comercializaccedilatildeo de alimentos determinando que todo estabelecimento

ou local destinado ao preparo manipulaccedilatildeo acondicionamento depoacutesito ou venda de

alimentos deve ser regulamentado de modo a atender a uma seacuterie de requisitos que vatildeo da

posse de alvaraacute sanitaacuterio agrave adequaccedilatildeo do local aleacutem da adoccedilatildeo de procedimentos que as

pessoas devem atender para manipularem alimentos destinados ao consumo humano

Essa mesma norma teacutecnica exige vaacuterios documentos para que pessoas fiacutesicas e

juriacutedicas recebam o alvaraacute de funcionamento requerendo tambeacutem que a vistoria do local

seja aprovada pela aacuterea de fiscalizaccedilatildeo do Oacutergatildeo

33 LEGISLACcedilAtildeO CIVIL APLICADA AgraveS ATIVIDADES DE COMERCIALIZACcedilAtildeO DE PFNMS

POR PESSOA FIacuteSICA E JURIacuteDICA NA AacuteREA RURAL

As pessoas fiacutesicas podem se organizar como empreendedor individual para participar

do mercado formal A Lei Complementar nordm 1232006103 permite que trabalhadores que

atuam em pequenos negoacutecios informais ndash camelocircs pipoqueiros cabeleireiros donos de

carrocinhas de sanduiacuteche e tambeacutem o agricultor que beneficia PFNMs para o mercado

entre outros ndash se regularizem perante a Lei mediante a adoccedilatildeo de procedimentos

burocraacuteticos Em contrapartida recebem alguns benefiacutecios como a isenccedilatildeo de significativo

nuacutemero de tributos que incidem sobre a atividade produtiva recolhendo apenas uma taxa

fixa mensal de R$ 4565 a tiacutetulo de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social (aliacutequota de 11 sobre

102

Portaria SESGO nordm 128895 103

Art 18-A e seguintes da Lei Complementar nordm 1232006

67

o salaacuterio miacutenimo) para fins de aposentadoria pessoal R$ 100 de ICMS (para aqueles com

atividades ligadas a induacutestria e ao comeacutercio) ou R$ 500 de ISS (para aqueles ligados a

atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos) A contribuiccedilatildeo agrave seguridade social lhes concede o

direito aos benefiacutecios previdenciaacuterios ndash auxiacutelios pensatildeo por morte salaacuterio-maternidade e

aposentadoria por idade ou por invalidez ndash excetuando a aposentadoria por tempo de

contribuiccedilatildeo

As pessoas juriacutedicas seguem outra legislaccedilatildeo De acordo com o Novo Coacutedigo Civil

brasileiro existem cinco tipos de pessoas juriacutedicas de direito privado as associaccedilotildees as

sociedades as fundaccedilotildees as organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos104 Os

agricultores familiares costumam se organizar na forma de associaccedilotildees ou cooperativas

para a comercializaccedilatildeo da sua produccedilatildeo e outras demandas econocircmicas e sociais

Por razotildees obvias seraacute analisada somente a legislaccedilatildeo civil relativa agraves associaccedilotildees e

cooperativas especificamente naquilo que diz respeito agraves exigecircncias legais para que essas

pessoas juriacutedicas possam constituir legalmente uma agroinduacutestria e comercializar os

produtos por ela gerados

331 Associaccedilotildees

As associaccedilotildees satildeo pessoas juriacutedicas de direito privado que se constituem para a

realizaccedilatildeo de fins natildeo econocircmicos105 Seus fins satildeo o objetivo comum a razatildeo de ser da

pessoa juriacutedica geralmente de natureza ideal ou altruiacutestica A natildeo lucratividade desses fins

natildeo permite a distribuiccedilatildeo de lucros entre os associados (AMARAL 2003) No entanto

podem realizar atividades econocircmicas desde que a receita obtida seja revertida para custear

o seu funcionamento e natildeo para ser partilhada entre os associados

Ao realizar atividades econocircmicas produzindo mercadorias e as vendendo no

comeacutercio satildeo obrigadas a emitir nota fiscal sendo obrigadas a se inscrever na Receita

Federal (CNPJ) e na Secretaria de Fazenda do seu Estado A nota fiscal eacute fator gerador de

tributos a partir da sua emissatildeo

O ato constitutivo da associaccedilatildeo eacute o seu estatuto social que deveraacute ser aprovado na

assembleia de fundaccedilatildeo da associaccedilatildeo

O registro das associaccedilotildees deve ser realizado no Cartoacuterio de Registro Civil das

Pessoas Juriacutedicas106 com base nos seguintes documentos (a) Coacutepia do estatuto social

assinado por advogado com registro na OAB (b) Ata de fundaccedilatildeo e ata de eleiccedilatildeo e de

104

Art 44 Lei nordm 104062002 (Coacutedigo Civil) 105

Art 54 Lei nordm 104062002 (Coacutedigo Civil) 106

Art 1150 Lei nordm 104062002 (Coacutedigo Civil) e Arts 114 e seguintes da Lei nordm 60151973 (Lei de Registros Puacuteblicos)

68

posse da diretoria Todas as assembleias ordinaacuterias e extraordinaacuterias realizadas pela

associaccedilatildeo tambeacutem deveratildeo ser registradas em cartoacuterio

Para o seu funcionamento seraacute necessaacuterio o respectivo alvaraacute de localizaccedilatildeo e

funcionamento emitido pelo municiacutepio

Tanto a associaccedilatildeo quanto a cooperativa satildeo obrigadas a constituir um contador

habilitado pelo Conselho Regional de Contabilidade (CRC) para acompanhar as contas da

instituiccedilatildeo e fornecer a orientaccedilatildeo necessaacuteria para a seu bom funcionamento

As associaccedilotildees satildeo obrigadas por lei a recolher tributos (impostos taxas e

contribuiccedilotildees) agrave Uniatildeo Estados e Municiacutepios embora em muitos casos a proacutepria legislaccedilatildeo

possa isentaacute-las como forma de incentivar a produccedilatildeo Os principais tributos recolhidos

pelas associaccedilotildees satildeo

(a) Imposto sobre Exportaccedilatildeo (IE) Somente incide caso a associaccedilatildeo exporte algum

produto Eacute de competecircncia exclusiva da Uniatildeo A base de caacutelculo do imposto eacute o preccedilo

normal que o produto ou seu similar alcanccedilaria ao tempo da exportaccedilatildeo em uma venda

em condiccedilotildees de livre concorrecircncia no mercado internacional A aliacutequota eacute de 30

facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentaacute-la

(b) Imposto sobre Renda e proventos de qualquer natureza (IRPJ) No caso das

associaccedilotildees ocorre a imunidade desde que cumpram alguns requisitos como a natildeo

remuneraccedilatildeo de dirigentes a natildeo distribuiccedilatildeo de sobrasganhos financeiros para os seus

associados e a aplicaccedilatildeo de suas rendas e patrimocircnio na consecuccedilatildeo dos objetivos em

territoacuterio nacional Deve fazer anualmente uma declaraccedilatildeo de isenccedilatildeo de imposto de renda

Caso ocorra pagamento de salaacuterios a empregados cuja remuneraccedilatildeo ultrapasse a

tabela do IRPF caberaacute retenccedilatildeo mensal do imposto na fonte

(c) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Deveraacute ser recolhido se a

associaccedilatildeo fabricar e vender algum tipo de produto O valor da aliacutequota dependeraacute do tipo

de produto fabricado

(d) Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) Caso a associaccedilatildeo tenha

empregados deveraacute ser recolhido Natildeo incide sobre os associados Como nas cooperativas

nas associaccedilotildees populares praticamente natildeo ocorre o recolhimento uma vez que os

proacuteprios associados eacute que prestam os serviccedilos (e) Instituto Nacional da Seguridade Social

(INSS) Caso a associaccedilatildeo distribuam sobras da sua receita aos associados deveraacute recolher

20 sobre esses valores aos cofres do ao INSS

(f) Contribuiccedilatildeo Sobre a Produccedilatildeo Rural (Funrural) Eacute de competecircncia da Uniatildeo Caso

a associaccedilatildeo desenvolva atividades produtivas rurais devem recolher ao INSS o valor de

23 sobre a receita bruta da comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa contribuiccedilatildeo foi

recentemente julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

69

(g) Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) Imposto de

competecircncia da Uniatildeo o seu recolhimento eacute obrigatoacuterio e incide o recolhimento de 3 sobre

a receita bruta proveniente da venda de mercadorias e serviccedilos sendo que sobre a mesma

podem ser aplicadas algumas deduccedilotildees No entanto sua aplicaccedilatildeo tem sido contestada na

Justiccedila

(h) Taxas de Classificaccedilatildeo De competecircncia da Uniatildeo devem ser recolhidas aos

Ministeacuterios da Agricultura ou da Sauacutede em pagamento aos serviccedilos de inspeccedilatildeo

fiscalizaccedilatildeo e licenciamento de comercializaccedilatildeo de produtos animais ou vegetais No caso

de a associaccedilatildeo fabricar e vender produtos com marca proacutepria deveraacute registraacute-los

conforme o caso em um desses ministeacuterios

(i) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias (ICMS) De modo geral o fisco estadual

cobra o ICMS para a circulaccedilatildeo de mercadorias das associaccedilotildees Alguns estados isentam

as operaccedilotildees realizadas pela associaccedilatildeo ou mesmo estabelecem percentuais menores ou

ainda isentam determinados produtos As associaccedilotildees ao contraacuterio das cooperativas natildeo

satildeo beneficiadas com a natildeo incidecircncia do ICMS nas operaccedilotildees entre associados e a sua

entidade Mas algumas poliacuteticas estaduais e locais cujo objetivo eacute o incentivo agrave determinada

atividade produtiva ndash como no caso da comercializaccedilatildeo de produtos da cesta baacutesica da

venda de artesanato etc ndash vecircm beneficiando as associaccedilotildees

(j) Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) Eacute de competecircncia municipal e eacute pago

sobre as propriedades da associaccedilatildeo na cidade

(k) Taxa de Limpeza e Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblicas De competecircncia do municiacutepio

satildeo obrigatoacuterias para as associaccedilotildees

332 Cooperativas

As cooperativas satildeo pessoas juriacutedicas privadas de tipo especial definidas como

ldquosociedade de pessoas com forma e natureza juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo

sujeitas a falecircncia constituiacutedas para prestar serviccedilos aos associadosrdquo107 A ideia baacutesica

expressa na legislaccedilatildeo eacute que o sistema cooperativo incorpora a ajuda muacutetua entre os

cooperados que contribuem com bens ou serviccedilos revertidos para benefiacutecio comum e a

ausecircncia da finalidade lucrativa Ou seja natildeo buscam o lucro sendo que o excedente eacute

utilizado na consecuccedilatildeo de seus fins e distribuiacutedos proporcionalmente entre os cooperados

Eacute uma sociedade simples pois se submete ao registro civil Sua atividade eacute de natureza natildeo

empresarial mas para atingir sua finalidade exerce atividade empresarial

107

Art 4deg Lei nordm 57641971

70

O estatuto da cooperativa eacute o documento que rege seu funcionamento Trata-se do

contrato que os cooperados fazem entre si onde satildeo discriminados as normas de

funcionamento e os direitos e deveres do cooperado entre outras

Podem ser singulares quanto agrave organizaccedilatildeo federativa isto eacute formadas pelo nuacutemero

miacutenimo de vinte pessoas fiacutesicas excepcionalmente permitindo-se a admissatildeo de pessoas

juriacutedicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econocircmicas das

pessoas fiacutesicas ou ainda aquelas sem fins lucrativos

Podem tambeacutem ser agrupadas de acordo com a forma de atividade a que se

destinam se subdividindo em (a) Cooperativas de Produccedilatildeo (b) Cooperativas de

Consumo (c) Cooperativas de Creacutedito e (d) Cooperativas Mistas108

Para a constituiccedilatildeo de uma cooperativa satildeo necessaacuterias as seguintes providecircncias

(a) Registro do Estatuto Social e da Ata da Assembleia Geral de Constituiccedilatildeo no

Cartoacuterio de Tiacutetulos e Documentos a fim de dar prova da existecircncia legal da Cooperativa

(b) Registro na Junta Comercial do Estado Arquivados os documentos na Junta

Comercial e feita a respectiva publicaccedilatildeo a cooperativa adquire personalidade juriacutedica

tornando-se apta a funcionar109

(c) Registro na Secretaria da Receita Federal e Instituto Nacional de Seguridade

Social

Outras providecircncias satildeo necessaacuterias para que a cooperativa venha a funcionar dentro

de todos os paracircmetros legais

(a) Licenccedila ambiental ndash A ser obtida junto ao oacutergatildeo competente ambiental caso a

atividade requeira

(b) Licenccedila sanitaacuteria ndash A ser obtida junto aos oacutergatildeos do Sistema Nacional de Vigilacircncia

Sanitaacuteria do Sistema Unificado de Atenccedilatildeo agrave Sanidade Agropecuaacuteria se o caso

requerer

(c) Alvaraacute de funcionamento ndash A ser solicitado junto agrave Prefeitura do municiacutepio onde

seraacute instalada a unidade produtiva da cooperativa

(d) Registro junto agrave Secretaria Estadual de Fazenda ndash Para emissatildeo de bloco de nota

fiscal

Aleacutem dos requisitos burocraacuteticos para a sua constituiccedilatildeo que muito oneram os

agricultores familiares as cooperativas satildeo obrigadas a recolher tributos (impostos taxas e

contribuiccedilotildees) de competecircncia das vaacuterias esferas do poder puacuteblico para que sejam

consideradas legais nos termos da lei Os principais satildeo

108

Art 6ordm Lei nordm 57641971 109

Art 18 sect6deg Lei nordm 57641971

71

(a) Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) De acordo com a legislaccedilatildeo em vigor deve

ser descontado o percentual de 1 sobre a folha de pagamento de funcionaacuterios da

cooperativa Aleacutem disso deve ser descontado 065 sobre o faturamento total da

cooperativa

(b) Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) Tem

recolhimento mensal e eacute calculada em 3 sobre a receita bruta da cooperativa O PIS e a

Cofins satildeo constitucionalmente destinados agrave seguridade social (sauacutede assistecircncia e

previdecircncia social)110

(c) Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) Somente eacute recolhido se a

cooperativa tiver empregados natildeo incidindo o fato gerador sobre os cooperativados Nas

cooperativas populares praticamente natildeo ocorre o recolhimento uma vez que os proacuteprios

cooperados eacute que prestam os serviccedilos (d) Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS)

As cooperativas de produccedilatildeo devem recolher ao INSS 20 sobre os valores distribuiacutedos

aos cooperados jaacute que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria as compara agraves empresas comuns

(e) Imposto de Renda Pessoa Fiacutesica (IRPF) Se os ganhos do cooperado alcanccedilar as

faixas estabelecidas na tabela de Imposto de Renda na fonte para pessoas fiacutesicas sofreratildeo

retenccedilatildeo na fonte O cooperado que tiver imposto de renda retido na fonte deveraacute fazer o

ajuste e verificar se existente saldo a pagar ou a restituir de acordo com a legislaccedilatildeo

vigente

(f) Imposto de Renda Pessoa Juriacutedica (IRPJ) Deve recolher o Imposto de Renda

Pessoa Juriacutedica sobre operaccedilotildees com terceiros

(g) Imposto sobre Exportaccedilatildeo (IE) Eacute de competecircncia exclusiva da Uniatildeo e somente

incide caso a cooperativa exporte algum produto Sua base de caacutelculo eacute o preccedilo normal que

o produto ou seu similar alcanccedilaria ao tempo da exportaccedilatildeo em uma venda em condiccedilotildees

de livre concorrecircncia no mercado internacional A aliacutequota eacute de 30 facultado ao Poder

Executivo reduzi-la ou aumentaacute-la

(h) Contribuiccedilatildeo Sobre a Produccedilatildeo Rural (Funrural) Essa contribuiccedilatildeo eacute de

competecircncia da Uniatildeo Obriga o agricultor ou pecuarista a contribuir com a aliacutequota de 23

sobre a receita bruta proveniente da comercializaccedilatildeo do seu produto111 Caso o agricultor

entregue seu produto para a cooperativa esta eacute obrigada a recolher ao INSS o percentual

mencionado acima descontando do que pagaria ao agricultorpecuarista Essa contribuiccedilatildeo

foi recentemente julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF)112

(i) Taxas de Classificaccedilatildeo Satildeo de competecircncia da Uniatildeo e satildeo pagas aos Ministeacuterios

da Sauacutede e Agricultura pelos serviccedilos de inspeccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e licenciamento de

110

Art 194 Constituiccedilatildeo Federal1988 111

Art 1deg Lei nordm 85401992 112

Recurso Extraordinaacuterio (RE) nordm 363852

72

comercializaccedilatildeo de produtos animais ou vegetais No caso de a cooperativa fabricar e

vender produtos com marca proacutepria deveraacute registraacute-los conforme o caso em um desses

ministeacuterios

(j) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos (ICMS) Este

imposto eacute de competecircncia dos Estados e Distrito Federal As cooperativas de produccedilatildeo

agriacutecolas ou de consumo pagam esse imposto mediante aliacutequotas bastante diversificadas

Existem vaacuterias formas de pagamento deste imposto dependendo do Estado que arrecada

34 LEGISLACcedilAtildeO SOBRE EXPLORACcedilAtildeO DE PFNMs NO ESTADO DE GOIAacuteS

Cabe ao Estado de Goiaacutes regulamentar qualquer empreendimento ou atividade

potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente desde que os seus impactos

ambientais diretos natildeo ultrapassam os limites do Estado (Lei nordm 693881 Resoluccedilotildees

Conama nordm 00186 e nordm 23797 Parecer nordm 312CONJURMMA2004) Somado a esse

preceito a legislaccedilatildeo ambiental goiana estabelece que a exploraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa

eou formaccedilatildeo sucessora no Estado depende da aprovaccedilatildeo preacutevia do oacutergatildeo estadual de

meio ambiente bem como da adoccedilatildeo do manejo sustentaacutevel compatiacutevel com o respectivo

ecossistema (Art 8ordm Lei Estadual nordm 125961995) Nesses termos a atividade de

exploraccedilatildeo do fruto do baru em Goiaacutes necessita do licenciamento do oacutergatildeo ambiental

estadual

Essa mesma Lei que trata da poliacutetica florestal do Estado dispotildee que caberaacute ao

Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm) fixar os criteacuterios para o registro e

fiscalizaccedilatildeo das atividades das pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que pretendam se habilitar agrave

exploraccedilatildeo de plantas nativas utilizadas para fins alimentiacutecios abrangido neste dispositivo o

uso de raiacutezes caules folhas flores frutos e semente (sect Uacutenico Art 9ordm) No entanto o

Conselho ainda natildeo regulamentou tal dispositivo apesar do oacutergatildeo ambiental do Estado ter

criado rotinas administrativas para o fornecimento de Licenccedila de Exploraccedilatildeo Florestal (LEF)

para o interessado na exploraccedilatildeo florestal Apesar do estabelecimento dessas rotinas como

era de se esperar a utilizaccedilatildeo comercial de PFNMs para fins alimentiacutecios natildeo eacute uma das

atividades relacionadas como passiacutevel de licenciamento

A legislaccedilatildeo do Estado de Goiaacutes exige que aqueles empreendimentos cujas atividades

utilizem recursos primaacuterios ou secundaacuterios e possam ser causadoras efetivas ou potenciais

de poluiccedilatildeo ou de degradaccedilatildeo ambiental sejam licenciadas pelo oacutergatildeo ambiental (Resoluccedilatildeo

Conama 237) Empreendimentos industriais alimentares estatildeo aiacute incluiacutedos poreacutem a

administraccedilatildeo puacuteblica eacute que estabeleceraacute se de alto ou baixo impacto Caso seja de baixo

impacto a legislaccedilatildeo admite que o seu licenciamento seja feito de forma simplificada

(Licenccedila Ambiental Simplificada ndash LAS)

73

A legislaccedilatildeo estadual goiana natildeo faz qualquer referecircncia agrave necessidade daqueles

restaurantes que utilizam a amecircndoa do baru ou mesmo outro produto florestal natildeo

madeireiro de possuiacuterem licenccedila ambiental para o exerciacutecio da sua atividade

No aspecto tributaacuterio podemos destacar a Lei do Estado de Goiaacutes113 que dispotildee sobre

a reduccedilatildeo de base de caacutelculo do Imposto de Circulaccedilatildeo de Mercadoria e Serviccedilos (ICMS)

sobre a industrializaccedilatildeo de produtos tiacutepicos do Cerrado e que beneficia pessoa fiacutesica e

juriacutedica que trabalha com espeacutecies frutiacuteferas do Cerrado De acordo com o mencionado

dispositivo incide a aplicaccedilatildeo do percentual de 7 sobre o valor da operaccedilatildeo na saiacuteda

interna e interestadual de mercadoria resultante da industrializaccedilatildeo de produto tiacutepico do

cerrado goiano Importante citar que anteriormente este percentual era de 17 sobre o valor

da operaccedilatildeo na saiacuteda interna e interestadual

Um aspecto dessa legislaccedilatildeo que merece ser mencionado eacute o fato da existecircncia de

significativo nuacutemero de normas voltadas para a exploraccedilatildeo madeireira e uma diminuta

quantidade de dispositivos legais dirigidos agrave exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros Esse eacute o caso

do Decreto nordm 597506 que estabelece normas para a exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees

sucessoras tanto de domiacutenio puacuteblico quanto de privado poreacutem remete para

regulamentaccedilatildeo posterior o manejo de florestas para a obtenccedilatildeo de produtos florestais natildeo

madeireiros (Art 8deg)

A conclusatildeo extraiacuteda desse capiacutetulo eacute que a legislaccedilatildeo ambiental brasileira apesar de

ser muito festejada e ser considerada uma das mais completas do mundo (GONCcedilALVES

ALVES 2003 BRINCKMANN FRIEDRICH 2008) e mesmo a mais completa quando

comparada aos demais paiacuteses do Mercosul (ROCHA et al 2005) ao regular a atividade de

exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros pode causar confusatildeo e inseguranccedila ao destinataacuterio da

norma em razatildeo do consideraacutevel nuacutemero de dispositivos com o qual conta Outro aspecto

dessa regulaccedilatildeo eacute a existecircncia de dispositivos conflitantes que potencializam essa

inseguranccedila juriacutedica Esses fatos tecircm consequecircncias ruins para a atividade porque podem

desestimular a exploraccedilatildeo do recurso ou mesmo fazer com que aquele que jaacute explore

determinado natildeo madeireiro ignore o comando contido na lei levando-o a uma situaccedilatildeo de

ilicitude

Podemos apontar como principais obstaacuteculos gerados pelo marco regulatoacuterio nacional

incidente sobre a cadeia produtiva do baru

Grande quantidade de dispositivos (ambientais sanitaacuterios fiscaistributaacuterios)

oriundos das trecircs esferas do poder (federal estadual e municipal) que tecircm que ser

atendidos para viabilizar legalmente os empreendimentos de exploraccedilatildeo de natildeo

madeireiros

113

Lei nordm 150512004 (Estado de Goiaacutes)

74

Sobreposiccedilatildeo e inconsistecircncias entre procedimentos e exigecircncias ambientais

sanitaacuterias e fiscaistributaacuterias tanto em niacutevel federal como estadual

O fato das reduzidas normas e procedimentos sobre manejo florestal de natildeo

madeireiros natildeo apresentarem paracircmetros teacutecnicos claros de sustentabilidade

ambiental social econocircmica e poliacutetica

O fato das normas sobre manejo florestal aplicaacuteveis aos natildeo madeireiros exigirem

alta capacidade teacutecnica para o seu atendimento nem sempre ao alcance das

comunidades que exploram o recurso

A falta de estudos teacutecnicos e cientiacuteficos sobre produtos natildeo madeireiros no Cerrado

que venham a subsidiar a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

O fato de estados e municiacutepios brasileiros na sua grande maioria possuiacuterem

capacidade limitada para implementar os procedimentos legais exigidos para a

exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros

75

4 INDICADORES DAS DIMENSOtildeES DA SUSTENTABILIDADE

41 DIMENSOtildeES DA SUSTENTABILIDADE

Embora o emprego do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (DS) tenha surgido

em 1980 em um documento elaborado pela Uniatildeo para a Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN)

(PIRES 1998) foi com ldquoO nosso futuro comumrdquo (Relatoacuterio Brundtland) publicado em 1987

pela Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) da

Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) que o termo ganhou sua versatildeo mais conhecida

passando a ser definido como

[] is development that meets the needs of the present without

compromising the ability of future generations to meet their own needs

(UN 1987 p 54)

A expressatildeo ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo sofreu criacuteticas desde quando apareceu

em decorrecircncia da contradiccedilatildeo verificada nos proacuteprios termos da expressatildeo uma vez que a

palavra ldquodesenvolvimentordquo trazia uma loacutegica fundada na exploraccedilatildeo ilimitada dos recursos

naturais cujo objetivo era de aumentar a produccedilatildeo o consumo e a produccedilatildeo de riqueza

Nesse escopo eacute entendida como uma loacutegica perversa pois implica na extenuaccedilatildeo dos

recursos da terra e na devastaccedilatildeo dos ecossistemas contribuindo decisivamente para a

extinccedilatildeo de milhares de espeacutecies e ameaccedilando a sobrevivecircncia da raccedila humana no planeta

Ao mesmo tempo em que produz o esgotamento dos recursos naturais esta mesma loacutegica

produz desigualdades sociais uma vez que natildeo estaacute baseada na cooperaccedilatildeo e

solidariedade mas na concorrecircncia (BOFF 2006)

Na verdade o Relatoacuterio Brundtland ao adotar o termo desenvolvimento sustentaacutevel

partiu do pressuposto que eacute possiacutevel conciliar crescimento econocircmico e conservaccedilatildeo

ambiental (PIRES 1998)

De qualquer forma o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel colocou em evidecircncia a

necessidade de a humanidade renunciar ao paradigma orientado pela forma de exploraccedilatildeo

ilimitada dos recursos naturais e partir para um desenvolvimento que natildeo colocasse as

geraccedilotildees futuras sob o risco de natildeo terem suas necessidades atendidas

Este conceito ainda eacute fruto de polecircmica entre os estudiosos apesar de vaacuterios anos

terem se passado desde o lanccedilamento do Relatoacuterio Brundtland Segundo Cavalcanti (1998)

o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel apresentado pelo Relatoacuterio eacute contraditoacuterio uma

vez que qualquer melhoria econocircmica sob a eacutegide do que o homem procura significa

acumulaccedilatildeo de capital e o esgotamento de alguma categoria de recursos natildeo renovaacuteveis

Na verdade o conceito de DS vem sendo continuamente construiacutedo (MMA 2004) Na

perspectiva daqueles que defendem este novo paradigma para que realmente ocorra o

desenvolvimento em bases sustentaacuteveis devem ser abandonados os modelos econocircmicos

76

tradicionais como forma de favorecer um uso mais equilibrado e menos danoso aos

recursos naturais

Esse tipo de desenvolvimento natildeo deve ser pensado somente a partir da limitada

proposta de crescimento econocircmico que tem como base a exclusatildeo social e a depredaccedilatildeo

dos recursos naturais ateacute a sua exaustatildeo Para a sua correta conceituaccedilatildeo deve ser levado

em consideraccedilatildeo natildeo somente questotildees como a ambiental ou ecoloacutegica mas a conjunccedilatildeo

dos demais elementos (COSTA NETO 1999) Para Boff (2006) esse desenvolvimento deve

incorporar uma dimensatildeo mais ampla a dimensatildeo eacutetica pois deve garantir a

sustentabilidade da vida da terra da sociedade e da humanidade acima do interesse

econocircmico-poliacutetico ou praacutetico-instrumental Sachs (2000 2004) entende que o conceito de

DS dever ser considerado a partir das dimensotildees da sustentabilidade Isso significa dizer

que no processo de planejamento do desenvolvimento a integraccedilatildeo entre as dimensotildees eacute

condiccedilatildeo fundamental aleacutem da preocupaccedilatildeo com a produtividade e com a conservaccedilatildeo dos

ecossistemas Por sua vez cada uma das dimensotildees tem sua caracteriacutestica proacutepria estando

condicionada e condicionando as demais dimensotildees Isso significa dizer que natildeo satildeo

estanques e em determinados momentos e circunstacircncias estatildeo sujeitas a interaccedilotildees nas

mais variadas formas As interaccedilotildees entre componentes de diferentes dimensotildees podem ser

tatildeo importantes como os componentes principais de uma dimensatildeo considerada

(SEPULVEDA 2005)

Em resumo o desenvolvimento sustentaacutevel pode ser entendido como o processo

poliacutetico-participativo que integra todas as sustentabilidades (econocircmica ambiental e social

poliacutetico-institucional e da sauacutede entre outras) individuais e coletivas tendo como objetivo o

bem-estar dos indiviacuteduos no presente e das geraccedilotildees futuras Sob esse ponto de vista uma

comunidade soacute seraacute sustentaacutevel se conseguir manter e melhorar as caracteriacutesticas sociais

econocircmicas ambientais poliacutetico-institucionais e da sauacutede do local onde vivem

proporcionando aos seus membros uma boa qualidade de vida

Para efeito dessa anaacutelise a noccedilatildeo de sustentabilidade com a qual se trabalha eacute

aquela definida por Jacobi (1999) que implica uma ldquonecessaacuteria inter-relaccedilatildeo entre justiccedila

social qualidade de vida equiliacutebrio ambiental e a necessidade de desenvolvimento com

capacidade de suporterdquo Nesse entendimento esta sustentabilidade diz respeito agrave

prevalecircncia da premissa segundo a qual deve ser imposta uma limitaccedilatildeo ao crescimento

associada a iniciativas de promoccedilatildeo da participaccedilatildeo social por meio de praacuteticas educativas e

do diaacutelogo democraacutetico sem deixar de considerar os valores culturais fazendo surgir um

sentimento de co-responsabilizaccedilatildeo e de constituiccedilatildeo de valores eacuteticos

Para Sachs (1993) qualquer atividade que tenha como propoacutesito o planejamento do

desenvolvimento deve procurar o equiliacutebrio entre as vaacuterias dimensotildees da sustentabilidade

77

entre as quais a ecoloacutegica a social a econocircmica e a poliacutetica Estas dimensotildees devem ser

integradas para que ocorra o processo do desenvolvimento sustentaacutevel

Um dos pressupostos do presente trabalho eacute que a atividade de extraccedilatildeo de recursos

vegetais para ser sustentaacutevel deve conciliar estas cinco dimensotildees

A dimensatildeo social da sustentabilidade eacute aquela que expressa a ideia que somente

uma sociedade menos desigual e com pluralismo poliacutetico poderaacute produzir o

desenvolvimento com bases sustentaacuteveis (MMA 2004) Sachs (2004) enumera esta

dimensatildeo como a proacutepria finalidade do desenvolvimento em razatildeo das perspectivas de

colapso social que paira sobre muitos lugares problemaacuteticos do planeta A dimensatildeo social

precede a sustentabilidade ambiental Nessa perspectiva o empenho na conservaccedilatildeo dos

recursos naturais somente adquire significado e relevacircncia quando o produto gerado desse

esforccedilo venha a ser equitativamente apropriado e usufruiacutedo pelos diversos segmentos da

sociedade (COSTABEBER CAPORAL 2002 2003)

Esta dimensatildeo coloca o ser humano como agente do desenvolvimento sustentaacutevel

uma vez que tem o potencial de transformar o seu meio ambiente gerando riquezas e

exaurindo os recursos naturais e por outro lado sendo capaz de se auto-organizar e

participar dos processos de tomada de decisatildeo atuando junto a governos locais e regionais

bem como a outras instacircncias institucionais do setor puacuteblico para melhorar a sua vida

(SEPULVEDA 2005)

Trata-se de uma nova postura da sociedade frente aos desafios da equidade e da

solidariedade na produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das riquezas Sua orientaccedilatildeo deve ser a busca de

equidade na distribuiccedilatildeo de renda pela igualdade de acesso aos recursos naturais e aos

benefiacutecios sociais Levar-se em conta a dimensatildeo social significa almejar a melhoria da

qualidade de vida das pessoas partindo-se de uma nova conformaccedilatildeo dos atores sociais A

contribuiccedilatildeo dessa dimensatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel depende de que a

sociedade se organize socialmente conjugando esforccedilos na direccedilatildeo de uma melhoria de

vida para toda a populaccedilatildeo

A dimensatildeo ambiental surge do princiacutepio de que as populaccedilotildees ndash incluindo-se ai os

atores institucionais e agentes econocircmicos ndash para caminharem rumo ao desenvolvimento

sustentaacutevel ou seja para garantir sua proacutepria sobrevivecircncia a longo prazo no planeta

deveratildeo conhecer e manejar os recursos renovaacuteveis de modo a manter eou recuperar as

condiccedilotildees quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo bem como conservar eou recuperar a

biodiversidade as reservas naturais e os mananciais hiacutedricos assim como os demais

recursos naturais Esse conceito tambeacutem incorpora a adoccedilatildeo de estrateacutegias voltadas para a

reutilizaccedilatildeo de materiais e energia dentro dos sistemas assim como a eliminaccedilatildeo do uso de

resiacuteduos toacutexicos que afetam a sauacutede dos ambientes naturais e o bem-estar das populaccedilotildees

78

bem como aqueles cujos efeitos sobre o meio ambiente satildeo incertos ou desconhecidos A

dimensatildeo ambiental incorpora a ideia de que a conservaccedilatildeo dos recursos naturais eacute

condiccedilatildeo essencial para a continuidade dos processos de reproduccedilatildeo socioeconocircmica e

cultural da sociedade (COSTABEBER CAPORAL 2002)

Para explicar melhor essa dimensatildeo Sachs (2000) propotildee criteacuterios de

sustentabilidade ecoloacutegica e ambiental A sustentabilidade ecoloacutegica faz referecircncia agrave base

fiacutesica do processo de crescimento e tem como objetivo a preservaccedilatildeo do capital natural

incorporados agraves atividades produtivas No que diz respeito agrave sustentabilidade ambiental o

autor menciona que este criteacuterio se refere agrave manutenccedilatildeo da capacidade de autodepuraccedilatildeo

dos ecossistemas naturais o que implica na manutenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da capacidade de

absorccedilatildeo e recomposiccedilatildeo dos ecossistemas em face das agressotildees praticadas pela accedilatildeo do

homem (NOVAES 2000)

A importacircncia dessa dimensatildeo para o alcance do desenvolvimento sustentaacutevel reside

no fato de ser um conceito que busca se contrapor agravequela visatildeo tradicional ou modelo

tradicional de exploraccedilatildeo econocircmica que tem como base o curto-prazo e o uso ilimitado e

indiscriminado dos recursos naturais e que natildeo considera os efeitos desse crescimento

sobre a qualidade de vida das populaccedilotildees Desse modo eacute de fundamental importacircncia que

a sociedade incorpore nos seus valores a visatildeo de que os recursos naturais somente

estaratildeo disponiacuteveis para as geraccedilotildees atuais e futuras se utilizados de forma racional

Para Pires (1998) ela se daacute quando ocorre o uso dos recursos potenciais com um

miacutenimo de dano aos sistemas de sustentaccedilatildeo da vida estando ligada a manutenccedilatildeo de

estoques fiacutesicos de capital natural (CAVALCANTI 2004) Por outro lado a

insustentabilidade eacute caracterizada quando se daacute o aniquilamento ou depredaccedilatildeo do recurso

natural ou seja a velocidade de regeneraccedilatildeo do bem explorado eacute menor que a velocidade

da exploraccedilatildeo extrativa (HOMMA 1993) Mesmo a atividade extrativa sendo ecologicamente

sustentaacutevel pode ser economicamente inviaacutevel em vista de vaacuterios fatores tais como a

competiccedilatildeo de produtos naturais semelhantes (selvagens ou domesticados) ou sinteacuteticos

ou simples falta de mercado (DRUMMOND 1996)

De acordo com Anderson (1994) a ideia segundo a qual a exploraccedilatildeo de PFNMs eacute

inquestionavelmente sustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico natildeo encontra sustentaccedilatildeo uma

vez que a sustentabilidade ecoloacutegica da extraccedilatildeo de PFNMs eacute bastante variada e depende

do tipo de recurso explorado Salienta que em termos de sustentabilidade ecoloacutegica o que

deve ser levado em conta natildeo eacute o destino de plantas individuais e sim o povoamento

Menciona pesquisas realizadas que demonstram que sob manejo com a finalidade de

extraccedilatildeo de madeira podem ser mantidos ou ateacute mesmo aumentados os povoamentos

naturais das espeacutecies florestais exploradas Contudo estudos sugerem que a coleta

79

indiscriminada de sementes ou frutos pode comprometer a manutenccedilatildeo de povoamentos

silvestres Com esses comentaacuterios o autor quer mostrar a incerteza que permeia a

mensuraccedilatildeo da sustentabilidade ambiental

Essa questatildeo eacute abordada por Klink (2001) que entende que o manejo de sistemas

ecoloacutegicos envolve grandes incertezas Salienta que ldquomesmo entre os ecoacutelogos natildeo haacute

consenso de que a pesquisa ecoloacutegica seja o caminho mais promissor para determinar os

limites da sustentabilidade na exploraccedilatildeo de recursos naturais e ecossistemasrdquo (p 81)

A dimensatildeo econocircmica da sustentabilidade eacute alcanccedilada por meio da gestatildeo mais

eficiente dos recursos e por um fluxo regular do investimento puacuteblico e privado De acordo

com essa orientaccedilatildeo a eficiecircncia econocircmica deve ser avaliada por criteacuterios macrossociais e

natildeo apenas pela lucratividade das empresas (PIRES 1998) Apesar de ser uma dimensatildeo

que comporta uma caracteriacutestica proacutepria aquela que deve ser levada em conta ao se

considerar a viabilidade econocircmica de qualquer iniciativa que altere significativamente o

meio ambiente natildeo pode ocorrer isoladamente quando se trata de desenvolvimento

sustentaacutevel necessitando de uma interaccedilatildeo com criteacuterios de sustentabilidade social e

ambiental Nessa perspectiva somente as soluccedilotildees que considerem estes trecircs elementos

isto eacute que promovam o crescimento econocircmico com impactos positivos em termos sociais e

ambientais merecem a denominaccedilatildeo de desenvolvimento (SACHS 2004)

Esta sustentabilidade comporta a diversificaccedilatildeo de atividades produtivas e um

desenvolvimento econocircmico intersetorial equilibrado seguranccedila alimentar contiacutenua

modernizaccedilatildeo dos instrumentos de produccedilatildeo e acesso agrave ciecircncia e agrave tecnologia aleacutem de

uma inserccedilatildeo soberana das naccedilotildees na economia internacional (SACHS 2000)

Eacute uma dimensatildeo que nos traz o conceito de economia de permanecircncia mencionado

por Sachs (2000) segundo o qual o atendimento agraves necessidades humanas autolimitadas

por princiacutepios que evitam a ganacircncia estaacute estreitamente ligado agrave conservaccedilatildeo da

biodiversidade De acordo com o autor esta economia deveria ter como fundamento a

perenidade dos recursos ou seja o desenvolvimento de habilidades que levassem a

humanidade a transformar elementos do meio ambiente em recursos sem a destruiccedilatildeo da

natureza

A sustentabilidade poliacutetica refere-se ao reconhecimento do papel central das

autoridades locais comunidades e associaccedilotildees de cidadatildeos na participaccedilatildeo do

planejamento local das accedilotildees direcionadas para a regiatildeo onde vivem (SACHS 2000) Esta

dimensatildeo diz respeito agrave orientaccedilatildeo poliacutetica capacidade e esforccedilo despendido pela

sociedade organizada para as mudanccedilas necessaacuterias para uma efetiva implantaccedilatildeo do

desenvolvimento sustentaacutevel (SOARES et al 2006) Assim o que se busca nessa

sustentabilidade eacute compreender a capacidade que os sistemas de gestatildeo poliacutetica tecircm de

80

absorver estrategicamente as demandas socioambientais por meio de mecanismos

participativos e estrateacutegicos (MANTOVANELI JUNIOR SAMPAIO 2007)

A sustentabilidade da sauacutede tem um sentido especiacutefico no acircmbito das estrateacutegias de

sauacutede puacuteblica King (1990) defende uma abordagem ecoloacutegica voltada para a melhoria da

sauacutede de todo o planeta Esta ideia estaacute ligada ao conceito de armadilha demograacutefica

segundo a qual uma populaccedilatildeo estaacute presa quando se encontra em estado de

insustentabilidade com elevada taxa de natalidade e mortalidade pressatildeo crescente sobre

seus recursos e com um ambiente em raacutepida deterioraccedilatildeo Essa situaccedilatildeo fatalmente

conduziraacute essa populaccedilatildeo agrave morte por fome e doenccedilas O autor propugna que uma maneira

de inverter-se o atual quadro de degradaccedilatildeo ambiental do planeta seria a conservaccedilatildeo e a

reciclagem como forma de controle do consumo intenso de energia do Norte industrial e um

novo impulso no planejamento familiar para o Sul Entende que as medidas de sauacutede

puacuteblica precisam ser compreendidas no que diz respeito agraves suas implicaccedilotildees demograacuteficas

e ecoloacutegicas A sustentabilidade de acordo com esse entendimento deve ser a manutenccedilatildeo

da capacidade do ecossistema de apoiar a vida em quantidade e variedade

Para Matias e Nunes (2006) esta dimensatildeo eacute alcanccedilada por meio da incorporaccedilatildeo da

sauacutede em estrateacutegias e poliacuteticas de desenvolvimento sustentaacutevel e o seu reconhecimento

como um direito humano fundamental Nesse escopo Matias (2009) assim define sauacutede

[] uma propriedade emergente resultante da intersecccedilatildeo ou

interferecircncia de processos que satildeo sociais poliacuteticos ecoloacutegicos

tecnoloacutegicos que seja parte integrante de um sistema ecossocial e

uma garantia de qualidade de vida e bem-estar Estes processos

ocorrem necessariamente em escalas diferentes e operam no

sentido de manter a integridade do sistema modelando a sua

transformaccedilatildeo Para poder levar em conta esta proposta eacute necessaacuterio

partir de contextos especiacuteficos identificar os diversos modos de co-

construccedilatildeo de conhecimentos e de poliacuteticas de sauacutede e ambiente

que muitas vezes podem ser conflitantes e envolver diversos atores

(p 67)

Pelo exposto depreende-se que a sustentabilidade de um sistema agroextrativista

pode ser compreendida como a capacidade desse sistema de manter-se economicamente

produtivo ambientalmente equilibrado e capaz de proporcionar a justiccedila social ao longo do

tempo (CAPORAL COSTABEBER 2002)

81

42 INDICADORES DAS DIMENSOtildeES DA SUSTENTABILIDADE

De uma maneira geral um indicador pode ser definido como um paracircmetro ou um

valor derivado de paracircmetros que fornece informaccedilotildees sobre um fenocircmeno (OECD 1993)

Para a OECD o seu significado vai aleacutem das propriedades diretamente associadas com o

paracircmetro avaliado Na mesma linha de pensamento Newton et al (1998) assevera que um

indicador deve estar inserido em uma estrutura interpretativa bem definida e seu significado

estaacute aleacutem da medida que representa Acrescenta ainda que um conjunto de indicadores

pode ser definido como o miacutenimo que se monitorado corretamente fornece dados rigorosos

que descrevem as tendecircncias principais dentro e impactos sobre o ambiente humano

Segundo o entendimento de Hammond et al (1995) indicadores fornecem

informaccedilotildees a respeito do progresso na direccedilatildeo de metas sociais tais como o

desenvolvimento sustentaacutevel Possuem duas caracteriacutesticas principais quantificam

informaccedilotildees cujo significado estaacute prontamente visiacutevel e simplificam as informaccedilotildees sobre

um fenocircmeno complexo para melhorar a comunicaccedilatildeo

Para Bellen (2005) o objetivo dos indicadores ldquoeacute agregar e quantificar informaccedilotildees de

modo que sua significacircncia fique mais aparenterdquo (p 42) Afirma que os indicadores tecircm

como virtude simplificar as informaccedilotildees a respeito de fenocircmenos complexos de modo que

venham a facilitar o processo de comunicaccedilatildeo De uma forma mais direta devem ajudar a

medir o progresso a distacircncia dos objetivos traccedilados e as falhas nos programas ou na sua

implementaccedilatildeo (SPANGENBERG BONNOIT 1998)

De qualquer forma uma das caracteriacutesticas fundamentais do indicador eacute a sua

precisatildeo na identificaccedilatildeo do resultado que deve ser medido Desse modo o usuaacuterio ao

selecionar os indicadores com os quais iraacute trabalhar procuraraacute atender a um conjunto de

propriedades cuja funccedilatildeo eacute melhorar a qualidade do indicador atributividade uma vez que

mudanccedilas satildeo relativas aos processos deflagrados pelos atores em evidecircncia

sensibilidade pois deveraacute refletir as mudanccedilas que ocorrem no fenocircmeno objeto do estudo

viabilidade devendo o usuaacuterio observar a disponibilidade de fontes os custos para a sua

coleta e o esforccedilo da equipe para obtecirc-lo confiabilidade os indicadores deveratildeo demonstrar

a qualidade do levantamento dos dados inteligibilidade de modo que haja transparecircncia na

metodologia de sua construccedilatildeo e comunicabilidade deve por si soacute ser compreensiacutevel por

vaacuterios indiviacuteduos e grupos (VALARELLI 2005)

Jannuzzi (2005) discrimina outras propriedades que um bom indicador deve possuir

Embora faccedila referecircncia a indicadores sociais as propriedades que cita satildeo comuns a todos

os tipos de indicador relevacircncia pois devem ser relevantes e pertinentes para

acompanhamento de projetos e programas validade pois eacute desejaacutevel que as medidas que

seratildeo feitas sejam o mais proacuteximo possiacutevel do conceito abstrato que lhes deram origem

82

factibilidade operacional pois o indicador deve ser obtido a preccedilos moacutedicos para natildeo

inviabilizar o seu levantamento periodicidade na sua atualizaccedilatildeo uma vez que para o

acompanhamento e avaliaccedilatildeo de mudanccedilas sociais ambientais ou econocircmicas eacute

necessaacuterio que se disponha de indicadores regularmente levantados comparabilidade da

seacuterie histoacuterica com o objetivo de permitir a inferecircncia de tendecircncias e avaliar os efeitos de

eventuais programas implementados

421 Mensuraccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade

Desde que surgiu a noccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel haacute cerca de 30 anos no

bojo de reuniotildees internacionais que buscavam soluccedilotildees para a galopante deterioraccedilatildeo do

meio ambiente mundial e a partir do aparecimento do seu conceito poliacutetico no texto do

Relatoacuterio Brundtland muitas duacutevidas tecircm surgido a respeito da sua correta mensuraccedilatildeo

(HARDI ZDAN 1997) Praticamente todos os autores que trabalham com indicadores

partilham da opiniatildeo que por mais que sejam desenvolvidas medidas torna-se difiacutecil definir

os paracircmetros exatos para medir a sustentabilidade uma vez que esse conceito envolve no

miacutenimo a interaccedilatildeo de fatores econocircmicos sociais e ambientais (HAMMOND 1995) Para

Veiga (2009a) eacute impossiacutevel obter-se alguma forma de mensurar a sustentabilidade que

possa vir a ter ampla aceitaccedilatildeo Entende que essa dificuldade eacute compreensiacutevel uma vez

que na construccedilatildeo da sua noccedilatildeo se entrelaccedilam fatores biofiacutesicos psicoloacutegicos econocircmicos

e socioculturais (VEIGA 2009b)

De qualquer maneira as tentativas de mensurar-se o grau de sustentabilidade por

meio de indicadores foram inuacutemeras mas apesar de se apresentarem como ferramentas

simples ou mesmo sofisticadas continuam gerando polecircmicas entre os estudiosos pelo fato

da sua proposta natildeo alcanccedilar a abrangecircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

Para Siche et al (2007) tratando-se de iacutendice e indicadores ainda natildeo existe uma foacutermula

consensual para avaliar o que eacute sustentaacutevel e natildeo sustentaacutevel

Alcanccedilar o progresso na direccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel eacute uma escolha

social do indiviacuteduo das famiacutelias das comunidades de organizaccedilotildees da sociedade civil e

do governo Pelo fato de envolver uma escolha a mudanccedila somente eacute possiacutevel com a

ampla participaccedilatildeo da sociedade (HARDI ZDAN 1997) Para que a decisatildeo na direccedilatildeo

dessa mudanccedila ocorra satildeo necessaacuterias avaliaccedilotildees permanentes sobre a realidade social

econocircmica ambiental e institucional daquela comunidade ou regiatildeo ou mesmo do paiacutes Os

processos de avaliaccedilatildeo que buscam mensurar a sustentabilidade tecircm como funccedilatildeo a

geraccedilatildeo permanente de informaccedilotildees para subsidiar os tomadores de decisatildeo na direccedilatildeo de

accedilotildees que levem ao bem-estar das populaccedilotildees

83

Um nuacutemero consideraacutevel de abordagens para se avaliar o progresso na direccedilatildeo do

desenvolvimento sustentaacutevel tem sido desenvolvido e testado Hardi e Zdan (1997)

entendem que o desenvolvimento de estruturas conceituais (modelos) eacute um passo

importante no direcionamento do processo de avaliaccedilatildeo De modo que a partir da posse

dessa ldquoestrutura conceitualrdquo os indicadores surgiratildeo mais naturalmente podendo ser

ajustados conforme as dinacircmicas que ocorrem no local onde satildeo aplicados ou mesmo em

funccedilatildeo das necessidades dos tomadores de decisatildeo Alguns dos modelos mais comumente

utilizados satildeo (a) pressatildeo-estado-resposta e suas variaccedilotildees usado para avaliaccedilotildees

ambientais (b) bem-estar humano e ecossistecircmico (c) questotildees e temas baseados em

modelos e (d) modelos baseados em contas nacionais relacionadas em bases econocircmicas

e ambientais do desenvolvimento sustentaacutevel (PINTER et al 2005)

Uma das ferramentas de maior destaque para a mensuraccedilatildeo do progresso na direccedilatildeo

do desenvolvimento sustentaacutevel eacute o Painel da Sustentabilidade (Dashboard of

Sustainability) iacutendice agregado de um conjunto de indicadores que quando calculado

proporciona o valor de uma determinada avaliaccedilatildeo ou seja o iacutendice da performance poliacutetica

(PPI) Os indicadores estabelecidos no acircmbito das dimensotildees da sustentabilidade podem

ser mensurados em termos de sustentabilidade ou no niacutevel do processo decisoacuterio (BELLEN

2005)

Trata-se de um software que permite avaliar a performance econocircmica social

ambiental e institucional de um paiacutes na direccedilatildeo da sustentabilidade O modelo baacutesico eacute

apresentado na forma de um painel (mostrador) colorido com trecircs segmentos ndash social

econocircmico e ambiental assim como o The Policy Performance Index no centro ndash sendo

estas cores calculadas por meio da multiplicaccedilatildeo dos pontos de performance com os

coeficientes de valor

O performance poliacutetico (ou avaliaccedilatildeo poliacutetica) eacute mostrado por meio de um coacutedigo de

cores sendo o vermelho (criacutetico) o amarelo (meacutedio) e o verde (muito bom) O software

utiliza um sistema de pontos indo de 0 (pior caso ndash vermelho) ateacute 1000 pontos (melhor paiacutes

ou cidade ndash verde) Todos os valores satildeo calculados pela interpolaccedilatildeo linear entre esses

extremos (IISD 2010)

Outro indicador de sustentabilidade bastante utilizado eacute a pegada ecoloacutegica

(Ecological Footprint Method) ferramenta criada por Mathis Wackernagel e William Rees

(1996) com base no conceito ecoloacutegico de capacidade de carga emergia (emergy) e

Unidade de Mateacuteria-prima por Serviccedilo (MIPS) que converte o consumo de mateacuteria-prima e

a assimilaccedilatildeo de dejetos de um sistema econocircmico ou populaccedilatildeo humana em aacuterea de terra

feacutertil necessaacuteria para manter o estilo de vida dessa populaccedilatildeo ou sistema econocircmico Eacute

fundamentada nos princiacutepios da sustentabilidade equidade e overshoot este uacuteltimo

84

entendido como o ponto de consumo a partir do qual o crescimento material somente

poderaacute ser obtido agrave custa do exaurimento do capital natural e dos serviccedilos necessaacuterios agrave

manutenccedilatildeo da vida (SILVA SANTOS 2007)

A metodologia consiste nos seguintes passos de acordo com Bellen (2005) a) Apoacutes a

seleccedilatildeo de dados agregados calcular a sua meacutedia anual dividindo-se o consumo total pelo

tamanho da populaccedilatildeo b) em seguida determina-se a aacuterea apropriada per capita para a

produccedilatildeo de cada um dos principais itens de consumo Realiza-se este caacutelculo dividindo-se

o consumo anual per capita (kgcapita) pela produtividade meacutedia anual (kgha) c) calcula-se

a pegada ecoloacutegica meacutedia por pessoa por meio do somatoacuterio das aacutereas de ecossistema

apropriadas por cada item de consumo de bens ou serviccedilos e d) a aacuterea meacutedia apropriada

multiplicada pelo tamanho da populaccedilatildeo total fornece a aacuterea total apropriada

Reconhece-se a excelecircncia dessa metodologia de caacutelculo da sustentabilidade poreacutem

uma das criacuteticas mais fortes eacute que ao se centrar sobre os recursos renovaacuteveis fornece

informaccedilotildees limitadas sobre a maioria dos recursos natildeo renovaacuteveis e o impacto da sua

utilizaccedilatildeo sobre os ecossistemas (TSSP 2010)

O Barocircmetro da Sustentabilidade (Barometer of Sustentability) eacute uma ferramenta

empregada para avaliar e relatar o desenvolvimento na direccedilatildeo da sustentabilidade que

combina indicadores sociais e ambientais e fornece uma avaliaccedilatildeo do estado das pessoas e

do meio ambiente por meio de uma escala de iacutendices Foi desenvolvido por Robert Prescott-

Allen e outros pesquisadores ligados agrave World Conservation Union (IUCN) e ao International

Development Research Centre (IDRC) em 1996 Para calcular ou medir o progresso em

direccedilatildeo agrave sustentabilidade satildeo calculados os valores para os iacutendices da ecosfera e do bem-

estar social Este uacuteltimo iacutendice representa o niacutevel geral de bem-estar da sociedade se

constituindo em uma funccedilatildeo do bem-estar individual sauacutede educaccedilatildeo desemprego

pobreza rendimentos crime bem como negoacutecios e atividades humanas (LOUETTE 2009)

Podem ser citadas outras ferramentas para avaliar a sustentabilidade na direccedilatildeo do

progresso por meio de indicadores os Princiacutepios de Bellagio (Dez princiacutepios que abrangem

todas as etapas do processo de desenvolvimento de indicadores para mensuraccedilatildeo da

sustentabilidade) o Environmental Performance Index (EPI) proposto pelas Universidades

de Yale e Columbia usado para quantificar e classificar numericamente o desempenho

ambiental de um conjunto de companhias e paiacuteses o Environmental Vulnerability Index

(EVI) proposto pela Comissatildeo de Geociecircncia Aplicada do Paciacutefico Sul e Programa das

Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente cujos indicadores (iacutendices de vulnerabilidade

econocircmica e social) fornecem o grau em que o meio ambiente de um paiacutes estaacute sujeito a

danos e degradaccedilatildeo o Genuine Progress indicator (GPI) criado pela organizaccedilatildeo natildeo

governamental Redefining Progress em substituiccedilatildeo ao Produto Interno Bruto (PIB) e que

85

consiste em medir o crescimento econocircmico de um paiacutes vinculado ao aumento do bem-estar

de seus habitantes entre outros natildeo menos importantes (LOUETTE 2009)

Bellen (2005) comparou trecircs ferramentas para o estabelecimento de indicadores de

sustentabilidade ndash Pegada ecoloacutegica Barocircmetro da sustentabilidade e Painel da

sustentabilidade ndash adotando como categoria de anaacutelise o escopo (dimensotildees ecoloacutegica

econocircmica social e institucional) a esfera (relacionada com o tipo de unidade a qual a

ferramenta de avaliaccedilatildeo se aplica) dados (relativo aos dados empregados nas trecircs

metodologias) participaccedilatildeo (que diz respeito agrave orientaccedilatildeo das ferramentas em termos de

participaccedilatildeo dos atores sociais envolvidos numa experiecircncia de avaliaccedilatildeo) e interface (que

procura analisar as ferramentas selecionadas considerando a facilidade que seus usuaacuterios

tecircm de observar e interpretar os resultados obtidos num processo de avaliaccedilatildeo) O resultado

da sua anaacutelise demonstrou que as trecircs ferramentas estudadas em funccedilatildeo de suas

caracteriacutesticas proacuteprias possuem campos de aplicaccedilatildeo especiacuteficos e lidam com dimensotildees

distintas do desenvolvimento Conclui afirmando que os sistemas de indicadores se

apresentam como importante elemento legitimador na determinaccedilatildeo da agenda puacuteblica e

social para o desenvolvimento

Uma das dificuldades que se apresenta atualmente eacute medir e avaliar o grau de

sustentabilidade dos modelos de exploraccedilatildeo agroextrativista encontrados nas diferentes

regiotildees do paiacutes Dessa forma lanccedila-se matildeo dos indicadores uma vez que possuem a

capacidade de alertar sobre os problemas pelos quais as comunidades que exploram

recursos florestais estatildeo passando e se revelam importante instrumento para propor

soluccedilotildees centradas na busca da sustentabilidade e bem-estar dessas populaccedilotildees

Os indicadores utilizados na dimensatildeo ecoloacutegica tecircm como propoacutesito avaliar se a

exploraccedilatildeo do baru vem sendo realizada de modo a causar o menor impacto possiacutevel agrave

vegetaccedilatildeo nativa do Cerrado Na dimensatildeo social busca-se averiguar se estes agricultores-

coletores se organizam para a produccedilatildeo e para enfrentar o mercado Na dimensatildeo

econocircmica pretende-se conhecer alguns aspectos econocircmicos da atividade de exploraccedilatildeo

do baru Os indicadores da dimensatildeo poliacutetica poderatildeo nos mostrar se estes agricultores-

coletores estatildeo tendo acesso a informaccedilotildees e aos direitos que o Estado Democraacutetico lhes

proporciona e finalmente os indicadores da dimensatildeo da sauacutede poderatildeo fornecer

elementos sobre as medidas de sauacutede tomadas pelo poder puacuteblico de modo a atender a

esses atores proporcionando uma melhor qualidade de vida

Da mesma forma o uso de indicadores para mensurar as dimensotildees da

sustentabilidade das instituiccedilotildees (empresas cooperativas e associaccedilotildees) poderaacute nos

fornecer uma ideia do niacutevel de incorporaccedilatildeo desse conceito no acircmbito desse elo da cadeia

86

produtiva proporcionando elementos que subsidiem a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas mais

efetivas

Os criteacuterios e indicadores (CampI) utilizados para medir a sustentabilidade da cadeia

produtiva da castanha do baru no Cerrado Goiano foram quase que inteiramente baseados

no trabalho de Ritchie et al (2001) intitulado ldquoCriteacuterios e indicadores de sustentabilidade em

florestas manejadas por comunidades um guia introdutoacuteriordquo direcionado para comunidades

que manejam florestas Desse modo a ferramenta foi adaptada ao contexto local sendo

aplicada em trecircs comunidades de agricultores familiares que exploram a castanha do baru e

que estatildeo localizadas em dois municiacutepios Goianos

O trabalho do Cifor teve como objetivo principal melhorar o manejo florestal o bem-

estar humano e a sustentabilidade dos recursos naturais A expectativa dos pesquisadores eacute

que este instrumento venha a se tornar um valioso instrumento na busca do objetivo global

de manejo florestal sustentaacutevel aleacutem de fornecer subsiacutedios para ajudar a organizar o

conhecimento local e cientiacutefico de modo a avaliar as condiccedilotildees da floresta e do manejo

florestal

A construccedilatildeo do conjunto de indicadores propostos levou em consideraccedilatildeo as

diferentes perspectivas pela qual as pessoas veem sua floresta Essas pessoas a enxergam

como um espaccedilo onde encontram suas necessidades fiacutesicas (alimento lenha abrigo

remeacutedios e ferramentas) suas necessidades sociais (espaccedilo individual familiar e

comunitaacuterio) suas necessidades espirituais (siacutetios sagrados cemiteacuterios e lares espirituais)

e suas necessidades econocircmicas (produtos florestais natildeo madeireiros mateacuteria-prima e

emprego)

A metodologia proposta pelo Cifor usa a seguinte hierarquia

Princiacutepios rarr Criteacuterios rarr Indicadores rarr Verificadores

Figura 5 ndash Estrutura hieraacuterquica dos indicadores utilizados Fonte Adaptado de Ritchie et al (2001)

Esta hierarquia foi adotada no presente trabalho sendo que alguns indicadores e

verificadores foram adaptados em razatildeo da atividade extrativista desenvolvida no Cerrado

apresentar peculiaridades que a diferem da realidade encontrada na Amazocircnia Bioma para

o qual o Ritchie et al propuseram a metodologia

Os Princiacutepios satildeo afirmaccedilotildees de primeira ordem ou seja satildeo ldquoverdades

fundamentais que expressam a sabedoria humana sobre o manejo florestal Fazem

referecircncia a uma funccedilatildeo da floresta ou a um aspecto relevante do sistema social que

interage com ela Satildeo afirmativas gerais sob os quais os Criteacuterios Indicadores e

Verificadores se encaixam

87

Os Criteacuterios satildeo padrotildees pelos quais o progresso das comunidades para satisfazer os

Princiacutepios pode ser julgado Eles satildeo reflexotildees do conhecimento e adicionam significado ao

Princiacutepio e o tornam mais funcional Satildeo expressos como um estado ou condiccedilatildeo particular

na qual um aspecto da floresta ou regiatildeo deveria estar ou como um processo que precisa

existir Cada Grupo de Criteacuterios apoia um Princiacutepio

Os Indicadores satildeo componentes ou variaacuteveis da floresta ou do sistema de manejo

que indicam o estado ou condiccedilotildees requeridas por um criteacuterio Satildeo apresentados como

informaccedilatildeo ou seja como uma mensagem individual significativa sobre um componente

ou uma variaacutevel Neste caso apesar de indicarem circunstacircncias que contribuiriam para

satisfazer o criteacuterio os indicadores natildeo satildeo entendidos como um conjunto obrigatoacuterio de

regras ou prescriccedilotildees

Os verificadores satildeo informaccedilotildees necessaacuterias para avaliar um indicador Satildeo

expressos como as informaccedilotildees necessaacuterias a serem coletadas

Os indicadores utilizados no presente trabalho foram estabelecidos conforme as

dimensotildees da sustentabilidade ndash social poliacutetica da sauacutede econocircmica e ecoloacutegica (Anexo I)

Para cada dimensatildeo satildeo apresentados os Princiacutepios Grupos de criteacuterios e indicadores

Criteacuterios Indicadores e Verificadores bem como as perguntas feitas aos agricultores o

grupo de respostas preacute-definidas e a graduaccedilatildeo das respostas

Eacute importante salientar que a grande maioria dos criteacuterios e indicadores foram adotados

de Ritchie et al (2001) poreacutem alguns foram retirados da literatura sobre a exploraccedilatildeo de

recursos naturais por agricultores familiares

422 Criteacuterios e verificadores

A seguir seratildeo apresentados ndash em itaacutelico ndash os princiacutepios grupos de CampI criteacuterios

indicadores e verificadores pertencentes a cada dimensatildeo da sustentabilidade Conta-se

com uma breve explicaccedilatildeo sobre o seu significado e a justificativa da sua adoccedilatildeo A

dimensatildeo social eacute a primeira a ser apresentada Os Anexos 1 e 2 fornecem uma versatildeo

mais detalhada dos criteacuterios e indicadores utilizados no presente trabalho

Princiacutepio (P1) ndash O bem-estar da comunidade (Institucional) eacute garantido

Este criteacuterio e indicador foi desenvolvido para medir o bem-estar da comunidade A

preocupaccedilatildeo eacute com a capacidade que a comunidade tem em organizar e manejar as

muacuteltiplas funccedilotildees usos e benefiacutecios da floresta de modo que os indiviacuteduos famiacutelias e

outros grupos dividam equitativamente os benefiacutecios e que os recursos florestais continuem

a fornecer essas funccedilotildees usos e benefiacutecios no futuro Mostra a capacidade da comunidade

em se organizar bem como em desenvolver e cumprir as regras do manejo

88

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G1a) ndash Organizaccedilotildeesinstituiccedilotildees comunitaacuterias e

participaccedilatildeo

O manejo da oferta e demanda de recursos florestais ndash incluindo os direitos e

obrigaccedilotildees de distribuiccedilatildeo colaboraccedilatildeo e proteccedilatildeo florestal ndash deve ser organizado por meio

do manejo florestal sustentaacutevel Estas organizaccedilotildees satildeo estabelecidas com o objetivo de

ajudar a comunidade a enfocar o desenvolvimento a implementaccedilatildeo e o cumprimento de

regras por meio de incentivos da persuasatildeo ou da imposiccedilatildeo de puniccedilotildees A existecircncia de

uma organizaccedilatildeo comunitaacuteria forte e bem estruturada eacute vital para a sustentabilidade do

manejo florestal

Criteacuterio (C11) ndash A comunidade participa e monitora todos os processos de planejamento de

qualquer sistema de manejo a ser executado dentro da aacuterea florestal em que ela causa

impacto

A organizaccedilatildeo comunitaacuteria constitui-se em um fator fundamental para a consolidaccedilatildeo

de iniciativas de exploraccedilatildeo de recursos naturais por grupos humanos Para que a

comunidade alcance bons resultados de longo prazo na exploraccedilatildeo de recursos naturais eacute

de grande importacircncia a sua participaccedilatildeo em todas as fases de exploraccedilatildeo desse recurso

(AMARAL AMARAL NETO 2005) No entanto as comunidades que vivem nas florestas

tecircm sido excluiacutedas da formulaccedilatildeo de poliacuteticas relacionadas aos recursos dos quais

dependem (TUCKER 2005)

A participaccedilatildeo social por meio da qual a comunidade discute os seus problemas e

toma decisotildees sobre a melhor forma de explorar os recursos florestais das quais dependem

se constitui um elemento importante da sustentabilidade social importante degrau na

direccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel

A sustentabilidade social somente pode ser alcanccedilada pela sistemaacutetica participaccedilatildeo

social e pelo fortalecimento da sociedade civil Desse modo um importante aspecto da

sustentabilidade social eacute a coesatildeo das comunidades a sua identidade cultural a diversidade

social entre outros Considerados como ldquocapital moralrdquo esses aspectos somente seratildeo

mantidos e renovados pela partilha de valores e equidade de direitos e pela interaccedilatildeo

comunitaacuteria religiosa e cultural (GOODLAND 1995)

Para verificar se a comunidade possui formas de se organizar e para avaliar a sua

participaccedilatildeo social foram propostos dois indicadores com seus respectivos verificadores

sendo

Indicador (I111) ndash A comunidade possui formas de organizaccedilatildeo interna e entre outras

comunidades

Verificador (V111a) ndash Reconhecimento da existecircncia de organizaccedilotildees (de fato e

legalmente)

89

Verificador (V111b) ndash Relatos individuais ou coletivos da participaccedilatildeo de membros

da comunidade em associaccedilotildees sindicatos e organizaccedilotildees poliacuteticas

Indicador (I112) ndash Os atores locais reuacutenem-se com frequecircncia satisfatoacuteria e com

representaccedilatildeo da diversidade e qualidade das interaccedilotildees incluindo pareceres em projetos

comunitaacuterios

Verificador (V112a) ndash O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo fatores

determinantes para os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos

e investimentos feitos e mantidos na comunidade e assentamento

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G1b) ndash Administraccedilatildeo de conflitos

Uma comunidade deve contar com mecanismos para lidar com conflitos que surgem

no acircmbito dos relacionamentos internos e externos Esses mecanismos podem ser formais

ou informais Para que se tornem efetivos eacute necessaacuterio que haja consenso ou respeito por

eles Aleacutem disso a comunidade tambeacutem deve deter a capacidade de usar mecanismos

externos formais ou legais para resolver conflitos

Criteacuterio (C12) ndash Devem existir medidas e instituiccedilotildees para resoluccedilatildeo de conflitos

Tanto para Marx (1998) quanto para Durkheim (1984) o conflito eacute carregado de

positividade e surge a partir do choque de interesses entre classes sociais sendo entendido

como um dos motores da histoacuteria da humanidade Jaacute para Simmel (1983) os conflitos satildeo

formas de interaccedilatildeo social e por consequecircncia constituintes das relaccedilotildees sociais na

sociedade moderna Os conflitos encontram-se nas origens e na evoluccedilatildeo da sociedade

moderna com maior precisatildeo satildeo constituintes da sociedade moderna (NASCIMENTO

2001)

Libiszewski (1992) considera que o conflito sobre a posse de um recurso natural eacute um

conflito social ou econocircmico Nesse entendimento um conflito ambiental seria causado pela

escassez de um recurso causada pela perturbaccedilatildeo que o homem provoca na sua taxa de

regeneraccedilatildeo Little (2001) defende que os conflitos socioambientais satildeo disputas entre

grupos sociais derivadas dos distintos tipos de relaccedilatildeo que eles mantecircm com seu meio

natural

A falta de soluccedilatildeo para os conflitos internos que ocorrem na comunidade pode

demonstrar uma fragilidade na organizaccedilatildeo social com predominacircncia de uma visatildeo

individualista competitiva e excludente dos seus componentes Esta caracteriacutestica pode

comprometer as iniciativas comunitaacuterias em direccedilatildeo ao uso sustentaacutevel dos recursos

naturais uma vez que converge para uma desorganizaccedilatildeo na forma de exploraccedilatildeo dos bens

ambientais

90

Para avaliar a existecircncia de mecanismos para a resoluccedilatildeo de conflitos internos foi

proposto o seguinte indicador com o seu respectivo Verificador

Indicador (211) ndash Existem mecanismos informais para resoluccedilatildeo e negociaccedilatildeo dos conflitos

na comunidade disputas e queixas familiares relacionadas ao uso posse e propriedade de

recursos florestais

(V121a) ndash Os membros adultos da comunidade podem explicar como satildeo resolvidos

os conflitos relacionados ao uso da terra

Princiacutepio (P2) ndash O bem-estar das pessoas estaacute garantido

Diferentemente do Princiacutepio (P1) este criteacuterio e indicador foi desenvolvido para avaliar

o bem-estar das pessoas que sobrevivem da exploraccedilatildeo de recursos florestais Esse bem

estar estaacute integralmente ligado agrave sauacutede das florestas Quando as florestas satildeo degradadas

os serviccedilos ecossistecircmicos que manteacutem a biodiversidade e outros bens dos ecossistemas

(fibras madeiras forragens medicamentos) entram em colapso Por serem reconhecidos

como detentores das funccedilotildees de suporte agrave vida (purificaccedilatildeo do ar e aacutegua geraccedilatildeo e

renovaccedilatildeo dos solos estabilizaccedilatildeo parcial do clima entre outros) os serviccedilos

ecossistecircmicos quando satildeo afetados comprometem o bem-estar das populaccedilotildees (DAILY

1997)

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G2a) ndash Sauacutede e alimentaccedilatildeo

Esse grupo de criteacuterio e indicador expressa a ideia segundo a qual a interaccedilatildeo das

pessoas da comunidade com a floresta associado agraves boas condiccedilotildees de moradia satildeo

caracteriacutesticas que contribuem para a sua sauacutede e bem estar Estas caracteriacutesticas reunidas

podem fornecer indiacutecios do estado da sauacutede ambiental dessa regiatildeo A sauacutede ambiental

refere-se ao controle de todos os processos influecircncias e fatores fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos que exercem ou podem exercer direta ou indiretamente efeito significativo sobre

a sauacutede e bem-estar fiacutesico e mental do homem e sua sociedade (FIOCRUZ 2010)

Assim no estado de sustentabilidade da sauacutede os ecossistemas que datildeo suporte agrave

vida estatildeo em equiliacutebrio e fornecem todas as condiccedilotildees para o bem-estar e sauacutede das

populaccedilotildees humanas Nesse aspecto o bom estado de conservaccedilatildeo das florestas

proporciona benefiacutecios diretos para a sauacutede e o bem-estar fiacutesico das pessoas

Muitos desses criteacuterios e indicadores mencionam a importacircncia dos produtos florestais

na alimentaccedilatildeo

Criteacuterio (C21) ndash As atividades de manejo aplicadas aos recursos florestais tecircm contribuiacutedo

para o bem-estar bioloacutegico socioeconocircmico e cultural da populaccedilatildeo local

Pelo fato de inuacutemeras comunidades rurais em todo o mundo utilizarem produtos

provenientes de florestas como parte da sua subsistecircncia para a economia local ou mesmo

para seus rituais religiosos em suma como elementos para o seu bem-estar possuem uma

91

relaccedilatildeo com o meio ambiente carregada de significados Esses usos expressam os muacuteltiplos

valores da floresta para as comunidades locais

Eacute reconhecido que as comunidades locais podem conjugar a conservaccedilatildeo ambiental e

o uso sustentaacutevel das aacutereas onde vivem O manejo ambiental para a obtenccedilatildeo de recursos

alimentares por comunidades locais eacute um importante passo para o uso sustentaacutevel

(SCOONES et al 1992)

Particularmente quanto aos produtos florestais natildeo madeireiros ndash fibras frutos folhas

cascas raiacutezes entre outros ndash em funccedilatildeo dos danos ambientais provocados por outros tipos

de uso do solo como a pecuaacuteria e a agricultura de larga escala passaram a ser vistos como

uma promissora alternativa para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel da riqueza bioloacutegica das florestas

e para o desenvolvimento das comunidades rurais que vivem no seu entorno (FAO 1995)

Para avaliar a exploraccedilatildeo de produtos natildeo madeireiros pela comunidade foi proposto

o seguinte indicador com o seu respectivo verificador

Indicador (I211) ndash Os produtos coletados na floresta proporcionam alimentaccedilatildeo para a

famiacutelia

Verificador (V211a) ndash Consumo de alimentos pela famiacutelia com atenccedilatildeo especial aos

produtos florestais do Cerrado

Criteacuterio (C22) ndash A funccedilatildeo da floresta natural na sauacutede da comunidade estaacute sendo

conscientemente conservada

As relaccedilotildees entre as florestas e grupos humanos satildeo extremamente complexas e

datam do aparecimento do homem na face da Terra Uma das questotildees que mais ocupam

os cientistas nos dias de hoje vem a ser como as mudanccedilas nos ecossistemas afetam o

bem-estar e a sauacutede dos humanos partindo-se do pressuposto da existecircncia da relaccedilatildeo

muito estreita entre a sauacutede de ecossistemas e sauacutede humana

Vaacuterios estudos tecircm demonstrado que a degradaccedilatildeo ambiental de uma regiatildeo traz

danos agrave sauacutede das populaccedilotildees humanas residentes naquelas aacutereas Vasconcelos et al

(2001) demonstraram que modificaccedilotildees introduzidas pelo homem na Amazocircnia como o

desmatamento o uso do subsolo a construccedilatildeo de represas e de rodovias a colonizaccedilatildeo

humana e a urbanizaccedilatildeo estatildeo associadas agrave emergecircncia ou reemergecircncia de importantes

arboviacuterus inclusive alguns com atividade patogecircnica em seres humanos Silva (2001)

menciona a existecircncia de uma relaccedilatildeo entre as modificaccedilotildees nos ecossistemas do Estado

de Satildeo Paulo atraveacutes dos seacuteculos e a emergecircncia de doenccedilas infecciosas na populaccedilatildeo

92

Para avaliar o estado de sauacutede das populaccedilotildees que vivem nas regiotildees pesquisadas

optou-se por um indicador que possa demonstrar a sauacutede da aacutegua utilizada pelos

agricultores com o seu respectivo verificador

Indicador (I221) A vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas e nascentes satildeo protegidas

visando a boa qualidade da aacutegua

Verificador (V221a) ndash Evidecircncias de mudanccedilas na qualidade da aacutegua captada para o

consumo domeacutestico para as criaccedilotildees e cultivos na propriedade em decorrecircncia do

desmatamento e do uso do solo

Criteacuterio (C23) ndash As condiccedilotildees de moradia e saneamento baacutesico contribuem

significativamente para o bem-estar das pessoas

Existem evidecircncias cientiacuteficas abundantes que mostram a relaccedilatildeo direta entre sauacutede e

qualidadecondiccedilotildees de vida A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) e o Fundo das

Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (Unicef) realizaram em 1978 a I Conferecircncia Internacional

sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede Aleacutem de trazer um novo enfoque para o campo da

sauacutede recomendou a adoccedilatildeo de um conjunto de oito elementos essenciais para a

promoccedilatildeo da sauacutede entre os quais o abastecimento de aacutegua e saneamento baacutesico

apropriados para a populaccedilatildeo

O Estado brasileiro reconhece a importacircncia das condiccedilotildees de moradia e saneamento

baacutesico para a sauacutede No art 3ordm da Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 que dispotildee

sobre as condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede no paiacutes estatui que

a sauacutede tenha como fatores determinantes e condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a

moradia o saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda a educaccedilatildeo o

transporte o lazer e o acesso aos bens e serviccedilos essenciais

Para avaliar as condiccedilotildees da habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico das famiacutelias que

exploram o fruto do baru foi adotado o seguinte indicador

Indicador (I231) As famiacutelias se beneficiam com as boas condiccedilotildees de habitaccedilatildeo e

saneamento baacutesico

Criteacuterio (C24) ndash A sauacutede e o bem-estar da comunidade satildeo garantidos

O art 196 da Constituiccedilatildeo Federal estabelece ser a sauacutede um direito de todos os

brasileiros Este dispositivo determina que o Estado deve adotar poliacuteticas sociais e

econocircmicas que visem ao bem-estar da populaccedilatildeo e a reduccedilatildeo do risco de doenccedila Aleacutem

disso deve garantir serviccedilos puacuteblicos de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

Desse modo o Poder Puacuteblico tem o dever de promover accedilotildees que garantam o bem-

estar das populaccedilotildees que residem na zona rural principalmente por meio do aporte de

profissionais com capacidade de levar ateacute essas comunidades programas de atenccedilatildeo

primaacuteria agrave sauacutede entre outros cuidados

93

Para avaliar se o Poder Puacuteblico tem aportado elementos para cuidar da sauacutede dos

membros da comunidade foi proposto o seguinte indicador

Indicador (I241) As autoridades de sauacutede puacuteblica se preocupam com o estado de sauacutede

dos membros da comunidade

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G2b) ndash Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de

custos e benefiacutecios equidade)

Esse grupo de criteacuterios e indicadores diz respeito aos benefiacutecios econocircmicos que os

locais obtecircm da floresta seja no uso direto de produtos nas propriedades rurais (fibras

madeira cascas folhas resinas etc) seja na sua utilizaccedilatildeo pela induacutestria caseira por meio

da agregaccedilatildeo de valor agrave mateacuteria-prima como no caso do seu processamento em alimentos

e artesanato

Criteacuterio (C25) ndash Os benefiacutecios derivados das atividades de exploraccedilatildeo de produtos natildeo

madeireiros tecircm servido como um incentivo para perpetuar essas atividades de uma

maneira sustentaacutevel

Natildeo resta duacutevida de que os PFNMs satildeo um meio uacutetil de contribuir com a melhoria do

niacutevel de subsistecircncia de populaccedilotildees pobres que vivem da floresta No entanto existem

duacutevidas sobre a possibilidade da comercializaccedilatildeo fornecer oportunidades para uma boa

utilizaccedilatildeo das florestas (BELCHER SCHRECKENBERG 2007) Essa carecircncia de

informaccedilotildees redunda em escassas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para o apoio agrave exploraccedilatildeo de

natildeo madeireiros As prioridades satildeo voltadas para os produtos madeireiros uma vez que

possuem um mercado garantido No entanto autores como Ram Prasad e Swandip (1999)

afirmam que os ganhos com PFNMs poderiam ser significativamente maiores com a simples

agregaccedilatildeo de valor aos produtos beneficiados ao niacutevel das famiacutelias ou comunidades

Sugerem intervenccedilotildees simples tais como o controle de qualidade na extraccedilatildeo do produto a

criaccedilatildeo de cooperativas eou pequenas empresas familiares para beneficiar e comercializar

estes produtos

De qualquer forma um nuacutemero consideraacutevel de famiacutelias que residem nas zonas rurais

de todo o mundo satisfazem parte de suas necessidades baacutesicas e de renda a partir da

exploraccedilatildeo de PFNMs (ENDRESS et al 2006)

Para avaliar se a famiacutelia pratica alguma agregaccedilatildeo de valor no PFNM foi proposto o

seguinte indicador

Indicador (I251) ndash Existecircncia de esforccedilos contiacutenuos para diversificar e aumentar a

capacidade do processo de agregaccedilatildeo de valor com o objetivo de aumentar o valor

agregado bruto dos produtos natildeo madeireiros

Criteacuterio (C26) ndash Os produtos florestais contribuem significativamente para o bem-estar

socioeconocircmico das diferentes faixas etaacuterias e sexos da comunidade

94

De acordo com evidecircncias da paleoantropologia os primeiros humanos se

alimentavam diretamente de produtos que coletavam na floresta e da caccedila que partilhavam

(cerca de 1 milhatildeo de anos atraacutes) Tinham consciecircncia de si mesmo como parte integrante

do seu ambiente de vida e sabiam que somente sobreviveriam se respeitassem o universo

no qual viviam (LEAKEY LEWIN 1982) Esta relaccedilatildeo apesar de ter mudado drasticamente

com o surgimento da agricultura atualmente ainda faz parte da realidade de muitas

comunidades em todo o globo terrestre O Brasil nos dias de hoje ainda conta com

incontaacuteveis comunidades locais e populaccedilotildees indiacutegenas com estilo de vida tradicional que

sobrevivem de produtos provenientes diretamente das florestas ou que contam com tais

produtos para complementar a renda da famiacutelia Satildeo cerca de 233 grupos indiacutegenas (ISA

2010) aleacutem de populaccedilotildees tradicionais natildeo indiacutegenas babaccedilueiros caboclosribeirinhos

amazocircnicos caiccedilaras caipirassitiantes pantaneiros quilombolas sertanejos e varjeiros

(DIEGUES ARRUDA 2001) Nesse universo tambeacutem podem ser incluiacutedos os moradores

de assentamentos rurais

Trabalhos realizados no Estado do Paraacute demonstram que a chamada ldquoproduccedilatildeo

invisiacutevelrdquo ndash utilizaccedilatildeo direta de produtos agriacutecolas de produtos florestais e da fauna ndash

constitui importante estrateacutegia na sustentabilidade da agricultura familiar Esta ldquoproduccedilatildeo

invisiacutevelrdquo chega a contribuir com 028 salaacuterio miacutenimomecircs o que representa 1888 da

renda estimada dos agricultores (MENEZES et al 2001)

Avaliaccedilatildeo do desempenho econocircmico da produccedilatildeo familiar da Reserva Extrativista

Chico Mendes no Estado do Acre e que compara a qualidade de vida e a renda familiar

obtidas nas reservas extrativistas com a alternativa do salaacuterio miacutenimo legal e moradia na

periferia urbana constatou que apesar de rendimentos liacutequidos relativos baixos na reserva

seus moradores contam com um padratildeo de vida superior ao da maioria dos trabalhadores

assalariados urbanos da periferia de Rio Branco (CASTELO 2000)

Por outro lado estudos de avaliaccedilatildeo do mercado e de planos de negoacutecio para o buriti

fava-drsquoanta baru e pequi realizado na regiatildeo do Vale do Urucuia no Estado de Minas

Gerais sugere cautela em termos das perspectivas do comportamento da demanda por

esses produtos Segundo os autores para que estes produtos possam efetivamente

representar uma alternativa de renda sustentada para as populaccedilotildees que os exploram

recomenda-se que medidas efetivas de apoio ao extrativismo desses produtos sejam

implementadas (NOGUEIRA et al 2009)

No entanto eacute largamente reconhecido que os produtos florestais natildeo madeireiros vem

se mostrando de grande importacircncia para as famiacutelias que vivem no interior ou proacuteximas das

florestas (BYRON ARNOLD 1999) De qualquer forma exista ou natildeo viabilidade

econocircmica na exploraccedilatildeo dos produtos da floresta a realidade nos mostra que significativo

95

nuacutemero de famiacutelias que vivem na zona rural e ateacute mesmo nas zonas periurbanas das

cidades de paiacuteses tropicais utilizam esses produtos na sua alimentaccedilatildeo como remeacutedios ou

mesmo para comercializar complementando a renda familiar

Para avaliar a contribuiccedilatildeo dos produtos florestais natildeo madeireiros no bem-estar

socioeconocircmico dos grupos avaliados optou-se pelo seguinte indicador

Indicador (I261) ndash Importacircncia dos produtos florestais nos rendimentos domeacutesticos

monetaacuterios e natildeo monetaacuterios

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G2c) ndash Acordos sobre a posse na comunidade

Para Sachs (2000) a dimensatildeo social eacute a que mais deve se destacar no processo de

desenvolvimento sustentaacutevel uma vez que eacute a proacutepria finalidade do desenvolvimento Para o

autor um dos criteacuterios da dimensatildeo social eacute a capacidade que uma sociedade possui de

assegurar a igualdade de acesso aos recursos e serviccedilos sociais

Na exploraccedilatildeo das florestas nativas por comunidades rurais uma das formas de

assegurar a sustentabilidade da atividade eacute garantindo a posse desses recursos ao

indiviacuteduo (famiacutelia grupo)

Comunidades locais que dependem de produtos da floresta tecircm desenvolvido ajustes

no sentido de assegurar aos seus membros o acesso equitativo agrave floresta e ao uso posse e

propriedade dos recursos florestais Esses acordos geralmente satildeo feitos entre o indiviacuteduo

(eou famiacutelia ou grupo) e a comunidade quando a floresta eacute comunitaacuteria Costuma ser

aceitaacuteveis para a cultura local e para as necessidades do manejo dos recursos e

usualmente baseados em regras e normas previamente acordadas Esses acordos definem

em termos espacial e temporal a relaccedilatildeo entre um indiviacuteduo (famiacuteliagrupo) a comunidade

e a aacuterea do recurso O pressuposto eacute que as relaccedilotildees de posse bem definidas e aceitaacuteveis

satildeo vitais para que as pessoas sintam-se incentivadas a investir proteger e a garantir o

compromisso entre geraccedilotildees (RITCHIE et al 2001)

Criteacuterio (C27) ndash O acesso e o uso de terras comuns e recursos florestais satildeo garantidos a

todos os membros da comunidade independente de sexo cor religiatildeo ou classe social

Gibson e Becker (2000) defendem que o sucesso no manejo de recursos florestais

para ser alcanccedilado necessita de trecircs pressupostos os indiviacuteduos da comunidade local

devem valorizar o recurso natural para ter o incentivo de manejaacute-lo sustentavelmente os

direitos de propriedade devem ser transferidos para os indiviacuteduos que usam o recurso para

permitir que sejam beneficiados pelo manejo que fizeram e os indiviacuteduos em niacutevel local

devem ter a capacidade de criar micro-instituiccedilotildees para regular o uso destes recursos

Consideram que especialmente a falta de regras para a remoccedilatildeo de produtos florestais natildeo

madeireiros o corte de aacutervores a caccedila de animais ou a abertura de clareiras para a

agricultura podem levar agrave depleccedilatildeo da floresta

96

Essas regras ou acordos locais podem ser considerados como normas natildeo formais

que natildeo passaram pelas vias legais de aprovaccedilatildeo e sanccedilatildeo pelo poder puacuteblico Ocorrem em

situaccedilotildees em que a comunidade que explora a floresta institui criteacuterios e restriccedilotildees ao uso

de determinado produto florestal (CARVALHEIRO et al 2008)

Para que se possa conhecer sobre a existecircncia de ajustes na comunidade para

regular o acesso aos recursos florestais foi instituiacutedo o seguinte Indicador com o seu

verificador

Indicador (I271) ndash Existem normas para regular o acesso aos recursos florestais

Verificador (V271a) ndash Identificaccedilatildeo de normas internas comunitaacuterias sobre os direitos

de uso posse e propriedade sobre os recursos agroflorestais

Princiacutepio (P3) ndash O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao manejo sustentaacutevel da floresta

Este princiacutepio diz respeito ao apoio que a comunidade recebe de instituiccedilotildees externas

(oacutergatildeos do Estado e ONGs) para organizar suas redes sociais e de representaccedilatildeo em

espaccedilos comunitaacuterios ou em conselhos poliacuteticos e profissionais bem como para organizar o

manejo dos recursos florestais Esse ambiente externo favoraacutevel pode ser um mercado que

a comunidade encontra facilidade para comercializar os produtos florestais bem como a

disponibilidade de parceiros (organizaccedilotildees externas) para apoiar a organizaccedilatildeo social

dessas comunidades

Contempla a dimensatildeo poliacutetica da sustentabilidade Essa dimensatildeo diz respeito

diretamente aos meacutetodos e estrateacutegias participativas capazes de assegurar o resgate da

autoestima e o pleno exerciacutecio da cidadania (CAPORAL COSTABEBER 2002)

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G3a) ndash Estrutura poliacutetica

Esta questatildeo estaacute relacionada agraves estruturas poliacuteticas de apoio agrave participaccedilatildeo da

comunidade no planejamento de programas de desenvolvimento e de poliacuteticas puacuteblicas

Embora teorias convencionais aplicadas agrave exploraccedilatildeo de recursos florestais presumam que

os moradores dessas florestas natildeo sejam capazes de se organizar para evitar a

sobrexplotaccedilatildeo de espeacutecies pesquisas tecircm demonstrado os diversos modos que esses

usuaacuterios tecircm elaborado regras que regulam a exploraccedilatildeo e que garantem a sustentabilidade

da exploraccedilatildeo (OSTROM 1999) Aliado a essa capacidade deve ser garantido aos

membros dessas comunidades um espaccedilo de negociaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre si e entre eles

e aqueles atores externos que de alguma maneira afetam ou podem afetar a exploraccedilatildeo de

recursos naturais Essa articulaccedilatildeo aleacutem de auxiliar na orientaccedilatildeo sobre a exploraccedilatildeo

florestal como um todo cria condiccedilotildees para que a populaccedilatildeo local tenha uma participaccedilatildeo

de peso nas decisotildees que afetam o desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio onde

vivem (TONY 2004)

97

O apoio do poder puacuteblico do setor privado e da sociedade civil organizada eacute

fundamental para que esses grupos sociais alcancem uma participaccedilatildeo democraacutetica efetiva

nas decisotildees que afetam seu destino

Criteacuterio (C31) ndash Os recursos disponibilizados pelo Estado tecircm contribuiacutedo para o bem-estar

da comunidade

Para que a sustentabilidade poliacutetica possa ser alcanccedilada em acircmbito local eacute

fundamental que a sua busca seja realizada em um ambiente participativo solidaacuterio e

democraacutetico e que conte com o envolvimento de lideranccedilas comunitaacuterias entidades de

classe poder puacuteblico e organizaccedilotildees natildeo governamentais Ou seja esta sustentabilidade

poderaacute ser construiacuteda se contar com a participaccedilatildeo de sujeitos poliacuteticos atuantes em seu

ambiente soacutecio-econocircmico-cultural cujas decisotildees poliacuteticas possam ser tomadas mediante

o controle de recursos recebidos do poder puacuteblico (SILVA SHIMBO 2004)

No entanto para que os sujeitos locais possam se alccedilar em condiccedilotildees sociais

culturais econocircmicas e poliacuteticas necessaacuterias para buscar essa sustentabilidade eacute

fundamental que o Estado disponibilize os serviccedilos essenciais (educaccedilatildeo e sauacutede) e

infraestrutura (luz eleacutetrica estradas pontes comunicaccedilatildeo etc) para a comunidade para

que possa exercer plenamente a cidadania e alcanccedilar o bem-estar

Para que se possa avaliar o apoio que a comunidade recebe de instituiccedilotildees externas

foi proposto o seguinte indicador

Indicador (I311) As escolas postos de sauacutede e estradas colocadas pelo Estado agrave

disposiccedilatildeo da comunidade tem contribuiacutedo para o seu desenvolvimento

Grupos de Criteacuterios e Indicadores (G3b) ndash Relacionamento com terceiros

A questatildeo aqui desenvolvida diz respeito ao relacionamento entre os membros da

comunidade e outros atores uma vez que boa comunicaccedilatildeo com terceiros eacute crucial para a

sustentabilidade da exploraccedilatildeo de espeacutecies florestais Terceiros nesse caso pode ser

entendido como o poder puacuteblico sociedade civil organizada e proprietaacuterios de glebas

vizinhas agrave aacuterea explorada Um bom relacionamento com o poder puacuteblico e ONGs pode atrair

investimentos e a infraestrutura que a comunidade tanto necessita para tornar viaacutevel o seu

empreendimento florestal

Criteacuterio (C32) ndash Existem mecanismos efetivos na comunicaccedilatildeo bidirecional entre os atores

envolvidos no desenvolvimento da comunidade

Eacute consenso entre estudiosos do fenocircmeno da mobilizaccedilatildeo social que o

estabelecimento de mecanismos de participaccedilatildeo comunitaacuteria eacute fundamental para a

alavancagem do processo de desenvolvimento em escala local Nesse aspecto eacute de grande

importacircncia o esforccedilo institucional ndash diga-se do Estado e ONGs ndash para a consolidaccedilatildeo de

organizaccedilotildees que se dediquem permanentemente a conscientizar a comunidade sobre a

98

natureza dos problemas regionais buscando ao mesmo tempo envolvecirc-la na formulaccedilatildeo e

na implantaccedilatildeo de accedilotildees voltadas para a superaccedilatildeo desses problemas (BANDEIRA 1999)

O autor menciona cinco argumentos que destacam a importacircncia da participaccedilatildeo da

sociedade civil e da articulaccedilatildeo de atores sociais nas accedilotildees voltadas para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento seja em escala nacional seja regional ou local (a) a necessidade da

consulta aos segmentos da comunidade diretamente afetados quando da concepccedilatildeo

elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de programas e projetos especiacuteficos relacionados

com o desenvolvimento como meio para assegurar sua eficiecircncia e sustentabilidade (b) a

importacircncia da vitalidade de uma sociedade civil atuante na vida puacuteblica para a boa

governanccedila e para o desenvolvimento participativo (c) a vinculaccedilatildeo da participaccedilatildeo agrave

acumulaccedilatildeo de capital social (d) a existecircncia de conexotildees entre a operaccedilatildeo de mecanismos

participativos na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento da

competitividade sistecircmica de um paiacutes ou de uma regiatildeo e (e) o papel de destaque

desempenhado pela participaccedilatildeo no processo de formaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo das identidades

regionais que facilitam a construccedilatildeo de consensos baacutesicos entre os atores sociais que satildeo

essenciais para o desenvolvimento

Esse criteacuterio tambeacutem serve para medir o niacutevel de mobilizaccedilatildeo da comunidade na luta

pelos seus direitos A efetividade da prestaccedilatildeo de assistecircncia teacutecnica pelo Estado eacute um bom

indicador das conquistas da comunidade junto ao governo Estadual na direccedilatildeo da

sustentabilidade da exploraccedilatildeo florestal

Para que se possa avaliar esse engajamento da comunidade na definiccedilatildeo de accedilotildees

voltadas para o desenvolvimento local foram propostos os seguintes indicadores e seu

verificador

Indicador (I321) ndash O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo fatores determinantes para

os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e investimentos feitos e

mantidos na comunidade

Verificador (V321a) ndash A histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Indicador (I322) ndash As famiacutelias dispotildeem da orientaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica fornecida pelo

Estado para a exploraccedilatildeo de PFNMs

Criteacuterio (C33) ndash A organizaccedilatildeo social e a participaccedilatildeo em movimentos influenciam e

mesmo satildeo determinantes para a conquista de direitos

Esse criteacuterio faz parte do conjunto de criteacuterios adotados neste Princiacutepio para se avaliar

a efetiva participaccedilatildeo da comunidade em movimentos que lhe permitam reivindicar os seus

direitos Nesse aspecto eacute importante avaliar como a comunidade se enxerga nesta arena

99

O indicador utilizado eacute o seguinte

Indicador (I331) ndash A conquista de espaccedilo poliacutetico de reivindicaccedilatildeo no processo

democraacutetico eacute percebida no plano individual e coletivo

Grupo de criteacuterios e indicadores (G3c) ndash Economia

Esse grupo trata da existecircncia de mercados conhecidos para produtos florestais

coletados e beneficiados pelas comunidades aleacutem da ldquosauacutederdquo das parcerias firmadas pela

comunidade com instituiccedilotildees puacuteblicas ou privadas para viabilizar a produccedilatildeo sustentaacutevel e a

comercializaccedilatildeo

Criteacuterio (C34) ndash O mercado absorve os produtos florestais coletados eou processados pela

comunidade

Uma das questotildees mais cruciais no processo de utilizaccedilatildeo sustentaacutevel de produtos

florestais natildeo madeireiros eacute a sua comercializaccedilatildeo Apesar do mercado desses bens vir

crescendo nos uacuteltimos anos no Brasil e ampliando-se a variedade de produtos a disposiccedilatildeo

do consumidor um dos principais problemas que limita o seu crescimento e o seu

funcionamento regular eacute a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo (GONCcedilALO 2006) Segundo o autor o

grau de organizaccedilatildeo da oferta eacute diferente para cada produto e depende de vaacuterios fatores

relacionados com a forma de produccedilatildeo com o cultivo ou extraccedilatildeo do produto com a

integraccedilatildeo da produccedilatildeo agrave induacutestria processadora ou a empresas especializadas em

determinados nichos de mercado e com as caracteriacutesticas de industrializaccedilatildeo e

beneficiamento dos produtos Outros problemas que interferem na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

satildeo falta de creacutedito para agroextrativistas e suas organizaccedilotildees de base dificuldades na

padronizaccedilatildeo e qualidade seleccedilatildeo de embalagem atrativa (design) e adequada falta de

certificaccedilatildeo de determinados produtos dificuldades no atendimento dos aspectos

fitossanitaacuterios e legais concorrecircncia com produtos industrializados e falta de contatos com

os compradores sejam esses atacadistas ou o proacuteprio consumidor final

Os mecanismos comumente adotados pelas comunidades rurais de baixa renda para

comercializaccedilatildeo dos PFNMs vatildeo da simples venda direta do produto a comerciantes e

processadores locais ou atravessadores ateacute a organizaccedilatildeo em cooperativasassociaccedilotildees

que negociam com o mercado a venda dos produtos no atacado Na Amazocircnia algumas

comunidades vecircm firmando parcerias com empresas para venda da sua produccedilatildeo de natildeo

madeireiros Podemos citar o caso da parceria firmada entre a Cooperativa do

Desenvolvimento Agroextrativista do Meacutedio Juruaacute formada por moradores da Reserva

Extrativista do Alto Juruaacute no Estado do Amazonas e a Natura SA para a venda do oacuteleo de

sementes de oleaginosas nativas (andiroba murumuru) base de alguns produtos de beleza

da empresa (NATURA 2010)

100

Para melhorar os ganhos com seu produto e a sua relaccedilatildeo com o mercado os

extrativistas precisam primeiramente conhececirc-lo por meio da anaacutelise da cadeia produtiva

correspondente e estabelecer uma posiccedilatildeo competitiva aumentando a produccedilatildeo

melhorando a tecnologia de marketing e a qualidade e confiabilidade do seu produto Apesar

disso um crescimento a longo prazo iraacute depender de uma resposta positiva da demanda do

seu produto no mercado domeacutestico Isso requer a construccedilatildeo de redes de abastecimento

ligando produtores ao mercado e o incremento da eficiecircncia da produccedilatildeo (SCHERR et al

2003)

Os indicadores utilizados para avaliar o conhecimento da comunidade a respeito da

comercializaccedilatildeo do baru no mercado domeacutestico foram

Indicador (I341) ndash Existecircncia de mecanismos da comunidade para comercializaccedilatildeo de

produtos

(V341a) ndash Infraestrutura e transporte acessiacuteveis agraves comunidades (barcos caminhatildeo

estradas etc)

Indicador (I342) ndash Conhecimento de mercados para produtos florestais

Criteacuterio (C35) ndash A comunidade tem boas relaccedilotildees com os parceiros que apoacuteiam a atividade

de exploraccedilatildeo sustentaacutevel da floresta

O relacionamento da comunidade com outros atores eacute fundamental para a

sustentabilidade do manejo florestal Instituiccedilotildees parceiras a exemplo de institutos de

pesquisa ONGs e empresas podem dar suporte para que as comunidades possam

melhorar a sua organizaccedilatildeo social no sentido de reivindicar benefiacutecios tais como sauacutede

educaccedilatildeo e infraestrutura junto ao poder puacuteblico e mesmo apoiar accedilotildees que promovam a

produccedilatildeo beneficiamento e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros

Apesar do reconhecimento da importacircncia destas parcerias para as comunidades

estudos demonstram que um dos grandes problemas dessa relaccedilatildeo eacute a assimetria de poder

que ocorre quando um dos poacutelos exerce um poder superior sobre o outro Nem sempre o

poacutelo mais poderoso eacute a comunidade

Morsello (2004) ao avaliar as oportunidades e os problemas relativos agraves parcerias

comerciais para a comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros firmadas entre

empresas e comunidades extrativistas e indiacutegenas na Amazocircnia concluiu que podem tanto

trazer benefiacutecios quanto causar estragos para as comunidades as empresas o meio

ambiente e a sociedade como um todo Segundo a pesquisadora os problemas que surgem

dessas parcerias costumam ser maiores para as comunidades embora possam ocorrer

tambeacutem com os outros parceiros no acordo No entanto as evidecircncias mostram que as

parcerias podem alcanccedilar melhores resultados que a comercializaccedilatildeo realizada

separadamente pelas partes Entende que o poder puacuteblico e organizaccedilotildees da sociedade

101

civil podem desempenhar um importante papel no sucesso destas parcerias por meio de

sua promoccedilatildeo mediaccedilatildeo e controle

Para avaliar a relaccedilatildeo da comunidade com o ambiente externo foi adotado o seguinte

indicador

Indicador (C351) ndash A comunidade depende de subsiacutedios externos fornecidos por ONGs

organizaccedilotildees religiosas e ou pelo governo

Princiacutepio (P4) ndash A sauacutede da floresta estaacute garantida

Este Princiacutepio expressa a ideia de que o manejo realizado pela comunidade resulta

nas boas condiccedilotildees da paisagem Inclui a situaccedilatildeo da terra e dos cursos drsquoaacutegua a sauacutede da

ecologia da floresta a condiccedilatildeo e o manejo de aacutereas da paisagem usadas permanente ou

temporariamente para cultivos Tambeacutem inclui melhores praacuteticas para uma extensa

variedade de possiacuteveis intervenccedilotildees humanas na floresta incluindo a coleta de PFNMs

(plantas e animais) extraccedilatildeo de madeira rotaccedilatildeo de corte e queima agrossilvicultura e

silvicultura

Embora os autores tenham dividido as questotildees em dois conjuntos ndash ecologia e

manejo florestal ndash a experiecircncia mostrou que em muitos contextos de manejo comunitaacuterio e

tradicional natildeo haacute distinccedilatildeo entre floresta manejada e ecossistema natural A

comunidade maneja os recursos naturais como um todo (RITCHE et al 2001)

Grupos de criteacuterios e indicadores (G4a) ndash Intervenccedilotildees produtivas (PFNMs vegetais)

As comunidades que utilizam a floresta para sua sobrevivecircncia ou para coleta de

produtos para complementar a sua renda desenvolvem uma relaccedilatildeo muito proacutexima com

essa paisagem e acumulam informaccedilotildees importantes sobre o seu manejo Esse grupo diz

respeito agrave questatildeo do conhecimento das comunidades sobre as praacuteticas adotadas no

manejo dos PFNMs

Criteacuterio (C41) ndash A exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute baseada em praacuteticas

sustentaacuteveis

No Brasil sob o ponto de vista legal a exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees

sucessoras prevecirc dois regimes o regime de supressatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras

para uso alternativo do solo e o regime de manejo florestal sustentaacutevel Este uacuteltimo somente

poderaacute ser realizado mediante a preacutevia aprovaccedilatildeo do PMFS pelo oacutergatildeo competente do

SISNAMA Entende-se por PMFS o ldquodocumento teacutecnico baacutesico que conteacutem as diretrizes e

procedimentos para a administraccedilatildeo da floresta visando a obtenccedilatildeo de benefiacutecios

econocircmicos sociais e ambientaisrdquo (Art 2ordm Decreto nordm 59752006) Desse modo a extraccedilatildeo

de produtos florestais natildeo madeireiros de uma floresta com finalidade econocircmica somente

poderaacute ser feita mediante manejo sustentaacutevel

102

Nas uacuteltimas deacutecadas os PFNMs vecircm adquirindo importacircncia pelo fato de se

apresentarem como fonte alternativa de renda para comunidades rurais de baixa renda e

pelo seu potencial de incentivo econocircmico para frear a devastaccedilatildeo das florestas (FIEDLER

et al 2008) Para fins econocircmicos os PFNMs devem se submeter ao regime de manejo

sustentaacutevel Segundo Machado (2008) esse manejo eacute necessaacuterio para o controle e

diminuiccedilatildeo do impacto da sua extraccedilatildeo sobre a floresta e sobre a biodiversidade Divide o

manejo comunitaacuterio de PFNMs em trecircs fases distintas 1ordf Fase ndash Preacute-coleta que subdivide

em quatro etapas ndash a) participaccedilatildeo organizaccedilatildeo e fortalecimento do grupo de trabalho b)

levantamento do potencial local c) mapeamento dos indiviacuteduos produtivos e d)

licenciamento do manejo 2ordf Fase ndash Coleta e 3ordf Fase ndash Poacutes-coleta que compreende o

beneficiamento transporte armazenamento e monitoramento do manejo e seus impactos

Na fase de coleta satildeo aplicadas medidas mitigadoras de impacto que satildeo procedimentos

adotados para atenuar ou compensar os impactos provocados pela exploraccedilatildeo do produto

Entre as medidas mitigadoras estaacute a adoccedilatildeo de teacutecnicas e meacutetodos de extraccedilatildeo de baixo

impacto No Cerrado os cuidados dispensados pela comunidade para com a aacutervore do baru

incluem tratos silviculturais e formas de colheita do fruto de modo a natildeo danificar a sua

reproduccedilatildeo como a recomendaccedilatildeo de natildeo coletar-se o fruto ainda verde na aacutervore

devendo esperar a sua queda

Os indicadores utilizados para avaliar-se se as praacuteticas de exploraccedilatildeo do fruto do baru

satildeo sustentaacuteveis satildeo

Indicador (I411) ndash Adotam-se teacutecnicas de baixo impacto

Indicador (I412) ndash Haacute aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais

Indicador (I413) ndash As praacuteticas de exploraccedilatildeocolheita para cada espeacutecie satildeo compatiacuteveis

com seu respectivo potencial produtivo

Grupo de criteacuterios e indicadores (G4b) ndash Manejo das funccedilotildees do ecossistema (terra aacutegua e

fogo)

Nesse grupo reconhece-se que manejar a paisagem florestal envolve muito mais

coisas do que manejar aacutervores Aqui se aborda questotildees envolvendo o manejo da paisagem

florestal por meio de elementos como a aacutegua a terra e o fogo Admite-se que o manejo

eficaz desses recursos essenciais aumenta a sustentabilidade Desse modo o fogo pode

apresentar efeitos positivos e negativos para o manejo das florestas

Criteacuterio (C42) ndash O risco de incecircndios acidentais em aacutereas de pousio e floresta primaacuteria eacute

minimizado pelo uso de teacutecnicas apropriadas de manejo do fogo

O fogo no Cerrado mostra efeitos positivos e negativos para a flora Entre os efeitos

positivos podemos citar a sua accedilatildeo sobre a dispersatildeo de sementes (COUTINHO 1977)

Nas espeacutecies lenhosas costuma provocar a rebrota atraveacutes da copa dos rizomas do caule

103

da raiz e das estruturas subterracircneas (MEDEIROS 2002) Um dos efeitos negativos de

longo prazo do fogo no Cerrado eacute o baixo recrutamento de espeacutecies lenhosas que leva agrave

reduccedilatildeo na densidade de aacutervores ao aumento do entouceiramento e agrave diminuiccedilatildeo da

diversidade de espeacutecies (SAMBUICHE 1991)

Sob a oacutetica da exploraccedilatildeo sustentaacutevel da amecircndoa do baru o fogo apresenta efeitos

negativos pois aleacutem de afetar os indiviacuteduos jovens e os frutos maduros caiacutedos sob a aacutervore

afeta tambeacutem as flores e os frutos na eacutepoca da floraccedilatildeo e da frutificaccedilatildeo respectivamente

Para o combate de incecircndios florestais satildeo adotadas vaacuterias teacutecnicas Neste caso

podemos mencionar os aceiros externos e internos agrave propriedade Entre as formas de se

fazer esses aceiros podemos citar a sua realizaccedilatildeo com enxada que eacute a mais indicada

embora o custo com a matildeo de obra seja bastante elevado A sua realizaccedilatildeo com a lacircmina

do trator reduz as despesas mas fica limitado se a propriedade possuir relevo acidentado

Jaacute o aceiro realizado com fogo eacute uma teacutecnica muito controversa Medeiros e Fiedler (2004)

citam que as principais criacuteticas ao uso de aceiros com fogo (negros) se referem ao aumento

de mortalidade de aacutervores nas faixas aceiradas exposiccedilatildeo da fauna herbiacutevora nos limites

externos e aumento da invasatildeo por espeacutecies exoacuteticas de gramiacuteneas aleacutem de ser uma

atividade com risco de descontrole do fogo

O indicador utilizado para avaliar quais teacutecnicas a comunidade usa para evitar que o

fogo atinja as aacutervores de baru foi

Indicador (I421) ndash Nenhuma ocorrecircncia de incecircndios florestais acidentais

Grupos de criteacuterios e indicadores (G4c) ndash Diversidade da paisagem (fragmentaccedilatildeo e

mosaicos)

Esse grupo diz respeito agrave conservaccedilatildeo da estrutura da floresta na paisagem condiccedilatildeo

fundamental para a manutenccedilatildeo de um meio ambiente propiacutecio agrave biodiversidade e tambeacutem

para a conservaccedilatildeo das outras funccedilotildees ecossistecircmicas tais como a qualidade da aacutegua e a

fertilidade do solo

Esse grupo diz respeito ao risco da fragmentaccedilatildeo do ambiente em decorrecircncia da

conversatildeo de terras florestadas em outros usos da terra O criteacuterio utilizado trata da questatildeo

da integridade por meio da manutenccedilatildeo de um mosaico de diferentes habitats na paisagem

reconhecendo a necessidade da conversatildeo de terras para a agricultura levando-se em conta

a sua relaccedilatildeo com o mosaico total

Criteacuterio (C43) ndash A preservaccedilatildeo de um mosaico de habitats naturais manteacutem a

complementaridade natural da ocorrecircncia das espeacutecies

A interaccedilatildeo dos fatores fiacutesicos e quiacutemicos no espaccedilo ao longo do tempo criam

diferentes ambientes que podemos chamar de mosaicos O ambiente em que estaacute

estabelecida uma vegetaccedilatildeo eacute formado por um mosaico de condiccedilotildees fiacutesicas diferentes

104

Assim para cada espeacutecie o ambiente eacute um mosaico de habitats (RAMBALDI OLIVEIRA

2003)

Quando as florestas satildeo destruiacutedas e somente poucas manchas satildeo deixadas

intactas diz-se que ocorreu uma fragmentaccedilatildeo daquele habitat original Portanto a

fragmentaccedilatildeo eacute o processo no qual um habitat contiacutenuo eacute dividido em manchas ou fraccedilotildees

mais ou menos isoladas (SHAFER 1990) Eacute um processo que ocorre naturalmente mas

tem sido acelerado pela accedilatildeo humana em funccedilatildeo do uso do solo pela agricultura induacutestria

e tambeacutem pela expansatildeo das cidades Esse processo natildeo respeita os limites de ocorrecircncia

das espeacutecies e tem-se mostrado negativo tanto para espeacutecies animais quanto para vegetais

Ou seja o encolhimento da aacuterea favoraacutevel para uma determinada espeacutecie diminui a sua taxa

de sobrevivecircncia e de reproduccedilatildeo (RAMBALDI OLIVEIRA 2003) Para as autoras uma das

consequecircncias da alteraccedilatildeo dos ecossistemas eacute a perda dos serviccedilos ambientais no meacutedio

e longo prazo Para Scariot et al (2003) a fragmentaccedilatildeo aleacutem de provocar reduccedilatildeo na aacuterea

dos habitats originais pode provocar extinccedilotildees locais e alteraccedilotildees na composiccedilatildeo e

abundacircncia de espeacutecies que levam agrave alteraccedilatildeo ou mesmo agrave perda de processos naturais

das comunidades

Para avaliar-se a preservaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nas margens dos rios foi utilizado o

seguinte indicador

Indicador (I431) ndash As margens florestadas ao longo dos rios satildeo protegidas contra o

desmatamento para conservar suas funccedilotildees hidroloacutegicas e a biodiversidade O miacutenimo legal

de 30 metros de floresta mantidos ao longo dos rios e correntes drsquoaacutegua eacute obedecido

105

5 OBSTAacuteCULOS RELACIONADOS Agrave EXPLORACcedilAtildeO DO BARU

Os agricultores familiares e empresascooperativasassociaccedilotildees que operam com

produtos derivados de espeacutecies vegetais nativas do Cerrado enfrentam dificuldades para

viabilizar essa forma de produccedilatildeo Aleacutem de um marco regulatoacuterio bastante confuso e

incompleto sofrem com a falta de informaccedilotildees sobre o comportamento do mercado com a

falta de domiacutenio das etapas de processamento e beneficiamento do produto e ainda se

deparam com a inadequaccedilatildeo ou ateacute mesmo a inexistecircncia de infraestrutura baacutesica como

energia eleacutetrica aacutegua encanada e rede viaacuteria para o escoamento da produccedilatildeo Tambeacutem se

ressentem da ausecircncia de serviccedilos puacuteblicos que terminam por dificultar o seu acesso a

direitos baacutesicos como documentaccedilatildeo pessoal sauacutede e educaccedilatildeo entre outros Soma-se a

esses obstaacuteculos a dificuldade desses grupos em se organizar social e produtivamente

Vaacuterios autores (SAWYER 2009 ENRIQUEZ 2008 GONCcedilALO 2006 CIRAD 2001

MAY 2001 SAWYER REE PIRES 1997) abordam o problema dos obstaacuteculos que

incidem sobre as cadeias produtivas de PFNMs na tentativa de identificaacute-los e propor

soluccedilotildees que venham a minimizar os seus efeitos sobre as populaccedilotildees rurais que exploram

esses produtos

De concreto o que se tem eacute que a coleta processamento beneficiamento e

comercializaccedilatildeo de PFNMs de espeacutecies nativas do Cerrado satildeo condicionados a uma seacuterie

de fatores limitantes que na maioria das vezes desestimulam a produccedilatildeo Dentre os fatores

mais citados por estudos realizados e relacionados tanto ao agricultor familiar quanto agraves

empresas processadoras podemos enumerar (a) sazonalidade e variaccedilatildeo anual da

produccedilatildeo em razatildeo das caracteriacutesticas fisioloacutegicas das espeacutecies e do clima (b) escala de

produccedilatildeo insuficiente para abastecer o mercado na quantidade demandada (c) dificuldade

que os indiviacuteduos ou empresas que exploram PFNMs enfrentam de acesso ao creacutedito (d)

falta de padratildeo no tamanho do produto na cor no tipo de embalagem peso roacutetulo e

composiccedilatildeo (e) falta de divulgaccedilatildeo dos produtos do Cerrado ao consumidor (f) falta de

assistecircncia teacutecnica para fornecer suporte no processo produtivo e na comercializaccedilatildeo dos

produtos (g) dificuldades tanto dos agricultores familiares como das empresas para

atendimento agraves exigecircncias legais (ambientais sanitaacuterias fiscaistributaacuterias) (h) dificuldades

para distribuiccedilatildeo dos produtos (i) falta de capacidade empresarial por parte das

comunidades para gerir o empreendimento (j) dificuldade para gestatildeo de empreendimentos

coletivos

Uma importante anaacutelise das dificuldades encontradas pela pequena produccedilatildeo familiar

extrativista do Acre foi feita pelo Centre de Coopeacuteration Internationale de la Recherche

Agronomique pour le Deacuteveloppement no acircmbito do Projeto para o fortalecimento das

atividades extrativistas no Estado do Acre (CIRAD 2001) Foram descritos os principais

106

problemas de transaccedilatildeo da cadeia dos PFNMs no Estado em uma anaacutelise mais detalhada

elo por elo Um dos gargalos que merece destaque diz respeito agrave desvantagem dos

fornecedores de mateacuteria-prima na captaccedilatildeo de valor agregado frente aos comerciantes e

empresas que ficam com a maior parte dos lucros O fornecimento da mateacuteria-prima agraves

empresas foi outro seacuterio entrave identificado em razatildeo da flutuaccedilatildeo da qualidade e dos

preccedilos dos produtos aleacutem do seu fornecimento incerto No acircmbito institucional os

problemas mencionados foram a falta de integraccedilatildeo dos atores puacuteblicos e privados no

desenvolvimento dos PFNMs e a falta de transparecircncia dos requisitos do Ibama para a

regularizaccedilatildeo dos planos de manejo florestal Natildeo somente a falta de uma legislaccedilatildeo mais

clara sobre planos de manejo foi um gargalo importante mas tambeacutem a falta de

consistecircncia dos planos de manejo apresentados pelos responsaacuteveis pelas zonas de

extraccedilatildeo

Fazendo uma anaacutelise mais focada na identificaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos aspectos

relacionados ao marco regulatoacuterio incidente sobre as atividades extrativistas na Amazocircnia

suas causas e consequecircncias Sawyer (2009) concluiu que a revisatildeo da legislaccedilatildeo que

incide sobre o uso sustentaacutevel da biodiversidade no Brasil implicaria benefiacutecios econocircmicos

e sociais aleacutem de amplos benefiacutecios ambientais ao paiacutes Para ele a accedilatildeo poliacutetica baseada

no conhecimento deve ser promovida para que ocorram mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas

De acordo com May (2001) podem ser apontados como principais obstaacuteculos ao uso

de PFNM no Cerrado as reduzidas accedilotildees puacuteblicas orientadas para fomentar e viabilizar a

sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel e comercializaccedilatildeo e a quase inexistecircncia de normas para

regular a sua exploraccedilatildeo e o seu mercado Conclui que essa falta de informaccedilotildees leva a sua

exploraccedilatildeo clandestina e predatoacuteria

Aleacutem desses fatores limitantes agrave produccedilatildeo diretamente relacionados ao uso de

componentes da biodiversidade existem aqueles vinculados agrave proacutepria natureza das

empresas cooperativas e associaccedilotildees Tomando como exemplo as micro e pequenas

empresas podemos dizer que enfrentam vaacuterias dificuldades para se manterem ativas no

mercado No trabalho intitulado ldquoFatores condicionantes e taxas de sobrevivecircncia e

mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil 2003ndash2005rdquo o Sebrae (2007)

enumerou vaacuterias motivos que levam essas pessoas juriacutedicas a encerrarem as suas

atividades Entre as empresas extintas as causas que mais se destacaram em 2005 para

que fechassem as portas foram carga tributaacuteria elevada (para 43 dos empresaacuterios)

concorrecircncia muito forte e falta de clientes (para 25 e 27 respectivamente) falta de

capital de giro (para 37 dos empresaacuterios que responderam a pesquisa) e falta de matildeo de

obra qualificada (para 16 deles) Outros fatores tambeacutem contribuiacuteram para a mortalidade

dessas empresas como a falta de creacutedito bancaacuterio a inadimplecircncia a falta de

107

conhecimentos gerenciais e o desconhecimento do mercado Desta forma ao se considerar

os obstaacuteculos que as pessoas juriacutedicas enfrentam ao explorar produtos da vegetaccedilatildeo nativa

do Cerrado natildeo se pode deixar de considerar esses condicionantes

Shackleton et al (2007) escrevendo sobre mercados locais de PFNMs (pequenos

mercados localizados em vilas proacuteximos aos grandes centros urbanos na beira de estrada

em portos etc) apontam para a importacircncia desses centros de comeacutercio para as

populaccedilotildees menos favorecidas e alertam que a falta de atenccedilatildeo por parte dos tomadores de

decisatildeo pode levar a uma subvalorizaccedilatildeo do seu papel no sustento das populaccedilotildees locais e

poderia tambeacutem aumentar a marginalizaccedilatildeo dos grupos menos favorecidos que estatildeo

implicados na sua existecircncia Apontam algumas restriccedilotildees que sofrem (a) saturaccedilatildeo de

produtos e competiccedilatildeo interna acirrada (b) baixa liquidez dos produtos (c) altos custos do

transporte dos produtos da sua aacuterea de extraccedilatildeo ateacute o mercado onde satildeo comercializados

(d) perecibilidade dos produtos (e) falta de informaccedilotildees sobre o preccedilo e opccedilotildees de venda

(g) baixa organizaccedilatildeo entre produtores e comerciantes (h) problemas com estocagem entre

outros (Quadro 01) Terminam concluindo que uma combinaccedilatildeo de mercados locais fortes e

mercados de exportaccedilatildeo permitiriam a diversificaccedilatildeo e a livre escolha ajudando as

populaccedilotildees locais a minimizarem os riscos causados pela dependecircncia de um uacutenico tipo de

mercado

O relatoacuterio do Seminaacuterio de Intercacircmbio Tecnoloacutegico para Pequi Baru e Babaccedilu

(ISPN 2007) que serviu de base para a elaboraccedilatildeo dos questionaacuterios utilizados no presente

trabalho lista os problemas e potencialidades relacionadas a exploraccedilatildeo dessas espeacutecies

do Cerrado e faz recomendaccedilotildees que possam ser seguidas pelas organizaccedilotildees

comunitaacuterias organizaccedilotildees natildeo governamentais universidades e governo Este relatoacuterio

teve como ponto forte a participaccedilatildeo de representantes de vaacuterias comunidades localizadas e

de organizaccedilotildees sociais que estavam representadas no evento

Abaixo estatildeo relacionadas algumas publicaccedilotildees apontando os principais obstaacuteculos

enfrentados pelos agricultores familiares e empresascooperativasassociaccedilotildees que operam

a cadeia produtiva de PFNMs

108

Natureza dos obstaacuteculos

Obstaacuteculo Autor

Entraves para a entrada dos produtos comunitaacuterios nos mercados formais

- Escala de produccedilatildeo insuficiente para abastecimento do mercado de forma continuada e na quantidade desejada - falta de padratildeo na cor textura tamanho do produto tipo de embalagem peso roacutetulo composiccedilatildeo etc satildeo rotineiramentes comuns para produtos comunitaacuterios e prejudicam a inserccedilatildeo destes produtos no mercado - falta de capacidade empresarial por parte das comunidades para gerir o empreendiemento - dificuldades para atendimento agraves exigecircncias legais (sanitaacuterias fiscais etc) muitas vezes superexigentes e elaboradas para empreendimentos de grande escala o que atrapalha a legalizaccedilatildeo das iniciativas comunitaacuterias - falta de assistecircncia teacutecnica continuada eou profissionais especializados para assessorar o processo produtivo e a comercializaccedilatildeo dos produtos - dificuldades para distribuiccedilatildeo dos produtos por diversos motivos (falta de veiacuteculo estradas precaacuterias comunidades isoladas etc) - a apresentaccedilatildeo dos produtos nem sempre estaacute de acordo com as exigecircncias do mercado o que atrapalha sobremaneira sua colocaccedilatildeo - divulgaccedilatildeo insuficiente ou inexistente principalmente para produtos pouco conhecidos pelo puacuteblico geral - dificuldade de promover a agregaccedilatildeo socioambiental dos produtos - sazonalidade da produccedilatildeo impedindo que se tenha o produto o ano todo ou obrigando a formaccedilatildeo de estoques o que implica em necessidade de capital de giro para aquisiccedilatildeo do produto bruto e custos de estocagem geralmente altos - dificuldade ao acesso ou falta de tecnologias de produccedilatildeo apropriadas para escala comunitaacuteria - dificuldade de acesso agrave credito - exigecircncias de investimento (Capital de giro e infraestrutura) - dificuldade para gestatildeo de empreendimentos coletivos

CARRAZZA Luis Roberto 2005 Relatoacuterio Final ao Projeto Negoacutecios Sustentaacuteveis (Projeto BRA98005-PPG-7)

Principais problemas identificados na comercializaccedilatildeo de produtos agroextrativistas

- Falta de escala qualidade e regularidade Existem mercados mas faltam produtos Enquanto os compradores querem contecircineres mensais os camponeses dificilmente conseguem produzir para os supermercados locais - pontualidade do impacto social ou ambiental A produccedilatildeo domeacutestica para autoconsumo ou consumo na comunidade contribui para sua proacutepria seguranccedila alimentar e nutricional mas os impactos satildeo muito localizados - amadorismo na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo O beneficiamento dos produtos e a interaccedilatildeo com o mercado externo exigem profissionalizaccedilatildeo - falta de capacidade empresarial Os pequenos produtores e suas lideranccedilas natildeo costumam contar com tino comercial Ao mesmo tempo os movimentos sociais caracterizam-se por objetivos e procedimentos pouco compatiacuteveis com negociaccedilotildees aacutegeis exigidas pelo mercado - exigecircncias de investimento A formalizaccedilatildeo da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo exige investimentos em equipamentos e pessoal qualificado o que tambeacutem eleva os custos de produccedilatildeo - marco regulatoacuterio enviesado As normas sanitaacuterias ambientais tributaacuterias e de categorias profissionais favorecem a produccedilatildeo agropecuaacuteria e industrial e sua

ISPN 2005 Relatoacuterio do Seminaacuterio Gestatildeo Mercados e Poliacuteticas Puacuteblicas para Produtos Sustentaacuteveis da Biodiversidade Brasileira

109

comercializaccedilatildeo dificultando a familiar

Dificuldades para o processamento do baru por agricultores familiares cooperativas e associaccedilotildees

Coleta e Manejo

- Plano de manejo para as aacutereas de Reserva Legal Em algumas comunidades parte significativa das aacutervores encontra-se nas Reservas Legais e a exigecircncia de se elaborar planos de manejo se torna um potencial problema para a exploraccedilatildeo Em alguns assentamentos algumas reservas satildeo coletivas e o plano de manejo se torna preponderante para legalizar e legitimar sua exploraccedilatildeo visando evitar conflitos entre os assentados - falta de informaccedilatildeo sobre a legislaccedilatildeo - sazonalidade plurienalestrutura de armazenagem A safra do baru natildeo eacute anual e sim bienal ou trienal de modo que o produtor necessita de espaccedilo para estocar os frutos nos longos periacuteodos de entressafra - necessidade de guia de transporte (segundo o Coacutedigo Florestal) O problema maior eacute que a maioria dos estados ainda natildeo disponibiliza o serviccedilo para emissatildeo deste documento - transporte oneroso das aacutereas de coleta para o local de armazenagem devido agraves grandes distacircncias - falta de capital de giro - ausecircncia de informaccedilotildees sobre manejo de baru visando aumentar a produccedilatildeo e garantir a viabilidade da populaccedilatildeo - falta de consciecircncia dos catadores sobre as formas de coleta do baru Haacute conflito com relaccedilatildeo agrave porcentagem de frutos que deve ser colhida e deixada no peacute da aacutervore para promover a regeneraccedilatildeo natural - acesso agraves aacutervores de baru em propriedades particulares - falta de mapeamento das aacutereas de coleta o que permitiria maior eficiecircncia de coleta - dificuldade de comunicaccedilatildeo devido ao isolamento das comunidades

Processamento e Beneficiamento

- Falta de maquinaacuterio adequado (tecnologia especiacutefica) para os processos de despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas - falta de capacitaccedilatildeo em legislaccedilatildeo (sanitaacuteria tributaacuteria ambiental e trabalhista) e nos processos de armazenagem beneficiamento gestatildeo e comercializaccedilatildeo - dificuldade de atingir um padratildeo de qualidade principalmente com relaccedilatildeo ao processo de classificaccedilatildeo e torrefaccedilatildeo das castanhas - curto tempo de prateleira do baru torrado - carecircncia de informaccedilotildees de rotulagem - alto custo da embalagem a vaacutecuo - falta de alternativas de aproveitamento para os subprodutos ndash principalmente a casca e a polpa

Comercializaccedilatildeo

- Elevado custo do coacutedigo de barras - atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria eacute muito caro e trabalhoso - apresentaccedilatildeo precaacuteria dos produtos necessitando-se investimentos nos processos de torrefaccedilatildeo e na elaboraccedilatildeo das marcas e embalagens - falta de informaccedilotildees sobre o mercado demanda atual e potencial causando inseguranccedila quanto aos investimentos para profissionalizar os negoacutecios - falta de divulgaccedilatildeo ao consumidor sobre o baru - escassos espaccedilos para comercializaccedilatildeo - falta de capacidade de produzir em escala o

ISPN 2007 Relatoacuterio do Seminaacuterio de Intercacircmbio Tecnoloacutegico para Pequi Baru e Babaccedilu

110

desenvolvimento de processos mais eficientes e a construccedilatildeo de estruturas de armazenamento auxiliariam na regularidade de fornecimento - elevado custo do baru o preccedilo do baru ainda eacute elevado para massificar o consumo e para ser utilizado por restaurantes uma vez que conta com produtos substitutos mais baratos como amendoim e outras castanhas

Dificuldades encontradas por agricultores familiares do Cerrado para produccedilatildeo e extraccedilatildeo de produtos extrativistas

- O acesso restrito aos meios de reproduccedilatildeo social como terra aacutegua e biodiversidade - a sazonalidade e a baixa capacidade de produccedilatildeo e extraccedilatildeo individual para o atendimento da demanda o que dificulta a garantia e a continuidade de oferta do produto ao mercado - a escassez da matildeo de obra familiar agravada pela migraccedilatildeo dos jovens para os centros urbanos - a natildeo agregaccedilatildeo de valor aos produtos comercializados seja no beneficiamento ou na comercializaccedilatildeo direta - a falta de organizaccedilatildeo da atividade de produccedilatildeo e extraccedilatildeo - a dispersatildeo da produccedilatildeo aumentando os custos de transporte no caso de produtos extrativistas - a dependecircncia dos fatores climaacuteticos - as restriccedilotildees no acesso ao creacutedito - os padrotildees de qualidade da produccedilatildeo condicionados pelo mercado convencional - a utilizaccedilatildeo de mateacuterias-primas originadas de espeacutecies vegetais nativas sem que qualquer responsabilidade sobre a forma de obtenccedilatildeo das mesmas seja assumida por grande parte das empresas - dificuldade de participar dos espaccedilos de discussatildeo e formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

SILVA Alessandra Karla da EGITO Marcelo do 2005 Rede de Comercializaccedilatildeo Solidaacuteria de Agricultores Familiares e Extrativistas do Cerrado um novo protagonismo social

Problemas na exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de PFNMs

- Conflitos entre os proprietaacuterios das terras e os coletores de PFNMs que dificultam a entrada dessas famiacutelias na sua propriedade para coleta desses produtos - poucas accedilotildees puacuteblicas orientadas para fomentar e viabilizar a exploraccedilatildeo sustentaacutevel e a comercializaccedilatildeo de PFNMs - quase inexistecircncia de normas que regulam a exploraccedilatildeo e o mercado desses produtos - nuacutemero reduzido de informaccedilotildees teacutecnicas sobre a exploraccedilatildeo correta desses produtos

MAY Peter H 2001 Compilacion y analisisrsquo sobre los productos forestales non madereros (PFNM) en el Brasil relatoacuterio teacutecnico

Problemas que interferem na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo de PFNMs

- Deficiecircncia na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo - falta de creacutedito para os pequenos agricultores agroextrativistas e para as suas organizaccedilotildees de base - falta de capital de giro para evitar os empreacutestimos bancaacuterios onerosos - dificuldades na padronizaccedilatildeo e qualidade seleccedilatildeo de embalagem atrativa (design) e adequada

- falta de certificaccedilatildeo de determinados produtos - dificuldades no atendimento dos aspectos fitossanitaacuterios e legais - concorrecircncia com produtos industrializados - falta de contatos com os compradores sejam esses atacadistas ou o proacuteprio consumidor final

GONCcedilALO Joseacute Evaldo 2006 Gestatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros (pfnm) da biodiversidade no Brasil

Principais problemas de transaccedilatildeo da cadeia dos PFNMs do Acre (mais definido para a induacutestria de cosmeacuteticos)

Transaccedilatildeo na cadeia - Extrator PFNMAtravessador

- Falta informaccedilatildeo da origem - pouco poder de negociaccedilatildeo para os extratores - falta informaccedilatildeo dos preccedilos - falta controle da qualidade - falta de contratos formais - volumes muito irregulares

CIRAD 2001 Projeto para o fortalecimento das atividades extrativistas no Estado do Acre relatoacuterio final

111

- falta plano de manejo aprovado pelo IBAMA - os pagamentos satildeo irregulares Transaccedilatildeo na cadeia ndash AtravessadorProdutor de

produtos intermediaacuterios (half products) - Falta controle da qualidade - falta de contratos formais - falta controle da origem dos PFNM - pagamentos antecipados - certificados irregulares - falta profissionalismo - ldquodifiacutecil fechar negoacutecios certosrdquo - falta capital de risco Transaccedilatildeo na cadeia - Produtor de produtos intermediaacuterios (half products)Produtor de produtos finais - Uma demanda derivada em um mercado potencialhellip - poucos contratos para criar uma integraccedilatildeo - preccedilos sazonais - poucas informaccedilotildees teacutecnicas - vaacuterios provedores para baixar o risco de natildeo ter - natildeo tem consenso sobre a necessidade de certificaccedilatildeo Transaccedilatildeo na cadeia - Fabrica produtos

finaisDistribuiccedilatildeo ao consumidor Parece que natildeo tem problema ou natildeo eacute um objetivo do estudo Geral

- As pesquisas de campo mostraram atividades de interesse com os produtos em trecircs niacuteveis (a) uso tradicional na zona de extraccedilatildeo em forma de autoconsumo (b) uso comercial rudimentartradicional vinhos de buriti e accedilaiacute oacuteleos de andiroba e copaiacuteba comercializado principalmente na regiatildeo e (c) uso comercial profissional para uma demanda extra-zona No uacuteltimo niacutevel soacute foram registradas 3-4 experiecircncias cada uma delas com muitos problemas nas aacutereas de tecnologia mercado qualidade requisitos legais organizaccedilatildeo gestatildeo e econocircmicofinanceiro - as margens comerciais satildeo elevadas devido agraves seacuterias ineficiecircncias do proacuteprio mercado - os fornecedores de mateacuteria-prima natildeo estatildeo captando um valor agregado devido agraves atuais condiccedilotildees A grande maioria do valor e lucro eacute captada pelos comerciantes e pelas empresas de produtos intermediaacuterios (ou finais) em Manaus Beleacutem ou Satildeo Paulo - falta de valorizaccedilatildeo da conservaccedilatildeo da floresta como valor agregado dos sete produtos florestais estudados Haacute poucas informaccedilotildees (poliacuteticas tecnologia organizaccedilatildeo mercado creacutedito) ou natildeo estatildeo disponiacuteveis para as empresas privadas com interesse nos produtos - a respeito disso existe uma desarticulaccedilatildeo da necessidade de certificaccedilatildeo Haacute empresas (de produtos intermediaacuterios e finais) que estatildeo muito interessadas mas os fornecedores da mateacuteria-prima natildeo possuem nenhum interesse - falta de integraccedilatildeo entre os principais atores puacuteblicos e privados no desenvolvimento dos PFNMs - Falta integraccedilatildeo formal ou informal das empresas de produtos intermediaacuterios com os fornecedores das mateacuterias-primas Os custos de transaccedilatildeo satildeo altos entre a transaccedilatildeo de (especialmente entre extrator de PFNM e produtor de produtos intermediaacuterios (half products) - As empresas de produtos intermediaacuterios tecircm problemas com a mateacuteria-prima no que diz respeito a (i) flutuaccedilatildeo da qualidade (e legalidade) (ii) flutuaccedilatildeo dos preccedilos e (iii) volumes incertos no ano - Altos riscos enfrentado pela induacutestria implicando em margens altas uma vez que os mercados finais satildeo

112

mercados potenciais (natildeo satildeo maduros) e no niacutevel da procura da mateacuteria-prima os atravessadores e comerciantes locais natildeo assumem parte do risco por falta do capital de risco - Falta de legalidade na extraccedilatildeo dos PFNMs (por falta de consistecircncia de planos de manejo na zonas de extraccedilatildeo e tambeacutem por falta de transparecircncia dos requisitos do Ibama e falsificaccedilatildeo de documentos)

Gargalos das cadeias produtivas da biodiversidade

- A capacidade tecnoloacutegica eacute um gargalo determinante para valorizar a produccedilatildeo - a gestatildeo para a exportaccedilatildeo de produtos com maior valor agregado eacute um grande gargalo dos PFNMs na Amazocircnia Sem o apoio das agecircncias de fomento o produto estaacute exposto ao livre choque comercial da oferta e da demanda - as regulamentaccedilotildees impostas pela Anvisa satildeo um problema para as empresas - falta de equipamento adequado e falta de capacitaccedilatildeo para extraccedilatildeo do oacuteleo da andiroba

ENRIQUEZ Gonzalo 2008 Desafios da sustentabilidade da Amazocircnia biodiversidade cadeias produtivas e comunidades extrativistas integradas

Fatores favoraacuteveis e limitantes agrave comercializaccedilatildeo de espeacutecies vegetais nativas do Cerrado

- Acesso de coletores aos produtos do Cerrado impedido pelos grandes proprietaacuterios de terras - dificuldade de acesso ao creacutedito pelos coletores - dispersatildeo das plantas fornecedoras de produtos e alto custo do transporte - custos elevados do valor agregado - perecibilidade dos produtos nativos - baixa disponibilidade dos produtos do Cerrado para atender agraves exigecircncias de mercado - baixa experiecircncia da populaccedilatildeo rural na organizaccedilatildeo social - baixa capacidade de controle de qualidade - baixa capacidade de controle sanitaacuterio - falta de conhecimento por parte dos consumidores sobre os produtos do Cerrado - falta de domesticaccedilatildeo das espeacutecies vegetais nativas

SAWYER Donald REE Marco van der PIRES Mauro de O 1997 Comercializaccedilatildeo de espeacutecies vegetais nativas do Cerrado

Desvantagens de mercados locais em relaccedilatildeo a grandes mercados

- saturaccedilatildeo de produtos e competiccedilatildeo interna acirrada - baixa liquidez dos produtos - altos custos do transporte dos produtos da sua aacuterea de extraccedilatildeo ateacute o mercado onde satildeo comercializados - perecibilidade dos produtos - falta de informaccedilotildees sobre o preccedilo e opccedilotildees de venda - baixa organizaccedilatildeo entre produtores e comerciantes - problemas com estocagem dos produtos - fraca infraestrutura de comunicaccedilatildeo - problemas com suborno - falta de matildeo de obra especializada - dificuldade de acesso ao creacutedito - falta de apoio governamental particularmente municipal - baixa percepccedilatildeo de tomadores de decisatildeo sobre os mercados de PFNMs - limitada perspicaacutecia e periacutecia dos negociantes - alto potencial para substituiccedilatildeo de produtos locais tradicionais por substitutos comerciais - baixos investimentos em pesquisa sobre produtos locais - falta de consumidores - baixo poder de compra dos consumidores locais

SHACKLETON Sheona SHANLEY Patricia NDOYE Ousseynou 2007 Invisible but viable recognising local markets for nontimber forest products

Quadro 1 ndash Principais entraves encontrados na coleta processamento beneficiamento e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros Fonte Elaborado pelo autor a partir de autores citados

113

6 CADEIA PRODUTIVA DO BARU

No presente trabalho natildeo se pretende realizar uma anaacutelise sistecircmica da gestatildeo da

cadeia produtiva do baru identificando os noacutes ou pontos de estrangulamento e em seguida

apresentando as alternativas para incrementar a competitividade dos empreendimentos que

dela fazem parte O que se busca aleacutem da sua simples estruturaccedilatildeo eacute a identificaccedilatildeo e a

anaacutelise do papel dos atores que dela participam comeccedilando pela atividade de coleta e

avanccedilando ateacute a venda da amecircndoa ao consumidor Essa anaacutelise forneceraacute subsiacutedios

importantes para avaliar-se se a exploraccedilatildeo do fruto eacute uma alternativa sustentaacutevel de

geraccedilatildeo de renda para os atores que fazem parte da cadeia produtiva

61 CADEIA PRODUTIVA CONCEITO

As primeiras ideias a respeito de cadeia produtiva surgiram com os estudos de Davis e

Goldberg sobre o agribusiness a partir de 1957 (CASTRO 2005 DIAS et al 2008

ENRIQUEZ 2008) e Goldberg em 1968 (ZYLBERSZTAJN 2000) Paralelamente nos anos

1960 outro enfoque teoacuterico das relaccedilotildees agroindustriais foi desenvolvido na Franccedila fazendo

surgir o conceito de filiegravere aplicada ao estudo da organizaccedilatildeo agroindustrial Um grande

nuacutemero de estudos realizados com base nesses enfoques distintos fizeram surgir no Brasil

nos anos 1990 o conceito de coordenaccedilatildeo e gestatildeo de sistemas agroindustriais

(ZYLBERSZTAJN 2000)

De acordo com Castro (2005) o conceito de agribusiness foi introduzido no Brasil com

a denominaccedilatildeo de complexo agroindustrial negoacutecio agriacutecola ou agronegoacutecio e pelo fato de

ser muito amplo natildeo se mostrou adequado para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias setoriais A

partir dessa limitaccedilatildeo foi desenvolvido o conceito de cadeia produtiva destinado a criar

modelos de sistemas dedicados a produccedilatildeo que incorporassem os atores a jusante e a

montante na forma de subsistema do agronegoacutecio conforme demonstrado na Figura 6 O

termo cadeia produtiva tanto pode designar uma abordagem de anaacutelise quanto uma

estrutura organizacional

114

Figura 6 ndash Modelo geral de uma cadeia produtiva Fonte Adaptado de Castro et al (2002 p 7)

Esse modelo geral da cadeia produtiva acima representado mostra uma cadeia

agroindustrial Conforme Castro et al (2002) no modelo podem ser identificados alguns

elementos que satildeo caracteriacutesticos de sistemas como a interconexatildeo das organizaccedilotildees com

funccedilatildeo produtiva direta ou dedicadas a processo conexo agrave produccedilatildeo como a

comercializaccedilatildeo os fluxos de materiais (setas rosa) de capital (setas verde) ou de

informaccedilatildeo (setas cinza ponteadas) Os componentes que determinam a especificidade

desta cadeia produtiva satildeo a propriedade agriacutecola e a agroinduacutestria Nestas os produtos

que seratildeo comercializados e consumidos satildeo especificados como por exemplo milho em

gratildeos soja esmagada carne enlatada etc

O conceito de cadeia produtiva tem sido difundido com base na ideia de todas as

atividades de agregaccedilatildeo de valor que vatildeo desde a produccedilatildeo de insumos passando pela

produccedilatildeo rural pelas agroinduacutestrias pela distribuiccedilatildeo e chegando por fim ao consumidor

final (NEVES et al 1997) No entendimento de Begnis et al (2007) as cadeias produtivas

satildeo formadas basicamente de relaccedilotildees com determinado grau de comprometimento entre

seus componentes que assim pode ser definida

Cadeias produtivas satildeo formadas por relaccedilotildees teacutecnicas econocircmicas sociais e

poliacuteticas nas quais o grau de comprometimento entre seus componentes determina sua

estrutura e coordenaccedilatildeo Deste modo uma cadeia produtiva eacute o resultado de um conjunto

de relaccedilotildees de reciprocidade sustentadas sobre interesses comuns e complementares

(CASTRO 2005)

T

T3

T

5

Fornece- dores de Insumos

Proprie-dade

agriacutecola

Agro- induacutestria

Comeacutercio Atacadista

Consumidor Final

AMBIENTE ORGANIZACIONAL

AMBIENTE INSTITUCIONAL

T4

FLUXO DE MATERIAL

T Transaccedilotildees

FLUXO DE CAPITAL

FLUXO DE INFORMACcedilAtildeO

Sistema de produccedilatildeo

123n

Comeacutercio

Varejista T2

T1

115

Para Castro (2005) o conceito de cadeia produtiva foi desenvolvido como instrumento

de visatildeo sistecircmica Nesse aspecto a produccedilatildeo de bens eacute representada como um sistema

em que os atores se interconectam por fluxos de materiais de capital e de informaccedilatildeo com

o propoacutesito de suprir um mercado consumidor com os produtos do sistema

O enfoque de cadeia produtiva provou sua utilidade para organizar a anaacutelise e

aumentar a compreensatildeo dos complexos macroprocessos de produccedilatildeo e para se examinar

desempenho desses sistemas determinar gargalos ao desempenho oportunidades natildeo

exploradas processos produtivos gerenciais e tecnoloacutegicos (CASTRO 2005)

O enfoque de cadeia produtiva tambeacutem possui aplicaccedilatildeo na gestatildeo da

sustentabilidade ambiental Nesse aspecto satildeo analisados os processos produtivos dessa

cadeia (segmento agriacutecola e industrial) e das suas interfaces com o meio ambiente

estimando-se os possiacuteveis impactos sobre a sustentabilidade ambiental (CASTRO 2005)

A anaacutelise das cadeias produtivas pode ser feita por meio das abordagens de filieacutere e

de Commodity System Approach (CSA) Estas anaacutelises buscam basicamente identificar os

noacutes e estrangulamentos ao longo da sequecircncia de etapas de produccedilatildeo e propor accedilotildees para

aumentar a competitividade das empresas que dela participam ou seja analisar problemas

e propor alternativas que venham a incrementar a competitividade de sistemas

agroindustriais especiacuteficos

611 Anaacutelise de filiegravere

A filiegravere como ferramenta de anaacutelise teve origem nos anos 1960 no acircmbito da escola

industrial francesa (ENRIacuteQUEZ 2008) e pode ser traduzida como ldquocadeia produtivardquo e no

caso do setor industrial como cadeia de produccedilatildeo agroindustrial (BATALHA 1995) ou

simplesmente cadeia (ZYLBERSZTAJN 2000)

Morvan (1985 apud ZYLBERSZTAJN 2000) assim define filiegravere

Cadeia (filiegravere) eacute uma sequecircncia de operaccedilotildees que conduzem agrave produccedilatildeo

de bens Sua articulaccedilatildeo eacute amplamente influenciada pela fronteira de

possibilidades ditadas pela tecnologia e eacute definida pelas estrateacutegias dos

agentes que buscam a maximizaccedilatildeo dos seus lucros As relaccedilotildees entre os

agentes satildeo de interdependecircncia ou complementaridade e satildeo

determinadas por forccedilas hieraacuterquicas Em diferentes niacuteveis de anaacutelise a

cadeia eacute um sistema mais ou menos capaz de assegurar sua proacutepria

transformaccedilatildeo

Assim a filiegravere de produto pode ser utilizada para descrever um conjunto de

operaccedilotildees encadeadas logicamente a partir do tratamento da mateacuteria-prima passando pelo

116

processamento do produto ateacute a obtenccedilatildeo do produto final (MORVAN 1991 apud

RATHMANN et al 2006)

Embora Rathmann et al (2006) considere a sua definiccedilatildeo difiacutecil argumenta que eacute

possiacutevel alcanccedilar-se uma aproximaccedilatildeo pela referecircncia a trecircs elementos constitutivos

determinantes

ndash Uma sucessatildeo de operaccedilotildees de transformaccedilatildeo diz respeito a um espaccedilo de

tecnologias dissociaacuteveis suscetiacutevel de modificaccedilotildees em funccedilatildeo do estado dos

conhecimentos cientiacuteficos dominantes e as modalidades e organizaccedilatildeo do trabalho

ndash Eacute um conjunto de relaccedilotildees comerciais e financeiras estes fluxos de trocas

montante-jusante constituem um espaccedilo de relaccedilotildees orientadas por teacutecnicas ou mercados

cujas restriccedilotildees condicionam mais ou menos as trocas e

ndash Um conjunto de accedilotildees econocircmicas que buscam a valorizaccedilatildeo dos meios de

produccedilatildeo e que participam na definiccedilatildeo de um espaccedilo de estrateacutegia

Defende que com base nos elementos apresentados uma filiegravere adquire o aspecto de

um subsistema dentro de um sistema produtivo global com suas regras e loacutegica proacuteprias

Batalha (1995) divide a cadeia de produccedilatildeo agroindustrial (CPA) de jusante a

montante em trecircs macro-segmentos embora afirme que os limites dessa divisatildeo nem

sempre podem ser bem identificados uma vez que variam bastante conforme o tipo de

produto e o objeto da anaacutelise a ser realizada Satildeo eles

ndash Comercializaccedilatildeo Satildeo as empresas que estatildeo em contato com o consumidor final e

que viabilizam o consumo e o comeacutercio dos produtos finais (supermercados restaurantes

etc) Aqui estatildeo incluiacutedas tambeacutem as empresas de distribuiccedilatildeo

ndash Industrializaccedilatildeo Representa as empresas que transformam a mateacuteria-prima nos

produtos destinados ao consumidor Pode ser tanto uma unidade familiar quanto outra

agroinduacutestria

ndash Produccedilatildeo de mateacuterias-primas Estatildeo incluiacutedas nesse macro-segmento as empresas

fornecedoras de mateacuterias-primas iniciais para que outras empresas realizem a

transformaccedilatildeo em produto final (agricultura pecuaacuteria extrativismo etc)

Entende que a representaccedilatildeo da cadeia de produccedilatildeo agroindustrial deve ser feita

seguindo o encadeamento das operaccedilotildees teacutecnicas necessaacuterias agrave elaboraccedilatildeo do produto

final Dessa forma a estrutura da CPA seria constituiacuteda pela sequecircncia de operaccedilotildees

tecnoloacutegicas de produccedilatildeo distintas e dissociaacuteveis associadas agrave obtenccedilatildeo de um bem ou

de um conjunto de bens

Com base no exposto Saito et al (1999) argumentam que essa definiccedilatildeo de CPA

amplamente utilizada no Brasil pode ser identificada com o conceito de filieacutere

117

612 O enfoque do sistema de commodities (commodities system approach)

As primeiras ideias a respeito de cadeias produtivas tiveram iniacutecio com os estudos de

Davis e Goldberg sobre o agribusiness (ou agronegoacutecio em portuguecircs) a partir de 1957

Essa ideia evoluiu e em 1968 Goldberg apresentou a base teoacuterica da Commodities

System Approach (CSA) Significa que os estudos desenvolvidos sob essa oacutetica focalizam a

sequecircncia de transformaccedilotildees por que passam os produtos Goldberg (1968 apud BATALHA

1995) assim define CSA

Um sistema de commodities que engloba todos os atores envolvidos com a

produccedilatildeo processamento e distribuiccedilatildeo de um produto Tal sistema inclui o

mercado de insumos agriacutecolas a produccedilatildeo operaccedilotildees de estocagem

processamento atacado e varejo demarcando um fluxo que vai do insumo

ateacute o consumidor final O conceito engloba todas as instituiccedilotildees que afetam

a coordenaccedilatildeo dos estaacutegios sucessivos dos fluxos de produtos tais como

as instituiccedilotildees governamentais mercados futuros e associaccedilotildees de

comeacutercio

De acordo com Batalha (1995) a base teoacuterica de CSA desenvolvida por Godberg a

partir de 1968 natildeo tem mais fundamento na Teoria Econocircmica Neoclaacutessica mais

especificamente no conceito de matriz insumo-produto de Leontief e sim nos conceitos

oriundos da Economia Industrial os quais enfocam o paradigma estrutura-conduta-

desempenho da organizaccedilatildeo industrial que passa a fornecer os principais criteacuterios de

anaacutelise e de prediccedilatildeo Nesse entendimento cada sistema produtivo eacute analisado nos termos

da sua lucratividade estabilidade dos preccedilos e estrateacutegias das corporaccedilotildees e

adaptabilidade (ZYLBERSZTAJN 2000)

Conveacutem ressaltar que esse conceito de matriz insumo-produto aleacutem de fornecer

informaccedilotildees sobre setores da economia eacute capaz de descrever o sistema econocircmico em

termos de circulaccedilatildeo em que todas as vendas satildeo igualmente compras e todos os

produtos insumos agrave medida que vatildeo sendo utilizados por outra cadeia produtiva do sistema

(MONTOYA FINAMORE 2005) De acordo com os autores esse referencial teoacuterico e

empiacuterico vem sendo utilizado no Brasil por vaacuterios autores cujo objetivo eacute colocar em

evidecircncia o agronegoacutecio para o processo de desenvolvimento econocircmico do paiacutes uma vez

que proporciona ligaccedilotildees intersetoriais fortes que apresenta sobre o resto da economia

Quanto ao aspecto da anaacutelise da CSA Zylbersztajn (2000) adianta que embora natildeo

seja caracterizada como uma anaacutelise institucional os trabalhos baseados nesta abordagem

natildeo ignoram esse aspecto e que estudos realizados no Brasil apontam para a importacircncia

do ambiente institucional de forma a tornar expliacutecito o papel das instituiccedilotildees e acoplando

uma nova vertente analiacutetica aos trabalhos originalmente desenvolvidos

118

Os dois enfoques ndash que vem sendo utilizados no Brasil apresentam suas

semelhanccedilas e diferenccedilas Zylbersztajn (2000) assegura que a despeito das diferenccedilas

existentes entre as duas abordagens o que eacute importante satildeo os elementos comuns que

podem ser utilizados para os estudos dos agronegoacutecios Entende que tanto o enfoque de

filiegravere quanto o de CSA tratam de estrateacutegia embora a literatura de cadeias seja mais

voltada para as accedilotildees governamentais e no enfoque de Goldberg predominantemente mas

natildeo exclusivamente focalizado nas estrateacutegias das corporaccedilotildees Aponta alguns pontos de

tangecircncia entre os dois conceitos

(a) Consideram o agribusiness sob a oacutetica sistecircmica avaliando as relaccedilotildees entre

atores por meio de diferentes setores da economia repensando a distinccedilatildeo tradicional entre

setor agriacutecola industrial e de serviccedilos

(b) Nos dois enfoques as instituiccedilotildees natildeo satildeo vistas como um elemento neutro com

respeito agrave alocaccedilatildeo dos recursos na economia e sim como um componente importante que

fornece apoio para as atividades produtivas

Batalha (1995) aponta como uma diferenccedila fundamental entre as duas abordagens o

fato da anaacutelise das operaccedilotildees da filiegravere ser realizada sempre de jusante a montante -

inversamente ao fluxo de anaacutelise da CSA Significa que o consumidor final eacute o principal

indutor de mudanccedilas efetuadas no sistema sem no entanto excluir as unidades produtivas

que tambeacutem satildeo responsaacuteveis pela introduccedilatildeo de transformaccedilotildees tecnoloacutegicas

613 Os agentes da cadeia produtiva

Zylbersztajn (2000) ao estudar os sistemas agroindustriais usa o termo ldquosistemas

agroalimentaresrdquo (SAGs) ndash que define como um conjunto de relaccedilotildees contratuais entre

empresas e agentes especializados cujo objetivo final eacute disputar o consumidor de

determinado produto ndash para ressaltar a importacircncia do ambiente institucional e das

organizaccedilotildees de suporte ao funcionamento da cadeia Define como elementos fundamentais

desse sistema os agentes as relaccedilotildees entre eles os setores as organizaccedilotildees de apoio e o

ambiente institucional

Satildeo agentes

minus O consumidor Aqui entendido como o ponto focal para onde converge todo o fluxo

dos produtos do SAG O consumidor adquire os produtos para as suas necessidades

alimentares que variam de acordo com a sua renda faixa etaacuterias preferecircncia entre outros

aspectos

minus O varejo Satildeo os distribuidores de alimentos caracterizados pelos supermercados

padarias accedilougue e outras empresas especializadas que fazem o elo de ligaccedilatildeo entre a

induacutestria e o consumidor

119

minus O atacado Satildeo as plataformas centrais de distribuiccedilatildeo de alimentos que tecircm como

papel concentrar fisicamente os produtos e permitir que agentes do varejo se abasteccedilam

No Brasil as Centrais de Abastecimento (CEASA) cumprem esse papel

minus A agroinduacutestria Satildeo os agentes que atuam na fase de transformaccedilatildeo do produto

Pode ser de primeira transformaccedilatildeo que agrega atributos agrave mateacuteria-prima sem alteraacute-la de

forma significativa ou de segunda quando o produto de origem primaacuteria sofre

transformaccedilatildeo fiacutesica de forma que as suas caracteriacutesticas satildeo alteradas

minus A produccedilatildeo primaacuteria Satildeo representados pelos agentes que atuam na geraccedilatildeo de

mateacuteria-prima para a induacutestria de alimentos De acordo com o autor eacute um dos elos mais

conflituosos do sistema pois estatildeo longe do mercado final e portanto recebem informaccedilotildees

assimeacutetricas aleacutem de estarem dispersos geograficamente e normalmente apresentarem um

perfil bastante heterogecircneo

Os ambientes institucional e organizacional minus As instituiccedilotildees da sociedade humana

satildeo os procedimentos estabelecidos pelos costumes que alicerccedilam e estruturam a

sociedade e satildeo representadas pelos costumes leis etc Satildeo tidas como instituiccedilotildees

fundamentais a famiacutelia a propriedade e o Estado As organizaccedilotildees satildeo ajustes entre

pessoas com o uso de tecnologia para atingir um objetivo desejado No caso das SAGs satildeo

estruturas criadas para fornecer suporte ao seu funcionamento Podem ser dados com

exemplo as empresas as universidades cooperativas associaccedilotildees de produtores

Embora as instituiccedilotildees mudem mais lentamente as mudanccedilas nas organizaccedilotildees

costumam ocorrer com certa rapidez Nesse contesto a dinacircmica das empresas adapta-se

ao ambiente institucional embora busque modificaacute-lo em benefiacutecio proacuteprio seja por meio de

operaccedilotildees no mercado seja exercendo pressatildeo no legislativo para que modifique o marco

legal

62 AS CADEIAS DE BIODIVERSIDADE

Satildeo conhecidas entre 45300 e 49500 plantas no Brasil (LEWINSOHN PRADO

2002) Dessas grande nuacutemero de espeacutecies satildeo exploradas pela populaccedilatildeo para as mais

diversas finalidades alimentaccedilatildeo energia sauacutede construccedilatildeo entre outras O extrativismo

vegetal pode ter como destino a subsistecircncia dos grupos humanos na forma de alimentos

bem como o mercado Atualmente natildeo se pode ignorar o fato do extrativismo vegetal ser

uma atividade que garante renda para milhares de famiacutelias distribuiacutedas pela vastidatildeo do

territoacuterio nacional sejam residentes na zona rural ou aacutereas urbanas

A maior parte dos estudos realizados sobre a exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo

madeireiros no Brasil estatildeo voltados para espeacutecies do Bioma Amazocircnia Na sua maioria satildeo

120

produtos do extrativismo oriundos de espeacutecies que ainda natildeo foram domesticadas como o

accedilaiacute a castanha-do-Brasil o oacuteleo de copaiacuteba a andiroba entre outros

As cadeias produtivas de vaacuterios desses produtos vecircm sendo objeto de anaacutelise pelo

fato de apresentarem interesse econocircmico por parte da populaccedilatildeo e em razatildeo de se

mostrarem como uma opccedilatildeo para a manutenccedilatildeo da floresta em peacute Satildeo produtos jaacute

conhecidos pelo mercado com cadeias produtivas razoavelmente estruturadas

apresentando relativa oferta e demanda em expansatildeo Sob a oacutetica da legislaccedilatildeo ambiental

satildeo produtos cuja exploraccedilatildeo somente pode ocorrer por meio de manejo florestal

sustentaacutevel como medida para evitar sua sobreexplotaccedilatildeo

Uma cadeia produtiva de PFNMs pode ser entendida como um meio conceitual para

ilustrar os diferentes estaacutegios que um dado produto percorre indo do fornecimento de

insumos e passando pela produccedilatildeo primaacuteria pela comercializaccedilatildeo pelo processamento

pelo mercado varejista ateacute o seu consumo final (Figura 7) A cadeia de valor descreve a

sequecircncia de atividades realizadas da produccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute a sua transformaccedilatildeo

em produtos que podem ser adquiridos pelo consumidor final (WILL 2008)

Figura 7 ndash Representaccedilatildeo graacutefica de uma cadeia produtiva de PFNM Fonte Adaptado de Daniel e Dudharde (2007 p 10)

AgricultorColetor

Intermediaacuterio

Processador

Intermediaacuterio

Atacadista

Varejista

Consumidor

O a

gricultor

pro

cessa e

vende

direta

me

nte

ao c

onsum

idor

O p

rocessador v

ende

dire

tam

ente

ao c

onsum

idor

121

A cadeia produtiva de espeacutecies extrativistas (produtos da biodiversidade) natildeo costuma

apresentar as mesmas caracteriacutesticas que as cadeias produtivas tradicionais Enriquez

(2008) enumerou algumas diferenccedilas entre as duas

minus Escala A Cadeia Produtiva Tradicioanl (CT) obedece agraves leis de mercado de modo

que a produccedilatildeo acompanha as oscilaccedilotildees da oferta e da demanda Beneficia-se das

economias de escala e de escopo Na Cadeia de Produtos da Biodiversidade (CB) a oferta

depende dos ciclos da natureza e da capacidade de acesso agraves regiotildees de produccedilatildeo da

mateacuteria-prima Natildeo haacute economias de escopo os produtores estatildeo dispersos e natildeo haacute uma

rede consolidada de prestadores de serviccedilo e assistecircncia teacutecnica e cientiacutefica que possa

gerar sinergias

minus Mateacuteria-prima Na CT ela eacute padronizaacutevel e satildeo empregados meios racionais na sua

obtenccedilatildeo Na CB haacute dificuldade na sua padronizaccedilatildeo em quantidade e qualidade devido a

fatores tais como falta de qualificaccedilatildeo dos produtores fatores climaacuteticos etc

minus Organizaccedilatildeo da produccedilatildeo ndash Na CB as relaccedilotildees entre os operadores satildeo ajustadas

por meio de contratos escritos enquanto na CB as transaccedilotildees nem sempre ocorrem dessa

forma Nessas cadeias a presenccedila do atravessador costuma ser muito forte onerando a

produccedilatildeo Na CB ocorre alta assimetria de informaccedilotildees beneficiando as empresas

minus Logiacutestica Na CT a logiacutestica bem desenvolvida faz parte do planejamento das

operadoras como forma de conectar com mais eficiecircncia induacutestria e consumidores Nas CB

as atividades de planejamento organizaccedilatildeo e controle associadas ao transporte

armazenagem e distribuiccedilatildeo dos produtos costumam ser deixadas em segundo plano o que

a torna ineficiente

minus Consumidor Na CT a oferta de produtos ao consumidor eacute constante e os preccedilos

flutuam menos que na CB especialmente em funccedilatildeo do niacutevel organizacional dos

operadores da cadeia Na CB tanto o grau de oferta de produtos quanto os preccedilos ao

consumidor satildeo variaacuteveis em funccedilatildeo da ineficiecircncia das operaccedilotildees que ocorrem ao longo da

cadeia Os efeitos da sazonalidade da mateacuteria-prima costumam implicar em grande variaccedilatildeo

dos preccedilos dos produtos oferecidos ao consumidor final

minus Regulamentaccedilatildeo Na CT o mercado dita as regras do jogo o que garante eficiecircncia

econocircmica e uma melhor distribuiccedilatildeo de renda entre os operadores da cadeia A CT sempre

opera em mercados regulamentados com regras claras e acessiacuteveis A CB tem grandes

dificuldades em operar com as regras do mercado em funccedilatildeo da vulnerabilidade dos elos

da cadeia Em funccedilatildeo dessa peculiaridade merece um acompanhamento mais proacuteximo por

parte de oacutergatildeos governamentais uma vez que poderaacute desaparecer caso entre no mercado

regular Costuma operar em mercados especiais como os mercados diferenciados ainda

sem uma regulamentaccedilatildeo muito clara

122

minus Meio ambiente A loacutegica da CT eacute completamente voltada para a eficiecircncia

econocircmica natildeo se importando muito com a geraccedilatildeo de externalidades negativas Na CB a

loacutegica produtiva tem por base fundamental a conservaccedilatildeo ambiental uma vez que a

mateacuteria-prima que utiliza depende da sauacutede da floresta

Will (2008) cita outras caracteriacutesticas das cadeias de produtos da biodiversidade

minus Os centros de oferta-demanda costumam ser altamente ineficientes em razatildeo das

ligaccedilotildees fragmentadas entre os operadores ao longo da cadeia produccedilatildeo-mercado

minus As relaccedilotildees comerciais satildeo caracterizadas por desconfianccedila e ignoracircncia a respeito

da performance e capacidade dos operadores que estatildeo numa posiccedilatildeo anterior e posterior

agravequele elo da cadeia

minus Produtores nem sempre possuem boas relaccedilotildees com intermediaacuterios cujo

fornecimento para atacadistas ou processadores natildeo satildeo muito consistentes nem muito

confiaacuteveis e nenhum deles dispotildee de informaccedilotildees confiaacuteveis e constantes sobre as

necessidades dos consumidores

- A figura do atravessador nem sempre pode ser desprezada em razatildeo do seu papel

de ligaccedilatildeo entre os membros de comunidades remotas e o mercado Embora adquirindo a

mateacuteria-prima por preccedilos nem sempre justos aleacutem de pagar pelo produto em espeacutecie (na

maioria das vezes) costuma ser a uacutenica forma de escoamento da produccedilatildeo extrativista para

os centros de processamento Nas regiotildees onde natildeo existe o limitante das distacircncias

costuma ser procurado pelos coletores pois paga por pequenas quantidades do produto ao

contraacuterio das empresas que por problemas de logiacutestica optam pelas grandes quantidades

63 CADEIA PRODUTIVA DO BARU

O Cerrado brasileiro se destaca por possuir a mais rica flora dentre as savanas do

mundo comportando aproximadamente 12070 espeacutecies (FORZZA et al 2010) sendo

expressivo o nuacutemero de espeacutecies com potencial para a exploraccedilatildeo econocircmica Entre as

espeacutecies podemos mencionar o pequi (Caryocar brasiliensis) Segundo o IBGE (2008) no

ano de 2008 foram produzidas 5531 toneladas de oacuteleo de pequi alcanccedilando o valor de R$

681800000 No entanto os dados natildeo mostram os nuacutemeros do seu consumo como

alimento que se acredita seja bastante elevado em razatildeo desse fruto estar incorporado agrave

dieta da populaccedilatildeo dos Estados de Goiaacutes Minas Gerais Bahia Mato Grosso Mato Grosso

do Sul Tocantins e Satildeo Paulo

Outra espeacutecie vegetal do Cerrado que vem apresentando interesse econocircmico eacute o

baru (Dipteryx alata Vog) em funccedilatildeo do sabor diferenciado da sua amecircndoa consumida in

natura na forma de patildees biscoitos bombons licores pratos tiacutepicos entre outros O

mercado dessa amecircndoa comeccedila a crescer no Estado de Goiaacutes e Distrito Federal com

123

perspectiva de alcanccedilar o mercado externo No entanto ainda eacute um mercado incipiente em

razatildeo da demanda ser baixa e localizada

O trabalho de campo forneceu elementos para a estruturaccedilatildeo e a identificaccedilatildeo da

cadeia produtiva do baru aleacutem de elementos necessaacuterios para a anaacutelise do papel dos

atores que dela participam As etapas produtivas da cadeia identificada guardam certa

semelhanccedila com o conceito de filiegravere que se traduz na sequecircncia de operaccedilotildees

tecnoloacutegicas de produccedilatildeo distintas e dissociaacuteveis exigidas para a elaboraccedilatildeo de um bem

acabado ou um conjunto de bens para o consumo final O modelo geneacuterico da cadeia

produtiva do baru encontrada a partir dos trabalhos de campo pode ser assim configurada

Figura 8 ndash Modelo geneacuterico da cadeia produtiva do baru no Estado de Goiaacutes Fonte Dados de pesquisa (2010)

AMBIENTE INSTITUCIONAL Costumes leis cultura religiatildeo

TRANSFORMACcedilAtildeO

Induacutestria de

Insumos

Coleta

Transporte

Armazenagem

10 Processo

Extraccedilatildeo da castanha seleccedilatildeo

lavagem e secagem

Amecircndoa embalada

Alimentos processados

MERCADO LOCAL

PRODUCcedilAtildeO

20 Processo

Alimentos

MERCADO DOMEacuteSTICO

Amecircndoa embalada

Alimentos processados

Transporte

Armazenagem

DISTRIBUICcedilAtildeO

Induacutestria de Maacutequinas Amecircndoa

embalada

Alimentos processados

MERCADO EXTERNO

OPERADORES DA CADEIA

ProdutorColetor

Intermediaacuterio

Associaccedilatildeo Cooperativa

Empresa Privada

Restaurantes Feiras livres

Mercado Institucional Padarias

Exportadoras

Consumidor

AMBIENTE ORGANIZACIONAL Ibama Anvisa Secretaria da Receita Federal Embrapa Agecircncia Rural de Goiaacutes Secretaria Estadual de

Meio Ambiente Secretaria Estadual de Fazenda Secretaria Estadual de Sauacutede ONGrsquos Prefeitura Municipal Associaccedilatildeo Cooperativa

124

64 CARACTERIZACcedilAtildeO DO AMBIENTE EXTERNO DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

641 Poliacuteticas puacuteblicas

O Pronaf eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a exploraccedilatildeo do baru uma

vez que abre a possibilidade do agricultor ou associaccedilatildeocooperativa acessar o creacutedito para

estocagem do fruto e para o seu beneficiamento

Criado pelo Decreto nordm 194696 o Programa tem como objetivo promover o

desenvolvimento sustentaacutevel do segmento rural constituiacutedo por agricultores familiares

proporcionando-lhes aumento da capacidade produtiva geraccedilatildeo de emprego e melhoria de

renda Opera na forma de concessatildeo de creacutedito individual ou coletivo para investimento e

custeio a juros subsidiados A Tabela 4 abaixo apresenta dados sobre o nuacutemero de

contratos e montante de recursos aplicados por ano agriacutecola pelo Programa

O Programa dispotildee de vaacuterias linhas de creacutedito voltadas para a produccedilatildeo agropecuaacuteria

e natildeo agropecuaacuteria abrangendo todo o territoacuterio nacional e tendo como agentes financeiros

o Banco do Brasil o Banco da Amazocircnia e Banco do Nordeste Brasileiro (MDA 2010)

Especificamente para a produccedilatildeo e processamento do baru destacam-se as seguintes

linhas

minus Pronaf Floresta - Esta linha de creacutedito eacute destinada ao financiamento de projetos para

a implantaccedilatildeo de sistemas agroflorestais agravequeles agricultores familiares dos Grupos A AC

B C e D do Pronaf interessados na implantaccedilatildeo de projetos de silvicultura sistemas agro

florestais (SAFs) e exploraccedilatildeo extrativista ecologicamente sustentaacutevel e plano de manejo

florestal Aleacutem disso oferece creacutedito para recomposiccedilatildeo e manutenccedilatildeo de aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente e reserva legal e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas para fins de

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental

minus O Pronaf Agroinduacutestria linha de investimentos inclusive em infraestrutura

destinados agrave implantaccedilatildeo de pequenas e meacutedias agroinduacutestrias isoladas ou em forma de

rede que visam o beneficiamento o processamento e a comercializaccedilatildeo de produtos

florestais e do extrativismo

minus Custeio e Comercializaccedilatildeo de Agroinduacutestrias Familiares Destinada a agricultores e

suas cooperativas ou associaccedilotildees para financiamento de custeio do beneficiamento e

industrializaccedilatildeo da produccedilatildeo proacutepria eou de terceiros

125

Tabela 4 ndash Nuacutemero de contratos e montante financiado por ano agriacutecola pelo Pronaf

Ano agriacutecola Nordm Contratos Montante (R$100)

19981999 174286 41636855383

19992000 926422 214943446614

20002001 893112 216848622850

20012002 932927 218927508364

20022003 904214 237646586408

20032004 1390168 449047822825

20042005 1635051 613160093340

20052006 1913043 761192914394

20062007 1692516 843320764822

20072008 1650622 907824397549

Fonte MDA (2008)

A Poliacutetica de Garantia do Preccedilo Miacutenimo (PGPM) foi instituiacuteda por meio do Decreto-Lei

nordm 791966 visando garantir os preccedilos dos produtos das atividades agriacutecola pecuaacuteria ou

extrativa em favor dos produtores ou de suas cooperativas

Com base na Lei nordm 117752008 que criou no acircmbito do PGPM a modalidade de

Subvenccedilatildeo Direta que prevecirc ao extrativista o recebimento de um bocircnus caso efetue a

venda de seu produto por preccedilo inferior ao preccedilo miacutenimo fixado pelo Governo Federal foi

instituiacutedo o PGPM-Bio voltado para produtos da sociobiodiversidade Tem como objetivo a

conservaccedilatildeo ambiental aliada agrave geraccedilatildeo de renda retirando excedentes de produccedilatildeo e

corrigindo distorccedilotildees nos preccedilos recebidos pelos extrativistas

Os recursos financeiros para estas operaccedilotildees satildeo provenientes do Tesouro Nacional

poreacutem a sistemaacutetica de liberaccedilatildeo de valores ocorre dentro de um orccedilamento do Mapa

gerido pelo Grupo de Trabalho Interministerial do Extrativismo criado pela Portaria

Interministerial nordm 2542008 sendo composto pelo MMA Mapa MF MDA MPOG e Conab

O pequi e o baru satildeo os uacutenicos produtos do Bioma Cerrado que estatildeo contemplados

pelo preccedilo miacutenimo Um dos criteacuterios para a concessatildeo do subsiacutedio eacute que o agricultor

apresente a Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Pronaf (DAP) cadastro utilizado pelo MDA como

instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar para acessar poliacuteticas puacuteblicas Ocorre

que muitas pessoas que exploram o baru moram nas localidades distritos e periferias das

sedes dos municiacutepios e natildeo se enquadram como agricultores familiares sendo

automaticamente excluiacutedos desse benefiacutecio (CONAB 2010)

O Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) foi instituiacutedo pela

Lei nordm 106962003 e regulamentado pelo Decreto nordm 64472008 Eacute uma das accedilotildees do

Fome Zero que opera com a aquisiccedilatildeo de alimentos dos agricultores familiares por um preccedilo

justo e os distribui aos brasileiros em situaccedilatildeo de vulnerabilidade social e alimentar Eacute

126

coordenado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome e gerido por um

Grupo composto pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio Ministeacuterio do Planejamento

Orccedilamento e Gestatildeo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Ministeacuterio da

Fazenda e Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Estes ministeacuterios aleacutem da Conab Estados e Municiacutepios

desenvolvem accedilotildees para que os alimentos sejam adquiridos doados e distribuiacutedos para

famiacutelias em situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar e nutricional como indiacutegenas quilombolas

acampados da reforma agraacuteria atingidos por barragens e demais cidadatildeos (CONAB 2010)

Os Conselhos Municipais de Seguranccedila Alimentar e Nutricional quetecircmcomo

atribuiccedilatildeo o acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees do governo municipal nas aacutereas de

seguranccedila alimentar e nutricional participam da seleccedilatildeo de projetos do PAA

O instrumento operacional para esta forma de aquisiccedilatildeo de alimentos eacute o ldquoCompra da

Agricultura Familiar com Doaccedilatildeo Simultacircnea - CPR Doaccedilatildeordquo (CONAB 2010)

Os agricultores familiares enquadrados no Pronaf (individual ou organizados em

grupos formais) participam do Programa na qualidade de beneficiaacuterios fornecedores

recebendo ateacute o limite de R$ 350000famiacuteliaano Fornecem ao PAA alimentos in natura

ou processados que produzem

A Tabela 5 fornece o nuacutemero de agricultores atendidos e valor repassado pelo MDS

(2010) em reais para o Estado de Goiaacutes pelo Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ateacute o

ano de 2009

Tabela 5 ndash Quantitativo de agricultores atendidos e valor repassado pelo MDS em reais para o Estado de Goiaacutes pelo Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ateacute 2009

PAA Quantitativo Valor repassado

pelo MDS (R$100)

PAA - Municipal 193 Agricultores 23420320

PAA - CONAB 571 Agricultores 198992725

Fonte MDS (2010)

Os Municiacutepios de Formosa (GO) e Pirenoacutepolis (GO) natildeo apresentavam receitas

provenientes do PAA ateacute o ano de 2009 apesar de possuiacuterem outros programas de

seguranccedila alimentar e nutricional

Existe um conjunto de poliacuteticas do Governo Federal que buscam estrateacutegias para o

desenvolvimento da produccedilatildeo de PFNMs no Cerrado

Uma das principais poliacuteticas nesta aacuterea eacute o Plano Nacional de Promoccedilatildeo das Cadeias

de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB) lanccedilado pelo Governo Federal em 2009 e

coordenado pelo MMA MDA MDS e Conab Estatildeo envolvidos na sua implementaccedilatildeo a

Casa Civil da Presidecircncia da Repuacuteblica Agecircncia Nacional de Vigilacircncia e Inspeccedilatildeo Sanitaacuteria

127

(Anvisa) o Serviccedilo Florestal Brasileiro (SBF) o Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da

Biodiversidade (ICMBio) o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e Reforma Agraacuteria (INCRA) a

Agecircncia de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Alematilde (GTZ) a Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria (Embrapa) governos estaduais setor empresarial agecircncias de fomento e a

sociedade civil organizada (MDA 2010)

O principal objetivo do Plano eacute desenvolver accedilotildees integradas para a promoccedilatildeo e

fortalecimento das cadeias de produtos da sociobiodiversidade com agregaccedilatildeo de valor e

consolidaccedilatildeo de mercados sustentaacuteveis Estaacute organizado em seis eixos de accedilatildeo cada qual

constituiacutedo por um conjunto de linhas de accedilatildeo Os principais eixos de accedilatildeo dizem respeito agrave

promoccedilatildeo e apoio agrave produccedilatildeo e ao extrativismo sustentaacutevel agrave estruturaccedilatildeo e fortalecimento

dos processos industriais agrave estruturaccedilatildeo e fortalecimento de marcados para produtos da

sociobiodiversidade e ao fortalecimento da organizaccedilatildeo social e produtiva (MDA 2010)

Apesar da sua abrangecircncia nacional suas accedilotildees mais recentes estatildeo voltadas para a

promoccedilatildeo da castanha-do-paraacute e do babaccedilu em estados da Regiatildeo Norte e Nordeste

Outra iniciativa de significativa importacircncia para a promoccedilatildeo dos recursos do Cerrado

eacute o Programa Nacional de Conservaccedilatildeo e Uso Sustentaacutevel do Bioma Cerrado - Cerrado

Sustentaacutevel lanccedilado por meio do Decreto nordm 55772008 e que tem como objetivo a

promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo a restauraccedilatildeo a recuperaccedilatildeo e a manejo sustentaacutevel de

ecossistemas naturais bem como a valorizaccedilatildeo e o reconhecimento das suas populaccedilotildees

tradicionais buscando condiccedilotildees para reverter os impactos socioambientais negativos do

processo de ocupaccedilatildeo do Bioma Cerrado Cabe ao MMA a promoccedilatildeo da supervisatildeo e

articulaccedilatildeo institucional para a implementaccedilatildeo do Programa

Este mesmo Decreto criou a Comissatildeo Nacional do Programa Cerrado Sustentaacutevel

(CONACER) na qualidade de instacircncia colegiada do Programa

Algumas accedilotildees programaacuteticas se destacam pela sua importacircncia para a promoccedilatildeo de

produtos como o baru tais como estiacutemulo ao uso sustentaacutevel de frutas nativas e que ao

mesmo tempo promovam a inclusatildeo social promoccedilatildeo da agregaccedilatildeo de valor e o uso

comercial de produtos da biodiversidade adequaccedilatildeo da regulamentaccedilatildeo da produccedilatildeo do

beneficiamento da comercializaccedilatildeo e do registro de produtos do uso sustentaacutevel da

biodiversidade para gerar benefiacutecios ambientais e sociais valorizaccedilatildeo da importacircncia

estrateacutegica em termos ambientais e sociais da permanecircncia na terra das comunidades

tradicionais e dos agricultores familiares (MMA 2006)

No acircmbito do Programa Cerrado Sustentaacutevel foi aprovado o Programa Iniciativa

Cerrado Sustentaacutevel com recursos financeiros provenientes do Fundo para o Meio Ambiente

Global (GEF) no valor de US$ 13 milhotildees e contrapartida do Governo Brasileiro no valor de

US$ 26 milhotildees As accedilotildees para a sua implementaccedilatildeo envolvem o MMA o ICMBio e os

128

governos estaduais de Goiaacutes e do Tocantins tendo o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

(FUNBIO) como gestor financeiro O Programa tem como objetivo promover o aumento da

conservaccedilatildeo da biodiversidade e melhorar o manejo dos recursos ambientais e naturais do

bioma Cerrado As accedilotildees dessa Iniciativa deveratildeo ter iniacutecio em 2011 uma vez que somente

em julho de 2010 o Acordo de Doaccedilatildeo entre o Governo Brasileiro e o Banco Mundial na

qualidade de Gestor Financeiro do GEF foi firmado

No que diz respeito agrave participaccedilatildeo da sociedade civil importante mencionar a Rede

Cerrado de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais que congrega em torno de 300 instituiccedilotildees

que atuam na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e na conservaccedilatildeo do Cerrado Seu

principal objetivo eacute incentivar e promover a troca de experiecircncias e informaccedilotildees entre as

instituiccedilotildees visando conciliar equidade social conservaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento

(REDE CERRADO 2010)

Apesar das poliacuteticas puacuteblicas discriminadas acima buscarem atender a determinados

aspectos do uso de PFNMs podem ser entendidas como accedilotildees isoladas natildeo sendo

suficientes para fomentar a exploraccedilatildeo desses produtos O paiacutes natildeo dispotildee de uma poliacutetica

estruturante para esta atividade somente iniciativas isoladas a exemplo da legislaccedilatildeo que

regulamenta o uso de algumas espeacutecies vegetais ameaccediladas de extinccedilatildeo (palmito pau-

rosa caixeta castanha-do-Brasil)

Nas uacuteltimas duas deacutecadas as poliacuteticas puacuteblicas de maior expressatildeo no Brasil relativas

a PFNMs foram quase que inteiramente voltadas para a Amazocircnia como o Programa

Demonstrativo dos Povos Indiacutegenas (PDPI) o Projeto Demonstrativo do Programa Piloto

para Proteccedilatildeo das Florestais Tropicais do Brasil (PDAPPG7) e o Projeto de Apoio ao

Manejo Florestal Sustentaacutevel na Amazocircnia (Pro Manejo) Para o Cerrado existe o Programa

Cerrado Sustentaacutevel instituiacutedo pelo Decreto nordm 55772005 mas que natildeo iniciou

efetivamente suas atividades por falta de recursos financeiros Em setembro de 2010 foi

lanccedilado pelo Governo Federal o Plano de Accedilatildeo para Prevenccedilatildeo e Controle do Desmatamento e

das Queimadas no Cerrado ndash PPCerrado que prevecirc accedilotildees de pesquisa levantamento de

informaccedilotildees sobre a vegetaccedilatildeo nativa e uso sustentaacutevel dos recursos naturais aleacutem da

promoccedilatildeo das cadeias produtivas da sociobiodiversidade

642 Caracterizaccedilatildeo dos principais segmentos da cadeia produtiva do baru nos Municiacutepios

de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes

6421 Fornecedores de insumos

Induacutestria de Maacutequinas ndash O setor de produccedilatildeo de maacutequinas para a agroinduacutestria no Brasil

apresenta um parque industrial bem desenvolvido com um elevado grau de diversificaccedilatildeo na

produccedilatildeo O paiacutes conta com grandes meacutedias e pequenas corporaccedilotildees voltadas para a

129

produccedilatildeo de maacutequinas para o agronegoacutecio e para o processamento de produtos

provenientes da agropecuaacuteria No entanto o setor de maacutequinas para a produccedilatildeo e o

processamento de pequenas quantidades de produtos da biodiversidade praticamente

inexiste Acredita-se que uma das causas do pouco interesse dos fabricantes desses

artefatos em suprir esse mercado esteja assentada na inexpressividade desse setor na

economia nacional Aleacutem do mais as pessoas que exploram produtos da biodiversidade

para complementaccedilatildeo da renda familiar natildeo dispotildeem de recursos excedentes para investir

em uma maacutequina industrial seja manual ou eleacutetrica Mesmo as pequenas cooperativas ou

associaccedilotildees que exploram PFNMs natildeo costumam imobilizar reservas monetaacuterias em um

equipamento dessa natureza

Na exploraccedilatildeo do baru para fins alimentiacutecios (produccedilatildeo e processamento) as

maacutequinas utilizadas costumam ser adaptadas No processo de quebra para extraccedilatildeo da

amecircndoa a tecnologia empregada pelos agricultores nos municiacutepios estudados ainda eacute

rudimentar Na sua grande maioria utilizam a foice adaptada (Figura 9) Com esse

equipamento artesanal um homem quebra em um dia uma quantidade de frutos suficiente

para obter 2 kg de semente (SANO et al 2004) Algumas AssociaccedilotildeesCooperativas e

micro-empresas visitadas dispotildeem de maacutequina eleacutetrica (Figura 10) para a quebra do fruto do

baru Mesmo as eleacutetricas satildeo artesanais e fabricadas sob encomenda aleacutem de natildeo

apresentarem um rendimento tatildeo superior agraves manuais

Figura 9 ndash Dispositivo manual para extraccedilatildeo da amecircndoa do baru Fonte Fotos do autor (2010)

130

Figura 10 ndash Maacutequina eleacutetrica de despolpar e quebrar o fruto do baru Fonte Nonna Pasqua (2010)

643 Unidades produtivas

6431 Municiacutepio de Formosa (GO)

O Municiacutepio de Formosa estaacute localizado no Entorno do Distrito Federal numa regiatildeo

do Planalto Central onde predomina a vegetaccedilatildeo do Cerrado Apresenta uma populaccedilatildeo

eminentemente urbana uma vez que do total dos seus 90212 habitantes em 2007 somente

10388 residiam na zona rural (IBGE 2010) Sua economia destaca-se pela produccedilatildeo de

serviccedilos seguido da induacutestria e da agropecuaacuteria

O Produto Interno Bruto do Municiacutepio em 2006 foi de R$ 56133356700 apontando

um crescimento consideraacutevel quando comparado ao ano de 1999 ano em que alcanccedilou o

valor de R$ 18260000000 Destaque para o PIB do setor de serviccedilos com crescimento

constante durante o periacuteodo avaliado O PIB do setor agropecuaacuterio foi o que menos cresceu

demonstrando uma estabilizaccedilatildeo da atividade no Municiacutepio 1999 (Graacutefico 2)

Graacutefico 2 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Formosa (GO) por setor de 1999 a 2007 em R$ mil Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

131

A produccedilatildeo de gratildeos alcanccedilou 57965 toneladas em 2006 mantendo-se estaacutevel com

ligeiras variaccedilotildees no periacuteodo avaliado (Graacutefico 3) Em 2004 o Municiacutepio era o 41ordm no ranking

de produccedilatildeo de gratildeos no Estado bem abaixo do 1ordm colocado Jataiacute com uma produccedilatildeo de

1321014 toneladas

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo de gratildeos no Municiacutepio de Formosa Goiaacutes em tonelada no periacuteodo de 2004 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

O efetivo de bovinos atingiu 216500 cabeccedilas em 2007 demonstrando uma pequena

tendecircncia de reduccedilatildeo quando comparado ao total de 237800 cabeccedilas contabilizado no ano

de 2006 (Graacutefico 4) O Municiacutepio ocupava em 2004 o 20ordm lugar no ranking dos maiores

municiacutepios goianos em rebanho bovino bem abaixo do 1ordm lugar Nova Crixaacutes com 676340

cabeccedilas

Graacutefico 4 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Formosa (GO) no periacuteodo de 2001 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

132

O poder puacuteblico municipal natildeo produz informaccedilotildees a respeito do extrativismo vegetal

As informaccedilotildees a esse respeito produzidas pelo IBGE poreacutem somente satildeo mencionadas a

produccedilatildeo do carvatildeo madeira e lenha (Graacutefico 5)

Graacutefico 5 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo no Municiacutepio de Formosa de 1990 a 2008 Fonte IBGE (2010)

O Graacutefico 5 mostra uma diminuiccedilatildeo significativa da produccedilatildeo do carvatildeo madeira e

lenha no Municiacutepio Acredita-se que tal reduccedilatildeo tenha ocorrido mais em consequecircncia do

esgotamento da vegetaccedilatildeo nativa do que da accedilatildeo do poder puacuteblico contra o desmatamento

No periacuteodo de 2003 a 2005 foram desmatados 112742 ha no municiacutepio numa taxa de

desmatamento de 037 (SILVA et al 2008)

De acordo com os dados do IBGE no municiacutepio natildeo existe produccedilatildeo de frutos

silvestres o que vem a ser contraditoacuterio uma vez que a populaccedilatildeo consume e comercializa

esses produtos

Em 2006 a situaccedilatildeo da utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio era a seguinte (Tabela 6)

Tabela 6 ndash Utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de Formosa (GO) em haacute - 2006

Utilizaccedilatildeo de Terras (ha) Aacuterea (ha)

Utilizaccedilatildeo de terras total 506514 Em lavouras permanents 1720 Em lavouras temporaacuterias 27778 Em pastagens naturais 90554 Em pastagens plantadas 175415 Em matas naturais 191697 Em matas plantadas 366

Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio (2006)

O municiacutepio conta com 2493 estabelecimentos agropecuaacuterios cujas aacutereas estatildeo

distribuiacutedas de acordo com o Graacutefico 6 O maior nuacutemero deles estaacute compreendido na faixa

de tamanho que vai de 20 ha a menos que 50 ha (4144) Esta faixa corresponde agrave

maioria das parcelas distribuiacutedas pelo Incra nos vaacuterios assentamento existentes em

133

Formosa Os dados de campo do presente trabalho foram coletados em propriedades rurais

com aacuterea compreendida na mencionada faixa Todos os agricultores entrevistados no

acircmbito do presente trabalho eram proprietaacuterios de glebas nesta faixa

No entanto as propriedades nessa faixa de aacuterea ocupam 11407 ha das terras do

Municiacutepio e correspondem a somente 225 da aacuterea total das propriedades agriacutecolas

enquanto a faixa acima de 2500 ha ocupa uma aacuterea de 231080 (4562) apontando para

uma severa concentraccedilatildeo de terras

Graacutefico 6 ndash Municiacutepio de Formosa nordm de estabelecimentos agropecuaacuterios por grupos de aacuterea total em 2006 Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio (2006)

6432 Municiacutepio de Pirenoacutepolis

O Municiacutepio de Pirenoacutepolis estaacute localizado no Entorno do Distrito Federal numa regiatildeo

acidentada tendo o Cerrado como vegetaccedilatildeo predominante Conta com uma populaccedilatildeo

total de 20460 habitantes sendo que aproximadamente 38 dessa populaccedilatildeo (7785

habitantes) reside na zona rural (IBGE 2010) Sua economia se destaca pela produccedilatildeo de

serviccedilos relacionados ao turismo agropecuaacuteria e produccedilatildeo de pedras ornamentais

134

O PIB do Municiacutepio em 2006 foi de R$ 10457100000 apontando um crescimento de

cerca de 27 vezes quando comparado ao PIB de 1999 Destaque para o PIB do setor de

serviccedilos em primeiro lugar apresentando um crescimento constante durante o periacuteodo de

1999 a 2007 (Graacutefico 7) O PIB do setor agropecuaacuterio eacute o segundo em importacircncia no

Municiacutepio ultrapassando o PIB da induacutestria

Graacutefico 7 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) por setor de 1999 a 2007 em R$ mil Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

A produccedilatildeo de gratildeos alcanccedilou 14277 toneladas em 2008 apresentando um pequeno

crescimento no periacuteodo (Graacutefico 8) Em 2004 o Municiacutepio era o 87ordm no ranking de produccedilatildeo

de gratildeos no Estado (12918 ton) bem abaixo do 1ordm colocado Jataiacute com uma produccedilatildeo de

1321014 toneladas

Graacutefico 8 ndash Produccedilatildeo de gratildeos do Municiacutepio de Pirenoacutepolis Goiaacutes em toneladas no periacuteodo de 2004 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

O efetivo de bovinos atingiu 128000 cabeccedilas em 2007 demonstrando uma pequena

reduccedilatildeo a partir de 2002 quando esse efetivo era de 133000 cabeccedilas (Graacutefico 9) O

135

Municiacutepio ocupava em 2004 o 44ordm lugar no ranking dos maiores municiacutepios goianos em

rebanho bovino bem abaixo do 1ordm lugar Nova Crixaacutes com 676340 cabeccedilas

Graacutefico 9 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) no periacuteodo de 1998 a 2007 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

Da mesma forma que em Formosa o poder puacuteblico municipal natildeo produz informaccedilotildees

a respeito do extrativismo vegetal na aacuterea do municiacutepio de modo que as informaccedilotildees

disponiacuteveis satildeo produzidas pelo IBGE poreacutem somente aparece nos bancos de dados

(Produccedilatildeo da Vegetaccedilatildeo Extrativa e Silvicultura) a produccedilatildeo do carvatildeo madeira e lenha

(Graacutefico 10) Esse banco de dados natildeo acusa a produccedilatildeo de frutos do Cerrado no

municiacutepio particularmente sobre a produccedilatildeo do baru talvez o fruto nativo mais

comercializado em Pirenoacutepolis atualmente

Graacutefico 10 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo no Municiacutepio de Pirenoacutepolis de 1990 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

136

Pirenoacutepolis apresenta uma cobertura vegetal nativa relativamente conservada De

acordo com o Censo Agriacutecola de 2006 a aacuterea das florestas nativas somada agrave aacuterea das

pastagens naturais ocupa quase 55 do municiacutepio (Tabela 7) Usando o sensor CBERS

2006 Couto Junior (2007) demonstrou que o Municiacutepio apresenta grau de aacuterea natural

(cerrado + matas) em torno de 4982 e consequentemente grau de aacutereas alteradas

(aacutereas agropecuaacuterias + aacutereas antroacutepicas) em torno de 5018

Tabela 7 ndash Aacuterea dos estabelecimentos por utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) em 2006

Utilizaccedilatildeo de Terras (ha) Aacuterea (ha)

Utilizaccedilatildeo de terras total 139987 Utilizaccedilatildeo de terras em lavouras permanentes 1552 Utilizaccedilatildeo de terras em lavouras temporaacuterias 4296 Utilizaccedilatildeo de terras em pastagens naturais 36939 Utilizaccedilatildeo de terras em pastagens plantadas 52191 Utilizaccedilatildeo de terras em matas naturais 39844 Utilizaccedilatildeo de terras em matas plantadas 499

Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio 2006

O municiacutepio conta com 1721 estabelecimentos agropecuaacuterios cujas aacutereas estatildeo

distribuiacutedas de acordo com o Graacutefico 11 O maior nuacutemero deles estaacute compreendido nas

faixas que vatildeo de 20 ha a menos que 50 ha (2191) e de 10 ha a menos que 20 ha

(1563) Os agricultores entrevistados em razatildeo da sua atividade de exploraccedilatildeo do baru

ocupavam glebas na faixa de 20 ha a menos que 50 ha

Um total de 377 propriedades nessa faixa de aacuterea ocupa 15544 ha das terras

agriacutecolas o que corresponde a 111 da aacuterea total das propriedades rurais do Municiacutepio

(139987 ha) O grupo que vai de 200 ha a menos que 500 ha eacute a que concentra maior aacuterea

agriacutecola (2742) Natildeo se observa uma severa concentraccedilatildeo de terras em Pirenoacutepolis

quando comparado a outros Municiacutepios do Estado de Goiaacutes

137

Graacutefico 11 ndash Municiacutepio de Pirenoacutepolis nordm dos estabelecimentos agropecuaacuterios por grupos de aacuterea total em 2006 Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio (2006)

644 Histoacuteria do uso do baru como alimento humano

A semente do baru sempre foi um alimento consumido por habitantes da zona rural

especialmente crianccedilas apesar de a sua ingestatildeo crua poder causar diarreia e

protuberacircncias na pele em algumas pessoas possivelmente devido a presenccedila de

inibidores da tripsina (aacutecido fiacutetico) A tripsina eacute uma enzima produzida pelo pacircncreas

humano e que auxilia na digestatildeo O processo de fritura da amecircndoa a 160deg C por 5 minutos

inativa os inibidores da tripsina (CACERES et al 2008) possibilitando a sua ingestatildeo sem

efeitos danosos agrave sauacutede Atualmente a amecircndoa torrada eacute muito consumida como petisco e

jaacute faz parte de alguns pratos servidos em restaurantes de Brasiacutelia Goiacircnia e Pirenoacutepolis

Entra tambeacutem na composiccedilatildeo de patildees bolos biscoitos sorvetes licores entre outros

Estudos demonstram que o consumo da semente do baru tambeacutem faz parte dos

haacutebitos alimentares dos indiacutegenas brasileiros que habitam o Cerrado Foi relatado por

Pimentel (2008) que indiacutegenas da etnia Xavante (MT) e Timbira ndash Krahocirc Kanela Krikati

138

Gaviatildeo e Apinajeacute (MA e TO) consomem diariamente a semente e a polpa do baru como

alimento e tambeacutem nas suas festas Entre os Xavante o baru eacute conhecido como Watildederatildepoacute

e entre os Timbira como Krẽnreacute Na aldeia Xavante Wedeacuteratilde em Mato Grosso Silva (2008)

observou que na eacutepoca de frutificaccedilatildeo do baru os indiacutegenas se deslocam ateacute as aacutereas de

ocorrecircncia da espeacutecie para coletar seus frutos pois eacute produto que faz parte da dieta desses

povos

A primeira iniciativa de comercializaccedilatildeo desta amecircndoa foi realizada na deacutecada de

1990 por Vanderlei P de Castro Diretor-Presidente do Centro de Tecnologia Agroecoloacutegica

de Pequenos Agricultores (Agrotec) estabelecido em Diorama Estado de GoiaacutesTratava-se

do envio de algumas partidas da amecircndoa para a Alemanha Devido a legislaccedilatildeo brasileira

restringir o envio de sementes para o exterior resolveu torraacute-las como medida para facilitar

o seu envio Por meio dessa teacutecnica percebeu-se que a semente ficava mais palataacutevel

vindo a descobrir-se posteriormente que tambeacutem inativava os inibidores da tripsina ali

presentes114

No ano de 1997 a ideia da utilizaccedilatildeo do baru como alimento foi levada para a cidade

de Pirenoacutepolis Goiaacutes por um grupo de moradores preocupados com a destruiccedilatildeo do

Cerrado que introduziu a teacutecnica da quebra do fruto em vaacuterias comunidades rurais do

municiacutepio visando a conservaccedilatildeo desse Bioma115

A partir de 1994 a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru recebeu uma importante

contribuiccedilatildeo com a implantaccedilatildeo do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-

ECOS) coordenado pelo Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza (ISPN) e direcionado

exclusivamente para o bioma Cerrado A importacircncia desse Programa deve-se ao fato de vir

apoiando projetos de ONGs e de base comunitaacuteria com accedilotildees voltadas para o uso

sustentaacutevel da biodiversidade

645 Produccedilatildeo da amecircndoa do baru

O baru (Dipteryx alata Vog) eacute uma espeacutecie pertencente agrave famiacutelia Leguminosae com

ocorrecircncia ampla no Bioma Cerrado cujos indiviacuteduos atingem uma altura meacutedia de 15m

podendo chegar a 25m em solos feacuterteis (SANO et al 2004) Sua madeira eacute dura de boa

durabilidade de cerne marrom-amarelado e com densidade a 12 de umidade de 1080

kgmsup3 e densidade verde de 1280 kgmsup3 Eacute de difiacutecil processamento mecacircnico podendo ser

utilizada em mourotildees construccedilotildees externas e internas assoalhos embarcaccedilotildees laminados

decorativos molduras torneados cabos de ferramentas entre outros

114

Entrevista concedida por Luiz Carraza teacutecnico do ISPN em abril de 2010 115

Entrevista concedida por Sirley Mota Presidente do Centro de Estudos e Exploraccedilatildeo Sustentaacutevel do Cerrado (Cenesc) em marccedilo de 2010

139

A aacutervore cresce naturalmente no Planalto Central em solos bem drenados de

fertilidade meacutedia sendo mais abundante em Cerradatildeo e Mata Semideciacutedua aparecendo

tambeacutem com bastante frequecircncia em Cerrado Sentido Restrito em solos arenosos

(FILGUEIRAS SILVA 1975) Tem ampla distribuiccedilatildeo pelo Bioma podendo ser encontrada

nos Estados de Rondocircnia Mato Grosso Mato Grosso do Sul Maranhatildeo Minas Gerais

(RATTER et al 2000 OLIVEIRA et al 2008) Goiaacutes (CARVALHO 2008) Tocantins

(BRITO et al 2006) A sua floraccedilatildeo ocorre de novembro a fevereiro a frutificaccedilatildeo a partir de

dezembro e a maturaccedilatildeo dos frutos de julho a outubro dependendo da localizaccedilatildeo (SANO

et al 2004)

A densidade populacional do Dipteryx alata Vog no ambiente pode variar de 1433

indiviacuteduosha em solos de baixa fertilidade em aacutereas de Cerrado com murundus (OLIVEIRA-

FILHO MARTINS 1991) a 23 indiviacuteduosha com DAP acima de 11 cm em aacuterea de transiccedilatildeo

de Cerrado Denso e Mata Estacional (BRITO 2004) Uma aacutervore pode produzir em meacutedia

39 kg de fruto por ano (PIMENTEL 2008) ou 16 kg de sementes (SANO et al 2004)

A floraccedilatildeo ocorre de novembro a fevereiro e as flores satildeo hermafroditas O baru eacute uma

espeacutecie aloacutegama necessitando de fluxo de poacutelen entre plantas para que ocorra frutificaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute realizada principalmente pela abelha Xylocopa suspecta O aumento da

produccedilatildeo de sementes em populaccedilotildees naturais de baru depende da manutenccedilatildeo dos

polinizadores efetivos como a X suspecta Essa abelha eacute uma espeacutecie solitaacuteria que constroacutei

seu ninho em madeira podre (OLIVEIRA SIGRIST 2008) A indisponibilidade de material

para a construccedilatildeo dos ninhos da X suspecta pode contribuir para a diminuiccedilatildeo da sua

populaccedilatildeo

A frutificaccedilatildeo no Estado de Goiaacutes ocorre entre julho e outubro variando de localidade

para localidade (SANO et al 2004)

O fruto (Figura 11) eacute tipo drupa ovoacuteide levemente achatado marrom-claro com

endocarpo lenhoso e mesocarpo fibroso com uma uacutenica semente (MELHEN 1974) Correcirca

et al (2000) estudando as caracteriacutesticas fiacutesicas de frutos do baru proveniente de trecircs

populaccedilotildees no Estado Goiaacutes (sudoeste nortenordeste e leste) estabeleceram que o fruto

possui comprimento que varia de 259 a 775 mm com o valor meacutedio de 5432 mm O peso

do fruto varia de 1276 a 6901 g com o peso meacutedio de 3324 g para os frutos em geral Os

valores de largura de frutos oscilaram entre 29 e 65 mm com o valor meacutedio de 4065 mm

para frutos das trecircs regiotildees

140

A-D ndash fruto E ndash seccedilatildeo longitudinal do fruto F ndash seccedilatildeo transversal do fruto G-H ndash semente com tegumento I ndash seccedilatildeo longitudinal da semente mostrando o eixo embrionaacuterio J-L ndash embriatildeo fechado M ndash detalhe do eixo embrionaacuterio Legenda c ndash cotileacutedone ca ndash calaza eh ndash eixo hipocoacutetilo-radiacutecula en ndash endocarpo ep ndash epicarpo es ndash estria ex ndash eixo-embrionaacuterio h ndash hilo me ndash mesocarpo pd ndash peduacutenculo pl ndash pluacutemula s ndash semente tg ndash tegumentos

Figura 11 ndash Aspectos externos e internos do fruto e da semente de Dipteryx alata Vogel Fonte Ferreira et al 1998

A dispersatildeo da fruta do baru eacute barocoacuterica e zoocoacuterica A polpa carnosa e doce eacute muito

apreciada por insetos e animais silvestres Podem ser vistos se alimentado do fruto caiacutedo no

chatildeo cupins formigas e pequenos bezouros O morcego retira o fruto do baruzeiro e o leva

para outras aacutervores para pouso de alimentaccedilatildeo onde os deixa cair contribuindo para a sua

disseminaccedilatildeo no cerrado A cotia se alimenta das sementes O gado bovino mastiga a polpa

e engole o endocarpo com a semente que depois defeca em diferentes locais do pasto

(SANO et al 2004) As fezes desse animal melhoram a fertilidade dos solos onde a

semente germina

Tanto a polpa como a semente do baru satildeo utilizados na alimentaccedilatildeo humana A

polpa adocicada e adstringente pode entrar na composiccedilatildeo de bolos biscoitos patildees licores

e geleias no entanto deve ser retirada quando o fruto estiver maduro uma vez que o tanino

pode chegar a zero com o aumento do grau de maturaccedilatildeo do fruto (ALVES et al 2010) Eacute

composta principalmente por fibra alimentar em torno de 27 (Tabela 8) amido e accediluacutecares

sendo rica em vitaminas e sais minerais como o potaacutessio cobre ferro caacutelcio foacutesforo e

magneacutesio (ROCHA SANTIAGO 2009)

141

Tabela 8 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada (g100g) e valor energeacutetico total (kcal) da polpa de baru com 1 e 136 dias de armazenamento (Goiacircnia GO 2007)

Componentes12

Polpa

(1 dia armazenamento) Polpa

(1 dia armazenamento)

Umidade 1376plusmn0573 2899plusmn104

Proteiacutenas 417 plusmn070 436plusmn157 Lipiacutedios totais 373plusmn014

4 227plusmn054

Fibra alimentar total 1910plusmn0204 2700plusmn000

Cinzas 434plusmn0304 358plusmn047

Carboidratos3 5490 338

Valor energeacutetico (kcal) 26985 17307

Fonte Alves et al (2010) 1 Valores constituem meacutedia plusmn desvio-padratildeo de trecircs replicatas exceto para fibra alimentar total (quatro replicatas) 2 Valores apresentados em base seca 3 Calculado por diferenccedila subtraindo-se de 100 os valores obtidos para umidade proteiacutenas lipiacutedios totais fibra alimentar total e cinzas 4 Diferenccedila significativa pelo teste t de Student entre os tempos de armazenamento (p lt 005)

A amecircndoa do baru possui inibidores da enzima tripsina (que auxilia na digestatildeo) e

que satildeo capazes de provocar intoxicaccedilatildeo nos humanos aleacutem de intumescecircncia na pele Ao

aquecer-se a amecircndoa a 160o C em condiccedilotildees de fritura por 5 minutos esses inibidores

satildeo inativados (CACERES et al 2008)

De acordo com o relato de agricultores o oacuteleo do baru pode ser utilizado na

alimentaccedilatildeo humana

O teor proteacuteico da amecircndoa do baru eacute superior ao do feijatildeo gratildeo-de-bico ervilha e agrave

castanha de caju e castanha-do-paraacute (Tabela 9)

O teor de aacutecido graxo linoleacuteico da amecircndoa do baru (318 mg) eacute mais alto que no

amendoim no coco e no azeite de oliva Essa composiccedilatildeo em aacutecido graxo poliinsaturado eacute

importante para a sauacutede humana uma vez que esses aacutecidos contribuem para a reduccedilatildeo das

fraccedilotildees de Lipoproteiacutena de Baixa Densidade (LDL) e de Muito Baixa Densidade (VLDL)

responsaacuteveis pelo aumento do colesterol no sangue (FREITAS et al 2010)

O alto teor de fibras insoluacuteveis contidas na amecircndoa do baru (1390) auxilia no

aumento do bolo fecal e na prevenccedilatildeo de problemas enteacutericos promovendo a sauacutede de

quem o consome (FREITAS et al 2010)

142

Tabela 9 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada e valor energeacutetico de nozes verdadeiras e de sementes comestiacuteveis

NozSemente comestiacutevel

g100g da nozsup1

Lipiacutedios Proteiacutena Carboidratossup2 Fibrassup3 Valor energeacutetico

em 100 g4

Amecircndoa 4593 2141 2067 - 58169 Amendoim 4457 2403 1201 1130 54529 Avelatilde 6318 1477 0257 1288 63798 Amecircndoa de baru 4104 2622 1095 1390 51804 Castanha 0252 0660 3475 - 18808 Castanha-de-caju 4206 1881 3208 - 58210 Castanha-do-paraacute 6494 1411 0627 802 66598 Macadacircmia 6616 0840 2218 - 71776 Noz 6507 1381 1523 - 70179 Pecatilde 6214 0750 2108 - 67358 Pistache 4583 1980 2542 - 59335

Fonte Freitas et al (2010 p 272) 1 Valores se referem agrave meacutedia de dados da literatura (nuacutemero de observaccedilotildees corresponde ao nuacutemero de referecircncias) 2 Valores calculados por diferenccedila Nos casos em que natildeo haacute dados de fibra alimentar os valores correspondem aos carboidratos totais 3 Fibra alimentar total (soluacutevel e insoluacutevel) 4 Valor energeacutetico em kcal calculado considerando-se os fatores de conversatildeo de Atwater de 4 4 e 9 para proteiacutena carboidrato e lipiacutedeo respectivamente

A amecircndoa do baru tambeacutem eacute rica em aminoaacutecidos essenciais (que o corpo natildeo

sintetiza) e natildeo essenciais (que o corpo sintetiza a partir dos alimentos) O teor de

aminoaacutecidos de amecircndoas de baru revelou um conteuacutedo que corresponde em meacutedia a 92

das necessidades dos sulfurados (natildeo essenciais) similar ao de outras nozes e sementes

comestiacuteveis e superior ao de feijotildees (Tabela 10) O consumo dessas nozes e sementes

contribui para suprir as necessidades de aminoaacutecidos essenciais e pode auxiliar na

recuperaccedilatildeo da sauacutede de indiviacuteduos com complicaccedilotildees nutricionais (FREITAS et al 2010)

Destaca-se dentre os minerais necessaacuterios ao corpo humano o ferro caacutelcio zinco e

selecircnio pela importacircncia dos dois primeiros na prevenccedilatildeo de carecircncias nutricionais de

relevacircncia em sauacutede coletiva e pelas funccedilotildees enzimaacuteticas e reguladoras do zinco e do

selecircnio como parte do sistema de defesa antioxidante do organismo A amecircndoa do baru eacute

rica em minerais destacando-se o caacutelcio o zinco e o potaacutessio quando comparada a outras

amecircndoas e sementes (FREITAS et al 2010)

143

Tabela 10 ndash Composiccedilatildeo em minerais de nozes verdadeiras e sementes comestiacuteveis

Minerais (mg100g)

Nozes e sementes comestiacuteveis

Amendoim Avelatilde Amecircndoa de baru

Castanha Castanha-

do-paraacute Pistache

Ca 8322 18970 12040 4475 - - Fe 248 459 485 735 - - Zn 350 242 366 199 - - Mg 19925 17475 - 7459 - 14160 K 58420 81200 81900 75450 - 72463 Na 2588 287 330 172 - 1171 Cu 118 195 126 188 - 134 P 39090 32135 33750 12362 - - Mn - 444 702 534 - 14106 Se(μg100g) - 9000 - - 20400 8500

Fonte Freitas et al (2010 p 275)

646 Preccedilo pago aos produtores

Em Pirenoacutepolis em setembro de 2010 o preccedilo do quilo da amecircndoa no varejo variava

entre R$ 2000 e R$2500 Natildeo foi observada a ocorrecircncia de preccedilos no atacado em razatildeo

das baixas quantidades do produto ofertadas no mercado motivado pela baixa

produtividade na extraccedilatildeo da amecircndoa As maacutequinas utilizadas na extraccedilatildeo da semente satildeo

manuais e um homem consegue extrair entre dois e trecircs quilos por dia116

Os compradores ndash geralmente donos de restaurantes e pousadas ndash argumentam que

o preccedilo estaacute inflacionado Apontam como principal causa a reduzida safra do baru em 2009

e 2010 O fenocircmeno da baixa produccedilatildeo de frutos vem se repetindo haacute trecircs anos nos

municiacutepios estudados

Produtores de baru tambeacutem comercializam pacotes de 50g e 100 g pelas ruas de

Pirenoacutepolis oferecendo o produto a preccedilos que variam entre R$ 400 e R$ 600 e entre R$

800 e R$1000 respectivamente

O baru foi incluiacutedo na Poliacutetica de Garantia do Preccedilo Miacutenimo (PGPMG) na modalidade

de Subvenccedilatildeo Direta em 2008 Atualmente o preccedilo do quilo do fruto eacute de R$ 200 (CONAB

2010)

647 Distribuiccedilatildeo

O proacuteprio produtor que quebra o fruto do baru eacute quem costuma fazer a distribuiccedilatildeo do

produto Na maioria dos casos entrega o montante negociado no estabelecimento do

comprador ou em ldquopontosrdquo comerciais quando a venda eacute consignada As

associaccedilotildeescooperativas que exploram a amecircndoa adotam esses mesmos canais de

distribuiccedilatildeo

116

Comunicaccedilatildeo da agricultora Liliam Pereira de Siqueira Santos do Distrito de Caxambu Pirenoacutepolis De acordo com a agricultora a partir dessa quantidade os braccedilos comeccedilam a apresentar sinais de estresse seguido de dor

144

648 Mercado consumidor

A amecircndoa do baru eacute bem aceita pelo consumidor em razatildeo do seu sabor mesmo

quando consumida simplesmente torrada sendo bastante aceita na cozinha devido a sua

maleabilidade na composiccedilatildeo de pratos e sobremesas Vem sendo explorada no

atendimento de nichos de mercado voltados para alimentos funcionais eou orgacircnicos

No entanto natildeo existem estatiacutesticas disponiacuteveis sobre o consumo da amecircndoa

comercializada ou mesmo consumida no Estado de Goiaacutes

145

7 MODELO117 DE PRODUCcedilAtildeO DO BARU

71 MODELO DE EXPLORACcedilAtildeO DO BARU ENCONTRADO NAS TREcircS COMUNIDADES

RURAIS DO CERRADO GOIANO ESTUDADAS

A seguir descreve-se o modelo de exploraccedilatildeo do baru encontrado em trecircs

comunidades rurais localizadas nos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes tendo o

agricultor familiar as instituiccedilotildees privadas e o consumidor como protagonistas (Figura 12)

Na sua propriedade esse agricultor cria gado e pequenos animais planta milho arroz

feijatildeo mandioca etc Sua renda eacute proveniente da pecuaacuteria agroinduacutestria lavoura

exploraccedilatildeo de PFNMs venda de serviccedilos e aposentadoria conforme mostrado na Tabela

14 (p 164) A exploraccedilatildeo do fruto do baruzeiro eacute uma entre as atividades de

complementaccedilatildeo da renda familiar que desenvolve

O fruto do baru costuma cair no periacuteodo de agosto a outubro (SANO et al 1999)

quando o agricultor-coletor se deslocar para o campo para proceder a sua coleta

As aacutervores que fornecem o fruto satildeo nativas uma vez que natildeo existem plantaccedilotildees

dessa espeacutecie Normalmente a maior produccedilatildeo de frutos ocorre a partir de indiviacuteduos

adultos que se encontram nas pastagens (SANO et al 2004) poupados do corte raso A

colheita pode ser feita apanhando-se diretamente o fruto no solo e colocando-o no saco ou

pode ser juntado com a ajuda de um ancinho feitos pequenos montes e depois

acondicionado nos sacos Um homem colhe de 4 a 5 sacos de 60 kg de frutos de baru por

dia

A coleta eacute feita por adultos crianccedilas e idosos Os coletores minus principalmente os

adultos minus relatam que depois do terceiro saco cheio as costas comeccedilam a doer em funccedilatildeo

do movimento de abaixar e levantar para colher o fruto do chatildeo Afinal satildeo 1800 frutos para

se encher um saco de 60 kg De acordo com Sano et al (2004) 1 kg de baru conteacutem 30

frutos Desse modo o movimento de abaixar e levantar para encher um saco de 60 kg

acaba se tornando muito penoso para o coletor Agricultores com idade mais avanccedilada

declaram natildeo mais participarem desse tipo de atividade em razatildeo das dores nas costas e

nas articulaccedilotildees aleacutem das dificuldades que enfrentam para levar os frutos ateacute o ponto a

partir do qual seratildeo reunidos em quantidades maiores e transportados para o local de

extraccedilatildeo da amecircndoa

Os frutos satildeo coletados na propriedade do agricultor familiar e nas propriedades

vizinhas No entanto a maior quantidade eacute coletada em grandes fazendas de criaccedilatildeo de

gado cujos proprietaacuterios costumam conservar as aacutervores de baru para aproveitamento da

madeira e para fornecer sombra para o gado

117

Eacute uma representaccedilatildeo simplificada da realidade encontrada em campo Eacute uma abstraccedilatildeo uma interpretaccedilatildeo das inuacutemeras atividades vinculadas agrave exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais do estado de Goiaacutes

146

Os coletores costumam pedir autorizaccedilatildeo aos donos das aacutereas para ingressar nas

propriedades mas natildeo eacute incomum conflitos entre proprietaacuterio e coletor motivado por

pequenas ocorrecircncias tais como porteiras abertas que facilita a fuga do gado rompimento

de arame incecircndios entre outras que geralmente leva a revogaccedilatildeo da permissatildeo Alguns

pecuaristas de antematildeo natildeo permitem o acesso de pessoas na sua propriedade para coleta

do baru sob a argumentaccedilatildeo que causam danos ao seu patrimocircnio

Atualmente nos municiacutepios estudados a exploraccedilatildeo do baru como atividade

econocircmica pode ser identificada como extrativismo com uso intensivo de matildeo de obra natildeo

qualificada e de tecnologia rudimentar estando sujeita agraves leis de mercado como qualquer

outro produto extrativista

O fruto do baru eacute bastante versaacutetil e aleacutem de servir de alimento para a fauna do

Cerrado gera vaacuterios produtos ou subprodutos aproveitaacuteveis pelo homem (Quadro 2)

Parte do fruto Produtosub-produto Usos

Polpa in natura

Polpa in natura Alimentaccedilatildeo animal Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico

Polpa desidratada Alimentaccedilatildeo animal Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico

Farinha Alimentaccedilatildeo humana

AacutelcoolCachaccedila

Consumo humano Medicinalfarmacecircutico Cosmeacutetico Industrial

Resiacuteduos Agriacutecola (adubo orgacircnico)

Amecircndoa

Amecircndoa crua

Alimentaccedilatildeo animal Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico Agriacutecola (produccedilatildeo de mudas)

Amecircndoa torrada Alimentaccedilatildeo humana

Farinha Alimentaccedilatildeo humana

Leite Alimentaccedilatildeo humana

Oacuteleo

Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico Cosmeacutetico Industrial

Torta

Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico Cosmeacutetico Industrial

Pastamanteiga Alimentaccedilatildeo humana

Endocarpo lenhoso

Carvatildeo Combustiacutevel

Aacutecido Pirolenhoso e alcatratildeo

Industrial

Quadro 2 ndash Produtos e subprodutos do baru e respectivos usos Fonte Central do Cerrado (2010)

147

Em razatildeo de sua palatabilidade e versatilidade a amecircndoa vem sendo bastante

procurada por restaurantes sorveterias padarias e pequenas induacutestrias alimentiacutecias da

Regiatildeo Centro-Oeste

Apoacutes recolher o fruto o agricultor o estoca ou inicia a extraccedilatildeo da amecircndoa com o

auxiacutelio de instrumentos criados por ele ou maacutequinas manuais A amecircndoa eacute torrada em casa

e vendida diretamente ao consumidor ou para empresas O fruto in natura pode ser

entregue agrave associaccedilatildeocooperativa da qual eacute membro que se encarrega da sua quebra e

comercializaccedilatildeo Algumas associaccedilotildeescooperativas com pequeno capital de giro costumam

comprar o fruto de terceiros para fazer estoque

A relaccedilatildeo comercial entre o agricultor familiar que explora o baru e os compradores da

amecircndoa (associaccedilotildeescooperativas empresas consumidor governo federal) eacute bastante

fragmentada em razatildeo da irregularidade no fornecimento do produto Isso pode ser

consequecircncia de fatores tais como a sazonalidade da frutificaccedilatildeo irregularidade nas

quantidades produzidas pelas aacutervores (nos anos de 2009 e 2010 a produccedilatildeo de frutos foi

pequena nos dois municiacutepios estudados quando comparado ao ano de 2008)118 agrave falta de

local apropriado para estocar o produto agrave descapitalizaccedilatildeo e dificuldade de acesso ao

creacutedito Essa falta de recursos financeiros impede o agricultor de armazenar o fruto em

quantidade suficiente para que possa atender aos seus clientes durante a entressafra

Outros fatores que podem contribuir para as deficiecircncias nessa relaccedilatildeo satildeo o pouco

conhecimento existente sobre o processamento do fruto e a dificuldade histoacuterica dos

agricultores familiares de se organizarem socialmente e a pouca ou nenhuma experiecircncia

em lidar com o mercado

Nestas relaccedilotildees tambeacutem estaacute presente a figura do atravessador que adquire a

amecircndoa ou a polpa ou mesmo algum produto processado do agricultor-coletor e o revende

para empresas ou diretamente ao consumidor Conforme informaccedilotildees dos agricultores

entrevistados essa forma de comercializaccedilatildeo ocorre em razatildeo do atravessador pagar em

dinheiro no ato da entrega do produto apesar de pagar um preccedilo bem abaixo daquele que

costumam receber quando vendem diretamente ao consumidor ou para empresas

As associaccedilotildeescooperativas recebem o baru do agricultor e o processam Vendem o

produto processado para empresas diretamente ao consumidor ou para o Governo por

meio da merenda escolar (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar-PNAE) No entanto

essa relaccedilatildeo comercial tambeacutem eacute fragmentada ou seja eacute bastante irregular principalmente

em razatildeo do caraacuteter intermitente da existecircncia do fruto que em determinadas eacutepocas do ano

desaparece Essas instituiccedilotildees passam por dificuldades semelhantes agravequela que passa o

118

Segundo atravessadores contactados durante o trabalho de campo em funccedilatildeo da safra do baru ter sido pequena nos dois uacuteltimos anos na regiatildeo foram obrigados a adquirir o fruto nos estados de Minas Gerais e Tocantins

148

agricultor familiar falta de capital de giro falta de creacutedito pouco conhecimento sobre a

tecnologia de processamento dos produtos agrave base do baru pouca experiecircncia dos diretores

no trato com questotildees comerciais dificuldade para estocar e transportar a produccedilatildeo etc

A atividade de extrativismo do baru recebe pouco apoio seja do poder puacuteblico seja de

instituiccedilotildees privadas Com exceccedilatildeo das poliacuteticas mencionadas no item 641 natildeo existem

outros programas direcionados para a exploraccedilatildeo da espeacutecie Nem o Estado de Goiaacutes nem

os municiacutepios estudados realizaram esforccedilos significativos no sentido de valorizar o produto

149

= Fluxo fragmentado

AssociaccedilatildeoCooperativa

Empresas Governo Mercado consumidor - consumidor - pequenos varejistas locais - feiras e eventos

Propriedade do agricultor familiar - agricultura - pecuaacuteria + pequenos animais - extrativismo do baru - venda de matildeo-de-obra - aposentadoria - comeacutercio

Vizinhanccedila - pequenas propriedades familiares - grandes propriedades

Figura 12 - Modelo conceitual de exploraccedilatildeo do fruto do baru encontrado em trecircs comunidades rurais do municiacutepio de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 2010 Fonte Dados de pesquisa (2010)

ONGs

Coleta do fruto do baru

- Conflito entre coletor e proprietaacuterio

Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

Oacuteleos Sorvetes Biscoitos Patildees Bolos

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa

- amecircndoa

Partilha das vendas Serviccedilos

Vendas institucionais - fruto in natura - baru cru

- farinha de baru Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Mateacuteria-prima Produtos processados

Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Vendas institucionais

Atravessador

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

150

72 O MODELO DE EXPLORACcedilAtildeO SUSTENTAacuteVEL DO BARU EM TREcircS COMUNIDADES

RURAIS DOS MUNICIacutePIOS DE FORMOSA E PIRENOacutePOLIS GOIAacuteS

A Figura 14 propotildee um modelo sustentaacutevel explicativo para a exploraccedilatildeo do fruto do

baru a partir do estudo realizado em trecircs comunidades rurais localizadas nos Municiacutepios de

Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes

Ao propor-se esse modelo julgou-se necessaacuterio adotar-se como comparaccedilatildeo o

modelo teoacuterico baseado na economia proposto por Homma (1993) para o extrativismo

vegetal na Amazocircnia por ser o que mais avanccedilou nesse campo embora apresente

deficiecircncias nos aspectos ambiental e social

No seu modelo teoacuterico Homma (1993) defende que na fase inicial do processo

extrativista por coleta ocorre uma maior oferta (S) que a demanda (D) pelo produto (Figura

13a) Na fase intermediaacuteria ocorre um equiliacutebrio entre oferta e procura e na fase final do

processo de extrativismo ocorre o deslocamento da curva de oferta (S) para a esquerda

(S1) em razatildeo da diminuiccedilatildeo das fontes de recursos119 ou seja diminui a oferta Nessa fase

os preccedilos atingem niacuteveis tatildeo elevados que seriam estimuladas as formas racionais de

cultivo levando ao abandono do extrativismo ou a sua substituiccedilatildeo por outras atividades

(Figura 13b)

Figura 13 ndash Potencial de recurso extrativo processo inicial e fase final do extrativismo por coleta Fonte Homma (1993 p 5)

Um exame mais detalhado revela que o modelo embora cientificamente vaacutelido foi

proposto com base em condiccedilotildees econocircmicas e sociais que moldaram o extrativismo

vegetal na Amazocircnia Ademais esse modelo analisou somente o extrativismo vegetal

excluindo outras atividades como a agricultura pecuaacuteria artesanato etc desenvolvida pelo

extrativista

119

Onde D intercepta S eacute o ponto de equiliacutebrio entre demanda e oferta Mantendo-se a oferta constante (quantidade oferecida) e com o mercado aquecido vai haver mais demanda e aumento de preccedilos (deslocamento de D3 para D4) Com o esgotamento do recurso diminui a quantidade ofertada (S para S1) O deslocamento de D1 para D2 significa um novo ponto de equiliacutebrio com uma elevaccedilatildeo dos preccedilos do produto A cada deslocamento de D para cima ocorre um novo niacutevel de equiliacutebrio entre demanda e oferta com aumento de preccedilos

S1

D4

D1

Preccedilo

Quantidade

D

S

(a)

Quantidade

Preccedilo

S

D3

D2

(b)

151

Natildeo resta duacutevida que o mercado dita as regras da exploraccedilatildeo de produtos dessa

natureza mas a exploraccedilatildeo do baru apresenta caracteriacutesticas que diferem relativamente do

modelo de Homma a comeccedilar pelo fato de ser uma atividade de complementaccedilatildeo de renda

do agricultor familiar que normalmente se dedica a agricultura pecuaacuteria eou atividade natildeo

agriacutecola

A longo prazo em uma situaccedilatildeo de altos preccedilos da amecircndoa e a forte demanda pode

ocorrer o processo de domesticaccedilatildeo da espeacutecie com a queda gradativa dos preccedilos No

entanto natildeo ocorreraacute o abandono da exploraccedilatildeo de indiviacuteduos nativos pelo agricultor

familiar uma vez que natildeo se trata da sua atividade principal mas complementar que auxilia

na composiccedilatildeo da renda Tem interesse em manter a atividade pelo fato de conseguir o

fruto gratuitamente natildeo havendo necessidade de grandes investimentos e tendo como ocircnus

somente a sua matildeo de obra e o transporte

Por outro lado acredita-se que o esgotamento do baru pode ser evitado adotando-se

praacuteticas de manejo simples uma vez que a exploraccedilatildeo eacute concentrada somente no fruto natildeo

havendo dano algum agrave aacutervore A eliminaccedilatildeo de gramiacuteneas e outras espeacutecies que costumam

competir com a placircntula do baru eacute uma boa praacutetica para que o indiviacuteduo jovem seja

protegido Outra praacutetica interessante eacute o lanccedilamento de frutos em vaacuterias direccedilotildees a partir da

aacutervore onde foi coletado

A distribuiccedilatildeo natural da espeacutecie recebe a ajuda de agentes dispersores tais como o

morcego e o gado que utilizam o fruto e natildeo destroem a semente O morcego porque

apanha o fruto antes de cair e o leva para outros locais onde come a sua polpa

descartando-o em seguida E o gado porque o ingere inteiro consumindo somente a polpa e

expelindo-o junto com as fezes pelo pasto

Em determinadas regiotildees do Cerrado em que a espeacutecie ocorre em combinaccedilatildeo com a

pecuaacuteria o interesse dos proprietaacuterios de terras tem mantido o baruzeiro livre do corte raso

pelas vantagens que oferece principalmente sombra para o gado (SANO 2004) Uma boa

forma de conservaccedilatildeo da espeacutecie seria o incentivo para que os pecuaristas natildeo retirassem

as aacutervores levando ateacute eles os benefiacutecios que o baruzeiro pode trazer independente do

valor comercial do seu fruto

A exploraccedilatildeo do baru nas comunidades rurais estudadas apresenta algumas

caracteriacutesticas socioeconocircmicas que a diferem daquelas envolvidas na exploraccedilatildeo de

produtos florestais natildeo madeireiros na Amazocircnia (Quadro 3) tais como

(a) na Amazocircnia predominou ateacute bem pouco tempo relaccedilotildees econocircmicas e

trabalhistas desequilibradas entre seringueiro e o seringalista em que havia o predomiacutenio

desse uacuteltimo Embora essa caracteriacutestica esteja em franco desaparecimento ainda subsiste

a figura do regatatildeo ou marreteiro que submete o extrativista a uma dependecircncia econocircmica

152

em razatildeo do sistema adotado Na Regiatildeo Central do Brasil a exploraccedilatildeo do baru acontece

sob outras bases econocircmicas e sociais onde normalmente natildeo se identifica relaccedilotildees de

dependecircncia entre o coletor do baru (agricultor familiar) e o comprador do fruto

(b) ao contraacuterio dos extrativistas amazocircnicos que tem a coleta de PFNMs como

atividade predominante e a pecuaacuteria e agricultura como atividades secundaacuterias as

populaccedilotildees rurais que exploram o baru praticam como atividades principais a pecuaacuteria a

agricultura tradicional a agroinduacutestria aleacutem da venda de serviccedilos

(c) a proximidade do mercado e uma maior facilidade de transporte satildeo um incentivo

para que a comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo do baru seja feita pelas proacuteprias famiacutelias que se

ocupam da sua exploraccedilatildeo natildeo existindo qualquer viacutenculo de dependecircncia ou subordinaccedilatildeo

com o comprador do produto

(d) os coletores de baru natildeo dependem de capital externo para a atividade de coleta

fazendo uso da sua proacutepria forccedila de trabalho para essa operaccedilatildeo

Aleacutem dessas caracteriacutesticas de diferenciaccedilatildeo entre o modelo de Homma e o modelo

de exploraccedilatildeo do baru nos dois municiacutepios goianos outras surgiram com o estudo da

cadeia produtiva desse produto e que devem ser consideradas na proposiccedilatildeo de um modelo

produtivo sustentaacutevel para a espeacutecie (Quadro 3)

(a) os indiviacuteduos da espeacutecie satildeo eliminados em aacutereas de agricultura intensiva e

conservados em aacutereas de pecuaacuteria extensiva

(b) a conservaccedilatildeo da espeacutecie ocorre pelo interesse econocircmico que a sua amecircndoa e a

madeira despertam em agricultores familiares meacutedios produtores e pecuaristas

(c) trata-se da exploraccedilatildeo comercial de frutos silvestres adotando-se praacuteticas miacutenimas

de manejo com o objetivo de diminuir o impacto dessa exploraccedilatildeo sobre a espeacutecie e

mantendo o indiviacuteduo em produccedilatildeo o maior tempo possiacutevel

(d) natildeo eacute uma atividade isolada centrada apenas no produto extrativo mas deve ser

entendida como parte dos sistemas de produccedilatildeo diversificados adotados pela agricultura

familiar na regiatildeo

(e) atualmente a exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru eacute uma atividade que ocorre com o

uso de baixa tecnologia que limita a produccedilatildeo em escala

(f) o equipamento envolvido na extraccedilatildeo da amecircndoa eacute fabricado pelo proacuteprio

agricultor familiar enquanto as pequenas induacutestrias associaccedilotildees e cooperativas utilizam

tanto o equipamento rudimentar como maacutequinas manuais e eleacutetricas

(g) os mercados de consumo da amecircndoa satildeo proacuteximos o que permite o

deslocamento raacutepido e com baixos custos para o produtor aleacutem dos benefiacutecios gerados

com a agregaccedilatildeo de valor permanecerem na regiatildeo

153

(h) a sua comercializaccedilatildeo estaacute restrita aos mercados locais podendo chegar ao status

de commodity120

(i) na atual forma de exploraccedilatildeo mesmo mantendo a sustentabilidade esse modelo

natildeo gera um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave justiccedila social ao agricultor

familiar No entanto a introduccedilatildeo de tecnologias e o apoio de instituiccedilotildees natildeo

governamentais e do poder puacuteblico principalmente no fortalecimento da accedilatildeo coletiva do

desenvolvimento de pesquisa e tecnologias direcionadas para a espeacutecie de uma melhor

atuaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica junto ao agricultor podem reverter esse quadro

No modelo sustentaacutevel apresentado aleacutem da agricultura pecuaacuteria e o extrativismo

sustentaacuteveis o agricultor pode desenvolver a agrofloresta a agroecologia a apicultura o

turismo ruralecoturismo consistindo numa forma de diversificar a sua fonte de renda

Ademais pode tambeacutem receber compensaccedilotildees pelos serviccedilos ambientais prestados na sua

propriedade como conservaccedilatildeo da biodiversidade sequestro de carbono e proteccedilatildeo de

mananciais

O poder puacuteblico (preferencialmente o municiacutepio) eou ONGs devem promover accedilotildees

que envolvam os extrativistas e os pecuaristas de modo que estes venham a permitir a

coleta sustentaacutevel do fruto na sua propriedade e que os extrativistas o faccedilam sem causar

danos ambientais ou materiais Estas accedilotildees devem ter como objetivo a pacificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre estes atores

Quanto ao aspecto da comercializaccedilatildeo a amecircndoa ou outro produto derivado do fruto

do baru (amecircndoa torrada biscoitos patildees bolos artesanato) produzido pelo agricultor

podem ser entregues para associaccedilotildeescooperativas eou vendidos para empresas para o

mercado institucional ou diretamente ao consumidor em feiras e eventos

A venda individual apesar de ser uma forma de comercializaccedilatildeo rotineiramente

utilizada pelo agricultor-coletor traz mais desvantagens do que vantagens O

associativismocooperativismo deve ser estimulado pelas vantagens que proporciona tais

como a comercializaccedilatildeo coletiva para evitar a venda do produto por preccedilos impostos pelo

comprador a logiacutestica de entrega coletiva que desonera o preccedilo do transporte do produto a

aquisiccedilatildeo de experiecircncia necessaacuteria para tratar as questotildees econocircmicas em coletivo entre

outras vantagens

O agricultor-coletor tambeacutem pode comercializar esses produtos diretamente em feiras

locais ou eventos promovidos por instituiccedilotildees que apoiem o extrativismo sustentaacutevel de

produtos vegetais

120

De acordo com Bignotto et al (2004) as commodities podem ser entendidas como mercadorias padronizadas e de baixo valor agregado que satildeo produzidas e comercializadas em vaacuterios paiacuteses

154

A associaccedilatildeocooperativa apoacutes realizar as vendas pode remunerar o agricultor familiar

proporcionalmente a sua cota de fornecimento Aleacutem de realizar todo o ciclo de venda do

produto a instituiccedilatildeo pode fornecer serviccedilos ao associadocooperado como capacitaccedilatildeo

para a produccedilatildeo de doces conservas e artesanato formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo em

administraccedilatildeo do seu negoacutecio assistecircncia teacutecnica para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru

acompanhamento organizativo dos associadoscooperados etc

Associaccedilotildees rurais em geral apresentam como uma caracteriacutestica comum a baixa

participaccedilatildeo dos produtores Hespanhol (2006) denuncia essa caracteriacutestica nos estudos

realizados sobre associativismo rural Para a autora o fato de agregarem produtores

familiares serem de pequeno porte e natildeo serem especializadas na produccedilatildeo eacute motivo do

baixo interesse dos associados

Outro aspecto dessas associaccedilotildeescooperativas eacute a falta crocircnica de capital de giro

para o custeio e comercializaccedilatildeo e a sua vulnerabilidade frente ao mercado principalmente

em razatildeo dos seus dirigentes encontrarem dificuldades com a gestatildeo de negoacutecios Estaacute aiacute

incluiacuteda a dificuldade para atender aos procedimentos administrativos exigidos para gerir-se

uma associaccedilatildeocooperativa Os dirigentes reclamam da complexidade da prestaccedilatildeo de

contas que satildeo obrigados a fazer anualmente (NOGUEIRA 2005)

As associaccedilotildeescooperativas podem vender a sua produccedilatildeo em eventos feiras e agraves

empresas Quando enfrentam o mercado surgem grandes dificuldades e desafios para seus

representantes Segundo Costa (2004) um dos entraves para o sucesso dessas instituiccedilotildees

no mercado eacute a sua pequena capacidade de organizaccedilatildeo caracterizada pela falta de

informaccedilotildees sobre a produccedilatildeo dos seus associados uma vez que o conhecimento de toda

essa produccedilatildeo eacute um importante fator para o sucesso da venda coletiva Outros obstaacuteculos

satildeo a falta de mobilizaccedilatildeo a tempo e agrave hora para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito

dos preccedilos e do seu comportamento falta de conhecimento sobre quem iraacute comprar a

produccedilatildeo dificuldade para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito dos preccedilos valor do frete e

compradores antes de movimentar a carga e dificuldade para organizar a logiacutestica de

transporte das mercadorias

Outra forma de comercializaccedilatildeo pode ser por meio do mercado institucional Apesar

de ser relativamente recente no Brasil as experiecircncias atuais sobre este mecanismo

referem-se agraves compras realizadas pelo governo (Federal Estadual e Municipal) por meio de

programas tais como o PNAE o PAA e a PGPM-Bio (CONAB 2010) Satildeo accedilotildees de grande

valor estrateacutegico para o paiacutes e importantes para os agricultores-coletores porque vecircm

distribuindo renda entre as comunidades rurais brasileiras

155

Serviccedilos ambientais - conservaccedilatildeo da biodiversidade - sequumlestro de carbono - controle climaacutetico - proteccedilatildeo de mananciais - proteccedilatildeo do solo

AssociaccedilatildeoCooperativa

Empresas

Poder Puacuteblico

Mercado consumidor - consumidor - grandes varejistas locais e regionais - pequenos varejistas locais - feiras e eventos

Propriedade do agricultor familiar

Aacuterea agriacutecola - agrofloresta - agricultura - agroecologia

Pecuaacuteria - pecuaacuteria + agrofloresta

Aacutereas de proteccedilatildeo ambiental - extrativismo sustentaacutevel - apicultura

Turismo ruralecoturismo

Vizinhanccedila - pequenas propriedades familiares - grandes propriedades

Figura 14 ndash Modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do fruto do baru em trecircs comunidades rurais do municiacutepio de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 2010 Fonte Dados de pesquisa (2010)

ONGs

coleta do fruto do baru

Vendas institucionais - fruto in natura - baru cru

- farinha de baru

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Partilha das vendas Serviccedilos

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Vendas institucionais

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Oacuteleos Sorvetes Biscoitos Patildees Bolos

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Mateacuteria-prima Produtos processados

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

156

Esses programas tecircm contribuiacutedo significativamente para o desenvolvimento da

agricultura familiar Embora seja um valioso canal de comercializaccedilatildeo para os agricultores

jaacute podem ser identificados alguns obstaacuteculos que dificultam o alcance dos seus objetivos

Entre as limitaccedilotildees mais seacuterias estatildeo o atraso nas liberaccedilotildees de recursos financeiros para a

operacionalizaccedilatildeo desses programas dificuldades encontradas pelos agricultores familiares

para acessarem a documentaccedilatildeo exigida para se habilitarem agraves exigecircncias e a falta de

convergecircncia entre diferentes instrumentos de poliacutetica puacuteblica que poderiam dar suporte agraves

accedilotildees dessas iniciativas institucionais Satildeo apontadas tambeacutem fragilidades referentes agrave

organizaccedilatildeo e gerenciamento das redes e organizaccedilotildees locais envolvidas no processo tais

como acompanhamento ineficiente das entregas falta de qualificaccedilatildeo das formas de acesso

dos beneficiaacuterios aos alimentos e ausecircncia de um fortalecimento da atuaccedilatildeo dessas

instituiccedilotildees em outros circuitos de comercializaccedilatildeo de forma a minimizar a sua dependecircncia

em relaccedilatildeo ao mercado institucional (SCHIMITT GUIMARAtildeES 2008)

Tanto esse agricultor-coletor como a associaccedilatildeocooperativa a qual eacute

associadocooperado devem continuar recebendo subsiacutedios de ONGs e do poder puacuteblico

como uma forma de incentivo para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru Entre os subsiacutedios

fornecidos por ONGs podemos citar a doaccedilatildeo de recursos a fundo perdido para projetos de

uso sustentaacutevel da biodiversidade e o fornecimento gratuito de assistecircncia teacutecnica a

empreendimentos ecossociais No acircmbito do poder puacuteblico podemos mencionar como

forma de subsiacutedio a alocaccedilatildeo de recursos financeiros em linhas de creacutedito do Pronaf

exclusiva para o agroextrativismo com juros abaixo do valor corrente de mercado e a

ampliaccedilatildeo da rede de assistecircncia teacutecncia gratuita para as populaccedilotildees que exploram

recursos naturais

Outra forma de subsiacutedio poderia ser o pagamento por serviccedilos ambientais (PSA) ou

seja a instalaccedilatildeo de mecanismos para o pagamento por serviccedilos ambientais Essas

iniciativas visam manter livre de destruiccedilatildeo a base dos recursos naturais que tornam o

ecossistema estaacutevel No entanto eacute necessaacuterio converter serviccedilos como a manutenccedilatildeo da

biodiversidade o armazenamento de carbono e a ciclagem de aacutegua em fluxos monetaacuterios

que possam compensar os proprietaacuterios que desejam manter suas aacutereas naturais

convertendo-as numa fonte de renda O que vem impedindo que essa operaccedilatildeo se

transforme em realidade tem sido a ausecircncia de uma quantificaccedilatildeo segura do valor dos

serviccedilos oferecidos e a escolha do mecanismo adequado por meio do qual os fundos

recebidos seriam distribuiacutedos (FEARNSIDE 1997) Outra barreira no Brasil tem sido a falta

de uma base legal que institua e regulamente a praacutetica desses serviccedilos (WUNDER et al

2008) Satildeo mecanismos que vem sendo discutidos tanto em acircmbito nacional como

157

internacional mas o paiacutes ainda natildeo conta com uma estrutura normativa que efetivamente

venha a se converter em benefiacutecios para os proprietaacuterios e para a populaccedilatildeo

A gestatildeo de micro bacias hidrograacuteficas com o uso de mecanismos de pagamento a

proprietaacuterios rurais pelos serviccedilos de conservaccedilatildeo da aacutegua tem se apresentado como uma

boa alternativa Atualmente uma nova modalidade de PSA vem sendo discutida em acircmbito

internacional como forma de criar valores econocircmicos para a floresta em peacute ou como

medida para evitar o desmatamento as Reduccedilotildees de Emissotildees do Desmatamento e

Degradaccedilatildeo (REDD) Esses serviccedilos podem perfeitamente ser oferecidos aos agricultores

familiares como incentivo para que conservem aacutereas silvestres na sua propriedade e mesmo

para aqueles donos de imoacuteveis que permitem que os coletores tenham acesso as suas

terras recolhimento do fruto do baru

Aleacutem dos benefiacutecios jaacute citados a conservaccedilatildeo de aacutereas silvestres assegura locais e

materiais adequados para a nidificaccedilatildeo dos polinizadores naturais da Dipteryx alata Vog

bem como as fontes de neacutectar poacutelen eou oacuteleo que necessitam para a sua alimentaccedilatildeo A

D alata eacute uma planta aloacutegama121 e necessita de polinizadores que promovam o fluxo de

poacutelen entre os indiviacuteduos da mesma espeacutecie A abelha Xylocopa suspecta abelha de

grande porte (gt 20 cm) pode ser considerada o principal polinizador do baru uma vez

que visita elevado nuacutemero de flores de modo adequado e em curto periacuteodo de tempo Isso

implica em que o aumento da produccedilatildeo de amecircndoas depende da manutenccedilatildeo da

populaccedilatildeo desse inseto (OLIVEIRA SIGRIST 2008) que por sua vez depende de

substratos como galhos e troncos secos de espeacutecies nativas para construir seus ninhos

(SILVA VIANNA 2002) A diminuiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo silvestre proacutexima agraves aacutereas cultivadas

reduzindo os locais adequados para nidificaccedilatildeo e o nuacutemero de espeacutecies vegetais que

funcionam como fonte de alimento tem contribuiacutedo para a diminuiccedilatildeo das populaccedilotildees de

abelhas nativas (KREMEN et al 2002)

Embora natildeo se tenha a pretensatildeo de esgotar todas as soluccedilotildees para superar os

entraves relacionados agrave exploraccedilatildeo do baru pelos agricultores familiares e pelas

associaccedilotildeescooperativas podemos enumerar como accedilotildees que poderiam ser adotadas para

minimizar esses obstaacuteculos a) desenvolvimento de programa de pesquisa relacionado agrave

espeacutecie b) alocaccedilatildeo de maiores montantes de recursos financeiros para as linhas de creacutedito

do Pronaf digiridas para o agroextrativismo c) a criaccedilatildeo de programas voltados para a

capacitaccedilatildeo manejo adequado e conservaccedilatildeo dos produtos que comercializam para a

qualificaccedilatildeo teacutecnica administrativa financeira contaacutebil e tributaacuteria dos seus membros e para

a comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo (identificaccedilatildeo de canais de comercializaccedilatildeo estudos de

121

Espeacutecie cuja forma de reproduccedilatildeo natural predominante se daacute por meio da fecundaccedilatildeo cruzada entre plantas diferentes

158

mercado) d) incrementar o apoio agrave organizaccedilatildeo social no campo no sentido de obterem-se

associaccedilotildeescooperativas mais atuantes e) revisatildeo do marco regulatoacuterio nacional no

sentido de dar um tratamento diferenciado para os produtos do extrativismo e para quem os

produz

159

Homma Drummond Rego Modelo baru

Modelo proposto - Modelo econocircmico teoacuterico de extrativismo aplicado agrave Regiatildeo Amazocircnica

- Modelo conceitual voltado para explicar a atividade de extrativismo na Regiatildeo Amazocircnica

- Modelo conceitual que busca explicar a exploraccedilatildeo de produtos florestais baseada na cultura das populaccedilotildees extrativistas e em sistemas produtivos familiares que harmonizem benefiacutecios econocircmicos sociais e ambientais

- Modelo conceitual voltado para explicar a atividade de exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru no Bioma Cerrado

Conceito - Extrativismo forma de exploraccedilatildeo econocircmica de produto da natureza com produtividade baixa ou declinante

- Extrativismo modo de produzir bens que consiste na retirada de recursos naturais diretamente da sua aacuterea de ocorrecircncia natural

- Neoextrativismo atividade de coleta de recursos naturais combinada agraves atividades agriacutecolas e pecuaacuterias e ao beneficiamento dos produtos coletados incluiacutedas no modo de vida e cultura extrativistas

- Exploraccedilatildeo de PFNMs Atividade praacutetica de coleta que faz parte da estrateacutegia do agricultor para aumentar a sua renda familiar ao mesmo tempo em que desenvolve a agricultura a pecuaacuteria e serviccedilos natildeo agriacutecolas

Caracteriacutesticas gerais da atividade

- A caccedila a pesca e a coleta de produtos vegetais satildeo atividades extrativas e dependem do setor agriacutecola de onde obteacutem alimentos para a sua subsistecircncia e sua intermediaccedilatildeo com o setor comercial eou industrial - Os grupos extrativistas natildeo praticam a agricultura a pecuaacuteria nem a agrofloresta

- A caccedila a pesca e a coleta de produtos vegetais satildeo atividades extrativas que natildeo dependem de grandes insumos de tecnologia e capital - Existem grupos que praticam essas atividades como parte das suas estrateacutegias de sobrevivecircncia e ao mesmo tempo desenvolvem agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato serviccedilos ou induacutestria

- A atividade de coleta de PFNMs combinado com a agricultura pecuaacuteria artesanato e agroinduacutestria - A agropecuaacuteria e a silvicultura natildeo admitem o uso de fertilizantes quiacutemicos pesticidas herbicidas e maacutequinas e implementos agriacutecolas - As teacutecnicas admitidas na agricultura envolvem a diversificaccedilatildeo de culturas o consoacutercio de espeacutecies a adoccedilatildeo dos ciclos que imitam as fases de sucessatildeo ecoloacutegica da floresta

- O agricultor que coleta PFNMs pratica a agricultura tradicional ou a pecuaacuteria ou a agroecologia ou a agrofloresta ou desenvolve sistemas agrosilvopastoris ou a agroinduacutestria - A atividade de coleta natildeo depende de grandes insumos de capital e tecnologia - O fruto do baru serve como uma reserva ou como uma estrateacutegia suplementar de sustento - Grande parte da amecircndoa eacute obtida de frutos coletados em propriedades de terceiros

Caracteriacutesticas poliacuteticas e sociais dos modelos

- Natildeo faz referecircncia - Natildeo faz referecircncia - As populaccedilotildees baseiam seu modo de vida na dependecircncia e simbiose com a natureza no conhecimento empiacuterico e simboacutelico dos ciclos e recursos naturais (com base na experiecircncia e racionalidade e em valores siacutembolos crenccedilas e mitos) e tal saber eacute a base dos sistemas de manejo de baixo impacto praticados - Segundo este modelo conceitual nas dimensotildees poliacutetica e social devem ser respeitadas e consideradas as aspiraccedilotildees da comunidade sua cultura a expressatildeo de novas relaccedilotildees de forccedilas sociais abrangecircncias de todos os usos de recursos naturais natildeo conflitantes com o modo de vida e da cultura comunitaacuteria local

- O manejo do baru natildeo estaacute baseado em conhecimentos tradicionais e saberes elaborados ao longo do tempo com base na interaccedilatildeo entre o homem e os elementos naturais e transferidos por geraccedilotildees - Trata-se da exploraccedilatildeo comercial de frutos silvestres adotando-se praacuteticas miacutenimas de manejo com o objetivo de diminuir o impacto sobre a espeacutecie e mantendo o indiviacuteduo em produccedilatildeo o maior tempo possiacutevel - Na sua grande maioria as aacutereas de coleta do fruto satildeo grandes propriedades sem problemas agraacuterios mais complexos como as grandes extensotildees de aacutereas devolutas da Amazocircnia

160

Classificaccedilatildeo Extrativismo por aniquilamento ou depredaccedilatildeo

Daacute-se quando ocorre a extinccedilatildeo da fonte ou a velocidade de regeneraccedilatildeo for inferior a velocidade de exploraccedilatildeo

Extrativismo de coleta

Daacute-se quando eacute obtida uma produtividade imediata do recurso extrativo que leva ao seu aniquilamento a meacutedio e a longo prazos

Extrativismo de alta tecnologia - materiais naturais satildeo retirados no seu local de ocorrecircncia natural por intermeacutedio de tecnologia e maquinaacuterio mais sofisticados - caracteriza certos setores econocircmicos de sociedades complexas dotadas de agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato induacutestria transformativa e serviccedilos

Extrativismo de baixa tecnologia - natildeo utiliza grandes insumos de capital e tecnologia - base exclusiva ou quase exclusiva de sustento - caracteriza um tipo de sociedade que pode ser qualificada de primitiva ou tribal - voltado para o mercado e se concentra em um uacutenico bem de valor instaacutevel - sujeito a ciclos de prosperidade e falecircncia - o bem eacute exportado da regiatildeo produtora em estado bruto ou processado apenas para preservar as suas caracteriacutesticas naturais e essa operaccedilatildeo transfere para outras regiotildees os benefiacutecios vinculados ao processamento secundaacuterio agrave transformaccedilatildeo industrial agrave comercializaccedilatildeo ao marketing e ao transporte dos produtos finais - atividade introduz mudanccedilas na floresta alterando o ecossistema num grau menor que outra atividade econocircmica possibilitando a manutenccedilatildeo dos sistemas ecoloacutegicos complexos alta produtividade bioloacutegica e rica biodiversidade que por sua vez continuam a gerar produtos extrativos - exclui ou limita outras atividades que usam recursos naturais como agricultura criaccedilatildeo de gado mineraccedilatildeo corte de aacutervores plantio comercial de aacutervores hidroeleacutetricas exploraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural

- Natildeo faz referecircncia Coleta para fins de composiccedilatildeo de renda - predominacircncia de agricultores familiares - compotildee a renda familiar - fortemente sujeita agrave sazonalidade e agrave variaccedilatildeo da quantidade de frutos produzido pela espeacutecie ano a ano - natildeo leva ao esgotamento do recurso agrave longo prazo - baixa utilizaccedilatildeo de insumos de capital e tecnologia

Modelo econocircmico proposto

Modelo teoacuterico construiacutedo com base na evoluccedilatildeo da extraccedilatildeo dos recursos vegetais

Fase de expansatildeo - Demanda pelo produto eacute baixa mas o desenvolvimento da tecnologia dos meacutetodos de exploraccedilatildeo da melhoria da

Natildeo faz referecircncia Natildeo faz referecircncia - A atividade de exploraccedilatildeo do baru como forma de complementaccedilatildeo da renda familiar pode ser mais bem explicada pelo fenocircmeno da pluriatividade

161

infraestrutura melhoram as perspectivas de mercado e reduz os custos da extraccedilatildeo Ocorre uma grande oferta do produto contra uma baixa demanda

Fase de estabilizaccedilatildeo - Crescimento do mercado melhoria dos processos de transporte e comercializaccedilatildeo e disponibilidade de infraestrutura Oferta e a demanda entram em equiliacutebrio proacuteximo agrave capacidade maacutexima de extraccedilatildeo

Decliacutenio ndash Aumento da demanda forccedilaraacute a subida dos preccedilos levando agrave superexploraccedilatildeo do recurso causando o seu esgotamento e portanto uma rigidez da oferta Os custos de produccedilatildeo aumentaratildeo devido a pouca disponibilidade do produto na natureza inviabilizando sua exploraccedilatildeo

Domesticaccedilatildeo ndash Ocorrem duas situaccedilotildees para aliviar a pressatildeo sobre o recurso A busca de substitutos sinteacuteticos para o produto ou a sua domesticaccedilatildeo A domesticaccedilatildeo provoca uma queda de preccedilo do produto no mercado em razatildeo do aumento da oferta O extrativismo entra em decliacutenio pois os custos para a sua extraccedilatildeo satildeo maiores que o seu preccedilo no mercado

Caracteriacutesticas econocircmicas da atividade

- A atividade natildeo tem sustentabilidade econocircmica - a substituiccedilatildeo por outras atividades econocircmicas levam ao desaparecimento do extrativismo - processo de ldquoagriculturizaccedilatildeordquo entre os extratores - destruiccedilatildeo das aacutereas de exploraccedilatildeo em decorrecircncia do processo de expansatildeo da fronteira agriacutecola em funccedilatildeo das poliacuteticas salariais da baixa produtividade da terra e da matildeo de obra do crescimento populacional e do surgimento de outras alternativas econocircmicas

- Os produtos extrativos tendem a ser substituiacutedos por espeacutecies vegetais domesticadas eou por produtos sinteacuteticos - essa forma de exploraccedilatildeo daacute origem a ou perpetua economias de mera subsistecircncia que natildeo superam baixos niacuteveis de produtividade e de bem-estar - grande percentagem da produccedilatildeo natildeo passa dos circuitos locais de subsistecircncia e escambo podendo alcanccedilar o status de commodities - os produtos extrativos tecircm preccedilos de mercado natildeo confiaacuteveis o que tem sido demonstrado pelos ciclos de elevaccedilatildeo e decliacutenio dos preccedilos das mateacuterias-primas e dos produtos primaacuterios - os produtos extrativos satildeo intensivos em capital natural e por isso os seus preccedilos satildeo os mais baixos numa economia

- A exploraccedilatildeo de plantas e animais eacute realizada em niacuteveis pouco intensos que alteram pouco a comunidade bioacutetica do ecossistema - Atividade praticada por autocircnomos e organizaccedilotildees comunitaacuterias - O niacutevel de desenvolvimento das forccedilas de produccedilatildeo e das formas de organizaccedilatildeo social determinam a praacutetica sustentaacutevel do extrativismo (sustentabilidade econocircmica ambiental social e cultural) - As opccedilotildees de uso e valorizaccedilatildeo econocircmica para os recursos extrativistas eacute coerente com as caracteriacutesticas naturais do ambiente e com as aspiraccedilotildees culturais da unidade familiar e deve expressar as novas relaccedilotildees de forccedilas sociais

- Natildeo ocorre o esgotamento do recurso uma vez que somente eacute explorado o fruto do baruzeiro - a conservaccedilatildeo da espeacutecie ocorre pelo interesse econocircmico que a sua amecircndoa e a madeira despertam em agricultores familiares e meacutedios produtores - a espeacutecie eacute destruiacuteda em aacutereas de agricultura intensiva e conservada em aacutereas de pecuaacuteria - a exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru eacute uma atividade que ocorre com o uso de baixa tecnologia que limita a produccedilatildeo em escala - o equipamento envolvido na extraccedilatildeo da amecircndoa do baru eacute fabricado pelo proacuteprio coletor - estaacute restrita aos mercados locais

162

complexa embora em casos raros possam alcanccedilar alta valorizaccedilatildeo - as economias extrativas de baixa tecnologia em florestas tropicais soacute sustentam uma baixa densidade populacional - nas economias extrativas predomina uma larga base de extratores pobres e um estreito aacutepice de intermediaacuterios e comerciantes ricos - regiotildees extrativas normalmente alcanccedilam pouca prosperidade pelo fato dos benefiacutecios trazidos pela agregaccedilatildeo de valor dos produtos extrativos permanecerem nas aacutereas geograacuteficas para onde esses produtos foram exportados - o extrativismo mesmo sustentaacutevel e comunitaacuterio natildeo tende a gerar um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave justiccedila social

- Produccedilatildeo apoiada no trabalho familiar ou comunitaacuterio - Produccedilatildeo depende do uso imediato dos recursos e natildeo objetiva o lucro mas a reproduccedilatildeo social e cultural - A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo extrativista e a incorporaccedilatildeo de tecnologias viabilizam a exploraccedilatildeo sustentaacutevel (LEITE 2004) - Exploraccedilatildeo centrada em uma espeacutecie natildeo eacute economicamente sustentaacutevel (LEITE 2004) - Apoio de instituiccedilotildees natildeo governamentais poder puacuteblico e iniciativa privada para a sustentabilidade da atividade e reparticcedilatildeo justa e equitativa dos beneacuteficos obtidos com a exploraccedilatildeo de PFNMs (LEITE 2004) - Poliacuteticas puacuteblicas que venham a contemplar o manejo das unidades produtivas como um todo ou seja observando os aspectos econocircmico social ambiental e cultural (LEITE 2004)

podendo chegar ao status de commodity - eacute uma atividade que complementa a renda do agricultorcoletor se constituindo numa fonte secundaacuteria de recurso para a famiacutelia A principal fonte de renda das famiacutelias eacute a venda de serviccedilos - os mercados de consumo da amecircndoa satildeo proacuteximos o que permite o deslocamento raacutepido e com baixos custos para o produtor aleacutem dos benefiacutecios gerados com a agregaccedilatildeo de valor permanecerem na regiatildeo - na atual forma de exploraccedilatildeo mesmo mantendo a sustentabilidade esse modelo natildeo gera um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave justiccedila social No entanto a introduccedilatildeo de tecnologias e o apoio de instituiccedilotildees natildeo governamentais e do poder puacuteblico principalmente no fortalecimento da accedilatildeo coletiva podem reverter esse quadro

Cadeia produtiva

- Verticalizaccedilatildeo da cadeia ocorre geralmente fora da regiatildeo

- Verticalizaccedilatildeo da cadeia ocorre fora da regiatildeo

Natildeo faz referecircncia - Verticalizaccedilatildeo ocorre na aacuterea e fora da regiatildeo - Cadeia produtiva fraacutegil com pouca integraccedilatildeo e bastante desarticulada

Indices e indicadores

- Natildeo faz referecircncia Natildeo faz referecircncia Natildeo faz referecircncia Iw ndash Calcula a iacutendice individual de sustentabilidade das dimensotildees ambiental social econocircmica institucional e sauacutede da atividadepor meio de indicadores Is ndash Calcula o iacutendice de sustentabilidade geral da atividade

Quadro 3 ndash Comparaccedilatildeo entre modelos teoacutericos propostos para o extrativismo Fonte Leite ( 2004)Drummond (1996) Homma (1993) Recircgo (1992)

163

8 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os dados coletados no presente trabalho tecircm como finalidade verificar se a atividade

de exploraccedilatildeo do baru nas florestas naturais do Estado de Goiaacutes eacute uma alternativa

sustentaacutevel para a geraccedilatildeo de renda

As mensuraccedilotildees sobre o grau de sustentabilidade das atividades praticadas no acircmbito

da cadeia produtiva do baru foram realizadas com o objetivo de obter-se um diagnoacutestico

atual dessa exploraccedilatildeo apontando o niacutevel de equiliacutebrio entre as dimensotildees da

sustentabilidade uma vez que este equiliacutebrio eacute que determina se a atividade estaacute

incorporando um modelo correto de desenvolvimento

Desse modo far-se-aacute inicialmente uma anaacutelise dos Iacutendices Individuais de

Sustentabilidade (Iw) por dimensatildeo da sustentabilidade obtidos a partir dos questionaacuterios

aplicados junto aos agricultores Esses iacutendices tambeacutem serviratildeo para calcular o Iacutendice de

Sustentabilidade (IS) das comunidades estudadas e para se chegar ao seu grau de

sustentabilidade

Da mesma forma analisar-se-aacute o Iw para cada instituiccedilatildeo que faz parte da cadeia

produtiva do baru e na sequecircncia o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) e o grau de

sustentabilidade para estas instituiccedilotildees

A anaacutelise dos resultados obtidos com a aplicaccedilatildeo do questionaacuterio sobre os obstaacuteculos

que os agricultores familiares e as instituiccedilotildees privadas enfrentam na exploraccedilatildeo do baru

forneceu uma ideia mais clara dos problemas que costumam afetar desfavoravelmente esse

empreendimento

A enumeraccedilatildeo e anaacutelise de normas ambientais sanitaacuterias e fiscaistributaacuterias vigentes

em acircmbito federal e estadual teve como propoacutesito verificar de que forma afetam a atividade

de exploraccedilatildeo do baru na fase empreendida pelo agricultor familiar Tratando-se de pessoas

que costumeiramente possuem baixo niacutevel de escolaridade acesso restrito agrave informaccedilatildeo e

dificuldade de deslocamento a regularizaccedilatildeo dessa atividade extrativa junto aos oacutergatildeos

puacuteblicos competentes natildeo se mostra uma tarefa faacutecil

Outro conjunto de dados obtidos forneceu o perfil socioeconocircmico desse agricultor

familiar e as condiccedilotildees que desenvolve a sua atividade de modo a permitir realizar

comparaccedilotildees entre os grupos estudados e a construccedilatildeo de um modelo produtivo para o

baru

81 AGRICULTORES FAMILIARES

811 IacuteNDICE DE SUSTENTABILIDADE

O maior Iacutendice de Sustentabilidade entre os agricultores entrevistados no valor de

0774 (Tabela 11) foi obtido justamente da famiacutelia que mais vecircm procurando utilizar

procedimentos ambientalmente corretos na sua propriedade de 18 ha na comunidade de

164

Caxambuacute (Famiacutelia 11) Manteacutem APP e RL nas suas terras e emprega teacutecnicas de

agroecologia122 para cultivar gratildeos frutas e hortaliccedilas Dispensam tratos culturais agraves mudas

de baru que germinam espontaneamente na propriedade realizando a roccedilagem em torno da

placircntula para evitar competiccedilatildeo com outras espeacutecies A matildeo de obra utilizada eacute familiar e os

pais contam com dois filhos adultos que os auxiliam nas tarefas diaacuterias aleacutem de ajudarem

na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo e na administraccedilatildeo da propriedade Uma pequena

agroinduacutestria estaacute instalada na propriedade onde eacute produzido baru torrado geleias de frutos

do Cerrado e conservas Esta pequena faacutebrica eacute gerida por uma Associaccedilatildeo123 formada por

agricultores que residem na localidade Economicamente esta famiacutelia se manteacutem com a

produccedilatildeo do siacutetio (leite carne de aves ovos hortaliccedilas gratildeos) com a parcela proporcional

das vendas da associaccedilatildeo e aposentadoria rural A famiacutelia eacute muito ativa socialmente

participam da roccedila comunitaacuteria e mantecircm um bom relacionamento com membros da

comunidade Recebem com frequecircncia a visita e orientaccedilatildeo de pesquisadores da Embrapa

e de teacutecnicos de instituiccedilotildees puacuteblicas e do ISPN Mantecircm contiacutenuo contato com o exterior

participando de cursos encontros feiras e treinamentos voltados para a agricultura familiar

Por outro lado o iacutendice de sustentabilidade mais baixo no valor de 0489 (Tabela 11)

foi alcanccedilado por uma famiacutelia da comunidade Bom Jesus (Famiacutelia 13) A propriedade possui

uma aacuterea de aproximadamente 15 ha sendo que desse total 125 ha satildeo aproveitados na

forma de pastos e de benfeitorias (edifiacutecios curral capineira e quintal) O restante eacute

ocupado por APP e RL A proprietaacuteria natildeo desenvolve qualquer atividade de agricultura na

propriedade O marido eacute dono de uma pequena mercearia no local e somente a respondente

e o filho desenvolvem atividades com o baru Coletam os frutos na sua propriedade e na dos

vizinhos e extraem a amecircndoa Embora continuem associados se afastaram da

Associaccedilatildeo124 por incompatibilidade com os demais associados Participam de

pouquiacutessimas atividades sociais na comunidade Natildeo dispensam quaisquer tratos culturais

agraves mudas de baru que nascem naturalmente e nem mesmo manejam o gado para que natildeo

coma os brotos das placircntulas Natildeo haacute rodiacutezio nos pastos para evitar o sobrepastejo e a

subsolagem Alegam nunca ter recebido qualquer assistecircncia teacutecnica do Estado ou privada

e nunca recorreram a empreacutestimos para aumentar a produccedilatildeo na sua propriedade por

aversatildeo a diacutevidas financeiras O rendimento obtido com a exploraccedilatildeo da amecircndoa varia

entre 1 a 20 do que a famiacutelia amealha durante o ano A maior parte da renda eacute

proveniente do comeacutercio e aposentadoria rural Consideram a exploraccedilatildeo do baru um

complemento da renda da famiacutelia e acreditam no potencial do fruto

122

Segundo Altieri (2002) agroecologia eacute o meacutetodo que fornece os princiacutepios baacutesicos ecoloacutegicos para estudar planejar e manejar agroecossistemas produtivos e que conservam os recursos naturais e que tambeacutem satildeo culturalmente sensiacuteveis socialmente justos e economicamente viaacuteveis (Traduccedilatildeo proacutepria) 123

Associaccedilatildeo de Desenvolvimento Comunitaacuterio de Caxambu AMOR de Bom Jesus - Associaccedilatildeo dos Moradores de Bom Jesus

165

Tabela 11 minus Iacutendices de sustentabilidade por agricultor por localidade estudada

Nordm Ordem dos Questionaacuterios

Local Iacutendice Social

Iacutendice Poliacutetico

Iacutendice da Sauacutede

Iacutendice Econocircmico

Iacutendice Ecoloacutegico

Iacutendice Geral

1 Caxambuacute 0760 0500 1000 0478 0524 0652

2 Caxambuacute 0920 0500 1000 0478 0524 0684

3 Vale da Esperanccedila 0880 0111 1000 0217 0667 0575

4 Vale da Esperanccedila 0920 0167 1000 0870 0571 0706

5 Vale da Esperanccedila 0720 0111 1000 0261 0524 0523

6 Vale da Esperanccedila 0840 0556 1000 0435 0524 0671

7 Vale da Esperanccedila 0840 0667 1000 0435 0619 0712

8 Vale da Esperanccedila 0560 0000 1000 0348 0619 0505

9 Vale da Esperanccedila 0840 0333 1000 0696 0571 0688

10 Caxambuacute 0600 0389 0889 0478 0667 0605

11 Caxambuacute 1000 0556 1000 0696 0619 0774

12 Bom Jesus 0720 0167 0889 0435 0714 0585

13 Bom Jesus 0640 0000 0889 0391 0524 0489

14 Bom Jesus 0680 0167 0889 0478 0667 0576

15 Bom Jesus 0800 0000 0889 0435 0667 0558

16 Vale da Esperanccedila 0960 0000 1000 0174 0619 0551

17 Bom Jesus 0640 0278 1000 0478 0667 0613

18 Caxambuacute 0760 0389 1000 0565 0476 0638

19 Bom Jesus 0920 0000 1000 0565 0714 0640

Fonte Dados de pesquisa (2010)

O que se quer demonstrar com as descriccedilotildees acima eacute que os valores dos iacutendices

individuais de sustentabilidade encontrados (maior e menor respectivamente) representam

de maneira apropriada o que foi encontrado em campo ou seja as observaccedilotildees diretas

realizadas nas duas propriedades demonstraram que a famiacutelia 11 eacute a mais sustentaacutevel pela

preocupaccedilatildeo em incorporar nas atividades que desenvolvem as dimensotildees da

sustentabilidade Jaacute a famiacutelia 13 atende a algumas recomendaccedilotildees legais referentes agrave

conservaccedilatildeo ambiental (como manter APP e RL) poreacutem natildeo estaacute empenhada em

incorporar as outras dimensotildees da sustentabilidade nas suas atividades diaacuterias

De acordo com a Tabela 11 o iacutendice que atingiu os menores valores entre os 19

agricultores visitados foi o poliacutetico Fica evidenciada nas respostas obtidas a ausecircncia do

Estado no estiacutemulo a processos participativos capazes de assegurar o exerciacutecio da

cidadania bem como dos ineficientes serviccedilos puacuteblicos prestados aleacutem da infraestrutura

baacutesica deficiente colocada agrave disposiccedilatildeo dos agricultores

Trabalho desenvolvido por Rabelo e Lima (2007) adotando metodologia similar para

calcular o iacutendice e o grau de sustentabilidade de projeto de exploraccedilatildeo de algas vermelhas

no Distrito de Flexeiras no litoral oeste cearense a partir de indicadores para as dimensotildees

ambientais sociais econocircmicos e institucionais (poliacuteticos) obteve um grau de

sustentabilidade ruim com iacutendice de sustentabilidade de 0440 Chegaram a conclusatildeo que

166

o Iacutendice alcanccedilado ameaccedilava a continuidade do projeto levando-os a sugerirem a adoccedilatildeo

das seguintes medidas tecnologias menos agressivas ao meio ambiente qualificaccedilatildeo de

matildeo de obra agregaccedilatildeo de valor ao produto e diversificaccedilatildeo do produto no sentido de

melhorar as condiccedilotildees ambientais e econocircmicas dos extrativistas daquele Distrito e tambeacutem

para potencializar a sustentabilidade da atividade

A anaacutelise da sustentabilidade de dois assentamentos rurais no Municiacutepio de Silvacircnia

Estado de Goiaacutes embora utilizando indicadores diferentes daqueles utilizados no presente

trabalho mostrou a desequiliacutebrio entre as dimensotildees da sustentabilidade O assentamento

Satildeo Sebastiatildeo da Garganta obteve um iacutendice meacutedio de sustentabilidade (0739)

representando meacutedia qualidade de vida dos assentados e o assentamento Joatildeo de Deus

com baixa sustentabilidade (0279) representando baixa qualidade de vida dos moradores

O iacutendice alcanccedilado pelo assentamento Satildeo Sebastiatildeo da Garganta foi influenciado pelo alto

niacutevel de acumulaccedilatildeo de capital social (dimensatildeo social da sustentabilidade) Jaacute o

assentamento Joatildeo de Deus atingiu baixos niacuteveis de desenvolvimento socioeconocircmico de

capital social e ambiental Segundo os autores esse baixo iacutendice de sustentabilidade deveu-

se ao fato do assentamento ter sido criado em 1985 quando o I Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria ter sido implantado sem qualquer diretriz voltada para a conservaccedilatildeo ambiental

enquanto em assentamentos posteriores como o assentamento Satildeo Sebastiatildeo da

Garganta a questatildeo ambiental jaacute vinha recebendo maior atenccedilatildeo (ALVES BASTOS 2009)

Apesar da conclusatildeo alcanccedilada pelos autores acredita-se que o baixo iacutendice de

sustentabilidade seja resultado da interaccedilatildeo de vaacuterios fatores que combinados

desequilibram a sustentabilidade entre as dimensotildees

Uma caracteriacutestica dos agricultores visitados que chamou a atenccedilatildeo durante o

trabalho de campo foi que ao serem perguntados se a propriedade contava com APP e RL

todos respondiam afirmativamente Ao verificar-se in loco a veracidade dessa afirmaccedilatildeo

observou-se que praticamente nenhuma atendia ao que prescreve a Lei quanto a largura

miacutenima das faixas de vegetaccedilatildeo que devem ser mantidas ao longo dos cursos drsquoaacutegua

Houve caso em que o agricultor mantinha cerca de 5 metros de vegetaccedilatildeo agraves margens de

um rio de aproximadamente 20 metros de largura (Rio Paranatilde) ndash quando a Lei determina

que seja 30 metros no miacutenimo ndash mas afirmava taxativamente que estava atendendo ao que

prescrevia a Lei

Entre as dezenove propriedades visitadas somente uma atendeu integralmente ao que

estabelece o art 2ordm e 16 do Coacutedigo Florestal pelo fato de grande parte da aacuterea ser coberta

por vegetaccedilatildeo natural e em parte pelo proprietaacuterio ter desenvolvido ali um sistema

agroflorestal

167

Todas as demais propriedades visitadas possuiacuteam Reserva Legal no entanto natildeo foi

possiacutevel verificar se atendiam aos 20 da aacuterea do imoacutevel protegida conforme prescreve a

legislaccedilatildeo pertinente

Outra caracteriacutestica que chamou a atenccedilatildeo no que diz respeito agraves aacutereas de

conservaccedilatildeo particulares (APP e RL) eacute que a grande maioria delas natildeo estava cercada de

modo que o gado as invadia livremente com exceccedilatildeo de uma uacutenica propriedade onde natildeo

era desenvolvida a pecuaacuteria

Apesar das caracteriacutesticas a respeito das aacutereas de conservaccedilatildeo particulares os

proprietaacuterios rurais visitados foram capazes de identificar a relaccedilatildeo existente entre a

conservaccedilatildeo de aacutereas naturais e os serviccedilos ambientais que prestam ao homem e agrave

biodiversidade

812 RESULTADOS POR COMUNIDADE

Conforme o Graacutefico 12 mostra o maior iacutendice de sustentabilidade entre as

comunidades estudadas foi alcanccedilado pelo Distrito de Caxambu (IS = 0671) No entanto

algumas inconsistecircncias puderam ser observadas no tocante aos iacutendices obtidos por cada

comunidade A comunidade de Caxambuacute foi onde se observou a maior preocupaccedilatildeo com a

incorporaccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade ecoloacutegica social e econocircmica Nessa

localidade os agricultores visitados empregam algumas teacutecnicas agroecoloacutegicas na

conduccedilatildeo das suas lavouras o que natildeo foi observado em outras comunidades Mesmo

assim o iacutendice ecoloacutegico do Distrito de Bom Jesus foi maior que os demais o que natildeo

deveria ocorrer em funccedilatildeo da importacircncia relativa que os agricultores entrevistados

dispensam a questatildeo ambiental Eacute provaacutevel que os indicadores utilizados na avaliaccedilatildeo

dessa dimensatildeo natildeo tenham sido suficientemente sensiacuteveis para captar a variaccedilatildeo desses

detalhes relativos ao meio ambiente Eacute certo que a incorporaccedilatildeo de mais indicadores para

avaliar a dimensatildeo ecoloacutegica mostraraacute com mais clareza as pequenas variaccedilotildees

encontradas entre as comunidades rurais avaliadas

A comunidade com o menor Iacutendice de Sustentabilidade foi a de Bom Jesus (IS =

0577) Somente superou as duas outras comunidades no iacutendice ecoloacutegico ficando abaixo

nos demais iacutendices A observaccedilatildeo direta dessa comunidade mostrou que apesar da

presenccedila da Associaccedilatildeo dos Moradores de Bom Jesus que congrega agricultores

interessados na exploraccedilatildeo do baru e que possui um barracatildeo na localidade para

armazenar e quebrar o produto muitos preferem processar e vender o baru por conta

proacutepria Perguntados sobre as razotildees dessa opccedilatildeo informaram que a Associaccedilatildeo demora

muito a pagar o baru entregue e que vendendo individualmente recebem o dinheiro no

momento em que entregam a amecircndoa ao comprador As respostas obtidas a partir do

questionaacuterio socioeconocircmico aplicado confirmam essa tendecircncia uma vez que dos seis

168

agricultores entrevistados (associados) todos entregam a produccedilatildeo para comerciante ou

atravessador metade vende a prazo e a outra metade agrave vista (Tabela 12) Essa praacutetica

mostra o baixo compromisso dos agricultores com os demais associados na obtenccedilatildeo de

benefiacutecios em longo prazo Por outro lado satildeo agricultores pobres descapitalizados que

necessitam de dinheiro para atender agraves suas necessidades mais urgentes como

alimentaccedilatildeo e sauacutede

Tabela 12 ndash Compradores da amecircndoa do baru e forma de venda aos agricultores de acordo com cada famiacutelia do Distrito de Bom Jesus Pirenoacutepolis GO em 2010

Famiacutelia Para quem vende o baru De que forma vende o baru

12 Outros (atravessador) A prazo 13 Comerciante local A prazo 14 Outros (atravessador) A prazo 15 Comerciante de for a Agrave vista 17 Comerciante local Agrave vista 19 Comerciante local Agrave vista

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Essa comunidade obteve o menor Iacutendice Social quando comparada com as demais

comunidades estudadas (Graacutefico 12) A dificuldade que estes agricultores enfrentam para

organizar-se socialmente pode ter afetado este iacutendice tornando-o baixo

Graacutefico 12 minus Iacutendice de Sustentabilidade por localidade estudada Fonte Dados de pesquisa (2010)

No entanto o Iacutendice Social das comunidades de Vale da Esperanccedila e Caxambu

atingiram os valores de 0820 e 0808 (Graacutefico 13) respectivamente correspondendo a um

grau de sustentabilidade alto de acordo com a Tabela 3 (pag 15) De fato as referidas

comunidades vecircm desenvolvendo trabalhos no sentido de congregar a comunidade em

169

torno de esforccedilos coletivos aleacutem de procurar passar informaccedilotildees de interesse do grupo aos

membros

Graacutefico 13 minus Iacutendices por comunidade por dimensatildeo da sustentabilidade Fonte Dados de pesquisa (2010)

813 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos agricultores e da atividade de exploraccedilatildeo de baru

A anaacutelise dos dados obtidos com o questionaacuterio socioeconocircmico permitiu traccedilar um

perfil dos agricultores entrevistados bem como colocar em evidecircncia algumas caracteriacutesticas

da atividade de exploraccedilatildeo do baru nos municiacutepios estudados

Esse agricultor tem na exploraccedilatildeo do baru uma atividade meramente de

complementaccedilatildeo de renda uma vez que 526 dos entrevistados admitiram que os

recursos obtidos com a comercializaccedilatildeo da amecircndoa cobrem apenas 20 das despesas

anuais da famiacutelia Cerca de 89 dos entrevistados admitiram que os recursos obtidos com a

venda do baru cobrem abaixo de 40 dessas despesas (Tabela 13)

Tabela 13 ndash Contribuiccedilatildeo da venda do baru para a renda anual familiar por faixa de despesa

Faixas de despesa Frequecircncia

acumulado

Cobre acima de 70 das despesas inclusive

1 53 53

Cobre entre 69 e 40 das despesas inclusive

1 53 106

Cobre entre 39 e 20 das despesas inclusive

7 368 474

Cobre entre 19 e 1 das despesas inclusive

10 526 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

A Tabela 14 mostra as trecircs principais fontes de renda dos agricultores familiares em

ordem crescente de importacircncia Cerca de 21 dos entrevistados afirmaram que as trecircs

170

principais fontes de renda satildeo a criaccedilatildeo de gado a agricultura e a exploraccedilatildeo de PFNM Na

mesma proporccedilatildeo como fonte de renda mais importante estatildeo a pecuaacuteria a prestaccedilatildeo de

serviccedilos e a exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros

Treze agricultores informaram que a exploraccedilatildeo de PFNMs estaacute entre as trecircs

principais fontes de renda A agroinduacutestria tambeacutem estaacute entre as trecircs mais importante fontes

de renda tendo sido mencionada por 9 agricultores Esta atividade geralmente estaacute ligada a

agregaccedilatildeo de valor ao baru Nestas comunidades a tecnologia para o processamento da

amecircndoa eacute rudimentar e costuma ser feito em pequenas cozinhas domeacutesticas onde eacute

embalada em pequenas porccedilotildees (100 g) antes de ser levada ao comeacutercio A comunidade de

Caxambuacute eacute uma exceccedilatildeo pois jaacute conta com uma cozinha comunitaacuteria melhor estruturada

para o processamento de alimentos

Tabela 14 ndash Trecircs principais fontes de renda dos agricultores familiares entrevistados em ordem crescente de importacircncia

Fonte de Renda Frequecircncia

Acumulado

Comeacutercio agroinduacutestria PFNM 1 53 53

Aposentadoria comeacutercio PFNM 1 53 105

Lavoura aposentadoria agroinduacutestria 1 53 158

Prestaccedilatildeo serviccedilos agroinduacutestria lavoura 1 53 211

Prestaccedilatildeo de serviccedilos agroinduacutestria PFNM 1 53 263

Pecuaacuteria comeacutercio agroinduacutestria 1 53 316

Pecuaacuteria aposentadoria prestaccedilatildeo de serviccedilos 1 53 368

Pecuaacuteria lavoura agroinduacutestria 1 53 421

Pecuaacuteria aposentadoria agroinduacutestria 1 53 474

Pecuaacuteria agroinduacutestria PFNM 2 105 579

Pecuaacuteria prestaccedilatildeo serviccedilos PFNM 4 211 789

Pecuaacuteria lavoura PFNM 4 211 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Os dados obtidos no presente estudo fornecem elementos para a caracterizaccedilatildeo do

sistema de produccedilatildeo encontrado nas unidades agriacutecolas familiares visitadas Eacute um sistema

de produccedilatildeo com uso mais intensivo da terra por meio da diversificaccedilatildeo das atividades

agriacutecolas e adoccedilatildeo de atividades natildeo agriacutecolas como a venda de serviccedilos o

agroextrativismo e o comeacutercio (Tabela 14) Nas propriedades satildeo desenvolvidas atividades

como a agricultura diversificada a pecuaacuteria corteleite e a criaccedilatildeo de pequenos animais

(aves suiacutenos)

As unidades de produccedilatildeo desse sistema satildeo proacuteprias ou recebidas por meio de

concessatildeo de uso (assentamentos da reforma agraacuteria) Suas dimensotildees variam de 15 ha

ateacute 115 ha sendo as mais encontradas aquelas com dimensotildees de 15 haacute 22 haacute e 25 ha

(Tabela 15)

171

A produccedilatildeo animal eacute atividade predominante em 18 propriedades A pecuaacuteria eacute

praticada por 16 agricultores e desses somente 12 plantam (Tabela 16)

Na pecuaacuteria de corteleite os rebanhos variam de 5 a 82 cabeccedilas e os excedentes

comercializados satildeo o leite e bezerros que satildeo vendidos com um ano de vida A criaccedilatildeo de

aves eacute uma atividade praticada em 18 unidades agriacutecolas familiares visitadas sendo que

somente em duas unidades eacute voltada para fins comerciais Nas demais eacute realizada como

atividade de subsistecircncia Na sua grande maioria eacute extensiva com instalaccedilotildees inadequadas

com praacuteticas de manejo rudimentares sem preocupaccedilatildeo com o emprego eficiente de

teacutecnicas reprodutivas nutricionais e sanitaacuterias O mesmo ocorre com a criaccedilatildeo de suiacutenos

praacutetica extensiva voltada para a alimentaccedilatildeo da famiacutelia e tambeacutem servindo de moeda de

troca entre os moradores

Tabela 15 ndash Tamanho (ha) das unidades agriacutecolas visitadas

Tamanho (ha) Frequecircncia Acumulado

1500 2 105 105

1750 1 53 158

1800 1 53 211

1900 1 53 263

2200 4 211 474

2380 1 53 526

2400 1 53 579

2500 2 105 684

2750 1 53 737

3500 1 53 789

4000 1 53 842

4300 1 53 895

7500 1 53 947

11500 1 53 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Os produtos agriacutecolas cultivados nas propriedades se destinam basicamente ao

consumo interno com pequenos excedentes reservados para a comercializaccedilatildeo O milho eacute

o gratildeo mais plantado seguido do feijatildeo e do arroz (Tabela 16) As aacutereas plantadas variam

de 1 a 3 ha e satildeo consorciadas com aboacutebora melancia mandioca gergelim entre outras

culturas

172

Tabela 16 ndash O que mais plantou no uacuteltimo ano versus produccedilatildeo animal predominante nas trecircs comunidades estudadas

Produccedilatildeo animal predominante

Total Pecuaacuteria Avicultura

Natildeo haacute produccedilatildeo

animal

O que mais plantou nos uacuteltimos doze

meses

Milho Nordm agricultores 9 1 0 10

do total 474 53 0 526

Feijatildeo Nordm agricultores 2 0 0 2

do total 105 0 0 105

Arroz Nordm agricultores 1 0 0 1

do total 53 0 0 53

Natildeo planta Nordm agricultores 4 1 1 6

do total 211 53 53 316

Total Nordm agricultores 16 2 1 19

do total 842 105 53 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

A matildeo de obra mais utilizada nas unidades agriacutecolas eacute a familiar (842) seguida da

extrafamiliar (105) (Tabela 17) Observou-se nas aacutereas de estudo uma grande quantidade

de proprietaacuterios jaacute em idade avanccedilada Alguns jaacute natildeo conseguem trabalhar e tecircm dificuldade

em obter matildeo de obra pois a maioria dos jovens dessas comunidades vem se deslocando

para os centros urbanos em busca de oportunidades de trabalho e estudo Esse fato

repercute na produccedilatildeo do baru se constituindo em um obstaacuteculo pois os mais velhos se

queixam da dificuldade do ato de agachamento para a coleta do fruto no chatildeo aleacutem da

penosidade para o transporte do fruto do local onde eacute coletado ateacute onde eacute armazenado

Tabela 17 ndash Matildeo de obra utilizada na propriedade

Matildeo de obra Frequecircncia

Acumulado

Somente familiar 16 842 842

Familiar e extrafamiliar 1 53 895

Somente extrafamiliar 2 105 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

814 Obstaacuteculos apontados pelos agricultores agrave exploraccedilatildeo do baru

Foram apresentadas a cada agricultor entrevistado 35 fichas coloridas contendo frases

sobre os obstaacuteculos agrave produccedilatildeo do baru As respostas obtidas receberam tratamento

estatiacutestico por meio do teste de comparaccedilatildeo de proporccedilatildeo visando saber quais foram

aquelas estatisticamente significantes ao niacutevel de 95 Os obstaacuteculos estatisticamente

significantes foram os que receberam acima de 13 indicaccedilotildees inclusive e que

correspondem aos nuacutemeros de ordem de 1 a 4 da Tabela 18 Os obstaacuteculos

173

estatisticamente mais significativos satildeo os que mais afetam a atividade de produccedilatildeo do

baru

Dessa forma as fichas que receberam maior nuacutemero de indicaccedilotildees num total de 15

traziam as seguintes mensagens ldquoDificuldade que o agricultor possui para o gerenciamento

de empreendimentos coletivos (associaccedilatildeocooperativa)rdquo e ldquoFalta de maquinaacuterio para

despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas do barurdquo

A dificuldade do agricultor para o gerenciamento de empreendimentos coletivos eacute um

problema apontado em vaacuterios trabalhos sobre o assunto (CARRAZZA 2005 ISPN 2005

SAWYER REE PIRES 1999) Lanccedilado pelo Presidente da Repuacuteblica em abril de 2009 o

Plano Nacional de Promoccedilatildeo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade reconhece

esta dificuldade e traz eixos de accedilatildeo para o incentivo agrave produccedilatildeo o fortalecimento da

organizaccedilatildeo social e produtiva dos agentes por meio da sua capacitaccedilatildeo em diversas aacutereas

que dizem respeito ao assunto

A falta de maquinaacuterio adequado para despolpar quebrar torrar e descascar as

amecircndoas do baru eacute um limitante agrave produccedilatildeo Atualmente o baru eacute quebrado com a ajuda

de maacutequinas manuais que produzem no maacuteximo 3 kg de amecircndoa por dia se mostrando

uma atividade intensiva em matildeo de obra que onera a produccedilatildeo Busca-se uma maacutequina

eleacutetrica que possa aumentar a quantidade de amecircndoa extraiacutedadia e baixar o seu custo de

produccedilatildeo Vaacuterios protoacutetipos tecircm sido testados mas com baixa eficiecircncia

A ficha contendo a mensagem ldquoFalta de capacidade do agricultor para produzir a

castanha do baru em uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constanterdquo

recebeu 14 indicaccedilotildees Esta afirmativa estaacute relacionada com a irregularidade no

fornecimento da amecircndoa ao mercado Seja por falta de capacidade do agricultor para

estocar o fruto (falta de capital de giro deficiecircncia de gerenciamento) com o propoacutesito de

suprir o mercado com regularidade seja em razatildeo da sazonalidade da frutificaccedilatildeo da

espeacutecie ou irregularidade nas safras os entrevistados reconheceram que essa afirmativa

caracteriza um poderoso obstaacuteculo agrave produccedilatildeo

A mensagem ldquoFalta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidorrdquo recebeu 13 indicaccedilotildees e

estaacute relacionada ao pouco conhecimento do consumidor sobre as qualidades da amecircndoa

do baru Por outro lado ainda natildeo foram realizadas campanhas para a divulgaccedilatildeo do

produto Por ser um produto cujo mercado pode ainda ser considerado marginal natildeo possui

a relevacircncia necessaacuteria para figurar em campanhas publicitaacuterias massivas de divulgaccedilatildeo

como a castanha de caju e a castanha do Brasil

As duas fichas que menos receberam indicaccedilotildees foram ldquoExigecircncia de apresentaccedilatildeo

de plano de manejo ao oacutergatildeo de meio ambiente de Goiaacutes para a exploraccedilatildeo do barurdquo e

ldquoFalta de informaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo que dita as regras para a exploraccedilatildeo de frutos do

174

cerradordquo com duas indicaccedilotildees cada (de dezenove possiacuteveis) Estas fichas estatildeo

relacionadas com a legislaccedilatildeo ambiental que incide sobre a exploraccedilatildeo do baru

Tabela 18 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por ficha apresentada aos agricultores das trecircs comunidades estudadas

Nordm de ordem

Obstaacuteculos agrave produccedilatildeo de baru Nordm de

Indicaccedilotildees

1 Dificuldade que o agricultor possui para o gerenciamento de empreendimentos coletivos (associaccedilatildeocooperativa) 15

2 Falta de maquinaacuterio para despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas do baru 15

3 Falta de capacidade do agricultor para produzir a amecircndoa do baru em uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constante

14

4 Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor 13

5 O custo alto da embalagem agrave vaacutecuo 12

6 Falta de ldquopontosrdquo bons nas cidades para a venda do baru 10

7 Dificuldade para a distribuiccedilatildeo dos produtos do baru por diversos motivos (falta de veiacuteculo estradas precaacuterias comunidades isoladas)

10

8 Falta de linha de creacutedito nos bancos para financiar a exploraccedilatildeo do baru 9

9 Falta de assistecircncia teacutecnica que oriente o agricultor no processo de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do baru 9

10 Preccedilo da castanha do baru muito alto para o consumidor final 9

11 Falta de locais adequados para armazenar o fruto do baru por longos periacuteodos 8

12 Falta de informaccedilotildees que o agricultor deve ter com a aacutervore do baru para aumentar a produccedilatildeo e garantir que o baru natildeo desapareccedila

8

13 Falta de matildeo de obra familiar agravada pela ida dos jovens para os centro urbanos 8

14 Curto tempo que o baru pode ficar na prateleira das lojas 8

15 Carestia do transporte do baru das aacutereas de coleta ateacute o local de armazenamento por conta das grandes distacircncias 7

16 Falta de informaccedilatildeo sobre a quantidade de frutos de baru que devem ser deixados debaixo da aacutervore para povoar o cerrado

7

17 Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre o armazenamento beneficiamento gerenciamento e comercializaccedilatildeo do baru 7

18 Falta e informaccedilotildees sobre como o agricultor pode colocar o baru no comeacutercio 7

19 Falta de informaccedilatildeo sobre a quantidade de frutos de baru que devem ser deixados debaixo da aacutervore para povoar o cerrado

7

20 Falta de informaccedilotildees sobre as boas praacuteticas sanitaacuterias exigidas pela Anvisa para o beneficiamento dos frutos do cerrado

6

21 Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre as leis ambientais sanitaacuterias tributaacuterias fiscais e trabalhistas que tem de atender para explorar o baru

6

22 Dificuldade para chegar a um padratildeo de qualidade das castanhas do baru principalmente a sua classificaccedilatildeo e torrefaccedilatildeo

6

23 Baixa liquidez dos produtos agrave base do baru 6

24 O custo do coacutedigo de barra eacute alto 6

25 As exigecircncias da legislaccedilatildeo e da fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria para a exploraccedilatildeo do baru aumentam muito as despesas e datildeo muito trabalho ao agricultor

6

26 Falta melhorar a embalagem e a rotulagem dos produtos feitos a partir do baru 6

27 Falta melhorar o processo de torrefaccedilatildeo da castanha do baru 6

28 Carecircncia de informaccedilotildees sobre a rotulagem 5

29 Falta de legislaccedilatildeo para regular o mercado de frutos do cerrado 5

30 Falta de consciecircncia dos catadores sobre como coletar o baru sem prejudicar a aacutervore 5

31 Falta de mapeamento das aacutereas de coleta porque se houvesse facilitaria coletar muito baru em pouco tempo 5

32 Dificuldade de comunicaccedilatildeo devido ao isolamento das comunidades 5

33 Dificuldade para coletar os frutos de baru que estatildeo em propriedades particulares 3

34 Exigecircncia de apresentaccedilatildeo de plano de manejo ao oacutergatildeo de meio ambiente de Goiaacutes para a exploraccedilatildeo do baru 2

35 Falta de informaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo que dita as regras para a exploraccedilatildeo de frutos do cerrado 2

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Outras afirmativas relativas agrave legislaccedilatildeo que foram indicadas pelos agricultores foram

ldquoFalta de instruccedilatildeo do agricultor sobre as leis ambientais sanitaacuterias tributaacuterias fiscais e

trabalhistas que tem de atender para explorar o barurdquo ldquoFalta de informaccedilotildees sobre as boas

175

praacuteticas sanitaacuterias exigidas pela Anvisa para o beneficiamento dos frutos do cerradordquo e ldquoAs

exigecircncias da legislaccedilatildeo e da fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria para a exploraccedilatildeo do baru aumentam

muito as despesas e datildeo muito trabalho ao agricultorrdquo todas com 6 indicaccedilotildees cada e

ldquoFalta de legislaccedilatildeo para regular o mercado de frutos do cerradordquo com 5 indicaccedilotildees Com

esse nuacutemero de respostas estas frases natildeo satildeo consideradas obstaacuteculos estatisticamente

significantes no acircmbito deste trabalho no entanto indicam a pouca importacircncia que os

agricultores datildeo para questotildees relacionadas agrave legislaccedilatildeo

Indicam por conseguinte a existecircncia de um maior nuacutemero de agricultores a par da

legislaccedilatildeo sanitaacuteria quando comparamos ao seu conhecimento sobre legislaccedilatildeo ambiental

(com duas indicaccedilotildees somente) De fato duas comunidades estudadas possuem cozinhas

semi-industriais e recebem com certa frequecircncia a visita de teacutecnicos da vigilacircncia sanitaacuteria

que lhes repassam os procedimentos a serem seguidos para uma manipulaccedilatildeo adequada

dos produtos processados Para receberem as licenccedilas necessaacuterias para o exerciacutecio da

atividade de manipulaccedilatildeo de alimentos satildeo obrigados a providenciarem documentos e

apresentaacute-los agrave autoridade competente que lhes concederaacute a autorizaccedilatildeo pertinente Aleacutem

de terem que recolher tributos por conta da comercializaccedilatildeo dos produtos que processam

Essas demandas para a viabilizaccedilatildeo do seu negoacutecio os obrigam a lidar com as dificuldades

impostas por este tipo de legislaccedilatildeo quando passam a conhececirc-la melhor

No entanto esses resultados devem ser contextualizados de acordo com a realidade

das comunidades estudadas e das poliacuteticas puacuteblicas que o Estado de Goiaacutes define para a

aacuterea ambiental

Vaacuterios fatores podem estar contribuindo para que o agricultor entrevistado desconheccedila

a legislaccedilatildeo ambiental sobre PFNMs Aleacutem de natildeo ser visitado pela assistecircncia teacutecnica

oficial (Tabela 19) que poderia colocaacute-lo a par das normas ambientais recebe pouca

atenccedilatildeo do Estado (Tabela 20) Esta situaccedilatildeo de quase abandono a que eacute relegado o

agricultor pelo poder puacuteblico resulta em comunidades com Iacutendice de Sustentabilidade

poliacutetica baixo (Graacutefico 13)

Tabela 19 ndash Nuacutemero de visitas do teacutecnico da assistecircncia teacutecnica agrave propriedade do agricultor para orientaacute-lo sobre a exploraccedilatildeo de baru nos uacuteltimos doze meses

Respostas

Frequecircncia em

3 vezes ou mais 0 0 2 vezes 0 0 1 vez 0 0 Nunca veio agrave propriedade

19 100

Total 19 100 Fonte Dados de pesquisa (2010)

176

Tabela 20 ndash Condiccedilotildees dos recursos (estradas escolas postos de sauacutede) que o Estado disponibiliza para a comunidade

Respostas

Frequecircncia em

Excelentes 0 0 Bons 2 105 Razoaacuteveis 9 474 Ruins 5 263 Peacutessimas 3 158

Total 19 1000 Fonte Dados de pesquisa (2010)

Por outro lado o Estado de Goiaacutes natildeo conta com legislaccedilatildeo para a regulamentaccedilatildeo da

exploraccedilatildeo de PFNMs e nem mesmo com accedilotildees concretas do Oacutergatildeo estadual de meio

ambiente visando o fomento dessa atividade o que demonstra ser uma demanda de pouco

interesse para o governo de Goiaacutes Diante dessa realidade o agricultor que explora o baru

natildeo se preocupa em conhecer as regras para a exploraccedilatildeo dessa amecircndoa pois

reconhecem a ausecircncia do Estado nesse setor

Em outra teacutecnica de coleta de dados realizada no acircmbito do presente estudo obteve-

se o seguinte resultado perguntados se conhecem a legislaccedilatildeo sobre a exploraccedilatildeo de

PFNMs 842 dos agricultores responderam negativamente contra 158 que

responderam positivamente (Tabela 21)

Foi verificado que nenhum agricultor entrevistado possui licenccedila ambiental para a

exploraccedilatildeo do baru embora a legislaccedilatildeo determine que seja necessaacuterio

Tabela 21 ndash Nuacutemero de agricultores que conhecem a legislaccedilatildeo sobre o uso de PFNM

Frequecircncia Acumulado

Natildeo 16 842 842

Sim 3 158 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Os dados acima relativos agrave percepccedilatildeo do agricultor sobre a legislaccedilatildeo ambiental

demonstram que ele natildeo considera a legislaccedilatildeo voltada para a exploraccedilatildeo do baru um

obstaacuteculo e por outro lado alega desconhecer as normas que regulam a atividade Esses

resultados sugerem que a pouca importacircncia dada agrave legislaccedilatildeo ambiental pode estar

relacionada ao fato de realmente desconhececirc-la Outra possibilidade eacute que em razatildeo da

inexistecircncia de fiscalizaccedilatildeo o agricultor ignore estas normas quando vai coletar e

comercializar a amecircndoa

177

82 INSTITUICcedilOtildeES

821 Iacutendice de sustentabilidade

Antes de tecer consideraccedilotildees a respeito dos resultados obtidos com a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios em instituiccedilotildees civis de direito privado que fazem parte da cadeia produtiva do

baru conveacutem mencionar algumas caracteriacutesticas que apresentaram Com exceccedilatildeo de duas

associaccedilotildees civis uma cooperativa um empreendedor individual e uma empresa de meacutedio

porte (com 250 empregados) o restante das instituiccedilotildees satildeo micro-empresas Todas estas

instituiccedilotildees afirmaram enfrentar dificuldades para viabilizar o seu negoacutecio como carga

tributaacuteria elevada falta de experiecircncia no gerenciamento falta de capital de giro carecircncia

de matildeo de obra qualificada problemas com a logiacutestica operacional entre outras

O ramo de atividade predominante eacute o alimentiacutecio mas uma empresa trabalha

tambeacutem com o ramo de cosmeacuteticaperfumaria e uma associaccedilatildeo com o ramo farmacecircutico

O nuacutemero de empregados varia de 1 a 250 e a meacutedia eacute de 1364 As duas

associaccedilotildees e a cooperativa trabalham com 11 parceiros em meacutedia

O baru utilizado por essas instituiccedilotildees na sua grande maioria eacute proveniente do

agricultorcoletor Das 21 instituiccedilotildees avaliadas 17 adquirem a amecircndoa diretamente desse

fornecedor As demais adquirem de comerciante local eou produccedilatildeo proacutepria

O canal de distribuiccedilatildeo predominante eacute a venda direta ao consumidor Das 21

instituiccedilotildees 18 adotam esse canal

A instituiccedilatildeo processadora do baru que obteve o Iacutendice de Sustentabilidade Individual

(Iw) mais alto (0586) foi uma associaccedilatildeo com tradiccedilatildeo em iniciativas na conservaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo de componentes da biodiversidade (Tabela 22) Essa instituiccedilatildeo possui tradiccedilatildeo

no uso sustentaacutevel da fauna e flora do Cerrado com trabalhos relevantes na domesticaccedilatildeo

de fauna e tambeacutem com fitoteraacutepicos cuja mateacuteria-prima eacute fornecida por agricultores

familiares A distribuiccedilatildeo dos remeacutedios eacute preferencialmente feita por farmaacutecias populares e

dirigida para a populaccedilatildeo de baixa renda

178

Tabela 22 minus Iacutendices de Sustentabilidade Individual (Iw) por instituiccedilatildeo amostrada em 2010

Nordm ordem

Instituiccedilotildees Iacutendice

Ambiental Iacutendice Social

Iacutendice Econocircmico

Iacutendice Poliacutetico

Iacutendice da Sauacutede

Iacutendice Geral

1 Induacutestria alimentiacutecia 0583 0556 0667 0250 0000 0411

2 Induacutestria alimentiacutecia 0583 0778 0667 0250 0250 0506

3 Induacutestria alimentiacutecia 0500 0667 0600 0500 0500 0553

4 Induacutestria alimentiacutecia 0500 0667 0800 0250 0500 0543

5 Pousada 0500 0667 0467 0500 0750 0577

6 Industria alimentiacutecia 0417 0222 0533 0000 0000 0234

7 Induacutestria alimentiacutecia 0667 0556 0467 0500 0250 0488

8 AssociaccedilatildeoCooperativa 1000 0778 0400 0750 0000 0586

9 Restaurante 0500 0222 0400 1000 0000 0424

10 Restaurante 0417 0778 0600 0500 0250 0509

11 Restaurante 0167 0667 0667 0500 0500 0500

12 Induacutestria alimentiacutecia 0917 0556 0533 0250 0500 0551

13 Empreendimento Individual 0417 0111 0333 0000 0000 0172

14 AssociaccedilatildeoCooperativa 0667 0556 0733 0250 0250 0491

15 Restaurante 0250 0333 0667 0000 0250 0300

16 Restaurante 0417 0667 0733 0250 0500 0513

17 Restaurante 0250 0222 0533 0250 0250 0301

18 Restaurante 0333 0556 0600 0500 0250 0448

19 Restaurante 0667 0667 0667 0500 0000 0500

20 AssociaccedilatildeoCooperativa 0333 0667 0533 0250 0000 0357

21 AssociaccedilatildeoCooperativa 0333 0444 0267 0000 0000 0209

Iacutendices de sustentabilidade 0496 0540 0565 0345 0238 0437

Fonte Dados de pesquisa (2010)

O Iw mais baixo (0172) entre as instituiccedilotildees estudadas foi alcanccedilado por um

empreendedor individual que admitiu ser a comercializaccedilatildeo do baru a uacutenica preocupaccedilatildeo do

seu negoacutecio ou seja o atendimento agraves demais dimensotildees da sustentabilidade natildeo se

encontravam entre as suas prioridades

179

Graacutefico 14 minus Iacutendice de Sustentabilidade (Is) das instituiccedilotildees privadas por dimensatildeo da sustentabilidade em 2010 Fonte Dados de pesquisa (2010)

O Iacutendice de Sustentabilidade (IS) geral apresentou o valor de 0437 que aponta para

um baixo grau de sustentabilidade (Graacutefico 16) nos termos da escala da UNDP (Tabela 03

pag 15) Os dados coletados junto a essas instituiccedilotildees mostram a preocupaccedilatildeo

predominante com a sustentabilidade econocircmica e a pouca importacircncia para com as outras

dimensotildees Vaacuterios deles justificaram a natildeo adequaccedilatildeo da sua instituiccedilatildeo agrave medidas que

venham a melhorar a sua sustentabilidade pelo alto custo exigido para a sua implantaccedilatildeo

principalmente medidas relativas agraves sustentabilidades social ambiental e da sauacutede Outros

justificaram a natildeo adoccedilatildeo dessas medidas pelo fato de agraves desconhecerem

A dimensatildeo econocircmica foi a que obteve o maior Iw (0565) seguida da social (0540)

e ambiental (0496) As dimensotildees poliacutetica e da sauacutede foram as que obtiveram os iacutendices

mais baixos (Graacutefico 16) O valor alcanccedilado pela dimensatildeo poliacutetica (Iw = 0345) denota a

pouca participaccedilatildeo ou mesmo a falta de oportunidade das instituiccedilotildees na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas voltadas para o setor que atuam Medidas para alcanccedilar uma boa sustentabilidade

da sauacutede como assistecircncia meacutedico-hospitalar gratuita para os empregados prevenccedilatildeo de

acidentes de trabalho e lesotildees por esforccedilo repetitivo praticamente natildeo estatildeo entre as

prioridades das instituticcedilotildees

Das 21 instituiccedilotildees estudadas somente 5 (25) possuem licenccedila ambiental A

obrigatoriedade ou natildeo da licenccedila eacute uma questatildeo controversa pois de acordo com a

legislaccedilatildeo toda instituiccedilatildeo que tem potencial para causar impactos ao meio ambiente ndash e

aquelas que processam recursos da flora e fauna estatildeo incluiacutedas ndash satildeo obrigadas a ter

licenccedila ambiental No entanto a legislaccedilatildeo deixa duacutevida quanto agrave necessidade daquelas

instituiccedilotildees que processam pequenas quantidades de baru ndash como restaurantes ndash serem

obrigadas a possuir tal licenccedila

180

822 Obstaacuteculos apontados pelas instituiccedilotildees que utilizam o baru

Foi solicitado a cada representante de estabelecimento que preenchesse um

questionaacuterio contendo 31 obstaacuteculos ao bom funcionamento e crescimento do seu

empreendimento

Foi adotada metodologia segundo a qual aqueles obstaacuteculos que receberam o maior

nuacutemero de indicaccedilotildees satildeo reconhecidos como os que mais afetam a atividade ou seja satildeo

os obstaacuteculos significativos para a produccedilatildeo do baru

Desse modo as respostas obtidas receberam tratamento estatiacutestico por meio do teste

de comparaccedilatildeo de proporccedilatildeo visando saber quais foram aquelas estatisticamente

significantes ao niacutevel de 95 Os obstaacuteculos estatisticamente significantes foram os que

receberam de 13 indicaccedilotildees acima e que estatildeo discriminados na Tabela 28

Correspondem aos nuacutemeros de ordem de 1 a 3

Os obstaacuteculos que mais receberam indicaccedilotildees foram ldquoFornecimento irregular da

castanha do baru em razatildeo da sazonalidade do fruto do barurdquo com 18 seguido de

ldquoInexistecircncia de equipamentos e de tecnologia adequadas agraves necessidades do ramo no qual

atuardquo com 15 e ldquoFalta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidorrdquo com 13

Dos membros das insituticcedilotildees privadas 90 tecircm problema com o fornecimento da

amecircndoa do baru Essa irregularidade pode ter como causas a sazonalidade da frutificaccedilatildeo

da espeacutecie eou a falta de capacidade do agricultor para produzir a amecircndoa do baru em

uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constante (Tabela 24) De qualquer

forma essa irregularidade faz com que as instituiccedilotildees diminuam seu interesse pela

amecircndoa ou mesmo deixem de utilizaacute-la na composiccedilatildeo dos produtos que vendem

No que diz respeito ao baru agrave frase ldquoinexistecircncia de equipamento e tecnologia

adequadas agraves necessidades do ramo do empreendimentordquo indica uma carecircncia de

maacutequinas no mercado e de tecnologias disponiacuteveis para o processamento do produto Os

proprietaacuterios das instituiccedilotildees afirmam que as maacutequinas que possuem para processar o baru

costumam ser adaptadas o que no seu ponto de vista diminui muito a produtividade

Afirmam que a tecnologia para o processamento do produto praticamente inexiste o que

leva o empreendedor a perder muito tempo desenvolvendo o processo que necessita

Entendem que a amecircndoa eacute pouco conhecida pela populaccedilatildeo e que satildeo reduzidas as

iniciativas para divulgar o produto As iniciativas para tornar a amecircndoa mais conhecida satildeo

pontuais e localizadas Podemos citar tatildeo somente o festival gastronocircmico da cidade de

Pirenoacutepolis quando os chefs utilizam o baru nos seus pratos e o movimento Slow Food125

125

Slow Food eacute uma organizaccedilatildeo sem fins lucrativos criada para se contrapor ao fast food e ao fast life ao

desaparecimento das tradiccedilotildees alimentares locais e agrave diminuiccedilatildeo do interesse das pessoas pelo alimento que consomem sua procedecircncia e seu sabor

181

do Cerrado que procura valorizar os produtos naturais da regiatildeo Alegam que nos centros

consumidores poucas satildeo as pessoas que conhecem o fruto o que mereceria iniciativas do

poder puacuteblico e da iniciativa privada no sentido de dar uma maior divulgaccedilatildeo ao produto

A legislaccedilatildeo sanitaacuteria natildeo parece ser um gargalo para as instituiccedilotildees privadas que

utilizam o baru O obstaacuteculo reproduzido na frase ldquoLegislaccedilatildeo sanitaacuteria inadequada agraves

atividades que a empresa desenvolverdquo recebeu somente 8 indicaccedilotildees A maioria dos

entrevistados alegou que apesar da legislaccedilatildeo ser bastante extensa possuem certa

facilidade em manter contato com os oacutergatildeos puacuteblicos quando surgem demandas o que

diminui seus problemas com relaccedilatildeo ao assunto

Tabela 23 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por obstaacuteculo ao bom funcionamento e crescimento das instituiccedilotildees que utilizam o baru

Nordm Ordem dos questionaacuterios Obstaacuteculos

Nordm indi caccedilotildees

1 Fornecimento irregular da castanha em razatildeo da sazonalidade do fruto do baru 18 2 Inexistecircncia de equipamentos e de tecnologia adequadas agraves necessidades do ramo

no qual atua 15

3 Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor 13 4 Falta de capacitaccedilatildeo para o atendimento agraves exigecircncias de qualidade da produccedilatildeo 12 5 Falta de informaccedilotildees teacutecnicas sobre a fabricaccedilatildeo dos produtos agrave base de baru 11 6 Falta de capital de giro 11 7 Falta de linhas de creacutedito bancaacuterio para empresas que operam com produtos da

biodiversidade 11

8 Preccedilo elevado do produto a base do baru 11 9 Falta de matildeo de obra qualificada 11

10 Elevado custo administrativo da empresa 10 11 Baixa qualidade da castanha do baru entregue pelo fornecedor 9 12 Dificuldade de acesso ao creacutedito bancaacuterio 9 13 Dificuldade em colocar o seu produto no mercado 8 14 Alto custo do transporte da mateacuteria-prima ateacute o local de processamento 8 15 Legislaccedilatildeo sanitaacuteria inadequada agraves atividades que a empresa desenvolve 8 16 Carga tributaacuteria elevada 8 17 Excesso de burocracia do poder puacuteblico para a regularizaccedilatildeo das operaccedilotildees da

empresacooperativaassociaccedilatildeo 7

18 Alto risco do creacutedito em razatildeo da maior vulnerabilidade do tipo de empresa que administra

7

19 Insuficiecircncia de garantias reais para oferecer agraves instituiccedilotildees de creacutedito bancaacuterio 7 20 Alto custo da certificaccedilatildeo para produtos diferenciados 6 21 Carecircncia de informaccedilotildees sobre os cuidados ligados aos direitos do consumidor 6 22 Falta de conhecimentos gerenciais 6 23 Dificuldade para identificar o cliente 6 24 Localizaccedilatildeo inadequada da faacutebricaprocessadora 5 25 Concorrecircncia muito forte 4 26 Instalaccedilotildees inadequadas ou insuficientes 4 27 Dificuldade para distribuir os produtos fabricados pela empresa 4 28 Falta de clients 3 29 Baixa liquidez dos produtos agrave base do baru 3 30 Dificuldade na obtenccedilatildeo de um produto a base do baru com qualidade 2 31 Inadimplecircncia dos clientes 2

Fonte Dados de pesquisa (2010)

182

CONCLUSOtildeES

Uma das principais conclusotildees desse trabalho eacute que nas atuais condiccedilotildees em que se

encontra a exploraccedilatildeo do baru no acircmbito das comunidades rurais estudadas e das

instituiccedilotildees que processam e comercializam o produto a exploraccedilatildeo da amecircndoa natildeo se

configura como uma atividade sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda pois natildeo foi identificado um

equiliacutebrio entre as dimensotildees analisadas O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser um

modelo adequado de desenvolvimento desde que seja mantido o equiliacutebrio entre as

dimensotildees ambiental social cultural econocircmica poliacutetica e da sauacutede

Outra conclusatildeo eacute que apesar de a legislaccedilatildeo ambiental estabelecer que as florestas e

formaccedilotildees sucessoras somente deveratildeo ser exploradas sob o regime de manejo florestal

sustentaacutevel o poder puacuteblico ainda natildeo ofereceu condiccedilotildees para que a exploraccedilatildeo ocorra

sob esse regime Primeiramente pelo fato de a legislaccedilatildeo para o manejo de PFNMs ainda

natildeo ter sido regulamentada (Art 8ordm do Decreto nordm 59752006) e em segundo lugar pela

ausecircncia do Estado nestas localidades onde a populaccedilatildeo rural explora tais recursos e se

ressente da falta de escolas postos de sauacutede assistecircncia teacutecnica estradas etc

Pode-se afirmar que os agricultores envolvidos no estudo desconhecem o custo de

produccedilatildeo do baru126 mas continuam explorando o fruto em razatildeo da sua venda

proporcionar-lhes dinheiro imediato No entanto mesmo que esta exploraccedilatildeo lhes seja

atraente natildeo se pode afirmar que seja sustentaacutevel uma vez que sob os criteacuterios adotados

pelo presente estudo o iacutendice de sustentabilidade econocircmica geral para a categoria

apresentou um baixo valor (IS = 0469) caracterizando um estado de desequiliacutebrio entre

esta e as demais dimensotildees

Quanto agraves empresascooperativasassociaccedilotildees o Iacutendice de Sustentabilidade de maior

valor foi o econocircmico (IS = 0565) demonstrando uma maior preocupaccedilatildeo na viabilizaccedilatildeo

econocircmica do empreendimento e ignorando as outras dimensotildees da sustentabilidade De

acordo com os resultados pode-se afirmar que a primeira preocupaccedilatildeo dos representantes

dessas instituiccedilotildees consiste em manter o empreendimento economicamente viaacutevel natildeo

reservando recursos financeiros para a implementaccedilatildeo de medidas que busquem o

equiliacutebrio entre as cinco dimensotildees

A sustentabilidade poliacutetica baixa para os dois elos da cadeia produtiva pode ser

considerada como um indicador da deficiecircncia do Estado no estiacutemulo a processos

participativos capazes de assegurar o exerciacutecio da cidadania em accedilotildees que busquem a

superaccedilatildeo das deficiecircncias dos serviccedilos puacuteblicos prestados e no fornecimento da

infraestrutura baacutesica para uma boa qualidade de vida Essa deficiecircncia dos serviccedilos

126

De acordo com Pimentel (2009) o custo de produccedilatildeo da amecircndoa de baru torrada eacute de R$2189kg enquanto o preccedilo de venda variou de R$ 2000 ateacute R$3000kg

183

prestados eacute amplamente percebida pelas comunidades pois 895 deles qualificam os

serviccedilos prestados pelo Estado de razoaacutevel a peacutessimo (Tabela 21 p 174)

A regulamentaccedilatildeo da exploraccedilatildeo do baru mostra-se um processo fundamental para a

sustentabilidade da atividade Ocorre que a legislaccedilatildeo ambiental sobre o uso de PFNM

ainda natildeo foi regulamentada no paiacutes o que gera inseguranccedila ao usuaacuterio daquele recurso

natural e pode contribuir para o esgotamento da espeacutecie na natureza Entretanto existem

vaacuterias normas sanitaacuterias tributaacuterias e fiscais que incidem sobre a exploraccedilatildeo da amecircndoa

nem sempre adequadas uma vez que tratam esse empreendimento da mesma forma que

grandes e meacutedios natildeo reconhecendo a especificidade desse tipo de negoacutecio Essa

inadequaccedilatildeo onera a produccedilatildeo e pode conduzir a um estado de insubordinaccedilatildeo do

agricultor aos comandos da lei

Nesse aspecto podemos afirmar que tanto o Governo Federal como o Governo do

Estado de Goiaacutes na qualidade de poder regulador falharam em se organizar

institucionalmente no cumprimento do seu papel de orientador da exploraccedilatildeo da amecircndoa

nas regiotildees estudadas

Essa falha verifica-se principalmente pelo fato de os instrumentos de poliacutetica ambiental

que tecircm como funccedilatildeo ordenar situaccedilotildees ambientais especiacuteficas natildeo terem atingido os

objetivos para o qual foram instituiacutedos Ou seja ao estabelecer que as florestas e formaccedilotildees

sucessoras somente poderatildeo ser exploradas mediante preacutevia aprovaccedilatildeo do Plano de

Manejo Florestal Sustentaacutevel sem fornecer meios para que o agricultor possa atender aos

comandos que nela existem a legislaccedilatildeo ambiental lanccedila-os automaticamente na

ilegalidade e gera uma situaccedilatildeo de inseguranccedila para esse agente social

Essa realidade cria uma situaccedilatildeo controversa na qual os agricultores comercializam o

baru sabendo que estatildeo cometendo um iliacutecito pois natildeo possuem a licenccedila expedida pelo

Estado mas natildeo encontram agrave sua disposiccedilatildeo meios legais para regularizar essa situaccedilatildeo

Aleacutem do mais a atividade de exploraccedilatildeo do baru criou uma situaccedilatildeo singular que

merece ser analisada com muito cuidado pelos formuladores de poliacuteticas puacuteblicas natildeo

existe procedimento para a regularizaccedilatildeo da coleta do baru em propriedade de terceiros de

onde vem grande parte dos frutos explorados pelos agricultores familiares (842 dos

entrevistados realizam esse tipo de coleta)

Uma soluccedilatildeo possiacutevel para essa situaccedilatildeo seria a criaccedilatildeo de legislaccedilatildeo que garanta o

livre acesso desses agricultores-coletores aos baruzais Contudo eacute uma iniciativa que tem

que ser exaustivamente discutida entre os interessados (proprietaacuterios agricultores-

coletores poder puacuteblico) em razatildeo das caracteriacutesticas constitucionais da propriedade

privada no paiacutes

Irrefutavelmente esta realidade em que as normas natildeo satildeo regulamentadas ou que

requerem comandos de difiacutecil cumprimento por parte dos atores que participam da cadeia

184

leva a um desequiliacutebrio entre o desenvolvimento econocircmico e as sustentabilidades

ambiental e social com inclinaccedilatildeo evidente para o uso exclusivamente econocircmico do

recurso

Eacute desejaacutevel que os mecanismos utilizados para se atingir os objetivos das poliacuteticas

puacuteblicas natildeo gerem problemas para aquele que deseja produzir Nesse raciociacutenio as

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a regulaccedilatildeo do uso de componentes da biodiversidade

vegetal no Brasil natildeo podem criar situaccedilotildees que tragam dificuldades para que agricultores

familiares e pessoas juriacutedicas explorarem o baru sob o risco de impor obstaacuteculos que o

agente envolvido natildeo consiga superar

No que diz respeito agrave cadeia produtiva do baru este estudo permitiu identificar um

modelo produtivo com caracteriacutesticas diferentes daqueles modelos propostos para explicar o

extrativismo particularmente no que se refere agrave organizaccedilatildeo da produccedilatildeo nas unidades

agriacutecolas familiares

A exploraccedilatildeo do baru pertence a um sistema de produccedilatildeo com uso intensivo da terra

por meio da diversificaccedilatildeo das atividades agropecuaacuterias e adoccedilatildeo de atividades natildeo

agriacutecolas como a venda de serviccedilos o extrativismo e o comeacutercio As atividades mais

realizadas pelos agricultores objeto da pesquisa satildeo a prestaccedilatildeo de serviccedilos a pecuaacuteria em

pequena escala e a exploraccedilatildeo do baru A venda de matildeo de obra eacute fundamental para a

composiccedilatildeo da renda familiar segundo a maioria dos entrevistados O chefe da famiacutelia eacute

quem costuma vender a forccedila de trabalho mas alguns filhos adolescentes e solteiros podem

ajudar a obter essa forma de remuneraccedilatildeo para a famiacutelia

A criaccedilatildeo de gado desempenha uma funccedilatildeo importante visto que eacute considerada uma

forma de ldquopoupanccedilardquo O gado eacute valorizado pela sua alta liquidez o que de um modo geral

ocorre em situaccedilotildees de emergecircncia que o agricultor enfrenta (principalmente casos de

doenccedila na famiacutelia) Somente dois proprietaacuterios rurais amostrados natildeo criavam gado Um

deles natildeo criava animais na sua propriedade e explorava a agrofloresta e o outro criava

somente pequenos animais que vendia para melhorar os ganhos mensais da famiacutelia

demonstrando a tendecircncia da adoccedilatildeo da pecuaacuteria avicultura ou mesmo suinocultura para a

obtenccedilatildeo de recursos financeiros para o atendimento de despesas de uacuteltima hora

A exploraccedilatildeo dos frutos do baru eacute considerada uma atividade econocircmica

complementar e ocasional Entre os 19 entrevistados somente uma famiacutelia afirmou ser a

exploraccedilatildeo da amecircndoa a maior responsaacutevel pela composiccedilatildeo da renda familiar Para as

demais a exploraccedilatildeo do fruto representa somente uma complementaccedilatildeo de renda que pode

natildeo ocorrer anualmente em razatildeo da falta ou baixa frutificaccedilatildeo da espeacutecie de um ano para

outro Aproximadamente 89 dos recursos obtidos com a venda do baru cobrem menos de

40 das despesas familiares (Tabela 13 p 166)

185

Esses achados demonstram que os modelos teoacutericos e conceituais de Homma

Drummond e Recircgo discutidos no presente trabalho e que foram propostos para explicar o

extrativismo satildeo mais adequados a uma realidade socioeconocircmica Amazocircnica

O modelo neoclaacutessico formulado por Homma abrange um tipo de atividade econocircmica

somente encontrada na Amazocircnia que se limita quase que exclusivamente agrave coleta de

produtos na natureza natildeo levando em consideraccedilatildeo as atividades agriacutecolas pecuaacuterias

agroflorestais e de beneficiamento desenvolvidas pelas comunidades que exploram

produtos da natureza

Drummond e Recircgo defendem um modelo conceitual para o extrativismo sem buscar

uma teoria para explicar o fenocircmeno Para Drummond o extrativismo vegetal de baixa

tecnologia eacute aquele que exclui ou limita severamente quase todas as outras atividades que

usam recursos naturais ndash agricultura criaccedilatildeo de gado mineraccedilatildeo corte de aacutervores plantio

comercial de aacutervores etc No entendimento de Recircgo o extrativismo eacute uma atividade de

coleta de recursos naturais combinada agraves atividades agriacutecolas e pecuaacuterias que possui

ligaccedilotildees com a vida social econocircmica poliacutetica e cultural dos grupos humanos que habitam

o local onde ocorre a praacutetica

Apesar da abrangecircncia estes conceitos natildeo satildeo capazes de explicar a atividade de

coleta do fruto do baru no Cerrado Goiano moldado por fatores econocircmicos sociais

ecoloacutegicos e culturais locais

Nesses sistemas encontrados no Cerrado as famiacutelias satildeo proprietaacuterias das suas

terras dos seus instrumentos de trabalho e planejam as proacuteprias estrateacutegias de exploraccedilatildeo

e comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo

A maior parte dos frutos eacute coletada na propriedade de terceiros uma vez que as

espeacutecies natildeo tecircm densidade populacional suficiente na propriedade do agricultor para

fornecer uma boa produccedilatildeo

Vendem a amecircndoa beneficiada ou natildeo diretamente ao consumidor ou intermediaacuterio

ou tambeacutem utilizam outros canais de comercializaccedilatildeo como centrais de venda podendo

esta venda ser agrave vista ou a prazo Acompanham os preccedilos que os produtos a base de baru

atingem mas encontram dificuldades para acompanhar a dinacircmica de mercado que exige

informaccedilotildees mais precisas sobre as condiccedilotildees de processamento do produto sobre os

haacutebitos e costumes da clientela potencial e conhecimento mais consolidado sobre logiacutestica

de transporte e distribuiccedilatildeo

Por ser uma atividade relativamente recente natildeo envolve os saberes e praacuteticas

tradicionais dos grupos sociais que o exploram se caracterizando como uma praacutetica

meramente de coleta para fins de composiccedilatildeo da renda familiar Esse conjunto de

atividades desenvolvidas pelos agricultores participantes da amostra talvez pudesse ser

186

mais bem explicado pela pluriatividade no entanto estudos mais detalhados precisam ser

realizados para se confirmar a existecircncia desse fenocircmeno

Ademais nos modelos propostos por Homma Drummond e Recircgo natildeo se vislumbra

preocupaccedilatildeo com a anaacutelise da sustentabilidade da atividade extrativa Desse modo natildeo eacute

possiacutevel afirmar que sejam modelos adequados para analisar a sustentabilidade de

atividades de exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros do Cerrado

Jaacute o modelo proposto no presente trabalho foi construiacutedo de modo a permitir que

indicadores analisem o grau de sustentabilidade das atividades ao longo da cadeia produtiva

do baru Apresenta como principais caracteriacutesticas o fato de o agricultor-coletor envolvido

no estudo realizar a exploraccedilatildeo da amecircndoa como uma atividade de complementaccedilatildeo de

renda a atividade deve ser entendida como parte dos sistemas de produccedilatildeo diversificados

adotados pela agricultura familiar na regiatildeo a possibilidade desse agricultor familiar

comercializar diretamente a sua produccedilatildeo natildeo gerar um niacutevel de renda que leve justiccedila

social ao agricultor e proximidade de mercados de consumo que permitam reduccedilatildeo no

custo da produccedilatildeo Esse aporte metodoloacutegico fornece elementos para que se possa

compreender melhor os mecanismos envolvidos na exploraccedilatildeo sustentaacutevel do recurso

Permite que possa ser avaliado e aperfeiccediloado por meio de estudos sobre o uso da espeacutecie

Da mesma forma permite que identificada como atividade que se caracteriza pela

insustentabilidade deve o poder puacuteblico e a iniciativa privada a partir daiacute adotar as

medidas necessaacuterias para tornaacute-la sustentaacutevel como forma de contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento rural

Finalmente conveacutem mencionar a questatildeo que envolve os niacuteveis de incerteza em

relaccedilatildeo aos iacutendices obtidos com as mensuraccedilotildees realizadas no presente estudo

Um indicador pode ser definido como um paracircmetro que fornece informaccedilotildees sobre

um fenocircmeno sendo reconhecido que por mais sofisticado e amplo que seja natildeo consegue

alcanccedilar a abrangecircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

Os indicadores utilizados no acircmbito do presente trabalho objetivaram mensurar o atual

estado de progresso da exploraccedilatildeo do baru na direccedilatildeo da sustentabilidade que deve

consistir em uma atividade economicamente viaacutevel com a manutenccedilatildeo da populaccedilatildeo

natural dessa espeacutecie estaacutevel tendo os atores dessa cadeia a possibilidade de participar

ativamente das decisotildees que lhes afetam diretamente alcanccedilando uma boa qualidade de

vida

No acircmbito das incertezas que envolvem essa ferramenta natildeo se sabe se o nuacutemero de

indicadores eacute suficiente ou insuficiente para refletir o grau de sustentabilidade da atividade

ou mesmo se o seu conjunto eacute o mais indicado para uma tomada de decisatildeo No entanto

foram selecionadas aqueles indicadores que poderiam expressar melhor a realidade

encontrada em campo Apesar de os iacutendices obtidos refletirem a ideia de uma realidade

187

relativa eles foram capazes de indicar a necessidade de se tomar providecircncias para sanear

os problemas detectados no acircmbito da cadeia produtiva e buscar-se tornar a atividade o

mais sustentaacutevel possiacutevel

A sustentabilidade na exploraccedilatildeo do baru indica uma perspectiva de que esse

sistema extrativista alcance uma produccedilatildeo economicamente viaacutevel e que ao mesmo tempo

conserve os recursos naturais respeitando a capacidade de suporte do ambiente explorado

que forneccedila produtos mais saudaacuteveis e que melhore a qualidade de vida das pessoas tanto

no que diz respeito agrave sua alimentaccedilatildeo quanto agrave educaccedilatildeo e agrave sauacutede Esse eacute o desafio da

sustentabilidade que natildeo estaacute sendo alcanccedilado nas comunidades pesquisadas

Este trabalho se propocircs a demonstrar quais satildeo os obstaacuteculos da atividade de

exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais do Estado de Goiaacutes e as consequecircncias

que estes obstaacuteculos trazem aos agricultores familiares e instituiccedilotildees privadas que fazem

parte da sua cadeia produtiva Satildeo fatores que podem estar impedindo estes atores de gerir

adequadamente os seus empreendimentos e que consequentemente comprometem a

sustentabilidade da atividade

188

RECOMENDACcedilOtildeES

O baru como os outros PFNMs nativos do Cerrado dificilmente desempenharaacute um

papel de coadjuvante no desenvolvimento regional da regiatildeo poreacutem pode fornecer uma

preciosa a contribuiccedilatildeo no empoderamento das comunidades de baixa renda servindo de

meio para composiccedilatildeo da sua renda familiar e melhoria na sua qualidade de vida Ao

mesmo tempo o fomento agrave exploraccedilatildeo sustentaacutevel desses produtos poderaacute se opor agraves

poliacuteticas que estimulam o desmatamento do Cerrado para a instalaccedilatildeo da agricultura e

pecuaacuteria de mercado tornando-se um forte componente das estrateacutegias de manutenccedilatildeo

das funccedilotildees ecossistecircmicas da floresta

A seguir satildeo enumeradas algumas sugestotildees para que a exploraccedilatildeo desse produto

possa contribuir com o desenvolvimento das comunidades rurais e com a manutenccedilatildeo das

funccedilotildees ecossistecircmicas da floresta

Para que a atividade de exploraccedilatildeo do baru seja sustentaacutevel o poder puacuteblico nos

trecircs niacuteveis de governo (Federal estadual e municipal) deve-se mobilizar no sentido de

implementar medidas que levem ao equiliacutebrio das dimensotildees da sustentabilidade nessas

comunidades rurais que exploram PFNMs Medidas como o provimento de educaccedilatildeo

sauacutede infraestrutura (eletricidade estradas transporte) e a participaccedilatildeo democraacutetica nas

decisotildees satildeo primordiais para o alcance desse equiliacutebrio e para a melhoria da qualidade de

vida desses grupos

Para fins de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas a exploraccedilatildeo do baru deve ser

considerada apenas como um dos componentes dos sistemas de produccedilatildeo agriacutecola

familiares atendendo a sua caracteriacutestica peculiar de complementaccedilatildeo de renda Caso

contraacuterio se for incentivada a exploraccedilatildeo exclusiva do baru os grupos familiares perderatildeo

uma das caracteriacutesticas fundamentais da agricultura familiar que eacute a adoccedilatildeo de atividades

agriacutecolas (policultivo e pecuaacuteria) e natildeo agriacutecolas na propriedade fundamental para a

manutenccedilatildeo do seu modo de vida e para a sua subsistecircncia

Deve ser dada ecircnfase na organizaccedilatildeo social dos grupos que exploram o baru

visando garantir seu empoderamento e autonomia por meio da criaccedilatildeo de espaccedilos de

negociaccedilatildeo entre seus membros e entre estas comunidades e os membros externos

permitindo que tenham uma participaccedilatildeo ativa nas decisotildees que afetam o desenvolvimento

do territoacuterio em que vivem

A exploraccedilatildeo do baru deve ser regulada por meio de boas praacuteticas de coleta

armazenamento e comercializaccedilatildeo construiacutedas com a participaccedilatildeo ativa dos grupos sociais

que vivem desses recursos e natildeo por meio de atos legislativos e administrativos Os

manuais de boas praacuteticas trazem diretrizes normas e recomendaccedilotildees que pela

189

simplicidade de linguagem que usam satildeo mais faacuteceis de serem incorporados pelos grupos

sociais que exploram o produto

Para o controle da exploraccedilatildeo do baru devem ser adotadas medidas simplificadas

em acircmbito institucional Nesse sentido o agricultor familiar com aacuterea de propriedade ateacute 100

ha que deseja explorar o baru deveraacute fornecer somente dois documentos ao oacutergatildeo de meio

ambiente o Documento de Aptidatildeo Agriacutecola do Pronaf (DAP) e Declaraccedilatildeo por ele assinada

informando a quantidade de fruto ou amecircndoa que deseja comercializar Anualmente

deveraacute remeter documento ao oacutergatildeo de meio ambiente comunicando a quantidade de baru

por ele comercializado

As universidades e os oacutergatildeos de pesquisa agropecuaacuteria devem dirigir recursos

humanos e financeiros para a produccedilatildeo de informaccedilotildees sobre a ecologia populacional da

espeacutecie sobre a variabilidade na produccedilatildeo anual de frutos para fins de determinaccedilatildeo do

seu potencial extrativo sustentaacutevel sobre aspectos da sua domesticaccedilatildeo para quem tiver

interesse no seu plantio sobre aspectos do seu beneficiamento para comercializaccedilatildeo e

sobre aspectos tecnoloacutegicos da sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel

As instacircncias governamentais de acircmbito federal estadual e municipal devem

realizar esforccedilos conjuntos no sentido de desonerar a exploraccedilatildeo do baru de taxas e

impostos que incidem sobre as etapas da sua cadeia produtiva como forma de incentivo agrave

produccedilatildeo

O poder puacuteblico e a iniciativa privada devem concentrar esforccedilos no sentido de

promover o consumo da amecircndoa do baru ao mesmo tempo em que deve identificar e abrir

mercados locais regionais nacionais e internacionais para a comercializaccedilatildeo do produto

Estruturaccedilatildeo dos canais de comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir uma

maior proximidade com o cliente O estiacutemulo agrave criaccedilatildeo de centrais de venda pode ser uma

boa estrateacutegia para viabilizar os produtos oriundos da exploraccedilatildeo de PFNMs

Nas aacutereas de ocorrecircncia do baru adoccedilatildeo de estrateacutegias junto ao agricultor familiar

voltadas para a recuperaccedilatildeo ou enriquecimento de Reservas Legais e Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente com esta e outras espeacutecies frutiacuteferas do Cerrado de modo que o

proprietaacuterio tenha mais uma opccedilatildeo de renda com a sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel

Valorizaccedilatildeo do trabalho feminino por meio da criaccedilatildeo de linhas de creacutedito especiais

e capacitaccedilatildeo voltada para a gestatildeo de pequenos empreendimentos e para o

processamento da amecircndoa e subprodutos do fruto do baru

A aplicaccedilatildeo da presente metodologia em outros municiacutepios do Estado de Goiaacutes com

o objetivo de aperfeiccediloar tal ferramenta e desenvolver comparaccedilotildees do grau de

sustentabilidade encontrado para fins de subsidiar poliacuteticas puacuteblicas

190

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMOVAY Ricardo Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo 3 ed Satildeo

Paulo EDUSP 2007 294 p

AHRENS Seacutergio O ldquonovordquo Coacutedigo Florestal Brasileiro conceitos juriacutedicos fundamentais In

CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO v 8 Anais 2003 Satildeo Paulo Sociedade

Brasileira de Silvicultura 2003 15p Disponiacutevel em

lthttpwwwambientebrasilcombrflorestaldownloadSAhrensCodigoFlorestalpdfgt Acesso

em 31 ago 2009

ALEXIADES Miguel SHANLEY Patricia (Ed) Productos forestales medios de

subsistencia y conservacioacuten estudios de caso sobre sistemas de manejo de productos

forestales no maderables In ___ Productos forestales medios de subsistencia y

conservacioacuten estudios de caso sobre sistemas de manejo de productos forestales no

maderables v 3 Ameacuterica Latina Bogor CIFOR 2004 p 1-22

ALLEGRETTI Mary H Extractive reserves an alternative for reconciling development and

environmental conservation in Amazonia In ANDERSON Anthony B (Ed) Alternatives to

deforestation steps toward sustainable use of the Amazon Rain Forest Columbia

University Press New York 1990 p 252-264

ALLEGRETTI Mary H Reservas extrativistas paracircmetros para uma poliacutetica de

desenvolvimento sustentaacutevel na Amazocircnia In ARNT Ricardo (Ed) O destino da floresta

reservas extrativistas e desenvolvimento sustentaacutevel na Amazocircnia Rio de Janeiro Relume-

Dumaraacute 1994 276 p

ALMEIDA Mauro W B Household extractive economies In PEacuteREZ Manuel R ARNOLD

J E Michael (Eds) Current issues in non-timber forest products research Jacarta

Center for International Forestry Research 1996 265 p

ALMEIDA Semiacuteramis P de Frutas nativas do cerrado caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e fonte

potencial de nutrientes In SANO Suely M ALMEIDA Semiacuteramis P de Cerrado

ambiente e flora Planaltina EMBRAPA-CPAC 1998 p 247-285

ALTIERI Miguel A Agroecology the science of natural resource management for poor

farmers in marginal environments Agriculture Ecosystems amp Environment Amsterdam v

93 n 1-3 p 1-24 2002

ALVES Aline M MENDONCcedilA Aline L de CALIARI Maacutercio CARDOSO-SANTIAGO

Raquel de A Avaliaccedilatildeo quiacutemica e fiacutesica de componentes do baru (Dipteryx alata Vog) para

191

estudo da vida de prateleira Pesquisa Agropecuaacuteria Tropical Goiacircnia v 40 n 3 p 266-

273 julset 2010

AMARAL Francisco Direito Civil introduccedilatildeo 5 ed ver atual e aum Rio de Janeiro

Renovar 2003 662 p

AMARAL Paulo AMARAL NETO Manuel Manejo florestal comunitaacuterio processos e

aprendizagens na Amazocircnia brasileira e na Ameacuterica Latina Beleacutem IEBimazon 2005 84 p

ANDERSON Anthony B IORIS Edviges M Valuing the rainforest economic strategies by

small-scale forest extractivists in the Amazon estuary Human Ecology New York v 20 p

337-369 1992

ANDERSON Anthony B Extrativismo vegetal e reservas extrativistas In ARNT Ricardo

(Ed) O destino da floresta reservas extrativistas e desenvolvimento sustentaacutevel na

Amazocircnia Rio de Janeiro Relume-Dumaraacute 1994 p 227-246

ANJOS Flaacutevio S dos Pluriatividade e ruralidade enigmas e falsos dilemas Estudos

Sociedade e Agricultura Rio de Janeiro n 17 p 54-81 out 2001

ANTUNES Paulo de Bessa Curso de Direito Ambiental doutrina legislaccedilatildeo e

jurisprudecircncia 2 ed Rio de Janeiro Renovar 1992 399 p

ARAKAKI Andreacutea H SCHEIDT Gessiel N PORTELLA Augustus C ARRUDA Eduardo

J de COSTA Reginaldo B O baru (Dipteryx alata Vog) como alternativa de

sustentabilidade em aacuterea de fragmento florestal do Cerrado no Mato Grosso do Sul

Interaccedilotildees Campo Grande v 10 n 1 p 31-39 janjun 2009

ARNOLD J E Michael Economic factors in farmer adoption of forest product activities In

LEAKEY Roger B TEMU August B MELNYK Mary VANTOMME Paul (Eds)

Domestication and commercialization of non-timber forest products in agroforestry

systems Non-wood forest products 9 Rome Food and Agricultural Organisation of the

United Nations 1996 p 131-146

BALZON Dalvo R Avaliaccedilatildeo econocircmica dos produtos florestais natildeo madeiraacuteveis na

aacuterea de proteccedilatildeo ambiental ndash APA de Guaratuba ndash Paranaacute 2006 176 p Tese

(Doutorado em Engenharia Florestal) - Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Florestal

Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2006

BANDEIRA Pedro Participaccedilatildeo articulaccedilatildeo de atores sociais e desenvolvimento

regional Texto para discussatildeo Brasiacutelia IPEA 1999 (Texto para discussatildeo nordm 630)

192

BARRETO Ricardo C S KHAN Ahmad S LIMA Patriacutecia V P S Sustentabilidade dos

assentamentos no Municiacutepio de Caucaia-CE Revista de Economia e Sociologia Rural

[online] Brasiacutelia v 43 n 2 p 225-247 abrjun 2005

BASSINI Faacutebio Caracterizaccedilatildeo de populaccedilotildees de barueiros (Dipteryx alata Vog ndash

Fabaceae) em ambientes naturais e explorados 2008 149 f Tese (Doutorado em

Ciecircncias Ambientais) ndash Universidade Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2008

BATALHA Maacuterio O As cadeias de produccedilatildeo agro-industriais uma perspectiva para o

estudo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas Revista de Administraccedilatildeo Satildeo Paulo v 30 n 42 p

43-50 1995

BEGNIS Heron S M ESTIVALETE Vacircnia de F PEDROZO Eugecircnio A Confianccedila

comportamento oportunista e quebra de contratos na cadeia produtiva do fumo no sul do

Brasil Gestatildeo amp Produccedilatildeo Satildeo Carlos v 14 n 2 p 311-322 2007

BELCHER Brian SCHRECKENBERG Kathrin Commercialisation of non-timber forest

products a reality check Development Policy Review Hoboken v 25 n 3 p 355-377

2007

BELLEN Hans M Van Indicadores de sustentabilidade uma anaacutelise comparativa 1 ed

Rio de Janeiro Editora FGV 2005 253 p

BENJAMIN Antocircnio Herman Desapropriaccedilatildeo reserva florestal legal e aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente FIGUEREDO Guilherme J P de (Coord) Temas de direito

ambiental e urbaniacutestico Satildeo Paulo Max Limonad 1998 Disponiacutevel em ltwwwcjfgovbr

lthttpwwwjurinformacombrgtAcesso em 18 ago 2009

BIGNOTTO Edson C BAROSSI FILHO Milton SAMPAIO Rudini Gestatildeo do risco de

mercado em organizaccedilotildees do agronegoacutecio Satildeo Paulo Resenha BMampF n 161 p 26-32

2004

BOFF Leonardo Eacutetica e Sustentabilidade Caderno de Debate da Agenda 21 Brasiacutelia

Ministeacuterio do Meio Ambiente n 10 2006 16 p

BRINCKMANN Wanderleia E FRIEDRICH Michele P Sustentabilidade e gestatildeo de riscos

ambientais o caso do loteamento balneaacuterio Porto Ferreira no municiacutepio de Rio PardoRS

Revista Aacutegora Santa Cruz do Sul v 14 n 1 p73 - 96 janjun 2008

BRITO Maacutercia A de Fitossociologia e ecologia de populaccedilatildeo de Dipteryx alata Vog

(baru) em aacuterea de transiccedilatildeo cerrado densomata estacional Pirenoacutepolis GO 2004 127

f Tese (Doutorado em Ecologia) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ecologia Universidade

de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004

193

BRITO Elizabeth R MARTINS Sebastiatildeo V OLIVEIRA FILHO Ary T SILVA Elias

SILVA Alexandre F da Estrutura fitossocioloacutegia de um fragmento natural de floresta

inundaacutevel em aacuterea de orizicultura irrigada municiacutepio de Lagoa da Confusatildeo Tocantins

Revista Aacutervore Viccedilosa v 30 n 5 out 2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0100-

67622006000500017amplng=enampnrm=isogt Acesso em 10 dez 2010

BYRON Neil ARNOLD Michael What future for the people of the tropical forests World

Development Quebec v 27 n 5 p 789ndash805 1999

CACERES Nataacutelia K GUIMARAtildeES Rita de Caacutessia A IDA Elza I FAVARO Simone P

Determinaccedilatildeo da atividade de inibidores de tripsina fitato em amecircndoas de baru processado

(Dipteryx alata Vog) In IX SIMPOacuteSIO NACIONAL DO CERRADO e II SIMPOacuteSIO

INTERNACIONAL DE SAVANAS TROPICAIS 2008 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia EMBRAPA

2008 v 1 p 01-07

CAMPBELL Jeffrey Y TEWARI Devi D Increased development of non-timber forest

products in India some issues and concerns Unasylva Rome n 187 p 26-31 1996

CAcircNDIDO Eduardo A SOULEacute Fernanda V PIRES Mauriacutecio B Desenvolvimento e

implantaccedilatildeo de mini-faacutebricas de produtos florestais natildeo madeireiros em comunidades

ribeirinhas da Amazocircnia a experiecircncia do nuacutecleo de apoio agrave populaccedilatildeo ribeirinha da

Amazocircnia In XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO Rio de

Janeiro Anais Rio de Janeiro 2008 Disponiacutevel

emlthttpwwwabeproorgbrbibliotecaenegep2008_TN_STO_079_551_11299pdfgt

Acesso em 12 dez 2010

CAPORAL Francisco R COSTABEBER Joseacute A Anaacutelise multidimensional da

sustentabilidade uma proposta metodoloacutegica a partir da agroecologia Agroecologia e

Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel Porto Alegre v 3 n 3 p 70-85 julset 2002

CARDOSO Joseacute Antocircnio TAVARES Lorranne Agroinduacutestria beneficiaraacute 100 toneladas

de frutos do Cerrado Agecircncia de Notiacutecias Sebrae Goiacircnia 06 nov 2008 Disponiacutevel em

lthttpwwwsebraegocombrsitesitedoidArtigo=3892gt Acesso em 09 jan 2009

CARNEIRO Maria Joseacute Pluriatividade da agricultura no Brasil uma reflexatildeo criacutetica In

SCHNEIDER Seacutergio (Org) A diversidade da agricultura familiar Porto Alegre Editora

UFRGS 2006 p 165-185

CARRAZZA Luis Roberto Relatoacuterio Final do Projeto Negoacutecios Sustentaacuteveis (Projeto

BRA98005-PPG-7) Oficina de Comercializaccedilatildeo de Produtos da Biodiversidade Brasileira

Cidade de Goiaacutes Ministeacuterio do Meio Ambiente 01 a 04 de junho de 2005

194

CARVALHEIRO Katia SABOGAL Ceacutesar AMARAL Paulo Anaacutelise da legislaccedilatildeo para o

manejo florestal por produtores de pequena escala na Amazocircnia brasileira Freiburg

CIFORUniversity of Freiburg 2008 Disponiacutevel

emlthttpwwwgretorgpublicationscdromfloresta_viva_amazonasFiles211_15_0810_re

latorio_marco_legal_mfpeqprodutores_forlivepdfgt Acesso em 30 jun 2010

CARVALHO Adelmo Pirenoacutepolis coletacircnea 1727-2000 1 ed Goiacircnia Kelps 2001 213

p

CARVALHO Fabriacutecio A RODRIGUES Victor Hugo P KILCA Ricardo V SIQUEIRA

Ariane S ARAUacuteJO Glein M SCHIAVINI Ivan Composiccedilatildeo floriacutestica riqueza e diversidade

de um cerrado sensu stricto no sudoeste do estado de Goiaacutes Bioscience Journal

Uberlacircndia v 24 n 4 p 64-72 outdez 2008

CARVALHO Patriacutecia B de Conflito de competecircncias na fiscalizaccedilatildeo de alimentos de

origem animal no Brasil uma anaacutelise agrave luz do direito Revista de Direito Sanitaacuterio Satildeo

Paulo v 5 n 1 p 18-39 mar 2004

CASTELO Carlos Estevatildeo F Avaliaccedilatildeo econocircmica da produccedilatildeo familiar na Reserva

Extrativista Chico Mendes no Estado do Acre Caderno de Pesquisa em Administraccedilatildeo

Satildeo Paulo v 1 n 11 p 58-64 2000

CASTRO Antocircnio M G de Cadeia produtiva e prospecccedilatildeo tecnoloacutegica como ferramenta

para a gestatildeo da competitividade In O futuro da induacutestria cadeias produtivas Brasiacutelia

MDICSTI 2005 208 p

CASTRO Antocircnio M G LIMA Suzana M V CRISTO Carlos M P N Cadeia produtiva

marco conceitual para apoiar a prospecccedilatildeo tecnoloacutegica In XXII SIMPOacuteSIO DE GESTAtildeO

DA INOVACcedilAtildeO TECNOLOacuteGICA 2002 Salvador Anais Salvador

USPPGTFIAUNIFACSFIEB 2002

CAVALCANTI Clovis Sustentabilidade da economia paradigmas alternativos de realizaccedilatildeo

econocircmica In CAVALCANTI Clovis (Org) Desenvolvimento e natureza estudos para

uma sociedade sustentaacutevel Satildeo Paulo Cortez Recife Fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco 1998

CAVALCANTI Cloacutevis Uma tentativa de caracterizaccedilatildeo da economia ecoloacutegica Ambiente amp

Sociedade [online] Campinas v 7 n 1 p 149-156 2004 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414-

753X2004000100009amplng=enampnrm=isogt Acesso em 29 jan 2009

CENTRAL DO CERRADO Disponiacutevel em lthttpwwwcentraldocerradoorgbrbaruhtmlgt

Acesso em 17 set 2010

195

CENTRE DE COOPEacuteRATION INTERNATIONALE DE LA RECHERCHE AGRONOMIQUE

POUR LE DEacuteVELOPPEMENT - CIRAD Projeto para o fortalecimento das atividades

extrativistas no estado do Acre Relatoacuterio Final 2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwflorestavivaextrativismoorgbrdownloaddocumentos2001_Acre_extrativismo_c

iradpdfgt Acesso em 15 jun 2010

CHAYANOV Alexander V Sobre a teoria dos sistemas econocircmicos natildeo capitalistas In

SILVA Joseacute G da STOLCKE Verena (Orgs) A questatildeo agraacuteria Satildeo Paulo Brasiliense

1981 188 p

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB Disponiacutevel em

httpwwwconabgovbr Acesso em 14 set 2010

CORREcircA Gilmarcos de C NAVES Ronaldo V ROCHA Mara R da ZICA Lincoln F

Caracterizaccedilatildeo fiacutesica de frutos de baru (Dipteryx alata Vog) em trecircs populaccedilotildees nos

cerrados do estado de Goiaacutes Pesquisa Agropecuaacuteria Tropical Goiacircnia v 30 n 2 p 5-

11 juldez 2000

COSTA Ana Maria FRANCO Eucilene M MARQUES Luiacutes Augusto A FRANCO Tuacutelio B

Cartilha de vigilacircncia sanitaacuteria cidadania e controle social Brasiacutelia Agecircncia Nacional

de Vigilacircncia Sanitaacuteria 2002 58 p

COSTA Ricardo Comercializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo dos produtos da agricultura familiar

alguns pontos a discutir In KUSTER Angela MARTIacute Jaime F FICKERT Udo (Orgs)

Agricultura familiar agroecologia e mercado no Norte e Nordeste do Brasil Fortaleza

Fundaccedilatildeo Konrad Adenauer 2004

COSTABEBER Joseacute Antocircnio CAPORAL Francisco Roberto Possibilidades e alternativas

do desenvolvimento rural sustentaacutevel In VELA Hugo (Org) Agricultura familiar e

fesenvolvimento rural sustentaacutevel no Mercosul Santa Maria Editora da UFSMPallotti

p157-194 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwagroecologiauemabrpublicacoesPossibilidadesealternativasdoDRSpdfgt

Acesso em 12 fev 2009

COSTABEBER Joseacute Antocircnio CAPORAL Francisco Roberto Anaacutelise multidimensional da

sustentabilidade uma proposta metodoloacutegica a partir da agroecologia Agroecologia e

Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel Porto Alegre v3 n3 p 70-85 julset 2002

Disponiacutevel em httpwwwagroecologiauemabrpublicacoesCaporaleCostabeberTrespdfgt

Acesso em 12 fev 2009

196

COSTA NETO Canrobert P L Agricultura sustentaacutevel tecnologias e sociedade In COSTA

Luiz Flaacutevio de Carvalho MOREIRA Roberto Joseacute BRUNO Regina (Orgs) Mundo rural e

tempo presente Rio de Janeiro Mauad 1999 p 299-321

COUTINHO Leopoldo M Aspectos ecoloacutegicos do fogo no cerrado II ndash As queimadas e a

dispersatildeo de sementes em algumas espeacutecies anemocoacutericas do estrato herbaacuteceo sub-

arbustivo Boletim de Botacircnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 5 p 57-64

1977

COUTO JUacuteNIOR Antocircnio F Anaacutelise temporal da cobertura vegetal e do solo da aacuterea do

Ecomuseu do Cerrado (Goiaacutes) atraveacutes de imagens MODIS e CBERS 2007 61 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Departamento de Engenharia Florestal

Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

DAILY Gretchen C Introduction what are ecosystem services In DAILY Gretchen (Ed)

Naturersquos services societal dependence on natural ecosystems Washington Island Press

1997 p 01-10

DANIEL Joshua N DUDHARDE Prashant A Analysis of economic characteristics of

value chains of three underutilised fruits of India Colombo The International Centre for

Underutilised Crops (ICUC) Pune BAIF Development Research Foundation 2007

Disponiacutevel em ltwwwicuc-iwmiorgfilesPublicationsICUC-RR20Issue203_Finalpdfgt

Acesso em 19 ago 2010

DECASTRO Rui Afonso Maciel A funccedilatildeo soacutecio ambiental da propriedade na Constituiccedilatildeo

de 1988 Jus Navigandi Teresina v 8 n 466 16 out 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5765gt Acesso em 18 ago 2009

DIAS Marcelo F P ROSA Nadir P da SANTOS JUNIOR Siacutelvio SILVA Erica M da

SILVA Tacircnia N da Determinantes para o (in)sucesso de uma cadeia em formaccedilatildeo uma

anaacutelise da estruturaccedilatildeo da estrutiocultura da Regiatildeo Metropolitana de Porto Alegre

Cadernos de Economia Chapecoacute v 12 n 22 janjun 2008

DIEGUES Antocircnio Carlos ARRUDA Rinaldo S V (Orgs) Saberes tradicionais e

biodiversidade no Brasil Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Satildeo Paulo Universidade

de Satildeo Paulo 2001 176 p

DRUMMOND Joseacute Augusto A extraccedilatildeo sustentaacutevel de produtos florestais na Amazocircnia

Brasileira Estudos - Sociedade e Agricultura Rio de Janeiro v 6 p 116-137 1996

DUARTE Laura Maria G Desenvolvimento sustentaacutevel um olhar sobre os cerrados

brasileiros In DUARTE Laura Maria G THEODORO Suzi H (Orgs) Dilemas do

197

cerrado entre o ecologicamente (in)correto e o socialmente (in)justo Rio de Janeiro

Garamond 2002 p 11- 22

DUBOC Eny COSTA Caroline J VELOSO Rui F OLIVEIRA Leonardo dos S PALUDO

Adriana Panorama atual da produccedilatildeo de carvatildeo vegetal no Brasil e no Cerrado

Planaltina Embrapa-Cerrados 2007 37 p (Documento 197)

DURKHEIM Eacutemile A divisatildeo do trabalho social Lisboa Presenccedila 1984 2 v

EITEN George Delimitaccedilatildeo do conceito de Cerrado Arquivos do Jardim Botacircnico v 21

p 125-134 1977

ENDRESS Bryan A GORCHOV David L BERRY Eric J Sustainability of a non-timber

forest product effects of alternative leaf harvest practices over 6 years on yield and

demografy of the palm Chamaedorea radicalis Forest Ecology and Management

Amsterdam v 234 p 181-191 out 2006

ENRIacuteQUEZ Gonzalo EV Desafios da sustentabilidade da Amazocircnia biodiversidade

cadeias produtivas e comunidades extrativistas integradas 2008 460 f Tese (Doutorado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel) - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de

Brasiacutelia Brasiacutelia

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION - FAO Non-wood forest products for rural

income and sustainable forestry Non-wood forest products n 7 Rome 1995

FEARNSIDE Philip M Serviccedilos ambientais como estrateacutegia para o desenvolvimento

sustentaacutevel na Amazocircnia rural In CAVALCANTI Cloacutevis (Ed) Meio Ambiente

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Poliacuteticas Puacuteblicas Satildeo Paulo Cortez 1997 p 314-344

FELFILI Jeanine Maria SOUSA-SILVA Joseacute Carlos SCARIOT Aldicir Biodiversidade

ecologia e conservaccedilatildeo do Cerrado avanccedilos no conhecimento In _______ Cerrado

ecologia biodiversidade e conservaccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente 2005 p 25-

44

FERNANDES Aristoacuteteles V SILVA Luacutecia M R KHAN Ahmad S Reserva extrativista do

Rio Cajari sustentabilidade e qualidade de vida Revista de Economia e Sociologia Rural

Brasiacutelia v 35 n 3 p 119-140 julset 1997

FERREIRA Robeacuterio A BOTELHO Soraya A DAVIDE Antonio C MALAVASI Marlene

de M Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de fruto semente placircntula e muda de Dipteryx alata

Vogel - Baru (Leguminosae papilionoideae) Cerne Lavras v 4 n 1 p 73-86 1998

198

FIEDLER Nilton C SOARES Thelma SSILVA Gilson F da Produtos florestais natildeo

madeireiros importacircncia e manejo sustentaacutevel da floresta Revista Ciecircncias Exatas e

Naturais Guarapuava v 10 n 2 p 263-278 2008

FILGUEIRAS Tarciso S SILVA E Estudo preliminar do baru (Leg Faboideae) Brasil

Florestal Brasiacutelia v 6 n 22 p 33-39 abrjun 1975

FORZZA Rafaela C BAUMGRATZ Joseacute F BICUDO Carlos E M CANHOS Dora Ann

L CARVALHO JR Aniacutebal A COSTA Andreacutea COSTA Denize P HOPKINS Mike

LEITMAN Paula M LOHMAN Luacutecia G LUGHADHA Eimear N MAIA Leonor C

MARTINELLI Gustavo MENEZES Mariacircngela MORIN Marli P COELHO Marcos A N

PEIXOTO Ariane L PIRANI Joseacute R PRADO Jefferson QUEIROZ Luciano P SOUZA

Sidnei de SOUZA Viniacutecius C STEHMANN Joatildeo R SYLVESTRE Lana S WALTER

Bruno M T ZAPPI Daniela Siacutentese da diversidade brasileira In FORZZA Rafaela C

(Org) Cataacutelogo de plantas e fungos do Brasil Rio de Janeiro A Jakobsson Estuacutedio

Jardim Botacircnico do Rio de Janeiro 2010 v I p 21-39

FRANCO Carlos Alberto ESTEVES Lara Torchi Impactos econocircmicos e ambientais do

manejo florestal comunitaacuterio no acre duas experiecircncias resultados distintos

Apresentaccedilatildeo oral XLVI CONGRESSO DA SOBER Rio Branco 2008 Disponiacutevel em

lthttpwwwsoberorgbrpalestra929pdfgt Acesso em 16 jan 2009

FREITAS Jullyana B NAVES Maria Margareth V Composiccedilatildeo quiacutemica de nozes e

sementes comestiacuteveis e sua relaccedilatildeo com a nutriccedilatildeo e sauacutede Revista de Nutriccedilatildeo

Campinas v 23 n 2 p 269-279 2010

FULLER Anthony M From part-time farming to pluriativity a decade of change in rural

Europe Journal of Rural Studies v 6 i 4 p 361-373 1990

FUNDACcedilAtildeO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ Site Disponiacutevel em

lthttpwwwfiocruzbrcgicgiluaexesysstarthtmtpl=homegt Acesso em 15 jul 2010

GIBSON Clark C BECKER C Dustin A lack of institutional demand why a strong local

community in Western Equador fails to protect its forest In GIBSON Clark C MCKEAN

Margaret A OSTROM Elinor (Eds) People and forests communities institutions and

governance Cambridge MIT Press 2000

GOLDBERG Ray A Agribusiness coordination a systems approach to the wheat soybean

and Florida orange economies Harvard University 1968 256 p

GOMES-FILHO Arlindo AMARAL Priscilla Prudente do CUNHA Claacuteudia Conceiccedilatildeo

COSTA Vilani Alves da SILVA Sebastiatildeo Santos da VANDA Edson DUQUE Anderson

Alex Oliveira GUIMARAtildeES Josilene Caracterizaccedilatildeo socioeconocircmica da Reserva

199

Extrativista do Cazumbaacute-Iracema Sena Madureira AC In CONGRESSO BRASILEIRO

DE UNIDADES DE CONSERVACcedilAtildeO ndash CBUC 4 2004 Anais Curitiba Ministeacuterio do Meio

Ambiente 2004 p 491-499 Disponiacutevel em

lthttpcazumbaorgindexphpoption=com_docmanamptask=doc_viewampgid=1gt Acesso em

04 mar 2009

GONCcedilALO Joseacute E Gestatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros (pfnm)

da biodiversidade no Brasil In XXVI ENEGEP 2006 Anais Fortaleza 2006 Disponiacutevel

em lthttpwwwabeproorgbrbibliotecaENEGEP2006_TR520346_8257pdfgt Acesso em

21 mar 2010

GONCcedilALVES Daniel B ALVES Francisco Joseacute da C A legislaccedilatildeo ambiental e o

desenvolvimento sustentaacutevel no complexo agroindustrial canavieiro da bacia hidrograacutefica do

rio Mogi-Guaccediluacute In SEMINAacuteRIO ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE REGULACcedilAtildeO

ESTATAL E AUTO-REGULACcedilAtildeO EMPRESARIAL PARA O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTAacuteVEL 3 Campinas Anais Campinas Unicamp 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwfreewebscomdanielbertolitextostexto08pdfgt Acesso em 19 mai 2010

GOODLAND R The concept of environmental sustainability Annual Review of Ecology

and Systematics Stanford v 26 p 1-24 1995

GUERRA Fabiacuteola G P de Q SANTOS Anadalvo J dos SANQUETTA Carlos R

BITTENCOURT Alexandre M ALMEIDA Alexandre N de Quantificaccedilatildeo e valoraccedilatildeo de

produtos florestais natildeo madeireiros Floresta Curitiba v 39 n 2 p 431-439 abrjun

2009

HAMMOND Allen ADRIAANSE Albert RODENBURG Eric BRYANT Dirk WOODWARD

Richard Environmental Indicators asystematic approach to measuring and reporting on

environmental policy performance in the context of sustainable development Washington

WRI 1995 53 p

HARDI Peter ZDAN Terrence J Assessing sustainable development principles in

practice Winnipeg The International Institute for Sustainable Development 1997 166 p

HECHT Susanna B ANDERSON Anthony B MAY Peter The subsidy from nature

shifting cultivation successional palm forests and rural development Human Organization

Oklahoma City v 47 n 1 p 25-35 Spring 1988

HESPANHOL Rosacircngela A de M Pronaf infra-estrutura e serviccedilos municipais e

associaccedilotildees de produtores em municiacutepios selecionados da regiatildeo de Presidente Prudente

Estado de Satildeo Paulo Informaccedilotildees Econocircmicas Satildeo Paulo v 36 n 5 p 15-26 maio

2006

200

HOMMA Alfredo Kingo Oyama Extrativismo vegetal na Amazocircnia limites e

oportunidades Brasiacutelia Embrapa-SPI 1993

HUMMEL Antocircnio Carlos Normas de acesso ao recurso florestal na Amazocircnia

brasileira o caso do manejo florestal madeireiro 2001 103 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Ciecircncias Florestais Tropicais) - Universidade do AmazonasInstituto Nacional de Pesquisa

da Amazocircnia ndash INPA Manaus 2001

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE Bancos de dados

agregados Sistema IBGE de recuperaccedilatildeo automaacutetica 2010 Disponiacutevel

emlthttpwwwsidraibgegovbrgt Acesso em 30 ago 2010

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Produccedilatildeo da

extraccedilatildeo vegetal e da silvicultura 2007 extraccedilatildeo de madeira nativa cai em 2007 mas

ainda foi de 164 milhotildees de msup3 Comunicaccedilatildeo Social 26 de novembro de 2008

Disponiacutevel em

lthttpwwwibgegovbrhomepresidencianoticiasnoticia_impressaophpid_noticia=1270gt

Acessado em 02 mar 2009

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Relatoacuterio Produccedilatildeo

da Extraccedilatildeo Vegetal e Silvicultura ndash PEVSIBGE Rio de Janeiro v 23 2009 46 p

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Produccedilatildeo da

extraccedilatildeo vegetal e da silvicultura v 22 2007 45 p

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 1984 Disponiacutevel em

ltftpftpibgegovbrCartas_e_MapasMapas_Muraisgt Acesso em 15 ago 2009

INSTITUTO SOCIEDADE POPULACcedilAtildeO E NATUREZA - ISPN SEMINAacuteRIO DE

INTERCAcircMBIO TECNOLOacuteGICO PARA BARU PEQUI E BABACcedilU Relatoacuterio Final

Brasiacutelia 2007 26 p

INSTITUTO SOCIEDADE POPULACcedilAtildeO E NATUREZA - ISPN Relatoacuterio do Seminaacuterio

Gestatildeo Mercados e Poliacuteticas Puacuteblicas para Produtos Sustentaacuteveis da Biodiversidade

Brasileira Satildeo Paulo 08 e 09 de novembro de 2005 38 p

INSTITUTO SOacuteCIO-AMBIENTAL Quadro geral dos povos indiacutegenas no Brasil

Disponiacutevel em lthttppibsocioambientalorgptcquadro-geralgt Acesso em 19 jul 2010

INTERNATIONAL INSTITUTE FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT - IISD Dashboard of

Sustainability Disponiacutevel em lthttpesljrcitenvinddb_methshtmgt Acesso em 23 jun

2010

201

JACOBI Pedro R Meio ambiente e sustentabilidade Revista de Desenvolvimento e Meio

Ambiente Satildeo Paulo 1999 p 175-183 Disponiacutevel em lthttpwwwcepamspgovbrgt

Acesso em 05 jan 2009

JANUZZI Paulo de M Indicadores para diagnoacutestico monitoramento e avaliaccedilatildeo de

programas sociais no Brasil Revista do Serviccedilo Puacuteblico Brasiacutelia v 56 n 2 p 137-160

abrjun 2005

KHAN Ahmad S PASSOS Ana Tereza B Reforma agraacuteria solidaacuteria e qualidade de vida

dos beneficiaacuterios no estado do Cearaacute Revista de Economia e Sociologia Rural Brasiacutelia

v 39 n 4 p 93-117 outdez 2001

KING Maurice Health is a sustainable state The Lancet London n 336 p 664-667 1990

KLINK Carlos A MACHADO Ricardo B A conservaccedilatildeo do Cerrado no Brasil

Megadiversidade Belo Horizonte v 1 n 1 p 147-155 2005

KLINK Carlos A O papel da pesquisa ecoloacutegica na gestatildeo ambiental e manejo dos

ecossistemas In BURSZTYN M (org) A difiacutecil sustentabilidade poliacutetica

energeacutetica e conflitos ambientais Rio de Janeiro Garamond 2001 p 77- 84

KREMEN Claire WILLIAMS Neal M THORP Robbin W Crop pollination from native bees

at risk from agricultural intensification Proceedings of the National Academy of Science

of the USA v 99 n 26 p 16812-16816 2002

LEAKEY Richard E LEWIN Roger Origens Satildeo Paulo Melhoramentos 1982

LEITE Arthur Cezar P Neoextrativismo e desenvolvimento no estado do Acre o caso

do manejo comunitaacuterio do oacuteleo de copaiacuteba na Reserva Extrativista Chico Mendes 2004 114

f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em agroecossistemas) - Centro de Ciecircncias Agraacuterias Universidade

Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2004

LESCURE Jean-Paul PINTON Florence EMPERAIRE Laure O povo e os produtos

florestais na Amazocircnia Central uma abordagem multidisciplinar do extrativismo In

CLUSENER-GODT Miguel SACHS Ignacy (Eds) Extrativismo na Amazocircnia brasileira

perspectivas sobre o desenvolvimento regional Paris UNESCO Compecircndio MAB 18 1994

p 62-94

LEWINSON Thomas M PRADO Paulo I Biodiversidade brasileira siacutentese do estado

atual do conhecimento Satildeo Paulo Contexto 2002

LIBISZEWSKI Stephan What is an environmental conflict ENCOP Occasional Paper n

1 ZuumlrichBerne Swiss Federal Institute of TechnologySwiss Peace Foundation 1992

202

LIPTON Michael The theory of optimising peasant The Journal of Development Studies

London v 4 n 30 p 327-351 1968

LITTLE Paul Eliot Os conflitos socioambientais um campo de estudo e de accedilatildeo poliacutetica In

BURSZTYN Marcel (Org) A difiacutecil sustentabilidade poliacutetica energeacutetica e conflitos

ambientais 2 ed Rio de Janeiro Garamond 2001

LOUETTE Anne (Org) Compecircndio de indicadores de sustentabilidade de naccedilotildees

ferramentas de gestatildeo de responsabilidade socioambiental Satildeo Paulo Antakarana Cultura Arte

CiecircnciaWillis Harman House 2009 114 p

MACHADO Frederico S Manejo de produtos florestais natildeo madeireiros um manual

com sugestotildees para o manejo participativo em comunidades da Amazocircnia Rio Branco

PESACRE e CIFOR 2008 105 p

MACHADO Paulo Affonso Leme Direito Ambiental Brasileiro Satildeo Paulo Malheiros 11

ed 2003 1064 p

MACHADO Ricardo B RAMOS NETO Maacuterio B PEREIRA Paulo Gustavo P CALDAS

Eduardo F GONCcedilALVES Demerval A SANTOS Nazareno S TABOR Karin

STEININGER Marc Estimativas de perda da aacuterea do Cerrado brasileiro Conservation

International Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel em

lthttpwwwajaorgbrpublicationsRelatDesmatamCerradopdfgt Acesso em 29 jun 2008

MANTOVANELI JUNIOR Oklinger SAMPAIO Carlos AC Sustentabilidade poliacutetica e

administrativa contribuiccedilotildees para a reformulaccedilatildeo da agenda para o ecodesenvolvimento

Revista de Gestatildeo Social e Ambiental Rio de Janeiro v 1 n 2 p 3 ndash 21 abrmai 2007

MARX Karl O Capital Livro I Parte I O Processo de produccedilatildeo do capital Traduccedilatildeo

Reginaldo Santrsquoanna Rio Civilizaccedilatildeo Brasileira 16 ed 1998 571 p

MATIAS Marisa A natureza farta de noacutes Ambiente sauacutede e formas emergentes de

cidadania 2009 460 f Tese (Doutorado em Sociologia) - Faculdade de Economia

Universidade de Coimbra Coimbra Disponiacutevel em

lthttpsestudogeralsibucptjspuibitstream10316110621Health2c20environment20

and20the20politics20of20sustainabilitypdfgt Acesso em 14 mai 2010

MATIAS Marisa NUNES Joatildeo A Sustainable healthy Healthy environment and the

politics of sustainability Oficina do CES Coimbra n 209 abril2004 Disponiacutevel em

lthttpsestudogeralsibucptjspuibitstream10316110621Health20environment20and

20the20politics20of20sustainabilitypdfgt Acesso em 25 mai 2010

MAY Peter H (Org) Compilacion y analisis sobre los productos forestales no

madereros (PFNM) en el Brasil relatoacuterio teacutecnico Santiago FAO 2001 88 p

203

MAZOYER Marcel ROUDART Laurence Histoacuteria das agriculturas do mundo do

neoliacutetico agrave crise contemporacircnea Lisboa Instituto Piaget 1998

MEDAETS Jean Pierre P A construccedilatildeo da qualidade na produccedilatildeo agriacutecola familiar

sistemas de certificaccedilatildeo de produtos orgacircnicos 2003 213 f Tese (Doutorado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel) - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de

Brasiacutelia Brasiacutelia 2003

MEDEIROS Marcelo B Efeitos do fogo nos padrotildees de rebrotamento em plantas

lenhosas em campo sujo 2002 120 f Tese (Doutorado em Ecologia) - Departamento de

Ecologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2002

MEDEIROS Marcelo B FIEDLER Nilton C Incecircndios florestais no Parque Nacional da

Serra da Canastra desafios para a conservaccedilatildeo da biodiversidade Ciecircncia Florestal

Santa Maria v 14 n 2 p 157-168 2004

MELHEM Therezinha S Entrada de aacutegua na semente de Dipteryx alata Vog

(Leguminosae-Lotoidea) Hoehnea Satildeo Paulo v 4 p 33-48 1974

MELLOR John W The use and productivity of farm labor in early stages of agricultural

development Journal of Farm Economics Ithaca v 45 n 3 p 517-534 1963

MENDONCcedilA Roberta C FELFILI Jeanine M WALTER Bruno MT SILVA JUacuteNIOR

Manoel Claacuteudio REZENDE Aacutelvaro V de FILGUEIRAS Tarciso de S SILVA Paulo

Ernane N Flora vascular do Cerrado In SANO Sueli M ALMEIDA Paulo (Ed) Cerrado

ambiente e flora Planaltina EMBRAPA-CPAC 1998 p 288-556

MENEZES Antocircnio J E A de HOMMA Alfredo K O SANTANA Antocircnio C de

MENDES Fernando A T A importacircncia da ldquoproduccedilatildeo invisiacutevelrdquo para a agricultura familiar na

Amazocircnia o caso dos projetos de assentamento agroextrativistas Praialta e Piranheira

Municiacutepio de Nova Ipixuna Paraacute Novos Cadernos do NAEA Beleacutem v4 n2 p 5-26 dez

2001

MILAREacute Eacutedis Princiacutepios fundamentais do direito do ambiente Revista dos Tribunais Satildeo

Paulo n 756 out 1998 p 53-68 1998

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRAacuteRIO ndash MDA Disponiacutevel em

lthttpportalmdagovbrportalsafprogramaspronafgt Acesso em 22 jul 2010

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE Agrave FOME - MDS Disponiacutevel

em

lthttpaplicacoesmdsgovbrsagiascomindexphpcut=aHR0cDovL2FwbGljYWNvZXMub

204

WRzLmdvdi5ici9zYWdpL2FzY29tL2dlcmFyL2luZGV4LnBocA==ampdef=vgt Acesso em 21 jul

2010

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA MMA divulga queda no desmatamento nos

biomas Amazocircnia e Cerrado Notiacutecias Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrsitioindexphpido=ascomnoticiaMMAampcodigo=6602gt Acesso em

09 mai 2011

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Aacutereas prioritaacuterias para conservaccedilatildeo uso

sustentaacutevel e reparticcedilatildeo de benefiacutecios da biodiversidade brasileira atualizaccedilatildeo -

Portaria MMA no 9 de 23 de janeiro de 2007 Brasiacutelia Secretaria de Biodiversidade e

FlorestasMMA (Seacuterie Biodiversidade 31) 2007a 574 p

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Cerrado e Pantanal aacutereas e accedilotildees prioritaacuterias

para conservaccedilatildeo da biodiversidade Brasiacutelia MMA 2007c (Seacuterie Biodiversidade 17) 540

p

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Agenda 21 brasileira accedilotildees

prioritaacuteriasComissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e da Agenda 21

Nacional 2 ed Brasiacutelia MMA 2004 158 p

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Programa Cerrado Sustentaacutevel proposta

elaborada pelo Grupo de Trabalho do Bioma Cerrado instituiacutedo pela Portaria MMA nordm 361

de 12 de setembro de 2003 Brasiacutelia 2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrestruturassbf_arquivosprograma_bioma_cerradopdfgt Acesso

em 19 jul 2010

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Primeiro Relatoacuterio Nacional para a

Convenccedilatildeo sobre Diversidade Bioloacutegica Brasiacutelia Brasil 1998 283 p

MONTOYA Marco Antonio FINAMORE Eduardo B Delimitaccedilatildeo e encadeamentos de

sistemas agroindustriais o caso do complexo laacutecteo do Rio Grande do Sul Economia

Aplicada Ribeiratildeo Preto v 9 n 4 p 663-682 2005

MORSELLO Carla Parcerias comerciais entre empresas e comunidades amazocircnicas

oportunidades problemas e desafios In ENCONTRO DA ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DE

PESQUISA E POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM AMBIENTE E SOCIEDADE 2 2004 Indaiatuba

Anais Indaiatuba ANPPAS 2004

MORVAN Yves Filiegravere de production In Fondements drsquoEconomie Industrielle 2 ed

Paris Economica 1991 p 243-275

205

MOSELE Seacutergio H A governanccedila na cadeia agro-industrial da erva-mate na regiatildeo

Alto Uruguai Rio - Grandense sob a oacutetica da cadeia de suprimentos 2002 231 f

Dissertaccedilatildeo (Mestre em Agronegoacutecios) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre 2002

NAKAJIMA Chihiro Subsistence and comercial family farms some theoretical models of

subjective equilibrium In Warthon Jr Clifton R (Org) Subsistence agriculture and

economic development Chicago Aldine Publishing Co 1969 p 165-185

NASCIMENTO Elimar P do Os conflitos na sociedade moderna uma introduccedilatildeo

conceitual In BURSZTYN Marcel (Org) A difiacutecil sustentabilidade poliacutetica energeacutetica e

conflitos ambientais 2 ed Rio de Janeiro Garamond 2001

NATURA Site Disponiacutevel em lthttpwwwnaturaekoscombrptresponsabilidade-

socioambientalmedio-juruagt Acesso em 22 jul 2010

NEVES Marcos F LAZZARINI Seacutergio G MACHADO FILHO Claacuteudio A P Cenaacuterios e

perspectivas para o agribusiness brasileiro In CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA

E SOCIOLOGIA RURAL 35 Natal Anais Natal Sociedade Brasileira de Economia e

Sociologia Rural 1997 p 859

NEWTON Peter FLOOD Joe BERRY Mike BHATIA Kuldeep BROWN Steve CABELLI

Andreacute GOMBOSO Jeanette HIGGINS John RICHARDSON Tony RITCHIE Veronica

Environmental indicators for national state of the environment reporting - human

settlements Australia State of the Environment (Environmental Indicator Reports)

Department of the Environment Canberra 1998

NOGUEIRA Jorge M NASCIMENTO JUNIOR Antocircnio BASTOS Leiner

Empreendimentos extrativistas como alternativas para geraccedilatildeo de renda do sonho

ambientalista agrave realidade do estudo de mercado Revista de Ciecircncia Administrativa

Fortaleza v 15 n 1 p 85-104 janjun 2009

NOGUEIRA Mocircnica Quando o pequeno eacute grande uma anaacutelise de projetos comunitaacuterios

no Cerrado Satildeo Paulo Annablume 2005 172 p

NOVAES Washington (Coord) RIBAS Otto NOVAES Pedro da Costa Agenda 21

brasileira bases para discussatildeo Brasiacutelia MMAPNUD 2000 196 p

NUNES Joatildeo Arriscado MATIAS Marisa Rumo a uma sauacutede sustentaacutevel sauacutede ambiente

e poliacutetica Sauacutede e Direitos Humanos ano 3 n 3 p 7-16 2006

OLIVEIRA Elaine DUARTE Laura Maria G Economia camponesa a agricultura familiar

evoluccedilatildeo do uso da biodiversidade do Cerrado IV ENCONTRO NACIONAL DA ANPPAS

2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

206

lthttpwwwsisgeencocombrsistemaencontro_anppasivenanppasARQUIVOSGT5-213-

136-20080503123731pdfgt Acesso em 11 jan 2009

OLIVEIRA Leonardo dos S PALUDO Adriano FRANCcedilA Leonice V de VILELA Maria de

Faacutetima DUBOC Enny Distribuiccedilatildeo de espeacutecies nativas do Cerrado resultados

preliminares IX SIMPOacuteSIO NACIONAL DO CERRADO E SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL DE

SAVANAS TROPICAIS Anais Brasiacutelia 2008 p 1-8 Disponiacutevel em

lthttpsimposiocpacembrapabrsimposio_pc210trabalhos_pdf00334_trab1_appdfgt

Acesso em 03 out 2009

OLIVEIRA Mathilde I B SIGRIST Maria Rosacircngela Fenologia reprodutiva polinizaccedilatildeo e

reproduccedilatildeo de Dipteryx alata Vogel (Leguminosae-Papilionoideae) em Mato Grosso do Sul

Brasil Revista Brasileira de Botacircnica Satildeo Paulo v 31 n2 p 195-207 2008

OLIVEIRA-FILHO Ary T MARTINS Fernando R A comparative study of five cerrado aacutereas

in southern Mato Grosso Brazil Edinburgh Journal of Botany Edinburgh v 48 n 3 p

302-332 1991

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT - OECD Core

set indicators for environmental performance reviews a synthesis report by the Group

on the State of the Environment Environment Monoghrafs n 83 OECD Paris 1993

OSTROM Elinor Self-governance and forest resources CIFOR Occasional Paper n 20

Bogor Center for International Forestry Research 1999

PEDROSO JUNIOR Nelson N MURRIETA Rui S S TAQUEDA Carolina S A casa e a

roccedila socioeconomia demografia e agricultura em populaccedilotildees quilombolas do Vale do

Ribeira Satildeo Paulo Brasil Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi Ciecircncias

Humanas Beleacutem v 3 n 2 p 227-252 ago 2008

PIMENTEL Noara M Processo produtivo para o aproveitamento dos produtos

florestais natildeo madeireiros do baru (Dipteryx alata Vog) 2008 107 f Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Departamento de Engenharia Florestal Universidade

de Brasiacutelia Brasiacutelia 2008

PINTER Laacuteszlo HARDI Peter BARTELMUS Peter Sustainable development

indicators proposals for the way forward New York International Institute for Sustainable

Development 2005 35 p

PIRES Mauro O A trajetoacuteria do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel na transiccedilatildeo

paradigmaacutetica In BRAGA Maria Luacutecia S DUARTE Laura Maria G (Orgs) Tristes

cerrados sociedade e biodiversidade Brasiacutelia Paralelo 15 1998 p 63-92

207

PREZOTTO Leomar L A agroinduacutestria rural de pequeno porte e o seu ambiente

institucional relativo agrave legislaccedilatildeo sanitaacuteria 1999 131 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Agroecossistemas) - Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agroecossistemas Universidade

Federal de Santa Catarina 1999

RABELO Laudemira S LIMA Patriacutecia VPS Indicadores de sustentabilidade a

possibilidade de mensuraccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel Revista Eletrocircnica do

Prodema Fortaleza v 1 n 1 p 55-76 dez 2007

RAI Nitin D UHL Christopher F Forest product use conservation and livelihoods the case

of uppage fruit harvest in the Western Ghats India Conservation amp Society Bangalore v

2 p 289-313 2004

RAM PRASAD Sudipta Das SWANDIP Sinha Value options for non-timber forest products

at primary colletorrsquos level International Forestry Review Shropshire v 1 n 1 p17-21

1999

RAMBALDI Denise M OLIVEIRA Daniela AS de (Orgs) Fragmentaccedilatildeo de

Ecossistemas causas efeitos sobre a biodiversidade e recomendaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas Brasiacutelia MMASBF 2003 510 p

RATHMANN Regis HOFF Deacutebora N PADULA Antocircnio D Estrateacutegias de

desenvolvimento regional com base na diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo o desenvolvimento da

cadeia frutiacutecola da Regiatildeo da Campanha do estado do Rio Grande do Sul Teoria e

Evidecircncia Econocircmica Passo Fundo v 14 n 27 p 9-33 nov 2006

RATTER James A Bridgewater Samuel Ribeiro Joseacute F Dias Terezinha AB SILVA

Mara R Estudo preliminar da distribuiccedilatildeo das espeacutecies lenhosas da fitofisionomia cerrado

sentido restrito nos estados compreendidos pelo bioma Cerrado Boletim do Herbaacuterio

Ezechias Paulo Heringer Brasilia v 5 n 1 p 5-43 2000

REATTO Adriana MARTINS Eacuteder de Souza Classes de solo em relaccedilatildeo aos controles da

paisagem do bioma Cerrado In SCARIOT Aldicir SOUZA-SILVA Joseacute Carlos FELFILI

Jeanine Maria (Orgs) Cerrado ecologia biodiversidade e conservaccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio

do Meio Ambiente 2005 p 49-59

REDE CERRADO Disponiacutevel em lthttpwwwredecerradoorgbrgt Acessado em 12 mai

2010

REcircGO Joseacute Fernandes do (Coord) Anaacutelise econocircmica dos sistemas de produccedilatildeo

familiar rural da Regiatildeo do Vale do Acre - 19961997 (Projeto de Pesquisa do

Departamento de Economia ndash UFAC) Rio Branco UFAC 1996

208

REcircGO Joseacute Fernandes do Amazocircnia do extrativismo ao neoextrativismo Ciecircncia Hoje

Rio de Janeiro v 25 n 147 p 62-65 1992

REVISTA EacutePOCA Ciecircncia e Tecnologia De olho no cerrado Universidade do Cearaacute

monta empresa para refinar a rutina substacircncia disputada por laboratoacuterios 12 e (100898)

Disponiacutevel em lthttpepocaglobocomedic19980810ciencia8htmgt Acesso em 18 nov

2009

RIBEIRO Joseacute F DIAS Terezinha Diversidade e conservaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e da flora In

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE ndash MMA Biodiversidade do Cerrado e Pantanal aacutereas

e accedilotildees prioritaacuterias para conservaccedilatildeo Brasiacutelia MMA 2007 540 p

RICE Richard E SUGAL Cheri A RATAY Shelley M FONSEcircCA Gustavo A B da

Sustainable forest management a review of conventional wisdom Advances in Applied

Biodiversity Science Washington v 3 p1-29 2001

RIJSOORT Jeanette Van Non-timber forest products (NTFPs) their role in sustainable

forest management in the tropics National Reference Centre for Nature Management (EC-

LNV)International Agricultural Centre (IAC) Wageningen 2000 61 p

RITCHIE Bill MCDOUGALL Cynthia HAGGITH Mandy OLIVEIRA Nicolette B de

Criteacuterios e indicadores de sustentabilidade em florestas manejadas por comunidades

um guia introdutoacuterio Jakarta CIFOR 2001 124 p

ROCHA Ednaldo Cacircndido CANTO Juliana Lorensi do PEREIRA Pollyanna Cardoso

Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais nos paiacuteses do Mercosul Revista Ambiente e

Sociedade Campinas v 8 n 2 dez 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414-

753X2005000200008amplng=enampnrm=isogt Acesso em 09 mai 2010

ROCHA Lorena S SANTIAGO Raquel de A C Implicaccedilotildees nutricionais e sensoriais da

polpa e casca de baru (Dipteryx Alata Vog) na elaboraccedilatildeo de patildees Ciecircncia e Tecnologia

de Alimentos Campinas v 29 n 4 p 820-825 outdez 2009

ROS-TONEN Mirjan AF The role of non-timber forest products in sustainable tropical forest

management Holz als Roh - und Werkstoff European Journal of Wood and Wood

Products Berlin v 58 p 196-201 2000

ROSA Eliane Cristina NATALI Maria Raquel M Vitiligo um problema que natildeo pode passar

em branco Revista Sauacutede e Pesquisa Maringaacute v 2 n 1 p 119-126 janabr 2009

RUEDA Rafael P Evoluccedilatildeo histoacuterica do extrativismo In MURRIETA Julio Ruiz RUEDA

Rafael P (Orgs) Reservas Extrativistas Gland UICN 1995

209

SABINO Joseacute PRADO Paulo Inaacutecio K L Vertebrados In LEWINSHON Thomaz M

(Org) Avaliaccedilatildeo do estado do conhecimento da biodiversidade brasileira Brasiacutelia

MMA 2005 v II p 55-145

SACHS Ignacy Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro

Garamond 2004 151 p

SACHS Ignacy Caminhos para o desenvolvimento sustentaacutevel Rio de Janeiro

Garamond 2000 96 p

SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o Seacutec XXI In BURSZTYN Marcel (Org)

Para pensar o desenvolvimento Sustentaacutevel Satildeo Paulo Braziliense 1993 166 p

SAINT-HILAIRE Auguste de Viagem agrave Proviacutencia de Goiaacutes Satildeo Paulo EDUSP 1975 158

p

SAITO Jana R FIGUEREDO Reginaldo S BATALHA Mario O Simulando cadeias

agroindustriais In II WORKSHOP DE GESTAtildeO DE SISTEMAS AGROALIMENTARES

1999 Ribeiratildeo Preto AnaisRibeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo 1999 p 45-55

SAMBUICHE Regina Helena R Efeitos a longo prazo do fogo perioacutedico sobre a

fitossociologia da camada lenhosa de um Cerrado em Brasiacutelia DF 1991 130 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ecologia) - Departamento de Ecologia Universidade de Brasiacutelia

Brasiacutelia 1991

SANO Sueli M VIVALDI Luacutecio J SPEHAR Carlos R Diversidade morfoloacutegica de frutos e

sementes de baru (Dipteryx alata Vog) Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira Brasiacutelia v 34

n 4 p 513-518 abr 1999

SANO Sueli M RIBEIRO Joseacute F BRITO Maacutercia A de Baru biologia e uso Planaltina

Embrapa Cerrados 2004 52 p

SANTOS Anadalvo J dos HILDEBRAND Elisabeth PACHECO Carlos H P PIRES

Paulo de Tarso de L ROCHADELLI Roberto Produtos florestais natildeo madeireiros

conceituaccedilatildeo classificaccedilatildeo e mercados Floresta Curitiba v 33 n 2 p 215-224 2003

SANTOS Nadja P dos PINTO Angelo C ALENCASTRO Ricardo B de Wilhelm Michler

uma aventura cientiacutefica nos troacutepicos Quiacutemica Nova [online] Satildeo Paulo v 23 n 3 p 418-

426 2000

SANTOS Nara K A ANGEacuteLICO Elissandra C RODRIGUES Fabiacuteola FG CALDAS

Germana F MOTA Magaly L SILVA Monalisa R PEREIRA Carla K B SOUSA Erlacircnio

O FONSECA Aluiacutesio M LEMOS Telma L G COSTA Joseacute Gualberto M Avaliaccedilatildeo dos

210

constituintes quiacutemicos e atividades antioxidante e toxicidade de Dimorphandra gardineriana

(leguminoseae) Cadernos de Cultura e Ciecircncia Crato n1 v1 p 69-73 nov 2006

SAWYER Donald Fluxos de carbono na Amazocircnia e no Cerrado um olhar

socioecossistecircmico Sociedade e Estado Brasiacutelia v 24 n 1 p 149-171 2009a

SAWYER Donald R Entraves regulatoacuterios de atividades extrativistas na Amazocircnia

problemas enfrentamento e soluccedilotildees Nota Teacutecnica elaborada para o Centro de Gestatildeo de

Estudos Estrateacutegicos (CGEE) com apoio da Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos (SAE) da

Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) Brasiacutelia CDS-UnB Mimeo 2009b 36 p

SAWYER Donald VAN DER REE Marc PIRES Mauro de O Comercializaccedilatildeo de espeacutecies

nativas do Cerrado In ENCONTRO REGIONAL CENTRO-OESTE 6 1997 Brasilia Os

(des)caminhos do desenvolvimento rural brasileiro Anais Brasiacutelia Associaccedilatildeo Projeto de

Intercacircmbio de Pesquisadores Sociais da Agricultura 1997 p 149-169

SCARIOT Aldicir SEVILHA Anderson C Biodiversidade estrutura e conservaccedilatildeo de

florestas estacionais deciduais no Cerrado In SCARIOT Aldicir SOUSA-SILVA Joseacute

Carlos FELFILI Jeanine Maria (Orgs) Cerrado ecologia biodiversidade e conservaccedilatildeo

Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente 2005 p 121-139

SCARIOT Aldicir FREITAS Simone R de MARIANO NETO Eduardo NASCIMENTO

Marcelo T OLIVEIRA Luis Claacuteudio de SANAIOTTI Tacircnia SEVILHA Anderson C

VILLELA Dora M Efeitos da fragmentaccedilatildeo sobre a biodiversidade vegetaccedilatildeo e flora In

RAMBALDI Denise M OLIVEIRA Daniela AS de (Orgs) Fragmentaccedilatildeo de

Ecossistemas causas efeitos sobre a biodiversidade e recomendaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas Brasiacutelia MMASBF 2003 510 p

SCHERR Sara J WHITE Andy KAIMOWITZ David Making markets work for forest

communities International Forestry Review Shropshire v 5 n 1 p 67-73 2003

SCHIMITT Claacuteudia J GUIMARAtildeES Leonardo A O mercado institucional como

instrumento para o fortalecimento da agricultura familiar de base ecoloacutegica Agriculturas

Rio de Janeiro v 5 n 2 p 7-13 junho 2008

SCHNEIDER Seacutergio Teoria social agricultura e pluriatividade Revista Brasileira de

Ciecircncias Sociais Satildeo Paulo v 18 n 51 p 99-122 2003

SCHULTZ Theodore W A transformaccedilatildeo da agricultura tradicional Rio de Janeiro

Zahar 1965 206 p

SCHWARTZMAN Stephan Mercados para produtos extrativistas da Amazocircnia Brasileira

In ARNT Ricardo (Ed) O destino da floresta reservas extrativistas e desenvolvimento

sustentaacutevel na Amazocircnia Rio de Janeiro Relume-Dumaraacute 1994 276 p

211

SCOONES Ian Sustainable rural livelihoods a framework for analysis IDS Discussion

Paper 72 Brighton University of Sussex 1998

SCOONES Ian MELNYK Mary PRETTY Jules N The hidden harvest wild foods and

agricultural systems a literature review and annotated bibliography London IIED 1992 256

p

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DO ESTADO DE GOIAacuteS ndash

SEPLANSUPERINTENDEcircNCIA DE ESTATIacuteSTICAS PESQUISA E INFORMACcedilOtildeES

SOCIOECONOcircMICAS - SEPIN Disponiacutevel em lthttpwwwseplangogovbrgt Acesso em

24 jul 2010

SEN Amartya K Peasants and dualism with or without surplus labor The Journal of

Political Economy Chicago v 69 n 5 p 425-450 1966

SEPUacuteLVEDA Seacutergio Desenvolvimento sustentaacutevel microrregional meacutetodos para

planejamento local Brasiacutelia IICA 2005 296 p

SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS - SEBRAE

Fatores condicionantes e taxas de sobrevivecircncia e mortalidade das micro e pequenas

empresas no Brasil 2003ndash2005 Brasiacutelia ago 2007 56 p

SHACKLETON Sheona SHANLEY Patricia NDOYE Ousseynou Invisible but viable

recognising local markets for nontimber forest products International Forestry Review

Shropshire v 9 n 3 p 697-712 2007

SHAFER Craig L Nature reserves island theory and conservation practice Washington

Smithsonian Institution Press 1990 185 p

SICHE Rauacutel AGOSTINHO Feni ORTEGA Enrique ROMEIRO Ademar Iacutendices versus

indicadores precisotildees conceituais na discussatildeo da sustentabilidade de paiacuteses Ambiente e

Sociedade Campinas v 10 n 2 Dezembro 2007 p 137-148

SILVA Alessandra K da EGITO Marcelo do Rede de Comercializaccedilatildeo solidaacuteria de

agricultores familiares e extrativistas do Cerrado um novo protagonismo social

Agriculturas Rio de Janeiro v 2 n 2 p 14-16 junho 2005

SILVA Elaine B da FERREIRA Laerte G ROCHA Genival F COUTO Maria Socorro D

da S Taxas de desmatamento em aacutereas do bioma Cerrado para os periacuteodos de 2003 a

2004 e 2004 a 2005 In IX SIMPOacuteSIO NACIONAL DO CERRADO e II SIMPOacuteSIO

INTERNACIONAL DE SAVANAS TROPICAIS 2008 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia Embrapa

Cerrados 2008 v 1 p 95-97

212

SILVA Fabiana O VIANA Blandina F Distribuiccedilatildeo de ninhos de abelhas Xylocopa

(Hymenoptera Apidae) em uma aacuterea de dunas litoracircneas Neotropical Entomology

Piracicaba v 31 p 661-664 out-dez 2002

SILVA Francisco Carlos T da Conquista e colonizaccedilatildeo da Ameacuterica Portuguesa o Brasil

Colocircnia ndash 15001750 In LINHARES Maria Yedda (Org) Histoacuteria geral do Brasil da

colonizaccedilatildeo portuguesa agrave modernizaccedilatildeo autoritaacuteria Rio de Janeiro Campus 1990 p 33-

94

SILVA Joelmir M da SANTOS Josilane R dos Pegada ecoloacutegica instrumento de

avaliaccedilatildeo dos impactos antroacutepicos no meio natural Oecologia Brasiliensis Rio de Janeiro

v 11 n 4 p 574-581 2007

SILVA Joseacute G O novo rural brasileiro Campinas Instituto de Economia Unicamp (Seacuterie

Pesquisas 1) 1999

SILVA Luiz Guilherme T Sustentabilidade da agricultura familiar em assentamentos

rurais no sudeste paraense 2007 295 f Tese (Doutorado em Ciecircncias) - Nuacutecleo de Altos

Estudos Amazocircnicos Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 2007

SILVA Luiz J da Public health challenges and emerging diseases the case of Satildeo Paulo

Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v17 p S141-S146 2001 Suplemento

SILVA Maria das Graccedilas da TAVARES Maria Goretti da Costa Saberes Locais e Manejo

Sustentaacutevel dos Recursos da Floresta III ENCONTRO NACIONAL DA ANPPAS 2006

Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 2006

SILVA Michelly R SHIMBO Ioshiaqui A sustentabilidade poliacutetica a partir das praacuteticas de

desenvolvimento regional em poliacuteticas puacuteblicas de habitaccedilatildeo estudo de caso II

SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO 2004 Santa Cruz do Sul

Anais Santa Cruz do Sul 28 setembro a 01 de outubro 2004 Disponiacutevel em

lthttpwwwuniscbrcursospos_graduacaomestradodesregseminariosanais_sidr2004sus

tentabilidade08pdfgt Acesso em 02 jul 2010

SIMMEL Georg Simmel Sociologia MORAES FILHO Evaristo de (Org) Traduccedilatildeo de

Carlos Alberto Pavanelli Satildeo Paulo Aacutetica 1983

SOARES Salomatildeo STRAUCH Juacutelia Ceacutelia M AJARA Ceacutesar Comparaccedilatildeo de

metodologias utilizadas para anaacutelise do desenvolvimento sustentaacutevel XV ENCONTRO

NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS 2006 Caxambu Anais Caxambu ABEP

2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwabepnepounicampbrencontro2006docspdfABEP2006_524pdfgt Acesso em

4 ago 2010

213

SPANGENBERG Joachin H BONNOIT Odile Sustainability indicators a compass on the

road towards sustainability Wuppertal Paper Environment and Energy n 81 Wuppertal

Wuppertal Institute for Climate february 1998

THE SUSTAINABLE SCALE PROJECT - TSSP Ecological Footprint Disponiacutevel em

lthttpwwwsustainablescaleorgconceptualframeworkunderstandingscalemeasuringscale

ecologicalfootprintaspxgt Acesso em 24 jun 2010

TIMOFEICZYK JUacuteNIOR Romano GRACcedilA Luiz Roberto BERGER Ricardo MELO E

SOUSA Roberto Antonio T de HOSOKAWA Roberto T Estrutura de custos do manejo de

baixo impacto em florestas tropicais um estudo e caso Floresta Curitiba v35 n 1 p 89-

103 janabr 2005

TONI Fabiano Movimentos sociais governanccedila ambiental e desenvolvimento rural no

Brasil Relatoacuterio Apresentado ao Programa Colaborativo de Investigacioacuten Movimientos

Sociales Gobernanza Ambiental y Desarrollo Territorial Rural Rimisp - Centro

Latinoamericano para el Desarrollo Rural Santiago 2004 (Manuscrito) Disponiacutevel em

lthttpwwwrimisporgFCKeditorUserFilesFiledocumentosdocspdf0545-005233-

movimentossociais2governancaambientalpdfgt Acesso em 25 out 2010

TUCKER Catherine Em busca do manejo florestal comunitaacuterio sustentaacutevel a experiecircncia

de duas comunidades no Meacutexico e Honduras In ZARIN David J (Ed) As florestas

produtivas nos neotroacutepicos conservaccedilatildeo por meio do manejo sustentaacutevel Satildeo Paulo

Peiroacutepolis Brasiacutelia IEB 2005

UNASYLVA Editorial - Learning to see the forest through the trees Unasylva Roma n

165 v 42 1991 Disponiacutevel em

lthttpwwwfaoorgdocrepu2440eu2440e01htmeditorial202020learning20to20s

ee20the20forest20through20the20treesgt Acesso em 28 jul 2008

UNITED NATIONSUNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME - UNDP Humam

development report 1998 New York Oxford Oxford University Press 1998 228 p

Disponiacutevel emlthttphdrundporgenmediahdr_1998_en_definitionspdfgt Acesso em 08

nov 2010

UNITED NATIONS - ONU Report of the World Commission on Environment and

Development Our Common Future Annex to document A42427 1987 Disponiacutevel em

lthttpdaccess-dds-

nyunorgdocUNDOCGENN8718467IMGN8718467pdfOpenElementgt Acesso em 15

mar 2009 374 p

214

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UnB Projeto tecendo redes agroecoloacutegicas de

agricultura periurbana em assentamentos e preacute-assentamentos no Distrito Federal e

Entorno Grupo de Apoio agrave Reforma Agraacuteria ndash GTRA Disponiacutevel em

lthttpwwwunbbradministracaodecanatosgtraindexphpgt Acesso em 08 out 2010

VALARELLI Leandro L A gestatildeo de projetos e a construccedilatildeo e o uso de indicadores

Rio de Janeiro julho 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwcoegemasorgbrdocsApostilaindicadoresgeralver7pdfgt Acesso em 21 jun

2010

VAN RIJSOORT Jeannette Non-timber forest products (NTFPs) their role in sustainable

forest management in the tropics Wageningen Theme Studies SeriesNational Reference

Centre for Nature Management 2000

VASCONCELOS Pedro F C TRAVASSOS DA ROSA Ameacutelia P A RODRIGUES Sueli

G TRAVASSOS DA ROSA Elizabeth S DEacuteGALLIER Nicolas TRAVASSOS DA ROSA

Jorge F S Inadequate management of natural ecosystem in the Brazilian Amazon region

results in the emergence and reemergence of arboviruses Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

Rio de Janeiro v 17 p 155-164 2001 Suplemento

VEIGA Joseacute E da Indicadores socioambientais evoluccedilatildeo e perspectivas Revista de

Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 29 n 4 (116) p421-35 outdez 2009a

VEIGA Joseacute E da Como monitorar o desenvolvimento sustentaacutevel A resposta da

Comissatildeo Stiglitz-Sen-Fitoussi (CMEPSP) de junho 2009 2009b Disponiacutevel em

lthttpwwwzeeliprobrTextosoutrostrabalhos[jev]20-20Monitorar20o20DS20-

2014jun09pdfgt Acesso em 21 jun 2010

WACKERNAGEL Mathis REES William E Our ecological footprint reducing human

impact on the Earth Gabriola Island New Society Publishers 1996

WANDERLEY Maria de Nazareth Baudel Raiacutezes histoacutericas do campesinato brasileiro In

TEDESCO Joatildeo Carlos (Org) Agricultura familiar realidades e perspectivas 2 e Passo

Fundo EDIUPF 1999 p 25-55

WARNER Katherine Forestry and sustainable livelihoods Unasylva Rome v 51 n 202

p 3-12 20002003

WILL Margret Promoting value chains of neglected and underutilized species for pro-

poor growth and biodiversity conservation guidelines and good practices Global

Facilitation Unit for Underutilized Species Rome 2008 109 p

215

WUNDER Sven BORNER Jan TITO Marcos R PEREIRA Liacutegia Pagamentos por

serviccedilos ambientais perspectivas para a Amazocircnia Legal In MINISTEacuteRIO DO MEIO

AMBIENTE - MMA Seacuterie Estudos n 10 Brasiacutelia MMA 2008 136 p Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrestruturas168_publicacao168_publicacao17062009123349pdfgt

Acesso em 17 fev 2011

ZAGO Heloisa Inecircz K A importacircncia da agroinduacutestria caseira de produtos de origem

animal para a agricultura familiar no municiacutepio de Arroio do Tigre ndash RS 2002 192f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Extensatildeo Rural) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Extensatildeo

Rural Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria 2002

ZYLBERSZTAJN Deacutecio Conceitos gerais evoluccedilatildeo e apresentaccedilatildeo do sistema

agroindustrial In FAVANEVES Marcos (Org) Economia e gestatildeo dos negoacutecios

agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira 2000 p 1-21

216

ANEXO 1

Estes foram os criteacuterios e indicadores desenvolvidos para avaliar a sustentabilidade dos

agricultores familiares que exploram o baru em dois municiacutepios do Estado de Goiaacutes com base em

Ritchie et al (2001) e em alguns indicadores extraiacutedos de SILVA (2007) onde P = Princiacutepio G =

Grupo de criteacuterios e indicadores C = Criteacuterios I = Indicadores V= Verificadores

O Anexo 2 abaixo estaacute dividido segundo a loacutegica das cinco dimensotildees da sustentabilidade

avaliadas natildeo seguindo necessariamente a sequecircncia apresentada abaixo mas guardando a

numeraccedilatildeo aqui estabelecida

(P1) O bem-estar da comunidade (institucional) eacute garantido

(G1a) Organizaccedilotildeesinstituiccedilotildees comunitaacuterias e participaccedilatildeo

(C11) A comunidade participa e monitora todos os processos de planejamento

de qualquer sistema de manejo a ser executado dentro da aacuterea florestal

em que ela causa impacto

(I111) A comunidade possui formas de organizaccedilatildeo interna e entre

outras comunidades

(V111a) Reconhecimento da existecircncia de organizaccedilotildees

(de fato e legalmente)

(V111b) Relatos individuais ou coletivos da participaccedilatildeo

de membros da comunidade em associaccedilotildees

sindicatos e organizaccedilotildees poliacuteticas

(I112) Os atores locais reuacutenem-se com frequumlecircncia satisfatoacuteria e com

representaccedilatildeo da diversidade e qualidade das interaccedilotildees

incluindo pareceres em projetos comunitaacuterios

(V112a) O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo

fatores determinantes para os avanccedilos da

organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de

projetos e investimentos feitos e mantidos na

comunidade e assentamento

(G1b) Administraccedilatildeo de conflitos

(C12) Devem existir medidas e instituiccedilotildees para resoluccedilatildeo de conflitos

(I121) Existem mecanismos informais para resoluccedilatildeo e negociaccedilatildeo

dos conflitos na comunidade disputas e queixas familiares

relacionadas ao uso posse e propriedade de recursos

florestais

(V121a) Os membros adultos da comunidade podem

explicar como satildeo resolvidos os conflitos

relacionados ao uso da terra

217

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2a) Sauacutede e alimentaccedilatildeo

(C21) As atividades de manejo aplicadas aos recursos florestais tecircm contribuiacutedo

para o bem-estar bioloacutegico socioeconocircmico e cultural da populaccedilatildeo local

(I211) Os produtos coletados na floresta proporcionam alimentaccedilatildeo

para a famiacutelia

(V211a) Consumo de alimentos pela famiacutelia com atenccedilatildeo

especial aos produtos florestais do Cerrado

(C22) A funccedilatildeo da floresta natural na sauacutede da comunidade estaacute sendo

conscientemente preservada

(I221) A vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas e nascentes satildeo

protegidas visando a boa qualidade da aacutegua

(V221a) Evidecircncias de mudanccedilas na qualidade da aacutegua

captada para o consumo domeacutestico para as criaccedilotildees e

cultivos na propriedade em decorrecircncia do desmatamento e

do uso do solo

(C23) As condiccedilotildees de moradia e saneamento baacutesico contribuem

significativamente para o bem-estar das pessoas (MAGALHAtildeES)

(I231) As famiacutelias se beneficiam com as boas condiccedilotildees de

habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico (MAGALHAtildeES)

(C24) A sauacutede e bem-estar da comunidade satildeo garantidas

(I241) As autoridades de sauacutede puacuteblica se preocupam com o estado

de sauacutede dos membros da comunidade

(G2b) Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de custos e benefiacutecios equumlidade)

(C25) Os benefiacutecios derivado das atividades de exploraccedilatildeo do baru tecircm servido

como um incentivo para perpetuar essas atividades de uma maneira

sustentaacutevel

(I251) Existecircncia de esforccedilos contiacutenuos para diversificar e aumentar

a capacidade do processo de agregaccedilatildeo de valor com o

objetivo de aumentar o valor agregado bruto dos produtos

natildeo madeireiros

(C26) Os produtos florestais contribuem significativamente para o bem-estar

socioeconocircmico das diferentes faixas etaacuterias e sexos da comunidade

(I261) Importacircncia dos produtos florestais nos rendimentos

domeacutesticos monetaacuterios e natildeo monetaacuterios

(G2c) Acordos sobre a posse na comunidade

(C27) O acesso e o uso de terras comuns e recursos florestais satildeo garantidos a

todos os membros da comunidade independente de sexo cor religiatildeo ou

classe social

218

(I271) Existem normas para regular o acesso aos recursos

florestais

(V271a) Identificaccedilatildeo de normas internas comunitaacuterias

sobre os direitos de uso posse e propriedade

sobre os recursos agroflorestais

(P3) O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao manejo sustentaacutevel da floresta

(G3a) Estrutura poliacutetica

(C31) Os recursos disponibilizados pelo Estado tecircm contribuiacutedo para o bem estar

da comunidade (MAGALHAtildeES)

(I311) As escolas postos de sauacutede e estradas colocadas pelo

Estado agrave disposiccedilatildeo da comunidade tem contribuiacutedo para o

seu desenvolvimento (MAGALHAtildeES)

(G3b) Relacionamento com terceiros

(C32) Existem mecanismos efetivos na comunicaccedilatildeo bidirecional entre os atores

envolvidos no desenvolvimento da comunidade (SILVA 2007)

(I321) O niacutevel de participaccedilatildeo do indiviacuteduo e de comunicaccedilatildeo entre

os atores satildeo fatores determinantes para os avanccedilos da

organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e

investimentos feitos e mantidos na comunidade (SILVA 2007)

(V321a) A histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na

definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e

regional

(I322) As famiacutelias dispotildeem da orientaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica

fornecida pelo Estado para a exploraccedilatildeo de PFNMs

(C33) A organizaccedilatildeo social e a participaccedilatildeo em movimentos influenciam e

mesmo satildeo determinantes para a conquista de direitos (SILVA 2007)

(I331) A conquista de espaccedilo poliacutetico de reivindicaccedilatildeo no processo

democraacutetico eacute percebida no plano individual e coletivo

(SILVA 2007)

(G3c) Economia

(C34) O mercado absorve os produtos florestais coletados eou processados

pela comunidade

(I341) Existecircncia de mecanismos da comunidade para

comercializaccedilatildeo de produtos

(V341a) Infraestrutura e transporte acessiacuteveis agraves

comunidades (barcos caminhatildeo estradas etc)

(I342) Conhecimento de mercados para produtos florestais

(C35) A comunidade tem boas relaccedilotildees com os parceiros que apoacuteiam a

atividade de exploraccedilatildeo sustentaacutevel da floresta

219

(I351) A comunidade depende de subsiacutedios externos fornecidos por

ONGs organizaccedilotildees religiosas e ou pelo governo

(P4) A sauacutede da floresta estaacute garantida

(G4a) Intervenccedilotildees produtivas (PFNMs vegetais)

(C41) A exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute baseada em

praacuteticas sustentaacuteveis

(I411) Adotam-se teacutecnicas de baixo impacto

(I412) Haacute aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais

(I413) As praacuteticas de exploraccedilatildeocolheita para cada espeacutecie satildeo

compatiacuteveis com seu respectivo potencial produtivo

(G4b) Manejo das funccedilotildees do ecossistema (terra aacutegua e fogo)

(C42) O risco de incecircndios acidentais em aacutereas de pousio e floresta primaacuteria eacute

minimizado pelo uso de teacutecnicas apropriadas de manejo do fogo

(I421) Nenhuma ocorrecircncia de incecircndios florestais acidental

(G4c) Diversidade da paisagem (fragmentaccedilatildeo e mosaicos)

(C43) A preservaccedilatildeo de um mosaico de habitats naturais manteacutem a

complementaridade natural da ocorrecircncia das espeacutecies

(I431) As margens florestadas ao longo dos rios satildeo protegidas

contra o desmatamento para preservar suas funccedilotildees

hidroloacutegicas e conservar a biodiversidade O miacutenimo legal de

30 metros de floresta mantidos ao longo dos rios e correntes

drsquoaacutegua eacute obedecido

220

ANEXO 2

DIMENSAtildeO SOCIAL

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P1) O bem-estar da comunidade (institucional) eacute garantido

(G1a) Organizaccedilotildeesinstituiccedilotildees comunitaacuterias e participaccedilatildeo

(C11) A comunidade participa e monitora todos os processos de planejamento de qualquer sistema de manejo a ser executado dentro da aacuterea florestal em que ela causa impacto

(I111) A comunidade possui formas de organizaccedilatildeo interna e entre outras comunidades(

(V111a) Reconhecimento da existecircncia de organizaccedilotildees (de fato e legalmente)

O sr eacute membro de algum sindicatoassociaccedilatildeocooperativa

Sim (1)

Natildeo (0)

(V111b) Relatos individuais ou coletivos da participaccedilatildeo de membros da comunidade em associaccedilotildees sindicatos e organizaccedilotildees poliacuteticas

Quantas reuniotildees do sindicatoassociaccedilatildeocooperativa o senhor participou nos uacuteltimos doze meses

4 ou acima (4)

3 (3)

2 (2)

1 (1)

Nenhuma (0)

(I112) Os atores locais reuacutenem-se com frequecircncia satisfatoacuteria e com representaccedilatildeo da diversidade e qualidade das interaccedilotildees incluindo pareceres em projetos comunitaacuterios

(V112a) O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo fatores determinantes para os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e investimentos feitos e mantidos na comunidade e assentamento

Qual a frequecircncia da sua participaccedilatildeo em atividades coletivas da comunidade (reuniotildees para discutir os problemas da comunidade festas religiosas aniversaacuterios casamentos batizados)

Participa da maioria das atividades que satildeo realizadas

(4)

Participa somente em algumas ocasiotildees (2)

Natildeo participa de qualquer atividade coletiva (0)

Acredita na participaccedilatildeo social como forma de alcanccedilar benefiacutecios individuais e coletivos

Sim

Natildeo

Porque o sr participa dessas atividades coletivas

Porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade e tambeacutem podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos

(4)

Porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade (Razotildees comunitaacuterias)

(2)

Porque acredita que estas atividades podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos (Razotildees econocircmicas)

(1)

221

DIMENSAtildeO SOCIAL (Cont)

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(G1b) Administraccedilatildeo de conflitos

(C12) Devem existir medidas e instituiccedilotildees para resoluccedilatildeo de conflitos

(I121) Existem mecanismos informais para resoluccedilatildeo e negociaccedilatildeo dos conflitos na comunidade disputas e queixas familiares relacionadas ao uso posse e propriedade de recursos florestais

(V121a) Os membros adultos da comunidade podem explicar como satildeo resolvidos os conflitos relacionados ao uso da terra

A comunidade possui algum acerto para resolver os conflitos internos que surgem com a exploraccedilatildeo do baru (posse uso e propriedade desse recurso florestal)

Sim (4)

Sem registro (2)

Natildeo (0)

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2a) Sauacutede e alimentaccedilatildeo

(C21) As atividades de manejo aplicadas aos recursos florestais tecircm contribuiacutedo para o bem-estar bioloacutegico socioeconocircmico e cultural da populaccedilatildeo local

(I211) Os produtos coletados na floresta proporcionam alimentaccedilatildeo para a famiacutelia

(V211a) Consumo de alimentos pela famiacutelia com atenccedilatildeo especial aos produtos florestais do Cerrado

Quais produtos do Cerrado a famiacutelia consumiu nos uacuteltimos doze meses

Quatro ou mais produtos (4)

Trecircs produtos (3)

Dois produtos (2)

Um produto (1)

Nenhum (0)

(G2b) Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de custos e benefiacutecios equidade)

(C25) Os benefiacutecios derivado das atividades de exploraccedilatildeo do baru tecircm servido como um incentivo para perpetuar essas atividades de uma maneira sustentaacutevel

(I251) Existecircncia de esforccedilos contiacutenuos para diversificar e aumentar a capacidade do processo de agregaccedilatildeo de valor com o objetivo de aumentar o valor agregado bruto dos produtos natildeo madeireiros

X

Que tipo de beneficiamento eacute feito no fruto do baru antes de ser vendido

A castanha eacute retirada e entra na composiccedilatildeo de produtos que o proacuteprio agricultor fabrica e vende

(4)

A castanha eacute retirada torrada embalada e vendida

(3)

A castanha eacute retirada e vendida (2)

Nenhum O fruto eacute vendido na forma que eacute coletado no campo

(1)

(G2c) Acordos sobre a posse na comunidade

(C27) O acesso e o uso de terras comuns e recursos florestais satildeo garantidos a todos os membros da comunidade independente de sexo cor religiatildeo ou classe social

222

(I271) Existem normas para regular o acesso aos recursos florestais

(V271a) Identificaccedilatildeo de normas internas comunitaacuterias sobre os direitos de uso posse e propriedade sobre os recursos agroflorestais

Existem regras entre os membros da comunidade para controlar a extraccedilatildeo de baru

A comunidade adota regras informais para o controle da extraccedilatildeo do baru

(2)

A comunidade natildeo utiliza regras para controlar a extraccedilatildeo do baru

(0)

DIMENSAtildeO POLIacuteTICA

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P3) O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao manejo sustentaacutevel da floresta

(G3a) Estrutura poliacutetica

(C31) Os recursos disponibilizados pelo Estado tem contribuiacutedo para o bem estar da comunidade

(I311) As escolas postos de sauacutede e estradas colocadas pelo Estado agrave disposiccedilatildeo da comunidade tem contribuiacutedo para o seu desenvolvimento

X

Como o senhor considera os recursos (estradas escolas postos de sauacutede) que o Governo coloca agrave disposiccedilatildeo dessa comunidade

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Inexistente (0)

(G3b) Relacionamento com terceiros

(C32) Existem mecanismos efetivos na comunicaccedilatildeo bidirecional entre os atores envolvidos no desenvolvimento da comunidade

(I321) O niacutevel de participaccedilatildeo do indiviacuteduo e de comunicaccedilatildeo entre os atores satildeo fatores determinantes para os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e investimentos feitos e mantidos na comunidade

X

O sr jaacute participou do planejamento e da implementaccedilatildeo de projetos da Prefeitura Municipal de projetos do Governo Estadual ou mesmo de projetos do Governo Federal

Sim (4)

Em parte (2)

Natildeo (0)

(V321a) A histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Existe uma histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Sim (2)

Em parte (1)

Natildeo (0)

(I322) As famiacutelias dispotildeem da orientaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica fornecida pelo Estado para a exploraccedilatildeo de PFNMs X

Como considera a assistecircncia teacutecnica fornecida pela Agecircncia Rural

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Inexistente (0)

(C33) A organiz social e a participaccedilatildeo em movimentos influenciam e satildeo determinantes para conquista de direitos

(I331) A conquista de espaccedilo poliacutetico de reivindicaccedilatildeo no processo democraacutetico eacute percebida no plano individual e coletivo X

Qual a sua opiniatildeo sobre a organizaccedilatildeo da sua comunidade para cobrar do Governo (Federal Estadual e Municipal) os direitos que vocecircs possuem agrave educaccedilatildeo sauacutede etc

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Inexistente (0)

223

DIMENSAtildeO DA SAUacuteDE

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2a) Sauacutede e alimentaccedilatildeo

(C22) A funccedilatildeo da floresta natural na sauacutede da comunidade estaacute sendo conscientemente preservada

(I221) A vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas e nascentes satildeo protegidas visando a boa qualidade da aacutegua

(V221a) Evidecircncias de mudanccedilas na qualidade da aacutegua captada para o consumo domeacutestico para as criaccedilotildees e cultivos na propriedade em decorrecircncia do desmatamento e do uso do solo

Tem ou jaacute teve problema de sauacutede na famiacutelia ou com as plantaccedilotildees ou com as criaccedilotildees devido a maacute qualidade da aacutegua de consumo

Natildeo (4)

Somente com as plantaccedilotildees (2)

Com as plantas e animais de criaccedilatildeo (3)

Sim (1)

(C23) As condiccedilotildees de moradia e saneamento baacutesico contribuem significativamente para o bem-estar das pessoas

(I231) As famiacutelias se beneficiam com as boas condiccedilotildees de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico

X

Como satildeo as condiccedilotildees de moradia e sanitaacuterias da habitaccedilatildeo alvenaria taipa madeira telha de ceracircmica telha de fibracimento cobertura de cavaco palha piso de cimento piso de terra fossa seacuteptica banheiro casinha poccedilo de boca poccedilo artesiano aacutegua encanada energia eleacutetrica

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem aacutegua encanada ou poccedilo artesiano e fossa seacuteptica

(4)

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca

(3)

Respondendo que tem casa de taipa coberta de palha mas que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca

(2)

Respondendo que a casa eacute de taipa coberta por palha ou cavaco e que capta aacutegua em coacuterrego

(0)

(C24) A sauacutede e bem-estar da comunidade satildeo garantidas

(I241) As autoridades de sauacutede puacuteblica se preocupam com o estado de sauacutede dos membros da comunidade

X Existem agentes de sauacutede atendendo a comunidade

Sim (1)

Natildeo (0)

224

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2b) Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de custos e benefiacutecios equidade)

(C25) Os produtos florestais contribuem significativamente para o bem-estar socioeconocircmico das diferentes faixas etaacuterias e sexos da comunidade

(I251) Importacircncia dos produtos florestais nos rendimentos domeacutesticos monetaacuterios e natildeo monetaacuterios

X

A renda do baru representa quanto por cento da renda da famiacutelia

Cobre acima 70 despesas famiacutelia (4)

Cobre 70˂despesas famiacutelia˃40 (3)

Cobre 40˂despesas famiacutelia˃20 (2)

Cobre 20˂despesas famiacutelia˃1 (1)

(P3) O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao Manejo Florestal Comunitaacuterio Sustentaacutevel

(G3c) Economia

(C34) O mercado absorve os produtos florestais coletados eou processados pela comunidade

(I341) Existecircncia de mecanismos da comunidade para comercializaccedilatildeo de produtos

(V341a) Infraestrutura e transporte acessiacuteveis agraves comunidades (barcos caminhatildeo estradas etc)

Como o sr considera as condiccedilotildees das estradas e pontes para transportar o baru ateacute a sua casa eou para a cooperativaassociaccedilatildeo

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

(I342) Conhecimento de mercados para produtos florestais

X

Como o sr avalia as condiccedilotildees de acesso ao comeacutercio quando eacute para vender a castanha do baru ou o produto que fabrica com a castanha

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

(C35) A comunidade tem boas relaccedilotildees com os parceiros que apoacuteiam a atividade de exploraccedilatildeo sustentaacutevel da floresta

(I351) A comunidade depende de subsiacutedios externos fornecidos por ONGs organizaccedilotildees religiosas e ou pelo governo X

O sr recebeu algum dinheiro do Estado ou de instituiccedilatildeo privada (ONG Associaccedilatildeo Cooperativa Banco privado) para explorar o baru nos uacuteltimos dois anos

Sim (4)

Em parte (2)

Natildeo (0)

225

DIMENSAtildeO ECOLOacuteGICA

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P4) A sauacutede da floresta estaacute garantida

(G4a) Intervenccedilotildees produtivas (PFNMs vegetais)

(C41) A exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute baseada em praacuteticas sustentaacuteveis

(I411) Adotam-se teacutecnicas de baixo impacto

X A comunidade cuida dos peacutes de baru (manejo)

Sim (1)

Natildeo (0)

(I412) Haacute aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais

X

O que o senhor faz para ter baru na sua propriedade

Aplicaccedilatildeo de 5 ou mais tratos silviculturais (4)

Aplicaccedilatildeo de 4 tratos (3)

Aplicaccedilatildeo de 3 ou 2 tratos (2)

Aplicaccedilatildeo de 1 trato (1)

Natildeo aplica qualquer trato (0)

(I413) As praacuteticas de exploraccedilatildeocolheita para cada espeacutecie satildeo compatiacuteveis com seu respectivo potencial produtivo

X

Que proporccedilatildeo de frutos (PFR) de baru satildeo deixados debaixo da aacutervore para que os animais possam se alimentar e para que a espeacutecie possa se reproduzir

PFR ge 40 (4)

39 le PFR ge 20 (3)

19 le PFR ge 10 (2)

9 le PFR ge 1 (1)

Nenhuma fruta eacute deixada (0)

(G4b) Manejo das funccedilotildees do ecossistema (terra aacutegua e fogo)

(C42) O risco de incecircndios acidentais em aacutereas de pousio e floresta primaacuteria eacute minimizado pelo uso de teacutecnicas apropriadas de manejo do fogo

(I421) Nenhuma ocorrecircncia de incecircndios florestais acidentais X

Quantas ocorrecircncias de fogo na sua propriedade nos uacuteltimos doze meses

Nenhuma (4)

Uma (2)

Duas ou mais (0)

(G4c) Diversidade da paisagem (fragmentaccedilatildeo e mosaicos)

(C43) A preservaccedilatildeo de um mosaico de habitats naturais manteacutem a complementaridade natural da ocorrecircncia das espeacutecies

(I431) As margens florestadas ao longo dos rios satildeo protegidas contra o desmatamento para preservar suas funccedilotildees hidroloacutegicas e conservar a biodiversidade O miacutenimo legal de 30 metros de floresta mantidos ao longo dos rios e correntes drsquoaacutegua eacute obedecido

X

O sr protege contra desmatamento a vegetaccedilatildeo natural (VN) nas margens dos rios lagoas ou nascentes existentes na sua propriedade

Protege a vegetaccedilatildeo existente nas margens dos rios lagoas nascentes e na reserva legal

(4)

Protege somente a vegetaccedilatildeo que nas margens dos rios lagoas e nascentes

(3)

Protege somente a vegetaccedilatildeo da Reserva Legal

(2)

Natildeo protege (0)

226

ANEXO 3

QUESTIONAacuteRIO PARA O AGRICULTOR-COLETOR - INDICADORES

de Ordem Data

Assentamento Lote Hora

PERGUNTAS QUALIDADE DAS

RESPOSTAS

DIMENSAtildeO SOCIAL

1 O senhor(a) eacute membro de algum sindicato ou associaccedilatildeo ou cooperativa

Sim (1) Natildeo (0)

2 Quantas reuniotildees do sindicatoassociaccedilatildeocooperativa o senhor (a) participou nos uacuteltimos doze meses

Quatro ou acima (4) 3 reuniotildees (3) 2 reuniotildees (2)

1 reuniatildeo (1) Nenhuma (0)

3 Qual a frequumlecircncia de sua participaccedilatildeo em atividades coletivas da comunidade (reuniotildees para discutir os problemas da comunidade festas religiosas na comunidade aniversaacuterios casamentos batizados)

Participa da maioria das atividades que satildeo realizadas (4)

Participa somente em algumas ocasiotildees (2)

Natildeo participa de qualquer atividade coletiva (0)

4 Acredita na participaccedilatildeo social como forma de alcanccedilar benefiacutecios individuais e coletivos

Sim (1) Natildeo (0) Se natildeo perguntar o porque e anotar

5 Porque o senhor participa destas atividades coletivas

Participa porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade e tambeacutem porque podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos (4)

Participa porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade (Razotildees comunitaacuterias) (2)

Participa porque acredita que estas atividades podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos (Razotildees Econocircmicas) (1)

6 A comunidade possui algum acerto para resolver os conflitos internos que surgem com a exploraccedilatildeo do baru (posse e uso e propriedade desse recurso florestal)

Sim (1) Se sim perguntar qual Natildeo (0)

7 Quais produtos do Cerrado a famiacutelia consumiu nos uacuteltimos doze meses

Araticum Cagaita Gueiroba Murici

Baru Cajuzinho Jatobaacute Pequi

Buriti Gabiroba Mangaba

Quatro ou mais produtos Dois (2) Nenhum (0)

Trecircs (3) Um (1)

227

8 Que tipo de beneficiamento eacute feito no fruto do baru antes de ser vendido

A castanha eacute retirada e entra na composiccedilatildeo de produtos que o proacuteprio agricultor fabrica e vende (4)

de

de produtos processados a serem comercializados

A castanha eacute retirada torrada embalada e vendida (3)

A castanha eacute retirada e vendida (2)

Nenhum O fruto eacute vendido na forma que eacute coletado no campo (1)

9 Existem regras entre os membros da comunidade para controlar a extraccedilatildeo de baru

A comunidade adota regras informais para o controle da extraccedilatildeo do baru (2) Se sim perguntar quais

A comunidade natildeo utiliza regras para controlar a extraccedilatildeo do baru (0)

DIMENSAtildeO POLIacuteTICA

10 O Sr jaacute participou do planejamento e da implementaccedilatildeo de projetos da prefeitura municipal de projetos do governo estadual ou mesmo de projetos do governo federal

Sim (4) Em parte (2) Natildeo (0)

11 Existe uma histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Sim (4) Em parte (2) Natildeo (0)

12 Como considera a assistecircncia teacutecnica fornecida pela Agecircncia Rural

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Peacutessima (0)

13 Qual a sua opiniatildeo sobre a organizaccedilatildeo da sua comunidade para cobrar do governo (Federal Estadual Municipal) os direitos que vocecircs possuem agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao transporte

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Peacutessima (0)

DIMENSAtildeO DA SAUacuteDE

14 Tem ou jaacute teve algum problema de sauacutede na famiacutelia ou com as plantaccedilotildees ou criaccedilotildees devido a maacute qualidade da aacutegua de consumo

Natildeo (4) Somente com as plantaccedilotildees (3)

Somente com as plantas e animais de criaccedilatildeo (2)

Sim com a famiacutelia plantas e animais de criaccedilatildeo (0) (2)

228

15 Como satildeo as condiccedilotildees de moradia e sanitaacuterias da habitaccedilatildeo

Alvenaria Taipa (Pau-a-pique) Madeira

Telha ceracircmica ou fibracimento Cobertura de cavaco Cobertura palha

Piso de cimento Piso de terra

Fossa Casinha Banheiro

Poccedilo de boca Poccedilo artesiano Aacutegua encanada

Gerador de energia Energia eleacutetrica

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem aacutegua encanada ou poccedilo artesiano e fossa seacuteptica(4)

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca (3)

Respondendo que a casa eacute de taipa coberta de palha ou cavaco mas que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca (2)

Respondendo que a casa eacute de taipa coberta com palha e que capta aacutegua em coacuterrego (0)

16 Existem agentes de sauacutede atendendo a comunidade

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

17 Como considera os recursos (estradas pontes escolas postos de sauacutede) que o Estado disponibiliza para essa comunidade

Excelentes (5)

Bons (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimos (0)

18 A venda do baru representa quanto por cento da renda da famiacutelia

Cobre acima de 70 das despesas da famiacutelia (4)

Sim (1)

Cobre 69 le Despesas da Famiacutelia ge 40 (3)

Cobre 39 le Despesas da Famiacutelia ge 20 (2)

Cobre 19 le Despesa da Famiacutelia ge 1 (1)

19 Como o senhor considera as condiccedilotildees das estradas e pontes para transportar o baru ateacute a sua casa ou para a cooperativaassociaccedilatildeo

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

229

20 Como o senhor avalia as condiccedilotildees do comeacutercio quando vai vender o produto que fabrica

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

21 O sr(a) recebeu algum dinheiro do Estado ou de instituiccedilatildeo privada (ONG Associaccedilatildeo Cooperativa Banco privado) para explorar o baru nos uacuteltimos dois anos

Sim (4) Em parte (2) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO ECOLOacuteGICA 22 A comunidade cuida dos peacutes de baru (manejo)

Sim (1) Natildeo (0)

23 O que o senhor faz para ter mais baru na sua propriedade

Plantio de sementes ou mudas de baru Regeneraccedilatildeo natural

Exclusatildeo de competidores e parasitas Poda

Uso de insumos internos Desbaste

Aplicaccedilatildeo de 5 ou mais tratos(4) 4 tratos (3) 3 ou 2 tratos (2)

Aplicaccedilatildeo de 1 trato (1) Natildeo pratica qualquer trato (0)

24 Algum teacutecnico da assistecircncia teacutecnica veio na sua propriedade para te orientar sobre a exploraccedilatildeo de baru nos uacuteltimos doze meses

3 vezes ou mais (4)

2 vezes (3)

1 vez (2)

Nunca veio (0)

25 Quantas foram as ocorrecircncias de fogo na sua propriedade nos uacuteltimos doze meses

Nenhuma (4) Uma (2) Duas ou mais (0)

26 Que proporccedilatildeo de frutos (PFR) de baru satildeo deixados debaixo da aacutervore para que os animais possam se alimentar e para que a espeacutecie possa se reproduzir

Proporccedilatildeo de frutos gt 40 (4) 20 lt PFR lt 39 (3)

10 lt PFR lt 19 (2) 1 lt PFR lt 9 (1)

Nenhuma semente eacute deixada (0)

27 O senhor protege a vegetaccedilatildeo da sua propriedade contra o desmatamento

Protege a vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas nascentes e na reserva legal (4)

Protege somente a vegetaccedilatildeo dos rios lagoas e nascentes (3)

Protege somente a vegetaccedilatildeo da reserva legal (2)

Natildeo protege (0)

230

ANEXO 4

ENTREVISTA SOBRE A CADEIA PRODUTIVA DO BARU Roteiro para o Agricultor-Coletor

Soacutecio-economia

Idade________

Data________________________________________Hora_________________________

Sexo 1 ( ) Fem 2 ( ) Mas

01 Qual o seu niacutevel de escolaridade 1 ( ) Natildeo lecirc nem escreve 5 ( ) 1ordm grau incompleto 9 ( ) Superior 2 ( ) Escreve o nome 6 ( ) 2ordm grau incompleto 10 ( ) Poacutes-Graduaccedilatildeo 3 ( ) Lecirc mas natildeo escreve 7 ( ) 1ordm grau (completo) 4 ( ) Lecirc e escreve (alfabetizaccedilatildeo) 8 ( ) 2ordm grau (completo)

02 Qual eacute o tamanho da sua propriedade

1- Aacuterea total__________ 2- Aacuterea utilizada____________ 03 Quais produtos que os srs plantaram na uacuteltima safra

Produto Aacuterea (ha) Quant colhida

Destino da produccedilatildeo

Venda Consumo Semente

1 Arroz

2 Feijatildeo

3 Milho

4 Aboacutebora

5 Mandioca

6 Batata-doce

7 Pasto + cana

8 Fruteiras

9 Outros

(Tarefa = 03 ha alqueire goiano = 48 ha alqueire paulista = 24 ha 1 braccedila = 22 metros 1 tarefa = 4356 msup2)

04 Atividades de produccedilatildeo animal

Inventaacuterio das criaccedilotildees Efetivo Destino da produccedilatildeo

Venda Consumo

1 Pecuaacuteria

2 Avicultura

3 Suinocultura

05 Quais insumos usa na propriedade para agricultura pecuaacuteria e agroflorestamento 1 ( ) Adubo quiacutemico 4 ( ) Sementes hiacutebridas ( ) herbicida 2 ( ) Adubo orgacircnico 5 ( ) Agrotoacutexico ( ) raccedilatildeo para animais 3 ( ) Sementes crioulas 6 ( ) Calcaacuterio

06 O sr aprendeu as teacutecnicas de plantio pecuaacuteria e exploraccedilatildeo dos frutos do cerrado com seus paiacutes ( ) Sim ( ) Natildeo

07 Qual o tipo da matildeo-de-obra que o sr usa na propriedade 1 ( ) So Familiar 3 ( ) Familiar + extra familiar 2 ( ) so Extra-familiar

231

08 Que vantagens o sr vecirc em explorar frutos do cerrado

1 ( ) Daacute menos trabalho que lavoura 4 ( ) Daacute para conciliar com trabalho fora da propriedade 2 ( ) Daacute maior retorno econocircmico 5 ( ) Diversifica a produccedilatildeo daacute garantias 3 ( ) Tem mercado certo 6 ( ) Garante o abastecimento da propriedade

09 Que tipo de atividade realiza com o BARU

1 ( ) Coleta apenas para consumo

4 ( ) Coleta processa comercializa e distribui

7 ( ) Compra processa comercializa e distribui

2 ( ) Coleta e comercializa o fruto bruto

5 ( ) Compra o fruto bruto e revende

3 ( ) Coleta processa e comercializa a castanhaprodutos derivados

6 ( ) Compra processa e comercializa a castanhaprodutos derivados

10 Onde coleta a maior parte do BARU atualmente 1 ( ) Na sua propriedade 2 ( ) Em aacutereas coletivas 3 ( ) Em Unidade de Conservaccedilatildeo 4 ( ) Em propriedade de terceiros 5 ( ) Em APP e RL 11 Como eacute o processo de coleta 1 ( ) Recolhe no chatildeo 3 ( ) Balanccedila os galhos e coloca uma lona no chatildeo para aparaacute-los 2 ( ) Colhe na planta

12 Qual a principal forma de transporte do BARU para a sua casadepoacutesito 1 ( ) Na matildeo 3 ( ) Animal 5 ( ) Veiacuteculo automotor 2 ( ) Bicicleta 4 ( ) Carroccedila

13 Em um dia de trabalho quantos sacos de BARU um adulto coleta (4 a 5 sacos homemdia (SANO 2004)) 1 ( ) 1 saco 3 ( ) 3 sacos 5 ( ) Acima de 4 sacos 2 ( ) 2 sacos 4 ( ) 4 sacos

14 Qual a produccedilatildeo meacutedia de um baruzeiro durante a safra (2 a 5 sacos de 45 kgaacutervoresafra (SANO 2004)) 1 ( ) 2 sacos 3 ( ) 4 sacos 5 ( ) Acima de 5 sacos 2 ( ) 3 sacos 4 ( ) 5 sacos

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

15 Quais satildeo as trecircs principais fontes de renda da famiacutelia 1 ( ) Lavoura 5 ( ) Serviccedilo fora da famiacutelia 8 ( ) Gado 2 ( ) Produtos do Cerrado 6 ( ) Porco 9 ( ) Frango 3 ( ) Horta 7 ( ) Leite 10 ( ) Outros __________ 4 ( ) Transformaccedilatildeo (agroinduacutestria ou beneficiamento)

16 Para quem o sr vende a sua produccedilatildeo de BARU

Comprador Quantidade Valor de Venda (R$)

Com casca Amecircndoa

1 Comerciante local

2 Comerciante de fora

3 Caminhoneiro

4 Empresa

5 CooperativaAssociaccedilatildeo

6 Direto ao consumidor

7 Outros (especificar)

17 De que forma o sr (a) vende o BARU 1 ( ) Vende agrave vista 3 ( ) Troca 2 ( ) Vende a prazo

232

18 O senhor acha que explorando o BARU estaraacute contribuindo para a conservaccedilatildeo do meio ambiente 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

19 O senhor tem conhecimento dos mercados para venda de BARU 1 ( ) Natildeo ( ) Sim Quais

20 Existem mecanismos que a comunidade usa para comercializaccedilatildeo do BARU 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim Quais

21 O sr conhece os custos de produccedilatildeo para a exploraccedilatildeo do baru (Coleta transporte quebra do fruto torraccedilatildeo embalagem distribuiccedilatildeo etc) 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

DIMENSAtildeO ECOLOacuteGICAAMBIENTAL (Aquela que representa a manutenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da base de recursos naturais)Natureza = Meio ambiente natural

22 O sr acha que eacute importante conservar os recursos da natureza como as florestas os rios e os animais 1 ( ) Natildeo Por que 2 ( ) Sim Por que

23 O sr sabe o que eacute um plano de manejo florestal sustentaacutevel 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

24 O sr eacute a favor da existecircncia da APP e da RL 1 ( ) Natildeo Por que 2 ( ) Sim Por que

25 O sr eacute a favor da existecircncia da RL e APP na sua propriedade

1 ( ) Natildeo Por que 2 ( ) Sim Por que DIMENSAtildeO SOCIAL (A dimensatildeo social representa precisamente um dos pilares baacutesicos da sustentabilidade uma vez que a preservaccedilatildeo ambiental e a conservaccedilatildeo dos recursos naturais somente adquirem significado e relevacircncia quando o produto gerado nos agroecossistemas em bases renovaacuteveis tambeacutem possa ser equumlitativamente apropriado e usufruiacutedo pelos diversos segmentos da sociedade (Costabeber))

26 Como o sr se sente a respeito do seu niacutevel de informaccedilatildeo sobre meio ambiente 1 ( ) Muito bem informado 3 ( ) Mais ou menos informado 5 ( ) Muito mal informado 2 ( ) Bem informado 4 ( ) Mal informado

27 Como o sr fica sabendo das novidades ou conhecendo mais coisas sobre o BARU 1 ( ) Programas de Raacutedio 4 ( ) Revistas 7 ( ) Outros meios 2 ( ) Programas na Televisatildeo 5 ( ) AssociaccedilatildeoCooperativa 3 ( ) Jornais 6 ( ) VizinhoAmigos

28 Considerando as atividades que o(a) sr(a) desenvolve atualmente diria que a sua condiccedilatildeo de vida 1 ( ) Melhorou 3 ( ) Permanece igual haacute 5 anos atraacutes 2 ( ) Piorou

29 O rendimento proveniente da exploraccedilatildeo do BARU possibilita o atendimento das necessidades baacutesicas da sua famiacutelia (alimentaccedilatildeo vestuaacuterio etc) 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

233

30 Em sua opiniatildeo quais satildeo as principais dificuldades para trabalhar com o BARU (Mostrar as fichas)

Obstaacuteculos

DIMENSAtildeO NA SAUacuteDE 31 Quantas vezes o senhor ou sua famiacutelia tiveram problemas de sauacutede no uacuteltimo ano a ( ) Nenhuma

b ( ) 1 c ( ) 2 d ( ) 3 e ( ) 4 f ( ) 5 ou mais

32 Existe posto de sauacutede na comunidade 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

33 Quando precisam de meacutedico vatildeo onde 1 ( ) Hospital ou posto municipal 3 ( ) Hospital privado 5 ( ) Posto de sauacutede da comunidade 2 ( ) Hospital ou posto estadual 4 ( ) MeacutedicoCliacutenica privada 6 ( ) Em outra cidade

34 O poder puacuteblico (Uniatildeo Estado Municiacutepio) tem promovido accedilotildees para melhorar a sauacutede dos moradores da comunidade onde o sr vive 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

234

ANEXO 5

OBSTAacuteCULOS ENFRENTADOS PELOS AGRICULTORES NO AcircMBITO DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

Obs Os itens marcados com um ldquoXrdquo indicam os obstaacuteculos enfrentados pelos agricultores para a exploraccedilatildeo do baru

OBSTAacuteCULOS Agrave COLETA E AO MANEJO

1[ ] Exigecircncia de apresentaccedilatildeo de plano de manejo ao oacutergatildeo de meio ambiente de Goiaacutes para a exploraccedilatildeo do baru 2[] Falta de informaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo que coloca as regras sobre a exploraccedilatildeo de frutos do cerrado 3[ ] Falta de informaccedilotildees sobre as boas praacuteticas sanitaacuterias exigidas pela Anvisa para o

beneficiamento dos frutos do cerrado 4[ ] Falta de legislaccedilatildeo para regular o mercado de frutos do cerrado

5[ ] Falta de locais adequados para armazenar o fruto do baru por longos periacuteodos

7[ ] Carestia do transporte do baru das aacutereas de coleta ateacute o local de armazenamento por conta das grandes distacircncias

8[ ] Falta de linha de creacutedito nos bancos para financiar a exploraccedilatildeo do baru

9[ ] Falta de informaccedilotildees que o agricultor deve ter com a aacutervore do baru para aumentar a produccedilatildeo e garantir que o baru natildeo desapareccedila

10[ ] Falta de consciecircncia dos catadores sobre como coletar o baru sem prejudicar a aacutervore

11[ ] Falta de informaccedilatildeo sobre a quantidade de frutos de baru que devem ser deixados debaixo da aacutervore para povoar o cerrado

12[ ] Dificuldade para coletar os frutos de baru que estatildeo em propriedades particulares

13[ ] Falta de mapeamento das aacutereas de coleta porque se houvesse facilitaria coletar muito baru em pouco tempo

14[ ] Dificuldade de comunicaccedilatildeo devido ao isolamento das comunidades

15[ ] Falta de assistecircncia teacutecnica que oriente o agricultor no processo de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do baru

16[ ] Dificuldade que o agricultor possui para o gerenciamento de empreendimentos coletivos (associaccedilatildeocooperativa)

17[ ] Falta de matildeo-de-obra familiar agravada pela ida dos jovens para os centro urbanos

OBSTAacuteCULOS AO PROCESSAMENTO E AO BENEFICIAMENTO

1 ] Falta de maquinaacuterio para despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas do baru

2[ ] Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre as leis ambientais sanitaacuterias tributaacuterias fiscais e trabalhistas que tem de atender para explorar o baru

3[ ] Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre o armazenamento beneficiamento gerenciamento e comercializaccedilatildeo do baru

4[ ] Dificuldade para chegar a um padratildeo de qualidade das castanhas do baru principalmente a sua classificaccedilatildeo e torrefaccedilatildeo

5[ ] Curto tempo que o baru pode ficar na prateleira das lojas

6[ ] Carecircncia de informaccedilotildees sobre a rotulagem

7[ ] O custo alto da embalagem agrave vaacutecuo

8[ ] Falta de alternativas para o aproveitamento dos outros produtos do baru (polpa e coco)

OBSTAacuteCULOS Agrave COMERCIALIZACcedilAtildeO

1[ ] O custo do coacutedigo de barra eacute alto

2[ ] As exigecircncias da legislaccedilatildeo e da fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria para a exploraccedilatildeo do baru aumentam muito as despesas e datildeo muito trabalho ao agricultor

4[ ] Falta melhorar a embalagem e a rotulagem dos produtos feitos a partir do baru

41[ ] Falta melhorar o processo de torrefaccedilatildeo da castanha do baru

235

5[ ] Falta e informaccedilotildees sobre como o agricultor pode colocar o baru no comeacutercio

6[ ] Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor

7[ ] Falta de ldquopontosrdquo bons nas cidades para a venda do baru

8[ ] Falta de capacidade do agricultor para produzir a castanha do baru em uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constante

9[ ] Preccedilo da castanha do baru muito alto para o consumidor final

10[ ] Dificuldade para a distribuiccedilatildeo dos produtos do baru por diversos motivos (falta de veiacuteculo estradas precaacuterias comunidades isoladas)

236

ANEXO 6

QUESTIONAacuteRIO DESTINADO AgraveS EMPRESAS QUE FAZEM PARTE DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

PARA CADA PERGUNTA MARQUE A RESPOSTA QUE VOCEcirc MAIS CONCORDA

SOacute PODE MARCAR UMA RESPOSTA PARA CADA PERGUNTA

O nome das empresas que responderam ao questionaacuterio seraacute mantido em sigilo e somente os resultados dos questionaacuterios faratildeo parte da Tese

Este questionaacuterio faz parte da Tese de Doutorado de Rogeacuterio M Magalhatildees sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva do baru que seraacute submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel (CDS) da Universidade de Brasiacutelia (UnB) com vista agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Desenvolvimento Sustentaacutevel

DADOS GERAIS SOBRE A EMPRESA

(a) Qual a natureza juriacutedica da instituiccedilatildeo

( ) SA ( ) Associaccedilatildeo ( ) Outros ( ) Ltda ( ) Cooperativa

(b) Qual o ramo de atividade

( ) Alimentiacutecia ( ) Farmacecircutica ( ) Cosmeacuteticoperfumaria ( ) Outros

(c) Qual o nuacutemero de funcionaacuterios da Instituiccedilatildeo

(d) Qual o principal produto derivado de frutos do Cerrado que produz

(e) Qual eacute a origem dos frutos que satildeo usados como mateacuteria-prima

( ) Produtorcoletor ( ) Transportadorcaminhoneiro ( ) Produccedilatildeo proacutepria

( ) Comerciante local ( ) Empresas locais ( ) Outros

( ) Comerciante regional ( ) Empresas regionais

(f) Quais os principais canais de distribuiccedilatildeo dos produtos derivados de frutos do Cerrado

( ) Representante comercial ( ) Atacadista ( ) Outros

( ) Mercado institucional ( ) Direto ao varejo

DIMENSAtildeO AMBIENTAL

01 A empresa() possui licenciamento ambiental Empresacooperativaassociaccedilatildeo

Sim (1) Natildeo (0)

02 A empresa foi multada nos uacuteltimos trecircs anos por infraccedilatildeo agrave normas ambientais

Sim (0) Natildeo (1)

03 A empresa faz controle do volume de resiacuteduos soacutelidos eou efluentes liacutequidos eliminados

Sim (1) Natildeo (0)

237

04 A empresa dispotildee de procedimentos para mitigar os impactos do volume de resiacuteduos eliminados

Sim (1) Natildeo (0)

05 A empresa possui passivos ambientais

Sim (0) Natildeo (1)

06 A empresa exige que os seus fornecedores coletem a mateacuteria-prima de acordo com as normas ambientais

Sim (1) Natildeo (0)

07 A empresa dispotildee de procedimentos para monitorar e medir as caracteriacutesticas principais de suas atividades que causam ou possam causar impacto sobre o meio ambiente

Sim (1) Natildeo (0)

08 A empresa possui programas para reuso da aacutegua

Sim (1) Natildeo (0)

09 A empresa promove a utilizaccedilatildeo de tecnologias que natildeo produzam muito lixo

Sim (1) Natildeo (0)

10 A empresa possui programas para uso eficiente de energia

Sim (1) Natildeo (0)

11 A empresa faz coleta seletiva de lixo nas suas dependecircncias

Sim (1) Natildeo (0)

12 A empresa utiliza mateacuteria-prima oriunda de manejo sustentaacutevel ou de coleta sustentaacutevel de produtos do Cerrado

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO SOCIAL

13 A empresa possui procedimentos para que o cliente agrave avalie (canais para que os clientes possam se manifestar sobre o produto e a empresa)

Sim (1) Natildeo (0)

14 A empresa possui accedilotildeesatividades de responsabilidade social (doaccedilotildees para projetos sociais)

Sim (1) Natildeo (0)

15 A empresa possui accedilotildees internas de desenvolvimento dos recursos humanos (capacitaccedilatildeo promoccedilatildeo etc)

Sim (1) Natildeo (0)

16 A empresa participa de algum projeto de cunho social e suporte ao crescimento da comunidade (combate ao analfabetismo atividades recreativas atividades de educaccedilatildeo ambiental etc)

Sim (1) Natildeo (0)

17 A empresa fornece alimentaccedilatildeo gratuita para os seus empregados

Sim (1) Natildeo (0)

18 Os empregados participam dos resultados da empresa (lucros)

Sim (1) Natildeo (0)

19 A empresa adota medidas para evitar acidentes de trabalho

Sim (1) Natildeo (0)

238

20 A empresa respeita a jornada de 44 horas semanais e um dia de folga a cada periacuteodo de sete dias dos seus empregados

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

21 Qual o tempo de funcionamento da empresa

Menos de dois anos (1)

De 2 a 5 anos (2)

Acima de 5 anos e abaixo de 10 anos (3)

Mais de 10 anos (4)

22 Os resultados econocircmicos financeiros (receita lucro faturamento investimentos etc) nos uacuteltimos 24 meses

Cresceram (4) Se mantiveram (2) Diminuiacuteram (0)

23 A empresa dispotildee de estrateacutegias organizacionais para o mercado

Sim (1) Natildeo (0)

24 A empresa possui estrateacutegia definida de oferta de produtos de qualidade a baixo custo (eficiecircncia produtiva)

Sim (1) Natildeo (0)

25 A empresa possui passivo referente ao pagamento de tributos e impostos ao governo

Sim (0) Natildeo (1)

26 A empresa adota accedilotildees corretivas e preventivas em suas atividades

Sim (1) Natildeo (0)

27 A empresa investiu em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica nos uacuteltimos dois anos

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO POLIacuteTICA

28 Existe uma histoacuteria de participaccedilatildeo da empresa no planejamento e na implantaccedilatildeo de projetos de natureza puacuteblica locais ou regionais

Sim (1) Natildeo (0)

29 Membro da empresa participa de algum conselho municipal ou estadual que tem como objeto o acompanhamento da administraccedilatildeo puacuteblica

Sim (1) Natildeo (0)

30 Nos uacuteltimos dois anos a empresa teve acesso a algum recurso financeiro (financiamentos subsiacutedio infra-estrutura) para incrementar a produccedilatildeo da sua empresa

Sim (1) Natildeo (0)

31 A empresa participa de comitecircsconselhos locais ou regionais para discutir a questatildeo ambiental com o Governo Municipal e a comunidade

Sim (1) Natildeo (0)

239

DIMENSAtildeO DA SAUacuteDE

33 A empresa adota praacuteticas de gestatildeo para a prevenccedilatildeo de acidentes e doenccedilas decorrentes do trabalho

Sim (1) Natildeo (0)

34 A empresa fornece assistecircncia meacutedico-hospitalar gratuita para os seus empregados e dependentes

Sim (1) Natildeo (0)

35 A empresa manteacutem programa de trabalho preventivo e de conscientizaccedilatildeo da sauacutede com a abordagem de temas como prevenccedilatildeo ao cacircncerdoenccedilas sexualmente transmissiacuteveiscampanhas de orientaccedilatildeo alimentarcuidados com o coraccedilatildeoprogramas de apoio agraves gestantes

Sim (1) Natildeo (0)

36 A empresa possui preparo do ambiente de trabalho para evitar lesotildees por esforccedilo repetitivo

Sim (1) Natildeo (0)

240

ANEXO 7

ABAIXO ESTAtildeO LISTADOS VAacuteRIOS OBSTAacuteCULOS AO BOM FUNCIONAMENTO E CRESCIMENTO DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM O BARU COMO MATEacuteRIA-PRIMA PARA

TODOS OS PRODUTOS QUE FABRICA OU SOMENTE PARA ALGUNS

MARQUE COM UM X AQUELES ITENS QUE VOCEcirc ACHA QUE SAtildeO OBSTAacuteCULOS AO BOM FUNCIONAMENTO E CRESCIMENTO DA SUA EMPRESA

Este questionaacuterio faz parte da Tese de Doutorado de Rogeacuterio M Magalhatildees sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva do baru e que seraacute submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel (CDS) da Universidade de Brasiacutelia (UnB) com vista agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Desenvolvimento Sustentaacutevel

OBSTAacuteCULOS

[ ] Baixa qualidade da castanha do baru entregue pelo fornecedor

[] Fornecimento irregular da castanha do baru em razatildeo da sazonalidade do fruto do baru

[] Alto custo do transporte da mateacuteria-prima (castanha do baru) ateacute o local de processamento

[ ] Legislaccedilatildeo sanitaacuteria inadequada agraves atividades que a empresa desenvolve

[] Carga tributaacuteria elevada

[ ] Excesso de burocracia do para a regularizaccedilatildeo das operaccedilotildees da empresacooperativaassociaccedilatildeo

[ ] Alto custo da certificaccedilatildeo para produtos diferenciados como o baru

[ ] Carecircncia de informaccedilotildees sobre os cuidados ligados aos direitos do consumidor

[ ] Inexistecircncia de equipamentos e de tecnologia adequadas agraves necessidades do ramo no qual atua

[ ] Falta de informaccedilotildees teacutecnicas sobre a fabricaccedilatildeo dos produtos agrave base de baru

[ ] Falta de capacitaccedilatildeo para o atendimento agraves exigecircncias de qualidade da produccedilatildeo

[ ] Falta de capital de giro

[ ] Dificuldade de acesso ao creacutedito bancaacuterio

[ ] Alto risco do creacutedito em razatildeo da maior vulnerabilidade do tipo de empresa que administra

[ ] Falta de linhas de creacutedito bancaacuterio para empresas que operam com produtos da biodiversidade

[ ] Insuficiecircncia de garantias reais para oferecer agraves instituiccedilotildees de creacutedito bancaacuterio

[ ] Elevado custo administrativo da empresa

[ ] Dificuldade para identificar o cliente

[ ] Dificuldade em colocar o produto agrave base de baru no mercado

[ ] Concorrecircncia muito forte

[ ] Inadimplecircncia dos clientes

[ ] Falta de clientes

[ ] Baixa liquidez dos produtos agrave base do baru

[ ] Falta de conhecimentos gerenciais

[ ] Localizaccedilatildeo inadequada da faacutebricaprocessadora

[ ] Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor

241

[ ] Preccedilo elevado do produto a base do baru

[ ] Dificuldade na obtenccedilatildeo de um produto a base do baru com qualidade

[ ] Falta de matildeo-de-obra qualificada

[ ] Instalaccedilotildees inadequadas ou insuficientes

[ ] Dificuldade para distribuir os produtos fabricados pela empresa

ii

MAGALHAtildeES Rogeacuterio Marcos

Obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru (Dipteryx alata Vog) no

Cerrado Goiano sustentabilidade comprometida Rogeacuterio Marcos

Magalhatildees (UnB-CDS Doutor Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental 2011)

Brasiacutelia 2011

p il

Tese de Doutorado Universidade de Brasiacutelia Centro de

Desenvolvimento Sustentaacutevel Brasiacutelia

1 Baru 2 Cadeia produtiva 3 Sustentabilidade 4 Extrativismo

vegetal 5 Modelo produtivo 6 Cerrado I Universidade de

Brasiacutelia CDS II Tiacutetulo

Eacute concedida agrave Universidade de Brasiacutelia permissatildeo para reproduzir coacutepias desta Tese

e emprestar ou vender tais coacutepias somente para propoacutesitos acadecircmicos e cientiacuteficos O

autor reserva outros direitos de publicaccedilatildeo e nenhuma parte desta Tese de Doutorado pode

ser reproduzida sem a sua autorizaccedilatildeo por escrito

Rogeacuterio Marcos Magalhatildees

iii

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

Obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru (Dipteryx alata Vog) no

Cerrado Goiano sustentabilidade comprometida

Rogeacuterio Marcos Magalhatildees

Tese de Doutorado submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade

de Brasiacutelia como parte dos requisitos necessaacuterios para a obtenccedilatildeo do Grau de Doutor em

Desenvolvimento Sustentaacutevel aacuterea de concentraccedilatildeo em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental

Aprovado por

__________________________________________

Donald Rolfe Sawyer Ph D (CDSUnB)

(Orientador)

_________________________________________

Fernando Paiva Scardua Doutor (FAGCDSUnB)

(Examinador Interno)

_________________________________________

Doris Aleida Villamizar Sayago Doutora (CDSUnB)

(Examinador Interno)

__________________________________________

Thomas Ludewigs Doutor (CDSUnB)

(Examinador Interno)

__________________________________________

Aldicir Osni Scariot Ph D (EmbrapaCenargen)

(Examinador Externo)

__________________________________________

Elimar Pinheiro do Nascimento Ph D (CDSUnB)

(Suplente)

Brasiacutelia-DF 23 de maio de 2011

iv

Esta Tese foi realizada com o auxiacutelio financeiro do Projeto ldquoFLORELOS Elos Ecossociais

entre as Florestas Brasileiras Modos de vida sustentaacuteveis em paisagens produtivasrdquo

desenvolvido pelo Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza (ISPN) com o apoio financeiro

da Uniatildeo Europeia Este documento eacute de responsabilidade do autor natildeo podendo em caso

algum considerar-se que reflete a posiccedilatildeo de seus doadores

v

DEDICATOacuteRIA

Agrave Solange companheira incansaacutevel de longas horas consumidas na elaboraccedilatildeo desta Tese

Agraves minhas filhas Mayra e Nayara pela alegria que renova a minha vida a cada manhatilde

Aos meus pais Joseacute Geraldo e Maria Aparecida que me ensinaram a perseverar na busca

dos meus sonhos

vi

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Donald Rolfe Sawyer orientador paciente pelo aprendizado

Ao Professor Fernando Paiva Scardua pela valiosa contribuiccedilatildeo

Aos agricultores familiares do Assentamento Vale da Esperanccedila no Municiacutepio de Formosa

do Distrito de Caxambuacute e Bom Jesus no Municiacutepio de Pirenoacutepolis pela prestimosa

colaboraccedilatildeo sem a qual este trabalho natildeo existiria

Aos empresaacuterios e presidentes de associaccedilotildees e cooperativas que disponibilizaram seu

tempo e informaccedilotildees fundamentais para a elaboraccedilatildeo desse trabalho

Aos membros da Banca pela pertinecircncia das contribuiccedilotildees

Ao amigo Juaci Vitoria Malaquias da Embrapa-Cerrados pela grande ajuda na parte

quantitativa do trabalho

A Cynthia V Magalhatildees minha irmatilde querida Renata A da Mata Lucas de Q Valenccedila

Laura Chamo Javier Bonsen e ao colega Claacuteudio Frate pela ajuda oportuna nas horas de

maior necessidade

A Valdinea Pereira da Silva (Val) pela revisatildeo do texto num curto espaccedilo de tempo mesmo

estando passando por um momento difiacutecil

Aos professores do CDS em especial agrave Professora Vanessa Maria de Castro

Aos servidores do Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel (CDS) pela simpatia e pela

constante disposiccedilatildeo em ajudar

Aos teacutecnicos do Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza (ISPN) pelas informaccedilotildees

disponibilizadas sobre o baru

Ao povo brasileiro que por meio do seu trabalho possibilitou que eu cursasse uma

universidade puacuteblica desde a graduaccedilatildeo

vii

Este trabalho de pesquisa tem como inspiraccedilatildeo o pensamento de Ignacy Sachs para quem

o desenvolvimento sustentaacutevel pode ser um modelo correto de desenvolvimento desde que

se mantenha o equiliacutebrio entre suas dimensotildees ambiental social cultural econocircmica e

poliacutetica (SACHS 2000 p 60)

viii

Tudo que move eacute sagrado

Amor de Iacutendio ndash Beto Guedes

ix

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo verificar se a exploraccedilatildeo do fruto do baru ndash Dipteryx

alata Vogel (Fabaceae) ndash no Cerrado do Estado de Goiaacutes no Brasil Central eacute uma

alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda para os agentes que participam da sua cadeia

produtiva Para alcanccedilar esse objetivo optou-se pela mensuraccedilatildeo das dimensotildees das

sustentabilidades ambiental social econocircmica poliacutetica e da sauacutede por meio de

indicadores bem como entrevistas projetivas e semiestruturadas Os resultados obtidos com

a aplicaccedilatildeo da metodologia proposta mostram que nas condiccedilotildees atuais a exploraccedilatildeo do

baru nos municiacutepios estudados natildeo se configura como uma atividade sustentaacutevel de

geraccedilatildeo de renda para os agentes que participam da sua cadeia produtiva uma vez que

atende parcialmente ao pressuposto segundo o qual a atividade para ser considerada

sustentaacutevel tem que apresentar um equiliacutebrio entre as vaacuterias dimensotildees da sustentabilidade

Os agricultores alcanccedilaram um grau de sustentabilidade meacutedio com Iacutendice de

Sustentabilidade variado entre as dimensotildees analisadas As instituiccedilotildees privadas que

utilizam o baru alcanccedilaram grau de sustentabilidade baixo apresentando tambeacutem grande

variaccedilatildeo entre as dimensotildees avaliadas Os maiores obstaacuteculos identificados pelos

agricultores satildeo dificuldade que encontram para gerenciar empreendimentos coletivos

inexistecircncia de maquinaacuterio adequado para despolpar e quebrar o fruto do baru A legislaccedilatildeo

que natildeo estaacute sendo aplicada natildeo se configura como um obstaacuteculo para esses atores Para

as instituiccedilotildees privadas que processam o baru os maiores obstaacuteculos foram fornecimento

irregular da castanha do baru em funccedilatildeo da sazonalidade do fruto e inexistecircncia de

equipamentos e tecnologias adequada agraves necessidades do ramo no qual atuam O estudo

permitiu tambeacutem identificar que o modelo produtivo do baru encontrado nos municiacutepios

estudados apresenta caracteriacutesticas diferentes de modelos propostos por autores como

Homma A K O (1993) Recircgo J F do (1992) e Drummond J A (1996) para o

extrativismo O baru eacute importante para os agricultores familiares que o exploram pelo fato de

se constituir em uma fonte de renda imediata da qual lanccedilam matildeo quando necessitam de

dinheiro em espeacutecie

Palavras-chave Baru Cadeia produtiva Sustentabilidade Extrativismo vegetal Modelo

produtivo

x

ABSTRACT

This work aims to verify whether the exploitation of the baru fruit ndash Dipteryx alata Vogel

(Fabaceae) ndash in the Savanna of the state of Goias Central Brazil represents a sustainable

option to generate income for agents who participate in its production chain To reach this

target I measure the social economic political and sustainable dimensions by using

indicators and some projected and semi-structured interviews as well as by applying a

social-economic survey in a sample of family farmers from the State The results obtained

with the proposed methodology show that under current conditions barursquos exploitation in the

studied municipalities does not represent a sustainable activity to generate income for those

involved in its production chain since it does only attends in a partial way the necessary

equilibrium among the various sustainable dimensions The family farmers reached medium

sustainable development levels with different indices among the analyzed dimensions

Private institutions that explore baru reached low sustainable development levels and

demonstrate a huge variability among the evaluated dimensions The major obstacles

identified by the farmers were the management of collective enterprises and the lack of

appropriate machinery to remove and break the fruit Considering the private institutions the

main obstacles were the irregular baru nuts supply due to the seasonality of the fruit and

the lack of the appropriated equipment and technology required for the industry in which they

operate Since the legislation is not being applied it does not represent an obstacle to the

farmers or to the private institutions The present study has also allowed us to identify that

the baru exploitation model in the studied municipalities shows different characteristics

regarding the extrativism exploitation models proposed by Homma Recircgo and Drummond

The baru is important for family farmers since it may become an immediate source of

income when they need cash

Key words Baru Production chain Sustainability Forest extrativism Productive model

xi

RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo verificar si la explotacioacuten del fruto del baru ndash Dipteryx alata

Vogel (Fabaceae) ndash en la Sabana en el estado de Goias centro de Brasil constituye una

alternativa sostenible de generacioacuten de renta para los actores que participan de su cadena

productiva Para alcanzar este objetivo se ha optado por la evaluacioacuten de las dimensiones

de la sostenibilidad ambiental social econoacutemica poliacutetica y de salud por medio de

indicadores asiacute como tambieacuten entrevistas proyectivas y semi estructuradas ademaacutes del

levantamiento socioeconoacutemico de los agricultores muestreados Los resultados obtenidos

com La metodologia propuesta muestran que en las condiciones actuales la explotacioacuten del

baru en los municipios estudiados no se configura como una actividad sostenible de

generacioacuten de renta para los actores que participan de su cadena productiva ya que atiende

parcialmente al presupuesto seguacuten el cual la actividad tiene que presentar un equilibrio entre

las varias dimensiones de la sostenibilidad para ser considerada sostenible Los agricultores

alcanzaron un grado de sostenibilidad mediano con Iacutendice de Sostenibilidad variado entre

las dimensiones analizadas Las instituciones privadas que utilizan el baru alcanzaron un

grado de sostenibilidad bajo presentando tambieacuten gran variacioacuten entre las dimensiones

evaluadas Los principales obstaacuteculos identificados por los agricultores son gerenciamiento

de emprendimientos colectivos inexistencia de maquinarias adecuadas para despulpar y

quebrar el fruto del baru La legislacioacuten que no estaacute siendo aplicada no se configura como

un obstaacuteculo para estos actores Para las instituciones privadas que procesan el baru los

mayores obstaacuteculos fueron abastecimiento irregular de la castantildea de baru en funcioacuten de la

estacionalidad del fruto inexistencia de equipamientos y tecnologiacuteas adecuadas a las

necesidades del ramo en el cual actuacutean Para esas instituciones la legislacioacuten tampoco se

configura como un obstaacuteculo El estudio permitioacute tambieacuten identificar que el modelo

productivo del baru encontrado en los municipios estudiados presentan caracteriacutesticas

diferentes a las descritas en los modelos propuestos por Homma Recircgo y Drummond para el

extractivismo El baru es importante para los agricultores familiares que lo explotan

constituyendo una fuente inmediata de renta de la cual hacen uso cuando necesitan de

dinero en efectivo

Palabras-clave Baru Cadena productiva Sustentabilidad Extractivismo forestal Modelo

productivo

xii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Biomas brasileiros 1

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo geograacutefica do bioma Cerrado no Brasil com a indicaccedilatildeo de

aacutereas disjuntas 2

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo dos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis no Estado de

Goiaacutes 16

Figura 4 ndash Possiacuteveis formas de utilizaccedilatildeo do recurso natural depois da sua

transformaccedilatildeo em recurso econocircmico 26

Figura 5 ndash Estrutura hieraacuterquica dos indicadores utilizados 86

Figura 6 ndash Modelo geral de uma cadeia produtiva 114

Figura 7 ndash Representaccedilatildeo graacutefica de uma cadeia produtiva de PFNM 120

Figura 8 ndash Modelo geneacuterico da cadeia produtiva do baru no Estado de Goiaacutes 123

Figura 9 ndash Dispositivo manual para extraccedilatildeo da amecircndoa do baru 129

Figura 10 ndash Maacutequina eleacutetrica de despolpar e quebrar o fruto do baru 130

Figura 11 ndash Aspectos externos e internos do fruto e da semente de Dipteryx alata

Vogel 140

Figura 12 ndash Modelo conceitual de exploraccedilatildeo do fruto do baru encontrado em trecircs

comunidades rurais dos Municiacutepios de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 2010 149

Figura 13 ndash Potencial de recurso extrativo processo inicial e fase final do extrativismo

por coleta 150

Figura 14 ndash Modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do fruto do baru em trecircs comunidades

rurais dos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes 2010 155

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Nuacutemero total de espeacutecies espeacutecies endecircmicas e endemismo () no Bioma

Cerrado 3

Tabela 2 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por produto alimentiacutecio extrativo

na Regiatildeo Centro-Oeste em 2009 em toneladas 5

Tabela 3 ndash Grau de sustentabilidade das comunidades estudadas segundo os iacutendices

obtidos 15

Tabela 4 ndash Pronaf Nuacutemero de contratos e montante financiado por ano agriacutecola 125

Tabela 5 ndash Quantitativo de agricultores atendidos e valor repassado pelo MDS em R$

para o Estado de Goiaacutes pelo Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ateacute 2009 126

Tabela 6 ndash Utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de Formosa (GO) em ha em 2006 132

Tabela 7 ndash Aacuterea dos estabelecimentos por utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de

Pirenoacutepolis (GO) em 2006 136

Tabela 8 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada (g100g) e valor energeacutetico total (kcal)

da polpa de baru com 1 e 136 dias de armazenamento (Goiacircnia GO 2007) 141

Tabela 9 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada e valor energeacutetico de nozes

verdadeiras e de sementes comestiacuteveis 142

Tabela 10 ndash Composiccedilatildeo em minerais de nozes verdadeiras e sementes

comestiacuteveis 143

Tabela 11 minus Iacutendices de sustentabilidade por agricultor por localidade estudada 165

Tabela 12 ndash Para quem vende o baru e forma de venda por seis famiacutelias do Distrito

de Bom Jesus Pirenoacutepolis GO em 2010 168

Tabela 13 ndash Contribuiccedilatildeo da venda do baru para a renda familiar por faixa de

despesa 169

Tabela 14 ndash Trecircs principais fontes de renda dos agricultores e familiares entrevistados

em ordem decrescente de importacircncia 170

Tabela 15 ndash Estratos de aacuterea das unidades agriacutecolas visitadas em ha 171

Tabela 16 ndash O que mais plantou no uacuteltimo ano versus produccedilatildeo animal predominante

nas trecircs comunidades estudadas 172

Tabela 17 ndash Matildeo de obra utilizada na propriedade 172

Tabela 18 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por ficha apresentada aos agricultores

das trecircs comunidades estudadas 174

Tabela 19 ndash Nuacutemero de visitas do teacutecnico da assistecircncia teacutecnica agrave propriedade do

agricultor para orientaacute-lo sobre a exploraccedilatildeo de baru nos uacuteltimos doze meses 175

Tabela 20 ndash Condiccedilotildees dos recursos (estradas escolas postos de sauacutede) que o

Estado disponibiliza para a comunidade 176

xiv

Tabela 21 ndash Nuacutemero de agricultores que conhecem a legislaccedilatildeo sobre o uso de PFNM

no Cerrado 176

Tabela 22 minus Iacutendices de sustentabilidade Individual (Iw) por instituiccedilatildeo estudada em

2010 178

Tabela 23 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por obstaacuteculo ao bom funcionamento e

crescimento das instituiccedilotildees que utilizam o baru 181

xv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 ndash Principais entraves encontrados na coleta processamento

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros 107

Quadro 2 ndash Produtos e subprodutos do baru e respectivos usos 146

Quadro 3 ndash Comparaccedilatildeo entre modelos teoacutericos propostos para o extrativismo 159

xvi

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Quantidade de carvatildeo vegetal produzida na extraccedilatildeo vegetal de 1990 a

2009 nos Estados em que ocorre o Cerrado e no Brasil 4

Graacutefico 2 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Formosa (GO) por

setor de 1999 a 2007 em R$ mil 130

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo de gratildeos no Municiacutepio de Formosa Goiaacutes em tonelada no

periacuteodo de 2004 a 2008 131

Graacutefico 4 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Formosa (GO) no

periacuteodo de 2001 a 2008 131

Graacutefico 5 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo no

Municiacutepio de Formosa de 1990 a 2008 132

Graacutefico 6 ndash Municiacutepio de Formosa nordm de estabelecimentos agropecuaacuterios por grupos

de aacuterea total em 2006 133

Graacutefico 7 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) por

setor de 1999 a 2007 em R$ mil 134

Graacutefico 8 ndash Produccedilatildeo de gratildeos do Municiacutepio de Pirenoacutepolis Goiaacutes em toneladas no

periacuteodo de 2004 a 2008 134

Graacutefico 9 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO)

no periacuteodo de 1998 a 2007 135

Graacutefico 10 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo

no Municiacutepio de Pirenoacutepolis de 1990 a 2008 135

Graacutefico 11 ndash Municiacutepio de Pirenoacutepolis nuacutemero dos estabelecimentos agropecuaacuterios

por grupos de aacuterea total em 2006 137

Graacutefico 12 minus Iacutendice de Sustentabilidade por localidade estudada 168

Graacutefico 13 minus Iacutendices por comunidade por dimensatildeo da sustentabilidade 169

Graacutefico 14 minus Iacutendice de Sustentabilidade das instituiccedilotildees privadas por dimensatildeo da

sustentabilidade em 2010 179

xvii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIACcedilOtildeES UTILIZADAS

Anvisa

Apat

APP

ART

Ater

CB

Ceasa

CEMAm

CampI

Cifor

Cites

CLA

CNPJ

Cnumad

Conab

Conacer

CONAMA

CPA

CPR

Cofins

CRC

CSA

CT

CTF

DAP

DOF

Embrapa

EPI

EVI

FAO

FGTS

Flona

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

Autorizaccedilatildeo Preacutevia agrave Anaacutelise Teacutecnica de Plano de Manejo Florestal

Sustentaacutevel

Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente

Anotaccedilatildeo de Responsabilidade Teacutecnica

Assistecircncia Teacutecnica Rural

Cadeia de Produtos da Biodiversidade

Centrais de Abastecimento SA

Conselho Estadual do Meio Ambiente de Goiaacutes

Criteacuterio e indicador

Center for International Forestry Research

Convenccedilatildeo sobre o Comeacutercio Internacional das Espeacutecies da Flora e da

Fauna

Comprovante de Licenccedila Ambiental

Cadastro Nacional de Pessoas Juriacutedicas

Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

Companhia Nacional de Abastecimento

Comissatildeo Nacional do Programa Cerrado Sustentaacutevel

Conselho Nacional de Meio Ambiente

Cadeia de Produccedilatildeo Agroindustrial

Compra da Agricultura Familiar com Doaccedilatildeo Simultacircnea

Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social

Conselho Regional de Contabilidade

Commodity System Aproach

Cadeia Produtiva Tradicional

Cadastro Teacutecnico Federal

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Pronaf

Documento de Origem Florestal

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Environmental Performance Index

Environmental Vulnerability Index

Food and Agriculture Organization

Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

Floresta Nacional

xviii

Funbio

Funrural

GEF

GPI

GPMG

GIZ

Ibama

ICMBio

ICMS

IDR

IDRC

IE

Imac

IN

Incra

INSS

IPI

IPTU

IRPF

IRPJ

IS

ISPN

ISS

IUCN

Iw

LDL

LEF

Mapa

MDA

MDS

ME

MF

MMA

MPOG

Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

Contribuiccedilatildeo Sobre a Produccedilatildeo Rural

Fundo para o Meio Ambiente Mundial

Genuine Progress Indicator

Poliacutetica de Garantia do Preccedilo Miacutenimo

Companhia Alematilde para a Cooperaccedilatildeo Internacional

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadoria

Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

International Development Research Centre

Imposto sobre Exportaccedilatildeo

Instituto de Meio Ambiente do Acre

Instruccedilatildeo Normativa

Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e Reforma Agraacuteria

Instituto Nacional da Seguridade Social

Imposto sobre Produtos Industrializados

Imposto Predial e Territorial Urbano

Imposto de Renda Pessoa Fiacutesica

Imposto sobre Renda e proventos de qualquer natureza ndash Pessoa Juriacutedica

Iacutendice de Sustentabilidade

Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza

Imposto sobre Serviccedilos

Uniatildeo para a Conservaccedilatildeo da Natureza

Iacutendice Individual de Sustentabilidade

Lipoproteiacutena de Baixa Densidade

Licenccedila de Exploraccedilatildeo Florestal

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria

Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Ministeacuterio da Fazenda

Ministeacuterio do Meio Ambiente

Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

xix

MS

MFS

OAB

OECD

OMS

ONG

PAA

PEF

PESO

PGPM-Bio

PFNMs

PIB

PIS

PMFS

PNAE

PNPCT

POA

POP

PPP-Ecos

Pronaf

RDS

Resex

RL

SAF

SAF

SAG

SBACO

SBF

Sebrae

SFB

SISBI- IA

SISBI-POA

SISBI-POV

Ministeacuterio da Sauacutede

Manejo Florestal Sustentaacutevel

Ordem dos Advogados do Brasil

Organisation for Economic Co-operation and Development

Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos da Agricultura Familiar

Plano de Exploraccedilatildeo Florestal

Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico

Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos Modalidade Produtos da

Sociobiodiversidade

Produtos Florestais Natildeo madeireiros

Produto Interno Bruto

Programa de Integraccedilatildeo Social

Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Povos e

Comunidades Tradicionais

Plano Operacional Anual

Procedimento Operacional Padronizado

Programa de Pequenos Projetos Ecossociais

Programa Nacional da Agricultura Familiar

Reservas de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Reserva Extrativista

Reserva Legal

Secretaria de Agricultura Familiar

Sistema Agroflorestal

Sistema Agroalimentar

Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo da Conformidade Orgacircnica

Secretaria de Biodiversidade e Florestas

Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

Serviccedilo Florestal Brasileiro

Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Insumos Agriacutecolas

Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal

Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Vegetal

xx

Sisnama

SNVS

Suasa

SUS

TLTIP

UC

UNUNDP

UnB

UNICEF

VLDL

ZEE

Sistema Nacional de Meio Ambiente

Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

Sistema Unificado de Atenccedilatildeo agrave Sanidade Agropecuaacuteria

Sistema Uacutenico de Sauacutede

Taxa de Limpeza e Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

Unidade de Conservaccedilatildeo

United NationsUnited Nations Development Program

Universidade de Brasiacutelia

Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

Proteiacutena de Muito Baixa Densidade

Zoneamento Ecoloacutegico-Econocircmico

xxi

SUMAacuteRIO

Lista de figuras xii

Lista de tabelas xiii

Lista de quadros xv

Lista de graacuteficos xvi

Lista de siglas e abreviaccedilotildees utilizadas xvii

Sumaacuterio xxi

Introduccedilatildeo 1

1 Objeto e meacutetodos de pesquisa 10

11 Identificaccedilatildeo do problema 10

12 Hipoacutetese 11

13 Objetivo 11

14 Objetivos especiacuteficos 11

15 Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa 12

151 Mensuraccedilatildeo da sustentabilidade 12

1511 Iacutendice individual de sustentabilidade 13

1512 Iacutendice de sustentabilidade 14

1513 Grau de sustentabilidade 14

16 Identificaccedilatildeo dos obstaacuteculos enfrentados pelo agricultor e instituiccedilotildees no acircmbito

da cadeia produtiva do baru 15

17 Origem dos dados 15

18 Amostragem 16

19 Coleta de dados 17

110 Entrevistas semiestruturadas 18

111 Modelo produtivo do baru 18

2 Referencial teoacuterico 20

3 Legislaccedilatildeo 37

31 Legislaccedilatildeo Ambiental aplicada ao uso sustentaacutevel de PFNMs 40

311 Constituiccedilatildeo Federal 40

312 Legislaccedilatildeo Federal 41

3121 Manejo Florestal 41

3122 Licenciamento Ambiental 48

31221 Produtos florestais natildeo madeireiros 48

31222 Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente 51

xxii

31223 Reserva Legal 54

31224 Floresta plantada com nativas 56

31225 Extrativismo sustentaacutevel orgacircnico 57

31226 Licenciamento ambiental de agroinduacutestrias de transformaccedilatildeo de

PFNMs 59

32 Legislaccedilatildeo sanitaacuteria aplicada ao uso de PFNMs 60

33 Legislaccedilatildeo civil aplicada agraves atividades de comercializaccedilatildeo de PFNMs por pessoa

fiacutesica e juriacutedica na aacuterea rural 66

331 Associaccedilotildees 67

332 Cooperativas 69

34 Legislaccedilatildeo sobre a exploraccedilatildeo de PFNMs no Estado de Goiaacutes 72

4 Indicadores e dimensotildees da sustentabilidade 75

41 Dimensotildees da sustentabilidade 75

42 Indicadores das dimensotildees da sustentabilidade 81

421 Mensuraccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade 82

422 Criteacuterios e verificadores 87

5 Obstaacuteculos relacionados agrave exploraccedilatildeo do baru 105

6 Cadeia produtiva do baru 113

61 Cadeia produtiva conceito 113

611 Anaacutelise de filiegravere 115

612 O enfoque do sistema de commodities (Commodities System Aproach) 117

613 Os agentes da cadeia produtiva 118

62 As cadeias de biodiversidade 119

63 Cadeia produtiva do baru 122

64 Caracterizaccedilatildeo do ambiente externo da cadeia produtiva do baru 124

641 Poliacuteticas puacuteblicas 124

642 Caracterizaccedilatildeo dos principais segmentos da cadeia produtiva do baru nos

Municiacutepios de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 128

6421 Fornecedores de insumos 128

643 Unidades produtivas 130

6431 Municiacutepio de Formosa GO 130

6432 Municiacutepio de Pirenoacutepolis GO 133

644 Histoacuteria do uso do baru como alimento humano 137

645 Produccedilatildeo da amecircndoa do baru 138

xxiii

646 Preccedilo pago aos produtores 143

647 Distribuiccedilatildeo 143

648 Mercado consumidor 144

7 Modelo de produccedilatildeo do baru 145

71 Modelo de exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais no Cerrado Goiano 145

72 Modelo de exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru em trecircs comunidades rurais nos

Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes 150

8 Resultados e discussatildeo 163

81 Agricultores familiares 163

811 Iacutendice de sustentabilidade 163

812 Resultados por comunidade 167

813 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos agricultores e da atividade de

exploraccedilatildeo de baru 169

814 Obstaacuteculos apontados pelos agricultores agrave exploraccedilatildeo do baruhelliphelliphellip 172

82 Instituiccedilotildees 177

821 Iacutendice de Sustentabilidade 177

822 Obstaacuteculos apontados pelas instituiccedilotildees que utilizam o baru 180

Conclusotildees 182

Recomendaccedilotildees 188

Referecircncias bibliograacuteficas 190

Anexos 216

1

INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil conta com a maior floresta tropical uacutemida do planeta a Floresta Amazocircnica

que se constitui na maior aacuterea de floresta tropical remanescente (40 das florestas

tropicais do planeta) com 37 milhotildees de kmsup2 em territoacuterio brasileiro (MMA 1998) O paiacutes

tambeacutem possui outros biomas terrestres como o Bioma Cerrado o Bioma Mata Atlacircntica o

Bioma Caatinga o Bioma Pantanal e o Bioma Pampa1 (Figura 1)

A variedade dos biomas brasileiros abriga uma das maiores biodiversidades do mundo

(MMA 2007a) Uma parte significativa dessas espeacutecies nativas ainda eacute desconhecida para

a ciecircncia ndash a exemplo dos microorganismos do solo e insetos ndash sendo que apenas uma

pequena fraccedilatildeo foi classificada Algumas espeacutecies vegetais jaacute foram domesticadas ou estatildeo

em processo de domesticaccedilatildeo representando atualmente importacircncia econocircmica tais

como a mandioca o caju o abacaxi o amendoim a seringueira a castanha do Brasil o

cupuaccedilu a jabuticaba e o maracujaacute entre outras

Figura 1 ndash Biomas Continentais Brasileiros Fonte IBGE 2004

O paiacutes tambeacutem se destaca por possuir uma grande sociobiodiversidade representada

por mais de 200 povos indiacutegenas e por nuacutemero significativo de comunidades locais com

estilo de vida tradicionais como os sertanejosvaqueiros caipirassitiantes quilombolas

ribeirinhos pantaneiros (DIEGUES 2001) que apresentam um inestimaacutevel acervo de

conhecimentos sobre a conservaccedilatildeo e sistemas tradicionais de manejo dos recursos da

biodiversidade

1 O mapa de biomas continentais do Brasil pode ser encontrado em

ltftpftpibgegovbrCartas_e_MapasMapas_Muraisgt

2

O Bioma Cerrado localizado na regiatildeo central do Brasil ocupa 2392 do territoacuterio

nacional em uma extensatildeo de 2036448 kmsup2 (IBGE 2008) O termo Cerrado eacute utilizado

para designar o conjunto de ecossistemas (savanas matas campos e matas de galeria) que

ocorrem no Brasil Central (EITEN 1977) Esta fitofisionomia faz parte da paisagem do

Distrito Federal e dos Estados de Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais

Bahia Satildeo Paulo Tocantins Maranhatildeo Piauiacute e Rondocircnia (Figura 2)

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo geograacutefica do bioma Cerrado no Brasil com a indicaccedilatildeo de aacutereas disjuntas Fonte Henriques (2005 p 77)

O Cerrado tambeacutem ocorre em aacutereas disjuntas (encraves) ao norte dos Estados do

Amazonas (Campos de Humaitaacute) Rondocircnia (Serra dos Pacaaacutes Novos) Paraacute (Serra do

Cachimbo) Bahia (Chapada de Diamantina) (MACHADO et al 2004) e em pequenas ldquoilhasrdquo

no Paranaacute (RIBEIRO DIAS 2007)

Sua vegetaccedilatildeo tiacutepica desenvolveu-se sobre solos muito antigos aacutecidos com altas

concentraccedilotildees de alumiacutenio e pobres em nutrientes A classe de solo mais frequente neste

Bioma eacute dos latossolos (46) que na paisagem ocorrem em relevo plano a suave-

ondulado com solos profundos porosos de textura homogecircnea ao longo do perfil variando

de bem forte e acentuadamente drenado (REATTO MARTINS 2005) Apresenta uma

grande diversidade de paisagens que determina uma grande diversidade floriacutestica

3

colocando o Cerrado como uma das savanas mais biodiversas do mundo (FELFILI et al

2005) Plantas herbaacuteceas arbustivas e arboacutereas somam aproximadamente 12070

espeacutecies sendo 4208 endecircmicas (Tabela 1) A avifauna eacute rica e conta com 837 espeacutecies

catalogadas poreacutem o niacutevel de endemismo eacute baixo (43) (Tabela 1)

Tabela 1 - Nuacutemero total de espeacutecies espeacutecies endecircmicas e endemismo () no Bioma Cerrado

Total Espeacutecies

endecircmicas Endemismo

()

Plantas 12070 4208 349

Mamiacuteferos 195 18 92

Aves 837 36 43

Reacutepteis 150-180 20 1333 -1111

Anfiacutebios 113 - 150 32 2831 ndash 2133

Peixes de aacutegua doce 1000 - 00

Fonte Forzza et al(2010) Sabino Prado (2005) com adaptaccedilatildeo

No domiacutenio dos ecossistemas que constituem o Cerrado podem ser encontradas

vaacuterias espeacutecies vegetais nativas exploradas pelas comunidades rurais e urbanas Espeacutecies

como Caryocar brasiliense Cambess (pequiacute) Dipteryx alata Vog (baru) Hancornia

speciosa Gomez (mangaba) Hymenaea spp (jatobaacute) Eugenia desinterica (cagaita)

Anacardium humile A St-Hil (cajuzinho) Talisia esculenta Radlk (pitomba) entre outras

satildeo utilizadas diretamente para alimentaccedilatildeo (ALMEIDA 1998) e comercializaccedilatildeo Espeacutecies

lenhosas como Myracrodruon urundeuva Fr All (aroeira) Schinopsis brasiliensis Engl

(brauacutena) Tabebuia spp (ipecirc) Aspidosperma spp (perobas) e Amburana cearensis (Fr All)

A C Smith (cerejeira) satildeo utilizadas na construccedilatildeo civil (SCARIOT SEVILHA 2005)

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas tem-se assistido a um acelerado processo de transformaccedilatildeo

da paisagem do Cerrado com a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa por pastos ou monocultura

de gratildeos e da cana-de-accediluacutecar De acordo com o MMA (2011) entre 2002 e 2008 a aacuterea

desmatada desse Bioma foi de 85047 kmsup2 e ateacute 2009 acumulava um percentual de

desmatamento de 482

Se por um lado essas mudanccedilas contribuiacuteram para o desenvolvimento econocircmico da

regiatildeo por outro trouxeram severos impactos ao meio ambiente causando a contaminaccedilatildeo

dos solos e das aacuteguas por agrotoacutexicos erosatildeo da camada superficial dos solos perda da

biodiversidade aleacutem das adversidades sociais tais como a expulsatildeo dos trabalhadores

rurais para a periferia das grandes cidades criando-se um exeacutercito de desempregados

aleacutem da desestruturaccedilatildeo de comunidades tradicionais que tinham como atividade de

subsistecircncia a exploraccedilatildeo das aacutereas naturais (DUARTE 2002)

4

Satildeo apontados como causas que contribuem para o desmatamento desse Bioma o

uso ilegal da vegetaccedilatildeo nativa para produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e lenha a impunidade dos

iliacutecitos ambientais a existecircncia de aacutereas subutilizadas degradadas e abandonadas o baixo

reconhecimento do valor dos serviccedilos ambientais e o baixo percentual de aacutereas protegidas

por meio de unidades de conservaccedilatildeo e terras indiacutegenas (MMA 2010)

Segundo Duboc et al (2007) o carvatildeo oriundo de florestas plantadas tem sido

insuficiente para abastecer o mercado o que leva ao aproveitamento de resiacuteduos lenhosos

da expansatildeo da fronteira agriacutecola intensificando a pressatildeo sobre as florestas nativas

especialmente o Cerrado Os autores afirmam que do total de carvatildeo vegetal produzido no

Brasil no ano de 2005 345 foram originaacuterios do Cerrado

Segundo o IBGE (2009) desde 1999 a produccedilatildeo de carvatildeo da extraccedilatildeo vegetal vem

apresentando uma tendecircncia de crescimento somente sendo revertida a partir de 2006

(Graacutefico 1) Em 2004 o paiacutes produziu 2185950 t ndash Mato Grosso do Sul (2364) Minas

Gerais (985) Maranhatildeo (1970) Goiaacutes (1536) e Bahia (1054) Em 2005 foram

produzidas 2972405 t ndash Bahia (269) Mato Grosso do Sul (188) Maranhatildeo (169)

Goiaacutes (108) e Minas Gerais (104) Em 2006 foram produzidas 2505733 t ndash Mato

Grosso do Sul (240) Maranhatildeo (190) Bahia (145) Goiaacutes (114) Minas Gerais

(105) e Paraacute (86) (IBGE 2007) Em 2007 a produccedilatildeo voltou a crescer com um

aumento de 1 sendo produzidas 2530425 t ndash Maranhatildeo (291) Mato Grosso do Sul

(169) Minas Gerais (166) Goiaacutes (90) Paraacute (86) Paranaacute (74) Piauiacute (59) e

Bahia (22) Embora a produccedilatildeo de carvatildeo oriunda dos estados onde ocorre o Cerrado

esteja diminuindo eacute mais provaacutevel que venha ocorrendo em funccedilatildeo do esgotamento das

reservas de vegetaccedilatildeo nativa e natildeo de uma fiscalizaccedilatildeo efetiva que coiacuteba o desmatamento

De qualquer forma o desmatamento de aacutereas nativas do Cerrado para produccedilatildeo de

carvatildeo vegetal reduz as aacutereas onde os grupos humanos coletam espeacutecies vegetais para a

sua automanutenccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de excedentes

Graacutefico 1 ndash Quantidade de carvatildeo vegetal produzida na extraccedilatildeo vegetal de 1990 a 2009 nos estados em que ocorre o Cerrado e no Brasil Fonte IBGE PEVS (2009)

5

Quanto a poliacuteticas voltadas para a conservaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa do Cerrado no

ano de 2010 o Governo Federal lanccedilou o Plano de Accedilatildeo para Prevenccedilatildeo e Controle do

Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PP Cerrado) tendo como objetivo promover a

reduccedilatildeo contiacutenua da taxa do desmatamento e da degradaccedilatildeo florestal e tambeacutem a

incidecircncia de queimadas e incecircndios florestais no Bioma Ateacute a data do lanccedilamento desse

Plano natildeo havia nenhum programa ou poliacutetica de controle do desmatamento sequer de

monitoramento sistemaacutetico para o Cerrado (SAWYER 2009a) a natildeo ser accedilotildees pontuais que

natildeo demonstravam ser muito efetivas

Apesar da riqueza da flora do bioma o paiacutes ainda natildeo se mostrou capaz de aproveitar

seus muacuteltiplos recursos transformando-os em bens e serviccedilos de alto valor agregado As

aacutereas do Cerrado que ainda natildeo sofreram o processo de substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo satildeo

ainda carentes de estudos Sabe-se pouco acerca da distribuiccedilatildeo das espeacutecies vegetais

sua dinacircmica populacional sua fenologia pragas e doenccedilas mais comuns potencial de uso

etc Da mesma forma satildeo escassas as informaccedilotildees sobre a produccedilatildeo extrativa e sobre

vaacuterios aspectos das comunidades que tecircm na exploraccedilatildeo de Produtos Florestais Natildeo

Madeireiros (PFNMs) uma atividade de subsistecircncia e produccedilatildeo para comercializaccedilatildeo

O Censo Agropecuaacuterio 2006 (IBGE 2010) traz poucos dados sobre espeacutecies

extrativas vegetais da Regiatildeo Centro-Oeste Espeacutecies como o baru e a gairoba bastante

consumidas pela populaccedilatildeo satildeo sequer mencionadas Podemos afirmar que existe uma

produccedilatildeo oculta de PFNM nesta Regiatildeo natildeo considerada pelos oacutergatildeos censitaacuterios

Nem mesmo aquelas espeacutecies cujos frutos satildeo processados na forma de polpas e que

satildeo destinadas ao mercado das cidades (CARDOSO TAVARES 2008) aparecem nas

estatiacutesticas oficiais Nas feiras livres das pequenas cidades e distritos da Regiatildeo podem ser

encontrados frutos do Cerrado expostos agrave venda e que natildeo fazem parte das estatiacutesticas do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e muito menos das estatiacutesticas

estaduais

Tabela 2 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por produto alimentiacutecio extrativo na Regiatildeo Centro-Oeste em 2009 em toneladas

Censo Agriacutecola 2006 PEVS 2009

Produto Quantidade (tonelada)

Produto Quantidade (tonelada)

Amecircndoa de pequi 456 Castanha-do-Paraacute 1527

Oacuteleo de copaiacuteba 27 Erva-mate cancheada 282

Palmito 94 Palmito 52

Fonte IBGE Censo Agriacutecola (2006) PEVS (2009)

6

As instituiccedilotildees engajadas na luta contra a destruiccedilatildeo do Cerrado tecircm chamado a

atenccedilatildeo para a contiacutenua perda das aacutereas de vegetaccedilatildeo nativa em razatildeo do desmatamento e

de outras formas de uso do solo Na tentativa de minimizar os efeitos do avanccedilo da

agricultura comercial sobre os remanescentes da vegetaccedilatildeo do Cerrado alguns oacutergatildeos

puacuteblicos vecircm tomando iniciativas que vatildeo desde a criaccedilatildeo de unidades de conservaccedilatildeo ateacute

accedilotildees direcionadas agrave valorizaccedilatildeo dos produtos provenientes da exploraccedilatildeo sustentaacutevel

desse Bioma Apesar de se constituiacuterem em iniciativas ainda bastante tiacutemidas as accedilotildees

voltadas para o fortalecimento das cadeias produtivas de produtos e serviccedilos gerados a

partir dos componentes da biodiversidade tem constado de projetos geridos por oacutergatildeos

setoriais em niacutevel federal e estadual e tambeacutem por organizaccedilotildees natildeo governamentais

(ONGs) Como resultado desses esforccedilos pequenas quantidades desses produtos

comeccedilam a ser consumidas nos centros urbanos como eacute o caso da amecircndoa do baru e

polpas de frutas do cerrado (CARDOSO TAVARES 2008)

Apesar dos esforccedilos para a viabilizaccedilatildeo de iniciativas que promovam a

exploraccedilatildeocomercializaccedilatildeo de PFNMs no paiacutes satildeo poucos os mecanismos puacuteblicos ou

privados voltados para o fortalecimento dos empreendimentos que jaacute estatildeo inseridos no

mercado ou mesmo para promover o desenvolvimento local a partir da promoccedilatildeo de

produtos florestais no acircmbito de iniciativas que fortaleccedilam os atores locais para que sejam

sujeitos das suas proacuteprias accedilotildees

Da mesma forma satildeo escassas as informaccedilotildees a respeito dos fatores que

condicionam o fracasso e o sucesso desses empreendimentos A inexistecircncia de dados

dessa natureza impede a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas mais realistas voltadas para o

segmento

Para o agricultor familiar que tem na praacutetica da exploraccedilatildeo de PFNMs um meio de

obter divisas satildeo vaacuterios os obstaacuteculos que enfrenta para levar adiante as atividades de

coleta transporte processamento e comercializaccedilatildeo desses produtos e que costumam

inviabilizar a sua produccedilatildeo Da mesma forma as dificuldades se multiplicam ao longo da

cadeia produtiva desses produtos Esses obstaacuteculos podem se apresentar nas mais

variadas formas marcos regulatoacuterios inadequados (sanitaacuterios ambientais e fiscais) falta de

capacitaccedilatildeo do agricultor para as diversas etapas do processo produtivo inadequaccedilatildeo da

infraestrutura para exploraccedilatildeo dos recursos baixa capacidade de estoque dificuldades de

acesso ao creacutedito baixa eficiecircncia e ausecircncia dos serviccedilos de extensatildeo e orientaccedilatildeo ao

produtor incipiecircncia da cadeia logiacutestica de mercado (distribuiccedilatildeo e comeacutercio) destes

produtos ou mesmo na ausecircncia de condicionantes que deve atender o empreendedor para

o alcance de bons resultados bom conhecimento do mercado em que atua boa estrateacutegia

7

de vendas persistecircncia perseveranccedila e criatividade boa administraccedilatildeo e busca de capital

proacuteprio para o seu negoacutecio (SEBRAE 2007)

Os esforccedilos para a remoccedilatildeo desses obstaacuteculos tecircm mobilizado alguns setores da

sociedade em razatildeo dos benefiacutecios que o uso sustentaacutevel da biodiversidade pode trazer ao

paiacutes principalmente pela possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees articuladas de

sustentabilidade que geram ganhos ambientais O uso sustentaacutevel da biodiversidade em

larga escala contribui para a manutenccedilatildeo das funccedilotildees ecossistecircmicas (aacutegua biodiversidade

e clima) de vastas aacutereas do territoacuterio nacional promove a geraccedilatildeo de renda complementar

para milhotildees de famiacutelias e a seguranccedila alimentar aleacutem de favorecer a produccedilatildeo de

alimentos (SAWYER 2009b)

Os problemas ligados agraves cadeias produtivas baseadas em PFNMs exigem do poder

puacuteblico da sociedade civil organizada e da academia soluccedilotildees que promovam a sua

sustentabilidade Cadeias de produtos naturais bem estruturadas satildeo estrateacutegicas para o

paiacutes do ponto de vista econocircmico social e ambiental Do ponto de vista econocircmico porque

geram renda para as famiacutelias que exploram os recursos da natureza Do ponto de vista

social porque criam postos de trabalho para grupos excluiacutedos das poliacuteticas econocircmicas

vigentes e promovem o seu bem-estar Do ambiental porque se apresentam como uma

alternativa sustentaacutevel ao modelo de exploraccedilatildeo adotado pela agricultura de exportaccedilatildeo

que apesar de trazer divisas ao paiacutes provoca severos danos sociais e ambientais

Satildeo identificados diversos problemas ligados a estas cadeias produtivas tanto os que

tecircm origem na situaccedilatildeo socioeconocircmica do agente que explora o recurso quanto aqueles

inerentes agrave proacutepria atividade tais como a falta de informaccedilotildees a carecircncia de infraestrutura

para transporte armazenamento e processamento dos produtos explorados a falta de

tecnologia para aumentar a produtividade a falta de competecircncia negocial a inadequaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo a carecircncia de creacutedito a este tipo de produccedilatildeo e dificuldades que se encontra

para se integrar ao mercado entre outros

Grande nuacutemero de comunidades rurais estabelecidas na Amazocircnia e que exploram

PFNMs mesmo enfrentando problemas de infraestrutura tais como a falta de saneamento

baacutesico e aacutegua tratada precariedade dos serviccedilos de educaccedilatildeo e de sauacutede fornecidos pelo

Estado e deficiecircncia do serviccedilo de assistecircncia teacutecnica orientam suas praacuteticas de trabalho e

organizaccedilatildeo social no sentido da conservaccedilatildeo e uso dos recursos da biodiversidade (SILVA

TAVARES 2006) Como reconhecem a importacircncia desses recursos para a proacutepria

sobrevivecircncia procuram conservaacute-los e utilizaacute-los da melhor maneira possiacutevel

Em outras regiotildees do paiacutes grupos sociais que exploram extensivamente os recursos

naturais vegetais enfrentam os mesmos problemas enumerados acima Alguns desses

8

grupos se organizam na busca de soluccedilotildees que os ajudem a superar as dificuldades

abrindo-lhes perspectivas para um meio de vida mais sustentaacutevel2

O conjunto de normas que incidem sobre o uso e manejo de componentes da

biodiversidade apesar de ser de fundamental importacircncia para a regulamentaccedilatildeo dessa

praacutetica e mesmo para a sauacutede de quem consome esses produtos pode trazer dificuldades

para os grupos rurais que exploram os PFNMs Em razatildeo disso dispositivos que ao regular

a atividade econocircmica impotildeem procedimentos complexos e dispendiosos costumam ser

ignorados pela populaccedilatildeo Mais grave ainda a falta de regulamentaccedilatildeo da norma traz

inseguranccedila institucional e confunde o cidadatildeo

Para Sawyer (2009b) os entraves regulatoacuterios natildeo satildeo muito evidentes e geralmente

soacute se manifestam quando a iniciativa eacute levada a termo pelo agricultor Enquanto natildeo

esbarram com esses obstaacuteculos poucos agricultores teacutecnicos da extensatildeo e estudiosos do

assunto compreendem os limites apresentados pelos diversos marcos regulatoacuterios

sanitaacuterios ambientais fiscais e outros que incidem sobre o uso sustentaacutevel da

biodiversidade no Brasil No entanto por situaccedilotildees mais adversas que esses entraves

possam causar natildeo podem levar ao pensamento que as normas devem ser eliminadas ou

flexibilizadas O que se defende eacute a sua adequaccedilatildeo para as realidades heterogecircneas que

caracterizam o territoacuterio nacional

Este trabalho consiste em verificar se a exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru em dois

Municiacutepios do Estado de Goiaacutes pode ser caracterizada como uma alternativa sustentaacutevel de

geraccedilatildeo de renda para os atores da cadeia produtiva deste produto verificando o grau de

sustentabilidade da atividade a partir da mensuraccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade

Aprofundar o conhecimento a respeito das dificuldades encontradas pelos atores que

intervecircm nas cadeias de produtos florestais natildeo madeireiros levando-se em consideraccedilatildeo a

sua perspectiva a respeito do assunto ou seja a sua percepccedilatildeo sobre os obstaacuteculos

enfrentados ao longo da cadeia produtiva torna-se uma medida importante que iraacute

proporcionar elementos para a criaccedilatildeo de mecanismos que venham a superaacute-los aleacutem de

fornecer subsiacutedios para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionadas ao uso sustentaacutevel

de componentes da biodiversidade

Estes conhecimentos ao contribuiacuterem para uma maior compreensatildeo dos limites da

exploraccedilatildeo do baru forneceratildeo elementos que permitiratildeo agraves instacircncias governamentais

competentes contando com a participaccedilatildeo democraacutetica dos atores da cadeia produtiva a

busca por soluccedilotildees mais adequadas para os problemas que surgem a partir da exploraccedilatildeo

do recurso natural ou mesmo viabilizar mecanismos facilitadores da exploraccedilatildeo sustentaacutevel

2 De acordo com Scoones (1998) um meio de vida sustentaacutevel permite enfrentar as possiacuteveis tensotildees e

transtornos e manter ou melhorar sua capacidade ou ativos (materiais e sociais) sem depauperar a base dos recursos naturais (p 5)

9

da espeacutecie tornando a atividade uma possiacutevel forma de produccedilatildeo e geraccedilatildeo de renda capaz

de conciliar a conservaccedilatildeo ambiental e o desenvolvimento social e econocircmico das

populaccedilotildees humanas que vivem no meio rural

10

1 OBJETO E MEacuteTODOS DE PESQUISA

11 IDENTIFICACcedilAtildeO DO PROBLEMA

A exploraccedilatildeo de PFNMs tendo como apelo o fato de ser uma atividade que contribui

para a manutenccedilatildeo da floresta ldquoem peacuterdquo ou seja para a conservaccedilatildeo da biodiversidade e

uma opccedilatildeo de geraccedilatildeo local de renda capaz de conciliar um desenvolvimento

economicamente viaacutevel socialmente justo e ambientalmente sustentaacutevel vem sendo

valorizada em accedilotildees dirigidas para a conservaccedilatildeo e uso sustentaacutevel do meio ambiente

(GUERRA et al 2009 FIEDLER et al 2008 CAcircNDIDO et al 2008 BALZON 2006 ROS-

TONEN 2000 SAWYER et al 1997 CAMPBELL TEWARI 1996)

A exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru por estar inserida nesse contexto e natildeo provocar

impactos significativos ao meio ambiente vem sendo apontada como estrateacutegia para a

conservaccedilatildeo sustentaacutevel da biodiversidade (ARAKAKI et al 2009 BASSINI 2008 SANO et

al 2004)

A produccedilatildeo da amecircndoa como atividade empreendedora eacute recente e tem recebido

criacuteticas favoraacuteveis e desfavoraacuteveis quanto agrave sua viabilidade econocircmica Para Arakaki et al

(2009) seu uso amplia a geraccedilatildeo de renda e traz melhoria da qualidade de vida agraves

comunidades rurais Os que se mostram ceacuteticos recomendam cuidadosos estudos de

mercado e planos de negoacutecio antes de se incentivar tal atividade (NOGUEIRA et al 2009)

Apesar do crescente interesse que a amecircndoa vem despertando como negoacutecio pouco

se conhece acerca da sua cadeia produtiva seus limites e oportunidades e o papel exercido

por cada um dos seus atores

Uma das caracteriacutesticas desfavoraacuteveis do produto quando chega ao mercado ndash

particularmente no Estado de Goiaacutes ndash eacute a irregularidade no fornecimento poreacutem acredita-se

que essa deficiecircncia ocorra em funccedilatildeo de diferentes categorias de problemas que ocorrem

ao longo da cadeia produtiva Satildeo problemas que podem ter origem na falta de informaccedilotildees

sobre a espeacutecie (ecologia fenologia usos manejo forma de processamento etc) na

dificuldade de atendimento aos dispositivos legais previstos na legislaccedilatildeo fiscal sanitaacuteria e

ambiental que regula a conservaccedilatildeo e uso de componentes da biodiversidade no Brasil e

ateacute mesmo aqueles gerados pela competiccedilatildeo de mercado

Identificar esses obstaacuteculos as suas origens e implicaccedilotildees mensurar a

sustentabilidade da cadeia produtiva do baru e ao mesmo tempo conhecer as condiccedilotildees

econocircmicas sociais e ambientais em que este produto eacute explorado permitiraacute identificar se a

exploraccedilatildeo dessa amecircndoa se caracteriza como uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de

renda

11

Seguindo este raciociacutenio e tomando como objeto de estudo a cadeia produtiva do baru

no Cerrado Goiano chega-se a seguinte indagaccedilatildeo A exploraccedilatildeo do baru no Cerrado

Goiano nas circunstacircncias atuais eacute uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo local de renda

12 HIPOacuteTESE

Com base nos elementos apresentados foi formulada uma hipoacutetese de trabalho mais

ampla descrita abaixo seguida de outras duas sub hipoacuteteses

A exploraccedilatildeo do fruto do baru eacute uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda

para os atores da sua cadeia produtiva em dois municiacutepios Goianos nos quais predomina a

vegetaccedilatildeo do Cerrado

a) Normas natildeo regulamentadas ou que demandam comandos de difiacutecil cumprimento

por parte dos atores se convertem em obstaacuteculos que interferem negativamente na

sustentabilidade da cadeia produtiva do baru

b) O sistema de produccedilatildeo do baru no Cerrado possui caracteriacutesticas que o diferenciam

dos demais sistemas de exploraccedilatildeo de PFNMs e que devem ser consideradas na

viabilizaccedilatildeo da exploraccedilatildeo sustentaacutevel da espeacutecie

13 OBJETIVO

Identificar por meio de indicadores e de informaccedilotildees socioeconocircmicas se a atividade

de exploraccedilatildeo do fruto do baru nativo em dois municiacutepios goianos do Bioma Cerrado pode

se caracterizar como uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda para os atores da

cadeia produtiva deste produto

14 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

(i) Estudar as caracteriacutesticas do arranjo extrativista do baru a partir de trecircs comunidades

rurais da regiatildeo do Cerrado do Estado de Goiaacutes e dos atores que intervecircm nessa cadeia

(ii) Analisar o grau de sustentabilidade da exploraccedilatildeo do baru no acircmbito da sua cadeia

produtiva com o auxiacutelio de iacutendice e indicadores

(iii) Identificar os principais obstaacuteculos encontrados pelos atores da cadeia produtiva do baru

para viabilizar as operaccedilotildees de produccedilatildeo processamento beneficiamento e distribuiccedilatildeo

desse produto

(iv) Verificar se a legislaccedilatildeo ambiental sanitaacuteria civil e fiscaltributaacuteria brasileira pode ser

considerada um obstaacuteculo na exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru

(v) Propor um modelo para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru no Cerrado

12

15 MEacuteTODOS E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Com o objetivo de verificar se a atividade de exploraccedilatildeo do baru no Cerrado Goiano

pode ser considerada uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo local de renda optou-se

inicialmente pela coleta de dados que possibilitasse a descriccedilatildeo da cadeia produtiva desta

amecircndoa Com o uso de indicadores foi realizada a mensuraccedilatildeo da sustentabilidade dessa

cadeia em trecircs comunidades rurais do Estado de Goiaacutes (item 18) e junto a

empresasassociaccedilotildeescooperativas estabelecidas em Goiacircnia Alto Paraiacuteso e Brasiacutelia que

utilizam o baru como mateacuteria-prima

Outra teacutecnica de coleta de dados consistiu na identificaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos

que enfrentam os agricultores familiares nas atividades de coleta extraccedilatildeo processamento

comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo da amecircndoa do baru bem como as dificuldades encontradas

pelas instituiccedilotildees de processamento comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo dos produtos agrave base

dessa mateacuteria-prima

Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com formuladores de poliacuteticas puacuteblicas

pertencentes agraves duas esferas de poder (Executivo e Legislativo) no sentido de conhecer

suas percepccedilotildees sobre as iniciativas voltadas para o apoio agrave exploraccedilatildeo do baru

151 Mensuraccedilatildeo da sustentabilidade

Inicialmente procurou-se mensurar a sustentabilidade da cadeia produtiva a partir de

um iacutendice resultante da agregaccedilatildeo de indicadores distribuiacutedos por cinco dimensotildees da

sustentabilidade ambiental econocircmica social poliacutetico e da sauacutede Para cada dimensatildeo da

sustentabilidade foram criados indicadores tanto para medir a sustentabilidade da atividade

dos agricultores-coletores quanto das instituiccedilotildees privadas que utilizam o baru

Os indicadores utilizados para aferir a sustentabilidade das atividades de exploraccedilatildeo

do fruto do baru por agricultores familiares foram elaborados a partir de ampla revisatildeo

bibliograacutefica com destaque para a metodologia formulada por Ritchie et al (2001) e

adaptada para a vegetaccedilatildeo nativa do Cerrado

Jaacute os indicadores para afericcedilatildeo da sustentabilidade das instituiccedilotildees processadoras do

baru foram criados apoacutes revisatildeo da bibliografia sobre sustentabilidade em empresas e

cooperativas uma vez que muito pouco foi encontrado na literatura sobre sustentabilidade

em pequenas e micro empresas A partir dessa constataccedilatildeo procurou-se adaptar aqueles

indicadores agraves condiccedilotildees dessas empresas

Partiu-se do pressuposto que um sistema de indicadores deve representar o mais

fielmente possiacutevel o desenvolvimento sustentaacutevel no entanto acredita-se que natildeo existe

ainda o indicador perfeito pois todos eles apresentam alguma deficiecircncia quando se trata de

mensuraccedilotildees envolvendo as dimensotildees da sustentabilidade

13

m

m

Para chegar-se ao grau da sustentabilidade da atividade de exploraccedilatildeo do baru foi

adotado o seguinte procedimento

(a) Apoacutes o preenchimento dos questionaacuterios contendo os indicadores foi calculado

o Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw) para todos os agricultores amostrados e

para as cinco dimensotildees da sustentabilidade ambiental econocircmica social poliacutetica e

da sauacutede e na sequecircncia foi calculado o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) geral para as

comunidades estudadas

(b) Foi calculado tambeacutem o Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw) para cada

instituiccedilatildeo a partir das respostas do questionaacuterio aplicado e na sequecircncia foi calculado

o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) para estas instituiccedilotildees

(c) Finalmente foi estabelecido o grau de sustentabilidade das comunidades

estudadas e das instituiccedilotildees privadas por categoria para fins de comparaccedilatildeo

1511 Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw)

Este iacutendice foi calculado para as cinco dimensotildees empregando-se a seguinte foacutermula

= Σ (3)

Iw = Iacutendices que comporatildeo o iacutendice de sustentabilidade econocircmico social ambiental institucional e da sauacutede Eij = Escore do i-eacutesimo indicador de Iw obtido do j-eacutesimo questionaacuterio Emax i = Escore maacuteximo do i-eacutesimo indicador de Iw obtido do j-eacutesimo questionaacuterio i = 1 m nuacutemero de indicadores j = 1 m nuacutemero de questionaacuterios aplicados w = 1 5 nuacutemero de iacutendices que comporatildeo o iacutendice de sustentabilidade

Quanto mais proacuteximo de 1 o valor do iacutendice Iw melhor o desempenho do objeto de

estudo ou seja maior a sustentabilidade das atividades desenvolvidas pelas comunidades

rurais e instituiccedilotildees privadas que fazem parte da cadeia produtiva do baru O indicador estaacute

dentro do intervalo 0 lt Iw lt 1

Para esta metodologia o valor do iacutendice nunca atingiraacute zero pois a partir do momento

que o agricultor ou a instituiccedilatildeo privada explora o baru jaacute haveraacute o acuacutemulo de pontos

Os questionaacuterios contam com perguntas cujas respostas predeterminadas recebem

pontuaccedilatildeo de 0 a 4 Para se calcular o Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw) soma-se a

pontuaccedilatildeo obtida por cada respondente por questionaacuterio dividido pelo nuacutemero maacuteximo de

pontos que pode ser obtido

3 Rabelo e Lima (2007) Barreto et al (2005) Khan e Passos (2001) Fernandes et al (1997)

i=1

i=1

Σ Eij

Σ Emax i

1 n Iw

14

1512 Iacutendice de Sustentabilidade (IS)

Os indicadores utilizados para calcular o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) foram os

indicadores ambiental econocircmico social poliacutetico e da sauacutede Atribuiu-se peso igual a cada

dimensatildeo analisada O valor de IS eacute a meacutedia aritmeacutetica dos cinco iacutendices citados Quanto

mais proacuteximo de 1 maior o indicador de sustentabilidade nas comunidades e nas instituiccedilotildees

estudadas O indicador estaacute dentro do intervalo 0 lt IS lt 1

Para o caacutelculo do IS a expressatildeo utilizada foi a seguinte

(4)

IS = Iacutendice de sustentabilidade w = valor do w-eacutesimo indicador w = 1k

1513 Grau de sustentabilidade

O grau de sustentabilidade eacute obtido utilizando-se o valor dos Iacutendices de

Sustentabilidade (IS) Desse modo possibilita conhecer o atual grau de sustentabilidade da

atividade de exploraccedilatildeo do baru nas comunidades e nas instituiccedilotildees estudadas Estaacute

colocado numa escala que vai de 0 ateacute 1 divididos em trecircs graus distintos baixo meacutedio e

alto niacutevel de sustentabilidade (Tabela 3) Abaixo de 0500 e acima de 0 a atividade se

caracteriza por natildeo sustentabilidade devendo o poder puacuteblico em conjunto com a

sociedade tomarem as medidas necessaacuterias para sanear os problemas que fizeram o

iacutendice chegar ateacute esse niacutevel e tentar tornar a atividade o mais sustentaacutevel possiacutevel Quando

o valor do iacutendice fica entre 0500 e 0799 significa dizer que a atividade estudada eacute

razoavelmente sustentaacutevel mas sujeita agraves vaacuterias medidas para que chegue o mais proacuteximo

possiacutevel de 1 Assim agrave medida que crescem na direccedilatildeo de 1 vatildeo aumentando as condiccedilotildees

de sustentabilidade

Para a classificaccedilatildeo da sustentabilidade das comunidades rurais e instituiccedilotildees

privadas estabeleceu-se o seguinte criteacuterio adaptado do Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) do UNDP (UNDP 1998)

4 Rabelo e Lima (2007) Barreto et al (2005) Khan e Passos (2001) Fernandes et al (1997)

k

IS = 1k Σ Iw w=1

15

Tabela 3 ndash Grau de sustentabilidade das comunidades estudadas segundo os iacutendices obtidos

Grau Intervalo do iacutendice

Baixo niacutevel de sustentabilidade 0 lt IS le 0499 Meacutedio niacutevel de sustentabilidade 0500 le IS le 0799 Alto niacutevel de sustentabilidade 0800 le IS le 1000

Fonte UNDP (1998 p 224) com adaptaccedilatildeo

16 IDENTIFICACcedilAtildeO DOS OBSTAacuteCULOS ENFRENTADOS PELO AGRICULTOR E

INSTITUICcedilOtildeES PRIVADAS NO AcircMBITO DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

Para a identificaccedilatildeo desses obstaacuteculos foi utilizada a entrevista projetiva5 que

consistiu na apresentaccedilatildeo de cartotildees coloridos (21cm X 30cm) numerados contendo frases

que indicavam obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru visando estimular a resposta do

entrevistado A lista dos obstaacuteculos apresentados ao entrevistado teve como base o

Relatoacuterio Final do Seminaacuterio de Intercacircmbio Tecnoloacutegico para Baru Pequi e Babaccedilu (ISPN

2007) ocorrido em Brasiacutelia em 2007 Os cartotildees eram mostrados aos agricultores que

depois de le-los recebiam uma ligeira explicaccedilatildeo sobre o seu conteuacutedo Em seguida eram

estimulados a responder se aquele era um problema que enfrentavam no acircmbito das

atividades de coleta extraccedilatildeo processamento comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo da amecircndoa

do baru Em caso positivo a numeraccedilatildeo das fichas era lanccedilada no questionaacuterio

socioeconocircmico do agricultor para posterior anaacutelise

Metodologia similar foi aplicada nas instituiccedilotildees privadas que utilizam o baru como

mateacuteria-prima para seus produtos Foi apresentado ao entrevistado documento contendo

uma lista de obstaacuteculos ao bom funcionamento e crescimento dessas instituiccedilotildees (Anexo 7)

Em seguida o entrevistado era estimulado a marcar aquelas que correspondessem agraves

dificuldades que sua empresaassociaccedilatildeocooperativa vinha enfrentando

As respostas obtidas foram tratadas por meio do teste de comparaccedilatildeo de proporccedilatildeo

visando saber se eram estatisticamente significantes ao niacutevel de 95 Aquelas

estatisticamente significantes foram consideradas como obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru

17 ORIGEM DOS DADOS

Para a realizaccedilatildeo da pesquisa foram utilizados dados primaacuterios obtidos a partir da

aplicaccedilatildeo de questionaacuterios junto aos atores da cadeia produtiva do baru e tambeacutem a partir

de entrevistas com representantes do executivo federal e estadual e legislativo federal

Os dados secundaacuterios utilizados foram obtidos a partir da bibliografia pesquisada

5 Eacute uma forma de entrevista baseada na utilizaccedilatildeo de recursos visuais onde o entrevistador pode

apresentar ao entrevistado fotos cartotildees paineacuteis filmes etc

16

18 AMOSTRAGEM

Os agricultores familiares foram selecionados pelo meacutetodo natildeo probabiliacutestico de

amostragem ldquobola de neverdquo De acordo com este meacutetodo um grupo inicial de agricultores

com caracteriacutesticas previamente definidas foi indicado por pesquisadores agentes de

oacutergatildeos puacuteblicos federais e estaduais Aquelas pessoas apoacutes terem sido entrevistadas

identificaram outras elementos que pertenciam agrave mesma populaccedilatildeo-alvo Essa forma de

amostragem eacute bastante utilizada para estimar caracteriacutesticas raras na populaccedilatildeo e sua

principal vantagem eacute aumentar substancialmente a possibilidade de localizar a caracteriacutestica

desejada na populaccedilatildeo No presente caso a caracteriacutestica desejada foi a exploraccedilatildeo da

amecircndoa do baru

Nesse entendimento foram aplicados 19 questionaacuterios em trecircs comunidades

diferentes sendo duas no Municiacutepio de Pirenoacutepolis nos Distritos de Caxambuacute e Bom Jesus

e uma no Municiacutepio de Formosa no Assentamento Vale da Esperanccedila (Figura 3) No

Distrito de Caxambuacute foram aplicados quatro questionaacuterios no de Bom Jesus sete

questionaacuterios e no Vale da Esperanccedila 8 questionaacuterios

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo dos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis no Estado de Goiaacutes Fonte IBGE (2010)

Embora o Distrito de Caxambuacute (16deg 00rsquo 47rdquo S 49deg 02rsquo 3098rdquo O) conte com 598

pessoas o de Bom Jesus (15deg 45rsquo 4976rdquo S 49deg 09rsquo 3006rdquo O) conte com 233 pessoas

(CARVALHO 2001) e o Assentamento Vale da Esperanccedila (15deg 00rsquo 0806rdquo S 47deg 24rsquo 0937rdquo

O) com 165 famiacutelias (UnB 2010) natildeo foi possiacutevel selecionar as amostras pelo meacutetodo

17

probabiliacutestico pelo fato de todo este universo contar com somente 19 famiacutelias que coletam e

extraem a amecircndoa da baru

Jaacute as instituiccedilotildees privadas que participaram da amostra foram selecionadas pelo

meacutetodo natildeo probabiliacutestico uma vez que dependeu do julgamento do pesquisador De

acordo com este meacutetodo as instituiccedilotildees satildeo escolhidas para responderem ao questionaacuterio

por preencherem criteacuterios previamente definidos e relacionados com a relevacircncia das

informaccedilotildees que poderiam fornecer No caso do presente trabalho o principal criteacuterio foi a

utilizaccedilatildeo do baru como mateacuteria-prima para os produtos que satildeo levados ao mercado

consumidor ou a outras empresas processadoras O outro criteacuterio eacute que estas

empresasassociaccedilotildeescooperativas deveriam estar estabelecidas proacuteximas agraves regiotildees

fornecedoras de baru (Formosa e Pirenoacutepolis)

As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com representantes de instituiccedilotildees

puacuteblicas nas esferas federal e municipal do poder executivo com a atribuiccedilatildeo de

desenvolver accedilotildees na aacuterea de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a utilizaccedilatildeo sustentaacutevel da

biodiversidade e tambeacutem com representante do poder legislativo federal com atuaccedilatildeo na

aacuterea de conservaccedilatildeo do Cerrado Essas instituiccedilotildees tambeacutem foram selecionadas pelo

meacutetodo natildeo probabiliacutestico

O modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais dos

Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes foi submetido a dirigentes de quatro

instituiccedilotildees privadas comunitaacuterias para validaccedilatildeo (associaccedilotildees e cooperativas) Essas

instituiccedilotildees operam com a amecircndoa do baru e estatildeo domiciliadas nos Estados de Mato

Grosso Mato Grosso do Sul Tocantins e Minas Gerais

19 COLETA DE DADOS

A coleta de dados no acircmbito deste estudo foi realizada a partir de questionaacuterios

aplicados observaccedilatildeo direta entrevistas semiestruturadas e anaacutelise de documentos Foram

contatados 47 atores assim distribuiacutedos 19 agricultores familiares 21 representantes de

instituiccedilotildees privadas (empresascooperativaassociaccedilatildeo) e sete membros do executivo

federal e municipal e legislativo federal6

Um dos questionaacuterios aplicados aos agricultores familiares (Anexo 3) consistiu de 27

perguntasindicadores distribuiacutedos pelas cinco dimensotildees da sustentabilidade e em outro

questionaacuterio (Anexo 4) foram apresentadas perguntas sobre a situaccedilatildeo socioeconocircmica dos

respondentes Foram aplicados 19 questionaacuterios nos Municiacutepios de Pirenoacutepolis e Formosa

6 Todas as entrevistas foram realizadas com o consentimento dos entrevistados Antes de iniciar cada

entrevista foi informado ao entrevistado que seu nome e o nome da instituiccedilatildeo que representava seriam mantidos em sigilo

18

Outro meacutetodo consistiu na apresentaccedilatildeo de 35 fichas coloridas preenchidas com

obstaacuteculos preacute-escolhidos referentes agrave coleta beneficiamento e comercializaccedilatildeo da

amecircndoa do baru As mensagens contidas na ficha se encontram listadas no Anexo 5 Estas

fichas eram apresentadas ao agricultor que escolhia aquele obstaacuteculo que julgava mais

pertinente A escolha do agricultor era em seguida anotada

Jaacute o questionaacuterio aplicado nas instituiccedilotildees privadas (Anexo 6) consistiu de 38

perguntasindicadores distribuiacutedos pelas cinco dimensotildees da sustentabilidade Foram

aplicados 21 questionaacuterios em instituiccedilotildees domiciliadas nas cidades de Pirenoacutepolis Brasiacutelia

Goiacircnia e Alto Paraiacuteso Foi apresentada aos representantes das instituiccedilotildees privadas uma

lista (Anexo 7) com obstaacuteculos que enfrentam para viabilizar o seu empreendimento Os

respondentes marcaram aqueles obstaacuteculos mais pertinentes

110 ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS

Foram realizadas sete entrevistas semiestruturadas com um deputado federal e com

formuladores de poliacuteticas puacuteblicas nas esferas federal e municipal do poder executivo A

entrevista consistiu em perguntas dirigidas diretamente ao entrevistado cujas respostas

eram gravadas e depois transcritas Foram entrevistados dirigentes dos seguintes oacutergatildeos

Ministeacuterio do Meio Ambiente (MMA) Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA)

Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (Mapa) Serviccedilo Florestal Brasileiro

(SFB) Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Secretaria Municipal de Meio

Ambiente de Pirenoacutepolis

111 MODELO PRODUTIVO DO BARU

Para a proposiccedilatildeo do modelo foi realizado levantamento de dados junto aos atores de

cada segmento da cadeia produtiva do baru o que permitiu a confrontaccedilatildeo com os modelos

de exploraccedilatildeo de recursos naturais vegetais propostos por Homma (1993) Recircgo (1992) e

Drummond (1996) Os resultados dessa confrontaccedilatildeo levaram a proposiccedilatildeo de um modelo

para a exploraccedilatildeo do baru no Cerrado Goiano

Este novo modelo produtivo foi analisado agrave luz das dimensotildees da sustentabilidade

ecoloacutegica social econocircmica e poliacutetico propostas por Sachs (1993) e da sustentabilidade

da sauacutede (MATIAS NUNES 2004) de modo a avaliar se a atividade de exploraccedilatildeo do baru

no Cerrado Goiano pode ser considerada uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo local de

renda

Para fins de validaccedilatildeo o modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do baru foi apresentado a

dirigentes de instituiccedilotildees privadas que operam com a amecircndoa As alteraccedilotildees sugeridas

foram incorporadas a esse modelo As instituiccedilotildees que participaram dessa etapa do trabalho

foram Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativista Grande Sertatildeo (Montes

19

Claros MG) Centro de Produccedilatildeo Pesquisa e Capacitaccedilatildeo do Cerrado (Ceppec) (Nioaque

MS) Cooperativa Mista de Produtores Rurais de Poconeacute ndash (Comprup) (Poconeacute MT) e

Cooperfruto (Santa Maria do Tocantins TO)

20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

O extrativismo foi a primeira atividade realizada pelo homem para manter a sua

subsistecircncia

Com as transformaccedilotildees ocorridas na Terra no fim do paleoliacutetico quando ocorreu um

novo aquecimento do clima aliado ao degelo das calotas polares que elevaram o niacutevel dos

mares e o surgimento de novas formaccedilotildees florestais nos continentes o Homo sapiens teve

que se adaptar a essas novas condiccedilotildees colocando em praacutetica novas formas de exploraccedilatildeo

dos recursos naturais A pesca e a caccedila aos grandes e pequenos animais foi aperfeiccediloada

com a invenccedilatildeo de novas armas armadilhas e apetrechos Os caccediladores e extrativistas

com a escassez dos recursos locais se deslocavam para outra regiatildeo que lhes permitisse

manter a praacutetica da caccedila e da coleta de subsistecircncia (MAZOYER ROUDART 1998)

Essas atividades fizeram parte do modo de vida dos indiacutegenas brasileiros que tiveram

na exuberacircncia da floresta tropical ou mesmo nas savanas do Planalto Central uma fonte

inesgotaacutevel de recursos naturais Tendo na atividade extrativa de recursos naturais uma

estrateacutegia de sobrevivecircncia a interaccedilatildeo com os elementos naturais proporcionou inclusive

a domesticaccedilatildeo de algumas espeacutecies como a mandioca o amendoim e o abacaxi entre

outros

O fato eacute que as florestas aleacutem de contribuiacuterem para a manutenccedilatildeo da vida humana

influenciaram profundamente a sua consciecircncia e cultura A secular interaccedilatildeo desses povos

com o meio ambiente fez surgir os conhecimentos inovaccedilotildees e praacuteticas tradicionais que

formam seu extenso patrimocircnio sociocultural

O extrativismo vegetal sempre fez parte da histoacuteria econocircmica brasileira seja em

maior ou menor intensidade No Seacuteculo XVII o Estado do Maranhatildeo e Gratildeo-Paraacute jaacute se

constituiacuteam em um imenso empoacuterio de produtos florestais as chamadas ldquodrogas do sertatildeordquo

(SILVA 1990) Tais produtos natildeo eram somente explorados por grupos indiacutegenas como

fizeram parte da vida do colono portuguecircs que assimilou muitas caracteriacutesticas da cultura e

dos haacutebitos dos primeiros habitantes do Brasil

Atualmente inuacutemeras famiacutelias que fazem da agricultura seu principal meio de

sobrevivecircncia tecircm na extraccedilatildeo de PFNMs um elemento de complementaccedilatildeo de renda e

subsistecircncia Em alguns casos chegam a colocar a agricultura de subsistecircncia em segundo

plano em funccedilatildeo dos ganhos econocircmicos alcanccedilados com a atividade extrativa

Vaacuterias satildeo as denominaccedilotildees para os componentes da biodiversidade manejados por

grupos sociais Homma (1993) trata-os como ldquorecursos extrativosrdquo Recircgo (1992) como

ldquorecursos naturaisrdquo Van Rijsoort (2000) Santos et al (2003) Alexiades e Shanley (2004)

como ldquoprodutos florestais natildeo madeireirosrdquo Estas denominaccedilotildees surgem como expressotildees

21

para a grande diversidade de produtos animais e vegetais oriundos da floresta mas que natildeo

se referem diretamente agrave madeira ou seus derivados

No entanto o conceito de ldquoprodutos extrativosrdquo ao longo do tempo vem gerando

divergecircncias Para alguns o termo ldquoprodutos natildeo madeireirosrdquo eacute insuficiente porque pode

excluir produtos como o combustiacutevel da madeira e madeira com pequeno diacircmetro

destinada agrave construccedilatildeo Por outro lado uma maacute interpretaccedilatildeo do conceito pode incluir na

definiccedilatildeo produtos como a polpa da madeira (UNASYLVA 1991)

Embora a tendecircncia atual seja pelo emprego do termo ldquoproduto florestal natildeo

madeireirordquo o problema da conceituaccedilatildeo para esses componentes da biodiversidade

somente seraacute resolvido quando praacuteticas de uso de florestas e poliacuteticas puacuteblicas forem

ajustadas para que recebam a atenccedilatildeo que merecem (UNASYLVA 1991)

Alguns autores entendem o extrativismo como uma praacutetica econocircmica (HOMMA

1993 LESCURE et al 1994) e ainda outros a entendem como uma alternativa econocircmica

fundada no modo de vida e cultura dos grupos sociais que exploram recursos naturais

(REcircGO 1992) Por ser uma atividade que provoca controveacutersia quanto a sua viabilidade

econocircmica alguns estudiosos vecircm se debruccedilando sobre o assunto na tentativa de conhecer

as suas implicaccedilotildees como fenocircmeno social econocircmico e cultural

Para Drummond (1996) o extrativismo eacute um modo de produzir bens consistindo na

retirada de recursos naturais diretamente da sua aacuterea de ocorrecircncia natural em contraste

com outras atividades econocircmicas praticadas pelo homem Para ele a caccedila a pesca e a

coleta de produtos vegetais satildeo os trecircs exemplos claacutessicos de atividades extrativas embora

em algumas sociedades contemporacircneas existam grupos que praticam essas atividades

como parte das suas estrateacutegias de sobrevivecircncia e ao mesmo tempo desenvolvem

agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato serviccedilos ou induacutestria

O autor afirma que o termo extrativismo tambeacutem se aplica a atividades realizadas por

certos setores econocircmicos de sociedades complexas com a intermediaccedilatildeo de tecnologia e

maacutequinas mais sofisticadas como eacute o caso da induacutestria mineradora da extraccedilatildeo de petroacuteleo

e do corte de aacutervores em larga escala entre outros

Classifica esta atividade em extrativismo de baixa tecnologia e de alta tecnologia No

extrativismo de baixa tecnologia estatildeo incluiacutedas aquelas praacuteticas em que natildeo exigem

mediaccedilotildees tecnoloacutegicas ou mecacircnicas complexas entre os humanos e os recursos naturais

Caracteriza-se por ser uma atividade importante apenas em aacutereas remotas ou de

fronteira (onde tecnologia capital e infraestrutura satildeo escassos) Estatildeo incluiacutedas nesta

categoria a caccedila a pesca e a coleta vegetal Esse tipo de extrativismo que forma a base

exclusiva ou quase exclusiva de sustento caracteriza um tipo de sociedade que pode ser

qualificada de primitiva ou tribal Pode conviver com o extrativismo de alta tecnologia

22

numa mesma regiatildeo e em um mesmo setor da economia como uma forma tradicional que

sobrevive agrave modernizaccedilatildeo

A atividade extrativa de alta tecnologia seria aquela em que certos materiais naturais

satildeo retirados no seu local de ocorrecircncia natural por intermeacutedio de tecnologia e maquinaacuterio

mais sofisticados Incluem-se nesta categoria a mineraccedilatildeo a extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes

natural e o corte de aacutervores em grande escala Nesses casos o extrativismo natildeo caracteriza

a sociedade como um todo e sim certos setores econocircmicos de sociedades complexas

dotadas de agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato induacutestria transformativa e serviccedilos

O extrativismo de baixa tecnologia de produtos de origem vegetal se caracteriza por

natildeo utilizar grandes insumos de capital e tecnologia No entanto a curto prazo podem surgir

formas mais modernas de extrair esses mesmos bens Esse extrativismo se aplica a bens

cujos estoques satildeo repostos por processos naturais numa escala de tempo compatiacutevel com

a cultura humana

Eacute caracteriacutestica desse extrativismo quando voltado para o mercado concentrar-se em

praticamente um uacutenico bem de valor instaacutevel sujeito a ciclos de prosperidade e falecircncia

Esse bem costuma ser exportado da regiatildeo produtora em estado bruto ou processado

apenas para preservar as suas caracteriacutesticas naturais Essa operaccedilatildeo transfere para outras

regiotildees os benefiacutecios vinculados ao processamento secundaacuterio agrave transformaccedilatildeo industrial

agrave comercializaccedilatildeo ao marketing e ao transporte dos produtos finais

Outro traccedilo desse tipo de extrativismo eacute que o homem que o pratica tambeacutem produz

valores de uso ou seja bens como a caccedila a pesca a coleta o artesanato a agricultura e

a criaccedilatildeo de animais para o seu consumo ou para trocas locais Desse modo a sua accedilatildeo

introduz mudanccedilas na floresta alterando o ecossistema embora num grau muito menor que

qualquer outra atividade econocircmica possibilitando a manutenccedilatildeo dos sistemas ecoloacutegicos

complexos alta produtividade bioloacutegica e rica biodiversidade que por sua vez continuam a

gerar produtos extrativos

No texto Drummond (1996) aponta questotildees baacutesicas sobre o extrativismo de baixa

tecnologia na Amazocircnia tendo como propoacutesito discutir a questatildeo da viabilidade das reservas

extrativista naquela regiatildeo Satildeo colocados argumentos favoraacuteveis e contraacuterios a esse ldquomodo

extrativo de produccedilatildeordquo (p 137) e as implicaccedilotildees dos argumentos apresentados No entanto

foram extraiacutedos do texto somente aqueles elementos que dizem respeito diretamente ao

extrativismo de baixa tecnologia de produtos vegetais que poderatildeo servir de subsiacutedio para

comparaccedilotildees no acircmbito do estudo proposto A saber

(a) Na atividade de extrativismo de baixa tecnologia uma grande percentagem da

produccedilatildeo natildeo passa dos circuitos locais de subsistecircncia e escambo no entanto

podem alcanccedilar o status de commodities

23

(b) Esse modo de extrativismo daacute origem a ou perpetua economias de mera subsistecircncia

que natildeo superam baixos niacuteveis de produtividade e de bem-estar

(c) Produtos extrativos tendem a ser substituiacutedos por espeacutecies vegetais domesticadas

eou por produtos sinteacuteticos

(d) Os produtos extrativos tecircm preccedilos de mercado natildeo confiaacuteveis o que tem sido

demonstrado pelos ciclos de elevaccedilatildeo e decliacutenio dos preccedilos das mateacuterias-primas e

dos produtos primaacuterios

(e) Os produtos extrativos satildeo intensivos em capital natural e por isso os seus preccedilos

satildeo os mais baixos numa economia complexa embora em casos de extrema raridade

ou de valor estrateacutegico possam alcanccedilar alta valorizaccedilatildeo no mercado

(f) As economias extrativas de baixa tecnologia em florestas tropicais soacute podem sustentar

uma baixa densidade populacional pelo fato das taxas de exploraccedilatildeo sustentada dos

recursos serem obrigatoriamente moderadas e a distribuiccedilatildeo natural dos recursos

vegetais e animais dessas florestas tropicais seja esparsa

(g) O extrativismo vegetal de baixa tecnologia exclui ou limita severamente quase todas

as outras atividades que usam recursos naturais ndash agricultura criaccedilatildeo de gado

mineraccedilatildeo corte de aacutervores plantio comercial de aacutervores hidreleacutetricas exploraccedilatildeo de

petroacuteleo e gaacutes natural

(h) O extrativismo enfrenta seacuterias barreiras culturais provenientes de parcela das

lideranccedilas poliacuteticas e sociais brasileiras que defendem para o Brasil uma economia

sedentaacuteria agroindustrial e urbanizada O extrativismo de baixa tecnologia

sustentaacutevel ou natildeo lhes parece retroacutegrado incompatiacutevel com o tipo de economia

emergente sustentada pelo paiacutes

(i) As economias extrativas se constituem de uma larga base de extratores pobres e um

estreito aacutepice de intermediaacuterios e ricos comerciantes As regiotildees extrativas

normalmente alcanccedilam pouca prosperidade pelo fato de os benefiacutecios trazidos pela

agregaccedilatildeo de valor dos produtos extrativos permanecerem nas aacutereas geograacuteficas para

onde esses produtos foram exportados O extrativismo mesmo sustentado e

comunitaacuterio natildeo tende a gerar um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave

justiccedila social

Todas essas consideraccedilotildees de Drummond servem para subsidiar seu entendimento

segundo o qual a atividade de extraccedilatildeo eacute uma forma tradicional de vida beneacutefica agrave

conservaccedilatildeo da floresta e que a presenccedila dos ldquopovos tradicionaisrdquo devidamente

organizados em reservas extrativistas deve ser parte de uma poliacutetica geral de preservaccedilatildeo

e conservaccedilatildeo das florestas amazocircnicas

24

Para explicar o fenocircmeno do extrativismo vegetal na Amazocircnia Homma (1993)

realizou um estudo teoacuterico sobre a economia extrativa tomando como base o pensamento

econocircmico neoclaacutessico segundo o qual em um sistema de livre mercado o preccedilo das

mercadorias e dos serviccedilos satildeo definidos pelo equiliacutebrio entre a oferta e a procura

Este extrativismo em que Homma se baseou para propor sua teoria foi chamado por

Almeida (1996) de ldquovelho extrativismordquo que tem como caracteriacutestica o acesso a aacutereas

abertas que satildeo sobreexploradas e esgotadas por trabalhadores desqualificados mal

pagos e oprimidos pelo patratildeo com o uso de tecnologias ultrapassadas cujo produto eacute

destinado a mercados externos e volaacuteteis

Homma (1993) conceitua a atividade como uma forma de exploraccedilatildeo econocircmica que

se limita uacutenica e exclusivamente agrave coleta de produtos na natureza A saber

O processo extrativista sempre foi entendido como primeira forma de

exploraccedilatildeo econocircmica limitando-se agrave coleta de produtos existentes na

natureza com baixa produtividade ou produtividade declinante [] tendendo

agrave sua extinccedilatildeo com o decorrer do tempo (p 1)

Nesses termos o seu modelo natildeo leva em consideraccedilatildeo as atividades agriacutecolas

pecuaacuterias agroflorestais e de beneficiamento desenvolvidas pelas comunidades que

exploram produtos da natureza

Para o referido autor o extrativismo vegetal possui uma base de desenvolvimento

bastante fraacutegil que somente se justifica pelo niacutevel de pobreza de quem o explora e do

mercado de matildeo de obra marginal Eacute uma economia moribunda com tendecircncia ao

desaparecimento em funccedilatildeo dos seguintes fatores crescimento do mercado desses

produtos poliacutetica salarial face agrave baixa produtividade da terra e da matildeo de obra

aparecimento de alternativas econocircmicas

Outra causa da extinccedilatildeo do extrativismo seria a destruiccedilatildeo das aacutereas de exploraccedilatildeo

pelo processo de expansatildeo da fronteira agriacutecola decorrente do crescimento da demanda de

produtos agriacutecolas e crescimento populacional Nesta dinacircmica as antigas formas de

exploraccedilatildeo extrativa desaparecem em funccedilatildeo da substituiccedilatildeo por outras atividades

econocircmicas Assim mesmo que existam possibilidades que venham a mudar a

conformaccedilatildeo do ciclo extrativo todas inevitavelmente terminaratildeo com o desaparecimento

da atividade

Homma (1993) entende como uma caracteriacutestica importante do extrativismo sobre o

qual teoriza a sua dependecircncia do setor agriacutecola de onde obteacutem os alimentos necessaacuterios

para a sua subsistecircncia e sua intermediaccedilatildeo com o setor comercial eou industrial

Classifica os processos extrativistas em dois grupos quanto agrave forma de exploraccedilatildeo

extrativismo por aniquilamento ou depredaccedilatildeo e extrativismo de coleta O extrativismo por

25

aniquilamento ou depredaccedilatildeo ocorre quando a obtenccedilatildeo do recurso econocircmico implica a

extinccedilatildeo dessa fonte ou quando a velocidade de regeneraccedilatildeo for inferior agrave velocidade de

exploraccedilatildeo extrativa Exemplo dessa categoria eacute a caccedila e a pesca indiscriminadas Jaacute o

extrativismo de coleta ocorre no caso de uma obtenccedilatildeo forccedilada no iniacutecio da exploraccedilatildeo do

recurso com o objetivo de conseguir alta produtividade levando ao seu aniquilamento a

meacutedio e longo prazos ou quando a velocidade de extraccedilatildeo for igual agrave velocidade de

recuperaccedilatildeo que propiciaraacute que o recurso permaneccedila em equiliacutebrio

De acordo com essa classificaccedilatildeo toda praacutetica de extrativismo vegetal seria

insustentaacutevel uma vez que a exploraccedilatildeo do recurso econocircmico extinguiria a fonte de

produccedilatildeo (extrativismo por aniquilamento ou depredaccedilatildeo) ou conduziria para o seu

aniquilamento a meacutedio e longo prazos (extrativismo de coleta) Admite no maacuteximo um

equiliacutebrio caso a velocidade de extraccedilatildeo seja igual agrave velocidade de recuperaccedilatildeo

Basicamente a teorizaccedilatildeo de Homma (1993) sobre o extrativismo estabelece que a

evoluccedilatildeo da extraccedilatildeo dos recursos vegetais se caracteriza por quatro fases expansatildeo

estabilizaccedilatildeo decliacutenio e plantio domesticado No iniacutecio da exploraccedilatildeo a demanda pelo

produto extrativo eacute baixa Poreacutem o desenvolvimento da tecnologia dos meacutetodos de

exploraccedilatildeo da melhoria da infraestrutura na regiatildeo onde o recurso se encontra melhoram as

perspectivas de mercado e reduz os custos da extraccedilatildeo Nesta fase ocorre uma grande

oferta do produto contra uma baixa demanda

Com o crescimento do mercado a melhoria dos processos de transporte e

comercializaccedilatildeo somados a disponibilidade de infraestrutura a oferta e a demanda

tenderiam a entrar em equiliacutebrio proacuteximo agrave capacidade maacutexima de extraccedilatildeo Esta seria a

fase de estabilizaccedilatildeo A partir dessa fase o ciclo eventualmente esbarraraacute numa limitaccedilatildeo

de oferta em funccedilatildeo do caraacuteter fixo e limitado do recurso

Na fase de decliacutenio o aumento da demanda forccedilaraacute a subida dos preccedilos o que

induziraacute os produtores a superexplorar o recurso causando o seu esgotamento ndash ou mesmo

a sua extinccedilatildeo total ndash e portanto uma rigidez da oferta Consequentemente os custos para

a obtenccedilatildeo do produto iratildeo aumentar em razatildeo da pouca disponibilidade do produto na

natureza o que acabaraacute por inviabilizar a sua exploraccedilatildeo

A partir desse ponto podem ocorrer duas situaccedilotildees para aliviar a pressatildeo sobre o

recurso A primeira eacute que havendo viabilidade teacutecnica buscam-se substitutos sinteacuteticos

para o produto e a segunda situaccedilatildeo eacute o melhoramento geneacutetico da espeacutecie aliado ao

desenvolvimento das teacutecnicas para o seu cultivo racional ou seja a sua domesticaccedilatildeo A

domesticaccedilatildeo provoca uma queda de preccedilo do produto no mercado em razatildeo do aumento

da oferta O extrativismo entra em decliacutenio uma vez que os custos para a sua extraccedilatildeo satildeo

26

maiores que o seu preccedilo no mercado Essa sequecircncia pode ser demonstrada no fluxograma

abaixo (Figura 4)

Figura 4 ndash Possiacuteveis formas de utilizaccedilatildeo do recurso natural depois da sua transformaccedilatildeo em recurso econocircmico Fonte Homma (1993 p 3)

Nesse entendimento a atividade de extrativismo somente eacute viaacutevel no caso da

inexistecircncia de alternativas econocircmicas de plantios domesticados ou de substitutos

sinteacuteticos Assim na medida em que apareccedilam novas alternativas por ser uma atividade

com baixa produtividade torna-se inviaacutevel a sua permanecircncia a menos que a sua

exploraccedilatildeo seja subsidiada ou sejam criados mercados poliacuteticos para produtos locais

Excepcionalmente os dois modos de exploraccedilatildeo do recurso ndash o cultivo racional e o

extrativismo ndash podem coexistir em decorrecircncia do crescimento da demanda que provoca a

elevaccedilatildeo do preccedilo de equiliacutebrio viabilizando o extrativismo quando o estoque eacute suficiente

Contrapondo-se ao pensamento de Homma sobre o extrativismo Amazocircnico Recircgo

(1992) assinala que a realidade econocircmica da regiatildeo passou por profundas transformaccedilotildees

e que praticamente natildeo existe mais aquele ldquoextrativismordquo que foi a base dos estudos

daquele autor Considera que atualmente esse extrativismo como atividade estaria

associado agrave agricultura e pecuaacuteria com caracteriacutesticas do modo de vida das populaccedilotildees

locais

Com base nestas consideraccedilotildees propotildee uma nova alternativa econocircmica para a

Regiatildeo que chama de ldquoneoextrativismordquo e que afirma ser a mais correta para designar a

atividade de coleta de recursos naturais combinada agraves atividades agriacutecolas e pecuaacuterias

incluiacutedas no modo de vida e cultura extrativistas Diz tratar-se de um conceito ldquoligado a todas

as instacircncias da vida social a econocircmica a poliacutetica e a culturalrdquo (p 1) uma vez que envolve

os saberes e praacuteticas tradicionais daqueles grupos sociais que habitam o local onde ocorre

a praacutetica do extrativismo (REcircGO 1992)

Esse conceito leva em consideraccedilatildeo a coexistecircncia entre espeacutecies vegetais e animais

e os grupos humanos locais sejam indiacutegenas ou populaccedilotildees tradicionais Admite que estas

populaccedilotildees baseiam seu modo de vida ldquona dependecircncia e simbiose com a natureza no

conhecimento empiacuterico e simboacutelico dos ciclos e recursos naturais e tal saber eacute a base dos

sistemas de manejo de baixo impacto praticadosrdquo (p 5)

Recurso Natural Extrativismo Domesticaccedilatildeoo

Sinteacutetico

27

Esse novo modelo de exploraccedilatildeo tem como pressuposto a coerecircncia com as

caracteriacutesticas ambientais em que se encontra com as aspiraccedilotildees e exigecircncias culturais do

seu povo devendo expressar as novas relaccedilotildees de forccedilas sociais

De acordo com esse conceito a produccedilatildeo tem como base o trabalho familiar ou

comunitaacuterio subordina-se aos ciclos naturais depende do uso imediato dos recursos e tem

como racionalidade natildeo o lucro mas a reproduccedilatildeo social e cultural Essa nova forma de

produccedilatildeo se expressa pela exploraccedilatildeo de espeacutecies animais e vegetais da floresta

integraccedilatildeo do sistema de valores do trabalhador extrativista inserccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

espaccedilo existente no extrativismo inclusatildeo no sistema de manejo apoiado em saberes

praacuteticas e tradiccedilotildees do trabalhador extrativista e harmonizaccedilatildeo com os haacutebitos dos

processos de trabalho extrativistas (REcircGO 1992)

Na verdade este conceito tem por base as alteraccedilotildees ocorridas no bioextrativismo

caracterizado pelo autor como sendo

A intervenccedilatildeo na biota dos ecossistemas naturais pelo homem

(componente da biota) baseada na racionalidade da reproduccedilatildeo

familiarcomunitaacuteria e sobredeterminada por seu universo cultural fundado

na simbiose praacutetica e simboacutelica com a natureza Tal intervenccedilatildeo visa

produzir biomassa uacutetil e eacute regulada por sistemas de manejo imediato

associados agrave introduccedilatildeo e exploraccedilatildeo de plantas e animais em niacuteveis pouco

intensos que natildeo alteram substancialmente a comunidade bioacutetica do

ecossistema (p 5)

Uma vez que a produccedilatildeo baseada no bioextrativismo adquire uma nova loacutegica evolui

diversificando-se agregando-se conhecimento teacutecnico mas natildeo perdendo o seu liame com

o universo cultural da populaccedilatildeo extrativista Entatildeo surge o neoextrativismo

O conceito de neoextrativismo natildeo admite a agropecuaacuteria e a silvicultura baseadas no

uso de fertilizantes quiacutemicos pesticidas herbicidas e maacutequinas e implementos agriacutecolas

que caracterizaram a Revoluccedilatildeo Verde As teacutecnicas admitidas no acircmbito desse novo

extrativismo envolvem a diversificaccedilatildeo de culturas o consoacutercio de espeacutecies a adoccedilatildeo dos

ciclos que imitariam as fases de sucessatildeo ecoloacutegica da floresta

O neoextrativismo pode ser considerado um modelo de desenvolvimento sustentaacutevel

baseado na cultura proacutepria das populaccedilotildees extrativistas e em sistemas produtivos familiares

que harmonizem benefiacutecios econocircmicos sociais e ambientais (REcircGO 1996) Esse modelo

no entanto carece de pesquisas teoacutericas capazes de desenvolvecirc-lo alargando os seus

conceitos bem como de pesquisas empiacutericas para validaacute-lo

Essa dimensatildeo sociocultural da atividade extrativa tambeacutem foi observada por

Alexiades e Shanley (2004) que afirmaram estar relacionada com a multidimensionalidade

28

da atividade de exploraccedilatildeo de PFNMs Os PFNMs possuem caraacuteter multidimensional pois

natildeo satildeo somente utilizados para atender agraves necessidades de subsistecircncia nem mesmo

para servir como um bem econocircmico comercializado entre atores sociais poreacutem fazem

parte da vida poliacutetica institucional e cultural dos grupos envolvidos na coleta e consumo

Unidades familiares de produccedilatildeo rural em diversas regiotildees do paiacutes praticam a

extraccedilatildeo de PFNMs como fonte de renda alternativa e de absorccedilatildeo de matildeo de obra familiar

Na maioria dos casos esta atividade se realiza para complementar a renda do grupo uma

vez que a atividade principal seria a prestaccedilatildeo de serviccedilos a lavoura eou pecuaacuteria No

entanto em determinadas regiotildees como na Amazocircnia onde a exploraccedilatildeo de produtos

florestais eacute uma praacutetica de destacada importacircncia e que consome grande parte da forccedila de

trabalho familiar a agricultura torna-se marginal pelo fato de o cultivo de gratildeos eou

pecuaacuteria ser praticado como uma atividade de subsistecircncia que ocupa pouco tempo dos

membros da famiacutelia

O fato de dispensarem mais tempo para a exploraccedilatildeo de PFNMs e pouco do tempo

restante para as atividades agriacutecolas eou pecuaacuterias natildeo exclui o grupo de estar praticando

agricultura de caraacuteter familiar uma vez que a atividade continua a se fundamentar na

relaccedilatildeo entre propriedade trabalho e famiacutelia Em essecircncia o que identifica determinada

atividade rural como exploraccedilatildeo familiar natildeo eacute a fraccedilatildeo de tempo dedicado a essa ou aquela

tarefa mas a existecircncia da relaccedilatildeo supramencionada

De qualquer maneira a partir do momento que passa a se constituir como uma fonte

de renda a exploraccedilatildeo de PFNMs adquire importacircncia econocircmica para o grupo familiar e

para a regiatildeo onde eacute praticado Justamente quando passa a existir como atividade

econocircmica e consequentemente a se submeter agraves leis do mercado eacute que surgem as

maiores controveacutersias a respeito da sua viabilidade ambiental social e econocircmica

Uma das mais interessantes discussotildees a respeito da viabilidade da exploraccedilatildeo

econocircmica de PFNMs surgiu em torno do modelo sobre a dinacircmica do extrativismo vegetal

proposto por Homma (1993) tendo como base a exploraccedilatildeo da borracha natural naquela

regiatildeo na primeira metade do Seacuteculo XX Como mencionado anteriormente o autor se apoia

na teoria econocircmica neoclaacutessica alegando que em uma economia de mercado a atividade

extrativista estaacute sujeita agrave interferecircncia de diversas variaacuteveis que levam ao seu

desaparecimento inevitaacutevel a meacutedio e longo prazos Uma dessas variaacuteveis eacute a

domesticaccedilatildeo pois amplia as possibilidades de oferta aumenta a produtividade e a

produccedilatildeo e estrangula a economia extrativa Assim o crescimento da demanda e a

incapacidade do setor extrativo em ampliar a capacidade de oferta forccedilam o processo de

domesticaccedilatildeo o aparecimento de substitutos sinteacuteticos e o desaparecimento dessa

atividade Acrescenta que o extrativismo vegetal possui uma base de desenvolvimento

29

bastante fraacutegil que somente se justifica pelo niacutevel de pobreza de quem o explora e do

mercado de matildeo de obra marginal

Para alguns uma das caracteriacutesticas comuns da exploraccedilatildeo de recursos extrativos na

Amazocircnia eacute o fato de estar associada com a agricultura de subsistecircncia e criaccedilatildeo de

animais Dessa forma o extrativismo em que Homma se baseou para propor o seu modelo

somente pode ser encontrado nos lugares mais inacessiacuteveis daquela regiatildeo Portanto o

modelo claacutessico que busca explicar a dinacircmica da exploraccedilatildeo extrativista natildeo se aplicaria a

maioria dos casos de exploraccedilatildeo de produtos florestais (ALLEGRETTI 1994)

Recircgo (1992) afirma que Homma ao conceituar o extrativismo vegetal Amazocircnico

apoiou-se equivocadamente na visatildeo segundo a qual a atividade natildeo passa de uma simples

coleta de recursos e que mesmo a agricultura eou pecuaacuteria que o extrativista pratica nas

suas terras natildeo seria extrativismo mas domesticaccedilatildeo Teacutecnicas de cultivo como sistemas

agroflorestais adensamento da mata com espeacutecies nativas e ilhas de alta produtividade

tambeacutem natildeo integrariam aquele conceito de extrativismo

Ao analisar o modelo de Homma Almeida (1996) aponta duas falhas ali existentes a

primeira eacute que os microfundamentos daquele modelo ou seja a suposiccedilatildeo sobre o

comportamento da unidade familiar natildeo satildeo explicados nem testados A segunda eacute que o

modelo falha ao desconsiderar a dimensatildeo temporal uma vez que um dado sobre uma

praacutetica sustentaacutevel no passado natildeo eacute garantia para o mesmo comportamento no futuro se

os preccedilos e o mercado mudam e os fatores como terra e trabalho tecircm usos alternativos

No que diz respeito ao mercado para produtos extrativistas da Amazocircnia brasileira

Schwartzman (1994) entende que o modelo de Homma descreve uma trajetoacuteria de produtos

extrativistas maiores como a borracha e o cacau poreacutem nem todos seguem as etapas

daquele modelo Determinados processos sociais tecircm reflexos no mercado gerando efeitos

diversos nas trajetoacuterias dos produtos Nesse escopo enquanto uns desaparecem outros

ampliam a sua expressatildeo estabelecendo uma boa base para os sistemas de manejo

sustentaacuteveis da floresta

Em sentido contraacuterio Rai e Uhl (2004) afirmam que a dependecircncia de produtos

extrativistas por parte das comunidades locais pode ser problemaacutetica em razatildeo da

instabilidade de mercado distribuiccedilatildeo irregular do recurso acesso injusto ao recurso

florestal no acircmbito das comunidades rurais e a falta de seguranccedila da posse da terra

Se contrapondo agrave proposta de Homma surge o paradigma da exploraccedilatildeo extrativista

sustentaacutevel defendida por autores como Allegretti (1990 1994) Schwartzman (1989)

Anderson e Ioris (1992) Suas caracteriacutesticas satildeo baseadas no manejo tradicional de

sistemas naturais orientados para o bem-estar das pessoas e para a conservaccedilatildeo da

natureza (ALMEIDA 1996)

30

No entanto foi em torno da discussatildeo sobre a ocupaccedilatildeo sustentaacutevel da Amazocircnia

tendo a criaccedilatildeo de reservas extrativistas como uma das soluccedilotildees possiacuteveis que o debate se

firmou Segundo Homma (1993) o extrativismo vegetal teve relevacircncia no passado daquela

regiatildeo sendo que atualmente natildeo pode servir de modelo de desenvolvimento viaacutevel para a

Amazocircnia Argumenta que estas unidades de conservaccedilatildeo de uso direto na forma como

estatildeo sendo propostas tecircm a funccedilatildeo tatildeo somente de solucionar o problema dos atuais

extratores enquanto existirem

Drummond (1996) mostra-se favoraacutevel agraves reservas extrativistas e admite que o

extrativismo sustentaacutevel de baixa tecnologia pode ser ali adotado desde que em ldquobases

comunitaacuterias ecologicamente sustentaacuteveis e economicamente viaacuteveisrdquo (p 135) Admite

tambeacutem outras formas de exploraccedilatildeo nas reservas extrativistas como o manejo

agroflorestal que entende pode trazer grandes benefiacutecios aos moradores daquelas aacutereas

Argumenta que essa categoria de unidade de conservaccedilatildeo de uso direto somente se tornaraacute

viaacutevel se as comunidades locais que ali habitam adotarem a exploraccedilatildeo de um nuacutemero

variado de bens com o intuito de aproveitamento dos ciclos natildeo coincidentes de reproduccedilatildeo

natural desses bens e de oportunidades comerciais que natildeo sejam apenas sazonais e

desde que a coletividade que as explora consiga ligar as atividades de exploraccedilatildeo de bens

agraves atividades industriais comerciais e de serviccedilos

Considera desejaacuteveis as reservas extrativistas pelos seguintes aspectos (a) esse

setor extrativo cultural e politicamente saudaacutevel permitiraacute a sobrevivecircncia e a cidadania

plena de grupos tradicionais da populaccedilatildeo amazocircnica (b) representam um importante

avanccedilo para a causa de uma reforma agraacuteria democraacutetica (c) representam uma forma mais

leve de pressatildeo sobre as unidades de conservaccedilatildeo e (d) o modo extrativo de produccedilatildeo

pode ser a atividade mais racional para explorar determinadas terras florestadas

amazocircnicas

Apesar de concordar que a viabilidade econocircmica do extrativismo eacute duvidosa

considerando o seu desempenho histoacuterico Anderson (1994) argumenta que se levando em

conta o fraco desempenho econocircmico de atividades agropecuaacuterias na Amazocircnia os custos

ambientais associados e a persistecircncia dessa praacutetica entre milhotildees de habitantes da regiatildeo

a viabilidade econocircmica do extrativismo parece ser mais promissora Para o autor essas

criacuteticas contra a viabilidade econocircmica do extrativismo natildeo levam em conta o desempenho

econocircmico de outros usos da terra na Amazocircnia e por serem baseados numa anaacutelise

histoacuterica natildeo consideram as recentes mudanccedilas sociais que poderiam melhorar a eficiecircncia

das economias baseadas no manejo de PFNMs Adverte que as criacuteticas tambeacutem natildeo levam

em conta que o extrativismo representa uma opccedilatildeo econocircmica para centenas de milhares

de pessoas que residem na zona rural amazocircnica e que os baixos riscos e investimentos

31

associados com a coleta de produtos silvestres tornam essa atividade uma opccedilatildeo essencial

para a populaccedilatildeo de baixa renda

Embora tente explicar a dinacircmica do extrativismo o modelo proposto por Homma natildeo

tem aplicaccedilatildeo para a exploraccedilatildeo dos PFNMs do Cerrado Particularmente porque apresenta

como pressuposto o extrativismo vegetal da borracha que predominou na Amazocircnia no

passado tendo como principal caracteriacutestica o capital foracircneo e o latifuacutendio (RUEDA 1995)

aleacutem das relaccedilotildees de trabalho estabelecidas sob viacutenculos de subordinaccedilatildeo entre o

seringueiro e o seringalista que o impedia de cultivar sua proacutepria roccedila para que o seu

tempo fosse integralmente dedicado agrave sangria O contexto eacute bastante diverso daquele

encontrado no Cerrado cujas atividades de exploraccedilatildeo de PFNMs acontecem sob outras

bases econocircmicas e sociais

Os grupos sociais rurais que habitam a Regiatildeo do Planalto Central tecircm na coleta de

componentes da biodiversidade uma atividade de complementaccedilatildeo de renda familiar natildeo se

constituindo como sua atividade principal Normalmente datildeo preferecircncia agrave agricultura eou

pecuaacuteria eou atividades natildeo agriacutecolas ndash como a venda de trabalho para vizinhos

Contrariamente ao extrativismo da borracha natural que tomava todo o tempo do seringueiro

natildeo permitindo que se dedicasse a outra atividade o agricultor-coletor de produtos naturais

do Cerrado tem a autonomia de escolher qual atividade se dedicar para a sua reproduccedilatildeo

econocircmica e social

No que diz respeito agrave comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo autocircnomas as famiacutelias que

se ocupam da exploraccedilatildeo de PFNMs no Cerrado suas relaccedilotildees com o comprador satildeo

constituiacutedas em bases que natildeo geram viacutenculos de subordinaccedilatildeo Ademais natildeo dependem

de capital externo para a atividade de coleta fazendo uso da sua proacutepria forccedila de trabalho

para essa operaccedilatildeo

Para o agricultor familiar da Regiatildeo dos Cerrados a extraccedilatildeo de espeacutecies vegetais

costuma ocupar uma posiccedilatildeo de complementaridade de renda A relaccedilatildeo desse agricultor

com a biodiversidade do Cerrado eacute antiga Auguste de Saint-Hilaire naturalista francecircs na

sua obra intitulada ldquoViagem agrave Proviacutencia de Goiaacutesrdquo em 1819 registrou o uso do pequi

(Caryocar brasiliense Cambess) pela populaccedilatildeo local (SAINT-HILAIRE 1975) O quiacutemico

alematildeo Wilhelm Michler radicado no Brasil e falecido em 1889 jaacute relatava o uso do fruto do

tingui (Magonia pubescens St Hil) uma espeacutecie do Cerrado para a fabricaccedilatildeo de sabatildeo

(SANTOS et al 2000)

Para explicar a opccedilatildeo do agricultor da regiatildeo do Cerrado pela exploraccedilatildeo da

biodiversidade local Oliveira e Duarte (2008) admitem que aspectos climaacuteticos tais como a

ausecircncia ou escassez de chuvas durante determinado periacuteodo do ano pode ter levado o

sertanejo a desenvolver um sistema segundo o qual o risco inerente agrave produccedilatildeo agriacutecola

32

poderia ser amenizado pelo uso de espeacutecies nativas Argumentam que nesta regiatildeo os

processos migratoacuterios ecircxodo rural urbanizaccedilatildeo e a proacutepria diferenciaccedilatildeo da agricultura

familiar com sua inserccedilatildeo ao mercado contribuiacuteram para a transformaccedilatildeo de alguns

produtos pertencentes ao universo familiar regional em mercadorias (como guariroba e

pequi) abrindo novas possibilidades para o seu uso

Unidades familiares em todo o mundo podem ter parte da sua renda composta pela

exploraccedilatildeo de PFNMs Esses produtos satildeo importantes para os grupos empobrecidos

dentro de comunidades rurais Geralmente satildeo levados ao mercado na forma de mateacuteria

prima e de alimentos tanto para populaccedilotildees urbanas quanto para os habitantes das zonas

rurais (ARNOLD 1996)

Analisando a contribuiccedilatildeo da extraccedilatildeo do babaccedilu para a renda de populaccedilotildees rurais

empobrecidas no Nordeste do Brasil Hecht et al (1988) concluiacuteram que esta atividade eacute

aproximadamente equivalente agrave renda obtida com a venda de forccedila de trabalho e com a

praacutetica da agricultura destacando a sua importacircncia para a sobrevivecircncia destas

comunidades Ao estudarem a ldquoproduccedilatildeo invisiacutevelrdquo em um assentamento agroextrativista no

Municiacutepio de Nova Ipixuna Paraacute Menezes et al (2001) concluiacuteram que a renda proveniente

da comercializaccedilatildeo de produtos do extrativismo vegetal (incluindo produccedilatildeo de madeira)

alcanccedila o percentual de 265 da renda total mensal familiar enquanto a produccedilatildeo

autoconsumida de produtos do extrativismo vegetal (produccedilatildeo invisiacutevel) eacute responsaacutevel por

193 da renda total mensal dessas mesmas famiacutelias Em um projeto de assentamento no

Municiacutepio de Acrelacircndia no Estado do Acre a participaccedilatildeo do extrativismo (incluindo

madeira) na composiccedilatildeo da renda das famiacutelias foi de 289 (FRANCO ESTEVES 2008)

De acordo com os dados acima a renda familiar proveniente da extraccedilatildeo de PFNMs varia

enormemente dependendo da relaccedilatildeo da comunidade com o seu ambiente e das condiccedilotildees

de mercado para os produtos explorados No entanto o que chama a atenccedilatildeo eacute que a

exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute uma atividade natildeo agriacutecola presente em

grande nuacutemero de comunidades rurais no Brasil tanto para autoconsumo quanto para

produccedilatildeo de excedentes comercializaacuteveis

A combinaccedilatildeo de atividades agriacutecolas com atividades natildeo agriacutecolas por uma mesma

unidade familiar acompanhou o desenvolvimento da agricultura Esse fenocircmeno somente

recentemente comeccedilou a ser objeto de anaacutelise por parte de estudiosos das condiccedilotildees de

produccedilatildeo agriacutecola com base no trabalho familiar particularmente em razatildeo do aumento das

atividades natildeo agriacutecolas no meio rural e a crise da reproduccedilatildeo da agricultura de base

familiar (CARNEIRO 2006) Na tentativa de sistematizar os estudos acerca do assunto

ainda na deacutecada de 1970 cientistas sociais europeus cunharam o termo pluriatividade para

explicar o fenocircmeno por meio do qual membros da famiacutelia que habitam o meio rural optam

33

pelo exerciacutecio de diferentes atividades natildeo agriacutecolas mantendo a moradia no campo e uma

ligaccedilatildeo com a agricultura e a vida no espaccedilo rural (SCHNEIDER 2003)

Essa noccedilatildeo de pluriatividade pode ser considerada como a mais adequada para a

anaacutelise da estrateacutegia de diversificaccedilatildeo das atividades e das fontes de renda das unidades

familiares rurais no Brasil

Para Carneiro (2006) a pluriatividade adquiriu relevacircncia no paiacutes na caracterizaccedilatildeo de

fenocircmenos socioeconocircmicos associados agraves dinacircmicas por que passava o meio rural

identificadas por estudiosos como sendo o ldquonovo ruralrdquo (SILVA 1999) Contudo deve-se ter

em conta que apesar de ser bastante antiga a combinaccedilatildeo de atividades agriacutecolas e natildeo

agriacutecolas numa mesma propriedade rural o termo pluriatividade estaacute relacionado com as

transformaccedilotildees ocorridas recentemente na agricultura brasileira natildeo somente com a

modernizaccedilatildeo dessa agricultura mas tambeacutem na busca de alternativas de emprego ou

ocupaccedilatildeo provenientes do estreitamento das relaccedilotildees campo-cidade (CARNEIRO 2006)

Anjos (2001) considera de fundamental importacircncia a busca pelo real significado do

termo diferenciando-o das transformaccedilotildees gerais que perpassam as sociedades atuais

Entende que a pluriatividade acha-se inextrincavelmente vinculada agrave noccedilatildeo de agricultura

familiar e que emerge como uma estrateacutegia de resistecircncia e adaptaccedilatildeo desse modo de

fazer agricultura diante das transformaccedilotildees que se realizam tanto no seu interior como na

realidade em que se acha inserida

A pluriatividade natildeo pode ser generalizada como um fenocircmeno comum a todas as

composiccedilotildees de atividades agriacutecolas e natildeo agriacutecolas pois depende de outras caracteriacutesticas

que venham a diferenciaacute-la No universo dos grupos sociais envolvidos com a exploraccedilatildeo de

PFNMs podem ser encontradas tanto famiacutelias rurais como urbanas Muitas famiacutelias urbanas

desenvolvem essa atividade para fins de complementaccedilatildeo de renda Falta a essas famiacutelias

no entanto uma caracteriacutestica-chave para serem classificadas como pluriativas a

vinculaccedilatildeo agrave noccedilatildeo de agricultura familiar conforme ensina Anjos (2001) Mesmo as famiacutelias

rurais para que sejam categorizadas como pluriativas devem ter a composiccedilatildeo de sua

renda muito bem analisada em razatildeo da complexidade do fenocircmeno (ANJOS 2001)

A anaacutelise do fenocircmeno da pluriatividade no Brasil e em outros paiacuteses busca a

compreensatildeo das estrateacutegias de reproduccedilatildeo social e econocircmica das famiacutelias rurais

(SCHNEIDER 2003) Permite explicar o exerciacutecio de atividades natildeo agriacutecolas na unidade

de produccedilatildeo (FULLER 1990) No entanto de que forma a famiacutelia rural opta por acrescentar

as suas atividades agriacutecolas aquelas categorizadas como natildeo agriacutecolas pode ser explicado

pela claacutessica hipoacutetese chayanoviana do balanccedilo trabalho-consumo segundo a qual esta

escolha seraacute determinada pelo equiliacutebrio entre a satisfaccedilatildeo da demanda familiar e a proacutepria

penosidade do trabalho Ou seja enquanto a famiacutelia natildeo atingir o equiliacutebrio entre esses dois

34

elementos (enquanto a penosidade do trabalho for subjetivamente avaliada como inferior agrave

importacircncia das necessidades que o trabalho suportado satisfaz) teraacute todo o tipo de motivo

para prosseguir em sua atividade econocircmica Quando atinge esse ponto de equiliacutebrio natildeo

teraacute interesse em continuar trabalhando uma vez que todo dispecircndio adicional de trabalho

torna-se mais difiacutecil de suportar do que a renuacutencia aos seus efeitos econocircmicos

(CHAYANOV1981)

A economia neoclaacutessica apesar de ter como base teoacuterica conceitos derivados da

sociedade capitalista propocircs modelos explicativos sobre o comportamento da economia

camponesa Abramovay (2007) aponta trecircs modelos (entre os vaacuterios jaacute propostos para

explicar a questatildeo) que poderiam ser considerados os mais significativos para explicar a

racionalidade econocircmica do camponecircs Primeiramente o de Schultz (1965) segundo o qual

o agricultor tradicional no que se refere agrave racionalidade econocircmica se conduz de maneira

equivalente a empresas modernas Fazendo uma abstraccedilatildeo do conteuacutedo cultural e ateacute

psicoloacutegico que envolve a accedilatildeo do agricultor tradicional o seu resultado se traduz em uma

conduta de maximizaccedilatildeo de lucros De acordo com o modelo proposto por Lipton (1968) o

agricultor tradicional eacute um maximizador de oportunidades de sobrevivecircncia lutando contra

um ambiente ecoloacutegico (oscilaccedilotildees climaacuteticas) e social hostis agrave sua sobrevivecircncia Natildeo

optam pela maximizaccedilatildeo de lucros em situaccedilotildees favoraacuteveis caso vislumbrem riscos de

perdas que levem a uma reduccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola aqueacutem da subsistecircncia Assim seu

comportamento econocircmico eacute avesso aos riscos Jaacute no modelo proposto por Mellor (1963)

Sen (1966) e Nakagima (1969) a relaccedilatildeo entre as necessidades de consumo familiar e o

trabalho necessaacuterio para que estas necessidades sejam atingidas eacute a base para o

estabelecimento de um equiliacutebrio microeconocircmico em torno do qual o campesinato se

define Nesses termos o equiliacutebrio econocircmico do grupo familiar eacute definido em termos

subjetivos ou seja satildeo fatores internos que determinaratildeo seu desempenho produtivo

Nesse escopo a racionalidade econocircmica eacute uma suposiccedilatildeo que pode ser explorada ou natildeo

pelo camponecircs (SEN 1966)

Abramovay (2007) no entanto aponta que essa racionalidade econocircmica proposta

pelos neoclaacutessicos eacute incompleta pelo fato do ambiente social do camponecircs admitir que

outros criteacuterios de relaccedilotildees humanas que natildeo o econocircmico sejam organizadores da sua

vida Assegura que aqueles fatores internos que os neoclaacutessicos dizem afetar o

comportamento econocircmico camponecircs soacute podem ocorrer em um ambiente social cultural e

econocircmico especiacutefico (ABRAMOVAY 2007) Para Anjos (2001) esta racionalidade

camponesa sofre o impacto do ambiente externo estando exposta tanto agraves oscilaccedilotildees nos

preccedilos dos produtos agriacutecolas e dos insumos utilizados na produccedilatildeo agropecuaacuteria quanto agrave

35

existecircncia de um mercado de trabalho que incorpore a forccedila de trabalho presente nestes

estabelecimentos rurais

Nesse raciociacutenio apesar da sociedade camponesa estar organizada em torno de

coacutedigos sociais proacuteprios ela se relaciona com o mundo exterior por meio de viacutenculos

econocircmicos resultantes da venda de mercadorias ficando exposto agraves forccedilas de mercado

Poreacutem o camponecircs possui certa flexibilidade em suas relaccedilotildees com o mercado porque

pode frequentemente se retirar sem comprometer a sua reproduccedilatildeo social Ao perceber que

o mercado natildeo lhe eacute propiacutecio retira-se pois o seu objetivo central eacute a alimentaccedilatildeo da

famiacutelia Por outro lado sua capacidade de sobreviver no interior das sociedades capitalistas

eacute precaacuteria O mercado substitui os coacutedigos que orientam a vida camponesa e solapa sua

possibilidade de reproduccedilatildeo social (ABRAMOVAY 2007)

Para alguns teoacutericos como Abramovay (2007) com as transformaccedilotildees econocircmicas no

campo surge principalmente nos paiacuteses capitalistas centrais uma nova categoria social

mais integrada ao mercado que natildeo soacute muda suas bases teacutecnicas mas tambeacutem o ciacuterculo

social em que se reproduzem ldquode camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (p

137) Esta forma de produccedilatildeo caracteriza-se por ser baseada na famiacutelia ldquointeiramente

despojada de seus traccedilos camponeses ancestraisrdquo (p 141)

No Brasil natildeo foram poucos os estudiosos que buscaram uma explicaccedilatildeo sobre a

constituiccedilatildeo da agricultura familiar no paiacutes Wanderley (1999) parte do princiacutepio que a

agricultura familiar eacute um conceito geneacuterico que incorpora uma diversidade de situaccedilotildees

especiacuteficas e particulares sendo que ao campesinato corresponde uma destas formas

particulares da agricultura familiar Igualmente esclarece que a agricultura familiar que se

reproduz nas sociedades modernas tende a adaptar-se a um contexto socioeconocircmico

proacuteprio destas sociedades fazendo-o mediante modificaccedilotildees importantes em sua forma de

produzir e em sua vida social tradicionais Estas transformaccedilotildees natildeo produzem uma ruptura

total e definitiva com as formas ldquoanterioresrdquo faz surgir um agricultor portador de uma

tradiccedilatildeo camponesa que lhe permite adaptar-se agraves novas exigecircncias impostas pela

sociedade

Este agricultor atual que lanccedila matildeo da exploraccedilatildeo de PFNMs como forma de

melhorar a renda familiar depara-se com diversos obstaacuteculos ao longo da cadeia produtiva

de bens gerados a partir da biodiversidade Esses obstaacuteculos surgem ainda na fase de

coleta e se multiplicam ateacute o momento da comercializaccedilatildeo Mesmo a agregaccedilatildeo de valor

natildeo lhe traraacute garantias de sucesso nestas etapas pois ao decidir enfrentar o mercado iraacute se

expor aos impactos sociais econocircmicos e culturais do ambiente externo e agraves implacaacuteveis

forccedilas que o sistema econocircmico impotildee

36

Aleacutem dos obstaacuteculos estruturais que enfrenta diariamente tais como a falta de

serviccedilos puacuteblicos baacutesicos (sauacutede e educaccedilatildeo) ausecircncia de infraestrutura (eletricidade

estradas e comunicaccedilatildeo) o agricultor familiar no Brasil que participa da cadeia produtiva de

produtos da biodiversidade tambeacutem enfrenta dificuldades para atender ao que dispotildee o

marco regulatoacuterio sanitaacuterio ambiental e fiscaltributaacuterio incidentes sobre as etapas dessa

cadeia mais especificamente pelo fato de impor procedimentos de difiacutecil operacionalizaccedilatildeo

Esse conjunto de etapas conta com a participaccedilatildeo de outros atores intermediaacuterios

pequenos e grandes empresaacuterios consumidores que tambeacutem encontram obstaacuteculos mas

dispotildeem de melhores condiccedilotildees para superaacute-los Poreacutem normalmente o que predomina ao

longo desta cadeia eacute uma desigualdade de poder caracteriacutestica dos mercados imperfeitos

onde o coletorprodutor tende a ser o elo mais fraacutegil

Esse capiacutetulo nos traz subsiacutedios para apoiar a ideia que a exploraccedilatildeo do fruto do baru

no Cerrado Goiano natildeo se enquadra nos modelos descritos por Homma Drummond e Recircgo

para explicar o uso de PFNMs na Amazocircnia A exploraccedilatildeo do baru possui caracteriacutesticas

que a torna uma atividade diferenciada a) eacute uma atividade de coleta que faz parte da

estrateacutegia do agricultor para aumentar a sua renda familiar desenvolvendo paralelamente a

agricultura a pecuaacuteria e serviccedilos natildeo agriacutecolas b) grande parte dos frutos eacute coletada em

propriedades particulares de terceiros c) o manejo do baru natildeo estaacute baseado em

conhecimentos tradicionais e saberes elaborados ao longo do tempo com base na interaccedilatildeo

entre o homem e os elementos naturais e transferidos por geraccedilotildees d) trata-se da

exploraccedilatildeo comercial de frutos silvestres adotando-se praacuteticas miacutenimas de manejo com o

objetivo de diminuir o impacto sobre a espeacutecie e) o agricultor comercializa a amecircndoa

diretamente com o processador ou o consumidor sem necessidade de intermediaacuterio f) os

mercados de consumo da amecircndoa satildeo proacuteximos o que permite o deslocamento raacutepido e

com baixos custos para o agricultor e g) eacute uma atividade que pode ser mais bem explicada

pelo fenocircmeno da pluriatividade

37

3 LEGISLACcedilAtildeO

No Brasil sempre que ocorrem agressotildees em larga escala agraves florestas seja agrave

Amazocircnica ou a outras existentes em territoacuterio nacional pensa-se na exploraccedilatildeo de

produtos florestais natildeo madeireiros (PFNMs) como uma alternativa para se manter a floresta

ldquoem peacuterdquo No entanto passado aquele momento de comoccedilatildeo o assunto eacute relegado ao

esquecimento e pouca atenccedilatildeo eacute dada para a ordenaccedilatildeo da exploraccedilatildeo desses produtos

Apesar da importacircncia secundaacuteria dos natildeo madeireiros nas poliacuteticas puacuteblicas voltadas

para o uso da terra no Brasil eacute incontestaacutevel a sua contribuiccedilatildeo para a economia domeacutestica

desde que os portugueses aqui chegaram em abril de 1500 Quando as caravelas de Pedro

Aacutelvares Cabral aportaram na costa baiana os indiacutegenas jaacute retiravam da floresta produtos

para a sua alimentaccedilatildeo para tratar as suas doenccedilas para a construccedilatildeo das suas casas e

para a fabricaccedilatildeo dos seus utensiacutelios e armas Foi e continua sendo uma atividade que estaacute

arraigada na cultura e tradiccedilatildeo desses povos O contato do iacutendio com o europeu e o africano

favoreceu a assimilaccedilatildeo dessas formas de utilizaccedilatildeo dos produtos florestais por parte dos

primeiros habitantes do paiacutes Ainda hoje boa parte da populaccedilatildeo brasileira seja rural ou

urbana consome produtos vegetais provenientes das nossas matas

O uso de natildeo madeireiros para subsistecircncia eacute uma realidade incontestaacutevel no dia-a-

dia das comunidades rurais Natildeo se pode ignorar que a comercializaccedilatildeo desses produtos

movimenta um significativo mercado no interior do paiacutes apesar de ser categorizada pelos

economistas como uma fraccedilatildeo da denominada ldquoeconomia informalrdquo Milhares de famiacutelias

compotildeem a sua renda com folhas flores frutos raiacutezes cascas ceras oacuteleos etc extraiacutedas

da natureza e vendidas in natura em pequenas feiras locais para comerciantes ou mesmo

para o consumidor

As estatiacutesticas sobre esses produtos natildeo refletem a realidade encontrada no interior

do paiacutes A pesquisa sobre a Produccedilatildeo da Extraccedilatildeo Vegetal e da Silvicultura (PEVS)

realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) com o

objetivo de fornecer informaccedilotildees sobre a quantidade e o valor dos principais produtos

obtidos por meio do processo de exploraccedilatildeo dos recursos florestais nativos (IBGE 2010)

elenca vaacuterios produtos no entanto enumera somente uma pequena parcela daqueles que

efetivamente satildeo consumidos pela populaccedilatildeo

O PEVS natildeo traz a estatiacutestica do consumo de espeacutecies do Cerrado como o baru

(Dipteryx alata Vog) a guariroba (Syagrus oleracea Becc) a cagaita (Eugenia dysenterica

DC) e o araticum (Annona sp) largamente utilizadas pelas populaccedilotildees que residem nesse

Bioma Nem mesmo espeacutecies de destacada importacircncia terapecircutica como a faveira ou fava

drsquoanta (Dimorphandra mollis Benth) e a mama-cadela (Brosimum gaudichaudii Trec)

utilizadas pela induacutestria farmacecircutica nacional aparecem nos bancos de dados do IBGE A

38

faveira eacute utilizada para a extraccedilatildeo da rutina bioflavonoacuteide que entra na composiccedilatildeo de

medicamentos promotores do fortalecimento capilar de fortalecedores da estrutura da

parede dos vasos sanguiacuteneos e que satildeo muito usados no tratamento e prevenccedilatildeo de

pequenas varizes (SANTOS et al 2006) O Brasil tem a maior reserva de barbatimatildeo do

mundo e produz 1300 toneladas de rutina por ano ndash 62 do mercado mundial (REVISTA

EacutePOCA 1998) Jaacute a mama-cadela possui compostos furocumariacutenicos que satildeo aplicados no

tratamento do vitiligo Laboratoacuterios brasileiros jaacute produzem pomadas e cremes agrave base

desses princiacutepios ativos (ROSA 2009)

Apesar das evidecircncias de que o mercado de natildeo madeireiros eacute bem maior do que as

estatiacutesticas oficiais demonstram o paiacutes natildeo conta ainda com um conjunto de normas

voltadas exclusivamente para a regulamentaccedilatildeo da sua exploraccedilatildeo A legislaccedilatildeo ambiental

existente somente regula a exploraccedilatildeo de PFNM em Reserva Legal Para a exploraccedilatildeo fora

dessas aacutereas ainda natildeo foram estabelecidas normas

Assim na ausecircncia de legislaccedilatildeo especiacutefica vale o que o Coacutedigo Florestal determina

no seu art 19 ou seja que a exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras em territoacuterio

nacional depende de preacutevia aprovaccedilatildeo pelo oacutergatildeo estadual competente do Sistema

Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e da adoccedilatildeo de teacutecnicas de conduccedilatildeo exploraccedilatildeo e

manejo compatiacuteveis com o ecossistema em que estaacute inserida

De acordo com esse dispositivo o agricultor ou empresa que deseja explorar

comercialmente um natildeo madeireiro deveraacute apresentar um plano de manejo florestal

sustentaacutevel aleacutem de ter que atender a um emaranhado de normas sanitaacuterias fiscais e

tributaacuterias provenientes de todos os niacuteveis de organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativo da

Repuacuteblica (Uniatildeo Estados Distrito Federal e Municiacutepios) e que se encontram dispersas por

vaacuterios oacutergatildeos e instituiccedilotildees reguladoras pertencentes a setores diferentes do poder puacuteblico

Satildeo regras sobre as quais o extrativista pouco ou nada conhece e que muitas vezes

apresentam conflitos entre si Determinam um significativo nuacutemero de procedimentos que o

interessado deve atender para natildeo ser punido administrativo eou penalmente Cumprir o

que determina toda essa legislaccedilatildeo requer cuidados e ajuda teacutecnica especializada Aleacutem do

mais costumam ser inadequadas pois natildeo conseguem atender agrave diversidade ambiental

social e cultural do paiacutes

As empresas por possuiacuterem mais recursos encontram mais facilidade para se

regularizarem junto ao oacutergatildeo puacuteblico responsaacutevel pela gestatildeo do produto Jaacute as famiacutelias

com baixo poder aquisitivo e que corresponde agrave grande maioria daqueles que exploram a

biodiversidade no Brasil enfrentam grandes dificuldades para atender aos requisitos legais

para viabilizaccedilatildeo da sua atividade seja ela constituiacuteda em base individual ou

cooperativistaassociativista

39

Para Carvalheiro et al (2008) o marco regulatoacuterio nacional sobre o assunto eacute extenso

e ineficiente Extenso porque conta com um nuacutemero expressivo de normas geneacutericas que

natildeo atendem agraves especificidades da atividade e ineficiente porque natildeo leva em consideraccedilatildeo

as condiccedilotildees naturais em que o recurso subsiste e nem as caracteriacutesticas dos grupos

humanos que o exploram Aleacutem da legislaccedilatildeo ambiental sanitaacuteria tributaacuteria fiscal

trabalhista e fundiaacuteria o empreendedor iraacute se deparar com uma grande diversidade de

normas de status variado e cuja competecircncia eacute distribuiacuteda por vaacuterios oacutergatildeos puacuteblicos

(federais estaduais e municipais) tornando a tarefa de licenciamento da atividade de

exploraccedilatildeo de PFNMs um verdadeiro caminho para o calvaacuterio

Essa legislaccedilatildeo obedece a um complexo sistema hieraacuterquico indo de regras que se

encontram no veacutertice do sistema normativo (normas constitucionais) ateacute aquelas

consideradas infraconstitucionais a exemplo das leis decretos resoluccedilotildees de oacutergatildeos

colegiados portarias instruccedilotildees normativas e normas de execuccedilatildeo

Outro aspecto dessas normas que regulamentam a utilizaccedilatildeo de produtos florestais

natildeo madeireiros no Brasil eacute que muitas satildeo geneacutericas natildeo observando as particularidades

das espeacutecies exploradas ou apresentam lacunas que causam duacutevidas quanto a sua

aplicaccedilatildeo A legislaccedilatildeo destinada ao manejo de espeacutecies vegetais que ocorrem na Floresta

Amazocircnica eacute a mesma que regula a exploraccedilatildeo de espeacutecies nativas do Cerrado bioma com

aspectos fiacutesicos sociais e econocircmicos proacuteprios Mesmo no Cerrado as espeacutecies florestais

que ocorrem na Floresta Ombroacutefila Densa e as que ocorrem no Cerrado Sentido Restrito

tecircm caracteriacutesticas que requerem o desenvolvimento de teacutecnicas diferenciadas para o seu

manejo

Na opiniatildeo de Gonccedilalves e Alves (2003) apesar de tecnicamente avanccedilada a

legislaccedilatildeo ambiental brasileira natildeo tem garantido o desenvolvimento sustentaacutevel de

determinados setores produtivos nacionais principalmente quanto aos aspectos sociais e

ambientais da sustentabilidade Esse impasse conduz a duas hipoacuteteses ou a legislaccedilatildeo

ambiental natildeo eacute tatildeo avanccedilada quanto se espera apresentando portanto falhas na sua

especificidade e aplicabilidade ou o problema estaacute no natildeo cumprimento agrave legislaccedilatildeo

evidenciando um quadro de abusos impunidade incompetecircncia do Estado e ateacute mesmo de

corrupccedilatildeo dos organismos competentes

Este capiacutetulo aborda as principais normas que incidem sobre a atividade de

exploraccedilatildeo e processamento de PFNMs em acircmbito federal e no Estado de Goiaacutes quais

sejam ambientais sanitaacuterias e fiscaistributaacuterias Embora a legislaccedilatildeo seja fundamental

para ordenar as atividades econocircmicas do paiacutes em algumas circunstacircncias pode figurar

como obstaacuteculo particularmente quando natildeo sintonizada com a realidade das praacuteticas que

pretende regular ou mesmo apresentando lacunas que tornam a sua aplicaccedilatildeo incerta

40

Portanto eacute necessaacuteria uma anaacutelise do marco regulatoacuterio nacional sobre o uso de

componentes da biodiversidade para que se possa compreender as dificuldades que o

agricultor familiar enfrenta ao tentar legalizar a sua atividade de exploraccedilatildeo de natildeo

madeireiros junto aos oacutergatildeos puacuteblicos Tratando-se de pessoas que normalmente possuem

baixo niacutevel de escolaridade e pouco acesso agrave informaccedilatildeo o fiel cumprimento dessa

legislaccedilatildeo em todos os niacuteveis de governo e proveniente dos mais diversos setores do Poder

Puacuteblico eacute praticamente impossiacutevel

31 LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL APLICADA AO USO SUSTENTAacuteVEL DE PFNMs

A noccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel aparece nos princiacutepios fundamentais que

regem o Direito Ambiental Segundo Milareacute (1998) o direito ao desenvolvimento sustentaacutevel

deve ser considerado como fundamento ou alicerce do Direito Ambiental podendo ser

definido como ldquoo direito do ser humano de desenvolver-se e realizar as suas

potencialidades quer individual quer socialmente e o dever de assegurar aos seus poacutesteros

as mesmas condiccedilotildees favoraacuteveisrdquo (p 146)

O direito de desenvolver-se natildeo incorpora somente o sentido de acumulaccedilatildeo de bens

econocircmicos mas vai muito aleacutem estando relacionado com a melhoria da qualidade de vida

das populaccedilotildees humanas em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo de um ambiente mais saudaacutevel

Em alguns casos a melhoria da qualidade de vida dos habitantes de uma determinada

aacuterea passa pelo uso dos bens que integram o meio ambiente Nesse escopo o Direito

Ambiental tem o importante papel de estabelecer normas que apontem a forma e a

razoabilidade dessa exploraccedilatildeo negando o seu uso quando a utilizaccedilatildeo natildeo for razoaacutevel ou

necessaacuteria (MACHADO 2003)

O Direito Ambiental Brasileiro estabelece um conjunto de princiacutepios normas e

procedimentos tendo como base a nossa proacutepria Constituiccedilatildeo Federal visando agrave gestatildeo

dos bens que integram o meio ambiente de modo a conservaacute-los e garantir o seu acesso

equitativo para que venham a atender agraves necessidades do presente sem comprometer as

necessidades das geraccedilotildees futuras

311 Constituiccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal (CF) de 1988 considerada a pedra angular do nosso

ordenamento juriacutedico traz no caput do Art 225 o comando segundo o qual o meio ambiente

ecologicamente equilibrado eacute um direito de todos e um bem de uso essencial agrave sadia

qualidade de vida dos brasileiros No plano estritamente juriacutedico a natureza desse bem tem

servido de municcedilatildeo para muita discussatildeo entre juristas comeccedilando pela sua natureza

Embora o Coacutedigo Civil (CC) entenda ser o bem de uso comum do povo um tipo de bem

puacuteblico alguns juristas natildeo entendem dessa maneira Diferentemente entendem ser um

41

bem que natildeo pode ser incluiacutedo entre aqueles pertencentes a uma pessoa juriacutedica de direito

puacuteblico mas sendo integrado por bens pertencentes a diversas pessoas de direito quer

sejam naturais ou juriacutedicas puacuteblicas ou privadas (ANTUNES 1992) Portanto eacute um bem de

interesse puacuteblico pertencente a todos e a ningueacutem individualmente nem mesmo ao Estado

Patrimocircnio ambiental e patrimocircnio puacuteblico natildeo se confundem O meio ambiente natildeo eacute

propriedade estatal (DECASTRO 2004)

Na segunda parte do dispositivo constitucional acima mencionado destacamos o

cuidado do legislador brasileiro ao estabelecer ser dever do Poder Puacuteblico e da coletividade

defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras geraccedilotildees Essa ideia da

sustentabilidade intra e intergeracional foi inicialmente defendida pelo documento intitulado

Nosso Futuro Comum7 Ali o desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como sendo aquele

que atende agraves necessidades das geraccedilotildees atuais sem comprometer as necessidades das

geraccedilotildees futuras

Para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado o constituinte

de 1988 foi ainda mais preciso delegando exclusivamente ao Poder Puacuteblico a incumbecircncia

de ldquopreservar e restaurar os processos ecoloacutegicos essenciais e prover o manejo ecoloacutegico

das espeacutecies e ecossistemasrdquo (Art 225 sect1deg I) Assim zelar pelo manejo ecoloacutegico das

nossas florestas natildeo eacute uma faculdade mas uma obrigaccedilatildeo indeclinaacutevel do Poder Puacuteblico

Qualquer que seja a destinaccedilatildeo dada aos recursos naturais deveraacute seguir orientaccedilatildeo

contida no marco regulatoacuterio nacional

312 Legislaccedilatildeo Federal

3121 Manejo Florestal

Na hierarquia das leis ambientais brasileiras podemos afianccedilar que o Coacutedigo Florestal8

e legislaccedilatildeo correlata ocupam uma posiccedilatildeo de destaque pelo fato de serem normas

orientadoras da conservaccedilatildeo e uso das florestas existentes em territoacuterio nacional Nos seus

50 artigos legisla sobre a conservaccedilatildeo das florestas nativas e seu uso sustentaacutevel

estabelece os limites das Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente e de Reserva Legal nas

propriedades rurais aleacutem de fixar sanccedilotildees penais para aqueles que destroem ou danificam

as florestas

Em seus artigos iniciais o Coacutedigo Florestal estabelece a natureza juriacutedica das

florestas existentes no territoacuterio nacional qualificando-as como um bem de interesse comum

do povo brasileiro Eacute o que prescreve o Art 1deg

7 Esse documento tambeacutem conhecido como Relatoacuterio Brundtland foi elaborado pela Comissatildeo Mundial sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento e publicado no ano de 1987 A iacutentegra desse documento pode ser encontrada

no seguinte endereccedilo eletrocircnico lthttpwwwun-documentsnetwced-ocfhtmgt 8 Lei nordm 44751965

42

As florestas existentes no territoacuterio nacional e as demais formas de

vegetaccedilatildeo reconhecidas de utilidade agraves terras que revestem satildeo bens de

interesse comum a todos os habitantes do Paiacutes exercendo-se os direitos de

propriedade com as limitaccedilotildees que a legislaccedilatildeo em geral e especialmente

esta Lei estabelecem

No entendimento de Machado (2003) esse bem de interesse comum ao povo

brasileiro estabelece um forte viacutenculo com a funccedilatildeo social da propriedade de modo que a

existecircncia ou destruiccedilatildeo dessas florestas pode configurar um atentado agrave funccedilatildeo social e

ecoloacutegica da propriedade passiacutevel de puniccedilatildeo9

Para Ahrens (2003) o Coacutedigo Florestal Brasileiro reflete uma poliacutetica intervencionista

do Estado sobre a propriedade imoacutevel agraacuteria privada Assinala que somente com a

publicaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente10 as florestas nativas do paiacutes passaram a

ser um bem juriacutedico ambiental com um valor intriacutenseco proacuteprio um ldquovalor de existecircnciardquo e

natildeo mais um valor meramente de uso contrariamente ao Coacutedigo Florestal de 193411 que

tinha como propoacutesito maior a proteccedilatildeo dos solos das aacuteguas e a estabilidade do mercado da

madeira no paiacutes

De fato este dispositivo limita o direito de propriedade ao estabelecer que as florestas

e demais formas de vegetaccedilatildeo satildeo bens de interesse comum dos brasileiros Em outras

palavras o proprietaacuterio ainda que nos limites estritos da sua propriedade natildeo tem total e

absoluta disposiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa ali existente sendo obrigado a observar os limites

estabelecidos pelo legislador (BENJAMIN 1998)

A exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras no Brasil somente pode ser feito

mediante autorizaccedilatildeo do Poder Puacuteblico por meio da concessatildeo de licenccedila Esta atribuiccedilatildeo

estaacute em consonacircncia com o que estabelece o Art 19 do Coacutedigo Florestal12

A exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras tanto de domiacutenio puacuteblico

como de domiacutenio privado dependeraacute de preacutevia aprovaccedilatildeo pelo oacutergatildeo

estadual competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente ndash Sisnama

bem como da adoccedilatildeo de teacutecnicas de conduccedilatildeo exploraccedilatildeo reposiccedilatildeo

florestal e manejo compatiacuteveis com os variados ecossistemas que a

cobertura arboacuterea forme

De acordo com esse dispositivo caso o proprietaacuterio queira explorar comercialmente

a madeira nativa existente no seu imoacutevel ou mesmo subprodutos da flora (frutos flores

folhas gomas resinas etc) deveraacute obter autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo do Sistema Nacional de

9 sect1deg Art 1deg Lei nordm 44751965

10 Lei nordm 69381981

11 Decreto nordm 237931934

12 Com redaccedilatildeo dada pelo Art 83 da Lei nordm 112842006

43

Meio Ambiente (Sisnama) mediante a apresentaccedilatildeo de um plano de manejo florestal

sustentaacutevel Eacute o que estabelece o Decreto nordm 59752006

Art 2ordm A exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras sob o regime de

manejo florestal sustentaacutevel tanto de domiacutenio puacuteblico como de domiacutenio

privado dependeraacute de preacutevia aprovaccedilatildeo do Plano de Manejo Florestal

Sustentaacutevel ndash PMFS pelo oacutergatildeo competente do Sistema Nacional do Meio

Ambiente ndash SISNAMA nos termos do art 19 da Lei nordm 4771 de 1965

Aos oacutergatildeos estaduais de meio ambiente tambeacutem foi delegada a competecircncia para

licenciar as unidades de conservaccedilatildeo criadas pelo Estado e a exploraccedilatildeo de florestas

privadas existentes no seu domiacutenio Aos oacutergatildeos municipais de meio ambiente coube o

licenciamento da exploraccedilatildeo de florestas puacuteblicas de domiacutenio do Municiacutepio nas unidades de

conservaccedilatildeo criadas pelo Municiacutepio e nos casos que lhe forem delegados por convecircnio ou

outro instrumento admissiacutevel ouvidos quando for o caso os oacutergatildeos competentes da Uniatildeo

dos Estados e do Distrito Federal

O Manejo Florestal Sustentaacutevel (MFS) eacute o regime de exploraccedilatildeo das florestas nativas

no Brasil13 sendo entendido como a administraccedilatildeo da floresta para a obtenccedilatildeo de

benefiacutecios econocircmicos sociais e ambientais respeitando-se os mecanismos de sustentaccedilatildeo

do ecossistema objeto do manejo e considerando-se cumulativa ou alternativamente a

utilizaccedilatildeo de muacuteltiplas espeacutecies madeireiras de muacuteltiplos produtos e subprodutos natildeo

madeireiros bem como a utilizaccedilatildeo de outros bens e serviccedilos de natureza florestal14 O

conceito eacute bastante amplo e busca incorporar as sustentabilidades econocircmica social e

ambiental Rice et al (2001) definem o MFS como sendo a combinaccedilatildeo de diretrizes de

exploraccedilatildeo orientadas para aumentar o crescimento da oferta de madeira comercial com

esforccedilos dirigidos para a diminuiccedilatildeo dos danos agraves aacutervores da floresta Essa definiccedilatildeo dada

pelos autores somente incorpora as dimensotildees econocircmica e ambiental esquivando se da

dimensatildeo social considerada como fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevel da

atividade

Na realidade somente com a publicaccedilatildeo do Decreto nordm 1282199415 eacute que se definiu

o manejo sustentaacutevel como a forma de exploraccedilatildeo florestal no paiacutes incorporando

fundamentos teacutecnicos importantes para a atividade Por meio da Portaria Ibama nordm 481995

que dispunha sobre o manejo das florestas primitivas da Amazocircnia o Instituto Brasileiro de

Meio Ambiente e dos Recursos Renovaacuteveis disciplinou o manejo florestal sustentaacutevel

estabelecendo que esta atividade somente poderia ser realizada com a aprovaccedilatildeo do

13

Decreto nordm 59752006 14

Inciso VI art 3ordm Lei nordm 112842006 15

Revogado pelo Decreto nordm 59752006

44

respectivo Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel (PMFS)16 Aleacutem do referido plano satildeo

solicitados 21 outros documentos entre os quais o Comprovante de Licenccedila Ambiental

(EIARIMA) e o Plano de Exploraccedilatildeo Florestal (PEF) praticamente inacessiacuteveis aos

pequenos extrativistas

Importante salientar que o PMFS foi criado visando tatildeo somente agrave exploraccedilatildeo florestal

madeireira natildeo dispondo sobre o uso dos natildeo madeireiros Essa ausecircncia de norma eacute

especialmente desvantajosa para as populaccedilotildees tradicionais que vivem e exploram PFNM

em Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel tais como as Florestas Nacionais uma

vez que podem perder suas aacutereas de exploraccedilatildeo para as empresas detentoras de

concessotildees florestais

Hummel (2001) ao analisar as normas teacutecnicas e dados sobre o desmatamento e

exploraccedilatildeo de madeira na Amazocircnia Brasileira argumenta que mesmo que o PMFS viesse a

ser regulamentado ocorreriam dificuldades em razatildeo da escassez de informaccedilotildees teacutecnicas

relacionadas a esses planos e a pouca confiabilidade daquelas existentes Defende que as

causas da mencionada precariedade satildeo entre outras a) problemas no processamento

sistematizaccedilatildeo e ordenamento dos dados b) planos com informaccedilotildees distorcidas e

incompletas c) ausecircncia de dados sobre a aacutereavolumeespeacutecie de exploraccedilatildeo anual d) natildeo

execuccedilatildeo no campo e e) fato dos planos de manejo revelarem poucas informaccedilotildees sobre a

aacuterea e volume total explorado Quanto agrave aprovaccedilatildeo de planos de manejo cita que as

principais dificuldades para a sua aprovaccedilatildeo satildeo a ausecircncia ou precariedade dos

documentos de justa posse da terra a lentidatildeo e rotinas deficientes nos processos de

anaacutelise e aprovaccedilatildeo por parte dos oacutergatildeos ambientais e a demora na realizaccedilatildeo das vistorias

preacutevias

Sem duacutevida as informaccedilotildees sobre a fitossociologia tipos de solos regime

pluviomeacutetrico da aacuterea objeto de exploraccedilatildeo madeireira bem como a determinaccedilatildeo ou a

estimativa de variaacuteveis como peso aacuterea basal volume qualidade do fuste estado

fitossanitaacuterio classe de copa e potencial de crescimento das espeacutecies florestais presentes

satildeo de fundamental importacircncia para verificar se a praacutetica de manejo florestal eacute sustentaacutevel

Para Timofeiczyk Junior et al (2005) um dos grandes obstaacuteculos para determinar a

viabilidade econocircmica do manejo sustentaacutevel de baixo impacto em florestas tropicais

brasileiras eacute a falta de informaccedilotildees consistentes

Entre as normas que se seguiram ao Decreto nordm 59752006 e que buscavam

regulamentar o assunto podem ser destacadas as Instruccedilotildees Normativas MMA nordm 04 e 05

ambas de 11 de dezembro de 2006 A IN MMA nordm 042006 dispotildee sobre a Autorizaccedilatildeo

Preacutevia agrave Anaacutelise Teacutecnica de Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel (Apat) ato administrativo

16

Art 2deg Portaria Ibama nordm 481995

45

pelo qual o oacutergatildeo competente analisa a viabilidade juriacutedica da praacutetica de manejo florestal

sustentaacutevel de uso muacuteltiplo com base em uma robusta lista de documentos apresentados

pelo proponente e tambeacutem na existecircncia de cobertura florestal A Apat eacute destinada a aacutereas

de concessatildeo florestal e se configura como um documento haacutebil para a anaacutelise teacutecnica do

PMFS natildeo significando que o projeto de manejo jaacute esteja aprovado

A IN MMA nordm 052006 trata dos procedimentos teacutecnicos sobre PMFSs nas florestas

primitivas e suas formas de sucessatildeo na Amazocircnia Legal Voltada quase que inteiramente

para a exploraccedilatildeo de madeireiros pouca abordagem foi dada aos PFNMs Esta norma

excepciona da apresentaccedilatildeo do Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel e demais encargos

aquele produto natildeo madeireiro que natildeo necessita de autorizaccedilatildeo de transporte poreacutem

impotildee agraves empresas associaccedilotildees comunitaacuterias e proprietaacuterio ou possuidor rural a obrigaccedilatildeo

de se cadastrar no Cadastro Teacutecnico Federal (CTF) e de informar ao oacutergatildeo ambiental

competente por meio de relatoacuterios anuais as atividades realizadas inclusive espeacutecies

produtos e quantidades extraiacutedas17

Ocorre que o cadastramento no CTF somente poderaacute ser feito pela internet no site do

Ibama acessando o link da Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental procedimento este

que exclui automaticamente milhares de famiacutelias que sobrevivem da atividade extrativista

com restrito ou nenhum acesso aos meios de comunicaccedilatildeo e cuja renda mal daacute para

atender agraves suas necessidades baacutesicas com alimentaccedilatildeo e sauacutede quanto mais para adquirir

um micro computador e pagar os serviccedilos de um provedor de Internet Aleacutem do mais a

emissatildeo de relatoacuterios anuais sobre a produccedilatildeo eacute uma tarefa de difiacutecil consecuccedilatildeo para o

seringueiro analfabeto que recolhe o laacutetex coagulado e a castanha no interior da floresta

para comercializaccedilatildeo

Tais normas expressam total desconhecimento da realidade de grande nuacutemero de

famiacutelias que vivem da extraccedilatildeo de natildeo madeireiros no Brasil seja na Amazocircnia Legal ou em

qualquer outra regiatildeo do paiacutes que em funccedilatildeo do isolamento em que vivem do difiacutecil acesso

agrave informaccedilatildeo do analfabetismo entre outras carecircncias dificilmente teratildeo como atender a

todas as exigecircncias estabelecidas em Lei

Aliaacutes o analfabetismo entre as populaccedilotildees rurais que exploram PFNMs eacute um dos

grandes problemas sociais que o paiacutes enfrenta e um dos obstaacuteculos para o aperfeiccediloamento

da cadeia produtiva Em um diagnoacutestico socioeconocircmico realizado junto agraves 247 famiacutelias

residentes na Reserva Extrativista de Cazumbaacute-Iracema no Municiacutepio de Sena Madureira

Acre foi evidenciado um analfabetismo em torno de 49 (GOMES-FILHO et al 2004)

Pedroso Juacutenior et al (2008) em estudo para identificar os principais fatores responsaacuteveis

pelas mudanccedilas recentes nos padrotildees de subsistecircncia de nove comunidades

17

Art 29 IN MMA nordm 052006

46

remanescentes de quilombos no Vale do Ribeira Estado de Satildeo Paulo e que tem como

uma das principais fontes de renda o extrativismo identificou que o nuacutemero de analfabetos

entre os 884 chefes de famiacutelia eacute de cerca de um terccedilo (335) Somado agraves pessoas que se

declararam alfabetizadas embora natildeo tenham frequentado a escola o contingente de

pessoas sem escolaridade eacute de 348 quase metade do total (427) Eacute oacutebvio que natildeo

podemos generalizar estas situaccedilotildees para o restante do paiacutes tomando como base apenas

os dois trabalhos mencionados mas jaacute fornecem um bom indicativo do alcance do problema

da alfabetizaccedilatildeo no paiacutes e as suas graves consequecircncias A baixa alfabetizaccedilatildeo ligada agrave

dificuldade de acesso agrave informaccedilatildeo tornam-se barreiras de difiacutecil transposiccedilatildeo para essas

populaccedilotildees

O transporte e armazenamento de produtos e subprodutos florestais de origem nativa

no territoacuterio nacional deveratildeo obrigatoriamente estar acompanhados do Documento de

Origem Florestal (DOF)18 entendido como o documento vaacutelido para todo o tempo da viagem

ou do armazenamento19 No entanto ficam dispensados desta obrigaccedilatildeo as plantas

ornamentais medicinais e aromaacuteticas fibras de palmaacuteceas oacuteleos essenciais mudas

raiacutezes bulbos cipoacutes cascas e folhas de origem nativa das espeacutecies natildeo constantes de

listas oficiais de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo20 Curiosamente o dispositivo legal natildeo

menciona um dos subprodutos florestais mais utilizados na subsistecircncia de populaccedilotildees

rurais e para a comercializaccedilatildeo os frutos de origem nativa

Na regulamentaccedilatildeo do manejo florestal sustentaacutevel no acircmbito da competecircncia do

Ibama o interessado deve ainda atender ao que prescreve as seguintes normas

a) Norma de Execuccedilatildeo DirefIbama nordm 02 de 26 de abril de 2006 que institui no

acircmbito do Ibama o Manual Simplificado para Anaacutelise de Plano de Manejo Florestal

Madeireiro na Amazocircnia com a finalidade de subsidiar a anaacutelise dos Planos de Manejo

Florestal Sustentaacutevel

b) Norma de Execuccedilatildeo DirefIbama nordm 01 de 18 de dezembro de 2006 que institui no

acircmbito do Ibama a metodologia e o respectivo modelo de relatoacuterio de vistoria com a

finalidade de subsidiar a anaacutelise dos Planos de Manejo Florestal Sustentaacutevel (PMFS)

c) Norma de Execuccedilatildeo DirefIbama nordm 01 de 24 de abril de 2007 que Institui no

acircmbito do Ibama as Diretrizes Teacutecnicas para Elaboraccedilatildeo dos Planos de Manejo Florestal

Sustentaacutevel (PMFS)

A gestatildeo de florestas puacuteblicas para a produccedilatildeo sustentaacutevel foi instituiacuteda no paiacutes em

2006 por meio de Lei21 que aleacutem de ter distribuiacutedo as competecircncias para a gestatildeo de

18

Instituiacutedo pela Portaria MMA nordm 2532006 e regulamentado pela Instruccedilatildeo Normativa Ibama nordm 1122006 19

Art 3deg IN Ibama nordm 1122006 20

Art 9deg IN Ibama nordm 1122006 21

Lei nordm 112842006 regulamentada pelo Decreto nordm 60632007

47

florestas puacuteblicas entre os membros da federaccedilatildeo tambeacutem criou o Serviccedilo Florestal

Brasileiro (SFB) com a funccedilatildeo exclusiva de gerir essas florestas em acircmbito federal O SFB eacute

o oacutergatildeo que iraacute disciplinar a operacionalizaccedilatildeo das concessotildees florestais destinadas agrave

exploraccedilatildeo das florestas naturais ou plantadas e agraves unidades de manejo das aacutereas

protegidas federais

Esta lei inova ao incorporar como princiacutepios da gestatildeo de florestas puacuteblicas dimensotildees

da sustentabilidade22 Os princiacutepios mencionados no art 2deg expressam as seguintes

dimensotildees

- ldquoa proteccedilatildeo dos ecossistemas do solo da aacutegua da biodiversidade e dos valores culturais

associados bem como do patrimocircnio puacuteblicordquo (dimensatildeo ambiental)

- ldquoo estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e -

que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentaacutevel local

regional e de todo o Paiacutesrdquo (dimensatildeo econocircmica)

- ldquoo respeito ao direito da populaccedilatildeo em especial das comunidades locais de acesso agraves

florestas puacuteblicas e aos benefiacutecios decorrentes de seu uso e conservaccedilatildeordquo (dimensatildeo

social)

- ldquoa promoccedilatildeo do processamento local e o incentivo ao incremento da agregaccedilatildeo de valor

aos produtos e serviccedilos da floresta bem como agrave diversificaccedilatildeo industrial ao

desenvolvimento tecnoloacutegico agrave utilizaccedilatildeo e agrave capacitaccedilatildeo de empreendedores locais e da

matildeo de obra regionalrdquo (dimensatildeo econocircmica)

- ldquoo acesso livre de qualquer indiviacuteduo agraves informaccedilotildees referentes agrave gestatildeo de florestas

puacuteblicasrdquo (dimensatildeo social)

- ldquoa garantia de condiccedilotildees estaacuteveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo

no manejo na conservaccedilatildeo e na recuperaccedilatildeo das florestasrdquo (dimensatildeo poliacutetica)

Do mesmo modo inova ao reconhecer o direito das comunidades locais agraves suas terras

ancestrais uma vez que anteriormente agrave realizaccedilatildeo das concessotildees florestais as florestas

puacuteblicas ocupadas ou utilizadas por comunidades locais seratildeo identificadas para sua

destinaccedilatildeo como reservas extrativistas ou reservas de desenvolvimento sustentaacutevel ou

concessatildeo de uso por meio de projetos de assentamento florestal de desenvolvimento

sustentaacutevel agroextrativistas ou outros similares Estas comunidades poderatildeo participar das

licitaccedilotildees de concessatildeo florestal por meio de associaccedilotildees comunitaacuterias cooperativas ou

outras pessoas juriacutedicas admitidas em lei23

Para que essas comunidades locais natildeo tenham os produtos de uso tradicional e de

subsistecircncia esgotados por forccedila da exploraccedilatildeo das aacutereas licitadas estes produtos seratildeo

22

Art 2deg Lei nordm 112842006

23 Art 6

deg Lei nordm 112842006

48

excluiacutedos da concessatildeo sendo explicitadas as restriccedilotildees para o manejo das espeacutecies das

quais derivam esses produtos24

O oacutergatildeo gestor da floresta puacuteblica requereraacute ao oacutergatildeo ambiental competente

integrante do Sisnama a licenccedila preacutevia para uso da unidade de manejo objeto da

concessatildeo sendo que o concessionaacuterio deveraacute submeter ao Ibama o Plano de Manejo

Florestal Sustentaacutevel para o licenciamento ambiental do manejo florestal25 Todas estas

orientaccedilotildees contidas na referida lei reforccedilam o preceito legal que determina que as florestas

nativas do paiacutes somente poderatildeo ser exploradas mediante manejo florestal sustentaacutevel

devidamente aprovado pelo oacutergatildeo ambiental competente

3122 Licenciamento Ambiental

A legislaccedilatildeo brasileira estabelece que qualquer atividade utilizadora de recursos

ambientais considerada efetiva ou potencialmente poluidora ou capaz de causas

degradaccedilatildeo ambiental dependeraacute de preacutevio licenciamento do oacutergatildeo ambiental

competente26 Nesses termos a exploraccedilatildeo econocircmica de subprodutos florestais estaacute

sujeita ao licenciamento ambiental27 com as exceccedilotildees previstas em lei

Nas aacutereas circundantes das Unidades de Conservaccedilatildeo (UCs) num raio de dez

quilocircmetros qualquer atividade que possa afetar a biota deveraacute ser obrigatoriamente

licenciada pelo oacutergatildeo ambiental competente28

31221 Produtos Florestais Natildeo Madeireiros

O agricultor familiar estabelecido em aacuterea rural do Bioma Cerrado que deseja explorar

comercialmente produtos natildeo madeireiros das florestas naturais iraacute se deparar com uma

lacuna na legislaccedilatildeo uma vez que essa mateacuteria natildeo estaacute devidamente regulamentada no

Brasil e somente algumas espeacutecies contam com legislaccedilatildeo para regular a sua exploraccedilatildeo o

palmito29 a castanha-do-Brasil30 e o xaxim Este uacuteltimo por ser espeacutecie da Mata Atlacircntica

ameaccedilada de extinccedilatildeo tem o seu corte e exploraccedilatildeo permitido somente mediante criteacuterios

cientiacuteficos que venham a garantir a sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel31

Uma das espeacutecies que teve a sua exploraccedilatildeo regulamentada por normas com

posterior desregulamentaccedilatildeo foi a erva-mate Essa regulamentaccedilatildeo existiu ateacute a deacutecada de

90 e disciplinava desde a padronizaccedilatildeo do produto ateacute o periacuteodo propiacutecio para a sua

colheita Apoacutes a desregulamentaccedilatildeo essa cadeia passou a vivenciar um ambiente mais

24

Art 17 Lei nordm 112842006 25

Arts 18 e 26 Lei nordm 112842006 26

Art 10 da Lei nordm 69381981 27

Resoluccedilatildeo Conama nordm 2371997 28

Resoluccedilatildeo Conama nordm 131990 29

Instruccedilatildeo Normativa MMA nordm 051999 30

Decreto nordm 12821994 Instruccedilatildeo Normativa MAPA nordm 112010 31

Resoluccedilatildeo Conama nordm 2782001 Lei Estadual de Satildeo Paulo nordm 117542004

49

competitivo (MOSELE 2002) O mencionado autor daacute a entender que dentre as possiacuteveis

causas dessa desregulamentaccedilatildeo estatildeo o aumento da aacuterea plantada e da produtividade

desse produto no Brasil aleacutem da concorrecircncia com a erva-mate argentina

Em acircmbito federal o Decreto nordm 59752006 indicou para data futura a definiccedilatildeo dos

procedimentos para o manejo desses produtos determinando que o Ministeacuterio do Meio

Ambiente ldquoinstituiraacute procedimentos simplificados para o manejo exclusivo de produtos

florestais natildeo madeireirosrdquo32 Esse mesmo dispositivo dispotildee que ficam dispensados da

obrigaccedilatildeo do uso do documento para o transporte e armazenamento em todo o territoacuterio

nacional os PFNMs de origem nativa tais como plantas ornamentais medicinais e

aromaacuteticas fibras de palmaacuteceas oacuteleos essenciais mudas raiacutezes bulbos cipoacutes cascas e

folhas de origem nativa das espeacutecies natildeo constantes de listas oficiais de espeacutecies

ameaccediladas de extinccedilatildeo33

A Instruccedilatildeo Normativa Ibama nordm 1122006 que trata do DOF reproduz esse mesmo

dispositivo dispensando do DOF aqueles PFNMs discriminados no paraacutegrafo anterior34

Para os PFNMs natildeo discriminados na IN Ibama nordm 1122006 ou para aqueles que

fazem parte da lista da Convenccedilatildeo sobre o Comeacutercio Internacional das Espeacutecies da Flora e

da Fauna (CITES)35 seraacute necessaacuterio o licenciamento ambiental e portanto a elaboraccedilatildeo de

plano de manejo florestal sustentaacutevel bem como a posse do DOF para o transporte desses

produtos e a Declaraccedilatildeo de Estoque nos termos da lei

A reposiccedilatildeo florestal natildeo eacute obrigatoacuteria para aquele que comprovadamente utilize

mateacuteria prima florestal natildeo madeireira salvo disposiccedilatildeo contraacuteria em norma especiacutefica do

MMA36

Merecem destaque algumas iniciativas regionais que tecircm como objeto promover a

atividade de exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros O Estado do Acre criou legislaccedilatildeo37 cujo

objetivo eacute a instituiccedilatildeo de procedimento administrativo para a exploraccedilatildeo econocircmica de

PFNMs nas Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel em Terras Indiacutegenas em

propriedades rurais e em aacutereas com legiacutetimos possuidores de glebas rurais de ateacute 500 ha

incluindo as aacutereas de reserva legal exceto em aacutereas devolutas da Uniatildeo desde que natildeo

envolva a supressatildeo de indiviacuteduos

32

Art 8deg Decreto nordm 59752006 33

Art 23 IX Decreto nordm 59752006 34

Art 9deg VII IN Ibama nordm 1122006 35

Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora em inglecircs 36

Art 15 II ldquodrdquo Decreto nordm 59752006 37

Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004

50

De acordo com este dispositivo a exploraccedilatildeo econocircmica de PFNMs efetuada por

populaccedilotildees agroextrativistas tradicionais poderaacute ser realizada mediante o cadastramento e

aprovaccedilatildeo do respectivo plano de manejo florestal simplificado natildeo madeireiro38

Jaacute aquele que acessa os recursos florestais natildeo madeireiros com fins de consumo

proacuteprio ou de pesquisa estaacute isento do cadastro ou da apresentaccedilatildeo de plano de manejo

simplificado39

Primeiramente essa Portaria Conjunta resolveu a questatildeo das competecircncias

institucionais determinando que o plano de manejo florestal simplificado natildeo madeireiro

executado em aacutereas de competecircncia federal (Reservas Extrativistas Reservas de

Desenvolvimento Sustentaacutevel Florestas Nacionais Terras Indiacutegenas e Projetos de

Assentamento Agro-extrativistas) sob gestatildeo direta do Ibama seriam protocolizados na

Gerecircncia Executiva do Ibama no Estado do Acre enquanto aqueles a serem executados em

aacutereas de competecircncia estadual seriam protocolizados no Instituto de Meio Ambiente do

Acre (Imac) a quem caberia emitir as licenccedilas ambientais40

Quanto ao transporte de produtos florestais natildeo madeireiros dentro do Estado aleacutem

de ser necessaacuteria uma autorizaccedilatildeo a Portaria seguiu a mesma loacutegica nas aacutereas de

competecircncia federal a autorizaccedilatildeo caberia ao Ibama Regional enquanto nas aacutereas de

competecircncia do Estado seraacute emitida pelo Imac41

Apesar da simplificaccedilatildeo eacute exigida a apresentaccedilatildeo do inventaacuterio simplificado das aacutereas

a serem exploradas a descriccedilatildeo da forma de exploraccedilatildeo (descriccedilatildeo do estoque forma de

colheita equipamentos utilizados etc) aleacutem dos tratamentos silviculturais aplicados e

programados periacuteodo de colheita de cada produto estimativa de produccedilatildeo entre outras

exigecircncias o que dificilmente pode ser atendido sem a ajuda de um teacutecnico especializado o

que nem sempre estaacute ao alcance do agricultor familiar

O Estado do Amazonas vem tentando regulamentar a coleta de alguns natildeo

madeireiros de importacircncia econocircmica para o Estado Eacute o caso do cipoacute-titica (Heteropsis

flexuosa) cipoacute timboacute-accedilu ou titicatildeo (Heteropsis jenmanii) e cipoacute-ambeacute (Philodendron sp) e

similares utilizados na produccedilatildeo de moacuteveis refinados e artesanato e cuja ocorrecircncia vem

diminuindo no Estado em funccedilatildeo do desmatamento e exploraccedilatildeo inadequada Norma

estabelecida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel

do Estado regulamenta procedimentos baacutesicos para o licenciamento ambiental do manejo

desses produtos obrigando a apresentaccedilatildeo de Plano de Manejo42

38

Art 3deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 39

Art 5deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 40

Art 6deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 41

Art 8deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 42

Instruccedilatildeo Normativa AM nordm 012008

51

O Plano de Manejo para esses produtos eacute simplificado e deveraacute conter (a)

caracterizaccedilatildeo geral das aacutereas de coleta e dos coletores (b) croqui da aacuterea de coleta com

indicaccedilatildeo dos acessos e (c) descriccedilatildeo das boas praacuteticas de manejo a serem adotadas

A norma elenca uma seacuterie de boas praacuteticas de manejo baseadas no conhecimento

tradicional de coleta sustentaacutevel e nos resultados das pesquisas cientiacuteficas Por seu lado o

produtor deveraacute apresentar ao oacutergatildeo ambiental do Estado ficha de campo contendo as

informaccedilotildees relativas aos fios coletados aleacutem do registro do peso total coletado para fins

de monitoramento das plantas

Nas Reservas Extrativistas Reservas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e Florestas

Nacionais federais a exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros somente eacute permitida mediante plano de

manejo43 aprovado pelo Ibama No Estado de Goiaacutes existem atualmente quatro unidades de

conservaccedilatildeo naquelas categorias citadas acima44 no entanto nenhuma ainda possui o seu

plano de manejo aprovado

No entanto apesar de insuficientes existem concessotildees do Poder Puacuteblico

direcionadas a determinadas categorias sociais hipossuficientes no sentido de beneficiaacute-las

ou mesmo para excepcionar o destino dos produtos explorados seja para subsistecircncia seja

para comercializaccedilatildeo Desse modo caso o possuidor do imoacutevel seja agricultor familiar

empreendedor familiar rural ou pertencente a alguma comunidade tradicional o Estado agiraacute

no sentido de liberaacute-lo de vaacuterias obrigaccedilotildees contidas na norma ou tornar menos oneroso o

seu cumprimento

Uma dessas iniciativas foi a regulamentaccedilatildeo do uso das Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL) existentes nas propriedades rurais

condicionado a uma exploraccedilatildeo sustentaacutevel e livre de danos ao meio ambiente Esse marco

legal fornece facilidades ao agricultor familiar ou membro de comunidade tradicional para a

exploraccedilatildeo dessas aacutereas de conservaccedilatildeo para subsistecircncia ou mesmo comercializaccedilatildeo

31222 Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente

As APPs satildeo aacutereas protegidas cobertas ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo

ambiental de preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica a

biodiversidade o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanas45 Consideram-se nesta categoria as florestas e demais formas de

vegetaccedilatildeo assim localizadas46

43

Art17 sect2deg Art 18 sect5deg Art 20 sect6deg Lei nordm 99852000 44

Floresta Nacional da Mata Grande (Satildeo Domingos) Floresta Nacional de Silvacircnia (Silvacircnia) Reserva Extrativista Lago do Cedro (Aruanatilde) e Reserva Extrativista Recanto das Araras de Terra Ronca (Guarani de Goiaacutes e Satildeo Domingos) 45

Art 1deg sect2deg II Lei nordm 47711965 46

Art 2deg Lei nordm 47711965

52

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso daacutegua desde o seu niacutevel mais alto em faixa

marginal cuja largura miacutenima seraacute

1 minus de 30 (trinta) metros para os cursos daacutegua de menos de 10 (dez) metros de

largura

2 minus de 50 (cinquenta) metros para os cursos daacutegua que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura

3 minus de 100 (cem) metros para os cursos daacutegua que tenham de 50 (cinquenta) a 200

(duzentos) metros de largura

4 minus de 200 (duzentos) metros para os cursos daacutegua que tenham de 200 (duzentos) a

600 (seiscentos) metros de largura

5 minus de 500 (quinhentos) metros para os cursos daacutegua que tenham largura superior a

600 (seiscentos) metros

b) ao redor das lagoas lagos ou reservatoacuterios daacutegua naturais ou artificiais

c) nas nascentes ainda que intermitentes e nos chamados olhos daacutegua qualquer que

seja a sua situaccedilatildeo topograacutefica em um raio miacutenimo de 50 (cinquenta) metros de largura

d) no topo de morros montes montanhas e serras

e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45deg equivalente a 100

na linha de maior declive

f) nas restingas como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas a partir da linha de ruptura do relevo em

faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeccedilotildees horizontais

h) em altitude superior a 1800 (mil e oitocentos) metros qualquer que seja a vegetaccedilatildeo

Qualquer forma de intervenccedilatildeo em aacutereas de preservaccedilatildeo permanente somente seraacute

permitida para a realizaccedilatildeo de atividades ou projetos de utilidade publica ou interesse social

ou para a realizaccedilatildeo de accedilotildees consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental47 Essa

intervenccedilatildeo somente seraacute admitida por meio de autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo ambiental competente

mediante procedimento administrativo autocircnomo e preacutevio devendo ser atendidos o Plano

Diretor Zoneamento Ecoloacutegico-Econocircmico e Plano de Manejo das Unidades de

Conservaccedilatildeo se existentes

Para que ocorra o manejo agroflorestal em APPs deve haver a autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo

ambiental competente sujeito aos seguintes criteacuterios seja ambientalmente sustentaacutevel seja

praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar que natildeo descaracterize a

cobertura vegetal nativa ou impeccedila sua recuperaccedilatildeo e natildeo prejudique a funccedilatildeo ecoloacutegica

da aacuterea48

47

Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006 48

Art 2ordm II ldquobrdquo Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006

53

Aleacutem dos requisitos mencionados acima para obter autorizaccedilatildeo para esse tipo de

exploraccedilatildeo o proprietaacuterio rural deveraacute comprovar (a) a inexistecircncia de alternativa teacutecnica e

locacional agraves atividades propostas (b) atendimento as condiccedilotildees e padrotildees aplicaacuteveis aos

corpos de aacutegua (c) averbaccedilatildeo da aacuterea de reserva legal e (d) a inexistecircncia de risco de

agravamento de processos como enchentes erosatildeo ou movimentos acidentais de massa

rochosa

A coleta de produtos natildeo madeireiros para fins de subsistecircncia e produccedilatildeo de mudas

em APPs como sementes castanhas e frutos poderaacute ser feita desde que eventual e

respeitada a legislaccedilatildeo especiacutefica a respeito do acesso a recursos geneacuteticos49 Esta

atividade natildeo poderaacute comprometer as funccedilotildees ambientais destes espaccedilos tais como a

estabilidade das encostas e margens dos corpos de aacutegua os corredores de fauna a

drenagem e os cursos de aacutegua intermitentes a manutenccedilatildeo da biota a regeneraccedilatildeo e a

manutenccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa e a qualidade das aacuteguas

A exploraccedilatildeo natildeo poderaacute exceder ao percentual de 5 (cinco por cento) da APP

impactada localizada na posse ou propriedade50 Ressalte-se que esse percentual da aacuterea eacute

muito pequeno para lotes de assentamentos agriacutecolas ndash que costumam ter 50 ha em meacutedia

na regiatildeo do Cerrado ndash cujo proprietaacuterio deseja produzir mudas A produccedilatildeo de mudas com

sementes provenientes de aacutereas reduzidas natildeo eacute muito recomendado em funccedilatildeo da baixa

diversidade geneacutetica que esse material conteraacute Nesse aspecto a Resoluccedilatildeo poderia ser

mais ousada ampliando a aacuterea apta agrave exploraccedilatildeo uma vez que a coleta de sementes para

produccedilatildeo de mudas tem baixiacutessimo impacto e eacute uma atividade beneacutefica ao meio ambiente

pois tem como objeto a dispersatildeo das espeacutecies

O agricultor familiar empreendedor rural familiar e povos e comunidades tradicionais

que de alguma forma realizaram intervenccedilotildees natildeo autorizadas nas APPs existentes na sua

propriedade ateacute o dia 24 de julho de 2006 ganharam a possibilidade de regularizar tal

situaccedilatildeo A Resoluccedilatildeo Conama nordm 4252010 estabelece que em casos excepcionais de

interesse social como no caso de manejo agroflorestal sustentaacutevel essa intervenccedilatildeo

poderaacute ser regularizada pelo oacutergatildeo ambiental competente

Assim o proprietaacuterio enquadrado naquelas categorias poderaacute regularizar o que vinha

fazendo na APP desde que consiga provar que antes do dia 24 de julho de 2006 jaacute realizava

tal atividade e desde que a intervenccedilatildeo natildeo tenha descaracterizado a cobertura vegetal e

nem prejudicado a funccedilatildeo ambiental da aacuterea

O requerimento junto ao oacutergatildeo ambiental para essa regularizaccedilatildeo deveraacute conter

informaccedilotildees tais como (a) dados do proprietaacuterio ou possuidor do imoacutevel (b) dados do

49

Art 11 IX Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006 50

Art 11 sect2ordm Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006

54

imoacutevel (c) localizaccedilatildeo simplificada do imoacutevel (d) data da comunicaccedilatildeo (e) uso atual da

aacuterea de preservaccedilatildeo permanente ou de uso limitado e regularidade da reserva legal ou

solicitaccedilatildeo de averbaccedilatildeo aleacutem de ter que apresentar a indicaccedilatildeo da metodologia de

recuperaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente degradadas e daquelas natildeo passiacuteveis de

consolidaccedilatildeo em consonacircncia com as normas vigentes

31223 Reserva Legal

A Reserva Legal eacute definida como uma ldquoaacuterea localizada no interior de uma propriedade

ou posse rural excetuada a de preservaccedilatildeo permanente necessaacuteria ao uso sustentaacutevel dos

recursos naturais agrave conservaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo dos processos ecoloacutegicos agrave conservaccedilatildeo da

biodiversidade e ao abrigo e proteccedilatildeo de fauna e flora nativasrdquo51

Os proprietaacuterios rurais devem manter a tiacutetulo de reserva legal no miacutenimo o seguinte

percentual de florestas existente no seu imoacutevel52

(a) oitenta por cento na propriedade rural situada em aacuterea de floresta localizada na

Amazocircnia Legal

(b) trinta e cinco por cento na propriedade rural situada em aacuterea de cerrado localizada

na Amazocircnia Legal sendo no miacutenimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na

forma de compensaccedilatildeo em outra aacuterea desde que esteja localizada na mesma microbacia e

seja averbada

c) vinte por cento na propriedade rural situada em aacuterea de floresta ou outras formas

de vegetaccedilatildeo nativa localizada nas demais regiotildees do paiacutes e

(d) vinte por cento na propriedade rural em aacuterea de campos gerais localizada em

qualquer regiatildeo do paiacutes

A aacuterea de Reserva Legal deve ser averbada agrave margem da inscriccedilatildeo de matriacutecula do

imoacutevel rural no registro de imoacuteveis do municiacutepio sendo vedada a alteraccedilatildeo de sua

destinaccedilatildeo a qualquer tiacutetulo o desmembramento ou a retificaccedilatildeo da aacuterea53 Comete

infraccedilatildeo administrativa puniacutevel com multa quem deixar de averbar a aacuterea de Reserva Legal

em cartoacuterio54

A vegetaccedilatildeo da Reserva Legal pode ser utilizada mas somente sob regime de manejo

florestal sustentaacutevel55 Tal uso foi regulamentado pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente por meio

de Instruccedilatildeo Normativa56

51

Art 1ordm sect2deg III Lei nordm 47711965 52

Art 16 Lei nordm 47711965 53

Art 16 sect9ordm Lei nordm 47711965 54

Art 55 Decreto nordm 65142008 55

Art 16 sect2deg da Lei nordm 47711965 56

IN MMA nordm 042009

55

De acordo com esse dispositivo o agricultor familiar o empreendedor familiar rural e

os povos e comunidades tradicionais tecircm a opccedilatildeo de explorar a vegetaccedilatildeo da Reserva

Legal da sua propriedade ou posse nas modalidades de manejo sustentaacutevel para a

exploraccedilatildeo eventual para consumo na propriedade e para manejo sustentaacutevel para

exploraccedilatildeo comercial

A exploraccedilatildeo florestal eventual sem propoacutesito comercial direto ou indireto de lenha ou

madeira para consumo na propriedade ou posse do agricultor familiar do empreendedor

familiar rural e dos povos e comunidades tradicionais incluindo a aacuterea de Reserva Legal

independe de autorizaccedilatildeo dos oacutergatildeos competentes57

Para esses grupos sociais a coleta de produtos natildeo madeireiros na Reserva Legal

para uso proacuteprio e produccedilatildeo de mudas como sementes castanhas e frutos desde que

eventual e respeitada a legislaccedilatildeo especiacutefica do acesso a recursos geneacuteticos natildeo necessita

de autorizaccedilatildeo dos oacutergatildeos ambientais competentes58

Em qualquer propriedade rural a coleta de frutos folhas e sementes para consumo na

propriedade eacute livre poreacutem o interessado deveraacute observar (a) os periacuteodos de coleta e

volumes fixados em regulamentos especiacuteficos quando houver (b) a eacutepoca de maturaccedilatildeo

dos frutos e sementes (c) teacutecnicas que natildeo coloquem em risco a sobrevivecircncia de

indiviacuteduos e da espeacutecie coletada no caso de coleta de flores folhas cascas oacuteleos resinas

cipoacutes bulbos bambus e raiacutezes e (d) as limitaccedilotildees legais especiacuteficas e em particular as

relativas ao acesso ao patrimocircnio geneacutetico agrave proteccedilatildeo e ao acesso ao conhecimento

tradicional associado e de biosseguranccedila quando houver59 A Instruccedilatildeo Normativa natildeo

prevecirc puniccedilatildeo para o caso de natildeo serem atendidas as exigecircncias acima

A exploraccedilatildeo comercial direta ou indireta de natildeo madeireiros na Reserva Legal com

cobertura vegetal original somente poderaacute ser feita mediante manejo florestal sustentaacutevel e

deveraacute adotar praacuteticas silviculturais e medidas para a minimizaccedilatildeo dos impactos sobre os

indiviacuteduos jovens das espeacutecies arboacutereas secundaacuterias e climaacutecicas na aacuterea manejada60

Na propriedade ou posse do agricultor familiar a exploraccedilatildeo comercial somente seraacute

permitida com a autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo ambiental competente mediante a apresentaccedilatildeo do

laudo teacutecnico com a Anotaccedilatildeo de Responsabilidade Teacutecnica contendo no miacutenimo

ldquoinventaacuterio fitossocioloacutegico da aacuterea a ser manejada com a indicaccedilatildeo da fitofisionomia

original elaborado com metodologia e suficiecircncia amostral adequadas estimativa do volume

57

Art 4deg IN MMA nordm 042009 58

Art 7deg IN MMA nordm 042009 59

Art 6deg IN MMA nordm 042009 60

Art 8deg IN MMA nordm 042009

56

de produtos e subprodutos florestais a serem obtidos com o manejo seletivo indicaccedilatildeo da

sua destinaccedilatildeo e cronograma de execuccedilatildeo previstordquo61

Essas exigecircncias tornam a exploraccedilatildeo comercial dessas aacutereas quase impraticaacutevel ao

agricultor familiar uma vez que para atendecirc-las deveraacute contratar um profissional gabaritado

para atender ao que prescreve a legislaccedilatildeo O que obtecircm com a venda dos produtos

explorados na RL dificilmente seraacute suficiente para cobrir as despesas com a contrataccedilatildeo de

profissional e com os procedimentos burocraacuteticos exigidos

Naqueles imoacuteveis natildeo considerados propriedade ou posse do agricultor familiar do

empreendedor familiar rural e dos povos e comunidades tradicionais a autorizaccedilatildeo para a

exploraccedilatildeo de produtos florestais madeireiros e natildeo madeireiros somente seraacute permitida

com a autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo ambiental competente e deveraacute ser precedida da apresentaccedilatildeo

e aprovaccedilatildeo do Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel (PMFS)62

O proprietaacuterio ou responsaacutevel pelo PMFS deveraacute anualmente encaminhar ao oacutergatildeo

ambiental competente relatoacuterio assinado pelo responsaacutevel teacutecnico com as informaccedilotildees

sobre toda a aacuterea de manejo florestal sustentaacutevel a descriccedilatildeo das atividades realizadas e o

volume efetivamente explorado de cada produto no periacuteodo anterior de doze meses63

Aleacutem da documentaccedilatildeo anteriormente citada o proprietaacuterio ou responsaacutevel pelo PMFS

submeteraacute ao oacutergatildeo ambiental competente o Plano Operacional Anual (POA) e a

Autorizaccedilatildeo de Responsabilidade Teacutecnica (ART) com a especificaccedilatildeo das atividades a

serem realizadas no periacuteodo de doze meses e da quantidade maacutexima proposta para a

exploraccedilatildeo no periacuteodo64

31224 Floresta plantada com nativas

O agricultor que deseja plantar espeacutecies nativas na sua propriedade ou posse para

fins de exploraccedilatildeo comercial somente teraacute permissatildeo do oacutergatildeo ambiental competente para

realizar tal atividade se tiver previamente cadastrado o plantio ou reflorestamento65 Alguns

proprietaacuterios visitados durante a realizaccedilatildeo do presente trabalho e que se manifestaram

interessados no plantio racional do baru segundo o que prescreve a lei deveriam cumprir o

que determina a regra sob pena de estarem incorrendo em iliacutecito

Por ocasiatildeo da colheita comercializaccedilatildeo ou transporte dos produtos oriundos desses

plantios o proprietaacuterio cadastrado junto ao oacutergatildeo ambiental competente deveraacute previamente

notificar esse oacutergatildeo fornecendo informaccedilotildees tais como os dados do proprietaacuterio ou

possuidor dados da propriedade ou posse incluindo coacutepia da matriacutecula do imoacutevel no

61

Art 9deg I IN MMA nordm 042009 62

Art 10 IN MMA nordm 042009 63

Art 10 sect 1deg IN MMA nordm 042009 64

Art 10 sect 2deg IN MMA nordm 042009 65

Art 2deg IN MMA nordm 032009

57

Registro Geral do Cartoacuterio de Registro de Imoacuteveis ou comprovante de posse outorga para

utilizaccedilatildeo do imoacutevel emitida pela Secretaria do Patrimocircnio da Uniatildeo em se tratando de

terrenos de marinha e acrescidos de marinha bem como nos demais bens de domiacutenio da

Uniatildeo na forma estabelecida no Decreto-Lei nordm 97601946 quantidade total de aacutervores

plantadas de cada espeacutecie bem como o nome cientiacutefico e popular das espeacutecies data ou

ano do plantio identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo das espeacutecies a serem cortadas e volume de

produtos e subprodutos florestais a serem obtidos localizaccedilatildeo com a indicaccedilatildeo das

coordenadas geograacuteficas dos veacutertices da aacuterea plantada a ser objeto de corte ou supressatildeo

e laudo teacutecnico com a respectiva ART de profissional habilitado atestando tratar-se de

espeacutecies florestais nativas plantadas bem como a data ou ano do seu plantio quando se

tratar de espeacutecies constantes da Lista Oficial de Espeacutecies da Flora Brasileira Ameaccediladas de

Extinccedilatildeo ou de listas dos Estados

Aqui novamente se chama a atenccedilatildeo para o excesso de exigecircncias da legislaccedilatildeo para

a regularizaccedilatildeo da exploraccedilatildeo da RL Nunca eacute demais ressaltar o fato de essas exigecircncias

tornarem a exploraccedilatildeo comercial dessas aacutereas quase impraticaacutevel ao agricultor familiar em

funccedilatildeo das despesas com a preparaccedilatildeo da documentaccedilatildeo exigida

31225 Extrativismo sustentaacutevel orgacircnico

A partir da publicaccedilatildeo do Decreto nordm 63232007 a agricultura orgacircnica no paiacutes passou

a contar com criteacuterios para o funcionamento de todo o seu sistema de produccedilatildeo desde a

propriedade rural ao ponto de venda Esse diploma legal dispotildee sobre a produccedilatildeo

armazenamento certificaccedilatildeo rotulagem transporte comercializaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo dos

produtos orgacircnicos

Criou tambeacutem o Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo da Conformidade Orgacircnica66 que

garantiraacute aos consumidores maiores facilidades na identificaccedilatildeo desses produtos Eacute

composto pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (Mapa) oacutergatildeos de

fiscalizaccedilatildeo dos estados e organismos de avaliaccedilatildeo da conformidade orgacircnica67 Cabe ao

Mapa o credenciamento acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo dos produtos orgacircnicos Jaacute as

instituiccedilotildees desde que habilitadas pelo Ministeacuterio poderatildeo fazer a certificaccedilatildeo dessa

produccedilatildeo68

O Decreto abre tambeacutem a possibilidade para que o agricultor familiar comercialize a

sua produccedilatildeo orgacircnica diretamente ao consumidor sem certificaccedilatildeo desde que estejam

vinculados a uma organizaccedilatildeo com controle social cadastrada no ministeacuterio69

66

Art 29 Decreto nordm 63232007 67

sect Uacutenico Art 31 Decreto nordm 63232007 68

Art 32 Decreto nordm 63232007 69

Art 28 Decreto nordm 63232007

58

Naqueles casos em que o agricultor familiar ou associaccedilatildeocooperativa optar pelo

extrativismo sustentaacutevel orgacircnico como forma de ter o seu produto identificado como

orgacircnico aleacutem de cumprir com todas as obrigaccedilotildees estabelecidas pelas normas

anteriormente mencionadas deveraacute tambeacutem atender ao que determina a legislaccedilatildeo

especiacutefica sobre a mateacuteria70

As normas para a certificaccedilatildeo extrativista orgacircnica exigem que o extrativista71

interessado submeta ao oacutergatildeo competente o Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico que

deveraacute conter o manejo extrativista sustentaacutevel orgacircnico (equivalente ao Plano de Manejo

Orgacircnico regulamentado para a produccedilatildeo agropecuaacuteria orgacircnica)72

A avaliaccedilatildeo da conformidade orgacircnica pode ser realizada por meio de certificaccedilatildeo por

auditoria ou por meio de sistema participativo de garantia e estaraacute vinculada agrave apresentaccedilatildeo

de Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico Esse Projeto deve ser avaliado e aprovado

pelo organismo responsaacutevel pela avaliaccedilatildeo da sua conformidade73

Aleacutem de todas as informaccedilotildees que levem agrave identificaccedilatildeo do produtor localizaccedilatildeo e

tamanho da aacuterea da propriedade entre outras o Projeto deve conter ainda os seguintes

detalhamentos74

(a) estimativa da capacidade produtiva da espeacutecie explorada em relaccedilatildeo ao produto

obtido em determinado periacuteodo de tempo com a descriccedilatildeo do meacutetodo utilizado

(b) definiccedilatildeo das taxas de intensidade frequecircncia e sazonalidade da exploraccedilatildeo

(c) definiccedilatildeo das praacuteticas e meacutetodo de coleta a ser utilizado identificando paracircmetros

como tamanho diacircmetro idade miacutenima e fase fenoloacutegica considerados de forma isolada

ou cumulativa para a espeacutecie a ser explorada

(d) descriccedilatildeo dos procedimentos de armazenamento transporte e beneficiamento

(e) descriccedilatildeo das medidas mitigadoras aplicadas para reduccedilatildeo dos possiacuteveis impactos

negativos do manejo

(f) descriccedilatildeo do sistema de monitoramento empregado para avaliaccedilatildeo da

sustentabilidade do manejo e

(g) demonstrativos de que as taxas de intensidade frequecircncia e sazonalidade da

exploraccedilatildeo natildeo excedam a capacidade de suporte fundamentadas em estudos cientiacuteficos

experiecircncias locais consolidadas ou conhecimentos tradicionais

Teme-se que as informaccedilotildees solicitadas no Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico

natildeo possam ser atendidas em razatildeo de uma caracteriacutestica perversa da exploraccedilatildeo de

70

IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009 71

Aquele que pratica o extrativismo ou agroextrativismo (Art 2deg VIII IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009) que poderaacute ser o agricultor familiar ou a associaccedilatildeocooperativa rural 72

Art 7deg Anexo IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009 73

Art 8deg Anexo IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009 74

Art 15 Anexo IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009

59

PFNMs no Brasil a falta de dados cientiacuteficos e estatiacutesticos sobre estes produtos O paiacutes

dispotildee de poucas informaccedilotildees sobre o seu uso e biologia Na aacuterea estatiacutestica verifica-se

que os oacutergatildeos encarregados desses dados avaliam poucas espeacutecies ignorando um grande

nuacutemero de produtos explorados pela populaccedilatildeo

Aleacutem do mais o processo de certificaccedilatildeo da produccedilatildeo orgacircnica eacute complexo e o

acesso individual a esses serviccedilos costuma constituir uma barreira ao engajamento dos

produtores de menor escala e renda na produccedilatildeo orgacircnica (MEDAETS 2003) O autor cita

que alguns grupos consideram que os programas de certificaccedilatildeo aumentam os custos

dificultando que os agricultores de menor escala possam internalizaacute-los que os agricultores

menos estruturados tecircm dificuldade em cumprir com as exigecircncias documentais e que o

controle externo realizado eacute ineficiente

Os oacutergatildeos que compotildeem o Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo da Conformidade

Orgacircnica (SBACO) devem se preocupar em neutralizar todos os vieses mencionados nos

paraacutegrafos anteriores sob o risco de onerarem o agricultor familiar no processo de

certificaccedilatildeo orgacircnica Se natildeo podem acabar por se transformar em obstaacuteculos para aqueles

que veem na exploraccedilatildeo da flora nativa uma possibilidade de ganho econocircmico

31226 Licenciamento ambiental de agroinduacutestrias de transformaccedilatildeo de natildeo madeireiros

As associaccedilotildeescooperativas ou mesmo o agricultor familiar que deseja instalar uma

agroinduacutestria de pequeno porte para o beneficiamento de frutos do Cerrado aleacutem de

atender agrave legislaccedilatildeo sanitaacuteria estabelecida pela Anvisa e pelo Mapa deve obter o devido

licenciamento ambiental Esse licenciamento deveraacute ser obtido nos termos de Resoluccedilatildeo do

CONAMA75 e teraacute que atender aos seguintes criteacuterios que seja de pequeno porte (ateacute 250

msup2 de aacuterea construiacuteda) e que as atividades ali realizadas sejam de baixo impacto

ambiental76

O oacutergatildeo ambiental responsaacutevel pelo licenciamento exigiraacute a apresentaccedilatildeo da seguinte

documentaccedilatildeo77 (a) requerimento de licenccedila ambiental (b) projeto contendo descriccedilatildeo do

empreendimento contemplando sua localizaccedilatildeo bem como o detalhamento do sistema de

Controle de Poluiccedilatildeo e Efluentes acompanhado da ART (c) certidatildeo de uso do solo

expedida pelo municiacutepio e (d) comprovaccedilatildeo de origem legal quando a mateacuteria prima for de

origem extrativista quando couber

Apoacutes a anaacutelise da documentaccedilatildeo o oacutergatildeo ambiental competente se pronunciaraacute sobre

a viabilidade da localizaccedilatildeo do empreendimento e caso haja comprovaccedilatildeo de baixo impacto

ambiental e de reduzida produccedilatildeo de efluentes e resiacuteduos concederaacute as licenccedilas

75

Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 76

Art 2deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 77

Art 3deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006

60

ambientais correspondentes78 No caso de empreendimento que beneficie eou transforme

produtos provenientes de exploraccedilotildees extrativistas e florestais natildeo madeireiros seratildeo

licenciadas em apenas uma etapa por meio de Licenccedila Uacutenica de Instalaccedilatildeo e Operaccedilatildeo

(LIO)79

32 LEGISLACcedilAtildeO SANITAacuteRIA APLICADA AO USO DE PFNMs

A base constitucional da legislaccedilatildeo sanitaacuteria no Brasil eacute dada pelo Art 200 inciso II e

VI da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que assim estabelece

Art 200 Ao sistema uacutenico de sauacutede compete aleacutem de outras

atribuiccedilotildees nos termos da lei

II ndash executar as accedilotildees de vigilacircncia sanitaacuteria e epidemioloacutegica bem

como as de sauacutede do trabalhador

VI ndash fiscalizar e inspecionar alimentos compreendido o controle de

seu teor nutricional bem como bebidas e aacuteguas para consumo

humano

O Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) tem como princiacutepios que o caracterizam a

universalidade do acesso aos serviccedilos de sauacutede a descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa

a integralidade de assistecircncia eficiecircncia e a participaccedilatildeo social Tem como objeto garantir a

sauacutede como um direito de todos e como um dever do Estado (COSTA et al 2002)

A vigilacircncia sanitaacuteria faz parte das competecircncias do Sistema Uacutenico de Sauacutede e

abrange o controle de bens de consumo que direta ou indiretamente se relacionem com a

sauacutede compreendidas todas as etapas e processos da produccedilatildeo ao consumo e o controle

da prestaccedilatildeo de serviccedilos que se relacionam direta ou indiretamente com a sauacutede80

As accedilotildees de vigilacircncia sanitaacuteria no Brasil que compreendem o controle e fiscalizaccedilatildeo

de alimentos satildeo uma responsabilidade compartilhada entre oacutergatildeos da Administraccedilatildeo

Puacuteblica federal estadual e municipal com destaque para o Sistema Uacutenico de Sauacutede e para

os oacutergatildeos da Agricultura A accedilatildeo fiscalizadora cabe a autoridade federal no caso de alimento

em tracircnsito de uma para outra unidade federativa e no caso de alimento exportado ou

importado Jaacute a autoridade estadual ou municipal dos Territoacuterios ou do Distrito Federal atua

na fiscalizaccedilatildeo de alimentos produzidos ou expostos agrave venda na aacuterea da respectiva

jurisdiccedilatildeo81 De acordo com esse dispositivo caso o alimento seja produzido no municiacutepio e

ali mesmo comercializado a accedilatildeo fiscalizadora caberaacute ao municiacutepio Transpondo os limites

do municiacutepio caberaacute ao Estado ou Territoacuterios ou Distrito Federal e transpondo a divisa entre

78

Art 5deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 79

sect2deg Art 5deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 80

Art 6deg sect1deg I e II Lei nordm 80801990 81

Art 29 Decreto-Lei nordm 9861969

61

Estados e mesmo entre paiacuteses (exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo) a competecircncia para fiscalizar

seraacute da autoridade federal

Os oacutergatildeos federais estaduais e municipais que atuam no controle e fiscalizaccedilatildeo de

alimentos formam o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (SNVS) Fiscalizam os

estabelecimentos comerciais que prestam serviccedilos de alimentaccedilatildeo os supermercados

dentre outros satildeo responsaacuteveis pelo controle das induacutestrias processadoras de amendoins e

derivados de aacutegua mineral natural de conservas vegetais de gelados de comestiacuteveis de

sal para consumo humano dentre outros e do controle de todos os produtos alimentiacutecios

expostos agrave venda

Jaacute o Mapa que natildeo faz parte do SNVS controla a produccedilatildeo primaacuteria (arroz feijatildeo

milho etc) as empresas beneficiadoras de produtos de origem vegetal (minimamente

processados) e induacutestrias de processamento de bebidas e o controle das induacutestrias de

processamento de produtos de origem animal

Obviamente com uma atuaccedilatildeo tatildeo proacutexima ocorrem conflitos entre os diferentes

oacutergatildeos de controle de alimentos Carvalho (2004) identifica alguns conflitos tais como

alimentos de mesma natureza sendo registrados em dois ministeacuterios diferentes (Mapa e

MS) falta de clareza no enquadramento de alguns alimentos dupla fiscalizaccedilatildeo em

estabelecimentos produtores de alimentos duplicidade de normatizaccedilatildeo sobre processos de

produccedilatildeo de registro de rotulagem e de transporte de alimentos entre outros

No que diz respeito agrave sua competecircncia pelo registro dos estabelecimentos dos

produtos e a respectiva inspeccedilatildeo a Anvisa e secretarias estaduais e municipais da

vigilacircncia sanitaacuteria controlam os seguintes alimentos derivados de produtos vegetais

conservas doces compotas desidratados e demais derivados de pastifiacutecios cereais

amidos e derivados castanhas e amecircndoas especiarias entre outros aacutegua mineral ou

natural e aditivos alimentares (energeacuteticos e repositores de sais)

Os oacutergatildeos da agricultura controlam aacutegua de coco bebidas alcooacutelicas refrigerantes

sucos e neacutectares refrescos vinagre frutas e hortaliccedilas cruas e processadas com exceccedilatildeo

de conservas vegetais minimamente processados polpa de frutas e de vegetais cereais e

leguminosas entre outros

Os alimentos expostos ao consumo ou entregues agrave venda no paiacutes seguem uma

diretriz baacutesica devem ser registrados no oacutergatildeo competente82 Satildeo obrigados igualmente ao

registro os aditivos intencionais as embalagens equipamentos e utensiacutelios elaborados eou

revestidos internamente de substacircncias resinosas e polimeacutericas e destinados a entrar em

82

Art 3deg Decreto-lei nordm 9861969

62

contato com alimentos inclusive os de uso domeacutestico e os coadjuvantes da tecnologia de

fabricaccedilatildeo83

No entanto satildeo dispensados da obrigatoriedade de registro as mateacuterias-primas

alimentares e os alimentos in natura os aditivos intencionais e os coadjuvantes da

tecnologia de fabricaccedilatildeo de alimentos e finalmente os produtos alimentiacutecios quando

destinados ao emprego na preparaccedilatildeo de alimentos industrializados em estabelecimentos

devidamente licenciados84

Outros alimentos como geleias doces frutos em conserva polpa de frutas biscoitos

patildees vegetais e frutas (dessecados e liofilizados) estatildeo dispensados de registro85 Pessoas

ou grupos que exploram PFNMs costumam comercializar esses produtos aleacutem de mateacuterias

primas alimentares e alimentos in natura Portanto para esses produtos natildeo precisam

recorrer ao oacutergatildeo competente para registro

Outro aspecto importante da norma diz respeito a obrigatoriedade da rotulagem dos

alimentos e aditivos intencionais86 Todo aquele alimento ldquoque seja comercializado qualquer

que seja sua origem embalado na ausecircncia do cliente e pronto para oferta ao

consumidorrdquo87 deveraacute atender agraves normas sobre rotulagem Mesmo aqueles dispensados de

registro bem como as mateacuterias-primas alimentares e alimentos in natura quando

acondicionados em embalagem que os caracterizem devem ser rotulados

Exige-se que os roacutetulos de alimentos embalados contenham as seguintes

informaccedilotildees88 (a) Denominaccedilatildeo de venda do alimento (b) Lista de ingredientes (c)

Conteuacutedos liacutequidos (d) Identificaccedilatildeo da origem (e) Nome ou razatildeo social e endereccedilo do

importador no caso de alimentos importados (f) Identificaccedilatildeo do lote (g) Prazo de validade

(h) Instruccedilotildees sobre o preparo e uso do alimento quando necessaacuterio Os roacutetulos de

alimentos destinados agrave exportaccedilatildeo poderatildeo trazer as indicaccedilotildees exigidas pela lei do paiacutes a

que se destinam89

Aleacutem das informaccedilotildees discriminadas acima na rotulagem nutricional devem ser

declaradas as quantidades (porccedilotildees) dos seguintes nutrientes que o alimento conteacutem valor

energeacutetico carboidratos proteiacutenas gorduras totais gorduras saturadas gorduras trans

fibra alimentar e soacutedio aleacutem de outros que se considere importantes90 Optativamente

podem ser declarados vitaminas e minerais conteuacutedo de colesterol caacutelcio e ferro quando

estiverem presentes em quantidade igual ou maior a 5 da Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

83

Art 5deg Decreto-lei nordm 9861969 84

Art 6deg Decreto-lei nordm 9861969 85

Resoluccedilatildeo Anvisa nordm 232000 (Anexo I) 86

Art 10 Decreto-Lei nordm 9861969 87

Resoluccedilatildeo Anvisa-RDC nordm 2592002 (Anexo) 88

Resoluccedilatildeo Anvisa-RDC nordm 2592002 (Anexo) 89

Art 11 sect 2deg Decreto-Lei nordm 9861969 90

Art 2deg Resoluccedilatildeo Anvisa RDC nordm 3602003

63

(IDR) por porccedilatildeo indicada no roacutetulo no intuito de aumentar o niacutevel de conhecimento para o

consumidor

Apesar da Anvisa jaacute fornecer manuais para caacutelculo dos valores nutricionais dos

alimentos embalados91 percebe-se que esses caacutelculos satildeo complexos e devem ser feitos

por pessoas com conhecimento teacutecnico especializado

As pessoas ou grupos sociais que realizam atividades de extrativismo apontam vaacuterios

obstaacuteculos para a comercializaccedilatildeo de PFNMs entre eles alguns ligados agrave rotulagem Em

Seminaacuterio promovido pelo ISPN em 2007 o grupo responsaacutevel pela discussatildeo dos

problemas ligados a exploraccedilatildeo do baru apontou como uma das causas da dificuldade para

a sua comercializaccedilatildeo a apresentaccedilatildeo inadequada do produto (embalagem roacutetulo) em

razatildeo da falta de informaccedilatildeo e de investimentos no seu processamento e na elaboraccedilatildeo de

marcas e embalagens apropriadas Aleacutem disso citam que atender agraves exigecircncias da

legislaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria eacute muito caro e trabalhoso (ISPN 2007)

Aleacutem das regras para registro e rotulagem do alimento exposto ao consumidor o

produtor deveraacute seguir normas sobre a sua manipulaccedilatildeo Assim as instalaccedilotildees e o

funcionamento dos estabelecimentos processadoresindustrializadores onde se fabrique

prepare beneficie acondicione transporte venda ou deposite alimentos devem observar

regras de higiene que visam a proteccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo92 Estes estabelecimentos

devem ser previamente licenciados pela autoridade sanitaacuteria competente estadual

municipal territorial ou do Distrito Federal mediante a expediccedilatildeo do respectivo alvaraacute93

Desse modo as atividades de produccedilatildeoindustrializaccedilatildeo fracionamento

armazenamento e transporte de alimentos industrializados realizadas por esses

estabelecimentos devem seguir procedimentos que buscam garantir as condiccedilotildees higiecircnico-

sanitaacuterias necessaacuterias ao processamentoindustrializaccedilatildeo de alimentos94 Nessas

circunstacircncias estatildeo obrigados a desenvolver implementar e manter Procedimentos

Operacionais Padronizados (POPs) para cada item relacionado abaixo

(a) Higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees equipamentos moacuteveis e utensiacutelios

(b) Controle da potabilidade da aacutegua

(c) Higiene e sauacutede dos manipuladores

(d) Manejo dos resiacuteduos

(e) Manutenccedilatildeo preventiva e calibraccedilatildeo de equipamentos

(f) Controle integrado de vetores e pragas urbanas

(g) Seleccedilatildeo das mateacuterias-primas ingredientes e embalagens

91

Acessiacutevel em ltwwwanvisagovbrrotulomanual_industriapdfgt 92

Art 45 Decreto-Lei nordm 9861969 93

Art 46 Decreto-Lei nordm 9861969 94

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002

64

(h) Programa de recolhimento de alimentos

Cada um desses itens eacute desdobrado em vaacuterios procedimentos A tiacutetulo de exemplo os

POPS referentes agraves operaccedilotildees de higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos moacuteveis e

utensiacutelios satildeo obrigados a conter informaccedilotildees sobre natureza da superfiacutecie a ser

higienizada meacutetodo de higienizaccedilatildeo princiacutepio ativo selecionado e sua concentraccedilatildeo tempo

de contato dos agentes quiacutemicos e ou fiacutesicos utilizados na operaccedilatildeo de higienizaccedilatildeo

temperatura e outras informaccedilotildees que se fizerem necessaacuterias95

A norma estabelece que o produtorindustrializador avalie regularmente a efetividade

dos POPs implementados pelo estabelecimento e de acordo com os resultados faccedila os

ajustes necessaacuterios Aleacutem do mais exige-se que os POPs sejam aprovados por um

responsaacutevel teacutecnico o qual deveraacute firmar o compromisso de implementaccedilatildeo

monitoramento avaliaccedilatildeo registro e manutenccedilatildeo desses procedimentos96

No controle das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo em estabelecimentos

produtoresindustrializadores de alimentos eacute exigida a verificaccedilatildeo de 163 itens diferentes

que vatildeo da avaliaccedilatildeo de piso tetos paredes e divisoacuterias do edifiacutecio onde se realizam as

atividades de manipulaccedilatildeo do produto ateacute os haacutebitos de higiene dos funcionaacuterios que ali

trabalham97

Outro Sistema que busca garantir a sanidade dos produtos de origem agropecuaacuteria

colocados agrave disposiccedilatildeo do consumidor eacute o Sistema Unificado de Atenccedilatildeo agrave Sanidade

Agropecuaacuteria (Suasa) Criado com o objetivo de garantir a sanidade dos animais e vegetais

no paiacutes e a identidade qualidade e seguranccedila higiecircnico-sanitaacuteria e tecnoloacutegica dos

produtos finais destinados ao consumo98 Esse Sistema foi organizado de forma

descentralizada unificada e integrada entre a Uniatildeo sua coordenadora como Instacircncia

Central e Superior os Estados e o Distrito Federal como Instacircncia Intermediaacuteria e os

municiacutepios como Instacircncia Local Compete a essas trecircs instacircncias do Suasa em suas

aacutereas de competecircncia implantar monitorar e gerenciar os procedimentos de certificaccedilatildeo

sanitaacuteria fitossanitaacuteria e de identidade e qualidade que tecircm como objetivo garantir a

origem a qualidade e a identidade dos produtos certificados e dar credibilidade ao processo

de rastreabilidade

A adesatildeo ao Suasa eacute voluntaacuteria e as unidades da federaccedilatildeo para aderir devem

adequar seus procedimentos de inspeccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo ficando obrigadas a seguir a

legislaccedilatildeo federal ou dispor de regulamentos equivalentes reconhecidos pelo Mapa99

95

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002 (Anexo I) 96

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002 (Anexo I) 97

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002 (Anexo II) 98

Art 28-A Lei nordm 81711991 99

IN MAPA nordm 192006

65

Como o sistema possibilita a harmonizaccedilatildeo e a padronizaccedilatildeo dos procedimentos de

inspeccedilatildeo nas diferentes esferas governamentais o municiacutepio ao aderir ao Suasa permitiraacute

que um produto destinado ao consumo humano fiscalizado por um oacutergatildeo de inspeccedilatildeo

municipal seja comercializado em todo o Brasil Desse modo o agricultor familiar que tiver o

seu produto certificado no acircmbito do seu municiacutepio poderaacute comercializaacute-lo fora do municiacutepio

ou mesmo fora do Estado

Integram o Suasa os seguintes sistemas (a) Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de

Produtos de Origem Vegetal (SISBI-POV) a quem cabe desenvolver atividades de auditoria

fiscalizaccedilatildeo inspeccedilatildeo certificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de produtos de origem vegetal seus

derivados subprodutos e resiacuteduos de valor econocircmico (b) Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo

de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA) e (c) Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de

Insumos Agriacutecolas (SISBI- IA)100

O Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Vegetal visa assegurar a

identidade a qualidade a conformidade a idoneidade e a seguranccedila higiecircnico-sanitaacuteria e

tecnoloacutegica dos produtos de origem vegetal seus subprodutos derivados e resiacuteduos de

valor econocircmico por meio das accedilotildees de inspeccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de produtos

sistemas ou cadeia produtiva101 Isso quer dizer que nenhum estabelecimento industrial ou

agroindustrial que tenha como mateacuteria-prima produtos de origem vegetal poderaacute funcionar

no paiacutes sem que esteja previamente registrado no oacutergatildeo competente para inspeccedilatildeo da sua

atividade

O SISBI-POV sendo o instrumento responsaacutevel pela inspeccedilatildeo dos produtos de origem

vegetal ainda natildeo estaacute devidamente regulamentado dependendo ainda de orientaccedilatildeo legal

do Ministeacuterio da Agricultura Alguns Estados como Santa Catarina tomaram a iniciativa e jaacute

possuem legislaccedilatildeo sobre a regularizaccedilatildeo da atividade de processamento de alimentos de

origem animal e vegetal

O agricultor familiar ou as pequenas associaccedilotildeescooperativas rurais que veem na

instalaccedilatildeo de agroinduacutestria para o processamento de natildeo madeireiros uma forma de

inserccedilatildeo no mercado formal encontram dificuldades para obter a certificaccedilatildeo adequada em

atendimento agraves exigecircncias do serviccedilo de inspeccedilatildeo sanitaacuteria uma vez que poucos

municiacutepios contam com esse serviccedilo Basicamente aqueles que possuem o Sistema de

Inspeccedilatildeo Municipal devem solicitar a visita do teacutecnico para adequar a sua agroinduacutestria

conforme as exigecircncias da Lei Depois de credenciado no SIM solicitar que o municiacutepio

enquadre a agroinduacutestria no Suasa sendo que para isso o municiacutepio tem que estar inscrito

no SISBI com adesatildeo (Estado ou Uniatildeo) e responsabilizar-se pelos criteacuterios do Suasa

100

Art 130 Decreto nordm 57412006 101

Art 145 Decreto nordm 57412006

66

No entanto com a demora na regulamentaccedilatildeo do SISBI-POV o alvaraacute sanitaacuterio para

que as agroinduacutestrias familiares rurais que utilizam produtos de origem vegetal possam

funcionar devem ser obtidos junto agraves Secretarias Estaduais da Sauacutede e na Anvisa

Prezotto (1999) denuncia que a complexidade do sistema organizacional de inspeccedilatildeo

sanitaacuteria agropecuaacuteria somada a atuaccedilotildees desarticuladas na fiscalizaccedilatildeo dos alimentos

promovem um ambiente institucional desfavoraacutevel agraves agroinduacutestrias familiares uma vez que

geram incertezas e desinformaccedilotildees por parte dos responsaacuteveis pelos empreendimentos

Essa falta de conhecimento dos agricultores sobre a legislaccedilatildeo sanitaacuteria foi documentada

por Zago (2002) em estudo realizado no Municiacutepio de Arroio do Tigre (RS) A autora

constatou que os agricultores familiares tecircm noccedilatildeo de exigecircncias fiscais e sanitaacuterias

implicadas na comercializaccedilatildeo destes produtos mas reconhecem que natildeo as praticam

Mesmo reconhecendo a ilegalidade da situaccedilatildeo ainda preferem manter a informalidade da

atividade em razatildeo da excessiva burocracia para a sua regularizaccedilatildeo Afirmam nunca terem

se incomodado com fiscais ou recebido reclamaccedilatildeo por venderem produtos estragados ou

mesmo que tenham causado mal a algum consumidor

No acircmbito do Estado de Goiaacutes a Superintendecircncia de Vigilacircncia Sanitaacuteria possui

norma teacutecnica sobre comercializaccedilatildeo de alimentos determinando que todo estabelecimento

ou local destinado ao preparo manipulaccedilatildeo acondicionamento depoacutesito ou venda de

alimentos deve ser regulamentado de modo a atender a uma seacuterie de requisitos que vatildeo da

posse de alvaraacute sanitaacuterio agrave adequaccedilatildeo do local aleacutem da adoccedilatildeo de procedimentos que as

pessoas devem atender para manipularem alimentos destinados ao consumo humano

Essa mesma norma teacutecnica exige vaacuterios documentos para que pessoas fiacutesicas e

juriacutedicas recebam o alvaraacute de funcionamento requerendo tambeacutem que a vistoria do local

seja aprovada pela aacuterea de fiscalizaccedilatildeo do Oacutergatildeo

33 LEGISLACcedilAtildeO CIVIL APLICADA AgraveS ATIVIDADES DE COMERCIALIZACcedilAtildeO DE PFNMS

POR PESSOA FIacuteSICA E JURIacuteDICA NA AacuteREA RURAL

As pessoas fiacutesicas podem se organizar como empreendedor individual para participar

do mercado formal A Lei Complementar nordm 1232006103 permite que trabalhadores que

atuam em pequenos negoacutecios informais ndash camelocircs pipoqueiros cabeleireiros donos de

carrocinhas de sanduiacuteche e tambeacutem o agricultor que beneficia PFNMs para o mercado

entre outros ndash se regularizem perante a Lei mediante a adoccedilatildeo de procedimentos

burocraacuteticos Em contrapartida recebem alguns benefiacutecios como a isenccedilatildeo de significativo

nuacutemero de tributos que incidem sobre a atividade produtiva recolhendo apenas uma taxa

fixa mensal de R$ 4565 a tiacutetulo de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social (aliacutequota de 11 sobre

102

Portaria SESGO nordm 128895 103

Art 18-A e seguintes da Lei Complementar nordm 1232006

67

o salaacuterio miacutenimo) para fins de aposentadoria pessoal R$ 100 de ICMS (para aqueles com

atividades ligadas a induacutestria e ao comeacutercio) ou R$ 500 de ISS (para aqueles ligados a

atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos) A contribuiccedilatildeo agrave seguridade social lhes concede o

direito aos benefiacutecios previdenciaacuterios ndash auxiacutelios pensatildeo por morte salaacuterio-maternidade e

aposentadoria por idade ou por invalidez ndash excetuando a aposentadoria por tempo de

contribuiccedilatildeo

As pessoas juriacutedicas seguem outra legislaccedilatildeo De acordo com o Novo Coacutedigo Civil

brasileiro existem cinco tipos de pessoas juriacutedicas de direito privado as associaccedilotildees as

sociedades as fundaccedilotildees as organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos104 Os

agricultores familiares costumam se organizar na forma de associaccedilotildees ou cooperativas

para a comercializaccedilatildeo da sua produccedilatildeo e outras demandas econocircmicas e sociais

Por razotildees obvias seraacute analisada somente a legislaccedilatildeo civil relativa agraves associaccedilotildees e

cooperativas especificamente naquilo que diz respeito agraves exigecircncias legais para que essas

pessoas juriacutedicas possam constituir legalmente uma agroinduacutestria e comercializar os

produtos por ela gerados

331 Associaccedilotildees

As associaccedilotildees satildeo pessoas juriacutedicas de direito privado que se constituem para a

realizaccedilatildeo de fins natildeo econocircmicos105 Seus fins satildeo o objetivo comum a razatildeo de ser da

pessoa juriacutedica geralmente de natureza ideal ou altruiacutestica A natildeo lucratividade desses fins

natildeo permite a distribuiccedilatildeo de lucros entre os associados (AMARAL 2003) No entanto

podem realizar atividades econocircmicas desde que a receita obtida seja revertida para custear

o seu funcionamento e natildeo para ser partilhada entre os associados

Ao realizar atividades econocircmicas produzindo mercadorias e as vendendo no

comeacutercio satildeo obrigadas a emitir nota fiscal sendo obrigadas a se inscrever na Receita

Federal (CNPJ) e na Secretaria de Fazenda do seu Estado A nota fiscal eacute fator gerador de

tributos a partir da sua emissatildeo

O ato constitutivo da associaccedilatildeo eacute o seu estatuto social que deveraacute ser aprovado na

assembleia de fundaccedilatildeo da associaccedilatildeo

O registro das associaccedilotildees deve ser realizado no Cartoacuterio de Registro Civil das

Pessoas Juriacutedicas106 com base nos seguintes documentos (a) Coacutepia do estatuto social

assinado por advogado com registro na OAB (b) Ata de fundaccedilatildeo e ata de eleiccedilatildeo e de

104

Art 44 Lei nordm 104062002 (Coacutedigo Civil) 105

Art 54 Lei nordm 104062002 (Coacutedigo Civil) 106

Art 1150 Lei nordm 104062002 (Coacutedigo Civil) e Arts 114 e seguintes da Lei nordm 60151973 (Lei de Registros Puacuteblicos)

68

posse da diretoria Todas as assembleias ordinaacuterias e extraordinaacuterias realizadas pela

associaccedilatildeo tambeacutem deveratildeo ser registradas em cartoacuterio

Para o seu funcionamento seraacute necessaacuterio o respectivo alvaraacute de localizaccedilatildeo e

funcionamento emitido pelo municiacutepio

Tanto a associaccedilatildeo quanto a cooperativa satildeo obrigadas a constituir um contador

habilitado pelo Conselho Regional de Contabilidade (CRC) para acompanhar as contas da

instituiccedilatildeo e fornecer a orientaccedilatildeo necessaacuteria para a seu bom funcionamento

As associaccedilotildees satildeo obrigadas por lei a recolher tributos (impostos taxas e

contribuiccedilotildees) agrave Uniatildeo Estados e Municiacutepios embora em muitos casos a proacutepria legislaccedilatildeo

possa isentaacute-las como forma de incentivar a produccedilatildeo Os principais tributos recolhidos

pelas associaccedilotildees satildeo

(a) Imposto sobre Exportaccedilatildeo (IE) Somente incide caso a associaccedilatildeo exporte algum

produto Eacute de competecircncia exclusiva da Uniatildeo A base de caacutelculo do imposto eacute o preccedilo

normal que o produto ou seu similar alcanccedilaria ao tempo da exportaccedilatildeo em uma venda

em condiccedilotildees de livre concorrecircncia no mercado internacional A aliacutequota eacute de 30

facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentaacute-la

(b) Imposto sobre Renda e proventos de qualquer natureza (IRPJ) No caso das

associaccedilotildees ocorre a imunidade desde que cumpram alguns requisitos como a natildeo

remuneraccedilatildeo de dirigentes a natildeo distribuiccedilatildeo de sobrasganhos financeiros para os seus

associados e a aplicaccedilatildeo de suas rendas e patrimocircnio na consecuccedilatildeo dos objetivos em

territoacuterio nacional Deve fazer anualmente uma declaraccedilatildeo de isenccedilatildeo de imposto de renda

Caso ocorra pagamento de salaacuterios a empregados cuja remuneraccedilatildeo ultrapasse a

tabela do IRPF caberaacute retenccedilatildeo mensal do imposto na fonte

(c) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Deveraacute ser recolhido se a

associaccedilatildeo fabricar e vender algum tipo de produto O valor da aliacutequota dependeraacute do tipo

de produto fabricado

(d) Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) Caso a associaccedilatildeo tenha

empregados deveraacute ser recolhido Natildeo incide sobre os associados Como nas cooperativas

nas associaccedilotildees populares praticamente natildeo ocorre o recolhimento uma vez que os

proacuteprios associados eacute que prestam os serviccedilos (e) Instituto Nacional da Seguridade Social

(INSS) Caso a associaccedilatildeo distribuam sobras da sua receita aos associados deveraacute recolher

20 sobre esses valores aos cofres do ao INSS

(f) Contribuiccedilatildeo Sobre a Produccedilatildeo Rural (Funrural) Eacute de competecircncia da Uniatildeo Caso

a associaccedilatildeo desenvolva atividades produtivas rurais devem recolher ao INSS o valor de

23 sobre a receita bruta da comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa contribuiccedilatildeo foi

recentemente julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

69

(g) Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) Imposto de

competecircncia da Uniatildeo o seu recolhimento eacute obrigatoacuterio e incide o recolhimento de 3 sobre

a receita bruta proveniente da venda de mercadorias e serviccedilos sendo que sobre a mesma

podem ser aplicadas algumas deduccedilotildees No entanto sua aplicaccedilatildeo tem sido contestada na

Justiccedila

(h) Taxas de Classificaccedilatildeo De competecircncia da Uniatildeo devem ser recolhidas aos

Ministeacuterios da Agricultura ou da Sauacutede em pagamento aos serviccedilos de inspeccedilatildeo

fiscalizaccedilatildeo e licenciamento de comercializaccedilatildeo de produtos animais ou vegetais No caso

de a associaccedilatildeo fabricar e vender produtos com marca proacutepria deveraacute registraacute-los

conforme o caso em um desses ministeacuterios

(i) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias (ICMS) De modo geral o fisco estadual

cobra o ICMS para a circulaccedilatildeo de mercadorias das associaccedilotildees Alguns estados isentam

as operaccedilotildees realizadas pela associaccedilatildeo ou mesmo estabelecem percentuais menores ou

ainda isentam determinados produtos As associaccedilotildees ao contraacuterio das cooperativas natildeo

satildeo beneficiadas com a natildeo incidecircncia do ICMS nas operaccedilotildees entre associados e a sua

entidade Mas algumas poliacuteticas estaduais e locais cujo objetivo eacute o incentivo agrave determinada

atividade produtiva ndash como no caso da comercializaccedilatildeo de produtos da cesta baacutesica da

venda de artesanato etc ndash vecircm beneficiando as associaccedilotildees

(j) Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) Eacute de competecircncia municipal e eacute pago

sobre as propriedades da associaccedilatildeo na cidade

(k) Taxa de Limpeza e Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblicas De competecircncia do municiacutepio

satildeo obrigatoacuterias para as associaccedilotildees

332 Cooperativas

As cooperativas satildeo pessoas juriacutedicas privadas de tipo especial definidas como

ldquosociedade de pessoas com forma e natureza juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo

sujeitas a falecircncia constituiacutedas para prestar serviccedilos aos associadosrdquo107 A ideia baacutesica

expressa na legislaccedilatildeo eacute que o sistema cooperativo incorpora a ajuda muacutetua entre os

cooperados que contribuem com bens ou serviccedilos revertidos para benefiacutecio comum e a

ausecircncia da finalidade lucrativa Ou seja natildeo buscam o lucro sendo que o excedente eacute

utilizado na consecuccedilatildeo de seus fins e distribuiacutedos proporcionalmente entre os cooperados

Eacute uma sociedade simples pois se submete ao registro civil Sua atividade eacute de natureza natildeo

empresarial mas para atingir sua finalidade exerce atividade empresarial

107

Art 4deg Lei nordm 57641971

70

O estatuto da cooperativa eacute o documento que rege seu funcionamento Trata-se do

contrato que os cooperados fazem entre si onde satildeo discriminados as normas de

funcionamento e os direitos e deveres do cooperado entre outras

Podem ser singulares quanto agrave organizaccedilatildeo federativa isto eacute formadas pelo nuacutemero

miacutenimo de vinte pessoas fiacutesicas excepcionalmente permitindo-se a admissatildeo de pessoas

juriacutedicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econocircmicas das

pessoas fiacutesicas ou ainda aquelas sem fins lucrativos

Podem tambeacutem ser agrupadas de acordo com a forma de atividade a que se

destinam se subdividindo em (a) Cooperativas de Produccedilatildeo (b) Cooperativas de

Consumo (c) Cooperativas de Creacutedito e (d) Cooperativas Mistas108

Para a constituiccedilatildeo de uma cooperativa satildeo necessaacuterias as seguintes providecircncias

(a) Registro do Estatuto Social e da Ata da Assembleia Geral de Constituiccedilatildeo no

Cartoacuterio de Tiacutetulos e Documentos a fim de dar prova da existecircncia legal da Cooperativa

(b) Registro na Junta Comercial do Estado Arquivados os documentos na Junta

Comercial e feita a respectiva publicaccedilatildeo a cooperativa adquire personalidade juriacutedica

tornando-se apta a funcionar109

(c) Registro na Secretaria da Receita Federal e Instituto Nacional de Seguridade

Social

Outras providecircncias satildeo necessaacuterias para que a cooperativa venha a funcionar dentro

de todos os paracircmetros legais

(a) Licenccedila ambiental ndash A ser obtida junto ao oacutergatildeo competente ambiental caso a

atividade requeira

(b) Licenccedila sanitaacuteria ndash A ser obtida junto aos oacutergatildeos do Sistema Nacional de Vigilacircncia

Sanitaacuteria do Sistema Unificado de Atenccedilatildeo agrave Sanidade Agropecuaacuteria se o caso

requerer

(c) Alvaraacute de funcionamento ndash A ser solicitado junto agrave Prefeitura do municiacutepio onde

seraacute instalada a unidade produtiva da cooperativa

(d) Registro junto agrave Secretaria Estadual de Fazenda ndash Para emissatildeo de bloco de nota

fiscal

Aleacutem dos requisitos burocraacuteticos para a sua constituiccedilatildeo que muito oneram os

agricultores familiares as cooperativas satildeo obrigadas a recolher tributos (impostos taxas e

contribuiccedilotildees) de competecircncia das vaacuterias esferas do poder puacuteblico para que sejam

consideradas legais nos termos da lei Os principais satildeo

108

Art 6ordm Lei nordm 57641971 109

Art 18 sect6deg Lei nordm 57641971

71

(a) Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) De acordo com a legislaccedilatildeo em vigor deve

ser descontado o percentual de 1 sobre a folha de pagamento de funcionaacuterios da

cooperativa Aleacutem disso deve ser descontado 065 sobre o faturamento total da

cooperativa

(b) Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) Tem

recolhimento mensal e eacute calculada em 3 sobre a receita bruta da cooperativa O PIS e a

Cofins satildeo constitucionalmente destinados agrave seguridade social (sauacutede assistecircncia e

previdecircncia social)110

(c) Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) Somente eacute recolhido se a

cooperativa tiver empregados natildeo incidindo o fato gerador sobre os cooperativados Nas

cooperativas populares praticamente natildeo ocorre o recolhimento uma vez que os proacuteprios

cooperados eacute que prestam os serviccedilos (d) Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS)

As cooperativas de produccedilatildeo devem recolher ao INSS 20 sobre os valores distribuiacutedos

aos cooperados jaacute que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria as compara agraves empresas comuns

(e) Imposto de Renda Pessoa Fiacutesica (IRPF) Se os ganhos do cooperado alcanccedilar as

faixas estabelecidas na tabela de Imposto de Renda na fonte para pessoas fiacutesicas sofreratildeo

retenccedilatildeo na fonte O cooperado que tiver imposto de renda retido na fonte deveraacute fazer o

ajuste e verificar se existente saldo a pagar ou a restituir de acordo com a legislaccedilatildeo

vigente

(f) Imposto de Renda Pessoa Juriacutedica (IRPJ) Deve recolher o Imposto de Renda

Pessoa Juriacutedica sobre operaccedilotildees com terceiros

(g) Imposto sobre Exportaccedilatildeo (IE) Eacute de competecircncia exclusiva da Uniatildeo e somente

incide caso a cooperativa exporte algum produto Sua base de caacutelculo eacute o preccedilo normal que

o produto ou seu similar alcanccedilaria ao tempo da exportaccedilatildeo em uma venda em condiccedilotildees

de livre concorrecircncia no mercado internacional A aliacutequota eacute de 30 facultado ao Poder

Executivo reduzi-la ou aumentaacute-la

(h) Contribuiccedilatildeo Sobre a Produccedilatildeo Rural (Funrural) Essa contribuiccedilatildeo eacute de

competecircncia da Uniatildeo Obriga o agricultor ou pecuarista a contribuir com a aliacutequota de 23

sobre a receita bruta proveniente da comercializaccedilatildeo do seu produto111 Caso o agricultor

entregue seu produto para a cooperativa esta eacute obrigada a recolher ao INSS o percentual

mencionado acima descontando do que pagaria ao agricultorpecuarista Essa contribuiccedilatildeo

foi recentemente julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF)112

(i) Taxas de Classificaccedilatildeo Satildeo de competecircncia da Uniatildeo e satildeo pagas aos Ministeacuterios

da Sauacutede e Agricultura pelos serviccedilos de inspeccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e licenciamento de

110

Art 194 Constituiccedilatildeo Federal1988 111

Art 1deg Lei nordm 85401992 112

Recurso Extraordinaacuterio (RE) nordm 363852

72

comercializaccedilatildeo de produtos animais ou vegetais No caso de a cooperativa fabricar e

vender produtos com marca proacutepria deveraacute registraacute-los conforme o caso em um desses

ministeacuterios

(j) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos (ICMS) Este

imposto eacute de competecircncia dos Estados e Distrito Federal As cooperativas de produccedilatildeo

agriacutecolas ou de consumo pagam esse imposto mediante aliacutequotas bastante diversificadas

Existem vaacuterias formas de pagamento deste imposto dependendo do Estado que arrecada

34 LEGISLACcedilAtildeO SOBRE EXPLORACcedilAtildeO DE PFNMs NO ESTADO DE GOIAacuteS

Cabe ao Estado de Goiaacutes regulamentar qualquer empreendimento ou atividade

potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente desde que os seus impactos

ambientais diretos natildeo ultrapassam os limites do Estado (Lei nordm 693881 Resoluccedilotildees

Conama nordm 00186 e nordm 23797 Parecer nordm 312CONJURMMA2004) Somado a esse

preceito a legislaccedilatildeo ambiental goiana estabelece que a exploraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa

eou formaccedilatildeo sucessora no Estado depende da aprovaccedilatildeo preacutevia do oacutergatildeo estadual de

meio ambiente bem como da adoccedilatildeo do manejo sustentaacutevel compatiacutevel com o respectivo

ecossistema (Art 8ordm Lei Estadual nordm 125961995) Nesses termos a atividade de

exploraccedilatildeo do fruto do baru em Goiaacutes necessita do licenciamento do oacutergatildeo ambiental

estadual

Essa mesma Lei que trata da poliacutetica florestal do Estado dispotildee que caberaacute ao

Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm) fixar os criteacuterios para o registro e

fiscalizaccedilatildeo das atividades das pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que pretendam se habilitar agrave

exploraccedilatildeo de plantas nativas utilizadas para fins alimentiacutecios abrangido neste dispositivo o

uso de raiacutezes caules folhas flores frutos e semente (sect Uacutenico Art 9ordm) No entanto o

Conselho ainda natildeo regulamentou tal dispositivo apesar do oacutergatildeo ambiental do Estado ter

criado rotinas administrativas para o fornecimento de Licenccedila de Exploraccedilatildeo Florestal (LEF)

para o interessado na exploraccedilatildeo florestal Apesar do estabelecimento dessas rotinas como

era de se esperar a utilizaccedilatildeo comercial de PFNMs para fins alimentiacutecios natildeo eacute uma das

atividades relacionadas como passiacutevel de licenciamento

A legislaccedilatildeo do Estado de Goiaacutes exige que aqueles empreendimentos cujas atividades

utilizem recursos primaacuterios ou secundaacuterios e possam ser causadoras efetivas ou potenciais

de poluiccedilatildeo ou de degradaccedilatildeo ambiental sejam licenciadas pelo oacutergatildeo ambiental (Resoluccedilatildeo

Conama 237) Empreendimentos industriais alimentares estatildeo aiacute incluiacutedos poreacutem a

administraccedilatildeo puacuteblica eacute que estabeleceraacute se de alto ou baixo impacto Caso seja de baixo

impacto a legislaccedilatildeo admite que o seu licenciamento seja feito de forma simplificada

(Licenccedila Ambiental Simplificada ndash LAS)

73

A legislaccedilatildeo estadual goiana natildeo faz qualquer referecircncia agrave necessidade daqueles

restaurantes que utilizam a amecircndoa do baru ou mesmo outro produto florestal natildeo

madeireiro de possuiacuterem licenccedila ambiental para o exerciacutecio da sua atividade

No aspecto tributaacuterio podemos destacar a Lei do Estado de Goiaacutes113 que dispotildee sobre

a reduccedilatildeo de base de caacutelculo do Imposto de Circulaccedilatildeo de Mercadoria e Serviccedilos (ICMS)

sobre a industrializaccedilatildeo de produtos tiacutepicos do Cerrado e que beneficia pessoa fiacutesica e

juriacutedica que trabalha com espeacutecies frutiacuteferas do Cerrado De acordo com o mencionado

dispositivo incide a aplicaccedilatildeo do percentual de 7 sobre o valor da operaccedilatildeo na saiacuteda

interna e interestadual de mercadoria resultante da industrializaccedilatildeo de produto tiacutepico do

cerrado goiano Importante citar que anteriormente este percentual era de 17 sobre o valor

da operaccedilatildeo na saiacuteda interna e interestadual

Um aspecto dessa legislaccedilatildeo que merece ser mencionado eacute o fato da existecircncia de

significativo nuacutemero de normas voltadas para a exploraccedilatildeo madeireira e uma diminuta

quantidade de dispositivos legais dirigidos agrave exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros Esse eacute o caso

do Decreto nordm 597506 que estabelece normas para a exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees

sucessoras tanto de domiacutenio puacuteblico quanto de privado poreacutem remete para

regulamentaccedilatildeo posterior o manejo de florestas para a obtenccedilatildeo de produtos florestais natildeo

madeireiros (Art 8deg)

A conclusatildeo extraiacuteda desse capiacutetulo eacute que a legislaccedilatildeo ambiental brasileira apesar de

ser muito festejada e ser considerada uma das mais completas do mundo (GONCcedilALVES

ALVES 2003 BRINCKMANN FRIEDRICH 2008) e mesmo a mais completa quando

comparada aos demais paiacuteses do Mercosul (ROCHA et al 2005) ao regular a atividade de

exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros pode causar confusatildeo e inseguranccedila ao destinataacuterio da

norma em razatildeo do consideraacutevel nuacutemero de dispositivos com o qual conta Outro aspecto

dessa regulaccedilatildeo eacute a existecircncia de dispositivos conflitantes que potencializam essa

inseguranccedila juriacutedica Esses fatos tecircm consequecircncias ruins para a atividade porque podem

desestimular a exploraccedilatildeo do recurso ou mesmo fazer com que aquele que jaacute explore

determinado natildeo madeireiro ignore o comando contido na lei levando-o a uma situaccedilatildeo de

ilicitude

Podemos apontar como principais obstaacuteculos gerados pelo marco regulatoacuterio nacional

incidente sobre a cadeia produtiva do baru

Grande quantidade de dispositivos (ambientais sanitaacuterios fiscaistributaacuterios)

oriundos das trecircs esferas do poder (federal estadual e municipal) que tecircm que ser

atendidos para viabilizar legalmente os empreendimentos de exploraccedilatildeo de natildeo

madeireiros

113

Lei nordm 150512004 (Estado de Goiaacutes)

74

Sobreposiccedilatildeo e inconsistecircncias entre procedimentos e exigecircncias ambientais

sanitaacuterias e fiscaistributaacuterias tanto em niacutevel federal como estadual

O fato das reduzidas normas e procedimentos sobre manejo florestal de natildeo

madeireiros natildeo apresentarem paracircmetros teacutecnicos claros de sustentabilidade

ambiental social econocircmica e poliacutetica

O fato das normas sobre manejo florestal aplicaacuteveis aos natildeo madeireiros exigirem

alta capacidade teacutecnica para o seu atendimento nem sempre ao alcance das

comunidades que exploram o recurso

A falta de estudos teacutecnicos e cientiacuteficos sobre produtos natildeo madeireiros no Cerrado

que venham a subsidiar a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

O fato de estados e municiacutepios brasileiros na sua grande maioria possuiacuterem

capacidade limitada para implementar os procedimentos legais exigidos para a

exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros

75

4 INDICADORES DAS DIMENSOtildeES DA SUSTENTABILIDADE

41 DIMENSOtildeES DA SUSTENTABILIDADE

Embora o emprego do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (DS) tenha surgido

em 1980 em um documento elaborado pela Uniatildeo para a Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN)

(PIRES 1998) foi com ldquoO nosso futuro comumrdquo (Relatoacuterio Brundtland) publicado em 1987

pela Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) da

Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) que o termo ganhou sua versatildeo mais conhecida

passando a ser definido como

[] is development that meets the needs of the present without

compromising the ability of future generations to meet their own needs

(UN 1987 p 54)

A expressatildeo ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo sofreu criacuteticas desde quando apareceu

em decorrecircncia da contradiccedilatildeo verificada nos proacuteprios termos da expressatildeo uma vez que a

palavra ldquodesenvolvimentordquo trazia uma loacutegica fundada na exploraccedilatildeo ilimitada dos recursos

naturais cujo objetivo era de aumentar a produccedilatildeo o consumo e a produccedilatildeo de riqueza

Nesse escopo eacute entendida como uma loacutegica perversa pois implica na extenuaccedilatildeo dos

recursos da terra e na devastaccedilatildeo dos ecossistemas contribuindo decisivamente para a

extinccedilatildeo de milhares de espeacutecies e ameaccedilando a sobrevivecircncia da raccedila humana no planeta

Ao mesmo tempo em que produz o esgotamento dos recursos naturais esta mesma loacutegica

produz desigualdades sociais uma vez que natildeo estaacute baseada na cooperaccedilatildeo e

solidariedade mas na concorrecircncia (BOFF 2006)

Na verdade o Relatoacuterio Brundtland ao adotar o termo desenvolvimento sustentaacutevel

partiu do pressuposto que eacute possiacutevel conciliar crescimento econocircmico e conservaccedilatildeo

ambiental (PIRES 1998)

De qualquer forma o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel colocou em evidecircncia a

necessidade de a humanidade renunciar ao paradigma orientado pela forma de exploraccedilatildeo

ilimitada dos recursos naturais e partir para um desenvolvimento que natildeo colocasse as

geraccedilotildees futuras sob o risco de natildeo terem suas necessidades atendidas

Este conceito ainda eacute fruto de polecircmica entre os estudiosos apesar de vaacuterios anos

terem se passado desde o lanccedilamento do Relatoacuterio Brundtland Segundo Cavalcanti (1998)

o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel apresentado pelo Relatoacuterio eacute contraditoacuterio uma

vez que qualquer melhoria econocircmica sob a eacutegide do que o homem procura significa

acumulaccedilatildeo de capital e o esgotamento de alguma categoria de recursos natildeo renovaacuteveis

Na verdade o conceito de DS vem sendo continuamente construiacutedo (MMA 2004) Na

perspectiva daqueles que defendem este novo paradigma para que realmente ocorra o

desenvolvimento em bases sustentaacuteveis devem ser abandonados os modelos econocircmicos

76

tradicionais como forma de favorecer um uso mais equilibrado e menos danoso aos

recursos naturais

Esse tipo de desenvolvimento natildeo deve ser pensado somente a partir da limitada

proposta de crescimento econocircmico que tem como base a exclusatildeo social e a depredaccedilatildeo

dos recursos naturais ateacute a sua exaustatildeo Para a sua correta conceituaccedilatildeo deve ser levado

em consideraccedilatildeo natildeo somente questotildees como a ambiental ou ecoloacutegica mas a conjunccedilatildeo

dos demais elementos (COSTA NETO 1999) Para Boff (2006) esse desenvolvimento deve

incorporar uma dimensatildeo mais ampla a dimensatildeo eacutetica pois deve garantir a

sustentabilidade da vida da terra da sociedade e da humanidade acima do interesse

econocircmico-poliacutetico ou praacutetico-instrumental Sachs (2000 2004) entende que o conceito de

DS dever ser considerado a partir das dimensotildees da sustentabilidade Isso significa dizer

que no processo de planejamento do desenvolvimento a integraccedilatildeo entre as dimensotildees eacute

condiccedilatildeo fundamental aleacutem da preocupaccedilatildeo com a produtividade e com a conservaccedilatildeo dos

ecossistemas Por sua vez cada uma das dimensotildees tem sua caracteriacutestica proacutepria estando

condicionada e condicionando as demais dimensotildees Isso significa dizer que natildeo satildeo

estanques e em determinados momentos e circunstacircncias estatildeo sujeitas a interaccedilotildees nas

mais variadas formas As interaccedilotildees entre componentes de diferentes dimensotildees podem ser

tatildeo importantes como os componentes principais de uma dimensatildeo considerada

(SEPULVEDA 2005)

Em resumo o desenvolvimento sustentaacutevel pode ser entendido como o processo

poliacutetico-participativo que integra todas as sustentabilidades (econocircmica ambiental e social

poliacutetico-institucional e da sauacutede entre outras) individuais e coletivas tendo como objetivo o

bem-estar dos indiviacuteduos no presente e das geraccedilotildees futuras Sob esse ponto de vista uma

comunidade soacute seraacute sustentaacutevel se conseguir manter e melhorar as caracteriacutesticas sociais

econocircmicas ambientais poliacutetico-institucionais e da sauacutede do local onde vivem

proporcionando aos seus membros uma boa qualidade de vida

Para efeito dessa anaacutelise a noccedilatildeo de sustentabilidade com a qual se trabalha eacute

aquela definida por Jacobi (1999) que implica uma ldquonecessaacuteria inter-relaccedilatildeo entre justiccedila

social qualidade de vida equiliacutebrio ambiental e a necessidade de desenvolvimento com

capacidade de suporterdquo Nesse entendimento esta sustentabilidade diz respeito agrave

prevalecircncia da premissa segundo a qual deve ser imposta uma limitaccedilatildeo ao crescimento

associada a iniciativas de promoccedilatildeo da participaccedilatildeo social por meio de praacuteticas educativas e

do diaacutelogo democraacutetico sem deixar de considerar os valores culturais fazendo surgir um

sentimento de co-responsabilizaccedilatildeo e de constituiccedilatildeo de valores eacuteticos

Para Sachs (1993) qualquer atividade que tenha como propoacutesito o planejamento do

desenvolvimento deve procurar o equiliacutebrio entre as vaacuterias dimensotildees da sustentabilidade

77

entre as quais a ecoloacutegica a social a econocircmica e a poliacutetica Estas dimensotildees devem ser

integradas para que ocorra o processo do desenvolvimento sustentaacutevel

Um dos pressupostos do presente trabalho eacute que a atividade de extraccedilatildeo de recursos

vegetais para ser sustentaacutevel deve conciliar estas cinco dimensotildees

A dimensatildeo social da sustentabilidade eacute aquela que expressa a ideia que somente

uma sociedade menos desigual e com pluralismo poliacutetico poderaacute produzir o

desenvolvimento com bases sustentaacuteveis (MMA 2004) Sachs (2004) enumera esta

dimensatildeo como a proacutepria finalidade do desenvolvimento em razatildeo das perspectivas de

colapso social que paira sobre muitos lugares problemaacuteticos do planeta A dimensatildeo social

precede a sustentabilidade ambiental Nessa perspectiva o empenho na conservaccedilatildeo dos

recursos naturais somente adquire significado e relevacircncia quando o produto gerado desse

esforccedilo venha a ser equitativamente apropriado e usufruiacutedo pelos diversos segmentos da

sociedade (COSTABEBER CAPORAL 2002 2003)

Esta dimensatildeo coloca o ser humano como agente do desenvolvimento sustentaacutevel

uma vez que tem o potencial de transformar o seu meio ambiente gerando riquezas e

exaurindo os recursos naturais e por outro lado sendo capaz de se auto-organizar e

participar dos processos de tomada de decisatildeo atuando junto a governos locais e regionais

bem como a outras instacircncias institucionais do setor puacuteblico para melhorar a sua vida

(SEPULVEDA 2005)

Trata-se de uma nova postura da sociedade frente aos desafios da equidade e da

solidariedade na produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das riquezas Sua orientaccedilatildeo deve ser a busca de

equidade na distribuiccedilatildeo de renda pela igualdade de acesso aos recursos naturais e aos

benefiacutecios sociais Levar-se em conta a dimensatildeo social significa almejar a melhoria da

qualidade de vida das pessoas partindo-se de uma nova conformaccedilatildeo dos atores sociais A

contribuiccedilatildeo dessa dimensatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel depende de que a

sociedade se organize socialmente conjugando esforccedilos na direccedilatildeo de uma melhoria de

vida para toda a populaccedilatildeo

A dimensatildeo ambiental surge do princiacutepio de que as populaccedilotildees ndash incluindo-se ai os

atores institucionais e agentes econocircmicos ndash para caminharem rumo ao desenvolvimento

sustentaacutevel ou seja para garantir sua proacutepria sobrevivecircncia a longo prazo no planeta

deveratildeo conhecer e manejar os recursos renovaacuteveis de modo a manter eou recuperar as

condiccedilotildees quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo bem como conservar eou recuperar a

biodiversidade as reservas naturais e os mananciais hiacutedricos assim como os demais

recursos naturais Esse conceito tambeacutem incorpora a adoccedilatildeo de estrateacutegias voltadas para a

reutilizaccedilatildeo de materiais e energia dentro dos sistemas assim como a eliminaccedilatildeo do uso de

resiacuteduos toacutexicos que afetam a sauacutede dos ambientes naturais e o bem-estar das populaccedilotildees

78

bem como aqueles cujos efeitos sobre o meio ambiente satildeo incertos ou desconhecidos A

dimensatildeo ambiental incorpora a ideia de que a conservaccedilatildeo dos recursos naturais eacute

condiccedilatildeo essencial para a continuidade dos processos de reproduccedilatildeo socioeconocircmica e

cultural da sociedade (COSTABEBER CAPORAL 2002)

Para explicar melhor essa dimensatildeo Sachs (2000) propotildee criteacuterios de

sustentabilidade ecoloacutegica e ambiental A sustentabilidade ecoloacutegica faz referecircncia agrave base

fiacutesica do processo de crescimento e tem como objetivo a preservaccedilatildeo do capital natural

incorporados agraves atividades produtivas No que diz respeito agrave sustentabilidade ambiental o

autor menciona que este criteacuterio se refere agrave manutenccedilatildeo da capacidade de autodepuraccedilatildeo

dos ecossistemas naturais o que implica na manutenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da capacidade de

absorccedilatildeo e recomposiccedilatildeo dos ecossistemas em face das agressotildees praticadas pela accedilatildeo do

homem (NOVAES 2000)

A importacircncia dessa dimensatildeo para o alcance do desenvolvimento sustentaacutevel reside

no fato de ser um conceito que busca se contrapor agravequela visatildeo tradicional ou modelo

tradicional de exploraccedilatildeo econocircmica que tem como base o curto-prazo e o uso ilimitado e

indiscriminado dos recursos naturais e que natildeo considera os efeitos desse crescimento

sobre a qualidade de vida das populaccedilotildees Desse modo eacute de fundamental importacircncia que

a sociedade incorpore nos seus valores a visatildeo de que os recursos naturais somente

estaratildeo disponiacuteveis para as geraccedilotildees atuais e futuras se utilizados de forma racional

Para Pires (1998) ela se daacute quando ocorre o uso dos recursos potenciais com um

miacutenimo de dano aos sistemas de sustentaccedilatildeo da vida estando ligada a manutenccedilatildeo de

estoques fiacutesicos de capital natural (CAVALCANTI 2004) Por outro lado a

insustentabilidade eacute caracterizada quando se daacute o aniquilamento ou depredaccedilatildeo do recurso

natural ou seja a velocidade de regeneraccedilatildeo do bem explorado eacute menor que a velocidade

da exploraccedilatildeo extrativa (HOMMA 1993) Mesmo a atividade extrativa sendo ecologicamente

sustentaacutevel pode ser economicamente inviaacutevel em vista de vaacuterios fatores tais como a

competiccedilatildeo de produtos naturais semelhantes (selvagens ou domesticados) ou sinteacuteticos

ou simples falta de mercado (DRUMMOND 1996)

De acordo com Anderson (1994) a ideia segundo a qual a exploraccedilatildeo de PFNMs eacute

inquestionavelmente sustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico natildeo encontra sustentaccedilatildeo uma

vez que a sustentabilidade ecoloacutegica da extraccedilatildeo de PFNMs eacute bastante variada e depende

do tipo de recurso explorado Salienta que em termos de sustentabilidade ecoloacutegica o que

deve ser levado em conta natildeo eacute o destino de plantas individuais e sim o povoamento

Menciona pesquisas realizadas que demonstram que sob manejo com a finalidade de

extraccedilatildeo de madeira podem ser mantidos ou ateacute mesmo aumentados os povoamentos

naturais das espeacutecies florestais exploradas Contudo estudos sugerem que a coleta

79

indiscriminada de sementes ou frutos pode comprometer a manutenccedilatildeo de povoamentos

silvestres Com esses comentaacuterios o autor quer mostrar a incerteza que permeia a

mensuraccedilatildeo da sustentabilidade ambiental

Essa questatildeo eacute abordada por Klink (2001) que entende que o manejo de sistemas

ecoloacutegicos envolve grandes incertezas Salienta que ldquomesmo entre os ecoacutelogos natildeo haacute

consenso de que a pesquisa ecoloacutegica seja o caminho mais promissor para determinar os

limites da sustentabilidade na exploraccedilatildeo de recursos naturais e ecossistemasrdquo (p 81)

A dimensatildeo econocircmica da sustentabilidade eacute alcanccedilada por meio da gestatildeo mais

eficiente dos recursos e por um fluxo regular do investimento puacuteblico e privado De acordo

com essa orientaccedilatildeo a eficiecircncia econocircmica deve ser avaliada por criteacuterios macrossociais e

natildeo apenas pela lucratividade das empresas (PIRES 1998) Apesar de ser uma dimensatildeo

que comporta uma caracteriacutestica proacutepria aquela que deve ser levada em conta ao se

considerar a viabilidade econocircmica de qualquer iniciativa que altere significativamente o

meio ambiente natildeo pode ocorrer isoladamente quando se trata de desenvolvimento

sustentaacutevel necessitando de uma interaccedilatildeo com criteacuterios de sustentabilidade social e

ambiental Nessa perspectiva somente as soluccedilotildees que considerem estes trecircs elementos

isto eacute que promovam o crescimento econocircmico com impactos positivos em termos sociais e

ambientais merecem a denominaccedilatildeo de desenvolvimento (SACHS 2004)

Esta sustentabilidade comporta a diversificaccedilatildeo de atividades produtivas e um

desenvolvimento econocircmico intersetorial equilibrado seguranccedila alimentar contiacutenua

modernizaccedilatildeo dos instrumentos de produccedilatildeo e acesso agrave ciecircncia e agrave tecnologia aleacutem de

uma inserccedilatildeo soberana das naccedilotildees na economia internacional (SACHS 2000)

Eacute uma dimensatildeo que nos traz o conceito de economia de permanecircncia mencionado

por Sachs (2000) segundo o qual o atendimento agraves necessidades humanas autolimitadas

por princiacutepios que evitam a ganacircncia estaacute estreitamente ligado agrave conservaccedilatildeo da

biodiversidade De acordo com o autor esta economia deveria ter como fundamento a

perenidade dos recursos ou seja o desenvolvimento de habilidades que levassem a

humanidade a transformar elementos do meio ambiente em recursos sem a destruiccedilatildeo da

natureza

A sustentabilidade poliacutetica refere-se ao reconhecimento do papel central das

autoridades locais comunidades e associaccedilotildees de cidadatildeos na participaccedilatildeo do

planejamento local das accedilotildees direcionadas para a regiatildeo onde vivem (SACHS 2000) Esta

dimensatildeo diz respeito agrave orientaccedilatildeo poliacutetica capacidade e esforccedilo despendido pela

sociedade organizada para as mudanccedilas necessaacuterias para uma efetiva implantaccedilatildeo do

desenvolvimento sustentaacutevel (SOARES et al 2006) Assim o que se busca nessa

sustentabilidade eacute compreender a capacidade que os sistemas de gestatildeo poliacutetica tecircm de

80

absorver estrategicamente as demandas socioambientais por meio de mecanismos

participativos e estrateacutegicos (MANTOVANELI JUNIOR SAMPAIO 2007)

A sustentabilidade da sauacutede tem um sentido especiacutefico no acircmbito das estrateacutegias de

sauacutede puacuteblica King (1990) defende uma abordagem ecoloacutegica voltada para a melhoria da

sauacutede de todo o planeta Esta ideia estaacute ligada ao conceito de armadilha demograacutefica

segundo a qual uma populaccedilatildeo estaacute presa quando se encontra em estado de

insustentabilidade com elevada taxa de natalidade e mortalidade pressatildeo crescente sobre

seus recursos e com um ambiente em raacutepida deterioraccedilatildeo Essa situaccedilatildeo fatalmente

conduziraacute essa populaccedilatildeo agrave morte por fome e doenccedilas O autor propugna que uma maneira

de inverter-se o atual quadro de degradaccedilatildeo ambiental do planeta seria a conservaccedilatildeo e a

reciclagem como forma de controle do consumo intenso de energia do Norte industrial e um

novo impulso no planejamento familiar para o Sul Entende que as medidas de sauacutede

puacuteblica precisam ser compreendidas no que diz respeito agraves suas implicaccedilotildees demograacuteficas

e ecoloacutegicas A sustentabilidade de acordo com esse entendimento deve ser a manutenccedilatildeo

da capacidade do ecossistema de apoiar a vida em quantidade e variedade

Para Matias e Nunes (2006) esta dimensatildeo eacute alcanccedilada por meio da incorporaccedilatildeo da

sauacutede em estrateacutegias e poliacuteticas de desenvolvimento sustentaacutevel e o seu reconhecimento

como um direito humano fundamental Nesse escopo Matias (2009) assim define sauacutede

[] uma propriedade emergente resultante da intersecccedilatildeo ou

interferecircncia de processos que satildeo sociais poliacuteticos ecoloacutegicos

tecnoloacutegicos que seja parte integrante de um sistema ecossocial e

uma garantia de qualidade de vida e bem-estar Estes processos

ocorrem necessariamente em escalas diferentes e operam no

sentido de manter a integridade do sistema modelando a sua

transformaccedilatildeo Para poder levar em conta esta proposta eacute necessaacuterio

partir de contextos especiacuteficos identificar os diversos modos de co-

construccedilatildeo de conhecimentos e de poliacuteticas de sauacutede e ambiente

que muitas vezes podem ser conflitantes e envolver diversos atores

(p 67)

Pelo exposto depreende-se que a sustentabilidade de um sistema agroextrativista

pode ser compreendida como a capacidade desse sistema de manter-se economicamente

produtivo ambientalmente equilibrado e capaz de proporcionar a justiccedila social ao longo do

tempo (CAPORAL COSTABEBER 2002)

81

42 INDICADORES DAS DIMENSOtildeES DA SUSTENTABILIDADE

De uma maneira geral um indicador pode ser definido como um paracircmetro ou um

valor derivado de paracircmetros que fornece informaccedilotildees sobre um fenocircmeno (OECD 1993)

Para a OECD o seu significado vai aleacutem das propriedades diretamente associadas com o

paracircmetro avaliado Na mesma linha de pensamento Newton et al (1998) assevera que um

indicador deve estar inserido em uma estrutura interpretativa bem definida e seu significado

estaacute aleacutem da medida que representa Acrescenta ainda que um conjunto de indicadores

pode ser definido como o miacutenimo que se monitorado corretamente fornece dados rigorosos

que descrevem as tendecircncias principais dentro e impactos sobre o ambiente humano

Segundo o entendimento de Hammond et al (1995) indicadores fornecem

informaccedilotildees a respeito do progresso na direccedilatildeo de metas sociais tais como o

desenvolvimento sustentaacutevel Possuem duas caracteriacutesticas principais quantificam

informaccedilotildees cujo significado estaacute prontamente visiacutevel e simplificam as informaccedilotildees sobre

um fenocircmeno complexo para melhorar a comunicaccedilatildeo

Para Bellen (2005) o objetivo dos indicadores ldquoeacute agregar e quantificar informaccedilotildees de

modo que sua significacircncia fique mais aparenterdquo (p 42) Afirma que os indicadores tecircm

como virtude simplificar as informaccedilotildees a respeito de fenocircmenos complexos de modo que

venham a facilitar o processo de comunicaccedilatildeo De uma forma mais direta devem ajudar a

medir o progresso a distacircncia dos objetivos traccedilados e as falhas nos programas ou na sua

implementaccedilatildeo (SPANGENBERG BONNOIT 1998)

De qualquer forma uma das caracteriacutesticas fundamentais do indicador eacute a sua

precisatildeo na identificaccedilatildeo do resultado que deve ser medido Desse modo o usuaacuterio ao

selecionar os indicadores com os quais iraacute trabalhar procuraraacute atender a um conjunto de

propriedades cuja funccedilatildeo eacute melhorar a qualidade do indicador atributividade uma vez que

mudanccedilas satildeo relativas aos processos deflagrados pelos atores em evidecircncia

sensibilidade pois deveraacute refletir as mudanccedilas que ocorrem no fenocircmeno objeto do estudo

viabilidade devendo o usuaacuterio observar a disponibilidade de fontes os custos para a sua

coleta e o esforccedilo da equipe para obtecirc-lo confiabilidade os indicadores deveratildeo demonstrar

a qualidade do levantamento dos dados inteligibilidade de modo que haja transparecircncia na

metodologia de sua construccedilatildeo e comunicabilidade deve por si soacute ser compreensiacutevel por

vaacuterios indiviacuteduos e grupos (VALARELLI 2005)

Jannuzzi (2005) discrimina outras propriedades que um bom indicador deve possuir

Embora faccedila referecircncia a indicadores sociais as propriedades que cita satildeo comuns a todos

os tipos de indicador relevacircncia pois devem ser relevantes e pertinentes para

acompanhamento de projetos e programas validade pois eacute desejaacutevel que as medidas que

seratildeo feitas sejam o mais proacuteximo possiacutevel do conceito abstrato que lhes deram origem

82

factibilidade operacional pois o indicador deve ser obtido a preccedilos moacutedicos para natildeo

inviabilizar o seu levantamento periodicidade na sua atualizaccedilatildeo uma vez que para o

acompanhamento e avaliaccedilatildeo de mudanccedilas sociais ambientais ou econocircmicas eacute

necessaacuterio que se disponha de indicadores regularmente levantados comparabilidade da

seacuterie histoacuterica com o objetivo de permitir a inferecircncia de tendecircncias e avaliar os efeitos de

eventuais programas implementados

421 Mensuraccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade

Desde que surgiu a noccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel haacute cerca de 30 anos no

bojo de reuniotildees internacionais que buscavam soluccedilotildees para a galopante deterioraccedilatildeo do

meio ambiente mundial e a partir do aparecimento do seu conceito poliacutetico no texto do

Relatoacuterio Brundtland muitas duacutevidas tecircm surgido a respeito da sua correta mensuraccedilatildeo

(HARDI ZDAN 1997) Praticamente todos os autores que trabalham com indicadores

partilham da opiniatildeo que por mais que sejam desenvolvidas medidas torna-se difiacutecil definir

os paracircmetros exatos para medir a sustentabilidade uma vez que esse conceito envolve no

miacutenimo a interaccedilatildeo de fatores econocircmicos sociais e ambientais (HAMMOND 1995) Para

Veiga (2009a) eacute impossiacutevel obter-se alguma forma de mensurar a sustentabilidade que

possa vir a ter ampla aceitaccedilatildeo Entende que essa dificuldade eacute compreensiacutevel uma vez

que na construccedilatildeo da sua noccedilatildeo se entrelaccedilam fatores biofiacutesicos psicoloacutegicos econocircmicos

e socioculturais (VEIGA 2009b)

De qualquer maneira as tentativas de mensurar-se o grau de sustentabilidade por

meio de indicadores foram inuacutemeras mas apesar de se apresentarem como ferramentas

simples ou mesmo sofisticadas continuam gerando polecircmicas entre os estudiosos pelo fato

da sua proposta natildeo alcanccedilar a abrangecircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

Para Siche et al (2007) tratando-se de iacutendice e indicadores ainda natildeo existe uma foacutermula

consensual para avaliar o que eacute sustentaacutevel e natildeo sustentaacutevel

Alcanccedilar o progresso na direccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel eacute uma escolha

social do indiviacuteduo das famiacutelias das comunidades de organizaccedilotildees da sociedade civil e

do governo Pelo fato de envolver uma escolha a mudanccedila somente eacute possiacutevel com a

ampla participaccedilatildeo da sociedade (HARDI ZDAN 1997) Para que a decisatildeo na direccedilatildeo

dessa mudanccedila ocorra satildeo necessaacuterias avaliaccedilotildees permanentes sobre a realidade social

econocircmica ambiental e institucional daquela comunidade ou regiatildeo ou mesmo do paiacutes Os

processos de avaliaccedilatildeo que buscam mensurar a sustentabilidade tecircm como funccedilatildeo a

geraccedilatildeo permanente de informaccedilotildees para subsidiar os tomadores de decisatildeo na direccedilatildeo de

accedilotildees que levem ao bem-estar das populaccedilotildees

83

Um nuacutemero consideraacutevel de abordagens para se avaliar o progresso na direccedilatildeo do

desenvolvimento sustentaacutevel tem sido desenvolvido e testado Hardi e Zdan (1997)

entendem que o desenvolvimento de estruturas conceituais (modelos) eacute um passo

importante no direcionamento do processo de avaliaccedilatildeo De modo que a partir da posse

dessa ldquoestrutura conceitualrdquo os indicadores surgiratildeo mais naturalmente podendo ser

ajustados conforme as dinacircmicas que ocorrem no local onde satildeo aplicados ou mesmo em

funccedilatildeo das necessidades dos tomadores de decisatildeo Alguns dos modelos mais comumente

utilizados satildeo (a) pressatildeo-estado-resposta e suas variaccedilotildees usado para avaliaccedilotildees

ambientais (b) bem-estar humano e ecossistecircmico (c) questotildees e temas baseados em

modelos e (d) modelos baseados em contas nacionais relacionadas em bases econocircmicas

e ambientais do desenvolvimento sustentaacutevel (PINTER et al 2005)

Uma das ferramentas de maior destaque para a mensuraccedilatildeo do progresso na direccedilatildeo

do desenvolvimento sustentaacutevel eacute o Painel da Sustentabilidade (Dashboard of

Sustainability) iacutendice agregado de um conjunto de indicadores que quando calculado

proporciona o valor de uma determinada avaliaccedilatildeo ou seja o iacutendice da performance poliacutetica

(PPI) Os indicadores estabelecidos no acircmbito das dimensotildees da sustentabilidade podem

ser mensurados em termos de sustentabilidade ou no niacutevel do processo decisoacuterio (BELLEN

2005)

Trata-se de um software que permite avaliar a performance econocircmica social

ambiental e institucional de um paiacutes na direccedilatildeo da sustentabilidade O modelo baacutesico eacute

apresentado na forma de um painel (mostrador) colorido com trecircs segmentos ndash social

econocircmico e ambiental assim como o The Policy Performance Index no centro ndash sendo

estas cores calculadas por meio da multiplicaccedilatildeo dos pontos de performance com os

coeficientes de valor

O performance poliacutetico (ou avaliaccedilatildeo poliacutetica) eacute mostrado por meio de um coacutedigo de

cores sendo o vermelho (criacutetico) o amarelo (meacutedio) e o verde (muito bom) O software

utiliza um sistema de pontos indo de 0 (pior caso ndash vermelho) ateacute 1000 pontos (melhor paiacutes

ou cidade ndash verde) Todos os valores satildeo calculados pela interpolaccedilatildeo linear entre esses

extremos (IISD 2010)

Outro indicador de sustentabilidade bastante utilizado eacute a pegada ecoloacutegica

(Ecological Footprint Method) ferramenta criada por Mathis Wackernagel e William Rees

(1996) com base no conceito ecoloacutegico de capacidade de carga emergia (emergy) e

Unidade de Mateacuteria-prima por Serviccedilo (MIPS) que converte o consumo de mateacuteria-prima e

a assimilaccedilatildeo de dejetos de um sistema econocircmico ou populaccedilatildeo humana em aacuterea de terra

feacutertil necessaacuteria para manter o estilo de vida dessa populaccedilatildeo ou sistema econocircmico Eacute

fundamentada nos princiacutepios da sustentabilidade equidade e overshoot este uacuteltimo

84

entendido como o ponto de consumo a partir do qual o crescimento material somente

poderaacute ser obtido agrave custa do exaurimento do capital natural e dos serviccedilos necessaacuterios agrave

manutenccedilatildeo da vida (SILVA SANTOS 2007)

A metodologia consiste nos seguintes passos de acordo com Bellen (2005) a) Apoacutes a

seleccedilatildeo de dados agregados calcular a sua meacutedia anual dividindo-se o consumo total pelo

tamanho da populaccedilatildeo b) em seguida determina-se a aacuterea apropriada per capita para a

produccedilatildeo de cada um dos principais itens de consumo Realiza-se este caacutelculo dividindo-se

o consumo anual per capita (kgcapita) pela produtividade meacutedia anual (kgha) c) calcula-se

a pegada ecoloacutegica meacutedia por pessoa por meio do somatoacuterio das aacutereas de ecossistema

apropriadas por cada item de consumo de bens ou serviccedilos e d) a aacuterea meacutedia apropriada

multiplicada pelo tamanho da populaccedilatildeo total fornece a aacuterea total apropriada

Reconhece-se a excelecircncia dessa metodologia de caacutelculo da sustentabilidade poreacutem

uma das criacuteticas mais fortes eacute que ao se centrar sobre os recursos renovaacuteveis fornece

informaccedilotildees limitadas sobre a maioria dos recursos natildeo renovaacuteveis e o impacto da sua

utilizaccedilatildeo sobre os ecossistemas (TSSP 2010)

O Barocircmetro da Sustentabilidade (Barometer of Sustentability) eacute uma ferramenta

empregada para avaliar e relatar o desenvolvimento na direccedilatildeo da sustentabilidade que

combina indicadores sociais e ambientais e fornece uma avaliaccedilatildeo do estado das pessoas e

do meio ambiente por meio de uma escala de iacutendices Foi desenvolvido por Robert Prescott-

Allen e outros pesquisadores ligados agrave World Conservation Union (IUCN) e ao International

Development Research Centre (IDRC) em 1996 Para calcular ou medir o progresso em

direccedilatildeo agrave sustentabilidade satildeo calculados os valores para os iacutendices da ecosfera e do bem-

estar social Este uacuteltimo iacutendice representa o niacutevel geral de bem-estar da sociedade se

constituindo em uma funccedilatildeo do bem-estar individual sauacutede educaccedilatildeo desemprego

pobreza rendimentos crime bem como negoacutecios e atividades humanas (LOUETTE 2009)

Podem ser citadas outras ferramentas para avaliar a sustentabilidade na direccedilatildeo do

progresso por meio de indicadores os Princiacutepios de Bellagio (Dez princiacutepios que abrangem

todas as etapas do processo de desenvolvimento de indicadores para mensuraccedilatildeo da

sustentabilidade) o Environmental Performance Index (EPI) proposto pelas Universidades

de Yale e Columbia usado para quantificar e classificar numericamente o desempenho

ambiental de um conjunto de companhias e paiacuteses o Environmental Vulnerability Index

(EVI) proposto pela Comissatildeo de Geociecircncia Aplicada do Paciacutefico Sul e Programa das

Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente cujos indicadores (iacutendices de vulnerabilidade

econocircmica e social) fornecem o grau em que o meio ambiente de um paiacutes estaacute sujeito a

danos e degradaccedilatildeo o Genuine Progress indicator (GPI) criado pela organizaccedilatildeo natildeo

governamental Redefining Progress em substituiccedilatildeo ao Produto Interno Bruto (PIB) e que

85

consiste em medir o crescimento econocircmico de um paiacutes vinculado ao aumento do bem-estar

de seus habitantes entre outros natildeo menos importantes (LOUETTE 2009)

Bellen (2005) comparou trecircs ferramentas para o estabelecimento de indicadores de

sustentabilidade ndash Pegada ecoloacutegica Barocircmetro da sustentabilidade e Painel da

sustentabilidade ndash adotando como categoria de anaacutelise o escopo (dimensotildees ecoloacutegica

econocircmica social e institucional) a esfera (relacionada com o tipo de unidade a qual a

ferramenta de avaliaccedilatildeo se aplica) dados (relativo aos dados empregados nas trecircs

metodologias) participaccedilatildeo (que diz respeito agrave orientaccedilatildeo das ferramentas em termos de

participaccedilatildeo dos atores sociais envolvidos numa experiecircncia de avaliaccedilatildeo) e interface (que

procura analisar as ferramentas selecionadas considerando a facilidade que seus usuaacuterios

tecircm de observar e interpretar os resultados obtidos num processo de avaliaccedilatildeo) O resultado

da sua anaacutelise demonstrou que as trecircs ferramentas estudadas em funccedilatildeo de suas

caracteriacutesticas proacuteprias possuem campos de aplicaccedilatildeo especiacuteficos e lidam com dimensotildees

distintas do desenvolvimento Conclui afirmando que os sistemas de indicadores se

apresentam como importante elemento legitimador na determinaccedilatildeo da agenda puacuteblica e

social para o desenvolvimento

Uma das dificuldades que se apresenta atualmente eacute medir e avaliar o grau de

sustentabilidade dos modelos de exploraccedilatildeo agroextrativista encontrados nas diferentes

regiotildees do paiacutes Dessa forma lanccedila-se matildeo dos indicadores uma vez que possuem a

capacidade de alertar sobre os problemas pelos quais as comunidades que exploram

recursos florestais estatildeo passando e se revelam importante instrumento para propor

soluccedilotildees centradas na busca da sustentabilidade e bem-estar dessas populaccedilotildees

Os indicadores utilizados na dimensatildeo ecoloacutegica tecircm como propoacutesito avaliar se a

exploraccedilatildeo do baru vem sendo realizada de modo a causar o menor impacto possiacutevel agrave

vegetaccedilatildeo nativa do Cerrado Na dimensatildeo social busca-se averiguar se estes agricultores-

coletores se organizam para a produccedilatildeo e para enfrentar o mercado Na dimensatildeo

econocircmica pretende-se conhecer alguns aspectos econocircmicos da atividade de exploraccedilatildeo

do baru Os indicadores da dimensatildeo poliacutetica poderatildeo nos mostrar se estes agricultores-

coletores estatildeo tendo acesso a informaccedilotildees e aos direitos que o Estado Democraacutetico lhes

proporciona e finalmente os indicadores da dimensatildeo da sauacutede poderatildeo fornecer

elementos sobre as medidas de sauacutede tomadas pelo poder puacuteblico de modo a atender a

esses atores proporcionando uma melhor qualidade de vida

Da mesma forma o uso de indicadores para mensurar as dimensotildees da

sustentabilidade das instituiccedilotildees (empresas cooperativas e associaccedilotildees) poderaacute nos

fornecer uma ideia do niacutevel de incorporaccedilatildeo desse conceito no acircmbito desse elo da cadeia

86

produtiva proporcionando elementos que subsidiem a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas mais

efetivas

Os criteacuterios e indicadores (CampI) utilizados para medir a sustentabilidade da cadeia

produtiva da castanha do baru no Cerrado Goiano foram quase que inteiramente baseados

no trabalho de Ritchie et al (2001) intitulado ldquoCriteacuterios e indicadores de sustentabilidade em

florestas manejadas por comunidades um guia introdutoacuteriordquo direcionado para comunidades

que manejam florestas Desse modo a ferramenta foi adaptada ao contexto local sendo

aplicada em trecircs comunidades de agricultores familiares que exploram a castanha do baru e

que estatildeo localizadas em dois municiacutepios Goianos

O trabalho do Cifor teve como objetivo principal melhorar o manejo florestal o bem-

estar humano e a sustentabilidade dos recursos naturais A expectativa dos pesquisadores eacute

que este instrumento venha a se tornar um valioso instrumento na busca do objetivo global

de manejo florestal sustentaacutevel aleacutem de fornecer subsiacutedios para ajudar a organizar o

conhecimento local e cientiacutefico de modo a avaliar as condiccedilotildees da floresta e do manejo

florestal

A construccedilatildeo do conjunto de indicadores propostos levou em consideraccedilatildeo as

diferentes perspectivas pela qual as pessoas veem sua floresta Essas pessoas a enxergam

como um espaccedilo onde encontram suas necessidades fiacutesicas (alimento lenha abrigo

remeacutedios e ferramentas) suas necessidades sociais (espaccedilo individual familiar e

comunitaacuterio) suas necessidades espirituais (siacutetios sagrados cemiteacuterios e lares espirituais)

e suas necessidades econocircmicas (produtos florestais natildeo madeireiros mateacuteria-prima e

emprego)

A metodologia proposta pelo Cifor usa a seguinte hierarquia

Princiacutepios rarr Criteacuterios rarr Indicadores rarr Verificadores

Figura 5 ndash Estrutura hieraacuterquica dos indicadores utilizados Fonte Adaptado de Ritchie et al (2001)

Esta hierarquia foi adotada no presente trabalho sendo que alguns indicadores e

verificadores foram adaptados em razatildeo da atividade extrativista desenvolvida no Cerrado

apresentar peculiaridades que a diferem da realidade encontrada na Amazocircnia Bioma para

o qual o Ritchie et al propuseram a metodologia

Os Princiacutepios satildeo afirmaccedilotildees de primeira ordem ou seja satildeo ldquoverdades

fundamentais que expressam a sabedoria humana sobre o manejo florestal Fazem

referecircncia a uma funccedilatildeo da floresta ou a um aspecto relevante do sistema social que

interage com ela Satildeo afirmativas gerais sob os quais os Criteacuterios Indicadores e

Verificadores se encaixam

87

Os Criteacuterios satildeo padrotildees pelos quais o progresso das comunidades para satisfazer os

Princiacutepios pode ser julgado Eles satildeo reflexotildees do conhecimento e adicionam significado ao

Princiacutepio e o tornam mais funcional Satildeo expressos como um estado ou condiccedilatildeo particular

na qual um aspecto da floresta ou regiatildeo deveria estar ou como um processo que precisa

existir Cada Grupo de Criteacuterios apoia um Princiacutepio

Os Indicadores satildeo componentes ou variaacuteveis da floresta ou do sistema de manejo

que indicam o estado ou condiccedilotildees requeridas por um criteacuterio Satildeo apresentados como

informaccedilatildeo ou seja como uma mensagem individual significativa sobre um componente

ou uma variaacutevel Neste caso apesar de indicarem circunstacircncias que contribuiriam para

satisfazer o criteacuterio os indicadores natildeo satildeo entendidos como um conjunto obrigatoacuterio de

regras ou prescriccedilotildees

Os verificadores satildeo informaccedilotildees necessaacuterias para avaliar um indicador Satildeo

expressos como as informaccedilotildees necessaacuterias a serem coletadas

Os indicadores utilizados no presente trabalho foram estabelecidos conforme as

dimensotildees da sustentabilidade ndash social poliacutetica da sauacutede econocircmica e ecoloacutegica (Anexo I)

Para cada dimensatildeo satildeo apresentados os Princiacutepios Grupos de criteacuterios e indicadores

Criteacuterios Indicadores e Verificadores bem como as perguntas feitas aos agricultores o

grupo de respostas preacute-definidas e a graduaccedilatildeo das respostas

Eacute importante salientar que a grande maioria dos criteacuterios e indicadores foram adotados

de Ritchie et al (2001) poreacutem alguns foram retirados da literatura sobre a exploraccedilatildeo de

recursos naturais por agricultores familiares

422 Criteacuterios e verificadores

A seguir seratildeo apresentados ndash em itaacutelico ndash os princiacutepios grupos de CampI criteacuterios

indicadores e verificadores pertencentes a cada dimensatildeo da sustentabilidade Conta-se

com uma breve explicaccedilatildeo sobre o seu significado e a justificativa da sua adoccedilatildeo A

dimensatildeo social eacute a primeira a ser apresentada Os Anexos 1 e 2 fornecem uma versatildeo

mais detalhada dos criteacuterios e indicadores utilizados no presente trabalho

Princiacutepio (P1) ndash O bem-estar da comunidade (Institucional) eacute garantido

Este criteacuterio e indicador foi desenvolvido para medir o bem-estar da comunidade A

preocupaccedilatildeo eacute com a capacidade que a comunidade tem em organizar e manejar as

muacuteltiplas funccedilotildees usos e benefiacutecios da floresta de modo que os indiviacuteduos famiacutelias e

outros grupos dividam equitativamente os benefiacutecios e que os recursos florestais continuem

a fornecer essas funccedilotildees usos e benefiacutecios no futuro Mostra a capacidade da comunidade

em se organizar bem como em desenvolver e cumprir as regras do manejo

88

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G1a) ndash Organizaccedilotildeesinstituiccedilotildees comunitaacuterias e

participaccedilatildeo

O manejo da oferta e demanda de recursos florestais ndash incluindo os direitos e

obrigaccedilotildees de distribuiccedilatildeo colaboraccedilatildeo e proteccedilatildeo florestal ndash deve ser organizado por meio

do manejo florestal sustentaacutevel Estas organizaccedilotildees satildeo estabelecidas com o objetivo de

ajudar a comunidade a enfocar o desenvolvimento a implementaccedilatildeo e o cumprimento de

regras por meio de incentivos da persuasatildeo ou da imposiccedilatildeo de puniccedilotildees A existecircncia de

uma organizaccedilatildeo comunitaacuteria forte e bem estruturada eacute vital para a sustentabilidade do

manejo florestal

Criteacuterio (C11) ndash A comunidade participa e monitora todos os processos de planejamento de

qualquer sistema de manejo a ser executado dentro da aacuterea florestal em que ela causa

impacto

A organizaccedilatildeo comunitaacuteria constitui-se em um fator fundamental para a consolidaccedilatildeo

de iniciativas de exploraccedilatildeo de recursos naturais por grupos humanos Para que a

comunidade alcance bons resultados de longo prazo na exploraccedilatildeo de recursos naturais eacute

de grande importacircncia a sua participaccedilatildeo em todas as fases de exploraccedilatildeo desse recurso

(AMARAL AMARAL NETO 2005) No entanto as comunidades que vivem nas florestas

tecircm sido excluiacutedas da formulaccedilatildeo de poliacuteticas relacionadas aos recursos dos quais

dependem (TUCKER 2005)

A participaccedilatildeo social por meio da qual a comunidade discute os seus problemas e

toma decisotildees sobre a melhor forma de explorar os recursos florestais das quais dependem

se constitui um elemento importante da sustentabilidade social importante degrau na

direccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel

A sustentabilidade social somente pode ser alcanccedilada pela sistemaacutetica participaccedilatildeo

social e pelo fortalecimento da sociedade civil Desse modo um importante aspecto da

sustentabilidade social eacute a coesatildeo das comunidades a sua identidade cultural a diversidade

social entre outros Considerados como ldquocapital moralrdquo esses aspectos somente seratildeo

mantidos e renovados pela partilha de valores e equidade de direitos e pela interaccedilatildeo

comunitaacuteria religiosa e cultural (GOODLAND 1995)

Para verificar se a comunidade possui formas de se organizar e para avaliar a sua

participaccedilatildeo social foram propostos dois indicadores com seus respectivos verificadores

sendo

Indicador (I111) ndash A comunidade possui formas de organizaccedilatildeo interna e entre outras

comunidades

Verificador (V111a) ndash Reconhecimento da existecircncia de organizaccedilotildees (de fato e

legalmente)

89

Verificador (V111b) ndash Relatos individuais ou coletivos da participaccedilatildeo de membros

da comunidade em associaccedilotildees sindicatos e organizaccedilotildees poliacuteticas

Indicador (I112) ndash Os atores locais reuacutenem-se com frequecircncia satisfatoacuteria e com

representaccedilatildeo da diversidade e qualidade das interaccedilotildees incluindo pareceres em projetos

comunitaacuterios

Verificador (V112a) ndash O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo fatores

determinantes para os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos

e investimentos feitos e mantidos na comunidade e assentamento

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G1b) ndash Administraccedilatildeo de conflitos

Uma comunidade deve contar com mecanismos para lidar com conflitos que surgem

no acircmbito dos relacionamentos internos e externos Esses mecanismos podem ser formais

ou informais Para que se tornem efetivos eacute necessaacuterio que haja consenso ou respeito por

eles Aleacutem disso a comunidade tambeacutem deve deter a capacidade de usar mecanismos

externos formais ou legais para resolver conflitos

Criteacuterio (C12) ndash Devem existir medidas e instituiccedilotildees para resoluccedilatildeo de conflitos

Tanto para Marx (1998) quanto para Durkheim (1984) o conflito eacute carregado de

positividade e surge a partir do choque de interesses entre classes sociais sendo entendido

como um dos motores da histoacuteria da humanidade Jaacute para Simmel (1983) os conflitos satildeo

formas de interaccedilatildeo social e por consequecircncia constituintes das relaccedilotildees sociais na

sociedade moderna Os conflitos encontram-se nas origens e na evoluccedilatildeo da sociedade

moderna com maior precisatildeo satildeo constituintes da sociedade moderna (NASCIMENTO

2001)

Libiszewski (1992) considera que o conflito sobre a posse de um recurso natural eacute um

conflito social ou econocircmico Nesse entendimento um conflito ambiental seria causado pela

escassez de um recurso causada pela perturbaccedilatildeo que o homem provoca na sua taxa de

regeneraccedilatildeo Little (2001) defende que os conflitos socioambientais satildeo disputas entre

grupos sociais derivadas dos distintos tipos de relaccedilatildeo que eles mantecircm com seu meio

natural

A falta de soluccedilatildeo para os conflitos internos que ocorrem na comunidade pode

demonstrar uma fragilidade na organizaccedilatildeo social com predominacircncia de uma visatildeo

individualista competitiva e excludente dos seus componentes Esta caracteriacutestica pode

comprometer as iniciativas comunitaacuterias em direccedilatildeo ao uso sustentaacutevel dos recursos

naturais uma vez que converge para uma desorganizaccedilatildeo na forma de exploraccedilatildeo dos bens

ambientais

90

Para avaliar a existecircncia de mecanismos para a resoluccedilatildeo de conflitos internos foi

proposto o seguinte indicador com o seu respectivo Verificador

Indicador (211) ndash Existem mecanismos informais para resoluccedilatildeo e negociaccedilatildeo dos conflitos

na comunidade disputas e queixas familiares relacionadas ao uso posse e propriedade de

recursos florestais

(V121a) ndash Os membros adultos da comunidade podem explicar como satildeo resolvidos

os conflitos relacionados ao uso da terra

Princiacutepio (P2) ndash O bem-estar das pessoas estaacute garantido

Diferentemente do Princiacutepio (P1) este criteacuterio e indicador foi desenvolvido para avaliar

o bem-estar das pessoas que sobrevivem da exploraccedilatildeo de recursos florestais Esse bem

estar estaacute integralmente ligado agrave sauacutede das florestas Quando as florestas satildeo degradadas

os serviccedilos ecossistecircmicos que manteacutem a biodiversidade e outros bens dos ecossistemas

(fibras madeiras forragens medicamentos) entram em colapso Por serem reconhecidos

como detentores das funccedilotildees de suporte agrave vida (purificaccedilatildeo do ar e aacutegua geraccedilatildeo e

renovaccedilatildeo dos solos estabilizaccedilatildeo parcial do clima entre outros) os serviccedilos

ecossistecircmicos quando satildeo afetados comprometem o bem-estar das populaccedilotildees (DAILY

1997)

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G2a) ndash Sauacutede e alimentaccedilatildeo

Esse grupo de criteacuterio e indicador expressa a ideia segundo a qual a interaccedilatildeo das

pessoas da comunidade com a floresta associado agraves boas condiccedilotildees de moradia satildeo

caracteriacutesticas que contribuem para a sua sauacutede e bem estar Estas caracteriacutesticas reunidas

podem fornecer indiacutecios do estado da sauacutede ambiental dessa regiatildeo A sauacutede ambiental

refere-se ao controle de todos os processos influecircncias e fatores fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos que exercem ou podem exercer direta ou indiretamente efeito significativo sobre

a sauacutede e bem-estar fiacutesico e mental do homem e sua sociedade (FIOCRUZ 2010)

Assim no estado de sustentabilidade da sauacutede os ecossistemas que datildeo suporte agrave

vida estatildeo em equiliacutebrio e fornecem todas as condiccedilotildees para o bem-estar e sauacutede das

populaccedilotildees humanas Nesse aspecto o bom estado de conservaccedilatildeo das florestas

proporciona benefiacutecios diretos para a sauacutede e o bem-estar fiacutesico das pessoas

Muitos desses criteacuterios e indicadores mencionam a importacircncia dos produtos florestais

na alimentaccedilatildeo

Criteacuterio (C21) ndash As atividades de manejo aplicadas aos recursos florestais tecircm contribuiacutedo

para o bem-estar bioloacutegico socioeconocircmico e cultural da populaccedilatildeo local

Pelo fato de inuacutemeras comunidades rurais em todo o mundo utilizarem produtos

provenientes de florestas como parte da sua subsistecircncia para a economia local ou mesmo

para seus rituais religiosos em suma como elementos para o seu bem-estar possuem uma

91

relaccedilatildeo com o meio ambiente carregada de significados Esses usos expressam os muacuteltiplos

valores da floresta para as comunidades locais

Eacute reconhecido que as comunidades locais podem conjugar a conservaccedilatildeo ambiental e

o uso sustentaacutevel das aacutereas onde vivem O manejo ambiental para a obtenccedilatildeo de recursos

alimentares por comunidades locais eacute um importante passo para o uso sustentaacutevel

(SCOONES et al 1992)

Particularmente quanto aos produtos florestais natildeo madeireiros ndash fibras frutos folhas

cascas raiacutezes entre outros ndash em funccedilatildeo dos danos ambientais provocados por outros tipos

de uso do solo como a pecuaacuteria e a agricultura de larga escala passaram a ser vistos como

uma promissora alternativa para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel da riqueza bioloacutegica das florestas

e para o desenvolvimento das comunidades rurais que vivem no seu entorno (FAO 1995)

Para avaliar a exploraccedilatildeo de produtos natildeo madeireiros pela comunidade foi proposto

o seguinte indicador com o seu respectivo verificador

Indicador (I211) ndash Os produtos coletados na floresta proporcionam alimentaccedilatildeo para a

famiacutelia

Verificador (V211a) ndash Consumo de alimentos pela famiacutelia com atenccedilatildeo especial aos

produtos florestais do Cerrado

Criteacuterio (C22) ndash A funccedilatildeo da floresta natural na sauacutede da comunidade estaacute sendo

conscientemente conservada

As relaccedilotildees entre as florestas e grupos humanos satildeo extremamente complexas e

datam do aparecimento do homem na face da Terra Uma das questotildees que mais ocupam

os cientistas nos dias de hoje vem a ser como as mudanccedilas nos ecossistemas afetam o

bem-estar e a sauacutede dos humanos partindo-se do pressuposto da existecircncia da relaccedilatildeo

muito estreita entre a sauacutede de ecossistemas e sauacutede humana

Vaacuterios estudos tecircm demonstrado que a degradaccedilatildeo ambiental de uma regiatildeo traz

danos agrave sauacutede das populaccedilotildees humanas residentes naquelas aacutereas Vasconcelos et al

(2001) demonstraram que modificaccedilotildees introduzidas pelo homem na Amazocircnia como o

desmatamento o uso do subsolo a construccedilatildeo de represas e de rodovias a colonizaccedilatildeo

humana e a urbanizaccedilatildeo estatildeo associadas agrave emergecircncia ou reemergecircncia de importantes

arboviacuterus inclusive alguns com atividade patogecircnica em seres humanos Silva (2001)

menciona a existecircncia de uma relaccedilatildeo entre as modificaccedilotildees nos ecossistemas do Estado

de Satildeo Paulo atraveacutes dos seacuteculos e a emergecircncia de doenccedilas infecciosas na populaccedilatildeo

92

Para avaliar o estado de sauacutede das populaccedilotildees que vivem nas regiotildees pesquisadas

optou-se por um indicador que possa demonstrar a sauacutede da aacutegua utilizada pelos

agricultores com o seu respectivo verificador

Indicador (I221) A vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas e nascentes satildeo protegidas

visando a boa qualidade da aacutegua

Verificador (V221a) ndash Evidecircncias de mudanccedilas na qualidade da aacutegua captada para o

consumo domeacutestico para as criaccedilotildees e cultivos na propriedade em decorrecircncia do

desmatamento e do uso do solo

Criteacuterio (C23) ndash As condiccedilotildees de moradia e saneamento baacutesico contribuem

significativamente para o bem-estar das pessoas

Existem evidecircncias cientiacuteficas abundantes que mostram a relaccedilatildeo direta entre sauacutede e

qualidadecondiccedilotildees de vida A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) e o Fundo das

Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (Unicef) realizaram em 1978 a I Conferecircncia Internacional

sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede Aleacutem de trazer um novo enfoque para o campo da

sauacutede recomendou a adoccedilatildeo de um conjunto de oito elementos essenciais para a

promoccedilatildeo da sauacutede entre os quais o abastecimento de aacutegua e saneamento baacutesico

apropriados para a populaccedilatildeo

O Estado brasileiro reconhece a importacircncia das condiccedilotildees de moradia e saneamento

baacutesico para a sauacutede No art 3ordm da Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 que dispotildee

sobre as condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede no paiacutes estatui que

a sauacutede tenha como fatores determinantes e condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a

moradia o saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda a educaccedilatildeo o

transporte o lazer e o acesso aos bens e serviccedilos essenciais

Para avaliar as condiccedilotildees da habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico das famiacutelias que

exploram o fruto do baru foi adotado o seguinte indicador

Indicador (I231) As famiacutelias se beneficiam com as boas condiccedilotildees de habitaccedilatildeo e

saneamento baacutesico

Criteacuterio (C24) ndash A sauacutede e o bem-estar da comunidade satildeo garantidos

O art 196 da Constituiccedilatildeo Federal estabelece ser a sauacutede um direito de todos os

brasileiros Este dispositivo determina que o Estado deve adotar poliacuteticas sociais e

econocircmicas que visem ao bem-estar da populaccedilatildeo e a reduccedilatildeo do risco de doenccedila Aleacutem

disso deve garantir serviccedilos puacuteblicos de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

Desse modo o Poder Puacuteblico tem o dever de promover accedilotildees que garantam o bem-

estar das populaccedilotildees que residem na zona rural principalmente por meio do aporte de

profissionais com capacidade de levar ateacute essas comunidades programas de atenccedilatildeo

primaacuteria agrave sauacutede entre outros cuidados

93

Para avaliar se o Poder Puacuteblico tem aportado elementos para cuidar da sauacutede dos

membros da comunidade foi proposto o seguinte indicador

Indicador (I241) As autoridades de sauacutede puacuteblica se preocupam com o estado de sauacutede

dos membros da comunidade

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G2b) ndash Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de

custos e benefiacutecios equidade)

Esse grupo de criteacuterios e indicadores diz respeito aos benefiacutecios econocircmicos que os

locais obtecircm da floresta seja no uso direto de produtos nas propriedades rurais (fibras

madeira cascas folhas resinas etc) seja na sua utilizaccedilatildeo pela induacutestria caseira por meio

da agregaccedilatildeo de valor agrave mateacuteria-prima como no caso do seu processamento em alimentos

e artesanato

Criteacuterio (C25) ndash Os benefiacutecios derivados das atividades de exploraccedilatildeo de produtos natildeo

madeireiros tecircm servido como um incentivo para perpetuar essas atividades de uma

maneira sustentaacutevel

Natildeo resta duacutevida de que os PFNMs satildeo um meio uacutetil de contribuir com a melhoria do

niacutevel de subsistecircncia de populaccedilotildees pobres que vivem da floresta No entanto existem

duacutevidas sobre a possibilidade da comercializaccedilatildeo fornecer oportunidades para uma boa

utilizaccedilatildeo das florestas (BELCHER SCHRECKENBERG 2007) Essa carecircncia de

informaccedilotildees redunda em escassas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para o apoio agrave exploraccedilatildeo de

natildeo madeireiros As prioridades satildeo voltadas para os produtos madeireiros uma vez que

possuem um mercado garantido No entanto autores como Ram Prasad e Swandip (1999)

afirmam que os ganhos com PFNMs poderiam ser significativamente maiores com a simples

agregaccedilatildeo de valor aos produtos beneficiados ao niacutevel das famiacutelias ou comunidades

Sugerem intervenccedilotildees simples tais como o controle de qualidade na extraccedilatildeo do produto a

criaccedilatildeo de cooperativas eou pequenas empresas familiares para beneficiar e comercializar

estes produtos

De qualquer forma um nuacutemero consideraacutevel de famiacutelias que residem nas zonas rurais

de todo o mundo satisfazem parte de suas necessidades baacutesicas e de renda a partir da

exploraccedilatildeo de PFNMs (ENDRESS et al 2006)

Para avaliar se a famiacutelia pratica alguma agregaccedilatildeo de valor no PFNM foi proposto o

seguinte indicador

Indicador (I251) ndash Existecircncia de esforccedilos contiacutenuos para diversificar e aumentar a

capacidade do processo de agregaccedilatildeo de valor com o objetivo de aumentar o valor

agregado bruto dos produtos natildeo madeireiros

Criteacuterio (C26) ndash Os produtos florestais contribuem significativamente para o bem-estar

socioeconocircmico das diferentes faixas etaacuterias e sexos da comunidade

94

De acordo com evidecircncias da paleoantropologia os primeiros humanos se

alimentavam diretamente de produtos que coletavam na floresta e da caccedila que partilhavam

(cerca de 1 milhatildeo de anos atraacutes) Tinham consciecircncia de si mesmo como parte integrante

do seu ambiente de vida e sabiam que somente sobreviveriam se respeitassem o universo

no qual viviam (LEAKEY LEWIN 1982) Esta relaccedilatildeo apesar de ter mudado drasticamente

com o surgimento da agricultura atualmente ainda faz parte da realidade de muitas

comunidades em todo o globo terrestre O Brasil nos dias de hoje ainda conta com

incontaacuteveis comunidades locais e populaccedilotildees indiacutegenas com estilo de vida tradicional que

sobrevivem de produtos provenientes diretamente das florestas ou que contam com tais

produtos para complementar a renda da famiacutelia Satildeo cerca de 233 grupos indiacutegenas (ISA

2010) aleacutem de populaccedilotildees tradicionais natildeo indiacutegenas babaccedilueiros caboclosribeirinhos

amazocircnicos caiccedilaras caipirassitiantes pantaneiros quilombolas sertanejos e varjeiros

(DIEGUES ARRUDA 2001) Nesse universo tambeacutem podem ser incluiacutedos os moradores

de assentamentos rurais

Trabalhos realizados no Estado do Paraacute demonstram que a chamada ldquoproduccedilatildeo

invisiacutevelrdquo ndash utilizaccedilatildeo direta de produtos agriacutecolas de produtos florestais e da fauna ndash

constitui importante estrateacutegia na sustentabilidade da agricultura familiar Esta ldquoproduccedilatildeo

invisiacutevelrdquo chega a contribuir com 028 salaacuterio miacutenimomecircs o que representa 1888 da

renda estimada dos agricultores (MENEZES et al 2001)

Avaliaccedilatildeo do desempenho econocircmico da produccedilatildeo familiar da Reserva Extrativista

Chico Mendes no Estado do Acre e que compara a qualidade de vida e a renda familiar

obtidas nas reservas extrativistas com a alternativa do salaacuterio miacutenimo legal e moradia na

periferia urbana constatou que apesar de rendimentos liacutequidos relativos baixos na reserva

seus moradores contam com um padratildeo de vida superior ao da maioria dos trabalhadores

assalariados urbanos da periferia de Rio Branco (CASTELO 2000)

Por outro lado estudos de avaliaccedilatildeo do mercado e de planos de negoacutecio para o buriti

fava-drsquoanta baru e pequi realizado na regiatildeo do Vale do Urucuia no Estado de Minas

Gerais sugere cautela em termos das perspectivas do comportamento da demanda por

esses produtos Segundo os autores para que estes produtos possam efetivamente

representar uma alternativa de renda sustentada para as populaccedilotildees que os exploram

recomenda-se que medidas efetivas de apoio ao extrativismo desses produtos sejam

implementadas (NOGUEIRA et al 2009)

No entanto eacute largamente reconhecido que os produtos florestais natildeo madeireiros vem

se mostrando de grande importacircncia para as famiacutelias que vivem no interior ou proacuteximas das

florestas (BYRON ARNOLD 1999) De qualquer forma exista ou natildeo viabilidade

econocircmica na exploraccedilatildeo dos produtos da floresta a realidade nos mostra que significativo

95

nuacutemero de famiacutelias que vivem na zona rural e ateacute mesmo nas zonas periurbanas das

cidades de paiacuteses tropicais utilizam esses produtos na sua alimentaccedilatildeo como remeacutedios ou

mesmo para comercializar complementando a renda familiar

Para avaliar a contribuiccedilatildeo dos produtos florestais natildeo madeireiros no bem-estar

socioeconocircmico dos grupos avaliados optou-se pelo seguinte indicador

Indicador (I261) ndash Importacircncia dos produtos florestais nos rendimentos domeacutesticos

monetaacuterios e natildeo monetaacuterios

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G2c) ndash Acordos sobre a posse na comunidade

Para Sachs (2000) a dimensatildeo social eacute a que mais deve se destacar no processo de

desenvolvimento sustentaacutevel uma vez que eacute a proacutepria finalidade do desenvolvimento Para o

autor um dos criteacuterios da dimensatildeo social eacute a capacidade que uma sociedade possui de

assegurar a igualdade de acesso aos recursos e serviccedilos sociais

Na exploraccedilatildeo das florestas nativas por comunidades rurais uma das formas de

assegurar a sustentabilidade da atividade eacute garantindo a posse desses recursos ao

indiviacuteduo (famiacutelia grupo)

Comunidades locais que dependem de produtos da floresta tecircm desenvolvido ajustes

no sentido de assegurar aos seus membros o acesso equitativo agrave floresta e ao uso posse e

propriedade dos recursos florestais Esses acordos geralmente satildeo feitos entre o indiviacuteduo

(eou famiacutelia ou grupo) e a comunidade quando a floresta eacute comunitaacuteria Costuma ser

aceitaacuteveis para a cultura local e para as necessidades do manejo dos recursos e

usualmente baseados em regras e normas previamente acordadas Esses acordos definem

em termos espacial e temporal a relaccedilatildeo entre um indiviacuteduo (famiacuteliagrupo) a comunidade

e a aacuterea do recurso O pressuposto eacute que as relaccedilotildees de posse bem definidas e aceitaacuteveis

satildeo vitais para que as pessoas sintam-se incentivadas a investir proteger e a garantir o

compromisso entre geraccedilotildees (RITCHIE et al 2001)

Criteacuterio (C27) ndash O acesso e o uso de terras comuns e recursos florestais satildeo garantidos a

todos os membros da comunidade independente de sexo cor religiatildeo ou classe social

Gibson e Becker (2000) defendem que o sucesso no manejo de recursos florestais

para ser alcanccedilado necessita de trecircs pressupostos os indiviacuteduos da comunidade local

devem valorizar o recurso natural para ter o incentivo de manejaacute-lo sustentavelmente os

direitos de propriedade devem ser transferidos para os indiviacuteduos que usam o recurso para

permitir que sejam beneficiados pelo manejo que fizeram e os indiviacuteduos em niacutevel local

devem ter a capacidade de criar micro-instituiccedilotildees para regular o uso destes recursos

Consideram que especialmente a falta de regras para a remoccedilatildeo de produtos florestais natildeo

madeireiros o corte de aacutervores a caccedila de animais ou a abertura de clareiras para a

agricultura podem levar agrave depleccedilatildeo da floresta

96

Essas regras ou acordos locais podem ser considerados como normas natildeo formais

que natildeo passaram pelas vias legais de aprovaccedilatildeo e sanccedilatildeo pelo poder puacuteblico Ocorrem em

situaccedilotildees em que a comunidade que explora a floresta institui criteacuterios e restriccedilotildees ao uso

de determinado produto florestal (CARVALHEIRO et al 2008)

Para que se possa conhecer sobre a existecircncia de ajustes na comunidade para

regular o acesso aos recursos florestais foi instituiacutedo o seguinte Indicador com o seu

verificador

Indicador (I271) ndash Existem normas para regular o acesso aos recursos florestais

Verificador (V271a) ndash Identificaccedilatildeo de normas internas comunitaacuterias sobre os direitos

de uso posse e propriedade sobre os recursos agroflorestais

Princiacutepio (P3) ndash O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao manejo sustentaacutevel da floresta

Este princiacutepio diz respeito ao apoio que a comunidade recebe de instituiccedilotildees externas

(oacutergatildeos do Estado e ONGs) para organizar suas redes sociais e de representaccedilatildeo em

espaccedilos comunitaacuterios ou em conselhos poliacuteticos e profissionais bem como para organizar o

manejo dos recursos florestais Esse ambiente externo favoraacutevel pode ser um mercado que

a comunidade encontra facilidade para comercializar os produtos florestais bem como a

disponibilidade de parceiros (organizaccedilotildees externas) para apoiar a organizaccedilatildeo social

dessas comunidades

Contempla a dimensatildeo poliacutetica da sustentabilidade Essa dimensatildeo diz respeito

diretamente aos meacutetodos e estrateacutegias participativas capazes de assegurar o resgate da

autoestima e o pleno exerciacutecio da cidadania (CAPORAL COSTABEBER 2002)

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G3a) ndash Estrutura poliacutetica

Esta questatildeo estaacute relacionada agraves estruturas poliacuteticas de apoio agrave participaccedilatildeo da

comunidade no planejamento de programas de desenvolvimento e de poliacuteticas puacuteblicas

Embora teorias convencionais aplicadas agrave exploraccedilatildeo de recursos florestais presumam que

os moradores dessas florestas natildeo sejam capazes de se organizar para evitar a

sobrexplotaccedilatildeo de espeacutecies pesquisas tecircm demonstrado os diversos modos que esses

usuaacuterios tecircm elaborado regras que regulam a exploraccedilatildeo e que garantem a sustentabilidade

da exploraccedilatildeo (OSTROM 1999) Aliado a essa capacidade deve ser garantido aos

membros dessas comunidades um espaccedilo de negociaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre si e entre eles

e aqueles atores externos que de alguma maneira afetam ou podem afetar a exploraccedilatildeo de

recursos naturais Essa articulaccedilatildeo aleacutem de auxiliar na orientaccedilatildeo sobre a exploraccedilatildeo

florestal como um todo cria condiccedilotildees para que a populaccedilatildeo local tenha uma participaccedilatildeo

de peso nas decisotildees que afetam o desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio onde

vivem (TONY 2004)

97

O apoio do poder puacuteblico do setor privado e da sociedade civil organizada eacute

fundamental para que esses grupos sociais alcancem uma participaccedilatildeo democraacutetica efetiva

nas decisotildees que afetam seu destino

Criteacuterio (C31) ndash Os recursos disponibilizados pelo Estado tecircm contribuiacutedo para o bem-estar

da comunidade

Para que a sustentabilidade poliacutetica possa ser alcanccedilada em acircmbito local eacute

fundamental que a sua busca seja realizada em um ambiente participativo solidaacuterio e

democraacutetico e que conte com o envolvimento de lideranccedilas comunitaacuterias entidades de

classe poder puacuteblico e organizaccedilotildees natildeo governamentais Ou seja esta sustentabilidade

poderaacute ser construiacuteda se contar com a participaccedilatildeo de sujeitos poliacuteticos atuantes em seu

ambiente soacutecio-econocircmico-cultural cujas decisotildees poliacuteticas possam ser tomadas mediante

o controle de recursos recebidos do poder puacuteblico (SILVA SHIMBO 2004)

No entanto para que os sujeitos locais possam se alccedilar em condiccedilotildees sociais

culturais econocircmicas e poliacuteticas necessaacuterias para buscar essa sustentabilidade eacute

fundamental que o Estado disponibilize os serviccedilos essenciais (educaccedilatildeo e sauacutede) e

infraestrutura (luz eleacutetrica estradas pontes comunicaccedilatildeo etc) para a comunidade para

que possa exercer plenamente a cidadania e alcanccedilar o bem-estar

Para que se possa avaliar o apoio que a comunidade recebe de instituiccedilotildees externas

foi proposto o seguinte indicador

Indicador (I311) As escolas postos de sauacutede e estradas colocadas pelo Estado agrave

disposiccedilatildeo da comunidade tem contribuiacutedo para o seu desenvolvimento

Grupos de Criteacuterios e Indicadores (G3b) ndash Relacionamento com terceiros

A questatildeo aqui desenvolvida diz respeito ao relacionamento entre os membros da

comunidade e outros atores uma vez que boa comunicaccedilatildeo com terceiros eacute crucial para a

sustentabilidade da exploraccedilatildeo de espeacutecies florestais Terceiros nesse caso pode ser

entendido como o poder puacuteblico sociedade civil organizada e proprietaacuterios de glebas

vizinhas agrave aacuterea explorada Um bom relacionamento com o poder puacuteblico e ONGs pode atrair

investimentos e a infraestrutura que a comunidade tanto necessita para tornar viaacutevel o seu

empreendimento florestal

Criteacuterio (C32) ndash Existem mecanismos efetivos na comunicaccedilatildeo bidirecional entre os atores

envolvidos no desenvolvimento da comunidade

Eacute consenso entre estudiosos do fenocircmeno da mobilizaccedilatildeo social que o

estabelecimento de mecanismos de participaccedilatildeo comunitaacuteria eacute fundamental para a

alavancagem do processo de desenvolvimento em escala local Nesse aspecto eacute de grande

importacircncia o esforccedilo institucional ndash diga-se do Estado e ONGs ndash para a consolidaccedilatildeo de

organizaccedilotildees que se dediquem permanentemente a conscientizar a comunidade sobre a

98

natureza dos problemas regionais buscando ao mesmo tempo envolvecirc-la na formulaccedilatildeo e

na implantaccedilatildeo de accedilotildees voltadas para a superaccedilatildeo desses problemas (BANDEIRA 1999)

O autor menciona cinco argumentos que destacam a importacircncia da participaccedilatildeo da

sociedade civil e da articulaccedilatildeo de atores sociais nas accedilotildees voltadas para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento seja em escala nacional seja regional ou local (a) a necessidade da

consulta aos segmentos da comunidade diretamente afetados quando da concepccedilatildeo

elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de programas e projetos especiacuteficos relacionados

com o desenvolvimento como meio para assegurar sua eficiecircncia e sustentabilidade (b) a

importacircncia da vitalidade de uma sociedade civil atuante na vida puacuteblica para a boa

governanccedila e para o desenvolvimento participativo (c) a vinculaccedilatildeo da participaccedilatildeo agrave

acumulaccedilatildeo de capital social (d) a existecircncia de conexotildees entre a operaccedilatildeo de mecanismos

participativos na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento da

competitividade sistecircmica de um paiacutes ou de uma regiatildeo e (e) o papel de destaque

desempenhado pela participaccedilatildeo no processo de formaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo das identidades

regionais que facilitam a construccedilatildeo de consensos baacutesicos entre os atores sociais que satildeo

essenciais para o desenvolvimento

Esse criteacuterio tambeacutem serve para medir o niacutevel de mobilizaccedilatildeo da comunidade na luta

pelos seus direitos A efetividade da prestaccedilatildeo de assistecircncia teacutecnica pelo Estado eacute um bom

indicador das conquistas da comunidade junto ao governo Estadual na direccedilatildeo da

sustentabilidade da exploraccedilatildeo florestal

Para que se possa avaliar esse engajamento da comunidade na definiccedilatildeo de accedilotildees

voltadas para o desenvolvimento local foram propostos os seguintes indicadores e seu

verificador

Indicador (I321) ndash O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo fatores determinantes para

os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e investimentos feitos e

mantidos na comunidade

Verificador (V321a) ndash A histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Indicador (I322) ndash As famiacutelias dispotildeem da orientaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica fornecida pelo

Estado para a exploraccedilatildeo de PFNMs

Criteacuterio (C33) ndash A organizaccedilatildeo social e a participaccedilatildeo em movimentos influenciam e

mesmo satildeo determinantes para a conquista de direitos

Esse criteacuterio faz parte do conjunto de criteacuterios adotados neste Princiacutepio para se avaliar

a efetiva participaccedilatildeo da comunidade em movimentos que lhe permitam reivindicar os seus

direitos Nesse aspecto eacute importante avaliar como a comunidade se enxerga nesta arena

99

O indicador utilizado eacute o seguinte

Indicador (I331) ndash A conquista de espaccedilo poliacutetico de reivindicaccedilatildeo no processo

democraacutetico eacute percebida no plano individual e coletivo

Grupo de criteacuterios e indicadores (G3c) ndash Economia

Esse grupo trata da existecircncia de mercados conhecidos para produtos florestais

coletados e beneficiados pelas comunidades aleacutem da ldquosauacutederdquo das parcerias firmadas pela

comunidade com instituiccedilotildees puacuteblicas ou privadas para viabilizar a produccedilatildeo sustentaacutevel e a

comercializaccedilatildeo

Criteacuterio (C34) ndash O mercado absorve os produtos florestais coletados eou processados pela

comunidade

Uma das questotildees mais cruciais no processo de utilizaccedilatildeo sustentaacutevel de produtos

florestais natildeo madeireiros eacute a sua comercializaccedilatildeo Apesar do mercado desses bens vir

crescendo nos uacuteltimos anos no Brasil e ampliando-se a variedade de produtos a disposiccedilatildeo

do consumidor um dos principais problemas que limita o seu crescimento e o seu

funcionamento regular eacute a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo (GONCcedilALO 2006) Segundo o autor o

grau de organizaccedilatildeo da oferta eacute diferente para cada produto e depende de vaacuterios fatores

relacionados com a forma de produccedilatildeo com o cultivo ou extraccedilatildeo do produto com a

integraccedilatildeo da produccedilatildeo agrave induacutestria processadora ou a empresas especializadas em

determinados nichos de mercado e com as caracteriacutesticas de industrializaccedilatildeo e

beneficiamento dos produtos Outros problemas que interferem na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

satildeo falta de creacutedito para agroextrativistas e suas organizaccedilotildees de base dificuldades na

padronizaccedilatildeo e qualidade seleccedilatildeo de embalagem atrativa (design) e adequada falta de

certificaccedilatildeo de determinados produtos dificuldades no atendimento dos aspectos

fitossanitaacuterios e legais concorrecircncia com produtos industrializados e falta de contatos com

os compradores sejam esses atacadistas ou o proacuteprio consumidor final

Os mecanismos comumente adotados pelas comunidades rurais de baixa renda para

comercializaccedilatildeo dos PFNMs vatildeo da simples venda direta do produto a comerciantes e

processadores locais ou atravessadores ateacute a organizaccedilatildeo em cooperativasassociaccedilotildees

que negociam com o mercado a venda dos produtos no atacado Na Amazocircnia algumas

comunidades vecircm firmando parcerias com empresas para venda da sua produccedilatildeo de natildeo

madeireiros Podemos citar o caso da parceria firmada entre a Cooperativa do

Desenvolvimento Agroextrativista do Meacutedio Juruaacute formada por moradores da Reserva

Extrativista do Alto Juruaacute no Estado do Amazonas e a Natura SA para a venda do oacuteleo de

sementes de oleaginosas nativas (andiroba murumuru) base de alguns produtos de beleza

da empresa (NATURA 2010)

100

Para melhorar os ganhos com seu produto e a sua relaccedilatildeo com o mercado os

extrativistas precisam primeiramente conhececirc-lo por meio da anaacutelise da cadeia produtiva

correspondente e estabelecer uma posiccedilatildeo competitiva aumentando a produccedilatildeo

melhorando a tecnologia de marketing e a qualidade e confiabilidade do seu produto Apesar

disso um crescimento a longo prazo iraacute depender de uma resposta positiva da demanda do

seu produto no mercado domeacutestico Isso requer a construccedilatildeo de redes de abastecimento

ligando produtores ao mercado e o incremento da eficiecircncia da produccedilatildeo (SCHERR et al

2003)

Os indicadores utilizados para avaliar o conhecimento da comunidade a respeito da

comercializaccedilatildeo do baru no mercado domeacutestico foram

Indicador (I341) ndash Existecircncia de mecanismos da comunidade para comercializaccedilatildeo de

produtos

(V341a) ndash Infraestrutura e transporte acessiacuteveis agraves comunidades (barcos caminhatildeo

estradas etc)

Indicador (I342) ndash Conhecimento de mercados para produtos florestais

Criteacuterio (C35) ndash A comunidade tem boas relaccedilotildees com os parceiros que apoacuteiam a atividade

de exploraccedilatildeo sustentaacutevel da floresta

O relacionamento da comunidade com outros atores eacute fundamental para a

sustentabilidade do manejo florestal Instituiccedilotildees parceiras a exemplo de institutos de

pesquisa ONGs e empresas podem dar suporte para que as comunidades possam

melhorar a sua organizaccedilatildeo social no sentido de reivindicar benefiacutecios tais como sauacutede

educaccedilatildeo e infraestrutura junto ao poder puacuteblico e mesmo apoiar accedilotildees que promovam a

produccedilatildeo beneficiamento e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros

Apesar do reconhecimento da importacircncia destas parcerias para as comunidades

estudos demonstram que um dos grandes problemas dessa relaccedilatildeo eacute a assimetria de poder

que ocorre quando um dos poacutelos exerce um poder superior sobre o outro Nem sempre o

poacutelo mais poderoso eacute a comunidade

Morsello (2004) ao avaliar as oportunidades e os problemas relativos agraves parcerias

comerciais para a comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros firmadas entre

empresas e comunidades extrativistas e indiacutegenas na Amazocircnia concluiu que podem tanto

trazer benefiacutecios quanto causar estragos para as comunidades as empresas o meio

ambiente e a sociedade como um todo Segundo a pesquisadora os problemas que surgem

dessas parcerias costumam ser maiores para as comunidades embora possam ocorrer

tambeacutem com os outros parceiros no acordo No entanto as evidecircncias mostram que as

parcerias podem alcanccedilar melhores resultados que a comercializaccedilatildeo realizada

separadamente pelas partes Entende que o poder puacuteblico e organizaccedilotildees da sociedade

101

civil podem desempenhar um importante papel no sucesso destas parcerias por meio de

sua promoccedilatildeo mediaccedilatildeo e controle

Para avaliar a relaccedilatildeo da comunidade com o ambiente externo foi adotado o seguinte

indicador

Indicador (C351) ndash A comunidade depende de subsiacutedios externos fornecidos por ONGs

organizaccedilotildees religiosas e ou pelo governo

Princiacutepio (P4) ndash A sauacutede da floresta estaacute garantida

Este Princiacutepio expressa a ideia de que o manejo realizado pela comunidade resulta

nas boas condiccedilotildees da paisagem Inclui a situaccedilatildeo da terra e dos cursos drsquoaacutegua a sauacutede da

ecologia da floresta a condiccedilatildeo e o manejo de aacutereas da paisagem usadas permanente ou

temporariamente para cultivos Tambeacutem inclui melhores praacuteticas para uma extensa

variedade de possiacuteveis intervenccedilotildees humanas na floresta incluindo a coleta de PFNMs

(plantas e animais) extraccedilatildeo de madeira rotaccedilatildeo de corte e queima agrossilvicultura e

silvicultura

Embora os autores tenham dividido as questotildees em dois conjuntos ndash ecologia e

manejo florestal ndash a experiecircncia mostrou que em muitos contextos de manejo comunitaacuterio e

tradicional natildeo haacute distinccedilatildeo entre floresta manejada e ecossistema natural A

comunidade maneja os recursos naturais como um todo (RITCHE et al 2001)

Grupos de criteacuterios e indicadores (G4a) ndash Intervenccedilotildees produtivas (PFNMs vegetais)

As comunidades que utilizam a floresta para sua sobrevivecircncia ou para coleta de

produtos para complementar a sua renda desenvolvem uma relaccedilatildeo muito proacutexima com

essa paisagem e acumulam informaccedilotildees importantes sobre o seu manejo Esse grupo diz

respeito agrave questatildeo do conhecimento das comunidades sobre as praacuteticas adotadas no

manejo dos PFNMs

Criteacuterio (C41) ndash A exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute baseada em praacuteticas

sustentaacuteveis

No Brasil sob o ponto de vista legal a exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees

sucessoras prevecirc dois regimes o regime de supressatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras

para uso alternativo do solo e o regime de manejo florestal sustentaacutevel Este uacuteltimo somente

poderaacute ser realizado mediante a preacutevia aprovaccedilatildeo do PMFS pelo oacutergatildeo competente do

SISNAMA Entende-se por PMFS o ldquodocumento teacutecnico baacutesico que conteacutem as diretrizes e

procedimentos para a administraccedilatildeo da floresta visando a obtenccedilatildeo de benefiacutecios

econocircmicos sociais e ambientaisrdquo (Art 2ordm Decreto nordm 59752006) Desse modo a extraccedilatildeo

de produtos florestais natildeo madeireiros de uma floresta com finalidade econocircmica somente

poderaacute ser feita mediante manejo sustentaacutevel

102

Nas uacuteltimas deacutecadas os PFNMs vecircm adquirindo importacircncia pelo fato de se

apresentarem como fonte alternativa de renda para comunidades rurais de baixa renda e

pelo seu potencial de incentivo econocircmico para frear a devastaccedilatildeo das florestas (FIEDLER

et al 2008) Para fins econocircmicos os PFNMs devem se submeter ao regime de manejo

sustentaacutevel Segundo Machado (2008) esse manejo eacute necessaacuterio para o controle e

diminuiccedilatildeo do impacto da sua extraccedilatildeo sobre a floresta e sobre a biodiversidade Divide o

manejo comunitaacuterio de PFNMs em trecircs fases distintas 1ordf Fase ndash Preacute-coleta que subdivide

em quatro etapas ndash a) participaccedilatildeo organizaccedilatildeo e fortalecimento do grupo de trabalho b)

levantamento do potencial local c) mapeamento dos indiviacuteduos produtivos e d)

licenciamento do manejo 2ordf Fase ndash Coleta e 3ordf Fase ndash Poacutes-coleta que compreende o

beneficiamento transporte armazenamento e monitoramento do manejo e seus impactos

Na fase de coleta satildeo aplicadas medidas mitigadoras de impacto que satildeo procedimentos

adotados para atenuar ou compensar os impactos provocados pela exploraccedilatildeo do produto

Entre as medidas mitigadoras estaacute a adoccedilatildeo de teacutecnicas e meacutetodos de extraccedilatildeo de baixo

impacto No Cerrado os cuidados dispensados pela comunidade para com a aacutervore do baru

incluem tratos silviculturais e formas de colheita do fruto de modo a natildeo danificar a sua

reproduccedilatildeo como a recomendaccedilatildeo de natildeo coletar-se o fruto ainda verde na aacutervore

devendo esperar a sua queda

Os indicadores utilizados para avaliar-se se as praacuteticas de exploraccedilatildeo do fruto do baru

satildeo sustentaacuteveis satildeo

Indicador (I411) ndash Adotam-se teacutecnicas de baixo impacto

Indicador (I412) ndash Haacute aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais

Indicador (I413) ndash As praacuteticas de exploraccedilatildeocolheita para cada espeacutecie satildeo compatiacuteveis

com seu respectivo potencial produtivo

Grupo de criteacuterios e indicadores (G4b) ndash Manejo das funccedilotildees do ecossistema (terra aacutegua e

fogo)

Nesse grupo reconhece-se que manejar a paisagem florestal envolve muito mais

coisas do que manejar aacutervores Aqui se aborda questotildees envolvendo o manejo da paisagem

florestal por meio de elementos como a aacutegua a terra e o fogo Admite-se que o manejo

eficaz desses recursos essenciais aumenta a sustentabilidade Desse modo o fogo pode

apresentar efeitos positivos e negativos para o manejo das florestas

Criteacuterio (C42) ndash O risco de incecircndios acidentais em aacutereas de pousio e floresta primaacuteria eacute

minimizado pelo uso de teacutecnicas apropriadas de manejo do fogo

O fogo no Cerrado mostra efeitos positivos e negativos para a flora Entre os efeitos

positivos podemos citar a sua accedilatildeo sobre a dispersatildeo de sementes (COUTINHO 1977)

Nas espeacutecies lenhosas costuma provocar a rebrota atraveacutes da copa dos rizomas do caule

103

da raiz e das estruturas subterracircneas (MEDEIROS 2002) Um dos efeitos negativos de

longo prazo do fogo no Cerrado eacute o baixo recrutamento de espeacutecies lenhosas que leva agrave

reduccedilatildeo na densidade de aacutervores ao aumento do entouceiramento e agrave diminuiccedilatildeo da

diversidade de espeacutecies (SAMBUICHE 1991)

Sob a oacutetica da exploraccedilatildeo sustentaacutevel da amecircndoa do baru o fogo apresenta efeitos

negativos pois aleacutem de afetar os indiviacuteduos jovens e os frutos maduros caiacutedos sob a aacutervore

afeta tambeacutem as flores e os frutos na eacutepoca da floraccedilatildeo e da frutificaccedilatildeo respectivamente

Para o combate de incecircndios florestais satildeo adotadas vaacuterias teacutecnicas Neste caso

podemos mencionar os aceiros externos e internos agrave propriedade Entre as formas de se

fazer esses aceiros podemos citar a sua realizaccedilatildeo com enxada que eacute a mais indicada

embora o custo com a matildeo de obra seja bastante elevado A sua realizaccedilatildeo com a lacircmina

do trator reduz as despesas mas fica limitado se a propriedade possuir relevo acidentado

Jaacute o aceiro realizado com fogo eacute uma teacutecnica muito controversa Medeiros e Fiedler (2004)

citam que as principais criacuteticas ao uso de aceiros com fogo (negros) se referem ao aumento

de mortalidade de aacutervores nas faixas aceiradas exposiccedilatildeo da fauna herbiacutevora nos limites

externos e aumento da invasatildeo por espeacutecies exoacuteticas de gramiacuteneas aleacutem de ser uma

atividade com risco de descontrole do fogo

O indicador utilizado para avaliar quais teacutecnicas a comunidade usa para evitar que o

fogo atinja as aacutervores de baru foi

Indicador (I421) ndash Nenhuma ocorrecircncia de incecircndios florestais acidentais

Grupos de criteacuterios e indicadores (G4c) ndash Diversidade da paisagem (fragmentaccedilatildeo e

mosaicos)

Esse grupo diz respeito agrave conservaccedilatildeo da estrutura da floresta na paisagem condiccedilatildeo

fundamental para a manutenccedilatildeo de um meio ambiente propiacutecio agrave biodiversidade e tambeacutem

para a conservaccedilatildeo das outras funccedilotildees ecossistecircmicas tais como a qualidade da aacutegua e a

fertilidade do solo

Esse grupo diz respeito ao risco da fragmentaccedilatildeo do ambiente em decorrecircncia da

conversatildeo de terras florestadas em outros usos da terra O criteacuterio utilizado trata da questatildeo

da integridade por meio da manutenccedilatildeo de um mosaico de diferentes habitats na paisagem

reconhecendo a necessidade da conversatildeo de terras para a agricultura levando-se em conta

a sua relaccedilatildeo com o mosaico total

Criteacuterio (C43) ndash A preservaccedilatildeo de um mosaico de habitats naturais manteacutem a

complementaridade natural da ocorrecircncia das espeacutecies

A interaccedilatildeo dos fatores fiacutesicos e quiacutemicos no espaccedilo ao longo do tempo criam

diferentes ambientes que podemos chamar de mosaicos O ambiente em que estaacute

estabelecida uma vegetaccedilatildeo eacute formado por um mosaico de condiccedilotildees fiacutesicas diferentes

104

Assim para cada espeacutecie o ambiente eacute um mosaico de habitats (RAMBALDI OLIVEIRA

2003)

Quando as florestas satildeo destruiacutedas e somente poucas manchas satildeo deixadas

intactas diz-se que ocorreu uma fragmentaccedilatildeo daquele habitat original Portanto a

fragmentaccedilatildeo eacute o processo no qual um habitat contiacutenuo eacute dividido em manchas ou fraccedilotildees

mais ou menos isoladas (SHAFER 1990) Eacute um processo que ocorre naturalmente mas

tem sido acelerado pela accedilatildeo humana em funccedilatildeo do uso do solo pela agricultura induacutestria

e tambeacutem pela expansatildeo das cidades Esse processo natildeo respeita os limites de ocorrecircncia

das espeacutecies e tem-se mostrado negativo tanto para espeacutecies animais quanto para vegetais

Ou seja o encolhimento da aacuterea favoraacutevel para uma determinada espeacutecie diminui a sua taxa

de sobrevivecircncia e de reproduccedilatildeo (RAMBALDI OLIVEIRA 2003) Para as autoras uma das

consequecircncias da alteraccedilatildeo dos ecossistemas eacute a perda dos serviccedilos ambientais no meacutedio

e longo prazo Para Scariot et al (2003) a fragmentaccedilatildeo aleacutem de provocar reduccedilatildeo na aacuterea

dos habitats originais pode provocar extinccedilotildees locais e alteraccedilotildees na composiccedilatildeo e

abundacircncia de espeacutecies que levam agrave alteraccedilatildeo ou mesmo agrave perda de processos naturais

das comunidades

Para avaliar-se a preservaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nas margens dos rios foi utilizado o

seguinte indicador

Indicador (I431) ndash As margens florestadas ao longo dos rios satildeo protegidas contra o

desmatamento para conservar suas funccedilotildees hidroloacutegicas e a biodiversidade O miacutenimo legal

de 30 metros de floresta mantidos ao longo dos rios e correntes drsquoaacutegua eacute obedecido

105

5 OBSTAacuteCULOS RELACIONADOS Agrave EXPLORACcedilAtildeO DO BARU

Os agricultores familiares e empresascooperativasassociaccedilotildees que operam com

produtos derivados de espeacutecies vegetais nativas do Cerrado enfrentam dificuldades para

viabilizar essa forma de produccedilatildeo Aleacutem de um marco regulatoacuterio bastante confuso e

incompleto sofrem com a falta de informaccedilotildees sobre o comportamento do mercado com a

falta de domiacutenio das etapas de processamento e beneficiamento do produto e ainda se

deparam com a inadequaccedilatildeo ou ateacute mesmo a inexistecircncia de infraestrutura baacutesica como

energia eleacutetrica aacutegua encanada e rede viaacuteria para o escoamento da produccedilatildeo Tambeacutem se

ressentem da ausecircncia de serviccedilos puacuteblicos que terminam por dificultar o seu acesso a

direitos baacutesicos como documentaccedilatildeo pessoal sauacutede e educaccedilatildeo entre outros Soma-se a

esses obstaacuteculos a dificuldade desses grupos em se organizar social e produtivamente

Vaacuterios autores (SAWYER 2009 ENRIQUEZ 2008 GONCcedilALO 2006 CIRAD 2001

MAY 2001 SAWYER REE PIRES 1997) abordam o problema dos obstaacuteculos que

incidem sobre as cadeias produtivas de PFNMs na tentativa de identificaacute-los e propor

soluccedilotildees que venham a minimizar os seus efeitos sobre as populaccedilotildees rurais que exploram

esses produtos

De concreto o que se tem eacute que a coleta processamento beneficiamento e

comercializaccedilatildeo de PFNMs de espeacutecies nativas do Cerrado satildeo condicionados a uma seacuterie

de fatores limitantes que na maioria das vezes desestimulam a produccedilatildeo Dentre os fatores

mais citados por estudos realizados e relacionados tanto ao agricultor familiar quanto agraves

empresas processadoras podemos enumerar (a) sazonalidade e variaccedilatildeo anual da

produccedilatildeo em razatildeo das caracteriacutesticas fisioloacutegicas das espeacutecies e do clima (b) escala de

produccedilatildeo insuficiente para abastecer o mercado na quantidade demandada (c) dificuldade

que os indiviacuteduos ou empresas que exploram PFNMs enfrentam de acesso ao creacutedito (d)

falta de padratildeo no tamanho do produto na cor no tipo de embalagem peso roacutetulo e

composiccedilatildeo (e) falta de divulgaccedilatildeo dos produtos do Cerrado ao consumidor (f) falta de

assistecircncia teacutecnica para fornecer suporte no processo produtivo e na comercializaccedilatildeo dos

produtos (g) dificuldades tanto dos agricultores familiares como das empresas para

atendimento agraves exigecircncias legais (ambientais sanitaacuterias fiscaistributaacuterias) (h) dificuldades

para distribuiccedilatildeo dos produtos (i) falta de capacidade empresarial por parte das

comunidades para gerir o empreendimento (j) dificuldade para gestatildeo de empreendimentos

coletivos

Uma importante anaacutelise das dificuldades encontradas pela pequena produccedilatildeo familiar

extrativista do Acre foi feita pelo Centre de Coopeacuteration Internationale de la Recherche

Agronomique pour le Deacuteveloppement no acircmbito do Projeto para o fortalecimento das

atividades extrativistas no Estado do Acre (CIRAD 2001) Foram descritos os principais

106

problemas de transaccedilatildeo da cadeia dos PFNMs no Estado em uma anaacutelise mais detalhada

elo por elo Um dos gargalos que merece destaque diz respeito agrave desvantagem dos

fornecedores de mateacuteria-prima na captaccedilatildeo de valor agregado frente aos comerciantes e

empresas que ficam com a maior parte dos lucros O fornecimento da mateacuteria-prima agraves

empresas foi outro seacuterio entrave identificado em razatildeo da flutuaccedilatildeo da qualidade e dos

preccedilos dos produtos aleacutem do seu fornecimento incerto No acircmbito institucional os

problemas mencionados foram a falta de integraccedilatildeo dos atores puacuteblicos e privados no

desenvolvimento dos PFNMs e a falta de transparecircncia dos requisitos do Ibama para a

regularizaccedilatildeo dos planos de manejo florestal Natildeo somente a falta de uma legislaccedilatildeo mais

clara sobre planos de manejo foi um gargalo importante mas tambeacutem a falta de

consistecircncia dos planos de manejo apresentados pelos responsaacuteveis pelas zonas de

extraccedilatildeo

Fazendo uma anaacutelise mais focada na identificaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos aspectos

relacionados ao marco regulatoacuterio incidente sobre as atividades extrativistas na Amazocircnia

suas causas e consequecircncias Sawyer (2009) concluiu que a revisatildeo da legislaccedilatildeo que

incide sobre o uso sustentaacutevel da biodiversidade no Brasil implicaria benefiacutecios econocircmicos

e sociais aleacutem de amplos benefiacutecios ambientais ao paiacutes Para ele a accedilatildeo poliacutetica baseada

no conhecimento deve ser promovida para que ocorram mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas

De acordo com May (2001) podem ser apontados como principais obstaacuteculos ao uso

de PFNM no Cerrado as reduzidas accedilotildees puacuteblicas orientadas para fomentar e viabilizar a

sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel e comercializaccedilatildeo e a quase inexistecircncia de normas para

regular a sua exploraccedilatildeo e o seu mercado Conclui que essa falta de informaccedilotildees leva a sua

exploraccedilatildeo clandestina e predatoacuteria

Aleacutem desses fatores limitantes agrave produccedilatildeo diretamente relacionados ao uso de

componentes da biodiversidade existem aqueles vinculados agrave proacutepria natureza das

empresas cooperativas e associaccedilotildees Tomando como exemplo as micro e pequenas

empresas podemos dizer que enfrentam vaacuterias dificuldades para se manterem ativas no

mercado No trabalho intitulado ldquoFatores condicionantes e taxas de sobrevivecircncia e

mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil 2003ndash2005rdquo o Sebrae (2007)

enumerou vaacuterias motivos que levam essas pessoas juriacutedicas a encerrarem as suas

atividades Entre as empresas extintas as causas que mais se destacaram em 2005 para

que fechassem as portas foram carga tributaacuteria elevada (para 43 dos empresaacuterios)

concorrecircncia muito forte e falta de clientes (para 25 e 27 respectivamente) falta de

capital de giro (para 37 dos empresaacuterios que responderam a pesquisa) e falta de matildeo de

obra qualificada (para 16 deles) Outros fatores tambeacutem contribuiacuteram para a mortalidade

dessas empresas como a falta de creacutedito bancaacuterio a inadimplecircncia a falta de

107

conhecimentos gerenciais e o desconhecimento do mercado Desta forma ao se considerar

os obstaacuteculos que as pessoas juriacutedicas enfrentam ao explorar produtos da vegetaccedilatildeo nativa

do Cerrado natildeo se pode deixar de considerar esses condicionantes

Shackleton et al (2007) escrevendo sobre mercados locais de PFNMs (pequenos

mercados localizados em vilas proacuteximos aos grandes centros urbanos na beira de estrada

em portos etc) apontam para a importacircncia desses centros de comeacutercio para as

populaccedilotildees menos favorecidas e alertam que a falta de atenccedilatildeo por parte dos tomadores de

decisatildeo pode levar a uma subvalorizaccedilatildeo do seu papel no sustento das populaccedilotildees locais e

poderia tambeacutem aumentar a marginalizaccedilatildeo dos grupos menos favorecidos que estatildeo

implicados na sua existecircncia Apontam algumas restriccedilotildees que sofrem (a) saturaccedilatildeo de

produtos e competiccedilatildeo interna acirrada (b) baixa liquidez dos produtos (c) altos custos do

transporte dos produtos da sua aacuterea de extraccedilatildeo ateacute o mercado onde satildeo comercializados

(d) perecibilidade dos produtos (e) falta de informaccedilotildees sobre o preccedilo e opccedilotildees de venda

(g) baixa organizaccedilatildeo entre produtores e comerciantes (h) problemas com estocagem entre

outros (Quadro 01) Terminam concluindo que uma combinaccedilatildeo de mercados locais fortes e

mercados de exportaccedilatildeo permitiriam a diversificaccedilatildeo e a livre escolha ajudando as

populaccedilotildees locais a minimizarem os riscos causados pela dependecircncia de um uacutenico tipo de

mercado

O relatoacuterio do Seminaacuterio de Intercacircmbio Tecnoloacutegico para Pequi Baru e Babaccedilu

(ISPN 2007) que serviu de base para a elaboraccedilatildeo dos questionaacuterios utilizados no presente

trabalho lista os problemas e potencialidades relacionadas a exploraccedilatildeo dessas espeacutecies

do Cerrado e faz recomendaccedilotildees que possam ser seguidas pelas organizaccedilotildees

comunitaacuterias organizaccedilotildees natildeo governamentais universidades e governo Este relatoacuterio

teve como ponto forte a participaccedilatildeo de representantes de vaacuterias comunidades localizadas e

de organizaccedilotildees sociais que estavam representadas no evento

Abaixo estatildeo relacionadas algumas publicaccedilotildees apontando os principais obstaacuteculos

enfrentados pelos agricultores familiares e empresascooperativasassociaccedilotildees que operam

a cadeia produtiva de PFNMs

108

Natureza dos obstaacuteculos

Obstaacuteculo Autor

Entraves para a entrada dos produtos comunitaacuterios nos mercados formais

- Escala de produccedilatildeo insuficiente para abastecimento do mercado de forma continuada e na quantidade desejada - falta de padratildeo na cor textura tamanho do produto tipo de embalagem peso roacutetulo composiccedilatildeo etc satildeo rotineiramentes comuns para produtos comunitaacuterios e prejudicam a inserccedilatildeo destes produtos no mercado - falta de capacidade empresarial por parte das comunidades para gerir o empreendiemento - dificuldades para atendimento agraves exigecircncias legais (sanitaacuterias fiscais etc) muitas vezes superexigentes e elaboradas para empreendimentos de grande escala o que atrapalha a legalizaccedilatildeo das iniciativas comunitaacuterias - falta de assistecircncia teacutecnica continuada eou profissionais especializados para assessorar o processo produtivo e a comercializaccedilatildeo dos produtos - dificuldades para distribuiccedilatildeo dos produtos por diversos motivos (falta de veiacuteculo estradas precaacuterias comunidades isoladas etc) - a apresentaccedilatildeo dos produtos nem sempre estaacute de acordo com as exigecircncias do mercado o que atrapalha sobremaneira sua colocaccedilatildeo - divulgaccedilatildeo insuficiente ou inexistente principalmente para produtos pouco conhecidos pelo puacuteblico geral - dificuldade de promover a agregaccedilatildeo socioambiental dos produtos - sazonalidade da produccedilatildeo impedindo que se tenha o produto o ano todo ou obrigando a formaccedilatildeo de estoques o que implica em necessidade de capital de giro para aquisiccedilatildeo do produto bruto e custos de estocagem geralmente altos - dificuldade ao acesso ou falta de tecnologias de produccedilatildeo apropriadas para escala comunitaacuteria - dificuldade de acesso agrave credito - exigecircncias de investimento (Capital de giro e infraestrutura) - dificuldade para gestatildeo de empreendimentos coletivos

CARRAZZA Luis Roberto 2005 Relatoacuterio Final ao Projeto Negoacutecios Sustentaacuteveis (Projeto BRA98005-PPG-7)

Principais problemas identificados na comercializaccedilatildeo de produtos agroextrativistas

- Falta de escala qualidade e regularidade Existem mercados mas faltam produtos Enquanto os compradores querem contecircineres mensais os camponeses dificilmente conseguem produzir para os supermercados locais - pontualidade do impacto social ou ambiental A produccedilatildeo domeacutestica para autoconsumo ou consumo na comunidade contribui para sua proacutepria seguranccedila alimentar e nutricional mas os impactos satildeo muito localizados - amadorismo na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo O beneficiamento dos produtos e a interaccedilatildeo com o mercado externo exigem profissionalizaccedilatildeo - falta de capacidade empresarial Os pequenos produtores e suas lideranccedilas natildeo costumam contar com tino comercial Ao mesmo tempo os movimentos sociais caracterizam-se por objetivos e procedimentos pouco compatiacuteveis com negociaccedilotildees aacutegeis exigidas pelo mercado - exigecircncias de investimento A formalizaccedilatildeo da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo exige investimentos em equipamentos e pessoal qualificado o que tambeacutem eleva os custos de produccedilatildeo - marco regulatoacuterio enviesado As normas sanitaacuterias ambientais tributaacuterias e de categorias profissionais favorecem a produccedilatildeo agropecuaacuteria e industrial e sua

ISPN 2005 Relatoacuterio do Seminaacuterio Gestatildeo Mercados e Poliacuteticas Puacuteblicas para Produtos Sustentaacuteveis da Biodiversidade Brasileira

109

comercializaccedilatildeo dificultando a familiar

Dificuldades para o processamento do baru por agricultores familiares cooperativas e associaccedilotildees

Coleta e Manejo

- Plano de manejo para as aacutereas de Reserva Legal Em algumas comunidades parte significativa das aacutervores encontra-se nas Reservas Legais e a exigecircncia de se elaborar planos de manejo se torna um potencial problema para a exploraccedilatildeo Em alguns assentamentos algumas reservas satildeo coletivas e o plano de manejo se torna preponderante para legalizar e legitimar sua exploraccedilatildeo visando evitar conflitos entre os assentados - falta de informaccedilatildeo sobre a legislaccedilatildeo - sazonalidade plurienalestrutura de armazenagem A safra do baru natildeo eacute anual e sim bienal ou trienal de modo que o produtor necessita de espaccedilo para estocar os frutos nos longos periacuteodos de entressafra - necessidade de guia de transporte (segundo o Coacutedigo Florestal) O problema maior eacute que a maioria dos estados ainda natildeo disponibiliza o serviccedilo para emissatildeo deste documento - transporte oneroso das aacutereas de coleta para o local de armazenagem devido agraves grandes distacircncias - falta de capital de giro - ausecircncia de informaccedilotildees sobre manejo de baru visando aumentar a produccedilatildeo e garantir a viabilidade da populaccedilatildeo - falta de consciecircncia dos catadores sobre as formas de coleta do baru Haacute conflito com relaccedilatildeo agrave porcentagem de frutos que deve ser colhida e deixada no peacute da aacutervore para promover a regeneraccedilatildeo natural - acesso agraves aacutervores de baru em propriedades particulares - falta de mapeamento das aacutereas de coleta o que permitiria maior eficiecircncia de coleta - dificuldade de comunicaccedilatildeo devido ao isolamento das comunidades

Processamento e Beneficiamento

- Falta de maquinaacuterio adequado (tecnologia especiacutefica) para os processos de despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas - falta de capacitaccedilatildeo em legislaccedilatildeo (sanitaacuteria tributaacuteria ambiental e trabalhista) e nos processos de armazenagem beneficiamento gestatildeo e comercializaccedilatildeo - dificuldade de atingir um padratildeo de qualidade principalmente com relaccedilatildeo ao processo de classificaccedilatildeo e torrefaccedilatildeo das castanhas - curto tempo de prateleira do baru torrado - carecircncia de informaccedilotildees de rotulagem - alto custo da embalagem a vaacutecuo - falta de alternativas de aproveitamento para os subprodutos ndash principalmente a casca e a polpa

Comercializaccedilatildeo

- Elevado custo do coacutedigo de barras - atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria eacute muito caro e trabalhoso - apresentaccedilatildeo precaacuteria dos produtos necessitando-se investimentos nos processos de torrefaccedilatildeo e na elaboraccedilatildeo das marcas e embalagens - falta de informaccedilotildees sobre o mercado demanda atual e potencial causando inseguranccedila quanto aos investimentos para profissionalizar os negoacutecios - falta de divulgaccedilatildeo ao consumidor sobre o baru - escassos espaccedilos para comercializaccedilatildeo - falta de capacidade de produzir em escala o

ISPN 2007 Relatoacuterio do Seminaacuterio de Intercacircmbio Tecnoloacutegico para Pequi Baru e Babaccedilu

110

desenvolvimento de processos mais eficientes e a construccedilatildeo de estruturas de armazenamento auxiliariam na regularidade de fornecimento - elevado custo do baru o preccedilo do baru ainda eacute elevado para massificar o consumo e para ser utilizado por restaurantes uma vez que conta com produtos substitutos mais baratos como amendoim e outras castanhas

Dificuldades encontradas por agricultores familiares do Cerrado para produccedilatildeo e extraccedilatildeo de produtos extrativistas

- O acesso restrito aos meios de reproduccedilatildeo social como terra aacutegua e biodiversidade - a sazonalidade e a baixa capacidade de produccedilatildeo e extraccedilatildeo individual para o atendimento da demanda o que dificulta a garantia e a continuidade de oferta do produto ao mercado - a escassez da matildeo de obra familiar agravada pela migraccedilatildeo dos jovens para os centros urbanos - a natildeo agregaccedilatildeo de valor aos produtos comercializados seja no beneficiamento ou na comercializaccedilatildeo direta - a falta de organizaccedilatildeo da atividade de produccedilatildeo e extraccedilatildeo - a dispersatildeo da produccedilatildeo aumentando os custos de transporte no caso de produtos extrativistas - a dependecircncia dos fatores climaacuteticos - as restriccedilotildees no acesso ao creacutedito - os padrotildees de qualidade da produccedilatildeo condicionados pelo mercado convencional - a utilizaccedilatildeo de mateacuterias-primas originadas de espeacutecies vegetais nativas sem que qualquer responsabilidade sobre a forma de obtenccedilatildeo das mesmas seja assumida por grande parte das empresas - dificuldade de participar dos espaccedilos de discussatildeo e formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

SILVA Alessandra Karla da EGITO Marcelo do 2005 Rede de Comercializaccedilatildeo Solidaacuteria de Agricultores Familiares e Extrativistas do Cerrado um novo protagonismo social

Problemas na exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de PFNMs

- Conflitos entre os proprietaacuterios das terras e os coletores de PFNMs que dificultam a entrada dessas famiacutelias na sua propriedade para coleta desses produtos - poucas accedilotildees puacuteblicas orientadas para fomentar e viabilizar a exploraccedilatildeo sustentaacutevel e a comercializaccedilatildeo de PFNMs - quase inexistecircncia de normas que regulam a exploraccedilatildeo e o mercado desses produtos - nuacutemero reduzido de informaccedilotildees teacutecnicas sobre a exploraccedilatildeo correta desses produtos

MAY Peter H 2001 Compilacion y analisisrsquo sobre los productos forestales non madereros (PFNM) en el Brasil relatoacuterio teacutecnico

Problemas que interferem na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo de PFNMs

- Deficiecircncia na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo - falta de creacutedito para os pequenos agricultores agroextrativistas e para as suas organizaccedilotildees de base - falta de capital de giro para evitar os empreacutestimos bancaacuterios onerosos - dificuldades na padronizaccedilatildeo e qualidade seleccedilatildeo de embalagem atrativa (design) e adequada

- falta de certificaccedilatildeo de determinados produtos - dificuldades no atendimento dos aspectos fitossanitaacuterios e legais - concorrecircncia com produtos industrializados - falta de contatos com os compradores sejam esses atacadistas ou o proacuteprio consumidor final

GONCcedilALO Joseacute Evaldo 2006 Gestatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros (pfnm) da biodiversidade no Brasil

Principais problemas de transaccedilatildeo da cadeia dos PFNMs do Acre (mais definido para a induacutestria de cosmeacuteticos)

Transaccedilatildeo na cadeia - Extrator PFNMAtravessador

- Falta informaccedilatildeo da origem - pouco poder de negociaccedilatildeo para os extratores - falta informaccedilatildeo dos preccedilos - falta controle da qualidade - falta de contratos formais - volumes muito irregulares

CIRAD 2001 Projeto para o fortalecimento das atividades extrativistas no Estado do Acre relatoacuterio final

111

- falta plano de manejo aprovado pelo IBAMA - os pagamentos satildeo irregulares Transaccedilatildeo na cadeia ndash AtravessadorProdutor de

produtos intermediaacuterios (half products) - Falta controle da qualidade - falta de contratos formais - falta controle da origem dos PFNM - pagamentos antecipados - certificados irregulares - falta profissionalismo - ldquodifiacutecil fechar negoacutecios certosrdquo - falta capital de risco Transaccedilatildeo na cadeia - Produtor de produtos intermediaacuterios (half products)Produtor de produtos finais - Uma demanda derivada em um mercado potencialhellip - poucos contratos para criar uma integraccedilatildeo - preccedilos sazonais - poucas informaccedilotildees teacutecnicas - vaacuterios provedores para baixar o risco de natildeo ter - natildeo tem consenso sobre a necessidade de certificaccedilatildeo Transaccedilatildeo na cadeia - Fabrica produtos

finaisDistribuiccedilatildeo ao consumidor Parece que natildeo tem problema ou natildeo eacute um objetivo do estudo Geral

- As pesquisas de campo mostraram atividades de interesse com os produtos em trecircs niacuteveis (a) uso tradicional na zona de extraccedilatildeo em forma de autoconsumo (b) uso comercial rudimentartradicional vinhos de buriti e accedilaiacute oacuteleos de andiroba e copaiacuteba comercializado principalmente na regiatildeo e (c) uso comercial profissional para uma demanda extra-zona No uacuteltimo niacutevel soacute foram registradas 3-4 experiecircncias cada uma delas com muitos problemas nas aacutereas de tecnologia mercado qualidade requisitos legais organizaccedilatildeo gestatildeo e econocircmicofinanceiro - as margens comerciais satildeo elevadas devido agraves seacuterias ineficiecircncias do proacuteprio mercado - os fornecedores de mateacuteria-prima natildeo estatildeo captando um valor agregado devido agraves atuais condiccedilotildees A grande maioria do valor e lucro eacute captada pelos comerciantes e pelas empresas de produtos intermediaacuterios (ou finais) em Manaus Beleacutem ou Satildeo Paulo - falta de valorizaccedilatildeo da conservaccedilatildeo da floresta como valor agregado dos sete produtos florestais estudados Haacute poucas informaccedilotildees (poliacuteticas tecnologia organizaccedilatildeo mercado creacutedito) ou natildeo estatildeo disponiacuteveis para as empresas privadas com interesse nos produtos - a respeito disso existe uma desarticulaccedilatildeo da necessidade de certificaccedilatildeo Haacute empresas (de produtos intermediaacuterios e finais) que estatildeo muito interessadas mas os fornecedores da mateacuteria-prima natildeo possuem nenhum interesse - falta de integraccedilatildeo entre os principais atores puacuteblicos e privados no desenvolvimento dos PFNMs - Falta integraccedilatildeo formal ou informal das empresas de produtos intermediaacuterios com os fornecedores das mateacuterias-primas Os custos de transaccedilatildeo satildeo altos entre a transaccedilatildeo de (especialmente entre extrator de PFNM e produtor de produtos intermediaacuterios (half products) - As empresas de produtos intermediaacuterios tecircm problemas com a mateacuteria-prima no que diz respeito a (i) flutuaccedilatildeo da qualidade (e legalidade) (ii) flutuaccedilatildeo dos preccedilos e (iii) volumes incertos no ano - Altos riscos enfrentado pela induacutestria implicando em margens altas uma vez que os mercados finais satildeo

112

mercados potenciais (natildeo satildeo maduros) e no niacutevel da procura da mateacuteria-prima os atravessadores e comerciantes locais natildeo assumem parte do risco por falta do capital de risco - Falta de legalidade na extraccedilatildeo dos PFNMs (por falta de consistecircncia de planos de manejo na zonas de extraccedilatildeo e tambeacutem por falta de transparecircncia dos requisitos do Ibama e falsificaccedilatildeo de documentos)

Gargalos das cadeias produtivas da biodiversidade

- A capacidade tecnoloacutegica eacute um gargalo determinante para valorizar a produccedilatildeo - a gestatildeo para a exportaccedilatildeo de produtos com maior valor agregado eacute um grande gargalo dos PFNMs na Amazocircnia Sem o apoio das agecircncias de fomento o produto estaacute exposto ao livre choque comercial da oferta e da demanda - as regulamentaccedilotildees impostas pela Anvisa satildeo um problema para as empresas - falta de equipamento adequado e falta de capacitaccedilatildeo para extraccedilatildeo do oacuteleo da andiroba

ENRIQUEZ Gonzalo 2008 Desafios da sustentabilidade da Amazocircnia biodiversidade cadeias produtivas e comunidades extrativistas integradas

Fatores favoraacuteveis e limitantes agrave comercializaccedilatildeo de espeacutecies vegetais nativas do Cerrado

- Acesso de coletores aos produtos do Cerrado impedido pelos grandes proprietaacuterios de terras - dificuldade de acesso ao creacutedito pelos coletores - dispersatildeo das plantas fornecedoras de produtos e alto custo do transporte - custos elevados do valor agregado - perecibilidade dos produtos nativos - baixa disponibilidade dos produtos do Cerrado para atender agraves exigecircncias de mercado - baixa experiecircncia da populaccedilatildeo rural na organizaccedilatildeo social - baixa capacidade de controle de qualidade - baixa capacidade de controle sanitaacuterio - falta de conhecimento por parte dos consumidores sobre os produtos do Cerrado - falta de domesticaccedilatildeo das espeacutecies vegetais nativas

SAWYER Donald REE Marco van der PIRES Mauro de O 1997 Comercializaccedilatildeo de espeacutecies vegetais nativas do Cerrado

Desvantagens de mercados locais em relaccedilatildeo a grandes mercados

- saturaccedilatildeo de produtos e competiccedilatildeo interna acirrada - baixa liquidez dos produtos - altos custos do transporte dos produtos da sua aacuterea de extraccedilatildeo ateacute o mercado onde satildeo comercializados - perecibilidade dos produtos - falta de informaccedilotildees sobre o preccedilo e opccedilotildees de venda - baixa organizaccedilatildeo entre produtores e comerciantes - problemas com estocagem dos produtos - fraca infraestrutura de comunicaccedilatildeo - problemas com suborno - falta de matildeo de obra especializada - dificuldade de acesso ao creacutedito - falta de apoio governamental particularmente municipal - baixa percepccedilatildeo de tomadores de decisatildeo sobre os mercados de PFNMs - limitada perspicaacutecia e periacutecia dos negociantes - alto potencial para substituiccedilatildeo de produtos locais tradicionais por substitutos comerciais - baixos investimentos em pesquisa sobre produtos locais - falta de consumidores - baixo poder de compra dos consumidores locais

SHACKLETON Sheona SHANLEY Patricia NDOYE Ousseynou 2007 Invisible but viable recognising local markets for nontimber forest products

Quadro 1 ndash Principais entraves encontrados na coleta processamento beneficiamento e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros Fonte Elaborado pelo autor a partir de autores citados

113

6 CADEIA PRODUTIVA DO BARU

No presente trabalho natildeo se pretende realizar uma anaacutelise sistecircmica da gestatildeo da

cadeia produtiva do baru identificando os noacutes ou pontos de estrangulamento e em seguida

apresentando as alternativas para incrementar a competitividade dos empreendimentos que

dela fazem parte O que se busca aleacutem da sua simples estruturaccedilatildeo eacute a identificaccedilatildeo e a

anaacutelise do papel dos atores que dela participam comeccedilando pela atividade de coleta e

avanccedilando ateacute a venda da amecircndoa ao consumidor Essa anaacutelise forneceraacute subsiacutedios

importantes para avaliar-se se a exploraccedilatildeo do fruto eacute uma alternativa sustentaacutevel de

geraccedilatildeo de renda para os atores que fazem parte da cadeia produtiva

61 CADEIA PRODUTIVA CONCEITO

As primeiras ideias a respeito de cadeia produtiva surgiram com os estudos de Davis e

Goldberg sobre o agribusiness a partir de 1957 (CASTRO 2005 DIAS et al 2008

ENRIQUEZ 2008) e Goldberg em 1968 (ZYLBERSZTAJN 2000) Paralelamente nos anos

1960 outro enfoque teoacuterico das relaccedilotildees agroindustriais foi desenvolvido na Franccedila fazendo

surgir o conceito de filiegravere aplicada ao estudo da organizaccedilatildeo agroindustrial Um grande

nuacutemero de estudos realizados com base nesses enfoques distintos fizeram surgir no Brasil

nos anos 1990 o conceito de coordenaccedilatildeo e gestatildeo de sistemas agroindustriais

(ZYLBERSZTAJN 2000)

De acordo com Castro (2005) o conceito de agribusiness foi introduzido no Brasil com

a denominaccedilatildeo de complexo agroindustrial negoacutecio agriacutecola ou agronegoacutecio e pelo fato de

ser muito amplo natildeo se mostrou adequado para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias setoriais A

partir dessa limitaccedilatildeo foi desenvolvido o conceito de cadeia produtiva destinado a criar

modelos de sistemas dedicados a produccedilatildeo que incorporassem os atores a jusante e a

montante na forma de subsistema do agronegoacutecio conforme demonstrado na Figura 6 O

termo cadeia produtiva tanto pode designar uma abordagem de anaacutelise quanto uma

estrutura organizacional

114

Figura 6 ndash Modelo geral de uma cadeia produtiva Fonte Adaptado de Castro et al (2002 p 7)

Esse modelo geral da cadeia produtiva acima representado mostra uma cadeia

agroindustrial Conforme Castro et al (2002) no modelo podem ser identificados alguns

elementos que satildeo caracteriacutesticos de sistemas como a interconexatildeo das organizaccedilotildees com

funccedilatildeo produtiva direta ou dedicadas a processo conexo agrave produccedilatildeo como a

comercializaccedilatildeo os fluxos de materiais (setas rosa) de capital (setas verde) ou de

informaccedilatildeo (setas cinza ponteadas) Os componentes que determinam a especificidade

desta cadeia produtiva satildeo a propriedade agriacutecola e a agroinduacutestria Nestas os produtos

que seratildeo comercializados e consumidos satildeo especificados como por exemplo milho em

gratildeos soja esmagada carne enlatada etc

O conceito de cadeia produtiva tem sido difundido com base na ideia de todas as

atividades de agregaccedilatildeo de valor que vatildeo desde a produccedilatildeo de insumos passando pela

produccedilatildeo rural pelas agroinduacutestrias pela distribuiccedilatildeo e chegando por fim ao consumidor

final (NEVES et al 1997) No entendimento de Begnis et al (2007) as cadeias produtivas

satildeo formadas basicamente de relaccedilotildees com determinado grau de comprometimento entre

seus componentes que assim pode ser definida

Cadeias produtivas satildeo formadas por relaccedilotildees teacutecnicas econocircmicas sociais e

poliacuteticas nas quais o grau de comprometimento entre seus componentes determina sua

estrutura e coordenaccedilatildeo Deste modo uma cadeia produtiva eacute o resultado de um conjunto

de relaccedilotildees de reciprocidade sustentadas sobre interesses comuns e complementares

(CASTRO 2005)

T

T3

T

5

Fornece- dores de Insumos

Proprie-dade

agriacutecola

Agro- induacutestria

Comeacutercio Atacadista

Consumidor Final

AMBIENTE ORGANIZACIONAL

AMBIENTE INSTITUCIONAL

T4

FLUXO DE MATERIAL

T Transaccedilotildees

FLUXO DE CAPITAL

FLUXO DE INFORMACcedilAtildeO

Sistema de produccedilatildeo

123n

Comeacutercio

Varejista T2

T1

115

Para Castro (2005) o conceito de cadeia produtiva foi desenvolvido como instrumento

de visatildeo sistecircmica Nesse aspecto a produccedilatildeo de bens eacute representada como um sistema

em que os atores se interconectam por fluxos de materiais de capital e de informaccedilatildeo com

o propoacutesito de suprir um mercado consumidor com os produtos do sistema

O enfoque de cadeia produtiva provou sua utilidade para organizar a anaacutelise e

aumentar a compreensatildeo dos complexos macroprocessos de produccedilatildeo e para se examinar

desempenho desses sistemas determinar gargalos ao desempenho oportunidades natildeo

exploradas processos produtivos gerenciais e tecnoloacutegicos (CASTRO 2005)

O enfoque de cadeia produtiva tambeacutem possui aplicaccedilatildeo na gestatildeo da

sustentabilidade ambiental Nesse aspecto satildeo analisados os processos produtivos dessa

cadeia (segmento agriacutecola e industrial) e das suas interfaces com o meio ambiente

estimando-se os possiacuteveis impactos sobre a sustentabilidade ambiental (CASTRO 2005)

A anaacutelise das cadeias produtivas pode ser feita por meio das abordagens de filieacutere e

de Commodity System Approach (CSA) Estas anaacutelises buscam basicamente identificar os

noacutes e estrangulamentos ao longo da sequecircncia de etapas de produccedilatildeo e propor accedilotildees para

aumentar a competitividade das empresas que dela participam ou seja analisar problemas

e propor alternativas que venham a incrementar a competitividade de sistemas

agroindustriais especiacuteficos

611 Anaacutelise de filiegravere

A filiegravere como ferramenta de anaacutelise teve origem nos anos 1960 no acircmbito da escola

industrial francesa (ENRIacuteQUEZ 2008) e pode ser traduzida como ldquocadeia produtivardquo e no

caso do setor industrial como cadeia de produccedilatildeo agroindustrial (BATALHA 1995) ou

simplesmente cadeia (ZYLBERSZTAJN 2000)

Morvan (1985 apud ZYLBERSZTAJN 2000) assim define filiegravere

Cadeia (filiegravere) eacute uma sequecircncia de operaccedilotildees que conduzem agrave produccedilatildeo

de bens Sua articulaccedilatildeo eacute amplamente influenciada pela fronteira de

possibilidades ditadas pela tecnologia e eacute definida pelas estrateacutegias dos

agentes que buscam a maximizaccedilatildeo dos seus lucros As relaccedilotildees entre os

agentes satildeo de interdependecircncia ou complementaridade e satildeo

determinadas por forccedilas hieraacuterquicas Em diferentes niacuteveis de anaacutelise a

cadeia eacute um sistema mais ou menos capaz de assegurar sua proacutepria

transformaccedilatildeo

Assim a filiegravere de produto pode ser utilizada para descrever um conjunto de

operaccedilotildees encadeadas logicamente a partir do tratamento da mateacuteria-prima passando pelo

116

processamento do produto ateacute a obtenccedilatildeo do produto final (MORVAN 1991 apud

RATHMANN et al 2006)

Embora Rathmann et al (2006) considere a sua definiccedilatildeo difiacutecil argumenta que eacute

possiacutevel alcanccedilar-se uma aproximaccedilatildeo pela referecircncia a trecircs elementos constitutivos

determinantes

ndash Uma sucessatildeo de operaccedilotildees de transformaccedilatildeo diz respeito a um espaccedilo de

tecnologias dissociaacuteveis suscetiacutevel de modificaccedilotildees em funccedilatildeo do estado dos

conhecimentos cientiacuteficos dominantes e as modalidades e organizaccedilatildeo do trabalho

ndash Eacute um conjunto de relaccedilotildees comerciais e financeiras estes fluxos de trocas

montante-jusante constituem um espaccedilo de relaccedilotildees orientadas por teacutecnicas ou mercados

cujas restriccedilotildees condicionam mais ou menos as trocas e

ndash Um conjunto de accedilotildees econocircmicas que buscam a valorizaccedilatildeo dos meios de

produccedilatildeo e que participam na definiccedilatildeo de um espaccedilo de estrateacutegia

Defende que com base nos elementos apresentados uma filiegravere adquire o aspecto de

um subsistema dentro de um sistema produtivo global com suas regras e loacutegica proacuteprias

Batalha (1995) divide a cadeia de produccedilatildeo agroindustrial (CPA) de jusante a

montante em trecircs macro-segmentos embora afirme que os limites dessa divisatildeo nem

sempre podem ser bem identificados uma vez que variam bastante conforme o tipo de

produto e o objeto da anaacutelise a ser realizada Satildeo eles

ndash Comercializaccedilatildeo Satildeo as empresas que estatildeo em contato com o consumidor final e

que viabilizam o consumo e o comeacutercio dos produtos finais (supermercados restaurantes

etc) Aqui estatildeo incluiacutedas tambeacutem as empresas de distribuiccedilatildeo

ndash Industrializaccedilatildeo Representa as empresas que transformam a mateacuteria-prima nos

produtos destinados ao consumidor Pode ser tanto uma unidade familiar quanto outra

agroinduacutestria

ndash Produccedilatildeo de mateacuterias-primas Estatildeo incluiacutedas nesse macro-segmento as empresas

fornecedoras de mateacuterias-primas iniciais para que outras empresas realizem a

transformaccedilatildeo em produto final (agricultura pecuaacuteria extrativismo etc)

Entende que a representaccedilatildeo da cadeia de produccedilatildeo agroindustrial deve ser feita

seguindo o encadeamento das operaccedilotildees teacutecnicas necessaacuterias agrave elaboraccedilatildeo do produto

final Dessa forma a estrutura da CPA seria constituiacuteda pela sequecircncia de operaccedilotildees

tecnoloacutegicas de produccedilatildeo distintas e dissociaacuteveis associadas agrave obtenccedilatildeo de um bem ou

de um conjunto de bens

Com base no exposto Saito et al (1999) argumentam que essa definiccedilatildeo de CPA

amplamente utilizada no Brasil pode ser identificada com o conceito de filieacutere

117

612 O enfoque do sistema de commodities (commodities system approach)

As primeiras ideias a respeito de cadeias produtivas tiveram iniacutecio com os estudos de

Davis e Goldberg sobre o agribusiness (ou agronegoacutecio em portuguecircs) a partir de 1957

Essa ideia evoluiu e em 1968 Goldberg apresentou a base teoacuterica da Commodities

System Approach (CSA) Significa que os estudos desenvolvidos sob essa oacutetica focalizam a

sequecircncia de transformaccedilotildees por que passam os produtos Goldberg (1968 apud BATALHA

1995) assim define CSA

Um sistema de commodities que engloba todos os atores envolvidos com a

produccedilatildeo processamento e distribuiccedilatildeo de um produto Tal sistema inclui o

mercado de insumos agriacutecolas a produccedilatildeo operaccedilotildees de estocagem

processamento atacado e varejo demarcando um fluxo que vai do insumo

ateacute o consumidor final O conceito engloba todas as instituiccedilotildees que afetam

a coordenaccedilatildeo dos estaacutegios sucessivos dos fluxos de produtos tais como

as instituiccedilotildees governamentais mercados futuros e associaccedilotildees de

comeacutercio

De acordo com Batalha (1995) a base teoacuterica de CSA desenvolvida por Godberg a

partir de 1968 natildeo tem mais fundamento na Teoria Econocircmica Neoclaacutessica mais

especificamente no conceito de matriz insumo-produto de Leontief e sim nos conceitos

oriundos da Economia Industrial os quais enfocam o paradigma estrutura-conduta-

desempenho da organizaccedilatildeo industrial que passa a fornecer os principais criteacuterios de

anaacutelise e de prediccedilatildeo Nesse entendimento cada sistema produtivo eacute analisado nos termos

da sua lucratividade estabilidade dos preccedilos e estrateacutegias das corporaccedilotildees e

adaptabilidade (ZYLBERSZTAJN 2000)

Conveacutem ressaltar que esse conceito de matriz insumo-produto aleacutem de fornecer

informaccedilotildees sobre setores da economia eacute capaz de descrever o sistema econocircmico em

termos de circulaccedilatildeo em que todas as vendas satildeo igualmente compras e todos os

produtos insumos agrave medida que vatildeo sendo utilizados por outra cadeia produtiva do sistema

(MONTOYA FINAMORE 2005) De acordo com os autores esse referencial teoacuterico e

empiacuterico vem sendo utilizado no Brasil por vaacuterios autores cujo objetivo eacute colocar em

evidecircncia o agronegoacutecio para o processo de desenvolvimento econocircmico do paiacutes uma vez

que proporciona ligaccedilotildees intersetoriais fortes que apresenta sobre o resto da economia

Quanto ao aspecto da anaacutelise da CSA Zylbersztajn (2000) adianta que embora natildeo

seja caracterizada como uma anaacutelise institucional os trabalhos baseados nesta abordagem

natildeo ignoram esse aspecto e que estudos realizados no Brasil apontam para a importacircncia

do ambiente institucional de forma a tornar expliacutecito o papel das instituiccedilotildees e acoplando

uma nova vertente analiacutetica aos trabalhos originalmente desenvolvidos

118

Os dois enfoques ndash que vem sendo utilizados no Brasil apresentam suas

semelhanccedilas e diferenccedilas Zylbersztajn (2000) assegura que a despeito das diferenccedilas

existentes entre as duas abordagens o que eacute importante satildeo os elementos comuns que

podem ser utilizados para os estudos dos agronegoacutecios Entende que tanto o enfoque de

filiegravere quanto o de CSA tratam de estrateacutegia embora a literatura de cadeias seja mais

voltada para as accedilotildees governamentais e no enfoque de Goldberg predominantemente mas

natildeo exclusivamente focalizado nas estrateacutegias das corporaccedilotildees Aponta alguns pontos de

tangecircncia entre os dois conceitos

(a) Consideram o agribusiness sob a oacutetica sistecircmica avaliando as relaccedilotildees entre

atores por meio de diferentes setores da economia repensando a distinccedilatildeo tradicional entre

setor agriacutecola industrial e de serviccedilos

(b) Nos dois enfoques as instituiccedilotildees natildeo satildeo vistas como um elemento neutro com

respeito agrave alocaccedilatildeo dos recursos na economia e sim como um componente importante que

fornece apoio para as atividades produtivas

Batalha (1995) aponta como uma diferenccedila fundamental entre as duas abordagens o

fato da anaacutelise das operaccedilotildees da filiegravere ser realizada sempre de jusante a montante -

inversamente ao fluxo de anaacutelise da CSA Significa que o consumidor final eacute o principal

indutor de mudanccedilas efetuadas no sistema sem no entanto excluir as unidades produtivas

que tambeacutem satildeo responsaacuteveis pela introduccedilatildeo de transformaccedilotildees tecnoloacutegicas

613 Os agentes da cadeia produtiva

Zylbersztajn (2000) ao estudar os sistemas agroindustriais usa o termo ldquosistemas

agroalimentaresrdquo (SAGs) ndash que define como um conjunto de relaccedilotildees contratuais entre

empresas e agentes especializados cujo objetivo final eacute disputar o consumidor de

determinado produto ndash para ressaltar a importacircncia do ambiente institucional e das

organizaccedilotildees de suporte ao funcionamento da cadeia Define como elementos fundamentais

desse sistema os agentes as relaccedilotildees entre eles os setores as organizaccedilotildees de apoio e o

ambiente institucional

Satildeo agentes

minus O consumidor Aqui entendido como o ponto focal para onde converge todo o fluxo

dos produtos do SAG O consumidor adquire os produtos para as suas necessidades

alimentares que variam de acordo com a sua renda faixa etaacuterias preferecircncia entre outros

aspectos

minus O varejo Satildeo os distribuidores de alimentos caracterizados pelos supermercados

padarias accedilougue e outras empresas especializadas que fazem o elo de ligaccedilatildeo entre a

induacutestria e o consumidor

119

minus O atacado Satildeo as plataformas centrais de distribuiccedilatildeo de alimentos que tecircm como

papel concentrar fisicamente os produtos e permitir que agentes do varejo se abasteccedilam

No Brasil as Centrais de Abastecimento (CEASA) cumprem esse papel

minus A agroinduacutestria Satildeo os agentes que atuam na fase de transformaccedilatildeo do produto

Pode ser de primeira transformaccedilatildeo que agrega atributos agrave mateacuteria-prima sem alteraacute-la de

forma significativa ou de segunda quando o produto de origem primaacuteria sofre

transformaccedilatildeo fiacutesica de forma que as suas caracteriacutesticas satildeo alteradas

minus A produccedilatildeo primaacuteria Satildeo representados pelos agentes que atuam na geraccedilatildeo de

mateacuteria-prima para a induacutestria de alimentos De acordo com o autor eacute um dos elos mais

conflituosos do sistema pois estatildeo longe do mercado final e portanto recebem informaccedilotildees

assimeacutetricas aleacutem de estarem dispersos geograficamente e normalmente apresentarem um

perfil bastante heterogecircneo

Os ambientes institucional e organizacional minus As instituiccedilotildees da sociedade humana

satildeo os procedimentos estabelecidos pelos costumes que alicerccedilam e estruturam a

sociedade e satildeo representadas pelos costumes leis etc Satildeo tidas como instituiccedilotildees

fundamentais a famiacutelia a propriedade e o Estado As organizaccedilotildees satildeo ajustes entre

pessoas com o uso de tecnologia para atingir um objetivo desejado No caso das SAGs satildeo

estruturas criadas para fornecer suporte ao seu funcionamento Podem ser dados com

exemplo as empresas as universidades cooperativas associaccedilotildees de produtores

Embora as instituiccedilotildees mudem mais lentamente as mudanccedilas nas organizaccedilotildees

costumam ocorrer com certa rapidez Nesse contesto a dinacircmica das empresas adapta-se

ao ambiente institucional embora busque modificaacute-lo em benefiacutecio proacuteprio seja por meio de

operaccedilotildees no mercado seja exercendo pressatildeo no legislativo para que modifique o marco

legal

62 AS CADEIAS DE BIODIVERSIDADE

Satildeo conhecidas entre 45300 e 49500 plantas no Brasil (LEWINSOHN PRADO

2002) Dessas grande nuacutemero de espeacutecies satildeo exploradas pela populaccedilatildeo para as mais

diversas finalidades alimentaccedilatildeo energia sauacutede construccedilatildeo entre outras O extrativismo

vegetal pode ter como destino a subsistecircncia dos grupos humanos na forma de alimentos

bem como o mercado Atualmente natildeo se pode ignorar o fato do extrativismo vegetal ser

uma atividade que garante renda para milhares de famiacutelias distribuiacutedas pela vastidatildeo do

territoacuterio nacional sejam residentes na zona rural ou aacutereas urbanas

A maior parte dos estudos realizados sobre a exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo

madeireiros no Brasil estatildeo voltados para espeacutecies do Bioma Amazocircnia Na sua maioria satildeo

120

produtos do extrativismo oriundos de espeacutecies que ainda natildeo foram domesticadas como o

accedilaiacute a castanha-do-Brasil o oacuteleo de copaiacuteba a andiroba entre outros

As cadeias produtivas de vaacuterios desses produtos vecircm sendo objeto de anaacutelise pelo

fato de apresentarem interesse econocircmico por parte da populaccedilatildeo e em razatildeo de se

mostrarem como uma opccedilatildeo para a manutenccedilatildeo da floresta em peacute Satildeo produtos jaacute

conhecidos pelo mercado com cadeias produtivas razoavelmente estruturadas

apresentando relativa oferta e demanda em expansatildeo Sob a oacutetica da legislaccedilatildeo ambiental

satildeo produtos cuja exploraccedilatildeo somente pode ocorrer por meio de manejo florestal

sustentaacutevel como medida para evitar sua sobreexplotaccedilatildeo

Uma cadeia produtiva de PFNMs pode ser entendida como um meio conceitual para

ilustrar os diferentes estaacutegios que um dado produto percorre indo do fornecimento de

insumos e passando pela produccedilatildeo primaacuteria pela comercializaccedilatildeo pelo processamento

pelo mercado varejista ateacute o seu consumo final (Figura 7) A cadeia de valor descreve a

sequecircncia de atividades realizadas da produccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute a sua transformaccedilatildeo

em produtos que podem ser adquiridos pelo consumidor final (WILL 2008)

Figura 7 ndash Representaccedilatildeo graacutefica de uma cadeia produtiva de PFNM Fonte Adaptado de Daniel e Dudharde (2007 p 10)

AgricultorColetor

Intermediaacuterio

Processador

Intermediaacuterio

Atacadista

Varejista

Consumidor

O a

gricultor

pro

cessa e

vende

direta

me

nte

ao c

onsum

idor

O p

rocessador v

ende

dire

tam

ente

ao c

onsum

idor

121

A cadeia produtiva de espeacutecies extrativistas (produtos da biodiversidade) natildeo costuma

apresentar as mesmas caracteriacutesticas que as cadeias produtivas tradicionais Enriquez

(2008) enumerou algumas diferenccedilas entre as duas

minus Escala A Cadeia Produtiva Tradicioanl (CT) obedece agraves leis de mercado de modo

que a produccedilatildeo acompanha as oscilaccedilotildees da oferta e da demanda Beneficia-se das

economias de escala e de escopo Na Cadeia de Produtos da Biodiversidade (CB) a oferta

depende dos ciclos da natureza e da capacidade de acesso agraves regiotildees de produccedilatildeo da

mateacuteria-prima Natildeo haacute economias de escopo os produtores estatildeo dispersos e natildeo haacute uma

rede consolidada de prestadores de serviccedilo e assistecircncia teacutecnica e cientiacutefica que possa

gerar sinergias

minus Mateacuteria-prima Na CT ela eacute padronizaacutevel e satildeo empregados meios racionais na sua

obtenccedilatildeo Na CB haacute dificuldade na sua padronizaccedilatildeo em quantidade e qualidade devido a

fatores tais como falta de qualificaccedilatildeo dos produtores fatores climaacuteticos etc

minus Organizaccedilatildeo da produccedilatildeo ndash Na CB as relaccedilotildees entre os operadores satildeo ajustadas

por meio de contratos escritos enquanto na CB as transaccedilotildees nem sempre ocorrem dessa

forma Nessas cadeias a presenccedila do atravessador costuma ser muito forte onerando a

produccedilatildeo Na CB ocorre alta assimetria de informaccedilotildees beneficiando as empresas

minus Logiacutestica Na CT a logiacutestica bem desenvolvida faz parte do planejamento das

operadoras como forma de conectar com mais eficiecircncia induacutestria e consumidores Nas CB

as atividades de planejamento organizaccedilatildeo e controle associadas ao transporte

armazenagem e distribuiccedilatildeo dos produtos costumam ser deixadas em segundo plano o que

a torna ineficiente

minus Consumidor Na CT a oferta de produtos ao consumidor eacute constante e os preccedilos

flutuam menos que na CB especialmente em funccedilatildeo do niacutevel organizacional dos

operadores da cadeia Na CB tanto o grau de oferta de produtos quanto os preccedilos ao

consumidor satildeo variaacuteveis em funccedilatildeo da ineficiecircncia das operaccedilotildees que ocorrem ao longo da

cadeia Os efeitos da sazonalidade da mateacuteria-prima costumam implicar em grande variaccedilatildeo

dos preccedilos dos produtos oferecidos ao consumidor final

minus Regulamentaccedilatildeo Na CT o mercado dita as regras do jogo o que garante eficiecircncia

econocircmica e uma melhor distribuiccedilatildeo de renda entre os operadores da cadeia A CT sempre

opera em mercados regulamentados com regras claras e acessiacuteveis A CB tem grandes

dificuldades em operar com as regras do mercado em funccedilatildeo da vulnerabilidade dos elos

da cadeia Em funccedilatildeo dessa peculiaridade merece um acompanhamento mais proacuteximo por

parte de oacutergatildeos governamentais uma vez que poderaacute desaparecer caso entre no mercado

regular Costuma operar em mercados especiais como os mercados diferenciados ainda

sem uma regulamentaccedilatildeo muito clara

122

minus Meio ambiente A loacutegica da CT eacute completamente voltada para a eficiecircncia

econocircmica natildeo se importando muito com a geraccedilatildeo de externalidades negativas Na CB a

loacutegica produtiva tem por base fundamental a conservaccedilatildeo ambiental uma vez que a

mateacuteria-prima que utiliza depende da sauacutede da floresta

Will (2008) cita outras caracteriacutesticas das cadeias de produtos da biodiversidade

minus Os centros de oferta-demanda costumam ser altamente ineficientes em razatildeo das

ligaccedilotildees fragmentadas entre os operadores ao longo da cadeia produccedilatildeo-mercado

minus As relaccedilotildees comerciais satildeo caracterizadas por desconfianccedila e ignoracircncia a respeito

da performance e capacidade dos operadores que estatildeo numa posiccedilatildeo anterior e posterior

agravequele elo da cadeia

minus Produtores nem sempre possuem boas relaccedilotildees com intermediaacuterios cujo

fornecimento para atacadistas ou processadores natildeo satildeo muito consistentes nem muito

confiaacuteveis e nenhum deles dispotildee de informaccedilotildees confiaacuteveis e constantes sobre as

necessidades dos consumidores

- A figura do atravessador nem sempre pode ser desprezada em razatildeo do seu papel

de ligaccedilatildeo entre os membros de comunidades remotas e o mercado Embora adquirindo a

mateacuteria-prima por preccedilos nem sempre justos aleacutem de pagar pelo produto em espeacutecie (na

maioria das vezes) costuma ser a uacutenica forma de escoamento da produccedilatildeo extrativista para

os centros de processamento Nas regiotildees onde natildeo existe o limitante das distacircncias

costuma ser procurado pelos coletores pois paga por pequenas quantidades do produto ao

contraacuterio das empresas que por problemas de logiacutestica optam pelas grandes quantidades

63 CADEIA PRODUTIVA DO BARU

O Cerrado brasileiro se destaca por possuir a mais rica flora dentre as savanas do

mundo comportando aproximadamente 12070 espeacutecies (FORZZA et al 2010) sendo

expressivo o nuacutemero de espeacutecies com potencial para a exploraccedilatildeo econocircmica Entre as

espeacutecies podemos mencionar o pequi (Caryocar brasiliensis) Segundo o IBGE (2008) no

ano de 2008 foram produzidas 5531 toneladas de oacuteleo de pequi alcanccedilando o valor de R$

681800000 No entanto os dados natildeo mostram os nuacutemeros do seu consumo como

alimento que se acredita seja bastante elevado em razatildeo desse fruto estar incorporado agrave

dieta da populaccedilatildeo dos Estados de Goiaacutes Minas Gerais Bahia Mato Grosso Mato Grosso

do Sul Tocantins e Satildeo Paulo

Outra espeacutecie vegetal do Cerrado que vem apresentando interesse econocircmico eacute o

baru (Dipteryx alata Vog) em funccedilatildeo do sabor diferenciado da sua amecircndoa consumida in

natura na forma de patildees biscoitos bombons licores pratos tiacutepicos entre outros O

mercado dessa amecircndoa comeccedila a crescer no Estado de Goiaacutes e Distrito Federal com

123

perspectiva de alcanccedilar o mercado externo No entanto ainda eacute um mercado incipiente em

razatildeo da demanda ser baixa e localizada

O trabalho de campo forneceu elementos para a estruturaccedilatildeo e a identificaccedilatildeo da

cadeia produtiva do baru aleacutem de elementos necessaacuterios para a anaacutelise do papel dos

atores que dela participam As etapas produtivas da cadeia identificada guardam certa

semelhanccedila com o conceito de filiegravere que se traduz na sequecircncia de operaccedilotildees

tecnoloacutegicas de produccedilatildeo distintas e dissociaacuteveis exigidas para a elaboraccedilatildeo de um bem

acabado ou um conjunto de bens para o consumo final O modelo geneacuterico da cadeia

produtiva do baru encontrada a partir dos trabalhos de campo pode ser assim configurada

Figura 8 ndash Modelo geneacuterico da cadeia produtiva do baru no Estado de Goiaacutes Fonte Dados de pesquisa (2010)

AMBIENTE INSTITUCIONAL Costumes leis cultura religiatildeo

TRANSFORMACcedilAtildeO

Induacutestria de

Insumos

Coleta

Transporte

Armazenagem

10 Processo

Extraccedilatildeo da castanha seleccedilatildeo

lavagem e secagem

Amecircndoa embalada

Alimentos processados

MERCADO LOCAL

PRODUCcedilAtildeO

20 Processo

Alimentos

MERCADO DOMEacuteSTICO

Amecircndoa embalada

Alimentos processados

Transporte

Armazenagem

DISTRIBUICcedilAtildeO

Induacutestria de Maacutequinas Amecircndoa

embalada

Alimentos processados

MERCADO EXTERNO

OPERADORES DA CADEIA

ProdutorColetor

Intermediaacuterio

Associaccedilatildeo Cooperativa

Empresa Privada

Restaurantes Feiras livres

Mercado Institucional Padarias

Exportadoras

Consumidor

AMBIENTE ORGANIZACIONAL Ibama Anvisa Secretaria da Receita Federal Embrapa Agecircncia Rural de Goiaacutes Secretaria Estadual de

Meio Ambiente Secretaria Estadual de Fazenda Secretaria Estadual de Sauacutede ONGrsquos Prefeitura Municipal Associaccedilatildeo Cooperativa

124

64 CARACTERIZACcedilAtildeO DO AMBIENTE EXTERNO DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

641 Poliacuteticas puacuteblicas

O Pronaf eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a exploraccedilatildeo do baru uma

vez que abre a possibilidade do agricultor ou associaccedilatildeocooperativa acessar o creacutedito para

estocagem do fruto e para o seu beneficiamento

Criado pelo Decreto nordm 194696 o Programa tem como objetivo promover o

desenvolvimento sustentaacutevel do segmento rural constituiacutedo por agricultores familiares

proporcionando-lhes aumento da capacidade produtiva geraccedilatildeo de emprego e melhoria de

renda Opera na forma de concessatildeo de creacutedito individual ou coletivo para investimento e

custeio a juros subsidiados A Tabela 4 abaixo apresenta dados sobre o nuacutemero de

contratos e montante de recursos aplicados por ano agriacutecola pelo Programa

O Programa dispotildee de vaacuterias linhas de creacutedito voltadas para a produccedilatildeo agropecuaacuteria

e natildeo agropecuaacuteria abrangendo todo o territoacuterio nacional e tendo como agentes financeiros

o Banco do Brasil o Banco da Amazocircnia e Banco do Nordeste Brasileiro (MDA 2010)

Especificamente para a produccedilatildeo e processamento do baru destacam-se as seguintes

linhas

minus Pronaf Floresta - Esta linha de creacutedito eacute destinada ao financiamento de projetos para

a implantaccedilatildeo de sistemas agroflorestais agravequeles agricultores familiares dos Grupos A AC

B C e D do Pronaf interessados na implantaccedilatildeo de projetos de silvicultura sistemas agro

florestais (SAFs) e exploraccedilatildeo extrativista ecologicamente sustentaacutevel e plano de manejo

florestal Aleacutem disso oferece creacutedito para recomposiccedilatildeo e manutenccedilatildeo de aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente e reserva legal e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas para fins de

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental

minus O Pronaf Agroinduacutestria linha de investimentos inclusive em infraestrutura

destinados agrave implantaccedilatildeo de pequenas e meacutedias agroinduacutestrias isoladas ou em forma de

rede que visam o beneficiamento o processamento e a comercializaccedilatildeo de produtos

florestais e do extrativismo

minus Custeio e Comercializaccedilatildeo de Agroinduacutestrias Familiares Destinada a agricultores e

suas cooperativas ou associaccedilotildees para financiamento de custeio do beneficiamento e

industrializaccedilatildeo da produccedilatildeo proacutepria eou de terceiros

125

Tabela 4 ndash Nuacutemero de contratos e montante financiado por ano agriacutecola pelo Pronaf

Ano agriacutecola Nordm Contratos Montante (R$100)

19981999 174286 41636855383

19992000 926422 214943446614

20002001 893112 216848622850

20012002 932927 218927508364

20022003 904214 237646586408

20032004 1390168 449047822825

20042005 1635051 613160093340

20052006 1913043 761192914394

20062007 1692516 843320764822

20072008 1650622 907824397549

Fonte MDA (2008)

A Poliacutetica de Garantia do Preccedilo Miacutenimo (PGPM) foi instituiacuteda por meio do Decreto-Lei

nordm 791966 visando garantir os preccedilos dos produtos das atividades agriacutecola pecuaacuteria ou

extrativa em favor dos produtores ou de suas cooperativas

Com base na Lei nordm 117752008 que criou no acircmbito do PGPM a modalidade de

Subvenccedilatildeo Direta que prevecirc ao extrativista o recebimento de um bocircnus caso efetue a

venda de seu produto por preccedilo inferior ao preccedilo miacutenimo fixado pelo Governo Federal foi

instituiacutedo o PGPM-Bio voltado para produtos da sociobiodiversidade Tem como objetivo a

conservaccedilatildeo ambiental aliada agrave geraccedilatildeo de renda retirando excedentes de produccedilatildeo e

corrigindo distorccedilotildees nos preccedilos recebidos pelos extrativistas

Os recursos financeiros para estas operaccedilotildees satildeo provenientes do Tesouro Nacional

poreacutem a sistemaacutetica de liberaccedilatildeo de valores ocorre dentro de um orccedilamento do Mapa

gerido pelo Grupo de Trabalho Interministerial do Extrativismo criado pela Portaria

Interministerial nordm 2542008 sendo composto pelo MMA Mapa MF MDA MPOG e Conab

O pequi e o baru satildeo os uacutenicos produtos do Bioma Cerrado que estatildeo contemplados

pelo preccedilo miacutenimo Um dos criteacuterios para a concessatildeo do subsiacutedio eacute que o agricultor

apresente a Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Pronaf (DAP) cadastro utilizado pelo MDA como

instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar para acessar poliacuteticas puacuteblicas Ocorre

que muitas pessoas que exploram o baru moram nas localidades distritos e periferias das

sedes dos municiacutepios e natildeo se enquadram como agricultores familiares sendo

automaticamente excluiacutedos desse benefiacutecio (CONAB 2010)

O Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) foi instituiacutedo pela

Lei nordm 106962003 e regulamentado pelo Decreto nordm 64472008 Eacute uma das accedilotildees do

Fome Zero que opera com a aquisiccedilatildeo de alimentos dos agricultores familiares por um preccedilo

justo e os distribui aos brasileiros em situaccedilatildeo de vulnerabilidade social e alimentar Eacute

126

coordenado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome e gerido por um

Grupo composto pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio Ministeacuterio do Planejamento

Orccedilamento e Gestatildeo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Ministeacuterio da

Fazenda e Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Estes ministeacuterios aleacutem da Conab Estados e Municiacutepios

desenvolvem accedilotildees para que os alimentos sejam adquiridos doados e distribuiacutedos para

famiacutelias em situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar e nutricional como indiacutegenas quilombolas

acampados da reforma agraacuteria atingidos por barragens e demais cidadatildeos (CONAB 2010)

Os Conselhos Municipais de Seguranccedila Alimentar e Nutricional quetecircmcomo

atribuiccedilatildeo o acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees do governo municipal nas aacutereas de

seguranccedila alimentar e nutricional participam da seleccedilatildeo de projetos do PAA

O instrumento operacional para esta forma de aquisiccedilatildeo de alimentos eacute o ldquoCompra da

Agricultura Familiar com Doaccedilatildeo Simultacircnea - CPR Doaccedilatildeordquo (CONAB 2010)

Os agricultores familiares enquadrados no Pronaf (individual ou organizados em

grupos formais) participam do Programa na qualidade de beneficiaacuterios fornecedores

recebendo ateacute o limite de R$ 350000famiacuteliaano Fornecem ao PAA alimentos in natura

ou processados que produzem

A Tabela 5 fornece o nuacutemero de agricultores atendidos e valor repassado pelo MDS

(2010) em reais para o Estado de Goiaacutes pelo Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ateacute o

ano de 2009

Tabela 5 ndash Quantitativo de agricultores atendidos e valor repassado pelo MDS em reais para o Estado de Goiaacutes pelo Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ateacute 2009

PAA Quantitativo Valor repassado

pelo MDS (R$100)

PAA - Municipal 193 Agricultores 23420320

PAA - CONAB 571 Agricultores 198992725

Fonte MDS (2010)

Os Municiacutepios de Formosa (GO) e Pirenoacutepolis (GO) natildeo apresentavam receitas

provenientes do PAA ateacute o ano de 2009 apesar de possuiacuterem outros programas de

seguranccedila alimentar e nutricional

Existe um conjunto de poliacuteticas do Governo Federal que buscam estrateacutegias para o

desenvolvimento da produccedilatildeo de PFNMs no Cerrado

Uma das principais poliacuteticas nesta aacuterea eacute o Plano Nacional de Promoccedilatildeo das Cadeias

de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB) lanccedilado pelo Governo Federal em 2009 e

coordenado pelo MMA MDA MDS e Conab Estatildeo envolvidos na sua implementaccedilatildeo a

Casa Civil da Presidecircncia da Repuacuteblica Agecircncia Nacional de Vigilacircncia e Inspeccedilatildeo Sanitaacuteria

127

(Anvisa) o Serviccedilo Florestal Brasileiro (SBF) o Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da

Biodiversidade (ICMBio) o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e Reforma Agraacuteria (INCRA) a

Agecircncia de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Alematilde (GTZ) a Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria (Embrapa) governos estaduais setor empresarial agecircncias de fomento e a

sociedade civil organizada (MDA 2010)

O principal objetivo do Plano eacute desenvolver accedilotildees integradas para a promoccedilatildeo e

fortalecimento das cadeias de produtos da sociobiodiversidade com agregaccedilatildeo de valor e

consolidaccedilatildeo de mercados sustentaacuteveis Estaacute organizado em seis eixos de accedilatildeo cada qual

constituiacutedo por um conjunto de linhas de accedilatildeo Os principais eixos de accedilatildeo dizem respeito agrave

promoccedilatildeo e apoio agrave produccedilatildeo e ao extrativismo sustentaacutevel agrave estruturaccedilatildeo e fortalecimento

dos processos industriais agrave estruturaccedilatildeo e fortalecimento de marcados para produtos da

sociobiodiversidade e ao fortalecimento da organizaccedilatildeo social e produtiva (MDA 2010)

Apesar da sua abrangecircncia nacional suas accedilotildees mais recentes estatildeo voltadas para a

promoccedilatildeo da castanha-do-paraacute e do babaccedilu em estados da Regiatildeo Norte e Nordeste

Outra iniciativa de significativa importacircncia para a promoccedilatildeo dos recursos do Cerrado

eacute o Programa Nacional de Conservaccedilatildeo e Uso Sustentaacutevel do Bioma Cerrado - Cerrado

Sustentaacutevel lanccedilado por meio do Decreto nordm 55772008 e que tem como objetivo a

promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo a restauraccedilatildeo a recuperaccedilatildeo e a manejo sustentaacutevel de

ecossistemas naturais bem como a valorizaccedilatildeo e o reconhecimento das suas populaccedilotildees

tradicionais buscando condiccedilotildees para reverter os impactos socioambientais negativos do

processo de ocupaccedilatildeo do Bioma Cerrado Cabe ao MMA a promoccedilatildeo da supervisatildeo e

articulaccedilatildeo institucional para a implementaccedilatildeo do Programa

Este mesmo Decreto criou a Comissatildeo Nacional do Programa Cerrado Sustentaacutevel

(CONACER) na qualidade de instacircncia colegiada do Programa

Algumas accedilotildees programaacuteticas se destacam pela sua importacircncia para a promoccedilatildeo de

produtos como o baru tais como estiacutemulo ao uso sustentaacutevel de frutas nativas e que ao

mesmo tempo promovam a inclusatildeo social promoccedilatildeo da agregaccedilatildeo de valor e o uso

comercial de produtos da biodiversidade adequaccedilatildeo da regulamentaccedilatildeo da produccedilatildeo do

beneficiamento da comercializaccedilatildeo e do registro de produtos do uso sustentaacutevel da

biodiversidade para gerar benefiacutecios ambientais e sociais valorizaccedilatildeo da importacircncia

estrateacutegica em termos ambientais e sociais da permanecircncia na terra das comunidades

tradicionais e dos agricultores familiares (MMA 2006)

No acircmbito do Programa Cerrado Sustentaacutevel foi aprovado o Programa Iniciativa

Cerrado Sustentaacutevel com recursos financeiros provenientes do Fundo para o Meio Ambiente

Global (GEF) no valor de US$ 13 milhotildees e contrapartida do Governo Brasileiro no valor de

US$ 26 milhotildees As accedilotildees para a sua implementaccedilatildeo envolvem o MMA o ICMBio e os

128

governos estaduais de Goiaacutes e do Tocantins tendo o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

(FUNBIO) como gestor financeiro O Programa tem como objetivo promover o aumento da

conservaccedilatildeo da biodiversidade e melhorar o manejo dos recursos ambientais e naturais do

bioma Cerrado As accedilotildees dessa Iniciativa deveratildeo ter iniacutecio em 2011 uma vez que somente

em julho de 2010 o Acordo de Doaccedilatildeo entre o Governo Brasileiro e o Banco Mundial na

qualidade de Gestor Financeiro do GEF foi firmado

No que diz respeito agrave participaccedilatildeo da sociedade civil importante mencionar a Rede

Cerrado de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais que congrega em torno de 300 instituiccedilotildees

que atuam na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e na conservaccedilatildeo do Cerrado Seu

principal objetivo eacute incentivar e promover a troca de experiecircncias e informaccedilotildees entre as

instituiccedilotildees visando conciliar equidade social conservaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento

(REDE CERRADO 2010)

Apesar das poliacuteticas puacuteblicas discriminadas acima buscarem atender a determinados

aspectos do uso de PFNMs podem ser entendidas como accedilotildees isoladas natildeo sendo

suficientes para fomentar a exploraccedilatildeo desses produtos O paiacutes natildeo dispotildee de uma poliacutetica

estruturante para esta atividade somente iniciativas isoladas a exemplo da legislaccedilatildeo que

regulamenta o uso de algumas espeacutecies vegetais ameaccediladas de extinccedilatildeo (palmito pau-

rosa caixeta castanha-do-Brasil)

Nas uacuteltimas duas deacutecadas as poliacuteticas puacuteblicas de maior expressatildeo no Brasil relativas

a PFNMs foram quase que inteiramente voltadas para a Amazocircnia como o Programa

Demonstrativo dos Povos Indiacutegenas (PDPI) o Projeto Demonstrativo do Programa Piloto

para Proteccedilatildeo das Florestais Tropicais do Brasil (PDAPPG7) e o Projeto de Apoio ao

Manejo Florestal Sustentaacutevel na Amazocircnia (Pro Manejo) Para o Cerrado existe o Programa

Cerrado Sustentaacutevel instituiacutedo pelo Decreto nordm 55772005 mas que natildeo iniciou

efetivamente suas atividades por falta de recursos financeiros Em setembro de 2010 foi

lanccedilado pelo Governo Federal o Plano de Accedilatildeo para Prevenccedilatildeo e Controle do Desmatamento e

das Queimadas no Cerrado ndash PPCerrado que prevecirc accedilotildees de pesquisa levantamento de

informaccedilotildees sobre a vegetaccedilatildeo nativa e uso sustentaacutevel dos recursos naturais aleacutem da

promoccedilatildeo das cadeias produtivas da sociobiodiversidade

642 Caracterizaccedilatildeo dos principais segmentos da cadeia produtiva do baru nos Municiacutepios

de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes

6421 Fornecedores de insumos

Induacutestria de Maacutequinas ndash O setor de produccedilatildeo de maacutequinas para a agroinduacutestria no Brasil

apresenta um parque industrial bem desenvolvido com um elevado grau de diversificaccedilatildeo na

produccedilatildeo O paiacutes conta com grandes meacutedias e pequenas corporaccedilotildees voltadas para a

129

produccedilatildeo de maacutequinas para o agronegoacutecio e para o processamento de produtos

provenientes da agropecuaacuteria No entanto o setor de maacutequinas para a produccedilatildeo e o

processamento de pequenas quantidades de produtos da biodiversidade praticamente

inexiste Acredita-se que uma das causas do pouco interesse dos fabricantes desses

artefatos em suprir esse mercado esteja assentada na inexpressividade desse setor na

economia nacional Aleacutem do mais as pessoas que exploram produtos da biodiversidade

para complementaccedilatildeo da renda familiar natildeo dispotildeem de recursos excedentes para investir

em uma maacutequina industrial seja manual ou eleacutetrica Mesmo as pequenas cooperativas ou

associaccedilotildees que exploram PFNMs natildeo costumam imobilizar reservas monetaacuterias em um

equipamento dessa natureza

Na exploraccedilatildeo do baru para fins alimentiacutecios (produccedilatildeo e processamento) as

maacutequinas utilizadas costumam ser adaptadas No processo de quebra para extraccedilatildeo da

amecircndoa a tecnologia empregada pelos agricultores nos municiacutepios estudados ainda eacute

rudimentar Na sua grande maioria utilizam a foice adaptada (Figura 9) Com esse

equipamento artesanal um homem quebra em um dia uma quantidade de frutos suficiente

para obter 2 kg de semente (SANO et al 2004) Algumas AssociaccedilotildeesCooperativas e

micro-empresas visitadas dispotildeem de maacutequina eleacutetrica (Figura 10) para a quebra do fruto do

baru Mesmo as eleacutetricas satildeo artesanais e fabricadas sob encomenda aleacutem de natildeo

apresentarem um rendimento tatildeo superior agraves manuais

Figura 9 ndash Dispositivo manual para extraccedilatildeo da amecircndoa do baru Fonte Fotos do autor (2010)

130

Figura 10 ndash Maacutequina eleacutetrica de despolpar e quebrar o fruto do baru Fonte Nonna Pasqua (2010)

643 Unidades produtivas

6431 Municiacutepio de Formosa (GO)

O Municiacutepio de Formosa estaacute localizado no Entorno do Distrito Federal numa regiatildeo

do Planalto Central onde predomina a vegetaccedilatildeo do Cerrado Apresenta uma populaccedilatildeo

eminentemente urbana uma vez que do total dos seus 90212 habitantes em 2007 somente

10388 residiam na zona rural (IBGE 2010) Sua economia destaca-se pela produccedilatildeo de

serviccedilos seguido da induacutestria e da agropecuaacuteria

O Produto Interno Bruto do Municiacutepio em 2006 foi de R$ 56133356700 apontando

um crescimento consideraacutevel quando comparado ao ano de 1999 ano em que alcanccedilou o

valor de R$ 18260000000 Destaque para o PIB do setor de serviccedilos com crescimento

constante durante o periacuteodo avaliado O PIB do setor agropecuaacuterio foi o que menos cresceu

demonstrando uma estabilizaccedilatildeo da atividade no Municiacutepio 1999 (Graacutefico 2)

Graacutefico 2 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Formosa (GO) por setor de 1999 a 2007 em R$ mil Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

131

A produccedilatildeo de gratildeos alcanccedilou 57965 toneladas em 2006 mantendo-se estaacutevel com

ligeiras variaccedilotildees no periacuteodo avaliado (Graacutefico 3) Em 2004 o Municiacutepio era o 41ordm no ranking

de produccedilatildeo de gratildeos no Estado bem abaixo do 1ordm colocado Jataiacute com uma produccedilatildeo de

1321014 toneladas

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo de gratildeos no Municiacutepio de Formosa Goiaacutes em tonelada no periacuteodo de 2004 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

O efetivo de bovinos atingiu 216500 cabeccedilas em 2007 demonstrando uma pequena

tendecircncia de reduccedilatildeo quando comparado ao total de 237800 cabeccedilas contabilizado no ano

de 2006 (Graacutefico 4) O Municiacutepio ocupava em 2004 o 20ordm lugar no ranking dos maiores

municiacutepios goianos em rebanho bovino bem abaixo do 1ordm lugar Nova Crixaacutes com 676340

cabeccedilas

Graacutefico 4 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Formosa (GO) no periacuteodo de 2001 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

132

O poder puacuteblico municipal natildeo produz informaccedilotildees a respeito do extrativismo vegetal

As informaccedilotildees a esse respeito produzidas pelo IBGE poreacutem somente satildeo mencionadas a

produccedilatildeo do carvatildeo madeira e lenha (Graacutefico 5)

Graacutefico 5 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo no Municiacutepio de Formosa de 1990 a 2008 Fonte IBGE (2010)

O Graacutefico 5 mostra uma diminuiccedilatildeo significativa da produccedilatildeo do carvatildeo madeira e

lenha no Municiacutepio Acredita-se que tal reduccedilatildeo tenha ocorrido mais em consequecircncia do

esgotamento da vegetaccedilatildeo nativa do que da accedilatildeo do poder puacuteblico contra o desmatamento

No periacuteodo de 2003 a 2005 foram desmatados 112742 ha no municiacutepio numa taxa de

desmatamento de 037 (SILVA et al 2008)

De acordo com os dados do IBGE no municiacutepio natildeo existe produccedilatildeo de frutos

silvestres o que vem a ser contraditoacuterio uma vez que a populaccedilatildeo consume e comercializa

esses produtos

Em 2006 a situaccedilatildeo da utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio era a seguinte (Tabela 6)

Tabela 6 ndash Utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de Formosa (GO) em haacute - 2006

Utilizaccedilatildeo de Terras (ha) Aacuterea (ha)

Utilizaccedilatildeo de terras total 506514 Em lavouras permanents 1720 Em lavouras temporaacuterias 27778 Em pastagens naturais 90554 Em pastagens plantadas 175415 Em matas naturais 191697 Em matas plantadas 366

Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio (2006)

O municiacutepio conta com 2493 estabelecimentos agropecuaacuterios cujas aacutereas estatildeo

distribuiacutedas de acordo com o Graacutefico 6 O maior nuacutemero deles estaacute compreendido na faixa

de tamanho que vai de 20 ha a menos que 50 ha (4144) Esta faixa corresponde agrave

maioria das parcelas distribuiacutedas pelo Incra nos vaacuterios assentamento existentes em

133

Formosa Os dados de campo do presente trabalho foram coletados em propriedades rurais

com aacuterea compreendida na mencionada faixa Todos os agricultores entrevistados no

acircmbito do presente trabalho eram proprietaacuterios de glebas nesta faixa

No entanto as propriedades nessa faixa de aacuterea ocupam 11407 ha das terras do

Municiacutepio e correspondem a somente 225 da aacuterea total das propriedades agriacutecolas

enquanto a faixa acima de 2500 ha ocupa uma aacuterea de 231080 (4562) apontando para

uma severa concentraccedilatildeo de terras

Graacutefico 6 ndash Municiacutepio de Formosa nordm de estabelecimentos agropecuaacuterios por grupos de aacuterea total em 2006 Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio (2006)

6432 Municiacutepio de Pirenoacutepolis

O Municiacutepio de Pirenoacutepolis estaacute localizado no Entorno do Distrito Federal numa regiatildeo

acidentada tendo o Cerrado como vegetaccedilatildeo predominante Conta com uma populaccedilatildeo

total de 20460 habitantes sendo que aproximadamente 38 dessa populaccedilatildeo (7785

habitantes) reside na zona rural (IBGE 2010) Sua economia se destaca pela produccedilatildeo de

serviccedilos relacionados ao turismo agropecuaacuteria e produccedilatildeo de pedras ornamentais

134

O PIB do Municiacutepio em 2006 foi de R$ 10457100000 apontando um crescimento de

cerca de 27 vezes quando comparado ao PIB de 1999 Destaque para o PIB do setor de

serviccedilos em primeiro lugar apresentando um crescimento constante durante o periacuteodo de

1999 a 2007 (Graacutefico 7) O PIB do setor agropecuaacuterio eacute o segundo em importacircncia no

Municiacutepio ultrapassando o PIB da induacutestria

Graacutefico 7 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) por setor de 1999 a 2007 em R$ mil Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

A produccedilatildeo de gratildeos alcanccedilou 14277 toneladas em 2008 apresentando um pequeno

crescimento no periacuteodo (Graacutefico 8) Em 2004 o Municiacutepio era o 87ordm no ranking de produccedilatildeo

de gratildeos no Estado (12918 ton) bem abaixo do 1ordm colocado Jataiacute com uma produccedilatildeo de

1321014 toneladas

Graacutefico 8 ndash Produccedilatildeo de gratildeos do Municiacutepio de Pirenoacutepolis Goiaacutes em toneladas no periacuteodo de 2004 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

O efetivo de bovinos atingiu 128000 cabeccedilas em 2007 demonstrando uma pequena

reduccedilatildeo a partir de 2002 quando esse efetivo era de 133000 cabeccedilas (Graacutefico 9) O

135

Municiacutepio ocupava em 2004 o 44ordm lugar no ranking dos maiores municiacutepios goianos em

rebanho bovino bem abaixo do 1ordm lugar Nova Crixaacutes com 676340 cabeccedilas

Graacutefico 9 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) no periacuteodo de 1998 a 2007 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

Da mesma forma que em Formosa o poder puacuteblico municipal natildeo produz informaccedilotildees

a respeito do extrativismo vegetal na aacuterea do municiacutepio de modo que as informaccedilotildees

disponiacuteveis satildeo produzidas pelo IBGE poreacutem somente aparece nos bancos de dados

(Produccedilatildeo da Vegetaccedilatildeo Extrativa e Silvicultura) a produccedilatildeo do carvatildeo madeira e lenha

(Graacutefico 10) Esse banco de dados natildeo acusa a produccedilatildeo de frutos do Cerrado no

municiacutepio particularmente sobre a produccedilatildeo do baru talvez o fruto nativo mais

comercializado em Pirenoacutepolis atualmente

Graacutefico 10 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo no Municiacutepio de Pirenoacutepolis de 1990 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

136

Pirenoacutepolis apresenta uma cobertura vegetal nativa relativamente conservada De

acordo com o Censo Agriacutecola de 2006 a aacuterea das florestas nativas somada agrave aacuterea das

pastagens naturais ocupa quase 55 do municiacutepio (Tabela 7) Usando o sensor CBERS

2006 Couto Junior (2007) demonstrou que o Municiacutepio apresenta grau de aacuterea natural

(cerrado + matas) em torno de 4982 e consequentemente grau de aacutereas alteradas

(aacutereas agropecuaacuterias + aacutereas antroacutepicas) em torno de 5018

Tabela 7 ndash Aacuterea dos estabelecimentos por utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) em 2006

Utilizaccedilatildeo de Terras (ha) Aacuterea (ha)

Utilizaccedilatildeo de terras total 139987 Utilizaccedilatildeo de terras em lavouras permanentes 1552 Utilizaccedilatildeo de terras em lavouras temporaacuterias 4296 Utilizaccedilatildeo de terras em pastagens naturais 36939 Utilizaccedilatildeo de terras em pastagens plantadas 52191 Utilizaccedilatildeo de terras em matas naturais 39844 Utilizaccedilatildeo de terras em matas plantadas 499

Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio 2006

O municiacutepio conta com 1721 estabelecimentos agropecuaacuterios cujas aacutereas estatildeo

distribuiacutedas de acordo com o Graacutefico 11 O maior nuacutemero deles estaacute compreendido nas

faixas que vatildeo de 20 ha a menos que 50 ha (2191) e de 10 ha a menos que 20 ha

(1563) Os agricultores entrevistados em razatildeo da sua atividade de exploraccedilatildeo do baru

ocupavam glebas na faixa de 20 ha a menos que 50 ha

Um total de 377 propriedades nessa faixa de aacuterea ocupa 15544 ha das terras

agriacutecolas o que corresponde a 111 da aacuterea total das propriedades rurais do Municiacutepio

(139987 ha) O grupo que vai de 200 ha a menos que 500 ha eacute a que concentra maior aacuterea

agriacutecola (2742) Natildeo se observa uma severa concentraccedilatildeo de terras em Pirenoacutepolis

quando comparado a outros Municiacutepios do Estado de Goiaacutes

137

Graacutefico 11 ndash Municiacutepio de Pirenoacutepolis nordm dos estabelecimentos agropecuaacuterios por grupos de aacuterea total em 2006 Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio (2006)

644 Histoacuteria do uso do baru como alimento humano

A semente do baru sempre foi um alimento consumido por habitantes da zona rural

especialmente crianccedilas apesar de a sua ingestatildeo crua poder causar diarreia e

protuberacircncias na pele em algumas pessoas possivelmente devido a presenccedila de

inibidores da tripsina (aacutecido fiacutetico) A tripsina eacute uma enzima produzida pelo pacircncreas

humano e que auxilia na digestatildeo O processo de fritura da amecircndoa a 160deg C por 5 minutos

inativa os inibidores da tripsina (CACERES et al 2008) possibilitando a sua ingestatildeo sem

efeitos danosos agrave sauacutede Atualmente a amecircndoa torrada eacute muito consumida como petisco e

jaacute faz parte de alguns pratos servidos em restaurantes de Brasiacutelia Goiacircnia e Pirenoacutepolis

Entra tambeacutem na composiccedilatildeo de patildees bolos biscoitos sorvetes licores entre outros

Estudos demonstram que o consumo da semente do baru tambeacutem faz parte dos

haacutebitos alimentares dos indiacutegenas brasileiros que habitam o Cerrado Foi relatado por

Pimentel (2008) que indiacutegenas da etnia Xavante (MT) e Timbira ndash Krahocirc Kanela Krikati

138

Gaviatildeo e Apinajeacute (MA e TO) consomem diariamente a semente e a polpa do baru como

alimento e tambeacutem nas suas festas Entre os Xavante o baru eacute conhecido como Watildederatildepoacute

e entre os Timbira como Krẽnreacute Na aldeia Xavante Wedeacuteratilde em Mato Grosso Silva (2008)

observou que na eacutepoca de frutificaccedilatildeo do baru os indiacutegenas se deslocam ateacute as aacutereas de

ocorrecircncia da espeacutecie para coletar seus frutos pois eacute produto que faz parte da dieta desses

povos

A primeira iniciativa de comercializaccedilatildeo desta amecircndoa foi realizada na deacutecada de

1990 por Vanderlei P de Castro Diretor-Presidente do Centro de Tecnologia Agroecoloacutegica

de Pequenos Agricultores (Agrotec) estabelecido em Diorama Estado de GoiaacutesTratava-se

do envio de algumas partidas da amecircndoa para a Alemanha Devido a legislaccedilatildeo brasileira

restringir o envio de sementes para o exterior resolveu torraacute-las como medida para facilitar

o seu envio Por meio dessa teacutecnica percebeu-se que a semente ficava mais palataacutevel

vindo a descobrir-se posteriormente que tambeacutem inativava os inibidores da tripsina ali

presentes114

No ano de 1997 a ideia da utilizaccedilatildeo do baru como alimento foi levada para a cidade

de Pirenoacutepolis Goiaacutes por um grupo de moradores preocupados com a destruiccedilatildeo do

Cerrado que introduziu a teacutecnica da quebra do fruto em vaacuterias comunidades rurais do

municiacutepio visando a conservaccedilatildeo desse Bioma115

A partir de 1994 a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru recebeu uma importante

contribuiccedilatildeo com a implantaccedilatildeo do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-

ECOS) coordenado pelo Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza (ISPN) e direcionado

exclusivamente para o bioma Cerrado A importacircncia desse Programa deve-se ao fato de vir

apoiando projetos de ONGs e de base comunitaacuteria com accedilotildees voltadas para o uso

sustentaacutevel da biodiversidade

645 Produccedilatildeo da amecircndoa do baru

O baru (Dipteryx alata Vog) eacute uma espeacutecie pertencente agrave famiacutelia Leguminosae com

ocorrecircncia ampla no Bioma Cerrado cujos indiviacuteduos atingem uma altura meacutedia de 15m

podendo chegar a 25m em solos feacuterteis (SANO et al 2004) Sua madeira eacute dura de boa

durabilidade de cerne marrom-amarelado e com densidade a 12 de umidade de 1080

kgmsup3 e densidade verde de 1280 kgmsup3 Eacute de difiacutecil processamento mecacircnico podendo ser

utilizada em mourotildees construccedilotildees externas e internas assoalhos embarcaccedilotildees laminados

decorativos molduras torneados cabos de ferramentas entre outros

114

Entrevista concedida por Luiz Carraza teacutecnico do ISPN em abril de 2010 115

Entrevista concedida por Sirley Mota Presidente do Centro de Estudos e Exploraccedilatildeo Sustentaacutevel do Cerrado (Cenesc) em marccedilo de 2010

139

A aacutervore cresce naturalmente no Planalto Central em solos bem drenados de

fertilidade meacutedia sendo mais abundante em Cerradatildeo e Mata Semideciacutedua aparecendo

tambeacutem com bastante frequecircncia em Cerrado Sentido Restrito em solos arenosos

(FILGUEIRAS SILVA 1975) Tem ampla distribuiccedilatildeo pelo Bioma podendo ser encontrada

nos Estados de Rondocircnia Mato Grosso Mato Grosso do Sul Maranhatildeo Minas Gerais

(RATTER et al 2000 OLIVEIRA et al 2008) Goiaacutes (CARVALHO 2008) Tocantins

(BRITO et al 2006) A sua floraccedilatildeo ocorre de novembro a fevereiro a frutificaccedilatildeo a partir de

dezembro e a maturaccedilatildeo dos frutos de julho a outubro dependendo da localizaccedilatildeo (SANO

et al 2004)

A densidade populacional do Dipteryx alata Vog no ambiente pode variar de 1433

indiviacuteduosha em solos de baixa fertilidade em aacutereas de Cerrado com murundus (OLIVEIRA-

FILHO MARTINS 1991) a 23 indiviacuteduosha com DAP acima de 11 cm em aacuterea de transiccedilatildeo

de Cerrado Denso e Mata Estacional (BRITO 2004) Uma aacutervore pode produzir em meacutedia

39 kg de fruto por ano (PIMENTEL 2008) ou 16 kg de sementes (SANO et al 2004)

A floraccedilatildeo ocorre de novembro a fevereiro e as flores satildeo hermafroditas O baru eacute uma

espeacutecie aloacutegama necessitando de fluxo de poacutelen entre plantas para que ocorra frutificaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute realizada principalmente pela abelha Xylocopa suspecta O aumento da

produccedilatildeo de sementes em populaccedilotildees naturais de baru depende da manutenccedilatildeo dos

polinizadores efetivos como a X suspecta Essa abelha eacute uma espeacutecie solitaacuteria que constroacutei

seu ninho em madeira podre (OLIVEIRA SIGRIST 2008) A indisponibilidade de material

para a construccedilatildeo dos ninhos da X suspecta pode contribuir para a diminuiccedilatildeo da sua

populaccedilatildeo

A frutificaccedilatildeo no Estado de Goiaacutes ocorre entre julho e outubro variando de localidade

para localidade (SANO et al 2004)

O fruto (Figura 11) eacute tipo drupa ovoacuteide levemente achatado marrom-claro com

endocarpo lenhoso e mesocarpo fibroso com uma uacutenica semente (MELHEN 1974) Correcirca

et al (2000) estudando as caracteriacutesticas fiacutesicas de frutos do baru proveniente de trecircs

populaccedilotildees no Estado Goiaacutes (sudoeste nortenordeste e leste) estabeleceram que o fruto

possui comprimento que varia de 259 a 775 mm com o valor meacutedio de 5432 mm O peso

do fruto varia de 1276 a 6901 g com o peso meacutedio de 3324 g para os frutos em geral Os

valores de largura de frutos oscilaram entre 29 e 65 mm com o valor meacutedio de 4065 mm

para frutos das trecircs regiotildees

140

A-D ndash fruto E ndash seccedilatildeo longitudinal do fruto F ndash seccedilatildeo transversal do fruto G-H ndash semente com tegumento I ndash seccedilatildeo longitudinal da semente mostrando o eixo embrionaacuterio J-L ndash embriatildeo fechado M ndash detalhe do eixo embrionaacuterio Legenda c ndash cotileacutedone ca ndash calaza eh ndash eixo hipocoacutetilo-radiacutecula en ndash endocarpo ep ndash epicarpo es ndash estria ex ndash eixo-embrionaacuterio h ndash hilo me ndash mesocarpo pd ndash peduacutenculo pl ndash pluacutemula s ndash semente tg ndash tegumentos

Figura 11 ndash Aspectos externos e internos do fruto e da semente de Dipteryx alata Vogel Fonte Ferreira et al 1998

A dispersatildeo da fruta do baru eacute barocoacuterica e zoocoacuterica A polpa carnosa e doce eacute muito

apreciada por insetos e animais silvestres Podem ser vistos se alimentado do fruto caiacutedo no

chatildeo cupins formigas e pequenos bezouros O morcego retira o fruto do baruzeiro e o leva

para outras aacutervores para pouso de alimentaccedilatildeo onde os deixa cair contribuindo para a sua

disseminaccedilatildeo no cerrado A cotia se alimenta das sementes O gado bovino mastiga a polpa

e engole o endocarpo com a semente que depois defeca em diferentes locais do pasto

(SANO et al 2004) As fezes desse animal melhoram a fertilidade dos solos onde a

semente germina

Tanto a polpa como a semente do baru satildeo utilizados na alimentaccedilatildeo humana A

polpa adocicada e adstringente pode entrar na composiccedilatildeo de bolos biscoitos patildees licores

e geleias no entanto deve ser retirada quando o fruto estiver maduro uma vez que o tanino

pode chegar a zero com o aumento do grau de maturaccedilatildeo do fruto (ALVES et al 2010) Eacute

composta principalmente por fibra alimentar em torno de 27 (Tabela 8) amido e accediluacutecares

sendo rica em vitaminas e sais minerais como o potaacutessio cobre ferro caacutelcio foacutesforo e

magneacutesio (ROCHA SANTIAGO 2009)

141

Tabela 8 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada (g100g) e valor energeacutetico total (kcal) da polpa de baru com 1 e 136 dias de armazenamento (Goiacircnia GO 2007)

Componentes12

Polpa

(1 dia armazenamento) Polpa

(1 dia armazenamento)

Umidade 1376plusmn0573 2899plusmn104

Proteiacutenas 417 plusmn070 436plusmn157 Lipiacutedios totais 373plusmn014

4 227plusmn054

Fibra alimentar total 1910plusmn0204 2700plusmn000

Cinzas 434plusmn0304 358plusmn047

Carboidratos3 5490 338

Valor energeacutetico (kcal) 26985 17307

Fonte Alves et al (2010) 1 Valores constituem meacutedia plusmn desvio-padratildeo de trecircs replicatas exceto para fibra alimentar total (quatro replicatas) 2 Valores apresentados em base seca 3 Calculado por diferenccedila subtraindo-se de 100 os valores obtidos para umidade proteiacutenas lipiacutedios totais fibra alimentar total e cinzas 4 Diferenccedila significativa pelo teste t de Student entre os tempos de armazenamento (p lt 005)

A amecircndoa do baru possui inibidores da enzima tripsina (que auxilia na digestatildeo) e

que satildeo capazes de provocar intoxicaccedilatildeo nos humanos aleacutem de intumescecircncia na pele Ao

aquecer-se a amecircndoa a 160o C em condiccedilotildees de fritura por 5 minutos esses inibidores

satildeo inativados (CACERES et al 2008)

De acordo com o relato de agricultores o oacuteleo do baru pode ser utilizado na

alimentaccedilatildeo humana

O teor proteacuteico da amecircndoa do baru eacute superior ao do feijatildeo gratildeo-de-bico ervilha e agrave

castanha de caju e castanha-do-paraacute (Tabela 9)

O teor de aacutecido graxo linoleacuteico da amecircndoa do baru (318 mg) eacute mais alto que no

amendoim no coco e no azeite de oliva Essa composiccedilatildeo em aacutecido graxo poliinsaturado eacute

importante para a sauacutede humana uma vez que esses aacutecidos contribuem para a reduccedilatildeo das

fraccedilotildees de Lipoproteiacutena de Baixa Densidade (LDL) e de Muito Baixa Densidade (VLDL)

responsaacuteveis pelo aumento do colesterol no sangue (FREITAS et al 2010)

O alto teor de fibras insoluacuteveis contidas na amecircndoa do baru (1390) auxilia no

aumento do bolo fecal e na prevenccedilatildeo de problemas enteacutericos promovendo a sauacutede de

quem o consome (FREITAS et al 2010)

142

Tabela 9 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada e valor energeacutetico de nozes verdadeiras e de sementes comestiacuteveis

NozSemente comestiacutevel

g100g da nozsup1

Lipiacutedios Proteiacutena Carboidratossup2 Fibrassup3 Valor energeacutetico

em 100 g4

Amecircndoa 4593 2141 2067 - 58169 Amendoim 4457 2403 1201 1130 54529 Avelatilde 6318 1477 0257 1288 63798 Amecircndoa de baru 4104 2622 1095 1390 51804 Castanha 0252 0660 3475 - 18808 Castanha-de-caju 4206 1881 3208 - 58210 Castanha-do-paraacute 6494 1411 0627 802 66598 Macadacircmia 6616 0840 2218 - 71776 Noz 6507 1381 1523 - 70179 Pecatilde 6214 0750 2108 - 67358 Pistache 4583 1980 2542 - 59335

Fonte Freitas et al (2010 p 272) 1 Valores se referem agrave meacutedia de dados da literatura (nuacutemero de observaccedilotildees corresponde ao nuacutemero de referecircncias) 2 Valores calculados por diferenccedila Nos casos em que natildeo haacute dados de fibra alimentar os valores correspondem aos carboidratos totais 3 Fibra alimentar total (soluacutevel e insoluacutevel) 4 Valor energeacutetico em kcal calculado considerando-se os fatores de conversatildeo de Atwater de 4 4 e 9 para proteiacutena carboidrato e lipiacutedeo respectivamente

A amecircndoa do baru tambeacutem eacute rica em aminoaacutecidos essenciais (que o corpo natildeo

sintetiza) e natildeo essenciais (que o corpo sintetiza a partir dos alimentos) O teor de

aminoaacutecidos de amecircndoas de baru revelou um conteuacutedo que corresponde em meacutedia a 92

das necessidades dos sulfurados (natildeo essenciais) similar ao de outras nozes e sementes

comestiacuteveis e superior ao de feijotildees (Tabela 10) O consumo dessas nozes e sementes

contribui para suprir as necessidades de aminoaacutecidos essenciais e pode auxiliar na

recuperaccedilatildeo da sauacutede de indiviacuteduos com complicaccedilotildees nutricionais (FREITAS et al 2010)

Destaca-se dentre os minerais necessaacuterios ao corpo humano o ferro caacutelcio zinco e

selecircnio pela importacircncia dos dois primeiros na prevenccedilatildeo de carecircncias nutricionais de

relevacircncia em sauacutede coletiva e pelas funccedilotildees enzimaacuteticas e reguladoras do zinco e do

selecircnio como parte do sistema de defesa antioxidante do organismo A amecircndoa do baru eacute

rica em minerais destacando-se o caacutelcio o zinco e o potaacutessio quando comparada a outras

amecircndoas e sementes (FREITAS et al 2010)

143

Tabela 10 ndash Composiccedilatildeo em minerais de nozes verdadeiras e sementes comestiacuteveis

Minerais (mg100g)

Nozes e sementes comestiacuteveis

Amendoim Avelatilde Amecircndoa de baru

Castanha Castanha-

do-paraacute Pistache

Ca 8322 18970 12040 4475 - - Fe 248 459 485 735 - - Zn 350 242 366 199 - - Mg 19925 17475 - 7459 - 14160 K 58420 81200 81900 75450 - 72463 Na 2588 287 330 172 - 1171 Cu 118 195 126 188 - 134 P 39090 32135 33750 12362 - - Mn - 444 702 534 - 14106 Se(μg100g) - 9000 - - 20400 8500

Fonte Freitas et al (2010 p 275)

646 Preccedilo pago aos produtores

Em Pirenoacutepolis em setembro de 2010 o preccedilo do quilo da amecircndoa no varejo variava

entre R$ 2000 e R$2500 Natildeo foi observada a ocorrecircncia de preccedilos no atacado em razatildeo

das baixas quantidades do produto ofertadas no mercado motivado pela baixa

produtividade na extraccedilatildeo da amecircndoa As maacutequinas utilizadas na extraccedilatildeo da semente satildeo

manuais e um homem consegue extrair entre dois e trecircs quilos por dia116

Os compradores ndash geralmente donos de restaurantes e pousadas ndash argumentam que

o preccedilo estaacute inflacionado Apontam como principal causa a reduzida safra do baru em 2009

e 2010 O fenocircmeno da baixa produccedilatildeo de frutos vem se repetindo haacute trecircs anos nos

municiacutepios estudados

Produtores de baru tambeacutem comercializam pacotes de 50g e 100 g pelas ruas de

Pirenoacutepolis oferecendo o produto a preccedilos que variam entre R$ 400 e R$ 600 e entre R$

800 e R$1000 respectivamente

O baru foi incluiacutedo na Poliacutetica de Garantia do Preccedilo Miacutenimo (PGPMG) na modalidade

de Subvenccedilatildeo Direta em 2008 Atualmente o preccedilo do quilo do fruto eacute de R$ 200 (CONAB

2010)

647 Distribuiccedilatildeo

O proacuteprio produtor que quebra o fruto do baru eacute quem costuma fazer a distribuiccedilatildeo do

produto Na maioria dos casos entrega o montante negociado no estabelecimento do

comprador ou em ldquopontosrdquo comerciais quando a venda eacute consignada As

associaccedilotildeescooperativas que exploram a amecircndoa adotam esses mesmos canais de

distribuiccedilatildeo

116

Comunicaccedilatildeo da agricultora Liliam Pereira de Siqueira Santos do Distrito de Caxambu Pirenoacutepolis De acordo com a agricultora a partir dessa quantidade os braccedilos comeccedilam a apresentar sinais de estresse seguido de dor

144

648 Mercado consumidor

A amecircndoa do baru eacute bem aceita pelo consumidor em razatildeo do seu sabor mesmo

quando consumida simplesmente torrada sendo bastante aceita na cozinha devido a sua

maleabilidade na composiccedilatildeo de pratos e sobremesas Vem sendo explorada no

atendimento de nichos de mercado voltados para alimentos funcionais eou orgacircnicos

No entanto natildeo existem estatiacutesticas disponiacuteveis sobre o consumo da amecircndoa

comercializada ou mesmo consumida no Estado de Goiaacutes

145

7 MODELO117 DE PRODUCcedilAtildeO DO BARU

71 MODELO DE EXPLORACcedilAtildeO DO BARU ENCONTRADO NAS TREcircS COMUNIDADES

RURAIS DO CERRADO GOIANO ESTUDADAS

A seguir descreve-se o modelo de exploraccedilatildeo do baru encontrado em trecircs

comunidades rurais localizadas nos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes tendo o

agricultor familiar as instituiccedilotildees privadas e o consumidor como protagonistas (Figura 12)

Na sua propriedade esse agricultor cria gado e pequenos animais planta milho arroz

feijatildeo mandioca etc Sua renda eacute proveniente da pecuaacuteria agroinduacutestria lavoura

exploraccedilatildeo de PFNMs venda de serviccedilos e aposentadoria conforme mostrado na Tabela

14 (p 164) A exploraccedilatildeo do fruto do baruzeiro eacute uma entre as atividades de

complementaccedilatildeo da renda familiar que desenvolve

O fruto do baru costuma cair no periacuteodo de agosto a outubro (SANO et al 1999)

quando o agricultor-coletor se deslocar para o campo para proceder a sua coleta

As aacutervores que fornecem o fruto satildeo nativas uma vez que natildeo existem plantaccedilotildees

dessa espeacutecie Normalmente a maior produccedilatildeo de frutos ocorre a partir de indiviacuteduos

adultos que se encontram nas pastagens (SANO et al 2004) poupados do corte raso A

colheita pode ser feita apanhando-se diretamente o fruto no solo e colocando-o no saco ou

pode ser juntado com a ajuda de um ancinho feitos pequenos montes e depois

acondicionado nos sacos Um homem colhe de 4 a 5 sacos de 60 kg de frutos de baru por

dia

A coleta eacute feita por adultos crianccedilas e idosos Os coletores minus principalmente os

adultos minus relatam que depois do terceiro saco cheio as costas comeccedilam a doer em funccedilatildeo

do movimento de abaixar e levantar para colher o fruto do chatildeo Afinal satildeo 1800 frutos para

se encher um saco de 60 kg De acordo com Sano et al (2004) 1 kg de baru conteacutem 30

frutos Desse modo o movimento de abaixar e levantar para encher um saco de 60 kg

acaba se tornando muito penoso para o coletor Agricultores com idade mais avanccedilada

declaram natildeo mais participarem desse tipo de atividade em razatildeo das dores nas costas e

nas articulaccedilotildees aleacutem das dificuldades que enfrentam para levar os frutos ateacute o ponto a

partir do qual seratildeo reunidos em quantidades maiores e transportados para o local de

extraccedilatildeo da amecircndoa

Os frutos satildeo coletados na propriedade do agricultor familiar e nas propriedades

vizinhas No entanto a maior quantidade eacute coletada em grandes fazendas de criaccedilatildeo de

gado cujos proprietaacuterios costumam conservar as aacutervores de baru para aproveitamento da

madeira e para fornecer sombra para o gado

117

Eacute uma representaccedilatildeo simplificada da realidade encontrada em campo Eacute uma abstraccedilatildeo uma interpretaccedilatildeo das inuacutemeras atividades vinculadas agrave exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais do estado de Goiaacutes

146

Os coletores costumam pedir autorizaccedilatildeo aos donos das aacutereas para ingressar nas

propriedades mas natildeo eacute incomum conflitos entre proprietaacuterio e coletor motivado por

pequenas ocorrecircncias tais como porteiras abertas que facilita a fuga do gado rompimento

de arame incecircndios entre outras que geralmente leva a revogaccedilatildeo da permissatildeo Alguns

pecuaristas de antematildeo natildeo permitem o acesso de pessoas na sua propriedade para coleta

do baru sob a argumentaccedilatildeo que causam danos ao seu patrimocircnio

Atualmente nos municiacutepios estudados a exploraccedilatildeo do baru como atividade

econocircmica pode ser identificada como extrativismo com uso intensivo de matildeo de obra natildeo

qualificada e de tecnologia rudimentar estando sujeita agraves leis de mercado como qualquer

outro produto extrativista

O fruto do baru eacute bastante versaacutetil e aleacutem de servir de alimento para a fauna do

Cerrado gera vaacuterios produtos ou subprodutos aproveitaacuteveis pelo homem (Quadro 2)

Parte do fruto Produtosub-produto Usos

Polpa in natura

Polpa in natura Alimentaccedilatildeo animal Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico

Polpa desidratada Alimentaccedilatildeo animal Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico

Farinha Alimentaccedilatildeo humana

AacutelcoolCachaccedila

Consumo humano Medicinalfarmacecircutico Cosmeacutetico Industrial

Resiacuteduos Agriacutecola (adubo orgacircnico)

Amecircndoa

Amecircndoa crua

Alimentaccedilatildeo animal Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico Agriacutecola (produccedilatildeo de mudas)

Amecircndoa torrada Alimentaccedilatildeo humana

Farinha Alimentaccedilatildeo humana

Leite Alimentaccedilatildeo humana

Oacuteleo

Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico Cosmeacutetico Industrial

Torta

Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico Cosmeacutetico Industrial

Pastamanteiga Alimentaccedilatildeo humana

Endocarpo lenhoso

Carvatildeo Combustiacutevel

Aacutecido Pirolenhoso e alcatratildeo

Industrial

Quadro 2 ndash Produtos e subprodutos do baru e respectivos usos Fonte Central do Cerrado (2010)

147

Em razatildeo de sua palatabilidade e versatilidade a amecircndoa vem sendo bastante

procurada por restaurantes sorveterias padarias e pequenas induacutestrias alimentiacutecias da

Regiatildeo Centro-Oeste

Apoacutes recolher o fruto o agricultor o estoca ou inicia a extraccedilatildeo da amecircndoa com o

auxiacutelio de instrumentos criados por ele ou maacutequinas manuais A amecircndoa eacute torrada em casa

e vendida diretamente ao consumidor ou para empresas O fruto in natura pode ser

entregue agrave associaccedilatildeocooperativa da qual eacute membro que se encarrega da sua quebra e

comercializaccedilatildeo Algumas associaccedilotildeescooperativas com pequeno capital de giro costumam

comprar o fruto de terceiros para fazer estoque

A relaccedilatildeo comercial entre o agricultor familiar que explora o baru e os compradores da

amecircndoa (associaccedilotildeescooperativas empresas consumidor governo federal) eacute bastante

fragmentada em razatildeo da irregularidade no fornecimento do produto Isso pode ser

consequecircncia de fatores tais como a sazonalidade da frutificaccedilatildeo irregularidade nas

quantidades produzidas pelas aacutervores (nos anos de 2009 e 2010 a produccedilatildeo de frutos foi

pequena nos dois municiacutepios estudados quando comparado ao ano de 2008)118 agrave falta de

local apropriado para estocar o produto agrave descapitalizaccedilatildeo e dificuldade de acesso ao

creacutedito Essa falta de recursos financeiros impede o agricultor de armazenar o fruto em

quantidade suficiente para que possa atender aos seus clientes durante a entressafra

Outros fatores que podem contribuir para as deficiecircncias nessa relaccedilatildeo satildeo o pouco

conhecimento existente sobre o processamento do fruto e a dificuldade histoacuterica dos

agricultores familiares de se organizarem socialmente e a pouca ou nenhuma experiecircncia

em lidar com o mercado

Nestas relaccedilotildees tambeacutem estaacute presente a figura do atravessador que adquire a

amecircndoa ou a polpa ou mesmo algum produto processado do agricultor-coletor e o revende

para empresas ou diretamente ao consumidor Conforme informaccedilotildees dos agricultores

entrevistados essa forma de comercializaccedilatildeo ocorre em razatildeo do atravessador pagar em

dinheiro no ato da entrega do produto apesar de pagar um preccedilo bem abaixo daquele que

costumam receber quando vendem diretamente ao consumidor ou para empresas

As associaccedilotildeescooperativas recebem o baru do agricultor e o processam Vendem o

produto processado para empresas diretamente ao consumidor ou para o Governo por

meio da merenda escolar (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar-PNAE) No entanto

essa relaccedilatildeo comercial tambeacutem eacute fragmentada ou seja eacute bastante irregular principalmente

em razatildeo do caraacuteter intermitente da existecircncia do fruto que em determinadas eacutepocas do ano

desaparece Essas instituiccedilotildees passam por dificuldades semelhantes agravequela que passa o

118

Segundo atravessadores contactados durante o trabalho de campo em funccedilatildeo da safra do baru ter sido pequena nos dois uacuteltimos anos na regiatildeo foram obrigados a adquirir o fruto nos estados de Minas Gerais e Tocantins

148

agricultor familiar falta de capital de giro falta de creacutedito pouco conhecimento sobre a

tecnologia de processamento dos produtos agrave base do baru pouca experiecircncia dos diretores

no trato com questotildees comerciais dificuldade para estocar e transportar a produccedilatildeo etc

A atividade de extrativismo do baru recebe pouco apoio seja do poder puacuteblico seja de

instituiccedilotildees privadas Com exceccedilatildeo das poliacuteticas mencionadas no item 641 natildeo existem

outros programas direcionados para a exploraccedilatildeo da espeacutecie Nem o Estado de Goiaacutes nem

os municiacutepios estudados realizaram esforccedilos significativos no sentido de valorizar o produto

149

= Fluxo fragmentado

AssociaccedilatildeoCooperativa

Empresas Governo Mercado consumidor - consumidor - pequenos varejistas locais - feiras e eventos

Propriedade do agricultor familiar - agricultura - pecuaacuteria + pequenos animais - extrativismo do baru - venda de matildeo-de-obra - aposentadoria - comeacutercio

Vizinhanccedila - pequenas propriedades familiares - grandes propriedades

Figura 12 - Modelo conceitual de exploraccedilatildeo do fruto do baru encontrado em trecircs comunidades rurais do municiacutepio de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 2010 Fonte Dados de pesquisa (2010)

ONGs

Coleta do fruto do baru

- Conflito entre coletor e proprietaacuterio

Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

Oacuteleos Sorvetes Biscoitos Patildees Bolos

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa

- amecircndoa

Partilha das vendas Serviccedilos

Vendas institucionais - fruto in natura - baru cru

- farinha de baru Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Mateacuteria-prima Produtos processados

Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Vendas institucionais

Atravessador

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

150

72 O MODELO DE EXPLORACcedilAtildeO SUSTENTAacuteVEL DO BARU EM TREcircS COMUNIDADES

RURAIS DOS MUNICIacutePIOS DE FORMOSA E PIRENOacutePOLIS GOIAacuteS

A Figura 14 propotildee um modelo sustentaacutevel explicativo para a exploraccedilatildeo do fruto do

baru a partir do estudo realizado em trecircs comunidades rurais localizadas nos Municiacutepios de

Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes

Ao propor-se esse modelo julgou-se necessaacuterio adotar-se como comparaccedilatildeo o

modelo teoacuterico baseado na economia proposto por Homma (1993) para o extrativismo

vegetal na Amazocircnia por ser o que mais avanccedilou nesse campo embora apresente

deficiecircncias nos aspectos ambiental e social

No seu modelo teoacuterico Homma (1993) defende que na fase inicial do processo

extrativista por coleta ocorre uma maior oferta (S) que a demanda (D) pelo produto (Figura

13a) Na fase intermediaacuteria ocorre um equiliacutebrio entre oferta e procura e na fase final do

processo de extrativismo ocorre o deslocamento da curva de oferta (S) para a esquerda

(S1) em razatildeo da diminuiccedilatildeo das fontes de recursos119 ou seja diminui a oferta Nessa fase

os preccedilos atingem niacuteveis tatildeo elevados que seriam estimuladas as formas racionais de

cultivo levando ao abandono do extrativismo ou a sua substituiccedilatildeo por outras atividades

(Figura 13b)

Figura 13 ndash Potencial de recurso extrativo processo inicial e fase final do extrativismo por coleta Fonte Homma (1993 p 5)

Um exame mais detalhado revela que o modelo embora cientificamente vaacutelido foi

proposto com base em condiccedilotildees econocircmicas e sociais que moldaram o extrativismo

vegetal na Amazocircnia Ademais esse modelo analisou somente o extrativismo vegetal

excluindo outras atividades como a agricultura pecuaacuteria artesanato etc desenvolvida pelo

extrativista

119

Onde D intercepta S eacute o ponto de equiliacutebrio entre demanda e oferta Mantendo-se a oferta constante (quantidade oferecida) e com o mercado aquecido vai haver mais demanda e aumento de preccedilos (deslocamento de D3 para D4) Com o esgotamento do recurso diminui a quantidade ofertada (S para S1) O deslocamento de D1 para D2 significa um novo ponto de equiliacutebrio com uma elevaccedilatildeo dos preccedilos do produto A cada deslocamento de D para cima ocorre um novo niacutevel de equiliacutebrio entre demanda e oferta com aumento de preccedilos

S1

D4

D1

Preccedilo

Quantidade

D

S

(a)

Quantidade

Preccedilo

S

D3

D2

(b)

151

Natildeo resta duacutevida que o mercado dita as regras da exploraccedilatildeo de produtos dessa

natureza mas a exploraccedilatildeo do baru apresenta caracteriacutesticas que diferem relativamente do

modelo de Homma a comeccedilar pelo fato de ser uma atividade de complementaccedilatildeo de renda

do agricultor familiar que normalmente se dedica a agricultura pecuaacuteria eou atividade natildeo

agriacutecola

A longo prazo em uma situaccedilatildeo de altos preccedilos da amecircndoa e a forte demanda pode

ocorrer o processo de domesticaccedilatildeo da espeacutecie com a queda gradativa dos preccedilos No

entanto natildeo ocorreraacute o abandono da exploraccedilatildeo de indiviacuteduos nativos pelo agricultor

familiar uma vez que natildeo se trata da sua atividade principal mas complementar que auxilia

na composiccedilatildeo da renda Tem interesse em manter a atividade pelo fato de conseguir o

fruto gratuitamente natildeo havendo necessidade de grandes investimentos e tendo como ocircnus

somente a sua matildeo de obra e o transporte

Por outro lado acredita-se que o esgotamento do baru pode ser evitado adotando-se

praacuteticas de manejo simples uma vez que a exploraccedilatildeo eacute concentrada somente no fruto natildeo

havendo dano algum agrave aacutervore A eliminaccedilatildeo de gramiacuteneas e outras espeacutecies que costumam

competir com a placircntula do baru eacute uma boa praacutetica para que o indiviacuteduo jovem seja

protegido Outra praacutetica interessante eacute o lanccedilamento de frutos em vaacuterias direccedilotildees a partir da

aacutervore onde foi coletado

A distribuiccedilatildeo natural da espeacutecie recebe a ajuda de agentes dispersores tais como o

morcego e o gado que utilizam o fruto e natildeo destroem a semente O morcego porque

apanha o fruto antes de cair e o leva para outros locais onde come a sua polpa

descartando-o em seguida E o gado porque o ingere inteiro consumindo somente a polpa e

expelindo-o junto com as fezes pelo pasto

Em determinadas regiotildees do Cerrado em que a espeacutecie ocorre em combinaccedilatildeo com a

pecuaacuteria o interesse dos proprietaacuterios de terras tem mantido o baruzeiro livre do corte raso

pelas vantagens que oferece principalmente sombra para o gado (SANO 2004) Uma boa

forma de conservaccedilatildeo da espeacutecie seria o incentivo para que os pecuaristas natildeo retirassem

as aacutervores levando ateacute eles os benefiacutecios que o baruzeiro pode trazer independente do

valor comercial do seu fruto

A exploraccedilatildeo do baru nas comunidades rurais estudadas apresenta algumas

caracteriacutesticas socioeconocircmicas que a diferem daquelas envolvidas na exploraccedilatildeo de

produtos florestais natildeo madeireiros na Amazocircnia (Quadro 3) tais como

(a) na Amazocircnia predominou ateacute bem pouco tempo relaccedilotildees econocircmicas e

trabalhistas desequilibradas entre seringueiro e o seringalista em que havia o predomiacutenio

desse uacuteltimo Embora essa caracteriacutestica esteja em franco desaparecimento ainda subsiste

a figura do regatatildeo ou marreteiro que submete o extrativista a uma dependecircncia econocircmica

152

em razatildeo do sistema adotado Na Regiatildeo Central do Brasil a exploraccedilatildeo do baru acontece

sob outras bases econocircmicas e sociais onde normalmente natildeo se identifica relaccedilotildees de

dependecircncia entre o coletor do baru (agricultor familiar) e o comprador do fruto

(b) ao contraacuterio dos extrativistas amazocircnicos que tem a coleta de PFNMs como

atividade predominante e a pecuaacuteria e agricultura como atividades secundaacuterias as

populaccedilotildees rurais que exploram o baru praticam como atividades principais a pecuaacuteria a

agricultura tradicional a agroinduacutestria aleacutem da venda de serviccedilos

(c) a proximidade do mercado e uma maior facilidade de transporte satildeo um incentivo

para que a comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo do baru seja feita pelas proacuteprias famiacutelias que se

ocupam da sua exploraccedilatildeo natildeo existindo qualquer viacutenculo de dependecircncia ou subordinaccedilatildeo

com o comprador do produto

(d) os coletores de baru natildeo dependem de capital externo para a atividade de coleta

fazendo uso da sua proacutepria forccedila de trabalho para essa operaccedilatildeo

Aleacutem dessas caracteriacutesticas de diferenciaccedilatildeo entre o modelo de Homma e o modelo

de exploraccedilatildeo do baru nos dois municiacutepios goianos outras surgiram com o estudo da

cadeia produtiva desse produto e que devem ser consideradas na proposiccedilatildeo de um modelo

produtivo sustentaacutevel para a espeacutecie (Quadro 3)

(a) os indiviacuteduos da espeacutecie satildeo eliminados em aacutereas de agricultura intensiva e

conservados em aacutereas de pecuaacuteria extensiva

(b) a conservaccedilatildeo da espeacutecie ocorre pelo interesse econocircmico que a sua amecircndoa e a

madeira despertam em agricultores familiares meacutedios produtores e pecuaristas

(c) trata-se da exploraccedilatildeo comercial de frutos silvestres adotando-se praacuteticas miacutenimas

de manejo com o objetivo de diminuir o impacto dessa exploraccedilatildeo sobre a espeacutecie e

mantendo o indiviacuteduo em produccedilatildeo o maior tempo possiacutevel

(d) natildeo eacute uma atividade isolada centrada apenas no produto extrativo mas deve ser

entendida como parte dos sistemas de produccedilatildeo diversificados adotados pela agricultura

familiar na regiatildeo

(e) atualmente a exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru eacute uma atividade que ocorre com o

uso de baixa tecnologia que limita a produccedilatildeo em escala

(f) o equipamento envolvido na extraccedilatildeo da amecircndoa eacute fabricado pelo proacuteprio

agricultor familiar enquanto as pequenas induacutestrias associaccedilotildees e cooperativas utilizam

tanto o equipamento rudimentar como maacutequinas manuais e eleacutetricas

(g) os mercados de consumo da amecircndoa satildeo proacuteximos o que permite o

deslocamento raacutepido e com baixos custos para o produtor aleacutem dos benefiacutecios gerados

com a agregaccedilatildeo de valor permanecerem na regiatildeo

153

(h) a sua comercializaccedilatildeo estaacute restrita aos mercados locais podendo chegar ao status

de commodity120

(i) na atual forma de exploraccedilatildeo mesmo mantendo a sustentabilidade esse modelo

natildeo gera um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave justiccedila social ao agricultor

familiar No entanto a introduccedilatildeo de tecnologias e o apoio de instituiccedilotildees natildeo

governamentais e do poder puacuteblico principalmente no fortalecimento da accedilatildeo coletiva do

desenvolvimento de pesquisa e tecnologias direcionadas para a espeacutecie de uma melhor

atuaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica junto ao agricultor podem reverter esse quadro

No modelo sustentaacutevel apresentado aleacutem da agricultura pecuaacuteria e o extrativismo

sustentaacuteveis o agricultor pode desenvolver a agrofloresta a agroecologia a apicultura o

turismo ruralecoturismo consistindo numa forma de diversificar a sua fonte de renda

Ademais pode tambeacutem receber compensaccedilotildees pelos serviccedilos ambientais prestados na sua

propriedade como conservaccedilatildeo da biodiversidade sequestro de carbono e proteccedilatildeo de

mananciais

O poder puacuteblico (preferencialmente o municiacutepio) eou ONGs devem promover accedilotildees

que envolvam os extrativistas e os pecuaristas de modo que estes venham a permitir a

coleta sustentaacutevel do fruto na sua propriedade e que os extrativistas o faccedilam sem causar

danos ambientais ou materiais Estas accedilotildees devem ter como objetivo a pacificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre estes atores

Quanto ao aspecto da comercializaccedilatildeo a amecircndoa ou outro produto derivado do fruto

do baru (amecircndoa torrada biscoitos patildees bolos artesanato) produzido pelo agricultor

podem ser entregues para associaccedilotildeescooperativas eou vendidos para empresas para o

mercado institucional ou diretamente ao consumidor em feiras e eventos

A venda individual apesar de ser uma forma de comercializaccedilatildeo rotineiramente

utilizada pelo agricultor-coletor traz mais desvantagens do que vantagens O

associativismocooperativismo deve ser estimulado pelas vantagens que proporciona tais

como a comercializaccedilatildeo coletiva para evitar a venda do produto por preccedilos impostos pelo

comprador a logiacutestica de entrega coletiva que desonera o preccedilo do transporte do produto a

aquisiccedilatildeo de experiecircncia necessaacuteria para tratar as questotildees econocircmicas em coletivo entre

outras vantagens

O agricultor-coletor tambeacutem pode comercializar esses produtos diretamente em feiras

locais ou eventos promovidos por instituiccedilotildees que apoiem o extrativismo sustentaacutevel de

produtos vegetais

120

De acordo com Bignotto et al (2004) as commodities podem ser entendidas como mercadorias padronizadas e de baixo valor agregado que satildeo produzidas e comercializadas em vaacuterios paiacuteses

154

A associaccedilatildeocooperativa apoacutes realizar as vendas pode remunerar o agricultor familiar

proporcionalmente a sua cota de fornecimento Aleacutem de realizar todo o ciclo de venda do

produto a instituiccedilatildeo pode fornecer serviccedilos ao associadocooperado como capacitaccedilatildeo

para a produccedilatildeo de doces conservas e artesanato formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo em

administraccedilatildeo do seu negoacutecio assistecircncia teacutecnica para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru

acompanhamento organizativo dos associadoscooperados etc

Associaccedilotildees rurais em geral apresentam como uma caracteriacutestica comum a baixa

participaccedilatildeo dos produtores Hespanhol (2006) denuncia essa caracteriacutestica nos estudos

realizados sobre associativismo rural Para a autora o fato de agregarem produtores

familiares serem de pequeno porte e natildeo serem especializadas na produccedilatildeo eacute motivo do

baixo interesse dos associados

Outro aspecto dessas associaccedilotildeescooperativas eacute a falta crocircnica de capital de giro

para o custeio e comercializaccedilatildeo e a sua vulnerabilidade frente ao mercado principalmente

em razatildeo dos seus dirigentes encontrarem dificuldades com a gestatildeo de negoacutecios Estaacute aiacute

incluiacuteda a dificuldade para atender aos procedimentos administrativos exigidos para gerir-se

uma associaccedilatildeocooperativa Os dirigentes reclamam da complexidade da prestaccedilatildeo de

contas que satildeo obrigados a fazer anualmente (NOGUEIRA 2005)

As associaccedilotildeescooperativas podem vender a sua produccedilatildeo em eventos feiras e agraves

empresas Quando enfrentam o mercado surgem grandes dificuldades e desafios para seus

representantes Segundo Costa (2004) um dos entraves para o sucesso dessas instituiccedilotildees

no mercado eacute a sua pequena capacidade de organizaccedilatildeo caracterizada pela falta de

informaccedilotildees sobre a produccedilatildeo dos seus associados uma vez que o conhecimento de toda

essa produccedilatildeo eacute um importante fator para o sucesso da venda coletiva Outros obstaacuteculos

satildeo a falta de mobilizaccedilatildeo a tempo e agrave hora para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito

dos preccedilos e do seu comportamento falta de conhecimento sobre quem iraacute comprar a

produccedilatildeo dificuldade para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito dos preccedilos valor do frete e

compradores antes de movimentar a carga e dificuldade para organizar a logiacutestica de

transporte das mercadorias

Outra forma de comercializaccedilatildeo pode ser por meio do mercado institucional Apesar

de ser relativamente recente no Brasil as experiecircncias atuais sobre este mecanismo

referem-se agraves compras realizadas pelo governo (Federal Estadual e Municipal) por meio de

programas tais como o PNAE o PAA e a PGPM-Bio (CONAB 2010) Satildeo accedilotildees de grande

valor estrateacutegico para o paiacutes e importantes para os agricultores-coletores porque vecircm

distribuindo renda entre as comunidades rurais brasileiras

155

Serviccedilos ambientais - conservaccedilatildeo da biodiversidade - sequumlestro de carbono - controle climaacutetico - proteccedilatildeo de mananciais - proteccedilatildeo do solo

AssociaccedilatildeoCooperativa

Empresas

Poder Puacuteblico

Mercado consumidor - consumidor - grandes varejistas locais e regionais - pequenos varejistas locais - feiras e eventos

Propriedade do agricultor familiar

Aacuterea agriacutecola - agrofloresta - agricultura - agroecologia

Pecuaacuteria - pecuaacuteria + agrofloresta

Aacutereas de proteccedilatildeo ambiental - extrativismo sustentaacutevel - apicultura

Turismo ruralecoturismo

Vizinhanccedila - pequenas propriedades familiares - grandes propriedades

Figura 14 ndash Modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do fruto do baru em trecircs comunidades rurais do municiacutepio de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 2010 Fonte Dados de pesquisa (2010)

ONGs

coleta do fruto do baru

Vendas institucionais - fruto in natura - baru cru

- farinha de baru

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Partilha das vendas Serviccedilos

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Vendas institucionais

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Oacuteleos Sorvetes Biscoitos Patildees Bolos

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Mateacuteria-prima Produtos processados

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

156

Esses programas tecircm contribuiacutedo significativamente para o desenvolvimento da

agricultura familiar Embora seja um valioso canal de comercializaccedilatildeo para os agricultores

jaacute podem ser identificados alguns obstaacuteculos que dificultam o alcance dos seus objetivos

Entre as limitaccedilotildees mais seacuterias estatildeo o atraso nas liberaccedilotildees de recursos financeiros para a

operacionalizaccedilatildeo desses programas dificuldades encontradas pelos agricultores familiares

para acessarem a documentaccedilatildeo exigida para se habilitarem agraves exigecircncias e a falta de

convergecircncia entre diferentes instrumentos de poliacutetica puacuteblica que poderiam dar suporte agraves

accedilotildees dessas iniciativas institucionais Satildeo apontadas tambeacutem fragilidades referentes agrave

organizaccedilatildeo e gerenciamento das redes e organizaccedilotildees locais envolvidas no processo tais

como acompanhamento ineficiente das entregas falta de qualificaccedilatildeo das formas de acesso

dos beneficiaacuterios aos alimentos e ausecircncia de um fortalecimento da atuaccedilatildeo dessas

instituiccedilotildees em outros circuitos de comercializaccedilatildeo de forma a minimizar a sua dependecircncia

em relaccedilatildeo ao mercado institucional (SCHIMITT GUIMARAtildeES 2008)

Tanto esse agricultor-coletor como a associaccedilatildeocooperativa a qual eacute

associadocooperado devem continuar recebendo subsiacutedios de ONGs e do poder puacuteblico

como uma forma de incentivo para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru Entre os subsiacutedios

fornecidos por ONGs podemos citar a doaccedilatildeo de recursos a fundo perdido para projetos de

uso sustentaacutevel da biodiversidade e o fornecimento gratuito de assistecircncia teacutecnica a

empreendimentos ecossociais No acircmbito do poder puacuteblico podemos mencionar como

forma de subsiacutedio a alocaccedilatildeo de recursos financeiros em linhas de creacutedito do Pronaf

exclusiva para o agroextrativismo com juros abaixo do valor corrente de mercado e a

ampliaccedilatildeo da rede de assistecircncia teacutecncia gratuita para as populaccedilotildees que exploram

recursos naturais

Outra forma de subsiacutedio poderia ser o pagamento por serviccedilos ambientais (PSA) ou

seja a instalaccedilatildeo de mecanismos para o pagamento por serviccedilos ambientais Essas

iniciativas visam manter livre de destruiccedilatildeo a base dos recursos naturais que tornam o

ecossistema estaacutevel No entanto eacute necessaacuterio converter serviccedilos como a manutenccedilatildeo da

biodiversidade o armazenamento de carbono e a ciclagem de aacutegua em fluxos monetaacuterios

que possam compensar os proprietaacuterios que desejam manter suas aacutereas naturais

convertendo-as numa fonte de renda O que vem impedindo que essa operaccedilatildeo se

transforme em realidade tem sido a ausecircncia de uma quantificaccedilatildeo segura do valor dos

serviccedilos oferecidos e a escolha do mecanismo adequado por meio do qual os fundos

recebidos seriam distribuiacutedos (FEARNSIDE 1997) Outra barreira no Brasil tem sido a falta

de uma base legal que institua e regulamente a praacutetica desses serviccedilos (WUNDER et al

2008) Satildeo mecanismos que vem sendo discutidos tanto em acircmbito nacional como

157

internacional mas o paiacutes ainda natildeo conta com uma estrutura normativa que efetivamente

venha a se converter em benefiacutecios para os proprietaacuterios e para a populaccedilatildeo

A gestatildeo de micro bacias hidrograacuteficas com o uso de mecanismos de pagamento a

proprietaacuterios rurais pelos serviccedilos de conservaccedilatildeo da aacutegua tem se apresentado como uma

boa alternativa Atualmente uma nova modalidade de PSA vem sendo discutida em acircmbito

internacional como forma de criar valores econocircmicos para a floresta em peacute ou como

medida para evitar o desmatamento as Reduccedilotildees de Emissotildees do Desmatamento e

Degradaccedilatildeo (REDD) Esses serviccedilos podem perfeitamente ser oferecidos aos agricultores

familiares como incentivo para que conservem aacutereas silvestres na sua propriedade e mesmo

para aqueles donos de imoacuteveis que permitem que os coletores tenham acesso as suas

terras recolhimento do fruto do baru

Aleacutem dos benefiacutecios jaacute citados a conservaccedilatildeo de aacutereas silvestres assegura locais e

materiais adequados para a nidificaccedilatildeo dos polinizadores naturais da Dipteryx alata Vog

bem como as fontes de neacutectar poacutelen eou oacuteleo que necessitam para a sua alimentaccedilatildeo A

D alata eacute uma planta aloacutegama121 e necessita de polinizadores que promovam o fluxo de

poacutelen entre os indiviacuteduos da mesma espeacutecie A abelha Xylocopa suspecta abelha de

grande porte (gt 20 cm) pode ser considerada o principal polinizador do baru uma vez

que visita elevado nuacutemero de flores de modo adequado e em curto periacuteodo de tempo Isso

implica em que o aumento da produccedilatildeo de amecircndoas depende da manutenccedilatildeo da

populaccedilatildeo desse inseto (OLIVEIRA SIGRIST 2008) que por sua vez depende de

substratos como galhos e troncos secos de espeacutecies nativas para construir seus ninhos

(SILVA VIANNA 2002) A diminuiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo silvestre proacutexima agraves aacutereas cultivadas

reduzindo os locais adequados para nidificaccedilatildeo e o nuacutemero de espeacutecies vegetais que

funcionam como fonte de alimento tem contribuiacutedo para a diminuiccedilatildeo das populaccedilotildees de

abelhas nativas (KREMEN et al 2002)

Embora natildeo se tenha a pretensatildeo de esgotar todas as soluccedilotildees para superar os

entraves relacionados agrave exploraccedilatildeo do baru pelos agricultores familiares e pelas

associaccedilotildeescooperativas podemos enumerar como accedilotildees que poderiam ser adotadas para

minimizar esses obstaacuteculos a) desenvolvimento de programa de pesquisa relacionado agrave

espeacutecie b) alocaccedilatildeo de maiores montantes de recursos financeiros para as linhas de creacutedito

do Pronaf digiridas para o agroextrativismo c) a criaccedilatildeo de programas voltados para a

capacitaccedilatildeo manejo adequado e conservaccedilatildeo dos produtos que comercializam para a

qualificaccedilatildeo teacutecnica administrativa financeira contaacutebil e tributaacuteria dos seus membros e para

a comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo (identificaccedilatildeo de canais de comercializaccedilatildeo estudos de

121

Espeacutecie cuja forma de reproduccedilatildeo natural predominante se daacute por meio da fecundaccedilatildeo cruzada entre plantas diferentes

158

mercado) d) incrementar o apoio agrave organizaccedilatildeo social no campo no sentido de obterem-se

associaccedilotildeescooperativas mais atuantes e) revisatildeo do marco regulatoacuterio nacional no

sentido de dar um tratamento diferenciado para os produtos do extrativismo e para quem os

produz

159

Homma Drummond Rego Modelo baru

Modelo proposto - Modelo econocircmico teoacuterico de extrativismo aplicado agrave Regiatildeo Amazocircnica

- Modelo conceitual voltado para explicar a atividade de extrativismo na Regiatildeo Amazocircnica

- Modelo conceitual que busca explicar a exploraccedilatildeo de produtos florestais baseada na cultura das populaccedilotildees extrativistas e em sistemas produtivos familiares que harmonizem benefiacutecios econocircmicos sociais e ambientais

- Modelo conceitual voltado para explicar a atividade de exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru no Bioma Cerrado

Conceito - Extrativismo forma de exploraccedilatildeo econocircmica de produto da natureza com produtividade baixa ou declinante

- Extrativismo modo de produzir bens que consiste na retirada de recursos naturais diretamente da sua aacuterea de ocorrecircncia natural

- Neoextrativismo atividade de coleta de recursos naturais combinada agraves atividades agriacutecolas e pecuaacuterias e ao beneficiamento dos produtos coletados incluiacutedas no modo de vida e cultura extrativistas

- Exploraccedilatildeo de PFNMs Atividade praacutetica de coleta que faz parte da estrateacutegia do agricultor para aumentar a sua renda familiar ao mesmo tempo em que desenvolve a agricultura a pecuaacuteria e serviccedilos natildeo agriacutecolas

Caracteriacutesticas gerais da atividade

- A caccedila a pesca e a coleta de produtos vegetais satildeo atividades extrativas e dependem do setor agriacutecola de onde obteacutem alimentos para a sua subsistecircncia e sua intermediaccedilatildeo com o setor comercial eou industrial - Os grupos extrativistas natildeo praticam a agricultura a pecuaacuteria nem a agrofloresta

- A caccedila a pesca e a coleta de produtos vegetais satildeo atividades extrativas que natildeo dependem de grandes insumos de tecnologia e capital - Existem grupos que praticam essas atividades como parte das suas estrateacutegias de sobrevivecircncia e ao mesmo tempo desenvolvem agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato serviccedilos ou induacutestria

- A atividade de coleta de PFNMs combinado com a agricultura pecuaacuteria artesanato e agroinduacutestria - A agropecuaacuteria e a silvicultura natildeo admitem o uso de fertilizantes quiacutemicos pesticidas herbicidas e maacutequinas e implementos agriacutecolas - As teacutecnicas admitidas na agricultura envolvem a diversificaccedilatildeo de culturas o consoacutercio de espeacutecies a adoccedilatildeo dos ciclos que imitam as fases de sucessatildeo ecoloacutegica da floresta

- O agricultor que coleta PFNMs pratica a agricultura tradicional ou a pecuaacuteria ou a agroecologia ou a agrofloresta ou desenvolve sistemas agrosilvopastoris ou a agroinduacutestria - A atividade de coleta natildeo depende de grandes insumos de capital e tecnologia - O fruto do baru serve como uma reserva ou como uma estrateacutegia suplementar de sustento - Grande parte da amecircndoa eacute obtida de frutos coletados em propriedades de terceiros

Caracteriacutesticas poliacuteticas e sociais dos modelos

- Natildeo faz referecircncia - Natildeo faz referecircncia - As populaccedilotildees baseiam seu modo de vida na dependecircncia e simbiose com a natureza no conhecimento empiacuterico e simboacutelico dos ciclos e recursos naturais (com base na experiecircncia e racionalidade e em valores siacutembolos crenccedilas e mitos) e tal saber eacute a base dos sistemas de manejo de baixo impacto praticados - Segundo este modelo conceitual nas dimensotildees poliacutetica e social devem ser respeitadas e consideradas as aspiraccedilotildees da comunidade sua cultura a expressatildeo de novas relaccedilotildees de forccedilas sociais abrangecircncias de todos os usos de recursos naturais natildeo conflitantes com o modo de vida e da cultura comunitaacuteria local

- O manejo do baru natildeo estaacute baseado em conhecimentos tradicionais e saberes elaborados ao longo do tempo com base na interaccedilatildeo entre o homem e os elementos naturais e transferidos por geraccedilotildees - Trata-se da exploraccedilatildeo comercial de frutos silvestres adotando-se praacuteticas miacutenimas de manejo com o objetivo de diminuir o impacto sobre a espeacutecie e mantendo o indiviacuteduo em produccedilatildeo o maior tempo possiacutevel - Na sua grande maioria as aacutereas de coleta do fruto satildeo grandes propriedades sem problemas agraacuterios mais complexos como as grandes extensotildees de aacutereas devolutas da Amazocircnia

160

Classificaccedilatildeo Extrativismo por aniquilamento ou depredaccedilatildeo

Daacute-se quando ocorre a extinccedilatildeo da fonte ou a velocidade de regeneraccedilatildeo for inferior a velocidade de exploraccedilatildeo

Extrativismo de coleta

Daacute-se quando eacute obtida uma produtividade imediata do recurso extrativo que leva ao seu aniquilamento a meacutedio e a longo prazos

Extrativismo de alta tecnologia - materiais naturais satildeo retirados no seu local de ocorrecircncia natural por intermeacutedio de tecnologia e maquinaacuterio mais sofisticados - caracteriza certos setores econocircmicos de sociedades complexas dotadas de agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato induacutestria transformativa e serviccedilos

Extrativismo de baixa tecnologia - natildeo utiliza grandes insumos de capital e tecnologia - base exclusiva ou quase exclusiva de sustento - caracteriza um tipo de sociedade que pode ser qualificada de primitiva ou tribal - voltado para o mercado e se concentra em um uacutenico bem de valor instaacutevel - sujeito a ciclos de prosperidade e falecircncia - o bem eacute exportado da regiatildeo produtora em estado bruto ou processado apenas para preservar as suas caracteriacutesticas naturais e essa operaccedilatildeo transfere para outras regiotildees os benefiacutecios vinculados ao processamento secundaacuterio agrave transformaccedilatildeo industrial agrave comercializaccedilatildeo ao marketing e ao transporte dos produtos finais - atividade introduz mudanccedilas na floresta alterando o ecossistema num grau menor que outra atividade econocircmica possibilitando a manutenccedilatildeo dos sistemas ecoloacutegicos complexos alta produtividade bioloacutegica e rica biodiversidade que por sua vez continuam a gerar produtos extrativos - exclui ou limita outras atividades que usam recursos naturais como agricultura criaccedilatildeo de gado mineraccedilatildeo corte de aacutervores plantio comercial de aacutervores hidroeleacutetricas exploraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural

- Natildeo faz referecircncia Coleta para fins de composiccedilatildeo de renda - predominacircncia de agricultores familiares - compotildee a renda familiar - fortemente sujeita agrave sazonalidade e agrave variaccedilatildeo da quantidade de frutos produzido pela espeacutecie ano a ano - natildeo leva ao esgotamento do recurso agrave longo prazo - baixa utilizaccedilatildeo de insumos de capital e tecnologia

Modelo econocircmico proposto

Modelo teoacuterico construiacutedo com base na evoluccedilatildeo da extraccedilatildeo dos recursos vegetais

Fase de expansatildeo - Demanda pelo produto eacute baixa mas o desenvolvimento da tecnologia dos meacutetodos de exploraccedilatildeo da melhoria da

Natildeo faz referecircncia Natildeo faz referecircncia - A atividade de exploraccedilatildeo do baru como forma de complementaccedilatildeo da renda familiar pode ser mais bem explicada pelo fenocircmeno da pluriatividade

161

infraestrutura melhoram as perspectivas de mercado e reduz os custos da extraccedilatildeo Ocorre uma grande oferta do produto contra uma baixa demanda

Fase de estabilizaccedilatildeo - Crescimento do mercado melhoria dos processos de transporte e comercializaccedilatildeo e disponibilidade de infraestrutura Oferta e a demanda entram em equiliacutebrio proacuteximo agrave capacidade maacutexima de extraccedilatildeo

Decliacutenio ndash Aumento da demanda forccedilaraacute a subida dos preccedilos levando agrave superexploraccedilatildeo do recurso causando o seu esgotamento e portanto uma rigidez da oferta Os custos de produccedilatildeo aumentaratildeo devido a pouca disponibilidade do produto na natureza inviabilizando sua exploraccedilatildeo

Domesticaccedilatildeo ndash Ocorrem duas situaccedilotildees para aliviar a pressatildeo sobre o recurso A busca de substitutos sinteacuteticos para o produto ou a sua domesticaccedilatildeo A domesticaccedilatildeo provoca uma queda de preccedilo do produto no mercado em razatildeo do aumento da oferta O extrativismo entra em decliacutenio pois os custos para a sua extraccedilatildeo satildeo maiores que o seu preccedilo no mercado

Caracteriacutesticas econocircmicas da atividade

- A atividade natildeo tem sustentabilidade econocircmica - a substituiccedilatildeo por outras atividades econocircmicas levam ao desaparecimento do extrativismo - processo de ldquoagriculturizaccedilatildeordquo entre os extratores - destruiccedilatildeo das aacutereas de exploraccedilatildeo em decorrecircncia do processo de expansatildeo da fronteira agriacutecola em funccedilatildeo das poliacuteticas salariais da baixa produtividade da terra e da matildeo de obra do crescimento populacional e do surgimento de outras alternativas econocircmicas

- Os produtos extrativos tendem a ser substituiacutedos por espeacutecies vegetais domesticadas eou por produtos sinteacuteticos - essa forma de exploraccedilatildeo daacute origem a ou perpetua economias de mera subsistecircncia que natildeo superam baixos niacuteveis de produtividade e de bem-estar - grande percentagem da produccedilatildeo natildeo passa dos circuitos locais de subsistecircncia e escambo podendo alcanccedilar o status de commodities - os produtos extrativos tecircm preccedilos de mercado natildeo confiaacuteveis o que tem sido demonstrado pelos ciclos de elevaccedilatildeo e decliacutenio dos preccedilos das mateacuterias-primas e dos produtos primaacuterios - os produtos extrativos satildeo intensivos em capital natural e por isso os seus preccedilos satildeo os mais baixos numa economia

- A exploraccedilatildeo de plantas e animais eacute realizada em niacuteveis pouco intensos que alteram pouco a comunidade bioacutetica do ecossistema - Atividade praticada por autocircnomos e organizaccedilotildees comunitaacuterias - O niacutevel de desenvolvimento das forccedilas de produccedilatildeo e das formas de organizaccedilatildeo social determinam a praacutetica sustentaacutevel do extrativismo (sustentabilidade econocircmica ambiental social e cultural) - As opccedilotildees de uso e valorizaccedilatildeo econocircmica para os recursos extrativistas eacute coerente com as caracteriacutesticas naturais do ambiente e com as aspiraccedilotildees culturais da unidade familiar e deve expressar as novas relaccedilotildees de forccedilas sociais

- Natildeo ocorre o esgotamento do recurso uma vez que somente eacute explorado o fruto do baruzeiro - a conservaccedilatildeo da espeacutecie ocorre pelo interesse econocircmico que a sua amecircndoa e a madeira despertam em agricultores familiares e meacutedios produtores - a espeacutecie eacute destruiacuteda em aacutereas de agricultura intensiva e conservada em aacutereas de pecuaacuteria - a exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru eacute uma atividade que ocorre com o uso de baixa tecnologia que limita a produccedilatildeo em escala - o equipamento envolvido na extraccedilatildeo da amecircndoa do baru eacute fabricado pelo proacuteprio coletor - estaacute restrita aos mercados locais

162

complexa embora em casos raros possam alcanccedilar alta valorizaccedilatildeo - as economias extrativas de baixa tecnologia em florestas tropicais soacute sustentam uma baixa densidade populacional - nas economias extrativas predomina uma larga base de extratores pobres e um estreito aacutepice de intermediaacuterios e comerciantes ricos - regiotildees extrativas normalmente alcanccedilam pouca prosperidade pelo fato dos benefiacutecios trazidos pela agregaccedilatildeo de valor dos produtos extrativos permanecerem nas aacutereas geograacuteficas para onde esses produtos foram exportados - o extrativismo mesmo sustentaacutevel e comunitaacuterio natildeo tende a gerar um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave justiccedila social

- Produccedilatildeo apoiada no trabalho familiar ou comunitaacuterio - Produccedilatildeo depende do uso imediato dos recursos e natildeo objetiva o lucro mas a reproduccedilatildeo social e cultural - A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo extrativista e a incorporaccedilatildeo de tecnologias viabilizam a exploraccedilatildeo sustentaacutevel (LEITE 2004) - Exploraccedilatildeo centrada em uma espeacutecie natildeo eacute economicamente sustentaacutevel (LEITE 2004) - Apoio de instituiccedilotildees natildeo governamentais poder puacuteblico e iniciativa privada para a sustentabilidade da atividade e reparticcedilatildeo justa e equitativa dos beneacuteficos obtidos com a exploraccedilatildeo de PFNMs (LEITE 2004) - Poliacuteticas puacuteblicas que venham a contemplar o manejo das unidades produtivas como um todo ou seja observando os aspectos econocircmico social ambiental e cultural (LEITE 2004)

podendo chegar ao status de commodity - eacute uma atividade que complementa a renda do agricultorcoletor se constituindo numa fonte secundaacuteria de recurso para a famiacutelia A principal fonte de renda das famiacutelias eacute a venda de serviccedilos - os mercados de consumo da amecircndoa satildeo proacuteximos o que permite o deslocamento raacutepido e com baixos custos para o produtor aleacutem dos benefiacutecios gerados com a agregaccedilatildeo de valor permanecerem na regiatildeo - na atual forma de exploraccedilatildeo mesmo mantendo a sustentabilidade esse modelo natildeo gera um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave justiccedila social No entanto a introduccedilatildeo de tecnologias e o apoio de instituiccedilotildees natildeo governamentais e do poder puacuteblico principalmente no fortalecimento da accedilatildeo coletiva podem reverter esse quadro

Cadeia produtiva

- Verticalizaccedilatildeo da cadeia ocorre geralmente fora da regiatildeo

- Verticalizaccedilatildeo da cadeia ocorre fora da regiatildeo

Natildeo faz referecircncia - Verticalizaccedilatildeo ocorre na aacuterea e fora da regiatildeo - Cadeia produtiva fraacutegil com pouca integraccedilatildeo e bastante desarticulada

Indices e indicadores

- Natildeo faz referecircncia Natildeo faz referecircncia Natildeo faz referecircncia Iw ndash Calcula a iacutendice individual de sustentabilidade das dimensotildees ambiental social econocircmica institucional e sauacutede da atividadepor meio de indicadores Is ndash Calcula o iacutendice de sustentabilidade geral da atividade

Quadro 3 ndash Comparaccedilatildeo entre modelos teoacutericos propostos para o extrativismo Fonte Leite ( 2004)Drummond (1996) Homma (1993) Recircgo (1992)

163

8 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os dados coletados no presente trabalho tecircm como finalidade verificar se a atividade

de exploraccedilatildeo do baru nas florestas naturais do Estado de Goiaacutes eacute uma alternativa

sustentaacutevel para a geraccedilatildeo de renda

As mensuraccedilotildees sobre o grau de sustentabilidade das atividades praticadas no acircmbito

da cadeia produtiva do baru foram realizadas com o objetivo de obter-se um diagnoacutestico

atual dessa exploraccedilatildeo apontando o niacutevel de equiliacutebrio entre as dimensotildees da

sustentabilidade uma vez que este equiliacutebrio eacute que determina se a atividade estaacute

incorporando um modelo correto de desenvolvimento

Desse modo far-se-aacute inicialmente uma anaacutelise dos Iacutendices Individuais de

Sustentabilidade (Iw) por dimensatildeo da sustentabilidade obtidos a partir dos questionaacuterios

aplicados junto aos agricultores Esses iacutendices tambeacutem serviratildeo para calcular o Iacutendice de

Sustentabilidade (IS) das comunidades estudadas e para se chegar ao seu grau de

sustentabilidade

Da mesma forma analisar-se-aacute o Iw para cada instituiccedilatildeo que faz parte da cadeia

produtiva do baru e na sequecircncia o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) e o grau de

sustentabilidade para estas instituiccedilotildees

A anaacutelise dos resultados obtidos com a aplicaccedilatildeo do questionaacuterio sobre os obstaacuteculos

que os agricultores familiares e as instituiccedilotildees privadas enfrentam na exploraccedilatildeo do baru

forneceu uma ideia mais clara dos problemas que costumam afetar desfavoravelmente esse

empreendimento

A enumeraccedilatildeo e anaacutelise de normas ambientais sanitaacuterias e fiscaistributaacuterias vigentes

em acircmbito federal e estadual teve como propoacutesito verificar de que forma afetam a atividade

de exploraccedilatildeo do baru na fase empreendida pelo agricultor familiar Tratando-se de pessoas

que costumeiramente possuem baixo niacutevel de escolaridade acesso restrito agrave informaccedilatildeo e

dificuldade de deslocamento a regularizaccedilatildeo dessa atividade extrativa junto aos oacutergatildeos

puacuteblicos competentes natildeo se mostra uma tarefa faacutecil

Outro conjunto de dados obtidos forneceu o perfil socioeconocircmico desse agricultor

familiar e as condiccedilotildees que desenvolve a sua atividade de modo a permitir realizar

comparaccedilotildees entre os grupos estudados e a construccedilatildeo de um modelo produtivo para o

baru

81 AGRICULTORES FAMILIARES

811 IacuteNDICE DE SUSTENTABILIDADE

O maior Iacutendice de Sustentabilidade entre os agricultores entrevistados no valor de

0774 (Tabela 11) foi obtido justamente da famiacutelia que mais vecircm procurando utilizar

procedimentos ambientalmente corretos na sua propriedade de 18 ha na comunidade de

164

Caxambuacute (Famiacutelia 11) Manteacutem APP e RL nas suas terras e emprega teacutecnicas de

agroecologia122 para cultivar gratildeos frutas e hortaliccedilas Dispensam tratos culturais agraves mudas

de baru que germinam espontaneamente na propriedade realizando a roccedilagem em torno da

placircntula para evitar competiccedilatildeo com outras espeacutecies A matildeo de obra utilizada eacute familiar e os

pais contam com dois filhos adultos que os auxiliam nas tarefas diaacuterias aleacutem de ajudarem

na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo e na administraccedilatildeo da propriedade Uma pequena

agroinduacutestria estaacute instalada na propriedade onde eacute produzido baru torrado geleias de frutos

do Cerrado e conservas Esta pequena faacutebrica eacute gerida por uma Associaccedilatildeo123 formada por

agricultores que residem na localidade Economicamente esta famiacutelia se manteacutem com a

produccedilatildeo do siacutetio (leite carne de aves ovos hortaliccedilas gratildeos) com a parcela proporcional

das vendas da associaccedilatildeo e aposentadoria rural A famiacutelia eacute muito ativa socialmente

participam da roccedila comunitaacuteria e mantecircm um bom relacionamento com membros da

comunidade Recebem com frequecircncia a visita e orientaccedilatildeo de pesquisadores da Embrapa

e de teacutecnicos de instituiccedilotildees puacuteblicas e do ISPN Mantecircm contiacutenuo contato com o exterior

participando de cursos encontros feiras e treinamentos voltados para a agricultura familiar

Por outro lado o iacutendice de sustentabilidade mais baixo no valor de 0489 (Tabela 11)

foi alcanccedilado por uma famiacutelia da comunidade Bom Jesus (Famiacutelia 13) A propriedade possui

uma aacuterea de aproximadamente 15 ha sendo que desse total 125 ha satildeo aproveitados na

forma de pastos e de benfeitorias (edifiacutecios curral capineira e quintal) O restante eacute

ocupado por APP e RL A proprietaacuteria natildeo desenvolve qualquer atividade de agricultura na

propriedade O marido eacute dono de uma pequena mercearia no local e somente a respondente

e o filho desenvolvem atividades com o baru Coletam os frutos na sua propriedade e na dos

vizinhos e extraem a amecircndoa Embora continuem associados se afastaram da

Associaccedilatildeo124 por incompatibilidade com os demais associados Participam de

pouquiacutessimas atividades sociais na comunidade Natildeo dispensam quaisquer tratos culturais

agraves mudas de baru que nascem naturalmente e nem mesmo manejam o gado para que natildeo

coma os brotos das placircntulas Natildeo haacute rodiacutezio nos pastos para evitar o sobrepastejo e a

subsolagem Alegam nunca ter recebido qualquer assistecircncia teacutecnica do Estado ou privada

e nunca recorreram a empreacutestimos para aumentar a produccedilatildeo na sua propriedade por

aversatildeo a diacutevidas financeiras O rendimento obtido com a exploraccedilatildeo da amecircndoa varia

entre 1 a 20 do que a famiacutelia amealha durante o ano A maior parte da renda eacute

proveniente do comeacutercio e aposentadoria rural Consideram a exploraccedilatildeo do baru um

complemento da renda da famiacutelia e acreditam no potencial do fruto

122

Segundo Altieri (2002) agroecologia eacute o meacutetodo que fornece os princiacutepios baacutesicos ecoloacutegicos para estudar planejar e manejar agroecossistemas produtivos e que conservam os recursos naturais e que tambeacutem satildeo culturalmente sensiacuteveis socialmente justos e economicamente viaacuteveis (Traduccedilatildeo proacutepria) 123

Associaccedilatildeo de Desenvolvimento Comunitaacuterio de Caxambu AMOR de Bom Jesus - Associaccedilatildeo dos Moradores de Bom Jesus

165

Tabela 11 minus Iacutendices de sustentabilidade por agricultor por localidade estudada

Nordm Ordem dos Questionaacuterios

Local Iacutendice Social

Iacutendice Poliacutetico

Iacutendice da Sauacutede

Iacutendice Econocircmico

Iacutendice Ecoloacutegico

Iacutendice Geral

1 Caxambuacute 0760 0500 1000 0478 0524 0652

2 Caxambuacute 0920 0500 1000 0478 0524 0684

3 Vale da Esperanccedila 0880 0111 1000 0217 0667 0575

4 Vale da Esperanccedila 0920 0167 1000 0870 0571 0706

5 Vale da Esperanccedila 0720 0111 1000 0261 0524 0523

6 Vale da Esperanccedila 0840 0556 1000 0435 0524 0671

7 Vale da Esperanccedila 0840 0667 1000 0435 0619 0712

8 Vale da Esperanccedila 0560 0000 1000 0348 0619 0505

9 Vale da Esperanccedila 0840 0333 1000 0696 0571 0688

10 Caxambuacute 0600 0389 0889 0478 0667 0605

11 Caxambuacute 1000 0556 1000 0696 0619 0774

12 Bom Jesus 0720 0167 0889 0435 0714 0585

13 Bom Jesus 0640 0000 0889 0391 0524 0489

14 Bom Jesus 0680 0167 0889 0478 0667 0576

15 Bom Jesus 0800 0000 0889 0435 0667 0558

16 Vale da Esperanccedila 0960 0000 1000 0174 0619 0551

17 Bom Jesus 0640 0278 1000 0478 0667 0613

18 Caxambuacute 0760 0389 1000 0565 0476 0638

19 Bom Jesus 0920 0000 1000 0565 0714 0640

Fonte Dados de pesquisa (2010)

O que se quer demonstrar com as descriccedilotildees acima eacute que os valores dos iacutendices

individuais de sustentabilidade encontrados (maior e menor respectivamente) representam

de maneira apropriada o que foi encontrado em campo ou seja as observaccedilotildees diretas

realizadas nas duas propriedades demonstraram que a famiacutelia 11 eacute a mais sustentaacutevel pela

preocupaccedilatildeo em incorporar nas atividades que desenvolvem as dimensotildees da

sustentabilidade Jaacute a famiacutelia 13 atende a algumas recomendaccedilotildees legais referentes agrave

conservaccedilatildeo ambiental (como manter APP e RL) poreacutem natildeo estaacute empenhada em

incorporar as outras dimensotildees da sustentabilidade nas suas atividades diaacuterias

De acordo com a Tabela 11 o iacutendice que atingiu os menores valores entre os 19

agricultores visitados foi o poliacutetico Fica evidenciada nas respostas obtidas a ausecircncia do

Estado no estiacutemulo a processos participativos capazes de assegurar o exerciacutecio da

cidadania bem como dos ineficientes serviccedilos puacuteblicos prestados aleacutem da infraestrutura

baacutesica deficiente colocada agrave disposiccedilatildeo dos agricultores

Trabalho desenvolvido por Rabelo e Lima (2007) adotando metodologia similar para

calcular o iacutendice e o grau de sustentabilidade de projeto de exploraccedilatildeo de algas vermelhas

no Distrito de Flexeiras no litoral oeste cearense a partir de indicadores para as dimensotildees

ambientais sociais econocircmicos e institucionais (poliacuteticos) obteve um grau de

sustentabilidade ruim com iacutendice de sustentabilidade de 0440 Chegaram a conclusatildeo que

166

o Iacutendice alcanccedilado ameaccedilava a continuidade do projeto levando-os a sugerirem a adoccedilatildeo

das seguintes medidas tecnologias menos agressivas ao meio ambiente qualificaccedilatildeo de

matildeo de obra agregaccedilatildeo de valor ao produto e diversificaccedilatildeo do produto no sentido de

melhorar as condiccedilotildees ambientais e econocircmicas dos extrativistas daquele Distrito e tambeacutem

para potencializar a sustentabilidade da atividade

A anaacutelise da sustentabilidade de dois assentamentos rurais no Municiacutepio de Silvacircnia

Estado de Goiaacutes embora utilizando indicadores diferentes daqueles utilizados no presente

trabalho mostrou a desequiliacutebrio entre as dimensotildees da sustentabilidade O assentamento

Satildeo Sebastiatildeo da Garganta obteve um iacutendice meacutedio de sustentabilidade (0739)

representando meacutedia qualidade de vida dos assentados e o assentamento Joatildeo de Deus

com baixa sustentabilidade (0279) representando baixa qualidade de vida dos moradores

O iacutendice alcanccedilado pelo assentamento Satildeo Sebastiatildeo da Garganta foi influenciado pelo alto

niacutevel de acumulaccedilatildeo de capital social (dimensatildeo social da sustentabilidade) Jaacute o

assentamento Joatildeo de Deus atingiu baixos niacuteveis de desenvolvimento socioeconocircmico de

capital social e ambiental Segundo os autores esse baixo iacutendice de sustentabilidade deveu-

se ao fato do assentamento ter sido criado em 1985 quando o I Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria ter sido implantado sem qualquer diretriz voltada para a conservaccedilatildeo ambiental

enquanto em assentamentos posteriores como o assentamento Satildeo Sebastiatildeo da

Garganta a questatildeo ambiental jaacute vinha recebendo maior atenccedilatildeo (ALVES BASTOS 2009)

Apesar da conclusatildeo alcanccedilada pelos autores acredita-se que o baixo iacutendice de

sustentabilidade seja resultado da interaccedilatildeo de vaacuterios fatores que combinados

desequilibram a sustentabilidade entre as dimensotildees

Uma caracteriacutestica dos agricultores visitados que chamou a atenccedilatildeo durante o

trabalho de campo foi que ao serem perguntados se a propriedade contava com APP e RL

todos respondiam afirmativamente Ao verificar-se in loco a veracidade dessa afirmaccedilatildeo

observou-se que praticamente nenhuma atendia ao que prescreve a Lei quanto a largura

miacutenima das faixas de vegetaccedilatildeo que devem ser mantidas ao longo dos cursos drsquoaacutegua

Houve caso em que o agricultor mantinha cerca de 5 metros de vegetaccedilatildeo agraves margens de

um rio de aproximadamente 20 metros de largura (Rio Paranatilde) ndash quando a Lei determina

que seja 30 metros no miacutenimo ndash mas afirmava taxativamente que estava atendendo ao que

prescrevia a Lei

Entre as dezenove propriedades visitadas somente uma atendeu integralmente ao que

estabelece o art 2ordm e 16 do Coacutedigo Florestal pelo fato de grande parte da aacuterea ser coberta

por vegetaccedilatildeo natural e em parte pelo proprietaacuterio ter desenvolvido ali um sistema

agroflorestal

167

Todas as demais propriedades visitadas possuiacuteam Reserva Legal no entanto natildeo foi

possiacutevel verificar se atendiam aos 20 da aacuterea do imoacutevel protegida conforme prescreve a

legislaccedilatildeo pertinente

Outra caracteriacutestica que chamou a atenccedilatildeo no que diz respeito agraves aacutereas de

conservaccedilatildeo particulares (APP e RL) eacute que a grande maioria delas natildeo estava cercada de

modo que o gado as invadia livremente com exceccedilatildeo de uma uacutenica propriedade onde natildeo

era desenvolvida a pecuaacuteria

Apesar das caracteriacutesticas a respeito das aacutereas de conservaccedilatildeo particulares os

proprietaacuterios rurais visitados foram capazes de identificar a relaccedilatildeo existente entre a

conservaccedilatildeo de aacutereas naturais e os serviccedilos ambientais que prestam ao homem e agrave

biodiversidade

812 RESULTADOS POR COMUNIDADE

Conforme o Graacutefico 12 mostra o maior iacutendice de sustentabilidade entre as

comunidades estudadas foi alcanccedilado pelo Distrito de Caxambu (IS = 0671) No entanto

algumas inconsistecircncias puderam ser observadas no tocante aos iacutendices obtidos por cada

comunidade A comunidade de Caxambuacute foi onde se observou a maior preocupaccedilatildeo com a

incorporaccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade ecoloacutegica social e econocircmica Nessa

localidade os agricultores visitados empregam algumas teacutecnicas agroecoloacutegicas na

conduccedilatildeo das suas lavouras o que natildeo foi observado em outras comunidades Mesmo

assim o iacutendice ecoloacutegico do Distrito de Bom Jesus foi maior que os demais o que natildeo

deveria ocorrer em funccedilatildeo da importacircncia relativa que os agricultores entrevistados

dispensam a questatildeo ambiental Eacute provaacutevel que os indicadores utilizados na avaliaccedilatildeo

dessa dimensatildeo natildeo tenham sido suficientemente sensiacuteveis para captar a variaccedilatildeo desses

detalhes relativos ao meio ambiente Eacute certo que a incorporaccedilatildeo de mais indicadores para

avaliar a dimensatildeo ecoloacutegica mostraraacute com mais clareza as pequenas variaccedilotildees

encontradas entre as comunidades rurais avaliadas

A comunidade com o menor Iacutendice de Sustentabilidade foi a de Bom Jesus (IS =

0577) Somente superou as duas outras comunidades no iacutendice ecoloacutegico ficando abaixo

nos demais iacutendices A observaccedilatildeo direta dessa comunidade mostrou que apesar da

presenccedila da Associaccedilatildeo dos Moradores de Bom Jesus que congrega agricultores

interessados na exploraccedilatildeo do baru e que possui um barracatildeo na localidade para

armazenar e quebrar o produto muitos preferem processar e vender o baru por conta

proacutepria Perguntados sobre as razotildees dessa opccedilatildeo informaram que a Associaccedilatildeo demora

muito a pagar o baru entregue e que vendendo individualmente recebem o dinheiro no

momento em que entregam a amecircndoa ao comprador As respostas obtidas a partir do

questionaacuterio socioeconocircmico aplicado confirmam essa tendecircncia uma vez que dos seis

168

agricultores entrevistados (associados) todos entregam a produccedilatildeo para comerciante ou

atravessador metade vende a prazo e a outra metade agrave vista (Tabela 12) Essa praacutetica

mostra o baixo compromisso dos agricultores com os demais associados na obtenccedilatildeo de

benefiacutecios em longo prazo Por outro lado satildeo agricultores pobres descapitalizados que

necessitam de dinheiro para atender agraves suas necessidades mais urgentes como

alimentaccedilatildeo e sauacutede

Tabela 12 ndash Compradores da amecircndoa do baru e forma de venda aos agricultores de acordo com cada famiacutelia do Distrito de Bom Jesus Pirenoacutepolis GO em 2010

Famiacutelia Para quem vende o baru De que forma vende o baru

12 Outros (atravessador) A prazo 13 Comerciante local A prazo 14 Outros (atravessador) A prazo 15 Comerciante de for a Agrave vista 17 Comerciante local Agrave vista 19 Comerciante local Agrave vista

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Essa comunidade obteve o menor Iacutendice Social quando comparada com as demais

comunidades estudadas (Graacutefico 12) A dificuldade que estes agricultores enfrentam para

organizar-se socialmente pode ter afetado este iacutendice tornando-o baixo

Graacutefico 12 minus Iacutendice de Sustentabilidade por localidade estudada Fonte Dados de pesquisa (2010)

No entanto o Iacutendice Social das comunidades de Vale da Esperanccedila e Caxambu

atingiram os valores de 0820 e 0808 (Graacutefico 13) respectivamente correspondendo a um

grau de sustentabilidade alto de acordo com a Tabela 3 (pag 15) De fato as referidas

comunidades vecircm desenvolvendo trabalhos no sentido de congregar a comunidade em

169

torno de esforccedilos coletivos aleacutem de procurar passar informaccedilotildees de interesse do grupo aos

membros

Graacutefico 13 minus Iacutendices por comunidade por dimensatildeo da sustentabilidade Fonte Dados de pesquisa (2010)

813 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos agricultores e da atividade de exploraccedilatildeo de baru

A anaacutelise dos dados obtidos com o questionaacuterio socioeconocircmico permitiu traccedilar um

perfil dos agricultores entrevistados bem como colocar em evidecircncia algumas caracteriacutesticas

da atividade de exploraccedilatildeo do baru nos municiacutepios estudados

Esse agricultor tem na exploraccedilatildeo do baru uma atividade meramente de

complementaccedilatildeo de renda uma vez que 526 dos entrevistados admitiram que os

recursos obtidos com a comercializaccedilatildeo da amecircndoa cobrem apenas 20 das despesas

anuais da famiacutelia Cerca de 89 dos entrevistados admitiram que os recursos obtidos com a

venda do baru cobrem abaixo de 40 dessas despesas (Tabela 13)

Tabela 13 ndash Contribuiccedilatildeo da venda do baru para a renda anual familiar por faixa de despesa

Faixas de despesa Frequecircncia

acumulado

Cobre acima de 70 das despesas inclusive

1 53 53

Cobre entre 69 e 40 das despesas inclusive

1 53 106

Cobre entre 39 e 20 das despesas inclusive

7 368 474

Cobre entre 19 e 1 das despesas inclusive

10 526 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

A Tabela 14 mostra as trecircs principais fontes de renda dos agricultores familiares em

ordem crescente de importacircncia Cerca de 21 dos entrevistados afirmaram que as trecircs

170

principais fontes de renda satildeo a criaccedilatildeo de gado a agricultura e a exploraccedilatildeo de PFNM Na

mesma proporccedilatildeo como fonte de renda mais importante estatildeo a pecuaacuteria a prestaccedilatildeo de

serviccedilos e a exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros

Treze agricultores informaram que a exploraccedilatildeo de PFNMs estaacute entre as trecircs

principais fontes de renda A agroinduacutestria tambeacutem estaacute entre as trecircs mais importante fontes

de renda tendo sido mencionada por 9 agricultores Esta atividade geralmente estaacute ligada a

agregaccedilatildeo de valor ao baru Nestas comunidades a tecnologia para o processamento da

amecircndoa eacute rudimentar e costuma ser feito em pequenas cozinhas domeacutesticas onde eacute

embalada em pequenas porccedilotildees (100 g) antes de ser levada ao comeacutercio A comunidade de

Caxambuacute eacute uma exceccedilatildeo pois jaacute conta com uma cozinha comunitaacuteria melhor estruturada

para o processamento de alimentos

Tabela 14 ndash Trecircs principais fontes de renda dos agricultores familiares entrevistados em ordem crescente de importacircncia

Fonte de Renda Frequecircncia

Acumulado

Comeacutercio agroinduacutestria PFNM 1 53 53

Aposentadoria comeacutercio PFNM 1 53 105

Lavoura aposentadoria agroinduacutestria 1 53 158

Prestaccedilatildeo serviccedilos agroinduacutestria lavoura 1 53 211

Prestaccedilatildeo de serviccedilos agroinduacutestria PFNM 1 53 263

Pecuaacuteria comeacutercio agroinduacutestria 1 53 316

Pecuaacuteria aposentadoria prestaccedilatildeo de serviccedilos 1 53 368

Pecuaacuteria lavoura agroinduacutestria 1 53 421

Pecuaacuteria aposentadoria agroinduacutestria 1 53 474

Pecuaacuteria agroinduacutestria PFNM 2 105 579

Pecuaacuteria prestaccedilatildeo serviccedilos PFNM 4 211 789

Pecuaacuteria lavoura PFNM 4 211 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Os dados obtidos no presente estudo fornecem elementos para a caracterizaccedilatildeo do

sistema de produccedilatildeo encontrado nas unidades agriacutecolas familiares visitadas Eacute um sistema

de produccedilatildeo com uso mais intensivo da terra por meio da diversificaccedilatildeo das atividades

agriacutecolas e adoccedilatildeo de atividades natildeo agriacutecolas como a venda de serviccedilos o

agroextrativismo e o comeacutercio (Tabela 14) Nas propriedades satildeo desenvolvidas atividades

como a agricultura diversificada a pecuaacuteria corteleite e a criaccedilatildeo de pequenos animais

(aves suiacutenos)

As unidades de produccedilatildeo desse sistema satildeo proacuteprias ou recebidas por meio de

concessatildeo de uso (assentamentos da reforma agraacuteria) Suas dimensotildees variam de 15 ha

ateacute 115 ha sendo as mais encontradas aquelas com dimensotildees de 15 haacute 22 haacute e 25 ha

(Tabela 15)

171

A produccedilatildeo animal eacute atividade predominante em 18 propriedades A pecuaacuteria eacute

praticada por 16 agricultores e desses somente 12 plantam (Tabela 16)

Na pecuaacuteria de corteleite os rebanhos variam de 5 a 82 cabeccedilas e os excedentes

comercializados satildeo o leite e bezerros que satildeo vendidos com um ano de vida A criaccedilatildeo de

aves eacute uma atividade praticada em 18 unidades agriacutecolas familiares visitadas sendo que

somente em duas unidades eacute voltada para fins comerciais Nas demais eacute realizada como

atividade de subsistecircncia Na sua grande maioria eacute extensiva com instalaccedilotildees inadequadas

com praacuteticas de manejo rudimentares sem preocupaccedilatildeo com o emprego eficiente de

teacutecnicas reprodutivas nutricionais e sanitaacuterias O mesmo ocorre com a criaccedilatildeo de suiacutenos

praacutetica extensiva voltada para a alimentaccedilatildeo da famiacutelia e tambeacutem servindo de moeda de

troca entre os moradores

Tabela 15 ndash Tamanho (ha) das unidades agriacutecolas visitadas

Tamanho (ha) Frequecircncia Acumulado

1500 2 105 105

1750 1 53 158

1800 1 53 211

1900 1 53 263

2200 4 211 474

2380 1 53 526

2400 1 53 579

2500 2 105 684

2750 1 53 737

3500 1 53 789

4000 1 53 842

4300 1 53 895

7500 1 53 947

11500 1 53 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Os produtos agriacutecolas cultivados nas propriedades se destinam basicamente ao

consumo interno com pequenos excedentes reservados para a comercializaccedilatildeo O milho eacute

o gratildeo mais plantado seguido do feijatildeo e do arroz (Tabela 16) As aacutereas plantadas variam

de 1 a 3 ha e satildeo consorciadas com aboacutebora melancia mandioca gergelim entre outras

culturas

172

Tabela 16 ndash O que mais plantou no uacuteltimo ano versus produccedilatildeo animal predominante nas trecircs comunidades estudadas

Produccedilatildeo animal predominante

Total Pecuaacuteria Avicultura

Natildeo haacute produccedilatildeo

animal

O que mais plantou nos uacuteltimos doze

meses

Milho Nordm agricultores 9 1 0 10

do total 474 53 0 526

Feijatildeo Nordm agricultores 2 0 0 2

do total 105 0 0 105

Arroz Nordm agricultores 1 0 0 1

do total 53 0 0 53

Natildeo planta Nordm agricultores 4 1 1 6

do total 211 53 53 316

Total Nordm agricultores 16 2 1 19

do total 842 105 53 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

A matildeo de obra mais utilizada nas unidades agriacutecolas eacute a familiar (842) seguida da

extrafamiliar (105) (Tabela 17) Observou-se nas aacutereas de estudo uma grande quantidade

de proprietaacuterios jaacute em idade avanccedilada Alguns jaacute natildeo conseguem trabalhar e tecircm dificuldade

em obter matildeo de obra pois a maioria dos jovens dessas comunidades vem se deslocando

para os centros urbanos em busca de oportunidades de trabalho e estudo Esse fato

repercute na produccedilatildeo do baru se constituindo em um obstaacuteculo pois os mais velhos se

queixam da dificuldade do ato de agachamento para a coleta do fruto no chatildeo aleacutem da

penosidade para o transporte do fruto do local onde eacute coletado ateacute onde eacute armazenado

Tabela 17 ndash Matildeo de obra utilizada na propriedade

Matildeo de obra Frequecircncia

Acumulado

Somente familiar 16 842 842

Familiar e extrafamiliar 1 53 895

Somente extrafamiliar 2 105 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

814 Obstaacuteculos apontados pelos agricultores agrave exploraccedilatildeo do baru

Foram apresentadas a cada agricultor entrevistado 35 fichas coloridas contendo frases

sobre os obstaacuteculos agrave produccedilatildeo do baru As respostas obtidas receberam tratamento

estatiacutestico por meio do teste de comparaccedilatildeo de proporccedilatildeo visando saber quais foram

aquelas estatisticamente significantes ao niacutevel de 95 Os obstaacuteculos estatisticamente

significantes foram os que receberam acima de 13 indicaccedilotildees inclusive e que

correspondem aos nuacutemeros de ordem de 1 a 4 da Tabela 18 Os obstaacuteculos

173

estatisticamente mais significativos satildeo os que mais afetam a atividade de produccedilatildeo do

baru

Dessa forma as fichas que receberam maior nuacutemero de indicaccedilotildees num total de 15

traziam as seguintes mensagens ldquoDificuldade que o agricultor possui para o gerenciamento

de empreendimentos coletivos (associaccedilatildeocooperativa)rdquo e ldquoFalta de maquinaacuterio para

despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas do barurdquo

A dificuldade do agricultor para o gerenciamento de empreendimentos coletivos eacute um

problema apontado em vaacuterios trabalhos sobre o assunto (CARRAZZA 2005 ISPN 2005

SAWYER REE PIRES 1999) Lanccedilado pelo Presidente da Repuacuteblica em abril de 2009 o

Plano Nacional de Promoccedilatildeo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade reconhece

esta dificuldade e traz eixos de accedilatildeo para o incentivo agrave produccedilatildeo o fortalecimento da

organizaccedilatildeo social e produtiva dos agentes por meio da sua capacitaccedilatildeo em diversas aacutereas

que dizem respeito ao assunto

A falta de maquinaacuterio adequado para despolpar quebrar torrar e descascar as

amecircndoas do baru eacute um limitante agrave produccedilatildeo Atualmente o baru eacute quebrado com a ajuda

de maacutequinas manuais que produzem no maacuteximo 3 kg de amecircndoa por dia se mostrando

uma atividade intensiva em matildeo de obra que onera a produccedilatildeo Busca-se uma maacutequina

eleacutetrica que possa aumentar a quantidade de amecircndoa extraiacutedadia e baixar o seu custo de

produccedilatildeo Vaacuterios protoacutetipos tecircm sido testados mas com baixa eficiecircncia

A ficha contendo a mensagem ldquoFalta de capacidade do agricultor para produzir a

castanha do baru em uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constanterdquo

recebeu 14 indicaccedilotildees Esta afirmativa estaacute relacionada com a irregularidade no

fornecimento da amecircndoa ao mercado Seja por falta de capacidade do agricultor para

estocar o fruto (falta de capital de giro deficiecircncia de gerenciamento) com o propoacutesito de

suprir o mercado com regularidade seja em razatildeo da sazonalidade da frutificaccedilatildeo da

espeacutecie ou irregularidade nas safras os entrevistados reconheceram que essa afirmativa

caracteriza um poderoso obstaacuteculo agrave produccedilatildeo

A mensagem ldquoFalta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidorrdquo recebeu 13 indicaccedilotildees e

estaacute relacionada ao pouco conhecimento do consumidor sobre as qualidades da amecircndoa

do baru Por outro lado ainda natildeo foram realizadas campanhas para a divulgaccedilatildeo do

produto Por ser um produto cujo mercado pode ainda ser considerado marginal natildeo possui

a relevacircncia necessaacuteria para figurar em campanhas publicitaacuterias massivas de divulgaccedilatildeo

como a castanha de caju e a castanha do Brasil

As duas fichas que menos receberam indicaccedilotildees foram ldquoExigecircncia de apresentaccedilatildeo

de plano de manejo ao oacutergatildeo de meio ambiente de Goiaacutes para a exploraccedilatildeo do barurdquo e

ldquoFalta de informaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo que dita as regras para a exploraccedilatildeo de frutos do

174

cerradordquo com duas indicaccedilotildees cada (de dezenove possiacuteveis) Estas fichas estatildeo

relacionadas com a legislaccedilatildeo ambiental que incide sobre a exploraccedilatildeo do baru

Tabela 18 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por ficha apresentada aos agricultores das trecircs comunidades estudadas

Nordm de ordem

Obstaacuteculos agrave produccedilatildeo de baru Nordm de

Indicaccedilotildees

1 Dificuldade que o agricultor possui para o gerenciamento de empreendimentos coletivos (associaccedilatildeocooperativa) 15

2 Falta de maquinaacuterio para despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas do baru 15

3 Falta de capacidade do agricultor para produzir a amecircndoa do baru em uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constante

14

4 Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor 13

5 O custo alto da embalagem agrave vaacutecuo 12

6 Falta de ldquopontosrdquo bons nas cidades para a venda do baru 10

7 Dificuldade para a distribuiccedilatildeo dos produtos do baru por diversos motivos (falta de veiacuteculo estradas precaacuterias comunidades isoladas)

10

8 Falta de linha de creacutedito nos bancos para financiar a exploraccedilatildeo do baru 9

9 Falta de assistecircncia teacutecnica que oriente o agricultor no processo de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do baru 9

10 Preccedilo da castanha do baru muito alto para o consumidor final 9

11 Falta de locais adequados para armazenar o fruto do baru por longos periacuteodos 8

12 Falta de informaccedilotildees que o agricultor deve ter com a aacutervore do baru para aumentar a produccedilatildeo e garantir que o baru natildeo desapareccedila

8

13 Falta de matildeo de obra familiar agravada pela ida dos jovens para os centro urbanos 8

14 Curto tempo que o baru pode ficar na prateleira das lojas 8

15 Carestia do transporte do baru das aacutereas de coleta ateacute o local de armazenamento por conta das grandes distacircncias 7

16 Falta de informaccedilatildeo sobre a quantidade de frutos de baru que devem ser deixados debaixo da aacutervore para povoar o cerrado

7

17 Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre o armazenamento beneficiamento gerenciamento e comercializaccedilatildeo do baru 7

18 Falta e informaccedilotildees sobre como o agricultor pode colocar o baru no comeacutercio 7

19 Falta de informaccedilatildeo sobre a quantidade de frutos de baru que devem ser deixados debaixo da aacutervore para povoar o cerrado

7

20 Falta de informaccedilotildees sobre as boas praacuteticas sanitaacuterias exigidas pela Anvisa para o beneficiamento dos frutos do cerrado

6

21 Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre as leis ambientais sanitaacuterias tributaacuterias fiscais e trabalhistas que tem de atender para explorar o baru

6

22 Dificuldade para chegar a um padratildeo de qualidade das castanhas do baru principalmente a sua classificaccedilatildeo e torrefaccedilatildeo

6

23 Baixa liquidez dos produtos agrave base do baru 6

24 O custo do coacutedigo de barra eacute alto 6

25 As exigecircncias da legislaccedilatildeo e da fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria para a exploraccedilatildeo do baru aumentam muito as despesas e datildeo muito trabalho ao agricultor

6

26 Falta melhorar a embalagem e a rotulagem dos produtos feitos a partir do baru 6

27 Falta melhorar o processo de torrefaccedilatildeo da castanha do baru 6

28 Carecircncia de informaccedilotildees sobre a rotulagem 5

29 Falta de legislaccedilatildeo para regular o mercado de frutos do cerrado 5

30 Falta de consciecircncia dos catadores sobre como coletar o baru sem prejudicar a aacutervore 5

31 Falta de mapeamento das aacutereas de coleta porque se houvesse facilitaria coletar muito baru em pouco tempo 5

32 Dificuldade de comunicaccedilatildeo devido ao isolamento das comunidades 5

33 Dificuldade para coletar os frutos de baru que estatildeo em propriedades particulares 3

34 Exigecircncia de apresentaccedilatildeo de plano de manejo ao oacutergatildeo de meio ambiente de Goiaacutes para a exploraccedilatildeo do baru 2

35 Falta de informaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo que dita as regras para a exploraccedilatildeo de frutos do cerrado 2

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Outras afirmativas relativas agrave legislaccedilatildeo que foram indicadas pelos agricultores foram

ldquoFalta de instruccedilatildeo do agricultor sobre as leis ambientais sanitaacuterias tributaacuterias fiscais e

trabalhistas que tem de atender para explorar o barurdquo ldquoFalta de informaccedilotildees sobre as boas

175

praacuteticas sanitaacuterias exigidas pela Anvisa para o beneficiamento dos frutos do cerradordquo e ldquoAs

exigecircncias da legislaccedilatildeo e da fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria para a exploraccedilatildeo do baru aumentam

muito as despesas e datildeo muito trabalho ao agricultorrdquo todas com 6 indicaccedilotildees cada e

ldquoFalta de legislaccedilatildeo para regular o mercado de frutos do cerradordquo com 5 indicaccedilotildees Com

esse nuacutemero de respostas estas frases natildeo satildeo consideradas obstaacuteculos estatisticamente

significantes no acircmbito deste trabalho no entanto indicam a pouca importacircncia que os

agricultores datildeo para questotildees relacionadas agrave legislaccedilatildeo

Indicam por conseguinte a existecircncia de um maior nuacutemero de agricultores a par da

legislaccedilatildeo sanitaacuteria quando comparamos ao seu conhecimento sobre legislaccedilatildeo ambiental

(com duas indicaccedilotildees somente) De fato duas comunidades estudadas possuem cozinhas

semi-industriais e recebem com certa frequecircncia a visita de teacutecnicos da vigilacircncia sanitaacuteria

que lhes repassam os procedimentos a serem seguidos para uma manipulaccedilatildeo adequada

dos produtos processados Para receberem as licenccedilas necessaacuterias para o exerciacutecio da

atividade de manipulaccedilatildeo de alimentos satildeo obrigados a providenciarem documentos e

apresentaacute-los agrave autoridade competente que lhes concederaacute a autorizaccedilatildeo pertinente Aleacutem

de terem que recolher tributos por conta da comercializaccedilatildeo dos produtos que processam

Essas demandas para a viabilizaccedilatildeo do seu negoacutecio os obrigam a lidar com as dificuldades

impostas por este tipo de legislaccedilatildeo quando passam a conhececirc-la melhor

No entanto esses resultados devem ser contextualizados de acordo com a realidade

das comunidades estudadas e das poliacuteticas puacuteblicas que o Estado de Goiaacutes define para a

aacuterea ambiental

Vaacuterios fatores podem estar contribuindo para que o agricultor entrevistado desconheccedila

a legislaccedilatildeo ambiental sobre PFNMs Aleacutem de natildeo ser visitado pela assistecircncia teacutecnica

oficial (Tabela 19) que poderia colocaacute-lo a par das normas ambientais recebe pouca

atenccedilatildeo do Estado (Tabela 20) Esta situaccedilatildeo de quase abandono a que eacute relegado o

agricultor pelo poder puacuteblico resulta em comunidades com Iacutendice de Sustentabilidade

poliacutetica baixo (Graacutefico 13)

Tabela 19 ndash Nuacutemero de visitas do teacutecnico da assistecircncia teacutecnica agrave propriedade do agricultor para orientaacute-lo sobre a exploraccedilatildeo de baru nos uacuteltimos doze meses

Respostas

Frequecircncia em

3 vezes ou mais 0 0 2 vezes 0 0 1 vez 0 0 Nunca veio agrave propriedade

19 100

Total 19 100 Fonte Dados de pesquisa (2010)

176

Tabela 20 ndash Condiccedilotildees dos recursos (estradas escolas postos de sauacutede) que o Estado disponibiliza para a comunidade

Respostas

Frequecircncia em

Excelentes 0 0 Bons 2 105 Razoaacuteveis 9 474 Ruins 5 263 Peacutessimas 3 158

Total 19 1000 Fonte Dados de pesquisa (2010)

Por outro lado o Estado de Goiaacutes natildeo conta com legislaccedilatildeo para a regulamentaccedilatildeo da

exploraccedilatildeo de PFNMs e nem mesmo com accedilotildees concretas do Oacutergatildeo estadual de meio

ambiente visando o fomento dessa atividade o que demonstra ser uma demanda de pouco

interesse para o governo de Goiaacutes Diante dessa realidade o agricultor que explora o baru

natildeo se preocupa em conhecer as regras para a exploraccedilatildeo dessa amecircndoa pois

reconhecem a ausecircncia do Estado nesse setor

Em outra teacutecnica de coleta de dados realizada no acircmbito do presente estudo obteve-

se o seguinte resultado perguntados se conhecem a legislaccedilatildeo sobre a exploraccedilatildeo de

PFNMs 842 dos agricultores responderam negativamente contra 158 que

responderam positivamente (Tabela 21)

Foi verificado que nenhum agricultor entrevistado possui licenccedila ambiental para a

exploraccedilatildeo do baru embora a legislaccedilatildeo determine que seja necessaacuterio

Tabela 21 ndash Nuacutemero de agricultores que conhecem a legislaccedilatildeo sobre o uso de PFNM

Frequecircncia Acumulado

Natildeo 16 842 842

Sim 3 158 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Os dados acima relativos agrave percepccedilatildeo do agricultor sobre a legislaccedilatildeo ambiental

demonstram que ele natildeo considera a legislaccedilatildeo voltada para a exploraccedilatildeo do baru um

obstaacuteculo e por outro lado alega desconhecer as normas que regulam a atividade Esses

resultados sugerem que a pouca importacircncia dada agrave legislaccedilatildeo ambiental pode estar

relacionada ao fato de realmente desconhececirc-la Outra possibilidade eacute que em razatildeo da

inexistecircncia de fiscalizaccedilatildeo o agricultor ignore estas normas quando vai coletar e

comercializar a amecircndoa

177

82 INSTITUICcedilOtildeES

821 Iacutendice de sustentabilidade

Antes de tecer consideraccedilotildees a respeito dos resultados obtidos com a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios em instituiccedilotildees civis de direito privado que fazem parte da cadeia produtiva do

baru conveacutem mencionar algumas caracteriacutesticas que apresentaram Com exceccedilatildeo de duas

associaccedilotildees civis uma cooperativa um empreendedor individual e uma empresa de meacutedio

porte (com 250 empregados) o restante das instituiccedilotildees satildeo micro-empresas Todas estas

instituiccedilotildees afirmaram enfrentar dificuldades para viabilizar o seu negoacutecio como carga

tributaacuteria elevada falta de experiecircncia no gerenciamento falta de capital de giro carecircncia

de matildeo de obra qualificada problemas com a logiacutestica operacional entre outras

O ramo de atividade predominante eacute o alimentiacutecio mas uma empresa trabalha

tambeacutem com o ramo de cosmeacuteticaperfumaria e uma associaccedilatildeo com o ramo farmacecircutico

O nuacutemero de empregados varia de 1 a 250 e a meacutedia eacute de 1364 As duas

associaccedilotildees e a cooperativa trabalham com 11 parceiros em meacutedia

O baru utilizado por essas instituiccedilotildees na sua grande maioria eacute proveniente do

agricultorcoletor Das 21 instituiccedilotildees avaliadas 17 adquirem a amecircndoa diretamente desse

fornecedor As demais adquirem de comerciante local eou produccedilatildeo proacutepria

O canal de distribuiccedilatildeo predominante eacute a venda direta ao consumidor Das 21

instituiccedilotildees 18 adotam esse canal

A instituiccedilatildeo processadora do baru que obteve o Iacutendice de Sustentabilidade Individual

(Iw) mais alto (0586) foi uma associaccedilatildeo com tradiccedilatildeo em iniciativas na conservaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo de componentes da biodiversidade (Tabela 22) Essa instituiccedilatildeo possui tradiccedilatildeo

no uso sustentaacutevel da fauna e flora do Cerrado com trabalhos relevantes na domesticaccedilatildeo

de fauna e tambeacutem com fitoteraacutepicos cuja mateacuteria-prima eacute fornecida por agricultores

familiares A distribuiccedilatildeo dos remeacutedios eacute preferencialmente feita por farmaacutecias populares e

dirigida para a populaccedilatildeo de baixa renda

178

Tabela 22 minus Iacutendices de Sustentabilidade Individual (Iw) por instituiccedilatildeo amostrada em 2010

Nordm ordem

Instituiccedilotildees Iacutendice

Ambiental Iacutendice Social

Iacutendice Econocircmico

Iacutendice Poliacutetico

Iacutendice da Sauacutede

Iacutendice Geral

1 Induacutestria alimentiacutecia 0583 0556 0667 0250 0000 0411

2 Induacutestria alimentiacutecia 0583 0778 0667 0250 0250 0506

3 Induacutestria alimentiacutecia 0500 0667 0600 0500 0500 0553

4 Induacutestria alimentiacutecia 0500 0667 0800 0250 0500 0543

5 Pousada 0500 0667 0467 0500 0750 0577

6 Industria alimentiacutecia 0417 0222 0533 0000 0000 0234

7 Induacutestria alimentiacutecia 0667 0556 0467 0500 0250 0488

8 AssociaccedilatildeoCooperativa 1000 0778 0400 0750 0000 0586

9 Restaurante 0500 0222 0400 1000 0000 0424

10 Restaurante 0417 0778 0600 0500 0250 0509

11 Restaurante 0167 0667 0667 0500 0500 0500

12 Induacutestria alimentiacutecia 0917 0556 0533 0250 0500 0551

13 Empreendimento Individual 0417 0111 0333 0000 0000 0172

14 AssociaccedilatildeoCooperativa 0667 0556 0733 0250 0250 0491

15 Restaurante 0250 0333 0667 0000 0250 0300

16 Restaurante 0417 0667 0733 0250 0500 0513

17 Restaurante 0250 0222 0533 0250 0250 0301

18 Restaurante 0333 0556 0600 0500 0250 0448

19 Restaurante 0667 0667 0667 0500 0000 0500

20 AssociaccedilatildeoCooperativa 0333 0667 0533 0250 0000 0357

21 AssociaccedilatildeoCooperativa 0333 0444 0267 0000 0000 0209

Iacutendices de sustentabilidade 0496 0540 0565 0345 0238 0437

Fonte Dados de pesquisa (2010)

O Iw mais baixo (0172) entre as instituiccedilotildees estudadas foi alcanccedilado por um

empreendedor individual que admitiu ser a comercializaccedilatildeo do baru a uacutenica preocupaccedilatildeo do

seu negoacutecio ou seja o atendimento agraves demais dimensotildees da sustentabilidade natildeo se

encontravam entre as suas prioridades

179

Graacutefico 14 minus Iacutendice de Sustentabilidade (Is) das instituiccedilotildees privadas por dimensatildeo da sustentabilidade em 2010 Fonte Dados de pesquisa (2010)

O Iacutendice de Sustentabilidade (IS) geral apresentou o valor de 0437 que aponta para

um baixo grau de sustentabilidade (Graacutefico 16) nos termos da escala da UNDP (Tabela 03

pag 15) Os dados coletados junto a essas instituiccedilotildees mostram a preocupaccedilatildeo

predominante com a sustentabilidade econocircmica e a pouca importacircncia para com as outras

dimensotildees Vaacuterios deles justificaram a natildeo adequaccedilatildeo da sua instituiccedilatildeo agrave medidas que

venham a melhorar a sua sustentabilidade pelo alto custo exigido para a sua implantaccedilatildeo

principalmente medidas relativas agraves sustentabilidades social ambiental e da sauacutede Outros

justificaram a natildeo adoccedilatildeo dessas medidas pelo fato de agraves desconhecerem

A dimensatildeo econocircmica foi a que obteve o maior Iw (0565) seguida da social (0540)

e ambiental (0496) As dimensotildees poliacutetica e da sauacutede foram as que obtiveram os iacutendices

mais baixos (Graacutefico 16) O valor alcanccedilado pela dimensatildeo poliacutetica (Iw = 0345) denota a

pouca participaccedilatildeo ou mesmo a falta de oportunidade das instituiccedilotildees na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas voltadas para o setor que atuam Medidas para alcanccedilar uma boa sustentabilidade

da sauacutede como assistecircncia meacutedico-hospitalar gratuita para os empregados prevenccedilatildeo de

acidentes de trabalho e lesotildees por esforccedilo repetitivo praticamente natildeo estatildeo entre as

prioridades das instituticcedilotildees

Das 21 instituiccedilotildees estudadas somente 5 (25) possuem licenccedila ambiental A

obrigatoriedade ou natildeo da licenccedila eacute uma questatildeo controversa pois de acordo com a

legislaccedilatildeo toda instituiccedilatildeo que tem potencial para causar impactos ao meio ambiente ndash e

aquelas que processam recursos da flora e fauna estatildeo incluiacutedas ndash satildeo obrigadas a ter

licenccedila ambiental No entanto a legislaccedilatildeo deixa duacutevida quanto agrave necessidade daquelas

instituiccedilotildees que processam pequenas quantidades de baru ndash como restaurantes ndash serem

obrigadas a possuir tal licenccedila

180

822 Obstaacuteculos apontados pelas instituiccedilotildees que utilizam o baru

Foi solicitado a cada representante de estabelecimento que preenchesse um

questionaacuterio contendo 31 obstaacuteculos ao bom funcionamento e crescimento do seu

empreendimento

Foi adotada metodologia segundo a qual aqueles obstaacuteculos que receberam o maior

nuacutemero de indicaccedilotildees satildeo reconhecidos como os que mais afetam a atividade ou seja satildeo

os obstaacuteculos significativos para a produccedilatildeo do baru

Desse modo as respostas obtidas receberam tratamento estatiacutestico por meio do teste

de comparaccedilatildeo de proporccedilatildeo visando saber quais foram aquelas estatisticamente

significantes ao niacutevel de 95 Os obstaacuteculos estatisticamente significantes foram os que

receberam de 13 indicaccedilotildees acima e que estatildeo discriminados na Tabela 28

Correspondem aos nuacutemeros de ordem de 1 a 3

Os obstaacuteculos que mais receberam indicaccedilotildees foram ldquoFornecimento irregular da

castanha do baru em razatildeo da sazonalidade do fruto do barurdquo com 18 seguido de

ldquoInexistecircncia de equipamentos e de tecnologia adequadas agraves necessidades do ramo no qual

atuardquo com 15 e ldquoFalta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidorrdquo com 13

Dos membros das insituticcedilotildees privadas 90 tecircm problema com o fornecimento da

amecircndoa do baru Essa irregularidade pode ter como causas a sazonalidade da frutificaccedilatildeo

da espeacutecie eou a falta de capacidade do agricultor para produzir a amecircndoa do baru em

uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constante (Tabela 24) De qualquer

forma essa irregularidade faz com que as instituiccedilotildees diminuam seu interesse pela

amecircndoa ou mesmo deixem de utilizaacute-la na composiccedilatildeo dos produtos que vendem

No que diz respeito ao baru agrave frase ldquoinexistecircncia de equipamento e tecnologia

adequadas agraves necessidades do ramo do empreendimentordquo indica uma carecircncia de

maacutequinas no mercado e de tecnologias disponiacuteveis para o processamento do produto Os

proprietaacuterios das instituiccedilotildees afirmam que as maacutequinas que possuem para processar o baru

costumam ser adaptadas o que no seu ponto de vista diminui muito a produtividade

Afirmam que a tecnologia para o processamento do produto praticamente inexiste o que

leva o empreendedor a perder muito tempo desenvolvendo o processo que necessita

Entendem que a amecircndoa eacute pouco conhecida pela populaccedilatildeo e que satildeo reduzidas as

iniciativas para divulgar o produto As iniciativas para tornar a amecircndoa mais conhecida satildeo

pontuais e localizadas Podemos citar tatildeo somente o festival gastronocircmico da cidade de

Pirenoacutepolis quando os chefs utilizam o baru nos seus pratos e o movimento Slow Food125

125

Slow Food eacute uma organizaccedilatildeo sem fins lucrativos criada para se contrapor ao fast food e ao fast life ao

desaparecimento das tradiccedilotildees alimentares locais e agrave diminuiccedilatildeo do interesse das pessoas pelo alimento que consomem sua procedecircncia e seu sabor

181

do Cerrado que procura valorizar os produtos naturais da regiatildeo Alegam que nos centros

consumidores poucas satildeo as pessoas que conhecem o fruto o que mereceria iniciativas do

poder puacuteblico e da iniciativa privada no sentido de dar uma maior divulgaccedilatildeo ao produto

A legislaccedilatildeo sanitaacuteria natildeo parece ser um gargalo para as instituiccedilotildees privadas que

utilizam o baru O obstaacuteculo reproduzido na frase ldquoLegislaccedilatildeo sanitaacuteria inadequada agraves

atividades que a empresa desenvolverdquo recebeu somente 8 indicaccedilotildees A maioria dos

entrevistados alegou que apesar da legislaccedilatildeo ser bastante extensa possuem certa

facilidade em manter contato com os oacutergatildeos puacuteblicos quando surgem demandas o que

diminui seus problemas com relaccedilatildeo ao assunto

Tabela 23 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por obstaacuteculo ao bom funcionamento e crescimento das instituiccedilotildees que utilizam o baru

Nordm Ordem dos questionaacuterios Obstaacuteculos

Nordm indi caccedilotildees

1 Fornecimento irregular da castanha em razatildeo da sazonalidade do fruto do baru 18 2 Inexistecircncia de equipamentos e de tecnologia adequadas agraves necessidades do ramo

no qual atua 15

3 Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor 13 4 Falta de capacitaccedilatildeo para o atendimento agraves exigecircncias de qualidade da produccedilatildeo 12 5 Falta de informaccedilotildees teacutecnicas sobre a fabricaccedilatildeo dos produtos agrave base de baru 11 6 Falta de capital de giro 11 7 Falta de linhas de creacutedito bancaacuterio para empresas que operam com produtos da

biodiversidade 11

8 Preccedilo elevado do produto a base do baru 11 9 Falta de matildeo de obra qualificada 11

10 Elevado custo administrativo da empresa 10 11 Baixa qualidade da castanha do baru entregue pelo fornecedor 9 12 Dificuldade de acesso ao creacutedito bancaacuterio 9 13 Dificuldade em colocar o seu produto no mercado 8 14 Alto custo do transporte da mateacuteria-prima ateacute o local de processamento 8 15 Legislaccedilatildeo sanitaacuteria inadequada agraves atividades que a empresa desenvolve 8 16 Carga tributaacuteria elevada 8 17 Excesso de burocracia do poder puacuteblico para a regularizaccedilatildeo das operaccedilotildees da

empresacooperativaassociaccedilatildeo 7

18 Alto risco do creacutedito em razatildeo da maior vulnerabilidade do tipo de empresa que administra

7

19 Insuficiecircncia de garantias reais para oferecer agraves instituiccedilotildees de creacutedito bancaacuterio 7 20 Alto custo da certificaccedilatildeo para produtos diferenciados 6 21 Carecircncia de informaccedilotildees sobre os cuidados ligados aos direitos do consumidor 6 22 Falta de conhecimentos gerenciais 6 23 Dificuldade para identificar o cliente 6 24 Localizaccedilatildeo inadequada da faacutebricaprocessadora 5 25 Concorrecircncia muito forte 4 26 Instalaccedilotildees inadequadas ou insuficientes 4 27 Dificuldade para distribuir os produtos fabricados pela empresa 4 28 Falta de clients 3 29 Baixa liquidez dos produtos agrave base do baru 3 30 Dificuldade na obtenccedilatildeo de um produto a base do baru com qualidade 2 31 Inadimplecircncia dos clientes 2

Fonte Dados de pesquisa (2010)

182

CONCLUSOtildeES

Uma das principais conclusotildees desse trabalho eacute que nas atuais condiccedilotildees em que se

encontra a exploraccedilatildeo do baru no acircmbito das comunidades rurais estudadas e das

instituiccedilotildees que processam e comercializam o produto a exploraccedilatildeo da amecircndoa natildeo se

configura como uma atividade sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda pois natildeo foi identificado um

equiliacutebrio entre as dimensotildees analisadas O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser um

modelo adequado de desenvolvimento desde que seja mantido o equiliacutebrio entre as

dimensotildees ambiental social cultural econocircmica poliacutetica e da sauacutede

Outra conclusatildeo eacute que apesar de a legislaccedilatildeo ambiental estabelecer que as florestas e

formaccedilotildees sucessoras somente deveratildeo ser exploradas sob o regime de manejo florestal

sustentaacutevel o poder puacuteblico ainda natildeo ofereceu condiccedilotildees para que a exploraccedilatildeo ocorra

sob esse regime Primeiramente pelo fato de a legislaccedilatildeo para o manejo de PFNMs ainda

natildeo ter sido regulamentada (Art 8ordm do Decreto nordm 59752006) e em segundo lugar pela

ausecircncia do Estado nestas localidades onde a populaccedilatildeo rural explora tais recursos e se

ressente da falta de escolas postos de sauacutede assistecircncia teacutecnica estradas etc

Pode-se afirmar que os agricultores envolvidos no estudo desconhecem o custo de

produccedilatildeo do baru126 mas continuam explorando o fruto em razatildeo da sua venda

proporcionar-lhes dinheiro imediato No entanto mesmo que esta exploraccedilatildeo lhes seja

atraente natildeo se pode afirmar que seja sustentaacutevel uma vez que sob os criteacuterios adotados

pelo presente estudo o iacutendice de sustentabilidade econocircmica geral para a categoria

apresentou um baixo valor (IS = 0469) caracterizando um estado de desequiliacutebrio entre

esta e as demais dimensotildees

Quanto agraves empresascooperativasassociaccedilotildees o Iacutendice de Sustentabilidade de maior

valor foi o econocircmico (IS = 0565) demonstrando uma maior preocupaccedilatildeo na viabilizaccedilatildeo

econocircmica do empreendimento e ignorando as outras dimensotildees da sustentabilidade De

acordo com os resultados pode-se afirmar que a primeira preocupaccedilatildeo dos representantes

dessas instituiccedilotildees consiste em manter o empreendimento economicamente viaacutevel natildeo

reservando recursos financeiros para a implementaccedilatildeo de medidas que busquem o

equiliacutebrio entre as cinco dimensotildees

A sustentabilidade poliacutetica baixa para os dois elos da cadeia produtiva pode ser

considerada como um indicador da deficiecircncia do Estado no estiacutemulo a processos

participativos capazes de assegurar o exerciacutecio da cidadania em accedilotildees que busquem a

superaccedilatildeo das deficiecircncias dos serviccedilos puacuteblicos prestados e no fornecimento da

infraestrutura baacutesica para uma boa qualidade de vida Essa deficiecircncia dos serviccedilos

126

De acordo com Pimentel (2009) o custo de produccedilatildeo da amecircndoa de baru torrada eacute de R$2189kg enquanto o preccedilo de venda variou de R$ 2000 ateacute R$3000kg

183

prestados eacute amplamente percebida pelas comunidades pois 895 deles qualificam os

serviccedilos prestados pelo Estado de razoaacutevel a peacutessimo (Tabela 21 p 174)

A regulamentaccedilatildeo da exploraccedilatildeo do baru mostra-se um processo fundamental para a

sustentabilidade da atividade Ocorre que a legislaccedilatildeo ambiental sobre o uso de PFNM

ainda natildeo foi regulamentada no paiacutes o que gera inseguranccedila ao usuaacuterio daquele recurso

natural e pode contribuir para o esgotamento da espeacutecie na natureza Entretanto existem

vaacuterias normas sanitaacuterias tributaacuterias e fiscais que incidem sobre a exploraccedilatildeo da amecircndoa

nem sempre adequadas uma vez que tratam esse empreendimento da mesma forma que

grandes e meacutedios natildeo reconhecendo a especificidade desse tipo de negoacutecio Essa

inadequaccedilatildeo onera a produccedilatildeo e pode conduzir a um estado de insubordinaccedilatildeo do

agricultor aos comandos da lei

Nesse aspecto podemos afirmar que tanto o Governo Federal como o Governo do

Estado de Goiaacutes na qualidade de poder regulador falharam em se organizar

institucionalmente no cumprimento do seu papel de orientador da exploraccedilatildeo da amecircndoa

nas regiotildees estudadas

Essa falha verifica-se principalmente pelo fato de os instrumentos de poliacutetica ambiental

que tecircm como funccedilatildeo ordenar situaccedilotildees ambientais especiacuteficas natildeo terem atingido os

objetivos para o qual foram instituiacutedos Ou seja ao estabelecer que as florestas e formaccedilotildees

sucessoras somente poderatildeo ser exploradas mediante preacutevia aprovaccedilatildeo do Plano de

Manejo Florestal Sustentaacutevel sem fornecer meios para que o agricultor possa atender aos

comandos que nela existem a legislaccedilatildeo ambiental lanccedila-os automaticamente na

ilegalidade e gera uma situaccedilatildeo de inseguranccedila para esse agente social

Essa realidade cria uma situaccedilatildeo controversa na qual os agricultores comercializam o

baru sabendo que estatildeo cometendo um iliacutecito pois natildeo possuem a licenccedila expedida pelo

Estado mas natildeo encontram agrave sua disposiccedilatildeo meios legais para regularizar essa situaccedilatildeo

Aleacutem do mais a atividade de exploraccedilatildeo do baru criou uma situaccedilatildeo singular que

merece ser analisada com muito cuidado pelos formuladores de poliacuteticas puacuteblicas natildeo

existe procedimento para a regularizaccedilatildeo da coleta do baru em propriedade de terceiros de

onde vem grande parte dos frutos explorados pelos agricultores familiares (842 dos

entrevistados realizam esse tipo de coleta)

Uma soluccedilatildeo possiacutevel para essa situaccedilatildeo seria a criaccedilatildeo de legislaccedilatildeo que garanta o

livre acesso desses agricultores-coletores aos baruzais Contudo eacute uma iniciativa que tem

que ser exaustivamente discutida entre os interessados (proprietaacuterios agricultores-

coletores poder puacuteblico) em razatildeo das caracteriacutesticas constitucionais da propriedade

privada no paiacutes

Irrefutavelmente esta realidade em que as normas natildeo satildeo regulamentadas ou que

requerem comandos de difiacutecil cumprimento por parte dos atores que participam da cadeia

184

leva a um desequiliacutebrio entre o desenvolvimento econocircmico e as sustentabilidades

ambiental e social com inclinaccedilatildeo evidente para o uso exclusivamente econocircmico do

recurso

Eacute desejaacutevel que os mecanismos utilizados para se atingir os objetivos das poliacuteticas

puacuteblicas natildeo gerem problemas para aquele que deseja produzir Nesse raciociacutenio as

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a regulaccedilatildeo do uso de componentes da biodiversidade

vegetal no Brasil natildeo podem criar situaccedilotildees que tragam dificuldades para que agricultores

familiares e pessoas juriacutedicas explorarem o baru sob o risco de impor obstaacuteculos que o

agente envolvido natildeo consiga superar

No que diz respeito agrave cadeia produtiva do baru este estudo permitiu identificar um

modelo produtivo com caracteriacutesticas diferentes daqueles modelos propostos para explicar o

extrativismo particularmente no que se refere agrave organizaccedilatildeo da produccedilatildeo nas unidades

agriacutecolas familiares

A exploraccedilatildeo do baru pertence a um sistema de produccedilatildeo com uso intensivo da terra

por meio da diversificaccedilatildeo das atividades agropecuaacuterias e adoccedilatildeo de atividades natildeo

agriacutecolas como a venda de serviccedilos o extrativismo e o comeacutercio As atividades mais

realizadas pelos agricultores objeto da pesquisa satildeo a prestaccedilatildeo de serviccedilos a pecuaacuteria em

pequena escala e a exploraccedilatildeo do baru A venda de matildeo de obra eacute fundamental para a

composiccedilatildeo da renda familiar segundo a maioria dos entrevistados O chefe da famiacutelia eacute

quem costuma vender a forccedila de trabalho mas alguns filhos adolescentes e solteiros podem

ajudar a obter essa forma de remuneraccedilatildeo para a famiacutelia

A criaccedilatildeo de gado desempenha uma funccedilatildeo importante visto que eacute considerada uma

forma de ldquopoupanccedilardquo O gado eacute valorizado pela sua alta liquidez o que de um modo geral

ocorre em situaccedilotildees de emergecircncia que o agricultor enfrenta (principalmente casos de

doenccedila na famiacutelia) Somente dois proprietaacuterios rurais amostrados natildeo criavam gado Um

deles natildeo criava animais na sua propriedade e explorava a agrofloresta e o outro criava

somente pequenos animais que vendia para melhorar os ganhos mensais da famiacutelia

demonstrando a tendecircncia da adoccedilatildeo da pecuaacuteria avicultura ou mesmo suinocultura para a

obtenccedilatildeo de recursos financeiros para o atendimento de despesas de uacuteltima hora

A exploraccedilatildeo dos frutos do baru eacute considerada uma atividade econocircmica

complementar e ocasional Entre os 19 entrevistados somente uma famiacutelia afirmou ser a

exploraccedilatildeo da amecircndoa a maior responsaacutevel pela composiccedilatildeo da renda familiar Para as

demais a exploraccedilatildeo do fruto representa somente uma complementaccedilatildeo de renda que pode

natildeo ocorrer anualmente em razatildeo da falta ou baixa frutificaccedilatildeo da espeacutecie de um ano para

outro Aproximadamente 89 dos recursos obtidos com a venda do baru cobrem menos de

40 das despesas familiares (Tabela 13 p 166)

185

Esses achados demonstram que os modelos teoacutericos e conceituais de Homma

Drummond e Recircgo discutidos no presente trabalho e que foram propostos para explicar o

extrativismo satildeo mais adequados a uma realidade socioeconocircmica Amazocircnica

O modelo neoclaacutessico formulado por Homma abrange um tipo de atividade econocircmica

somente encontrada na Amazocircnia que se limita quase que exclusivamente agrave coleta de

produtos na natureza natildeo levando em consideraccedilatildeo as atividades agriacutecolas pecuaacuterias

agroflorestais e de beneficiamento desenvolvidas pelas comunidades que exploram

produtos da natureza

Drummond e Recircgo defendem um modelo conceitual para o extrativismo sem buscar

uma teoria para explicar o fenocircmeno Para Drummond o extrativismo vegetal de baixa

tecnologia eacute aquele que exclui ou limita severamente quase todas as outras atividades que

usam recursos naturais ndash agricultura criaccedilatildeo de gado mineraccedilatildeo corte de aacutervores plantio

comercial de aacutervores etc No entendimento de Recircgo o extrativismo eacute uma atividade de

coleta de recursos naturais combinada agraves atividades agriacutecolas e pecuaacuterias que possui

ligaccedilotildees com a vida social econocircmica poliacutetica e cultural dos grupos humanos que habitam

o local onde ocorre a praacutetica

Apesar da abrangecircncia estes conceitos natildeo satildeo capazes de explicar a atividade de

coleta do fruto do baru no Cerrado Goiano moldado por fatores econocircmicos sociais

ecoloacutegicos e culturais locais

Nesses sistemas encontrados no Cerrado as famiacutelias satildeo proprietaacuterias das suas

terras dos seus instrumentos de trabalho e planejam as proacuteprias estrateacutegias de exploraccedilatildeo

e comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo

A maior parte dos frutos eacute coletada na propriedade de terceiros uma vez que as

espeacutecies natildeo tecircm densidade populacional suficiente na propriedade do agricultor para

fornecer uma boa produccedilatildeo

Vendem a amecircndoa beneficiada ou natildeo diretamente ao consumidor ou intermediaacuterio

ou tambeacutem utilizam outros canais de comercializaccedilatildeo como centrais de venda podendo

esta venda ser agrave vista ou a prazo Acompanham os preccedilos que os produtos a base de baru

atingem mas encontram dificuldades para acompanhar a dinacircmica de mercado que exige

informaccedilotildees mais precisas sobre as condiccedilotildees de processamento do produto sobre os

haacutebitos e costumes da clientela potencial e conhecimento mais consolidado sobre logiacutestica

de transporte e distribuiccedilatildeo

Por ser uma atividade relativamente recente natildeo envolve os saberes e praacuteticas

tradicionais dos grupos sociais que o exploram se caracterizando como uma praacutetica

meramente de coleta para fins de composiccedilatildeo da renda familiar Esse conjunto de

atividades desenvolvidas pelos agricultores participantes da amostra talvez pudesse ser

186

mais bem explicado pela pluriatividade no entanto estudos mais detalhados precisam ser

realizados para se confirmar a existecircncia desse fenocircmeno

Ademais nos modelos propostos por Homma Drummond e Recircgo natildeo se vislumbra

preocupaccedilatildeo com a anaacutelise da sustentabilidade da atividade extrativa Desse modo natildeo eacute

possiacutevel afirmar que sejam modelos adequados para analisar a sustentabilidade de

atividades de exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros do Cerrado

Jaacute o modelo proposto no presente trabalho foi construiacutedo de modo a permitir que

indicadores analisem o grau de sustentabilidade das atividades ao longo da cadeia produtiva

do baru Apresenta como principais caracteriacutesticas o fato de o agricultor-coletor envolvido

no estudo realizar a exploraccedilatildeo da amecircndoa como uma atividade de complementaccedilatildeo de

renda a atividade deve ser entendida como parte dos sistemas de produccedilatildeo diversificados

adotados pela agricultura familiar na regiatildeo a possibilidade desse agricultor familiar

comercializar diretamente a sua produccedilatildeo natildeo gerar um niacutevel de renda que leve justiccedila

social ao agricultor e proximidade de mercados de consumo que permitam reduccedilatildeo no

custo da produccedilatildeo Esse aporte metodoloacutegico fornece elementos para que se possa

compreender melhor os mecanismos envolvidos na exploraccedilatildeo sustentaacutevel do recurso

Permite que possa ser avaliado e aperfeiccediloado por meio de estudos sobre o uso da espeacutecie

Da mesma forma permite que identificada como atividade que se caracteriza pela

insustentabilidade deve o poder puacuteblico e a iniciativa privada a partir daiacute adotar as

medidas necessaacuterias para tornaacute-la sustentaacutevel como forma de contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento rural

Finalmente conveacutem mencionar a questatildeo que envolve os niacuteveis de incerteza em

relaccedilatildeo aos iacutendices obtidos com as mensuraccedilotildees realizadas no presente estudo

Um indicador pode ser definido como um paracircmetro que fornece informaccedilotildees sobre

um fenocircmeno sendo reconhecido que por mais sofisticado e amplo que seja natildeo consegue

alcanccedilar a abrangecircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

Os indicadores utilizados no acircmbito do presente trabalho objetivaram mensurar o atual

estado de progresso da exploraccedilatildeo do baru na direccedilatildeo da sustentabilidade que deve

consistir em uma atividade economicamente viaacutevel com a manutenccedilatildeo da populaccedilatildeo

natural dessa espeacutecie estaacutevel tendo os atores dessa cadeia a possibilidade de participar

ativamente das decisotildees que lhes afetam diretamente alcanccedilando uma boa qualidade de

vida

No acircmbito das incertezas que envolvem essa ferramenta natildeo se sabe se o nuacutemero de

indicadores eacute suficiente ou insuficiente para refletir o grau de sustentabilidade da atividade

ou mesmo se o seu conjunto eacute o mais indicado para uma tomada de decisatildeo No entanto

foram selecionadas aqueles indicadores que poderiam expressar melhor a realidade

encontrada em campo Apesar de os iacutendices obtidos refletirem a ideia de uma realidade

187

relativa eles foram capazes de indicar a necessidade de se tomar providecircncias para sanear

os problemas detectados no acircmbito da cadeia produtiva e buscar-se tornar a atividade o

mais sustentaacutevel possiacutevel

A sustentabilidade na exploraccedilatildeo do baru indica uma perspectiva de que esse

sistema extrativista alcance uma produccedilatildeo economicamente viaacutevel e que ao mesmo tempo

conserve os recursos naturais respeitando a capacidade de suporte do ambiente explorado

que forneccedila produtos mais saudaacuteveis e que melhore a qualidade de vida das pessoas tanto

no que diz respeito agrave sua alimentaccedilatildeo quanto agrave educaccedilatildeo e agrave sauacutede Esse eacute o desafio da

sustentabilidade que natildeo estaacute sendo alcanccedilado nas comunidades pesquisadas

Este trabalho se propocircs a demonstrar quais satildeo os obstaacuteculos da atividade de

exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais do Estado de Goiaacutes e as consequecircncias

que estes obstaacuteculos trazem aos agricultores familiares e instituiccedilotildees privadas que fazem

parte da sua cadeia produtiva Satildeo fatores que podem estar impedindo estes atores de gerir

adequadamente os seus empreendimentos e que consequentemente comprometem a

sustentabilidade da atividade

188

RECOMENDACcedilOtildeES

O baru como os outros PFNMs nativos do Cerrado dificilmente desempenharaacute um

papel de coadjuvante no desenvolvimento regional da regiatildeo poreacutem pode fornecer uma

preciosa a contribuiccedilatildeo no empoderamento das comunidades de baixa renda servindo de

meio para composiccedilatildeo da sua renda familiar e melhoria na sua qualidade de vida Ao

mesmo tempo o fomento agrave exploraccedilatildeo sustentaacutevel desses produtos poderaacute se opor agraves

poliacuteticas que estimulam o desmatamento do Cerrado para a instalaccedilatildeo da agricultura e

pecuaacuteria de mercado tornando-se um forte componente das estrateacutegias de manutenccedilatildeo

das funccedilotildees ecossistecircmicas da floresta

A seguir satildeo enumeradas algumas sugestotildees para que a exploraccedilatildeo desse produto

possa contribuir com o desenvolvimento das comunidades rurais e com a manutenccedilatildeo das

funccedilotildees ecossistecircmicas da floresta

Para que a atividade de exploraccedilatildeo do baru seja sustentaacutevel o poder puacuteblico nos

trecircs niacuteveis de governo (Federal estadual e municipal) deve-se mobilizar no sentido de

implementar medidas que levem ao equiliacutebrio das dimensotildees da sustentabilidade nessas

comunidades rurais que exploram PFNMs Medidas como o provimento de educaccedilatildeo

sauacutede infraestrutura (eletricidade estradas transporte) e a participaccedilatildeo democraacutetica nas

decisotildees satildeo primordiais para o alcance desse equiliacutebrio e para a melhoria da qualidade de

vida desses grupos

Para fins de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas a exploraccedilatildeo do baru deve ser

considerada apenas como um dos componentes dos sistemas de produccedilatildeo agriacutecola

familiares atendendo a sua caracteriacutestica peculiar de complementaccedilatildeo de renda Caso

contraacuterio se for incentivada a exploraccedilatildeo exclusiva do baru os grupos familiares perderatildeo

uma das caracteriacutesticas fundamentais da agricultura familiar que eacute a adoccedilatildeo de atividades

agriacutecolas (policultivo e pecuaacuteria) e natildeo agriacutecolas na propriedade fundamental para a

manutenccedilatildeo do seu modo de vida e para a sua subsistecircncia

Deve ser dada ecircnfase na organizaccedilatildeo social dos grupos que exploram o baru

visando garantir seu empoderamento e autonomia por meio da criaccedilatildeo de espaccedilos de

negociaccedilatildeo entre seus membros e entre estas comunidades e os membros externos

permitindo que tenham uma participaccedilatildeo ativa nas decisotildees que afetam o desenvolvimento

do territoacuterio em que vivem

A exploraccedilatildeo do baru deve ser regulada por meio de boas praacuteticas de coleta

armazenamento e comercializaccedilatildeo construiacutedas com a participaccedilatildeo ativa dos grupos sociais

que vivem desses recursos e natildeo por meio de atos legislativos e administrativos Os

manuais de boas praacuteticas trazem diretrizes normas e recomendaccedilotildees que pela

189

simplicidade de linguagem que usam satildeo mais faacuteceis de serem incorporados pelos grupos

sociais que exploram o produto

Para o controle da exploraccedilatildeo do baru devem ser adotadas medidas simplificadas

em acircmbito institucional Nesse sentido o agricultor familiar com aacuterea de propriedade ateacute 100

ha que deseja explorar o baru deveraacute fornecer somente dois documentos ao oacutergatildeo de meio

ambiente o Documento de Aptidatildeo Agriacutecola do Pronaf (DAP) e Declaraccedilatildeo por ele assinada

informando a quantidade de fruto ou amecircndoa que deseja comercializar Anualmente

deveraacute remeter documento ao oacutergatildeo de meio ambiente comunicando a quantidade de baru

por ele comercializado

As universidades e os oacutergatildeos de pesquisa agropecuaacuteria devem dirigir recursos

humanos e financeiros para a produccedilatildeo de informaccedilotildees sobre a ecologia populacional da

espeacutecie sobre a variabilidade na produccedilatildeo anual de frutos para fins de determinaccedilatildeo do

seu potencial extrativo sustentaacutevel sobre aspectos da sua domesticaccedilatildeo para quem tiver

interesse no seu plantio sobre aspectos do seu beneficiamento para comercializaccedilatildeo e

sobre aspectos tecnoloacutegicos da sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel

As instacircncias governamentais de acircmbito federal estadual e municipal devem

realizar esforccedilos conjuntos no sentido de desonerar a exploraccedilatildeo do baru de taxas e

impostos que incidem sobre as etapas da sua cadeia produtiva como forma de incentivo agrave

produccedilatildeo

O poder puacuteblico e a iniciativa privada devem concentrar esforccedilos no sentido de

promover o consumo da amecircndoa do baru ao mesmo tempo em que deve identificar e abrir

mercados locais regionais nacionais e internacionais para a comercializaccedilatildeo do produto

Estruturaccedilatildeo dos canais de comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir uma

maior proximidade com o cliente O estiacutemulo agrave criaccedilatildeo de centrais de venda pode ser uma

boa estrateacutegia para viabilizar os produtos oriundos da exploraccedilatildeo de PFNMs

Nas aacutereas de ocorrecircncia do baru adoccedilatildeo de estrateacutegias junto ao agricultor familiar

voltadas para a recuperaccedilatildeo ou enriquecimento de Reservas Legais e Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente com esta e outras espeacutecies frutiacuteferas do Cerrado de modo que o

proprietaacuterio tenha mais uma opccedilatildeo de renda com a sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel

Valorizaccedilatildeo do trabalho feminino por meio da criaccedilatildeo de linhas de creacutedito especiais

e capacitaccedilatildeo voltada para a gestatildeo de pequenos empreendimentos e para o

processamento da amecircndoa e subprodutos do fruto do baru

A aplicaccedilatildeo da presente metodologia em outros municiacutepios do Estado de Goiaacutes com

o objetivo de aperfeiccediloar tal ferramenta e desenvolver comparaccedilotildees do grau de

sustentabilidade encontrado para fins de subsidiar poliacuteticas puacuteblicas

190

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMOVAY Ricardo Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo 3 ed Satildeo

Paulo EDUSP 2007 294 p

AHRENS Seacutergio O ldquonovordquo Coacutedigo Florestal Brasileiro conceitos juriacutedicos fundamentais In

CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO v 8 Anais 2003 Satildeo Paulo Sociedade

Brasileira de Silvicultura 2003 15p Disponiacutevel em

lthttpwwwambientebrasilcombrflorestaldownloadSAhrensCodigoFlorestalpdfgt Acesso

em 31 ago 2009

ALEXIADES Miguel SHANLEY Patricia (Ed) Productos forestales medios de

subsistencia y conservacioacuten estudios de caso sobre sistemas de manejo de productos

forestales no maderables In ___ Productos forestales medios de subsistencia y

conservacioacuten estudios de caso sobre sistemas de manejo de productos forestales no

maderables v 3 Ameacuterica Latina Bogor CIFOR 2004 p 1-22

ALLEGRETTI Mary H Extractive reserves an alternative for reconciling development and

environmental conservation in Amazonia In ANDERSON Anthony B (Ed) Alternatives to

deforestation steps toward sustainable use of the Amazon Rain Forest Columbia

University Press New York 1990 p 252-264

ALLEGRETTI Mary H Reservas extrativistas paracircmetros para uma poliacutetica de

desenvolvimento sustentaacutevel na Amazocircnia In ARNT Ricardo (Ed) O destino da floresta

reservas extrativistas e desenvolvimento sustentaacutevel na Amazocircnia Rio de Janeiro Relume-

Dumaraacute 1994 276 p

ALMEIDA Mauro W B Household extractive economies In PEacuteREZ Manuel R ARNOLD

J E Michael (Eds) Current issues in non-timber forest products research Jacarta

Center for International Forestry Research 1996 265 p

ALMEIDA Semiacuteramis P de Frutas nativas do cerrado caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e fonte

potencial de nutrientes In SANO Suely M ALMEIDA Semiacuteramis P de Cerrado

ambiente e flora Planaltina EMBRAPA-CPAC 1998 p 247-285

ALTIERI Miguel A Agroecology the science of natural resource management for poor

farmers in marginal environments Agriculture Ecosystems amp Environment Amsterdam v

93 n 1-3 p 1-24 2002

ALVES Aline M MENDONCcedilA Aline L de CALIARI Maacutercio CARDOSO-SANTIAGO

Raquel de A Avaliaccedilatildeo quiacutemica e fiacutesica de componentes do baru (Dipteryx alata Vog) para

191

estudo da vida de prateleira Pesquisa Agropecuaacuteria Tropical Goiacircnia v 40 n 3 p 266-

273 julset 2010

AMARAL Francisco Direito Civil introduccedilatildeo 5 ed ver atual e aum Rio de Janeiro

Renovar 2003 662 p

AMARAL Paulo AMARAL NETO Manuel Manejo florestal comunitaacuterio processos e

aprendizagens na Amazocircnia brasileira e na Ameacuterica Latina Beleacutem IEBimazon 2005 84 p

ANDERSON Anthony B IORIS Edviges M Valuing the rainforest economic strategies by

small-scale forest extractivists in the Amazon estuary Human Ecology New York v 20 p

337-369 1992

ANDERSON Anthony B Extrativismo vegetal e reservas extrativistas In ARNT Ricardo

(Ed) O destino da floresta reservas extrativistas e desenvolvimento sustentaacutevel na

Amazocircnia Rio de Janeiro Relume-Dumaraacute 1994 p 227-246

ANJOS Flaacutevio S dos Pluriatividade e ruralidade enigmas e falsos dilemas Estudos

Sociedade e Agricultura Rio de Janeiro n 17 p 54-81 out 2001

ANTUNES Paulo de Bessa Curso de Direito Ambiental doutrina legislaccedilatildeo e

jurisprudecircncia 2 ed Rio de Janeiro Renovar 1992 399 p

ARAKAKI Andreacutea H SCHEIDT Gessiel N PORTELLA Augustus C ARRUDA Eduardo

J de COSTA Reginaldo B O baru (Dipteryx alata Vog) como alternativa de

sustentabilidade em aacuterea de fragmento florestal do Cerrado no Mato Grosso do Sul

Interaccedilotildees Campo Grande v 10 n 1 p 31-39 janjun 2009

ARNOLD J E Michael Economic factors in farmer adoption of forest product activities In

LEAKEY Roger B TEMU August B MELNYK Mary VANTOMME Paul (Eds)

Domestication and commercialization of non-timber forest products in agroforestry

systems Non-wood forest products 9 Rome Food and Agricultural Organisation of the

United Nations 1996 p 131-146

BALZON Dalvo R Avaliaccedilatildeo econocircmica dos produtos florestais natildeo madeiraacuteveis na

aacuterea de proteccedilatildeo ambiental ndash APA de Guaratuba ndash Paranaacute 2006 176 p Tese

(Doutorado em Engenharia Florestal) - Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Florestal

Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2006

BANDEIRA Pedro Participaccedilatildeo articulaccedilatildeo de atores sociais e desenvolvimento

regional Texto para discussatildeo Brasiacutelia IPEA 1999 (Texto para discussatildeo nordm 630)

192

BARRETO Ricardo C S KHAN Ahmad S LIMA Patriacutecia V P S Sustentabilidade dos

assentamentos no Municiacutepio de Caucaia-CE Revista de Economia e Sociologia Rural

[online] Brasiacutelia v 43 n 2 p 225-247 abrjun 2005

BASSINI Faacutebio Caracterizaccedilatildeo de populaccedilotildees de barueiros (Dipteryx alata Vog ndash

Fabaceae) em ambientes naturais e explorados 2008 149 f Tese (Doutorado em

Ciecircncias Ambientais) ndash Universidade Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2008

BATALHA Maacuterio O As cadeias de produccedilatildeo agro-industriais uma perspectiva para o

estudo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas Revista de Administraccedilatildeo Satildeo Paulo v 30 n 42 p

43-50 1995

BEGNIS Heron S M ESTIVALETE Vacircnia de F PEDROZO Eugecircnio A Confianccedila

comportamento oportunista e quebra de contratos na cadeia produtiva do fumo no sul do

Brasil Gestatildeo amp Produccedilatildeo Satildeo Carlos v 14 n 2 p 311-322 2007

BELCHER Brian SCHRECKENBERG Kathrin Commercialisation of non-timber forest

products a reality check Development Policy Review Hoboken v 25 n 3 p 355-377

2007

BELLEN Hans M Van Indicadores de sustentabilidade uma anaacutelise comparativa 1 ed

Rio de Janeiro Editora FGV 2005 253 p

BENJAMIN Antocircnio Herman Desapropriaccedilatildeo reserva florestal legal e aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente FIGUEREDO Guilherme J P de (Coord) Temas de direito

ambiental e urbaniacutestico Satildeo Paulo Max Limonad 1998 Disponiacutevel em ltwwwcjfgovbr

lthttpwwwjurinformacombrgtAcesso em 18 ago 2009

BIGNOTTO Edson C BAROSSI FILHO Milton SAMPAIO Rudini Gestatildeo do risco de

mercado em organizaccedilotildees do agronegoacutecio Satildeo Paulo Resenha BMampF n 161 p 26-32

2004

BOFF Leonardo Eacutetica e Sustentabilidade Caderno de Debate da Agenda 21 Brasiacutelia

Ministeacuterio do Meio Ambiente n 10 2006 16 p

BRINCKMANN Wanderleia E FRIEDRICH Michele P Sustentabilidade e gestatildeo de riscos

ambientais o caso do loteamento balneaacuterio Porto Ferreira no municiacutepio de Rio PardoRS

Revista Aacutegora Santa Cruz do Sul v 14 n 1 p73 - 96 janjun 2008

BRITO Maacutercia A de Fitossociologia e ecologia de populaccedilatildeo de Dipteryx alata Vog

(baru) em aacuterea de transiccedilatildeo cerrado densomata estacional Pirenoacutepolis GO 2004 127

f Tese (Doutorado em Ecologia) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ecologia Universidade

de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004

193

BRITO Elizabeth R MARTINS Sebastiatildeo V OLIVEIRA FILHO Ary T SILVA Elias

SILVA Alexandre F da Estrutura fitossocioloacutegia de um fragmento natural de floresta

inundaacutevel em aacuterea de orizicultura irrigada municiacutepio de Lagoa da Confusatildeo Tocantins

Revista Aacutervore Viccedilosa v 30 n 5 out 2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0100-

67622006000500017amplng=enampnrm=isogt Acesso em 10 dez 2010

BYRON Neil ARNOLD Michael What future for the people of the tropical forests World

Development Quebec v 27 n 5 p 789ndash805 1999

CACERES Nataacutelia K GUIMARAtildeES Rita de Caacutessia A IDA Elza I FAVARO Simone P

Determinaccedilatildeo da atividade de inibidores de tripsina fitato em amecircndoas de baru processado

(Dipteryx alata Vog) In IX SIMPOacuteSIO NACIONAL DO CERRADO e II SIMPOacuteSIO

INTERNACIONAL DE SAVANAS TROPICAIS 2008 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia EMBRAPA

2008 v 1 p 01-07

CAMPBELL Jeffrey Y TEWARI Devi D Increased development of non-timber forest

products in India some issues and concerns Unasylva Rome n 187 p 26-31 1996

CAcircNDIDO Eduardo A SOULEacute Fernanda V PIRES Mauriacutecio B Desenvolvimento e

implantaccedilatildeo de mini-faacutebricas de produtos florestais natildeo madeireiros em comunidades

ribeirinhas da Amazocircnia a experiecircncia do nuacutecleo de apoio agrave populaccedilatildeo ribeirinha da

Amazocircnia In XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO Rio de

Janeiro Anais Rio de Janeiro 2008 Disponiacutevel

emlthttpwwwabeproorgbrbibliotecaenegep2008_TN_STO_079_551_11299pdfgt

Acesso em 12 dez 2010

CAPORAL Francisco R COSTABEBER Joseacute A Anaacutelise multidimensional da

sustentabilidade uma proposta metodoloacutegica a partir da agroecologia Agroecologia e

Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel Porto Alegre v 3 n 3 p 70-85 julset 2002

CARDOSO Joseacute Antocircnio TAVARES Lorranne Agroinduacutestria beneficiaraacute 100 toneladas

de frutos do Cerrado Agecircncia de Notiacutecias Sebrae Goiacircnia 06 nov 2008 Disponiacutevel em

lthttpwwwsebraegocombrsitesitedoidArtigo=3892gt Acesso em 09 jan 2009

CARNEIRO Maria Joseacute Pluriatividade da agricultura no Brasil uma reflexatildeo criacutetica In

SCHNEIDER Seacutergio (Org) A diversidade da agricultura familiar Porto Alegre Editora

UFRGS 2006 p 165-185

CARRAZZA Luis Roberto Relatoacuterio Final do Projeto Negoacutecios Sustentaacuteveis (Projeto

BRA98005-PPG-7) Oficina de Comercializaccedilatildeo de Produtos da Biodiversidade Brasileira

Cidade de Goiaacutes Ministeacuterio do Meio Ambiente 01 a 04 de junho de 2005

194

CARVALHEIRO Katia SABOGAL Ceacutesar AMARAL Paulo Anaacutelise da legislaccedilatildeo para o

manejo florestal por produtores de pequena escala na Amazocircnia brasileira Freiburg

CIFORUniversity of Freiburg 2008 Disponiacutevel

emlthttpwwwgretorgpublicationscdromfloresta_viva_amazonasFiles211_15_0810_re

latorio_marco_legal_mfpeqprodutores_forlivepdfgt Acesso em 30 jun 2010

CARVALHO Adelmo Pirenoacutepolis coletacircnea 1727-2000 1 ed Goiacircnia Kelps 2001 213

p

CARVALHO Fabriacutecio A RODRIGUES Victor Hugo P KILCA Ricardo V SIQUEIRA

Ariane S ARAUacuteJO Glein M SCHIAVINI Ivan Composiccedilatildeo floriacutestica riqueza e diversidade

de um cerrado sensu stricto no sudoeste do estado de Goiaacutes Bioscience Journal

Uberlacircndia v 24 n 4 p 64-72 outdez 2008

CARVALHO Patriacutecia B de Conflito de competecircncias na fiscalizaccedilatildeo de alimentos de

origem animal no Brasil uma anaacutelise agrave luz do direito Revista de Direito Sanitaacuterio Satildeo

Paulo v 5 n 1 p 18-39 mar 2004

CASTELO Carlos Estevatildeo F Avaliaccedilatildeo econocircmica da produccedilatildeo familiar na Reserva

Extrativista Chico Mendes no Estado do Acre Caderno de Pesquisa em Administraccedilatildeo

Satildeo Paulo v 1 n 11 p 58-64 2000

CASTRO Antocircnio M G de Cadeia produtiva e prospecccedilatildeo tecnoloacutegica como ferramenta

para a gestatildeo da competitividade In O futuro da induacutestria cadeias produtivas Brasiacutelia

MDICSTI 2005 208 p

CASTRO Antocircnio M G LIMA Suzana M V CRISTO Carlos M P N Cadeia produtiva

marco conceitual para apoiar a prospecccedilatildeo tecnoloacutegica In XXII SIMPOacuteSIO DE GESTAtildeO

DA INOVACcedilAtildeO TECNOLOacuteGICA 2002 Salvador Anais Salvador

USPPGTFIAUNIFACSFIEB 2002

CAVALCANTI Clovis Sustentabilidade da economia paradigmas alternativos de realizaccedilatildeo

econocircmica In CAVALCANTI Clovis (Org) Desenvolvimento e natureza estudos para

uma sociedade sustentaacutevel Satildeo Paulo Cortez Recife Fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco 1998

CAVALCANTI Cloacutevis Uma tentativa de caracterizaccedilatildeo da economia ecoloacutegica Ambiente amp

Sociedade [online] Campinas v 7 n 1 p 149-156 2004 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414-

753X2004000100009amplng=enampnrm=isogt Acesso em 29 jan 2009

CENTRAL DO CERRADO Disponiacutevel em lthttpwwwcentraldocerradoorgbrbaruhtmlgt

Acesso em 17 set 2010

195

CENTRE DE COOPEacuteRATION INTERNATIONALE DE LA RECHERCHE AGRONOMIQUE

POUR LE DEacuteVELOPPEMENT - CIRAD Projeto para o fortalecimento das atividades

extrativistas no estado do Acre Relatoacuterio Final 2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwflorestavivaextrativismoorgbrdownloaddocumentos2001_Acre_extrativismo_c

iradpdfgt Acesso em 15 jun 2010

CHAYANOV Alexander V Sobre a teoria dos sistemas econocircmicos natildeo capitalistas In

SILVA Joseacute G da STOLCKE Verena (Orgs) A questatildeo agraacuteria Satildeo Paulo Brasiliense

1981 188 p

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB Disponiacutevel em

httpwwwconabgovbr Acesso em 14 set 2010

CORREcircA Gilmarcos de C NAVES Ronaldo V ROCHA Mara R da ZICA Lincoln F

Caracterizaccedilatildeo fiacutesica de frutos de baru (Dipteryx alata Vog) em trecircs populaccedilotildees nos

cerrados do estado de Goiaacutes Pesquisa Agropecuaacuteria Tropical Goiacircnia v 30 n 2 p 5-

11 juldez 2000

COSTA Ana Maria FRANCO Eucilene M MARQUES Luiacutes Augusto A FRANCO Tuacutelio B

Cartilha de vigilacircncia sanitaacuteria cidadania e controle social Brasiacutelia Agecircncia Nacional

de Vigilacircncia Sanitaacuteria 2002 58 p

COSTA Ricardo Comercializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo dos produtos da agricultura familiar

alguns pontos a discutir In KUSTER Angela MARTIacute Jaime F FICKERT Udo (Orgs)

Agricultura familiar agroecologia e mercado no Norte e Nordeste do Brasil Fortaleza

Fundaccedilatildeo Konrad Adenauer 2004

COSTABEBER Joseacute Antocircnio CAPORAL Francisco Roberto Possibilidades e alternativas

do desenvolvimento rural sustentaacutevel In VELA Hugo (Org) Agricultura familiar e

fesenvolvimento rural sustentaacutevel no Mercosul Santa Maria Editora da UFSMPallotti

p157-194 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwagroecologiauemabrpublicacoesPossibilidadesealternativasdoDRSpdfgt

Acesso em 12 fev 2009

COSTABEBER Joseacute Antocircnio CAPORAL Francisco Roberto Anaacutelise multidimensional da

sustentabilidade uma proposta metodoloacutegica a partir da agroecologia Agroecologia e

Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel Porto Alegre v3 n3 p 70-85 julset 2002

Disponiacutevel em httpwwwagroecologiauemabrpublicacoesCaporaleCostabeberTrespdfgt

Acesso em 12 fev 2009

196

COSTA NETO Canrobert P L Agricultura sustentaacutevel tecnologias e sociedade In COSTA

Luiz Flaacutevio de Carvalho MOREIRA Roberto Joseacute BRUNO Regina (Orgs) Mundo rural e

tempo presente Rio de Janeiro Mauad 1999 p 299-321

COUTINHO Leopoldo M Aspectos ecoloacutegicos do fogo no cerrado II ndash As queimadas e a

dispersatildeo de sementes em algumas espeacutecies anemocoacutericas do estrato herbaacuteceo sub-

arbustivo Boletim de Botacircnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 5 p 57-64

1977

COUTO JUacuteNIOR Antocircnio F Anaacutelise temporal da cobertura vegetal e do solo da aacuterea do

Ecomuseu do Cerrado (Goiaacutes) atraveacutes de imagens MODIS e CBERS 2007 61 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Departamento de Engenharia Florestal

Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

DAILY Gretchen C Introduction what are ecosystem services In DAILY Gretchen (Ed)

Naturersquos services societal dependence on natural ecosystems Washington Island Press

1997 p 01-10

DANIEL Joshua N DUDHARDE Prashant A Analysis of economic characteristics of

value chains of three underutilised fruits of India Colombo The International Centre for

Underutilised Crops (ICUC) Pune BAIF Development Research Foundation 2007

Disponiacutevel em ltwwwicuc-iwmiorgfilesPublicationsICUC-RR20Issue203_Finalpdfgt

Acesso em 19 ago 2010

DECASTRO Rui Afonso Maciel A funccedilatildeo soacutecio ambiental da propriedade na Constituiccedilatildeo

de 1988 Jus Navigandi Teresina v 8 n 466 16 out 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5765gt Acesso em 18 ago 2009

DIAS Marcelo F P ROSA Nadir P da SANTOS JUNIOR Siacutelvio SILVA Erica M da

SILVA Tacircnia N da Determinantes para o (in)sucesso de uma cadeia em formaccedilatildeo uma

anaacutelise da estruturaccedilatildeo da estrutiocultura da Regiatildeo Metropolitana de Porto Alegre

Cadernos de Economia Chapecoacute v 12 n 22 janjun 2008

DIEGUES Antocircnio Carlos ARRUDA Rinaldo S V (Orgs) Saberes tradicionais e

biodiversidade no Brasil Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Satildeo Paulo Universidade

de Satildeo Paulo 2001 176 p

DRUMMOND Joseacute Augusto A extraccedilatildeo sustentaacutevel de produtos florestais na Amazocircnia

Brasileira Estudos - Sociedade e Agricultura Rio de Janeiro v 6 p 116-137 1996

DUARTE Laura Maria G Desenvolvimento sustentaacutevel um olhar sobre os cerrados

brasileiros In DUARTE Laura Maria G THEODORO Suzi H (Orgs) Dilemas do

197

cerrado entre o ecologicamente (in)correto e o socialmente (in)justo Rio de Janeiro

Garamond 2002 p 11- 22

DUBOC Eny COSTA Caroline J VELOSO Rui F OLIVEIRA Leonardo dos S PALUDO

Adriana Panorama atual da produccedilatildeo de carvatildeo vegetal no Brasil e no Cerrado

Planaltina Embrapa-Cerrados 2007 37 p (Documento 197)

DURKHEIM Eacutemile A divisatildeo do trabalho social Lisboa Presenccedila 1984 2 v

EITEN George Delimitaccedilatildeo do conceito de Cerrado Arquivos do Jardim Botacircnico v 21

p 125-134 1977

ENDRESS Bryan A GORCHOV David L BERRY Eric J Sustainability of a non-timber

forest product effects of alternative leaf harvest practices over 6 years on yield and

demografy of the palm Chamaedorea radicalis Forest Ecology and Management

Amsterdam v 234 p 181-191 out 2006

ENRIacuteQUEZ Gonzalo EV Desafios da sustentabilidade da Amazocircnia biodiversidade

cadeias produtivas e comunidades extrativistas integradas 2008 460 f Tese (Doutorado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel) - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de

Brasiacutelia Brasiacutelia

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION - FAO Non-wood forest products for rural

income and sustainable forestry Non-wood forest products n 7 Rome 1995

FEARNSIDE Philip M Serviccedilos ambientais como estrateacutegia para o desenvolvimento

sustentaacutevel na Amazocircnia rural In CAVALCANTI Cloacutevis (Ed) Meio Ambiente

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Poliacuteticas Puacuteblicas Satildeo Paulo Cortez 1997 p 314-344

FELFILI Jeanine Maria SOUSA-SILVA Joseacute Carlos SCARIOT Aldicir Biodiversidade

ecologia e conservaccedilatildeo do Cerrado avanccedilos no conhecimento In _______ Cerrado

ecologia biodiversidade e conservaccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente 2005 p 25-

44

FERNANDES Aristoacuteteles V SILVA Luacutecia M R KHAN Ahmad S Reserva extrativista do

Rio Cajari sustentabilidade e qualidade de vida Revista de Economia e Sociologia Rural

Brasiacutelia v 35 n 3 p 119-140 julset 1997

FERREIRA Robeacuterio A BOTELHO Soraya A DAVIDE Antonio C MALAVASI Marlene

de M Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de fruto semente placircntula e muda de Dipteryx alata

Vogel - Baru (Leguminosae papilionoideae) Cerne Lavras v 4 n 1 p 73-86 1998

198

FIEDLER Nilton C SOARES Thelma SSILVA Gilson F da Produtos florestais natildeo

madeireiros importacircncia e manejo sustentaacutevel da floresta Revista Ciecircncias Exatas e

Naturais Guarapuava v 10 n 2 p 263-278 2008

FILGUEIRAS Tarciso S SILVA E Estudo preliminar do baru (Leg Faboideae) Brasil

Florestal Brasiacutelia v 6 n 22 p 33-39 abrjun 1975

FORZZA Rafaela C BAUMGRATZ Joseacute F BICUDO Carlos E M CANHOS Dora Ann

L CARVALHO JR Aniacutebal A COSTA Andreacutea COSTA Denize P HOPKINS Mike

LEITMAN Paula M LOHMAN Luacutecia G LUGHADHA Eimear N MAIA Leonor C

MARTINELLI Gustavo MENEZES Mariacircngela MORIN Marli P COELHO Marcos A N

PEIXOTO Ariane L PIRANI Joseacute R PRADO Jefferson QUEIROZ Luciano P SOUZA

Sidnei de SOUZA Viniacutecius C STEHMANN Joatildeo R SYLVESTRE Lana S WALTER

Bruno M T ZAPPI Daniela Siacutentese da diversidade brasileira In FORZZA Rafaela C

(Org) Cataacutelogo de plantas e fungos do Brasil Rio de Janeiro A Jakobsson Estuacutedio

Jardim Botacircnico do Rio de Janeiro 2010 v I p 21-39

FRANCO Carlos Alberto ESTEVES Lara Torchi Impactos econocircmicos e ambientais do

manejo florestal comunitaacuterio no acre duas experiecircncias resultados distintos

Apresentaccedilatildeo oral XLVI CONGRESSO DA SOBER Rio Branco 2008 Disponiacutevel em

lthttpwwwsoberorgbrpalestra929pdfgt Acesso em 16 jan 2009

FREITAS Jullyana B NAVES Maria Margareth V Composiccedilatildeo quiacutemica de nozes e

sementes comestiacuteveis e sua relaccedilatildeo com a nutriccedilatildeo e sauacutede Revista de Nutriccedilatildeo

Campinas v 23 n 2 p 269-279 2010

FULLER Anthony M From part-time farming to pluriativity a decade of change in rural

Europe Journal of Rural Studies v 6 i 4 p 361-373 1990

FUNDACcedilAtildeO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ Site Disponiacutevel em

lthttpwwwfiocruzbrcgicgiluaexesysstarthtmtpl=homegt Acesso em 15 jul 2010

GIBSON Clark C BECKER C Dustin A lack of institutional demand why a strong local

community in Western Equador fails to protect its forest In GIBSON Clark C MCKEAN

Margaret A OSTROM Elinor (Eds) People and forests communities institutions and

governance Cambridge MIT Press 2000

GOLDBERG Ray A Agribusiness coordination a systems approach to the wheat soybean

and Florida orange economies Harvard University 1968 256 p

GOMES-FILHO Arlindo AMARAL Priscilla Prudente do CUNHA Claacuteudia Conceiccedilatildeo

COSTA Vilani Alves da SILVA Sebastiatildeo Santos da VANDA Edson DUQUE Anderson

Alex Oliveira GUIMARAtildeES Josilene Caracterizaccedilatildeo socioeconocircmica da Reserva

199

Extrativista do Cazumbaacute-Iracema Sena Madureira AC In CONGRESSO BRASILEIRO

DE UNIDADES DE CONSERVACcedilAtildeO ndash CBUC 4 2004 Anais Curitiba Ministeacuterio do Meio

Ambiente 2004 p 491-499 Disponiacutevel em

lthttpcazumbaorgindexphpoption=com_docmanamptask=doc_viewampgid=1gt Acesso em

04 mar 2009

GONCcedilALO Joseacute E Gestatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros (pfnm)

da biodiversidade no Brasil In XXVI ENEGEP 2006 Anais Fortaleza 2006 Disponiacutevel

em lthttpwwwabeproorgbrbibliotecaENEGEP2006_TR520346_8257pdfgt Acesso em

21 mar 2010

GONCcedilALVES Daniel B ALVES Francisco Joseacute da C A legislaccedilatildeo ambiental e o

desenvolvimento sustentaacutevel no complexo agroindustrial canavieiro da bacia hidrograacutefica do

rio Mogi-Guaccediluacute In SEMINAacuteRIO ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE REGULACcedilAtildeO

ESTATAL E AUTO-REGULACcedilAtildeO EMPRESARIAL PARA O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTAacuteVEL 3 Campinas Anais Campinas Unicamp 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwfreewebscomdanielbertolitextostexto08pdfgt Acesso em 19 mai 2010

GOODLAND R The concept of environmental sustainability Annual Review of Ecology

and Systematics Stanford v 26 p 1-24 1995

GUERRA Fabiacuteola G P de Q SANTOS Anadalvo J dos SANQUETTA Carlos R

BITTENCOURT Alexandre M ALMEIDA Alexandre N de Quantificaccedilatildeo e valoraccedilatildeo de

produtos florestais natildeo madeireiros Floresta Curitiba v 39 n 2 p 431-439 abrjun

2009

HAMMOND Allen ADRIAANSE Albert RODENBURG Eric BRYANT Dirk WOODWARD

Richard Environmental Indicators asystematic approach to measuring and reporting on

environmental policy performance in the context of sustainable development Washington

WRI 1995 53 p

HARDI Peter ZDAN Terrence J Assessing sustainable development principles in

practice Winnipeg The International Institute for Sustainable Development 1997 166 p

HECHT Susanna B ANDERSON Anthony B MAY Peter The subsidy from nature

shifting cultivation successional palm forests and rural development Human Organization

Oklahoma City v 47 n 1 p 25-35 Spring 1988

HESPANHOL Rosacircngela A de M Pronaf infra-estrutura e serviccedilos municipais e

associaccedilotildees de produtores em municiacutepios selecionados da regiatildeo de Presidente Prudente

Estado de Satildeo Paulo Informaccedilotildees Econocircmicas Satildeo Paulo v 36 n 5 p 15-26 maio

2006

200

HOMMA Alfredo Kingo Oyama Extrativismo vegetal na Amazocircnia limites e

oportunidades Brasiacutelia Embrapa-SPI 1993

HUMMEL Antocircnio Carlos Normas de acesso ao recurso florestal na Amazocircnia

brasileira o caso do manejo florestal madeireiro 2001 103 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Ciecircncias Florestais Tropicais) - Universidade do AmazonasInstituto Nacional de Pesquisa

da Amazocircnia ndash INPA Manaus 2001

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE Bancos de dados

agregados Sistema IBGE de recuperaccedilatildeo automaacutetica 2010 Disponiacutevel

emlthttpwwwsidraibgegovbrgt Acesso em 30 ago 2010

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Produccedilatildeo da

extraccedilatildeo vegetal e da silvicultura 2007 extraccedilatildeo de madeira nativa cai em 2007 mas

ainda foi de 164 milhotildees de msup3 Comunicaccedilatildeo Social 26 de novembro de 2008

Disponiacutevel em

lthttpwwwibgegovbrhomepresidencianoticiasnoticia_impressaophpid_noticia=1270gt

Acessado em 02 mar 2009

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Relatoacuterio Produccedilatildeo

da Extraccedilatildeo Vegetal e Silvicultura ndash PEVSIBGE Rio de Janeiro v 23 2009 46 p

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Produccedilatildeo da

extraccedilatildeo vegetal e da silvicultura v 22 2007 45 p

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 1984 Disponiacutevel em

ltftpftpibgegovbrCartas_e_MapasMapas_Muraisgt Acesso em 15 ago 2009

INSTITUTO SOCIEDADE POPULACcedilAtildeO E NATUREZA - ISPN SEMINAacuteRIO DE

INTERCAcircMBIO TECNOLOacuteGICO PARA BARU PEQUI E BABACcedilU Relatoacuterio Final

Brasiacutelia 2007 26 p

INSTITUTO SOCIEDADE POPULACcedilAtildeO E NATUREZA - ISPN Relatoacuterio do Seminaacuterio

Gestatildeo Mercados e Poliacuteticas Puacuteblicas para Produtos Sustentaacuteveis da Biodiversidade

Brasileira Satildeo Paulo 08 e 09 de novembro de 2005 38 p

INSTITUTO SOacuteCIO-AMBIENTAL Quadro geral dos povos indiacutegenas no Brasil

Disponiacutevel em lthttppibsocioambientalorgptcquadro-geralgt Acesso em 19 jul 2010

INTERNATIONAL INSTITUTE FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT - IISD Dashboard of

Sustainability Disponiacutevel em lthttpesljrcitenvinddb_methshtmgt Acesso em 23 jun

2010

201

JACOBI Pedro R Meio ambiente e sustentabilidade Revista de Desenvolvimento e Meio

Ambiente Satildeo Paulo 1999 p 175-183 Disponiacutevel em lthttpwwwcepamspgovbrgt

Acesso em 05 jan 2009

JANUZZI Paulo de M Indicadores para diagnoacutestico monitoramento e avaliaccedilatildeo de

programas sociais no Brasil Revista do Serviccedilo Puacuteblico Brasiacutelia v 56 n 2 p 137-160

abrjun 2005

KHAN Ahmad S PASSOS Ana Tereza B Reforma agraacuteria solidaacuteria e qualidade de vida

dos beneficiaacuterios no estado do Cearaacute Revista de Economia e Sociologia Rural Brasiacutelia

v 39 n 4 p 93-117 outdez 2001

KING Maurice Health is a sustainable state The Lancet London n 336 p 664-667 1990

KLINK Carlos A MACHADO Ricardo B A conservaccedilatildeo do Cerrado no Brasil

Megadiversidade Belo Horizonte v 1 n 1 p 147-155 2005

KLINK Carlos A O papel da pesquisa ecoloacutegica na gestatildeo ambiental e manejo dos

ecossistemas In BURSZTYN M (org) A difiacutecil sustentabilidade poliacutetica

energeacutetica e conflitos ambientais Rio de Janeiro Garamond 2001 p 77- 84

KREMEN Claire WILLIAMS Neal M THORP Robbin W Crop pollination from native bees

at risk from agricultural intensification Proceedings of the National Academy of Science

of the USA v 99 n 26 p 16812-16816 2002

LEAKEY Richard E LEWIN Roger Origens Satildeo Paulo Melhoramentos 1982

LEITE Arthur Cezar P Neoextrativismo e desenvolvimento no estado do Acre o caso

do manejo comunitaacuterio do oacuteleo de copaiacuteba na Reserva Extrativista Chico Mendes 2004 114

f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em agroecossistemas) - Centro de Ciecircncias Agraacuterias Universidade

Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2004

LESCURE Jean-Paul PINTON Florence EMPERAIRE Laure O povo e os produtos

florestais na Amazocircnia Central uma abordagem multidisciplinar do extrativismo In

CLUSENER-GODT Miguel SACHS Ignacy (Eds) Extrativismo na Amazocircnia brasileira

perspectivas sobre o desenvolvimento regional Paris UNESCO Compecircndio MAB 18 1994

p 62-94

LEWINSON Thomas M PRADO Paulo I Biodiversidade brasileira siacutentese do estado

atual do conhecimento Satildeo Paulo Contexto 2002

LIBISZEWSKI Stephan What is an environmental conflict ENCOP Occasional Paper n

1 ZuumlrichBerne Swiss Federal Institute of TechnologySwiss Peace Foundation 1992

202

LIPTON Michael The theory of optimising peasant The Journal of Development Studies

London v 4 n 30 p 327-351 1968

LITTLE Paul Eliot Os conflitos socioambientais um campo de estudo e de accedilatildeo poliacutetica In

BURSZTYN Marcel (Org) A difiacutecil sustentabilidade poliacutetica energeacutetica e conflitos

ambientais 2 ed Rio de Janeiro Garamond 2001

LOUETTE Anne (Org) Compecircndio de indicadores de sustentabilidade de naccedilotildees

ferramentas de gestatildeo de responsabilidade socioambiental Satildeo Paulo Antakarana Cultura Arte

CiecircnciaWillis Harman House 2009 114 p

MACHADO Frederico S Manejo de produtos florestais natildeo madeireiros um manual

com sugestotildees para o manejo participativo em comunidades da Amazocircnia Rio Branco

PESACRE e CIFOR 2008 105 p

MACHADO Paulo Affonso Leme Direito Ambiental Brasileiro Satildeo Paulo Malheiros 11

ed 2003 1064 p

MACHADO Ricardo B RAMOS NETO Maacuterio B PEREIRA Paulo Gustavo P CALDAS

Eduardo F GONCcedilALVES Demerval A SANTOS Nazareno S TABOR Karin

STEININGER Marc Estimativas de perda da aacuterea do Cerrado brasileiro Conservation

International Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel em

lthttpwwwajaorgbrpublicationsRelatDesmatamCerradopdfgt Acesso em 29 jun 2008

MANTOVANELI JUNIOR Oklinger SAMPAIO Carlos AC Sustentabilidade poliacutetica e

administrativa contribuiccedilotildees para a reformulaccedilatildeo da agenda para o ecodesenvolvimento

Revista de Gestatildeo Social e Ambiental Rio de Janeiro v 1 n 2 p 3 ndash 21 abrmai 2007

MARX Karl O Capital Livro I Parte I O Processo de produccedilatildeo do capital Traduccedilatildeo

Reginaldo Santrsquoanna Rio Civilizaccedilatildeo Brasileira 16 ed 1998 571 p

MATIAS Marisa A natureza farta de noacutes Ambiente sauacutede e formas emergentes de

cidadania 2009 460 f Tese (Doutorado em Sociologia) - Faculdade de Economia

Universidade de Coimbra Coimbra Disponiacutevel em

lthttpsestudogeralsibucptjspuibitstream10316110621Health2c20environment20

and20the20politics20of20sustainabilitypdfgt Acesso em 14 mai 2010

MATIAS Marisa NUNES Joatildeo A Sustainable healthy Healthy environment and the

politics of sustainability Oficina do CES Coimbra n 209 abril2004 Disponiacutevel em

lthttpsestudogeralsibucptjspuibitstream10316110621Health20environment20and

20the20politics20of20sustainabilitypdfgt Acesso em 25 mai 2010

MAY Peter H (Org) Compilacion y analisis sobre los productos forestales no

madereros (PFNM) en el Brasil relatoacuterio teacutecnico Santiago FAO 2001 88 p

203

MAZOYER Marcel ROUDART Laurence Histoacuteria das agriculturas do mundo do

neoliacutetico agrave crise contemporacircnea Lisboa Instituto Piaget 1998

MEDAETS Jean Pierre P A construccedilatildeo da qualidade na produccedilatildeo agriacutecola familiar

sistemas de certificaccedilatildeo de produtos orgacircnicos 2003 213 f Tese (Doutorado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel) - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de

Brasiacutelia Brasiacutelia 2003

MEDEIROS Marcelo B Efeitos do fogo nos padrotildees de rebrotamento em plantas

lenhosas em campo sujo 2002 120 f Tese (Doutorado em Ecologia) - Departamento de

Ecologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2002

MEDEIROS Marcelo B FIEDLER Nilton C Incecircndios florestais no Parque Nacional da

Serra da Canastra desafios para a conservaccedilatildeo da biodiversidade Ciecircncia Florestal

Santa Maria v 14 n 2 p 157-168 2004

MELHEM Therezinha S Entrada de aacutegua na semente de Dipteryx alata Vog

(Leguminosae-Lotoidea) Hoehnea Satildeo Paulo v 4 p 33-48 1974

MELLOR John W The use and productivity of farm labor in early stages of agricultural

development Journal of Farm Economics Ithaca v 45 n 3 p 517-534 1963

MENDONCcedilA Roberta C FELFILI Jeanine M WALTER Bruno MT SILVA JUacuteNIOR

Manoel Claacuteudio REZENDE Aacutelvaro V de FILGUEIRAS Tarciso de S SILVA Paulo

Ernane N Flora vascular do Cerrado In SANO Sueli M ALMEIDA Paulo (Ed) Cerrado

ambiente e flora Planaltina EMBRAPA-CPAC 1998 p 288-556

MENEZES Antocircnio J E A de HOMMA Alfredo K O SANTANA Antocircnio C de

MENDES Fernando A T A importacircncia da ldquoproduccedilatildeo invisiacutevelrdquo para a agricultura familiar na

Amazocircnia o caso dos projetos de assentamento agroextrativistas Praialta e Piranheira

Municiacutepio de Nova Ipixuna Paraacute Novos Cadernos do NAEA Beleacutem v4 n2 p 5-26 dez

2001

MILAREacute Eacutedis Princiacutepios fundamentais do direito do ambiente Revista dos Tribunais Satildeo

Paulo n 756 out 1998 p 53-68 1998

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRAacuteRIO ndash MDA Disponiacutevel em

lthttpportalmdagovbrportalsafprogramaspronafgt Acesso em 22 jul 2010

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE Agrave FOME - MDS Disponiacutevel

em

lthttpaplicacoesmdsgovbrsagiascomindexphpcut=aHR0cDovL2FwbGljYWNvZXMub

204

WRzLmdvdi5ici9zYWdpL2FzY29tL2dlcmFyL2luZGV4LnBocA==ampdef=vgt Acesso em 21 jul

2010

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA MMA divulga queda no desmatamento nos

biomas Amazocircnia e Cerrado Notiacutecias Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrsitioindexphpido=ascomnoticiaMMAampcodigo=6602gt Acesso em

09 mai 2011

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Aacutereas prioritaacuterias para conservaccedilatildeo uso

sustentaacutevel e reparticcedilatildeo de benefiacutecios da biodiversidade brasileira atualizaccedilatildeo -

Portaria MMA no 9 de 23 de janeiro de 2007 Brasiacutelia Secretaria de Biodiversidade e

FlorestasMMA (Seacuterie Biodiversidade 31) 2007a 574 p

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Cerrado e Pantanal aacutereas e accedilotildees prioritaacuterias

para conservaccedilatildeo da biodiversidade Brasiacutelia MMA 2007c (Seacuterie Biodiversidade 17) 540

p

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Agenda 21 brasileira accedilotildees

prioritaacuteriasComissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e da Agenda 21

Nacional 2 ed Brasiacutelia MMA 2004 158 p

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Programa Cerrado Sustentaacutevel proposta

elaborada pelo Grupo de Trabalho do Bioma Cerrado instituiacutedo pela Portaria MMA nordm 361

de 12 de setembro de 2003 Brasiacutelia 2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrestruturassbf_arquivosprograma_bioma_cerradopdfgt Acesso

em 19 jul 2010

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Primeiro Relatoacuterio Nacional para a

Convenccedilatildeo sobre Diversidade Bioloacutegica Brasiacutelia Brasil 1998 283 p

MONTOYA Marco Antonio FINAMORE Eduardo B Delimitaccedilatildeo e encadeamentos de

sistemas agroindustriais o caso do complexo laacutecteo do Rio Grande do Sul Economia

Aplicada Ribeiratildeo Preto v 9 n 4 p 663-682 2005

MORSELLO Carla Parcerias comerciais entre empresas e comunidades amazocircnicas

oportunidades problemas e desafios In ENCONTRO DA ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DE

PESQUISA E POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM AMBIENTE E SOCIEDADE 2 2004 Indaiatuba

Anais Indaiatuba ANPPAS 2004

MORVAN Yves Filiegravere de production In Fondements drsquoEconomie Industrielle 2 ed

Paris Economica 1991 p 243-275

205

MOSELE Seacutergio H A governanccedila na cadeia agro-industrial da erva-mate na regiatildeo

Alto Uruguai Rio - Grandense sob a oacutetica da cadeia de suprimentos 2002 231 f

Dissertaccedilatildeo (Mestre em Agronegoacutecios) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre 2002

NAKAJIMA Chihiro Subsistence and comercial family farms some theoretical models of

subjective equilibrium In Warthon Jr Clifton R (Org) Subsistence agriculture and

economic development Chicago Aldine Publishing Co 1969 p 165-185

NASCIMENTO Elimar P do Os conflitos na sociedade moderna uma introduccedilatildeo

conceitual In BURSZTYN Marcel (Org) A difiacutecil sustentabilidade poliacutetica energeacutetica e

conflitos ambientais 2 ed Rio de Janeiro Garamond 2001

NATURA Site Disponiacutevel em lthttpwwwnaturaekoscombrptresponsabilidade-

socioambientalmedio-juruagt Acesso em 22 jul 2010

NEVES Marcos F LAZZARINI Seacutergio G MACHADO FILHO Claacuteudio A P Cenaacuterios e

perspectivas para o agribusiness brasileiro In CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA

E SOCIOLOGIA RURAL 35 Natal Anais Natal Sociedade Brasileira de Economia e

Sociologia Rural 1997 p 859

NEWTON Peter FLOOD Joe BERRY Mike BHATIA Kuldeep BROWN Steve CABELLI

Andreacute GOMBOSO Jeanette HIGGINS John RICHARDSON Tony RITCHIE Veronica

Environmental indicators for national state of the environment reporting - human

settlements Australia State of the Environment (Environmental Indicator Reports)

Department of the Environment Canberra 1998

NOGUEIRA Jorge M NASCIMENTO JUNIOR Antocircnio BASTOS Leiner

Empreendimentos extrativistas como alternativas para geraccedilatildeo de renda do sonho

ambientalista agrave realidade do estudo de mercado Revista de Ciecircncia Administrativa

Fortaleza v 15 n 1 p 85-104 janjun 2009

NOGUEIRA Mocircnica Quando o pequeno eacute grande uma anaacutelise de projetos comunitaacuterios

no Cerrado Satildeo Paulo Annablume 2005 172 p

NOVAES Washington (Coord) RIBAS Otto NOVAES Pedro da Costa Agenda 21

brasileira bases para discussatildeo Brasiacutelia MMAPNUD 2000 196 p

NUNES Joatildeo Arriscado MATIAS Marisa Rumo a uma sauacutede sustentaacutevel sauacutede ambiente

e poliacutetica Sauacutede e Direitos Humanos ano 3 n 3 p 7-16 2006

OLIVEIRA Elaine DUARTE Laura Maria G Economia camponesa a agricultura familiar

evoluccedilatildeo do uso da biodiversidade do Cerrado IV ENCONTRO NACIONAL DA ANPPAS

2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

206

lthttpwwwsisgeencocombrsistemaencontro_anppasivenanppasARQUIVOSGT5-213-

136-20080503123731pdfgt Acesso em 11 jan 2009

OLIVEIRA Leonardo dos S PALUDO Adriano FRANCcedilA Leonice V de VILELA Maria de

Faacutetima DUBOC Enny Distribuiccedilatildeo de espeacutecies nativas do Cerrado resultados

preliminares IX SIMPOacuteSIO NACIONAL DO CERRADO E SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL DE

SAVANAS TROPICAIS Anais Brasiacutelia 2008 p 1-8 Disponiacutevel em

lthttpsimposiocpacembrapabrsimposio_pc210trabalhos_pdf00334_trab1_appdfgt

Acesso em 03 out 2009

OLIVEIRA Mathilde I B SIGRIST Maria Rosacircngela Fenologia reprodutiva polinizaccedilatildeo e

reproduccedilatildeo de Dipteryx alata Vogel (Leguminosae-Papilionoideae) em Mato Grosso do Sul

Brasil Revista Brasileira de Botacircnica Satildeo Paulo v 31 n2 p 195-207 2008

OLIVEIRA-FILHO Ary T MARTINS Fernando R A comparative study of five cerrado aacutereas

in southern Mato Grosso Brazil Edinburgh Journal of Botany Edinburgh v 48 n 3 p

302-332 1991

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT - OECD Core

set indicators for environmental performance reviews a synthesis report by the Group

on the State of the Environment Environment Monoghrafs n 83 OECD Paris 1993

OSTROM Elinor Self-governance and forest resources CIFOR Occasional Paper n 20

Bogor Center for International Forestry Research 1999

PEDROSO JUNIOR Nelson N MURRIETA Rui S S TAQUEDA Carolina S A casa e a

roccedila socioeconomia demografia e agricultura em populaccedilotildees quilombolas do Vale do

Ribeira Satildeo Paulo Brasil Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi Ciecircncias

Humanas Beleacutem v 3 n 2 p 227-252 ago 2008

PIMENTEL Noara M Processo produtivo para o aproveitamento dos produtos

florestais natildeo madeireiros do baru (Dipteryx alata Vog) 2008 107 f Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Departamento de Engenharia Florestal Universidade

de Brasiacutelia Brasiacutelia 2008

PINTER Laacuteszlo HARDI Peter BARTELMUS Peter Sustainable development

indicators proposals for the way forward New York International Institute for Sustainable

Development 2005 35 p

PIRES Mauro O A trajetoacuteria do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel na transiccedilatildeo

paradigmaacutetica In BRAGA Maria Luacutecia S DUARTE Laura Maria G (Orgs) Tristes

cerrados sociedade e biodiversidade Brasiacutelia Paralelo 15 1998 p 63-92

207

PREZOTTO Leomar L A agroinduacutestria rural de pequeno porte e o seu ambiente

institucional relativo agrave legislaccedilatildeo sanitaacuteria 1999 131 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Agroecossistemas) - Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agroecossistemas Universidade

Federal de Santa Catarina 1999

RABELO Laudemira S LIMA Patriacutecia VPS Indicadores de sustentabilidade a

possibilidade de mensuraccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel Revista Eletrocircnica do

Prodema Fortaleza v 1 n 1 p 55-76 dez 2007

RAI Nitin D UHL Christopher F Forest product use conservation and livelihoods the case

of uppage fruit harvest in the Western Ghats India Conservation amp Society Bangalore v

2 p 289-313 2004

RAM PRASAD Sudipta Das SWANDIP Sinha Value options for non-timber forest products

at primary colletorrsquos level International Forestry Review Shropshire v 1 n 1 p17-21

1999

RAMBALDI Denise M OLIVEIRA Daniela AS de (Orgs) Fragmentaccedilatildeo de

Ecossistemas causas efeitos sobre a biodiversidade e recomendaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas Brasiacutelia MMASBF 2003 510 p

RATHMANN Regis HOFF Deacutebora N PADULA Antocircnio D Estrateacutegias de

desenvolvimento regional com base na diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo o desenvolvimento da

cadeia frutiacutecola da Regiatildeo da Campanha do estado do Rio Grande do Sul Teoria e

Evidecircncia Econocircmica Passo Fundo v 14 n 27 p 9-33 nov 2006

RATTER James A Bridgewater Samuel Ribeiro Joseacute F Dias Terezinha AB SILVA

Mara R Estudo preliminar da distribuiccedilatildeo das espeacutecies lenhosas da fitofisionomia cerrado

sentido restrito nos estados compreendidos pelo bioma Cerrado Boletim do Herbaacuterio

Ezechias Paulo Heringer Brasilia v 5 n 1 p 5-43 2000

REATTO Adriana MARTINS Eacuteder de Souza Classes de solo em relaccedilatildeo aos controles da

paisagem do bioma Cerrado In SCARIOT Aldicir SOUZA-SILVA Joseacute Carlos FELFILI

Jeanine Maria (Orgs) Cerrado ecologia biodiversidade e conservaccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio

do Meio Ambiente 2005 p 49-59

REDE CERRADO Disponiacutevel em lthttpwwwredecerradoorgbrgt Acessado em 12 mai

2010

REcircGO Joseacute Fernandes do (Coord) Anaacutelise econocircmica dos sistemas de produccedilatildeo

familiar rural da Regiatildeo do Vale do Acre - 19961997 (Projeto de Pesquisa do

Departamento de Economia ndash UFAC) Rio Branco UFAC 1996

208

REcircGO Joseacute Fernandes do Amazocircnia do extrativismo ao neoextrativismo Ciecircncia Hoje

Rio de Janeiro v 25 n 147 p 62-65 1992

REVISTA EacutePOCA Ciecircncia e Tecnologia De olho no cerrado Universidade do Cearaacute

monta empresa para refinar a rutina substacircncia disputada por laboratoacuterios 12 e (100898)

Disponiacutevel em lthttpepocaglobocomedic19980810ciencia8htmgt Acesso em 18 nov

2009

RIBEIRO Joseacute F DIAS Terezinha Diversidade e conservaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e da flora In

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE ndash MMA Biodiversidade do Cerrado e Pantanal aacutereas

e accedilotildees prioritaacuterias para conservaccedilatildeo Brasiacutelia MMA 2007 540 p

RICE Richard E SUGAL Cheri A RATAY Shelley M FONSEcircCA Gustavo A B da

Sustainable forest management a review of conventional wisdom Advances in Applied

Biodiversity Science Washington v 3 p1-29 2001

RIJSOORT Jeanette Van Non-timber forest products (NTFPs) their role in sustainable

forest management in the tropics National Reference Centre for Nature Management (EC-

LNV)International Agricultural Centre (IAC) Wageningen 2000 61 p

RITCHIE Bill MCDOUGALL Cynthia HAGGITH Mandy OLIVEIRA Nicolette B de

Criteacuterios e indicadores de sustentabilidade em florestas manejadas por comunidades

um guia introdutoacuterio Jakarta CIFOR 2001 124 p

ROCHA Ednaldo Cacircndido CANTO Juliana Lorensi do PEREIRA Pollyanna Cardoso

Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais nos paiacuteses do Mercosul Revista Ambiente e

Sociedade Campinas v 8 n 2 dez 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414-

753X2005000200008amplng=enampnrm=isogt Acesso em 09 mai 2010

ROCHA Lorena S SANTIAGO Raquel de A C Implicaccedilotildees nutricionais e sensoriais da

polpa e casca de baru (Dipteryx Alata Vog) na elaboraccedilatildeo de patildees Ciecircncia e Tecnologia

de Alimentos Campinas v 29 n 4 p 820-825 outdez 2009

ROS-TONEN Mirjan AF The role of non-timber forest products in sustainable tropical forest

management Holz als Roh - und Werkstoff European Journal of Wood and Wood

Products Berlin v 58 p 196-201 2000

ROSA Eliane Cristina NATALI Maria Raquel M Vitiligo um problema que natildeo pode passar

em branco Revista Sauacutede e Pesquisa Maringaacute v 2 n 1 p 119-126 janabr 2009

RUEDA Rafael P Evoluccedilatildeo histoacuterica do extrativismo In MURRIETA Julio Ruiz RUEDA

Rafael P (Orgs) Reservas Extrativistas Gland UICN 1995

209

SABINO Joseacute PRADO Paulo Inaacutecio K L Vertebrados In LEWINSHON Thomaz M

(Org) Avaliaccedilatildeo do estado do conhecimento da biodiversidade brasileira Brasiacutelia

MMA 2005 v II p 55-145

SACHS Ignacy Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro

Garamond 2004 151 p

SACHS Ignacy Caminhos para o desenvolvimento sustentaacutevel Rio de Janeiro

Garamond 2000 96 p

SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o Seacutec XXI In BURSZTYN Marcel (Org)

Para pensar o desenvolvimento Sustentaacutevel Satildeo Paulo Braziliense 1993 166 p

SAINT-HILAIRE Auguste de Viagem agrave Proviacutencia de Goiaacutes Satildeo Paulo EDUSP 1975 158

p

SAITO Jana R FIGUEREDO Reginaldo S BATALHA Mario O Simulando cadeias

agroindustriais In II WORKSHOP DE GESTAtildeO DE SISTEMAS AGROALIMENTARES

1999 Ribeiratildeo Preto AnaisRibeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo 1999 p 45-55

SAMBUICHE Regina Helena R Efeitos a longo prazo do fogo perioacutedico sobre a

fitossociologia da camada lenhosa de um Cerrado em Brasiacutelia DF 1991 130 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ecologia) - Departamento de Ecologia Universidade de Brasiacutelia

Brasiacutelia 1991

SANO Sueli M VIVALDI Luacutecio J SPEHAR Carlos R Diversidade morfoloacutegica de frutos e

sementes de baru (Dipteryx alata Vog) Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira Brasiacutelia v 34

n 4 p 513-518 abr 1999

SANO Sueli M RIBEIRO Joseacute F BRITO Maacutercia A de Baru biologia e uso Planaltina

Embrapa Cerrados 2004 52 p

SANTOS Anadalvo J dos HILDEBRAND Elisabeth PACHECO Carlos H P PIRES

Paulo de Tarso de L ROCHADELLI Roberto Produtos florestais natildeo madeireiros

conceituaccedilatildeo classificaccedilatildeo e mercados Floresta Curitiba v 33 n 2 p 215-224 2003

SANTOS Nadja P dos PINTO Angelo C ALENCASTRO Ricardo B de Wilhelm Michler

uma aventura cientiacutefica nos troacutepicos Quiacutemica Nova [online] Satildeo Paulo v 23 n 3 p 418-

426 2000

SANTOS Nara K A ANGEacuteLICO Elissandra C RODRIGUES Fabiacuteola FG CALDAS

Germana F MOTA Magaly L SILVA Monalisa R PEREIRA Carla K B SOUSA Erlacircnio

O FONSECA Aluiacutesio M LEMOS Telma L G COSTA Joseacute Gualberto M Avaliaccedilatildeo dos

210

constituintes quiacutemicos e atividades antioxidante e toxicidade de Dimorphandra gardineriana

(leguminoseae) Cadernos de Cultura e Ciecircncia Crato n1 v1 p 69-73 nov 2006

SAWYER Donald Fluxos de carbono na Amazocircnia e no Cerrado um olhar

socioecossistecircmico Sociedade e Estado Brasiacutelia v 24 n 1 p 149-171 2009a

SAWYER Donald R Entraves regulatoacuterios de atividades extrativistas na Amazocircnia

problemas enfrentamento e soluccedilotildees Nota Teacutecnica elaborada para o Centro de Gestatildeo de

Estudos Estrateacutegicos (CGEE) com apoio da Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos (SAE) da

Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) Brasiacutelia CDS-UnB Mimeo 2009b 36 p

SAWYER Donald VAN DER REE Marc PIRES Mauro de O Comercializaccedilatildeo de espeacutecies

nativas do Cerrado In ENCONTRO REGIONAL CENTRO-OESTE 6 1997 Brasilia Os

(des)caminhos do desenvolvimento rural brasileiro Anais Brasiacutelia Associaccedilatildeo Projeto de

Intercacircmbio de Pesquisadores Sociais da Agricultura 1997 p 149-169

SCARIOT Aldicir SEVILHA Anderson C Biodiversidade estrutura e conservaccedilatildeo de

florestas estacionais deciduais no Cerrado In SCARIOT Aldicir SOUSA-SILVA Joseacute

Carlos FELFILI Jeanine Maria (Orgs) Cerrado ecologia biodiversidade e conservaccedilatildeo

Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente 2005 p 121-139

SCARIOT Aldicir FREITAS Simone R de MARIANO NETO Eduardo NASCIMENTO

Marcelo T OLIVEIRA Luis Claacuteudio de SANAIOTTI Tacircnia SEVILHA Anderson C

VILLELA Dora M Efeitos da fragmentaccedilatildeo sobre a biodiversidade vegetaccedilatildeo e flora In

RAMBALDI Denise M OLIVEIRA Daniela AS de (Orgs) Fragmentaccedilatildeo de

Ecossistemas causas efeitos sobre a biodiversidade e recomendaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas Brasiacutelia MMASBF 2003 510 p

SCHERR Sara J WHITE Andy KAIMOWITZ David Making markets work for forest

communities International Forestry Review Shropshire v 5 n 1 p 67-73 2003

SCHIMITT Claacuteudia J GUIMARAtildeES Leonardo A O mercado institucional como

instrumento para o fortalecimento da agricultura familiar de base ecoloacutegica Agriculturas

Rio de Janeiro v 5 n 2 p 7-13 junho 2008

SCHNEIDER Seacutergio Teoria social agricultura e pluriatividade Revista Brasileira de

Ciecircncias Sociais Satildeo Paulo v 18 n 51 p 99-122 2003

SCHULTZ Theodore W A transformaccedilatildeo da agricultura tradicional Rio de Janeiro

Zahar 1965 206 p

SCHWARTZMAN Stephan Mercados para produtos extrativistas da Amazocircnia Brasileira

In ARNT Ricardo (Ed) O destino da floresta reservas extrativistas e desenvolvimento

sustentaacutevel na Amazocircnia Rio de Janeiro Relume-Dumaraacute 1994 276 p

211

SCOONES Ian Sustainable rural livelihoods a framework for analysis IDS Discussion

Paper 72 Brighton University of Sussex 1998

SCOONES Ian MELNYK Mary PRETTY Jules N The hidden harvest wild foods and

agricultural systems a literature review and annotated bibliography London IIED 1992 256

p

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DO ESTADO DE GOIAacuteS ndash

SEPLANSUPERINTENDEcircNCIA DE ESTATIacuteSTICAS PESQUISA E INFORMACcedilOtildeES

SOCIOECONOcircMICAS - SEPIN Disponiacutevel em lthttpwwwseplangogovbrgt Acesso em

24 jul 2010

SEN Amartya K Peasants and dualism with or without surplus labor The Journal of

Political Economy Chicago v 69 n 5 p 425-450 1966

SEPUacuteLVEDA Seacutergio Desenvolvimento sustentaacutevel microrregional meacutetodos para

planejamento local Brasiacutelia IICA 2005 296 p

SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS - SEBRAE

Fatores condicionantes e taxas de sobrevivecircncia e mortalidade das micro e pequenas

empresas no Brasil 2003ndash2005 Brasiacutelia ago 2007 56 p

SHACKLETON Sheona SHANLEY Patricia NDOYE Ousseynou Invisible but viable

recognising local markets for nontimber forest products International Forestry Review

Shropshire v 9 n 3 p 697-712 2007

SHAFER Craig L Nature reserves island theory and conservation practice Washington

Smithsonian Institution Press 1990 185 p

SICHE Rauacutel AGOSTINHO Feni ORTEGA Enrique ROMEIRO Ademar Iacutendices versus

indicadores precisotildees conceituais na discussatildeo da sustentabilidade de paiacuteses Ambiente e

Sociedade Campinas v 10 n 2 Dezembro 2007 p 137-148

SILVA Alessandra K da EGITO Marcelo do Rede de Comercializaccedilatildeo solidaacuteria de

agricultores familiares e extrativistas do Cerrado um novo protagonismo social

Agriculturas Rio de Janeiro v 2 n 2 p 14-16 junho 2005

SILVA Elaine B da FERREIRA Laerte G ROCHA Genival F COUTO Maria Socorro D

da S Taxas de desmatamento em aacutereas do bioma Cerrado para os periacuteodos de 2003 a

2004 e 2004 a 2005 In IX SIMPOacuteSIO NACIONAL DO CERRADO e II SIMPOacuteSIO

INTERNACIONAL DE SAVANAS TROPICAIS 2008 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia Embrapa

Cerrados 2008 v 1 p 95-97

212

SILVA Fabiana O VIANA Blandina F Distribuiccedilatildeo de ninhos de abelhas Xylocopa

(Hymenoptera Apidae) em uma aacuterea de dunas litoracircneas Neotropical Entomology

Piracicaba v 31 p 661-664 out-dez 2002

SILVA Francisco Carlos T da Conquista e colonizaccedilatildeo da Ameacuterica Portuguesa o Brasil

Colocircnia ndash 15001750 In LINHARES Maria Yedda (Org) Histoacuteria geral do Brasil da

colonizaccedilatildeo portuguesa agrave modernizaccedilatildeo autoritaacuteria Rio de Janeiro Campus 1990 p 33-

94

SILVA Joelmir M da SANTOS Josilane R dos Pegada ecoloacutegica instrumento de

avaliaccedilatildeo dos impactos antroacutepicos no meio natural Oecologia Brasiliensis Rio de Janeiro

v 11 n 4 p 574-581 2007

SILVA Joseacute G O novo rural brasileiro Campinas Instituto de Economia Unicamp (Seacuterie

Pesquisas 1) 1999

SILVA Luiz Guilherme T Sustentabilidade da agricultura familiar em assentamentos

rurais no sudeste paraense 2007 295 f Tese (Doutorado em Ciecircncias) - Nuacutecleo de Altos

Estudos Amazocircnicos Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 2007

SILVA Luiz J da Public health challenges and emerging diseases the case of Satildeo Paulo

Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v17 p S141-S146 2001 Suplemento

SILVA Maria das Graccedilas da TAVARES Maria Goretti da Costa Saberes Locais e Manejo

Sustentaacutevel dos Recursos da Floresta III ENCONTRO NACIONAL DA ANPPAS 2006

Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 2006

SILVA Michelly R SHIMBO Ioshiaqui A sustentabilidade poliacutetica a partir das praacuteticas de

desenvolvimento regional em poliacuteticas puacuteblicas de habitaccedilatildeo estudo de caso II

SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO 2004 Santa Cruz do Sul

Anais Santa Cruz do Sul 28 setembro a 01 de outubro 2004 Disponiacutevel em

lthttpwwwuniscbrcursospos_graduacaomestradodesregseminariosanais_sidr2004sus

tentabilidade08pdfgt Acesso em 02 jul 2010

SIMMEL Georg Simmel Sociologia MORAES FILHO Evaristo de (Org) Traduccedilatildeo de

Carlos Alberto Pavanelli Satildeo Paulo Aacutetica 1983

SOARES Salomatildeo STRAUCH Juacutelia Ceacutelia M AJARA Ceacutesar Comparaccedilatildeo de

metodologias utilizadas para anaacutelise do desenvolvimento sustentaacutevel XV ENCONTRO

NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS 2006 Caxambu Anais Caxambu ABEP

2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwabepnepounicampbrencontro2006docspdfABEP2006_524pdfgt Acesso em

4 ago 2010

213

SPANGENBERG Joachin H BONNOIT Odile Sustainability indicators a compass on the

road towards sustainability Wuppertal Paper Environment and Energy n 81 Wuppertal

Wuppertal Institute for Climate february 1998

THE SUSTAINABLE SCALE PROJECT - TSSP Ecological Footprint Disponiacutevel em

lthttpwwwsustainablescaleorgconceptualframeworkunderstandingscalemeasuringscale

ecologicalfootprintaspxgt Acesso em 24 jun 2010

TIMOFEICZYK JUacuteNIOR Romano GRACcedilA Luiz Roberto BERGER Ricardo MELO E

SOUSA Roberto Antonio T de HOSOKAWA Roberto T Estrutura de custos do manejo de

baixo impacto em florestas tropicais um estudo e caso Floresta Curitiba v35 n 1 p 89-

103 janabr 2005

TONI Fabiano Movimentos sociais governanccedila ambiental e desenvolvimento rural no

Brasil Relatoacuterio Apresentado ao Programa Colaborativo de Investigacioacuten Movimientos

Sociales Gobernanza Ambiental y Desarrollo Territorial Rural Rimisp - Centro

Latinoamericano para el Desarrollo Rural Santiago 2004 (Manuscrito) Disponiacutevel em

lthttpwwwrimisporgFCKeditorUserFilesFiledocumentosdocspdf0545-005233-

movimentossociais2governancaambientalpdfgt Acesso em 25 out 2010

TUCKER Catherine Em busca do manejo florestal comunitaacuterio sustentaacutevel a experiecircncia

de duas comunidades no Meacutexico e Honduras In ZARIN David J (Ed) As florestas

produtivas nos neotroacutepicos conservaccedilatildeo por meio do manejo sustentaacutevel Satildeo Paulo

Peiroacutepolis Brasiacutelia IEB 2005

UNASYLVA Editorial - Learning to see the forest through the trees Unasylva Roma n

165 v 42 1991 Disponiacutevel em

lthttpwwwfaoorgdocrepu2440eu2440e01htmeditorial202020learning20to20s

ee20the20forest20through20the20treesgt Acesso em 28 jul 2008

UNITED NATIONSUNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME - UNDP Humam

development report 1998 New York Oxford Oxford University Press 1998 228 p

Disponiacutevel emlthttphdrundporgenmediahdr_1998_en_definitionspdfgt Acesso em 08

nov 2010

UNITED NATIONS - ONU Report of the World Commission on Environment and

Development Our Common Future Annex to document A42427 1987 Disponiacutevel em

lthttpdaccess-dds-

nyunorgdocUNDOCGENN8718467IMGN8718467pdfOpenElementgt Acesso em 15

mar 2009 374 p

214

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UnB Projeto tecendo redes agroecoloacutegicas de

agricultura periurbana em assentamentos e preacute-assentamentos no Distrito Federal e

Entorno Grupo de Apoio agrave Reforma Agraacuteria ndash GTRA Disponiacutevel em

lthttpwwwunbbradministracaodecanatosgtraindexphpgt Acesso em 08 out 2010

VALARELLI Leandro L A gestatildeo de projetos e a construccedilatildeo e o uso de indicadores

Rio de Janeiro julho 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwcoegemasorgbrdocsApostilaindicadoresgeralver7pdfgt Acesso em 21 jun

2010

VAN RIJSOORT Jeannette Non-timber forest products (NTFPs) their role in sustainable

forest management in the tropics Wageningen Theme Studies SeriesNational Reference

Centre for Nature Management 2000

VASCONCELOS Pedro F C TRAVASSOS DA ROSA Ameacutelia P A RODRIGUES Sueli

G TRAVASSOS DA ROSA Elizabeth S DEacuteGALLIER Nicolas TRAVASSOS DA ROSA

Jorge F S Inadequate management of natural ecosystem in the Brazilian Amazon region

results in the emergence and reemergence of arboviruses Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

Rio de Janeiro v 17 p 155-164 2001 Suplemento

VEIGA Joseacute E da Indicadores socioambientais evoluccedilatildeo e perspectivas Revista de

Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 29 n 4 (116) p421-35 outdez 2009a

VEIGA Joseacute E da Como monitorar o desenvolvimento sustentaacutevel A resposta da

Comissatildeo Stiglitz-Sen-Fitoussi (CMEPSP) de junho 2009 2009b Disponiacutevel em

lthttpwwwzeeliprobrTextosoutrostrabalhos[jev]20-20Monitorar20o20DS20-

2014jun09pdfgt Acesso em 21 jun 2010

WACKERNAGEL Mathis REES William E Our ecological footprint reducing human

impact on the Earth Gabriola Island New Society Publishers 1996

WANDERLEY Maria de Nazareth Baudel Raiacutezes histoacutericas do campesinato brasileiro In

TEDESCO Joatildeo Carlos (Org) Agricultura familiar realidades e perspectivas 2 e Passo

Fundo EDIUPF 1999 p 25-55

WARNER Katherine Forestry and sustainable livelihoods Unasylva Rome v 51 n 202

p 3-12 20002003

WILL Margret Promoting value chains of neglected and underutilized species for pro-

poor growth and biodiversity conservation guidelines and good practices Global

Facilitation Unit for Underutilized Species Rome 2008 109 p

215

WUNDER Sven BORNER Jan TITO Marcos R PEREIRA Liacutegia Pagamentos por

serviccedilos ambientais perspectivas para a Amazocircnia Legal In MINISTEacuteRIO DO MEIO

AMBIENTE - MMA Seacuterie Estudos n 10 Brasiacutelia MMA 2008 136 p Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrestruturas168_publicacao168_publicacao17062009123349pdfgt

Acesso em 17 fev 2011

ZAGO Heloisa Inecircz K A importacircncia da agroinduacutestria caseira de produtos de origem

animal para a agricultura familiar no municiacutepio de Arroio do Tigre ndash RS 2002 192f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Extensatildeo Rural) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Extensatildeo

Rural Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria 2002

ZYLBERSZTAJN Deacutecio Conceitos gerais evoluccedilatildeo e apresentaccedilatildeo do sistema

agroindustrial In FAVANEVES Marcos (Org) Economia e gestatildeo dos negoacutecios

agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira 2000 p 1-21

216

ANEXO 1

Estes foram os criteacuterios e indicadores desenvolvidos para avaliar a sustentabilidade dos

agricultores familiares que exploram o baru em dois municiacutepios do Estado de Goiaacutes com base em

Ritchie et al (2001) e em alguns indicadores extraiacutedos de SILVA (2007) onde P = Princiacutepio G =

Grupo de criteacuterios e indicadores C = Criteacuterios I = Indicadores V= Verificadores

O Anexo 2 abaixo estaacute dividido segundo a loacutegica das cinco dimensotildees da sustentabilidade

avaliadas natildeo seguindo necessariamente a sequecircncia apresentada abaixo mas guardando a

numeraccedilatildeo aqui estabelecida

(P1) O bem-estar da comunidade (institucional) eacute garantido

(G1a) Organizaccedilotildeesinstituiccedilotildees comunitaacuterias e participaccedilatildeo

(C11) A comunidade participa e monitora todos os processos de planejamento

de qualquer sistema de manejo a ser executado dentro da aacuterea florestal

em que ela causa impacto

(I111) A comunidade possui formas de organizaccedilatildeo interna e entre

outras comunidades

(V111a) Reconhecimento da existecircncia de organizaccedilotildees

(de fato e legalmente)

(V111b) Relatos individuais ou coletivos da participaccedilatildeo

de membros da comunidade em associaccedilotildees

sindicatos e organizaccedilotildees poliacuteticas

(I112) Os atores locais reuacutenem-se com frequumlecircncia satisfatoacuteria e com

representaccedilatildeo da diversidade e qualidade das interaccedilotildees

incluindo pareceres em projetos comunitaacuterios

(V112a) O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo

fatores determinantes para os avanccedilos da

organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de

projetos e investimentos feitos e mantidos na

comunidade e assentamento

(G1b) Administraccedilatildeo de conflitos

(C12) Devem existir medidas e instituiccedilotildees para resoluccedilatildeo de conflitos

(I121) Existem mecanismos informais para resoluccedilatildeo e negociaccedilatildeo

dos conflitos na comunidade disputas e queixas familiares

relacionadas ao uso posse e propriedade de recursos

florestais

(V121a) Os membros adultos da comunidade podem

explicar como satildeo resolvidos os conflitos

relacionados ao uso da terra

217

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2a) Sauacutede e alimentaccedilatildeo

(C21) As atividades de manejo aplicadas aos recursos florestais tecircm contribuiacutedo

para o bem-estar bioloacutegico socioeconocircmico e cultural da populaccedilatildeo local

(I211) Os produtos coletados na floresta proporcionam alimentaccedilatildeo

para a famiacutelia

(V211a) Consumo de alimentos pela famiacutelia com atenccedilatildeo

especial aos produtos florestais do Cerrado

(C22) A funccedilatildeo da floresta natural na sauacutede da comunidade estaacute sendo

conscientemente preservada

(I221) A vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas e nascentes satildeo

protegidas visando a boa qualidade da aacutegua

(V221a) Evidecircncias de mudanccedilas na qualidade da aacutegua

captada para o consumo domeacutestico para as criaccedilotildees e

cultivos na propriedade em decorrecircncia do desmatamento e

do uso do solo

(C23) As condiccedilotildees de moradia e saneamento baacutesico contribuem

significativamente para o bem-estar das pessoas (MAGALHAtildeES)

(I231) As famiacutelias se beneficiam com as boas condiccedilotildees de

habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico (MAGALHAtildeES)

(C24) A sauacutede e bem-estar da comunidade satildeo garantidas

(I241) As autoridades de sauacutede puacuteblica se preocupam com o estado

de sauacutede dos membros da comunidade

(G2b) Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de custos e benefiacutecios equumlidade)

(C25) Os benefiacutecios derivado das atividades de exploraccedilatildeo do baru tecircm servido

como um incentivo para perpetuar essas atividades de uma maneira

sustentaacutevel

(I251) Existecircncia de esforccedilos contiacutenuos para diversificar e aumentar

a capacidade do processo de agregaccedilatildeo de valor com o

objetivo de aumentar o valor agregado bruto dos produtos

natildeo madeireiros

(C26) Os produtos florestais contribuem significativamente para o bem-estar

socioeconocircmico das diferentes faixas etaacuterias e sexos da comunidade

(I261) Importacircncia dos produtos florestais nos rendimentos

domeacutesticos monetaacuterios e natildeo monetaacuterios

(G2c) Acordos sobre a posse na comunidade

(C27) O acesso e o uso de terras comuns e recursos florestais satildeo garantidos a

todos os membros da comunidade independente de sexo cor religiatildeo ou

classe social

218

(I271) Existem normas para regular o acesso aos recursos

florestais

(V271a) Identificaccedilatildeo de normas internas comunitaacuterias

sobre os direitos de uso posse e propriedade

sobre os recursos agroflorestais

(P3) O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao manejo sustentaacutevel da floresta

(G3a) Estrutura poliacutetica

(C31) Os recursos disponibilizados pelo Estado tecircm contribuiacutedo para o bem estar

da comunidade (MAGALHAtildeES)

(I311) As escolas postos de sauacutede e estradas colocadas pelo

Estado agrave disposiccedilatildeo da comunidade tem contribuiacutedo para o

seu desenvolvimento (MAGALHAtildeES)

(G3b) Relacionamento com terceiros

(C32) Existem mecanismos efetivos na comunicaccedilatildeo bidirecional entre os atores

envolvidos no desenvolvimento da comunidade (SILVA 2007)

(I321) O niacutevel de participaccedilatildeo do indiviacuteduo e de comunicaccedilatildeo entre

os atores satildeo fatores determinantes para os avanccedilos da

organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e

investimentos feitos e mantidos na comunidade (SILVA 2007)

(V321a) A histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na

definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e

regional

(I322) As famiacutelias dispotildeem da orientaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica

fornecida pelo Estado para a exploraccedilatildeo de PFNMs

(C33) A organizaccedilatildeo social e a participaccedilatildeo em movimentos influenciam e

mesmo satildeo determinantes para a conquista de direitos (SILVA 2007)

(I331) A conquista de espaccedilo poliacutetico de reivindicaccedilatildeo no processo

democraacutetico eacute percebida no plano individual e coletivo

(SILVA 2007)

(G3c) Economia

(C34) O mercado absorve os produtos florestais coletados eou processados

pela comunidade

(I341) Existecircncia de mecanismos da comunidade para

comercializaccedilatildeo de produtos

(V341a) Infraestrutura e transporte acessiacuteveis agraves

comunidades (barcos caminhatildeo estradas etc)

(I342) Conhecimento de mercados para produtos florestais

(C35) A comunidade tem boas relaccedilotildees com os parceiros que apoacuteiam a

atividade de exploraccedilatildeo sustentaacutevel da floresta

219

(I351) A comunidade depende de subsiacutedios externos fornecidos por

ONGs organizaccedilotildees religiosas e ou pelo governo

(P4) A sauacutede da floresta estaacute garantida

(G4a) Intervenccedilotildees produtivas (PFNMs vegetais)

(C41) A exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute baseada em

praacuteticas sustentaacuteveis

(I411) Adotam-se teacutecnicas de baixo impacto

(I412) Haacute aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais

(I413) As praacuteticas de exploraccedilatildeocolheita para cada espeacutecie satildeo

compatiacuteveis com seu respectivo potencial produtivo

(G4b) Manejo das funccedilotildees do ecossistema (terra aacutegua e fogo)

(C42) O risco de incecircndios acidentais em aacutereas de pousio e floresta primaacuteria eacute

minimizado pelo uso de teacutecnicas apropriadas de manejo do fogo

(I421) Nenhuma ocorrecircncia de incecircndios florestais acidental

(G4c) Diversidade da paisagem (fragmentaccedilatildeo e mosaicos)

(C43) A preservaccedilatildeo de um mosaico de habitats naturais manteacutem a

complementaridade natural da ocorrecircncia das espeacutecies

(I431) As margens florestadas ao longo dos rios satildeo protegidas

contra o desmatamento para preservar suas funccedilotildees

hidroloacutegicas e conservar a biodiversidade O miacutenimo legal de

30 metros de floresta mantidos ao longo dos rios e correntes

drsquoaacutegua eacute obedecido

220

ANEXO 2

DIMENSAtildeO SOCIAL

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P1) O bem-estar da comunidade (institucional) eacute garantido

(G1a) Organizaccedilotildeesinstituiccedilotildees comunitaacuterias e participaccedilatildeo

(C11) A comunidade participa e monitora todos os processos de planejamento de qualquer sistema de manejo a ser executado dentro da aacuterea florestal em que ela causa impacto

(I111) A comunidade possui formas de organizaccedilatildeo interna e entre outras comunidades(

(V111a) Reconhecimento da existecircncia de organizaccedilotildees (de fato e legalmente)

O sr eacute membro de algum sindicatoassociaccedilatildeocooperativa

Sim (1)

Natildeo (0)

(V111b) Relatos individuais ou coletivos da participaccedilatildeo de membros da comunidade em associaccedilotildees sindicatos e organizaccedilotildees poliacuteticas

Quantas reuniotildees do sindicatoassociaccedilatildeocooperativa o senhor participou nos uacuteltimos doze meses

4 ou acima (4)

3 (3)

2 (2)

1 (1)

Nenhuma (0)

(I112) Os atores locais reuacutenem-se com frequecircncia satisfatoacuteria e com representaccedilatildeo da diversidade e qualidade das interaccedilotildees incluindo pareceres em projetos comunitaacuterios

(V112a) O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo fatores determinantes para os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e investimentos feitos e mantidos na comunidade e assentamento

Qual a frequecircncia da sua participaccedilatildeo em atividades coletivas da comunidade (reuniotildees para discutir os problemas da comunidade festas religiosas aniversaacuterios casamentos batizados)

Participa da maioria das atividades que satildeo realizadas

(4)

Participa somente em algumas ocasiotildees (2)

Natildeo participa de qualquer atividade coletiva (0)

Acredita na participaccedilatildeo social como forma de alcanccedilar benefiacutecios individuais e coletivos

Sim

Natildeo

Porque o sr participa dessas atividades coletivas

Porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade e tambeacutem podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos

(4)

Porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade (Razotildees comunitaacuterias)

(2)

Porque acredita que estas atividades podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos (Razotildees econocircmicas)

(1)

221

DIMENSAtildeO SOCIAL (Cont)

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(G1b) Administraccedilatildeo de conflitos

(C12) Devem existir medidas e instituiccedilotildees para resoluccedilatildeo de conflitos

(I121) Existem mecanismos informais para resoluccedilatildeo e negociaccedilatildeo dos conflitos na comunidade disputas e queixas familiares relacionadas ao uso posse e propriedade de recursos florestais

(V121a) Os membros adultos da comunidade podem explicar como satildeo resolvidos os conflitos relacionados ao uso da terra

A comunidade possui algum acerto para resolver os conflitos internos que surgem com a exploraccedilatildeo do baru (posse uso e propriedade desse recurso florestal)

Sim (4)

Sem registro (2)

Natildeo (0)

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2a) Sauacutede e alimentaccedilatildeo

(C21) As atividades de manejo aplicadas aos recursos florestais tecircm contribuiacutedo para o bem-estar bioloacutegico socioeconocircmico e cultural da populaccedilatildeo local

(I211) Os produtos coletados na floresta proporcionam alimentaccedilatildeo para a famiacutelia

(V211a) Consumo de alimentos pela famiacutelia com atenccedilatildeo especial aos produtos florestais do Cerrado

Quais produtos do Cerrado a famiacutelia consumiu nos uacuteltimos doze meses

Quatro ou mais produtos (4)

Trecircs produtos (3)

Dois produtos (2)

Um produto (1)

Nenhum (0)

(G2b) Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de custos e benefiacutecios equidade)

(C25) Os benefiacutecios derivado das atividades de exploraccedilatildeo do baru tecircm servido como um incentivo para perpetuar essas atividades de uma maneira sustentaacutevel

(I251) Existecircncia de esforccedilos contiacutenuos para diversificar e aumentar a capacidade do processo de agregaccedilatildeo de valor com o objetivo de aumentar o valor agregado bruto dos produtos natildeo madeireiros

X

Que tipo de beneficiamento eacute feito no fruto do baru antes de ser vendido

A castanha eacute retirada e entra na composiccedilatildeo de produtos que o proacuteprio agricultor fabrica e vende

(4)

A castanha eacute retirada torrada embalada e vendida

(3)

A castanha eacute retirada e vendida (2)

Nenhum O fruto eacute vendido na forma que eacute coletado no campo

(1)

(G2c) Acordos sobre a posse na comunidade

(C27) O acesso e o uso de terras comuns e recursos florestais satildeo garantidos a todos os membros da comunidade independente de sexo cor religiatildeo ou classe social

222

(I271) Existem normas para regular o acesso aos recursos florestais

(V271a) Identificaccedilatildeo de normas internas comunitaacuterias sobre os direitos de uso posse e propriedade sobre os recursos agroflorestais

Existem regras entre os membros da comunidade para controlar a extraccedilatildeo de baru

A comunidade adota regras informais para o controle da extraccedilatildeo do baru

(2)

A comunidade natildeo utiliza regras para controlar a extraccedilatildeo do baru

(0)

DIMENSAtildeO POLIacuteTICA

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P3) O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao manejo sustentaacutevel da floresta

(G3a) Estrutura poliacutetica

(C31) Os recursos disponibilizados pelo Estado tem contribuiacutedo para o bem estar da comunidade

(I311) As escolas postos de sauacutede e estradas colocadas pelo Estado agrave disposiccedilatildeo da comunidade tem contribuiacutedo para o seu desenvolvimento

X

Como o senhor considera os recursos (estradas escolas postos de sauacutede) que o Governo coloca agrave disposiccedilatildeo dessa comunidade

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Inexistente (0)

(G3b) Relacionamento com terceiros

(C32) Existem mecanismos efetivos na comunicaccedilatildeo bidirecional entre os atores envolvidos no desenvolvimento da comunidade

(I321) O niacutevel de participaccedilatildeo do indiviacuteduo e de comunicaccedilatildeo entre os atores satildeo fatores determinantes para os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e investimentos feitos e mantidos na comunidade

X

O sr jaacute participou do planejamento e da implementaccedilatildeo de projetos da Prefeitura Municipal de projetos do Governo Estadual ou mesmo de projetos do Governo Federal

Sim (4)

Em parte (2)

Natildeo (0)

(V321a) A histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Existe uma histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Sim (2)

Em parte (1)

Natildeo (0)

(I322) As famiacutelias dispotildeem da orientaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica fornecida pelo Estado para a exploraccedilatildeo de PFNMs X

Como considera a assistecircncia teacutecnica fornecida pela Agecircncia Rural

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Inexistente (0)

(C33) A organiz social e a participaccedilatildeo em movimentos influenciam e satildeo determinantes para conquista de direitos

(I331) A conquista de espaccedilo poliacutetico de reivindicaccedilatildeo no processo democraacutetico eacute percebida no plano individual e coletivo X

Qual a sua opiniatildeo sobre a organizaccedilatildeo da sua comunidade para cobrar do Governo (Federal Estadual e Municipal) os direitos que vocecircs possuem agrave educaccedilatildeo sauacutede etc

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Inexistente (0)

223

DIMENSAtildeO DA SAUacuteDE

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2a) Sauacutede e alimentaccedilatildeo

(C22) A funccedilatildeo da floresta natural na sauacutede da comunidade estaacute sendo conscientemente preservada

(I221) A vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas e nascentes satildeo protegidas visando a boa qualidade da aacutegua

(V221a) Evidecircncias de mudanccedilas na qualidade da aacutegua captada para o consumo domeacutestico para as criaccedilotildees e cultivos na propriedade em decorrecircncia do desmatamento e do uso do solo

Tem ou jaacute teve problema de sauacutede na famiacutelia ou com as plantaccedilotildees ou com as criaccedilotildees devido a maacute qualidade da aacutegua de consumo

Natildeo (4)

Somente com as plantaccedilotildees (2)

Com as plantas e animais de criaccedilatildeo (3)

Sim (1)

(C23) As condiccedilotildees de moradia e saneamento baacutesico contribuem significativamente para o bem-estar das pessoas

(I231) As famiacutelias se beneficiam com as boas condiccedilotildees de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico

X

Como satildeo as condiccedilotildees de moradia e sanitaacuterias da habitaccedilatildeo alvenaria taipa madeira telha de ceracircmica telha de fibracimento cobertura de cavaco palha piso de cimento piso de terra fossa seacuteptica banheiro casinha poccedilo de boca poccedilo artesiano aacutegua encanada energia eleacutetrica

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem aacutegua encanada ou poccedilo artesiano e fossa seacuteptica

(4)

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca

(3)

Respondendo que tem casa de taipa coberta de palha mas que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca

(2)

Respondendo que a casa eacute de taipa coberta por palha ou cavaco e que capta aacutegua em coacuterrego

(0)

(C24) A sauacutede e bem-estar da comunidade satildeo garantidas

(I241) As autoridades de sauacutede puacuteblica se preocupam com o estado de sauacutede dos membros da comunidade

X Existem agentes de sauacutede atendendo a comunidade

Sim (1)

Natildeo (0)

224

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2b) Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de custos e benefiacutecios equidade)

(C25) Os produtos florestais contribuem significativamente para o bem-estar socioeconocircmico das diferentes faixas etaacuterias e sexos da comunidade

(I251) Importacircncia dos produtos florestais nos rendimentos domeacutesticos monetaacuterios e natildeo monetaacuterios

X

A renda do baru representa quanto por cento da renda da famiacutelia

Cobre acima 70 despesas famiacutelia (4)

Cobre 70˂despesas famiacutelia˃40 (3)

Cobre 40˂despesas famiacutelia˃20 (2)

Cobre 20˂despesas famiacutelia˃1 (1)

(P3) O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao Manejo Florestal Comunitaacuterio Sustentaacutevel

(G3c) Economia

(C34) O mercado absorve os produtos florestais coletados eou processados pela comunidade

(I341) Existecircncia de mecanismos da comunidade para comercializaccedilatildeo de produtos

(V341a) Infraestrutura e transporte acessiacuteveis agraves comunidades (barcos caminhatildeo estradas etc)

Como o sr considera as condiccedilotildees das estradas e pontes para transportar o baru ateacute a sua casa eou para a cooperativaassociaccedilatildeo

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

(I342) Conhecimento de mercados para produtos florestais

X

Como o sr avalia as condiccedilotildees de acesso ao comeacutercio quando eacute para vender a castanha do baru ou o produto que fabrica com a castanha

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

(C35) A comunidade tem boas relaccedilotildees com os parceiros que apoacuteiam a atividade de exploraccedilatildeo sustentaacutevel da floresta

(I351) A comunidade depende de subsiacutedios externos fornecidos por ONGs organizaccedilotildees religiosas e ou pelo governo X

O sr recebeu algum dinheiro do Estado ou de instituiccedilatildeo privada (ONG Associaccedilatildeo Cooperativa Banco privado) para explorar o baru nos uacuteltimos dois anos

Sim (4)

Em parte (2)

Natildeo (0)

225

DIMENSAtildeO ECOLOacuteGICA

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P4) A sauacutede da floresta estaacute garantida

(G4a) Intervenccedilotildees produtivas (PFNMs vegetais)

(C41) A exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute baseada em praacuteticas sustentaacuteveis

(I411) Adotam-se teacutecnicas de baixo impacto

X A comunidade cuida dos peacutes de baru (manejo)

Sim (1)

Natildeo (0)

(I412) Haacute aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais

X

O que o senhor faz para ter baru na sua propriedade

Aplicaccedilatildeo de 5 ou mais tratos silviculturais (4)

Aplicaccedilatildeo de 4 tratos (3)

Aplicaccedilatildeo de 3 ou 2 tratos (2)

Aplicaccedilatildeo de 1 trato (1)

Natildeo aplica qualquer trato (0)

(I413) As praacuteticas de exploraccedilatildeocolheita para cada espeacutecie satildeo compatiacuteveis com seu respectivo potencial produtivo

X

Que proporccedilatildeo de frutos (PFR) de baru satildeo deixados debaixo da aacutervore para que os animais possam se alimentar e para que a espeacutecie possa se reproduzir

PFR ge 40 (4)

39 le PFR ge 20 (3)

19 le PFR ge 10 (2)

9 le PFR ge 1 (1)

Nenhuma fruta eacute deixada (0)

(G4b) Manejo das funccedilotildees do ecossistema (terra aacutegua e fogo)

(C42) O risco de incecircndios acidentais em aacutereas de pousio e floresta primaacuteria eacute minimizado pelo uso de teacutecnicas apropriadas de manejo do fogo

(I421) Nenhuma ocorrecircncia de incecircndios florestais acidentais X

Quantas ocorrecircncias de fogo na sua propriedade nos uacuteltimos doze meses

Nenhuma (4)

Uma (2)

Duas ou mais (0)

(G4c) Diversidade da paisagem (fragmentaccedilatildeo e mosaicos)

(C43) A preservaccedilatildeo de um mosaico de habitats naturais manteacutem a complementaridade natural da ocorrecircncia das espeacutecies

(I431) As margens florestadas ao longo dos rios satildeo protegidas contra o desmatamento para preservar suas funccedilotildees hidroloacutegicas e conservar a biodiversidade O miacutenimo legal de 30 metros de floresta mantidos ao longo dos rios e correntes drsquoaacutegua eacute obedecido

X

O sr protege contra desmatamento a vegetaccedilatildeo natural (VN) nas margens dos rios lagoas ou nascentes existentes na sua propriedade

Protege a vegetaccedilatildeo existente nas margens dos rios lagoas nascentes e na reserva legal

(4)

Protege somente a vegetaccedilatildeo que nas margens dos rios lagoas e nascentes

(3)

Protege somente a vegetaccedilatildeo da Reserva Legal

(2)

Natildeo protege (0)

226

ANEXO 3

QUESTIONAacuteRIO PARA O AGRICULTOR-COLETOR - INDICADORES

de Ordem Data

Assentamento Lote Hora

PERGUNTAS QUALIDADE DAS

RESPOSTAS

DIMENSAtildeO SOCIAL

1 O senhor(a) eacute membro de algum sindicato ou associaccedilatildeo ou cooperativa

Sim (1) Natildeo (0)

2 Quantas reuniotildees do sindicatoassociaccedilatildeocooperativa o senhor (a) participou nos uacuteltimos doze meses

Quatro ou acima (4) 3 reuniotildees (3) 2 reuniotildees (2)

1 reuniatildeo (1) Nenhuma (0)

3 Qual a frequumlecircncia de sua participaccedilatildeo em atividades coletivas da comunidade (reuniotildees para discutir os problemas da comunidade festas religiosas na comunidade aniversaacuterios casamentos batizados)

Participa da maioria das atividades que satildeo realizadas (4)

Participa somente em algumas ocasiotildees (2)

Natildeo participa de qualquer atividade coletiva (0)

4 Acredita na participaccedilatildeo social como forma de alcanccedilar benefiacutecios individuais e coletivos

Sim (1) Natildeo (0) Se natildeo perguntar o porque e anotar

5 Porque o senhor participa destas atividades coletivas

Participa porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade e tambeacutem porque podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos (4)

Participa porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade (Razotildees comunitaacuterias) (2)

Participa porque acredita que estas atividades podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos (Razotildees Econocircmicas) (1)

6 A comunidade possui algum acerto para resolver os conflitos internos que surgem com a exploraccedilatildeo do baru (posse e uso e propriedade desse recurso florestal)

Sim (1) Se sim perguntar qual Natildeo (0)

7 Quais produtos do Cerrado a famiacutelia consumiu nos uacuteltimos doze meses

Araticum Cagaita Gueiroba Murici

Baru Cajuzinho Jatobaacute Pequi

Buriti Gabiroba Mangaba

Quatro ou mais produtos Dois (2) Nenhum (0)

Trecircs (3) Um (1)

227

8 Que tipo de beneficiamento eacute feito no fruto do baru antes de ser vendido

A castanha eacute retirada e entra na composiccedilatildeo de produtos que o proacuteprio agricultor fabrica e vende (4)

de

de produtos processados a serem comercializados

A castanha eacute retirada torrada embalada e vendida (3)

A castanha eacute retirada e vendida (2)

Nenhum O fruto eacute vendido na forma que eacute coletado no campo (1)

9 Existem regras entre os membros da comunidade para controlar a extraccedilatildeo de baru

A comunidade adota regras informais para o controle da extraccedilatildeo do baru (2) Se sim perguntar quais

A comunidade natildeo utiliza regras para controlar a extraccedilatildeo do baru (0)

DIMENSAtildeO POLIacuteTICA

10 O Sr jaacute participou do planejamento e da implementaccedilatildeo de projetos da prefeitura municipal de projetos do governo estadual ou mesmo de projetos do governo federal

Sim (4) Em parte (2) Natildeo (0)

11 Existe uma histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Sim (4) Em parte (2) Natildeo (0)

12 Como considera a assistecircncia teacutecnica fornecida pela Agecircncia Rural

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Peacutessima (0)

13 Qual a sua opiniatildeo sobre a organizaccedilatildeo da sua comunidade para cobrar do governo (Federal Estadual Municipal) os direitos que vocecircs possuem agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao transporte

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Peacutessima (0)

DIMENSAtildeO DA SAUacuteDE

14 Tem ou jaacute teve algum problema de sauacutede na famiacutelia ou com as plantaccedilotildees ou criaccedilotildees devido a maacute qualidade da aacutegua de consumo

Natildeo (4) Somente com as plantaccedilotildees (3)

Somente com as plantas e animais de criaccedilatildeo (2)

Sim com a famiacutelia plantas e animais de criaccedilatildeo (0) (2)

228

15 Como satildeo as condiccedilotildees de moradia e sanitaacuterias da habitaccedilatildeo

Alvenaria Taipa (Pau-a-pique) Madeira

Telha ceracircmica ou fibracimento Cobertura de cavaco Cobertura palha

Piso de cimento Piso de terra

Fossa Casinha Banheiro

Poccedilo de boca Poccedilo artesiano Aacutegua encanada

Gerador de energia Energia eleacutetrica

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem aacutegua encanada ou poccedilo artesiano e fossa seacuteptica(4)

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca (3)

Respondendo que a casa eacute de taipa coberta de palha ou cavaco mas que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca (2)

Respondendo que a casa eacute de taipa coberta com palha e que capta aacutegua em coacuterrego (0)

16 Existem agentes de sauacutede atendendo a comunidade

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

17 Como considera os recursos (estradas pontes escolas postos de sauacutede) que o Estado disponibiliza para essa comunidade

Excelentes (5)

Bons (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimos (0)

18 A venda do baru representa quanto por cento da renda da famiacutelia

Cobre acima de 70 das despesas da famiacutelia (4)

Sim (1)

Cobre 69 le Despesas da Famiacutelia ge 40 (3)

Cobre 39 le Despesas da Famiacutelia ge 20 (2)

Cobre 19 le Despesa da Famiacutelia ge 1 (1)

19 Como o senhor considera as condiccedilotildees das estradas e pontes para transportar o baru ateacute a sua casa ou para a cooperativaassociaccedilatildeo

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

229

20 Como o senhor avalia as condiccedilotildees do comeacutercio quando vai vender o produto que fabrica

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

21 O sr(a) recebeu algum dinheiro do Estado ou de instituiccedilatildeo privada (ONG Associaccedilatildeo Cooperativa Banco privado) para explorar o baru nos uacuteltimos dois anos

Sim (4) Em parte (2) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO ECOLOacuteGICA 22 A comunidade cuida dos peacutes de baru (manejo)

Sim (1) Natildeo (0)

23 O que o senhor faz para ter mais baru na sua propriedade

Plantio de sementes ou mudas de baru Regeneraccedilatildeo natural

Exclusatildeo de competidores e parasitas Poda

Uso de insumos internos Desbaste

Aplicaccedilatildeo de 5 ou mais tratos(4) 4 tratos (3) 3 ou 2 tratos (2)

Aplicaccedilatildeo de 1 trato (1) Natildeo pratica qualquer trato (0)

24 Algum teacutecnico da assistecircncia teacutecnica veio na sua propriedade para te orientar sobre a exploraccedilatildeo de baru nos uacuteltimos doze meses

3 vezes ou mais (4)

2 vezes (3)

1 vez (2)

Nunca veio (0)

25 Quantas foram as ocorrecircncias de fogo na sua propriedade nos uacuteltimos doze meses

Nenhuma (4) Uma (2) Duas ou mais (0)

26 Que proporccedilatildeo de frutos (PFR) de baru satildeo deixados debaixo da aacutervore para que os animais possam se alimentar e para que a espeacutecie possa se reproduzir

Proporccedilatildeo de frutos gt 40 (4) 20 lt PFR lt 39 (3)

10 lt PFR lt 19 (2) 1 lt PFR lt 9 (1)

Nenhuma semente eacute deixada (0)

27 O senhor protege a vegetaccedilatildeo da sua propriedade contra o desmatamento

Protege a vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas nascentes e na reserva legal (4)

Protege somente a vegetaccedilatildeo dos rios lagoas e nascentes (3)

Protege somente a vegetaccedilatildeo da reserva legal (2)

Natildeo protege (0)

230

ANEXO 4

ENTREVISTA SOBRE A CADEIA PRODUTIVA DO BARU Roteiro para o Agricultor-Coletor

Soacutecio-economia

Idade________

Data________________________________________Hora_________________________

Sexo 1 ( ) Fem 2 ( ) Mas

01 Qual o seu niacutevel de escolaridade 1 ( ) Natildeo lecirc nem escreve 5 ( ) 1ordm grau incompleto 9 ( ) Superior 2 ( ) Escreve o nome 6 ( ) 2ordm grau incompleto 10 ( ) Poacutes-Graduaccedilatildeo 3 ( ) Lecirc mas natildeo escreve 7 ( ) 1ordm grau (completo) 4 ( ) Lecirc e escreve (alfabetizaccedilatildeo) 8 ( ) 2ordm grau (completo)

02 Qual eacute o tamanho da sua propriedade

1- Aacuterea total__________ 2- Aacuterea utilizada____________ 03 Quais produtos que os srs plantaram na uacuteltima safra

Produto Aacuterea (ha) Quant colhida

Destino da produccedilatildeo

Venda Consumo Semente

1 Arroz

2 Feijatildeo

3 Milho

4 Aboacutebora

5 Mandioca

6 Batata-doce

7 Pasto + cana

8 Fruteiras

9 Outros

(Tarefa = 03 ha alqueire goiano = 48 ha alqueire paulista = 24 ha 1 braccedila = 22 metros 1 tarefa = 4356 msup2)

04 Atividades de produccedilatildeo animal

Inventaacuterio das criaccedilotildees Efetivo Destino da produccedilatildeo

Venda Consumo

1 Pecuaacuteria

2 Avicultura

3 Suinocultura

05 Quais insumos usa na propriedade para agricultura pecuaacuteria e agroflorestamento 1 ( ) Adubo quiacutemico 4 ( ) Sementes hiacutebridas ( ) herbicida 2 ( ) Adubo orgacircnico 5 ( ) Agrotoacutexico ( ) raccedilatildeo para animais 3 ( ) Sementes crioulas 6 ( ) Calcaacuterio

06 O sr aprendeu as teacutecnicas de plantio pecuaacuteria e exploraccedilatildeo dos frutos do cerrado com seus paiacutes ( ) Sim ( ) Natildeo

07 Qual o tipo da matildeo-de-obra que o sr usa na propriedade 1 ( ) So Familiar 3 ( ) Familiar + extra familiar 2 ( ) so Extra-familiar

231

08 Que vantagens o sr vecirc em explorar frutos do cerrado

1 ( ) Daacute menos trabalho que lavoura 4 ( ) Daacute para conciliar com trabalho fora da propriedade 2 ( ) Daacute maior retorno econocircmico 5 ( ) Diversifica a produccedilatildeo daacute garantias 3 ( ) Tem mercado certo 6 ( ) Garante o abastecimento da propriedade

09 Que tipo de atividade realiza com o BARU

1 ( ) Coleta apenas para consumo

4 ( ) Coleta processa comercializa e distribui

7 ( ) Compra processa comercializa e distribui

2 ( ) Coleta e comercializa o fruto bruto

5 ( ) Compra o fruto bruto e revende

3 ( ) Coleta processa e comercializa a castanhaprodutos derivados

6 ( ) Compra processa e comercializa a castanhaprodutos derivados

10 Onde coleta a maior parte do BARU atualmente 1 ( ) Na sua propriedade 2 ( ) Em aacutereas coletivas 3 ( ) Em Unidade de Conservaccedilatildeo 4 ( ) Em propriedade de terceiros 5 ( ) Em APP e RL 11 Como eacute o processo de coleta 1 ( ) Recolhe no chatildeo 3 ( ) Balanccedila os galhos e coloca uma lona no chatildeo para aparaacute-los 2 ( ) Colhe na planta

12 Qual a principal forma de transporte do BARU para a sua casadepoacutesito 1 ( ) Na matildeo 3 ( ) Animal 5 ( ) Veiacuteculo automotor 2 ( ) Bicicleta 4 ( ) Carroccedila

13 Em um dia de trabalho quantos sacos de BARU um adulto coleta (4 a 5 sacos homemdia (SANO 2004)) 1 ( ) 1 saco 3 ( ) 3 sacos 5 ( ) Acima de 4 sacos 2 ( ) 2 sacos 4 ( ) 4 sacos

14 Qual a produccedilatildeo meacutedia de um baruzeiro durante a safra (2 a 5 sacos de 45 kgaacutervoresafra (SANO 2004)) 1 ( ) 2 sacos 3 ( ) 4 sacos 5 ( ) Acima de 5 sacos 2 ( ) 3 sacos 4 ( ) 5 sacos

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

15 Quais satildeo as trecircs principais fontes de renda da famiacutelia 1 ( ) Lavoura 5 ( ) Serviccedilo fora da famiacutelia 8 ( ) Gado 2 ( ) Produtos do Cerrado 6 ( ) Porco 9 ( ) Frango 3 ( ) Horta 7 ( ) Leite 10 ( ) Outros __________ 4 ( ) Transformaccedilatildeo (agroinduacutestria ou beneficiamento)

16 Para quem o sr vende a sua produccedilatildeo de BARU

Comprador Quantidade Valor de Venda (R$)

Com casca Amecircndoa

1 Comerciante local

2 Comerciante de fora

3 Caminhoneiro

4 Empresa

5 CooperativaAssociaccedilatildeo

6 Direto ao consumidor

7 Outros (especificar)

17 De que forma o sr (a) vende o BARU 1 ( ) Vende agrave vista 3 ( ) Troca 2 ( ) Vende a prazo

232

18 O senhor acha que explorando o BARU estaraacute contribuindo para a conservaccedilatildeo do meio ambiente 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

19 O senhor tem conhecimento dos mercados para venda de BARU 1 ( ) Natildeo ( ) Sim Quais

20 Existem mecanismos que a comunidade usa para comercializaccedilatildeo do BARU 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim Quais

21 O sr conhece os custos de produccedilatildeo para a exploraccedilatildeo do baru (Coleta transporte quebra do fruto torraccedilatildeo embalagem distribuiccedilatildeo etc) 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

DIMENSAtildeO ECOLOacuteGICAAMBIENTAL (Aquela que representa a manutenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da base de recursos naturais)Natureza = Meio ambiente natural

22 O sr acha que eacute importante conservar os recursos da natureza como as florestas os rios e os animais 1 ( ) Natildeo Por que 2 ( ) Sim Por que

23 O sr sabe o que eacute um plano de manejo florestal sustentaacutevel 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

24 O sr eacute a favor da existecircncia da APP e da RL 1 ( ) Natildeo Por que 2 ( ) Sim Por que

25 O sr eacute a favor da existecircncia da RL e APP na sua propriedade

1 ( ) Natildeo Por que 2 ( ) Sim Por que DIMENSAtildeO SOCIAL (A dimensatildeo social representa precisamente um dos pilares baacutesicos da sustentabilidade uma vez que a preservaccedilatildeo ambiental e a conservaccedilatildeo dos recursos naturais somente adquirem significado e relevacircncia quando o produto gerado nos agroecossistemas em bases renovaacuteveis tambeacutem possa ser equumlitativamente apropriado e usufruiacutedo pelos diversos segmentos da sociedade (Costabeber))

26 Como o sr se sente a respeito do seu niacutevel de informaccedilatildeo sobre meio ambiente 1 ( ) Muito bem informado 3 ( ) Mais ou menos informado 5 ( ) Muito mal informado 2 ( ) Bem informado 4 ( ) Mal informado

27 Como o sr fica sabendo das novidades ou conhecendo mais coisas sobre o BARU 1 ( ) Programas de Raacutedio 4 ( ) Revistas 7 ( ) Outros meios 2 ( ) Programas na Televisatildeo 5 ( ) AssociaccedilatildeoCooperativa 3 ( ) Jornais 6 ( ) VizinhoAmigos

28 Considerando as atividades que o(a) sr(a) desenvolve atualmente diria que a sua condiccedilatildeo de vida 1 ( ) Melhorou 3 ( ) Permanece igual haacute 5 anos atraacutes 2 ( ) Piorou

29 O rendimento proveniente da exploraccedilatildeo do BARU possibilita o atendimento das necessidades baacutesicas da sua famiacutelia (alimentaccedilatildeo vestuaacuterio etc) 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

233

30 Em sua opiniatildeo quais satildeo as principais dificuldades para trabalhar com o BARU (Mostrar as fichas)

Obstaacuteculos

DIMENSAtildeO NA SAUacuteDE 31 Quantas vezes o senhor ou sua famiacutelia tiveram problemas de sauacutede no uacuteltimo ano a ( ) Nenhuma

b ( ) 1 c ( ) 2 d ( ) 3 e ( ) 4 f ( ) 5 ou mais

32 Existe posto de sauacutede na comunidade 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

33 Quando precisam de meacutedico vatildeo onde 1 ( ) Hospital ou posto municipal 3 ( ) Hospital privado 5 ( ) Posto de sauacutede da comunidade 2 ( ) Hospital ou posto estadual 4 ( ) MeacutedicoCliacutenica privada 6 ( ) Em outra cidade

34 O poder puacuteblico (Uniatildeo Estado Municiacutepio) tem promovido accedilotildees para melhorar a sauacutede dos moradores da comunidade onde o sr vive 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

234

ANEXO 5

OBSTAacuteCULOS ENFRENTADOS PELOS AGRICULTORES NO AcircMBITO DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

Obs Os itens marcados com um ldquoXrdquo indicam os obstaacuteculos enfrentados pelos agricultores para a exploraccedilatildeo do baru

OBSTAacuteCULOS Agrave COLETA E AO MANEJO

1[ ] Exigecircncia de apresentaccedilatildeo de plano de manejo ao oacutergatildeo de meio ambiente de Goiaacutes para a exploraccedilatildeo do baru 2[] Falta de informaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo que coloca as regras sobre a exploraccedilatildeo de frutos do cerrado 3[ ] Falta de informaccedilotildees sobre as boas praacuteticas sanitaacuterias exigidas pela Anvisa para o

beneficiamento dos frutos do cerrado 4[ ] Falta de legislaccedilatildeo para regular o mercado de frutos do cerrado

5[ ] Falta de locais adequados para armazenar o fruto do baru por longos periacuteodos

7[ ] Carestia do transporte do baru das aacutereas de coleta ateacute o local de armazenamento por conta das grandes distacircncias

8[ ] Falta de linha de creacutedito nos bancos para financiar a exploraccedilatildeo do baru

9[ ] Falta de informaccedilotildees que o agricultor deve ter com a aacutervore do baru para aumentar a produccedilatildeo e garantir que o baru natildeo desapareccedila

10[ ] Falta de consciecircncia dos catadores sobre como coletar o baru sem prejudicar a aacutervore

11[ ] Falta de informaccedilatildeo sobre a quantidade de frutos de baru que devem ser deixados debaixo da aacutervore para povoar o cerrado

12[ ] Dificuldade para coletar os frutos de baru que estatildeo em propriedades particulares

13[ ] Falta de mapeamento das aacutereas de coleta porque se houvesse facilitaria coletar muito baru em pouco tempo

14[ ] Dificuldade de comunicaccedilatildeo devido ao isolamento das comunidades

15[ ] Falta de assistecircncia teacutecnica que oriente o agricultor no processo de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do baru

16[ ] Dificuldade que o agricultor possui para o gerenciamento de empreendimentos coletivos (associaccedilatildeocooperativa)

17[ ] Falta de matildeo-de-obra familiar agravada pela ida dos jovens para os centro urbanos

OBSTAacuteCULOS AO PROCESSAMENTO E AO BENEFICIAMENTO

1 ] Falta de maquinaacuterio para despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas do baru

2[ ] Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre as leis ambientais sanitaacuterias tributaacuterias fiscais e trabalhistas que tem de atender para explorar o baru

3[ ] Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre o armazenamento beneficiamento gerenciamento e comercializaccedilatildeo do baru

4[ ] Dificuldade para chegar a um padratildeo de qualidade das castanhas do baru principalmente a sua classificaccedilatildeo e torrefaccedilatildeo

5[ ] Curto tempo que o baru pode ficar na prateleira das lojas

6[ ] Carecircncia de informaccedilotildees sobre a rotulagem

7[ ] O custo alto da embalagem agrave vaacutecuo

8[ ] Falta de alternativas para o aproveitamento dos outros produtos do baru (polpa e coco)

OBSTAacuteCULOS Agrave COMERCIALIZACcedilAtildeO

1[ ] O custo do coacutedigo de barra eacute alto

2[ ] As exigecircncias da legislaccedilatildeo e da fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria para a exploraccedilatildeo do baru aumentam muito as despesas e datildeo muito trabalho ao agricultor

4[ ] Falta melhorar a embalagem e a rotulagem dos produtos feitos a partir do baru

41[ ] Falta melhorar o processo de torrefaccedilatildeo da castanha do baru

235

5[ ] Falta e informaccedilotildees sobre como o agricultor pode colocar o baru no comeacutercio

6[ ] Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor

7[ ] Falta de ldquopontosrdquo bons nas cidades para a venda do baru

8[ ] Falta de capacidade do agricultor para produzir a castanha do baru em uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constante

9[ ] Preccedilo da castanha do baru muito alto para o consumidor final

10[ ] Dificuldade para a distribuiccedilatildeo dos produtos do baru por diversos motivos (falta de veiacuteculo estradas precaacuterias comunidades isoladas)

236

ANEXO 6

QUESTIONAacuteRIO DESTINADO AgraveS EMPRESAS QUE FAZEM PARTE DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

PARA CADA PERGUNTA MARQUE A RESPOSTA QUE VOCEcirc MAIS CONCORDA

SOacute PODE MARCAR UMA RESPOSTA PARA CADA PERGUNTA

O nome das empresas que responderam ao questionaacuterio seraacute mantido em sigilo e somente os resultados dos questionaacuterios faratildeo parte da Tese

Este questionaacuterio faz parte da Tese de Doutorado de Rogeacuterio M Magalhatildees sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva do baru que seraacute submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel (CDS) da Universidade de Brasiacutelia (UnB) com vista agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Desenvolvimento Sustentaacutevel

DADOS GERAIS SOBRE A EMPRESA

(a) Qual a natureza juriacutedica da instituiccedilatildeo

( ) SA ( ) Associaccedilatildeo ( ) Outros ( ) Ltda ( ) Cooperativa

(b) Qual o ramo de atividade

( ) Alimentiacutecia ( ) Farmacecircutica ( ) Cosmeacuteticoperfumaria ( ) Outros

(c) Qual o nuacutemero de funcionaacuterios da Instituiccedilatildeo

(d) Qual o principal produto derivado de frutos do Cerrado que produz

(e) Qual eacute a origem dos frutos que satildeo usados como mateacuteria-prima

( ) Produtorcoletor ( ) Transportadorcaminhoneiro ( ) Produccedilatildeo proacutepria

( ) Comerciante local ( ) Empresas locais ( ) Outros

( ) Comerciante regional ( ) Empresas regionais

(f) Quais os principais canais de distribuiccedilatildeo dos produtos derivados de frutos do Cerrado

( ) Representante comercial ( ) Atacadista ( ) Outros

( ) Mercado institucional ( ) Direto ao varejo

DIMENSAtildeO AMBIENTAL

01 A empresa() possui licenciamento ambiental Empresacooperativaassociaccedilatildeo

Sim (1) Natildeo (0)

02 A empresa foi multada nos uacuteltimos trecircs anos por infraccedilatildeo agrave normas ambientais

Sim (0) Natildeo (1)

03 A empresa faz controle do volume de resiacuteduos soacutelidos eou efluentes liacutequidos eliminados

Sim (1) Natildeo (0)

237

04 A empresa dispotildee de procedimentos para mitigar os impactos do volume de resiacuteduos eliminados

Sim (1) Natildeo (0)

05 A empresa possui passivos ambientais

Sim (0) Natildeo (1)

06 A empresa exige que os seus fornecedores coletem a mateacuteria-prima de acordo com as normas ambientais

Sim (1) Natildeo (0)

07 A empresa dispotildee de procedimentos para monitorar e medir as caracteriacutesticas principais de suas atividades que causam ou possam causar impacto sobre o meio ambiente

Sim (1) Natildeo (0)

08 A empresa possui programas para reuso da aacutegua

Sim (1) Natildeo (0)

09 A empresa promove a utilizaccedilatildeo de tecnologias que natildeo produzam muito lixo

Sim (1) Natildeo (0)

10 A empresa possui programas para uso eficiente de energia

Sim (1) Natildeo (0)

11 A empresa faz coleta seletiva de lixo nas suas dependecircncias

Sim (1) Natildeo (0)

12 A empresa utiliza mateacuteria-prima oriunda de manejo sustentaacutevel ou de coleta sustentaacutevel de produtos do Cerrado

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO SOCIAL

13 A empresa possui procedimentos para que o cliente agrave avalie (canais para que os clientes possam se manifestar sobre o produto e a empresa)

Sim (1) Natildeo (0)

14 A empresa possui accedilotildeesatividades de responsabilidade social (doaccedilotildees para projetos sociais)

Sim (1) Natildeo (0)

15 A empresa possui accedilotildees internas de desenvolvimento dos recursos humanos (capacitaccedilatildeo promoccedilatildeo etc)

Sim (1) Natildeo (0)

16 A empresa participa de algum projeto de cunho social e suporte ao crescimento da comunidade (combate ao analfabetismo atividades recreativas atividades de educaccedilatildeo ambiental etc)

Sim (1) Natildeo (0)

17 A empresa fornece alimentaccedilatildeo gratuita para os seus empregados

Sim (1) Natildeo (0)

18 Os empregados participam dos resultados da empresa (lucros)

Sim (1) Natildeo (0)

19 A empresa adota medidas para evitar acidentes de trabalho

Sim (1) Natildeo (0)

238

20 A empresa respeita a jornada de 44 horas semanais e um dia de folga a cada periacuteodo de sete dias dos seus empregados

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

21 Qual o tempo de funcionamento da empresa

Menos de dois anos (1)

De 2 a 5 anos (2)

Acima de 5 anos e abaixo de 10 anos (3)

Mais de 10 anos (4)

22 Os resultados econocircmicos financeiros (receita lucro faturamento investimentos etc) nos uacuteltimos 24 meses

Cresceram (4) Se mantiveram (2) Diminuiacuteram (0)

23 A empresa dispotildee de estrateacutegias organizacionais para o mercado

Sim (1) Natildeo (0)

24 A empresa possui estrateacutegia definida de oferta de produtos de qualidade a baixo custo (eficiecircncia produtiva)

Sim (1) Natildeo (0)

25 A empresa possui passivo referente ao pagamento de tributos e impostos ao governo

Sim (0) Natildeo (1)

26 A empresa adota accedilotildees corretivas e preventivas em suas atividades

Sim (1) Natildeo (0)

27 A empresa investiu em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica nos uacuteltimos dois anos

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO POLIacuteTICA

28 Existe uma histoacuteria de participaccedilatildeo da empresa no planejamento e na implantaccedilatildeo de projetos de natureza puacuteblica locais ou regionais

Sim (1) Natildeo (0)

29 Membro da empresa participa de algum conselho municipal ou estadual que tem como objeto o acompanhamento da administraccedilatildeo puacuteblica

Sim (1) Natildeo (0)

30 Nos uacuteltimos dois anos a empresa teve acesso a algum recurso financeiro (financiamentos subsiacutedio infra-estrutura) para incrementar a produccedilatildeo da sua empresa

Sim (1) Natildeo (0)

31 A empresa participa de comitecircsconselhos locais ou regionais para discutir a questatildeo ambiental com o Governo Municipal e a comunidade

Sim (1) Natildeo (0)

239

DIMENSAtildeO DA SAUacuteDE

33 A empresa adota praacuteticas de gestatildeo para a prevenccedilatildeo de acidentes e doenccedilas decorrentes do trabalho

Sim (1) Natildeo (0)

34 A empresa fornece assistecircncia meacutedico-hospitalar gratuita para os seus empregados e dependentes

Sim (1) Natildeo (0)

35 A empresa manteacutem programa de trabalho preventivo e de conscientizaccedilatildeo da sauacutede com a abordagem de temas como prevenccedilatildeo ao cacircncerdoenccedilas sexualmente transmissiacuteveiscampanhas de orientaccedilatildeo alimentarcuidados com o coraccedilatildeoprogramas de apoio agraves gestantes

Sim (1) Natildeo (0)

36 A empresa possui preparo do ambiente de trabalho para evitar lesotildees por esforccedilo repetitivo

Sim (1) Natildeo (0)

240

ANEXO 7

ABAIXO ESTAtildeO LISTADOS VAacuteRIOS OBSTAacuteCULOS AO BOM FUNCIONAMENTO E CRESCIMENTO DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM O BARU COMO MATEacuteRIA-PRIMA PARA

TODOS OS PRODUTOS QUE FABRICA OU SOMENTE PARA ALGUNS

MARQUE COM UM X AQUELES ITENS QUE VOCEcirc ACHA QUE SAtildeO OBSTAacuteCULOS AO BOM FUNCIONAMENTO E CRESCIMENTO DA SUA EMPRESA

Este questionaacuterio faz parte da Tese de Doutorado de Rogeacuterio M Magalhatildees sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva do baru e que seraacute submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel (CDS) da Universidade de Brasiacutelia (UnB) com vista agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Desenvolvimento Sustentaacutevel

OBSTAacuteCULOS

[ ] Baixa qualidade da castanha do baru entregue pelo fornecedor

[] Fornecimento irregular da castanha do baru em razatildeo da sazonalidade do fruto do baru

[] Alto custo do transporte da mateacuteria-prima (castanha do baru) ateacute o local de processamento

[ ] Legislaccedilatildeo sanitaacuteria inadequada agraves atividades que a empresa desenvolve

[] Carga tributaacuteria elevada

[ ] Excesso de burocracia do para a regularizaccedilatildeo das operaccedilotildees da empresacooperativaassociaccedilatildeo

[ ] Alto custo da certificaccedilatildeo para produtos diferenciados como o baru

[ ] Carecircncia de informaccedilotildees sobre os cuidados ligados aos direitos do consumidor

[ ] Inexistecircncia de equipamentos e de tecnologia adequadas agraves necessidades do ramo no qual atua

[ ] Falta de informaccedilotildees teacutecnicas sobre a fabricaccedilatildeo dos produtos agrave base de baru

[ ] Falta de capacitaccedilatildeo para o atendimento agraves exigecircncias de qualidade da produccedilatildeo

[ ] Falta de capital de giro

[ ] Dificuldade de acesso ao creacutedito bancaacuterio

[ ] Alto risco do creacutedito em razatildeo da maior vulnerabilidade do tipo de empresa que administra

[ ] Falta de linhas de creacutedito bancaacuterio para empresas que operam com produtos da biodiversidade

[ ] Insuficiecircncia de garantias reais para oferecer agraves instituiccedilotildees de creacutedito bancaacuterio

[ ] Elevado custo administrativo da empresa

[ ] Dificuldade para identificar o cliente

[ ] Dificuldade em colocar o produto agrave base de baru no mercado

[ ] Concorrecircncia muito forte

[ ] Inadimplecircncia dos clientes

[ ] Falta de clientes

[ ] Baixa liquidez dos produtos agrave base do baru

[ ] Falta de conhecimentos gerenciais

[ ] Localizaccedilatildeo inadequada da faacutebricaprocessadora

[ ] Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor

241

[ ] Preccedilo elevado do produto a base do baru

[ ] Dificuldade na obtenccedilatildeo de um produto a base do baru com qualidade

[ ] Falta de matildeo-de-obra qualificada

[ ] Instalaccedilotildees inadequadas ou insuficientes

[ ] Dificuldade para distribuir os produtos fabricados pela empresa

iii

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

Obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru (Dipteryx alata Vog) no

Cerrado Goiano sustentabilidade comprometida

Rogeacuterio Marcos Magalhatildees

Tese de Doutorado submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel da Universidade

de Brasiacutelia como parte dos requisitos necessaacuterios para a obtenccedilatildeo do Grau de Doutor em

Desenvolvimento Sustentaacutevel aacuterea de concentraccedilatildeo em Poliacutetica e Gestatildeo Ambiental

Aprovado por

__________________________________________

Donald Rolfe Sawyer Ph D (CDSUnB)

(Orientador)

_________________________________________

Fernando Paiva Scardua Doutor (FAGCDSUnB)

(Examinador Interno)

_________________________________________

Doris Aleida Villamizar Sayago Doutora (CDSUnB)

(Examinador Interno)

__________________________________________

Thomas Ludewigs Doutor (CDSUnB)

(Examinador Interno)

__________________________________________

Aldicir Osni Scariot Ph D (EmbrapaCenargen)

(Examinador Externo)

__________________________________________

Elimar Pinheiro do Nascimento Ph D (CDSUnB)

(Suplente)

Brasiacutelia-DF 23 de maio de 2011

iv

Esta Tese foi realizada com o auxiacutelio financeiro do Projeto ldquoFLORELOS Elos Ecossociais

entre as Florestas Brasileiras Modos de vida sustentaacuteveis em paisagens produtivasrdquo

desenvolvido pelo Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza (ISPN) com o apoio financeiro

da Uniatildeo Europeia Este documento eacute de responsabilidade do autor natildeo podendo em caso

algum considerar-se que reflete a posiccedilatildeo de seus doadores

v

DEDICATOacuteRIA

Agrave Solange companheira incansaacutevel de longas horas consumidas na elaboraccedilatildeo desta Tese

Agraves minhas filhas Mayra e Nayara pela alegria que renova a minha vida a cada manhatilde

Aos meus pais Joseacute Geraldo e Maria Aparecida que me ensinaram a perseverar na busca

dos meus sonhos

vi

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Donald Rolfe Sawyer orientador paciente pelo aprendizado

Ao Professor Fernando Paiva Scardua pela valiosa contribuiccedilatildeo

Aos agricultores familiares do Assentamento Vale da Esperanccedila no Municiacutepio de Formosa

do Distrito de Caxambuacute e Bom Jesus no Municiacutepio de Pirenoacutepolis pela prestimosa

colaboraccedilatildeo sem a qual este trabalho natildeo existiria

Aos empresaacuterios e presidentes de associaccedilotildees e cooperativas que disponibilizaram seu

tempo e informaccedilotildees fundamentais para a elaboraccedilatildeo desse trabalho

Aos membros da Banca pela pertinecircncia das contribuiccedilotildees

Ao amigo Juaci Vitoria Malaquias da Embrapa-Cerrados pela grande ajuda na parte

quantitativa do trabalho

A Cynthia V Magalhatildees minha irmatilde querida Renata A da Mata Lucas de Q Valenccedila

Laura Chamo Javier Bonsen e ao colega Claacuteudio Frate pela ajuda oportuna nas horas de

maior necessidade

A Valdinea Pereira da Silva (Val) pela revisatildeo do texto num curto espaccedilo de tempo mesmo

estando passando por um momento difiacutecil

Aos professores do CDS em especial agrave Professora Vanessa Maria de Castro

Aos servidores do Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel (CDS) pela simpatia e pela

constante disposiccedilatildeo em ajudar

Aos teacutecnicos do Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza (ISPN) pelas informaccedilotildees

disponibilizadas sobre o baru

Ao povo brasileiro que por meio do seu trabalho possibilitou que eu cursasse uma

universidade puacuteblica desde a graduaccedilatildeo

vii

Este trabalho de pesquisa tem como inspiraccedilatildeo o pensamento de Ignacy Sachs para quem

o desenvolvimento sustentaacutevel pode ser um modelo correto de desenvolvimento desde que

se mantenha o equiliacutebrio entre suas dimensotildees ambiental social cultural econocircmica e

poliacutetica (SACHS 2000 p 60)

viii

Tudo que move eacute sagrado

Amor de Iacutendio ndash Beto Guedes

ix

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo verificar se a exploraccedilatildeo do fruto do baru ndash Dipteryx

alata Vogel (Fabaceae) ndash no Cerrado do Estado de Goiaacutes no Brasil Central eacute uma

alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda para os agentes que participam da sua cadeia

produtiva Para alcanccedilar esse objetivo optou-se pela mensuraccedilatildeo das dimensotildees das

sustentabilidades ambiental social econocircmica poliacutetica e da sauacutede por meio de

indicadores bem como entrevistas projetivas e semiestruturadas Os resultados obtidos com

a aplicaccedilatildeo da metodologia proposta mostram que nas condiccedilotildees atuais a exploraccedilatildeo do

baru nos municiacutepios estudados natildeo se configura como uma atividade sustentaacutevel de

geraccedilatildeo de renda para os agentes que participam da sua cadeia produtiva uma vez que

atende parcialmente ao pressuposto segundo o qual a atividade para ser considerada

sustentaacutevel tem que apresentar um equiliacutebrio entre as vaacuterias dimensotildees da sustentabilidade

Os agricultores alcanccedilaram um grau de sustentabilidade meacutedio com Iacutendice de

Sustentabilidade variado entre as dimensotildees analisadas As instituiccedilotildees privadas que

utilizam o baru alcanccedilaram grau de sustentabilidade baixo apresentando tambeacutem grande

variaccedilatildeo entre as dimensotildees avaliadas Os maiores obstaacuteculos identificados pelos

agricultores satildeo dificuldade que encontram para gerenciar empreendimentos coletivos

inexistecircncia de maquinaacuterio adequado para despolpar e quebrar o fruto do baru A legislaccedilatildeo

que natildeo estaacute sendo aplicada natildeo se configura como um obstaacuteculo para esses atores Para

as instituiccedilotildees privadas que processam o baru os maiores obstaacuteculos foram fornecimento

irregular da castanha do baru em funccedilatildeo da sazonalidade do fruto e inexistecircncia de

equipamentos e tecnologias adequada agraves necessidades do ramo no qual atuam O estudo

permitiu tambeacutem identificar que o modelo produtivo do baru encontrado nos municiacutepios

estudados apresenta caracteriacutesticas diferentes de modelos propostos por autores como

Homma A K O (1993) Recircgo J F do (1992) e Drummond J A (1996) para o

extrativismo O baru eacute importante para os agricultores familiares que o exploram pelo fato de

se constituir em uma fonte de renda imediata da qual lanccedilam matildeo quando necessitam de

dinheiro em espeacutecie

Palavras-chave Baru Cadeia produtiva Sustentabilidade Extrativismo vegetal Modelo

produtivo

x

ABSTRACT

This work aims to verify whether the exploitation of the baru fruit ndash Dipteryx alata Vogel

(Fabaceae) ndash in the Savanna of the state of Goias Central Brazil represents a sustainable

option to generate income for agents who participate in its production chain To reach this

target I measure the social economic political and sustainable dimensions by using

indicators and some projected and semi-structured interviews as well as by applying a

social-economic survey in a sample of family farmers from the State The results obtained

with the proposed methodology show that under current conditions barursquos exploitation in the

studied municipalities does not represent a sustainable activity to generate income for those

involved in its production chain since it does only attends in a partial way the necessary

equilibrium among the various sustainable dimensions The family farmers reached medium

sustainable development levels with different indices among the analyzed dimensions

Private institutions that explore baru reached low sustainable development levels and

demonstrate a huge variability among the evaluated dimensions The major obstacles

identified by the farmers were the management of collective enterprises and the lack of

appropriate machinery to remove and break the fruit Considering the private institutions the

main obstacles were the irregular baru nuts supply due to the seasonality of the fruit and

the lack of the appropriated equipment and technology required for the industry in which they

operate Since the legislation is not being applied it does not represent an obstacle to the

farmers or to the private institutions The present study has also allowed us to identify that

the baru exploitation model in the studied municipalities shows different characteristics

regarding the extrativism exploitation models proposed by Homma Recircgo and Drummond

The baru is important for family farmers since it may become an immediate source of

income when they need cash

Key words Baru Production chain Sustainability Forest extrativism Productive model

xi

RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo verificar si la explotacioacuten del fruto del baru ndash Dipteryx alata

Vogel (Fabaceae) ndash en la Sabana en el estado de Goias centro de Brasil constituye una

alternativa sostenible de generacioacuten de renta para los actores que participan de su cadena

productiva Para alcanzar este objetivo se ha optado por la evaluacioacuten de las dimensiones

de la sostenibilidad ambiental social econoacutemica poliacutetica y de salud por medio de

indicadores asiacute como tambieacuten entrevistas proyectivas y semi estructuradas ademaacutes del

levantamiento socioeconoacutemico de los agricultores muestreados Los resultados obtenidos

com La metodologia propuesta muestran que en las condiciones actuales la explotacioacuten del

baru en los municipios estudiados no se configura como una actividad sostenible de

generacioacuten de renta para los actores que participan de su cadena productiva ya que atiende

parcialmente al presupuesto seguacuten el cual la actividad tiene que presentar un equilibrio entre

las varias dimensiones de la sostenibilidad para ser considerada sostenible Los agricultores

alcanzaron un grado de sostenibilidad mediano con Iacutendice de Sostenibilidad variado entre

las dimensiones analizadas Las instituciones privadas que utilizan el baru alcanzaron un

grado de sostenibilidad bajo presentando tambieacuten gran variacioacuten entre las dimensiones

evaluadas Los principales obstaacuteculos identificados por los agricultores son gerenciamiento

de emprendimientos colectivos inexistencia de maquinarias adecuadas para despulpar y

quebrar el fruto del baru La legislacioacuten que no estaacute siendo aplicada no se configura como

un obstaacuteculo para estos actores Para las instituciones privadas que procesan el baru los

mayores obstaacuteculos fueron abastecimiento irregular de la castantildea de baru en funcioacuten de la

estacionalidad del fruto inexistencia de equipamientos y tecnologiacuteas adecuadas a las

necesidades del ramo en el cual actuacutean Para esas instituciones la legislacioacuten tampoco se

configura como un obstaacuteculo El estudio permitioacute tambieacuten identificar que el modelo

productivo del baru encontrado en los municipios estudiados presentan caracteriacutesticas

diferentes a las descritas en los modelos propuestos por Homma Recircgo y Drummond para el

extractivismo El baru es importante para los agricultores familiares que lo explotan

constituyendo una fuente inmediata de renta de la cual hacen uso cuando necesitan de

dinero en efectivo

Palabras-clave Baru Cadena productiva Sustentabilidad Extractivismo forestal Modelo

productivo

xii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ndash Biomas brasileiros 1

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo geograacutefica do bioma Cerrado no Brasil com a indicaccedilatildeo de

aacutereas disjuntas 2

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo dos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis no Estado de

Goiaacutes 16

Figura 4 ndash Possiacuteveis formas de utilizaccedilatildeo do recurso natural depois da sua

transformaccedilatildeo em recurso econocircmico 26

Figura 5 ndash Estrutura hieraacuterquica dos indicadores utilizados 86

Figura 6 ndash Modelo geral de uma cadeia produtiva 114

Figura 7 ndash Representaccedilatildeo graacutefica de uma cadeia produtiva de PFNM 120

Figura 8 ndash Modelo geneacuterico da cadeia produtiva do baru no Estado de Goiaacutes 123

Figura 9 ndash Dispositivo manual para extraccedilatildeo da amecircndoa do baru 129

Figura 10 ndash Maacutequina eleacutetrica de despolpar e quebrar o fruto do baru 130

Figura 11 ndash Aspectos externos e internos do fruto e da semente de Dipteryx alata

Vogel 140

Figura 12 ndash Modelo conceitual de exploraccedilatildeo do fruto do baru encontrado em trecircs

comunidades rurais dos Municiacutepios de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 2010 149

Figura 13 ndash Potencial de recurso extrativo processo inicial e fase final do extrativismo

por coleta 150

Figura 14 ndash Modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do fruto do baru em trecircs comunidades

rurais dos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes 2010 155

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Nuacutemero total de espeacutecies espeacutecies endecircmicas e endemismo () no Bioma

Cerrado 3

Tabela 2 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por produto alimentiacutecio extrativo

na Regiatildeo Centro-Oeste em 2009 em toneladas 5

Tabela 3 ndash Grau de sustentabilidade das comunidades estudadas segundo os iacutendices

obtidos 15

Tabela 4 ndash Pronaf Nuacutemero de contratos e montante financiado por ano agriacutecola 125

Tabela 5 ndash Quantitativo de agricultores atendidos e valor repassado pelo MDS em R$

para o Estado de Goiaacutes pelo Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ateacute 2009 126

Tabela 6 ndash Utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de Formosa (GO) em ha em 2006 132

Tabela 7 ndash Aacuterea dos estabelecimentos por utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de

Pirenoacutepolis (GO) em 2006 136

Tabela 8 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada (g100g) e valor energeacutetico total (kcal)

da polpa de baru com 1 e 136 dias de armazenamento (Goiacircnia GO 2007) 141

Tabela 9 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada e valor energeacutetico de nozes

verdadeiras e de sementes comestiacuteveis 142

Tabela 10 ndash Composiccedilatildeo em minerais de nozes verdadeiras e sementes

comestiacuteveis 143

Tabela 11 minus Iacutendices de sustentabilidade por agricultor por localidade estudada 165

Tabela 12 ndash Para quem vende o baru e forma de venda por seis famiacutelias do Distrito

de Bom Jesus Pirenoacutepolis GO em 2010 168

Tabela 13 ndash Contribuiccedilatildeo da venda do baru para a renda familiar por faixa de

despesa 169

Tabela 14 ndash Trecircs principais fontes de renda dos agricultores e familiares entrevistados

em ordem decrescente de importacircncia 170

Tabela 15 ndash Estratos de aacuterea das unidades agriacutecolas visitadas em ha 171

Tabela 16 ndash O que mais plantou no uacuteltimo ano versus produccedilatildeo animal predominante

nas trecircs comunidades estudadas 172

Tabela 17 ndash Matildeo de obra utilizada na propriedade 172

Tabela 18 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por ficha apresentada aos agricultores

das trecircs comunidades estudadas 174

Tabela 19 ndash Nuacutemero de visitas do teacutecnico da assistecircncia teacutecnica agrave propriedade do

agricultor para orientaacute-lo sobre a exploraccedilatildeo de baru nos uacuteltimos doze meses 175

Tabela 20 ndash Condiccedilotildees dos recursos (estradas escolas postos de sauacutede) que o

Estado disponibiliza para a comunidade 176

xiv

Tabela 21 ndash Nuacutemero de agricultores que conhecem a legislaccedilatildeo sobre o uso de PFNM

no Cerrado 176

Tabela 22 minus Iacutendices de sustentabilidade Individual (Iw) por instituiccedilatildeo estudada em

2010 178

Tabela 23 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por obstaacuteculo ao bom funcionamento e

crescimento das instituiccedilotildees que utilizam o baru 181

xv

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 ndash Principais entraves encontrados na coleta processamento

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros 107

Quadro 2 ndash Produtos e subprodutos do baru e respectivos usos 146

Quadro 3 ndash Comparaccedilatildeo entre modelos teoacutericos propostos para o extrativismo 159

xvi

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Quantidade de carvatildeo vegetal produzida na extraccedilatildeo vegetal de 1990 a

2009 nos Estados em que ocorre o Cerrado e no Brasil 4

Graacutefico 2 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Formosa (GO) por

setor de 1999 a 2007 em R$ mil 130

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo de gratildeos no Municiacutepio de Formosa Goiaacutes em tonelada no

periacuteodo de 2004 a 2008 131

Graacutefico 4 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Formosa (GO) no

periacuteodo de 2001 a 2008 131

Graacutefico 5 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo no

Municiacutepio de Formosa de 1990 a 2008 132

Graacutefico 6 ndash Municiacutepio de Formosa nordm de estabelecimentos agropecuaacuterios por grupos

de aacuterea total em 2006 133

Graacutefico 7 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) por

setor de 1999 a 2007 em R$ mil 134

Graacutefico 8 ndash Produccedilatildeo de gratildeos do Municiacutepio de Pirenoacutepolis Goiaacutes em toneladas no

periacuteodo de 2004 a 2008 134

Graacutefico 9 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO)

no periacuteodo de 1998 a 2007 135

Graacutefico 10 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo

no Municiacutepio de Pirenoacutepolis de 1990 a 2008 135

Graacutefico 11 ndash Municiacutepio de Pirenoacutepolis nuacutemero dos estabelecimentos agropecuaacuterios

por grupos de aacuterea total em 2006 137

Graacutefico 12 minus Iacutendice de Sustentabilidade por localidade estudada 168

Graacutefico 13 minus Iacutendices por comunidade por dimensatildeo da sustentabilidade 169

Graacutefico 14 minus Iacutendice de Sustentabilidade das instituiccedilotildees privadas por dimensatildeo da

sustentabilidade em 2010 179

xvii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIACcedilOtildeES UTILIZADAS

Anvisa

Apat

APP

ART

Ater

CB

Ceasa

CEMAm

CampI

Cifor

Cites

CLA

CNPJ

Cnumad

Conab

Conacer

CONAMA

CPA

CPR

Cofins

CRC

CSA

CT

CTF

DAP

DOF

Embrapa

EPI

EVI

FAO

FGTS

Flona

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

Autorizaccedilatildeo Preacutevia agrave Anaacutelise Teacutecnica de Plano de Manejo Florestal

Sustentaacutevel

Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente

Anotaccedilatildeo de Responsabilidade Teacutecnica

Assistecircncia Teacutecnica Rural

Cadeia de Produtos da Biodiversidade

Centrais de Abastecimento SA

Conselho Estadual do Meio Ambiente de Goiaacutes

Criteacuterio e indicador

Center for International Forestry Research

Convenccedilatildeo sobre o Comeacutercio Internacional das Espeacutecies da Flora e da

Fauna

Comprovante de Licenccedila Ambiental

Cadastro Nacional de Pessoas Juriacutedicas

Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

Companhia Nacional de Abastecimento

Comissatildeo Nacional do Programa Cerrado Sustentaacutevel

Conselho Nacional de Meio Ambiente

Cadeia de Produccedilatildeo Agroindustrial

Compra da Agricultura Familiar com Doaccedilatildeo Simultacircnea

Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social

Conselho Regional de Contabilidade

Commodity System Aproach

Cadeia Produtiva Tradicional

Cadastro Teacutecnico Federal

Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Pronaf

Documento de Origem Florestal

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

Environmental Performance Index

Environmental Vulnerability Index

Food and Agriculture Organization

Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo

Floresta Nacional

xviii

Funbio

Funrural

GEF

GPI

GPMG

GIZ

Ibama

ICMBio

ICMS

IDR

IDRC

IE

Imac

IN

Incra

INSS

IPI

IPTU

IRPF

IRPJ

IS

ISPN

ISS

IUCN

Iw

LDL

LEF

Mapa

MDA

MDS

ME

MF

MMA

MPOG

Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

Contribuiccedilatildeo Sobre a Produccedilatildeo Rural

Fundo para o Meio Ambiente Mundial

Genuine Progress Indicator

Poliacutetica de Garantia do Preccedilo Miacutenimo

Companhia Alematilde para a Cooperaccedilatildeo Internacional

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaacuteveis

Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da Biodiversidade

Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadoria

Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

International Development Research Centre

Imposto sobre Exportaccedilatildeo

Instituto de Meio Ambiente do Acre

Instruccedilatildeo Normativa

Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e Reforma Agraacuteria

Instituto Nacional da Seguridade Social

Imposto sobre Produtos Industrializados

Imposto Predial e Territorial Urbano

Imposto de Renda Pessoa Fiacutesica

Imposto sobre Renda e proventos de qualquer natureza ndash Pessoa Juriacutedica

Iacutendice de Sustentabilidade

Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza

Imposto sobre Serviccedilos

Uniatildeo para a Conservaccedilatildeo da Natureza

Iacutendice Individual de Sustentabilidade

Lipoproteiacutena de Baixa Densidade

Licenccedila de Exploraccedilatildeo Florestal

Ministeacuterio da Agricultura e Pecuaacuteria

Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio

Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome

Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Ministeacuterio da Fazenda

Ministeacuterio do Meio Ambiente

Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo

xix

MS

MFS

OAB

OECD

OMS

ONG

PAA

PEF

PESO

PGPM-Bio

PFNMs

PIB

PIS

PMFS

PNAE

PNPCT

POA

POP

PPP-Ecos

Pronaf

RDS

Resex

RL

SAF

SAF

SAG

SBACO

SBF

Sebrae

SFB

SISBI- IA

SISBI-POA

SISBI-POV

Ministeacuterio da Sauacutede

Manejo Florestal Sustentaacutevel

Ordem dos Advogados do Brasil

Organisation for Economic Co-operation and Development

Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos da Agricultura Familiar

Plano de Exploraccedilatildeo Florestal

Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico

Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos Modalidade Produtos da

Sociobiodiversidade

Produtos Florestais Natildeo madeireiros

Produto Interno Bruto

Programa de Integraccedilatildeo Social

Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel

Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar

Poliacutetica Nacional de Desenvolvimento Sustentaacutevel de Povos e

Comunidades Tradicionais

Plano Operacional Anual

Procedimento Operacional Padronizado

Programa de Pequenos Projetos Ecossociais

Programa Nacional da Agricultura Familiar

Reservas de Desenvolvimento Sustentaacutevel

Reserva Extrativista

Reserva Legal

Secretaria de Agricultura Familiar

Sistema Agroflorestal

Sistema Agroalimentar

Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo da Conformidade Orgacircnica

Secretaria de Biodiversidade e Florestas

Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas

Serviccedilo Florestal Brasileiro

Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Insumos Agriacutecolas

Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal

Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Vegetal

xx

Sisnama

SNVS

Suasa

SUS

TLTIP

UC

UNUNDP

UnB

UNICEF

VLDL

ZEE

Sistema Nacional de Meio Ambiente

Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

Sistema Unificado de Atenccedilatildeo agrave Sanidade Agropecuaacuteria

Sistema Uacutenico de Sauacutede

Taxa de Limpeza e Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblica

Unidade de Conservaccedilatildeo

United NationsUnited Nations Development Program

Universidade de Brasiacutelia

Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

Proteiacutena de Muito Baixa Densidade

Zoneamento Ecoloacutegico-Econocircmico

xxi

SUMAacuteRIO

Lista de figuras xii

Lista de tabelas xiii

Lista de quadros xv

Lista de graacuteficos xvi

Lista de siglas e abreviaccedilotildees utilizadas xvii

Sumaacuterio xxi

Introduccedilatildeo 1

1 Objeto e meacutetodos de pesquisa 10

11 Identificaccedilatildeo do problema 10

12 Hipoacutetese 11

13 Objetivo 11

14 Objetivos especiacuteficos 11

15 Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa 12

151 Mensuraccedilatildeo da sustentabilidade 12

1511 Iacutendice individual de sustentabilidade 13

1512 Iacutendice de sustentabilidade 14

1513 Grau de sustentabilidade 14

16 Identificaccedilatildeo dos obstaacuteculos enfrentados pelo agricultor e instituiccedilotildees no acircmbito

da cadeia produtiva do baru 15

17 Origem dos dados 15

18 Amostragem 16

19 Coleta de dados 17

110 Entrevistas semiestruturadas 18

111 Modelo produtivo do baru 18

2 Referencial teoacuterico 20

3 Legislaccedilatildeo 37

31 Legislaccedilatildeo Ambiental aplicada ao uso sustentaacutevel de PFNMs 40

311 Constituiccedilatildeo Federal 40

312 Legislaccedilatildeo Federal 41

3121 Manejo Florestal 41

3122 Licenciamento Ambiental 48

31221 Produtos florestais natildeo madeireiros 48

31222 Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente 51

xxii

31223 Reserva Legal 54

31224 Floresta plantada com nativas 56

31225 Extrativismo sustentaacutevel orgacircnico 57

31226 Licenciamento ambiental de agroinduacutestrias de transformaccedilatildeo de

PFNMs 59

32 Legislaccedilatildeo sanitaacuteria aplicada ao uso de PFNMs 60

33 Legislaccedilatildeo civil aplicada agraves atividades de comercializaccedilatildeo de PFNMs por pessoa

fiacutesica e juriacutedica na aacuterea rural 66

331 Associaccedilotildees 67

332 Cooperativas 69

34 Legislaccedilatildeo sobre a exploraccedilatildeo de PFNMs no Estado de Goiaacutes 72

4 Indicadores e dimensotildees da sustentabilidade 75

41 Dimensotildees da sustentabilidade 75

42 Indicadores das dimensotildees da sustentabilidade 81

421 Mensuraccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade 82

422 Criteacuterios e verificadores 87

5 Obstaacuteculos relacionados agrave exploraccedilatildeo do baru 105

6 Cadeia produtiva do baru 113

61 Cadeia produtiva conceito 113

611 Anaacutelise de filiegravere 115

612 O enfoque do sistema de commodities (Commodities System Aproach) 117

613 Os agentes da cadeia produtiva 118

62 As cadeias de biodiversidade 119

63 Cadeia produtiva do baru 122

64 Caracterizaccedilatildeo do ambiente externo da cadeia produtiva do baru 124

641 Poliacuteticas puacuteblicas 124

642 Caracterizaccedilatildeo dos principais segmentos da cadeia produtiva do baru nos

Municiacutepios de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 128

6421 Fornecedores de insumos 128

643 Unidades produtivas 130

6431 Municiacutepio de Formosa GO 130

6432 Municiacutepio de Pirenoacutepolis GO 133

644 Histoacuteria do uso do baru como alimento humano 137

645 Produccedilatildeo da amecircndoa do baru 138

xxiii

646 Preccedilo pago aos produtores 143

647 Distribuiccedilatildeo 143

648 Mercado consumidor 144

7 Modelo de produccedilatildeo do baru 145

71 Modelo de exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais no Cerrado Goiano 145

72 Modelo de exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru em trecircs comunidades rurais nos

Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes 150

8 Resultados e discussatildeo 163

81 Agricultores familiares 163

811 Iacutendice de sustentabilidade 163

812 Resultados por comunidade 167

813 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos agricultores e da atividade de

exploraccedilatildeo de baru 169

814 Obstaacuteculos apontados pelos agricultores agrave exploraccedilatildeo do baruhelliphelliphellip 172

82 Instituiccedilotildees 177

821 Iacutendice de Sustentabilidade 177

822 Obstaacuteculos apontados pelas instituiccedilotildees que utilizam o baru 180

Conclusotildees 182

Recomendaccedilotildees 188

Referecircncias bibliograacuteficas 190

Anexos 216

1

INTRODUCcedilAtildeO

O Brasil conta com a maior floresta tropical uacutemida do planeta a Floresta Amazocircnica

que se constitui na maior aacuterea de floresta tropical remanescente (40 das florestas

tropicais do planeta) com 37 milhotildees de kmsup2 em territoacuterio brasileiro (MMA 1998) O paiacutes

tambeacutem possui outros biomas terrestres como o Bioma Cerrado o Bioma Mata Atlacircntica o

Bioma Caatinga o Bioma Pantanal e o Bioma Pampa1 (Figura 1)

A variedade dos biomas brasileiros abriga uma das maiores biodiversidades do mundo

(MMA 2007a) Uma parte significativa dessas espeacutecies nativas ainda eacute desconhecida para

a ciecircncia ndash a exemplo dos microorganismos do solo e insetos ndash sendo que apenas uma

pequena fraccedilatildeo foi classificada Algumas espeacutecies vegetais jaacute foram domesticadas ou estatildeo

em processo de domesticaccedilatildeo representando atualmente importacircncia econocircmica tais

como a mandioca o caju o abacaxi o amendoim a seringueira a castanha do Brasil o

cupuaccedilu a jabuticaba e o maracujaacute entre outras

Figura 1 ndash Biomas Continentais Brasileiros Fonte IBGE 2004

O paiacutes tambeacutem se destaca por possuir uma grande sociobiodiversidade representada

por mais de 200 povos indiacutegenas e por nuacutemero significativo de comunidades locais com

estilo de vida tradicionais como os sertanejosvaqueiros caipirassitiantes quilombolas

ribeirinhos pantaneiros (DIEGUES 2001) que apresentam um inestimaacutevel acervo de

conhecimentos sobre a conservaccedilatildeo e sistemas tradicionais de manejo dos recursos da

biodiversidade

1 O mapa de biomas continentais do Brasil pode ser encontrado em

ltftpftpibgegovbrCartas_e_MapasMapas_Muraisgt

2

O Bioma Cerrado localizado na regiatildeo central do Brasil ocupa 2392 do territoacuterio

nacional em uma extensatildeo de 2036448 kmsup2 (IBGE 2008) O termo Cerrado eacute utilizado

para designar o conjunto de ecossistemas (savanas matas campos e matas de galeria) que

ocorrem no Brasil Central (EITEN 1977) Esta fitofisionomia faz parte da paisagem do

Distrito Federal e dos Estados de Goiaacutes Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais

Bahia Satildeo Paulo Tocantins Maranhatildeo Piauiacute e Rondocircnia (Figura 2)

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo geograacutefica do bioma Cerrado no Brasil com a indicaccedilatildeo de aacutereas disjuntas Fonte Henriques (2005 p 77)

O Cerrado tambeacutem ocorre em aacutereas disjuntas (encraves) ao norte dos Estados do

Amazonas (Campos de Humaitaacute) Rondocircnia (Serra dos Pacaaacutes Novos) Paraacute (Serra do

Cachimbo) Bahia (Chapada de Diamantina) (MACHADO et al 2004) e em pequenas ldquoilhasrdquo

no Paranaacute (RIBEIRO DIAS 2007)

Sua vegetaccedilatildeo tiacutepica desenvolveu-se sobre solos muito antigos aacutecidos com altas

concentraccedilotildees de alumiacutenio e pobres em nutrientes A classe de solo mais frequente neste

Bioma eacute dos latossolos (46) que na paisagem ocorrem em relevo plano a suave-

ondulado com solos profundos porosos de textura homogecircnea ao longo do perfil variando

de bem forte e acentuadamente drenado (REATTO MARTINS 2005) Apresenta uma

grande diversidade de paisagens que determina uma grande diversidade floriacutestica

3

colocando o Cerrado como uma das savanas mais biodiversas do mundo (FELFILI et al

2005) Plantas herbaacuteceas arbustivas e arboacutereas somam aproximadamente 12070

espeacutecies sendo 4208 endecircmicas (Tabela 1) A avifauna eacute rica e conta com 837 espeacutecies

catalogadas poreacutem o niacutevel de endemismo eacute baixo (43) (Tabela 1)

Tabela 1 - Nuacutemero total de espeacutecies espeacutecies endecircmicas e endemismo () no Bioma Cerrado

Total Espeacutecies

endecircmicas Endemismo

()

Plantas 12070 4208 349

Mamiacuteferos 195 18 92

Aves 837 36 43

Reacutepteis 150-180 20 1333 -1111

Anfiacutebios 113 - 150 32 2831 ndash 2133

Peixes de aacutegua doce 1000 - 00

Fonte Forzza et al(2010) Sabino Prado (2005) com adaptaccedilatildeo

No domiacutenio dos ecossistemas que constituem o Cerrado podem ser encontradas

vaacuterias espeacutecies vegetais nativas exploradas pelas comunidades rurais e urbanas Espeacutecies

como Caryocar brasiliense Cambess (pequiacute) Dipteryx alata Vog (baru) Hancornia

speciosa Gomez (mangaba) Hymenaea spp (jatobaacute) Eugenia desinterica (cagaita)

Anacardium humile A St-Hil (cajuzinho) Talisia esculenta Radlk (pitomba) entre outras

satildeo utilizadas diretamente para alimentaccedilatildeo (ALMEIDA 1998) e comercializaccedilatildeo Espeacutecies

lenhosas como Myracrodruon urundeuva Fr All (aroeira) Schinopsis brasiliensis Engl

(brauacutena) Tabebuia spp (ipecirc) Aspidosperma spp (perobas) e Amburana cearensis (Fr All)

A C Smith (cerejeira) satildeo utilizadas na construccedilatildeo civil (SCARIOT SEVILHA 2005)

Nas uacuteltimas trecircs deacutecadas tem-se assistido a um acelerado processo de transformaccedilatildeo

da paisagem do Cerrado com a substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa por pastos ou monocultura

de gratildeos e da cana-de-accediluacutecar De acordo com o MMA (2011) entre 2002 e 2008 a aacuterea

desmatada desse Bioma foi de 85047 kmsup2 e ateacute 2009 acumulava um percentual de

desmatamento de 482

Se por um lado essas mudanccedilas contribuiacuteram para o desenvolvimento econocircmico da

regiatildeo por outro trouxeram severos impactos ao meio ambiente causando a contaminaccedilatildeo

dos solos e das aacuteguas por agrotoacutexicos erosatildeo da camada superficial dos solos perda da

biodiversidade aleacutem das adversidades sociais tais como a expulsatildeo dos trabalhadores

rurais para a periferia das grandes cidades criando-se um exeacutercito de desempregados

aleacutem da desestruturaccedilatildeo de comunidades tradicionais que tinham como atividade de

subsistecircncia a exploraccedilatildeo das aacutereas naturais (DUARTE 2002)

4

Satildeo apontados como causas que contribuem para o desmatamento desse Bioma o

uso ilegal da vegetaccedilatildeo nativa para produccedilatildeo de carvatildeo vegetal e lenha a impunidade dos

iliacutecitos ambientais a existecircncia de aacutereas subutilizadas degradadas e abandonadas o baixo

reconhecimento do valor dos serviccedilos ambientais e o baixo percentual de aacutereas protegidas

por meio de unidades de conservaccedilatildeo e terras indiacutegenas (MMA 2010)

Segundo Duboc et al (2007) o carvatildeo oriundo de florestas plantadas tem sido

insuficiente para abastecer o mercado o que leva ao aproveitamento de resiacuteduos lenhosos

da expansatildeo da fronteira agriacutecola intensificando a pressatildeo sobre as florestas nativas

especialmente o Cerrado Os autores afirmam que do total de carvatildeo vegetal produzido no

Brasil no ano de 2005 345 foram originaacuterios do Cerrado

Segundo o IBGE (2009) desde 1999 a produccedilatildeo de carvatildeo da extraccedilatildeo vegetal vem

apresentando uma tendecircncia de crescimento somente sendo revertida a partir de 2006

(Graacutefico 1) Em 2004 o paiacutes produziu 2185950 t ndash Mato Grosso do Sul (2364) Minas

Gerais (985) Maranhatildeo (1970) Goiaacutes (1536) e Bahia (1054) Em 2005 foram

produzidas 2972405 t ndash Bahia (269) Mato Grosso do Sul (188) Maranhatildeo (169)

Goiaacutes (108) e Minas Gerais (104) Em 2006 foram produzidas 2505733 t ndash Mato

Grosso do Sul (240) Maranhatildeo (190) Bahia (145) Goiaacutes (114) Minas Gerais

(105) e Paraacute (86) (IBGE 2007) Em 2007 a produccedilatildeo voltou a crescer com um

aumento de 1 sendo produzidas 2530425 t ndash Maranhatildeo (291) Mato Grosso do Sul

(169) Minas Gerais (166) Goiaacutes (90) Paraacute (86) Paranaacute (74) Piauiacute (59) e

Bahia (22) Embora a produccedilatildeo de carvatildeo oriunda dos estados onde ocorre o Cerrado

esteja diminuindo eacute mais provaacutevel que venha ocorrendo em funccedilatildeo do esgotamento das

reservas de vegetaccedilatildeo nativa e natildeo de uma fiscalizaccedilatildeo efetiva que coiacuteba o desmatamento

De qualquer forma o desmatamento de aacutereas nativas do Cerrado para produccedilatildeo de

carvatildeo vegetal reduz as aacutereas onde os grupos humanos coletam espeacutecies vegetais para a

sua automanutenccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de excedentes

Graacutefico 1 ndash Quantidade de carvatildeo vegetal produzida na extraccedilatildeo vegetal de 1990 a 2009 nos estados em que ocorre o Cerrado e no Brasil Fonte IBGE PEVS (2009)

5

Quanto a poliacuteticas voltadas para a conservaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa do Cerrado no

ano de 2010 o Governo Federal lanccedilou o Plano de Accedilatildeo para Prevenccedilatildeo e Controle do

Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PP Cerrado) tendo como objetivo promover a

reduccedilatildeo contiacutenua da taxa do desmatamento e da degradaccedilatildeo florestal e tambeacutem a

incidecircncia de queimadas e incecircndios florestais no Bioma Ateacute a data do lanccedilamento desse

Plano natildeo havia nenhum programa ou poliacutetica de controle do desmatamento sequer de

monitoramento sistemaacutetico para o Cerrado (SAWYER 2009a) a natildeo ser accedilotildees pontuais que

natildeo demonstravam ser muito efetivas

Apesar da riqueza da flora do bioma o paiacutes ainda natildeo se mostrou capaz de aproveitar

seus muacuteltiplos recursos transformando-os em bens e serviccedilos de alto valor agregado As

aacutereas do Cerrado que ainda natildeo sofreram o processo de substituiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo satildeo

ainda carentes de estudos Sabe-se pouco acerca da distribuiccedilatildeo das espeacutecies vegetais

sua dinacircmica populacional sua fenologia pragas e doenccedilas mais comuns potencial de uso

etc Da mesma forma satildeo escassas as informaccedilotildees sobre a produccedilatildeo extrativa e sobre

vaacuterios aspectos das comunidades que tecircm na exploraccedilatildeo de Produtos Florestais Natildeo

Madeireiros (PFNMs) uma atividade de subsistecircncia e produccedilatildeo para comercializaccedilatildeo

O Censo Agropecuaacuterio 2006 (IBGE 2010) traz poucos dados sobre espeacutecies

extrativas vegetais da Regiatildeo Centro-Oeste Espeacutecies como o baru e a gairoba bastante

consumidas pela populaccedilatildeo satildeo sequer mencionadas Podemos afirmar que existe uma

produccedilatildeo oculta de PFNM nesta Regiatildeo natildeo considerada pelos oacutergatildeos censitaacuterios

Nem mesmo aquelas espeacutecies cujos frutos satildeo processados na forma de polpas e que

satildeo destinadas ao mercado das cidades (CARDOSO TAVARES 2008) aparecem nas

estatiacutesticas oficiais Nas feiras livres das pequenas cidades e distritos da Regiatildeo podem ser

encontrados frutos do Cerrado expostos agrave venda e que natildeo fazem parte das estatiacutesticas do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) e muito menos das estatiacutesticas

estaduais

Tabela 2 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por produto alimentiacutecio extrativo na Regiatildeo Centro-Oeste em 2009 em toneladas

Censo Agriacutecola 2006 PEVS 2009

Produto Quantidade (tonelada)

Produto Quantidade (tonelada)

Amecircndoa de pequi 456 Castanha-do-Paraacute 1527

Oacuteleo de copaiacuteba 27 Erva-mate cancheada 282

Palmito 94 Palmito 52

Fonte IBGE Censo Agriacutecola (2006) PEVS (2009)

6

As instituiccedilotildees engajadas na luta contra a destruiccedilatildeo do Cerrado tecircm chamado a

atenccedilatildeo para a contiacutenua perda das aacutereas de vegetaccedilatildeo nativa em razatildeo do desmatamento e

de outras formas de uso do solo Na tentativa de minimizar os efeitos do avanccedilo da

agricultura comercial sobre os remanescentes da vegetaccedilatildeo do Cerrado alguns oacutergatildeos

puacuteblicos vecircm tomando iniciativas que vatildeo desde a criaccedilatildeo de unidades de conservaccedilatildeo ateacute

accedilotildees direcionadas agrave valorizaccedilatildeo dos produtos provenientes da exploraccedilatildeo sustentaacutevel

desse Bioma Apesar de se constituiacuterem em iniciativas ainda bastante tiacutemidas as accedilotildees

voltadas para o fortalecimento das cadeias produtivas de produtos e serviccedilos gerados a

partir dos componentes da biodiversidade tem constado de projetos geridos por oacutergatildeos

setoriais em niacutevel federal e estadual e tambeacutem por organizaccedilotildees natildeo governamentais

(ONGs) Como resultado desses esforccedilos pequenas quantidades desses produtos

comeccedilam a ser consumidas nos centros urbanos como eacute o caso da amecircndoa do baru e

polpas de frutas do cerrado (CARDOSO TAVARES 2008)

Apesar dos esforccedilos para a viabilizaccedilatildeo de iniciativas que promovam a

exploraccedilatildeocomercializaccedilatildeo de PFNMs no paiacutes satildeo poucos os mecanismos puacuteblicos ou

privados voltados para o fortalecimento dos empreendimentos que jaacute estatildeo inseridos no

mercado ou mesmo para promover o desenvolvimento local a partir da promoccedilatildeo de

produtos florestais no acircmbito de iniciativas que fortaleccedilam os atores locais para que sejam

sujeitos das suas proacuteprias accedilotildees

Da mesma forma satildeo escassas as informaccedilotildees a respeito dos fatores que

condicionam o fracasso e o sucesso desses empreendimentos A inexistecircncia de dados

dessa natureza impede a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas mais realistas voltadas para o

segmento

Para o agricultor familiar que tem na praacutetica da exploraccedilatildeo de PFNMs um meio de

obter divisas satildeo vaacuterios os obstaacuteculos que enfrenta para levar adiante as atividades de

coleta transporte processamento e comercializaccedilatildeo desses produtos e que costumam

inviabilizar a sua produccedilatildeo Da mesma forma as dificuldades se multiplicam ao longo da

cadeia produtiva desses produtos Esses obstaacuteculos podem se apresentar nas mais

variadas formas marcos regulatoacuterios inadequados (sanitaacuterios ambientais e fiscais) falta de

capacitaccedilatildeo do agricultor para as diversas etapas do processo produtivo inadequaccedilatildeo da

infraestrutura para exploraccedilatildeo dos recursos baixa capacidade de estoque dificuldades de

acesso ao creacutedito baixa eficiecircncia e ausecircncia dos serviccedilos de extensatildeo e orientaccedilatildeo ao

produtor incipiecircncia da cadeia logiacutestica de mercado (distribuiccedilatildeo e comeacutercio) destes

produtos ou mesmo na ausecircncia de condicionantes que deve atender o empreendedor para

o alcance de bons resultados bom conhecimento do mercado em que atua boa estrateacutegia

7

de vendas persistecircncia perseveranccedila e criatividade boa administraccedilatildeo e busca de capital

proacuteprio para o seu negoacutecio (SEBRAE 2007)

Os esforccedilos para a remoccedilatildeo desses obstaacuteculos tecircm mobilizado alguns setores da

sociedade em razatildeo dos benefiacutecios que o uso sustentaacutevel da biodiversidade pode trazer ao

paiacutes principalmente pela possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees articuladas de

sustentabilidade que geram ganhos ambientais O uso sustentaacutevel da biodiversidade em

larga escala contribui para a manutenccedilatildeo das funccedilotildees ecossistecircmicas (aacutegua biodiversidade

e clima) de vastas aacutereas do territoacuterio nacional promove a geraccedilatildeo de renda complementar

para milhotildees de famiacutelias e a seguranccedila alimentar aleacutem de favorecer a produccedilatildeo de

alimentos (SAWYER 2009b)

Os problemas ligados agraves cadeias produtivas baseadas em PFNMs exigem do poder

puacuteblico da sociedade civil organizada e da academia soluccedilotildees que promovam a sua

sustentabilidade Cadeias de produtos naturais bem estruturadas satildeo estrateacutegicas para o

paiacutes do ponto de vista econocircmico social e ambiental Do ponto de vista econocircmico porque

geram renda para as famiacutelias que exploram os recursos da natureza Do ponto de vista

social porque criam postos de trabalho para grupos excluiacutedos das poliacuteticas econocircmicas

vigentes e promovem o seu bem-estar Do ambiental porque se apresentam como uma

alternativa sustentaacutevel ao modelo de exploraccedilatildeo adotado pela agricultura de exportaccedilatildeo

que apesar de trazer divisas ao paiacutes provoca severos danos sociais e ambientais

Satildeo identificados diversos problemas ligados a estas cadeias produtivas tanto os que

tecircm origem na situaccedilatildeo socioeconocircmica do agente que explora o recurso quanto aqueles

inerentes agrave proacutepria atividade tais como a falta de informaccedilotildees a carecircncia de infraestrutura

para transporte armazenamento e processamento dos produtos explorados a falta de

tecnologia para aumentar a produtividade a falta de competecircncia negocial a inadequaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo a carecircncia de creacutedito a este tipo de produccedilatildeo e dificuldades que se encontra

para se integrar ao mercado entre outros

Grande nuacutemero de comunidades rurais estabelecidas na Amazocircnia e que exploram

PFNMs mesmo enfrentando problemas de infraestrutura tais como a falta de saneamento

baacutesico e aacutegua tratada precariedade dos serviccedilos de educaccedilatildeo e de sauacutede fornecidos pelo

Estado e deficiecircncia do serviccedilo de assistecircncia teacutecnica orientam suas praacuteticas de trabalho e

organizaccedilatildeo social no sentido da conservaccedilatildeo e uso dos recursos da biodiversidade (SILVA

TAVARES 2006) Como reconhecem a importacircncia desses recursos para a proacutepria

sobrevivecircncia procuram conservaacute-los e utilizaacute-los da melhor maneira possiacutevel

Em outras regiotildees do paiacutes grupos sociais que exploram extensivamente os recursos

naturais vegetais enfrentam os mesmos problemas enumerados acima Alguns desses

8

grupos se organizam na busca de soluccedilotildees que os ajudem a superar as dificuldades

abrindo-lhes perspectivas para um meio de vida mais sustentaacutevel2

O conjunto de normas que incidem sobre o uso e manejo de componentes da

biodiversidade apesar de ser de fundamental importacircncia para a regulamentaccedilatildeo dessa

praacutetica e mesmo para a sauacutede de quem consome esses produtos pode trazer dificuldades

para os grupos rurais que exploram os PFNMs Em razatildeo disso dispositivos que ao regular

a atividade econocircmica impotildeem procedimentos complexos e dispendiosos costumam ser

ignorados pela populaccedilatildeo Mais grave ainda a falta de regulamentaccedilatildeo da norma traz

inseguranccedila institucional e confunde o cidadatildeo

Para Sawyer (2009b) os entraves regulatoacuterios natildeo satildeo muito evidentes e geralmente

soacute se manifestam quando a iniciativa eacute levada a termo pelo agricultor Enquanto natildeo

esbarram com esses obstaacuteculos poucos agricultores teacutecnicos da extensatildeo e estudiosos do

assunto compreendem os limites apresentados pelos diversos marcos regulatoacuterios

sanitaacuterios ambientais fiscais e outros que incidem sobre o uso sustentaacutevel da

biodiversidade no Brasil No entanto por situaccedilotildees mais adversas que esses entraves

possam causar natildeo podem levar ao pensamento que as normas devem ser eliminadas ou

flexibilizadas O que se defende eacute a sua adequaccedilatildeo para as realidades heterogecircneas que

caracterizam o territoacuterio nacional

Este trabalho consiste em verificar se a exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru em dois

Municiacutepios do Estado de Goiaacutes pode ser caracterizada como uma alternativa sustentaacutevel de

geraccedilatildeo de renda para os atores da cadeia produtiva deste produto verificando o grau de

sustentabilidade da atividade a partir da mensuraccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade

Aprofundar o conhecimento a respeito das dificuldades encontradas pelos atores que

intervecircm nas cadeias de produtos florestais natildeo madeireiros levando-se em consideraccedilatildeo a

sua perspectiva a respeito do assunto ou seja a sua percepccedilatildeo sobre os obstaacuteculos

enfrentados ao longo da cadeia produtiva torna-se uma medida importante que iraacute

proporcionar elementos para a criaccedilatildeo de mecanismos que venham a superaacute-los aleacutem de

fornecer subsiacutedios para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas direcionadas ao uso sustentaacutevel

de componentes da biodiversidade

Estes conhecimentos ao contribuiacuterem para uma maior compreensatildeo dos limites da

exploraccedilatildeo do baru forneceratildeo elementos que permitiratildeo agraves instacircncias governamentais

competentes contando com a participaccedilatildeo democraacutetica dos atores da cadeia produtiva a

busca por soluccedilotildees mais adequadas para os problemas que surgem a partir da exploraccedilatildeo

do recurso natural ou mesmo viabilizar mecanismos facilitadores da exploraccedilatildeo sustentaacutevel

2 De acordo com Scoones (1998) um meio de vida sustentaacutevel permite enfrentar as possiacuteveis tensotildees e

transtornos e manter ou melhorar sua capacidade ou ativos (materiais e sociais) sem depauperar a base dos recursos naturais (p 5)

9

da espeacutecie tornando a atividade uma possiacutevel forma de produccedilatildeo e geraccedilatildeo de renda capaz

de conciliar a conservaccedilatildeo ambiental e o desenvolvimento social e econocircmico das

populaccedilotildees humanas que vivem no meio rural

10

1 OBJETO E MEacuteTODOS DE PESQUISA

11 IDENTIFICACcedilAtildeO DO PROBLEMA

A exploraccedilatildeo de PFNMs tendo como apelo o fato de ser uma atividade que contribui

para a manutenccedilatildeo da floresta ldquoem peacuterdquo ou seja para a conservaccedilatildeo da biodiversidade e

uma opccedilatildeo de geraccedilatildeo local de renda capaz de conciliar um desenvolvimento

economicamente viaacutevel socialmente justo e ambientalmente sustentaacutevel vem sendo

valorizada em accedilotildees dirigidas para a conservaccedilatildeo e uso sustentaacutevel do meio ambiente

(GUERRA et al 2009 FIEDLER et al 2008 CAcircNDIDO et al 2008 BALZON 2006 ROS-

TONEN 2000 SAWYER et al 1997 CAMPBELL TEWARI 1996)

A exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru por estar inserida nesse contexto e natildeo provocar

impactos significativos ao meio ambiente vem sendo apontada como estrateacutegia para a

conservaccedilatildeo sustentaacutevel da biodiversidade (ARAKAKI et al 2009 BASSINI 2008 SANO et

al 2004)

A produccedilatildeo da amecircndoa como atividade empreendedora eacute recente e tem recebido

criacuteticas favoraacuteveis e desfavoraacuteveis quanto agrave sua viabilidade econocircmica Para Arakaki et al

(2009) seu uso amplia a geraccedilatildeo de renda e traz melhoria da qualidade de vida agraves

comunidades rurais Os que se mostram ceacuteticos recomendam cuidadosos estudos de

mercado e planos de negoacutecio antes de se incentivar tal atividade (NOGUEIRA et al 2009)

Apesar do crescente interesse que a amecircndoa vem despertando como negoacutecio pouco

se conhece acerca da sua cadeia produtiva seus limites e oportunidades e o papel exercido

por cada um dos seus atores

Uma das caracteriacutesticas desfavoraacuteveis do produto quando chega ao mercado ndash

particularmente no Estado de Goiaacutes ndash eacute a irregularidade no fornecimento poreacutem acredita-se

que essa deficiecircncia ocorra em funccedilatildeo de diferentes categorias de problemas que ocorrem

ao longo da cadeia produtiva Satildeo problemas que podem ter origem na falta de informaccedilotildees

sobre a espeacutecie (ecologia fenologia usos manejo forma de processamento etc) na

dificuldade de atendimento aos dispositivos legais previstos na legislaccedilatildeo fiscal sanitaacuteria e

ambiental que regula a conservaccedilatildeo e uso de componentes da biodiversidade no Brasil e

ateacute mesmo aqueles gerados pela competiccedilatildeo de mercado

Identificar esses obstaacuteculos as suas origens e implicaccedilotildees mensurar a

sustentabilidade da cadeia produtiva do baru e ao mesmo tempo conhecer as condiccedilotildees

econocircmicas sociais e ambientais em que este produto eacute explorado permitiraacute identificar se a

exploraccedilatildeo dessa amecircndoa se caracteriza como uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de

renda

11

Seguindo este raciociacutenio e tomando como objeto de estudo a cadeia produtiva do baru

no Cerrado Goiano chega-se a seguinte indagaccedilatildeo A exploraccedilatildeo do baru no Cerrado

Goiano nas circunstacircncias atuais eacute uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo local de renda

12 HIPOacuteTESE

Com base nos elementos apresentados foi formulada uma hipoacutetese de trabalho mais

ampla descrita abaixo seguida de outras duas sub hipoacuteteses

A exploraccedilatildeo do fruto do baru eacute uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda

para os atores da sua cadeia produtiva em dois municiacutepios Goianos nos quais predomina a

vegetaccedilatildeo do Cerrado

a) Normas natildeo regulamentadas ou que demandam comandos de difiacutecil cumprimento

por parte dos atores se convertem em obstaacuteculos que interferem negativamente na

sustentabilidade da cadeia produtiva do baru

b) O sistema de produccedilatildeo do baru no Cerrado possui caracteriacutesticas que o diferenciam

dos demais sistemas de exploraccedilatildeo de PFNMs e que devem ser consideradas na

viabilizaccedilatildeo da exploraccedilatildeo sustentaacutevel da espeacutecie

13 OBJETIVO

Identificar por meio de indicadores e de informaccedilotildees socioeconocircmicas se a atividade

de exploraccedilatildeo do fruto do baru nativo em dois municiacutepios goianos do Bioma Cerrado pode

se caracterizar como uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda para os atores da

cadeia produtiva deste produto

14 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

(i) Estudar as caracteriacutesticas do arranjo extrativista do baru a partir de trecircs comunidades

rurais da regiatildeo do Cerrado do Estado de Goiaacutes e dos atores que intervecircm nessa cadeia

(ii) Analisar o grau de sustentabilidade da exploraccedilatildeo do baru no acircmbito da sua cadeia

produtiva com o auxiacutelio de iacutendice e indicadores

(iii) Identificar os principais obstaacuteculos encontrados pelos atores da cadeia produtiva do baru

para viabilizar as operaccedilotildees de produccedilatildeo processamento beneficiamento e distribuiccedilatildeo

desse produto

(iv) Verificar se a legislaccedilatildeo ambiental sanitaacuteria civil e fiscaltributaacuteria brasileira pode ser

considerada um obstaacuteculo na exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru

(v) Propor um modelo para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru no Cerrado

12

15 MEacuteTODOS E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Com o objetivo de verificar se a atividade de exploraccedilatildeo do baru no Cerrado Goiano

pode ser considerada uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo local de renda optou-se

inicialmente pela coleta de dados que possibilitasse a descriccedilatildeo da cadeia produtiva desta

amecircndoa Com o uso de indicadores foi realizada a mensuraccedilatildeo da sustentabilidade dessa

cadeia em trecircs comunidades rurais do Estado de Goiaacutes (item 18) e junto a

empresasassociaccedilotildeescooperativas estabelecidas em Goiacircnia Alto Paraiacuteso e Brasiacutelia que

utilizam o baru como mateacuteria-prima

Outra teacutecnica de coleta de dados consistiu na identificaccedilatildeo dos principais obstaacuteculos

que enfrentam os agricultores familiares nas atividades de coleta extraccedilatildeo processamento

comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo da amecircndoa do baru bem como as dificuldades encontradas

pelas instituiccedilotildees de processamento comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo dos produtos agrave base

dessa mateacuteria-prima

Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com formuladores de poliacuteticas puacuteblicas

pertencentes agraves duas esferas de poder (Executivo e Legislativo) no sentido de conhecer

suas percepccedilotildees sobre as iniciativas voltadas para o apoio agrave exploraccedilatildeo do baru

151 Mensuraccedilatildeo da sustentabilidade

Inicialmente procurou-se mensurar a sustentabilidade da cadeia produtiva a partir de

um iacutendice resultante da agregaccedilatildeo de indicadores distribuiacutedos por cinco dimensotildees da

sustentabilidade ambiental econocircmica social poliacutetico e da sauacutede Para cada dimensatildeo da

sustentabilidade foram criados indicadores tanto para medir a sustentabilidade da atividade

dos agricultores-coletores quanto das instituiccedilotildees privadas que utilizam o baru

Os indicadores utilizados para aferir a sustentabilidade das atividades de exploraccedilatildeo

do fruto do baru por agricultores familiares foram elaborados a partir de ampla revisatildeo

bibliograacutefica com destaque para a metodologia formulada por Ritchie et al (2001) e

adaptada para a vegetaccedilatildeo nativa do Cerrado

Jaacute os indicadores para afericcedilatildeo da sustentabilidade das instituiccedilotildees processadoras do

baru foram criados apoacutes revisatildeo da bibliografia sobre sustentabilidade em empresas e

cooperativas uma vez que muito pouco foi encontrado na literatura sobre sustentabilidade

em pequenas e micro empresas A partir dessa constataccedilatildeo procurou-se adaptar aqueles

indicadores agraves condiccedilotildees dessas empresas

Partiu-se do pressuposto que um sistema de indicadores deve representar o mais

fielmente possiacutevel o desenvolvimento sustentaacutevel no entanto acredita-se que natildeo existe

ainda o indicador perfeito pois todos eles apresentam alguma deficiecircncia quando se trata de

mensuraccedilotildees envolvendo as dimensotildees da sustentabilidade

13

m

m

Para chegar-se ao grau da sustentabilidade da atividade de exploraccedilatildeo do baru foi

adotado o seguinte procedimento

(a) Apoacutes o preenchimento dos questionaacuterios contendo os indicadores foi calculado

o Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw) para todos os agricultores amostrados e

para as cinco dimensotildees da sustentabilidade ambiental econocircmica social poliacutetica e

da sauacutede e na sequecircncia foi calculado o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) geral para as

comunidades estudadas

(b) Foi calculado tambeacutem o Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw) para cada

instituiccedilatildeo a partir das respostas do questionaacuterio aplicado e na sequecircncia foi calculado

o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) para estas instituiccedilotildees

(c) Finalmente foi estabelecido o grau de sustentabilidade das comunidades

estudadas e das instituiccedilotildees privadas por categoria para fins de comparaccedilatildeo

1511 Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw)

Este iacutendice foi calculado para as cinco dimensotildees empregando-se a seguinte foacutermula

= Σ (3)

Iw = Iacutendices que comporatildeo o iacutendice de sustentabilidade econocircmico social ambiental institucional e da sauacutede Eij = Escore do i-eacutesimo indicador de Iw obtido do j-eacutesimo questionaacuterio Emax i = Escore maacuteximo do i-eacutesimo indicador de Iw obtido do j-eacutesimo questionaacuterio i = 1 m nuacutemero de indicadores j = 1 m nuacutemero de questionaacuterios aplicados w = 1 5 nuacutemero de iacutendices que comporatildeo o iacutendice de sustentabilidade

Quanto mais proacuteximo de 1 o valor do iacutendice Iw melhor o desempenho do objeto de

estudo ou seja maior a sustentabilidade das atividades desenvolvidas pelas comunidades

rurais e instituiccedilotildees privadas que fazem parte da cadeia produtiva do baru O indicador estaacute

dentro do intervalo 0 lt Iw lt 1

Para esta metodologia o valor do iacutendice nunca atingiraacute zero pois a partir do momento

que o agricultor ou a instituiccedilatildeo privada explora o baru jaacute haveraacute o acuacutemulo de pontos

Os questionaacuterios contam com perguntas cujas respostas predeterminadas recebem

pontuaccedilatildeo de 0 a 4 Para se calcular o Iacutendice Individual de Sustentabilidade (Iw) soma-se a

pontuaccedilatildeo obtida por cada respondente por questionaacuterio dividido pelo nuacutemero maacuteximo de

pontos que pode ser obtido

3 Rabelo e Lima (2007) Barreto et al (2005) Khan e Passos (2001) Fernandes et al (1997)

i=1

i=1

Σ Eij

Σ Emax i

1 n Iw

14

1512 Iacutendice de Sustentabilidade (IS)

Os indicadores utilizados para calcular o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) foram os

indicadores ambiental econocircmico social poliacutetico e da sauacutede Atribuiu-se peso igual a cada

dimensatildeo analisada O valor de IS eacute a meacutedia aritmeacutetica dos cinco iacutendices citados Quanto

mais proacuteximo de 1 maior o indicador de sustentabilidade nas comunidades e nas instituiccedilotildees

estudadas O indicador estaacute dentro do intervalo 0 lt IS lt 1

Para o caacutelculo do IS a expressatildeo utilizada foi a seguinte

(4)

IS = Iacutendice de sustentabilidade w = valor do w-eacutesimo indicador w = 1k

1513 Grau de sustentabilidade

O grau de sustentabilidade eacute obtido utilizando-se o valor dos Iacutendices de

Sustentabilidade (IS) Desse modo possibilita conhecer o atual grau de sustentabilidade da

atividade de exploraccedilatildeo do baru nas comunidades e nas instituiccedilotildees estudadas Estaacute

colocado numa escala que vai de 0 ateacute 1 divididos em trecircs graus distintos baixo meacutedio e

alto niacutevel de sustentabilidade (Tabela 3) Abaixo de 0500 e acima de 0 a atividade se

caracteriza por natildeo sustentabilidade devendo o poder puacuteblico em conjunto com a

sociedade tomarem as medidas necessaacuterias para sanear os problemas que fizeram o

iacutendice chegar ateacute esse niacutevel e tentar tornar a atividade o mais sustentaacutevel possiacutevel Quando

o valor do iacutendice fica entre 0500 e 0799 significa dizer que a atividade estudada eacute

razoavelmente sustentaacutevel mas sujeita agraves vaacuterias medidas para que chegue o mais proacuteximo

possiacutevel de 1 Assim agrave medida que crescem na direccedilatildeo de 1 vatildeo aumentando as condiccedilotildees

de sustentabilidade

Para a classificaccedilatildeo da sustentabilidade das comunidades rurais e instituiccedilotildees

privadas estabeleceu-se o seguinte criteacuterio adaptado do Iacutendice de Desenvolvimento

Humano (IDH) do UNDP (UNDP 1998)

4 Rabelo e Lima (2007) Barreto et al (2005) Khan e Passos (2001) Fernandes et al (1997)

k

IS = 1k Σ Iw w=1

15

Tabela 3 ndash Grau de sustentabilidade das comunidades estudadas segundo os iacutendices obtidos

Grau Intervalo do iacutendice

Baixo niacutevel de sustentabilidade 0 lt IS le 0499 Meacutedio niacutevel de sustentabilidade 0500 le IS le 0799 Alto niacutevel de sustentabilidade 0800 le IS le 1000

Fonte UNDP (1998 p 224) com adaptaccedilatildeo

16 IDENTIFICACcedilAtildeO DOS OBSTAacuteCULOS ENFRENTADOS PELO AGRICULTOR E

INSTITUICcedilOtildeES PRIVADAS NO AcircMBITO DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

Para a identificaccedilatildeo desses obstaacuteculos foi utilizada a entrevista projetiva5 que

consistiu na apresentaccedilatildeo de cartotildees coloridos (21cm X 30cm) numerados contendo frases

que indicavam obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru visando estimular a resposta do

entrevistado A lista dos obstaacuteculos apresentados ao entrevistado teve como base o

Relatoacuterio Final do Seminaacuterio de Intercacircmbio Tecnoloacutegico para Baru Pequi e Babaccedilu (ISPN

2007) ocorrido em Brasiacutelia em 2007 Os cartotildees eram mostrados aos agricultores que

depois de le-los recebiam uma ligeira explicaccedilatildeo sobre o seu conteuacutedo Em seguida eram

estimulados a responder se aquele era um problema que enfrentavam no acircmbito das

atividades de coleta extraccedilatildeo processamento comercializaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo da amecircndoa

do baru Em caso positivo a numeraccedilatildeo das fichas era lanccedilada no questionaacuterio

socioeconocircmico do agricultor para posterior anaacutelise

Metodologia similar foi aplicada nas instituiccedilotildees privadas que utilizam o baru como

mateacuteria-prima para seus produtos Foi apresentado ao entrevistado documento contendo

uma lista de obstaacuteculos ao bom funcionamento e crescimento dessas instituiccedilotildees (Anexo 7)

Em seguida o entrevistado era estimulado a marcar aquelas que correspondessem agraves

dificuldades que sua empresaassociaccedilatildeocooperativa vinha enfrentando

As respostas obtidas foram tratadas por meio do teste de comparaccedilatildeo de proporccedilatildeo

visando saber se eram estatisticamente significantes ao niacutevel de 95 Aquelas

estatisticamente significantes foram consideradas como obstaacuteculos agrave exploraccedilatildeo do baru

17 ORIGEM DOS DADOS

Para a realizaccedilatildeo da pesquisa foram utilizados dados primaacuterios obtidos a partir da

aplicaccedilatildeo de questionaacuterios junto aos atores da cadeia produtiva do baru e tambeacutem a partir

de entrevistas com representantes do executivo federal e estadual e legislativo federal

Os dados secundaacuterios utilizados foram obtidos a partir da bibliografia pesquisada

5 Eacute uma forma de entrevista baseada na utilizaccedilatildeo de recursos visuais onde o entrevistador pode

apresentar ao entrevistado fotos cartotildees paineacuteis filmes etc

16

18 AMOSTRAGEM

Os agricultores familiares foram selecionados pelo meacutetodo natildeo probabiliacutestico de

amostragem ldquobola de neverdquo De acordo com este meacutetodo um grupo inicial de agricultores

com caracteriacutesticas previamente definidas foi indicado por pesquisadores agentes de

oacutergatildeos puacuteblicos federais e estaduais Aquelas pessoas apoacutes terem sido entrevistadas

identificaram outras elementos que pertenciam agrave mesma populaccedilatildeo-alvo Essa forma de

amostragem eacute bastante utilizada para estimar caracteriacutesticas raras na populaccedilatildeo e sua

principal vantagem eacute aumentar substancialmente a possibilidade de localizar a caracteriacutestica

desejada na populaccedilatildeo No presente caso a caracteriacutestica desejada foi a exploraccedilatildeo da

amecircndoa do baru

Nesse entendimento foram aplicados 19 questionaacuterios em trecircs comunidades

diferentes sendo duas no Municiacutepio de Pirenoacutepolis nos Distritos de Caxambuacute e Bom Jesus

e uma no Municiacutepio de Formosa no Assentamento Vale da Esperanccedila (Figura 3) No

Distrito de Caxambuacute foram aplicados quatro questionaacuterios no de Bom Jesus sete

questionaacuterios e no Vale da Esperanccedila 8 questionaacuterios

Figura 3 ndash Localizaccedilatildeo dos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis no Estado de Goiaacutes Fonte IBGE (2010)

Embora o Distrito de Caxambuacute (16deg 00rsquo 47rdquo S 49deg 02rsquo 3098rdquo O) conte com 598

pessoas o de Bom Jesus (15deg 45rsquo 4976rdquo S 49deg 09rsquo 3006rdquo O) conte com 233 pessoas

(CARVALHO 2001) e o Assentamento Vale da Esperanccedila (15deg 00rsquo 0806rdquo S 47deg 24rsquo 0937rdquo

O) com 165 famiacutelias (UnB 2010) natildeo foi possiacutevel selecionar as amostras pelo meacutetodo

17

probabiliacutestico pelo fato de todo este universo contar com somente 19 famiacutelias que coletam e

extraem a amecircndoa da baru

Jaacute as instituiccedilotildees privadas que participaram da amostra foram selecionadas pelo

meacutetodo natildeo probabiliacutestico uma vez que dependeu do julgamento do pesquisador De

acordo com este meacutetodo as instituiccedilotildees satildeo escolhidas para responderem ao questionaacuterio

por preencherem criteacuterios previamente definidos e relacionados com a relevacircncia das

informaccedilotildees que poderiam fornecer No caso do presente trabalho o principal criteacuterio foi a

utilizaccedilatildeo do baru como mateacuteria-prima para os produtos que satildeo levados ao mercado

consumidor ou a outras empresas processadoras O outro criteacuterio eacute que estas

empresasassociaccedilotildeescooperativas deveriam estar estabelecidas proacuteximas agraves regiotildees

fornecedoras de baru (Formosa e Pirenoacutepolis)

As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com representantes de instituiccedilotildees

puacuteblicas nas esferas federal e municipal do poder executivo com a atribuiccedilatildeo de

desenvolver accedilotildees na aacuterea de poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a utilizaccedilatildeo sustentaacutevel da

biodiversidade e tambeacutem com representante do poder legislativo federal com atuaccedilatildeo na

aacuterea de conservaccedilatildeo do Cerrado Essas instituiccedilotildees tambeacutem foram selecionadas pelo

meacutetodo natildeo probabiliacutestico

O modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais dos

Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes foi submetido a dirigentes de quatro

instituiccedilotildees privadas comunitaacuterias para validaccedilatildeo (associaccedilotildees e cooperativas) Essas

instituiccedilotildees operam com a amecircndoa do baru e estatildeo domiciliadas nos Estados de Mato

Grosso Mato Grosso do Sul Tocantins e Minas Gerais

19 COLETA DE DADOS

A coleta de dados no acircmbito deste estudo foi realizada a partir de questionaacuterios

aplicados observaccedilatildeo direta entrevistas semiestruturadas e anaacutelise de documentos Foram

contatados 47 atores assim distribuiacutedos 19 agricultores familiares 21 representantes de

instituiccedilotildees privadas (empresascooperativaassociaccedilatildeo) e sete membros do executivo

federal e municipal e legislativo federal6

Um dos questionaacuterios aplicados aos agricultores familiares (Anexo 3) consistiu de 27

perguntasindicadores distribuiacutedos pelas cinco dimensotildees da sustentabilidade e em outro

questionaacuterio (Anexo 4) foram apresentadas perguntas sobre a situaccedilatildeo socioeconocircmica dos

respondentes Foram aplicados 19 questionaacuterios nos Municiacutepios de Pirenoacutepolis e Formosa

6 Todas as entrevistas foram realizadas com o consentimento dos entrevistados Antes de iniciar cada

entrevista foi informado ao entrevistado que seu nome e o nome da instituiccedilatildeo que representava seriam mantidos em sigilo

18

Outro meacutetodo consistiu na apresentaccedilatildeo de 35 fichas coloridas preenchidas com

obstaacuteculos preacute-escolhidos referentes agrave coleta beneficiamento e comercializaccedilatildeo da

amecircndoa do baru As mensagens contidas na ficha se encontram listadas no Anexo 5 Estas

fichas eram apresentadas ao agricultor que escolhia aquele obstaacuteculo que julgava mais

pertinente A escolha do agricultor era em seguida anotada

Jaacute o questionaacuterio aplicado nas instituiccedilotildees privadas (Anexo 6) consistiu de 38

perguntasindicadores distribuiacutedos pelas cinco dimensotildees da sustentabilidade Foram

aplicados 21 questionaacuterios em instituiccedilotildees domiciliadas nas cidades de Pirenoacutepolis Brasiacutelia

Goiacircnia e Alto Paraiacuteso Foi apresentada aos representantes das instituiccedilotildees privadas uma

lista (Anexo 7) com obstaacuteculos que enfrentam para viabilizar o seu empreendimento Os

respondentes marcaram aqueles obstaacuteculos mais pertinentes

110 ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS

Foram realizadas sete entrevistas semiestruturadas com um deputado federal e com

formuladores de poliacuteticas puacuteblicas nas esferas federal e municipal do poder executivo A

entrevista consistiu em perguntas dirigidas diretamente ao entrevistado cujas respostas

eram gravadas e depois transcritas Foram entrevistados dirigentes dos seguintes oacutergatildeos

Ministeacuterio do Meio Ambiente (MMA) Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio (MDA)

Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (Mapa) Serviccedilo Florestal Brasileiro

(SFB) Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Secretaria Municipal de Meio

Ambiente de Pirenoacutepolis

111 MODELO PRODUTIVO DO BARU

Para a proposiccedilatildeo do modelo foi realizado levantamento de dados junto aos atores de

cada segmento da cadeia produtiva do baru o que permitiu a confrontaccedilatildeo com os modelos

de exploraccedilatildeo de recursos naturais vegetais propostos por Homma (1993) Recircgo (1992) e

Drummond (1996) Os resultados dessa confrontaccedilatildeo levaram a proposiccedilatildeo de um modelo

para a exploraccedilatildeo do baru no Cerrado Goiano

Este novo modelo produtivo foi analisado agrave luz das dimensotildees da sustentabilidade

ecoloacutegica social econocircmica e poliacutetico propostas por Sachs (1993) e da sustentabilidade

da sauacutede (MATIAS NUNES 2004) de modo a avaliar se a atividade de exploraccedilatildeo do baru

no Cerrado Goiano pode ser considerada uma alternativa sustentaacutevel de geraccedilatildeo local de

renda

Para fins de validaccedilatildeo o modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do baru foi apresentado a

dirigentes de instituiccedilotildees privadas que operam com a amecircndoa As alteraccedilotildees sugeridas

foram incorporadas a esse modelo As instituiccedilotildees que participaram dessa etapa do trabalho

foram Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativista Grande Sertatildeo (Montes

19

Claros MG) Centro de Produccedilatildeo Pesquisa e Capacitaccedilatildeo do Cerrado (Ceppec) (Nioaque

MS) Cooperativa Mista de Produtores Rurais de Poconeacute ndash (Comprup) (Poconeacute MT) e

Cooperfruto (Santa Maria do Tocantins TO)

20

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

O extrativismo foi a primeira atividade realizada pelo homem para manter a sua

subsistecircncia

Com as transformaccedilotildees ocorridas na Terra no fim do paleoliacutetico quando ocorreu um

novo aquecimento do clima aliado ao degelo das calotas polares que elevaram o niacutevel dos

mares e o surgimento de novas formaccedilotildees florestais nos continentes o Homo sapiens teve

que se adaptar a essas novas condiccedilotildees colocando em praacutetica novas formas de exploraccedilatildeo

dos recursos naturais A pesca e a caccedila aos grandes e pequenos animais foi aperfeiccediloada

com a invenccedilatildeo de novas armas armadilhas e apetrechos Os caccediladores e extrativistas

com a escassez dos recursos locais se deslocavam para outra regiatildeo que lhes permitisse

manter a praacutetica da caccedila e da coleta de subsistecircncia (MAZOYER ROUDART 1998)

Essas atividades fizeram parte do modo de vida dos indiacutegenas brasileiros que tiveram

na exuberacircncia da floresta tropical ou mesmo nas savanas do Planalto Central uma fonte

inesgotaacutevel de recursos naturais Tendo na atividade extrativa de recursos naturais uma

estrateacutegia de sobrevivecircncia a interaccedilatildeo com os elementos naturais proporcionou inclusive

a domesticaccedilatildeo de algumas espeacutecies como a mandioca o amendoim e o abacaxi entre

outros

O fato eacute que as florestas aleacutem de contribuiacuterem para a manutenccedilatildeo da vida humana

influenciaram profundamente a sua consciecircncia e cultura A secular interaccedilatildeo desses povos

com o meio ambiente fez surgir os conhecimentos inovaccedilotildees e praacuteticas tradicionais que

formam seu extenso patrimocircnio sociocultural

O extrativismo vegetal sempre fez parte da histoacuteria econocircmica brasileira seja em

maior ou menor intensidade No Seacuteculo XVII o Estado do Maranhatildeo e Gratildeo-Paraacute jaacute se

constituiacuteam em um imenso empoacuterio de produtos florestais as chamadas ldquodrogas do sertatildeordquo

(SILVA 1990) Tais produtos natildeo eram somente explorados por grupos indiacutegenas como

fizeram parte da vida do colono portuguecircs que assimilou muitas caracteriacutesticas da cultura e

dos haacutebitos dos primeiros habitantes do Brasil

Atualmente inuacutemeras famiacutelias que fazem da agricultura seu principal meio de

sobrevivecircncia tecircm na extraccedilatildeo de PFNMs um elemento de complementaccedilatildeo de renda e

subsistecircncia Em alguns casos chegam a colocar a agricultura de subsistecircncia em segundo

plano em funccedilatildeo dos ganhos econocircmicos alcanccedilados com a atividade extrativa

Vaacuterias satildeo as denominaccedilotildees para os componentes da biodiversidade manejados por

grupos sociais Homma (1993) trata-os como ldquorecursos extrativosrdquo Recircgo (1992) como

ldquorecursos naturaisrdquo Van Rijsoort (2000) Santos et al (2003) Alexiades e Shanley (2004)

como ldquoprodutos florestais natildeo madeireirosrdquo Estas denominaccedilotildees surgem como expressotildees

21

para a grande diversidade de produtos animais e vegetais oriundos da floresta mas que natildeo

se referem diretamente agrave madeira ou seus derivados

No entanto o conceito de ldquoprodutos extrativosrdquo ao longo do tempo vem gerando

divergecircncias Para alguns o termo ldquoprodutos natildeo madeireirosrdquo eacute insuficiente porque pode

excluir produtos como o combustiacutevel da madeira e madeira com pequeno diacircmetro

destinada agrave construccedilatildeo Por outro lado uma maacute interpretaccedilatildeo do conceito pode incluir na

definiccedilatildeo produtos como a polpa da madeira (UNASYLVA 1991)

Embora a tendecircncia atual seja pelo emprego do termo ldquoproduto florestal natildeo

madeireirordquo o problema da conceituaccedilatildeo para esses componentes da biodiversidade

somente seraacute resolvido quando praacuteticas de uso de florestas e poliacuteticas puacuteblicas forem

ajustadas para que recebam a atenccedilatildeo que merecem (UNASYLVA 1991)

Alguns autores entendem o extrativismo como uma praacutetica econocircmica (HOMMA

1993 LESCURE et al 1994) e ainda outros a entendem como uma alternativa econocircmica

fundada no modo de vida e cultura dos grupos sociais que exploram recursos naturais

(REcircGO 1992) Por ser uma atividade que provoca controveacutersia quanto a sua viabilidade

econocircmica alguns estudiosos vecircm se debruccedilando sobre o assunto na tentativa de conhecer

as suas implicaccedilotildees como fenocircmeno social econocircmico e cultural

Para Drummond (1996) o extrativismo eacute um modo de produzir bens consistindo na

retirada de recursos naturais diretamente da sua aacuterea de ocorrecircncia natural em contraste

com outras atividades econocircmicas praticadas pelo homem Para ele a caccedila a pesca e a

coleta de produtos vegetais satildeo os trecircs exemplos claacutessicos de atividades extrativas embora

em algumas sociedades contemporacircneas existam grupos que praticam essas atividades

como parte das suas estrateacutegias de sobrevivecircncia e ao mesmo tempo desenvolvem

agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato serviccedilos ou induacutestria

O autor afirma que o termo extrativismo tambeacutem se aplica a atividades realizadas por

certos setores econocircmicos de sociedades complexas com a intermediaccedilatildeo de tecnologia e

maacutequinas mais sofisticadas como eacute o caso da induacutestria mineradora da extraccedilatildeo de petroacuteleo

e do corte de aacutervores em larga escala entre outros

Classifica esta atividade em extrativismo de baixa tecnologia e de alta tecnologia No

extrativismo de baixa tecnologia estatildeo incluiacutedas aquelas praacuteticas em que natildeo exigem

mediaccedilotildees tecnoloacutegicas ou mecacircnicas complexas entre os humanos e os recursos naturais

Caracteriza-se por ser uma atividade importante apenas em aacutereas remotas ou de

fronteira (onde tecnologia capital e infraestrutura satildeo escassos) Estatildeo incluiacutedas nesta

categoria a caccedila a pesca e a coleta vegetal Esse tipo de extrativismo que forma a base

exclusiva ou quase exclusiva de sustento caracteriza um tipo de sociedade que pode ser

qualificada de primitiva ou tribal Pode conviver com o extrativismo de alta tecnologia

22

numa mesma regiatildeo e em um mesmo setor da economia como uma forma tradicional que

sobrevive agrave modernizaccedilatildeo

A atividade extrativa de alta tecnologia seria aquela em que certos materiais naturais

satildeo retirados no seu local de ocorrecircncia natural por intermeacutedio de tecnologia e maquinaacuterio

mais sofisticados Incluem-se nesta categoria a mineraccedilatildeo a extraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes

natural e o corte de aacutervores em grande escala Nesses casos o extrativismo natildeo caracteriza

a sociedade como um todo e sim certos setores econocircmicos de sociedades complexas

dotadas de agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato induacutestria transformativa e serviccedilos

O extrativismo de baixa tecnologia de produtos de origem vegetal se caracteriza por

natildeo utilizar grandes insumos de capital e tecnologia No entanto a curto prazo podem surgir

formas mais modernas de extrair esses mesmos bens Esse extrativismo se aplica a bens

cujos estoques satildeo repostos por processos naturais numa escala de tempo compatiacutevel com

a cultura humana

Eacute caracteriacutestica desse extrativismo quando voltado para o mercado concentrar-se em

praticamente um uacutenico bem de valor instaacutevel sujeito a ciclos de prosperidade e falecircncia

Esse bem costuma ser exportado da regiatildeo produtora em estado bruto ou processado

apenas para preservar as suas caracteriacutesticas naturais Essa operaccedilatildeo transfere para outras

regiotildees os benefiacutecios vinculados ao processamento secundaacuterio agrave transformaccedilatildeo industrial

agrave comercializaccedilatildeo ao marketing e ao transporte dos produtos finais

Outro traccedilo desse tipo de extrativismo eacute que o homem que o pratica tambeacutem produz

valores de uso ou seja bens como a caccedila a pesca a coleta o artesanato a agricultura e

a criaccedilatildeo de animais para o seu consumo ou para trocas locais Desse modo a sua accedilatildeo

introduz mudanccedilas na floresta alterando o ecossistema embora num grau muito menor que

qualquer outra atividade econocircmica possibilitando a manutenccedilatildeo dos sistemas ecoloacutegicos

complexos alta produtividade bioloacutegica e rica biodiversidade que por sua vez continuam a

gerar produtos extrativos

No texto Drummond (1996) aponta questotildees baacutesicas sobre o extrativismo de baixa

tecnologia na Amazocircnia tendo como propoacutesito discutir a questatildeo da viabilidade das reservas

extrativista naquela regiatildeo Satildeo colocados argumentos favoraacuteveis e contraacuterios a esse ldquomodo

extrativo de produccedilatildeordquo (p 137) e as implicaccedilotildees dos argumentos apresentados No entanto

foram extraiacutedos do texto somente aqueles elementos que dizem respeito diretamente ao

extrativismo de baixa tecnologia de produtos vegetais que poderatildeo servir de subsiacutedio para

comparaccedilotildees no acircmbito do estudo proposto A saber

(a) Na atividade de extrativismo de baixa tecnologia uma grande percentagem da

produccedilatildeo natildeo passa dos circuitos locais de subsistecircncia e escambo no entanto

podem alcanccedilar o status de commodities

23

(b) Esse modo de extrativismo daacute origem a ou perpetua economias de mera subsistecircncia

que natildeo superam baixos niacuteveis de produtividade e de bem-estar

(c) Produtos extrativos tendem a ser substituiacutedos por espeacutecies vegetais domesticadas

eou por produtos sinteacuteticos

(d) Os produtos extrativos tecircm preccedilos de mercado natildeo confiaacuteveis o que tem sido

demonstrado pelos ciclos de elevaccedilatildeo e decliacutenio dos preccedilos das mateacuterias-primas e

dos produtos primaacuterios

(e) Os produtos extrativos satildeo intensivos em capital natural e por isso os seus preccedilos

satildeo os mais baixos numa economia complexa embora em casos de extrema raridade

ou de valor estrateacutegico possam alcanccedilar alta valorizaccedilatildeo no mercado

(f) As economias extrativas de baixa tecnologia em florestas tropicais soacute podem sustentar

uma baixa densidade populacional pelo fato das taxas de exploraccedilatildeo sustentada dos

recursos serem obrigatoriamente moderadas e a distribuiccedilatildeo natural dos recursos

vegetais e animais dessas florestas tropicais seja esparsa

(g) O extrativismo vegetal de baixa tecnologia exclui ou limita severamente quase todas

as outras atividades que usam recursos naturais ndash agricultura criaccedilatildeo de gado

mineraccedilatildeo corte de aacutervores plantio comercial de aacutervores hidreleacutetricas exploraccedilatildeo de

petroacuteleo e gaacutes natural

(h) O extrativismo enfrenta seacuterias barreiras culturais provenientes de parcela das

lideranccedilas poliacuteticas e sociais brasileiras que defendem para o Brasil uma economia

sedentaacuteria agroindustrial e urbanizada O extrativismo de baixa tecnologia

sustentaacutevel ou natildeo lhes parece retroacutegrado incompatiacutevel com o tipo de economia

emergente sustentada pelo paiacutes

(i) As economias extrativas se constituem de uma larga base de extratores pobres e um

estreito aacutepice de intermediaacuterios e ricos comerciantes As regiotildees extrativas

normalmente alcanccedilam pouca prosperidade pelo fato de os benefiacutecios trazidos pela

agregaccedilatildeo de valor dos produtos extrativos permanecerem nas aacutereas geograacuteficas para

onde esses produtos foram exportados O extrativismo mesmo sustentado e

comunitaacuterio natildeo tende a gerar um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave

justiccedila social

Todas essas consideraccedilotildees de Drummond servem para subsidiar seu entendimento

segundo o qual a atividade de extraccedilatildeo eacute uma forma tradicional de vida beneacutefica agrave

conservaccedilatildeo da floresta e que a presenccedila dos ldquopovos tradicionaisrdquo devidamente

organizados em reservas extrativistas deve ser parte de uma poliacutetica geral de preservaccedilatildeo

e conservaccedilatildeo das florestas amazocircnicas

24

Para explicar o fenocircmeno do extrativismo vegetal na Amazocircnia Homma (1993)

realizou um estudo teoacuterico sobre a economia extrativa tomando como base o pensamento

econocircmico neoclaacutessico segundo o qual em um sistema de livre mercado o preccedilo das

mercadorias e dos serviccedilos satildeo definidos pelo equiliacutebrio entre a oferta e a procura

Este extrativismo em que Homma se baseou para propor sua teoria foi chamado por

Almeida (1996) de ldquovelho extrativismordquo que tem como caracteriacutestica o acesso a aacutereas

abertas que satildeo sobreexploradas e esgotadas por trabalhadores desqualificados mal

pagos e oprimidos pelo patratildeo com o uso de tecnologias ultrapassadas cujo produto eacute

destinado a mercados externos e volaacuteteis

Homma (1993) conceitua a atividade como uma forma de exploraccedilatildeo econocircmica que

se limita uacutenica e exclusivamente agrave coleta de produtos na natureza A saber

O processo extrativista sempre foi entendido como primeira forma de

exploraccedilatildeo econocircmica limitando-se agrave coleta de produtos existentes na

natureza com baixa produtividade ou produtividade declinante [] tendendo

agrave sua extinccedilatildeo com o decorrer do tempo (p 1)

Nesses termos o seu modelo natildeo leva em consideraccedilatildeo as atividades agriacutecolas

pecuaacuterias agroflorestais e de beneficiamento desenvolvidas pelas comunidades que

exploram produtos da natureza

Para o referido autor o extrativismo vegetal possui uma base de desenvolvimento

bastante fraacutegil que somente se justifica pelo niacutevel de pobreza de quem o explora e do

mercado de matildeo de obra marginal Eacute uma economia moribunda com tendecircncia ao

desaparecimento em funccedilatildeo dos seguintes fatores crescimento do mercado desses

produtos poliacutetica salarial face agrave baixa produtividade da terra e da matildeo de obra

aparecimento de alternativas econocircmicas

Outra causa da extinccedilatildeo do extrativismo seria a destruiccedilatildeo das aacutereas de exploraccedilatildeo

pelo processo de expansatildeo da fronteira agriacutecola decorrente do crescimento da demanda de

produtos agriacutecolas e crescimento populacional Nesta dinacircmica as antigas formas de

exploraccedilatildeo extrativa desaparecem em funccedilatildeo da substituiccedilatildeo por outras atividades

econocircmicas Assim mesmo que existam possibilidades que venham a mudar a

conformaccedilatildeo do ciclo extrativo todas inevitavelmente terminaratildeo com o desaparecimento

da atividade

Homma (1993) entende como uma caracteriacutestica importante do extrativismo sobre o

qual teoriza a sua dependecircncia do setor agriacutecola de onde obteacutem os alimentos necessaacuterios

para a sua subsistecircncia e sua intermediaccedilatildeo com o setor comercial eou industrial

Classifica os processos extrativistas em dois grupos quanto agrave forma de exploraccedilatildeo

extrativismo por aniquilamento ou depredaccedilatildeo e extrativismo de coleta O extrativismo por

25

aniquilamento ou depredaccedilatildeo ocorre quando a obtenccedilatildeo do recurso econocircmico implica a

extinccedilatildeo dessa fonte ou quando a velocidade de regeneraccedilatildeo for inferior agrave velocidade de

exploraccedilatildeo extrativa Exemplo dessa categoria eacute a caccedila e a pesca indiscriminadas Jaacute o

extrativismo de coleta ocorre no caso de uma obtenccedilatildeo forccedilada no iniacutecio da exploraccedilatildeo do

recurso com o objetivo de conseguir alta produtividade levando ao seu aniquilamento a

meacutedio e longo prazos ou quando a velocidade de extraccedilatildeo for igual agrave velocidade de

recuperaccedilatildeo que propiciaraacute que o recurso permaneccedila em equiliacutebrio

De acordo com essa classificaccedilatildeo toda praacutetica de extrativismo vegetal seria

insustentaacutevel uma vez que a exploraccedilatildeo do recurso econocircmico extinguiria a fonte de

produccedilatildeo (extrativismo por aniquilamento ou depredaccedilatildeo) ou conduziria para o seu

aniquilamento a meacutedio e longo prazos (extrativismo de coleta) Admite no maacuteximo um

equiliacutebrio caso a velocidade de extraccedilatildeo seja igual agrave velocidade de recuperaccedilatildeo

Basicamente a teorizaccedilatildeo de Homma (1993) sobre o extrativismo estabelece que a

evoluccedilatildeo da extraccedilatildeo dos recursos vegetais se caracteriza por quatro fases expansatildeo

estabilizaccedilatildeo decliacutenio e plantio domesticado No iniacutecio da exploraccedilatildeo a demanda pelo

produto extrativo eacute baixa Poreacutem o desenvolvimento da tecnologia dos meacutetodos de

exploraccedilatildeo da melhoria da infraestrutura na regiatildeo onde o recurso se encontra melhoram as

perspectivas de mercado e reduz os custos da extraccedilatildeo Nesta fase ocorre uma grande

oferta do produto contra uma baixa demanda

Com o crescimento do mercado a melhoria dos processos de transporte e

comercializaccedilatildeo somados a disponibilidade de infraestrutura a oferta e a demanda

tenderiam a entrar em equiliacutebrio proacuteximo agrave capacidade maacutexima de extraccedilatildeo Esta seria a

fase de estabilizaccedilatildeo A partir dessa fase o ciclo eventualmente esbarraraacute numa limitaccedilatildeo

de oferta em funccedilatildeo do caraacuteter fixo e limitado do recurso

Na fase de decliacutenio o aumento da demanda forccedilaraacute a subida dos preccedilos o que

induziraacute os produtores a superexplorar o recurso causando o seu esgotamento ndash ou mesmo

a sua extinccedilatildeo total ndash e portanto uma rigidez da oferta Consequentemente os custos para

a obtenccedilatildeo do produto iratildeo aumentar em razatildeo da pouca disponibilidade do produto na

natureza o que acabaraacute por inviabilizar a sua exploraccedilatildeo

A partir desse ponto podem ocorrer duas situaccedilotildees para aliviar a pressatildeo sobre o

recurso A primeira eacute que havendo viabilidade teacutecnica buscam-se substitutos sinteacuteticos

para o produto e a segunda situaccedilatildeo eacute o melhoramento geneacutetico da espeacutecie aliado ao

desenvolvimento das teacutecnicas para o seu cultivo racional ou seja a sua domesticaccedilatildeo A

domesticaccedilatildeo provoca uma queda de preccedilo do produto no mercado em razatildeo do aumento

da oferta O extrativismo entra em decliacutenio uma vez que os custos para a sua extraccedilatildeo satildeo

26

maiores que o seu preccedilo no mercado Essa sequecircncia pode ser demonstrada no fluxograma

abaixo (Figura 4)

Figura 4 ndash Possiacuteveis formas de utilizaccedilatildeo do recurso natural depois da sua transformaccedilatildeo em recurso econocircmico Fonte Homma (1993 p 3)

Nesse entendimento a atividade de extrativismo somente eacute viaacutevel no caso da

inexistecircncia de alternativas econocircmicas de plantios domesticados ou de substitutos

sinteacuteticos Assim na medida em que apareccedilam novas alternativas por ser uma atividade

com baixa produtividade torna-se inviaacutevel a sua permanecircncia a menos que a sua

exploraccedilatildeo seja subsidiada ou sejam criados mercados poliacuteticos para produtos locais

Excepcionalmente os dois modos de exploraccedilatildeo do recurso ndash o cultivo racional e o

extrativismo ndash podem coexistir em decorrecircncia do crescimento da demanda que provoca a

elevaccedilatildeo do preccedilo de equiliacutebrio viabilizando o extrativismo quando o estoque eacute suficiente

Contrapondo-se ao pensamento de Homma sobre o extrativismo Amazocircnico Recircgo

(1992) assinala que a realidade econocircmica da regiatildeo passou por profundas transformaccedilotildees

e que praticamente natildeo existe mais aquele ldquoextrativismordquo que foi a base dos estudos

daquele autor Considera que atualmente esse extrativismo como atividade estaria

associado agrave agricultura e pecuaacuteria com caracteriacutesticas do modo de vida das populaccedilotildees

locais

Com base nestas consideraccedilotildees propotildee uma nova alternativa econocircmica para a

Regiatildeo que chama de ldquoneoextrativismordquo e que afirma ser a mais correta para designar a

atividade de coleta de recursos naturais combinada agraves atividades agriacutecolas e pecuaacuterias

incluiacutedas no modo de vida e cultura extrativistas Diz tratar-se de um conceito ldquoligado a todas

as instacircncias da vida social a econocircmica a poliacutetica e a culturalrdquo (p 1) uma vez que envolve

os saberes e praacuteticas tradicionais daqueles grupos sociais que habitam o local onde ocorre

a praacutetica do extrativismo (REcircGO 1992)

Esse conceito leva em consideraccedilatildeo a coexistecircncia entre espeacutecies vegetais e animais

e os grupos humanos locais sejam indiacutegenas ou populaccedilotildees tradicionais Admite que estas

populaccedilotildees baseiam seu modo de vida ldquona dependecircncia e simbiose com a natureza no

conhecimento empiacuterico e simboacutelico dos ciclos e recursos naturais e tal saber eacute a base dos

sistemas de manejo de baixo impacto praticadosrdquo (p 5)

Recurso Natural Extrativismo Domesticaccedilatildeoo

Sinteacutetico

27

Esse novo modelo de exploraccedilatildeo tem como pressuposto a coerecircncia com as

caracteriacutesticas ambientais em que se encontra com as aspiraccedilotildees e exigecircncias culturais do

seu povo devendo expressar as novas relaccedilotildees de forccedilas sociais

De acordo com esse conceito a produccedilatildeo tem como base o trabalho familiar ou

comunitaacuterio subordina-se aos ciclos naturais depende do uso imediato dos recursos e tem

como racionalidade natildeo o lucro mas a reproduccedilatildeo social e cultural Essa nova forma de

produccedilatildeo se expressa pela exploraccedilatildeo de espeacutecies animais e vegetais da floresta

integraccedilatildeo do sistema de valores do trabalhador extrativista inserccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

espaccedilo existente no extrativismo inclusatildeo no sistema de manejo apoiado em saberes

praacuteticas e tradiccedilotildees do trabalhador extrativista e harmonizaccedilatildeo com os haacutebitos dos

processos de trabalho extrativistas (REcircGO 1992)

Na verdade este conceito tem por base as alteraccedilotildees ocorridas no bioextrativismo

caracterizado pelo autor como sendo

A intervenccedilatildeo na biota dos ecossistemas naturais pelo homem

(componente da biota) baseada na racionalidade da reproduccedilatildeo

familiarcomunitaacuteria e sobredeterminada por seu universo cultural fundado

na simbiose praacutetica e simboacutelica com a natureza Tal intervenccedilatildeo visa

produzir biomassa uacutetil e eacute regulada por sistemas de manejo imediato

associados agrave introduccedilatildeo e exploraccedilatildeo de plantas e animais em niacuteveis pouco

intensos que natildeo alteram substancialmente a comunidade bioacutetica do

ecossistema (p 5)

Uma vez que a produccedilatildeo baseada no bioextrativismo adquire uma nova loacutegica evolui

diversificando-se agregando-se conhecimento teacutecnico mas natildeo perdendo o seu liame com

o universo cultural da populaccedilatildeo extrativista Entatildeo surge o neoextrativismo

O conceito de neoextrativismo natildeo admite a agropecuaacuteria e a silvicultura baseadas no

uso de fertilizantes quiacutemicos pesticidas herbicidas e maacutequinas e implementos agriacutecolas

que caracterizaram a Revoluccedilatildeo Verde As teacutecnicas admitidas no acircmbito desse novo

extrativismo envolvem a diversificaccedilatildeo de culturas o consoacutercio de espeacutecies a adoccedilatildeo dos

ciclos que imitariam as fases de sucessatildeo ecoloacutegica da floresta

O neoextrativismo pode ser considerado um modelo de desenvolvimento sustentaacutevel

baseado na cultura proacutepria das populaccedilotildees extrativistas e em sistemas produtivos familiares

que harmonizem benefiacutecios econocircmicos sociais e ambientais (REcircGO 1996) Esse modelo

no entanto carece de pesquisas teoacutericas capazes de desenvolvecirc-lo alargando os seus

conceitos bem como de pesquisas empiacutericas para validaacute-lo

Essa dimensatildeo sociocultural da atividade extrativa tambeacutem foi observada por

Alexiades e Shanley (2004) que afirmaram estar relacionada com a multidimensionalidade

28

da atividade de exploraccedilatildeo de PFNMs Os PFNMs possuem caraacuteter multidimensional pois

natildeo satildeo somente utilizados para atender agraves necessidades de subsistecircncia nem mesmo

para servir como um bem econocircmico comercializado entre atores sociais poreacutem fazem

parte da vida poliacutetica institucional e cultural dos grupos envolvidos na coleta e consumo

Unidades familiares de produccedilatildeo rural em diversas regiotildees do paiacutes praticam a

extraccedilatildeo de PFNMs como fonte de renda alternativa e de absorccedilatildeo de matildeo de obra familiar

Na maioria dos casos esta atividade se realiza para complementar a renda do grupo uma

vez que a atividade principal seria a prestaccedilatildeo de serviccedilos a lavoura eou pecuaacuteria No

entanto em determinadas regiotildees como na Amazocircnia onde a exploraccedilatildeo de produtos

florestais eacute uma praacutetica de destacada importacircncia e que consome grande parte da forccedila de

trabalho familiar a agricultura torna-se marginal pelo fato de o cultivo de gratildeos eou

pecuaacuteria ser praticado como uma atividade de subsistecircncia que ocupa pouco tempo dos

membros da famiacutelia

O fato de dispensarem mais tempo para a exploraccedilatildeo de PFNMs e pouco do tempo

restante para as atividades agriacutecolas eou pecuaacuterias natildeo exclui o grupo de estar praticando

agricultura de caraacuteter familiar uma vez que a atividade continua a se fundamentar na

relaccedilatildeo entre propriedade trabalho e famiacutelia Em essecircncia o que identifica determinada

atividade rural como exploraccedilatildeo familiar natildeo eacute a fraccedilatildeo de tempo dedicado a essa ou aquela

tarefa mas a existecircncia da relaccedilatildeo supramencionada

De qualquer maneira a partir do momento que passa a se constituir como uma fonte

de renda a exploraccedilatildeo de PFNMs adquire importacircncia econocircmica para o grupo familiar e

para a regiatildeo onde eacute praticado Justamente quando passa a existir como atividade

econocircmica e consequentemente a se submeter agraves leis do mercado eacute que surgem as

maiores controveacutersias a respeito da sua viabilidade ambiental social e econocircmica

Uma das mais interessantes discussotildees a respeito da viabilidade da exploraccedilatildeo

econocircmica de PFNMs surgiu em torno do modelo sobre a dinacircmica do extrativismo vegetal

proposto por Homma (1993) tendo como base a exploraccedilatildeo da borracha natural naquela

regiatildeo na primeira metade do Seacuteculo XX Como mencionado anteriormente o autor se apoia

na teoria econocircmica neoclaacutessica alegando que em uma economia de mercado a atividade

extrativista estaacute sujeita agrave interferecircncia de diversas variaacuteveis que levam ao seu

desaparecimento inevitaacutevel a meacutedio e longo prazos Uma dessas variaacuteveis eacute a

domesticaccedilatildeo pois amplia as possibilidades de oferta aumenta a produtividade e a

produccedilatildeo e estrangula a economia extrativa Assim o crescimento da demanda e a

incapacidade do setor extrativo em ampliar a capacidade de oferta forccedilam o processo de

domesticaccedilatildeo o aparecimento de substitutos sinteacuteticos e o desaparecimento dessa

atividade Acrescenta que o extrativismo vegetal possui uma base de desenvolvimento

29

bastante fraacutegil que somente se justifica pelo niacutevel de pobreza de quem o explora e do

mercado de matildeo de obra marginal

Para alguns uma das caracteriacutesticas comuns da exploraccedilatildeo de recursos extrativos na

Amazocircnia eacute o fato de estar associada com a agricultura de subsistecircncia e criaccedilatildeo de

animais Dessa forma o extrativismo em que Homma se baseou para propor o seu modelo

somente pode ser encontrado nos lugares mais inacessiacuteveis daquela regiatildeo Portanto o

modelo claacutessico que busca explicar a dinacircmica da exploraccedilatildeo extrativista natildeo se aplicaria a

maioria dos casos de exploraccedilatildeo de produtos florestais (ALLEGRETTI 1994)

Recircgo (1992) afirma que Homma ao conceituar o extrativismo vegetal Amazocircnico

apoiou-se equivocadamente na visatildeo segundo a qual a atividade natildeo passa de uma simples

coleta de recursos e que mesmo a agricultura eou pecuaacuteria que o extrativista pratica nas

suas terras natildeo seria extrativismo mas domesticaccedilatildeo Teacutecnicas de cultivo como sistemas

agroflorestais adensamento da mata com espeacutecies nativas e ilhas de alta produtividade

tambeacutem natildeo integrariam aquele conceito de extrativismo

Ao analisar o modelo de Homma Almeida (1996) aponta duas falhas ali existentes a

primeira eacute que os microfundamentos daquele modelo ou seja a suposiccedilatildeo sobre o

comportamento da unidade familiar natildeo satildeo explicados nem testados A segunda eacute que o

modelo falha ao desconsiderar a dimensatildeo temporal uma vez que um dado sobre uma

praacutetica sustentaacutevel no passado natildeo eacute garantia para o mesmo comportamento no futuro se

os preccedilos e o mercado mudam e os fatores como terra e trabalho tecircm usos alternativos

No que diz respeito ao mercado para produtos extrativistas da Amazocircnia brasileira

Schwartzman (1994) entende que o modelo de Homma descreve uma trajetoacuteria de produtos

extrativistas maiores como a borracha e o cacau poreacutem nem todos seguem as etapas

daquele modelo Determinados processos sociais tecircm reflexos no mercado gerando efeitos

diversos nas trajetoacuterias dos produtos Nesse escopo enquanto uns desaparecem outros

ampliam a sua expressatildeo estabelecendo uma boa base para os sistemas de manejo

sustentaacuteveis da floresta

Em sentido contraacuterio Rai e Uhl (2004) afirmam que a dependecircncia de produtos

extrativistas por parte das comunidades locais pode ser problemaacutetica em razatildeo da

instabilidade de mercado distribuiccedilatildeo irregular do recurso acesso injusto ao recurso

florestal no acircmbito das comunidades rurais e a falta de seguranccedila da posse da terra

Se contrapondo agrave proposta de Homma surge o paradigma da exploraccedilatildeo extrativista

sustentaacutevel defendida por autores como Allegretti (1990 1994) Schwartzman (1989)

Anderson e Ioris (1992) Suas caracteriacutesticas satildeo baseadas no manejo tradicional de

sistemas naturais orientados para o bem-estar das pessoas e para a conservaccedilatildeo da

natureza (ALMEIDA 1996)

30

No entanto foi em torno da discussatildeo sobre a ocupaccedilatildeo sustentaacutevel da Amazocircnia

tendo a criaccedilatildeo de reservas extrativistas como uma das soluccedilotildees possiacuteveis que o debate se

firmou Segundo Homma (1993) o extrativismo vegetal teve relevacircncia no passado daquela

regiatildeo sendo que atualmente natildeo pode servir de modelo de desenvolvimento viaacutevel para a

Amazocircnia Argumenta que estas unidades de conservaccedilatildeo de uso direto na forma como

estatildeo sendo propostas tecircm a funccedilatildeo tatildeo somente de solucionar o problema dos atuais

extratores enquanto existirem

Drummond (1996) mostra-se favoraacutevel agraves reservas extrativistas e admite que o

extrativismo sustentaacutevel de baixa tecnologia pode ser ali adotado desde que em ldquobases

comunitaacuterias ecologicamente sustentaacuteveis e economicamente viaacuteveisrdquo (p 135) Admite

tambeacutem outras formas de exploraccedilatildeo nas reservas extrativistas como o manejo

agroflorestal que entende pode trazer grandes benefiacutecios aos moradores daquelas aacutereas

Argumenta que essa categoria de unidade de conservaccedilatildeo de uso direto somente se tornaraacute

viaacutevel se as comunidades locais que ali habitam adotarem a exploraccedilatildeo de um nuacutemero

variado de bens com o intuito de aproveitamento dos ciclos natildeo coincidentes de reproduccedilatildeo

natural desses bens e de oportunidades comerciais que natildeo sejam apenas sazonais e

desde que a coletividade que as explora consiga ligar as atividades de exploraccedilatildeo de bens

agraves atividades industriais comerciais e de serviccedilos

Considera desejaacuteveis as reservas extrativistas pelos seguintes aspectos (a) esse

setor extrativo cultural e politicamente saudaacutevel permitiraacute a sobrevivecircncia e a cidadania

plena de grupos tradicionais da populaccedilatildeo amazocircnica (b) representam um importante

avanccedilo para a causa de uma reforma agraacuteria democraacutetica (c) representam uma forma mais

leve de pressatildeo sobre as unidades de conservaccedilatildeo e (d) o modo extrativo de produccedilatildeo

pode ser a atividade mais racional para explorar determinadas terras florestadas

amazocircnicas

Apesar de concordar que a viabilidade econocircmica do extrativismo eacute duvidosa

considerando o seu desempenho histoacuterico Anderson (1994) argumenta que se levando em

conta o fraco desempenho econocircmico de atividades agropecuaacuterias na Amazocircnia os custos

ambientais associados e a persistecircncia dessa praacutetica entre milhotildees de habitantes da regiatildeo

a viabilidade econocircmica do extrativismo parece ser mais promissora Para o autor essas

criacuteticas contra a viabilidade econocircmica do extrativismo natildeo levam em conta o desempenho

econocircmico de outros usos da terra na Amazocircnia e por serem baseados numa anaacutelise

histoacuterica natildeo consideram as recentes mudanccedilas sociais que poderiam melhorar a eficiecircncia

das economias baseadas no manejo de PFNMs Adverte que as criacuteticas tambeacutem natildeo levam

em conta que o extrativismo representa uma opccedilatildeo econocircmica para centenas de milhares

de pessoas que residem na zona rural amazocircnica e que os baixos riscos e investimentos

31

associados com a coleta de produtos silvestres tornam essa atividade uma opccedilatildeo essencial

para a populaccedilatildeo de baixa renda

Embora tente explicar a dinacircmica do extrativismo o modelo proposto por Homma natildeo

tem aplicaccedilatildeo para a exploraccedilatildeo dos PFNMs do Cerrado Particularmente porque apresenta

como pressuposto o extrativismo vegetal da borracha que predominou na Amazocircnia no

passado tendo como principal caracteriacutestica o capital foracircneo e o latifuacutendio (RUEDA 1995)

aleacutem das relaccedilotildees de trabalho estabelecidas sob viacutenculos de subordinaccedilatildeo entre o

seringueiro e o seringalista que o impedia de cultivar sua proacutepria roccedila para que o seu

tempo fosse integralmente dedicado agrave sangria O contexto eacute bastante diverso daquele

encontrado no Cerrado cujas atividades de exploraccedilatildeo de PFNMs acontecem sob outras

bases econocircmicas e sociais

Os grupos sociais rurais que habitam a Regiatildeo do Planalto Central tecircm na coleta de

componentes da biodiversidade uma atividade de complementaccedilatildeo de renda familiar natildeo se

constituindo como sua atividade principal Normalmente datildeo preferecircncia agrave agricultura eou

pecuaacuteria eou atividades natildeo agriacutecolas ndash como a venda de trabalho para vizinhos

Contrariamente ao extrativismo da borracha natural que tomava todo o tempo do seringueiro

natildeo permitindo que se dedicasse a outra atividade o agricultor-coletor de produtos naturais

do Cerrado tem a autonomia de escolher qual atividade se dedicar para a sua reproduccedilatildeo

econocircmica e social

No que diz respeito agrave comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo autocircnomas as famiacutelias que

se ocupam da exploraccedilatildeo de PFNMs no Cerrado suas relaccedilotildees com o comprador satildeo

constituiacutedas em bases que natildeo geram viacutenculos de subordinaccedilatildeo Ademais natildeo dependem

de capital externo para a atividade de coleta fazendo uso da sua proacutepria forccedila de trabalho

para essa operaccedilatildeo

Para o agricultor familiar da Regiatildeo dos Cerrados a extraccedilatildeo de espeacutecies vegetais

costuma ocupar uma posiccedilatildeo de complementaridade de renda A relaccedilatildeo desse agricultor

com a biodiversidade do Cerrado eacute antiga Auguste de Saint-Hilaire naturalista francecircs na

sua obra intitulada ldquoViagem agrave Proviacutencia de Goiaacutesrdquo em 1819 registrou o uso do pequi

(Caryocar brasiliense Cambess) pela populaccedilatildeo local (SAINT-HILAIRE 1975) O quiacutemico

alematildeo Wilhelm Michler radicado no Brasil e falecido em 1889 jaacute relatava o uso do fruto do

tingui (Magonia pubescens St Hil) uma espeacutecie do Cerrado para a fabricaccedilatildeo de sabatildeo

(SANTOS et al 2000)

Para explicar a opccedilatildeo do agricultor da regiatildeo do Cerrado pela exploraccedilatildeo da

biodiversidade local Oliveira e Duarte (2008) admitem que aspectos climaacuteticos tais como a

ausecircncia ou escassez de chuvas durante determinado periacuteodo do ano pode ter levado o

sertanejo a desenvolver um sistema segundo o qual o risco inerente agrave produccedilatildeo agriacutecola

32

poderia ser amenizado pelo uso de espeacutecies nativas Argumentam que nesta regiatildeo os

processos migratoacuterios ecircxodo rural urbanizaccedilatildeo e a proacutepria diferenciaccedilatildeo da agricultura

familiar com sua inserccedilatildeo ao mercado contribuiacuteram para a transformaccedilatildeo de alguns

produtos pertencentes ao universo familiar regional em mercadorias (como guariroba e

pequi) abrindo novas possibilidades para o seu uso

Unidades familiares em todo o mundo podem ter parte da sua renda composta pela

exploraccedilatildeo de PFNMs Esses produtos satildeo importantes para os grupos empobrecidos

dentro de comunidades rurais Geralmente satildeo levados ao mercado na forma de mateacuteria

prima e de alimentos tanto para populaccedilotildees urbanas quanto para os habitantes das zonas

rurais (ARNOLD 1996)

Analisando a contribuiccedilatildeo da extraccedilatildeo do babaccedilu para a renda de populaccedilotildees rurais

empobrecidas no Nordeste do Brasil Hecht et al (1988) concluiacuteram que esta atividade eacute

aproximadamente equivalente agrave renda obtida com a venda de forccedila de trabalho e com a

praacutetica da agricultura destacando a sua importacircncia para a sobrevivecircncia destas

comunidades Ao estudarem a ldquoproduccedilatildeo invisiacutevelrdquo em um assentamento agroextrativista no

Municiacutepio de Nova Ipixuna Paraacute Menezes et al (2001) concluiacuteram que a renda proveniente

da comercializaccedilatildeo de produtos do extrativismo vegetal (incluindo produccedilatildeo de madeira)

alcanccedila o percentual de 265 da renda total mensal familiar enquanto a produccedilatildeo

autoconsumida de produtos do extrativismo vegetal (produccedilatildeo invisiacutevel) eacute responsaacutevel por

193 da renda total mensal dessas mesmas famiacutelias Em um projeto de assentamento no

Municiacutepio de Acrelacircndia no Estado do Acre a participaccedilatildeo do extrativismo (incluindo

madeira) na composiccedilatildeo da renda das famiacutelias foi de 289 (FRANCO ESTEVES 2008)

De acordo com os dados acima a renda familiar proveniente da extraccedilatildeo de PFNMs varia

enormemente dependendo da relaccedilatildeo da comunidade com o seu ambiente e das condiccedilotildees

de mercado para os produtos explorados No entanto o que chama a atenccedilatildeo eacute que a

exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute uma atividade natildeo agriacutecola presente em

grande nuacutemero de comunidades rurais no Brasil tanto para autoconsumo quanto para

produccedilatildeo de excedentes comercializaacuteveis

A combinaccedilatildeo de atividades agriacutecolas com atividades natildeo agriacutecolas por uma mesma

unidade familiar acompanhou o desenvolvimento da agricultura Esse fenocircmeno somente

recentemente comeccedilou a ser objeto de anaacutelise por parte de estudiosos das condiccedilotildees de

produccedilatildeo agriacutecola com base no trabalho familiar particularmente em razatildeo do aumento das

atividades natildeo agriacutecolas no meio rural e a crise da reproduccedilatildeo da agricultura de base

familiar (CARNEIRO 2006) Na tentativa de sistematizar os estudos acerca do assunto

ainda na deacutecada de 1970 cientistas sociais europeus cunharam o termo pluriatividade para

explicar o fenocircmeno por meio do qual membros da famiacutelia que habitam o meio rural optam

33

pelo exerciacutecio de diferentes atividades natildeo agriacutecolas mantendo a moradia no campo e uma

ligaccedilatildeo com a agricultura e a vida no espaccedilo rural (SCHNEIDER 2003)

Essa noccedilatildeo de pluriatividade pode ser considerada como a mais adequada para a

anaacutelise da estrateacutegia de diversificaccedilatildeo das atividades e das fontes de renda das unidades

familiares rurais no Brasil

Para Carneiro (2006) a pluriatividade adquiriu relevacircncia no paiacutes na caracterizaccedilatildeo de

fenocircmenos socioeconocircmicos associados agraves dinacircmicas por que passava o meio rural

identificadas por estudiosos como sendo o ldquonovo ruralrdquo (SILVA 1999) Contudo deve-se ter

em conta que apesar de ser bastante antiga a combinaccedilatildeo de atividades agriacutecolas e natildeo

agriacutecolas numa mesma propriedade rural o termo pluriatividade estaacute relacionado com as

transformaccedilotildees ocorridas recentemente na agricultura brasileira natildeo somente com a

modernizaccedilatildeo dessa agricultura mas tambeacutem na busca de alternativas de emprego ou

ocupaccedilatildeo provenientes do estreitamento das relaccedilotildees campo-cidade (CARNEIRO 2006)

Anjos (2001) considera de fundamental importacircncia a busca pelo real significado do

termo diferenciando-o das transformaccedilotildees gerais que perpassam as sociedades atuais

Entende que a pluriatividade acha-se inextrincavelmente vinculada agrave noccedilatildeo de agricultura

familiar e que emerge como uma estrateacutegia de resistecircncia e adaptaccedilatildeo desse modo de

fazer agricultura diante das transformaccedilotildees que se realizam tanto no seu interior como na

realidade em que se acha inserida

A pluriatividade natildeo pode ser generalizada como um fenocircmeno comum a todas as

composiccedilotildees de atividades agriacutecolas e natildeo agriacutecolas pois depende de outras caracteriacutesticas

que venham a diferenciaacute-la No universo dos grupos sociais envolvidos com a exploraccedilatildeo de

PFNMs podem ser encontradas tanto famiacutelias rurais como urbanas Muitas famiacutelias urbanas

desenvolvem essa atividade para fins de complementaccedilatildeo de renda Falta a essas famiacutelias

no entanto uma caracteriacutestica-chave para serem classificadas como pluriativas a

vinculaccedilatildeo agrave noccedilatildeo de agricultura familiar conforme ensina Anjos (2001) Mesmo as famiacutelias

rurais para que sejam categorizadas como pluriativas devem ter a composiccedilatildeo de sua

renda muito bem analisada em razatildeo da complexidade do fenocircmeno (ANJOS 2001)

A anaacutelise do fenocircmeno da pluriatividade no Brasil e em outros paiacuteses busca a

compreensatildeo das estrateacutegias de reproduccedilatildeo social e econocircmica das famiacutelias rurais

(SCHNEIDER 2003) Permite explicar o exerciacutecio de atividades natildeo agriacutecolas na unidade

de produccedilatildeo (FULLER 1990) No entanto de que forma a famiacutelia rural opta por acrescentar

as suas atividades agriacutecolas aquelas categorizadas como natildeo agriacutecolas pode ser explicado

pela claacutessica hipoacutetese chayanoviana do balanccedilo trabalho-consumo segundo a qual esta

escolha seraacute determinada pelo equiliacutebrio entre a satisfaccedilatildeo da demanda familiar e a proacutepria

penosidade do trabalho Ou seja enquanto a famiacutelia natildeo atingir o equiliacutebrio entre esses dois

34

elementos (enquanto a penosidade do trabalho for subjetivamente avaliada como inferior agrave

importacircncia das necessidades que o trabalho suportado satisfaz) teraacute todo o tipo de motivo

para prosseguir em sua atividade econocircmica Quando atinge esse ponto de equiliacutebrio natildeo

teraacute interesse em continuar trabalhando uma vez que todo dispecircndio adicional de trabalho

torna-se mais difiacutecil de suportar do que a renuacutencia aos seus efeitos econocircmicos

(CHAYANOV1981)

A economia neoclaacutessica apesar de ter como base teoacuterica conceitos derivados da

sociedade capitalista propocircs modelos explicativos sobre o comportamento da economia

camponesa Abramovay (2007) aponta trecircs modelos (entre os vaacuterios jaacute propostos para

explicar a questatildeo) que poderiam ser considerados os mais significativos para explicar a

racionalidade econocircmica do camponecircs Primeiramente o de Schultz (1965) segundo o qual

o agricultor tradicional no que se refere agrave racionalidade econocircmica se conduz de maneira

equivalente a empresas modernas Fazendo uma abstraccedilatildeo do conteuacutedo cultural e ateacute

psicoloacutegico que envolve a accedilatildeo do agricultor tradicional o seu resultado se traduz em uma

conduta de maximizaccedilatildeo de lucros De acordo com o modelo proposto por Lipton (1968) o

agricultor tradicional eacute um maximizador de oportunidades de sobrevivecircncia lutando contra

um ambiente ecoloacutegico (oscilaccedilotildees climaacuteticas) e social hostis agrave sua sobrevivecircncia Natildeo

optam pela maximizaccedilatildeo de lucros em situaccedilotildees favoraacuteveis caso vislumbrem riscos de

perdas que levem a uma reduccedilatildeo da produccedilatildeo agriacutecola aqueacutem da subsistecircncia Assim seu

comportamento econocircmico eacute avesso aos riscos Jaacute no modelo proposto por Mellor (1963)

Sen (1966) e Nakagima (1969) a relaccedilatildeo entre as necessidades de consumo familiar e o

trabalho necessaacuterio para que estas necessidades sejam atingidas eacute a base para o

estabelecimento de um equiliacutebrio microeconocircmico em torno do qual o campesinato se

define Nesses termos o equiliacutebrio econocircmico do grupo familiar eacute definido em termos

subjetivos ou seja satildeo fatores internos que determinaratildeo seu desempenho produtivo

Nesse escopo a racionalidade econocircmica eacute uma suposiccedilatildeo que pode ser explorada ou natildeo

pelo camponecircs (SEN 1966)

Abramovay (2007) no entanto aponta que essa racionalidade econocircmica proposta

pelos neoclaacutessicos eacute incompleta pelo fato do ambiente social do camponecircs admitir que

outros criteacuterios de relaccedilotildees humanas que natildeo o econocircmico sejam organizadores da sua

vida Assegura que aqueles fatores internos que os neoclaacutessicos dizem afetar o

comportamento econocircmico camponecircs soacute podem ocorrer em um ambiente social cultural e

econocircmico especiacutefico (ABRAMOVAY 2007) Para Anjos (2001) esta racionalidade

camponesa sofre o impacto do ambiente externo estando exposta tanto agraves oscilaccedilotildees nos

preccedilos dos produtos agriacutecolas e dos insumos utilizados na produccedilatildeo agropecuaacuteria quanto agrave

35

existecircncia de um mercado de trabalho que incorpore a forccedila de trabalho presente nestes

estabelecimentos rurais

Nesse raciociacutenio apesar da sociedade camponesa estar organizada em torno de

coacutedigos sociais proacuteprios ela se relaciona com o mundo exterior por meio de viacutenculos

econocircmicos resultantes da venda de mercadorias ficando exposto agraves forccedilas de mercado

Poreacutem o camponecircs possui certa flexibilidade em suas relaccedilotildees com o mercado porque

pode frequentemente se retirar sem comprometer a sua reproduccedilatildeo social Ao perceber que

o mercado natildeo lhe eacute propiacutecio retira-se pois o seu objetivo central eacute a alimentaccedilatildeo da

famiacutelia Por outro lado sua capacidade de sobreviver no interior das sociedades capitalistas

eacute precaacuteria O mercado substitui os coacutedigos que orientam a vida camponesa e solapa sua

possibilidade de reproduccedilatildeo social (ABRAMOVAY 2007)

Para alguns teoacutericos como Abramovay (2007) com as transformaccedilotildees econocircmicas no

campo surge principalmente nos paiacuteses capitalistas centrais uma nova categoria social

mais integrada ao mercado que natildeo soacute muda suas bases teacutecnicas mas tambeacutem o ciacuterculo

social em que se reproduzem ldquode camponeses tornam-se agricultores profissionaisrdquo (p

137) Esta forma de produccedilatildeo caracteriza-se por ser baseada na famiacutelia ldquointeiramente

despojada de seus traccedilos camponeses ancestraisrdquo (p 141)

No Brasil natildeo foram poucos os estudiosos que buscaram uma explicaccedilatildeo sobre a

constituiccedilatildeo da agricultura familiar no paiacutes Wanderley (1999) parte do princiacutepio que a

agricultura familiar eacute um conceito geneacuterico que incorpora uma diversidade de situaccedilotildees

especiacuteficas e particulares sendo que ao campesinato corresponde uma destas formas

particulares da agricultura familiar Igualmente esclarece que a agricultura familiar que se

reproduz nas sociedades modernas tende a adaptar-se a um contexto socioeconocircmico

proacuteprio destas sociedades fazendo-o mediante modificaccedilotildees importantes em sua forma de

produzir e em sua vida social tradicionais Estas transformaccedilotildees natildeo produzem uma ruptura

total e definitiva com as formas ldquoanterioresrdquo faz surgir um agricultor portador de uma

tradiccedilatildeo camponesa que lhe permite adaptar-se agraves novas exigecircncias impostas pela

sociedade

Este agricultor atual que lanccedila matildeo da exploraccedilatildeo de PFNMs como forma de

melhorar a renda familiar depara-se com diversos obstaacuteculos ao longo da cadeia produtiva

de bens gerados a partir da biodiversidade Esses obstaacuteculos surgem ainda na fase de

coleta e se multiplicam ateacute o momento da comercializaccedilatildeo Mesmo a agregaccedilatildeo de valor

natildeo lhe traraacute garantias de sucesso nestas etapas pois ao decidir enfrentar o mercado iraacute se

expor aos impactos sociais econocircmicos e culturais do ambiente externo e agraves implacaacuteveis

forccedilas que o sistema econocircmico impotildee

36

Aleacutem dos obstaacuteculos estruturais que enfrenta diariamente tais como a falta de

serviccedilos puacuteblicos baacutesicos (sauacutede e educaccedilatildeo) ausecircncia de infraestrutura (eletricidade

estradas e comunicaccedilatildeo) o agricultor familiar no Brasil que participa da cadeia produtiva de

produtos da biodiversidade tambeacutem enfrenta dificuldades para atender ao que dispotildee o

marco regulatoacuterio sanitaacuterio ambiental e fiscaltributaacuterio incidentes sobre as etapas dessa

cadeia mais especificamente pelo fato de impor procedimentos de difiacutecil operacionalizaccedilatildeo

Esse conjunto de etapas conta com a participaccedilatildeo de outros atores intermediaacuterios

pequenos e grandes empresaacuterios consumidores que tambeacutem encontram obstaacuteculos mas

dispotildeem de melhores condiccedilotildees para superaacute-los Poreacutem normalmente o que predomina ao

longo desta cadeia eacute uma desigualdade de poder caracteriacutestica dos mercados imperfeitos

onde o coletorprodutor tende a ser o elo mais fraacutegil

Esse capiacutetulo nos traz subsiacutedios para apoiar a ideia que a exploraccedilatildeo do fruto do baru

no Cerrado Goiano natildeo se enquadra nos modelos descritos por Homma Drummond e Recircgo

para explicar o uso de PFNMs na Amazocircnia A exploraccedilatildeo do baru possui caracteriacutesticas

que a torna uma atividade diferenciada a) eacute uma atividade de coleta que faz parte da

estrateacutegia do agricultor para aumentar a sua renda familiar desenvolvendo paralelamente a

agricultura a pecuaacuteria e serviccedilos natildeo agriacutecolas b) grande parte dos frutos eacute coletada em

propriedades particulares de terceiros c) o manejo do baru natildeo estaacute baseado em

conhecimentos tradicionais e saberes elaborados ao longo do tempo com base na interaccedilatildeo

entre o homem e os elementos naturais e transferidos por geraccedilotildees d) trata-se da

exploraccedilatildeo comercial de frutos silvestres adotando-se praacuteticas miacutenimas de manejo com o

objetivo de diminuir o impacto sobre a espeacutecie e) o agricultor comercializa a amecircndoa

diretamente com o processador ou o consumidor sem necessidade de intermediaacuterio f) os

mercados de consumo da amecircndoa satildeo proacuteximos o que permite o deslocamento raacutepido e

com baixos custos para o agricultor e g) eacute uma atividade que pode ser mais bem explicada

pelo fenocircmeno da pluriatividade

37

3 LEGISLACcedilAtildeO

No Brasil sempre que ocorrem agressotildees em larga escala agraves florestas seja agrave

Amazocircnica ou a outras existentes em territoacuterio nacional pensa-se na exploraccedilatildeo de

produtos florestais natildeo madeireiros (PFNMs) como uma alternativa para se manter a floresta

ldquoem peacuterdquo No entanto passado aquele momento de comoccedilatildeo o assunto eacute relegado ao

esquecimento e pouca atenccedilatildeo eacute dada para a ordenaccedilatildeo da exploraccedilatildeo desses produtos

Apesar da importacircncia secundaacuteria dos natildeo madeireiros nas poliacuteticas puacuteblicas voltadas

para o uso da terra no Brasil eacute incontestaacutevel a sua contribuiccedilatildeo para a economia domeacutestica

desde que os portugueses aqui chegaram em abril de 1500 Quando as caravelas de Pedro

Aacutelvares Cabral aportaram na costa baiana os indiacutegenas jaacute retiravam da floresta produtos

para a sua alimentaccedilatildeo para tratar as suas doenccedilas para a construccedilatildeo das suas casas e

para a fabricaccedilatildeo dos seus utensiacutelios e armas Foi e continua sendo uma atividade que estaacute

arraigada na cultura e tradiccedilatildeo desses povos O contato do iacutendio com o europeu e o africano

favoreceu a assimilaccedilatildeo dessas formas de utilizaccedilatildeo dos produtos florestais por parte dos

primeiros habitantes do paiacutes Ainda hoje boa parte da populaccedilatildeo brasileira seja rural ou

urbana consome produtos vegetais provenientes das nossas matas

O uso de natildeo madeireiros para subsistecircncia eacute uma realidade incontestaacutevel no dia-a-

dia das comunidades rurais Natildeo se pode ignorar que a comercializaccedilatildeo desses produtos

movimenta um significativo mercado no interior do paiacutes apesar de ser categorizada pelos

economistas como uma fraccedilatildeo da denominada ldquoeconomia informalrdquo Milhares de famiacutelias

compotildeem a sua renda com folhas flores frutos raiacutezes cascas ceras oacuteleos etc extraiacutedas

da natureza e vendidas in natura em pequenas feiras locais para comerciantes ou mesmo

para o consumidor

As estatiacutesticas sobre esses produtos natildeo refletem a realidade encontrada no interior

do paiacutes A pesquisa sobre a Produccedilatildeo da Extraccedilatildeo Vegetal e da Silvicultura (PEVS)

realizada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) com o

objetivo de fornecer informaccedilotildees sobre a quantidade e o valor dos principais produtos

obtidos por meio do processo de exploraccedilatildeo dos recursos florestais nativos (IBGE 2010)

elenca vaacuterios produtos no entanto enumera somente uma pequena parcela daqueles que

efetivamente satildeo consumidos pela populaccedilatildeo

O PEVS natildeo traz a estatiacutestica do consumo de espeacutecies do Cerrado como o baru

(Dipteryx alata Vog) a guariroba (Syagrus oleracea Becc) a cagaita (Eugenia dysenterica

DC) e o araticum (Annona sp) largamente utilizadas pelas populaccedilotildees que residem nesse

Bioma Nem mesmo espeacutecies de destacada importacircncia terapecircutica como a faveira ou fava

drsquoanta (Dimorphandra mollis Benth) e a mama-cadela (Brosimum gaudichaudii Trec)

utilizadas pela induacutestria farmacecircutica nacional aparecem nos bancos de dados do IBGE A

38

faveira eacute utilizada para a extraccedilatildeo da rutina bioflavonoacuteide que entra na composiccedilatildeo de

medicamentos promotores do fortalecimento capilar de fortalecedores da estrutura da

parede dos vasos sanguiacuteneos e que satildeo muito usados no tratamento e prevenccedilatildeo de

pequenas varizes (SANTOS et al 2006) O Brasil tem a maior reserva de barbatimatildeo do

mundo e produz 1300 toneladas de rutina por ano ndash 62 do mercado mundial (REVISTA

EacutePOCA 1998) Jaacute a mama-cadela possui compostos furocumariacutenicos que satildeo aplicados no

tratamento do vitiligo Laboratoacuterios brasileiros jaacute produzem pomadas e cremes agrave base

desses princiacutepios ativos (ROSA 2009)

Apesar das evidecircncias de que o mercado de natildeo madeireiros eacute bem maior do que as

estatiacutesticas oficiais demonstram o paiacutes natildeo conta ainda com um conjunto de normas

voltadas exclusivamente para a regulamentaccedilatildeo da sua exploraccedilatildeo A legislaccedilatildeo ambiental

existente somente regula a exploraccedilatildeo de PFNM em Reserva Legal Para a exploraccedilatildeo fora

dessas aacutereas ainda natildeo foram estabelecidas normas

Assim na ausecircncia de legislaccedilatildeo especiacutefica vale o que o Coacutedigo Florestal determina

no seu art 19 ou seja que a exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras em territoacuterio

nacional depende de preacutevia aprovaccedilatildeo pelo oacutergatildeo estadual competente do Sistema

Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e da adoccedilatildeo de teacutecnicas de conduccedilatildeo exploraccedilatildeo e

manejo compatiacuteveis com o ecossistema em que estaacute inserida

De acordo com esse dispositivo o agricultor ou empresa que deseja explorar

comercialmente um natildeo madeireiro deveraacute apresentar um plano de manejo florestal

sustentaacutevel aleacutem de ter que atender a um emaranhado de normas sanitaacuterias fiscais e

tributaacuterias provenientes de todos os niacuteveis de organizaccedilatildeo poliacutetico-administrativo da

Repuacuteblica (Uniatildeo Estados Distrito Federal e Municiacutepios) e que se encontram dispersas por

vaacuterios oacutergatildeos e instituiccedilotildees reguladoras pertencentes a setores diferentes do poder puacuteblico

Satildeo regras sobre as quais o extrativista pouco ou nada conhece e que muitas vezes

apresentam conflitos entre si Determinam um significativo nuacutemero de procedimentos que o

interessado deve atender para natildeo ser punido administrativo eou penalmente Cumprir o

que determina toda essa legislaccedilatildeo requer cuidados e ajuda teacutecnica especializada Aleacutem do

mais costumam ser inadequadas pois natildeo conseguem atender agrave diversidade ambiental

social e cultural do paiacutes

As empresas por possuiacuterem mais recursos encontram mais facilidade para se

regularizarem junto ao oacutergatildeo puacuteblico responsaacutevel pela gestatildeo do produto Jaacute as famiacutelias

com baixo poder aquisitivo e que corresponde agrave grande maioria daqueles que exploram a

biodiversidade no Brasil enfrentam grandes dificuldades para atender aos requisitos legais

para viabilizaccedilatildeo da sua atividade seja ela constituiacuteda em base individual ou

cooperativistaassociativista

39

Para Carvalheiro et al (2008) o marco regulatoacuterio nacional sobre o assunto eacute extenso

e ineficiente Extenso porque conta com um nuacutemero expressivo de normas geneacutericas que

natildeo atendem agraves especificidades da atividade e ineficiente porque natildeo leva em consideraccedilatildeo

as condiccedilotildees naturais em que o recurso subsiste e nem as caracteriacutesticas dos grupos

humanos que o exploram Aleacutem da legislaccedilatildeo ambiental sanitaacuteria tributaacuteria fiscal

trabalhista e fundiaacuteria o empreendedor iraacute se deparar com uma grande diversidade de

normas de status variado e cuja competecircncia eacute distribuiacuteda por vaacuterios oacutergatildeos puacuteblicos

(federais estaduais e municipais) tornando a tarefa de licenciamento da atividade de

exploraccedilatildeo de PFNMs um verdadeiro caminho para o calvaacuterio

Essa legislaccedilatildeo obedece a um complexo sistema hieraacuterquico indo de regras que se

encontram no veacutertice do sistema normativo (normas constitucionais) ateacute aquelas

consideradas infraconstitucionais a exemplo das leis decretos resoluccedilotildees de oacutergatildeos

colegiados portarias instruccedilotildees normativas e normas de execuccedilatildeo

Outro aspecto dessas normas que regulamentam a utilizaccedilatildeo de produtos florestais

natildeo madeireiros no Brasil eacute que muitas satildeo geneacutericas natildeo observando as particularidades

das espeacutecies exploradas ou apresentam lacunas que causam duacutevidas quanto a sua

aplicaccedilatildeo A legislaccedilatildeo destinada ao manejo de espeacutecies vegetais que ocorrem na Floresta

Amazocircnica eacute a mesma que regula a exploraccedilatildeo de espeacutecies nativas do Cerrado bioma com

aspectos fiacutesicos sociais e econocircmicos proacuteprios Mesmo no Cerrado as espeacutecies florestais

que ocorrem na Floresta Ombroacutefila Densa e as que ocorrem no Cerrado Sentido Restrito

tecircm caracteriacutesticas que requerem o desenvolvimento de teacutecnicas diferenciadas para o seu

manejo

Na opiniatildeo de Gonccedilalves e Alves (2003) apesar de tecnicamente avanccedilada a

legislaccedilatildeo ambiental brasileira natildeo tem garantido o desenvolvimento sustentaacutevel de

determinados setores produtivos nacionais principalmente quanto aos aspectos sociais e

ambientais da sustentabilidade Esse impasse conduz a duas hipoacuteteses ou a legislaccedilatildeo

ambiental natildeo eacute tatildeo avanccedilada quanto se espera apresentando portanto falhas na sua

especificidade e aplicabilidade ou o problema estaacute no natildeo cumprimento agrave legislaccedilatildeo

evidenciando um quadro de abusos impunidade incompetecircncia do Estado e ateacute mesmo de

corrupccedilatildeo dos organismos competentes

Este capiacutetulo aborda as principais normas que incidem sobre a atividade de

exploraccedilatildeo e processamento de PFNMs em acircmbito federal e no Estado de Goiaacutes quais

sejam ambientais sanitaacuterias e fiscaistributaacuterias Embora a legislaccedilatildeo seja fundamental

para ordenar as atividades econocircmicas do paiacutes em algumas circunstacircncias pode figurar

como obstaacuteculo particularmente quando natildeo sintonizada com a realidade das praacuteticas que

pretende regular ou mesmo apresentando lacunas que tornam a sua aplicaccedilatildeo incerta

40

Portanto eacute necessaacuteria uma anaacutelise do marco regulatoacuterio nacional sobre o uso de

componentes da biodiversidade para que se possa compreender as dificuldades que o

agricultor familiar enfrenta ao tentar legalizar a sua atividade de exploraccedilatildeo de natildeo

madeireiros junto aos oacutergatildeos puacuteblicos Tratando-se de pessoas que normalmente possuem

baixo niacutevel de escolaridade e pouco acesso agrave informaccedilatildeo o fiel cumprimento dessa

legislaccedilatildeo em todos os niacuteveis de governo e proveniente dos mais diversos setores do Poder

Puacuteblico eacute praticamente impossiacutevel

31 LEGISLACcedilAtildeO AMBIENTAL APLICADA AO USO SUSTENTAacuteVEL DE PFNMs

A noccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel aparece nos princiacutepios fundamentais que

regem o Direito Ambiental Segundo Milareacute (1998) o direito ao desenvolvimento sustentaacutevel

deve ser considerado como fundamento ou alicerce do Direito Ambiental podendo ser

definido como ldquoo direito do ser humano de desenvolver-se e realizar as suas

potencialidades quer individual quer socialmente e o dever de assegurar aos seus poacutesteros

as mesmas condiccedilotildees favoraacuteveisrdquo (p 146)

O direito de desenvolver-se natildeo incorpora somente o sentido de acumulaccedilatildeo de bens

econocircmicos mas vai muito aleacutem estando relacionado com a melhoria da qualidade de vida

das populaccedilotildees humanas em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo de um ambiente mais saudaacutevel

Em alguns casos a melhoria da qualidade de vida dos habitantes de uma determinada

aacuterea passa pelo uso dos bens que integram o meio ambiente Nesse escopo o Direito

Ambiental tem o importante papel de estabelecer normas que apontem a forma e a

razoabilidade dessa exploraccedilatildeo negando o seu uso quando a utilizaccedilatildeo natildeo for razoaacutevel ou

necessaacuteria (MACHADO 2003)

O Direito Ambiental Brasileiro estabelece um conjunto de princiacutepios normas e

procedimentos tendo como base a nossa proacutepria Constituiccedilatildeo Federal visando agrave gestatildeo

dos bens que integram o meio ambiente de modo a conservaacute-los e garantir o seu acesso

equitativo para que venham a atender agraves necessidades do presente sem comprometer as

necessidades das geraccedilotildees futuras

311 Constituiccedilatildeo Federal

A Constituiccedilatildeo Federal (CF) de 1988 considerada a pedra angular do nosso

ordenamento juriacutedico traz no caput do Art 225 o comando segundo o qual o meio ambiente

ecologicamente equilibrado eacute um direito de todos e um bem de uso essencial agrave sadia

qualidade de vida dos brasileiros No plano estritamente juriacutedico a natureza desse bem tem

servido de municcedilatildeo para muita discussatildeo entre juristas comeccedilando pela sua natureza

Embora o Coacutedigo Civil (CC) entenda ser o bem de uso comum do povo um tipo de bem

puacuteblico alguns juristas natildeo entendem dessa maneira Diferentemente entendem ser um

41

bem que natildeo pode ser incluiacutedo entre aqueles pertencentes a uma pessoa juriacutedica de direito

puacuteblico mas sendo integrado por bens pertencentes a diversas pessoas de direito quer

sejam naturais ou juriacutedicas puacuteblicas ou privadas (ANTUNES 1992) Portanto eacute um bem de

interesse puacuteblico pertencente a todos e a ningueacutem individualmente nem mesmo ao Estado

Patrimocircnio ambiental e patrimocircnio puacuteblico natildeo se confundem O meio ambiente natildeo eacute

propriedade estatal (DECASTRO 2004)

Na segunda parte do dispositivo constitucional acima mencionado destacamos o

cuidado do legislador brasileiro ao estabelecer ser dever do Poder Puacuteblico e da coletividade

defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras geraccedilotildees Essa ideia da

sustentabilidade intra e intergeracional foi inicialmente defendida pelo documento intitulado

Nosso Futuro Comum7 Ali o desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como sendo aquele

que atende agraves necessidades das geraccedilotildees atuais sem comprometer as necessidades das

geraccedilotildees futuras

Para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado o constituinte

de 1988 foi ainda mais preciso delegando exclusivamente ao Poder Puacuteblico a incumbecircncia

de ldquopreservar e restaurar os processos ecoloacutegicos essenciais e prover o manejo ecoloacutegico

das espeacutecies e ecossistemasrdquo (Art 225 sect1deg I) Assim zelar pelo manejo ecoloacutegico das

nossas florestas natildeo eacute uma faculdade mas uma obrigaccedilatildeo indeclinaacutevel do Poder Puacuteblico

Qualquer que seja a destinaccedilatildeo dada aos recursos naturais deveraacute seguir orientaccedilatildeo

contida no marco regulatoacuterio nacional

312 Legislaccedilatildeo Federal

3121 Manejo Florestal

Na hierarquia das leis ambientais brasileiras podemos afianccedilar que o Coacutedigo Florestal8

e legislaccedilatildeo correlata ocupam uma posiccedilatildeo de destaque pelo fato de serem normas

orientadoras da conservaccedilatildeo e uso das florestas existentes em territoacuterio nacional Nos seus

50 artigos legisla sobre a conservaccedilatildeo das florestas nativas e seu uso sustentaacutevel

estabelece os limites das Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente e de Reserva Legal nas

propriedades rurais aleacutem de fixar sanccedilotildees penais para aqueles que destroem ou danificam

as florestas

Em seus artigos iniciais o Coacutedigo Florestal estabelece a natureza juriacutedica das

florestas existentes no territoacuterio nacional qualificando-as como um bem de interesse comum

do povo brasileiro Eacute o que prescreve o Art 1deg

7 Esse documento tambeacutem conhecido como Relatoacuterio Brundtland foi elaborado pela Comissatildeo Mundial sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento e publicado no ano de 1987 A iacutentegra desse documento pode ser encontrada

no seguinte endereccedilo eletrocircnico lthttpwwwun-documentsnetwced-ocfhtmgt 8 Lei nordm 44751965

42

As florestas existentes no territoacuterio nacional e as demais formas de

vegetaccedilatildeo reconhecidas de utilidade agraves terras que revestem satildeo bens de

interesse comum a todos os habitantes do Paiacutes exercendo-se os direitos de

propriedade com as limitaccedilotildees que a legislaccedilatildeo em geral e especialmente

esta Lei estabelecem

No entendimento de Machado (2003) esse bem de interesse comum ao povo

brasileiro estabelece um forte viacutenculo com a funccedilatildeo social da propriedade de modo que a

existecircncia ou destruiccedilatildeo dessas florestas pode configurar um atentado agrave funccedilatildeo social e

ecoloacutegica da propriedade passiacutevel de puniccedilatildeo9

Para Ahrens (2003) o Coacutedigo Florestal Brasileiro reflete uma poliacutetica intervencionista

do Estado sobre a propriedade imoacutevel agraacuteria privada Assinala que somente com a

publicaccedilatildeo da Poliacutetica Nacional do Meio Ambiente10 as florestas nativas do paiacutes passaram a

ser um bem juriacutedico ambiental com um valor intriacutenseco proacuteprio um ldquovalor de existecircnciardquo e

natildeo mais um valor meramente de uso contrariamente ao Coacutedigo Florestal de 193411 que

tinha como propoacutesito maior a proteccedilatildeo dos solos das aacuteguas e a estabilidade do mercado da

madeira no paiacutes

De fato este dispositivo limita o direito de propriedade ao estabelecer que as florestas

e demais formas de vegetaccedilatildeo satildeo bens de interesse comum dos brasileiros Em outras

palavras o proprietaacuterio ainda que nos limites estritos da sua propriedade natildeo tem total e

absoluta disposiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa ali existente sendo obrigado a observar os limites

estabelecidos pelo legislador (BENJAMIN 1998)

A exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras no Brasil somente pode ser feito

mediante autorizaccedilatildeo do Poder Puacuteblico por meio da concessatildeo de licenccedila Esta atribuiccedilatildeo

estaacute em consonacircncia com o que estabelece o Art 19 do Coacutedigo Florestal12

A exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras tanto de domiacutenio puacuteblico

como de domiacutenio privado dependeraacute de preacutevia aprovaccedilatildeo pelo oacutergatildeo

estadual competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente ndash Sisnama

bem como da adoccedilatildeo de teacutecnicas de conduccedilatildeo exploraccedilatildeo reposiccedilatildeo

florestal e manejo compatiacuteveis com os variados ecossistemas que a

cobertura arboacuterea forme

De acordo com esse dispositivo caso o proprietaacuterio queira explorar comercialmente

a madeira nativa existente no seu imoacutevel ou mesmo subprodutos da flora (frutos flores

folhas gomas resinas etc) deveraacute obter autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo do Sistema Nacional de

9 sect1deg Art 1deg Lei nordm 44751965

10 Lei nordm 69381981

11 Decreto nordm 237931934

12 Com redaccedilatildeo dada pelo Art 83 da Lei nordm 112842006

43

Meio Ambiente (Sisnama) mediante a apresentaccedilatildeo de um plano de manejo florestal

sustentaacutevel Eacute o que estabelece o Decreto nordm 59752006

Art 2ordm A exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras sob o regime de

manejo florestal sustentaacutevel tanto de domiacutenio puacuteblico como de domiacutenio

privado dependeraacute de preacutevia aprovaccedilatildeo do Plano de Manejo Florestal

Sustentaacutevel ndash PMFS pelo oacutergatildeo competente do Sistema Nacional do Meio

Ambiente ndash SISNAMA nos termos do art 19 da Lei nordm 4771 de 1965

Aos oacutergatildeos estaduais de meio ambiente tambeacutem foi delegada a competecircncia para

licenciar as unidades de conservaccedilatildeo criadas pelo Estado e a exploraccedilatildeo de florestas

privadas existentes no seu domiacutenio Aos oacutergatildeos municipais de meio ambiente coube o

licenciamento da exploraccedilatildeo de florestas puacuteblicas de domiacutenio do Municiacutepio nas unidades de

conservaccedilatildeo criadas pelo Municiacutepio e nos casos que lhe forem delegados por convecircnio ou

outro instrumento admissiacutevel ouvidos quando for o caso os oacutergatildeos competentes da Uniatildeo

dos Estados e do Distrito Federal

O Manejo Florestal Sustentaacutevel (MFS) eacute o regime de exploraccedilatildeo das florestas nativas

no Brasil13 sendo entendido como a administraccedilatildeo da floresta para a obtenccedilatildeo de

benefiacutecios econocircmicos sociais e ambientais respeitando-se os mecanismos de sustentaccedilatildeo

do ecossistema objeto do manejo e considerando-se cumulativa ou alternativamente a

utilizaccedilatildeo de muacuteltiplas espeacutecies madeireiras de muacuteltiplos produtos e subprodutos natildeo

madeireiros bem como a utilizaccedilatildeo de outros bens e serviccedilos de natureza florestal14 O

conceito eacute bastante amplo e busca incorporar as sustentabilidades econocircmica social e

ambiental Rice et al (2001) definem o MFS como sendo a combinaccedilatildeo de diretrizes de

exploraccedilatildeo orientadas para aumentar o crescimento da oferta de madeira comercial com

esforccedilos dirigidos para a diminuiccedilatildeo dos danos agraves aacutervores da floresta Essa definiccedilatildeo dada

pelos autores somente incorpora as dimensotildees econocircmica e ambiental esquivando se da

dimensatildeo social considerada como fundamental para o desenvolvimento sustentaacutevel da

atividade

Na realidade somente com a publicaccedilatildeo do Decreto nordm 1282199415 eacute que se definiu

o manejo sustentaacutevel como a forma de exploraccedilatildeo florestal no paiacutes incorporando

fundamentos teacutecnicos importantes para a atividade Por meio da Portaria Ibama nordm 481995

que dispunha sobre o manejo das florestas primitivas da Amazocircnia o Instituto Brasileiro de

Meio Ambiente e dos Recursos Renovaacuteveis disciplinou o manejo florestal sustentaacutevel

estabelecendo que esta atividade somente poderia ser realizada com a aprovaccedilatildeo do

13

Decreto nordm 59752006 14

Inciso VI art 3ordm Lei nordm 112842006 15

Revogado pelo Decreto nordm 59752006

44

respectivo Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel (PMFS)16 Aleacutem do referido plano satildeo

solicitados 21 outros documentos entre os quais o Comprovante de Licenccedila Ambiental

(EIARIMA) e o Plano de Exploraccedilatildeo Florestal (PEF) praticamente inacessiacuteveis aos

pequenos extrativistas

Importante salientar que o PMFS foi criado visando tatildeo somente agrave exploraccedilatildeo florestal

madeireira natildeo dispondo sobre o uso dos natildeo madeireiros Essa ausecircncia de norma eacute

especialmente desvantajosa para as populaccedilotildees tradicionais que vivem e exploram PFNM

em Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel tais como as Florestas Nacionais uma

vez que podem perder suas aacutereas de exploraccedilatildeo para as empresas detentoras de

concessotildees florestais

Hummel (2001) ao analisar as normas teacutecnicas e dados sobre o desmatamento e

exploraccedilatildeo de madeira na Amazocircnia Brasileira argumenta que mesmo que o PMFS viesse a

ser regulamentado ocorreriam dificuldades em razatildeo da escassez de informaccedilotildees teacutecnicas

relacionadas a esses planos e a pouca confiabilidade daquelas existentes Defende que as

causas da mencionada precariedade satildeo entre outras a) problemas no processamento

sistematizaccedilatildeo e ordenamento dos dados b) planos com informaccedilotildees distorcidas e

incompletas c) ausecircncia de dados sobre a aacutereavolumeespeacutecie de exploraccedilatildeo anual d) natildeo

execuccedilatildeo no campo e e) fato dos planos de manejo revelarem poucas informaccedilotildees sobre a

aacuterea e volume total explorado Quanto agrave aprovaccedilatildeo de planos de manejo cita que as

principais dificuldades para a sua aprovaccedilatildeo satildeo a ausecircncia ou precariedade dos

documentos de justa posse da terra a lentidatildeo e rotinas deficientes nos processos de

anaacutelise e aprovaccedilatildeo por parte dos oacutergatildeos ambientais e a demora na realizaccedilatildeo das vistorias

preacutevias

Sem duacutevida as informaccedilotildees sobre a fitossociologia tipos de solos regime

pluviomeacutetrico da aacuterea objeto de exploraccedilatildeo madeireira bem como a determinaccedilatildeo ou a

estimativa de variaacuteveis como peso aacuterea basal volume qualidade do fuste estado

fitossanitaacuterio classe de copa e potencial de crescimento das espeacutecies florestais presentes

satildeo de fundamental importacircncia para verificar se a praacutetica de manejo florestal eacute sustentaacutevel

Para Timofeiczyk Junior et al (2005) um dos grandes obstaacuteculos para determinar a

viabilidade econocircmica do manejo sustentaacutevel de baixo impacto em florestas tropicais

brasileiras eacute a falta de informaccedilotildees consistentes

Entre as normas que se seguiram ao Decreto nordm 59752006 e que buscavam

regulamentar o assunto podem ser destacadas as Instruccedilotildees Normativas MMA nordm 04 e 05

ambas de 11 de dezembro de 2006 A IN MMA nordm 042006 dispotildee sobre a Autorizaccedilatildeo

Preacutevia agrave Anaacutelise Teacutecnica de Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel (Apat) ato administrativo

16

Art 2deg Portaria Ibama nordm 481995

45

pelo qual o oacutergatildeo competente analisa a viabilidade juriacutedica da praacutetica de manejo florestal

sustentaacutevel de uso muacuteltiplo com base em uma robusta lista de documentos apresentados

pelo proponente e tambeacutem na existecircncia de cobertura florestal A Apat eacute destinada a aacutereas

de concessatildeo florestal e se configura como um documento haacutebil para a anaacutelise teacutecnica do

PMFS natildeo significando que o projeto de manejo jaacute esteja aprovado

A IN MMA nordm 052006 trata dos procedimentos teacutecnicos sobre PMFSs nas florestas

primitivas e suas formas de sucessatildeo na Amazocircnia Legal Voltada quase que inteiramente

para a exploraccedilatildeo de madeireiros pouca abordagem foi dada aos PFNMs Esta norma

excepciona da apresentaccedilatildeo do Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel e demais encargos

aquele produto natildeo madeireiro que natildeo necessita de autorizaccedilatildeo de transporte poreacutem

impotildee agraves empresas associaccedilotildees comunitaacuterias e proprietaacuterio ou possuidor rural a obrigaccedilatildeo

de se cadastrar no Cadastro Teacutecnico Federal (CTF) e de informar ao oacutergatildeo ambiental

competente por meio de relatoacuterios anuais as atividades realizadas inclusive espeacutecies

produtos e quantidades extraiacutedas17

Ocorre que o cadastramento no CTF somente poderaacute ser feito pela internet no site do

Ibama acessando o link da Taxa de Controle e Fiscalizaccedilatildeo Ambiental procedimento este

que exclui automaticamente milhares de famiacutelias que sobrevivem da atividade extrativista

com restrito ou nenhum acesso aos meios de comunicaccedilatildeo e cuja renda mal daacute para

atender agraves suas necessidades baacutesicas com alimentaccedilatildeo e sauacutede quanto mais para adquirir

um micro computador e pagar os serviccedilos de um provedor de Internet Aleacutem do mais a

emissatildeo de relatoacuterios anuais sobre a produccedilatildeo eacute uma tarefa de difiacutecil consecuccedilatildeo para o

seringueiro analfabeto que recolhe o laacutetex coagulado e a castanha no interior da floresta

para comercializaccedilatildeo

Tais normas expressam total desconhecimento da realidade de grande nuacutemero de

famiacutelias que vivem da extraccedilatildeo de natildeo madeireiros no Brasil seja na Amazocircnia Legal ou em

qualquer outra regiatildeo do paiacutes que em funccedilatildeo do isolamento em que vivem do difiacutecil acesso

agrave informaccedilatildeo do analfabetismo entre outras carecircncias dificilmente teratildeo como atender a

todas as exigecircncias estabelecidas em Lei

Aliaacutes o analfabetismo entre as populaccedilotildees rurais que exploram PFNMs eacute um dos

grandes problemas sociais que o paiacutes enfrenta e um dos obstaacuteculos para o aperfeiccediloamento

da cadeia produtiva Em um diagnoacutestico socioeconocircmico realizado junto agraves 247 famiacutelias

residentes na Reserva Extrativista de Cazumbaacute-Iracema no Municiacutepio de Sena Madureira

Acre foi evidenciado um analfabetismo em torno de 49 (GOMES-FILHO et al 2004)

Pedroso Juacutenior et al (2008) em estudo para identificar os principais fatores responsaacuteveis

pelas mudanccedilas recentes nos padrotildees de subsistecircncia de nove comunidades

17

Art 29 IN MMA nordm 052006

46

remanescentes de quilombos no Vale do Ribeira Estado de Satildeo Paulo e que tem como

uma das principais fontes de renda o extrativismo identificou que o nuacutemero de analfabetos

entre os 884 chefes de famiacutelia eacute de cerca de um terccedilo (335) Somado agraves pessoas que se

declararam alfabetizadas embora natildeo tenham frequentado a escola o contingente de

pessoas sem escolaridade eacute de 348 quase metade do total (427) Eacute oacutebvio que natildeo

podemos generalizar estas situaccedilotildees para o restante do paiacutes tomando como base apenas

os dois trabalhos mencionados mas jaacute fornecem um bom indicativo do alcance do problema

da alfabetizaccedilatildeo no paiacutes e as suas graves consequecircncias A baixa alfabetizaccedilatildeo ligada agrave

dificuldade de acesso agrave informaccedilatildeo tornam-se barreiras de difiacutecil transposiccedilatildeo para essas

populaccedilotildees

O transporte e armazenamento de produtos e subprodutos florestais de origem nativa

no territoacuterio nacional deveratildeo obrigatoriamente estar acompanhados do Documento de

Origem Florestal (DOF)18 entendido como o documento vaacutelido para todo o tempo da viagem

ou do armazenamento19 No entanto ficam dispensados desta obrigaccedilatildeo as plantas

ornamentais medicinais e aromaacuteticas fibras de palmaacuteceas oacuteleos essenciais mudas

raiacutezes bulbos cipoacutes cascas e folhas de origem nativa das espeacutecies natildeo constantes de

listas oficiais de espeacutecies ameaccediladas de extinccedilatildeo20 Curiosamente o dispositivo legal natildeo

menciona um dos subprodutos florestais mais utilizados na subsistecircncia de populaccedilotildees

rurais e para a comercializaccedilatildeo os frutos de origem nativa

Na regulamentaccedilatildeo do manejo florestal sustentaacutevel no acircmbito da competecircncia do

Ibama o interessado deve ainda atender ao que prescreve as seguintes normas

a) Norma de Execuccedilatildeo DirefIbama nordm 02 de 26 de abril de 2006 que institui no

acircmbito do Ibama o Manual Simplificado para Anaacutelise de Plano de Manejo Florestal

Madeireiro na Amazocircnia com a finalidade de subsidiar a anaacutelise dos Planos de Manejo

Florestal Sustentaacutevel

b) Norma de Execuccedilatildeo DirefIbama nordm 01 de 18 de dezembro de 2006 que institui no

acircmbito do Ibama a metodologia e o respectivo modelo de relatoacuterio de vistoria com a

finalidade de subsidiar a anaacutelise dos Planos de Manejo Florestal Sustentaacutevel (PMFS)

c) Norma de Execuccedilatildeo DirefIbama nordm 01 de 24 de abril de 2007 que Institui no

acircmbito do Ibama as Diretrizes Teacutecnicas para Elaboraccedilatildeo dos Planos de Manejo Florestal

Sustentaacutevel (PMFS)

A gestatildeo de florestas puacuteblicas para a produccedilatildeo sustentaacutevel foi instituiacuteda no paiacutes em

2006 por meio de Lei21 que aleacutem de ter distribuiacutedo as competecircncias para a gestatildeo de

18

Instituiacutedo pela Portaria MMA nordm 2532006 e regulamentado pela Instruccedilatildeo Normativa Ibama nordm 1122006 19

Art 3deg IN Ibama nordm 1122006 20

Art 9deg IN Ibama nordm 1122006 21

Lei nordm 112842006 regulamentada pelo Decreto nordm 60632007

47

florestas puacuteblicas entre os membros da federaccedilatildeo tambeacutem criou o Serviccedilo Florestal

Brasileiro (SFB) com a funccedilatildeo exclusiva de gerir essas florestas em acircmbito federal O SFB eacute

o oacutergatildeo que iraacute disciplinar a operacionalizaccedilatildeo das concessotildees florestais destinadas agrave

exploraccedilatildeo das florestas naturais ou plantadas e agraves unidades de manejo das aacutereas

protegidas federais

Esta lei inova ao incorporar como princiacutepios da gestatildeo de florestas puacuteblicas dimensotildees

da sustentabilidade22 Os princiacutepios mencionados no art 2deg expressam as seguintes

dimensotildees

- ldquoa proteccedilatildeo dos ecossistemas do solo da aacutegua da biodiversidade e dos valores culturais

associados bem como do patrimocircnio puacuteblicordquo (dimensatildeo ambiental)

- ldquoo estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e -

que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentaacutevel local

regional e de todo o Paiacutesrdquo (dimensatildeo econocircmica)

- ldquoo respeito ao direito da populaccedilatildeo em especial das comunidades locais de acesso agraves

florestas puacuteblicas e aos benefiacutecios decorrentes de seu uso e conservaccedilatildeordquo (dimensatildeo

social)

- ldquoa promoccedilatildeo do processamento local e o incentivo ao incremento da agregaccedilatildeo de valor

aos produtos e serviccedilos da floresta bem como agrave diversificaccedilatildeo industrial ao

desenvolvimento tecnoloacutegico agrave utilizaccedilatildeo e agrave capacitaccedilatildeo de empreendedores locais e da

matildeo de obra regionalrdquo (dimensatildeo econocircmica)

- ldquoo acesso livre de qualquer indiviacuteduo agraves informaccedilotildees referentes agrave gestatildeo de florestas

puacuteblicasrdquo (dimensatildeo social)

- ldquoa garantia de condiccedilotildees estaacuteveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo

no manejo na conservaccedilatildeo e na recuperaccedilatildeo das florestasrdquo (dimensatildeo poliacutetica)

Do mesmo modo inova ao reconhecer o direito das comunidades locais agraves suas terras

ancestrais uma vez que anteriormente agrave realizaccedilatildeo das concessotildees florestais as florestas

puacuteblicas ocupadas ou utilizadas por comunidades locais seratildeo identificadas para sua

destinaccedilatildeo como reservas extrativistas ou reservas de desenvolvimento sustentaacutevel ou

concessatildeo de uso por meio de projetos de assentamento florestal de desenvolvimento

sustentaacutevel agroextrativistas ou outros similares Estas comunidades poderatildeo participar das

licitaccedilotildees de concessatildeo florestal por meio de associaccedilotildees comunitaacuterias cooperativas ou

outras pessoas juriacutedicas admitidas em lei23

Para que essas comunidades locais natildeo tenham os produtos de uso tradicional e de

subsistecircncia esgotados por forccedila da exploraccedilatildeo das aacutereas licitadas estes produtos seratildeo

22

Art 2deg Lei nordm 112842006

23 Art 6

deg Lei nordm 112842006

48

excluiacutedos da concessatildeo sendo explicitadas as restriccedilotildees para o manejo das espeacutecies das

quais derivam esses produtos24

O oacutergatildeo gestor da floresta puacuteblica requereraacute ao oacutergatildeo ambiental competente

integrante do Sisnama a licenccedila preacutevia para uso da unidade de manejo objeto da

concessatildeo sendo que o concessionaacuterio deveraacute submeter ao Ibama o Plano de Manejo

Florestal Sustentaacutevel para o licenciamento ambiental do manejo florestal25 Todas estas

orientaccedilotildees contidas na referida lei reforccedilam o preceito legal que determina que as florestas

nativas do paiacutes somente poderatildeo ser exploradas mediante manejo florestal sustentaacutevel

devidamente aprovado pelo oacutergatildeo ambiental competente

3122 Licenciamento Ambiental

A legislaccedilatildeo brasileira estabelece que qualquer atividade utilizadora de recursos

ambientais considerada efetiva ou potencialmente poluidora ou capaz de causas

degradaccedilatildeo ambiental dependeraacute de preacutevio licenciamento do oacutergatildeo ambiental

competente26 Nesses termos a exploraccedilatildeo econocircmica de subprodutos florestais estaacute

sujeita ao licenciamento ambiental27 com as exceccedilotildees previstas em lei

Nas aacutereas circundantes das Unidades de Conservaccedilatildeo (UCs) num raio de dez

quilocircmetros qualquer atividade que possa afetar a biota deveraacute ser obrigatoriamente

licenciada pelo oacutergatildeo ambiental competente28

31221 Produtos Florestais Natildeo Madeireiros

O agricultor familiar estabelecido em aacuterea rural do Bioma Cerrado que deseja explorar

comercialmente produtos natildeo madeireiros das florestas naturais iraacute se deparar com uma

lacuna na legislaccedilatildeo uma vez que essa mateacuteria natildeo estaacute devidamente regulamentada no

Brasil e somente algumas espeacutecies contam com legislaccedilatildeo para regular a sua exploraccedilatildeo o

palmito29 a castanha-do-Brasil30 e o xaxim Este uacuteltimo por ser espeacutecie da Mata Atlacircntica

ameaccedilada de extinccedilatildeo tem o seu corte e exploraccedilatildeo permitido somente mediante criteacuterios

cientiacuteficos que venham a garantir a sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel31

Uma das espeacutecies que teve a sua exploraccedilatildeo regulamentada por normas com

posterior desregulamentaccedilatildeo foi a erva-mate Essa regulamentaccedilatildeo existiu ateacute a deacutecada de

90 e disciplinava desde a padronizaccedilatildeo do produto ateacute o periacuteodo propiacutecio para a sua

colheita Apoacutes a desregulamentaccedilatildeo essa cadeia passou a vivenciar um ambiente mais

24

Art 17 Lei nordm 112842006 25

Arts 18 e 26 Lei nordm 112842006 26

Art 10 da Lei nordm 69381981 27

Resoluccedilatildeo Conama nordm 2371997 28

Resoluccedilatildeo Conama nordm 131990 29

Instruccedilatildeo Normativa MMA nordm 051999 30

Decreto nordm 12821994 Instruccedilatildeo Normativa MAPA nordm 112010 31

Resoluccedilatildeo Conama nordm 2782001 Lei Estadual de Satildeo Paulo nordm 117542004

49

competitivo (MOSELE 2002) O mencionado autor daacute a entender que dentre as possiacuteveis

causas dessa desregulamentaccedilatildeo estatildeo o aumento da aacuterea plantada e da produtividade

desse produto no Brasil aleacutem da concorrecircncia com a erva-mate argentina

Em acircmbito federal o Decreto nordm 59752006 indicou para data futura a definiccedilatildeo dos

procedimentos para o manejo desses produtos determinando que o Ministeacuterio do Meio

Ambiente ldquoinstituiraacute procedimentos simplificados para o manejo exclusivo de produtos

florestais natildeo madeireirosrdquo32 Esse mesmo dispositivo dispotildee que ficam dispensados da

obrigaccedilatildeo do uso do documento para o transporte e armazenamento em todo o territoacuterio

nacional os PFNMs de origem nativa tais como plantas ornamentais medicinais e

aromaacuteticas fibras de palmaacuteceas oacuteleos essenciais mudas raiacutezes bulbos cipoacutes cascas e

folhas de origem nativa das espeacutecies natildeo constantes de listas oficiais de espeacutecies

ameaccediladas de extinccedilatildeo33

A Instruccedilatildeo Normativa Ibama nordm 1122006 que trata do DOF reproduz esse mesmo

dispositivo dispensando do DOF aqueles PFNMs discriminados no paraacutegrafo anterior34

Para os PFNMs natildeo discriminados na IN Ibama nordm 1122006 ou para aqueles que

fazem parte da lista da Convenccedilatildeo sobre o Comeacutercio Internacional das Espeacutecies da Flora e

da Fauna (CITES)35 seraacute necessaacuterio o licenciamento ambiental e portanto a elaboraccedilatildeo de

plano de manejo florestal sustentaacutevel bem como a posse do DOF para o transporte desses

produtos e a Declaraccedilatildeo de Estoque nos termos da lei

A reposiccedilatildeo florestal natildeo eacute obrigatoacuteria para aquele que comprovadamente utilize

mateacuteria prima florestal natildeo madeireira salvo disposiccedilatildeo contraacuteria em norma especiacutefica do

MMA36

Merecem destaque algumas iniciativas regionais que tecircm como objeto promover a

atividade de exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros O Estado do Acre criou legislaccedilatildeo37 cujo

objetivo eacute a instituiccedilatildeo de procedimento administrativo para a exploraccedilatildeo econocircmica de

PFNMs nas Unidades de Conservaccedilatildeo de Uso Sustentaacutevel em Terras Indiacutegenas em

propriedades rurais e em aacutereas com legiacutetimos possuidores de glebas rurais de ateacute 500 ha

incluindo as aacutereas de reserva legal exceto em aacutereas devolutas da Uniatildeo desde que natildeo

envolva a supressatildeo de indiviacuteduos

32

Art 8deg Decreto nordm 59752006 33

Art 23 IX Decreto nordm 59752006 34

Art 9deg VII IN Ibama nordm 1122006 35

Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora em inglecircs 36

Art 15 II ldquodrdquo Decreto nordm 59752006 37

Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004

50

De acordo com este dispositivo a exploraccedilatildeo econocircmica de PFNMs efetuada por

populaccedilotildees agroextrativistas tradicionais poderaacute ser realizada mediante o cadastramento e

aprovaccedilatildeo do respectivo plano de manejo florestal simplificado natildeo madeireiro38

Jaacute aquele que acessa os recursos florestais natildeo madeireiros com fins de consumo

proacuteprio ou de pesquisa estaacute isento do cadastro ou da apresentaccedilatildeo de plano de manejo

simplificado39

Primeiramente essa Portaria Conjunta resolveu a questatildeo das competecircncias

institucionais determinando que o plano de manejo florestal simplificado natildeo madeireiro

executado em aacutereas de competecircncia federal (Reservas Extrativistas Reservas de

Desenvolvimento Sustentaacutevel Florestas Nacionais Terras Indiacutegenas e Projetos de

Assentamento Agro-extrativistas) sob gestatildeo direta do Ibama seriam protocolizados na

Gerecircncia Executiva do Ibama no Estado do Acre enquanto aqueles a serem executados em

aacutereas de competecircncia estadual seriam protocolizados no Instituto de Meio Ambiente do

Acre (Imac) a quem caberia emitir as licenccedilas ambientais40

Quanto ao transporte de produtos florestais natildeo madeireiros dentro do Estado aleacutem

de ser necessaacuteria uma autorizaccedilatildeo a Portaria seguiu a mesma loacutegica nas aacutereas de

competecircncia federal a autorizaccedilatildeo caberia ao Ibama Regional enquanto nas aacutereas de

competecircncia do Estado seraacute emitida pelo Imac41

Apesar da simplificaccedilatildeo eacute exigida a apresentaccedilatildeo do inventaacuterio simplificado das aacutereas

a serem exploradas a descriccedilatildeo da forma de exploraccedilatildeo (descriccedilatildeo do estoque forma de

colheita equipamentos utilizados etc) aleacutem dos tratamentos silviculturais aplicados e

programados periacuteodo de colheita de cada produto estimativa de produccedilatildeo entre outras

exigecircncias o que dificilmente pode ser atendido sem a ajuda de um teacutecnico especializado o

que nem sempre estaacute ao alcance do agricultor familiar

O Estado do Amazonas vem tentando regulamentar a coleta de alguns natildeo

madeireiros de importacircncia econocircmica para o Estado Eacute o caso do cipoacute-titica (Heteropsis

flexuosa) cipoacute timboacute-accedilu ou titicatildeo (Heteropsis jenmanii) e cipoacute-ambeacute (Philodendron sp) e

similares utilizados na produccedilatildeo de moacuteveis refinados e artesanato e cuja ocorrecircncia vem

diminuindo no Estado em funccedilatildeo do desmatamento e exploraccedilatildeo inadequada Norma

estabelecida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel

do Estado regulamenta procedimentos baacutesicos para o licenciamento ambiental do manejo

desses produtos obrigando a apresentaccedilatildeo de Plano de Manejo42

38

Art 3deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 39

Art 5deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 40

Art 6deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 41

Art 8deg Portaria Conjunta IbamaImac nordm 0012004 42

Instruccedilatildeo Normativa AM nordm 012008

51

O Plano de Manejo para esses produtos eacute simplificado e deveraacute conter (a)

caracterizaccedilatildeo geral das aacutereas de coleta e dos coletores (b) croqui da aacuterea de coleta com

indicaccedilatildeo dos acessos e (c) descriccedilatildeo das boas praacuteticas de manejo a serem adotadas

A norma elenca uma seacuterie de boas praacuteticas de manejo baseadas no conhecimento

tradicional de coleta sustentaacutevel e nos resultados das pesquisas cientiacuteficas Por seu lado o

produtor deveraacute apresentar ao oacutergatildeo ambiental do Estado ficha de campo contendo as

informaccedilotildees relativas aos fios coletados aleacutem do registro do peso total coletado para fins

de monitoramento das plantas

Nas Reservas Extrativistas Reservas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e Florestas

Nacionais federais a exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros somente eacute permitida mediante plano de

manejo43 aprovado pelo Ibama No Estado de Goiaacutes existem atualmente quatro unidades de

conservaccedilatildeo naquelas categorias citadas acima44 no entanto nenhuma ainda possui o seu

plano de manejo aprovado

No entanto apesar de insuficientes existem concessotildees do Poder Puacuteblico

direcionadas a determinadas categorias sociais hipossuficientes no sentido de beneficiaacute-las

ou mesmo para excepcionar o destino dos produtos explorados seja para subsistecircncia seja

para comercializaccedilatildeo Desse modo caso o possuidor do imoacutevel seja agricultor familiar

empreendedor familiar rural ou pertencente a alguma comunidade tradicional o Estado agiraacute

no sentido de liberaacute-lo de vaacuterias obrigaccedilotildees contidas na norma ou tornar menos oneroso o

seu cumprimento

Uma dessas iniciativas foi a regulamentaccedilatildeo do uso das Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL) existentes nas propriedades rurais

condicionado a uma exploraccedilatildeo sustentaacutevel e livre de danos ao meio ambiente Esse marco

legal fornece facilidades ao agricultor familiar ou membro de comunidade tradicional para a

exploraccedilatildeo dessas aacutereas de conservaccedilatildeo para subsistecircncia ou mesmo comercializaccedilatildeo

31222 Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente

As APPs satildeo aacutereas protegidas cobertas ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo

ambiental de preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica a

biodiversidade o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanas45 Consideram-se nesta categoria as florestas e demais formas de

vegetaccedilatildeo assim localizadas46

43

Art17 sect2deg Art 18 sect5deg Art 20 sect6deg Lei nordm 99852000 44

Floresta Nacional da Mata Grande (Satildeo Domingos) Floresta Nacional de Silvacircnia (Silvacircnia) Reserva Extrativista Lago do Cedro (Aruanatilde) e Reserva Extrativista Recanto das Araras de Terra Ronca (Guarani de Goiaacutes e Satildeo Domingos) 45

Art 1deg sect2deg II Lei nordm 47711965 46

Art 2deg Lei nordm 47711965

52

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso daacutegua desde o seu niacutevel mais alto em faixa

marginal cuja largura miacutenima seraacute

1 minus de 30 (trinta) metros para os cursos daacutegua de menos de 10 (dez) metros de

largura

2 minus de 50 (cinquenta) metros para os cursos daacutegua que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura

3 minus de 100 (cem) metros para os cursos daacutegua que tenham de 50 (cinquenta) a 200

(duzentos) metros de largura

4 minus de 200 (duzentos) metros para os cursos daacutegua que tenham de 200 (duzentos) a

600 (seiscentos) metros de largura

5 minus de 500 (quinhentos) metros para os cursos daacutegua que tenham largura superior a

600 (seiscentos) metros

b) ao redor das lagoas lagos ou reservatoacuterios daacutegua naturais ou artificiais

c) nas nascentes ainda que intermitentes e nos chamados olhos daacutegua qualquer que

seja a sua situaccedilatildeo topograacutefica em um raio miacutenimo de 50 (cinquenta) metros de largura

d) no topo de morros montes montanhas e serras

e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45deg equivalente a 100

na linha de maior declive

f) nas restingas como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas a partir da linha de ruptura do relevo em

faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeccedilotildees horizontais

h) em altitude superior a 1800 (mil e oitocentos) metros qualquer que seja a vegetaccedilatildeo

Qualquer forma de intervenccedilatildeo em aacutereas de preservaccedilatildeo permanente somente seraacute

permitida para a realizaccedilatildeo de atividades ou projetos de utilidade publica ou interesse social

ou para a realizaccedilatildeo de accedilotildees consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental47 Essa

intervenccedilatildeo somente seraacute admitida por meio de autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo ambiental competente

mediante procedimento administrativo autocircnomo e preacutevio devendo ser atendidos o Plano

Diretor Zoneamento Ecoloacutegico-Econocircmico e Plano de Manejo das Unidades de

Conservaccedilatildeo se existentes

Para que ocorra o manejo agroflorestal em APPs deve haver a autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo

ambiental competente sujeito aos seguintes criteacuterios seja ambientalmente sustentaacutevel seja

praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar que natildeo descaracterize a

cobertura vegetal nativa ou impeccedila sua recuperaccedilatildeo e natildeo prejudique a funccedilatildeo ecoloacutegica

da aacuterea48

47

Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006 48

Art 2ordm II ldquobrdquo Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006

53

Aleacutem dos requisitos mencionados acima para obter autorizaccedilatildeo para esse tipo de

exploraccedilatildeo o proprietaacuterio rural deveraacute comprovar (a) a inexistecircncia de alternativa teacutecnica e

locacional agraves atividades propostas (b) atendimento as condiccedilotildees e padrotildees aplicaacuteveis aos

corpos de aacutegua (c) averbaccedilatildeo da aacuterea de reserva legal e (d) a inexistecircncia de risco de

agravamento de processos como enchentes erosatildeo ou movimentos acidentais de massa

rochosa

A coleta de produtos natildeo madeireiros para fins de subsistecircncia e produccedilatildeo de mudas

em APPs como sementes castanhas e frutos poderaacute ser feita desde que eventual e

respeitada a legislaccedilatildeo especiacutefica a respeito do acesso a recursos geneacuteticos49 Esta

atividade natildeo poderaacute comprometer as funccedilotildees ambientais destes espaccedilos tais como a

estabilidade das encostas e margens dos corpos de aacutegua os corredores de fauna a

drenagem e os cursos de aacutegua intermitentes a manutenccedilatildeo da biota a regeneraccedilatildeo e a

manutenccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa e a qualidade das aacuteguas

A exploraccedilatildeo natildeo poderaacute exceder ao percentual de 5 (cinco por cento) da APP

impactada localizada na posse ou propriedade50 Ressalte-se que esse percentual da aacuterea eacute

muito pequeno para lotes de assentamentos agriacutecolas ndash que costumam ter 50 ha em meacutedia

na regiatildeo do Cerrado ndash cujo proprietaacuterio deseja produzir mudas A produccedilatildeo de mudas com

sementes provenientes de aacutereas reduzidas natildeo eacute muito recomendado em funccedilatildeo da baixa

diversidade geneacutetica que esse material conteraacute Nesse aspecto a Resoluccedilatildeo poderia ser

mais ousada ampliando a aacuterea apta agrave exploraccedilatildeo uma vez que a coleta de sementes para

produccedilatildeo de mudas tem baixiacutessimo impacto e eacute uma atividade beneacutefica ao meio ambiente

pois tem como objeto a dispersatildeo das espeacutecies

O agricultor familiar empreendedor rural familiar e povos e comunidades tradicionais

que de alguma forma realizaram intervenccedilotildees natildeo autorizadas nas APPs existentes na sua

propriedade ateacute o dia 24 de julho de 2006 ganharam a possibilidade de regularizar tal

situaccedilatildeo A Resoluccedilatildeo Conama nordm 4252010 estabelece que em casos excepcionais de

interesse social como no caso de manejo agroflorestal sustentaacutevel essa intervenccedilatildeo

poderaacute ser regularizada pelo oacutergatildeo ambiental competente

Assim o proprietaacuterio enquadrado naquelas categorias poderaacute regularizar o que vinha

fazendo na APP desde que consiga provar que antes do dia 24 de julho de 2006 jaacute realizava

tal atividade e desde que a intervenccedilatildeo natildeo tenha descaracterizado a cobertura vegetal e

nem prejudicado a funccedilatildeo ambiental da aacuterea

O requerimento junto ao oacutergatildeo ambiental para essa regularizaccedilatildeo deveraacute conter

informaccedilotildees tais como (a) dados do proprietaacuterio ou possuidor do imoacutevel (b) dados do

49

Art 11 IX Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006 50

Art 11 sect2ordm Resoluccedilatildeo Conama nordm 3692006

54

imoacutevel (c) localizaccedilatildeo simplificada do imoacutevel (d) data da comunicaccedilatildeo (e) uso atual da

aacuterea de preservaccedilatildeo permanente ou de uso limitado e regularidade da reserva legal ou

solicitaccedilatildeo de averbaccedilatildeo aleacutem de ter que apresentar a indicaccedilatildeo da metodologia de

recuperaccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente degradadas e daquelas natildeo passiacuteveis de

consolidaccedilatildeo em consonacircncia com as normas vigentes

31223 Reserva Legal

A Reserva Legal eacute definida como uma ldquoaacuterea localizada no interior de uma propriedade

ou posse rural excetuada a de preservaccedilatildeo permanente necessaacuteria ao uso sustentaacutevel dos

recursos naturais agrave conservaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo dos processos ecoloacutegicos agrave conservaccedilatildeo da

biodiversidade e ao abrigo e proteccedilatildeo de fauna e flora nativasrdquo51

Os proprietaacuterios rurais devem manter a tiacutetulo de reserva legal no miacutenimo o seguinte

percentual de florestas existente no seu imoacutevel52

(a) oitenta por cento na propriedade rural situada em aacuterea de floresta localizada na

Amazocircnia Legal

(b) trinta e cinco por cento na propriedade rural situada em aacuterea de cerrado localizada

na Amazocircnia Legal sendo no miacutenimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na

forma de compensaccedilatildeo em outra aacuterea desde que esteja localizada na mesma microbacia e

seja averbada

c) vinte por cento na propriedade rural situada em aacuterea de floresta ou outras formas

de vegetaccedilatildeo nativa localizada nas demais regiotildees do paiacutes e

(d) vinte por cento na propriedade rural em aacuterea de campos gerais localizada em

qualquer regiatildeo do paiacutes

A aacuterea de Reserva Legal deve ser averbada agrave margem da inscriccedilatildeo de matriacutecula do

imoacutevel rural no registro de imoacuteveis do municiacutepio sendo vedada a alteraccedilatildeo de sua

destinaccedilatildeo a qualquer tiacutetulo o desmembramento ou a retificaccedilatildeo da aacuterea53 Comete

infraccedilatildeo administrativa puniacutevel com multa quem deixar de averbar a aacuterea de Reserva Legal

em cartoacuterio54

A vegetaccedilatildeo da Reserva Legal pode ser utilizada mas somente sob regime de manejo

florestal sustentaacutevel55 Tal uso foi regulamentado pelo Ministeacuterio do Meio Ambiente por meio

de Instruccedilatildeo Normativa56

51

Art 1ordm sect2deg III Lei nordm 47711965 52

Art 16 Lei nordm 47711965 53

Art 16 sect9ordm Lei nordm 47711965 54

Art 55 Decreto nordm 65142008 55

Art 16 sect2deg da Lei nordm 47711965 56

IN MMA nordm 042009

55

De acordo com esse dispositivo o agricultor familiar o empreendedor familiar rural e

os povos e comunidades tradicionais tecircm a opccedilatildeo de explorar a vegetaccedilatildeo da Reserva

Legal da sua propriedade ou posse nas modalidades de manejo sustentaacutevel para a

exploraccedilatildeo eventual para consumo na propriedade e para manejo sustentaacutevel para

exploraccedilatildeo comercial

A exploraccedilatildeo florestal eventual sem propoacutesito comercial direto ou indireto de lenha ou

madeira para consumo na propriedade ou posse do agricultor familiar do empreendedor

familiar rural e dos povos e comunidades tradicionais incluindo a aacuterea de Reserva Legal

independe de autorizaccedilatildeo dos oacutergatildeos competentes57

Para esses grupos sociais a coleta de produtos natildeo madeireiros na Reserva Legal

para uso proacuteprio e produccedilatildeo de mudas como sementes castanhas e frutos desde que

eventual e respeitada a legislaccedilatildeo especiacutefica do acesso a recursos geneacuteticos natildeo necessita

de autorizaccedilatildeo dos oacutergatildeos ambientais competentes58

Em qualquer propriedade rural a coleta de frutos folhas e sementes para consumo na

propriedade eacute livre poreacutem o interessado deveraacute observar (a) os periacuteodos de coleta e

volumes fixados em regulamentos especiacuteficos quando houver (b) a eacutepoca de maturaccedilatildeo

dos frutos e sementes (c) teacutecnicas que natildeo coloquem em risco a sobrevivecircncia de

indiviacuteduos e da espeacutecie coletada no caso de coleta de flores folhas cascas oacuteleos resinas

cipoacutes bulbos bambus e raiacutezes e (d) as limitaccedilotildees legais especiacuteficas e em particular as

relativas ao acesso ao patrimocircnio geneacutetico agrave proteccedilatildeo e ao acesso ao conhecimento

tradicional associado e de biosseguranccedila quando houver59 A Instruccedilatildeo Normativa natildeo

prevecirc puniccedilatildeo para o caso de natildeo serem atendidas as exigecircncias acima

A exploraccedilatildeo comercial direta ou indireta de natildeo madeireiros na Reserva Legal com

cobertura vegetal original somente poderaacute ser feita mediante manejo florestal sustentaacutevel e

deveraacute adotar praacuteticas silviculturais e medidas para a minimizaccedilatildeo dos impactos sobre os

indiviacuteduos jovens das espeacutecies arboacutereas secundaacuterias e climaacutecicas na aacuterea manejada60

Na propriedade ou posse do agricultor familiar a exploraccedilatildeo comercial somente seraacute

permitida com a autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo ambiental competente mediante a apresentaccedilatildeo do

laudo teacutecnico com a Anotaccedilatildeo de Responsabilidade Teacutecnica contendo no miacutenimo

ldquoinventaacuterio fitossocioloacutegico da aacuterea a ser manejada com a indicaccedilatildeo da fitofisionomia

original elaborado com metodologia e suficiecircncia amostral adequadas estimativa do volume

57

Art 4deg IN MMA nordm 042009 58

Art 7deg IN MMA nordm 042009 59

Art 6deg IN MMA nordm 042009 60

Art 8deg IN MMA nordm 042009

56

de produtos e subprodutos florestais a serem obtidos com o manejo seletivo indicaccedilatildeo da

sua destinaccedilatildeo e cronograma de execuccedilatildeo previstordquo61

Essas exigecircncias tornam a exploraccedilatildeo comercial dessas aacutereas quase impraticaacutevel ao

agricultor familiar uma vez que para atendecirc-las deveraacute contratar um profissional gabaritado

para atender ao que prescreve a legislaccedilatildeo O que obtecircm com a venda dos produtos

explorados na RL dificilmente seraacute suficiente para cobrir as despesas com a contrataccedilatildeo de

profissional e com os procedimentos burocraacuteticos exigidos

Naqueles imoacuteveis natildeo considerados propriedade ou posse do agricultor familiar do

empreendedor familiar rural e dos povos e comunidades tradicionais a autorizaccedilatildeo para a

exploraccedilatildeo de produtos florestais madeireiros e natildeo madeireiros somente seraacute permitida

com a autorizaccedilatildeo do oacutergatildeo ambiental competente e deveraacute ser precedida da apresentaccedilatildeo

e aprovaccedilatildeo do Plano de Manejo Florestal Sustentaacutevel (PMFS)62

O proprietaacuterio ou responsaacutevel pelo PMFS deveraacute anualmente encaminhar ao oacutergatildeo

ambiental competente relatoacuterio assinado pelo responsaacutevel teacutecnico com as informaccedilotildees

sobre toda a aacuterea de manejo florestal sustentaacutevel a descriccedilatildeo das atividades realizadas e o

volume efetivamente explorado de cada produto no periacuteodo anterior de doze meses63

Aleacutem da documentaccedilatildeo anteriormente citada o proprietaacuterio ou responsaacutevel pelo PMFS

submeteraacute ao oacutergatildeo ambiental competente o Plano Operacional Anual (POA) e a

Autorizaccedilatildeo de Responsabilidade Teacutecnica (ART) com a especificaccedilatildeo das atividades a

serem realizadas no periacuteodo de doze meses e da quantidade maacutexima proposta para a

exploraccedilatildeo no periacuteodo64

31224 Floresta plantada com nativas

O agricultor que deseja plantar espeacutecies nativas na sua propriedade ou posse para

fins de exploraccedilatildeo comercial somente teraacute permissatildeo do oacutergatildeo ambiental competente para

realizar tal atividade se tiver previamente cadastrado o plantio ou reflorestamento65 Alguns

proprietaacuterios visitados durante a realizaccedilatildeo do presente trabalho e que se manifestaram

interessados no plantio racional do baru segundo o que prescreve a lei deveriam cumprir o

que determina a regra sob pena de estarem incorrendo em iliacutecito

Por ocasiatildeo da colheita comercializaccedilatildeo ou transporte dos produtos oriundos desses

plantios o proprietaacuterio cadastrado junto ao oacutergatildeo ambiental competente deveraacute previamente

notificar esse oacutergatildeo fornecendo informaccedilotildees tais como os dados do proprietaacuterio ou

possuidor dados da propriedade ou posse incluindo coacutepia da matriacutecula do imoacutevel no

61

Art 9deg I IN MMA nordm 042009 62

Art 10 IN MMA nordm 042009 63

Art 10 sect 1deg IN MMA nordm 042009 64

Art 10 sect 2deg IN MMA nordm 042009 65

Art 2deg IN MMA nordm 032009

57

Registro Geral do Cartoacuterio de Registro de Imoacuteveis ou comprovante de posse outorga para

utilizaccedilatildeo do imoacutevel emitida pela Secretaria do Patrimocircnio da Uniatildeo em se tratando de

terrenos de marinha e acrescidos de marinha bem como nos demais bens de domiacutenio da

Uniatildeo na forma estabelecida no Decreto-Lei nordm 97601946 quantidade total de aacutervores

plantadas de cada espeacutecie bem como o nome cientiacutefico e popular das espeacutecies data ou

ano do plantio identificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo das espeacutecies a serem cortadas e volume de

produtos e subprodutos florestais a serem obtidos localizaccedilatildeo com a indicaccedilatildeo das

coordenadas geograacuteficas dos veacutertices da aacuterea plantada a ser objeto de corte ou supressatildeo

e laudo teacutecnico com a respectiva ART de profissional habilitado atestando tratar-se de

espeacutecies florestais nativas plantadas bem como a data ou ano do seu plantio quando se

tratar de espeacutecies constantes da Lista Oficial de Espeacutecies da Flora Brasileira Ameaccediladas de

Extinccedilatildeo ou de listas dos Estados

Aqui novamente se chama a atenccedilatildeo para o excesso de exigecircncias da legislaccedilatildeo para

a regularizaccedilatildeo da exploraccedilatildeo da RL Nunca eacute demais ressaltar o fato de essas exigecircncias

tornarem a exploraccedilatildeo comercial dessas aacutereas quase impraticaacutevel ao agricultor familiar em

funccedilatildeo das despesas com a preparaccedilatildeo da documentaccedilatildeo exigida

31225 Extrativismo sustentaacutevel orgacircnico

A partir da publicaccedilatildeo do Decreto nordm 63232007 a agricultura orgacircnica no paiacutes passou

a contar com criteacuterios para o funcionamento de todo o seu sistema de produccedilatildeo desde a

propriedade rural ao ponto de venda Esse diploma legal dispotildee sobre a produccedilatildeo

armazenamento certificaccedilatildeo rotulagem transporte comercializaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo dos

produtos orgacircnicos

Criou tambeacutem o Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo da Conformidade Orgacircnica66 que

garantiraacute aos consumidores maiores facilidades na identificaccedilatildeo desses produtos Eacute

composto pelo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (Mapa) oacutergatildeos de

fiscalizaccedilatildeo dos estados e organismos de avaliaccedilatildeo da conformidade orgacircnica67 Cabe ao

Mapa o credenciamento acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo dos produtos orgacircnicos Jaacute as

instituiccedilotildees desde que habilitadas pelo Ministeacuterio poderatildeo fazer a certificaccedilatildeo dessa

produccedilatildeo68

O Decreto abre tambeacutem a possibilidade para que o agricultor familiar comercialize a

sua produccedilatildeo orgacircnica diretamente ao consumidor sem certificaccedilatildeo desde que estejam

vinculados a uma organizaccedilatildeo com controle social cadastrada no ministeacuterio69

66

Art 29 Decreto nordm 63232007 67

sect Uacutenico Art 31 Decreto nordm 63232007 68

Art 32 Decreto nordm 63232007 69

Art 28 Decreto nordm 63232007

58

Naqueles casos em que o agricultor familiar ou associaccedilatildeocooperativa optar pelo

extrativismo sustentaacutevel orgacircnico como forma de ter o seu produto identificado como

orgacircnico aleacutem de cumprir com todas as obrigaccedilotildees estabelecidas pelas normas

anteriormente mencionadas deveraacute tambeacutem atender ao que determina a legislaccedilatildeo

especiacutefica sobre a mateacuteria70

As normas para a certificaccedilatildeo extrativista orgacircnica exigem que o extrativista71

interessado submeta ao oacutergatildeo competente o Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico que

deveraacute conter o manejo extrativista sustentaacutevel orgacircnico (equivalente ao Plano de Manejo

Orgacircnico regulamentado para a produccedilatildeo agropecuaacuteria orgacircnica)72

A avaliaccedilatildeo da conformidade orgacircnica pode ser realizada por meio de certificaccedilatildeo por

auditoria ou por meio de sistema participativo de garantia e estaraacute vinculada agrave apresentaccedilatildeo

de Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico Esse Projeto deve ser avaliado e aprovado

pelo organismo responsaacutevel pela avaliaccedilatildeo da sua conformidade73

Aleacutem de todas as informaccedilotildees que levem agrave identificaccedilatildeo do produtor localizaccedilatildeo e

tamanho da aacuterea da propriedade entre outras o Projeto deve conter ainda os seguintes

detalhamentos74

(a) estimativa da capacidade produtiva da espeacutecie explorada em relaccedilatildeo ao produto

obtido em determinado periacuteodo de tempo com a descriccedilatildeo do meacutetodo utilizado

(b) definiccedilatildeo das taxas de intensidade frequecircncia e sazonalidade da exploraccedilatildeo

(c) definiccedilatildeo das praacuteticas e meacutetodo de coleta a ser utilizado identificando paracircmetros

como tamanho diacircmetro idade miacutenima e fase fenoloacutegica considerados de forma isolada

ou cumulativa para a espeacutecie a ser explorada

(d) descriccedilatildeo dos procedimentos de armazenamento transporte e beneficiamento

(e) descriccedilatildeo das medidas mitigadoras aplicadas para reduccedilatildeo dos possiacuteveis impactos

negativos do manejo

(f) descriccedilatildeo do sistema de monitoramento empregado para avaliaccedilatildeo da

sustentabilidade do manejo e

(g) demonstrativos de que as taxas de intensidade frequecircncia e sazonalidade da

exploraccedilatildeo natildeo excedam a capacidade de suporte fundamentadas em estudos cientiacuteficos

experiecircncias locais consolidadas ou conhecimentos tradicionais

Teme-se que as informaccedilotildees solicitadas no Projeto Extrativista Sustentaacutevel Orgacircnico

natildeo possam ser atendidas em razatildeo de uma caracteriacutestica perversa da exploraccedilatildeo de

70

IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009 71

Aquele que pratica o extrativismo ou agroextrativismo (Art 2deg VIII IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009) que poderaacute ser o agricultor familiar ou a associaccedilatildeocooperativa rural 72

Art 7deg Anexo IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009 73

Art 8deg Anexo IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009 74

Art 15 Anexo IN Conjunta MMA MAPA nordm 172009

59

PFNMs no Brasil a falta de dados cientiacuteficos e estatiacutesticos sobre estes produtos O paiacutes

dispotildee de poucas informaccedilotildees sobre o seu uso e biologia Na aacuterea estatiacutestica verifica-se

que os oacutergatildeos encarregados desses dados avaliam poucas espeacutecies ignorando um grande

nuacutemero de produtos explorados pela populaccedilatildeo

Aleacutem do mais o processo de certificaccedilatildeo da produccedilatildeo orgacircnica eacute complexo e o

acesso individual a esses serviccedilos costuma constituir uma barreira ao engajamento dos

produtores de menor escala e renda na produccedilatildeo orgacircnica (MEDAETS 2003) O autor cita

que alguns grupos consideram que os programas de certificaccedilatildeo aumentam os custos

dificultando que os agricultores de menor escala possam internalizaacute-los que os agricultores

menos estruturados tecircm dificuldade em cumprir com as exigecircncias documentais e que o

controle externo realizado eacute ineficiente

Os oacutergatildeos que compotildeem o Sistema Brasileiro de Avaliaccedilatildeo da Conformidade

Orgacircnica (SBACO) devem se preocupar em neutralizar todos os vieses mencionados nos

paraacutegrafos anteriores sob o risco de onerarem o agricultor familiar no processo de

certificaccedilatildeo orgacircnica Se natildeo podem acabar por se transformar em obstaacuteculos para aqueles

que veem na exploraccedilatildeo da flora nativa uma possibilidade de ganho econocircmico

31226 Licenciamento ambiental de agroinduacutestrias de transformaccedilatildeo de natildeo madeireiros

As associaccedilotildeescooperativas ou mesmo o agricultor familiar que deseja instalar uma

agroinduacutestria de pequeno porte para o beneficiamento de frutos do Cerrado aleacutem de

atender agrave legislaccedilatildeo sanitaacuteria estabelecida pela Anvisa e pelo Mapa deve obter o devido

licenciamento ambiental Esse licenciamento deveraacute ser obtido nos termos de Resoluccedilatildeo do

CONAMA75 e teraacute que atender aos seguintes criteacuterios que seja de pequeno porte (ateacute 250

msup2 de aacuterea construiacuteda) e que as atividades ali realizadas sejam de baixo impacto

ambiental76

O oacutergatildeo ambiental responsaacutevel pelo licenciamento exigiraacute a apresentaccedilatildeo da seguinte

documentaccedilatildeo77 (a) requerimento de licenccedila ambiental (b) projeto contendo descriccedilatildeo do

empreendimento contemplando sua localizaccedilatildeo bem como o detalhamento do sistema de

Controle de Poluiccedilatildeo e Efluentes acompanhado da ART (c) certidatildeo de uso do solo

expedida pelo municiacutepio e (d) comprovaccedilatildeo de origem legal quando a mateacuteria prima for de

origem extrativista quando couber

Apoacutes a anaacutelise da documentaccedilatildeo o oacutergatildeo ambiental competente se pronunciaraacute sobre

a viabilidade da localizaccedilatildeo do empreendimento e caso haja comprovaccedilatildeo de baixo impacto

ambiental e de reduzida produccedilatildeo de efluentes e resiacuteduos concederaacute as licenccedilas

75

Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 76

Art 2deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 77

Art 3deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006

60

ambientais correspondentes78 No caso de empreendimento que beneficie eou transforme

produtos provenientes de exploraccedilotildees extrativistas e florestais natildeo madeireiros seratildeo

licenciadas em apenas uma etapa por meio de Licenccedila Uacutenica de Instalaccedilatildeo e Operaccedilatildeo

(LIO)79

32 LEGISLACcedilAtildeO SANITAacuteRIA APLICADA AO USO DE PFNMs

A base constitucional da legislaccedilatildeo sanitaacuteria no Brasil eacute dada pelo Art 200 inciso II e

VI da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 que assim estabelece

Art 200 Ao sistema uacutenico de sauacutede compete aleacutem de outras

atribuiccedilotildees nos termos da lei

II ndash executar as accedilotildees de vigilacircncia sanitaacuteria e epidemioloacutegica bem

como as de sauacutede do trabalhador

VI ndash fiscalizar e inspecionar alimentos compreendido o controle de

seu teor nutricional bem como bebidas e aacuteguas para consumo

humano

O Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) tem como princiacutepios que o caracterizam a

universalidade do acesso aos serviccedilos de sauacutede a descentralizaccedilatildeo poliacutetico-administrativa

a integralidade de assistecircncia eficiecircncia e a participaccedilatildeo social Tem como objeto garantir a

sauacutede como um direito de todos e como um dever do Estado (COSTA et al 2002)

A vigilacircncia sanitaacuteria faz parte das competecircncias do Sistema Uacutenico de Sauacutede e

abrange o controle de bens de consumo que direta ou indiretamente se relacionem com a

sauacutede compreendidas todas as etapas e processos da produccedilatildeo ao consumo e o controle

da prestaccedilatildeo de serviccedilos que se relacionam direta ou indiretamente com a sauacutede80

As accedilotildees de vigilacircncia sanitaacuteria no Brasil que compreendem o controle e fiscalizaccedilatildeo

de alimentos satildeo uma responsabilidade compartilhada entre oacutergatildeos da Administraccedilatildeo

Puacuteblica federal estadual e municipal com destaque para o Sistema Uacutenico de Sauacutede e para

os oacutergatildeos da Agricultura A accedilatildeo fiscalizadora cabe a autoridade federal no caso de alimento

em tracircnsito de uma para outra unidade federativa e no caso de alimento exportado ou

importado Jaacute a autoridade estadual ou municipal dos Territoacuterios ou do Distrito Federal atua

na fiscalizaccedilatildeo de alimentos produzidos ou expostos agrave venda na aacuterea da respectiva

jurisdiccedilatildeo81 De acordo com esse dispositivo caso o alimento seja produzido no municiacutepio e

ali mesmo comercializado a accedilatildeo fiscalizadora caberaacute ao municiacutepio Transpondo os limites

do municiacutepio caberaacute ao Estado ou Territoacuterios ou Distrito Federal e transpondo a divisa entre

78

Art 5deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 79

sect2deg Art 5deg Resoluccedilatildeo Conama nordm 3852006 80

Art 6deg sect1deg I e II Lei nordm 80801990 81

Art 29 Decreto-Lei nordm 9861969

61

Estados e mesmo entre paiacuteses (exportaccedilatildeo e importaccedilatildeo) a competecircncia para fiscalizar

seraacute da autoridade federal

Os oacutergatildeos federais estaduais e municipais que atuam no controle e fiscalizaccedilatildeo de

alimentos formam o Sistema Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (SNVS) Fiscalizam os

estabelecimentos comerciais que prestam serviccedilos de alimentaccedilatildeo os supermercados

dentre outros satildeo responsaacuteveis pelo controle das induacutestrias processadoras de amendoins e

derivados de aacutegua mineral natural de conservas vegetais de gelados de comestiacuteveis de

sal para consumo humano dentre outros e do controle de todos os produtos alimentiacutecios

expostos agrave venda

Jaacute o Mapa que natildeo faz parte do SNVS controla a produccedilatildeo primaacuteria (arroz feijatildeo

milho etc) as empresas beneficiadoras de produtos de origem vegetal (minimamente

processados) e induacutestrias de processamento de bebidas e o controle das induacutestrias de

processamento de produtos de origem animal

Obviamente com uma atuaccedilatildeo tatildeo proacutexima ocorrem conflitos entre os diferentes

oacutergatildeos de controle de alimentos Carvalho (2004) identifica alguns conflitos tais como

alimentos de mesma natureza sendo registrados em dois ministeacuterios diferentes (Mapa e

MS) falta de clareza no enquadramento de alguns alimentos dupla fiscalizaccedilatildeo em

estabelecimentos produtores de alimentos duplicidade de normatizaccedilatildeo sobre processos de

produccedilatildeo de registro de rotulagem e de transporte de alimentos entre outros

No que diz respeito agrave sua competecircncia pelo registro dos estabelecimentos dos

produtos e a respectiva inspeccedilatildeo a Anvisa e secretarias estaduais e municipais da

vigilacircncia sanitaacuteria controlam os seguintes alimentos derivados de produtos vegetais

conservas doces compotas desidratados e demais derivados de pastifiacutecios cereais

amidos e derivados castanhas e amecircndoas especiarias entre outros aacutegua mineral ou

natural e aditivos alimentares (energeacuteticos e repositores de sais)

Os oacutergatildeos da agricultura controlam aacutegua de coco bebidas alcooacutelicas refrigerantes

sucos e neacutectares refrescos vinagre frutas e hortaliccedilas cruas e processadas com exceccedilatildeo

de conservas vegetais minimamente processados polpa de frutas e de vegetais cereais e

leguminosas entre outros

Os alimentos expostos ao consumo ou entregues agrave venda no paiacutes seguem uma

diretriz baacutesica devem ser registrados no oacutergatildeo competente82 Satildeo obrigados igualmente ao

registro os aditivos intencionais as embalagens equipamentos e utensiacutelios elaborados eou

revestidos internamente de substacircncias resinosas e polimeacutericas e destinados a entrar em

82

Art 3deg Decreto-lei nordm 9861969

62

contato com alimentos inclusive os de uso domeacutestico e os coadjuvantes da tecnologia de

fabricaccedilatildeo83

No entanto satildeo dispensados da obrigatoriedade de registro as mateacuterias-primas

alimentares e os alimentos in natura os aditivos intencionais e os coadjuvantes da

tecnologia de fabricaccedilatildeo de alimentos e finalmente os produtos alimentiacutecios quando

destinados ao emprego na preparaccedilatildeo de alimentos industrializados em estabelecimentos

devidamente licenciados84

Outros alimentos como geleias doces frutos em conserva polpa de frutas biscoitos

patildees vegetais e frutas (dessecados e liofilizados) estatildeo dispensados de registro85 Pessoas

ou grupos que exploram PFNMs costumam comercializar esses produtos aleacutem de mateacuterias

primas alimentares e alimentos in natura Portanto para esses produtos natildeo precisam

recorrer ao oacutergatildeo competente para registro

Outro aspecto importante da norma diz respeito a obrigatoriedade da rotulagem dos

alimentos e aditivos intencionais86 Todo aquele alimento ldquoque seja comercializado qualquer

que seja sua origem embalado na ausecircncia do cliente e pronto para oferta ao

consumidorrdquo87 deveraacute atender agraves normas sobre rotulagem Mesmo aqueles dispensados de

registro bem como as mateacuterias-primas alimentares e alimentos in natura quando

acondicionados em embalagem que os caracterizem devem ser rotulados

Exige-se que os roacutetulos de alimentos embalados contenham as seguintes

informaccedilotildees88 (a) Denominaccedilatildeo de venda do alimento (b) Lista de ingredientes (c)

Conteuacutedos liacutequidos (d) Identificaccedilatildeo da origem (e) Nome ou razatildeo social e endereccedilo do

importador no caso de alimentos importados (f) Identificaccedilatildeo do lote (g) Prazo de validade

(h) Instruccedilotildees sobre o preparo e uso do alimento quando necessaacuterio Os roacutetulos de

alimentos destinados agrave exportaccedilatildeo poderatildeo trazer as indicaccedilotildees exigidas pela lei do paiacutes a

que se destinam89

Aleacutem das informaccedilotildees discriminadas acima na rotulagem nutricional devem ser

declaradas as quantidades (porccedilotildees) dos seguintes nutrientes que o alimento conteacutem valor

energeacutetico carboidratos proteiacutenas gorduras totais gorduras saturadas gorduras trans

fibra alimentar e soacutedio aleacutem de outros que se considere importantes90 Optativamente

podem ser declarados vitaminas e minerais conteuacutedo de colesterol caacutelcio e ferro quando

estiverem presentes em quantidade igual ou maior a 5 da Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

83

Art 5deg Decreto-lei nordm 9861969 84

Art 6deg Decreto-lei nordm 9861969 85

Resoluccedilatildeo Anvisa nordm 232000 (Anexo I) 86

Art 10 Decreto-Lei nordm 9861969 87

Resoluccedilatildeo Anvisa-RDC nordm 2592002 (Anexo) 88

Resoluccedilatildeo Anvisa-RDC nordm 2592002 (Anexo) 89

Art 11 sect 2deg Decreto-Lei nordm 9861969 90

Art 2deg Resoluccedilatildeo Anvisa RDC nordm 3602003

63

(IDR) por porccedilatildeo indicada no roacutetulo no intuito de aumentar o niacutevel de conhecimento para o

consumidor

Apesar da Anvisa jaacute fornecer manuais para caacutelculo dos valores nutricionais dos

alimentos embalados91 percebe-se que esses caacutelculos satildeo complexos e devem ser feitos

por pessoas com conhecimento teacutecnico especializado

As pessoas ou grupos sociais que realizam atividades de extrativismo apontam vaacuterios

obstaacuteculos para a comercializaccedilatildeo de PFNMs entre eles alguns ligados agrave rotulagem Em

Seminaacuterio promovido pelo ISPN em 2007 o grupo responsaacutevel pela discussatildeo dos

problemas ligados a exploraccedilatildeo do baru apontou como uma das causas da dificuldade para

a sua comercializaccedilatildeo a apresentaccedilatildeo inadequada do produto (embalagem roacutetulo) em

razatildeo da falta de informaccedilatildeo e de investimentos no seu processamento e na elaboraccedilatildeo de

marcas e embalagens apropriadas Aleacutem disso citam que atender agraves exigecircncias da

legislaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria eacute muito caro e trabalhoso (ISPN 2007)

Aleacutem das regras para registro e rotulagem do alimento exposto ao consumidor o

produtor deveraacute seguir normas sobre a sua manipulaccedilatildeo Assim as instalaccedilotildees e o

funcionamento dos estabelecimentos processadoresindustrializadores onde se fabrique

prepare beneficie acondicione transporte venda ou deposite alimentos devem observar

regras de higiene que visam a proteccedilatildeo agrave sauacutede da populaccedilatildeo92 Estes estabelecimentos

devem ser previamente licenciados pela autoridade sanitaacuteria competente estadual

municipal territorial ou do Distrito Federal mediante a expediccedilatildeo do respectivo alvaraacute93

Desse modo as atividades de produccedilatildeoindustrializaccedilatildeo fracionamento

armazenamento e transporte de alimentos industrializados realizadas por esses

estabelecimentos devem seguir procedimentos que buscam garantir as condiccedilotildees higiecircnico-

sanitaacuterias necessaacuterias ao processamentoindustrializaccedilatildeo de alimentos94 Nessas

circunstacircncias estatildeo obrigados a desenvolver implementar e manter Procedimentos

Operacionais Padronizados (POPs) para cada item relacionado abaixo

(a) Higienizaccedilatildeo das instalaccedilotildees equipamentos moacuteveis e utensiacutelios

(b) Controle da potabilidade da aacutegua

(c) Higiene e sauacutede dos manipuladores

(d) Manejo dos resiacuteduos

(e) Manutenccedilatildeo preventiva e calibraccedilatildeo de equipamentos

(f) Controle integrado de vetores e pragas urbanas

(g) Seleccedilatildeo das mateacuterias-primas ingredientes e embalagens

91

Acessiacutevel em ltwwwanvisagovbrrotulomanual_industriapdfgt 92

Art 45 Decreto-Lei nordm 9861969 93

Art 46 Decreto-Lei nordm 9861969 94

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002

64

(h) Programa de recolhimento de alimentos

Cada um desses itens eacute desdobrado em vaacuterios procedimentos A tiacutetulo de exemplo os

POPS referentes agraves operaccedilotildees de higienizaccedilatildeo de instalaccedilotildees equipamentos moacuteveis e

utensiacutelios satildeo obrigados a conter informaccedilotildees sobre natureza da superfiacutecie a ser

higienizada meacutetodo de higienizaccedilatildeo princiacutepio ativo selecionado e sua concentraccedilatildeo tempo

de contato dos agentes quiacutemicos e ou fiacutesicos utilizados na operaccedilatildeo de higienizaccedilatildeo

temperatura e outras informaccedilotildees que se fizerem necessaacuterias95

A norma estabelece que o produtorindustrializador avalie regularmente a efetividade

dos POPs implementados pelo estabelecimento e de acordo com os resultados faccedila os

ajustes necessaacuterios Aleacutem do mais exige-se que os POPs sejam aprovados por um

responsaacutevel teacutecnico o qual deveraacute firmar o compromisso de implementaccedilatildeo

monitoramento avaliaccedilatildeo registro e manutenccedilatildeo desses procedimentos96

No controle das boas praacuteticas de fabricaccedilatildeo em estabelecimentos

produtoresindustrializadores de alimentos eacute exigida a verificaccedilatildeo de 163 itens diferentes

que vatildeo da avaliaccedilatildeo de piso tetos paredes e divisoacuterias do edifiacutecio onde se realizam as

atividades de manipulaccedilatildeo do produto ateacute os haacutebitos de higiene dos funcionaacuterios que ali

trabalham97

Outro Sistema que busca garantir a sanidade dos produtos de origem agropecuaacuteria

colocados agrave disposiccedilatildeo do consumidor eacute o Sistema Unificado de Atenccedilatildeo agrave Sanidade

Agropecuaacuteria (Suasa) Criado com o objetivo de garantir a sanidade dos animais e vegetais

no paiacutes e a identidade qualidade e seguranccedila higiecircnico-sanitaacuteria e tecnoloacutegica dos

produtos finais destinados ao consumo98 Esse Sistema foi organizado de forma

descentralizada unificada e integrada entre a Uniatildeo sua coordenadora como Instacircncia

Central e Superior os Estados e o Distrito Federal como Instacircncia Intermediaacuteria e os

municiacutepios como Instacircncia Local Compete a essas trecircs instacircncias do Suasa em suas

aacutereas de competecircncia implantar monitorar e gerenciar os procedimentos de certificaccedilatildeo

sanitaacuteria fitossanitaacuteria e de identidade e qualidade que tecircm como objetivo garantir a

origem a qualidade e a identidade dos produtos certificados e dar credibilidade ao processo

de rastreabilidade

A adesatildeo ao Suasa eacute voluntaacuteria e as unidades da federaccedilatildeo para aderir devem

adequar seus procedimentos de inspeccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo ficando obrigadas a seguir a

legislaccedilatildeo federal ou dispor de regulamentos equivalentes reconhecidos pelo Mapa99

95

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002 (Anexo I) 96

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002 (Anexo I) 97

Resoluccedilatildeo Anvisa ndash RDC nordm 2752002 (Anexo II) 98

Art 28-A Lei nordm 81711991 99

IN MAPA nordm 192006

65

Como o sistema possibilita a harmonizaccedilatildeo e a padronizaccedilatildeo dos procedimentos de

inspeccedilatildeo nas diferentes esferas governamentais o municiacutepio ao aderir ao Suasa permitiraacute

que um produto destinado ao consumo humano fiscalizado por um oacutergatildeo de inspeccedilatildeo

municipal seja comercializado em todo o Brasil Desse modo o agricultor familiar que tiver o

seu produto certificado no acircmbito do seu municiacutepio poderaacute comercializaacute-lo fora do municiacutepio

ou mesmo fora do Estado

Integram o Suasa os seguintes sistemas (a) Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de

Produtos de Origem Vegetal (SISBI-POV) a quem cabe desenvolver atividades de auditoria

fiscalizaccedilatildeo inspeccedilatildeo certificaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de produtos de origem vegetal seus

derivados subprodutos e resiacuteduos de valor econocircmico (b) Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo

de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA) e (c) Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de

Insumos Agriacutecolas (SISBI- IA)100

O Sistema Brasileiro de Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Vegetal visa assegurar a

identidade a qualidade a conformidade a idoneidade e a seguranccedila higiecircnico-sanitaacuteria e

tecnoloacutegica dos produtos de origem vegetal seus subprodutos derivados e resiacuteduos de

valor econocircmico por meio das accedilotildees de inspeccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo de produtos

sistemas ou cadeia produtiva101 Isso quer dizer que nenhum estabelecimento industrial ou

agroindustrial que tenha como mateacuteria-prima produtos de origem vegetal poderaacute funcionar

no paiacutes sem que esteja previamente registrado no oacutergatildeo competente para inspeccedilatildeo da sua

atividade

O SISBI-POV sendo o instrumento responsaacutevel pela inspeccedilatildeo dos produtos de origem

vegetal ainda natildeo estaacute devidamente regulamentado dependendo ainda de orientaccedilatildeo legal

do Ministeacuterio da Agricultura Alguns Estados como Santa Catarina tomaram a iniciativa e jaacute

possuem legislaccedilatildeo sobre a regularizaccedilatildeo da atividade de processamento de alimentos de

origem animal e vegetal

O agricultor familiar ou as pequenas associaccedilotildeescooperativas rurais que veem na

instalaccedilatildeo de agroinduacutestria para o processamento de natildeo madeireiros uma forma de

inserccedilatildeo no mercado formal encontram dificuldades para obter a certificaccedilatildeo adequada em

atendimento agraves exigecircncias do serviccedilo de inspeccedilatildeo sanitaacuteria uma vez que poucos

municiacutepios contam com esse serviccedilo Basicamente aqueles que possuem o Sistema de

Inspeccedilatildeo Municipal devem solicitar a visita do teacutecnico para adequar a sua agroinduacutestria

conforme as exigecircncias da Lei Depois de credenciado no SIM solicitar que o municiacutepio

enquadre a agroinduacutestria no Suasa sendo que para isso o municiacutepio tem que estar inscrito

no SISBI com adesatildeo (Estado ou Uniatildeo) e responsabilizar-se pelos criteacuterios do Suasa

100

Art 130 Decreto nordm 57412006 101

Art 145 Decreto nordm 57412006

66

No entanto com a demora na regulamentaccedilatildeo do SISBI-POV o alvaraacute sanitaacuterio para

que as agroinduacutestrias familiares rurais que utilizam produtos de origem vegetal possam

funcionar devem ser obtidos junto agraves Secretarias Estaduais da Sauacutede e na Anvisa

Prezotto (1999) denuncia que a complexidade do sistema organizacional de inspeccedilatildeo

sanitaacuteria agropecuaacuteria somada a atuaccedilotildees desarticuladas na fiscalizaccedilatildeo dos alimentos

promovem um ambiente institucional desfavoraacutevel agraves agroinduacutestrias familiares uma vez que

geram incertezas e desinformaccedilotildees por parte dos responsaacuteveis pelos empreendimentos

Essa falta de conhecimento dos agricultores sobre a legislaccedilatildeo sanitaacuteria foi documentada

por Zago (2002) em estudo realizado no Municiacutepio de Arroio do Tigre (RS) A autora

constatou que os agricultores familiares tecircm noccedilatildeo de exigecircncias fiscais e sanitaacuterias

implicadas na comercializaccedilatildeo destes produtos mas reconhecem que natildeo as praticam

Mesmo reconhecendo a ilegalidade da situaccedilatildeo ainda preferem manter a informalidade da

atividade em razatildeo da excessiva burocracia para a sua regularizaccedilatildeo Afirmam nunca terem

se incomodado com fiscais ou recebido reclamaccedilatildeo por venderem produtos estragados ou

mesmo que tenham causado mal a algum consumidor

No acircmbito do Estado de Goiaacutes a Superintendecircncia de Vigilacircncia Sanitaacuteria possui

norma teacutecnica sobre comercializaccedilatildeo de alimentos determinando que todo estabelecimento

ou local destinado ao preparo manipulaccedilatildeo acondicionamento depoacutesito ou venda de

alimentos deve ser regulamentado de modo a atender a uma seacuterie de requisitos que vatildeo da

posse de alvaraacute sanitaacuterio agrave adequaccedilatildeo do local aleacutem da adoccedilatildeo de procedimentos que as

pessoas devem atender para manipularem alimentos destinados ao consumo humano

Essa mesma norma teacutecnica exige vaacuterios documentos para que pessoas fiacutesicas e

juriacutedicas recebam o alvaraacute de funcionamento requerendo tambeacutem que a vistoria do local

seja aprovada pela aacuterea de fiscalizaccedilatildeo do Oacutergatildeo

33 LEGISLACcedilAtildeO CIVIL APLICADA AgraveS ATIVIDADES DE COMERCIALIZACcedilAtildeO DE PFNMS

POR PESSOA FIacuteSICA E JURIacuteDICA NA AacuteREA RURAL

As pessoas fiacutesicas podem se organizar como empreendedor individual para participar

do mercado formal A Lei Complementar nordm 1232006103 permite que trabalhadores que

atuam em pequenos negoacutecios informais ndash camelocircs pipoqueiros cabeleireiros donos de

carrocinhas de sanduiacuteche e tambeacutem o agricultor que beneficia PFNMs para o mercado

entre outros ndash se regularizem perante a Lei mediante a adoccedilatildeo de procedimentos

burocraacuteticos Em contrapartida recebem alguns benefiacutecios como a isenccedilatildeo de significativo

nuacutemero de tributos que incidem sobre a atividade produtiva recolhendo apenas uma taxa

fixa mensal de R$ 4565 a tiacutetulo de contribuiccedilatildeo agrave seguridade social (aliacutequota de 11 sobre

102

Portaria SESGO nordm 128895 103

Art 18-A e seguintes da Lei Complementar nordm 1232006

67

o salaacuterio miacutenimo) para fins de aposentadoria pessoal R$ 100 de ICMS (para aqueles com

atividades ligadas a induacutestria e ao comeacutercio) ou R$ 500 de ISS (para aqueles ligados a

atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos) A contribuiccedilatildeo agrave seguridade social lhes concede o

direito aos benefiacutecios previdenciaacuterios ndash auxiacutelios pensatildeo por morte salaacuterio-maternidade e

aposentadoria por idade ou por invalidez ndash excetuando a aposentadoria por tempo de

contribuiccedilatildeo

As pessoas juriacutedicas seguem outra legislaccedilatildeo De acordo com o Novo Coacutedigo Civil

brasileiro existem cinco tipos de pessoas juriacutedicas de direito privado as associaccedilotildees as

sociedades as fundaccedilotildees as organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos104 Os

agricultores familiares costumam se organizar na forma de associaccedilotildees ou cooperativas

para a comercializaccedilatildeo da sua produccedilatildeo e outras demandas econocircmicas e sociais

Por razotildees obvias seraacute analisada somente a legislaccedilatildeo civil relativa agraves associaccedilotildees e

cooperativas especificamente naquilo que diz respeito agraves exigecircncias legais para que essas

pessoas juriacutedicas possam constituir legalmente uma agroinduacutestria e comercializar os

produtos por ela gerados

331 Associaccedilotildees

As associaccedilotildees satildeo pessoas juriacutedicas de direito privado que se constituem para a

realizaccedilatildeo de fins natildeo econocircmicos105 Seus fins satildeo o objetivo comum a razatildeo de ser da

pessoa juriacutedica geralmente de natureza ideal ou altruiacutestica A natildeo lucratividade desses fins

natildeo permite a distribuiccedilatildeo de lucros entre os associados (AMARAL 2003) No entanto

podem realizar atividades econocircmicas desde que a receita obtida seja revertida para custear

o seu funcionamento e natildeo para ser partilhada entre os associados

Ao realizar atividades econocircmicas produzindo mercadorias e as vendendo no

comeacutercio satildeo obrigadas a emitir nota fiscal sendo obrigadas a se inscrever na Receita

Federal (CNPJ) e na Secretaria de Fazenda do seu Estado A nota fiscal eacute fator gerador de

tributos a partir da sua emissatildeo

O ato constitutivo da associaccedilatildeo eacute o seu estatuto social que deveraacute ser aprovado na

assembleia de fundaccedilatildeo da associaccedilatildeo

O registro das associaccedilotildees deve ser realizado no Cartoacuterio de Registro Civil das

Pessoas Juriacutedicas106 com base nos seguintes documentos (a) Coacutepia do estatuto social

assinado por advogado com registro na OAB (b) Ata de fundaccedilatildeo e ata de eleiccedilatildeo e de

104

Art 44 Lei nordm 104062002 (Coacutedigo Civil) 105

Art 54 Lei nordm 104062002 (Coacutedigo Civil) 106

Art 1150 Lei nordm 104062002 (Coacutedigo Civil) e Arts 114 e seguintes da Lei nordm 60151973 (Lei de Registros Puacuteblicos)

68

posse da diretoria Todas as assembleias ordinaacuterias e extraordinaacuterias realizadas pela

associaccedilatildeo tambeacutem deveratildeo ser registradas em cartoacuterio

Para o seu funcionamento seraacute necessaacuterio o respectivo alvaraacute de localizaccedilatildeo e

funcionamento emitido pelo municiacutepio

Tanto a associaccedilatildeo quanto a cooperativa satildeo obrigadas a constituir um contador

habilitado pelo Conselho Regional de Contabilidade (CRC) para acompanhar as contas da

instituiccedilatildeo e fornecer a orientaccedilatildeo necessaacuteria para a seu bom funcionamento

As associaccedilotildees satildeo obrigadas por lei a recolher tributos (impostos taxas e

contribuiccedilotildees) agrave Uniatildeo Estados e Municiacutepios embora em muitos casos a proacutepria legislaccedilatildeo

possa isentaacute-las como forma de incentivar a produccedilatildeo Os principais tributos recolhidos

pelas associaccedilotildees satildeo

(a) Imposto sobre Exportaccedilatildeo (IE) Somente incide caso a associaccedilatildeo exporte algum

produto Eacute de competecircncia exclusiva da Uniatildeo A base de caacutelculo do imposto eacute o preccedilo

normal que o produto ou seu similar alcanccedilaria ao tempo da exportaccedilatildeo em uma venda

em condiccedilotildees de livre concorrecircncia no mercado internacional A aliacutequota eacute de 30

facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentaacute-la

(b) Imposto sobre Renda e proventos de qualquer natureza (IRPJ) No caso das

associaccedilotildees ocorre a imunidade desde que cumpram alguns requisitos como a natildeo

remuneraccedilatildeo de dirigentes a natildeo distribuiccedilatildeo de sobrasganhos financeiros para os seus

associados e a aplicaccedilatildeo de suas rendas e patrimocircnio na consecuccedilatildeo dos objetivos em

territoacuterio nacional Deve fazer anualmente uma declaraccedilatildeo de isenccedilatildeo de imposto de renda

Caso ocorra pagamento de salaacuterios a empregados cuja remuneraccedilatildeo ultrapasse a

tabela do IRPF caberaacute retenccedilatildeo mensal do imposto na fonte

(c) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Deveraacute ser recolhido se a

associaccedilatildeo fabricar e vender algum tipo de produto O valor da aliacutequota dependeraacute do tipo

de produto fabricado

(d) Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) Caso a associaccedilatildeo tenha

empregados deveraacute ser recolhido Natildeo incide sobre os associados Como nas cooperativas

nas associaccedilotildees populares praticamente natildeo ocorre o recolhimento uma vez que os

proacuteprios associados eacute que prestam os serviccedilos (e) Instituto Nacional da Seguridade Social

(INSS) Caso a associaccedilatildeo distribuam sobras da sua receita aos associados deveraacute recolher

20 sobre esses valores aos cofres do ao INSS

(f) Contribuiccedilatildeo Sobre a Produccedilatildeo Rural (Funrural) Eacute de competecircncia da Uniatildeo Caso

a associaccedilatildeo desenvolva atividades produtivas rurais devem recolher ao INSS o valor de

23 sobre a receita bruta da comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo Essa contribuiccedilatildeo foi

recentemente julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

69

(g) Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) Imposto de

competecircncia da Uniatildeo o seu recolhimento eacute obrigatoacuterio e incide o recolhimento de 3 sobre

a receita bruta proveniente da venda de mercadorias e serviccedilos sendo que sobre a mesma

podem ser aplicadas algumas deduccedilotildees No entanto sua aplicaccedilatildeo tem sido contestada na

Justiccedila

(h) Taxas de Classificaccedilatildeo De competecircncia da Uniatildeo devem ser recolhidas aos

Ministeacuterios da Agricultura ou da Sauacutede em pagamento aos serviccedilos de inspeccedilatildeo

fiscalizaccedilatildeo e licenciamento de comercializaccedilatildeo de produtos animais ou vegetais No caso

de a associaccedilatildeo fabricar e vender produtos com marca proacutepria deveraacute registraacute-los

conforme o caso em um desses ministeacuterios

(i) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias (ICMS) De modo geral o fisco estadual

cobra o ICMS para a circulaccedilatildeo de mercadorias das associaccedilotildees Alguns estados isentam

as operaccedilotildees realizadas pela associaccedilatildeo ou mesmo estabelecem percentuais menores ou

ainda isentam determinados produtos As associaccedilotildees ao contraacuterio das cooperativas natildeo

satildeo beneficiadas com a natildeo incidecircncia do ICMS nas operaccedilotildees entre associados e a sua

entidade Mas algumas poliacuteticas estaduais e locais cujo objetivo eacute o incentivo agrave determinada

atividade produtiva ndash como no caso da comercializaccedilatildeo de produtos da cesta baacutesica da

venda de artesanato etc ndash vecircm beneficiando as associaccedilotildees

(j) Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) Eacute de competecircncia municipal e eacute pago

sobre as propriedades da associaccedilatildeo na cidade

(k) Taxa de Limpeza e Taxa de Iluminaccedilatildeo Puacuteblicas De competecircncia do municiacutepio

satildeo obrigatoacuterias para as associaccedilotildees

332 Cooperativas

As cooperativas satildeo pessoas juriacutedicas privadas de tipo especial definidas como

ldquosociedade de pessoas com forma e natureza juriacutedica proacuteprias de natureza civil natildeo

sujeitas a falecircncia constituiacutedas para prestar serviccedilos aos associadosrdquo107 A ideia baacutesica

expressa na legislaccedilatildeo eacute que o sistema cooperativo incorpora a ajuda muacutetua entre os

cooperados que contribuem com bens ou serviccedilos revertidos para benefiacutecio comum e a

ausecircncia da finalidade lucrativa Ou seja natildeo buscam o lucro sendo que o excedente eacute

utilizado na consecuccedilatildeo de seus fins e distribuiacutedos proporcionalmente entre os cooperados

Eacute uma sociedade simples pois se submete ao registro civil Sua atividade eacute de natureza natildeo

empresarial mas para atingir sua finalidade exerce atividade empresarial

107

Art 4deg Lei nordm 57641971

70

O estatuto da cooperativa eacute o documento que rege seu funcionamento Trata-se do

contrato que os cooperados fazem entre si onde satildeo discriminados as normas de

funcionamento e os direitos e deveres do cooperado entre outras

Podem ser singulares quanto agrave organizaccedilatildeo federativa isto eacute formadas pelo nuacutemero

miacutenimo de vinte pessoas fiacutesicas excepcionalmente permitindo-se a admissatildeo de pessoas

juriacutedicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econocircmicas das

pessoas fiacutesicas ou ainda aquelas sem fins lucrativos

Podem tambeacutem ser agrupadas de acordo com a forma de atividade a que se

destinam se subdividindo em (a) Cooperativas de Produccedilatildeo (b) Cooperativas de

Consumo (c) Cooperativas de Creacutedito e (d) Cooperativas Mistas108

Para a constituiccedilatildeo de uma cooperativa satildeo necessaacuterias as seguintes providecircncias

(a) Registro do Estatuto Social e da Ata da Assembleia Geral de Constituiccedilatildeo no

Cartoacuterio de Tiacutetulos e Documentos a fim de dar prova da existecircncia legal da Cooperativa

(b) Registro na Junta Comercial do Estado Arquivados os documentos na Junta

Comercial e feita a respectiva publicaccedilatildeo a cooperativa adquire personalidade juriacutedica

tornando-se apta a funcionar109

(c) Registro na Secretaria da Receita Federal e Instituto Nacional de Seguridade

Social

Outras providecircncias satildeo necessaacuterias para que a cooperativa venha a funcionar dentro

de todos os paracircmetros legais

(a) Licenccedila ambiental ndash A ser obtida junto ao oacutergatildeo competente ambiental caso a

atividade requeira

(b) Licenccedila sanitaacuteria ndash A ser obtida junto aos oacutergatildeos do Sistema Nacional de Vigilacircncia

Sanitaacuteria do Sistema Unificado de Atenccedilatildeo agrave Sanidade Agropecuaacuteria se o caso

requerer

(c) Alvaraacute de funcionamento ndash A ser solicitado junto agrave Prefeitura do municiacutepio onde

seraacute instalada a unidade produtiva da cooperativa

(d) Registro junto agrave Secretaria Estadual de Fazenda ndash Para emissatildeo de bloco de nota

fiscal

Aleacutem dos requisitos burocraacuteticos para a sua constituiccedilatildeo que muito oneram os

agricultores familiares as cooperativas satildeo obrigadas a recolher tributos (impostos taxas e

contribuiccedilotildees) de competecircncia das vaacuterias esferas do poder puacuteblico para que sejam

consideradas legais nos termos da lei Os principais satildeo

108

Art 6ordm Lei nordm 57641971 109

Art 18 sect6deg Lei nordm 57641971

71

(a) Programa de Integraccedilatildeo Social (PIS) De acordo com a legislaccedilatildeo em vigor deve

ser descontado o percentual de 1 sobre a folha de pagamento de funcionaacuterios da

cooperativa Aleacutem disso deve ser descontado 065 sobre o faturamento total da

cooperativa

(b) Contribuiccedilatildeo para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) Tem

recolhimento mensal e eacute calculada em 3 sobre a receita bruta da cooperativa O PIS e a

Cofins satildeo constitucionalmente destinados agrave seguridade social (sauacutede assistecircncia e

previdecircncia social)110

(c) Fundo de Garantia por Tempo de Serviccedilo (FGTS) Somente eacute recolhido se a

cooperativa tiver empregados natildeo incidindo o fato gerador sobre os cooperativados Nas

cooperativas populares praticamente natildeo ocorre o recolhimento uma vez que os proacuteprios

cooperados eacute que prestam os serviccedilos (d) Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS)

As cooperativas de produccedilatildeo devem recolher ao INSS 20 sobre os valores distribuiacutedos

aos cooperados jaacute que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria as compara agraves empresas comuns

(e) Imposto de Renda Pessoa Fiacutesica (IRPF) Se os ganhos do cooperado alcanccedilar as

faixas estabelecidas na tabela de Imposto de Renda na fonte para pessoas fiacutesicas sofreratildeo

retenccedilatildeo na fonte O cooperado que tiver imposto de renda retido na fonte deveraacute fazer o

ajuste e verificar se existente saldo a pagar ou a restituir de acordo com a legislaccedilatildeo

vigente

(f) Imposto de Renda Pessoa Juriacutedica (IRPJ) Deve recolher o Imposto de Renda

Pessoa Juriacutedica sobre operaccedilotildees com terceiros

(g) Imposto sobre Exportaccedilatildeo (IE) Eacute de competecircncia exclusiva da Uniatildeo e somente

incide caso a cooperativa exporte algum produto Sua base de caacutelculo eacute o preccedilo normal que

o produto ou seu similar alcanccedilaria ao tempo da exportaccedilatildeo em uma venda em condiccedilotildees

de livre concorrecircncia no mercado internacional A aliacutequota eacute de 30 facultado ao Poder

Executivo reduzi-la ou aumentaacute-la

(h) Contribuiccedilatildeo Sobre a Produccedilatildeo Rural (Funrural) Essa contribuiccedilatildeo eacute de

competecircncia da Uniatildeo Obriga o agricultor ou pecuarista a contribuir com a aliacutequota de 23

sobre a receita bruta proveniente da comercializaccedilatildeo do seu produto111 Caso o agricultor

entregue seu produto para a cooperativa esta eacute obrigada a recolher ao INSS o percentual

mencionado acima descontando do que pagaria ao agricultorpecuarista Essa contribuiccedilatildeo

foi recentemente julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF)112

(i) Taxas de Classificaccedilatildeo Satildeo de competecircncia da Uniatildeo e satildeo pagas aos Ministeacuterios

da Sauacutede e Agricultura pelos serviccedilos de inspeccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e licenciamento de

110

Art 194 Constituiccedilatildeo Federal1988 111

Art 1deg Lei nordm 85401992 112

Recurso Extraordinaacuterio (RE) nordm 363852

72

comercializaccedilatildeo de produtos animais ou vegetais No caso de a cooperativa fabricar e

vender produtos com marca proacutepria deveraacute registraacute-los conforme o caso em um desses

ministeacuterios

(j) Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos (ICMS) Este

imposto eacute de competecircncia dos Estados e Distrito Federal As cooperativas de produccedilatildeo

agriacutecolas ou de consumo pagam esse imposto mediante aliacutequotas bastante diversificadas

Existem vaacuterias formas de pagamento deste imposto dependendo do Estado que arrecada

34 LEGISLACcedilAtildeO SOBRE EXPLORACcedilAtildeO DE PFNMs NO ESTADO DE GOIAacuteS

Cabe ao Estado de Goiaacutes regulamentar qualquer empreendimento ou atividade

potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente desde que os seus impactos

ambientais diretos natildeo ultrapassam os limites do Estado (Lei nordm 693881 Resoluccedilotildees

Conama nordm 00186 e nordm 23797 Parecer nordm 312CONJURMMA2004) Somado a esse

preceito a legislaccedilatildeo ambiental goiana estabelece que a exploraccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa

eou formaccedilatildeo sucessora no Estado depende da aprovaccedilatildeo preacutevia do oacutergatildeo estadual de

meio ambiente bem como da adoccedilatildeo do manejo sustentaacutevel compatiacutevel com o respectivo

ecossistema (Art 8ordm Lei Estadual nordm 125961995) Nesses termos a atividade de

exploraccedilatildeo do fruto do baru em Goiaacutes necessita do licenciamento do oacutergatildeo ambiental

estadual

Essa mesma Lei que trata da poliacutetica florestal do Estado dispotildee que caberaacute ao

Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm) fixar os criteacuterios para o registro e

fiscalizaccedilatildeo das atividades das pessoas fiacutesicas ou juriacutedicas que pretendam se habilitar agrave

exploraccedilatildeo de plantas nativas utilizadas para fins alimentiacutecios abrangido neste dispositivo o

uso de raiacutezes caules folhas flores frutos e semente (sect Uacutenico Art 9ordm) No entanto o

Conselho ainda natildeo regulamentou tal dispositivo apesar do oacutergatildeo ambiental do Estado ter

criado rotinas administrativas para o fornecimento de Licenccedila de Exploraccedilatildeo Florestal (LEF)

para o interessado na exploraccedilatildeo florestal Apesar do estabelecimento dessas rotinas como

era de se esperar a utilizaccedilatildeo comercial de PFNMs para fins alimentiacutecios natildeo eacute uma das

atividades relacionadas como passiacutevel de licenciamento

A legislaccedilatildeo do Estado de Goiaacutes exige que aqueles empreendimentos cujas atividades

utilizem recursos primaacuterios ou secundaacuterios e possam ser causadoras efetivas ou potenciais

de poluiccedilatildeo ou de degradaccedilatildeo ambiental sejam licenciadas pelo oacutergatildeo ambiental (Resoluccedilatildeo

Conama 237) Empreendimentos industriais alimentares estatildeo aiacute incluiacutedos poreacutem a

administraccedilatildeo puacuteblica eacute que estabeleceraacute se de alto ou baixo impacto Caso seja de baixo

impacto a legislaccedilatildeo admite que o seu licenciamento seja feito de forma simplificada

(Licenccedila Ambiental Simplificada ndash LAS)

73

A legislaccedilatildeo estadual goiana natildeo faz qualquer referecircncia agrave necessidade daqueles

restaurantes que utilizam a amecircndoa do baru ou mesmo outro produto florestal natildeo

madeireiro de possuiacuterem licenccedila ambiental para o exerciacutecio da sua atividade

No aspecto tributaacuterio podemos destacar a Lei do Estado de Goiaacutes113 que dispotildee sobre

a reduccedilatildeo de base de caacutelculo do Imposto de Circulaccedilatildeo de Mercadoria e Serviccedilos (ICMS)

sobre a industrializaccedilatildeo de produtos tiacutepicos do Cerrado e que beneficia pessoa fiacutesica e

juriacutedica que trabalha com espeacutecies frutiacuteferas do Cerrado De acordo com o mencionado

dispositivo incide a aplicaccedilatildeo do percentual de 7 sobre o valor da operaccedilatildeo na saiacuteda

interna e interestadual de mercadoria resultante da industrializaccedilatildeo de produto tiacutepico do

cerrado goiano Importante citar que anteriormente este percentual era de 17 sobre o valor

da operaccedilatildeo na saiacuteda interna e interestadual

Um aspecto dessa legislaccedilatildeo que merece ser mencionado eacute o fato da existecircncia de

significativo nuacutemero de normas voltadas para a exploraccedilatildeo madeireira e uma diminuta

quantidade de dispositivos legais dirigidos agrave exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros Esse eacute o caso

do Decreto nordm 597506 que estabelece normas para a exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees

sucessoras tanto de domiacutenio puacuteblico quanto de privado poreacutem remete para

regulamentaccedilatildeo posterior o manejo de florestas para a obtenccedilatildeo de produtos florestais natildeo

madeireiros (Art 8deg)

A conclusatildeo extraiacuteda desse capiacutetulo eacute que a legislaccedilatildeo ambiental brasileira apesar de

ser muito festejada e ser considerada uma das mais completas do mundo (GONCcedilALVES

ALVES 2003 BRINCKMANN FRIEDRICH 2008) e mesmo a mais completa quando

comparada aos demais paiacuteses do Mercosul (ROCHA et al 2005) ao regular a atividade de

exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros pode causar confusatildeo e inseguranccedila ao destinataacuterio da

norma em razatildeo do consideraacutevel nuacutemero de dispositivos com o qual conta Outro aspecto

dessa regulaccedilatildeo eacute a existecircncia de dispositivos conflitantes que potencializam essa

inseguranccedila juriacutedica Esses fatos tecircm consequecircncias ruins para a atividade porque podem

desestimular a exploraccedilatildeo do recurso ou mesmo fazer com que aquele que jaacute explore

determinado natildeo madeireiro ignore o comando contido na lei levando-o a uma situaccedilatildeo de

ilicitude

Podemos apontar como principais obstaacuteculos gerados pelo marco regulatoacuterio nacional

incidente sobre a cadeia produtiva do baru

Grande quantidade de dispositivos (ambientais sanitaacuterios fiscaistributaacuterios)

oriundos das trecircs esferas do poder (federal estadual e municipal) que tecircm que ser

atendidos para viabilizar legalmente os empreendimentos de exploraccedilatildeo de natildeo

madeireiros

113

Lei nordm 150512004 (Estado de Goiaacutes)

74

Sobreposiccedilatildeo e inconsistecircncias entre procedimentos e exigecircncias ambientais

sanitaacuterias e fiscaistributaacuterias tanto em niacutevel federal como estadual

O fato das reduzidas normas e procedimentos sobre manejo florestal de natildeo

madeireiros natildeo apresentarem paracircmetros teacutecnicos claros de sustentabilidade

ambiental social econocircmica e poliacutetica

O fato das normas sobre manejo florestal aplicaacuteveis aos natildeo madeireiros exigirem

alta capacidade teacutecnica para o seu atendimento nem sempre ao alcance das

comunidades que exploram o recurso

A falta de estudos teacutecnicos e cientiacuteficos sobre produtos natildeo madeireiros no Cerrado

que venham a subsidiar a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas

O fato de estados e municiacutepios brasileiros na sua grande maioria possuiacuterem

capacidade limitada para implementar os procedimentos legais exigidos para a

exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros

75

4 INDICADORES DAS DIMENSOtildeES DA SUSTENTABILIDADE

41 DIMENSOtildeES DA SUSTENTABILIDADE

Embora o emprego do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (DS) tenha surgido

em 1980 em um documento elaborado pela Uniatildeo para a Conservaccedilatildeo da Natureza (IUCN)

(PIRES 1998) foi com ldquoO nosso futuro comumrdquo (Relatoacuterio Brundtland) publicado em 1987

pela Comissatildeo Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) da

Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) que o termo ganhou sua versatildeo mais conhecida

passando a ser definido como

[] is development that meets the needs of the present without

compromising the ability of future generations to meet their own needs

(UN 1987 p 54)

A expressatildeo ldquodesenvolvimento sustentaacutevelrdquo sofreu criacuteticas desde quando apareceu

em decorrecircncia da contradiccedilatildeo verificada nos proacuteprios termos da expressatildeo uma vez que a

palavra ldquodesenvolvimentordquo trazia uma loacutegica fundada na exploraccedilatildeo ilimitada dos recursos

naturais cujo objetivo era de aumentar a produccedilatildeo o consumo e a produccedilatildeo de riqueza

Nesse escopo eacute entendida como uma loacutegica perversa pois implica na extenuaccedilatildeo dos

recursos da terra e na devastaccedilatildeo dos ecossistemas contribuindo decisivamente para a

extinccedilatildeo de milhares de espeacutecies e ameaccedilando a sobrevivecircncia da raccedila humana no planeta

Ao mesmo tempo em que produz o esgotamento dos recursos naturais esta mesma loacutegica

produz desigualdades sociais uma vez que natildeo estaacute baseada na cooperaccedilatildeo e

solidariedade mas na concorrecircncia (BOFF 2006)

Na verdade o Relatoacuterio Brundtland ao adotar o termo desenvolvimento sustentaacutevel

partiu do pressuposto que eacute possiacutevel conciliar crescimento econocircmico e conservaccedilatildeo

ambiental (PIRES 1998)

De qualquer forma o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel colocou em evidecircncia a

necessidade de a humanidade renunciar ao paradigma orientado pela forma de exploraccedilatildeo

ilimitada dos recursos naturais e partir para um desenvolvimento que natildeo colocasse as

geraccedilotildees futuras sob o risco de natildeo terem suas necessidades atendidas

Este conceito ainda eacute fruto de polecircmica entre os estudiosos apesar de vaacuterios anos

terem se passado desde o lanccedilamento do Relatoacuterio Brundtland Segundo Cavalcanti (1998)

o conceito de desenvolvimento sustentaacutevel apresentado pelo Relatoacuterio eacute contraditoacuterio uma

vez que qualquer melhoria econocircmica sob a eacutegide do que o homem procura significa

acumulaccedilatildeo de capital e o esgotamento de alguma categoria de recursos natildeo renovaacuteveis

Na verdade o conceito de DS vem sendo continuamente construiacutedo (MMA 2004) Na

perspectiva daqueles que defendem este novo paradigma para que realmente ocorra o

desenvolvimento em bases sustentaacuteveis devem ser abandonados os modelos econocircmicos

76

tradicionais como forma de favorecer um uso mais equilibrado e menos danoso aos

recursos naturais

Esse tipo de desenvolvimento natildeo deve ser pensado somente a partir da limitada

proposta de crescimento econocircmico que tem como base a exclusatildeo social e a depredaccedilatildeo

dos recursos naturais ateacute a sua exaustatildeo Para a sua correta conceituaccedilatildeo deve ser levado

em consideraccedilatildeo natildeo somente questotildees como a ambiental ou ecoloacutegica mas a conjunccedilatildeo

dos demais elementos (COSTA NETO 1999) Para Boff (2006) esse desenvolvimento deve

incorporar uma dimensatildeo mais ampla a dimensatildeo eacutetica pois deve garantir a

sustentabilidade da vida da terra da sociedade e da humanidade acima do interesse

econocircmico-poliacutetico ou praacutetico-instrumental Sachs (2000 2004) entende que o conceito de

DS dever ser considerado a partir das dimensotildees da sustentabilidade Isso significa dizer

que no processo de planejamento do desenvolvimento a integraccedilatildeo entre as dimensotildees eacute

condiccedilatildeo fundamental aleacutem da preocupaccedilatildeo com a produtividade e com a conservaccedilatildeo dos

ecossistemas Por sua vez cada uma das dimensotildees tem sua caracteriacutestica proacutepria estando

condicionada e condicionando as demais dimensotildees Isso significa dizer que natildeo satildeo

estanques e em determinados momentos e circunstacircncias estatildeo sujeitas a interaccedilotildees nas

mais variadas formas As interaccedilotildees entre componentes de diferentes dimensotildees podem ser

tatildeo importantes como os componentes principais de uma dimensatildeo considerada

(SEPULVEDA 2005)

Em resumo o desenvolvimento sustentaacutevel pode ser entendido como o processo

poliacutetico-participativo que integra todas as sustentabilidades (econocircmica ambiental e social

poliacutetico-institucional e da sauacutede entre outras) individuais e coletivas tendo como objetivo o

bem-estar dos indiviacuteduos no presente e das geraccedilotildees futuras Sob esse ponto de vista uma

comunidade soacute seraacute sustentaacutevel se conseguir manter e melhorar as caracteriacutesticas sociais

econocircmicas ambientais poliacutetico-institucionais e da sauacutede do local onde vivem

proporcionando aos seus membros uma boa qualidade de vida

Para efeito dessa anaacutelise a noccedilatildeo de sustentabilidade com a qual se trabalha eacute

aquela definida por Jacobi (1999) que implica uma ldquonecessaacuteria inter-relaccedilatildeo entre justiccedila

social qualidade de vida equiliacutebrio ambiental e a necessidade de desenvolvimento com

capacidade de suporterdquo Nesse entendimento esta sustentabilidade diz respeito agrave

prevalecircncia da premissa segundo a qual deve ser imposta uma limitaccedilatildeo ao crescimento

associada a iniciativas de promoccedilatildeo da participaccedilatildeo social por meio de praacuteticas educativas e

do diaacutelogo democraacutetico sem deixar de considerar os valores culturais fazendo surgir um

sentimento de co-responsabilizaccedilatildeo e de constituiccedilatildeo de valores eacuteticos

Para Sachs (1993) qualquer atividade que tenha como propoacutesito o planejamento do

desenvolvimento deve procurar o equiliacutebrio entre as vaacuterias dimensotildees da sustentabilidade

77

entre as quais a ecoloacutegica a social a econocircmica e a poliacutetica Estas dimensotildees devem ser

integradas para que ocorra o processo do desenvolvimento sustentaacutevel

Um dos pressupostos do presente trabalho eacute que a atividade de extraccedilatildeo de recursos

vegetais para ser sustentaacutevel deve conciliar estas cinco dimensotildees

A dimensatildeo social da sustentabilidade eacute aquela que expressa a ideia que somente

uma sociedade menos desigual e com pluralismo poliacutetico poderaacute produzir o

desenvolvimento com bases sustentaacuteveis (MMA 2004) Sachs (2004) enumera esta

dimensatildeo como a proacutepria finalidade do desenvolvimento em razatildeo das perspectivas de

colapso social que paira sobre muitos lugares problemaacuteticos do planeta A dimensatildeo social

precede a sustentabilidade ambiental Nessa perspectiva o empenho na conservaccedilatildeo dos

recursos naturais somente adquire significado e relevacircncia quando o produto gerado desse

esforccedilo venha a ser equitativamente apropriado e usufruiacutedo pelos diversos segmentos da

sociedade (COSTABEBER CAPORAL 2002 2003)

Esta dimensatildeo coloca o ser humano como agente do desenvolvimento sustentaacutevel

uma vez que tem o potencial de transformar o seu meio ambiente gerando riquezas e

exaurindo os recursos naturais e por outro lado sendo capaz de se auto-organizar e

participar dos processos de tomada de decisatildeo atuando junto a governos locais e regionais

bem como a outras instacircncias institucionais do setor puacuteblico para melhorar a sua vida

(SEPULVEDA 2005)

Trata-se de uma nova postura da sociedade frente aos desafios da equidade e da

solidariedade na produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo das riquezas Sua orientaccedilatildeo deve ser a busca de

equidade na distribuiccedilatildeo de renda pela igualdade de acesso aos recursos naturais e aos

benefiacutecios sociais Levar-se em conta a dimensatildeo social significa almejar a melhoria da

qualidade de vida das pessoas partindo-se de uma nova conformaccedilatildeo dos atores sociais A

contribuiccedilatildeo dessa dimensatildeo para o desenvolvimento sustentaacutevel depende de que a

sociedade se organize socialmente conjugando esforccedilos na direccedilatildeo de uma melhoria de

vida para toda a populaccedilatildeo

A dimensatildeo ambiental surge do princiacutepio de que as populaccedilotildees ndash incluindo-se ai os

atores institucionais e agentes econocircmicos ndash para caminharem rumo ao desenvolvimento

sustentaacutevel ou seja para garantir sua proacutepria sobrevivecircncia a longo prazo no planeta

deveratildeo conhecer e manejar os recursos renovaacuteveis de modo a manter eou recuperar as

condiccedilotildees quiacutemicas fiacutesicas e bioloacutegicas do solo bem como conservar eou recuperar a

biodiversidade as reservas naturais e os mananciais hiacutedricos assim como os demais

recursos naturais Esse conceito tambeacutem incorpora a adoccedilatildeo de estrateacutegias voltadas para a

reutilizaccedilatildeo de materiais e energia dentro dos sistemas assim como a eliminaccedilatildeo do uso de

resiacuteduos toacutexicos que afetam a sauacutede dos ambientes naturais e o bem-estar das populaccedilotildees

78

bem como aqueles cujos efeitos sobre o meio ambiente satildeo incertos ou desconhecidos A

dimensatildeo ambiental incorpora a ideia de que a conservaccedilatildeo dos recursos naturais eacute

condiccedilatildeo essencial para a continuidade dos processos de reproduccedilatildeo socioeconocircmica e

cultural da sociedade (COSTABEBER CAPORAL 2002)

Para explicar melhor essa dimensatildeo Sachs (2000) propotildee criteacuterios de

sustentabilidade ecoloacutegica e ambiental A sustentabilidade ecoloacutegica faz referecircncia agrave base

fiacutesica do processo de crescimento e tem como objetivo a preservaccedilatildeo do capital natural

incorporados agraves atividades produtivas No que diz respeito agrave sustentabilidade ambiental o

autor menciona que este criteacuterio se refere agrave manutenccedilatildeo da capacidade de autodepuraccedilatildeo

dos ecossistemas naturais o que implica na manutenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da capacidade de

absorccedilatildeo e recomposiccedilatildeo dos ecossistemas em face das agressotildees praticadas pela accedilatildeo do

homem (NOVAES 2000)

A importacircncia dessa dimensatildeo para o alcance do desenvolvimento sustentaacutevel reside

no fato de ser um conceito que busca se contrapor agravequela visatildeo tradicional ou modelo

tradicional de exploraccedilatildeo econocircmica que tem como base o curto-prazo e o uso ilimitado e

indiscriminado dos recursos naturais e que natildeo considera os efeitos desse crescimento

sobre a qualidade de vida das populaccedilotildees Desse modo eacute de fundamental importacircncia que

a sociedade incorpore nos seus valores a visatildeo de que os recursos naturais somente

estaratildeo disponiacuteveis para as geraccedilotildees atuais e futuras se utilizados de forma racional

Para Pires (1998) ela se daacute quando ocorre o uso dos recursos potenciais com um

miacutenimo de dano aos sistemas de sustentaccedilatildeo da vida estando ligada a manutenccedilatildeo de

estoques fiacutesicos de capital natural (CAVALCANTI 2004) Por outro lado a

insustentabilidade eacute caracterizada quando se daacute o aniquilamento ou depredaccedilatildeo do recurso

natural ou seja a velocidade de regeneraccedilatildeo do bem explorado eacute menor que a velocidade

da exploraccedilatildeo extrativa (HOMMA 1993) Mesmo a atividade extrativa sendo ecologicamente

sustentaacutevel pode ser economicamente inviaacutevel em vista de vaacuterios fatores tais como a

competiccedilatildeo de produtos naturais semelhantes (selvagens ou domesticados) ou sinteacuteticos

ou simples falta de mercado (DRUMMOND 1996)

De acordo com Anderson (1994) a ideia segundo a qual a exploraccedilatildeo de PFNMs eacute

inquestionavelmente sustentaacutevel do ponto de vista ecoloacutegico natildeo encontra sustentaccedilatildeo uma

vez que a sustentabilidade ecoloacutegica da extraccedilatildeo de PFNMs eacute bastante variada e depende

do tipo de recurso explorado Salienta que em termos de sustentabilidade ecoloacutegica o que

deve ser levado em conta natildeo eacute o destino de plantas individuais e sim o povoamento

Menciona pesquisas realizadas que demonstram que sob manejo com a finalidade de

extraccedilatildeo de madeira podem ser mantidos ou ateacute mesmo aumentados os povoamentos

naturais das espeacutecies florestais exploradas Contudo estudos sugerem que a coleta

79

indiscriminada de sementes ou frutos pode comprometer a manutenccedilatildeo de povoamentos

silvestres Com esses comentaacuterios o autor quer mostrar a incerteza que permeia a

mensuraccedilatildeo da sustentabilidade ambiental

Essa questatildeo eacute abordada por Klink (2001) que entende que o manejo de sistemas

ecoloacutegicos envolve grandes incertezas Salienta que ldquomesmo entre os ecoacutelogos natildeo haacute

consenso de que a pesquisa ecoloacutegica seja o caminho mais promissor para determinar os

limites da sustentabilidade na exploraccedilatildeo de recursos naturais e ecossistemasrdquo (p 81)

A dimensatildeo econocircmica da sustentabilidade eacute alcanccedilada por meio da gestatildeo mais

eficiente dos recursos e por um fluxo regular do investimento puacuteblico e privado De acordo

com essa orientaccedilatildeo a eficiecircncia econocircmica deve ser avaliada por criteacuterios macrossociais e

natildeo apenas pela lucratividade das empresas (PIRES 1998) Apesar de ser uma dimensatildeo

que comporta uma caracteriacutestica proacutepria aquela que deve ser levada em conta ao se

considerar a viabilidade econocircmica de qualquer iniciativa que altere significativamente o

meio ambiente natildeo pode ocorrer isoladamente quando se trata de desenvolvimento

sustentaacutevel necessitando de uma interaccedilatildeo com criteacuterios de sustentabilidade social e

ambiental Nessa perspectiva somente as soluccedilotildees que considerem estes trecircs elementos

isto eacute que promovam o crescimento econocircmico com impactos positivos em termos sociais e

ambientais merecem a denominaccedilatildeo de desenvolvimento (SACHS 2004)

Esta sustentabilidade comporta a diversificaccedilatildeo de atividades produtivas e um

desenvolvimento econocircmico intersetorial equilibrado seguranccedila alimentar contiacutenua

modernizaccedilatildeo dos instrumentos de produccedilatildeo e acesso agrave ciecircncia e agrave tecnologia aleacutem de

uma inserccedilatildeo soberana das naccedilotildees na economia internacional (SACHS 2000)

Eacute uma dimensatildeo que nos traz o conceito de economia de permanecircncia mencionado

por Sachs (2000) segundo o qual o atendimento agraves necessidades humanas autolimitadas

por princiacutepios que evitam a ganacircncia estaacute estreitamente ligado agrave conservaccedilatildeo da

biodiversidade De acordo com o autor esta economia deveria ter como fundamento a

perenidade dos recursos ou seja o desenvolvimento de habilidades que levassem a

humanidade a transformar elementos do meio ambiente em recursos sem a destruiccedilatildeo da

natureza

A sustentabilidade poliacutetica refere-se ao reconhecimento do papel central das

autoridades locais comunidades e associaccedilotildees de cidadatildeos na participaccedilatildeo do

planejamento local das accedilotildees direcionadas para a regiatildeo onde vivem (SACHS 2000) Esta

dimensatildeo diz respeito agrave orientaccedilatildeo poliacutetica capacidade e esforccedilo despendido pela

sociedade organizada para as mudanccedilas necessaacuterias para uma efetiva implantaccedilatildeo do

desenvolvimento sustentaacutevel (SOARES et al 2006) Assim o que se busca nessa

sustentabilidade eacute compreender a capacidade que os sistemas de gestatildeo poliacutetica tecircm de

80

absorver estrategicamente as demandas socioambientais por meio de mecanismos

participativos e estrateacutegicos (MANTOVANELI JUNIOR SAMPAIO 2007)

A sustentabilidade da sauacutede tem um sentido especiacutefico no acircmbito das estrateacutegias de

sauacutede puacuteblica King (1990) defende uma abordagem ecoloacutegica voltada para a melhoria da

sauacutede de todo o planeta Esta ideia estaacute ligada ao conceito de armadilha demograacutefica

segundo a qual uma populaccedilatildeo estaacute presa quando se encontra em estado de

insustentabilidade com elevada taxa de natalidade e mortalidade pressatildeo crescente sobre

seus recursos e com um ambiente em raacutepida deterioraccedilatildeo Essa situaccedilatildeo fatalmente

conduziraacute essa populaccedilatildeo agrave morte por fome e doenccedilas O autor propugna que uma maneira

de inverter-se o atual quadro de degradaccedilatildeo ambiental do planeta seria a conservaccedilatildeo e a

reciclagem como forma de controle do consumo intenso de energia do Norte industrial e um

novo impulso no planejamento familiar para o Sul Entende que as medidas de sauacutede

puacuteblica precisam ser compreendidas no que diz respeito agraves suas implicaccedilotildees demograacuteficas

e ecoloacutegicas A sustentabilidade de acordo com esse entendimento deve ser a manutenccedilatildeo

da capacidade do ecossistema de apoiar a vida em quantidade e variedade

Para Matias e Nunes (2006) esta dimensatildeo eacute alcanccedilada por meio da incorporaccedilatildeo da

sauacutede em estrateacutegias e poliacuteticas de desenvolvimento sustentaacutevel e o seu reconhecimento

como um direito humano fundamental Nesse escopo Matias (2009) assim define sauacutede

[] uma propriedade emergente resultante da intersecccedilatildeo ou

interferecircncia de processos que satildeo sociais poliacuteticos ecoloacutegicos

tecnoloacutegicos que seja parte integrante de um sistema ecossocial e

uma garantia de qualidade de vida e bem-estar Estes processos

ocorrem necessariamente em escalas diferentes e operam no

sentido de manter a integridade do sistema modelando a sua

transformaccedilatildeo Para poder levar em conta esta proposta eacute necessaacuterio

partir de contextos especiacuteficos identificar os diversos modos de co-

construccedilatildeo de conhecimentos e de poliacuteticas de sauacutede e ambiente

que muitas vezes podem ser conflitantes e envolver diversos atores

(p 67)

Pelo exposto depreende-se que a sustentabilidade de um sistema agroextrativista

pode ser compreendida como a capacidade desse sistema de manter-se economicamente

produtivo ambientalmente equilibrado e capaz de proporcionar a justiccedila social ao longo do

tempo (CAPORAL COSTABEBER 2002)

81

42 INDICADORES DAS DIMENSOtildeES DA SUSTENTABILIDADE

De uma maneira geral um indicador pode ser definido como um paracircmetro ou um

valor derivado de paracircmetros que fornece informaccedilotildees sobre um fenocircmeno (OECD 1993)

Para a OECD o seu significado vai aleacutem das propriedades diretamente associadas com o

paracircmetro avaliado Na mesma linha de pensamento Newton et al (1998) assevera que um

indicador deve estar inserido em uma estrutura interpretativa bem definida e seu significado

estaacute aleacutem da medida que representa Acrescenta ainda que um conjunto de indicadores

pode ser definido como o miacutenimo que se monitorado corretamente fornece dados rigorosos

que descrevem as tendecircncias principais dentro e impactos sobre o ambiente humano

Segundo o entendimento de Hammond et al (1995) indicadores fornecem

informaccedilotildees a respeito do progresso na direccedilatildeo de metas sociais tais como o

desenvolvimento sustentaacutevel Possuem duas caracteriacutesticas principais quantificam

informaccedilotildees cujo significado estaacute prontamente visiacutevel e simplificam as informaccedilotildees sobre

um fenocircmeno complexo para melhorar a comunicaccedilatildeo

Para Bellen (2005) o objetivo dos indicadores ldquoeacute agregar e quantificar informaccedilotildees de

modo que sua significacircncia fique mais aparenterdquo (p 42) Afirma que os indicadores tecircm

como virtude simplificar as informaccedilotildees a respeito de fenocircmenos complexos de modo que

venham a facilitar o processo de comunicaccedilatildeo De uma forma mais direta devem ajudar a

medir o progresso a distacircncia dos objetivos traccedilados e as falhas nos programas ou na sua

implementaccedilatildeo (SPANGENBERG BONNOIT 1998)

De qualquer forma uma das caracteriacutesticas fundamentais do indicador eacute a sua

precisatildeo na identificaccedilatildeo do resultado que deve ser medido Desse modo o usuaacuterio ao

selecionar os indicadores com os quais iraacute trabalhar procuraraacute atender a um conjunto de

propriedades cuja funccedilatildeo eacute melhorar a qualidade do indicador atributividade uma vez que

mudanccedilas satildeo relativas aos processos deflagrados pelos atores em evidecircncia

sensibilidade pois deveraacute refletir as mudanccedilas que ocorrem no fenocircmeno objeto do estudo

viabilidade devendo o usuaacuterio observar a disponibilidade de fontes os custos para a sua

coleta e o esforccedilo da equipe para obtecirc-lo confiabilidade os indicadores deveratildeo demonstrar

a qualidade do levantamento dos dados inteligibilidade de modo que haja transparecircncia na

metodologia de sua construccedilatildeo e comunicabilidade deve por si soacute ser compreensiacutevel por

vaacuterios indiviacuteduos e grupos (VALARELLI 2005)

Jannuzzi (2005) discrimina outras propriedades que um bom indicador deve possuir

Embora faccedila referecircncia a indicadores sociais as propriedades que cita satildeo comuns a todos

os tipos de indicador relevacircncia pois devem ser relevantes e pertinentes para

acompanhamento de projetos e programas validade pois eacute desejaacutevel que as medidas que

seratildeo feitas sejam o mais proacuteximo possiacutevel do conceito abstrato que lhes deram origem

82

factibilidade operacional pois o indicador deve ser obtido a preccedilos moacutedicos para natildeo

inviabilizar o seu levantamento periodicidade na sua atualizaccedilatildeo uma vez que para o

acompanhamento e avaliaccedilatildeo de mudanccedilas sociais ambientais ou econocircmicas eacute

necessaacuterio que se disponha de indicadores regularmente levantados comparabilidade da

seacuterie histoacuterica com o objetivo de permitir a inferecircncia de tendecircncias e avaliar os efeitos de

eventuais programas implementados

421 Mensuraccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade

Desde que surgiu a noccedilatildeo de desenvolvimento sustentaacutevel haacute cerca de 30 anos no

bojo de reuniotildees internacionais que buscavam soluccedilotildees para a galopante deterioraccedilatildeo do

meio ambiente mundial e a partir do aparecimento do seu conceito poliacutetico no texto do

Relatoacuterio Brundtland muitas duacutevidas tecircm surgido a respeito da sua correta mensuraccedilatildeo

(HARDI ZDAN 1997) Praticamente todos os autores que trabalham com indicadores

partilham da opiniatildeo que por mais que sejam desenvolvidas medidas torna-se difiacutecil definir

os paracircmetros exatos para medir a sustentabilidade uma vez que esse conceito envolve no

miacutenimo a interaccedilatildeo de fatores econocircmicos sociais e ambientais (HAMMOND 1995) Para

Veiga (2009a) eacute impossiacutevel obter-se alguma forma de mensurar a sustentabilidade que

possa vir a ter ampla aceitaccedilatildeo Entende que essa dificuldade eacute compreensiacutevel uma vez

que na construccedilatildeo da sua noccedilatildeo se entrelaccedilam fatores biofiacutesicos psicoloacutegicos econocircmicos

e socioculturais (VEIGA 2009b)

De qualquer maneira as tentativas de mensurar-se o grau de sustentabilidade por

meio de indicadores foram inuacutemeras mas apesar de se apresentarem como ferramentas

simples ou mesmo sofisticadas continuam gerando polecircmicas entre os estudiosos pelo fato

da sua proposta natildeo alcanccedilar a abrangecircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

Para Siche et al (2007) tratando-se de iacutendice e indicadores ainda natildeo existe uma foacutermula

consensual para avaliar o que eacute sustentaacutevel e natildeo sustentaacutevel

Alcanccedilar o progresso na direccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel eacute uma escolha

social do indiviacuteduo das famiacutelias das comunidades de organizaccedilotildees da sociedade civil e

do governo Pelo fato de envolver uma escolha a mudanccedila somente eacute possiacutevel com a

ampla participaccedilatildeo da sociedade (HARDI ZDAN 1997) Para que a decisatildeo na direccedilatildeo

dessa mudanccedila ocorra satildeo necessaacuterias avaliaccedilotildees permanentes sobre a realidade social

econocircmica ambiental e institucional daquela comunidade ou regiatildeo ou mesmo do paiacutes Os

processos de avaliaccedilatildeo que buscam mensurar a sustentabilidade tecircm como funccedilatildeo a

geraccedilatildeo permanente de informaccedilotildees para subsidiar os tomadores de decisatildeo na direccedilatildeo de

accedilotildees que levem ao bem-estar das populaccedilotildees

83

Um nuacutemero consideraacutevel de abordagens para se avaliar o progresso na direccedilatildeo do

desenvolvimento sustentaacutevel tem sido desenvolvido e testado Hardi e Zdan (1997)

entendem que o desenvolvimento de estruturas conceituais (modelos) eacute um passo

importante no direcionamento do processo de avaliaccedilatildeo De modo que a partir da posse

dessa ldquoestrutura conceitualrdquo os indicadores surgiratildeo mais naturalmente podendo ser

ajustados conforme as dinacircmicas que ocorrem no local onde satildeo aplicados ou mesmo em

funccedilatildeo das necessidades dos tomadores de decisatildeo Alguns dos modelos mais comumente

utilizados satildeo (a) pressatildeo-estado-resposta e suas variaccedilotildees usado para avaliaccedilotildees

ambientais (b) bem-estar humano e ecossistecircmico (c) questotildees e temas baseados em

modelos e (d) modelos baseados em contas nacionais relacionadas em bases econocircmicas

e ambientais do desenvolvimento sustentaacutevel (PINTER et al 2005)

Uma das ferramentas de maior destaque para a mensuraccedilatildeo do progresso na direccedilatildeo

do desenvolvimento sustentaacutevel eacute o Painel da Sustentabilidade (Dashboard of

Sustainability) iacutendice agregado de um conjunto de indicadores que quando calculado

proporciona o valor de uma determinada avaliaccedilatildeo ou seja o iacutendice da performance poliacutetica

(PPI) Os indicadores estabelecidos no acircmbito das dimensotildees da sustentabilidade podem

ser mensurados em termos de sustentabilidade ou no niacutevel do processo decisoacuterio (BELLEN

2005)

Trata-se de um software que permite avaliar a performance econocircmica social

ambiental e institucional de um paiacutes na direccedilatildeo da sustentabilidade O modelo baacutesico eacute

apresentado na forma de um painel (mostrador) colorido com trecircs segmentos ndash social

econocircmico e ambiental assim como o The Policy Performance Index no centro ndash sendo

estas cores calculadas por meio da multiplicaccedilatildeo dos pontos de performance com os

coeficientes de valor

O performance poliacutetico (ou avaliaccedilatildeo poliacutetica) eacute mostrado por meio de um coacutedigo de

cores sendo o vermelho (criacutetico) o amarelo (meacutedio) e o verde (muito bom) O software

utiliza um sistema de pontos indo de 0 (pior caso ndash vermelho) ateacute 1000 pontos (melhor paiacutes

ou cidade ndash verde) Todos os valores satildeo calculados pela interpolaccedilatildeo linear entre esses

extremos (IISD 2010)

Outro indicador de sustentabilidade bastante utilizado eacute a pegada ecoloacutegica

(Ecological Footprint Method) ferramenta criada por Mathis Wackernagel e William Rees

(1996) com base no conceito ecoloacutegico de capacidade de carga emergia (emergy) e

Unidade de Mateacuteria-prima por Serviccedilo (MIPS) que converte o consumo de mateacuteria-prima e

a assimilaccedilatildeo de dejetos de um sistema econocircmico ou populaccedilatildeo humana em aacuterea de terra

feacutertil necessaacuteria para manter o estilo de vida dessa populaccedilatildeo ou sistema econocircmico Eacute

fundamentada nos princiacutepios da sustentabilidade equidade e overshoot este uacuteltimo

84

entendido como o ponto de consumo a partir do qual o crescimento material somente

poderaacute ser obtido agrave custa do exaurimento do capital natural e dos serviccedilos necessaacuterios agrave

manutenccedilatildeo da vida (SILVA SANTOS 2007)

A metodologia consiste nos seguintes passos de acordo com Bellen (2005) a) Apoacutes a

seleccedilatildeo de dados agregados calcular a sua meacutedia anual dividindo-se o consumo total pelo

tamanho da populaccedilatildeo b) em seguida determina-se a aacuterea apropriada per capita para a

produccedilatildeo de cada um dos principais itens de consumo Realiza-se este caacutelculo dividindo-se

o consumo anual per capita (kgcapita) pela produtividade meacutedia anual (kgha) c) calcula-se

a pegada ecoloacutegica meacutedia por pessoa por meio do somatoacuterio das aacutereas de ecossistema

apropriadas por cada item de consumo de bens ou serviccedilos e d) a aacuterea meacutedia apropriada

multiplicada pelo tamanho da populaccedilatildeo total fornece a aacuterea total apropriada

Reconhece-se a excelecircncia dessa metodologia de caacutelculo da sustentabilidade poreacutem

uma das criacuteticas mais fortes eacute que ao se centrar sobre os recursos renovaacuteveis fornece

informaccedilotildees limitadas sobre a maioria dos recursos natildeo renovaacuteveis e o impacto da sua

utilizaccedilatildeo sobre os ecossistemas (TSSP 2010)

O Barocircmetro da Sustentabilidade (Barometer of Sustentability) eacute uma ferramenta

empregada para avaliar e relatar o desenvolvimento na direccedilatildeo da sustentabilidade que

combina indicadores sociais e ambientais e fornece uma avaliaccedilatildeo do estado das pessoas e

do meio ambiente por meio de uma escala de iacutendices Foi desenvolvido por Robert Prescott-

Allen e outros pesquisadores ligados agrave World Conservation Union (IUCN) e ao International

Development Research Centre (IDRC) em 1996 Para calcular ou medir o progresso em

direccedilatildeo agrave sustentabilidade satildeo calculados os valores para os iacutendices da ecosfera e do bem-

estar social Este uacuteltimo iacutendice representa o niacutevel geral de bem-estar da sociedade se

constituindo em uma funccedilatildeo do bem-estar individual sauacutede educaccedilatildeo desemprego

pobreza rendimentos crime bem como negoacutecios e atividades humanas (LOUETTE 2009)

Podem ser citadas outras ferramentas para avaliar a sustentabilidade na direccedilatildeo do

progresso por meio de indicadores os Princiacutepios de Bellagio (Dez princiacutepios que abrangem

todas as etapas do processo de desenvolvimento de indicadores para mensuraccedilatildeo da

sustentabilidade) o Environmental Performance Index (EPI) proposto pelas Universidades

de Yale e Columbia usado para quantificar e classificar numericamente o desempenho

ambiental de um conjunto de companhias e paiacuteses o Environmental Vulnerability Index

(EVI) proposto pela Comissatildeo de Geociecircncia Aplicada do Paciacutefico Sul e Programa das

Naccedilotildees Unidas para o Meio Ambiente cujos indicadores (iacutendices de vulnerabilidade

econocircmica e social) fornecem o grau em que o meio ambiente de um paiacutes estaacute sujeito a

danos e degradaccedilatildeo o Genuine Progress indicator (GPI) criado pela organizaccedilatildeo natildeo

governamental Redefining Progress em substituiccedilatildeo ao Produto Interno Bruto (PIB) e que

85

consiste em medir o crescimento econocircmico de um paiacutes vinculado ao aumento do bem-estar

de seus habitantes entre outros natildeo menos importantes (LOUETTE 2009)

Bellen (2005) comparou trecircs ferramentas para o estabelecimento de indicadores de

sustentabilidade ndash Pegada ecoloacutegica Barocircmetro da sustentabilidade e Painel da

sustentabilidade ndash adotando como categoria de anaacutelise o escopo (dimensotildees ecoloacutegica

econocircmica social e institucional) a esfera (relacionada com o tipo de unidade a qual a

ferramenta de avaliaccedilatildeo se aplica) dados (relativo aos dados empregados nas trecircs

metodologias) participaccedilatildeo (que diz respeito agrave orientaccedilatildeo das ferramentas em termos de

participaccedilatildeo dos atores sociais envolvidos numa experiecircncia de avaliaccedilatildeo) e interface (que

procura analisar as ferramentas selecionadas considerando a facilidade que seus usuaacuterios

tecircm de observar e interpretar os resultados obtidos num processo de avaliaccedilatildeo) O resultado

da sua anaacutelise demonstrou que as trecircs ferramentas estudadas em funccedilatildeo de suas

caracteriacutesticas proacuteprias possuem campos de aplicaccedilatildeo especiacuteficos e lidam com dimensotildees

distintas do desenvolvimento Conclui afirmando que os sistemas de indicadores se

apresentam como importante elemento legitimador na determinaccedilatildeo da agenda puacuteblica e

social para o desenvolvimento

Uma das dificuldades que se apresenta atualmente eacute medir e avaliar o grau de

sustentabilidade dos modelos de exploraccedilatildeo agroextrativista encontrados nas diferentes

regiotildees do paiacutes Dessa forma lanccedila-se matildeo dos indicadores uma vez que possuem a

capacidade de alertar sobre os problemas pelos quais as comunidades que exploram

recursos florestais estatildeo passando e se revelam importante instrumento para propor

soluccedilotildees centradas na busca da sustentabilidade e bem-estar dessas populaccedilotildees

Os indicadores utilizados na dimensatildeo ecoloacutegica tecircm como propoacutesito avaliar se a

exploraccedilatildeo do baru vem sendo realizada de modo a causar o menor impacto possiacutevel agrave

vegetaccedilatildeo nativa do Cerrado Na dimensatildeo social busca-se averiguar se estes agricultores-

coletores se organizam para a produccedilatildeo e para enfrentar o mercado Na dimensatildeo

econocircmica pretende-se conhecer alguns aspectos econocircmicos da atividade de exploraccedilatildeo

do baru Os indicadores da dimensatildeo poliacutetica poderatildeo nos mostrar se estes agricultores-

coletores estatildeo tendo acesso a informaccedilotildees e aos direitos que o Estado Democraacutetico lhes

proporciona e finalmente os indicadores da dimensatildeo da sauacutede poderatildeo fornecer

elementos sobre as medidas de sauacutede tomadas pelo poder puacuteblico de modo a atender a

esses atores proporcionando uma melhor qualidade de vida

Da mesma forma o uso de indicadores para mensurar as dimensotildees da

sustentabilidade das instituiccedilotildees (empresas cooperativas e associaccedilotildees) poderaacute nos

fornecer uma ideia do niacutevel de incorporaccedilatildeo desse conceito no acircmbito desse elo da cadeia

86

produtiva proporcionando elementos que subsidiem a formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas mais

efetivas

Os criteacuterios e indicadores (CampI) utilizados para medir a sustentabilidade da cadeia

produtiva da castanha do baru no Cerrado Goiano foram quase que inteiramente baseados

no trabalho de Ritchie et al (2001) intitulado ldquoCriteacuterios e indicadores de sustentabilidade em

florestas manejadas por comunidades um guia introdutoacuteriordquo direcionado para comunidades

que manejam florestas Desse modo a ferramenta foi adaptada ao contexto local sendo

aplicada em trecircs comunidades de agricultores familiares que exploram a castanha do baru e

que estatildeo localizadas em dois municiacutepios Goianos

O trabalho do Cifor teve como objetivo principal melhorar o manejo florestal o bem-

estar humano e a sustentabilidade dos recursos naturais A expectativa dos pesquisadores eacute

que este instrumento venha a se tornar um valioso instrumento na busca do objetivo global

de manejo florestal sustentaacutevel aleacutem de fornecer subsiacutedios para ajudar a organizar o

conhecimento local e cientiacutefico de modo a avaliar as condiccedilotildees da floresta e do manejo

florestal

A construccedilatildeo do conjunto de indicadores propostos levou em consideraccedilatildeo as

diferentes perspectivas pela qual as pessoas veem sua floresta Essas pessoas a enxergam

como um espaccedilo onde encontram suas necessidades fiacutesicas (alimento lenha abrigo

remeacutedios e ferramentas) suas necessidades sociais (espaccedilo individual familiar e

comunitaacuterio) suas necessidades espirituais (siacutetios sagrados cemiteacuterios e lares espirituais)

e suas necessidades econocircmicas (produtos florestais natildeo madeireiros mateacuteria-prima e

emprego)

A metodologia proposta pelo Cifor usa a seguinte hierarquia

Princiacutepios rarr Criteacuterios rarr Indicadores rarr Verificadores

Figura 5 ndash Estrutura hieraacuterquica dos indicadores utilizados Fonte Adaptado de Ritchie et al (2001)

Esta hierarquia foi adotada no presente trabalho sendo que alguns indicadores e

verificadores foram adaptados em razatildeo da atividade extrativista desenvolvida no Cerrado

apresentar peculiaridades que a diferem da realidade encontrada na Amazocircnia Bioma para

o qual o Ritchie et al propuseram a metodologia

Os Princiacutepios satildeo afirmaccedilotildees de primeira ordem ou seja satildeo ldquoverdades

fundamentais que expressam a sabedoria humana sobre o manejo florestal Fazem

referecircncia a uma funccedilatildeo da floresta ou a um aspecto relevante do sistema social que

interage com ela Satildeo afirmativas gerais sob os quais os Criteacuterios Indicadores e

Verificadores se encaixam

87

Os Criteacuterios satildeo padrotildees pelos quais o progresso das comunidades para satisfazer os

Princiacutepios pode ser julgado Eles satildeo reflexotildees do conhecimento e adicionam significado ao

Princiacutepio e o tornam mais funcional Satildeo expressos como um estado ou condiccedilatildeo particular

na qual um aspecto da floresta ou regiatildeo deveria estar ou como um processo que precisa

existir Cada Grupo de Criteacuterios apoia um Princiacutepio

Os Indicadores satildeo componentes ou variaacuteveis da floresta ou do sistema de manejo

que indicam o estado ou condiccedilotildees requeridas por um criteacuterio Satildeo apresentados como

informaccedilatildeo ou seja como uma mensagem individual significativa sobre um componente

ou uma variaacutevel Neste caso apesar de indicarem circunstacircncias que contribuiriam para

satisfazer o criteacuterio os indicadores natildeo satildeo entendidos como um conjunto obrigatoacuterio de

regras ou prescriccedilotildees

Os verificadores satildeo informaccedilotildees necessaacuterias para avaliar um indicador Satildeo

expressos como as informaccedilotildees necessaacuterias a serem coletadas

Os indicadores utilizados no presente trabalho foram estabelecidos conforme as

dimensotildees da sustentabilidade ndash social poliacutetica da sauacutede econocircmica e ecoloacutegica (Anexo I)

Para cada dimensatildeo satildeo apresentados os Princiacutepios Grupos de criteacuterios e indicadores

Criteacuterios Indicadores e Verificadores bem como as perguntas feitas aos agricultores o

grupo de respostas preacute-definidas e a graduaccedilatildeo das respostas

Eacute importante salientar que a grande maioria dos criteacuterios e indicadores foram adotados

de Ritchie et al (2001) poreacutem alguns foram retirados da literatura sobre a exploraccedilatildeo de

recursos naturais por agricultores familiares

422 Criteacuterios e verificadores

A seguir seratildeo apresentados ndash em itaacutelico ndash os princiacutepios grupos de CampI criteacuterios

indicadores e verificadores pertencentes a cada dimensatildeo da sustentabilidade Conta-se

com uma breve explicaccedilatildeo sobre o seu significado e a justificativa da sua adoccedilatildeo A

dimensatildeo social eacute a primeira a ser apresentada Os Anexos 1 e 2 fornecem uma versatildeo

mais detalhada dos criteacuterios e indicadores utilizados no presente trabalho

Princiacutepio (P1) ndash O bem-estar da comunidade (Institucional) eacute garantido

Este criteacuterio e indicador foi desenvolvido para medir o bem-estar da comunidade A

preocupaccedilatildeo eacute com a capacidade que a comunidade tem em organizar e manejar as

muacuteltiplas funccedilotildees usos e benefiacutecios da floresta de modo que os indiviacuteduos famiacutelias e

outros grupos dividam equitativamente os benefiacutecios e que os recursos florestais continuem

a fornecer essas funccedilotildees usos e benefiacutecios no futuro Mostra a capacidade da comunidade

em se organizar bem como em desenvolver e cumprir as regras do manejo

88

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G1a) ndash Organizaccedilotildeesinstituiccedilotildees comunitaacuterias e

participaccedilatildeo

O manejo da oferta e demanda de recursos florestais ndash incluindo os direitos e

obrigaccedilotildees de distribuiccedilatildeo colaboraccedilatildeo e proteccedilatildeo florestal ndash deve ser organizado por meio

do manejo florestal sustentaacutevel Estas organizaccedilotildees satildeo estabelecidas com o objetivo de

ajudar a comunidade a enfocar o desenvolvimento a implementaccedilatildeo e o cumprimento de

regras por meio de incentivos da persuasatildeo ou da imposiccedilatildeo de puniccedilotildees A existecircncia de

uma organizaccedilatildeo comunitaacuteria forte e bem estruturada eacute vital para a sustentabilidade do

manejo florestal

Criteacuterio (C11) ndash A comunidade participa e monitora todos os processos de planejamento de

qualquer sistema de manejo a ser executado dentro da aacuterea florestal em que ela causa

impacto

A organizaccedilatildeo comunitaacuteria constitui-se em um fator fundamental para a consolidaccedilatildeo

de iniciativas de exploraccedilatildeo de recursos naturais por grupos humanos Para que a

comunidade alcance bons resultados de longo prazo na exploraccedilatildeo de recursos naturais eacute

de grande importacircncia a sua participaccedilatildeo em todas as fases de exploraccedilatildeo desse recurso

(AMARAL AMARAL NETO 2005) No entanto as comunidades que vivem nas florestas

tecircm sido excluiacutedas da formulaccedilatildeo de poliacuteticas relacionadas aos recursos dos quais

dependem (TUCKER 2005)

A participaccedilatildeo social por meio da qual a comunidade discute os seus problemas e

toma decisotildees sobre a melhor forma de explorar os recursos florestais das quais dependem

se constitui um elemento importante da sustentabilidade social importante degrau na

direccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel

A sustentabilidade social somente pode ser alcanccedilada pela sistemaacutetica participaccedilatildeo

social e pelo fortalecimento da sociedade civil Desse modo um importante aspecto da

sustentabilidade social eacute a coesatildeo das comunidades a sua identidade cultural a diversidade

social entre outros Considerados como ldquocapital moralrdquo esses aspectos somente seratildeo

mantidos e renovados pela partilha de valores e equidade de direitos e pela interaccedilatildeo

comunitaacuteria religiosa e cultural (GOODLAND 1995)

Para verificar se a comunidade possui formas de se organizar e para avaliar a sua

participaccedilatildeo social foram propostos dois indicadores com seus respectivos verificadores

sendo

Indicador (I111) ndash A comunidade possui formas de organizaccedilatildeo interna e entre outras

comunidades

Verificador (V111a) ndash Reconhecimento da existecircncia de organizaccedilotildees (de fato e

legalmente)

89

Verificador (V111b) ndash Relatos individuais ou coletivos da participaccedilatildeo de membros

da comunidade em associaccedilotildees sindicatos e organizaccedilotildees poliacuteticas

Indicador (I112) ndash Os atores locais reuacutenem-se com frequecircncia satisfatoacuteria e com

representaccedilatildeo da diversidade e qualidade das interaccedilotildees incluindo pareceres em projetos

comunitaacuterios

Verificador (V112a) ndash O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo fatores

determinantes para os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos

e investimentos feitos e mantidos na comunidade e assentamento

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G1b) ndash Administraccedilatildeo de conflitos

Uma comunidade deve contar com mecanismos para lidar com conflitos que surgem

no acircmbito dos relacionamentos internos e externos Esses mecanismos podem ser formais

ou informais Para que se tornem efetivos eacute necessaacuterio que haja consenso ou respeito por

eles Aleacutem disso a comunidade tambeacutem deve deter a capacidade de usar mecanismos

externos formais ou legais para resolver conflitos

Criteacuterio (C12) ndash Devem existir medidas e instituiccedilotildees para resoluccedilatildeo de conflitos

Tanto para Marx (1998) quanto para Durkheim (1984) o conflito eacute carregado de

positividade e surge a partir do choque de interesses entre classes sociais sendo entendido

como um dos motores da histoacuteria da humanidade Jaacute para Simmel (1983) os conflitos satildeo

formas de interaccedilatildeo social e por consequecircncia constituintes das relaccedilotildees sociais na

sociedade moderna Os conflitos encontram-se nas origens e na evoluccedilatildeo da sociedade

moderna com maior precisatildeo satildeo constituintes da sociedade moderna (NASCIMENTO

2001)

Libiszewski (1992) considera que o conflito sobre a posse de um recurso natural eacute um

conflito social ou econocircmico Nesse entendimento um conflito ambiental seria causado pela

escassez de um recurso causada pela perturbaccedilatildeo que o homem provoca na sua taxa de

regeneraccedilatildeo Little (2001) defende que os conflitos socioambientais satildeo disputas entre

grupos sociais derivadas dos distintos tipos de relaccedilatildeo que eles mantecircm com seu meio

natural

A falta de soluccedilatildeo para os conflitos internos que ocorrem na comunidade pode

demonstrar uma fragilidade na organizaccedilatildeo social com predominacircncia de uma visatildeo

individualista competitiva e excludente dos seus componentes Esta caracteriacutestica pode

comprometer as iniciativas comunitaacuterias em direccedilatildeo ao uso sustentaacutevel dos recursos

naturais uma vez que converge para uma desorganizaccedilatildeo na forma de exploraccedilatildeo dos bens

ambientais

90

Para avaliar a existecircncia de mecanismos para a resoluccedilatildeo de conflitos internos foi

proposto o seguinte indicador com o seu respectivo Verificador

Indicador (211) ndash Existem mecanismos informais para resoluccedilatildeo e negociaccedilatildeo dos conflitos

na comunidade disputas e queixas familiares relacionadas ao uso posse e propriedade de

recursos florestais

(V121a) ndash Os membros adultos da comunidade podem explicar como satildeo resolvidos

os conflitos relacionados ao uso da terra

Princiacutepio (P2) ndash O bem-estar das pessoas estaacute garantido

Diferentemente do Princiacutepio (P1) este criteacuterio e indicador foi desenvolvido para avaliar

o bem-estar das pessoas que sobrevivem da exploraccedilatildeo de recursos florestais Esse bem

estar estaacute integralmente ligado agrave sauacutede das florestas Quando as florestas satildeo degradadas

os serviccedilos ecossistecircmicos que manteacutem a biodiversidade e outros bens dos ecossistemas

(fibras madeiras forragens medicamentos) entram em colapso Por serem reconhecidos

como detentores das funccedilotildees de suporte agrave vida (purificaccedilatildeo do ar e aacutegua geraccedilatildeo e

renovaccedilatildeo dos solos estabilizaccedilatildeo parcial do clima entre outros) os serviccedilos

ecossistecircmicos quando satildeo afetados comprometem o bem-estar das populaccedilotildees (DAILY

1997)

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G2a) ndash Sauacutede e alimentaccedilatildeo

Esse grupo de criteacuterio e indicador expressa a ideia segundo a qual a interaccedilatildeo das

pessoas da comunidade com a floresta associado agraves boas condiccedilotildees de moradia satildeo

caracteriacutesticas que contribuem para a sua sauacutede e bem estar Estas caracteriacutesticas reunidas

podem fornecer indiacutecios do estado da sauacutede ambiental dessa regiatildeo A sauacutede ambiental

refere-se ao controle de todos os processos influecircncias e fatores fiacutesicos quiacutemicos e

bioloacutegicos que exercem ou podem exercer direta ou indiretamente efeito significativo sobre

a sauacutede e bem-estar fiacutesico e mental do homem e sua sociedade (FIOCRUZ 2010)

Assim no estado de sustentabilidade da sauacutede os ecossistemas que datildeo suporte agrave

vida estatildeo em equiliacutebrio e fornecem todas as condiccedilotildees para o bem-estar e sauacutede das

populaccedilotildees humanas Nesse aspecto o bom estado de conservaccedilatildeo das florestas

proporciona benefiacutecios diretos para a sauacutede e o bem-estar fiacutesico das pessoas

Muitos desses criteacuterios e indicadores mencionam a importacircncia dos produtos florestais

na alimentaccedilatildeo

Criteacuterio (C21) ndash As atividades de manejo aplicadas aos recursos florestais tecircm contribuiacutedo

para o bem-estar bioloacutegico socioeconocircmico e cultural da populaccedilatildeo local

Pelo fato de inuacutemeras comunidades rurais em todo o mundo utilizarem produtos

provenientes de florestas como parte da sua subsistecircncia para a economia local ou mesmo

para seus rituais religiosos em suma como elementos para o seu bem-estar possuem uma

91

relaccedilatildeo com o meio ambiente carregada de significados Esses usos expressam os muacuteltiplos

valores da floresta para as comunidades locais

Eacute reconhecido que as comunidades locais podem conjugar a conservaccedilatildeo ambiental e

o uso sustentaacutevel das aacutereas onde vivem O manejo ambiental para a obtenccedilatildeo de recursos

alimentares por comunidades locais eacute um importante passo para o uso sustentaacutevel

(SCOONES et al 1992)

Particularmente quanto aos produtos florestais natildeo madeireiros ndash fibras frutos folhas

cascas raiacutezes entre outros ndash em funccedilatildeo dos danos ambientais provocados por outros tipos

de uso do solo como a pecuaacuteria e a agricultura de larga escala passaram a ser vistos como

uma promissora alternativa para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel da riqueza bioloacutegica das florestas

e para o desenvolvimento das comunidades rurais que vivem no seu entorno (FAO 1995)

Para avaliar a exploraccedilatildeo de produtos natildeo madeireiros pela comunidade foi proposto

o seguinte indicador com o seu respectivo verificador

Indicador (I211) ndash Os produtos coletados na floresta proporcionam alimentaccedilatildeo para a

famiacutelia

Verificador (V211a) ndash Consumo de alimentos pela famiacutelia com atenccedilatildeo especial aos

produtos florestais do Cerrado

Criteacuterio (C22) ndash A funccedilatildeo da floresta natural na sauacutede da comunidade estaacute sendo

conscientemente conservada

As relaccedilotildees entre as florestas e grupos humanos satildeo extremamente complexas e

datam do aparecimento do homem na face da Terra Uma das questotildees que mais ocupam

os cientistas nos dias de hoje vem a ser como as mudanccedilas nos ecossistemas afetam o

bem-estar e a sauacutede dos humanos partindo-se do pressuposto da existecircncia da relaccedilatildeo

muito estreita entre a sauacutede de ecossistemas e sauacutede humana

Vaacuterios estudos tecircm demonstrado que a degradaccedilatildeo ambiental de uma regiatildeo traz

danos agrave sauacutede das populaccedilotildees humanas residentes naquelas aacutereas Vasconcelos et al

(2001) demonstraram que modificaccedilotildees introduzidas pelo homem na Amazocircnia como o

desmatamento o uso do subsolo a construccedilatildeo de represas e de rodovias a colonizaccedilatildeo

humana e a urbanizaccedilatildeo estatildeo associadas agrave emergecircncia ou reemergecircncia de importantes

arboviacuterus inclusive alguns com atividade patogecircnica em seres humanos Silva (2001)

menciona a existecircncia de uma relaccedilatildeo entre as modificaccedilotildees nos ecossistemas do Estado

de Satildeo Paulo atraveacutes dos seacuteculos e a emergecircncia de doenccedilas infecciosas na populaccedilatildeo

92

Para avaliar o estado de sauacutede das populaccedilotildees que vivem nas regiotildees pesquisadas

optou-se por um indicador que possa demonstrar a sauacutede da aacutegua utilizada pelos

agricultores com o seu respectivo verificador

Indicador (I221) A vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas e nascentes satildeo protegidas

visando a boa qualidade da aacutegua

Verificador (V221a) ndash Evidecircncias de mudanccedilas na qualidade da aacutegua captada para o

consumo domeacutestico para as criaccedilotildees e cultivos na propriedade em decorrecircncia do

desmatamento e do uso do solo

Criteacuterio (C23) ndash As condiccedilotildees de moradia e saneamento baacutesico contribuem

significativamente para o bem-estar das pessoas

Existem evidecircncias cientiacuteficas abundantes que mostram a relaccedilatildeo direta entre sauacutede e

qualidadecondiccedilotildees de vida A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) e o Fundo das

Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (Unicef) realizaram em 1978 a I Conferecircncia Internacional

sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede Aleacutem de trazer um novo enfoque para o campo da

sauacutede recomendou a adoccedilatildeo de um conjunto de oito elementos essenciais para a

promoccedilatildeo da sauacutede entre os quais o abastecimento de aacutegua e saneamento baacutesico

apropriados para a populaccedilatildeo

O Estado brasileiro reconhece a importacircncia das condiccedilotildees de moradia e saneamento

baacutesico para a sauacutede No art 3ordm da Lei nordm 8080 de 19 de setembro de 1990 que dispotildee

sobre as condiccedilotildees para a promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede no paiacutes estatui que

a sauacutede tenha como fatores determinantes e condicionantes entre outros a alimentaccedilatildeo a

moradia o saneamento baacutesico o meio ambiente o trabalho a renda a educaccedilatildeo o

transporte o lazer e o acesso aos bens e serviccedilos essenciais

Para avaliar as condiccedilotildees da habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico das famiacutelias que

exploram o fruto do baru foi adotado o seguinte indicador

Indicador (I231) As famiacutelias se beneficiam com as boas condiccedilotildees de habitaccedilatildeo e

saneamento baacutesico

Criteacuterio (C24) ndash A sauacutede e o bem-estar da comunidade satildeo garantidos

O art 196 da Constituiccedilatildeo Federal estabelece ser a sauacutede um direito de todos os

brasileiros Este dispositivo determina que o Estado deve adotar poliacuteticas sociais e

econocircmicas que visem ao bem-estar da populaccedilatildeo e a reduccedilatildeo do risco de doenccedila Aleacutem

disso deve garantir serviccedilos puacuteblicos de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede

Desse modo o Poder Puacuteblico tem o dever de promover accedilotildees que garantam o bem-

estar das populaccedilotildees que residem na zona rural principalmente por meio do aporte de

profissionais com capacidade de levar ateacute essas comunidades programas de atenccedilatildeo

primaacuteria agrave sauacutede entre outros cuidados

93

Para avaliar se o Poder Puacuteblico tem aportado elementos para cuidar da sauacutede dos

membros da comunidade foi proposto o seguinte indicador

Indicador (I241) As autoridades de sauacutede puacuteblica se preocupam com o estado de sauacutede

dos membros da comunidade

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G2b) ndash Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de

custos e benefiacutecios equidade)

Esse grupo de criteacuterios e indicadores diz respeito aos benefiacutecios econocircmicos que os

locais obtecircm da floresta seja no uso direto de produtos nas propriedades rurais (fibras

madeira cascas folhas resinas etc) seja na sua utilizaccedilatildeo pela induacutestria caseira por meio

da agregaccedilatildeo de valor agrave mateacuteria-prima como no caso do seu processamento em alimentos

e artesanato

Criteacuterio (C25) ndash Os benefiacutecios derivados das atividades de exploraccedilatildeo de produtos natildeo

madeireiros tecircm servido como um incentivo para perpetuar essas atividades de uma

maneira sustentaacutevel

Natildeo resta duacutevida de que os PFNMs satildeo um meio uacutetil de contribuir com a melhoria do

niacutevel de subsistecircncia de populaccedilotildees pobres que vivem da floresta No entanto existem

duacutevidas sobre a possibilidade da comercializaccedilatildeo fornecer oportunidades para uma boa

utilizaccedilatildeo das florestas (BELCHER SCHRECKENBERG 2007) Essa carecircncia de

informaccedilotildees redunda em escassas poliacuteticas puacuteblicas voltadas para o apoio agrave exploraccedilatildeo de

natildeo madeireiros As prioridades satildeo voltadas para os produtos madeireiros uma vez que

possuem um mercado garantido No entanto autores como Ram Prasad e Swandip (1999)

afirmam que os ganhos com PFNMs poderiam ser significativamente maiores com a simples

agregaccedilatildeo de valor aos produtos beneficiados ao niacutevel das famiacutelias ou comunidades

Sugerem intervenccedilotildees simples tais como o controle de qualidade na extraccedilatildeo do produto a

criaccedilatildeo de cooperativas eou pequenas empresas familiares para beneficiar e comercializar

estes produtos

De qualquer forma um nuacutemero consideraacutevel de famiacutelias que residem nas zonas rurais

de todo o mundo satisfazem parte de suas necessidades baacutesicas e de renda a partir da

exploraccedilatildeo de PFNMs (ENDRESS et al 2006)

Para avaliar se a famiacutelia pratica alguma agregaccedilatildeo de valor no PFNM foi proposto o

seguinte indicador

Indicador (I251) ndash Existecircncia de esforccedilos contiacutenuos para diversificar e aumentar a

capacidade do processo de agregaccedilatildeo de valor com o objetivo de aumentar o valor

agregado bruto dos produtos natildeo madeireiros

Criteacuterio (C26) ndash Os produtos florestais contribuem significativamente para o bem-estar

socioeconocircmico das diferentes faixas etaacuterias e sexos da comunidade

94

De acordo com evidecircncias da paleoantropologia os primeiros humanos se

alimentavam diretamente de produtos que coletavam na floresta e da caccedila que partilhavam

(cerca de 1 milhatildeo de anos atraacutes) Tinham consciecircncia de si mesmo como parte integrante

do seu ambiente de vida e sabiam que somente sobreviveriam se respeitassem o universo

no qual viviam (LEAKEY LEWIN 1982) Esta relaccedilatildeo apesar de ter mudado drasticamente

com o surgimento da agricultura atualmente ainda faz parte da realidade de muitas

comunidades em todo o globo terrestre O Brasil nos dias de hoje ainda conta com

incontaacuteveis comunidades locais e populaccedilotildees indiacutegenas com estilo de vida tradicional que

sobrevivem de produtos provenientes diretamente das florestas ou que contam com tais

produtos para complementar a renda da famiacutelia Satildeo cerca de 233 grupos indiacutegenas (ISA

2010) aleacutem de populaccedilotildees tradicionais natildeo indiacutegenas babaccedilueiros caboclosribeirinhos

amazocircnicos caiccedilaras caipirassitiantes pantaneiros quilombolas sertanejos e varjeiros

(DIEGUES ARRUDA 2001) Nesse universo tambeacutem podem ser incluiacutedos os moradores

de assentamentos rurais

Trabalhos realizados no Estado do Paraacute demonstram que a chamada ldquoproduccedilatildeo

invisiacutevelrdquo ndash utilizaccedilatildeo direta de produtos agriacutecolas de produtos florestais e da fauna ndash

constitui importante estrateacutegia na sustentabilidade da agricultura familiar Esta ldquoproduccedilatildeo

invisiacutevelrdquo chega a contribuir com 028 salaacuterio miacutenimomecircs o que representa 1888 da

renda estimada dos agricultores (MENEZES et al 2001)

Avaliaccedilatildeo do desempenho econocircmico da produccedilatildeo familiar da Reserva Extrativista

Chico Mendes no Estado do Acre e que compara a qualidade de vida e a renda familiar

obtidas nas reservas extrativistas com a alternativa do salaacuterio miacutenimo legal e moradia na

periferia urbana constatou que apesar de rendimentos liacutequidos relativos baixos na reserva

seus moradores contam com um padratildeo de vida superior ao da maioria dos trabalhadores

assalariados urbanos da periferia de Rio Branco (CASTELO 2000)

Por outro lado estudos de avaliaccedilatildeo do mercado e de planos de negoacutecio para o buriti

fava-drsquoanta baru e pequi realizado na regiatildeo do Vale do Urucuia no Estado de Minas

Gerais sugere cautela em termos das perspectivas do comportamento da demanda por

esses produtos Segundo os autores para que estes produtos possam efetivamente

representar uma alternativa de renda sustentada para as populaccedilotildees que os exploram

recomenda-se que medidas efetivas de apoio ao extrativismo desses produtos sejam

implementadas (NOGUEIRA et al 2009)

No entanto eacute largamente reconhecido que os produtos florestais natildeo madeireiros vem

se mostrando de grande importacircncia para as famiacutelias que vivem no interior ou proacuteximas das

florestas (BYRON ARNOLD 1999) De qualquer forma exista ou natildeo viabilidade

econocircmica na exploraccedilatildeo dos produtos da floresta a realidade nos mostra que significativo

95

nuacutemero de famiacutelias que vivem na zona rural e ateacute mesmo nas zonas periurbanas das

cidades de paiacuteses tropicais utilizam esses produtos na sua alimentaccedilatildeo como remeacutedios ou

mesmo para comercializar complementando a renda familiar

Para avaliar a contribuiccedilatildeo dos produtos florestais natildeo madeireiros no bem-estar

socioeconocircmico dos grupos avaliados optou-se pelo seguinte indicador

Indicador (I261) ndash Importacircncia dos produtos florestais nos rendimentos domeacutesticos

monetaacuterios e natildeo monetaacuterios

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G2c) ndash Acordos sobre a posse na comunidade

Para Sachs (2000) a dimensatildeo social eacute a que mais deve se destacar no processo de

desenvolvimento sustentaacutevel uma vez que eacute a proacutepria finalidade do desenvolvimento Para o

autor um dos criteacuterios da dimensatildeo social eacute a capacidade que uma sociedade possui de

assegurar a igualdade de acesso aos recursos e serviccedilos sociais

Na exploraccedilatildeo das florestas nativas por comunidades rurais uma das formas de

assegurar a sustentabilidade da atividade eacute garantindo a posse desses recursos ao

indiviacuteduo (famiacutelia grupo)

Comunidades locais que dependem de produtos da floresta tecircm desenvolvido ajustes

no sentido de assegurar aos seus membros o acesso equitativo agrave floresta e ao uso posse e

propriedade dos recursos florestais Esses acordos geralmente satildeo feitos entre o indiviacuteduo

(eou famiacutelia ou grupo) e a comunidade quando a floresta eacute comunitaacuteria Costuma ser

aceitaacuteveis para a cultura local e para as necessidades do manejo dos recursos e

usualmente baseados em regras e normas previamente acordadas Esses acordos definem

em termos espacial e temporal a relaccedilatildeo entre um indiviacuteduo (famiacuteliagrupo) a comunidade

e a aacuterea do recurso O pressuposto eacute que as relaccedilotildees de posse bem definidas e aceitaacuteveis

satildeo vitais para que as pessoas sintam-se incentivadas a investir proteger e a garantir o

compromisso entre geraccedilotildees (RITCHIE et al 2001)

Criteacuterio (C27) ndash O acesso e o uso de terras comuns e recursos florestais satildeo garantidos a

todos os membros da comunidade independente de sexo cor religiatildeo ou classe social

Gibson e Becker (2000) defendem que o sucesso no manejo de recursos florestais

para ser alcanccedilado necessita de trecircs pressupostos os indiviacuteduos da comunidade local

devem valorizar o recurso natural para ter o incentivo de manejaacute-lo sustentavelmente os

direitos de propriedade devem ser transferidos para os indiviacuteduos que usam o recurso para

permitir que sejam beneficiados pelo manejo que fizeram e os indiviacuteduos em niacutevel local

devem ter a capacidade de criar micro-instituiccedilotildees para regular o uso destes recursos

Consideram que especialmente a falta de regras para a remoccedilatildeo de produtos florestais natildeo

madeireiros o corte de aacutervores a caccedila de animais ou a abertura de clareiras para a

agricultura podem levar agrave depleccedilatildeo da floresta

96

Essas regras ou acordos locais podem ser considerados como normas natildeo formais

que natildeo passaram pelas vias legais de aprovaccedilatildeo e sanccedilatildeo pelo poder puacuteblico Ocorrem em

situaccedilotildees em que a comunidade que explora a floresta institui criteacuterios e restriccedilotildees ao uso

de determinado produto florestal (CARVALHEIRO et al 2008)

Para que se possa conhecer sobre a existecircncia de ajustes na comunidade para

regular o acesso aos recursos florestais foi instituiacutedo o seguinte Indicador com o seu

verificador

Indicador (I271) ndash Existem normas para regular o acesso aos recursos florestais

Verificador (V271a) ndash Identificaccedilatildeo de normas internas comunitaacuterias sobre os direitos

de uso posse e propriedade sobre os recursos agroflorestais

Princiacutepio (P3) ndash O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao manejo sustentaacutevel da floresta

Este princiacutepio diz respeito ao apoio que a comunidade recebe de instituiccedilotildees externas

(oacutergatildeos do Estado e ONGs) para organizar suas redes sociais e de representaccedilatildeo em

espaccedilos comunitaacuterios ou em conselhos poliacuteticos e profissionais bem como para organizar o

manejo dos recursos florestais Esse ambiente externo favoraacutevel pode ser um mercado que

a comunidade encontra facilidade para comercializar os produtos florestais bem como a

disponibilidade de parceiros (organizaccedilotildees externas) para apoiar a organizaccedilatildeo social

dessas comunidades

Contempla a dimensatildeo poliacutetica da sustentabilidade Essa dimensatildeo diz respeito

diretamente aos meacutetodos e estrateacutegias participativas capazes de assegurar o resgate da

autoestima e o pleno exerciacutecio da cidadania (CAPORAL COSTABEBER 2002)

Grupo de Criteacuterios e Indicadores (G3a) ndash Estrutura poliacutetica

Esta questatildeo estaacute relacionada agraves estruturas poliacuteticas de apoio agrave participaccedilatildeo da

comunidade no planejamento de programas de desenvolvimento e de poliacuteticas puacuteblicas

Embora teorias convencionais aplicadas agrave exploraccedilatildeo de recursos florestais presumam que

os moradores dessas florestas natildeo sejam capazes de se organizar para evitar a

sobrexplotaccedilatildeo de espeacutecies pesquisas tecircm demonstrado os diversos modos que esses

usuaacuterios tecircm elaborado regras que regulam a exploraccedilatildeo e que garantem a sustentabilidade

da exploraccedilatildeo (OSTROM 1999) Aliado a essa capacidade deve ser garantido aos

membros dessas comunidades um espaccedilo de negociaccedilatildeo e articulaccedilatildeo entre si e entre eles

e aqueles atores externos que de alguma maneira afetam ou podem afetar a exploraccedilatildeo de

recursos naturais Essa articulaccedilatildeo aleacutem de auxiliar na orientaccedilatildeo sobre a exploraccedilatildeo

florestal como um todo cria condiccedilotildees para que a populaccedilatildeo local tenha uma participaccedilatildeo

de peso nas decisotildees que afetam o desenvolvimento socioeconocircmico do territoacuterio onde

vivem (TONY 2004)

97

O apoio do poder puacuteblico do setor privado e da sociedade civil organizada eacute

fundamental para que esses grupos sociais alcancem uma participaccedilatildeo democraacutetica efetiva

nas decisotildees que afetam seu destino

Criteacuterio (C31) ndash Os recursos disponibilizados pelo Estado tecircm contribuiacutedo para o bem-estar

da comunidade

Para que a sustentabilidade poliacutetica possa ser alcanccedilada em acircmbito local eacute

fundamental que a sua busca seja realizada em um ambiente participativo solidaacuterio e

democraacutetico e que conte com o envolvimento de lideranccedilas comunitaacuterias entidades de

classe poder puacuteblico e organizaccedilotildees natildeo governamentais Ou seja esta sustentabilidade

poderaacute ser construiacuteda se contar com a participaccedilatildeo de sujeitos poliacuteticos atuantes em seu

ambiente soacutecio-econocircmico-cultural cujas decisotildees poliacuteticas possam ser tomadas mediante

o controle de recursos recebidos do poder puacuteblico (SILVA SHIMBO 2004)

No entanto para que os sujeitos locais possam se alccedilar em condiccedilotildees sociais

culturais econocircmicas e poliacuteticas necessaacuterias para buscar essa sustentabilidade eacute

fundamental que o Estado disponibilize os serviccedilos essenciais (educaccedilatildeo e sauacutede) e

infraestrutura (luz eleacutetrica estradas pontes comunicaccedilatildeo etc) para a comunidade para

que possa exercer plenamente a cidadania e alcanccedilar o bem-estar

Para que se possa avaliar o apoio que a comunidade recebe de instituiccedilotildees externas

foi proposto o seguinte indicador

Indicador (I311) As escolas postos de sauacutede e estradas colocadas pelo Estado agrave

disposiccedilatildeo da comunidade tem contribuiacutedo para o seu desenvolvimento

Grupos de Criteacuterios e Indicadores (G3b) ndash Relacionamento com terceiros

A questatildeo aqui desenvolvida diz respeito ao relacionamento entre os membros da

comunidade e outros atores uma vez que boa comunicaccedilatildeo com terceiros eacute crucial para a

sustentabilidade da exploraccedilatildeo de espeacutecies florestais Terceiros nesse caso pode ser

entendido como o poder puacuteblico sociedade civil organizada e proprietaacuterios de glebas

vizinhas agrave aacuterea explorada Um bom relacionamento com o poder puacuteblico e ONGs pode atrair

investimentos e a infraestrutura que a comunidade tanto necessita para tornar viaacutevel o seu

empreendimento florestal

Criteacuterio (C32) ndash Existem mecanismos efetivos na comunicaccedilatildeo bidirecional entre os atores

envolvidos no desenvolvimento da comunidade

Eacute consenso entre estudiosos do fenocircmeno da mobilizaccedilatildeo social que o

estabelecimento de mecanismos de participaccedilatildeo comunitaacuteria eacute fundamental para a

alavancagem do processo de desenvolvimento em escala local Nesse aspecto eacute de grande

importacircncia o esforccedilo institucional ndash diga-se do Estado e ONGs ndash para a consolidaccedilatildeo de

organizaccedilotildees que se dediquem permanentemente a conscientizar a comunidade sobre a

98

natureza dos problemas regionais buscando ao mesmo tempo envolvecirc-la na formulaccedilatildeo e

na implantaccedilatildeo de accedilotildees voltadas para a superaccedilatildeo desses problemas (BANDEIRA 1999)

O autor menciona cinco argumentos que destacam a importacircncia da participaccedilatildeo da

sociedade civil e da articulaccedilatildeo de atores sociais nas accedilotildees voltadas para a promoccedilatildeo do

desenvolvimento seja em escala nacional seja regional ou local (a) a necessidade da

consulta aos segmentos da comunidade diretamente afetados quando da concepccedilatildeo

elaboraccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de programas e projetos especiacuteficos relacionados

com o desenvolvimento como meio para assegurar sua eficiecircncia e sustentabilidade (b) a

importacircncia da vitalidade de uma sociedade civil atuante na vida puacuteblica para a boa

governanccedila e para o desenvolvimento participativo (c) a vinculaccedilatildeo da participaccedilatildeo agrave

acumulaccedilatildeo de capital social (d) a existecircncia de conexotildees entre a operaccedilatildeo de mecanismos

participativos na formulaccedilatildeo e implementaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas e o fortalecimento da

competitividade sistecircmica de um paiacutes ou de uma regiatildeo e (e) o papel de destaque

desempenhado pela participaccedilatildeo no processo de formaccedilatildeo e consolidaccedilatildeo das identidades

regionais que facilitam a construccedilatildeo de consensos baacutesicos entre os atores sociais que satildeo

essenciais para o desenvolvimento

Esse criteacuterio tambeacutem serve para medir o niacutevel de mobilizaccedilatildeo da comunidade na luta

pelos seus direitos A efetividade da prestaccedilatildeo de assistecircncia teacutecnica pelo Estado eacute um bom

indicador das conquistas da comunidade junto ao governo Estadual na direccedilatildeo da

sustentabilidade da exploraccedilatildeo florestal

Para que se possa avaliar esse engajamento da comunidade na definiccedilatildeo de accedilotildees

voltadas para o desenvolvimento local foram propostos os seguintes indicadores e seu

verificador

Indicador (I321) ndash O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo fatores determinantes para

os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e investimentos feitos e

mantidos na comunidade

Verificador (V321a) ndash A histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de

poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Indicador (I322) ndash As famiacutelias dispotildeem da orientaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica fornecida pelo

Estado para a exploraccedilatildeo de PFNMs

Criteacuterio (C33) ndash A organizaccedilatildeo social e a participaccedilatildeo em movimentos influenciam e

mesmo satildeo determinantes para a conquista de direitos

Esse criteacuterio faz parte do conjunto de criteacuterios adotados neste Princiacutepio para se avaliar

a efetiva participaccedilatildeo da comunidade em movimentos que lhe permitam reivindicar os seus

direitos Nesse aspecto eacute importante avaliar como a comunidade se enxerga nesta arena

99

O indicador utilizado eacute o seguinte

Indicador (I331) ndash A conquista de espaccedilo poliacutetico de reivindicaccedilatildeo no processo

democraacutetico eacute percebida no plano individual e coletivo

Grupo de criteacuterios e indicadores (G3c) ndash Economia

Esse grupo trata da existecircncia de mercados conhecidos para produtos florestais

coletados e beneficiados pelas comunidades aleacutem da ldquosauacutederdquo das parcerias firmadas pela

comunidade com instituiccedilotildees puacuteblicas ou privadas para viabilizar a produccedilatildeo sustentaacutevel e a

comercializaccedilatildeo

Criteacuterio (C34) ndash O mercado absorve os produtos florestais coletados eou processados pela

comunidade

Uma das questotildees mais cruciais no processo de utilizaccedilatildeo sustentaacutevel de produtos

florestais natildeo madeireiros eacute a sua comercializaccedilatildeo Apesar do mercado desses bens vir

crescendo nos uacuteltimos anos no Brasil e ampliando-se a variedade de produtos a disposiccedilatildeo

do consumidor um dos principais problemas que limita o seu crescimento e o seu

funcionamento regular eacute a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo (GONCcedilALO 2006) Segundo o autor o

grau de organizaccedilatildeo da oferta eacute diferente para cada produto e depende de vaacuterios fatores

relacionados com a forma de produccedilatildeo com o cultivo ou extraccedilatildeo do produto com a

integraccedilatildeo da produccedilatildeo agrave induacutestria processadora ou a empresas especializadas em

determinados nichos de mercado e com as caracteriacutesticas de industrializaccedilatildeo e

beneficiamento dos produtos Outros problemas que interferem na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo

satildeo falta de creacutedito para agroextrativistas e suas organizaccedilotildees de base dificuldades na

padronizaccedilatildeo e qualidade seleccedilatildeo de embalagem atrativa (design) e adequada falta de

certificaccedilatildeo de determinados produtos dificuldades no atendimento dos aspectos

fitossanitaacuterios e legais concorrecircncia com produtos industrializados e falta de contatos com

os compradores sejam esses atacadistas ou o proacuteprio consumidor final

Os mecanismos comumente adotados pelas comunidades rurais de baixa renda para

comercializaccedilatildeo dos PFNMs vatildeo da simples venda direta do produto a comerciantes e

processadores locais ou atravessadores ateacute a organizaccedilatildeo em cooperativasassociaccedilotildees

que negociam com o mercado a venda dos produtos no atacado Na Amazocircnia algumas

comunidades vecircm firmando parcerias com empresas para venda da sua produccedilatildeo de natildeo

madeireiros Podemos citar o caso da parceria firmada entre a Cooperativa do

Desenvolvimento Agroextrativista do Meacutedio Juruaacute formada por moradores da Reserva

Extrativista do Alto Juruaacute no Estado do Amazonas e a Natura SA para a venda do oacuteleo de

sementes de oleaginosas nativas (andiroba murumuru) base de alguns produtos de beleza

da empresa (NATURA 2010)

100

Para melhorar os ganhos com seu produto e a sua relaccedilatildeo com o mercado os

extrativistas precisam primeiramente conhececirc-lo por meio da anaacutelise da cadeia produtiva

correspondente e estabelecer uma posiccedilatildeo competitiva aumentando a produccedilatildeo

melhorando a tecnologia de marketing e a qualidade e confiabilidade do seu produto Apesar

disso um crescimento a longo prazo iraacute depender de uma resposta positiva da demanda do

seu produto no mercado domeacutestico Isso requer a construccedilatildeo de redes de abastecimento

ligando produtores ao mercado e o incremento da eficiecircncia da produccedilatildeo (SCHERR et al

2003)

Os indicadores utilizados para avaliar o conhecimento da comunidade a respeito da

comercializaccedilatildeo do baru no mercado domeacutestico foram

Indicador (I341) ndash Existecircncia de mecanismos da comunidade para comercializaccedilatildeo de

produtos

(V341a) ndash Infraestrutura e transporte acessiacuteveis agraves comunidades (barcos caminhatildeo

estradas etc)

Indicador (I342) ndash Conhecimento de mercados para produtos florestais

Criteacuterio (C35) ndash A comunidade tem boas relaccedilotildees com os parceiros que apoacuteiam a atividade

de exploraccedilatildeo sustentaacutevel da floresta

O relacionamento da comunidade com outros atores eacute fundamental para a

sustentabilidade do manejo florestal Instituiccedilotildees parceiras a exemplo de institutos de

pesquisa ONGs e empresas podem dar suporte para que as comunidades possam

melhorar a sua organizaccedilatildeo social no sentido de reivindicar benefiacutecios tais como sauacutede

educaccedilatildeo e infraestrutura junto ao poder puacuteblico e mesmo apoiar accedilotildees que promovam a

produccedilatildeo beneficiamento e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros

Apesar do reconhecimento da importacircncia destas parcerias para as comunidades

estudos demonstram que um dos grandes problemas dessa relaccedilatildeo eacute a assimetria de poder

que ocorre quando um dos poacutelos exerce um poder superior sobre o outro Nem sempre o

poacutelo mais poderoso eacute a comunidade

Morsello (2004) ao avaliar as oportunidades e os problemas relativos agraves parcerias

comerciais para a comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros firmadas entre

empresas e comunidades extrativistas e indiacutegenas na Amazocircnia concluiu que podem tanto

trazer benefiacutecios quanto causar estragos para as comunidades as empresas o meio

ambiente e a sociedade como um todo Segundo a pesquisadora os problemas que surgem

dessas parcerias costumam ser maiores para as comunidades embora possam ocorrer

tambeacutem com os outros parceiros no acordo No entanto as evidecircncias mostram que as

parcerias podem alcanccedilar melhores resultados que a comercializaccedilatildeo realizada

separadamente pelas partes Entende que o poder puacuteblico e organizaccedilotildees da sociedade

101

civil podem desempenhar um importante papel no sucesso destas parcerias por meio de

sua promoccedilatildeo mediaccedilatildeo e controle

Para avaliar a relaccedilatildeo da comunidade com o ambiente externo foi adotado o seguinte

indicador

Indicador (C351) ndash A comunidade depende de subsiacutedios externos fornecidos por ONGs

organizaccedilotildees religiosas e ou pelo governo

Princiacutepio (P4) ndash A sauacutede da floresta estaacute garantida

Este Princiacutepio expressa a ideia de que o manejo realizado pela comunidade resulta

nas boas condiccedilotildees da paisagem Inclui a situaccedilatildeo da terra e dos cursos drsquoaacutegua a sauacutede da

ecologia da floresta a condiccedilatildeo e o manejo de aacutereas da paisagem usadas permanente ou

temporariamente para cultivos Tambeacutem inclui melhores praacuteticas para uma extensa

variedade de possiacuteveis intervenccedilotildees humanas na floresta incluindo a coleta de PFNMs

(plantas e animais) extraccedilatildeo de madeira rotaccedilatildeo de corte e queima agrossilvicultura e

silvicultura

Embora os autores tenham dividido as questotildees em dois conjuntos ndash ecologia e

manejo florestal ndash a experiecircncia mostrou que em muitos contextos de manejo comunitaacuterio e

tradicional natildeo haacute distinccedilatildeo entre floresta manejada e ecossistema natural A

comunidade maneja os recursos naturais como um todo (RITCHE et al 2001)

Grupos de criteacuterios e indicadores (G4a) ndash Intervenccedilotildees produtivas (PFNMs vegetais)

As comunidades que utilizam a floresta para sua sobrevivecircncia ou para coleta de

produtos para complementar a sua renda desenvolvem uma relaccedilatildeo muito proacutexima com

essa paisagem e acumulam informaccedilotildees importantes sobre o seu manejo Esse grupo diz

respeito agrave questatildeo do conhecimento das comunidades sobre as praacuteticas adotadas no

manejo dos PFNMs

Criteacuterio (C41) ndash A exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute baseada em praacuteticas

sustentaacuteveis

No Brasil sob o ponto de vista legal a exploraccedilatildeo de florestas e formaccedilotildees

sucessoras prevecirc dois regimes o regime de supressatildeo de florestas e formaccedilotildees sucessoras

para uso alternativo do solo e o regime de manejo florestal sustentaacutevel Este uacuteltimo somente

poderaacute ser realizado mediante a preacutevia aprovaccedilatildeo do PMFS pelo oacutergatildeo competente do

SISNAMA Entende-se por PMFS o ldquodocumento teacutecnico baacutesico que conteacutem as diretrizes e

procedimentos para a administraccedilatildeo da floresta visando a obtenccedilatildeo de benefiacutecios

econocircmicos sociais e ambientaisrdquo (Art 2ordm Decreto nordm 59752006) Desse modo a extraccedilatildeo

de produtos florestais natildeo madeireiros de uma floresta com finalidade econocircmica somente

poderaacute ser feita mediante manejo sustentaacutevel

102

Nas uacuteltimas deacutecadas os PFNMs vecircm adquirindo importacircncia pelo fato de se

apresentarem como fonte alternativa de renda para comunidades rurais de baixa renda e

pelo seu potencial de incentivo econocircmico para frear a devastaccedilatildeo das florestas (FIEDLER

et al 2008) Para fins econocircmicos os PFNMs devem se submeter ao regime de manejo

sustentaacutevel Segundo Machado (2008) esse manejo eacute necessaacuterio para o controle e

diminuiccedilatildeo do impacto da sua extraccedilatildeo sobre a floresta e sobre a biodiversidade Divide o

manejo comunitaacuterio de PFNMs em trecircs fases distintas 1ordf Fase ndash Preacute-coleta que subdivide

em quatro etapas ndash a) participaccedilatildeo organizaccedilatildeo e fortalecimento do grupo de trabalho b)

levantamento do potencial local c) mapeamento dos indiviacuteduos produtivos e d)

licenciamento do manejo 2ordf Fase ndash Coleta e 3ordf Fase ndash Poacutes-coleta que compreende o

beneficiamento transporte armazenamento e monitoramento do manejo e seus impactos

Na fase de coleta satildeo aplicadas medidas mitigadoras de impacto que satildeo procedimentos

adotados para atenuar ou compensar os impactos provocados pela exploraccedilatildeo do produto

Entre as medidas mitigadoras estaacute a adoccedilatildeo de teacutecnicas e meacutetodos de extraccedilatildeo de baixo

impacto No Cerrado os cuidados dispensados pela comunidade para com a aacutervore do baru

incluem tratos silviculturais e formas de colheita do fruto de modo a natildeo danificar a sua

reproduccedilatildeo como a recomendaccedilatildeo de natildeo coletar-se o fruto ainda verde na aacutervore

devendo esperar a sua queda

Os indicadores utilizados para avaliar-se se as praacuteticas de exploraccedilatildeo do fruto do baru

satildeo sustentaacuteveis satildeo

Indicador (I411) ndash Adotam-se teacutecnicas de baixo impacto

Indicador (I412) ndash Haacute aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais

Indicador (I413) ndash As praacuteticas de exploraccedilatildeocolheita para cada espeacutecie satildeo compatiacuteveis

com seu respectivo potencial produtivo

Grupo de criteacuterios e indicadores (G4b) ndash Manejo das funccedilotildees do ecossistema (terra aacutegua e

fogo)

Nesse grupo reconhece-se que manejar a paisagem florestal envolve muito mais

coisas do que manejar aacutervores Aqui se aborda questotildees envolvendo o manejo da paisagem

florestal por meio de elementos como a aacutegua a terra e o fogo Admite-se que o manejo

eficaz desses recursos essenciais aumenta a sustentabilidade Desse modo o fogo pode

apresentar efeitos positivos e negativos para o manejo das florestas

Criteacuterio (C42) ndash O risco de incecircndios acidentais em aacutereas de pousio e floresta primaacuteria eacute

minimizado pelo uso de teacutecnicas apropriadas de manejo do fogo

O fogo no Cerrado mostra efeitos positivos e negativos para a flora Entre os efeitos

positivos podemos citar a sua accedilatildeo sobre a dispersatildeo de sementes (COUTINHO 1977)

Nas espeacutecies lenhosas costuma provocar a rebrota atraveacutes da copa dos rizomas do caule

103

da raiz e das estruturas subterracircneas (MEDEIROS 2002) Um dos efeitos negativos de

longo prazo do fogo no Cerrado eacute o baixo recrutamento de espeacutecies lenhosas que leva agrave

reduccedilatildeo na densidade de aacutervores ao aumento do entouceiramento e agrave diminuiccedilatildeo da

diversidade de espeacutecies (SAMBUICHE 1991)

Sob a oacutetica da exploraccedilatildeo sustentaacutevel da amecircndoa do baru o fogo apresenta efeitos

negativos pois aleacutem de afetar os indiviacuteduos jovens e os frutos maduros caiacutedos sob a aacutervore

afeta tambeacutem as flores e os frutos na eacutepoca da floraccedilatildeo e da frutificaccedilatildeo respectivamente

Para o combate de incecircndios florestais satildeo adotadas vaacuterias teacutecnicas Neste caso

podemos mencionar os aceiros externos e internos agrave propriedade Entre as formas de se

fazer esses aceiros podemos citar a sua realizaccedilatildeo com enxada que eacute a mais indicada

embora o custo com a matildeo de obra seja bastante elevado A sua realizaccedilatildeo com a lacircmina

do trator reduz as despesas mas fica limitado se a propriedade possuir relevo acidentado

Jaacute o aceiro realizado com fogo eacute uma teacutecnica muito controversa Medeiros e Fiedler (2004)

citam que as principais criacuteticas ao uso de aceiros com fogo (negros) se referem ao aumento

de mortalidade de aacutervores nas faixas aceiradas exposiccedilatildeo da fauna herbiacutevora nos limites

externos e aumento da invasatildeo por espeacutecies exoacuteticas de gramiacuteneas aleacutem de ser uma

atividade com risco de descontrole do fogo

O indicador utilizado para avaliar quais teacutecnicas a comunidade usa para evitar que o

fogo atinja as aacutervores de baru foi

Indicador (I421) ndash Nenhuma ocorrecircncia de incecircndios florestais acidentais

Grupos de criteacuterios e indicadores (G4c) ndash Diversidade da paisagem (fragmentaccedilatildeo e

mosaicos)

Esse grupo diz respeito agrave conservaccedilatildeo da estrutura da floresta na paisagem condiccedilatildeo

fundamental para a manutenccedilatildeo de um meio ambiente propiacutecio agrave biodiversidade e tambeacutem

para a conservaccedilatildeo das outras funccedilotildees ecossistecircmicas tais como a qualidade da aacutegua e a

fertilidade do solo

Esse grupo diz respeito ao risco da fragmentaccedilatildeo do ambiente em decorrecircncia da

conversatildeo de terras florestadas em outros usos da terra O criteacuterio utilizado trata da questatildeo

da integridade por meio da manutenccedilatildeo de um mosaico de diferentes habitats na paisagem

reconhecendo a necessidade da conversatildeo de terras para a agricultura levando-se em conta

a sua relaccedilatildeo com o mosaico total

Criteacuterio (C43) ndash A preservaccedilatildeo de um mosaico de habitats naturais manteacutem a

complementaridade natural da ocorrecircncia das espeacutecies

A interaccedilatildeo dos fatores fiacutesicos e quiacutemicos no espaccedilo ao longo do tempo criam

diferentes ambientes que podemos chamar de mosaicos O ambiente em que estaacute

estabelecida uma vegetaccedilatildeo eacute formado por um mosaico de condiccedilotildees fiacutesicas diferentes

104

Assim para cada espeacutecie o ambiente eacute um mosaico de habitats (RAMBALDI OLIVEIRA

2003)

Quando as florestas satildeo destruiacutedas e somente poucas manchas satildeo deixadas

intactas diz-se que ocorreu uma fragmentaccedilatildeo daquele habitat original Portanto a

fragmentaccedilatildeo eacute o processo no qual um habitat contiacutenuo eacute dividido em manchas ou fraccedilotildees

mais ou menos isoladas (SHAFER 1990) Eacute um processo que ocorre naturalmente mas

tem sido acelerado pela accedilatildeo humana em funccedilatildeo do uso do solo pela agricultura induacutestria

e tambeacutem pela expansatildeo das cidades Esse processo natildeo respeita os limites de ocorrecircncia

das espeacutecies e tem-se mostrado negativo tanto para espeacutecies animais quanto para vegetais

Ou seja o encolhimento da aacuterea favoraacutevel para uma determinada espeacutecie diminui a sua taxa

de sobrevivecircncia e de reproduccedilatildeo (RAMBALDI OLIVEIRA 2003) Para as autoras uma das

consequecircncias da alteraccedilatildeo dos ecossistemas eacute a perda dos serviccedilos ambientais no meacutedio

e longo prazo Para Scariot et al (2003) a fragmentaccedilatildeo aleacutem de provocar reduccedilatildeo na aacuterea

dos habitats originais pode provocar extinccedilotildees locais e alteraccedilotildees na composiccedilatildeo e

abundacircncia de espeacutecies que levam agrave alteraccedilatildeo ou mesmo agrave perda de processos naturais

das comunidades

Para avaliar-se a preservaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nas margens dos rios foi utilizado o

seguinte indicador

Indicador (I431) ndash As margens florestadas ao longo dos rios satildeo protegidas contra o

desmatamento para conservar suas funccedilotildees hidroloacutegicas e a biodiversidade O miacutenimo legal

de 30 metros de floresta mantidos ao longo dos rios e correntes drsquoaacutegua eacute obedecido

105

5 OBSTAacuteCULOS RELACIONADOS Agrave EXPLORACcedilAtildeO DO BARU

Os agricultores familiares e empresascooperativasassociaccedilotildees que operam com

produtos derivados de espeacutecies vegetais nativas do Cerrado enfrentam dificuldades para

viabilizar essa forma de produccedilatildeo Aleacutem de um marco regulatoacuterio bastante confuso e

incompleto sofrem com a falta de informaccedilotildees sobre o comportamento do mercado com a

falta de domiacutenio das etapas de processamento e beneficiamento do produto e ainda se

deparam com a inadequaccedilatildeo ou ateacute mesmo a inexistecircncia de infraestrutura baacutesica como

energia eleacutetrica aacutegua encanada e rede viaacuteria para o escoamento da produccedilatildeo Tambeacutem se

ressentem da ausecircncia de serviccedilos puacuteblicos que terminam por dificultar o seu acesso a

direitos baacutesicos como documentaccedilatildeo pessoal sauacutede e educaccedilatildeo entre outros Soma-se a

esses obstaacuteculos a dificuldade desses grupos em se organizar social e produtivamente

Vaacuterios autores (SAWYER 2009 ENRIQUEZ 2008 GONCcedilALO 2006 CIRAD 2001

MAY 2001 SAWYER REE PIRES 1997) abordam o problema dos obstaacuteculos que

incidem sobre as cadeias produtivas de PFNMs na tentativa de identificaacute-los e propor

soluccedilotildees que venham a minimizar os seus efeitos sobre as populaccedilotildees rurais que exploram

esses produtos

De concreto o que se tem eacute que a coleta processamento beneficiamento e

comercializaccedilatildeo de PFNMs de espeacutecies nativas do Cerrado satildeo condicionados a uma seacuterie

de fatores limitantes que na maioria das vezes desestimulam a produccedilatildeo Dentre os fatores

mais citados por estudos realizados e relacionados tanto ao agricultor familiar quanto agraves

empresas processadoras podemos enumerar (a) sazonalidade e variaccedilatildeo anual da

produccedilatildeo em razatildeo das caracteriacutesticas fisioloacutegicas das espeacutecies e do clima (b) escala de

produccedilatildeo insuficiente para abastecer o mercado na quantidade demandada (c) dificuldade

que os indiviacuteduos ou empresas que exploram PFNMs enfrentam de acesso ao creacutedito (d)

falta de padratildeo no tamanho do produto na cor no tipo de embalagem peso roacutetulo e

composiccedilatildeo (e) falta de divulgaccedilatildeo dos produtos do Cerrado ao consumidor (f) falta de

assistecircncia teacutecnica para fornecer suporte no processo produtivo e na comercializaccedilatildeo dos

produtos (g) dificuldades tanto dos agricultores familiares como das empresas para

atendimento agraves exigecircncias legais (ambientais sanitaacuterias fiscaistributaacuterias) (h) dificuldades

para distribuiccedilatildeo dos produtos (i) falta de capacidade empresarial por parte das

comunidades para gerir o empreendimento (j) dificuldade para gestatildeo de empreendimentos

coletivos

Uma importante anaacutelise das dificuldades encontradas pela pequena produccedilatildeo familiar

extrativista do Acre foi feita pelo Centre de Coopeacuteration Internationale de la Recherche

Agronomique pour le Deacuteveloppement no acircmbito do Projeto para o fortalecimento das

atividades extrativistas no Estado do Acre (CIRAD 2001) Foram descritos os principais

106

problemas de transaccedilatildeo da cadeia dos PFNMs no Estado em uma anaacutelise mais detalhada

elo por elo Um dos gargalos que merece destaque diz respeito agrave desvantagem dos

fornecedores de mateacuteria-prima na captaccedilatildeo de valor agregado frente aos comerciantes e

empresas que ficam com a maior parte dos lucros O fornecimento da mateacuteria-prima agraves

empresas foi outro seacuterio entrave identificado em razatildeo da flutuaccedilatildeo da qualidade e dos

preccedilos dos produtos aleacutem do seu fornecimento incerto No acircmbito institucional os

problemas mencionados foram a falta de integraccedilatildeo dos atores puacuteblicos e privados no

desenvolvimento dos PFNMs e a falta de transparecircncia dos requisitos do Ibama para a

regularizaccedilatildeo dos planos de manejo florestal Natildeo somente a falta de uma legislaccedilatildeo mais

clara sobre planos de manejo foi um gargalo importante mas tambeacutem a falta de

consistecircncia dos planos de manejo apresentados pelos responsaacuteveis pelas zonas de

extraccedilatildeo

Fazendo uma anaacutelise mais focada na identificaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo dos aspectos

relacionados ao marco regulatoacuterio incidente sobre as atividades extrativistas na Amazocircnia

suas causas e consequecircncias Sawyer (2009) concluiu que a revisatildeo da legislaccedilatildeo que

incide sobre o uso sustentaacutevel da biodiversidade no Brasil implicaria benefiacutecios econocircmicos

e sociais aleacutem de amplos benefiacutecios ambientais ao paiacutes Para ele a accedilatildeo poliacutetica baseada

no conhecimento deve ser promovida para que ocorram mudanccedilas nas poliacuteticas puacuteblicas

De acordo com May (2001) podem ser apontados como principais obstaacuteculos ao uso

de PFNM no Cerrado as reduzidas accedilotildees puacuteblicas orientadas para fomentar e viabilizar a

sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel e comercializaccedilatildeo e a quase inexistecircncia de normas para

regular a sua exploraccedilatildeo e o seu mercado Conclui que essa falta de informaccedilotildees leva a sua

exploraccedilatildeo clandestina e predatoacuteria

Aleacutem desses fatores limitantes agrave produccedilatildeo diretamente relacionados ao uso de

componentes da biodiversidade existem aqueles vinculados agrave proacutepria natureza das

empresas cooperativas e associaccedilotildees Tomando como exemplo as micro e pequenas

empresas podemos dizer que enfrentam vaacuterias dificuldades para se manterem ativas no

mercado No trabalho intitulado ldquoFatores condicionantes e taxas de sobrevivecircncia e

mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil 2003ndash2005rdquo o Sebrae (2007)

enumerou vaacuterias motivos que levam essas pessoas juriacutedicas a encerrarem as suas

atividades Entre as empresas extintas as causas que mais se destacaram em 2005 para

que fechassem as portas foram carga tributaacuteria elevada (para 43 dos empresaacuterios)

concorrecircncia muito forte e falta de clientes (para 25 e 27 respectivamente) falta de

capital de giro (para 37 dos empresaacuterios que responderam a pesquisa) e falta de matildeo de

obra qualificada (para 16 deles) Outros fatores tambeacutem contribuiacuteram para a mortalidade

dessas empresas como a falta de creacutedito bancaacuterio a inadimplecircncia a falta de

107

conhecimentos gerenciais e o desconhecimento do mercado Desta forma ao se considerar

os obstaacuteculos que as pessoas juriacutedicas enfrentam ao explorar produtos da vegetaccedilatildeo nativa

do Cerrado natildeo se pode deixar de considerar esses condicionantes

Shackleton et al (2007) escrevendo sobre mercados locais de PFNMs (pequenos

mercados localizados em vilas proacuteximos aos grandes centros urbanos na beira de estrada

em portos etc) apontam para a importacircncia desses centros de comeacutercio para as

populaccedilotildees menos favorecidas e alertam que a falta de atenccedilatildeo por parte dos tomadores de

decisatildeo pode levar a uma subvalorizaccedilatildeo do seu papel no sustento das populaccedilotildees locais e

poderia tambeacutem aumentar a marginalizaccedilatildeo dos grupos menos favorecidos que estatildeo

implicados na sua existecircncia Apontam algumas restriccedilotildees que sofrem (a) saturaccedilatildeo de

produtos e competiccedilatildeo interna acirrada (b) baixa liquidez dos produtos (c) altos custos do

transporte dos produtos da sua aacuterea de extraccedilatildeo ateacute o mercado onde satildeo comercializados

(d) perecibilidade dos produtos (e) falta de informaccedilotildees sobre o preccedilo e opccedilotildees de venda

(g) baixa organizaccedilatildeo entre produtores e comerciantes (h) problemas com estocagem entre

outros (Quadro 01) Terminam concluindo que uma combinaccedilatildeo de mercados locais fortes e

mercados de exportaccedilatildeo permitiriam a diversificaccedilatildeo e a livre escolha ajudando as

populaccedilotildees locais a minimizarem os riscos causados pela dependecircncia de um uacutenico tipo de

mercado

O relatoacuterio do Seminaacuterio de Intercacircmbio Tecnoloacutegico para Pequi Baru e Babaccedilu

(ISPN 2007) que serviu de base para a elaboraccedilatildeo dos questionaacuterios utilizados no presente

trabalho lista os problemas e potencialidades relacionadas a exploraccedilatildeo dessas espeacutecies

do Cerrado e faz recomendaccedilotildees que possam ser seguidas pelas organizaccedilotildees

comunitaacuterias organizaccedilotildees natildeo governamentais universidades e governo Este relatoacuterio

teve como ponto forte a participaccedilatildeo de representantes de vaacuterias comunidades localizadas e

de organizaccedilotildees sociais que estavam representadas no evento

Abaixo estatildeo relacionadas algumas publicaccedilotildees apontando os principais obstaacuteculos

enfrentados pelos agricultores familiares e empresascooperativasassociaccedilotildees que operam

a cadeia produtiva de PFNMs

108

Natureza dos obstaacuteculos

Obstaacuteculo Autor

Entraves para a entrada dos produtos comunitaacuterios nos mercados formais

- Escala de produccedilatildeo insuficiente para abastecimento do mercado de forma continuada e na quantidade desejada - falta de padratildeo na cor textura tamanho do produto tipo de embalagem peso roacutetulo composiccedilatildeo etc satildeo rotineiramentes comuns para produtos comunitaacuterios e prejudicam a inserccedilatildeo destes produtos no mercado - falta de capacidade empresarial por parte das comunidades para gerir o empreendiemento - dificuldades para atendimento agraves exigecircncias legais (sanitaacuterias fiscais etc) muitas vezes superexigentes e elaboradas para empreendimentos de grande escala o que atrapalha a legalizaccedilatildeo das iniciativas comunitaacuterias - falta de assistecircncia teacutecnica continuada eou profissionais especializados para assessorar o processo produtivo e a comercializaccedilatildeo dos produtos - dificuldades para distribuiccedilatildeo dos produtos por diversos motivos (falta de veiacuteculo estradas precaacuterias comunidades isoladas etc) - a apresentaccedilatildeo dos produtos nem sempre estaacute de acordo com as exigecircncias do mercado o que atrapalha sobremaneira sua colocaccedilatildeo - divulgaccedilatildeo insuficiente ou inexistente principalmente para produtos pouco conhecidos pelo puacuteblico geral - dificuldade de promover a agregaccedilatildeo socioambiental dos produtos - sazonalidade da produccedilatildeo impedindo que se tenha o produto o ano todo ou obrigando a formaccedilatildeo de estoques o que implica em necessidade de capital de giro para aquisiccedilatildeo do produto bruto e custos de estocagem geralmente altos - dificuldade ao acesso ou falta de tecnologias de produccedilatildeo apropriadas para escala comunitaacuteria - dificuldade de acesso agrave credito - exigecircncias de investimento (Capital de giro e infraestrutura) - dificuldade para gestatildeo de empreendimentos coletivos

CARRAZZA Luis Roberto 2005 Relatoacuterio Final ao Projeto Negoacutecios Sustentaacuteveis (Projeto BRA98005-PPG-7)

Principais problemas identificados na comercializaccedilatildeo de produtos agroextrativistas

- Falta de escala qualidade e regularidade Existem mercados mas faltam produtos Enquanto os compradores querem contecircineres mensais os camponeses dificilmente conseguem produzir para os supermercados locais - pontualidade do impacto social ou ambiental A produccedilatildeo domeacutestica para autoconsumo ou consumo na comunidade contribui para sua proacutepria seguranccedila alimentar e nutricional mas os impactos satildeo muito localizados - amadorismo na produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo O beneficiamento dos produtos e a interaccedilatildeo com o mercado externo exigem profissionalizaccedilatildeo - falta de capacidade empresarial Os pequenos produtores e suas lideranccedilas natildeo costumam contar com tino comercial Ao mesmo tempo os movimentos sociais caracterizam-se por objetivos e procedimentos pouco compatiacuteveis com negociaccedilotildees aacutegeis exigidas pelo mercado - exigecircncias de investimento A formalizaccedilatildeo da produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo exige investimentos em equipamentos e pessoal qualificado o que tambeacutem eleva os custos de produccedilatildeo - marco regulatoacuterio enviesado As normas sanitaacuterias ambientais tributaacuterias e de categorias profissionais favorecem a produccedilatildeo agropecuaacuteria e industrial e sua

ISPN 2005 Relatoacuterio do Seminaacuterio Gestatildeo Mercados e Poliacuteticas Puacuteblicas para Produtos Sustentaacuteveis da Biodiversidade Brasileira

109

comercializaccedilatildeo dificultando a familiar

Dificuldades para o processamento do baru por agricultores familiares cooperativas e associaccedilotildees

Coleta e Manejo

- Plano de manejo para as aacutereas de Reserva Legal Em algumas comunidades parte significativa das aacutervores encontra-se nas Reservas Legais e a exigecircncia de se elaborar planos de manejo se torna um potencial problema para a exploraccedilatildeo Em alguns assentamentos algumas reservas satildeo coletivas e o plano de manejo se torna preponderante para legalizar e legitimar sua exploraccedilatildeo visando evitar conflitos entre os assentados - falta de informaccedilatildeo sobre a legislaccedilatildeo - sazonalidade plurienalestrutura de armazenagem A safra do baru natildeo eacute anual e sim bienal ou trienal de modo que o produtor necessita de espaccedilo para estocar os frutos nos longos periacuteodos de entressafra - necessidade de guia de transporte (segundo o Coacutedigo Florestal) O problema maior eacute que a maioria dos estados ainda natildeo disponibiliza o serviccedilo para emissatildeo deste documento - transporte oneroso das aacutereas de coleta para o local de armazenagem devido agraves grandes distacircncias - falta de capital de giro - ausecircncia de informaccedilotildees sobre manejo de baru visando aumentar a produccedilatildeo e garantir a viabilidade da populaccedilatildeo - falta de consciecircncia dos catadores sobre as formas de coleta do baru Haacute conflito com relaccedilatildeo agrave porcentagem de frutos que deve ser colhida e deixada no peacute da aacutervore para promover a regeneraccedilatildeo natural - acesso agraves aacutervores de baru em propriedades particulares - falta de mapeamento das aacutereas de coleta o que permitiria maior eficiecircncia de coleta - dificuldade de comunicaccedilatildeo devido ao isolamento das comunidades

Processamento e Beneficiamento

- Falta de maquinaacuterio adequado (tecnologia especiacutefica) para os processos de despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas - falta de capacitaccedilatildeo em legislaccedilatildeo (sanitaacuteria tributaacuteria ambiental e trabalhista) e nos processos de armazenagem beneficiamento gestatildeo e comercializaccedilatildeo - dificuldade de atingir um padratildeo de qualidade principalmente com relaccedilatildeo ao processo de classificaccedilatildeo e torrefaccedilatildeo das castanhas - curto tempo de prateleira do baru torrado - carecircncia de informaccedilotildees de rotulagem - alto custo da embalagem a vaacutecuo - falta de alternativas de aproveitamento para os subprodutos ndash principalmente a casca e a polpa

Comercializaccedilatildeo

- Elevado custo do coacutedigo de barras - atender as exigecircncias da legislaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria eacute muito caro e trabalhoso - apresentaccedilatildeo precaacuteria dos produtos necessitando-se investimentos nos processos de torrefaccedilatildeo e na elaboraccedilatildeo das marcas e embalagens - falta de informaccedilotildees sobre o mercado demanda atual e potencial causando inseguranccedila quanto aos investimentos para profissionalizar os negoacutecios - falta de divulgaccedilatildeo ao consumidor sobre o baru - escassos espaccedilos para comercializaccedilatildeo - falta de capacidade de produzir em escala o

ISPN 2007 Relatoacuterio do Seminaacuterio de Intercacircmbio Tecnoloacutegico para Pequi Baru e Babaccedilu

110

desenvolvimento de processos mais eficientes e a construccedilatildeo de estruturas de armazenamento auxiliariam na regularidade de fornecimento - elevado custo do baru o preccedilo do baru ainda eacute elevado para massificar o consumo e para ser utilizado por restaurantes uma vez que conta com produtos substitutos mais baratos como amendoim e outras castanhas

Dificuldades encontradas por agricultores familiares do Cerrado para produccedilatildeo e extraccedilatildeo de produtos extrativistas

- O acesso restrito aos meios de reproduccedilatildeo social como terra aacutegua e biodiversidade - a sazonalidade e a baixa capacidade de produccedilatildeo e extraccedilatildeo individual para o atendimento da demanda o que dificulta a garantia e a continuidade de oferta do produto ao mercado - a escassez da matildeo de obra familiar agravada pela migraccedilatildeo dos jovens para os centros urbanos - a natildeo agregaccedilatildeo de valor aos produtos comercializados seja no beneficiamento ou na comercializaccedilatildeo direta - a falta de organizaccedilatildeo da atividade de produccedilatildeo e extraccedilatildeo - a dispersatildeo da produccedilatildeo aumentando os custos de transporte no caso de produtos extrativistas - a dependecircncia dos fatores climaacuteticos - as restriccedilotildees no acesso ao creacutedito - os padrotildees de qualidade da produccedilatildeo condicionados pelo mercado convencional - a utilizaccedilatildeo de mateacuterias-primas originadas de espeacutecies vegetais nativas sem que qualquer responsabilidade sobre a forma de obtenccedilatildeo das mesmas seja assumida por grande parte das empresas - dificuldade de participar dos espaccedilos de discussatildeo e formulaccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas

SILVA Alessandra Karla da EGITO Marcelo do 2005 Rede de Comercializaccedilatildeo Solidaacuteria de Agricultores Familiares e Extrativistas do Cerrado um novo protagonismo social

Problemas na exploraccedilatildeo e comercializaccedilatildeo de PFNMs

- Conflitos entre os proprietaacuterios das terras e os coletores de PFNMs que dificultam a entrada dessas famiacutelias na sua propriedade para coleta desses produtos - poucas accedilotildees puacuteblicas orientadas para fomentar e viabilizar a exploraccedilatildeo sustentaacutevel e a comercializaccedilatildeo de PFNMs - quase inexistecircncia de normas que regulam a exploraccedilatildeo e o mercado desses produtos - nuacutemero reduzido de informaccedilotildees teacutecnicas sobre a exploraccedilatildeo correta desses produtos

MAY Peter H 2001 Compilacion y analisisrsquo sobre los productos forestales non madereros (PFNM) en el Brasil relatoacuterio teacutecnico

Problemas que interferem na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo de PFNMs

- Deficiecircncia na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo - falta de creacutedito para os pequenos agricultores agroextrativistas e para as suas organizaccedilotildees de base - falta de capital de giro para evitar os empreacutestimos bancaacuterios onerosos - dificuldades na padronizaccedilatildeo e qualidade seleccedilatildeo de embalagem atrativa (design) e adequada

- falta de certificaccedilatildeo de determinados produtos - dificuldades no atendimento dos aspectos fitossanitaacuterios e legais - concorrecircncia com produtos industrializados - falta de contatos com os compradores sejam esses atacadistas ou o proacuteprio consumidor final

GONCcedilALO Joseacute Evaldo 2006 Gestatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros (pfnm) da biodiversidade no Brasil

Principais problemas de transaccedilatildeo da cadeia dos PFNMs do Acre (mais definido para a induacutestria de cosmeacuteticos)

Transaccedilatildeo na cadeia - Extrator PFNMAtravessador

- Falta informaccedilatildeo da origem - pouco poder de negociaccedilatildeo para os extratores - falta informaccedilatildeo dos preccedilos - falta controle da qualidade - falta de contratos formais - volumes muito irregulares

CIRAD 2001 Projeto para o fortalecimento das atividades extrativistas no Estado do Acre relatoacuterio final

111

- falta plano de manejo aprovado pelo IBAMA - os pagamentos satildeo irregulares Transaccedilatildeo na cadeia ndash AtravessadorProdutor de

produtos intermediaacuterios (half products) - Falta controle da qualidade - falta de contratos formais - falta controle da origem dos PFNM - pagamentos antecipados - certificados irregulares - falta profissionalismo - ldquodifiacutecil fechar negoacutecios certosrdquo - falta capital de risco Transaccedilatildeo na cadeia - Produtor de produtos intermediaacuterios (half products)Produtor de produtos finais - Uma demanda derivada em um mercado potencialhellip - poucos contratos para criar uma integraccedilatildeo - preccedilos sazonais - poucas informaccedilotildees teacutecnicas - vaacuterios provedores para baixar o risco de natildeo ter - natildeo tem consenso sobre a necessidade de certificaccedilatildeo Transaccedilatildeo na cadeia - Fabrica produtos

finaisDistribuiccedilatildeo ao consumidor Parece que natildeo tem problema ou natildeo eacute um objetivo do estudo Geral

- As pesquisas de campo mostraram atividades de interesse com os produtos em trecircs niacuteveis (a) uso tradicional na zona de extraccedilatildeo em forma de autoconsumo (b) uso comercial rudimentartradicional vinhos de buriti e accedilaiacute oacuteleos de andiroba e copaiacuteba comercializado principalmente na regiatildeo e (c) uso comercial profissional para uma demanda extra-zona No uacuteltimo niacutevel soacute foram registradas 3-4 experiecircncias cada uma delas com muitos problemas nas aacutereas de tecnologia mercado qualidade requisitos legais organizaccedilatildeo gestatildeo e econocircmicofinanceiro - as margens comerciais satildeo elevadas devido agraves seacuterias ineficiecircncias do proacuteprio mercado - os fornecedores de mateacuteria-prima natildeo estatildeo captando um valor agregado devido agraves atuais condiccedilotildees A grande maioria do valor e lucro eacute captada pelos comerciantes e pelas empresas de produtos intermediaacuterios (ou finais) em Manaus Beleacutem ou Satildeo Paulo - falta de valorizaccedilatildeo da conservaccedilatildeo da floresta como valor agregado dos sete produtos florestais estudados Haacute poucas informaccedilotildees (poliacuteticas tecnologia organizaccedilatildeo mercado creacutedito) ou natildeo estatildeo disponiacuteveis para as empresas privadas com interesse nos produtos - a respeito disso existe uma desarticulaccedilatildeo da necessidade de certificaccedilatildeo Haacute empresas (de produtos intermediaacuterios e finais) que estatildeo muito interessadas mas os fornecedores da mateacuteria-prima natildeo possuem nenhum interesse - falta de integraccedilatildeo entre os principais atores puacuteblicos e privados no desenvolvimento dos PFNMs - Falta integraccedilatildeo formal ou informal das empresas de produtos intermediaacuterios com os fornecedores das mateacuterias-primas Os custos de transaccedilatildeo satildeo altos entre a transaccedilatildeo de (especialmente entre extrator de PFNM e produtor de produtos intermediaacuterios (half products) - As empresas de produtos intermediaacuterios tecircm problemas com a mateacuteria-prima no que diz respeito a (i) flutuaccedilatildeo da qualidade (e legalidade) (ii) flutuaccedilatildeo dos preccedilos e (iii) volumes incertos no ano - Altos riscos enfrentado pela induacutestria implicando em margens altas uma vez que os mercados finais satildeo

112

mercados potenciais (natildeo satildeo maduros) e no niacutevel da procura da mateacuteria-prima os atravessadores e comerciantes locais natildeo assumem parte do risco por falta do capital de risco - Falta de legalidade na extraccedilatildeo dos PFNMs (por falta de consistecircncia de planos de manejo na zonas de extraccedilatildeo e tambeacutem por falta de transparecircncia dos requisitos do Ibama e falsificaccedilatildeo de documentos)

Gargalos das cadeias produtivas da biodiversidade

- A capacidade tecnoloacutegica eacute um gargalo determinante para valorizar a produccedilatildeo - a gestatildeo para a exportaccedilatildeo de produtos com maior valor agregado eacute um grande gargalo dos PFNMs na Amazocircnia Sem o apoio das agecircncias de fomento o produto estaacute exposto ao livre choque comercial da oferta e da demanda - as regulamentaccedilotildees impostas pela Anvisa satildeo um problema para as empresas - falta de equipamento adequado e falta de capacitaccedilatildeo para extraccedilatildeo do oacuteleo da andiroba

ENRIQUEZ Gonzalo 2008 Desafios da sustentabilidade da Amazocircnia biodiversidade cadeias produtivas e comunidades extrativistas integradas

Fatores favoraacuteveis e limitantes agrave comercializaccedilatildeo de espeacutecies vegetais nativas do Cerrado

- Acesso de coletores aos produtos do Cerrado impedido pelos grandes proprietaacuterios de terras - dificuldade de acesso ao creacutedito pelos coletores - dispersatildeo das plantas fornecedoras de produtos e alto custo do transporte - custos elevados do valor agregado - perecibilidade dos produtos nativos - baixa disponibilidade dos produtos do Cerrado para atender agraves exigecircncias de mercado - baixa experiecircncia da populaccedilatildeo rural na organizaccedilatildeo social - baixa capacidade de controle de qualidade - baixa capacidade de controle sanitaacuterio - falta de conhecimento por parte dos consumidores sobre os produtos do Cerrado - falta de domesticaccedilatildeo das espeacutecies vegetais nativas

SAWYER Donald REE Marco van der PIRES Mauro de O 1997 Comercializaccedilatildeo de espeacutecies vegetais nativas do Cerrado

Desvantagens de mercados locais em relaccedilatildeo a grandes mercados

- saturaccedilatildeo de produtos e competiccedilatildeo interna acirrada - baixa liquidez dos produtos - altos custos do transporte dos produtos da sua aacuterea de extraccedilatildeo ateacute o mercado onde satildeo comercializados - perecibilidade dos produtos - falta de informaccedilotildees sobre o preccedilo e opccedilotildees de venda - baixa organizaccedilatildeo entre produtores e comerciantes - problemas com estocagem dos produtos - fraca infraestrutura de comunicaccedilatildeo - problemas com suborno - falta de matildeo de obra especializada - dificuldade de acesso ao creacutedito - falta de apoio governamental particularmente municipal - baixa percepccedilatildeo de tomadores de decisatildeo sobre os mercados de PFNMs - limitada perspicaacutecia e periacutecia dos negociantes - alto potencial para substituiccedilatildeo de produtos locais tradicionais por substitutos comerciais - baixos investimentos em pesquisa sobre produtos locais - falta de consumidores - baixo poder de compra dos consumidores locais

SHACKLETON Sheona SHANLEY Patricia NDOYE Ousseynou 2007 Invisible but viable recognising local markets for nontimber forest products

Quadro 1 ndash Principais entraves encontrados na coleta processamento beneficiamento e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros Fonte Elaborado pelo autor a partir de autores citados

113

6 CADEIA PRODUTIVA DO BARU

No presente trabalho natildeo se pretende realizar uma anaacutelise sistecircmica da gestatildeo da

cadeia produtiva do baru identificando os noacutes ou pontos de estrangulamento e em seguida

apresentando as alternativas para incrementar a competitividade dos empreendimentos que

dela fazem parte O que se busca aleacutem da sua simples estruturaccedilatildeo eacute a identificaccedilatildeo e a

anaacutelise do papel dos atores que dela participam comeccedilando pela atividade de coleta e

avanccedilando ateacute a venda da amecircndoa ao consumidor Essa anaacutelise forneceraacute subsiacutedios

importantes para avaliar-se se a exploraccedilatildeo do fruto eacute uma alternativa sustentaacutevel de

geraccedilatildeo de renda para os atores que fazem parte da cadeia produtiva

61 CADEIA PRODUTIVA CONCEITO

As primeiras ideias a respeito de cadeia produtiva surgiram com os estudos de Davis e

Goldberg sobre o agribusiness a partir de 1957 (CASTRO 2005 DIAS et al 2008

ENRIQUEZ 2008) e Goldberg em 1968 (ZYLBERSZTAJN 2000) Paralelamente nos anos

1960 outro enfoque teoacuterico das relaccedilotildees agroindustriais foi desenvolvido na Franccedila fazendo

surgir o conceito de filiegravere aplicada ao estudo da organizaccedilatildeo agroindustrial Um grande

nuacutemero de estudos realizados com base nesses enfoques distintos fizeram surgir no Brasil

nos anos 1990 o conceito de coordenaccedilatildeo e gestatildeo de sistemas agroindustriais

(ZYLBERSZTAJN 2000)

De acordo com Castro (2005) o conceito de agribusiness foi introduzido no Brasil com

a denominaccedilatildeo de complexo agroindustrial negoacutecio agriacutecola ou agronegoacutecio e pelo fato de

ser muito amplo natildeo se mostrou adequado para a formulaccedilatildeo de estrateacutegias setoriais A

partir dessa limitaccedilatildeo foi desenvolvido o conceito de cadeia produtiva destinado a criar

modelos de sistemas dedicados a produccedilatildeo que incorporassem os atores a jusante e a

montante na forma de subsistema do agronegoacutecio conforme demonstrado na Figura 6 O

termo cadeia produtiva tanto pode designar uma abordagem de anaacutelise quanto uma

estrutura organizacional

114

Figura 6 ndash Modelo geral de uma cadeia produtiva Fonte Adaptado de Castro et al (2002 p 7)

Esse modelo geral da cadeia produtiva acima representado mostra uma cadeia

agroindustrial Conforme Castro et al (2002) no modelo podem ser identificados alguns

elementos que satildeo caracteriacutesticos de sistemas como a interconexatildeo das organizaccedilotildees com

funccedilatildeo produtiva direta ou dedicadas a processo conexo agrave produccedilatildeo como a

comercializaccedilatildeo os fluxos de materiais (setas rosa) de capital (setas verde) ou de

informaccedilatildeo (setas cinza ponteadas) Os componentes que determinam a especificidade

desta cadeia produtiva satildeo a propriedade agriacutecola e a agroinduacutestria Nestas os produtos

que seratildeo comercializados e consumidos satildeo especificados como por exemplo milho em

gratildeos soja esmagada carne enlatada etc

O conceito de cadeia produtiva tem sido difundido com base na ideia de todas as

atividades de agregaccedilatildeo de valor que vatildeo desde a produccedilatildeo de insumos passando pela

produccedilatildeo rural pelas agroinduacutestrias pela distribuiccedilatildeo e chegando por fim ao consumidor

final (NEVES et al 1997) No entendimento de Begnis et al (2007) as cadeias produtivas

satildeo formadas basicamente de relaccedilotildees com determinado grau de comprometimento entre

seus componentes que assim pode ser definida

Cadeias produtivas satildeo formadas por relaccedilotildees teacutecnicas econocircmicas sociais e

poliacuteticas nas quais o grau de comprometimento entre seus componentes determina sua

estrutura e coordenaccedilatildeo Deste modo uma cadeia produtiva eacute o resultado de um conjunto

de relaccedilotildees de reciprocidade sustentadas sobre interesses comuns e complementares

(CASTRO 2005)

T

T3

T

5

Fornece- dores de Insumos

Proprie-dade

agriacutecola

Agro- induacutestria

Comeacutercio Atacadista

Consumidor Final

AMBIENTE ORGANIZACIONAL

AMBIENTE INSTITUCIONAL

T4

FLUXO DE MATERIAL

T Transaccedilotildees

FLUXO DE CAPITAL

FLUXO DE INFORMACcedilAtildeO

Sistema de produccedilatildeo

123n

Comeacutercio

Varejista T2

T1

115

Para Castro (2005) o conceito de cadeia produtiva foi desenvolvido como instrumento

de visatildeo sistecircmica Nesse aspecto a produccedilatildeo de bens eacute representada como um sistema

em que os atores se interconectam por fluxos de materiais de capital e de informaccedilatildeo com

o propoacutesito de suprir um mercado consumidor com os produtos do sistema

O enfoque de cadeia produtiva provou sua utilidade para organizar a anaacutelise e

aumentar a compreensatildeo dos complexos macroprocessos de produccedilatildeo e para se examinar

desempenho desses sistemas determinar gargalos ao desempenho oportunidades natildeo

exploradas processos produtivos gerenciais e tecnoloacutegicos (CASTRO 2005)

O enfoque de cadeia produtiva tambeacutem possui aplicaccedilatildeo na gestatildeo da

sustentabilidade ambiental Nesse aspecto satildeo analisados os processos produtivos dessa

cadeia (segmento agriacutecola e industrial) e das suas interfaces com o meio ambiente

estimando-se os possiacuteveis impactos sobre a sustentabilidade ambiental (CASTRO 2005)

A anaacutelise das cadeias produtivas pode ser feita por meio das abordagens de filieacutere e

de Commodity System Approach (CSA) Estas anaacutelises buscam basicamente identificar os

noacutes e estrangulamentos ao longo da sequecircncia de etapas de produccedilatildeo e propor accedilotildees para

aumentar a competitividade das empresas que dela participam ou seja analisar problemas

e propor alternativas que venham a incrementar a competitividade de sistemas

agroindustriais especiacuteficos

611 Anaacutelise de filiegravere

A filiegravere como ferramenta de anaacutelise teve origem nos anos 1960 no acircmbito da escola

industrial francesa (ENRIacuteQUEZ 2008) e pode ser traduzida como ldquocadeia produtivardquo e no

caso do setor industrial como cadeia de produccedilatildeo agroindustrial (BATALHA 1995) ou

simplesmente cadeia (ZYLBERSZTAJN 2000)

Morvan (1985 apud ZYLBERSZTAJN 2000) assim define filiegravere

Cadeia (filiegravere) eacute uma sequecircncia de operaccedilotildees que conduzem agrave produccedilatildeo

de bens Sua articulaccedilatildeo eacute amplamente influenciada pela fronteira de

possibilidades ditadas pela tecnologia e eacute definida pelas estrateacutegias dos

agentes que buscam a maximizaccedilatildeo dos seus lucros As relaccedilotildees entre os

agentes satildeo de interdependecircncia ou complementaridade e satildeo

determinadas por forccedilas hieraacuterquicas Em diferentes niacuteveis de anaacutelise a

cadeia eacute um sistema mais ou menos capaz de assegurar sua proacutepria

transformaccedilatildeo

Assim a filiegravere de produto pode ser utilizada para descrever um conjunto de

operaccedilotildees encadeadas logicamente a partir do tratamento da mateacuteria-prima passando pelo

116

processamento do produto ateacute a obtenccedilatildeo do produto final (MORVAN 1991 apud

RATHMANN et al 2006)

Embora Rathmann et al (2006) considere a sua definiccedilatildeo difiacutecil argumenta que eacute

possiacutevel alcanccedilar-se uma aproximaccedilatildeo pela referecircncia a trecircs elementos constitutivos

determinantes

ndash Uma sucessatildeo de operaccedilotildees de transformaccedilatildeo diz respeito a um espaccedilo de

tecnologias dissociaacuteveis suscetiacutevel de modificaccedilotildees em funccedilatildeo do estado dos

conhecimentos cientiacuteficos dominantes e as modalidades e organizaccedilatildeo do trabalho

ndash Eacute um conjunto de relaccedilotildees comerciais e financeiras estes fluxos de trocas

montante-jusante constituem um espaccedilo de relaccedilotildees orientadas por teacutecnicas ou mercados

cujas restriccedilotildees condicionam mais ou menos as trocas e

ndash Um conjunto de accedilotildees econocircmicas que buscam a valorizaccedilatildeo dos meios de

produccedilatildeo e que participam na definiccedilatildeo de um espaccedilo de estrateacutegia

Defende que com base nos elementos apresentados uma filiegravere adquire o aspecto de

um subsistema dentro de um sistema produtivo global com suas regras e loacutegica proacuteprias

Batalha (1995) divide a cadeia de produccedilatildeo agroindustrial (CPA) de jusante a

montante em trecircs macro-segmentos embora afirme que os limites dessa divisatildeo nem

sempre podem ser bem identificados uma vez que variam bastante conforme o tipo de

produto e o objeto da anaacutelise a ser realizada Satildeo eles

ndash Comercializaccedilatildeo Satildeo as empresas que estatildeo em contato com o consumidor final e

que viabilizam o consumo e o comeacutercio dos produtos finais (supermercados restaurantes

etc) Aqui estatildeo incluiacutedas tambeacutem as empresas de distribuiccedilatildeo

ndash Industrializaccedilatildeo Representa as empresas que transformam a mateacuteria-prima nos

produtos destinados ao consumidor Pode ser tanto uma unidade familiar quanto outra

agroinduacutestria

ndash Produccedilatildeo de mateacuterias-primas Estatildeo incluiacutedas nesse macro-segmento as empresas

fornecedoras de mateacuterias-primas iniciais para que outras empresas realizem a

transformaccedilatildeo em produto final (agricultura pecuaacuteria extrativismo etc)

Entende que a representaccedilatildeo da cadeia de produccedilatildeo agroindustrial deve ser feita

seguindo o encadeamento das operaccedilotildees teacutecnicas necessaacuterias agrave elaboraccedilatildeo do produto

final Dessa forma a estrutura da CPA seria constituiacuteda pela sequecircncia de operaccedilotildees

tecnoloacutegicas de produccedilatildeo distintas e dissociaacuteveis associadas agrave obtenccedilatildeo de um bem ou

de um conjunto de bens

Com base no exposto Saito et al (1999) argumentam que essa definiccedilatildeo de CPA

amplamente utilizada no Brasil pode ser identificada com o conceito de filieacutere

117

612 O enfoque do sistema de commodities (commodities system approach)

As primeiras ideias a respeito de cadeias produtivas tiveram iniacutecio com os estudos de

Davis e Goldberg sobre o agribusiness (ou agronegoacutecio em portuguecircs) a partir de 1957

Essa ideia evoluiu e em 1968 Goldberg apresentou a base teoacuterica da Commodities

System Approach (CSA) Significa que os estudos desenvolvidos sob essa oacutetica focalizam a

sequecircncia de transformaccedilotildees por que passam os produtos Goldberg (1968 apud BATALHA

1995) assim define CSA

Um sistema de commodities que engloba todos os atores envolvidos com a

produccedilatildeo processamento e distribuiccedilatildeo de um produto Tal sistema inclui o

mercado de insumos agriacutecolas a produccedilatildeo operaccedilotildees de estocagem

processamento atacado e varejo demarcando um fluxo que vai do insumo

ateacute o consumidor final O conceito engloba todas as instituiccedilotildees que afetam

a coordenaccedilatildeo dos estaacutegios sucessivos dos fluxos de produtos tais como

as instituiccedilotildees governamentais mercados futuros e associaccedilotildees de

comeacutercio

De acordo com Batalha (1995) a base teoacuterica de CSA desenvolvida por Godberg a

partir de 1968 natildeo tem mais fundamento na Teoria Econocircmica Neoclaacutessica mais

especificamente no conceito de matriz insumo-produto de Leontief e sim nos conceitos

oriundos da Economia Industrial os quais enfocam o paradigma estrutura-conduta-

desempenho da organizaccedilatildeo industrial que passa a fornecer os principais criteacuterios de

anaacutelise e de prediccedilatildeo Nesse entendimento cada sistema produtivo eacute analisado nos termos

da sua lucratividade estabilidade dos preccedilos e estrateacutegias das corporaccedilotildees e

adaptabilidade (ZYLBERSZTAJN 2000)

Conveacutem ressaltar que esse conceito de matriz insumo-produto aleacutem de fornecer

informaccedilotildees sobre setores da economia eacute capaz de descrever o sistema econocircmico em

termos de circulaccedilatildeo em que todas as vendas satildeo igualmente compras e todos os

produtos insumos agrave medida que vatildeo sendo utilizados por outra cadeia produtiva do sistema

(MONTOYA FINAMORE 2005) De acordo com os autores esse referencial teoacuterico e

empiacuterico vem sendo utilizado no Brasil por vaacuterios autores cujo objetivo eacute colocar em

evidecircncia o agronegoacutecio para o processo de desenvolvimento econocircmico do paiacutes uma vez

que proporciona ligaccedilotildees intersetoriais fortes que apresenta sobre o resto da economia

Quanto ao aspecto da anaacutelise da CSA Zylbersztajn (2000) adianta que embora natildeo

seja caracterizada como uma anaacutelise institucional os trabalhos baseados nesta abordagem

natildeo ignoram esse aspecto e que estudos realizados no Brasil apontam para a importacircncia

do ambiente institucional de forma a tornar expliacutecito o papel das instituiccedilotildees e acoplando

uma nova vertente analiacutetica aos trabalhos originalmente desenvolvidos

118

Os dois enfoques ndash que vem sendo utilizados no Brasil apresentam suas

semelhanccedilas e diferenccedilas Zylbersztajn (2000) assegura que a despeito das diferenccedilas

existentes entre as duas abordagens o que eacute importante satildeo os elementos comuns que

podem ser utilizados para os estudos dos agronegoacutecios Entende que tanto o enfoque de

filiegravere quanto o de CSA tratam de estrateacutegia embora a literatura de cadeias seja mais

voltada para as accedilotildees governamentais e no enfoque de Goldberg predominantemente mas

natildeo exclusivamente focalizado nas estrateacutegias das corporaccedilotildees Aponta alguns pontos de

tangecircncia entre os dois conceitos

(a) Consideram o agribusiness sob a oacutetica sistecircmica avaliando as relaccedilotildees entre

atores por meio de diferentes setores da economia repensando a distinccedilatildeo tradicional entre

setor agriacutecola industrial e de serviccedilos

(b) Nos dois enfoques as instituiccedilotildees natildeo satildeo vistas como um elemento neutro com

respeito agrave alocaccedilatildeo dos recursos na economia e sim como um componente importante que

fornece apoio para as atividades produtivas

Batalha (1995) aponta como uma diferenccedila fundamental entre as duas abordagens o

fato da anaacutelise das operaccedilotildees da filiegravere ser realizada sempre de jusante a montante -

inversamente ao fluxo de anaacutelise da CSA Significa que o consumidor final eacute o principal

indutor de mudanccedilas efetuadas no sistema sem no entanto excluir as unidades produtivas

que tambeacutem satildeo responsaacuteveis pela introduccedilatildeo de transformaccedilotildees tecnoloacutegicas

613 Os agentes da cadeia produtiva

Zylbersztajn (2000) ao estudar os sistemas agroindustriais usa o termo ldquosistemas

agroalimentaresrdquo (SAGs) ndash que define como um conjunto de relaccedilotildees contratuais entre

empresas e agentes especializados cujo objetivo final eacute disputar o consumidor de

determinado produto ndash para ressaltar a importacircncia do ambiente institucional e das

organizaccedilotildees de suporte ao funcionamento da cadeia Define como elementos fundamentais

desse sistema os agentes as relaccedilotildees entre eles os setores as organizaccedilotildees de apoio e o

ambiente institucional

Satildeo agentes

minus O consumidor Aqui entendido como o ponto focal para onde converge todo o fluxo

dos produtos do SAG O consumidor adquire os produtos para as suas necessidades

alimentares que variam de acordo com a sua renda faixa etaacuterias preferecircncia entre outros

aspectos

minus O varejo Satildeo os distribuidores de alimentos caracterizados pelos supermercados

padarias accedilougue e outras empresas especializadas que fazem o elo de ligaccedilatildeo entre a

induacutestria e o consumidor

119

minus O atacado Satildeo as plataformas centrais de distribuiccedilatildeo de alimentos que tecircm como

papel concentrar fisicamente os produtos e permitir que agentes do varejo se abasteccedilam

No Brasil as Centrais de Abastecimento (CEASA) cumprem esse papel

minus A agroinduacutestria Satildeo os agentes que atuam na fase de transformaccedilatildeo do produto

Pode ser de primeira transformaccedilatildeo que agrega atributos agrave mateacuteria-prima sem alteraacute-la de

forma significativa ou de segunda quando o produto de origem primaacuteria sofre

transformaccedilatildeo fiacutesica de forma que as suas caracteriacutesticas satildeo alteradas

minus A produccedilatildeo primaacuteria Satildeo representados pelos agentes que atuam na geraccedilatildeo de

mateacuteria-prima para a induacutestria de alimentos De acordo com o autor eacute um dos elos mais

conflituosos do sistema pois estatildeo longe do mercado final e portanto recebem informaccedilotildees

assimeacutetricas aleacutem de estarem dispersos geograficamente e normalmente apresentarem um

perfil bastante heterogecircneo

Os ambientes institucional e organizacional minus As instituiccedilotildees da sociedade humana

satildeo os procedimentos estabelecidos pelos costumes que alicerccedilam e estruturam a

sociedade e satildeo representadas pelos costumes leis etc Satildeo tidas como instituiccedilotildees

fundamentais a famiacutelia a propriedade e o Estado As organizaccedilotildees satildeo ajustes entre

pessoas com o uso de tecnologia para atingir um objetivo desejado No caso das SAGs satildeo

estruturas criadas para fornecer suporte ao seu funcionamento Podem ser dados com

exemplo as empresas as universidades cooperativas associaccedilotildees de produtores

Embora as instituiccedilotildees mudem mais lentamente as mudanccedilas nas organizaccedilotildees

costumam ocorrer com certa rapidez Nesse contesto a dinacircmica das empresas adapta-se

ao ambiente institucional embora busque modificaacute-lo em benefiacutecio proacuteprio seja por meio de

operaccedilotildees no mercado seja exercendo pressatildeo no legislativo para que modifique o marco

legal

62 AS CADEIAS DE BIODIVERSIDADE

Satildeo conhecidas entre 45300 e 49500 plantas no Brasil (LEWINSOHN PRADO

2002) Dessas grande nuacutemero de espeacutecies satildeo exploradas pela populaccedilatildeo para as mais

diversas finalidades alimentaccedilatildeo energia sauacutede construccedilatildeo entre outras O extrativismo

vegetal pode ter como destino a subsistecircncia dos grupos humanos na forma de alimentos

bem como o mercado Atualmente natildeo se pode ignorar o fato do extrativismo vegetal ser

uma atividade que garante renda para milhares de famiacutelias distribuiacutedas pela vastidatildeo do

territoacuterio nacional sejam residentes na zona rural ou aacutereas urbanas

A maior parte dos estudos realizados sobre a exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo

madeireiros no Brasil estatildeo voltados para espeacutecies do Bioma Amazocircnia Na sua maioria satildeo

120

produtos do extrativismo oriundos de espeacutecies que ainda natildeo foram domesticadas como o

accedilaiacute a castanha-do-Brasil o oacuteleo de copaiacuteba a andiroba entre outros

As cadeias produtivas de vaacuterios desses produtos vecircm sendo objeto de anaacutelise pelo

fato de apresentarem interesse econocircmico por parte da populaccedilatildeo e em razatildeo de se

mostrarem como uma opccedilatildeo para a manutenccedilatildeo da floresta em peacute Satildeo produtos jaacute

conhecidos pelo mercado com cadeias produtivas razoavelmente estruturadas

apresentando relativa oferta e demanda em expansatildeo Sob a oacutetica da legislaccedilatildeo ambiental

satildeo produtos cuja exploraccedilatildeo somente pode ocorrer por meio de manejo florestal

sustentaacutevel como medida para evitar sua sobreexplotaccedilatildeo

Uma cadeia produtiva de PFNMs pode ser entendida como um meio conceitual para

ilustrar os diferentes estaacutegios que um dado produto percorre indo do fornecimento de

insumos e passando pela produccedilatildeo primaacuteria pela comercializaccedilatildeo pelo processamento

pelo mercado varejista ateacute o seu consumo final (Figura 7) A cadeia de valor descreve a

sequecircncia de atividades realizadas da produccedilatildeo de mateacuteria-prima ateacute a sua transformaccedilatildeo

em produtos que podem ser adquiridos pelo consumidor final (WILL 2008)

Figura 7 ndash Representaccedilatildeo graacutefica de uma cadeia produtiva de PFNM Fonte Adaptado de Daniel e Dudharde (2007 p 10)

AgricultorColetor

Intermediaacuterio

Processador

Intermediaacuterio

Atacadista

Varejista

Consumidor

O a

gricultor

pro

cessa e

vende

direta

me

nte

ao c

onsum

idor

O p

rocessador v

ende

dire

tam

ente

ao c

onsum

idor

121

A cadeia produtiva de espeacutecies extrativistas (produtos da biodiversidade) natildeo costuma

apresentar as mesmas caracteriacutesticas que as cadeias produtivas tradicionais Enriquez

(2008) enumerou algumas diferenccedilas entre as duas

minus Escala A Cadeia Produtiva Tradicioanl (CT) obedece agraves leis de mercado de modo

que a produccedilatildeo acompanha as oscilaccedilotildees da oferta e da demanda Beneficia-se das

economias de escala e de escopo Na Cadeia de Produtos da Biodiversidade (CB) a oferta

depende dos ciclos da natureza e da capacidade de acesso agraves regiotildees de produccedilatildeo da

mateacuteria-prima Natildeo haacute economias de escopo os produtores estatildeo dispersos e natildeo haacute uma

rede consolidada de prestadores de serviccedilo e assistecircncia teacutecnica e cientiacutefica que possa

gerar sinergias

minus Mateacuteria-prima Na CT ela eacute padronizaacutevel e satildeo empregados meios racionais na sua

obtenccedilatildeo Na CB haacute dificuldade na sua padronizaccedilatildeo em quantidade e qualidade devido a

fatores tais como falta de qualificaccedilatildeo dos produtores fatores climaacuteticos etc

minus Organizaccedilatildeo da produccedilatildeo ndash Na CB as relaccedilotildees entre os operadores satildeo ajustadas

por meio de contratos escritos enquanto na CB as transaccedilotildees nem sempre ocorrem dessa

forma Nessas cadeias a presenccedila do atravessador costuma ser muito forte onerando a

produccedilatildeo Na CB ocorre alta assimetria de informaccedilotildees beneficiando as empresas

minus Logiacutestica Na CT a logiacutestica bem desenvolvida faz parte do planejamento das

operadoras como forma de conectar com mais eficiecircncia induacutestria e consumidores Nas CB

as atividades de planejamento organizaccedilatildeo e controle associadas ao transporte

armazenagem e distribuiccedilatildeo dos produtos costumam ser deixadas em segundo plano o que

a torna ineficiente

minus Consumidor Na CT a oferta de produtos ao consumidor eacute constante e os preccedilos

flutuam menos que na CB especialmente em funccedilatildeo do niacutevel organizacional dos

operadores da cadeia Na CB tanto o grau de oferta de produtos quanto os preccedilos ao

consumidor satildeo variaacuteveis em funccedilatildeo da ineficiecircncia das operaccedilotildees que ocorrem ao longo da

cadeia Os efeitos da sazonalidade da mateacuteria-prima costumam implicar em grande variaccedilatildeo

dos preccedilos dos produtos oferecidos ao consumidor final

minus Regulamentaccedilatildeo Na CT o mercado dita as regras do jogo o que garante eficiecircncia

econocircmica e uma melhor distribuiccedilatildeo de renda entre os operadores da cadeia A CT sempre

opera em mercados regulamentados com regras claras e acessiacuteveis A CB tem grandes

dificuldades em operar com as regras do mercado em funccedilatildeo da vulnerabilidade dos elos

da cadeia Em funccedilatildeo dessa peculiaridade merece um acompanhamento mais proacuteximo por

parte de oacutergatildeos governamentais uma vez que poderaacute desaparecer caso entre no mercado

regular Costuma operar em mercados especiais como os mercados diferenciados ainda

sem uma regulamentaccedilatildeo muito clara

122

minus Meio ambiente A loacutegica da CT eacute completamente voltada para a eficiecircncia

econocircmica natildeo se importando muito com a geraccedilatildeo de externalidades negativas Na CB a

loacutegica produtiva tem por base fundamental a conservaccedilatildeo ambiental uma vez que a

mateacuteria-prima que utiliza depende da sauacutede da floresta

Will (2008) cita outras caracteriacutesticas das cadeias de produtos da biodiversidade

minus Os centros de oferta-demanda costumam ser altamente ineficientes em razatildeo das

ligaccedilotildees fragmentadas entre os operadores ao longo da cadeia produccedilatildeo-mercado

minus As relaccedilotildees comerciais satildeo caracterizadas por desconfianccedila e ignoracircncia a respeito

da performance e capacidade dos operadores que estatildeo numa posiccedilatildeo anterior e posterior

agravequele elo da cadeia

minus Produtores nem sempre possuem boas relaccedilotildees com intermediaacuterios cujo

fornecimento para atacadistas ou processadores natildeo satildeo muito consistentes nem muito

confiaacuteveis e nenhum deles dispotildee de informaccedilotildees confiaacuteveis e constantes sobre as

necessidades dos consumidores

- A figura do atravessador nem sempre pode ser desprezada em razatildeo do seu papel

de ligaccedilatildeo entre os membros de comunidades remotas e o mercado Embora adquirindo a

mateacuteria-prima por preccedilos nem sempre justos aleacutem de pagar pelo produto em espeacutecie (na

maioria das vezes) costuma ser a uacutenica forma de escoamento da produccedilatildeo extrativista para

os centros de processamento Nas regiotildees onde natildeo existe o limitante das distacircncias

costuma ser procurado pelos coletores pois paga por pequenas quantidades do produto ao

contraacuterio das empresas que por problemas de logiacutestica optam pelas grandes quantidades

63 CADEIA PRODUTIVA DO BARU

O Cerrado brasileiro se destaca por possuir a mais rica flora dentre as savanas do

mundo comportando aproximadamente 12070 espeacutecies (FORZZA et al 2010) sendo

expressivo o nuacutemero de espeacutecies com potencial para a exploraccedilatildeo econocircmica Entre as

espeacutecies podemos mencionar o pequi (Caryocar brasiliensis) Segundo o IBGE (2008) no

ano de 2008 foram produzidas 5531 toneladas de oacuteleo de pequi alcanccedilando o valor de R$

681800000 No entanto os dados natildeo mostram os nuacutemeros do seu consumo como

alimento que se acredita seja bastante elevado em razatildeo desse fruto estar incorporado agrave

dieta da populaccedilatildeo dos Estados de Goiaacutes Minas Gerais Bahia Mato Grosso Mato Grosso

do Sul Tocantins e Satildeo Paulo

Outra espeacutecie vegetal do Cerrado que vem apresentando interesse econocircmico eacute o

baru (Dipteryx alata Vog) em funccedilatildeo do sabor diferenciado da sua amecircndoa consumida in

natura na forma de patildees biscoitos bombons licores pratos tiacutepicos entre outros O

mercado dessa amecircndoa comeccedila a crescer no Estado de Goiaacutes e Distrito Federal com

123

perspectiva de alcanccedilar o mercado externo No entanto ainda eacute um mercado incipiente em

razatildeo da demanda ser baixa e localizada

O trabalho de campo forneceu elementos para a estruturaccedilatildeo e a identificaccedilatildeo da

cadeia produtiva do baru aleacutem de elementos necessaacuterios para a anaacutelise do papel dos

atores que dela participam As etapas produtivas da cadeia identificada guardam certa

semelhanccedila com o conceito de filiegravere que se traduz na sequecircncia de operaccedilotildees

tecnoloacutegicas de produccedilatildeo distintas e dissociaacuteveis exigidas para a elaboraccedilatildeo de um bem

acabado ou um conjunto de bens para o consumo final O modelo geneacuterico da cadeia

produtiva do baru encontrada a partir dos trabalhos de campo pode ser assim configurada

Figura 8 ndash Modelo geneacuterico da cadeia produtiva do baru no Estado de Goiaacutes Fonte Dados de pesquisa (2010)

AMBIENTE INSTITUCIONAL Costumes leis cultura religiatildeo

TRANSFORMACcedilAtildeO

Induacutestria de

Insumos

Coleta

Transporte

Armazenagem

10 Processo

Extraccedilatildeo da castanha seleccedilatildeo

lavagem e secagem

Amecircndoa embalada

Alimentos processados

MERCADO LOCAL

PRODUCcedilAtildeO

20 Processo

Alimentos

MERCADO DOMEacuteSTICO

Amecircndoa embalada

Alimentos processados

Transporte

Armazenagem

DISTRIBUICcedilAtildeO

Induacutestria de Maacutequinas Amecircndoa

embalada

Alimentos processados

MERCADO EXTERNO

OPERADORES DA CADEIA

ProdutorColetor

Intermediaacuterio

Associaccedilatildeo Cooperativa

Empresa Privada

Restaurantes Feiras livres

Mercado Institucional Padarias

Exportadoras

Consumidor

AMBIENTE ORGANIZACIONAL Ibama Anvisa Secretaria da Receita Federal Embrapa Agecircncia Rural de Goiaacutes Secretaria Estadual de

Meio Ambiente Secretaria Estadual de Fazenda Secretaria Estadual de Sauacutede ONGrsquos Prefeitura Municipal Associaccedilatildeo Cooperativa

124

64 CARACTERIZACcedilAtildeO DO AMBIENTE EXTERNO DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

641 Poliacuteticas puacuteblicas

O Pronaf eacute uma ferramenta de grande importacircncia para a exploraccedilatildeo do baru uma

vez que abre a possibilidade do agricultor ou associaccedilatildeocooperativa acessar o creacutedito para

estocagem do fruto e para o seu beneficiamento

Criado pelo Decreto nordm 194696 o Programa tem como objetivo promover o

desenvolvimento sustentaacutevel do segmento rural constituiacutedo por agricultores familiares

proporcionando-lhes aumento da capacidade produtiva geraccedilatildeo de emprego e melhoria de

renda Opera na forma de concessatildeo de creacutedito individual ou coletivo para investimento e

custeio a juros subsidiados A Tabela 4 abaixo apresenta dados sobre o nuacutemero de

contratos e montante de recursos aplicados por ano agriacutecola pelo Programa

O Programa dispotildee de vaacuterias linhas de creacutedito voltadas para a produccedilatildeo agropecuaacuteria

e natildeo agropecuaacuteria abrangendo todo o territoacuterio nacional e tendo como agentes financeiros

o Banco do Brasil o Banco da Amazocircnia e Banco do Nordeste Brasileiro (MDA 2010)

Especificamente para a produccedilatildeo e processamento do baru destacam-se as seguintes

linhas

minus Pronaf Floresta - Esta linha de creacutedito eacute destinada ao financiamento de projetos para

a implantaccedilatildeo de sistemas agroflorestais agravequeles agricultores familiares dos Grupos A AC

B C e D do Pronaf interessados na implantaccedilatildeo de projetos de silvicultura sistemas agro

florestais (SAFs) e exploraccedilatildeo extrativista ecologicamente sustentaacutevel e plano de manejo

florestal Aleacutem disso oferece creacutedito para recomposiccedilatildeo e manutenccedilatildeo de aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente e reserva legal e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas para fins de

cumprimento da legislaccedilatildeo ambiental

minus O Pronaf Agroinduacutestria linha de investimentos inclusive em infraestrutura

destinados agrave implantaccedilatildeo de pequenas e meacutedias agroinduacutestrias isoladas ou em forma de

rede que visam o beneficiamento o processamento e a comercializaccedilatildeo de produtos

florestais e do extrativismo

minus Custeio e Comercializaccedilatildeo de Agroinduacutestrias Familiares Destinada a agricultores e

suas cooperativas ou associaccedilotildees para financiamento de custeio do beneficiamento e

industrializaccedilatildeo da produccedilatildeo proacutepria eou de terceiros

125

Tabela 4 ndash Nuacutemero de contratos e montante financiado por ano agriacutecola pelo Pronaf

Ano agriacutecola Nordm Contratos Montante (R$100)

19981999 174286 41636855383

19992000 926422 214943446614

20002001 893112 216848622850

20012002 932927 218927508364

20022003 904214 237646586408

20032004 1390168 449047822825

20042005 1635051 613160093340

20052006 1913043 761192914394

20062007 1692516 843320764822

20072008 1650622 907824397549

Fonte MDA (2008)

A Poliacutetica de Garantia do Preccedilo Miacutenimo (PGPM) foi instituiacuteda por meio do Decreto-Lei

nordm 791966 visando garantir os preccedilos dos produtos das atividades agriacutecola pecuaacuteria ou

extrativa em favor dos produtores ou de suas cooperativas

Com base na Lei nordm 117752008 que criou no acircmbito do PGPM a modalidade de

Subvenccedilatildeo Direta que prevecirc ao extrativista o recebimento de um bocircnus caso efetue a

venda de seu produto por preccedilo inferior ao preccedilo miacutenimo fixado pelo Governo Federal foi

instituiacutedo o PGPM-Bio voltado para produtos da sociobiodiversidade Tem como objetivo a

conservaccedilatildeo ambiental aliada agrave geraccedilatildeo de renda retirando excedentes de produccedilatildeo e

corrigindo distorccedilotildees nos preccedilos recebidos pelos extrativistas

Os recursos financeiros para estas operaccedilotildees satildeo provenientes do Tesouro Nacional

poreacutem a sistemaacutetica de liberaccedilatildeo de valores ocorre dentro de um orccedilamento do Mapa

gerido pelo Grupo de Trabalho Interministerial do Extrativismo criado pela Portaria

Interministerial nordm 2542008 sendo composto pelo MMA Mapa MF MDA MPOG e Conab

O pequi e o baru satildeo os uacutenicos produtos do Bioma Cerrado que estatildeo contemplados

pelo preccedilo miacutenimo Um dos criteacuterios para a concessatildeo do subsiacutedio eacute que o agricultor

apresente a Declaraccedilatildeo de Aptidatildeo ao Pronaf (DAP) cadastro utilizado pelo MDA como

instrumento de identificaccedilatildeo do agricultor familiar para acessar poliacuteticas puacuteblicas Ocorre

que muitas pessoas que exploram o baru moram nas localidades distritos e periferias das

sedes dos municiacutepios e natildeo se enquadram como agricultores familiares sendo

automaticamente excluiacutedos desse benefiacutecio (CONAB 2010)

O Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) foi instituiacutedo pela

Lei nordm 106962003 e regulamentado pelo Decreto nordm 64472008 Eacute uma das accedilotildees do

Fome Zero que opera com a aquisiccedilatildeo de alimentos dos agricultores familiares por um preccedilo

justo e os distribui aos brasileiros em situaccedilatildeo de vulnerabilidade social e alimentar Eacute

126

coordenado pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome e gerido por um

Grupo composto pelo Ministeacuterio do Desenvolvimento Agraacuterio Ministeacuterio do Planejamento

Orccedilamento e Gestatildeo Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Ministeacuterio da

Fazenda e Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Estes ministeacuterios aleacutem da Conab Estados e Municiacutepios

desenvolvem accedilotildees para que os alimentos sejam adquiridos doados e distribuiacutedos para

famiacutelias em situaccedilatildeo de inseguranccedila alimentar e nutricional como indiacutegenas quilombolas

acampados da reforma agraacuteria atingidos por barragens e demais cidadatildeos (CONAB 2010)

Os Conselhos Municipais de Seguranccedila Alimentar e Nutricional quetecircmcomo

atribuiccedilatildeo o acompanhamento e fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees do governo municipal nas aacutereas de

seguranccedila alimentar e nutricional participam da seleccedilatildeo de projetos do PAA

O instrumento operacional para esta forma de aquisiccedilatildeo de alimentos eacute o ldquoCompra da

Agricultura Familiar com Doaccedilatildeo Simultacircnea - CPR Doaccedilatildeordquo (CONAB 2010)

Os agricultores familiares enquadrados no Pronaf (individual ou organizados em

grupos formais) participam do Programa na qualidade de beneficiaacuterios fornecedores

recebendo ateacute o limite de R$ 350000famiacuteliaano Fornecem ao PAA alimentos in natura

ou processados que produzem

A Tabela 5 fornece o nuacutemero de agricultores atendidos e valor repassado pelo MDS

(2010) em reais para o Estado de Goiaacutes pelo Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ateacute o

ano de 2009

Tabela 5 ndash Quantitativo de agricultores atendidos e valor repassado pelo MDS em reais para o Estado de Goiaacutes pelo Programa de Aquisiccedilatildeo de Alimentos ateacute 2009

PAA Quantitativo Valor repassado

pelo MDS (R$100)

PAA - Municipal 193 Agricultores 23420320

PAA - CONAB 571 Agricultores 198992725

Fonte MDS (2010)

Os Municiacutepios de Formosa (GO) e Pirenoacutepolis (GO) natildeo apresentavam receitas

provenientes do PAA ateacute o ano de 2009 apesar de possuiacuterem outros programas de

seguranccedila alimentar e nutricional

Existe um conjunto de poliacuteticas do Governo Federal que buscam estrateacutegias para o

desenvolvimento da produccedilatildeo de PFNMs no Cerrado

Uma das principais poliacuteticas nesta aacuterea eacute o Plano Nacional de Promoccedilatildeo das Cadeias

de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB) lanccedilado pelo Governo Federal em 2009 e

coordenado pelo MMA MDA MDS e Conab Estatildeo envolvidos na sua implementaccedilatildeo a

Casa Civil da Presidecircncia da Repuacuteblica Agecircncia Nacional de Vigilacircncia e Inspeccedilatildeo Sanitaacuteria

127

(Anvisa) o Serviccedilo Florestal Brasileiro (SBF) o Instituto Chico Mendes de Conservaccedilatildeo da

Biodiversidade (ICMBio) o Instituto Nacional de Colonizaccedilatildeo e Reforma Agraacuteria (INCRA) a

Agecircncia de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica Alematilde (GTZ) a Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuaacuteria (Embrapa) governos estaduais setor empresarial agecircncias de fomento e a

sociedade civil organizada (MDA 2010)

O principal objetivo do Plano eacute desenvolver accedilotildees integradas para a promoccedilatildeo e

fortalecimento das cadeias de produtos da sociobiodiversidade com agregaccedilatildeo de valor e

consolidaccedilatildeo de mercados sustentaacuteveis Estaacute organizado em seis eixos de accedilatildeo cada qual

constituiacutedo por um conjunto de linhas de accedilatildeo Os principais eixos de accedilatildeo dizem respeito agrave

promoccedilatildeo e apoio agrave produccedilatildeo e ao extrativismo sustentaacutevel agrave estruturaccedilatildeo e fortalecimento

dos processos industriais agrave estruturaccedilatildeo e fortalecimento de marcados para produtos da

sociobiodiversidade e ao fortalecimento da organizaccedilatildeo social e produtiva (MDA 2010)

Apesar da sua abrangecircncia nacional suas accedilotildees mais recentes estatildeo voltadas para a

promoccedilatildeo da castanha-do-paraacute e do babaccedilu em estados da Regiatildeo Norte e Nordeste

Outra iniciativa de significativa importacircncia para a promoccedilatildeo dos recursos do Cerrado

eacute o Programa Nacional de Conservaccedilatildeo e Uso Sustentaacutevel do Bioma Cerrado - Cerrado

Sustentaacutevel lanccedilado por meio do Decreto nordm 55772008 e que tem como objetivo a

promoccedilatildeo da conservaccedilatildeo a restauraccedilatildeo a recuperaccedilatildeo e a manejo sustentaacutevel de

ecossistemas naturais bem como a valorizaccedilatildeo e o reconhecimento das suas populaccedilotildees

tradicionais buscando condiccedilotildees para reverter os impactos socioambientais negativos do

processo de ocupaccedilatildeo do Bioma Cerrado Cabe ao MMA a promoccedilatildeo da supervisatildeo e

articulaccedilatildeo institucional para a implementaccedilatildeo do Programa

Este mesmo Decreto criou a Comissatildeo Nacional do Programa Cerrado Sustentaacutevel

(CONACER) na qualidade de instacircncia colegiada do Programa

Algumas accedilotildees programaacuteticas se destacam pela sua importacircncia para a promoccedilatildeo de

produtos como o baru tais como estiacutemulo ao uso sustentaacutevel de frutas nativas e que ao

mesmo tempo promovam a inclusatildeo social promoccedilatildeo da agregaccedilatildeo de valor e o uso

comercial de produtos da biodiversidade adequaccedilatildeo da regulamentaccedilatildeo da produccedilatildeo do

beneficiamento da comercializaccedilatildeo e do registro de produtos do uso sustentaacutevel da

biodiversidade para gerar benefiacutecios ambientais e sociais valorizaccedilatildeo da importacircncia

estrateacutegica em termos ambientais e sociais da permanecircncia na terra das comunidades

tradicionais e dos agricultores familiares (MMA 2006)

No acircmbito do Programa Cerrado Sustentaacutevel foi aprovado o Programa Iniciativa

Cerrado Sustentaacutevel com recursos financeiros provenientes do Fundo para o Meio Ambiente

Global (GEF) no valor de US$ 13 milhotildees e contrapartida do Governo Brasileiro no valor de

US$ 26 milhotildees As accedilotildees para a sua implementaccedilatildeo envolvem o MMA o ICMBio e os

128

governos estaduais de Goiaacutes e do Tocantins tendo o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

(FUNBIO) como gestor financeiro O Programa tem como objetivo promover o aumento da

conservaccedilatildeo da biodiversidade e melhorar o manejo dos recursos ambientais e naturais do

bioma Cerrado As accedilotildees dessa Iniciativa deveratildeo ter iniacutecio em 2011 uma vez que somente

em julho de 2010 o Acordo de Doaccedilatildeo entre o Governo Brasileiro e o Banco Mundial na

qualidade de Gestor Financeiro do GEF foi firmado

No que diz respeito agrave participaccedilatildeo da sociedade civil importante mencionar a Rede

Cerrado de Organizaccedilotildees Natildeo Governamentais que congrega em torno de 300 instituiccedilotildees

que atuam na promoccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel e na conservaccedilatildeo do Cerrado Seu

principal objetivo eacute incentivar e promover a troca de experiecircncias e informaccedilotildees entre as

instituiccedilotildees visando conciliar equidade social conservaccedilatildeo ambiental e desenvolvimento

(REDE CERRADO 2010)

Apesar das poliacuteticas puacuteblicas discriminadas acima buscarem atender a determinados

aspectos do uso de PFNMs podem ser entendidas como accedilotildees isoladas natildeo sendo

suficientes para fomentar a exploraccedilatildeo desses produtos O paiacutes natildeo dispotildee de uma poliacutetica

estruturante para esta atividade somente iniciativas isoladas a exemplo da legislaccedilatildeo que

regulamenta o uso de algumas espeacutecies vegetais ameaccediladas de extinccedilatildeo (palmito pau-

rosa caixeta castanha-do-Brasil)

Nas uacuteltimas duas deacutecadas as poliacuteticas puacuteblicas de maior expressatildeo no Brasil relativas

a PFNMs foram quase que inteiramente voltadas para a Amazocircnia como o Programa

Demonstrativo dos Povos Indiacutegenas (PDPI) o Projeto Demonstrativo do Programa Piloto

para Proteccedilatildeo das Florestais Tropicais do Brasil (PDAPPG7) e o Projeto de Apoio ao

Manejo Florestal Sustentaacutevel na Amazocircnia (Pro Manejo) Para o Cerrado existe o Programa

Cerrado Sustentaacutevel instituiacutedo pelo Decreto nordm 55772005 mas que natildeo iniciou

efetivamente suas atividades por falta de recursos financeiros Em setembro de 2010 foi

lanccedilado pelo Governo Federal o Plano de Accedilatildeo para Prevenccedilatildeo e Controle do Desmatamento e

das Queimadas no Cerrado ndash PPCerrado que prevecirc accedilotildees de pesquisa levantamento de

informaccedilotildees sobre a vegetaccedilatildeo nativa e uso sustentaacutevel dos recursos naturais aleacutem da

promoccedilatildeo das cadeias produtivas da sociobiodiversidade

642 Caracterizaccedilatildeo dos principais segmentos da cadeia produtiva do baru nos Municiacutepios

de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes

6421 Fornecedores de insumos

Induacutestria de Maacutequinas ndash O setor de produccedilatildeo de maacutequinas para a agroinduacutestria no Brasil

apresenta um parque industrial bem desenvolvido com um elevado grau de diversificaccedilatildeo na

produccedilatildeo O paiacutes conta com grandes meacutedias e pequenas corporaccedilotildees voltadas para a

129

produccedilatildeo de maacutequinas para o agronegoacutecio e para o processamento de produtos

provenientes da agropecuaacuteria No entanto o setor de maacutequinas para a produccedilatildeo e o

processamento de pequenas quantidades de produtos da biodiversidade praticamente

inexiste Acredita-se que uma das causas do pouco interesse dos fabricantes desses

artefatos em suprir esse mercado esteja assentada na inexpressividade desse setor na

economia nacional Aleacutem do mais as pessoas que exploram produtos da biodiversidade

para complementaccedilatildeo da renda familiar natildeo dispotildeem de recursos excedentes para investir

em uma maacutequina industrial seja manual ou eleacutetrica Mesmo as pequenas cooperativas ou

associaccedilotildees que exploram PFNMs natildeo costumam imobilizar reservas monetaacuterias em um

equipamento dessa natureza

Na exploraccedilatildeo do baru para fins alimentiacutecios (produccedilatildeo e processamento) as

maacutequinas utilizadas costumam ser adaptadas No processo de quebra para extraccedilatildeo da

amecircndoa a tecnologia empregada pelos agricultores nos municiacutepios estudados ainda eacute

rudimentar Na sua grande maioria utilizam a foice adaptada (Figura 9) Com esse

equipamento artesanal um homem quebra em um dia uma quantidade de frutos suficiente

para obter 2 kg de semente (SANO et al 2004) Algumas AssociaccedilotildeesCooperativas e

micro-empresas visitadas dispotildeem de maacutequina eleacutetrica (Figura 10) para a quebra do fruto do

baru Mesmo as eleacutetricas satildeo artesanais e fabricadas sob encomenda aleacutem de natildeo

apresentarem um rendimento tatildeo superior agraves manuais

Figura 9 ndash Dispositivo manual para extraccedilatildeo da amecircndoa do baru Fonte Fotos do autor (2010)

130

Figura 10 ndash Maacutequina eleacutetrica de despolpar e quebrar o fruto do baru Fonte Nonna Pasqua (2010)

643 Unidades produtivas

6431 Municiacutepio de Formosa (GO)

O Municiacutepio de Formosa estaacute localizado no Entorno do Distrito Federal numa regiatildeo

do Planalto Central onde predomina a vegetaccedilatildeo do Cerrado Apresenta uma populaccedilatildeo

eminentemente urbana uma vez que do total dos seus 90212 habitantes em 2007 somente

10388 residiam na zona rural (IBGE 2010) Sua economia destaca-se pela produccedilatildeo de

serviccedilos seguido da induacutestria e da agropecuaacuteria

O Produto Interno Bruto do Municiacutepio em 2006 foi de R$ 56133356700 apontando

um crescimento consideraacutevel quando comparado ao ano de 1999 ano em que alcanccedilou o

valor de R$ 18260000000 Destaque para o PIB do setor de serviccedilos com crescimento

constante durante o periacuteodo avaliado O PIB do setor agropecuaacuterio foi o que menos cresceu

demonstrando uma estabilizaccedilatildeo da atividade no Municiacutepio 1999 (Graacutefico 2)

Graacutefico 2 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Formosa (GO) por setor de 1999 a 2007 em R$ mil Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

131

A produccedilatildeo de gratildeos alcanccedilou 57965 toneladas em 2006 mantendo-se estaacutevel com

ligeiras variaccedilotildees no periacuteodo avaliado (Graacutefico 3) Em 2004 o Municiacutepio era o 41ordm no ranking

de produccedilatildeo de gratildeos no Estado bem abaixo do 1ordm colocado Jataiacute com uma produccedilatildeo de

1321014 toneladas

Graacutefico 3 ndash Produccedilatildeo de gratildeos no Municiacutepio de Formosa Goiaacutes em tonelada no periacuteodo de 2004 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

O efetivo de bovinos atingiu 216500 cabeccedilas em 2007 demonstrando uma pequena

tendecircncia de reduccedilatildeo quando comparado ao total de 237800 cabeccedilas contabilizado no ano

de 2006 (Graacutefico 4) O Municiacutepio ocupava em 2004 o 20ordm lugar no ranking dos maiores

municiacutepios goianos em rebanho bovino bem abaixo do 1ordm lugar Nova Crixaacutes com 676340

cabeccedilas

Graacutefico 4 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Formosa (GO) no periacuteodo de 2001 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

132

O poder puacuteblico municipal natildeo produz informaccedilotildees a respeito do extrativismo vegetal

As informaccedilotildees a esse respeito produzidas pelo IBGE poreacutem somente satildeo mencionadas a

produccedilatildeo do carvatildeo madeira e lenha (Graacutefico 5)

Graacutefico 5 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo no Municiacutepio de Formosa de 1990 a 2008 Fonte IBGE (2010)

O Graacutefico 5 mostra uma diminuiccedilatildeo significativa da produccedilatildeo do carvatildeo madeira e

lenha no Municiacutepio Acredita-se que tal reduccedilatildeo tenha ocorrido mais em consequecircncia do

esgotamento da vegetaccedilatildeo nativa do que da accedilatildeo do poder puacuteblico contra o desmatamento

No periacuteodo de 2003 a 2005 foram desmatados 112742 ha no municiacutepio numa taxa de

desmatamento de 037 (SILVA et al 2008)

De acordo com os dados do IBGE no municiacutepio natildeo existe produccedilatildeo de frutos

silvestres o que vem a ser contraditoacuterio uma vez que a populaccedilatildeo consume e comercializa

esses produtos

Em 2006 a situaccedilatildeo da utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio era a seguinte (Tabela 6)

Tabela 6 ndash Utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de Formosa (GO) em haacute - 2006

Utilizaccedilatildeo de Terras (ha) Aacuterea (ha)

Utilizaccedilatildeo de terras total 506514 Em lavouras permanents 1720 Em lavouras temporaacuterias 27778 Em pastagens naturais 90554 Em pastagens plantadas 175415 Em matas naturais 191697 Em matas plantadas 366

Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio (2006)

O municiacutepio conta com 2493 estabelecimentos agropecuaacuterios cujas aacutereas estatildeo

distribuiacutedas de acordo com o Graacutefico 6 O maior nuacutemero deles estaacute compreendido na faixa

de tamanho que vai de 20 ha a menos que 50 ha (4144) Esta faixa corresponde agrave

maioria das parcelas distribuiacutedas pelo Incra nos vaacuterios assentamento existentes em

133

Formosa Os dados de campo do presente trabalho foram coletados em propriedades rurais

com aacuterea compreendida na mencionada faixa Todos os agricultores entrevistados no

acircmbito do presente trabalho eram proprietaacuterios de glebas nesta faixa

No entanto as propriedades nessa faixa de aacuterea ocupam 11407 ha das terras do

Municiacutepio e correspondem a somente 225 da aacuterea total das propriedades agriacutecolas

enquanto a faixa acima de 2500 ha ocupa uma aacuterea de 231080 (4562) apontando para

uma severa concentraccedilatildeo de terras

Graacutefico 6 ndash Municiacutepio de Formosa nordm de estabelecimentos agropecuaacuterios por grupos de aacuterea total em 2006 Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio (2006)

6432 Municiacutepio de Pirenoacutepolis

O Municiacutepio de Pirenoacutepolis estaacute localizado no Entorno do Distrito Federal numa regiatildeo

acidentada tendo o Cerrado como vegetaccedilatildeo predominante Conta com uma populaccedilatildeo

total de 20460 habitantes sendo que aproximadamente 38 dessa populaccedilatildeo (7785

habitantes) reside na zona rural (IBGE 2010) Sua economia se destaca pela produccedilatildeo de

serviccedilos relacionados ao turismo agropecuaacuteria e produccedilatildeo de pedras ornamentais

134

O PIB do Municiacutepio em 2006 foi de R$ 10457100000 apontando um crescimento de

cerca de 27 vezes quando comparado ao PIB de 1999 Destaque para o PIB do setor de

serviccedilos em primeiro lugar apresentando um crescimento constante durante o periacuteodo de

1999 a 2007 (Graacutefico 7) O PIB do setor agropecuaacuterio eacute o segundo em importacircncia no

Municiacutepio ultrapassando o PIB da induacutestria

Graacutefico 7 ndash Evoluccedilatildeo do Produto Interno Bruto do Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) por setor de 1999 a 2007 em R$ mil Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

A produccedilatildeo de gratildeos alcanccedilou 14277 toneladas em 2008 apresentando um pequeno

crescimento no periacuteodo (Graacutefico 8) Em 2004 o Municiacutepio era o 87ordm no ranking de produccedilatildeo

de gratildeos no Estado (12918 ton) bem abaixo do 1ordm colocado Jataiacute com uma produccedilatildeo de

1321014 toneladas

Graacutefico 8 ndash Produccedilatildeo de gratildeos do Municiacutepio de Pirenoacutepolis Goiaacutes em toneladas no periacuteodo de 2004 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

O efetivo de bovinos atingiu 128000 cabeccedilas em 2007 demonstrando uma pequena

reduccedilatildeo a partir de 2002 quando esse efetivo era de 133000 cabeccedilas (Graacutefico 9) O

135

Municiacutepio ocupava em 2004 o 44ordm lugar no ranking dos maiores municiacutepios goianos em

rebanho bovino bem abaixo do 1ordm lugar Nova Crixaacutes com 676340 cabeccedilas

Graacutefico 9 ndash Efetivo do rebanho bovino por cabeccedila no Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) no periacuteodo de 1998 a 2007 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

Da mesma forma que em Formosa o poder puacuteblico municipal natildeo produz informaccedilotildees

a respeito do extrativismo vegetal na aacuterea do municiacutepio de modo que as informaccedilotildees

disponiacuteveis satildeo produzidas pelo IBGE poreacutem somente aparece nos bancos de dados

(Produccedilatildeo da Vegetaccedilatildeo Extrativa e Silvicultura) a produccedilatildeo do carvatildeo madeira e lenha

(Graacutefico 10) Esse banco de dados natildeo acusa a produccedilatildeo de frutos do Cerrado no

municiacutepio particularmente sobre a produccedilatildeo do baru talvez o fruto nativo mais

comercializado em Pirenoacutepolis atualmente

Graacutefico 10 ndash Quantidade produzida na extraccedilatildeo vegetal por tipo de produto extrativo no Municiacutepio de Pirenoacutepolis de 1990 a 2008 Fonte SeplanSepinGoverno de Goiaacutes (2010)

136

Pirenoacutepolis apresenta uma cobertura vegetal nativa relativamente conservada De

acordo com o Censo Agriacutecola de 2006 a aacuterea das florestas nativas somada agrave aacuterea das

pastagens naturais ocupa quase 55 do municiacutepio (Tabela 7) Usando o sensor CBERS

2006 Couto Junior (2007) demonstrou que o Municiacutepio apresenta grau de aacuterea natural

(cerrado + matas) em torno de 4982 e consequentemente grau de aacutereas alteradas

(aacutereas agropecuaacuterias + aacutereas antroacutepicas) em torno de 5018

Tabela 7 ndash Aacuterea dos estabelecimentos por utilizaccedilatildeo de terras no Municiacutepio de Pirenoacutepolis (GO) em 2006

Utilizaccedilatildeo de Terras (ha) Aacuterea (ha)

Utilizaccedilatildeo de terras total 139987 Utilizaccedilatildeo de terras em lavouras permanentes 1552 Utilizaccedilatildeo de terras em lavouras temporaacuterias 4296 Utilizaccedilatildeo de terras em pastagens naturais 36939 Utilizaccedilatildeo de terras em pastagens plantadas 52191 Utilizaccedilatildeo de terras em matas naturais 39844 Utilizaccedilatildeo de terras em matas plantadas 499

Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio 2006

O municiacutepio conta com 1721 estabelecimentos agropecuaacuterios cujas aacutereas estatildeo

distribuiacutedas de acordo com o Graacutefico 11 O maior nuacutemero deles estaacute compreendido nas

faixas que vatildeo de 20 ha a menos que 50 ha (2191) e de 10 ha a menos que 20 ha

(1563) Os agricultores entrevistados em razatildeo da sua atividade de exploraccedilatildeo do baru

ocupavam glebas na faixa de 20 ha a menos que 50 ha

Um total de 377 propriedades nessa faixa de aacuterea ocupa 15544 ha das terras

agriacutecolas o que corresponde a 111 da aacuterea total das propriedades rurais do Municiacutepio

(139987 ha) O grupo que vai de 200 ha a menos que 500 ha eacute a que concentra maior aacuterea

agriacutecola (2742) Natildeo se observa uma severa concentraccedilatildeo de terras em Pirenoacutepolis

quando comparado a outros Municiacutepios do Estado de Goiaacutes

137

Graacutefico 11 ndash Municiacutepio de Pirenoacutepolis nordm dos estabelecimentos agropecuaacuterios por grupos de aacuterea total em 2006 Fonte IBGE (2010) Censo Agropecuaacuterio (2006)

644 Histoacuteria do uso do baru como alimento humano

A semente do baru sempre foi um alimento consumido por habitantes da zona rural

especialmente crianccedilas apesar de a sua ingestatildeo crua poder causar diarreia e

protuberacircncias na pele em algumas pessoas possivelmente devido a presenccedila de

inibidores da tripsina (aacutecido fiacutetico) A tripsina eacute uma enzima produzida pelo pacircncreas

humano e que auxilia na digestatildeo O processo de fritura da amecircndoa a 160deg C por 5 minutos

inativa os inibidores da tripsina (CACERES et al 2008) possibilitando a sua ingestatildeo sem

efeitos danosos agrave sauacutede Atualmente a amecircndoa torrada eacute muito consumida como petisco e

jaacute faz parte de alguns pratos servidos em restaurantes de Brasiacutelia Goiacircnia e Pirenoacutepolis

Entra tambeacutem na composiccedilatildeo de patildees bolos biscoitos sorvetes licores entre outros

Estudos demonstram que o consumo da semente do baru tambeacutem faz parte dos

haacutebitos alimentares dos indiacutegenas brasileiros que habitam o Cerrado Foi relatado por

Pimentel (2008) que indiacutegenas da etnia Xavante (MT) e Timbira ndash Krahocirc Kanela Krikati

138

Gaviatildeo e Apinajeacute (MA e TO) consomem diariamente a semente e a polpa do baru como

alimento e tambeacutem nas suas festas Entre os Xavante o baru eacute conhecido como Watildederatildepoacute

e entre os Timbira como Krẽnreacute Na aldeia Xavante Wedeacuteratilde em Mato Grosso Silva (2008)

observou que na eacutepoca de frutificaccedilatildeo do baru os indiacutegenas se deslocam ateacute as aacutereas de

ocorrecircncia da espeacutecie para coletar seus frutos pois eacute produto que faz parte da dieta desses

povos

A primeira iniciativa de comercializaccedilatildeo desta amecircndoa foi realizada na deacutecada de

1990 por Vanderlei P de Castro Diretor-Presidente do Centro de Tecnologia Agroecoloacutegica

de Pequenos Agricultores (Agrotec) estabelecido em Diorama Estado de GoiaacutesTratava-se

do envio de algumas partidas da amecircndoa para a Alemanha Devido a legislaccedilatildeo brasileira

restringir o envio de sementes para o exterior resolveu torraacute-las como medida para facilitar

o seu envio Por meio dessa teacutecnica percebeu-se que a semente ficava mais palataacutevel

vindo a descobrir-se posteriormente que tambeacutem inativava os inibidores da tripsina ali

presentes114

No ano de 1997 a ideia da utilizaccedilatildeo do baru como alimento foi levada para a cidade

de Pirenoacutepolis Goiaacutes por um grupo de moradores preocupados com a destruiccedilatildeo do

Cerrado que introduziu a teacutecnica da quebra do fruto em vaacuterias comunidades rurais do

municiacutepio visando a conservaccedilatildeo desse Bioma115

A partir de 1994 a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru recebeu uma importante

contribuiccedilatildeo com a implantaccedilatildeo do Programa de Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-

ECOS) coordenado pelo Instituto Sociedade Populaccedilatildeo e Natureza (ISPN) e direcionado

exclusivamente para o bioma Cerrado A importacircncia desse Programa deve-se ao fato de vir

apoiando projetos de ONGs e de base comunitaacuteria com accedilotildees voltadas para o uso

sustentaacutevel da biodiversidade

645 Produccedilatildeo da amecircndoa do baru

O baru (Dipteryx alata Vog) eacute uma espeacutecie pertencente agrave famiacutelia Leguminosae com

ocorrecircncia ampla no Bioma Cerrado cujos indiviacuteduos atingem uma altura meacutedia de 15m

podendo chegar a 25m em solos feacuterteis (SANO et al 2004) Sua madeira eacute dura de boa

durabilidade de cerne marrom-amarelado e com densidade a 12 de umidade de 1080

kgmsup3 e densidade verde de 1280 kgmsup3 Eacute de difiacutecil processamento mecacircnico podendo ser

utilizada em mourotildees construccedilotildees externas e internas assoalhos embarcaccedilotildees laminados

decorativos molduras torneados cabos de ferramentas entre outros

114

Entrevista concedida por Luiz Carraza teacutecnico do ISPN em abril de 2010 115

Entrevista concedida por Sirley Mota Presidente do Centro de Estudos e Exploraccedilatildeo Sustentaacutevel do Cerrado (Cenesc) em marccedilo de 2010

139

A aacutervore cresce naturalmente no Planalto Central em solos bem drenados de

fertilidade meacutedia sendo mais abundante em Cerradatildeo e Mata Semideciacutedua aparecendo

tambeacutem com bastante frequecircncia em Cerrado Sentido Restrito em solos arenosos

(FILGUEIRAS SILVA 1975) Tem ampla distribuiccedilatildeo pelo Bioma podendo ser encontrada

nos Estados de Rondocircnia Mato Grosso Mato Grosso do Sul Maranhatildeo Minas Gerais

(RATTER et al 2000 OLIVEIRA et al 2008) Goiaacutes (CARVALHO 2008) Tocantins

(BRITO et al 2006) A sua floraccedilatildeo ocorre de novembro a fevereiro a frutificaccedilatildeo a partir de

dezembro e a maturaccedilatildeo dos frutos de julho a outubro dependendo da localizaccedilatildeo (SANO

et al 2004)

A densidade populacional do Dipteryx alata Vog no ambiente pode variar de 1433

indiviacuteduosha em solos de baixa fertilidade em aacutereas de Cerrado com murundus (OLIVEIRA-

FILHO MARTINS 1991) a 23 indiviacuteduosha com DAP acima de 11 cm em aacuterea de transiccedilatildeo

de Cerrado Denso e Mata Estacional (BRITO 2004) Uma aacutervore pode produzir em meacutedia

39 kg de fruto por ano (PIMENTEL 2008) ou 16 kg de sementes (SANO et al 2004)

A floraccedilatildeo ocorre de novembro a fevereiro e as flores satildeo hermafroditas O baru eacute uma

espeacutecie aloacutegama necessitando de fluxo de poacutelen entre plantas para que ocorra frutificaccedilatildeo

A polinizaccedilatildeo eacute realizada principalmente pela abelha Xylocopa suspecta O aumento da

produccedilatildeo de sementes em populaccedilotildees naturais de baru depende da manutenccedilatildeo dos

polinizadores efetivos como a X suspecta Essa abelha eacute uma espeacutecie solitaacuteria que constroacutei

seu ninho em madeira podre (OLIVEIRA SIGRIST 2008) A indisponibilidade de material

para a construccedilatildeo dos ninhos da X suspecta pode contribuir para a diminuiccedilatildeo da sua

populaccedilatildeo

A frutificaccedilatildeo no Estado de Goiaacutes ocorre entre julho e outubro variando de localidade

para localidade (SANO et al 2004)

O fruto (Figura 11) eacute tipo drupa ovoacuteide levemente achatado marrom-claro com

endocarpo lenhoso e mesocarpo fibroso com uma uacutenica semente (MELHEN 1974) Correcirca

et al (2000) estudando as caracteriacutesticas fiacutesicas de frutos do baru proveniente de trecircs

populaccedilotildees no Estado Goiaacutes (sudoeste nortenordeste e leste) estabeleceram que o fruto

possui comprimento que varia de 259 a 775 mm com o valor meacutedio de 5432 mm O peso

do fruto varia de 1276 a 6901 g com o peso meacutedio de 3324 g para os frutos em geral Os

valores de largura de frutos oscilaram entre 29 e 65 mm com o valor meacutedio de 4065 mm

para frutos das trecircs regiotildees

140

A-D ndash fruto E ndash seccedilatildeo longitudinal do fruto F ndash seccedilatildeo transversal do fruto G-H ndash semente com tegumento I ndash seccedilatildeo longitudinal da semente mostrando o eixo embrionaacuterio J-L ndash embriatildeo fechado M ndash detalhe do eixo embrionaacuterio Legenda c ndash cotileacutedone ca ndash calaza eh ndash eixo hipocoacutetilo-radiacutecula en ndash endocarpo ep ndash epicarpo es ndash estria ex ndash eixo-embrionaacuterio h ndash hilo me ndash mesocarpo pd ndash peduacutenculo pl ndash pluacutemula s ndash semente tg ndash tegumentos

Figura 11 ndash Aspectos externos e internos do fruto e da semente de Dipteryx alata Vogel Fonte Ferreira et al 1998

A dispersatildeo da fruta do baru eacute barocoacuterica e zoocoacuterica A polpa carnosa e doce eacute muito

apreciada por insetos e animais silvestres Podem ser vistos se alimentado do fruto caiacutedo no

chatildeo cupins formigas e pequenos bezouros O morcego retira o fruto do baruzeiro e o leva

para outras aacutervores para pouso de alimentaccedilatildeo onde os deixa cair contribuindo para a sua

disseminaccedilatildeo no cerrado A cotia se alimenta das sementes O gado bovino mastiga a polpa

e engole o endocarpo com a semente que depois defeca em diferentes locais do pasto

(SANO et al 2004) As fezes desse animal melhoram a fertilidade dos solos onde a

semente germina

Tanto a polpa como a semente do baru satildeo utilizados na alimentaccedilatildeo humana A

polpa adocicada e adstringente pode entrar na composiccedilatildeo de bolos biscoitos patildees licores

e geleias no entanto deve ser retirada quando o fruto estiver maduro uma vez que o tanino

pode chegar a zero com o aumento do grau de maturaccedilatildeo do fruto (ALVES et al 2010) Eacute

composta principalmente por fibra alimentar em torno de 27 (Tabela 8) amido e accediluacutecares

sendo rica em vitaminas e sais minerais como o potaacutessio cobre ferro caacutelcio foacutesforo e

magneacutesio (ROCHA SANTIAGO 2009)

141

Tabela 8 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada (g100g) e valor energeacutetico total (kcal) da polpa de baru com 1 e 136 dias de armazenamento (Goiacircnia GO 2007)

Componentes12

Polpa

(1 dia armazenamento) Polpa

(1 dia armazenamento)

Umidade 1376plusmn0573 2899plusmn104

Proteiacutenas 417 plusmn070 436plusmn157 Lipiacutedios totais 373plusmn014

4 227plusmn054

Fibra alimentar total 1910plusmn0204 2700plusmn000

Cinzas 434plusmn0304 358plusmn047

Carboidratos3 5490 338

Valor energeacutetico (kcal) 26985 17307

Fonte Alves et al (2010) 1 Valores constituem meacutedia plusmn desvio-padratildeo de trecircs replicatas exceto para fibra alimentar total (quatro replicatas) 2 Valores apresentados em base seca 3 Calculado por diferenccedila subtraindo-se de 100 os valores obtidos para umidade proteiacutenas lipiacutedios totais fibra alimentar total e cinzas 4 Diferenccedila significativa pelo teste t de Student entre os tempos de armazenamento (p lt 005)

A amecircndoa do baru possui inibidores da enzima tripsina (que auxilia na digestatildeo) e

que satildeo capazes de provocar intoxicaccedilatildeo nos humanos aleacutem de intumescecircncia na pele Ao

aquecer-se a amecircndoa a 160o C em condiccedilotildees de fritura por 5 minutos esses inibidores

satildeo inativados (CACERES et al 2008)

De acordo com o relato de agricultores o oacuteleo do baru pode ser utilizado na

alimentaccedilatildeo humana

O teor proteacuteico da amecircndoa do baru eacute superior ao do feijatildeo gratildeo-de-bico ervilha e agrave

castanha de caju e castanha-do-paraacute (Tabela 9)

O teor de aacutecido graxo linoleacuteico da amecircndoa do baru (318 mg) eacute mais alto que no

amendoim no coco e no azeite de oliva Essa composiccedilatildeo em aacutecido graxo poliinsaturado eacute

importante para a sauacutede humana uma vez que esses aacutecidos contribuem para a reduccedilatildeo das

fraccedilotildees de Lipoproteiacutena de Baixa Densidade (LDL) e de Muito Baixa Densidade (VLDL)

responsaacuteveis pelo aumento do colesterol no sangue (FREITAS et al 2010)

O alto teor de fibras insoluacuteveis contidas na amecircndoa do baru (1390) auxilia no

aumento do bolo fecal e na prevenccedilatildeo de problemas enteacutericos promovendo a sauacutede de

quem o consome (FREITAS et al 2010)

142

Tabela 9 ndash Composiccedilatildeo centesimal aproximada e valor energeacutetico de nozes verdadeiras e de sementes comestiacuteveis

NozSemente comestiacutevel

g100g da nozsup1

Lipiacutedios Proteiacutena Carboidratossup2 Fibrassup3 Valor energeacutetico

em 100 g4

Amecircndoa 4593 2141 2067 - 58169 Amendoim 4457 2403 1201 1130 54529 Avelatilde 6318 1477 0257 1288 63798 Amecircndoa de baru 4104 2622 1095 1390 51804 Castanha 0252 0660 3475 - 18808 Castanha-de-caju 4206 1881 3208 - 58210 Castanha-do-paraacute 6494 1411 0627 802 66598 Macadacircmia 6616 0840 2218 - 71776 Noz 6507 1381 1523 - 70179 Pecatilde 6214 0750 2108 - 67358 Pistache 4583 1980 2542 - 59335

Fonte Freitas et al (2010 p 272) 1 Valores se referem agrave meacutedia de dados da literatura (nuacutemero de observaccedilotildees corresponde ao nuacutemero de referecircncias) 2 Valores calculados por diferenccedila Nos casos em que natildeo haacute dados de fibra alimentar os valores correspondem aos carboidratos totais 3 Fibra alimentar total (soluacutevel e insoluacutevel) 4 Valor energeacutetico em kcal calculado considerando-se os fatores de conversatildeo de Atwater de 4 4 e 9 para proteiacutena carboidrato e lipiacutedeo respectivamente

A amecircndoa do baru tambeacutem eacute rica em aminoaacutecidos essenciais (que o corpo natildeo

sintetiza) e natildeo essenciais (que o corpo sintetiza a partir dos alimentos) O teor de

aminoaacutecidos de amecircndoas de baru revelou um conteuacutedo que corresponde em meacutedia a 92

das necessidades dos sulfurados (natildeo essenciais) similar ao de outras nozes e sementes

comestiacuteveis e superior ao de feijotildees (Tabela 10) O consumo dessas nozes e sementes

contribui para suprir as necessidades de aminoaacutecidos essenciais e pode auxiliar na

recuperaccedilatildeo da sauacutede de indiviacuteduos com complicaccedilotildees nutricionais (FREITAS et al 2010)

Destaca-se dentre os minerais necessaacuterios ao corpo humano o ferro caacutelcio zinco e

selecircnio pela importacircncia dos dois primeiros na prevenccedilatildeo de carecircncias nutricionais de

relevacircncia em sauacutede coletiva e pelas funccedilotildees enzimaacuteticas e reguladoras do zinco e do

selecircnio como parte do sistema de defesa antioxidante do organismo A amecircndoa do baru eacute

rica em minerais destacando-se o caacutelcio o zinco e o potaacutessio quando comparada a outras

amecircndoas e sementes (FREITAS et al 2010)

143

Tabela 10 ndash Composiccedilatildeo em minerais de nozes verdadeiras e sementes comestiacuteveis

Minerais (mg100g)

Nozes e sementes comestiacuteveis

Amendoim Avelatilde Amecircndoa de baru

Castanha Castanha-

do-paraacute Pistache

Ca 8322 18970 12040 4475 - - Fe 248 459 485 735 - - Zn 350 242 366 199 - - Mg 19925 17475 - 7459 - 14160 K 58420 81200 81900 75450 - 72463 Na 2588 287 330 172 - 1171 Cu 118 195 126 188 - 134 P 39090 32135 33750 12362 - - Mn - 444 702 534 - 14106 Se(μg100g) - 9000 - - 20400 8500

Fonte Freitas et al (2010 p 275)

646 Preccedilo pago aos produtores

Em Pirenoacutepolis em setembro de 2010 o preccedilo do quilo da amecircndoa no varejo variava

entre R$ 2000 e R$2500 Natildeo foi observada a ocorrecircncia de preccedilos no atacado em razatildeo

das baixas quantidades do produto ofertadas no mercado motivado pela baixa

produtividade na extraccedilatildeo da amecircndoa As maacutequinas utilizadas na extraccedilatildeo da semente satildeo

manuais e um homem consegue extrair entre dois e trecircs quilos por dia116

Os compradores ndash geralmente donos de restaurantes e pousadas ndash argumentam que

o preccedilo estaacute inflacionado Apontam como principal causa a reduzida safra do baru em 2009

e 2010 O fenocircmeno da baixa produccedilatildeo de frutos vem se repetindo haacute trecircs anos nos

municiacutepios estudados

Produtores de baru tambeacutem comercializam pacotes de 50g e 100 g pelas ruas de

Pirenoacutepolis oferecendo o produto a preccedilos que variam entre R$ 400 e R$ 600 e entre R$

800 e R$1000 respectivamente

O baru foi incluiacutedo na Poliacutetica de Garantia do Preccedilo Miacutenimo (PGPMG) na modalidade

de Subvenccedilatildeo Direta em 2008 Atualmente o preccedilo do quilo do fruto eacute de R$ 200 (CONAB

2010)

647 Distribuiccedilatildeo

O proacuteprio produtor que quebra o fruto do baru eacute quem costuma fazer a distribuiccedilatildeo do

produto Na maioria dos casos entrega o montante negociado no estabelecimento do

comprador ou em ldquopontosrdquo comerciais quando a venda eacute consignada As

associaccedilotildeescooperativas que exploram a amecircndoa adotam esses mesmos canais de

distribuiccedilatildeo

116

Comunicaccedilatildeo da agricultora Liliam Pereira de Siqueira Santos do Distrito de Caxambu Pirenoacutepolis De acordo com a agricultora a partir dessa quantidade os braccedilos comeccedilam a apresentar sinais de estresse seguido de dor

144

648 Mercado consumidor

A amecircndoa do baru eacute bem aceita pelo consumidor em razatildeo do seu sabor mesmo

quando consumida simplesmente torrada sendo bastante aceita na cozinha devido a sua

maleabilidade na composiccedilatildeo de pratos e sobremesas Vem sendo explorada no

atendimento de nichos de mercado voltados para alimentos funcionais eou orgacircnicos

No entanto natildeo existem estatiacutesticas disponiacuteveis sobre o consumo da amecircndoa

comercializada ou mesmo consumida no Estado de Goiaacutes

145

7 MODELO117 DE PRODUCcedilAtildeO DO BARU

71 MODELO DE EXPLORACcedilAtildeO DO BARU ENCONTRADO NAS TREcircS COMUNIDADES

RURAIS DO CERRADO GOIANO ESTUDADAS

A seguir descreve-se o modelo de exploraccedilatildeo do baru encontrado em trecircs

comunidades rurais localizadas nos Municiacutepios de Formosa e Pirenoacutepolis Goiaacutes tendo o

agricultor familiar as instituiccedilotildees privadas e o consumidor como protagonistas (Figura 12)

Na sua propriedade esse agricultor cria gado e pequenos animais planta milho arroz

feijatildeo mandioca etc Sua renda eacute proveniente da pecuaacuteria agroinduacutestria lavoura

exploraccedilatildeo de PFNMs venda de serviccedilos e aposentadoria conforme mostrado na Tabela

14 (p 164) A exploraccedilatildeo do fruto do baruzeiro eacute uma entre as atividades de

complementaccedilatildeo da renda familiar que desenvolve

O fruto do baru costuma cair no periacuteodo de agosto a outubro (SANO et al 1999)

quando o agricultor-coletor se deslocar para o campo para proceder a sua coleta

As aacutervores que fornecem o fruto satildeo nativas uma vez que natildeo existem plantaccedilotildees

dessa espeacutecie Normalmente a maior produccedilatildeo de frutos ocorre a partir de indiviacuteduos

adultos que se encontram nas pastagens (SANO et al 2004) poupados do corte raso A

colheita pode ser feita apanhando-se diretamente o fruto no solo e colocando-o no saco ou

pode ser juntado com a ajuda de um ancinho feitos pequenos montes e depois

acondicionado nos sacos Um homem colhe de 4 a 5 sacos de 60 kg de frutos de baru por

dia

A coleta eacute feita por adultos crianccedilas e idosos Os coletores minus principalmente os

adultos minus relatam que depois do terceiro saco cheio as costas comeccedilam a doer em funccedilatildeo

do movimento de abaixar e levantar para colher o fruto do chatildeo Afinal satildeo 1800 frutos para

se encher um saco de 60 kg De acordo com Sano et al (2004) 1 kg de baru conteacutem 30

frutos Desse modo o movimento de abaixar e levantar para encher um saco de 60 kg

acaba se tornando muito penoso para o coletor Agricultores com idade mais avanccedilada

declaram natildeo mais participarem desse tipo de atividade em razatildeo das dores nas costas e

nas articulaccedilotildees aleacutem das dificuldades que enfrentam para levar os frutos ateacute o ponto a

partir do qual seratildeo reunidos em quantidades maiores e transportados para o local de

extraccedilatildeo da amecircndoa

Os frutos satildeo coletados na propriedade do agricultor familiar e nas propriedades

vizinhas No entanto a maior quantidade eacute coletada em grandes fazendas de criaccedilatildeo de

gado cujos proprietaacuterios costumam conservar as aacutervores de baru para aproveitamento da

madeira e para fornecer sombra para o gado

117

Eacute uma representaccedilatildeo simplificada da realidade encontrada em campo Eacute uma abstraccedilatildeo uma interpretaccedilatildeo das inuacutemeras atividades vinculadas agrave exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais do estado de Goiaacutes

146

Os coletores costumam pedir autorizaccedilatildeo aos donos das aacutereas para ingressar nas

propriedades mas natildeo eacute incomum conflitos entre proprietaacuterio e coletor motivado por

pequenas ocorrecircncias tais como porteiras abertas que facilita a fuga do gado rompimento

de arame incecircndios entre outras que geralmente leva a revogaccedilatildeo da permissatildeo Alguns

pecuaristas de antematildeo natildeo permitem o acesso de pessoas na sua propriedade para coleta

do baru sob a argumentaccedilatildeo que causam danos ao seu patrimocircnio

Atualmente nos municiacutepios estudados a exploraccedilatildeo do baru como atividade

econocircmica pode ser identificada como extrativismo com uso intensivo de matildeo de obra natildeo

qualificada e de tecnologia rudimentar estando sujeita agraves leis de mercado como qualquer

outro produto extrativista

O fruto do baru eacute bastante versaacutetil e aleacutem de servir de alimento para a fauna do

Cerrado gera vaacuterios produtos ou subprodutos aproveitaacuteveis pelo homem (Quadro 2)

Parte do fruto Produtosub-produto Usos

Polpa in natura

Polpa in natura Alimentaccedilatildeo animal Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico

Polpa desidratada Alimentaccedilatildeo animal Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico

Farinha Alimentaccedilatildeo humana

AacutelcoolCachaccedila

Consumo humano Medicinalfarmacecircutico Cosmeacutetico Industrial

Resiacuteduos Agriacutecola (adubo orgacircnico)

Amecircndoa

Amecircndoa crua

Alimentaccedilatildeo animal Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico Agriacutecola (produccedilatildeo de mudas)

Amecircndoa torrada Alimentaccedilatildeo humana

Farinha Alimentaccedilatildeo humana

Leite Alimentaccedilatildeo humana

Oacuteleo

Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico Cosmeacutetico Industrial

Torta

Alimentaccedilatildeo humana Medicinalfarmacecircutico Cosmeacutetico Industrial

Pastamanteiga Alimentaccedilatildeo humana

Endocarpo lenhoso

Carvatildeo Combustiacutevel

Aacutecido Pirolenhoso e alcatratildeo

Industrial

Quadro 2 ndash Produtos e subprodutos do baru e respectivos usos Fonte Central do Cerrado (2010)

147

Em razatildeo de sua palatabilidade e versatilidade a amecircndoa vem sendo bastante

procurada por restaurantes sorveterias padarias e pequenas induacutestrias alimentiacutecias da

Regiatildeo Centro-Oeste

Apoacutes recolher o fruto o agricultor o estoca ou inicia a extraccedilatildeo da amecircndoa com o

auxiacutelio de instrumentos criados por ele ou maacutequinas manuais A amecircndoa eacute torrada em casa

e vendida diretamente ao consumidor ou para empresas O fruto in natura pode ser

entregue agrave associaccedilatildeocooperativa da qual eacute membro que se encarrega da sua quebra e

comercializaccedilatildeo Algumas associaccedilotildeescooperativas com pequeno capital de giro costumam

comprar o fruto de terceiros para fazer estoque

A relaccedilatildeo comercial entre o agricultor familiar que explora o baru e os compradores da

amecircndoa (associaccedilotildeescooperativas empresas consumidor governo federal) eacute bastante

fragmentada em razatildeo da irregularidade no fornecimento do produto Isso pode ser

consequecircncia de fatores tais como a sazonalidade da frutificaccedilatildeo irregularidade nas

quantidades produzidas pelas aacutervores (nos anos de 2009 e 2010 a produccedilatildeo de frutos foi

pequena nos dois municiacutepios estudados quando comparado ao ano de 2008)118 agrave falta de

local apropriado para estocar o produto agrave descapitalizaccedilatildeo e dificuldade de acesso ao

creacutedito Essa falta de recursos financeiros impede o agricultor de armazenar o fruto em

quantidade suficiente para que possa atender aos seus clientes durante a entressafra

Outros fatores que podem contribuir para as deficiecircncias nessa relaccedilatildeo satildeo o pouco

conhecimento existente sobre o processamento do fruto e a dificuldade histoacuterica dos

agricultores familiares de se organizarem socialmente e a pouca ou nenhuma experiecircncia

em lidar com o mercado

Nestas relaccedilotildees tambeacutem estaacute presente a figura do atravessador que adquire a

amecircndoa ou a polpa ou mesmo algum produto processado do agricultor-coletor e o revende

para empresas ou diretamente ao consumidor Conforme informaccedilotildees dos agricultores

entrevistados essa forma de comercializaccedilatildeo ocorre em razatildeo do atravessador pagar em

dinheiro no ato da entrega do produto apesar de pagar um preccedilo bem abaixo daquele que

costumam receber quando vendem diretamente ao consumidor ou para empresas

As associaccedilotildeescooperativas recebem o baru do agricultor e o processam Vendem o

produto processado para empresas diretamente ao consumidor ou para o Governo por

meio da merenda escolar (Programa Nacional de Alimentaccedilatildeo Escolar-PNAE) No entanto

essa relaccedilatildeo comercial tambeacutem eacute fragmentada ou seja eacute bastante irregular principalmente

em razatildeo do caraacuteter intermitente da existecircncia do fruto que em determinadas eacutepocas do ano

desaparece Essas instituiccedilotildees passam por dificuldades semelhantes agravequela que passa o

118

Segundo atravessadores contactados durante o trabalho de campo em funccedilatildeo da safra do baru ter sido pequena nos dois uacuteltimos anos na regiatildeo foram obrigados a adquirir o fruto nos estados de Minas Gerais e Tocantins

148

agricultor familiar falta de capital de giro falta de creacutedito pouco conhecimento sobre a

tecnologia de processamento dos produtos agrave base do baru pouca experiecircncia dos diretores

no trato com questotildees comerciais dificuldade para estocar e transportar a produccedilatildeo etc

A atividade de extrativismo do baru recebe pouco apoio seja do poder puacuteblico seja de

instituiccedilotildees privadas Com exceccedilatildeo das poliacuteticas mencionadas no item 641 natildeo existem

outros programas direcionados para a exploraccedilatildeo da espeacutecie Nem o Estado de Goiaacutes nem

os municiacutepios estudados realizaram esforccedilos significativos no sentido de valorizar o produto

149

= Fluxo fragmentado

AssociaccedilatildeoCooperativa

Empresas Governo Mercado consumidor - consumidor - pequenos varejistas locais - feiras e eventos

Propriedade do agricultor familiar - agricultura - pecuaacuteria + pequenos animais - extrativismo do baru - venda de matildeo-de-obra - aposentadoria - comeacutercio

Vizinhanccedila - pequenas propriedades familiares - grandes propriedades

Figura 12 - Modelo conceitual de exploraccedilatildeo do fruto do baru encontrado em trecircs comunidades rurais do municiacutepio de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 2010 Fonte Dados de pesquisa (2010)

ONGs

Coleta do fruto do baru

- Conflito entre coletor e proprietaacuterio

Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

Oacuteleos Sorvetes Biscoitos Patildees Bolos

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa

- amecircndoa

Partilha das vendas Serviccedilos

Vendas institucionais - fruto in natura - baru cru

- farinha de baru Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Mateacuteria-prima Produtos processados

Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Vendas institucionais

Atravessador

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

150

72 O MODELO DE EXPLORACcedilAtildeO SUSTENTAacuteVEL DO BARU EM TREcircS COMUNIDADES

RURAIS DOS MUNICIacutePIOS DE FORMOSA E PIRENOacutePOLIS GOIAacuteS

A Figura 14 propotildee um modelo sustentaacutevel explicativo para a exploraccedilatildeo do fruto do

baru a partir do estudo realizado em trecircs comunidades rurais localizadas nos Municiacutepios de

Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes

Ao propor-se esse modelo julgou-se necessaacuterio adotar-se como comparaccedilatildeo o

modelo teoacuterico baseado na economia proposto por Homma (1993) para o extrativismo

vegetal na Amazocircnia por ser o que mais avanccedilou nesse campo embora apresente

deficiecircncias nos aspectos ambiental e social

No seu modelo teoacuterico Homma (1993) defende que na fase inicial do processo

extrativista por coleta ocorre uma maior oferta (S) que a demanda (D) pelo produto (Figura

13a) Na fase intermediaacuteria ocorre um equiliacutebrio entre oferta e procura e na fase final do

processo de extrativismo ocorre o deslocamento da curva de oferta (S) para a esquerda

(S1) em razatildeo da diminuiccedilatildeo das fontes de recursos119 ou seja diminui a oferta Nessa fase

os preccedilos atingem niacuteveis tatildeo elevados que seriam estimuladas as formas racionais de

cultivo levando ao abandono do extrativismo ou a sua substituiccedilatildeo por outras atividades

(Figura 13b)

Figura 13 ndash Potencial de recurso extrativo processo inicial e fase final do extrativismo por coleta Fonte Homma (1993 p 5)

Um exame mais detalhado revela que o modelo embora cientificamente vaacutelido foi

proposto com base em condiccedilotildees econocircmicas e sociais que moldaram o extrativismo

vegetal na Amazocircnia Ademais esse modelo analisou somente o extrativismo vegetal

excluindo outras atividades como a agricultura pecuaacuteria artesanato etc desenvolvida pelo

extrativista

119

Onde D intercepta S eacute o ponto de equiliacutebrio entre demanda e oferta Mantendo-se a oferta constante (quantidade oferecida) e com o mercado aquecido vai haver mais demanda e aumento de preccedilos (deslocamento de D3 para D4) Com o esgotamento do recurso diminui a quantidade ofertada (S para S1) O deslocamento de D1 para D2 significa um novo ponto de equiliacutebrio com uma elevaccedilatildeo dos preccedilos do produto A cada deslocamento de D para cima ocorre um novo niacutevel de equiliacutebrio entre demanda e oferta com aumento de preccedilos

S1

D4

D1

Preccedilo

Quantidade

D

S

(a)

Quantidade

Preccedilo

S

D3

D2

(b)

151

Natildeo resta duacutevida que o mercado dita as regras da exploraccedilatildeo de produtos dessa

natureza mas a exploraccedilatildeo do baru apresenta caracteriacutesticas que diferem relativamente do

modelo de Homma a comeccedilar pelo fato de ser uma atividade de complementaccedilatildeo de renda

do agricultor familiar que normalmente se dedica a agricultura pecuaacuteria eou atividade natildeo

agriacutecola

A longo prazo em uma situaccedilatildeo de altos preccedilos da amecircndoa e a forte demanda pode

ocorrer o processo de domesticaccedilatildeo da espeacutecie com a queda gradativa dos preccedilos No

entanto natildeo ocorreraacute o abandono da exploraccedilatildeo de indiviacuteduos nativos pelo agricultor

familiar uma vez que natildeo se trata da sua atividade principal mas complementar que auxilia

na composiccedilatildeo da renda Tem interesse em manter a atividade pelo fato de conseguir o

fruto gratuitamente natildeo havendo necessidade de grandes investimentos e tendo como ocircnus

somente a sua matildeo de obra e o transporte

Por outro lado acredita-se que o esgotamento do baru pode ser evitado adotando-se

praacuteticas de manejo simples uma vez que a exploraccedilatildeo eacute concentrada somente no fruto natildeo

havendo dano algum agrave aacutervore A eliminaccedilatildeo de gramiacuteneas e outras espeacutecies que costumam

competir com a placircntula do baru eacute uma boa praacutetica para que o indiviacuteduo jovem seja

protegido Outra praacutetica interessante eacute o lanccedilamento de frutos em vaacuterias direccedilotildees a partir da

aacutervore onde foi coletado

A distribuiccedilatildeo natural da espeacutecie recebe a ajuda de agentes dispersores tais como o

morcego e o gado que utilizam o fruto e natildeo destroem a semente O morcego porque

apanha o fruto antes de cair e o leva para outros locais onde come a sua polpa

descartando-o em seguida E o gado porque o ingere inteiro consumindo somente a polpa e

expelindo-o junto com as fezes pelo pasto

Em determinadas regiotildees do Cerrado em que a espeacutecie ocorre em combinaccedilatildeo com a

pecuaacuteria o interesse dos proprietaacuterios de terras tem mantido o baruzeiro livre do corte raso

pelas vantagens que oferece principalmente sombra para o gado (SANO 2004) Uma boa

forma de conservaccedilatildeo da espeacutecie seria o incentivo para que os pecuaristas natildeo retirassem

as aacutervores levando ateacute eles os benefiacutecios que o baruzeiro pode trazer independente do

valor comercial do seu fruto

A exploraccedilatildeo do baru nas comunidades rurais estudadas apresenta algumas

caracteriacutesticas socioeconocircmicas que a diferem daquelas envolvidas na exploraccedilatildeo de

produtos florestais natildeo madeireiros na Amazocircnia (Quadro 3) tais como

(a) na Amazocircnia predominou ateacute bem pouco tempo relaccedilotildees econocircmicas e

trabalhistas desequilibradas entre seringueiro e o seringalista em que havia o predomiacutenio

desse uacuteltimo Embora essa caracteriacutestica esteja em franco desaparecimento ainda subsiste

a figura do regatatildeo ou marreteiro que submete o extrativista a uma dependecircncia econocircmica

152

em razatildeo do sistema adotado Na Regiatildeo Central do Brasil a exploraccedilatildeo do baru acontece

sob outras bases econocircmicas e sociais onde normalmente natildeo se identifica relaccedilotildees de

dependecircncia entre o coletor do baru (agricultor familiar) e o comprador do fruto

(b) ao contraacuterio dos extrativistas amazocircnicos que tem a coleta de PFNMs como

atividade predominante e a pecuaacuteria e agricultura como atividades secundaacuterias as

populaccedilotildees rurais que exploram o baru praticam como atividades principais a pecuaacuteria a

agricultura tradicional a agroinduacutestria aleacutem da venda de serviccedilos

(c) a proximidade do mercado e uma maior facilidade de transporte satildeo um incentivo

para que a comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo do baru seja feita pelas proacuteprias famiacutelias que se

ocupam da sua exploraccedilatildeo natildeo existindo qualquer viacutenculo de dependecircncia ou subordinaccedilatildeo

com o comprador do produto

(d) os coletores de baru natildeo dependem de capital externo para a atividade de coleta

fazendo uso da sua proacutepria forccedila de trabalho para essa operaccedilatildeo

Aleacutem dessas caracteriacutesticas de diferenciaccedilatildeo entre o modelo de Homma e o modelo

de exploraccedilatildeo do baru nos dois municiacutepios goianos outras surgiram com o estudo da

cadeia produtiva desse produto e que devem ser consideradas na proposiccedilatildeo de um modelo

produtivo sustentaacutevel para a espeacutecie (Quadro 3)

(a) os indiviacuteduos da espeacutecie satildeo eliminados em aacutereas de agricultura intensiva e

conservados em aacutereas de pecuaacuteria extensiva

(b) a conservaccedilatildeo da espeacutecie ocorre pelo interesse econocircmico que a sua amecircndoa e a

madeira despertam em agricultores familiares meacutedios produtores e pecuaristas

(c) trata-se da exploraccedilatildeo comercial de frutos silvestres adotando-se praacuteticas miacutenimas

de manejo com o objetivo de diminuir o impacto dessa exploraccedilatildeo sobre a espeacutecie e

mantendo o indiviacuteduo em produccedilatildeo o maior tempo possiacutevel

(d) natildeo eacute uma atividade isolada centrada apenas no produto extrativo mas deve ser

entendida como parte dos sistemas de produccedilatildeo diversificados adotados pela agricultura

familiar na regiatildeo

(e) atualmente a exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru eacute uma atividade que ocorre com o

uso de baixa tecnologia que limita a produccedilatildeo em escala

(f) o equipamento envolvido na extraccedilatildeo da amecircndoa eacute fabricado pelo proacuteprio

agricultor familiar enquanto as pequenas induacutestrias associaccedilotildees e cooperativas utilizam

tanto o equipamento rudimentar como maacutequinas manuais e eleacutetricas

(g) os mercados de consumo da amecircndoa satildeo proacuteximos o que permite o

deslocamento raacutepido e com baixos custos para o produtor aleacutem dos benefiacutecios gerados

com a agregaccedilatildeo de valor permanecerem na regiatildeo

153

(h) a sua comercializaccedilatildeo estaacute restrita aos mercados locais podendo chegar ao status

de commodity120

(i) na atual forma de exploraccedilatildeo mesmo mantendo a sustentabilidade esse modelo

natildeo gera um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave justiccedila social ao agricultor

familiar No entanto a introduccedilatildeo de tecnologias e o apoio de instituiccedilotildees natildeo

governamentais e do poder puacuteblico principalmente no fortalecimento da accedilatildeo coletiva do

desenvolvimento de pesquisa e tecnologias direcionadas para a espeacutecie de uma melhor

atuaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica junto ao agricultor podem reverter esse quadro

No modelo sustentaacutevel apresentado aleacutem da agricultura pecuaacuteria e o extrativismo

sustentaacuteveis o agricultor pode desenvolver a agrofloresta a agroecologia a apicultura o

turismo ruralecoturismo consistindo numa forma de diversificar a sua fonte de renda

Ademais pode tambeacutem receber compensaccedilotildees pelos serviccedilos ambientais prestados na sua

propriedade como conservaccedilatildeo da biodiversidade sequestro de carbono e proteccedilatildeo de

mananciais

O poder puacuteblico (preferencialmente o municiacutepio) eou ONGs devem promover accedilotildees

que envolvam os extrativistas e os pecuaristas de modo que estes venham a permitir a

coleta sustentaacutevel do fruto na sua propriedade e que os extrativistas o faccedilam sem causar

danos ambientais ou materiais Estas accedilotildees devem ter como objetivo a pacificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre estes atores

Quanto ao aspecto da comercializaccedilatildeo a amecircndoa ou outro produto derivado do fruto

do baru (amecircndoa torrada biscoitos patildees bolos artesanato) produzido pelo agricultor

podem ser entregues para associaccedilotildeescooperativas eou vendidos para empresas para o

mercado institucional ou diretamente ao consumidor em feiras e eventos

A venda individual apesar de ser uma forma de comercializaccedilatildeo rotineiramente

utilizada pelo agricultor-coletor traz mais desvantagens do que vantagens O

associativismocooperativismo deve ser estimulado pelas vantagens que proporciona tais

como a comercializaccedilatildeo coletiva para evitar a venda do produto por preccedilos impostos pelo

comprador a logiacutestica de entrega coletiva que desonera o preccedilo do transporte do produto a

aquisiccedilatildeo de experiecircncia necessaacuteria para tratar as questotildees econocircmicas em coletivo entre

outras vantagens

O agricultor-coletor tambeacutem pode comercializar esses produtos diretamente em feiras

locais ou eventos promovidos por instituiccedilotildees que apoiem o extrativismo sustentaacutevel de

produtos vegetais

120

De acordo com Bignotto et al (2004) as commodities podem ser entendidas como mercadorias padronizadas e de baixo valor agregado que satildeo produzidas e comercializadas em vaacuterios paiacuteses

154

A associaccedilatildeocooperativa apoacutes realizar as vendas pode remunerar o agricultor familiar

proporcionalmente a sua cota de fornecimento Aleacutem de realizar todo o ciclo de venda do

produto a instituiccedilatildeo pode fornecer serviccedilos ao associadocooperado como capacitaccedilatildeo

para a produccedilatildeo de doces conservas e artesanato formaccedilatildeo e capacitaccedilatildeo em

administraccedilatildeo do seu negoacutecio assistecircncia teacutecnica para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru

acompanhamento organizativo dos associadoscooperados etc

Associaccedilotildees rurais em geral apresentam como uma caracteriacutestica comum a baixa

participaccedilatildeo dos produtores Hespanhol (2006) denuncia essa caracteriacutestica nos estudos

realizados sobre associativismo rural Para a autora o fato de agregarem produtores

familiares serem de pequeno porte e natildeo serem especializadas na produccedilatildeo eacute motivo do

baixo interesse dos associados

Outro aspecto dessas associaccedilotildeescooperativas eacute a falta crocircnica de capital de giro

para o custeio e comercializaccedilatildeo e a sua vulnerabilidade frente ao mercado principalmente

em razatildeo dos seus dirigentes encontrarem dificuldades com a gestatildeo de negoacutecios Estaacute aiacute

incluiacuteda a dificuldade para atender aos procedimentos administrativos exigidos para gerir-se

uma associaccedilatildeocooperativa Os dirigentes reclamam da complexidade da prestaccedilatildeo de

contas que satildeo obrigados a fazer anualmente (NOGUEIRA 2005)

As associaccedilotildeescooperativas podem vender a sua produccedilatildeo em eventos feiras e agraves

empresas Quando enfrentam o mercado surgem grandes dificuldades e desafios para seus

representantes Segundo Costa (2004) um dos entraves para o sucesso dessas instituiccedilotildees

no mercado eacute a sua pequena capacidade de organizaccedilatildeo caracterizada pela falta de

informaccedilotildees sobre a produccedilatildeo dos seus associados uma vez que o conhecimento de toda

essa produccedilatildeo eacute um importante fator para o sucesso da venda coletiva Outros obstaacuteculos

satildeo a falta de mobilizaccedilatildeo a tempo e agrave hora para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito

dos preccedilos e do seu comportamento falta de conhecimento sobre quem iraacute comprar a

produccedilatildeo dificuldade para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees a respeito dos preccedilos valor do frete e

compradores antes de movimentar a carga e dificuldade para organizar a logiacutestica de

transporte das mercadorias

Outra forma de comercializaccedilatildeo pode ser por meio do mercado institucional Apesar

de ser relativamente recente no Brasil as experiecircncias atuais sobre este mecanismo

referem-se agraves compras realizadas pelo governo (Federal Estadual e Municipal) por meio de

programas tais como o PNAE o PAA e a PGPM-Bio (CONAB 2010) Satildeo accedilotildees de grande

valor estrateacutegico para o paiacutes e importantes para os agricultores-coletores porque vecircm

distribuindo renda entre as comunidades rurais brasileiras

155

Serviccedilos ambientais - conservaccedilatildeo da biodiversidade - sequumlestro de carbono - controle climaacutetico - proteccedilatildeo de mananciais - proteccedilatildeo do solo

AssociaccedilatildeoCooperativa

Empresas

Poder Puacuteblico

Mercado consumidor - consumidor - grandes varejistas locais e regionais - pequenos varejistas locais - feiras e eventos

Propriedade do agricultor familiar

Aacuterea agriacutecola - agrofloresta - agricultura - agroecologia

Pecuaacuteria - pecuaacuteria + agrofloresta

Aacutereas de proteccedilatildeo ambiental - extrativismo sustentaacutevel - apicultura

Turismo ruralecoturismo

Vizinhanccedila - pequenas propriedades familiares - grandes propriedades

Figura 14 ndash Modelo sustentaacutevel de exploraccedilatildeo do fruto do baru em trecircs comunidades rurais do municiacutepio de Pirenoacutepolis e Formosa Goiaacutes 2010 Fonte Dados de pesquisa (2010)

ONGs

coleta do fruto do baru

Vendas institucionais - fruto in natura - baru cru

- farinha de baru

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Partilha das vendas Serviccedilos

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Vendas institucionais

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

Oacuteleos Sorvetes Biscoitos Patildees Bolos

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

Mateacuteria-prima - fruto in natura - polpa - amecircndoa

Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Amecircndoa torrada Biscoitos Patildees Bolos Artesanato

Mateacuteria-prima Produtos processados

Programas Subsiacutedios teacutecnicos e financeiros

156

Esses programas tecircm contribuiacutedo significativamente para o desenvolvimento da

agricultura familiar Embora seja um valioso canal de comercializaccedilatildeo para os agricultores

jaacute podem ser identificados alguns obstaacuteculos que dificultam o alcance dos seus objetivos

Entre as limitaccedilotildees mais seacuterias estatildeo o atraso nas liberaccedilotildees de recursos financeiros para a

operacionalizaccedilatildeo desses programas dificuldades encontradas pelos agricultores familiares

para acessarem a documentaccedilatildeo exigida para se habilitarem agraves exigecircncias e a falta de

convergecircncia entre diferentes instrumentos de poliacutetica puacuteblica que poderiam dar suporte agraves

accedilotildees dessas iniciativas institucionais Satildeo apontadas tambeacutem fragilidades referentes agrave

organizaccedilatildeo e gerenciamento das redes e organizaccedilotildees locais envolvidas no processo tais

como acompanhamento ineficiente das entregas falta de qualificaccedilatildeo das formas de acesso

dos beneficiaacuterios aos alimentos e ausecircncia de um fortalecimento da atuaccedilatildeo dessas

instituiccedilotildees em outros circuitos de comercializaccedilatildeo de forma a minimizar a sua dependecircncia

em relaccedilatildeo ao mercado institucional (SCHIMITT GUIMARAtildeES 2008)

Tanto esse agricultor-coletor como a associaccedilatildeocooperativa a qual eacute

associadocooperado devem continuar recebendo subsiacutedios de ONGs e do poder puacuteblico

como uma forma de incentivo para a exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru Entre os subsiacutedios

fornecidos por ONGs podemos citar a doaccedilatildeo de recursos a fundo perdido para projetos de

uso sustentaacutevel da biodiversidade e o fornecimento gratuito de assistecircncia teacutecnica a

empreendimentos ecossociais No acircmbito do poder puacuteblico podemos mencionar como

forma de subsiacutedio a alocaccedilatildeo de recursos financeiros em linhas de creacutedito do Pronaf

exclusiva para o agroextrativismo com juros abaixo do valor corrente de mercado e a

ampliaccedilatildeo da rede de assistecircncia teacutecncia gratuita para as populaccedilotildees que exploram

recursos naturais

Outra forma de subsiacutedio poderia ser o pagamento por serviccedilos ambientais (PSA) ou

seja a instalaccedilatildeo de mecanismos para o pagamento por serviccedilos ambientais Essas

iniciativas visam manter livre de destruiccedilatildeo a base dos recursos naturais que tornam o

ecossistema estaacutevel No entanto eacute necessaacuterio converter serviccedilos como a manutenccedilatildeo da

biodiversidade o armazenamento de carbono e a ciclagem de aacutegua em fluxos monetaacuterios

que possam compensar os proprietaacuterios que desejam manter suas aacutereas naturais

convertendo-as numa fonte de renda O que vem impedindo que essa operaccedilatildeo se

transforme em realidade tem sido a ausecircncia de uma quantificaccedilatildeo segura do valor dos

serviccedilos oferecidos e a escolha do mecanismo adequado por meio do qual os fundos

recebidos seriam distribuiacutedos (FEARNSIDE 1997) Outra barreira no Brasil tem sido a falta

de uma base legal que institua e regulamente a praacutetica desses serviccedilos (WUNDER et al

2008) Satildeo mecanismos que vem sendo discutidos tanto em acircmbito nacional como

157

internacional mas o paiacutes ainda natildeo conta com uma estrutura normativa que efetivamente

venha a se converter em benefiacutecios para os proprietaacuterios e para a populaccedilatildeo

A gestatildeo de micro bacias hidrograacuteficas com o uso de mecanismos de pagamento a

proprietaacuterios rurais pelos serviccedilos de conservaccedilatildeo da aacutegua tem se apresentado como uma

boa alternativa Atualmente uma nova modalidade de PSA vem sendo discutida em acircmbito

internacional como forma de criar valores econocircmicos para a floresta em peacute ou como

medida para evitar o desmatamento as Reduccedilotildees de Emissotildees do Desmatamento e

Degradaccedilatildeo (REDD) Esses serviccedilos podem perfeitamente ser oferecidos aos agricultores

familiares como incentivo para que conservem aacutereas silvestres na sua propriedade e mesmo

para aqueles donos de imoacuteveis que permitem que os coletores tenham acesso as suas

terras recolhimento do fruto do baru

Aleacutem dos benefiacutecios jaacute citados a conservaccedilatildeo de aacutereas silvestres assegura locais e

materiais adequados para a nidificaccedilatildeo dos polinizadores naturais da Dipteryx alata Vog

bem como as fontes de neacutectar poacutelen eou oacuteleo que necessitam para a sua alimentaccedilatildeo A

D alata eacute uma planta aloacutegama121 e necessita de polinizadores que promovam o fluxo de

poacutelen entre os indiviacuteduos da mesma espeacutecie A abelha Xylocopa suspecta abelha de

grande porte (gt 20 cm) pode ser considerada o principal polinizador do baru uma vez

que visita elevado nuacutemero de flores de modo adequado e em curto periacuteodo de tempo Isso

implica em que o aumento da produccedilatildeo de amecircndoas depende da manutenccedilatildeo da

populaccedilatildeo desse inseto (OLIVEIRA SIGRIST 2008) que por sua vez depende de

substratos como galhos e troncos secos de espeacutecies nativas para construir seus ninhos

(SILVA VIANNA 2002) A diminuiccedilatildeo da vegetaccedilatildeo silvestre proacutexima agraves aacutereas cultivadas

reduzindo os locais adequados para nidificaccedilatildeo e o nuacutemero de espeacutecies vegetais que

funcionam como fonte de alimento tem contribuiacutedo para a diminuiccedilatildeo das populaccedilotildees de

abelhas nativas (KREMEN et al 2002)

Embora natildeo se tenha a pretensatildeo de esgotar todas as soluccedilotildees para superar os

entraves relacionados agrave exploraccedilatildeo do baru pelos agricultores familiares e pelas

associaccedilotildeescooperativas podemos enumerar como accedilotildees que poderiam ser adotadas para

minimizar esses obstaacuteculos a) desenvolvimento de programa de pesquisa relacionado agrave

espeacutecie b) alocaccedilatildeo de maiores montantes de recursos financeiros para as linhas de creacutedito

do Pronaf digiridas para o agroextrativismo c) a criaccedilatildeo de programas voltados para a

capacitaccedilatildeo manejo adequado e conservaccedilatildeo dos produtos que comercializam para a

qualificaccedilatildeo teacutecnica administrativa financeira contaacutebil e tributaacuteria dos seus membros e para

a comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo (identificaccedilatildeo de canais de comercializaccedilatildeo estudos de

121

Espeacutecie cuja forma de reproduccedilatildeo natural predominante se daacute por meio da fecundaccedilatildeo cruzada entre plantas diferentes

158

mercado) d) incrementar o apoio agrave organizaccedilatildeo social no campo no sentido de obterem-se

associaccedilotildeescooperativas mais atuantes e) revisatildeo do marco regulatoacuterio nacional no

sentido de dar um tratamento diferenciado para os produtos do extrativismo e para quem os

produz

159

Homma Drummond Rego Modelo baru

Modelo proposto - Modelo econocircmico teoacuterico de extrativismo aplicado agrave Regiatildeo Amazocircnica

- Modelo conceitual voltado para explicar a atividade de extrativismo na Regiatildeo Amazocircnica

- Modelo conceitual que busca explicar a exploraccedilatildeo de produtos florestais baseada na cultura das populaccedilotildees extrativistas e em sistemas produtivos familiares que harmonizem benefiacutecios econocircmicos sociais e ambientais

- Modelo conceitual voltado para explicar a atividade de exploraccedilatildeo sustentaacutevel do baru no Bioma Cerrado

Conceito - Extrativismo forma de exploraccedilatildeo econocircmica de produto da natureza com produtividade baixa ou declinante

- Extrativismo modo de produzir bens que consiste na retirada de recursos naturais diretamente da sua aacuterea de ocorrecircncia natural

- Neoextrativismo atividade de coleta de recursos naturais combinada agraves atividades agriacutecolas e pecuaacuterias e ao beneficiamento dos produtos coletados incluiacutedas no modo de vida e cultura extrativistas

- Exploraccedilatildeo de PFNMs Atividade praacutetica de coleta que faz parte da estrateacutegia do agricultor para aumentar a sua renda familiar ao mesmo tempo em que desenvolve a agricultura a pecuaacuteria e serviccedilos natildeo agriacutecolas

Caracteriacutesticas gerais da atividade

- A caccedila a pesca e a coleta de produtos vegetais satildeo atividades extrativas e dependem do setor agriacutecola de onde obteacutem alimentos para a sua subsistecircncia e sua intermediaccedilatildeo com o setor comercial eou industrial - Os grupos extrativistas natildeo praticam a agricultura a pecuaacuteria nem a agrofloresta

- A caccedila a pesca e a coleta de produtos vegetais satildeo atividades extrativas que natildeo dependem de grandes insumos de tecnologia e capital - Existem grupos que praticam essas atividades como parte das suas estrateacutegias de sobrevivecircncia e ao mesmo tempo desenvolvem agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato serviccedilos ou induacutestria

- A atividade de coleta de PFNMs combinado com a agricultura pecuaacuteria artesanato e agroinduacutestria - A agropecuaacuteria e a silvicultura natildeo admitem o uso de fertilizantes quiacutemicos pesticidas herbicidas e maacutequinas e implementos agriacutecolas - As teacutecnicas admitidas na agricultura envolvem a diversificaccedilatildeo de culturas o consoacutercio de espeacutecies a adoccedilatildeo dos ciclos que imitam as fases de sucessatildeo ecoloacutegica da floresta

- O agricultor que coleta PFNMs pratica a agricultura tradicional ou a pecuaacuteria ou a agroecologia ou a agrofloresta ou desenvolve sistemas agrosilvopastoris ou a agroinduacutestria - A atividade de coleta natildeo depende de grandes insumos de capital e tecnologia - O fruto do baru serve como uma reserva ou como uma estrateacutegia suplementar de sustento - Grande parte da amecircndoa eacute obtida de frutos coletados em propriedades de terceiros

Caracteriacutesticas poliacuteticas e sociais dos modelos

- Natildeo faz referecircncia - Natildeo faz referecircncia - As populaccedilotildees baseiam seu modo de vida na dependecircncia e simbiose com a natureza no conhecimento empiacuterico e simboacutelico dos ciclos e recursos naturais (com base na experiecircncia e racionalidade e em valores siacutembolos crenccedilas e mitos) e tal saber eacute a base dos sistemas de manejo de baixo impacto praticados - Segundo este modelo conceitual nas dimensotildees poliacutetica e social devem ser respeitadas e consideradas as aspiraccedilotildees da comunidade sua cultura a expressatildeo de novas relaccedilotildees de forccedilas sociais abrangecircncias de todos os usos de recursos naturais natildeo conflitantes com o modo de vida e da cultura comunitaacuteria local

- O manejo do baru natildeo estaacute baseado em conhecimentos tradicionais e saberes elaborados ao longo do tempo com base na interaccedilatildeo entre o homem e os elementos naturais e transferidos por geraccedilotildees - Trata-se da exploraccedilatildeo comercial de frutos silvestres adotando-se praacuteticas miacutenimas de manejo com o objetivo de diminuir o impacto sobre a espeacutecie e mantendo o indiviacuteduo em produccedilatildeo o maior tempo possiacutevel - Na sua grande maioria as aacutereas de coleta do fruto satildeo grandes propriedades sem problemas agraacuterios mais complexos como as grandes extensotildees de aacutereas devolutas da Amazocircnia

160

Classificaccedilatildeo Extrativismo por aniquilamento ou depredaccedilatildeo

Daacute-se quando ocorre a extinccedilatildeo da fonte ou a velocidade de regeneraccedilatildeo for inferior a velocidade de exploraccedilatildeo

Extrativismo de coleta

Daacute-se quando eacute obtida uma produtividade imediata do recurso extrativo que leva ao seu aniquilamento a meacutedio e a longo prazos

Extrativismo de alta tecnologia - materiais naturais satildeo retirados no seu local de ocorrecircncia natural por intermeacutedio de tecnologia e maquinaacuterio mais sofisticados - caracteriza certos setores econocircmicos de sociedades complexas dotadas de agricultura pecuaacuteria comeacutercio artesanato induacutestria transformativa e serviccedilos

Extrativismo de baixa tecnologia - natildeo utiliza grandes insumos de capital e tecnologia - base exclusiva ou quase exclusiva de sustento - caracteriza um tipo de sociedade que pode ser qualificada de primitiva ou tribal - voltado para o mercado e se concentra em um uacutenico bem de valor instaacutevel - sujeito a ciclos de prosperidade e falecircncia - o bem eacute exportado da regiatildeo produtora em estado bruto ou processado apenas para preservar as suas caracteriacutesticas naturais e essa operaccedilatildeo transfere para outras regiotildees os benefiacutecios vinculados ao processamento secundaacuterio agrave transformaccedilatildeo industrial agrave comercializaccedilatildeo ao marketing e ao transporte dos produtos finais - atividade introduz mudanccedilas na floresta alterando o ecossistema num grau menor que outra atividade econocircmica possibilitando a manutenccedilatildeo dos sistemas ecoloacutegicos complexos alta produtividade bioloacutegica e rica biodiversidade que por sua vez continuam a gerar produtos extrativos - exclui ou limita outras atividades que usam recursos naturais como agricultura criaccedilatildeo de gado mineraccedilatildeo corte de aacutervores plantio comercial de aacutervores hidroeleacutetricas exploraccedilatildeo de petroacuteleo e gaacutes natural

- Natildeo faz referecircncia Coleta para fins de composiccedilatildeo de renda - predominacircncia de agricultores familiares - compotildee a renda familiar - fortemente sujeita agrave sazonalidade e agrave variaccedilatildeo da quantidade de frutos produzido pela espeacutecie ano a ano - natildeo leva ao esgotamento do recurso agrave longo prazo - baixa utilizaccedilatildeo de insumos de capital e tecnologia

Modelo econocircmico proposto

Modelo teoacuterico construiacutedo com base na evoluccedilatildeo da extraccedilatildeo dos recursos vegetais

Fase de expansatildeo - Demanda pelo produto eacute baixa mas o desenvolvimento da tecnologia dos meacutetodos de exploraccedilatildeo da melhoria da

Natildeo faz referecircncia Natildeo faz referecircncia - A atividade de exploraccedilatildeo do baru como forma de complementaccedilatildeo da renda familiar pode ser mais bem explicada pelo fenocircmeno da pluriatividade

161

infraestrutura melhoram as perspectivas de mercado e reduz os custos da extraccedilatildeo Ocorre uma grande oferta do produto contra uma baixa demanda

Fase de estabilizaccedilatildeo - Crescimento do mercado melhoria dos processos de transporte e comercializaccedilatildeo e disponibilidade de infraestrutura Oferta e a demanda entram em equiliacutebrio proacuteximo agrave capacidade maacutexima de extraccedilatildeo

Decliacutenio ndash Aumento da demanda forccedilaraacute a subida dos preccedilos levando agrave superexploraccedilatildeo do recurso causando o seu esgotamento e portanto uma rigidez da oferta Os custos de produccedilatildeo aumentaratildeo devido a pouca disponibilidade do produto na natureza inviabilizando sua exploraccedilatildeo

Domesticaccedilatildeo ndash Ocorrem duas situaccedilotildees para aliviar a pressatildeo sobre o recurso A busca de substitutos sinteacuteticos para o produto ou a sua domesticaccedilatildeo A domesticaccedilatildeo provoca uma queda de preccedilo do produto no mercado em razatildeo do aumento da oferta O extrativismo entra em decliacutenio pois os custos para a sua extraccedilatildeo satildeo maiores que o seu preccedilo no mercado

Caracteriacutesticas econocircmicas da atividade

- A atividade natildeo tem sustentabilidade econocircmica - a substituiccedilatildeo por outras atividades econocircmicas levam ao desaparecimento do extrativismo - processo de ldquoagriculturizaccedilatildeordquo entre os extratores - destruiccedilatildeo das aacutereas de exploraccedilatildeo em decorrecircncia do processo de expansatildeo da fronteira agriacutecola em funccedilatildeo das poliacuteticas salariais da baixa produtividade da terra e da matildeo de obra do crescimento populacional e do surgimento de outras alternativas econocircmicas

- Os produtos extrativos tendem a ser substituiacutedos por espeacutecies vegetais domesticadas eou por produtos sinteacuteticos - essa forma de exploraccedilatildeo daacute origem a ou perpetua economias de mera subsistecircncia que natildeo superam baixos niacuteveis de produtividade e de bem-estar - grande percentagem da produccedilatildeo natildeo passa dos circuitos locais de subsistecircncia e escambo podendo alcanccedilar o status de commodities - os produtos extrativos tecircm preccedilos de mercado natildeo confiaacuteveis o que tem sido demonstrado pelos ciclos de elevaccedilatildeo e decliacutenio dos preccedilos das mateacuterias-primas e dos produtos primaacuterios - os produtos extrativos satildeo intensivos em capital natural e por isso os seus preccedilos satildeo os mais baixos numa economia

- A exploraccedilatildeo de plantas e animais eacute realizada em niacuteveis pouco intensos que alteram pouco a comunidade bioacutetica do ecossistema - Atividade praticada por autocircnomos e organizaccedilotildees comunitaacuterias - O niacutevel de desenvolvimento das forccedilas de produccedilatildeo e das formas de organizaccedilatildeo social determinam a praacutetica sustentaacutevel do extrativismo (sustentabilidade econocircmica ambiental social e cultural) - As opccedilotildees de uso e valorizaccedilatildeo econocircmica para os recursos extrativistas eacute coerente com as caracteriacutesticas naturais do ambiente e com as aspiraccedilotildees culturais da unidade familiar e deve expressar as novas relaccedilotildees de forccedilas sociais

- Natildeo ocorre o esgotamento do recurso uma vez que somente eacute explorado o fruto do baruzeiro - a conservaccedilatildeo da espeacutecie ocorre pelo interesse econocircmico que a sua amecircndoa e a madeira despertam em agricultores familiares e meacutedios produtores - a espeacutecie eacute destruiacuteda em aacutereas de agricultura intensiva e conservada em aacutereas de pecuaacuteria - a exploraccedilatildeo da amecircndoa do baru eacute uma atividade que ocorre com o uso de baixa tecnologia que limita a produccedilatildeo em escala - o equipamento envolvido na extraccedilatildeo da amecircndoa do baru eacute fabricado pelo proacuteprio coletor - estaacute restrita aos mercados locais

162

complexa embora em casos raros possam alcanccedilar alta valorizaccedilatildeo - as economias extrativas de baixa tecnologia em florestas tropicais soacute sustentam uma baixa densidade populacional - nas economias extrativas predomina uma larga base de extratores pobres e um estreito aacutepice de intermediaacuterios e comerciantes ricos - regiotildees extrativas normalmente alcanccedilam pouca prosperidade pelo fato dos benefiacutecios trazidos pela agregaccedilatildeo de valor dos produtos extrativos permanecerem nas aacutereas geograacuteficas para onde esses produtos foram exportados - o extrativismo mesmo sustentaacutevel e comunitaacuterio natildeo tende a gerar um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave justiccedila social

- Produccedilatildeo apoiada no trabalho familiar ou comunitaacuterio - Produccedilatildeo depende do uso imediato dos recursos e natildeo objetiva o lucro mas a reproduccedilatildeo social e cultural - A diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo extrativista e a incorporaccedilatildeo de tecnologias viabilizam a exploraccedilatildeo sustentaacutevel (LEITE 2004) - Exploraccedilatildeo centrada em uma espeacutecie natildeo eacute economicamente sustentaacutevel (LEITE 2004) - Apoio de instituiccedilotildees natildeo governamentais poder puacuteblico e iniciativa privada para a sustentabilidade da atividade e reparticcedilatildeo justa e equitativa dos beneacuteficos obtidos com a exploraccedilatildeo de PFNMs (LEITE 2004) - Poliacuteticas puacuteblicas que venham a contemplar o manejo das unidades produtivas como um todo ou seja observando os aspectos econocircmico social ambiental e cultural (LEITE 2004)

podendo chegar ao status de commodity - eacute uma atividade que complementa a renda do agricultorcoletor se constituindo numa fonte secundaacuteria de recurso para a famiacutelia A principal fonte de renda das famiacutelias eacute a venda de serviccedilos - os mercados de consumo da amecircndoa satildeo proacuteximos o que permite o deslocamento raacutepido e com baixos custos para o produtor aleacutem dos benefiacutecios gerados com a agregaccedilatildeo de valor permanecerem na regiatildeo - na atual forma de exploraccedilatildeo mesmo mantendo a sustentabilidade esse modelo natildeo gera um niacutevel de renda que leve ao desenvolvimento ou agrave justiccedila social No entanto a introduccedilatildeo de tecnologias e o apoio de instituiccedilotildees natildeo governamentais e do poder puacuteblico principalmente no fortalecimento da accedilatildeo coletiva podem reverter esse quadro

Cadeia produtiva

- Verticalizaccedilatildeo da cadeia ocorre geralmente fora da regiatildeo

- Verticalizaccedilatildeo da cadeia ocorre fora da regiatildeo

Natildeo faz referecircncia - Verticalizaccedilatildeo ocorre na aacuterea e fora da regiatildeo - Cadeia produtiva fraacutegil com pouca integraccedilatildeo e bastante desarticulada

Indices e indicadores

- Natildeo faz referecircncia Natildeo faz referecircncia Natildeo faz referecircncia Iw ndash Calcula a iacutendice individual de sustentabilidade das dimensotildees ambiental social econocircmica institucional e sauacutede da atividadepor meio de indicadores Is ndash Calcula o iacutendice de sustentabilidade geral da atividade

Quadro 3 ndash Comparaccedilatildeo entre modelos teoacutericos propostos para o extrativismo Fonte Leite ( 2004)Drummond (1996) Homma (1993) Recircgo (1992)

163

8 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Os dados coletados no presente trabalho tecircm como finalidade verificar se a atividade

de exploraccedilatildeo do baru nas florestas naturais do Estado de Goiaacutes eacute uma alternativa

sustentaacutevel para a geraccedilatildeo de renda

As mensuraccedilotildees sobre o grau de sustentabilidade das atividades praticadas no acircmbito

da cadeia produtiva do baru foram realizadas com o objetivo de obter-se um diagnoacutestico

atual dessa exploraccedilatildeo apontando o niacutevel de equiliacutebrio entre as dimensotildees da

sustentabilidade uma vez que este equiliacutebrio eacute que determina se a atividade estaacute

incorporando um modelo correto de desenvolvimento

Desse modo far-se-aacute inicialmente uma anaacutelise dos Iacutendices Individuais de

Sustentabilidade (Iw) por dimensatildeo da sustentabilidade obtidos a partir dos questionaacuterios

aplicados junto aos agricultores Esses iacutendices tambeacutem serviratildeo para calcular o Iacutendice de

Sustentabilidade (IS) das comunidades estudadas e para se chegar ao seu grau de

sustentabilidade

Da mesma forma analisar-se-aacute o Iw para cada instituiccedilatildeo que faz parte da cadeia

produtiva do baru e na sequecircncia o Iacutendice de Sustentabilidade (IS) e o grau de

sustentabilidade para estas instituiccedilotildees

A anaacutelise dos resultados obtidos com a aplicaccedilatildeo do questionaacuterio sobre os obstaacuteculos

que os agricultores familiares e as instituiccedilotildees privadas enfrentam na exploraccedilatildeo do baru

forneceu uma ideia mais clara dos problemas que costumam afetar desfavoravelmente esse

empreendimento

A enumeraccedilatildeo e anaacutelise de normas ambientais sanitaacuterias e fiscaistributaacuterias vigentes

em acircmbito federal e estadual teve como propoacutesito verificar de que forma afetam a atividade

de exploraccedilatildeo do baru na fase empreendida pelo agricultor familiar Tratando-se de pessoas

que costumeiramente possuem baixo niacutevel de escolaridade acesso restrito agrave informaccedilatildeo e

dificuldade de deslocamento a regularizaccedilatildeo dessa atividade extrativa junto aos oacutergatildeos

puacuteblicos competentes natildeo se mostra uma tarefa faacutecil

Outro conjunto de dados obtidos forneceu o perfil socioeconocircmico desse agricultor

familiar e as condiccedilotildees que desenvolve a sua atividade de modo a permitir realizar

comparaccedilotildees entre os grupos estudados e a construccedilatildeo de um modelo produtivo para o

baru

81 AGRICULTORES FAMILIARES

811 IacuteNDICE DE SUSTENTABILIDADE

O maior Iacutendice de Sustentabilidade entre os agricultores entrevistados no valor de

0774 (Tabela 11) foi obtido justamente da famiacutelia que mais vecircm procurando utilizar

procedimentos ambientalmente corretos na sua propriedade de 18 ha na comunidade de

164

Caxambuacute (Famiacutelia 11) Manteacutem APP e RL nas suas terras e emprega teacutecnicas de

agroecologia122 para cultivar gratildeos frutas e hortaliccedilas Dispensam tratos culturais agraves mudas

de baru que germinam espontaneamente na propriedade realizando a roccedilagem em torno da

placircntula para evitar competiccedilatildeo com outras espeacutecies A matildeo de obra utilizada eacute familiar e os

pais contam com dois filhos adultos que os auxiliam nas tarefas diaacuterias aleacutem de ajudarem

na organizaccedilatildeo da produccedilatildeo e na administraccedilatildeo da propriedade Uma pequena

agroinduacutestria estaacute instalada na propriedade onde eacute produzido baru torrado geleias de frutos

do Cerrado e conservas Esta pequena faacutebrica eacute gerida por uma Associaccedilatildeo123 formada por

agricultores que residem na localidade Economicamente esta famiacutelia se manteacutem com a

produccedilatildeo do siacutetio (leite carne de aves ovos hortaliccedilas gratildeos) com a parcela proporcional

das vendas da associaccedilatildeo e aposentadoria rural A famiacutelia eacute muito ativa socialmente

participam da roccedila comunitaacuteria e mantecircm um bom relacionamento com membros da

comunidade Recebem com frequecircncia a visita e orientaccedilatildeo de pesquisadores da Embrapa

e de teacutecnicos de instituiccedilotildees puacuteblicas e do ISPN Mantecircm contiacutenuo contato com o exterior

participando de cursos encontros feiras e treinamentos voltados para a agricultura familiar

Por outro lado o iacutendice de sustentabilidade mais baixo no valor de 0489 (Tabela 11)

foi alcanccedilado por uma famiacutelia da comunidade Bom Jesus (Famiacutelia 13) A propriedade possui

uma aacuterea de aproximadamente 15 ha sendo que desse total 125 ha satildeo aproveitados na

forma de pastos e de benfeitorias (edifiacutecios curral capineira e quintal) O restante eacute

ocupado por APP e RL A proprietaacuteria natildeo desenvolve qualquer atividade de agricultura na

propriedade O marido eacute dono de uma pequena mercearia no local e somente a respondente

e o filho desenvolvem atividades com o baru Coletam os frutos na sua propriedade e na dos

vizinhos e extraem a amecircndoa Embora continuem associados se afastaram da

Associaccedilatildeo124 por incompatibilidade com os demais associados Participam de

pouquiacutessimas atividades sociais na comunidade Natildeo dispensam quaisquer tratos culturais

agraves mudas de baru que nascem naturalmente e nem mesmo manejam o gado para que natildeo

coma os brotos das placircntulas Natildeo haacute rodiacutezio nos pastos para evitar o sobrepastejo e a

subsolagem Alegam nunca ter recebido qualquer assistecircncia teacutecnica do Estado ou privada

e nunca recorreram a empreacutestimos para aumentar a produccedilatildeo na sua propriedade por

aversatildeo a diacutevidas financeiras O rendimento obtido com a exploraccedilatildeo da amecircndoa varia

entre 1 a 20 do que a famiacutelia amealha durante o ano A maior parte da renda eacute

proveniente do comeacutercio e aposentadoria rural Consideram a exploraccedilatildeo do baru um

complemento da renda da famiacutelia e acreditam no potencial do fruto

122

Segundo Altieri (2002) agroecologia eacute o meacutetodo que fornece os princiacutepios baacutesicos ecoloacutegicos para estudar planejar e manejar agroecossistemas produtivos e que conservam os recursos naturais e que tambeacutem satildeo culturalmente sensiacuteveis socialmente justos e economicamente viaacuteveis (Traduccedilatildeo proacutepria) 123

Associaccedilatildeo de Desenvolvimento Comunitaacuterio de Caxambu AMOR de Bom Jesus - Associaccedilatildeo dos Moradores de Bom Jesus

165

Tabela 11 minus Iacutendices de sustentabilidade por agricultor por localidade estudada

Nordm Ordem dos Questionaacuterios

Local Iacutendice Social

Iacutendice Poliacutetico

Iacutendice da Sauacutede

Iacutendice Econocircmico

Iacutendice Ecoloacutegico

Iacutendice Geral

1 Caxambuacute 0760 0500 1000 0478 0524 0652

2 Caxambuacute 0920 0500 1000 0478 0524 0684

3 Vale da Esperanccedila 0880 0111 1000 0217 0667 0575

4 Vale da Esperanccedila 0920 0167 1000 0870 0571 0706

5 Vale da Esperanccedila 0720 0111 1000 0261 0524 0523

6 Vale da Esperanccedila 0840 0556 1000 0435 0524 0671

7 Vale da Esperanccedila 0840 0667 1000 0435 0619 0712

8 Vale da Esperanccedila 0560 0000 1000 0348 0619 0505

9 Vale da Esperanccedila 0840 0333 1000 0696 0571 0688

10 Caxambuacute 0600 0389 0889 0478 0667 0605

11 Caxambuacute 1000 0556 1000 0696 0619 0774

12 Bom Jesus 0720 0167 0889 0435 0714 0585

13 Bom Jesus 0640 0000 0889 0391 0524 0489

14 Bom Jesus 0680 0167 0889 0478 0667 0576

15 Bom Jesus 0800 0000 0889 0435 0667 0558

16 Vale da Esperanccedila 0960 0000 1000 0174 0619 0551

17 Bom Jesus 0640 0278 1000 0478 0667 0613

18 Caxambuacute 0760 0389 1000 0565 0476 0638

19 Bom Jesus 0920 0000 1000 0565 0714 0640

Fonte Dados de pesquisa (2010)

O que se quer demonstrar com as descriccedilotildees acima eacute que os valores dos iacutendices

individuais de sustentabilidade encontrados (maior e menor respectivamente) representam

de maneira apropriada o que foi encontrado em campo ou seja as observaccedilotildees diretas

realizadas nas duas propriedades demonstraram que a famiacutelia 11 eacute a mais sustentaacutevel pela

preocupaccedilatildeo em incorporar nas atividades que desenvolvem as dimensotildees da

sustentabilidade Jaacute a famiacutelia 13 atende a algumas recomendaccedilotildees legais referentes agrave

conservaccedilatildeo ambiental (como manter APP e RL) poreacutem natildeo estaacute empenhada em

incorporar as outras dimensotildees da sustentabilidade nas suas atividades diaacuterias

De acordo com a Tabela 11 o iacutendice que atingiu os menores valores entre os 19

agricultores visitados foi o poliacutetico Fica evidenciada nas respostas obtidas a ausecircncia do

Estado no estiacutemulo a processos participativos capazes de assegurar o exerciacutecio da

cidadania bem como dos ineficientes serviccedilos puacuteblicos prestados aleacutem da infraestrutura

baacutesica deficiente colocada agrave disposiccedilatildeo dos agricultores

Trabalho desenvolvido por Rabelo e Lima (2007) adotando metodologia similar para

calcular o iacutendice e o grau de sustentabilidade de projeto de exploraccedilatildeo de algas vermelhas

no Distrito de Flexeiras no litoral oeste cearense a partir de indicadores para as dimensotildees

ambientais sociais econocircmicos e institucionais (poliacuteticos) obteve um grau de

sustentabilidade ruim com iacutendice de sustentabilidade de 0440 Chegaram a conclusatildeo que

166

o Iacutendice alcanccedilado ameaccedilava a continuidade do projeto levando-os a sugerirem a adoccedilatildeo

das seguintes medidas tecnologias menos agressivas ao meio ambiente qualificaccedilatildeo de

matildeo de obra agregaccedilatildeo de valor ao produto e diversificaccedilatildeo do produto no sentido de

melhorar as condiccedilotildees ambientais e econocircmicas dos extrativistas daquele Distrito e tambeacutem

para potencializar a sustentabilidade da atividade

A anaacutelise da sustentabilidade de dois assentamentos rurais no Municiacutepio de Silvacircnia

Estado de Goiaacutes embora utilizando indicadores diferentes daqueles utilizados no presente

trabalho mostrou a desequiliacutebrio entre as dimensotildees da sustentabilidade O assentamento

Satildeo Sebastiatildeo da Garganta obteve um iacutendice meacutedio de sustentabilidade (0739)

representando meacutedia qualidade de vida dos assentados e o assentamento Joatildeo de Deus

com baixa sustentabilidade (0279) representando baixa qualidade de vida dos moradores

O iacutendice alcanccedilado pelo assentamento Satildeo Sebastiatildeo da Garganta foi influenciado pelo alto

niacutevel de acumulaccedilatildeo de capital social (dimensatildeo social da sustentabilidade) Jaacute o

assentamento Joatildeo de Deus atingiu baixos niacuteveis de desenvolvimento socioeconocircmico de

capital social e ambiental Segundo os autores esse baixo iacutendice de sustentabilidade deveu-

se ao fato do assentamento ter sido criado em 1985 quando o I Plano Nacional de Reforma

Agraacuteria ter sido implantado sem qualquer diretriz voltada para a conservaccedilatildeo ambiental

enquanto em assentamentos posteriores como o assentamento Satildeo Sebastiatildeo da

Garganta a questatildeo ambiental jaacute vinha recebendo maior atenccedilatildeo (ALVES BASTOS 2009)

Apesar da conclusatildeo alcanccedilada pelos autores acredita-se que o baixo iacutendice de

sustentabilidade seja resultado da interaccedilatildeo de vaacuterios fatores que combinados

desequilibram a sustentabilidade entre as dimensotildees

Uma caracteriacutestica dos agricultores visitados que chamou a atenccedilatildeo durante o

trabalho de campo foi que ao serem perguntados se a propriedade contava com APP e RL

todos respondiam afirmativamente Ao verificar-se in loco a veracidade dessa afirmaccedilatildeo

observou-se que praticamente nenhuma atendia ao que prescreve a Lei quanto a largura

miacutenima das faixas de vegetaccedilatildeo que devem ser mantidas ao longo dos cursos drsquoaacutegua

Houve caso em que o agricultor mantinha cerca de 5 metros de vegetaccedilatildeo agraves margens de

um rio de aproximadamente 20 metros de largura (Rio Paranatilde) ndash quando a Lei determina

que seja 30 metros no miacutenimo ndash mas afirmava taxativamente que estava atendendo ao que

prescrevia a Lei

Entre as dezenove propriedades visitadas somente uma atendeu integralmente ao que

estabelece o art 2ordm e 16 do Coacutedigo Florestal pelo fato de grande parte da aacuterea ser coberta

por vegetaccedilatildeo natural e em parte pelo proprietaacuterio ter desenvolvido ali um sistema

agroflorestal

167

Todas as demais propriedades visitadas possuiacuteam Reserva Legal no entanto natildeo foi

possiacutevel verificar se atendiam aos 20 da aacuterea do imoacutevel protegida conforme prescreve a

legislaccedilatildeo pertinente

Outra caracteriacutestica que chamou a atenccedilatildeo no que diz respeito agraves aacutereas de

conservaccedilatildeo particulares (APP e RL) eacute que a grande maioria delas natildeo estava cercada de

modo que o gado as invadia livremente com exceccedilatildeo de uma uacutenica propriedade onde natildeo

era desenvolvida a pecuaacuteria

Apesar das caracteriacutesticas a respeito das aacutereas de conservaccedilatildeo particulares os

proprietaacuterios rurais visitados foram capazes de identificar a relaccedilatildeo existente entre a

conservaccedilatildeo de aacutereas naturais e os serviccedilos ambientais que prestam ao homem e agrave

biodiversidade

812 RESULTADOS POR COMUNIDADE

Conforme o Graacutefico 12 mostra o maior iacutendice de sustentabilidade entre as

comunidades estudadas foi alcanccedilado pelo Distrito de Caxambu (IS = 0671) No entanto

algumas inconsistecircncias puderam ser observadas no tocante aos iacutendices obtidos por cada

comunidade A comunidade de Caxambuacute foi onde se observou a maior preocupaccedilatildeo com a

incorporaccedilatildeo das dimensotildees da sustentabilidade ecoloacutegica social e econocircmica Nessa

localidade os agricultores visitados empregam algumas teacutecnicas agroecoloacutegicas na

conduccedilatildeo das suas lavouras o que natildeo foi observado em outras comunidades Mesmo

assim o iacutendice ecoloacutegico do Distrito de Bom Jesus foi maior que os demais o que natildeo

deveria ocorrer em funccedilatildeo da importacircncia relativa que os agricultores entrevistados

dispensam a questatildeo ambiental Eacute provaacutevel que os indicadores utilizados na avaliaccedilatildeo

dessa dimensatildeo natildeo tenham sido suficientemente sensiacuteveis para captar a variaccedilatildeo desses

detalhes relativos ao meio ambiente Eacute certo que a incorporaccedilatildeo de mais indicadores para

avaliar a dimensatildeo ecoloacutegica mostraraacute com mais clareza as pequenas variaccedilotildees

encontradas entre as comunidades rurais avaliadas

A comunidade com o menor Iacutendice de Sustentabilidade foi a de Bom Jesus (IS =

0577) Somente superou as duas outras comunidades no iacutendice ecoloacutegico ficando abaixo

nos demais iacutendices A observaccedilatildeo direta dessa comunidade mostrou que apesar da

presenccedila da Associaccedilatildeo dos Moradores de Bom Jesus que congrega agricultores

interessados na exploraccedilatildeo do baru e que possui um barracatildeo na localidade para

armazenar e quebrar o produto muitos preferem processar e vender o baru por conta

proacutepria Perguntados sobre as razotildees dessa opccedilatildeo informaram que a Associaccedilatildeo demora

muito a pagar o baru entregue e que vendendo individualmente recebem o dinheiro no

momento em que entregam a amecircndoa ao comprador As respostas obtidas a partir do

questionaacuterio socioeconocircmico aplicado confirmam essa tendecircncia uma vez que dos seis

168

agricultores entrevistados (associados) todos entregam a produccedilatildeo para comerciante ou

atravessador metade vende a prazo e a outra metade agrave vista (Tabela 12) Essa praacutetica

mostra o baixo compromisso dos agricultores com os demais associados na obtenccedilatildeo de

benefiacutecios em longo prazo Por outro lado satildeo agricultores pobres descapitalizados que

necessitam de dinheiro para atender agraves suas necessidades mais urgentes como

alimentaccedilatildeo e sauacutede

Tabela 12 ndash Compradores da amecircndoa do baru e forma de venda aos agricultores de acordo com cada famiacutelia do Distrito de Bom Jesus Pirenoacutepolis GO em 2010

Famiacutelia Para quem vende o baru De que forma vende o baru

12 Outros (atravessador) A prazo 13 Comerciante local A prazo 14 Outros (atravessador) A prazo 15 Comerciante de for a Agrave vista 17 Comerciante local Agrave vista 19 Comerciante local Agrave vista

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Essa comunidade obteve o menor Iacutendice Social quando comparada com as demais

comunidades estudadas (Graacutefico 12) A dificuldade que estes agricultores enfrentam para

organizar-se socialmente pode ter afetado este iacutendice tornando-o baixo

Graacutefico 12 minus Iacutendice de Sustentabilidade por localidade estudada Fonte Dados de pesquisa (2010)

No entanto o Iacutendice Social das comunidades de Vale da Esperanccedila e Caxambu

atingiram os valores de 0820 e 0808 (Graacutefico 13) respectivamente correspondendo a um

grau de sustentabilidade alto de acordo com a Tabela 3 (pag 15) De fato as referidas

comunidades vecircm desenvolvendo trabalhos no sentido de congregar a comunidade em

169

torno de esforccedilos coletivos aleacutem de procurar passar informaccedilotildees de interesse do grupo aos

membros

Graacutefico 13 minus Iacutendices por comunidade por dimensatildeo da sustentabilidade Fonte Dados de pesquisa (2010)

813 Caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos agricultores e da atividade de exploraccedilatildeo de baru

A anaacutelise dos dados obtidos com o questionaacuterio socioeconocircmico permitiu traccedilar um

perfil dos agricultores entrevistados bem como colocar em evidecircncia algumas caracteriacutesticas

da atividade de exploraccedilatildeo do baru nos municiacutepios estudados

Esse agricultor tem na exploraccedilatildeo do baru uma atividade meramente de

complementaccedilatildeo de renda uma vez que 526 dos entrevistados admitiram que os

recursos obtidos com a comercializaccedilatildeo da amecircndoa cobrem apenas 20 das despesas

anuais da famiacutelia Cerca de 89 dos entrevistados admitiram que os recursos obtidos com a

venda do baru cobrem abaixo de 40 dessas despesas (Tabela 13)

Tabela 13 ndash Contribuiccedilatildeo da venda do baru para a renda anual familiar por faixa de despesa

Faixas de despesa Frequecircncia

acumulado

Cobre acima de 70 das despesas inclusive

1 53 53

Cobre entre 69 e 40 das despesas inclusive

1 53 106

Cobre entre 39 e 20 das despesas inclusive

7 368 474

Cobre entre 19 e 1 das despesas inclusive

10 526 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

A Tabela 14 mostra as trecircs principais fontes de renda dos agricultores familiares em

ordem crescente de importacircncia Cerca de 21 dos entrevistados afirmaram que as trecircs

170

principais fontes de renda satildeo a criaccedilatildeo de gado a agricultura e a exploraccedilatildeo de PFNM Na

mesma proporccedilatildeo como fonte de renda mais importante estatildeo a pecuaacuteria a prestaccedilatildeo de

serviccedilos e a exploraccedilatildeo de natildeo madeireiros

Treze agricultores informaram que a exploraccedilatildeo de PFNMs estaacute entre as trecircs

principais fontes de renda A agroinduacutestria tambeacutem estaacute entre as trecircs mais importante fontes

de renda tendo sido mencionada por 9 agricultores Esta atividade geralmente estaacute ligada a

agregaccedilatildeo de valor ao baru Nestas comunidades a tecnologia para o processamento da

amecircndoa eacute rudimentar e costuma ser feito em pequenas cozinhas domeacutesticas onde eacute

embalada em pequenas porccedilotildees (100 g) antes de ser levada ao comeacutercio A comunidade de

Caxambuacute eacute uma exceccedilatildeo pois jaacute conta com uma cozinha comunitaacuteria melhor estruturada

para o processamento de alimentos

Tabela 14 ndash Trecircs principais fontes de renda dos agricultores familiares entrevistados em ordem crescente de importacircncia

Fonte de Renda Frequecircncia

Acumulado

Comeacutercio agroinduacutestria PFNM 1 53 53

Aposentadoria comeacutercio PFNM 1 53 105

Lavoura aposentadoria agroinduacutestria 1 53 158

Prestaccedilatildeo serviccedilos agroinduacutestria lavoura 1 53 211

Prestaccedilatildeo de serviccedilos agroinduacutestria PFNM 1 53 263

Pecuaacuteria comeacutercio agroinduacutestria 1 53 316

Pecuaacuteria aposentadoria prestaccedilatildeo de serviccedilos 1 53 368

Pecuaacuteria lavoura agroinduacutestria 1 53 421

Pecuaacuteria aposentadoria agroinduacutestria 1 53 474

Pecuaacuteria agroinduacutestria PFNM 2 105 579

Pecuaacuteria prestaccedilatildeo serviccedilos PFNM 4 211 789

Pecuaacuteria lavoura PFNM 4 211 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Os dados obtidos no presente estudo fornecem elementos para a caracterizaccedilatildeo do

sistema de produccedilatildeo encontrado nas unidades agriacutecolas familiares visitadas Eacute um sistema

de produccedilatildeo com uso mais intensivo da terra por meio da diversificaccedilatildeo das atividades

agriacutecolas e adoccedilatildeo de atividades natildeo agriacutecolas como a venda de serviccedilos o

agroextrativismo e o comeacutercio (Tabela 14) Nas propriedades satildeo desenvolvidas atividades

como a agricultura diversificada a pecuaacuteria corteleite e a criaccedilatildeo de pequenos animais

(aves suiacutenos)

As unidades de produccedilatildeo desse sistema satildeo proacuteprias ou recebidas por meio de

concessatildeo de uso (assentamentos da reforma agraacuteria) Suas dimensotildees variam de 15 ha

ateacute 115 ha sendo as mais encontradas aquelas com dimensotildees de 15 haacute 22 haacute e 25 ha

(Tabela 15)

171

A produccedilatildeo animal eacute atividade predominante em 18 propriedades A pecuaacuteria eacute

praticada por 16 agricultores e desses somente 12 plantam (Tabela 16)

Na pecuaacuteria de corteleite os rebanhos variam de 5 a 82 cabeccedilas e os excedentes

comercializados satildeo o leite e bezerros que satildeo vendidos com um ano de vida A criaccedilatildeo de

aves eacute uma atividade praticada em 18 unidades agriacutecolas familiares visitadas sendo que

somente em duas unidades eacute voltada para fins comerciais Nas demais eacute realizada como

atividade de subsistecircncia Na sua grande maioria eacute extensiva com instalaccedilotildees inadequadas

com praacuteticas de manejo rudimentares sem preocupaccedilatildeo com o emprego eficiente de

teacutecnicas reprodutivas nutricionais e sanitaacuterias O mesmo ocorre com a criaccedilatildeo de suiacutenos

praacutetica extensiva voltada para a alimentaccedilatildeo da famiacutelia e tambeacutem servindo de moeda de

troca entre os moradores

Tabela 15 ndash Tamanho (ha) das unidades agriacutecolas visitadas

Tamanho (ha) Frequecircncia Acumulado

1500 2 105 105

1750 1 53 158

1800 1 53 211

1900 1 53 263

2200 4 211 474

2380 1 53 526

2400 1 53 579

2500 2 105 684

2750 1 53 737

3500 1 53 789

4000 1 53 842

4300 1 53 895

7500 1 53 947

11500 1 53 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Os produtos agriacutecolas cultivados nas propriedades se destinam basicamente ao

consumo interno com pequenos excedentes reservados para a comercializaccedilatildeo O milho eacute

o gratildeo mais plantado seguido do feijatildeo e do arroz (Tabela 16) As aacutereas plantadas variam

de 1 a 3 ha e satildeo consorciadas com aboacutebora melancia mandioca gergelim entre outras

culturas

172

Tabela 16 ndash O que mais plantou no uacuteltimo ano versus produccedilatildeo animal predominante nas trecircs comunidades estudadas

Produccedilatildeo animal predominante

Total Pecuaacuteria Avicultura

Natildeo haacute produccedilatildeo

animal

O que mais plantou nos uacuteltimos doze

meses

Milho Nordm agricultores 9 1 0 10

do total 474 53 0 526

Feijatildeo Nordm agricultores 2 0 0 2

do total 105 0 0 105

Arroz Nordm agricultores 1 0 0 1

do total 53 0 0 53

Natildeo planta Nordm agricultores 4 1 1 6

do total 211 53 53 316

Total Nordm agricultores 16 2 1 19

do total 842 105 53 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

A matildeo de obra mais utilizada nas unidades agriacutecolas eacute a familiar (842) seguida da

extrafamiliar (105) (Tabela 17) Observou-se nas aacutereas de estudo uma grande quantidade

de proprietaacuterios jaacute em idade avanccedilada Alguns jaacute natildeo conseguem trabalhar e tecircm dificuldade

em obter matildeo de obra pois a maioria dos jovens dessas comunidades vem se deslocando

para os centros urbanos em busca de oportunidades de trabalho e estudo Esse fato

repercute na produccedilatildeo do baru se constituindo em um obstaacuteculo pois os mais velhos se

queixam da dificuldade do ato de agachamento para a coleta do fruto no chatildeo aleacutem da

penosidade para o transporte do fruto do local onde eacute coletado ateacute onde eacute armazenado

Tabela 17 ndash Matildeo de obra utilizada na propriedade

Matildeo de obra Frequecircncia

Acumulado

Somente familiar 16 842 842

Familiar e extrafamiliar 1 53 895

Somente extrafamiliar 2 105 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

814 Obstaacuteculos apontados pelos agricultores agrave exploraccedilatildeo do baru

Foram apresentadas a cada agricultor entrevistado 35 fichas coloridas contendo frases

sobre os obstaacuteculos agrave produccedilatildeo do baru As respostas obtidas receberam tratamento

estatiacutestico por meio do teste de comparaccedilatildeo de proporccedilatildeo visando saber quais foram

aquelas estatisticamente significantes ao niacutevel de 95 Os obstaacuteculos estatisticamente

significantes foram os que receberam acima de 13 indicaccedilotildees inclusive e que

correspondem aos nuacutemeros de ordem de 1 a 4 da Tabela 18 Os obstaacuteculos

173

estatisticamente mais significativos satildeo os que mais afetam a atividade de produccedilatildeo do

baru

Dessa forma as fichas que receberam maior nuacutemero de indicaccedilotildees num total de 15

traziam as seguintes mensagens ldquoDificuldade que o agricultor possui para o gerenciamento

de empreendimentos coletivos (associaccedilatildeocooperativa)rdquo e ldquoFalta de maquinaacuterio para

despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas do barurdquo

A dificuldade do agricultor para o gerenciamento de empreendimentos coletivos eacute um

problema apontado em vaacuterios trabalhos sobre o assunto (CARRAZZA 2005 ISPN 2005

SAWYER REE PIRES 1999) Lanccedilado pelo Presidente da Repuacuteblica em abril de 2009 o

Plano Nacional de Promoccedilatildeo das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade reconhece

esta dificuldade e traz eixos de accedilatildeo para o incentivo agrave produccedilatildeo o fortalecimento da

organizaccedilatildeo social e produtiva dos agentes por meio da sua capacitaccedilatildeo em diversas aacutereas

que dizem respeito ao assunto

A falta de maquinaacuterio adequado para despolpar quebrar torrar e descascar as

amecircndoas do baru eacute um limitante agrave produccedilatildeo Atualmente o baru eacute quebrado com a ajuda

de maacutequinas manuais que produzem no maacuteximo 3 kg de amecircndoa por dia se mostrando

uma atividade intensiva em matildeo de obra que onera a produccedilatildeo Busca-se uma maacutequina

eleacutetrica que possa aumentar a quantidade de amecircndoa extraiacutedadia e baixar o seu custo de

produccedilatildeo Vaacuterios protoacutetipos tecircm sido testados mas com baixa eficiecircncia

A ficha contendo a mensagem ldquoFalta de capacidade do agricultor para produzir a

castanha do baru em uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constanterdquo

recebeu 14 indicaccedilotildees Esta afirmativa estaacute relacionada com a irregularidade no

fornecimento da amecircndoa ao mercado Seja por falta de capacidade do agricultor para

estocar o fruto (falta de capital de giro deficiecircncia de gerenciamento) com o propoacutesito de

suprir o mercado com regularidade seja em razatildeo da sazonalidade da frutificaccedilatildeo da

espeacutecie ou irregularidade nas safras os entrevistados reconheceram que essa afirmativa

caracteriza um poderoso obstaacuteculo agrave produccedilatildeo

A mensagem ldquoFalta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidorrdquo recebeu 13 indicaccedilotildees e

estaacute relacionada ao pouco conhecimento do consumidor sobre as qualidades da amecircndoa

do baru Por outro lado ainda natildeo foram realizadas campanhas para a divulgaccedilatildeo do

produto Por ser um produto cujo mercado pode ainda ser considerado marginal natildeo possui

a relevacircncia necessaacuteria para figurar em campanhas publicitaacuterias massivas de divulgaccedilatildeo

como a castanha de caju e a castanha do Brasil

As duas fichas que menos receberam indicaccedilotildees foram ldquoExigecircncia de apresentaccedilatildeo

de plano de manejo ao oacutergatildeo de meio ambiente de Goiaacutes para a exploraccedilatildeo do barurdquo e

ldquoFalta de informaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo que dita as regras para a exploraccedilatildeo de frutos do

174

cerradordquo com duas indicaccedilotildees cada (de dezenove possiacuteveis) Estas fichas estatildeo

relacionadas com a legislaccedilatildeo ambiental que incide sobre a exploraccedilatildeo do baru

Tabela 18 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por ficha apresentada aos agricultores das trecircs comunidades estudadas

Nordm de ordem

Obstaacuteculos agrave produccedilatildeo de baru Nordm de

Indicaccedilotildees

1 Dificuldade que o agricultor possui para o gerenciamento de empreendimentos coletivos (associaccedilatildeocooperativa) 15

2 Falta de maquinaacuterio para despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas do baru 15

3 Falta de capacidade do agricultor para produzir a amecircndoa do baru em uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constante

14

4 Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor 13

5 O custo alto da embalagem agrave vaacutecuo 12

6 Falta de ldquopontosrdquo bons nas cidades para a venda do baru 10

7 Dificuldade para a distribuiccedilatildeo dos produtos do baru por diversos motivos (falta de veiacuteculo estradas precaacuterias comunidades isoladas)

10

8 Falta de linha de creacutedito nos bancos para financiar a exploraccedilatildeo do baru 9

9 Falta de assistecircncia teacutecnica que oriente o agricultor no processo de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do baru 9

10 Preccedilo da castanha do baru muito alto para o consumidor final 9

11 Falta de locais adequados para armazenar o fruto do baru por longos periacuteodos 8

12 Falta de informaccedilotildees que o agricultor deve ter com a aacutervore do baru para aumentar a produccedilatildeo e garantir que o baru natildeo desapareccedila

8

13 Falta de matildeo de obra familiar agravada pela ida dos jovens para os centro urbanos 8

14 Curto tempo que o baru pode ficar na prateleira das lojas 8

15 Carestia do transporte do baru das aacutereas de coleta ateacute o local de armazenamento por conta das grandes distacircncias 7

16 Falta de informaccedilatildeo sobre a quantidade de frutos de baru que devem ser deixados debaixo da aacutervore para povoar o cerrado

7

17 Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre o armazenamento beneficiamento gerenciamento e comercializaccedilatildeo do baru 7

18 Falta e informaccedilotildees sobre como o agricultor pode colocar o baru no comeacutercio 7

19 Falta de informaccedilatildeo sobre a quantidade de frutos de baru que devem ser deixados debaixo da aacutervore para povoar o cerrado

7

20 Falta de informaccedilotildees sobre as boas praacuteticas sanitaacuterias exigidas pela Anvisa para o beneficiamento dos frutos do cerrado

6

21 Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre as leis ambientais sanitaacuterias tributaacuterias fiscais e trabalhistas que tem de atender para explorar o baru

6

22 Dificuldade para chegar a um padratildeo de qualidade das castanhas do baru principalmente a sua classificaccedilatildeo e torrefaccedilatildeo

6

23 Baixa liquidez dos produtos agrave base do baru 6

24 O custo do coacutedigo de barra eacute alto 6

25 As exigecircncias da legislaccedilatildeo e da fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria para a exploraccedilatildeo do baru aumentam muito as despesas e datildeo muito trabalho ao agricultor

6

26 Falta melhorar a embalagem e a rotulagem dos produtos feitos a partir do baru 6

27 Falta melhorar o processo de torrefaccedilatildeo da castanha do baru 6

28 Carecircncia de informaccedilotildees sobre a rotulagem 5

29 Falta de legislaccedilatildeo para regular o mercado de frutos do cerrado 5

30 Falta de consciecircncia dos catadores sobre como coletar o baru sem prejudicar a aacutervore 5

31 Falta de mapeamento das aacutereas de coleta porque se houvesse facilitaria coletar muito baru em pouco tempo 5

32 Dificuldade de comunicaccedilatildeo devido ao isolamento das comunidades 5

33 Dificuldade para coletar os frutos de baru que estatildeo em propriedades particulares 3

34 Exigecircncia de apresentaccedilatildeo de plano de manejo ao oacutergatildeo de meio ambiente de Goiaacutes para a exploraccedilatildeo do baru 2

35 Falta de informaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo que dita as regras para a exploraccedilatildeo de frutos do cerrado 2

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Outras afirmativas relativas agrave legislaccedilatildeo que foram indicadas pelos agricultores foram

ldquoFalta de instruccedilatildeo do agricultor sobre as leis ambientais sanitaacuterias tributaacuterias fiscais e

trabalhistas que tem de atender para explorar o barurdquo ldquoFalta de informaccedilotildees sobre as boas

175

praacuteticas sanitaacuterias exigidas pela Anvisa para o beneficiamento dos frutos do cerradordquo e ldquoAs

exigecircncias da legislaccedilatildeo e da fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria para a exploraccedilatildeo do baru aumentam

muito as despesas e datildeo muito trabalho ao agricultorrdquo todas com 6 indicaccedilotildees cada e

ldquoFalta de legislaccedilatildeo para regular o mercado de frutos do cerradordquo com 5 indicaccedilotildees Com

esse nuacutemero de respostas estas frases natildeo satildeo consideradas obstaacuteculos estatisticamente

significantes no acircmbito deste trabalho no entanto indicam a pouca importacircncia que os

agricultores datildeo para questotildees relacionadas agrave legislaccedilatildeo

Indicam por conseguinte a existecircncia de um maior nuacutemero de agricultores a par da

legislaccedilatildeo sanitaacuteria quando comparamos ao seu conhecimento sobre legislaccedilatildeo ambiental

(com duas indicaccedilotildees somente) De fato duas comunidades estudadas possuem cozinhas

semi-industriais e recebem com certa frequecircncia a visita de teacutecnicos da vigilacircncia sanitaacuteria

que lhes repassam os procedimentos a serem seguidos para uma manipulaccedilatildeo adequada

dos produtos processados Para receberem as licenccedilas necessaacuterias para o exerciacutecio da

atividade de manipulaccedilatildeo de alimentos satildeo obrigados a providenciarem documentos e

apresentaacute-los agrave autoridade competente que lhes concederaacute a autorizaccedilatildeo pertinente Aleacutem

de terem que recolher tributos por conta da comercializaccedilatildeo dos produtos que processam

Essas demandas para a viabilizaccedilatildeo do seu negoacutecio os obrigam a lidar com as dificuldades

impostas por este tipo de legislaccedilatildeo quando passam a conhececirc-la melhor

No entanto esses resultados devem ser contextualizados de acordo com a realidade

das comunidades estudadas e das poliacuteticas puacuteblicas que o Estado de Goiaacutes define para a

aacuterea ambiental

Vaacuterios fatores podem estar contribuindo para que o agricultor entrevistado desconheccedila

a legislaccedilatildeo ambiental sobre PFNMs Aleacutem de natildeo ser visitado pela assistecircncia teacutecnica

oficial (Tabela 19) que poderia colocaacute-lo a par das normas ambientais recebe pouca

atenccedilatildeo do Estado (Tabela 20) Esta situaccedilatildeo de quase abandono a que eacute relegado o

agricultor pelo poder puacuteblico resulta em comunidades com Iacutendice de Sustentabilidade

poliacutetica baixo (Graacutefico 13)

Tabela 19 ndash Nuacutemero de visitas do teacutecnico da assistecircncia teacutecnica agrave propriedade do agricultor para orientaacute-lo sobre a exploraccedilatildeo de baru nos uacuteltimos doze meses

Respostas

Frequecircncia em

3 vezes ou mais 0 0 2 vezes 0 0 1 vez 0 0 Nunca veio agrave propriedade

19 100

Total 19 100 Fonte Dados de pesquisa (2010)

176

Tabela 20 ndash Condiccedilotildees dos recursos (estradas escolas postos de sauacutede) que o Estado disponibiliza para a comunidade

Respostas

Frequecircncia em

Excelentes 0 0 Bons 2 105 Razoaacuteveis 9 474 Ruins 5 263 Peacutessimas 3 158

Total 19 1000 Fonte Dados de pesquisa (2010)

Por outro lado o Estado de Goiaacutes natildeo conta com legislaccedilatildeo para a regulamentaccedilatildeo da

exploraccedilatildeo de PFNMs e nem mesmo com accedilotildees concretas do Oacutergatildeo estadual de meio

ambiente visando o fomento dessa atividade o que demonstra ser uma demanda de pouco

interesse para o governo de Goiaacutes Diante dessa realidade o agricultor que explora o baru

natildeo se preocupa em conhecer as regras para a exploraccedilatildeo dessa amecircndoa pois

reconhecem a ausecircncia do Estado nesse setor

Em outra teacutecnica de coleta de dados realizada no acircmbito do presente estudo obteve-

se o seguinte resultado perguntados se conhecem a legislaccedilatildeo sobre a exploraccedilatildeo de

PFNMs 842 dos agricultores responderam negativamente contra 158 que

responderam positivamente (Tabela 21)

Foi verificado que nenhum agricultor entrevistado possui licenccedila ambiental para a

exploraccedilatildeo do baru embora a legislaccedilatildeo determine que seja necessaacuterio

Tabela 21 ndash Nuacutemero de agricultores que conhecem a legislaccedilatildeo sobre o uso de PFNM

Frequecircncia Acumulado

Natildeo 16 842 842

Sim 3 158 1000

Total 19 1000

Fonte Dados de pesquisa (2010)

Os dados acima relativos agrave percepccedilatildeo do agricultor sobre a legislaccedilatildeo ambiental

demonstram que ele natildeo considera a legislaccedilatildeo voltada para a exploraccedilatildeo do baru um

obstaacuteculo e por outro lado alega desconhecer as normas que regulam a atividade Esses

resultados sugerem que a pouca importacircncia dada agrave legislaccedilatildeo ambiental pode estar

relacionada ao fato de realmente desconhececirc-la Outra possibilidade eacute que em razatildeo da

inexistecircncia de fiscalizaccedilatildeo o agricultor ignore estas normas quando vai coletar e

comercializar a amecircndoa

177

82 INSTITUICcedilOtildeES

821 Iacutendice de sustentabilidade

Antes de tecer consideraccedilotildees a respeito dos resultados obtidos com a aplicaccedilatildeo de

questionaacuterios em instituiccedilotildees civis de direito privado que fazem parte da cadeia produtiva do

baru conveacutem mencionar algumas caracteriacutesticas que apresentaram Com exceccedilatildeo de duas

associaccedilotildees civis uma cooperativa um empreendedor individual e uma empresa de meacutedio

porte (com 250 empregados) o restante das instituiccedilotildees satildeo micro-empresas Todas estas

instituiccedilotildees afirmaram enfrentar dificuldades para viabilizar o seu negoacutecio como carga

tributaacuteria elevada falta de experiecircncia no gerenciamento falta de capital de giro carecircncia

de matildeo de obra qualificada problemas com a logiacutestica operacional entre outras

O ramo de atividade predominante eacute o alimentiacutecio mas uma empresa trabalha

tambeacutem com o ramo de cosmeacuteticaperfumaria e uma associaccedilatildeo com o ramo farmacecircutico

O nuacutemero de empregados varia de 1 a 250 e a meacutedia eacute de 1364 As duas

associaccedilotildees e a cooperativa trabalham com 11 parceiros em meacutedia

O baru utilizado por essas instituiccedilotildees na sua grande maioria eacute proveniente do

agricultorcoletor Das 21 instituiccedilotildees avaliadas 17 adquirem a amecircndoa diretamente desse

fornecedor As demais adquirem de comerciante local eou produccedilatildeo proacutepria

O canal de distribuiccedilatildeo predominante eacute a venda direta ao consumidor Das 21

instituiccedilotildees 18 adotam esse canal

A instituiccedilatildeo processadora do baru que obteve o Iacutendice de Sustentabilidade Individual

(Iw) mais alto (0586) foi uma associaccedilatildeo com tradiccedilatildeo em iniciativas na conservaccedilatildeo e

utilizaccedilatildeo de componentes da biodiversidade (Tabela 22) Essa instituiccedilatildeo possui tradiccedilatildeo

no uso sustentaacutevel da fauna e flora do Cerrado com trabalhos relevantes na domesticaccedilatildeo

de fauna e tambeacutem com fitoteraacutepicos cuja mateacuteria-prima eacute fornecida por agricultores

familiares A distribuiccedilatildeo dos remeacutedios eacute preferencialmente feita por farmaacutecias populares e

dirigida para a populaccedilatildeo de baixa renda

178

Tabela 22 minus Iacutendices de Sustentabilidade Individual (Iw) por instituiccedilatildeo amostrada em 2010

Nordm ordem

Instituiccedilotildees Iacutendice

Ambiental Iacutendice Social

Iacutendice Econocircmico

Iacutendice Poliacutetico

Iacutendice da Sauacutede

Iacutendice Geral

1 Induacutestria alimentiacutecia 0583 0556 0667 0250 0000 0411

2 Induacutestria alimentiacutecia 0583 0778 0667 0250 0250 0506

3 Induacutestria alimentiacutecia 0500 0667 0600 0500 0500 0553

4 Induacutestria alimentiacutecia 0500 0667 0800 0250 0500 0543

5 Pousada 0500 0667 0467 0500 0750 0577

6 Industria alimentiacutecia 0417 0222 0533 0000 0000 0234

7 Induacutestria alimentiacutecia 0667 0556 0467 0500 0250 0488

8 AssociaccedilatildeoCooperativa 1000 0778 0400 0750 0000 0586

9 Restaurante 0500 0222 0400 1000 0000 0424

10 Restaurante 0417 0778 0600 0500 0250 0509

11 Restaurante 0167 0667 0667 0500 0500 0500

12 Induacutestria alimentiacutecia 0917 0556 0533 0250 0500 0551

13 Empreendimento Individual 0417 0111 0333 0000 0000 0172

14 AssociaccedilatildeoCooperativa 0667 0556 0733 0250 0250 0491

15 Restaurante 0250 0333 0667 0000 0250 0300

16 Restaurante 0417 0667 0733 0250 0500 0513

17 Restaurante 0250 0222 0533 0250 0250 0301

18 Restaurante 0333 0556 0600 0500 0250 0448

19 Restaurante 0667 0667 0667 0500 0000 0500

20 AssociaccedilatildeoCooperativa 0333 0667 0533 0250 0000 0357

21 AssociaccedilatildeoCooperativa 0333 0444 0267 0000 0000 0209

Iacutendices de sustentabilidade 0496 0540 0565 0345 0238 0437

Fonte Dados de pesquisa (2010)

O Iw mais baixo (0172) entre as instituiccedilotildees estudadas foi alcanccedilado por um

empreendedor individual que admitiu ser a comercializaccedilatildeo do baru a uacutenica preocupaccedilatildeo do

seu negoacutecio ou seja o atendimento agraves demais dimensotildees da sustentabilidade natildeo se

encontravam entre as suas prioridades

179

Graacutefico 14 minus Iacutendice de Sustentabilidade (Is) das instituiccedilotildees privadas por dimensatildeo da sustentabilidade em 2010 Fonte Dados de pesquisa (2010)

O Iacutendice de Sustentabilidade (IS) geral apresentou o valor de 0437 que aponta para

um baixo grau de sustentabilidade (Graacutefico 16) nos termos da escala da UNDP (Tabela 03

pag 15) Os dados coletados junto a essas instituiccedilotildees mostram a preocupaccedilatildeo

predominante com a sustentabilidade econocircmica e a pouca importacircncia para com as outras

dimensotildees Vaacuterios deles justificaram a natildeo adequaccedilatildeo da sua instituiccedilatildeo agrave medidas que

venham a melhorar a sua sustentabilidade pelo alto custo exigido para a sua implantaccedilatildeo

principalmente medidas relativas agraves sustentabilidades social ambiental e da sauacutede Outros

justificaram a natildeo adoccedilatildeo dessas medidas pelo fato de agraves desconhecerem

A dimensatildeo econocircmica foi a que obteve o maior Iw (0565) seguida da social (0540)

e ambiental (0496) As dimensotildees poliacutetica e da sauacutede foram as que obtiveram os iacutendices

mais baixos (Graacutefico 16) O valor alcanccedilado pela dimensatildeo poliacutetica (Iw = 0345) denota a

pouca participaccedilatildeo ou mesmo a falta de oportunidade das instituiccedilotildees na formulaccedilatildeo de

poliacuteticas voltadas para o setor que atuam Medidas para alcanccedilar uma boa sustentabilidade

da sauacutede como assistecircncia meacutedico-hospitalar gratuita para os empregados prevenccedilatildeo de

acidentes de trabalho e lesotildees por esforccedilo repetitivo praticamente natildeo estatildeo entre as

prioridades das instituticcedilotildees

Das 21 instituiccedilotildees estudadas somente 5 (25) possuem licenccedila ambiental A

obrigatoriedade ou natildeo da licenccedila eacute uma questatildeo controversa pois de acordo com a

legislaccedilatildeo toda instituiccedilatildeo que tem potencial para causar impactos ao meio ambiente ndash e

aquelas que processam recursos da flora e fauna estatildeo incluiacutedas ndash satildeo obrigadas a ter

licenccedila ambiental No entanto a legislaccedilatildeo deixa duacutevida quanto agrave necessidade daquelas

instituiccedilotildees que processam pequenas quantidades de baru ndash como restaurantes ndash serem

obrigadas a possuir tal licenccedila

180

822 Obstaacuteculos apontados pelas instituiccedilotildees que utilizam o baru

Foi solicitado a cada representante de estabelecimento que preenchesse um

questionaacuterio contendo 31 obstaacuteculos ao bom funcionamento e crescimento do seu

empreendimento

Foi adotada metodologia segundo a qual aqueles obstaacuteculos que receberam o maior

nuacutemero de indicaccedilotildees satildeo reconhecidos como os que mais afetam a atividade ou seja satildeo

os obstaacuteculos significativos para a produccedilatildeo do baru

Desse modo as respostas obtidas receberam tratamento estatiacutestico por meio do teste

de comparaccedilatildeo de proporccedilatildeo visando saber quais foram aquelas estatisticamente

significantes ao niacutevel de 95 Os obstaacuteculos estatisticamente significantes foram os que

receberam de 13 indicaccedilotildees acima e que estatildeo discriminados na Tabela 28

Correspondem aos nuacutemeros de ordem de 1 a 3

Os obstaacuteculos que mais receberam indicaccedilotildees foram ldquoFornecimento irregular da

castanha do baru em razatildeo da sazonalidade do fruto do barurdquo com 18 seguido de

ldquoInexistecircncia de equipamentos e de tecnologia adequadas agraves necessidades do ramo no qual

atuardquo com 15 e ldquoFalta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidorrdquo com 13

Dos membros das insituticcedilotildees privadas 90 tecircm problema com o fornecimento da

amecircndoa do baru Essa irregularidade pode ter como causas a sazonalidade da frutificaccedilatildeo

da espeacutecie eou a falta de capacidade do agricultor para produzir a amecircndoa do baru em

uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constante (Tabela 24) De qualquer

forma essa irregularidade faz com que as instituiccedilotildees diminuam seu interesse pela

amecircndoa ou mesmo deixem de utilizaacute-la na composiccedilatildeo dos produtos que vendem

No que diz respeito ao baru agrave frase ldquoinexistecircncia de equipamento e tecnologia

adequadas agraves necessidades do ramo do empreendimentordquo indica uma carecircncia de

maacutequinas no mercado e de tecnologias disponiacuteveis para o processamento do produto Os

proprietaacuterios das instituiccedilotildees afirmam que as maacutequinas que possuem para processar o baru

costumam ser adaptadas o que no seu ponto de vista diminui muito a produtividade

Afirmam que a tecnologia para o processamento do produto praticamente inexiste o que

leva o empreendedor a perder muito tempo desenvolvendo o processo que necessita

Entendem que a amecircndoa eacute pouco conhecida pela populaccedilatildeo e que satildeo reduzidas as

iniciativas para divulgar o produto As iniciativas para tornar a amecircndoa mais conhecida satildeo

pontuais e localizadas Podemos citar tatildeo somente o festival gastronocircmico da cidade de

Pirenoacutepolis quando os chefs utilizam o baru nos seus pratos e o movimento Slow Food125

125

Slow Food eacute uma organizaccedilatildeo sem fins lucrativos criada para se contrapor ao fast food e ao fast life ao

desaparecimento das tradiccedilotildees alimentares locais e agrave diminuiccedilatildeo do interesse das pessoas pelo alimento que consomem sua procedecircncia e seu sabor

181

do Cerrado que procura valorizar os produtos naturais da regiatildeo Alegam que nos centros

consumidores poucas satildeo as pessoas que conhecem o fruto o que mereceria iniciativas do

poder puacuteblico e da iniciativa privada no sentido de dar uma maior divulgaccedilatildeo ao produto

A legislaccedilatildeo sanitaacuteria natildeo parece ser um gargalo para as instituiccedilotildees privadas que

utilizam o baru O obstaacuteculo reproduzido na frase ldquoLegislaccedilatildeo sanitaacuteria inadequada agraves

atividades que a empresa desenvolverdquo recebeu somente 8 indicaccedilotildees A maioria dos

entrevistados alegou que apesar da legislaccedilatildeo ser bastante extensa possuem certa

facilidade em manter contato com os oacutergatildeos puacuteblicos quando surgem demandas o que

diminui seus problemas com relaccedilatildeo ao assunto

Tabela 23 ndash Nuacutemero de indicaccedilotildees recebidas por obstaacuteculo ao bom funcionamento e crescimento das instituiccedilotildees que utilizam o baru

Nordm Ordem dos questionaacuterios Obstaacuteculos

Nordm indi caccedilotildees

1 Fornecimento irregular da castanha em razatildeo da sazonalidade do fruto do baru 18 2 Inexistecircncia de equipamentos e de tecnologia adequadas agraves necessidades do ramo

no qual atua 15

3 Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor 13 4 Falta de capacitaccedilatildeo para o atendimento agraves exigecircncias de qualidade da produccedilatildeo 12 5 Falta de informaccedilotildees teacutecnicas sobre a fabricaccedilatildeo dos produtos agrave base de baru 11 6 Falta de capital de giro 11 7 Falta de linhas de creacutedito bancaacuterio para empresas que operam com produtos da

biodiversidade 11

8 Preccedilo elevado do produto a base do baru 11 9 Falta de matildeo de obra qualificada 11

10 Elevado custo administrativo da empresa 10 11 Baixa qualidade da castanha do baru entregue pelo fornecedor 9 12 Dificuldade de acesso ao creacutedito bancaacuterio 9 13 Dificuldade em colocar o seu produto no mercado 8 14 Alto custo do transporte da mateacuteria-prima ateacute o local de processamento 8 15 Legislaccedilatildeo sanitaacuteria inadequada agraves atividades que a empresa desenvolve 8 16 Carga tributaacuteria elevada 8 17 Excesso de burocracia do poder puacuteblico para a regularizaccedilatildeo das operaccedilotildees da

empresacooperativaassociaccedilatildeo 7

18 Alto risco do creacutedito em razatildeo da maior vulnerabilidade do tipo de empresa que administra

7

19 Insuficiecircncia de garantias reais para oferecer agraves instituiccedilotildees de creacutedito bancaacuterio 7 20 Alto custo da certificaccedilatildeo para produtos diferenciados 6 21 Carecircncia de informaccedilotildees sobre os cuidados ligados aos direitos do consumidor 6 22 Falta de conhecimentos gerenciais 6 23 Dificuldade para identificar o cliente 6 24 Localizaccedilatildeo inadequada da faacutebricaprocessadora 5 25 Concorrecircncia muito forte 4 26 Instalaccedilotildees inadequadas ou insuficientes 4 27 Dificuldade para distribuir os produtos fabricados pela empresa 4 28 Falta de clients 3 29 Baixa liquidez dos produtos agrave base do baru 3 30 Dificuldade na obtenccedilatildeo de um produto a base do baru com qualidade 2 31 Inadimplecircncia dos clientes 2

Fonte Dados de pesquisa (2010)

182

CONCLUSOtildeES

Uma das principais conclusotildees desse trabalho eacute que nas atuais condiccedilotildees em que se

encontra a exploraccedilatildeo do baru no acircmbito das comunidades rurais estudadas e das

instituiccedilotildees que processam e comercializam o produto a exploraccedilatildeo da amecircndoa natildeo se

configura como uma atividade sustentaacutevel de geraccedilatildeo de renda pois natildeo foi identificado um

equiliacutebrio entre as dimensotildees analisadas O desenvolvimento sustentaacutevel pode ser um

modelo adequado de desenvolvimento desde que seja mantido o equiliacutebrio entre as

dimensotildees ambiental social cultural econocircmica poliacutetica e da sauacutede

Outra conclusatildeo eacute que apesar de a legislaccedilatildeo ambiental estabelecer que as florestas e

formaccedilotildees sucessoras somente deveratildeo ser exploradas sob o regime de manejo florestal

sustentaacutevel o poder puacuteblico ainda natildeo ofereceu condiccedilotildees para que a exploraccedilatildeo ocorra

sob esse regime Primeiramente pelo fato de a legislaccedilatildeo para o manejo de PFNMs ainda

natildeo ter sido regulamentada (Art 8ordm do Decreto nordm 59752006) e em segundo lugar pela

ausecircncia do Estado nestas localidades onde a populaccedilatildeo rural explora tais recursos e se

ressente da falta de escolas postos de sauacutede assistecircncia teacutecnica estradas etc

Pode-se afirmar que os agricultores envolvidos no estudo desconhecem o custo de

produccedilatildeo do baru126 mas continuam explorando o fruto em razatildeo da sua venda

proporcionar-lhes dinheiro imediato No entanto mesmo que esta exploraccedilatildeo lhes seja

atraente natildeo se pode afirmar que seja sustentaacutevel uma vez que sob os criteacuterios adotados

pelo presente estudo o iacutendice de sustentabilidade econocircmica geral para a categoria

apresentou um baixo valor (IS = 0469) caracterizando um estado de desequiliacutebrio entre

esta e as demais dimensotildees

Quanto agraves empresascooperativasassociaccedilotildees o Iacutendice de Sustentabilidade de maior

valor foi o econocircmico (IS = 0565) demonstrando uma maior preocupaccedilatildeo na viabilizaccedilatildeo

econocircmica do empreendimento e ignorando as outras dimensotildees da sustentabilidade De

acordo com os resultados pode-se afirmar que a primeira preocupaccedilatildeo dos representantes

dessas instituiccedilotildees consiste em manter o empreendimento economicamente viaacutevel natildeo

reservando recursos financeiros para a implementaccedilatildeo de medidas que busquem o

equiliacutebrio entre as cinco dimensotildees

A sustentabilidade poliacutetica baixa para os dois elos da cadeia produtiva pode ser

considerada como um indicador da deficiecircncia do Estado no estiacutemulo a processos

participativos capazes de assegurar o exerciacutecio da cidadania em accedilotildees que busquem a

superaccedilatildeo das deficiecircncias dos serviccedilos puacuteblicos prestados e no fornecimento da

infraestrutura baacutesica para uma boa qualidade de vida Essa deficiecircncia dos serviccedilos

126

De acordo com Pimentel (2009) o custo de produccedilatildeo da amecircndoa de baru torrada eacute de R$2189kg enquanto o preccedilo de venda variou de R$ 2000 ateacute R$3000kg

183

prestados eacute amplamente percebida pelas comunidades pois 895 deles qualificam os

serviccedilos prestados pelo Estado de razoaacutevel a peacutessimo (Tabela 21 p 174)

A regulamentaccedilatildeo da exploraccedilatildeo do baru mostra-se um processo fundamental para a

sustentabilidade da atividade Ocorre que a legislaccedilatildeo ambiental sobre o uso de PFNM

ainda natildeo foi regulamentada no paiacutes o que gera inseguranccedila ao usuaacuterio daquele recurso

natural e pode contribuir para o esgotamento da espeacutecie na natureza Entretanto existem

vaacuterias normas sanitaacuterias tributaacuterias e fiscais que incidem sobre a exploraccedilatildeo da amecircndoa

nem sempre adequadas uma vez que tratam esse empreendimento da mesma forma que

grandes e meacutedios natildeo reconhecendo a especificidade desse tipo de negoacutecio Essa

inadequaccedilatildeo onera a produccedilatildeo e pode conduzir a um estado de insubordinaccedilatildeo do

agricultor aos comandos da lei

Nesse aspecto podemos afirmar que tanto o Governo Federal como o Governo do

Estado de Goiaacutes na qualidade de poder regulador falharam em se organizar

institucionalmente no cumprimento do seu papel de orientador da exploraccedilatildeo da amecircndoa

nas regiotildees estudadas

Essa falha verifica-se principalmente pelo fato de os instrumentos de poliacutetica ambiental

que tecircm como funccedilatildeo ordenar situaccedilotildees ambientais especiacuteficas natildeo terem atingido os

objetivos para o qual foram instituiacutedos Ou seja ao estabelecer que as florestas e formaccedilotildees

sucessoras somente poderatildeo ser exploradas mediante preacutevia aprovaccedilatildeo do Plano de

Manejo Florestal Sustentaacutevel sem fornecer meios para que o agricultor possa atender aos

comandos que nela existem a legislaccedilatildeo ambiental lanccedila-os automaticamente na

ilegalidade e gera uma situaccedilatildeo de inseguranccedila para esse agente social

Essa realidade cria uma situaccedilatildeo controversa na qual os agricultores comercializam o

baru sabendo que estatildeo cometendo um iliacutecito pois natildeo possuem a licenccedila expedida pelo

Estado mas natildeo encontram agrave sua disposiccedilatildeo meios legais para regularizar essa situaccedilatildeo

Aleacutem do mais a atividade de exploraccedilatildeo do baru criou uma situaccedilatildeo singular que

merece ser analisada com muito cuidado pelos formuladores de poliacuteticas puacuteblicas natildeo

existe procedimento para a regularizaccedilatildeo da coleta do baru em propriedade de terceiros de

onde vem grande parte dos frutos explorados pelos agricultores familiares (842 dos

entrevistados realizam esse tipo de coleta)

Uma soluccedilatildeo possiacutevel para essa situaccedilatildeo seria a criaccedilatildeo de legislaccedilatildeo que garanta o

livre acesso desses agricultores-coletores aos baruzais Contudo eacute uma iniciativa que tem

que ser exaustivamente discutida entre os interessados (proprietaacuterios agricultores-

coletores poder puacuteblico) em razatildeo das caracteriacutesticas constitucionais da propriedade

privada no paiacutes

Irrefutavelmente esta realidade em que as normas natildeo satildeo regulamentadas ou que

requerem comandos de difiacutecil cumprimento por parte dos atores que participam da cadeia

184

leva a um desequiliacutebrio entre o desenvolvimento econocircmico e as sustentabilidades

ambiental e social com inclinaccedilatildeo evidente para o uso exclusivamente econocircmico do

recurso

Eacute desejaacutevel que os mecanismos utilizados para se atingir os objetivos das poliacuteticas

puacuteblicas natildeo gerem problemas para aquele que deseja produzir Nesse raciociacutenio as

poliacuteticas puacuteblicas voltadas para a regulaccedilatildeo do uso de componentes da biodiversidade

vegetal no Brasil natildeo podem criar situaccedilotildees que tragam dificuldades para que agricultores

familiares e pessoas juriacutedicas explorarem o baru sob o risco de impor obstaacuteculos que o

agente envolvido natildeo consiga superar

No que diz respeito agrave cadeia produtiva do baru este estudo permitiu identificar um

modelo produtivo com caracteriacutesticas diferentes daqueles modelos propostos para explicar o

extrativismo particularmente no que se refere agrave organizaccedilatildeo da produccedilatildeo nas unidades

agriacutecolas familiares

A exploraccedilatildeo do baru pertence a um sistema de produccedilatildeo com uso intensivo da terra

por meio da diversificaccedilatildeo das atividades agropecuaacuterias e adoccedilatildeo de atividades natildeo

agriacutecolas como a venda de serviccedilos o extrativismo e o comeacutercio As atividades mais

realizadas pelos agricultores objeto da pesquisa satildeo a prestaccedilatildeo de serviccedilos a pecuaacuteria em

pequena escala e a exploraccedilatildeo do baru A venda de matildeo de obra eacute fundamental para a

composiccedilatildeo da renda familiar segundo a maioria dos entrevistados O chefe da famiacutelia eacute

quem costuma vender a forccedila de trabalho mas alguns filhos adolescentes e solteiros podem

ajudar a obter essa forma de remuneraccedilatildeo para a famiacutelia

A criaccedilatildeo de gado desempenha uma funccedilatildeo importante visto que eacute considerada uma

forma de ldquopoupanccedilardquo O gado eacute valorizado pela sua alta liquidez o que de um modo geral

ocorre em situaccedilotildees de emergecircncia que o agricultor enfrenta (principalmente casos de

doenccedila na famiacutelia) Somente dois proprietaacuterios rurais amostrados natildeo criavam gado Um

deles natildeo criava animais na sua propriedade e explorava a agrofloresta e o outro criava

somente pequenos animais que vendia para melhorar os ganhos mensais da famiacutelia

demonstrando a tendecircncia da adoccedilatildeo da pecuaacuteria avicultura ou mesmo suinocultura para a

obtenccedilatildeo de recursos financeiros para o atendimento de despesas de uacuteltima hora

A exploraccedilatildeo dos frutos do baru eacute considerada uma atividade econocircmica

complementar e ocasional Entre os 19 entrevistados somente uma famiacutelia afirmou ser a

exploraccedilatildeo da amecircndoa a maior responsaacutevel pela composiccedilatildeo da renda familiar Para as

demais a exploraccedilatildeo do fruto representa somente uma complementaccedilatildeo de renda que pode

natildeo ocorrer anualmente em razatildeo da falta ou baixa frutificaccedilatildeo da espeacutecie de um ano para

outro Aproximadamente 89 dos recursos obtidos com a venda do baru cobrem menos de

40 das despesas familiares (Tabela 13 p 166)

185

Esses achados demonstram que os modelos teoacutericos e conceituais de Homma

Drummond e Recircgo discutidos no presente trabalho e que foram propostos para explicar o

extrativismo satildeo mais adequados a uma realidade socioeconocircmica Amazocircnica

O modelo neoclaacutessico formulado por Homma abrange um tipo de atividade econocircmica

somente encontrada na Amazocircnia que se limita quase que exclusivamente agrave coleta de

produtos na natureza natildeo levando em consideraccedilatildeo as atividades agriacutecolas pecuaacuterias

agroflorestais e de beneficiamento desenvolvidas pelas comunidades que exploram

produtos da natureza

Drummond e Recircgo defendem um modelo conceitual para o extrativismo sem buscar

uma teoria para explicar o fenocircmeno Para Drummond o extrativismo vegetal de baixa

tecnologia eacute aquele que exclui ou limita severamente quase todas as outras atividades que

usam recursos naturais ndash agricultura criaccedilatildeo de gado mineraccedilatildeo corte de aacutervores plantio

comercial de aacutervores etc No entendimento de Recircgo o extrativismo eacute uma atividade de

coleta de recursos naturais combinada agraves atividades agriacutecolas e pecuaacuterias que possui

ligaccedilotildees com a vida social econocircmica poliacutetica e cultural dos grupos humanos que habitam

o local onde ocorre a praacutetica

Apesar da abrangecircncia estes conceitos natildeo satildeo capazes de explicar a atividade de

coleta do fruto do baru no Cerrado Goiano moldado por fatores econocircmicos sociais

ecoloacutegicos e culturais locais

Nesses sistemas encontrados no Cerrado as famiacutelias satildeo proprietaacuterias das suas

terras dos seus instrumentos de trabalho e planejam as proacuteprias estrateacutegias de exploraccedilatildeo

e comercializaccedilatildeo da produccedilatildeo

A maior parte dos frutos eacute coletada na propriedade de terceiros uma vez que as

espeacutecies natildeo tecircm densidade populacional suficiente na propriedade do agricultor para

fornecer uma boa produccedilatildeo

Vendem a amecircndoa beneficiada ou natildeo diretamente ao consumidor ou intermediaacuterio

ou tambeacutem utilizam outros canais de comercializaccedilatildeo como centrais de venda podendo

esta venda ser agrave vista ou a prazo Acompanham os preccedilos que os produtos a base de baru

atingem mas encontram dificuldades para acompanhar a dinacircmica de mercado que exige

informaccedilotildees mais precisas sobre as condiccedilotildees de processamento do produto sobre os

haacutebitos e costumes da clientela potencial e conhecimento mais consolidado sobre logiacutestica

de transporte e distribuiccedilatildeo

Por ser uma atividade relativamente recente natildeo envolve os saberes e praacuteticas

tradicionais dos grupos sociais que o exploram se caracterizando como uma praacutetica

meramente de coleta para fins de composiccedilatildeo da renda familiar Esse conjunto de

atividades desenvolvidas pelos agricultores participantes da amostra talvez pudesse ser

186

mais bem explicado pela pluriatividade no entanto estudos mais detalhados precisam ser

realizados para se confirmar a existecircncia desse fenocircmeno

Ademais nos modelos propostos por Homma Drummond e Recircgo natildeo se vislumbra

preocupaccedilatildeo com a anaacutelise da sustentabilidade da atividade extrativa Desse modo natildeo eacute

possiacutevel afirmar que sejam modelos adequados para analisar a sustentabilidade de

atividades de exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros do Cerrado

Jaacute o modelo proposto no presente trabalho foi construiacutedo de modo a permitir que

indicadores analisem o grau de sustentabilidade das atividades ao longo da cadeia produtiva

do baru Apresenta como principais caracteriacutesticas o fato de o agricultor-coletor envolvido

no estudo realizar a exploraccedilatildeo da amecircndoa como uma atividade de complementaccedilatildeo de

renda a atividade deve ser entendida como parte dos sistemas de produccedilatildeo diversificados

adotados pela agricultura familiar na regiatildeo a possibilidade desse agricultor familiar

comercializar diretamente a sua produccedilatildeo natildeo gerar um niacutevel de renda que leve justiccedila

social ao agricultor e proximidade de mercados de consumo que permitam reduccedilatildeo no

custo da produccedilatildeo Esse aporte metodoloacutegico fornece elementos para que se possa

compreender melhor os mecanismos envolvidos na exploraccedilatildeo sustentaacutevel do recurso

Permite que possa ser avaliado e aperfeiccediloado por meio de estudos sobre o uso da espeacutecie

Da mesma forma permite que identificada como atividade que se caracteriza pela

insustentabilidade deve o poder puacuteblico e a iniciativa privada a partir daiacute adotar as

medidas necessaacuterias para tornaacute-la sustentaacutevel como forma de contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento rural

Finalmente conveacutem mencionar a questatildeo que envolve os niacuteveis de incerteza em

relaccedilatildeo aos iacutendices obtidos com as mensuraccedilotildees realizadas no presente estudo

Um indicador pode ser definido como um paracircmetro que fornece informaccedilotildees sobre

um fenocircmeno sendo reconhecido que por mais sofisticado e amplo que seja natildeo consegue

alcanccedilar a abrangecircncia do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel

Os indicadores utilizados no acircmbito do presente trabalho objetivaram mensurar o atual

estado de progresso da exploraccedilatildeo do baru na direccedilatildeo da sustentabilidade que deve

consistir em uma atividade economicamente viaacutevel com a manutenccedilatildeo da populaccedilatildeo

natural dessa espeacutecie estaacutevel tendo os atores dessa cadeia a possibilidade de participar

ativamente das decisotildees que lhes afetam diretamente alcanccedilando uma boa qualidade de

vida

No acircmbito das incertezas que envolvem essa ferramenta natildeo se sabe se o nuacutemero de

indicadores eacute suficiente ou insuficiente para refletir o grau de sustentabilidade da atividade

ou mesmo se o seu conjunto eacute o mais indicado para uma tomada de decisatildeo No entanto

foram selecionadas aqueles indicadores que poderiam expressar melhor a realidade

encontrada em campo Apesar de os iacutendices obtidos refletirem a ideia de uma realidade

187

relativa eles foram capazes de indicar a necessidade de se tomar providecircncias para sanear

os problemas detectados no acircmbito da cadeia produtiva e buscar-se tornar a atividade o

mais sustentaacutevel possiacutevel

A sustentabilidade na exploraccedilatildeo do baru indica uma perspectiva de que esse

sistema extrativista alcance uma produccedilatildeo economicamente viaacutevel e que ao mesmo tempo

conserve os recursos naturais respeitando a capacidade de suporte do ambiente explorado

que forneccedila produtos mais saudaacuteveis e que melhore a qualidade de vida das pessoas tanto

no que diz respeito agrave sua alimentaccedilatildeo quanto agrave educaccedilatildeo e agrave sauacutede Esse eacute o desafio da

sustentabilidade que natildeo estaacute sendo alcanccedilado nas comunidades pesquisadas

Este trabalho se propocircs a demonstrar quais satildeo os obstaacuteculos da atividade de

exploraccedilatildeo do baru em trecircs comunidades rurais do Estado de Goiaacutes e as consequecircncias

que estes obstaacuteculos trazem aos agricultores familiares e instituiccedilotildees privadas que fazem

parte da sua cadeia produtiva Satildeo fatores que podem estar impedindo estes atores de gerir

adequadamente os seus empreendimentos e que consequentemente comprometem a

sustentabilidade da atividade

188

RECOMENDACcedilOtildeES

O baru como os outros PFNMs nativos do Cerrado dificilmente desempenharaacute um

papel de coadjuvante no desenvolvimento regional da regiatildeo poreacutem pode fornecer uma

preciosa a contribuiccedilatildeo no empoderamento das comunidades de baixa renda servindo de

meio para composiccedilatildeo da sua renda familiar e melhoria na sua qualidade de vida Ao

mesmo tempo o fomento agrave exploraccedilatildeo sustentaacutevel desses produtos poderaacute se opor agraves

poliacuteticas que estimulam o desmatamento do Cerrado para a instalaccedilatildeo da agricultura e

pecuaacuteria de mercado tornando-se um forte componente das estrateacutegias de manutenccedilatildeo

das funccedilotildees ecossistecircmicas da floresta

A seguir satildeo enumeradas algumas sugestotildees para que a exploraccedilatildeo desse produto

possa contribuir com o desenvolvimento das comunidades rurais e com a manutenccedilatildeo das

funccedilotildees ecossistecircmicas da floresta

Para que a atividade de exploraccedilatildeo do baru seja sustentaacutevel o poder puacuteblico nos

trecircs niacuteveis de governo (Federal estadual e municipal) deve-se mobilizar no sentido de

implementar medidas que levem ao equiliacutebrio das dimensotildees da sustentabilidade nessas

comunidades rurais que exploram PFNMs Medidas como o provimento de educaccedilatildeo

sauacutede infraestrutura (eletricidade estradas transporte) e a participaccedilatildeo democraacutetica nas

decisotildees satildeo primordiais para o alcance desse equiliacutebrio e para a melhoria da qualidade de

vida desses grupos

Para fins de formulaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas a exploraccedilatildeo do baru deve ser

considerada apenas como um dos componentes dos sistemas de produccedilatildeo agriacutecola

familiares atendendo a sua caracteriacutestica peculiar de complementaccedilatildeo de renda Caso

contraacuterio se for incentivada a exploraccedilatildeo exclusiva do baru os grupos familiares perderatildeo

uma das caracteriacutesticas fundamentais da agricultura familiar que eacute a adoccedilatildeo de atividades

agriacutecolas (policultivo e pecuaacuteria) e natildeo agriacutecolas na propriedade fundamental para a

manutenccedilatildeo do seu modo de vida e para a sua subsistecircncia

Deve ser dada ecircnfase na organizaccedilatildeo social dos grupos que exploram o baru

visando garantir seu empoderamento e autonomia por meio da criaccedilatildeo de espaccedilos de

negociaccedilatildeo entre seus membros e entre estas comunidades e os membros externos

permitindo que tenham uma participaccedilatildeo ativa nas decisotildees que afetam o desenvolvimento

do territoacuterio em que vivem

A exploraccedilatildeo do baru deve ser regulada por meio de boas praacuteticas de coleta

armazenamento e comercializaccedilatildeo construiacutedas com a participaccedilatildeo ativa dos grupos sociais

que vivem desses recursos e natildeo por meio de atos legislativos e administrativos Os

manuais de boas praacuteticas trazem diretrizes normas e recomendaccedilotildees que pela

189

simplicidade de linguagem que usam satildeo mais faacuteceis de serem incorporados pelos grupos

sociais que exploram o produto

Para o controle da exploraccedilatildeo do baru devem ser adotadas medidas simplificadas

em acircmbito institucional Nesse sentido o agricultor familiar com aacuterea de propriedade ateacute 100

ha que deseja explorar o baru deveraacute fornecer somente dois documentos ao oacutergatildeo de meio

ambiente o Documento de Aptidatildeo Agriacutecola do Pronaf (DAP) e Declaraccedilatildeo por ele assinada

informando a quantidade de fruto ou amecircndoa que deseja comercializar Anualmente

deveraacute remeter documento ao oacutergatildeo de meio ambiente comunicando a quantidade de baru

por ele comercializado

As universidades e os oacutergatildeos de pesquisa agropecuaacuteria devem dirigir recursos

humanos e financeiros para a produccedilatildeo de informaccedilotildees sobre a ecologia populacional da

espeacutecie sobre a variabilidade na produccedilatildeo anual de frutos para fins de determinaccedilatildeo do

seu potencial extrativo sustentaacutevel sobre aspectos da sua domesticaccedilatildeo para quem tiver

interesse no seu plantio sobre aspectos do seu beneficiamento para comercializaccedilatildeo e

sobre aspectos tecnoloacutegicos da sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel

As instacircncias governamentais de acircmbito federal estadual e municipal devem

realizar esforccedilos conjuntos no sentido de desonerar a exploraccedilatildeo do baru de taxas e

impostos que incidem sobre as etapas da sua cadeia produtiva como forma de incentivo agrave

produccedilatildeo

O poder puacuteblico e a iniciativa privada devem concentrar esforccedilos no sentido de

promover o consumo da amecircndoa do baru ao mesmo tempo em que deve identificar e abrir

mercados locais regionais nacionais e internacionais para a comercializaccedilatildeo do produto

Estruturaccedilatildeo dos canais de comercializaccedilatildeo do produto de modo a garantir uma

maior proximidade com o cliente O estiacutemulo agrave criaccedilatildeo de centrais de venda pode ser uma

boa estrateacutegia para viabilizar os produtos oriundos da exploraccedilatildeo de PFNMs

Nas aacutereas de ocorrecircncia do baru adoccedilatildeo de estrateacutegias junto ao agricultor familiar

voltadas para a recuperaccedilatildeo ou enriquecimento de Reservas Legais e Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente com esta e outras espeacutecies frutiacuteferas do Cerrado de modo que o

proprietaacuterio tenha mais uma opccedilatildeo de renda com a sua exploraccedilatildeo sustentaacutevel

Valorizaccedilatildeo do trabalho feminino por meio da criaccedilatildeo de linhas de creacutedito especiais

e capacitaccedilatildeo voltada para a gestatildeo de pequenos empreendimentos e para o

processamento da amecircndoa e subprodutos do fruto do baru

A aplicaccedilatildeo da presente metodologia em outros municiacutepios do Estado de Goiaacutes com

o objetivo de aperfeiccediloar tal ferramenta e desenvolver comparaccedilotildees do grau de

sustentabilidade encontrado para fins de subsidiar poliacuteticas puacuteblicas

190

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABRAMOVAY Ricardo Paradigmas do capitalismo agraacuterio em questatildeo 3 ed Satildeo

Paulo EDUSP 2007 294 p

AHRENS Seacutergio O ldquonovordquo Coacutedigo Florestal Brasileiro conceitos juriacutedicos fundamentais In

CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO v 8 Anais 2003 Satildeo Paulo Sociedade

Brasileira de Silvicultura 2003 15p Disponiacutevel em

lthttpwwwambientebrasilcombrflorestaldownloadSAhrensCodigoFlorestalpdfgt Acesso

em 31 ago 2009

ALEXIADES Miguel SHANLEY Patricia (Ed) Productos forestales medios de

subsistencia y conservacioacuten estudios de caso sobre sistemas de manejo de productos

forestales no maderables In ___ Productos forestales medios de subsistencia y

conservacioacuten estudios de caso sobre sistemas de manejo de productos forestales no

maderables v 3 Ameacuterica Latina Bogor CIFOR 2004 p 1-22

ALLEGRETTI Mary H Extractive reserves an alternative for reconciling development and

environmental conservation in Amazonia In ANDERSON Anthony B (Ed) Alternatives to

deforestation steps toward sustainable use of the Amazon Rain Forest Columbia

University Press New York 1990 p 252-264

ALLEGRETTI Mary H Reservas extrativistas paracircmetros para uma poliacutetica de

desenvolvimento sustentaacutevel na Amazocircnia In ARNT Ricardo (Ed) O destino da floresta

reservas extrativistas e desenvolvimento sustentaacutevel na Amazocircnia Rio de Janeiro Relume-

Dumaraacute 1994 276 p

ALMEIDA Mauro W B Household extractive economies In PEacuteREZ Manuel R ARNOLD

J E Michael (Eds) Current issues in non-timber forest products research Jacarta

Center for International Forestry Research 1996 265 p

ALMEIDA Semiacuteramis P de Frutas nativas do cerrado caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica e fonte

potencial de nutrientes In SANO Suely M ALMEIDA Semiacuteramis P de Cerrado

ambiente e flora Planaltina EMBRAPA-CPAC 1998 p 247-285

ALTIERI Miguel A Agroecology the science of natural resource management for poor

farmers in marginal environments Agriculture Ecosystems amp Environment Amsterdam v

93 n 1-3 p 1-24 2002

ALVES Aline M MENDONCcedilA Aline L de CALIARI Maacutercio CARDOSO-SANTIAGO

Raquel de A Avaliaccedilatildeo quiacutemica e fiacutesica de componentes do baru (Dipteryx alata Vog) para

191

estudo da vida de prateleira Pesquisa Agropecuaacuteria Tropical Goiacircnia v 40 n 3 p 266-

273 julset 2010

AMARAL Francisco Direito Civil introduccedilatildeo 5 ed ver atual e aum Rio de Janeiro

Renovar 2003 662 p

AMARAL Paulo AMARAL NETO Manuel Manejo florestal comunitaacuterio processos e

aprendizagens na Amazocircnia brasileira e na Ameacuterica Latina Beleacutem IEBimazon 2005 84 p

ANDERSON Anthony B IORIS Edviges M Valuing the rainforest economic strategies by

small-scale forest extractivists in the Amazon estuary Human Ecology New York v 20 p

337-369 1992

ANDERSON Anthony B Extrativismo vegetal e reservas extrativistas In ARNT Ricardo

(Ed) O destino da floresta reservas extrativistas e desenvolvimento sustentaacutevel na

Amazocircnia Rio de Janeiro Relume-Dumaraacute 1994 p 227-246

ANJOS Flaacutevio S dos Pluriatividade e ruralidade enigmas e falsos dilemas Estudos

Sociedade e Agricultura Rio de Janeiro n 17 p 54-81 out 2001

ANTUNES Paulo de Bessa Curso de Direito Ambiental doutrina legislaccedilatildeo e

jurisprudecircncia 2 ed Rio de Janeiro Renovar 1992 399 p

ARAKAKI Andreacutea H SCHEIDT Gessiel N PORTELLA Augustus C ARRUDA Eduardo

J de COSTA Reginaldo B O baru (Dipteryx alata Vog) como alternativa de

sustentabilidade em aacuterea de fragmento florestal do Cerrado no Mato Grosso do Sul

Interaccedilotildees Campo Grande v 10 n 1 p 31-39 janjun 2009

ARNOLD J E Michael Economic factors in farmer adoption of forest product activities In

LEAKEY Roger B TEMU August B MELNYK Mary VANTOMME Paul (Eds)

Domestication and commercialization of non-timber forest products in agroforestry

systems Non-wood forest products 9 Rome Food and Agricultural Organisation of the

United Nations 1996 p 131-146

BALZON Dalvo R Avaliaccedilatildeo econocircmica dos produtos florestais natildeo madeiraacuteveis na

aacuterea de proteccedilatildeo ambiental ndash APA de Guaratuba ndash Paranaacute 2006 176 p Tese

(Doutorado em Engenharia Florestal) - Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Engenharia Florestal

Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 2006

BANDEIRA Pedro Participaccedilatildeo articulaccedilatildeo de atores sociais e desenvolvimento

regional Texto para discussatildeo Brasiacutelia IPEA 1999 (Texto para discussatildeo nordm 630)

192

BARRETO Ricardo C S KHAN Ahmad S LIMA Patriacutecia V P S Sustentabilidade dos

assentamentos no Municiacutepio de Caucaia-CE Revista de Economia e Sociologia Rural

[online] Brasiacutelia v 43 n 2 p 225-247 abrjun 2005

BASSINI Faacutebio Caracterizaccedilatildeo de populaccedilotildees de barueiros (Dipteryx alata Vog ndash

Fabaceae) em ambientes naturais e explorados 2008 149 f Tese (Doutorado em

Ciecircncias Ambientais) ndash Universidade Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2008

BATALHA Maacuterio O As cadeias de produccedilatildeo agro-industriais uma perspectiva para o

estudo das inovaccedilotildees tecnoloacutegicas Revista de Administraccedilatildeo Satildeo Paulo v 30 n 42 p

43-50 1995

BEGNIS Heron S M ESTIVALETE Vacircnia de F PEDROZO Eugecircnio A Confianccedila

comportamento oportunista e quebra de contratos na cadeia produtiva do fumo no sul do

Brasil Gestatildeo amp Produccedilatildeo Satildeo Carlos v 14 n 2 p 311-322 2007

BELCHER Brian SCHRECKENBERG Kathrin Commercialisation of non-timber forest

products a reality check Development Policy Review Hoboken v 25 n 3 p 355-377

2007

BELLEN Hans M Van Indicadores de sustentabilidade uma anaacutelise comparativa 1 ed

Rio de Janeiro Editora FGV 2005 253 p

BENJAMIN Antocircnio Herman Desapropriaccedilatildeo reserva florestal legal e aacutereas de

preservaccedilatildeo permanente FIGUEREDO Guilherme J P de (Coord) Temas de direito

ambiental e urbaniacutestico Satildeo Paulo Max Limonad 1998 Disponiacutevel em ltwwwcjfgovbr

lthttpwwwjurinformacombrgtAcesso em 18 ago 2009

BIGNOTTO Edson C BAROSSI FILHO Milton SAMPAIO Rudini Gestatildeo do risco de

mercado em organizaccedilotildees do agronegoacutecio Satildeo Paulo Resenha BMampF n 161 p 26-32

2004

BOFF Leonardo Eacutetica e Sustentabilidade Caderno de Debate da Agenda 21 Brasiacutelia

Ministeacuterio do Meio Ambiente n 10 2006 16 p

BRINCKMANN Wanderleia E FRIEDRICH Michele P Sustentabilidade e gestatildeo de riscos

ambientais o caso do loteamento balneaacuterio Porto Ferreira no municiacutepio de Rio PardoRS

Revista Aacutegora Santa Cruz do Sul v 14 n 1 p73 - 96 janjun 2008

BRITO Maacutercia A de Fitossociologia e ecologia de populaccedilatildeo de Dipteryx alata Vog

(baru) em aacuterea de transiccedilatildeo cerrado densomata estacional Pirenoacutepolis GO 2004 127

f Tese (Doutorado em Ecologia) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ecologia Universidade

de Brasiacutelia Brasiacutelia 2004

193

BRITO Elizabeth R MARTINS Sebastiatildeo V OLIVEIRA FILHO Ary T SILVA Elias

SILVA Alexandre F da Estrutura fitossocioloacutegia de um fragmento natural de floresta

inundaacutevel em aacuterea de orizicultura irrigada municiacutepio de Lagoa da Confusatildeo Tocantins

Revista Aacutervore Viccedilosa v 30 n 5 out 2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0100-

67622006000500017amplng=enampnrm=isogt Acesso em 10 dez 2010

BYRON Neil ARNOLD Michael What future for the people of the tropical forests World

Development Quebec v 27 n 5 p 789ndash805 1999

CACERES Nataacutelia K GUIMARAtildeES Rita de Caacutessia A IDA Elza I FAVARO Simone P

Determinaccedilatildeo da atividade de inibidores de tripsina fitato em amecircndoas de baru processado

(Dipteryx alata Vog) In IX SIMPOacuteSIO NACIONAL DO CERRADO e II SIMPOacuteSIO

INTERNACIONAL DE SAVANAS TROPICAIS 2008 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia EMBRAPA

2008 v 1 p 01-07

CAMPBELL Jeffrey Y TEWARI Devi D Increased development of non-timber forest

products in India some issues and concerns Unasylva Rome n 187 p 26-31 1996

CAcircNDIDO Eduardo A SOULEacute Fernanda V PIRES Mauriacutecio B Desenvolvimento e

implantaccedilatildeo de mini-faacutebricas de produtos florestais natildeo madeireiros em comunidades

ribeirinhas da Amazocircnia a experiecircncia do nuacutecleo de apoio agrave populaccedilatildeo ribeirinha da

Amazocircnia In XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCcedilAtildeO Rio de

Janeiro Anais Rio de Janeiro 2008 Disponiacutevel

emlthttpwwwabeproorgbrbibliotecaenegep2008_TN_STO_079_551_11299pdfgt

Acesso em 12 dez 2010

CAPORAL Francisco R COSTABEBER Joseacute A Anaacutelise multidimensional da

sustentabilidade uma proposta metodoloacutegica a partir da agroecologia Agroecologia e

Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel Porto Alegre v 3 n 3 p 70-85 julset 2002

CARDOSO Joseacute Antocircnio TAVARES Lorranne Agroinduacutestria beneficiaraacute 100 toneladas

de frutos do Cerrado Agecircncia de Notiacutecias Sebrae Goiacircnia 06 nov 2008 Disponiacutevel em

lthttpwwwsebraegocombrsitesitedoidArtigo=3892gt Acesso em 09 jan 2009

CARNEIRO Maria Joseacute Pluriatividade da agricultura no Brasil uma reflexatildeo criacutetica In

SCHNEIDER Seacutergio (Org) A diversidade da agricultura familiar Porto Alegre Editora

UFRGS 2006 p 165-185

CARRAZZA Luis Roberto Relatoacuterio Final do Projeto Negoacutecios Sustentaacuteveis (Projeto

BRA98005-PPG-7) Oficina de Comercializaccedilatildeo de Produtos da Biodiversidade Brasileira

Cidade de Goiaacutes Ministeacuterio do Meio Ambiente 01 a 04 de junho de 2005

194

CARVALHEIRO Katia SABOGAL Ceacutesar AMARAL Paulo Anaacutelise da legislaccedilatildeo para o

manejo florestal por produtores de pequena escala na Amazocircnia brasileira Freiburg

CIFORUniversity of Freiburg 2008 Disponiacutevel

emlthttpwwwgretorgpublicationscdromfloresta_viva_amazonasFiles211_15_0810_re

latorio_marco_legal_mfpeqprodutores_forlivepdfgt Acesso em 30 jun 2010

CARVALHO Adelmo Pirenoacutepolis coletacircnea 1727-2000 1 ed Goiacircnia Kelps 2001 213

p

CARVALHO Fabriacutecio A RODRIGUES Victor Hugo P KILCA Ricardo V SIQUEIRA

Ariane S ARAUacuteJO Glein M SCHIAVINI Ivan Composiccedilatildeo floriacutestica riqueza e diversidade

de um cerrado sensu stricto no sudoeste do estado de Goiaacutes Bioscience Journal

Uberlacircndia v 24 n 4 p 64-72 outdez 2008

CARVALHO Patriacutecia B de Conflito de competecircncias na fiscalizaccedilatildeo de alimentos de

origem animal no Brasil uma anaacutelise agrave luz do direito Revista de Direito Sanitaacuterio Satildeo

Paulo v 5 n 1 p 18-39 mar 2004

CASTELO Carlos Estevatildeo F Avaliaccedilatildeo econocircmica da produccedilatildeo familiar na Reserva

Extrativista Chico Mendes no Estado do Acre Caderno de Pesquisa em Administraccedilatildeo

Satildeo Paulo v 1 n 11 p 58-64 2000

CASTRO Antocircnio M G de Cadeia produtiva e prospecccedilatildeo tecnoloacutegica como ferramenta

para a gestatildeo da competitividade In O futuro da induacutestria cadeias produtivas Brasiacutelia

MDICSTI 2005 208 p

CASTRO Antocircnio M G LIMA Suzana M V CRISTO Carlos M P N Cadeia produtiva

marco conceitual para apoiar a prospecccedilatildeo tecnoloacutegica In XXII SIMPOacuteSIO DE GESTAtildeO

DA INOVACcedilAtildeO TECNOLOacuteGICA 2002 Salvador Anais Salvador

USPPGTFIAUNIFACSFIEB 2002

CAVALCANTI Clovis Sustentabilidade da economia paradigmas alternativos de realizaccedilatildeo

econocircmica In CAVALCANTI Clovis (Org) Desenvolvimento e natureza estudos para

uma sociedade sustentaacutevel Satildeo Paulo Cortez Recife Fundaccedilatildeo Joaquim Nabuco 1998

CAVALCANTI Cloacutevis Uma tentativa de caracterizaccedilatildeo da economia ecoloacutegica Ambiente amp

Sociedade [online] Campinas v 7 n 1 p 149-156 2004 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414-

753X2004000100009amplng=enampnrm=isogt Acesso em 29 jan 2009

CENTRAL DO CERRADO Disponiacutevel em lthttpwwwcentraldocerradoorgbrbaruhtmlgt

Acesso em 17 set 2010

195

CENTRE DE COOPEacuteRATION INTERNATIONALE DE LA RECHERCHE AGRONOMIQUE

POUR LE DEacuteVELOPPEMENT - CIRAD Projeto para o fortalecimento das atividades

extrativistas no estado do Acre Relatoacuterio Final 2001 Disponiacutevel em

lthttpwwwflorestavivaextrativismoorgbrdownloaddocumentos2001_Acre_extrativismo_c

iradpdfgt Acesso em 15 jun 2010

CHAYANOV Alexander V Sobre a teoria dos sistemas econocircmicos natildeo capitalistas In

SILVA Joseacute G da STOLCKE Verena (Orgs) A questatildeo agraacuteria Satildeo Paulo Brasiliense

1981 188 p

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB Disponiacutevel em

httpwwwconabgovbr Acesso em 14 set 2010

CORREcircA Gilmarcos de C NAVES Ronaldo V ROCHA Mara R da ZICA Lincoln F

Caracterizaccedilatildeo fiacutesica de frutos de baru (Dipteryx alata Vog) em trecircs populaccedilotildees nos

cerrados do estado de Goiaacutes Pesquisa Agropecuaacuteria Tropical Goiacircnia v 30 n 2 p 5-

11 juldez 2000

COSTA Ana Maria FRANCO Eucilene M MARQUES Luiacutes Augusto A FRANCO Tuacutelio B

Cartilha de vigilacircncia sanitaacuteria cidadania e controle social Brasiacutelia Agecircncia Nacional

de Vigilacircncia Sanitaacuteria 2002 58 p

COSTA Ricardo Comercializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo dos produtos da agricultura familiar

alguns pontos a discutir In KUSTER Angela MARTIacute Jaime F FICKERT Udo (Orgs)

Agricultura familiar agroecologia e mercado no Norte e Nordeste do Brasil Fortaleza

Fundaccedilatildeo Konrad Adenauer 2004

COSTABEBER Joseacute Antocircnio CAPORAL Francisco Roberto Possibilidades e alternativas

do desenvolvimento rural sustentaacutevel In VELA Hugo (Org) Agricultura familiar e

fesenvolvimento rural sustentaacutevel no Mercosul Santa Maria Editora da UFSMPallotti

p157-194 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwagroecologiauemabrpublicacoesPossibilidadesealternativasdoDRSpdfgt

Acesso em 12 fev 2009

COSTABEBER Joseacute Antocircnio CAPORAL Francisco Roberto Anaacutelise multidimensional da

sustentabilidade uma proposta metodoloacutegica a partir da agroecologia Agroecologia e

Desenvolvimento Rural Sustentaacutevel Porto Alegre v3 n3 p 70-85 julset 2002

Disponiacutevel em httpwwwagroecologiauemabrpublicacoesCaporaleCostabeberTrespdfgt

Acesso em 12 fev 2009

196

COSTA NETO Canrobert P L Agricultura sustentaacutevel tecnologias e sociedade In COSTA

Luiz Flaacutevio de Carvalho MOREIRA Roberto Joseacute BRUNO Regina (Orgs) Mundo rural e

tempo presente Rio de Janeiro Mauad 1999 p 299-321

COUTINHO Leopoldo M Aspectos ecoloacutegicos do fogo no cerrado II ndash As queimadas e a

dispersatildeo de sementes em algumas espeacutecies anemocoacutericas do estrato herbaacuteceo sub-

arbustivo Boletim de Botacircnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo v 5 p 57-64

1977

COUTO JUacuteNIOR Antocircnio F Anaacutelise temporal da cobertura vegetal e do solo da aacuterea do

Ecomuseu do Cerrado (Goiaacutes) atraveacutes de imagens MODIS e CBERS 2007 61 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Departamento de Engenharia Florestal

Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia

DAILY Gretchen C Introduction what are ecosystem services In DAILY Gretchen (Ed)

Naturersquos services societal dependence on natural ecosystems Washington Island Press

1997 p 01-10

DANIEL Joshua N DUDHARDE Prashant A Analysis of economic characteristics of

value chains of three underutilised fruits of India Colombo The International Centre for

Underutilised Crops (ICUC) Pune BAIF Development Research Foundation 2007

Disponiacutevel em ltwwwicuc-iwmiorgfilesPublicationsICUC-RR20Issue203_Finalpdfgt

Acesso em 19 ago 2010

DECASTRO Rui Afonso Maciel A funccedilatildeo soacutecio ambiental da propriedade na Constituiccedilatildeo

de 1988 Jus Navigandi Teresina v 8 n 466 16 out 2004 Disponiacutevel em

lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=5765gt Acesso em 18 ago 2009

DIAS Marcelo F P ROSA Nadir P da SANTOS JUNIOR Siacutelvio SILVA Erica M da

SILVA Tacircnia N da Determinantes para o (in)sucesso de uma cadeia em formaccedilatildeo uma

anaacutelise da estruturaccedilatildeo da estrutiocultura da Regiatildeo Metropolitana de Porto Alegre

Cadernos de Economia Chapecoacute v 12 n 22 janjun 2008

DIEGUES Antocircnio Carlos ARRUDA Rinaldo S V (Orgs) Saberes tradicionais e

biodiversidade no Brasil Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente Satildeo Paulo Universidade

de Satildeo Paulo 2001 176 p

DRUMMOND Joseacute Augusto A extraccedilatildeo sustentaacutevel de produtos florestais na Amazocircnia

Brasileira Estudos - Sociedade e Agricultura Rio de Janeiro v 6 p 116-137 1996

DUARTE Laura Maria G Desenvolvimento sustentaacutevel um olhar sobre os cerrados

brasileiros In DUARTE Laura Maria G THEODORO Suzi H (Orgs) Dilemas do

197

cerrado entre o ecologicamente (in)correto e o socialmente (in)justo Rio de Janeiro

Garamond 2002 p 11- 22

DUBOC Eny COSTA Caroline J VELOSO Rui F OLIVEIRA Leonardo dos S PALUDO

Adriana Panorama atual da produccedilatildeo de carvatildeo vegetal no Brasil e no Cerrado

Planaltina Embrapa-Cerrados 2007 37 p (Documento 197)

DURKHEIM Eacutemile A divisatildeo do trabalho social Lisboa Presenccedila 1984 2 v

EITEN George Delimitaccedilatildeo do conceito de Cerrado Arquivos do Jardim Botacircnico v 21

p 125-134 1977

ENDRESS Bryan A GORCHOV David L BERRY Eric J Sustainability of a non-timber

forest product effects of alternative leaf harvest practices over 6 years on yield and

demografy of the palm Chamaedorea radicalis Forest Ecology and Management

Amsterdam v 234 p 181-191 out 2006

ENRIacuteQUEZ Gonzalo EV Desafios da sustentabilidade da Amazocircnia biodiversidade

cadeias produtivas e comunidades extrativistas integradas 2008 460 f Tese (Doutorado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel) - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de

Brasiacutelia Brasiacutelia

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION - FAO Non-wood forest products for rural

income and sustainable forestry Non-wood forest products n 7 Rome 1995

FEARNSIDE Philip M Serviccedilos ambientais como estrateacutegia para o desenvolvimento

sustentaacutevel na Amazocircnia rural In CAVALCANTI Cloacutevis (Ed) Meio Ambiente

Desenvolvimento Sustentaacutevel e Poliacuteticas Puacuteblicas Satildeo Paulo Cortez 1997 p 314-344

FELFILI Jeanine Maria SOUSA-SILVA Joseacute Carlos SCARIOT Aldicir Biodiversidade

ecologia e conservaccedilatildeo do Cerrado avanccedilos no conhecimento In _______ Cerrado

ecologia biodiversidade e conservaccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente 2005 p 25-

44

FERNANDES Aristoacuteteles V SILVA Luacutecia M R KHAN Ahmad S Reserva extrativista do

Rio Cajari sustentabilidade e qualidade de vida Revista de Economia e Sociologia Rural

Brasiacutelia v 35 n 3 p 119-140 julset 1997

FERREIRA Robeacuterio A BOTELHO Soraya A DAVIDE Antonio C MALAVASI Marlene

de M Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de fruto semente placircntula e muda de Dipteryx alata

Vogel - Baru (Leguminosae papilionoideae) Cerne Lavras v 4 n 1 p 73-86 1998

198

FIEDLER Nilton C SOARES Thelma SSILVA Gilson F da Produtos florestais natildeo

madeireiros importacircncia e manejo sustentaacutevel da floresta Revista Ciecircncias Exatas e

Naturais Guarapuava v 10 n 2 p 263-278 2008

FILGUEIRAS Tarciso S SILVA E Estudo preliminar do baru (Leg Faboideae) Brasil

Florestal Brasiacutelia v 6 n 22 p 33-39 abrjun 1975

FORZZA Rafaela C BAUMGRATZ Joseacute F BICUDO Carlos E M CANHOS Dora Ann

L CARVALHO JR Aniacutebal A COSTA Andreacutea COSTA Denize P HOPKINS Mike

LEITMAN Paula M LOHMAN Luacutecia G LUGHADHA Eimear N MAIA Leonor C

MARTINELLI Gustavo MENEZES Mariacircngela MORIN Marli P COELHO Marcos A N

PEIXOTO Ariane L PIRANI Joseacute R PRADO Jefferson QUEIROZ Luciano P SOUZA

Sidnei de SOUZA Viniacutecius C STEHMANN Joatildeo R SYLVESTRE Lana S WALTER

Bruno M T ZAPPI Daniela Siacutentese da diversidade brasileira In FORZZA Rafaela C

(Org) Cataacutelogo de plantas e fungos do Brasil Rio de Janeiro A Jakobsson Estuacutedio

Jardim Botacircnico do Rio de Janeiro 2010 v I p 21-39

FRANCO Carlos Alberto ESTEVES Lara Torchi Impactos econocircmicos e ambientais do

manejo florestal comunitaacuterio no acre duas experiecircncias resultados distintos

Apresentaccedilatildeo oral XLVI CONGRESSO DA SOBER Rio Branco 2008 Disponiacutevel em

lthttpwwwsoberorgbrpalestra929pdfgt Acesso em 16 jan 2009

FREITAS Jullyana B NAVES Maria Margareth V Composiccedilatildeo quiacutemica de nozes e

sementes comestiacuteveis e sua relaccedilatildeo com a nutriccedilatildeo e sauacutede Revista de Nutriccedilatildeo

Campinas v 23 n 2 p 269-279 2010

FULLER Anthony M From part-time farming to pluriativity a decade of change in rural

Europe Journal of Rural Studies v 6 i 4 p 361-373 1990

FUNDACcedilAtildeO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ Site Disponiacutevel em

lthttpwwwfiocruzbrcgicgiluaexesysstarthtmtpl=homegt Acesso em 15 jul 2010

GIBSON Clark C BECKER C Dustin A lack of institutional demand why a strong local

community in Western Equador fails to protect its forest In GIBSON Clark C MCKEAN

Margaret A OSTROM Elinor (Eds) People and forests communities institutions and

governance Cambridge MIT Press 2000

GOLDBERG Ray A Agribusiness coordination a systems approach to the wheat soybean

and Florida orange economies Harvard University 1968 256 p

GOMES-FILHO Arlindo AMARAL Priscilla Prudente do CUNHA Claacuteudia Conceiccedilatildeo

COSTA Vilani Alves da SILVA Sebastiatildeo Santos da VANDA Edson DUQUE Anderson

Alex Oliveira GUIMARAtildeES Josilene Caracterizaccedilatildeo socioeconocircmica da Reserva

199

Extrativista do Cazumbaacute-Iracema Sena Madureira AC In CONGRESSO BRASILEIRO

DE UNIDADES DE CONSERVACcedilAtildeO ndash CBUC 4 2004 Anais Curitiba Ministeacuterio do Meio

Ambiente 2004 p 491-499 Disponiacutevel em

lthttpcazumbaorgindexphpoption=com_docmanamptask=doc_viewampgid=1gt Acesso em

04 mar 2009

GONCcedilALO Joseacute E Gestatildeo e comercializaccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros (pfnm)

da biodiversidade no Brasil In XXVI ENEGEP 2006 Anais Fortaleza 2006 Disponiacutevel

em lthttpwwwabeproorgbrbibliotecaENEGEP2006_TR520346_8257pdfgt Acesso em

21 mar 2010

GONCcedilALVES Daniel B ALVES Francisco Joseacute da C A legislaccedilatildeo ambiental e o

desenvolvimento sustentaacutevel no complexo agroindustrial canavieiro da bacia hidrograacutefica do

rio Mogi-Guaccediluacute In SEMINAacuteRIO ECONOMIA DO MEIO AMBIENTE REGULACcedilAtildeO

ESTATAL E AUTO-REGULACcedilAtildeO EMPRESARIAL PARA O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTAacuteVEL 3 Campinas Anais Campinas Unicamp 2003 Disponiacutevel em

lthttpwwwfreewebscomdanielbertolitextostexto08pdfgt Acesso em 19 mai 2010

GOODLAND R The concept of environmental sustainability Annual Review of Ecology

and Systematics Stanford v 26 p 1-24 1995

GUERRA Fabiacuteola G P de Q SANTOS Anadalvo J dos SANQUETTA Carlos R

BITTENCOURT Alexandre M ALMEIDA Alexandre N de Quantificaccedilatildeo e valoraccedilatildeo de

produtos florestais natildeo madeireiros Floresta Curitiba v 39 n 2 p 431-439 abrjun

2009

HAMMOND Allen ADRIAANSE Albert RODENBURG Eric BRYANT Dirk WOODWARD

Richard Environmental Indicators asystematic approach to measuring and reporting on

environmental policy performance in the context of sustainable development Washington

WRI 1995 53 p

HARDI Peter ZDAN Terrence J Assessing sustainable development principles in

practice Winnipeg The International Institute for Sustainable Development 1997 166 p

HECHT Susanna B ANDERSON Anthony B MAY Peter The subsidy from nature

shifting cultivation successional palm forests and rural development Human Organization

Oklahoma City v 47 n 1 p 25-35 Spring 1988

HESPANHOL Rosacircngela A de M Pronaf infra-estrutura e serviccedilos municipais e

associaccedilotildees de produtores em municiacutepios selecionados da regiatildeo de Presidente Prudente

Estado de Satildeo Paulo Informaccedilotildees Econocircmicas Satildeo Paulo v 36 n 5 p 15-26 maio

2006

200

HOMMA Alfredo Kingo Oyama Extrativismo vegetal na Amazocircnia limites e

oportunidades Brasiacutelia Embrapa-SPI 1993

HUMMEL Antocircnio Carlos Normas de acesso ao recurso florestal na Amazocircnia

brasileira o caso do manejo florestal madeireiro 2001 103 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Ciecircncias Florestais Tropicais) - Universidade do AmazonasInstituto Nacional de Pesquisa

da Amazocircnia ndash INPA Manaus 2001

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE Bancos de dados

agregados Sistema IBGE de recuperaccedilatildeo automaacutetica 2010 Disponiacutevel

emlthttpwwwsidraibgegovbrgt Acesso em 30 ago 2010

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Produccedilatildeo da

extraccedilatildeo vegetal e da silvicultura 2007 extraccedilatildeo de madeira nativa cai em 2007 mas

ainda foi de 164 milhotildees de msup3 Comunicaccedilatildeo Social 26 de novembro de 2008

Disponiacutevel em

lthttpwwwibgegovbrhomepresidencianoticiasnoticia_impressaophpid_noticia=1270gt

Acessado em 02 mar 2009

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Relatoacuterio Produccedilatildeo

da Extraccedilatildeo Vegetal e Silvicultura ndash PEVSIBGE Rio de Janeiro v 23 2009 46 p

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA - IBGE Produccedilatildeo da

extraccedilatildeo vegetal e da silvicultura v 22 2007 45 p

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 1984 Disponiacutevel em

ltftpftpibgegovbrCartas_e_MapasMapas_Muraisgt Acesso em 15 ago 2009

INSTITUTO SOCIEDADE POPULACcedilAtildeO E NATUREZA - ISPN SEMINAacuteRIO DE

INTERCAcircMBIO TECNOLOacuteGICO PARA BARU PEQUI E BABACcedilU Relatoacuterio Final

Brasiacutelia 2007 26 p

INSTITUTO SOCIEDADE POPULACcedilAtildeO E NATUREZA - ISPN Relatoacuterio do Seminaacuterio

Gestatildeo Mercados e Poliacuteticas Puacuteblicas para Produtos Sustentaacuteveis da Biodiversidade

Brasileira Satildeo Paulo 08 e 09 de novembro de 2005 38 p

INSTITUTO SOacuteCIO-AMBIENTAL Quadro geral dos povos indiacutegenas no Brasil

Disponiacutevel em lthttppibsocioambientalorgptcquadro-geralgt Acesso em 19 jul 2010

INTERNATIONAL INSTITUTE FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT - IISD Dashboard of

Sustainability Disponiacutevel em lthttpesljrcitenvinddb_methshtmgt Acesso em 23 jun

2010

201

JACOBI Pedro R Meio ambiente e sustentabilidade Revista de Desenvolvimento e Meio

Ambiente Satildeo Paulo 1999 p 175-183 Disponiacutevel em lthttpwwwcepamspgovbrgt

Acesso em 05 jan 2009

JANUZZI Paulo de M Indicadores para diagnoacutestico monitoramento e avaliaccedilatildeo de

programas sociais no Brasil Revista do Serviccedilo Puacuteblico Brasiacutelia v 56 n 2 p 137-160

abrjun 2005

KHAN Ahmad S PASSOS Ana Tereza B Reforma agraacuteria solidaacuteria e qualidade de vida

dos beneficiaacuterios no estado do Cearaacute Revista de Economia e Sociologia Rural Brasiacutelia

v 39 n 4 p 93-117 outdez 2001

KING Maurice Health is a sustainable state The Lancet London n 336 p 664-667 1990

KLINK Carlos A MACHADO Ricardo B A conservaccedilatildeo do Cerrado no Brasil

Megadiversidade Belo Horizonte v 1 n 1 p 147-155 2005

KLINK Carlos A O papel da pesquisa ecoloacutegica na gestatildeo ambiental e manejo dos

ecossistemas In BURSZTYN M (org) A difiacutecil sustentabilidade poliacutetica

energeacutetica e conflitos ambientais Rio de Janeiro Garamond 2001 p 77- 84

KREMEN Claire WILLIAMS Neal M THORP Robbin W Crop pollination from native bees

at risk from agricultural intensification Proceedings of the National Academy of Science

of the USA v 99 n 26 p 16812-16816 2002

LEAKEY Richard E LEWIN Roger Origens Satildeo Paulo Melhoramentos 1982

LEITE Arthur Cezar P Neoextrativismo e desenvolvimento no estado do Acre o caso

do manejo comunitaacuterio do oacuteleo de copaiacuteba na Reserva Extrativista Chico Mendes 2004 114

f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em agroecossistemas) - Centro de Ciecircncias Agraacuterias Universidade

Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2004

LESCURE Jean-Paul PINTON Florence EMPERAIRE Laure O povo e os produtos

florestais na Amazocircnia Central uma abordagem multidisciplinar do extrativismo In

CLUSENER-GODT Miguel SACHS Ignacy (Eds) Extrativismo na Amazocircnia brasileira

perspectivas sobre o desenvolvimento regional Paris UNESCO Compecircndio MAB 18 1994

p 62-94

LEWINSON Thomas M PRADO Paulo I Biodiversidade brasileira siacutentese do estado

atual do conhecimento Satildeo Paulo Contexto 2002

LIBISZEWSKI Stephan What is an environmental conflict ENCOP Occasional Paper n

1 ZuumlrichBerne Swiss Federal Institute of TechnologySwiss Peace Foundation 1992

202

LIPTON Michael The theory of optimising peasant The Journal of Development Studies

London v 4 n 30 p 327-351 1968

LITTLE Paul Eliot Os conflitos socioambientais um campo de estudo e de accedilatildeo poliacutetica In

BURSZTYN Marcel (Org) A difiacutecil sustentabilidade poliacutetica energeacutetica e conflitos

ambientais 2 ed Rio de Janeiro Garamond 2001

LOUETTE Anne (Org) Compecircndio de indicadores de sustentabilidade de naccedilotildees

ferramentas de gestatildeo de responsabilidade socioambiental Satildeo Paulo Antakarana Cultura Arte

CiecircnciaWillis Harman House 2009 114 p

MACHADO Frederico S Manejo de produtos florestais natildeo madeireiros um manual

com sugestotildees para o manejo participativo em comunidades da Amazocircnia Rio Branco

PESACRE e CIFOR 2008 105 p

MACHADO Paulo Affonso Leme Direito Ambiental Brasileiro Satildeo Paulo Malheiros 11

ed 2003 1064 p

MACHADO Ricardo B RAMOS NETO Maacuterio B PEREIRA Paulo Gustavo P CALDAS

Eduardo F GONCcedilALVES Demerval A SANTOS Nazareno S TABOR Karin

STEININGER Marc Estimativas de perda da aacuterea do Cerrado brasileiro Conservation

International Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel em

lthttpwwwajaorgbrpublicationsRelatDesmatamCerradopdfgt Acesso em 29 jun 2008

MANTOVANELI JUNIOR Oklinger SAMPAIO Carlos AC Sustentabilidade poliacutetica e

administrativa contribuiccedilotildees para a reformulaccedilatildeo da agenda para o ecodesenvolvimento

Revista de Gestatildeo Social e Ambiental Rio de Janeiro v 1 n 2 p 3 ndash 21 abrmai 2007

MARX Karl O Capital Livro I Parte I O Processo de produccedilatildeo do capital Traduccedilatildeo

Reginaldo Santrsquoanna Rio Civilizaccedilatildeo Brasileira 16 ed 1998 571 p

MATIAS Marisa A natureza farta de noacutes Ambiente sauacutede e formas emergentes de

cidadania 2009 460 f Tese (Doutorado em Sociologia) - Faculdade de Economia

Universidade de Coimbra Coimbra Disponiacutevel em

lthttpsestudogeralsibucptjspuibitstream10316110621Health2c20environment20

and20the20politics20of20sustainabilitypdfgt Acesso em 14 mai 2010

MATIAS Marisa NUNES Joatildeo A Sustainable healthy Healthy environment and the

politics of sustainability Oficina do CES Coimbra n 209 abril2004 Disponiacutevel em

lthttpsestudogeralsibucptjspuibitstream10316110621Health20environment20and

20the20politics20of20sustainabilitypdfgt Acesso em 25 mai 2010

MAY Peter H (Org) Compilacion y analisis sobre los productos forestales no

madereros (PFNM) en el Brasil relatoacuterio teacutecnico Santiago FAO 2001 88 p

203

MAZOYER Marcel ROUDART Laurence Histoacuteria das agriculturas do mundo do

neoliacutetico agrave crise contemporacircnea Lisboa Instituto Piaget 1998

MEDAETS Jean Pierre P A construccedilatildeo da qualidade na produccedilatildeo agriacutecola familiar

sistemas de certificaccedilatildeo de produtos orgacircnicos 2003 213 f Tese (Doutorado em

Desenvolvimento Sustentaacutevel) - Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel Universidade de

Brasiacutelia Brasiacutelia 2003

MEDEIROS Marcelo B Efeitos do fogo nos padrotildees de rebrotamento em plantas

lenhosas em campo sujo 2002 120 f Tese (Doutorado em Ecologia) - Departamento de

Ecologia Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia 2002

MEDEIROS Marcelo B FIEDLER Nilton C Incecircndios florestais no Parque Nacional da

Serra da Canastra desafios para a conservaccedilatildeo da biodiversidade Ciecircncia Florestal

Santa Maria v 14 n 2 p 157-168 2004

MELHEM Therezinha S Entrada de aacutegua na semente de Dipteryx alata Vog

(Leguminosae-Lotoidea) Hoehnea Satildeo Paulo v 4 p 33-48 1974

MELLOR John W The use and productivity of farm labor in early stages of agricultural

development Journal of Farm Economics Ithaca v 45 n 3 p 517-534 1963

MENDONCcedilA Roberta C FELFILI Jeanine M WALTER Bruno MT SILVA JUacuteNIOR

Manoel Claacuteudio REZENDE Aacutelvaro V de FILGUEIRAS Tarciso de S SILVA Paulo

Ernane N Flora vascular do Cerrado In SANO Sueli M ALMEIDA Paulo (Ed) Cerrado

ambiente e flora Planaltina EMBRAPA-CPAC 1998 p 288-556

MENEZES Antocircnio J E A de HOMMA Alfredo K O SANTANA Antocircnio C de

MENDES Fernando A T A importacircncia da ldquoproduccedilatildeo invisiacutevelrdquo para a agricultura familiar na

Amazocircnia o caso dos projetos de assentamento agroextrativistas Praialta e Piranheira

Municiacutepio de Nova Ipixuna Paraacute Novos Cadernos do NAEA Beleacutem v4 n2 p 5-26 dez

2001

MILAREacute Eacutedis Princiacutepios fundamentais do direito do ambiente Revista dos Tribunais Satildeo

Paulo n 756 out 1998 p 53-68 1998

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRAacuteRIO ndash MDA Disponiacutevel em

lthttpportalmdagovbrportalsafprogramaspronafgt Acesso em 22 jul 2010

MINISTEacuteRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE Agrave FOME - MDS Disponiacutevel

em

lthttpaplicacoesmdsgovbrsagiascomindexphpcut=aHR0cDovL2FwbGljYWNvZXMub

204

WRzLmdvdi5ici9zYWdpL2FzY29tL2dlcmFyL2luZGV4LnBocA==ampdef=vgt Acesso em 21 jul

2010

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA MMA divulga queda no desmatamento nos

biomas Amazocircnia e Cerrado Notiacutecias Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrsitioindexphpido=ascomnoticiaMMAampcodigo=6602gt Acesso em

09 mai 2011

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Aacutereas prioritaacuterias para conservaccedilatildeo uso

sustentaacutevel e reparticcedilatildeo de benefiacutecios da biodiversidade brasileira atualizaccedilatildeo -

Portaria MMA no 9 de 23 de janeiro de 2007 Brasiacutelia Secretaria de Biodiversidade e

FlorestasMMA (Seacuterie Biodiversidade 31) 2007a 574 p

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Cerrado e Pantanal aacutereas e accedilotildees prioritaacuterias

para conservaccedilatildeo da biodiversidade Brasiacutelia MMA 2007c (Seacuterie Biodiversidade 17) 540

p

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Agenda 21 brasileira accedilotildees

prioritaacuteriasComissatildeo de Poliacuteticas de Desenvolvimento Sustentaacutevel e da Agenda 21

Nacional 2 ed Brasiacutelia MMA 2004 158 p

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Programa Cerrado Sustentaacutevel proposta

elaborada pelo Grupo de Trabalho do Bioma Cerrado instituiacutedo pela Portaria MMA nordm 361

de 12 de setembro de 2003 Brasiacutelia 2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrestruturassbf_arquivosprograma_bioma_cerradopdfgt Acesso

em 19 jul 2010

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Primeiro Relatoacuterio Nacional para a

Convenccedilatildeo sobre Diversidade Bioloacutegica Brasiacutelia Brasil 1998 283 p

MONTOYA Marco Antonio FINAMORE Eduardo B Delimitaccedilatildeo e encadeamentos de

sistemas agroindustriais o caso do complexo laacutecteo do Rio Grande do Sul Economia

Aplicada Ribeiratildeo Preto v 9 n 4 p 663-682 2005

MORSELLO Carla Parcerias comerciais entre empresas e comunidades amazocircnicas

oportunidades problemas e desafios In ENCONTRO DA ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DE

PESQUISA E POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM AMBIENTE E SOCIEDADE 2 2004 Indaiatuba

Anais Indaiatuba ANPPAS 2004

MORVAN Yves Filiegravere de production In Fondements drsquoEconomie Industrielle 2 ed

Paris Economica 1991 p 243-275

205

MOSELE Seacutergio H A governanccedila na cadeia agro-industrial da erva-mate na regiatildeo

Alto Uruguai Rio - Grandense sob a oacutetica da cadeia de suprimentos 2002 231 f

Dissertaccedilatildeo (Mestre em Agronegoacutecios) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto

Alegre 2002

NAKAJIMA Chihiro Subsistence and comercial family farms some theoretical models of

subjective equilibrium In Warthon Jr Clifton R (Org) Subsistence agriculture and

economic development Chicago Aldine Publishing Co 1969 p 165-185

NASCIMENTO Elimar P do Os conflitos na sociedade moderna uma introduccedilatildeo

conceitual In BURSZTYN Marcel (Org) A difiacutecil sustentabilidade poliacutetica energeacutetica e

conflitos ambientais 2 ed Rio de Janeiro Garamond 2001

NATURA Site Disponiacutevel em lthttpwwwnaturaekoscombrptresponsabilidade-

socioambientalmedio-juruagt Acesso em 22 jul 2010

NEVES Marcos F LAZZARINI Seacutergio G MACHADO FILHO Claacuteudio A P Cenaacuterios e

perspectivas para o agribusiness brasileiro In CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA

E SOCIOLOGIA RURAL 35 Natal Anais Natal Sociedade Brasileira de Economia e

Sociologia Rural 1997 p 859

NEWTON Peter FLOOD Joe BERRY Mike BHATIA Kuldeep BROWN Steve CABELLI

Andreacute GOMBOSO Jeanette HIGGINS John RICHARDSON Tony RITCHIE Veronica

Environmental indicators for national state of the environment reporting - human

settlements Australia State of the Environment (Environmental Indicator Reports)

Department of the Environment Canberra 1998

NOGUEIRA Jorge M NASCIMENTO JUNIOR Antocircnio BASTOS Leiner

Empreendimentos extrativistas como alternativas para geraccedilatildeo de renda do sonho

ambientalista agrave realidade do estudo de mercado Revista de Ciecircncia Administrativa

Fortaleza v 15 n 1 p 85-104 janjun 2009

NOGUEIRA Mocircnica Quando o pequeno eacute grande uma anaacutelise de projetos comunitaacuterios

no Cerrado Satildeo Paulo Annablume 2005 172 p

NOVAES Washington (Coord) RIBAS Otto NOVAES Pedro da Costa Agenda 21

brasileira bases para discussatildeo Brasiacutelia MMAPNUD 2000 196 p

NUNES Joatildeo Arriscado MATIAS Marisa Rumo a uma sauacutede sustentaacutevel sauacutede ambiente

e poliacutetica Sauacutede e Direitos Humanos ano 3 n 3 p 7-16 2006

OLIVEIRA Elaine DUARTE Laura Maria G Economia camponesa a agricultura familiar

evoluccedilatildeo do uso da biodiversidade do Cerrado IV ENCONTRO NACIONAL DA ANPPAS

2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

206

lthttpwwwsisgeencocombrsistemaencontro_anppasivenanppasARQUIVOSGT5-213-

136-20080503123731pdfgt Acesso em 11 jan 2009

OLIVEIRA Leonardo dos S PALUDO Adriano FRANCcedilA Leonice V de VILELA Maria de

Faacutetima DUBOC Enny Distribuiccedilatildeo de espeacutecies nativas do Cerrado resultados

preliminares IX SIMPOacuteSIO NACIONAL DO CERRADO E SIMPOacuteSIO INTERNACIONAL DE

SAVANAS TROPICAIS Anais Brasiacutelia 2008 p 1-8 Disponiacutevel em

lthttpsimposiocpacembrapabrsimposio_pc210trabalhos_pdf00334_trab1_appdfgt

Acesso em 03 out 2009

OLIVEIRA Mathilde I B SIGRIST Maria Rosacircngela Fenologia reprodutiva polinizaccedilatildeo e

reproduccedilatildeo de Dipteryx alata Vogel (Leguminosae-Papilionoideae) em Mato Grosso do Sul

Brasil Revista Brasileira de Botacircnica Satildeo Paulo v 31 n2 p 195-207 2008

OLIVEIRA-FILHO Ary T MARTINS Fernando R A comparative study of five cerrado aacutereas

in southern Mato Grosso Brazil Edinburgh Journal of Botany Edinburgh v 48 n 3 p

302-332 1991

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT - OECD Core

set indicators for environmental performance reviews a synthesis report by the Group

on the State of the Environment Environment Monoghrafs n 83 OECD Paris 1993

OSTROM Elinor Self-governance and forest resources CIFOR Occasional Paper n 20

Bogor Center for International Forestry Research 1999

PEDROSO JUNIOR Nelson N MURRIETA Rui S S TAQUEDA Carolina S A casa e a

roccedila socioeconomia demografia e agricultura em populaccedilotildees quilombolas do Vale do

Ribeira Satildeo Paulo Brasil Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi Ciecircncias

Humanas Beleacutem v 3 n 2 p 227-252 ago 2008

PIMENTEL Noara M Processo produtivo para o aproveitamento dos produtos

florestais natildeo madeireiros do baru (Dipteryx alata Vog) 2008 107 f Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Ciecircncias Florestais) ndash Departamento de Engenharia Florestal Universidade

de Brasiacutelia Brasiacutelia 2008

PINTER Laacuteszlo HARDI Peter BARTELMUS Peter Sustainable development

indicators proposals for the way forward New York International Institute for Sustainable

Development 2005 35 p

PIRES Mauro O A trajetoacuteria do conceito de desenvolvimento sustentaacutevel na transiccedilatildeo

paradigmaacutetica In BRAGA Maria Luacutecia S DUARTE Laura Maria G (Orgs) Tristes

cerrados sociedade e biodiversidade Brasiacutelia Paralelo 15 1998 p 63-92

207

PREZOTTO Leomar L A agroinduacutestria rural de pequeno porte e o seu ambiente

institucional relativo agrave legislaccedilatildeo sanitaacuteria 1999 131 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Agroecossistemas) - Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agroecossistemas Universidade

Federal de Santa Catarina 1999

RABELO Laudemira S LIMA Patriacutecia VPS Indicadores de sustentabilidade a

possibilidade de mensuraccedilatildeo do desenvolvimento sustentaacutevel Revista Eletrocircnica do

Prodema Fortaleza v 1 n 1 p 55-76 dez 2007

RAI Nitin D UHL Christopher F Forest product use conservation and livelihoods the case

of uppage fruit harvest in the Western Ghats India Conservation amp Society Bangalore v

2 p 289-313 2004

RAM PRASAD Sudipta Das SWANDIP Sinha Value options for non-timber forest products

at primary colletorrsquos level International Forestry Review Shropshire v 1 n 1 p17-21

1999

RAMBALDI Denise M OLIVEIRA Daniela AS de (Orgs) Fragmentaccedilatildeo de

Ecossistemas causas efeitos sobre a biodiversidade e recomendaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas Brasiacutelia MMASBF 2003 510 p

RATHMANN Regis HOFF Deacutebora N PADULA Antocircnio D Estrateacutegias de

desenvolvimento regional com base na diversificaccedilatildeo da produccedilatildeo o desenvolvimento da

cadeia frutiacutecola da Regiatildeo da Campanha do estado do Rio Grande do Sul Teoria e

Evidecircncia Econocircmica Passo Fundo v 14 n 27 p 9-33 nov 2006

RATTER James A Bridgewater Samuel Ribeiro Joseacute F Dias Terezinha AB SILVA

Mara R Estudo preliminar da distribuiccedilatildeo das espeacutecies lenhosas da fitofisionomia cerrado

sentido restrito nos estados compreendidos pelo bioma Cerrado Boletim do Herbaacuterio

Ezechias Paulo Heringer Brasilia v 5 n 1 p 5-43 2000

REATTO Adriana MARTINS Eacuteder de Souza Classes de solo em relaccedilatildeo aos controles da

paisagem do bioma Cerrado In SCARIOT Aldicir SOUZA-SILVA Joseacute Carlos FELFILI

Jeanine Maria (Orgs) Cerrado ecologia biodiversidade e conservaccedilatildeo Brasiacutelia Ministeacuterio

do Meio Ambiente 2005 p 49-59

REDE CERRADO Disponiacutevel em lthttpwwwredecerradoorgbrgt Acessado em 12 mai

2010

REcircGO Joseacute Fernandes do (Coord) Anaacutelise econocircmica dos sistemas de produccedilatildeo

familiar rural da Regiatildeo do Vale do Acre - 19961997 (Projeto de Pesquisa do

Departamento de Economia ndash UFAC) Rio Branco UFAC 1996

208

REcircGO Joseacute Fernandes do Amazocircnia do extrativismo ao neoextrativismo Ciecircncia Hoje

Rio de Janeiro v 25 n 147 p 62-65 1992

REVISTA EacutePOCA Ciecircncia e Tecnologia De olho no cerrado Universidade do Cearaacute

monta empresa para refinar a rutina substacircncia disputada por laboratoacuterios 12 e (100898)

Disponiacutevel em lthttpepocaglobocomedic19980810ciencia8htmgt Acesso em 18 nov

2009

RIBEIRO Joseacute F DIAS Terezinha Diversidade e conservaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo e da flora In

MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE ndash MMA Biodiversidade do Cerrado e Pantanal aacutereas

e accedilotildees prioritaacuterias para conservaccedilatildeo Brasiacutelia MMA 2007 540 p

RICE Richard E SUGAL Cheri A RATAY Shelley M FONSEcircCA Gustavo A B da

Sustainable forest management a review of conventional wisdom Advances in Applied

Biodiversity Science Washington v 3 p1-29 2001

RIJSOORT Jeanette Van Non-timber forest products (NTFPs) their role in sustainable

forest management in the tropics National Reference Centre for Nature Management (EC-

LNV)International Agricultural Centre (IAC) Wageningen 2000 61 p

RITCHIE Bill MCDOUGALL Cynthia HAGGITH Mandy OLIVEIRA Nicolette B de

Criteacuterios e indicadores de sustentabilidade em florestas manejadas por comunidades

um guia introdutoacuterio Jakarta CIFOR 2001 124 p

ROCHA Ednaldo Cacircndido CANTO Juliana Lorensi do PEREIRA Pollyanna Cardoso

Avaliaccedilatildeo de impactos ambientais nos paiacuteses do Mercosul Revista Ambiente e

Sociedade Campinas v 8 n 2 dez 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1414-

753X2005000200008amplng=enampnrm=isogt Acesso em 09 mai 2010

ROCHA Lorena S SANTIAGO Raquel de A C Implicaccedilotildees nutricionais e sensoriais da

polpa e casca de baru (Dipteryx Alata Vog) na elaboraccedilatildeo de patildees Ciecircncia e Tecnologia

de Alimentos Campinas v 29 n 4 p 820-825 outdez 2009

ROS-TONEN Mirjan AF The role of non-timber forest products in sustainable tropical forest

management Holz als Roh - und Werkstoff European Journal of Wood and Wood

Products Berlin v 58 p 196-201 2000

ROSA Eliane Cristina NATALI Maria Raquel M Vitiligo um problema que natildeo pode passar

em branco Revista Sauacutede e Pesquisa Maringaacute v 2 n 1 p 119-126 janabr 2009

RUEDA Rafael P Evoluccedilatildeo histoacuterica do extrativismo In MURRIETA Julio Ruiz RUEDA

Rafael P (Orgs) Reservas Extrativistas Gland UICN 1995

209

SABINO Joseacute PRADO Paulo Inaacutecio K L Vertebrados In LEWINSHON Thomaz M

(Org) Avaliaccedilatildeo do estado do conhecimento da biodiversidade brasileira Brasiacutelia

MMA 2005 v II p 55-145

SACHS Ignacy Desenvolvimento includente sustentaacutevel sustentado Rio de Janeiro

Garamond 2004 151 p

SACHS Ignacy Caminhos para o desenvolvimento sustentaacutevel Rio de Janeiro

Garamond 2000 96 p

SACHS Ignacy Estrateacutegias de transiccedilatildeo para o Seacutec XXI In BURSZTYN Marcel (Org)

Para pensar o desenvolvimento Sustentaacutevel Satildeo Paulo Braziliense 1993 166 p

SAINT-HILAIRE Auguste de Viagem agrave Proviacutencia de Goiaacutes Satildeo Paulo EDUSP 1975 158

p

SAITO Jana R FIGUEREDO Reginaldo S BATALHA Mario O Simulando cadeias

agroindustriais In II WORKSHOP DE GESTAtildeO DE SISTEMAS AGROALIMENTARES

1999 Ribeiratildeo Preto AnaisRibeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo 1999 p 45-55

SAMBUICHE Regina Helena R Efeitos a longo prazo do fogo perioacutedico sobre a

fitossociologia da camada lenhosa de um Cerrado em Brasiacutelia DF 1991 130 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ecologia) - Departamento de Ecologia Universidade de Brasiacutelia

Brasiacutelia 1991

SANO Sueli M VIVALDI Luacutecio J SPEHAR Carlos R Diversidade morfoloacutegica de frutos e

sementes de baru (Dipteryx alata Vog) Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira Brasiacutelia v 34

n 4 p 513-518 abr 1999

SANO Sueli M RIBEIRO Joseacute F BRITO Maacutercia A de Baru biologia e uso Planaltina

Embrapa Cerrados 2004 52 p

SANTOS Anadalvo J dos HILDEBRAND Elisabeth PACHECO Carlos H P PIRES

Paulo de Tarso de L ROCHADELLI Roberto Produtos florestais natildeo madeireiros

conceituaccedilatildeo classificaccedilatildeo e mercados Floresta Curitiba v 33 n 2 p 215-224 2003

SANTOS Nadja P dos PINTO Angelo C ALENCASTRO Ricardo B de Wilhelm Michler

uma aventura cientiacutefica nos troacutepicos Quiacutemica Nova [online] Satildeo Paulo v 23 n 3 p 418-

426 2000

SANTOS Nara K A ANGEacuteLICO Elissandra C RODRIGUES Fabiacuteola FG CALDAS

Germana F MOTA Magaly L SILVA Monalisa R PEREIRA Carla K B SOUSA Erlacircnio

O FONSECA Aluiacutesio M LEMOS Telma L G COSTA Joseacute Gualberto M Avaliaccedilatildeo dos

210

constituintes quiacutemicos e atividades antioxidante e toxicidade de Dimorphandra gardineriana

(leguminoseae) Cadernos de Cultura e Ciecircncia Crato n1 v1 p 69-73 nov 2006

SAWYER Donald Fluxos de carbono na Amazocircnia e no Cerrado um olhar

socioecossistecircmico Sociedade e Estado Brasiacutelia v 24 n 1 p 149-171 2009a

SAWYER Donald R Entraves regulatoacuterios de atividades extrativistas na Amazocircnia

problemas enfrentamento e soluccedilotildees Nota Teacutecnica elaborada para o Centro de Gestatildeo de

Estudos Estrateacutegicos (CGEE) com apoio da Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos (SAE) da

Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) Brasiacutelia CDS-UnB Mimeo 2009b 36 p

SAWYER Donald VAN DER REE Marc PIRES Mauro de O Comercializaccedilatildeo de espeacutecies

nativas do Cerrado In ENCONTRO REGIONAL CENTRO-OESTE 6 1997 Brasilia Os

(des)caminhos do desenvolvimento rural brasileiro Anais Brasiacutelia Associaccedilatildeo Projeto de

Intercacircmbio de Pesquisadores Sociais da Agricultura 1997 p 149-169

SCARIOT Aldicir SEVILHA Anderson C Biodiversidade estrutura e conservaccedilatildeo de

florestas estacionais deciduais no Cerrado In SCARIOT Aldicir SOUSA-SILVA Joseacute

Carlos FELFILI Jeanine Maria (Orgs) Cerrado ecologia biodiversidade e conservaccedilatildeo

Brasiacutelia Ministeacuterio do Meio Ambiente 2005 p 121-139

SCARIOT Aldicir FREITAS Simone R de MARIANO NETO Eduardo NASCIMENTO

Marcelo T OLIVEIRA Luis Claacuteudio de SANAIOTTI Tacircnia SEVILHA Anderson C

VILLELA Dora M Efeitos da fragmentaccedilatildeo sobre a biodiversidade vegetaccedilatildeo e flora In

RAMBALDI Denise M OLIVEIRA Daniela AS de (Orgs) Fragmentaccedilatildeo de

Ecossistemas causas efeitos sobre a biodiversidade e recomendaccedilotildees de poliacuteticas

puacuteblicas Brasiacutelia MMASBF 2003 510 p

SCHERR Sara J WHITE Andy KAIMOWITZ David Making markets work for forest

communities International Forestry Review Shropshire v 5 n 1 p 67-73 2003

SCHIMITT Claacuteudia J GUIMARAtildeES Leonardo A O mercado institucional como

instrumento para o fortalecimento da agricultura familiar de base ecoloacutegica Agriculturas

Rio de Janeiro v 5 n 2 p 7-13 junho 2008

SCHNEIDER Seacutergio Teoria social agricultura e pluriatividade Revista Brasileira de

Ciecircncias Sociais Satildeo Paulo v 18 n 51 p 99-122 2003

SCHULTZ Theodore W A transformaccedilatildeo da agricultura tradicional Rio de Janeiro

Zahar 1965 206 p

SCHWARTZMAN Stephan Mercados para produtos extrativistas da Amazocircnia Brasileira

In ARNT Ricardo (Ed) O destino da floresta reservas extrativistas e desenvolvimento

sustentaacutevel na Amazocircnia Rio de Janeiro Relume-Dumaraacute 1994 276 p

211

SCOONES Ian Sustainable rural livelihoods a framework for analysis IDS Discussion

Paper 72 Brighton University of Sussex 1998

SCOONES Ian MELNYK Mary PRETTY Jules N The hidden harvest wild foods and

agricultural systems a literature review and annotated bibliography London IIED 1992 256

p

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DO ESTADO DE GOIAacuteS ndash

SEPLANSUPERINTENDEcircNCIA DE ESTATIacuteSTICAS PESQUISA E INFORMACcedilOtildeES

SOCIOECONOcircMICAS - SEPIN Disponiacutevel em lthttpwwwseplangogovbrgt Acesso em

24 jul 2010

SEN Amartya K Peasants and dualism with or without surplus labor The Journal of

Political Economy Chicago v 69 n 5 p 425-450 1966

SEPUacuteLVEDA Seacutergio Desenvolvimento sustentaacutevel microrregional meacutetodos para

planejamento local Brasiacutelia IICA 2005 296 p

SERVICcedilO BRASILEIRO DE APOIO AgraveS PEQUENAS E MEacuteDIAS EMPRESAS - SEBRAE

Fatores condicionantes e taxas de sobrevivecircncia e mortalidade das micro e pequenas

empresas no Brasil 2003ndash2005 Brasiacutelia ago 2007 56 p

SHACKLETON Sheona SHANLEY Patricia NDOYE Ousseynou Invisible but viable

recognising local markets for nontimber forest products International Forestry Review

Shropshire v 9 n 3 p 697-712 2007

SHAFER Craig L Nature reserves island theory and conservation practice Washington

Smithsonian Institution Press 1990 185 p

SICHE Rauacutel AGOSTINHO Feni ORTEGA Enrique ROMEIRO Ademar Iacutendices versus

indicadores precisotildees conceituais na discussatildeo da sustentabilidade de paiacuteses Ambiente e

Sociedade Campinas v 10 n 2 Dezembro 2007 p 137-148

SILVA Alessandra K da EGITO Marcelo do Rede de Comercializaccedilatildeo solidaacuteria de

agricultores familiares e extrativistas do Cerrado um novo protagonismo social

Agriculturas Rio de Janeiro v 2 n 2 p 14-16 junho 2005

SILVA Elaine B da FERREIRA Laerte G ROCHA Genival F COUTO Maria Socorro D

da S Taxas de desmatamento em aacutereas do bioma Cerrado para os periacuteodos de 2003 a

2004 e 2004 a 2005 In IX SIMPOacuteSIO NACIONAL DO CERRADO e II SIMPOacuteSIO

INTERNACIONAL DE SAVANAS TROPICAIS 2008 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia Embrapa

Cerrados 2008 v 1 p 95-97

212

SILVA Fabiana O VIANA Blandina F Distribuiccedilatildeo de ninhos de abelhas Xylocopa

(Hymenoptera Apidae) em uma aacuterea de dunas litoracircneas Neotropical Entomology

Piracicaba v 31 p 661-664 out-dez 2002

SILVA Francisco Carlos T da Conquista e colonizaccedilatildeo da Ameacuterica Portuguesa o Brasil

Colocircnia ndash 15001750 In LINHARES Maria Yedda (Org) Histoacuteria geral do Brasil da

colonizaccedilatildeo portuguesa agrave modernizaccedilatildeo autoritaacuteria Rio de Janeiro Campus 1990 p 33-

94

SILVA Joelmir M da SANTOS Josilane R dos Pegada ecoloacutegica instrumento de

avaliaccedilatildeo dos impactos antroacutepicos no meio natural Oecologia Brasiliensis Rio de Janeiro

v 11 n 4 p 574-581 2007

SILVA Joseacute G O novo rural brasileiro Campinas Instituto de Economia Unicamp (Seacuterie

Pesquisas 1) 1999

SILVA Luiz Guilherme T Sustentabilidade da agricultura familiar em assentamentos

rurais no sudeste paraense 2007 295 f Tese (Doutorado em Ciecircncias) - Nuacutecleo de Altos

Estudos Amazocircnicos Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 2007

SILVA Luiz J da Public health challenges and emerging diseases the case of Satildeo Paulo

Caderno de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v17 p S141-S146 2001 Suplemento

SILVA Maria das Graccedilas da TAVARES Maria Goretti da Costa Saberes Locais e Manejo

Sustentaacutevel dos Recursos da Floresta III ENCONTRO NACIONAL DA ANPPAS 2006

Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 2006

SILVA Michelly R SHIMBO Ioshiaqui A sustentabilidade poliacutetica a partir das praacuteticas de

desenvolvimento regional em poliacuteticas puacuteblicas de habitaccedilatildeo estudo de caso II

SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO 2004 Santa Cruz do Sul

Anais Santa Cruz do Sul 28 setembro a 01 de outubro 2004 Disponiacutevel em

lthttpwwwuniscbrcursospos_graduacaomestradodesregseminariosanais_sidr2004sus

tentabilidade08pdfgt Acesso em 02 jul 2010

SIMMEL Georg Simmel Sociologia MORAES FILHO Evaristo de (Org) Traduccedilatildeo de

Carlos Alberto Pavanelli Satildeo Paulo Aacutetica 1983

SOARES Salomatildeo STRAUCH Juacutelia Ceacutelia M AJARA Ceacutesar Comparaccedilatildeo de

metodologias utilizadas para anaacutelise do desenvolvimento sustentaacutevel XV ENCONTRO

NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS 2006 Caxambu Anais Caxambu ABEP

2006 Disponiacutevel em

lthttpwwwabepnepounicampbrencontro2006docspdfABEP2006_524pdfgt Acesso em

4 ago 2010

213

SPANGENBERG Joachin H BONNOIT Odile Sustainability indicators a compass on the

road towards sustainability Wuppertal Paper Environment and Energy n 81 Wuppertal

Wuppertal Institute for Climate february 1998

THE SUSTAINABLE SCALE PROJECT - TSSP Ecological Footprint Disponiacutevel em

lthttpwwwsustainablescaleorgconceptualframeworkunderstandingscalemeasuringscale

ecologicalfootprintaspxgt Acesso em 24 jun 2010

TIMOFEICZYK JUacuteNIOR Romano GRACcedilA Luiz Roberto BERGER Ricardo MELO E

SOUSA Roberto Antonio T de HOSOKAWA Roberto T Estrutura de custos do manejo de

baixo impacto em florestas tropicais um estudo e caso Floresta Curitiba v35 n 1 p 89-

103 janabr 2005

TONI Fabiano Movimentos sociais governanccedila ambiental e desenvolvimento rural no

Brasil Relatoacuterio Apresentado ao Programa Colaborativo de Investigacioacuten Movimientos

Sociales Gobernanza Ambiental y Desarrollo Territorial Rural Rimisp - Centro

Latinoamericano para el Desarrollo Rural Santiago 2004 (Manuscrito) Disponiacutevel em

lthttpwwwrimisporgFCKeditorUserFilesFiledocumentosdocspdf0545-005233-

movimentossociais2governancaambientalpdfgt Acesso em 25 out 2010

TUCKER Catherine Em busca do manejo florestal comunitaacuterio sustentaacutevel a experiecircncia

de duas comunidades no Meacutexico e Honduras In ZARIN David J (Ed) As florestas

produtivas nos neotroacutepicos conservaccedilatildeo por meio do manejo sustentaacutevel Satildeo Paulo

Peiroacutepolis Brasiacutelia IEB 2005

UNASYLVA Editorial - Learning to see the forest through the trees Unasylva Roma n

165 v 42 1991 Disponiacutevel em

lthttpwwwfaoorgdocrepu2440eu2440e01htmeditorial202020learning20to20s

ee20the20forest20through20the20treesgt Acesso em 28 jul 2008

UNITED NATIONSUNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME - UNDP Humam

development report 1998 New York Oxford Oxford University Press 1998 228 p

Disponiacutevel emlthttphdrundporgenmediahdr_1998_en_definitionspdfgt Acesso em 08

nov 2010

UNITED NATIONS - ONU Report of the World Commission on Environment and

Development Our Common Future Annex to document A42427 1987 Disponiacutevel em

lthttpdaccess-dds-

nyunorgdocUNDOCGENN8718467IMGN8718467pdfOpenElementgt Acesso em 15

mar 2009 374 p

214

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA - UnB Projeto tecendo redes agroecoloacutegicas de

agricultura periurbana em assentamentos e preacute-assentamentos no Distrito Federal e

Entorno Grupo de Apoio agrave Reforma Agraacuteria ndash GTRA Disponiacutevel em

lthttpwwwunbbradministracaodecanatosgtraindexphpgt Acesso em 08 out 2010

VALARELLI Leandro L A gestatildeo de projetos e a construccedilatildeo e o uso de indicadores

Rio de Janeiro julho 2005 Disponiacutevel em

lthttpwwwcoegemasorgbrdocsApostilaindicadoresgeralver7pdfgt Acesso em 21 jun

2010

VAN RIJSOORT Jeannette Non-timber forest products (NTFPs) their role in sustainable

forest management in the tropics Wageningen Theme Studies SeriesNational Reference

Centre for Nature Management 2000

VASCONCELOS Pedro F C TRAVASSOS DA ROSA Ameacutelia P A RODRIGUES Sueli

G TRAVASSOS DA ROSA Elizabeth S DEacuteGALLIER Nicolas TRAVASSOS DA ROSA

Jorge F S Inadequate management of natural ecosystem in the Brazilian Amazon region

results in the emergence and reemergence of arboviruses Cadernos de Sauacutede Puacuteblica

Rio de Janeiro v 17 p 155-164 2001 Suplemento

VEIGA Joseacute E da Indicadores socioambientais evoluccedilatildeo e perspectivas Revista de

Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 29 n 4 (116) p421-35 outdez 2009a

VEIGA Joseacute E da Como monitorar o desenvolvimento sustentaacutevel A resposta da

Comissatildeo Stiglitz-Sen-Fitoussi (CMEPSP) de junho 2009 2009b Disponiacutevel em

lthttpwwwzeeliprobrTextosoutrostrabalhos[jev]20-20Monitorar20o20DS20-

2014jun09pdfgt Acesso em 21 jun 2010

WACKERNAGEL Mathis REES William E Our ecological footprint reducing human

impact on the Earth Gabriola Island New Society Publishers 1996

WANDERLEY Maria de Nazareth Baudel Raiacutezes histoacutericas do campesinato brasileiro In

TEDESCO Joatildeo Carlos (Org) Agricultura familiar realidades e perspectivas 2 e Passo

Fundo EDIUPF 1999 p 25-55

WARNER Katherine Forestry and sustainable livelihoods Unasylva Rome v 51 n 202

p 3-12 20002003

WILL Margret Promoting value chains of neglected and underutilized species for pro-

poor growth and biodiversity conservation guidelines and good practices Global

Facilitation Unit for Underutilized Species Rome 2008 109 p

215

WUNDER Sven BORNER Jan TITO Marcos R PEREIRA Liacutegia Pagamentos por

serviccedilos ambientais perspectivas para a Amazocircnia Legal In MINISTEacuteRIO DO MEIO

AMBIENTE - MMA Seacuterie Estudos n 10 Brasiacutelia MMA 2008 136 p Disponiacutevel em

lthttpwwwmmagovbrestruturas168_publicacao168_publicacao17062009123349pdfgt

Acesso em 17 fev 2011

ZAGO Heloisa Inecircz K A importacircncia da agroinduacutestria caseira de produtos de origem

animal para a agricultura familiar no municiacutepio de Arroio do Tigre ndash RS 2002 192f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Extensatildeo Rural) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Extensatildeo

Rural Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria 2002

ZYLBERSZTAJN Deacutecio Conceitos gerais evoluccedilatildeo e apresentaccedilatildeo do sistema

agroindustrial In FAVANEVES Marcos (Org) Economia e gestatildeo dos negoacutecios

agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira 2000 p 1-21

216

ANEXO 1

Estes foram os criteacuterios e indicadores desenvolvidos para avaliar a sustentabilidade dos

agricultores familiares que exploram o baru em dois municiacutepios do Estado de Goiaacutes com base em

Ritchie et al (2001) e em alguns indicadores extraiacutedos de SILVA (2007) onde P = Princiacutepio G =

Grupo de criteacuterios e indicadores C = Criteacuterios I = Indicadores V= Verificadores

O Anexo 2 abaixo estaacute dividido segundo a loacutegica das cinco dimensotildees da sustentabilidade

avaliadas natildeo seguindo necessariamente a sequecircncia apresentada abaixo mas guardando a

numeraccedilatildeo aqui estabelecida

(P1) O bem-estar da comunidade (institucional) eacute garantido

(G1a) Organizaccedilotildeesinstituiccedilotildees comunitaacuterias e participaccedilatildeo

(C11) A comunidade participa e monitora todos os processos de planejamento

de qualquer sistema de manejo a ser executado dentro da aacuterea florestal

em que ela causa impacto

(I111) A comunidade possui formas de organizaccedilatildeo interna e entre

outras comunidades

(V111a) Reconhecimento da existecircncia de organizaccedilotildees

(de fato e legalmente)

(V111b) Relatos individuais ou coletivos da participaccedilatildeo

de membros da comunidade em associaccedilotildees

sindicatos e organizaccedilotildees poliacuteticas

(I112) Os atores locais reuacutenem-se com frequumlecircncia satisfatoacuteria e com

representaccedilatildeo da diversidade e qualidade das interaccedilotildees

incluindo pareceres em projetos comunitaacuterios

(V112a) O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo

fatores determinantes para os avanccedilos da

organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de

projetos e investimentos feitos e mantidos na

comunidade e assentamento

(G1b) Administraccedilatildeo de conflitos

(C12) Devem existir medidas e instituiccedilotildees para resoluccedilatildeo de conflitos

(I121) Existem mecanismos informais para resoluccedilatildeo e negociaccedilatildeo

dos conflitos na comunidade disputas e queixas familiares

relacionadas ao uso posse e propriedade de recursos

florestais

(V121a) Os membros adultos da comunidade podem

explicar como satildeo resolvidos os conflitos

relacionados ao uso da terra

217

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2a) Sauacutede e alimentaccedilatildeo

(C21) As atividades de manejo aplicadas aos recursos florestais tecircm contribuiacutedo

para o bem-estar bioloacutegico socioeconocircmico e cultural da populaccedilatildeo local

(I211) Os produtos coletados na floresta proporcionam alimentaccedilatildeo

para a famiacutelia

(V211a) Consumo de alimentos pela famiacutelia com atenccedilatildeo

especial aos produtos florestais do Cerrado

(C22) A funccedilatildeo da floresta natural na sauacutede da comunidade estaacute sendo

conscientemente preservada

(I221) A vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas e nascentes satildeo

protegidas visando a boa qualidade da aacutegua

(V221a) Evidecircncias de mudanccedilas na qualidade da aacutegua

captada para o consumo domeacutestico para as criaccedilotildees e

cultivos na propriedade em decorrecircncia do desmatamento e

do uso do solo

(C23) As condiccedilotildees de moradia e saneamento baacutesico contribuem

significativamente para o bem-estar das pessoas (MAGALHAtildeES)

(I231) As famiacutelias se beneficiam com as boas condiccedilotildees de

habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico (MAGALHAtildeES)

(C24) A sauacutede e bem-estar da comunidade satildeo garantidas

(I241) As autoridades de sauacutede puacuteblica se preocupam com o estado

de sauacutede dos membros da comunidade

(G2b) Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de custos e benefiacutecios equumlidade)

(C25) Os benefiacutecios derivado das atividades de exploraccedilatildeo do baru tecircm servido

como um incentivo para perpetuar essas atividades de uma maneira

sustentaacutevel

(I251) Existecircncia de esforccedilos contiacutenuos para diversificar e aumentar

a capacidade do processo de agregaccedilatildeo de valor com o

objetivo de aumentar o valor agregado bruto dos produtos

natildeo madeireiros

(C26) Os produtos florestais contribuem significativamente para o bem-estar

socioeconocircmico das diferentes faixas etaacuterias e sexos da comunidade

(I261) Importacircncia dos produtos florestais nos rendimentos

domeacutesticos monetaacuterios e natildeo monetaacuterios

(G2c) Acordos sobre a posse na comunidade

(C27) O acesso e o uso de terras comuns e recursos florestais satildeo garantidos a

todos os membros da comunidade independente de sexo cor religiatildeo ou

classe social

218

(I271) Existem normas para regular o acesso aos recursos

florestais

(V271a) Identificaccedilatildeo de normas internas comunitaacuterias

sobre os direitos de uso posse e propriedade

sobre os recursos agroflorestais

(P3) O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao manejo sustentaacutevel da floresta

(G3a) Estrutura poliacutetica

(C31) Os recursos disponibilizados pelo Estado tecircm contribuiacutedo para o bem estar

da comunidade (MAGALHAtildeES)

(I311) As escolas postos de sauacutede e estradas colocadas pelo

Estado agrave disposiccedilatildeo da comunidade tem contribuiacutedo para o

seu desenvolvimento (MAGALHAtildeES)

(G3b) Relacionamento com terceiros

(C32) Existem mecanismos efetivos na comunicaccedilatildeo bidirecional entre os atores

envolvidos no desenvolvimento da comunidade (SILVA 2007)

(I321) O niacutevel de participaccedilatildeo do indiviacuteduo e de comunicaccedilatildeo entre

os atores satildeo fatores determinantes para os avanccedilos da

organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e

investimentos feitos e mantidos na comunidade (SILVA 2007)

(V321a) A histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na

definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e

regional

(I322) As famiacutelias dispotildeem da orientaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica

fornecida pelo Estado para a exploraccedilatildeo de PFNMs

(C33) A organizaccedilatildeo social e a participaccedilatildeo em movimentos influenciam e

mesmo satildeo determinantes para a conquista de direitos (SILVA 2007)

(I331) A conquista de espaccedilo poliacutetico de reivindicaccedilatildeo no processo

democraacutetico eacute percebida no plano individual e coletivo

(SILVA 2007)

(G3c) Economia

(C34) O mercado absorve os produtos florestais coletados eou processados

pela comunidade

(I341) Existecircncia de mecanismos da comunidade para

comercializaccedilatildeo de produtos

(V341a) Infraestrutura e transporte acessiacuteveis agraves

comunidades (barcos caminhatildeo estradas etc)

(I342) Conhecimento de mercados para produtos florestais

(C35) A comunidade tem boas relaccedilotildees com os parceiros que apoacuteiam a

atividade de exploraccedilatildeo sustentaacutevel da floresta

219

(I351) A comunidade depende de subsiacutedios externos fornecidos por

ONGs organizaccedilotildees religiosas e ou pelo governo

(P4) A sauacutede da floresta estaacute garantida

(G4a) Intervenccedilotildees produtivas (PFNMs vegetais)

(C41) A exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute baseada em

praacuteticas sustentaacuteveis

(I411) Adotam-se teacutecnicas de baixo impacto

(I412) Haacute aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais

(I413) As praacuteticas de exploraccedilatildeocolheita para cada espeacutecie satildeo

compatiacuteveis com seu respectivo potencial produtivo

(G4b) Manejo das funccedilotildees do ecossistema (terra aacutegua e fogo)

(C42) O risco de incecircndios acidentais em aacutereas de pousio e floresta primaacuteria eacute

minimizado pelo uso de teacutecnicas apropriadas de manejo do fogo

(I421) Nenhuma ocorrecircncia de incecircndios florestais acidental

(G4c) Diversidade da paisagem (fragmentaccedilatildeo e mosaicos)

(C43) A preservaccedilatildeo de um mosaico de habitats naturais manteacutem a

complementaridade natural da ocorrecircncia das espeacutecies

(I431) As margens florestadas ao longo dos rios satildeo protegidas

contra o desmatamento para preservar suas funccedilotildees

hidroloacutegicas e conservar a biodiversidade O miacutenimo legal de

30 metros de floresta mantidos ao longo dos rios e correntes

drsquoaacutegua eacute obedecido

220

ANEXO 2

DIMENSAtildeO SOCIAL

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P1) O bem-estar da comunidade (institucional) eacute garantido

(G1a) Organizaccedilotildeesinstituiccedilotildees comunitaacuterias e participaccedilatildeo

(C11) A comunidade participa e monitora todos os processos de planejamento de qualquer sistema de manejo a ser executado dentro da aacuterea florestal em que ela causa impacto

(I111) A comunidade possui formas de organizaccedilatildeo interna e entre outras comunidades(

(V111a) Reconhecimento da existecircncia de organizaccedilotildees (de fato e legalmente)

O sr eacute membro de algum sindicatoassociaccedilatildeocooperativa

Sim (1)

Natildeo (0)

(V111b) Relatos individuais ou coletivos da participaccedilatildeo de membros da comunidade em associaccedilotildees sindicatos e organizaccedilotildees poliacuteticas

Quantas reuniotildees do sindicatoassociaccedilatildeocooperativa o senhor participou nos uacuteltimos doze meses

4 ou acima (4)

3 (3)

2 (2)

1 (1)

Nenhuma (0)

(I112) Os atores locais reuacutenem-se com frequecircncia satisfatoacuteria e com representaccedilatildeo da diversidade e qualidade das interaccedilotildees incluindo pareceres em projetos comunitaacuterios

(V112a) O niacutevel de participaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo satildeo fatores determinantes para os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e investimentos feitos e mantidos na comunidade e assentamento

Qual a frequecircncia da sua participaccedilatildeo em atividades coletivas da comunidade (reuniotildees para discutir os problemas da comunidade festas religiosas aniversaacuterios casamentos batizados)

Participa da maioria das atividades que satildeo realizadas

(4)

Participa somente em algumas ocasiotildees (2)

Natildeo participa de qualquer atividade coletiva (0)

Acredita na participaccedilatildeo social como forma de alcanccedilar benefiacutecios individuais e coletivos

Sim

Natildeo

Porque o sr participa dessas atividades coletivas

Porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade e tambeacutem podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos

(4)

Porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade (Razotildees comunitaacuterias)

(2)

Porque acredita que estas atividades podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos (Razotildees econocircmicas)

(1)

221

DIMENSAtildeO SOCIAL (Cont)

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(G1b) Administraccedilatildeo de conflitos

(C12) Devem existir medidas e instituiccedilotildees para resoluccedilatildeo de conflitos

(I121) Existem mecanismos informais para resoluccedilatildeo e negociaccedilatildeo dos conflitos na comunidade disputas e queixas familiares relacionadas ao uso posse e propriedade de recursos florestais

(V121a) Os membros adultos da comunidade podem explicar como satildeo resolvidos os conflitos relacionados ao uso da terra

A comunidade possui algum acerto para resolver os conflitos internos que surgem com a exploraccedilatildeo do baru (posse uso e propriedade desse recurso florestal)

Sim (4)

Sem registro (2)

Natildeo (0)

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2a) Sauacutede e alimentaccedilatildeo

(C21) As atividades de manejo aplicadas aos recursos florestais tecircm contribuiacutedo para o bem-estar bioloacutegico socioeconocircmico e cultural da populaccedilatildeo local

(I211) Os produtos coletados na floresta proporcionam alimentaccedilatildeo para a famiacutelia

(V211a) Consumo de alimentos pela famiacutelia com atenccedilatildeo especial aos produtos florestais do Cerrado

Quais produtos do Cerrado a famiacutelia consumiu nos uacuteltimos doze meses

Quatro ou mais produtos (4)

Trecircs produtos (3)

Dois produtos (2)

Um produto (1)

Nenhum (0)

(G2b) Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de custos e benefiacutecios equidade)

(C25) Os benefiacutecios derivado das atividades de exploraccedilatildeo do baru tecircm servido como um incentivo para perpetuar essas atividades de uma maneira sustentaacutevel

(I251) Existecircncia de esforccedilos contiacutenuos para diversificar e aumentar a capacidade do processo de agregaccedilatildeo de valor com o objetivo de aumentar o valor agregado bruto dos produtos natildeo madeireiros

X

Que tipo de beneficiamento eacute feito no fruto do baru antes de ser vendido

A castanha eacute retirada e entra na composiccedilatildeo de produtos que o proacuteprio agricultor fabrica e vende

(4)

A castanha eacute retirada torrada embalada e vendida

(3)

A castanha eacute retirada e vendida (2)

Nenhum O fruto eacute vendido na forma que eacute coletado no campo

(1)

(G2c) Acordos sobre a posse na comunidade

(C27) O acesso e o uso de terras comuns e recursos florestais satildeo garantidos a todos os membros da comunidade independente de sexo cor religiatildeo ou classe social

222

(I271) Existem normas para regular o acesso aos recursos florestais

(V271a) Identificaccedilatildeo de normas internas comunitaacuterias sobre os direitos de uso posse e propriedade sobre os recursos agroflorestais

Existem regras entre os membros da comunidade para controlar a extraccedilatildeo de baru

A comunidade adota regras informais para o controle da extraccedilatildeo do baru

(2)

A comunidade natildeo utiliza regras para controlar a extraccedilatildeo do baru

(0)

DIMENSAtildeO POLIacuteTICA

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P3) O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao manejo sustentaacutevel da floresta

(G3a) Estrutura poliacutetica

(C31) Os recursos disponibilizados pelo Estado tem contribuiacutedo para o bem estar da comunidade

(I311) As escolas postos de sauacutede e estradas colocadas pelo Estado agrave disposiccedilatildeo da comunidade tem contribuiacutedo para o seu desenvolvimento

X

Como o senhor considera os recursos (estradas escolas postos de sauacutede) que o Governo coloca agrave disposiccedilatildeo dessa comunidade

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Inexistente (0)

(G3b) Relacionamento com terceiros

(C32) Existem mecanismos efetivos na comunicaccedilatildeo bidirecional entre os atores envolvidos no desenvolvimento da comunidade

(I321) O niacutevel de participaccedilatildeo do indiviacuteduo e de comunicaccedilatildeo entre os atores satildeo fatores determinantes para os avanccedilos da organizaccedilatildeo social e para a realizaccedilatildeo de projetos e investimentos feitos e mantidos na comunidade

X

O sr jaacute participou do planejamento e da implementaccedilatildeo de projetos da Prefeitura Municipal de projetos do Governo Estadual ou mesmo de projetos do Governo Federal

Sim (4)

Em parte (2)

Natildeo (0)

(V321a) A histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Existe uma histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Sim (2)

Em parte (1)

Natildeo (0)

(I322) As famiacutelias dispotildeem da orientaccedilatildeo da assistecircncia teacutecnica fornecida pelo Estado para a exploraccedilatildeo de PFNMs X

Como considera a assistecircncia teacutecnica fornecida pela Agecircncia Rural

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Inexistente (0)

(C33) A organiz social e a participaccedilatildeo em movimentos influenciam e satildeo determinantes para conquista de direitos

(I331) A conquista de espaccedilo poliacutetico de reivindicaccedilatildeo no processo democraacutetico eacute percebida no plano individual e coletivo X

Qual a sua opiniatildeo sobre a organizaccedilatildeo da sua comunidade para cobrar do Governo (Federal Estadual e Municipal) os direitos que vocecircs possuem agrave educaccedilatildeo sauacutede etc

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Inexistente (0)

223

DIMENSAtildeO DA SAUacuteDE

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2a) Sauacutede e alimentaccedilatildeo

(C22) A funccedilatildeo da floresta natural na sauacutede da comunidade estaacute sendo conscientemente preservada

(I221) A vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas e nascentes satildeo protegidas visando a boa qualidade da aacutegua

(V221a) Evidecircncias de mudanccedilas na qualidade da aacutegua captada para o consumo domeacutestico para as criaccedilotildees e cultivos na propriedade em decorrecircncia do desmatamento e do uso do solo

Tem ou jaacute teve problema de sauacutede na famiacutelia ou com as plantaccedilotildees ou com as criaccedilotildees devido a maacute qualidade da aacutegua de consumo

Natildeo (4)

Somente com as plantaccedilotildees (2)

Com as plantas e animais de criaccedilatildeo (3)

Sim (1)

(C23) As condiccedilotildees de moradia e saneamento baacutesico contribuem significativamente para o bem-estar das pessoas

(I231) As famiacutelias se beneficiam com as boas condiccedilotildees de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico

X

Como satildeo as condiccedilotildees de moradia e sanitaacuterias da habitaccedilatildeo alvenaria taipa madeira telha de ceracircmica telha de fibracimento cobertura de cavaco palha piso de cimento piso de terra fossa seacuteptica banheiro casinha poccedilo de boca poccedilo artesiano aacutegua encanada energia eleacutetrica

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem aacutegua encanada ou poccedilo artesiano e fossa seacuteptica

(4)

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca

(3)

Respondendo que tem casa de taipa coberta de palha mas que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca

(2)

Respondendo que a casa eacute de taipa coberta por palha ou cavaco e que capta aacutegua em coacuterrego

(0)

(C24) A sauacutede e bem-estar da comunidade satildeo garantidas

(I241) As autoridades de sauacutede puacuteblica se preocupam com o estado de sauacutede dos membros da comunidade

X Existem agentes de sauacutede atendendo a comunidade

Sim (1)

Natildeo (0)

224

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P2) O bem-estar das pessoas estaacute garantido

(G2b) Prosperidade (modos de vida distribuiccedilatildeo de custos e benefiacutecios equidade)

(C25) Os produtos florestais contribuem significativamente para o bem-estar socioeconocircmico das diferentes faixas etaacuterias e sexos da comunidade

(I251) Importacircncia dos produtos florestais nos rendimentos domeacutesticos monetaacuterios e natildeo monetaacuterios

X

A renda do baru representa quanto por cento da renda da famiacutelia

Cobre acima 70 despesas famiacutelia (4)

Cobre 70˂despesas famiacutelia˃40 (3)

Cobre 40˂despesas famiacutelia˃20 (2)

Cobre 20˂despesas famiacutelia˃1 (1)

(P3) O meio ambiente externo eacute favoraacutevel ao Manejo Florestal Comunitaacuterio Sustentaacutevel

(G3c) Economia

(C34) O mercado absorve os produtos florestais coletados eou processados pela comunidade

(I341) Existecircncia de mecanismos da comunidade para comercializaccedilatildeo de produtos

(V341a) Infraestrutura e transporte acessiacuteveis agraves comunidades (barcos caminhatildeo estradas etc)

Como o sr considera as condiccedilotildees das estradas e pontes para transportar o baru ateacute a sua casa eou para a cooperativaassociaccedilatildeo

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

(I342) Conhecimento de mercados para produtos florestais

X

Como o sr avalia as condiccedilotildees de acesso ao comeacutercio quando eacute para vender a castanha do baru ou o produto que fabrica com a castanha

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

(C35) A comunidade tem boas relaccedilotildees com os parceiros que apoacuteiam a atividade de exploraccedilatildeo sustentaacutevel da floresta

(I351) A comunidade depende de subsiacutedios externos fornecidos por ONGs organizaccedilotildees religiosas e ou pelo governo X

O sr recebeu algum dinheiro do Estado ou de instituiccedilatildeo privada (ONG Associaccedilatildeo Cooperativa Banco privado) para explorar o baru nos uacuteltimos dois anos

Sim (4)

Em parte (2)

Natildeo (0)

225

DIMENSAtildeO ECOLOacuteGICA

CRITEacuteRIOS E INDICADORES VERIFICADORES PERGUNTAS RESPOSTAS GRADUACcedilAtildeO

(P4) A sauacutede da floresta estaacute garantida

(G4a) Intervenccedilotildees produtivas (PFNMs vegetais)

(C41) A exploraccedilatildeo de produtos florestais natildeo madeireiros eacute baseada em praacuteticas sustentaacuteveis

(I411) Adotam-se teacutecnicas de baixo impacto

X A comunidade cuida dos peacutes de baru (manejo)

Sim (1)

Natildeo (0)

(I412) Haacute aplicaccedilatildeo de tratamentos silviculturais

X

O que o senhor faz para ter baru na sua propriedade

Aplicaccedilatildeo de 5 ou mais tratos silviculturais (4)

Aplicaccedilatildeo de 4 tratos (3)

Aplicaccedilatildeo de 3 ou 2 tratos (2)

Aplicaccedilatildeo de 1 trato (1)

Natildeo aplica qualquer trato (0)

(I413) As praacuteticas de exploraccedilatildeocolheita para cada espeacutecie satildeo compatiacuteveis com seu respectivo potencial produtivo

X

Que proporccedilatildeo de frutos (PFR) de baru satildeo deixados debaixo da aacutervore para que os animais possam se alimentar e para que a espeacutecie possa se reproduzir

PFR ge 40 (4)

39 le PFR ge 20 (3)

19 le PFR ge 10 (2)

9 le PFR ge 1 (1)

Nenhuma fruta eacute deixada (0)

(G4b) Manejo das funccedilotildees do ecossistema (terra aacutegua e fogo)

(C42) O risco de incecircndios acidentais em aacutereas de pousio e floresta primaacuteria eacute minimizado pelo uso de teacutecnicas apropriadas de manejo do fogo

(I421) Nenhuma ocorrecircncia de incecircndios florestais acidentais X

Quantas ocorrecircncias de fogo na sua propriedade nos uacuteltimos doze meses

Nenhuma (4)

Uma (2)

Duas ou mais (0)

(G4c) Diversidade da paisagem (fragmentaccedilatildeo e mosaicos)

(C43) A preservaccedilatildeo de um mosaico de habitats naturais manteacutem a complementaridade natural da ocorrecircncia das espeacutecies

(I431) As margens florestadas ao longo dos rios satildeo protegidas contra o desmatamento para preservar suas funccedilotildees hidroloacutegicas e conservar a biodiversidade O miacutenimo legal de 30 metros de floresta mantidos ao longo dos rios e correntes drsquoaacutegua eacute obedecido

X

O sr protege contra desmatamento a vegetaccedilatildeo natural (VN) nas margens dos rios lagoas ou nascentes existentes na sua propriedade

Protege a vegetaccedilatildeo existente nas margens dos rios lagoas nascentes e na reserva legal

(4)

Protege somente a vegetaccedilatildeo que nas margens dos rios lagoas e nascentes

(3)

Protege somente a vegetaccedilatildeo da Reserva Legal

(2)

Natildeo protege (0)

226

ANEXO 3

QUESTIONAacuteRIO PARA O AGRICULTOR-COLETOR - INDICADORES

de Ordem Data

Assentamento Lote Hora

PERGUNTAS QUALIDADE DAS

RESPOSTAS

DIMENSAtildeO SOCIAL

1 O senhor(a) eacute membro de algum sindicato ou associaccedilatildeo ou cooperativa

Sim (1) Natildeo (0)

2 Quantas reuniotildees do sindicatoassociaccedilatildeocooperativa o senhor (a) participou nos uacuteltimos doze meses

Quatro ou acima (4) 3 reuniotildees (3) 2 reuniotildees (2)

1 reuniatildeo (1) Nenhuma (0)

3 Qual a frequumlecircncia de sua participaccedilatildeo em atividades coletivas da comunidade (reuniotildees para discutir os problemas da comunidade festas religiosas na comunidade aniversaacuterios casamentos batizados)

Participa da maioria das atividades que satildeo realizadas (4)

Participa somente em algumas ocasiotildees (2)

Natildeo participa de qualquer atividade coletiva (0)

4 Acredita na participaccedilatildeo social como forma de alcanccedilar benefiacutecios individuais e coletivos

Sim (1) Natildeo (0) Se natildeo perguntar o porque e anotar

5 Porque o senhor participa destas atividades coletivas

Participa porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade e tambeacutem porque podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos (4)

Participa porque acredita que estas atividades melhoram as relaccedilotildees entre as pessoas da comunidade (Razotildees comunitaacuterias) (2)

Participa porque acredita que estas atividades podem lhe trazer benefiacutecios econocircmicos (Razotildees Econocircmicas) (1)

6 A comunidade possui algum acerto para resolver os conflitos internos que surgem com a exploraccedilatildeo do baru (posse e uso e propriedade desse recurso florestal)

Sim (1) Se sim perguntar qual Natildeo (0)

7 Quais produtos do Cerrado a famiacutelia consumiu nos uacuteltimos doze meses

Araticum Cagaita Gueiroba Murici

Baru Cajuzinho Jatobaacute Pequi

Buriti Gabiroba Mangaba

Quatro ou mais produtos Dois (2) Nenhum (0)

Trecircs (3) Um (1)

227

8 Que tipo de beneficiamento eacute feito no fruto do baru antes de ser vendido

A castanha eacute retirada e entra na composiccedilatildeo de produtos que o proacuteprio agricultor fabrica e vende (4)

de

de produtos processados a serem comercializados

A castanha eacute retirada torrada embalada e vendida (3)

A castanha eacute retirada e vendida (2)

Nenhum O fruto eacute vendido na forma que eacute coletado no campo (1)

9 Existem regras entre os membros da comunidade para controlar a extraccedilatildeo de baru

A comunidade adota regras informais para o controle da extraccedilatildeo do baru (2) Se sim perguntar quais

A comunidade natildeo utiliza regras para controlar a extraccedilatildeo do baru (0)

DIMENSAtildeO POLIacuteTICA

10 O Sr jaacute participou do planejamento e da implementaccedilatildeo de projetos da prefeitura municipal de projetos do governo estadual ou mesmo de projetos do governo federal

Sim (4) Em parte (2) Natildeo (0)

11 Existe uma histoacuteria da participaccedilatildeo da comunidade na definiccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas de impacto local e regional

Sim (4) Em parte (2) Natildeo (0)

12 Como considera a assistecircncia teacutecnica fornecida pela Agecircncia Rural

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Peacutessima (0)

13 Qual a sua opiniatildeo sobre a organizaccedilatildeo da sua comunidade para cobrar do governo (Federal Estadual Municipal) os direitos que vocecircs possuem agrave educaccedilatildeo agrave sauacutede ao transporte

Excelente (5)

Boa (4)

Razoaacutevel (3)

Ruim (2)

Peacutessima (0)

DIMENSAtildeO DA SAUacuteDE

14 Tem ou jaacute teve algum problema de sauacutede na famiacutelia ou com as plantaccedilotildees ou criaccedilotildees devido a maacute qualidade da aacutegua de consumo

Natildeo (4) Somente com as plantaccedilotildees (3)

Somente com as plantas e animais de criaccedilatildeo (2)

Sim com a famiacutelia plantas e animais de criaccedilatildeo (0) (2)

228

15 Como satildeo as condiccedilotildees de moradia e sanitaacuterias da habitaccedilatildeo

Alvenaria Taipa (Pau-a-pique) Madeira

Telha ceracircmica ou fibracimento Cobertura de cavaco Cobertura palha

Piso de cimento Piso de terra

Fossa Casinha Banheiro

Poccedilo de boca Poccedilo artesiano Aacutegua encanada

Gerador de energia Energia eleacutetrica

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem aacutegua encanada ou poccedilo artesiano e fossa seacuteptica(4)

Respondendo a mais de cinco itens inclusive que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca (3)

Respondendo que a casa eacute de taipa coberta de palha ou cavaco mas que tem fossa seacuteptica e poccedilo de boca (2)

Respondendo que a casa eacute de taipa coberta com palha e que capta aacutegua em coacuterrego (0)

16 Existem agentes de sauacutede atendendo a comunidade

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

17 Como considera os recursos (estradas pontes escolas postos de sauacutede) que o Estado disponibiliza para essa comunidade

Excelentes (5)

Bons (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimos (0)

18 A venda do baru representa quanto por cento da renda da famiacutelia

Cobre acima de 70 das despesas da famiacutelia (4)

Sim (1)

Cobre 69 le Despesas da Famiacutelia ge 40 (3)

Cobre 39 le Despesas da Famiacutelia ge 20 (2)

Cobre 19 le Despesa da Famiacutelia ge 1 (1)

19 Como o senhor considera as condiccedilotildees das estradas e pontes para transportar o baru ateacute a sua casa ou para a cooperativaassociaccedilatildeo

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

229

20 Como o senhor avalia as condiccedilotildees do comeacutercio quando vai vender o produto que fabrica

Excelentes (5)

Boas (4)

Razoaacuteveis (3)

Ruins (2)

Peacutessimas (0)

21 O sr(a) recebeu algum dinheiro do Estado ou de instituiccedilatildeo privada (ONG Associaccedilatildeo Cooperativa Banco privado) para explorar o baru nos uacuteltimos dois anos

Sim (4) Em parte (2) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO ECOLOacuteGICA 22 A comunidade cuida dos peacutes de baru (manejo)

Sim (1) Natildeo (0)

23 O que o senhor faz para ter mais baru na sua propriedade

Plantio de sementes ou mudas de baru Regeneraccedilatildeo natural

Exclusatildeo de competidores e parasitas Poda

Uso de insumos internos Desbaste

Aplicaccedilatildeo de 5 ou mais tratos(4) 4 tratos (3) 3 ou 2 tratos (2)

Aplicaccedilatildeo de 1 trato (1) Natildeo pratica qualquer trato (0)

24 Algum teacutecnico da assistecircncia teacutecnica veio na sua propriedade para te orientar sobre a exploraccedilatildeo de baru nos uacuteltimos doze meses

3 vezes ou mais (4)

2 vezes (3)

1 vez (2)

Nunca veio (0)

25 Quantas foram as ocorrecircncias de fogo na sua propriedade nos uacuteltimos doze meses

Nenhuma (4) Uma (2) Duas ou mais (0)

26 Que proporccedilatildeo de frutos (PFR) de baru satildeo deixados debaixo da aacutervore para que os animais possam se alimentar e para que a espeacutecie possa se reproduzir

Proporccedilatildeo de frutos gt 40 (4) 20 lt PFR lt 39 (3)

10 lt PFR lt 19 (2) 1 lt PFR lt 9 (1)

Nenhuma semente eacute deixada (0)

27 O senhor protege a vegetaccedilatildeo da sua propriedade contra o desmatamento

Protege a vegetaccedilatildeo nas margens dos rios lagoas nascentes e na reserva legal (4)

Protege somente a vegetaccedilatildeo dos rios lagoas e nascentes (3)

Protege somente a vegetaccedilatildeo da reserva legal (2)

Natildeo protege (0)

230

ANEXO 4

ENTREVISTA SOBRE A CADEIA PRODUTIVA DO BARU Roteiro para o Agricultor-Coletor

Soacutecio-economia

Idade________

Data________________________________________Hora_________________________

Sexo 1 ( ) Fem 2 ( ) Mas

01 Qual o seu niacutevel de escolaridade 1 ( ) Natildeo lecirc nem escreve 5 ( ) 1ordm grau incompleto 9 ( ) Superior 2 ( ) Escreve o nome 6 ( ) 2ordm grau incompleto 10 ( ) Poacutes-Graduaccedilatildeo 3 ( ) Lecirc mas natildeo escreve 7 ( ) 1ordm grau (completo) 4 ( ) Lecirc e escreve (alfabetizaccedilatildeo) 8 ( ) 2ordm grau (completo)

02 Qual eacute o tamanho da sua propriedade

1- Aacuterea total__________ 2- Aacuterea utilizada____________ 03 Quais produtos que os srs plantaram na uacuteltima safra

Produto Aacuterea (ha) Quant colhida

Destino da produccedilatildeo

Venda Consumo Semente

1 Arroz

2 Feijatildeo

3 Milho

4 Aboacutebora

5 Mandioca

6 Batata-doce

7 Pasto + cana

8 Fruteiras

9 Outros

(Tarefa = 03 ha alqueire goiano = 48 ha alqueire paulista = 24 ha 1 braccedila = 22 metros 1 tarefa = 4356 msup2)

04 Atividades de produccedilatildeo animal

Inventaacuterio das criaccedilotildees Efetivo Destino da produccedilatildeo

Venda Consumo

1 Pecuaacuteria

2 Avicultura

3 Suinocultura

05 Quais insumos usa na propriedade para agricultura pecuaacuteria e agroflorestamento 1 ( ) Adubo quiacutemico 4 ( ) Sementes hiacutebridas ( ) herbicida 2 ( ) Adubo orgacircnico 5 ( ) Agrotoacutexico ( ) raccedilatildeo para animais 3 ( ) Sementes crioulas 6 ( ) Calcaacuterio

06 O sr aprendeu as teacutecnicas de plantio pecuaacuteria e exploraccedilatildeo dos frutos do cerrado com seus paiacutes ( ) Sim ( ) Natildeo

07 Qual o tipo da matildeo-de-obra que o sr usa na propriedade 1 ( ) So Familiar 3 ( ) Familiar + extra familiar 2 ( ) so Extra-familiar

231

08 Que vantagens o sr vecirc em explorar frutos do cerrado

1 ( ) Daacute menos trabalho que lavoura 4 ( ) Daacute para conciliar com trabalho fora da propriedade 2 ( ) Daacute maior retorno econocircmico 5 ( ) Diversifica a produccedilatildeo daacute garantias 3 ( ) Tem mercado certo 6 ( ) Garante o abastecimento da propriedade

09 Que tipo de atividade realiza com o BARU

1 ( ) Coleta apenas para consumo

4 ( ) Coleta processa comercializa e distribui

7 ( ) Compra processa comercializa e distribui

2 ( ) Coleta e comercializa o fruto bruto

5 ( ) Compra o fruto bruto e revende

3 ( ) Coleta processa e comercializa a castanhaprodutos derivados

6 ( ) Compra processa e comercializa a castanhaprodutos derivados

10 Onde coleta a maior parte do BARU atualmente 1 ( ) Na sua propriedade 2 ( ) Em aacutereas coletivas 3 ( ) Em Unidade de Conservaccedilatildeo 4 ( ) Em propriedade de terceiros 5 ( ) Em APP e RL 11 Como eacute o processo de coleta 1 ( ) Recolhe no chatildeo 3 ( ) Balanccedila os galhos e coloca uma lona no chatildeo para aparaacute-los 2 ( ) Colhe na planta

12 Qual a principal forma de transporte do BARU para a sua casadepoacutesito 1 ( ) Na matildeo 3 ( ) Animal 5 ( ) Veiacuteculo automotor 2 ( ) Bicicleta 4 ( ) Carroccedila

13 Em um dia de trabalho quantos sacos de BARU um adulto coleta (4 a 5 sacos homemdia (SANO 2004)) 1 ( ) 1 saco 3 ( ) 3 sacos 5 ( ) Acima de 4 sacos 2 ( ) 2 sacos 4 ( ) 4 sacos

14 Qual a produccedilatildeo meacutedia de um baruzeiro durante a safra (2 a 5 sacos de 45 kgaacutervoresafra (SANO 2004)) 1 ( ) 2 sacos 3 ( ) 4 sacos 5 ( ) Acima de 5 sacos 2 ( ) 3 sacos 4 ( ) 5 sacos

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

15 Quais satildeo as trecircs principais fontes de renda da famiacutelia 1 ( ) Lavoura 5 ( ) Serviccedilo fora da famiacutelia 8 ( ) Gado 2 ( ) Produtos do Cerrado 6 ( ) Porco 9 ( ) Frango 3 ( ) Horta 7 ( ) Leite 10 ( ) Outros __________ 4 ( ) Transformaccedilatildeo (agroinduacutestria ou beneficiamento)

16 Para quem o sr vende a sua produccedilatildeo de BARU

Comprador Quantidade Valor de Venda (R$)

Com casca Amecircndoa

1 Comerciante local

2 Comerciante de fora

3 Caminhoneiro

4 Empresa

5 CooperativaAssociaccedilatildeo

6 Direto ao consumidor

7 Outros (especificar)

17 De que forma o sr (a) vende o BARU 1 ( ) Vende agrave vista 3 ( ) Troca 2 ( ) Vende a prazo

232

18 O senhor acha que explorando o BARU estaraacute contribuindo para a conservaccedilatildeo do meio ambiente 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

19 O senhor tem conhecimento dos mercados para venda de BARU 1 ( ) Natildeo ( ) Sim Quais

20 Existem mecanismos que a comunidade usa para comercializaccedilatildeo do BARU 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim Quais

21 O sr conhece os custos de produccedilatildeo para a exploraccedilatildeo do baru (Coleta transporte quebra do fruto torraccedilatildeo embalagem distribuiccedilatildeo etc) 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

DIMENSAtildeO ECOLOacuteGICAAMBIENTAL (Aquela que representa a manutenccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da base de recursos naturais)Natureza = Meio ambiente natural

22 O sr acha que eacute importante conservar os recursos da natureza como as florestas os rios e os animais 1 ( ) Natildeo Por que 2 ( ) Sim Por que

23 O sr sabe o que eacute um plano de manejo florestal sustentaacutevel 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

24 O sr eacute a favor da existecircncia da APP e da RL 1 ( ) Natildeo Por que 2 ( ) Sim Por que

25 O sr eacute a favor da existecircncia da RL e APP na sua propriedade

1 ( ) Natildeo Por que 2 ( ) Sim Por que DIMENSAtildeO SOCIAL (A dimensatildeo social representa precisamente um dos pilares baacutesicos da sustentabilidade uma vez que a preservaccedilatildeo ambiental e a conservaccedilatildeo dos recursos naturais somente adquirem significado e relevacircncia quando o produto gerado nos agroecossistemas em bases renovaacuteveis tambeacutem possa ser equumlitativamente apropriado e usufruiacutedo pelos diversos segmentos da sociedade (Costabeber))

26 Como o sr se sente a respeito do seu niacutevel de informaccedilatildeo sobre meio ambiente 1 ( ) Muito bem informado 3 ( ) Mais ou menos informado 5 ( ) Muito mal informado 2 ( ) Bem informado 4 ( ) Mal informado

27 Como o sr fica sabendo das novidades ou conhecendo mais coisas sobre o BARU 1 ( ) Programas de Raacutedio 4 ( ) Revistas 7 ( ) Outros meios 2 ( ) Programas na Televisatildeo 5 ( ) AssociaccedilatildeoCooperativa 3 ( ) Jornais 6 ( ) VizinhoAmigos

28 Considerando as atividades que o(a) sr(a) desenvolve atualmente diria que a sua condiccedilatildeo de vida 1 ( ) Melhorou 3 ( ) Permanece igual haacute 5 anos atraacutes 2 ( ) Piorou

29 O rendimento proveniente da exploraccedilatildeo do BARU possibilita o atendimento das necessidades baacutesicas da sua famiacutelia (alimentaccedilatildeo vestuaacuterio etc) 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

233

30 Em sua opiniatildeo quais satildeo as principais dificuldades para trabalhar com o BARU (Mostrar as fichas)

Obstaacuteculos

DIMENSAtildeO NA SAUacuteDE 31 Quantas vezes o senhor ou sua famiacutelia tiveram problemas de sauacutede no uacuteltimo ano a ( ) Nenhuma

b ( ) 1 c ( ) 2 d ( ) 3 e ( ) 4 f ( ) 5 ou mais

32 Existe posto de sauacutede na comunidade 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

33 Quando precisam de meacutedico vatildeo onde 1 ( ) Hospital ou posto municipal 3 ( ) Hospital privado 5 ( ) Posto de sauacutede da comunidade 2 ( ) Hospital ou posto estadual 4 ( ) MeacutedicoCliacutenica privada 6 ( ) Em outra cidade

34 O poder puacuteblico (Uniatildeo Estado Municiacutepio) tem promovido accedilotildees para melhorar a sauacutede dos moradores da comunidade onde o sr vive 1 ( ) Natildeo 2 ( ) Sim

234

ANEXO 5

OBSTAacuteCULOS ENFRENTADOS PELOS AGRICULTORES NO AcircMBITO DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

Obs Os itens marcados com um ldquoXrdquo indicam os obstaacuteculos enfrentados pelos agricultores para a exploraccedilatildeo do baru

OBSTAacuteCULOS Agrave COLETA E AO MANEJO

1[ ] Exigecircncia de apresentaccedilatildeo de plano de manejo ao oacutergatildeo de meio ambiente de Goiaacutes para a exploraccedilatildeo do baru 2[] Falta de informaccedilotildees sobre a legislaccedilatildeo que coloca as regras sobre a exploraccedilatildeo de frutos do cerrado 3[ ] Falta de informaccedilotildees sobre as boas praacuteticas sanitaacuterias exigidas pela Anvisa para o

beneficiamento dos frutos do cerrado 4[ ] Falta de legislaccedilatildeo para regular o mercado de frutos do cerrado

5[ ] Falta de locais adequados para armazenar o fruto do baru por longos periacuteodos

7[ ] Carestia do transporte do baru das aacutereas de coleta ateacute o local de armazenamento por conta das grandes distacircncias

8[ ] Falta de linha de creacutedito nos bancos para financiar a exploraccedilatildeo do baru

9[ ] Falta de informaccedilotildees que o agricultor deve ter com a aacutervore do baru para aumentar a produccedilatildeo e garantir que o baru natildeo desapareccedila

10[ ] Falta de consciecircncia dos catadores sobre como coletar o baru sem prejudicar a aacutervore

11[ ] Falta de informaccedilatildeo sobre a quantidade de frutos de baru que devem ser deixados debaixo da aacutervore para povoar o cerrado

12[ ] Dificuldade para coletar os frutos de baru que estatildeo em propriedades particulares

13[ ] Falta de mapeamento das aacutereas de coleta porque se houvesse facilitaria coletar muito baru em pouco tempo

14[ ] Dificuldade de comunicaccedilatildeo devido ao isolamento das comunidades

15[ ] Falta de assistecircncia teacutecnica que oriente o agricultor no processo de produccedilatildeo e comercializaccedilatildeo do baru

16[ ] Dificuldade que o agricultor possui para o gerenciamento de empreendimentos coletivos (associaccedilatildeocooperativa)

17[ ] Falta de matildeo-de-obra familiar agravada pela ida dos jovens para os centro urbanos

OBSTAacuteCULOS AO PROCESSAMENTO E AO BENEFICIAMENTO

1 ] Falta de maquinaacuterio para despolpar quebrar torrar e descascar as castanhas do baru

2[ ] Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre as leis ambientais sanitaacuterias tributaacuterias fiscais e trabalhistas que tem de atender para explorar o baru

3[ ] Falta de instruccedilatildeo do agricultor sobre o armazenamento beneficiamento gerenciamento e comercializaccedilatildeo do baru

4[ ] Dificuldade para chegar a um padratildeo de qualidade das castanhas do baru principalmente a sua classificaccedilatildeo e torrefaccedilatildeo

5[ ] Curto tempo que o baru pode ficar na prateleira das lojas

6[ ] Carecircncia de informaccedilotildees sobre a rotulagem

7[ ] O custo alto da embalagem agrave vaacutecuo

8[ ] Falta de alternativas para o aproveitamento dos outros produtos do baru (polpa e coco)

OBSTAacuteCULOS Agrave COMERCIALIZACcedilAtildeO

1[ ] O custo do coacutedigo de barra eacute alto

2[ ] As exigecircncias da legislaccedilatildeo e da fiscalizaccedilatildeo sanitaacuteria para a exploraccedilatildeo do baru aumentam muito as despesas e datildeo muito trabalho ao agricultor

4[ ] Falta melhorar a embalagem e a rotulagem dos produtos feitos a partir do baru

41[ ] Falta melhorar o processo de torrefaccedilatildeo da castanha do baru

235

5[ ] Falta e informaccedilotildees sobre como o agricultor pode colocar o baru no comeacutercio

6[ ] Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor

7[ ] Falta de ldquopontosrdquo bons nas cidades para a venda do baru

8[ ] Falta de capacidade do agricultor para produzir a castanha do baru em uma quantidade suficiente para tornar o fornecimento constante

9[ ] Preccedilo da castanha do baru muito alto para o consumidor final

10[ ] Dificuldade para a distribuiccedilatildeo dos produtos do baru por diversos motivos (falta de veiacuteculo estradas precaacuterias comunidades isoladas)

236

ANEXO 6

QUESTIONAacuteRIO DESTINADO AgraveS EMPRESAS QUE FAZEM PARTE DA CADEIA PRODUTIVA DO BARU

PARA CADA PERGUNTA MARQUE A RESPOSTA QUE VOCEcirc MAIS CONCORDA

SOacute PODE MARCAR UMA RESPOSTA PARA CADA PERGUNTA

O nome das empresas que responderam ao questionaacuterio seraacute mantido em sigilo e somente os resultados dos questionaacuterios faratildeo parte da Tese

Este questionaacuterio faz parte da Tese de Doutorado de Rogeacuterio M Magalhatildees sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva do baru que seraacute submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel (CDS) da Universidade de Brasiacutelia (UnB) com vista agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Desenvolvimento Sustentaacutevel

DADOS GERAIS SOBRE A EMPRESA

(a) Qual a natureza juriacutedica da instituiccedilatildeo

( ) SA ( ) Associaccedilatildeo ( ) Outros ( ) Ltda ( ) Cooperativa

(b) Qual o ramo de atividade

( ) Alimentiacutecia ( ) Farmacecircutica ( ) Cosmeacuteticoperfumaria ( ) Outros

(c) Qual o nuacutemero de funcionaacuterios da Instituiccedilatildeo

(d) Qual o principal produto derivado de frutos do Cerrado que produz

(e) Qual eacute a origem dos frutos que satildeo usados como mateacuteria-prima

( ) Produtorcoletor ( ) Transportadorcaminhoneiro ( ) Produccedilatildeo proacutepria

( ) Comerciante local ( ) Empresas locais ( ) Outros

( ) Comerciante regional ( ) Empresas regionais

(f) Quais os principais canais de distribuiccedilatildeo dos produtos derivados de frutos do Cerrado

( ) Representante comercial ( ) Atacadista ( ) Outros

( ) Mercado institucional ( ) Direto ao varejo

DIMENSAtildeO AMBIENTAL

01 A empresa() possui licenciamento ambiental Empresacooperativaassociaccedilatildeo

Sim (1) Natildeo (0)

02 A empresa foi multada nos uacuteltimos trecircs anos por infraccedilatildeo agrave normas ambientais

Sim (0) Natildeo (1)

03 A empresa faz controle do volume de resiacuteduos soacutelidos eou efluentes liacutequidos eliminados

Sim (1) Natildeo (0)

237

04 A empresa dispotildee de procedimentos para mitigar os impactos do volume de resiacuteduos eliminados

Sim (1) Natildeo (0)

05 A empresa possui passivos ambientais

Sim (0) Natildeo (1)

06 A empresa exige que os seus fornecedores coletem a mateacuteria-prima de acordo com as normas ambientais

Sim (1) Natildeo (0)

07 A empresa dispotildee de procedimentos para monitorar e medir as caracteriacutesticas principais de suas atividades que causam ou possam causar impacto sobre o meio ambiente

Sim (1) Natildeo (0)

08 A empresa possui programas para reuso da aacutegua

Sim (1) Natildeo (0)

09 A empresa promove a utilizaccedilatildeo de tecnologias que natildeo produzam muito lixo

Sim (1) Natildeo (0)

10 A empresa possui programas para uso eficiente de energia

Sim (1) Natildeo (0)

11 A empresa faz coleta seletiva de lixo nas suas dependecircncias

Sim (1) Natildeo (0)

12 A empresa utiliza mateacuteria-prima oriunda de manejo sustentaacutevel ou de coleta sustentaacutevel de produtos do Cerrado

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO SOCIAL

13 A empresa possui procedimentos para que o cliente agrave avalie (canais para que os clientes possam se manifestar sobre o produto e a empresa)

Sim (1) Natildeo (0)

14 A empresa possui accedilotildeesatividades de responsabilidade social (doaccedilotildees para projetos sociais)

Sim (1) Natildeo (0)

15 A empresa possui accedilotildees internas de desenvolvimento dos recursos humanos (capacitaccedilatildeo promoccedilatildeo etc)

Sim (1) Natildeo (0)

16 A empresa participa de algum projeto de cunho social e suporte ao crescimento da comunidade (combate ao analfabetismo atividades recreativas atividades de educaccedilatildeo ambiental etc)

Sim (1) Natildeo (0)

17 A empresa fornece alimentaccedilatildeo gratuita para os seus empregados

Sim (1) Natildeo (0)

18 Os empregados participam dos resultados da empresa (lucros)

Sim (1) Natildeo (0)

19 A empresa adota medidas para evitar acidentes de trabalho

Sim (1) Natildeo (0)

238

20 A empresa respeita a jornada de 44 horas semanais e um dia de folga a cada periacuteodo de sete dias dos seus empregados

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO ECONOcircMICA

21 Qual o tempo de funcionamento da empresa

Menos de dois anos (1)

De 2 a 5 anos (2)

Acima de 5 anos e abaixo de 10 anos (3)

Mais de 10 anos (4)

22 Os resultados econocircmicos financeiros (receita lucro faturamento investimentos etc) nos uacuteltimos 24 meses

Cresceram (4) Se mantiveram (2) Diminuiacuteram (0)

23 A empresa dispotildee de estrateacutegias organizacionais para o mercado

Sim (1) Natildeo (0)

24 A empresa possui estrateacutegia definida de oferta de produtos de qualidade a baixo custo (eficiecircncia produtiva)

Sim (1) Natildeo (0)

25 A empresa possui passivo referente ao pagamento de tributos e impostos ao governo

Sim (0) Natildeo (1)

26 A empresa adota accedilotildees corretivas e preventivas em suas atividades

Sim (1) Natildeo (0)

27 A empresa investiu em inovaccedilatildeo tecnoloacutegica nos uacuteltimos dois anos

Sim (1) Natildeo (0)

DIMENSAtildeO POLIacuteTICA

28 Existe uma histoacuteria de participaccedilatildeo da empresa no planejamento e na implantaccedilatildeo de projetos de natureza puacuteblica locais ou regionais

Sim (1) Natildeo (0)

29 Membro da empresa participa de algum conselho municipal ou estadual que tem como objeto o acompanhamento da administraccedilatildeo puacuteblica

Sim (1) Natildeo (0)

30 Nos uacuteltimos dois anos a empresa teve acesso a algum recurso financeiro (financiamentos subsiacutedio infra-estrutura) para incrementar a produccedilatildeo da sua empresa

Sim (1) Natildeo (0)

31 A empresa participa de comitecircsconselhos locais ou regionais para discutir a questatildeo ambiental com o Governo Municipal e a comunidade

Sim (1) Natildeo (0)

239

DIMENSAtildeO DA SAUacuteDE

33 A empresa adota praacuteticas de gestatildeo para a prevenccedilatildeo de acidentes e doenccedilas decorrentes do trabalho

Sim (1) Natildeo (0)

34 A empresa fornece assistecircncia meacutedico-hospitalar gratuita para os seus empregados e dependentes

Sim (1) Natildeo (0)

35 A empresa manteacutem programa de trabalho preventivo e de conscientizaccedilatildeo da sauacutede com a abordagem de temas como prevenccedilatildeo ao cacircncerdoenccedilas sexualmente transmissiacuteveiscampanhas de orientaccedilatildeo alimentarcuidados com o coraccedilatildeoprogramas de apoio agraves gestantes

Sim (1) Natildeo (0)

36 A empresa possui preparo do ambiente de trabalho para evitar lesotildees por esforccedilo repetitivo

Sim (1) Natildeo (0)

240

ANEXO 7

ABAIXO ESTAtildeO LISTADOS VAacuteRIOS OBSTAacuteCULOS AO BOM FUNCIONAMENTO E CRESCIMENTO DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM O BARU COMO MATEacuteRIA-PRIMA PARA

TODOS OS PRODUTOS QUE FABRICA OU SOMENTE PARA ALGUNS

MARQUE COM UM X AQUELES ITENS QUE VOCEcirc ACHA QUE SAtildeO OBSTAacuteCULOS AO BOM FUNCIONAMENTO E CRESCIMENTO DA SUA EMPRESA

Este questionaacuterio faz parte da Tese de Doutorado de Rogeacuterio M Magalhatildees sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva do baru e que seraacute submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentaacutevel (CDS) da Universidade de Brasiacutelia (UnB) com vista agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Doutor em Desenvolvimento Sustentaacutevel

OBSTAacuteCULOS

[ ] Baixa qualidade da castanha do baru entregue pelo fornecedor

[] Fornecimento irregular da castanha do baru em razatildeo da sazonalidade do fruto do baru

[] Alto custo do transporte da mateacuteria-prima (castanha do baru) ateacute o local de processamento

[ ] Legislaccedilatildeo sanitaacuteria inadequada agraves atividades que a empresa desenvolve

[] Carga tributaacuteria elevada

[ ] Excesso de burocracia do para a regularizaccedilatildeo das operaccedilotildees da empresacooperativaassociaccedilatildeo

[ ] Alto custo da certificaccedilatildeo para produtos diferenciados como o baru

[ ] Carecircncia de informaccedilotildees sobre os cuidados ligados aos direitos do consumidor

[ ] Inexistecircncia de equipamentos e de tecnologia adequadas agraves necessidades do ramo no qual atua

[ ] Falta de informaccedilotildees teacutecnicas sobre a fabricaccedilatildeo dos produtos agrave base de baru

[ ] Falta de capacitaccedilatildeo para o atendimento agraves exigecircncias de qualidade da produccedilatildeo

[ ] Falta de capital de giro

[ ] Dificuldade de acesso ao creacutedito bancaacuterio

[ ] Alto risco do creacutedito em razatildeo da maior vulnerabilidade do tipo de empresa que administra

[ ] Falta de linhas de creacutedito bancaacuterio para empresas que operam com produtos da biodiversidade

[ ] Insuficiecircncia de garantias reais para oferecer agraves instituiccedilotildees de creacutedito bancaacuterio

[ ] Elevado custo administrativo da empresa

[ ] Dificuldade para identificar o cliente

[ ] Dificuldade em colocar o produto agrave base de baru no mercado

[ ] Concorrecircncia muito forte

[ ] Inadimplecircncia dos clientes

[ ] Falta de clientes

[ ] Baixa liquidez dos produtos agrave base do baru

[ ] Falta de conhecimentos gerenciais

[ ] Localizaccedilatildeo inadequada da faacutebricaprocessadora

[ ] Falta de divulgaccedilatildeo do baru ao consumidor

241

[ ] Preccedilo elevado do produto a base do baru

[ ] Dificuldade na obtenccedilatildeo de um produto a base do baru com qualidade

[ ] Falta de matildeo-de-obra qualificada

[ ] Instalaccedilotildees inadequadas ou insuficientes

[ ] Dificuldade para distribuir os produtos fabricados pela empresa