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O USO DAS TECNOLOGIAS NAS ESCOLAS: A LEITURA PELOS MEIOS ELETRÔNICOS

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Autora: Leonilda Carmona Fonteque

2

Orientador: Paulo de Tarso Galembeck

Resumo:

Este artigo se constitui na apresentação dos trabalhos realizados pelos alunos do 2º

ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Prof. Izidoro Luiz Cerávolo, de Apucarana,

como proposta de implementação do projeto na escola. O trabalho constitui uma

atividade da disciplina de Língua Portuguesa, e é requisito exigido pelo Programa de

Desenvolvimento Educacional PDE, anos 2010 a 2012. Apresentam-se as ideias de

alguns autores renomados acerca de educação e as mudanças ocorridas com o

advento das tecnologias e sua implantação nas escolas. Discute-se o próprio

processo de evolução das ferramentas tecnológicas e sua utilização junto aos

alunos, bem como a inserção da pesquisa científica e o uso de normas da ABNT

para a realização dos trabalhos escolares. A educação não pode ser um processo

estanque, sendo sua evolução uma necessidade para justificar a educação como um

processo obrigatório e que irá incidir em mudanças positivas na vida do ser humano.

Na competição entre a vida e a escola, esta tem que se atualizar e acompanhar o

processo de desenvolvimento do ser humano, como forma de justificar sua

existência. Para isso, foi pedido aos alunos que se iniciassem na pesquisa e

elaboração de trabalhos segundo as normas da ABNT.

Palavras-chave:

tecnologias – escola – educação – alunos – professores – mudanças

___________________________________________________________________

Pós Graduação em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jandaia do Sul (1996), graduação em Língua Portuguesa – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Arapongas (1992) e Língua Espanhola – Universidade Estadual de Londrina (2000), professora da rede pública do Estado do Paraná nas disciplinas de Língua Portuguesa e Espanhola no Colégio Estadual Prof. Izidoro Luiz Cerávolo de Apucarana, Paraná, no Ensino Médio e CELEM.

2Licenciado em Letras (Português e Francês) pela USP; Doutor em Língua

Portuguesa pela USP; Docente da UEL (área de Língua Portuguesa).

Introdução

Há que se repensar a educação escolar. Ela tem hoje, por obrigação,

acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos, que colocam o ser humano junto

com as novidades que são revisadas e atualizadas no dia a dia. O discurso do

professor em sala de aula é de fundamental importância e ele tem como obrigação

inserir seu aluno no mundo tecnológico, fazendo-o ver a necessidade desse

processo e inserindo a escola junto às tecnologias. O acesso ao poder acontece por

meio do conhecimento – das ideias e dos processos de evolução, como as

tecnologias. Basta apenas induzir o aluno para que faça seus próprios

questionamentos e selecione por si, e não pelos outros, o que lhe convém. Lajolo

2001 tece o seguinte comentário:

Somente uma leitura aprofundada, em que o aluno é capaz de enxergar os implícitos, permite que ele depreenda as reais intenções que cada texto traz. Sabe-se das pressões uniformizadoras, em geral voltadas para o consumo ou para a não reflexão sobre problemas estéticos ou sociais, exercidas pelas mídias. Essa pressão deve ser explicitada a partir de estratégias de leitura que possibilitem ao aluno “percepção e reconhecimento – mesmo que inconscientemente – dos elementos de linguagem que o texto manipula”. (LAJOLO, 2001, p. 45)

Lajolo fala do poder da palavra, da necessidade de se ler nas entrelinhas

para que estas não se tornem um “arame farpado”, cerceando os direitos mais

básicos do indivíduo e agindo contra ele.

A leitura bem direcionada, com intuito de formação de caráter,

desvinculada de marcas, tem como função alertar para o processo de manipulação a

que todo indivíduo está sujeito. Ela deve servir não apenas como elemento

norteador de pensamentos, mas como um conjunto de conhecimentos adquiridos,

capazes de serem selecionados, submetidos a julgamentos e filtrados por meio da

capacidade de discernimento que cada pessoa vai criando através da reflexão.

As Diretrizes Curriculares falam dos diversos tipos de textos:

Ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais - jornalística, artística, judiciária, científica, didático-pedagógica, cotidiana, midiática, literária, publicitária, etc. No processo de leitura, também é preciso considerar as linguagens não-verbais. A leitura de imagens, como: fotos, cartazes, propagandas, imagens digitais e virtuais, figuras que povoam com intensidade crescente nosso universo cotidiano, deve contemplar os multiletramentos mencionados nestas Diretrizes. (DCE – 2009)

Cabe também aos multiletramentos a inclusão digital, ou seja, o uso das

tecnologias nas aulas das escolas, como elemento de atração e inserção do aluno

em um mundo novo e ao qual passará a pertencer inevitavelmente. Não há como se

fugir do progresso, da modernidade, do futuro e o futuro é tecnológico.

GALEMBECK 2005 aponta para os processos de ordem cognitiva

A linguística textual parte do pressuposto de que todo fazer (ação) é necessariamente acompanhado de dois processos de ordem cognitiva, de modo que o agente dispõe de modelos e tipos de operações mentais. No caso do texto, consideram-se os processos mentais de que resulta o texto, numa abordagem procedimental. (GALEMBECK, 2005, p. 73)

O leitor transforma seu conhecimento e transporta-o para a compreensão

do texto. Quanto maior seu conhecimento de mundo de saberes científicos, maior

sua possibilidade de entendê-lo, de transformá-lo, de dominá-lo.

Toda a bagagem, todo o conhecimento de mundo e científico, as

situações vividas pelo leitor, tornam-se um acúmulo de fontes para o entendimento

do texto. Todo esse processo do conhecimento agora pode ser armazenado em

máquinas e pesquisado de acordo com os desejos ou necessidades do indivíduo.

GALEMBECK (2005, P. 74) fala também da necessidade do

conhecimento dos leitores para que se consiga apreender o sentido do texto:

O processamento do texto depende não só das características internas do texto, como do conhecimento científico dos usuários, pois é esse conhecimento que define as estratégias a serem utilizadas na produção/concepção do texto. Todo e qualquer processo de produção de textos caracteriza-se como

um processo ativo e contínuo de sentido, e liga-se a toda uma rede de unidades de elementos suplementares, ativados necessariamente em relação a um dado contexto sócio-cultural. Dessa forma, pode-se admitir que a construção do sentido só ocorre num dado momento.

Leitores em diferentes condições socioculturais e mesmo econômicas

terão diferentes leituras de um mesmo texto. Pode-se deduzir que até as condições

psicológicas, pensamento religioso, podem e devem influenciar na compreensão de

um texto, mesmo que muitas vezes não tenha sido essa a intenção do escritor. As

tecnologias são uma possibilidade de aumento do conhecimento. Um computador

com Internet acaba com as desculpas de não poder, não ter tempo, não ter material

disponível, tão utilizadas ao longo da história anterior a este momento.

Segundo as DCE – 2006, “É importante ponderar a pluralidade de leituras

que alguns textos permitem, o que é diferente de afirmar que qualquer leitura é

aceitável. Deve-se considerar o contexto de produção sócio-histórico, a finalidade do

texto, o interlocutor, o gênero.” Apenas há que se mudar a ferramenta de leitura de

livros para telas de computadores, o sentido da leitura e a necessidade de

interpretá-la segundo suas intenções continuam as mesmas. Aqui fica subentendido

que, apesar de um texto comportar as mais diferentes interpretações, essas devem

estar de acordo com um sentido verdadeiro, que caiba ao texto, não apenas um

sentido aleatório e isso independem de onde essa leitura seja feita.

O uso das tecnologias nas escolas

A hipótese fundamental é que educação não deve perder tempo em temer a modernidade. Deve procurar conduzi-la e ser-lhe o sujeito histórico. Nesse sentido, modernidade na prática social coincide com a necessidade de mudança social, que a dialética histórica apresenta na sucessão das fases, onde uma gera a outra. Menos que a marca técnica, modernidade poderia significar o desafio de compreender tempos novos, abarcar os anseios das novas gerações, perscrutar o futuro. (DEMO, p.21, 1993).

Para DEMO, a Escola deve acompanhar a evolução dos processos em

geral, não ficando em nenhum momento alheia ou afastada dele, isso já em 1991.

Sabe-se que muitos professores que se sentiam ameaçados ou se pensavam

incapazes em utilizar as novas tecnologias mudaram seu pensamento

principalmente após a chegada dos laboratórios de informática, das TVs pendrive,

dos pendrives e de uma série de inovações introduzidas nas escolas, bem como dos

cursos oferecidos pelo governo. No entanto, não basta colocar um objeto que causa

medo e suspeitas diante do ser humano, há que ensiná-lo a utilizá-lo, domesticá-lo,

familiarizar-se com ele. Na atualidade, praticamente todos os professores se

laçaram em conhecer seu funcionamento e utilidade e o sentem como um aliado,

pois não se intimidam em, muitas vezes, recorrer à ajuda de alunos que entendam

essas tecnologias e possam vir em seu socorro. No uso das tecnologias, existe uma

troca muito grande em todos os sentidos. Ensina-se e aprende-se.

O desenvolvimento, além de moderno, carece ser próprio. Essa assertiva, entretanto, não estabelece apenas o reconhecimento de que a educação faz parte do processo emancipatório (construção de um projeto próprio de desenvolvimento), mas igualmente o reconhecimento de que a modernidade passa pela educação. (DEMO, p. 22, 1993)

A inserção da tecnologia na vida das pessoas e principalmente nas

escolas produz uma cultura libertadora e do desenvolvimento ninguém pode,

consegue ou deve fugir. Pessoas com pensamentos radicais devem dosar e separar

o que lhe é importante na tecnologia, mas não há como fugir delas. Mesmo as

religiões, as entidades mais irredutíveis ao longo dos tempos, entenderam as

comodidades e facilidades das tecnologias e se associaram ao uso delas.

Os livros também têm, como a maioria dos produtos do momento, sua

atuação com prazo de validade e a necessidade de constantes atualizações o que,

graças à Internet, pode ser feita constantemente. A problemática dos custos de

impressão desapareceu, pois os tabletes fizeram o que parecia impossível: colocar a

internet ao acesso de qualquer um, em qualquer lugar, devido à facilidade de

transporte e uso – dos computadores cada dia mais minimalistas.

Um dos temas mais polêmicos na educação no início dos anos 80 é o uso da informática na escola: seminários, debates, artigos em jornais, revistas especializadas, conferências de especialistas, conversas de vendedores, ofertas milagrosas de revoluções educacionais, rejeições estentóricas...

Na verdade, todos aqueles que trabalham em educação guardam uma opinião sobre as conveniências ou sobre o absurdo político e econômico que sua implantação traz. Alguns têm muitas dúvidas. Entre estes há os que, contra ou a favor, pouco imaginam o que um aluno fará com este objeto de tão moderna tecnologia. (ALMEIDA, 1988, p.07)

ALMEIDA fala de um tempo em que pouco se investia na escola, havia

muito descaso e o medo do professor era também implantar uma novidade que

parecia não caber dentro dos “bolsos políticos” da escola. A partir de uma mudança

de pensamento político, passou-se a investir na escola e computadores, e os

laboratórios de informática são realidades dentro da grande maioria das escolas, e

também ocorreu o treinamento para professores.

PNE (2011, “Estratégia 3.11) Universalizar o acesso à rede mundial de computadores em banda larga de alta velocidade e aumentar a relação computadores/estudante nas escolas da rede pública de educação básica, promovendo a utilização pedagógica das tecnologias da informação e da comunicação nas escolas da rede pública de ensino médio”.

O interesse do governo é colocar em ação seu plano UCA – um

computador por aluno. Assim como livros são distribuídos gratuitamente nas escolas

públicas, é desejo do governo de que cada aluno possua seu computador. Algo

distante, um sonho impossível? Não se deve duvidar, afinal, num passado não muito

distante, parecia impensável a distribuição de livros gratuitamente, num passado

também não muito distante, o próprio lanche.

Na medida em que se passa a produzir mais e melhor, com menor esforço, o homem passa a ter maior tempo para dedicar-se a outras atividades como o lazer, a arte, o esporte e a criação científica, criando as bases para a obtenção de novos benefícios como a Medicina, que propicia melhores condições de saúde, garantindo um aumento no tempo de vida média do ser humano. Num quadro evolutivo, o homem entrega-se a novas conquistas, cujo ritmo acentua-se no século XX, chegando a atuar em alguns casos com computadores e máquinas para substituir seu esforço, restando-lhe apenas a função de controle. (YOUSSEF E FERNANDEZ, 1988, p. 09)

O homem está no comando da máquina e não o contrário como se viu

em muitos filmes futuristas. Se ele se torna escravo dela, depende unicamente dele

essa subserviência. A máquina veio a serviço do homem, para que ele tivesse mais

tempo livre para ele e pudesse se manter no comando.

Não há como se fugir das tecnologias. Até as ciências médicas já

dependem do uso de ferramentas tecnológicas mesmo em intervenções cirúrgicas

das mais delicadas e a aplicabilidade das tecnologias se espalha como uma teia

sobre todos os universos da existência humana.

E a escola? Vai continuar com os alunos entediados, sentados em fileiras,

ouvindo o professor que, por mais preparado que seja, faz parte de um outro

contexto, o das relações humanas? E esse mesmo professor continuará a utilizar o

ultrapassado quadro de giz e quando se aposentar vai passar seu resistente

apagador de madeira de lei para um outro utiliza-lo por mais trinta anos? É até triste

falar desses fatos tão recentes em tempo, mas que parecem tão distantes em

avanços tecnológicos. Nenhum desses instrumentos precisa desaparecer, mas, para

o seu próprio bem, o professor precisa utilizar essas ferramentas como suas aliadas

e não vê-las como suas inimigas ou uma ameaça. O professor deve pensar a

educação como um objeto de utilidade para o aluno e buscar o encaixe desse objeto

no contexto dos educandos. As tecnologias vieram para se encaixar no contexto do

professor, e auxiliá-lo em suas tarefas. Não adianta mais falar que está cansado,

que a e turma não presta mais atenção nas aulas, é desatenta, barulhenta, adepta

do recorte e cole. Os tabletes fizeram o que parecia impossível, colocar a internet

ao acesso de qualquer um, em qualquer lugar, devido à facilidade de transporte e

uso – dos computadores cada dia mais minimalistas.

Também é necessário que os alunos aprendam a fazer trabalhos

segundo as normas da ABNT. Parece inconcebíveis que um aluno do Ensino Médio

ainda faça trabalhos copiados ou recortados e colados da Internet, sem citar fontes,

escrevendo pensamento de autores como se fossem seus, sem saber que ele pode

fazer pesquisas, citar posicionamento de autores e emitir sua própria opinião, além

de citar os autores, o que é possível pela Internet. Também não cabe mais que o

aluno faça aquelas capas com aspecto infantil, com desenhos, colagens e, pasmem,

algumas vezes babados de papel crepom e glíter, sem saber o que escrever e como

fazê-lo.

Para se verificar os conhecimentos dos alunos acerca das ferramentas

digitais, foi elaborado um questionário básico para se conhecer o nível de

conhecimento desse assunto. Após a verificação das possibilidades de cada um,

optou-se por que os alunos sentassem em duplas ou mais de modo que os que

conhecessem mais a respeito de informática auxiliassem os demais. Isso gerou um

trabalho social, cidadão e de coleguismo muito grande, porque nenhum se sentiu

ameaçado ou desprotegido e o que sabia mais sentiu muito prazer em mostrar e

repassar seus conhecimentos ao outro. Já os que pouco sabiam sentiram-se

protegidos pelos que sabiam mais. Os que tinham seus notebooks fizeram questão

em levá-los e utilizá-los.

E Lollini (1991, p. 08) nos desafia com o seguinte questionamento: “Talvez

nossos filhos aprendam a voar. Podemos segui-los?”

É melhor perguntar, será que podemos acompanhar os alunos em seu

voo? Para tanto, é necessário que os professores se insiram de tal forma no mundo

digital que se possa ensiná-los a “voar”, ou então que tenham humildade suficiente

para pedir aos alunos que os ajudem nesse voo.

Pretendeu-se, com este trabalho, que os alunos descobrissem qual seu

potencial em informática e entendessem que essa é uma necessidade da qual o ser

atual não pode fugir. Essa é uma novidade que veio para ficar e vai determinar a

divisão da História em uma nova revolução, a da informática.

Com o advento das últimas gerações de computadores, o século XX se transformou no século XXI com duas décadas de antecipação. Os fenômenos acontecidos em um tempo não longínquo assumiram um ritmo frenético, ocorrendo em escala planetária e envolvendo interesses vertiginosos. A informação transformou-se em uma indústria grandiosa, a indústria por excelência, a atividade que mais interessa à raça humana. (LOLLINI, 1991, p.13)

Na modernidade , tudo é muito rápido, mal dá tempo para se aprender

algo, e no minuto seguinte já se está ultrapassado, por isso cabe ao homem ajustar

seu passo, ou sua velocidade a esse contexto. O homem está diante da revolução

tecnológica mais arrebatadora entre quantas ocorreram.

[...] ao lado destas realidades mirabolantes e desafiadoras da imaginação, outro mundo também está em ebulição. As desigualdades sociais entre as nações ricas e as pobres ampliam-se de maneira fabulosa. Dentro dos territórios das nações mais ricas começam a surgir realidades sociais que lhes eram totalmente desconhecidas, formadas por ghetos deixe pessoas pobres, camadas de desempregados e subempregados. Quanto mais avança a globalização econômica, a falta de trabalho implica que milhões de pessoas não têm sequer donde conseguir o pão-nosso-de-cada-dia e em regiões inteiras do continente africano a miséria e a falta de comida alimentam uma tragédia que parecia impossível ser pensada exatamente no momento em que a mundialização atinge seu auge. Pobreza e desigualdade não são apenas resquícios de um passado em extinção. (DAL ROSSO & FORTES, p.07. 2008).

As novas tecnologias podem ser um divisor de águas, construindo um

abismo entre os mais e os menos favorecidos, criando duas raças humanas, as que

têm acesso às tecnologias e os analfabetos digitais.

Para reforçar a necessidade da utilização das tecnologias nas

escolas, vem em defesa da instituição, a citação do PNE (2011, Estratégia 7.10)

“Institucionalizar e manter, em regime de colaboração, programa nacional de

reestruturação e aquisição de equipamentos para escolas públicas, tendo em vista a

equalização regional das oportunidades educacionais.” A intenção do governo nas

estratégias do PNE é manter os equipamentos tecnológicos atualizados.

Ainda em outra estratégia, surge outra promessa, com o objetivo de

manter o aluno inserido no contexto tecnológico, e construir uma escola condizente

com o momento atual.

Segundo o PNE (2011, Estratégia 7.11) “Prover equipamentos e recursos

tecnológicos digitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a todas as

escolas de ensino fundamental e médio.” É lei, é dever do Estado, é direito do aluno,

como está previsto nessa estratégia, bem como direito e obrigação do professor a

utilização das tecnologias nas escolas. Não há mais como fugir delas, tendo em

vista que sua aplicabilidade vem como um facilitador das ações pedagógicas, do

trabalho do professor e do aprendizado do aluno.

[...] A fantástica revolução informacional impõe mudanças em todas as atividades, desde aquelas inventadas mais recentemente, até aquelas organizadas sob as formas mais tradicionais [...] A globalização diminui a distância, reduz a temporalidade a quase zero e conecta milhões de pessoas por meio de redes meio séculos atrás jamais sonhadas. (DAL ROSSO & FORTES, p.07. 2008).

Essa revolução precisa atingir também as escolas, os professores e os

alunos. Como bem disseram os autores, a revolução informacional impõe mudanças

e a escola faz parte desse contexto.

A Informática na Didática

Para Lollili (1991, p.05), “Parece ter surgido uma nova religião nos

atormentados horizontes da escola: a INFORMÁTICA NA DIDÁTICA. Como tudo que

é novo, esse credo encontra fervorosos seguidores e ferozes opositores. O

termômetro dos ânimos indica que a escola foi tomada por uma febre”.

A ideia é atrair o aluno para essa ferramenta tão mais próxima de sua

realidade ou de seu desejo. O simples fato de sair da sala de aula para ir ao

laboratório de computação faz o aluno se sentir em outro mundo, outra dimensão do

conhecimento.

Espera-se que, com a aquisição de hábitos de leitura pela Internet por

parte do aluno, este aprenda e consiga dar novos significados a tudo que o cerca,

interprete significados contidos no texto, consiga livrar-se de momentos em que

tentem impor situações que lhe sejam desfavoráveis.

A leitura de forma investigadora fará com que o aluno pense, questione,

atribua novos significados ao texto. É preciso formar leitores que interpretem, que

façam uma releitura do texto, para que possam ser conscientes de seu papel de

cidadão. Com isso, ele fará valer seus direitos no interpretar leis que o favoreçam, e

será capaz de abstrair conhecimentos que o façam mais participativo do processo

democrático, e no entender situações que o valorizem e o tornem mais inserido no

desempenhar seu papel de cidadão.

O objetivo deste trabalho é fazer com que os alunos se sintam atraídos

para o hábito da leitura. Sintam que não há erro no que fazem (como quando

constroem seus textos), que não se pode caminhar de ré num processo de

evolução. As tecnologias devem estar associadas à modernidade, ao processo de

evolução e conhecimento, ao processo de apropriação da cultura. É preciso fazer

com que os alunos descubram de pesquisar, encontrarem o assunto desejado, leiam

e interpretem, reescrevam o assunto sem necessidade de recortar e colar. E mesmo

se isso ocorrer, eles devem saber colocar o nome do outro, reescrever sua fala,

comentar.

Depois de várias aulas para uso de Word e Internet, partiu-se para o

ensino das normas da ABNT, das mais elementares, como formatação do texto –

parágrafos, tamanho e tipo de letra, espaçamento, partes de um trabalho científico e

elaboração da bibliografia e elaboração de capa e sumário. Os trabalhos foram

bastante elementares, fazendo com que os alunos pensassem um assunto que

queriam pesquisar, depois pesquisassem uma ou duas obras (ou mais, ficou à

escolha do aluno), fizessem a introdução acerca do que seria pesquisado, a

justificativa, os objetivos, a metodologia, a fundamentação teórica, as considerações

finais e as referências. Explicou-se a eles que das referências deve constar tudo,

inclusive o dia e hora da pesquisa e também foi mencionado o motivo dessa

necessidade.

O que mais encantou os alunos foi a possibilidade de copiar de forma

legal a fala de outro, lembrando sempre que essa prática serve também para que se

pratique a escrita da dissertação, resumo, paráfrase.

Após a realização de diversos trabalhos dentro das normas da ABNT,

apontadas as falhas e refeitos, deu-se por encerrado este trabalho. Espera-se ter

colocado os alunos no universo da Informática, para que, a partir desse momento,

os trabalhos escritos por eles sejam digitados e se indiquem com clareza as fontes

de pesquisa.

PNE (2011, Estratégia 5.4) “Fomentar o desenvolvimento de tecnologias educacionais e de inovação das práticas pedagógicas nos sistemas de ensino que assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem dos estudantes, consideradas as diversas abordagens metodológicas e sua afetividade.” (PNE, 2011-2020)

Não é de se duvidar que, num futuro bem próximo, os alunos forem ao

colégio desprovidos de material. O computador será utilizado para ler, escrever,

pesquisar. Como material escolar, apenas um pendrive, ou outro recurso

semelhante que se descubra. Como se pode ver nas estratégias do PNE, é desejo

do governo a inserção de todos os alunos no mundo da tecnologia. Há que se aliviar

o peso dessas mochilas!

Considerações finais

Para os alunos foi de fundamental importância a utilização do laboratório

de informática. Saber que se pode pesquisar pela Internet, que se podem utilizar

falas de autores, como pesquisar essas falas, que aulas podem ser conseguidas

pelo computador, para eles, foi um deslumbre. Depois de terem visto seus trabalhos

prontos, os alunos ficaram encantados com a clareza e a limpeza dos mesmos. Eles

estavam em contato com um mundo bem mais próximo da realidade deles e com

permissão de uso.

Tudo depende das novas tecnologias, desde o abrir as catracas dos

ônibus com cartão, acessar as contas bancárias, utilizar os celulares, manipular os

eletrodomésticos a que a maioria tem acesso, acesso à cultura, à saúde, exames,

brinquedos infantis. A maioria das ações humanas é realizada via tecnologias,

acesso a processos, pagamento de contas, inscrição para concursos, obtenção de

contracheques, documentos, compras e vendas, localização de coisas, objetos e

pessoas, vida social. Enfim, seria quase impossível citar algo que não possa ou

necessite ser feito via tecnologia. Elas dividiram o mundo em duas eras (a da pré-

história e a da tecnologia – a primeira levou milhões de anos, a segunda apenas

algumas décadas), mas corre-se o risco de dividir a Humanidade em duas e criar um

abismo entre as pessoas, os que têm acesso às tecnologias e os analfabetos digitais

– termo criado para os que não dominam as tecnologias. Para isso, conta-se com o

valioso esforço da Escola à qual todos têm direito e subentende-se, acesso.

Referências

ALMEIDA, Fernando José de. Educação e Informática. 2ª. Edição. São Paulo:

Cortez, 1988.

DAL ROSSO, Sadi & FORTES, José Augusto Sá (org). Condições de Trabalho no

Limiar do Século XXI. Brasília: Epocca Editorial, 2008. 216 p.

GALEMBECK, Paulo de Tarso. A linguística textual e seus mais recentes

avanços. Livro dos minicursos do IX CNLF. nº. 05. Rio de Janeiro, 2005.

GNERRE, M. Linguagem, Escrita e Poder. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo:

Ática,

2001.

LOLLINI, Paolo. Didática & Computador. São Paulo: Edições Loyola, 1991.

PARANÁ, Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa,

2008.

BRASIL. Câmara de Deputados. Plano Nacional de Educação PNE 2011-2020. cf.

Anexos metas e estratégias do art. 214 da Constituição. Brasília, 2010.

YOUSSEF, Antonio Nicolau & FERNANDEZ, Vicente Paz. Informática e

Sociedade. 2ª edição. São Paulo. Ática, 1988.