o triunfo do nacionalismo brasileiro

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O TRIUNFO DO NACIONALISMO BRASILEIRO

A pesar de a poltica varguista preconizar bastante o nacionalismo e fazer bastantes transformaes nesse sentido como a criao da Petrobrs, da Telebrs, do SENAI, do dia nacional do ndio e outros empreendimentos nacionalistas, a ideia do sentimento e unidade nacional no foi uma novidade criada por Getlio Vargas. Essa ideia nacionalista j existia desde a poca do Imprio. Seguindo o raciocnio do historiador Lauerhass Jnior (1986) percebe-se isso, e, tambm, como o Varguismo desencadeou uma nova ideia de unidade nacional.Ao mencionar sobre nacionalismo, o historiador afirma que este um fenmeno histrico que surgiu no sculo XVIII, na Europa, como uma ideologia que combinava o patriotismo s teorias da soberania, e o estadismo com as nascentes ideias de nacionalidade. Segundo o autor, no fim do sculo XVIII o nacionalismo estendeu-se nos planos institucional e popular, por meio da Revoluo Francesa, quando foi derrubada a Monarquia e estabelecida uma Repblica em nome do povo francs. Desta feita, espalhou-se rapidamente para outros pases europeus a americanos, fortalecendo as aspiraes de independncia. As ideias nacionalistas vindas da Europa se espalharam no Brasil em fins do sculo XVIII, como ocorreu na Amrica Latina em geral, fortalecendo o patriotismo nativista j existente e fazendo surgir variedades de protonacionalismo (algo mais que o patriotismo local, mas carente de um sentimento de nacionalidade claramente definido), que deram suporte ideolgico a numerosos movimentos pela independncia (Lauerhass Junior, 1986, p.18).Entretanto, de acordo com autor, em razo haver sido alcanada a separao de Portugal sem revoluo e dentro da estrutura monrquica da Casa de Bragana, o nacionalismo brasileiro representou um papel funcional menos importante na conquista da independncia. O novo imperador, Dom Pedro I, simplesmente substituiu o velho rei, Joo VI, como objeto de lealdade em 1822. Em seguida, o novo monarca eliminou as possibilidades ideolgicas e institucionais apresentadas pelo nacionalismo incipiente.Durante a dcada da Regncia (...) os dirigentes polticos que (...) poderiam ser atrados pelo nacionalismo utilizaram (...) o smbolo da coroa, e no da nao, como o mais apto a manter a unidade (...) territorial. Por outro lado, (...) quando o imperador afastado por um golpe de estado, em 1889, o smbolo unificador da Coroa desapareceu com ele (...) [e] o smbolo da Nao substituiu o da Coroa (Luerhass Jnior, 1986, p. 20). Seguindo, Lauerhass Jnior observa que nas primeiras dcadas da Repblica o Nacionalismo floresceu, sobretudo, no plano ideolgico, e, embora a sua institucionalizao e a sua popularizao estivessem se fazendo sentir na poca da Primeira Guerra mundial, seu principal desenvolvimento ocorreu depois de 1930. Deste modo, ideologicamente, estabeleceu-se com rapidez e persistncia uma mentalidade nacionalista, mas como uma reao a crises internas e no relacionada conquista da independncia ou a uma reao direta ao domnio poltico estrangeiro. Para Lauherhass Jnior o nacionalismo brasileiro se caracteriza da forma que descreve abaixo: Em primeiro lugar e de maneira destacada, (...) o nacionalismo brasileiro tem-se preocupado com a procura da identidade nacional. Em que consiste exatamente a nao brasileira? Quem so os brasileiros, o que os caracteriza e quais so as bases da nacionalidade brasileira? Ento, uma vez descoberta e compreendida a essncia da brasilidade, ela pde ser cultivada e utilizada para fortalecer a unidade nacional (1986, p.23). Embora a agitao nacionalista viesse sendo mantida h vrios anos, ao nvel individual, a primeira convocao institucional importante para um esforo coletivo, na nova gerao, foi feita pela Revista do Brasil (1916-1924). Publicada em So Paulo, inicialmente sob a direo de Monteiro Lobato, aquele peridico, seguindo a sua expressa finalidade, procurou constituir um ncleo de propaganda nacionalista, estimulando os jovens escritores a apresentarem estudos sobre os principais problemas do pas e as razes histricas da cultura brasileira. (Pg. 62)Desse modo, a Revista do Brasil serviu de foco institucional para um grupo de intelectuais nacionalistas, que concorreu para continuar e divulgar a autoanlise nacional defendida pelos inovadores da gerao anterior. (Pg. 63) medida que aumentou a conscincia social dos intelectuais e eles passaram a se preocupar mais com os problemas concretos que assolavam o Brasil, a vida cultural se integrou melhor na vida nacional. Ao mesmo tempo, os polticos se voltaram para os intelectuais, ao buscarem o apoio ideolgico necessrio a dar legitimidade e fortalecer o novo regime revolucionrio e ao iniciarem a execuo de programas de regenerao e desenvolvimento nacional. No meio dessas confuses e dissenes que caracterizavam os primeiros anos do decnio, o nacionalismo intelectual mostrou formidvel vitalidade, fazendo daquele perodo um dos mais criativos e produtivos. Elementos do nacionalismo de Getlio desenvolvimento econmico, justia social, eficincia poltica, unidade nacional, patriotismo e orgulho da identidade nacional tinham se manifestado de uma maneira ou de outra, em seu regime. Restava para o Estado Novo, dar-lhes equilbrio dentro dos limites de uma ideologia mais abrangente, ampliar as suas bases institucionais e promover sua propaganda e aceitao pelo povo. (Pg. 101) Uma preocupao nacionalista final do Estado Novo foi manifestada em seu programa de promover, popularmente, um sentimento de identidade nacional comum e positivo. Nesse sentido, Vargas procurou consolidar a fragmentria contribuio que os intelectuais vinham apresentando, havia anos, e canalizar os futuros esforos mais eficazmente, atravs do sistema educacional e do recm-criado DIP. Por um lado, o Ministrio da Educao, sob a competente direo de Gustavo Capanema, fundou novos rgos, como o Instituto Nacional do Livro, destinado a maior divulgao de escritos sobre a cultura brasileira, ao mesmo tempo em que mantinha os centros mais tradicionais de expanso escolar. A misso fundamental das escolas, porm, foi redefinida como se destinando a estimular valores tais como a nacionalidade, a disciplina, o vigor fsico, o trabalho, a parcimnia e a moralidade, assim como ensinar os assuntos acadmicos usuais. A Histria do Brasil, a Geografia e a instruo moral e cvica assumiram maior importncia. As escolas, com efeito, deveriam servir ao duplo objetivo de formar tanto profissionais competentes como cidados conscientes, necessrios ao progresso econmico e defesa nacional. Por outro lado, o Departamento de Imprensa e propaganda, chefiado por Lourival Fontes, dedicava-se principalmente a experimentar novos enfoques da nacionalizao da cultura e difuso emocional dos valores nacionais. Juntamente com as suas outras responsabilidades de propaganda e censura, o DIP esforou-se para imbuir o pblico com um novo sentimento de dignidade e orgulho de ser brasileiro, em parte apoiado no reconhecimento das realizaes polticas, econmicas, militares e sociais do regime de Vargas. De um modo geral, as diversas atividades do departamento constituram um enorme esforo educacional, as vezes coordenado com os de outros rgos, como escolas ou o exrcito, e outras vezes isolado. Alm disso, ao mesmo tempo em que publicava e distribua material escrito de contedo nacionalista, o DIP utilizava outros meios de divulgao, como o filme e o rdio. Foi principalmente atravs do ltimo que o departamento pde atingir milhes de brasileiros, inclusive analfabetos e crianas, em regies remotas do pas, que no podiam ser alcanadas de outro modo. Tambm a novidade de programas com a Hora do Brasil concorreu para a propaganda do regime. Ao lado disso, o departamento introduziu elementos de nacionalismo nas artes plsticas e na msica, e fundou vrias organizaes patriticas, dedicadas ao esporte ou a atividades juvenis. Simbolicamente, tambm, promoveu o culto da ptria, com a exibio de bandeiras, hinos, feriados, paradas, etc... assim como o culto de Vargas, como a prpria personificao do nacionalismo brasileiro.(Pg. 149)