inventor guglielmo marconi e o rádio

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E ENGENHARIA SÃO JUDAS TADEU ENGENHARIA MECÂNICA INTRODUÇÃO A ENGENHARIA FELIPE DE L. COSTA IVANILDO PASSOS JEAN C. DA SILVA JORGE P. C. SOBRINHO LEANDRO L. DE GOIS LUCAS SERRA MÁRCIO R. DA SILVA RENATO DOS SANTOS GUGLIELMO MARCONI – O PAI DO RÁDIO

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E ENGENHARIA SÃO JUDAS TADEUENGENHARIA MECÂNICA

INTRODUÇÃO A ENGENHARIA

FELIPE DE L. COSTAIVANILDO PASSOSJEAN C. DA SILVA

JORGE P. C. SOBRINHOLEANDRO L. DE GOIS

LUCAS SERRAMÁRCIO R. DA SILVA

RENATO DOS SANTOS

GUGLIELMO MARCONI – O PAI DO RÁDIO

SÃO PAULO2012

FELIPE DE L. COSTAIVANILDO PASSOSJEAN C. DA SILVA

JORGE P. C. SOBRINHOLEANDRO L. DE GOIS

LUCAS SERRAMÁRCIO R. DA SILVA

RENATO DOS SANTOS

GUGLIELMO MARCONI – O PAI DO RÁDIO

Monografia apresentada a Faculdade de Tecnologia e Engenharia São Judas Tadeu - São Paulo, dentro do Curso de Engenharia Mecânica como requisito da disciplina de Introdução à Engenharia.

Orientador: Selmo Bernardo Torquetto

SÃO PAULO2012

ERRATA

Folha Linha Onde se lê Leia-se

Aos membros do grupopela dedicação e a Marconi

que nunca desistiu de seu objetivo.

AGRADECIMENTOS¶

Aos que colaboraram na elaboração deste trabalho, às dificuldades que

virão e nos tornarão mais fortes neste processo e acima de tudo aos que não

desistem perante as dificuldades.

“Eppur si muove! – No entanto ela se move”.

Galileo Galilei

RESUMO

Era uma época de grande excitação e grandes descobertas. A eletricidade começava a ganhar forma nas garrafas de Leiden em 1745. Sete anos depois Benjamin Franklin consegue demonstrar que a eletricidade está relacionada com os relâmpagos, apenas com uma chave, uma linha e uma pipa. Em pouco templo Volta inventa a bateria elétrica, quase que simultaneamente na Dinamarca, Oersted descobre que a eletricidade e o magnetismo estão intimamente relacionados, sendo seu trabalho posteriormente desenvolvido por Ampere. Em 1825 Sir. Willian Sturgeon descobre o eletromagnetismo, desenvolvido nos EUA por Joseph Henry, em 1831 Michael Faraday descobre o eletromagnetismo, através do conhecimento de que o magnetismo também produz eletricidade, assim inventa a bobina de indução. Em 1837, a partir das descobertas de Oersted, Charles Wheatstone e Willian Cooke criam o telégrafo elétrico, movido a agulha, o quem possibilita que em 1943 Samuel Morse utilizando um eletromagneto transmita a primeira mensagem através de um fio de telégrafo. Em 1866, o cabo que atravessa o Atlântico do novo mundo a Inglaterra é finalmente completado, em 1973 James Clark Maxwell com as teorias de Faraday, prova matematicamente a existência de ondas elétricas, que assumem a forma de uma vibração invisível e se movimentam a velocidade da luz, essas ondas são futuramente chamadas de “ondas hertzianas”. Em 25 de abril de 1874, nasce Guglielmo Marconi, na cidade de Bolonha, Itália, o qual encerra no fim da sua vida a época de ouro dos grandes descobridores, e que falaremos um pouco neste trabalho.

Palavras-chave: eletromagnetismo, eletricidade, ondas hertzianas

SUMÁRIO¶

INTRODUÇÃO 10

1. A INFÂNCIA DE GUGLIELMO MARCONI 11

2 A INICIAÇÃO DE GUGLIELMO 13

3 LIÇÕES SOBRE ELETRICIDADE 14

4. GUGLIELMO E A UNIVERSIDADE 16

5. O INÍCIO DA COMUNICAÇÃO 17

6 DESCOBRINDO O CÓDIGO MORSE E AS ONDAS HERTZIANAS 18

7. UMA INTRODUÇÃO AO ELETROMAGNETISMO E A FARADAY 20

8. UTILIZANDO OS EXPERIMENTOS DE HERTZ 22

9 O COMEÇO DA EXPERIMENTAÇÃO 23

10 NASCE A RADIOTELEGRAFIA 27

11. GUGLIELMO DEMONSTRA O SEU EXPERIMENTO 28

12. O RÁDIO TRANSFORMA O MUNDO 30

13. A SEMENTE DE MARCONI 33

CONCLUSÃO 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35

ANEXOS 36

10

INTRODUÇÃO¶¶

Neste trabalho apresentaremos a história de vida de Guglielmo Marconi.

Demonstraremos as influências que o levou a seguir o caminho da descoberta do

rádio, as dificuldades que encontrou na infância, seus amores, quem foram às

pessoas e descobertas que o inspiraram e como demonstrou que a observação,

persistência e dedicação fizeram um garoto desacreditado por todos se tornar,

Guglielmo Marconi, o pai do rádio.

11

1. A INFÂNCIA DE GUGLIELMO MARCONI

Guglielmo Marconi nasceu em 25 de abril de 1874, de mãe irlandesa e pai

italiano, na cidade de Bolonha.

Mas foi criado na propriedade rural de seu pai nas montanhas, a 17

quilômetros de Bolonha. Ali, na casa conhecida como Villa Griffone, ele iniciou o que

viria a ser o trabalho de sua vida.

O pai de Guglielmo, Giuseppe, herdara a Vila Griffone e a propriedade onde

ela estava localizada de seu pai.

Já estava com 50 anos quando Guglielmo nasceu. A casa ficava no alto de

uma colina que dominava o vilarejo de Pontecchio.

Campos desciam pelos flancos da montanha até uma planície fértil, além da

qual se erguiam as escarpas dos montes Apeninos, que percorrem a Itália de cima a

baixo como uma coluna dorsal. Atrás da casa, do outro lado da montanha,

estendiam-se os vinhedos.

A mãe de Guglielmo, Annie, dezessete anos mais nova que o marido,

inquietava-se quando se via obrigada a passar o ano inteiro na propriedade e

aproveitava qualquer oportunidade para viajar. Grande parte da sua infância

Guglielmo passou viajando com a mãe.

Durante o inverno, Annie sempre levava Guglielmo e seu irmão Alfonso, nove

anos mais velho, para o sul.

Annie gostava particularmente do porto de Livorno, na costa oeste da Itália.

Livorno era o principal porto da Itália central. Ali estava instalada uma academia da

Marinha real italiana, a Regia Marina.

O amor de Guglielmo pelo mar o acompanhou por toda a sua vida: o mar se

tornaria seu maior laboratório de radiotelegrafia e seu ultimo refúgio. Descobrir um

meio de comunicação para os homens do mar tornou-se sua maior ambição.

O pai de Guglielmo, Giuseppe, queria que o filho estudasse para entrar na

Academia Naval e se tornasse oficial da Marinha. Chegou a comprar para Guglielmo

um pequeno bote - um dinheiro muito bem empregado. O menino aprendeu a

navegar no pequeno barco, e adorava exibi-lo no porto.

12

Mas a ambição do pai ver o filho na Academia Naval foi frustrada por um lado

da natureza de Guglielmo.

Tanto quanto amava o mar, Marconi odiava os trabalhos escolares. Nunca

perdeu tempo com coisas que não o interessassem.

Guglielmo recebeu sua educação primária em casa, na Villa Griffone, em

Livorno e em Florença. Seu pai contratou um mestre-escola para lhe dar uma boa

educação durante as infindáveis viagens entre Villa Griffone e a estação balneária

onde a família passava o inverno, era um aluno difícil, não gostava de fazer as

tarefas que o professor lhe passava e constantemente se desligava das lições,

absorto em coisas que julgavam mais importantes.

Sua primeira experiência com a escola formal, aos 12 anos, não foi melhor.

Foi em Florença. Os outros garotos o achavam reservado e sentiam-se

constrangidos diante de suas maneiras de estrangeiro. Os professores o julgavam

atrasado nos estudos e inacessível: ele vivia com dificuldades por causa de seu mau

desempenho escolar.

No entanto, foi em Florença que Guglielmo fez a amizade mais importante de

sua vida. Luigi Solari era um dos alunos mais velhos. A amizade dos dois garotos

duraria a vida toda. Luigi Solare ajudaria Marconi durante as várias fases críticas de

seu trabalho e estaria ao lado dele, cinqüenta anos depois, por ocasião de sua morte.

13

2 A INICIAÇÃO DE GUGLIELMO

Apesar de estar sempre atrasado na escola, nunca faltou ao jovem Marconi

interesse pelas coisas que julgava importantes. Desde muito pequeno, gostava de

se refugiar na biblioteca do pai, onde se deixava levar pelos livros, fascinado pela

história da Grécia antiga e por seus mitos.

Quando cresceu, as histórias e lições dos cientistas atraíram toda sua

atenção. Desde criança, quando tentava consertar seus primeiros brinquedos,

Guglielmo Marconi sempre tivera curiosidade de descobrir como as coisas se

encaixam. Até os 10 anos, vivia tentando montar algum aparelho sobre o qual tinha

lido.

Pouco tempo depois, em Livorno, Guglielmo e um amigo ergueram uma

engenhoca de zinco de forma pontiaguda no telhado e a ligaram a uma campainha

elétrica que havia dentro da casa. A idéia era captar na "lança" a eletricidade de uma

tempestade, que então correria pelo fio e faria soar a campainha. Dias de desespero

se passaram, com os dois meninos rezando por um dia de mau tempo. E, quando

finalmente um raio cortou o céu, a campainha soou.

No inverno de 1887 entrou no Instituto Técnico de Livorno. Mas, no Instituto

Técnico, entrou em contato com um mundo que acabaria por seduzi-lo, estimulando

sua inteligência inquieta e curiosa.

Ali ele começou a estudar Física e Química. Em poucos dias, estava

totalmente mergulhado no assunto. Ali encontrou o foco que lhe faltara em todos

aqueles anos de brincadeiras científicas. Ali, estudando o mundo natural - do que

era feito e que forças atuavam nele - as lições no instituto não eram suficientes para

satisfazer a curiosidade do filho.

14

3 LIÇÕES SOBRE ELETRICIDADE

A princípio Guglielmo lia tudo o que pudesse encontrar sobre a nova ciência

da eletricidade. Em grandes compêndios, estudava os conhecimentos dos

primórdios da ciência: como os gregos descobriram que o âmbar, quando

friccionado com uma pele, atraía objetos leves. Eles acreditavam que isso acontecia

por que o âmbar produzia um fluido invisivel. Davam ao âmbar o nome de elektron -

de onde se originou a palavra "eletricidade".

Os antigos tinham feito outras observações, cujos primeiros registros datam

do ano 2600 a.C., na China. Eles conheciam, por exemplo, magnetos naturais -

fragmentos de minério capazes de atrair outros metais.

O fato mais intrigante era que, se não houvesse interferência, eles sempre

assumiam uma posição que apontava para o norte. Por isso os ingleses lhe deram o

nome de lodestone (imã), que significa leading stone (pedra-guia). Através de

leituras, ele ficou sabendo como os antigos aplicaram esse conhecimento nas

bússolas usadas para a navegação e tomou conhecimento das sistemáticas

pesquisas realizadas nos ultimos trezentos anos. Um a um, fatos importantes tinham

sido descobertos por diferentes pesquisadores.

Folheando aqueles livros, Marconi acompanhou a trajetória do conhecimento

através dos séculos, maravilhado com a engenhosidade daqueles cientistas que, de

observação em observação, de experiência em experiência, tinham construido o

conhecimento desde o início dos tempos.

Esses pesquisadores descobriram que existiam muitas substancias que,

friccionadas, tinham a capacidade de atrair objetos leves. Pedras, vidro, resinas,

fósseis - bastava esfregá-los com um pedaço de pele ou tecido e eles atraíam

penas, papel...

O mais fascinante era que essa força miteriosa podia passar de um objeto

para outro. Às vezes, ela saltava no ar como uma faísca. Conseguia passar

facilmente através de alguma substância, como metal ou água, mas não de outras,

como a seda, o vidro ou o ar. No começo do século 18, um cientista conseguiu

conduzir a eletricidadeem volta de seu jardim, usando fios trançados cobertos por

uma tira de seda.

15

Mais tarde, em 1752, o herói de Guglielmo Marconi, Benjamin Franklin,

mostrou que essa eletricidade era apenas uma pequena parte da violenta descarga

dos raios que cortavam o céu.

Com grande entusiasmo, Guglielmo Marconi descobriu que o salto seguinte

no conhecimento científico tinha acontecido graças ao trabalho de dois de seus

conterrâneos. Em 1800, um cientista italiano, Alessandor Volta, tinha inventado

a bateria elétrica. Tudo começou em 1786, quando Luigi Galvani, um cientosta da

Universidade de Bolonha, percebeu que a perna de uma rã morta tremia quando

tocada ao mesmo tempo por dois fios - um de cobre e outro de zinco.

Alguns anos se passaram antes que Volta percebesse o que isso realmente

significava - que dois metais diferentes, separados por qualquer substância úmida,

produziam um fluxo contínuo de energia, que chamamos "corrente elétrica".

A princípio, Volta utilizou uma folha de papel molhada presa entre duas

placas de metal. Em seguida desenvolveu baterias constituídas por uma série de

cavidades contendo solução química em contato com metais diferentes - geralmente

placas de cobre e zinco em uma solução ácida. Quanto maior o número de

cavidades reunidas, maior a força da bateria.

Sua invenção causou sensação em todo o mundo científico. Em pouco

tempo, estava sendo usada para abrir novos caminhos para o conhecimento. Assim

que os cientistas descobriram como produzir um fluxo contínuo de eletricidade,

iniciaram uma série de experimentos que levariam a eletricidade às indústrias e aos

lares.

Tudo isso Marconi aprendeu com prazer. Aos 16 anos, já tinha construído

uma máquina de gerar e transmitir eletricidade.

16

4. GUGLIELMO E A UNIVERSIDADE

Mais uma vez, ele teria que enfrentar uma grande decepção. Chegada a

época, não foi aprovado no exame de admissão à Universidade de Bolonha.

Por sorte, um dos professores da universidade vivia perto da Villa Grifone.

Por mais um golpe de sorte, esse professor era Augusto Righi, internacionalmente

famoso pela qualidade de suas pesquisas e por suas brilhantes conferências sobre o

assunto que fascinava Guglielmo - a física.

Havia poucas evidências do talento do jovem Marconi no campo da física

para mostrar a Righi. Mas o mestre deve ter sido persuadido pelo entusiasmo da

mãe, porque logo permitiu que o garoto frequentasse seu próprio laboratórioe a

biblioteca da universidade.

Marconi não perdeu tempo. Mergulhou nos estudos e passou a ler tudo o

que pudesse encontrar sobre o uso da eletricidade.

17

5. O INÍCIO DA COMUNICAÇÃO

Por volta da década de 1890, os fios do telégrafo, subterrâneos ou

estendidos de poste em poste, já cruzavam a Europa e os Estados Unidos. Essas

duas grandes redes estavam ligadas ao cabo que cruzava o Atlântico. Marconi leu

sobre a luta que fora instalar essa rede - as muitas tentativas fracassadas e os

muitos anos de esforço até que o objetivo fosse alcançado, em 1866.

Todos esses fios e cabos precisavam ser conservados e reparados, e novos

cabos eram necessários para ampliar as linhas.

Os primeiros telégrafos usavam uma agulhas magnética, movida por uma

corrente elétrica, que apontava as letras do alfabeto em um disco. Mas agora, na

década de 1890, já se utilizava o código Morse.

18

6 DESCOBRINDO O CÓDIGO MORSE E AS ONDAS HERTZIANAS

O interesse de Marconi pelo método Morse de telegrafia aumentou quando

ele fez amizade com um velho, Nello Marchetti, que tinha sido operador do telégrafo

elétrico em Livorno.

Assim que Marchetti descobriu o fascínio do jovem pelo telégrafo, tratou de

ensinar-lhe o código Morse. Explicou-lhe como pressionar a pequena alavanca(a

chave Morse), que fazia a corrente elétrica correr ao longo de um fio, esses impulsos

elétricos eram traduzidos em estalos longos ou curtos,em sons de cigarra, ou

impressos numa impressora Morse na forma de pontos e traços.

Nas montanhas de Belize, nos Alpes italianos, na região da Lombardia,

folheando uma revista sobre eletricidade, ele deparou com um artigo escrito por seu

amigo bolonhês, o professor Righi.

Falava do trabalho de um cientista alemão chamado Heinrich Hertz, que

havia morrido em janeiro daquele ano. De acordo com o artigo, Hertz tinha provado,

sete anos antes, que eram elétricas as ondas que irradiavam de um ponto a outro no

espaço. Elas vibravam através do ar.

A teoria provada por Hertz não era nova. na verdade, a idéia que ele testou

já havia sido prevista pelo cientista escocês James Clerk-Maxwell. Usando a

matemática, Clerk-Maxwell tinha provado que a luz e o calor eram formas diferentes

da combinação de duas forças, a eletricidade e o magnetismo.

Segundo ele, essa mesma combinação de forças chamada

eletromagnetismo existia sob uma forma diferente, uma vibração invisível que se

movia em ondas (como o som audível e a luz visível). A essa nova forma de

vibração ele chamou onda eletromagnética.

Matematicamente, ele calculou que essa ondas eletromagnéticas se

movimentariam e se comportariam de uma maneira muito semelhante à das ondas

do mar ou as ondas sonoras, mas viajariam a velocidade da luz-300 mil quilômetros

por segundo. Ele também havia previsto que as ondas eletromagnéticas seriam

capazes de passar através de substâncias sólidas, liquidas ou gasosas e de

atravessar facilmente o vácuo- um espaço do qual o ar foi totalmente removido.

19

James Clerk-Maxwell chegara as suas conclusões através de cálculos

matemáticos que intrigaram e fizeram pensar a maioria dos cientistas, que os

julgavam verdadeiros... mas impossíveis de serem comprovados.

Vinte cinco anos mais tarde, e oito depois da morte de Maxwell, em 1887,

portanto, Heinrich Hertz concebeu um experimento que comprovou as afirmações de

Clerk-Maxwell. As ondas eletromagnéticas existiam.

20

7. UMA INTRODUÇÃO AO ELETROMAGNETISMO E A FARADAY

Desde o momento em que Guglielmo Marconi leu sobre o trabalho de Hertz,

uma única pergunta tomou conta de sua mente. poderiam essas ondas

eletromagneticas ser usadas para telegrafar sem fios? Se era verdade que elas

podiam atravesar o ar, a experiencia de Hertz poderia ser desenvolvida de modo a

fazer com que as ondas pudessem atravessar não apenas uma sala, mas cidades,

continentes...e voar por sobre os oceanos?

Poderiam elas ser usadas para transmitir sinais de um lugar a outro- sinais

capazes de serem recebidos e entendidos? A bordo de um navio, por exemplo,

longe da terra e fora do alcance da vista?

Foi no inverno de 1819-1820 que o cientista dinamarques Hans Christian

Oersted demonstrou isso. Ele simplesmente provou que,se uma agulha magnetica

for colocada junto a um fio carregado de eletricidade, mas sem que eles se toquem,

a corrente eletrica fara a agulha magnetica girar.

Ele publicou suas descobertas em meados de 1820, e em semanas sua

trilha era seguida por outros. nas décadas seguintes, cientistas na frança, nos

estados unidos e na inglaterra ampliaram a compreensão desse simples fenomeno-

vital para as descobertas posteriores:a eletricidade causa o magnetismo. Agora os

cientistas tinham um versatil e poderoso instrumento nas mãos e não perderam

tempo para colocá-lo em pratica.

A partir desse conhecimento,por exemplo,surgio o telegrafo eletrico movido

a agulha. eles tambem descobriram que, enrolando de uma certa maneira um fio em

volta de uma barra de ferro e fazendo a eletricidade passar através dele,seria

possivel transformar a barra num forte magneto. e mais, poder-se-ia interromper o

magnetismo simplesmente cortando o fluxo de eletricidade.eles poderiam criar uma

força consideravel a qualquer momento que o desejassem, e destrui-la com a

mesma facilidade!

esse invento,conhecido como eletromagneto, foi o centro da maioria das

invenções ocorridas naqueles primeiros anos.entre elas, estavam a compainha

eletrica e o telegrafo Morse: em ambos,um fluxo de eletricidade ativava os

21

eletromagnetos, para movimentar movimentar os martelos que faziam a campainha

soar ou as pequenas alavancas que imprimiam o codigo Morse.

Se foram necessarios 24 anos paara provar a existencia dessa ondas

(eletromagneticas),foi porque os cientistas encaravam sua possivel existencia

meramente como um fenomeno interessante e em geral não perceberam que, se

elas existiam, deveriam ser postas em pratica. consequentemente, não quiseram

perder muito tempo estudando a materia.

Em seguida, descobriu-se que o contrario tambem é verdade: o magnetismo

produz eletricidade. assim como era possivel transformar uma barra de ferro num

magneto aproximando dela uma corrente eletrica, poder-se-ia gerar um fluxo de

eletricidade num fio movendo um magneto de um lado para o outro, proximo a ele.

Foi essa a grande descoberta feita pelo cientista inglês Michael faraday em

1831. Ele descobriu um elo fundamental para a compreensão do fenomeno,o que o

levou,entre as outras coisas,à invenção de um aparelho capaz de reforçar a energia

eletrica gerada.agora,era possivel aproveitar as forças combinadas do magnetismo e

da eletricidade,usando uma para gerar e reforçar a carga da outra.

As ideias de Faraday lavaram à conclusão de que a eletricidade e o

magnetismo não estavam apenas ligados,mas eram diferentes aspectos de um

mesmo fenomeno;que muitos fenomenos naturais conhecidos,como por exemplo a

luz e o calor,eram formas diferentes desse fenomeno,o eletromagnetismo. por essa

abrangente ideia, faraday é conhecido como o pai do eletromagnetismo.Isso lançou

os cientistas numa corrida em busca de novas aplicações para a eletricidade,a uma

velocidade cada vez maior à medidaque o século 19 se aproximava do final.

Foram essas ideias de Faraday que James Clerk-Maxwell se propos a

investigar matematicamente em 1873,o que o levou a afirmar a existencia de ondas

eletricas invisiveis, e ainda não detectadas,que tinham a mesma natureza da luz-

apenas uma outra forma de eletromagnetismo.

Hertz entrou em ação para provar que elas existiam,e as ondas que

detectou-hoje sabemos que eram ondas de radio-entraram para historia como ondas

hertizianas.

22

8. UTILIZANDO OS EXPERIMENTOS DE HERTZ

O que Hertz tinha feito era procurar uma maneira de produzir uma faísca

elétrica no ar e depois verificar se era possível detectá-la a certa distancia.

Hertz sabia por outras pesquisas que, se uma faísca fosse lançada no

espaço compreendido entre duas peças de metal, a eletricidade oscilava entre uma

extremidade e outra. Esse movimento era tão rápido que não se podiam ver-cerca

de 500milhões de vezes por segundo. Hertz esperava que uma faísca como essa -

uma faísca que oscilava-causasse no ar vibrações suficientemente fortes para

serem detectadas.E pretendia também mostrar que essas vibrações eram as ondas

eletromagnéticas de Clerk-Maxwell.

Então hertz planejou sua experiência: algo capaz de produzir a faísca e algo

capaz de detectar qualquer vibração no ar.

De um lado, colocou uma garrafa de Leiden, ligada por dois fios a dois

grandes pratos de cobre, deixando um espaço entre eles. quando descarregou a

garrafa de Leiden, a eletricidade correu pelos fios e atravessou o espaço entre dois

pratos de bronze,produzindo uma faísca elétrica oscilante de cerca de 5

centímetros.tudo isso constituía o seu "transmissor".

alguns metros de distancia, colocou um fio de cobre fechado em circulo,com

apenas uma pequena abertura.isso deixava um espaço muito menor para a

oscilação da faísca- era seu "detector"ou "receptor".

Então, fez a corrente elétrica passar através de seu transmissor. assim que

a grande faísca começou a oscilar entre os pratos de bronze do transmissor,uma

minúscula centelha de menos de 1 milímetro de comprimento se acendeu na

pequena abertura do circulo de cobre.

Agora ele não tinha mais duvidas de que uma parte da eletricidade que

passava pelo transmissor era irradiada, na forma de uma onda invisível, alcançando

o transmissor situado a vários metros de distancia e provocando o surgimento de

uma faísca na abertura do circulo de cobre.

.

23

9 O COMEÇO DA EXPERIMENTAÇÃO

O ultimo andar Villa Griffone, conhecido como "o sótão”. ali, Marconi reuniu

seu equipamento,abriu algum espaço entre as bancadas de casulos de bicho-da-

seda e iniciou as experiências que haveriam de levar a descoberta do radio.

Primeiro, uma bateria, para fornecer eletricidade. depois,algo para aumentar

a força da corrente elétrica, uma bobina de indução.essa fora uma das maiores

invenções criadas a partir do trabalho de Faraday, tão simples, tão versátil e

poderosa.uma barra de ferro,na qual o fio era enrolado firmemente, um tipo de

eletromagneto.

Por cima era enrolado um outro fio.quando uma corrente elétrica intermitente

era transmitida ao primeiro fio- o "primário",como era chamado-,causava ou "induzia"

uma força elétrica muito maior no segundo fio- o "secundário".essa força podia ser

aproveitada quando ligada a outro aparelho.

Fio de cobre, lâminas de zinco e de cobre, tubos de filamentos de metal...

uma a uma,Marconi foi reunindo suas ferramentas.pretendia repetir a experiência

que Hertz realizara,mas com algumas mudanças. professor Righi lhe falara sobre o

seu trabalho e lhe emprestara alguns aparelhos.

Righi havia melhorado o transmissor de Hertz: mudara ligeiramente a

abertura do transmissor e com isso conseguira que as ondas chegassem mais

longe. alem disso, colocara uma peça curva de metal atrás da abertura,para refletir

as ondas em direção ao "receptor".

Marconi também não usaria o circulo de cobre com uma pequena abertura

como receptor. Nos últimos anos,cientistas que haviam estudado as ondas

hertzianas tinham descoberto uma maneira muito melhor de detectá-las.

Essa descoberta resultara do esforço de muitos pesquisadores.um havia

descoberto que filamentos de zinco e de prata colavam-se quando atravessados por

uma corrente elétrica.Essa coesão permitia que a eletricidade passasse mais

facilmente pelos filamentos,ou seja,eles se tornavam um bom condutor

Em 1890, um professor de física francês, Edouard Branly, construiu um tubo

de vidro que continha filamentos de metal e conectou um fio a cada uma de suas

24

extremidades. Isso possibilitou que a corrente elétrica passasse facilmente pelo

tubo.

Seu instrumento ficou conhecido pelo nome de "coesor”, porque as

partículas de metal se colocavam ou entravam em "coesão”. Na Inglaterra,o cientista

Oliver Longe, um dos principais pesquisadores das ondas hertzianas,usou o coesor

para detectá-las e obteve sucesso.o aparelho funcionou muito melhor que o circulo

de cobre de hertz.

O que acontecia era o seguinte: quando a eletricidade passava pelo

transmissor, as ondas eletromagnéticas se irradiavam no espaço e atingiam o

coesor. os filamentos de metal que existiam dentro dele entravam em coesão.

Então, como a eletricidade passava facilmente por ele, o coesor constituiria

o elo final necessário para a formação do circuito - um padrão continuo que

permitiria a corrente elétrica acionar a bateria. a bateria começaria a funcionar e

poderia acionar uma campainha.

Se ele estivesse certo, o que aconteceria seria o seguinte: quando a chave

do telegrafo fosse pressionada, a corrente elétrica seria enviada a bateria e a bobina

de indução, correria pelo fio e atravessaria o espaço entre as bolas de metal,

produzindo uma grande faísca oscilatória. as vibrações elétricas assim produzidas

seria emitidas em todas as direções, em ondas.uma parte delas alcançaria o coesor

situado a alguns metros de distancias.

Com sorte e uma boa noção de tudo isso, ele conseguiria que o coesor

funcionasse, a bateria fosse acionada e a campainha tocasse.

Marconi pressionou a chave. Imediatamente a campainha soou!

Entusiasmado, ele checou os instrumentos. Então pressionou novamente a

chave, e novamente a campainha soou. Repetiu a experiência varias vezes, só para

ter certeza que sempre funcionaria.

Estimulado pelo sucesso, ele foi em frente. Agora partiria para a outra tarefa:

afastar mais o receptor e verificar se as ondas eletromagnéticas seriam capazes de

alcançá-lo.

25

Não conseguiu. Mudou a disposição do aparelho. testou diferentes tipos de

fio-mais grossos,mais finos,mais compridos,mais curtos-,tentando encontrar um

condutor ideal para a eletricidade.

Mudou varias vezes a posição das bolas, criando diferentes aberturas para a

oscilação da faísca. como o ar é um mau condutor de eletricidade,a abertura não

poderia ser nem muito grande nem muito pequena,senão não produziria o tipo de

faísca oscilatória necessária para gerar vibrações no ar.fez mudanças na bobina de

indução,tentando aumentar a força elétrica enviada para o transmissor.

Os resultados foram quase nulos. semanas se passaram.ele trabalhava o

dia inteiro e a noite toda.a mãe desistiu de tentar convencê-lo a sair do sótão e

resolveu levar-lhe as refeições numa bandeja.

Então, decidiu modificar um pouco o transmissor. conectou placas de metal

as bolas entre as quais se produzia a faísca e fez o mesmo em cada extremidade do

coesor.De repente,os sinais se tornaram tão fortes e claros que podiam ser enviados

de uma ponta a outra do sótão.

Não é que ele não tivesse idéia de uma coisa ser muito melhor que outra.

Mas tentava todas, com a maior paciência, observando e registrando seus feitos,

aproveitando aquelas que funcionavam e descartando as que não serviam. e

ganhou maior pericia:suas mãos adquiriram mais precisão na manipulação dos

instrumentos,por menores que fossem.A medida que obtinha sucesso, Marconi

adquiria maior confiança em suas idéias.

Foi em frente,testando,modificando e melhorando seu equipamento.

Precisava receber o sinal a distancias cada vez maiores.

Marconi voltara a trabalhar no coesor. Todas as vezes que os filamentos

grudavam, era preciso separá-los de modo a deixá-los prontos para captar a onda

que partia do transmissor. Era frustrante ter que atravessar a sala e fazer isso com

as próprias mãos. Ele precisava conseguir que isso acontecesse automaticamente.

Mais uma vez, a notável invenção do eletromagneto entrou em ação. Ele

acrescentou um ímã ao aparelho receptor. agora,sempre que a corrente elétrica

passava pelo coesor,atraia uma pequena barra de ferro à qual estava acoplado um

minúsculo martelo.o martelo batia no tubo coesor e separava os filamentos.

26

Esse mecanismo, ele chamou descoesor. embora muito pequena, a

mudança tinha sido da maior importância.agora, depois de cada impulso elétrico,o

aparelho preparava-se automaticamente para o proxímo.com isso podia-se enviar

impulsos separados e claramente definidos numa rápida sucessão,e eles seriam

acuradamente detectados pelo coesor.portanto, isso significava que poderia enviar e

receber sinais em código Morse.

27

10 NASCE A RADIOTELEGRAFIA

A partir daí o progresso foi rápido: ele experimentou elevar a placa - a

antena - a alturas cada vez maiores e, num teste posterior, enterrou no solo a outra

placa - o fio terra. Substituiu a placa de metal aérea por um fio de cobre esticado no

ar e enterrou no chão uma peça de cobre. Em seguida, ligou-os ao transmissor

situado no sótão por meio de um fio de cobre.

Com a ajuda da mãe e o financiamento do pai, Marconi, apresentou o seu

experimento ao governo Italiano, que o recusou inúmeras vezes, a única saída que

tivera foi levar o seu aparelho, a Inglaterra, país que sempre o acolhera, mais

especificamente ao departamento de telégrafos, local onde por providência possuía

conhecidos.

Preece que na época estava com 60 anos, tinha sido um dos primeiros

engenheiros telegráficos da Inglaterra. Doze anos antes, tinha iniciado uma pesquisa

sobre a ''indução'' de uma corrente elétrica de um fio para outro, sem nenhum fio de

conexão entre eles.

Tinha enviado sinais pela água e, em 1892, conseguira transmitir-los a uma

distância de 4 quilômetros sob o canal de Bristol.

Também havia usado seu sistema de indução na Escócia, entre o continente

e a ilha de Mull, quando o cabo do telégrafo submarino se rompeu. Mas Preece

sabia que o sistema de indução estava restrito a pequenas distâncias e dependia de

longos fios que corressem paralelos de uma margem a outra.

O Atlântico era um enorme desafio. Muitos cientistas acreditavam que as

ondas eletromagnéticas não seriam capazes de acompanhar a curvatura da terra,

porque se moviam numa linha reta, como um feixe luminoso. Entre Unidos e a

Inglaterra, a curvatura do Atlântico atingia uma altura de mais de 240 quilômetros.

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11. GUGLIELMO DEMONSTRA O SEU EXPERIMENTO

Em setembro de 1901. o novo equipamento, especialmente planejado, foi

instalado em Poldhu - um transmissor muito mais poderoso e um grande círculo de

mastros, que se elevava 61 metros acima do rochedo, e tinha outros 61 metros de

diâmetros. Em Cape Cod, nos Estados Unidos, a estação estava quase pronta.

Então veio o desastre. A 15 de setembro, uma tempestade atingiu Poldhu e

reduziu o anel de mastros e antenas a um emaranhado de ferros e fios. Graças ao

esforço da equipe, em uma semana o local estava limpo e eles iniciaram os testes

com antenas mais simples.

Em novembro, a antena de Cape Cod virou do avesso. Marconi perdeu as

esperanças de trocar sinais entre as duas poderosas estações.

Decidiu enviar e receber sinais nos Estados Unidos e tentar apenas recebê-

los de Poldhu.

Por estar de frente para a Inglaterra, do outro lado do atlântico, a terra nova

(Newfoundland), na costa leste do Canadá, parecia um ótimo lugar. No fim de

novembro a equipe embarcou: era formada por Marconi, George Kemp e Paget.

Munidos de balões e pipas, para levar as antenas o mais alto possível, eles

desembarcam em St. John’s na terra nova, em 6 de dezembro de 1901. Na terça-

feira seguinte, estavam prontos para a primeira tentativa coma as pipas. Antes,

enviaram um cabo para Poldhu, pedindo que todas as tardes um sinal fosse enviado

de lá durante certo período. Os sinais combinados eram os três pontos que

traduziam a letra S no código Morse.

Em seguida, eles lançaram uma segunda pipa. Ele oscilava na subida e na

descida, puxando violentamente as amarras e a cada mergulho mudava a altura da

antena, transformando sua capacidade de receber os sinais. Desta forma Guglielmo

Marconi ouviu os três pontos enviados do outro lado do Atlântico.

Eles queriam ir mais longe e fixaram as antenas e o mastro em uma

distância maior. Então a equipe se mudou para Nova Escócia, no Canadá, iniciando

uma construção da nova estação transatlântica na baía Glace.

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Em cada viagem marítima, os novos testes traziam novas conclusões. Por

exemplo: os sinais eram mais claros a noite do que durante o dia. O raio de alcance

noturno chegava a ser três vezes maior que o diurno. Isso lhes forneceu indícios de

um problema que deveria ocupá-los durante os próximos anos – caráter errático,

imprevisível, incontrolável dos resultados, que só seria explicado na década de 20,

quando finalmente os cientistas entenderam a ionosfera.

As partículas carregadas de eletricidade ficam suspensas em várias

camadas da atmosfera. Resultantes da radiação solar, elas refletem as ondas

eletromagnéticas, mandando-as de volta a superfície da Terra. Era por esta razão

que as ondas de rádio não se perdiam no espaço. E era esta também a razão das

diferenças reveladas na transmissão do sol durante do dia e a noite. Mas só 24 anos

depois do primeiro sinal transatlântico de Marconi os cientistas entender a ionosfera

suficientemente bem para poder controlar os sinais de rádio.

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12. O RÁDIO TRANSFORMA O MUNDO

A radio telegrafia tinha percorrido um longo caminho desde o sótão da Villa

Griffone. Em todo o mundo, o trabalho incansável de muitas pessoas alcançara

progressos técnicos significativos: um controle mais rígido dos comprimentos de

onda e maiores raios de alcance para a mesma força elétrica. Estava aberto o

caminho para a radiotelefonia – as palavras eram enviadas verbalmente não em

código Morse. Agora que o rádio era capaz de transmitir a palavra falada, faltava um

pequeno passo para o inicio das transmissões radiofônicas – música e teatro

transmitido pelo rádio e, mais tarde pela televisão. Nas décadas seguintes, a

invenção de um novo tipo de detector, a válvula termiônica, descoberta por Ambrose

Fleming, provocava uma explosão de novas conquistas tecnológicas.

Em 1909, um navio que cruzava o atlântico colidiu com outro. Destruídos e

com suprimentos de eletricidade cortados, os navios atingidos pelo desastre

estavam prestes a afundar nas águas cobertas pelo nevoeiro. Mas o rádio de um

dos navios tinha permanecido intacto.

O jovem operador de rádio, Jack Binns, ligou imediatamente as baterias de

emergência e enviou um pedido de socorro. O apelo foi ouvido na costa, a 48

quilômetros de distância. Um grande nevoeiro impedia que os navios de resgate

encontrassem os navios avariados, no entanto o rádio os guiou.

Finalmente, um navio os encontrou, conseguindo salvar quase 1,7 mil

pessoas.

No dia 15 de abril de 1912, o maior e mais luxuoso navio transatlântico

jamais construído, afundou nas águas geladas do oceano, matando 1,5 mil pessoas,

sendo os sobreviventes salvos devido os sinais enviados para o rádio.

Era a viagem inaugural do Titanic, realizada com enorme publicidade: frutos

da mais moderna das tecnologias nele viajaram ricos e famosos. As 23h40 do

domingo, 14 de abril, ele se chocou contra um iceberg. Duas horas e quarenta

minutos depois, afundava nas águas mais profundas do Atlântico Norte. O Carpathia

ouvira o sinal de socorro lançados pelo radio do Titanic. Mas estava a 100

quilômetros de distância.

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A tragédia provou mais uma vez o que já se sabia um ano antes, quando o

rádio salvara 1,7 mil pessoas. Ele provocou mudanças nas medidas de segurança

no mar: não só seria preciso instalar aparelhos de rádio na maioria dos navios, mas

também ter o número proporcional de operadores para mantê-los funcionando 24

horas por dia. O ano de 1912 também trouxe desastre pessoal para Guglielmo. Num

acidente rodoviário na Itália, seu olho direito ficara gravemente ferido. Acreditando

que o ferimento punha em risco o outro olho, os médicos removeram o olho

danificado. Ele teve uma recuperação meses para se recuperar. Em 1916, cada vez

mais interessado nas ondas curtas, decidiu investigá-las.

Na época, estava no hospital em Gênova, por causa de uma inflamação na

garganta. Como sempre não perdendo tempo em voltar ao trabalho. Pediu que

construíssem uma antena especial, pequena, e a trouxessem ao hospital. Ao longo

do corredor, onde era ajudado pelo seu amigo Luigi Solari, iniciou os experimentos

com as ondas ultracurtas. Mas observando o que havia ocorrido com as ondas

longas anos antes, precisava testá-las exaustivamente em longas distâncias.

“Elettra”

Encontrou a solução para o problema e ao mesmo tempo satisfez um antigo

desejo. Comprou um navio, que chamou de Elettra. Tinha 61 metros de

comprimento, uma tripulação de trinta marinheiros.

O navio foi seu laboratório flutuante para pesquisas de ondas curtas.

Ondas curtas e longas

Dos diferentes comprimentos de ondas eletromagnéticas, surgiram

diferentes sistemas. As ondas tinham centenas de metros de comprimento: a

transmissão exigia enormes antenas apontadas na direção correta da estação como

as de Poldhu, com força suficiente para enviar o sinal milhares de quilômetros.

As ondas curtas tinham apenas dezenas de metros de comprimento,

portanto as antenas podiam se muito menores e rigorosamente focalizadas numa

direção, como um raio. Era possível estabelecer comunicação a longas distâncias

com apenas uma fração da energia necessária ao sistema de ondas longas. As

ondas ultracurtas, eram medidas em metros e exigiam antenas ainda menores. No

decorrer de 1922 e 1923, Guglielmo Marconi concentrou-se nas pesquisas de ondas

curtas. Sua empresa montou o novo Imperial Wireless Scheme (esquema de rádio

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imperial), destinado a instalar ondas curtas em todo império britânico. Quatro anos

depois conquistou seu objetivo, as estações de ondas curtas entraram em operação

na África do Sul, Índia, América do Sul, Austrália e Estados Unidos.

O sonho torna-se realidade

O sonho de uma comunicação mundial acalentado 32 anos antes na Vila

Griffone se tornou realidade. Aos 52 anos, Marconi começou a afastar-se das

preocupações que o tinha motivado desde o 20 anos.

Ao final de sua vida, voltou a Itália e passou a viver lá a maior parte do

tempo.

Depois de uma sucessão de ataques cardíacos minou as energias de

Marconi, que só pode voltar plenamente às pesquisas na década de 30. Nos últimos

anos de sua vida, seu interesse se voltou para ondas de rádio ainda mais curtas, de

menos de 1 metro de comprimento: micro-ondas.

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13. A SEMENTE DE MARCONI

Guglielmo Marconi morreu nas primeiras horas do dia 20 de julho de 1937.

Estava com 63 anos. A noticia de sua morte foi transmitida pelo rádio ao mundo

todo. Em toda parte, as estações saíram do ar, lembrando dois minutos de silêncio.

É impossível imaginar o mundo sem a instantânea que hoje une os

continentes. Onde quer que as pessoas precisem entrar em contato – nos locais

mais remotos ou em transito -, em missões de salvamento, segurança ou em troca

de informações, o rádio desempenha um papel insubstituível. Ambulâncias,

bombeiros, policia e o exercito, realizam missões de socorro em terra, mar e ar.

O entretenimento que é possibilitado pelo rádio é interativo, noticias em

tempo, negociações são disponibilizadas em tempo real, devido a tal descoberta.

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CONCLUSÃO

O quanto o rádio modificou o mundo, modificou o mundo do tamanho do

pensamento que Marconi possuía. Através de sua descoberta, Marconi mostrou ao

mundo, mesmo que isso não tenha ficado claro para muitos ainda hoje, que um

grande cientista não é aquele que através de arrogância e prepotência, subjuga

outros experimentos além de seus próprios, considera a sua teoria como única e

imutável. Marconi foi aquele que soube utilizar de grandes descobertas e grandes

idéias para um grande resultado, não foi um plagiador como muitos acreditam,

apenas preservou e continuou aquilo que havia conseguido reunir e transmitir de

forma prática e usual.

Na época, os grandes cientistas, aboliam o uso de suas descobertas para

uso em meios comerciais, mas Marconi, diferente de todos utilizou-se do artifício do

comércio para se tornar o homem m ais admirável na época, em pouco tempo o seu

experimento se tornou acessível a todos, o fim justificou os meios. Marconi foi

respeitado e admirado por muitos, mas nunca deixou de ser o eterno físico prático,

soube fazer o que muitos tentaram e não conseguiram administrar as suas

descobertas e transformá-las em um império.

Por fim demonstrou ao mundo que uma pessoa que persiste, dedica-se e

acredita no seu sonho, mesmo com todos os obstáculos que virão, consegue

encontrar uma saída em um corredor sem porta e se sobressai perante a multidão.

Esse foi Guglielmo Marconi, admirado ainda hoje não pelo que foi, mas pelo que

representa e por seus resultados que ainda hoje ecoam nas ondas de rádio.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Garozzo, Filippo. (1974). “Guglielmo Marconi”. Rio de Janeiro, Editora Três, 1974.

Bolton, Sarah K. (1944). “Guglielmo Marconi”. São Paulo, Editora Universal, 1944.

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ANEXOS

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IMAGENS

38

Marconi e sua mãe – Annie Jameson

39

Vila Griffone – local de sua primeira transmissão experimental

40

Marconi e o sistema de recepção e transmissão de rádios

41

O sistema de transmissão e recebimento de ondas de rádio

42

Inauguração do Cristo redentor

43

Salvamento dos náufragos do Titanic

44

O homem que inspirou Marconi – Benjamin Franklin

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