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OBESIDADE INFANTIL: Nut.Karoline Basquerote Crn2 9762 Especialista em Nutrição Clínica e Doenças Crônicas/HMV e em Nutrição em Pediatria: da concepção à adolescência/IPGS

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OBESIDADE INFANTIL:

Nut.Karoline Basquerote Crn2 9762

Especialista em Nutrição Clínica e Doenças Crônicas/HMV e em Nutrição em Pediatria: da concepção à adolescência/IPGS

Obesidade

A obesidade é uma doença crônica, complexa, de etiologia multifatorial e resulta de balanço energético positivo, caracterizada pelo excesso de gordura corporal.

Seu desenvolvimento ocorre, na grande maioria dos casos, pela associação de fatores GENÉTICOS, AMBIENTAIS e COMPORTAMENTAIS.

As situações AMBIENTAIS podem ou esses fatores.

A genética pode conduzir a uma predisposição ao ganho de peso, mas hoje já temos bem claro a possibilidade de ligar ou desligar genes, e o principal fator que atua na expressão dos genes é ALIMENTAÇÃO.

(Obesidade na infância e na adolescência,2008);(Sophie Deram,2014)

Fontes: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Estudo Nacional da Despesa Familiar 1974-1975 e Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009; Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição 1989.

No Brasil, 7,3% das crianças com menos de 5 anos têm excesso de peso.

Endógenas

Genéticas Metabólicas

O metabolismo é muito individual

PAIS RISCO PARA A CRIANÇA

Ambos obesos 80%

Pai ou mãe obesos 40%

Ambos não obesos 10%

Causas:

predisposição

(Weffort;Lamounier,2009)

Exógenas

Psicológicas

Alimentares

Atividades Físicas

Psicológicas: ANSIEDADE/FRUSTAÇÕES *falar da mãe – “não come nada”; “come muito pouco”; “se você não comer a mamãe vai ficar triste”

Alimentares: PREFERÊNCIAS, QUANTIDADE, FORMA

Atividade física: SEDENTARISMO

Os fatores externos sócio-ambientais são mais relevantes na incidência de obesidade que os fatores genéticos.

(Weffort;Lamounier,2009)

Causas/Fatores desencadeantes:

Comportamento familiar: VÍNCULO MÃE-FILHO, desmame precoce e, consequentemente a alimentação por mamadeira; consumo abusivo de carboidratos e alimentos ultraprocessados; excessos alimentares pela ingestão de guloseimas; refeições consumidas às pressas; introdução de alimentos inadequados, sedentarismo.

Fatores psicossociais: encontrar no alimento uma COMPENSAÇÃO para os problemas emocionais; distúrbios psicológicos reacionais, como problemas escolares, conflito entre os pais.

Falar da mãe: “todos nós somos um pouco gordinhos”; “Isso é de família”

Comida não é recompensa

(Vitolo,2008)

Relatório da comissão para erradicar a obesidade infantil da OMS

Exposição excessiva das crianças e adolescentes a alimentos ultraprocessados e com baixo valor nutricional.

Sugestão: restrição da publicidade de alimentos não saudáveis, reformulação na distribuição dos mercados e campanhas que incentivem o consumo de alimentos saudáveis e atividade física.

(OMS,2015)

Dentre os principais fatores que contribuem para o ambiente obesogênico:

• Diagnóstico:

Clínico História

Exame físico

Dados antropométricos

Verificar:

Sinais clínicos

Características da criança

Comportamento familiar

Peso/altura

Prega cutânea tricipital

Circunferência do braço

Circunferência abdominal

Estadiamento puberal (SBP,2008)

Características da criança:

Come vorazmente

Limpa o prato rapidamente

Repete a refeição

Come escondido

Toma muito líquido durante a refeição/que tipo de líquido

Está sempre morrendo de fome

Logo após a refeição já está com fome novamente

Solicita sempre uma porção extra de comida

(SBP,2008)

Morbidades associadas à obesidade

Síndrome metabólica

HAS

Dislipidemias

Alterações no metabolismo glicídico

Doença gordurosa hepática não-alcoólica

Ortopédicas

Dermatológicas

Síndrome da apnéia obstrutiva do sono

Síndrome dos ovários policísticos

Alterações do metabolismo ósseo

(SBP,2008)

• Prevenção: É a melhor solução!

Pré-natal: identificar os fatores de risco familiares (DM, doenças cardiovasculares...) Avaliar e monitorar o estado nutricional da gestante e orientar quanto a alimentação saudável.

Lactente: estimular o ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO. Monitorar o ganho de peso e o crescimento. Informar aos pais quanto ao respeito aos sinais de saciedade do bebê (fechar a boca, parar de mamar, desviar a face...).Orientar a alimentação complementar de acordo as necessidades nutricionais e o desenvolvimento da criança.

Primeiros 1.000 dias: destacar a importância desse período em que a nutrição é fundamental para a programação da saúde a longo prazo. Explicar que já na fase intrauterina e 2 primeiros anos de vida a criança está fazendo uma programação metabólica que poderá ser determinante para o estado nutricional da criança.

(SBP,2008)

Pré-escolares e escolares: cuidar o que tem disponível para oferecer (maior independência).

Orientar os pais para conhecerem e aceitarem a saciedade da criança, SEM impor ou

EXIGIR a INGESTÃO TOTAL ou EXCESSIVA DOS ALIMENTOS.

A CRIANÇA SAUDÁVEL TEM PLENA CAPACIDADE DE AUTO-REGULAR SUA INGESTÃO.

Orientar a importância da QUALIDADE da alimentação.

(estimular o consumo regular de frutas, verduras e legumes e estar atento ao tipo de

gordura consumida).

Esclarecer a importância de não pular refeições e não substituí-las por lanches.

Estimular o LAZER ATIVO.

Preocupação da mãe quanto ao peso da criança e a insistência para que esta se alimente.

A partir dos 2 anos, substituir laticínios integrais por baixos teores de gordura.

Aumentar o consumo de frutas, vegetais e cereais integrais.

Evitar o hábito de comer assistindo TV.

Diminuir a exposição à propaganda de alimentos.

Promoção da alimentação saudável

Diminuir o tamanho das porções dos alimentos.

Respeitar a saciedade da criança.

Limitar o consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar (que têm elevada densidade energética).

Estabelecer e respeitar os horários das refeições.

Estilo de vida saudável

PREVENÇÃO DO GANHO EXCESSIVO DE PESO

(SBP,2008)

Estimulação do gasto energético

Aumentar a atividade física

Atividades físicas estruturadas por um profissional da área.

Educação física voltada para a promoção da saúde na escola.

Realizar atividades no horário do recreio, após a escola e nos fins de semana.

Criar áreas de lazer.

De preferência, caminhar ou andar de bicicleta em vez de usar o carro.

Promover atividades familiares.

(SBP,2008)

PREVENÇÃO e TRATAMENTO tem que caminhar juntos!

• Tratamento:

Equipe multidisciplinar

Educação Nutricional Atividade física- EDUCADOR FÍSICO

Crescimento ajuda mas sozinho não é suficiente.

Envolvimento de toda família e todos que lidam diretamente com a criança ou adolescente

Psicólogo

Endocrinologista Pediatra

Nutricionista

Estabilização temporária do peso, aproveitando o crescimento da criança.

Educador físico

Compreender a situação específica da criança e sua dinâmica familiar para que sejam feitas propostas terapêuticas consistentes.

Conhecer as razões físicas, emocionais, culturais e sociais que determinam o hábito alimentar da família e promovem o ganho de peso excessivo.

Compreender a conduta alimentar da família.

Crenças, hábitos, tabus, sentimentos dos pais.

Proibir alimentos? Ou

Eliminar excessos?

Estar ciente de que as tentativas de tratamento sempre estão acompanhadas de efeitos colaterais.

Jamais proibir! Proibir não é a melhor forma!

Estabelecer horários para refeição. Destacar a importância do café da manhã.

Separar e REDUZIR PORÇÕES.

Tirar distrações no momento da refeição (não vê o que come e come automaticamente).

Comer devagar .

Melhorar a qualidade dos alimentos oferecidos.

Comportamento familiar: a criança APRENDE COM A IMITAÇÃO do adulto. O comportamento é tão importante quanto o nutriente.

Erros e acertos/Comportamento familiar

Controlador: controla a alimentação da criança, liquidifica a comida para “garantir”que a criança coma legumes e verduras.

Negligente/Omisso: desistiu da responsabilidade da alimentação. Desconhece o que a criança come na escola.

Pró-ativo/bom senso: define limites. Clima familiar de tranquilidade. Responde aos sinais de fome da criança. Segue o movimento da velocidade de crescimento da criança.

Bonzinho: não estabelece limites. Uso excessivo de alimentos processados e doces. Criança dita as regras. “Ele gosta”. “Se eu não der ele chora”.

Trabalhar a família Precisamos trabalhar com os pais e mudar o ambiente alimentar da criança.

• Intervenção Nutricional

Inquérito alimentar: esclarecer o que se passa no dia a dia da criança.

Conscientizar sobre o que está ingerindo de maneira prazerosa.

1º passo: mudança conceitual – não existem alimentos bons ou ruins.

2º passo: introdução das tarefas que modificam o comportamento. Comer devagar, sem ver TV, horários para as refeições...

3º passo: mudança qualitativa e quantitativa – comer o que gosta de forma disciplinada. Reduzir porções e repetições. Seguida da inclusão de novos alimentos e alimentos mais saudáveis.

(Priore et al. Nutrição e saúde na adolescência, 2010)

Erros alimentares e possíveis condutas

Erro alimentar Conduta

Excesso de alimentos Reduzir gradativamente as quantidades

Repetições Reduzir o número de repetições

Líquidos com alta densidade energética Reduzir o volume e estimular o consumo de água

Alimentos com alta densidade energética Modificar as preparações

Beliscos Abolir e incluir lanches entre as principais refeições

Frituras Limitar o número de frituras por semana, substituir por assados, grelhados

Doces, salgadinhos, fast-food Controlar a quantidade, limitar o consumo

Sobremesa Apenas em situações especiais

Poucas frutas ou hortaliças Incentivar o consumo/preparações atrativas

Nenhuma fruta ou hortaliça Incentivar a EXPERIMENTAR PEQUENOS PEDAÇOS, novas formas de preparo

Erros comportamentais e possíveis condutas

Erro Comportamental Conduta

Comer rápido Diminuir a quantidade de alimento por garfada e ESTIMULAR A MASTIGAÇÃO EFETIVA

Refeição com brincadeira ou televisão Desligar a televisão

Líquidos durante a refeição Estimular o líquido (água) no final da refeição

Não realiza o café da manhã Incentivar o hábito de fazer desjejum

(Weffort;Lamounier,2009)

O ato de mastigar ajuda a diminuir a fome e a sentir a saciedade chegar aos poucos.

Estratégias para adesão

Construir a educação nutricional com a criança

Trabalhar partindo do que a criança já conhece

Trabalhar com desenhos, cardápios com desenhos

Motivar e ensinar a diferença entre comer e se alimentar

Não se concentrar na perda de peso e sim na mudança de estilo de vida

(Priore et al. Nutrição e saúde na adolescência, 2010)

Como estimular a criança - Família

Ir a feira ou mercado juntos

Oferecer 3 -4 opções de escolha para o preparo das refeições

Preparar as refeições juntos

Comer em família

Deixar a criança se servir

Educação Nutricional

Explicar a importância da alimentação saudável e equilibrada de uma maneira que as crianças entendam.

Análise sensorial

Culinária

Alternativas saudáveis

Educação Nutricional

Educação Nutricional Apresentar o mesmo alimento de formas diferentes e explicar a origem.

Histórias

Não existe receita de bolo!

Não existe fórmula mágica!

Cada criança ou adolescente tem suas particularidades e devemos aprender juntos como trabalhar cada uma delas.

Conscientizar os pais que obesidade é uma doença.

O comportamento é a chave para o peso saudável!

Não existe tratamento de ouro!

O exemplo é a melhor maneira de ensinar

Hábitos saudáveis!

OBRIGADA!

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