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D ELTA C ONSULTORES E P ERFIL EM PARCERIA L ISBOA , 2007 F F ORMAÇÃO DE T T UTORES DE F F ORMAÇÃO EM C C ONTEXTO R R EAL DE T T RABALHO O O T T u u t t o o r r e e a a F F o o r r m m a a ç ç ã ã o o P P r r á á t t i i c c a a e e m m C C o o n n t t e e x x t t o o R R e e a a l l d d e e T T r r a a b b a a l l h h o o Manual do Formando

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DE LTAC O N S U LTO R E S E PE R F I L E M PA RC E R I A

L I S B O A , 2 0 0 7

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O T U T O R E A F O R M A Ç Ã O P R Á T I C A E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO Formação de Tutores – Manual do Formando

O Tutor e a Formação Prática

em Contexto Real de Trabalho

Módulo

A1

O T U T O R E A F O R M A Ç Ã O P R Á T I C A E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

D E L T A C O N S U L T O R E S E P E R F I L

O Tutor e a Formação Prática em Contexto Real de Trabalho

Ficha Técnica Autor: Ana Cristina Almeida

Título: Manual do Formando “O Tutor e a Formação Prática em Contexto Real de Trabalho”

Coordenação do Projecto: José Garcez de Lencastre

Edição: Maio 2011

Produção apoiada por:

UNIÃO EUROPEIA FUNDO SOCIAL

EUROPEU

GOVERNO DA REPÚBLICA PORTUGUESA

PROGRAMA OPERACIONAL DO EMPREGO, FORMAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Desenvolvimento de Recursos Didácticos para a Formação de Tutores em Contexto de Trabalho

Projecto n.º 264-RD-2004 financiado pelo POEFDS.

© DeltaConsultores e Perfil Lisboa, 2011

O T U T O R E A F O R M A Ç Ã O P R Á T I C A E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

Índice

A Formação profissional - enquadramento e conceitos ....... 3

A formação profissional – breve enquadramento.............................3 Historial .......................................................3 A Formação profissional inicial ................4 A dupla certificação....................................8 Modalidades de formação..........................8 O conceito de formação profissional.....10 A formação profissional nas organizações.....................................................................11

A Formação prática em contexto de trabalho.................................13

O conceito de formação prática em contexto de trabalho ................... 13 A Formação prática em contexto de trabalho nas organizações........................14 Ambientes propícios à formação em contexto de trabalho ................................15

Actividades do/a tutor/a ..........17 Evolução do conceito de tutor/a 17 Carácter sistémico das actividades do/a Tutor/a .............................. 18 Actividade - Planeamento / Organização.....................................................................18 Actividade – Desenvolvimento ..............21 Actividade - Avaliação .............................24

Áreas de competências do/a tutor/a.......................................26

O perfil profissional .................... 26 A estruturação de perfis profissionais ... 26 O perfil profissional do/a tutor/a.................................................... 27 Competências ao nível dos “Saberes” ... 28 Competências ao nível do “Saber – Fazer” ........................................................ 29 Competências ao nível do “Saber – Ser”.................................................................... 30

Acompanhamento da FPCT e avaliação das aprendizagens - dispositivo documental.............32

Contrato de aprendizagem ......... 32 Roteiro de Actividades ............... 33 Ficha de Assiduidade e Avaliação.................................................... 33 Legislação e Orientações Técnicas.................................................... 35

Bibliografia ...............................36 Informações ..............................37

O T U T O R E A F O R M A Ç Ã O P R Á T I C A E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

A Formação profissional - enquadramento e conceitos Numa perspectiva de contextualização da temática, este capítulo apresenta um breve historial da evolução da formação profissional em Portugal e explicita alguns conceitos associados à formação profissional em geral.

A formação profissional – breve enquadramento A formação profissional é uma área de actividade que em Portugal assumiu grande relevo e dimensão ao longo das últimas duas décadas. Muitas pessoas já participaram de alguma forma na formação profissional, quer na qualidade de consumidor/a, de produtor/a ou de decisor/a.

O incremento e a importância da formação profissional surgem num contexto de grandes desafios ditados pela globalização e alargamento da União Europeia. Este processo tem vindo a estimular profundas alterações no mundo do trabalho, designadamente ao nível das qualificações, condições e organização do trabalho, qualidade e quantidade de trabalho, etc.

Historial Até à década de 60, os sistemas de formação estruturados enquadravam-se no sistema educativo e eram fruto da Reforma do Ensino Técnico de 1948 (Decreto-Lei nº 37029 de 25 de Agosto de 1948). Este sistema foi criticado por muitos, entendendo-se que a dicotomia existente entre ensino técnico e ensino geral originava profundas desigualdades no acesso a profissões consideradas de maior prestígio, perpetuando as dificuldades de acesso ao ensino superior dos/as jovens pertencentes às classes com mais baixos recursos.

O processo dominante de formação assentava na transmissão de conhecimentos no local de trabalho, com especial destaque para a figura do "aprendiz".

Capítulo

1

O T U T O R E A F O R M A Ç Ã O P R Á T I C A E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

O desemprego resultante da reorganização e progresso industrial na década de 60, determinou a criação, em 1962, do Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra (FDMO). Também neste ano foi criado o Instituto de Formação Profissional Acelerada (IFPA), o qual tinha como missão liderar o processo de adaptação/reconversão dos trabalhadores aos desafios ditados pelas mutações tecnológicas em curso.

Na década de 70 ocorre um decréscimo significativo no desenvolvimento da formação profissional. As alterações políticas, ocorridas em 1974, modificaram o panorama do ensino e da educação em Portugal e determinaram a redução do ensino técnico, da formação no local de trabalho e da actividade do Ministério do Trabalho, enquanto promotor/incentivador de formação profissional.

O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) foi criado em 19791, competindo-lhe participar na concepção da política de emprego e formação profissional e assegurar a sua execução no âmbito do Ministério do Trabalho.

Apesar de todos os esforços de revitalização desenvolvidos no início da década de 80, a formação profissional só começa a apresentar expressão significativa a partir da adesão de Portugal à União Europeia em 1986. O incremento da formação profissional, a partir dessa data, está directamente relacionado com a disponibilização de fundos comunitários.

O quadro comunitário de apoio em vigor, denominado Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) - 2007/2013, assume como grande desígnio estratégico a qualificação dos portugueses e das portuguesas, valorizando o conhecimento, a ciência, a tecnologia e a inovação, bem como a promoção de níveis elevados e sustentados de desenvolvimento económico e sócio-cultural e de qualificação territorial, num quadro de valorização da igualdade de oportunidades e, bem assim, do aumento da eficiência e qualidade das instituições públicas.

A Formação profissional inicial No presente, o ensino secundário organiza-se diferenciadamente consoante o objectivo seja prosseguir estudos superiores ou entrar no mercado de trabalho. Encontram-se disponíveis, por um lado, os cursos gerais, de natureza humanística e científica, orientados para a continuação de estudos, e por outro, os cursos de natureza técnica e tecnológica ou profissionalizantes, orientados para a inserção na vida activa.

Estes cursos possibilitam o acesso ao ensino superior politécnico ou aos cursos pós secundários de especialização tecnológica. Assim, no âmbito do sistema educativo formal, existe actualmente a possibilidade de optar por percursos diversos, de acordo com as vocações específicas ou com os projectos de vida.

1 O Decreto-Lei nº 519-A2/79, de 29 de Dezembro, cria o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP)

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O T U T O R E A F O R M A Ç Ã O P R Á T I C A E M C O N T E X T O R E A L D E T R A B A L H O

Cursos de educação e formação Os Cursos de Educação e Formação oferecem uma formação técnico-prática, aliada às componentes de formação científica e sociocultural. Permitem obter certificação escolar equivalente aos 6º, 9º ou 12º anos e certificação profissional de nível 1, 2 ou 3, possibilitando o prosseguimento de estudos para o ensino pós-secundário ou superior, ou a inserção no mercado de trabalho.

Estes cursos constituem-se como óptimas alternativas para os/as alunos/as que:

Se encontram insatisfeitos/as com seu percurso escolar e pretendem obter uma qualificação profissional rápida;

Preferem abordagens mais práticas das matérias e aplicar no concreto os conhecimentos teóricos adquiridos;

Pretendem alternar períodos de formação com períodos de prática profissional, obtendo assim um maior nível de excelência técnica de uma maneira mais rápida e menos centrada em aprendizagens exclusivamente teóricas;

Pretendem abandonar o sistema educativo e formativo para entrar no mundo do trabalho, sem terem obtido uma qualificação profissional;

Tendo abandonado o sistema educativo e/ou formativo, pretendem garantir uma qualificação profissional rápida e/ou preparar-se para outros níveis de qualificação superior.

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Cursos profissionais Os Cursos Profissionais são uma modalidade de educação de nível secundário, que se caracteriza por um ensino prático que recorre à formação em contexto real e simulado de trabalho, aliando a teoria à vertente técnico-prática. Funciona em escolas profissionais, públicas ou privadas, podendo também funcionar em escolas secundárias públicas ou em centros de formação.

Destinam-se a jovens que concluíram o 3º ciclo do Ensino Básico (9º ano), que:

Pretendem uma formação profissional específica;

Preferem um estilo de aprendizagem mais prático.

Conferem um diploma de equivalência ao Ensino Secundário, preparando o acesso a formações pós-secundárias ou ao Ensino Superior.

Cursos do 10º ano profissionalizante Os Cursos do 10.º Ano Profissionalizante proporcionam uma qualificação profissional que possibilita, de forma sustentada, o ingresso no mercado de trabalho. Estes cursos têm uma duração anual de 37 semanas, das quais 31 decorrem em contexto escolar e as restantes 6 em contexto de trabalho.

Destinam-se a jovens com idade mínima de 15 anos, completados até 31 de Julho do ano civil em que o curso se inicia, e que se encontrem, numa das seguintes situações:

Tenham concluído o ensino básico, não possuindo qualificação profissional de conteúdo e nível idênticos à que o curso confere e não pretendam, de imediato, prosseguir estudos noutras vias de educação e formação;

Tenham frequentado o ensino secundário sem o concluir, e desejem reorientar o seu percurso formativo e adquirir uma qualificação profissional.

Cursos de aprendizagem2 O Sistema de Aprendizagem é uma modalidade de formação profissional tutelada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional que visa qualificar jovens dos 15 aos 25 anos, em estreita articulação com as empresas, de forma a proporcionar: formação antes do ingresso na vida activa; progressão escolar, concedendo equivalência ao sistema formal de ensino; alternativa às empresas/entidades que queiram rejuvenescer os seus recursos humanos com pessoal qualificado.

2 O Sistema de Aprendizagem, lançado em Portugal em 1984, é um Programa da iniciativa do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), regulamentado pela Portaria nº 1497/2008 de 19 de Dezembro. Mais informação em http://www.iefp.pt/formacao/ModalidadesFormacao/CursosAprendizagem/Paginas/CursosAprendizagem.aspx

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Cursos do ensino recorrente O Ensino Recorrente proporciona uma segunda oportunidade de formação para os que não usufruíram dela na idade própria ou que abandonaram a escola precocemente. Este ensino caracteriza-se pela flexibilidade e adaptabilidade aos ritmos de aprendizagem, à disponibilidade, aos conhecimentos e às experiências de cada aluno.

A partir do 3.º ciclo do Ensino Básico, o Ensino Recorrente funciona em Sistema de Unidades Capitalizáveis. Neste sistema, o programa de cada disciplina está organizado por unidades; quando o aluno completa uma unidade, realiza uma prova de avaliação adequada à unidade frequentada e ao completar uma unidade passa a frequentar a unidade seguinte. Um aluno que interrompa os estudos, ao retornar, será colocado na unidade imediatamente a seguir à última que capitalizou.

Cursos de qualificação inicial Os Cursos de Qualificação Inicial são cursos de formação profissional inserida no mercado de emprego que visam proporcionar, a jovens com idade igual ou superior a 15 anos e a adultos antes do ingresso na vida activa, uma formação profissional completa de nível 2 ou 3.

Esta modalidade assenta num modelo de percursos formativos, organizados em unidades de formação capitalizáveis, no quadro dos itinerários de qualificação reconhecidos em termos de certificação para efeitos de desempenho profissional, incluindo sempre uma componente prática em contexto de trabalho.

Os cursos desta modalidade centram-se apenas na qualificação profissional, devendo os candidatos, à entrada da formação, ser detentores dos requisitos de escolaridade exigidos para cada um dos níveis (9º ano para o nível 2 e 12º ano para o nível 3).

Esta modalidade de formação oferece diferentes percursos formativos de: longa duração (níveis 2 e 3), correspondentes a itinerários de qualificação completos, orientados para a certificação de níveis de formação associados a saídas profissionais identificadas; percursos de média e curta duração assentes, apenas, em algumas unidades de formação do itinerário de qualificação, permitindo a creditação das competências adquiridas nessas unidades para efeitos de conclusão posterior do itinerário.

Cursos tecnológicos Os Cursos Tecnológicos destinam-se a alunos que desejam ingressar no Ensino Superior (Universitário ou Politécnico) e/ou no mundo do trabalho.

Têm a duração de três anos (10º, 11º e 12º anos de escolaridade), após os quais os alunos obtêm um diploma que certifica a conclusão do Ensino Secundário e também uma qualificação profissional de nível 3.

Cursos de ensino artístico especializado O Ensino Artístico Especializado (também conhecido como Educação Artística Vocacional) consiste numa formação especializada. Destina-se a indivíduos que pretendem desenvolver competências artísticas tendo em vista uma carreira no

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domínio das artes. Os cursos do ensino artístico especializado visam oferecer uma elevada formação nas áreas da música, dança, artes visuais e audiovisuais.

Este tipo de ensino pode ser encontrado no Ensino Básico e no Ensino Secundário e funciona em escolas especializadas para o estudo da música, dança ou artes visuais e audiovisuais que podem ser públicas, particulares e/ou cooperativas. A admissão neste tipo de ensino implica a realização de testes de admissão que variam segundo os critérios de cada instituição.

Cursos de especialização tecnológica Os Cursos de Especialização Tecnológica oferecem uma formação pós-secundária não superior, com o objectivo de promover o percurso formativo que permite a obtenção de qualificação profissional, e ainda, o prosseguimento de estudos. Permitem obter uma qualificação profissional de nível 4 e podem funcionar em escolas secundárias da rede pública, escolas profissionais públicas ou privadas, escolas do ensino particular e cooperativo, centros de formação profissional, entidades privadas de formação profissional e estabelecimentos de ensino superior público e privado. Podem ser tutelados por diferentes Ministérios.

A dupla certificação Seja qual for a modalidade escolhida, os percursos formativos de nível 3 e 4 conferem equivalência escolar ao 9º e 12º ano respectivamente, com excepção para os cursos de qualificação inicial, de nível 2.

Esta lógica da dupla certificação está presente no Acordo para a Reforma da Formação Profissional, de 14 de Março de 20073, consubstanciada em dois objectivos políticos, que por sua vez remetem para os esforços a desenvolver no âmbito das modalidades de formação inicial e contínua, designadamente pela:

pela garantia de que toda a oferta de cursos profissionalizantes de jovens permita a obtenção de uma dupla certificação, escolar e profissional;

pelo aumento da formação de base dos activos, empregados e desempregados, possibilitando a sua progressão escolar e profissional, articulando as respostas formativas com as necessidades das empresas, dos indivíduos e do mercado de trabalho.

Modalidades de formação O tipo de formação é determinado em função das características específicas das acções, designadamente, os objectivos, o público-alvo, a estrutura curricular, a metodologia e a duração.

As modalidades de formação diferenciam-se de acordo com as características e necessidades dos/as destinatários/as, os objectivos e a natureza das aprendizagens, as estruturas curriculares, as metodologias pedagógicas, os recursos envolvidos e as durações das acções.

3 A Resolução do Conselho de Ministros n.º 173/2007, aprova um conjunto de medidas de reforma da formação profissional, acordada com a generalidade dos parceiros sociais com assento na Comissão Permanente de Concertação Social.

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São modalidades de formação:

A formação inicial, que visa a aquisição de capacidades e competências adequadas para o exercício de uma determinada actividade profissional;

Formação inicial – A actividade de educação e formação certificada

que visa a aquisição de saberes, competências e capacidades

indispensáveis para poder iniciar o exercício qualificado de uma ou

mais actividades profissionais.

Decreto-Lei 396/2007, artº 3º, j)

A formação contínua, que visa a aquisição de capacidades e competências ao longo do período activo do indivíduo para o desempenho de uma ou mais actividades e/ou funções.

Formação contínua – A actividade de educação e formação

empreendida após a saída do sistema de ensino ou após o

ingresso no mercado de trabalho que permita ao indivíduo aprofundar competências

profissionais ou relacionais, tendo em vista o exercício de uma ou

mais actividades profissionais, uma melhor adaptação às mudanças

tecnológicas e organizacionais e o reforço da sua empregabilidade.

Decreto-Lei 396/2007, artº 3º, g)

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A modalidade de formação contínua abrange:

A formação de qualificação: visa a aquisição de capacidades e competências adequadas para o desempenho de uma determinada actividade profissional ou função;

A formação de aperfeiçoamento: os objectivos são melhorar e complementar as competências previamente adquiridas no desempenho de um determinado cargo;

A formação de especialização: a finalidade é a aquisição de saberes numa dada área ou função específicas, pressupondo a existência de uma qualificação prévia;

A formação de reciclagem ou actualização: promove a actualização dos conhecimentos, competências ou atitudes no desempenho da actividade profissional, seja por questões de evolução tecnológica ou de procedimentos.

O conceito de formação profissional

Formação profissional – “o processo global e permanente, através do qual as pessoas adquirem ou aprofundam competências profissionais e

relacionais, designadamente conhecimentos, capacidades e atitudes, com vista ao exercício de uma ou mais actividades profissionais, a uma melhor adaptação às mutações tecnológicas e organizacionais e ao reforço da sua

empregabilidade.”

Proposta de Lei da Formação Profissional (2004), Capítulo I, artº 2

Realcemos os pontos fulcrais do enunciado.

Processo global e permanente No Conselho Europeu de Lisboa realizado em Março de 2000, foi fixada uma estratégia de desenvolvimento para os países da União Europeia que priorizou o emprego, as reformas económicas e a coesão social. Uma das medidas concretas resultantes desta cimeira tem a ver com a generalização da formação ao longo da vida, enquanto promotora da cidadania activa, do desenvolvimento individual, da inclusão social, da igualdade de oportunidades e do emprego.

A Aprendizagem ao Longo da Vida4 assume dupla relevância:

4 Aprendizagem ao Longo da Vida – “Processo global de educação/formação em que se integram todos os tipos e níveis de educação – pré-escolar, escolar, extra-escolar e qualquer outro tipo de educação não formal –, constituindo um processo de longo prazo que se desenvolve durante toda a vida.”, Terminologia de Formação Profissional, CIME, 2001

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Para os/as trabalhadores/as, numa perspectiva de desenvolvimento de competências, de evolução na carreira e de mobilidade profissional;

Para as empresas, numa perspectiva de posicionamento competitivo e de acompanhamento das constantes mudanças tecnológicas e os inúmeros desafios do mercado.

Os indivíduos têm, cada vez mais, que adoptar uma postura activa na procura e aceitação de formação, sob pena de comprometerem o seu percurso profissional. Às empresas cabe incorporar este conceito no seu funcionamento normal, sob pena de comprometerem os seus objectivos estratégicos.

Aquisição e aprofundamento de competências / adaptação às mutações tecnológicas As empresas são impulsionadas para a formação por razões que se prendem com a competitividade, com a evolução tecnológica e com a própria estratégia da organização.

Paralelamente às necessidades intrínsecas da organização, o artigo 131, da Lei nº 7/2009 do Código de Trabalho, impõe que as empresas formulem planos de formação anuais ou plurianuais e que assegurem o direito à informação e consulta dos trabalhadores e seus representantes.

Reforço da empregabilidade A formação profissional, quando adequada às necessidades dos trabalhadores, das empresas e do país, conduz a um estado de maior equilíbrio da relação oferta-procura, tendencialmente reforçador da empregabilidade. O Acordo da Reforma para a Formação Profissional (2007) demonstra esta preocupação, ao determinar ser objectivo político: “Garantir uma oferta de formação ajustada às necessidades de modernização das empresas, visando uma alteração no perfil produtivo português, condição necessária para que o esforço de qualificação seja devidamente valorizado e aproveitado pelo tecido económico”.

A formação profissional nas organizações É num quadro de responsabilidade partilhada que se podem compreender as obrigações especiais dos empregadores perante o sistema de formação profissional, designadamente:

Desenvolver, actualizar e aprofundar de forma permanente as qualificações dos trabalhadores;

Reconhecer e valorizar a formação dos trabalhadores;

Incrementar a produtividade e competitividade da empresa;

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Investir em capital humano.

No sentido de assegurar estes deveres, os empregadores deverão assegurar mecanismos que consagrem:

O direito de informação e consulta dos trabalhadores;

Um número mínimo de horas de formação anuais por trabalhador (35 h), em acções externas ou internas à empresa;

A elaboração de planos de formação anuais ou plurianuais;

Um sistema de créditos à formação ou outros benefícios que possam estimular a participação dos trabalhadores na formação.

A realidade é, no entanto, diferente. A formação continua a ser vista como um custo e os deveres anteriormente enunciados não são cumpridos em grande parte. Paralelamente, assiste-se à inoperância por parte dos serviços públicos ao nível da fiscalização e regulação do sistema.

Os empresários desenvolvem a formação dos seus profissionais recorrendo à oferta de formação existente, não sustentada nas necessidades reais da empresa, sendo ainda muito visível uma grande dependência de fundos comunitários. Por outro lado, os próprios trabalhadores não encaram a formação como uma vantagem, porque não reconhecem benefícios directos no imediato.

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Capítulo

2 A Formação prática em contexto de trabalho Neste capítulo são realçadas as características e objectivos da Formação Prática em Contexto de Trabalho (FPCT), passando pelo contributo que presta à construção dos diferentes percursos formativos.

O conceito de formação prática em contexto de trabalho A FPCT readquiriu nos últimos anos a sua real importância enquanto integradora e sistematizadora de competências fundamentais ao bom desempenho profissional.

São formas de organização da formação:

A formação presencial, na qual a actividade formativa se desenvolve em sala, promovendo a interacção permanente entre formando e formador, privilegiando o grupo pedagógico enquanto elemento facilitador de aprendizagens;

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A formação em contexto de trabalho, na qual a actividade formativa se desenvolve no próprio local de trabalho ou em ambiente similar, optando-se por métodos de simulação e treino;

A formação em alternância, na qual a formação presencial alterna com a formação em contexto de trabalho;

A formação a distância, ou e-learning, caracterizada pela flexibilidade temporal e espacial, é um método com reduzida intervenção presencial do/a formador/a, designando-se blended learning quando a formação assenta no recurso a e-learning e à formação presencial, de maneira complementar.

A formação na própria organização, usufruindo de todo o seu ambiente tecnológico e emocional, é uma inquestionável mais valia, sejam quais forem os percursos formativos, os destinatários ou as modalidades de formação.

Na FPCT existe uma estreita ligação entre o contexto de formação e o contexto de trabalho, como resposta às constantes mutações e evoluções organizacionais e tecnológicas. A FPCT é uma forma de organização da formação que surge no âmbito de um processo e/ou percurso formativo como uma oportunidade de aplicação prática dos conhecimentos adquiridos por via da aprendizagem teórica ou por via da experiência.

É num contexto de necessária interligação entre a formação profissional e o mundo do trabalho que a FPCT surge como componente de elevada utilidade. A FPCT distingue-se da formação prática simulada por se afigurar mais rica do ponto de vista dos saberes operativos num ambiente e num sistema de trabalho concretos.

Não menos importante é o facto de a FPCT impulsionar a inserção no mercado de trabalho, não só porque potencia os resultados finais da aprendizagem, mas também porque as empresas são levadas a admitir, em caso de necessidade, indivíduos cujas potencialidades já conhecem e cujas competências ajudaram a formar.

A Formação prática em contexto de trabalho nas organizações

A formação em contexto de trabalho permite actuar de forma positiva na competitividade das empresas, desde que devidamente enquadrada numa metodologia de resolução de problemas da empresa, mediada e facilitada

pela gestão da empresa e pela entidade formadora e dirigida às necessidades de aprendizagem individuais.

Mensagem Chave 1 – Colecção Disseminar nº 1, Inovação Organizacional e Formação em Contexto de Trabalho, EQUAL, 2005

São muitas as dificuldades em mobilizar empresas para acolher indivíduos em situação de FPCT, porque, muito embora os custos sejam reduzidos, as organizações entendem que esta é uma prática difícil de coadunar com a lógica do

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processo produtivo. Este facto deve-se em grande parte à incapacidade da empresa para planear a Formação em Contexto de Trabalho.

Muitas vezes, as empresas colaboram no processo de FPCT de acordo com uma lógica oportunista, tentando adaptar os/as formandos/as às condições da empresa e relegando para segundo plano o desenvolvimento integrado das suas competências.

Ao mesmo tempo que as empresas acusam o sistema de formação de não fornecer pessoas com as qualificações necessárias às suas necessidades, não se organizam no sentido de contribuir para a adequação necessária entre oferta e procura, pretendendo que essa é uma tarefa fora do âmbito das suas responsabilidades.

Ambientes propícios à formação em contexto de trabalho A institucionalização da componente de Formação Prática em Contexto de Trabalho nos diferentes itinerários formativos, é fundamental e pertinente num cenário em que a tendência é a consolidação de sistemas abertos de educação -formação -trabalho.

Neste âmbito, o da articulação entre a educação/formação e o mercado de trabalho, o Sistema Aprendizagem é pioneiro. Facilita e apoia a integração de jovens na vida activa, através de perfis de formação que contemplam uma tripla valência:

reforço das competências académicas, pessoais, sociais e relacionais;

aquisição de saberes no domínio científico-tecnológico;

uma sólida experiência na empresa.

Consideram-se ambientes organizacionais propícios à realização da FCRT aqueles em que:

as necessidades dos/as formandos/as são compatíveis com as necessidades das empresas;

se estimula nos/as formandos/as sentimentos de pertença à organização;

existe coordenação entre mediação interna (Tutor) e externa (entidade formadora);

existe envolvimento por parte da chefia directa do/a formando/a (nos casos em que a chefia directa não é o/a Tutor/a);

se consegue adaptar a FPCT à realidade produtiva da empresa, aproveitando-se tempos mortos de equipamentos, pausas, etc.;

o/a Tutor/a possui um perfil adequado do ponto de vista técnico e pedagógico.

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Objectivos da formação em contexto de trabalho A Formação Prática em Contexto de Trabalho concretiza-se na realização de actividades profissionais enquadradas em itinerários de formação estruturados e sob a orientação de um/a Tutor/a, inseridas em processos reais de trabalho. Na FPCT prosseguem-se objectivos dificilmente alcançáveis nas demais formas de organização da formação, nomeadamente:

Enriquecimento técnico e tecnológico A FCT permite o contacto com tecnologias e técnicas específicas da função ou profissão, possibilidade inexistente nas outras formas de organização da formação, inclusive na componente prática simulada.

Aplicação prática de conhecimentos A FCT é uma oportunidade de aplicação dos conhecimentos adquiridos a actividades concretas da função ou profissão sob supervisão e, por este motivo, potencia um impacto positivo da aprendizagem no desenvolvimento das competências profissionais.

Aquisição de competências transversais A FCT promove o desenvolvimento de hábitos de trabalho, do espírito empreendedor, do sentido de responsabilidade profissional e das relações humanas no trabalho.

Vivência organizacional A FCT permite a vivência real do funcionamento da organização, experiência de elevada importância para uma mais fácil adaptação do/a formando/a ao mercado de trabalho.

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Capítulo

3 Actividades do/a tutor/a Este capítulo identifica e descreve as actividades principais do/aTutor/a bem como as tarefas inerentes a cada uma delas.

Evolução do conceito de tutor/a O conceito de Tutor, ao longo dos últimos anos, tem vindo a conhecer alguma autonomia no seio da família dos "Formadores". De acordo com o perfil profissional do Formador/a em Contexto Real de Trabalho /Tutor/a (2002), as suas tarefas consistem em "Preparar, desenvolver e avaliar o processo de ensino/aprendizagem em contexto real de trabalho, integrado em sistemas de formação inicial ou de activos".

Importa, numa perspectiva de esclarecimento do conceito, aflorar o sentido que é dado ao exercício das funções de Tutor, nos vários decretos e regulamentos que ao longo da década de 90 foram sendo produzidos sobre esta matéria.

O decreto regulamentar nº 66/94, de 18 de Novembro, que regulamenta o exercício da actividade de formador no âmbito da formação profissional inserida no mercado de emprego, no nº 1 do artigo nº 2 esclarece que, "entende-se por formador o profissional que, na realização de uma acção de formação, estabelece uma relação pedagógica com os formandos, favorecendo a aquisição de conhecimentos e competências, bem como o desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento, adequados ao desempenho profissional" e explicita no nº 2 do mesmo artigo "O formador pode ter outras designações decorrentes da metodologia e da organização da formação, nomeadamente instrutor, monitor, animador e tutor de formação".

O diploma estipula ainda, no seu artigo 4 alínea c, que um dos requisitos para o exercício da actividade será ter "Preparação ou formação pedagógica, certificada nos termos da lei, adaptada ao nível e contexto em que se desenvolve a acção da formação."

Quanto à questão da certificação, e uma vez que o decreto equipara formadores a tutores, ela não foi levada à prática, sabendo-se que o Tutor (mesmo com a autonomia conhecida no presente) não é obrigado a obter certificação.

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É no Decreto-Lei nº. 205/96, de 25 de Outubro, artº 6, alínea c) que a figura de Tutor conhece autonomia, sendo definido como: "aquele que assegura funções pedagógicas em relação directa com um ou mais formandos, acompanhando e orientando as actividades de formação realizadas em situação de trabalho". Distingue-se do Formador na medida em que a este é retirada a função de formar em situação de trabalho, tal como inscrito no mesmo artigo, alínea b, "Formador - aquele que assegura no processo de formação, com excepção da formação em situação de trabalho, a relação pedagógica com os formandos, favorecendo a aquisição de competências e o desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento."

A atenção cada vez maior dada ao Tutor e à sua preparação pedagógica está directamente ligada à crescente importância, que se prevê incrementada no futuro, da componente FCT.

Carácter sistémico das actividades do/a Tutor/a

Genericamente, as actividades do/a Tutor/a consubstanciam-se no planeamento /organização, desenvolvimento e avaliação da formação que decorre em contexto real de trabalho.

As actividades constituem um sistema, um todo organizado constituído por partes interdependentes e

dinâmicas, às quais chamaremos componentes ou subsistemas, e que se organizam para cumprir determinada finalidade.

Cada uma das componentes do sistema em análise está subdividida em sistemas mais pequenos, aos quais designaremos sub-actividades, de acordo com o esquema seguinte.

Actividade - Planeamento / Organização No âmbito desta fase, o/a Tutor/a desenvolve tarefas que passam pela análise de informação, fixação dos objectivos de formação, descrição dos conteúdos programáticos e mobilização de recursos.

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O/A Tutor/a analisa a informação fornecida pelo Coordenador/a Técnico/a Pedagógico/a ou Responsável pela formação, relativamente:

aos objectivos a atingir com o processo formativo,

às linhas programáticas a desenvolver,

às características, expectativas e conhecimentos detidos pelos/as formandos/as à partida.

A planificação e a organização da formação deverão ser compatibilizadas com a actividade produtiva da organização no período em que a FCT decorre, sendo que a fixação dos objectivos terá que ter em conta as reais possibilidades da empresa.

Formulação dos objectivos Tanto quanto possível, os objectivos deverão ser definidos de forma operacional, ou seja, deverão conter três componentes fundamentais:

O comportamento esperado;

As condições de realização;

Os critérios de êxito.

Diz-se que um objectivo é operacional quando indica claramente e em termos de comportamento directamente observável ou mensurável o que o

formando deverá ser capaz de fazer no final da formação, em que condições o fará e por que critérios será avaliado.

Maria de Lurdes Vieira, Definição de Objectivos de Formação, Colecção Aprender, IEFP, 4ª edição, 1998

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Realce-se, neste ponto, a função dos objectivos5.

FUNÇÕES DOS OBJECTIVOS

Clarificar ComunicarOrientar 

formador e formando

Explicitar Rentabilizar

FUNÇÕES DOS OBJECTIVOS

Clarificar ComunicarOrientar 

formador e formando

Explicitar Rentabilizar

Quanto maior for o grau de definição dos objectivos a alcançar, maior será o rigor na avaliação dos resultados finais da formação. Funcionam como instrumentos que facilitam o entendimento entre os vários intervenientes no processo formativo. Facilitam as tarefas de planeamento, o desenvolvimento das sessões e a avaliação da formação. Permitem-lhe organizar as suas actividades de aprendizagem e direccionar os seus esforços. Explicitam, de forma objectiva, o que o formando deverá evidenciar (interpretação da informação, utilização da informação, procedimentos) e facilitam a correcção na avaliação. Permitem um controlo mais objectivo dos resultados e, por conseguinte, a possibilidade de introduzir melhorias ou rectificações.

Exemplos da operacionalização de objectivos:

Perante um conjunto de ferramentas diversas, o/a formando/a deverá identificar as correspondentes à profissão de serralheiro/a, sem cometer nenhum erro.

O/A formando/a deverá ser capaz de nomear, 2 modalidades de formação contínua e descrever os objectivos de cada uma delas.

Após a leitura de um texto, o/a formando/a deverá ser capaz de reconhecer 3 erros de conteúdo relativamente ao tema “Características da Formação em Contexto de Trabalho”.

Concepção dos conteúdos Formulados os objectivos, é possível desenvolver as linhas programáticas, dando origem ao conteúdo programático a ministrar.

ObjectivosLinhas 

programáticasConteúdos 

programáticosObjectivos

Linhas programáticas

Conteúdos programáticos

5 Adaptado de Definição de Objectivos de Formação, Maria de Lurdes Vieira, Colecção Aprender, IEFP, 4ª edição, 1998

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Os conteúdos programáticos deverão dar resposta exacta às competências que o/a formando/a deverá possuir no final da formação. Os conteúdos deverão concretizar-se numa lógica de interacção, pertinência e adequação directa às competências a desenvolver pelos/as formandos/as.

Decorrente das necessidades e/ou dificuldades sentidas pelos formandos/as ou identificadas pelos/as Formadores/as, Tutores/as, Organização, justifica-se o ajustamento ou introdução de novos conteúdos ao longo do processo formativo.

Mobilização dos recursos Após os objectivos fixados e conteúdos descritos, o/a Tutor/a está apto/a a determinar os recursos a mobilizar.

Há que estabelecer necessidades ao nível dos recursos humanos auxiliares. É também necessário providenciar os recursos materiais e financeiros, designadamente: equipamento escolar, equipamento tecnológico, equipamento audiovisual, material de escritório, etc.

Actividade – Desenvolvimento No domínio desta actividade, o/a Tutor/a desenvolve as tarefas inerentes ao desenvolvimento da formação propriamente dita.

Envolve o acolhimento e integração do/a formando/a no "local de trabalho", o desenvolvimento dos conteúdos e das actividades formativas, a regulação e correcção das actividades, o cumprimento dos objectivos e a gestão da motivação, tempos e meios.

Acolhimento e integração Uma tarefa inicial e importante diz respeito ao acolhimento do/a formando/a na organização e à sua integração no contexto de produção em que a formação irá decorrer. Reveste-se de especial importância, uma vez que a clara e precisa transmissão de informações pertinentes para o processo reduzirá a ocorrência de equívocos e de conflitos no seu decorrer.

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No início da formação é importante explicitar convenientemente as regras de funcionamento, designadamente:

Os objectivos a alcançar;

O programa de formação;

As actividades a desenvolver;

As estratégias pedagógicas;

O calendário;

A avaliação da aprendizagem;

As possibilidades de utilização de serviços da organização;

Apresentar outros intervenientes no processo formativo, p. ex., trabalhadores que lidarão de perto com o/a formando/a, tutores substitutos, outro pessoal de apoio, etc.

Desenvolvimento, orientação e correcção das actividades formativas Nesta etapa do processo, cabe ao/à Tutor/a ensinar, ou seja, promover as actividades formativas adequadas a uma correcta aquisição dos conteúdos e ao desenvolvimento de competências, tomando sempre como orientação os objectivos previamente definidos. Trata-se de utilizar os métodos e técnicas adequadas que proporcionem a aquisição de conhecimentos.

O/A Tutor/a deverá manter um acompanhamento cuidado e proactivo no sentido da correcção formativa e reflexiva das actividades desenvolvidas pelo/a formando/a.

É importante introduzir na actividade formativa momentos de reflexão e de partilha que possibilitem ao/à formando/a capitalizar a experiência numa perspectiva de melhoria contínua, promovendo-se assim uma postura de análise e questionamento permanentes das suas práticas, numa óptica de auto -avaliação.

Neste ponto, deverá realçar-se a importância basilar dos recursos técnico-pedagógicos6 enquanto facilitadores da aprendizagem. Vejamos alguns exemplos:

Aplicações informáticas/multimédia - Aplicações de suporte à gestão, animação, monitorização e tutoria e avaliação e validação de aprendizagens.

Ferramentas de autor - Software para concepção e desenho de conteúdos pedagógicos para exploração online e offline (authoring tools). Algumas

6 “Entende-se por Recurso Técnico-pedagógico todo e qualquer conteúdo de informação e conhecimento, disponível em suporte físico, em formato digital ou configurando um objecto tecnológico, subordinável a objectivos de formação e inserção, podendo ser explorado em contexto específico de aprendizagem e com valor para o reforço ou desenvolvimento de competências específicas de determinada população-alvo.” Recursos Técnico-Pedagógicos & Práticas Bem Sucedidas, EQUAL

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ferramentas de autor incluem possibilidades específicas, tais como: a criação de avaliações, jogos pedagógicos, etc.

Dossiers temáticos - Conjunto de materiais subordinados a um itinerário pedagógico ou a objectivos e temáticas específicos, podendo integrar artigos, colectâneas de textos, resumos, bibliografias e outros materiais de referência;

Guias de transferência e incorporação de práticas bem sucedidas - Guias de apoio a acções de benchmarking e à aprendizagem colaborativa no seio das equipas de trabalho, favorecendo a partilha de experiências e métodos de trabalho, garantindo a sua aplicabilidade e efeito multiplicador.

Baterias de exercícios de aplicação - Baterias de questionários, testes, trabalhos com feedback formativo para o utilizador, podendo estar disponíveis online;

Manuais técnicos - Manuais estruturados numa lógica de aprendizagem.

Programas de formação - Programas que incluam, designadamente, objectivos e metodologias de aprendizagem, sequências pedagógicas e metodologias de avaliação de impactos.

Malas pedagógicas - Malas pedagógicas que incluam packages multimédia de apoio ao formador e de auto-estudo. Inclui exercícios, estudos de caso, ajudas ao trabalho e outros suportes escritos áudio ou visuais.

CD-ROM interactivo - Pode ser desenvolvido offline ou com apontadores a conteúdos online; suporte multimédia que integra habitualmente texto/dados, gráficos, imagens e sons de forma interactiva e que permite uma relativa adequação de itinerários de estudo/aprendizagem ao ritmo e à progressão de cada utilizador, através da utilização de técnicas pedagógicas de verificação das aquisições de conhecimentos e de aprendizagens.

Desenvolvimento dos conteúdos e cumprimento dos objectivos Consiste em ministrar os conteúdos que, na fase anterior, foram determinados como pertinentes e fundamentais para a prossecução dos objectivos definidos.

Ao longo de todo o processo, o/a Tutor/a deverá orientar-se no sentido do cumprimento dos objectivos previamente fixados. Só a orientação por objectivos permite realizar com rigor a avaliação do processo formativo, possibilitando a introdução eficaz de melhorias e correcções.

Há, no entanto, que ter em conta, a exequibilidade dos objectivos. Há que prever a sua adequabilidade ao tempo disponível e às características dos/as destinatários da formação. Frequentemente, o estabelecimento de objectivos arrojados compromete o sucesso da aprendizagem.

Gestão da motivação A motivação é uma das grandes forças impulsionadoras do comportamento humano. É ela que, em grande medida, determina os níveis de desempenho pessoal

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e profissional obtidos. O caminho é utilizar estratégias que promovam e mantenham a motivação do/a formando/a.

Algumas dicas para motivar os/as seus/suas formandos/as:

Mostre-se receptivo às propostas do/da formando/a. Não as exclua à partida.

Encoraje o/a formando/a a tomar iniciativas.

Mantenha o/a formando/a informado sobre todas as alterações ao processo formativo. As incertezas e a instabilidade desmotivam.

Tolere os erros do/a formando/a, na fase em que ele/a ainda não domina a tarefa ou função.

Destine algum tempo para conversar com o/a formando/a sobre o que o/a motiva.

Atribua ao/à formando/a objectivos e desafios concretos e mencione os seus progressos em grupo.

Respeite as combinações e promessas que estabelecer com o/a formando/a.

Gestão do tempo Os planos de sessão ajudam o/a Tutor/a a gerir adequadamente o tempo disponível. Um bom planeamento deve ser criativo e flexível, para que se possa ajustar perante imprevistos.

Perante o tempo disponível, deverá proceder-se a ordenação e estruturação dos assuntos prevendo com rigor as actividades a desenvolver. O grande desafio é gerir o tempo de modo eficiente e produtivo, ou seja, distribuí-lo equilibradamente pelos conteúdos a ministrar.

Gestão dos meios Zelar para que se mantenham as condições logísticas necessárias, de modo a proporcionar um melhor aproveitamento da formação.

O/A Tutor/a deverá também, no âmbito das suas funções, assegurar a relação entre a empresa (organização de acolhimento ou organização de apoio à alternância) e a entidade formadora (entidade coordenadora).

Actividade - Avaliação No âmbito da actividade Avaliação, o/a Tutor/a aplica os instrumentos de avaliação necessários à análise da conformidade dos resultados face aos objectivos fixados.

No contexto de avaliação de um processo formativo e dependendo dos objectivos e finalidade da avaliação, a análise pode realizar-se segundo várias dimensões, por exemplo, pode verificar-se:

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A adequação dos conteúdos às necessidades concretas da organização;

O grau de adequação do programa de formação às necessidades dos/as formandos/as;

Os impactos da formação na organização; nos/as formandos/as; na integração no mercado de trabalho;

A relação custo-benefício;

A satisfação dos formandos;

O desempenho dos formandos;

O desempenho dos formadores;

A adequação da carga horária;

A adequação da documentação de apoio;

A adequação material pedagógico;

O grau aplicação dos conhecimentos adquiridos;

O grau de cumprimento dos resultados previstos.

Avaliação dos resultados Ao longo do processo, os instrumentos de avaliação a aplicar deverão ser ajustados à medida das especificidades do seu desenvolvimento, sendo inquestionável a importância da avaliação para a promoção da qualidade da formação.

A avaliação dos/as formandos/as destina-se a verificar em que medida os objectivos de aprendizagem foram alcançados. O sistema de avaliação é normalmente estruturado tendo em conta a avaliação inicial diagnóstica, a avaliação contínua e a avaliação final, com base em indicadores fornecidos pelos objectivos pedagógicos.

A avaliação da acção, no seu todo, tem em conta a análise e a apreciação crítica dos resultados da aprendizagem, a análise e interpretação das apreciações críticas dos/as formandos/as, a análise de todo o processo, desde as razões que presidiram à realização da formação até aos resultados em termos da inserção socioprofissional dos/as formandos/as, a identificação de todas as ocorrências, inovações, etc.

O trabalho de avaliação consubstancia-se na elaboração de um relatório final, um documento cujos destinatários são os diferentes intervenientes no processo formativo. Desse relatório deverão constar sugestões e propostas de medidas de acção, visando a melhoria de processos futuros.

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Capítulo

4 Áreas de competências do/a tutor/a Neste Capítulo são apresentadas as competências associadas ao perfil do/a Tutor/a.

O perfil profissional O perfil de competências profissionais é a descrição do conjunto dos comportamentos cognitivos, psicomotores e afectivos que habilitam o indivíduo para o desempenho de uma dada profissão.

O perfil profissional é um referencial de valiosa importância, quando, entre outros aspectos, se pretende determinar objectivos, conceber programas de formação ou seleccionar formadores/as.

Tendo em conta as vicissitudes do mercado de trabalho, este instrumento deve ser utilizado com flexibilidade.

O referencial descreve as actividades que o profissional desenvolve e em quecondições deve realizá-las. Faz também referência às competências e saberes que o/a profissional deve deter para desenvolver as actividades de forma adequada.

No âmbito das competências a identificar para a elaboração de um perfil profissional, destacam-se as técnicas operativas, as científico-tecnológicas, as sócioprofissionais e as básicas. Tipologia de competências

A estruturação de perfis profissionais A formação profissional consubstancia-se em perfis de formação correspondentes

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a perfis profissionais. Os perfis profissionais descrevem os conjuntos de competências, atitudes e comportamentos necessários para exercer as funções próprias de um grupo de profissões afins, uma profissão ou um posto de trabalho. Os perfis de formação constituem a tradução, em conteúdos de formação, dos perfis profissionais.

A Agência Nacional para a Qualificação (ANQ) tem como atribuição, entre outras, conceber e manter actualizado o Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ) com o apoio dos Conselhos Sectoriais para a Qualificação, assegurando a concepção de percursos de educação e formação de jovens e adultos, de carácter flexível, modular e capitalizável.

O CNQ integra actualmente 254 qualificações para 39 áreas de educação e formação: 117 conferem o 9º ano de escolaridade e o nível 2 de qualificação; 119 conferem o 12º ano de escolaridade e o nível 3 de qualificação; 17 conferem o 12º ano de escolaridade e o nível 4 de qualificação. O CNQ apresenta para cada qualificação o Perfil Profissional, o Referencial de Formação e o Referencial de RVCC associados.

O perfil profissional do/a tutor/a O perfil profissional do Formador em Contexto de Trabalho/Tutor considera serem três os níveis de saberes que estão na base das competências a deter pelos/as Tutores/as, designadamente:

Os saberes relacionados com os conhecimentos teóricos necessários ao adequado desempenho das funções;

Os saberes relacionados com a aplicação e exploração prática dos conhecimentos;

Os saberes relacionados com características pessoais.

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Competências ao nível dos “Saberes”

Neste nível, consideram-se competências do/a Tutor/a em diferentes dimensões.

Sistemas de educação/formação Caracterizar os sistemas de educação/formação, numa perspectiva global e de integração do papel da componente de Formação em Contexto de Trabalho.

Análise do trabalho Utilizar as técnicas de análise do trabalho para descrever os conteúdos do trabalho inerentes aos processos produtivos que suportarão a aprendizagem e para contextualizar o posto de trabalho no processo produtivo da organização.

Avaliação da formação Utilizar os métodos, técnicas e instrumentos de avaliação da formação para acompanhar, controlar e produzir um juízo crítico de um determinado processo formativo.

Avaliação das aprendizagens Utilizar os métodos, técnicas e instrumentos de avaliação das aprendizagens para verificar, quantitativa e qualitativamente, as mudanças de comportamento do/a formando/a nos domínios técnico e comportamental, ao longo da acção de formação, perante objectivos pedagógicos previamente definidos.

Características e objectivos da formação em contexto real de trabalho Mobilizar os conhecimentos relativos às características e objectivos da formação em contexto de trabalho para melhor enquadrar o desenvolvimento da formação no contexto da organização.

Competências e funções do/a Tutor/a Mobilizar os conhecimentos relativos às competências e funções do/a Tutor/a de modo a melhor identificar as suas necessidades de formação.

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Relação pedagógica em contexto real de trabalho Mobilizar conceitos relacionados com a relação pedagógica em contexto de trabalho, tais como: comunicação, liderança, conflitos e negociação, de modo a estabelecer relações interpessoais favoráveis à facilitação do processo de aprendizagem em contexto real de trabalho.

Métodos e técnicas pedagógicas Utilizar os métodos e técnicas pedagógicas a aplicar em contexto real de trabalho de modo a orientar eficazmente a intervenção pedagógica.

Suportes didácticos Mobilizar os conhecimentos relativos ao funcionamento e às virtualidades dos suportes didácticos de apoio à actividade formativa de modo a aproveitar as suas potencialidades de acordo com os vários contextos formativos.

Processo e factores de ensino-aprendizagem Mobilizar os conhecimentos das principais teorias da aprendizagem e dos principais factores inibidores e facilitadores de ensino-aprendizagem em contexto real de trabalho de modo a lidar com a diversidade de características individuais em processo de aprendizagem.

Competências ao nível do “Saber – Fazer”

Neste nível, consideram-se competências a deter pelo/a Tutor/a:

Aplicar técnicas de planificação e organização Aplicar técnicas de planificação e organização da formação em contexto real de trabalho – formular objectivos, estabelecer prioridades, seleccionar técnicas e estratégias e prever os recursos.

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Utilizar técnicas de análise do trabalho Utilizar técnicas de análise do trabalho de modo a observar com detalhe as actividades que compõem o posto de trabalho bem como as competências essenciais para as executar.

Explorar as potencialidades pedagógicas Mobilizar / desenvolver / gerir as potencialidades pedagógicas implícitas no processo de produção, numa perspectiva de racionalização de meios e de facilitação da aprendizagem.

Aplicar os métodos e técnicas pedagógicas Aplicar as técnicas e os métodos adequados às especificidades do processo formativo e dos/as formandos/as e facilitadores do processo de ensino-aprendizagem, tais como modalidades de comunicação e técnicas de dinâmica de grupos.

Adaptar e explorar suportes didácticos Adaptar e explorar pedagogicamente os suportes didácticos mais adequados à formação em contexto real de trabalho.

Programar a intervenção pedagógica Programar sessões de formação – objectivos de aprendizagem, conteúdos teórico-práticos, actividades e técnicas de dinâmica de grupos.

Elaborar e aplicar instrumentos de avaliação das aprendizagens Elaborar e aplicar os instrumentos de avaliação das aprendizagens: provas objectivas de conhecimentos, provas de ensaio, provas práticas, fichas de observação, fichas formativas.

Elaborar e aplicar instrumentos de avaliação da formação Elaborar e aplicar os instrumentos de avaliação do processo formativo, atendendo ao seu contexto, ao plano, ao programa e aos resultados.

Competências ao nível do “Saber – Ser” Neste nível, consideram-se, entre outras, competências relevantes do/a Tutor/a:

Aceitar as diferenças individuais e a diversidade social;

Comunicar eficazmente com os outros;

Tomar a iniciativa e ser autónomo na tomada de decisões;

Ter atitudes flexíveis e aceitar a mudança;

Ser dinâmico/a e criativo/a;

Ser capaz de aceitar a crítica;

Ser capaz de realizar a autoavaliação;

Possuir auto-confiança e estabilidade emocional;

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Respeitar os princípios éticos e deontológicos da profissão;

Respeitar os aspectos inerentes ao exercício da cidadania, da igualdade de oportunidades e do direito à saúde e à segurança no trabalho.

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Capítulo

5 Acompanhamento da FPCT e avaliação das aprendizagens - dispositivo documental Neste capítulo são apresentadas as peças fundamentais do sistema documental de apoio à Formação Prática em Contexto de Trabalho.

Contrato de aprendizagem O sistema documental de apoio constitui a memória do processo. A utilização de instrumentos de registo e avaliação, fornece elementos não só de ordem factual mas também possibilita uma análise detalhada do processo, no sentido da introdução de alterações que promovam uma maior eficácia da formação.

O contrato de aprendizagem é um documento assinado pela entidade coordenadora, pela entidade de apoio à alternância e pelo/a formando/a.

São consideradas unidades coordenadoras de aprendizagem as estruturas locais de formação do IEFP, os centros de formação profissional de gestão participada e as pessoas singulares ou colectivas credenciadas pelo IEFP que o requeiram e demonstrem ter idoneidade, capacidade pedagógica e meios humanos, administrativos, técnicos e económicos para o completo desempenho das suas funções (artigo 4º, nº 2 do Decreto-Lei nº 205/96, de 25 de Outubro de 1996).

O contrato de aprendizagem regula questões relacionadas com:

Identificação do curso, saída profissional e tarefas principais associadas;

Identificação da legislação de enquadramento do processo formativo;

Locais de formação (local da formação em contexto de trabalho e local das restantes componentes de formação);

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Horário da formação;

Critérios gerais de avaliação e certificação;

Direitos e deveres do formando;

Direitos e deveres da entidade coordenadora e da entidade de apoio à alternância;

Duração do contrato;

Formas de cessação do contrato;

Sanções.

Roteiro de Actividades O roteiro de actividades é um documento a preencher pela entidade coordenadora em conjunto com a entidade de apoio à alternância.

As entidades de apoio à alternância, são todas as pessoas singulares ou colectivas, legalmente constituídas e credenciadas pelo IEFP, que assegurem a Formação em Contexto de Trabalho em articulação com a entidade coordenadora.

No roteiro de actividades identifica-se:

A entidade de apoio à alternância;

O/a formando/a;

A acção: itinerário de qualificação, p. ex., Manutenção Industrial/ Mecatrónica, a saída profissional, p. ex., Técnico de Manutenção Industrial (Mecatrónica) - nível 3, a duração do itinerário, a duração da formação em contexto de trabalho;

Os períodos de formação prática em contexto real de trabalho;

Os objectivos a atingir;

As acções de acompanhamento;

As actividades práticas a desenvolver durante a experiência de trabalho.

Ficha de Assiduidade e Avaliação A ficha de assiduidade e de avaliação é um documento da responsabilidade da entidade de apoio à alternância, que funciona como ficha de registo de presenças e de avaliação.

Os parâmetros de avaliação, situam-se, entre outros, na:

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Qualidade de trabalho;

Rigor e destreza;

Ritmo de trabalho;

Aplicação das normas de segurança;

Assiduidade e pontualidade;

Iniciativa;

Relacionamento social.

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Legislação e Orientações Técnicas Decreto-Lei nº 519-A2/79, de 29 de Dezembro – Cria o Instituto de Emprego e Formação profissional (IEFP).

Decreto-Lei nº 401/91, de 16 de Outubro – Estabelece o quadro legal da formação profissional

Decreto-Lei nº 95/92, de 23 de Maio – Estabelece o regime jurídico da certificação profissional relativa à formação inserida no mercado de emprego.

Decreto Regulamentar nº 66/94, de 18 de Novembro – Regulamenta o exercício da actividade de formador no âmbito da formação profissional inserida no mercado de emprego.

Decreto-Lei nº 205/96, de 25 de Outubro – Estabelece o regime jurídico do sistema de formação profissional inicial em alternância, denominado aprendizagem.

Orientação Técnica nº. 6/DFP/99, do IEFP – Referencial orientador para o desenvolvimento da componente de Formação Prática em Contexto de Trabalho.

Decreto Regulamentar nº 35/2002, de 23 de Abril – Estabelece a normalização do certificado de formação profissional.

Referencial de Base Formação Pedagógica Inicial de Formadores em Contexto Real de Trabalho, Centro Nacional de Formação de Formadores/IEFP, 2002.

Acordo para a Reforma da Formação Profissional, assinado pelo Governo e Parceiros Sociais a 14 de Março de 2007.

Decreto-Lei n.º 396/2007, de 31 de Dezembro - Estabelece o regime jurídico do Sistema Nacional de Qualificações e define as estruturas que asseguram o seu funcionamento.

Portaria n.º 1497/2008, de 19 de Dezembro - Regula as condições de acesso, a organização, a gestão e o funcionamento dos cursos de aprendizagem, bem como a avaliação e a certificação das aprendizagens. Revoga as portarias e os despachos publicados ao abrigo do Decreto -Lei n.º 205/96, de 25 de Outubro.

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Bibliografia

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Duarte, A. F. (1997). A problemática da certificação profissional, Formar: 10 Anos no Centro de Formação. Lisboa: Instituto de Emprego e Formação Profissional, 2002

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