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O USO DO LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS PARA O ENSINO DE FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL COM UMA ABORDAGEM ADAPTADA PARA DEFICIENTES VISUAIS: UMA PROPOSTA INCLUSIVA Juan Diego Ferreira Vilhena Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Polo 37 UFPA/Pá no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Orientadora: Profa. Dra. Simone da Graça de Castro Fraiha Belém - PA Agosto - 2017

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O USO DO LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS PARA O ENSINO DE

FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL COM UMA ABORDAGEM

ADAPTADA PARA DEFICIENTES VISUAIS: UMA PROPOSTA

INCLUSIVA

Juan Diego Ferreira Vilhena Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Polo 37 UFPA/Pá

no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientadora:

Profa. Dra. Simone da Graça de Castro Fraiha

Belém - PA

Agosto - 2017

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Dados Internacionais de Catalogação - na - Publicação (CIP) Biblioteca de Pós-Graduação do ICEN/UFPA

______________________________________________________________

Vilhena, Juan Diego Ferreira

O Uso do laboratório de ciências para o ensino de física no ensino

Fundamental com abordagem adaptada para deficientes visuais: uma

proposta inclusiva

.-2017.

80f. f. il. 29cm

Inclui bibliografias

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto

de Ciências Exatas e Naturais, Programa de Pós-Graduação em

. Ensino de física, Belém, 2017.

1. Física-Estudo e ensino (Ensino fundamental). 2. Deficientes visuais-

Conhecimentos e aprendizagem. 3. Educação inclusiva. 4. Laboratórios-

Estudo e ensino-Programa de atividades. 5. Deficientes visuais-Educação-

Adaptação. I. Fraiha, Simone da Graça de Castro, orient. II. Título.

.

CDD – 22 ed. 530.7

____________________________________________________________________

iv

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus quе permitiu quе tudo isso acontecesse, ао longo dе

minha vida е nãо somente nestes anos do curso do mestrado, mas que еm todos оs

momentos é o maior Mestre quе alguém pode conhecer;

A Universidade Federal do Pará - o corpo docente, direção е administração quе

oportunizaram а janela, na qual hoje vislumbro um horizonte superior, e contagiado pеlа

acentuada confiança nо mérito е ética aqui presentes;

Agradeço а todos os professores por proporcionar-me о conhecimento nãо

apenas racional com também nа manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо

processo dе formação profissional, nãо somente pоr terem mе ensinado o que aprender,

mas por terem me ensinado como aprender. Por isto, a palavra “Mestre” nunca fará

justiça аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos

agradecimentos;

A minha orientadora Simone da Graça de Castro Fraiha a qual pacientemente

soube exigir que me dedicasse aos meus estudos e não me deixou fazer menos que o

meu melhor.

A minha amada esposa Suene Braga Vilhena que sempre me apoiou e incentivou

a buscar o melhor para mim em todos as áreas da vida, a pessoa na qual pude contar

todos os dias para receber, além de carinho e amor, o incentivo necessário para

continuar nos momentos de fraqueza.

Ao meu pai João Vilhena e minha mãe Maria Denis Vilhena os quais sempre

acreditaram em meu potencial, expressando suas alegrias em minhas vitórias e seus

consolos em minhas derrotas, faço de tudo para que vocês tenham orgulho de mim.

Aos meus irmãos Juane Vilhena, Kawan Arthur e Jean Washigton, tenho certeza

que sirvo de exemplo para vocês e isso me faz sempre buscar fazer o que é correto aos

olhos de Deus.

Aos meus amigos/irmãos que ganhei na turma do mestrado, em especial a

Ubiraci Barbosa, in memoriam.

A todos os meus amigos e parentes que sempre acreditaram em mim, que não

citarei nomes para não correr risco de esquecer algum.

A CAPES pelo auxílio financeiro, pois este foi muito importante para a minha

formação.

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“Não se pode ensinar algo a

alguém, pode-se apenas

auxiliá-lo a descobrir por si

mesmo”.

(Galileu Galilei)

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7

SIGLAS

UFPA – Universidade Federal do Pará

PSSC - Physical Science Study Committee

PEF - Projeto de Ensino de Física

MEC – Ministério da Educação e Cultura

DVs – Deficientes Visuais

UNESP - Universidade Estadual Paulista

CEFET-SP - Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

NEE - Necessidades Educacionais Especiais

CCTV - Circuito Fechado de Televisão

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Número de Matrículas na Educação Especial por Etapa de

Ensino – Brasil – 2007-2013........................................................

27

Tabela 2 Número de Matrículas na Educação Especial por Rede de

Ensino – Brasil – 2007-2013........................................................

27

viii

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 1

do pré-teste...................................................................................

58

Gráfico 2 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 2

do pré-teste...................................................................................

59

Gráfico 3 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 3

do pré-teste...................................................................................

59

Gráfico 4 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 4

do pré-teste..................................................................................

60

Gráfico 5 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 5

do pré-teste...................................................................................

60

Gráfico 6 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 6

do pré-teste...................................................................................

61

Gráfico 7 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 7

do pré-teste...................................................................................

61

Gráfico 8 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 8

do pré-teste...................................................................................

62

Gráfico 9 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 9

do pré-teste...................................................................................

62

Gráfico 10 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 1

do pós-teste...................................................................................

64

Gráfico 11 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 2

do pós-teste...................................................................................

65

Gráfico 12 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 3

do pós-teste...................................................................................

66

Gráfico 13 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 4

do pós-teste...................................................................................

66

Gráfico 14 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 5

do pós-teste...................................................................................

67

Gráfico 15 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 6

do pós-teste...................................................................................

67

Gráfico 16 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 7

do pós-teste...................................................................................

68

Gráfico 17 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 8

do pós-teste...................................................................................

69

Gráfico 18 Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 9

do pós-teste...................................................................................

69

Gráfico 19 (a) Porcentagem de acertos e erros no pré-teste. (b)

Porcentagem de acertos e erros no pós-teste...........................

70

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exemplo de um experimento utilizado no século XVIII com o

propósito de se estudar a queda livre de objetos..........................

18

Figura 2 Tabela de Snellen tradicional em escala menor, não sendo útil

para testar a visão.........................................................................

22

Figura 3 Maquete representativa de um Raio de Luz................................. 43

Figura 4 Maquete representativa de um Feixe de Luz Divergente............. 44

Figura 5 Maquete representativa de um Feixe de Luz Convergente.......... 44

Figura 6 Maquete representativa de um Feixe de Luz Cilíndrico.............. 45

Figura 7 Maquete representativa de um meio de propagação transparente 46

Figura 8 Maquete representativa de um meio de propagação translúcido. 47

Figura 9 Maquete representativa de um meio opaco.................................. 47

Figura 10 Maquete representativa da propagação da luz de um objeto ao

olho humano.................................................................................

48

Figura 11 Prisma de Newton com fios de diferentes espessuras

representando os raios luminosos.................................................

49

Figura 12 Maquete representativa da luz branca incidindo em um objeto

azul e apenas a luz azul emergindo do mesmo............................

49

Figura 13 Maquete representativa da luz azul sofrendo reflexão em um

objeto azul....................................................................................

50

Figura 14 Maquete representativa da luz verde sofrendo reflexão em um

objeto azul e sendo absorvida pelo mesmo..................................

50

Figura 15 Disco de Newton tátil-visual parado............................................ 51

Figura 16 Disco de Newton tátil-visual girando.................................. 52

Figura 17 Sala de aula onde o produto foi aplicado..................................... 54

Figura 18 Maquete tátil-visual sendo apresentada a todos os alunos parra

que os mesmos pudessem perceber o fenômeno físico................

55

Figura 19 Aluna deficiente visual tateando a maquete tátil-visual para

perceber um fenômeno físico.......................................................

55

Figura 20 Alunos participando de maneira ativa da aula............................. 56

Figura 21 O tempo para cada aluno absorver o conteúdo é diferente......... 56

x

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RESUMO

O USO DO LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS PARA O ENSINO DE

FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL COM UMA ABORDAGEM

ADAPTADA PARA DEFICIENTES VISUAIS: UMA PROPOSTA

INCLUSIVA

Juan Diego Ferreira Vilhena

Orientadora:

Profa. Dra. Simone da Graça de Castro Fraiha

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da Universidade

Federal do Pará no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF),

como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de

Física

É cada vez mais comum encontrarmos pessoas com os mais diversos tipos de

deficiência, sendo elas físicas ou mentais, desenvolvendo atividades que muitas vezes

seriam incapazes de realizar se tivessem desistido de si mesmas ou não tivessem

pessoas para ajudá-las. Infelizmente, não podemos dizer que somos uma sociedade

inclusiva. Há muito a se fazer para melhorar a qualidade de vida de pessoas com

deficiência. A escola é local essencial para que a inclusão social seja desenvolvida por

toda a sociedade. Podemos dizer então, que os professores são os personagens de maior

influência sobre os alunos fazendo que os mesmos levem para além dos muros das

escolas não só conhecimento científico, mas também uma consciência social, tornando-

os cidadãos mais sensibilizados com as dificuldades apresentadas por outros sem

considerá-los incapazes. Podemos dizer que o laboratório de ciências, quando utilizado

de maneira adequada, pode ser uma ferramenta de grande importância na qual o

professor possa levar não só conhecimento aos alunos, mas também formar cidadãos. O

professor pode repassar isso ao elaborar aulas inclusivas, que não deixem, por exemplo,

um deficiente visual excluído de certas atividades por ser cego ou de baixa visão, pelo

contrário, elabore aulas que possibilitem todos os alunos participar e que façam

associação com seu dia a dia para que assim absorvam novos conhecimentos. O

presente estudo tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa qualitativa

na qual se aplicou maquetes táteis – visuais e experimentos adaptados para alunos com e

sem deficiência em uma turma do 9° ano do ensino fundamental, na qual pudemos

concluir por meio de uma analise qualitativa e questionário semiestruturado que tal

metodologia se mostrou eficaz como um instrumento facilitador do processo de ensino

aprendizagem.

Palavras-chave: Ensino de Física, Laboratório de Ciências, Inclusão.

Belém - PA

Agosto de 2017

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ABSTRACT

The Use of the Laboratory of Sciences for the Teaching of Physics in

Elementary School with an Approach Adapted for the Visually

Impaired: An Inclusive Proposal

Juan Diego Ferreira Vilhena

Supervisor(s):

Profa. Dra. Simone da Graça de Castro Fraiha

Abstract of master’s thesis submitted to Programa de Pós-Graduação Universidade

Federal do Pará (UFPA) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física

(MNPEF), in partial fulfillment of the requirements for the degree Mestre em Ensino de

Física.

It is increasingly common to find people with the most diverse types of

disabilities, physical or mental, developing activities that would often be unable to

perform if they had given up on themselves or had no people to help them.

Unfortunately we can not say that we are an inclusive society. Much still needs to be

done to improve the quality of life for people with disabilities. The school is an essential

place for social inclusion to be developed throughout society. We can say that teachers

are the most influential characters so that students take beyond the walls of the schools

not only scientific knowledge but also a social conscience, making them citizens more

aware of the difficulties presented by others without considering them incapable We can

say that the science laboratory, when used properly, can be a very important tool so that

the teacher can not only bring knowledge to the students, but also to train citizens. The

teacher can pass this on by developing inclusive classes that do not, for example, leave a

visual impairment excluded from certain activities because of being blind or low vision,

but instead teach classes that allow all students to participate and associate with day to

day to absorb new knowledge. The present study aims to present the results of a

qualitative research in which we applied tacitly visual models and experiments adapted

for students with and without disabilities in a class of the 9th grade of elementary school

in which we could conclude by means of an analysis qualitative and semi structured

questionnaire that such methodology proved effective as an instrument to facilitate the

process of teaching learning Keywords: Physics Education, Science Laboratory,

Inclusion.

Belem - PA

August 2017

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 14

1.1 TRAJETÓRIA DOCENTE............................................................................... 14

1.2 PROPÓSITO E JUSTIFICATIVA................................................................... 15

1.3 PLANO DA DISSERTAÇÃO.......................................................................... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................... 17

2.1 FÍSICA E O LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS............................................... 17

2.2 FÍSICA E A DEFICIÊNCIA VISUAL............................................................. 22

2.3 EXPERIMENTOS DIDÁTICOS PARA DEFICIENTES VISUAIS............... 30

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................... 35

3.1 PROBLEMAS DA PESQUISA........................................................................ 35

3.2 OBJETIVOS..................................................................................................... 35

3.2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................... 35

3.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................... 35

3.3 TIPO DE PESQUISA....................................................................................... 35

3.4 LOCAL E PARTICIPANTES ......................................................................... 36

3.5 DELINEAMENTO DAS ATIVIDADES......................................................... 38

4. DESENVOLVIMENTO DOS PRODUTOS .................................................. 41

4.1 CONTEÚDOS ENVOLVIDOS........................................................................ 41

4.2 MONTAGEM DOS EXPERIMENTOS........................................................... 41

5. APLICAÇÃO DO PRODUTO......................................................................... 53

5.1 DESCRIÇÃO DO AMBIENTE ESCOLAR ONDE O PRODUTO FOI

APLICADO............................................................................................................

53

5.2 METODOLOGIA UTILIZADA NA APLICAÇÃO DO PRODUTO............. 54

5.3 RECEPÇÃO DO PRODUTO APLICADO PELOS ALUNOS........................ 57

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 58

6.1 DADOS ESTATÍSTICOS – PRÉ-TESTE........................................................ 58

6.2 APLICAÇÃO DO PROJETO........................................................................... 63

6.3 DADOS ESTATÍSTICOS – PÓS-TESTE........................................................ 64

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 72

REFERÊNCIAS................................................................................................... 75

APÊNDICE A....................................................................................................... 79

APÊNDICE B........................................................................................................ 80

xiii

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1 INTRODUÇÃO

1.1 TRAJETÓRIA DOCENTE

Minha trajetória docente teve início trabalhando no ensino médio em Março de

2011, no Colégio Santa Rosa, que é uma escola da rede particular de ensino da cidade

de Belém, Pará. Nesta instituição de ensino, atuei como professor auxiliar de Física em

turmas do Ensino Médio.

Com o passar do tempo fui integrando o quadro de professores auxiliares de

várias escolas da cidade até que em Maio de 2014 passei a ser professor regular de

Física do Colégio Ômega na referida cidade, onde ministrei aulas para os alunos do

ensino Fundamental II naquele ano. No ano seguinte passei a trabalhar somente com as

turmas do ensino médio do Colégio Sophos localizado na Vila Residencial de Belo

Monte, Vitória do Xingu, Pará.

De acordo, com minha experiência escolar percebi que, com o decorrer da

evolução das séries, os alunos, em sua maioria, iam perdendo seu interesse pelos

estudos e achando disciplinas como Física, Química e Biologia, muitas vezes preferidas

quando vistas como Ciências, difíceis de entender principalmente quando cálculos e

fórmulas passam a ser incluídos.

Atualmente muitos professores ainda insistem em apenas dar aulas no modo

tradicional, evitando o uso de técnicas mais motivadoras, usando intermináveis cálculos

matemáticos que muitas vezes não despertam o interesse dos alunos. Por conta dessa

realidade, passei a considerar como objetivo inicial realizar um trabalho que viesse

propor um ensino baseado em aulas que tivessem a experimentação como uma

ferramenta, vindo auxiliar o processo de ensino-aprendizagem tornando-o mais eficaz

para os alunos e fazendo com que os mesmos mantivessem o interesse em aprender com

o passar do tempo.

É comum encontrarmos estudantes com necessidades especiais em sala de aula;

será que os experimentos, que serviriam de facilitador do processo de ensino-

aprendizagem, não iriam deixar os alunos com necessidades especiais de aprendizagem

excluídos? A dúvida de como fazer com que aulas experimentais fossem úteis para

todos os alunos, independentemente da forma que eles aprendem, me fez iniciar uma

investigação de como ensinar Física para deficientes visuais em uma sala de aula de

ensino regular sem que nenhum aluno se sinta prejudicado com a didática utilizada pelo

professor.

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1.2 PROPÓSITO E JUSTIFICATIVA

Frequentemente encontramos pessoas com necessidades especiais em qualquer

ambiente de nossa sociedade. Eles estão presentes em todos os setores desde, por

exemplo, supermercados e até mesmo em emissoras de televisão. Um dos maiores

físicos teóricos, Dr. Stephen Hawking, é deficiente físico e isso não impede de que seus

trabalhos sejam admirados por todo o mundo. Poderíamos citar diversos exemplos de

pessoas com algum tipo de deficiência que superaram as expectativas e se tornaram

pessoas especialistas em suas áreas, talvez por terem sido estimulada de forma correta

um assunto ou outro pode ter despertado o interesse por determinada área.

O uso de experimentos em sala de aula para demonstrar fenômenos físicos pode

despertar o interesse pelo aprender de vários alunos, da mesma forma não podemos

deixar de perceber que alunos com necessidades especiais estão cada vez mais presentes

em sala de aula e os mesmos tem total capacidade de aprender o que lhes for

apropriadamente ensinado.

Apesar de ainda, poucos profissionais da educação se envolverem com o ensino

de pessoas com deficiencia, muitas vezes por preconceitos devido a desinformação ou

por julga-los incapazes de realizar algumas tarefas, geralmente essas pessoas

surpreendidas pelo grande desempenho de pessoas com necessidades especiais realizam

em seu dia a dia. Ludwig Van Beethoven, a partir de 1796, começou a perder a audição

e mesmo assim pode compor inúmeras sinfonias e concertos (NOGUEIRA, 2010).

Tais exemplos extraordinários nos levam a acreditar que portadores de

necessidades especiais poderiam aprender os conceitos físicos e percebe-los em

situações do seu cotidiano, o que me fez buscar maneiras de ensinar Física, mais

especificamente os conceitos iniciais de Óptica Geométrica para alunos deficientes

visuais. Para isso, pretende-se adaptar alguns experimentos facilitando o processo de

ensino-aprendizagem de alunos videntes e não videntes.

1.3 PLANO DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação é composta de 7 Capítulos e 2 Apêndices, cuja apresentação e

conteúdo estão organizado conforme se segue:

O Capítulo 1, Introdução onde se encontra a trajetória docente do autor,

propósito e justificativa desta pesquisa.

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O Capítulo 2, Fundamentação Teórica onde trata-se de três tópicos

fundamentais: Física e o Laboratório de Ciências, Física e a Deficiência Visual e

Experimentos Didáticos para Deficientes Visuais tomando como base artigos, livros e

sites relacionados com esta pesquisa.

O Capítulo 3, Procedimento Metodológico, traz o tipo de pesquisa que será

realizada, descrição sobre a escola onde será aplicado o projeto e os alunos

participantes, e o plano prévio de cada atividade a ser desenvolvida durante a aplicação

do projeto.

O Capítulo 4, Desenvolvimento do Produto, cita os conteúdos a serem

abordados no estudo, a montagem e a utilização dos experimentos.

O Capítulo 5, Aplicação do Produto, descreve o ambiente escolar de aplicação

do produto, a metodologia utilizada e a recepção do produto aplicado aos alunos.

O Capítulo 6, Resultados e Discussão, apresenta os resultados da aplicação do

produto através de uma análise qualitativa tendo como base comentários feitos pelos

alunos e as respostas ao pré-teste e pós-teste aplicados aos mesmos.

O Capítulo 7, Considerações Finais, apresenta as considerações finais ao que

esta pesquisa se propôs.

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17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 FÍSICA E O LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS

Diante dos velhos paradigmas que tradicionalmente marcam o processo de

ensino-aprendizagem, alguns questionamentos se somaram no decorrer do Curso de

Licenciatura em Física e em minha experiência em sala de aula. Questionamentos estes

me fizeram refletir sobre a Educação Básica, no Ensino Fundamental e Médio, de modo

a buscar respostas que vão da iniciação ás ciências ao desenvolvimento de uma cultura

científica. Segundo VOGT (2003), cultura científica é a divulgação e inserção da

ciência na sociedade para tornar pública a compreensão da mesma, cultura esta que é

indispensável para um cidadão estar inserido em uma sociedade extremamente

tecnológica e em constante evolução como a que vivemos.

O ensino de Ciências, muito mais do que uma alfabetização científica e

tecnológica, produto de uma era extremamente industrial e globalizante, surge como

cultura e possibilidade de compreensão do mundo a partir de novas tendências, as quais

nos induzem a questionar a importância do uso do Laboratório de Ciências para o

Ensino de Física no Ensino Fundamental e Médio.

Levando em consideração as diversidades encontradas dentre os alunos,

PIAGET (1984), defende a experimentação como forma de não deixar o conhecimento

se tornar vazio e inconsistente, por isso deve-se valorizar metodologias que privilegiem

o raciocínio e a interação do conteúdo com o cotidiano.

Entre o início do século XIX e final dos anos 1950, as aulas de Física que tinham

algum tipo de experimentação contavam com equipamentos apenas para demonstração,

onde o professor apresentava e descrevia os fenômenos. O professor era considerado a

autoridade do saber e os alunos se mantinham em uma atitude passiva onde seu objetivo

era memorizar e reproduzir os ensinamentos dos professores, características de um

ensino classificado hoje como tradicional.

Os experimentos inicialmente eram caros devido às dimensões que os

equipamentos deviam ter para que todos pudessem observar os resultados (figura 1).

Isso tornava difícil a popularização e o acesso dos experimentos para a grande maioria

das instituições de ensino (GASPAR, 2014).

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Figura 1: Exemplo de um experimento utilizado no século XVIII com o propósito de se estudar a queda

livre de objetos.

Fonte: GASPAR (2014, p. 12)

Ao final do século XIX, teve início um movimento denominado Escola Nova

que veio propor um método de ensino no qual o aluno teria maior participação durantes

as aulas. Tal iniciativa, porém, não teve os resultados esperados visto que os alunos não

buscaram o conhecimento como se desejava além de que, as inovações tecnológicas e

inovações no ensino de ciências eram transmitidas por pessoas que estudaram através do

ensino tradicional.

Devido os conflitos ideológicos, políticos e militares vigentes na época

percebeu-se que a supremacia científica e tecnológica era decisiva na conquista do

poder entre as nações, por isso houve uma grande mobilização, por exemplo, do

governo Norte Americano em apoiar instituições que pudessem trazer um

desenvolvimento na educação para assim conseguir um avanço tecnológico e mostrar

que seus ideais estavam corretos e deveriam ser seguidos. Como um dos frutos desse

investimento obteve-se, nos Estados Unidos e em alguns países, a aplicação de uma

nova proposta curricular para o ensino de Física, desenvolvida pelo Physical Science

Study Committee (PSSC), um livro texto de Física intitulado PSSC - Física que trazia

em seu prefácio: “As ideias, os conceitos e as definições só têm, na verdade, um sentido

efetivo quando baseados em experiências” (GASPAR, 2014).

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19

O ensino através de atividades experimentais tinha como objetivo fazer os

alunos redescobrirem as leis da Física, deixando os conceitos e fórmulas para um

momento após a apresentação aos estudantes, de observações concretas de fenômenos

previamente planejados por parte dos professores, tal proposta pedagógica ficou

conhecida como método da descoberta.

Após pouco mais de 4 anos de aplicação, o PSSC foi abandonado nos Estados

Unidos e nos demais países que o adotaram, porém deixou alguns benefícios, como por

exemplo, um modo de ensinar Física diferente do tradicional além de despertar um

movimento de renovação do ensino de Ciências com a criação de outros projetos, como

por exemplo, o Harvard Project Physics. Projeto este que tinha algumas semelhanças

com o PSSC, porém não dava tanta ênfase à experimentação. O The Nuffield Physics

Project, desenvolvido pela Fundação Nuffield tido como uma resposta da Inglaterra ao

PSSC, foi elaborado por uma grande equipe de físicos que tiveram como colaboradores

de grande influência os educadores. O PEF – Projeto de Ensino de Física, foi um projeto

desenvolvido na Universidade de São Paulo pelo seu Instituto de Física que tinha como

proposta integrar a parte experimental nas aulas de Física e não deixa-la de forma

opcional além de permitir a interação do aluno com o material, sem a necessária

presença do professor.

Infelizmente, os projetos aqui citados não tiveram os resultados esperados. Cada

um com vários motivos para isso, porém, o que se pode perceber que em comum

tiveram, foi a elaboração dos mesmos por profissionais que não estavam acostumados a

trabalhar com o tipo de público para o qual foram convocados a preparar os projetos.

Muitos estavam distante da realidade do ensino médio, além da falta de um apoio

pedagógico necessário. Outra possível causa do fracasso foi acreditar que os alunos

iriam redescobrir as leis da Física através de experimentos, além de isso ser um

equívoco epistemológico a falta de interesse por parte de muitos alunos dificultou ainda

mais o sucesso desses projetos.

A não utilização ou a utilização inadequada do laboratório de ciências vem

afetando a educação de maneira negativamente, desde antes, até os dias atuais em

diversas áreas do ensino, visto que muitas vezes não se leva em consideração a real

função do laboratório, tornando-o uma ferramenta não eficaz na facilitação do processo

de ensino-aprendizagem tanto do ponto de vista do professor, como do aluno e da

sociedade em geral (OCDE, 2001).

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Apesar de ser quase unanimidade, a ideia de que aulas práticas sejam um

estimulo a mais para que os estudantes possam ter maior dedicação e uma melhor

assimilação da matéria ministrada, muitas vezes os resultados esperados não são

alcançados tornando as aulas práticas um fracasso. Em algumas situações faz a teoria e

a expectativa se contradizer com o observado, o que segundo WHITE (1996) acaba

sendo uma decepção. É necessário conhecer mais a fundo os objetivos das aulas

práticas-experimentais para assim prepará-las de maneira adequada. Uma análise dos

objetivos das aulas práticas onde serão destacados alguns erros cometidos, será

apresentada a seguir.

Segundo HODSON (1988) o estudo das ciências busca compreender a natureza.

As aulas práticas que buscam apenas comprovar resultados utilizando roteiros fazem

com que os alunos considerem o resultado mais importante que o processo utilizado

para chegar a uma conclusão. Tal fato atinge muitas vezes o próprio professor que deixa

de utilizar um experimento por não conseguir o resultado esperado e deixa de discutir o

ocorrido pelos mais diversos motivos, perdendo-se assim uma potencial e valiosa

situação de aprendizagem.

É essencial durante a preparação das atividades experimentais que os professores

tenham em mente que no momento das aulas práticas os alunos ali participantes não

irão descobrir ou inventar alguma lei Física. O professor deve deixar claro a diferença

entre os experimentos realizados no laboratório didático, com fins pedagógicos, e a

investigação empírica realizada pelos cientistas. Ele deve permitir que os alunos testem

suas hipóteses para que tenham resultados confiáveis desde que tais hipóteses sejam

explicitadas com antecedência além de se discutir os resultados obtidos.

A preparação das atividades a serem realizadas nas aulas práticas é de extrema

importância visto que é nesse momento que o professor pode analisar o tipo de público

que ira realizar os experimentos. Ele pode fazer as adequações necessárias caso tenha

noção do conhecimento prévio de cada aluno, além de passar alguma atividade de pré-

laboratório para que os alunos explicitem suas expectativas, suas ideias. Assim, o

professor pode tornar o laboratório de ciências uma ferramenta que venha a facilitar o

processo de ensino-aprendizagem. O aluno pode ainda ser submetido a outra atividade,

após os experimentos que venha a servir de parâmetro juntamente com a pré atividade.

Isto servirá para avaliar se houve ou não a absorção dos conceitos ali estudados.

Segundo GUNSTONE (1991), não são todos os alunos que vêem o mesmo

fenômeno ou interpretam da mesma forma ou aceitam a legitimidade e validade das

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observações, por isso o professor deve ouvir a opinião de todos os alunos a respeito do

que aconteceu para tentar retirar qualquer dúvida que algum aluno tenha. A situação se

agrava mais ainda se, dentre os alunos, existir algum aluno deficiente que, por diversos

motivos, acaba por se isolar e não expressar dúvidas ou hipóteses sobre o que foi

apresentado ao mesmo em sala de aula.

2.2 FÍSICA E A DEFICIÊNCIA VISUAL

Muitas vezes não se dá a atenção devida para alguns alunos que possuem meios

de aprendizagem diferentes da maioria das pessoas. Estamos nos referindo aos

estudantes que possuem algum tipo de deficiência física ou mental. Faz-se isso, por

exemplo, quando não se toma o cuidado necessário ao elaborar aulas que possam ser

acessíveis a todos os alunos da classe.

É cada vez mais perceptível o desenvolvimento de propostas inclusivas na

sociedade como um todo. Desde o acesso à educação, ao mercado de trabalho, os

deficientes vêm tomando seu espaço. A ideia de integrar os deficientes surgiu por volta

de 1969 com o objetivo de evitar a segregação (MANTOAN, 2003). Para um processo

de inclusão eficaz é importante conhecer o tipo de limitação de cada pessoa para que a

mesma não seja apenas integrada a escola, o que muitas vezes vem desestimular o aluno

com deficiência, fazendo com que o mesmo abandone a sala de aula.

É necessário saber quando uma pessoa é considerada deficiente, conforme a Lei

N° 13.146 (BRASIL, 2015):

Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem

impedimento de longo prazo de natureza física, mental,

intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais

barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na

sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Existem vários tipos de deficiência, segundo (BRASIL, 2015) podem ser

congênitas ou adquiridas, porém este trabalho tratará com deficiência visual (perda ou

redução de capacidade visual em ambos os olhos) em caráter definitivo, que não possa

ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico.

Existem também pessoas com visão subnormal, cujos limites variam com outros fatores,

tais como: fusão (união das imagens enviadas dos olhos ao cérebro), visão cromática

(visão em preto e branco), adaptação ao claro e escuro (ajuste da retina para permitir

maior ou menor entrada de luz no globo ocular), sensibilidades a contrastes (percepção

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de detalhes) e etc. As necessidades de cada aluno com deficiência são únicas, por isso

exigem metodologias diferenciadas para cada situação. Infelizmente a preocupação com

a educação inclusiva surge, na maioria das vezes, apenas quando o professor se depara

com tal situação que é agravada com a falta de material para um aprendizado

satisfatório (DICKMAN; FERREIRA, 2008).

Na Proposta Curricular para Deficientes Visuais o Ministério da Educação e

Cultura (BRASIL, 1979) definiu cegueira como:

Ausência total de visão ou acuidade visual não excedente a

20/200 pelos optótipos de Snellen, que são fileiras de letras ou

figuras com tamanhos cada vez menores, no melhor olho após

a melhor correção óptica e campo visual igual ou menor a 20

graus no maior meridiano do melhor olho.

A pessoa para ser considerada cega pode enxergar no máximo a 6 metros de

distância, em contrapartida uma pessoa de visão normal pode ver a 60 m. Já a pessoa

com visão subnormal ou baixa visão é aquele cuja acuidade visual está entre 20/200 e

20/70 e/ou campo visual entre 20° e 50° (figura 2).

Figura 2: Tabela de Snellen tradicional em escala menor, não sendo útil para testar a visão.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/TabeladeSnellen, acessado em 26/05/2015

É importante ressaltar que o termo “cegueira” não é absoluto, muitas pessoas

consideradas cegas ainda possuem uma visão residual que os permitem, por exemplo,

contar dedos a curtas distâncias, estes possuem cegueira parcial, também chamada de

legal ou profissional. Além desses, há pessoas que conseguem perceber apenas

projeções luminosas e identificar de onde vem a luz. Pessoas com perda total da visão

ou simplesmente amaurose são aqueles que não conseguem perceber nem mesmo

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projeções luminosas. Pedagogicamente pessoas cegas são aquelas que, mesmo com

algum tipo de percepção luminosa, precisam de textos impressos em Braille para serem

instruídas, uma vez que as pessoas com baixa visão podem ter seu aprendizado através

da leitura de impressões ampliadas ou com auxílio de recursos ópticos apropriados.

O desafio encontrado por pessoas Deficientes Visuais - DVs para estudar é

muito grande, visto que muitas vezes considera-se a visão como pré-requisito para

aprender um determinado assunto (CAMARGO, 2007). Por isso um planejamento

adequado de aulas que busquem transmitir o maior conhecimento possível para todos os

alunos da sala é indispensável, tendo em mente que metodologias de ensino, adaptação

de currículos, apoio de materias especializados, são recursos que fazem parte da

Educação Especial, educação tão necessária nos dias atuais.

Pode-se dizer que, infelizmente, é da “cultura” de grande parte da sociedade -

familiares e professores fazem parte desse grupo - ter um universo aberto, em relação a

capacidade de aprendizagem, apenas à pessoas ditas “normais”, o que penaliza os

deficientes. O não saber lidar com um aluno deficiente, por parte do professor, faz com

que tais alunos sofram prejuízos pedagógicos irreparáveis. Por isso, professores que tem

em suas turmas algum aluno cego ou de baixa visão, por exemplo, devem procurar

adaptar os recursos didáticos, que tenham apenas referencial observacional visual, para

atender as necessidades de tais alunos.

As escolas por sua vez devem adequar seu espaço físico dando acessibilidade

aos alunos, além de procurar dar suporte para que o professor se qualifique e tenha

condições de atender as exigências que um ensino inclusivo de qualidade solicita. Deve

ainda, disponibilizar materiais de apoio como livros em Braille, corpo técnico como

leitores para acolher e auxiliar todos os alunos cegos e de baixa visão, recursos

tecnológicos como computadores com programas específicos para DVs. COSTA L. G.

et al 2006 elaborou um resumo de declarações dadas por professores em relação ao

despreparo das instituições de ensino em promover uma educação inclusiva:

A inclusão de deficientes visuais no Ensino regular implica

reestruturações e adaptações nas atuais condições, de forma

que possa adequar as exigências e diversidades necessárias a

esta clientela”; “Hoje é o aluno que tem que se adaptar ao

sistema já posto, um sistema que [...] nem está dando conta de

atender as diversidades já existentes”; “a barreira maior, está na

própria escola.

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Muitas vezes a falta de uma boa formação do professor durante sua graduação

(OLIVEIRA et al., 2011), se dá por falta de disciplinas que trabalhem a proposta da

inclusão de alunos com deficiência. Isso faz com que o professor não perceba a

heterogeneidade da turma, deixando de lado alguns alunos que possuem diferentes

meios de aprendizagem (MANTOAN, 2003).

Após uma análise feita na grade curricular do curso de Licenciatura em Física da

Universidade Federal do Pará no ano de 2015 percebi que, dentre as disciplinas

obrigatórias ofertadas aos graduandos, não possuia nenhuma matéria específica que

tenha enfoque na educação inclusiva. Existe apenas a possibilidade do aluno cumprir de

forma optativa a disciplina Língua Brasileira de Sinais (Libras). Porém, algumas

disciplinas permitem que o assunto Educação Inclusiva seja abordado com mais

intensidade como, por exemplo, Introdução à Educação, Psicologia da Educação,

Didática Geral, Metodologia Específica de Física, Instrumentação para o Ensino da

Física I e II, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica. No entanto, geralmente o

professor responsável pela turma não se interessa por falar sobre educação inclusiva

para seus alunos.

Existe ainda a disciplina denominada Estágio Supervisionado, a qual é cumprida

nos 4 últimos semestres do curso, onde os licenciandos possuem um contato maior com

a realidade de sala de aula. Constantemente, acontece que o estagiário passa por todos

os estágios sem ter contato com nenhum aluno com necessidades especiais o que pode

ser prejudicial para futuros desafios encontrado pelos mesmos.

O currículo do curso de Licenciatura em Física da Universidade Estadual

Paulista - UNESP de Ilha Solteira – SP traz duas disciplinas, de caráter optativa, que

visam o ensino inclusivo. Uma de enfoque prático que é Atividades Experimentais

Multissensoriais de Física, que serve como alternativa à inclusão escolar de alunos com

deficiência visual; e outra de enfoque teórico que é Didática Multissensorial da Ciência.

No Instituto Federal de Educação Tecnológica de São Paulo - IFSP a disciplina Oficina

de Projetos III: Educação, Ciência e Percepção numa Perspectiva Inclusiva compõe a

grade curricular do curso de licenciatura em física que busca capacitação dos

professores em uma abordagem inclusiva.

Apesar de disciplinas com abordagem inclusiva serem ‘raridades’ em currículos

dos cursos de Licenciatura em Física nas universidades em geral, da falta de formação

continuada e de apoio governamental em promover cursos de capacitação, ainda é

possível, com dedicação por parte do professor, obter uma qualificação. Esta

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qualificação pode se dar através de minicursos, palestras, seminários, dentre outros

eventos, nem sempre públicos, que estão voltados para um aperfeiçoamento de

profissionais que buscam atender de maneira satisfatória os deficientes, permitindo

assim ao professor conhecer novas estratégias de ensino.

É preciso rever o papel do professor na sociedade a fim de que seja possível

promover um aprendizado ativo – que, de acordo com as orientações curriculares, de

fato, possam ir além de teorias, leis, procedimentos e regras e que os conteúdos possam

ser apresentados como problemáticas a serem resolvidas. Assim, descobrir o gosto por

um aprender mais engajado social, econômico, político e culturalmente. O desafio é

maior ainda para aqueles professores que têm em suas salas de aula alunos com algum

tipo de deficiência visto que a elaboração de uma aula diferenciada requer tempo e

principalmente força de vontade do educador. Sabe-se que muitas vezes os mesmos

precisam romper com estratégias de ensino tradicional, como o uso de anotações em

lousas, imagens e gráficos não táteis.

Os professores ainda insistem em metodologias nas quais aspectos visuais são

valorizados, deixando os alunos deficientes visuais totalmente excluídos durantes as

aulas. Além disso, a falta de material didático adaptado para os DVs é um agravante na

hora dos mesmos fazerem atividades comuns, como dever de casa, acompanhamento de

leitura, pesquisas dentre outros. Em suma, os professores devem fazer uma atualização

em sua formação dando uma atenção especial para melhorar sua capacidade em

trabalhar com alunos com algum tipo de deficiência.

As adaptações que alunos DVs necessitam, frequentemente são feitas por

professores itinerantes, os quais são profissionais que tem como função acompanhar

pedagogicamente as atividades sugeridas ao aluno incluso em classe regular, sugerindo

adequações curriculares, bem como atividades que promovam a aprendizagem. Esses

professores itinerantes, vão as escolas algumas vezes por semana buscar o conteúdo a

ser adaptado, porém esse conteúdo deveria ser entregue aos professores itinerantes com

tempo hábil para tal adaptação, para que o aluno DV recebesse antes das aulas e

acompanhasse a explicação do professor durante a aula. Mas o que acontece com

frequência, devido a falta de planejamento do professor titular, é que o assunto entregue

para adaptação já foi trabalhado em sala de aula, fazendo com que o mesmo não tenha o

resultado esperado.

Nem sempre o material necessário para fazer a adaptação é fornecido ao

professor itinerante, que às vezes paga com seu próprio dinheiro os custos. Além disso,

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a formação do professor itinerante, na maioria das vezes, não atende as áreas de Física,

Química e Matemática, o que torna difícil a adaptação de qualidade.

Para se desenvolver a aprendizagem significativa conforme AUSUBEL et al,

1980 (apud MOREIRA, 2006), que é o tipo de aprendizagem em que ideias expressas

simbolicamente interagem de maneira substantiva e não arbitrária com aquilo que o

aprendiz já sabe, é necessário que tenha cooperação, diálogo e compromisso entre o

professor titular, professor itinerante, família e alunos atendidos. A aprendizagem

significativa difere da aprendizagem mecânica na qual o indivíduo, segundo Ausubel,

armazena o conhecimento de forma aleatória e não relaciona de maneira substancial a

um subsunçor1.

É direito do aluno com necessidades especiais receber o conhecimento

necessário mesmo que para isso se adote novos currículos, métodos, recursos educativos

e organização específicas – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei

N.°394/96) – além desta lei, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, assegura a

TODOS o direito à igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e

atendimento educacional especializado (GIL, 2005, p.21).

Em Junho de 1994 foi aprovado na Conferência Mundial de Educação Especial,

na Espanha, a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) onde se firmou o acordo de

que os governos deveriam providenciar educação de qualidade para todas as pessoas

com de Necessidades Educacionais Especiais (NEE), dentro do sistema regular de

ensino, atitude já prevista pelo governo brasileiro em sua constituição de 1988 no artigo

208. Tais reivindicações talvez tenham sido a causa do aumento de alunos com NEE em

salas de aula do ensino regular no decorrer dos anos.

Até o ano de 2013 o número de matriculas de alunos especiais em sala de aulas

de ensino regular era de 843.342, as escolas especiais ou escolas exclusivas tem uma

procura cada vez menor. Em relação à 2012, por exemplo, houve uma queda de 2,6% no

número de matriculas nessas instituições.

A Tabela 1 mostra uma evolução das matriculas de 2007 à 2013 sem levar em

conta as matriculas em turmas de atendimento complementar e atendimento educacional

especializado:

1 Subsunçor é definido como conhecimento prévio por Ausubel.

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Tabela 1: Número de Matrículas na Educação Especial por Etapa de Ensino – Brasil – 2007-2013.

Fonte:http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/resumo_tecnico_cen

so_educacao_basica_2013.pdf acessado em 13/07/2016

As matriculas de estudantes com NEE em escolas públicas passou de 62,7% em

2007 para 78,8% em 2013, o que nos mostra que as instituições da rede de ensino

público estão se esforçando para a efetivação da educação inclusiva. O que pode ser

comprovado na Tabela 2, que não inclui matrículas em turmas de atendimento

complementar e atendimento educacional especializado:

Tabela 2: Número de Matrículas na Educação Especial por Rede de Ensino – Brasil– 2007-2013.

Fonte:http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/resumo_tec

nico_censo_educacao_basica_2013.pdf acessado em 13/07/2016

Apesar da crescente procura por parte de alunos com necessidades especiais, por

escolas de ensino regular, a qualificação dos professores não acompanhou a

necessidade. O que se percebe hoje em dia é uma grande quantidade de alunos com

NEE inseridos nas salas de aula de ensino regular nas quais os professores pouco se

preocupam com o aprendizado destes alunos (COSTA,2016). Segundo VYGOTSKY

(2007) o funcionamento psicológico do ser humano fundamenta-se nas relações sociais

entre o indivíduo e o mundo exterior, o sujeito não é simplesmente moldado pelo meio e

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a gênese do conhecimento não se baseia apenas nos recursos puramente individuais.

Nesta visão, o sujeito é interativo e o conhecimento é construído na interação sujeito-

objeto, porém, sempre socialmente mediada. Pude perceber por experiência própria a

evolução de um aluno do 6° ano do ensino fundamental, portador de déficit de atenção,

que tive no ano de 2016 numa instituição privada, no município de Vitória do Xingu –

PA, que o mesmo passava a interagir mais e a copiar sozinho do quadro sempre que se

faziam perguntas direcionadas a ele ou o incentivava a responder junto com a turma.

Segundo MORRONE et al.2009, com base no artigo 59 da lei 9394/96 da LDB:

Considera-se hoje que a educação especial não pode mais ser

vista como um sistema paralelo ao ensino comum, mas sim

fazer parte dele como um conjunto de recursos pedagógicos e

de serviços de apoio que facilitem a aprendizagem de todos.

Assim, a aprendizagem escolar dos alunos com necessidades

especiais deve ocorrer preferencialmente na classe comum da

rede regular de ensino, em conjunto com os demais alunos, em

todos os níveis de ensino, variando o apoio especializado que

cada aluno deverá receber.

Na maioria das escolas tanto privadas como publicas, ensino básico ou superior,

as salas de aula estão superlotadas o que dificulta dar a atenção necessária para um

aluno que tenha algum tipo de deficiência. Em alguns casos, a falta da sala de apoio e de

um leitor, no caso dos deficientes visuais, prejudica muito o desenvolvimento do aluno

que muitas vezes acaba por abandonar os estudos, visto que as escolas não estão

buscando formas de incluir os mesmos, deixando-os atrasados no conteúdo (Costa,

2006). Segundo COSTA L. G. et al, 2006 “o sistema escolar é incapaz de lidar com a

deficiência: suas deficiências são bem maiores que as dos assim rotulados

‘deficientes’”.

Já existem, apesar de raros, materiais e modelos de aulas inclusivas. Pode-se

perceber uma pequena quantidade de educadores, principalmente na área de exatas,

dispostos a mudar suas metodologias de ensino e desenvolver seus próprios métodos de

aulas que atendam a todos os alunos.

Instituições como escolas especializadas são de grande ajuda no auxilio da

educação de alunos com necessidades especiais, o Brasil teve seu primeiro instituto para

cegos fundado no século XIX no Rio de Janeiro, o Instituto dos Meninos Cegos, atual

Instituto Benjamin Constant que foi a primeira instituição da América Latina a adotar o

Braille em 1854. Nos anos 40 do século XX, quase todas as capitais brasileiras já

possuíam instituições de apoio aos deficientes visuais. Ainda na década de 40, foi criada

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a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, atualmente com o nome de Fundação

Dorina Nowill para Cegos, com objetivo de produzir e distribuir livros em braile por

todo território brasileiro. Nos anos 60 o governo através das Campanhas Nacionais pela

Educação incentivou a educação para deficientes. Em 1973 o Ministério da Educação

criou o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP). No início da década de 80 a

população atendida pela Educação Especial já tinha aumentado em 81,7% no Brasil, que

no final do século XX passou a atender a tendência mundial em prol da educação

inclusiva discutida no já citado encontro de Salamanca (MATTIUCI L. S. et al. s.d)

No Estado do Pará foi fundada em 1953, a Escola para Cegos do Pará que

inicialmente funcionava em um anexo da Escola Profissional do Pará. Em 1955 já

promovia à alfabetização de adultos no sistema Braille e em homenagem ao primeiro

brasileiro que foi alfabetizado em Braille na França, José Álvares de Azevedo a escola

passou assim, a ser chamada a partir de 1956. A integração de estudantes deficientes

visuais na Rede Regular de Ensino começou a ser promovida pela Escola José Álvares

de Azevedo em 1963, dois anos mais tarde o então Instituto José Álvares de Azevedo

passou a desenvolver o serviço de reabilitação aos deficientes visuais.

Hoje o instituto funciona provisoriamente em uma casa alugada pela Secretária

de Educação local, haja visto que o prédio original se encontra em reforma. A mesma

Secretaria contratou uma empresa para realizar algumas adaptações no espaço como

rampas e corrimão nas escadas. A U. E. ES. José Álvares de Azevedo tem em seu

espaço físico 11 (onze) salas de atendimentos para suprir uma necessidade de 20 (vinte)

programas de atendimentos aos deficientes visuais, o que torna necessário que uma sala

seja disponibilizada para mais de um tipo de programa. Além disso, a unidade conta

com 64 professores das mais diversas áreas de conhecimento para atender os 256 alunos

matriculados no ano letivo de 2016, que tem ao seu dispor materiais como máquina

perkins, impressora Braille, circuito fechado de televisão – CCTV (aparelho que amplia

em até 60 vezes a imagem e a transfere para o monitor), assinador, sorobã, reglete e

punção, braille fácil, Sistema Operacional DOS Vox, recursos ópticos, etc.

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2.3 EXPERIMENTOS DIDÁTICOS PARA DEFICIENTES VISUAIS

É perceptível a falta de preparo de professores para tratar com alunos com NEE

e a principal dúvida diz respeito a maneira de se trabalhar com tais alunos de maneira

verdadeiramente inclusiva. Segundo BIBIANO (2013) o grande desafio de planejar uma

aula de qualidade que venha atender as limitações de um aluno com NEE deixa alguns

professores inseguros e desamparados.

Nestes termos, o laboratório de Ciências, além de promover o diálogo entre a

teoria e a prática, aumenta o interesse discente pelas aulas, pois aguça a curiosidade, a

paciência e a observação e desperta a interatividade entre o discente e o objeto de

estudo. Como resultado, os conteúdos são assimilados de forma mais significativa e

próxima, fazendo, o Laboratório de Ciências, segundo HODSON (1994, p. 313), um

papel extremamente importante ao promover um sentido ao que se observa:

O laboratório didático de física tem um papel importante na

educação científica principalmente por colocar os estudantes

em contato com os fenômenos descritos por leis e teorias que

permeiam a ciência. Este ambiente é propício para que os

estudantes testem suas hipóteses, indagações e curiosidades e

que façam uso de sua criatividade, transformando assim o

laboratório didático em um ambiente em potencial para o

desenvolvimento de uma cultura científica capaz de

proporcionar aos envolvidos uma visão mais completa da

ciência.

Por conseguinte, se a experimentação sempre foi uma aliada da Física em muitos

momentos da história – com muitos cientistas como Newton, Oersted, Joule, entre

outros – ao longo de sua evolução enquanto Ciência da Natureza, por certo, é o

Laboratório de Ciências também um grande aliado para o processo de ensino-

aprendizagem de Física na Educação Básica – segundo BORGES, 2002; CASTRO et.

al., 2000; GRANDINI, 2004; HODSON, 1994 e MACEDO; KATZKOWICS, 2003 –

bem como ainda um importante instrumento para a consolidação de uma cultura

científica (CARVALHO, 2005, p.33).

Logo, há que se destacar o teor dicotômico que fomenta o limiar que separa o

ontem do hoje em educação, contrapondo o ensino de Física tradicional ao moderno,

buscando novas tendências no ensino de Física, uma vez que o conhecimento que se

busca está muito além de procedimentos e regras. Visa compreender que as ciências não

têm respostas definitivas.

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A necessidade, o “amparo” pelo estado e apenas força de vontade da parte do

educador não garante o aprendizado do aluno. Então, surge a pergunta: Como ajudar,

educar e ensinar alguém que possui maneiras diferentes de aprender daqueles alunos

que se está acostumado? O simples fato de ser realizar uma experiência qualquer em

sala de aula ou laboratório irá despertar o interesse do aluno com algum tipo de

deficiência visual? Para obter respostas para essas perguntas e filtrar as metodologias

que podem ou não ser aplicadas em turmas com alunos deficientes visuais é necessário

conhecer a fundo os mesmos.

A dificuldade em ensinar Física aos deficientes visuais, geralmente, se dá pelo

fato de serem usadas metodologias que se baseiam em referenciais funcionais visuais,

levando a ter-se a impressão de que o aluno cego possui uma limitação intelectual.

Segundo MANTOAN (2002), as anotações no caderno, utilização de lousa para a

realização de tarefas, provas escritas, medições, gráficos, desenhos entre outras coisas,

sentenciam o aluno com deficiência visual ao fracasso escolar e à não socialização

dando a ideia de o mesmo é incapaz de assimilar o conteúdo ou inferior a outros alunos

videntes como indica LIPPE e CAMARGO (2009):

É compreensível que estudantes com deficiência visual

apresentem dificuldades com a sistemática do Ensino de Física,

visto que o mesmo fundamenta-se em boa parte, em

referenciais funcionais visuais.

Necessário se faz o desenvolvimento de metodologias que valorizem as

maneiras não visuais de se aprender como, por exemplo, as discussões orais, textos em

braile, impressos ampliados, imagens em relevo ou com cores fortes, experimentos de

simples execução que relacione a teoria e a prática e a utilização de maquetes para que o

aluno cego ou baixa visão possa ter um ensino apropriado. Os alunos com DV devem

ficar em uma posição estratégica na sala de aula, sentando na primeira fileira de

cadeiras para poderem ouvir melhor o professor, pois isso pode proporcionar um futuro

melhor (MEDEIROS et al. 2007) tendo em vista que estes irão acompanhar melhor o

conteúdo.

Pode-se, por exemplo, priorizar os conceitos físicos e suas aplicações no

cotidiano, o que permite ao aluno uma aprendizagem significativa e estimula a busca

por conhecimento indo de acordo com o que sugere os Parâmetros Curriculares

Nacionais – PCN+, ao invés de repassar para os alunos apenas fórmulas e exercícios

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matemáticos que os torna apenas reprodutores de forma mecânica dos conteúdos.

Infelizmente, os cálculos matemáticos ainda são mais favorecidos que o ensino voltado

à vida cotidiana. Mas, caso seja necessário o uso da matemática, que seja feito com a

utilização de materiais como: calculadoras falantes, gráficos em relevos, materiais em

Braille, dentre outros que ajudem a percepção do aluno cego (CAMARGO, 2008)

No caso de se realizar um experimento pode-se mudar o referencial

observacional visual para outro como, por exemplo, se utilizar o referencial

observacional tátil ou até mesmo o referencial observacional gustativo permitindo assim

que a informação chegue a todos os alunos de maneira adequada, visto que os videntes

também são ouvintes e possuem percepções táteis, segundo CAMARGO (2001, p. 9).

Tal argumento faz-se ter em mente que o trabalho com deficientes visuais não

tem como objetivo focar na deficiência dos mesmos tormando-a como problemática ou

como fragilidade dos mesmos no quesito aprendizagem, mas sim tornar as condições

educacionais iguais para todos, pois tantos os videntes como os não videntes têm

capacidade de aprender, dependendo apenas da metodologia utilizada.

Há muitos anos acredita-se que a privação de um dos sentidos

coincide com uma compensação desta deficiência. Em cegos,

por exemplo, a perda da visão provocaria um aumento da

capacidade dos demais sentidos, como a audição e o tato. A

idéia de compensação é ainda hoje parte integrante da

representação social da cegueira. Constata-se,entretanto, que

em função da carência da visão ocorre apenas uma melhor

utilização dos demais sentidos. (MORRONE et al.,2009, p. 2)

Um grande exemplo de que a cegueira não tem como consequência uma menor

capacidade de aprender foi o grande físico e astrônomo Galileu Galilei, que após anos

de observação às manchas solares, ficou cego e ainda assim conseguiu continuar suas

pesquisas utilizando-se de outros sentidos, por exemplo, em seus estudos de planos

inclinados marcava o tempo tendo como referência seus batimentos cardíacos em seu

pulso (DANHONI, 2000).

TELFORD e SAWREY (1974) afirmam que “à medida que a cegueira é

geneticamente independente da mentalidade defeituosa ou de uma lesão cerebral, a

capacidade intelectual básica do cego é comparável a de toda população em geral”.

Portanto, a preparação de aulas inclusivas é o primeiro passo para reduzir as diferenças

entre os alunos videntes e não videntes. É importante ter em mente que a preparação do

material deve atender a todos os alunos, tendo em vista que a Física é uma disciplina

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considerada de difícil entendimento por parte dos alunos em geral, porém deve-se

priorizar a eficácia do material para a aprendizagem dos conceitos básicos e sua

importância no cotidiano por partes dos alunos não videntes.

Precisa-se reavaliar o pensamento que muitas pessoas, erroneamente têm, de que

o sentido da visão é condição para se obter conhecimento, segundo, CAMARGO 2008,

a deficiência visual em alguns casos pode até, trazer vantagens na compreensão de

alguns fenômenos físicos como por exemplo na mecânica quântica, onde se trabalha

fenômenos com dimensões atômicas, e até mesmo na mecânica Newtoniana no estudo

por exemplo da força centrípeta e aplicações da Terceira Lei de Newton, além de muitos

fenômenos concernentes a luz não observáveis visualmente. Precisa-se reconhecer que

hoje em dia pode-se ter a deficiência visual como perspectiva auxiliadora para a

construção do conhecimento de física por parte de todos os alunos (CAMARGO, 2008).

Apesar de se ter conhecimento de outros profissionais da educação empenhados

no desenvolvimento de uma melhor educação inclusiva, infelizmente o material

cientifico produzido para se trabalhar de maneira adequada com DVs são muitos

escassos. São poucos os materiais disponíveis para se ensinar física com qualidade em

turmas regulares que possuem um ou mais alunos não videntes, então se precisa de mais

pesquisas para desenvolvimento de metodologias e instrumentos que venham a auxiliar

o processo de ensino-aprendizagem de todos os alunos, videntes ou não, isso tem sido

uma grande reivindicação por parte da educação (AMARAL et al., 2009).

No contexto atual, no Ensino de Física para deficientes visuais

os recursos e técnicas ainda são pouco explorados. Estamos

tratando de uma questão que ainda não foi investigada de

forma sistemática e detalhada, em particular as pesquisas

referentes aos deficientes visuais. (AMARAL et al., 2009, p.3)

A maioria dos trabalhos da literatura especializada em ensino de física para DVs

se referem a instrumentação adaptada a cegos ou na divulgação de projetos em

desenvolvimento na área, podendo considerar tais pesquisas incipientes visto que foi

apenas em 2003 que o tema “Educação e Portadores de Necessidades Especiais

(Relações Educativas e portadores de necessidades especiais, Processos de

aprendizagem em portadores de necessidades especiais)” entrou na pauta do

International Meeting Language, Culture and Cognition, evento de grande repercussão

na área da educação do país (COSTA, L. G. et al 2006). Com o intuito de se conhecer

melhor a maneira de se trabalhar o ensino de física e qual a necessidade atual dos DVs,

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além de delinear as diferenças entre a teoria e a prática deve-se fazer uma análise em

revistas e em artigos especializados nas áreas de ensino de física e em eventos de ensino

(PARANHOS; GARCIA, 2009, p.2).

Nenhum artigo, com proposta de ensinar física para portadores de necessidades

especiais, foi encontrado no Caderno Brasileiro de Ensino de Física nas edições de 2001

à 2016. Nesse mesmo período somente três artigos foram encontrados na Revista

Brasileira de Ensino de Física. A Revista, Ciência e Educação, em 16 anos de

publicações, apresenta dois artigos que buscam auxiliar o ensino de física para

deficientes. A revista Física na Escola no período de 2001 à 2012 publicou 4 artigos e

teve sua ultima publicação impressa lançada em maio de 2012. Desde 2016, a Física na

Escola esta sendo publicada na versão digital. Nas publicações da revista Investigação

no Ensino de Ciências, foram encontrados 5 artigos relacionados com o ensino de Física

para alunos com necessidades especiais nos últimos 16 anos. Na Revista Brasileira de

Pesquisa em Ensino de Ciências foram encontrados três artigos, nos últimos 16 anos,

que buscam auxiliar o ensino de deficientes visuais. Na Revista Ensaio, no período de

2001 à 2016, foram encontrados apenas dois artigos com a temática ensino de física

para deficientes visuais.

Importante ressaltar, entre as revistas nas quais foram feitas as pesquisas

analisou-se apenas os artigos que tinham como proposta o ensino de Física para

deficientes visuais, porém, foram encontrados outros artigos relacionados com a

proposta de ensino inclusivos, mas mesmo tomando todos os artigos que envolvam

educação para portadores de necessidades especiais a quantidade de material disponível

é muito pequena.

Geralmente, os problemas discutidos nos artigos buscavam identificar os

problemas de comunicação entre os professores e alunos com deficiência visual,

incentivar o uso de experimentos táteis-visuais adaptados para auxiliar o ensino de física

para pessoas com NEE além da investigação da formação de futuros professores, para

que os mesmos tenham capacidade de ministrar suas aulas em turmas regulares que

possuam alunos com NEE inclusos, além de analisar as concepções dos formandos em

detectar e avaliar as alternativas para um ensino inclusivo de qualidade.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 PROPOSTA DE PESQUISA

Estudar experimentos didáticos, pode auxiliar o processo de ensino-

aprendizagem de Física para alunos com e sem deficiência visual.

3.2 OBJETIVOS

3.2.1 OBJETIVO GERAL

Elaborar materiais e experimentos didáticos, pode auxiliar o processo de ensino-

aprendizagem de alunos com e sem deficiência visual.

3.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Desenvolver materiais e experimentos didáticos envolvendo conceitos iniciais

de Óptica Geométrica para alunos videntes e não videntes do 9°ano do Ensino

Fundamental.

II. Verificar a efetividade da utilização dos materiais e experimentos didáticos

para ultrapassar principalmente o obstáculo da deficiência visual e da materialização de

conceitos físicos.

III. Identificar as dificuldades dos estudantes na compreensão do assunto

proposto após a aplicação em sala de aula dos experimentos didáticos.

IV. Elaborar um material de apoio aos professores interessados em fazer

maquetes táteis – visual além de adaptar experimentos para o ensino de física para

utilizar em suas aulas.

3.3 TIPO DE PESQUISA

A pesquisa aqui proposta terá seus resultados analisados segundo um olhar

qualitativo descritivos. A pesquisa se deu em três momentos, inicialmente foi aplicado

um pré-teste. Em um segundo momento o projeto foi aplicado, e finalmente um pós-

teste. Não estamos interessados em quantificar o número de questões que os alunos iram

acertar após a aplicação do projeto, mas sim o quão relevante será o mesmo para

incentivar os alunos a buscar mais conhecimentos e analisar o mundo ao seu redor de

maneira mais crítica.

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3.4 LOCAL E PARTICIPANTES

Pessoas com deficiência visual, cegos ou baixa visão, possuem experiências de

vida diferentes de outras pessoas em todos os aspectos do cotidiano, que vai desde a

maneira com que adquiriu a deficiência e qual seu nível de cegueira, ao ambiente

escolar e familiar que o mesmo está inserido.

Precisamos conhecer o aluno que iremos trabalhar para que o material seja

preparado levando em consideração suas habilidades sensoriais mais aguçadas e seu

conhecimento em relação a determinados assuntos. Permitindo assim a identificação das

barreiras escolares.

A aluna deficiente, a ser incluída no meio escolar possui baixa visão e a partir de

agora iremos nos referir a ela como aluna A. Mas no momento da aplicação estavam

presentes mais duas alunas de séries inferiores também com baixa visão. A aluna A está

perdendo a visão aos poucos, devido uma doença degenerativa, e ainda não está

alfabetizada em Braille e apresenta grande resistência ao acompanhamento pela sala de

atendimento especializado de sua escola. A mesma se encontra no 9° ano do ensino

fundamental e a família aparenta não ter conhecimentos necessários para um melhor

encaminhamento educacional da aluna.

A aplicação dos protótipos ocorreu em uma escola pública estadual localizada na

cidade de São Luís, Maranhão. Além de suas 16 salas de aula, conta com uma sala de

atendimento especializado para atender os alunos com NEE dessa e de outras escolas da

redondeza. Não foi percebido durante as visitas nenhuma adaptação na escola para que

deficientes visuais tivesse maior facilidade de se locomover pelas dependências daquela

instituição.

Segundo a professora de Ciências que é responsável pela aluna A, a

comunicação entre a direção/coordenação não foi suficiente para que as dificuldades de

aprendizagem da aluna A fosse percebida por todos os professores. Muitos só ficaram

sabendo de tal problemática no momento em que foi solicitado para a escola a aplicação

da pesquisa. Está solicitação foi feita por meio de um requerimento de autorização por

parte da professora responsável. A referida professora admitiu, de maneira muito

sincera, não estar preparada para ministrar aulas para uma turma que tem como

integrante um aluno deficiente visual, justificando tal situação pela falta de matérias que

torne tal assunto relevante em sua formação na academia.

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A professora é de opinião que, a falta de comunicação entre a

direção/coordenação da escola e os professores além de raros momentos de formação

continuada oferecidos aos profissionais da educação, são fatores determinantes para o

despreparo e sentimento de incapacidade quando os mesmos se deparam com um aluno

portador de necessidades especiais em sala de aula.

O objetivo dos experimentos e maquetes táteis é fazer com que todos os alunos

da turma, inclusive os deficientes visuais, aprendam os conceitos físicos envolvidos.

A comunicação tátil-auditiva possui um grande potencial de

entendimento, pois é capaz de veicular significados que não

são indissociáveis de representações visuais, ou seja, o uso de

materiais possíveis de serem tocados, esses significados

tornam-se acessíveis a alunos deficientes visuais. (CAMARGO

et al., 2009, p.12)

A ideia é fazer os alunos entenderem o conteúdo tendo as maquetes táteis e

experimentos como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem. Importante

salientar que os experimentos devem atender a necessidade de todos os alunos da classe

(videntes ou não videntes), Medeiros et al. 2007 destaca que:

(...) a educação inclusiva busca aprimorar a qualidade do

ensino regular, fazendo com que os princípios educacionais

sejam válidos para todos os alunos e isso resultará

naturalmente na inclusão das pessoas com deficiência.

Segundo Camargo, em entrevista publicada em 07/08/2014 pelo Instituto

Ciência Hoje, o mesmo afirma que os experimentos e maquetes adaptados aos alunos

DVs são uteis também para os alunos videntes: “Criamos maquetes e experimentos que

exploravam outros sentidos, como o tato, e eles se mostraram úteis no ensino de todos,

sem a necessidade de qualquer exclusão”, o que está em concordância com COSTA,

2004:

O horizonte inicial compreendido nos conduziu a um processo

de formulação de alternativas experimentais para o ensino de

Física para deficientes visuais, que, além de incluir o sujeito

invisual, também inclua o visual.

Em um relato de educação inclusiva publicada em 08/12/2009 pelo Instituto

Ciência Hoje, o professor de Física André Tato afirma que a presença de um aluno cego

em sala de aula induz o professor a tomar mais cuidado com a sua linguagem, fazendo

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descrições mais detalhadas de fenômenos que muitas vezes seriam repassados de

maneira que nem mesmo os alunos videntes entenderiam: "Que fique claro que a

inclusão não é para ser boa apenas para o aluno incluído, tem que ser útil para todo

mundo; o aluno cego se torna um gancho para que se explorem tópicos que não se

exploraria usualmente".

Ainda assim, tais procedimentos devem visar o desenvolvimento pessoal e

coletivo realizando sempre que possível atividades em grupo visto que as mesmas são

fundamentais à aquisição do conhecimento do educando (VYGOTSKY, 2005).

3.5 DELINEAMENTO DAS ATIVIDADES

As atividades desenvolvidas com os experimentos didáticos para o estudo dos

conceitos iniciais de Óptica Geométrica foram aplicadas na turma 901 da escola

escolhida para a pesquisa, no período de 05 de outubro de 2016 a 09 de novembro de

2016.

• 05/10/2016: entrega de solicitação na escola para aplicação do projeto.

• 12/10/2016: entrevista com o professor responsável pela turma na qual o

projeto seria aplicado, entrevista com a professora da sala de atendimento

especializado além de visita as dependências da escola.

• 19/10/2016: conversa com a aluna A e aplicação do pré-teste aos alunos

sobre conceitos básicos de Óptica Geométrica para verificação de seus

conhecimentos prévios.

• 27/10/2016: aplicação do projeto na turma 901 com a presença de 3

deficientes visuais.

• 09/11/2016: aplicação do pós-teste aos alunos sobre conceitos básicos de

Óptica Geométrica para verificação, através de uma análise qualitativa de

seu aprendizado.

No dia 05/10 de 2016 fui à escola solicitar autorização para aplicação do projeto

na turma, a qual a aluna A estudava de maneira regular. Neste dia, soube os dias que o

professora de Ciências teria aula com a referida turma e agendei com a mesma uma

entrevista onde pude no dia 12/10 de 2015, saber um pouco mais sobre seu dia a dia em

sala de aula bem como sua relação com a aluna A, e ainda sua maneira de trabalhar com

a mesma. Surpreendentemente a professora não tinha conhecimento da deficiência da

aluna que apesar de sua condição costumava sentar mais ao fundo da sala de aula,

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agravando mais ainda sua percepção do que estava escrito na lousa. Ainda nessa data,

tive a oportunidade de conversar com a professora da sala de atendimento especializado

(sala de recursos) que, desanimada, informou a ausência constante da aluna A na sala de

recursos no contra turno, por opção da própria aluna. Além disso, havia a falta de

comunicação com os professores de ensino regular para uma elaboração conjunta de

atividades que viessem a atender aos alunos deficientes atendidos pela escola.

A escola onde a pesquisa foi realizada não apresentava condições para que

alunos DVs pudessem se locomover de maneira autônoma pelas dependências da

escola. A ausência de piso tátil pelos corredores da escola dentre outros instrumentos,

dificultavam bastante a identificação de salas de aula e outros ambientes.

Um melhor contato com a aluna A ocorreu no dia 19/10 de 2016, onde algumas

dificuldades de aprendizagem foram expostas por ela através de uma conversa informal.

Foi apresentado pela aluna, a dificuldade de se relacionar com os colegas em sala de

aula, talvez pelo fato de a mesma sofrer discriminação em situações que mostravam

muitas vezes que seus colegas de turma não tinham conhecimento de sua deficiência.

Além disso, o local escolhido pela aluna A para se sentar durante as alunas se tornou um

dificultador de aprendizagem visto que a mesma se acomodava na última fileira de

cadeiras da sala de aula o que dificultava a percepção do que estava escrito no quadro,

ocorrendo por vezes deixar de copiar as atividades.

Neste mesmo dia, foi aplicado para os 23 alunos videntes e 1 aluno deficiente

visual um pré-teste, Anexo A, para a verificação do conhecimento prévio dos alunos a

respeito de situações do dia a dia que podem ser explicadas por alguns conceitos iniciais

de Óptica Geométrica.

No dia 27/10 de 2016, foi aplicada uma aula na qual os conceitos iniciais de

Óptica Geométrica foram expostos com o auxílio das maquetes táteis para alunos

videntes, para a aluna A e mais 2 alunas com deficiência visual - Baixa Visão. Foram

dois horários de 50 minutos de duração cada, nos quais os alunos videntes puderam

observar alguns fenômenos físicos e os alunos DVs puderam perceber através,

principalmente do tato, tais fenômenos.

Como forma de verificar qualitativamente a aprendizagem dos alunos, foi

aplicado no dia 09/11 de 2016 um pós-teste que continha as mesmas perguntas do pré-

teste. O que chamou atenção foi o alvoroço da turma em acertar as questões. Os alunos

comentavam entre si que sabiam as respostas, que tinham aprendido durante a aula. O

mais gratificante foi verificar durante a correção do pós-teste o melhor desempenho dos

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alunos nas respostas, mesmo que algumas vezes cometendo alguns erros técnicos, mas

com embasamento teórico correto.

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4. DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

Motivado pela grande carência de materiais para ensino de física para alunos

deficientes visuais, desenvolvemos experimentos didáticos que mostraremos as

montagens passo a passo nos capítulos seguintes além de propor uma sequência didática

para utilização dos mesmos.

O desenvolvimento do material se deu da seguinte maneira:

• Seleção dos tópicos de Óptica Geométrica significativos e importantes para os

alunos do 9° ano do ensino fundamental;

• Pesquisa de modelos de maquetes e de experimentos didáticos já adaptados para

o ensino de física pra deficientes visuais;

• Elaboração do pré-teste e pós-teste.

• Criação, adequação de textos conceituais e explicativos de cada tópico

abordado;

• Montagem dos materiais e experimentos didáticos para facilitar a compreensão

dos assuntos;

4.1 CONTEÚDOS ENVOLVIDOS

Durante as aulas, buscamos fazer a ligação entre a física ensinada no ensino

fundamental e o conhecimento prévio dos alunos, isso com o auxílio de experimentos e

maquetes para uma melhor compreensão da matéria, percebendo onde se precisa fazer

as devidas adequações.

Propomos, neste trabalho, explicar os conceitos iniciais de Óptica Geométrica:

raio de luz, feixe de luz, fontes de luz, meios de propagação de luz, reflexão luminosa,

refração luminosa, cores de um objeto e dispersão luminosa.

4.2 MONTAGEM DOS EXPERIMENTOS

Tendo em mente, as características e necessidades da turma, onde iremos aplicar

o projeto precisamos tomar cuidado no desenvolvimento e montagem dos materiais

adaptados para um melhor aproveitamento das habilidades multissensoriais por parte de

todos os alunos. Devemos sempre ter em mente que a capacidade cognitiva de um aluno

DV é a mesma de um aluno vidente. A utilização de vários materiais, como, por

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exemplo, miçangas, placas de E.V.A2, elásticos, barbantes, colas coloridas dentre outros

materiais que podem ser encontrados facilmente em papelarias e outras lojas do gênero,

podem ser utilizados na confecção dos experimentos, que além de serem fáceis de

trabalhar tem baixo custo. Percebe-se que os alunos ficam felizes e entusiasmados pelo

fato de um professor ter trabalhado e se dedicado para preparar um material

diferenciado com o intuito de repassar o conhecimento a todos os alunos.

Um dos cuidados que devemos ter ao elaborar as maquetes e experimentos, é a

utilização de materiais que não venham causar danos físicos aos alunos, como por

exemplos: objetos cortantes ou inflamáveis visto que os alunos terão muitas vezes um

contato direto com os experimentos. Ao montar as maquetes táteis e os experimentos,

deve-se dar preferência para materiais resistentes. No caso de bases de apoio, utilize

bases de compensado ou MDF3 ao invés de vidro, por exemplo, ao trabalhar com fios

ou barbantes ter cuidado em utilizar espessuras e cores diferentes para representar

fronteiras distintas, visto que isso facilita a percepção das diferenças por parte dos

alunos deficientes visuais. Isto ocorre através do tato e das diferentes tonalidades de

cores para auxiliar os alunos de baixa visão e os videntes, visto que não podemos

esquecer de que as maquetes e experimentos são inclusivos e não podemos deixar de

atender as necessidades dos alunos videntes.

Ao montar as maquetes e experimentos, é indispensável o cuidado em fazer de

forma que todos os itens utilizados na montagem tenham suas respectivas legendas em

Braille e que essas estejam organizadas de formas a permitir uma fácil leitura e

interpretação.

Durante as construções de vários protótipos experimentais, utilizamos como

base recortes de folhas de isopor, que são leves e de fácil manuseio. Para uma maior

durabilidade, a base de isopor foi revestida com camurça. Foram usados também,

espetos de churrascos de madeira e barbantes de diferentes espessuras, que serviram

para representar raios de luz; cola de isopor, tintas coloridas, base em MDF, um

triângulo oco de acrílico para representar um prisma, uma caixa em MDF, um motor

elétrico, fios, bateria, CD e EVAs de varias cores e texturas.

2 Mistura de Etil, Vinil e Acetato que resulta em placas emborrachadas. 3 A sigla MDF significa “Medium Density Fiberboard” e consiste em uma chapa de madeira de

fibra de média densidade produzida a partir de um processo de aglutinação com a ajuda de

resinas sintéticas e aditivos.

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A ideia principal é montar maquetes táteis e experimentos que nos auxiliem no

ensino de alguns conceitos físicos de Óptica Geométrica, por isso temos como

propostas:

✓ Maquete que represente um raio de luz

A definição de Raio de Luz segundo BISCUOLA et. al. 2013 é:

Raio de Luz é a linha orientada que tem origem na fonte de

luz e é perpendicular às frente de luz. Os raios de luz indicam

a direção e o sentido de propagação da luz em um meio ou

sistema.

Geralmente, a representação desse raio de luz nos livros didáticos é feita por

uma imagem de um segmento de reta orientado, sendo complicada a percepção do

mesmo por alunos com deficiência visual. Por isso utilizamos um espeto de churrasco,

onde a parte sem ponta representará o início do raio luminoso e a parte com ponta o

final, colado em uma base de isopor revestido com camurça conforme mostra a figura 3.

Figura 3: Maquete representativa de um Raio de Luz.

Fonte: Próprio Autor

✓ Feixe de Luz Divergente

Segundo BISCUOLA et. al. 2013, Feixe de Luz Divergente é um conjunto de

raios de luz que divergem a partir de um ponto P. Este também é representado nos

livros didáticos através de imagens de vários segmentos de retas divergindo a partir

de um ponto P. Uma maneira que encontramos para tornar possível a percepção de

um feixe de luz divergente para alunos cegos ou de baixa visão foi também colando

espetos de churrasco de maneira conveniente em uma base de isopor conforme a

figura 4.

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Figura 4: Maquete representativa de um Feixe de Luz Divergente.

Fonte: Próprio Autor

✓ Feixe de Luz Convergente

Segundo BISCUOLA et. al. 2013, Feixe de Luz Convergente é um conjunto de

raios de luz que convergem para um mesmo ponto P. Este também é representado

nos livros didáticos através de imagens de vários segmentos de retas orientadas

convergindo para um ponto P. Uma maneira que encontramos para tornar possível a

percepção de um feixe de luz convergente para alunos cegos ou de baixa visão foi

também colando espetos de churrasco de maneira conveniente em uma base de

isopor conforme a figura 5.

Figura 5: Maquete representativa de um Feixe de Luz Convergente.

Fonte: Próprio Autor

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✓ Feixe de Luz Cilíndrico

Segundo BISCUOLA et. al. 2013, Feixe de Luz Cilíndrico é um conjunto de

raios de luz que são paralelos entre si. Este também é representado nos livros

didáticos através de imagens de vários segmentos de retas orientadas paralelas uma

as outras. Uma maneira que encontramos para tornar possível a percepção de um

feixe de luz cilíndrico para alunos cegos ou de baixa visão foi também colando

espetos de churrasco de maneira conveniente em uma base de isopor, figura 6.

Figura 6: Maquete representativa de um Feixe de Luz Cilíndrico.

Fonte: Próprio Autor

✓ Meio de propagação Transparente

Segundo BISCUOLA et. al. 2013, meios de propagação transparentes são

aqueles que permitem que a luz os atravesse descrevendo trajetórias regulares e bem

definidas. Geralmente nos livros didáticos isso é representado através de uma

imagem de um feixe de luz cilíndrico atravessando um objeto sem alterar o

paralelismo dos raios que compõe o feixe. Uma maneira que encontramos para

tornar possível a percepção de meios transparentes para um aluno cego ou de baixa

visão foi também colando espetos de churrasco de maneira conveniente em uma

base de isopor, onde um plástico transparente foi utilizado para representar o meio

transparente, figura 7.

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Figura 7: Maquete representativa de um meio de propagação transparente

Fonte: Próprio Autor

✓ Meio de propagação Translúcido

Segundo BISCUOLA et. al. 2013, meios de propagação translúcidos são aqueles

nas quais, a luz descreve trajetórias irregulares com intensa difusão

(espalhamento aleatório), provocado pelas partículas desses meios. Geralmente,

nos livros didáticos isso é representado através de uma imagem de um feixe de

luz cilíndrico que ao atingir a superfície de separação entre dois meios faz o

paralelismo dos raios que compõe o feixe se tornar um grande emaranhado de

linhas que deixam tal meio translúcidos propagando em diversas direções. Uma

maneira que encontramos para tornar possível a percepção de meios translúcidos

para um aluno cego ou de baixa visão foi também colando espetos de churrasco

de maneira conveniente em uma base de isopor, onde um plástico translúcido foi

utilizado para representar o meio translúcido, figura 8.

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Figura 8: Maquete representativa de um meio de propagação translúcido

Fonte: Próprio Autor

✓ Meio Opaco

Segundo BISCUOLA et. al. 2013, meios opacos são aqueles através dos quais

a luz não se propaga. Geralmente, representado em livros didáticos através de

imagens de um feixe de luz cilíndrico atingindo a superfície de separação entre dois

meios e simplesmente desaparecendo. Uma maneira que encontramos para tornar

possível a percepção de um meio opaco para um aluno cego ou de baixa visão foi

também colando espetos de churrasco de maneira conveniente em uma base de

isopor, onde um plástico preto foi utilizado para representar um meio opaco, figura

9.

Figura 9: Maquete representativa de um meio opaco.

Fonte: Próprio Autor.

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✓ Maquete que permite uma pessoa “ver” um objeto.

Para que uma pessoa possa enxergar um objeto, é necessário pelo menos um

olho que esteja em condições de receber raios luminosos e fazer com que os

mesmos cheguem à retina para assim serem convertidos em impulsos elétricos e

serem conduzidos ao cérebro pelos nervos ópticos. Portanto, se a luz não chegar

aos nossos olhos não conseguiríamos ver. A figura 10 procura mostrar para que um

objeto seja visto por alguém, este dever emitir luz e esta deve atingir os olhos da

pessoa.

Figura 10: Maquete representativa da propagação da luz de um objeto ao olho humano.

Fonte: Próprio autor

✓ Prisma de Newton

A luz emitida pelo sol é uma luz policromática, ou seja, é composta por várias

cores e, para efeitos didáticos, costumamos destacar sete: Vermelha, Alaranjada,

Amarela, Verde, Azul, Anil e Violeta. Tal afirmação é baseada em um experimento

realizado por volta de 1665 por Isaac Newton que com o auxílio de um prisma

colocado em frente a um estreito feixe de luz branca fez o mesmo se decompor em

um espectro multicolorido.

Para melhor percepção de tal fenômeno, foi construído um triângulo vazado em

acrílico, fixado a uma base também de acrílico, com o intuito de representar o

prisma. A luz branca foi representada por um fio de maior espessura que foi

acoplado de maneira conveniente em uma das faces do “prisma” e dentro do

mesmo com o auxílio de 7 fios coloridos e de diferentes espessuras representou-se a

dispersão luminosa como mostra a figura 11.

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Figura 11: Prisma de Newton com fios de diferentes espessuras representando os raios luminosos.

Fonte: Próprio autor

✓ Percepção das cores

Ao incidir sobre um objeto, algumas componentes da luz branca são absorvidas

e outras refletidas. A principal componente da luz refletida pelo objeto é a cor na

qual esse objeto será visto. As demais componentes que serão absorvidas servirão

para aumentar a energia térmica do corpo.

Uma maneira de representar tal fenômeno de forma acessível a qualquer

estudante, foi montar uma maquete na qual um espeto de churrasco pintado de

branco é colado, em uma folha de isopor, de maneira que permita aos alunos

perceber que o mesmo está incidindo sobre um objeto pintado, por exemplo, de

azul, que nesse caso será representado por um retângulo formado por espetos de

menor espessura pintados de azul. A partir disso, é colado outro espeto de

churrasco, de espessura igual ao do objeto, pintado de azul, permitindo aos alunos

perceberem que o mesmo está saindo do objeto como mostra a figura 12.

Figura 12: Maquete representativa da luz branca incidindo em um objeto azul e apenas a luz azul

emergindo do mesmo.

Fonte: Próprio autor

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Outra situação bem comum encontrada nos livros didáticos, é quando um raio de

luz monocromática incide sobre um objeto que tem a mesma cor da luz incidente.

Neste caso, a maquete será formada de maneira semelhante a anterior com a

diferença que o raio de luz incidente, representado pelo espeto de churrasco, terá

mesma espessura que o raio refletido conforme a figura 13.

Figura 13: Maquete representativa da luz azul sofrendo reflexão em um objeto azul.

Fonte: Próprio autor

Caso a luz incidente seja de uma cor diferente da cor do objeto, irá ocorrer

apenas a absorção do raio incidente. Neste caso, não teremos raio refletido e o

objeto será visto negro. Para demonstrar tal fenômeno de forma acessível, foi

construída também uma maquete de maneira que incide sobre o objeto retangular

formado por espetos de churrasco, um espeto de churrasco de cor e espessura

diferente do objeto. Não é adicionado um “raio refletido” visto que a radiação foi

absorvida pelo objeto como mostra a figura 14.

Figura 14: Maquete representativa da luz verde sofrendo reflexão em um objeto azul e sendo absorvida

pelo mesmo.

Fonte: Próprio autor

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✓ Disco de Newton

O Disco de Newton, é um experimento bem comum e simples de se fazer para

demonstrar as cores que compõe a luz branca. O disco é dividido em 7 partes, as quais

são pintadas pelas cores que mais se destacam em um arco-íris: Vermelho, Alaranjado,

Amarelo, Verde, Azul, Anil e Violeta. Ao colocar o disco para girar as cores se

sobrepõem em nossa retina nos dando a percepção da cor branca.

Para um aluno deficiente visual, ficaria difícil repassar tal informação,

principalmente, se o mesmo não tenha tido em sua vida a experiência de percepção de

cores. Então, para tornar possível a percepção para todos os alunos videntes ou não,

montamos um disco, figura 15, no qual as regiões coloridas eram compostas por EVAs

de diferentes texturas pra cada cor. Assim, o aluno cego ou baixa visão ao tocar no disco

poderá perceber as diferentes “cores” através do tato e ao tocar no disco girando, figura

16, ele não conseguirá diferenciar mais as texturas dando a entender que tal mistura

representa a cor branca.

Figura 15: Disco de Newton tátil-visual parado.

Fonte: Próprio Autor

Geralmente, o professor gira o disco com a própria mão e consegue fazer com

que os alunos percebam a cor branca. Todavia, como o disco será tocado por

alguém, precisaríamos de algo que girasse o disco constantemente, por isso

adaptamos um motor elétrico em uma caixa, na qual o disco foi encaixado de

maneira conveniente.

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Figura 16: Disco de Newton tátil-visual girando.

Fonte: Próprio Autor

É importante que este experimento seja sempre utilizado com o auxílio de uma

pessoa capacitada, para que os alunos não se machuquem visto que o disco girando

pode vir machucar a mão dos mesmos.

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5. APLICAÇÃO DO PRODUTO

Após, o desenvolvimento do material para o ensino dos conceitos iniciais de

Óptica Geométrica para alunos videntes e não videntes, utilizamos estes na turma de 9°

ano, objetivando verificar a aceitação e o entendimento do conteúdo por todos os

estudantes, buscando também críticas e sugestões para possíveis melhorias.

O material foi aplicado em apenas uma turma, por isso não será feita uma análise

criteriosa da eficácia qualitativa e quantitativa desse material em seu desenvolvimento e

aplicação, tal análise poderá ser realizada em trabalhos posteriores.

5.1 DESCRIÇÃO DO AMBIENTE ESCOLAR ONDE O PRODUTO

FOI APLICADO

A aplicação dos protótipos ocorreu em uma escola pública, localizada na

periferia de São Luís (MA). Nesta escola, encontramos salas de aula para a modalidade

de Ensino de Jovens e Adultos – EJA, Ensino Fundamental – Anos iniciais, Ensino

Fundamental - Anos finais e Ensino médio.

A direção da escola e a professora responsável pelo ensino de Ciências na turma

cujo projeto foi aplicado apoiaram integralmente a iniciativa de nossa proposta, dando

suporte necessário para fazermos uso do espaço físico – sala de aula – em horário de

aula regular para uma maior participação dos alunos.

A ajuda da direção e dos coordenadores do Centro de Apoio Pedagógico ao

Deficiente Visual do Maranhão – CAP-MA foram de fundamental importância para que

o projeto tivesse o apoio legal necessário, emitindo um pedido de autorização para

aplicação do projeto na escola, além de acompanhar de perto toda a aplicação.

Mostramos na figura 17, a sala de aula onde ocorreram as atividades.

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Figura: 17: Sala de aula onde o produto foi aplicado.

Fonte: Próprio Autor

O produto desenvolvido nesse projeto, foi aplicado nas aulas de Ciências em

uma turma de 9° ano do Ensino Fundamental – Anos Finais.

A carga horária de Ciências nessa turma de 9° ano do Ensino Fundamental é de

três horas semanais. A professora titular da turma adotou livro didático para

desenvolver suas atividades e tem à disposição apenas a sala de recursos da escola, pois

a mesma não conta com laboratório didático.

A turma era composta por 29 alunos videntes e 1 deficiente visual, que

participou de todas as etapas de aplicação do projeto enquanto apenas 23 alunos

videntes participaram da pesquisa.

5.2 METODOLOGIA UTILIZADA NA APLICAÇÃO DO PRODUTO

Iniciamos a apresentação do projeto aos alunos explicando do que se tratava o

mesmo. Ele seria de grande importância para que todos os alunos presentes na sala de

aula pudessem compreender alguns fenômenos do dia a dia.

Buscamos fazer com que todos os alunos fossem beneficiados pelo projeto, visto

que, os protótipos estavam adaptados para que a aluna DV pudesse também participar

das aulas de maneira plena, mas em momento algum ser tida como preferida ou o centro

das atenções.

Durante a aplicação do projeto, além da aluna A outras duas alunas DV

participaram. As alunas DVs ocuparam a primeira fileira de cadeira da sala de aula, para

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facilitar o contato com as maquetes táteis (figura 18 e 19), e para que com o auxílio da

professora da sala de recursos pudessem manusear com mais precisão as mesmas.

Figura 18: Maquete tátil-visual sendo apresentada a todos os alunos parra que os mesmos pudessem

perceber o fenômeno físico.

Fonte: Próprio Autor

Figura 19: Aluna deficiente visual tateando a maquete tátil-visual para perceber um fenômeno físico.

Fonte: Próprio Autor

A metodologia proposta para a aula de aplicação do projeto teve como foco

incentivar a maior participação possível dos alunos. Sempre que havia necessidades,

fazíamos contextualização com o dia a dia do aluno, permitindo que os mesmos

pudessem expor suas próprias ideias. Durante a aplicação do projeto buscamos evitar ao

máximo que os alunos se comportassem apenas como receptores de informações, mas

como formador de seu próprio conhecimento somado com sua experiência diária (figura

20).

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Figura 20: Alunos participando de maneira ativa da aula

Fonte: próprio autor

A utilização dos experimentos veio como forma de se tornar um facilitador no

processo de ensino-aprendizagem, tanto para os alunos videntes, como para os alunos

não videntes, por isso o cuidado de adaptá-los de forma que os mesmos possam ter seus

objetivos alcançados. Isto torna a aprendizagem dos conceitos de Óptica Geométrica

mais simples e atraente para o aluno.

Um ponto importante para que todos os alunos pudessem entender o assunto, foi

permitir que os deficientes visuais presentes tivessem um tempo para eles tatearem os

protótipos ou observarem mais de perto (figura 21), claro que se fosse solicitado por um

vidente a oportunidade de um contato maior e mais demorado com as maquetes táteis

visuais lhe seria permitido.

Figura 21: O tempo para cada aluno absorver o conteúdo é diferente.

Fonte: próprio autor

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5.3 RECEPÇÃO DO PRODUTO APLICADO PELOS ALUNOS

Durante a aplicação do projeto ficou claro o grande interesse demonstrado pelos

alunos em saber do que se tratava aquela “aula diferente”. O fato de o projeto não ter

sido aplicado pela professora regular, as quais eles estavam acostumados, pode ser uma

hipótese para explicar a timidez apresentada pelos mesmso durante o início das aulas.

Mas, a participação dos alunos no decorrer da aplicação, ao fazerem perguntas e ao

responderem as perguntas que lhes eram feitas, mostrou que o projeto como um todo

serviu para que os mesmos fizessem relação entre o conhecimento científico e

fenômenos observados no dia a dia antes nunca imaginados.

As alunas portadoras de deficiência visual participantes do projeto em geral

eram bem caladas, talvez nunca tivessem tido a oportunidade de assistir uma aula, na

qual estavam em igualdade de condições com os demais. Em alguns momentos,

esboçavam algumas perguntas ou expressavam o fato de não ter entendido um conceito

dúvidas estas que muitas vezes ficam guardadas para si, visto que os professores

regulares não lhes dão a atenção necessária.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como forma de verificar a validade dos protótipos e experimentos como meios

de melhorar a aprendizagem dos alunos, tendo em mãos os resultados obtidos em nosso

trabalho vamos nos ater a uma análise qualitativa dos mesmos. Logo, iremos levar em

consideração apenas o caráter subjetivo do conhecimento. Tal abordagem de pesquisa

não se preocupa com a representatividade numérica, mas sim, neste caso, com a

compreensão do assunto por parte dos alunos com ou sem deficiência visual.

Os dados que tomaremos como base para se comparar o grau de aprendizagem

dos alunos a partir da aplicação do projeto, leva em consideração as suas respostas ao

pré-teste e ao pós-teste além de suas expressões orais em respostas as perguntas

realizadas durante a aplicação do projeto.

A seguir iremos realizar um levantamento estatístico, através de gráficos que

mostram a porcentagem de acertos e erros para cada pergunta do pré-teste e

posteriormente do pós-teste.

6.1 DADOS ESTATÍSTICOS – PRÉ-TESTE

Pergunta 1: O que são fontes de luz primária?

Objetivo: Identificar o conhecimento prévio dos alunos a respeito do conceito de fontes

de luz primária.

Resultado: A maior parte dos alunos – 83% - escreveu em suas respostas conceitos que

poderiam ser considerados corretos ou citaram exemplos do dia a dia que representam

fontes de luz primária. O gráfico 1, apresenta a porcentagem dos números de acertos e

erros a respeito da pergunta 1. A aluna deficiente visual respondeu que o Sol era uma

fonte de luz primária.

Gráfico 1: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 1 do pré-teste.

Fonte: Próprio autor

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Pergunta 2: O que são fontes de luz secundária?

Objetivo: Identificar o conhecimento prévio dos alunos a respeito do conceito de fontes

de luz secundária.

Resultado: Um pouco menos da metade dos alunos – 42% - escreveu em suas respostas

conceitos que poderiam ser considerados corretos ou citaram exemplos do dia a dia que

representam fontes de luz secundária. O gráfico 2, apresenta a porcentagem dos

números de acertos e erros a respeito da pergunta 2. A aluna deficiente visual não soube

responder essa questão.

Gráfico 2: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 2 do pré-teste.

Fonte: Próprio autor

Pergunta 3: Como a luz se propaga?

Objetivo: Identificar o conhecimento prévio dos alunos a respeito do conceito da forma

de propagação da luz.

Resultado: De maneira unânime os alunos escreveram “não sei” ou não responderam à

questão de número 3. O gráfico 3 mostra a porcentagem de acertos e erros a respeito da

questão 3.

Gráfico 3: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 3 do pré-teste.

Fonte: Próprio autor

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Pergunta 4: O que são objetos transparentes?

Objetivo: Identificar o conhecimento prévio dos alunos a respeito do conceito de meios

de propagação transparentes.

Resultado: A maior parte dos alunos - 87% - acertou a pergunta 4 como mostra o

gráfico 4, fazendo associação a objetos do dia a dia pelos quais os eles poderiam

enxergar através dos mesmos. A aluna deficiente visual escreveu em sua resposta que

objetos transparentes seriam objetos nos quais não possuíam cor.

Gráfico 4: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 4 do pré-teste.

Fonte: Próprio autor

Pergunta 5: O que são objetos translúcidos?

Objetivo: Identificar o conhecimento prévio dos alunos a respeito do conceito de meios

de propagação translúcidos.

Resultado: De maneira unânime os alunos escreveram “não sei” ou não responderam à

questão de número 5. O gráfico 5 mostra a porcentagem de acertos e erros a respeito da

questão 5.

Gráfico 5: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 5 do pré-teste.

Fonte: Próprio autor

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Pergunta 6: O que são objetos opacos?

Objetivo: Identificar o conhecimento prévio dos alunos a respeito do conceito de meios

opacos.

Resultado: De maneira unânime os alunos escreveram “não sei” ou não responderam à

questão de número 6. O gráfico 6 mostra a porcentagem de acertos e erros a respeito da

questão 6.

Gráfico 6: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 6 do pré-teste.

Fonte: Próprio autor

Pergunta 7: Quais as cores do arco-íris?

Objetivo: Identificar o conhecimento prévio dos alunos a respeito das cores do arco-

íris.

Resultado: Apenas 1 aluno dos 24 alunos não respondeu a questão 7, a respeito das

cores do arco-íris como mostra o gráfico 7. Importante ressaltar que nem todos os

alunos acertaram as 7 cores principais do arco-íris. A aluna deficiente visual soube citar

4 cores das 7 cores principais do arco-íris. A cor Anil não foi citada por nenhum dos

alunos.

Gráfico 7: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 7 do pré-teste.

Fonte: Próprio autor

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Pergunta 8: Por que o céu é azul?

Objetivo: Identificar o conhecimento prévio dos alunos a respeito de fenômenos do

cotidiano como, por exemplo, o motivo de o céu apresentar a coloração azul na maior

parte do dia.

Resultado: De maneira unânime os alunos escreveram “não sei” ou não responderam à

questão de número 8. O gráfico 8 mostra a porcentagem de acertos e erros a respeito da

questão 8.

Gráfico 8: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 8 do pré-teste.

Fonte: Próprio autor

Pergunta 9: Por que percebemos os objetos coloridos?

Objetivo: Identificar o conhecimento prévio dos alunos a respeito da forma que

enxergamos os objetos.

Resultado: De maneira unânime os alunos escreveram “não sei” ou não responderam à

questão de número 9. O gráfico 9 mostra a porcentagem de acertos e erros a respeito da

questão 9.

Gráfico 9: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 9 do pré-teste.

Fonte: Próprio autor

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Os alunos em sua maioria responderam: “não sei”, “não lembro” ou

simplesmente deixavam em branco as perguntas do pré-teste. A turma como um todo,

apresentava pouco interesse em buscar alguma relação com o seu dia a dia para

responder as perguntas do primeiro questionário a eles aplicado. No entanto, existiam

aqueles mais concentrados em buscar uma resposta correta e que não queriam deixar de

responder a nenhuma pergunta.

Talvez a falta de um contato mais íntimo com o assunto, no qual as perguntas

estavam baseadas fosse a real justificativa para tantas respostas erradas. Porém, algumas

respostas foram gratificantes, como as respostas da aluna A que respondeu, por

exemplo, 4 cores que faziam parte do arco-íris e fez a associação de que um corpo

transparente era aquele que não apresentava cor (provavelmente associou objeto

transparente ao vidro de uma lente). Isso mostrou que a mesma ainda tinha a capacidade

de relacionar fenômenos observados anteriormente em seu cotidiano a assuntos de sala

de aula.

6.2 APLICAÇÃO DO PROJETO

Durante a aplicação do projeto observou-se um pouco de inquietude por parte

dos alunos, talvez a ansiedade pela nova metodologia de ensino, as quais lhes seria

apresentada. Porém, o interesse em aprender era percebido a cada pergunta feita à turma

na tentativa de iniciar um diálogo, permitindo avaliar o quanto os mesmos estavam

compreendendo o assunto.

No início da aplicação do projeto, por um descuido de minha parte, não me

atentei em perceber que as alunas DVs estavam sentadas na última fila de cadeiras da

sala de aula. Consequentemente, dificultava a comunicação com elas além de tornar

difícil o contato mais direto delas e com os protótipos. Então, foi solicitado as mesmas

que ocupassem as cadeiras da primeira fileira da sala, juntamente como a professora da

sala de recursos que as acompanhava.

No decorrer da aplicação do projeto as maquetes táteis - visuais eram mostradas

para todos os alunos da sala de aula, propocionando contato aos mesmos, assim,

tateassem os protótipos a fim de que eles percebessem o que cada maquete pretendia

mostrar. Sempre após o contato com os protótipos, era perguntado às alunas DVs se

tinham percebido o que estava acontecendo em cada situação e elas respondiam, mesmo

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que com timidez, que sim. Em algumas ocasiões faziam perguntas relevantes a respeito

do assunto que nem mesmos os alunos videntes se atentaram.

6.3 DADOS ESTATÍSTICOS – PÓS-TESTE

No final da aplicação, pode-se perceber que os alunos haviam aprendido novos

conceitos a respeito da Óptica Geométrica, e tal conhecimento foi repassado aos

mesmos através de relações feitas com o seu cotidiano. Tal aprendizado foi confirmado

com a perceptível melhoria nas respostas apresentadas pelos alunos durante a aplicação

do pós-teste, até mesmo pela postura ao responderem novamente o questionário. A

seguir iremos fazer um levantamento estatístico das novas respostas dos alunos durante

a aplicação do pós-teste que tiveram as mesmas perguntas do pré-teste.

Pergunta 1: O que são fontes de luz primária?

Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a respeito do conceito de fontes de luz

primária.

Resultado: As respostas dos alunos no pós-teste não foram muito diferentes que as

respostas do pré-teste. A falta de uma melhora no desempenho pode ser associada ao

fato do tópico de fontes de luz primária não ter sido trabalhado de maneira adequada

com os alunos (não foi utilizado nenhum protótipo, apenas explicação verbal). O gráfico

10 mostra que a porcentagem de acertos e erros a respeito da questão 1, porcentagem

essa que não difere em relação a porcentagem de acertos e erros da questão 1 do pré-

teste.

Gráfico 10: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 1 do pós-teste.

Fonte: Próprio autor

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Pergunta 2: O que são fontes de luz secundária?

Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a respeito do conceito de fontes de luz

secundária.

Resultado: O número de acertos e erros da questão 2 do pós-teste novamente se igualou

ao número de acertos e erros da questão 2 do pré-teste. Mais uma vez associamos a falta

de melhora no desempenho ao fato do tópico fontes de luz secundária não ter sido

trabalhado de maneira adequada com os alunos (também não foi utilizado nenhum

protótipo, apenas explicação verbal). O gráfico 11 mostra a porcentagem de acertos e

erros da questão 2 do pós-teste.

Gráfico 11: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 2 do pós-teste.

Fonte: Próprio autor

Importante deixar claro, ao decorrer a aplicação do pós-teste, alguns alunos

comentaram o fato de não se lembrarem do momento no qual os temas fonte de luz

primária e fonte de luz secundária terem sido explicados. Foi informado aos mesmos

que os tópicos realmente não foram trabalhados de maneira adequada. Ao final da

aplicação do pós-teste, como forma de compensar a falha cometida, foi explicado à

turma, através de exemplos do cotidiano, o que seriam fontes de luz primária e fontes de

luz secundária.

Pergunta 3: Como a luz se propaga?

Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a respeito do conceito da forma de

propagação da luz.

Resultado: A maior parte dos alunos - 67% - respondeu de forma satisfatória a questão

3, dentre estes alunos a aluna deficiente visual que respondeu que a luz se propaga em

raios de luz. O gráfico 12 mostra a porcentagem de alunos que acertaram e erraram a

questão 3 do pós-teste.

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Gráfico 12: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 3 do pós-teste.

Fonte: Próprio autor

Pergunta 4: O que são objetos transparentes?

Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a respeito do conceito de meios de

propagação transparentes.

Resultado: Todos os alunos da sala tiveram suas notas consideradas corretas, mesmo

que nenhum dos alunos tenha colocado os conceitos repassados em sala de aula, os

mesmos colocaram em suas respostas exemplos do cotidiano que representam meios de

propagação transparentes. O gráfico 13 mostra a porcentagem de alunos que acertaram a

questão 4 do pós-teste.

Gráfico 13: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 4 do pós-teste.

Fonte: Próprio autor

Pergunta 5: O que são objetos translúcidos?

Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a respeito do conceito de meios de

propagação translúcidos.

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Resultado: A maior parte dos alunos - 58% - ainda errou a questão 5 do pós-teste,

porém se comparamos o resultado com do pós-teste com os resultados do pré-teste

teremos uma melhora significativa. A aluna deficiente visual não respondeu de maneira

satisfatória a questão 5 do pós-teste. O gráfico 14 mostra a porcentagem de acertos e

erros a respeito da questão 5.

Gráfico 14: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 5 do pós-teste.

Fonte: Próprio autor

Pergunta 6: O que são objetos opacos?

Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a respeito do conceito de meios opacos.

Resultado: Uma melhora significativa na quantidade de acertos da questão 6 – 71% -

onde a maioria dos alunos utilizaram como exemplo de meios opacos a parede da sala

de aula além de 4 alunos especificarem que meio opacos são meios de propagação em

que a luz não pode se propagar. O gráfico 15 mostra a porcentagem de acertos e erros a

respeito da questão 6.

Gráfico 15: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 6 do pós-teste.

Fonte: Próprio autor

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Pergunta 7: Quais as cores do arco-íris?

Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a respeito das cores do arco-íris.

Resultado: Novamente, apenas 1 aluno dos 24 alunos não respondeu a questão 7, a

respeito das cores do arco-íris, como mostra o gráfico 16. Importante ressaltar que nem

todos os alunos acertaram todas as 7 cores principais do arco-íris. A aluna deficiente

visual soube citar 5 cores das 7 cores principais do arco-íris, desempenho melhor na

questão 7 do pré-teste. A cor Anil foi citada por alguns alunos, o que não tinha

acontecido no pré-teste.

Gráfico 16: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 7 do pós-teste.

Fonte: Próprio autor

Pergunta 8: Por que o céu é azul?

Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a respeito de fenômenos do cotidiano

como, por exemplo, o motivo de o céu apresentar a coloração azul na maior parte do

dia.

Resultado: Foi percebida uma melhora no desempenho da turma, apesar de não ter sido

explicitado de maneira tão eficaz o motivo de a cor do céu ser azul durante o dia, alguns

alunos colocaram que o motivo desse fenômeno acontecer seria o fato de a luz branca se

separar quando entrava na atmosfera, situação semelhante ao que acontece no prisma de

Newton, experimento trabalhado de maneira adaptada durante a aplicação do produto. O

gráfico 17 mostra a porcentagem de acertos e erros a respeito da questão 8.

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Gráfico 17: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 8 do pós-teste.

Fonte: Próprio autor

Pergunta 9: Por que percebemos os objetos coloridos?

Objetivo: Avaliar o aprendizado dos alunos a respeito da forma que enxergamos os

objetos.

Resultado: Uma melhora considerável no número de acertos, foi percebida nas

respostas dos alunos na questão 9, onde os mesmos justificaram suas respostas

principalmente através da reflexão da luz da cor do objeto e absorção das cores

diferentes do objeto. A aluna com deficiência visual em sua resposta disse que “a gente

enxerga a cor que o corpo reflete”, o que mostra que a mesma estava bem atenta durante

a explicação do conteúdo. O gráfico 18 mostra a porcentagem de acertos e erros a

respeito da questão 9.

Gráfico 18: Porcentagem dos alunos que acertaram e erraram a pergunta 9 do pós-teste.

Fonte: Próprio autor

Para evidenciar os resultados obtidos, o gráfico 19, mostra os acertos e erros em

termos de porcentagem no pré-teste (gráfico 19(a)) e no pós-teste (gráfico 19(b)).

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Gráfico 19: (a) Porcentagem de acertos e erros no pré-teste. (b) Porcentagem de acertos e erros no pós-

teste

(a)

(b)

Fonte: Próprio Autor

Ao analisar as respostas dos alunos, observamos obtenção de uma melhora na

aprendizagem, havendo um acréscimo de acertos em 6 das nove perguntas, destacadas

no gráfico 19 pelas linhas verdes. Porém, algumas vezes a falta de incentivo à busca de

conhecimento recebida pelos alunos os torna desmotivados a progredir em seus estudos.

Em algumas respostas, a aluna A apresentou explicações mais consistentes, a

respeito de determinadas perguntas, que seus colegas de classe de aula. Mostrando seu

potencial em absorver conhecimentos.

0

20

40

60

80

100

120

Resultados do Pré-Teste

Acertos (%)

Erros(%)

0

20

40

60

80

100

120

Resultados do Pós-Teste

Acertos(%)

Erros(%)

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A aplicação do projeto foi planejada para acontecer em um único dia, em duas

aulas de 50 minutos seguidas. Por isso, os alunos não foram incentivados a realizar

anotações dos conceitos ali apresentados, o que pode ter contribuído para que em

algumas respostas no pós-testes fossem usados sinônimos para alguns termos como, por

exemplo, “triângulo de vidro” quando buscavam associação ao prisma.

Após a aplicação do projeto, algumas observações foram realizadas para se

aprimorar ainda mais a metodologia, como por exemplo, a elaboração de uma apostila

com o conteúdo abordado para que os alunos não tivessem a necessidade de realizar

anotações durante a explicação. Apostila essa que deve ser impressa em fontes maiores

para alunos com baixa visão e em Braille para alunos cegos.

Para estudos posteriores podem-se aplicar os projetos em varias aulas com o

auxilio de material impresso e sempre que possível fazendo uso do laboratório de

ciências, visto que a receptividade dos protótipos e dos experimentos por parte dos

alunos videntes e não videntes foi bastante satisfatória.

A participação dos alunos nas aulas melhora a medida que eles perdem a timidez

e ficam mais encorajados a perguntar e expor suas dúvidas ao professor facilitando

assim o processo de ensino-aprendizagem.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É notório que as pessoas de um modo geral, percebem em seu dia a dia um

mundo onde a luz é o ente determinante das principais atividades, como horário de

acordar e dormir, estudar ou passear, dentre outras. Fenômenos naturais exuberantes

como o arco-íris e o simples fato de enxergar um objeto são possíveis graças à

sensibilidade que os olhos têm ao serem atingidos pela luz. Porém, algumas pessoas tem

pouca ou nenhuma sensibilidade aos raios luminosos o que dificulta ou impossibilita

que as mesmas tenham o sentido da visão.

Os alunos do 9° ano do ensino fundamental da rede pública quando iniciam o

estudo de Ciências geralmente, não estudam os conceitos de Óptica Geométrica

limitando-se a aprender apenas o início da Mecânica. Do mesmo modo dificilmente são

levados ao laboratório de ciências (quando a escola possui um) para realizarem alguma

prática. Quando um aluno com deficiência visual está presente em sala de aula o mesmo

por muitas vezes fica isolado sem receber a devida atenção por parte do professor, que

muitas vezes por conta de uma formação deficitária e por não ter acesso a práticas de

formação continuadas, pouco ou nada consegue fazer para que o aluno seja incluído em

suas aulas. Além do mais o professor deveria ter a ajuda de outro professor ou tutor para

acompanhar o aluno DV, em sala de aula. Todas essas dificuldades fazem com que,

muitas vezes tais alunos percam o estimulo em frequentar a escola.

Um dos objetivos da pesquisa, era verificar a eficiência da utilização de

maquetes e experimentos adaptados (táteis-visuais) na introdução dos conceitos iniciais

de Óptica Geométrica (fonte de luz, meios de propagação, cores de um corpo) para

alunos com ou sem dificuldades de observar os fenômenos relacionados a luz. O

contexto desta pesquisa foi desenvolvido com base na teoria de PIAGET (1984) que

defende a experimentação como forma de não permitir que o conhecimento se torne um

vazio inconsistente apesar das diferentes maneiras de se aprender determinados

conceitos. O projeto foi pensando para que os alunos pudessem estudar os conceitos

propostos de um modo diferente permitindo que todos possam compreender fenômenos

do cotidiano com a formação do arco-íris e o porquê a cor do céu é azul.

Como contribuição para inclusão de alunos DVs, construímos alguns protótipos

táteis-visuais para o ensino dos conceitos iniciais de Óptica Geométrica, que muitas

vezes é tomado como uma parte da física no qual a visão é indispensável para sua

compreensão. Não podemos esquecer que, para que os alunos tenham um melhor

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aprendizado do conhecimento é necessário a utilização de apostilas nas quais os

conceitos estejam impressos de maneira adequadas para todos os alunos, sejam esses de

baixa visão ou cegos.

O projeto aplicado na turma do 9° ano do ensino fundamental apresentou

diversas vantagens. Isso foi feito com a utilização de maquetes táteis-visuais e

experimentos visuais que foram adaptados para experimentos táteis-visuais. Podemos

concluir que estes recursos apresentam grande potencial para a aprendizagem e que a

utilização dos mesmos, somado com a metodologia correta, vale muita a pena.

Concluímos que a aplicação do projeto foi importante para que os alunos

pudessem adquirir um maior conhecimento a respeito dos assuntos propostos. Isto foi

verificado ao analisarmos as respostas e o comportamento dos alunos que durante a

resolução do pós-teste foi bem mais satisfatória que em relação ao pré-teste. O aumento

da motivação em aprender mais foi perceptível tanto por parte dos alunos videntes como

para os alunos não videntes.

Em uma análise do projeto de um modo geral, pode-se observar que o sucesso na

aprendizagem e no modo de se comportar dos alunos estão ligados a dois pontos

principais: primeiro o aluno vidente pode observar em alto-relevo o que geralmente está

impresso na página dos livros e os alunos com deficiência visual puderam perceber

através do tato o que seria impossível de sentir nas figuras impressas em seus livros

didáticos. O segundo ponto está relacionado à formação dos alunos como cidadãos, uma

vez que todos puderam perceber que a deficiência não torna uma pessoa incapaz de

aprender determinados assuntos, mas que apenas devem ser ensinados utilizando-se a

metodologia adequada, e que qualquer esforço por parte das pessoas em ajudar o

próximo, é muito importante.

A função de mediador, por parte do professor, entre o conteúdo a ser ensinado e

o aluno, vidente ou não, é indispensável. O professor deve buscar ao máximo fazer com

que os alunos busquem por si só chegar as suas conclusões, incentivando assim o

desenvolvimento da autonomia do aluno ao analisar situações do seu cotidiano baseados

em conceitos científicos.

As dificuldades do ensino de física para pessoas com deficiência visual estão em

vários segmentos da educação. Porém, a busca por novas metodologias de ensino como,

por exemplo, a utilização de maquetes táteis-visuais e experimentos adaptados para o

ensino de física para DVs trazem grande satisfação ao professor ao ver que todos os

alunos são beneficiados e buscam cada vez mais o conhecimento.

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A validade deste trabalho foi destacada nos resultados positivos mostrados pelos

questionários aplicados aos alunos.

Ao finalizar este trabalho não propomos que o professor siga apenas esta

metodologia, mas que busque por novas estratégias de ensino e soluções para as

dificuldades de seus alunos. Em cada nova situação que surgir em sala de aula, seja qual

for a disciplina, o professor deve sempre buscar a inclusão efetiva dos alunos com

necessidades especiais.

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<https://pt.wikipedia.org/wiki/TabeladeSnellen > Acessado em 26 de Maio de

2015

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APÊNDICE A

Pré-teste aplicado aos alunos.

UFPA – ICEN – FACFIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA

MESTRADO NACIONAL PROFISSIONAL EM ENSINO DE

FÍSICA

PRÉ- TESTE SOBRE CONCEITOS FÍSICOS

RELACIONADOS À LUZ

1) O que são fontes de luz primária?

2) O que são fontes de luz secundária?

3) Como a luz se propaga?

4) O que são objetos transparentes?

5) O que são objetos translúcidos?

6) O que são objetos opacos?

7) Quais as cores do arco-íris?

8) Por que o céu é azul?

9) Por que percebemos os objetos coloridos?

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APÊNDICE B

Pós- teste aplicado aos alunos.

UFPA – ICEN – FACFIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA

MESTRADO NACIONAL PROFISSIONAL EM ENSINO DE

FÍSICA

PÓS- TESTE SOBRE CONCEITOS FÍSICOS

RELACIONADOS À LUZ

1) O que são fontes de luz primária?

2) O que são fontes de luz secundária?

3) Como a luz se propaga?

4) O que são objetos transparentes?

5) O que são objetos translúcidos?

6) O que são objetos opacos?

7) Quais as cores do arco-íris?

8) Por que o céu é azul?

9) Por que percebemos os objetos coloridos?