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Obrigado por baixar a prévia gratuita do ebook “Se Sou Cristão, Por Que Estou Deprimido”. Esperamos que a leitura seja edificante para você.

Lembre-se, não é permitida a venda ou distribuição dessa prévia.

SUMÁRIO

Prefácio ............................................................................................................ 7

Agradecimentos ............................................................................................. 11

Introdução ...................................................................................................... 13

A história da minha depressão .................................................................... 17

Onde Está a Esperança? ................................................................................ 35

Lições da Vida de Elias ................................................................................. 53

Se Sou Cristão, Por Que Estou Deprimido? .............................................. 73

Como Lidar com a Culpa? ........................................................................... 99

O que Está Acontecendo com Meu Corpo e Minha Mente? .................. 113

Como Posso Lidar com Meus Medos, Preocupações e Ansiedade? ...... 133

Como Posso Expressar a Deus Minha Profunda Tristeza? ..................... 153

A Alegria Está Fora de Questão? ................................................................ 177

Como Cuidar dos que Cuidam? Conforto para o cuidador. .................. 203

Apêndice 1 ..................................................................................................... 224

Apêndice 2 .................................................................................................... 227

Apêndice 3 .................................................................................................... 232

Apêndice 4 .................................................................................................... 236

PREFÁCIO

Algumas pessoas dizem aos cristãos que estes nunca poderão cair em de-pressão. Não posso concordar com isto, sendo quadriplégica, enfrentando atualmente um câncer, e tudo isso sem falar de minhas lutas diárias com a dor. Amo meu Salvador, sou apaixonada por seu evangelho e sou muito feliz com o ministério que Ele me deu. Mas nada disso me exime de oca-sionalmente cair no poço movediço das negras emoções. Por isso, endosso de coração a mensagem deste livro excepcional. Meu amigo Robert Somer-ville fala não apenas como um erudito bíblico maduro e com autoridade, mas do alto de sua própria experiência. Ouça o que digo – o livro que você tem nas mãos te dará conforto, empatia, e conselhos práticos que o ajuda-rão a sair da nuvem sinistra e escura da depressão. Com muito entusiasmo recomendo Se sou Cristão, Por Que Estou Deprimido? E o recomendo a pastores, famílias, líderes, e conselheiros cristãos!

Joni Eareckson Tada, Diretora de Joni and Friends International Disabi-lity Center, palestrante e autora de muitos livros sobre direcionamento e conforto para pessoas que sofrem.

Não há guia melhor para pessoas com depressão do que alguém que já viveu esse momento de trevas, alguém sábio, que luta por você e que fala com amor. Pensando nisto, Bob é o guia ideal. E ouvir o testemunho de sua esposa Mary – que o amou mesmo quando ele era apenas o homem com quem ela casara – é ainda melhor.

Dr. Ed Welch, Professor e autor dos livros, Depression: Looking Up from The Stubborn Darkness e Depression: The Way Up When You Are Down (Re-sources for Changing Lives) e de vários outros títulos sobre aconselhamen-to.

Meu amigo, Bob Somerville, escreveu um livro inspirador e importante sobre depressão. Não se trata apenas de um livro que aborda o assunto com precisão bíblica e clínica (embora o faça), mas de algo escrito de dentro para fora... um livro que nasceu do sofrimento pessoal e em meio às trevas, em que o autor se viu amparado pelo Salvador que entende o sofrimento e a dor melhor que cada um de nós. A contribuição de sua esposa (e minha grande amiga) Mary é inestimável. Recomendo de coração.

Elyse Fitzpatrick, conselheira, palestrante e autora de muitos livros.

A abordagem realística de Bob à depressão põe em destaque este livro como especialmente valioso e oportuno. Por todos esses anos de prática de aconselhamento, tenho visto muitas pessoas tratarem de depressão com enormes consequências. Este livro surge como um maravilhoso recurso a todos os que se encontram no vale sombrio, pela vantagem de ter sido escrito em primeira pessoa, tendo o autor vivenciado o que escreveu. A tarefa sugerida em cada capítulo é um excelente recurso para a aplicação de valiosas instruções fundamentadas na Palavra de Deus. Carol e eu também apreciamos o auxílio de Mary durante esse tempo difícil. Obrigado por serem vulneráveis e escreverem este livro!

Dr. Wayne Mack, pastor, professor, palestrante e autor de Out of the Blues e It’s Not Fair que também são livros sobre depressão e uma série de ou-tros livros sobre aconselhamento bíblico

Hoje não há no mundo quem, em algum momento da vida, não tenha lidado com o assunto da depressão. Este livro é um auxílio para o sofredor, mas também para aqueles que caminham ao seu lado, sem nunca despre-zarem a realidade de nossa condição humana e o desespero por vivermos num mundo decaído. Dr. Somerville conhece o assunto, do ponto de vista objetivo e prático de um conselheiro. Ele também compartilha a realidade de ter vivido a “noite escura de sua própria alma”. Verdadeiro, sincero, fruto da experiência, sempre prático, ele circunda a eterna e viva Palavra de Deus que é nosso único auxílio real. Em nosso sofrimento comum, Deus é fiel... para nos prover um meio de escape, de modo que o possamos suportar (1Co 10.13).

Dr. Luis Palau, evangelista internacional e autor

Tenho lido muitos livros sobre depressão, alguns dos quais me têm sido úteis. O que diferencia este livro dos demais é o fato do autor compartilhar em cada página, de maneira transparente, humilde e útil, sua própria his-tória de batalha contra uma depressão profunda. Ele oferece um conselho prático, empático, centralizado no evangelho, biblicamente fundamentado, a todas as pessoas que lutam contra a depressão. Aborda com muita sa-bedoria tanto as questões físicas como as espirituais, incluindo a decisão de tomar ou não medicação. Ele colhe alguns dos melhores insights das

Escrituras e interage com muitos dos mais importantes livros cristãos sobre esse tópico. Um dos capítulos mais impactantes foi escrito por sua esposa, dirigindo-se aos que tentam cuidar de pessoas com depressão. O autor também inclui testemunhos de outros que, pela graça de Deus, têm suportado seus próprios momentos de depressão. Ele e eu chegamos a uma conclusão: talvez o Senhor tenha permitido que ele e sua esposa passassem por tudo aquilo, para que todos nós fôssemos abençoados com essa história (Rm 8.28). Ele e Mary nos lembram, pela própria experi-ência e estudo, que nossas tribulações podem ser usadas por Deus para nos ensinar a entesourarmos Cristo mais do que tudo, enquanto Ele nos conduz pelo vale da sombra da morte.

Dr. Jim Newheiser, pastor, conselheiro, autor e diretor do Institute for Biblical Counseling And Discipleship em San Diego, CA.

Finalmente, tenho um novo livro favorito para presentear às pessoas que en-frentam depressão. Trata-se do livro que você tem nas mãos. Meu amigo, Bob Somerville, sabe o que significa depender da graça de Jesus quando a tristeza avassala seu corpo e sua alma. Sua experiência pessoal com a depressão, aliada ao seu profundo conhecimento das Escrituras, fazem dele um orientador muito qualificado para ajudar pessoas que sofrem. Neste livro ele ajuda pessoas com depressão a se colocarem em movimento na busca de esperança e alegria, sem-pre usando os recursos da Palavra de Deus. Se você, ou alguém que você ama, está lidando com a amarga dor do desespero, eu vou orar para que você leia este livro.

Dr. Heath Lambert, Diretor Executivo da Association of Certified Biblical Counselors (ACBC)

Mal posso esperar para ver como Deus usará este livro em muitas vidas, as-sim como ele já usou grandemente o autor em minha vida, na vida de minha família, e na vida de nossa igreja. Quem aprende a suportar a depressão de uma maneira centralizada em Deus, repleta das Escrituras, juntar-se-á a mim nos agradecimentos ao fiel exemplo e legado de Bob.

Dr. Timothy W. Cantrell, missionário pastor/mestre na África do Sul

A miséria nunca fica só. Adora uma companhia, mas há algo infini-tamente melhor e real, o encorajamento bíblico que vem de alguém que passou por uma tribulação semelhante e emergiu intacto. O apóstolo Pau-lo nos diz que Deus “nos conforta em nossa aflição, para que possamos confortar os que estão em aflição, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus” (2Co 1.4).

Bob Somerville suportou as horríveis agonias da depressão profunda, e testemunha que o conforto terapêutico de Deus é a única âncora eficaz e segura para não se perder em águas turbulentas. Bob é mais qualificado do que qualquer outro para tratar com este assunto crucial e difícil. Ele escreve com empatia e conhecimento bíblico. Estou certo de que este volume será útil – não somente às pessoas que lutam com a depressão, mas também a todos que se dispõem a consolar um amigo ou ente querido.

Dr. John MacArthur, pastor/mestre em Grace Community Church, pre-sidente do The Master’s College e Seminary, professor de Bíblia em Grace to You.

INTRODUÇÃO

M eu propósito com esse livro é escrever sobre o que experimentei e aprendi com a profunda depressão que vivi. Minha oração é que nun-

ca mais tenha que passar por isso novamente! Foi uma experiência terrível, e é difícil relembrar alguns momentos, pois, muitas vezes, estive como que fora de mim, sem conseguir pensar com clareza. Outras situações são de difícil lembrança, porque chega a ser humilhante pensar sobre a condição intratável e incoerente de meus próprios pensamentos e dúvidas. Os títulos dos capítulos são questões com as quais tive que lidar.

Quando C. S. Lewis decidiu escrever sua autobiografia, sob o título Sur-preendido pela Alegria, ele disse: “Sinto-me encorajado a escrever, pois perce-bo que alguém raramente menciona o que supõe ser suas mais idiossincráti-cas sensações sem ouvir de, pelo menos, um (ou mais) dos presentes a réplica: ‘O quê?! Você também sente isso? Pensei que eu fosse o único’”. É muito encorajador, para aqueles que enfrentam conflitos em sua fé, ler como Lewis foi conduzido por Deus ao portal da fé, contra sua vontade, esperneando e gritando, e através de sua experiência pôde inspirar a fé em milhões de pes-soas! Semelhantemente, cada vez que sou convidado a falar sobre depressão e compartilhar alguns dos meus pensamentos mais humilhantes, e até repulsi-vos, que habitaram minha mente durante aqueles dias terríveis de depressão, sempre sou abordado por um (ou até mais de um) ouvinte após a palestra, que diz, “Eu também tinha os mesmos pensamentos! Sei como você se sentia, porque passei por isso também! Nunca compartilhei meus pensamentos com outros, porque nunca acreditei que alguém pudesse me entender, e pensava que as pessoas me condenariam!”

Lembre-se que você não está só em sua luta contra a depressão. As es-tatísticas indicam que só este ano, milhões de americanos (e brasileiros, nota do tradutor) enfrentarão algum tipo de depressão amena ou severa. Compartilho histórias de pessoas que Deus tem feito cruzar nosso caminho, pessoas que conseguiram transpor o rio caudaloso da depressão e chegar à outra margem, mas também de pessoas que ainda estão lutando. Leia essas histórias. Elas o encorajarão! Todos eles são guerreiros que aprenderam a depositar suas esperanças em nosso Deus fiel. Que suas histórias o animem a se dispor e lutar!

Acredito que estas ideias subjetivas sobre minha depressão e os ensinos objetivos da Palavra de Deus apresentados aqui o encorajará a confiar no Deus que é presente e que pode verdadeiramente surpreender-nos pela ale-gria do evangelho. Em meio à depressão, podemos não sentir alegria, mas ela está ali, em forma de semente, por causa do conhecimento de que Deus nos ama e nunca nos abandonará, jamais nos deixará. Esta é uma verdade objetiva do universo.

Quando escrevia este relato, acabei por me convencer de que minhas palavras são muito pobres para expressarem a angustia experimentada por minha alma e inadequadas para definir a completa satisfação que a alma encontra em Jesus. Minha esperança é que você continue a ler e que Deus o Espírito Santo use este relato do que eu e minha esposa vivemos em nosso vale escuro, para encorajar você em sua fé no nosso Deus fiel e em sua sufi-ciente Palavra. É nela que encontraremos esperança!

Robert D. Somerville

O VALE DA VISÃO

Senhor, Altíssimo e Santo, Doce e Humilde, Trouxeste-me ao vale da visão,

Onde vivo nas profundezas, mas te vejo nas alturas; Coberto de montanhas de pecado, mas contemplo tua glória.

Que eu aprenda por paradoxo Que o caminho para baixo conduz às alturas,

Que estar em baixo é estar em cima, Que ter o coração ferido, é tê-lo sarado,

Que o espírito contrito é o que se regozija, A alma que se arrepende é a alma vitoriosa,

Que nada ter é possuir tudo, Que carregar a cruz é ostentar a coroa,

Que dar é receber, Que o vale é o lugar da visão.

Senhor do dia, as estrelas podem ser vistas do fundo do mais profundo poço, E do mais profundo poço, a mais brilhante estrela refulge;

Que eu encontre tua luz nas trevas, Tua vida em minha morte,

Tua alegria em meu abatimento, Tua graça em meu pecado,

Tuas riquezas em minha pobreza, Tua glória em meu vale.

1A HISTÓRIA DA MINHA

DEPRESSÃO

...afastou a paz de minha alma; esqueci-me do bem. Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como também a minha esperança no SENHOR. Lembra-te da mi-nha aflição e do meu pranto do absinto e do veneno. Minha alma, continuamente, os recorda e se abate dentro de mim. Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumi-dos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande

é a tua fidelidade. A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.

Lamentações 3.17-24

Se você adquiriu este livro, é provável que você, alguém de sua família, ou um amigo seu, esteja passando pela obstinada escuridão da alma,

conhecida como depressão. Entendo o que você está passando. Eu tam-bém experimentei esses horrores de perto. A dor de uma grande depres-são pode ser a grande enfermidade que temos que passar nessa vida.

Bem me lembro de estar sentado numa sala de emergência na manhã de 12 de agosto de 2009, me perguntando se seria enviado à ala psiquiá-trica. Parecia que naquela manhã eu tinha literalmente perdido a sanida-de. Tivera pensamentos vagos, bizarros e loucos, incluindo pensamentos suicidas. Não conseguia ficar sentado. Tinha passado por outra noite de insônia. Mas como cheguei a esse ponto? Permita-me contar-lhe minha história.

No meu trabalho como pastor/professor, por trinta e cinco anos, eu havia sido capaz de trazer esperança a pessoas com dificuldades, através do poder sustentador da Palavra de Deus. Hoje, como professor de acon-selhamento bíblico numa universidade cristã, entendia e ensinava que a Palavra de Deus, e especificamente, que Deus o Pai e a Palavra Encarnada, Jesus, são suficientes para sustentar e guiar qualquer indivíduo, em qual-quer dificuldade que possa enfrentar, incluindo a depressão. Mas tudo isso

Se sou cristão, por que estou deprimido?18

estava sendo submetido a um duro teste, por meio do cadinho da experi-ência, quando acordei certa manhã, confrontado por minha esposa.

Era o aniversário de Mary quando ela me disse: “Eu acho que você está com depressão”. Eu pensei: “Eu não posso estar com depressão! Eu sou um conselheiro que tem ajudado inúmeras pessoas com depressão! Não, isso é algo com o qual jamais lidarei”. Mas entendi que precisava checar isso. Co-mecei a ler o livro Depression: A Stubborn Darkness (Depressão: Escuridão Obstinada), escrito pelo Dr. Edward Welch. Quando cheguei ao capítulo 2, eu disse: “Este livro está falando de mim. Este sou eu. Estou com depressão! Como cheguei até aqui?” Claro que li cada palavra do livro (que tínhamos em nossa estante e havíamos lido antes), mas agora com novo interesse e com o desejo de aplicá-lo em minha vida, agradecido que um dos meus co-legas em aconselhamento bíblico tivesse entendido perfeitamente o que eu estava passando e por ter oferecido esperança e ideias práticas sobre o que eu poderia fazer. Queria saber o que Deus tinha para mim no meio daquilo tudo. Mas as coisas não melhoraram imediatamente. Na verdade, em um espaço de dois meses, minhas emoções pioraram progressivamente, culmi-nando com a manhã na sala de emergência.

Permita-me dar-lhe um pouco mais de informação. No verão anterior à minha depressão, minha esposa e eu havíamos ido dar uma palestra na Rússia, em vez de obtermos o descanso necessário. Ao iniciarmos o ano escolar, passei a sentir dores nas costas devido a uma hérnia de disco. Nos próximos nove meses, eu não conseguia mais lecionar em pé. Às vezes, a dor era tão severa que eu mal podia andar. Isso resultou numa cirurgia e no uso de medicação forte para aliviar as dores. Não obtendo alívio para as dores após a cirurgia, descobrimos através de uma ressonância mag-nética que a hérnia de disco havia voltado. Fui aconselhado a observar total descanso, acamado, por dois meses, para que meus nervos pudessem sarar. Durante esse tempo, perdi 22 quilos e a maior parte de minha massa muscular. Além desses fatores físicos, aumentei minha carga de trabalho, buscando servir em nossa igreja e aconselhando em uma situação extre-mamente emocional. Subsequentemente, me encontrei numa depressão severa – a noite escura da alma.

Quando o semestre seguinte chegou, eu não conseguia ensinar. O profes-sor de aconselhamento estava com depressão! Que humilhação! Mas meus colegas e a administração da universidade foram muito compreensivos e solícitos. Pensei que nunca mais seria capaz de ensinar ou pregar. Pensei

A história da minha depressão 19

que minha vida tinha acabado e minha utilidade para o reino de Deus se es-gotado. Quando você está no buraco, não há esperança. Jeremias descreveu isso muito bem quando disse: “Afastou a paz de minha alma; esqueci-me do bem. Então, disse eu: já pereceu minha glória, como também a minha esperança no SENHOR. Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do veneno. Minha alma, continuamente os recorda e se abate den-tro de mim” (Lm 3.17-20).

Depois que a severidade desses acontecimentos se manifestou, fizemos o que pensávamos ser uma mudança temporária para um apartamento muito pequeno em um condomínio para idosos, porque não conseguía-mos mais subir os três lances e mais 32 degraus da escada de nossa casa. Então, nos mudamos para um apartamento minúsculo, com vista para um estacionamento, e ficamos lá durante todo esse suplício. Nossa jornada na-quele apartamento durou um ano e meio. Deus achou adequado tirar nossa saúde e conforto, nossa linda casa, posses e ministérios na igreja. Ele me despiu de minha autossuficiência e de minha lembrança de uma vida sem depressão. Ele estava me ensinando, me quebrantando e me moldando. Es-tava me permitindo ver que tudo o que preciso é dele e de seu corpo, a igre-ja, e que seu amor é suficiente! Aprendi que não é uma questão de quanto posso fazer por ele; mas de quanto posso conhecê-lo!

Quais são os sintomas da depressão, que os puritanos chamavam de melancolia, e a comunidade médica chama de depressão clínica ou aguda? Quando você está extremamente triste e ansioso, ou quando se sente sem esperança na maior parte do dia, por no mínimo duas semanas ou mais, você provavelmente não precisa que ninguém lhe diga: Você está com de-pressão. Todos nós nos sentimos tristes às vezes, mas geralmente esses sen-timentos se dissipam em alguns dias. Mas quando se tem depressão aguda, o ânimo se mantém depressivo e seu ritmo de atividade diminui muito, por um extenso período. Isso afeta grandemente à disposição, produzindo um impacto sobre todos os que estão próximos à pessoa.

Talvez você tenha perdido a alegria de sua salvação. Talvez nem se sinta crente. Eu não acreditava que era salvo. Como alguém pode ser um cristão genuíno e ter pensamentos suicidas e de desespero que eu estava tendo? Canções de louvor e mensagens que antes mexiam com meu coração soa-vam inúteis e sem sentido. Eu não conseguia mais aplicá-las à minha vida

Com a depressão há insensibilidade e completa falta de sentimentos positivos para com qualquer coisa. Culpa e pensamentos de inutilidade nos


consomem. Nossa consciência “trabalha horas-extras” para nos convencer de que tudo é negativo. Um pequeno problema se torna enorme, e você imagina que o pior está para acontecer. Sua mente é levada às mais tristes lembranças: a memória dos próprios pecados, seus erros e decepções. Os pensamentos negativos sufocam todos os positivos.

Na depressão, nada há no futuro que nos atraia. Na grade negativa do desespero, acreditamos que tudo vai dar errado. Lembro-me de ter pensado que nunca mais seria capaz de trabalhar novamente. Que nossa renda ficaria tão pequena que seríamos obrigados a morar no porão do apartamento de meu cunhado.

Também acabamos por perder o interesse ou o prazer naquilo que antes costumava nos interessar. Eu não tinha nenhum prazer ou interesse em ler artigos históricos, contos de mistérios, ou mesmo em jogar com minha esposa e familiares. Já não mais vibrava com os eventos esportivos. A co-média perdeu, de repente, toda a graça. Todas estas coisas que haviam sido fontes de alegria e entretenimento, já não representavam nenhuma diver-são ou interesse. A vida se tornara uma chatice só!

Você tem problemas em se concentrar e acha difícil, ou impossível tomar decisões. No meu caso, levava uns vinte minutos para eu olhar em meu guarda-roupa e decidir qual camiseta vestir naquele dia. Na maior parte do tempo, usava o que tinha vestido no dia anterior.

Nossos pensamentos e movimentos se tornam lentos. Sentimo-nos como se nosso cérebro estivesse vago e em “câmera lenta”. Durante mi-nha depressão, uma prova que anteriormente levava três horas para ser corrigida, agora levava três dias. Eu sabia que uma das respostas estava errada e que eu deveria marcá-la como errada. Porém, isso significava que o aluno teria que revisar e eu teria que lidar com isso de novo, coisa que não desejava. Agonizava por uma ou duas horas sobre questões que normalmente eu avaliaria em 10 minutos. Estava completamente indeci-so. Muitas vezes, apenas olhava fixamente para o computador, fingindo estar fazendo algo, quando na verdade, eu estava apenas tentando parecer ocupado.

A pessoa com depressão pode se sentir uma criança. Ela não consegue decidir o que fazer, e quer que alguém faça isso por ela. Não quer ficar sozi-nha, embora não queira estar com ninguém ou conversar.


Toda essa negatividade pode facilmente produzir pensamentos de morte ou de suicídio. Eu orava para que Deus tirasse minha vida. Poderia saltar do meio fio na frente de um carro, mas sabia que essa seria uma solução assas-sina. Confessei meus pensamentos errôneos ao meu conselheiro e à minha esposa para que eles ficassem vigilantes em me proteger. Se você se identifica com tudo isso, precisa falar com alguém que conviva com você ou que esteja próximo, que possa oferecer apoio quando você se sentir desesperado. Você precisa buscar conselho e ser honesto sobre tudo que está enfrentando. Não é fácil, mas quando nos humilhamos, no tempo certo, Deus nos exaltará (1Pe 5.5b-11).

Cansaço constante é outro sintoma. A pessoa fica irrequieta e irritadiça. O sono foge e a pessoa sente que poderia dormir o tempo todo. Eu achava muito difícil pegar no sono, quando o fazia era algo agitado. Rolava de um lado a outro da cama e me mexia à noite toda. Ao amanhecer, me sentia tão cansado quanto estava quando fui dormir. Meus piores pesadelos me perseguiam durante à noi-te, me bombardeando com culpa.

Para algumas pessoas, a comida perde todo o sabor e elas perdem o apetite. Outros tentam se confortar comendo o tempo todo e acabam ga-nhando peso. Eu perdi 22 quilos e toda minha massa muscular, pois nada me apetecia. Minha esposa é uma grande cozinheira e sempre gostei da comida dela, mas na minha depressão, mal conseguia esforçar-me para co-mer.

É possível que sinta dor sem razão aparente. Minha dor nas costas, a forte medicação e o desgaste físico, levaram-me à depressão. Mas você pode ter tido a depressão antes, e com ela, ter dores de cabeça, torcicolos e outras dores que podem ser resultado de elevados níveis de inflamações.

Não há palavras para descrever adequadamente a angústia que se sente. Você não sabe para onde ir. Parece não haver mais esperança. Como se pode continuar? Eu me perguntava se meus pensamentos um dia voltariam à na-turalidade novamente.

Esta é apenas uma descrição parcial do desespero que me consumia. Você acredita que Deus te abandonou completamente, e que não há paz ou esperança para você. Davi também descreveu a agonia desse estado de-sesperador, quando disse: “Envelheceram os meus ossos pelos meus cons-tantes gemidos todo o dia” (Sl 32.3). A dor mental é excruciante, e parece


não haver saída – nem mesmo no sono. Quando combinada à dor física e à exaustão, pode tornar-se um horror inimaginável.

VOCÊ NÃO ESTÁ SÓ

Talvez você esteja se perguntando: Será que sou o único a experimentar esse tipo de pensamento? Embora você se sinta sozinho, saiba que a depressão é um problema comum. Toda a sociedade nos diz que isso é comum.

De acordo com The Depression Answer Book:

...mais de 18 milhões de pessoas, 6 por cento da população total dos Es-tados Unidos, estão com depressão. Contando companheiros, pessoas importantes, pais, filhos, avós, médicos, enfermeiras, fisioterapeutas e amigos, a depressão afeta a vida de cerca de 200 milhões de pessoas nos Estados Unidos neste momento.

Em 2007, a revista Newsweek apresentou uma manchete de capa indi-cando que milhões de homens americanos seriam diagnosticados com de-pressão naquele ano. Porém, muitos outros mais sofrem silenciosamente, inconscientes de que seu problema tem nome, outros não têm vontade de buscar tratamento. Em seu artigo Men and Depression, (Homens e a De-pressão), Julie Scelfo escreve:

Embora a depressão seja emocionalmente paralisante e tenha inúmeras implicações médicas - algumas delas mortais - muitos homens não sa-bem reconhecer os sintomas. Ao invés de conversarem sobre seus sen-timentos, os homens preferem mascará-los mesmo com álcool, abuso de drogas, jogatinas, ira, ou se tornam viciados em trabalho. E quando eles entendem que têm um problema, enxergam o pedido de ajuda como uma admis-são de fraqueza, uma traição de sua identidade masculina. O resultado é uma epidemia de desespero (itálico meu).

Estas estatísticas sobre a depressão são na verdade bem “deprimentes” e certamente revelam que a depressão é um problema comum. Mas se temos estudado nossas Bíblias, já conhecemos esta verdade. Na depressão, nos sentimos como se nosso problema fosse único, e que ninguém mais pu-desse realmente entender o desespero de nossa vida, nossa falta de alegria ou nossa completa tristeza do coração. Mas Deus, em sua Palavra através


do apóstolo Paulo, afirma claramente que “não vos sobreveio tentação que não fosse humana” (1Co 10.13a). Depressão é uma das tentações comuns ao homem. Se este é um problema comum, então há de ter também uma solução comum.

É confortante, de alguma forma, saber que não estamos sozinhos nessa doença. Ficou claro para mim que muitos homens e mulheres passam por depressão, mas nunca compartilham com ninguém as suas tribulações. Um homem que veio e sentou comigo para que Mary pudesse ter uma tarde livre, compartilhou que ele tinha passado por um período sério de depres-são. Ele chorava sem nenhuma razão. Ele mantinha um moletom velho no carro, e a caminho de casa ou trabalho, o encharcava com lágrimas. Ele não conseguia explicar os sentimentos de desespero, mas eles eram tão reais quanto as lágrimas. Eu o perguntei: Para quem você já contou? A sua resposta foi: “A ninguém, nem mesmo a meus amigos da igreja. Eu achava que eles não queriam ouvir e, além disso, não achava que houvesse algo que pudessem dizer que me ajudasse de fato”.

Eu perguntei: “O que você fez?” Ele respondeu: “Eu apenas suportei. Rangi meus dentes e fui trabalhar. Depois de encharcar meu moletom com lágrimas a caminho de casa, estacionava no acostamento antes de chegar em casa e dizia a mim mesmo que não podia desencorajar minha esposa e filhos com este comportamento. Então, colocava um rosto alegre diante da esposa e dos filhos. Depois de seis meses as coisas foram gradualmente me-lhorando”.

Quando compartilho minha experiência, muitos vêm me contar sobre suas tribulações com a depressão. Eles declaram que não haviam procura-do ninguém para falar, pois se sentiam culpados por seus sentimentos, ou sentiam que seriam julgados. De fato, pode ser um assunto muito difícil de conversar no meio cristão. Esta é apenas uma das razões pelas quais estou escrevendo esse livro. Precisamos saber que esse é um problema comum, mesmo entre os crentes.

Nós também precisamos ler o restante do versículo: “Deus é Fiel”. Deus está perto em todas as tentações e provações que tiver que enfrentar em sua vida, e ele nunca permitirá que você seja tentado além do que puder supor-tar. Ele medirá cada tribulação, adequando-a ao que você puder suportar. Você pode se sentir sobrecarregado e fisicamente esgotado, mas a verdade é que Deus nunca permitirá que nenhum crente seja testado ou tentado além do que o Senhor o capacita a suportar. Assim como Satanás teve que ter


permissão para testar Jó, assim Deus mede cada tribulação, adequando-a ao que você pode suportar.

E ainda há mais! O Deus que é fiel proverá o meio de escape também, para que você seja capaz de suportar por meio da vitória que há em Cristo. Ele jamais lhe dará um teste ou tribulação, um período de depressão, sem providenciar um meio de escape, seja através de conselheiros fiéis ou do ministério do Corpo de Cristo a você. Procure cuidadosamente por esses meios. Busque a Cristo e você o encontrará.

Pessoas que sofrem recebem muito conforto daqueles que se dispõem a compartilhar suas experiências abertamente. Dá muita esperança ouvir como nosso Deus fiel tem capacitado outros a suportarem, e até mesmo triunfarem sobre seus sofrimentos. Um pastor de uma grande igreja ligou e me contou sua experiência com uma depressão severa que o retirou do trabalho por cinco meses. No meio da minha desesperança, foi muito en-corajador saber que outro pastor enfrentou estes mesmos problemas, e ou-vir sobre a vitória que Deus lhe deu. Mesmo que eu não tivesse a confiança para crer que poderia ser liberto, podia ouvir que nosso Deus era capaz de libertar. Em seu livro sobre casamento, Ken e Joni Eareckson Tada, falam abertamente de seus próprios períodos de depressão. Eles dão toda a glória a Deus por lhes dar esperança.

Tenho lido sobre muitos homens piedosos do passado, que também passaram por períodos de depressão, incluindo Martinho Lutero, o gran-de reformador; David Brainerd, o missionário entre os índios americanos; William Cowper, o prolífico autor de hinos e Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores. Todos eles suportaram até o fim e deixaram legados no reino de Deus. Eles encontraram “vias de escape” em meio a tribulações. Hoje, todos estão desfrutando da terra de eterna luz.

David Brainerd escreveu sobre suas recaídas melancólicas, e seus livra-mentos sucessivos:

Meus conflitos espirituais eram inexplicavelmente amedrontadores, mais pesados que montanhas e inundações de grandes enchentes. Parecia que estava trancado no próprio inferno; estava desprovido de qualquer sentido de Deus, até mesmo de seu ser, e assim era minha miséria... Minha alma se


encontrava em tal angústia que eu não conseguia mais comer, e me sentia como um condenado se sentiria, a caminho da execução.

Minha mente foi notavelmente liberta de surtos de melancolia e me senti animado para o trabalho. Eu encontrava grande vigor e afirmação no traba-lho de Deus, ao ponto de as montanhas diante de mim parecerem planícies. Oh, bendito seja Deus pelos intervalos de descanso e fervente resolução no trabalho de meu Senhor!

Charles Haddon Spurgeon, possivelmente o mais prolífico dos prega-dores reformados, escreveu em seu livro Lectures to My Students (Lições aos Meus Alunos):

Sabendo pela mais penosa experiência o que significa uma profunda depressão de espírito, sendo visitado por ela frequentemente em cur-tos intervalos, achei que poderia ser consolador para alguns dos meus irmãos se partilhasse meus pensamentos sobre isso, para que os mais jovens não imaginem que algo estranho lhes acontece quando tomados em alguma ocasião pela melancolia; e para que os mais deprimidos saibam que a pessoa sobre quem o sol está brilhando jubilosamente nem sempre andou na luz.

Não é necessário provar com citações de biografias de ministros eminentes que a maioria deles, senão todos, passou por períodos de terrível prostração. A vida de Lutero poderia ser suficiente para dar mil exemplos, e ele não era de modo nenhum o menor exemplo. Seu espírito grandioso esteve muitas vezes no sétimo céu da exultação, e com igual frequência à beira do deses-pero. Nem mesmo em seu leito de morte ficou livre de temporais, e soluçou em seu último sono, como um menino grande muito fatigado.

Entendemos que a depressão é uma armadilha na qual homens e mulheres têm sido pegos através da história e em nossa era presente. Parece que as mu-lheres são mais propensas do que os homens a passarem por depressões agudas, possivelmente por conta de oscilações hormonais pelas quais passam nas várias fases da vida.

A depressão afeta igualmente crentes e descrentes, fracos e fortes. Não so-mos apenas seres espirituais, Deus nos fez de barro - vulneráveis à fraqueza, ao pecado, à doença, e sim, à depressão.


HÁ UM MEIO DE ESCAPE?

Onde você pode buscar ajuda quando a depressão o sobrecarregar? O que fazer quando o conselheiro cair em depressão e esse conselheiro for você? Por muitos anos eu aconselhara muitas pessoas em todos os níveis de depressão, mas eu nunca esperara viver essa situação em minha própria vida – afinal de contas, o conselheiro bíblico não deveria estar isento desse problema?! Descobri que não estava isento! Afinal de contas, depressão é um problema que atinge qualquer pessoa.

A esperança está exatamente onde Jeremias a encontrou: “Afastou a paz de minha alma; esqueci-me do bem. Então, disse eu: já pereceu a minha glória, como também a minha esperança no SENHOR. Lembra-te da minha aflição e do meu pranto, do absinto e do veneno. Minha alma, continuamente, os recor-da e se abate dentro de mim. Quero trazer à memória o que me pode dar espe-rança. As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele” (Lm 3.17-24).

Devemos nos voltar para o Senhor e buscá-lo como auxílio. Vivemos num mundo caído, mas em Cristo temos esperança neste este mundo e no porvir, e podemos dizer como Paulo,

Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do pre-sente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundida-de, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.37-39).

QUESTÕES PARA APROFUNDAMENTO

Todos precisamos imprescindivelmente de esperança, todos os dias de nossas vidas! Eu o encorajo a buscá-la no Senhor através de sua Palavra! Ela o ajudará a entender o que está acontecendo e a tirar lições disso. Por que não começar a tomar nota agora?


• Escreva um parágrafo ou dois parágrafos descrevendo a angústia que você está sentindo

• Escreva um parágrafo contando como minha experiência, descrita no capítulo que você acabou de ler, o ajudou trazendo esperança, caso o tenha ajudado.

• Escreva 1 Coríntios 10.13 em sua folha de estudo e num pequeno cartão.

o Procure memorizá-lo

o No verso do cartão escreva uma oração, parafraseando o ver-sículo como uma resposta a Deus. Sua oração pode ser mais ou menos assim: “Pai, eu te agradeço por seres fiel e porque todos os nossos problemas são comuns à raça humana. Eu te agradeço, porque, nunca nos dás uma tentação, uma provação, ou um teste, maior do que possamos suportar. Eu te agradeço, porque sempre providencias um meio de podermos lidar com o problema. Senhor, ao enfrentar hoje minha depressão, ajuda-me a buscar a saída que tu tens providenciado para que eu consiga suportar”.

o Dê mais uma olhada no cartão e ore de novo a Deus, várias vezes ao dia.

• Leia 1Coríntios 10.13, Hebreus 4.14-16 e 1João 1.9 e responda as seguintes perguntas a partir de cada versículo:

o O que Deus promete a você?

o Que esperança e encorajamento você adquire dessas três passa-gens?

o Como você responderá às promessas de Deus nesta sua situa-ção?


• Marque uma data para um encontro com um conselheiro bíblico ou com alguém a quem você respeita e que possa mostrar-lhe direcio-namento e encorajamento nas Escrituras.

AS ORAÇÕES DO VALE DAS VISÕES

Durante meu tempo de depressão, achava muito difícil orar. Era muito útil e encorajador usar as orações de outros. As orações do livro Valley of Vision (Vale da Visão) me foram muito confortantes e encorajadoras. Espero que estas orações no início de cada capítulo sirvam de conforto para o seu coração, como serviram ao meu.


A HISTÓRIA DO DESESPERO E LOUVOR DE UMA UNIVERSITÁRIA

Edward T. Welch descreve muito bem a depressão, chamando-a por “escuridão teimosa” porque é exatamente isso que ela é. Ela é teimosa

porque por mais que você tente tirá-la, continua ali e somente piora. A de-pressão é uma escuridão, porque você realmente sente ser a única pessoa no mundo a viver daquele jeito, não tendo para compreendê-lo. Sente que não há esperança – eis o que é a depressão!

Para mim, parecia que ia durar eras. Pensava que sempre me senti e me sentiria assim. Eu, uma pessoa alegre, espirituosa, que amava servir ao Senhor e ministrar às pessoas, me vi transformado em alguém que odiava a simples ideia de ter que viver o dia seguinte.

De fato, não há nenhum acontecimento de que eu possa lembrar que te-nha contribuído com minha depressão. Nada havia me acontecido... a escola ia bem, o voleibol ia bem, e a vida em meu lar estava como sempre fora. Tudo estava normal. Pelo menos, era isso que eu pensava. Aquilo me fez sentir ain-da mais frustrado e culpado.

Lembro-me ainda do dia em que descobri que algo estava errado. Era uma segunda-feira, antes do Halloween e eu entendi que estava pensando ilogi-camente. Meus pensamentos se tornavam repetitivos, me condenavam e me consumiam de todo. Eu questionava literalmente tudo que havia feito e con-clui que tudo era pecado. Eu pensava estar ficando louco. Para mim, os sinto-mas mentais eram os mais miseráveis e frustrantes: pensamentos obsessivos, ansiedade, falta de concentração ou incapacidade de pensar com coerência. Momentos em que eu sentia estar perdendo o contato com a realidade! Eu estaria enlouquecendo?

Dentro de minha mente, eu sabia que esses pensamentos eram errados, mas isso não mudava nada. Em menos de um dia, toda minha vida parecia ter dado uma guinada de 180 graus na direção errada. Lembro-me de ter ficado muito irado comigo mesmo por não conseguir controlar as coisas. Por que eu simplesmente não conseguia parar de pensar assim?

Eu não tinha mais desejo de fazer coisa alguma. O simples ato de le-vantar-me da cama pela manhã me parecia a tarefa mais difícil do mundo. Eu não conseguia sequer sorrir para as pessoas a caminho da escola. Lem-


bro-me do quanto chorava... como chorava! O choro tornou-se um ritual diário. Era a única maneira que tinha para extravasar, sem ferir ninguém.

Os sintomas físicos também eram uma miséria. Sentia fadiga e fraque-za, tendo que lutar para simplesmente manter minha cabeça erguida ou andar de sala em sala. Eu tinha insônia, que me fazia acordar de hora em hora durante a noite, por mais que tentasse dormir. Também sofri perda de apetite, perda de interesse em todas as atividades e amigos, família. Tive problemas com meu sistema digestivo (provavelmente devido à falta de alimentos e de sono). Dores de cabeça, dispersão, visão turva. Tinha tudo isso.

Durante esse tempo, considerei, pela primeira vez, a ideia de suicídio. Eu realmente nunca tinha pensado nisso com seriedade, graças a Deus, mas agora começava a pensar que seria muito melhor morrer do que passar o resto de minha vida daquele jeito.

Após uma semana e meia nesse abismo de confusão, Deus me levou ao Dr. Somerville. Vim a ele desesperado e em prantos, clamando por ajuda. Eu tinha certeza de que tudo era culpa minha e de que tinha sido apanhado em algum grande pecado, do qual não conseguiria mais sair. Encontrava--me desencorajado, derrotado e sem opções. Mas Deus, que é sempre fiel a seus filhos, nunca me deixaria apartar-me de sua mão. Ele tinha um plano para minha vida.

Depois de despejar, em desespero, todas aquelas coisas que me haviam perseguido na semana anterior, o Dr. Somerville me perguntou sobre meu histórico médico, como estava meu sono e em que nível meu estresse se en-contrava. Isso me pegou de surpresa! Eu jamais poderia imaginar a relação que isso poderia ter com meu lamentável estado. Foi nesse dia que descobri que sofria de depressão.

Inicialmente, foi difícil aceitar aquela informação. Eu imaginava que cristãos jamais poderiam ficar deprimidos. Cristãos possuem a alegria do Senhor! Mas rapidamente tive que aprender que, sendo seres espirituais e físicos, a depressão é mais do que uma simples tristeza, tornando-se um estado debilitante, resultado de enfermidades físicas ou espirituais. Muitos cristãos têm experimentado depressão desde sempre. Ela precisa ser com-batida cuidando da alma e do corpo.

Esse episódio de depressão durou de três a quatro semanas, mas me-lhorou consideravelmente após a chegada do inverno. Tive uma recaída


em fevereiro, depois de ter voltado à escola. Daí comecei finalmente a pro-curar entender o que poderia ser a causa médica de tudo aquilo. Em nossa busca descobrimos que eu tinha um desequilíbrio hormonal. Faltavam-me alguns hormônios muito necessários. Começamos tratando dessa questão, mas eu ainda tive que lutar contra a depressão por todo o semestre seguin-te. Embora estivesse melhorando progressivamente, ainda teria que pelejar com aquele problema a cada momento.

Voltando a meus episódios de depressão, posso dizer com honestidade que foram os tempos mais difíceis de toda minha vida. Eu me sentia como se tivesse sido abandonado pela única Pessoa a quem recorria em todas as minhas provações. Sentia como se meu Salvador tivesse me abandonado. Sentia que não tinha mais um relacionamento com Jesus Cristo e que esta-ria sozinho naquele sofrimento pelo resto de minha vida.

Mas sem importar como eu me sentia, eu tinha que me lembrar cons-tantemente que aquilo não era verdade! Tive que aprender que, indepen-dente da aparente mudança de meu corpo e de minha mente, Deus jamais mudaria! Deus é constante e me ama, esse amor se tornou mais evidente naqueles momentos do que em quaisquer outros momentos de minha vida.

Sendo filho de Deus, eu estava seguro. Nada poderia me separar do amor de Jesus Cristo, como nos diz Romanos 8.38-39. Tive que depender muito de Deus a cada minuto do dia. Durante toda minha vida eu estivera confiante em meu relacionamento com Deus, mas quando a depressão me atingiu, eu me tornei muito mais dependente dele. Tive que aprender a confiar que Deus materia suas promessas, independente do que quer que fosse.

Todo cristão deve aprender essa lição! Aprendi a não fixar minha aten-ção em meu presente estado físico, mas na eternidade com Deus, onde terei um corpo perfeito, incorruptível, com o qual viverei a eternidade com meu Salvador. Isso se tornou minha esperança! Mesmo que vivesse o resto de meus dias deprimido aqui nesta terra, nada me importaria, porque Deus me daria a força necessária para suportar. Um dia estarei livre de tudo isso no céu. Deus me deu essa esperança e me faz lembrar dela todos os dias. Não posso dizer que “passei pela depressão”, porque foi Deus que me carre-gou nos braços durante todo o processo! Ele levou-me por todo o caminho!

Três meses após a minha depressão, tinha ainda que lidar continua-mente com pensamentos errôneos, ansiedades, e sentimentos negativos.


Aqueles momentos difíceis me renderam cicatrizes que precisarei tratar pelo resto de minha vida. Mas Deus é gracioso e muito bom! Ele continua a dar-me forças e coragem diariamente para enfrentar minhas lutas. A cada dia, eu sentia a cura e a mudança. Tinha aprendido a orar a respeito de todas as coisas – todo interesse, questão, ansiedade. Isso me permitiu um relacionamento mais íntimo com meu Salvador. Ainda estou descobrindo recursos que podem melhorar minha saúde, e trabalhando para organizar meus hábitos de sono, exercícios físicos e alimentação. Trata-se de um len-to processo, que requer muitas provações e erros, mas Deus usa isso para continuar a me ensinar a paciência e confiança somente nele.

As três coisas mais importantes que recomendaria a alguém que en-frenta depressão, têm como base o que eu mesmo aprendi durante minha provação.

1.Busque primeiramente respostas do ponto de vista da medicina. Re-almente tive que me humilhar nessa área, porque sou uma jovem jogadora de voleibol. Eu tinha que estar sempre bom! Tive que aceitar que era ne-cessário cuidar de mim fisicamente antes de continuar a viver minha vida “normal” de novo. Algumas vezes, precisamos consertar a parte física das coisas, antes de atribuirmos tudo à dimensão espiritual.

2.Fale a verdade ao seu coração diariamente. Aprenda a conversar con-sigo mesmo, em vez de somente ouvir a si mesmo. Eu gostaria muito de ter aprendido esta verdade mais cedo durante minha provação. A depressão faz a mente se sentir num modo de repetição. Os mesmos pensamentos sempre voltam nos condenando da pior maneira. Tive que aprender a parar de dar ouvidos a esses constantes e obsessivos pensamentos e começar a preencher minha mente com as verdades contidas na Bíblia. Filipenses 4.4-9 ajudou--me muito com isto.

3.Lembre-se de Romanos 8.28. Esse foi provavelmente o versículo mais benéfico para mim durante a depressão. Eu questionava constantemente por que Deus me permitia passar por algo daquela dimensão, e como aqui-lo poderia ser bom para mim. Tive que lembrar que tudo o que Deus faz é para sua glória e o melhor para seus filhos! Tive que atentar não para mi-nha condição física no momento, mas na eternidade e entender que Deus estava usando isso para meu bem, e antes de tudo, para sua glória. Agora posso dizer que tenho encorajado muitas pessoas através de meu testemu-nho e aprendido o que realmente significa a dependência de Deus. O mais


importante, Deus tem fortalecido meu relacionamento com meu Salvador! É por causa disso que posso dizer: “Deus seja louvado!”

Morgan Fay

O DEUS DE TODA SUFICIÊNCIA

Oh, Senhor da Graça! O mundo está diante de mim no dia de hoje,

E eu sou fraco e tenho medo, Mas busco forças em ti;

Se me aventuro sozinho, tropeço e caio, Mas nos braços do amado estou firme como as montanhas eternas; Se deixado for à traição de meu coração, envergonharei o teu nome,

Mas se iluminado for, guiado, sustentado pelo teu Espírito, Trarei glória a ti.

Sê teu o braço que me sustenta, A força que me sustenta, a luz que me faz ver,

Os pés com que eu possa correr, o escudo que me proteja, Minha espada para repelir, o sol que me aqueça.

Tua plenitude não se faz menor se me enriquece; Toda a tua benignidade está em teu Filho,

Eu o trago a ti nos braços da fé, Clamo teu nome Salvador como aquele que morreu por mim.

Suplico teu sangue para pagar minhas dívidas de pecado. Aceita a dignidade dele em lugar da minha indignidade,

Sua impecabilidade, pelas minhas transgressões; Sua pureza, pela minha imundície; Sua sinceridade, pelo meu engano;

Sua verdade, pelas minhas mentiras; Sua humildade, pelo meu orgulho;

Sua constância, por minha instabilidade; Seu amor em troca de minha inimizade;

Sua plenitude, pelo meu vazio; Sua fidelidade, por minha traição;

Sua obediência, pela minha rebeldia; Sua vida de santidade, pelos meus caminhos tortuosos;

Sua justiça pelas minhas obras mortas; Sua morte, pela minha vida.

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Neste trabalho dolorosamente honesto, com 224 páginas, Dr. Somerville explica que a depressão não se restringe ao mundo secular. Ao longo da história, homens e mulheres de Deus – entre eles Martinho Lutero e Charles Spurgeon – sofreram nas trincheiras profundas de emoções escuras. Mas a Palavra de Deus promete vitória, aparentemente inalcançável, no final da tribulação, e uma nova força surge forjada a partir da adversidade e da dor na nova luz que segue a escuridão do desespero. Você não está sozinho.

Nesse livro, Se eu sou um cristão, Por que estou deprimido?, você encontrará não só o testemunho do autor, mas também de outros que têm lutado com depressão e através da oração e do aconselhamento bíblico tem vencido ao abraçar o amor restaurador de Cristo.

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