publicidade infantil e obesidade

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Publicidade infantil e obesidade Prof. Tatiana Mareto Silva

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Page 1: Publicidade infantil e obesidade

Publicidade infantil e obesidadeProf. Tatiana Mareto Silva

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Mapa da obesidade – ABESO

Sudeste Sul Nordeste Norte Centro-oeste0

10

20

30

40

50

60

Infantil 5-9 Infantil 10-19 Adulto

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Crescimento da obesidade infantil• A obesidade infantil mundial cresceu de 31 milhões de

obesos para 41 milhões de obesos (crianças com menos de 5 anos) de 1990 a 2014.

• No Brasil, em 40 anos a obesidade infantil cresceu 1000%, o que representa que 39% das crianças brasileiras são obesas.

• Entre 2008 e 2013, o número de crianças obesas aumentou 79%.

• A obesidade infantil pode levar à obesidade na fase adulta.

• Crianças obesas estão suscetíveis a mais problemas de saúde.

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Obesidade infantil – problema de saúde pública

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Obesidade infantil – problema de saúde pública

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A culpa é das crianças?

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Crianças e vulnerabilidade• As crianças são vulneráveis.• Vulnerabilidade como um referencial bioético intrínseco da infância.• Diferencial entre:

Vulnerabilidade das crianças (até 12 anos) – absoluta. Vulnerabilidade dos adolescentes (entre 12 e 18 anos) – relativa.

• A vulnerabilidade das crianças é juridicamente reconhecida pela Constituição de 1988 (art. 227) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

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Cuidar das crianças – dever de todos.• Cabe ao estado, à família e a toda sociedade o cuidado com as

crianças. • Princípio da proteção integral. • Até a Constituição de 1988, vigorava a doutrina da situação

irregular, que não reconhecia as crianças como sujeitos plenos de direito.

• O ECRIAD consolidou o princípio da proteção integral – as crianças são sujeitos de direito e sua relação com os adultos é de alteridade.

• O estado, juntamente com a família, devem proporcionar toda estrutura material e emocional para que as crianças possam se desenvolver plenamente.

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Crianças consumidoras• O consumidor não nasce, se faz. • É consumidor, em sentido jurídico, todo destinatário final de produto ou serviço. • A criança é consumidora dos produtos que lhe são destinados, mas não tem capacidade civil para realizar negócios jurídicos. • Podemos dizer que a criança é consumidora lato sensu.• As crianças influenciam diretamente na decisão de compra das famílias.

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As crianças e a televisão• Em 10 anos, o tempo de exposição das crianças à televisão aumento 50 minutos.

• Em 2014, as crianças passavam em média 5H35min na frente da televisão.

• Em 2011, 57% das crianças possuíam televisão no quarto e 64% das crianças decidia o que assistir na televisão.

• Nesse mesmo ano, o Criança e Consumo realizou pesquisa que demonstrou a inserção de 1000 chamadas mercadológicas em apenas 10 horas de programação nos principais canais infantis.

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Qual é a função da publicidade?• Publicidade é uma técnica de

comunicação em massa, cuja finalidade precípua é fornecer informações sobre produtos ou serviços com fins comerciais. É, sobretudo, um grande meio de comunicação com a massa, com o propósito de condicioná-la para o ato da compra.

• O termo publicidade designa qualquer mensagem impressa ou difundida, cujo objetivo seja o de divulgar e persuadir, com fins comerciais, uma ideia, um produto ou serviço, uma marca ou uma organização junto de um determinado mercado-alvo.

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A relação criança – publicidade – vulnerabilidade

• A criança é vulnerável. • A vulnerabilidade da criança a torna mais suscetível à influência externa na formação de sua vontade.

• Se a criança é mais condicionável, a publicidade direcionada para ela é mais efetiva do que para o adulto.

• A criança passa muito tempo exposta à televisão, o que a leva a absorver grande quantidade de informes mercadológicos por dia.

• A exposição excessiva à publicidade torna a criança uma voz ativa nas decisões de compra familiar.

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A regulação da publicidade infantil

• Código de Defesa do Consumidor:• Art. 37. É proibida toda publicidade

enganosa ou abusiva.• [...]• § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade

discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

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A resolução 163/2014 do CONANDA

• Veio regulamentar a publicidade de produtos infantis ou voltados para a criança.

• Veda toda comunicação mercadológica que seja dirigida à criança e que contrarie o disposto no Código de Defesa do Consumidor.

• A criança deve ser considerada consumidora?

• Para quem deve ser dirigida a publicidade?

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Os "nãos" da publicidade infantil• linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de cores;• trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança; • representação de criança;• pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil; V - personagens ou apresentadores infantis;

• desenho animado ou de animação;

• bonecos ou similares;• promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil; e

• promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.

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Algumas perguntas fundamentais:• Devemos proibir a publicidade de produtos infantis?• Devemos proibir a publicidade voltada para crianças? • Devemos proibir a publicidade que induza o consumidor ao erro, seja ele criança ou adulto?• A regulação impede que as chamadas mercadológicas continuem abusivas?• E qual é a solução?

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Publicidade infantil e obesidade• Veiculação de alimentos não saudáveis sem a informação

dos ingredientes ou riscos para a saúde. • Veiculação de produtos alimentícios em conjunto com

brinquedos, ou condicionamento para a criança adquirir produtos alimentícios a fim de adquirir determinados brinquedos.

• Relação entre o produto alimentício e figuras de prestígio ou autoridade para a criança – ídolos infantis, personagens, etc.

• Ausência de publicidade voltada para produtos alimentícios saudáveis ou desproporcionalidade numérica e percentual entre a veiculação de produtos não saudáveis e saudáveis.

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Toddynho• Publicidade: "seu companheiro de

aventuras".• Sugere que Toddyinho dá energia e

possui vitaminas, além de outros nutrientes.

• As chamadas mercadológicas contém live-action, animação, sons infantis.

• Toddynho contém leite reconstituído, sal, 7 tipos de aditivos químicos e gordura vegetal hidrogenada.

• O açúcar é o segundo ingrediente com maior presença na mistura de Toddynho.

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Danoninho• Vale por um bifinho? • Sugere conter cálcio e ferro,

portanto, possui relevância para a alimentação infantil.

• Publicidade atual: Turma do Dino. Live-action, sons infantis, sugestão, fantasia e animações.

• Possui mais açúcar do que indica na embalagem e praticamente nenhum teor das vitaminas que alega ter.

• Uma criança de 4 a 6 anos consome 32% do limite máximo de açúcares tolerados em apenas 1 potinho do produto.

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Sustagen• Publicidade: sugere que é um

complemento alimentar necessário, que dá energia e resolve o problema das crianças que não "comem de tudo".

• A publicidade é massiva para convencer mães e filhos do quanto Sustagen é saudável e bom para a alimentação das crianças.

• Possui 90% de açúcares em sua composição.

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Suco Ades• Publicidade: "O mundo de Max"

com live-action, animações com sugestão de aventura, fantasia, participação de crianças e sons infantis.

• O produto é feito de soja, e o excesso de soja pode ser prejudicial pois interfere na regulação hormonal do organismo humano.

• Soja é alergênica e não deve ser consumida por crianças.

• Possui açúcar invertido, que é mais doce e tem maior poder de "viciar".

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Nuggets de frango• Publicidade: geralmente servidos

em franquias de fast-food vinculados a brinquedos e personagens infantis.

• Possuem excesso de gordura e sódio. São geralmente fritos.

• São feitos de partes "descartáveis" de frango.

• Possuem produtos alergênicos em sua composição, como traços de soja, amendoim, castanhas, glúten e derivados do leite.

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Em números• Estudos do National Bureau of Economic Research sugerem que o fim

da publicidade de alimentos fast-food poderia levar a uma redução de 18% da obesidade em crianças.

• Estudos da Universidade de Dartmouth indicam que dois terços das crianças expostas à publicidade de alimentos, com chamadas envolvendo personagens e brinquedos, não se lembravam da comida – apenas de todo o resto.

• O Instituto Alana divulgou pesquisa em que 79% dos pais entrevistados acreditavam que a publicidade faz com que seus filhos peçam produtos fast-food, e 76% dos pais entrevistados acreditavam que a publicidade atrapalha a educação alimentar da família.

• Em 2008, a USP divulgou estudo indicando que 27% da publicidade voltada para crianças era de alimentos, e que, desses, 57% anunciava produtos não saudáveis. 24% das crianças avaliadas estavam obesas.

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Com a palavra, o STJ• Em julgamento de ação do MP de São Paulo em face da empresa

Pandurata, responsável pelos produtos Bauducco, o STJ decidiu que a publicidade infantil de alimentos é abusiva.

• A vinculação de produtos alimentícios com brinquedos é considerada venda casada com agravante de ser voltada para a criança.

• O que diz a ementa: A hipótese dos autos caracteriza publicidade duplamente abusiva.

Primeiro, por se tratar de anúncio ou promoção de venda de alimentos direcionada, direta ou indiretamente, às crianças.

Segundo, pela evidente "venda casada", ilícita em negócio jurídico entre adultos e, com maior razão, em contexto de marketing que utiliza ou manipula o universo lúdico infantil (art. 39, I, do CDC).