o triste fim do canto da sereia do mar viemos. sem … · trabalho de formação de uma mentalidade...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O TRISTE FIM DO CANTO DA SEREIA
DO MAR VIEMOS.
SEM ELE, PARA AONDE IREMOS? UMA AVALIAÇÃO DE COMO PRESERVAR
ESTE INSTRUMENTO DE SOBREVIVÊNCIA
Autora: Jacira Barbosa Machado
Orientador: Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio, 28 de fevereiro de 2010
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O TRISTE FIM DO CANTO DA SEREIA
DO MAR VIEMOS.
SEM ELE, PARA AONDE IREMOS?
UMA AVALIAÇÃO DE COMO PRESERVAR
ESTE INSTRUMENTO DE SOBREVIVÊNCIA
Objetivo:
Monografia de conclusão do curso de
Pós-graduação ‘lato sensu’
Gestão no Setor Petróleo e Gás
Autora: Jacira Barbosa Machado
3
AGRADECIMENTOS
Ao corpo docente do Instituto A Vez do Mestre;
e a Antonio Oséas Santos e Apio Gomes, pelo
auxílio na revisão e formatação dos textos.
4
DEDICATÓRIA
A meu marido Apio, e sua família que
me recebeu com amor; a meu filho,
Otonieli, pelo respeito que possui pelos
animais; e àqueles que dedicam suas
vidas à causa da defesa do Planeta
Terra.
5
RESUMO
O presente trabalho pretende, a partir de observações sobre o ambiente
marinho, verificar como o homem está agindo sobre o meio ambiente. Mesmo
que o objetivo do trabalho não seja original, a constatação dos malefícios que a
humanidade gera – ainda que com as melhores intenções – ao degradar o
ambiente marinho. E nisto está centrado o problema: a destruição em processo
de uma das maiores fontes de energia, alimentos e saúde – o Mar. É
fundamental que se desenvolva um forte e intensivo trabalho de
conscientização da sociedade, já a partir dos bancos escolares e pré-escolares
(creches, estabelecimentos de ensino desde os voltados para a educação
Infantil) até os segmentos mais avançados da grade educacional brasileira.
Procuraremos, a partir do método de leitura crítica de trabalhos acadêmicos e
jornalísticos, apontar o que nos parece ser a única saída para minorar o
problema. Envolver os agentes da educação (professores principalmente) no
trabalho de formação de uma mentalidade de SALVAÇÃO DO MAR. Em
resumo: também nesta problemática do Meio Ambiente, a EDUCAÇÃO É A
SOLUÇÃO; e fora dele dificilmente os agentes produtivos (com ênfase nos
industriais) poderão contar com os benefícios extraídos do mar pelos séculos
seguintes. Queremos propor um MUTIRÃO EDUCACIONAL para salvar o Mar,
envolvendo todos os segmentos da sociedade, principalmente chamando à
responsabilidade aqueles que dele mais se beneficiam – os investidores que
devem ser chamados a dar uma contribuição efetiva, em recursos financeiros
para que a idéia chegue a todas as escolas do país.
6
METODOLOGIA
A metodologia adotada foi a de consulta bibliográfica, sobretudo a publicações
técnico-jornalísticas e observação pessoal do objeto do trabalho – o mar
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
O QUE ESTAMOS FAZENDO COM E NO MAR
CAPÍTULO II 12
CONSIDERAÇÕES GERAIS
CAPÍTULO III 14
O MAR, QUANDO QUEBRA NA PRAIA É BONITO... E POLUÍDO
CAPÍTULO IV 17
O FIM DA ILUSÃO DA FARTURA
CAPÍTULO V 20
GOVERNAMENTAIS E PARA GOVERNAMENTAIS
CAPÍTULO VI 28
A FONTE AMEAÇA SECAR
CAPÍTULO VII 31
MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE
CAPÍTULO VIII 32
UM MAR DE ENCRENCAS
CAPÍTULO IX 35
MARÉ VERMELHA
CONCLUSÃO 36
ÍNDICE 41
8
INTRODUÇÃO
AS SEREIAS
As Sereias – que são mulheres-pássaros, segundo os gregos; e
mulheres-peixes, segundo fontes nórdicas – simbolizam, principalmente, os
perigos do oceano e a morte no mar. Narrações posteriores tornaram-nas
mulheres jovens, vivendo no mar sem a conformação de peixe: é o caso da
Siren inglesa, diferente da Mermaid, que tem cauda de peixe; como as
mulheres do mar das lendas bretãs, que são uma espécie de fadas marinhas.
Para a mitologia grega, elas viviam em uma ilha do Ponnant, perto da ilha da
feiticeira Circe; mas o cadáver de uma delas, Partênope, foi encontrado na
Campânia e deu seu nome à cidade que hoje se chama Nápoles (antes,
Partênope).
Na antiguidade, as sereias eram também invocadas no momento da
morte; por isso, muitas estátuas que as representavam eram encontradas nos
sepulcros. Deve-se acrescentar que se acreditava realmente na existência das
sereias, porquanto são conhecidas várias histórias de sereias vivas.
A obra literária mais antiga que existe sobre elas encontra-se na
‘Odisséia’, de Homero, escrita no ano 850 a.C., na qual o herói, Ulisses,
alertado pela feiticeira Circe, não cai prisioneiro de seus encantos, ao passar
próximo da ilha onde habitam, tapando os ouvidos dos marinheiros e fazendo-
se atar no mastro do navio. Desde então, as sereias passaram a ser um
símbolo mitológico das artes da sedução e da atração feminina.
Segundo essas crenças, as sereias não só seduzem os homens para
dar-lhes a morte, mas a sua aparição também era prenúncio de tempestades e
desastres. O historiador romano Luciano, no século II d.C., já se referia a uma
extraordinária figura pisciforme como deidades oceânicas.
Em algumas descrições célticas antigas, as sereias tinham um tamanho
monstruoso, apresentando quase dezoito metros de altura. Essas medições
9foram possíveis porque elas penetravam pelos rios e podiam ser encontradas
em lagos de água doce.
Portanto, para algumas civilizações, a sereia é um símbolo mitológico da
arte da sedução. É uma figura pisciforme, que canta com tanta doçura que faz
adormecer os navegantes para depois os matar. Sua aparição era prenúncio
de morte e tempestades.
Se essa figura mitológica realmente existisse, não conseguiria mais
sobreviver nos mares, com tanto lixo; e seu canto melodioso seria prejudicado
por uma surdez causada pelos motores dos navios.
A idéia de produzir uma obra sobre o mar, iniciando-se com esta
‘louvação’ às sereias, justifica-se, por se tratar de o berço da vida animal neste
planeta. Os oceanos – que cobrem mais de dois terços da Terra, e são
responsáveis pela maior parte da sua biodiversidade, com até 100 milhões de
espécies – nos tempos atuais, desempenham um papel de altíssima
importância, como fonte de produção de alimentos e de energia.
10
CAPÍTULO I
O QUE ESTAMOS FAZENDO COM E NO MAR
O atual debate sobre as necessidades de preservação dos oceanos e,
ao mesmo tempo, a promoção de sua exploração econômica, coloca em pauta
o tema do tão desejado desenvolvimento sustentado. Trata-se da difícil tarefa
de conciliar atividades econômicas – como pesca, turismo, fontes energéticas,
escoamento de lixo e agrotóxicos – com a preservação dos ecossistemas
marinhos.
A criação de áreas protegidas deve disciplinar as atividades em
determinadas regiões, garantindo a proteção do ambiente marinho e também
da população das diversas comunidades que vivem próximas destes locais.
Propomos um momento de reflexão:
O homem, para conviver harmonicamente consigo, precisa estar em
harmonia com a natureza. Ao abordarmos esta questão, estamos analisando
as conseqüências da maneira como a humanidade se relaciona com o meio
ambiente.
Na medida em que a sociedade aprimorou sua capacidade técnica de
intervir na natureza para satisfazer suas necessidades e desejos, aumentaram
os problemas quanto ao uso dos recursos naturais.
Nos últimos séculos, o modelo de civilização ocidental – baseado na
industrialização e na busca do lucro por meio do aumento da produção e do
consumo em escala mundial – praticamente se impôs ao restante do mundo.
Com esse crescimento industrial, a sociedade pode assistir a um
aumento de problemas ambientais?
Não é mais possível manter-se a mesma concepção de
desenvolvimento, que leva em conta apenas aspectos econômicos. O preço
deste modelo tem sido muito alto para a sociedade e para o meio ambiente.
Uma das grandes dificuldades é avaliar, qualitativa e quantitativamente, os
impactos socioambientais do que fazer.
11 O impacto pode ser benéfico para determinados grupos sociais; e
maléfico para outros. Considerando que uma maior parcela da sociedade se
beneficiará com o impacto, como compensar a minoria lesada?
A conjugação do aumento da concentração de CO2 na atmosfera com
níveis, cada vez mais elevados, do aquecimento global tem sido amenizada
pela capacidade que possuem os oceanos de absorver e armazenar carbono.
Mas, devido à ação humana, o nível dos mares está aumentando e a vida
marinha está diminuindo.
Estamos pescando demais; poluindo demais; navegando demais. Um
navio de carga emite, pelo movimento de seus propulsores, ruídos de 150 a
195 decibéis. É mais que uma britadeira, em torno de 120 decibéis. Imagine-se
o barulho produzido, durante o ano inteiro, pelos 100 mil navios que cruzam os
mares.
Isso é um problema? Para os animais marinhos – que usam a audição
para escolher o parceiro sexual, o lugar de procriação, o alimento – é uma
questão de sobrevivência.
Por que as baleias se aproximam mais das costas e morrem
encalhadas? Estudos científicos concluíram que a baleia-azul está ficando
surda, e que o canto das orcas precisa ser cada vez mais longo para que elas
possam se comunicar. Algumas baleias morrem com hemorragia nos ouvidos e
nos olhos, em praias aonde são feitos testes militares com equipamentos que
emitem ruídos de até 235 decibéis.
O aquecimento global está derretendo as geleiras, aquecendo os
oceanos e os níveis dos mares vão subir e avançar sobre as cidades
litorâneas.
Segundo estimativas do Painel Governamental sobre Mudanças
Climáticas, até 2100 os oceanos podem subir de 20 a 60 centímetros, sendo
possível chegar a um metro.
Com uma elevação de 40 centímetros, milhões de pessoas serão
obrigadas a se mudar para locais mais elevados.
12
CAPÍTULO II
CONSIDERAÇÕES GERAIS
A idéia de escrever sobre os oceanos – ou em sua linguagem mais
popular, o mar – justifica-se por se tratar do que é hoje conceitualmente aceito
como o ‘berço da vida’, que desempenha a função de produzir alimentos e
energia.
Cobrindo mais de dois terços do planeta, os mares abrigam a maior
parte de sua biodiversidade – calculada em mais de 100 milhões de espécies,
atualmente ameaçadas pela ação, voluntária ou involuntária, do ser humano.
Em função dessa intervenção, a vida marinha vem diminuindo; o homem
pesca demais, polui demais, navega demais. E cada vez, vive mais.
O desenvolvimento tecnológico, inerente a essa gradativa e inexorável
aceleração da vida humana, só contribui para tornar ainda mais sombrio o
quadro da relação da humanidade com o mar.
Já registramos que um moderno navio de carga emite, com seus
motores, ruídos de 100 a 150 decibéis, o que é bem mais que uma britadeira
(em torno de 120 decibéis). Os mais recentes dados indicam que 100 mil
navios cruzam os mares diuturnamente. Mesmo para os mais pragmáticos
desenvolvimentistas, é muito navio, gerando muito barulho. E este barulho
incide diretamente sobre os animais.
Mas não é só este aspecto que deve nos preocupar: a degradação do
meio ambiente marinho – na qual se insere a questão da poluição acústica –
tem impacto relevante sobre os biomas marinhos; o que pode nos remeter a
reflexões sobre por que os oceanos estão transbordando de tanta água e, ao
mesmo. O aumento da degradação (não apenas do mar, mas também de seu
entorno: praias, lagoas e rios que nele deságuam) representa ameaça para a
segurança da espécie humana, pela diminuição da oferta de alimentos e
também por tornar cada vez maiores as dificuldades dos trabalhadores que
dele tiram seu sustento, com a diminuição da atividade pesqueira artesanal.
13 É sobre este escopo que este trabalho pretende apontar caminhos,
justificando-se, salvo melhor juízo, porque os oceanos, que representam o
berço da vida, são produtores de alimentos e de energia, num mundo cada vez
mais carente deles.
Sem medo de apontar para um derrotismo fatalista, temos a obrigação
de alertar que, pelo uso indiscriminado dos oceanos (com excesso de poluição
e de navegação), e com o derretimento das geleiras, seus níveis tendem a
subir e avançar sobre as cidades.
Nunca é demais advertir que, na costa brasileira, vive uma população
estimada em mais de 42 milhões de pessoas; e mais da metade habita cidades
à beira-mar, como Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador.
O conjunto de oceanos – que ocupam mais de 75% da superfície
terrestre – atua como uma espécie de ‘ar-condicionado global’, distribuindo um
excedente de energia térmica das áreas tropicais para as regiões polares.
Diante de fatos – e não opiniões – tão concretos, mesmo tomando todas
as precauções para fugir de um alarmismo estéril, não há como evitar uma
preocupação básica: por que o homem não pensa – ainda que de maneira
egoísta – em fazer algo para diminuir os malefícios que sua própria ação
produz?
No decorrer deste trabalho pretendemos mostrar que, para interromper
os efeitos da degradação, somente com ações de conscientização comunitária,
por meio da educação – e, portanto, tomando como eixo irradiador a escola –
isto será possível.
E, mais que possível: absolutamente INDISPENSÁVEL.
E, mais que indispensável: URGENTE.
14
CAPÍTULO III
O MAR, QUANDO QUEBRA NA PRAIA É BONITO...
E POLUÍDO.
O mar quando quebra na praia é bonito, como tão bem disse o poeta
Caymmi; mas também poluído e degradado, em termos de biodiversidade e
recursos pesqueiros. Os oceanos, que cobrem mais de 70% da superfície do
planeta e são fundamentais para o seu equilíbrio climático, agonizam. E,
apesar de todos os sinais do iminente colapso, pouco ou nada se faz para
evitar essa catástrofe, já anunciada pelos cientistas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que, a curto e
médio prazos, 20% dos oceanos sejam protegidos com a adoção de Áreas
Marinhas Protegidas (AMPs), subindo para 30% em longo prazo.
Devido ao estado precário dos mares, a ONG Greenpeace defende uma
proteção ainda maior (40%), baseada em estudos realizados por renomados
cientistas. Apenas 1% dos oceanos mundiais está protegido.
No Brasil, a situação é ainda pior: 0,4% dos 4,3 milhões de quilômetros
quadrados de mar sob jurisdição brasileira está sob os cuidados de unidades
de conservação federais.
Este é o tamanho do nosso problema, ainda segundo o Greenpeace.
As ‘Áreas Marinhas Protegidas’ são a melhor ferramenta para proteger a
biodiversidade dos oceanos e garantir a reposição de seus estoques
pesqueiros. Essa é a opinião dos especialistas que consultamos durante a
elaboração do diagnóstico sobre a atual situação dos oceanos no Brasil. Com
as AMPs, temos benefícios ecológicos e econômicos – daí a urgência para que
elas sejam implementadas o quanto antes.
Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU, é
preciso criar uma rede que inclua áreas altamente protegidas, com proibição da
pesca; e outras (mais amplas) mais flexíveis, em que haja manejo sustentável
dos recursos marinhos – tanto da pesca como do turismo.
15 Por isto é fundamental que a sociedade pressione os governos para
que invistam na criação de AMPs: implementem para valer e fiscalizem as já
criadas, garantindo recursos humanos e financeiros para a administração
dessas unidades de conservação.
Quase todos os problemas ambientais observados nos oceanos
começam em terra. As ameaças vêm das fábricas, esgotos e atividades
agrícolas, que liberam pesticidas e fertilizantes em rios e que escoam para o
mar. Todo esse material põe em risco estruturas sensíveis como corais,
estuários, manguezais e bancos de algas, causando mudanças drásticas na
biodiversidade e no ambiente marinho, impedindo que o oceano continue a
desempenhar seu milenar papel de regulador e amenizador do clima.
Mas o ser humano tem que ficar alerta, porque os mares não acolhem
seu lixo de forma passiva: sempre ‘dá o troco’. A poluição ameaça
comunidades costeiras com prejuízos econômicos e culturais, afetando a pesca
e o turismo principalmente.
A poluição também chega à mesa por meio de peixes e moluscos
contaminados. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o consumo de
camarões, ostras e outros mariscos, crus, provenientes de ambientes poluídos
causa cerca de 2,5 milhões de doenças por ano, a um custo de mais de US$10
bilhões para os sistemas de saúde pública.
Mas se esses danos existem – e só aumentarão –, é sempre relevante
lembrar o poder curativo que um mar limpo oferece ao ser humano: a
biodiversidade dos oceanos é um imenso laboratório natural repleto de
substâncias que podem ser a chave para novos remédios.
Desde o fim da Segunda Guerra, alguns produtos marinhos têm
despertado real interesse da indústria química. Mas dificuldades técnicas
retardaram o início efetivo dessa exploração até os anos 70. Novas tecnologias
na área de mergulho permitiram avanços na prospecção e pesquisa.
O Brasil, com sua extensa costa, diversidade biológica e um grande
número de pesquisadores não pode abdicar dos estudos sobre o potencial
tecnológico dos organismos marinhos. Atualmente, vários grupos de pesquisa
16estão investigando substâncias isoladas de bactérias, algas, fungos e
invertebrados marinhos e seu uso potencial contra o câncer, trombose, dengue
e outras patologias.
Existem mais de 50 mil espécies de microalgas, mas poucas delas são
quimicamente conhecidas; o que indica que há todo um novo campo de saber,
oriundo das profundezas marinhas a ser explorado, em benefício da saúde
pública.
17
CAPÍTULO IV
O FIM DA ILUSÃO DA FARTURA
A imensidão do mar sempre nos deu a sensação de que temos uma
fonte inesgotável de comida logo ali, no litoral. Não é bem assim. Apenas 10%
dos oceanos são produtivos em termos de pesca. Os 90% restantes são quase
desérticos. Mas ainda assim, deles retiramos uma parte substancial de nosso
sustento alimentar. O problema é que tiramos recursos do mar, sem dar tempo
para ele se recompor.
De aonde tudo se colhe e nada se planta, tudo pode acabar.
80% dos recursos marinhos brasileiros enfrentam problemas devido à
exploração excessiva, sem critérios e, muitas vezes, irregular. Não à toa: a
produção de peixe no país cresce lentamente e, no caso de algumas espécies
– como sardinha, tainha, camarão e corvina – chegou ao limite do colapso. Ou
encontramos meios sustentáveis de exploração, ou vamos sentir saudades
daquele peixinho frito dos fins de semana.
Outro problema da atividade pesqueira é a pesca incidental. Diversas
espécies (tartarugas, golfinhos, albatrozes) são capturadas e mortas sem
necessidade devido ao uso de redes de arrasto e outras técnicas ultrapassadas
de pesca. É preciso um ordenamento sério e eficaz da atividade para evitar
essa matança, o que inclui a conscientização dos empresários e dos
pescadores de comunidades costeiras.
Ambientalistas, como os ativistas do grupo Greenpeace, querem
colaborar para encontrar soluções viáveis e eficazes para essa crise pesqueira
que ameaça a todos nós. Para isto, é preciso, além de ordenar adequadamente
a atividade pesqueira: incentivar a criação de mecanismos de certificação do
pescado, desestimulando a captura ilegal; cobrar uma fiscalização eficiente da
pesca; informar e conscientizar a população sobre o problema; e pressionar o
governo para que medidas sejam tomadas para evitar o colapso dos recursos
pesqueiros nacionais.
18 O atual debate sobre as necessidades de preservação dos oceanos,
e ao mesmo tempo a promoção de sua exploração econômica, coloca em
pauta o tema do tão desejado desenvolvimento sustentado.
Trata-se da difícil tarefa de conciliar atividades econômicas – como
pesca, turismo, fontes energéticas, escoamento do lixo e agrotóxicos – com a
preservação dos ecossistemas marinhos.
A exploração e produção petrolífera em águas cada vez mais profundas,
a falta de saneamento básico para toda população, o descarte de resíduos
industriais e de esgotos sem tratamento, as toneladas de lixo que são jogadas
ao mar ou levadas pelos rios, a pesca predatória, a emissão de gases
poluentes acima da capacidade de absorção dos mares (tudo isto reunido em
um mesmo ambiente) são alguns problemas quer desafiam o ser humano, sob
pena de vermos a fartura se transformar em nada.
Há um enorme número de espécies animais que vivem próximas de rios
e acabam consumindo resíduos poluentes. Por exemplo, a capivara, que é
considerada uma carne exótica e saborosa da chamada nova culinária – e,
portanto, de elevado preço – é um animal fácil de ser criado em habitat aberto
com água próxima. Mas estes locais, com águas contaminadas, podem
provocar doenças e também transmiti-las para os consumidores de sua carne.
E mais um item da fartura vai desaparecendo.
A tartaruga, que é utilizada por muitas populações ribeirinhas da
Amazônia como principal fonte protéica (coloca até 150 ovos por postura) pode
ser facilmente criada em lagos naturais, e produzir até 25 mil quilos de carne
por hectare. Esta é outra fonte de riqueza que, a continuar a exploração
predatória, está ameaçada.
E a fartura, cada vez mais diminuído.
E esta fatura não é apenas representada pela fonte de alimentação que
os mares e rios representam. Também na área da saúde, dos novos remédios,
a biodiversidade apresenta, até agora, um enorme laboratório natural. Não
devemos medir esforços para salvar e proteger esses ecossistemas, pois só
19assim alcançaremos o tão almejado desenvolvimento sustentável, sendo,
pois, absolutamente necessário – e, mais que isto, urgente – o investimento
pesado em pesquisas e prospecção de novos negócios neste segmento.
O consumo das algas faz parte do cardápio de muitos países;
atualmente laboratórios biofarmacêuticos investem na pesquisa de drogas
derivadas de organismos marinhos para o combate de diversas doenças.
No Japão e na Coréia, onde o consumo de algas marinhas é um hábito
secular, menos de 0,1% dos adultos estão infectados pelo vírus da Aids. Na
maior parte da África, o percentual chega aos 40%, menos na República do
Chade, onde a população também tem o hábito do consumo dessas algas.
20
CAPÍTULO V
ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS E PARAGOVERNAMENTAIS
O Estado brasileiro tem: uma Secretaria de Pesca (Seap), com status
ministerial; um Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama); um Ministério do Meio Ambiente (MMA); a Marinha; mas...
Quem cuida do mar, afinal? Ninguém sabe.
O descaso brasileiro em relação ao mar é por falta de uma organização
na gestão, ausência de governança e falta de prioridade. São vários setores do
governo cuidando da mesma questão e deixando várias outras à deriva.
Neste capítulo, merece especial atenção a pioneira FUNDAÇÃO DE
ESTUDOS DO MAR que se destina a contribuir para o conhecimento dos
aspectos sócio-econômicos e políticos do mar, bem como dos problemas a
eles referentes; valorizar a pessoa do trabalhador da indústria de construção
naval, do transporte aquaviário e da pesca, promovendo a maior produtividade
dessas atividades comerciais e industriais; procurar os meios para
racionalização do trabalho nos portos; promover o conhecimento e a difusão
dos problemas atinentes ao complexo aquaviário (transportes, portos, pesca,
navegação, construção naval, ciências do mar e legislação pertinente). Tudo
isto com vistas a contribuir para difundir a mentalidade marítima no Brasil.
Para atingir esses objetivos, a Fundação realiza estudos e pesquisas,
cursos, seminários e outras atividades congêneres para a formação,
especialização e aperfeiçoamento do pessoal capacitado ao exercício de
empreendimentos públicos e privados relativos ao mar. E pode ainda: a)
financiar estudos, pesquisas e publicações que visem direta ou indiretamente,
a promover o desenvolvimento e à difusão de conhecimentos relativos às
atividades marítimas; b) firmar convênios e contratos com outras instituições,
públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, para a execução de planos e
projetos referentes às suas atividades ou destinados ao recebimento ou
prestação de assistência técnica relacionados com suas atribuições; c) apoiar,
quando necessário, as atividades de seleção, formação básica e profissional de
21integrantes da Marinha Mercante e da Marinha do Brasil, provendo recursos
materiais e prestando assessoria técnica e acadêmica.
A Fundação foi instituída, em 31 de maio de 1966, pelo Clube Naval e
por outras organizações ligadas ao mar, como a Petrobras (Transpetro), o
Departamento de Portos e Vias Navegáveis, os Sindicatos de Construção
Naval e das Empresas de Navegação, a Diretoria de Hidrografia e Navegação,
a Comissão de Marinha Mercante, e o Serviço Social da Indústria.
Como entidade, a FEMAR é pessoa jurídica de direito privado, dotada de
autonomia patrimonial, administrativa e financeira com fins não-lucrativos; e
enquadrada como Organização de Utilidade Pública.
Seus recursos decorrem do provisionamento inicial dos instituidores,
acrescido das contribuições de organizações qualificadas como mantenedoras
e, ainda, do aporte de valores decorrentes de convênios e contratos celebrados
com entidades diversas.
No início, a Fundação apresentou uma vertente ligada ao período
desenvolvimentista que caracterizou o país entre os anos de 1965 e 1985.
Vislumbrou-se, à época, a oportunidade de criação de um Instituto Superior do
Mar, com a finalidade de ministrar um curso superior do mar, realizado, em
1966, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O currículo
demonstrava essa tendência e os estagiários – entre os quais estavam
representados os segmentos públicos e privados que influenciavam os rumos
do país – desenvolviam temas que visavam a ‘despertar a atenção para os
problemas que afligem as atividades marítimas no Brasil e buscar soluções
para saná-los’.
Entre os principais parceiros da Fundação, destacam-se o Instituto de
Pesquisas da Marinha (IPQM), Centro de análises de Sistemas Navais
(CASNAV), Nippon Yusen Kasha (NYK LINE), Diretoria de Hidrografia e
Navegação (DHN / Programa GOOS, da UNESCO), Universidade Federal
Fluminense (UFF), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP-MCT), Instituto
de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), Serviço Nacional de
22Aprendizagem Industrial (SENAI), Centro de Instrução Almirante Graça
Aranha (CIAGA), Ministério de Meio Ambiente (Programas REVIZEE, GERCO
e ORLA-MMA), Diretoria de Portos e Costas (DPC), Companhia Docas do Rio
de Janeiro (Docas RJ), Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), Centro de
Instrução Almirante Wandenkolk (CIAW), Comissão Interministerial para os
Recursos do Mar (SECIRM), além de empresas e instituições educacionais.
Criada em 1974, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar –
CIRM, tem por objetivo formular uma política nacional de recursos do mar,
estabelecendo convênios com entidades acadêmicas, como a Capes.
A CIRM – que desempenha papel fundamental ao realizar estudos para
a extensão dos limites dos espaços marítimos brasileiros além das 200 milhas,
já que grande parte da área do pré-sal está fora deste limite – tem uma série de
iniciativas voltadas para o apoio à pesquisa no mar, tanto no campo técnico
como no científico, com ênfase em trabalhos de fomento de pesquisas sobre
fornecimento de óleo.
Seus cursos, tanto de graduação como de pós-graduação, procuram
colocar os alunos em contato direto com o mar; e seus dirigentes e técnicos
trabalham com as 37 instituições de ensino superior, com cursos ligados às
chamadas Ciências do Mar.
Este somatório de instituições, a partir do nível ministerial até entidades
municipais, ao contrário do que poderia ser desejável, não é salutar, porque
demonstra a falta de um planejamento central, uma vez que o mar não
obedece à divisão federativa do Brasil.
Uma coisa leva a outra: há indefinições e confusões na hora de
determinar quem cuida do que, no planejamento e na execução dos projetos.
Com cada órgão puxando a sardinha para o seu lado, ninguém sai do lugar.
Os oceanos precisam ser pensados de forma integrada, pois nenhuma
das áreas a serem discutidas (pesca, poluição, ordenamento costeiro, reservas
marinhas, turismo, extração mineral, entre tantas) pode ser abordada
isoladamente. Na realidade, uma influência a outra.
23 Some-se a esta confusão a falta de iformação por parte da população
em relação à situação do mar e teremos, então, a fórmula perfeita para a sua
acelerada degradação. Segundo pesquisa encomendada pelo Greenpeace, os
oceanos não estão entre as principais preocupações dos brasileiros em relação
ao futuro do planeta – apenas 17% apontaram a questão como prioridade.
5.1 - Riquezas do mar
O biólogo Marcelo Szpilman lembra que o mar, se bem cuidado, será
sempre uma fonte de cura e gerador de produtos para o homem, além de
fornecedor de alimentos.
Dos fabricantes de sorvete à indústria de cosméticos, passando pelos
laboratórios farmacêuticos, é cada vez maior o número de empresas
interessadas no mar e seus habitantes. A lista de produtos que contêm algum
elemento do mar é extensa: vai das tortas e cervejas aos xampus e
antibióticos.
Apesar de já termos descoberto milhares de utilidades, ao todo, os
organismos marinhos já resultaram em cerca de 6.500 produtos naturais (33%
deles derivados de esponjas, 25% de algas, 18% de celenterados, como corais
e anêmonas; e 24% de outros invertebrados). Ainda há muito mais a ser
descoberto.
Os oceanos e mares cobrem 70% do nosso planeta e contam com cerca
de 800 mil espécies; porém menos de 4% delas já foram estudadas por
laboratórios de pesquisa. Duas razões explicam este fato: o custo da coleta no
mar é pelo menos duas vezes mais caro do que em terra firme; e, ao contrário
dos povos do Oriente, o Ocidente nunca se interessou muito pelo mar. O
resultado é que não existe no Ocidente uma sabedoria popular sobre o que é
bom e o que é ruim no mar, como acontece com as plantas e ervas terrestres.
Somente a partir de meados dos anos 60 é que o interesse começou a
crescer. Atualmente são publicados, anualmente, cerca de 600 trabalhos sobre
o assunto. De 1969 a 1995 foram pedidas mais de 200 patentes de produtos do
mar. Quase 70% delas são relativas à saúde. Destas, nada menos que 46% se
24referem a remédios contra o câncer. As mais poderosas e promissoras
substâncias antitumorais são marinhas. Elas vêm de organismos tão diversos
quanto as esponjas, as lesmas-do-mar, as algas, os tunicados e os briozoários.
Além dos antitumorais, o mar é também uma das grandes esperanças da
medicina para a descoberta de novas substâncias para a produção de
antibióticos, antivirais, anti-inflamatórios e antifúngicos.
O mar e suas curiosidades:
5.1.1 - Antigamente ...
A busca pelos produtos do mar é antiga. No ano 4.000 a.C., os chineses
já tiravam das algas vermelhas remédios contra vermes. Acredita-se que os
egípcios, no ano 2.000 a.C., envenenavam suas armas com toxinas retiradas
de peixes peçonhentos. No século 2 d.C., os romanos tingiam suas roupas de
vermelho com um pigmento extraído de um molusco pelos fenícios. O
processo, no entanto, era bastante trabalhoso: de cada 10 mil moluscos se
conseguia um grama de pigmento. Por isso, o vermelho era reservado apenas
para as túnicas da nobreza da época.
Em 1944, um americano foi responsável por uma grande descoberta:
isolou, de uma esponja, substâncias com propriedades anti-virais. Deste
modelo natural, foram criados em laboratório três remédios: ara-A, usado
contra a herpes simples; ara-C, utilizado contra a leucemia; e o AZT. Naquela
época, não tendo aplicação prática, o AZT ficou esquecido em uma prateleira;
até que, com o surgimento da Aids, resolveu-se testar todas as substâncias
antivirais que estavam estocadas. E aí, redescobriu-se o AZT.
5.1.2 - Combinação mar–exercícios
Os exercícios à beira-mar ou dentro da água são comprovadamente
saudáveis e revigorantes. A ginástica na areia da praia seguida de um bom
mergulho na água, a hidroginástica nas águas calmas do mar, a natação, o
surfe, o windsurfe, o mergulho submarino e a vela são atividades que
costumam propiciar, a seus praticantes, fora os benefícios inerentes à prática
do próprio esporte, uma gostosa sensação de bem-estar. A combinação entre o
25ambiente livre e relaxante com a brisa marinha, carregada de iodo – que é
asséptico e limpa os pulmões –, faz com que as pessoas se sintam com mais
disposição para o exercício. Acredita-se que os Spas feitos à beira-mar são os
que apresentam melhores resultados. A explicação para isto estaria no fato de
o iodo acelerar o metabolismo, ajudando o emagrecimento.
5.1.3 - Banho de mar
As vantagens do banho de mar foram descobertas pelos franceses na
década de 60, quando um ex-campeão de ciclismo curou uma lesão com
compressas de água do mar. Criou-se a talassoterapia – empregada na cura
de doenças como o reumatismo –, e o banho de mar virou um negócio. No
Brasil, apesar de seus 7.367 quilômetros de litoral, ainda não há nada parecido.
Porém, a cidade de Guarapari, no litoral do Espírito Santo, é muito procurada
por turistas com problemas de reumatismo, artrite, bursite, nevralgia e gota.
Tudo por causa das areias monazíticas (amarelas) e ilmenitas (pretas), tidas,
pela crendice popular, como milagrosas na cura dessas doenças. As
controvertidas propriedades terapêuticas dessas areias fazem com que as
pessoas se lambuzem na ‘lama medicinal’.
5.1.4 - 500 utilidades
Os produtos extraídos dos organismos marinhos, com utilidades na
medicina, na cosmética e na alimentação, estão em todas as prateleiras.
Abaixo são fornecidos alguns exemplos das aplicações e usos.
5.1.4.1 - Algas
• cosméticos, xampus contra queda de cabelo, cremes, loções e gel
contra celulite.
• corante e aditivo nos alimentos.
• fabricação de filmes fotográficos, tintas, moldes dentários, linha e gaze
cirúrgicas.
• lavoura e ração de animais.
26• remédios de reforço da memória.
• inibidor de cristais de gelo em sorvetes, xaropes e alimentos
congelados.
• adesivo em glacês, coberturas e merengues.
• espessante e encorpante em gelatinas, geléias, bebidas dietéticas,
pudins e recheios de tortas.
• dar aspecto mais opaco a sucos de fruta.
• clarear cervejas.
• estabilizante de maioneses e espuma de cervejas.
• estudos para remédios contra o câncer.
• Alginatos, tirados das algas pardas, são usados em partos
complicados. Como absorvem até 200 vezes o seu peso em água, são
injetados no útero, onde incham com o líquido amniótico e expulsam o
feto na pressão. Da mesma forma, injeta-se água do mar com alginato
em poços de petróleo para expulsar o óleo.
5.1.4.2 - Esponjas
• estudos para remédios contra o câncer.
• estudos deram origem à fabricação em laboratório de remédios contra
herpes simples, leucemia e Aids (AZT).
• estudos para remédios contra a malária.
• antibióticos, antiinflamatórios e analgésicos.
5.1.4.3 - Pepinos-do-mar
• remédios contra micose.
5.1.4.4 - Corais
•l antiinflamatórios.
• cosméticos e fragrância para perfumes.
27
5.1.4.5 - Moluscos
• anticicatrizantes e anestésicos hospitalares.
5.1.4.6 - Ouriços-do-mar
• remédios contra a osteoporose.
5.1.4.7 - Vermes marinhos
• estudos deram origem à fabricação em laboratório de inseticidas.
5.1.4.8 - Ostras
• assim como os corais, produzem uma proteína com capacidade
adesiva usada nas cirurgias ósseas, em substituição a pinos de platina e
placas metálicas.
5.1.4.9 - Bactérias marinhas
• indústria de plástico.
5.1.4.10 - Lesmas-do-mar
• estudos para remédios contra o câncer.
5.1.4.11 - Briozoários e Tunicados
• estudos para remédios contra o câncer e antivirais.
28
CAPÍTULO VI
A FONTE AMEAÇA SECAR
Não há dúvidas de que a carne de peixe é uma das melhores, em se
tratando da facilidade de digestão e valor nutritivo. Temos também diversas
razões sensatas para apreciarmos as lagostas, camarões e mexilhões. Comê-
los, portanto, sempre foi um ato natural e nada antiecológico. No entanto, para
que possamos continuar a comê-los no futuro, devemos pensar de forma global
sobre este assunto. Os oceanos, e a diversidade de vida que nele há, devem
ser vistos como uma prioridade básica na questão da preservação ambiental.
Não podemos compactuar, e muito menos continuar com a destrutiva
combinação; poluição dos mares e pesca predatória. Em muitos casos, o
‘futuro’ já chegou. Já temos diversas espécies comerciais de pescado
ameaçadas de desaparecer. No Brasil já são 77 espécies ameaçadas de
extinção, entre elas o mero e algumas espécies de tubarão. Acredito que este
número só não é maior devido à falta de pesquisas em nosso país.
No problema da poluição dos mares, tema já bastante ‘batido’ – apesar
de podermos ajudar individualmente de várias formas para não contribuir ainda
mais evitando jogar lixo no mar, usando produtos biodegradáveis e outros – a
solução está nas mãos dos governos, particularmente pela falta de uma política
séria e responsável para o meio ambiente.
Com relação à pesca predatória, existem dois problemas. O primeiro,
grave, porém mais compreensivo, trata-se da tradicional captura do pescado
comercial para nossa própria alimentação, que vem sendo feita há séculos,
mas que, se já não chegou, está chegando ao limite de exploração para
algumas espécies.
Da mesma forma que o homem percebeu, em seu primórdio, que não
conseguiria sobreviver somente coletando e caçando o alimento que a
natureza lhe dava, em terra – e, por isso, começou, e até hoje continua, a
desenvolver a agricultura e a pecuária –, temos que nos conscientizar de que o
mar, apesar de seu tamanho, não é um provedor com recursos inesgotáveis.
29 O defeso, que é a proibição da pesca na época de reprodução do
animal, e a maricultura, que se constitui na produção controlada de espécies
marinhas em áreas confinadas, são não só soluções para a queda na captura
dessas e de outras espécies, mas também são formas de preservação dos
oceanos.
Outro problema – mais grave e absurdo – é a ‘perseguição’ a
determinadas espécies de tubarão para a extração de partes de seu corpo no
sentido de obter produtos específicos, que, em sua maioria, são supérfluos
e/ou os benefícios apregoados são duvidosos e sem nenhuma base científica
comprovada. É algo semelhante às inúmeras aberrações predatórias e
criminosas que vemos ao redor do mundo, especialmente no Oriente, como a
‘crença’ de que algumas partes do tigre curam determinadas doenças.
Atualmente, existem duas novidades desse tipo no mercado: as cápsulas de
cartilagem de tubarão, que os fabricantes apregoam como anti-tumorais (em
analogia ao fato de o tubarão ser imune ao câncer); e as cápsulas de óleo de
fígado de tubarão, conhecidas como ‘remédio da harmonia’ – apregoado para o
combate ao cansaço, à insônia, ao reumatismo, à bronquite e até mesmo ao
alcoolismo.
Não se pode ameaçar a sobrevivência de todas as populações de uma
espécie animal ou vegetal em prol da ‘suposta’ melhoria de nossa saúde.
Mesmo quando, infeliz e indevidamente, estes animais, no caso os tubarões,
por reputarem uma forte imagem e fama de ‘devoradores de homens’, não
possuem a simpatia das pessoas em geral.
Qual a diferença entre salvar o urso panda e o tubarão? Somente as
razões sentimentais, que vão da empatia ao medo, explicam tal diferença, pois,
racionalmente, com base na ecologia, a extinção do urso panda, ao contrário
dos tubarões, terá pouca influência no equilíbrio do ecossistema.
Apesar da irreal imagem assustadora que infundem os filmes
sensacionalistas, a probabilidade de alguém ser atacado por um tubarão é de
apenas 1/300 milhões. É mais fácil ser atingido por um raio (1/1 milhão). Nos
EUA ocorrem por ano cerca de 350 acidentes com raio, com mais 90 mortes.
30No Brasil, são 150 mortes. Desde 1955, foram registrados um total de
60 ataques de tubarão, com 12 mortes, no litoral brasileiro. No mundo todo, são
registrados cerca de 100 ataques por ano, sendo 20 fatais. Dentre os animais
que mais atacam o homem, em todo o planeta, o tubarão situa-se em 4º lugar.
Antes dele estão: os crocodilos, com 2.500 ataques; as abelhas com 1.250 e os
elefantes com 250.
Poder-se-ia, então, argumentar que é preciso estar no ambiente destes
animais para ser atacado. O argumento é verdadeiro e vale também para os
tubarões, mas não para os cachorros domésticos que vemos todos os dias nas
ruas das cidades. Apenas nos EUA, a cada ano, 4,5 milhões de pessoas são
atacadas por cães. Em conseqüência das mordidas, 334 mil são atendidas nos
hospitais e vinte morrem. No Estado de São Paulo, no ano de 1997, houve 114
mil casos de mordidas e mutilações, com algumas mortes.
A verdade é que os tubarões são muito mais vítimas impotentes da sede
de lucros das indústrias pesqueiras. Estima-se que mais de 1 milhão de
tubarões são mortos anualmente. Equivale a 10 mil animais mortos para cada
um dos 100 ataques registrados.
Para a produção do caviar, por exemplo, cuja matéria-prima vem
somente das fêmeas (de suas ovas), os peixes machos, mesmo não servindo
para esta finalidade, também são pescados. O esturjão – principal ‘fornecedor’
desta especiaria – está, por isto, ameaçado de extinção.
A saída para evitar este comportamento totalmente irracional aponta em
duas direções: a educação ambiental, para esclarecer verdades e vencer
estigmas; e as pesquisas farmacêuticas, para descobrir, isolar, testar e
confirmar se as substâncias responsáveis pelas propriedades terapêuticas
apregoadas produzem de fato os efeitos desejados, para, então, criá-las e
produzi-las em laboratório.
31
CAPÍTULO VII
MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE
Se a sociedade não vê os oceanos como prioridade nacional, como
pressionar o governo para que resolva problemas sérios ligados ao colapso
dos estoques pesqueiros ou implantação de áreas marinhas protegidas?
Esse é um dos motivos pelos quais concordamos com iniciativas como a
do Greenpeace, como a ‘Campanha de Oceanos’, para mostrar à população a
importância do mar para a sociedade e para o planeta. Mais do que isto, temos
que revelar a situação precária dos oceanos, e quais os impactos diretos que
isto tem para a vida das pessoas. Com a mobilização da opinião pública, temos
então que pressionar o governo para a criação de uma política nacional de
oceanos que aborde de maneira integrada as questões mais críticas, propondo
soluções a partir do diálogo com os setores envolvidos.
32
CAPÍTULO VIII
UM MAR DE ENCRENCAS
Na região de Abrolhos, no litoral da Bahia, a exploração de petróleo e a
carcinicultura ameaçam uma grande área de algas calcáreas, que funcionam
como depósitos de carbono.
Desde o grande escape de gás metano no fundo do mar, há 55 milhões
de anos, os oceanos não experimentavam um processo de acidificação tão
veloz como o que anda acontecendo atualmente.
A conclusão faz parte de um estudo assinado por mais de 100 cientistas
europeus, ligados a 27 instituições de pesquisa marinha do continente, que foi
distribuído em Copenhague pela União Internacional para a Conservação da
Natureza (IUCN), ligada à ONU.
A aceleração da acidificação é consequência direta da absorção, pelos
mares, de níveis cada vez mais altos de gás cabônico (CO2), o que torna os
oceanos vítimas do aquecimento global. Os oceanos absorvem naturalmente o
carbono que está na atmosfera. Mas o aumento do nível de emissões faz com
que eles capturem CO2 em quantidades excessivas, contribuindo para a
decadência da sua biodiversidade, e comprometendo sua função como
sumidouros naturais de carbono. Várias espécies já estão sofrendo os efeitos
do processo. Baleias e golfinhos estão perdendo sua capacidade de
navegação; plânctons, que estão na base da cadeia alimentar marinha, estão
sumindo.
O estudo Ocean acidification – the facts (‘Acidificação dos Oceanos – os
fatos’) foi distribuído para todos os participantes das negociações sobre o
clima. Ele expõe uma realidade alarmante. A acidificação dos mares cresceu
em 30% desde o início da Revolução Industrial. Mantidos os índices atuais nas
emissões de CO2, a acidez dos oceanos pode aumentar em 120% até 2060,
colocando em risco uma importante fonte de alimentos para a humanidade.
Para Dan Laffoley, editor-chefe do relatório e um dos diretores da IUCN,
33“o processo de acidificação dos oceanos pode ser melhor descrito como o
irmão gêmeo maligno do aquecimento global”.
Segundo o jornal britânico The Guardian, diversas espécies já estão
criticamente em perigo devido a essas alterações, como, por exemplo,
pequenas algas como a Calcidiscus leptoporus, que é um importante elemento
da base na cadeia alimentar marinha. As estruturas de corais, berços
importantes da biodiversidade nos mares, estão morrendo graças ao volume de
acidez nos oceanos. Ela também aumenta a propagação de sons debaixo
d’água, atrapalhando a comunicação entre cetáceos, e prejudicando sua
capacidade de orientação.
Os cientistas divulgaram que os mares do Atlântico e do Pacífico Norte –
fundamentais na alimentação durante o verão para diversas espécies de
baleias – sofrerão os maiores índices de acidificação. Eles chamam atenção
para os níveis de aragonita, um tipo de carbonato de cálcio essencial para a
formação de esqueletos e conchas de diversos organismos e que será
reduzido em todo o mundo. Como águas frias absorvem CO2 com maior
velocidade, o estudo prevê que os níveis de aragonita cairão entre 60% e 80%,
até 2095, no Hemisfério Norte.
A única maneira de reverter este processo é pelo caminho já conhecido.
“Temos de investir na redução das emissões de gases devem ser
agressivas e imediatas”, diz John Baxter, um dos autores do relatório. O
documento está sendo distribuído em todo o mundo para tomadores de
decisão e líderes políticos. Sendo a acidificação um evento de fácil
identificação e imediatamente mensurável, a idéia é conseguir desarmar os
céticos sobre o aquecimento global e reposicionar o papel dos oceanos no
processo de negociação sobre o clima dando ao tema a devida importância.
Os ambientalistas defendem a tese de que 40% de áreas marinhas
devem ser protegidas em águas internacionais para garantir a biodiversidade e
a saúde dos oceanos. E dos seres humanos.
Dentre as formas de poluição das águas litorâneas, a poluição fecal é
uma das mais comuns e preocupantes, muitas vezes não percebida pelos que
34utilizam os recursos marinhos. O banhista pode ter a impressão de que a
água do mar está boa para banho ou para a extração de frutos do mar e acaba
vítima de doenças como hepatite, disenterias, cóleras e dermatoses. Daí a
necessidade de os órgãos de controle ambiental continuamente monitorarem e
avaliarem a possibilidade de banho seguro nas praias, indicando, por meio de
sinalização simples, clara e direta, se há risco de adquirir doenças devido à
poluição do mar.
Uma solução defensiva, no entanto, só será possível com a
implementação de saneamento básico no litoral; ou seja, do tratamento de
esgotos e da disposição adequada dos resíduos sólidos, especialmente os
domésticos, hospitalares e industriais.
O saneamento básico pode ser definido como o controle de todos os
fatores do meio físico do homem que exercem efeito sobre seu bem estar
físico, mental e social. Assim, para que haja controle efetivo dos poluentes,
devem ser considerados, além do sistema de coleta de esgotos, o sistema de
limpeza urbana e de drenagem, que podem comprometer a qualidade das
águas de mares, rios e lagos.
De acordo com a pesquisa GEO BRASIL 2002 – Perspectivas do Meio
Ambiente no Brasil, apenas 8% dos esgotos recebem tratamento adequado
antes de serem lançados no meio ambiente. Os demais 92% estão aí para
poluir ainda mais nossas águas.
Considerando as deficiências e a ausência de sistemas de coleta e
destinação final dos resíduos sólidos, constituem a principal causa de grande
parte dos problemas de saúde pública do país, afetando direta e principalmente
as populações de baixa renda.
Os principais meios que a poluição atinge águas costeiras são:
descargas diretas; poluição de rios que desembocam nas praias; descargas de
contaminantes da atmosfera e carregamento de contaminantes presentes no
solo por meio de chuvas; descargas acidentais e acidentes com navios, além
do perigo sempre presente do rompimento de tubulações submarinas.
35
CAPÍTULO IX
MARÉ VERMELHA
Outro grande desafio é o chamado de ‘maré vermelha’. O acontecimento
natural conhecido por maré vermelha ocorre devido à aglomeração em
conseqüência da proliferação (multiplicação) de micro-algas dinoflageladas
(Filo dinophyta), causando efeito na coloração da água (vermelha ou marrom)
em ambientes de estuário (encontro do rio com o mar) e também em regiões
marinhas.
Esses organismos aquáticos, denominados planctônicos, habitantes de
região pelágica (superficiais), quando em excessiva reprodução impedem a
passagem luminosa reduzindo a taxa fotossintética local.
Essas algas também produzem e liberam toxinas que causam o
envenenamento das águas, afetando outras espécies; por exemplo,
provocando a morte de peixes, acarretando prejuízos econômicos relacionados
à atividade pesqueira.
Fatores como a grande quantidade de matéria orgânica, proveniente do
esgoto e lixo doméstico lançados no meio aquático, além de tornar a água
imprópria para o consumo humano, colaboram com o crescimento exagerado
das algas. Pesquisas revelam que o aumento do número de marés vermelhas,
em termos de quantidade, intensidade e dispersão geográfica, está relacionado
à poluição e ao processo de eutrofização das águas marinhas.
Dessa forma, o uso das águas costeiras utilizadas para a prática da
aqüicultura (produção de organismos em larga escala para comercialização),
que concentra grande teor de matéria orgânica – bem como o aumento
sistemático da temperatura média global –, contribui consideravelmente com o
fenômeno da maré vermelha.
No Brasil, em 2007, uma grande extensão de algas dinoflageladas,
concentradas na Baía de Todos os Santos, no Estado da Bahia, ocasionou a
morte de centenas de peixes e mariscos, comprometendo o extrativismo
econômico da população local.
36
CONCLUSÃO
O que fazer? Educação é a solução.
Despertar a consciência para o problema, já dissemos, é urgente e os
agentes sociais que a isto se dispõem devem contar inicialmente com os
aparelhos formais existentes, através da rede pública de ensino, começando
pela capilaridade oferecida pelos municípios, estados e pela própria
Federação.
É dizer: a luta ou se dá no plano da Escola, ou já está perdida.
Assim, propomos que trabalhemos em cima das crianças, já a partir do
Ensino Fundamental, em que o alunado – que é mais receptivo a novas idéias
– pode atuar como formador de opinião no seio da família. Então, esta família
reproduzirá mecanismos de atitude e comportamento no trabalho, na
sociedade enfim.
Para que isto se viabilize torna-se necessário um trabalho de pressão
junto às autoridades responsáveis pela grade escolar, centros de formação de
professores etc. Entender a necessidade de conscientização numa pauta
multidisciplinar, envolvendo todas as cátedras, é urgente e deve mesmo, em
função desta urgência, ser objeto de instrumento legal, como adendo à Lei de
Diretrizes e Bases da Educação.
Os professores serão os principais agentes desta mobilização; mas,
para isto, devem estar convencidos de que o que está em questão é o futuro da
humanidade, para que não encarem a proposta como mais um mecanismo
burocrático de difusão de conhecimentos. Desde tempos primórdios, gregos
romanos e outros povos, com o crescimento das cidades próximas ao mar, se
confrontavam para proteger sua costa de invasões piratas. Agora, esta relação,
tão duradoura, de milhões de anos, esta seriamente ameaçada.
O mar sempre fez parte da vida dos seres humanos: seja através da
pesca, do transporte, do lazer, da segurança e da utilização dos seus recursos
energéticos.
37 O Sal – este recurso mineral tão importante para a alimentação
humana – é origem da obtenção de importantes minérios como bromo, cloro,
magnésio, potássio, sódio e outros.
Nas últimas décadas, com a exploração do subsolo marinho para
produção de petróleo e gás natural, os mares estão expostos a mais problemas
ambientais.
Aliás, os riscos podem começar nas nossas residências, quando o lixo
diário não tem um descarte adequado; ou até mesmo nos simples gestos de
atirar uma bolinha de papel em logradouro público, tão erradamente repetidos
pelas pessoas, a ponto de este acúmulo entupir os bueiros.
Os pescadores – ou seja: os trabalhadores do mar – já sentem estas
necessidades, e querem a implementação desses mecanismos pedagógicos.
“Queremos um currículo escolar adequado, que leve em conta nossa realidade
e nossa cultura”, explica Henrique César Martins, coordenador do projeto
Escola dos Povos do Mar, que pede que se organizem encontros em todo o
país para abrir a discussão sobre gestão da pesca e alternativas de
sustentabilidade – como apicultura e turismo – para os municípios litorâneos. E
aponta cases que podem ilustrar a realização de tais encontros:
• Escola dos Povos do Mar (Ceará) – É uma das iniciativas do Instituto
Terramar e de parceiros locais. Pescadores e seus filhos discutem, na escola,
tecnologias de pesca, aqüicultura, navegação, desenvolvimento sustentável,
cooperativismo e gestão da produção. É desenvolvida na Prainha do Canto
Verde, em Beberibe.
• Casa Familiar do Mar (Santa Catarina) – Experiência desenvolvida, na
cidade de São Francisco do Sul, com jovens de cinco municípios litorâneos
catarinenses. Fundada em 1998, a partir da idéia das casas familiares rurais
surgidas na França na década de 30, a Casa Familiar do Mar tem como meta a
formação integral na comunidade pesqueira.
• Escola de Pesca de Piúma (Espírito Santo) – Criada em 1987, pela
Secretaria de Educação do Estado, a escola atende, em tempo integral, a cem
alunos dos municípios de Guarapari, Anchieta, Piúma e Itapemirim.
38Além das aulas do núcleo comum (da 5ª à 8ª série), os estudantes
aprendem técnicas relacionadas ao setor pesqueiro, como fabricação e
conserto de redes; uso de anzóis e iscas; guarda e conserva de pescado;
defumação e produção de embutidos; projetos de carpintaria; construção de
embarcações; técnicas de navegação; comercialização de pescado e
legislação pesqueira. A escola oferece, ainda, educação artística e ambiental,
aulas de natação e cursos abertos à comunidade, como processamento do
pescado, maricultura (criação de frutos-do-mar), uso de novas tecnologias,
artesanato, meio ambiente, construção civil e computação.
• Universidade Aberta do Mar (São Paulo) – Fundada, em maio de 2003,
pela ONG Projeto Cultural São Sebastião, aborda a questão ambiental de
forma multidisciplinar, por meio de atividades nas áreas de cultura, educação,
comunicação, pesca, agricultura e extrativismo, biologia, oceanografia, clima,
ciências florestais, turismo, direito do mar e ambiental. Têm prioridade projetos
que beneficiam a comunidade, com apoio da Universidade de São Paulo e das
secretarias de Turismo, Cultura e Educação da cidade de São Sebastião.
Enfim, estes e tantos outros são exemplos de ações que precisam ser
multiplicadas de modo a influenciar a sociedade, a partir da escola, dos
formadores de opinião, imprensa etc.
Aos profissionais da Educação fica lançado o desafio à criatividade,
relembrando a experiência de Paulo Freire, que inovou ao trabalhar com o
conceito de palavras-chave relacionadas ao cotidiano dos educando para
facilitar a assimilação de conhecimentos.
Assim, os professores podem trabalhar nas diversas disciplinas da grade
escolar, com palavras-chave relacionadas ao mar, preservação ambiental e
outras correlatas, para familiarizar o educando com a questão.
O efeito estufa – este cobertor atmosférico, que, em condições naturais,
protege a vida na Terra – é regulado pelos oceanos. Esta camada protetora
tornou-se uma vilã. Devido ao aquecimento global, conjugado com a
capacidade que os oceanos possuem de absorver grande parte do gás
carbônico produzido no planeta, está chegando ao seu limite.
39 É isto que deve ser incutido nas mentes dos professores, começando
pelo enfrentamento da questão da inserção curricular.
A Educação Ambiental e a sua inserção no currículo escolar
O professor Adalberto Mohai Szabó Júnior, da Universidade Livre da
Terceira Idade, da Universidade Metodista, abordou, em artigo, a questão,
reportando sua experiência como professor de educação ambiental e
cidadania, a partir do interesse demonstrado por suas alunas em desenvolver
um projeto ambiental que viabilizasse a inserção de conceitos ambientais na
universidade, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do planeta.
Estas e outras experiências devem ser monitoradas, não apenas no
universo da Escola, mas nas fábricas, sindicatos, em todas as formas de
organização social, para que, juntos possamos enfrentar o grande desafio de
continuar tendo no mar e nas águas em geral, aliados e não potenciais inimigos
da espécie humana.
Salvemos o mar.
Salvemos o planeta Terra.
40
BIBLIOGRAFIA
amdro2003.blogspot.com, para salvar o planeta, salve os oceanos, acesso
em 22 de fevereiro de 2010.
Cardoso, Luiz Cláudio, Petróleo: do poço ao posto, RJ: Qualitymark Editora
Ltda, 2008.
Gore, Albert, Uma Verdade Inconveniente, tradução Isa Mara Lando, SP:
Editora Manole Ltda., 2006
OCEANOS-1, Scientific American Brasil, Mudanças climáticas e desafios
ambientais: 2009.
OCEANOS-4, Scientific American Brasil, Petróleo, poluição e energias
alternativas: 2009.
Revista Aquecimento Global, ano 1, número 7, Editora On Line.
Revista Carta na Escola, Edição 38: agosto de 2009.
Revista Gravel, volume 6: 2008.
SILVA, Paulo Maurício e Fontinha, S. R., Terra e Vida, volume 1, SP: Editora
Nacional, s/data.
www.taps.org.br, Mares e oceanos – vivos ou mortos, acesso em 22 de
fevereiro de 20l0.
41
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
O que estamos fazendo com e no mar
CAPÍTULO II 12
Considerações gerais
CAPÍTULO III 14
O mar, quando quebra na praia é bonito... e poluído
CAPÍTULO IV 17
O fim da ilusão da fartura
CAPÍTULO V 20
Governamentais e paragovernamentais
5.1 - Riquezas do mar 23
5.1.1 - Antigamente... 24
5.1.2 - Combinação mar–exercícios 24
5.1.3 - Banho de mar 25
5.1.4 - 500 utilidades 25
5.1.4.1 – Algas 25
5.1.4.2 – Esponjas 26
5.1.4.3 - Pepinos-do-mar 26
5.1.4.4 – Moluscos 26
5.1.4.5 - Ouriços-do-mar 27
5.1.4.6 - Vermes marinhos 27
5.1.4.7 – Corais 27
5.1.4.8 – Ostras 27
42
5.1.4.9 - Bactérias marinhas 27
5.1.4.10 - Lesmas-do-mar 27
5.1.4.11 - Briozoários e Tunicados 27
CAPÍTULO VI 28
A fonte ameaça secar
CAPÍTULO VII 31
Mobilização da sociedade
CAPÍTULO VIII 32
Um mar de encrencas
CAPÍTULO IX 35
Maré vermelha
CONCLUSÃO 36
ÍNDICE 41