o turismo como uma alternativa de … · 2 agradecimentos À universidade salgado de oliveira, pela...

49
O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO PARA O MUNICIPIO DE BREVES CARINA BARROS MIRANDA SEBASTIÃO FIALHO MACHADO Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Pós- Graduação em Gestão e Educação Ambiental, da Universidade Salgado de Oliveira Rio de Janeiro, Turma 0901 UAS/Breves, Pará, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialistas em Gestão e Educação Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Luiz Marconi Fortes Magalhães. BREVES 2010

Upload: phamduong

Post on 21-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

1

O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO PARA O

MUNICIPIO DE BREVES

CARINA BARROS MIRANDA

SEBASTIÃO FIALHO MACHADO

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Pós-

Graduação em Gestão e Educação Ambiental, da

Universidade Salgado de Oliveira – Rio de Janeiro, Turma

0901 – UAS/Breves, Pará, como requisito parcial para

obtenção do Título de Especialistas em Gestão e Educação

Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Marconi Fortes Magalhães.

BREVES

2010

Page 2: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

1

CARINA BARROS MIRANDA

SEBASTIÃO FIALHO MACHADO

O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO PARA O

MUNICIPIO DE BREVES

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau Especialista em Gestão

e Educação Ambiental do Curso de Pós-Graduação em Gestão e Educação Ambiental, da

Universidade Salgado de Oliveira – Rio de Janeiro, Turma 0901 – UAS/Breves, pela

Comissão formada pelos professores:

Orientador:

Prof. Dr. Luiz Marconi Fortes Magalhães

Ph. D. em Ciências do Meio Ambiente, UQAM/Canadá

Universidade Federal do Pará, UFPA

Membros:

Profa. M. Sc. Raimunda Guilhermina Constantino

Doutora em Filosofia da Educação, UNICAMP/São Paulo

Universidade Federal do Pará, UFPA

Prof. M. Sc. Jose Guilherme de Lima Miranda

Mestre em Educação em Ciências, NPADC/UFPA

Universidade Federal do Pará, UFPA

Profª M. Sc. Maria Antonieta da Silva Xavier

Especialista em Educação Ambiental, NUMA/UFPA

Universidade Federal do Pará, UFPA

Nota obtida: Excelente

Breves, 06 de março de 2010.

Page 3: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

2

AGRADECIMENTOS

À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em

minha formação acadêmica; ao senhor Marconi Magalhães, Professor e maior incentivador

desta presente especialização; Ao Senhor e Colega Jeferson Otoni pela cedencia de espaço

no CEDEP, para ministração de nossas disciplinas; A colega Maila Machado pela

divulgação e responsabilidade desta especialização. Aos colegas pelo incentivo, em

especial a Rosemeire, Cristiane, Klausner, Alice, Nelbiane, Margareth, Jane, Francisco e

Sebastião; Aos meus colegas de trabalho pela força, Professor Marvão, Werivana, Robson

Matos, Venâncio Leão, Francisco Vicente, Elton e Vandacy; A minha querida família,

especialmente aos meus pais Quintino e Ana Maria. e aos meus irmãos Quintino Neto e

Sidiclei pelo incentivo.(MIRANDA, Carina).

Page 4: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

3

AGRADECIMENTOS

À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em possibilitar o

cumprimento de mais uma etapa da minha formação acadêmica; a professora Ana Céli

Martins pela oportunidade que me deu nesta especialização; ao senhor Marconi Magalhães,

Professor e maior incentivador desta presente especialização; Ao Senhor e Colega Jeferson

Otoni pelo espaço cedido no CEDEP, para ministranças de nossas disciplinas; a todos os

colegas da turma pelo apoio e incentivo e em especial a colega Carina pela luta conjunta na

elaboração deste trabalho; a minha querida família, em especial esposa, filhos, irmãos e

seus familiares, mãe e mais ainda, a Profª. MS. Edina Fialho, que é minha maior

incentivadora e me oportunizou esta especialização. (MACHADO, Sebastião Fialho).

Page 5: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

4

SIGLAS E ABREVIATURAS

DLIS

EMBRATUR

Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável

Empresa Brasileira de Turismo

IBAMA

IEB

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

Instituto Ecoturístico Brasileiro

IBGE

IEB

MINTUR

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Instituto Ecoturístico Brasileiro

Ministério do Turismo

OMT Organização Mundial do Turismo

ONG’s Organizações não-governamentais

PARATUR

PCNs

PMNT

PNT

Companhia Paraense de Turismo

Parâmetros Curriculares Nacionais

Programa de Municipalização Nacional do Turismo.

Programa Nacional do Turismo

SEBRAE Serviço Brasileiro de apoio as Micro e Pequenas Empresas

SECULT Secretaria Municipal de Cultura

SEMARHA

SEPOF

Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos. e Agricultura.

Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Financias

UFPA Universidade Federal do Pará

UNIVERSO Universidade Salgado de Oliveira

Page 6: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

5

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1: Desembarques internacionais nos anos de 2007 a 2009 ……………………….11

Tabela 2: Receita Cambial nos anos de 2007 a 2009 ……………………………………..11

Tabela 3: Meios de Hospedagens de Breves. ………………………………….................37

Tabela 4: Serviços de alimentação e similares de Breves …………………………….......38

Tabela 5: Espaços para realização de eventos de Breves ……………………...……….....39

Tabela 6: Acidentes Geográficos do Município de Breves ………………………….........40

Tabela 7: Calendário anual de eventos/ Município de Breves ………………………........41

Figura 1: Terminal hidroviário e Hotel Parauahú ………………………………………...40

Figura 2: Piscina do Hotel Parauahu ………………………………………………….......40

Figura 3: Antigo Trapiche Municipal ……………………………………………………..41

Figura 4: Ruinas de antiga fabrica de borracha …………………………………………...41

Figura 5: Acumulo de mururé ao longo dos rios, indicando grande devastação ambiental.45

Figura 7: Rio Pararijós………………….………………………………………………....46

Figura 8: Por do sol no rio Parauahu. ……………………………………………..……....46

Page 7: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

6

RESUMO

A modalidade de turismo, denominada Ecoturismo é um dos ramos que mais

cresce e emprega atualmente, unindo-se a esse aspecto econômico está o aspecto de

preservação tanto dos recursos naturais como dos recursos históricos culturais que o

tornam sustentável. O Estado do Pará vem se formatando como um dos mercados mais

promissores nesta área, devido sua infinidade de atrativos turísticos e de fazer parte da

Amazônia. Dentro dessa perspectiva encontramos a Ilha do Marajó com suas belezas

naturais, culturais e patrimoniais diversas, em que o Município de Breves se encontra.

Este presente trabalho está organizado da seguinte forma: na sua primeira

parte, o trabalho estabelece um panorama histórico do turismo, discorrendo sobre a sua

implantação, avanços, etapas de proposições de dois governos federais – FHC e Lula –,

desenvolvimento sustentável, educação ambiental, ecoturismo e estatística do turismo no

Brasil.

No segundo capítulo se estabelece o ecoturismo como fonte de geração de

trabalho e renda no município de Breves. Retrata a atual situação da população que vive

momentos difíceis devido à escassez de trabalho e renda e a trajetória de seus ciclos

econômicos e conseqüências deste.

Já no terceiro capítulo apresenta-se o ecoturismo como uma alternativa de

trabalho e renda para Breves, estabelecendo seus pontos fortes e fracos, comentando sobre

a infra-estrutura necessária ao seu desenvolvimento, apresentando sugestões para a sua

implantação e desenvolvimento no local. Que bem planejado poderá promover a

sustentabilidade e preservação não só de seus recursos naturais mais também do ser

brevense, que atualmente encontra-se sem identidade.

Palavras-Chave: Turismo, Município de Breves, Ecoturismo.

Page 8: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................09

CAPÍTULO I: TURISMO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, EDUCAÇÃO

AMBIENTAL E ECOTURISMO....................................................................................10

1.1 ESTATÍSTICAS DO TURISMO..................................................................................10

1.2 RETRATOS DO TURISMO NO

BRASIL……………...............................................Erro! Indicador não definido.14

1.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL..................................................................18

1.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL........................................................................................22

1.5 ECOTURISMO. ..........................................................................................................24

1.5.1 Ecoturismo no Brasil .................................................................................................25

CAPÍTULO II: O ECOTURISMO COMO FONTE DE TRABALHO E RENDA NO

MUNICIPIO DE BREVES………………………………………………………………30

2.1 SITUAÇÃO ATUAL DO MUNICÍPIO........................................................................30

2.2 A TRAJETÓRIA DOS CICLOS ECONOMICOS DE BREVES E SUAS E

CONSEQUENCIAS ……………………………………………………………………....30

CAPÍTULO III: PLANEJANDO O ECOTURISMO NO MUNICIPIO DE BREVES:

PONTOS FORTES E FRACOS ………………………………………………………..35

3.1 INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA MUNICIPAL .........................Erro! Indicador

não definido.......................35

3.2 EVENTOS GERADORES DE FLUXO TURISTICOS ...........................................41

3.3 POSSIVEIS SUGESTÕES ...........................................................................................42

CONCLUSÃO ...................................................................................................................46

REFERÊNCIAS ................................................................................................................47

Page 9: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

8

1 – INTRODUÇÂO

A indústria do turismo no mundo atual globalizado é a atividade que apresenta

os mais elevados índices de crescimento no contexto econômico mundial. Dentre as

diversas formas de turismo, o “ecoturismo” é uma das atividades que contribui para a

preservação dos recursos naturais proporcionando o desenvolvimento sustentável das

populações locais e promovendo a melhoria da qualidade de vida. A problemática de

desemprego e devastação ambiental tem sido palco de discussões e denuncias em muitos

municípios do Estado do Pará. O Município de Breves não está alheio a esta situação,

considerando-se que vem há alguns anos sendo noticia nos meios de comunicação em

massa, devido os problemas decorrentes da escassez de geração de emprego e renda, como

a prostituição – adulto e infantil -, tráfico de drogas, extração ilegal de madeira entre

outros. Diante desses fatos, o presente trabalho tem como objetivo diagnosticar e fazer uma

reflexão sobre tal problemática e apontar a modalidade de turismo, denominada ecoturismo

como uma alternativa de desenvolvimento que pode aliar a preservação ambiental e a

sustentabilidade para o município de Breves, chamando a atenção dos gestores municipais

e empresários da região, sobre os benefícios que serão proporcionados ao município e a

sua população nas esferas econômica, cultural, social e ambiental, com a implantação do

“ecoturismo” no Município de Breves. Este Trabalho está organizado em três capítulos:

Turismo, Desenvolvimento Sustentável, Educação Ambiental e Ecoturismo; Ecoturismo

como fonte de trabalho e renda no Município de Breves e Planejando o ecoturismo no

município de Breves: pontos fortes e fracos. A pesquisa sobre o tema foi organizada e

elaborada através de consultas bibliográficas e periódicos online pertinentes ao assunto e

aplicáveis a realidade local.

Page 10: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

9

CAPITULO 1

TURISMO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, EDUCAÇÃO AMBIENTAL

E ECOTURISMO

O turismo é um fenômeno no mundo atual que tem movimentado a economia

de muitos países, gerando trabalho e renda a um grande contingente de pessoas,

desenvolvendo vilas, cidades e estados, países e muitos lugares que até mesmo se

encontravam isolados, estagnados e desconhecidos por muitas pessoas (MIRANDA, 2007).

A partir do século XX, na década de 70, o turismo é projetado como uma das

mais significativas e importantes indústrias do mundo moderno com perspectivas

crescentes de expansão. Hoje o Turismo deve ser entendido como sinônimo de facilidades

para se alcançar um prazer inesgotável (LAGE e MILONE, 2000, p.17) e não mais a busca

de status social.

Segundo Molina e Rodriguez 2001, mesmo em épocas de crise e recessão, o

turismo tem mantido uma dinâmica relevante em comparação com outros setores da

economia, gerando insumos que beneficiam tanto aqueles que dependem dos lucros

advindos da prática da atividade turística em um dado local, como a outros percebidos por

àqueles que se utilizam dos serviços e equipamentos turísticos, como também

proporcionam o prazer de conhecer novos lugares, culturas e pessoas.

1.1 ESTATÍSTICAS DO TURISMO

Segundo estatiscas realizadas pela OMT, divulgada em 2003, o Turismo

mundial teve crescimento de 3,2% em 1999, com um total 657 milhões de chegadas

internacionais. Sendo que estas receitas tiveram o mesmo percentual de aumento e

totalizaram U$ 455 bilhões. Para o ano de 2010, as projeções de chegadas são de 1.047.000

e para o ano de 2020 atingirão 1.602.000.

Foram observados no gráfico seguinte que as projeções estavam corretas

conforme enfatiza os dados do Ministério do Turismo, 2010. Pois houve crescimento nos

Page 11: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

10

anos previstos, porem devido à crise do dólar no ano de 2009 ocorreu uma baixa no

numero de viagens, entretanto, com os investimentos emergenciais na política monetária

internacional, tal fato vem assumindo sua dinâmica de crescimento.

Desembarques internacionais nos anos de 2007 a 2009.

MINTUR – Dados e fatos, 2010.

No Brasil, estima-se que a atividade turística seja responsável por cerca de 6

milhões de empregos, correspondendo por 6% da população ativa empregada e 7,8% do

PIB (Produto Interno Bruto) nacional, que gerou em 1998, receitas de U$3,6 bilhões de

dólares no país. (EMBRATUR, 2000 apud PETROCCHI, 2002, ).

Já no ano de 2007 as receitas elevaram-se para quase U$5 bilhões de dólares e em

2008, aumentou quase um bilhão a mais, porem em 2009 houve um decréscimo que já fora

enfatizado sua causa anteriormente.

Receita Cambial nos anos de 2007 a 2009.

Fonte: Ministério do Turismo, 2010

Page 12: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

11

O Brasil recebeu em 1998 4,8 milhões de turistas estrangeiros; 38,2 milhões de

turistas domésticos; U$ 670 milhões investidos em obras de infra-estrutura básica; U$6

bilhões de novos investimentos privados em novos projetos turísticos etc. (FUNDAÇÃO

ROBERTO MARINHO e EMBRATUR, 2000, p.16).

Segundo matéria do site oficial de turismo do ministério do turismo no ultimo

dia 20 de janeiro do ano corrente: Turistas estrangeiros gastaram U$ 5,3 bilhões no Brasil

em 2009, volume acumulado no ano passado é o segundo maior da série histórica iniciada

em 1947

De acordo com dados divulgados no dia 20 de janeiro do ano corrente pelo

Banco Central (BC), o ano de 2009 registrou a entrada de U$ 5,3 bilhões de dólares por

meio dos gastos de turistas estrangeiros no Brasil.

O resultado de 2009 é o segundo melhor da série histórica do Banco Central,

em um ano em que o turismo internacional sofreu as consequências da crise mundial que

atingiu fortemente os principais emissores do mundo, em particular os países europeus,

avalia a presidente da EMBRATUR, Jeanine Pires, que recebeu a notícia em Madri, onde

participa da Fitur (Feria Internacional de Turismo).

O crescimento na entrada de divisas por meio do turismo internacional foi de

114% comparado a 2003 - ano em que a EMBRATUR passou a realizar o trabalho de

promoção turística internacional com foco no aumento da permanência e do gasto dos

turistas estrangeiros no Brasil. “Chegamos a 2010 com esta evolução positiva na entrada de

divisas em relação a 2003, o que é um resultado excepcional, comparado com a maioria

dos países do mundo”, disse a presidente da EMBRATUR.

O valor registrado em 2009 só é menor (8%) do que o acumulado em 2008,

quando U$ 5,78 bilhões ingressaram no país pelo turismo internacional. Em dezembro, o

ingresso foi de US$ 516 milhões, valor 1,95% menor do que o mesmo mês de 2008 – o que

faz com que dezembro de 2009 também registre o segundo melhor resultado para o mês

em todas

Já os gastos de brasileiros no exterior em 2009 somaram U$ 10,89 bilhões, o

que significa uma ligeira queda em relação a 2008: - 0,59%. O cálculo do Banco Central

Page 13: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

12

inclui trocas cambiais oficiais e gastos em cartões de crédito internacional. (MINTUR,

2010).

Segundo os Indicadores de Turismo, produzidos pelo NUP - Núcleo de

Planejamento da PARATUR - Companhia Paraense de Turismo, o número de turistas que

se hospedaram em hotéis no Pará foi de 586.010 em 2008, enquanto que em 2007 este

quantitativo correspondeu a 555.835 turistas.

Desse total de visitantes, 532.670 eram brasileiros e 53.340 estrangeiros, sendo

que o crescimento do turismo doméstico foi de 5,3% e o aumento de turistas internacionais

foi de 6,6% (PARATUR, 2009). Os indicadores revelaram ainda que o crescimento do

número de turistas ao Estado proporcionou um faturamento de R$ 841 milhões em 2008,

suplantando o faturado em 2007 que foi de R$ 781 milhões.

Quanto ao número de empregos gerados, houve avanço. Sendo que em 2008

foram gerados 78.104 empregos diretos e indiretos. Em 2007 os empregos diretos e

indiretos gerados somaram 76.157.série histórica.(BARROS ET AL in Turismo: Indústria

limpa e desenvolvimento local sustentável, 2009 ).

O Pará está se estabelecendo como um mercado promissor em grande expansão

e com grande potencial, pois, possui mais de 50% das ofertas diferenciadas da Amazônia

Legal, que é mundialmente foco de atração de turistas, além de possuir a maior parte da

Amazônia neste Estado. (PETROCCHI, 2002)

No Estado do Pará, também encontramos a famosa Ilha do Marajó, que é a

maior “Ilha fluvio-maritima do mundo”, que também atrai muitos visitantes, pois, possui

um grande potencial diferenciado, abundante e exótico diversificado das demais regiões,

como a criação de manadas de búfalos; campos naturais; praias de rio e de mar; animais

exóticos como guarás e garças; variedade de pescado, frutas; patrimônios histórico-

culturais tombados ou não e marcantes, como a cultura e cerâmica marajoara, entre outros

aspectos que servem como fator de freqüentes vindas à Ilha. (MIRANDA, 2007.p,16).

Page 14: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

13

E dentro deste contexto, encontramos o Município de Breves que se localiza na

Ilha do Marajó- a sudoeste da mesma- e é considerado como a “Capital das Ilhas” pela sua

trajetória de contribuição para o conhecimento e vindas para o Marajó, já que sua

localização é “privilegiada”, pois, serve de passagem para várias regiões como a outros

municípios e a até mesmo Estados, visto ser um dos caminho fluvial do Pará ao Amapá e

do Pará ao Amazonas, entre outros.

Mas em relação à distância à capital do Estado – Belém - o Município de

Breves é desfavorecido em relação a outros municípios, como por exemplo, à Soure e a

Salvaterra, que por estarem mais próximos da capital são mais beneficiados com projetos e

ações de incentivo ao turismo, qualidade de vida e à qualificação profissional de seus

habitantes.

1.2 RETRATOS DO TURISMO NO BRASIL

Desde o primeiro mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o

turismo já fazia parte da “Proposta de Governo”, onde foi considerada atividade prioritária

para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Nesse período a EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo formulou a

Política Nacional de Turismo – principais diretrizes, estratégias e programas 1996- 1999.

Esse esboço tornou-se, de fato e de direito, o primeiro planejamento estratégico do turismo

brasileiro, sendo considerada uma conquista importante em termos de implantação de

políticas públicas para o turismo no Brasil.

Os objetivos estratégicos do PNMT estavam balizados em 10 itens:

1) Fomento, centrado na infra-estrutura turística

2) Capacitação profissional;

3) Defesa do consumidor;

4) Desenvolvimento do pensamento estratégico;

5) Busca de qualidade de serviços;

6) Descentralização;

7) Conscientização da sociedade brasileira para a importância do turismo;

Page 15: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

14

8) Articulação intra e extra-governamental;

9) Democratização do turismo interno;

10) Promoção externa e inserção internacional do turismo brasileiro.

Dentre os principais programas executados, destacaram-se: Imagem do Brasil,

Projeto Visit Brazil, Brazil Expert, participação em feiras internacionais, captação de

eventos internacionais, sistema de informações turísticas via internet, ampliação e

aperfeiçoamento do programa de estatísticas básicas do turismo, qualificação profissional

para o turismo, conscientização e iniciação escolar para o turismo, calendário nacional dos

dias azuis – baixa estação, desenvolvimento da malha aérea, pesca esportiva, albergues da

juventude, clube da maior idade, Programa Nacional de Ecoturismo, Bolsa de Negócios,

Programa Nacional de Financiamento do Turismo e Programa Nacional de

Municipalização do Turismo – PNMT.

O programa estruturador elencado pelo governo como sendo a âncora para o

desenvolvimento do turismo no Brasil foi o PNMT. Que com certeza, o país passou por um

grande avanço com essa decisão, considerando-se que a estratégia do PNMT estava focada

na descentralização da gestão do turismo, já que o Brasil, historicamente, sempre

direcionou e priorizou o turismo receptivo no Rio de Janeiro. O PNMT partiu da idéia do

desenvolvimento turístico de “dentro para fora”, que significava começar a desenvolver o

turismo inicialmente na célula mater, no município.

A partir daí, esse município poderia vir a fazer parte de uma zona ou uma

região turística para, na fase seguinte, estar inserido no contexto estadual e, assim

Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável - DLIS, o governo criou programas e

ações que contribuíram para a melhoria da qualidade de vida das populações e das

pequenas cidades.

A estratégia da gestão do PNMT estava focada nos seguintes eixos:

- nos três pilares responsáveis pelo desenvolvimento sócio-econômico de uma localidade:

governo, iniciativa privada e comunidade local;

- nos cinco princípios da municipalização do turismo: descentralização, sustentabilidade,

parcerias, mobilização e capacitação;

Page 16: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

15

- na organização turística municipal, composta pelo Órgão Municipal de Turismo, pelo

Conselho Municipal de Turismo e pelo Fundo Municipal de Turismo.

A reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso insere novamente o

turismo no “Plano Plurianual 2000-2003”. A medida mantinha o PNMT como o principal

modelo de planejamento e desenvolvimento turístico do país e ainda foi responsável pela

criação do Ministério dos Esportes e do Turismo, dando maior visibilidade ao setor no

ambiente político.

O PNMT, em seus 08 anos de existência, chegou a treinar 27.483 brasileiros,

utilizando-se da metodologia participativa alemã Zopp (Planejamento de Projetos

Orientados por Objetivos) que, dentro da estratégia, constituía-se como ferramenta

fundamental para o programa, uma vez que o processo de construção era coletivo e

elaborado pelos atores inseridos na comunidade.

O PNMT foi implementado com sucesso, especialmente nos municípios de

Bezerros/PE, Bonito/MS, Brotas/SP, Cáceres/MT, Campina do Monte Alegra/SP,

Carnaúba dos Dantas/RN, Porto de Galinhas/PE, Mallet/PR, Palmeira/PR, Paracatu/MG,

Parintins/AM e Toca da Raposa/Roraima, que serviram como referências e modelos de

gestão e planejamento turístico do Brasil.

No que se refere ao Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destaca-

se que pela primeira vez na história, houve a criação de um Ministério específico para o

turismo, o que demonstra a importância e o amadurecimento efetivo da atividade, sob a

ótica do poder público federal. O turismo deixou de ser “sobrenome” para se tornar um

ministério independente, com ministro de Estado exclusivo e com verbas próprias,

ganhando posicionamento diferenciado e status-quo depois dessa medida.

Com a criação do Ministério do Turismo, foi implementado o “Plano Nacional

do Turismo – Diretrizes, Metas e Programas”, que estabeleceu os rumos para o

desenvolvimento da atividade turística no Brasil para o período 2003-2007.

A alteração mais significativa foi a mudança da gestão e do planejamento, já

que o novo foco das ações do Ministério do Turismo passou a ser ancorado pelo PNT, que

Page 17: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

16

seguiu os principais modelos internacionais implementados, denominados clusters

turísticos.

Para Gutierrez e Bordas, 1993, os clusters turísticos são aglomerados de vários

atrativos turísticos, infra-estruturas compatíveis, equipamentos e serviços receptivos, bem

como a organização turística concentrada em âmbito geográfico bem definido.

O Plano Nacional de Turismo estabeleceu 05 metas para o turismo do Brasil no

período 2003-2007:

- Criar condições para gerar 1.200.000 novos empregos e ocupações;

- Aumentar para 9 milhões o número de turistas estrangeiros no Brasil;

- Gerar 8 bilhões de dólares em divisas;

- Aumentar para 65 milhões a chegada de passageiros nos vôos domésticos;

- Ampliar a oferta turística brasileira, desenvolvendo no mínimo três produtos turísticos de

qualidade em cada Estado da Federação e no Distrito Federal.

Com o intuito de atingir a meta estabelecida, a estrutura de gestão do

Ministério do Turismo ampliou os órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro, além

dos órgãos finalísticos: Secretaria de Políticas Publicas de Turismo, Secretaria de

Programas de Desenvolvimento do Turismo, Instituto Brasileiro de Turismo –

EMBRATUR, e Conselho Nacional do Turismo.

Para enfrentar o desafio de atingir o município, que é a última instancia, a

gestão composta foi formatada no nível estratégico pelo Governo Federal, Ministério do

Turismo, Conselho Nacional de Turismo e Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes

Estaduais de Turismo.

Entre as ações propostas pelo PNT, está o Programa de Regionalização do

Turismo – Roteiros do Brasil, que já identificou mais de 200 regiões turísticas e 3.819

municípios em 2005. Isso significa dizer que, hoje, existem 87 roteiros com padrão

internacional de qualidade e cerca de 400 roteiros disponibilizados para comercialização

no mercado nacional. (LOPES in Analise dos modelos de planejamento e desenvolvimento

turístico propostos pela gestão pública no Brasil, 2006, p.32 35).

Page 18: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

17

A previsão é que o Brasil continue crescendo, embora a meta divulgada pelo

Ministério de Turismo de atrair 9 milhões de turistas até 2007 pareça ambiciosa. A

previsão da OMT é que o Brasil atrairá 14 milhões de turistas estrangeiros em 2020,

crescendo a um ritmo médio de 5,2% ao ano desde 2000. Com base na linha de tendência

de crescimento histórico 1987 - 2003, a projeção para 2020 seria somente 9 milhões de

turistas, crescendo a um ritmo médio de 4,8% desde 2003. (REVISTA ECOBRASIL,

2009)

1.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O termo desenvolvimento sustentável foi criado no ano de 1713, quando

Carlowitz, utilizou-o para se referir à exploração de florestas cultivadas na Alemanha. Seu

significado nesta época era restrito a qualquer prática de utilização do solo que garantisse

em longo prazo rendimentos econômicos estáveis.

Na atualidade o termo sustentabilidade tem sido utilizado para significar uma

atitude, um posicionamento em relação ao trato com a natureza como um bem renovável.

O termo vem ganhando projeção política ampliada a partir da Agenda 211·. ”(...). Porém,

não pode haver garantia de sustentabilidade em longo prazo porque muitos fatores

ecológicos, econômicos e sociais são ainda desconhecidos ou imprevisíveis.Por outro lado

a sustentabilidade econômica deveria, por exemplo, se refletir numa sustentabilidade

socioambiental, o que nem sempre ocorre”(FURLAN, 2003, p.497).

O turismo inserido nesse processo de sustentabilidade se torna turismo

sustentável, e está alicerçado em 3 pilares que são:

1- conservação ambiental;

2-eficiência econômica e

3- equidade social. (OMT, 1999).

1 Agenda 21. É o principal documento da RIO - 92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento Humano), que foi a mais importante conferência organizada pela ONU (Organização das

Nações Unidas) em todos os tempos. Ela tem esse nome porque se refere às preocupações com o nosso

futuro, agora, a partir do século XXI. Este documento foi assinado por 170 países, inclusive o Brasil,

anfitrião da conferência. Disponível em (http://www.crescentefertil.org.br/agenda21/index2.html)

Page 19: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

18

O turismo sustentável é descrito como aquele que satisfaz as necessidades

presentes dos turistas, ao mesmo tempo em que, preserva as regiões de destino e

incrementa novas oportunidades para o futuro. (...) deve ser concebido de modo a conduzir

à gestão de todos os recursos existentes, tanto do ponto de vista da satisfação das

necessidades econômicas, sociais e estéticas, quanto da manutenção da integridade

cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas de

suporte à vida. (TARLOMBANI, 2003, p.101)

Segundo Ruschmann, 2000.

É preciso que o turismo e o meio ambiente encontrem um ponto de equilíbrio, afim de que a atratividade dos recursos naturais não seja a

causa de sua degradação. O Estado deve cumprir o seu papel,

principalmente no que se refere à aplicação das leis ambientais e ao zelo pelo seu cumprimento, porem é essencial que as coletividades dos locais

turísticos, assim como os outros agentes do seu desenvolvimento

contribuam igualmente para a proteção de seus atrativos naturais que estimulem o afluxo de turistas. O Estado e as coletividades regionais são

os responsáveis por uma serie de ações relacionadas com a proteção do

meio ambiente, seja ele utilizado para fins turísticos ou não.

O Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às necessidades do

presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas

próprias necessidades. (BRUNDTLAND, Gro. Relatório Nosso Futuro).

Para Wilson apoiado em McGrath2, O desenvolvimento sustentável tem como

objetivo o uso da terra e da água para sustentar a produção indefinidamente sem

deterioração ambiental, e idealmente sem perda da biodiversidade nativa.

Já Sachs, 2000 tem uma visão interdisciplinar sobre desenvolvimento

sustentável. Sachs reelabora o conceito de desenvolvimento sustentável, também chamado

de ecodesenvolvimento, como um estilo de desenvolvimento aplicável a projetos não só

rurais, mas também urbanos oposto à diretriz mimético-dependente tradicionalmente

adotada nos países pobres, orientado pela busca de autonomia ou self-reliance, e pela

satisfação prioritária de necessidades básicas das populações envolvidas. A integração da

2 Doutor em Geografia, Professor do quadro permanente do NAEA. Coordenador do programa de pós-

graduação em desenvolvimento sustentável do Tropico Úmido (PDTU).NAEA.

Page 20: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

19

dimensão do meio ambiente é pensada não apenas como uma espécie de coação

suplementar, mas também na qualidade de um amplo potencial de recursos, utilizando-se

de critérios de prudência ecológica.

Sachs articula quatro postulados, reunindo idéias essenciais do enfoque do

desenvolvimento sustentável.

O primeiro deles é a prioridade ao alcance de finalidades sociais,

redirecionando o processo de crescimento econômico, visando ao alcance de objetivos

sociais prioritários, traduzidos pelas suas necessidades materiais e psicossociais, como

autodeterminação, participação política e auto-realização;

O segundo é a valorização da autonomia ou self-reliance, buscando um maior

grau de controle dos aspectos cruciais do processo de desenvolvimento, mediante a ação da

sociedade civil organizada, no âmbito local, microrregional ou regional, canalizando e

maximizando os seus recursos disponíveis, num horizonte de respeito às suas tradições

culturais e sem incorrer com isso em auto-suficiência ou isolacionismo;

O terceiro é a busca de uma relação de simbiose com a natureza, abandonando

o padrão arrogante de relacionamento com o meio ambiente biofísico instaurado pela

modernidade à luz do processo modernizador; e o quarto é a eficácia econômica, situando

a eficiência econômica como uma alternativa à racionalidade microeconômica dominante,

no sentido de uma internacionalização efetiva da problemática dos custos sócio-ambientais

do processo de desenvolvimento.

Pode-se, também, reagrupar estes postulados do desenvolvimento sustentável,

de maneira a conceituar mais adequadamente em termos de estratégias de um

desenvolvimento socialmente mais justo, ecologicamente prudente e economicamente

eficaz.

Em 1983, a Assembléia das Nações Unidas encomendou um relatório à

comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela Primeira

Ministra da Noruega, Sra. Brundtland. Sua equipe era composta de 22 autoridades

internacionais - ministros de estado, cientistas e diplomatas.

O relatório desta comissão, publicado em abril de 1987 - Nosso Futuro Comum

- vem difundindo o conceito de desenvolvimento sustentável, que passou ao uso na

Page 21: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

20

linguagem internacional, servindo como eixo central de pesquisas realizadas por

organismos multilaterais e mesmo por grandes empresas.

Induzindo um "espírito de responsabilidade comum" como processo de

mudança no qual a exploração de recursos materiais, os investimentos financeiros e as

rotas de desenvolvimento tecnológico deverão adquirir sentido harmonioso.

O relatório de Brundtland traz a seguinte definição:

"O desenvolvimento sustentável é aquele que responde às necessidades do

presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responder às suas

necessidades" Esta definição está centrada na sustentabilidade do desenvolvimento

econômico e é criticada por vários autores, que insistem que não se pode pensar nas

gerações futuras quando parte da geração atual não atende às suas necessidades básicas.

A sustentabilidade do turismo está entrando na agenda da OMT e dos gestores

de destinos e assuntos ligados a sustentabilidade estão começando a ter ressonância na

percepção do público. Já o conceito do Destination Scorecard do National Geographic

Traveler (2004), que usa 6 indicadores de sustentabilidade para fazer um ranking de 115

destinos conhecidos, teve grande repercussão tanto entre os responsáveis pelos destinos e

quanto entre os turistas.

A discussão de sustentabilidade do turismo inclui reconhecer a importância de

planejamento em longo prazo e de utilizar indicadores de desempenho que monitoram a

valorização econômica, ambiental e sócio-ambiental. Também se necessita investir em

práticas e tecnologias que permitam minimizar impactos. (Revista ECOBRASIL, 2009 in

Turismo Sustentável / Desenvolvimento Sustentável).

Também se necessita investir em práticas e tecnologias que permitam

minimizar impactos negativos dessa atividade o que segundo Ruschmann, o turismo não

sobrevive sem o meio ambiente, por esse motivo há que se ter uma maior preocupação

nesse aspecto. A autora refuta essa idéia:

Page 22: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

21

“A educação para o turismo ambiental deverá ser desenvolvida por meio

de programas não-formais, chamando o “cidadão-turista” a uma

participação consciente na proteção do meio ambiente não apenas durante suas férias, mas também no cotidiano, no local de residência

permanente.”

Ruschmann cita alguns impactos negativos do turismo em um dado local entre

estes estão: Acúmulo de lixo nas margens dos caminhos e das trilhas, nas praias, nas

montanhas, nos rios e lagos; Uso de sabonete e de detergentes pelos turistas, contaminando

a água dos rios e lagos, comprometendo sua pureza e a vida dos peixes e da vegetação

aquática; Contaminação das fontes e dos mananciais de água doce e do mar perto dos

alojamentos, provocada pelo lançamento de esgoto e lixo in natura nos rios e no oceano;

Poluição sonora e ambiental; etc.

Os conceitos de ecoturismo e a atenção dada ao segmento foram fundamentais

para chamar atenção para a importância de sustentabilidade do crescimento do turismo e

responsabilidade na operação de todo tipo de turismo. Turismo sustentável, porém não é

um produto, é um conceito interno. O seu poder de marketing só tem valor quando

considerado como ingrediente essencial de produtos de turismo de qualidade, que pode ser

ecoturismo, turismo de aventura, turismo cultural e até turismo de sol e mar (REVISTA

ECOBRASIL, 2009).

Portanto o desenvolvimento sustentável é aquele em que os recursos naturais,

culturais e histórico-patrimoniais são aproveitados de forma a causar o mínimo de

impactos à população local, aos recursos em si, ao meio ambiente, proporcionando

sustentabilidade aos atores do local, aliando ao mesmo tempo sua conservação e proteção e

perpetuação para gerações futuras.

1.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Segundo Magalhães, 2006, a “Educação Ambiental é a ação comportamental

moral e ética, caracterizada de virtude humana contemporânea, para fornecer ao homem

ferramentas para transformar todas as suas iniciativas em atitudes, eminentemente

acabativas”. Iniciativas estas que no caso do município de Breves devem ser emergências

devido ao grau de desequilíbrio ambiental que vem sofrendo ao longo de sua trajetória

política, social, cultural, econômica e principalmente ambiental.

Page 23: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

22

Como a grande preocupação a nível global e com o setor econômico, e tal idéia

vem em rolo compressor cultural, tanto que para Aulicino, 1997: “o Brasil não se

caracteriza, sem dúvida, pela tradição com a preocupação ambiental...”, o autor explica

esse fato contando que: quando os Colonizadores chegaram ao Brasil, seus interesses

estavam no retorno econômico, há época não havia o turismo como uma prática

econômica.

Dentro desse aspecto, surge o ecoturismo com a sustentabilidade do meio

através da prática da educação ambiental e o uso consciente do meio ambiente, homem e

natureza integrados em uma parceria que pode gerar resultados positivos.

Segundo o trabalho Educação ambiental e turismo de Costa, 2007, o turismo

gera impactos, muitas das vezes irreversível, ao meio ambiente. O ecoturismo, uma

vertente do turismo, pode provocar, por sua vez, grandes danos à natureza, e se não for

bem planejado se torna extremamente desastroso.

Contudo, há que se ponderar o outro lado da moeda, o mesmo propiciam

também, impactos positivos e bastante relevantes, como, por exemplo, a criação de áreas

de proteção ambiental e a disseminação da própria educação ambiental como fonte de

mudança comportamental, que, “... é a contribuição para a formação de cidadãos mais

conscientes.

Então, nesse aspecto, surge o ecoturismo, a sustentabilidade do meio através da

prática da educação ambiental e o uso consciente do meio ambiente, homem e natureza

integrados em uma parceria que pode gerar resultados positivos (COSTA, 2007).

Continua Costa dizendo que a lição que se pode tirar é a de que a questão

econômica é a tônica da globalização, há que se ter, em todos os seguimentos, a idéia clara

do apelo econômico. Isso se da, também, nas causas e projetos de cunho Ambiental. Nesse

caso enquadra-se perfeitamente a idéia do ecoturismo.

Page 24: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

23

Ainda de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), 2001 in

Meio Ambiente e Saúde: A educação ambiental é capaz de transformar o pensamento do

homem em relação à natureza. O ser humano passa a valorizar a natureza através da

educação ambiental, utilizando-a com o mínimo de impacto possível ().

Pela visão defendida dentro dos PCNs é,

Principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a

formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade

socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da

sociedade, local e global.

Segundo Ruschmann, 1997, o turismo não sobrevive sem o meio ambiente, por

esse motivo há que se ter uma maior preocupação nesse aspecto.

A educação para o turismo ambiental deverá ser desenvolvida por meio de

programas não-formais, chamando o “cidadão-turista” a uma participação consciente na

proteção do meio ambiente não apenas durante suas férias, mas também no cotidiano, no

local de residência permanente (RUSCHMANN, 1997).

Como já anteriormente enfatizado o turismo seria uma solução aos problemas

históricos ambientais que Breves vem enfrentando como a falta de políticas de geração de

emprego e renda e a devastação ambiental que tornou o município mundialmente

conhecido pela mídia. Inserido nesse contexto o tipo de turismo que melhor se adequa e

pode contribuir para a geração de consciência ecológica e educação ambiental aliada à

sustentabilidade da população local é o Ecoturismo.

1.5 ECOTURISMO

De acordo com Western apud Lindberg, 1999 registrou-se o termo pela

primeira vez no início dos anos 80. O objetivo do ecoturismo é provocar e satisfazer o

desejo que temos de estar em contato com a natureza, é explorar o potencial turístico

Page 25: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

24

visando à conservação e o desenvolvimento, é evitar o impacto negativo à ecologia, à

cultura e à estética.

Já a The International Ecotourism Society define ecoturismo como a viagem

responsável para áreas naturais que conservam o ambiente e melhorem o bem-estar da

população local. Isto significa que quem opera e participa de atividades ecoturísticas deve

seguir os seguintes sete princípios:

* minimizar impactos

* desenvolver consciência e respeito ambiental e cultural;

* fornecer experiências positivas para ambos visitantes e anfitriões;

* fornecer benefícios financeiros diretos para a conservação;

* fornecer benefícios financeiros e poder legal de decisão para o povo local;

* Elevar a sensibilidade pelo contexto político, ambiental e social dos países

anfitriões;

* Apoiar os direitos humanos internacionais e acordos trabalhistas.

A atividade, como presentemente configurada em muitas partes do mundo, é

confundida com o turismo de aventura e, de fato, há quem inclua esta última, assim como

outras nomenclaturas dadas ao turismo (por exemplo: turismo rural, turismo responsável,

turismo ecológico, turismo alternativo, turismo verde, turismo cultural) como partes ou

derivações de uma generalização chamada ecoturismo (HONEY, 1999).

1.5.1 - O Ecoturismo no Brasil

O ecoturismo, segundo o documento Diretrizes para uma Política Nacional de

Ecoturismo, publicado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pelo Ministério do Meio

Ambiente em parceria com a EMBRATUR e o IBAMA, é um segmento da atividade

turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua

conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação

do ambiente, promovendo o bem-estar das populações (BENI, 2003).

Page 26: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

25

Vários autores colocam como condições para a existência de ecoturismo a)

respeito às comunidades locais; b) envolvimento econômico efetivo das comunidades

locais; c) respeito às condições naturais – conservação do meio ambiente; d) interação

educacional - a garantia que o turista incorpore para sua vida o que aprende em sua visita,

gerando consciência para a preservação da natureza e do patrimônio

histórico/cultural/étnico (HONEY, 1999).

Entre os que têm discutido cientificamente a questão no Brasil, pode-se citar

Zysman Neiman, Dóris Ruschmann, Paulo dos Santos Pires, Paul Joseph Dale, Sérgio

Salazar Salvati, Marta de Azevedo Irving, Rita Mendonça, Alexandre de Gusmão Pedrini,

Karen Garcia e Laura Rudzewicz.

A publicação de material científico sobre o tema no país ainda é tímida em

relação ao quanto o ecoturismo se tornou popular através dos veículos da imprensa e no

cotidiano dos que apreciam a natureza. Sobretudo ao comparar-se a difusão de estudos sob

a forma de livros em relação ao volume de material meramente jornalístico e de divulgação

comercial sobre o assunto.

Algo que pode contribuir para uma distância e o que se pretende e alega como

ecoturismo e o que de fato se pratica e difunde. Possivelmente, uma das causas para o

conflito entre as concepções de ecoturismo pelo senso comum e por viés mais criterioso.

Em 2008 foi criada a Revista Brasileira de Ecoturismo, que visa suprir essa lacuna e

tornar-se referência científica no país. Ela tem periodicidade quadrimestral e é editada pela

Sociedade Brasileira de Ecoturismo, a mais importante entidade científica da área no

Brasil.

O ecoturismo, infelizmente, em muitas áreas no Brasil vem sendo mal

explorado, e os impactos negativos já se manifestam. Com a implementação da educação

esses impactos podem ser minimizados. Não basta somente desenvolver o ecoturismo, é

preciso, também, todo um planejamento turístico para se obter um turismo sustentável.

Ainda, segundo a autora o planejamento é uma atividade que envolve a

intenção de estabelecer condições favoráveis para alcançar objetivos propostos. Nos casos

Page 27: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

26

onde não existam tais preocupações, podem ser grandes e irreversíveis os impactos

causados pelo ecoturismo.

Alguns Impactos Negativos segundo Dóris Ruschmann: Acúmulo de lixo nas

margens dos caminhos e das trilhas, nas praias, nas montanhas, nos rios e lagos; Uso de

sabonete e de detergentes pelos turistas, contaminando a água dos rios e lagos,

comprometendo sua pureza e a vida dos peixes e da vegetação aquática; Contaminação das

fontes e dos mananciais de água doce e do mar perto dos alojamentos, provocada pelo

lançamento de esgoto e lixo in natura nos rios e no oceano; Poluição sonora e ambiental;

etc..

Os Dez Mandamentos do ecoturista

1. Amarás a Natureza sobre todas as coisas.

2. Honrarás e preservarás o bom humor;

3. Estarás sempre pronto a colaborar;

4. Serás capaz de te adaptares aos imprevistos;

5. Utilizarás os serviços dos guias credenciados;

6. Não reclamarás;

7. Não invocarás o nome do guia em vão, para perguntar se falta muito para chegar;

8. Não considerarás chuvas, atoleiros ou pontes quebradas como imprevistos;

9. Não poluirás o meio-ambiente.

10. Preserve e Respeite a biodiversidade, não polua as nascentes, os leitos e margens, não

destrua as matas ciliares, não degrade o meio ambiente, e compartilhe a sustentabilidade.

(Turismo Sustentável, Wikipédia, 2009).

Cinco Mandamentos do Ecoturismo

1. Da natureza nada se tira a não ser fotos.

2. Nada se deixa a não ser pegadas.

3. Nada se leva a não ser recordações.

4. Andar em silêncio e em grupos pequenos.

5. Respeitar uma distância dos animais, evitando gerar stress.

(Ecoturismo, Wikipédia, 2009).

Page 28: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

27

Ressalta Carvalho, 2007, em seu trabalho Ecoturismo, que o grande

impulsionador do turismo ecológico no mundo, foi sem dúvida os documentários em vídeo

sobre viagens, que apresentavam a natureza como cenário principal, populares nos finais

da década de 70. O Ecoturismo teve o crescimento da atividade acentuado, no final dos

anos 80 e início 90.

O ecoturismo foi introduzido no Brasil no final dos anos 80, seguindo a

tendência internacional. Já em 1989 foram autorizados pela EMBRATUR os primeiros

cursos de guia desse tipo de turismo. Em 1992, com a Rio 92, o termo ecoturismo ganhou

maior visibilidade, agradou de vez o brasileiro e impulsionou um mercado promissor, que

desde então não pára de crescer. Aos poucos, órgãos e instituições ligados ao setor também

foram sendo criados.

Fundado em 1995, o Instituto Ecoturístico Brasileiro-IEB, surge no contexto

nacional com o objetivo de organizar e unificar toda a cadeia ecoturística que compreende

desde empresários, operadoras e agências de viagem, meios de hospedagem, entidades

ambientalistas, entre outras pessoas ligadas a área. Uma de suas prioridades é incentivar o

ecoturismo através da elaboração de um código de ética visando certificar o profissional do

setor.

Continua dizendo que “O Ecoturismo é uma atividade que busca valorizar as

premissas ambientais, sociais, culturais e econômicas conhecidas de todos nós, e inclui a

interpretação ambiental como um fator importante durante a experiência turística.

Os roteiros são elaborados através das Agências Operadoras, ou outras formas

desenvolvidas pelo marketing, onde os consumidores irão desfrutar dos serviços de

hotelaria, gastronomia, condutores, transportes, equipamentos, etc. Utilizarão ainda, a

infra-estrutura básica da região (hospitais, farmácias, saneamento, coleta de lixo, posto de

saúde, telefonia, etc.) adequada e ecologicamente corretas.

Como uma indústria, esta atividade é composta de vários sócios proprietários,

presidente, diretores, setores, operadores, etc. Os sócios são compostos pela sociedade

civil, governo e instituições não governamentais.

Page 29: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

28

Neste caso, os sócios dividem a presidência, mantendo a interligação de

informações automatizadas e de acesso aos outros sócios quando necessários

independentes de presença ou não.

Cada gerente cuidará de um segmento da indústria e o gerente geral (Gestor

Administrativo Ambiental), será responsável pela preservação do meio ambiente. É o

sujeito que irá monitorar as atividades ambientais, gerenciar e fiscalizar o fiel cumprimento

das leis e atividades produzidas pela grande indústria.

No entanto cada sócio deterá uma estrutura organizacional competente e

treinada, com capacitações periódicas para aperfeiçoamento do seu corpo técnico,

aumentando o diferencial da produção.

Á Prefeitura, como sócia, cabe a infra-estrutura urbana e rural através de suas

Secretarias Municipais, tendo como umas das prioridades do município controle do

saneamento e destinação de resíduos, por tratar-se do cartão de visitas do município, pois,

um município sem saneamento e destinação de resíduos afugenta os consumidores, que

proverão o desenvolvimento sustentável da região, além de interferir diretamente na

qualidade de vida.

Á sociedade civil cabe a consciência e a responsabilidade de conservar o meio

ambiente urbano, rural e ambiental, considerando que o produto está agregado a

preservação e conservação, para atrair os turistas, garantindo essa fonte de riquezas.

Se o ecoturismo no Brasil encontra-se em um estágio de desenvolvimento

recente, este é o momento para incentivarmos a introdução de uma política de âmbito

nacional para o setor. Tal política deve orientar governos e legislativos para a implantação

de suas estratégias de regulamentação e controle, assim como orientar agências de fomento

para criar e facilitar o acesso a incentivos fiscais e financiamentos.

Ressaltando-se, a importância do estímulo a qualificação profissional, a

capacitação e aquisição de tecnologias apropriadas, a serem viabilizadas pelo

empresariado.

Page 30: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

29

Existem empreendedores querendo investir, de forma séria, em ecoturismo

com bons projetos, como aqueles, proprietários de área natural que transformam sua terra

em RPPN, ficando obrigado, de forma perpétua, a conservar a propriedade.

Por isto é preciso implantar projetos bem embasados, dentro de uma política

nacional integrada que aproxime o desenvolvimento do ecoturismo aos objetivos de

sustentabilidade social, econômica e ambiental.

A falta de uma política nacional clara para o desenvolvimento do setor, aliada à

forma desorganizada e, muitas vezes, irresponsável com que as pessoas tem praticado o

ecoturismo, têm motivado uma série de preocupações aos governos locais, às organizações

ambientalistas e às comunidades anfitriãs (CARVALHO, 2007).

Page 31: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

30

CAPITULO 2

ECOTURISMO COMO FONTE DE TRABALHO E RENDA NO MUNICIPIO DE

BREVES

2.2 SITUAÇÃO ATUAL DO MUNICIPIO

Breves é uma cidade com mais de 159 anos e mais de 100.000 mil habitantes;

banhada pelo Rio Parauahu, localizada no Estado do Pará e pelas suas dimensões urbanas,

econômicas e populacionais é considerada a Capital das Ilhas e é também o principal pólo

comercial e financeiro do arquipélago marajoara.

O tipo de Colonização aqui implantada – assim como na maioria dos

municípios brasileiros - foi a Exploratória, que ao longo da sua trajetória tornou o

Município de Breves mundialmente conhecido pela atividade extrativista da madeira que

no período áureo da exploração – década de 70 – foi chamado de “Celeiro Mundial da

Madeira” (BRAGA, 2000).

2.2 A TRAJETÓRIA DOS CICLOS ECONOMICOS DE BREVES E SUAS E

CONSEQUENCIAS

Os Ciclos Econômicos correspondem a oscilações do produto, do rendimento e

do emprego, cuja duração corresponde geralmente a um período de 2 a 10 anos e são

caracterizados pela expansão ou pela contração generalizada na maioria dos setores

econômicos. (NUNES, 2007)

Cada Ciclo Econômico apresenta duas fases principais: a expansão e a

recessão. Os pontos de viragem dos ciclos são designados por picos (pontos de viragem de

uma expansão para uma recessão) e por fundos (pontos de viragem de uma recessão para

uma expansão) ou ainda, segundo o economista Shumpeter possui quatro fases:

1-Subida (boom) / 2-Recessão/ 3-Depressão e 4-Recuperação

Page 32: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

31

Dentre os ciclos econômicos explorados em Breves os mais conhecidos e que

deram certo retorno econômico a população local e posteriormente aos investidores

externos temos os seguintes:

* Na Agricultura: Drogas do sertão, Arroz de várzea, Milho, Mandioca, Laranja, banana e

limão e Leguminosas

* No Extrativismo Vegetal: Palmito, Açaí, Borracha, Carvão e Madeira

Sendo que o ciclo que mais durou e proporcionou a geração de emprego e

renda foi o da borracha na vila de corcovado e mais tarde o da extração da madeira. A

dinâmica econômica que mais conhecemos e que tornou o município conhecido será

descrito abaixo:

Em 1917 foi instalada a primeira serraria na Vila de Antonio Lemos, que foi

por um tempo sede do município de breves em que movimentou de forma acelerada o

comercio local com atendimento variado devido o aumento do numero de trabalhadores em

que o comercio atendia até fregueses de outros locais. Sendo que o período da 2ª Guerra

Mundial a empresa entrou em decadência devido à diminuição das exportações de madeira

(CASTRO, 2000)

As empresas mais conhecidas e de maiores portes foram INASA (Indústria

Nova America Sociedade Anônima) que no final da década de 60 foi instalada na vila de

corcovado que foi a primeira do Brasil e a segunda do mundo possuidora de equipamentos

modernos da época, em que vieram trabalhadores de diversos lugares o que proporcionou

riquezas e melhorias na vila e ao município de Breves a quem pertencia, melhorias como

construções de escolas aos filhos dos funcionários, tratamento de água de ótima qualidade

etc..

Outras empresas de grande porte também aqui se instalaram e até mesmo com

recursos da antiga SUDAM, como serrarias na vila de Antonio Lemos e posteriormente a

BISA (Breves Indústria S.A) e mais recentemente as maiores e mais conhecidas foram

Madenorte Madeiras, Mainardi, Intel, Madasa, Robco entre outras.

A Economia de Breves cresceu, devido sua localização estratégica em que

serviu de entreposto comercial na região das ilhas desenvolvendo o comercio regional

Page 33: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

32

(MIRANDA, 2005). Grandes navios chegavam e partiam do município que transportavam

madeira na forma bruta em toras que lhe atribuía um baixo valor comercial para

exportação.

No entanto, devido às retiradas freqüentes e em grande escala deu-se a carência

de matéria prima na região e as exigências para a manutenção da economia exploratória,

em que várias empresas aqui sediadas e que comumente absorviam a mão-de-obra local, já

não o fazem na mesma quantidade, considerando que várias destas fecharam suas portas e

se retiraram da região deixando um contingente elevado de trabalhadores desempregados.

Devido à crise de emprego provocada pela paralisação das principais indústrias

de transformação de matéria prima, aliada à falta de informação adequada as

conseqüências deste desequilíbrio logo aumentaram os problemas decorrentes da falta de

geração de emprego e renda como a violência, a prostituição, assaltos, tráfico de drogas,

entre outros que ocasionaram transtornos a todos os poderes do Estado, empresas e a

sociedade como um todo.

A provável viabilidade para solucionar esta situação, é a reformulação das

políticas públicas, que devem criar alternativas de trabalho, educação, lazer saudáveis e

aplicação direcionada das verbas públicas em projetos que venham beneficiar a maioria da

população.

Problemática esta que em parte foi importante, pois somente o lado econômico

era levado em conta e devido às pressões dos planos de manejo e denuncias crimes

ambientais podemos perceber que estávamos provocando e incentivando um desequilíbrio

ambiental em nosso meio ambiente.

Devemos ter em mente, que muitos fatores conspiram para o desenvolvimento

e saneamento da crise financeira que ronda a cidade de Breves; o povo é inteligente,

trabalhador e a região é rica em recursos naturais onde o turismo pode ser explorado,

gerando considerável mão-de-obra direta e indireta para a população.

As empresas que mais geram empregos diretos em Breves vivem hoje suas

maiores crises financeiras, causadas pela escassez da madeira, (falta de projeto de

Page 34: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

33

reflorestamento ambiental), instabilidade do dólar (motivada pela crise financeira

internacional), falta de planejamento para o manejo sustentável e principalmente a falta de

compradores internacionais; o palmito do açaí já com pouca reserva, só tem matéria prima

para mais 10 anos de exploração, motivada pelo novo direcionamento dado ao fruto “açaí”

– que sempre foi mais valorizado monetariamente – hoje está mais aceito tanto interna

quanto externamente.

Com motivos como esses, o desemprego na cidade cresce e junto com esse,

crescem também a violência (em todas as suas formas), a prostituição, o analfabetismo, a

mortalidade infantil. A delegacia da cidade está superlotada, não há mais vagas; os

infratores da Lei são liberados logo após os registros na delegacia de polícia (que se

encontra sem as devidas condições estruturais); muitas adolescentes usam drogas e vendem

seu corpo para se vestir melhor, para o lazer e muitas vezes até para comer; os jovens

também não ficam a margem desse problema,

Considerando que a falta de emprego, a ausência de escolas profissionalizantes

e alternativas saudáveis de lazer, muitos deles enveredam pelo mundo do crime, usando e

vendendo drogas proibidas para manter suas necessidades; consomem álcool, brigam,

assaltam, roubam, furtam, enfim, cometem crimes que talvez não cometessem se tivessem

outro direcionamento para suas vidas.

Com a retração da economia na região, os investimentos são poucos, os bancos

estão mais cautelosos nas liberações de verbas, (principalmente aquelas de longo prazo e

que possibilitam mais estabilidade aos tomadores desses créditos, por disporem de mais

tempo e encargos financeiros menores); a redução na demanda de compradores no

mercado exterior (causada pela crise financeira e econômica internacional), fez com que o

desemprego aumentasse na região e com esse, também a violência, a fome, a prostituição.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997:25-6 enfatizam:

“Fica evidente a importância de se educar os cidadãos

brasileiros, para que; como empreendedores venham a agir de

modo responsável e com a sensibilidade, conservando o

ambiente saudável no presente e no futuro; como participantes

do governo ou da sociedade civil, saibam cumprir suas

obrigações, exigir e respeitar os direitos próprios e o de toda a

comunidade, tanto local como internacional.”

Page 35: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

34

E como agir diante de tão complicada problemática? Como pensar em

conservação e educação ambiental ante ao desemprego em massa, a população que passa

fome e muitas vezes vê nos vários tipos de corrupção a solução mais acessível? Nós

enquanto especialistas em gestão e educação ambiental moradores do local temos o dever

de pelo menos tentar contribuir de alguma forma para a solução ou amenização de tal

problemática. No transcorrer desse trabalho apresentaremos uma reflexão de uma possível

alternativa para tentar impulsionar a economia brevense e promover a educação e

preservação ambiental no município de Breves.

Page 36: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

35

CAPITULO 3

PLANEJANDO O ECOTURISMO NO MUNICIPIO DE BREVES: PONTOS

FORTES E FRACOS.

O Município de Breves como anteriormente citado possui uma infinidade de

atrativos turísticos dentre eles naturais, culturais, patrimoniais e históricos. Muitos desses

recursos são até mesmo desconhecidos pelos próprios brevenses que desvalorizam nosso

potencial por falta de conhecimento ou supervalorização de outras culturas que também

foram se incorporando a nossa.

Parte de dessa culpa é da própria população que deveria ter lutado pela

preservação de nossos patrimônios que remontaram épocas históricas do Município de

Breves, como o antigo Cine Yeda, o prédio da Bisa, a fábrica de borracha de Corcovado.

Se mostrando a historia através de símbolos que por si só já contam sua historia já é difícil,

imagina reverenciar uma cultura sem algo que comprove sua veracidade.

Porém a grande vilã tem sido a administração municipal que ao longo dos anos

vem modificando nosso cenário sem se preocupar com nossa cultura e nossa historia. Em

nome do Progresso e desenvolvimento, hoje Breves não tem identidade e sofre por isso e

por deixarmos chegar a esse ponto critico sofremos com a discriminação de nosso

município que por muitos é considerado sem recursos e sem cultura.

3.1 INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA MUNICIPAL

Apesar da falta de investimento dos órgãos Municipal, Estadual e Federal em

relação ao turismo Municipal, Breves já possui uma boa infra-estrutura turística, além de

serviços complementares e fundamentais que já foram citados anteriormente. Contando

com serviços turísticos fundamentais como:

Page 37: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

36

3.1.1 - Hospedagens (Hotéis, hospedarias, condomínio, casas de aluguel, kitnet’s,

pousadas, hotel-fazenda, pensões, quartos em vilas e etc.), como principais temos:

Hospedagens e similares do Município de Breves

01 Hotel Parauahu

02 Hotel Avenida

03 Hotel e Restaurante Ali Babá:

04 Hotel e Restaurante Grill:

05 Pousada Ele & Ela:

06 Arco-Íris.

07 Hotel Center Palace:

08 Hotel Central

09 Hotel e Restaurante Safira:

10 Hospedaria & Pizzaria Bella’s:

11 Hospedaria Vitória – Régia

12 Hotel Fazenda Marajó

13 Hotel Parauahú

14 Hotel Avenida

Tabela 3: Meios de Hospedagens de Breves. Fonte: SECULT/Breves

Page 38: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

37

3.1.2 - Restaurantes, lanchonetes e sorveterias(muitos destes serviços se

encontram no próprio meio de hospedagem ou não);

Unidades de Serviços de Alimentação e similares do Município de Breves

01 Restaurante Parauahú:

02 Lanchonete e Chopperia Flor da Sororoca:

03 Restaurante Avenida

04 Restaurante Ali Baba

05 Restaurante Rio Marajoara

06 Restaurante Spazzio Verde

07 Casa da Sopa

08 Peixaria da Ilha

09 Churrascaria Rodeio

10 Churrascaria Padre Cícero;

11 Churrascaria Moderna;

12 Bar e Churrascaria Seresteiro da Noite

13 Nosso Lanche

14 Restaurante Grill;

15 Lanche do Gordo;

16 Barraquinha da D. Cleusa (Comidas Típicas).

17 Toca do Açaí

Tabela 4: Serviços de alimentação e similares de Breves. Fonte: SECULT, 2010

Page 39: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

38

3.1.3 – Espaços para serviços regulares e esporádicos de Entretenimento e Lazer:

como àqueles realizados em boates, clubes, ginásios municipais, bares, estádios e em

associações recreativas e esportivas

Espaços para realização de eventos do Município de Breves

01 Danceteria Papy Dance Clube

02 Casa da Seresta

03 Clube Atalaia

04 Clube Guanabara

05 Sede e Bar do Amiraldo

06 Bar Caverna

07 Bar Flor da Sororoca

08 Bar Maloquinha

09 Bar e Videokê Mascote

10 Bar Remanso

11 Barzinhos Bar

12 Bolero Casa de Shows

13 Sede Clube Santana

14 Big Burg

15 Porto de Marés

16 Estádio Municipal

17 Ginásios Municipais (em reforma)

18 Aconchego Drink’s

Tabela 5: Espaços para realização de eventos de Breves. Fonte: SECULT, 2010.

Page 40: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

39

3.1.4 - Atrativos Naturais como: igarapés, paranás, lagos, rios caudalosos, furos e

os famosos “estreitos de Breves” (Revista Ver-o-Pará) pelos quais passam as águas do

famoso rio Amazonas, além de espécies vegetais diversas e exóticas, variedade de animais

de pequeno porte, crustáceos, peixes, aves etc. Demonstrado na tabela a seguir:

Tabela 6: Acidentes geográficos de Breves. Fonte: Paratur, 2003.

Tipo de Acidente Nome Localização

Canal *Aleixo *une os rios Jacaré e Ituquara

Igarapé *Fundo *no limite com o município de Anajás

Baía *Das bocas *no limite com o município de Melgaço

Estreito *De breves *formado por um conjunto de pequenos e grandes

rios, lagoas, ilhas e furos.

Rio

*Anajás

*Caruaca

*Curto

*Guajará

*Jupatituba

*Macacos

*Mapuá

*Jaburú

*Aramã

*Aramã

Grande

*Tucupi

*Jacaré

*Braço do

rio Jacaré

*Braço do

Socó

*Pracaxí

*Parauhaú

*parte dos limites do município de Afuá e Anajás.

*no limite com o município de Curralinho

*afluente da margem esquerda do rio jaburu

*no limite com o município de Curralinho

*parte dos limites entre o município de Breves e

Antonio Lemos

*banha a cidade de Breves e o povoado de corcovado

*formado pelos rios braço de socó e braço de jacaré

*nos limites com os municípios de São Sebastião da

Boa Vista e Curralinho

*tem como afluente da margem esquerda o

jaburuzinho e o curto e da margem direita o pracaxí.

*afluente do rio aramã

*onde desemborca os furos buiuçú do norte e jaburú

*deságua no rio lago dos leões

*Afluente do rio Jacaré

*no estreito de Breves

*banha a cidade de Breves. É bastante profundo e

navegável em todo o seu percurso.

Page 41: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

40

3.1.5 - Atrativos artificiais encontramos: balneários em lugares naturais, clubes com

piscina e sauna, brinquedos adaptados para a diversão da família em clubes (como na

AABB) e associações.

Figura 1: Terminal hidroviário Figura 2: Piscina do Hotel Parauahú

3.1.6 - Atrativos histórico-culturais que remotam épocas de ciclos prósperos ou

momentos políticos, religiosos e sociais importantes para a história do município como

vilas, igrejas, casarões, fábricas antigas, praças, peças em porcelana, madeira, ferro, argila

(que estão expostas ao público na Casa da Cultura) etc.

Figura 3: Antigo Trapiche Municipal Figura 4: Ruínas de antiga fabrica de borracha.

Fonte: TV Breves, 2007

Page 42: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

41

3.2 EVENTOS GERADORES DE FLUXO TURISTICOS

Breves possui em parceria com a Paratur (e divulgado no site da mesma) e com

alguns municípios paraenses um calendário anual de eventos programados na sua maioria

pela Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo assim exemplificado a seguir:

Tabela 7: Calendário anual de Eventos/ Município de Breves. Fonte: SECULT, 2009.

Fora os eventos publicados no calendário anual de eventos existem eventos

regulares de ordem social, religiosa, entretenimento, lazer, folclóricas, ambientais etc.

Como eventos sociais temos: bailes Azul e Branco, das Damas de Vermelho,

Vermelho e Preto de Associações e ou clubes Esportivos, Baile do Hawaí;

Festividades Religiosas Católicas de padroeiras locais como a Festividade de

Nossa Senhora Santana, de Santa Rita de Cássia, de São Benedito, Santo Antonio etc.,

Evangélicas como o Point Gospel, Vem louvar, Fest gospel entre outros louvores do

gênero gospel;

Eventos Esportivos como o Campeonato Brevense de Futsal da 1ª divisão, sub-

15, sub-16 e sub-17, Campeonato de Handebol, de Futebol de clubes, equipes compostas

Calendário anual de Eventos de Breves

Data Evento

12 a 20 de Janeiro Festividade de São Sebastião

21 a 23 de Fevereiro Breves Folia

9 e 28 de Junho Forrozão Marajoara

12 a 26 de Julho Festividade de Santana

05 a 31 de Julho Festival e Jogos de Verão

19 a 22 de Agosto Festival Brevense de Folclore

15 de Setembro Bregafó

30 de Novembro Aniversário de Breves e Abertura Miss Breves

03 de Dezembro Desfile Miss Breves

31 de Dezembro Reveillon Popular

Page 43: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

42

por funcionários de empresas locais públicas e privadas, Voleibol, Jogos Estudantis,

Intercolegiais, Intermunicipais entre outros;

Eventos de Entretenimento e lazer como o Bregafó, Noite do Boto, Halloween

das Trevas entre outros eventos com temas variados, como datas festivas como o

Reveillon, natal, dia das mães ou de músicas em sucesso, aniversários de clubes,

associações, emissoras de TV e rádio, boates etc;

“Eventos folclóricos e culturais de escolas públicas e particulares, clubes,

associações do município como o Forrozão do Tio Lauro”, da AABB etc.;

Eventos ambientais como a Semana do Meio-Ambiente, praticadas nas escolas

do município com mutirões de coleta de lixo, plantio e replantio de novas mudas de

árvores e palestras sobre Educação Ambiental na Semana do Meio Ambiente etc.;

Eventos de Arte, Ciência, Tecnologias, musicais que ocorrem nas escolas do

município como a ”Expociart”, ”Mostra Científica”, “Feira de Ciência”, etc., “Top

Fashion”, ”Mostra Geográfica”, etc.

Existem também eventos esporádicos como serestas, bailes de aniversários, shows

de bandas locais, de outras cidades e estados ou regiões - ex: banda Mel da Ilha, Nel e

banda, Calipso, Companhia do Calipso, Tecnobrega etc-, concursos de danças folclóricas,

de rua, brega, gospeis entre outros gêneros, concursos de poesia, concursos de músicas etc.

3.3 POSSIVEIS SUGESTÕES.

Embora o Município de Breves disponha de certa infra estrutura para o

desenvolvimento do turismo, seja de ordem de atrativos naturais, assim como de atrativos

artificiais, o município enfrenta a falta de incentivos de políticas publicas direcionadas à

área do turismo pela iniciativa governamental e do empresariado local

Políticas estas que vão desde a falta comprometimento de fornecer serviços

básicos a população como a falta saneamento básico, atendimento a saúde, tratamento e

fornecimento de água, energia entre outros, a até mesmo a de deixar de incentivar e buscar

novas alternativas de geração de emprego e renda no município, fator este que tem

Page 44: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

43

provocado as mais variadas mazelas enfrentadas não só pela população como também pela

segurança publica e à gestão local.

No entanto. nos últimos anos o turismo tem sido usado pelos governos como

uma forma de programar e desenvolver a economia em seus estados e municípios. De

acordo com Andrade, o turismo é o “complexo de atividades e serviços relacionados aos

deslocamentos, transportes, alojamentos, alimentação, circulação de produtos turísticos,

atividades relacionadas aos movimentos culturais, visitas, lazer e entretenimento”.

Desde então, a maioria dos gestores buscam uma forma de atender às

necessidades do meio ambiente e da comunidade receptora. O turismo, se mal planejado

gera impactos negativos e se bem planejado gera impactos positivos. Como respectivos

exemplos, têm Costa do Sauípe na Bahia, onde todo o processo foi realizado isolando a

comunidade local. E em Bonito, no Mato Grosso do Sul, onde o meio ambiente foi o

atrativo principal da atividade turística com o envolvimento da sociedade local. Exemplos

estes, com desenvolvimentos e resultados diferentes, em um espaço natural.

Por isso, aliar turismo e meio ambiente é uma ação muito complexa, devido à

fragilidade dos ecossistemas. Atualmente como forma de proteger o patrimônio natural, os

órgãos governamentais de proteção ao meio ambiente exigem EIA, RIMA e Plano de

Manejo para as localidades, afim de que os empresários provem que seu empreendimento

não causará danos graves ao meio ambiente.

Por tudo que foi exposto, pode-se perceber que, o turismo atualmente, vem

consolidando-se como a atividade do futuro, seguindo inúmeras tendências. Vem aliando

crescimento econômico ao ambiental, evidenciando o turismo sustentável praticado no

ambiente ecológico em todo o mundo. (MOUTINHO et. Al, 2009)

Já Farias et al, 2009 em seu artigo Turismo e Meio Ambiente refuta a idéia de

Moutinho que “Para que a atividade turística se desenvolva de maneira a fomentar a

economia, é importante que se tenha um planejamento adequado, eficaz de forma a

sustentável. É importante a atuação do governo com políticas publicas de incentivo à

iniciativa privada que integrem também a comunidade.

Page 45: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

44

Sendo assim, haverá o desenvolvimento da atividade turística que pode

acarretar em impactos que podem ser positivos ou negativos. Entre os impactos positivos

econômicos e sociais podemos citar o fomento da economia e geração de divisas

promovendo a inclusão social com a geração de renda para a população. Como impacto

positivo ambiental podemos citar a conservação de áreas ambientais.

Dentre os impactos negativos econômicos podemos citar a má distribuição da

renda gerada pelo turismo, que ao invés de erradicar a pobreza, terá efeito contrario de

aumentar a desigualdade social. O choque entre as culturas distintas e a descaracterização

cultural da comunidade local está entre os impactos negativos sociais. Se não for

desenvolvido e planejado de maneira eficaz o meio ambiente pode sofrer com a sua

degradação e depredação agravada pela massificação do turismo

Diante do exposto podemos perceber que o ecoturismo pode ser uma

alternativa viável de sustentabilidade ao Município de Breves, que se bem planejado

poderá resolver dois problemas que causam transtornos a população e ao governo que é

falta de geração de emprego e renda e a devastação ambiental.

Figura 5: Acumulo de mururé ao longo dos rios, indicando grande devastação ambiental.

Fonte: Arquivo pessoal.

Page 46: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

45

A iniciativa de um trabalho de consciência ecológica a comunidade em geral e

de que podemos utilizar os recursos naturais de forma sustentável é o primeiro passo a ser

dado para tornar o turismo que pretendemos viável no município de Breves, turismo este

planejado de forma a causar o mínimo de impactos ao Município e a população local, que

poderá ser beneficiada pela conservação de seus recursos naturais e históricos culturais,

aliada a sua sustentabilidade, ou seja, utilização de seus recursos que promovera geração

de renda a comunidade que sofre devido sua escassez, promovendo então qualidade de

vida às mesmas e promovendo também o município como modelo de sustentabilidade no

Marajó e talvez até no Mundo.

Figura 7: Rio pararijós Figura 8: Por do sol no rio parahuaú. Arquivo

pessoal.

Pois como diria aquele carimbó muito conhecido de Pinduca esse rio é minha

rua …. E também a musica de Ruy Barata “O tempo tem tempo de tempo ser, o tempo tem

tempo de tempo dar, ao tempo da noite que vai, correr, o tempo do dia que vai chegar”. O

tempo de tentarmos pelo menos amenizar nossa atual situação de falta de sustentabilidade

está em nossas mãos, visto que fazemos parte do meio ambiente e se quisermos que nossa

espécie não entre em extinção como a muitos animais e espécies vegetais, aprendamos a

viver pacificamente com nosso meio de forma sustentável por meio da pratica do

ecoturismo.

Page 47: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

46

3 – CONCLUSÃO

Os fatores promissores que se vislumbram no turismo e em especial o praticado na

forma ecológica, como alternativa de crescimento, social, cultural e econômico e mais

ainda, a possibilidade de promover a preservação dos recursos ambientais, foram

demonstrados através desta monografia que sugere o ecoturismo como solução as

carências do município.

As dificuldades para execução de projetos de turismo são inúmeras, entretanto o

presente trabalho demonstra que o turismo ainda é uma das maiores alternativas de geração

de trabalho e renda.

Podemos então concluir, que o município de Breves, mesmo com suas

peculiaridades – positivas e negativas – pode ser altamente promissor através do

planejamento do turismo municipal sustentável, com a finalidade de reduzir situações

adversas como à prostituição, o analfabetismo, a mortalidade infantil e estabelecer uma

nova era de crescimento econômico e social à população da região.

Page 48: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

47

REFERÊNCIAS

IBGE, POPULAÇÃO, 2010

BARROS ET AL. Turismo: Indústria Limpa e Desenvolvimento Local Sustentável, XIII

Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de

pós-graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2009. P.5.

MOUTINHO ET. AL. Turismo Sustentável como Alternativa de Preservar o Meio

Ambiente e a Comunidade Local. Publicado em 19/10/2009

FARIAS ET AL, 2009. Turismo e Meio ambiente. Revista Ecobrasil, 2009.

WILKIPÉDIA, Turismo Sustentável, 2009

REVISTA ESPAÇO ACADEMICO Nº 43. NUNES. Ecoturismo como Alternativa de

Desenvolvimento Sustentável. ano IV. dez/2009.

WIKIPÉDIA, Ecoturismo. acesso em 20 de dezembro de 2009

COSTA, ANDRÉ LUIZ. Educação Ambiental e Turismo, 2007. disponivel em:

http://www.ecobrasil.org.br/publique/

CARVALHO, VININHA. Ecoturismo: Origem e Desenvolvimento do Ecoturismo no

Brasil, 2007. Monografias S.A.

MIRANDA, CARINA. O Potencial Turístico do Município de Breves. 2007.55

f.trabalho de conclusão de curso (Turismo) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2007.

LOPES, CRISTIANO HENRIQUE. Analise dos modelos de planejamento e

desenvolvimento turístico propostos pela gestão pública no Brasil l. In: turismólogo in

focco, ano 04, número 18, março/2006. p. 32-35.

MAGALHÃES, LUIZ MARCONI FORTE, Org. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Teoria e

pratica para as pessoas e as sociedades do século 21.Belém: Alves Gráfico e Editora, 2006.

MIRANDA, SIDICLEY. Alternativas de Desenvolvimento para o Município de

Breves. 2004.36 f.trabalho de conclusão de curso (Economia) – Universidade Federal do

Pará, Belém, 2004.

PARATUR, Levantamento da oferta turística do Município de Breves. Belém, 2003.

TARLOMBANI DA SILVEIRA, MARCOS AURÉLIO. Ecoturismo, políticas publicas e a

estratégia paranaense. In: Balastreri, Adyr Rodrigues (org). Ecoturismo no Brasil:

possibilidades e limites. São Paulo: Contexto, 2003.

FURLAN, SUELI ÂNGELO. Lugar e Cidadania: implicações socioambientais das

políticas de conservação ambiental. Tese de doutorado. Depto. de geografia. FFLCH–SP.

497, págs., São Paulo, 2000. In: BALASTRERI, Adyr Rodrigues (org). Ecoturismo no

Brasil: possibilidades e limites. São Paulo: Contexto, 2003.

Page 49: O TURISMO COMO UMA ALTERNATIVA DE … · 2 AGRADECIMENTOS À Universidade Salgado de Oliveira, pela contribuição em mais uma etapa em minha formação acadêmica; ao senhor Marconi

48

BENI, MARIO CARLOS. Análise estrutural do turismo. 2 ed. São Paulo: Editora

SENAC, 2003..

OMT. Guia de desenvolvimento do turismo sustentável. Porto alegre: BOOKMAN,

2003.

MOLINA, SÉRGIO; RODRIGUEZ, SÉRGIO. Planejamento integral do turismo: um

enfoque para a América latina. Trad. Carlos Valero – Bauru, SP: Edusc, 2001.

PETROCCHI, MÁRIO. Gestão de pólos turísticos. São Paulo: futura, 2001.

BRASIL. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Meio ambiente e saúde.

Brasília: Ministério da Educação. 2001.

LAGE, BEATRIZ HELENA GELAS; MILONE, PAULO CÉSAR. Turismo: teoria e

prática. SÃO PAULO: ATLAS, 2000.

UNAMA. Diagnostico socioeconômico do Município de Breves. Belém: SEBRAE,

2000.114 págs.

BRAGA, THEODORO. O Município de Breves. Breves: UFPA, 2000 (Monografia).

FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO; EMBRATUR. MEU NEGÓCIO É TURISMO,

2000.

CASTRO, Vanderley da Silva. Vila de Antonio Lemos: Uma retrospectiva histórica.

1998. p 9 – 11. Trabalho de Conclusão de Curso (Pedagogia) – Universidade Federal do

Pará, Campus de Soure, 1998.

MCGRATH, David g. Biosfera ou biodiversidade: uma avaliação crítica do paradigma da

biodiversidade. In: Perspectivas do Desenvolvimento Sustentável: uma contribuição

para a Amazônia 21. Tereza Ximenes (org). Belém: NAEA/UFPA, 1997, p. 33-69.

RUSCHMANN, Dóris. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio

ambiente. Campinas, SP: PAPIRUS, 1997 (coleção turismo)

AULICINO, M. P. (1997) Algumas implicações da exploração turística dos recursos

naturais. In FIGUEIREDO, L. A. V. De. (1997) Ecoturismo e participação popular no

manejo de áreas protegidas: aspectos conceituais, educativos e reflexões. In RODRIGUES,

a. B. (org.) Turismo e ambiente – reflexões e propostas. SÃO PAULO: HUCITEC. 2000.

OMT; EMBRATUR. Desenvolvimento do Turismo Sustentável. Manual para

organizadores locais. Brasília: MICI, 1995.

CASTELLI, Geraldo. Turismo: atividade marcante do século XX. 2ª ed. Caxias do sul:

EDUSC. 1990.