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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA o ATENTADO TERRORISTA DE 11 DE SETEMBRO: UM ESTUDO SOBRE A NOVA FACE DO TERRORISMO INTERNACIONAL NO SECULOXXI CURITIBA JUNHO/2003

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

o ATENTADO TERRORISTA DE 11 DE SETEMBRO:UM ESTUDO SOBRE A NOVA FACE DO TERRORISMO INTERNACIONAL NO

SECULOXXI

CURITIBAJUNHO/2003

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CATHILENE DE MORAIS VEIGA

o A TENTADO TERRORISTA DE 11 DE SETEMBRO:UM ESTUDO SOBRE A NOVA FACE DO TERRORISMO INTERNACIONAL NO

SECULOXXI

Monografia apresentada como requisitoparcial para a obten9ao do grau de bacharelem Rela90es Internacionais da Faculdadede Ci~ncias Sociais Aplicadas daUniversidade Tuiuti do Parana.

Orientador: Prof. Claudino Luiz Menezes

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'"0/CURITIBA

JUNHO/2003

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Claudine Luiz Menezes, partodo 0 apoio que me foi necessaria it conc1us~o

do presente trabalho.

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DEDICAT6RIAS

Aos me us familiares, par sempre estarem do meu lado.

E ao Luciano, que de uma forma indireta meincentivou a iniciar esse curso.

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'Curta vigilia de embriaguez, sagrada! Aindaque n~o pela mascara com que nosgratificaste. N6s te confirmamos, metoda!Nao nos esquecemos que ontem glorificastecada uma de nassas idades. Ternos fe noveneno. Sabemos dar a nossa vida inteiratodos as dias.

Eis 0 tempo dos Assassinos."

Arthur Rimballd, ManM de Embriaguez

• Ja passamos par duas guerras mundiais ea promessa de mais antes do stkuloterminar. Chegamos ao fundo? Nao ainda. Acrise moral do s~culo XIX tern vagamentedado caminho a fal~ncia espiritual do seculoxx. Este e "0 tempo dos assassinos", e naoha dllvida nisso. Polltica se tornou 0 neg6ciode gangsteres."

Henry Miller, 0 Tempo dos Assassinos

"Segundo narrativa do viajante venezianoMarco Polo (1254-1324), havia na Siria umaseita religiosa, liderada par urn homemconhecido como "0 Velho da Montanha'.Seus partidarios, motivados por valiosasrecompensas, matavam Ifderes cristaos emulyumanos com grande cruel dade,estimulada pela ingestao de uma bebida abase de haxixe - hachTch em arabe. Par iS50

os arabes chamavam 0 adepto dessa seitade hachTch ou hacMchi (bebedor de haxixe).A palavra passou para 0 italiano com a formaassassino, depois 0 sentido se ampliou parahomicida e originou a palavra em portugues.'"Rein.ldo Pimenta. A Casa da Mae Joana.

III

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SUMARIO

AGRADECIMENTOS ....•....••.••••••••..•..•....•........•.•........•....•....••....•••..•.••....•..........••...•..••.•iDEDICATOR lAS ...•..•..•••.••••••••.•.••..•••......••........••.....•.......•..•.....•••.•.••.•••••••.•.•..•.••...•••.•••.iiEPiGRAFES .........•..............•.•..•••••••....•.••.•........................•..................•.•••.•••...•••.••••••...iiiSUMARIO .............•..•.•...•••.....••.......••........................•...•.............•••.........•...•••................ ivRESUMO ••...••......•........•.......••.•.....•.•..••••..••..................................................•................. vABSTRACT ...••••••••••••••.••.......••.......•••.......••....•.....•••••.••••••••••••••.••••......•.••.............•.....•..viRESUMEN ............•.................•.......••....•....•...•..............•.........................•..................•.. viiINTRODUCAo •.•.•.......•.••.......••.......•...........•...•..•••••.•••••••••••••••.••••••••••....•............•......•...11 A GLOBALIZACAo TECNOLOGICA E 0 NOVO TERRORISMO INTERNACIONAL 41.1 GRUPOS TERRORISTAS IsLAMICOS 82 RELACAO ENTRE AL QAEDA E ISLAMISMO •...............•...................•.....•............. 142.1EXPANSAo DO ISLAMISMO . 152.2 IMPERIO OTOMANO. . 162.3 AS DUAS GRANDES DIVISOES DO ISLA ....................•.. . 172.4 WAHHABISMO E ARABIA SAUDITA 202.5 A CASA DO IsLA. . 222.6 AL QAEDA........ . 253 AS MUDANCAS NA POLiTICA MUNDIAL APOS 0 ATENTADO DE 11 DE

SETEMBRO •..•...•...•.........•........•.............•....•...•..•.•.•••••.•••••••••.•.•.•.•.........•................28CONSIDERACOES FINAlS ..................................................•.•....................•............... 36REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..................•..............•......•....................•......•........ 39PERIODICOS .........•.........•..................•...•.........•...........•..•.....................•..................... 39ANEXO 1 - MAPA DOS GRUPOS CONSIDERADOS TERRORISTAS DO JORNAL

GAZETA DO POVO .....•.......••..............................•....••..•............•.......•..................... 40

I\'

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RESUMO

o presente trabalho monografico traz urna discussao a respeito de terrorismo e asatentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. No inicio, se Irala doterrorismo, como esta pratica se dtl dos dias de hoje, as principais grupos que saoconsiderados terroristas e as principais formas como esses grupos conseguemfinanciamenlo e se beneficiam da evoluyao lecnol6gica. A seguir, 0 Islamismo e comoessa religiao esta relacionada com alguns grupos terroristas torna-se a assunto.Procura-se com isso mostrar 0 papel hist6rico dessa religiao, apresentar as pafses doOriente Medio - em que a maioria da populayao oj mUlyumana - , e chegar ainlerprelayao que a rede AI Oaeda lem das principais ideias dessa religiao. Depois,discute-se como 0 mundo foi afetado ap6s as atentados, OU seja, em que areas dasociedade houve mudanyas significalivas ap6s 11 de selembro de 2001.

Palavras-chave: terrorismo, islamismo, Al Oaeda.

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ABSTRACT

The present work of conclusion of cOllrse is a discussion about terrorism and the attacksoccurred in September 11th, 2001, in the United States. In the beginning, it deals aboutthe terrorism, how these acts are done in actual days, the main groups that areconsidered terrorists and the main ways of how these groups get money and arebeneficiaries with technological evolution. After, the theme is the Islam and how thisreligion is related with some terrorist groups. The historical role of this religion, thecountries of the Middle East - where the most of the population is Muslims -, and theinterpretation that AI Oaeda network has of the main ideas of the religion are included inthe work. At Last, there is a discussion about how the World was affected after theattacks, it means, in what ways the whole society had significant changes afterSeptember 11"', 2001.

Keywords: terrorism, islarnism, AI Oaeda.

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RESUMEN

Este trabajo de conclusi6n de curso es lIna discusi6n sabre terrorismo y los ataquesque ocurrieron en 11 de septiembre de 2001, en los Estados Unidos. En el principio,habla-se sabre el terrorismo, c6mo estes aetas se hacen en los dras actuates, losgrupos que son considerados terroristas y las maneras principales de c6mo estesgrupos consiguen el dinero y son beneficiados con la evoluci6n tecnol6gica. Oespues,el terna es el Islam y c6mo esta religi6n se relaciona con algunos grupos terroristaa. EIpapel hist6rico de esm religi6n, los paises de el Oriente Medio donde la mayoria de lapoblaci6n e musulmana, y la interpretaci6n que la red AI Oaeda tiene de las ideasprincipales de la religi6n se incluye en el trabajo. En el ultimo, hay una discusi6n sabrec6mo el mundo fue aleclado despues de que los ataques, 1\1signifiquen, de quemaneras tenia la sociedad entera cambios significativos despues 11 de septiembre de2001.

PALABRAS·CLAVE: terrorismo, islamismo, AI Oaeda.

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INTRODUCAo

o presente trabalho de conclusao de curso procura dissertar a respeito de urn

novo tipo de terrorismo. 0 primeiro capitulo procura explicar como as condiC;Oes atuais

da tecnologia e economia mundial influem nessa nova forma de terrorismo. 0 segundo

capitulo procura mostrar mais profunda mente a AI Qaeda e as rela~Oes do islamismo

com essa rede. As mudant;as ocorridas no mundo ap6s 0 atentado fazem parte do

ultimo capftulo, sejam as mudanc;as na economia, na postura dos norte-american os em

relaCfao ao reste do mundo e principalrnente na descoberta de uma maior complexidade

do Isla do que se imaginava.

A area de estudo das rela~Oes internacionais se fortaleceu com as atentados de

11 de setembro. Percebeu-se que atividades envolvendo a diploma cia internacional,

principal mente em termos de seguranc;a e econemia, necessitam de um grande

embasamente, p~r isso heje ha uma procura maior p~r curses nessa area, seja de

gradua~ao ou p6s-gradua~ao '. 0 estudo das rela~Oes intemacionais apenas ganhou

mais destaque com isse, mas 0 interesse ja vinha crescendo com a globalizac;ao da

economia, que se intensifica cada vez mais.

Um estudo sobre a nova face do terrorismo internacional e importante para a

comllnidade cientlfica, principalmente no Brasil, pois 0 material e escasso. He llma

I T}\CHINARDI, !l.luill Ht'lem. Olhllmlo alfm du wnhigo. G:u,eta ~·[;,·rcuntiJ,?:6. 27 (' 2&'tOl2001

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serie de publica~Oes estrangeiras que por vezes nao sao publicadas no pais, 0 que

restringe muito 0 acesso ao material para quem quer estudar 0 assunto.

Estudar 0 terrorismo contribui significativamente para a diplomacia estrategica.

Esta ja foi bastante explorada na Guerra Fria, e qualquer internacionalista a tem no

currlculo. Atualmente 0 cenario mundial e outro. 0 atual estagio das Rela~Oes

Intemacionais faz com que cresya a necessidade de especialistas em parses: suas

histOrias, suas culturas e seus prop6sitos. E comum vermos americanos "brasilianistas",

au seja, que sao especialistas em Brasil. De certa maneira, pede se dizer que agora a

Brasil precisa criar estudiosos em outros paises. Afinal, a globalizayao econOmica e

cultural e um fato inegavel. Sendo 0 Brasil exportador e importador de diversas partes

do mundo, ve-se 0 quanta se torn a necessaria conhece-Ios com maior profundidade.

Entender a islamismo, explorar as infoma~5es da AI Oaeda e analisar seu

objetivo sera de grande importancia para a comunidade cientlfica e para complementar

todos as estudos referentes ao terrorismo internacional.

Esse nascirnento do terrorisrno no Oriente M~dio ja foi estudado par varios

autores. Youssef Bodanski, par exemplo, foi um deles. Ele escreveu urna biografia de

Osama Bin Laden antes mesmo dos alentados que 0 deixaram famoso no mundo todo.

E esses atentados ainda fizerarn com que outros 8utores tambl!m escrevessern sobre 0

assunto. Tariq Ali escrevell sobre os fundamenlalismos e torna 0 Isla rnais acessivel em

seu Confronto de Fundamentalismos. Noam Chomsky, um famoso critico a politica

norte americana, teve entrevistas editadas em um livro chamado "II de Setembro".

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Esses e outros autores dao base para 0 estudo, que se fundamenta tambem com

jomais e revistas, pois 0 fato teve grande repercussao.

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1 A GLOBALlZA9AO TECNOLOGICA E 0 NOVO TERRORISMO INTERNACIONAL

o ataque as torres gemeas em 11 de setembro de 2001 tern sido urn marco na

hist6ria mundial. Como muitos autores afirmam, foi 0 fato que inaugurou 0 seculo XXI.

o que se viu foi 0 ataque planejado de urn inimigo sem rosto. Este ataque que s6

poderia ter as propor9~es e 0 destaque que teve no mundo de hoje, uma vez que foi

transmitido pela televisAo para todas as partes do planeta, pouco tempo depois do

primeiro avilla ter atingido a primeir8 torre.

Este atentado tomou mundialmente conhecida urna nova forma de ac;:ao

terrorista. 0 valor de urna crenc;:a,seja esta em urna cultura ou em urna religiao, e

levada ate as Illtimas conseqOencias, impondo a seus seguidores uma fidelidade

extrema a ponto de fazerem de seus pr6prios corpos instrumentos para a execw;ao de

atos de terror. Assim, 0 ataque ao World Trade Center fez com que Osama Bin Laden,

o Ifder do grupo PJ Oaeda se tornasse conhecido no mundo todo. Bin Laden se torna

tambem a face de uma forma de lutar contra a hegemonia de urn pals ou desestruturar

govern os, agora conhecida no mundo todo.

Essa forma de luta traz graves conseqUencias. 0 inicio. as motivos e 0

desenvolvimento do terrorisma internaeional precisam de urn entendimento profundo

para se chegar a uma conclusao de como este acontecimento far~ parte da hist6ria de

futuras gera9~es, como ja e parte da hist6ria presente. 0 fato ganhou tamanha

importancia nao apenas pela destruiCfAo material causada, mas por ter tambem abalado

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a economia. a turismo, a seguranCfa internacional e, principal mente. por ter exposto a

fragilidade da maior pol~ncia do mundo.

o mundo passa pelo que se chama hoje de globaliza9ao. Ou seja, as Na90es

est:§o se relacionando mais e com maior intercAmbio de informa((Oes. As novas

tecnologias - como telefones celulares e internet - desempenham grande papel

nesse processo. E 0 proprio terrorismo internacional tambem se beneficiou com essas

novas tecnologias. podendo se desenvolver em celulas organizadas em regioes, pafses

e ale continenles diferenles. A pr6pria AI Oaeda e uma rede de celulas lerrorislas,

segundo BODANSKY (2001). Pode ser percebido que ha grupos lerrorislas islamicos

ligados a rede de Osama Bin Laden desde a Europa ale a sudeste asiatica.

Alguns grupos 80 redar do mundo querem defender ideais, ptltrias eu crenc;:as

religiosas e por isso comelfam a tomar atitudes drasticas, que incluem ataques suicidas

a alvos civis. Civis e mimares nao sao diferenciados na defesa da tuta desses grupos.

o Relat6rio sobre OrganizayOes T erroristas Internacionais Divulgado pelo

Escril6rio de Coordena9ao Antiterrorista de 5 de Outubro de 2001 do Departamenlo de

Eslado dos Estados Unidos da America lista organiza90es consideradas terroristas. 0

relat6rio e inclufdo como apendice par CHOMSKY (2002). Essas organiza90es nao sao

apresentadas em detalhes pelo autor, mas percebe·se que estao espalhadas em

grande parte do mundo, porem a maioria dela e ligado 0 grupos islamicos.

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Urn mapa2 com as principais grupos terroristas do mundo esta presente no

Anexo 1. Enquanto que no relat6no presente no livro de CHOMSKY constam 28 grupos

terroristas, 0 mapa traz urn numero de 37, espalhados em 20 palses. 0 relat6rio norte-

americana tern revisao anual, e foi publicado ern outuhro de 2001, aproximadamente 20

dias ap6s a publica,ao do mapa citado.

Na America do Sui dais parses possuem movimentos considerados terroristas

muito fortes pelo Departamento de Estado norte-americano. Na Colombia existem as

For,as Armadas Revoluciomlrias da Colombia (FARC). 0 maior objetivo e derrubar 0

governo e a classe dominante. 0 grupo possui forte orienta~ao marxista, por ser na

verdade uma parte militar do Partido Comunista Colombiano. Parte militar que se

estabeleceu em 1966. E tambem anti-americana, par issa mesmo ja promoveu ataques

a bomba contra escrit6rios norte-americanos. Sequestros de colombian as e

estrangeiros em busca de resgate tamhem sao feitos. Calcula-se que 0 numero de

combatentes armados estll entre 4.500 e 5.500, unindo-se a eles cerca de 10 mil

colaboradores. 0 numero de entidades que a ajudam e desconhecido. 0 governo ja

tentou a paz, mas os dialogos nao obtiveram resultados. Acredita-se que 0 trafico de

drogas e tambem uma das atividades que sustentam 0 grupo. Sustenta-se tambem que

ha ligaryoes bern documentadas com outros traficantes, podendo provavelmente

pertencer a uma rota mundial de trafico.

Urn movimento considerado urn dos grupos terroristas mais perigosos do mundo

esta no Peru. Eo Sendero Lurninoso. Com 0 objetivo de derrubar 0 governo peruano e

lGAZETADOPOVO, 16/09/2001

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assassinar dez estrangeiros em 1991. Em 15 an os de atividade, cerca de 25 mil mortes

foram provocadas, e prejufzos materiais de mais de 22 bilhi5es de d6lares. Possui uma

forte infra-estrutura rural. quatro a cinco mil combatentes e e acusado de possuir

relat;:C5es muito pr6ximas com 0 trttfico e a proctuyao de drogas no Peru.

Na Europa, 0 Exercilo Republicano Irland~s (IRA), e um dos mais conhecidos

grupos considerados terroristas do mundo. Luta para unificar a Irlanda em uma unice

republica cat6lica. Varios atentados a bomba seo a ele atribufdos, em mais de 30 anos

de atividade. Sequestros e roubos tambem sao praticados. Possuem urn bravo politico,

o partido Sinn Fein. Atacam alvos brilanicos, que por vezes podem ale estar em paises

da Europa Ocidenlal.

Outro grupo europeu conhecido, embora nern tanto quanta 0 IRA, e 0 ETA

(Exercilo de Liberta<;ao Basco). Visa a cria<;llo de urn estado independenle que

ocuparia parte da Espanha e da Fran,a. Essa regiao e habitada pelo povo basco. A

Espanha jtl deu certa autonomia a regiao, embora nao a sonhada independl!ncia. as

bascos sao lIIn povo de origem ainda obscura. Apesar de eslarem na Europa ha

milhares de anos, nAo sofreram influi!ncia do Imperio Romano, e sua lingua se manU~m

a mesma desde aquela epoca. Ou seja, nao houve iatinizat;:lo do pavo. Com base

nesse ideal, em 1959 foi criada essa organizac;ao separatista, dividida em 1974 entre

uma facl,{ao militar e outra polltica. Atentados a bomba e assassinatos tl!m como alvo 0

govemo espanhol, especialmente as forl,{as de seguranl,{a. Possui lIrn nurnero de

integrantes desconhecidos, alem de receber ajuda internacional e manter relalfoes com

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o IRA. Embora tenh. uma atua,ao mais limitada a Espanha e a Fran,a, jil executoll

ac;Oes terroristas na Italia e na Alemanha.

1.1 GRUPOS TERRORISTAS IsLAMlcos

A revista Time de primeiro de Qutubro de 2001 traz uma vis:to sabre grupos

terroristas islamicos, que estao no relat6rio citado por CHOMSKY (2002). 0 AI-Gama'a

AI-Islamiyya e um deles. E 0 maior grupo eglpcio militante, com um nilmero de

membros desconhecido. 0 alvo principal e 0 governo eglpcio. em bora nao haja um

ataque a esse pars com a autana do grupo desde 1998. Fai 0 grupo acusado de tentar

assassinar 0 presidente egfpcio Hosni Mubarak em 1995. Ja estiveram junto de Osama

Bin Laden no passado, inclusive aceitando as ordens de ataques contra civis norte-

americanos'l. As celulas desse grupo se espalham pelo Egito, Sudiio, I~men,

Afeganistao e Austria.

o HAMAS e urn grupo considerado terrorista conhecido no mundo todo. Tambem

com urn numero nao conhecido de membros, 0 objetivo principal desse grupo e a

formar;ao de urn estado islamico palestino. Para isso, usam meios politicos e tamb~m

violentos. Seus alvos principais sa.o israelenses. S~o autores de diversos atentados

homicidas, como 0 de lima pizzaria em Jerusalem no dia nove de 800sto de 2001.

matando 18 pessoas. Possuem laltos com 0 Ira.

!"HE OFFICIAL TERROR ROLL. Rc.\,j,,(4Tin~, 0111(112001, IL'\2

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Dutro grupo que possui la90s com 0 Ira e 0 Hezbollah. Sediado no Llbano,

possui celulas na Africa, Asia, Europa e continente americana. Tern como principal

objetivo a obtenc;ao de maior poder no Lfbano e h~ formar uma republica islamica nos

moldes do estado islamico do Ira. Seus principais alyos sao os que estao ligados a

interesses israelenses e norte-americanos. Sao radical mente opostos a qualquer

negociaty~o de paz no Oriente Ml:!dio. sao tambem autares de atentados suicidas, como

o ataque a embaixada israelense na Argentina em 1992.

Urn grupo que e urn suposto grande parceiro de Osama Bin laden e 0 AI-Jihad.

Este grupo se localiza no Cairo, mas com uma rede que compreende lemen,

Afeganistao, Paquistao, Sudao e libano. Como procuram derrubar 0 goyerno egipcio,

seus principais alvos estAo nesse pais. Tambem procliram atacar qualquer interesse

norte-americana no Egito au qualquer outro lugar do mundo. Bombardearam a

embaixada egipcia em Islamabad em 19954.

Urna das questOes que rna is envolvem todos os grupos terroristas e a quest~o

do terrorismo patrocinado pelo Estado. Alguns desses grupos islamicos sao acusados

de terem urn estado patrocinando suas praticas. CHOMSKY (2002, p. 25) afirma que os

Estados Unidos foram 0 unico pais jil condenado por terrorismo["( .. } em 1986 os EUA

foram condenados pel a Corte Mundial por 'uso ilegal da for~a' (terrorismo

internacional}( ... }1. 0 autor ainda cita casos em que grupos com p",ticas consideradas

terroristas pelo Departamento de Estado norte-americano, como ocorria na Indonesia

goyernada por Suharto.

~ THE OFFICIAL TERROR ROLL. Revilla Time, Oll!()I2001, p32

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IO

No entanto, encontram-se varies exemplos de acusa90es contra paises do

Orienle Medio atualmenle. 0 Hezbollah e 0 Hamas sao acusados de ler Iiga90es com 0

IrA5. Ha lambem acusa90es de liga90es da AI-Oaeda com 0 Iraque. A AI-Oaeda, e mais

especificarnente Osama Bin Laden, possuiriam ligayOes com 0 Taleban, regime que

governava 0 Afeganislao na epoca dos alenlados de 11 de selembro. A guerra conlra 0

terror proclamada pelos Estados Unidos impede qualquer estado de se afirmar como

finaciador de grupos como esses. Contudo, alem de crimes de seqOestros e extorsOes,

hit outras maneiras desses grupos conseguirem financiamento.

Tratando~se de urn terrorismo sem rosto, sem urn estado independente par tras,

pode-se afirmar que este existe ha mais lempo do que se e falado. Principalmente se

levarmos em conta 0 crime organizado. As mfrfias sicilianas, as chines8s, japonesas,

enfim, urna serie de grupos controlam muitas vezes partes de urn pais e impoem sua

pr6pria lei para que sejam assegurados seus objetivos. Com 0 avan90 lecnol6gico

novos contornos sao dados a esses grupos criminosos, e a AI Oaeda nao deixa de se

enquadrar nesses novos contomes.

CAST ELLS (1999) revela que essas organiza90es criminosas estao aproveitando

as facilidades - principalmente ligadas a comunica9aO, como telefones celulares -

que as novas tecnologias aliadas a giobalizB9aO trazem e assim transnacionalizam

suas atividades. 0 gerenciamento, 0 controle, 0 pJanejamento acaba por ser sediado

em areas onde htl uma possibilidade maior do centrole institucional - ou seja, pajses

subdesenvolvides em sua maieria -, sem se esquecer des mercados onde suas

STHE OFFICIAL TERROR ROLL R('vistA Time, 011 HY2001 , p.32

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II

atividades daD mais lueras. Com a internet toda a negociac;Ao de transfer~nciapade ser

felta par mensagens de correia eletrOnico au de mensagens instantaneas sem que se

consiga definir quem conversa com quem, dado 0 anonimato que este sistema de

comunicac;ao em rede permite.

Esse novo tipo de organizac;ao criminos8 global inclui diversas atividades. E

tambem inclui divers as empresas e pessoas que possuem neg6cios legals que, par

vezes, rendem menos lucros que seus neg6cios ilegais. 0 trafico de drogas e talvez urn

dos maiores exemplos. Usanda 0 Brasil como exemplo, quem aparece como traficantes

sao as que controlam favelas. A verda de e que he pessoas que lucram mais que eles e

que inclusive fazem conexc5es internacionals, negociando a importayao e exportayao de

drogas. Porem esses grandes traficantes n~o aparecem e nao se fala neles, como se

eles nao exislissem. Como se todos os traficantes vivessem apenas em favelas. Pois

bern, as conex15es internacionais, os "diplomatas do trafico·, esses nao aparecem.

Porem, 0 trafico ocorre hoje nessa escala mundial, juntamente com outros crimes.

CASTELLS (1999) ainda afirma que essa transnacionaliza9ao do crime faz com

que organiza90es que jll estao arraigadas em determinadas culturas (como as mafias

italianas) se fortale9am e ate tenham maior possibilidade de escapar de um controle de

Estado em determinados momentos. De acorde com este autor 0 trafice de drogas e

apenas uma das atividades do crime organizado em rede de dimensOes globais. Outras

sedam:

Trafico de annas: visande principal mente a usuaries finals que per circunstlmcias

divers as nao pederiam usar determinades tipos de armas. Alnda ~ responsavel per

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permitir a guerrilheiros 0 acesso a armas. Estados que sao penalizados com

embargos internacionals tambem sao abastecidos por arm as por meio desse tipo de

neg6cio. a in icio desse .meJeado se deu com as Estados Unidos e a Uniao SovitHica

distribuindo armas a grupos em guerra procurando conseguir aliados. Porem oulros

paises produzem armas e algumas operac;:oes de vendas destas s~o

semilegalizadas.

Trafico de Material Nuclear: .caba por negociar produlos para a produ<;ao de

armas nucleares eu ate mesma a possibiJidade de produ<;ao desses armamentos.

Deve ser observado que a ameaC;:'8 em urn mundo de informac;:oes globalizadas

pode ler urn efe~o lao ou mais grave que 0 pr6prio alo. Podemos ale lomar como

exemplo 0 ato da Coreia do Norte de se retirar do Tratado de Nao-Proliferal'Ao de

Armas Nucleares. 0 simples falo de ela amea9ar produzir armas de deslrui9ao em

massa j~ fal suficiente para que 0 mundo se preocupasse. Com 0 colapso da Uniao

Sovielica, muilos Irabalhadores de indOslrias que produziam esse lipo de malerial

poderiam ver no Irafico uma forma ale de garantir sua subsislencia.

Contrabando de imigrantes ilegais: com varios parses tendo a economia gerando

cada vez mais miseria e desemprego, a emigrayaa torna-se uma grande sarda.

Par~m as parses esU\o cada vez mais fechando suas franteiras aos imigrantes,

fazendo com que a entrada ilegal no pals seja uma allernativa a ser pensada.

Organiza~15es criminasas lucram com esse tipo de neg6cio de diversas formas: par

meio de dinheiro que os migrantes pagam para tentar entrar no pars e tambem par

medo de ser deportada que ~ inserido nos migrantes. Assim, ele acaba se

submetendo a fraudes, trabalho escravo, e servindo ao pr6prio crime.

Triifico de mulheres e crianc;:as: a prostitui~aoe uma das atividades que mais

aparece na mente das pessoas quando se fala nesse tipo de atua~aa do crime

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e"'riuu\ --'/arganizada. Parem aqui se fala tambem na queslaa de beb~s que sao adatadas

ilegalmente.

13

Trafico de 6rg30S: um das gran des problemas envalvenda essa questa a e a fata de

ser considerada per muitos como lenda. Porem hi! provas de que isso ocorre em

larga escala. 0 pr6prio autor cita um caso na Argentina onde foram retiradas

c6rneas de pessoas que tiveram os exames de morte cerebral forjados. Alem disso,

existem govern os que permitem que as pessoas disponham de partes de seu corpo.

Na China, por exemplo, prisioneiros condenados a morte podem ter seus 6rgaos

vendidas, com a lucra revertida aas cafres publicas. Parem, h8 legisla90es nacianais

e internacionais que sao bem claras no que se refere a isso, tornando 0 trafico

ilegal. Contrabandistas coordenam essas redes que t~m como clientes finais

gran des hospitais.

Lavagem de dinheiro: sem duvida, uma das praticas mais comuns e menos

entendida. Trata-se de transformar a dinheira "suja" em dinheiro "Iimpa". Ou seja,

dinheiro proveniente de atividades ilegais e inserido em instituit;oes financeiras, a

seguir tern toda a sua origem apagada, sendo em seguida inserido na economia

legal. A glabaliza9aa das mercadas aliada a passibilidade de Iransfenr grandes

somas em segundos faz com que essas operat;iSes ten ham uma men or

possibilidade de serem rastreadas.

Essas sao as atividades que da.o suporte financeiro ao terrorismo. Nao e

diferenle no casa da AI Oaeda. Em palses Arabes, a cultiva da papaula e camum, e

esta e materia prima do opio, presente em drogas como a herofna.

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1-1

2 RELACAO ENTRE AL QAEDA E ISLAMISMO

No Ociden!e e comum a considera9ao de que ha uma rela9ao dire!a entre ser

praticante do Islamismo, ser fundamentalista e ser praticante da guerra santa. IS50 sem

dtlvida se deve if confusAo que se faz com alguns grupos que participam de facgOes

ish'micas que 0 livra sagrado do Islamismo (Alcorao) de maneira OrtOdOX8. A rede de

Osama Bin Laden usa uma dessas interpretac;Oes extremamente fundamentalista.

ARMSTRONG (2001) afirma que 0 Isla e principalmente uma religiao voltada

para a paz. Apenas a guerra para a defesa e permitida. 0 conceito de jihac! ('""guerra

santaj serla na verdade urn esforc;o em se fazer a vont-ade de Deus na Terra. A

tolerc3ncia com outras religioes e outro ponto fundamental nos livros sagrados do Isla.

A guerra praticada por muitos grupos, matando inocentes, e antes de tudo uma

interpretac;Ao superficial do Alcorao. As palavras de guerra usadas nesse livro sao

acompanhadas por palavras rna is fortes de paz, reafirmando a questao da defesa ha

pouco levantada. Mas a AI Oaeda e outros grupos v~em apenas as justificativas

Usantas" para seus atos de horror.

, Segundo BODANSKI {2OCH . jihad !ti~llifiC\'llih'f'.dlllC"llte iuttt. AtU1.1!flf.nlt' 6 um tl.':rmo 1I11izado JXl:Udc-:oc.rt"H'r

qUlllquc-r gntllde, t:.trt'f.l, ~'Umo pm C'.'l.:t"mpio ''jihn.1 dt: et)[l!1tru,,}o" p:ara de.~re\'cr" rt:C(!Iljjlru~.'o do lil deu,.J.lld" {X"I:I

1.11('rr.t. No ent:tnt , jil!:unitll.1 (llItcudt'm .1 p:alllHlt 110si,nific.ldo ma.il crt Ioxo d:t p..1h!.\'I'I, "iut"fml:lllt:l oontm (lIS

inimitO!l do bit." PROCt)PIO {REP!, -H (2 70(2001)] ailld:l :"fim'lltljue ··jihn:lsilllificl. i;u#imrllte elllJX'noo rm1m,,:••do equilflihrio a S<'n'i(fo do Crio'dor; t!mp<'uho trndu:tido oomo esfOf~ de dcfelj.,"\ dYl Y:llorc~ d'\ re ill mic.l. AIntdi~lo mllomtllltl.l p~~:\ <.:aminh:uda jillud mt.llor p:am a Jilwil nuior. A JiJurd maior ~.Q cmpt'nho Oll r{{ (' do('umpiQ.

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2.1EXPANSAo DO ISLAMISMO

ALI (2002) afirma que em seu inlcio 0 islamismo - assim como outras religiOes

monotefstas - seria semelhante aos movimentos politicos atuais. A imposi~ao de se

arar cinco vezes per dia, par exemplo, seria urna forma de se disciplinar as novas fit~is.

Tambem tinha condi90es de criar uma comunidade de fieis onde se instalava.

Antes de Maome, as arabes nac tinham nenhum la90 que as un;sse. Constitufam

tribos dispersas, ate que 0 Profeta as unisse. Maome foi urn comerciante, empregado

de confian9a de sua primeira esposa, Khadija, conforme atestado por ALI (2002).

Gra~as a issa, teve cantata com pessoas de diferentes credos, que em muito auxiliaram

a expansAo de seu pensamento. Maome teve revelagoes divinas que depois se

tornaram parte do A1corao ( "0 Discurso"). Ele tentou pregar em Meea, importante

centro comercial na epoca. Foi convidado a pregar em latfib e partiu para Itt em 622

D.C. A cidade passou a se chamar Medina - cidade do profeta. A partida de Maom~

para latrib e chamada Hegira, e marea 0 inicio do calendario mul<;:umano. Ai tambe-m e

instiluido 0 conceito de jihad.

a movimento islamico teve como caracteristica sua expans~omilitar. A for~a e a

presteza da doutrina de Maome fez com que mesma em vida 0 Profeta ja pudesse ver 0

resultado de sua prega'1ao. Ele morrell em 632 D.C. e menes de urn seculo depois sells

discfpulos alcanyaram a Europa. A derrota mais significativa foi na Frang8, no vale do

rio Loire, em que 0 exe-reito de Carlos Martel manteve as mul<jumanos lange de seu

reina. Assim, fixaram-se na Peninsula Iberica.

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[6

Os arabes ainda conseguiram 0 Egito, destituiram as sassanidas que estavam

ha 12 seculos no poder na Persia e chegaram ale a fronleira com a China. Como pode

ser observado, pr6ximo ao ano 1000 D.C., 0 munda islAmico se estendia da Asia

Central ao Manlico.

Diferentes pavos foram conquistados. Assim havia diferentes culturas e

diferentes etnias. 0 munda islamico foi diy/dido em Estados diferentes, sendo 0 chefe

desses Estados lider religioso e polftico. Esse lfder era chamado Califa e seu estado, a

Califado. Os Ir~s centros de poder erarn Bagdad, C6rdoba e Cairo. Alualmenle, hI!

grupos islamicos que intencionam formar um grande califado no munda islamico.

A Igreja Cat6lica reagiu a esse poder com as Cruzadas, fazendo com que

soldados retomassem a Terra Santa. IS50 abalou a estrutura do Califado, embora este

permanecesse ate meados do secula xv. Contudo, a Peninsula Iberica deixou de ser 0

Califado dos Almoravidas, mas 0 Isla ainda prosperava no Oriente M~dio.

2.2 IMPERIO OTOMANO

Constantinopla I cidade vital para as rotas comerciais por ser a Iigayao da Asia

com 0 Mediterraneo, foi tomada pelos turcos em 1453. Este e 0 inicio do Imperio

Otomano, que durou ate a Primeira Guerra Mundial. A cidade de Constantinopla mud au

seu nome para Istambul.

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Os Balcas foram anexados no seculo seguinte. E 0 dominic se estendia ate

fronteiras com a Persia e india, fazendo parte do que hoje sAo as ex-republicas da

Uniao Sovietica, como 0 Azerbaijao, Casaquistao, entre outras.

Urna das caracterfsticas mais marcantes desse imperio era a tolerancia religiosa

existente. Judeus e cristaos con"iviarn perfeitamente, apesar do Islamismo ser a

religiao oficial. Judeus e protestantes perseguidos na Europa podiam ter asilo no

Imperio, 0 que fez com que muitos judeus voltassem it terra de seus ancestrais. 0

contraste com alguns Estados mulc;umanos de hoje - e principal mente com a que

acontece na questao da Palestina - nao deixa de ser marcante.

ALI (2002) aponta que a Peninsula Arabica perdeu urn pouco 0 atrativo comercial

a partir do seculo XVI. Meca e Medina eram importantes centros religiosos, mas

economicamente e geograficamente a peninsula ficava urn pOlleo isolada. As tribos

estavam dispersas e par vezes aproveitavam os peregrinos para conseguirem dinheiro.

Sentimentos de revolta contra 0 imperio surgiam e movimentos contrfuios ao regime de

governo na epoca cresceram em cima desses sentimentos, sempre tendo a religi~o urn

papel central.

2.3 AS OUASGRANOES DIVISOES DO ISLA

o Alcorao e 0 livro sagrado dos rnuh;urnanos.As principais leis a serem seguidas

I. se encontram. No entanto, hi!. a Suna, que e urn livro que guarda tradi,oes, hadiths

como sllo charnadas em arabe. 0 Alcorllo seria urn livro revel ado por Ala e a Suna urn

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complemento a essa revelartao. Os que seguem apenas 0 Alcorao sao chamados de

xiitas e as que seguem tambem a Suna sao chamados de sunitas.

Porem, a divisao nao se resume a isso. Varias ideias referentes it religiao, ao seu

desenvolvimento e it sua lideranc;a sao vistas de formas diferentes entre um e outro

ramo do Isla. Os sunitas sao a maioria, aproximadamente 85% dos mulc;umanos. Os

15% xiitas se concentram principalmente no Ira e Iraque.

Essa divisao se fez logo no infcio do Isla, no seculo VII. ALI (2002) afirma que

ap6s a morte de Maome em 632 - ano 11 do calend~rio islamico - seus

cOl11panheirosdecidiram eleger UI11sucessor. Abu Bakr foi escolhido. Ap6s sua morte,

Ornar foi eleito. Ap6s Ornar, Uthman, do cia Omiada, foi eleito como 0 terceiro califa.

Ali, genro de Maome, naD 905tOU e protestou. Enquanto Uthman representava a

aristocracia tribal de Meea, a velha guarda legalista via em Ali a melhor escolha para a

sucessao. Assim, em 656, partid~rios de Ali assassinaram Ulhman e ele foi ungido

como califa.

A primeira guerra civil do Isla enlao leve inlcio. Talha e al-Zubair, dois anligos

companheiros de Maome, se rebelaram unindo-se a tropas leals a Uthman. Ainda se

uniu a eles a viuva do Profeta, Aisha. Todos foram derrotados, e dos Ifderes apenas

Aisha sobreviveu, sendo feita prisioneira. Voltou a Medina e ficou praticamente sob

prisao domiciliar. Alguns historiadores veem na derrota de Aisha a razao porque as

mulheres sao lao repreendidas no islamismo.

Houve outra batalha com os Omfadas, e Ali foi derrotado. Seus partidiuios se

incomodaram com 0 fato dele aceitar a derrota e 0 arbitrio. Um deles ent.E\oassassinou

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J9

Ali do lado de fora da mesquita de Kufa em 660. Muawiya, general Omlada, foi

reconhecido como califa, mas as tithos de Ali a rejeitaram. Foram derrotados e mortos

na batalha de Kermala.

Em ~rabe, Shia't significa fac9ao. Xiita e uma palavra em portugu~s derivada da

paJavraarabe para fac9ao. Seria 0 partidario, aquele que faz parte da facC;aoque foi

iniciada por Ali. A partir dal foram criadas tradi90es pr6prias para os xiitas. Muitas

chegam a afirmar que passagens amigaveis a Ali foram tomlmente retiradas do A1corlio

no momento de sua publica~i!lo par Uthman.

BODANSKI (2001) ainda aponta para diferen9as no comportamenlo dos sunilas

e dos xiilas. Esles consideram Ali um inspirado por Ala lambem, ao passo que aqueles

consideram Maome 0 ultimo inspirado. Ou seja, nao ha nenhum outro elo de liga9ao

entre Aiti. e a humanidade ap6s Maom~, segundo as sunitas. Na atualidade, as

principais diferenc;as entre as dais grandes ramos do isla estao relacionadas aos

princIpios das decisoes judiciais e de jurisprudencia - incluindo 0 direito civil -, ao

carater dos dias santos, a essencia do relacionamento com as infieis e a detalhes sabre

as prtHicas de oray30 e Qutros aspectos dos rituais.

Os xiitas criaram est-ados pr6prios. A Persia Medieval e 0 Ira atual sao dois

exemplos. Ha ainda fortes comunidades xiilas no libano, Iraque, Afeganistao,

Paquistao e india.

Segundo BODANSKI (2001), 0 isla sunita enxerga 0 Eslado-Na9ao como uma

entidade inegavel. Governos islAmicos devern entao ser criados separadamente para

depois unifica-Ios nurn (jnico califado. Ja os xiitas entendem que 0 Estado-Nac;ao n~o e

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uma entidade islamica, portanto, nao e valida para a propagagao da palavra de Ala.

Assim, revolu95es islam~as e 0 combate a inimigos do Isla - principalmenle os

Estados Unidos - sao apoiadas obrigatoriamente par governos xiitas.

Xi ita tambem se tornou sinOnimo de radical. Dessa maneira, muitos pod em

entender que grupos radicais islamicos sao necessaria mente xiitas, ou melhor, apenas

as xiitas s~o radicals. Isso nao e verdade. Realmente, os xiitas t~m uma maior

propensao para a jihad em uma forma mais violenta, incluindo atentados terroristas. No

entanto, 0 Talib~ era lim regime islamico sunita. A seita ~ qual pertence Osama Bin

Laden, a wahhabismo, tambem e sunita, mas nem per isso deixa de interpretar de

forma ortodoxa 0 Alcorao.

2.4 WAHHABISMO E ARABIA SAUDITA

A Arabia Saudita e urn estado que esta intimamente ligado a urn ramo

extrema mente puritano do islamismo, 0 wahhabismo. Assim como 0 cristianismo, 0

islamismo possui algumas seitas, como 0 wahhabismo.

o wahhabismo surgiu em pleno imperio otomano. Apenas Meca e Medina

posslilam prole9~0 direta de Islamblii. 0 reslo da regiao se sllbmetia 80 controle

otomano, porem com autoridades locais. Eram os emirados. Deve ser observado que

ainda havia poucos atrativos econOmicos na regi{to.

Muhammad Ibn Abdul Wahhab era filho de urn le610go, Abdul Wahhab, que

defendia uma interpretagao axtremamenle ortodoxa da lei islAmic. do seculo VII.

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6'olri u\Muhammad nasceu na cidade-oasis de Uyayna, no inicio do seculo t . As ·crem;as

21

puras" proferidas por ele, segundo ALI (2002), se opunham ao culto do profeta Maome,

condenavam os rnul~urnanos que rezavam ern templos de homens santos, criticavarn 0

costume de marcar sepulturas, enfatizava a ~unidade do Deus unico" e denunciava

todos os grupos xiitas e alguns grupos sunitas como hereges e hip6critas. 0 sultao-

calita em Istambul estava inclufdo nesses grupos. Urna guerra contra mulCfumanos

hereges e contra 0 imperio otomano en contra entAo fortes justificativas.

Mas Ibn Wahhab nao pregava apenas ideias religiosas. Sua interpreta,ao

ortodoxa da lei islamica inclula certas puni,Oes que criaram problemas em 1740.

Espancamentos punitivos islAmicos, morle por apedrejamento das adulteras,

amputa,ilo dos ladrOes e exeCUC;ao publica dos criminosos eram medidas pregadas por

ele, que pass au a pratica-Ias. Com medo de uma revolta popular, a emir a expulsou da

cidade e Ibn Wahhab passou os quatro anos seguintes pregando em outras cidades

que pudessem aceitar sUas ideias.

Ele chegou a provincia de Nejd. La, a emir Muhammad Ibn Saud considerou

uteis os ensinamentos de Ibn Wahhab. Eles-enttio firmaram urn acordo que deveria ser

seguido por seus sucessores. 0 acordo incluia a obri9ac;~o de que Ibn Wahhab nao

deveria ser aliado de qualquer outro emir da regiao. 0 acordo foi selado com 0

casamento de Ibn Saud com a filha de Ibn Wahhab.

Dessa mane ira. uma grande revolta contra 0 imperio otomana comeCfou. Em

1792 cidades influentes da peninsula arabica cairam sob as forCfas militares sauditas-

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wahhabitas. A expansao durou ate 1811, quando oficiais liderados par Muhammad Ali

retomaram Meca e Medina, mantendo a peninsula nova mente sob poder otomano.

Ibn' Saud voltou a ser emir de Nejd. Seus sucessores continuaram proferindo a

wahhabismo. Cerca de cern anos depois, com 0 tim da Primeira Guerra, 0 imperio

otomano ruiu e a Inglaterra ofereceu a Husain, emir do Hedjaz - provincia cuja capital

e Meca -, urn reino cuja base seria a Arabia. Porem em 1925 Ibn Saud vence Husain

e passa a ser rei do Hedjaz e de Nejd. Outros territ6rios sao anexados em 1932 e 0

Reina Teocratico da Arabia Saudita e constiturdo.

Como pode ser percebido, 0 nome do pais esta ligado a familia que 0 governa. E

lambem chamada por casa de AI-Saud. ALI (2002, p.110) afirma que "Essa combina9ao

de fanatismo religioso, implacabilidade militar, vilania palilica e recrutamento fort;ado de

mulheres para cimentar alianyas foi a pedra fundamental da dinastia que governa a

Arabia Saudila hoje."

Opals possui atualmenle uma popula9iio de 23 milhoes de pessoas. A renda per

capita ultrapassa os dez mil d6lares. E a Arabia Saudita e 0 unico pals do Oriente

Medio em que 100% da popula9iio e mul9umana. Nem 0 Irii - pals xiila com urn

governo fundamentalista acusado inclusive de apoiar grupos terroristas - possui tal

fndice.

2.5 A CASA DO ISLA

o islamismo esta presente no mundo todo, sendo a religiao que mais cresce.

Desde a cosla alhlnlica da Africa ale a Indonesia hii palses em que maior parte da

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23

populayao fazem parte dessa religiao. No entanto, paises do Oriente Medio possuem

especial relevancia na conjuntura atua!. SAo parses que se encontram no centro da

expansAo do IslA, au seja, 0 bercio de civilizBC;Aoislamica. Por isso mesmo sAo paises

que poderiam ate mesmo se unir vencendo diferenc;as numa eventual guerra. Entre

esses paises estAo:

Paquistlio: 0 pals·tem uma populayao de 145 milh~es de habitantes. Destes,

97% sAo mulc;umanos, maiaria sunita. 0 nome do pals signifiea "Terra dos

Puros", 0 pars nasceu no final da Segunda Guerra Mundial, assim como

Israel. Era antes um terrrit6rio pertencente a Jndia, mas que foi dividido em

nome da religiAo. Oll seja, a fndia era urn pais onde a maior parte da

populayao professava 0 hindulsmo (embora haja muitos mUlyumanos) e 0

Paquist:lio on de a maio ria e mulc;umana. No entante, ao ser dividido, 0 pais

perdeu a Cachemira, importante regiao que e !ruto de confrontos ate hoje.

A1em disso, a regiAo e tambem berc;o da religH:io sikh, e seus seguidores

depois de anos tiveram de se refugiar em Bangladesh. As lutas seriam

naturais, atinal as sikhs t~m como urn preceito de sua religiiio pegar em

armas - se for preciso - para se defender e defender seu territ6rio.

Provavelmente uma heran,):a do islamismo. Em suma, dos paises do Oriente

Medio, 0 Paquistao e um dos palses com especial atenyao, afinal e um foco

de tensOes muito grande. E e urn dos pafses que afirma ter armas nllcleares.

Egito: 0 Egito possui 70 milh~es de habitantes. Oeste, 94% sao mUlyumanos.

o Isla praticado pela maioria e sunita. 0 pais chama a aten~ao por ser ber,):o

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de muitos movimentos fundamentalistas. ALI (2002) mostra que importantes

quadros da rede AI Oaeda podem realmente estar nesse pals. Os extremistas

islamicos ja chegaram a assassinar urn presidente - Anwar Sadat - em

1981. Isso demonstra que 0 pals je conhece de perto 0 poder destes grupos.

AI~m disso, 0 pals ~ um importante ponto \urlstico, 0 que se toma urn

problema com grupos extremistas.

Ira: esse pals pessui populayao de 66 milh6es.de pessoas. 99% destas sao

mulgumanas. E urn estado teocfatico, assim como a Arabia Saudita. No

entanto, sao mUlyumanos xiitas, ao contrarios dos sunilas da Arabia. 0 pals

passou por uma revoluyao islamica, tornando assim poderosos os IIderes

religiosos. As relayoes com 0 resto do mundo nao sao boas, afinal sao

acusados de possuTrem redes terroristas e financiarem movimentos

fundamentalistas que usam 0 terrorismo. No entanto, he a possibilidade de

darem apaio aos Estados Unidos numa eventual guerra contra 0 Taliba

justamente par serem de ideologias rivais.

Iraque: sua populagao ~ de 23 milhOes de habitantes, sendo 97%

mul<;umanos. Xiitas s~o a maioria. 0 pais e famosa pela figura de seu ditador,

Saddam Hussein. Atualmente he fortes san96es da ONU devido ao regime no

pals. 0 Iraque e tambem acusado de financiar e manter 0 terrorismo. IS50 se

deve em parte ao fato do pars ser atualmente grande inimigo dos Estados

Unidos, graIY8s a Guerra do Golfo, embora nAc se tenha encontrado fortes

evid~ncias de que isso seja verdade. E Saddam Hussein tamb~m usa forte

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repressao contra grupos extremistas. 0 lraque era tambem considerado urn

dos prov~veis lideres caso 0 ataque ao Afeganistao resultasse numa reac;i\o

arabe contra Washington.

-Jordani.: <l populayao e de 5 milhOesde. habitantes. 92% sao mUlyumanos.

A maior parte e sunita. Grupos· extremistas -tern presen98' no par/amento

desse pais. Mas 0 quemais chama a aten,ao para 0 pais hoje e 0 fato de

que 65% da popula~ao e palestina por nascimento ou descend~ncia. Assim,

lutas entre palestinos e israelenses, incluindo atent.ados terroristas, sao

real mente alarm antes na regiao.

2.6 AL OAEDA

ALI (2002) afirma que a rede AI Oaeda e minuscula mesmo perto do menor

exercito arabe. No entanto, ela vern causando muita apreensao, desde antes de 11 de

setembro de 2001. Anos antes ja havia cometido outro atentado contra 0 mesma World

Trade Center canforme afirma BODANSKY (2001).

Mas 0 que chama a ateny30 e 0 numero de pessoas que contribuem com a rede.

A maior parte de sauditas e egipcios. E claro, havia 0 governo do Taliba que Ihes dava

cobertura, apesar de que Bin Laden havia prometido nao liderar os ataques em terr~6rio

afegao.

Em principia, n3a se pede esquecer,s houve financiamenta norte-americana a

alguns grupos terroristas. Enquanto Bin Laden e seus aliados significavam vit6ria

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principalmente contra savieitcas, houve total apaio. No entanto, a situa~aomudou de

figura.

Para isso e preciso perceber a orientayao religiosa de Osama Bin Laden. Ele e

membro de uma rica tamflia saudita e segue 0 wahhabismo. Conforme ja afirmado, este

e urn ramo puritano·e extremamente .fundamentalista. Assim, consta em seu c6digo

uma luta ferrenha contra as inffeis. Medidas vialentas, como apedrejamento de

adOlteras, e caisa que para eles e considerada natural e que devem ser feitas em todo

o mundo.

Os Estados Unidos sao escolhidos como alvo preferencial por dois motivos. 0

primeiro deles e 0 apaio a Israel, que estaria expulsando palestinos, e assim reprimindo

atitudes mUlyumanas.

No entanto, 0 motivQ que e apontado par outros autores e 0 tata da sociedade

americana ser livre e apoiar praticas as quais sao consideradas ofensivas contra Ala,

como 0 aborto e 0 homossexualismo. Assim, os americanos sao vistos como 0 Grande

Sata, aquele que espalha 0 pecado e a destruiyao pelo mundo. Nao e a toa que ALI

(2002) aponta que Ifderes religiosos norte-americanos viram os ataques as Torres

Gemeas como uma resposta de Deus aos que nao praticavam suas leis.

o mais paradoxal e 0 fato de que a AI Oaeda possui em seu quadro muitos

saudi!as (0 Ifder Osama Bin Laden, por exemplo), segue uma orienta~ao religiosa como

os sauditas, tem grande apoio saudita, e nenhuma atitude e tomada em relaC;aoa esse

pais. 0 que acontece e que a Arabia Saudita possui importantes pOyOSde petr61eoe

permitiu bases norte-americanas em seu territ'6rio. Em suma, sao amigaveis aos

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americanos. Mesmo que sUas ideias a respeito da religiao e do mundo sejam muito

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contrarias ao que se pratica na sociedade norte-americana.

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3 AS MUDAN9AS NA POLiTICA MUNDIAL APOS 0 ATENTADO DE 11 DESETEMBRO

A mudan~a que ocorreu no mundo ap6s as atentados ocorridos nos Estados

Unidos se dell· principalmente em tr~s campos: na economia, na descoberta da

complex ida de que existe no Isla e na postura dos americanos em relaC;ao aos paises

considerados adversaries?

Quanta a economia, nao se deve esquecer que durante uma seman a as balsas

de valores de Nova York estiveram fechadas. Apenas isso ja significaria urn grande

abalo provocado pelos atent-ados. Contudo, nao se resumiu aos Estados Unidos esse

tipo de prejuizo.

Hal/ve, par exemplo, uma alta do petr6leo. Provavelmente, essa alta foi

especulativa; no entanto, a ameac;a doe uma guerra no Oriente Media fez com que

houvesse uma maior preocupaC;ao nesse aspecto.

o papel hegemOnico dos Estados Unidos, enquanto lider imperialista mundial,

comec;a a ser revisto tambem. Qutras caracteristicas contribuem para que a decad~ncia

do imperio america no se revele principal mente em comparal(ao a outro imperio recente,

o Ingl6s.

Urn exame atento revela que a.s vantagens arnericanas podem naocorresponder as de uma hegemonia imperial natural. Primeiro, a poder imperialbriUmico baseava-se na export:a~o mao9a de capital e pessoas. Oesde 1972,parem, a economia americana e urna impormdora final de capital (chegando acasa de 17% do produto nacional bruto no ana pa~sado), e continua sendo 0prindpal destino de imigrantes de todo 0 mundo, ntlo urna produtora deemigrantes coloniais. AJem disso, a In~aterra, em seu auge, pOde valer-se deurna cultura de imperialisrno explidto, que remontava 80s tempos eHsabetanos;ja os Estados Unidos - nascidos em uma guerra nao contra a escravidao

7 11 d~Sf't~mbro: 0 Mundo nunC"a mail rol (I ~·hsmo. R("'~lll Vej!!, ('(11768,3.003511.·36. lli09l2002.

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(como afirmou Blair em seu discurso na conferencia do partido), mas contra 0Imperio Britanico - sempre relutarao em assumir a controle de Qutros pavos.s

o autor traz uma comparaQao entre 0 imperialismo ingles do final do seculo XIX

com 0 imperialismo norte-americana. Conclui-se que hfl muitas semelhanc;:as entre as

pnMicas dcs dois paises. No entanto, uma das diferenc;as mais significativas e a riqueza

que cada um dos paises imperialistas possuem. "Em 1913, a participaQao inglesa na

produc;ao total do mundo era de 8,3%; 0 numero equivalente para as Estados Unidos,

em 1998, era de 21,9%." (FERGUSON, 2002, p.133).

Mas 0 modele americana de desenvolvimento passou a ter sua valida de

questionada. Na verda de, issa apenas se acentuou- com os atentados pois ja. ocorria ha

algum temPOr 0 turismo e aviac;ao comercial dos 5stados Unidos foram as areas mais

afetadas com as atentados. IS50 fez com que a economia deste pais passasse enta~

p~r uma crise. Unem-se a isso, escandalos de fraudes em grandes empresas. E como a

economia norte-americana e a maior do mundo, as conseqOencias foram globais. A

Europa passou por uma depressao economica eo Japao ja passava per uma recessao

que durava cerca de dez anos. 0 processo de globalizac;ao passou a ser visto como

uma possibilidade de existir com modelos economicos e de desenvolvimento alem do

americano.9

Ii FERGUSON, Niall. 0 Choque dus Civiliza~ijcs ou os MuMs Enlouqueceram: Os Esiados Unidos entre 0

Imperio Informal eo Formal In TALBOTI, Strobe & CHANDA, Nayan (edit). A Em do Terror: 0 mundo

depots de 11 de setemhro. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

911 de Sclemhro: 0 Mundo nuncn mal ••[oi 0 Mcslllo. Revista Veja, cd 1768, ano 35 n,036, 11109/2002,

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Quanta a postura dos norte-american os em relaC;ao aos paises considerados

adversMos, ALI (2002) sustenta que as politicas americanas se intensificaram. 0 autor

afirma que a posiC;iio interna e internacional do govemo Bush se manteve a mesma e

ainda mais refon;ada; com as ataques Bush conseguiu apaio da ONU e da Russia. Qu

seja, a chamada Guerra contra 0 Terror serviu principal mente para os Estados Unidos

se afirmarem como urn grande "protetor~ do mundo. Na verdade, 0 mundo v~ 0 gaverne

norte-americana como urn grande "ditador" do mundo. A forma como esse poder e

mantido pade ser encontrada nessa explicac;a:o:

A demonstrar;ao do poderio belieD do Estados Unidos - de seusgigantescos porta-aviOes, de sua JXlrtentosa forya aerea, de suas divisOes comguerreiros fantasiados de invendbilidade - tao enaltecido ap6s a II GuerraMundial, continua penetrando duturnamente no lares estadunidenses enospaise-s sob sua orbita de influencia. Por meio da televisa;o e da eficientissimaengrenagem do aparato cultural chamado Hollywood, indusive a derrota noVietn§ e lembrada como acidente causal de passado remoto.10

Essa postura norte-americana contribuiu ainda para que 0 sentimento anti-

americana fosse aumentado no mundo todo. A resistencia em rela~ao a a~6es extern as

dos Estados Unidos em todo 0 mundo passou a ser muito grande. 1550 nao devido ao

atentado, mas sim devido a postura e ao julgamento imposto pelos Estados Unidos a

grande parte do Olundo depois dos atentados.

Especialistas afirmam que os atentados poderiam ter sido urna grande forma de

os norte-arnericanos conseguirem para si 0 apoio internacional. E foi realmente. Apesar

16PROC6P10, Aq;emiro. TC'rteriilllo II RcolayOt-!Ii Intlllrn.domik Revi!tJl Br.tAileint de. Politica InlC',mllcion31. -'4

(2) p. 6:l (2001)(2) p. <il _001)

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de haver sentimentos anti-imperialistas no mundo todo, houve certa comoc;ao quanta

aos ataques. Sim, houve grupos que ate aplaudiram, mesmo na Europa e na America

Latina, as atos de terror. Mas eram pequenos focos.

No perfodo dos atentados, havia uma crescente anda de movimentos

esquerdistas anti-globaliza~ao. E esses movimentos tinham como principal inimigo as

Estados Unidos. No entanto, embera muitos dos que aplaudiram as atentatos

esbyesem participando desses mOYimentos, os atos de terror foram em grande parte

reprovados. Dessa maneira, haveria grande possibilidade de que 0 6dio em reiaryao aos

norte-americanos fosse diminuldo. Mas, como a polltica norte-americana passou a ser

cada vez rna is fechada e cada vez rna is vottada a impor as interesses do pais no

mundo, isso fez que a resist~ncia aos Estados Unidos entAo crescesse cad a vez mais.

Essa resist~ncia pode ser explicada, em parte, pela pr6pria polItica extema norte

americana, pregressa e atua!. 0 caso saudita, por exemplo. Ha fortes evid~ncias de

que 0 dinheiro que financia terroristas venha da Arabia Saudita. 0 pr6prio Osama Bin

Laden nasceu nesse pals. Alem disso, a democracia e os direitos human os neste pars

nao sao bern aqueles que os Estados Unidos proclamam como idea is. Ou seja, 0 que e

praticado na Arabia Saudita se aproxima muito das razOes que os norte·americanos

usam para derrubar outros govern os. Mas a Arabia Saudita e a maior reserva de

petr61eo do mundo; atem disso, nfto ha resist~ncia quanto aos americanos no pars,

deixando ate bases em seu territ6rio. Em resumo, os Estados Unidos - agora de forma

mais explicita - apenas se envolvem e lutam por seus pr6prios interesses, sendo

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qualquer outra justificativa alga apenas usa do como fachada, con forme afirmam ALI

(2002) e CHOMSKY (2002).

Qualquer movimento sob 0 mula de "guerra contra 0 terror~ seria entao apenas

urna maneira dos Estados Unidos expandirem seu dominic pelo mundo. Sabre i550,

CHOMSKY (2002, p.160) afirma:

A admjnjstra't~o Bush entende a nova tase da "guerra contra 0 terror" (que, demuitos modos, reproduz a -guerra contra 0 terror" dedarada pela administractaoReagan, vinte anos antes) como urna oportunidade de expandir sua jaexcepcional vantegem militar sabre 0 resto do mundo e poder adotar novosmetodos para Ihe assegurar a domi'nac;a.o do planeta. 0 pensamento dogoverno toi articulado c1aramente pelos altos escalOes quando 0 principeAbdullah, da Arabia Saudita, visitou os- EUA, em abril, para instar 0 governo aprestar mais atenyao as rea90es do mundo ambe ao seu irrestrito apoio arepressao e ao terror praticados par Israel. Na ocasia:o, foi-Ihe dito que,efetivamente, os EUA nao dao a minima para a opiniao dete e para a desdemais arabes, Como noticiou The New York Times, urn alto funcionarioexplicou que lOsepensam que eramos poderosos durante a Tempestade noDeserto, estamos dez vezes mais poderosos agora. lsso fal s6 para the daruma ideia do que 0 Afeganistao demonstrou sabre nossa capacidade". Urnveterano analista da area de defesa resumiu com precisAo: -Todos eles vAo nosrespeitar, por saberem que somas do tipo que bate forte, e nao vao mais brincarconosco.~ Tarnt>em este padrAo tern rnuitos precedentes hist6ricos, mas nomundo pbs 11 de seternbro, ganha urn novo significado.

Par outro lado, a constata~ao de urna complexidade existente no Isli!i foi sem

duvida urna das mais significativas mudan~as ap6s as atentados. 0 que se pade

perceber e que havia uma certa ignorancia a respeito dessa religiao, principalmente em

solo americana. ALI (2002) chega a relatar que urn tempi a sikh foi atacado nos Estadas

Unidos ap6s 11 de setembro. Os sikhs sao uma comunidade com serias diferen9as em

rela9i!io aas mU!9umanos, principalmente no PaquistAo. Dessa forma, conclui-se que a

polltica externa norte-americana ~ e 0 pensamento de maioria da popula9aO ~ e

marcado par uma generalizacAo total. E des'sa forma, todo 0 Oriente forma uma massa

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de pessoas, que professam religiOes consideradas esbanhas. 0 islamismo parece

entao apenas urna dessas religiOes diferentes.

Nessa perspectiva, 0 mundo passou entao a tentar entender mais 0 que ocorre

na reglao. Percebeu se que hit questOes complexas envolvendo 0 islamismo. Israel e

uma del as. Segundo ALI (2002, p.126):

A ocupayAo da Palestina par colonos sionistas da Europa afetava todo mundo.Um egipcio, urn iraquiano, um saudita, um siria nao eram afetados do mesmamodo que urn arabe palestino, mas todos tinham um sentimento de perda. 0que ate enffio fora uma cultura comum para arabes mUt,;:ulmanos, cristaos ejudeus, sofreu uma sena fratura, uma ruptura profunda que iria se tarnarconhedda como aJ-nakba, 0 desastre. A vit6ria sionista tinha desafiado amodernidade arabe, e alguns escritores perguntaram ..se se a continuidade dapresen~a arabe na hist6ria fora destrulda para sempre.

o mesmo autor explica que a Palestina era uma terra habitada par arabes e que

no final do seculo XIX comer;ou a ter assentamentos judeus que foram feitas mesma

com 0 apaia do imperio otomano. Essa situac;Ao j~ era vista como possivel causa de

conflitos. Alem disso, havia uma crenr;a gerai de que a Pales tina era apenas um

deserto praticamente inabitado. Isso nao era verda de, segundo ALI (2002), mas depois

da formac;Ao do Estado de Israel procurou-se a todo custo provar que essa crenr;a era

verdade. Ainda segundo 0 mesmo autor, muitos judeus ortodoxos eram contra a cria,ao

de Israel, sendo 0 sionismo - 0 movimento de se criar um Estado secular judeu - uma

cria,ao de jude us ateus que con10u com muito apoio ociden!al. MAG NOLI (1997) relata

que entre 1948 e 1949 surgiu 0 primeiro conflito militar envolvendo a questao palestina.

A liga Arabe nao aceitou a decisao da ONU de criar 0 Estado de Israel. Israel venceu 0

conflito e aumentou em 50% seu territ6rio. Desde entao 0 apoio a Israel e visto como

urn ataque aos ;,rabes e ao Isla.

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A questao do Estado-Nayao e outro foco de discussces envolvendo 0 Isla. J~

fcram vistas as diferentes maneiras como xiitas e sunitas entendem essa forma de

organizayao. HUNTINGTON (1998 ,p. 219) constata:

Em todo 0 Isla, 0 grupo pequeno e a grande fe, a tribo e a ummah, fcram osprincipals focos de leal dade e devotamento, e 0 Estado-na~o toi menosimportantes. No mundo arabe, os Estados existentes tAm problemas delegitimidade porque, na sua maioria, eles sao produtos arbitrarios, quando naocaprichosos, do imperialismo europeu, e suas fornteiras muitas vezes nemsequer coincidem com as dos grupos etnicos, como os berberes e os curdos.

Baseando-se nas afirmac;oes aeima, pede se concluir com i550 que sendo 0

Estado-nac;ao por si 56 jts uma institui,!(:lo de paueD valor para 0 IslA, e Israel sendo urn

Estado criado nessa regiAo por mecanismos ocidentais, a tensao nessa regiao ~ muito

grande e envolve questOes mais complexas que as que sao apresentadas a maioria da

popula-;i!io. V~-se, dessa forma, que 0 mundo islamico. com fortes contrastes com 0

mundo ocidental, e uma grande bomba se for pensado que e urn grande ninho de

movimentos radicais.

Neste Sentido, AMANAT (2002) afirma que houve urn deterioramento das

classes m~dias em paises islamicos. Assim, houve urn descontentamento

principalrnente a causa democratica. 0 extremismo toma-se, entao, uma forma de

protesto e ate de chamar a atenyao para si. Segundo 0 autor, Mohamed Atta, urn dos

terroristas de 11 de setembro, e urn grande exemplo: e tilho de advogado egipcio

frusITado.

A verda de e que os paises islamicos eram simplesmente vistos como uma fonte

de petr6leo. Esqueciam-se quaisquer eventuais diferenc;as que poderiam existir entre

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eles. A guerra dos curdos, par exemplo, era ignorada. E 0 Talib~ e 0 maior exemplo de

como 0 ocidente fechou as olhos para 0 que acontecia na regiao.

Havia uma tradi9Ao humanfstica no AfeganistAo, segundo ALI (2002). Havia um

intercambio entre culturas, como a budista e a persa. E durante muito tempo houve

forte desenvolvimento no pals, incluindo a presenrra de mulheres na vida publica em

epocas ern que paises ocidentais nao permitiam nem 0 voto ao sexo feminino. IS50 tudo

foi deposto pelo TalibA, num dos regimes mais repressores do mundo. Como 0 sistema

era favoravel aos norte-american os, impedindo 0 avanrro dos comunistas, ele foi

tolerado. Era como se nao hauvesse nada de errado. Oepois dos atentados, isso

rnudou urn poueo.

Como ja afirmado, isso e apenas um exemplo de como o. Estados Unidos atuam

no mundo todo. No entanto, ao se olhar para 0 Afeganistao, Dutros parses islamicos

ganharam tambem a aten9Ao do resto do mundo. 0 PaquistAo foi um dos exemplos. 0

conflito com a India e antigo, mas houve maior atenryao -do mundo, pais e um pais que

possui a bomba atOmica.

Em suma, viu-se a necessidade de tamar mai's cuidado com a casa do lsia-. NA'o

se trata de simples paryos de petr6leo. Ha complexas questoes que precisam ser

analisadas sempre que se procura tratar da regiao.

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CONSIOERACCES FINAlS

A ordem internacional que e temperada com as atentados de 11 desetembro de 2001 e espedaJmente caracterizada pels emerg~nciadescontrolada de forQas que dormiram embaladas pelos ruidos da Guerra Fna.Portanto, os riscos de desagregayao cia ordem estavam crescentementeidentificados com 0 vigor dos fundamentalismo, d05 nacionalismo e dos ideaisde superioridade etnica, com as manifesta96es de gavemos radicais aumarginais, com 0 crescimento demografico descontrolado, com as atentadoscontra 0 meio-ambiente, com a realidade do narcotrafico e dos terrorismosinternacionais.11

o terrorismo ja e um velho conhecido do mundo. Diferentes sao as razOes para

que seja usada essa pratica. Porem a situa9ao de hoje e bem dos prim6rdios dessa

pratica. Por exemplo, ni!o havia uma na9aO que obtivesse um quinto de toda a

produ9i!0 de riqueza do mundo. Tambem nilo havia uma na9ao que tivesse tanto poder

quanto os Estados Unidos.

Esse poder se constrata contra na90es pequenas. E as ideias que esse pals

defende tambem tern muitos contrastes com outras nac;l5es. A opressao, unida a essas

diferenyas e 0 que pade fazer surgir grupos que tomam atitudes pouco aceittiveis.

Percebeu-se, no primeiro capitulo, que 0 terrorismo atual tem como grande

aliado a tecnologia. Alem disso, ultrapassa as fronteiras nacionais, 0 que pode fazer um

grupo pequeno estar presente em varios paises. Mas uma das mais importantes

contata90es foi a de que certas situa90es por nao terem a devida aten9i!0 das

autoridades, como 0 narcotrafico e 0 trafico de imigrantes, sao importantes fontes de

LlLESSA, Antdnio Cula. &. t>.-1EIRA, Froncisoo AlOma. 0 Brasil e os al.entado. de 11 de letrmhro de 200t.

Revis!,," Bmmleim de Politic,," Intemticionili. 44 (2) 47 (2001).

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renda para grupos terroristas. A "Guerra contra 0 Terror" poderia ser muito bern

sucedida cas a combatesse essas atividades.

A AI-Oaeda tornou-se conhecida devido aos atentados de 11 de setembro de

2001. No entanto, ficou na defensiva desde entao, apenas com alguns discursos

exibidos em televisao no mundo todo. Embora a AI-Oaeda nao tenha agido desde

entao, pade ser percebido per esse trabalho que 0 terrorismo atual se desenvolve em

rede.

o Segundo Capitulo procureu mostrar que grupos terroristas sao apenas uma

parcela do Islamismo. Essa religiao e muito antiga e trouxe muitos beneficios ao

mundo. Assim como toda grande religiao, 0 Islamismo tern suas divisOes e diferentes

interpretay6es para seus preceitos. Dessa forma, algumas interpretar;:Oes acabam

servido de base para que atos de terror sejam feitos.

o terceiro capitulo mostrou que a economia americana teve serios problemas, 0

que levou a uma maior reftexao sobre a validade do modelo americana de

desenvolvimento. Porem, os Estados Unidos passaram a ter urna maior presenc;a

enquanto ,;Imperio" no mundo, explicitando 0 que antes era de certa maneira mais

implicito.

Sustentou·se que a constatat;iio da complexidade foi a mudanya mais

significativa ap6s os atentados. 0 mundo ocidental praticamente ignorava 0 papel

hist6rico da religiao e aM as diferen~as ideol6gicas nas regiOes em que a Isla esta

presente. QuestOes como 0 Estado Palestino comeyaram ate a ser discutidas com

maior isenc;ao, pois sabe·se que nao sao questOes simples. Mas, apesar das mudanc;as

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ocorridas no mundo desde os atentados, ainda h~ uma conjuntura que pode propiciar

muito grupos com atitudes radicais.

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