o valor econômico e social do seguro

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1 O Valor Econômico e Social do Seguro Um Documento Elaborado pela Associação de Genebra Traduzido pela CNseg Setembro de 2012

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Page 1: O Valor Econômico e Social do Seguro

1

O Valor Econômico e Social

do Seguro

Um Documento Elaborado pela Associação de Genebra

Traduzido pela CNseg

Setembro de 2012

Page 2: O Valor Econômico e Social do Seguro

2

Associação de Genebra

(A Associação Internacional

Para o Estudo da Economia de Seguros)

A Associação de Genebra é, em termos internacionais, o principal grupo de reflexão nas questões estrategicamente importantes de seguro e gerenciamento de risco. A Associação de Genebra identifica as tendências fundamentais e as questões estratégicas em que o seguro desempenha um papel essencial ou que influenciam o setor de seguros. Por meio da criação de programas de pesquisa, publicações regulares e da realização de reuniões internacionais, a Associação de Genebra funciona como um catalisador para o avanço no entendimento de questões sobre risco e seguro e um gerador e disseminador de informações. Trata-se da voz condutora dos maiores grupos de seguros do mundo inteiro no diálogo com as instituições internacionais. Em paralelo, promove – em termos econômicos e culturais – o desenvolvimento e o emprego do gerenciamento de risco e o entendimento da incerteza na economia moderna. A Associação de Genebra tem como associados um máximo estatutário de 90 CEOs das principais companhias de seguros e resseguros do mundo. Ela organiza redes de especialistas internacionais e realiza fóruns de debates para diretores e especialistas em seguros, bem como para formuladores de política, reguladores e organizações multilaterais. A Assembleia Geral anual da Associação de Genebra é o encontro anual de maior prestígio dos principais CEOs do setor de seguros do mundo inteiro. Fundada em 1973, a Associação de Genebra, oficialmente, "Associação Internacional para o Estudo da Economia de Seguros", conta com escritórios em Genebra e Basileia, na Suíça, sendo uma organização sem fins lucrativos, mantida por seus membros. Presidente: Dr. Nikolaus von Bomhard, Presidente do Conselho de Administração, Munich

Re, Munique. Vice-Presidentes: Sr. John Strangfeld, Presidente e CEO, Prudential Financial, Inc., Newark; Sr. Kunio Ishihara, Presidente do Conselho, Tokio Marine & Nichido Fire Insurance Co., Tóquio; Sr. Michael Diekmann, Presidente do Conselho de Administração, Allianz SE, Munique. Membros do Conselho: Dr. Carlo Acutis, Vice-Presidente, Vittoria Assicurazioni S.p.A., Torino; Dr. Sergio Balbinot, Diretor de Administração, Assicurazioni Generali S.p.A., Trieste; Sr. Henri de Castries, Presidente do Conselho de Administração e CEO, AXA Group, Paris; Sr. Patrick de Larragoiti Lucas, Presidente, Sul América Seguros, Rio de Janeiro; Sr. Donald Guloien, Presidente e CEO, Manulife Financial Corporation, Toronto; Prof. Denis Kessler, Presidente e CEO, SCOR, Paris; Sr, Michel Liès, CEO do Grupo, Swiss Re Group, Zurique; Sr. Mike McGavick, CEO, XL Group plc, Hamilton; Sr. Martin Senn, CEO, Zurich Financial Services, Zurique; Sr. Esteban Tejera Montalvo, 1º. Vice-Presidente, MAPFRE, Madri; Sr. Tidjane Thiam, CEO do Grupo, Prudential plc, Londres; Dr. Richard Ward, CEO, Lloyd’s, Londres; Dr. Yan Wu, Presidente e Diretor Geral, The People’s Insurance Company

(Group) of China Ltd., Pequim.

Page 3: O Valor Econômico e Social do Seguro

3

Secretário Geral: Sr. John H. Fitzpatrick, Basileia/Genebra. Vices-Secretários-Gerais: Prof. Jan Monkiewicz (Principal da PROGRES, Liaison – Europa Oriental), Varsóvia; Sr. Walter R. Stahel (Chefe do Gerenciamento de Risco), Genebra.

Chefes de Programas e Diretores de Pesquisa: Dr. Etti Baranoff (Diretor de Pesquisa em Seguros e Finanças), Richmond; Dr. Christophe Courbage (Diretor de Pesquisa e Chefe de Saúde e Envelhecimento e Economia de Seguros), Genebra; Sr. Daniel Haefeli (Chefe de Seguros e Finanças), Genebra; Sr. Anthony Kennaway (Chefe de Comunicações), Genebra; Prof. Krzysztof Ostaszewski (Diretor de Pesquisa de Vida e Previdência), Normal, Illinois.

Diretores Especiais: Sr. Katsuo Matsushita (Liaison – Japão e Ásia Oriental), Yokohama; Sr. Richard Murray (Chefe do Liability Regimes Project), Nova Iorque; Sr. Gordon Stewart, (Liaison – América do Norte), Nova Iorque; Dr. Hans Peter Würmli (Presidente da Chief Risk Officers Network), Zurique. Presidente do Conselho Consultivo Científico: Prof. Harold Skipper.

Ex-Presidentes da Associação de Genebra: Prof. Raymond Barre, Paris (1973-1976); Sr. Fabio Padoa, Trieste (1976-1983); Sr. Julius Neave, Londres (1983-1986); Prof Dr. Dr. e.h. Reimer Schmidt, Aachen (1986-1990); Sir Brian Corby, Londres (1990-1993); Drs. Jan H. Holsboer, Amsterdã (1993-1999); Sr. Walter Kielholz, Zurique (1999-2003); Sr. Henri de Castries, Paris (2003-2008), Sr. Martin J. Sullivan, Nova Iorque (2008); Sr. Jacques Aigrain, Zurique (2008-2009).

Ex-Secretários-Gerais da Associação de Genebra: Prof. Orio Giarini (1973-2000), Sr.

Patrick M. Liedtke (2000-2012).

Page 4: O Valor Econômico e Social do Seguro

4

O Valor Econômico e Social

do Seguro

Um Documento Elaborado pela Associação de Genebra

por Eric Grant, Gerente de Comunicações, Associação de Genebra

Page 5: O Valor Econômico e Social do Seguro

5

Associação de Genebra

Geneva | Route de Malagnou 53, CH-1208 Geneva | Tel: +41 22 707 66 00 | Fax: +41 22 736 75 36

Basel │ Sternengasse 17, CH-4051 Basel | Phone +41 61 201 35 20 | Fax +41 61 201 35 29

[email protected] | www.genevaassociation.org

Agradecimentos O relatório oferece uma visão geral do material existente sobre o valor social e econômico do seguro. O nosso muito obrigado a Miles Celic, Wendy Deller e Kevin Bowman, Prudential plc, pelo trabalho inovador que realizaram na compilação de fontes de pesquisa, e também a Lorenzo Savorelli, Assicurazioni Generali, por seus comentários nas primeiras minutas. Agradecemos ainda a Christophe Courbage, Anthony Kennaway e Patrick M. Liedtke, da Associação de Genebra, por suas contribuições. Revisão e layout realizados por Françoise Jaffré, Associação Genebra.

Créditos das fotos: © Alexandre Mitiuc – Fotolia.com; © twilight productions – istockphoto.com; © Lloyd’s de Londres; © fruttipics – istockphoto.com; © Kheng Guan Toh – fotolia.com; © manisivmova – fotolia.com; © fzant – istockphoto.com; © burakpekakan – istockphoto.com; © freshidea – fotolia.com.

Setembro de 2012 O Valor Social e Econômico do Seguro © Associação de Genebra Publicado pela Associação de Genebra (Associação Internacional para o Estudo da Economia de Seguros), Genebra/Basileia. As opiniões expressas em boletins informativos e publicações da Associação de Genebra são de responsabilidade dos autores. Portanto, isentamo-nos de qualquer responsabilidade ou obrigação imputada resultante de tais matérias por parte de quaisquer terceiros. Download da versão eletrônica em www.genevaassociation.org

Page 6: O Valor Econômico e Social do Seguro

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Índice Visão geral 8

Risco e o mecanismo do seguro

Entendendo o seguro

Identificando a falta de informação no mercado

10

10

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Redução e atenuação de perdas: apoiando cidadãos e sistemas de proteção social

Da assistência mútua ao seguro

A lei dos grandes números

Melhorando a segurança financeira e garantindo tranquilidade

Apoiando sistemas de seguridade social

Seguro como um serviço de gerenciamento de risco

14

15

15

16

17

18

Promover a estabilidade financeira e o crescimento econômico

O elo empírico entre o desenvolvimento do seguro e o crescimento econômico

Incentivando a demanda e facilitando a oferta: apoiando o comércio

Aumentando a atividade empresarial

O mercado de seguros como um grande empregador e investidor

23

24

25

26

28

Fomentar o desenvolvimento de serviços financeiros

Concorrência entre bancos e seguradores: melhorando a eficiência do mercado

Interação entre bancos e seguradores: contribuindo para o crescimento econômico

Garantias associadas a risco

31

31

32

33

Olhar para o futuro

Riscos meteorológicos – climático, cibernético e espacial

A grande necessidade de uma comunicação eficaz

35

35

37

Referências

39

Page 7: O Valor Econômico e Social do Seguro

7

"O seguro deve ser visto não apenas como um mecanismo de proteção, e sim, e mais importante, como uma parceria que permite às pessoas e empresas abrirem suas asas e irem aonde, sem o seguro, elas não ousaram ir."

Page 8: O Valor Econômico e Social do Seguro

8

Visão Geral

O presente documento procura, em primeiro lugar e antes de tudo, propiciar um

entendimento mais detalhado do papel, dos benefícios e recursos do mercado de seguros,

bem como uma visão geral do funcionamento do mecanismo do seguro. Também explana

sobre a enorme importância do seguro para as pessoas, instituições e a economia, ao

proporcionar uma sensação de segurança e tranquilidade, atenuar perdas, aumentar a

prosperidade e, de certa forma, tornar as pessoas mais conscientes quanto à realidade dos

riscos e suas consequências por meio de informações e indicadores de preço. Aborda ainda

alguns mal-entendidos sobre cobertura de seguro, em particular as áreas nas quais esses

mal-entendidos levaram à decepção ou desilusão sobre o mercado.

O papel do seguro como um mecanismo de proteção social é talvez o que primeiro vem

à mente quando somos solicitados a pensar sobre seus benefícios. Na verdade, atenuando

os efeitos de eventos externos sobre os quais não temos controle – doença, acidente, morte,

catástrofes naturais – o seguro permite às pessoas recuperarem-se de um súbito infortúnio,

aliviando ou, pelo menos, limitando o ônus financeiro. Em se tratando de seguro saúde, isso

pode até mesmo significar a diferença entre a vida e a morte.

Seguro, no entanto, tem um impacto bem mais amplo e muito mais profundo do que

essa percepção inicial, embora seu valor para a sociedade derive dessa função primária.

Posto que o seguro gerencia, diversifica e absorve os riscos de pessoas físicas e jurídicas,

muitas vezes, ele é uma condição prévia para o desenvolvimento de outras atividades

produtivas, como por exemplo, comprar uma casa e iniciar ou expandir um negócio. Por outro

lado, essas atividades incentivam a demanda, facilitam a oferta e sustentam o comércio –

mas, de maneira geral, ocorrem apenas se os riscos externos associados forem

administrados por meio do seguro.

Esse efeito facilitador opera também em termos individuais, estendendo-se como uma

consequência natural de sua importância na proteção social. O segurado que não sofre

perda financeira indevida depois de um infortúnio inesperado conservará mais facilmente seu

poder de compra. O impacto global do seguro deve, portanto, nivelar os padrões de consumo

e contribuir mais amplamente para a estabilidade financeira e social. Esse fator de

estabilização é reforçado pelo papel do seguro como um investidor de longo prazo em

projetos e negócios.

Seguro tem um efeito real sobre a economia global, é claro, por meio do grande número

de pessoas que o setor emprega. Entretanto, ele também atua de uma forma complementar

ao sector bancário, oferecendo um acesso mais fácil ao crédito, canalizando a poupança para

investimentos de longo prazo e proporcionando maior transparência e liquidez aos mercados,

garantindo, dessa forma, maior apoio e crescimento para a economia. O seguro contribui

Page 9: O Valor Econômico e Social do Seguro

9

para a segurança pública e o desenvolvimento de novos produtos, aumentando a

conscientização sobre segurança, e assim melhorando as exigências de segurança que

poupam vidas e incentivam inovação no setor manufatureiro (por exemplo, seguro de

automóveis e cintos de segurança, seguro residencial e prevenção de incêndio).

Finalmente, como um provedor de serviços de gerenciamento de risco, o mercado de

seguros está na posição ideal para ajudar a desenvolver produtos inovadores e contribuir

para solucionar os urgentes desafios sociais mundiais, como por exemplo, envelhecimento

da população, e ameaças emergentes, tais como, mudanças climáticas e riscos cibernéticos.

As formas do seguro de contribuir para a sociedade e o crescimento econômico podem

ser resumidas a seguir:1

• permite que riscos diferentes sejam gerenciados com mais eficiência;

• reduz ou atenua a perda;

• aumenta a tranquilidade e promove a estabilidade financeira;

• ajuda a aliviar o ônus dos governos na prestação de todos os serviços de

proteção social aos cidadãos via sistemas de segurança social;

• facilita as transações comerciais, apoiando as empresas e o crescimento

econômico;

• mobiliza a poupança interna; e,

• promove uma distribuição de capital mais eficiente, fomentando o

desenvolvimento de serviços financeiros.

Por essas tantas razões – e esse é o ponto que esse documento gostaria de destacar –

o seguro deve ser entendido corretamente, não apenas como um mecanismo de proteção e

gerenciamento de risco, que paga quando ocorre uma catástrofe, e sim, e mais importante,

como uma parceria que permite às pessoas e empresas abrirem suas asas e irem aonde,

sem o seguro, elas não ousaram ir.

____________________ 1 Essas principais contribuições foram esboçadas por Skipper (1997).

Page 10: O Valor Econômico e Social do Seguro

10

Risco e

o mecanismo do seguro

O mecanismo do seguro envolve o gerenciamento e a atenuação de risco, e baseia-se em um

princípio de responsabilidade compartilhada entre segurador e segurado. No entanto, a

informação insuficiente do mercado de seguros tem, em grande parte, contribuído para a falta

de entendimento quanto ao seu benefício para a sociedade.

Se estamos conscientes disso ou não, é fato que o risco permeia nossas vidas.

Vivemos sob ameaça todos os dias pela possível ocorrência de eventos que podem acarretar

graves consequências sociais, humanas ou financeiras: dano material, catástrofe natural,

doença, invalidez, acidentes em suas inúmeras formas e, claro, morte. O melhor que

podemos fazer é minimizar suas consequências e, dessa forma, aliviar nosso medo de sua

ocorrência.

Considerando que o mecanismo do seguro aborda duas emoções humanas

fundamentais e interligadas – medo e esperança –, ele é uma parte intrínseca da sociedade e

do comportamento social. Em sua expressão mais óbvia, o seguro diminui o ônus financeiro

do infortúnio e do prejuízo inesperado de pessoas físicas ou jurídicas na forma de

compensação monetária ou serviços que às vezes podem fazer a diferença entre a segurança

financeira e a pobreza ou falência: cobrindo as necessidades de uma família depois da morte

de seu provedor, incentivando a pessoa a buscar ajuda médica sem temer a despesa,

ajudando um proprietário ou empresário na reconstrução de sua propriedade após um

incêndio ou uma enchente, protegendo tanto consumidores como fabricantes contra um

produto com defeito...

Mas isso levanta a questão: se o valor do seguro é tão difundido, por que o mercado é

tão mal compreendido e, muitas vezes, criticado ou – na melhor das hipóteses – é a vítima de

uma reputação que perdura há bastante tempo de insensibilidade e simples

conservadorismo? Na verdade, não parece muito ter mudado nos quase 40 anos, desde que

Woody Allen disse essa frase: "Há coisas piores na vida do que a morte. Você já passou

uma noite com um vendedor de seguros?" (Amor e Morte, 1975). Embora a frase provoque

risos, uma opinião tão terrível pode acarretar consequências radicais e negativas na

capacidade do mercado fazer negócios com eficiência, depositar todo o seu valor na

sociedade e conseguir com isso o reconhecimento.

Entendendo o seguro

Em seu nível mais básico e essencial, o mecanismo do seguro envolve pessoas físicas

ou jurídicas (segurados) que efetuam o pagamento de uma quantia fixa em intervalos

regulares (prêmio) em um fundo comum (o plano de seguro), do qual o dinheiro é retirado

Page 11: O Valor Econômico e Social do Seguro

11

(pagamento de um sinistro) para ressarcir um ou mais segurados vítimas de um evento

pré-definido mediante circunstâncias específicas (âmbito de cobertura).

A apólice de seguro – o contrato entre segurador e segurado – pode, portanto, ser

considerada um pacto baseado em confiança mútua; uma parceria por meio da qual o

segurado prefere pagar, com certeza, uma quantia definida para prevenir-se contra uma

perda incerta, as consequências financeiras seriam muito maiores sem o seguro, e o

segurador paga por essa perda no caso de infortúnio.

O termo principal no seguro é risco – ou melhor, "risco compartilhado". Tanto a

companhia de seguros, como o segurado, são afetados pela possibilidade de o evento

segurado ocorrer e pelas consequências se ele ocorrer, porém, é claro que não da mesma

maneira. Ademais, os riscos inerentes a um evento envolvem muito mais fatores do que

simplesmente a chance de o evento ocorrer. Com relação ao seguro de acidentes, por

exemplo, idade, ambiente, estilo de vida, comportamento, etc., são fatores que afetam não

somente a probabilidade de um acidente ocorrer, mas também, a extensão da perda se ele

ocorrer.

Portanto, para que o acordo seja justo para ambas as partes – para que os prêmios pagos

pelo segurado reflitam o risco apropriadamente – todos os aspectos do risco segurado devem

ser avaliados de forma correta, ou "calculados atuarialmente", levando em consideração o

âmbito e a natureza específica do evento, a extensão dos benefícios pagos, as características

do segurado, além do número de pessoas físicas ou jurídicas cobertas simultaneamente por

um risco semelhante (ou seja, o consórcio ou compartilhamento de risco, assunto a ser

abordado mais adiante). Em outras palavras, precificação de prêmio e avaliação de risco não

são práticas arbitrárias deixadas a critério dos seguradores.2

____________________ 2 Chiappori(1997).

Page 12: O Valor Econômico e Social do Seguro

12

Essa noção de "risco compartilhado" entre segurados e seguradores é importante

porque realça as ideias de solidariedade e responsabilidade individual que estão por tradição,

na raiz do mecanismo do seguro. De fato, a solidariedade em seguros não pode ser

sustentada se cada participante individual no consórcio não se responsabilizar o máximo que

puder pela prevenção e atenuação do risco.

Identificando a falta de informação no mercado

Infelizmente, essa noção de um objetivo comum de consórcio de riscos contra

infortúnio por uma série de indivíduos considerados iguais nem sempre tem sido bem

transmitida pelo mercado de seguros. Ao longo dos anos, foi substituída por uma atmosfera

de desconfiança e uma mentalidade de "nós contra eles", ou seja, segurados contra grandes

e anônimas burocracias. E embora a confiança do público no sistema de seguros permaneça

estável, os segurados às vezes não enxergam seus prêmios como pagamento de um risco

compartilhado, mas sim como pagamento inicial para um reembolso futuro ou por um serviço

que eles estejam devendo.3

Em um artigo intitulado "A Mão Invisível do Seguro", Hans-Peter Würmli ressalta que

"se seguradores e bancos tivessem que competir por popularidade, os seguradores

perderiam com o público, mesmo à luz da recente crise financeira."4 De fato, o setor

financeiro tem oferecido, de forma consistente, uma imagem relativamente clara de como ele

atua e quanto ele contribui para a sociedade e a economia.

O mercado de seguros, por outro lado, tem negligenciado sua imagem, e informado mal

ou simplesmente não informado sobre os mecanismos precisos que permitem o seu

funcionamento. Atribui-se isso a várias razões, muitas das quais têm relação com a pouca

notoriedade do segmento de seguros e sua estabilidade, em contraposição ao setor bancário,

assim como o fato de que o seguro é, em geral, realizado localmente, mesmo no caso de

algumas empresas operarem mundialmente.

Würmli escreve, "a comunidade de seguros”, em minha opinião, não convence o público

dos benefícios do seguro para a sociedade e, da mesma forma, os legisladores não regulam

corretamente. As habilidades, o conhecimento e a experiência dos seguradores para

desenvolver, colocar e manter coberturas de seguros apropriadas, nada disso é

suficientemente reconhecido pela sociedade."5

Entretanto, essa falta de informação, infelizmente, tem contribuído para uma série de

erros de interpretação, ou mesmo para uma total incompreensão e falta de conhecimento

sobre seguros, levando a uma reputação tendenciosa. Isso pode ter implicações de grandes

consequências sobre o comportamento do consumidor, das políticas públicas e da regulação

do mercado que não são óbvias de imediato.

____________________ 3 Estamos nos referindo, principalmente, a seguro não vida (ou Propriedade & Responsabilidade); no caso de seguro vida,

em particular, seguro de longevidade, os segurados podem realmente esperar ser constituído um “fundo" para o futuro.

Veja "Redução e atenuação de perdas", pág. 14, para definições mais específ icas das diferentes formas de seguro. 4 Würmli (2011). 5 lbid.

Page 13: O Valor Econômico e Social do Seguro

13

Essa questão é particularmente prejudicial em uma situação de crise financeira

avançada e para um mercado tão fortemente associado com administrar sofrimentos da vida,

considerado ainda mais assim pelo fato de que a visão do bem-estar social realçando o

seguro é concomitante à natureza lucrativa do negócio. No entanto, na verdade, isso

configura-se em um benefício para os consumidores, uma vez que "aonde a sociedade utiliza

os serviços dos seguradores, a confiança do público não precisa ser depositada em alguma

vaga esperança por parte de especialistas melhores e mais competentes, mas pode contar

com seu incentivo ao lucro e o desincentivo ao prejuízo, de que o risco seja avaliado e tratado

objetivamente."6

Várias associações têm publicado folhetos explicativos ultimamente com o objetivo de

melhorar o entendimento do mecanismo do seguro.7 Esse relatório continua e baseia-se

nesses esforços para enfrentar a lacuna reputacional que há no seguro, em uma tentativa de

informar os amplos benefícios do seguro e o papel que ele desempenha na sociedade e na

economia.

____________________ 6 lbid. 7 Veja, por exemplo, Insurance Bureau of Canada (2012) How insurance works e Federação Europeia de Seguros e

Resseguros (CEA) (2005), Between the public and private: insurance solutions for a changing society, bem como

outros trabalhos citados nesse relatório pela Zurich, Associação de Seguradores Britânicos (ABI na sigla em inglês) e

Associação de Genebra.

Page 14: O Valor Econômico e Social do Seguro

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Redução e atenuação de

perdas: apoiando cidadãos e

sistemas de proteção social

O seguro desempenha um papel crucial ao aliviar o medo que as pessoas têm de um

infortúnio inesperado, atenuando as perdas por meio de serviços e/ou compensação

financeira. Por extensão, o seguro também contribui para a proteção social dos cidadãos,

melhorando a sua segurança financeira e tranquilidade. Além do que, também produz

indicadores de preço que levam a um melhor comportamento resiliente ao risco.

Em grande parte, podemos separar o seguro em duas categorias: seguros saúde e

vida; e seguros gerais, também conhecidos como propriedade/responsabilidade ou seguro

não vida.

O seguro saúde destina-se a cobrir riscos relacionados à doença ou lesão corporal,

garantindo ressarcimento para medicamentos, consultas médicas, diárias hospitalares e

demais despesas médicas. O seguro vida paga ao(s) beneficiário(s) nomeado(s) em caso de

morte do segurado ou pode formar um tipo de fundo de aposentadoria (seguro de

longevidade), caso em que o segurado recebe pagamentos regulares da companhia de

seguros (renda vitalícia) a partir de uma determinada idade e por um número indeterminado

de anos, em troca de uma série pagamentos regulares antecipados ou de um pagamento

único ("prêmio único").

O seguro não vida ou propriedade/responsabilidade (P&C na sigla em inglês) abrange

todos os tipos de dano patrimonial, lesão corporal ou incidentes que afetam operações

comerciais e resultam de fatores externos ou de comportamento involuntário por parte do

segurado: acidente, incêndio, chuva, ação judicial, catástrofes naturais, etc.

Gerenciamento de riscos envolve, fundamentalmente, três princípios importantes –

avaliação, prevenção/atenuação e transferência – e seguro envolve todos esses três

aspectos. O presente trabalho fará uma análise aprofundada dos vários aspectos desses

princípios.

Os seguradores possuem anos de experiência e pesquisa em avaliação de uma ampla

gama de riscos. Muitas vezes isso leva o setor de seguros, direta ou indiretamente, a

produzir indicadores de preço que podem afetar um comportamento em relação ao risco que

auxilia medidas preventivas e de atenuação. A transferência de risco pode envolver

consórcio de riscos e garantir cobertura para um grande número de pessoas que pagam

prêmios para um fundo, cujos recursos serão utilizados para ressarcir qualquer um que seja

afetado por sinistro. Em termos individuais, o mecanismo do seguro transfere a perda

financeira da vítima para a companhia de seguros.

Page 15: O Valor Econômico e Social do Seguro

15

Da assistência mútua ao seguro

Ao invés de reservarem dinheiro contra uma potencial catástrofe e proteger-se contra os

imprevistos da vida, as pessoas inicialmente buscavam administrar as possíveis

consequências financeiras do risco agrupando-se em comunidades (por exemplo, famílias,

aldeias, organizações de comércio) e contribuindo para um fundo comum, cujos recursos

seriam utilizados para ressarcir qualquer membro que sofresse um infortúnio. Tais sistemas

de assistência mútua ainda são comuns em alguns países em desenvolvimento, aonde não

há o mecanismo do seguro formal e as pessoas contam com os valores tradicionais do apoio

do grupo, do artesanato e das entidades de classe.8

Os planos de assistência mútua, no entanto, apresentam uma desvantagem muito

grande que explica o número de entidades de classe, por exemplo, que acabaram evoluindo

para companhias de seguros modernas: os membros das comunidades apresentam um grau

semelhante de exposição ao risco. Os membros da família, muitas vezes, adoecem todos

juntos ou dentro de um espaço de tempo muito curto; ou, um incêndio em uma fábrica deixa

todos os trabalhadores desempregados e sob tensão financeira ao mesmo tempo. Nesses

casos, o fundo comum não é suficiente para cobrir todas as perdas individuais e, por

conseguinte, não protege contra as consequências do mesmo risco que a comunidade

tentava administrar.

A lei dos grandes números

A eficiência das companhias de seguros, ao contrário dos sistemas de assistência

mútua, baseia-se, em grande parte, na "lei dos grandes números". Os seguradores fazem um

consórcio de riscos independentes e agregam as exposições de risco individuais, a fim de

possibilitar o cálculo preciso com relação ao total estimado de perdas. Quanto maior o

número de segurados, mais estáveis e previsíveis são as perdas. E quando os seguradores

estão mais certos quanto à extensão de suas perdas futuras, podem oferecer prêmios

menores e mais estáveis. Dessa forma, o seguro preserva o objetivo social original de

compartilhamento de risco, bem como a dimensão humana, a confiança e a responsabilidade

individual da assistência mútua, enquanto reflete o desenvolvimento e a crescente

complexidade da sociedade.

A lei dos grandes números talvez seja melhor ilustrada pelo seguro automóvel, que

agrega exposições de risco bastante distintas em termos de sexo, idade, tipo de carro,

hábitos e experiência de direção, etc., possibilitando estatísticas relativamente confiáveis no

que diz respeito à frequência e severidade de acidentes.

____________________ 8 Assuntos do Governo e da Indústria de Zurique (2011).

Page 16: O Valor Econômico e Social do Seguro

16

Melhorando a segurança financeira e garantindo tranquilidade

Permitir que famílias e empresas permaneçam financeiramente estáveis frente à

dificuldade constitui-se no mecanismo do seguro de proteção social que tem muitas

repercussões positivas ou efeitos facilitadores.

Dessa forma, o seguro pode ajudar a manter um padrão de vida e uma qualidade de

vida decentes depois da aposentadoria no caso de determinados produtos de seguro vida e

seguro saúde de longo prazo. O seguro pode evitar interrupções de negócios que poderiam

levar a falências, o que, por sua vez, pode resultar em perda de emprego e dificuldades

econômicas para os empregados. E a segurança financeira oferecida pelo seguro elimina o

risco de privação caso alguém fique doente por qualquer período de tempo ou sua casa

pegue fogo.

O infortúnio também pode acontecer por culpa de terceiros, como por exemplo, danos

resultantes de acidentes de carro ou de produtos com defeito. Nesses casos, o seguro de

responsabilidade civil desempenha um importante papel na proteção de vítimas inocentes via

processo de responsabilidade civil, porque a indenização por negligência não está mais

limitada exclusivamente à situação financeira do autor e pode ser proporcional à natureza das

lesões sofridas. Um exemplo disso pode ser encontrado no seguro de responsabilidade civil

contra terceiros (TPL na sigla em inglês).

A fim de prosseguir, da melhor forma possível, no seu papel de aumentar a proteção

social e promover o bem-estar de pessoas e empresas, o mercado de seguros tem, muitas

vezes, demonstrado um talento para oferecer produtos inovadores que atendam ou as novas

tendências nos hábitos de consumo ou, o mais importante, as necessidades sociais que

surgem. A assistência de longo prazo aos idosos, conforme veremos a seguir, é um desses

produtos. Os demais incluem seguro de câncer, que cobre as despesas médicas, assim

como as despesas não médicas que, em geral, não estão incluídas nas apólices regulares de

seguro saúde, e produtos de seguro de HIV/AIDS.

Page 17: O Valor Econômico e Social do Seguro

17

Microsseguro é um produto inovador para as economias em desenvolvimento, que

consiste em fornecer seguro vida, saúde, patrimonial e de colheita a um custo baixo para

sociedades de baixa renda, em que as pessoas contam, tradicionalmente, com uma rede

estendida de familiares e amigos que lhes dão apoio. Oferecendo seguro com custos de

operação baixos, o microsseguro é indicado para proteger as áreas mais vulneráveis a

enchentes, furacões e secas,9 e contribui para diminuir a pobreza e para o crescimento

econômico.

Apoiando sistemas de seguridade social

As economias avançadas enfrentam atualmente grandes problemas de dívida

soberana, ao mesmo tempo em que os sistemas de seguridade social, criados depois da

Segunda Guerra Mundial pesam cada vez mais nos orçamentos nacionais. De acordo com o

Fundo Monetário Internacional – FMI, "Em economias avançadas, a despesa pública com

previdência aumentou de 5 por cento do PIB em 1970 para 8,5 por cento em 2010", e o FMI

estima um aumento em torno de mais um ponto percentual nas próximas duas décadas.10 Ao

mesmo tempo, as economias avançadas enfrentam grandes aumentos nos gastos da saúde –

em torno de dois pontos percentuais na Europa e cerca de cinco pontos percentuais do PIB

ao longo dos próximos 20 anos nos EUA.11 O governo do Reino Unido é, atualmente,

responsável por 65 por cento da cobertura de seguros de riscos associados à aposentadoria,

acidentes, saúde e perda da receita.12

____________________ 9 Kelly (2011). 10 Fundo Monetário Internacional (2012). 11 lbid. 12 Tesouro Britânico (2009).

Page 18: O Valor Econômico e Social do Seguro

18

Os países que não promoverem uma mudança significativa na sua estratégia de

bem-estar correm o risco de estarem sujeitos a baixo crescimento econômico, redução na

demanda e uma perda de sua competitividade em face das crescentes pressões

demográficas. Há espaço para compartilhamento do serviço entre seguro privado e social e,

sem dúvida, o setor de seguros pode ser uma peça importante na ajuda aos Estados para

garantir segurança aos cidadãos enquanto alivia seu ônus financeiro.

Em conjunto com iniciativas de política pública – iniciativas financeiras e

comportamentais, como por exemplo, isenções fiscais na poupança para aposentadoria,

regulação para melhorar a proteção ao risco e evitar seguro deficiente e dependência de

indivíduos do Estado – o mercado de seguros pode contribuir com sua experiência e

know-how em gerenciamento de risco para oferecer produtos e serviços complementares e

ajudar a desenvolver soluções para esses difíceis desafios.

Contrariamente aos planos públicos nacionais que cobrem a saúde básica, como na

França e no Reino Unido, alguns países, como a Suíça e hoje os Estados Unidos, visam a

cobertura de saúde compreensiva por intermédio de seguradores privados. Para tal, eles

impõem uma taxa ou penalidade fiscal aos indivíduos e/ou empregadores de grande porte,

enquanto os seguradores, por sua vez, estão sujeitos a determinados requisitos, como por

exemplo, análises para aumento de prêmio e nenhuma exclusão relativa a condições

pré-existentes. O mercado de seguros também pode ter um impacto significativo na redução

do risco saúde, não somente pela oferta de uma cobertura alternativa e adicional aos planos

públicos, mas também, por estimular a prevenção e enfatizar a reabilitação.13

Com relação ao financiamento de aposentadoria, os planos públicos do tipo “pagar

segundo o uso” (Pay-As-You-Go), muitas vezes chamados de "primeiro pilar" dos planos de

previdência, estão cada vez mais impossibilitados de atender a necessidades financeiras do

crescente número de idosos que estão vivendo mais tempo e gozando de uma saúde melhor.

Os planos públicos e privados na forma de planos de aposentadoria complementar e seguros

privados, os chamados "segundo pilar", surgiram para complementar o primeiro pilar, mas

hoje esses planos revelam-se inadequados para manter um padrão de vida depois da

aposentadoria.14 A necessidade de um "terceiro pilar" do sistema de aposentadoria na forma

de poupança privada surge, e o seguro – melhor equipado para avaliar e gerenciar o risco e

os investimentos – pode ser um importante contribuinte para ajudar governos e indivíduos a

administrar o custeio da velhice.

Seguro como um serviço de gerenciamento de risco

Adicionalmente à cobertura de risco, o mercado de seguros é uma fonte valiosa de

experiência em gerenciamento de riscos e informações que beneficiam a sociedade como um

todo. Tendo em vista a própria natureza de seus negócios, o setor precisa reunir uma grande

quantidade de pesquisa sobre o que constitui e contribui para o risco em muitas áreas e em

um amplo espectro de áreas: construção, geografia, geologia, demografia, saúde, finanças,

etc.

____________________ 13 Associação de Seguradores Britânicos (2005b). 14 Ostaszew ski (2012).

Page 19: O Valor Econômico e Social do Seguro

19

Os resultados de tal pesquisa produzem indicadores de preço que alimentam muitos

bancos de dados públicos sobre segurança, levam a um comportamento mais resiliente em

relação ao risco por parte dos consumidores, e incentivam normas jurídicas mais abrangentes

e melhores, tais como, exigências mais aprimoradas para desempenho em segurança para

carros, alarmes de incêndio e sprinklers ou sistemas de segurança para residências e

empresas, normas de construção para proteção contra terremotos, enchentes ou ventos

fortes. Uma das consequências naturais de dispor de tal informação é a redução do número

de investimentos improdutivos (por exemplo, construção em uma área sujeita à avalanche).

Esses poucos exemplos destacam também o elo comum que há entre a existência de

seguros e as medidas de prevenção.15 Na verdade, o gerenciamento de risco antes de um

evento, em uma tentativa de evitar a ocorrência ou de conter seus efeitos

(pré-comportamento) é, em geral, mais benéfico para todas as partes do que as ações

empreendidas posteriormente (pós-comportamento), que só podem diminuir o impacto da

perda. De fato, o segurado geralmente preferiria não sofrer a perda física – ou sofrer menos

– e o segurador a perda financeira (embora seja possível argumentar que isso depende das

probabilidades, dos custos e do nível da perda).

A prevenção é, sem dúvida, e antes de mais nada, a responsabilidade do segurado.

Em alguns casos, as medidas preventivas acontecem em forma de exigências legais, tais

como, limites de velocidade ou uso de um cinto de segurança. Em muitos outros casos, os

incentivos a um pré-comportamento resiliente em relação ao risco são oferecidos pelo

segurador sob a forma de prêmios reduzidos, que incentivam o segurado a tomar medidas

preventivas benéficas (por exemplo, prêmios menores de seguro vida para não fumantes).

Isso ressalta como segurados e seguradores trabalham para o objetivo comum de atenuação

do risco, uma vez que os seguradores tornam-se corresponsáveis e apoiam os esforços dos

segurados para realizar uma prevenção eficaz em um cenário social cada vez mais complexo.

Gráfico 1. Catástrofes naturais e desastres causados pelo homem 1970-2011

Fonte: Swiss Re (2012).

____________________ 15 Liedtke (2007).

Page 20: O Valor Econômico e Social do Seguro

20

Todavia, medidas preventivas nem sempre são suficientes para proteger-se totalmente

contra determinados eventos de grande porte, tais como catástrofes naturais e terrorismo.

Nessas situações, as informações do setor de seguros têm um efeito bastante significativo

sobre o pós-comportamento, facilitando e acelerando os esforços empreendidos

pós-catástrofe. Depois do terremoto no Japão ocorrido em março de 2011, por exemplo, as

companhias de seguros destacaram cerca de 10.000 funcionários para ajudar nos esforços

de resgate e rapidamente liquidaram os sinistros a fim de disponibilizar imediatamente

recursos para os segurados.16

Por outro lado, a ausência de seguro pode resultar, por exemplo, em que as empresas

de construção fiquem relutantes em intervir depois de uma catástrofe, por medo de não serem

pagas, atrasando, dessa forma, os esforços para dar ajuda e aumentando o sofrimento

humano.17 Em casos extremos, tais como, acidente nuclear, grandes enchentes ou

terrorismo, a eficácia do seguro caminha lado a lado com a intervenção efetiva do governo.

Isso ressalta a importância das parcerias público-privadas, não apenas para atenuar os

efeitos de uma catástrofe, mas também, para promover o desenvolvimento de determinadas

regiões em risco aonde as empresas podem ficar relutantes em estabelecerem-se.

Do mesmo modo, o mercado de seguros pode contribuir, e tem contribuído,

expressivamente, para o debate em torno do risco climático e do impacto das mudanças

climáticas sobre os sistemas físicos, biológicos e humanos, assim como sobre as economias

locais e nacionais.18 Uma ampla pesquisa conduzida pelo mercado de seguros ajuda na

conscientização, na redução dos riscos sociais, no estímulo para redução dos gases de efeito

estufa (GHG na sigla em inglês) e na oferta de oportunidades em um cenário econômico em

transformação. Os seguradores também estão envolvidos na criação de produtos de seguros

inovadores para atender os desafios específicos do risco climático.

____________________ 16 Nagamura (2012). 17 Liedtke (2007). 18 Bosse e Liedtke (2009).

Caixa de Texto 1

O conceito de risco moral

Embora o seguro seja programado para permitir que as pessoas ajam com mais

serenidade e de forma mais positiva com a esperança de segurança financeira em caso de

infortúnio, isto pode também ser interpretado como um aumento no comportamento

arriscado, posto que o risco associado é atenuado e os segurados não têm que arcar com

as consequências de suas ações. Um exemplo disso seria um proprietário de uma casa

sendo negligente com os canos de água velhos ou um proprietário de carro que possui

seguro compreensivo sendo menos cuidadoso quanto a batidas e arranhões.

Não há dúvida de que a existência de seguro pode, às vezes, resultar em um

comportamento negativo ao invés de positivo. Por essa razão, a questão do risco moral

algumas vezes tem sido levantada para abafar o argumento de que o seguro funciona

como um mecanismo de proteção social, sugerindo que o seguro faz mal tanto quanto faz

Page 21: O Valor Econômico e Social do Seguro

21

____________________ 19 Dew an (2012). 20 Gladw ell (2005). 21 Associação de Genebra (2011a).

bem. No entanto, grande parte do debate centra-se em opiniões antagônicas sobre o

equilíbrio correto entre bem-estar social e responsabilidade pessoal,19 e não sobre seguro

vida e não vida, em que os benefícios são geralmente entendidos como para superar as

consequências negativas do risco moral, mesmo em áreas controvertidas, como por

exemplo, a saúde.20

As companhias de seguros, contudo, tentam tratar da questão do risco moral e

corrigir o comportamento de risco por meio de uma precificação correta dos prêmios e

limitação do nível de ressarcimento, ou impondo uma franquia dedutível, ou um sistema de

copagamento, todas essas abordagens exigindo que o segurado compartilhe parte da

perda.21 No exemplo acima, presume-se que o proprietário do carro agora teria mais

cuidado porque ele vai ter que pagar por pequenos arranhões, mas não precisará temer

consequências graves no caso de um dano sério.

No entanto, há algumas situações em que o risco moral pode ser tão evidente que as

companhias de seguros podem optar por não cobri-las, por exemplo, cobrir corridas em

autódromos para motoristas que não sejam profissionais, em uma apólice regular de

seguro automóvel. O risco moral destaca em que grau começa a responsabilidade

individual.

Caixa de Texto 2

O conceito de seleção adversa

Seleção adversa é uma situação em que a carteira de um segurador inclui,

substancialmente, mais pessoas de alto risco se comparado à média da população. Tal

situação pode ocorrer quando, por exemplo, a maioria das pessoas com perfis arriscados

buscam uma cobertura de seguro específica em função dos prêmios vantajosos. Essa

correlação positiva entre risco e seguro torna a diversificação de riscos difícil (uma vez que

os segurados tendem a ter exposições semelhantes), e o consórcio de riscos torna-se não

apenas ineficaz, mas pode, eventualmente, aumentar a chance de sinistros, superando em

muito as somas cobertas pelos prêmios.

As companhias de seguros protegem-se contra seleção adversa por meio de uma

filtragem cuidadosa, que é a principal explicação para os incontáveis formulários muitas

vezes exigidos para certos tipos de seguro, como também, as diferenças nas taxas de

prêmio. A título de exemplo, uma empresa que cobra taxas fixas para todas as linhas de

seguro vida poderia correr o risco de atrair uma quantidade exagerada de fumantes, e não

estaria protegendo-se contra essa consequência, uma vez que poderia cobrar prêmios

mais altos para essa categoria de segurados de risco mais alto.

Page 22: O Valor Econômico e Social do Seguro

22

____________________ 22 Courbage (2102).

Outro exemplo reside na necessidade crescente de cuidado de longa duração (LTC

na sigla em inglês), considerando que as populações do mundo inteiro, mas em especial

dos países em desenvolvimento, tendem a ter uma vida mais longa. Esse quadro

representa um desafio especial para os seguradores de tornarem os produtos LTC

atraentes para ambas as partes, ou seja, prêmios baixos o suficiente para torná-los

apetecíveis aos consumidores, porém, não muito baixos a ponto de serem prejudiciais para

o segurador – um equilíbrio delicado – brigar por um produto que tende a interessar as

pessoas apenas à medida que elas se aproximam da velhice e representam um risco

maior.

Para tais situações, os seguradores estão desenvolvendo soluções, como por

exemplo, combinando o seguro LTC com o seguro vida, uma vez que eles são

complementares (ou seja, uma pessoa não pode representar um risco alto no seguro vida e

no seguro LTC), ou seguro em grupo. Planos patrocinados pelo empregado, por exemplo,

reduzem o impacto do aspecto de aceitação voluntária do LTC que contribui para seleção

adversa, e evita preocupações referentes à subscrição e antisseleção.22

Page 23: O Valor Econômico e Social do Seguro

23

Promover a estabilidade financeira e o

crescimento econômico

Assim como o seguro garante aos indivíduos uma tranquilidade maior, ele também torna a

vida mais previsível para as empresas, facilitando o planejamento empresarial. E da mesma

forma como ele influencia o comportamento social, ele promove medidas de gerenciamento

de risco racionais por meio de consórcio e precificação transparente.23

Quando as pessoas não temem mais a privação decorrente do infortúnio súbito, elas

podem sentir-se mais inclinadas a gastar em confortos da vida e fazer investimentos de longo

prazo – e dispor dos recursos para tal. Os segurados de determinados tipos de seguro vida

não precisam restringir em demasia seus gastos na aposentadoria. Como consequência de

proporcionar segurança financeira e funcionar como um mecanismo de proteção social, o

seguro também contribui para um consumo mais estável e até maior, que por sua vez é um

motor do crescimento econômico.

Essa é a função de base do mercado de seguros, que cresceu em sua forma moderna

de gerenciar riscos referentes ao transporte e comércio marítimo no século XVIII (as primeiras

referências documentadas sobre seguro – em contratos marítimos – na verdade remontam à

antiga Babilônia).24

____________________ 23 CEA (2006). 24 Associação de Seguradores Britânicos (2005a).

Page 24: O Valor Econômico e Social do Seguro

24

O elo empírico entre o desenvolvimento do seguro e o crescimento

econômico

Há uma relação circular e de longo prazo entre o tamanho do mercado de seguros e o

crescimento econômico, em particular o seguro de vida em países desenvolvidos.25 Isso

sugere não apenas que espera-se que o crescimento do mercado de seguros em países em

desenvolvimento será conforme a expansão de suas economias (considerando que indivíduos

e empresas buscam gerir suas novas exposições de risco), mas também que um aumento na

presença e disponibilidade de seguro deve ser ativamente encorajado a fim de estimular o

crescimento econômico.

Estudos empíricos têm destacado essa correlação positiva entre desenvolvimento do

seguro e crescimento econômico. Han et al. (2010) descrevem como uma curva em S, "que

determinou o início acentuado e depois o aumento suave da evolução do seguro

correspondendo aos estágios mais baixos e mais elevados de desenvolvimento econômico,

respectivamente". Marco Arena (2006), do Banco Mundial, baseou-se em dados oriundos de

56 países no período compreendido entre os anos de 1976 e 2004 para encontrar evidências

igualmente fortes de uma relação causal entre a atividade do mercado de seguros e o

crescimento econômico. E um estudo da Universidade Nacional de Cingapura comprova o

impacto significativo de investidores institucionais sobre a evolução do mercado de ações e o

crescimento econômico em Países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento

Econômico – OCDE. 26

Figura 2. Apoio à prosperidade de longo prazo

Fonte: Oliver Wyman

____________________ 25 Soo (1996); Kugler e Ofoghi (2005). 26 Harichandra e Thagavelu (2004).

A confiança favorece a

poupança e o investimento

de longo prazo

Utilizar esses investimentos

de longo prazo com

eficiência garante o

f inanciamento do

crescimento da economia

real

O crescimento do PIB

impulsiona a dinâmica de

vários setores de serviços

f inanceiros, por exemplo, o

mercado de P&C

E o crescimento do PIB

fortalece a confiança dos

consumidores

Page 25: O Valor Econômico e Social do Seguro

25

A figura 2 acima demonstra como o desenvolvimento do seguro e o crescimento

econômico tendem a caminhar de lado a lado. De fato, como vimos, o seguro proporciona

tranquilidade, aumenta o consumo, favorece a atividade empresarial e promove a criatividade

e a inovação – todos fatores de crescimento econômico. Por sua vez, à medida que a

economia cresce, as pessoas têm cada vez mais motivos para buscar seguro contra um

infortúnio inesperado, etc.

A título de ilustração, o microsseguro tem possibilitado o conceito básico do seguro de

transferência de risco (ou seja, o pagamento de um prêmio fixo contra o ressarcimento de um

sinistro potencial) para fornecer proteção em áreas onde esses mecanismos não estavam

disponíveis anteriormente. Isso pode contribuir largamente para ensinar as pessoas sobre o

mecanismo do seguro e seus benefícios, levando a uma maior penetração do seguro (total de

prêmios de seguro como um percentual do PIB) e à densidade do seguro (a importância

segurada per capita), dois fatores que contribuem para o crescimento econômico nos países

em desenvolvimento, em especial.

Incentivando a demanda e facilitando a oferta: apoiando o comércio

O seguro de linhas comerciais – como por exemplo, interrupção de negócios, acidente

de trabalho, incêndio e inundação, imperícia e responsabilidade civil, colheita e transporte

marítimo, e cobertura de erros e omissões para gerentes - garante que as empresas não

precisam reservar fundos para fazer face a eventos externos. O seguro está integrado em

suas operações de gerenciamento de risco e permite que elas concentrem-se em suas

atividades principais.

A esse respeito, os múltiplos aspectos de seguro comercial fornecem uma grande

variedade de benefícios para a economia como um todo. Ao evitar falências que poderiam

resultar de eventos externos não relacionados do ponto de vista comercial, o seguro poupa

empregos – o que significa menos sofrimento humano e social, menos encargos para o

sistema de proteção social do Estado e, novamente, consumo mais regular, não apenas de

empregados que mantêm seus empregos, mas também de clientes que de qualquer forma

não teriam condições de comprar os produtos da empresa. O impacto do seguro na oferta e

demanda está demonstrado no Gráfico 3 a seguir.

O seguro de responsabilidade civil de produto tem um efeito semelhante sobre as

empresas que não poderiam de qualquer forma desenvolver e fabricar novos produtos.27 No

caso do seguro de terrorismo, algumas companhias podem optar por não constituir empresas

em determinadas regiões em razão de uma grande ameaça potencial, porém, escolhem

assumir esse compromisso quando seguradas contra perdas.28 Por exemplo, o Canary

Wharf, em Londres, poderia ter perdido sua posição como um centro de serviços financeiros

importante, caso as empresas não tivessem sido capazes de fazer seguro contra o nível

relativamente alto do risco de terrorismo em Londres.29

____________________ 27 Hess (2006). 28 Weisbart (2011). 29 Associação de Seguradores Britânicos (2005a).

Page 26: O Valor Econômico e Social do Seguro

26

Gráfico 3. Por meio do gerenciamento de risco, o seguro facilita o

crescimento econômico, aumentando, dessa forma, a demanda e a

produção

Por outro lado, o debate atual em torno da cobertura do seguro de inundação no Reino

Unido ameaça enfraquecer o mercado imobiliário. No acordo atual ad hoc de 1961, os

seguradores garantem cobertura, enquanto o governo investe em proteção contra

inundação.30 No entanto, há queixas de que o governo não vem cumprindo sua parte no

acordo desde os anos 90, e o mercado de seguros acredita que o acordo hoje é

insustentável, com muitos seguradores cobrindo um número desproporcional de propriedades

de alto risco de inundação.31 O mercado de seguros, portanto, planeja revogar o acordo, que

expira em junho de 2013, a menos que seja encontrada uma solução – e esses graves

problemas podem deixar 200 mil casas sem cobertura, e estão minando o restabelecimento

do mercado imobiliário, de acordo com o Conselho de Financiadores de Hipoteca.32

Aumentando a atividade empresarial

O risco, em si, e por si só, não é bom nem ruim;33 o comportamento da aceitação de

risco, por outro lado, pode ser interpretado como "bom" ou "ruim", à medida que ele pode ser

construtivo ou destrutivo (as Caixas de Texto 1 e 2 citam exemplos dentro do contexto de

risco moral e seleção adversa). A aceitação do risco construtivo, por sua vez, está

claramente visível quando alguém decide começar um novo negócio, considerando que uma

empresa de sucesso gera emprego e aumenta o consumo.34

____________________ 30 Gray (2012). 31 King (2012). 32 Gray (2012). 33 Refere-se a "risco puro", o qual pode representar um prejuízo ou um lucro, e não a "risco f inanceiro", o qual representa

sempre um prejuízo.

34 Assuntos do Governo e da Indústria de Zurique (2011), citando Sinn, H.-W. (1986). Veja também: Zw illing (2011).

Sem

seguro

Com

seguro

Demanda/

Produção

Risco

Page 27: O Valor Econômico e Social do Seguro

27

Nesse contexto, o seguro permite que os empreendedores concentrem-se nos desafios

comerciais e financeiros, e em seu modelo de negócios, sem temer as consequências

negativas de eventos súbitos, não relacionados do ponto de vista comercial. O seguro

permite ainda que companhias façam um melhor uso de suas reservas, reduzindo a

necessidade de liquidez contra uma perda potencial e incentivando investimentos de longo

prazo em infraestrutura e novos projetos.

O grau em que a redução do risco externo promove o crescimento da empresa e a

competição, libera pensamento criativo e estimula a inovação não pode ser exagerado: o

seguro permite que indivíduos e empresas abram suas asas, inovem, e expandam suas

atividades econômicas gerenciando, diversificando e absorvendo riscos para eles. Na

verdade, muitos investidores de capital exigem que os empresários estejam segurados antes

que eles invistam.35

Isso destaca outro benefício importante do seguro para a economia – o acesso ao

crédito – que também se dá em termos de consumidor se consideramos que é praticamente

impossível obter um empréstimo hipotecário sem seguro residencial, mesmo quando não é

exigido por lei.

Um artigo recente postado na versão on-line da revista LifeHealthPro cita exemplos da

vida real, de como o seguro vida possibilitou o desenvolvimento, ou até mesmo a

sobrevivência, de ícones bastante conhecidos, como por exemplo, Disneylândia e

McDonalds. "Depois de não encontrar meios tradicionais de financiamento para construir o

que viria a ser a Disneylândia, Walt (Disney) decidiu-se pelo autofinanciamento. Uma grande

parte disso foi, paralelamente, dinheiro do seu seguro de vida", escreve o autor Brian

Anderson.36 Da mesma forma, Ray Kroc, que comprou o McDonalds em 1961, tomou dinheiro

emprestado de duas apólices de seguro vida para pagar os salários dos principais

funcionários nos oito primeiros anos.37

____________________ 35 Associação de Seguradores Britânicos (2005a). 36 Anderson (2012). 37 Anderson (2012).

Page 28: O Valor Econômico e Social do Seguro

28

O mercado de seguros como um grande empregador e investidor

Em termos de números, as companhias de seguros administraram em torno de

US$24,63 trilhões em ativos no ano de 2010, excluindo os fundos de pensão, que são

responsáveis por quase US$30 trilhões.38 O total de prêmios atingiu a soma de US$4,34

trilhões ou, aproximadamente, 5,5 por cento do PIB mundial.39

O setor emprega diretamente

milhões de pessoas no mundo inteiro, e indiretamente muito mais se levarmos em conta

prestadores de serviços secundários, como por exemplo, agentes, corretores, intermediários

financeiros, suporte de TI, transporte, auditores e consultores – muitas vezes empregos

altamente qualificados e especializados em economias domésticas.40

Como um componente integral da gestão global de ativos e investimentos, o mecanismo

do seguro favorece, em geral, investimentos de longo prazo que são canalizados para e

projetos de geração de emprego e setores mais produtivos da economia. Essas são

contribuições para reduzir a pobreza e gerar novas classes de ativos, bem como apoiar a

energia limpa e projetos ecologicamente corretos.41

O efeito é visível nos países em desenvolvimento, aonde os ativos do seguro vida são a

base para investimentos em projetos de longo prazo, tais como, infraestrutura.42 De fato, o

investimento em infraestrutura no mercado emergente representa uma nova classe de ativos

potencialmente importantes que podem gerar confiança, receita de longo prazo e servir para

pagar as pensões das populações que envelhecem rapidamente.43

Os recursos para investimentos de longo prazo derivam, principalmente, de produtos de

seguro com um horizonte de investimento de longo prazo, como por exemplo, o seguro vida,

assim como da dinâmica do capital disponibilizado por empresas que não precisam constituir

poupança como precaução, graças à existência do seguro. Conforme foi apresentado, esse

financiamento de longo prazo é o principal motor do crescimento e da prosperidade na

economia: acumulando enormes recursos em receita de prêmio, os seguradores

incentivam a poupança de longo prazo e ajudam a aumentar a taxa da poupança. Dessa

forma, o mecanismo do seguro acrescenta profundidade financeira à economia, canalizando

essa poupança para investimentos nos mercados de ações primário e secundário, em títulos

corporativos e no mercado imobiliário,44

transformando assim o capital inativo ou improdutivo

em capital mais dinâmico, de longo prazo.

____________________ 38 TheCityUK (2011). 39 Sw iss Re (2011). 40 Liedtke (2007). 41 Liedtke et al. (2009). 42 Banco Mundial (1994). 43 Comitê sobre o Sistema Financeiro Global (2011). 44 Associação de Seguradores Britânicos (2005a).

Page 29: O Valor Econômico e Social do Seguro

29

____________________ 45 Associação de Genebra (2012b). 46 OCDE (2011) e Associação de Genebra (2010). 47 Associação de Genebra (2012a).

Caixa de Texto 3

O debate sobre seguro e risco sistêmico

A experiência em seguro é uma condição essencial no debate corrente sobre risco

sistêmico – a ameaça representada por grandes instituições à economia global no caso de

uma falência – e a necessidade de regular as instituições financeiras, mesmo com base nos

mais altos níveis regulatórios.45 A falta de entendimento sobre o mercado de seguros e

como ele opera pode contribuir para uma regulação equivocada no contexto das atuais

reformas na área de fiscalização.

Isso teria um efeito negativo sobre a capacidade do mercado de fazer negócios e, por

conseguinte, teria repercussões financeiras e sociais como consequência. Tais

consequências podem incluir prêmios mais elevados para os consumidores e uma

capacidade reduzida do mercado para contribuir no desenvolvimento de serviços

financeiros (veja na página 31, "Fomentar o desenvolvimento de serviços financeiros"),

assim como uma capacidade reduzida para segurar causada por maiores exigências

regulatórias de capital.

A Associação de Genebra e outras entidades têm demonstrado, no entanto, que as

principais atividades de seguro não apresentam risco sistêmico – que, de fato, o mercado

de seguros funcionou como uma fonte de estabilidade durante a crise financeira.46

Terri Vaughan, CEO da Associação Nacional dos Comissários de Seguro (NAIC)

levantou essa questão em sua palestra na 39ª. Assembleia Geral da Associação de

Genebra, realizada em Washington, D.C., no dia 7 de junho de 2012. Ela referiu-se ao

precedente histórico da Grande Depressão, em que o seguro provou ser uma fonte de

estabilidade em tempos de agitação e os seguradores de vida em particular

"desempenharam um importante papel como fonte de capital nos anos seguintes." Na

verdade, dentro de um contexto de alta volatilidade, como por exemplo, o que existe hoje,

"um sector que pode sobreviver a esta volatilidade tem um papel importante a

desempenhar."

A primeira razão pela qual os seguradores não contribuem para a instabilidade, e sim

funcionam como estabilizadores, é o funcionamento estrutural do seguro, ou seja, ele é

pré-financiado por pagamentos antecipados de prêmios. Os riscos dos eventos ocorrerem,

os quais resultam em pagamentos, são calculados atuarialmente e estocasticamente, e são

mantidos em fundos de reserva apropriados.

Ademais, considerando que esses eventos, em geral, não podem desencadear-se

voluntariamente, uma corrida às companhias de seguros é um estranho conceito para o

setor, em absoluto contraste com a tão temida corrida aos bancos. Há também o

desincentivo geralmente criado sob forma de sanções para segurados no que diz respeito a

resgate, ou seja, a renúncia prematura a um contrato, caso de forma alguma exista a opção

de resgate, em particular em se tratando de seguro vida.47

Page 30: O Valor Econômico e Social do Seguro

30

Figura 4. Seguro – Um estabilizador na recente crise

____________________ 48 Veja Associação de Genebra (2010), página 20, "Os seguradores não dependem de f inanciamento do mercado para

liquidez", e página 36, "A exposição em relação a outras instituições f inanceiras". 49 Han et al. (2010). 50 É importante notar que a partir da publicação do presente relatório, "seguradoras sistemicamente importantes", se

houver, serão apontados no início de 2013.

Uma segunda razão é a falta de interligação entre o mercado de seguros e demais

setores financeiros,48 e a independência do mercado em relação aos ciclos econômicos

(pessoas diferentes, em regiões geográficas diferentes, são afetadas pelo risco de maneira

diferente, e em momentos diferentes).49 Em outras palavras, e com base na pesquisa

detalhada disponível atualmente, a falência até mesmo de uma companhia de seguros de

grande porte não desestabilizaria o maior mercado financeiro.

No entanto, os reguladores podem inclusive solicitar – como fizeram com os bancos –

que qualquer seguradora que eles considerem sistemicamente importante50 deve

estabelecer um procedimento de resolução que lhes permitisse encerrar suas operações

em um processo bem ordenado. Entretanto, novamente em contraste com o segmento

bancário, o mercado de seguros já tem uma estrutura de longa data para ressarcimento e

resolução destinada a proteger os segurados em caso de falência. Qualquer

regulamentação adicional poderia afetar, indevidamente, o funcionamento do mecanismo

do seguro, ou até mesmo ser contraproducente.

Page 31: O Valor Econômico e Social do Seguro

31

Fomentar o desenvolvimento

de serviços financeiros

Seguradores são investidores de longo prazo que contribuem para a estabilização dos

mercados financeiros, fornecendo liquidez em momentos críticos, quando esses mercados se

retraem. Desse modo, eles agem como uma força poderosa contracíclica e proporcionam

benefícios sociais gerados por seus investimentos, além de lucros provenientes de

investimentos de longo prazo.51

Concorrência entre os bancos e seguradores: melhorando a

eficiência do mercado

Como acumuladores alternativos de grandes somas de capital, os investidores

institucionais, tais como, seguradores de vida e fundos de pensão, competem diretamente

com os bancos, melhorando, dessa forma, o desempenho e a eficiência, em termos gerais, do

setor financeiro. Em função de sua capacidade de disponibilizar recursos essenciais para

investimentos de longo prazo, as companhias de seguros são partes interessadas

importantes com sistemas de gerenciamento profissional em muitas sociedades nacionais e

multinacionais – e, como tal, exercem freios e contrapesos eficientes sobre as empresas nas

quais elas investem.52

Na verdade, com um interesse garantido em fluxos de receita de longo prazo mais

estáveis, os seguradores estão mais inclinados a fazer uma pressão positiva na adoção de

práticas de investimentos mais prudentes, incentivando uma maior transparência nos

mercados de ações e freando o “imediatismo”. No Reino Unido, depois da crise financeira de

2008, o Departamento de Inovação e Experiência em Negócios empreendeu uma série de

iniciativas e apresentou várias propostas para reformar a governança corporativa, a fim de

tratar desse foco excessivo em lucros de curto prazo em atenção à geração de valor de longo

prazo.53

Em uma situação como a que existia desde 2008, com os bancos recuando de

financiamentos de longo prazo e reduzindo suas compras de títulos e garantias, os

seguradores também estão ajudando a melhorar essencialmente a liquidez do mercado,

oferecendo fontes adicionais de recursos. Portanto, é particularmente preocupante que o

Solvência II – o novo arcabouço regulatório de seguros da Europa antecipado para janeiro de

2014 – ameace basear suas exigências de capital para securitizações em uma suposição

____________________ 51 Fórum Econômico Mundial (2011). 52 Banco Mundial (1989). 53 Kay (2012).

Page 32: O Valor Econômico e Social do Seguro

32

equivocada de que as condições pré-2008 no mercado de securitização que contribuíram

para a brusca redução do crédito atual são similares àquelas que regem o mercado

atualmente.54 Isso é oportuno para seguradores em um momento em que os bancos estão

muito mais relutantes em comprar títulos e a Europa está carente de crédito.

Quanto aos países em desenvolvimento, aonde as atividades de seguros são bastante

prejudicadas devido aos baixos níveis de renda e riqueza, e a uma falta de conscientização e

penetração do seguro, uma estrutura de supervisão eficiente pode contribuir para expandir o

papel do seguro e reforçar o seu efeito positivo sobre a economia, em especial, por meio da

criação de um clima de segurança empresarial, e proporcionar às empresas de pequeno porte

um acesso mais fácil ao capital.55

Ao competir com os bancos como provedores de crédito, as companhias de seguros,

muitas vezes, fornecem o tão necessário crédito para os mercados financeiros e aumentam a

eficiência do setor em termos gerais. Entretanto, os bancos "normalmente cobram depósitos

e poupança de curto prazo dos clientes e emprestam esses recursos aos mutuários,

geralmente, com base em um vencimento mais longo".56 Os seguradores, por outro lado,

têm, de fato, um papel estabilizador, porque há uma correlação positiva entre suas

responsabilidades de longo prazo e seus investimentos de longo prazo e relativamente de

baixo risco, levando a uma proporção entre ativo/passivo a longo prazo favorável. Isso tem

uma influência importante sobre o debate em torno da regulação de instituições financeiras no

que diz respeito ao perigo ou risco sistêmico que elas representam para a economia global

(veja Caixa de Texto 3, página 29).

Interação entre bancos e seguradores: contribuindo para o

crescimento econômico

O mercado de seguros também promove o desenvolvimento de serviços financeiros,

como vimos, facilitando as operações de crédito e de intermediação bancária.57 O seguro não

vida, em particular, é utilizado para garantir crédito para bens de consumo e operações

comerciais, por exemplo, oferecendo garantia aos bancos em caso de falência do segurado,

reduzindo, assim, a exposição de risco do banco e encorajando novos empréstimos. Isso

reduz o custo de capital do mercado das companhias e influencia o crescimento econômico

gerando mais demanda de serviços financeiros. 58

Com bancos e seguradores operando dessa forma complementar, "as contribuições

individuais (para a economia) são maiores quando ambos estão presentes"59 e ficou provado

que um número maior de seguro vida e uma maior penetração bancária promovem o aumento

da produtividade.60

____________________ 54 Financial Times (2012). 55 Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (2007). 56 Drzik (2012). 57 Grace e Barth (1993). 58 Zou e Adams (2006). 59 Brainard (2008). 60 Webb et al. (2002).

Page 33: O Valor Econômico e Social do Seguro

33

Garantias associadas a risco61

Embora seguradores e resseguradores planejem e reservem recursos para catástrofes

naturais, o escopo de sinistros resultantes dessas catástrofes pode, por vezes, pesar até

mesmo para companhias de grande porte – em especial, se tais catástrofes naturais

acontecerem em série, como em 2011. O ano passado testemunhou não apenas o terremoto

e o tsunami que ocorreu a seguir em Fukushima, no Japão, mas também os terremotos na

Nova Zelândia, enchentes na Austrália e na Tailândia, e os furacões nos Estados Unidos. As

perdas seguradas originais somaram cerca de US$105 bilhões e custos econômicos diretos

de até US$380 bilhões, fazendo de 2011 o ano mais caro registrado na história das

economias nacionais e do mercado de seguros.62

As garantias associadas a risco, como por exemplo, os títulos de risco de catástrofe

(CAT na sigla em inglês) permitem ao mercado de seguros levantar capital para pagar os

sinistros resultantes desses mega eventos. Considerando que não existem ativos

subjacentes às garantias associadas a risco, elas destinam-se a pagar três tipos principais de

variáveis de gatilho: 1) gatilhos da indenização, em que os pagamentos baseiam-se no

tamanho das perdas reais do segurador patrocinador; 2) gatilhos do índice, em que os

pagamentos baseiam-se em um índice que não está diretamente ligado às perdas da

empresa patrocinadora; 3) gatilhos paramétricos, com base nas características físicas do

evento.

(...) Os títulos CAT, muitas vezes, são emitidos para cobrir as chamadas faixas altas da

proteção de resseguro, por exemplo, a proteção contra eventos com uma probabilidade

de ocorrência de 0,02 ou menos (isto é, um período de retorno de no mínimo 50 anos)

(...) Pelo fato de os títulos CAT serem integralmente garantidos, eles eliminam as

preocupações sobre o risco de crédito.63

Os títulos CAT revelaram-se, em particular, resilientes à crise financeira de 2008,

especialmente por oferecerem maior transparência e menor risco moral (veja Caixa de Texto

1) do que a maioria das garantias que são garantidas por ativos, e também porque, em

grande parte, eles não têm correlação com os mercados financeiros.

____________________ 61 Para mais informações sobre garantias associadas a risco e seu papel em prover o setor dos seguros com recursos para

fazer face às catástrofes naturais, veja Cummins (2012). 62 Veja, por exemplo, Courbage e Stahel (2012). 63 Cummins (2012).

Page 34: O Valor Econômico e Social do Seguro

34

Etti Baranoff, Professor Associado de Seguros e Finanças na Commonwealth University

de Virgínia e Diretor de Pesquisa da Associação de Genebra, e Kim Staking, Principal da

Staking Financial Consulting, destacou recentemente durante a 14ª. reunião do Amsterdam

Circle of Chief Econonomists (ACCE), a importância econômica dos seguradores como

investidores estáveis, especialmente dentro de um contexto de alta volatilidade, cenários de

risco em transformação e crise financeira em curso.64 Eles apontaram que "o mercado de

seguros continua a ser um provedor vital de financiamento de investimento para a economia

real, com mais de 50 por cento da carteira de investimento global de mais de US$17 bilhões

distribuídos entre títulos e empréstimos."65

Staking e Baranoff também explicaram que "desde 2008, o crédito por parte de

instituições depositárias diminuiu 1,2 por cento, enquanto o crédito de seguro aumentou 14,4

por cento no segmento vida e 4,4 por cento no segmento não vida. Enquanto isso,

seguradores fornecem 42 por cento e 51 por cento do crédito concedido por instituições

depositárias e bancos comerciais, respectivamente. Em geral, o mercado de seguros oferece

crédito com um prazo de vencimento mais longo."66

____________________ 64 Schanz (2012). 65 lbid. 66 lbid.

Page 35: O Valor Econômico e Social do Seguro

35

Olhar para o futuro

Por meio de sua experiência em gerenciamento de risco e investimentos, e seu conhecimento

em subscrição e precificação, o mercado de seguros é, de maneira única, talhado para

desempenhar um papel importante no atendimento das necessidades em transformação da

sociedade e na oferta de soluções abrangentes para lidar com ameaças atuais e emergentes.

O aumento da cooperação público-privada é essencial no enfrentamento dos grandes

desafios globais, tais como, envelhecimento da população, mudança climática e outros riscos

emergentes. Embora a regulamentação equivocada do seguro impedisse o setor de fazer

negócios e, em última análise, prejudicasse os consumidores, não há dúvida de que um

arcabouço regulatório eficiente poderia aumentar o valor e o benefício do seguro para a

sociedade e a economia. Por esse motivo, esforços para propalar de forma clara e eficiente o

valor do seguro, e interagir de forma mais dinâmica com os segurados, devem ser

empreendidos pelo mercado.

Riscos meteorológicos – climático, cibernético e espacial

No que diz respeito ao risco climático e a proporcionar maior resiliência contra

catástrofes naturais, uma melhor cooperação público-privada poderia, de fato, utilizar os

serviços do mercado de seguros como uma ferramenta de gerenciamento de risco na melhor

preparação e reagir aos mega eventos atenuando, assim, a perda humana, social e

econômica resultante.

O impacto das enchentes que atingiram Queensland, na Austrália, no ano de 2011,

certamente teria sido menos grave se tivesse havido uma maior comunicação e coordenação

sobre as informações relativas aos riscos de enchente e um mapeamento constante das

enchentes no país que permitissem montar esquemas de prevenção.67 Além disso, muitas

casas estavam sem seguro: a perda patrimonial não era compensada, levando à perda

financeira e mais sofrimento. Para aumentar a penetração do seguro sem tornar compulsório

o seguro contra enchente, a Pesquisa Nacional sobre Seguro de Catástrofe sugere agora a

exigência para que todas as apólices de seguro residencial incluam o seguro contra enchente,

entretanto, dando direito aos consumidores de "optarem".68

____________________ 67 Ma et al. (2012) 68 lbid.

Page 36: O Valor Econômico e Social do Seguro

36

O mercado de seguros, portanto, representa uma potencial e valiosa parceria do setor

privado para os governos, tanto como um consultor em gerenciamento de risco, quanto

como um mercado que, quando apoiado por um arcabouço legal e regulatório

apropriado, pode produzir indicadores de preço baseado no risco, incentivar um

comportamento resiliente em relação ao clima e apoiar o desenvolvimento sustentável.69

Com o desenvolvimento onipresente da Internet ao longo dos últimos 15 anos, surgiu a

nova e substancial ameaça do risco digital. Mike Rogers, Presidente do Comitê de

Inteligência do Congresso Americano, declarou recentemente que os “ataques cibernéticos

representam ‘a única grande ameaça’ enfrentada pelos Estados Unidos", de acordo com o

citado pelo Business Insurance.70 Desde o advento da Internet, ataques cibernéticos – em

particular na forma de ameaça à engenharia social e roubo de dados – tornaram-se muito

mais perniciosos e potencialmente devastadores do que nunca, provocados por profissionais

muitas vezes trabalhando para o crime organizado ou Estados-Nações estrangeiros.

Há uma série de profundas responsabilidades potenciais para as empresas, incluindo:

riscos operacionais, riscos financeiros, riscos de propriedade intelectual, riscos legais e

regulatórios, e riscos reputacionais. Um relatório do Lloyd’s sobre riscos digitais71 revela que

enquanto muitas apólices tradicionais de seguro não cobrem ou não mencionam o risco

digital, há um número crescente de produtos de risco cibernético e soluções sendo

disponibilizados. Assim como fez no passado – na verdade desde os primórdios com o

seguro marítimo – o mercado de seguros também pode contribuir para aumentar a

conscientização sobre essa questão, produzindo indicadores de preço, por exemplo,

recusando-se a cobrir determinados riscos caso as empresas não adotem normas mínimas

de segurança.

O clima espacial é outra área de preocupação, não só para as empresas, mas para

todas as economias e sociedades. Erupções solares, em particular, resultam em

tempestades magnéticas e de radiação que podem afetar o meio ambiente da Terra e,

potencialmente, danificar condutores e redes de energia, causando apagões, bem como as

comunicações por satélites e rádio, interrompendo os setores de transporte e aviação.

____________________ 69 Associação de Genebra (2011b). 70 Hofmann (2012). 71 Baldw in et al. (2010).

Page 37: O Valor Econômico e Social do Seguro

37

De acordo com Richard Ward, CEO do Lloyd’s, "o mercado de seguros tem

considerável experiência em segurar ativos espaciais e inclui os riscos provenientes do clima

espacial ao precificar tais ativos."72 Entretanto, acrescentou que novos produtos devem ser

desenvolvidos para cobrir as ameaças aos ativos e serviços com base no Planeta a partir de

eventos meteorológicos espaciais moderados. Ademais, "o mercado de seguros pode apoiar

esforços conjuntos de governos, autoridades reguladoras, cientistas, geradores e

distribuidores de eletricidade, e demais indústrias, para reduzir o risco associado a eventos

climáticos extremos."73

A grande necessidade de uma comunicação eficaz

A informação correta e imparcial sobre como o seguro contribui para a sociedade e a

economia é soberana, uma vez que a falta de conhecimento suficiente, muitas vezes, resulta

em uma opinião negativo do mercado que pode afetar seriamente a confiança do consumidor

– um componente essencial da eficiência do mercado no gerenciamento de riscos e redução

do sofrimento. Como exemplo, podemos citar a confusão que costuma existir sobre o que

uma apólice cobre e o que ela não cobre: uma responsabilidade, muitas vezes,

compartilhada por segurado e segurador, em que o primeiro não lê diligentemente e o último

não explica suficientemente.

Na verdade, embora os mecanismos de precificação do seguro e da prorrogação de

cobertura sejam claros em alguns casos – por exemplo, a diferença entre o seguro

compreensivo de automóvel e o sinistro de responsabilidade civil de terceiros – eles podem

ser bem menores em outros. Parte do enorme dano causado pelo furacão Katrina, que

atingiu Nova Orleans em 2005, por exemplo, não estava coberta pelos seguradores porque

resultou das inundações subsequentes quando os diques romperam-se – e não do furacão

em si.74

O mercado de seguros já deu um passo importante educando os consumidores e os

ajudando a avaliar melhor o que o seguro cobre e o que ele não cobre, compreendendo os

clausulados da apólice.75 As empresas podem fazer muito mais tratando as reclamações de

sinistro de forma justa e rápida depois do evento, informando claramente e verbalmente os

motivos para negar sinistros quando a negativa é justificada.76 Outras soluções adicionais

são para que os seguradores diferenciem-se do setor bancário e melhorem a padronização

dos produtos de seguros de linha comercial.77

Tais esforços só podem ser verdadeiramente eficazes, no entanto, se houver um maior

entendimento entre os consumidores, tomadores de decisão e órgãos do governo quanto ao

real e grande valor do seguro para a sociedade e a economia. Para resumir, Hans

Peter Würmli destaca "três forças decisivas da comunidade do seguro: a capacidade

____________________ 72 Ward (2012). 73 Associação de Genebra (2011b). 74 O seguro de furacões não cobre automaticamente enchentes que resultam dos furacões. Em alguns casos, (por

exemplo, no Japão), o mercado de seguros, de qualquer forma, acabou pagando muitos sinistros sem recorrer a

reguladores de sinistros. 75 Associação de Seguradores Britânicos (2005a). 76 Insurance Day (2009). 77 Hess (2006)

Page 38: O Valor Econômico e Social do Seguro

38

e a independência de avaliar o risco, incluindo discernimento quanto aos limites de

segurabilidade; a capacidade de criar produtos de seguros para internalizar o custo externo,

por exemplo, de eventos temidos; e, o mais importante de tudo, ter o incentivo certo para

impor disposições e medidas para administrar as exposições de risco que podem tornar os

eventos temidos mais improváveis."78

Na verdade, é importante lembrar por que o seguro está tão onipresente (e, geralmente,

de maneira voluntária) no mundo desenvolvido atualmente e está aumentando a sua

presença no mundo em desenvolvimento – porque satisfaz algumas das nossas

necessidades mais básicas e, em geral, custa muito menos a longo prazo estar segurado do

que não estar segurado.

____________________ 78 Wurmli (2011).

Page 39: O Valor Econômico e Social do Seguro

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Page 44: O Valor Econômico e Social do Seguro

44

Associação de Genebra

Associação de Genebra:

fornece uma plataforma para os CEOs de seguros:

A Associação de Genebra atua como um fórum para seus membros, proporcionando uma

plataforma única no mundo inteiro para os principais CEOs de seguros. Organiza a

estrutura para que seus membros troquem ideias e discutam questões estratégicas,

especialmente na Assembleia Geral, onde uma vez por ano, reúnem-se mais de 50 dos

principais CEOs de seguros.

elabora pesquisas:

A Associação de Genebra investiga a crescente importância das atividades de seguro do

mundo inteiro em todos os setores da economia. Tenta identificar tendências

fundamentais e questões estratégicas em que o seguro desempenha um papel substancial

ou que influencie o setor de seguros. Paralelamente, a Associação de Genebra

desenvolve e estimula diversas iniciativas no que diz respeito à evolução – em termos

econômicos e culturais – de gerenciamento de risco e à ideia de incerteza na economia

moderna.

organiza redes de especialistas:

A Associação de Genebra organiza redes de especialistas mundiais em diversas áreas

associadas a seguro: finanças, regulação, gerenciamento de risco, pensões, saúde, etc.

Também administra várias redes de especialistas oriundos das companhias de seus

membros: diretores financeiros, diretores de risco, diretores de investimento, diretores de

comunicação, o Amsterdam Circle of Chief Econonomists (ACCE), assim como o Liability

Regimes Planning Board com resseguradores líderes e administradores de sinistros e a

iniciativa PROGRES Net para diretores de regulação e principais especialistas em

regulação de seguro.

mantém um diálogo com as instituições internacionais:

A Associação de Genebra usa sua grande experiência e seu profundo conhecimento em

risco e seguro para levantar temas de relevância para o setor de seguros em fóruns

mundiais. A Associação de Genebra é a interface principal do mercado de seguros com

importantes instituições internacionais e defende o papel do seguro e sua relevância para a

economia moderna.

publica os principais periódicos, boletins informativos, livros e monografias:

periódicos: The Geneva Papers on Risk and Insurance Issues and Practice (4 edições

por ano) e The Geneva Risk and Insurance Review (2 edições por ano);

relatórios especiais: os relatórios da Associação de Genebra abordam questões de

importância estratégica para o mercado de seguros, os quais merecem atenção

especial e análise detalhada;

Page 45: O Valor Econômico e Social do Seguro

45

os boletins informativos da Associação de Genebra, geralmente publicados duas

vezes por ano, sobre Seguros e Finanças, Gerenciamento de Riscos, PROGRES

(regulação e supervisão) Economia de Seguros, Quatro Pilares (seguro vida,

previdência e aposentadoria), Saúde e Envelhecimento, e Estatísticas Mundiais sobre

Incêndio;

série de documentos de trabalho (Estudos e Dossiês): atas de conferências,

relatórios especiais, etc;

Livros e monografias.

organiza conferências e seminários:

Ao longo do ano, a Associação de Genebra organiza ou apoia cerca de 20 conferências

e seminários sobre temas de grande relevância para o mercado de seguros, reunindo

especialistas de todos os setores para trocar conhecimento. Os eventos abordam

tópicos e questões específicas e têm por objetivo desenvolver novos conhecimentos e

novas ideias, como também, proporcionar plataformas para o intercâmbio de opiniões

pelos especialistas.

estimula e patrocina pesquisas em seguro e gerenciamento de risco:

A Associação de Genebra tem várias maneiras de estimular e patrocinar o trabalho de

pesquisa em gerenciamento de risco e áreas relacionadas a seguros por meio da

disponibilidade de incentivos para pesquisa, bolsas de estudo, prêmios e apoio para

publicação.

A filiação à Associação de Genebra é limitada a um máximo de 90 pessoas, os CEOs

das mais proeminentes companhias de seguros do mundo. Trata-se de uma organização sem

fins lucrativos com sede em Genebra e Basileia, na Suíça.

Page 46: O Valor Econômico e Social do Seguro

46

www.genevaassociation.org

O seguro é um mecanismo de proteção social essencial que promove a estabilidade

financeira e econômica, bem como o crescimento. Esse artigo procura destacar o papel do

seguro na sociedade, explanando sobre o valor real que ele oferece às pessoas, instituições e

à economia, proporcionando uma sensação de segurança e tranquilidade, atenuando perdas,

aumentando a prosperidade, e tornando as pessoas mais conscientes quanto à realidade dos

riscos e suas consequências. Também analisa alguns dos mal-entendidos sobre cobertura

de seguro, em particular as áreas nas quais esses mal-entendidos levaram à decepção ou

desilusão sobre o mercado.

The Geneva Association—“International Association for the Study of Insurance Economics”

Associação de Genebra

“Associação Internacional para o Estudo da Economia de Seguros”

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