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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Faculdade de Engenharia O Turbo Compressor como elemento de redução de emissões de gases de escape Estudo de duas unidades motrizes: aspirado e turbinado Tiago Cardoso Oliveira Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Eletromecânica (2º ciclo de estudos) Orientador: Prof. Doutor Francisco Miguel Ribeiro Proença Brojo Co-orientador: Prof. Doutor Paulo Manuel Oliveira Fael Covilhã, Outubro de 2014

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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Faculdade de Engenharia

O Turbo Compressor como elemento de redução

de emissões de gases de escape Estudo de duas unidades motrizes: aspirado e turbinado

Tiago Cardoso Oliveira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Eletromecânica (2º ciclo de estudos)

Orientador: Prof. Doutor Francisco Miguel Ribeiro Proença Brojo Co-orientador: Prof. Doutor Paulo Manuel Oliveira Fael

Covilhã, Outubro de 2014

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“If you cannot do great things, do small things in a great way”

Napoleon Hill

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Agradecimentos

Quero agradecer em primeiro ao meu Orientador, Professor Doutor Francisco Miguel

Ribeiro Proença Brojo, pelo seu empenho e interesse que demonstrou em disponibilizar todos

os recursos auxiliares necessários para a realização deste projeto.

Quero também agradecer ao Sr. João António da Silva Correia pelo seu interesse e apoio

auxiliar em questões técnicas.

Agradeço à minha namorada o apoio e paciência que as várias etapas deste percurso

exigiram.

Por fim, e como não podia faltar, quero agradecer à minha família, especialmente aos

meus pais e irmão que tanta força me deram e apoiaram em toda a minha vida académica e

que me permitiu estar agora aqui a escrever estas linhas com todo o orgulho.

A todos o meu muito obrigado.

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Resumo

Desde o desenvolvimento do primeiro motor de combustão interna até aos dias de hoje

tem havido um forte interesse em reduzir os consumos de combustível. O consequente aumento

do preço dos combustíveis leva a que os engenheiros tenham que se empenhar em reduzir os

consumos de combustível dos motores dos automóveis e não só, em todos os transportes

públicos acionados por motores de combustão interna, sejam Diesel ou gasolina.

Neste estudo, vamos analisar dois motores de combustão interna: um motor aspirado

(sem turbocompressor) e um motor sobrealimentado (com turbocompressor). Para a realização

destes dois testes, usamos um banco de ensaios para o motor aspirado e um programa de

simulação chamado Engine Analyser Pro v3.3 para o motor sobrealimentado, visto que não

houve hipóteses de fazer este teste fisicamente devido a não existência do motor em questão

num banco de ensaios. O estudo consiste na comparação dos consumos, potências e binários

entre estes dois motores.

Os resultados obtidos neste estudo vão mostrar que os motores sobrealimentados são

mais económicos no consumo e mais eficientes, dado que é possível extrair mais potência, mais

binário de um bloco sobrealimentado do que um que não é sobrealimentado.

Num dos capítulos finais vamos fazer referência à questão das emissões dos gases,

falando sobre as normas atuais e as previsões para o futuro. A emissão dos gases de escape é

um tema atual e em constante mudança para melhorar a questão da poluição atmosférica que

tem tido um impacto negativo na nossa natureza.

Palavras-chave

Turbo compressor, estequiométrico, válvula, fluxo de ar, Louis Renault, inter-cooler.

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Abstract

Since the development of the first internal combustion engine to this days has been a

strong interest in reducing fuel consumption. The consequent increase in the price of

fuel means that the engineers have to strive to reduce the fuel consumption of the engines of

cars and not only, in all public transport powered by internal combustion engines,

whether Diesel or petrol.

In this study, we will examine two internal combustion engines: an

engine aspirated (without turbocharger) and a supercharged engine (with turbocharger). For

the achievement of these two tests, we used a test bench for motor aspirated and a program

called Simulation Engine Analyzer Pro v 3.3 supercharged engine, since there was no chance

of doing this test physically due to non-existence of the engine in question on a test bench.

The study consists in the comparison of consumption, and binary power between these two

engines.

The results obtained in this study will show that turbocharged engines are more

economical in consumption and more efficient, since it is possible to extract more

horsepower, more torque for a block supercharged than one that is not supercharged.

In one of the final chapters we will reference the issue of greenhouse gas emissions,

talking about current standards and predictions for the future. The emission of exhaust

gases is a current topic and constantly changing to improve the issue of air pollution which

has had a negative impact on our environment.

Keywords

Turbo compressor, stoichiometric, valve, airflow, Louis Renault, inter-cooler

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Índice Capítulo 1 ........................................................................................................................ 1

1.1. Introdução e Perspetivas .................................................................................. 1

1.2. Objetivos ............................................................................................................. 2

Capítulo 2 ........................................................................................................................ 3

2.1. Introdução histórica .......................................................................................... 3

2.2. Motor de Combustão Interna ........................................................................... 4

2.2.1 Princípios de Funcionamento .................................................................... 4

2.2.2 Ciclo 4 tempos do motor de combustão interna .................................... 5

2.3. O Turbo Compressor .......................................................................................... 6

2.4. Sistemas de alimentação do motor ................................................................ 8

2.4.1. Carburador................................................................................................... 8

2.4.2. Sistema de Injeção ..................................................................................... 9

Capítulo 3 ...................................................................................................................... 11

3.1. Composição do turbo compressor ................................................................. 11

3.2. Rotor do compressor e da turbina ................................................................ 12

3.2.1. Fator de ajustamento do rotor (trim) .................................................. 13

3.3. Lubrificação do veio ........................................................................................ 13

3.4. Válvula de segurança ...................................................................................... 14

3.5. Temperaturas e constituição dos materiais ................................................ 15

3.6. Limitações do Turbo Compressor .................................................................. 16

Capítulo 4 ...................................................................................................................... 19

4.1. Introdução ao banco de ensaios .................................................................... 19

4.2. Descrição do ensaio ......................................................................................... 19

4.3. Dados do motor aplicado no banco de ensaio ............................................ 20

4.4. Painel de instrumentos do banco de ensaio ............................................... 21

4.5. Ensaio com a borboleta do acelerador no máximo.................................... 22

4.6. Cálculo teórico ................................................................................................. 25

4.6.1. Relação transmissão para cálculo do consumo ................................... 27

4.7. Binário e Potência ........................................................................................... 31

Capítulo 5 ...................................................................................................................... 35

5.1. Introdução ......................................................................................................... 35

5.2. Dados técnicos.................................................................................................. 35

5.3. Simulação no Engine Analyzer Pro v3.3 ....................................................... 36

Capítulo 6 ...................................................................................................................... 39

6.1. Normas europeias de emissões do 𝑪𝑶𝟐 ....................................................... 39

6.2. Emissões de 𝑪𝑶𝟐 .............................................................................................. 40

6.3. Metas de emissão de 𝑪𝑶𝟐 para automóveis novos .................................... 40

Capítulo 7 ...................................................................................................................... 43

7.1. Discussão dos Resultados ................................................................................ 43

7.2. Conclusões ........................................................................................................ 44

7.3. Propostas para trabalhos futuros .................................................................. 45

Bibliografia ..................................................................................................................... 47 ANEXO I .......................................................................................................................... 49

ANEXO II ......................................................................................................................... 51

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Lista de Figuras

Figura 2.1: Figura da cambota, biela e pistão (a) e figura do PMI e PMS (b). Fonte: [16]

.......................................................................................................................................... 4

Figura 2.2: Ciclo 4 tempos de motor de ignição. Fonte [18] ............................................ 5

Figura 2.3: Funcionamento do Turbo Compressor. Fonte [15] ........................................ 6

Figura 2.4: Fluxo do ar (azul) e dos gases de escape (vermelho). Fonte [15] .................. 7

Figura 3.1: Figura em corte de um turbo compressor. Fonte: [8] ................................... 11

Figura 3.2: Vista em corte do rotor do compressor. Em (a) o veio atravessa o rotor de

uma ponta à outra, enquanto que em (b) o veio é apenas fixado na extremidade do rotor.

Fonte: [8] ......................................................................................................................... 12

Figura 3.3: Lubrificação do veio. Fonte: [7] ................................................................... 14

Figura 3.4: Figura de uma válvula de segurança de um turbo compressor na posição

ABERTO e FECHADO. Fonte: [7] ................................................................................ 14

Figura 3.5: Temperaturas dos diversos componentes que constituem o turbo compressor

num motor Diesel. Fonte: [7] .......................................................................................... 15

Figura 4.1: Painel de instrumentos do banco de ensaio. ................................................. 21

Figura 4.2: Gráfico com as injeções obtidas com o PicoScope com o motor a 1360rpm.

........................................................................................................................................ 23

Figura 4.3: Gráfico com as injeções obtidas com o PicoScope com o motor a 5000rpm.

........................................................................................................................................ 23

Figura 4.4: Gráfico dos tempos de injeção da tabela 4. .................................................. 24

Figura 4.5: Gráfico comparativo entre fluxo do injetor e o fluxo calculado da tabela 5.26

Figura 4.6: Figura ilustrativa para encontrar o perímetro da roda. ................................. 28

Figura 4.7: Gráfico do primeiro ensaio até às 6030rpm. ................................................ 31

Figura 4.8: Gráfico do primeiro ensaio até às 6040rpm ................................................. 31

Figura 4.9: Gráfico do terceiro ensaio até às 6050rpm ................................................... 33

Figura 5.1: Potência-binário em função da rotação ........................................................ 37

Figura 5.2: Gráfico da potência e binário simulado no programa. ................................. 38

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Temperatura dos diversos componentes do turbocompressor ........................ 16

Tabela 2: Dados técnicos do motor da OPEL. Fonte: [12] ............................................. 20

Tabela 3: Descrição do Painel de Instrumentos. ............................................................. 22

Tabela 4: Resumo dos tempos de injeção em função das rotações................................. 24

Tabela 5: Consumo de combustível do injetor calculado. .............................................. 26

Tabela 6: Relações de transmissão do fabricante. Fonte: [12] ....................................... 27

Tabela 7: Valor das velocidades em função da rotação do motor. ................................. 29

Tabela 8: Valor dos consumos entre velocidades diferentes da caixa de transmissão. .. 30

Tabela 9: Primeiro ensaio até 6030rpm. ......................................................................... 31

Tabela 10: Segundo ensaio até 6040rpm ........................................................................ 32

Tabela 11: Terceiro e último ensaio até 6050rpm .......................................................... 33

Tabela 12: Dados técnicos do motor OPEL com turbo. Fonte: [12] .............................. 35

Tabela 13: Propriedades da caixa de velocidades do motor turbinado. Fonte: [12] ....... 38

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Lista de Acrónimos

A/F Air/ Fuel

ACEA European Automobile Manufacturers Association

AUX Apreviamento para auxiliary

EGR Exhaust Gas Recirculation

ERS Energy Recovery System

MPI Multi Point Injection

NEDC New European Driving Cycle

PMI Ponto Morto Superior

PMS Ponto Morto Inferior

RPM Rotações Por Minuto

SPI Single Point Injection

TRIM Fator de ajustamento do rotor

UBI Universidade da Beira Interior

WLTP World Light Vehicle Manufacturers Association

ZER Zona de Emissões ZERO

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Lista de Símbolos

B Binário

𝑊𝑒̇ Potência efetiva do motor

𝐶𝑂2 Símbolo químico do dióxido de carbono

𝐶𝑓 Consumo final

𝐶𝑚 Consumo do motor

𝐻2𝑂 Símbolo químico da água

𝑁𝑂𝑥 Símbolo químico dos óxidos de azoto

𝑅1 Raio do carreto dentado 1

𝑅2 Raio do carreto dentado 2

𝑉𝑣 Volume varrido num cilindro

𝜔1 Velocidade angular 1

𝜔2 Velocidade angular 2

C Constante do curso do pistão

CV Abreviação de cavalo-vapor

D Constante do diâmetro do cilindro

h Abreviatura para horas

N Rotação do motor

P Perímetro da jante de um automóvel

V Velocidade final

𝜋 Constante de Pi (3.14159265356)

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Capítulo 1

1.1. Introdução e Perspetivas

O automóvel já não é considerado um bem de luxo. As fábricas não param de produzir

automóveis, pelo contrário, procuram sempre o mais atual e inovador possível para atrair novos

consumidores, os transportes públicos são acessíveis a toda a sociedade em quase todo o lado

do mundo. Estamos perante uma necessidade, que é a locomoção de veículos. Seja um carro

para filha, ou para o neto, este mundo de consumismo não tem fim. Vivemos num mundo em

que a deslocação para o trabalho tem que ser num veículo motorizado (ou elétrico). Apenas

uma pequena minoria é que vai de bicicleta para o trabalho e poupa assim o meio ambiente.

Mas a massa predominante são de fato os veículos motorizados.

Já sabemos que o nosso automóvel é essencial para nos deslocarmos para qualquer lado,

principalmente para o trabalho. A estatística fala por si, 126689 veículos automóveis1 vendidos

no ano 2013 só em Portugal e este ano (2014) já vamos com 115025 [2]. Dá para ter uma ideia

da escala que estamos a falar que tem tendências de crescimento. Agora vamos pensar da

seguinte forma: nestes 126689 veículos automóveis existe um motor de combustão interna que

emite 𝐶𝑂2 [20] para a atmosfera. Mesmo que cada um destes veículos automóveis tivesse uma

emissão de 100g/km (que não tem de certeza, já para sermos um pouco otimistas) seriam

1.26 × 107g/km. Dai que os automóveis são considerados os que mais têm contribuído para a

poluição atmosférica. No entanto, a emissão dos poluentes dos veículos há 40 anos atrás eram

100 vezes mais poluentes em comparação aos de hoje. Nem tudo é uma má notícia.

Os valores que acabamos de mencionar são realmente preocupantes, mas a evolução é

demasiado rápida e a sociedade adapta-se ao conforto com facilidade. Mas felizmente existem

entidades reguladoras das emissões dos gases de escape (𝐶𝑂2) [20] que controlam estes valores

(daí a evolução de emissão dos poluentes de há 40 anos atrás) e impõem todos os anos novas

metas que os fabricantes são obrigados a atingir, senão, são punidos com uma coima. Vamos

ver este tema no capítulo 6.

É de notar que a invenção do motor movido a pistão (século XIX) foi das invenções que

mais impacto teve na sociedade e que desde ai não tem parado de crescer [16].

1 Inclui: Ligeiros Passageiros, Todo-o-Terreno, Monovolumes com mais de 2300kg, Comerciais Ligeiros

e Comerciais Pesados.

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1.2. Objetivos

Este estudo tem como objetivo principal a comparação de dois motores a gasolina da

OPEL. A diferença está na sua aspiração de ar. Um dos motores é normalmente aspirado e o

outro é turbo comprimido.

Ao longo deste trabalho vamos comparar vários valores, desde o consumo, potência,

binário até as emissões de gases de escape, que é um fator importante a ter em conta nos

veículos motorizados.

Para podermos comparar estes valores é necessário fazer ensaios dos quais vamos

registar dados importantes para o desenvolvimento deste trabalho. Os ensaios vão ser

realizados num banco de ensaios para motores, mas só vai ser possível fazer este ensaio com o

motor aspirado. Para o motor turbinado não foi possível nenhuma outra hipóteses a não ser um

ensaio com assistência de um software para ensaios de motores virtuais.

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Capítulo 2

2.1. Introdução histórica

A sobrealimentação é um tema que já vem de há muitos anos atrás nomeadamente

pouco depois da criação do motor de combustão interna. Cedo se começou a especular que

para aumentar a potência de um motor de combustão interna teríamos que aumentar a

quantidade de ar admitida e acompanhar essa quantidade de ar pelo combustível necessário.

Os motores por esta altura eram muito pouco eficientes em muitos aspetos [1].

A ideia da sobrealimentação teve o seu início nos anos 1885 e 1896, por Gottlieb Daimler

e Rudolf Diesel, respetivamente, que investigavam várias formas de aumentar a potência mas

reduzir ao mesmo tempo o consumo de combustível [1].

Em 1905, Alfred J. Buchi e Sulzer Brothers [1] desenvolveram o primeiro motor

turbinado usando os gases de escape e patentearam-no. Nesta época o turbo tinha as suas

aplicações na aeronáutica para conseguir atingir maiores alturas com os aviões. Em 1915 ainda

foi proposta a aplicação do turbo nos motores Diesel.

Foi na Suíça, que o primeiro turbo compressor começou a fazer história. Entre 1909 e

1912, o seu inventor Alfred J. Buchi, chefe-engenheiro do Grupo Sulzer [1] deu vida a um

componente mecânico que vai traçar história até à data de hoje.

A primeira aplicação do turbo compressor foi num motor Diesel pois quando Buchi

tentou aplicar o mesmo num motor a gasolina, era evidente que o turbo não conseguia aguentar

as elevadas temperaturas dos gases de escape (perto de 800ºC2) [1].

Na Primeira Guerra Mundial, o turbo era aplicado com mais frequência apesar de ter

ainda algumas limitações, mas mesmo assim na Segunda Guerra Mundial houve mais avanços

tecnológicos nesta área mecânica [16].

O turbo compressor, cuja construção não é mais do que um compressor acionado pelos

gases de escape, teve um desenvolvimento maior nos Estados Unidos por volta dos anos 40. A

Garret, cujo nome vem de 1936 por Cliff Garret, é a marca mais conhecida de turbo compressor

no mundo. Esta empresa começou a produzir pequenas turbinas a gás com 20 a 90 cavalos (CV3).

Para que o turbo se tornasse um componente viável para a produção em massa, teve que haver

2 Celsius (cujo simbolo é ºC) designa a unidade de temperatura, assim denominada em homenagem ao

astrônomo sueco Anders Celsius (1701-1744) que foi o primeiro a propô-la em 1742. 3 CV é o símbolo do cavalo-vapor, unidade que designa a potência e força. Alguns fabricantes também

mencionam a potência dos seus motores em quilowatts (kW). 1CV=0.7355 kW.

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uma evolução tecnológica que tornasse possível a construção de peças e componentes de

menores dimensões e com mais exatidão [1].

Atualmente a lista de fabricantes de turbo compressores é cada vez maior, visto que é

de grande interesse a nível global. Este componente mecânico tem várias aplicações, assim

como nos automóveis de estrada, camiões, autocarros, máquinas agrícolas, automóveis de

competição, barcos, veículos militares, aviões e ainda em equipamentos de geração de energia.

2.2. Motor de Combustão Interna

2.2.1 Princípios de Funcionamento

“O motor de combustão interna aproveita o aumento de pressão resultante da

combustão da mistura ar-combustível para imprimir um movimento de rotação ao veio do

motor” [16]. O cilindro do motor é constituído por pistões que deslizam num movimento linear,

ligados a um veio chamado cambota que por sua vez transmite o movimento deslizante do

pistão através da biela (Figura 1.1).

Figura 2.1: Figura da cambota, biela e pistão (a) e figura do PMI e PMS (b). Fonte: [16]

O ponto morto superior (PMS) é o ponto mais alto que o pistão pode atingir, e o ponto

morto inferior (PMI) é o ponto mais baixo. O curso do pistão identifica-se pela letra C e a letra

D ao diâmetro interior do cilindro.

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Com estes dois valores, C e D, podemos facilmente calcular a cilindrada de cada

cilindro, ou seja, aplicando a fórmula do volume varrido (𝑐𝑚3):

𝑉𝑣 = 𝐶 ∙𝜋 ∙ 𝐷2

4(𝑐𝑚3)

Ex.: Com C=10cm e D=8cm

𝑉𝑣 = 10 ∙𝜋 ∙ 82

4≈ 502.66𝑐𝑚3

No exemplo em cima teríamos então uma cilindrada de 502.66𝑐𝑚3. Num motor com 4

cilindros basta multiplicar a cilindrada de um cilindro pelos restantes.

2.2.2 Ciclo 4 tempos do motor de combustão interna

O motor mais vulgar é o motor a gasolina de ignição por faísca [16]. Vamos ver já a

seguir o seu funcionamento. Para isso temos a figura 1.2 que mostra passo a passo os 4 ciclos:

Figura 2.2: Ciclo 4 tempos de motor de ignição. Fonte [18]

(a) Admissão – No ciclo de admissão, que se inicia com o pistão no PMS, inicia-se uma

depressão na camara de combustão a qual acaba com o pistão no PMI. Este movimento,

com a válvula de admissão aberta, da entrada à mistura de ar e combustível no cilindro.

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(b) Compressão – No ciclo da compressão, ambas as válvulas (admissão e escape) estão

fechadas, comprimindo a mistura de ar e combustível numa pequena fração do seu

volume inicial. A partir daqui inicia-se então a compressão e a pressão no interior do

cilindro vai aumentar.

(c) Explosão-Expansão – Neste ciclo, com o pistão no PMS, faz com que o pistão desça

para o PMI, derivado das elevadas temperaturas e pressões vindas da combustão,

forçam o pistão a descer e rodar a cambota. O rendimento deste ciclo é cinco vez

superior ao da combustão. Com o pistão no PMI, a válvula de escape vai abrir e deixar

sair os gases de escape e descer a pressão no cilindro.

(d) Escape – No último ciclo, o combustível queimado irá sair do cilindro através da

válvula de escape empurrados pelo pistão em direção ao PMS. Quando o pistão chega

ao PMS a válvula de admissão abre logo depois de a válvula de escape se ter fechado e

o ciclo começa de novo.

2.3. O Turbo Compressor

Neste tópico vamos dar uma breve introdução ao turbo compressor. Só por

curiosidade, o turbo compressor pode gerar rotações até 280000rpm [15].

A turbina está diretamente ligada com um veio ao compressor rodando assim solidário

um com o outro para permitir que o compressor extraia e comprima grandes quantidades de ar

ambiente. No processo de reaproveitamento dos gases de escape, o arrefecedor EGR ocupa-se

de baixar as elevadas temperaturas vindas do escape para dar entrada no circuito de ar para

uma nova combustão (podem ser aproveitados até 30% dos gases de escape). O EGR tem ainda

como função reduzir os 𝑁𝑂𝑥 [15].

Figura 2.3: Funcionamento do Turbo Compressor. Fonte [15]

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Na figura 1.3 podemos observar o funcionamento do turbo compressor num conceito

generalizado. Os gases de escape saem dos cilindros do motor (após o ciclo de escape) em

direção da turbina. O fluxo dos gases fazem rodar a roda da turbina a um elevado número de

rotações que são transmitidos ao compressor com a mesma rotação. O compressor admite

grandes quantidades de ar ambiente (previamente filtrado) que vão em direção do arrefecedor,

mais conhecido por inter-cooler4, baixando assim a temperatura do ar para uma melhor relação

de combustão. A partir daqui o ciclo recomeça de novo.

O turbo compressor é um componente mecânico simples, como vamos ver mais à frente.

A sua construção não leva mais do que 40 a 50 componentes separados. O processo de fabrico

requer tecnologia moderna o que se traduz num custo mais elevado. A sua fabricação porém

justifica-se pelas suas aplicações que tem no mundo automóvel e que tem trazido benefícios

relacionados com as emissões (𝐶𝑂2)5.

Figura 2.4: Fluxo do ar (azul) e dos gases de escape (vermelho). Fonte [15]

Na Fig. 1.4 temos uma representação dos fluxos dos gases e do ar. As setas azuis

destinam-se ao fluxo do ar que vem do exterior (ar ambiente), que passa pelo compressor e é

comprimido para depois ir em direção dos cilindros do motor. Em vermelho temos os gases de

escape que são responsáveis pelo funcionamento do turbo compressor. Vamos ver o

funcionamento mais ao pormenor no capítulo 3

4 Inter-cooler – Permutador de calor que neste caso serve para baixar a temperatura do ar 5 𝐶𝑂2 – Representação química do dióxido de carbono. É composto por um átomo de carbono e dois

átomos de oxigénio. Provém da queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra (queimadas)

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2.4. Sistemas de alimentação do motor

Nesta parte do trabalho vamos especificar dois tipos de sistemas que produzem a

mistura necessária para a queima do combustível. O carburador e o injetor.

2.4.1. Carburador

O sistema de alimentação por carburador já é muito antiga e pouco usual. É um sistema

bastante simples na sua constituição. O princípio básico de funcionamento do carburador

consiste na passagem de ar num canal convergente-divergente, denominada por venturi que

aumenta a velocidade do ar pelo tal estreitamento do canal. A lei de Bernoulli diz nos que a

pressão do ar diminui quando passa por um estrangulamento, neste caso, na conduta venturi,

e permite que a gasolina seja aspirada, fluindo e misturando-se com o ar dando posteriormente

origem à combustão [16].

O caudal da gasolina está dependente da queda de pressão no venturi [16]. Na maior

parte dos carburadores, existe um afinador que permite aumentar ou diminuir o efeito da queda

de pressão com um simples parafuso que pode ser aparafusado ou desaparafusado e achar uma

boa relação de alimentação.

O carburador tem as suas desvantagens e a primeira é a impossibilidade de um fluxo

constante de gasolina o que impossibilita também uma relação A/F perfeita. A relação A/F (do

inglês air-fuel ratio) chama-se estequiométrica quando na teoria todo o ar é consumido para

queimar todo o combustível [16]. Daqui nascem as misturas pobres (mais ar que gasolina) e

misturas ricas (mais gasolina que ar). Uma outra desvantagem, que também tem a ver com a

regulação da mistura, é a variação de altitude ou da pressão atmosférica. Nestes casos,

podemos estar por exemplo a 1000m de altitude e ter boas performances do motor, e de

repente começamos a subir uma serra e passamos para 2000m de altitude e começam os

problemas. Como é conhecido do quotidiano, a diferença de altitudes está na quantidade de

oxigénio. Quando mais altitude menos oxigênio, o que significa também menos potência para

o motor. Elevadas emissões dos gases de escape é uma outra desvantagem.

A vantagem do carburador reside na sua simplicidade que permite a troca entre motores

sem grandes modificações. A sua aquisição não é muito dispendiosa, podendo até adquirir

carburadores usados em bom estado, pois têm uma boa durabilidade.

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9

2.4.2. Sistema de Injeção

No sistema de injeção as coisas mudaram completamente. Neste caso já não temos um

carburador não comandado, mas sim um injetor comandado eletronicamente. As vantagens da

utilização do injetor começam logo na redução das emissões dos gases de escape. Isto porque

aqui estamos perante um sistema comandado eletronicamente que faz a leitura do caudal

mássico de ar injetando depois a quantidade proporcional de gasolina.

O sistema de injeção permite aumentos de potência com redução dos consumos e uma

melhor resposta de aceleração do motor.

Há dois tipos de injeção: direta e indireta. A injeção indireta ou multiponto (MPI)

consiste na injeção de combustível em vários pontos do motor [3]. A injeção é feita na

proximidade da válvula de admissão. O sistema de injeção direta ou injeção monoponto (SPI)

ocupa o lugar do carburador [16].

Com os injetores MPI e SPI temos uma boa relação de mistura A/F, mais potência, baixo

consumo e a ausência do efeito knock mesmo com elevadas taxas de compressão [16].

Os elevados custos destes sistemas e a complexidade são algumas das desvantagens.

Um outro problema é a ausência de uma calibração perfeita para injetar pequenas quantidades

de gasolina.

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10

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11

Capítulo 3

3.1. Composição do turbo compressor

Figura 3.1: Figura em corte de um turbo compressor. Fonte: [8]

Na figura 3.1 temos uma vista em corte de um turbo compressor para podermos ilustrar

os seus componentes e a sua forma de fabricação.

Do lado direito temos a carcaça da turbina que direciona os gases vindos da combustão

radialmente para roda da turbina fazendo com que esta comece a rodar (existem também

modelos diferentes com fluxos axiais para fazer rodar a turbina) [8]. A carcaça central é

constituída por rolamentos axiais e de mancal que suportam o veio que faz a ligação da turbina

com o compressor. Estes rolamentos são lubrificados por óleo e noutros modelos ainda tem um

circuito de lubrificação por água para arrefecer a temperatura do óleo [4] (para evitar a

gripagem dos rolamentos e sucessivamente do turbo compressor).

A potência desenvolvida pela turbina, a uma rotação estável, é proporcional a potência

desenvolvida no compressor, menos as perdas no centro da carcaça (atrito nos rolamentos) [8].

Um pequeno aumento de combustível na câmara de combustão resulta em temperaturas mais

elevadas nos gases de escape que por sua vez aumentam o fluxo de ar no turbo compressor o

que permite a combustão de mais combustível e assim um aumento de potência e velocidade.

Este processo é crescente, ou seja, quanto mais rotação na turbina, mais fluxo de ar, mais

combustível na câmara de combustão. A capacidade de resposta do turbo compressor é outro

fator importante na sua conceção. O chamado turbo lag ou “atraso do turbo” é nada mais do

que o tempo que o turbo compressor necessita para chegar à rotação exigida pelo acelerador

o que pode demorar vários segundos (dependendo da velocidade de rotação a que o motor está

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exposto naquele momento). Vamos ver mais a frente graficamente, a forma crescente do

binário aquando da atuação do turbo compressor.

Certamente que a rotação da turbina tem os seus limites, principalmente para o motor.

Para que não haja uma sobrepressão do turbo compressor e que danifique por completo a

carcaça, estes vêm equipados com uma válvula de descarga [7]. A sobrepressão também

danifica os motores, principalmente quando este atinge elevadas potências desenvolvidas que

pode gerar excessos de rotação no motor para o qual não foi concebido.

3.2. Rotor do compressor e da turbina

Figura 3.2: Vista em corte do rotor do compressor. Em (a) o veio atravessa o rotor de uma ponta à

outra, enquanto que em (b) o veio é apenas fixado na extremidade do rotor. Fonte: [8]

Para começar, um dos requisitos mais importantes na fabricação do rotor do compressor

é que este consiga debitar à máxima carga possível de fluxo de ar exigido pelo motor. Para que

tal seja possível, os engenheiros têm uma especial atenção na projeção das lâminas. As lâminas

podem ter várias formas finais, cuja diferença está no fluxo de ar que conseguem debitar

posteriormente. Diferentes formas das aletas determinam logo à partida se o turbo compressor

vai ter elevadas pressões a baixas rotações (o que é bom e benéfico em qualquer turbo

compressor aplicado num automóvel). Há que ter em consideração as forças centrífugas já que

são um fator que limitam a projeção do rotor. Os rotores são construídos com ligas leves e

muito resistentes, exemplo disso é o nióbio6 que resiste a altas temperaturas ao mesmo tempo.

A porca de fixação da Figura 3.2 (a) tem que estar equilibrada para evitar vibrações que possam

danificar rotor por fadiga. Como dissemos anteriormente, o veio está apoiado em chumaceiras

que normalmente são constituídos por lâminas de cuprochumbo flutuantes

hidrodinamicamente. Nos turbo compressores de maior dimensão e por conseguinte mais lentos

6 Nióbio – Símbolo químico Nb. Muito utilizado em ligas especiais para proporcionar grandes

resistências. [21]

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13

usam-se rolamentos de esferas. O processo de união do rotor da turbina com o veio é um

processo específico com máquinas específicas. Neste caso, a união dá-se com diferentes

rotações onde o veio é meticulosamente encaixado na cavidade da turbina que por fricção

acabam por ficar soldados um com o outro. Isto evita que em processos de soldadura normais

haja desequilíbrios no conjunto quando opera em altas rotações [7].

3.2.1. Fator de ajustamento do rotor (trim)

O fator de ajustamento do rotor é uma relação entre o indutor (inducer) e exaustão

(exducer). O indutor é o diâmetro do rotor por onde entram os gases, sejam os do compressor

ou da turbina. A exaustão (exducer) está relacionado com o diâmetro do rotor por onde saem

os gases mencionados anteriormente [8]. O fator de ajustamento do rotor é dado pelas duas

seguintes equações:

(1) 𝐹𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 =𝑒𝑥𝑎𝑢𝑠𝑡ã𝑜2

𝑖𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟2× 100 [8]

(2) 𝐹𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 =𝑖𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟2

𝑒𝑥𝑎𝑢𝑠𝑡ã𝑜2× 100 [8]

Um compressor com um fator de ajustamento elevado tem maior capacidade de

movimento de caudal mássico. No entanto, o fator principal para o aumento de caudal mássico

é a dimensão do rotor do compressor o que na equação (2) corresponde ao diâmetro da

exaustão.

Uma boa coordenação da turbina e o compressor resulta num bom rendimento geral do

turbocompressor.

3.3. Lubrificação do veio

“Nos turbocompressores a lubrificação tem o duplo objetivo de estabelecer uma

película viscosa entre o eixo e os seus pontos de apoio e também de retirar a maior quantidade

possível de calor para que o ar de aspiração seja o mais frio possível [7]”.

O óleo tem que circular com abundância para que as elevadas temperaturas que vêm

dos gases de escape possam baixar e não sobreaquecer o turbo. Este é outro fator importante

que se tem que ter em conta na aplicação de turbo compressor.

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Figura 3.3: Lubrificação do veio. Fonte: [7]

A figura 3.3 representa o fluxo do óleo, que entra numa extremidade através de um

tubo de liga metálica e sai na outra extremidade garantindo assim a boa lubrificação. A rotação

do veio trata de distribuir o óleo pelas cavidades.

3.4. Válvula de segurança

Outro aspeto importante na construção do turbo compressor é a válvula de

descarga ou válvula de segurança (em inglês wastegate).

Figura 3.4: Figura de uma válvula de segurança de um turbo compressor na posição ABERTO e

FECHADO. Fonte: [7]

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Na figura 3.4 temos um exemplo de uma válvula de descompressão. Para um

bom funcionamento o turbo não deve exceder os valores de sobrepressão, que oscilam

entre os 0.40 e 0.70 bar, consoante o modelo, de modo que o turbocompressor deve

dispor de uma válvula de segurança que torne possível baixar a pressão máxima para o

qual o motor foi concebido. O passagem pelo tubo em (8) transmite a pressão à

membrana que vai abrir a válvula quando a turbina está com excesso de rotação e por

conseguinte com excesso de pressão, passando assim por um by-pass. Nesta situação, a

turbina diminui a sua velocidade de rotação até que a válvula volte para a posição de

FECHADO que ocorre com a ajuda da mola (M) e restabelece-se a situação anterior.

3.5. Temperaturas e constituição dos materiais

Figura 3.5: Temperaturas dos diversos componentes que constituem o turbo compressor num

motor Diesel. Fonte: [7]

Na figura 3.5 temos as várias temperaturas a que o turbo compressor está

sujeito num motor Diesel. Para isso vamos listar de uma forma simples e compreensível

o nome dos componentes, o material usado e a respetiva temperatura que pode atingir.

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Tabela 1: Temperatura dos diversos componentes do turbocompressor

Temperatura Tipo de Material Descrição

20℃ Ar ambiente Entrada de ar ambiente

80℃ Liga de alumínio C355 Veio do compressor

140℃ Liga de alumínio A 356 Cárter do compressor

190℃ Bronze Rolamento do eixo

450℃ Aço refratário GMR 235 Roda da turbina

475℃ Aço refratário GMR 235 Roda da turbina

500℃ Gases de escape Entrada dos gases de escape na turbina que podem atingir

entre 930ºC a 1000ºC no caso de motores a gasolina

650℃ Aço especial (não

especificado) Cárter da turbina

Como podemos ver há aqui uma grande variação de temperaturas desde os 20ºC aos

1000ºC. A seleção do material a usar na construção do turbo compressor tem que ser à base de

muitos critérios para que não haja defeitos nem surpresas na sua utilização.

3.6. Limitações do Turbo Compressor

Um aumento de potência através de um turbo tem os seus limites e não é feita

de qualquer maneira. Existem alguns critérios que estabelecem até que ponto podemos

aumentar a potência.

a) Capacidade mecânica

Um aumento de pressão de admissão provocado pelo turbo compressor implica um

aumento na camara de combustão dos cilindros.

Este aumento de pressão pode ser reduzido através de um permutador de calor que

permite a entrada da mesma quantidade de ar no cilindro mas a uma pressão mais baixa. No

dimensionamento de motores turbinados tem que se ter sempre em conta a máxima pressão de

ignição possível.

b) Capacidade térmica

O uso do turbo compressor vai provocar um aumento das temperaturas no interior do

motor. Vamos ver quais são as razões:

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A não utilização de um permutador de calor para arrefecimento dos gases de escape

vai aumentar significativamente as temperaturas do motor. O coeficiente de transferência de

calor também vai aumentar com o aumento de pressão no cilindro. Isto leva a um aumento do

gradiente de temperatura na parede do cilindro e assim sucessivamente a um aumento da taxa

de calor a ser dissipada.

c) Limitações no uso de combustíveis

Nos motores Otto, a pressão do turbo compressor está dependente da qualidade do

combustível. Uma má qualidade do combustível faz com que o motor fique suscetível à

ocorrência do “knock” (grilar) do motor.

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Capítulo 4

4.1. Introdução ao banco de ensaios

Neste capítulo do trabalho vamos descrever o processo e o objetivo deste tema

com todos os pormenores. Vamos começar pelo banco de ensaios de motores de

combustão interna, o qual estava disponível pelo Departamento de Engenharia

Eletromecânica da UBI. O modelo deste banco de ensaios é D-110 da TECNER

INGENIERIA – BANCO UNIVERSAL PARA ENSAYO DE MOTORES que permite o ensaio de

diversos tipos de motores. Para este trabalho usamos o motor da marca OPEL cujas

caraterísticas vão surgir nos próximos passos. Pretende-se com este ensaio tirar valores

com o osciloscópio PicoScope igualmente disponibilizado pelo Departamento. Os valores

obtidos permitem-nos calcular o consumo específico e depois comparar com o consumo

específico do motor turbo comprimido e tirar conclusões, que é o objetivo principal

deste trabalho. É de salientar que o ensaio é feito com a borboleta do acelerador no

máximo, mesmo em baixa rotação, o que vai fazer com que os valores do consumo

sejam um pouco mais elevados que o normal.

4.2. Descrição do ensaio

Pretende-se com este ensaio obter dados relativamente ao consumo específico

do motor. O motor que vai ser alvo de ensaio, é um motor da OPEL com 1400𝑐𝑚3 de

cilindrada (aspirado, sem turbocompressor) com 16V (duas válvulas de admissão e duas

válvulas de escape). A alimentação deste motor funciona através da injeção direta de

combustível onde vamos retirar valores. Para isso, é ligado ao fio de alimentação num

dos quatro injetores e obtemos assim com o PicoScope os tempos de injeção. Após obter

estes dados, procedemos ao cálculo do consumo específico e à elaboração da curva

potência-binário. O banco de ensaio possui um sistema que simula o atrito a que um

automóvel está sujeito quando circula na estrada. Para isso, no veio da cambota, onde

normalmente está acoplado a embraiagem, está acoplado um dinamómetro hidráulico.

Este dinamómetro hidráulico funciona com caudal de água o qual é controlado no painel

de instrumentos do banco de ensaio. O ensaio é iniciado com o motor “quente”, ou

seja, no momento em que o líquido refrigerador chega aos ±78ºC. A partir daqui vamos

registar valores, aumentando pouco a pouco a rotação do motor até chegar às

±5000rpm. Vamos proceder ao registo de três ensaios cujos dados vão ser apresentados

numa tabela.

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4.3. Dados do motor aplicado no banco de ensaio

Neste tópico vamos apresentar os dados técnicos do motor da OPEL. Vejamos a

seguinte tabela:

Tabela 2: Dados técnicos do motor da OPEL. Fonte: [12]

Descrição Valores

Motor/ Cilindrada 1389𝑐𝑚3

Número de cilindros do motor 4

Potência do motor 66kW/ 90CV às 5600rpm

Binário máximo 125N.m/4000rpm

Sistema de combustível Injeção

Sobrealimentação (turbocompressor) Não

Número de válvulas em cada cilindro 4

Consumo urbano 9.8l/100km

Consumo em autoestrada 5.7l/100km

Consumo médio 7.2l/100km

Emissões de 𝐶𝑂2 151.0g/km

Os dados aqui apresentados na tabela são apenas de referência, nomeadamente, os

consumos, que são os dados mais relevantes para comparar com os cálculos teóricos.

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4.4. Painel de instrumentos do banco de ensaio

Figura 4.1: Painel de instrumentos do banco de ensaio.

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Tabela 3: Descrição do Painel de Instrumentos.

Letra Descrição

A Temperatura do motor 𝐻2𝑂 – IN (ºC)

B Entrada livre AUX 2 (para ligação de sensores)

C Temperatura ambiente (ºC)

D Temperatura do combustível (ºC)

E Temperatura dos gases de escape (ºC)

F Temperatura do motor 𝐻2𝑂 – OUT (ºC)

G Temperatura do travão hidráulico (ºC)

H Temperatura do óleo no cárter do motor (ºC)

I Temperatura do ar de admissão (IN) (ºC)

J Entrada livre para sensor AUX 10

K Temperatura da água refrigerante (mbar)

L Temperatura do óleo (mbar)

M Pressão do combustível (bar)

N Temperatura atmosférica (mbar)

O Caudal de água (mm)

P Binário lido no dinamómetro hidráulico (N.m)

Q Rotação do motor (rpm)

R Regulação da carga do dinamómetro hidráulico

4.5. Ensaio com a borboleta do acelerador no máximo

Como foi dito anteriormente, este ensaio só é possível com a borboleta do

acelerador aberta no máximo, mais conhecido por “acelerador a fundo”. Vamos

apresentar os gráficos com os tempos de injeção obtidos com diversos regimes de

rotação. Não vamos apresentar todos, apenas os mais relevantes. Vejamos:

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Figura 4.2: Gráfico com as injeções obtidas com o PicoScope com o motor a 1360rpm.

Na Figura 3.2 temos um gráfico que foi obtido com o PicoScope ligado a um dos

quatro injetores. Podemos observar que temos 43 injeções/ s às 1360rpm. Às 1360rpm

cada injeção necessita de ±3.7ms o qual podemos calcular através do gráfico. Vamos

expor todos os tempos de injeção para todas as rotações que foram registadas, numa

tabela para melhor visualização. Os tempos de injeção são sempre os mesmos, variando

um pouco, mas a diferença é mínima, no entanto o número de injeções vai aumentar

com o aumento da rotação do motor.

Figura 4.3: Gráfico com as injeções obtidas com o PicoScope com o motor a 5000rpm.

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Tabela 4: Resumo dos tempos de injeção em função das rotações.

Figura 4.4: Gráfico dos tempos de injeção da tabela 4.

Em termos da figura 4.4 observamos uma linha com um aumento ligeiro e

constante. Não há qualquer desigualdade anormal que se possa verificar. Observamos

ainda que à medida que a rotação aumenta, os tempos de injeção aumentam em média

0.06 milissegundos. Isto apesar das diferenças de aumento serem de valores baixíssimos

fazem toda a diferença com o motor em andamento. As elevadas rotações também

necessitam de uma mistura A/F mais rica em gasolina daí o aumento no gráfico.

3.7

3.85 3.823.87 3.85

3.97 3.99 3.99

4.17 4.19 4.21

3.4

3.5

3.6

3.7

3.8

3.9

4

4.1

4.2

4.3

1 3 6 0 1 8 1 0 2 1 5 0 2 4 4 0 2 7 5 0 3 2 5 0 3 6 6 0 4 0 0 0 4 3 4 0 4 6 0 0 5 0 0 0TEM

PO

S D

E IN

JEÇ

ÃO

(M

ILIS

EGU

ND

OS)

ROTAÇÃO DO MOTOR (RPM)

TEMPOS DE INJEÇÃO

Rotação registada

(rpm)

Tempo de Injeção

(ms)

Número de injeções

por segundo

1360 3.70 43

1810 3.85 58

2150 3.82 70

2440 3.87 82

2750 3.85 90

3250 3.97 112

3660 3.99 121

4000 3.99 132

4340 4.17 148

4600 4.19 159

5000 4.21 170

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O fabricante dos injetores em questão indica um fluxo de combustível à pressão

constante de 3bar de 116g/min [ANEXO I]. Com este valor é nos possível fazer algumas

comparações e cálculos do fluxo de combustível em determinados momentos.

4.6. Cálculo teórico

Neste tópico vamos calcular a quantidade de combustível que o injetor forneceu ao

cilindro durante 60s. O resto dos valores vão estar numa tabela visto que este cálculo

se vai repetir para todos os registos.

Indicação do fabricante: 116g/min (a pressão constante de 3bar)

Conversões:

116g/min = 0.00193g/ms [16]

Para 1360rpm temos um tempo de injeção de 3.7ms (tabela 4).

Se em t=1s temos 43 injeções, então:

3.7𝑚𝑠 × 0.00193𝑔

1𝑚𝑠 = 0.00714𝑔

0.00714𝑔 𝑥 40

𝑠 = 0.286𝑔/𝑠

0.286𝑔

1𝑠 ×

60𝑠

𝑚𝑖𝑛= 17.16𝑔 /𝑚𝑖𝑛

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Tabela 5: Consumo de combustível do injetor calculado.

Vamos observar a tabela 5 graficamente:

Figura 4.5: Gráfico comparativo entre fluxo do injetor e o fluxo calculado da tabela 5.

Analisando o gráfico observa-se que na rotação máxima do motor o consumo

nunca chega ao valor do fluxo máximo de combustível dado pelo fabricante. Isto porque

só se pode usar parte do valor limite, i.e., o duty cycle tem que ser inferior a cerca de

85%, ou o solenoide de atuação do injetor satura e não funciona.

17.1625.86 30.95 36.75 40.12

51.49 55.91 60.9971.47 77.15 82.88

116 116 116 116 116 116 116 116 116 116 116

0

20

40

60

80

100

120

140

1360 1810 2150 2440 2750 3250 3660 4000 4340 4600 5000

Co

nsu

mo

de

com

bu

stív

el (

g/m

in)

Rotação do motor (rpm)

Comparação do fluxo de combustível calculado com o fabricante

Calculado

Fabricante

Rotação registada

(rpm)

Consumo

combustível (g/min)

num cilindro

Consumo

combustível (g/min)

nos 4 cilindros

1360 17.16 68.64

1810 25.86 103.44

2150 30.95 123.80

2440 36.75 147.00

2750 40.12 160.48

3250 51.49 205.96

3660 55.91 223.64

4000 60.99 243.96

4340 71.47 285.88

4600 77.15 308.60

5000 82.88 331.52

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4.6.1. Relação transmissão para cálculo do consumo

Através da relação da transmissão dada pelo fabricante podemos calcular o

consumo a uma dada rotação do motor. Para isso procedeu-se a uma série de cálculos

que vão ser apresentados ao longo deste tópico.

Para que se possa relacionar a rotação do motor com o consumo, é necessário

a relação de transmissão da caixa de velocidades do motor em questão. Neste caso

usou-se a caixa de transmissão FIVE-SPEED MANUAL TRANSMISSION da General Motors

que equipa este motor no OPEL ASTRA (2003). Numa tabela, vão-se expor os valores

das relações:

Tabela 6: Relações de transmissão do fabricante. Fonte: [12]

Caixa de velocidades Relação transmissão

Primeira 3.91

Segunda 2.14

Terceira 1.41

Quarta 1.12

Quinta 0.89

Marcha atrás 3.77

Relação final à saída do diferencial 3.94

Com estes valores vamos aplicar o cálculo da velocidade angular. Assim tem-se que:

𝜔1 𝑅1 = 𝜔2 𝑅2 [13]

𝜔1 =𝑅2

𝑅1× 𝜔2

Onde,

𝜔1 é a velocidade angular do motor (rad/s);

𝜔2 é o valor que procuramos.

𝑅1 e 𝑅2 são os raios das rodas de transmissão. Mas como temos os valores da

relação de transmissão e do diferencial, vamos aplica-los diretamente nos cálculos.

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Para este cálculo vamos usar um valor de rotação do motor da tabela 5 e

aplicar. Assim temos 1360rpm com uma relação de transmissão de 3.91 e do diferencial

de 3.94 (mudança engrenada em 1ª):

𝜔1 =𝑅2

𝑅1× 𝜔2

1360 = 3.91 × 𝜔2

𝜔2 =1360

3.91 × 3.94

𝜔2 = 88.28𝑟𝑝𝑚 (𝑛𝑎 𝑟𝑜𝑑𝑎)

Agora, vamos considerar uma jante de um automóvel com 15” e encontrar o

perímetro final. Para isso, procedemos a um método artesanal marcando um ponto no

pneu da jante e um ponto de partida. Quando o ponto no pneu dar uma volta completa

tira-se a medida do rasto que fica no solo, que neste caso é o nosso perímetro.

Após este procedimento verificou-se que o perímetro é de 194cm. No cálculo

vamos ter que converter em km’s que serão 0.00194km.

Continuando:

𝑉 = (𝑁 × 𝑃

𝑅𝑡 × 𝑅𝑑) × 60 [𝑘𝑚/ℎ]

Figura 4.6: Figura ilustrativa para encontrar o perímetro da roda.

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Em que:

N é o número de rotações do motor;

P é o perímetro da roda;

𝑅𝑡 é a relação da transmissão;

𝑅𝑑 é a relação do diferencial.

Finalmente temos:

𝑉 = (1360 × 0.00194

3.91 × 3.94) × 60

𝑉 = 10.28𝑘𝑚/ℎ

Vamos resumir todas as velocidades numa tabela:

Tabela 7: Valor das velocidades em função da rotação do motor.

Rotação em RPM Em 1ª

velocidade Em 2ª

velocidade Em 3ª

velocidade Em 4ª

velocidade Em 5ª

velocidade

1360 10.28 18.78 28.50 35.87 45.14

1810 13.68 24.99 37.92 47.74 60.08

2150 16.24 29.68 45.05 56.71 71.37

2440 18.44 33.68 51.12 64.36 80.99

2750 20.78 37.96 57.62 72.54 91.29

3250 24.56 44.87 68.10 85.73 107.88

3660 27.65 50.53 76.69 96.54 121.49

4000 30.22 55.22 83.81 105.51 132.78

4340 32.79 59.91 90.93 114.48 144.06

4600 34.76 63.50 96.38 121.34 152.69

5000 37.78 69.03 104.76 131.89 165.97

Consumo:

Atendendo que o motor consome 68.64 g/min às 1360rpm, temos que:

68.64𝑔/𝑚𝑖𝑛 ≅ 4.12𝐿/ℎ

ou seja, de 100km em 100km vai gastar:

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30

𝐶𝑓 =100

𝑉× 𝐶𝑚 [𝐿/100𝑘𝑚]

V é a velocidade do veículo em 1ª a 1360rpm

𝐶𝑚 consumo do motor às 1360rpm

𝐶𝑓 =100

10.28× 4.12 = 40.08 𝐿/100𝑘𝑚

A divisão dos 100/10.28 diz-nos que a esta rotação e velocidade o veículo necessita de

aprox. 9.7h para percorrer os 100km o que justifica o consumo elevadíssimo que dá no

final. Esta comparação também não é a realidade visto que não andamos a esta

velocidade para percorrer 100km. Por isso, vamos expor numa tabela todas as

possibilidades de rotação com todas as velocidades da transmissão.

Tabela 8: Valor dos consumos entre velocidades diferentes da caixa de transmissão.

Observando a tabela xxxx concluímos que a medida que aumenta a velocidade

que se engrena na caixa de velocidades diminui o consumo. Temos várias relações de

rotação com o consumo e podemos tirar conclusões para nosso próprio benefício na

condução. Os valores nesta tabela desprezam questões de perdas.

Rotação em RPM

Consumo Combustível

dos 4 cilindros (g/min)

Consumo 1ª

velocidade [L/100km]

Consumo 2ª

velocidade [L/100km]

Consumo 3ª

velocidade [L/100km]

Consumo 4ª

velocidade [L/100km]

Consumo 5ª

velocidade [L/100km]

1360 68.64 40.08 21.94 14.45 11.48 9.12

1810 103.44 45.38 24.84 16.37 13.00 10.33

2150 123.80 45.72 25.03 16.49 13.10 10.41

2440 147.00 47.84 26.18 17.25 13.70 10.89

2750 160.48 46.34 25.36 16.71 13.27 10.55

3250 205.96 50.32 27.54 18.15 14.41 11.45

3660 223.64 48.52 26.56 17.50 13.90 11.04

4000 343.96 48.43 26.51 17.47 13.87 11.02

4340 285.88 52.31 28.63 18.86 14.98 11.91

4600 308.60 53.27 29.16 19.21 15.26 12.13

5000 331.52 52.65 28.82 18.99 15.08 11.98

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31

4.7. Binário e Potência

Durante o ensaio também foram registados os valores do binário resistente do

dinamómetro, que corresponde ao binário efetivo do motor. Para uma melhor perceção da

oscilação do binário introduzimos três gráficos de três ensaios efetuados. Vejamos:

Tabela 9: Primeiro ensaio até 6030rpm.

Ensaio Nº 1

Vel. Rotação Binário lido Potência

rpm N.m kW

1050 97 10.45

1080 98 10.86

1500 102 15.70

2280 107 25.04

2650 108 29.38

3000 109 33.56

3510 115 41.43

4010 120 49.39

4600 115 54.30

5010 110 56.57

5640 105 60.79

6030 97 60.04

Figura 0.8: Gráfico do primeiro ensaio até às 6030rpm Figura 4.7: Gráfico do primeiro ensaio até às 6030rpm.

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

40

60

80

100

120

140

160

180

200

1050 1080 1500 2280 2650 3000 3510 4010 4600 5010 5640 6030

Po

tên

cia

(kW

)

Bin

ário

(N

.m)

Rotação (rpm)

Potência-Binário

Binário

Potência (kW)

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32

Tabela 10: Segundo ensaio até 6040rpm

Ensaio Nº 2

Vel. Rotação Binário lido Potência

rpm N.m kW

1030 90 9.52

1500 95 14.63

2040 110 23.03

2400 117 28.82

2720 119 33.22

3040 120 37.44

3410 122 42.70

4150 124 52.82

4530 122 56.73

5050 119 61.68

5500 115 64.92

6040 97 60.04

Figura 4.8: Gráfico com segundo ensaio até às 6040rpm.

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

40

60

80

100

120

140

160

180

200

1030 1500 2040 2400 2720 3040 3410 4150 4530 5050 5500 6030

Po

tên

cia

(kW

)

Bin

ário

(N

.m)

Rotação (rpm)

Potência-Binário

Binário

Potência (kW)

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Tabela 11: Terceiro e último ensaio até 6050rpm

Ensaio Nº 3

Vel. Rotação Binário lido Potência

rpm N.m kW

1050 91 9.81

1770 96 17.44

2030 114 23.75

2400 117 28.82

2620 118 31.73

3030 120 37.32

3380 121 41.98

4100 124 52.18

4500 120 55.43

5050 118 61.16

5640 114 66.00

6050 104 64.58

Figura 4.9: Gráfico do terceiro ensaio até às 6050rpm

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

70.00

40

60

80

100

120

140

160

180

200

1050 1770 2030 2400 2620 3030 3380 4100 4500 5050 5640 6050

Po

tên

cia

(kW

)

Bin

ário

(N

.m)

Rotação (rpm)

Potência-Binário

Binário

Potência (kW)

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34

Analisando as figuras 4.7, 4.8 e 4.9 vemos que o comportamento é sempre idêntico pois

estamos perante um gráfico que mostra a evolução do binário num motor. A linha que mostra

a potência foi calculada usando a fórmula da potência útil.

Assim tem-se que:

�̇�𝑒 =2𝜋𝑁𝐵 × 0.992923

60.75 [𝑊] [16]

Em que:

N é a velocidade rotação (rpm);

B é o binário (N.m)

Vamos pegar num dos valores da tabela 8 e aplicar a fórmula.

�̇�𝑒 =2𝜋 × 97 × 1050 × 0.992923

60.75

�̇�𝑒 = 10454.18 𝑊 ≅ 10.46𝑘𝑊

Este valor permite-nos comparar a evolução do binário conjuntamente com a potência e

ver o seu desempenho e desenvolvimento. Dá para ver que a potência tal como o binário tem

uma fase de decrescimento no gráfico, isto porque o binário já não está no momento quando a

potência começa a ter um declive. Aumentando a rotação do motor fazia com que a potência

continuasse a subir, mas isso iria provocar um motor demasiado rotativo e de pouca longevidade.

Começamos aqui a ver que é preciso encontrar uma relação perfeita. O binário está ainda

dependente da caixa de transmissão que faz variar o binário independentemente das

caraterísticas do motor.

Falta dizer que a potência final à saída do veio ainda sofre perdas por dissipação

resultantes do veículo em movimento. Essas perdas vêm da aerodinâmica, do atrito entre o

contacto do pneu do veículo com o asfalto e perdas da transmissão. Resumindo:

61.5% – perdas na aerodinâmica do veículo;

31.8% – perdas de atrito entre pneu e asfalto;

0.7% – perdas da transmissão.

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35

Capítulo 5

5.1. Introdução

Neste capítulo vamos à segunda parte deste trabalho, que consiste na simulação virtual

de um motor mas desta vez turbo alimentado. O objetivo neste capítulo é encontrar os

consumos específicos deste motor e compará-los com o motor estudado no capítulo 3. Para isso

utilizamos o programa Engine Analyzer Pro v3.3 que permite um estudo completo de todas as

caraterísticas deste motor.

O motor em questão é uma evolução do antigo cujas caraterísticas evolutivas são logo

visíveis. Trata-se de um motor também da marca OPEL com 1400𝑐𝑚3 de cilindrada com 140CV.

Em relação ao antigo motor, o novo tem mais 50CV de potência isto graças ao seu sistema

turbo.

5.2. Dados técnicos

Vamos ver os dados técnicos na tabela 9 do motor OPEL turbinado, e vejamos as

diferenças com a tabela 2 do tópico 3.3:

Tabela 12: Dados técnicos do motor OPEL com turbo. Fonte: [12]

Descrição Valores

Motor/ Cilindrada 1389𝑐𝑚3

Número de cilindros do motor 4

Potência do motor 103kW/ 140CV às 4900rpm

Binário máximo 200N.m/1850rpm

Sistema de combustível Injeção

Sobrealimentação (turbocompressor) Sim

Número de válvulas em cada cilindro 4

Consumo urbano 8.0l/100km

Consumo em autoestrada 4.6l/100km

Consumo médio 5.9l/100km

Emissões de 𝐶𝑂2 139g/km

Caudal dos injetores [ANEXO II] 237g/min

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Vendo a tabela 9 observamos logo as grandes diferenças deste motor com o primeiro

que ensaiamos no banco dinamométrico. Como foi dito antes, esta unidade motriz tem mais

50CV que o primeiro que testamos, logo o binário também tem uma diferença de 75N.m. Em

termos do consumo, provavelmente vamos ficar um pouco céticos. Mas não, não há aqui nenhum

engano e os dados falam por si. Apesar dos 50CV de potência a mais, este motor não consome

mais, pelo contrário, tem consumos inferiores ao motor que não é turbo comprimido. E porque?

É isto que vamos discutir ao longo deste capítulo, apesar de as formas de o fazer não serem as

mais reais, visto que este teste é a base de um software virtual. Uma das grandes diferenças

de um motor turbo comprimido com um normalmente aspirado é o binário máximo. Enquanto

que o motor OPEL aspirado precisa de 4000 rotações por minuto para atingir um binário de 125

N.m, a nova geração deste motor com turbo compressor já tem o binário máximo logo às

1850rpm, o que é uma vantagem de 2150rpm. Esta diferença traduz-se claramente no consumo

e por conseguinte nas emissões do 𝐶𝑂2.

5.3. Simulação no Engine Analyzer Pro v3.3

Neste tópico procedeu-se à simulação do motor turbinado, aproximando o melhor

possível as caraterísticas do fabricante no simulador.

Mas antes de mais, tem que ser referido que o simulador para este caso está muito

limitado na introdução das caraterísticas do motor a testar, começando pela relação da

transmissão que não é possível introduzir o que vai afetar imediatamente a curva do binário.

Para além disso, o software nas fábricas de grandes marcas usam os seus próprios simuladores

e conseguem assim aproximarem-se muito da realidade.

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Vamos observar a figura 45665 e analisá-la:

Ao contrário do primeiro motor que foi analisado, este apresenta binários máximos a

baixas rotações (que nos poupa combustível). O corte do binário máximo representado no

gráfico deve-se por limitações conseguidas com as engrenagens da caixa de velocidades e

diferencial.

A seguir, vamos ver o gráfico potência-binário do Engine Analyzer. Os únicos valores

possíveis de introduzir são: a cilindrada, o turbo compressor, o volume de cada cilindro, definir

se é um motor a gasolina ou Diesel (neste caso a gasolina com 98 octanas)7 e definir a

alimentação com 4 injetores. O resto dos dados, não são possíveis de introduzir visto que não

houve acesso a mais informação sobre esta unidade motriz.

No programa foram introduzidos os seguintes dados:

Cilindrada: 1400cc

Turbo compressor: Sim (com 1.5bar)

Combustível: Gasolina 98 octanas

Número de injetores: 4

7 Octanagem – é o índice de resistência à detonação de combustíveis usados nos motores de ignição. [21]

Figura 5.1: Potência-binário em função da rotação

Page 58: O Turbo Compressor como elemento de redução de emissões de ... · públicos acionados por motores de combustão interna, sejam Diesel ou gasolina. ... more torque for a block

38

O resto dos cálculos são feitos pelo programa e apresenta o gráfico.

Como se pode ver, o gráfico não é bem coerente e a potência máxima neste motor

simulado é às 7000rpm. Este é o melhor e mais coerente que se conseguiu simular. Como foi

dito antes, as relações da transmissão não tem introdução possível, e para além disso, o

programa simula o motor num dinamómetro virtual. No entanto, vamos ver as relações de

transmissão do fabricante para esta unidade.

Tabela 13: Propriedades da caixa de velocidades do motor turbinado. Fonte: [12]

Caixa de velocidades Relação transmissão

Primeira 3.82

Segunda 2.14

Terceira 1.48

Quarta 1.07

Quinta 0.88

Sexta 0.74

Marcha atrás 3.55

Relação final à saída do diferencial 3.94

Figura 5.2: Gráfico da potência e binário simulado no programa.

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A caixa de velocidades (M32 6-SPEED MANUAL TRANSMISSION (MZ0)) em questão tem

mais uma velocidade que a anterior. O valor da relação é 0.74 que permite uma velocidade

máxima de aprox. 200km/h às 5000rpm.

𝐷 = (𝑁 × 𝑃

𝑅𝑡 × 𝑅𝑑) × 60 [𝑘𝑚/ℎ]

𝐷 = (5500 × 0.00194

0.74 × 3.94) × 60

𝐷 = 199.62𝑘𝑚/ℎ

Enquanto que o motor de 90CV necessita de 5000rpm para atingir 165km/h este porém

vai necessitar bastante menos rotação do motor para a mesma velocidade. Neste caso estamos

a falar de 850rpm a menos. Vejamos:

𝐷 = (𝑁 × 𝑃

𝑅𝑡 × 𝑅𝑑) × 60 [𝑘𝑚/ℎ]

𝐷 = (4150 × 0.00194

0.74 × 3.94) × 60

𝐷 = 165.68𝑘𝑚/ℎ

Este benefício, traz-nos duas vantagens: menor consumo de combustível e menor

emissões de gases de escape. O turbo compressor joga aqui um papel importante cujas

vantagens foram descritas em capítulos anteriores. Para além disso, o grande binário a baixa

rotação permite recuperações de velocidades em menor tempo que se traduz mais uma vez na

poupança de combustível e redução de emissões.

Capítulo 6

6.1. Normas europeias de emissões do 𝑪𝑶𝟐

Em toda a Europa muitos dos fabricantes estão empenhados na revolução ecológica,

reduzindo o nível de consumos e emissões a cumprir pelas regras impostas pela Comissão

Europeia, mas uma nova alteração nas diretivas comunitárias pode revigorar todo o processo

realizado pelos fabricantes de automóveis.

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Atualmente existe o NEDC ( New European Driving Cycle), criado no ano 2000, que veio

substituir o antigo ciclo, uma vez que não incluía o arranque-a-frio dos motores, todos os

veículos ficavam 40 segundos ligados a aquecer antes de efetuarem o teste. O que é de grande

importância para a análise de emissões [19].

NEDC destina-se a avaliar os níveis de emissões de motores de automóveis e economia

de combustível em automóveis de passageiros (excluindo camiões e veículos comerciais) [19].

As Nações Unidas vieram propor a substituição do NEDC pelo WLTP ( World Light Vehicle

Test Procedure), o WLTP apresenta resultados muito minuciosos o que poderá levar as marcas

a um maior investimento na redução das emissões e consumos ou gerar alternativas de

mobilidade ecológica, como viaturas hibridas ou elétricas. As Nações Unidas esperam conseguir

apresentar uma versão final em Outubro de 2015. Até lá as marcas têm batalhado no sentido

de atrasar a introdução destes novos testes [19].

A ACEA ( European Automobile Manufacturers Association) veio pronunciar-se para a

possibilidade do custo complementar ser transposto pelas marcas para o cliente final [19].

6.2. Emissões de 𝑪𝑶𝟐

As emissões dos gases poluentes dos veículos são testadas quando efetuam o ciclo de

condução NEDC.

Os transportes rodoviários proporcionam um impacto de grande escala no meio

ambiente, contribuindo cerca de 20 a 25% de energia consumida e emissões de dióxido de

carbono, um grande contribuinte para o aquecimento global [9].

O cumprimento da meta europeia para o protocolo de Quioto, a ACEA prontificou-se a

apresentar uma média de 140 g𝐶𝑂2/km de emissões até 2008, e de 120 g𝐶𝑂2/km até 2012.

Como meta intermediaria, pretendia-se atingir o valor médio de 165 g𝐶𝑂2/km a 170 g𝐶𝑂2/km

nos carros novos, vendidos na EU em 2003 [9].

Mas Portugal vai mais longe, nomeadamente Lisboa, que vai proibir a circulação de

veículos com matrícula inferior ao ano 2000 em maior parte das zonas de Lisboa, os designados

“carros velhos”. Diz a ZER (Zonas de Emissões Reduzidas) que a redução de emissões de 𝐶𝑂2 é

importantíssima e que no ano de 2011 e 2012 já conseguiram 20% de redução, o que se torna

crucial para o ambiente.

6.3. Metas de emissão de 𝑪𝑶𝟐 para automóveis novos

Em 2020 na Europa todos os automóveis novos deverão emitir o máximo de 95 gramas

de dióxido de carbono por km. Para garantir que a união europeia cumpra as metas de emissão

de gases de efeito de estufa estipulados no protocolo de Quioto foi definida uma estratégia

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global para reduzir as emissões dos automóveis novos. O Objetivo é que em 2015 os automóveis

novos emitam o máximo de 130 g𝐶𝑂2/km e que em 2020 que o valor se fixe em 95 g𝐶𝑂2/km.

De acordo com a última informação disponível, o 𝐶𝑂2 proveniente dos transportes rodoviários

aumentou 21% entre 1990 e 2011 e é responsável por cerca de 23% das emissões totais de 𝐶𝑂2

na união europeia.

“A partir de 2010, os Estados-Membros devem recolher e, a partir de 2011, transmitir

à Comissão informações sobre o número de automóveis novos de passageiros matriculados, as

emissões médias de 𝐶𝑂2 desses veículos, a massa média e a superfície de apoio das rodas desses

automóveis, bem como a repartição desses dados por variante de automóvel. Com base nestas

informações, a Comissão elabora e põe à disposição do público, a partir de 2011, um registo

que reúne todos esses dados, em especial as emissões médias de 𝐶𝑂2 do ano anterior [10].

A partir de 2012, os construtores que não respeitem o seu objetivo devem pagar um

"prémio sobre as emissões excedentárias". Esse prémio é calculado a partir:

do número de gramas por quilómetro que corresponde ao número excedentário de emissões

de um fabricante relativamente ao seu objetivo de emissões médias,

do número de automóveis novos de passageiros fabricados por esse fabricante e matriculados

durante o ano,

e do montante do prémio para o ano em causa (20 euros em 2012, 35 euros em 2013, 60

euros em 2014 e 95 euros a partir de 2015)” [10].

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Capítulo 7

7.1. Discussão dos Resultados

Os resultados obtidos no estudo dos dois motores são o que se esperava desde

início. O motor sem turbo é um motor com prestações aceitáveis e boas com um

consumo médio dentro daquilo que se espera no dia-a-dia. Os consumos calculados não

são os mais reais, visto que o teste foi com o acelerador no máximo, daí haver algumas

diferenças de valores nos consumos comparado com o fabricante. Mas é compreensível

que os consumos sejam diferentes, pois são situações diferentes. Enquanto que os

consumos do fabricante são publicados depois de vários testes a conduzir o automóvel

em que as acelerações são sempre moderadas, no estudo feito neste trabalho as

condições são totalmente diferentes. O motor está parado num banco de ensaios, sem

caixa de velocidades mas acoplado a um dinamómetro. Já era de esperar que ia haver

diferenças.

Os cálculos da relação de transmissão estão coerentes com a realidade e ótimos

para tirar várias conclusões e fazer análises sobre comportamentos de condução.

Os melhores resultados obtidos foram na elaboração dos gráficos da potência-

binário que tem um papel fundamental na descrição das caraterísticas do motor.

Porém, na elaboração deste mesmo gráfico para o motor turbinado, os resultados já

não são os mesmos, sendo que o resto do trabalho foi mais baseado no gráfico do

fabricante.

Em suma, o estudo realizado neste trabalho foi interessante. Foi possível ver

certas caraterísticas numa perspetiva diferente do que estamos habituados a ler das

revistas. O estudo realizado correu dentro das espectativas.

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7.2. Conclusões

A constante procura de automóveis com baixo consumo tem vindo a aumentar com o

decorrer dos anos pondo em prática as capacidades dos engenheiros das marcas de automóveis.

Por outro lado, as restrições de emissões de 𝐶𝑂2 também têm vindo a aumentar mas neste caso

sempre para valores mais baixos e mais “verdes”8 o que não tem sido fácil visto que a

necessidade de recorrer a novas tecnologias é constante.

Os motores Diesel da atualidade já são 100% turbinados e com injeção direta. A

vantagem é fenomenal sendo que já estão quase ao nível dos motores a gasolina e nalguns casos

até com prestações muito superiores.

No âmbito deste tema houve um interesse em explorar o turbo compressor nos seus

diversos aspetos, não sendo possível estudar todos os aspetos ao pormenor, pois cada elemento

que o constitui tem uma área de estudo distinta.

Os resultados obtidos no estudo realizado neste trabalho foram satisfatórios e rigorosos.

A dominância das prestações dos motores turbinados era previsível e não obtivemos resultados

contraditórios. O primeiro motor testado neste trabalho está, em comparação com a

atualidade, um pouco obsoleto. O constante downsizing9 dos motores (seja Diesel ou a gasolina)

mostra claramente o caminho que as grandes marcas estão a seguir. Por exemplo, a Renault,

tem uma unidade motriz a gasolina com 900𝑐𝑚3, três cilindros e 90CV de potência. É algo

extraordinário graças ao turbo que lhe foi aplicado. Ora, se compararmos com o primeiro motor

OPEL aqui estudado, torna-se evidente que com menos de 500𝑐𝑚3 temos potências iguais e

como podemos imaginar mais económico no consumo. De acordo com o fabricante da Renault

este motor tem emissões de 𝐶𝑂2 de 99g/km que cumpre a norma europeia de emissões EURO

V.

O turbo compressor continua a dominar o mercado cada vez mais e graças a esta

tecnologia as marcas conseguem aguentar a batalha nas reduções de emissões de gases. A

tecnologia dos turbos vai continuar a desenvolver-se para patamares que hoje ainda não estão

ao alcance.

8 Verdes no sentido de um ar mais limpo e sem poluição. 9 Downsizing – consiste na redução da cilindrada e aumento da potência dos motores Diesel e gasolina.

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7.3. Propostas para trabalhos futuros

Como não podia deixar de ser, este trabalho não esteve isento de limitações. A ausência

da possibilidade de testar o motor OPEL 1.4 Turbo para fazer uma comparação direta com o

motor OPEL 1.4 injeção (aspirado) tornou o trabalho não tão comparativo como era desejado.

As grandes marcas de automóveis não se podem limitar a fazer simulações de unidades motrizes

tendo que optar, como não podia ser diferente, por construir fisicamente todas as peças que

constituem o motor e proceder à produção. É claro que uma simulação virtual não é em vão.

Conseguem-se prever claramente situações de falhas que possam surgir ou até mesmo avarias

que podem levar o motor à sua desintegração por falha mecânica. Mas antes da produção existe

a prototipagem. Fabricam-se um certo número de motores e estes sim são levados para além

dos seus limites para o qual foram concebidos na teórica e isto porquê? Para garantir que o

consumidor final terá um automóvel com um motor fiável, duradouro e económico. Mas nem

todos os testes correm como é desejado havendo grandes desilusões e perdas de investimento

por parte dos fabricantes. Mas para evitar estas situações recorre-se cada vez mais às

simulações virtuais que são um grande salva vidas dos fabricantes.

Outro aspeto interessante seria a medição do caudal do injetor, que neste caso foi

baseado na ficha técnica do fabricante mas que não deixava de ser um investimento de tempo

curioso pegar num injetor e ver realmente o verdadeiro caudal e testá-lo com diferentes

pressões. Através de uma balança de precisão é possível fazer esta medição pesando

exatamente a quantidade de combustível que sai do injetor em cada ciclo de injeção. Este

processo permite a comparação direta com os dados do fabricante visto que vem em g/min.

Deste modo, marcando o tempo de várias injeções e a quantidade de combustível que ficava

no recipiente calculava-se o valor exato. Aconselhava-se fazer esta tiragem com um injetor de

um motor normalmente aspirado com um injetor de um motor turbo. Como foi visto neste

trabalho, os injetores têm caudais diferentes para permitir (no caso do motor turbo

comprimido) melhores misturas de ar-combustível na combustão.

Outra proposta interessante seria o estudo dos rotores do compressor e da turbina que

constituem um elemento principal na construção de um turbocompressor. Também foi

mencionado anteriormente que a disposição das lâminas do rotor têm uma grande influência

na quantidade de fluxo de ar que esta debita sob carga. Assim, uma turbina cujo rotor está

otimizado para fluxo máximo, irá refletir-se diretamente no compressor por causa da ligação

direta com a turbina.

Há várias formas de poder executar este estudo recorrendo a software adequado para

o estudo do comportamento de fluxos de ar e de gases.

A última proposta tem uma vertente eletrónica que está relacionado com a recuperação

de energia elétrica. Desde o início da temporada 2014 da Fórmula 1 que este sistema está em

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operação. Em todas as épocas são introduzidos novas regras para os construtores dos motores

da F1. A temporada 2013/ 2014 começou com uma das regras que impõe o uso de um turbo

compressor com sistema de recuperação de energia (ERS) usando dois geradores inteligentes

que transformam a energia mecânica e o calor em energia elétrica e vice-versa. Este sistema

permite um aumento de potência de aproximadamente 160CV num curto espaço de tempo.

Posto isto, é de grande interesse explorar este sistema para o uso em veículos

comerciais. Este sistema podia ser usado para fornecer energia a bateria do automóvel ou para

alimentar outro tipo de sistemas. Olhando para o trabalho que foi efetuado no estudo do turbo

compressor torna claro que o veio que faz a ligação entre o compressor e a turbina é uma peça

sem qualquer função a não ser esta da interligação. O centro da carcaça do turbo ainda está

por explorar sendo que cada vez mais interesse no desenvolvimento deste tema.

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ANEXO I

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ANEXO II