o uso do hipertexto como uma ferramenta para o ensino da geografia no ensino mÉdio

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACED FACULDADE DE INFORMÁTICA – FACIN CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO – MODALIDADE A DISTÂNCIA NOME: MARIA DO CARMO BIGOLIN O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

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Page 1: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACED

FACULDADE DE INFORMÁTICA – FACINCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO –

MODALIDADE A DISTÂNCIA

NOME: MARIA DO CARMO BIGOLIN

O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA

GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

PORTO ALEGRE

2009

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MARIA DO CARMO BIGOLIN

O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Especialização em Informática na Educação pela Faculdade de Informática e Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Orientador: Dr. Adriana Beiler

PORTO ALEGRE

2009

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RESUMO

Como vivemos em um mundo tecnológico, este trabalho engloba duas áreas muito

importantes a das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e a da Educação. Procura

trazer à discussão os conceitos de hipertexto e faz ponderações sobre suas características,

vantagens e desvantagens bem como de habilidades necessárias para desenvolvê-lo e fazer

sua leitura. Apresenta aspectos que ligam o hipertexto à educação apoiando-se no pensamento

de autores como Moran, Gadotti, Coscarelli, Castells, Cavalcante, Marcuschi, Morgado e

outros. Propõe ainda uma reflexão sobre o papel da escola e dos educadores hoje e aponta

para uma prática pedagógica onde as TIC estejam presentes no dia-a-dia escolar, através do

uso do hipertexto como uma ferramenta de apoio didático para a disciplina de Geografia no

Ensino Médio Tem como base metodológica um estudo de caso que nos revelou as opiniões

dos cento e trinta e quatro alunos das quatro segundas séries do ensino médio e das duas

professoras coordenadoras do laboratório de informática, referentes aos projetos de montagem

de hipertextos desenvolvidos.

Palavras-chaves: Escola, Escrita, Hipertexto, Leitura, Geografia

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ABSTRACT

Because we live in a technological world, this work includes two very important areas of ICT

and Education. Search stimulate discussion of the concepts of hypertext and do weights on

their characteristics, advantages and disadvantages as well as skills needed to develop it and

do your reading. Presents aspects linking the hypertext education drawing on the thinking of

writers such as Moran, Gadotti, Coscarelli, Castells, Cavalcante, Marcuschi, Morgado et al. It

also proposes a reflection on the role of schools and educators today, and points to a

pedagogical practice where ICT are present in day-to-school day, through the use of hypertext

as a support tool for teaching the discipline of Geography in Higher Middle Its

methodological basis a case study that revealed the opinions of one hundred thirty-four

students from the four second-grade school teachers and two coordinators of the computer

lab, referring to bills mount hypertexts developed.

Keywords: School, Writing, Hypertext, Reading, Geography

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LISTA DE FIGURAS

Gráfico 1 - Se gostou de trabalhar com Hipertexto.............................................................. 33

Gráfico 2 – Aprendizagem dos alunos................................................................................ 33

Gráfico 3 – Interesse e participação dos alunos.................................................................. 35

Gráfico 4 – Conhecimentos em informática ..................................................................... 36

Gráfico 5 – Dificuldades encontradas................................................................................. 37

Gráfico 6 – Quanto ao tema proposto.................................................................................. 38

Gráfico 7 – O que mais gostei de fazer .............................................................................. 39

Gráfico 8 – uso das TIC nas aulas de Geografia................................................................. 40

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Síntese do levantamento sobre a percepção dos alunos envolvidos na montagem de

hipertextos............................................................................................................................ 32

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 08

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. O HIPERTEXTO................................................................................... 11

2.2. HIPERTEXTO E SUAS CARACTERÍSTICAS................................... 13

2.3. HIPERTEXTO – VANTAGENS........................................................... 15

2.4. HIPERTEXTO - DESVANTAGENS................................................... 16

2.5. HIPERTEXTO NA EDUCAÇÃO ......................................................... 18

2.6. AS TIC E O HIPERTEXTO NA EDUCAÇÃO..................................... 20

2.7. A CONSTRUÇÃO DE UM HIPERTEXTO........................................... 24

3. METODOLOGIA....................................................................................... 27

4. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO......................................................... 29

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................... 33

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 46

REFERÊNCIAS................................................................................................. 49

ANEXOS............................................................................................................ 55

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1. INTRODUÇÃO

Os avanços tecnológicos sempre foram responsáveis por grandes transformações nos

mais diversos campos de atividades. As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC)

vêm desafiando a humanidade pelas transformações econômicas, sociais e políticas

globalizadas, em um processo irreversível e cada vez mais acelerado. Para obtermos uma

melhor visão dos impactos das tecnologias na sociedade atual devemos olhar para a educação

como um processo complexo, inacabado e em permanente evolução.

Sobre a relação pedagógica e a utilização das TIC e do Hipertexto, Ramal faz a

seguinte afirmação:

as tecnologias intelectuais da pós-modernidade – com seus suportes hipertextuais, interconectados, interativos e múltiplos – questionam a escola e sua compartimentalização disciplinar, suas grades curriculares tão pouco propícias ao diálogo entre os saberes. O mundo digital no qual cada navegante é um autor de seus próprios percursos questiona a escola e sua incapacidade de personalização. As TIC, na educação, permitem uma compreensão mais profunda do mundo em que vivemos, enriquecendo o conhecimento. Dessa forma, impõem-se novas formas de ensinar e de aprender como os grandes desafios da educação para atender as atuais necessidades sociais (RAMAL, 2003, p.15).

Portanto, uma vez que na sociedade do conhecimento é preciso múltiplas

oportunidades de aprendizagens, e cabe à escola

amar o conhecimento como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural; cabe-lhe selecionar e rever criticamente a informação, formular hipóteses, ser criativa e inventiva, ser provocadora de mensagens e não pura receptora, produzir, construir e reconstruir o conhecimento elaborado (GADOTTI, 2000, p.251).

Já por Hipertexto on-line entendemos ser um meio de informação ou uma página

eletrônica da Internet que possui uma estrutura composta por blocos de informações

interligados através de links eletrônicos e que oferecem ao usuário diferentes trajetos para

leitura, provendo os recursos de informação de forma não linear.

A partir destes argumentos a respeito das novas tecnologias, por acreditar que o uso

das TIC na educação permite uma compreensão mais profunda do mundo em que vivemos,

enriquecendo o conhecimento, por ter plena consciência da utilidade prática e funcional que

as novas ferramentas tecnológicas colocam nas mãos de nós professores e para a educação, e

em especial para a disciplina de Geografia no Ensino Médio é que desenvolvo este Trabalho

de Conclusão de Curso na especialização em Informática Educativa.

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Para tanto resolvemos analisar a contribuição do uso do Hipertexto na escola como

ferramenta de pesquisa e construção textual bem como sua importância no processo

pedagógico, como estimulador do interesse e da motivação principalmente na disciplina de

Geografia. Uma vez que a era da tecnologia está em evidência e a contribuição educacional

que ela pode fornecer é inquestionável e por constituir-se atitude fundamental priorizar

estudos relativos aos materiais eletrônicos para o aprimoramento do processo educacional.

Ao mesmo tempo, partindo do pressuposto de que nossos alunos conhecem e utilizam

os computadores e os diferentes ambientes virtuais, seria um passo favorável e motivacional

para a utilização dos mesmos em sala de aulas ou no laboratório de informática, para o estudo

de um conteúdo específico da disciplina de Geografia de maneira mais prazerosa e criativa.

Este estudo de caso se insere no âmbito do Projeto “Trabalhando com Hipertexto” cuja

idéia surgiu da vontade, e por que não dizer, da necessidade de realizar um trabalho de

pesquisa diferente com leitura interativa de textos e que misturassem a linguagem audiovisual

e pictória, entre outras e que pudesse contribuir para o conhecimento e domínio dos conteúdos

de Geografia bem como a socialização da informação pesquisada. E foi amadurecida ao longo

da participação do curso de Especialização em Informática na Educação.

O objetivo deste trabalho de conclusão de curso é verificar o uso do hipertexto como

uma ferramenta de apoio didático para as aulas teórico-práticas no ensino da disciplina de

Geografia no Ensino Médio.

Para atingir o objetivo proposto acima, elencamos os seguintes objetivos específicos:

- Conceituar Hipertexto, analisar suas características, conhecer seus aspectos positivos

e negativos, vantagens de seu uso na educação, bem como as habilidades necessárias para

desenvolvê-lo e fazer sua leitura;

- Desenvolver um hipertexto com os alunos, para abordar temas do conteúdo de

Geografia, realizando um experimento do seu uso didático na disciplina de Geografia no

Ensino Médio;

- Fazer um levantamento sobre a opinião dos alunos sobre a utilização de projetos para

produção de hipertextos e hipermídia no desenvolvimento de temas do conteúdo da disciplina

de Geografia;

Para atender estes objetivos, organizei este documento da seguinte forma. No capítulo

2 apresento a Fundamentação Teórica, onde lançamos mão de diferentes autores para

conceituar o Hipertexto bem como caracterizá-lo, apresentar as vantagens e as desvantagens

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que seu uso implica e aspectos que ligam o Hipertexto à educação. Buscamos ainda

apresentar as possibilidades de relacionamento entre o hipertexto e a Educação, discutir e

refletir sobre as TIC e a disciplina de Geografia assim como focalizar o processo de

construção de um Hipertexto.

No capítulo 3 passamos para a apresentação da metodologia empregada para a

realização do presente trabalho. Como metodologia foi utilizada o estudo de caso, tendo como

objeto de estudo as quatro turmas de segunda série da Escola Estadual de Ensino Médio Ruy

Barbosa, turmas essas onde leciono.

Já o capítulo 4 descreve o experimento desenvolvido nas aulas da disciplina de

Geografia e que constou da construção de um hipertexto com os temas do conteúdo previsto

para o 1º trimestre letivo de 2009.

E no capítulo 5 apresento a análise e interpretação dos questionários aplicados aos

alunos das referidas turmas e das professoras coordenadoras do Laboratório de Informática

Educativa que acompanharam a aplicação da ferramenta Hipertexto.

No capítulo 6 trago as conclusões do trabalho e as propostas que por ventura se

julgaram necessárias.

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2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2. 1- O HIPERTEXTO

Com o advento da informática, mais e mais informações estão disponíveis na Internet,

e este excesso de informações exige uma seleção dessas informações. Desse modo, a estrutura

em hipertexto permite um melhor desempenho na seleção das informações, assim como

habilidades de leitura que são essenciais para a compreensão do texto e que os leitores

precisam desenvolver (COSCARELLI e SANTOS. 2007).

Encontramos diversas publicações que nos apresentam diferentes noções usuais para o

termo hipertexto, entre elas a de Silva (2002), que nos lembra que o mesmo surgiu no campo

da informática, pela necessidade de tornar o computador cada vez mais interativo. Mas o

hipertexto não precisa ser interativo e sim “explorativo”. Ao navegar pela Internet vamos

encontrando endereços de sites, palavras sublinhadas, ícones piscando, e muitos outros

atrativos que nos levam a clicar com o mouse e abrir diversas janelas, pois bem, este é o

chamado efeito hipertextual no ciberespaço. Da mesma forma pode acontecer num documento

de texto (Word, página na Internet), onde se inserem palavras-chaves que levam a outros

textos ou imagens. O hipertexto permite ao leitor decidir o rumo a seguir na sua viagem pela

leitura, tornando o tempo e o espaço, em relação à construção textual, flexível. Ao acessarmos

um ponto determinado de um hipertexto, conseqüentemente, outros que estão interligados

também são acessados, no grau de interatividade que necessitamos.

Lévy (1993) associa o hipertexto à ‘tecnologia intelectual’, uma vez que o sistema

cognitivo humano também é não-linear e hipertextual. Desse modo, para este autor, o

hipertexto é

um conjunto de nós por conexões, ou seja, palavras, páginas, imagens, gráficos ou parte de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos, e que eles mesmos podem ser hipertextos. Para ele, navegar em um hipertexto significa desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível, pois cada nó pode por sua vez, conter uma rede interna (LÉVY, 1993, p.33).

De acordo com George Landow (1993), o hipertexto caracterizado por Theodor

Nelson em 1960, já se referia “a uma forma de texto eletrônico, uma tecnologia radicalmente

nova e um modo de publicação” e lançava as bases de uma idéia revolucionária: a construção

de um discurso não-seqüencial, ou seja, composto por uma série de pedaços de texto

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conectados por ligações que possibilitem uma espécie de livre navegação pelo texto, sem

seguir sua linearidade original.

Segundo Cavalcante (2004), o hipertexto simula o que ocorre durante a produção de

sentido na interação entre o texto e o leitor. Desse modo,

o que torna um texto “hiper” são os links (nós), que possuem papel relevante na construção de sentidos nos textos virtuais, pois promovem ligações entre blocos informacionais (outros textos; fragmentos de informação; palavra; parágrafo; endereçamento etc). Por exemplo, a homepage de um jornal virtual qualquer, os links ali presentes apontam para diversos textos, mas finitos, ou melhor, pertencentes ao domínio discursivo daquele jornal em questão. Já no interior de um texto qualquer, os links tendem a funcionar como as conhecidas notas de rodapé dos textos impressos. Porém, todas as conexões possibilitam “novos ingredientes” a tessitura textual das produções digitais (CAVALCANTE, 2004, p.187).

Como nos recorda Theodor H. Nelson (2005), filósofo e sociólogo americano,

pioneiro da tecnologia da informação e criador deste termo, a palavra hipertexto tem sido

aceita para textos ramificados e responsivos, enquanto que a palavra correspondente

"hipermídia", que significa ramificações complexas e gráficas, filmes e sons responsivos -

assim como texto, tem sido pouco empregada. Em lugar dela usa-se o estranho termo

"multimídia interativa", que não expressa a idéia de hipertexto estendido.

Referindo-se ao hipertexto, Primo (2003) faz uma distinção nas relações estabelecidas

nos ambientes hipertextuais. Para ele, além do “hipertexto potencial”, situação em que apenas

o leitor modifica seu olhar e o texto permanece intacto, existem duas outras vertentes,

denominadas por ele como “hipertexto cooperativo” e “hipertexto colaborativo”,

desenvolvidos em grupos virtuais:

No hipertexto cooperativo todos os envolvidos compartilham a invenção do texto comum, à medida que exercem e recebem impacto do grupo, do relacionamento que constroem e do próprio produto criativo em andamento. Já o hipertexto colaborativo constitui uma atividade de escrita coletiva, mas demanda mais um trabalho de administração e reunião das partes criadas em separado do que um processo de debate (nesses casos, inclusive, uma única pessoa pode assumir as decisões de publicar) (PRIMO, 2003, p. 39).

Segundo Landow (1992), “a hipertextualidade inclui uma proporção de informação

não-verbal muito maior que a imprensa”. O hipertexto insere os multimeios, ou elementos

visuais, que podem conectar entre si tanto passagens de texto verbal como informação não-

verbal, não existente em uma obra impressa. Destaca entre eles, o cursor “piscante” que

significa a presença do leitor-escritor no texto.

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Podemos também entender o hipertexto como um produto sobreposto ao texto,

realizando uma espécie mudança em sua forma. Parafraseando a formulação de Pierre Lévy

(1997) sobre o “virtual”, a rede do hipertexto virtualiza o texto, na medida em que permite re-

potencializar os termos e as noções carregados pelo texto, elevando-o a sua virtualidade, ou a

uma modalidade tal, a partir da qual ele é capaz de ser então atualizado, segundo novas

problemáticas, alinhadas, por sua vez, segundo os interesses os mais diversos. Se texto é a

forma escrita de um discurso, e este, é a forma dada pela linguagem ao pensar, desse modo o

hipertexto é a técnica que eleva o texto a algo além do que ele se apresenta. Por sua aplicação

é de se supor que teríamos alcançado algo “maior” que o próprio texto.

Lévy (1999) afirma que,

do ponto de vista do leitor, se definirmos um hipertexto como um espaço de percurso para leituras possíveis, um texto aparece como uma leitura particular de um hipertexto. O navegador participa, portanto, da redação do texto que lê. Tudo se dá como se o autor de um hipertexto constituisse uma matriz de textos potenciais, o papel dos navegantes sendo o de realizar alguns desses textos, colocando em jogo, cada qual à sua maneira, a combinatória entre os nós ( LÉVY, 1999, p.772.).

Segundo os programadores da Intermédia, um dos mais avançados sistemas de

hipertexto da atualidade, este último, em termos funcionais, pode ser assim descrito:

ferramenta para o escritor e meio para o leitor, os documentos em hipertexto permitem ao escritor ou a grupos de autores conectarem dados entre si, criar trajetos em um conjunto de material afim, anotar textos já existentes e criar notas que remetam tanto a dados bibliográficos como ao corpo do texto em questão. O leitor pode navegar pelos textos anotados, referidos e conectados de forma ordenada (no sentido de que se ligam a um objetivo) mesmo que não seqüencial (LANDOW, 1995, p. 17).

2.2- HIPERTEXTO - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Constatamos através das leituras realizadas que podem ser atribuídas diversas

características e possibilidades ao hipertexto sendo que os maiores destaques se encontram no

dinamismo que oferece bem como pela forma de comunicação, não-linearidade da

informação, a interatividade, o caráter intertextual e heterogêneo de sua concepção e formas

de utilização.

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A não-linearidade é aponta da por vários autores tais como Koch (2002), Xavier

(2002, 2003, 2007), Coscarelli (2006), Ribeiro (2008), Marcuschi (2001) como a

característica mais importante do hipertexto. Uma vez que “o hipertexto estrutura-se

reticularmente, não pressupondo uma leitura seqüenciada” (KOCH, 2002), com “começo e

fim previamente definidos, que permite ao leitor o acesso a um número praticamente ilimitado

de outros textos a partir de escolhas locais e sucessivas, em tempo real” (NELSON, 1964).

Dessa forma,

o leitor tem condições de definir interativamente o fluxo de sua leitura a partir de assuntos tratados no texto sem se prender a uma seqüência fixa ou a tópicos estabelecidos por um autor. Trata-se de uma forma de estruturação textual que faz do leitor simultaneamente co-autor do texto final. O hipertexto se caracteriza, pois, como um processo de escritura/ leitura eletrônica multilinearizado, multiseqüencial e indeterminado, realizado em um novo espaço de escrita (MARCUSCHI, 2001, p.86).

Quanto à intertextualidade, para Silva (2002), ela é “um fenômeno constitutivo da

produção do sentido e pode-se dar entre textos expressos por diferentes linguagens”. A

produção textual, portanto, diz algo em resposta ao que já foi dito, afirmado ou citado em

outros textos. Assim todo texto é o resultado de outros textos o que significa dizer que não

são “puros”, pois a palavra é dialógica. Quando se diz algo num texto, é dito em resposta a

outro algo que já foi dito em outros textos. Dessa forma, um texto é sempre oriundo de outros

textos orais ou escritos.

Para Koch (2002), “o hipertexto, é por natureza e essência, intertextual, e por ser um

‘texto múltiplo’, funde e sobrepõe inúmeros textos, textos simultaneamente acessíveis ao

simples toque do mouse”.

No que se refere à interatividade, de acordo com Silva (2000) e Lemos (2000) este

termo “pode ser empregado para significar a comunicação entre interlocutores humanos, entre

humanos e máquinas e entre usuário e serviço”, através de interfaces gráficas, em tempo real.

Segundo Correia e Antony (2003, p.62), interatividade consiste em conectar temas e

idéias em duplo sentido: escolher links e produzir inferências. Desse modo há dois tipos de

interatividade: uma que escolhe um percurso de acesso a conteúdos, e outra que constrói um

percurso de sentido.

Desse modo podemos ainda complementar, afirmando que a metamorfose envolve a

mutação da rede hipertextual a partir da atividade do leitor, a heterogeneidade reúne

informação de diferentes procedências e formatos, o que se refere à hipermídia, a

multiplicidade diz respeito à estrutura do hipertexto, cujos nós de informação podem

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ramificar-se indefinidamente em outros nós de informação, a exterioridade marca a

importância de fatores externos na conformação do hipertexto, como adição de textos ou

comentários, por exemplo, a topologia refere-se ao lugar que a rede ocupa no espaço, sendo

que ela mesma é um espaço e, finalmente, a mobilidade dos centros, na qual não há um

centro, apenas, mas vários, que estão em constante mutação, conforme, mais uma vez, a

atividade do leitor.

Cabe também ressaltar que, na Internet, as características básicas do hipertexto

apresentadas por Lévy, passam despercebidas pelo usuário, pois basta “clicar” em uma

palavra sublinhada em um determinado texto, que outra tela irá abrir-se, normalmente, com a

devida explicação dos conceitos determinados pelo texto que está sendo lido.

Como muito bem observou Joyce (1998) que, enquanto o texto impresso , uma vez

que é concebido, permanece igual e o hipertexto não, ele substitui-se a si mesmo, a cada novo

clique do mouse sobre determinado link, abre-se uma nova janela, tela na qual estará uma

outra parte do texto virtual. Ainda segundo Joyce,

com o texto eletrônico, sempre estamos pintando, cada tela destrói a anterior e o substitui por ela mesma. A sombra de cada letra morta proporciona a forma vivente do que o substitui (JOYCE, 1998, p. 284).

2. 3- HIPERTEXTO - VANTAGENS

Hoje a Internet, faz surgir um novo espaço de interação: o “hipertexto digital”, o qual

permite ao leitor a escolha de diferentes trilhas e, portanto, diferentes leituras, cuidando para

que não haja dispersão ou uso inadequado de links, a fim de garantir a continuidade do fluxo

semântico, dando-lhe a condição para personalizar a sua leitura, de acordo com a sua

intencionalidade passando, portanto, a ser também interator, operador, participante da

mensagem, uma vez que é o hiperleitor quem

[...] folheia o cardápio disponível naqueles sítios digitais, seleciona o que vai querer e, em seguida, serve-se das “iguarias” dos hiperlinks que mais lhe apetecem, na porção que desejarem e na mesma velocidade do fluxo do pensamento (XAVIER, 2004, 174).

Também como uma vantagem que o hipertexto apresenta podemos citar o pensamento

de Snyder (2003) ao afirmar que o texto virtual é

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abstrato, é um simulacro, no qual não existe instância física, estimula e desperta o interesse dos leitores a moverem-se através de trilhas de forma não linear, capaz de propiciar a interatividade e a flexibilidade entre leitor, escritor e texto ( SNYDER, 2003, p. 6).

Por outro lado para Lévy a rápida disseminação do hipertexto decorre das vantagens de

seu suporte informático. Dentre tais vantagens, o autor lista:

- representação figurada, diagramática ou icônica das estruturas de informação e dos comandos;- uso do mouse que permite ao usuário agir sobre o que ocorre na tela de forma intuitiva, sensório-motora;-os menus que mostram constantemente ao usuário as operações que ele pode realizar;- tela gráfica de alta resolução (Lévy, 1990, p.36).

Já as novas formas de leitura e de escrita, segundo Landow (1998, p.230) através do

hipertexto, prometem reformular os conceitos de texto, autor e propriedade intelectual, pois

através de conexões uma obra se torna “um texto aberto e permeável em que a

multivocalidade parece mais apropriada que a voz unívoca característica da obra escrita.”

Desse modo o texto da tela potencializa as possibilidades de leitor e escritor trocarem

seus papéis, ou seja, a leitura torna-se um ato de escrita, e vice-versa, porque, no trabalho de

atualização de percursos que se dá a cada clique, idéias e conceitos vão se associando,

caminhos de sentidos vão sendo construídos, promovendo, dessa forma, uma mistura das

funções de leitura e de escrita (LÉVY, 1996).

Referindo-nos a navegação digital ou navegabilidade de um ambiente hipertextual esta

corresponde à facilidade do usuário em encontrar a informação, disponível em forma de

páginas ligadas por links, permitindo rápida localização da informação. Assim, quando o

leitor escolhe seu percurso na rede, ele infere na organização do espaço de sentido do texto,

interliga redes escondidas sob o nós (LÉVY, 1996), ativando, deste modo, construções

semânticas, ou as anula se não forem de sua preferência.

2. 4- HIPERTEXTO - DESVANTAGENS

No que se refere à leitura de hipertextos, a Carla Viana Coscareli, em uma pesquisa

(COSCARELLI, 2005b, 2007) constatou que a leitura da versão hipertextual (texto digital

subdividido em pequenas partes com links e menu para navegação) não gerou melhores

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resultados que a leitura do mesmo texto em formato contínuo (texto “corrido” em que todas as

partes são apresentadas em parágrafos consecutivos).

Percebeu ainda que apenas no caso da localização de informação explícita há uma

pequena vantagem para o formato de apresentação hipertextual. Chegou então à seguinte

conclusão: “quando os sujeitos são leitores maduros e familiarizados com a tecnologia, a

leitura em formato hipertextual não gera uma compreensão do texto qualitativamente

diferente daquela que resulta da leitura do mesmo texto em formato contínuo”.

Quanto às desvantagens do uso do hipertexto na educação, segundo Moran, pode

ocorrer certa confusão entre informação e conhecimento, pois

na informação, os dados estão organizados dentro de uma lógica, dentro de um código, de uma estrutura determinada. Conhecer é integrar a informação ao nosso referencial, no nosso paradigma, apropriando-a tornando-a significativa para nós. O conhecimento não se passa, o conhecimento cria-se, constrói-se (MORAN, 2001, p.22 ).

Moran também apresenta como desvantagem, o fato de que, muitas vezes, diante de

tantas possibilidades de busca, a própria navegação acaba se tornando mais sedutora do que o

necessário trabalho de interpretação. Desse modo

os alunos tendem a dispersar-se diante de tantas conexões possíveis, de endereços dentro de outros endereços, de imagens e textos que se sucedem ininterruptamente. Tendem a acumular muitos textos, lugares, idéias, que ficam gravados, impressos, anotados. Colocam os dados em seqüência mais do que em confronto. Copiam os endereços, os artigos uns ao lado dos outros, sem a devida triagem. As imagens animadas exercem um fascínio semelhante às do cinema, vídeo e televisão. Os lugares menos atraentes visualmente costumam ser deixados em segundo plano, o que acarreta, às vezes, perda de informações de grande valor (MORAN, 2001, p. 27).

Outro aspecto que é elencado por Moran como uma desvantagem no uso do hipertexto

é quanto a facilidade de dispersão. O que se percebe é que alguns alunos

se perdem no emaranhado de possibilidades de navegação. Não procuram o que foi combinado, deixando-se arrastar para áreas de interesse pessoal. É fácil perder tempo com informações pouco significativas, ficando na periferia dos assuntos, sem aprofundá-los, sem integrá-los num paradigma consistente (MORAN, 2001, p.32).

Ao utilizar-se a Internet para a construção ou leitura de um hipertexto, constata-se

também certa impaciência dos alunos que mudam constantemente de um endereço para outro,

o que

torna- se difícil avaliar rapidamente o valor de cada página, pois há uma grande semelhança estética na sua apresentação; há também muita cópia da forma e do conteúdo: copiam-se os mesmos sites, os mesmos gráficos, animações, links. Percebe-se que alunos, `”principalmente os mais jovens, passeiam pelas páginas da Internet, descobrindo muitas coisas interessantes, enquanto deixam por afobação outras tantas, tão ou mais importantes, de lado.” (MORAN, 2001, p.35).

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Enfim, como toda tecnologia, existem vantagens e desvantagens na sua utilização, mas

podemos utilizar algumas das vantagens para motivar os alunos no seu processo de aprendizagem.

2.5- O HIPERTEXTO NA EDUCAÇÃO

Segundo Lévy (1993), o hipertexto ou a multimídia interativa adequam-se

particularmente aos usos educativos. A multimídia interativa, graças à sua dimensão reticular

ou não linear, favorece uma atitude exploratória, ou mesmo lúdica, face ao material a ser

assimilado. É, portanto um instrumento bem adaptado a uma pedagogia ativa

Tal como qualquer outra forma de utilizar a tecnologia, o hipertexto contribui

igualmente para a redefinição dos papéis desempenhados por professores e alunos.

O professor apresenta-se, sobretudo mais como um facilitador de acesso à informação, para acompanhar a aprendizagem do aluno. Este passa, a saber, lidar com o excesso de informação e a selecionar o que realmente é importante, desenvolvendo assim a sua capacidade crítica bem como a capacidade de relacionar diferentes materiais e conhecimentos (NETO, 2004, p. 110).

Ao utilizar o hipertexto, como afirma Silva (2005), o professor define um conjunto de

caminhos a explorar com múltiplas informações que vão proporcionar ao aluno o

conhecimento e entendimento de conceitos. E o aluno, segundo Dias,

quanto mais participa no seu processo de aprendizagem e se questiona acerca de determinados assuntos, melhor entende e assimila aquilo que está a aprender. O envolvimento pessoal e interativo do aluno contribui, portanto, para a aprendizagem dos conteúdos (DIAS, 1999, p.27).

Pesquisadores como Lanhan (1993), Landow (1992), Tuman (1992) e outros afirmam

que o uso do hipertexto e da Internet na escola afetará o ensino, a aprendizagem e os

programas escolares de forma determinante. Pois, segundo os autores, a utilização dessas

tecnologias como instrumentos pedagógicos desafiam os conceitos e as atividades de

aprendizagem vigentes no que se refere à escrita e à leitura.

Nesse contexto, a educação também pode lançar mão da metáfora do hipertexto, para

expressar o perfil da sala de aula engendrada pela co-autoria do professor e dos alunos na

construção da aprendizagem e da própria comunicação.

A sala de aula não mais centrada na unidirecionalidade do professor é possuidora permanente de diversos centros conectados, nos quais ocorre a construção da comunicação e do conhecimento, a renegociação dos atores em jogo. Nela, a aprendizagem se dá com as conexões de imagens, sons, textos, palavras, diversas sensações, lógicas, afetividades e com todos os tipos de associações. Na ausência

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19

da postura centralizadora, o professor não perde a autoria de mestre. De pólo transmissor ele passa à agente provocador de situações, arquiteto de percursos, mobilizador da inteligência coletiva (SILVA, 2005 e 2006, p 53-75).

Tendo em vista a questão das vantagens que o hipertexto apresenta para a educação,

segundo Dias (2000), podemos enumerar as seguintes vantagens do uso do hipertexto, quando

cuidadosamente planejado:

sistemas de hipertexto enquanto ferramentas de ensino e aprendizagem parecem facilitar um ambiente no qual a aprendizagem acontece de forma incidental e por descoberta, pois ao tentar localizar uma informação, os usuários de hipertexto, participam ativamente de um processo de busca e construção do conhecimento, forma de aprendizagem considerada como mais duradoura e transferível do que aquela direta e explicita; uma sala de aula onde se trabalha com hipertextos se transforma num espaço transacional apropriado ao ensino e aprendizagem colaborativos, mas também adequado ao atendimento de diferenças individuais, quanto ao grau de dificuldades, ritmo de trabalho e interesse; para os professores hipertextos se constituem como recursos importantes para organizar material de diferentes disciplinas ministradas simultaneamente ou em ocasião anterior e mesmo para recompor colaborações preciosas entre diferentes turmas de alunos (DIAS, 2000, p.9).

Ainda nos referindo às vantagens do hipertexto para a educação, nas palavras de

Santos (2003), o hipertexto facilita o uso didático, torna-se mais agradável, lúdico e interativo,

oportunizando outros caminhos de investigação, comparação, complementação e trocas de

idéias entre os pesquisadores.

A partir destes argumentos, Jacobs (1992) considera que,

num ambiente que se caracterize pela existência de uma rede de conhecimento interligado, que possibilite o movimento através desse espaço de informação conceitual, o utilizador aprenderá, sem dúvida, também de modo acidental enquanto explora este espaço, aprendendo pela descoberta e experiência pessoal. O fato de navegar e pesquisar (browsing), seguindo a intuição, trará sempre maiores benefícios do que estando limitado às características do ensino programado (JACOBS, 1992, p. 113-121).

Desse modo e na perspectiva da interatividade, o professor pode deixar de ser um

transmissor de saberes e converte-se num formulador de problemas e num coordenador.

Desta forma o professor deixa de usar alguns dos tradicionais materiais didáticos e passa a usar “interfaces”. A interface reúne um conjunto de elementos de hardware e software destinados a possibilitar aos utilizadores trocas, intervenções, associações, comunicações, etc. A ferramenta atua como objeto material enquanto que a interface atua como objeto virtual. As potencialidades da interface hipertextual on-line permitem ao professor superar a pedagogia em que prevalece a transmissão de conhecimentos. Com o uso deste recurso digital na sala de aula, cabe ao professor orientar o aluno na busca e seleção de informações de modo a permitir-lhes resolver os problemas do quotidiano e compreender melhor o mundo (SILVA, 2000, p.137).

Page 20: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

20

A partir do exposto pelos autores, podemos concluir que o hipertexto é uma excelente forma de aprender, mas pressupõe diferentes formas de fazê-lo. Não existem resultados sobre qual a metodologia mais adequada para que o aluno aprenda através de hipertextos. Assim, conforme Morgado:

a introdução das tecnologias no ensino não se coloca apenas ao nível de uma mudança tecnológica, antes está associada também a uma mudança nas concepções dos professores sobre o modo como se aprende, à mudança das formas de interação entre quem aprende e quem ensina e à mudança do modo como se reflete sobre a natureza do conhecimento ( MORGADO, 2001, p. 07).

Dessa forma podemos dizer que, na análise do tipo de aprendizagem desenvolvida em

contextos hipertextuais, a tecnologia, conforme Lopes (2005),

é uma parceira para promoção de uma educação como forma de liberação e libertação do homem. E o educador nas tecnologias digitais é alguém que reconhece o educando um ser social interdependente do meio em que vive, onde tudo é relativo, incerto e complementar. Não havendo, portanto, separação entre viver e aprender (LOPES, 2005, p.47).

Quanto à formação dos professores para trabalhar com as novas tecnologias, a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 em seu artigo 43 parágrafo III destaca:

“incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da

ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o

entendimento do homem e do meio em que vive”.

Assim convém ainda ressaltar que o importante é

saber em que os computadores, e as demais ferramentas disponíveis, as novas tecnologias, a Internet, por exemplo, podem contribuir para a melhoria da qualidade das aulas e do ensino-aprendizagem (PAPERT apud DAMÁSIO, 2007, p.125).

O simples uso das novas tecnologias não pode ser entendido como garantia de

inovação educacional, depende exclusivamente da maneira como esses dispositivos serão

utilizados na construção de um saber significativo e contextualizados.

2.6 - AS TIC E O HIPERTEXTO EM GEOGRAFIA

As Tecnologias da Informação e Comunicação alteraram as rotinas cotidianas da

escola, pois os modos de acessar informação, divulgação e uso, também, foram alterados.

Neste sentido, “percebemos que está surgindo uma nova relação entre professor e aluno não

mais pautada na hierarquia no qual professor tem a centralidade do saber” (FERREIRA, 2005,

p.153), alterando desse modo sobremaneira as formas de ensinar e aprender.

Page 21: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

21

Assim, a escola como instituição base da sociedade do conhecimento, necessita

transforma-se numa “escola aprendente” (BONILLA, 2002, p.100), o que significa que não

são apenas os educandos que têm o que aprender, pois, também os educadores, a comunidade

e a própria instituição necessitam estar em permanente processo de aprendizagem,

desenvolvendo uma ação de formação continuada.

A exploração do imenso potencial das TIC nas situações de ensino-aprendizagem pode

trazer importantes contribuições tanto para os estudantes quanto para os professores. Algumas

delas, apresentadas por Grégoire et al.(1996) e citados por Coscarelli (1998, p.36-45 ) são as

seguintes.

Contribuições possíveis para a aprendizagem:

◊ Esses recursos estimulam os estudantes a desenvolver habilidades intelectuais;

◊ Muitos estudantes mostram mais interesse em aprender e se concentram mais;

◊ As novas tecnologias estimulam a busca de mais informação sobre um assunto e de

um maior número de relações entre as informações;

◊ O uso das novas tecnologias promove cooperação entre estudantes.

Contribuições possíveis para a função do professor:

◊ Através das novas tecnologias os professores obtêm rapidamente informação sobre

recursos instrucionais;

◊ Se o potencial das novas tecnologias estiver sendo explorado, o professor interage

com os alunos mais do que nas aulas tradicionais;

◊ Professores começam a ver o conhecimento cada vez mais como um processo

contínuo de pesquisa;

◊ Por possibilitar rever os caminhos de aprendizagem percorridos pelo aluno, as

novas tecnologias facilitam a detecção pelos professores dos pontos fortes, assim

como das dificuldades específicas que o aluno encontrou, ou aprendizagem

incorreta ou pouco assimilada.

Seguindo com este tema, lembramos que o hipertexto é uma linguagem onde as

informações e o acesso rápido possibilitam uma aprendizagem que independe de distância e

horários pré-estabelecidos. Dessa forma,

a associação entre a característica dinâmica do hipertexto, como por exemplo, a rapidez na atualização de informações, e a necessidade de atualização de conteúdos de Geografia numa sociedade de redes informacionais extremamente dinâmicas, criam-se possibilidades de um atendimento à comunidade sem ser necessária a criação de uma infra-estrutura tradicional (salas, cadeiras, mesas etc.). Neste sentido, o espaço das redes informacionais e o ciberespaço trazem uma novidade ao temário geográfico e uma necessária reflexão quanto à rapidez dos

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22

fluxos de informação unindo com uma velocidade praticamente instantânea, pessoas que estão distantes no espaço geográfico concreto (CARVALHO, 2002, p. 4).

Levando em conta as características do hipertexto já citadas e considerando que a

pesquisa escolar, de acordo com Abreu (2002), “é uma excelente estratégia de aprendizagem,

pois permite maior participação do aluno nesse processo, o que leva a construir o seu próprio

conhecimento”, percebe-se que a união desses dois elementos pode contribuir muito para o

desenvolvimento do conhecimento científico nos alunos principalmente em disciplinas como

a Geografia. Desse modo, o hipertexto em ambiente virtual, pode ser explorado pelos

professores para que a prática do “copia e cola” saia de cena sendo substituídas pela prática da

pesquisa, em que o aluno passará a não somente a buscar informações, mas também, associá-

las, refutá-las, verificar a veracidade delas. Enfim ter um posicionamento crítico diante das

informações encontradas para que ele possa construir o seu próprio conhecimento.

Sendo o objetivo principal da disciplina de Geografia, oferecer subsídios ao

desenvolvimento da cidadania, fazendo com que o aluno compreenda criticamente o mundo

em que vive desde a escala local até a global ou planetária, deve orientá-los para a formação

de um cidadão com condições de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e

aprender a ser. Desse modo, conforme Márcio Balbino Cavalcante (2008), as novas

tecnologias têm um papel fundamental devido às suas potencialidades como instrumento de

exploração e investigação.

Dentro desse enfoque, o uso de diferentes recursos das TIC bem como de atividades

de simulação, modelação e experimentação em situações concretas, podem ser realizadas em

diversos conteúdos programáticos de Geografia e contribuir, desta forma, para situações

altamente motivadoras para o ensino/aprendizagem dessa disciplina. Outra sugestão

buscando ajustar-se ao uso das TIC é a apresentação de um problema concreto, onde as novas

tecnologias podem ser utilizadas pelos alunos, em situação real, para que recolham dados

relativos à localização, temperatura, precipitação, vento e umidade, entre outros. Deste modo

criam-se situações de aprendizagem mais motivadoras e envolventes do que se estes dados

fossem simplesmente fornecidos pelo professor (CAVALCANTE, 2008, p.2)

Sabemos que hoje o currículo escolar deve estar voltado à realidade do grupo onde

está sendo trabalhado e seguindo a sociedade da época, onde as novas tecnologias

desempenham um papel cada vez mais importante e primordial e onde tudo parece estar

Page 23: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

23

evoluindo sob o prisma das novas tecnologias, de novos conhecimentos. Desse modo, espaços

diversificados de conhecimento como a imprensa, a televisão, o computador, a internet, o

DVD, o celular, o rádio o MP3, MP 4, dentre outros, que despertam cada vez mais o interesse

e a atenção dos nossos alunos devem ser lembrados e utilizados pelo professor no seu fazer

pedagógico diário. Como afirma Gadotti,

os avanços das novas linguagens tecnologias, precisam ser selecionados, avaliados, compilados e processados para que se transformem em conhecimento válido, relevante e necessário para o crescimento do homem como ser humano em um mundo alto sustentável (GADOTTI, 2002, P.32).

Dentro desse enfoque e segundo Corrêa (1996), podemos dizer que “o ensino de

Geografia já não pode funcionar sem se articular com dinâmicas mais amplas, que extrapolam

a sala de aula”. Dizendo isso, queremos refletir sobre a realidade que é a da existência de um

espaço virtual, mediado ou potencializado por novas tecnologias da informação e da

comunicação, e que pode dinamizar o ensino de geografia.

Para compreender melhor as rápidas mudanças que marcam este novo século, o

ensino da Geografia deve buscar utilizar todo o instrumental de ensino disponível, desde o

texto escrito até o hipertexto, a imagem em movimento, bem como os demais suportes

mediáticos, com o objetivo de aumentar a eficiência do aprendizado. Pois, como nos alerta

Callai (1999, p.13), “as formas tradicionais de ensino estão se esgotando em si mesmas. Os

alunos em geral estão muito distanciados daquilo que a escola faz”.

Porém para tanto, segundo observa e nos lembra Nogueira, citado por Popp (2002),

não há necessidade de que o indivíduo esteja literalmente diante de um computador para ser usuário das novas tecnologias. Ao assistir a um programa de televisão, ouvir um programa de rádio, falar ao telefone convencional ou celular, ler um livro, andar de automóvel, ele já usufrui as mais avançadas tecnologias. Isto sem falar de uma cópia Xerox, do fax ou da impressora e digitalizadora, do uso do seu cartão de crédito ou de uma transação bancária feita em sua residência no banco on line (POPP, 2002, p.1)

Segundo Martins (2001), a escola tem a finalidade de conseguir ministrar o ensino

pelo “fazer fazendo”, pelo “ aprender a aprender” e pelo “ensinar a pensar”. Reforçando essa

idéia, pensamos ser essencial o uso de novas estratégias e recursos para o ensino da Geografia

pois, a criação de situação-problema aliada ao uso de recursos didáticos variados como

aqueles que vimos no decorrer deste trabalho, vai dinamizar e estimular a curiosidade dos

alunos e contribuir para a construção do conhecimento dos mesmos.

Page 24: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

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2.7 – A CONSTRUÇÃO DE UM HIPERTEXTO

Se “todo texto impresso pode ser um hipertexto”, segundo Xavier (2004, p. 175,

2004), veremos como poderíamos construir um hipertexto, tendo em vista os objetivos

específicos e os conteúdos das disciplinas escolares. Embora fosse ideal, não encontramos

uma regra, um caminho que possa conduzir o processo de desconstrução de textos escritos na

forma clássica, linear, de argumentação, e sua reconstrução na forma de hipertextos.

O que devemos ter bem claro é que, sem a leitura prévia do texto original, guiada

segundo uma abordagem definida, não é possível iniciar o processo de construção de um

hipertexto. Na elaboração do hipertexto, o autor sempre irá destacar os pontos de referência

que considera serem oportunos e relevantes ao seu leitor, propondo articulações possíveis

entre textos (CAVALCANTE, 2004, p.96).

Não há na literatura resultados efetivos sobre qual metodologia é mais adequada para

que o aluno aprenda através de hipertextos. Há sim indicadores (Barreto, L.S. et. all, 1996) da

estrutura que deve ser considerada na elaboração de hipertextos: sendo o hipertexto um texto

não linear, deve estar ligado às informações de um banco de dados; deve ser um facilitador e

transferir conhecimentos complexos para novas situações; deve desenvolver estruturas de

conhecimento integradas e flexíveis através de ligações (links) por temas conceituais; deve

aplicar o mesmo conceito para várias situações; deve dar liberdade para o usuário tomar

decisões sobre quais informações deseja e a seqüência destas.

É necessário ter um método (do grego caminho), a ser percorrido e clareza de para onde

queremos ir, ou seja, necessitamos formular um projeto de construção de um discurso

hipertextual, ao qual precisamos:

Escolher com antecedência o discurso textual que irá passar pela transformação, e sua

disponibilidade em meio digital,

Dimensionar o contexto a ser convertido em contexto virtual do discurso hipertextual,

e a

Configuração dos recursos a serem utilizados nesta transformação (CALDAS, 2005, p.

03).

Dessa maneira na escola, um hipertexto cuidadosamente planejado constitui-se em

recurso importante

Page 25: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

25

podendo transformar a sala de aula num ambiente de aprendizagem colaborativo adequado ao atendimento das diferenças individuais, quanto ao grau de dificuldades, ritmo e interesse. Ao procurar uma informação no hipertexto, os alunos participam de um processo de busca e construção de conhecimentos, pois ao procurar uma informação encontram muitas outras, possibilitando autonomia e contribuindo para a construção de novos conhecimentos (MORGADO, 1998, p.122).

Um dos principais problemas ao navegar por um hipertexto é a falta de organização

das informações, pois o usuário precisa saber o local em que as mesmas se encontram no site,

por este motivo é necessário organizar adequadamente os links; o hipertexto deve seguir uma

estrutura lógica e previsível e não ser apenas um amontoado de links sem propósitos definidos

e significativos; o uso de informações sem muita importância pode causar confusão ao leitor;

cuidar para que o hipertexto não fique cansativo, monótono e frustrante; harmonizar cores,

fundos, imagens e letras; procurar fazer textos curtos e objetivos; um cuidado especial que se

deve ter é não fazer links de links.

O hipertexto não elimina a idéia da autoria, pois o leitor é livre, e quando busca

informações é incitado a buscar novas fontes de informações e através de cortes e mudanças

na ordem dos textos constroem novos textos. Assim, tanto o autor quanto o leitor são

protagonistas, o que é impossível na mídia impressa.

Segundo Cavalcante (2004) na elaboração do hipertexto, o autor sempre irá destacar

os pontos de referência que considera serem oportunos e relevantes ao seu leitor, propondo

articulações possíveis entre textos. Ou como afirma Lévy (1999), que

em um hipertexto, um parágrafo pode aparecer sob uma palavra, três capítulos sob uma palavra de um parágrafo, um pequeno ensaio sob uma das palavras destes capítulos, e assim virtualmente sem fim (Lévy, 1990, p. 41). Dar sentido a um texto é o mesmo que ligá-lo, conectá- lo a outros textos, e, portanto, é o mesmo que construir um hipertexto. É sabido que pessoas diferentes irão atribuir sentidos por vezes opostos a uma mensagem idêntica. Isto porque, se por um lado o texto é o mesmo para cada um, por outro o hipertexto pode diferir completamente. O que conta é a rede de relações pela qual a mensagem será capturada, a rede semiótica que o interpretante usará para captá-la (Lévy, 1993, p.72).

Para construir um hipertexto, os alunos precisam estabelecer relações entre idéias, fatos, conceitos, informações ou outros conteúdos, que serão apresentados ao longo do mesmo documento ou de outros. Trabalhar essa aprendizagem aproxima o aluno desta forma textual tão presente em nossa sociedade atualmente, como afirma Dias (2000) que o hipertexto tem uma importância inquestionável, em suas formas variadas: oralidade, escrita, expressão verbal ou não-verbal.

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Para Coscarelli (2009) pode ser que em pouco tempo os alunos estejam tão

familiarizados com os ambientes digitais que seja melhor começar por eles para chegarmos ao

impresso. Essa é uma possibilidade que não podemos deixar de considerar e para a qual

precisamos nos preparar. Daí a importância de o professor se enfronhar neste mundo digital,

conhecendo seus recursos, seus gêneros, suas linguagens e seu potencial, a fim de que possa

usá-los ou explorá-los em suas atividades profissionais.

Ainda segundo a autora,

com o texto digital, usamos menos o lápis e a borracha. Escrever é um ato diferente, mesmo da datilografia, pois podemos cortar, colar, editar, inserir tabelas e imagens com muito mais facilidade que antes e, além disso, hoje podemos salvar, inserir sons e animações, além de usar links que podem nos levar diretamente a outros textos, a filmes, músicas ou imagens. Aparecem novos gêneros textuais – muitos deles advindos da cultura impressa ou manuscrita, como o e-mail, o blog – que têm seus correspondentes nas cartas, bilhetes e diários – e novas formas de comunicação como mensagens eletrônicas, chats, torpedos (no celular). Isso certamente provoca mudanças no comportamento e no pensamento do leitor e no produtor de textos. Essa mudança, no entanto, não deve ser vista como uma substituição das habilidades que o leitor precisa ter para lidar com o texto impresso, por outras que serão exclusividade do meio digital, mas uma ampliação daquelas

(COSCARELLI, 2009, p. 05).

Continuando com suas colocações sobre o hipertexto, Coscarelli (2009) adverte ainda

para o fato de que,

se antes o aluno precisava encontrar uma informação no texto que o professor escolheu para ele ler, agora ele precisa entrar na Internet e encontrar textos. Isso não seria novidade se os alunos estivessem acostumados a entrar em bibliotecas e a encontrar textos sobre os assuntos que gostariam de aprender. Sabemos, no entanto, que essa não é uma prática comum em nossas escolas por motivos variados (COSCARELLI, 2009, p. 05).

Os textos contam hoje também com outras linguagens que podem e devem ser

incorporadas a eles. Sendo assim, segundo Coscarelli (2009),

o aprendiz precisa saber lidar com a multimodalidade, isto é, textos que lidam com diversas linguagens, tanto como leitor quanto como autor. Precisa também dominar uma série de habilidades de leitura e produção de textos verbais. A essas habilidades devem somar-se em práticas cada vez mais cotidianas, do não verbal. Precisamos lembrar que a multimodalidade é, há muitos anos, parte de nossos textos, como no cinema, nas revisas, jornais, cartazes, convites, cartões, livros ilustrados, entre outros. Talvez a diferença seja a de serem mais fáceis às pessoas também produzirem esses textos multimodais, que podem ser impressos ou disponibilizados na Internet (sites, Orkut, Youtube, blogs, entre outros) (COSCARELLI, 2009, p. 05).

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3- METODOLOGIA

Neste Trabalho de Conclusão de Curso tratamos sobre a experiência implementada no

primeiro trimestre do corrente ano escolar com os alunos da segunda série do ensino médio da

Escola Estadual de Ensino Médio Ruy Barbosa de Ijuí, na disciplina de Geografia, turno

matutino.

A Escola está localizada cito à Rua Mato Grosso, número 623, na cidade de Ijuí,

noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Como escola pública estadual integra o rol das

escolas da 36° Coordenadoria de Ensino, localizada na mesma cidade. O que a diferencia das

demais escolas é o fato de oferecer somente Ensino Médio nas seguintes modalidades: Ensino

Médio, modalidade seriado nos turnos Diurno e Noturno, sendo que no turno matutino as

segundas e terceiras séries e no turno vespertino as primeiras séries; Modalidade Matricula

por Disciplina Semestral, no turno Noturno e a modalidade EJA no turno Noturno. No ano de

2009 teve cerca de 900 alunos matriculados e cursando as respectivas séries.

A referida experiência constou do desenvolvimento de um conjunto de hipertextos no

conteúdo do primeiro trimestre, quando os alunos, divididos em grupos, foram desafiados a

criar/construir um instrumento computacional (Hipermídia) para abordar os temas cujos

conteúdos definidos foram, A Formação do Universo, A Formação da Terra A Formação dos

Continentes e entender a Estrutura Geológica da Terra.

Para a construção dos hipertextos pelos grupos de alunos, foi utilizado o LIE da

Escola, a saber, Laboratório de Informática Educativa, que conta com 12 computadores

conectados à Internet banda larga. Durante este período, para a realização das atividades, os

alunos contaram com a ajuda de uma das duas professoras responsáveis pelo mesmo, que nós

chamamos de coordenadoras do laboratório, principalmente nas questões relativas à

informática. Foram utilizadas 4 horas aula da disciplina de geografia e os alunos que não

conseguiram concluir os hipertextos neste período marcaram horário para uso dos

computadores no turno da tarde ou ainda na biblioteca e até mesmo reunindo-se em suas

residências.

Foram analisadas as atividades desenvolvidas pelas quatro turmas de segunda série da

escola já mencionada, turmas essas onde leciono.

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O instrumento utilizado para o registro das informações foi a observação direta Como

metodologia foi utilizado o estudo de caso, tendo como objeto de estudo as quatro turmas de

segunda série da escola já mencionada, turmas essas onde leciono.

O instrumento utilizado para o registro das informações foi a observação direta

durante a elaboração dos hipertextos e o questionário (Anexo A), sendo um com questões

objetivas que foi aplicado aos alunos integrantes das turmas 202, 203, 204 e 205, e outro

(Anexo B), com perguntas subjetivas que foi aplicado às duas professoras coordenadoras do

Laboratório de Informática Educativa que acompanharam o trabalho em diferentes turnos,

obedecendo às normas clássicas para elaboração de tal instrumento. O referido questionário

foi entregue, aos alunos e as coordenadoras, ao final do estudo da unidade que compunha o

referido projeto.

Ainda quanto ao questionário, o mesmo constou, para os alunos, de oito perguntas

objetivas e abertas, para que os mesmos expressassem suas opiniões por escrito, com total

liberdade e isenção. Para as professoras coordenadoras do Laboratório de Informática, foram

elaboradas sete perguntas subjetivas para assim poderem se expressar com mais liberdade e

acrescentar mais detalhes.

Participaram do referido estudo de caso os cento e trinta e quatro alunos matriculados

nas quatro segundas séries existentes na escola neste ano de 2009, assim distribuídos: Turma

202, trinta e três alunos, Turma 203, trinta e seis alunos, Turma 204, trinta e três alunos e a

Turma 205 com trinta e dois alunos. Também duas professoras que atuam no LIE e também

em sala de aula nas disciplinas de Língua Portuguesa e de História.

Page 29: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

29

4- DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO

O experimento a ser descrito fez parte do planejamento das aulas de Geografia para o

primeiro trimestre letivo de 2009.

Este projeto procurou utilizar a pesquisa bibliográfica sobre um tema pré-determinado

como metodologia para a elaboração de hipertextos em Geografia, visando efetivamente a

aprendizagem. Através do uso de softwares, procurou-se fazer com que o aluno construísse o

seu próprio conhecimento, estimulando o aprender a aprender, e ao mesmo tempo

demonstrando que, o professor procura sim a reciclagem e atualização de seus conhecimentos,

para que a construção da aprendizagem se torne significativa aos seus alunos e melhorando

dessa forma, a qualidade do ensino de sua escola e de seus alunos.

Dessa forma, o hipertexto elaborado pelas turmas de segundo ano contempla os

seguintes temas dos conteúdos e conceitos planejados pela disciplina de geografia: A origem e

formação do Universo, da Terra e dos Continentes (Teoria da Deriva dos Continentes e Teoria

das Placas Tectônicas); sobre A estrutura da Terra: - Camadas e Estrutura Interna da Terra; -

Classificação das rochas quanto à sua origem; - Ciclo das rochas; - Estrutura Geológica.

Após a motivação e explicação, em sala de aula, do que iríamos fazer no Laboratório

de Informática, o que iríamos pesquisar, de que maneira iríamos fazer esta pesquisa, o que

necessitaríamos levar até o laboratório, quais e quantos grupos formaríamos, nos dirigimos até

o LIE.

Já no LIE, contando com a colaboração da professora coordenadora do mesmo

naquele dia e turno, achamos necessário lembrar algumas regras para uso do espaço, explicar,

aprofundar e apresentar alguns temas e conceitos básicos de informática que permitiriam a

construção do hipertexto, tais como:

- Criar uma pasta – Hipertexto fulano ou do grupo X ou Y – Turma tal

- Disponibilizar na pasta: o texto (pessoal e com referências bibliográficas, em função de

direitos autorais), imagens, sons, vídeos, enfim, tudo o que pesquisaram e ocuparão para

elaborar o hipertexto.

- Orientações do que são links ou hiperliks, como criar os hiperlinks, como navegar na

internet, etc.

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- Orientações de como fazer para marcar as palavras que devem remeter para definições ou

outros sites;

- Procurar as definições em diferentes fontes de referências (acessando sites de busca como o

Google para encontrar páginas que tenham mais conceitos e conteúdos para a elaboração do

texto e formação dos links);

- Digitar as definições e salvar em diferentes arquivos na pasta Hipertexto, tendo o cuidado de

numerá-los ou identificá-los por ordem; ex; 1, 2, 3 ...

- Orienta-se pelo livro texto e caderno da disciplina de Geografia,

- Se desejar inserir um link ou que uma palavra qualquer no texto se transforme em um

hiperlink, selecionar a palavra, clicar no ícone Inserir hiperlink e, na tela que se abre,

digitamos o endereço desejado.

O programa disponibilizado atualmente no LIE é o sistema operacional Linux. Como

muitos alunos desconhecem o seu funcionamento, e em suas residências possuem o sistema

operacional Windows, foi realizada a apresentação de algumas noções rápidas desse

programa, pela professora responsável, como, por exemplo, as nomenclaturas dos softwares e

as correspondentes no Windows, como salvar os documentos que seriam abertos em casa, etc

Depois de todos os avisos, lembretes, explicações e dos alunos já estarem

familiarizados com os programas necessários para a elaboração do trabalho, passamos para a

pesquisa e elaboração dos hipertextos.

Diante dos conhecimentos explanados para construção do hipertexto, os alunos

puderam pesquisar na rede (ou em outras fontes), lendo textos relevantes e complementares

para fazer o link, o que contribuiu para o desenvolvimento do olhar crítico dos alunos, para a

autoria, a cooperação e a busca. Passaram também a selecionar as informações, imagens,

sons, vídeos que achavam ser mais pertinentes ao assunto.

Foi acordado entre nós, professora e alunos, que, através de email, iríamos nos manter

informados sobre o andamento dos trabalhos, dificuldades encontradas, sugestões, bem como

sobre a correção prévia e entrega final dos mesmos. Neste momento do desenvolvimento dos

trabalhos fomos surpreendidos pelo fato de que muitos dos alunos não possuíam email ou não

lembravam sua senha devido ao pouco uso dos mesmos (segundo eles, preferem o Orkut ou

MSN), ou não sabiam anexar os documentos construídos para enviá-los.

De comum acordo com a professora responsável pelo laboratório, passamos à

demonstração de como se realiza este processo de anexar documentos em emails e até mesmo

a abrir novas contas. Recebia então, via email, os hipertextos já realizados para correção e

observações, reenviava os mesmos para complementações, perguntas relativas a importância

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31

de um determinado conteúdo, imagem, vídeo, etc. Dessa forma ficamos por um bom período

em constante comunicação, com a caixa de emails cheia e vários pedidos de “socorro profe”...

Cabe ainda destacar algumas percepções que tivemos quanto ao empenho na

construção do hipertexto pelas diferentes turmas e o desenrolar das atividades no LIE.

Devido ao horário das aulas de Geografia, a primeira turma a se dirigir ao laboratório e iniciar

o trabalho foi a 203. A turma com maior número de alunos, trinta e seis no total, logo

mostrou-se motivada a construir o hipertexto, com os temas sugeridos e com a novidade que

foi fazer uma pesquisa e elaborar um texto de maneira diferente. Ficamos (a professora

coordenadora do laboratório e eu) entusiasmadas e ao mesmo tempo espantadas ao ver a

reação da turma. Foram dois períodos ou horas aula em que toda a turma “mergulhou de

cabeça” na pesquisa, não sendo necessário intervir quanto a MSN ou Orkut aberto, conversas

paralelas ou outro problema até comum em atividades neste espaço da escola. Éramos

chamadas a ajudar, explicar, sugerir, enfim, a colaborar.

A segunda turma foi a 205, com trinta e dois alunos matriculados, mas que faltam

muito as aulas. O trabalho transcorreu normalmente, sem a demonstração de grande

entusiasmo. Apresentaram dificuldades em entender como construir o hipertexto, a usar os

links, o que realmente pesquisar, o que realmente linkar, também quanto ao “copiar e colar”.

Esta turma exigiu maior controle e acompanhamento de nós professoras, bem como uma

motivação constante para a elaboração do hipertexto. Nesse sentido Lévy lembra muito bem

que

a principal função do professor não pode ser mais uma difusão de conhecimentos (...), sua competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento. O professor torna-se um animador da inteligência, e por tudo isto se estabelece também uma nova relação aluno-professor (LÉVY, 1999, p.171).

No próximo dia de aula de Geografia, foi a vez das turmas 202 e 204. Nos dois

primeiros períodos as aulas foram com a turma 202 e a receptividade e motivação foi muito

boa. Os grupos se organizaram e se distribuíram pelos doze computadores existentes no

laboratório. Para surpresa de todos, neste dia, quatro computadores não conectavam a

Internet, restando somente oito computadores para realizar a pesquisa, além de a conexão

estar muito lenta, dificultando principalmente assistirem e escolherem vídeos para linkar no

hipertexto. Dessa forma os alunos tiveram que ficar “amontoados” nos computadores

disponíveis e os trabalhos não transcorreram como gostaríamos.

Com a turma 204, enfrentamos os mesmos problemas “técnicos” e a turma, embora

insatisfeita, realizou o que propomos.

Page 32: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

32

Cada turma teve disponível para pesquisa e construção do hipertexto no Laboratório

de Informática, quatro horas aula da disciplina de Geografia, mais horários em turno inverso.

Após a conclusão dos trabalhos, os hipertextos foram lidos e explicados na sala de

multimídias da escola aos colegas da turma e para a professora, postados no blog e pbworks

das séries, cujos endereços são http://georuyzao.blogspot.com/ e

http://geografianoruyzao.pbworks.com/.

Ao final de todo o processo, foi aplicado um questionário aos alunos de cada turma e

às professoras coordenadoras do Laboratório de Informática, sem identificação do

respondente, para coletar a opinião dos mesmos sobre a contribuição que a atividade de

construção do hipertexto e da hipermídia.

Page 33: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

33

5- ANÁLISE DOS RESULTADOS

De posse de todos os questionários distribuídos e respondidos pelos alunos passou-se

para a tabulação e posterior análise dos mesmos.

Os dados coletados e sintetizados abaixo reportam as opiniões dos cento e trinta e

quatro alunos (134) das quatro segundas séries do ensino médio e das duas (2) professoras

coordenadoras do Laboratório de Informática, referentes aos projetos de montagem de

hipertextos, desenvolvidos como atividade pedagógica nas aulas de Geografia do ensino

médio da Escola Estadual de Ensino Médio Ruy Barbosa.

Cabe explicar que a numeração das quatro turmas inicia pela Turma 202, pois,

seguindo exigência da 36ª CRE (Coordenadorias Regional de Educação) e da Secretaria de

Educação do Estado, o número total de alunos matriculados para cursarem a segunda série,

não comportava cinco turmas com um mínimo trinta alunos por turma. Desse modo, a turma

201 foi extinta, sendo seus alunos distribuídos pelas demais turmas, completando assim o

número de alunos por turma exigidos pela CRE e SE.

Iniciamos a análise dos resultados, trazendo a computação das respostas obtidas nas

respostas aos questionários, pelos alunos.

Tabela 1 - Síntese do levantamento sobre a percepção dos alunos envolvidos na

montagem de hipertextos

Turma 202, número de alunos: 33

Turma 203, número de alunos: 36

Turma 204, número de alunos: 33

Turma 205, número de alunos: 32

Total de alunos pesquisados: 13 4 alunos

Page 34: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

34

Respostas dos alunos Muito Suficiente + ou - PoucoNada

ou nenhum(a)

Não

T % T. % T % T % T. % T %

1-Gostei de trabalhar com hipertexto: 109 82 19 11 6 4

2-Minha aprendizagem em Geografia com este tipo de trabalho foi:

32 24 90 67 4 3 8 6

3-Meu interesse e participação ao construir o hipertexto foram:

50 37 63 47 13 10 5 4 3 2

4- Meus conhecimentos em Informática aumentaram:

26 19 38 28 42 31 16 12 12 10

5- Minhas dificuldades em realizar o hipertexto foram:

23 17 66 49 45 34

6- Achei o tema (assunto) do hipertexto ...................interessante:

39 29 38 28 42 31 15 12

7- O que mais gostei de fazer foi :(Enumere por ordem de preferência)

a) de pesquisar sons, vídeos, imagens, mapas sobre o assunto

63 alunos – 47,01%

b) de pesquisar os conceitos (assunto) solicitados 23 alunos -17,16 %

c) de elaborar o texto- o hipertexto, sobre o assunto 23 alunos -17,16 %

d) de trabalhar com os links ( fazê-los) 25 alunos – 18,65%

8- Quanto ao uso das tecnologias ( do LIE) nas aulas de geografia você:

a) Acha ótimo este tipo de aula e devem continuar 127 alunos - 87,31%

b) Prefere aulas expositivas da professora 5 alunos - 3,73%

c) Gosto mais das aulas com pesquisa no livro texto 2 alunos - 1,49%

Page 35: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

35

d) Não devem continuar 0Moran (2000) ao dizer que: “na sociedade da informação todos estamos reaprendendo

a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e a tecnologia; a

integrar o individual, o grupal e o social”, reforça a abrangência da inserção de novos meios

ou fontes de informação multimídia utilizando recursos que integram textos, animações,

gráficos, sons, cores, imagens estática e em movimento, em nosso cotidiano escolar.

O referido autor acredita que a tecnologia facilita a motivação dos alunos não apenas

por ser uma novidade, mas especialmente pelas possibilidades que cria em termos de

pesquisa. Assim, pela análise dos questionários respondidos pelos alunos percebemos que os

mesmos, em sua grande maioria, cerca de 82% (Gráfico 1) gostaram muito de trabalhar com

hipertexto. O que não foi surpresa para nós, pois durante toda a realização da atividade isso

ficou bem claro e pelo resultado final das construções realizadas. Também pelo fato de que

esta atividade foi antecipadamente pensada e cuidadosamente planejada.

Gráfico 1 - Se gostou de trabalhar com Hipertexto

Portanto neste contexto, o hipertexto se constitui numa boa ferramenta de

aprendizagem uma vez que, de acordo com Laufer (1993), inclui os três tipos de

aprendizagem propostos por Lewis (1986): aprendizagem inativa, que se utiliza o Mouse em

ações físicas como apontar ou arrastar; representação icônica, que inclui o uso de ícones e

outras representações gráficas na tela, assim como a habilidade para acessar vídeos fixos e em

movimento; representações simbólicas, que incluem o uso de textos na tela assim como

programas hipermídia produzidos pelo aluno.

Percebeu-se também que, assim como para Lanhan (1993), Landow (1992), Tuman

(1992) e outros pesquisadores, o hipertexto como uma ferramenta de aprendizagem, transfere

Page 36: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

36

aos estudantes mais responsabilidade e autonomia nas informações acessadas e construídas,

proporcionando a exploração e a autodescoberta de saberes.

Quanto à aprendizagem dos conteúdos da disciplina de Geografia, responderam que

aprenderam muito, 24% dos alunos, aprenderam o suficiente 67 % aprenderam mais ou menos

3% e apenas 6 % dos alunos afirmam que pouco aprendeu (Gráfico 2). Os dados levantados

nos revelam que a montagem de hipertextos com temas relacionados aos conteúdos de

Geografia favoreceu a utilização e a construção de diferentes habilidades dos alunos.

Segundo Dias (2000) a aprendizagem ocorre mais facilmente com o uso dessa ferramenta,

através da descoberta, da pesquisa, do atendimento às diferenças individuais, da leitura e

escrita, da autoria e, segundo Lévy (1990), pelo suporte informático que apresenta. Para

Santos (2003), o hipertexto facilita o uso didático, torna-se mais agradável, lúdico e interativo,

oportunizando outros caminhos de investigação, comparação, complementação e trocas de

idéias entre os pesquisadores.

Gráfico 2 – Aprendizagem dos alunos

Os dados corroboram com o pensamento de Dias (2000) que considera o hipertexto

com uma importância inquestionável, em suas variadas formas: oralidade, escrita, expressão

verbal ou não-verbal. Também através dele, o aluno tem ao seu dispor elementos que

estimulam outras formas de interação, o que, por sua vez, contribuem diretamente no processo

de aprendizagem.

Os alunos, através de suas respostas ao questionário, expressaram como foi seu

interesse e participação ao construir o hipertexto: a Turma 202, considerada a turma mais

bagunceira e agitada dos segundos anos, teve a maior parte de seus alunos, 45,45 % (15

alunos), avaliando- se como suficiente sua participação e interesse, o que me pareceu uma

Page 37: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

37

avaliação sincera, pois teve realmente aqueles quatro ou cinco alunos que demonstraram certo

desinteresse e pouca participação na execução das tarefas no LIE.

A turma 203, considerada “melhor” turma de segundos anos, sempre muito criativa,

participativa e estudiosa, teve 50 % dos alunos avaliando-se como muito boa sua participação

e interesse. Foi uma turma que demonstrou, desde o início, vontade de realizar a pesquisa,

mostrando-se preocupados com a questão da autoria, interessados em buscar sons, vídeos e

imagens que ilustrassem seus textos, houve trabalho colaborativo com os grupos de cinco

alunos trabalhando em conjunto, discutindo e distribuindo as tarefas.

A turma 204, turma mais heterogênea, com alunos oriundos de outras escolas e um

pequeno grupo de alunos nossos, havendo grupos “rivais” dentro da sala, mesmo assim o

trabalho no LIE e com o uso do hipertexto agradou a todos e foram interessados e criativos,

tanto que solicitaram que ao invés de fazer o texto em Word ou no BR.office Writer se

fizesse no Power Point, e foram atendidos em sua solicitação.

E por fim turma 205, formada em maior número por alunos repetentes, desmotivados e

com dificuldades em relação a aprendizagem, mesmo assim o trabalho com hipertexto foi

realizado pelos grupos que demonstraram, em sua maioria, interesse e boa participação.

No Gráfico 3 demonstramos o total das turmas em resposta a questão 3 do

questionário

37%

47%

10%

4%

2%

Muito 46 alunos

Suficiente 58alunos

Mais ou menos 12alunos

Pouco 5 alunos

Nada ou Nenhum 3 Alunos

Gráfico 3 – Interesse e participação dos alunos

Novais (2008) afirma que a leitura do hipertexto requer domínio de navegação no

ambiente digital, para a seleção de links e compreensão da interface. Pelos resultados da

questão quatro (Gráfico 4), quando os alunos foram questionados sobre o aumento ou não de

seus conhecimentos em Informática, verificou-se que, embora muitos já dominem muito bem

esses conhecimentos, houve sim um aumento de seus conhecimentos nesta área uma vez que

Page 38: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

38

trabalharam com uma ferramenta desconhecida com novas nomenclaturas, e com exigências

diferentes daquelas que comumente utilizam.

19%

28%31%

12%

10%Muito 24 alunos

Suficiente 35alunos

Mais ou Menos 37alunos

Pouco 15 alunos

Nada ou nenhum13 alunos

Gráfico 4 – Conhecimentos em informática

Quando questionados sobre dificuldades que teriam enfrentado ao elaborar o

hipertexto, na turma 202, 10 alunos responderam mais ou menos e 13 responderam que

tiveram poucas dificuldades, já a Turma 203 teve a grande maioria de seus alunos, cerca de 18

dos 36 alunos, respondendo que não enfrentaram nenhuma dificuldade em realizar o

hipertexto, bem como a Turma 204 em que 15 dos 33 alunos afirmam não encontrarem

dificuldade em construir o hipertexto e na turma 205, 12 dos 33 alunos tiveram dificuldades

em elaborar o hipertexto. No Gráfico 5 apresentamos o total das turmas com relação as

dificuldades encontradas.

17%

49%

34% Muito 21 alunos

Pouco 61 alunos

Nada ou nenhum 42 alunos

Page 39: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

39

Gráfico 5 – Dificuldades encontradas

Verificou-se que estas dificuldades foram quanto a construção em si do hipertexto,

quando teriam que ser autores, dificuldade em utilizar o hiperlink, em qual momento do texto

fazer uso de um link, como utilizar certos conceitos específicos devido a grande quantidade de

informação que encontravam, em criar uma pasta e nela colocar mais do que um documento.

Santaella (2001) salienta o que condiz com esta realidade enfrentada pelos alunos,

em vez de um fluxo linear de texto, o hipertexto quebra essa linearidade em unidades ou módulos de informações, consistindo de partes ou fragmentos de textos que se ligam através de nós que podem ser fotos, vídeos, palavras, gráficos, tabelas, enfim, quanto maior a interatividade, mais profunda será a experiência de imersão do leitor, imersão que se expressa na concentração, atenção e compreensão da informação (SANTAELLA, 2001, p.384).

Uma preocupação constante que nós professores, educadores, na atualidade temos é a

priorização de metodologias aptas a tornar o processo ensino aprendizagem mais produtivo.

Como então, tornar esse conteúdo mais atrativo para a aprendizagem dos alunos?

Partindo do pressuposto de que segundo Almeida (2003), aprender é

relacionar, é organizar situações de aprendizagem, criando condições que favoreçam a compreensão da complexidade do mundo, do contexto, do grupo, do ser humano e da própria identidade, interagindo com linguagens que desafiem o aluno e promovam a compreensão de diferentes temas (ALMEIDA, 2003, p.10).

Pode-se inferir através das respostas dos alunos, com relação aos temas propostos

para pesquisa e construção do hipertexto o seguinte: para as Turmas 203 e 204 agradou muito,

respectivamente 50% e 48,5%, porém na Turma 202, cerca de 42,4% , 14 de 33 alunos

gostaram mais ou menos dos assuntos a serem ventilados, enquanto que, na Turma 205

tivemos 12 dos 32 alunos, 37,5% que gostaram muito dos temas e 13 alunos, 40,6%

gostaram mais ou menos. No Gráfico 6 apresentamos o total das turmas com relação ao tema

proposto para o trabalho.

Page 40: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

40

29%

28%

31%

12%Muito 36 alunos

Mais ou Menos 35alunos

Pouco 38 alunos

Nada ou nenhum15 alunos

Gráfico 6 – Quanto ao tema proposto

Para Lanhan (1993), Landow (1992) e Tuman (1992), o uso do computador como

ferramenta da era digital e através do hipertexto, possibilita que os alunos se comuniquem

entre si e entre as informações de suas pesquisas, transfere aos estudantes mais

responsabilidade e autonomia das informações acessadas e construídas, pois proporciona-lhes

um ambiente adequado para a exploração e para a autodescoberta de saberes. Também

permite acesso simultâneo do leitor a textos, imagens e sons de modo interativo e não-linear,

possibilitando visitar outras páginas e assim controlar até certo ponto sua leitura-navegação na

grande rede de computadores. Desse modo os dados mostraram que os alunos se

identificaram mais, gostaram mais de realizar a pesquisa de sons, imagens, vídeos e mapas

para ilustrarem melhor os conceitos sobre os temas bem como utilizar os hiperlinks ou links.

Dias (2000) considera que o hipertexto tem uma importância inquestionável pois o

aluno tem ao seu dispor elementos que estimulam outras formas de interação o que por sua

vez contribuem diretamente no processo de aprendizagem. O hipertexto vem com a proposta

de se tornar um recurso para o desenvolvimento de estratégias e atividades que potencializem

a construção do conhecimento como afirma Jacobs (1992) uma vez que o aluno aprenderá,

também de modo acidental enquanto explora navega e explora os espaços, aprendendo pela

descoberta e experiência pessoal.

A presença das Tecnologias de Informação e Comunicação na vivência do aluno, fora

do contexto escolar, reforça a necessidade de integração entre esse universo e o escolar, que

se complementam no processo de aprendizagem dos indivíduos. Dessa maneira, o trabalho

pedagógico deve ser coerente com uma visão de conhecimento que faz com que sujeito e

objeto interajam, assim como aprendizagem e ensino. Nessa perspectiva, as TIC tornam-se

Page 41: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

41

ferramentas poderosas capazes de ampliar as chances de aprendizagem do aluno (OLIVEIRA,

etall, 2001, apud AIRES, 2008, p.38).

Nas respostas à pergunta sete tivemos uma unanimidade, pois a preferência maior ao

construírem o hipertexto, foi a possibilidade de pesquisar e utilizar sons, vídeos, imagens,

mapas sobre o assunto e anexá-los ou linká-los ao texto.

O Gráfico 7 representa o total das turmas com relação ao que eles mais gostaram de

fazer.

Gráfico 7 – O que mais gostei de fazer

Coscarelli,( 1999), afirma que

o texto deixa de ser um todo contíguo (uma unidade formal) de estrutura unicamente linear, quase que unicamente verbal, e passa a ter uma estrutura hierárquica fragmentada, da qual fazem parte ícones, imagens estáticas e/ou nimadas e sons. O texto deixa de ser 'monomídia' e para a ser multimídia, também sofre modificações na sua estrutura organizacional, que passa de uma seqüência linear definida pelo seu produtor a uma seqüência escolhida pelo leitor. O autor, no caso o aluno, pode sugerir caminhos ao leitor, mas é este quem decide o que ler e em que ordem ler. Isso vai provocar inevitavelmente mudanças nos recursos lingüísticos que estarão disponíveis para o escritor (COSCARELLI, 199, p. 83).

Em suma, o que se pode depreender da realidade pesquisada é que quanto ao uso das

TIC nas aulas de Geografia, a maior parte dos alunos, cerca de 87,31%, acharam que são

ótimas as aulas com as tecnologias e portanto, devem continuar. As aulas de Geografia este

ano tiveram um diferencial, a cada trimestre, os temas propostos vinham acompanhados de

uma proposta de trabalho diferente, sempre utilizando as TIC, o LIE e procurando produzir

um meio capaz de auxiliar a compreensão e a aprendizagem, desenvolvendo as habilidades e

competências relativas aos conteúdos da série e disciplina. O Gráfico 8 mostra o total da

turma com relação ao questionamento feito no sentido de expressarem suas preferências

Page 42: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

42

quanto ao uso de diferentes ferramentas digitais nas aulas de geografia, quando a grande

maioria dos alunos expressou seu gosto por este tipo de aulas.

Gráfico 8 – uso das TIC nas aulas de Geografia

Assim, os elementos obtidos do levantamento feito com os questionários respondidos

pelos alunos nos indicam que, as TIC representam um recurso atraente e motivador ao se

integrar a um projeto pedagógico da disciplina de Geografia, que promove um processo de

aprendizagem significativa, no qual o aluno é capaz de trabalhar tomando decisões e ao final

apresentar um produto, fruto de um processo de construção e reconstrução de sua caminhada.

Segundo Ferreira (2002), sendo a Geografia uma disciplina escolar que busca

decodificar as imagens presentes no cotidiano, impressas e expressas nas paisagens e em suas

representações numa reflexão direta e imediata sobre o espaço geográfico, é preciso sair do

áudio e texto para inovar através das imagens, fotos, vídeos presentes no dia a dia dos alunos

que estão inseridos em um mundo com uma elevadíssima quantidade de informações,

proporcionada pelas TIC.

Os principais resultados que identificamos nos depoimentos das professoras

coordenadoras do LIE entrevistadas através de um questionário são apresentados a seguir.

Pela análise das respostas da questão 1, constatou-se que, quando questionadas sobre

quais os desafios que essa nova forma de ler e escrever apresenta para os professores e para os

alunos, demonstraram intimidade com o assunto e conhecimento da realidade escolar. A

professora A salienta a necessidade de professores e alunos se desacomodarem, quando o

Page 43: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

43

professor deve conhecer muito bem a ferramenta para depois aplicá-la e o aluno precisa

aprender a ler e ser autor e a professora B acredita que o professor precisa desvincular-se um

pouco mais do texto tradicional, compactado e restrito. Assim com se refere Santos (2003), ao

afirmar que o hipertexto facilita o uso didático, torna-se mais agradável, lúdico e interativo,

oportunizando outros caminhos de investigação, comparação, complementação e trocas de

idéias entre os pesquisadores.

A questão 2 questionava até que ponto podemos afirmar que o hipertexto/hipermedia

favorece a aprendizagem. Enquanto para Dias (2000) o hipertexto tem uma importância

inquestionável, em suas formas as mais variadas: oralidade, escrita, expressão verbal ou não-

verbal, para ambas as professoras entrevistadas, o hipertexto favorece a aprendizagem, pois o

se torna uma colcha tecida e, passando por suas “tramas”, a aprendizagem acontece de

maneira natural, é favorecida pela produção dos alunos e interesse em descobrir o

conhecimento.

O hipertexto ou a multimídia interativa adaptam-se particularmente a usos educativos. É bem conhecido o papel fundamental do envolvimento pessoal do aluno no processo de aprendizagem. Quanto mais ativamente uma pessoa participar da aquisição de um conhecimento, mais ela irá integrar e reter aquilo que quer aprender. Ora, a multimídia interativa, graças a sua dimensão reticular ou não linear, favorece uma atitude exploratória, ou mesmo lúdica, face ao material a ser assimilado. É, portanto, um instrumento bem adaptado a uma pedagogia ativa (LÉVY, 1993, p. 40).

Na sequência, respondendo a questão 3 sobre alguma dificuldade enfrentada pelos

alunos na elaboração do hipertexto, a professora A percebe a preferência, por parte de alunos,

em navegar do que produzir, elaborar o hipertexto, inclusive achando um trabalho difícil e

complexo, pois precisam ler elaborar o conceito, fazer hiperlinks,... No que Santos (1993), já

alertava para a atenção que deve ser redobrada para não correr o risco de se deslocar para

assuntos diversos, também de interesse do aluno e do pesquisador, mas que não se definem

como complementares àquela intertextualidade que o leitor buscava no início da pesquisa.

A professora B por sua vez, percebeu que os alunos do ensino médio mostraram um

fascínio maior na produção de um hipertexto tanto quanto no aprendizado dos conceitos da

disciplina demonstrados na concentração e empenho em produzir, como enfatiza Morgado

(1998), que o sistema de hipertexto enquanto ferramentas de ensino e aprendizagem

parecem facilitar um ambiente no qual a aprendizagem acontece de forma incidental e por

descoberta, pois ao tentar localizar uma informação, os usuários de hipertexto, participam

ativamente de um processo de busca e construção do conhecimento, forma de aprendizagem

considerada como mais duradoura e transferível do que aquela direta e explicita.

Page 44: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

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Questionadas sobre vantagens e desvantagens que podem ser apontadas em relação ao

uso de hipertexto com alunos do ensino médio, a professora A, diz não ter observado

desvantagens, pois percebeu os alunos “encantados” com o novo jeito de aprender. As duas

turmas que ela acompanhou se mostraram calmas e compenetradas, não se desviando do

projeto de construir o hipertexto. Pois para Dias (2000), observa-se que o estudante tem ao

seu dispor elementos que estimulam outras formas de interação o que por sua vez contribuem

diretamente no processo de aprendizagem.

A professora B percebe mais vantagens pela aprendizagem que tem em relação a

produção coletiva, ao aprendizado de não “plagiar”, a autoria na produção e muitas vezes os

mesmos se perdem nos emaranhados do hipertexto, acessando tantos links que não

conseguem mais “costurar” o texto e o conhecimento com seu ponto de partida. Isto condiz

com a afirmação de Coscarelli (2009), que “é preciso estar atento para o design dos textos

tanto no que diz respeito ao seu layout, quanto à organização do seu conteúdo e à sua forma

de expressão”.

As duas professoras também acreditam que o hipertexto auxilia na questão da autoria

pois os alunos, ao encontrarem um texto muito grande, difícil de resumir, de encaixar no texto

que estão produzindo, o link pode ser usado. E, na medida em que se apropriam do

conhecimento de outro, se tornam co-autores e vão modificando os textos e acrescentando,

retirando partes e enfim transformando os textos.

Ao se referirem aos desafios e exigências no planejamento de uma atividade de

construção afirmam que é uma atividade que pode fazer parte do dia a dia dos professores e

ser usado com criatividade no planejamento do embora exija mais tempo para seu preparo. A

professora B, ressalta a necessidade de ter outro olhar sobre a aprendizagem, onde o professor

não é mais o “sabe tudo” e sim o orientador do processo de aprender/ensinar, indo de encontro

ao pensamento de Dias (2000) que afirma ser exatamente esta a principal relação que existe

entre estes novos elementos e o modelo de ensino, que, aliás, não proporcionam apenas novas

possibilidades para os alunos, como também para os professores.

Finalizando, ao serem questionadas se o hipertexto seria uma prática de construção de

conhecimento mais eficiente que a produção escrita na forma tradicional, s afirmaram que

sim, tendo sempre o cuidado para não se cair no lugar comum, na banalização. Ressaltando

que a interdisciplinaridade poderá ser favorecida com este tipo de trabalho, oportunizando a

parceria entre as diferentes disciplinas.

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45

Somente através das análises das experiências realizadas é que torna-se claro que a promoção dessas mudanças pedagógicas não depende simplesmente da instalação dos computadores nas escolas. É necessário repensar a questão da dimensão do espaço e do tempo da escola. A sala de aula deve deixar de ser o lugar das carteiras enfileiradas para se tornar um local em que professor e alunos podem realizar um trabalho diversificado em relação a conhecimento e interesse. O papel do professor deixa de ser o de "entregador" de informação para ser o de facilitador do processo de aprendizagem. O aluno deixa de ser passivo, de ser o receptáculo das informações para ser ativo aprendiz, construtor do seu conhecimento. Portanto, a ênfase da educação deixa de ser a memorização da informação transmitida pelo professor e passa a ser a construção do conhecimento realizada pelo aluno de maneira significativa sendo o professor o facilitador desse processo de construção (VALENTE e ALMEIDA, 2001, p.1).

Page 46: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

46

6- CONCLUSÃO

[...] no processo de aprendizagem, só aprende verdadeiramente aquele que se apropria do aprendido, transformando-o em apreendido, [...] Aquele que é “enchido” por outro de conteúdo cuja inteligência não percebe; de conteúdos que contradizem a forma própria de estar em seu mundo, sem que seja desafiado, não aprende (FREIRE, 1979, p.28).

Atualmente, com a emergência das Tecnologias da Informação e Comunicação,

modifica-se a forma de pensar e construir conhecimentos, de se relacionar e de trabalhar. A

escola não pode e não deve ficar alheia a essas transformações, ao contrário, necessita

interagir, na perspectiva de que o conhecimento seja construído a partir de múltiplas relações,

trazendo outros elementos que possam ressignificar a aprendizagem, dentro e fora dos espaços

escolar, envolvendo as diversas linguagens e suportes tecnológicos que estão à disposição.

Desse modo, de acordo com Silva (2003, p. 138) o professor deve assumir uma

postura dialógica e “passar a exercer o papel de condutor de um conjunto de atividades que

leve a construção do conhecimento”.

Algumas indagações que se fazem neste Trabalho de Conclusão de Curso é em relação

à origem e conceitos do hipertexto, que benefícios teremos com o uso do computador e mais

especificamente do hipertexto na aprendizagem ou ainda, na disciplina de Geografia no

Ensino Médio, se os temas de estudo indicados pelos professores para a pesquisa dos alunos

são desenvolvidos com maior qualidade quando o aluno utiliza as novas tecnologias e se, na

opinião dos alunos, a produção de hipertexto torna o processo de ensino e aprendizagem mais

eficaz.

Observando o envolvimento e a participação dos alunos durante a prática da produção

de um hipertexto com temas relativos aos conteúdos da disciplina de Geografia para as

segundas séries do Ensino Médio, pode-se concluir que o uso da do hipertexto e da

informática, contribui no desenvolvimento de um leitor/ autor que realmente interage com o

texto, atribuindo-lhe sentidos necessários para a sua compreensão.

Através da pesquisa com acesso à internet, proporcionou-se aos alunos um ambiente

de leitura, de pesquisa, que favoreceu o estabelecimento de relações entre as informações

adquiridas na leitura, a busca de novas informações e o espírito de colaboração no grupo.

Mesmo com o espírito de cooperação entre os alunos, nos momentos em que se

necessitava de um domínio maior da tecnologia verificou-se que o trabalho no Laboratório de

Informática transcorria de forma mais satisfatória com a assistência de uma das professoras

coordenadoras, para dar o suporte operacional necessário, principalmente quanto ao enviar

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47

email com o uso de anexos, com o que haviam produzido, salvar documentos em Linux para

abrir em Windows XP, lazer os links no Linux e outros.

Nesse contexto podemos salientar que durante todo o desenvolvimento dos hipertextos

houve momentos de dificuldades em relação a lentidão da Internet, discussões nos grupos

sobre a inclusão ou não de determinado, imagem ou vídeo, reclamações sobre o Linux nos

computadores da escola e em casa terem Windows, como fazer os links, etc

Percebeu-se assim que, sem sombra de dúvidas, o fato de poder utilizar diversas

ferramentas na construção do hipertexto, como sons, vídeos, imagens, mapas e animações

motivou muito os alunos à pesquisa e à leitura. Mesmo que, na opinião de alguns alunos,

houve certa dificuldade em utilizá-las no contexto do texto a ser construído.

Nesse sentido os dados revelam altos índices de aceitação pelos alunos participantes

em relação aos temas de Geografia propostos para desenvolvimento dos seus hipertextos,

levando em consideração a motivação, o interesse e o conhecimento dos alunos sobre os

temas.

A observação do trabalho sendo elaborado pelos grupos no LIE bem como os dados

coletados revelam também que, para os alunos, a tarefa inicial de montagem do hipertexto

constituiu-se numa etapa importante no desenvolvimento dos mesmos e que exigiu muita

concentração, leitura, pesquisa, interesse, trabalho em equipe e dedicação. É nesta etapa, que

o aluno constrói o seu conhecimento sobre o tema proposto, pois traça o caminho que vai

percorrer, estabelece o modo que irão agir, desenvolve a pesquisa e elabora sínteses, coleta,

escolhe e grava suas imagens, desenhos, sons, fotos, filmes, músicas e efeitos. Por fim,

constrói ou monta o hipertexto juntando e utilizando os textos, os links, as imagens e

animações, os vídeos, mapas os sons pesquisados.

Os depoimentos das professoras do Laboratório de Informática, envolvidas neste

processo vem corroborar o pressuposto de nossa pesquisa. Ao afirmarem que a montagem de

hipertextos gerou, inicialmente, certa resistência por parte de alguns alunos, que logo foi

transformada em satisfação e vontade de fazer. Concluiu-se que a utilização de projetos de

montagem de hipertexto para abordar conteúdos da disciplina de Geografia foi muito positiva

e trouxe resultados satisfatórios.

Em síntese é correto afirmarmos que a produção de hipertextos e hipermídia traz, na

percepção do professor e dos alunos envolvidos, uma significativa contribuição para tornar a

aprendizagem em Geografia mais eficaz e prazerosa. Ao elaborar o hipertexto, os alunos

Page 48: O USO DO HIPERTEXTO COMO UMA FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

48

precisaram estabelecer relações entre idéias, fatos, conceitos, informações ou outros

conteúdos, que seriam utilizados e apresentados ao longo do mesmo documento ou de outros.

Levando em consideração esses pressupostos, demonstrou-se que, o processo ensino-

aprendizagem na disciplina de Geografia, utilizando as TIC e o Laboratório de Informática

como espaço de aprendizagem, procura produzir um meio capaz de auxiliar a compreensão e

a construção do conhecimento bem como de conceitos da referida disciplina. Também

aumentam o interesse dos alunos pelo estudo e pesquisa da matéria

Ainda podemos destacar segundo Valente (1998, p.49) é que está sendo proposta uma

nova abordagem educacional que muda o paradigma pedagógico do instrucionismo para o

construcionismo, onde o objetivo do uso do computador na educação não deve ser um

modismo ou estar atualizado com relação às inovações tecnológicas.

Desse modo, apesar de todas as novas relações estabelecidas entre os elementos

envolvidos no processo ensino/aprendizagem, nenhum deixou de ser importante, pelo

contrário, todos ganharam novas possibilidades e percepções através das novas interações

entre os mesmos. Assim o aluno, através do computador, ganhou uma nova ferramenta de

pesquisa; o professor ganhou uma nova fonte de atualização e conhecimento; e o computador

se estabeleceu como uma ferramenta determinante nos níveis de informação e conhecimentos

através das diversas possibilidades de armazenamento, acessibilidade, difusão, interatividade.

Todo este conjunto acima é responsável por alterar o processo de aprendizagem da educação

na era da informática.

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49

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ANEXO 1

MODELO DO QUESTIONÁRIO PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS DE

AVALIAÇÃO DO TRABALHO COM HIPERTEXTO PELOS ALUNOS

1) Você gostou de trabalhar com hipertexto?

( )Sim ( ) Não ( ) Um pouco ( ) Muito

2) O que mais gostei foi : (Enumere por ordem de preferência)

( ) do assunto da pesquisa (tema)

( ) de pesquisar sons, vídeos, imagens, mapas sobre o assunto

( ) de pesquisar os conceitos (assunto) solicitados

( ) de elaborar o texto- o hipertexto, sobre o assunto

( ) de trabalhar com os links ( fazê-los)

3) Tua aprendizagem com este tipo de trabalho de pesquisa e elaboração de texto – o

hipertexto, quanto a o conteúdo de Geografia foi:

Muito Suficiente + ou - Pouco Nada (em branco)

4) Teus conhecimentos em informática aumentaram:

Muito Suficiente + ou - Pouco Nada (em branco)

5) Quanto ao uso das tecnologias ( do LIE) nas aulas de geografia você:

( ) Acha ótimo este tipo de aula

( ) Prefere aulas expositivas da professora

( ) Gosta mais das aulas com pesquisa no livro texto

( ) devem continuar

( ) não devem continuar

6) Quanto ao tema ( assunto) do hipertexto gostei:

Muito Suficiente + ou - Pouco Nada (em branco)

7) Teu interesse e participação ao construir o hipertexto foi:

Muito Suficiente + ou - Pouco Nada (em branco)

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8) As dificuldades para construir o hipertexto foram:

Muito Suficiente + ou - Pouco Nada (em branco)

9) Tens algum outro aspecto que gostarias de ressaltar sobre o trabalho realizado com o uso

do hipertexto?

SIM

Qual? .............................................................................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

.......................................................................................................................................................

NÃO

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ANEXO 2

PARA AS PROFESSORAS COORDENADORAS DO LIE -

QUESTIONARIO DE AVALIAÇÃO DA ELABORAÇÃO DE UM HIPERTEXTO

Os principais resultados que emergiram dos depoimentos das professoras

coordenadoras do LIE entrevistadas através de um questionário são apresentados a seguir,

sendo que foram dados nomes fictícios às duas participantes.

1-Quais são os desafios que essa nova forma de ler e escrever apresenta para os professores?E para os alunos?

A professora Rosa entende que, para os professores, essa nova forma de ler e de

escrever é desafiante no sentido que o mesmo tem de se desacomodar do seu velho “jeito” de

dar aula, precisa aprender a conhecer primeiro essa ferramenta.

Para o aluno, o desafio maior não está no aprender a fazer, pois para ele é muito fácil

transitar entre essas novidades. Porém o aluno precisa aprender a ler e ser autor. Entendo que

aí é o momento de desacomodar o nosso aluno.

Portanto considero que ambos, professor e aluno, precisam se desacomodar e esse é o

maior desafio.

A professora Eduarda acredita que o professor precisa desvincular-se um pouco mais

do texto tradicional, compactado, restrito, pois o hipertexto é amplo e o professor não tem o

“controle” sobre os caminhos que o aluno escolhe para percorrer. Que trabalhar com

hipertexto é influenciar os alunos à construção de conhecimento de forma interativa e

colaborativa, desde que sejam orientados conforme a proposta de trabalho elaborada pelo

professor.

Quanto aos alunos, Eduarda afirma que os mesmos têm possibilidades de optar por

vários caminhos para realizar seus estudos, pesquisa. Também o fazer com autonomia para

decidir por onde e o que pesquisar, além de ter texto, som, cor, animação, tornando o

“trabalho árduo de pesquisar” uma tarefa mais atrativa e prazerosa.

2- Até que ponto podemos afirmar que o hipertexto/hipermedia favorece a aprendizagem?

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Rosa diz que favorece a aprendizagem porque o hipertexto se torna uma colcha tecida

e, passando por suas “tramas”, a aprendizagem acontece de maneira natural. Enquanto

Eduarda diz que, favorece pela produção dos alunos, interesse em descobrir o conhecimento.

3- Você percebeu alguma dificuldade enfrentada pelos alunos na elaboração do hipertexto?

Rosa afirma que percebe em alguns alunos sua preferência em navegar do que

produzir, elaborar o hipertexto. Inclusive que acham um trabalho difícil e complexo, pois

precisam ler, elaborar o conceito, fazer hiperlinks,... A professora Eduarda por sua vez,

percebeu que os alunos do ensino médio mostraram um fascínio maior no trabalho com

hipertexto tanto no fazer um, quanto no aprendizado dos conceitos da disciplina demonstrados

na concentração e empenho em produzir. Já com seus alunos do ensino fundamental,

percebeu maior dificuldade em abstrair o significado de um hipertexto e também de autoria

para a elaboração.

4- Que vantagens e desvantagens podem ser apontadas em relação ao uso de hipertexto com

alunos do ensino médio?

A professora Rosa, diz não ter conseguido observar desvantagens, pois percebeu os alunos

“encantados” com o novo jeito de aprender. As duas turmas que ela acompanhou são calmas

e compenetradas, não se desviando do projeto de construir o hipertexto.

Eduarda percebe mais vantagens pela aprendizagem que tem em relação a produção coletiva,

ao aprendizado de não “plagiar”, a autoria na produção. Como professora, percebo a

importância de acompanhar os alunos nesta construção pois muitas vezes os mesmos se

perdem nos emaranhados do hipertexto, acessando tantos links que não conseguem mais

“costurar” o texto e o conhecimento com seu ponto de partida.

5- O hipertexto auxilia na questão da autoria em relação aos alunos?

A professora Rosa acredita que sim, pois quando eles, os alunos, encontram um texto muito

grande, difícil de resumir, de encaixar no texto que estão produzindo, o link pode ser usado.

Eduarda também respondeu que sim. Na medida em que se apropriam do conhecimento de

outro se tornam co-autores e vão modificando os textos e acrescentando, retirando partes e

enfim transformando os textos.

6- A aprendizagem mediante o hipertexto oferece mais desafios e exige mais preparo do que

as práticas textuais tradicionais?

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Rosa acredita que sim, mas ao mesmo tempo é uma atividade que pode fazer parte do dia a

dia dos professores. O hipertexto usado com criatividade no planejamento do professor e

depois na execução pelos alunos requer tempo e preparo maior do que o texto tradicional. As

aulas ficam mais incrementadas quando seguimos uma proposta de trabalho

A professora Eduarda, por sua vez, ressalta a necessidade de ter outro olhar sobre a

aprendizagem, onde o professor não é mais o “sabe tudo” e sim o orientador do processo de

aprender/ensinar. Quando se tem o objetivo pedagógico previamente definido, o hipertexto

pode se tornar uma interessante estratégia no desenvolvimento de atividades de leituras e de

escrita, pois por meio dele, pode-se disponibilizar aos alunos diversos textos de diversas

naturezas, uso de diferentes mídias ( som, imagens, vídeos) e utilizando uma ferramenta

tecnológica presente no universo dos jovens.

7- Será o hipertexto uma prática de construção de conhecimento mais eficiente que a

produção escrita na forma tradicional?

Ambas afirmaram que sim, tendo sempre o cuidado para não se cair no lugar comum, na

banalização. Também a interdisciplinaridade poderá ser favorecida com este tipo de trabalho,

oportunizando a parceria entre as diferentes disciplinas. .