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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL PARA A EXMILOSEVIC
THE INTERNATIONAL CRIMINAL COURT FOR THE FORMER YUGOSLAVIA AND THE MILOSEVIC, KARADZIC AND MLADIC CASES
RESUMO: O objetivo do presente artigo é monstrar os conflitos étnicos ocorridos na antiga Iugoslávia, as violações de direitos humanos e massacres, culminando com o genocídio ocorrido naquele país na esteira dos eventos que marcaram a reestruturação dos Estados doLeste Europeu nos anos 1990. Aborda o presente trabalho sobre o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, sua criação e principais julgamentos. ABSTRACT: The purpose of this article is to illustrate ethnic conflicts in the former Yugoslavia, human rights violations and massacres, culminating in the genocide that occurred in that country in the wake of the events that marked the restructuring of Eastern Europeanstates in the 1990s. Work on the International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia, its establishment and main judgments. PALAVRAS-CHAVE: Ex-Iugoslávia. Tribunal Penal Internacional. Ge KEYWORDS: Ex-Yugoslavia. International Criminal Court.
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo trata sobre o Tr
Inicialmente o trabalho explanou sobre o Direito Internacional, suas fontes e sujeitos, depois
sobre os direitos humanos, sua evolução em gerações e internacionalização. A formação da
Iugoslávia foi assunto de um capítulo, para explicar motivos históricos que ensejaram o
conflito na região. O trabalho também abordou sobre os assuntos genocídio e guerra civil, que
ocorreram no território da ex
origem ao Tribunal Penal Internacional para a Ex
responsáveis pelo cometimento dos atos criminosos na região da Ex
1990. Os sérvios Slobodan Milosevic, Radovan Karadzic e Ratko Mladic, além de out
pessoas não citadas neste trabalho, foram julgados por esse Tribunal, com sede em Haia. Esse
1 Bacharel em Direito pela Universidade de Sorocaba. 2 Doutorando em Educação (UNISO). Mestre em Direito (UNIFIEO). Especialista em Direito Empresarial(PUC/SP). Advogado e Administrador de Empresas.
Volume 10 – nº 2 - 2016
O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL PARA A EX-IUGOSLÁVIA
MILOSEVIC, KARADZIC E MLADIC
THE INTERNATIONAL CRIMINAL COURT FOR THE FORMER YUGOSLAVIA AND THE MILOSEVIC, KARADZIC AND MLADIC CASES
Marisol Karina Simões
Fernanado Silveira Melo Plentz Miranda
O objetivo do presente artigo é monstrar os conflitos étnicos ocorridos na antiga
de direitos humanos e massacres, culminando com o genocídio ocorrido naquele país na esteira dos eventos que marcaram a reestruturação dos Estados doLeste Europeu nos anos 1990. Aborda o presente trabalho sobre o Tribunal Penal
Iugoslávia, sua criação e principais julgamentos.
purpose of this article is to illustrate ethnic conflicts in the former Yugoslavia, human rights violations and massacres, culminating in the genocide that occurred in that country in the wake of the events that marked the restructuring of Eastern Europeanstates in the 1990s. Work on the International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia, its establishment and main judgments.
Iugoslávia. Tribunal Penal Internacional. Genocídio. Julgamento.
Yugoslavia. International Criminal Court. Genocide. Judgment.
O presente estudo trata sobre o Tribunal Penal Internacional para a Ex
Inicialmente o trabalho explanou sobre o Direito Internacional, suas fontes e sujeitos, depois
sobre os direitos humanos, sua evolução em gerações e internacionalização. A formação da
de um capítulo, para explicar motivos históricos que ensejaram o
conflito na região. O trabalho também abordou sobre os assuntos genocídio e guerra civil, que
ocorreram no território da ex-iugoslávia. Os mencionados genocídio e guerra civil deram
Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia, criado para julgar os principais
responsáveis pelo cometimento dos atos criminosos na região da Ex-Iugoslávia na década de
1990. Os sérvios Slobodan Milosevic, Radovan Karadzic e Ratko Mladic, além de out
pessoas não citadas neste trabalho, foram julgados por esse Tribunal, com sede em Haia. Esse
Bacharel em Direito pela Universidade de Sorocaba.
Doutorando em Educação (UNISO). Mestre em Direito (UNIFIEO). Especialista em Direito Empresarial(PUC/SP). Advogado e Administrador de Empresas.
IUGOSLÁVIA E OS CASOS
THE INTERNATIONAL CRIMINAL COURT FOR THE FORMER YUGOSLAVIA AND THE MILOSEVIC, KARADZIC AND MLADIC CASES
Marisol Karina Simões1
Fernanado Silveira Melo Plentz Miranda2
O objetivo do presente artigo é monstrar os conflitos étnicos ocorridos na antiga de direitos humanos e massacres, culminando com o genocídio
ocorrido naquele país na esteira dos eventos que marcaram a reestruturação dos Estados do Leste Europeu nos anos 1990. Aborda o presente trabalho sobre o Tribunal Penal
purpose of this article is to illustrate ethnic conflicts in the former Yugoslavia, human rights violations and massacres, culminating in the genocide that occurred in that country in the wake of the events that marked the restructuring of Eastern European states in the 1990s. Work on the International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia,
nocídio. Julgamento.
Genocide. Judgment.
ibunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia.
Inicialmente o trabalho explanou sobre o Direito Internacional, suas fontes e sujeitos, depois
sobre os direitos humanos, sua evolução em gerações e internacionalização. A formação da
de um capítulo, para explicar motivos históricos que ensejaram o
conflito na região. O trabalho também abordou sobre os assuntos genocídio e guerra civil, que
iugoslávia. Os mencionados genocídio e guerra civil deram
Iugoslávia, criado para julgar os principais
Iugoslávia na década de
1990. Os sérvios Slobodan Milosevic, Radovan Karadzic e Ratko Mladic, além de outras
pessoas não citadas neste trabalho, foram julgados por esse Tribunal, com sede em Haia. Esse
Doutorando em Educação (UNISO). Mestre em Direito (UNIFIEO). Especialista em Direito Empresarial
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Tribunal tinha competência para julgar os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade,
crimes de guerra e outros atos criminosos previstos no Estatuto do T
2 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
2.1 Origem, evolução histórica e conceito
O direito internacional
relações jurídicas internacionais. Ele
para estabilizar as relações entre eles.
O conceito de direito internacional sofreu modificações durante a história, mas
atualmente Mazzuoli (2011, p. 63)
[...] o conjunto de princípios e regras jurídicas (costumeiras e convencionais) que disciplinam e regem a atuação e a conduta pelos Estados, pelas organizações internacionais intergovernamentais e também pelos indivíduosanálise, a paz, a segurança e a estabilida(MAZZUOLI, 2011, p. 63)
Tem-se por oportuno
Direito Internacional Público.
Durante a Antiguidade
próprias. Essas unidades eram formadas por pessoas que possuíam crenças ou objetivos em
comum. Os primeiros contatos entre as diferentes unidades autônomas fora marc
hostilidade entre eles, conforme indica
Por outro lado, o isolamento em que quase sempre viviam ospovos da Antiguidade e os sentimentos de hostilidade, existentes entreuns e outros, eram pouco propícios à formação e ao desenvolvimentode direito destinado a reger suas relações recíprocas. O referidoisolamento era rompido, em geral, por meio de guerras, guerras deagressão e de conquista, determinadas pelo sentimento do interessematerial e pela consciência da fo
O panorama de hostilid
entre as unidades autônomas
relações entre os povos, passou a vigorar o principio da
Durante o feudalismo, parte dos senhores feudais começaram a estabelecer
acordos entre os feudos, principalmente para fins de segurança externa e comércio.
a ampliação desses acordos e relações
relações. Nesse contexto, na Idade Média (segundo boa parte da doutrina) surge o direito
internacional, como ensina Mazzuoli
[...] temos como correta a assertiva de que na Antiguidade Clássica não existia um Direito Internacional propriadireito que se aplicava às relações entre cidades vizinhas, de língua comum, da
Volume 10 – nº 2 - 2016
Tribunal tinha competência para julgar os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade,
crimes de guerra e outros atos criminosos previstos no Estatuto do Tribunal.
NAL PÚBLICO
2.1 Origem, evolução histórica e conceito
O direito internacional público é o ramo do direito incumbido de disciplinar as
relações jurídicas internacionais. Ele surge pela existência de normas diferentes nos Estados,
para estabilizar as relações entre eles.
O conceito de direito internacional sofreu modificações durante a história, mas
(2011, p. 63) o conceitua como:
o conjunto de princípios e regras jurídicas (costumeiras e convencionais) que disciplinam e regem a atuação e a conduta da sociedade internacional (formada pelos Estados, pelas organizações internacionais intergovernamentais e também pelos indivíduos), visando alcançar as metas comuns da humanidade e, em última análise, a paz, a segurança e a estabilidade das relações internacionais.(MAZZUOLI, 2011, p. 63).
oportuno, neste momento, dizer sobre o surgimento e evolução do
Durante a Antiguidade, havia unidades autônomas (tribos e/ou clãs)
próprias. Essas unidades eram formadas por pessoas que possuíam crenças ou objetivos em
. Os primeiros contatos entre as diferentes unidades autônomas fora marc
hostilidade entre eles, conforme indicam Accioly, Nascimento e Casella (2011
Por outro lado, o isolamento em que quase sempre viviam ospovos da Antiguidade e os sentimentos de hostilidade, existentes entreuns e outros, eram pouco propícios à
rmação e ao desenvolvimentode direito destinado a reger suas relações recíprocas. O referidoisolamento era rompido, em geral, por meio de guerras, guerras deagressão e de conquista, determinadas pelo sentimento do interessematerial e pela consciência da força.
O panorama de hostilidade começou a mudar quando surgiram interesses comuns
entre as unidades autônomas, sendo o comércio o principal deles. Com o comércio,
relações entre os povos, passou a vigorar o principio da cooperação.
Durante o feudalismo, parte dos senhores feudais começaram a estabelecer
, principalmente para fins de segurança externa e comércio.
desses acordos e relações, surge a necessidade de regras que disciplinasse
relações. Nesse contexto, na Idade Média (segundo boa parte da doutrina) surge o direito
internacional, como ensina Mazzuoli (2011, p. 52):
[...] temos como correta a assertiva de que na Antiguidade Clássica não existia um Direito Internacional propriamente dito, como o concebemos hoje, mas apenas um direito que se aplicava às relações entre cidades vizinhas, de língua comum, da
Tribunal tinha competência para julgar os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade,
de disciplinar as
e normas diferentes nos Estados, e
O conceito de direito internacional sofreu modificações durante a história, mas
o conjunto de princípios e regras jurídicas (costumeiras e convencionais) que sociedade internacional (formada
pelos Estados, pelas organizações internacionais intergovernamentais e também ando alcançar as metas comuns da humanidade e, em última
de das relações internacionais.
, dizer sobre o surgimento e evolução do
clãs) com regras
próprias. Essas unidades eram formadas por pessoas que possuíam crenças ou objetivos em
. Os primeiros contatos entre as diferentes unidades autônomas fora marcado pela
Nascimento e Casella (2011, p. 58):
Por outro lado, o isolamento em que quase sempre viviam ospovos da Antiguidade e os sentimentos de hostilidade, existentes entreuns e outros, eram pouco propícios à
rmação e ao desenvolvimentode direito destinado a reger suas relações recíprocas. O referidoisolamento era rompido, em geral, por meio de guerras, guerras deagressão e de conquista, determinadas pelo sentimento do interessematerial e pela
surgiram interesses comuns
Com o comércio, nas
Durante o feudalismo, parte dos senhores feudais começaram a estabelecer
, principalmente para fins de segurança externa e comércio. Junto com
que disciplinassem essas
relações. Nesse contexto, na Idade Média (segundo boa parte da doutrina) surge o direito
[...] temos como correta a assertiva de que na Antiguidade Clássica não existia um concebemos hoje, mas apenas um
direito que se aplicava às relações entre cidades vizinhas, de língua comum, da
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
mesma raça e com a mesma religião, como se dava com as anfictionias gregas (que já eram ligas pacíficas de caráter religioso, julgar as infrações à santidade dos templos) e com as confederações etruscas. Mas afora esses casos, não existia um Direito propriamente internacional entre nações estrangeiras, porque não existia lei comum entre taijurídica entre elas. (MAZZUOLI, 2011, p. 52).
No século XV, o Frei Francisco de Vitória (1486
fundador dos direitos das gentes,
estados e que há princípios jurídicos que
sobrepõem à vontade de quem governa. Nesta fase, o direito
moral, conforme abaixo:
O fato de VITÓRIA ter lecionado teologia, no lugar e notempo em qdiz muito, na medida em que o estudodas questões internacionais assumia os contornos de casos deconsciência, de interesse seja dos indivíduos, seja antes dos príncipesencarregados de conduzir tais questões. O direito internacional aindanão tinha forma independentedas ciências era, todavia, rudimentarCASELLA 2011
Depois do Frei Francisco Vitória, outros autores como Francisco Suarez (1548
1617), Alberico Gentili (1552
direito internacional público, entretanto, foi só no século XVII, com Hugo Grotius que o
direito internacional despontou
Hugo Grotios utilizou his
internacional, como disseram Accioly, Nascimento e Silva e Casella: “Desde
direito internacional, GROCIO utiliza precedentes bíblicos, bem como da história antiga,
grega ou romana, para estabelecer
Um importante marco histórico para o Direito Internacional é o fim da Guerra dos
30 anos, travada entre católicos e protestantes
Vestifália e do Tratado de Osnabruck.
A assinatura dos referidos tratados
norma positivada entre países, mas também porque, nesse contexto, passa a vigorar o
princípio da igualdadejurídica entre os estados, conforme leciona
Casella:
Os tratados de Munster e Osnabruckmarcam o fim da Guerra dos Trinta Anos (1618outra, em matéria de políticainternacional, com acentuada influência sobre o internacional,dosensinamentos de Hugo GRÓCIO, surgindo daí o direito internacionaltal como o conhecemos hoje em dia, quando triunfa o princípio daigualdade jurídica dos estados, estabelecemensaios de regulamentaçãointernacional positiva
Volume 10 – nº 2 - 2016
mesma raça e com a mesma religião, como se dava com as anfictionias gregas (que já eram ligas pacíficas de caráter religioso, cuja finalidade era evitar julgar as infrações à santidade dos templos) e com as confederações etruscas. Mas afora esses casos, não existia um Direito propriamente internacional entre nações estrangeiras, porque não existia lei comum entre tais nações, nem sequer igualdade jurídica entre elas. (MAZZUOLI, 2011, p. 52).
No século XV, o Frei Francisco de Vitória (1486-1546), considerado por muitos o
fundador dos direitos das gentes, explana que existe relação de interdependência entre os
princípios jurídicos que, por serem naturais dos seres humanos,
sobrepõem à vontade de quem governa. Nesta fase, o direito ainda estava muito ligado à
O fato de VITÓRIA ter lecionado teologia, no lugar e notempo em qdiz muito, na medida em que o estudodas questões internacionais assumia os contornos de casos deconsciência, de interesse seja dos indivíduos, seja antes dos príncipesencarregados de conduzir tais questões. O direito internacional aindanão
ha forma independente: todavia não se tinha destacado damoral; a especialização das ciências era, todavia, rudimentar (ACCIOLY; NASCIMENTCASELLA 2011, p. 73).
Depois do Frei Francisco Vitória, outros autores como Francisco Suarez (1548
lberico Gentili (1552-1608), Richard Zouch (1590-1660) falaram sobre temas de
direito internacional público, entretanto, foi só no século XVII, com Hugo Grotius que o
despontou como uma ciência independente.
rotios utilizou história e escritos religiosos para elaborar normas de direito
internacional, como disseram Accioly, Nascimento e Silva e Casella: “Desde
direito internacional, GROCIO utiliza precedentes bíblicos, bem como da história antiga,
a estabelecer normas de direito internacional” (2011, p.87)
Um importante marco histórico para o Direito Internacional é o fim da Guerra dos
30 anos, travada entre católicos e protestantes e terminou em 1648, com o tratado Paz de
e Osnabruck.
A assinatura dos referidos tratados é importante, não só porque
norma positivada entre países, mas também porque, nesse contexto, passa a vigorar o
igualdadejurídica entre os estados, conforme lecionam Accioly
tratados de Munster e Osnabruck, na Vestfália, em 24 de outubro de marcam o fim da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648): o fim de uma era e início de outra, em matéria de políticainternacional, com acentuada influência sobre o internacional, então em seus primórdios. Esses tratados acolheram muitos dosensinamentos de Hugo GRÓCIO, surgindo daí o direito internacionaltal como o conhecemos hoje em dia, quando triunfa o princípio daigualdade jurídica dos estados, estabelecem-se as bases do princípiodo equilíbrio europeu, e surgem ensaios de regulamentaçãointernacional positiva (2011, p. 88).
mesma raça e com a mesma religião, como se dava com as anfictionias gregas (que cuja finalidade era evitar as guerras e
julgar as infrações à santidade dos templos) e com as confederações etruscas. Mas afora esses casos, não existia um Direito propriamente internacional entre nações
s nações, nem sequer igualdade
, considerado por muitos o
de interdependência entre os
, por serem naturais dos seres humanos, se
ainda estava muito ligado à
O fato de VITÓRIA ter lecionado teologia, no lugar e notempo em que isso se deu, diz muito, na medida em que o estudodas questões internacionais assumia os contornos de casos deconsciência, de interesse seja dos indivíduos, seja antes dos príncipesencarregados de conduzir tais questões. O direito internacional aindanão
todavia não se tinha destacado damoral; a especialização (ACCIOLY; NASCIMENTO E SILVA;
Depois do Frei Francisco Vitória, outros autores como Francisco Suarez (1548-
falaram sobre temas de
direito internacional público, entretanto, foi só no século XVII, com Hugo Grotius que o
tória e escritos religiosos para elaborar normas de direito
internacional, como disseram Accioly, Nascimento e Silva e Casella: “Desde o início do
direito internacional, GROCIO utiliza precedentes bíblicos, bem como da história antiga,
(2011, p.87).
Um importante marco histórico para o Direito Internacional é o fim da Guerra dos
om o tratado Paz de
é importante, não só porque se trata de uma
norma positivada entre países, mas também porque, nesse contexto, passa a vigorar o
Accioly, Nascimento e
, na Vestfália, em 24 de outubro de 1648, 1648): o fim de uma era e início de
outra, em matéria de políticainternacional, com acentuada influência sobre o direito então em seus primórdios. Esses tratados acolheram muitos
dosensinamentos de Hugo GRÓCIO, surgindo daí o direito internacionaltal como o conhecemos hoje em dia, quando triunfa o princípio daigualdade jurídica dos
se as bases do princípiodo equilíbrio europeu, e surgem .
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Mas foi apenas ao final da
público começou a ser institucionalizado.
fim dos grandes impérios multinacionais e
internacional antecessora da O
Accioly, Nascimento e Casella
O fim do Concerto europeu, decorrência da eclosão da guerrae acarreta o fim dos seus impérios multinacionais; leva àreformulação do sistema internacional que se exprimiria na tentativade institucionalização internacional, expressada pelo PactodaSociedade ddeaspiração universal, que procurou formalmente regular as relaçõesde acordo com certos princípioseconomicamente truncadade podersuficientes para instaurar ordem pública com a estabilidade daquelaoutrora imposta pelo concerto europeu
Como é notório, a
em 1939 “explodiu” a devastadora Segunda Guerra Mundial, que duraria até 1945.
também, a opinião de Accioly,
O pacto da Sociedade das Nações (parte I do tratado) representa a realização do antigo anseio, que remontaria à concepçãoWOLFF, eos estados. Mostrou este, contudo, como distinguia Emmanuel KANT, não ser capazde trazer a paz, mas somente a suspensão da guerra: criouforam poucas as falhas de implementação, que representariam o fracasso da tentativa, que soçobraria com o desencadear da segunda guerra mundial, em 1939, em exatos vinte anos depois do tratado de Versalhes
Ao final da Segunda Guerra Mundial, aumentou o número de Organizações
Internacionais, surgiu a ONU
especialmente com a assinatura de Tratados
Contudo, na mesma época em que o direito internacional teve sua mai
evolução e ampliação, o mundo vivia
entre os países capitalistas e os comunistas.
O mundo se dividiu em
capitalista, liderada pelos Es
União Soviética.
As duas maiores potencias, que eram espécies de líderes de seu bloco, travavam
uma enorme disputa de influencia e de poderio militar. O que impediu que a chamada “Guerra
Fria” viesse a ter um confronto direto entre os dois blocos foi a ameaça de uma guerra
nuclear, como afirma Accioly,
Volume 10 – nº 2 - 2016
Mas foi apenas ao final da Grande Guerra (1914-1918) que o direito internacional
público começou a ser institucionalizado. Além disso, a Primeira Guerra Mundialmarcou o
fim dos grandes impérios multinacionais e o início da Sociedade das Nações, organização
internacional antecessora da ONU em defesa da paz entre as nações, em consonância com
e Casella:
O fim do Concerto europeu, decorrência da eclosão da guerrae acarreta o fim dos seus impérios multinacionais; leva àreformulação do sistema internacional que se exprimiria na tentativade institucionalização internacional, expressada pelo
daSociedade das Nações, “que criou uma organização internacional, deaspiração universal, que procurou formalmente regular as relaçõesde acordo com certos princípios.A efetividade dessesprincípios se viu política e economicamente truncada” :Emconsequência, não se reuniram condições e recursos de podersuficientes para instaurar ordem pública com a estabilidade daquelaoutrora imposta pelo concerto europeu (2011, p. 106-107).
Como é notório, a Sociedade das Nações não alcançou seu objetivo principal, e
939 “explodiu” a devastadora Segunda Guerra Mundial, que duraria até 1945.
Accioly, Nascimento e Casella:
O pacto da Sociedade das Nações (parte I do tratado) representa a realização do antigo anseio, que remontaria à concepção da civilitas máxima
WOLFF, e tantos outros tratados internacionais como meio de evitar as guerras entre os estados. Mostrou este, contudo, como distinguia Emmanuel KANT, não ser capazde trazer a paz, mas somente a suspensão da guerra: criou-se o arcabouço, mas não foram poucas as falhas de implementação, que representariam o fracasso da tentativa, que soçobraria com o desencadear da segunda guerra mundial, em 1939, em exatos vinte anos depois do tratado de Versalhes (2011, p. 115
da Segunda Guerra Mundial, aumentou o número de Organizações
Internacionais, surgiu a ONU, o direito internacional ganhou força e visibilidade,
especialmente com a assinatura de Tratados.
Contudo, na mesma época em que o direito internacional teve sua mai
evolução e ampliação, o mundo vivia um perigo eminente de uma nova guerra, dessa vez,
entre os países capitalistas e os comunistas.
O mundo se dividiu em duas linhas de influencia econômica e ideológica: a linha
capitalista, liderada pelos Estados Unidos da América, e a linha comunista, liderada pela
As duas maiores potencias, que eram espécies de líderes de seu bloco, travavam
uma enorme disputa de influencia e de poderio militar. O que impediu que a chamada “Guerra
esse a ter um confronto direto entre os dois blocos foi a ameaça de uma guerra
Accioly, Nascimento e Casella:
) que o direito internacional
Primeira Guerra Mundialmarcou o
das Nações, organização
m defesa da paz entre as nações, em consonância com
O fim do Concerto europeu, decorrência da eclosão da guerrae acarreta o fim dos seus impérios multinacionais; leva àreformulação do sistema internacional que se exprimiria na tentativade institucionalização internacional, expressada pelo
as Nações, “que criou uma organização internacional, deaspiração universal, que procurou formalmente regular as relações internacionais
A efetividade dessesprincípios se viu política e a, não se reuniram condições e recursos
de podersuficientes para instaurar ordem pública com a estabilidade daquelaoutrora
seu objetivo principal, e
939 “explodiu” a devastadora Segunda Guerra Mundial, que duraria até 1945. Esta é,
O pacto da Sociedade das Nações (parte I do tratado) representa a realização do civilitas máxima de Christian
tantos outros tratados internacionais como meio de evitar as guerras entre os estados. Mostrou este, contudo, como distinguia Emmanuel KANT, não ser capaz
se o arcabouço, mas não foram poucas as falhas de implementação, que representariam o fracasso da tentativa, que soçobraria com o desencadear da segunda guerra mundial, em 1939,
(2011, p. 115).
da Segunda Guerra Mundial, aumentou o número de Organizações
, o direito internacional ganhou força e visibilidade,
Contudo, na mesma época em que o direito internacional teve sua mais expressiva
de uma nova guerra, dessa vez,
duas linhas de influencia econômica e ideológica: a linha
tados Unidos da América, e a linha comunista, liderada pela
As duas maiores potencias, que eram espécies de líderes de seu bloco, travavam
uma enorme disputa de influencia e de poderio militar. O que impediu que a chamada “Guerra
esse a ter um confronto direto entre os dois blocos foi a ameaça de uma guerra
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
As décadas posteriores à segunda guerra mundial foram influenciadas pela chamada Guerra Fria e pela ameaça nuclear, fenômenossobre o direito internacional
Como visto acima, desde o fim da Guerra fria até os dias atuais, houve um
evidente aumento no número de organizações e tratados internacionais com finalidades
específicas, especialmente de ordem regional.
2.2 Fontes
Kelsen (1998, p. 191) ao conceituar o termo “fonte de direito”
refere não apenas a “criação consuetudinária e a estatutária do direito”
gerais do direito, mais também as normas individuais, nos seguintes termos:
Fonte de Direito é uma expressão figurada e altamente ambígua. Ela não é usada apenas para designar os métodos de criação de Direito mencionados acima, o costumeamplo, administrativos,e transações jurídicas), mas também, sobretudo, o fundamento final. (KELSEN, 1998, p. 191
Ao saber a definição de fonte de direito, já é possível falar sobre as fontes do
Direito Internacional Público.
descreve as principais e mais consagradas fontes do referido direito, como pode se
1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente conhecidas pelos b) o costume internacional, como prova de uma prática aceita como sendo o direito;c) os princípios gerais do direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrinajuristas mais qualificados das diferentes nações como meio auxiliar para a determinação d
O artigo acima descrito não é um rol taxativo das únicas fontes do direito
internacional, mas menciona às principais delas.
merecem referência: os atos unilaterais e as decisões tomadas no âmbito das organizações
internacionais” (2011, p. 33)
fontes do direito internacional público
Relata Amaral Junior
Convém frisar que o art. 38 do Estatuestipula hierarquia entre os costumes, as convenções e os princípios gerais dodireito, que possuem idêntica relevância jurídica
Como visto, entre as referidas fontes, n
importância na aplicação do direito internacional
Volume 10 – nº 2 - 2016
As décadas posteriores à segunda guerra mundial foram influenciadas pela chamada Guerra Fria e pela ameaça nuclear, fenômenos esses que exerceram uma influencia sobre o direito internacional, 1949 a 1989 (2011, p. 117).
Como visto acima, desde o fim da Guerra fria até os dias atuais, houve um
evidente aumento no número de organizações e tratados internacionais com finalidades
específicas, especialmente de ordem regional.
Kelsen (1998, p. 191) ao conceituar o termo “fonte de direito”, relata que ele se
criação consuetudinária e a estatutária do direito” que são as normas
gerais do direito, mais também as normas individuais, nos seguintes termos:
Fonte de Direito é uma expressão figurada e altamente ambígua. Ela não é usada apenas para designar os métodos de criação de Direito mencionados acima, o costume e a legislação (o último termo sendo compreendido no seu sentido mais
abrangendo também a criação de Direito por meio de atos judiciais e administrativos,e transações jurídicas), mas também, sobretudo, o fundamento final. (KELSEN, 1998, p. 191-192).
Ao saber a definição de fonte de direito, já é possível falar sobre as fontes do
Direito Internacional Público. O artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça,
descreve as principais e mais consagradas fontes do referido direito, como pode se
1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente conhecidas pelos Estados litigantes; b) o costume internacional, como prova de uma prática aceita como sendo o direito;c) os princípios gerais do direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrinajuristas mais qualificados das diferentes nações como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. (BRASIL, art. 38, Decreto-Lei 19.841
O artigo acima descrito não é um rol taxativo das únicas fontes do direito
nciona às principais delas. Resek diz que, “por razões diversas, ali não
merecem referência: os atos unilaterais e as decisões tomadas no âmbito das organizações
(2011, p. 33), também considerados, por ele e por boa parte da doutrina,
es do direito internacional público.
Amaral Junior sobre as fontes do direito internacional:
Convém frisar que o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça não estipula hierarquia entre os costumes, as convenções e os princípios gerais dodireito, que possuem idêntica relevância jurídica (2013, p. 47).
ntre as referidas fontes, não há hierarquia. Todas possuem
importância na aplicação do direito internacional.
As décadas posteriores à segunda guerra mundial foram influenciadas pela chamada esses que exerceram uma influencia
Como visto acima, desde o fim da Guerra fria até os dias atuais, houve um
evidente aumento no número de organizações e tratados internacionais com finalidades
, relata que ele se
que são as normas
Fonte de Direito é uma expressão figurada e altamente ambígua. Ela não é usada apenas para designar os métodos de criação de Direito mencionados acima, o
e a legislação (o último termo sendo compreendido no seu sentido mais abrangendo também a criação de Direito por meio de atos judiciais e
administrativos,e transações jurídicas), mas também, sobretudo, o fundamento final.
Ao saber a definição de fonte de direito, já é possível falar sobre as fontes do
O artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça,
descreve as principais e mais consagradas fontes do referido direito, como pode se ver abaixo:
1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as
a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras
b) o costume internacional, como prova de uma prática aceita como sendo o direito; c) os princípios gerais do direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações como meio auxiliar para a
Lei 19.841/1945)
O artigo acima descrito não é um rol taxativo das únicas fontes do direito
“por razões diversas, ali não
merecem referência: os atos unilaterais e as decisões tomadas no âmbito das organizações
também considerados, por ele e por boa parte da doutrina,
to da Corte Internacional de Justiça não estipula hierarquia entre os costumes, as convenções e os princípios gerais do
.
possuem notável
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
2.2.1 Tratados Internacionais
Os tratados internacionais
internacional para regulamentar determinado assunto,
do acordo, em consonância com o Direito Internacional. Resek
Tratado é todo acordo formal coninternacional público e destinado a produção de efeitos jurídicos. [...] a matéria versada num tratado pode ela própria interessar de modo mais ou menos extenso ao direito constitutivos de odiplomático, sobre o mar, sobre a sobre a solução pacífica de litígios entre Estados(2011, p. 38)
Referidos tratados podem dispor sobre variados
dos sujeitos de direito internacional.
2.2.2 Costumes
Os costumes são atos ou
escritas de direito internacional, de caráter obrigatório.
A norma jurídica costumeira, nos teprática geral aceita como sendo o direito”. Essa expressão dá notícia do material
modo de procederqual seja a convicção de que assim se procede não sem motivo, mas por ser necessário, justo, e consequentemente jurídico. (RESEK, 2011, p. 148).
Não se trata simplesmente da prática reiterada de um ato. O costume
do direito internacional, press
entendimento de que se tornou “necessário” e “justo”, como acima descrito.
2.2.3 Princípios gerais de direito
Princípios gerais de direito tratam
como indispensáveis para prevalência da ordem jurídica.
De qualquer forma, ainda prevalece a posição de que os princípios gerais de direito são aqueles aceitos por todos os ordenamentos jurídicos, a exemplo dos pda boa-fé, da proteção da confiança, do respeito à coisa julgada, do direito adquirido, da responsabilidade do Estado por ações ou omissões que infrinjam os direitos fundamentais, além do
A aplicação desses princípios é residual, ou seja, apenas preenche as lacunas
deixadas pelas outras fontes do direito internacional, não sendo diretamente aplicados caso
haja norma específica. Atualmente, eles se aproximam muito do principio da equidade.
2.2.4 Atos unilaterais Volume 10 – nº 2 - 2016
Os tratados internacionais são os acordos firmados entre os sujeitos do direito
para regulamentar determinado assunto, gerando efeitos jurídicos para as partes
em consonância com o Direito Internacional. Resek assim o define
Tratado é todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacional público e destinado a produção de efeitos jurídicos. [...] a matéria versada num tratado pode ela própria interessar de modo mais ou menos extenso ao direito das gentes: em razão da matéria, pontificam em importância
tutivos de organizações internacionais, os que dispõemdiplomático, sobre o mar, sobre a sobre a solução pacífica de litígios entre Estados(2011, p. 38).
Referidos tratados podem dispor sobre variados assuntos que sejam de interesse
dos sujeitos de direito internacional.
Os costumes são atos ou procedimentos habituais que se tornaram normas não
escritas de direito internacional, de caráter obrigatório.
A norma jurídica costumeira, nos termos do Estatuto da Corte, resulta de “uma prática geral aceita como sendo o direito”. Essa expressão dá notícia do material do costume, qual seja a prática – a repetição, ao longo do tempo, de certo modo de procederante determinado quadro de fato –, e de seu qual seja a convicção de que assim se procede não sem motivo, mas por ser necessário, justo, e consequentemente jurídico. (RESEK, 2011, p. 148).
Não se trata simplesmente da prática reiterada de um ato. O costume
pressupõe que tal ato gere a expectativa de repetição, pelo
entendimento de que se tornou “necessário” e “justo”, como acima descrito.
direito
Princípios gerais de direito tratam-se dos princípios aceitos pelas nações, tratados
como indispensáveis para prevalência da ordem jurídica.
De qualquer forma, ainda prevalece a posição de que os princípios gerais de direito são aqueles aceitos por todos os ordenamentos jurídicos, a exemplo dos p
fé, da proteção da confiança, do respeito à coisa julgada, do direito adquirido, da responsabilidade do Estado por ações ou omissões que infrinjam os direitos fundamentais, além do pacta sunt servanda. (MAZZUOLI, 2011, p. 127).
o desses princípios é residual, ou seja, apenas preenche as lacunas
deixadas pelas outras fontes do direito internacional, não sendo diretamente aplicados caso
haja norma específica. Atualmente, eles se aproximam muito do principio da equidade.
sujeitos do direito
gerando efeitos jurídicos para as partes
assim o define:
cluído entre pessoas jurídicas de direito internacional público e destinado a produção de efeitos jurídicos. [...] a matéria versada num tratado pode ela própria interessar de modo mais ou menos extenso ao
em importância os tratados m sobre o serviço
diplomático, sobre o mar, sobre a sobre a solução pacífica de litígios entre Estados
assuntos que sejam de interesse
habituais que se tornaram normas não
rmos do Estatuto da Corte, resulta de “uma prática geral aceita como sendo o direito”. Essa expressão dá notícia do elemento
a repetição, ao longo do tempo, de certo , e de seu elemento subjetivo,
qual seja a convicção de que assim se procede não sem motivo, mas por ser necessário, justo, e consequentemente jurídico. (RESEK, 2011, p. 148).
Não se trata simplesmente da prática reiterada de um ato. O costume, como fonte
tal ato gere a expectativa de repetição, pelo
princípios aceitos pelas nações, tratados
De qualquer forma, ainda prevalece a posição de que os princípios gerais de direito são aqueles aceitos por todos os ordenamentos jurídicos, a exemplo dos princípios
fé, da proteção da confiança, do respeito à coisa julgada, do direito adquirido, da responsabilidade do Estado por ações ou omissões que infrinjam os direitos
(MAZZUOLI, 2011, p. 127).
o desses princípios é residual, ou seja, apenas preenche as lacunas
deixadas pelas outras fontes do direito internacional, não sendo diretamente aplicados caso
haja norma específica. Atualmente, eles se aproximam muito do principio da equidade.
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Primeiramente, esclarece que nem todas doutrinas
como fonte de direito internacional,
conforme a posição de Resek
Não há, efetivamente, em tais amínimo de abstração e generalidade. É óbvio, entretanto, que esses atos produzem consequências jurídicas produzem a ratificação de um tratado, a adesão o
Contudo, os alguns atos unilaterais de Estado geram efeitos jurídicos semelhantes
aos da incorporação ou da denúncia a um tratado, por isso são, por parte da doutrina,
considerados como fonte do direito internacional.
2.2.5 Decisões das Organizações Internacionais
São as decisões tomadas pelas Organizações Internacionais que tornam
decido obrigatório aos seus Estados membros, independentemente de ratificação interna dessa
decisão. Mazzuoli define as decisões das org
[...] atos emanados da organização na sua condição Internacional Público, ou seja, na sua qualidadegentes. Assim, da mesma forma que os atos unilaterais dos Estados, também é necessário que aqueles provindos de tais organizações sejam internacionaisp. 144)
2.2.6 Jurisprudência e doutrina
Resek ensina que a jurisprudência é
proferido, há séculos, no deslinde de controvérsias entre os Estados; e ainda o conjunto das
decisões judiciárias proferidas, com igual propósito, a partir
173).
A doutrina é o est
aplicado pela existência de tantas divergências nas diversas doutrinas que existem.
Apesar de não serem as fontes mais utilizadas,
a interpretação das normas. Res
formas de expressão do direito, mas instrumentos úteis ao seu c
aplicação” (2011, p. 171).
2.2.7 Analogia e equidade
Analogia trata-se de
em questão, quando não houver nenhuma norma aplicável ao caso concreto. Resek entende
que “O uso da analogia consiste em fazer valer, para determinada situação de fato, a norma
Volume 10 – nº 2 - 2016
Primeiramente, esclarece que nem todas doutrinas consideram os atos unilaterais
como fonte de direito internacional, justificando que se trata de ato e não de uma norma,
a posição de Resek sobre o tema:
Não há, efetivamente, em tais atos qualquer aspecto normativo, marcado por um mínimo de abstração e generalidade. É óbvio, entretanto, que esses atos produzem consequências jurídicas – criando, eventualmente, obrigações produzem a ratificação de um tratado, a adesão ou a denúncia (2011, p. 165)
Contudo, os alguns atos unilaterais de Estado geram efeitos jurídicos semelhantes
aos da incorporação ou da denúncia a um tratado, por isso são, por parte da doutrina,
considerados como fonte do direito internacional.
Decisões das Organizações Internacionais
São as decisões tomadas pelas Organizações Internacionais que tornam
aos seus Estados membros, independentemente de ratificação interna dessa
Mazzuoli define as decisões das organizações internacionais como:
atos emanados da organização na sua condição de sujeito do Direito Internacional Público, ou seja, na sua qualidade de pessoa jurídicagentes. Assim, da mesma forma que os atos unilaterais dos Estados, também é necessário que aqueles provindos de tais organizações sejam internacionaisp. 144).
Jurisprudência e doutrina
Resek ensina que a jurisprudência é “o conjunto de decisões arbitrais que se tem
no deslinde de controvérsias entre os Estados; e ainda o conjunto das
decisões judiciárias proferidas, com igual propósito, a partir do início do século XX
A doutrina é o estudo científico do direito internacional público, raramente
aplicado pela existência de tantas divergências nas diversas doutrinas que existem.
Apesar de não serem as fontes mais utilizadas, jurisprudência e doutrina
a interpretação das normas. Resek entende que “Jurisprudência e doutrina, entretanto, não são
formas de expressão do direito, mas instrumentos úteis ao seu correto entendimento e
se de utilizar uma norma aplicável a um caso semelhante ao caso
em questão, quando não houver nenhuma norma aplicável ao caso concreto. Resek entende
consiste em fazer valer, para determinada situação de fato, a norma
m os atos unilaterais
trata de ato e não de uma norma,
tos qualquer aspecto normativo, marcado por um mínimo de abstração e generalidade. É óbvio, entretanto, que esses atos produzem
criando, eventualmente, obrigações –, tanto quanto as (2011, p. 165).
Contudo, os alguns atos unilaterais de Estado geram efeitos jurídicos semelhantes
aos da incorporação ou da denúncia a um tratado, por isso são, por parte da doutrina,
São as decisões tomadas pelas Organizações Internacionais que tornam o que foi
aos seus Estados membros, independentemente de ratificação interna dessa
e sujeito do Direito de pessoa jurídica de direito das
gentes. Assim, da mesma forma que os atos unilaterais dos Estados, também é necessário que aqueles provindos de tais organizações sejam internacionais (2011,
conjunto de decisões arbitrais que se tem
no deslinde de controvérsias entre os Estados; e ainda o conjunto das
do início do século XX” (2011, p.
udo científico do direito internacional público, raramente
aplicado pela existência de tantas divergências nas diversas doutrinas que existem.
doutrina auxiliam
Jurisprudência e doutrina, entretanto, não são
orreto entendimento e
caso semelhante ao caso
em questão, quando não houver nenhuma norma aplicável ao caso concreto. Resek entende
consiste em fazer valer, para determinada situação de fato, a norma
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
jurídica concebida para aplicar
ao exato contorno no caso posto ante ao intérprete
A equidade pode ser entendida como senso de justiça. Há quem defenda que ela
não é aplicável apenas quando houver lacunas jurídicas, mas também
norma que, se for aplicada, vai ocasionar uma situação injusta. Nesse sentido, Resek:
Parece generalizada a convicção de que a equidade pode operar tanto na hipótese de insuficiência da norma de direito positivo aplicável quanto naquela em embora bastante, traz ao caso concreto uma solução inaceitável pelo senso de justiça do intérprete
Tanto equidade quanto analogia
ausência de norma específica a ser aplicada ao
2.3 Sujeitos do direito internacional público
Atualmente, são considerados sujeitos de Direito Internacional Público os
Estados, as Organizações Internacionais e os Indivíduos. Entretanto, nem sempre estes foram
assim considerados, como pode se observar da afirmação de
Na formação da sociedade internacional o primeiro elemento (e mais importante) que nasce é o Estado, cujo poder absoluto se desenvolveu e se sedimentou até o início do século XX. Até esse momento histórico os Estadode Direito Internacional existentesseres (individuais ou coletivos) com pretensa capacidade de participação na cena internacional
Os sujeitos de Direito Internacional
Organizações Internacionais) e físicas (Indivíduos, com atuação mais limitada), que agem no
cenário internacional, com personalidade própria, conforme indica Mazzuoli
[...] todos aqueles entesdireito das gentes (ou, pelo menos, contidas no âmbito de certos direitos ou obrigações internacionais) e que têm a possibilidade de atuar (direita ou indiretamente) no plano internacional
Os sujeitos de direito internacional público estão individualmente explicados a
seguir:
2.3.1Estado
Como já visto, o Estado é o principal sujeito de Direito Internacional Público, e a
razão deste ramo do direito existir.
política da Nação, e que lhe dá validade e legitimação para atuar, no plano externo, como
sujeito do Direito Internacional Público”
Volume 10 – nº 2 - 2016
jurídica concebida para aplicar-se a uma situação semelhante, na falta de regra que se ajuste
o caso posto ante ao intérprete” (2011, p. 175).
A equidade pode ser entendida como senso de justiça. Há quem defenda que ela
não é aplicável apenas quando houver lacunas jurídicas, mas também quan
norma que, se for aplicada, vai ocasionar uma situação injusta. Nesse sentido, Resek:
Parece generalizada a convicção de que a equidade pode operar tanto na hipótese de insuficiência da norma de direito positivo aplicável quanto naquela em embora bastante, traz ao caso concreto uma solução inaceitável pelo senso de justiça do intérprete (2011, p. 176).
Tanto equidade quanto analogiasão instrumentos jurídicos utiliza
ausência de norma específica a ser aplicada ao caso concreto.
ujeitos do direito internacional público
Atualmente, são considerados sujeitos de Direito Internacional Público os
Estados, as Organizações Internacionais e os Indivíduos. Entretanto, nem sempre estes foram
de se observar da afirmação de Mazzuoli:
Na formação da sociedade internacional o primeiro elemento (e mais importante) que nasce é o Estado, cujo poder absoluto se desenvolveu e se sedimentou até o início do século XX. Até esse momento histórico os Estados eram os únicos sujeitos de Direito Internacional existentes, excluindo a participação de quaisquer outros seres (individuais ou coletivos) com pretensa capacidade de participação na cena internacional (2011, p. 403).
Os sujeitos de Direito Internacional Público são as pessoas jurídicas (Estados e
Organizações Internacionais) e físicas (Indivíduos, com atuação mais limitada), que agem no
cenário internacional, com personalidade própria, conforme indica Mazzuoli:
[...] todos aqueles entes ou entidades cujas condutas estão diretamente previstas pelo direito das gentes (ou, pelo menos, contidas no âmbito de certos direitos ou obrigações internacionais) e que têm a possibilidade de atuar (direita ou indiretamente) no plano internacional (2011, p. 401).
eitos de direito internacional público estão individualmente explicados a
Como já visto, o Estado é o principal sujeito de Direito Internacional Público, e a
razão deste ramo do direito existir. Mazzuoli define o Estado como “a organização jurídico
política da Nação, e que lhe dá validade e legitimação para atuar, no plano externo, como
sujeito do Direito Internacional Público” (2011, p. 404).
lhante, na falta de regra que se ajuste
A equidade pode ser entendida como senso de justiça. Há quem defenda que ela
quando houver uma
norma que, se for aplicada, vai ocasionar uma situação injusta. Nesse sentido, Resek:
Parece generalizada a convicção de que a equidade pode operar tanto na hipótese de insuficiência da norma de direito positivo aplicável quanto naquela em que a norma, embora bastante, traz ao caso concreto uma solução inaceitável pelo senso de justiça
tilizados para suprir
Atualmente, são considerados sujeitos de Direito Internacional Público os
Estados, as Organizações Internacionais e os Indivíduos. Entretanto, nem sempre estes foram
Na formação da sociedade internacional o primeiro elemento (e mais importante) que nasce é o Estado, cujo poder absoluto se desenvolveu e se sedimentou até o
s eram os únicos sujeitos , excluindo a participação de quaisquer outros
seres (individuais ou coletivos) com pretensa capacidade de participação na cena
jurídicas (Estados e
Organizações Internacionais) e físicas (Indivíduos, com atuação mais limitada), que agem no
s condutas estão diretamente previstas pelo direito das gentes (ou, pelo menos, contidas no âmbito de certos direitos ou obrigações internacionais) e que têm a possibilidade de atuar (direita ou
eitos de direito internacional público estão individualmente explicados a
Como já visto, o Estado é o principal sujeito de Direito Internacional Público, e a
organização jurídico-
política da Nação, e que lhe dá validade e legitimação para atuar, no plano externo, como
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
O Estado moderno está constituído por 4 elementos principais: poder (soberania
interna e externa), povo (vinculo jurídico
elemento social do Estado, que serve para a realização dos objetivos de seu povo) e o
território (o elemento material do Estado).
Dentre os referidos elementos constitutivos
opinião de Amaral Junior sobre a soberania:
O direitaspecto: interno e externo. A percepção de que a vida internacional exige a formulação de regras cujo conteúdo passa a ser definido pelo direito internacional. Internamente ela se manifesta no poder de declarar, em ultima instancia a validade do direito em determinado território. Tratade governo e
A pessoa jurídica
caso, a atuação desses Indivíduos não se dá pela própria condição de sujeito do Direito
Internacional Público, mas sim pela condição de órgão do Estado.
Kelsen sobre o tema:
O Estado, como pessoa atuanteconsiderados como seus órgãos. Dizer que uma pessoa atua como um órgão do estado significa que a sua ação é imputada à unidade personificada da ordem jurídica nacional. Desse modo, quando o Direito internacionão significa que não obriga e autoriza os indivíduos humanos; significa que o Direito internacional obriga e autoriza os indivíduos humanos que são órgãos do Estado (1998, p. 487)
Em contraposição aos direitos que os
possuem obrigações em suas relações externas
hierarquia. O descumprimento de alguma norma internacional deve gerar o mesmo efeito para
todos os Estados que à ela se su
Não importa ao Direito Internacional o tamanho territomenor número de sua população, bem como sua capacidade econômica. Seja uma grande potência ou um pequeno país, ambos são identicamenteInternacional, estando (juridicamente) em pé de igualdade nas suas relações recíprocas
A posição do Estado enquanto sujeito de direito das gentes é considerada como
personalidade jurídica originária
apenas precedência histórica: ele é antes de tudo uma realidade física, um espaço territorial
sobre o qual vive uma comunidade de seres humanos”
2.3.2 Organizações Internacionais
Volume 10 – nº 2 - 2016
O Estado moderno está constituído por 4 elementos principais: poder (soberania
e externa), povo (vinculo jurídico-político com o elemento humano), finalidade (o
elemento social do Estado, que serve para a realização dos objetivos de seu povo) e o
território (o elemento material do Estado).
Dentre os referidos elementos constitutivos do Estado, é relevante
opinião de Amaral Junior sobre a soberania:
O direito à independência é uma projeção da soberania estatal vista em seu duplo aspecto: interno e externo. A percepção de que a vida internacional exige a formulação de regras que limitem o poder dos Estados torna relativa a soberania, cujo conteúdo passa a ser definido pelo direito internacional. Internamente ela se manifesta no poder de declarar, em ultima instancia a validade do direito em determinado território. Trata-se da faculdade inerente ao Estado de escolher a forma de governo e a organização política que julgar mais conveniente
“Estado” age por meio de Indivíduos, que o representam. Nesse
caso, a atuação desses Indivíduos não se dá pela própria condição de sujeito do Direito
Internacional Público, mas sim pela condição de órgão do Estado. Destaca-se
O Estado, como pessoa atuante, manifesta-se apenas em ações de seres humanos considerados como seus órgãos. Dizer que uma pessoa atua como um órgão do estado significa que a sua ação é imputada à unidade personificada da ordem jurídica nacional. Desse modo, quando o Direito internacional obriga e autoriza Estados, isso não significa que não obriga e autoriza os indivíduos humanos; significa que o Direito internacional obriga e autoriza os indivíduos humanos que são órgãos do
(1998, p. 487).
Em contraposição aos direitos que os Estados têm no Direito Internacional, eles
obrigações em suas relações externas. Saliente-se que entre os Estados, não existe
hierarquia. O descumprimento de alguma norma internacional deve gerar o mesmo efeito para
todos os Estados que à ela se submetem, consoante à posição de Mazzuoli:
Não importa ao Direito Internacional o tamanho territorial do Estado, o maior ou número de sua população, bem como sua capacidade econômica. Seja uma
grande potência ou um pequeno país, ambos são identicamenteInternacional, estando (juridicamente) em pé de igualdade nas suas relações recíprocas (2011, p. 404).
A posição do Estado enquanto sujeito de direito das gentes é considerada como
rsonalidade jurídica originária por Resek, que explica: “O Estado, com efeito, não tem
apenas precedência histórica: ele é antes de tudo uma realidade física, um espaço territorial
sobre o qual vive uma comunidade de seres humanos” (2011, p. 181).
Organizações Internacionais
O Estado moderno está constituído por 4 elementos principais: poder (soberania
político com o elemento humano), finalidade (o
elemento social do Estado, que serve para a realização dos objetivos de seu povo) e o
do Estado, é relevante destacar a
o à independência é uma projeção da soberania estatal vista em seu duplo aspecto: interno e externo. A percepção de que a vida internacional exige a
que limitem o poder dos Estados torna relativa a soberania, cujo conteúdo passa a ser definido pelo direito internacional. Internamente ela se manifesta no poder de declarar, em ultima instancia a validade do direito em
faculdade inerente ao Estado de escolher a forma (2013, p. 173).
que o representam. Nesse
caso, a atuação desses Indivíduos não se dá pela própria condição de sujeito do Direito
se a explicação de
se apenas em ações de seres humanos considerados como seus órgãos. Dizer que uma pessoa atua como um órgão do estado significa que a sua ação é imputada à unidade personificada da ordem jurídica
nal obriga e autoriza Estados, isso não significa que não obriga e autoriza os indivíduos humanos; significa que o Direito internacional obriga e autoriza os indivíduos humanos que são órgãos do
Estados têm no Direito Internacional, eles
entre os Estados, não existe
hierarquia. O descumprimento de alguma norma internacional deve gerar o mesmo efeito para
rial do Estado, o maior ou número de sua população, bem como sua capacidade econômica. Seja uma
grande potência ou um pequeno país, ambos são identicamente sujeitos do Direito Internacional, estando (juridicamente) em pé de igualdade nas suas relações
A posição do Estado enquanto sujeito de direito das gentes é considerada como
O Estado, com efeito, não tem
apenas precedência histórica: ele é antes de tudo uma realidade física, um espaço territorial
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
As organizações internacionais
jurídica distinta dos países que a compõem. Os Estados
conquistar os objetivos. Nesse mesmo
As coletividades interestatais são entidadefins e conhecidos pelo nome de criadas por acordos constitutivosda de seus membros. São elas produto da associaçem tratado internacional, para gerir as finalidades às quais foram criadas404).
Diferentemente dos Estados, as Organizações Internacionais não necessitam de
uma base territorial para existir. Uma Organização I
Estados de a constituírem, e o fazem por meio de tradados constitutivos. Resek entende que:
A organização internacional, do seu lado, é apenas uma realidade jurídica: sua existência não encontra apoio senão no tratado não consiste, assim, em disciplinarvida, sem nenhum elemento material preexiste ao ato jurídico criador182).
Com personalidade jurídica e estrutura distinta da de
organizações não repercutem necessariamente a vontade dos Estados que a constituíram, mas
representam uma vontade coletiva
Segue abaixo a explicação de Amaral Junior:
Exibem órgãos decisórios próprios, que funcionam conforme os ritos constantes do ato institutivo. As deliberações resultantes identificam a vontade coletiva da organização que não se confunde, nesse sentido, membros. As decisõeinfluencia de múltiplos fatores, entre os quais o número e os interesses específicos dos membros, além da legitimidade do processo administrativo
Houve um considerável aumento no núm
a Segunda Guerra Mundial. A maioria dessas organizações
tratados com Estados, ou mesmo com outras Organizações Internacionais, conforme ensina
Mazzuoli:
[...] as demais Organizações Inpara celebrar tratados de caráter obrigatório, regidos pelo Direito Internacios Estados e com outro
Érelevante destacar a ONU (Organização da Nações Un
mais importante e representativa Organização Internacional. Seus principais objetivos são
manter a paz e promover os direitos humanos.
2.3.3 Indivíduo
Volume 10 – nº 2 - 2016
internacionais são coletividade interestatais, com personalidade
jurídica distinta dos países que a compõem. Os Estados se associam e organizam meios para
conquistar os objetivos. Nesse mesmo sentido, Mazzuoli:
As coletividades interestatais são entidades formadas por Estados para determinados fins e conhecidos pelo nome de Organizações Internacionais. Tratacriadas por acordos constitutivos entre Estados, com personalidade jurídica distinta da de seus membros. São elas produto da associação de vários Estados, estabelecida em tratado internacional, para gerir as finalidades às quais foram criadas
Diferentemente dos Estados, as Organizações Internacionais não necessitam de
uma base territorial para existir. Uma Organização Internacional surge pelo interesse dos
Estados de a constituírem, e o fazem por meio de tradados constitutivos. Resek entende que:
A organização internacional, do seu lado, é apenas uma realidade jurídica: sua existência não encontra apoio senão no tratado constitutivo, cuja principal virtude não consiste, assim, em disciplinar-lhe o funcionamento, mas em havervida, sem nenhum elemento material preexiste ao ato jurídico criador
Com personalidade jurídica e estrutura distinta da de seus membros, essas
organizações não repercutem necessariamente a vontade dos Estados que a constituíram, mas
representam uma vontade coletiva e suas decisões são tomadas de acordo com suas normas.
Segue abaixo a explicação de Amaral Junior:
Exibem órgãos decisórios próprios, que funcionam conforme os ritos constantes do ato institutivo. As deliberações resultantes identificam a vontade coletiva da organização que não se confunde, nesse sentido, com a vontade individual dos membros. As decisões são tomadas de acordo com procedimentos que refletem a influencia de múltiplos fatores, entre os quais o número e os interesses específicos dos membros, além da legitimidade do processo administrativo (2013, p. 178)
Houve um considerável aumento no número de Organizações Internacionais após
a Segunda Guerra Mundial. A maioria dessas organizações possui capacidade para celebrar
tratados com Estados, ou mesmo com outras Organizações Internacionais, conforme ensina
[...] as demais Organizações Internacionais também podem ter capacidade jurídica para celebrar tratados de caráter obrigatório, regidos pelo Direito Internacios Estados e com outros organismos internacionais (2011, p. 405)
destacar a ONU (Organização da Nações Unidas) dentre todas, pois é a
mais importante e representativa Organização Internacional. Seus principais objetivos são
manter a paz e promover os direitos humanos.
coletividade interestatais, com personalidade
se associam e organizam meios para
s formadas por Estados para determinados Trata-se de entidades
entre Estados, com personalidade jurídica distinta ão de vários Estados, estabelecida
em tratado internacional, para gerir as finalidades às quais foram criadas (2011, p.
Diferentemente dos Estados, as Organizações Internacionais não necessitam de
nternacional surge pelo interesse dos
Estados de a constituírem, e o fazem por meio de tradados constitutivos. Resek entende que:
A organização internacional, do seu lado, é apenas uma realidade jurídica: sua constitutivo, cuja principal virtude
lhe o funcionamento, mas em haver-lhe dado vida, sem nenhum elemento material preexiste ao ato jurídico criador (2011, p.
seus membros, essas
organizações não repercutem necessariamente a vontade dos Estados que a constituíram, mas
e suas decisões são tomadas de acordo com suas normas.
Exibem órgãos decisórios próprios, que funcionam conforme os ritos constantes do ato institutivo. As deliberações resultantes identificam a vontade coletiva da
com a vontade individual dos s são tomadas de acordo com procedimentos que refletem a
influencia de múltiplos fatores, entre os quais o número e os interesses específicos (2013, p. 178).
ero de Organizações Internacionais após
capacidade para celebrar
tratados com Estados, ou mesmo com outras Organizações Internacionais, conforme ensina
ternacionais também podem ter capacidade jurídica para celebrar tratados de caráter obrigatório, regidos pelo Direito Internacional, com
(2011, p. 405).
dentre todas, pois é a
mais importante e representativa Organização Internacional. Seus principais objetivos são
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Há uma antiga discussão sobre
sujeito de direito internacional, entretanto, a
atualmente. Segue a opinião de Kelsen sobre a antiga divergência doutrinária sobre o tema:
É errônea a opinião tradicional de que os apenas Estados, não indivíduos, de que o Direito internacional, pela sua própria natureza, é incapaz de obrigar e autorizar indivíduos
Um grande doutrinador defensor da corrente minoritária, que não co
indivíduo como sujeito de direito internacional é Resek, que assim explica sua posição:
Não tem personalidade jurídica de direito internacional os empresas,
hoje insistente, de essa espécie de personalidahumana bem é a finalidade primária do direito. Mas se daí partirmos para formular a teque a pessoa humana, além de personalidade jurídica que lhe reconhecem o direito nacional de seu Estado patrial e dos demais Estados, tem ainda dizem alguns nosso discurso humanista o incômodo de dever reconhecer que a empresa e a sociedade mercantil, a coisa juridicamente inventada com o ânimo de lucro à luz do direito privado de um país qualquer, também é tempo –
O indivíduo ganha personalidade jurídica internacional, no século XX. Após a
Segunda Guerra Mundial, com a ampliação das Organizações e Tratados Internacionais, o
indivíduo possui direitos e passa
internacional, independentemente de existi
Mazzuoli:
Não vemos como possa ser negada a personalidade jurídica internacional dos indivíduoseclosão da Segunda Guerra, quando as pessoas passaram a ter direitos próprios, estranhos às normas endereçadas aos Estados, tendo sido dotadasinstrumentos processuais para viinternaciointernacionais de proteção destão a permitir expressamente, além do ingresso direiinternacionais, que também sejam demandados perante cortes internacionais de direitos humanos, como é o caso do Tribunal Penal Internacional
Como acima explicado, o indivíduo passa a ter além de direitos, de
ser demandado à justiça internacional, caso haja em desacordo com as normas internacionais.
O maior exemplo de corte internacional que julga indivíduos é o Tribuna
que será estudado oportunamente.
3 A INTERNACIONALIZA
3.1 Direitos Humanos – conceito
Volume 10 – nº 2 - 2016
uma antiga discussão sobre a questão de considerar ou não o indivíduo como
sujeito de direito internacional, entretanto, a doutrina majoritária assim o considera
. Segue a opinião de Kelsen sobre a antiga divergência doutrinária sobre o tema:
É errônea a opinião tradicional de que os sujeitos do Direito internacional são apenas Estados, não indivíduos, de que o Direito internacional, pela sua própria natureza, é incapaz de obrigar e autorizar indivíduos (1998, p. 260)
Um grande doutrinador defensor da corrente minoritária, que não co
indivíduo como sujeito de direito internacional é Resek, que assim explica sua posição:
Não tem personalidade jurídica de direito internacional os indivíduos,
empresas, privadas ou públicas. Há uma inspiração generosa e progressistahoje insistente, de essa espécie de personalidade se encontra também na pessoa humana – de cuja criação, em fim de contas, resulta de toda ciência do direito, e cujo bem é a finalidade primária do direito. Mas se daí partirmos para formular a teque a pessoa humana, além de personalidade jurídica que lhe reconhecem o direito nacional de seu Estado patrial e dos demais Estados, tem ainda dizem alguns – personalidade jurídica de direito internacional, enfrentaremos em
discurso humanista o incômodo de dever reconhecer que a empresa e a sociedade mercantil, a coisa juridicamente inventada com o ânimo de lucro à luz do direito privado de um país qualquer, também é – e em maior medida, e há mais
– uma personalidade jurídica de direito das gentes (2011, p.182)
O indivíduo ganha personalidade jurídica internacional, no século XX. Após a
Segunda Guerra Mundial, com a ampliação das Organizações e Tratados Internacionais, o
possui direitos e passa a ter capacidade de exigir exigi-los que existem no plano
internacional, independentemente de existi-los no âmbito interno. Essa é a posição de
Não vemos como possa ser negada a personalidade jurídica internacional dos indivíduos atualmente, principalmente levando-se em conta o ocorrido após a eclosão da Segunda Guerra, quando as pessoas passaram a ter direitos próprios, estranhos às normas endereçadas aos Estados, tendo sido dotadasinstrumentos processuais para vindicar e fazer valer seus direitos no plano internacional. Tal se deu, principalmente, pela multiplicação dos tratainternacionais de proteção dos direitos humanos concluídos nos últimos tempos, que estão a permitir expressamente, além do ingresso direito dos indivíduos às instancias internacionais, que também sejam demandados perante cortes internacionais de direitos humanos, como é o caso do Tribunal Penal Internacional
Como acima explicado, o indivíduo passa a ter além de direitos, de
ser demandado à justiça internacional, caso haja em desacordo com as normas internacionais.
O maior exemplo de corte internacional que julga indivíduos é o Tribunal Penal Internacional,
oportunamente.
3 A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
conceito
considerar ou não o indivíduo como
assim o considera
. Segue a opinião de Kelsen sobre a antiga divergência doutrinária sobre o tema:
sujeitos do Direito internacional são apenas Estados, não indivíduos, de que o Direito internacional, pela sua própria
(1998, p. 260).
Um grande doutrinador defensor da corrente minoritária, que não considera o
indivíduo como sujeito de direito internacional é Resek, que assim explica sua posição:
indivíduos, e tampouco as . Há uma inspiração generosa e progressista na ideia,
de se encontra também na pessoa de cuja criação, em fim de contas, resulta de toda ciência do direito, e cujo
bem é a finalidade primária do direito. Mas se daí partirmos para formular a tese de que a pessoa humana, além de personalidade jurídica que lhe reconhecem o direito nacional de seu Estado patrial e dos demais Estados, tem ainda – em certa medida,
personalidade jurídica de direito internacional, enfrentaremos em discurso humanista o incômodo de dever reconhecer que a empresa e a
sociedade mercantil, a coisa juridicamente inventada com o ânimo de lucro à luz do e em maior medida, e há mais
(2011, p.182).
O indivíduo ganha personalidade jurídica internacional, no século XX. Após a
Segunda Guerra Mundial, com a ampliação das Organizações e Tratados Internacionais, o
que existem no plano
los no âmbito interno. Essa é a posição de
Não vemos como possa ser negada a personalidade jurídica internacional dos se em conta o ocorrido após a
eclosão da Segunda Guerra, quando as pessoas passaram a ter direitos próprios, estranhos às normas endereçadas aos Estados, tendo sido dotadas, inclusive, de
ndicar e fazer valer seus direitos no plano nal. Tal se deu, principalmente, pela multiplicação dos tratados
os direitos humanos concluídos nos últimos tempos, que to dos indivíduos às instancias
internacionais, que também sejam demandados perante cortes internacionais de direitos humanos, como é o caso do Tribunal Penal Internacional (2011, p. 420).
Como acima explicado, o indivíduo passa a ter além de direitos, deveres, e pode
ser demandado à justiça internacional, caso haja em desacordo com as normas internacionais.
l Penal Internacional,
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Podemos entender como direitos humanos como os direitos que cabem a todos os
seres humanos, sem distinção. Entretanto, essa definição não é unânime, pois, existem
inúmeras definições que variam de acor
Bobbio:
A primeira deriva da consideração de que “direitos do homem” é uma expressão muito vaga. Já tentamos alguma vez defini(...) E aqui nasce uma nova dificuldade: os termos avaliativos são interpretados de modo diverso conforme a ideologia assumida pelo intérprete; com efeito, é objeto de muitas polêmicas apaixonantes, mas insolúveis, saber o que se entende por aperfeiçoamento da p. 17).
Os direitos humanos são uma classe de direitos composta por muitas espécies de
direitos que, na maioria das vezes, não possuem semelhanças entre si.
classe dos direitos do homem é também heterogênea. Entre os direitos com
própria Declaração, há pretensões muito diversas entre si, e o que é pior, até mesmo,
incompatíveis” (2004, p. 19).
Isso justifica a dificuldade de definir os direitos humanos e del
conteúdo. Não há unanimidade e nem mesmo grandes semelhanças entre os direitos que
compõem os direitos do homem.
Veja-se alguns exemplos dados por Bobbio sobre o referido conceito:
A maioria das definições são tautológicas: “Direitos do homem sãcabem ao homem enquanto homem. Ou nos dizem algo apenas sobre o estatuto desejado ou proposto para esses direitos, e não sobre o seu conteúdo: “Direitos são do homem são aqueles que pertencem ou devem pertencer a todos os homensdos quaisalguma coisa ao conteúdo“Direitos do homem são aqueles cujo reconhecimento é condição necessária para o aperfeiçoamento da pessoa humetc.” (2004, p. 17).
Destaca-se a afirmação de
O que se conta, nestas páginas, é a parte mais bela e importante de toda a História: a revelação de que todos os seres humanos, apesar de inúmerculturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes no mundo capaz de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de que, em razão dessa radical igualdade, ninguém gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou nação demais
Dessa forma, conclui
garantidos por lei ou não, são direitos humanos.
3.2 Gerações/dimensões de Direitos Humanos
Volume 10 – nº 2 - 2016
Podemos entender como direitos humanos como os direitos que cabem a todos os
seres humanos, sem distinção. Entretanto, essa definição não é unânime, pois, existem
inúmeras definições que variam de acordo com ideologia de quem aselabora
A primeira deriva da consideração de que “direitos do homem” é uma expressão muito vaga. Já tentamos alguma vez defini-los? E, se tentamos, qual foi o resultado?
E aqui nasce uma nova dificuldade: os termos avaliativos são interpretados de modo diverso conforme a ideologia assumida pelo intérprete; com efeito, é objeto de muitas polêmicas apaixonantes, mas insolúveis, saber o que se entende por aperfeiçoamento da pessoa humana ou por desenvolvimento da civilização
.
Os direitos humanos são uma classe de direitos composta por muitas espécies de
direitos que, na maioria das vezes, não possuem semelhanças entre si. Bobbio entende
direitos do homem é também heterogênea. Entre os direitos com
própria Declaração, há pretensões muito diversas entre si, e o que é pior, até mesmo,
Isso justifica a dificuldade de definir os direitos humanos e del
conteúdo. Não há unanimidade e nem mesmo grandes semelhanças entre os direitos que
compõem os direitos do homem.
se alguns exemplos dados por Bobbio sobre o referido conceito:
A maioria das definições são tautológicas: “Direitos do homem sãcabem ao homem enquanto homem. Ou nos dizem algo apenas sobre o estatuto desejado ou proposto para esses direitos, e não sobre o seu conteúdo: “Direitos são do homem são aqueles que pertencem ou devem pertencer a todos os homensdos quais nenhum homem pode ser despojado.” Finalmente, quando se acrescenta alguma coisa ao conteúdo, não se pode deixar de introduzir termos avaliativos: “Direitos do homem são aqueles cujo reconhecimento é condição necessária para o aperfeiçoamento da pessoa humana, ou para o desenvolvimento da civilização, etc.,
(2004, p. 17)
se a afirmação de Comparato:
O que se conta, nestas páginas, é a parte mais bela e importante de toda a História: a revelação de que todos os seres humanos, apesar de inúmeras diferenças biológicas e culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes no mundo capaz de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de que, em razão dessa radical igualdade, ninguém –gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou nação – pode afirmar
(2010, p. 13).
, conclui-se que os direitos comuns a todos seres humanos, já
garantidos por lei ou não, são direitos humanos.
de Direitos Humanos
Podemos entender como direitos humanos como os direitos que cabem a todos os
seres humanos, sem distinção. Entretanto, essa definição não é unânime, pois, existem
eologia de quem aselabora, como explica
A primeira deriva da consideração de que “direitos do homem” é uma expressão los? E, se tentamos, qual foi o resultado?
E aqui nasce uma nova dificuldade: os termos avaliativos são interpretados de modo diverso conforme a ideologia assumida pelo intérprete; com efeito, é objeto de muitas polêmicas apaixonantes, mas insolúveis, saber o que se entende por
pessoa humana ou por desenvolvimento da civilização (2004,
Os direitos humanos são uma classe de direitos composta por muitas espécies de
Bobbio entende que “a
direitos do homem é também heterogênea. Entre os direitos compreendidos na
própria Declaração, há pretensões muito diversas entre si, e o que é pior, até mesmo,
Isso justifica a dificuldade de definir os direitos humanos e delimitar seu
conteúdo. Não há unanimidade e nem mesmo grandes semelhanças entre os direitos que
se alguns exemplos dados por Bobbio sobre o referido conceito:
A maioria das definições são tautológicas: “Direitos do homem são aqueles que cabem ao homem enquanto homem. Ou nos dizem algo apenas sobre o estatuto desejado ou proposto para esses direitos, e não sobre o seu conteúdo: “Direitos são do homem são aqueles que pertencem ou devem pertencer a todos os homens, ou
nenhum homem pode ser despojado.” Finalmente, quando se acrescenta , não se pode deixar de introduzir termos avaliativos:
“Direitos do homem são aqueles cujo reconhecimento é condição necessária para o ana, ou para o desenvolvimento da civilização, etc.,
O que se conta, nestas páginas, é a parte mais bela e importante de toda a História: a as diferenças biológicas e
culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes no mundo capaz de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento
– nenhum indivíduo, pode afirmar-se superior aos
se que os direitos comuns a todos seres humanos, já
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
O elenco dos direitos entendidos como humanos foi alterado ao longo do tempo.
A maioria dos autores dividem os
Revolução Francesa de 1789: Liberdade, Igualdade e Fraternid
Agora destaca-se a posição de Bobbio a respeito da mutabilidade do rol de
direitos humanos:
[...] O elenco dos direitos do homem se modificou, e continua a se modificar, com a mudança de condições históricas, ou seja, dos carecimentos e dos interessesclasses no poder, dos meios disponíveis para a realização dos mesmos, das transformações técnicas, etc. Direitos que foram declarados absolutos no final do século XVIII, como a propriedade limitações XVIII nem sequer mencionavam, como os direitos sociais, são agora proclamados com grande ostentação nas recentes declarações. Não é difícil prever que, no futuro, poderão emergir novas pretcomo o direito de não portar armas, contra sua própria vontade, ou o direito de respeitar a vida também dos animais e não só dos homens. O que prova que não existem direitos fundamentais por natureza. O quépoca histórica e numa civilização não é fundamental em outras épocas e em outras culturas. (BOBBIO, 2004, p. 18).
Apesar de Bobbio tê
gerações/ dimensões foi elaborada p
A terminologia “gerações de direitos humanos”, e sua correlata base conceitual e teórica, pode ser reputada, originariamente, ao jurista tcheco, radicado na França, KarelVasak, que, à época em que exerciaa direçDireitos Humanos, em Estrasburgo (1979), afirmou que o desenvolvimento dos direitos do homem no curso da história, e seu correlato processo de concretização, correspondia, em termos gerais, à clássi(FUHRMANN, 2013, p. 27)
Imperioso ressaltar que há uma discussão doutrinária a respeito da terminologia
“gerações”. Parte da doutrina entende que esse termo leva a imaginar que as gerações
posteriores substituem as anteriores, o que não ocorre.
Essa doutrina prefere utilizar o termo “dimensões” para designar os momentos
evolutivos dos direitos humanos, como demonstra Sarlet:
(...) Com efeito, não há como negar que o reconhecimento progressivo de novos direitos fundamentais tem o caráter de um complementaridade, e não de alternância, de tal sorte que o uso do termo “gerações”pode ensejar a falsa impressão da substituição gradativa de uma geração por outra, razão pela qual há quem prefira o termo “dimensões” dos direitos posição esta que aqui optamos por perfp. 45).
Neste ponto, ressalta que inúmeras doutrinas atuais entendem que existem de
direitos humanos de quarta dimensão, e que, algumas outras consideram ainda
direitos humanos de quinta ou sexta geração.
Volume 10 – nº 2 - 2016
O elenco dos direitos entendidos como humanos foi alterado ao longo do tempo.
maioria dos autores dividem os direitos humanos em 3 gerações, inspiradas no lema da
Revolução Francesa de 1789: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
se a posição de Bobbio a respeito da mutabilidade do rol de
[...] O elenco dos direitos do homem se modificou, e continua a se modificar, com a mudança de condições históricas, ou seja, dos carecimentos e dos interessesclasses no poder, dos meios disponíveis para a realização dos mesmos, das transformações técnicas, etc. Direitos que foram declarados absolutos no final do século XVIII, como a propriedade sacreetinviolable, foram submetidos a radicais limitações nas declarações contemporâneas; direitos que as declarações do século XVIII nem sequer mencionavam, como os direitos sociais, são agora proclamados com grande ostentação nas recentes declarações. Não é difícil prever que, no futuro, poderão emergir novas pretensões que no momento nem sequer podemos imaginar, como o direito de não portar armas, contra sua própria vontade, ou o direito de respeitar a vida também dos animais e não só dos homens. O que prova que não existem direitos fundamentais por natureza. O que parece fundamental em uma época histórica e numa civilização não é fundamental em outras épocas e em outras culturas. (BOBBIO, 2004, p. 18).
Bobbio tê-la difundido, a teoria que divide os direitos humanos em
orada por KarelVesak em 1979, como consta a seguir:
A terminologia “gerações de direitos humanos”, e sua correlata base conceitual e teórica, pode ser reputada, originariamente, ao jurista tcheco, radicado na França, KarelVasak, que, à época em que exerciaa direção do Instituto Internacional de Direitos Humanos, em Estrasburgo (1979), afirmou que o desenvolvimento dos direitos do homem no curso da história, e seu correlato processo de concretização, correspondia, em termos gerais, à clássica tríade da Revolução Fr(FUHRMANN, 2013, p. 27).
Imperioso ressaltar que há uma discussão doutrinária a respeito da terminologia
“gerações”. Parte da doutrina entende que esse termo leva a imaginar que as gerações
posteriores substituem as anteriores, o que não ocorre.
Essa doutrina prefere utilizar o termo “dimensões” para designar os momentos
evolutivos dos direitos humanos, como demonstra Sarlet:
Com efeito, não há como negar que o reconhecimento progressivo de novos direitos fundamentais tem o caráter de um processo cumulativo, de complementaridade, e não de alternância, de tal sorte que o uso do termo “gerações”pode ensejar a falsa impressão da substituição gradativa de uma geração por outra, razão pela qual há quem prefira o termo “dimensões” dos direitos posição esta que aqui optamos por perfilhar da mais moderna doutrina p. 45).
Neste ponto, ressalta que inúmeras doutrinas atuais entendem que existem de
direitos humanos de quarta dimensão, e que, algumas outras consideram ainda
direitos humanos de quinta ou sexta geração. Entretanto, seguimos a teoria original das
O elenco dos direitos entendidos como humanos foi alterado ao longo do tempo.
direitos humanos em 3 gerações, inspiradas no lema da
se a posição de Bobbio a respeito da mutabilidade do rol de
[...] O elenco dos direitos do homem se modificou, e continua a se modificar, com a mudança de condições históricas, ou seja, dos carecimentos e dos interesses, das classes no poder, dos meios disponíveis para a realização dos mesmos, das transformações técnicas, etc. Direitos que foram declarados absolutos no final do
foram submetidos a radicais declarações contemporâneas; direitos que as declarações do século
XVIII nem sequer mencionavam, como os direitos sociais, são agora proclamados com grande ostentação nas recentes declarações. Não é difícil prever que, no futuro,
ensões que no momento nem sequer podemos imaginar, como o direito de não portar armas, contra sua própria vontade, ou o direito de respeitar a vida também dos animais e não só dos homens. O que prova que não
e parece fundamental em uma época histórica e numa civilização não é fundamental em outras épocas e em outras
teoria que divide os direitos humanos em
or KarelVesak em 1979, como consta a seguir:
A terminologia “gerações de direitos humanos”, e sua correlata base conceitual e teórica, pode ser reputada, originariamente, ao jurista tcheco, radicado na França,
ão do Instituto Internacional de Direitos Humanos, em Estrasburgo (1979), afirmou que o desenvolvimento dos direitos do homem no curso da história, e seu correlato processo de concretização,
ca tríade da Revolução Francesa
Imperioso ressaltar que há uma discussão doutrinária a respeito da terminologia
“gerações”. Parte da doutrina entende que esse termo leva a imaginar que as gerações
Essa doutrina prefere utilizar o termo “dimensões” para designar os momentos
Com efeito, não há como negar que o reconhecimento progressivo de novos processo cumulativo, de
complementaridade, e não de alternância, de tal sorte que o uso do termo “gerações” pode ensejar a falsa impressão da substituição gradativa de uma geração por outra, razão pela qual há quem prefira o termo “dimensões” dos direitos fundamentais,
ilhar da mais moderna doutrina (...) (2011,
Neste ponto, ressalta que inúmeras doutrinas atuais entendem que existem de
direitos humanos de quarta dimensão, e que, algumas outras consideram ainda que existem
ntretanto, seguimos a teoria original das
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
gerações, de Karel Vasak, que, como visto, considera que existem 3 gerações de direitos
humanos, que representam a essência da proteção humana
3.3 O processo de internacionalização
A posição de Piovesan (2013
importante para entender o processo de internacionalização dos direitos humanos.
A despeito da opinião de diversos autores que
são direitos naturais, positivos ou se originam de um entendimento moral, Piovesan
que “os direitos humanos são fruto de um espaço simbólico de luta e ação social, na busca por
dignidade humana, o que compõe um cons
Pode-se entender que o processo de internacionalização dos direitos humanos se
iniciou a partir do conhecimento
compreensão da necessidade de respeitar os dir
preservar a classe operária. Com isso, “O direito humanitário, a Liga das Nações e a
Organização Internacional do Trabalho situam
internacionalização dos direitos human
Contudo, a grande expansão desse processo ocorreu apenas no final da Segunda
Guerra Mundial. As atrocidades do Holocausto tiveram um grande impacto no âmbito
internacional. Elas deixaram evidente que a Liga das Nações não tinh
prevenir o conflito internacional e que, com o crescente avanço da indústria bélica, os direitos
humanos precisariam cada vez mais de proteção a nível mundial.
Veja-se o que Mazzuoli diz a esse respeito:
O “direito a ter direitos”, preferencial primeiro de todo o processo internacionalizante. Como respostas às barbáries cometidas no Holocausto, começa, então, a aflorar todo um processo de internacionalização dos direitos humanos,proteção, mediante a qual se torna possível a responsabilização do Estado no plano externo, quando, internamente, os órgãos competentes não apresentarem respostas satisfatórias na proteção dos direitos humanos
Piovesan explica que
ruptura com os direitos humanos, destacando que “os seres humanos se tornam supé
descartáveis” (2013, p. 190) em meio à
que existe a necessidade de defender
não poderia ficar restrita apenas
A proteção dos direitos humanos deveria ser defendida por todos e, por isso,
houve uma real diminuição da soberania dos Estados, como diz Mazzuoli:
Volume 10 – nº 2 - 2016
Vasak, que, como visto, considera que existem 3 gerações de direitos
, que representam a essência da proteção humana.
internacionalização dos direitos humanos
A posição de Piovesan (2013) a respeito da natureza dos direitos humanos é
para entender o processo de internacionalização dos direitos humanos.
A despeito da opinião de diversos autores que entendem que os direitos humanos
são direitos naturais, positivos ou se originam de um entendimento moral, Piovesan
que “os direitos humanos são fruto de um espaço simbólico de luta e ação social, na busca por
dignidade humana, o que compõe um construído axiológico emancipatório” (2013, p
se entender que o processo de internacionalização dos direitos humanos se
a partir do conhecimento da Grande Guerra. Foi nesse período que surgiu a
compreensão da necessidade de respeitar os direitos humanitários, prevenir novas guerras e
preservar a classe operária. Com isso, “O direito humanitário, a Liga das Nações e a
Organização Internacional do Trabalho situam-se como os primeiros marcos do processo de
onalização dos direitos humanos” (PIOVESAN, 2013, p. 183).
Contudo, a grande expansão desse processo ocorreu apenas no final da Segunda
trocidades do Holocausto tiveram um grande impacto no âmbito
internacional. Elas deixaram evidente que a Liga das Nações não tinha sido eficiente para
prevenir o conflito internacional e que, com o crescente avanço da indústria bélica, os direitos
humanos precisariam cada vez mais de proteção a nível mundial.
se o que Mazzuoli diz a esse respeito:
O “direito a ter direitos”, para se falar como Hannah Arendt, passou, então, a ser o referencial primeiro de todo o processo internacionalizante. Como respostas às barbáries cometidas no Holocausto, começa, então, a aflorar todo um processo de internacionalização dos direitos humanos, criando uma sistemática internacional de proteção, mediante a qual se torna possível a responsabilização do Estado no plano externo, quando, internamente, os órgãos competentes não apresentarem respostas satisfatórias na proteção dos direitos humanos (2002, p. 44).
Piovesan explica que a Segunda Guerra mundial foi a responsável pela completa
ruptura com os direitos humanos, destacando que “os seres humanos se tornam supé
em meio à guerra. Nesse contexto, amplia-se o en
defender os direitos humanos e, já com a noção de que essa defesa
não poderia ficar restrita apenas ao âmbito nacional.
A proteção dos direitos humanos deveria ser defendida por todos e, por isso,
iminuição da soberania dos Estados, como diz Mazzuoli:
Vasak, que, como visto, considera que existem 3 gerações de direitos
a respeito da natureza dos direitos humanos é
para entender o processo de internacionalização dos direitos humanos.
entendem que os direitos humanos
são direitos naturais, positivos ou se originam de um entendimento moral, Piovesan entende
que “os direitos humanos são fruto de um espaço simbólico de luta e ação social, na busca por
(2013, p. 182).
se entender que o processo de internacionalização dos direitos humanos se
da Grande Guerra. Foi nesse período que surgiu a
eitos humanitários, prevenir novas guerras e
preservar a classe operária. Com isso, “O direito humanitário, a Liga das Nações e a
se como os primeiros marcos do processo de
Contudo, a grande expansão desse processo ocorreu apenas no final da Segunda
trocidades do Holocausto tiveram um grande impacto no âmbito
a sido eficiente para
prevenir o conflito internacional e que, com o crescente avanço da indústria bélica, os direitos
ara se falar como Hannah Arendt, passou, então, a ser o referencial primeiro de todo o processo internacionalizante. Como respostas às barbáries cometidas no Holocausto, começa, então, a aflorar todo um processo de
criando uma sistemática internacional de proteção, mediante a qual se torna possível a responsabilização do Estado no plano externo, quando, internamente, os órgãos competentes não apresentarem respostas
a Segunda Guerra mundial foi a responsável pela completa
ruptura com os direitos humanos, destacando que “os seres humanos se tornam supérfluos e
se o entendimento de
já com a noção de que essa defesa
A proteção dos direitos humanos deveria ser defendida por todos e, por isso,
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
A doutrina da soberania estatal absoluta, assim, com o fim da Segunda Guerra, passa a sofrer um abalo dramático com a crescente preocupação em se efetivar os direitos humanos no plano internacional, paproteção desses mesmos direitos
Com isso, começam a se espalhar os tratados internacionais de proteção aos
direitos humanos, que deveriam ser aplicados a todos os seres humanos, não apenas a
determinados grupo, como por muito tempo ocorreu,
Como destaca Thomas Buergenthal, em matéria de direitos humanos, a principal diferença entre as disposições da Camesmo o direito consuetudinário preexistente, encontravisto que o “direito dos direitos humanos” anterior à Carta tinha como meta proteger certas categorias de seres humanos ou garantir ccontrariamente, não traz nenhuma limitação deste tipo, posto referir“direitos humanos e liberdades fundamentais de todos, sem distinção por motivo de raça, cor, sexo, idioma ou religião”
A Carta das Nações Unidas de 1945
dos direitos Humanos e marca
Internacionais, algumas delas de atuação
grandes mudanças no Direito Internacional.
A ONU influenciou diretamente na limitação da soberania estatal, e no
cooperativismo entre os países para melhores condições para todos os seres humanos, como
explica Piovesan:
A criação das Nações Unidas, surgimento de uma nova ordem internacionalconduta nas relações internacionais, com preocupações que incluem a manutenção da paz e segurança internacional, o desenvolvimento das reEstadosculturalambiente, a criação de uma nova ordem econômica internacional e a proteção internacional dos direitos humanos
As Nações Unidas não surgiram apenas com o objetivo de evitar guerras, mas
também com a intenção de ser instrumento de aplicação dos direitos humanos. Comparato
explica que:
[...] as Nações Unidas nasceram com sociedade política mundial, à qual deveriam pertencer portanto, necessariamente, todas as nações do globo empenhadas226).
Posterior à Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948 é a principal norma internacional de direitos humanos.
documento internacional que foi aprovado por 48 Estados que trata dos direitos e deveres
Volume 10 – nº 2 - 2016
A doutrina da soberania estatal absoluta, assim, com o fim da Segunda Guerra, passa a sofrer um abalo dramático com a crescente preocupação em se efetivar os direitos humanos no plano internacional, passando a sujeitar-se a limitações decorrentes da proteção desses mesmos direitos (2002, p. 44).
começam a se espalhar os tratados internacionais de proteção aos
que deveriam ser aplicados a todos os seres humanos, não apenas a
determinados grupo, como por muito tempo ocorreu, como explica Buergenthal
Como destaca Thomas Buergenthal, em matéria de direitos humanos, a principal diferença entre as disposições da Carta da ONU, e os acordos internacionais ou mesmo o direito consuetudinário preexistente, encontra-se em seu campo de açãovisto que o “direito dos direitos humanos” anterior à Carta tinha como meta proteger certas categorias de seres humanos ou garantir certos tipos de direitos, e a Carta, contrariamente, não traz nenhuma limitação deste tipo, posto referir“direitos humanos e liberdades fundamentais de todos, sem distinção por motivo de
cor, sexo, idioma ou religião” (apud MAZZUOLI, 2004, p. 45).
A Carta das Nações Unidas de 1945 alicerça o processo de internacionalização
marca o início do processo de expansão das Organizações
delas de atuação em defesa dos direitos humanos e, principalme
grandes mudanças no Direito Internacional.
A ONU influenciou diretamente na limitação da soberania estatal, e no
cooperativismo entre os países para melhores condições para todos os seres humanos, como
A criação das Nações Unidas, com suas agências especializadas, demarca o surgimento de uma nova ordem internacional, que instaura um novo modelo de conduta nas relações internacionais, com preocupações que incluem a manutenção da paz e segurança internacional, o desenvolvimento das relações amistosas entre os Estados, a adoção da cooperação internacional no plano econômico, social e cultural, a adoção de um padrão internacional de saúde, a proteção ao meio ambiente, a criação de uma nova ordem econômica internacional e a proteção
nacional dos direitos humanos (2013, p.198).
As Nações Unidas não surgiram apenas com o objetivo de evitar guerras, mas
também com a intenção de ser instrumento de aplicação dos direitos humanos. Comparato
as Nações Unidas nasceram com a vocação de se tornarem a organização da sociedade política mundial, à qual deveriam pertencer portanto, necessariamente, todas as nações do globo empenhadas na defesa da dignidade humana
Posterior à Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948 é a principal norma internacional de direitos humanos. A Declaração é um
internacional que foi aprovado por 48 Estados que trata dos direitos e deveres
A doutrina da soberania estatal absoluta, assim, com o fim da Segunda Guerra, passa a sofrer um abalo dramático com a crescente preocupação em se efetivar os direitos
se a limitações decorrentes da
começam a se espalhar os tratados internacionais de proteção aos
que deveriam ser aplicados a todos os seres humanos, não apenas a
como explica Buergenthal:
Como destaca Thomas Buergenthal, em matéria de direitos humanos, a principal rta da ONU, e os acordos internacionais ou
se em seu campo de ação, visto que o “direito dos direitos humanos” anterior à Carta tinha como meta proteger
ertos tipos de direitos, e a Carta, contrariamente, não traz nenhuma limitação deste tipo, posto referir-se somente aos “direitos humanos e liberdades fundamentais de todos, sem distinção por motivo de
004, p. 45).
alicerça o processo de internacionalização
das Organizações
em defesa dos direitos humanos e, principalmente,
A ONU influenciou diretamente na limitação da soberania estatal, e no
cooperativismo entre os países para melhores condições para todos os seres humanos, como
com suas agências especializadas, demarca o , que instaura um novo modelo de
conduta nas relações internacionais, com preocupações que incluem a manutenção lações amistosas entre os
, a adoção da cooperação internacional no plano econômico, social e , a adoção de um padrão internacional de saúde, a proteção ao meio
ambiente, a criação de uma nova ordem econômica internacional e a proteção
As Nações Unidas não surgiram apenas com o objetivo de evitar guerras, mas
também com a intenção de ser instrumento de aplicação dos direitos humanos. Comparato
a vocação de se tornarem a organização da sociedade política mundial, à qual deveriam pertencer portanto, necessariamente,
na defesa da dignidade humana (2010, p.
Posterior à Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos
A Declaração é um
internacional que foi aprovado por 48 Estados que trata dos direitos e deveres
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
inerentes a todos os seres humanos, sem distinção. Destaque
este documento fundamental:
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada em 10 de dezembro de 1948, pela aprovação de 48 Estados, com 8 abstenções. A inexistêquestionamento ou reserva feita pelos Estados aos princípios da Declaração, bem como de qualquer voto contrário às suas disposições, confere à Declaração Univers209).
O principal aspecto da Declara
consagrados transcendem as fronteiras dos Estados, atingindo
exceção. O resultado esperado da Declaração era uma mudança internacional que gerasse o
respeito aos direitos humanos da forma mais ampla possível, como ensina Piovesan:
A Declaração Universal de 1948 objetiva delinear uma nova ordem pública mundial formada no respeito à dignidadeDesde seu preâmbulode direitos iguais e inalienáveis. Vale dizer, para a Declaração Universal a condição de pessoa é o requisito único e exclusivo para a titularidade de direitos. A universalidade de direitos humque condicionava a titularidade de direitos à pertinência à determinada raça (a raça pura ariana). A dignidade humana como fundamento dos direitos humanos e valor intrínseco à condição humana é concepçãoincorporada por todos os tratados e declarações de direitos humanos, que passam a integrar o chamado Direito Internacional dos Direitos Humanos
Importante ressaltar que atualmente a doutrina entende que a
Declaração independe de ratificação por todos Estados. Trata
os seres humanos, inclusive aos que vivem em países que ainda não a ratificaram, da forma
que explica Comparato:
(...) reconheceindepende de sua declaração em constituições, leis e tratados internacionais, exatamente porque se está diante de exigências de respeito à dignidade humana, exercidas contra todos os poderes estabelecidos, oficiaiscontemporânea, de resto, como tem sido reiteradamente assinalado nessa obra, distingue os direitos humanos dos direitos fundamentais, na medida em que estes últimos são justamente os direitos hnormas escritas. É óbvio que a mesma distinção há de ser admitida no âmbito do direito internacional
Interessante observar que a Declaração Universal constitui
documento, direitos humanos de mais das três gerações e é exemplo importante da cumulação
dos direitos das gerações, que já foi estudado, como destaca Piovesan:
Ao conjugarconcepção contemporânea de direitos humanos, pela qual esses direitos passam a ser concebidos como uma unidade interdependente e indivisívelcritério metodológico que classifica os direitos humanos em gerações, compartilha o entendimento de interage
Volume 10 – nº 2 - 2016
ntes a todos os seres humanos, sem distinção. Destaque-se o que Piovesan
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada em 10 de dezembro de 1948, pela aprovação de 48 Estados, com 8 abstenções. A inexistêquestionamento ou reserva feita pelos Estados aos princípios da Declaração, bem como de qualquer voto contrário às suas disposições, confere à Declaração Universal o significado de um código e plataforma comum de ação
rincipal aspecto da Declaração é a sua universalidade. Os direitos nela
consagrados transcendem as fronteiras dos Estados, atingindo todos os seres humanos, sem
exceção. O resultado esperado da Declaração era uma mudança internacional que gerasse o
o aos direitos humanos da forma mais ampla possível, como ensina Piovesan:
A Declaração Universal de 1948 objetiva delinear uma nova ordem pública mundial formada no respeito à dignidade humana, ao consagrar valores básicos universais. Desde seu preâmbulo, é afirmada a dignidade inerente a toda pessoa humana, titular de direitos iguais e inalienáveis. Vale dizer, para a Declaração Universal a condição de pessoa é o requisito único e exclusivo para a titularidade de direitos. A universalidade de direitos humanos traduz a absoluta ruptura com o legado nazista, que condicionava a titularidade de direitos à pertinência à determinada raça (a raça pura ariana). A dignidade humana como fundamento dos direitos humanos e valor intrínseco à condição humana é concepção que, posteriormente, viria a ser incorporada por todos os tratados e declarações de direitos humanos, que passam a integrar o chamado Direito Internacional dos Direitos Humanos (2013, p. 2010)
Importante ressaltar que atualmente a doutrina entende que a
Declaração independe de ratificação por todos Estados. Trata-se de direitos garantidos a todos
os seres humanos, inclusive aos que vivem em países que ainda não a ratificaram, da forma
econhece-se hoje, em toda parte, que a vigência dos direitos humanos independe de sua declaração em constituições, leis e tratados internacionais, exatamente porque se está diante de exigências de respeito à dignidade humana, exercidas contra todos os poderes estabelecidos, oficiais ou não. A doutrina jurídica contemporânea, de resto, como tem sido reiteradamente assinalado nessa obra, distingue os direitos humanos dos direitos fundamentais, na medida em que estes últimos são justamente os direitos humanos consagrados pelo Estado mednormas escritas. É óbvio que a mesma distinção há de ser admitida no âmbito do direito internacional (2010, p. 239).
Interessante observar que a Declaração Universal constitui,
documento, direitos humanos de mais das três gerações e é exemplo importante da cumulação
dos direitos das gerações, que já foi estudado, como destaca Piovesan:
Ao conjugar o valor da liberdade com o da igualdade, a Declaração introduz a pção contemporânea de direitos humanos, pela qual esses direitos passam a ser
concebidos como uma unidade interdependente e indivisível. Assim, partindo do critério metodológico que classifica os direitos humanos em gerações, compartilha o entendimento de que uma geração de direitos não substitui a outra, mas com ela interage (2013, p. 214-215).
se o que Piovesan leciona sobre
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada em 10 de dezembro de 1948, pela aprovação de 48 Estados, com 8 abstenções. A inexistência de qualquer questionamento ou reserva feita pelos Estados aos princípios da Declaração, bem como de qualquer voto contrário às suas disposições, confere à Declaração
al o significado de um código e plataforma comum de ação (2013, p.
niversalidade. Os direitos nela
seres humanos, sem
exceção. O resultado esperado da Declaração era uma mudança internacional que gerasse o
o aos direitos humanos da forma mais ampla possível, como ensina Piovesan:
A Declaração Universal de 1948 objetiva delinear uma nova ordem pública mundial humana, ao consagrar valores básicos universais.
é afirmada a dignidade inerente a toda pessoa humana, titular de direitos iguais e inalienáveis. Vale dizer, para a Declaração Universal a condição de pessoa é o requisito único e exclusivo para a titularidade de direitos. A
a absoluta ruptura com o legado nazista, que condicionava a titularidade de direitos à pertinência à determinada raça (a raça pura ariana). A dignidade humana como fundamento dos direitos humanos e valor
que, posteriormente, viria a ser incorporada por todos os tratados e declarações de direitos humanos, que passam a
(2013, p. 2010).
Importante ressaltar que atualmente a doutrina entende que a aplicação da
se de direitos garantidos a todos
os seres humanos, inclusive aos que vivem em países que ainda não a ratificaram, da forma
arte, que a vigência dos direitos humanos independe de sua declaração em constituições, leis e tratados internacionais, exatamente porque se está diante de exigências de respeito à dignidade humana,
ou não. A doutrina jurídica contemporânea, de resto, como tem sido reiteradamente assinalado nessa obra, distingue os direitos humanos dos direitos fundamentais, na medida em que estes
umanos consagrados pelo Estado mediante normas escritas. É óbvio que a mesma distinção há de ser admitida no âmbito do
em um único
documento, direitos humanos de mais das três gerações e é exemplo importante da cumulação
o valor da liberdade com o da igualdade, a Declaração introduz a pção contemporânea de direitos humanos, pela qual esses direitos passam a ser
. Assim, partindo do critério metodológico que classifica os direitos humanos em gerações, compartilha o
que uma geração de direitos não substitui a outra, mas com ela
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
A Carta das Nações Unidas e a
sãomarcos muito expressivos no processo de internacionalização
entanto, houveram outros documentos fizeram parte desse processo.
dados por Mazzuoli:
Mas a estrutura normativa de proteção aos direitos humanos, além dos instrumentos de proteção Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e cujo código básico é a chamada proteção africano (Humanos)
O processo de internacionalização dos direitos humanos e o seu entendimento
que todos os seres humanos possuem os mesmos direitos, independente da incorporação ou
não de um tratado ou norma pelo seu Estado
ONU e de outros países em algum Estado que haja grave violação aos direitos humanos.
4 A FORMAÇÃO DA IUGOSLÁVIA
4.1 Era dos Impérios
Como é de conhecimento geral, o século XIX fora marcado pela disputa de
de diversos impérios, que dominavam outros povos e impunham sua cultura aos povos
dominados.
A região dos Bálcãs, em especial, era uma região muito disputada, pois estava
localizada entre três grandes impérios da época, o
explica Brener:
Os três impérios enormes buldogues, focinho contra focinho. Os três focinhos encontravamjustamente nos Bálcãs. E, sobre as patas dos três grandes, saltavam pequenosincômodos camundongos
Um grande empecilho para o domínio absoluto de qualquer desses impérios sobre
os povos eslavos, era a resistência
A Sérvia apoiava o pan
tentava limitar o expansionismo turco e austríaco, como relatou Brener:
(...) A Sérvia, que representara um poder importante na Europa até o Século XIV, apoiava o panminorias sérvias espalhadas em territórios ainda sob o domínio turco, como a Macedônia. os russos, franceses e ingleses, a que interessava limitar o expansionismo austríaco(1993, p. 27)
Volume 10 – nº 2 - 2016
A Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos
marcos muito expressivos no processo de internacionalização dos direitos humanos, no
tanto, houveram outros documentos fizeram parte desse processo. Destaca os exemplos
Mas a estrutura normativa de proteção aos direitos humanos, além dos instrumentos de proteção global, de que são exemplos, dentre outros, a Declaração Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e cujo código básico é a chamada internationalbillofhumanrights, abrange, também, os instrumentos de
oteção regional, aqueles pertencentes aos sistemas europeu, americano, asiático e africano (v.g., no sistema americano, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos) (2002, p.50).
O processo de internacionalização dos direitos humanos e o seu entendimento
que todos os seres humanos possuem os mesmos direitos, independente da incorporação ou
não de um tratado ou norma pelo seu Estado é fundamental para legitimar a intervenção da
ONU e de outros países em algum Estado que haja grave violação aos direitos humanos.
4 A FORMAÇÃO DA IUGOSLÁVIA
Como é de conhecimento geral, o século XIX fora marcado pela disputa de
de diversos impérios, que dominavam outros povos e impunham sua cultura aos povos
A região dos Bálcãs, em especial, era uma região muito disputada, pois estava
impérios da época, o Turco, o Austro-húngaro e
Os três impérios – turco, austro-húngaro e russo – posicionavamenormes buldogues, focinho contra focinho. Os três focinhos encontravamjustamente nos Bálcãs. E, sobre as patas dos três grandes, saltavam pequenosincômodos camundongos (1993, p. 27).
Um grande empecilho para o domínio absoluto de qualquer desses impérios sobre
os povos eslavos, era a resistência desses povos, como abaixo explicado:
A Sérvia apoiava o pan-eslavismo (tentativa de unir todos os p
itar o expansionismo turco e austríaco, como relatou Brener:
(...) A Sérvia, que representara um poder importante na Europa até o Século XIV, apoiava o pan-eslavismo, a tentativa de unificar todos os elavos, com destaques as
orias sérvias espalhadas em territórios ainda sob o domínio turco, como a Macedônia. A monarquia sérvia mantinha contatos imediatos de primeiro grau com os russos, franceses e ingleses, a que interessava limitar o expansionismo austríaco(1993, p. 27).
Declaração Universal dos Direitos Humanos
dos direitos humanos, no
Destaca os exemplos
Mas a estrutura normativa de proteção aos direitos humanos, além dos instrumentos , de que são exemplos, dentre outros, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e cujo código básico é a
, abrange, também, os instrumentos de , aqueles pertencentes aos sistemas europeu, americano, asiático e
no sistema americano, a Convenção Americana sobre Direitos
O processo de internacionalização dos direitos humanos e o seu entendimento de
que todos os seres humanos possuem os mesmos direitos, independente da incorporação ou
é fundamental para legitimar a intervenção da
ONU e de outros países em algum Estado que haja grave violação aos direitos humanos.
Como é de conhecimento geral, o século XIX fora marcado pela disputa de poder
de diversos impérios, que dominavam outros povos e impunham sua cultura aos povos
A região dos Bálcãs, em especial, era uma região muito disputada, pois estava
úngaro e o Russo, como
posicionavam-se como três enormes buldogues, focinho contra focinho. Os três focinhos encontravam-se justamente nos Bálcãs. E, sobre as patas dos três grandes, saltavam pequenos e
Um grande empecilho para o domínio absoluto de qualquer desses impérios sobre
eslavismo (tentativa de unir todos os povos eslavos), e
(...) A Sérvia, que representara um poder importante na Europa até o Século XIV, , a tentativa de unificar todos os elavos, com destaques as
orias sérvias espalhadas em territórios ainda sob o domínio turco, como a A monarquia sérvia mantinha contatos imediatos de primeiro grau com
os russos, franceses e ingleses, a que interessava limitar o expansionismo austríaco
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Os dois outros reinos de grande relevância para a resistência a
dos impérios foram Montenegro e Bulgária. Montenegro, apesar de pequeno,
Sérvia. A Bulgária dividia com a Sérvia o posto de“reino mais importante dos Bálcãs”, nas
palavras de Brener:
A população búlgara fala um idiomaautonomia, o reconhecimento enquanto nacionalidade dentro do Império Otomano. Em 1908, porém, sob o comando do czar Ferdinando, a Bulgária declarou sua independêncp.28).
Os territórios eslavo
de muitos conflitos que deram origem às guerras balcânicas. Das mais diversas formas, os
impérios russo e austríaco disputavam os territórios remanescentes do império turco. Por sua
vez, os eslavos também disputavam entre si e com esses impérios os territórios da Macedônia
e da Bósnia-Herzegovina, como explicou Brener:
As formas de disputas era as maisda Grécia e da Sérvia disputavam uma a uma as conversões de cristãos macedônicos, tradicionalmente ligados à Igreja Ortodoxa de Constantinopla, na Turquia. Eis um exemplo do uso da religião como fator de uninacional (guarde bem isso). Sérvios, búlgaros e gregos também criaram associações culturais e grupos de guerrilheiros que operavam na Macedônia
Conforme o Império T
ganhando sua independência, os conflitos
informa Brener:
Sérvios, búlgaros e gregos viviam pegandopara os impérios da região. Já em 1876 a Sérvia declarava guerra aos austríacesperança de anexar a Bósniao domínio turco
Como se não bastasse os inúmeros conflitos da região, ou talvez por esta causa
início do século XX, a região dos Bálcãs nã
população vivia basicamente no campo, como explana, Coggiola:
Em princípios do século XX, os Bálcãs era uma região extremamente conflitiva. O desenvolvimento industrial na região, submetido ao colonialismo do grande capital europeu, era muito frágil. A população camponesa atingia, em alguns países, 90% do total. Existiam poucos núcleos urbanos que ultrapassavam 50 mil habitantes. As diferentes nações Bulgária, Sérvia, Grécia e Montenegro, disputavam o espaço que ia deixando o
O baixo índice de industrialização e
por muito tempo, como se verá a seguir.
Volume 10 – nº 2 - 2016
dois outros reinos de grande relevância para a resistência ao expansionismo
Montenegro e Bulgária. Montenegro, apesar de pequeno,
A Bulgária dividia com a Sérvia o posto de“reino mais importante dos Bálcãs”, nas
A população búlgara fala um idioma próximo do russo e já havia obtido a autonomia, o reconhecimento enquanto nacionalidade dentro do Império Otomano. Em 1908, porém, sob o comando do czar Ferdinando, a Bulgária declarou sua independência e se transformou num peão importante no cenário balcânico
eslavos que ainda se encontravam sob o domínio turco fo
de muitos conflitos que deram origem às guerras balcânicas. Das mais diversas formas, os
russo e austríaco disputavam os territórios remanescentes do império turco. Por sua
vez, os eslavos também disputavam entre si e com esses impérios os territórios da Macedônia
Herzegovina, como explicou Brener:
As formas de disputas era as mais variadas: novas igrejas ortodoxas independentes da Grécia e da Sérvia disputavam uma a uma as conversões de cristãos macedônicos, tradicionalmente ligados à Igreja Ortodoxa de Constantinopla, na Turquia. Eis um exemplo do uso da religião como fator de uninacional (guarde bem isso). Sérvios, búlgaros e gregos também criaram associações culturais e grupos de guerrilheiros que operavam na Macedônia (1993, p. 28)
Conforme o Império Turco foi perdendo sua força e os povos eslavos foram
do sua independência, os conflitos na região dos Bálcãs se intensificaram, como
Sérvios, búlgaros e gregos viviam pegando-se a tapa, e ás vezes chegavam a rosnar para os impérios da região. Já em 1876 a Sérvia declarava guerra aos austríacesperança de anexar a Bósnia-Herzegovina, onde os Sérvios também não aceitavam o domínio turco (1993, p. 29).
Como se não bastasse os inúmeros conflitos da região, ou talvez por esta causa
início do século XX, a região dos Bálcãs não conseguiu desenvolver sua indú
população vivia basicamente no campo, como explana, Coggiola:
Em princípios do século XX, os Bálcãs era uma região extremamente conflitiva. O desenvolvimento industrial na região, submetido ao colonialismo do grande capital europeu, era muito frágil. A população camponesa atingia, em alguns países, 90% do total. Existiam poucos núcleos urbanos que ultrapassavam 50 mil habitantes. As diferentes nações Bulgária, Sérvia, Grécia e Montenegro, disputavam o espaço que ia deixando o decadente império turco (1999, p. 33).
índice de industrialização e os conflitos na região dos Bálcãs
, como se verá a seguir.
o expansionismo
Montenegro e Bulgária. Montenegro, apesar de pequeno, era aliado da
A Bulgária dividia com a Sérvia o posto de“reino mais importante dos Bálcãs”, nas
próximo do russo e já havia obtido a autonomia, o reconhecimento enquanto nacionalidade dentro do Império Otomano. Em 1908, porém, sob o comando do czar Ferdinando, a Bulgária declarou sua
ia e se transformou num peão importante no cenário balcânico (1993,
o domínio turco foram objeto
de muitos conflitos que deram origem às guerras balcânicas. Das mais diversas formas, os
russo e austríaco disputavam os territórios remanescentes do império turco. Por sua
vez, os eslavos também disputavam entre si e com esses impérios os territórios da Macedônia
variadas: novas igrejas ortodoxas independentes da Grécia e da Sérvia disputavam uma a uma as conversões de cristãos macedônicos, tradicionalmente ligados à Igreja Ortodoxa de Constantinopla, na Turquia. Eis um exemplo do uso da religião como fator de unidade e afirmação nacional (guarde bem isso). Sérvios, búlgaros e gregos também criaram associações
(1993, p. 28).
urco foi perdendo sua força e os povos eslavos foram
se intensificaram, como
se a tapa, e ás vezes chegavam a rosnar para os impérios da região. Já em 1876 a Sérvia declarava guerra aos austríacos, na
Herzegovina, onde os Sérvios também não aceitavam
Como se não bastasse os inúmeros conflitos da região, ou talvez por esta causa, no
desenvolver sua indústria, e a
Em princípios do século XX, os Bálcãs era uma região extremamente conflitiva. O desenvolvimento industrial na região, submetido ao colonialismo do grande capital europeu, era muito frágil. A população camponesa atingia, em alguns países, 90% do total. Existiam poucos núcleos urbanos que ultrapassavam 50 mil habitantes. As diferentes nações Bulgária, Sérvia, Grécia e Montenegro, disputavam o espaço que
dos Bálcãs continuaram
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
4.2 Guerra nos Bálcãs
Como visto acima, o império otomano vinha perdendo força desde o
século XIX, com isso, o início do século XX é marcado pela disputa dos territórios deixados
pelos turcos, especialmente, pela disputa das regiões que compunham os Bálcãs.
Essa disputa teve seu ápice entre os anos de 1912 e 1913, quando ocorreram a
guerras balcânicas. Destaca-se a breve explicação de Coggiola sobre a primeira dessas
guerras:
Em 14 de agosto de 1912, Montenegro exige que os turcos concedam autonomia à Macedônia. Dois meses depois, declara guerra ao Império Turcopor Sérvia, Grécia e Bulgária. A coalizão, chamada Liga dos Comunistas Balcânica, vence a Primeira Guerra Balcânica. A Turquia perde os domínios no Sudeste Europeu, a Albânia, que se torna independente, e a Macedônia, que é repartida entre os vencedores
A segunda guerra nos Bálcãs se inicia
Macedônia. Grécia e Sérvia contestam uma parcela da Macedônia que ficou com a Bulgária
na primeira guerra, e a Bulgária responde atacando territórios de domínio da Sérvia
Macedônia, dando início ao conflito.
Posteriormente, Montenegro, Romênia e o Império Turco
declaram guerra à Bulgária, que foi derrotada, perdendo parte de seu território para Romênia e
Império Turco-Otomano e acabou cedendo a mai
como aduz Coggiola:
O tratado que põe fim à guerra, porém, ocasiona atritos entre os aliados: a Sérvia recusa-se a reconhecer a porção búlgara da Macedônia. Em junho de 1913, a aliança selada entre a Sérvia e a GO conflito começa com o ataque búlgaro a posições sérvias na Macedônia. Em 8 de julho, a Sérvia e a Grécia declaram guerra à Bulgária, seguidas por Montenegro, Romênia e Império Turcoderrotada: perde territórios para a Romênia e a Turquia e cede a maior parte da Macedônia à Grécia e à Sérvia
O fim das guerras balcânicas não significou o início de um período de paz na
região. Ao contrário, foi nos Bálcãs que a Primeira Guerra Mundial teve seu início, como se
verá a seguir.
4.3 Primeira Guerra Mundial
O “estopim da Primeira Guerra Mundial” ocorreu na região dos Bálcãs, que
acabou se espalhando para muito além de suas
guerras balcânicas, começaram
Bósnia-Herzegovina por Sérvia e o Império Austro
Volume 10 – nº 2 - 2016
Como visto acima, o império otomano vinha perdendo força desde o
século XIX, com isso, o início do século XX é marcado pela disputa dos territórios deixados
pelos turcos, especialmente, pela disputa das regiões que compunham os Bálcãs.
Essa disputa teve seu ápice entre os anos de 1912 e 1913, quando ocorreram a
se a breve explicação de Coggiola sobre a primeira dessas
Em 14 de agosto de 1912, Montenegro exige que os turcos concedam autonomia à Macedônia. Dois meses depois, declara guerra ao Império Turco
Sérvia, Grécia e Bulgária. A coalizão, chamada Liga dos Comunistas Balcânica, vence a Primeira Guerra Balcânica. A Turquia perde os domínios no Sudeste Europeu, a Albânia, que se torna independente, e a Macedônia, que é repartida entre os vencedores (1999, p. 34).
A segunda guerra nos Bálcãs se inicia novamente pela disputa de regiões da
Macedônia. Grécia e Sérvia contestam uma parcela da Macedônia que ficou com a Bulgária
na primeira guerra, e a Bulgária responde atacando territórios de domínio da Sérvia
Macedônia, dando início ao conflito.
Posteriormente, Montenegro, Romênia e o Império Turco-Otomano também
declaram guerra à Bulgária, que foi derrotada, perdendo parte de seu território para Romênia e
Otomano e acabou cedendo a maior parte da Macedônia para Grécia e Sérvia,
O tratado que põe fim à guerra, porém, ocasiona atritos entre os aliados: a Sérvia se a reconhecer a porção búlgara da Macedônia. Em junho de 1913, a aliança
selada entre a Sérvia e a Grécia contra a Bulgária gera a Segunda Guerra Balcânica. O conflito começa com o ataque búlgaro a posições sérvias na Macedônia. Em 8 de julho, a Sérvia e a Grécia declaram guerra à Bulgária, seguidas por Montenegro, Romênia e Império Turco-Otomano. Incapaz de enfrentar a aliança, a Bulgária é derrotada: perde territórios para a Romênia e a Turquia e cede a maior parte da Macedônia à Grécia e à Sérvia (1999, p. 34).
O fim das guerras balcânicas não significou o início de um período de paz na
contrário, foi nos Bálcãs que a Primeira Guerra Mundial teve seu início, como se
Primeira Guerra Mundial e os Bálcãs
O “estopim da Primeira Guerra Mundial” ocorreu na região dos Bálcãs, que
acabou se espalhando para muito além de suas fronteiras. Como consequência do
, começaram inúmeros conflitos, entre eles, a disputa d
Herzegovina por Sérvia e o Império Austro-Húngaro.
Como visto acima, o império otomano vinha perdendo força desde o final do
século XIX, com isso, o início do século XX é marcado pela disputa dos territórios deixados
pelos turcos, especialmente, pela disputa das regiões que compunham os Bálcãs.
Essa disputa teve seu ápice entre os anos de 1912 e 1913, quando ocorreram as
se a breve explicação de Coggiola sobre a primeira dessas
Em 14 de agosto de 1912, Montenegro exige que os turcos concedam autonomia à Macedônia. Dois meses depois, declara guerra ao Império Turco-Otomano, seguido
Sérvia, Grécia e Bulgária. A coalizão, chamada Liga dos Comunistas Balcânica, vence a Primeira Guerra Balcânica. A Turquia perde os domínios no Sudeste Europeu, a Albânia, que se torna independente, e a Macedônia, que é repartida entre os
novamente pela disputa de regiões da
Macedônia. Grécia e Sérvia contestam uma parcela da Macedônia que ficou com a Bulgária
na primeira guerra, e a Bulgária responde atacando territórios de domínio da Sérvia dentro da
Otomano também
declaram guerra à Bulgária, que foi derrotada, perdendo parte de seu território para Romênia e
or parte da Macedônia para Grécia e Sérvia,
O tratado que põe fim à guerra, porém, ocasiona atritos entre os aliados: a Sérvia se a reconhecer a porção búlgara da Macedônia. Em junho de 1913, a aliança
contra a Bulgária gera a Segunda Guerra Balcânica. O conflito começa com o ataque búlgaro a posições sérvias na Macedônia. Em 8 de julho, a Sérvia e a Grécia declaram guerra à Bulgária, seguidas por Montenegro,
z de enfrentar a aliança, a Bulgária é derrotada: perde territórios para a Romênia e a Turquia e cede a maior parte da
O fim das guerras balcânicas não significou o início de um período de paz na
contrário, foi nos Bálcãs que a Primeira Guerra Mundial teve seu início, como se
O “estopim da Primeira Guerra Mundial” ocorreu na região dos Bálcãs, que
Como consequência do fim das
disputa do território da
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
O resultado disso foi que em 28 de junho d
do Império Austro-Húngaro, o arquiduque Francisco Ferdinando, e sua esposa fizeram uma
visita provocativa a Saravejo (
Perdão, leitor, pelo uso de uma imagem já gasta, mas os Bálcãs transformado em um barril de pólvora. A dúvida era quem atearia o fogo ao pavio. O responsável foi um Hasburherdeiro do trono. Ele e sua esposa decidiram fazer uma visitinha28 de junho de 1914, quando suas tropas realizavam manobras de demonstração de força junto à fronteira com a Sérvia. O detalhe é que Francisco Ferdinando escolheu uma data no mínimo provocativa: no mesmo dia, em 1389, os turcos derrotavam a Sérvia, pondo fimDusau (1331
A consequência dessa provocação foi que o grupo ultranacionalista sérvio armou
um atentado para matar o arquiduque Francisco Ferdinando durante a visita. A
tentativa deu errado, e uma bomba explodiu sem que ninguém se ferisse. Contudo,
GavriloPrincip, ao ver a caravana do arquiduque passar perto dele, atirou e atingiu o
arquiduque e sua mulher, que morreram, como descreve Brener:
Logo que os reluzentexplodiu, sem ferir ninguém. Mas os responsáveis pela segurança decidiram não mudar o trajeto. Bastou. O estudante GraviloPrincip, que uma cerveja pensando que o atentado já falhara,frente ao seu nariz. Ele perguntou a um guarda qual era o carro do arquiduque, agradeceu e descarregou o revólver. Francisco Ferdinando e sua mulher foram mortos. Princip ainda fugiu, mas foi preso pouco depois. A guerra estav(1993, p. 34
A Sérvia foi responsabilizada pelo atentado, e a Áustria
proibisse, em seu território, publicações e associações
demitisse os oficiais sérvios envolvidos e que houvessem p
nas investigações dos responsáveis. Apesar do medo da invasão, o rei da Sérvia não aceitou o
último item.
Como já era esperado,
Rússia, Inglaterra e França, e a Áus
julho de 1914, um mês após o atentado,
seu exército invadiria o território sérvio.
A Sérvia, apesar
território, sofreu muitas baixas e não suportou os ataques quando o exército da Áustria
recebeu reforço de seus aliado
explicado por Braner:
A estratégia austríaca era “limpar” os fato, os sérviofronteira com a Albânia, entrando pelo próprio território albanês. A retirada custaria
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O resultado disso foi que em 28 de junho de 1914, um candidato a he
Húngaro, o arquiduque Francisco Ferdinando, e sua esposa fizeram uma
(atual capital da Bósnia e Herzegovina), como explica
Perdão, leitor, pelo uso de uma imagem já gasta, mas os Bálcãs transformado em um barril de pólvora. A dúvida era quem atearia o fogo ao pavio. O responsável foi um Hasburgo linha-dura, o sobrinho do Imperador, candidato a herdeiro do trono. Ele e sua esposa decidiram fazer uma visitinha
de junho de 1914, quando suas tropas realizavam manobras de demonstração de força junto à fronteira com a Sérvia. O detalhe é que Francisco Ferdinando escolheu uma data no mínimo provocativa: no mesmo dia, em 1389, os turcos derrotavam a Sérvia, pondo fim ao grande reino que atingiu seu ápice sob o governo do imperador Dusau (1331-55) (1993, p. 34).
A consequência dessa provocação foi que o grupo ultranacionalista sérvio armou
um atentado para matar o arquiduque Francisco Ferdinando durante a visita. A
ativa deu errado, e uma bomba explodiu sem que ninguém se ferisse. Contudo,
GavriloPrincip, ao ver a caravana do arquiduque passar perto dele, atirou e atingiu o
arquiduque e sua mulher, que morreram, como descreve Brener:
Logo que os reluzentes calhambeques deram a partida, uma primeira bomba explodiu, sem ferir ninguém. Mas os responsáveis pela segurança decidiram não mudar o trajeto. Bastou. O estudante GraviloPrincip, que tomava tranquilamente uma cerveja pensando que o atentado já falhara, viu os Hasburgos passarem em frente ao seu nariz. Ele perguntou a um guarda qual era o carro do arquiduque, agradeceu e descarregou o revólver. Francisco Ferdinando e sua mulher foram mortos. Princip ainda fugiu, mas foi preso pouco depois. A guerra estav(1993, p. 34-35).
A Sérvia foi responsabilizada pelo atentado, e a Áustria exigiu que a Sérvia
proibisse, em seu território, publicações e associações que pregassem o ódio à Áustria,
demitisse os oficiais sérvios envolvidos e que houvessem participação dos militares austríacos
nas investigações dos responsáveis. Apesar do medo da invasão, o rei da Sérvia não aceitou o
Como já era esperado, a guerra começou a ser armada. A Sérvia tinha apoio da
Rússia, Inglaterra e França, e a Áustria, o apoio de Alemanha, Turquia e Bulgária. Em 28 de
julho de 1914, um mês após o atentado, a Áustria declara guerra à Sérvia e em pouco tempo
território sérvio.
A Sérvia, apesar de inicialmente ter conseguido expulsar os austr
território, sofreu muitas baixas e não suportou os ataques quando o exército da Áustria
recebeu reforço de seus aliados. Os sérvios foram obrigados a abandonar seu território, como
A estratégia austríaca era “limpar” os Bálcãs, unindo suas tropas às forças turcas. De fato, os sérvios tiveram que se retirar pelas montanhas, rumo ao Kossovo, que faz fronteira com a Albânia, entrando pelo próprio território albanês. A retirada custaria
e 1914, um candidato a herdar do trono
Húngaro, o arquiduque Francisco Ferdinando, e sua esposa fizeram uma
explica Brener:
Perdão, leitor, pelo uso de uma imagem já gasta, mas os Bálcãs haviam se transformado em um barril de pólvora. A dúvida era quem atearia o fogo ao pavio.
dura, o sobrinho do Imperador, candidato a herdeiro do trono. Ele e sua esposa decidiram fazer uma visitinha a Sarajavo no dia
de junho de 1914, quando suas tropas realizavam manobras de demonstração de força junto à fronteira com a Sérvia. O detalhe é que Francisco Ferdinando escolheu uma data no mínimo provocativa: no mesmo dia, em 1389, os turcos derrotavam a
ao grande reino que atingiu seu ápice sob o governo do imperador
A consequência dessa provocação foi que o grupo ultranacionalista sérvio armou
um atentado para matar o arquiduque Francisco Ferdinando durante a visita. A primeira
ativa deu errado, e uma bomba explodiu sem que ninguém se ferisse. Contudo,
GavriloPrincip, ao ver a caravana do arquiduque passar perto dele, atirou e atingiu o
es calhambeques deram a partida, uma primeira bomba explodiu, sem ferir ninguém. Mas os responsáveis pela segurança decidiram não
tomava tranquilamente viu os Hasburgos passarem em
frente ao seu nariz. Ele perguntou a um guarda qual era o carro do arquiduque, agradeceu e descarregou o revólver. Francisco Ferdinando e sua mulher foram mortos. Princip ainda fugiu, mas foi preso pouco depois. A guerra estava próxima
exigiu que a Sérvia
que pregassem o ódio à Áustria, que
articipação dos militares austríacos
nas investigações dos responsáveis. Apesar do medo da invasão, o rei da Sérvia não aceitou o
começou a ser armada. A Sérvia tinha apoio da
tria, o apoio de Alemanha, Turquia e Bulgária. Em 28 de
a Áustria declara guerra à Sérvia e em pouco tempo
de inicialmente ter conseguido expulsar os austríacos de seu
território, sofreu muitas baixas e não suportou os ataques quando o exército da Áustria
sérvios foram obrigados a abandonar seu território, como
Bálcãs, unindo suas tropas às forças turcas. De tiveram que se retirar pelas montanhas, rumo ao Kossovo, que faz
fronteira com a Albânia, entrando pelo próprio território albanês. A retirada custaria
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
de 20 mil homens, mulheres e crianças, em apenas três semanas. O território sérvio só seria liberado noaliança de austro
A Primeira Guerra Mundial continuou
guerra termina e os vencedores decidem sobre a
Versalhes. Quanto aos povos eslavos,
eslavismo, como explica Brener:
Mas os eslavos foram tratados de forma diferente. A ideia era agrupávazão ao pseparassem as grandes potências. Foram criados a TchecoSérvios, Croatas e Eslovenos
O Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos ficou sobre o governo sérv
“prometeram respeitar os direitos dos outros povos sob seu domínio” (BRENER, 1993, p. 38).
O novo reino teria que lidar com uma gigantesca diversidade cultural, pois era composto por
sete povos, três religiões e dois alfabetos. Entretanto, o choque
problema, e sim as condições em que viviam os seus habitantes, com baixos salários e baixo
valor de seus produtos agrícolas, como conta Coggiola:
Desde sua origem, portanto, a Iugoslávia foi um Estado multinacional submetido à hegemonia da Sérvia. Os outros povos consideravam os sérvios como um novo poder imperial. A época do Reino Servodo país trabalhavam pelos menores salários de toda Europa e os preços dos produtos agrícolas haviam caum caso de três famílias com campo que haviam juntado suas rendas para compra uma única caixa de fósforos
Como era de se esperar, em pouco tempo começaram a surgir movimentos
insatisfeitos com o governo e domínio sérvio. Os outros povos que compunham o novo reino
entediam que a união dos países se tratou apenas de uma nova forma de domínio, a
estavam eles novamente submissos.
Veja Coggiola:
A Iugoslávia do entreexplodiram as primeiras diferenças entre as classes dominantes, entre o centralismo sérvio e o federalismo defendido pela burguesia croata e eslovena. A Iugoslávia continuaria sendo uma região atrasada, onde a escamãos dos grandes capitalistas da Europa Ocidental
A nova divisão de fronteiras oriundas do Tratado de Versalhes terá outras
consequências, como se verá adiante.
Volume 10 – nº 2 - 2016
de 20 mil homens, mulheres e crianças, em apenas três semanas. O território sérvio só seria liberado nos anos seguintes, com a decomposição das Potências Centrais
aliança de austro-húngaros, alemães, turcos e búlgaros (1993, p. 36)
A Primeira Guerra Mundial continuou sem a participação da Sérvia. Em 1919 a
guerra termina e os vencedores decidem sobre as fronteiras mundiais, por meio do Tratado de
Versalhes. Quanto aos povos eslavos, o Tratado decidiu uni-los, sob a influência do pan
, como explica Brener:
Mas os eslavos foram tratados de forma diferente. A ideia era agrupávazão ao pan-eslavismo, mas também formando os novos Estadosseparassem as grandes potências. Foram criados a Tcheco-Eslováquia e o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (1993, p. 38).
Sérvios, Croatas e Eslovenos ficou sobre o governo sérv
“prometeram respeitar os direitos dos outros povos sob seu domínio” (BRENER, 1993, p. 38).
O novo reino teria que lidar com uma gigantesca diversidade cultural, pois era composto por
sete povos, três religiões e dois alfabetos. Entretanto, o choque de culturas não era o maior
problema, e sim as condições em que viviam os seus habitantes, com baixos salários e baixo
valor de seus produtos agrícolas, como conta Coggiola:
Desde sua origem, portanto, a Iugoslávia foi um Estado multinacional submetido à egemonia da Sérvia. Os outros povos consideravam os sérvios como um novo
poder imperial. A época do Reino Servo-Croata-Esloveno foi terrível. Os cidadãos do país trabalhavam pelos menores salários de toda Europa e os preços dos produtos agrícolas haviam caído muito, transformando os camponeses em miseráveis. Houve um caso de três famílias com campo que haviam juntado suas rendas para compra uma única caixa de fósforos (1999, p. 43).
Como era de se esperar, em pouco tempo começaram a surgir movimentos
isfeitos com o governo e domínio sérvio. Os outros povos que compunham o novo reino
entediam que a união dos países se tratou apenas de uma nova forma de domínio, a
estavam eles novamente submissos.
A Iugoslávia do entre-guerras, todavia, terminou em um fracasso. Rapidamente explodiram as primeiras diferenças entre as classes dominantes, entre o centralismo sérvio e o federalismo defendido pela burguesia croata e eslovena. A Iugoslávia continuaria sendo uma região atrasada, onde a escassa industria existente estava em mãos dos grandes capitalistas da Europa Ocidental (199, p. 44)
A nova divisão de fronteiras oriundas do Tratado de Versalhes terá outras
consequências, como se verá adiante.
de 20 mil homens, mulheres e crianças, em apenas três semanas. O território sérvio Potências Centrais, a
(1993, p. 36).
sem a participação da Sérvia. Em 1919 a
s fronteiras mundiais, por meio do Tratado de
los, sob a influência do pan-
Mas os eslavos foram tratados de forma diferente. A ideia era agrupá-los, dando eslavismo, mas também formando os novos Estados-tampão, que
Eslováquia e o Reino dos
Sérvios, Croatas e Eslovenos ficou sobre o governo sérvio que
“prometeram respeitar os direitos dos outros povos sob seu domínio” (BRENER, 1993, p. 38).
O novo reino teria que lidar com uma gigantesca diversidade cultural, pois era composto por
de culturas não era o maior
problema, e sim as condições em que viviam os seus habitantes, com baixos salários e baixo
Desde sua origem, portanto, a Iugoslávia foi um Estado multinacional submetido à egemonia da Sérvia. Os outros povos consideravam os sérvios como um novo
Esloveno foi terrível. Os cidadãos do país trabalhavam pelos menores salários de toda Europa e os preços dos produtos
ído muito, transformando os camponeses em miseráveis. Houve um caso de três famílias com campo que haviam juntado suas rendas para compra
Como era de se esperar, em pouco tempo começaram a surgir movimentos
isfeitos com o governo e domínio sérvio. Os outros povos que compunham o novo reino
entediam que a união dos países se tratou apenas de uma nova forma de domínio, ao qual
via, terminou em um fracasso. Rapidamente explodiram as primeiras diferenças entre as classes dominantes, entre o centralismo sérvio e o federalismo defendido pela burguesia croata e eslovena. A Iugoslávia
ssa industria existente estava em (199, p. 44).
A nova divisão de fronteiras oriundas do Tratado de Versalhes terá outras
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4.4 Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial, diferentemente da Primeira,
envolvimento dos países nos Bálcãs
acreditava “que um status pacífico nos Bálcãs permitiria explorar as riquezas naturais da á
com destaque para o petróleo romeno” (BRENER, 1993, p. 46).
Contudo, apesar da vontade de Hitler, Mussolini decidiu expandir seus territórios
e se voltou para os Bálcãs. Em 1939, Mussolini anexou a Albânia, e invadiu a Grécia, que só
conseguiu ser ocupada após o apoio das tropas de Hitler, como conta Brener:
(...) O ditador fascista italiano Benito Mussolini, curtindo uma dorfunção das conquistas de Hitler e decidindo recuperar o brilho perdido desde os tempos do Império Romano, optouminúscula Albânia em 1939, Mussolini atacou a Grécia. Atacou e se deu mal, porque as tropas gregas, com amplo apoio da população, empurraram os invasores de volta. Só com uma ocupada
A partir desse momento, Hitler exige um posicionamento da Iugoslávia sobre a
guerra e o seu governante à época, o rei Paulo, aderiu ao Eixo em 18 de março de 1941.
Entretanto, a adesão durou pouco, já que
Estado, e o rei Paulo foi obrigado a renunciar. O novo rei era Pedro II, que tinha amplo apoio
da população, como consta a seguir:
(...) como a guerra chegara aos Bálcãs, a Alemanha exigiu que a Iugoslávia decide qual lado ficaria. No dia 18 de março de 1941, o regente Paulo voou até o quartel-dias depois, oficiais nacionalistas, sob a liderança do comandante da Força aérea, BorMirkovido novo rei, Pedro II. Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Belgrado para comemorartinha outra opinião. (B
Obviamente a reação de Hitler não tardou e foi traumática. Um ataque aéreo
alemão à Belgrado matou cerca de 50 mil pessoas. Além de tropas alemãs e italianas, tropas
de outros países ajudaram a ocupar o território, na esperança de ane
como relata Brener:
(...) enxames de aviões bombardearam Belgradocerca de 50 mil pessoas, segundo a historiadora Nora Levin. Enquanto isso, divisões motorizadas avançam por terra. A invasão envoltropas da Hungria, da Bulgária e da Romênia, cujos governos filonazistas receberam promessas de ocupar fatias do território iugoslavo
O combate durou pouco, e o Rei Pedro II se rendeu em apenas 12 dias. Co
o território iugoslavo foi repartido entre os participantes. Além disso,
Volume 10 – nº 2 - 2016
Segunda Guerra Mundial – Invasão nazista
A Segunda Guerra Mundial, diferentemente da Primeira, iniciou sem qualquer
envolvimento dos países nos Bálcãs. Hitler preferia manter-se neutro naquela região, pois
pacífico nos Bálcãs permitiria explorar as riquezas naturais da á
com destaque para o petróleo romeno” (BRENER, 1993, p. 46).
Contudo, apesar da vontade de Hitler, Mussolini decidiu expandir seus territórios
e se voltou para os Bálcãs. Em 1939, Mussolini anexou a Albânia, e invadiu a Grécia, que só
pada após o apoio das tropas de Hitler, como conta Brener:
O ditador fascista italiano Benito Mussolini, curtindo uma dorfunção das conquistas de Hitler e decidindo recuperar o brilho perdido desde os tempos do Império Romano, optou por avançar sobre os Bálcãs. Depois de anexar a minúscula Albânia em 1939, Mussolini atacou a Grécia. Atacou e se deu mal, porque as tropas gregas, com amplo apoio da população, empurraram os invasores de volta. Só com uma mãozinha – a contragosto – de Hitler ocupada (1993, p. 46-47).
A partir desse momento, Hitler exige um posicionamento da Iugoslávia sobre a
guerra e o seu governante à época, o rei Paulo, aderiu ao Eixo em 18 de março de 1941.
Entretanto, a adesão durou pouco, já que dois dias depois o governo sofreu um golpe de
obrigado a renunciar. O novo rei era Pedro II, que tinha amplo apoio
da população, como consta a seguir:
omo a guerra chegara aos Bálcãs, a Alemanha exigiu que a Iugoslávia decide qual lado ficaria. No dia 18 de março de 1941, o regente Paulo voou até o
-general de Hitler, em Berchtesgaden, e assinou sua adesão ao Eixo. Dois dias depois, oficiais nacionalistas, sob a liderança do comandante da Força aérea, BorMirkovich, lideraram um golpe de Estado que forçou Paulo a renunciar em favor do novo rei, Pedro II. Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Belgrado para comemorar. Se o regente Paulo estava do lado dos nazistatinha outra opinião. (BRENER, 1993, p. 47).
Obviamente a reação de Hitler não tardou e foi traumática. Um ataque aéreo
alemão à Belgrado matou cerca de 50 mil pessoas. Além de tropas alemãs e italianas, tropas
de outros países ajudaram a ocupar o território, na esperança de anexar alguma parcela dele,
nxames de aviões bombardearam Belgrado, a capital, em 6 de abril, matando cerca de 50 mil pessoas, segundo a historiadora Nora Levin. Enquanto isso, divisões motorizadas avançam por terra. A invasão envolveu, ale, de alemães e italianos, tropas da Hungria, da Bulgária e da Romênia, cujos governos filonazistas receberam promessas de ocupar fatias do território iugoslavo (1993, p. 47)
O combate durou pouco, e o Rei Pedro II se rendeu em apenas 12 dias. Co
o território iugoslavo foi repartido entre os participantes. Além disso, durante essa divisão,
iniciou sem qualquer
se neutro naquela região, pois
pacífico nos Bálcãs permitiria explorar as riquezas naturais da área,
Contudo, apesar da vontade de Hitler, Mussolini decidiu expandir seus territórios
e se voltou para os Bálcãs. Em 1939, Mussolini anexou a Albânia, e invadiu a Grécia, que só
O ditador fascista italiano Benito Mussolini, curtindo uma dor-de-cotovelo em função das conquistas de Hitler e decidindo recuperar o brilho perdido desde os
or avançar sobre os Bálcãs. Depois de anexar a minúscula Albânia em 1939, Mussolini atacou a Grécia. Atacou e se deu mal, porque as tropas gregas, com amplo apoio da população, empurraram os invasores
é que a Grécia foi
A partir desse momento, Hitler exige um posicionamento da Iugoslávia sobre a
guerra e o seu governante à época, o rei Paulo, aderiu ao Eixo em 18 de março de 1941.
governo sofreu um golpe de
obrigado a renunciar. O novo rei era Pedro II, que tinha amplo apoio
omo a guerra chegara aos Bálcãs, a Alemanha exigiu que a Iugoslávia decidisse de qual lado ficaria. No dia 18 de março de 1941, o regente Paulo voou até o
general de Hitler, em Berchtesgaden, e assinou sua adesão ao Eixo. Dois dias depois, oficiais nacionalistas, sob a liderança do comandante da Força aérea,
que forçou Paulo a renunciar em favor do novo rei, Pedro II. Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Belgrado
. Se o regente Paulo estava do lado dos nazistas, sua “orquestra”
Obviamente a reação de Hitler não tardou e foi traumática. Um ataque aéreo
alemão à Belgrado matou cerca de 50 mil pessoas. Além de tropas alemãs e italianas, tropas
xar alguma parcela dele,
, a capital, em 6 de abril, matando cerca de 50 mil pessoas, segundo a historiadora Nora Levin. Enquanto isso, divisões
veu, ale, de alemães e italianos, tropas da Hungria, da Bulgária e da Romênia, cujos governos filonazistas receberam
(1993, p. 47).
O combate durou pouco, e o Rei Pedro II se rendeu em apenas 12 dias. Com isso,
durante essa divisão,
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Hitler decidiu favorecer as minoriasque
essas minorias consolidassem o nazismo na região, como explica Brener:
Pedro II apresentou a rendição em apenas doze dias. A Itália recebeu de presente Montenegro, a Eslovênia foi dividida entre alemães e participantes da invasão também receberam vantagens territoriais. Hitler decidiu aplicar na Iugoslávia uma tática que já dera certo na Tchecomuito sucesso também na URSS. Para consolidar o poder nazista no país, ele favoreceu as minorias que se sentiam oprimidas sob a monarquia sérvios
Hitler fez da Croácia um país “independente”, que claramente
orientações dos alemães, e colocou no seu governo um extremista
A tática de Hitler funcionou. O nazismo ganhou força na região e o massacre aos
sérvios, ciganos e judeus ocorreu, com números surpreendentes, como explica Brener
Pavelich não perdeu tempo em realizar seu “programa político”. Centenas de milhares de sérvios foram fuzilados. Só no campo de extermínio de Jesenovac, supõe-se que 770 mil sérvios, 40 mil ciganos e 20 mil judeus (afinal, Pavelich tinha que mostrar que seguia as normas de seus patrões nazi(1993, p. 48).
A resistência ao
distintos. O primeiro, os chetniks,
unidade da “Grande Sérvia”, e o segundo grupo, os
por uma Iugoslávia socialista, com respeito a autodeterminação dos povos, como relata
Coggiola:
A resistência iugoslava organizavachetniks
Tito, este de origem croata. Os extremistas sérvios entraram na guerrilha pela “Grande Sérvia”. Os comunistas iugoslavos iniciaram sua própria guerrilha pela “Iugoslávia socialista e federativa, baseada no direito de povos”
Especialmente a resistência dos
anos subsequentes. Nesse contexto, a figura de Josef Titofoi muito importante, o que será
tratado no tópico a seguir.
4.5 Josef Tito – ascensão do comunismo
JosipBroz Tito, como visto, era o líder dos
Iugoslávia um país comunista. Ele estava fortemente alinhado a Stalin, e ganhou apoio
popular com seus projetos de governo, que previam, principalmente,
conta Brener:
(...) o fato é que os eram 60 mim em 1942 e 150 mil
Volume 10 – nº 2 - 2016
as minoriasquetinham sido dominadas durante muitos anos, para que
essas minorias consolidassem o nazismo na região, como explica Brener:
Pedro II apresentou a rendição em apenas doze dias. A Itália recebeu de presente Montenegro, a Eslovênia foi dividida entre alemães e italianos,participantes da invasão também receberam vantagens territoriais. Hitler decidiu aplicar na Iugoslávia uma tática que já dera certo na Tcheco-Eslováquia, e que faria muito sucesso também na URSS. Para consolidar o poder nazista no país, ele
voreceu as minorias que se sentiam oprimidas sob a monarquia (1993, p. 47).
Croácia um país “independente”, que claramente
orientações dos alemães, e colocou no seu governo um extremista anti-sérvio, An
A tática de Hitler funcionou. O nazismo ganhou força na região e o massacre aos
sérvios, ciganos e judeus ocorreu, com números surpreendentes, como explica Brener
Pavelich não perdeu tempo em realizar seu “programa político”. Centenas de ares de sérvios foram fuzilados. Só no campo de extermínio de Jesenovac,
se que 770 mil sérvios, 40 mil ciganos e 20 mil judeus (afinal, Pavelich tinha que mostrar que seguia as normas de seus patrões nazistas) tinham sido mortos(1993, p. 48).
sistência ao governo croata se dava, especialmente, por dois movimentos
chetniks,era formado pelos partidários da monarquia que pregavam a
unidade da “Grande Sérvia”, e o segundo grupo, os partisans, era liderado por Tito e lutavam
por uma Iugoslávia socialista, com respeito a autodeterminação dos povos, como relata
A resistência iugoslava organizava-se em dois movimentos guerrilheiros rivais: os chetniks, partidários da monarquia, e os partisans, comunistas sob o comando de Tito, este de origem croata. Os extremistas sérvios entraram na guerrilha pela “Grande Sérvia”. Os comunistas iugoslavos iniciaram sua própria guerrilha pela “Iugoslávia socialista e federativa, baseada no direito de autodeterminação dos
(1999, p. 53).
Especialmente a resistência dos partisans foi determinante para a Iugoslávia dos
anos subsequentes. Nesse contexto, a figura de Josef Titofoi muito importante, o que será
ascensão do comunismo
JosipBroz Tito, como visto, era o líder dos partisans, que buscavam tornar a
Iugoslávia um país comunista. Ele estava fortemente alinhado a Stalin, e ganhou apoio
popular com seus projetos de governo, que previam, principalmente, a reforma agrária, como
fato é que os partisans comunistas cresceram de forma impressionante: eles eram 60 mim em 1942 e 150 mil no ano seguinte. E a razão desse crescimento era
dominadas durante muitos anos, para que
Pedro II apresentou a rendição em apenas doze dias. A Itália recebeu de presente italianos, e os outros
participantes da invasão também receberam vantagens territoriais. Hitler decidiu Eslováquia, e que faria
muito sucesso também na URSS. Para consolidar o poder nazista no país, ele voreceu as minorias que se sentiam oprimidas sob a monarquia dos Karageorgevic
Croácia um país “independente”, que claramente seguia todas
, Ante Pavelich.
A tática de Hitler funcionou. O nazismo ganhou força na região e o massacre aos
sérvios, ciganos e judeus ocorreu, com números surpreendentes, como explica Brener:
Pavelich não perdeu tempo em realizar seu “programa político”. Centenas de ares de sérvios foram fuzilados. Só no campo de extermínio de Jesenovac,
se que 770 mil sérvios, 40 mil ciganos e 20 mil judeus (afinal, Pavelich tinha stas) tinham sido mortos
por dois movimentos
era formado pelos partidários da monarquia que pregavam a
era liderado por Tito e lutavam
por uma Iugoslávia socialista, com respeito a autodeterminação dos povos, como relata
se em dois movimentos guerrilheiros rivais: os , comunistas sob o comando de
Tito, este de origem croata. Os extremistas sérvios entraram na guerrilha pela “Grande Sérvia”. Os comunistas iugoslavos iniciaram sua própria guerrilha pela
autodeterminação dos
foi determinante para a Iugoslávia dos
anos subsequentes. Nesse contexto, a figura de Josef Titofoi muito importante, o que será
buscavam tornar a
Iugoslávia um país comunista. Ele estava fortemente alinhado a Stalin, e ganhou apoio
a reforma agrária, como
de forma impressionante: eles no ano seguinte. E a razão desse crescimento era
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
justamente o programa radical do partido, principalmente uma ampla reforma agrária, que Mihailovic e o ex
A intenção de promover a reforma agrária
se chocou com as intenções de Mihalovic, um líder leal ao rei Pedro II, que desejava restaura
a monarquia, centralizada Sérvia, e favorecer os
Brener:
Tito foi forçado a manter a orientação vapoio popular. Mas isso levou a um conflito quase imediato com Mihailovic, o líder da guerrilha, leal ao rei Pedro II, e com os governos da Grãque apoiavam o soberano. O exfosse possível, o domínio dos latifundiários Os comunistas defendiam direitos iguais para todas as nacionalidades e sua unificação contra o nazismo
Mihailovic e seus
Tito só agiu realmente quando, em 1943, Estados Unidos, União Soviética e Grã
decidiram dividir o território iugoslavo em áreas de influência e
como governante do país, como abaixo:
(...) reunidos em Teerã (Irã), os “três grandes” traçaram em 1943 as bases do que deveria ser o mapa das áreas de influência de cada um após a Segunda Guerra. A Iugoslávia seria dividida em forças fiéis a ingleses e soviéticos. O rei país” (BRENER, 199
No mesmo ano, os
provisório, que não reconhecia a monarquia de Pedro II, mesmo contra vontade de Stalin,
como abaixo descrito:
A resposta de Tito não se fez esperar. Ainda em 1943, uma segunda assembleia dos partisans
governo provisório, desconhecendo o regime 1993, p.5
Mesmo sem o apoio de Stalin, os comunistas venceram a guerra. Contudo, ao fim
da Segunda Guerra Mundial, quando os países vencedores foram redesenhar o mapa mundi,
Iugoslávia teria que ser dividida, conforme combinado, em duas áreas de influência, u
britânica e uma soviética.
Como Tito não desejava que o comunismo perdesse força na Iugoslávia
entrar em acordo com os ministros do rei Pedro, os
cargos de pouca relevância.
Dessa forma, os comunistas foram
pessoas que apoiavam Pedro II foram se retirando de lá. Com isso, a construção da Republica
Popular da Iugoslávia já estava encaminhada, como explana Brener:
Volume 10 – nº 2 - 2016
justamente o programa radical do partido, principalmente uma ampla reforma agrária, que Mihailovic e o ex-rei Pedro II jamais admitiriam (1993, p. 50)
A intenção de promover a reforma agrária e implantar o comunismo na Iugoslávia
se chocou com as intenções de Mihalovic, um líder leal ao rei Pedro II, que desejava restaura
a monarquia, centralizada Sérvia, e favorecer os poderes dos latifúndios
Tito foi forçado a manter a orientação vermelha do partido, de forma a não perder o apoio popular. Mas isso levou a um conflito quase imediato com Mihailovic, o líder da guerrilha, leal ao rei Pedro II, e com os governos da Grã-Bretanha e dos EUAque apoiavam o soberano. O ex-coronel queria restaurar a monarquia e, até onde fosse possível, o domínio dos latifundiários – além do controle sérvio sobre o país. Os comunistas defendiam direitos iguais para todas as nacionalidades e sua unificação contra o nazismo (1993, p. 50-51).
homens reagiram ao avanço dos comunistas na Iugoslávia, mas,
Tito só agiu realmente quando, em 1943, Estados Unidos, União Soviética e Grã
decidiram dividir o território iugoslavo em áreas de influência e reconheceram o Rei Pedro
do país, como abaixo:
eunidos em Teerã (Irã), os “três grandes” – URSS, EUA e Grãtraçaram em 1943 as bases do que deveria ser o mapa das áreas de influência de cada um após a Segunda Guerra. A Iugoslávia seria dividida em forças fiéis a ingleses e soviéticos. O rei Pedro era reconhecido como o “legítimo governante do
(BRENER, 1993, P. 53).
No mesmo ano, os partisans, sob o comando de Tito, criaram um governo
provisório, que não reconhecia a monarquia de Pedro II, mesmo contra vontade de Stalin,
A resposta de Tito não se fez esperar. Ainda em 1943, uma segunda assembleia dos partisans, reunida em Jaste, também na Bósnia-Herzegovina, decidiu criar governo provisório, desconhecendo o regime de Pedro II. Stalin chiou
p.54).
Mesmo sem o apoio de Stalin, os comunistas venceram a guerra. Contudo, ao fim
da Segunda Guerra Mundial, quando os países vencedores foram redesenhar o mapa mundi,
Iugoslávia teria que ser dividida, conforme combinado, em duas áreas de influência, u
Como Tito não desejava que o comunismo perdesse força na Iugoslávia
entrar em acordo com os ministros do rei Pedro, os incluindo no governo provisório
Dessa forma, os comunistas foram consolidando no governo da Iugoslávia e as
ro II foram se retirando de lá. Com isso, a construção da Republica
Popular da Iugoslávia já estava encaminhada, como explana Brener:
justamente o programa radical do partido, principalmente uma ampla reforma (1993, p. 50).
o comunismo na Iugoslávia
se chocou com as intenções de Mihalovic, um líder leal ao rei Pedro II, que desejava restaurar
latifúndios, como explica
ermelha do partido, de forma a não perder o apoio popular. Mas isso levou a um conflito quase imediato com Mihailovic, o líder
Bretanha e dos EUA, taurar a monarquia e, até onde
além do controle sérvio sobre o país. Os comunistas defendiam direitos iguais para todas as nacionalidades e sua
homens reagiram ao avanço dos comunistas na Iugoslávia, mas,
Tito só agiu realmente quando, em 1943, Estados Unidos, União Soviética e Grã-Bretanha
reconheceram o Rei Pedro
URSS, EUA e Grã-Bretanha – traçaram em 1943 as bases do que deveria ser o mapa das áreas de influência de cada um após a Segunda Guerra. A Iugoslávia seria dividida em forças fiéis a
o “legítimo governante do
, criaram um governo
provisório, que não reconhecia a monarquia de Pedro II, mesmo contra vontade de Stalin,
A resposta de Tito não se fez esperar. Ainda em 1943, uma segunda assembleia dos Herzegovina, decidiu criar mesmo o
de Pedro II. Stalin chiou (BRENER,
Mesmo sem o apoio de Stalin, os comunistas venceram a guerra. Contudo, ao fim
da Segunda Guerra Mundial, quando os países vencedores foram redesenhar o mapa mundi, a
Iugoslávia teria que ser dividida, conforme combinado, em duas áreas de influência, uma
Como Tito não desejava que o comunismo perdesse força na Iugoslávia, tratou de
incluindo no governo provisório em
no governo da Iugoslávia e as
ro II foram se retirando de lá. Com isso, a construção da Republica
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
(...) Mas Tito precisava de tempo para organizar ser governo e ampliar as reformas sociais as áreas sob controle dos ministros ligados ao rei Pedro viramem pastas de poperceberam que o poder real milhares de militantes comunistas. Em menos de seis meses, a turma do rei sérvioPedro abandonava o gabinete.conflitos (inclusive uma guerra civil ali pertinho, na Grécia) terminaram aceitando a situação de fato. A URSS também. Era o primeiro passo para a construção da República Popular da Iugoslávia. E também o passentre Tito e Stálin, e a consolidação do primeiro modelo socialista independente de Moscou
Em que pese os esforços que Tito teve para se aproximar
ocorreu. Stálin chegou a reconhecer o
a URSS finalmente admitiu que a Iugoslávia teria um regime socialista, Tito acreditava estar
voltando ao colo do ‘pai de todos os povos”
Entretanto, alguns ideais de Tito se chocavam com o
pregava a internacionalização do socialismo, e a construção de uma federação socialista, mas
Stálin tinha acordos com o Ocidente que
Brener:
Nem Stálin nem os PCs búlgaro e albanêsideia da federação socialista. Para o ditador soviético, isso significaria romper os acordos assinados
Sem nenhum apoio dos países comunis
aproximou do Ocidente o que fez com que Stálin consumasse o racha entre o Partido
Comunista Soviético com o Iugoslavo, como abaixo explicado por Brener:
(...) O distanciamento entre a Iugoslávia e a URSS deudo não-cumprimento das promessas soviéticas de apoio econômico. Sem alternativas e com o país destruído, Tito começou a se voltar para o Ocidente. Em 1948, Stálin decidiu denunciáconsumado
O modelo do regime socialista que Tito implantou na Iugoslávia não alterou e
existência do partido único, que antes do racha com Stálin era chamado de Partido Comunista
Iugoslavo, mas depois recebeu o nome de Liga Comunista. Além disso, opositores
comunista eram perseguidos, como conta Brener:
Apesar dos ataques ao stalinismo, em termos políticos Tito e sua equipe nunca pretenderam abrir mão do regime de partido único. O Partido Comunista, rebatizado Liga Comunista para diferenciádeveria ser absoluto. Os oposicionistas também foram impiedosamente perse(1993, p. 60).
Volume 10 – nº 2 - 2016
Mas Tito precisava de tempo para organizar ser governo e ampliar as reformas sociais as áreas sob controle dos partisans. Um acordo foi assinado em 1945, e os ministros ligados ao rei Pedro viram-se incluídos em um novo governo provisório, em pastas de pouca importância. A tática do PCI deu certo. Os monarquistas logo perceberam que o poder real – assim como as armas – estava nas mão de centenas de milhares de militantes comunistas. Em menos de seis meses, a turma do rei sérvioPedro abandonava o gabinete. A Grã-Bretanha e os EUA, envolvidos em outros conflitos (inclusive uma guerra civil ali pertinho, na Grécia) terminaram aceitando a situação de fato. A URSS também. Era o primeiro passo para a construção da República Popular da Iugoslávia. E também o passo decisivo para o racha definitivo entre Tito e Stálin, e a consolidação do primeiro modelo socialista independente de Moscou (1993, p. 55).
Em que pese os esforços que Tito teve para se aproximar de Stálin
ocorreu. Stálin chegou a reconhecer o socialismo iugoslavo. Nas palavras de
a URSS finalmente admitiu que a Iugoslávia teria um regime socialista, Tito acreditava estar
do ‘pai de todos os povos” (1993, p. 56).
Entretanto, alguns ideais de Tito se chocavam com os planos soviéticos. Ele
pregava a internacionalização do socialismo, e a construção de uma federação socialista, mas
Stálin tinha acordos com o Ocidente que impediam a construção dessa federação, como relata
Nem Stálin nem os PCs búlgaro e albanês, muito menos o Ocidente, gostavam da ideia da federação socialista. Para o ditador soviético, isso significaria romper os acordos assinados com o Ocidente em Ialta (1993, p. 58).
Sem nenhum apoio dos países comunistas e com um país para reconstruir, Tito
aproximou do Ocidente o que fez com que Stálin consumasse o racha entre o Partido
Comunista Soviético com o Iugoslavo, como abaixo explicado por Brener:
O distanciamento entre a Iugoslávia e a URSS deu-se principalmente na forma cumprimento das promessas soviéticas de apoio econômico. Sem alternativas
e com o país destruído, Tito começou a se voltar para o Ocidente. Em 1948, Stálin decidiu denunciá-lo como ‘traidor a serviço do Imperialismo”. O racha estava consumado (1993, p. 59).
O modelo do regime socialista que Tito implantou na Iugoslávia não alterou e
existência do partido único, que antes do racha com Stálin era chamado de Partido Comunista
Iugoslavo, mas depois recebeu o nome de Liga Comunista. Além disso, opositores
comunista eram perseguidos, como conta Brener:
Apesar dos ataques ao stalinismo, em termos políticos Tito e sua equipe nunca pretenderam abrir mão do regime de partido único. O Partido Comunista, rebatizado Liga Comunista para diferenciá-lo das forças que seguiam a linha de Moscou,deveria ser absoluto. Os oposicionistas também foram impiedosamente perse(1993, p. 60).
Mas Tito precisava de tempo para organizar ser governo e ampliar as reformas Um acordo foi assinado em 1945, e os
se incluídos em um novo governo provisório, A tática do PCI deu certo. Os monarquistas logo
estava nas mão de centenas de milhares de militantes comunistas. Em menos de seis meses, a turma do rei sérvio
Bretanha e os EUA, envolvidos em outros conflitos (inclusive uma guerra civil ali pertinho, na Grécia) terminaram aceitando a situação de fato. A URSS também. Era o primeiro passo para a construção da
o decisivo para o racha definitivo entre Tito e Stálin, e a consolidação do primeiro modelo socialista independente de
de Stálin, isso não
mo iugoslavo. Nas palavras de Brener “quando
a URSS finalmente admitiu que a Iugoslávia teria um regime socialista, Tito acreditava estar
s planos soviéticos. Ele
pregava a internacionalização do socialismo, e a construção de uma federação socialista, mas
impediam a construção dessa federação, como relata
, muito menos o Ocidente, gostavam da ideia da federação socialista. Para o ditador soviético, isso significaria romper os
tas e com um país para reconstruir, Tito se
aproximou do Ocidente o que fez com que Stálin consumasse o racha entre o Partido
se principalmente na forma cumprimento das promessas soviéticas de apoio econômico. Sem alternativas
e com o país destruído, Tito começou a se voltar para o Ocidente. Em 1948, Stálin lo como ‘traidor a serviço do Imperialismo”. O racha estava
O modelo do regime socialista que Tito implantou na Iugoslávia não alterou e
existência do partido único, que antes do racha com Stálin era chamado de Partido Comunista
Iugoslavo, mas depois recebeu o nome de Liga Comunista. Além disso, opositores do regime
Apesar dos ataques ao stalinismo, em termos políticos Tito e sua equipe nunca pretenderam abrir mão do regime de partido único. O Partido Comunista, rebatizado
orças que seguiam a linha de Moscou, deveria ser absoluto. Os oposicionistas também foram impiedosamente perseguidos
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
O regime comunista da Iugoslávia permaneceria sem grandes alterações até 1953,
quando o direito à pequena propriedade priva
aproximou do Ocidente e começou a fazer empréstimos,
O fim da coletivização forçada na zona rural chegaria ao fim de vez em 1953. Sem apoio da URSS, Tito foi buscar forças para tocar adianduas frentes: no Ocidente e nas energias de sua própria população. No início dos anos 50, o país decidiu aderir aos organismos financeiros ocidentais e pediu um empréstimo de US$ 250 milhões ao Banco Mundial. A estrutura socialista levou os executivos do banco a torcerem o nariz, cheios de dúvidas, e aprovarem apenas US$ 29 mi
A Iugoslávia de Tito era baseada no regime federativo em que, as diversas
nacionalidades podiam expressar suas cultura
formado por membros de todas as nacionalidades, como explica Brener:
Sérvios, croatas, eslovenos, macedônios, descendentes de albaneses do Kossovo ou de húngaros na Voivodina eraigrejas (com restrições, devido ao ateísmo oficial típico dos comunistas) e a cultivar suas tradições. Se você apanhar um selo postal iugoslavo da época, verá que o nome do país aparece escrito (de sérvios, montenegrinos e macedônios). Nos organismos estatais, era observada escrupulosamente a participação de
Nos anos de 1960, a Iugoslávia implantou o regime de socialismo de
que internamente o regime que prevalecia era o do socialismo, mas
obedecia a regra do capitalismo, como expõe Brener:
Para escapar dessa crescente contradição, entre socialismo e “interno” e capitalismo “pra fora”, os definiam como “socialismo de
O modelo de gestão de Tito manteve
morte de Tito e de início da mudança
O declínio do regime de governo criado por Tito e a forte crise
Iugoslávia fez com que surgisse um novo líder: Slobodan Milosevic, que será assunto do
tópico a seguir.
Volume 10 – nº 2 - 2016
O regime comunista da Iugoslávia permaneceria sem grandes alterações até 1953,
quando o direito à pequena propriedade privada foi garantido. Além disso, a Iugoslávia se
aproximou do Ocidente e começou a fazer empréstimos, como informa Brener:
O fim da coletivização forçada na zona rural chegaria ao fim de vez em 1953. Sem apoio da URSS, Tito foi buscar forças para tocar adiante o barco iugoslavo em duas frentes: no Ocidente e nas energias de sua própria população. No início dos anos 50, o país decidiu aderir aos organismos financeiros ocidentais e pediu um empréstimo de US$ 250 milhões ao Banco Mundial. A estrutura socialista levou os executivos do banco a torcerem o nariz, cheios de dúvidas, e aprovarem apenas US$ 29 milhões em créditos (1993, p. 61).
A Iugoslávia de Tito era baseada no regime federativo em que, as diversas
nacionalidades podiam expressar suas culturas, religiões e língua. Além disso, o governo era
formado por membros de todas as nacionalidades, como explica Brener:
Sérvios, croatas, eslovenos, macedônios, descendentes de albaneses do Kossovo ou de húngaros na Voivodina eram autorizados a falar suas línguas, a frequentar suas igrejas (com restrições, devido ao ateísmo oficial típico dos comunistas) e a cultivar suas tradições. Se você apanhar um selo postal iugoslavo da época, verá que o nome do país aparece escrito em dois alfabetos: o latino (dos eslovenos e croatas) e cirílico (de sérvios, montenegrinos e macedônios). Nos organismos estatais, era observada escrupulosamente a participação de todas as nacionalidades (1993, p. 63).
Nos anos de 1960, a Iugoslávia implantou o regime de socialismo de
que internamente o regime que prevalecia era o do socialismo, mas, no âmbito internacional,
do capitalismo, como expõe Brener:
Para escapar dessa crescente contradição, entre socialismo e “interno” e capitalismo “pra fora”, os líderes comunistas iugoslavos optaram, a partir de 1965, pelo que definiam como “socialismo de mercado” (1993, p. 66).
O modelo de gestão de Tito manteve-se, com altos e baixos, até 1980, ano da
morte de Tito e de início da mudança no governo. Destaca-se o comentário de Brener:
(...) Tito foi, como poucos líderes na história, o rosto de um regime que nasceu, desenvolveu-se e começou a morrer com ele. Autogestão e mecanismos de mercado, Estado forte e repúblicas federativas, debates e partido único. Melhor, Tito foi o rosto de um país, da república socialista dos eslavos do Sul, utopia de uma convivência imposta, agora substituída por algo que ninmuito bem o que será (1993, p. 69).
O declínio do regime de governo criado por Tito e a forte crise
Iugoslávia fez com que surgisse um novo líder: Slobodan Milosevic, que será assunto do
O regime comunista da Iugoslávia permaneceria sem grandes alterações até 1953,
da foi garantido. Além disso, a Iugoslávia se
como informa Brener:
O fim da coletivização forçada na zona rural chegaria ao fim de vez em 1953. te o barco iugoslavo em
duas frentes: no Ocidente e nas energias de sua própria população. No início dos anos 50, o país decidiu aderir aos organismos financeiros ocidentais e pediu um empréstimo de US$ 250 milhões ao Banco Mundial. A estrutura socialista do país levou os executivos do banco a torcerem o nariz, cheios de dúvidas, e aprovarem
A Iugoslávia de Tito era baseada no regime federativo em que, as diversas
s, religiões e língua. Além disso, o governo era
Sérvios, croatas, eslovenos, macedônios, descendentes de albaneses do Kossovo ou nguas, a frequentar suas
igrejas (com restrições, devido ao ateísmo oficial típico dos comunistas) e a cultivar suas tradições. Se você apanhar um selo postal iugoslavo da época, verá que o nome
venos e croatas) e cirílico (de sérvios, montenegrinos e macedônios). Nos organismos estatais, era observada
(1993, p. 63).
Nos anos de 1960, a Iugoslávia implantou o regime de socialismo de mercado, em
no âmbito internacional,
Para escapar dessa crescente contradição, entre socialismo e “interno” e capitalismo líderes comunistas iugoslavos optaram, a partir de 1965, pelo que
se, com altos e baixos, até 1980, ano da
o comentário de Brener:
Tito foi, como poucos líderes na história, o rosto de um regime se e começou a morrer com ele.
Autogestão e mecanismos de mercado, Estado forte e repúblicas Tito foi o rosto de um
país, da república socialista dos eslavos do Sul, utopia de uma convivência imposta, agora substituída por algo que ninguém sabe
O declínio do regime de governo criado por Tito e a forte crise econômica da
Iugoslávia fez com que surgisse um novo líder: Slobodan Milosevic, que será assunto do
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
4.6 A crise no Iugoslávia e Slobodan Milosevic
Como já estudado, a Iugoslávia, desde o governo de Tito, começou a abrir sua
economia para o Ocidente e fazendo empréstimos para a reestruturação do país e avanço da
indústria.
Denota-se quea Iugoslávia tinha
das empresas pelos trabalhadores. Apesar disso, o “socialismo de mercado” se tornou
completamente dependente do Ocidente, e as crises no sistema capitalista afetavam
diretamente a Iugoslávia, como explica Coggiola:
A forte dependência iugoslava em relação ao Ocidente faz com que a crise econômica capitalista entre com facilidade na economia do tensões entrecaminho. Em 1980, a dívida externa iugoslava cresce em mais de 20 bilhões de dólares. Este é o mecanismo de pressão que os Estados Unidos e os países credores utilizam para dirigir a economia iugoslava. A burocracia dirigente leva a cabo uma política de austeridade para pagar a dívida, que vai questionar as conquistas autogestoras e o nível de vida dos trabalhadores e, por fim, desestabilizar os rautônomos se chamava de “socialismo iugoslavo”
A grave crise econômica enfrentada pela Iugoslávia nos anos 80
evidência um novo líder sérvio: Slobodan Milosevic. Ele pr
problemas do país era a estruturação de um governo forte
gerados pelos povos mais pobres que, segundo ele, retiravam os recu
que retrata Coggiola:
A crise facilitou o surgimento degeral da Liga Comunista naquela república. Ele vivia no anonimato da burocracia “socialista”, e prosperou na sombra do partido, ascendendo de dirigente sindical a banqueiro do governo. Ele pensava resolvegoverno forte. Em 1988, lançou uma grande ofensiva para assumir o controlo do partido único, liderando um grupo da antiga privilégios. Reavivou o nacionalismo sérvio usando como pperseguições de sérvios e montenegrinos em Kosovo, onde 90% da população tem origem albanesa
Milosevic estimulou as rivalidades que já existiam na Iugoslávia e seu discurso
preponderante para consolidação do senti
posteriormente, como informa Goggiola:
Utilizando o discurso dos “albaneses que sugam nossos subsídios e espancam nossos irmãos”, Milosevic ajudou a realimentar velhos ódios nacionais e promoveu enormes manifestpaís (1999, p. 94).
Em 1988 Milosevic
e Kosovo e avançou sua influê
Volume 10 – nº 2 - 2016
e Slobodan Milosevic
Como já estudado, a Iugoslávia, desde o governo de Tito, começou a abrir sua
o Ocidente e fazendo empréstimos para a reestruturação do país e avanço da
se quea Iugoslávia tinha um regime burocrático e marcado pela autogestão
pelos trabalhadores. Apesar disso, o “socialismo de mercado” se tornou
tamente dependente do Ocidente, e as crises no sistema capitalista afetavam
diretamente a Iugoslávia, como explica Coggiola:
A forte dependência iugoslava em relação ao Ocidente faz com que a crise econômica capitalista entre com facilidade na economia do tensões entre um norte desenvolvido, um sul pobre e um centro na metade do caminho. Em 1980, a dívida externa iugoslava cresce em mais de 20 bilhões de dólares. Este é o mecanismo de pressão que os Estados Unidos e os países credores
ilizam para dirigir a economia iugoslava. A burocracia dirigente leva a cabo uma política de austeridade para pagar a dívida, que vai questionar as conquistas autogestoras e o nível de vida dos trabalhadores e, por fim, desestabilizar os rautônomos das repúblicas. Este conjunto de fatores vão levar à decomposição o que se chamava de “socialismo iugoslavo” (1999, p. 91).
A grave crise econômica enfrentada pela Iugoslávia nos anos 80
evidência um novo líder sérvio: Slobodan Milosevic. Ele pregava que a solução dos
problemas do país era a estruturação de um governo forte e dizia que os problemas eram
gerados pelos povos mais pobres que, segundo ele, retiravam os recursos do país, na forma
A crise facilitou o surgimento de um líder na Sérvia, Slobodan Milosevic, secretáriogeral da Liga Comunista naquela república. Ele vivia no anonimato da burocracia “socialista”, e prosperou na sombra do partido, ascendendo de dirigente sindical a banqueiro do governo. Ele pensava resolver os problemas do paísgoverno forte. Em 1988, lançou uma grande ofensiva para assumir o controlo do partido único, liderando um grupo da antiga nomenklatura, nada inclinada a perder privilégios. Reavivou o nacionalismo sérvio usando como pperseguições de sérvios e montenegrinos em Kosovo, onde 90% da população tem origem albanesa (1999, p. 93-94).
Milosevic estimulou as rivalidades que já existiam na Iugoslávia e seu discurso
preponderante para consolidação do sentimento nacionalista que causaria graves danos
posteriormente, como informa Goggiola:
Utilizando o discurso dos “albaneses que sugam nossos subsídios e espancam nossos irmãos”, Milosevic ajudou a realimentar velhos ódios nacionais e promoveu enormes manifestações de sérvios e montenegrinos, que viviam
(1999, p. 94).
Em 1988 Milosevic conseguiu retirar os líderes da Liga Comunista em Vojvodna
e Kosovo e avançou sua influência sobre os comunistas de Montenegro.
Como já estudado, a Iugoslávia, desde o governo de Tito, começou a abrir sua
o Ocidente e fazendo empréstimos para a reestruturação do país e avanço da
um regime burocrático e marcado pela autogestão
pelos trabalhadores. Apesar disso, o “socialismo de mercado” se tornou
tamente dependente do Ocidente, e as crises no sistema capitalista afetavam
A forte dependência iugoslava em relação ao Ocidente faz com que a crise econômica capitalista entre com facilidade na economia do país, acelerando as
um norte desenvolvido, um sul pobre e um centro na metade do caminho. Em 1980, a dívida externa iugoslava cresce em mais de 20 bilhões de dólares. Este é o mecanismo de pressão que os Estados Unidos e os países credores
ilizam para dirigir a economia iugoslava. A burocracia dirigente leva a cabo uma política de austeridade para pagar a dívida, que vai questionar as conquistas autogestoras e o nível de vida dos trabalhadores e, por fim, desestabilizar os regimes
das repúblicas. Este conjunto de fatores vão levar à decomposição o que
A grave crise econômica enfrentada pela Iugoslávia nos anos 80 trouxe em
egava que a solução dos
e dizia que os problemas eram
rsos do país, na forma
um líder na Sérvia, Slobodan Milosevic, secretário-geral da Liga Comunista naquela república. Ele vivia no anonimato da burocracia “socialista”, e prosperou na sombra do partido, ascendendo de dirigente sindical a
r os problemas do país dotando-o de um governo forte. Em 1988, lançou uma grande ofensiva para assumir o controlo do
, nada inclinada a perder privilégios. Reavivou o nacionalismo sérvio usando como pretexto as supostas perseguições de sérvios e montenegrinos em Kosovo, onde 90% da população tem
Milosevic estimulou as rivalidades que já existiam na Iugoslávia e seu discurso foi
que causaria graves danos
Utilizando o discurso dos “albaneses que sugam nossos subsídios e espancam nossos irmãos”, Milosevic ajudou a realimentar velhos ódios nacionais e promoveu
espalhados por todo
conseguiu retirar os líderes da Liga Comunista em Vojvodna
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
As propostas de Milosevic
ricas que temiam o avanço do nacionalismo sérvio. Além disso, foram criados outros partidos,
sem nenhuma autorização do governo da Iugoslávia. Veja
Em fins de 1988, Miloseem Vojvodna e Kosovo e, além disso, conquistou posição entre os comunistas de Montenegro. Não conseguiu, entretantoreunião realizada em dezembro. Afastou de suasEslovênia e da Croácia, receosos com o crescimento do nacionalismopartir de então, o PCI não foi mais capaz de manter qualquer tipo de unidade. O pluripartidarismo brotou, sem que qualquer governo central o autorizasscondições de reagir
Em resumo, o regime burocrático criado por Tito entrava em colapso, e
de Milosevic, o líder da Iugoslávia, só contribuía
bastasse a crise econômica que o país viv
viviam na Iugoslávia começou a enfrentar graves problemas. Nas palavras de Coggiola:
A ruptura das regras do jogo enquanto Tito estava vivo separatistas da Eslovênia e Croáciadirigida a redefinir as fronteiras e acabar com o antigo Estado federal. A burocracia sérvia, encabeçada por Milosevic, redescobriu“Grande Sérvia”. Acusoude Kosovo de discriminar as minorias sérvias e preparar seu extermínio, lembrando as atrocidades cometidas durante a ocupação nazista, pel95).
O nacionalismo e o ideal da Grande Sérvia causaram um problema pior que a
crise econômica, como será visto no capítulo seguinte.
5 GENOCÍDIO
5.1 Definição
O criador do termo genocídio foi Raphael Lemkin durante a Segunda
Mundial. Ele era um judeu polonês que saiu de seu país no início da guerra.
Ele considerava que precisava encontrar um termo único que pudesse designar
tudo que estava ocorrendo com os judeus, para fazer com que as pessoas acreditassem nos
relatos de barbáries ocorridas contra os judeus
defendia a proibição do “assassinato racial” antes mesmo da Segunda Guerra Mundial ter se
iniciado.
Sua intenção era abranger tudo o que dizia respeito
Power:
(...) Lemkin estava em busca de algum termo que denotasse todos os aspectos do nacionalismo religiosos. Desejava conotar não só o extermínio em grande escala, mas também os outros meios de destruição de Hitler: deportações em massa, redução da taxa de
Volume 10 – nº 2 - 2016
Milosevic não se estendiam a Eslovênia e Croácia, nações mais
ricas que temiam o avanço do nacionalismo sérvio. Além disso, foram criados outros partidos,
sem nenhuma autorização do governo da Iugoslávia. Veja-se o que diz Coggiola:
Em fins de 1988, Milosevic conseguiu derrubar os líderes da Liga dos Comunistas em Vojvodna e Kosovo e, além disso, conquistou posição entre os comunistas de Montenegro. Não conseguiu, entretanto, obter maioria no Comitê Central, na reunião realizada em dezembro. Afastou de suas propostas os comunistas da Eslovênia e da Croácia, receosos com o crescimento do nacionalismopartir de então, o PCI não foi mais capaz de manter qualquer tipo de unidade. O pluripartidarismo brotou, sem que qualquer governo central o autorizasscondições de reagir (1999, p.94).
Em resumo, o regime burocrático criado por Tito entrava em colapso, e
Milosevic, o líder da Iugoslávia, só contribuíam para aumentar a crise. Como se não
bastasse a crise econômica que o país vivia naqueles anos, a convivência entre os povos que
viviam na Iugoslávia começou a enfrentar graves problemas. Nas palavras de Coggiola:
A ruptura das regras do jogo – que haviam funcionado, cada vez mais dificilmente, enquanto Tito estava vivo – pelos dirigentes sérvios, não obedeceu aos intentos separatistas da Eslovênia e Croácia – que aceitavam de fato – senão a uma política dirigida a redefinir as fronteiras e acabar com o antigo Estado federal. A burocracia sérvia, encabeçada por Milosevic, redescobriu o nacionalismo e o velho projeto da “Grande Sérvia”. Acusou-se as outras repúblicas e a população de origem albanesa de Kosovo de discriminar as minorias sérvias e preparar seu extermínio, lembrando as atrocidades cometidas durante a ocupação nazista, pelos bandos
O nacionalismo e o ideal da Grande Sérvia causaram um problema pior que a
crise econômica, como será visto no capítulo seguinte.
O criador do termo genocídio foi Raphael Lemkin durante a Segunda
Mundial. Ele era um judeu polonês que saiu de seu país no início da guerra.
Ele considerava que precisava encontrar um termo único que pudesse designar
tudo que estava ocorrendo com os judeus, para fazer com que as pessoas acreditassem nos
e barbáries ocorridas contra os judeus e, também por razões jurídicas
defendia a proibição do “assassinato racial” antes mesmo da Segunda Guerra Mundial ter se
Sua intenção era abranger tudo o que dizia respeito a nacionalidade, como
Lemkin estava em busca de algum termo que denotasse todos os aspectos do nacionalismo – físicos, biológicos, políticos, sociais, culturais, econômicos e religiosos. Desejava conotar não só o extermínio em grande escala, mas também os
tros meios de destruição de Hitler: deportações em massa, redução da taxa de
não se estendiam a Eslovênia e Croácia, nações mais
ricas que temiam o avanço do nacionalismo sérvio. Além disso, foram criados outros partidos,
se o que diz Coggiola:
vic conseguiu derrubar os líderes da Liga dos Comunistas em Vojvodna e Kosovo e, além disso, conquistou posição entre os comunistas de
, obter maioria no Comitê Central, na propostas os comunistas da
Eslovênia e da Croácia, receosos com o crescimento do nacionalismo sérvio. A partir de então, o PCI não foi mais capaz de manter qualquer tipo de unidade. O pluripartidarismo brotou, sem que qualquer governo central o autorizasse ou tivesse
Em resumo, o regime burocrático criado por Tito entrava em colapso, e os ideais
para aumentar a crise. Como se não
a convivência entre os povos que
viviam na Iugoslávia começou a enfrentar graves problemas. Nas palavras de Coggiola:
que haviam funcionado, cada vez mais dificilmente, gentes sérvios, não obedeceu aos intentos
senão a uma política dirigida a redefinir as fronteiras e acabar com o antigo Estado federal. A burocracia
o nacionalismo e o velho projeto da se as outras repúblicas e a população de origem albanesa
de Kosovo de discriminar as minorias sérvias e preparar seu extermínio, lembrando os bandos ustashis (1999,
O nacionalismo e o ideal da Grande Sérvia causaram um problema pior que a
O criador do termo genocídio foi Raphael Lemkin durante a Segunda Guerra
Ele considerava que precisava encontrar um termo único que pudesse designar
tudo que estava ocorrendo com os judeus, para fazer com que as pessoas acreditassem nos
jurídicas, já que ele
defendia a proibição do “assassinato racial” antes mesmo da Segunda Guerra Mundial ter se
nacionalidade, como relata
Lemkin estava em busca de algum termo que denotasse todos os aspectos do físicos, biológicos, políticos, sociais, culturais, econômicos e
religiosos. Desejava conotar não só o extermínio em grande escala, mas também os tros meios de destruição de Hitler: deportações em massa, redução da taxa de
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natalidade mediante separação de homens e mulheresprogressiva e a supressão da intelectualidade da qual saíam os líderes da nação(2004, p. 66)
A palavra genocídio surgiu a partir dos derivativos:
significa raça ou tribo, somado com
encaixou completamente ao que ocorria, sendo mais abrangente do que os termos barbár
assassinatos raciais, até então muito utilizados para designar o que ocorria com os judeus na
Segunda Guerra Mundial.
A ideia de Lemkin era também associar a palavra diretamente ao que Hitler fazia
e, com isso, fazer com que todos se preocup
explica Power:
A palavra a que Lemkin chegou era um híbrido que combinava o derivativogeno, significando “raça” ou “tribo” e o derivativo latino significando “ato ou efeito de matar”. “Genocíditendia a ser pronunciado erroneamente. Devido à permanente associação da palavra com os horrores de Hitler, também provocaria calafrios na espinha dos que a ouvissem
A interpretação de Power sobre a explica
é interessante. Segundo ela, o termo genocídio pode ser usado mesmo que as agressões a um
determinado grupo não sejam violências físicas, desde que essas pessoas estivessem perdendo
as características específicas do g
Não era necessário que um grupo fosse fisicamente exterminado para sofrer genocídio. Seus grupos podiam ser destituídos de todas as características culturais de sua identidade. “É preciso séculos, às vezes milhnacional”, escreveu Lemkin, instantaneamente, como o fogo pode destruir o prédio em uma hora”2004, p. 69)
Um ano depois do fim da guerra, a Assembleia Geral da ONU c
de genocídio como “‘a negação do direito de existência de grupos humanos inteiros’, que
‘revolta a consciência da humanidade’ e é ‘contrária à lei moral e ao espírito e objetivos das
Nações Unidas’” (POWER, 2004, p. 79).
Contudo, foi apena
Crime de Genocídio foi aprovada em Assembleia Geral. Essa convenção, possui em seu
2º a definição do crime de genocídio:
Art. II -
atos, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tal como:(a)assassinato de membros do grupo;(b) dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo;(c) submissão intencdestruição física total ou parcial;
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natalidade mediante separação de homens e mulheres, exploraçãoeconômica, fome progressiva e a supressão da intelectualidade da qual saíam os líderes da nação(2004, p. 66).
A palavra genocídio surgiu a partir dos derivativos: geno (origem grega) que
somado com cídio (origem no latim), que significa matar. A palavra se
encaixou completamente ao que ocorria, sendo mais abrangente do que os termos barbár
assassinatos raciais, até então muito utilizados para designar o que ocorria com os judeus na
A ideia de Lemkin era também associar a palavra diretamente ao que Hitler fazia
e, com isso, fazer com que todos se preocupassem mais ao ouvir a palavra genocídio, como
A palavra a que Lemkin chegou era um híbrido que combinava o derivativo, significando “raça” ou “tribo” e o derivativo latino
significando “ato ou efeito de matar”. “Genocídio” era um termo breve, novo e não tendia a ser pronunciado erroneamente. Devido à permanente associação da palavra com os horrores de Hitler, também provocaria calafrios na espinha dos que a ouvissem (2004, p. 68).
A interpretação de Power sobre a explicação do que é genocídio dada por Lemkin
é interessante. Segundo ela, o termo genocídio pode ser usado mesmo que as agressões a um
determinado grupo não sejam violências físicas, desde que essas pessoas estivessem perdendo
as características específicas do grupo a que fazia parte, como consta a seguir:
Não era necessário que um grupo fosse fisicamente exterminado para sofrer genocídio. Seus grupos podiam ser destituídos de todas as características culturais de sua identidade. “É preciso séculos, às vezes milhares de anos, para criar uma cultura nacional”, escreveu Lemkin, “mas o Genocídio pode destruir uma cultura instantaneamente, como o fogo pode destruir o prédio em uma hora”2004, p. 69)
Um ano depois do fim da guerra, a Assembleia Geral da ONU condenou o crime
de genocídio como “‘a negação do direito de existência de grupos humanos inteiros’, que
‘revolta a consciência da humanidade’ e é ‘contrária à lei moral e ao espírito e objetivos das
Nações Unidas’” (POWER, 2004, p. 79).
Contudo, foi apenas em 1948 que a Convenção sobre Prevenção e Punição do
Crime de Genocídio foi aprovada em Assembleia Geral. Essa convenção, possui em seu
crime de genocídio:
- Na presente Convenção, entende-se por genocídio qualquer dos atos, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tal como: (a)assassinato de membros do grupo; (b) dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo;(c) submissão intencional do grupo a condições de existência que lhe ocasionem a destruição física total ou parcial;
, exploraçãoeconômica, fome progressiva e a supressão da intelectualidade da qual saíam os líderes da nação
(origem grega) que
que significa matar. A palavra se
encaixou completamente ao que ocorria, sendo mais abrangente do que os termos barbárie e
assassinatos raciais, até então muito utilizados para designar o que ocorria com os judeus na
A ideia de Lemkin era também associar a palavra diretamente ao que Hitler fazia
s ao ouvir a palavra genocídio, como
A palavra a que Lemkin chegou era um híbrido que combinava o derivativo grego , significando “raça” ou “tribo” e o derivativo latino cídio, de caedere,
o” era um termo breve, novo e não tendia a ser pronunciado erroneamente. Devido à permanente associação da palavra com os horrores de Hitler, também provocaria calafrios na espinha dos que a
ção do que é genocídio dada por Lemkin
é interessante. Segundo ela, o termo genocídio pode ser usado mesmo que as agressões a um
determinado grupo não sejam violências físicas, desde que essas pessoas estivessem perdendo
rupo a que fazia parte, como consta a seguir:
Não era necessário que um grupo fosse fisicamente exterminado para sofrer genocídio. Seus grupos podiam ser destituídos de todas as características culturais de
ares de anos, para criar uma cultura destruir uma cultura
instantaneamente, como o fogo pode destruir o prédio em uma hora”. (POWER,
ondenou o crime
de genocídio como “‘a negação do direito de existência de grupos humanos inteiros’, que
‘revolta a consciência da humanidade’ e é ‘contrária à lei moral e ao espírito e objetivos das
s em 1948 que a Convenção sobre Prevenção e Punição do
Crime de Genocídio foi aprovada em Assembleia Geral. Essa convenção, possui em seu artigo
se por genocídio qualquer dos seguintes atos, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional,
(b) dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo; ional do grupo a condições de existência que lhe ocasionem a
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(d) medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;(e) transferência forçada de menores do grupo para outro grupo.
Como se vê, o termo de
mesmo significado, tendo sido inclusive
acima citada.
Assim Minuci resume o crime em questão:
Nos termos dessa definição sociológica, a ação genocidadestruição física dos membros de um determinado grupo, mas a todas as formas capazes de impedir a socialização, a integração e, principalmente, a reprodução cultural do grupo
Tendo tratado da definição do crime de
ocorreram os crimes de genocídio na ex
Tribunal Penal Internacional.
5.2 Guerra Civil. Guerra Civil?
A definição mais comum de guerra normalmente é completamente difer
que ocorre em uma guerra civil. Na palavra guerra nos remete à
entre países, não de conflitos dentro de um país, como é o caso da guerra civil.
Ressalta a definição de guerra dada por Kelsen
Aqui, deveum Estado dirige contra o outro, sem se atender ao fato de haver ou não reação contra aquele por meio de uma ação da mesma espécie, isto é, por meio de uma contraguerra
Ou seja, essa definição de guerra
extrafronteiras, não à guerra civil em si.
próprio Estado Moderno.
As disputas por território, por mercadorias, por poder
ocorrem há muito tempo. Enzensberger diz que a guerra é uma tradição muito antiga da
humanidade, como consta abaixo:
Os animais lutam, mas não fazem guerra, O homem é o único primata que planeja o extermínio dentro de sua própria espécie e o executadimensõeestabelecer acordos de paz é provavelmente uma conquista posterior. As mais antigas tradições da humanidade, seus mitos e lendas, falam, sobretudomatar. A luta travada em maior proximidade física não se devia apenas a simplicidade da técnica de construção de armas. Tratavasatisfação psíquica obtida em extravasar o ódio naqueles que se conhecem, nos vizinhos. Desta forforma original de todos os conflitos coletivos
Volume 10 – nº 2 - 2016
(d) medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;(e) transferência forçada de menores do grupo para outro grupo.
Como se vê, o termo de genocídio criado por Lemkim é o utilizado até hoje com o
mesmo significado, tendo sido inclusive inspirado a tipificação de genocídio na Convenção
resume o crime em questão:
Nos termos dessa definição sociológica, a ação genocida não se refere apenas à destruição física dos membros de um determinado grupo, mas a todas as formas capazes de impedir a socialização, a integração e, principalmente, a reprodução cultural do grupo (2010, p. 303).
Tendo tratado da definição do crime de genocídio, agora será explicado como
ocorreram os crimes de genocídio na ex-Iugoslávia, que posteriormente foram julgados pelo
5.2 Guerra Civil. Guerra Civil?
A definição mais comum de guerra normalmente é completamente difer
que ocorre em uma guerra civil. Na palavra guerra nos remete à ideia de conflitos armados
não de conflitos dentro de um país, como é o caso da guerra civil.
essalta a definição de guerra dada por Kelsen:
Aqui, deve-se entender por “guerra” a ação realizada por meio da força armada, que um Estado dirige contra o outro, sem se atender ao fato de haver ou não reação contra aquele por meio de uma ação da mesma espécie, isto é, por meio de uma contraguerra (1996, p. 356).
definição de guerra feita por Kelsen diz respeito às guerras
extrafronteiras, não à guerra civil em si. Contudo, esse tipo de conflito é mais antigo do que o
As disputas por território, por mercadorias, por poder e pelo sentimento d
ocorrem há muito tempo. Enzensberger diz que a guerra é uma tradição muito antiga da
humanidade, como consta abaixo:
Os animais lutam, mas não fazem guerra, O homem é o único primata que planeja o extermínio dentro de sua própria espécie e o executa entusiasticamente e em grandes dimensões. A guerra é uma de suas invenções mais importantes; a capacidade de estabelecer acordos de paz é provavelmente uma conquista posterior. As mais antigas tradições da humanidade, seus mitos e lendas, falam, sobretudomatar. A luta travada em maior proximidade física não se devia apenas a simplicidade da técnica de construção de armas. Tratava-se também da maior satisfação psíquica obtida em extravasar o ódio naqueles que se conhecem, nos vizinhos. Desta forma, a guerra civil não seria apenas uma antiga tradição, mas a forma original de todos os conflitos coletivos (1995, p. 9).
(d) medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
genocídio criado por Lemkim é o utilizado até hoje com o
inspirado a tipificação de genocídio na Convenção
não se refere apenas à destruição física dos membros de um determinado grupo, mas a todas as formas capazes de impedir a socialização, a integração e, principalmente, a reprodução
genocídio, agora será explicado como
, que posteriormente foram julgados pelo
A definição mais comum de guerra normalmente é completamente diferente do
conflitos armados
não de conflitos dentro de um país, como é o caso da guerra civil.
guerra” a ação realizada por meio da força armada, que um Estado dirige contra o outro, sem se atender ao fato de haver ou não reação contra aquele por meio de uma ação da mesma espécie, isto é, por meio de uma
por Kelsen diz respeito às guerras
Contudo, esse tipo de conflito é mais antigo do que o
e pelo sentimento de ódio
ocorrem há muito tempo. Enzensberger diz que a guerra é uma tradição muito antiga da
Os animais lutam, mas não fazem guerra, O homem é o único primata que planeja o entusiasticamente e em grandes
s. A guerra é uma de suas invenções mais importantes; a capacidade de estabelecer acordos de paz é provavelmente uma conquista posterior. As mais antigas tradições da humanidade, seus mitos e lendas, falam, sobretudo, do ato de matar. A luta travada em maior proximidade física não se devia apenas a
se também da maior satisfação psíquica obtida em extravasar o ódio naqueles que se conhecem, nos
ma, a guerra civil não seria apenas uma antiga tradição, mas a
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Nessa explicação das formas mais antigas de guerra, observa
entre os mais próximos, como é o caso da guerra
interesses.
Hannah Arendt entende que o ódio é a origem desse tipo de conflito. Ela sugere
que as disputas entre os indivíduos inicialmente surgem do sentimento de ódio que cultivam
entre si, tornando esse sentim
seguir:
Provavelmente jamais faltou ódio ao mundo; no entanto, ele [então] evoluiu ao ponto de tornarnão pode justificáforma, penetrou em casa poro da vida cotidiana e pôde disseminardireções e assumir as ser contra cada um e, sobretudo, contrENZENSBERGER, 1995, p.
Como bem destacou Arendt, a maior probabilidade de divergências ocorre sempre
com as pessoas que estão próximas, no sentido próprio da palavra. A guerra que ocorre dentro
das fronteiras de um território surge sempre da rivalidade que alguns grupos humanos
desenvolveram durante anos.
Pessoas com determinadas características em comum, tais como a origem étnica
religião e língua, costumeiramente se unem em grupos, que muitas vezes rivalizam com
grupos humanos com características diferentes das deles.
O grande problema ocorre quando essa rivalidade extrapola o sentimento de
rejeição ao outro e se exterioriza em
guerra, normalmente atingindo muitas pessoas dentro de um país.
As consequências da guerra civil diferem da
guerras entre diferentes Estados (guerra clássica): enquanto a prime
níveis de poder dentro de um Estado, podendo levar um país ao colapso, na última
normalmente há centralização do poder autoritário, que busca preservar uma relativa ordem. É
o que explica Enzensberger:
Mas enquanto a guerra de esfortalecendo o aparelho de Estado acima de todos os níveis, na guerra civil existe a ameaça permanente do colapso da disciplina e da desagregação das milícias em bandos armados que operam
Outra característica forte da guerra civil é que ela ocorre, muitas vezes, sem a
influência interna. A rivalidade entre os grupos que se enfrentam costuma ser o motivo
suficiente para o início do conflito.
Volume 10 – nº 2 - 2016
Nessa explicação das formas mais antigas de guerra, observa-se que os conflitos
entre os mais próximos, como é o caso da guerra civil, surge das mais variadas motivações e
entende que o ódio é a origem desse tipo de conflito. Ela sugere
que as disputas entre os indivíduos inicialmente surgem do sentimento de ódio que cultivam
entre si, tornando esse sentimento um fator político muito importante, como Arendt explica a
Provavelmente jamais faltou ódio ao mundo; no entanto, ele [então] evoluiu ao ponto de tornar-se um fator político decisivo em todos os assuntos públicos... O ódio não pode concentrar-se realmente em nada e não encontrou ninguém que pudesse justificá-lo, fosse governo, a burguesia ou as respectivas forças estrangeiras. Desta forma, penetrou em casa poro da vida cotidiana e pôde disseminardireções e assumir as formas mais fantásticas e imprevisíveis... Cada um passou a ser contra cada um e, sobretudo, contra os vizinhos (...)ENZENSBERGER, 1995, p. 22).
Como bem destacou Arendt, a maior probabilidade de divergências ocorre sempre
róximas, no sentido próprio da palavra. A guerra que ocorre dentro
das fronteiras de um território surge sempre da rivalidade que alguns grupos humanos
Pessoas com determinadas características em comum, tais como a origem étnica
religião e língua, costumeiramente se unem em grupos, que muitas vezes rivalizam com
grupos humanos com características diferentes das deles.
O grande problema ocorre quando essa rivalidade extrapola o sentimento de
rejeição ao outro e se exterioriza em atitudes que podem ocasionar o surgimento de uma
guerra, normalmente atingindo muitas pessoas dentro de um país.
As consequências da guerra civil diferem das consequências
guerras entre diferentes Estados (guerra clássica): enquanto a primeira desestabiliza todos os
níveis de poder dentro de um Estado, podendo levar um país ao colapso, na última
normalmente há centralização do poder autoritário, que busca preservar uma relativa ordem. É
Mas enquanto a guerra de estado clássica tende à monopolização do poder, fortalecendo o aparelho de Estado acima de todos os níveis, na guerra civil existe a ameaça permanente do colapso da disciplina e da desagregação das milícias em bandos armados que operam segundo os próprios desígnios (1995, p. 12
Outra característica forte da guerra civil é que ela ocorre, muitas vezes, sem a
influência interna. A rivalidade entre os grupos que se enfrentam costuma ser o motivo
suficiente para o início do conflito.
se que os conflitos
civil, surge das mais variadas motivações e
entende que o ódio é a origem desse tipo de conflito. Ela sugere
que as disputas entre os indivíduos inicialmente surgem do sentimento de ódio que cultivam
ento um fator político muito importante, como Arendt explica a
Provavelmente jamais faltou ódio ao mundo; no entanto, ele [então] evoluiu ao se um fator político decisivo em todos os assuntos públicos... O ódio
ou ninguém que pudesse lo, fosse governo, a burguesia ou as respectivas forças estrangeiras. Desta
forma, penetrou em casa poro da vida cotidiana e pôde disseminar-se em todas as formas mais fantásticas e imprevisíveis... Cada um passou a
a os vizinhos (...)(apud
Como bem destacou Arendt, a maior probabilidade de divergências ocorre sempre
róximas, no sentido próprio da palavra. A guerra que ocorre dentro
das fronteiras de um território surge sempre da rivalidade que alguns grupos humanos
Pessoas com determinadas características em comum, tais como a origem étnica,
religião e língua, costumeiramente se unem em grupos, que muitas vezes rivalizam com
O grande problema ocorre quando essa rivalidade extrapola o sentimento de
atitudes que podem ocasionar o surgimento de uma
s consequências resultantes das
ira desestabiliza todos os
níveis de poder dentro de um Estado, podendo levar um país ao colapso, na última
normalmente há centralização do poder autoritário, que busca preservar uma relativa ordem. É
tado clássica tende à monopolização do poder, fortalecendo o aparelho de Estado acima de todos os níveis, na guerra civil existe a ameaça permanente do colapso da disciplina e da desagregação das milícias em
1995, p. 12).
Outra característica forte da guerra civil é que ela ocorre, muitas vezes, sem a
influência interna. A rivalidade entre os grupos que se enfrentam costuma ser o motivo
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Nesses casos, sempre que u
outros tentarão tirá-lo para assumir o poder e
precisa de nenhuma interferência internacional para ocorrer, como
As guerras civis atuais surgem espontaneamente, de dentro pra fora. Não necessitam mais da participação das potências externas para assumir maiores proporções. Até há pouco, elas ainda continham o germe da luta pela libertação nacional ou do levante revolucionário. verdadeira face
Especialmente quanto ao conflito da Iugoslávia, apesar de muitos autores
entenderem que se trata de guerra civil, este não é o entendimento de Samantha
Na verdade, não há dúvidas de que na região sempre existiram muitos conflitos
oriundos das rivalidades étnicas, contudo, nos conflitos dos
direcionada às outras etnias foi muito mais acentuada do que a resposta dess
sérvios.
Power entende que o Ocidente, inclusive a mídia,
que o que ocorria na Bósnia se tratava de uma guerra civil. O argumento era o de que não
poderiam intervir na região porque supostamente ninguém tinha razã
nenhum dos lados, como descrito abaixo:
[...] Entre abril e o início de agosto, muitos jornalistas que acorreram à Bósnia nunca tinham estado antes no país e compensaram sua ignorância esforçando“imparciais” e “neutrossobre atrocidades cometidas por “todos os lados”. Muitos não retrataram a guerra como uma tentativa de cima para baixo encabeçada por Milosevic para criar uma Grande Sérvia etnicamente pura
Outro exemplo de como o Ocidente agia, são as palavras
norte-americano sobre a Bósnia. Segundo ele
enfrentando, sem citar em nenhum momento a enorme diferença de intensidade e
ataques sérvios das respostas dos bósnios, conforme explicou Power:
A Bósnia estava sendo assolada por uma “guerra civil” (e não uma guerra de agressão” na qual “todos os lados” cometiam atrocidades contra os outros. “Eu disse 38 mil vezes”, declarou Eagleburger, “e tenho de dizer isso também. (...)do que na hora de todo mundo entender isso. Enquanto os bósnios, sérvios e croatas não decidirem parar de matar uns aos outros, não há nada que o mundo possa fazer a respeito”.
Como ficou claro no
argumento de que não seria resolver o problema do ódio entre as etnias iugoslavas para não
precisar intervir. No entanto, apesar de Power preferir não utilizar esse o termo “guer
para designar o conflito, especialmente quanto ao caso da Bósnia, é assim que boa parte dos
estudiosos se referem ao conflito. Volume 10 – nº 2 - 2016
Nesses casos, sempre que um grupo assume o poder no território, o outro ou os
lo para assumir o poder e logo depois subjugar os demais gru
precisa de nenhuma interferência internacional para ocorrer, como relata Enzensberger
As guerras civis atuais surgem espontaneamente, de dentro pra fora. Não necessitam mais da participação das potências externas para assumir maiores proporções. Até há pouco, elas ainda continham o germe da luta pela libertação nacional ou do levante
cionário. Apenas com o término da Guerra Fria passaraverdadeira face (1995, p. 13-14).
Especialmente quanto ao conflito da Iugoslávia, apesar de muitos autores
entenderem que se trata de guerra civil, este não é o entendimento de Samantha
Na verdade, não há dúvidas de que na região sempre existiram muitos conflitos
es étnicas, contudo, nos conflitos dos anos 1990 a agressão dos sérvios
às outras etnias foi muito mais acentuada do que a resposta dess
que o Ocidente, inclusive a mídia, costumava usar a desculpa de
que o que ocorria na Bósnia se tratava de uma guerra civil. O argumento era o de que não
poderiam intervir na região porque supostamente ninguém tinha razão, e não poderiam apoiar
nenhum dos lados, como descrito abaixo:
[...] Entre abril e o início de agosto, muitos jornalistas que acorreram à Bósnia nunca tinham estado antes no país e compensaram sua ignorância esforçando“imparciais” e “neutros”. Muitos recordam ter se empenhado para obter relatos sobre atrocidades cometidas por “todos os lados”. Muitos não retrataram a guerra como uma tentativa de cima para baixo encabeçada por Milosevic para criar uma Grande Sérvia etnicamente pura (POWER, 2005, p. 312).
Outro exemplo de como o Ocidente agia, são as palavras das pessoas do governo
americano sobre a Bósnia. Segundo eles, todas as etnias/ nacionalidades estavam se
enfrentando, sem citar em nenhum momento a enorme diferença de intensidade e
ataques sérvios das respostas dos bósnios, conforme explicou Power:
A Bósnia estava sendo assolada por uma “guerra civil” (e não uma guerra de agressão” na qual “todos os lados” cometiam atrocidades contra os outros. “Eu disse 38 mil vezes”, declarou Eagleburger, “e tenho de dizer isso também. (...) Essa tragédia não é algo que possa ser decidido de fora, e já estádo que na hora de todo mundo entender isso. Enquanto os bósnios, sérvios e croatas não decidirem parar de matar uns aos outros, não há nada que o mundo possa fazer a respeito”. (2005, p. 328).
Como ficou claro no discurso relatado por Power, o Ocidente utilizava o
argumento de que não seria resolver o problema do ódio entre as etnias iugoslavas para não
apesar de Power preferir não utilizar esse o termo “guer
para designar o conflito, especialmente quanto ao caso da Bósnia, é assim que boa parte dos
estudiosos se referem ao conflito.
m grupo assume o poder no território, o outro ou os
subjugar os demais grupos. Isso não
nzensberger:
As guerras civis atuais surgem espontaneamente, de dentro pra fora. Não necessitam mais da participação das potências externas para assumir maiores proporções. Até há pouco, elas ainda continham o germe da luta pela libertação nacional ou do levante
Apenas com o término da Guerra Fria passaram a mostrar sua
Especialmente quanto ao conflito da Iugoslávia, apesar de muitos autores
entenderem que se trata de guerra civil, este não é o entendimento de Samantha Power.
Na verdade, não há dúvidas de que na região sempre existiram muitos conflitos
a agressão dos sérvios
às outras etnias foi muito mais acentuada do que a resposta dessas etnias aos
costumava usar a desculpa de
que o que ocorria na Bósnia se tratava de uma guerra civil. O argumento era o de que não
o, e não poderiam apoiar
[...] Entre abril e o início de agosto, muitos jornalistas que acorreram à Bósnia nunca tinham estado antes no país e compensaram sua ignorância esforçando-se para ser
”. Muitos recordam ter se empenhado para obter relatos sobre atrocidades cometidas por “todos os lados”. Muitos não retrataram a guerra como uma tentativa de cima para baixo encabeçada por Milosevic para criar uma
das pessoas do governo
, todas as etnias/ nacionalidades estavam se
enfrentando, sem citar em nenhum momento a enorme diferença de intensidade entre os
A Bósnia estava sendo assolada por uma “guerra civil” (e não uma guerra de agressão” na qual “todos os lados” cometiam atrocidades contra os outros. “Eu disse 38 mil vezes”, declarou Eagleburger, “e tenho de dizer isso ao povo deste país
ser decidido de fora, e já está mais do que na hora de todo mundo entender isso. Enquanto os bósnios, sérvios e croatas não decidirem parar de matar uns aos outros, não há nada que o mundo possa fazer a
discurso relatado por Power, o Ocidente utilizava o
argumento de que não seria resolver o problema do ódio entre as etnias iugoslavas para não
apesar de Power preferir não utilizar esse o termo “guerra civil”
para designar o conflito, especialmente quanto ao caso da Bósnia, é assim que boa parte dos
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
5.3 Croatas x Sérvios
Na década de 1990 movimentos separatistas que pregavam a libertação nacional
do domínio sérvio na Iugoslávia se intensificaram
das justificativas que os sérvios criavam para o cometimento do crime de genocídio acima
explicado.
Os primeiros estados
Eslovênia e a Croácia, como abaixo relatado por Belaçon e Munhoz:
A Macedônia foi o primeiro país da Iugoslávia a declarar independênciasem conflitos, em 8 de setembro de 19XXI. Os macedônios não eram separatistas, mas o nacionalismo daEslovênia e da Croácia fez com que, em 19ameaçasse deixar a federação, o que de fato ocorreu no 3641).
Dentre essas separações, a que enfrentou maior resistência, sem dúvida, foi
Croácia. Durante o processo de independência da Eslovênia também houve
a guerra foi contida em apenas
(...) Antes de 1991 a Iugoslávia compunhadaquele ano, quando o presidente sérvio Slobodan Milosevic começou a atiçar chamas nacionalistas e intensificar a dominância sérvia, a República da Eslovênia separoudeclarou sua independência na mesma época, enfrentou uma saída mais difíci(2004, p. 288).
A Iugoslávia não aceitou a independência da Croácia e o presidente sérvio
Slobodan Milosevic ordenou
Croácia onde havia muitas pessoas de origem sérvia.
A Croácia reagiu rapidamente convocou o povo croata para a “Guerra de
Libertação”, como consta a seguir:
A agitação dos servoconter a situação devido às suas deficiências de treinamentoeequipamento. O Exército iugoslavo já tinha sido orientado a invadir as regiõessérvias da Croácia e em resposta, o presidente Tudjman mobilizou o país (BELAÇON e MUNHOZ, 2015,
A Iugoslávia reagiu mais drasticamente a independência da Croácia
tratava de uma região lucrativa com um litoral interessante. A guerra na Croácia durou cerca
sete meses, deixando um saldo de 10 mil mortos e 700 mil desalojados, entre croatas e
sérvios, como consta abaixo:
(...) Como a Croácia continha uma expressiva minoria sérvia e possuía um litoral pitoresco e lucrativo, o Exército Nacional Iugoslavo (ENI) recusoudesmembramento. Uma guerra de sete meses deixou cerca de 10 mil mortos e 700
Volume 10 – nº 2 - 2016
Na década de 1990 movimentos separatistas que pregavam a libertação nacional
na Iugoslávia se intensificaram. Esses movimentos compunham algumas
das justificativas que os sérvios criavam para o cometimento do crime de genocídio acima
primeiros estados a separar da Iugoslávia foram a Macedônia, Montenegro,
Eslovênia e a Croácia, como abaixo relatado por Belaçon e Munhoz:
A Macedônia foi o primeiro país da Iugoslávia a declarar independênciasem conflitos, em 8 de setembro de 1991, seguido por Montenegro, no início doséculo XXI. Os macedônios não eram separatistas, mas o nacionalismo daEslovênia e da Croácia fez com que, em 1990, o presidente macedônio Kiroameaçasse deixar a federação, o que de fato ocorreu no anoseguinte
.
Dentre essas separações, a que enfrentou maior resistência, sem dúvida, foi
Croácia. Durante o processo de independência da Eslovênia também houve conflito;
a guerra foi contida em apenas 10 dias, como explica Power:
Antes de 1991 a Iugoslávia compunha-se de seis repúblicas. Mas em junho daquele ano, quando o presidente sérvio Slobodan Milosevic começou a atiçar chamas nacionalistas e intensificar a dominância sérvia, a República da Eslovênia separou-se, provocando uma guerra de 10 dias relativamente indolor. A Croácia, que declarou sua independência na mesma época, enfrentou uma saída mais difíci2004, p. 288).
A Iugoslávia não aceitou a independência da Croácia e o presidente sérvio
que o Exército Nacional Iugoslavo invadisse regiões dentro da
Croácia onde havia muitas pessoas de origem sérvia.
A Croácia reagiu rapidamente convocou o povo croata para a “Guerra de
”, como consta a seguir:
A agitação dos servo-croatas aumentava e a Guarda Nacional Croatanão conseguiria conter a situação devido às suas deficiências de treinamentoeequipamento. O Exército iugoslavo já tinha sido orientado a invadir as regiõessérvias da Croácia e em resposta, o presidente Tudjman mobilizou o país para a “Guerra de Libertação”BELAÇON e MUNHOZ, 2015, p. 3641).
reagiu mais drasticamente a independência da Croácia
tratava de uma região lucrativa com um litoral interessante. A guerra na Croácia durou cerca
um saldo de 10 mil mortos e 700 mil desalojados, entre croatas e
Como a Croácia continha uma expressiva minoria sérvia e possuía um litoral pitoresco e lucrativo, o Exército Nacional Iugoslavo (ENI) recusoudesmembramento. Uma guerra de sete meses deixou cerca de 10 mil mortos e 700
Na década de 1990 movimentos separatistas que pregavam a libertação nacional
. Esses movimentos compunham algumas
das justificativas que os sérvios criavam para o cometimento do crime de genocídio acima
da Iugoslávia foram a Macedônia, Montenegro,
A Macedônia foi o primeiro país da Iugoslávia a declarar independênciasem 91, seguido por Montenegro, no início doséculo
XXI. Os macedônios não eram separatistas, mas o nacionalismo daEslovênia e da 90, o presidente macedônio KiroGligorov também
seguinte (2015, p.
Dentre essas separações, a que enfrentou maior resistência, sem dúvida, foi a
conflito; contudo,
se de seis repúblicas. Mas em junho daquele ano, quando o presidente sérvio Slobodan Milosevic começou a atiçar chamas nacionalistas e intensificar a dominância sérvia, a República da Eslovênia
do uma guerra de 10 dias relativamente indolor. A Croácia, que declarou sua independência na mesma época, enfrentou uma saída mais difícil
A Iugoslávia não aceitou a independência da Croácia e o presidente sérvio
que o Exército Nacional Iugoslavo invadisse regiões dentro da
A Croácia reagiu rapidamente convocou o povo croata para a “Guerra de
va e a Guarda Nacional Croatanão conseguiria conter a situação devido às suas deficiências de treinamentoeequipamento. O Exército iugoslavo já tinha sido orientado a invadir as regiõessérvias da Croácia e
a “Guerra de Libertação”.
reagiu mais drasticamente a independência da Croácia porque se
tratava de uma região lucrativa com um litoral interessante. A guerra na Croácia durou cerca
um saldo de 10 mil mortos e 700 mil desalojados, entre croatas e
Como a Croácia continha uma expressiva minoria sérvia e possuía um litoral pitoresco e lucrativo, o Exército Nacional Iugoslavo (ENI) recusou-se a permitir o desmembramento. Uma guerra de sete meses deixou cerca de 10 mil mortos e 700
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
mil desalojados. Tambébombardeando civis em cidades288).
Na guerra da Croácia fo
integridade iugoslava, atingiram
os conflitos que ocorreram logo após ao fim deste foram ainda pior
5.4 Sérvios versus Bósnios
Após a saída de Croácia e Eslovênia da Iugoslávia, o problema iugoslavo era a
Bósnia. Por se tratar de uma república com “minorias” nacionais numerosas, a maioria
muçulmana acabou sofrendo graves agressões aos seus direitos.
Power destaca que a po
muçulmanos, 35% de sérvios ortodoxos e 18% de croatas católicos romanos”
Em que pese os muçulmanos não
eram os mais vulneráveis, pois não tinham
subempregados se a situação continuasse
(...) Se a Bósnia permanecesseIugoslávia, os sérvios que a habitavam receberiam osoportunidades educacionais, enquanto muçulmanos e croatas seriam marginalizados e provavelmente sofreriam mausMas, separandopois não tinha um protetor poderoso na vizinhança: os sérvios e croatas na Bósnia contavam com a Sérvia e a Croácia para o socorro armado, mas os muçulmanos do país só poderiam depender da comunidade internacional
A solução sugerida pela comunidade internacional foi a elaboração de um
plebiscito para que toda população pudesse opinar sobre a independência da Bósnia.
plebiscito foi realizado e a independência da Bósnia
votaram, como conta Power:
(...) Diplomatas ocidentais instruíram a liderança bósnia a oferecer proteção dos direitos humanos a minorias e a organizar um plebiscito “livre e justo” sobre a independência. Os bósnios, em grande medida, seguiram esses conselhos. Em março de 1992escolheram
Nesse interim, os sérvios que compunham a Presidência da Bósnia
“boicote” ao plebiscito, criando um estado sérvio
recebia apoio do Exército Nacional Iugoslavo, como relata Power:
(...) Apoiados por Milosevic em Belgrado, os dois nacionalistas sérvios na Presidência renunciaram ao cargo e declararam seu próprio Estado servodentro das fronteiras da antiga Bósnia. O Exército Nacional Iugoslavopelos sérvios, aliouestimados 80 mil soldados sérvios uniformizados e armados e entregando quase todo
Volume 10 – nº 2 - 2016
mil desalojados. Também apresentou ao mundo imagens dabombardeando civis em cidades como Dubrovnik e Vukovar
Na guerra da Croácia foi a primeira vez que os sérvios, utilizando o argumento da
integridade iugoslava, atingiram a vida de tantos civis. Contudo, apesar de muito sangrenta,
os conflitos que ocorreram logo após ao fim deste foram ainda piores, como se verá.
Após a saída de Croácia e Eslovênia da Iugoslávia, o problema iugoslavo era a
Bósnia. Por se tratar de uma república com “minorias” nacionais numerosas, a maioria
muçulmana acabou sofrendo graves agressões aos seus direitos.
destaca que a população da Bósnia em 1991 era composta por “43% de
muçulmanos, 35% de sérvios ortodoxos e 18% de croatas católicos romanos”
Em que pese os muçulmanos não serem os únicos que estavam inseguros, eles
pois não tinham apoio na região e seriam submetidos a violências e
continuasse daquela forma, conforme ensina Power:
Se a Bósnia permanecesse uma república pertencente ao que restara da Iugoslávia, os sérvios que a habitavam receberiam os melhores empregos e oportunidades educacionais, enquanto muçulmanos e croatas seriam marginalizados e provavelmente sofreriam maus-tratos físicos sob o governo opressor de Milosevic. Mas, separando-se, seus cidadãos muçulmanos ficariam especialmente vulnepois não tinha um protetor poderoso na vizinhança: os sérvios e croatas na Bósnia contavam com a Sérvia e a Croácia para o socorro armado, mas os muçulmanos do país só poderiam depender da comunidade internacional (2004, p. 288
erida pela comunidade internacional foi a elaboração de um
plebiscito para que toda população pudesse opinar sobre a independência da Bósnia.
e a independência da Bósnia foi preferida por 99,4% das pessoas
Diplomatas ocidentais instruíram a liderança bósnia a oferecer proteção dos direitos humanos a minorias e a organizar um plebiscito “livre e justo” sobre a independência. Os bósnios, em grande medida, seguiram esses conselhos. Em março
2 realizaram um plebiscito sobre a independência, no qual 99,4% dos votantes escolheram separar-se da Iugoslávia (2004, p. 290).
Nesse interim, os sérvios que compunham a Presidência da Bósnia
scito, criando um estado sérvio-bósniodentro do território da Bósnia, que
do Exército Nacional Iugoslavo, como relata Power:
Apoiados por Milosevic em Belgrado, os dois nacionalistas sérvios na Presidência renunciaram ao cargo e declararam seu próprio Estado servodentro das fronteiras da antiga Bósnia. O Exército Nacional Iugoslavopelos sérvios, aliou-se às antigas forças servo-bósnias locais, contribuindo com estimados 80 mil soldados sérvios uniformizados e armados e entregando quase todo
m apresentou ao mundo imagens da artilharia sérvia (POWER, 2004, p.
i a primeira vez que os sérvios, utilizando o argumento da
a vida de tantos civis. Contudo, apesar de muito sangrenta,
, como se verá.
Após a saída de Croácia e Eslovênia da Iugoslávia, o problema iugoslavo era a
Bósnia. Por se tratar de uma república com “minorias” nacionais numerosas, a maioria
1991 era composta por “43% de
(2004, p. 288).
serem os únicos que estavam inseguros, eles
seriam submetidos a violências e
, conforme ensina Power:
uma república pertencente ao que restara da melhores empregos e
oportunidades educacionais, enquanto muçulmanos e croatas seriam marginalizados tratos físicos sob o governo opressor de Milosevic.
se, seus cidadãos muçulmanos ficariam especialmente vulneráveis, pois não tinha um protetor poderoso na vizinhança: os sérvios e croatas na Bósnia contavam com a Sérvia e a Croácia para o socorro armado, mas os muçulmanos do
(2004, p. 288-290).
erida pela comunidade internacional foi a elaboração de um
plebiscito para que toda população pudesse opinar sobre a independência da Bósnia. O
99,4% das pessoas que
Diplomatas ocidentais instruíram a liderança bósnia a oferecer proteção dos direitos humanos a minorias e a organizar um plebiscito “livre e justo” sobre a independência. Os bósnios, em grande medida, seguiram esses conselhos. Em março
realizaram um plebiscito sobre a independência, no qual 99,4% dos votantes
Nesse interim, os sérvios que compunham a Presidência da Bósnia preparam um
dentro do território da Bósnia, que
Apoiados por Milosevic em Belgrado, os dois nacionalistas sérvios na Presidência renunciaram ao cargo e declararam seu próprio Estado servo-bósnio dentro das fronteiras da antiga Bósnia. O Exército Nacional Iugoslavo, dominado
bósnias locais, contribuindo com estimados 80 mil soldados sérvios uniformizados e armados e entregando quase todo
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
o arsenal de que dispunha na Bósnia ao recémp. 291).
A comunidade internacional reagi
reconhecendo a Bósnia como um estado independente, acreditando que isso poderia conter os
conflitos que estavam iminentes. A
primeiros a reconhecer o Estado, como
(...) mas em abril de 1992 a Comunidade Europeia e os Estados Unidos tomaram a iniciativa de garantir o reconhecimento diplomático ao recémda Bósnia. Os estrategistas da política americana esperavam que o mero ato de legitimar
Os sérvios que seguiam Milosevic pouco se importaram com essa atitude e
começaram a identificar muçulmanos e croatas que pudessem ser influentes. Os militantes
muitas vezes torturavam ou executavam quaisqu
destruíam templos religiosos e centros culturais de bósnios e croatas. Segue
Power:
Soldados e milicianos servomúsicos e profissionais liberais muçulsecessão da Bósnia, eles começaram a deter nãoe com frequência executandocentros culturais e religiosos para apagar toda e quamuçulmana ou croata, no que eles chamariam de “RepublikaSrpska”291).
Os ataques sérvios aos civis era
alguns lugares, os sérvios chegavam nas cidades e impunham regras di
e croatas, que caso não obedecessem, seriam punidos. Power
de algumas proibições:
- reunir-- banhar- caçar e pescar;- mudar- portar arma;- andar de automóvel, como motorista ou passageiro;- reunir-- ter contato com parentes fora de Celinac (todas as visitas tinham de ser comunicada- usar meios de comunicação, exceto o telefone do correio;- usar uniformes: de militar, policial ou guarda florestal;- vender imóveis ou trocar casas sem aprovação.
Power, em seu livro, relata inúmeras histórias de jornalistas e civis muçulmanos e
croatas sobre a guerra civil travada no território bósnio. O relato da jornalista Laura Pitter dá
uma ideia dos horrores que os refugiados a contavam:
Volume 10 – nº 2 - 2016
o arsenal de que dispunha na Bósnia ao recém-criado Estado Servop. 291).
A comunidade internacional reagiu à criação do Estado Servo
reconhecendo a Bósnia como um estado independente, acreditando que isso poderia conter os
conflitos que estavam iminentes. A Comunidade Europeia e os Estados Unidos foram os
primeiros a reconhecer o Estado, como conta Power:
as em abril de 1992 a Comunidade Europeia e os Estados Unidos tomaram a iniciativa de garantir o reconhecimento diplomático ao recém-independente Estado da Bósnia. Os estrategistas da política americana esperavam que o mero ato de legitimar a Bósnia ajudasse a estabilizá-la (2002, p. 291).
Os sérvios que seguiam Milosevic pouco se importaram com essa atitude e
começaram a identificar muçulmanos e croatas que pudessem ser influentes. Os militantes
muitas vezes torturavam ou executavam quaisquer pessoas que não fossem sérvios e
destruíam templos religiosos e centros culturais de bósnios e croatas. Segue
Soldados e milicianos servo-bósnios haviam feito listas de eminentes intelectuais, músicos e profissionais liberais muçulmanos e croatas. Passados poucos dias da secessão da Bósnia, eles começaram a deter não-sérvios, espancandoe com frequência executando-os. Unidades servo-bósnias destruíram centros culturais e religiosos para apagar toda e qualquer lembrança da presença muçulmana ou croata, no que eles chamariam de “RepublikaSrpska”
Os ataques sérvios aos civis eram denominados “limpeza étnica”. Além disso, em
alguns lugares, os sérvios chegavam nas cidades e impunham regras diferentes à muçulmanos
e croatas, que caso não obedecessem, seriam punidos. Power (2004, p. 292-293)
-se em cafés, restaurantes ou outros lugares públicos; banhar-se ou nadar nos rios Vrbanija ou Josavka;
e pescar; mudar-se para outra cidade sem autorização; portar arma; andar de automóvel, como motorista ou passageiro;
-se em grupos com mais de três homens; ter contato com parentes fora de Celinac (todas as visitas tinham de ser
comunicadas); usar meios de comunicação, exceto o telefone do correio; usar uniformes: de militar, policial ou guarda florestal; vender imóveis ou trocar casas sem aprovação.
Power, em seu livro, relata inúmeras histórias de jornalistas e civis muçulmanos e
roatas sobre a guerra civil travada no território bósnio. O relato da jornalista Laura Pitter dá
uma ideia dos horrores que os refugiados a contavam:
riado Estado Servo-Bósnio (2004,
u à criação do Estado Servo-Bósnio
reconhecendo a Bósnia como um estado independente, acreditando que isso poderia conter os
uropeia e os Estados Unidos foram os
as em abril de 1992 a Comunidade Europeia e os Estados Unidos tomaram a independente Estado
da Bósnia. Os estrategistas da política americana esperavam que o mero ato de
Os sérvios que seguiam Milosevic pouco se importaram com essa atitude e
começaram a identificar muçulmanos e croatas que pudessem ser influentes. Os militantes
er pessoas que não fossem sérvios e
destruíam templos religiosos e centros culturais de bósnios e croatas. Segue-se o relato de
bósnios haviam feito listas de eminentes intelectuais, . Passados poucos dias da
sérvios, espancando-os brutalmente bósnias destruíram a maioria dos
lquer lembrança da presença muçulmana ou croata, no que eles chamariam de “RepublikaSrpska” (2004, p.
“limpeza étnica”. Além disso, em
ferentes à muçulmanos
293) dá exemplos
ter contato com parentes fora de Celinac (todas as visitas tinham de ser
Power, em seu livro, relata inúmeras histórias de jornalistas e civis muçulmanos e
roatas sobre a guerra civil travada no território bósnio. O relato da jornalista Laura Pitter dá
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Falaram em mulheres presas em campos de estupro. Falara sobre toda aquela matança jogadas em precipícios, de homens sendo torturados e morrendo de fome nos campos. Ficamos acordados conversando com eles até duas da manhã. Muitas pessoas de diferentes lugares descreveram aquelas expersemelhantes. Pareciam dizer a verdade, mas ainda me pergunto se estariam apenas repetindo os mesmoacreditar. Eu não conseguia acreditar. Na verdade, não acreditei. (POWER, 2004,314).
Os sérvios expulsavam muçulmanos e croatas do território de maneira cruel.
Normalmente chegavam sem nenhum aviso e começavam a atirar no local para que as pessoas
fugissem imediatamente. Power conta que “Em praticamente nenhum caso
voluntária da casa” (2004, p. 293)
O objetivo sérvio não era apenas expulsar os não sérvios do território, mas
principalmente a “limpeza étnica”. Para concretizar isso, destruíam a identidade das pessoas,
casas, e destruíam tudo o que havia, para que foss
Obrigavam os pais a violentar e agredir seus filhos para quebrar completamente os
laços familiares. Além disso, estupravam as mulheres e algumas vezes até as engravidavam,
como descreve Power:
Os matadores sérvios sabiam que sua vnão seria suficiente para assegurar a obtenção duradoura de pureza étnica. Os saqueadores armados queriam cortar permanentemente os laços entre os cidadãos e a terra. Assim, forçaram pais a castrarem seus filhos ohumilharpolítica era de deliberada destruição e degradação: destruição para que aquela raça declarada inimiga não tivesse lares para onde retornar; degradação para que os exhabitantes não se reergdominado pelos sérvios
Como se todas essas
campos de concentração, nos quais mantinham bósnios e croatas amontoados sem as me
condições de higiene ou mesmo de vida, como
Nos famigerados campos montados pelos sérvios no norte da Bósnia, os detentos muçulmanos e croatas eram mantidos em condições desumanas. Os outrora agricultores, operários e filósofos viviam eprisioneiro aninhavaO balde de urina enchiapela sede urinavam nas mãos para molhar os lábios
A violência não passou desapercebida pelo resto do mundo. EUA, Europa e ONU
sabiam o que estava ocorrendo no território Bósnio, mas não interferiram diretamente para
conter o genocídio que lá ocorria. Power
[...] durante os trêficaram de braços cruzados enquanto cerca de 200 mil bósnios erade 2 milhões era desalojados e o território de uma república europeia multiétnica era fatiado em três estadozinhos
Volume 10 – nº 2 - 2016
Falaram em mulheres presas em campos de estupro. Falara sobre toda aquela matança – alguns diziam ter visto, outros apenas ouvido falar. Falaram de pessoas jogadas em precipícios, de homens sendo torturados e morrendo de fome nos campos. Ficamos acordados conversando com eles até duas da manhã. Muitas pessoas de diferentes lugares descreveram aquelas experiências incrivelmente semelhantes. Pareciam dizer a verdade, mas ainda me pergunto se estariam apenas repetindo os mesmos rumores. Por mais que eu ouvisse, tinha dificuldade de acreditar. Eu não conseguia acreditar. Na verdade, não acreditei. (POWER, 2004,
Os sérvios expulsavam muçulmanos e croatas do território de maneira cruel.
Normalmente chegavam sem nenhum aviso e começavam a atirar no local para que as pessoas
fugissem imediatamente. Power conta que “Em praticamente nenhum caso
(2004, p. 293).
O objetivo sérvio não era apenas expulsar os não sérvios do território, mas
principalmente a “limpeza étnica”. Para concretizar isso, destruíam a identidade das pessoas,
casas, e destruíam tudo o que havia, para que fosse ninguém pudesse voltar.
Obrigavam os pais a violentar e agredir seus filhos para quebrar completamente os
laços familiares. Além disso, estupravam as mulheres e algumas vezes até as engravidavam,
Os matadores sérvios sabiam que sua violenta campanha de deportações e mortes não seria suficiente para assegurar a obtenção duradoura de pureza étnica. Os saqueadores armados queriam cortar permanentemente os laços entre os cidadãos e a terra. Assim, forçaram pais a castrarem seus filhos ou molestar suas filhas; humilharam e estupraram (e frequentemente engravidaram) mulheres jovens. Sua política era de deliberada destruição e degradação: destruição para que aquela raça declarada inimiga não tivesse lares para onde retornar; degradação para que os exhabitantes não se reerguessem, e assim não mais ousassem pisar em território dominado pelos sérvios (2004, p. 293).
todas essas crueldades não fossem o bastante, os sérvios também criaram
campos de concentração, nos quais mantinham bósnios e croatas amontoados sem as me
condições de higiene ou mesmo de vida, como narrou Power:
Nos famigerados campos montados pelos sérvios no norte da Bósnia, os detentos muçulmanos e croatas eram mantidos em condições desumanas. Os outrora agricultores, operários e filósofos viviam espremidos em barracões. O nariz de um prisioneiro aninhava-se na axila ou nos pés fétidos do detendo de 85 anos a seu lado. O balde de urina enchia-se e transbordava e continuava ali. Detentos atormentados pela sede urinavam nas mãos para molhar os lábios (2004, p. 313)
A violência não passou desapercebida pelo resto do mundo. EUA, Europa e ONU
sabiam o que estava ocorrendo no território Bósnio, mas não interferiram diretamente para
conter o genocídio que lá ocorria. Power relata que:
[...] durante os três anos e meio seguintes os Estados Unidos, a Europa e a ONU ficaram de braços cruzados enquanto cerca de 200 mil bósnios erade 2 milhões era desalojados e o território de uma república europeia multiétnica era fatiado em três estadozinhos etnicamente puros (2004, p. 293)
Falaram em mulheres presas em campos de estupro. Falara sobre toda aquela visto, outros apenas ouvido falar. Falaram de pessoas
jogadas em precipícios, de homens sendo torturados e morrendo de fome nos campos. Ficamos acordados conversando com eles até duas da manhã. Muitas
iências incrivelmente semelhantes. Pareciam dizer a verdade, mas ainda me pergunto se estariam apenas
rumores. Por mais que eu ouvisse, tinha dificuldade de acreditar. Eu não conseguia acreditar. Na verdade, não acreditei. (POWER, 2004, p.
Os sérvios expulsavam muçulmanos e croatas do território de maneira cruel.
Normalmente chegavam sem nenhum aviso e começavam a atirar no local para que as pessoas
fugissem imediatamente. Power conta que “Em praticamente nenhum caso houve saída
O objetivo sérvio não era apenas expulsar os não sérvios do território, mas
principalmente a “limpeza étnica”. Para concretizar isso, destruíam a identidade das pessoas,
Obrigavam os pais a violentar e agredir seus filhos para quebrar completamente os
laços familiares. Além disso, estupravam as mulheres e algumas vezes até as engravidavam,
iolenta campanha de deportações e mortes não seria suficiente para assegurar a obtenção duradoura de pureza étnica. Os saqueadores armados queriam cortar permanentemente os laços entre os cidadãos e a
molestar suas filhas; e estupraram (e frequentemente engravidaram) mulheres jovens. Sua
política era de deliberada destruição e degradação: destruição para que aquela raça declarada inimiga não tivesse lares para onde retornar; degradação para que os ex-
uessem, e assim não mais ousassem pisar em território
crueldades não fossem o bastante, os sérvios também criaram
campos de concentração, nos quais mantinham bósnios e croatas amontoados sem as menores
Nos famigerados campos montados pelos sérvios no norte da Bósnia, os detentos muçulmanos e croatas eram mantidos em condições desumanas. Os outrora
spremidos em barracões. O nariz de um se na axila ou nos pés fétidos do detendo de 85 anos a seu lado.
se e transbordava e continuava ali. Detentos atormentados (2004, p. 313).
A violência não passou desapercebida pelo resto do mundo. EUA, Europa e ONU
sabiam o que estava ocorrendo no território Bósnio, mas não interferiram diretamente para
s anos e meio seguintes os Estados Unidos, a Europa e a ONU ficaram de braços cruzados enquanto cerca de 200 mil bósnios eram mortos, e mais de 2 milhões era desalojados e o território de uma república europeia multiétnica era
(2004, p. 293).
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
As medidas tomadas pela
para a contenção. Não houve combate às tropas sérvias
humanitária e, ao fim do conflito, criaram um tribunal
praticados, como descreveu Power:
[...] O Conselho de Segurança da ONU apontou os principais agressores, impôs sanções econômicas, nomeou guardiões da paz e cooperou na distribuição da ajuda humanitária. Por fim, até os que tramaram e perpetraram as chacinas
Apenas em 1995 as políticas internacionais começaram a mudar. Até então, o
máximo que a comunidade internacional fez pelos não sérvios na
áreas de segurança, onde tropas da ONU distribuíam ajuda humanitária aos civis e onde, ao
menos teoricamente, os civis estavam protegidos dos ataques sérvios.
Contudo, em julho de 1995, sérvios liderados pelo general RatkoMiladic
começaram a avançar sobre a área de segurança da ONU, na cidade de Srebrenica, sem
encontrar a menor resistência de muçulmanos, croatas ou das tropas da ONU.
O apoio da ONU chegou cinco dias após o início da invasão e cessou assim que os
sérvios ameaçaram matar os holandeses que faziam parte da tropa da ONU. Percebendo que
suas chances estavam casa vez menores, alguns civis muçulmanos começaram a fugir por
medo do exército sérvio, como relata Power
Finalmente, por volta do meio dia de 11 de julho, quatro comandante holandês em Srebrinica ter feito o infrutífero pedido de ajuda à Otan daquele dia e, cinco dias depois de ter feito seu primeiro pedido, uma força de dezoito jatos da Otan partiu de sua base na Itália. Civis muçulmanos já haviacomeçado a fugir da cidade. Quando os aviões da Otan chegaram e sobrevoaram a região, dois Fdois aviões da Otan atiraram nas proximidades de um tanque sérvio sem sucesso. Os sérvios ameaçargoverno holandês e os comandantes das Nações Unidadas optaram por negociar uma rendição
Enquanto isso, o general M
medo” dizendo que seriam todos
cinquenta ou sessentas ônibus levaram a grande maioria dos civis que viviam em Srebrenica,
conforme conta Power:
O general Mladic retornou aem sua cola. Com ar descansado, bronzeado da ofensiva de verão,muçulmanos de Srebrehomens foram filmados distribuindo chocolates a crianças muçulmanas. “Os que quiserem partir, podem ir”, declarou Mladic. “Não é preciso ter medo”. Afagando a cabeça de um menino apavorado, Mladic disse palavras tranquilizadoras que não saíam com facilidade de um homem brusco por naturezapessoas que ele pa
Volume 10 – nº 2 - 2016
As medidas tomadas pela comunidade internacional foram tardias e ineficazes
contenção. Não houve combate às tropas sérvias, mas sim embargos econômicos, ajuda
humanitária e, ao fim do conflito, criaram um tribunal para julgar os crimes de g
Power:
[...] O Conselho de Segurança da ONU apontou os principais agressores, impôs sanções econômicas, nomeou guardiões da paz e cooperou na distribuição da ajuda humanitária. Por fim, até mesmo instituiu um tribunal de crimes de guerra para punir os que tramaram e perpetraram as chacinas (2004, p. 294).
Apenas em 1995 as políticas internacionais começaram a mudar. Até então, o
máximo que a comunidade internacional fez pelos não sérvios na Bósnia foi criar algumas
áreas de segurança, onde tropas da ONU distribuíam ajuda humanitária aos civis e onde, ao
menos teoricamente, os civis estavam protegidos dos ataques sérvios.
Contudo, em julho de 1995, sérvios liderados pelo general RatkoMiladic
começaram a avançar sobre a área de segurança da ONU, na cidade de Srebrenica, sem
encontrar a menor resistência de muçulmanos, croatas ou das tropas da ONU.
O apoio da ONU chegou cinco dias após o início da invasão e cessou assim que os
matar os holandeses que faziam parte da tropa da ONU. Percebendo que
suas chances estavam casa vez menores, alguns civis muçulmanos começaram a fugir por
medo do exército sérvio, como relata Power:
Finalmente, por volta do meio dia de 11 de julho, quatro comandante holandês em Srebrinica ter feito o infrutífero pedido de ajuda à Otan daquele dia e, cinco dias depois de ter feito seu primeiro pedido, uma força de dezoito jatos da Otan partiu de sua base na Itália. Civis muçulmanos já haviacomeçado a fugir da cidade. Quando os aviões da Otan chegaram e sobrevoaram a região, dois F-16 dos EUA não conseguiram encontrar alvos sérvios, e os outros dois aviões da Otan atiraram nas proximidades de um tanque sérvio sem sucesso. Os sérvios ameaçaram matar reféns holandeses se os ataques aéreos continuassem, e o governo holandês e os comandantes das Nações Unidadas optaram por negociar uma rendição (2004, p. 455-456).
Enquanto isso, o general Mladic orientou à população de Srebre
o” dizendo que seriam todos levados para algum lugar seguro. Foi assim que cerca de
cinquenta ou sessentas ônibus levaram a grande maioria dos civis que viviam em Srebrenica,
O general Mladic retornou aSrebrenica no dia seguinte, com as câmeras de televisão em sua cola. Com ar descansado, bronzeado da ofensiva de verão,muçulmanos de Srebrenica reunidos diante deles para serem pacientes. Ele e seus homens foram filmados distribuindo chocolates a crianças muçulmanas. “Os que quiserem partir, podem ir”, declarou Mladic. “Não é preciso ter medo”. Afagando a cabeça de um menino apavorado, Mladic disse palavras tranquilizadoras que não saíam com facilidade de um homem brusco por natureza, cercado por milhares de pessoas que ele passara a desprezar. “Vocês serão levados para um lugar seguro”,
foram tardias e ineficazes
, mas sim embargos econômicos, ajuda
para julgar os crimes de guerra lá
[...] O Conselho de Segurança da ONU apontou os principais agressores, impôs sanções econômicas, nomeou guardiões da paz e cooperou na distribuição da ajuda
mesmo instituiu um tribunal de crimes de guerra para punir
Apenas em 1995 as políticas internacionais começaram a mudar. Até então, o
Bósnia foi criar algumas
áreas de segurança, onde tropas da ONU distribuíam ajuda humanitária aos civis e onde, ao
Contudo, em julho de 1995, sérvios liderados pelo general RatkoMiladic
começaram a avançar sobre a área de segurança da ONU, na cidade de Srebrenica, sem
encontrar a menor resistência de muçulmanos, croatas ou das tropas da ONU.
O apoio da ONU chegou cinco dias após o início da invasão e cessou assim que os
matar os holandeses que faziam parte da tropa da ONU. Percebendo que
suas chances estavam casa vez menores, alguns civis muçulmanos começaram a fugir por
Finalmente, por volta do meio dia de 11 de julho, quatro horas depois de o comandante holandês em Srebrinica ter feito o infrutífero pedido de ajuda à Otan daquele dia e, cinco dias depois de ter feito seu primeiro pedido, uma força de dezoito jatos da Otan partiu de sua base na Itália. Civis muçulmanos já haviam começado a fugir da cidade. Quando os aviões da Otan chegaram e sobrevoaram a
16 dos EUA não conseguiram encontrar alvos sérvios, e os outros dois aviões da Otan atiraram nas proximidades de um tanque sérvio sem sucesso. Os
am matar reféns holandeses se os ataques aéreos continuassem, e o governo holandês e os comandantes das Nações Unidadas optaram por negociar uma
rebrenica a “não ter
Foi assim que cerca de
cinquenta ou sessentas ônibus levaram a grande maioria dos civis que viviam em Srebrenica,
as câmeras de televisão em sua cola. Com ar descansado, bronzeado da ofensiva de verão, exortou os
nica reunidos diante deles para serem pacientes. Ele e seus homens foram filmados distribuindo chocolates a crianças muçulmanas. “Os que quiserem partir, podem ir”, declarou Mladic. “Não é preciso ter medo”. Afagando a cabeça de um menino apavorado, Mladic disse palavras tranquilizadoras que não
, cercado por milhares de ssara a desprezar. “Vocês serão levados para um lugar seguro”,
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
falou, garantindo à multidão aflita que as mulheres e crianças iriam primeiro. Sob a liderança logística do general Krstic, cerca de cinquenta a sessenta ônibus chegaram nas 24 horas seguintes
Como era de se esperar, M
pessoas que entraram nos caminhões e nos ônibus foram vitimas de atrocidades. Enquanto os
veículos se distanciavam de Srebre
formas brutais, individualmente e em grupo, estupros e outras formas de violência aos
muçulmanos. Power descreve
Os holandeses da área de Potocari começaram a encontrar cadáveres em 12 de julho.Uma garota de catorze anos foi encontrada enforcada em uma viga. Na noite anterior, fora levada por soldados sérvios e voltara com sangue escorrendo pelas pernas. Um muçulmanos que haviam sido execuos soldad
Power ainda explica que
(...) na noite de 13 de julho, segundo um relatório de uma investigação subsequente da ONU, os homens muçulmanos enquadravamque estavam vivos tentando escapar pela mata; os que haviam sido mortos nessa tentativa; os que haviam se rendido aos sérvios e já tinham sido mortos; os que se tinham rendido e seriam mortos em breve
No mês de julho
coordenaram o assassinato de mais de 7 mil muçulmanos.
anteriormente citados, era evidente que
muçulmanos. Ressalta o que disse Power:
(...) no mês derendição dos muçulmanos, RatkoMladic e seu colega RadislavKristic haviam supervisionado a chacina sistemática, por emboscada ou execução, de mais de 7 mil homens e meninos muçulmanos
Todas os horrores tive
estava acontecendo, por meio de sucessivos bombardeios em pontos estratégicos
em 30 de agosto de 1995 e continuando nas três
A força militar sérvia era muito limitada, e por isso, rapidamente os sérvios
concordaram em não atirar em civis e começaram a negociar um acordo com o Ocidente. O
acordo não foi muito justo para os muçulmanos, qu
ficaram com a menor parte do território.
(...) o acordo deixou os sérvios, 31% da população, com 49% do território. Os croatas, que compunham 17% da população, receberam 25% e os muçulmanos, 44% do povo, ficaram com apenas 25%
Volume 10 – nº 2 - 2016
falou, garantindo à multidão aflita que as mulheres e crianças iriam primeiro. Sob a liderança logística do general Krstic, cerca de cinquenta a sessenta ônibus chegaram nas 24 horas seguintes para efetuar a deportação (2002, p. 457
Como era de se esperar, Mladic não cumpriu suas promessas e o boa parte das
pessoas que entraram nos caminhões e nos ônibus foram vitimas de atrocidades. Enquanto os
Srebrenica, eventualmente paravam para cometer assassinatos de
formas brutais, individualmente e em grupo, estupros e outras formas de violência aos
que:
Os holandeses da área de Potocari começaram a encontrar cadáveres em 12 de julho.Uma garota de catorze anos foi encontrada enforcada em uma viga. Na noite anterior, fora levada por soldados sérvios e voltara com sangue escorrendo pelas pernas. Um menino muçulmano guiou dois soldados holandeses até nove muçulmanos que haviam sido executados. O menino esperou em silêncio enquanto os soldados fotografavam os corpos (2004, p. 459).
Power ainda explica que:
a noite de 13 de julho, segundo um relatório de uma investigação subsequente da ONU, os homens muçulmanos enquadravam-se em uma de quatro categorias: os que estavam vivos tentando escapar pela mata; os que haviam sido mortos nessa tentativa; os que haviam se rendido aos sérvios e já tinham sido mortos; os que se tinham rendido e seriam mortos em breve (2004, p. 464).
lho de 1995, após a invasão de Srebrenica, Mladic e Krstic
o assassinato de mais de 7 mil muçulmanos. Por esse e pelos outros motivos
anteriormente citados, era evidente que os sérvios estavam cometendo genocídio
ue disse Power:
no mês decorrido desde a guerra de Srebrenica, sobretudo nos dez dias após a rendição dos muçulmanos, RatkoMladic e seu colega RadislavKristic haviam supervisionado a chacina sistemática, por emboscada ou execução, de mais de 7 mil homens e meninos muçulmanos (2004, p. 478).
Todas os horrores tiveram fim apenas depois que a OTAN resolveu deter o que
estava acontecendo, por meio de sucessivos bombardeios em pontos estratégicos
e continuando nas três semanas seguintes” (POWER, 2004, p. 498).
A força militar sérvia era muito limitada, e por isso, rapidamente os sérvios
concordaram em não atirar em civis e começaram a negociar um acordo com o Ocidente. O
acordo não foi muito justo para os muçulmanos, que eram a maior parte da população e
or parte do território. Power destaca que:
acordo deixou os sérvios, 31% da população, com 49% do território. Os croatas, que compunham 17% da população, receberam 25% e os muçulmanos, 44%
o, ficaram com apenas 25% (2004, p. 499).
falou, garantindo à multidão aflita que as mulheres e crianças iriam primeiro. Sob a liderança logística do general Krstic, cerca de cinquenta a sessenta ônibus chegaram
(2002, p. 457-458).
ladic não cumpriu suas promessas e o boa parte das
pessoas que entraram nos caminhões e nos ônibus foram vitimas de atrocidades. Enquanto os
nica, eventualmente paravam para cometer assassinatos de
formas brutais, individualmente e em grupo, estupros e outras formas de violência aos
Os holandeses da área de Potocari começaram a encontrar cadáveres em 12 de julho. Uma garota de catorze anos foi encontrada enforcada em uma viga. Na noite anterior, fora levada por soldados sérvios e voltara com sangue escorrendo pelas
menino muçulmano guiou dois soldados holandeses até nove tados. O menino esperou em silêncio enquanto
a noite de 13 de julho, segundo um relatório de uma investigação subsequente de quatro categorias: os
que estavam vivos tentando escapar pela mata; os que haviam sido mortos nessa tentativa; os que haviam se rendido aos sérvios e já tinham sido mortos; os que se
nica, Mladic e Krstic
Por esse e pelos outros motivos
genocídio com os
nica, sobretudo nos dez dias após a rendição dos muçulmanos, RatkoMladic e seu colega RadislavKristic haviam supervisionado a chacina sistemática, por emboscada ou execução, de mais de 7 mil
resolveu deter o que
estava acontecendo, por meio de sucessivos bombardeios em pontos estratégicos “Começando
semanas seguintes” (POWER, 2004, p. 498).
A força militar sérvia era muito limitada, e por isso, rapidamente os sérvios
concordaram em não atirar em civis e começaram a negociar um acordo com o Ocidente. O
e eram a maior parte da população e
acordo deixou os sérvios, 31% da população, com 49% do território. Os croatas, que compunham 17% da população, receberam 25% e os muçulmanos, 44%
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
O acordo pôs fim a uma guerra de agressão que, desde que iniciada em 1992,
deixou mais de 200 mil mortos e muitas pessoas sem casa, pois os país fora massacrado pelos
sérvios.
5.5 Sérvios versus Kosovares
A partir do acordo firmado na Bósnia, a região manteve
equilíbrio por um período. Contudo, pequenos grupos étnicos ainda tinham suas desavenças.
O Ocidente havia listados os
conversas com o líder sérvio Slobodan Milosevic adiaram o julgamento dos suspeitos pelo
Tribunal Penal Internacional. Power
responsável pelo genocídio na Bósnia, os estrategistas da política do Ocidente trataram
como indispensável parceiro diplomático”
Nesse ínterim, enquanto as autoridades da comunidade internacional
qualquer tipo de julgamento ao chefe de estado sérvio, os próprios
Os embargos econômicos sofridos e os
guerra tiveram consequências graves para a economia do país, por isso entre 1996 e 1997
eclodiram várias manifestações contra o governo de Milosevic.
A resposta de Milosevic foi a que se esperava. O ditador reagiu aos p
maneira incisiva, aumentou o controle, censurou os meios de comunicação que não eram os
oficiais, boicotou as eleições
começou uma perseguição étnica, dessa vez com os albaneses que viviam
Veja o que diz Power:
(...) Cinco anos de militarizaçãodo Ocidente, haviam levado o desemprego e a inflação à estratosfera e a qualidade de vida do povo ao fundo do poço. Em 1996 e 1997 a inquietrealizou manifestações em massa. [...] exigiram o fim do governo corrupto de Milosevic e de sua opressão no país. Amordaçou a dissidência. Autorizou assassinatos políticos. Fechou veículos dcomunicação independentes. Roubou nas eleições que seu partido não conseguiu vencer. E começou a brutalizar os albaneses étnicos na província de Kosovo, no sul da Sérvia
Em síntese, os albaneses
para que Kosovo adquirisse autonomia, contudo, ocorreu o contrário. Em meio às negociações
com os sérvios, a integridade da Sérvia foi reafirmada, como disse Power:
Em 1995, quando o bombardeio da OTANpara Bósnia, os albaneses kosovares tiveram esperança de que os Estados Unidos e seus aliados pressionassem a Sérvia a restaurar a autonomia de sua província. Em vez disso, negociadores ocidentais em Dayton confirmarda Sérvia e não tocaram no assunto de Kosovo. Isso causou ressentimento
Volume 10 – nº 2 - 2016
O acordo pôs fim a uma guerra de agressão que, desde que iniciada em 1992,
deixou mais de 200 mil mortos e muitas pessoas sem casa, pois os país fora massacrado pelos
Kosovares
partir do acordo firmado na Bósnia, a região manteve-se em um relativo
equilíbrio por um período. Contudo, pequenos grupos étnicos ainda tinham suas desavenças.
O Ocidente havia listados os suspeitos dos crimes cometidos na Bósnia, mas após
líder sérvio Slobodan Milosevic adiaram o julgamento dos suspeitos pelo
Tribunal Penal Internacional. Power afirma que, “embora considerassem o ditador sérvio
responsável pelo genocídio na Bósnia, os estrategistas da política do Ocidente trataram
indispensável parceiro diplomático” (2004, p. 504).
, enquanto as autoridades da comunidade internacional
qualquer tipo de julgamento ao chefe de estado sérvio, os próprios sérvios não
Os embargos econômicos sofridos e os gastos decorrentes dos cinco anos de
guerra tiveram consequências graves para a economia do país, por isso entre 1996 e 1997
eclodiram várias manifestações contra o governo de Milosevic.
A resposta de Milosevic foi a que se esperava. O ditador reagiu aos p
maneira incisiva, aumentou o controle, censurou os meios de comunicação que não eram os
s eleições paraqueseu partido não saísse do poder e, mais uma vez,
começou uma perseguição étnica, dessa vez com os albaneses que viviam em Kosovo.
Veja o que diz Power:
Cinco anos de militarização, exacerbados pelas rigorosas sanções econômicas do Ocidente, haviam levado o desemprego e a inflação à estratosfera e a qualidade de vida do povo ao fundo do poço. Em 1996 e 1997 a inquieta população da Sérvia realizou manifestações em massa. [...] exigiram o fim do governo corrupto de Milosevic e de sua opressão no país. Milosevic reagiu intensificando o controle. Amordaçou a dissidência. Autorizou assassinatos políticos. Fechou veículos dcomunicação independentes. Roubou nas eleições que seu partido não conseguiu vencer. E começou a brutalizar os albaneses étnicos na província de Kosovo, no sul da Sérvia (2004, p. 504-505).
albaneses esperavam que a comunidade internacional intervi
para que Kosovo adquirisse autonomia, contudo, ocorreu o contrário. Em meio às negociações
com os sérvios, a integridade da Sérvia foi reafirmada, como disse Power:
995, quando o bombardeio da OTAN forçou os sérvios a negociar um acordo para Bósnia, os albaneses kosovares tiveram esperança de que os Estados Unidos e seus aliados pressionassem a Sérvia a restaurar a autonomia de sua província. Em vez disso, negociadores ocidentais em Dayton confirmaram a integridade territorial da Sérvia e não tocaram no assunto de Kosovo. Isso causou ressentimento
O acordo pôs fim a uma guerra de agressão que, desde que iniciada em 1992,
deixou mais de 200 mil mortos e muitas pessoas sem casa, pois os país fora massacrado pelos
se em um relativo
equilíbrio por um período. Contudo, pequenos grupos étnicos ainda tinham suas desavenças.
s cometidos na Bósnia, mas após
líder sérvio Slobodan Milosevic adiaram o julgamento dos suspeitos pelo
mbora considerassem o ditador sérvio
responsável pelo genocídio na Bósnia, os estrategistas da política do Ocidente trataram-no
, enquanto as autoridades da comunidade internacional adiavam
sérvios não faziam isso.
gastos decorrentes dos cinco anos de
guerra tiveram consequências graves para a economia do país, por isso entre 1996 e 1997
A resposta de Milosevic foi a que se esperava. O ditador reagiu aos protestos de
maneira incisiva, aumentou o controle, censurou os meios de comunicação que não eram os
do poder e, mais uma vez,
em Kosovo.
, exacerbados pelas rigorosas sanções econômicas do Ocidente, haviam levado o desemprego e a inflação à estratosfera e a qualidade
a população da Sérvia realizou manifestações em massa. [...] exigiram o fim do governo corrupto de
Milosevic reagiu intensificando o controle. Amordaçou a dissidência. Autorizou assassinatos políticos. Fechou veículos de comunicação independentes. Roubou nas eleições que seu partido não conseguiu vencer. E começou a brutalizar os albaneses étnicos na província de Kosovo, no sul
internacional interviesse
para que Kosovo adquirisse autonomia, contudo, ocorreu o contrário. Em meio às negociações
forçou os sérvios a negociar um acordo para Bósnia, os albaneses kosovares tiveram esperança de que os Estados Unidos e seus aliados pressionassem a Sérvia a restaurar a autonomia de sua província. Em
am a integridade territorial da Sérvia e não tocaram no assunto de Kosovo. Isso causou ressentimento a muitos
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
albaneses kosovares e abriu caminho para ascensão de um obscuro grupo de combatentes albaneses que se intitulava Exércit(2004, p. 505).
Como dito acima, o Exército de Libertação de Kosovo
a autonomia de Kosovo em relação à Sérvia. Com a promessa de proteger os albaneses dentro
de Kosovo, conseguiram arrecadar recursos e começaram a atacar os
conseguido matar alguns policiais.
Assim que Milosevic tomou conhecimento do assassinato de alguns policiais
sérvios pelo ELK, agiu desproporcionalmente. A resposta de Milosevic ao ELK foi bem mais
drástica do que a conduta que a gerou,
que diz Power:
(...) o ELK prometeu proteger o povo albanês em suas casas e obter a independência da província. Conseguiu levantar recursos entre emigrados albaneses e contrabandear armas do anárquico país vizatrair muitos recrutas em Kosovo. A maré virou em março de 1998, quando o ELK baleou policiais sérvios e Milosevic retaliou com tanta violência que o apoio popular ao ELK
A partir daí, as agressões sérvias aos albaneses se intensificara
sofriam ameaças de bombardeios da
Em fevereiro de 1999, os aliados impuseram as condições a Milosevic e aos
sérvios que, se não as cumprissem, sofreriam com os
eram as seguintes:
(...) Belgrado deveria retirar a maioria de seus soldados de Kosovo, conceder significativa autonomia aos albaneses e permitir que só 25 mil soldados armados de uma força de paz (4 mil americanos entre e(POWER, 2004, p. 508)
Como os sérvios nã
Sérvia em 24 de março de 1999, e
bombardeios até que Milosevic aceita
508).
Enquanto a OTAN
de limpeza étnica contra os albaneses, tirando mais de 1,3 milhões de pessoas de suas casas,
sendo que em torno de 740 mil
Power:
As forças de Milosevic expulsaramdos quais cerousado ato isolado de limpeza éUnidos e seus aliados intervinham para impedir futuras atrocidades511).
Volume 10 – nº 2 - 2016
albaneses kosovares e abriu caminho para ascensão de um obscuro grupo de combatentes albaneses que se intitulava Exército de Libertação de Kosovo (2004, p. 505).
Como dito acima, o Exército de Libertação de Kosovo era um grupo que defendia
osovo em relação à Sérvia. Com a promessa de proteger os albaneses dentro
de Kosovo, conseguiram arrecadar recursos e começaram a atacar os
conseguido matar alguns policiais.
Assim que Milosevic tomou conhecimento do assassinato de alguns policiais
agiu desproporcionalmente. A resposta de Milosevic ao ELK foi bem mais
drástica do que a conduta que a gerou, acarretando um maior apoio popular ao ELK. Veja o
ELK prometeu proteger o povo albanês em suas casas e obter a independência da província. Conseguiu levantar recursos entre emigrados albaneses e contrabandear armas do anárquico país vizinho, Albânia, mas de início não logrou atrair muitos recrutas em Kosovo. A maré virou em março de 1998, quando o ELK baleou policiais sérvios e Milosevic retaliou com tanta violência que o apoio popular ao ELK aumentou espetacularmente (2004, p. 505-506).
A partir daí, as agressões sérvias aos albaneses se intensificaram mesmo
de bombardeios da OTAN
Em fevereiro de 1999, os aliados impuseram as condições a Milosevic e aos
sérvios que, se não as cumprissem, sofreriam com os bombardeios da OTAN
Belgrado deveria retirar a maioria de seus soldados de Kosovo, conceder significativa autonomia aos albaneses e permitir que só 25 mil soldados armados de uma força de paz (4 mil americanos entre eles) fossem mandados para a Sérvia(POWER, 2004, p. 508).
Como os sérvios não cumpriram as condições, a OTAN começou a bombardear a
Sérvia em 24 de março de 1999, e os “líderes aliados disseram que prosseguiriam com os
bombardeios até que Milosevic aceitasse o acordo sobre a autonomia” (POWER, 2004, p.
Enquanto a OTAN bombardeava a Sérvia, os militares sérvios executaram o plano
de limpeza étnica contra os albaneses, tirando mais de 1,3 milhões de pessoas de suas casas,
sendo que em torno de 740 mil pessoas foram para Macedônia e Albânia, de acordo com
As forças de Milosevic expulsaram mais de 1,3 milhão de kosovares de suas casas, dos quais cerca de 740 mil afluíram para a Macedônia e Albânia. Foi o maior e mais ousado ato isolado de limpeza étnica da década, e ocorreu enquanto
Unidos e seus aliados intervinham para impedir futuras atrocidades
albaneses kosovares e abriu caminho para ascensão de um obscuro grupo de o de Libertação de Kosovo (ELK)
grupo que defendia
osovo em relação à Sérvia. Com a promessa de proteger os albaneses dentro
de Kosovo, conseguiram arrecadar recursos e começaram a atacar os sérvios, tendo
Assim que Milosevic tomou conhecimento do assassinato de alguns policiais
agiu desproporcionalmente. A resposta de Milosevic ao ELK foi bem mais
um maior apoio popular ao ELK. Veja o
ELK prometeu proteger o povo albanês em suas casas e obter a independência da província. Conseguiu levantar recursos entre emigrados albaneses e
inho, Albânia, mas de início não logrou atrair muitos recrutas em Kosovo. A maré virou em março de 1998, quando o ELK baleou policiais sérvios e Milosevic retaliou com tanta violência que o apoio popular
mesmo enquanto
Em fevereiro de 1999, os aliados impuseram as condições a Milosevic e aos
TAN. As condições
Belgrado deveria retirar a maioria de seus soldados de Kosovo, conceder significativa autonomia aos albaneses e permitir que só 25 mil soldados armados de
les) fossem mandados para a Sérvia
começou a bombardear a
os “líderes aliados disseram que prosseguiriam com os
sse o acordo sobre a autonomia” (POWER, 2004, p.
militares sérvios executaram o plano
de limpeza étnica contra os albaneses, tirando mais de 1,3 milhões de pessoas de suas casas,
pessoas foram para Macedônia e Albânia, de acordo com
mais de 1,3 milhão de kosovares de suas casas, e Albânia. Foi o maior e mais
enquanto os Estados Unidos e seus aliados intervinham para impedir futuras atrocidades (2004, p. 510-
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Com o bombardeio da O
muito o número de dissidentes, principalmente
muitos anos de guerra desmotivaram o povo a lutar por causas que não lhes traziam
alguma. Power conta que os sérvios “
Milosevic. Os capangas de Milosevic co
interesses, mesmo se isso significasse ab
Com tudo isso ocorrendo, Milosevic n
como informa Power:
Em 3 de junho de 1999, Milosevic renbombardeios, o ditador sérvio assinou um acosérvia a sair de Kosovo e permitia a entrada de 50 mil soldados de uma força de paz da OTANsaída das forças sérvia os albaneses finalmente poderiam governar a si própriosMais de 1 milhão de albaneses étnicos retornaram ao que restava de suas casalentamente começaram a reconstruir suas vidas, talvez pela primeira tranquilizados pela ideia de que não estavam mais vulneráveis aos caprichos de Belgrado
Dessa forma, mesmo após a rendição de Milosevic,
Kosovo a independência em relação a Sérvia
governamental, já que os albaneses poderiam eleger seus governantes.
Aos poucos, os albaneses começaram a retornar aos locais em que viviam, muitas
vezes completamente destruído, para tentarem reerguer
casas, agora livres do domínio sérvio e protegidos pela força de paz da O
6 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL NA IUGOSLÁVIA
6.1 Criação do Tribunal Penal Interna
O Tribunal Penal Internacional para a Iugoslávia
1993 para julgar as pessoas que cometeram as graves violações aos direitos humanos naquele
território.
Na época em que foi criado, ainda não tinha ocorrido o conflito de Kosovo, por
isso inicialmente visava os crimes cometidos n
explicam Balazaire e Cretin:
O Tribunal Penal Internacional para a ex827 do Conselho de Segurança de 25 de maio de 1993. Na realidade, essa resolução é a reação de instânciaex-Iugoslávia: massacres, expulsões, deslocamentos de população visando à purificação étnica, em nome da qual os nacionalistas sérvios tentam Croácia e depois na Bósnia
Volume 10 – nº 2 - 2016
Com o bombardeio da OTAN, os sérvios estavam desistindo de lutar. Aumentou
muito o número de dissidentes, principalmente quando a OTAN ameaçou atacar por terra. Os
muitos anos de guerra desmotivaram o povo a lutar por causas que não lhes traziam
conta que os sérvios “Não queriam morrer por Kosovo, muito menos por
Milosevic. Os capangas de Milosevic começaram a pressioná-lo para que protegesse seus
interesses, mesmo se isso significasse abandonar Kosovo” (2004, p. 520).
Com tudo isso ocorrendo, Milosevic não teve outra alternativa senão se render,
Em 3 de junho de 1999, Milosevic rendeu-se. Em 9 de junho, após 78 dias de bombardeios, o ditador sérvio assinou um acordo que forçava os soldados e asérvia a sair de Kosovo e permitia a entrada de 50 mil soldados de uma força de paz
TAN. Embora Kosovo fosse permanecer oficialmente parte da Sérvia, com a saída das forças sérvia os albaneses finalmente poderiam governar a si própriosMais de 1 milhão de albaneses étnicos retornaram ao que restava de suas casalentamente começaram a reconstruir suas vidas, talvez pela primeira tranquilizados pela ideia de que não estavam mais vulneráveis aos caprichos de
grado (2004, p. 520-521).
Dessa forma, mesmo após a rendição de Milosevic, o acordo feito não concedeu a
a independência em relação a Sérvia. Contudo, adquiriram certa autonomia, inclusive
governamental, já que os albaneses poderiam eleger seus governantes.
baneses começaram a retornar aos locais em que viviam, muitas
vezes completamente destruído, para tentarem reerguer-se como indivíduos e reerg
casas, agora livres do domínio sérvio e protegidos pela força de paz da OTAN
6 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL NA IUGOSLÁVIA
6.1 Criação do Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia (TPII)
O Tribunal Penal Internacional para a Iugoslávia foi criado em 25 de maio de
1993 para julgar as pessoas que cometeram as graves violações aos direitos humanos naquele
Na época em que foi criado, ainda não tinha ocorrido o conflito de Kosovo, por
visava os crimes cometidos na Croácia e na Bósnia-Herzegovina, como
O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIl) é criado pela Resolução 827 do Conselho de Segurança de 25 de maio de 1993. Na realidade, essa resolução é a reação de instâncias internacionais ao que se passa há dois anos no território da
Iugoslávia: massacres, expulsões, deslocamentos de população visando à purificação étnica, em nome da qual os nacionalistas sérvios tentam Croácia e depois na Bósnia-Herzegovina (antes dos acontecimentos de Kosovo de
os sérvios estavam desistindo de lutar. Aumentou
ameaçou atacar por terra. Os
muitos anos de guerra desmotivaram o povo a lutar por causas que não lhes traziam vantagem
Não queriam morrer por Kosovo, muito menos por
lo para que protegesse seus
ão teve outra alternativa senão se render,
se. Em 9 de junho, após 78 dias de rdo que forçava os soldados e a polícia
sérvia a sair de Kosovo e permitia a entrada de 50 mil soldados de uma força de paz nte parte da Sérvia, com a
saída das forças sérvia os albaneses finalmente poderiam governar a si próprios. Mais de 1 milhão de albaneses étnicos retornaram ao que restava de suas casas e lentamente começaram a reconstruir suas vidas, talvez pela primeira vez tranquilizados pela ideia de que não estavam mais vulneráveis aos caprichos de
o acordo feito não concedeu a
certa autonomia, inclusive
baneses começaram a retornar aos locais em que viviam, muitas
se como indivíduos e reerguerem suas
TAN.
I)
foi criado em 25 de maio de
1993 para julgar as pessoas que cometeram as graves violações aos direitos humanos naquele
Na época em que foi criado, ainda não tinha ocorrido o conflito de Kosovo, por
Herzegovina, como
Iugoslávia (TPIl) é criado pela Resolução 827 do Conselho de Segurança de 25 de maio de 1993. Na realidade, essa resolução
s internacionais ao que se passa há dois anos no território da Iugoslávia: massacres, expulsões, deslocamentos de população visando à
purificação étnica, em nome da qual os nacionalistas sérvios tentam - primeiro na a (antes dos acontecimentos de Kosovo de
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
1998 e 1999)sérvios
A intenção do Conselho de Segurança da ONU com a criação do Tribunal era
principalmente intimidar os nacionalistas
funcionou. Esse Tribunal foi criado pela Resolução 827/1993 do Conselho de Segurança da
ONU, como consta a seguir:
Todos esses fatos que constituem violações graves e repetidas dasConvenções de Genebra e das leNações Unidas, agindo na aplicação doCapítulo VII da Carta827 de 25 de maio de 1993,única função acusaras pessohumanitáriasinternacionais cometidas n(BALAZAIRE; CRETIN
No início esse Tribunal foi alvo de muitas desconfianças, especialmente porque se
tratava do primeiro tribunal ad hoc
Cretin disseram:
Ele é muito mais uma resposta simbólica dos membros do Conselho de Segurança diante de sua impotência em pôr um fim aos massacres na Bósnia. O gesto é ainda mais simbólico con(2004, p. 54)
O Tribunal, com sede em Haia, só podia julgar uma lista determinada de crimes,
que estavam diretamente relacionados com o conflito
estendida a outros fatos. Além disso, a Resolução que o criou determinou que o Conselho de
Segurança determinaria quando ele ia encerrar seus trabalhos, como se denota do que
relataram Balazaire e Cretin:
Tribunal ad hoc (literalmente, "pTPII só tem competência para as infrações graves àsConvenções de Genebra de 1949 (art. 2"), para as violações das leis e doscostumes de guerra (art. 3°), o genocídio (art. 4") e os crimes contra ahumanidade (art. 5") cometidos no territda ex-Iugoslávia a partirde I' de janeiro de 1991. O art. 2" da Resolução 827 (1993) da ONU nãoprevê data de vencimento. Ele se limita a mencionar que essa data seráposteriormente determinada pelo Conselho de Segurança
Como acima descr
infrações às Convenções de Genebra, o genocídio, o desrespeito às leis e aos costumes de
guerra e os crimes contra a humanidade.
O grupo técnico que formava o Tribunal cresceu ao longo dos anos. Em j
1999 ele era composto por “14 juízes, o procurador
chefe e o escrivão-adjunto, o TPII conta com 766 funci
(BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 54).
Volume 10 – nº 2 - 2016
1998 e 1999)- fazer com que partam de determinadas regiões os habitantes não (2004, p.51).
A intenção do Conselho de Segurança da ONU com a criação do Tribunal era
principalmente intimidar os nacionalistas sérvios, o que, como anteriormente visto, não
funcionou. Esse Tribunal foi criado pela Resolução 827/1993 do Conselho de Segurança da
Todos esses fatos que constituem violações graves e repetidas dasConvenções de Genebra e das leis humanitárias conduzem então oConselho de Segurança das Nações Unidas, agindo na aplicação doCapítulo VII da Carta a adot827 de 25 de maio de 1993, que estabelece um "Tribunal Internacional tendo por única função acusaras pessoas responsáveis por violações graves das leis
nitáriasinternacionais cometidas no território da exBALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 53)
No início esse Tribunal foi alvo de muitas desconfianças, especialmente porque se
ad hoc criado desde o Tribunal de Nuremberg, como Balazaire e
Ele é muito mais uma resposta simbólica dos membros do Conselho de Segurança diante de sua impotência em pôr um fim aos massacres na Bósnia. O gesto é ainda mais simbólico considerando-se que esse tribunal é o primeiro desde Nuremberg(2004, p. 54).
sede em Haia, só podia julgar uma lista determinada de crimes,
que estavam diretamente relacionados com o conflito, e sua competência não deveria ser
tros fatos. Além disso, a Resolução que o criou determinou que o Conselho de
Segurança determinaria quando ele ia encerrar seus trabalhos, como se denota do que
Tribunal ad hoc (literalmente, "para isso"), implantado em Haia nTPII só tem competência para as infrações graves àsConvenções de Genebra de 1949 (art. 2"), para as violações das leis e doscostumes de guerra (art. 3°), o genocídio (art. 4") e os crimes contra ahumanidade (art. 5") cometidos no territ
Iugoslávia a partirde I' de janeiro de 1991. O art. 2" da Resolução 827 (1993) da ONU nãoprevê data de vencimento. Ele se limita a mencionar que essa data seráposteriormente determinada pelo Conselho de Segurança (2004, p. 54)
Como acima descrito, os crimes que o TPII poderia julgar eram as graves
infrações às Convenções de Genebra, o genocídio, o desrespeito às leis e aos costumes de
guerra e os crimes contra a humanidade.
O grupo técnico que formava o Tribunal cresceu ao longo dos anos. Em j
14 juízes, o procurador-chefe e o procurador-adjunto, o escrivão
adjunto, o TPII conta com 766 funcionários representando 65 nações
(BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 54).
fazer com que partam de determinadas regiões os habitantes não-
A intenção do Conselho de Segurança da ONU com a criação do Tribunal era
sérvios, o que, como anteriormente visto, não
funcionou. Esse Tribunal foi criado pela Resolução 827/1993 do Conselho de Segurança da
Todos esses fatos que constituem violações graves e repetidas dasConvenções de is humanitárias conduzem então oConselho de Segurança das
a adotar a Resolução que estabelece um "Tribunal Internacional tendo por
responsáveis por violações graves das leis o território da ex-Iugoslávia".
No início esse Tribunal foi alvo de muitas desconfianças, especialmente porque se
criado desde o Tribunal de Nuremberg, como Balazaire e
Ele é muito mais uma resposta simbólica dos membros do Conselho de Segurança diante de sua impotência em pôr um fim aos massacres na Bósnia. O gesto é ainda
se que esse tribunal é o primeiro desde Nuremberg
sede em Haia, só podia julgar uma lista determinada de crimes,
e sua competência não deveria ser
tros fatos. Além disso, a Resolução que o criou determinou que o Conselho de
Segurança determinaria quando ele ia encerrar seus trabalhos, como se denota do que
nos Países Baixos, o TPII só tem competência para as infrações graves àsConvenções de Genebra de 1949 (art. 2"), para as violações das leis e doscostumes de guerra (art. 3°), o genocídio (art. 4") e os crimes contra ahumanidade (art. 5") cometidos no território
Iugoslávia a partirde I' de janeiro de 1991. O art. 2" da Resolução 827 (1993) da ONU nãoprevê data de vencimento. Ele se limita a mencionar que essa data
(2004, p. 54).
ito, os crimes que o TPII poderia julgar eram as graves
infrações às Convenções de Genebra, o genocídio, o desrespeito às leis e aos costumes de
O grupo técnico que formava o Tribunal cresceu ao longo dos anos. Em junho de
adjunto, o escrivão-
onários representando 65 nações”
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6.2 Estatuto do TPII
A Resolução n° 827/1993 do Conselho de Segurança da ONU não só criou o TPII
como também é Estatuto desse tribunal. Ela estabelece as normas de organização do Tribunal
e dispõe sobre sua competência.
Em seus artigos 1º
para julgar pessoas físicas que tivessem praticados determinados atos previstos no próprio
Estatuto a partir de 1991 no território da ex
previstos nos artigos 2º, 3º, 4º e 5º
No artigo 2º estão previstos os atos tipificados como graves
Convenções de Genebra de 1949
foi determinado nas Convenções, contudo, a lista não é taxativa, porque o próprio artigo diz
que o TPII pode julgar as pessoas que violarem as normas da Convenção.
consta no art. 2º da Convenção:
Artigo 2Violações graves às Convenções de Genebra de 1949O Tribunal Internacional está habilitado a processar as pessoas quecometerem ou derem ordens para que se cometam violações graves àsConvenções de Genebra de 12 de agosto de 1949, em especial os seguintesprotegidos nos a) o homicídio voluntário;b) a tortura ou os tratamentos desumanos, incluindo as experiênciasbiológicas;c) o fato de causar intencionalmente grande sofrimento ou graves danosà integridade física ou à saúdd) a destruição ou a apropriação de bens não justificadas por necessidadesmilitares ou executadas em grande escala, de forma ilícita e arbitrária;e) o fato de coagir um prisioneiro de guerra ou um civil a servir nasforças armadas da potência inimiga;f) o fato de privar um prisioneiro de guerra ou um civil de seu direitoa ser julgado de forma normal e imparcial;g) a expulsão ou a transferência ilegal de um civil ou a sua prisão ilegal;h) a tomada de civis como reféns.
O artigo 3º também possui uma lista exemplificativa do que se consideram
violações das leis ou crimes de guerra. Como
violações às leis e/ou costumes de guerra também podem ser
Abaixo, o texto do artigo 3º do Estatuto:
Artigo 3°Violações das leis ou dos costumes da guerraO Tribunal Internacional tem competência para julgar as pessoasque violarem as leis ou os costumes da guerra. Tais violações incluem,a) o uso de armas tóxicas ou outras concebidas com o objetivo de causarsofrimentos inúteis; b) a destruição, sem motivo, de cidades, vilas e povoações ou a devastaçãonão justificada pelas exigências militares;c) o ataque ou o bombardeio, porconstruções sem defesa;
Volume 10 – nº 2 - 2016
n° 827/1993 do Conselho de Segurança da ONU não só criou o TPII
como também é Estatuto desse tribunal. Ela estabelece as normas de organização do Tribunal
e dispõe sobre sua competência.
1º e 6º, o Estatuto estabelece que o Tribunal só tem
julgar pessoas físicas que tivessem praticados determinados atos previstos no próprio
Estatuto a partir de 1991 no território da ex-Iugoslávia.Os atos considerados puníveis estão
previstos nos artigos 2º, 3º, 4º e 5º do Estatuto.
2º estão previstos os atos tipificados como graves
Convenções de Genebra de 1949. Esse artigo possui uma lista das principais violações ao que
foi determinado nas Convenções, contudo, a lista não é taxativa, porque o próprio artigo diz
PII pode julgar as pessoas que violarem as normas da Convenção.
consta no art. 2º da Convenção:
Artigo 2 Violações graves às Convenções de Genebra de 1949
Tribunal Internacional está habilitado a processar as pessoas quecometerem ou derem ordens para que se cometam violações graves àsConvenções de Genebra de 12 de agosto de 1949, em especial os seguintesatos, dirigidos contra pessoas ou bens protegidos nos termos da Convençãode Genebra que for pertinente:a) o homicídio voluntário; b) a tortura ou os tratamentos desumanos, incluindo as experiênciasbiológicas;c) o fato de causar intencionalmente grande sofrimento ou graves danosà integridade física ou à saúde; d) a destruição ou a apropriação de bens não justificadas por necessidadesmilitares ou executadas em grande escala, de forma ilícita e arbitrária;e) o fato de coagir um prisioneiro de guerra ou um civil a servir nasforças armadas da potência inimiga; f) o fato de privar um prisioneiro de guerra ou um civil de seu direitoa ser julgado de forma normal e imparcial; g) a expulsão ou a transferência ilegal de um civil ou a sua prisão ilegal;h) a tomada de civis como reféns. (BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 143
O artigo 3º também possui uma lista exemplificativa do que se consideram
violações das leis ou crimes de guerra. Como no artigo ocorre com o artigo anterior, outras
violações às leis e/ou costumes de guerra também podem serem julgados pelo Tribunal.
texto do artigo 3º do Estatuto:
Artigo 3° Violações das leis ou dos costumes da guerra
Tribunal Internacional tem competência para julgar as pessoasque violarem as leis ou os costumes da guerra. Tais violações incluem, entre outras: a) o uso de armas tóxicas ou outras concebidas com o objetivo de causarsofrimentos
b) a destruição, sem motivo, de cidades, vilas e povoações ou a devastaçãonão justificada pelas exigências militares; c) o ataque ou o bombardeio, por qualquer meio, de cidades, vilas,construções sem defesa;
n° 827/1993 do Conselho de Segurança da ONU não só criou o TPII
como também é Estatuto desse tribunal. Ela estabelece as normas de organização do Tribunal
tem competência
julgar pessoas físicas que tivessem praticados determinados atos previstos no próprio
Os atos considerados puníveis estão
2º estão previstos os atos tipificados como graves violaçõesàs
. Esse artigo possui uma lista das principais violações ao que
foi determinado nas Convenções, contudo, a lista não é taxativa, porque o próprio artigo diz
PII pode julgar as pessoas que violarem as normas da Convenção. Destaca o que
Tribunal Internacional está habilitado a processar as pessoas quecometerem ou derem ordens para que se cometam violações graves àsConvenções de Genebra de
atos, dirigidos contra pessoas ou bens termos da Convençãode Genebra que for pertinente:
b) a tortura ou os tratamentos desumanos, incluindo as experiênciasbiológicas; c) o fato de causar intencionalmente grande sofrimento ou graves danosà integridade
d) a destruição ou a apropriação de bens não justificadas por necessidades militares ou executadas em grande escala, de forma ilícita e arbitrária; e) o fato de coagir um prisioneiro de guerra ou um civil a servir nasforças armadas
f) o fato de privar um prisioneiro de guerra ou um civil de seu direitoa ser julgado de
g) a expulsão ou a transferência ilegal de um civil ou a sua prisão ilegal; (BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 143-144)
O artigo 3º também possui uma lista exemplificativa do que se consideram
no artigo ocorre com o artigo anterior, outras
julgados pelo Tribunal.
Tribunal Internacional tem competência para julgar as pessoasque violarem as leis
a) o uso de armas tóxicas ou outras concebidas com o objetivo de causarsofrimentos
b) a destruição, sem motivo, de cidades, vilas e povoações ou a devastaçãonão
qualquer meio, de cidades, vilas, habitações ou
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d) o confisco, a destruição ou a danificação deliberada de edifíciosreligião, à beneficência e aoobras de arte e de) a pilhagem de bens públicos ou privados.
O artigo 4º dispõe sobre genocídio. Como já tratado no presente estudo, o
genocídio é o crime em que o agressor tenta destruir parcialmente ou totalmente
nacional, étnico, racial ou religioso. Observa
cometimento direto do crime de genocídio, como também a instigação, o induzimento a
prática do ato. A pessoa que induz à pratica do crime de genocídio é con
crime de genocídio tanto quanto quem pratica o ato material, conforme o disposto no artigo 4º
do Estatuto abaixo transcrito:
Artigo 4°GenocídioI. O Tribunal Internacional tem competência para julgar as pessoasque tenham cometido genocídatos enumerados no § 3" do presente artigo.2. Entendecom a intenção de destruir, no todo ou em parte, umgrupo nacional,religioso, tais como:a) homicídio de membros do grupo;b) ofensa grave à integridade física ou mental de membros do grupo;c) sujeição intencional do grupo a condições de existência capazes deprovocar sua destruição física, total ou pard) medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;e) transferência forçada de crianças de um grupo para outro.3. Serão punidos os seguintes atos:a) genocídio;b) conspiração com intenção de genocídio;c) incitação di reta e pública ad) tentativa de genocídio;e) cumplicidade no genocídio.
Os crimes contra humanidade são tratados no artigo 5º do Estatuto.
Diferentemente dos artigos 2º e 3º, ele contém uma lista taxativa de
cometidos contra algum civil durante um conflito armado, tornam
Tribunal Penal Internacional, como disposto a
Artigo 5°Crimes contra a humanidadeO Tribunal Internacional tem competência para julgar as pessoresponsáveis pelos crimes seguintes, quando cometidosdurante um conflito armado, de caráter internacional ou interno, edirigidos contra qualquer população civil:a) homicídio;b) extermínio;c) escravidão;d) deportação;e) prisão;f) tortura;g) estupro;h) perseguições por motivos políticos, raciais e religiosos;i) outros atos desumanos.
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d) o confisco, a destruição ou a danificação deliberada de edifíciosreligião, à beneficência e ao ensino, às artes e às ciências. monumentos históricos, obras de arte e de caráter científico; e) a pilhagem de bens públicos ou privados. (BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 144
O artigo 4º dispõe sobre genocídio. Como já tratado no presente estudo, o
genocídio é o crime em que o agressor tenta destruir parcialmente ou totalmente
nacional, étnico, racial ou religioso. Observa-se que naquele artigo, não se pune apenas o
cometimento direto do crime de genocídio, como também a instigação, o induzimento a
prática do ato. A pessoa que induz à pratica do crime de genocídio é considerado autor do
crime de genocídio tanto quanto quem pratica o ato material, conforme o disposto no artigo 4º
Artigo 4° Genocídio I. O Tribunal Internacional tem competência para julgar as pessoasque tenham cometido genocídio, tal como definido no § 2" do presenteartigo ou qualquer um dos atos enumerados no § 3" do presente artigo. 2. Entende-se por genocídio qualquer um dos atos enumerados aseguir, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, umgrupo nacional,religioso, tais como: a) homicídio de membros do grupo; b) ofensa grave à integridade física ou mental de membros do grupo;c) sujeição intencional do grupo a condições de existência capazes deprovocar sua destruição física, total ou parcial; d) medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;e) transferência forçada de crianças de um grupo para outro. 3. Serão punidos os seguintes atos: a) genocídio; b) conspiração com intenção de genocídio; c) incitação di reta e pública a que se cometa o genocídio; d) tentativa de genocídio; e) cumplicidade no genocídio. (BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 145
Os crimes contra humanidade são tratados no artigo 5º do Estatuto.
Diferentemente dos artigos 2º e 3º, ele contém uma lista taxativa de crimes que, quando
cometidos contra algum civil durante um conflito armado, tornam-se de competência do
Tribunal Penal Internacional, como disposto a seguir:
Artigo 5° Crimes contra a humanidade
Tribunal Internacional tem competência para julgar as pessoresponsáveis pelos crimes seguintes, quando cometidosdurante um conflito armado, de caráter internacional ou interno, edirigidos contra qualquer população civil:a) homicídio;
extermínio; escravidão;
d) deportação; e) prisão;
tortura; g) estupro; ) perseguições por motivos políticos, raciais e religiosos;
i) outros atos desumanos. (BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 145
d) o confisco, a destruição ou a danificação deliberada de edifíciosconsagradosà monumentos históricos,
(BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 144)
O artigo 4º dispõe sobre genocídio. Como já tratado no presente estudo, o
genocídio é o crime em que o agressor tenta destruir parcialmente ou totalmente um grupo
se que naquele artigo, não se pune apenas o
cometimento direto do crime de genocídio, como também a instigação, o induzimento a
siderado autor do
crime de genocídio tanto quanto quem pratica o ato material, conforme o disposto no artigo 4º
I. O Tribunal Internacional tem competência para julgar as pessoasque tenham io, tal como definido no § 2" do presenteartigo ou qualquer um dos
se por genocídio qualquer um dos atos enumerados aseguir, cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, umgrupo nacional, étnico, racial ou
b) ofensa grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) sujeição intencional do grupo a condições de existência capazes deprovocar sua
d) medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
(BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 145)
Os crimes contra humanidade são tratados no artigo 5º do Estatuto.
crimes que, quando
se de competência do
Tribunal Internacional tem competência para julgar as pessoasconsideradas responsáveis pelos crimes seguintes, quando cometidosdurante um conflito armado, de caráter internacional ou interno, edirigidos contra qualquer população civil:
5-146)
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Outro aspecto relevante do Estatuto está em seu artigo 7°, pois ele determina que
o fato de qualquer acusado se encontrar na posição de Chefe de Estado, Chefe
em funções análogas não o isenta de pena, o que possibilitou que Slobodan Milosevic
julgado pelo Tribunal.
Além disso, esse artigo dispõe que é indiferente o fato de qualquer pessoa ter
cometido o crime porque estava cumprindo uma ordem. Além disso, o artigo também diz que
o superior também é responsável pelo que seus subordinados
deles, na forma do artigo 7º, parágrafos 3º, 4º:
3. O fato de qualquer umsido cometido por um subordinado não isenta oseu superior de responsabilidade penal quando elepara cometer tal ato ou já otinha cometido e não adotou as medidas necessárias e razoáveis paraimpedir que o referido ato fosse cometido ou para punir os seus autores.4. O fato de um acusadogoverno ou um superior hierárquico não O isenta deresponsabilidade penal, mas pode ser considerado como um motivo pararedução da pena, se o Tribunal Internacional assim co2004, p. 146
Quanto ao conflito de competência estabelecido entre a jurisdição nacional e o
Tribunal Internacional, o artigo 9º do Estatuto determina que há competência concorrente
entre ambos. Tanto a jurisdição nacional quanto o TPII possuem competência para o
julgamento de violações ao direito humanitário na ex
Tribunal Internacional prevalece sobre a nacional quando aquele solicitar a este que renuncie
da competência a seu favor.
O artigo 10 constitui uma proteção ao direito do
designa que a jurisdição nacional não pode julgar uma pessoa pelos mesmos atos
julgada pelo TPII, e que o Tribunal Internacional só pode julgar alguém anteriormente julgado
pela jurisdição nacional nos casos pr
transcrito abaixo:
2. Qualquer pessoa que tenha sido julgada por uma jurisdiçãonacional por atos que constituam violações graves ao direito internacionalhumanitário só pode responder,subsequentementea) o fato pelo qual foi julgada tiver sido qualificado crime de delitob) a jurisdição nacional não tiver atuado de forma imparcial ouindependente, o processo nela instinternacional ou o processo nãoCRETIN, 2004, p. 148
No caso do Tribunal Internacional julgar
nacional já tê-lo feito, obriga TPII a
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Outro aspecto relevante do Estatuto está em seu artigo 7°, pois ele determina que
o fato de qualquer acusado se encontrar na posição de Chefe de Estado, Chefe
s não o isenta de pena, o que possibilitou que Slobodan Milosevic
Além disso, esse artigo dispõe que é indiferente o fato de qualquer pessoa ter
cometido o crime porque estava cumprindo uma ordem. Além disso, o artigo também diz que
o superior também é responsável pelo que seus subordinados fizeram, respondendo junto
deles, na forma do artigo 7º, parágrafos 3º, 4º:
3. O fato de qualquer um dos atos referidos nos arts. 2° a 5°dopresente Estatuto ter sido cometido por um subordinado não isenta oseu superior de responsabilidade penal quando ele sabia ou tinha motivospara saber que o subordinado se preparava para cometer tal ato ou já otinha cometido e não adotou as medidas necessárias e razoáveis paraimpedir que o referido ato fosse cometido ou para punir os seus autores. 4. O fato de um acusado ter agido em cumprimento de uma ordemdada por um governo ou um superior hierárquico não O isenta deresponsabilidade penal, mas pode ser considerado como um motivo pararedução da pena, se o Tribunal Internacional assim considerar de acordocom a justiça (BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 146-147).
Quanto ao conflito de competência estabelecido entre a jurisdição nacional e o
Tribunal Internacional, o artigo 9º do Estatuto determina que há competência concorrente
entre ambos. Tanto a jurisdição nacional quanto o TPII possuem competência para o
ento de violações ao direito humanitário na ex-Iugoslávia, contudo, a jurisdição do
Tribunal Internacional prevalece sobre a nacional quando aquele solicitar a este que renuncie
O artigo 10 constitui uma proteção ao direito do réu, proibindo o
designa que a jurisdição nacional não pode julgar uma pessoa pelos mesmos atos
pelo TPII, e que o Tribunal Internacional só pode julgar alguém anteriormente julgado
pela jurisdição nacional nos casos previstos no parágrafo 2º do artigo 10 do Estatuto,
2. Qualquer pessoa que tenha sido julgada por uma jurisdiçãonacional por atos que constituam violações graves ao direito internacionalhumanitário só pode responder,subsequentemente, perante o Tribunal Internacional se: a) o fato pelo qual foi julgada tiver sido qualificado crime de delitob) a jurisdição nacional não tiver atuado de forma imparcial ouindependente, o processo nela instaurado visar a poupar o acusado de sua respointernacional ou o processo não tiversido diligentemente instruído.CRETIN, 2004, p. 148)
No caso do Tribunal Internacional julgar alguém, mesmo após a jurisdição
obriga TPII a levar em consideração qualquer tipo de pena e punição
Outro aspecto relevante do Estatuto está em seu artigo 7°, pois ele determina que
o fato de qualquer acusado se encontrar na posição de Chefe de Estado, Chefe de Governo ou
s não o isenta de pena, o que possibilitou que Slobodan Milosevic fosse
Além disso, esse artigo dispõe que é indiferente o fato de qualquer pessoa ter
cometido o crime porque estava cumprindo uma ordem. Além disso, o artigo também diz que
fizeram, respondendo junto
dopresente Estatuto ter sido cometido por um subordinado não isenta oseu superior de responsabilidade
sabia ou tinha motivospara saber que o subordinado se preparava para cometer tal ato ou já otinha cometido e não adotou as medidas necessárias e razoáveis paraimpedir que o referido ato fosse cometido ou para punir os seus
ter agido em cumprimento de uma ordemdada por um governo ou um superior hierárquico não O isenta deresponsabilidade penal, mas pode ser considerado como um motivo pararedução da pena, se o Tribunal
LAZAIRE; CRETIN,
Quanto ao conflito de competência estabelecido entre a jurisdição nacional e o
Tribunal Internacional, o artigo 9º do Estatuto determina que há competência concorrente
entre ambos. Tanto a jurisdição nacional quanto o TPII possuem competência para o
Iugoslávia, contudo, a jurisdição do
Tribunal Internacional prevalece sobre a nacional quando aquele solicitar a este que renuncie
réu, proibindo o bis in idem. Ele
designa que a jurisdição nacional não pode julgar uma pessoa pelos mesmos atos que ela foi
pelo TPII, e que o Tribunal Internacional só pode julgar alguém anteriormente julgado
evistos no parágrafo 2º do artigo 10 do Estatuto,
2. Qualquer pessoa que tenha sido julgada por uma jurisdiçãonacional por atos que constituam violações graves ao direito internacionalhumanitário só pode responder,
a) o fato pelo qual foi julgada tiver sido qualificado crime de delito comum; ou, b) a jurisdição nacional não tiver atuado de forma imparcial ouindependente, o
de sua responsabilidade penal tiversido diligentemente instruído. (BALAZAIRE;
, mesmo após a jurisdição
em consideração qualquer tipo de pena e punição
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que ele possa ter cumprido, que o Tribunal também poderia ter determinado sobre o mesmo
ato.
O artigo 11 explica a organização do Tribunal, que é composto por uma Câmara
de primeira instância, uma de Recurs
O Procurador, de acordo com o artigo 16, é órgão independente do tribunal,
responsável pela elaboração dos dossiês com provas e por promover as ações penais contra os
autores dos atos descritos nos art
Segurança, a partir de sugestão dada pelo Secretário Geral da ONU.
A acusação é feita pelo Proc
no artigo 18. Um juiz da Câmara de Primeira
considerar que existem indícios suficientes, dá seguimento ao processo. Também é
incumbência desse juiz emitir ordens e mandatos de detenção, prisão preventiva ou outras
medidas necessárias ao processo, a pedido do Procurado
O artigo 20 dispõe que na Câmara de Primeira Instancia, o processo precisa ser
rápido e equitativo, com respeito aos direitos do acusado, das vítimas e das testemunhas. O
mesmo artigo prevê que as audiências são públicas, salvo se houver algum motivo relev
que justifique o sigilo da audiência.
Os direitos e garantias individuais do acusado estão previstos no artigo 21 do
Estatuto, abaixo transcrito:
Artigo 21Direitos do acusado1. Todos são iguais perante o Tribunal Internacional.2. Qualquer pessoa cequitativo3. Toda pessoa acusada é considerada inocente até prova emcontrário, de acordo com o disposto no presente Estatuto.4. Qualquer pessoa contra a qual seja feita uma acusação, emconformidade com o disposto no presente Estatuto, tem direito nomínimo às seguintes garantias, em situação de plena igualdade:a) ser informada, sem demora e de forma detalhada, numa língua quecompreendda natureza e do motivo da acb) dispor do tempo e dos meios necessários à preparação da sua defesae ter contato com o advogado de sua escolha;c) ser julgada sem atrasos excessivos;d) estar presente na audiência de julgamento por um defensor de sua escolha; se não tiver umadvogado, ser informada do direito de ter um e, sempre que o interessedefensor automaticamente,gratuitamente, se não tiver rpararemuneráe) interrogar ou fazer com que sejam interrogadas as testemunhas deacusação e ter direito ao comparecimento das testemunhas de defesae a que estas sejam interrogadas nas mesmas condições que as testemunhasde acusação;f) ser auxiliada gratuitamente por um intérprete, se não compreendernem falar a língua utilizada na audiência;
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que ele possa ter cumprido, que o Tribunal também poderia ter determinado sobre o mesmo
O artigo 11 explica a organização do Tribunal, que é composto por uma Câmara
de primeira instância, uma de Recursos, o Procurador e uma Secretaria em comum para eles.
O Procurador, de acordo com o artigo 16, é órgão independente do tribunal,
responsável pela elaboração dos dossiês com provas e por promover as ações penais contra os
autores dos atos descritos nos artigos 2º a 5º do Estatuto. Ele é nomeado pelo Conselho de
Segurança, a partir de sugestão dada pelo Secretário Geral da ONU.
A acusação é feita pelo Procurador após uma investigação, nos moldes descritos
no artigo 18. Um juiz da Câmara de Primeira Instância deve analisar a acusação, e se
considerar que existem indícios suficientes, dá seguimento ao processo. Também é
incumbência desse juiz emitir ordens e mandatos de detenção, prisão preventiva ou outras
medidas necessárias ao processo, a pedido do Procurador, na forma do artigo 19.
O artigo 20 dispõe que na Câmara de Primeira Instancia, o processo precisa ser
rápido e equitativo, com respeito aos direitos do acusado, das vítimas e das testemunhas. O
mesmo artigo prevê que as audiências são públicas, salvo se houver algum motivo relev
que justifique o sigilo da audiência.
Os direitos e garantias individuais do acusado estão previstos no artigo 21 do
Artigo 21 Direitos do acusado 1. Todos são iguais perante o Tribunal Internacional. 2. Qualquer pessoa contra a qual sejam fe itas acusações tem direitoa um julgamento equitativo e público, sem prejuízo do disposto no art.22 do Estatuto.3. Toda pessoa acusada é considerada inocente até prova emcontrário, de acordo com o disposto no presente Estatuto.
lquer pessoa contra a qual seja feita uma acusação, emconformidade com o disposto no presente Estatuto, tem direito nomínimo às seguintes garantias, em situação de plena igualdade: a) ser informada, sem demora e de forma detalhada, numa língua quecompreendda natureza e do motivo da acusação que lhe éimputada; b) dispor do tempo e dos meios necessários à preparação da sua defesae ter contato com o advogado de sua escolha; c) ser julgada sem atrasos excessivos; d) estar presente na audiência de julgamento e defender a si própria ouserpor um defensor de sua escolha; se não tiver umadvogado, ser informada do direito de ter um e, sempre que o interesse da justiça exigir, que lhe seja designado um defensor automaticamente,gratuitamente, se não tiver recursos suficientes pararemunerá-lo; e) interrogar ou fazer com que sejam interrogadas as testemunhas deacusação e ter direito ao comparecimento das testemunhas de defesae a que estas sejam interrogadas nas mesmas condições que as testemunhasde acusação;) ser auxiliada gratuitamente por um intérprete, se não compreendernem falar a
língua utilizada na audiência;
que ele possa ter cumprido, que o Tribunal também poderia ter determinado sobre o mesmo
O artigo 11 explica a organização do Tribunal, que é composto por uma Câmara
os, o Procurador e uma Secretaria em comum para eles.
O Procurador, de acordo com o artigo 16, é órgão independente do tribunal,
responsável pela elaboração dos dossiês com provas e por promover as ações penais contra os
Ele é nomeado pelo Conselho de
após uma investigação, nos moldes descritos
deve analisar a acusação, e se
considerar que existem indícios suficientes, dá seguimento ao processo. Também é
incumbência desse juiz emitir ordens e mandatos de detenção, prisão preventiva ou outras
r, na forma do artigo 19.
O artigo 20 dispõe que na Câmara de Primeira Instancia, o processo precisa ser
rápido e equitativo, com respeito aos direitos do acusado, das vítimas e das testemunhas. O
mesmo artigo prevê que as audiências são públicas, salvo se houver algum motivo relevante
Os direitos e garantias individuais do acusado estão previstos no artigo 21 do
ontra a qual sejam fe itas acusações tem direitoa um julgamento e público, sem prejuízo do disposto no art.22 do Estatuto.
3. Toda pessoa acusada é considerada inocente até prova emcontrário, de acordo
lquer pessoa contra a qual seja feita uma acusação, emconformidade com o disposto no presente Estatuto, tem direito nomínimo às seguintes garantias, em
a) ser informada, sem demora e de forma detalhada, numa língua quecompreenda,
b) dispor do tempo e dos meios necessários à preparação da sua defesae ter contato
e defender a si própria ouserauxiliada por um defensor de sua escolha; se não tiver umadvogado, ser informada do direito
r, que lhe seja designado um ecursos suficientes
e) interrogar ou fazer com que sejam interrogadas as testemunhas deacusação e ter direito ao comparecimento das testemunhas de defesae a que estas sejam interrogadas nas mesmas condições que as testemunhasde acusação; ) ser auxiliada gratuitamente por um intérprete, se não compreendernem falar a
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g) não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar(BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 1
A sentença, de acordo com o artigo 23, precisa ser escrita, fundamentadas e deve
ser proferida pela maioria de votos dos juízes da Câmara
que o artigo 24 determina que a Câmara só pode aplicar a pena de prisão.
Sobre os recursos, o artigo 25 preceitua que a Câmara de Recursos só os
se estiverem fundamentados em: erro relacionado à uma questão de direto que possa invalidar
a decisão ou em matéria que tenha levado à recusa da justiça.
cabível se for descoberto fato novo, até então desconhecido, que pudesse influenciar a
decisão, podendo ser solicitado tanto pelo Procurador quanto pelo acusado
artigo 26.
Para o cumprimento das penas de prisão, o Tribunal designa um dos paí
Conselho de Segurança que aceite receber os condenados, para a execução das penas, na
forma do artigo 27.
As imunidades e privilégios da ONU, estabelecidos em convenção de 1946, são
aplicáveis aos juízes, ao procurador e seus respectivos funcionário
conforme disposto no artigo 30.
O artigo 31 determina que o TPII tenha sede em Haia, e o artigo 33 que os
idiomas usados pelo Tribunal sejam o francês e o inglês
dando ao Presidente do Tribun
Conselho de Segurança da ONU.
6.3 Caso Slobodan Milosevic
Como já visto, o Tribunal Penal da Iugoslávia é um tribunal de exceção
em que a parte vencedora julga a parte perdedora no
um dos argumentos de sua defesa, como consta abaixo:
Primeiramente, trataTóquio, que, como todos os outros desta natureza, pode ser criticado por sua grande caracterização em torno de julgamento seletivo de “vencedores” de guerra sobre “vencidos”, o que, inclusive faz parte das alegações de defesa de Slobodan Milosevic. O tribunal é composto majoritariamente de magistrados da nacionalidade de países membros da Or(OTAN).
Em junho de 2001, autoridades sé
vontade das autoridades iugoslavas
justificou a entrega de Milosevic como forma de evitar o isolamento nacional, o que fazia
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g) não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar(BALAZAIRE; CRETIN, 2004, p. 153-154).
A sentença, de acordo com o artigo 23, precisa ser escrita, fundamentadas e deve
de votos dos juízes da Câmara de Primeira Instância. Ressalta
que o artigo 24 determina que a Câmara só pode aplicar a pena de prisão.
recursos, o artigo 25 preceitua que a Câmara de Recursos só os
se estiverem fundamentados em: erro relacionado à uma questão de direto que possa invalidar
a decisão ou em matéria que tenha levado à recusa da justiça. Já o instituto da Revisão só
bível se for descoberto fato novo, até então desconhecido, que pudesse influenciar a
decisão, podendo ser solicitado tanto pelo Procurador quanto pelo acusado, como consta no
Para o cumprimento das penas de prisão, o Tribunal designa um dos paí
Conselho de Segurança que aceite receber os condenados, para a execução das penas, na
As imunidades e privilégios da ONU, estabelecidos em convenção de 1946, são
aplicáveis aos juízes, ao procurador e seus respectivos funcionários do Tribuna
disposto no artigo 30.
O artigo 31 determina que o TPII tenha sede em Haia, e o artigo 33 que os
idiomas usados pelo Tribunal sejam o francês e o inglês, e o Estatuto se encerra em seu 34,
dando ao Presidente do Tribunal a incumbência de fazer um relatório anual e apresentá
Conselho de Segurança da ONU.
6.3 Caso Slobodan Milosevic
Como já visto, o Tribunal Penal da Iugoslávia é um tribunal de exceção
m que a parte vencedora julga a parte perdedora no conflito. No caso de Milosevic, esse foi
um dos argumentos de sua defesa, como consta abaixo:
Primeiramente, trata-se de mais um tribunal ad hoc, após os de Nuremberg e Tóquio, que, como todos os outros desta natureza, pode ser criticado por sua grande
acterização em torno de julgamento seletivo de “vencedores” de guerra sobre “vencidos”, o que, inclusive faz parte das alegações de defesa de Slobodan Milosevic. O tribunal é composto majoritariamente de magistrados da nacionalidade de países membros da Organização do Tratado do At(OTAN). (SILVA, RODOLFO, ANDREÃO JUNIOR, 2002, p. 82)
Em junho de 2001, autoridades sérvias extraditaram Milosevic, mesmo contra a
vontade das autoridades iugoslavas. O vice primeiro ministro da Sérvia, Zoran Diindj
justificou a entrega de Milosevic como forma de evitar o isolamento nacional, o que fazia
g) não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada.
A sentença, de acordo com o artigo 23, precisa ser escrita, fundamentadas e deve
de Primeira Instância. Ressalta-se
recursos, o artigo 25 preceitua que a Câmara de Recursos só os conhece
se estiverem fundamentados em: erro relacionado à uma questão de direto que possa invalidar
Já o instituto da Revisão só
bível se for descoberto fato novo, até então desconhecido, que pudesse influenciar a
, como consta no
Para o cumprimento das penas de prisão, o Tribunal designa um dos países do
Conselho de Segurança que aceite receber os condenados, para a execução das penas, na
As imunidades e privilégios da ONU, estabelecidos em convenção de 1946, são
s do Tribunal Internacional,
O artigo 31 determina que o TPII tenha sede em Haia, e o artigo 33 que os
Estatuto se encerra em seu 34,
r um relatório anual e apresentá-lo ao
Como já visto, o Tribunal Penal da Iugoslávia é um tribunal de exceção legítima,
conflito. No caso de Milosevic, esse foi
se de mais um tribunal ad hoc, após os de Nuremberg e Tóquio, que, como todos os outros desta natureza, pode ser criticado por sua grande
acterização em torno de julgamento seletivo de “vencedores” de guerra sobre “vencidos”, o que, inclusive faz parte das alegações de defesa de Slobodan Milosevic. O tribunal é composto majoritariamente de magistrados da
ganização do Tratado do Atlântico Norte , 2002, p. 82)
rvias extraditaram Milosevic, mesmo contra a
rvia, Zoran Diindjic
justificou a entrega de Milosevic como forma de evitar o isolamento nacional, o que fazia
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todo sentido, haja vista a forte pressão internacional para que isso ocorresse. Veja como foi
noticiado o fato em 29 de junho de 2001
Milosevic foi levado para a sérviasO presidente da Iugoslávia, Vojislav Kostunica, no entanto, afirmou que a extradição de Milosevic é ilegal e inconstitucional.Kostunica diz que não foi informado sobre a transferência do exDjindjic, vicepermanecem unidas na Federação Iugoslava, afirmou que o governo tinha que agir para evitar o isolamento internac
Outro argumento importante da defesa de Milosevic é o fato de
sequestrado e extraditado da Iugoslá
o entregassem ao Tribunal para o julgamento
internacional conforme a seguir
fato de ele, tecnicamente, ter sido seqüestrado ilegalmente da Iugoslávia, o que infringiria o
princípio de complementaridade do atual Tribunal Penal Internacional
ANDREÃO JUNIOR, 2002, p. 84).
Vejamos ainda:
A posição de Chefe de Estado, ocupada por Milosevic, serviu de base para a sua responsabilização por atos cometidos por forças militares que lhe eram subordinadas128. O Tribunal para a antiga entendimento de que, não apenas a imunidade de Chefes de Estados deve ser desconsiderada no que tange a determinadas violações de direitos humanos. Em acréscimo, o referido Tribunal entendeu que a capacidade funcional derepresentar, de ce183).
As acusações a Milosevic estavam basicamente na responsabilidade
como chefe de estado por ter ordenado os crimes e por não
que ele não era o autor direto dos crimes. Aliás, outro de seus argumentos baseava
alegaçãode não ter sido Milosevic quem cometeu os crimes
Ficou comprovado que era Milosevic quem
contra a humanidade cometido por seus subalternos. Dentre as provas usadas para comprovar
tais fatos estavam os testemunhos de vitimas, gravações de conversas telefônicas e cartas
remetidas a Milosevic.
Como Milosevic não era acusado de cometer homicídio com as próprias mãos, acusação tinha de demonstrar sua responsabilidade de comandante ordenando as matanças ou, sabendo delas, nada fazendo para impedipostura desafiadora, a tese de defesa mais consistente de Milosevic se concentrava na evasão de assumir público sem iniciativa própria, à moda da defesa de Adolf Eichmann. Mas a acusação conseguiu demonstrar que o exdos processos de limpeza étnica e do planejame
Volume 10 – nº 2 - 2016
todo sentido, haja vista a forte pressão internacional para que isso ocorresse. Veja como foi
de junho de 2001:
Milosevic foi levado para a Holanda depois de ter sido entregue pelas autoridades sérvias. O presidente da Iugoslávia, Vojislav Kostunica, no entanto, afirmou que a extradição de Milosevic é ilegal e inconstitucional. Kostunica diz que não foi informado sobre a transferência do exDjindjic, vice-primeiro-ministro da Sérvia, uma das duas repúblicas que permanecem unidas na Federação Iugoslava, afirmou que o governo tinha que agir para evitar o isolamento internacional do país (MILOSEVIC, 2001)
argumento importante da defesa de Milosevic é o fato de
estrado e extraditado da Iugoslávia, isso após os EUA terem oferecido dinheiro
o entregassem ao Tribunal para o julgamento, o que acabou representando maior pressão
a seguir explicado: “Ainda em sua defesa, o ex-líder sérvio explora o
fato de ele, tecnicamente, ter sido seqüestrado ilegalmente da Iugoslávia, o que infringiria o
princípio de complementaridade do atual Tribunal Penal Internacional” (SILVA,
ANDREÃO JUNIOR, 2002, p. 84).
A posição de Chefe de Estado, ocupada por Milosevic, serviu de base para a sua responsabilização por atos cometidos por forças militares que lhe eram subordinadas128. O Tribunal para a antiga Iugoslávia seguiu, nesse sentido, o entendimento de que, não apenas a imunidade de Chefes de Estados deve ser desconsiderada no que tange a determinadas violações de direitos humanos. Em acréscimo, o referido Tribunal entendeu que a capacidade funcional derepresentar, de certa forma, um fator agravante (PIOVESAN; IKAWA,
As acusações a Milosevic estavam basicamente na responsabilidade
como chefe de estado por ter ordenado os crimes e por não tê-los impedido, tendo em vista
o autor direto dos crimes. Aliás, outro de seus argumentos baseava
alegaçãode não ter sido Milosevic quem cometeu os crimes, o que não prosperou.
Ficou comprovado que era Milosevic quem ordenou o genocídio e os crimes
ometido por seus subalternos. Dentre as provas usadas para comprovar
tais fatos estavam os testemunhos de vitimas, gravações de conversas telefônicas e cartas
Como Milosevic não era acusado de cometer homicídio com as próprias mãos, acusação tinha de demonstrar sua responsabilidade de comandante ordenando as matanças ou, sabendo delas, nada fazendo para impedi-las. Embora com uma postura desafiadora, a tese de defesa mais consistente de Milosevic se concentrava na evasão de assumir sua responsabilidade, apresentando-se como um funcionário público sem iniciativa própria, à moda da defesa de Adolf Eichmann. Mas a acusação conseguiu demonstrar que o ex-presidente realmente estava no comando dos processos de limpeza étnica e do planejamento dos crimes contra a humanidade
todo sentido, haja vista a forte pressão internacional para que isso ocorresse. Veja como foi
Holanda depois de ter sido entregue pelas autoridades
O presidente da Iugoslávia, Vojislav Kostunica, no entanto, afirmou que a
Kostunica diz que não foi informado sobre a transferência do ex-presidente. Zoran ministro da Sérvia, uma das duas repúblicas que
permanecem unidas na Federação Iugoslava, afirmou que o governo tinha que agir , 2001).
argumento importante da defesa de Milosevic é o fato de ele ter sido
os EUA terem oferecido dinheiro para que
, o que acabou representando maior pressão
líder sérvio explora o
fato de ele, tecnicamente, ter sido seqüestrado ilegalmente da Iugoslávia, o que infringiria o
(SILVA, RODOLFO,
A posição de Chefe de Estado, ocupada por Milosevic, serviu de base para a sua responsabilização por atos cometidos por forças militares que lhe eram
Iugoslávia seguiu, nesse sentido, o entendimento de que, não apenas a imunidade de Chefes de Estados deve ser desconsiderada no que tange a determinadas violações de direitos humanos. Em acréscimo, o referido Tribunal entendeu que a capacidade funcional deve
; IKAWA, 2012, p.
As acusações a Milosevic estavam basicamente na responsabilidade que tinha
los impedido, tendo em vista
o autor direto dos crimes. Aliás, outro de seus argumentos baseava-se na
, o que não prosperou.
ordenou o genocídio e os crimes
ometido por seus subalternos. Dentre as provas usadas para comprovar
tais fatos estavam os testemunhos de vitimas, gravações de conversas telefônicas e cartas
Como Milosevic não era acusado de cometer homicídio com as próprias mãos, a acusação tinha de demonstrar sua responsabilidade de comandante ordenando as
las. Embora com uma postura desafiadora, a tese de defesa mais consistente de Milosevic se concentrava
se como um funcionário público sem iniciativa própria, à moda da defesa de Adolf Eichmann. Mas a
presidente realmente estava no comando nto dos crimes contra a humanidade
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através de testemunhos, conversas telefônicas gravad(FURTADO
Slobodan Milosevic
Haia, em circunstancias duvidosas, existindo ainda a suspeita de que ele foi assassinado.
Sobre a morte de Milosevic:
Milosevic foi encontrado morto em sua cela, no centro de detenção do tribunal penal. Rússia e Milosevic pretendia apelar da decisão, argumentando que a sua saúde havia piorado. A morte em circunstâncias obscuras do ditador antes da prolatação de sua sentença frustrou graentanto o falecimento no cárcere pode ainda ser visto coadvertência
A morte de Slobodan Milosevic impediu que ele viesse a ser condenado pelos
crimes que cometeu, contudo, o fato dele ter sido o primeiro chefe de estado a ser julgado
pelo TPI foi um marco importantíssimo por
imunes à jurisdição internacional.
Nos tópicos a seguir serão relatadas as acusações que Slobodan Milosevic
enfrentou no Tribunal em relação aos fatos ocorridos na Croácia, Bósnia e Kosovo.
6.3.1 Croácia
No início da peça acusatória consta que
individual pelos crimes tipificados nos artigos 2, 3 e 5 do Estatuto do Tribunal, ressaltando
que não há indicação de que ele tivesse realizado os crimes de maneira direta, tendo em vista
que não era ele quem executava os
A acusação destacou que a responsabilidade de Milosevic era de quem ordenava,
organizava, instigava, preparava, planejava a execução dos crimes, como co
seguintes termos:
5. Slobodan MILOSEVICreferred to in Articles 2, 3, and 5 of the Statute of the Tribunal and described in this indictment, which he planned, instigated, ordered, committed, or in whose planning, preparation, or execution he otherwise aided and abetted. By using tcommitted in this indictment the Prosecutor does not intend to suggest that the accused physically committed any of the crimes charged personally. Committing in this indictment refers to participation in a joint criminal enterprise as co(ICTY, 2002
O objetivo de Milosevic e dos que o ajudavam era expulsar a população não
sérvia de parte do território croata para anexar essa área ao Estado Sérvio. O modo de
alcançar seu objetivo era através de inúmeras violações aos direitos humanos,
abaixo:
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através de testemunhos, conversas telefônicas gravadas ou cartas endereçadas a eleFURTADO, 2013).
Slobodan Milosevic morreu em 11 de janeiro de 2006 dentro de sua cela em
Haia, em circunstancias duvidosas, existindo ainda a suspeita de que ele foi assassinado.
Milosevic foi encontrado morto em sua cela, no centro de detenção do tribunal Este, tinha recentemente rejeitado um pedido de tratamento médico na
Rússia e Milosevic pretendia apelar da decisão, argumentando que a sua saúde havia piorado. A morte em circunstâncias obscuras do ditador antes da prolatação de sua sentença frustrou grande parte das esperanças a respeito do julgamento, no entanto o falecimento no cárcere pode ainda ser visto como um exemplo e uma advertência (FURTADO, 2013).
A morte de Slobodan Milosevic impediu que ele viesse a ser condenado pelos
crimes que cometeu, contudo, o fato dele ter sido o primeiro chefe de estado a ser julgado
pelo TPI foi um marco importantíssimo por ter evidenciado que os governantes
imunes à jurisdição internacional.
Nos tópicos a seguir serão relatadas as acusações que Slobodan Milosevic
enfrentou no Tribunal em relação aos fatos ocorridos na Croácia, Bósnia e Kosovo.
No início da peça acusatória consta que Milosevic possuía responsabilidade
individual pelos crimes tipificados nos artigos 2, 3 e 5 do Estatuto do Tribunal, ressaltando
que não há indicação de que ele tivesse realizado os crimes de maneira direta, tendo em vista
que não era ele quem executava os atos.
A acusação destacou que a responsabilidade de Milosevic era de quem ordenava,
organizava, instigava, preparava, planejava a execução dos crimes, como co
5. Slobodan MILOSEVIC is individually criminally responsible referred to in Articles 2, 3, and 5 of the Statute of the Tribunal and described in this indictment, which he planned, instigated, ordered, committed, or in whose planning, preparation, or execution he otherwise aided and abetted. By using tcommitted in this indictment the Prosecutor does not intend to suggest that the accused physically committed any of the crimes charged personally. Committing in this indictment refers to participation in a joint criminal enterprise as coICTY, 2002)
O objetivo de Milosevic e dos que o ajudavam era expulsar a população não
sérvia de parte do território croata para anexar essa área ao Estado Sérvio. O modo de
alcançar seu objetivo era através de inúmeras violações aos direitos humanos,
as ou cartas endereçadas a ele
morreu em 11 de janeiro de 2006 dentro de sua cela em
Haia, em circunstancias duvidosas, existindo ainda a suspeita de que ele foi assassinado.
Milosevic foi encontrado morto em sua cela, no centro de detenção do tribunal Este, tinha recentemente rejeitado um pedido de tratamento médico na
Rússia e Milosevic pretendia apelar da decisão, argumentando que a sua saúde havia piorado. A morte em circunstâncias obscuras do ditador antes da prolatação
nde parte das esperanças a respeito do julgamento, no mo um exemplo e uma
A morte de Slobodan Milosevic impediu que ele viesse a ser condenado pelos
crimes que cometeu, contudo, o fato dele ter sido o primeiro chefe de estado a ser julgado
evidenciado que os governantes não estão
Nos tópicos a seguir serão relatadas as acusações que Slobodan Milosevic
enfrentou no Tribunal em relação aos fatos ocorridos na Croácia, Bósnia e Kosovo.
Milosevic possuía responsabilidade
individual pelos crimes tipificados nos artigos 2, 3 e 5 do Estatuto do Tribunal, ressaltando
que não há indicação de que ele tivesse realizado os crimes de maneira direta, tendo em vista
A acusação destacou que a responsabilidade de Milosevic era de quem ordenava,
organizava, instigava, preparava, planejava a execução dos crimes, como co-autor deles, nos
is individually criminally responsible for the crimes referred to in Articles 2, 3, and 5 of the Statute of the Tribunal and described in this indictment, which he planned, instigated, ordered, committed, or in whose planning, preparation, or execution he otherwise aided and abetted. By using the word committed in this indictment the Prosecutor does not intend to suggest that the accused physically committed any of the crimes charged personally. Committing in this indictment refers to participation in a joint criminal enterprise as co-perpetrator.
O objetivo de Milosevic e dos que o ajudavam era expulsar a população não
sérvia de parte do território croata para anexar essa área ao Estado Sérvio. O modo de
alcançar seu objetivo era através de inúmeras violações aos direitos humanos, como consta
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6. Slobodan MILOSEVICparagraphs 24 to 26. The purpose of this joint criminal enterprise was the forcible removal of the majority of the Croat and other nonapproximately onebecome part of a new Serbviolation of Articles 2, 3, and 5 of the Statute of the Tribunal. These areas included those regions that were referred to by Serb authorities and are hereinafter referred to as the "Serbian Autonomous District /the "SAO Western Slavonia", and the "SAO Slavonia, Baranja and Western Srem" (collectiveof Serbian Krajina //Dubrovacka republika
A contribuição, participação de Milosevic nos crimes cometidos no território
Croata que estavam sendo julgados no TPII ocorreram de diversas formas, tanto
individualmente quanto auxiliado.
Segundo a acusação, Milosevic era responsável: por orientar
na conquistas dos territórios croatas por meio da expulsão dos não sérvios; fornecer apoio
financeiro, material, logístico aos militares que o auxiliavam na empreitada; criação de órgãos
no governo da Sérvia com a finalidade de dirigir força
território sérvio, por meio do cometimento de crimes previstos no Estatuto do Tribunal;
planejar e preparar a invasão de alguns territórios com remoção forçada dos croatas para outro
território; e comandar o controle dos meios
apoiar o governo sérvio, inventando ataques croatas ou dando à eles uma proporção bem
maior do que a real, gerando medo e ódio na população local, dentre outros atos.
Veja o que constou na peça acusatória s
26. Slobodan MILOSEVICjoint criminal enterprise, participated in the joint criminal enterprise in the following ways: a. provided direction and assistance to the polSBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and RSK on the takethese areas and the subsequent forcible removal of the Croat and other nonpopulation.b. provided financial, material and logistical support for theirregular military forces necessary for the takesubsequent forcible removal of the Croat and other nonc. directed organs of the government of the Republic of Serbia to create armed forces separate the Republic of Serbia, in particular in the said areas in Croatia and the subsequent forcible removal of the Croat and other nond. participated in the formation, financingspecial forces of the Republic of Serbia Ministry of Internal Affairs. These special forces were created and supported to assist in the execution of the purpose of the joint criminal enterprise through the commission of cArticles 2, 3 and 5 of the Statute of the Tribunal.e. participated in providing financial, logistical and political support and direction to Serbian irregular forces and paramilitaries. Such support was given in furtherance ofare in violation of Articles 2, 3 and 5 of the Statute of the Tribunal.
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6. Slobodan MILOSEVIC participated in a joint criminal enterprise as set out in paragraphs 24 to 26. The purpose of this joint criminal enterprise was the forcible removal of the majority of the Croat and other non-Serb population from approximately one-third of the territory of the Republic of Croatia that he planned to become part of a new Serb-dominated state through the commission of crimes in violation of Articles 2, 3, and 5 of the Statute of the Tribunal. These areas included those regions that were referred to by Serb authorities and are hereinafter referred to as the "Serbian Autonomous District /Sprska autonomna oblast
the "SAO Western Slavonia", and the "SAO Slavonia, Baranja and Western Srem" (collectively referred to by Serb authorities after 19 December 1991 as the "Republic of Serbian Krajina /Republika Srpska krajina/" ("RSK")), and "Dubrovnik Republic Dubrovacka republika/". (ICTY, 2002)
A contribuição, participação de Milosevic nos crimes cometidos no território
Croata que estavam sendo julgados no TPII ocorreram de diversas formas, tanto
individualmente quanto auxiliado.
Segundo a acusação, Milosevic era responsável: por orientar sérvio
tas dos territórios croatas por meio da expulsão dos não sérvios; fornecer apoio
financeiro, material, logístico aos militares que o auxiliavam na empreitada; criação de órgãos
no governo da Sérvia com a finalidade de dirigir forças armadas em combates fora do
território sérvio, por meio do cometimento de crimes previstos no Estatuto do Tribunal;
planejar e preparar a invasão de alguns territórios com remoção forçada dos croatas para outro
o controle dos meios de comunicação estatais para induzir o público à
apoiar o governo sérvio, inventando ataques croatas ou dando à eles uma proporção bem
maior do que a real, gerando medo e ódio na população local, dentre outros atos.
Veja o que constou na peça acusatória sobre a responsabilidade de Milosevic:
26. Slobodan MILOSEVIC, acting alone and in concert with other members of the joint criminal enterprise, participated in the joint criminal enterprise in the following
provided direction and assistance to the political leadership of the SAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and RSK on the takethese areas and the subsequent forcible removal of the Croat and other nonpopulation.
provided financial, material and logistical support for theirregular military forces necessary for the take-over of these areas and the subsequent forcible removal of the Croat and other non-Serb population.
directed organs of the government of the Republic of Serbia to create armed forces separate from the federal armed forces to engage in combat activities outside the Republic of Serbia, in particular in the said areas in Croatia and the subsequent forcible removal of the Croat and other non-Serb population.
participated in the formation, financing, supply, support and direction of special forces of the Republic of Serbia Ministry of Internal Affairs. These special forces were created and supported to assist in the execution of the purpose of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3 and 5 of the Statute of the Tribunal.
participated in providing financial, logistical and political support and direction to Serbian irregular forces and paramilitaries. Such support was given in furtherance of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3 and 5 of the Statute of the Tribunal.
participated in a joint criminal enterprise as set out in paragraphs 24 to 26. The purpose of this joint criminal enterprise was the forcible
Serb population from the third of the territory of the Republic of Croatia that he planned to
dominated state through the commission of crimes in violation of Articles 2, 3, and 5 of the Statute of the Tribunal. These areas included those regions that were referred to by Serb authorities and are hereinafter referred to
Sprska autonomna oblast/ ("SAO") Krajina", the "SAO Western Slavonia", and the "SAO Slavonia, Baranja and Western Srem"
ly referred to by Serb authorities after 19 December 1991 as the "Republic " ("RSK")), and "Dubrovnik Republic
A contribuição, participação de Milosevic nos crimes cometidos no território
Croata que estavam sendo julgados no TPII ocorreram de diversas formas, tanto
sérvios à auxiliarem
tas dos territórios croatas por meio da expulsão dos não sérvios; fornecer apoio
financeiro, material, logístico aos militares que o auxiliavam na empreitada; criação de órgãos
s armadas em combates fora do
território sérvio, por meio do cometimento de crimes previstos no Estatuto do Tribunal;
planejar e preparar a invasão de alguns territórios com remoção forçada dos croatas para outro
de comunicação estatais para induzir o público à
apoiar o governo sérvio, inventando ataques croatas ou dando à eles uma proporção bem
maior do que a real, gerando medo e ódio na população local, dentre outros atos.
obre a responsabilidade de Milosevic:
, acting alone and in concert with other members of the joint criminal enterprise, participated in the joint criminal enterprise in the following
itical leadership of the SAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and RSK on the take-over of these areas and the subsequent forcible removal of the Croat and other non-Serb
provided financial, material and logistical support for the regular and over of these areas and the
Serb population. directed organs of the government of the Republic of Serbia to create armed
from the federal armed forces to engage in combat activities outside the Republic of Serbia, in particular in the said areas in Croatia and the subsequent
, supply, support and direction of special forces of the Republic of Serbia Ministry of Internal Affairs. These special forces were created and supported to assist in the execution of the purpose of the
rimes which are in violation of
participated in providing financial, logistical and political support and direction to Serbian irregular forces and paramilitaries. Such support was given in
the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3 and 5 of the Statute of the Tribunal.
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f. participated in the planning and preparation of the takeSBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Kand the subsequent forcible removal of the Croat and other nong. exerted effective control or substantial influence over the JNA which participated in the planning, preparation and execution of the forcible Croat and other nonSlavonia, the SAO Krajina and the Dubrovnik Republic.h. provided financial, logistical and political support to TO units and Serb volunteer units acting in the SAO SBWS, thKrajina and the Dubrovnik Republic, which assisted in the execution of the purpose of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3 and 5 of the Statute of the Tribunai. effectively ordered the passage of laws and regulations relative to the
involvement of the JNA, the TO and Serb volunteer units in Croatia.j. directed, commanded, controlled, or otherwise provided substantial assistance or
support to the JNA, the SerbSAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and the Dubrovnik Republic engaged in the execution of the purpose of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation the Statute of the Tribunal.
k. directed, commanded, controlled, or otherwise provided substantial assistance or support to the police forces within the MUP of the Republic of Serbia, including the DBcriminal enterprise in the SAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and the Dubrovnik Republic.
l. financed Serb military, police, and irregular soldiers in Croatia who perpetrated crimes as specified in this i
m. controlled, contributed to, or otherwise utilised Serbian statemanipulate Serbian public opinion by spreading exaggerated and false messages of ethnically based attacks by Croats against Serb people in order to create an atmosphere of fear and hatred among Serbs living in Serbia and Croatia. The propaganda generated by the Serbian media was an important tool in contributing to the perpetration of crimes in Croatia.
Outro elemento importante da acusação era o ar
hierárquico das pessoas que cometiam fisicamente o crime, ele era responsável pelos atos de
seus subalternos por não ter impedido tais atos ou por não tê
transcrita:
29. Slobodan MILOSEVIC,individually criminally responsible for the acts or omissions of his subordinates, pursuant to Article 7(3) of the Statute of the Tribunal. A superior is responsible for the criminal acts of his subordinates isubordinates were about to commit such acts or had done so, and the superior failed to take the necessary and reasonable measures to prevent such acts or to punish the perpetrators.
A acusação entendeu
sérvio com a expulsão dos não sérvios daquela área teve motivação política, racial e religiosa
e suas principais característiscas foram:
- o assassinato de centenas de croatas e outros civis não sérvios;
- prisão e confinamento de milhares de croatas e outros civis não sérvios,
inclusive com a criação de campos de prisioneiros;
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participated in the planning and preparation of the takeSBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and the Dubrovnik Republic and the subsequent forcible removal of the Croat and other non-Serb population.
exerted effective control or substantial influence over the JNA which participated in the planning, preparation and execution of the forcible Croat and other non-Serb population from the SAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and the Dubrovnik Republic.
provided financial, logistical and political support to TO units and Serb volunteer units acting in the SAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and the Dubrovnik Republic, which assisted in the execution of the purpose of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3 and 5 of the Statute of the Tribunal.
effectively ordered the passage of laws and regulations relative to the involvement of the JNA, the TO and Serb volunteer units in Croatia.directed, commanded, controlled, or otherwise provided substantial assistance or support to the JNA, the Serb-run TO staff, and volunteer forces deployed in the SAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and the Dubrovnik Republic engaged in the execution of the purpose of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3 and 5 of the Statute of the Tribunal. directed, commanded, controlled, or otherwise provided substantial assistance or support to the police forces within the MUP of the Republic of Serbia, including the DB, whose members assisted in the execution of the purpose of the joint criminal enterprise in the SAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and the Dubrovnik Republic. financed Serb military, police, and irregular soldiers in Croatia who perpetrated crimes as specified in this indictment. controlled, contributed to, or otherwise utilised Serbian state-manipulate Serbian public opinion by spreading exaggerated and false messages of ethnically based attacks by Croats against Serb people in order to create an
mosphere of fear and hatred among Serbs living in Serbia and Croatia. The propaganda generated by the Serbian media was an important tool in contributing to the perpetration of crimes in Croatia. (ICTY, 2002
Outro elemento importante da acusação era o argumento de que, como superior
hierárquico das pessoas que cometiam fisicamente o crime, ele era responsável pelos atos de
seus subalternos por não ter impedido tais atos ou por não tê-los punido, na forma abaixo
29. Slobodan MILOSEVIC, while holding positions of superior authority, is also individually criminally responsible for the acts or omissions of his subordinates, pursuant to Article 7(3) of the Statute of the Tribunal. A superior is responsible for the criminal acts of his subordinates if he knew or had reason to know that his subordinates were about to commit such acts or had done so, and the superior failed to take the necessary and reasonable measures to prevent such acts or to punish the perpetrators. (ICTY, 2002)
A acusação entendeu que a intenção da anexação da região croata ao território
sérvio com a expulsão dos não sérvios daquela área teve motivação política, racial e religiosa
e suas principais característiscas foram:
o assassinato de centenas de croatas e outros civis não sérvios;
prisão e confinamento de milhares de croatas e outros civis não sérvios,
inclusive com a criação de campos de prisioneiros;
participated in the planning and preparation of the take-over of the SAO rajina and the Dubrovnik Republic
Serb population. exerted effective control or substantial influence over the JNA which
participated in the planning, preparation and execution of the forcible removal of the Serb population from the SAO SBWS, the SAO Western
provided financial, logistical and political support to TO units and Serb e SAO Western Slavonia, the SAO
Krajina and the Dubrovnik Republic, which assisted in the execution of the purpose of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in
effectively ordered the passage of laws and regulations relative to the involvement of the JNA, the TO and Serb volunteer units in Croatia. directed, commanded, controlled, or otherwise provided substantial assistance or
TO staff, and volunteer forces deployed in the SAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO Krajina and the Dubrovnik Republic engaged in the execution of the purpose of the joint criminal enterprise
of Articles 2, 3 and 5 of
directed, commanded, controlled, or otherwise provided substantial assistance or support to the police forces within the MUP of the Republic of Serbia, including
execution of the purpose of the joint criminal enterprise in the SAO SBWS, the SAO Western Slavonia, the SAO
financed Serb military, police, and irregular soldiers in Croatia who perpetrated
-run media outlets to manipulate Serbian public opinion by spreading exaggerated and false messages of ethnically based attacks by Croats against Serb people in order to create an
mosphere of fear and hatred among Serbs living in Serbia and Croatia. The propaganda generated by the Serbian media was an important tool in
ICTY, 2002)
gumento de que, como superior
hierárquico das pessoas que cometiam fisicamente o crime, ele era responsável pelos atos de
los punido, na forma abaixo
lding positions of superior authority, is also individually criminally responsible for the acts or omissions of his subordinates, pursuant to Article 7(3) of the Statute of the Tribunal. A superior is responsible for
f he knew or had reason to know that his subordinates were about to commit such acts or had done so, and the superior failed to take the necessary and reasonable measures to prevent such acts or to punish the
que a intenção da anexação da região croata ao território
sérvio com a expulsão dos não sérvios daquela área teve motivação política, racial e religiosa
prisão e confinamento de milhares de croatas e outros civis não sérvios,
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
- proporcionar aos detidos condições sub
- cometimenito de torturas, espancamentos e assassinatos com os detidos nos
campos mencionados;
- atentados contra aldeias croatas;
- espancamento, roubo e tortuta aos croatas e civis não sérvios;
- o deslocamento de pelo menos 170.000
- destruição de bens de propriedade pública ou privada, de instituições culturais ,
de monumentos históricos e de lugares considerados sagrados para os croatas e não sérvios
que lá habitavam.
Destaca, por oportuno, trecho da a
36. These persecutions were based on political, racial or religious grounds and included the following:a. The extermination or murder ofcivilians, including women and elderly persons, in Dalj, Erdut, Klisa, LovaVukovar, Vocin, Bacin, Saborsko and neighbouring villages, Skabrnja, Nadin, Bruska, and Dubrovnik and its environs, as described in detail in paragraphs 38 to 59 and 73 to 75.b. The prolonged and routine imprisonment and confinement ofCroat and other nonCroatia, including prison camps located in Montenegro, Serbia, and Bosnia and Herzegovina, as described in detail in paragraph 64.c. The establishment and perpetuation of inhumane livand other nond. The repeated torture, beatings and killings of Croat and other noncivilian detainees in the mentioned detention facilities.e. [Deleted]f. [Deletedg. Tthroughout the territories specified above.h. [Deleted]i. The beating and robbing of Croat and other nonj. The torture and beatings of Croat and other nonafter their arrest.k. The deportation or forcible transfer of at leastSerb civilians from the territories specified above, including the deportation to Serbia of at leastthe forcible transfer to locations within Croatia of at leastErdut, as described in detail in paragraphs 67 to 69.l. The deliberate destruction of homes, other public and private property, cultural institutions, historic monumentSerb population in Dubrovnik and its environs, Vukovar, Erdut, Lovas, Sarengrad, Bapska, Tovarnik, Vocin, Saborsko, Skabrnja, Nadin, and Bruska, as described in paragraphs 71 and 77 to 82.
Em algumas áreas invadidas pelos sérvios, quase toda a população croata foi
removida de alguma forma. Alguns foram retirados à força, outros deportados e outros ainda
foram assassinados, como abaixo explicado:
69. According to the 1991 census, the Croat and otheareas was approximately as follows:
Volume 10 – nº 2 - 2016
proporcionar aos detidos condições sub-humanas nos campos de
cometimenito de torturas, espancamentos e assassinatos com os detidos nos
atentados contra aldeias croatas;
espancamento, roubo e tortuta aos croatas e civis não sérvios;
o deslocamento de pelo menos 170.000 pessoas do território croata;
destruição de bens de propriedade pública ou privada, de instituições culturais ,
de monumentos históricos e de lugares considerados sagrados para os croatas e não sérvios
Destaca, por oportuno, trecho da acusação:
These persecutions were based on political, racial or religious grounds and included the following:
The extermination or murder of hundreds of Croat and other noncivilians, including women and elderly persons, in Dalj, Erdut, Klisa, LovaVukovar, Vocin, Bacin, Saborsko and neighbouring villages, Skabrnja, Nadin, Bruska, and Dubrovnik and its environs, as described in detail in paragraphs 38 to 59 and 73 to 75.
The prolonged and routine imprisonment and confinement ofand other non-Serb civilians in detention facilities within and outside of
Croatia, including prison camps located in Montenegro, Serbia, and Bosnia and Herzegovina, as described in detail in paragraph 64.
The establishment and perpetuation of inhumane living conditions for Croat and other non-Serb civilian detainees within the mentioned detention facilities.
The repeated torture, beatings and killings of Croat and other noncivilian detainees in the mentioned detention facilities.
[Deleted] [Deleted The unlawful attacks on Dubrovnik and undefended Croat villages
throughout the territories specified above. [Deleted] The beating and robbing of Croat and other non-Serb civilians.The torture and beatings of Croat and other non-Serb civilians during and
ter their arrest. The deportation or forcible transfer of at least 170,000 Croat and other non
Serb civilians from the territories specified above, including the deportation to Serbia of at least 5,000 inhabitants from Ilok,20,000 inhabitants from Vukovar;the forcible transfer to locations within Croatia of at least 2,500Erdut, as described in detail in paragraphs 67 to 69.
The deliberate destruction of homes, other public and private property, cultural institutions, historic monuments and sacred sites of the Croat and other nonSerb population in Dubrovnik and its environs, Vukovar, Erdut, Lovas, Sarengrad, Bapska, Tovarnik, Vocin, Saborsko, Skabrnja, Nadin, and Bruska, as described in paragraphs 71 and 77 to 82. (ICTY, 2002)
mas áreas invadidas pelos sérvios, quase toda a população croata foi
removida de alguma forma. Alguns foram retirados à força, outros deportados e outros ainda
foram assassinados, como abaixo explicado:
According to the 1991 census, the Croat and other non-Serb population of these areas was approximately as follows:
humanas nos campos de prisioneiros;
cometimenito de torturas, espancamentos e assassinatos com os detidos nos
pessoas do território croata;
destruição de bens de propriedade pública ou privada, de instituições culturais ,
de monumentos históricos e de lugares considerados sagrados para os croatas e não sérvios
These persecutions were based on political, racial or religious grounds and
of Croat and other non-Serb civilians, including women and elderly persons, in Dalj, Erdut, Klisa, Lovas, Vukovar, Vocin, Bacin, Saborsko and neighbouring villages, Skabrnja, Nadin, Bruska, and Dubrovnik and its environs, as described in detail in paragraphs 38 to
The prolonged and routine imprisonment and confinement of thousands of Serb civilians in detention facilities within and outside of
Croatia, including prison camps located in Montenegro, Serbia, and Bosnia and
ing conditions for Croat Serb civilian detainees within the mentioned detention facilities.
The repeated torture, beatings and killings of Croat and other non-Serb
he unlawful attacks on Dubrovnik and undefended Croat villages
Serb civilians. Serb civilians during and
Croat and other non-Serb civilians from the territories specified above, including the deportation to
inhabitants from Vukovar; and 2,500 inhabitants from
The deliberate destruction of homes, other public and private property, s and sacred sites of the Croat and other non-
Serb population in Dubrovnik and its environs, Vukovar, Erdut, Lovas, Sarengrad, Bapska, Tovarnik, Vocin, Saborsko, Skabrnja, Nadin, and Bruska, as described in
mas áreas invadidas pelos sérvios, quase toda a população croata foi
removida de alguma forma. Alguns foram retirados à força, outros deportados e outros ainda
Serb population of these
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- SAO Krajina: 28 % Croats (70,708), 5 % others (13,101).- SAO Western Slavonia: 29 % Croats (6864), 11 % others (2577).- SAO SBWS: 47 % Croats (90,454), 21 % others (40,217).Virtually the whole Croat and nonremoved, deported or killed. According to the 1991 census, the Croat and other nonSerb population of the Dubrovnik Republic was approximately 82 % Croats (58,836), 11 % others (of forcibly removing, deporting or killing the entire Croat and nonof the Dubrovnik Republic.
Em que pese a gravidade das acusações feitas à Milosevic durante o c
a Croácia, ressalta-se que o conflitos na Bósnia e em Kosovo, além de terem se estendido por
mais tempo, ocorreram de forma ainda mais prejudicial à população, atingindo um número
maior de vítimas.
6.3.2 Bósnia
A estrutura da acusação sobre
acusação feita relativa aos acontecimentos na Croácia, destacando primordialmente que a
responsabilidade de Milosevic decorre de sua participação, organização, chefia e
planejamento dos atos praticados, sendo coau
A diferença marcante entre a responsabilidade imputada à Milosevic na Croácia e
na Bósnia é que na última entende
do Estatuto do Tribunal.
Dentre as pessoas que cometeram conjuntam
Tribunal as que tiveram maior interferência no resultado que ocorreu na região, como
espécies de gerentes do conflito. Posteriormente
figuras de RadovanKaradzic e RatkoMiladic,
participaram da empreitada criminosa ao lado de Milosevic:
7. The joint criminal enterprise was in existence by 1 August 1991 and continued until at least 31 December 1995. The individuals participating in this enterprise included Slobodan MILOSEVIC, Radovan KARADZIC, Momcilo KRAJISNIK, Biljana PLAVSIC, General Ratko MLADIC, Borisav JOVIC, Branko KOSTIC, Veljko KADIJEVIC, Blagoje ADZIC, Milan MARTIC, Jovica STANISIC, Franko SIMATOVIC, also known asalso known as "Badza," Vojislav SESELJ, Zeljko RAZNATOVIC, also known as "Arkan," and other known and unknown participants.
A atuação de Milosevic ocorreu de várias formas na articulação criminosa na
região, tendo destaque as seguintes condutas:
- controle efetivo dos militares que praticavam os crimes, além de planejamento,
preparação e facilitação da remoção de todos não sérvios (especialmente os bósnios
muçulmanos e croatas) de várias áreas da Bósnia;
Volume 10 – nº 2 - 2016
SAO Krajina: 28 % Croats (70,708), 5 % others (13,101).SAO Western Slavonia: 29 % Croats (6864), 11 % others (2577).
SAO SBWS: 47 % Croats (90,454), 21 % others (40,217). Virtually the whole Croat and non-Serb population of these areas was forcibly removed, deported or killed. According to the 1991 census, the Croat and other nonSerb population of the Dubrovnik Republic was approximately 82 % Croats (58,836), 11 % others (7,818). The joint criminal enterprise did not achieve its goal of forcibly removing, deporting or killing the entire Croat and nonof the Dubrovnik Republic. (ICTY, 2002)
Em que pese a gravidade das acusações feitas à Milosevic durante o c
se que o conflitos na Bósnia e em Kosovo, além de terem se estendido por
mais tempo, ocorreram de forma ainda mais prejudicial à população, atingindo um número
A estrutura da acusação sobre os crimes cometidos na Bósnia é a mesma da
acusação feita relativa aos acontecimentos na Croácia, destacando primordialmente que a
responsabilidade de Milosevic decorre de sua participação, organização, chefia e
planejamento dos atos praticados, sendo coautor dos delitos.
A diferença marcante entre a responsabilidade imputada à Milosevic na Croácia e
na Bósnia é que na última entende-se que ocorreu o crime de genocídio, previsto no artigo 4º
Dentre as pessoas que cometeram conjuntamente os crimes, foram acusados no
Tribunal as que tiveram maior interferência no resultado que ocorreu na região, como
espécies de gerentes do conflito. Posteriormente neste trabalho terão explicação individual as
figuras de RadovanKaradzic e RatkoMiladic, que estão presentes na lista de pessoas que
participaram da empreitada criminosa ao lado de Milosevic:
7. The joint criminal enterprise was in existence by 1 August 1991 and continued until at least 31 December 1995. The individuals participating in this enterprise included Slobodan MILOSEVIC, Radovan KARADZIC, Momcilo KRAJISNIK, Biljana PLAVSIC, General Ratko MLADIC, Borisav JOVIC, Branko KOSTIC, Veljko KADIJEVIC, Blagoje ADZIC, Milan MARTIC, Jovica STANISIC, Franko SIMATOVIC, also known as "Frenki," Radovan STOJICIC, also known as "Badza," Vojislav SESELJ, Zeljko RAZNATOVIC, also known as "Arkan," and other known and unknown participants. (ICTY, 2002)
A atuação de Milosevic ocorreu de várias formas na articulação criminosa na
destaque as seguintes condutas:
controle efetivo dos militares que praticavam os crimes, além de planejamento,
preparação e facilitação da remoção de todos não sérvios (especialmente os bósnios
muçulmanos e croatas) de várias áreas da Bósnia;
SAO Krajina: 28 % Croats (70,708), 5 % others (13,101). SAO Western Slavonia: 29 % Croats (6864), 11 % others (2577).
Serb population of these areas was forcibly removed, deported or killed. According to the 1991 census, the Croat and other non-Serb population of the Dubrovnik Republic was approximately 82 % Croats
7,818). The joint criminal enterprise did not achieve its goal of forcibly removing, deporting or killing the entire Croat and non-Serb population
Em que pese a gravidade das acusações feitas à Milosevic durante o conflito com
se que o conflitos na Bósnia e em Kosovo, além de terem se estendido por
mais tempo, ocorreram de forma ainda mais prejudicial à população, atingindo um número
os crimes cometidos na Bósnia é a mesma da
acusação feita relativa aos acontecimentos na Croácia, destacando primordialmente que a
responsabilidade de Milosevic decorre de sua participação, organização, chefia e
A diferença marcante entre a responsabilidade imputada à Milosevic na Croácia e
se que ocorreu o crime de genocídio, previsto no artigo 4º
ente os crimes, foram acusados no
Tribunal as que tiveram maior interferência no resultado que ocorreu na região, como
terão explicação individual as
que estão presentes na lista de pessoas que
7. The joint criminal enterprise was in existence by 1 August 1991 and continued until at least 31 December 1995. The individuals participating in this joint criminal enterprise included Slobodan MILOSEVIC, Radovan KARADZIC, Momcilo KRAJISNIK, Biljana PLAVSIC, General Ratko MLADIC, Borisav JOVIC, Branko KOSTIC, Veljko KADIJEVIC, Blagoje ADZIC, Milan MARTIC, Jovica
"Frenki," Radovan STOJICIC, also known as "Badza," Vojislav SESELJ, Zeljko RAZNATOVIC, also known as
(ICTY, 2002)
A atuação de Milosevic ocorreu de várias formas na articulação criminosa na
controle efetivo dos militares que praticavam os crimes, além de planejamento,
preparação e facilitação da remoção de todos não sérvios (especialmente os bósnios
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- ajuda financeira, organizacional e política à articulação criminosa;
- criação de ministérios com o objetivo de dirigir e coordenar a retirada dos não
sérvios de vasta área da Bósnia e prática de vários crimes, dentre eles o genocídio;
- controle dos meios d
em território Bósnio, tendo inclusive divulgado várias mensagens falsas de ataques de bósnios
e croatas aos sérvios, para justificar a invasão da Bósnia como forma de defesa, além de inflar
o sentimento de rivalidade e ódio dirigidos especialmente aos bósnios muçulmanos e croatas.
Essas e outras condutas foram assim descritas na acusação:
25. Slobodan MILOSEVIC, acting alone and in concert with other members of the joint criminal enterprise participated in thways: He exerted effective control over elements of the JNA and VJ which participated in the planning, preparation, facilitation and execution of the forcible removal of the majority of nonareas of Bosnia and Herzegovina.He provided financial, logistical and political support to the VRS. These forces subsequently participated in the execution of the joint criminal enterprise through the commissioStatute of the Tribunal.He exercised substantial influence over, and assisted, the political leadership of RepublikaSrpska in the planning, preparation, facilitation and execution of the over of municipalities in Bosnia and Herzegovina and the subsequent forcible removal of the majority of nonCroats, from those municipalities.He participated in the planning and preparation of the takeBosnia and Herzegovina and the subsequent forcible removal of the majority of nonSerbs, principally Bosnian Muslims and Bosnian Croats, from those municipalities. He provided the financial, material and logistical support necessarover. He participated in the formation, financing, supply, support and direction of special forces of the Republic of Serbia Ministry of Internal Affairs. These special forces participated in the execution of the joint criminal enterprise tof crimes which are in violation of Articles 2, 3, 4 and 5 of the Statute of the Tribunal.He participated in providing financial, logistical and political support and direction to Serbian irregular forces or paramilitaries. These forexecution of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3, 4 and 5 of the Statute of the Tribunal.He controlled, manipulated or otherwise utilised Serbian stateexaggerated and false messages of ethnically based attacks by Bosnian Muslims and Croats against Serb people intended to create an atmosphere of fear and hatred among Serbs living in Serbia, Croatia and Bosnia and Herzegovina which contributed to tMuslims and Bosnian Croats, from large areas of Bosnia and Herzegovina.2002)
Outro ponto em comum entre a acusação pelos crimes na Croácia e na Bósnia é o
destaque que se deu à responsabilidade de Milosevic como gestor, como superior hierárquico
das pessoas que cometiam fisicamente os crimes em questão. As ações e omissões de seus
subordinados também foram imputadas como sendo de responsabilidade de Milosevic.
Volume 10 – nº 2 - 2016
nanceira, organizacional e política à articulação criminosa;
criação de ministérios com o objetivo de dirigir e coordenar a retirada dos não
sérvios de vasta área da Bósnia e prática de vários crimes, dentre eles o genocídio;
controle dos meios de comunicação com o objetivo de mascarar o que ocorria
em território Bósnio, tendo inclusive divulgado várias mensagens falsas de ataques de bósnios
e croatas aos sérvios, para justificar a invasão da Bósnia como forma de defesa, além de inflar
ivalidade e ódio dirigidos especialmente aos bósnios muçulmanos e croatas.
Essas e outras condutas foram assim descritas na acusação:
25. Slobodan MILOSEVIC, acting alone and in concert with other members of the joint criminal enterprise participated in the joint criminal enterprise in the following
He exerted effective control over elements of the JNA and VJ which participated in the planning, preparation, facilitation and execution of the forcible removal of the majority of non-Serbs, principally Bosnian Muslims and Bosnian Croats, from large areas of Bosnia and Herzegovina. He provided financial, logistical and political support to the VRS. These forces subsequently participated in the execution of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3, 4 and 5 of the Statute of the Tribunal. He exercised substantial influence over, and assisted, the political leadership of RepublikaSrpska in the planning, preparation, facilitation and execution of the over of municipalities in Bosnia and Herzegovina and the subsequent forcible removal of the majority of non-Serbs, principally Bosnian Muslims and Bosnian Croats, from those municipalities. He participated in the planning and preparation of the take-over of municipalities in Bosnia and Herzegovina and the subsequent forcible removal of the majority of nonSerbs, principally Bosnian Muslims and Bosnian Croats, from those municipalities. He provided the financial, material and logistical support necessar
He participated in the formation, financing, supply, support and direction of special forces of the Republic of Serbia Ministry of Internal Affairs. These special forces participated in the execution of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3, 4 and 5 of the Statute of the Tribunal. He participated in providing financial, logistical and political support and direction to Serbian irregular forces or paramilitaries. These forces participated in the execution of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3, 4 and 5 of the Statute of the Tribunal.He controlled, manipulated or otherwise utilised Serbian state-run media toexaggerated and false messages of ethnically based attacks by Bosnian Muslims and Croats against Serb people intended to create an atmosphere of fear and hatred among Serbs living in Serbia, Croatia and Bosnia and Herzegovina which contributed to the forcible removal of the majority of non-Serbs, principally Bosnian Muslims and Bosnian Croats, from large areas of Bosnia and Herzegovina.
Outro ponto em comum entre a acusação pelos crimes na Croácia e na Bósnia é o
responsabilidade de Milosevic como gestor, como superior hierárquico
das pessoas que cometiam fisicamente os crimes em questão. As ações e omissões de seus
subordinados também foram imputadas como sendo de responsabilidade de Milosevic.
nanceira, organizacional e política à articulação criminosa;
criação de ministérios com o objetivo de dirigir e coordenar a retirada dos não
sérvios de vasta área da Bósnia e prática de vários crimes, dentre eles o genocídio;
nicação com o objetivo de mascarar o que ocorria
em território Bósnio, tendo inclusive divulgado várias mensagens falsas de ataques de bósnios
e croatas aos sérvios, para justificar a invasão da Bósnia como forma de defesa, além de inflar
ivalidade e ódio dirigidos especialmente aos bósnios muçulmanos e croatas.
25. Slobodan MILOSEVIC, acting alone and in concert with other members of the e joint criminal enterprise in the following
He exerted effective control over elements of the JNA and VJ which participated in the planning, preparation, facilitation and execution of the forcible removal of the
snian Muslims and Bosnian Croats, from large
He provided financial, logistical and political support to the VRS. These forces subsequently participated in the execution of the joint criminal enterprise through
n of crimes which are in violation of Articles 2, 3, 4 and 5 of the
He exercised substantial influence over, and assisted, the political leadership of RepublikaSrpska in the planning, preparation, facilitation and execution of the take-over of municipalities in Bosnia and Herzegovina and the subsequent forcible
Serbs, principally Bosnian Muslims and Bosnian
ver of municipalities in Bosnia and Herzegovina and the subsequent forcible removal of the majority of non-Serbs, principally Bosnian Muslims and Bosnian Croats, from those municipalities. He provided the financial, material and logistical support necessary for such take-
He participated in the formation, financing, supply, support and direction of special forces of the Republic of Serbia Ministry of Internal Affairs. These special forces
hrough the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3, 4 and 5 of the Statute of the
He participated in providing financial, logistical and political support and direction ces participated in the
execution of the joint criminal enterprise through the commission of crimes which are in violation of Articles 2, 3, 4 and 5 of the Statute of the Tribunal.
run media to spread exaggerated and false messages of ethnically based attacks by Bosnian Muslims and Croats against Serb people intended to create an atmosphere of fear and hatred among Serbs living in Serbia, Croatia and Bosnia and Herzegovina which
Serbs, principally Bosnian Muslims and Bosnian Croats, from large areas of Bosnia and Herzegovina. (ICTY,
Outro ponto em comum entre a acusação pelos crimes na Croácia e na Bósnia é o
responsabilidade de Milosevic como gestor, como superior hierárquico
das pessoas que cometiam fisicamente os crimes em questão. As ações e omissões de seus
subordinados também foram imputadas como sendo de responsabilidade de Milosevic.
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Como já dito, o pon
genocídio, previsto no artigo 4º do Estatuto do Tribunal, cuja responsabilidade também foi
atribuída pela acusação à Milosevic.
O objetivo de toda articulação criminosa era o de destruição total
grupos de bósnios muçulmanos e croatas, o que foi, de fato, realizado em muitas regiões da
Bósnia.
As principais características e meios utilizados para o cometimento do genocídio
relatadas na acusação estão descritas abaixo:
- assassinato generalizado de muçulmanos e croatas, existindo em alguns locais a
orientação para a execução dessas pessoas, especialmente dos homens e meninos pertencentes
aos referidos grupos;
- execução de milhares de muçulmanos e croatas da Bósnia em campos de
detenção (relativamente semelhantes aos campos de concentração do Holocausto);
- danos físicos e mentais causados aos muçulmanos e croatas da Bósnia nos
referidos campos de detenção. Foi relatado que os membros desses grupos eram interrogados
nesses campos, ou em delegacias e quarteis militares e que sofreram ou presenciaram vários
tipos de violações aos direitos humanos, como assassinato, violência sexual, tortura e
espancamentos;
- além da privação de liberdade nesses campos, os pertencentes aos grupos de
muçulmanos e croatas que foram levados a esses locais sofriam com as condições de vida à
eles imposta, pois passavam fome, ingeriam água contaminada, eram submetidos ao trabalhos
forçado, não recebiam cuidados médicos além de sofrerem agressões físicas e psicol
todo tempo.
Por esses atos é que foi atribuído à Slobodan Milosevic a responsabilidade sobre
os crimes de genocídio e conivência com o genocídio, da seguinte forma:
From on or about 1 March 1992 until 31 December 1995, Slobodan MILOSEVIC, acting aplanned, instigated, ordered, committed or otherwise aided and abetted the planning, preparation and execution of the destruction, in whole or in part, of the Bosnian Muslim national, Bosnia and Herzegovina, including: Bijeljina; Bosanski Novi; Brcko; Kljuc; KotorVaros; Prijedor; Sanski Most and Srebrenica. The destruction of these groups was effected by:a. The widesprea
takeabove, as specified in Schedule A to this indictment. In many of the territories, educated and leading members of execution, often in accordance with preSrebrenica in July 1995, almost all captured Bosnian Muslim men and boys,
Volume 10 – nº 2 - 2016
Como já dito, o ponto central do conflito na Bósnia foi o cometimentodo crime de
genocídio, previsto no artigo 4º do Estatuto do Tribunal, cuja responsabilidade também foi
à Milosevic.
O objetivo de toda articulação criminosa era o de destruição total
grupos de bósnios muçulmanos e croatas, o que foi, de fato, realizado em muitas regiões da
As principais características e meios utilizados para o cometimento do genocídio
relatadas na acusação estão descritas abaixo:
generalizado de muçulmanos e croatas, existindo em alguns locais a
orientação para a execução dessas pessoas, especialmente dos homens e meninos pertencentes
execução de milhares de muçulmanos e croatas da Bósnia em campos de
ão (relativamente semelhantes aos campos de concentração do Holocausto);
danos físicos e mentais causados aos muçulmanos e croatas da Bósnia nos
referidos campos de detenção. Foi relatado que os membros desses grupos eram interrogados
m delegacias e quarteis militares e que sofreram ou presenciaram vários
tipos de violações aos direitos humanos, como assassinato, violência sexual, tortura e
além da privação de liberdade nesses campos, os pertencentes aos grupos de
manos e croatas que foram levados a esses locais sofriam com as condições de vida à
eles imposta, pois passavam fome, ingeriam água contaminada, eram submetidos ao trabalhos
forçado, não recebiam cuidados médicos além de sofrerem agressões físicas e psicol
Por esses atos é que foi atribuído à Slobodan Milosevic a responsabilidade sobre
os crimes de genocídio e conivência com o genocídio, da seguinte forma:
From on or about 1 March 1992 until 31 December 1995, Slobodan MILOSEVIC, acting alone or in concert with other members of the joint criminal enterprise, planned, instigated, ordered, committed or otherwise aided and abetted the planning, preparation and execution of the destruction, in whole or in part, of the Bosnian Muslim national, ethnical, racial or religious groups, as such, in territories within Bosnia and Herzegovina, including: Bijeljina; Bosanski Novi; Brcko; Kljuc; KotorVaros; Prijedor; Sanski Most and Srebrenica. The destruction of these groups was effected by:
The widespread killing of thousands of Bosnian Muslims during and after the take-over of territories within Bosnia and Herzegovina, including those listed above, as specified in Schedule A to this indictment. In many of the territories, educated and leading members of these groups were specifically targeted for execution, often in accordance with pre-prepared lists. After the fall of Srebrenica in July 1995, almost all captured Bosnian Muslim men and boys,
to central do conflito na Bósnia foi o cometimentodo crime de
genocídio, previsto no artigo 4º do Estatuto do Tribunal, cuja responsabilidade também foi
O objetivo de toda articulação criminosa era o de destruição total ou parcial dos
grupos de bósnios muçulmanos e croatas, o que foi, de fato, realizado em muitas regiões da
As principais características e meios utilizados para o cometimento do genocídio
generalizado de muçulmanos e croatas, existindo em alguns locais a
orientação para a execução dessas pessoas, especialmente dos homens e meninos pertencentes
execução de milhares de muçulmanos e croatas da Bósnia em campos de
ão (relativamente semelhantes aos campos de concentração do Holocausto);
danos físicos e mentais causados aos muçulmanos e croatas da Bósnia nos
referidos campos de detenção. Foi relatado que os membros desses grupos eram interrogados
m delegacias e quarteis militares e que sofreram ou presenciaram vários
tipos de violações aos direitos humanos, como assassinato, violência sexual, tortura e
além da privação de liberdade nesses campos, os pertencentes aos grupos de
manos e croatas que foram levados a esses locais sofriam com as condições de vida à
eles imposta, pois passavam fome, ingeriam água contaminada, eram submetidos ao trabalhos
forçado, não recebiam cuidados médicos além de sofrerem agressões físicas e psicológicas a
Por esses atos é que foi atribuído à Slobodan Milosevic a responsabilidade sobre
From on or about 1 March 1992 until 31 December 1995, Slobodan MILOSEVIC, lone or in concert with other members of the joint criminal enterprise,
planned, instigated, ordered, committed or otherwise aided and abetted the planning, preparation and execution of the destruction, in whole or in part, of the Bosnian
ethnical, racial or religious groups, as such, in territories within Bosnia and Herzegovina, including: Bijeljina; Bosanski Novi; Brcko; Kljuc; KotorVaros; Prijedor; Sanski Most and Srebrenica. The destruction of these groups
d killing of thousands of Bosnian Muslims during and after the over of territories within Bosnia and Herzegovina, including those listed
above, as specified in Schedule A to this indictment. In many of the territories, these groups were specifically targeted for
prepared lists. After the fall of Srebrenica in July 1995, almost all captured Bosnian Muslim men and boys,
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altogether several thousands, were executed at the places where captured or at sites to which they had been transported for execution.
b. The killing of thousands of Bosnian Muslims in detention facilities within Bosnia and Herzegovina, including those situated within the territories listed above, as specifi
c. The causing of serious bodily and mental harm to thousands of Bosnian Muslims during their confinement in detention facilities within Bosnia and Herzegovina, including those situated within the territories listed above,specified in Schedule C to this indictment. Members of these groups, during their confinement in detention facilities and during their interrogation at these locations, police stations and military barracks, were continuously subjected to, or forced toand beatings.
d. The detention of thousands of Bosnian Muslims in detention facilities within Bosnia and Herzegovina, including those situated within the territories listed above, under condidestruction of those groups, namely through starvation, contaminated water, forced labour, inadequate medical care and constant physical and psychological assault.
By these acts and omissions, SlCount 1: GENOCIDE, punishable under Articles 4(3)(a) and 7(1) and 7(3) of the Statute of the Tribunal; orCount 2: COMPLICITY IN GENOCIDE, punishable under Articles 4(3)(e) and 7(1) and 7(3) of the Statute of the Tribunal.
Vários atos de perseguição às pessoas pertencentes aos grupos agredidos foram
entendidos como crimes contra humanidade, tipificado no artigo 5º do Estatuto do Tribunal.
Destaca algumas das principais formas de perseguições por motivos políticos, r
religiosos, que ocorreram na região:
- o assassinato dos muçulmanos e croatas bósnios, incluindo mulheres e idosos;
- detenção e confinamento dos citados grupos nos campos de detenção;
- geração e perpetuação de condições de vida desumanas,
detenção, frisando que eram submetidos ao trabalho forçado, abusos físicos e psicológicos de
forma sistemática, tortura e violência sexual;
- o tratamento desumano e cruel aos grupos subjugados
durante e após a invasão dos territórios
- imposição de medidas restritivas e discriminatórias à todos não sérvios,
especialmente aos muçulmanos e croatas da Bósnia;
- espancamento e roubo dos aludidos grupos;
- transferência forçada e deportação de milhares de pessoas para locais fora da
Sérvia;
- destruição de bens de propriedade pública ou privada, de instituições culturais e
religiosas, monumentos históricos e locais sagrados;
- obstrução de ajuda humanitária.
Esses e outros atos foram assim descritos na acusação:Volume 10 – nº 2 - 2016
altogether several thousands, were executed at the places where captured or at sites to which they had been transported for execution.The killing of thousands of Bosnian Muslims in detention facilities within Bosnia and Herzegovina, including those situated within the territories listed above, as specified in Schedule B to this indictment. The causing of serious bodily and mental harm to thousands of Bosnian Muslims during their confinement in detention facilities within Bosnia and Herzegovina, including those situated within the territories listed above,specified in Schedule C to this indictment. Members of these groups, during their confinement in detention facilities and during their interrogation at these locations, police stations and military barracks, were continuously subjected to, or forced to witness, inhumane acts, including murder, sexual violence, torture and beatings. The detention of thousands of Bosnian Muslims in detention facilities within Bosnia and Herzegovina, including those situated within the territories listed above, under conditions of life calculated to bring about the partial physical destruction of those groups, namely through starvation, contaminated water, forced labour, inadequate medical care and constant physical and psychological assault.
By these acts and omissions, Slobodan MILOSEVIC committed:Count 1: GENOCIDE, punishable under Articles 4(3)(a) and 7(1) and 7(3) of the Statute of the Tribunal; or Count 2: COMPLICITY IN GENOCIDE, punishable under Articles 4(3)(e) and 7(1) and 7(3) of the Statute of the Tribunal. (ICTY, 2002)
Vários atos de perseguição às pessoas pertencentes aos grupos agredidos foram
entendidos como crimes contra humanidade, tipificado no artigo 5º do Estatuto do Tribunal.
Destaca algumas das principais formas de perseguições por motivos políticos, r
religiosos, que ocorreram na região:
o assassinato dos muçulmanos e croatas bósnios, incluindo mulheres e idosos;
detenção e confinamento dos citados grupos nos campos de detenção;
geração e perpetuação de condições de vida desumanas, dentro dos campos de
detenção, frisando que eram submetidos ao trabalho forçado, abusos físicos e psicológicos de
forma sistemática, tortura e violência sexual;
o tratamento desumano e cruel aos grupos subjugados
durante e após a invasão dos territórios;
imposição de medidas restritivas e discriminatórias à todos não sérvios,
especialmente aos muçulmanos e croatas da Bósnia;
espancamento e roubo dos aludidos grupos;
transferência forçada e deportação de milhares de pessoas para locais fora da
destruição de bens de propriedade pública ou privada, de instituições culturais e
religiosas, monumentos históricos e locais sagrados;
obstrução de ajuda humanitária.
Esses e outros atos foram assim descritos na acusação:
altogether several thousands, were executed at the places where they had been captured or at sites to which they had been transported for execution. The killing of thousands of Bosnian Muslims in detention facilities within Bosnia and Herzegovina, including those situated within the territories listed
The causing of serious bodily and mental harm to thousands of Bosnian Muslims during their confinement in detention facilities within Bosnia and Herzegovina, including those situated within the territories listed above, as specified in Schedule C to this indictment. Members of these groups, during their confinement in detention facilities and during their interrogation at these locations, police stations and military barracks, were continuously subjected to,
witness, inhumane acts, including murder, sexual violence, torture
The detention of thousands of Bosnian Muslims in detention facilities within Bosnia and Herzegovina, including those situated within the territories listed
tions of life calculated to bring about the partial physical destruction of those groups, namely through starvation, contaminated water, forced labour, inadequate medical care and constant physical and psychological
obodan MILOSEVIC committed: Count 1: GENOCIDE, punishable under Articles 4(3)(a) and 7(1) and 7(3) of the
Count 2: COMPLICITY IN GENOCIDE, punishable under Articles 4(3)(e) and 7(1)
Vários atos de perseguição às pessoas pertencentes aos grupos agredidos foram
entendidos como crimes contra humanidade, tipificado no artigo 5º do Estatuto do Tribunal.
Destaca algumas das principais formas de perseguições por motivos políticos, raciais ou
o assassinato dos muçulmanos e croatas bósnios, incluindo mulheres e idosos;
detenção e confinamento dos citados grupos nos campos de detenção;
dentro dos campos de
detenção, frisando que eram submetidos ao trabalho forçado, abusos físicos e psicológicos de
o tratamento desumano e cruel aos grupos subjugados
imposição de medidas restritivas e discriminatórias à todos não sérvios,
transferência forçada e deportação de milhares de pessoas para locais fora da
destruição de bens de propriedade pública ou privada, de instituições culturais e
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
35. These persecutions wereaffiliation, race or religion and included:a. The extermination or murder of thousands of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other nonabove, the details of which are set out in Schedules A and B to this indictment.b. The prolonged and routine imprisonment and confinement of thousands of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other nonwithin aSchedule C to this indictment.c. The establishment and perpetuation of inhumane living conditions against Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other nonmentioned detention facilities. These living conditions were brutal and characterised by inhumane treatment, overcrowding, starvation, forced labour and systematic physical and psychological abuse, including torture, beatings and sexual assault.d. The pother nondigging graves and trenches and other forms of manual labour at the frontlines.e. The cruel and non-Serb civilians during and after the takeabove. Such inhumane treatment included, but was not limited to, sexual violence, torture, physical and psychololiving conditions.f. The imposition of restrictive and discriminatory measures against Bosnian Muslims, Bosnian Croats and other nonmovement; removal from positthe police; dismissal from jobs; arbitrary searches of their homes; denial of the right to judicial process and the denial of the right of equal access to public services, including proper medical careg. The beating and robbing of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other noncivilians.h. The forcible transfer and deportation of thousands of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other nonoutside of Serb held territories as described in paragraphs 40 and 41 and Schedule D to this indictment.i. The appropriation and plunder of property belonging to Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other nonj. The intentional and wanton deproperty belonging to Bosnian Muslims and Bosnian Croats, their cultural and religious institutions, historical monuments and other sacred sites, as described in paragraph 42.k. The obstruction of humanitarian the besieged enclaves Bihac, Gorazde, Srebrenica and Zepa, and the deprivation of water from the civilians trapped in the enclaves designed to create unbearable living conditions.By these acts and omissionCount 3: Persecutions on political, racial or religious grounds, a CRIME AGAINST HUMANITY, punishable under Articles 5(h) and 7(1) and 7(3) of the Statute of the Tribunal.
Os principais territórios dos quais o
ou deportados para fora da Bósnia e/ ou que sofreram com destruição de bens de propriedade
pública ou privada são os seguintes:
[...] Banja Luka (deportation); Bihac; Bijeljina; Bileca (deportation); BosanskaDuBosanskiPetrovac; BosanskiSamac (deportation); Bratunac; Brcko; Cajnice; Celinac; Doboj; DonjiVakuf; Foca; Gacko (deportation); Sarajevo (Hadzici); Sarajevo (Ilidza); Sarajevo (Ilijas); Kljuc; KalinovikSarajevo (Novi Grad); Sarajevo (Novo Sarajevo); Sarajevo (Pale); Prijedor;
Volume 10 – nº 2 - 2016
35. These persecutions were committed on the discriminatory grounds of political affiliation, race or religion and included: a. The extermination or murder of thousands of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other non-Serb civilians, including women and the elderly, in those territoriabove, the details of which are set out in Schedules A and B to this indictment.b. The prolonged and routine imprisonment and confinement of thousands of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other non-Serb civilians in detention facilities within and outside of Bosnia and Herzegovina, the details of which are set out in Schedule C to this indictment. c. The establishment and perpetuation of inhumane living conditions against Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other non-Serb civilians, within the abovmentioned detention facilities. These living conditions were brutal and characterised by inhumane treatment, overcrowding, starvation, forced labour and systematic physical and psychological abuse, including torture, beatings and sexual assault.d. The prolonged and frequent forced labour of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other non-Serb civilians, from these detention facilities. The forced labour included digging graves and trenches and other forms of manual labour at the frontlines.e. The cruel and inhumane treatment of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other
Serb civilians during and after the take-over of the municipalities specified above. Such inhumane treatment included, but was not limited to, sexual violence, torture, physical and psychological abuse and forced existence under inhumane living conditions. f. The imposition of restrictive and discriminatory measures against Bosnian Muslims, Bosnian Croats and other non-Serbs, such as, the restriction of freedom of movement; removal from positions of authority in local government institutions and the police; dismissal from jobs; arbitrary searches of their homes; denial of the right to judicial process and the denial of the right of equal access to public services, including proper medical care. g. The beating and robbing of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other noncivilians. h. The forcible transfer and deportation of thousands of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other non-Serb civilians, from the territories listed above, to locationsoutside of Serb held territories as described in paragraphs 40 and 41 and Schedule D to this indictment. i. The appropriation and plunder of property belonging to Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other non-Serb civilians. j. The intentional and wanton destruction of homes, other public and private property belonging to Bosnian Muslims and Bosnian Croats, their cultural and religious institutions, historical monuments and other sacred sites, as described in paragraph 42. k. The obstruction of humanitarian aid, in particular medical and food supplies into the besieged enclaves Bihac, Gorazde, Srebrenica and Zepa, and the deprivation of water from the civilians trapped in the enclaves designed to create unbearable living conditions. By these acts and omissions, Slobodan MILOSEVIC committed:Count 3: Persecutions on political, racial or religious grounds, a CRIME AGAINST HUMANITY, punishable under Articles 5(h) and 7(1) and 7(3) of the Statute of the Tribunal. (ICTY, 2002)
territórios dos quais os mencionados grupos foram retirados à força
ou deportados para fora da Bósnia e/ ou que sofreram com destruição de bens de propriedade
pública ou privada são os seguintes:
[...] Banja Luka (deportation); Bihac; Bijeljina; Bileca (deportation); BosanskaDubica; BosanskaGradiska; BosanskaKrupa; Bosanski Novi; BosanskiPetrovac; BosanskiSamac (deportation); Bratunac; Brcko; Cajnice; Celinac; Doboj; DonjiVakuf; Foca; Gacko (deportation); Sarajevo (Hadzici); Sarajevo (Ilidza); Sarajevo (Ilijas); Kljuc; Kalinovik; KotorVaros; Nevesinje; Sarajevo (Novi Grad); Sarajevo (Novo Sarajevo); Sarajevo (Pale); Prijedor;
committed on the discriminatory grounds of political
a. The extermination or murder of thousands of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and Serb civilians, including women and the elderly, in those territories listed
above, the details of which are set out in Schedules A and B to this indictment. b. The prolonged and routine imprisonment and confinement of thousands of
Serb civilians in detention facilities nd outside of Bosnia and Herzegovina, the details of which are set out in
c. The establishment and perpetuation of inhumane living conditions against Serb civilians, within the above
mentioned detention facilities. These living conditions were brutal and characterised by inhumane treatment, overcrowding, starvation, forced labour and systematic physical and psychological abuse, including torture, beatings and sexual assault.
rolonged and frequent forced labour of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and Serb civilians, from these detention facilities. The forced labour included
digging graves and trenches and other forms of manual labour at the frontlines. inhumane treatment of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other
over of the municipalities specified above. Such inhumane treatment included, but was not limited to, sexual violence,
gical abuse and forced existence under inhumane
f. The imposition of restrictive and discriminatory measures against Bosnian Serbs, such as, the restriction of freedom of
ions of authority in local government institutions and the police; dismissal from jobs; arbitrary searches of their homes; denial of the right to judicial process and the denial of the right of equal access to public services,
g. The beating and robbing of Bosnian Muslim, Bosnian Croat and other non-Serb
h. The forcible transfer and deportation of thousands of Bosnian Muslim, Bosnian Serb civilians, from the territories listed above, to locations
outside of Serb held territories as described in paragraphs 40 and 41 and Schedule D
i. The appropriation and plunder of property belonging to Bosnian Muslim, Bosnian
struction of homes, other public and private property belonging to Bosnian Muslims and Bosnian Croats, their cultural and religious institutions, historical monuments and other sacred sites, as described in
aid, in particular medical and food supplies into the besieged enclaves Bihac, Gorazde, Srebrenica and Zepa, and the deprivation of water from the civilians trapped in the enclaves designed to create unbearable living
s, Slobodan MILOSEVIC committed: Count 3: Persecutions on political, racial or religious grounds, a CRIME AGAINST HUMANITY, punishable under Articles 5(h) and 7(1) and 7(3) of the Statute of the
s mencionados grupos foram retirados à força
ou deportados para fora da Bósnia e/ ou que sofreram com destruição de bens de propriedade
[...] Banja Luka (deportation); Bihac; Bijeljina; Bileca (deportation); bica; BosanskaGradiska; BosanskaKrupa; Bosanski Novi;
BosanskiPetrovac; BosanskiSamac (deportation); Bratunac; Brcko; Cajnice; Celinac; Doboj; DonjiVakuf; Foca; Gacko (deportation); Sarajevo (Hadzici);
; KotorVaros; Nevesinje; Sarajevo (Novi Grad); Sarajevo (Novo Sarajevo); Sarajevo (Pale); Prijedor;
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Prnjavor; Rogatica; Rudo (deportation); SanskiMost; Sekovici; Sipovo; Sokolac; Srebrenica; Teslic; Trebinje; Sarajevo (Trnovo); Visegrad; Vlasenica; Sarajev(Vogosca) andZvornik (deportation), tootherareasbothinsideandoutsideBosniaand Herzegovina [...].
Além de todos esses atos, foi atribuída à Milosevic a responsabilidade por ter
ordenado e planejado o ataque militar e bombardeios dirigidos às
Sarejevo, como aqui transcrito:
Between April 1992 and November 1995, Slobodan MILOSEVIC, acting alone or in concert with members of the joint criminal enterprise, planned, instigated, ordered, committed, or otherwise aided and abea military campaign of artillery and mortar shelling and sniping onto civilian areas of Sarajevo and upon its civilian population, killing and wounding thousands of civilians of all ages and both sexes.
Tendo concluído o estudo sobre os ataques às populações da Croácia e da Bósnia,
passa a tratar do conflito de Kosovo, que foi o último e com maior interferência internacional.
6.3.3 Kosovo
A estrutura da peça acusadora elaborada pelo Procurador s
Kosovo é a que mais difere das demais, inclusive porque é uma única peça para cinco
acusados, as cinco principais autoridades responsáveis pela articulação criminosa em Kosovo,
que são: Slobodan Milosevic,
Vlajko Stojiljkovic.
Da mesma forma que nas acusações anteriores, essa dest
responsabilidade de Slobodan Milosevic, e dessa vez dos demais acusados, não se limita aos
crimes que eles tenham cometido fisicamente, mas
meio de interferências, ordens, planejamentos ou encorajamento a outras pessoas para
execução dos atos.
Os crimes atribuídos a eles são os previstos nos artigos 3°, 5° e 7° do Estatuto do
Tribunal, ou seja, também não houve acusação específica de genocídio em Kosovo.Veja o que
constou na acusação sobre a responsabilidade dessas autoridades:
16. Each of the accusedhim in this indictment under Articles 3, 5 anaccused planned, instigated, ordered, committed, or otherwise aided and abetted in the planning, preparation, or execution of these crimes. By using the word "committed" in this indictment, the Prosecutor does notthe accused physically perpetrated any of the crimes charged, personally. "Committing" in this indictment refers to participation in a joint criminal enterprise as a co-expulsion of a substantial portion of the Kosovo Albanian population from the territory of the province of Kosovo in an effort to ensure continued Serbian control over the province. To fulfil this criminal purpose, each of the accusindividually or in concert with each other and with others known and unknown,
Volume 10 – nº 2 - 2016
Prnjavor; Rogatica; Rudo (deportation); SanskiMost; Sekovici; Sipovo; Sokolac; Srebrenica; Teslic; Trebinje; Sarajevo (Trnovo); Visegrad; Vlasenica; Sarajev(Vogosca) andZvornik (deportation), tootherareasbothinsideandoutsideBosniaand Herzegovina [...].(ICTY, 2002)
Além de todos esses atos, foi atribuída à Milosevic a responsabilidade por ter
ordenado e planejado o ataque militar e bombardeios dirigidos às áreas civis da cidade de
Sarejevo, como aqui transcrito:
Between April 1992 and November 1995, Slobodan MILOSEVIC, acting alone or in concert with members of the joint criminal enterprise, planned, instigated, ordered, committed, or otherwise aided and abetted the planning, preparation, or execution of a military campaign of artillery and mortar shelling and sniping onto civilian areas of Sarajevo and upon its civilian population, killing and wounding thousands of civilians of all ages and both sexes. (ICTY, 2002)
Tendo concluído o estudo sobre os ataques às populações da Croácia e da Bósnia,
passa a tratar do conflito de Kosovo, que foi o último e com maior interferência internacional.
A estrutura da peça acusadora elaborada pelo Procurador sobre os crimes em
Kosovo é a que mais difere das demais, inclusive porque é uma única peça para cinco
acusados, as cinco principais autoridades responsáveis pela articulação criminosa em Kosovo,
Slobodan Milosevic, Milan Milutinovic, Nikola Sainovic, Dragoljub
Da mesma forma que nas acusações anteriores, essa dest
lobodan Milosevic, e dessa vez dos demais acusados, não se limita aos
crimes que eles tenham cometido fisicamente, mas se estende aos crimes que cometeram por
meio de interferências, ordens, planejamentos ou encorajamento a outras pessoas para
Os crimes atribuídos a eles são os previstos nos artigos 3°, 5° e 7° do Estatuto do
ão houve acusação específica de genocídio em Kosovo.Veja o que
constou na acusação sobre a responsabilidade dessas autoridades:
16. Each of the accused is individually responsible for the crimes alleged against him in this indictment under Articles 3, 5 and 7(1) of the Statute of the Tribunal. The accused planned, instigated, ordered, committed, or otherwise aided and abetted in the planning, preparation, or execution of these crimes. By using the word "committed" in this indictment, the Prosecutor does not intend to suggest that any of the accused physically perpetrated any of the crimes charged, personally. "Committing" in this indictment refers to participation in a joint criminal enterprise
-perpetrator. The purpose of this joint criminal enterprise was,expulsion of a substantial portion of the Kosovo Albanian population from the territory of the province of Kosovo in an effort to ensure continued Serbian control over the province. To fulfil this criminal purpose, each of the accusindividually or in concert with each other and with others known and unknown,
Prnjavor; Rogatica; Rudo (deportation); SanskiMost; Sekovici; Sipovo; Sokolac; Srebrenica; Teslic; Trebinje; Sarajevo (Trnovo); Visegrad; Vlasenica; Sarajevo (Vogosca) andZvornik (deportation), tootherareasbothinsideandoutsideBosniaand
Além de todos esses atos, foi atribuída à Milosevic a responsabilidade por ter
áreas civis da cidade de
Between April 1992 and November 1995, Slobodan MILOSEVIC, acting alone or in concert with members of the joint criminal enterprise, planned, instigated, ordered,
tted the planning, preparation, or execution of a military campaign of artillery and mortar shelling and sniping onto civilian areas of Sarajevo and upon its civilian population, killing and wounding thousands of
Tendo concluído o estudo sobre os ataques às populações da Croácia e da Bósnia,
passa a tratar do conflito de Kosovo, que foi o último e com maior interferência internacional.
obre os crimes em
Kosovo é a que mais difere das demais, inclusive porque é uma única peça para cinco
acusados, as cinco principais autoridades responsáveis pela articulação criminosa em Kosovo,
Dragoljub Ojdanic e
Da mesma forma que nas acusações anteriores, essa destaca que a
lobodan Milosevic, e dessa vez dos demais acusados, não se limita aos
se estende aos crimes que cometeram por
meio de interferências, ordens, planejamentos ou encorajamento a outras pessoas para
Os crimes atribuídos a eles são os previstos nos artigos 3°, 5° e 7° do Estatuto do
ão houve acusação específica de genocídio em Kosovo.Veja o que
is individually responsible for the crimes alleged against d 7(1) of the Statute of the Tribunal. The
accused planned, instigated, ordered, committed, or otherwise aided and abetted in the planning, preparation, or execution of these crimes. By using the word
intend to suggest that any of the accused physically perpetrated any of the crimes charged, personally. "Committing" in this indictment refers to participation in a joint criminal enterprise
se was, inter alia, the expulsion of a substantial portion of the Kosovo Albanian population from the territory of the province of Kosovo in an effort to ensure continued Serbian control over the province. To fulfil this criminal purpose, each of the accused, acting individually or in concert with each other and with others known and unknown,
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significantly contributed to the joint criminal enterprise using thefacto powers available to him.
Outro ponto comum em todas as acusaçõe
autoridades pelas ações ou omissões criminosas de seus subordinados das quais eles tinham
conhecimento ou deveriam ter, pois tinham a obrigação e prevenir que tais atitudes tivessem
ocorrido, conforme reproduzido a segui
19. Slobodan MILOSEVIC, Milan MILUTINOVIC, Nikola SAINOVIC, Dragoljub OJDANICauthority, are also individually criminally responsible for the acts or omissions of their subordinates, pursuant is responsible for the criminal acts of his subordinates if he knew or had reason to know that his subordinates were about to commit such acts or had done so, and the superior failed to take the neto punish the perpetrators.
Durante 6 meses, de janeiro de 1999 até junho de 1999, essas autoridades foram
responsáveis pelo planejamento, instigação, auxílio a campanha generalizada de
terror contra civis albaneses em Kosovo, como foi retratado na acusação:
53. Following the commencement of the joint criminal enterprise, beginning on or about 1 January 1999 and continuing until 20 June 1999,Milan MILUTINSTOJILJKOVICcommitted or otherwise aided and abetted in a deliberate and widespread or systematic campaign of terror and violence directed at Kosoliving in Kosovo in the FRY.
A acusação considerou que durante esses meses, Milosevic e as outras autoridades
citadas foram responsáveis por comandar as articulações criminosas em Kosovo, que tiveram
como suas principais características:
- transferência forçada e deportação dos albaneses de Kosovo e da Sérvia
de 800.000 civis foram submetidos a esse deslocamento;
- assassinato de centenas de civis albaneses pelas forças armadas da Iugoslávia e
da Sérvia;
- agressões sexuais praticadas pelas forças armadas mencionadas dirigidas
especialmente às mulheres albanesas;
- destruição ou dano às propriedades públicas, privadas, locais religiosos, centros
culturais, monumentos históricos e locais sagrados muçulmanos;
Por essas atitudes, Milosevic e as outras autoridades acusadas era
responsáveis por perseguições motivadas por discriminação religiosa, racial e crimes contra a
humanidade, de acordo com o trecho subsequente da acusação:
68. Beginning on or aboutforces of the FRY and Serbia, acting at the direction, with the encouragement, or
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significantly contributed to the joint criminal enterprise using thepowers available to him. (ICTY, 2001)
Outro ponto comum em todas as acusações é a responsabilidade atribuída às
autoridades pelas ações ou omissões criminosas de seus subordinados das quais eles tinham
conhecimento ou deveriam ter, pois tinham a obrigação e prevenir que tais atitudes tivessem
ocorrido, conforme reproduzido a seguir:
Slobodan MILOSEVIC, Milan MILUTINOVIC, Nikola SAINOVIC, Dragoljub OJDANIC and Vlajko STOJILJKOVIC, while holding positions of superior authority, are also individually criminally responsible for the acts or omissions of their subordinates, pursuant to Article 7(3) of the Statute of the Tribunal. A superior is responsible for the criminal acts of his subordinates if he knew or had reason to know that his subordinates were about to commit such acts or had done so, and the superior failed to take the necessary and reasonable measures to prevent such acts or to punish the perpetrators. (ICTY, 2001).
Durante 6 meses, de janeiro de 1999 até junho de 1999, essas autoridades foram
responsáveis pelo planejamento, instigação, auxílio a campanha generalizada de
terror contra civis albaneses em Kosovo, como foi retratado na acusação:
53. Following the commencement of the joint criminal enterprise, beginning on or about 1 January 1999 and continuing until 20 June 1999, Slobodan MILOSEVIC, Milan MILUTINOVIC, Nikola SAINOVIC, Dragoljub OJDANIC, Vlajko STOJILJKOVIC and others known and unknown, planned, instigated, ordered, committed or otherwise aided and abetted in a deliberate and widespread or systematic campaign of terror and violence directed at Kosovo Albanian civilians living in Kosovo in the FRY. (ICTY, 2001).
A acusação considerou que durante esses meses, Milosevic e as outras autoridades
citadas foram responsáveis por comandar as articulações criminosas em Kosovo, que tiveram
s características:
transferência forçada e deportação dos albaneses de Kosovo e da Sérvia
de 800.000 civis foram submetidos a esse deslocamento;
assassinato de centenas de civis albaneses pelas forças armadas da Iugoslávia e
ões sexuais praticadas pelas forças armadas mencionadas dirigidas
especialmente às mulheres albanesas;
destruição ou dano às propriedades públicas, privadas, locais religiosos, centros
culturais, monumentos históricos e locais sagrados muçulmanos;
essas atitudes, Milosevic e as outras autoridades acusadas era
responsáveis por perseguições motivadas por discriminação religiosa, racial e crimes contra a
humanidade, de acordo com o trecho subsequente da acusação:
68. Beginning on or about 1 January 1999 and continuing until 20 June 1999, the forces of the FRY and Serbia, acting at the direction, with the encouragement, or
significantly contributed to the joint criminal enterprise using the de jure and de
s é a responsabilidade atribuída às
autoridades pelas ações ou omissões criminosas de seus subordinados das quais eles tinham
conhecimento ou deveriam ter, pois tinham a obrigação e prevenir que tais atitudes tivessem
Slobodan MILOSEVIC, Milan MILUTINOVIC, Nikola SAINOVIC, Dragoljub while holding positions of superior
authority, are also individually criminally responsible for the acts or omissions of to Article 7(3) of the Statute of the Tribunal. A superior
is responsible for the criminal acts of his subordinates if he knew or had reason to know that his subordinates were about to commit such acts or had done so, and the
cessary and reasonable measures to prevent such acts or
Durante 6 meses, de janeiro de 1999 até junho de 1999, essas autoridades foram
responsáveis pelo planejamento, instigação, auxílio a campanha generalizada de violência e
53. Following the commencement of the joint criminal enterprise, beginning on or Slobodan MILOSEVIC,
OVIC, Nikola SAINOVIC, Dragoljub OJDANIC, Vlajko and others known and unknown, planned, instigated, ordered,
committed or otherwise aided and abetted in a deliberate and widespread or vo Albanian civilians
A acusação considerou que durante esses meses, Milosevic e as outras autoridades
citadas foram responsáveis por comandar as articulações criminosas em Kosovo, que tiveram
transferência forçada e deportação dos albaneses de Kosovo e da Sérvia – cerca
assassinato de centenas de civis albaneses pelas forças armadas da Iugoslávia e
ões sexuais praticadas pelas forças armadas mencionadas dirigidas
destruição ou dano às propriedades públicas, privadas, locais religiosos, centros
essas atitudes, Milosevic e as outras autoridades acusadas eram consideradas
responsáveis por perseguições motivadas por discriminação religiosa, racial e crimes contra a
1 January 1999 and continuing until 20 June 1999, the forces of the FRY and Serbia, acting at the direction, with the encouragement, or
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with the support ofSAINOVIC, Dragoljub OJDANIC, Vlajko STOJILJKOVICunknown, utilised the means and methods set forth in paragraphs 55 through 66 to execute a campaign of persecution against the Kosovo Albanian civilian population based on political, racial, or religious grounds. butwerenotlimitedto, thefollowingmeans:a. The forcible transfer and deportation by forces of the FRY and Serbia of approximately 800,000 Kosovo Albanian civilians as described in paragraphs 55 64. b. The murder of hundreds of Kosovo Albanian civilians Serbia as described in paragraphs 65 c. The sexual assault by forces of the FRY and Serbia of Kosovo Albanians, in particular women, including the sexual assaults described in paragraphs 57 and 63.d. The wanton destruction oand after the attacks on the towns and villages, forces of FRY and Serbia systematically damaged and destroyed cultural monuments and Muslim sacred sites. Mosques were shelled, burned and dynamited througamong the incidents are the following: the damage and/or destruction of mosques in Vucitrn/Vushtrii, Suva Reka/Suharekë, Celina/Celinë, Rogovo/Rogovë, BelaCrkva/Bellacërke, Cirez/Qirez, Kotlina/Kotlinë, Ivaja/Ivajë, Brestovac/BrVlastica/Vlastica, Landovica/Landovice and Dakovica/Gjakovë, as described in paragraph 63.By these acts and omissions,Nikola SAINOVIC, Dragoljub OJDANknown and unknown, planned, instigated, ordered, committed or otherwise aided and abetted the planning, preparation or execution of:Count 5AGAINST HUMANITribunal.
Como já foi explicado em outro capítulo, a comunidade internacional interferiu
diretamente para o fim do conflito em Kosovo, o que fez com que ele fosse o mais curto que o
da Bósnia.
Contudo, um aspecto interessante é que quem participava das negociações de paz
desde 1998 com a ONU era Slobodan Milosevic, mesmo com toda comunidade internacional
sabendo que ele era responsável por perpetuar o terror em toda a Iugoslávia.
Mesmo durante as negociações de paz, os exércitos da Iugoslávia de da Sérvia
continuavam suas ofensivas aos albaneses que viviam em Kosovo, consoante à acusação:
100.During the peace negotiations in France, the violence in Kosovo continued. In late February and early March, forces of the FRY and Serbia launched a series of offensives against dozens of predominantly Kosovo Albanian villages and towns. The FRY militaspecificallythe 52nd Corps, alsoknown as the Pristina Corps, andseveralbrigadesandregimentsunderthecommandofthe Pristina Corps. At all times relevanttothisindictment, theChiefofthe General Staff ofthe VJwithcommandresponsibilities over the 3rd Armyandultimately over the 52was Colonel General Dragoljub OJDANICtheSupremeCommanderofthe VJ was
Volume 10 – nº 2 - 2016
with the support of Slobodan MILOSEVIC, Milan MILUTINOVIC, Nikola SAINOVIC, Dragoljub OJDANIC, Vlajko STOJILJKOVIC and unknown, utilised the means and methods set forth in paragraphs 55 through 66 to execute a campaign of persecution against the Kosovo Albanian civilian population based on political, racial, or religious grounds. Thesepersecutionsincluded,butwerenotlimitedto, thefollowingmeans: a. The forcible transfer and deportation by forces of the FRY and Serbia of approximately 800,000 Kosovo Albanian civilians as described in paragraphs 55
b. The murder of hundreds of Kosovo Albanian civilians by forces of the FRY and Serbia as described in paragraphs 65 - 66. c. The sexual assault by forces of the FRY and Serbia of Kosovo Albanians, in particular women, including the sexual assaults described in paragraphs 57 and 63.d. The wanton destruction or damage of Kosovo Albanian religious sites. During and after the attacks on the towns and villages, forces of FRY and Serbia systematically damaged and destroyed cultural monuments and Muslim sacred sites. Mosques were shelled, burned and dynamited throughout the province. Included among the incidents are the following: the damage and/or destruction of mosques in Vucitrn/Vushtrii, Suva Reka/Suharekë, Celina/Celinë, Rogovo/Rogovë, BelaCrkva/Bellacërke, Cirez/Qirez, Kotlina/Kotlinë, Ivaja/Ivajë, Brestovac/Brestovc, VelikaKrusa/Krushë e Mahde, KosovskaMitrivica/Mitrovicë, Vlastica/Vlastica, Landovica/Landovice and Dakovica/Gjakovë, as described in paragraph 63. By these acts and omissions, Slobodan MILOSEVIC, Milan MILUTINOVIC, Nikola SAINOVIC, Dragoljub OJDANIC, Vlajko STOJILJKOVICknown and unknown, planned, instigated, ordered, committed or otherwise aided and abetted the planning, preparation or execution of: Count 5: Persecutions on political, racial and religious grounds, aAGAINST HUMANITY, punishable under Article 5(h) of the Statute of the Tribunal. (ICTY, 2001)
Como já foi explicado em outro capítulo, a comunidade internacional interferiu
diretamente para o fim do conflito em Kosovo, o que fez com que ele fosse o mais curto que o
Contudo, um aspecto interessante é que quem participava das negociações de paz
desde 1998 com a ONU era Slobodan Milosevic, mesmo com toda comunidade internacional
sabendo que ele era responsável por perpetuar o terror em toda a Iugoslávia.
urante as negociações de paz, os exércitos da Iugoslávia de da Sérvia
continuavam suas ofensivas aos albaneses que viviam em Kosovo, consoante à acusação:
100.During the peace negotiations in France, the violence in Kosovo continued. In late February and early March, forces of the FRY and Serbia launched a series of offensives against dozens of predominantly Kosovo Albanian villages and towns. The FRY military forces werecomprisedofelementsoftheVJ's 3rd Army, specificallythe 52nd Corps, alsoknown as the Pristina Corps, andseveralbrigadesandregimentsunderthecommandofthe Pristina Corps. At all times relevanttothisindictment, theChiefofthe General Staff ofthe VJwithcommandresponsibilities over the 3rd Armyandultimately over the 52
Colonel General Dragoljub OJDANIC. At all times relevanttothisindictment, theSupremeCommanderofthe VJ was Slobodan MILOSEVIC. (ICTY, 2001)
Slobodan MILOSEVIC, Milan MILUTINOVIC, Nikola and others known and
unknown, utilised the means and methods set forth in paragraphs 55 through 66 to execute a campaign of persecution against the Kosovo Albanian civilian population
Thesepersecutionsincluded,
a. The forcible transfer and deportation by forces of the FRY and Serbia of approximately 800,000 Kosovo Albanian civilians as described in paragraphs 55 -
by forces of the FRY and
c. The sexual assault by forces of the FRY and Serbia of Kosovo Albanians, in particular women, including the sexual assaults described in paragraphs 57 and 63.
r damage of Kosovo Albanian religious sites. During and after the attacks on the towns and villages, forces of FRY and Serbia systematically damaged and destroyed cultural monuments and Muslim sacred sites.
hout the province. Included among the incidents are the following: the damage and/or destruction of mosques in Vucitrn/Vushtrii, Suva Reka/Suharekë, Celina/Celinë, Rogovo/Rogovë, BelaCrkva/Bellacërke, Cirez/Qirez, Kotlina/Kotlinë, Ivaja/Ivajë,
estovc, VelikaKrusa/Krushë e Mahde, KosovskaMitrivica/Mitrovicë, Vlastica/Vlastica, Landovica/Landovice and Dakovica/Gjakovë, as described in
Slobodan MILOSEVIC, Milan MILUTINOVIC, IC, Vlajko STOJILJKOVIC and others
known and unknown, planned, instigated, ordered, committed or otherwise aided
Persecutions on political, racial and religious grounds, a CRIME , punishable under Article 5(h) of the Statute of the
Como já foi explicado em outro capítulo, a comunidade internacional interferiu
diretamente para o fim do conflito em Kosovo, o que fez com que ele fosse o mais curto que o
Contudo, um aspecto interessante é que quem participava das negociações de paz
desde 1998 com a ONU era Slobodan Milosevic, mesmo com toda comunidade internacional
urante as negociações de paz, os exércitos da Iugoslávia de da Sérvia
continuavam suas ofensivas aos albaneses que viviam em Kosovo, consoante à acusação:
100.During the peace negotiations in France, the violence in Kosovo continued. In late February and early March, forces of the FRY and Serbia launched a series of offensives against dozens of predominantly Kosovo Albanian villages and towns.
ry forces werecomprisedofelementsoftheVJ's 3rd Army, specificallythe 52nd Corps, alsoknown as the Pristina Corps, andseveralbrigadesandregimentsunderthecommandofthe Pristina Corps. At all times relevanttothisindictment, theChiefofthe General Staff ofthe VJ, withcommandresponsibilities over the 3rd Armyandultimately over the 52nd Corps,
. At all times relevanttothisindictment, (ICTY, 2001)
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Como já tratado, o conflito em
OTAN iniciou os ataques aéreos, em março de 1999, contra às forças militares sérvias e
iugoslavas.
O conflito terminou em 09 de junho de 1999 quando foi assinado um acordo entre
a OTAN e os representantes sér
OTAN e a retirada das forças militares sérvias e iugoslavas de Kosovo, segundo constou na
acusação:
108. On 9 June 1999, the Military Technical Agreement was signed between NATO, represented by GeneralMUP, providing for the withdrawal of all forces of the FRY and Serbia from Kosovo. bombingcampaignagainsttargets in the FRY wouldterminateupowithdrawalof forces ofthe FRY andSerbia. On 20 June 1999, KFOR, the Kosovo Force, announcedthatthewithdrawalof forces ofthe FRY andterritory
A seguir serão estudadas duas outras personali
expressivo no cometimento de crimes no território iugoslavo.
6.4 Casos Radovan Karadzic
6.4.1 Acusações sobre atos criminosos cometidos na Bósnia Herzegovina
Neste tópico será estudada a responsabilidade atribuída
Karadizic e à Ratko Mladic pelos atos criminosos cometidos na Bósnia Herzegovina na
década de 1990.
Primeiramente, explica quem ambos eram essas figuras com cargos altos no
governo e tiveram participação direta no comando e execuçã
Radovan Karadizic na data em que foi apresentada a acusação (24/06/1995) ainda
era presidente da Bósnia, cargo que ocupava desde 13 de maio de 1992, tendo poderes para
comandar o exército, como retratado a seguir:
4. RADOV AN KARADZIC became administration in Pale on or about 13 May 1992. At the time he assumed this position, his de jure powers, as described in the constitution of the Bosnian Serb administration, included, but were not limited to, commanBosnian Serb administration in times of war and peace and having the authority to appoint, promote and discharge officers of the army.
Ratko Mladic ocupou o cargo de comandante do Exercito Popular Iugoslavo de
1991 até maio de 1992, e assumiu o posto de general comandante de todo exército sérvio
bósnio em 14 de maio de 1992, cargo que ocupava até a data da acusação (24/06/1995).
Assim constou sobre ele na acusação:
Volume 10 – nº 2 - 2016
Como já tratado, o conflito em Kosovo começou a ser revertido apenas quando a
OTAN iniciou os ataques aéreos, em março de 1999, contra às forças militares sérvias e
O conflito terminou em 09 de junho de 1999 quando foi assinado um acordo entre
a OTAN e os representantes sérvios e iugoslavos, que previa o fim dos bombardeios da
OTAN e a retirada das forças militares sérvias e iugoslavas de Kosovo, segundo constou na
108. On 9 June 1999, the Military Technical Agreement was signed between NATO, represented by General Sir Michael Jackson, and representatives of the VJ and the MUP, providing for the withdrawal of all forces of the FRY and Serbia from Kosovo. UnderthetermsoftheMilitaryTechnicalAgreement, the NATO bombingcampaignagainsttargets in the FRY wouldterminateupowithdrawalof forces ofthe FRY andSerbia. On 20 June 1999, KFOR, the Kosovo Force, announcedthatthewithdrawalof forces ofthe FRY andterritory of Kosovo was complete. (ICTY, 2001)
A seguir serão estudadas duas outras personalidades que tiveram um papel
expressivo no cometimento de crimes no território iugoslavo.
Karadzic e Ratko Mladic
6.4.1 Acusações sobre atos criminosos cometidos na Bósnia Herzegovina
Neste tópico será estudada a responsabilidade atribuída pela acusação à Radovan
Karadizic e à Ratko Mladic pelos atos criminosos cometidos na Bósnia Herzegovina na
Primeiramente, explica quem ambos eram essas figuras com cargos altos no
governo e tiveram participação direta no comando e execução dos crimes.
Radovan Karadizic na data em que foi apresentada a acusação (24/06/1995) ainda
era presidente da Bósnia, cargo que ocupava desde 13 de maio de 1992, tendo poderes para
comandar o exército, como retratado a seguir:
4. RADOV AN KARADZIC became the first president of the Bosnian Serb administration in Pale on or about 13 May 1992. At the time he assumed this position, his de jure powers, as described in the constitution of the Bosnian Serb administration, included, but were not limited to, commanding the army on the Bosnian Serb administration in times of war and peace and having the authority to appoint, promote and discharge officers of the army. (ICTY, 1995)
Ratko Mladic ocupou o cargo de comandante do Exercito Popular Iugoslavo de
io de 1992, e assumiu o posto de general comandante de todo exército sérvio
bósnio em 14 de maio de 1992, cargo que ocupava até a data da acusação (24/06/1995).
Assim constou sobre ele na acusação:
Kosovo começou a ser revertido apenas quando a
OTAN iniciou os ataques aéreos, em março de 1999, contra às forças militares sérvias e
O conflito terminou em 09 de junho de 1999 quando foi assinado um acordo entre
vios e iugoslavos, que previa o fim dos bombardeios da
OTAN e a retirada das forças militares sérvias e iugoslavas de Kosovo, segundo constou na
108. On 9 June 1999, the Military Technical Agreement was signed between NATO, Sir Michael Jackson, and representatives of the VJ and the
MUP, providing for the withdrawal of all forces of the FRY and Serbia from UnderthetermsoftheMilitaryTechnicalAgreement, the NATO
bombingcampaignagainsttargets in the FRY wouldterminateuponthe complete withdrawalof forces ofthe FRY andSerbia. On 20 June 1999, KFOR, the Kosovo Force, announcedthatthewithdrawalof forces ofthe FRY and Serbia from the
dades que tiveram um papel
pela acusação à Radovan
Karadizic e à Ratko Mladic pelos atos criminosos cometidos na Bósnia Herzegovina na
Primeiramente, explica quem ambos eram essas figuras com cargos altos no
Radovan Karadizic na data em que foi apresentada a acusação (24/06/1995) ainda
era presidente da Bósnia, cargo que ocupava desde 13 de maio de 1992, tendo poderes para
the first president of the Bosnian Serb administration in Pale on or about 13 May 1992. At the time he assumed this position, his de jure powers, as described in the constitution of the Bosnian Serb
ding the army on the Bosnian Serb administration in times of war and peace and having the authority to
(ICTY, 1995)
Ratko Mladic ocupou o cargo de comandante do Exercito Popular Iugoslavo de
io de 1992, e assumiu o posto de general comandante de todo exército sérvio
bósnio em 14 de maio de 1992, cargo que ocupava até a data da acusação (24/06/1995).
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
8. RA TKO MLADIC was, in 1991, appointed commander of the Yugoslav People's Army (JNA) in Knin in the Republic of Croatia. Subsequently, in May 1992, he assumed command of the forces of the Second Military District of the JNA which then effectively became the Bosnian Serb army. general andfromabout 14 May 1992 tothepresent, army of
Sobre os campos de detenção/concentração mencionados anteriormente, Karadzic
e Mladic foram responsáveis pelo confinamento,
e todos os outros tratamentos desumanos e cruéis a que os detidos foram submetidos, da
seguinte forma:
19. RADOVAN KARADZIC and RA TKO MLADlC, between April 1992 and July 1995, in the territory of the Republicomissions, and in concert with others, committed a crime against humanity by persecuting Bosnian Muslim and Bosnian Croat civilians on national, political and religious grounds. As set forth below, they are criunlawful confinement, murder, rape, sexual assault, torture, beating, robbery and inhumane treatment of civilians; the targeting of political leaders, intellectuals and professionals; the unlawful deportation and transfer of civshelling of civilians; the unlawful appropriation and plunder of real and personal property; the destruction of homes and businesses; and the destruction of places of worship.
Essas duas autoridades estavam no comando das
que dispararam contra civis com o simples propósito de aterrorizar a população muçulmana e
croata da bósnia, sem nenhum viés militar. Veja os locais e datas em que esses ataques
ocorreram:
26. Beginning in July 1992 andconforces, underthedirectionandcontrolof RADOV AN KARADZIC and RA TKO MLADIC, unlawfullyfiredonciviliangatheringsthatwereof no militarysignificance in ordertokill, terroriseanddemoralisetheBosnianMuslimandBosniaTheseincidents include, but are notlimitedtothefollowing: Location Type ofCivilianGatheringSarajevo (picnic) Sarajevo (airport) Srebrenica(playground) SrebrenicaDobrinja (soccer game)Dobrinja (waterline) Sarajevo Sarajevo (residentialstreet)Ciglane Market (fruitmarket)AlipasinoPolje(childrenplaying) CetinjskaSt(childrenplaying)Sarajevo (Livanjska Street) SarajevoSarajevo (fleamarket) Tuzla (plaza) (ICTY, 1995)
Volume 10 – nº 2 - 2016
8. RA TKO MLADIC was, in 1991, appointed commander of the Yugoslav People's Army (JNA) in Knin in the Republic of Croatia. Subsequently, in May 1992, he assumed command of the forces of the Second Military District of the JNA which then effectively became the Bosnian Serb army. general andfromabout 14 May 1992 tothepresent, hás been the
of the Bosnian Serb administration. (ICTY, 1995)
Sobre os campos de detenção/concentração mencionados anteriormente, Karadzic
e Mladic foram responsáveis pelo confinamento, assassinato, estupro, agressão sexual, tortura
e todos os outros tratamentos desumanos e cruéis a que os detidos foram submetidos, da
19. RADOVAN KARADZIC and RA TKO MLADlC, between April 1992 and July 1995, in the territory of the Republic of Bosnia and Herzegovina, by their acts and omissions, and in concert with others, committed a crime against humanity by persecuting Bosnian Muslim and Bosnian Croat civilians on national, political and religious grounds. As set forth below, they are criminally responsible for the unlawful confinement, murder, rape, sexual assault, torture, beating, robbery and inhumane treatment of civilians; the targeting of political leaders, intellectuals and professionals; the unlawful deportation and transfer of civilians; the unlawful shelling of civilians; the unlawful appropriation and plunder of real and personal property; the destruction of homes and businesses; and the destruction of places of worship. (ICTY, 1995)
Essas duas autoridades estavam no comando das forças militares sérvias bósnias
que dispararam contra civis com o simples propósito de aterrorizar a população muçulmana e
croata da bósnia, sem nenhum viés militar. Veja os locais e datas em que esses ataques
26. Beginning in July 1992 andcontinuingthroughto July 1995, BosnianSerbmilitary forces, underthedirectionandcontrolof RADOV AN KARADZIC and RA TKO MLADIC, unlawfullyfiredonciviliangatheringsthatwereof no militarysignificance in ordertokill, terroriseanddemoralisetheBosnianMuslimandBosnianCroatcivilianpopulation. Theseincidents include, but are notlimitedtothefollowing: Location Type of Municilpality Date Casualties CivilianGathering Sarajevo (picnic) Sarajevo 03/07/92 10Sarajevo (airport) Sarajevo 11/02/93 4Srebrenica(playground) Srebrenica 12/4/93 15 Dobrinja (soccer game)Sarajevo 01/06/93 146 Dobrinja (waterline) Sarajevo 12/07/93 27Sarajevo Sarajevo 28/11/93 11 (residentialstreet) Ciglane Market Sarajevo 06/12/93 20(fruitmarket) AlipasinoPolje Sarajevo 22/01194 10 (childrenplaying) CetinjskaSt Sarajevo 26/10/94 7 (childrenplaying) Sarajevo (Livanjska Street) Sarajevo 08/11194 Sarajevo (fleamarket) Sarajevo 22/12/94 9 Tuzla (plaza) Tuzla 24/05/95 195. (ICTY, 1995)
8. RA TKO MLADIC was, in 1991, appointed commander of the 9th Corps of the Yugoslav People's Army (JNA) in Knin in the Republic of Croatia. Subsequently, in May 1992, he assumed command of the forces of the Second Military District of the JNA which then effectively became the Bosnian Serb army. He holdstherankof
the commander of the
Sobre os campos de detenção/concentração mencionados anteriormente, Karadzic
assassinato, estupro, agressão sexual, tortura
e todos os outros tratamentos desumanos e cruéis a que os detidos foram submetidos, da
19. RADOVAN KARADZIC and RA TKO MLADlC, between April 1992 and July of Bosnia and Herzegovina, by their acts and
omissions, and in concert with others, committed a crime against humanity by persecuting Bosnian Muslim and Bosnian Croat civilians on national, political and
minally responsible for the unlawful confinement, murder, rape, sexual assault, torture, beating, robbery and inhumane treatment of civilians; the targeting of political leaders, intellectuals and
ilians; the unlawful shelling of civilians; the unlawful appropriation and plunder of real and personal property; the destruction of homes and businesses; and the destruction of places of
forças militares sérvias bósnias
que dispararam contra civis com o simples propósito de aterrorizar a população muçulmana e
croata da bósnia, sem nenhum viés militar. Veja os locais e datas em que esses ataques
tinuingthroughto July 1995, BosnianSerbmilitary forces, underthedirectionandcontrolof RADOV AN KARADZIC and RA TKO MLADIC, unlawfullyfiredonciviliangatheringsthatwereof no militarysignificance in
nCroatcivilianpopulation.
Casualties
10 4
15
27
20
7
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Foi sob a direção e comando dos dois também que o exército praticou roubos e
saques de bens de propriedade de civis
descrito:
27. Shortly after armed hostilities broke out in the Republic of Bosnia and Herzegovina, Bosnian Serb forces quickly suppressed armed resistance in most villages and cities. During and after the coSerb military and police personnel, and other agents of the Bosnian Serb administration, under the direction and control of RADOV AN KARADZIC and RA TKO MLADIC, systematically and wantonly appropriated and looted personal property of Bosnian Muslim and Bosnian Croat civilians. appropriationofpropertywasextensiveandnotjustifiedbymilitarynecessity. It occurredfromApril 1992 toJanuary 1993 in themunicipalitiesofPrijedor, Vlasenica, andBosanskiSamac, a
A peça acusatória, como nas demais estudadas, também frisa que as autoridades
sabiam ou tinham razões para saber das ações e omissões de seus subordinados, e, como
superiores hierárquicos tinham o dever de prevenir tais atitudes,
32. RADOV AN KARADZIC and RA TKO MLADIC kneworhadreasontoknowthatsubordinates in detentioncause seriousthe intenttohadd onesuchactsorto
Além desses atos, ambos tiveram responsabilidade nos atos
exército que causaram danos ou destruí
como constou:
39. RADOVAN KARADZIC and RATKO MLADIC, individuallywith otherstheplanning, preparationhad reasonhadd onesfrom doing
Mladic e Karadzic tiveram responsabilidade nos danos causados ao bens e às
pessoas na Bósnia. Tanto violaram as propriedades quanto as pessoas. Ambos participaram da
política de terror na Bósnia dirigidas aos muçulmanos e croatas. Todavia, não só à essas
pessoas foram dirigidas suas agressões.
Também tiveram seus direitos violados agentes da força de paz da ONU que, sob
ordens de Karadizic e Miladic, foram usados como escudos humanos em enf
como relatado abaixo:
48. RADOVAN KARADZIC and RATKO MLADIC, individually and in concert with others planned, instigated, ordered or otherwise aided and abetted in the planning, preparation or execution of the taking of civilians, that is UN peacekeepers, as hostages and, additionally, using them as "human shields" and knew or had reason to know that subordinates were about to take and hold UN peacekeepers as hostages and about to use them as "human shields" or had done so
Volume 10 – nº 2 - 2016
Foi sob a direção e comando dos dois também que o exército praticou roubos e
saques de bens de propriedade de civis muçulmanos e croatas em várias cidades, conforme
27. Shortly after armed hostilities broke out in the Republic of Bosnia and Herzegovina, Bosnian Serb forces quickly suppressed armed resistance in most villages and cities. During and after the course of consolidating their gains, Bosnian Serb military and police personnel, and other agents of the Bosnian Serb administration, under the direction and control of RADOV AN KARADZIC and RA TKO MLADIC, systematically and wantonly appropriated and looted personal property of Bosnian Muslim and Bosnian Croat civilians. appropriationofpropertywasextensiveandnotjustifiedbymilitarynecessity. It occurredfromApril 1992 toJanuary 1993 in themunicipalitiesofPrijedor, Vlasenica, andBosanskiSamac, amongothers. (ICTY, 1995)
A peça acusatória, como nas demais estudadas, também frisa que as autoridades
sabiam ou tinham razões para saber das ações e omissões de seus subordinados, e, como
superiores hierárquicos tinham o dever de prevenir tais atitudes, o que foi assim tratado:
32. RADOV AN KARADZIC and RA TKO MLADIC kneworhadreasontoknowthatsubordinates in detention facilities cause serious physicalor mental harmto Bosnian Muslimsand Bosnian
intentto destroy them, in wholeor in part, as national, ethnicorone so and fail ed to take necessary and reason ablemea
suchactsorto punish the perpetrators there of. (ICTY, 1995)
Além desses atos, ambos tiveram responsabilidade nos atos
to que causaram danos ou destruíram locais sagrados para os muçulmanos e croatas,
39. RADOVAN KARADZIC and RATKO MLADIC, individuallyothers planned, instigated, or dered or other wiseaidedanda
theplanning, preparation or execution of the destruction of sacred sites orkreason tok now thats ubordinates were about to damageor destroy
ones o and failed to take necessary and reason ablemea suredoing soor to punish the perpetrators there of. (ICTY, 1995)
Mladic e Karadzic tiveram responsabilidade nos danos causados ao bens e às
pessoas na Bósnia. Tanto violaram as propriedades quanto as pessoas. Ambos participaram da
Bósnia dirigidas aos muçulmanos e croatas. Todavia, não só à essas
pessoas foram dirigidas suas agressões.
Também tiveram seus direitos violados agentes da força de paz da ONU que, sob
ordens de Karadizic e Miladic, foram usados como escudos humanos em enf
48. RADOVAN KARADZIC and RATKO MLADIC, individually and in concert with others planned, instigated, ordered or otherwise aided and abetted in the planning, preparation or execution of the taking of civilians, that is UN eacekeepers, as hostages and, additionally, using them as "human shields" and
knew or had reason to know that subordinates were about to take and hold UN peacekeepers as hostages and about to use them as "human shields" or had done so
Foi sob a direção e comando dos dois também que o exército praticou roubos e
muçulmanos e croatas em várias cidades, conforme
27. Shortly after armed hostilities broke out in the Republic of Bosnia and Herzegovina, Bosnian Serb forces quickly suppressed armed resistance in most
urse of consolidating their gains, Bosnian Serb military and police personnel, and other agents of the Bosnian Serb administration, under the direction and control of RADOV AN KARADZIC and RA TKO MLADIC, systematically and wantonly appropriated and looted the real and personal property of Bosnian Muslim and Bosnian Croat civilians. The appropriationofpropertywasextensiveandnotjustifiedbymilitarynecessity. It occurredfromApril 1992 toJanuary 1993 in themunicipalitiesofPrijedor, Vlasenica,
A peça acusatória, como nas demais estudadas, também frisa que as autoridades
sabiam ou tinham razões para saber das ações e omissões de seus subordinados, e, como
o que foi assim tratado:
32. RADOV AN KARADZIC and RA TKO MLADIC were aboutto killor Bosnian Croats with
holeor in part, as national, ethnicor religious groups or ablemea sures to prevent
Além desses atos, ambos tiveram responsabilidade nos atos praticados pelo
ram locais sagrados para os muçulmanos e croatas,
39. RADOVAN KARADZIC and RATKO MLADIC, individually and in concert wiseaidedanda betted in
sacred sites ork new or destroy these sites or
sure stop revent them (ICTY, 1995)
Mladic e Karadzic tiveram responsabilidade nos danos causados ao bens e às
pessoas na Bósnia. Tanto violaram as propriedades quanto as pessoas. Ambos participaram da
Bósnia dirigidas aos muçulmanos e croatas. Todavia, não só à essas
Também tiveram seus direitos violados agentes da força de paz da ONU que, sob
ordens de Karadizic e Miladic, foram usados como escudos humanos em enfrentamentos,
48. RADOVAN KARADZIC and RATKO MLADIC, individually and in concert with others planned, instigated, ordered or otherwise aided and abetted in the planning, preparation or execution of the taking of civilians, that is UN eacekeepers, as hostages and, additionally, using them as "human shields" and
knew or had reason to know that subordinates were about to take and hold UN peacekeepers as hostages and about to use them as "human shields" or had done so
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
and failed to take neor to punish the perpetrators thereof.
Além destas, Mladic e Karadzic também foram acusados de cometimento de
crimes quando do bombardeio à Sbrenica, estudado no tópico a seguir.
6.4.2 Acusações decorrentes do
A área de segurança da ONU em Srebrenica foi criada em 16 de abril de 1993
pelo Conselho de Segurança por meio da Resolução 819, que determinava que Srebrenica e
seu entorno devia ser mantida livre de qualquer conflito armado ou ataque. Estima
antes dos ataques nessa região, viviam cerca de 60.000 muçulmanos na área de segurança.
Contudo, contrariando a determinação do Conselho de Segurança da ONU, por
volta do dia 06 de julho de 1995, as forças armadas sérvias bombardearam Srebrenica e
atacaram a sede da ONU na cidade, conforme explicado na acusação:
4. On or about 6 July 1995, the Bosnian Serb army shelled Srebrenica and attacked United Nations observation posts that were mannethe safe area. continuedforces entered
A partir de 12 de
evacuação dos refugiados da cidades (ele estava presente nesse ato). O exército separou os
homens das mulheres e crianças para que fossem transportados em ônibus ou caminhões
diferentes.
A separação dos h
destacado:
11. Onorabout 12 July 1995, atthedirectionand in theMLADIC, approximately 50compound in Potocari. Shortlyprocess started tomen fromtook place in the1995)
Depois de retirá-los da cidade, o
vários locais próximos à ares de segurança. Com o objetivo de espalhar o
muitos corpos foram deixados nos campos.
Sobre esses e outros fatos,
atos e omissões criminosas que cometeram diretamente e através de seus subordinados,
igualmente constou nas demais ac
Volume 10 – nº 2 - 2016
and failed to take necessary and reasonable measures to prevent them from doing so or to punish the perpetrators thereof. (ICTY, 1995)
Além destas, Mladic e Karadzic também foram acusados de cometimento de
crimes quando do bombardeio à Sbrenica, estudado no tópico a seguir.
6.4.2 Acusações decorrentes do ataque a área de segurança de Srebrenica
A área de segurança da ONU em Srebrenica foi criada em 16 de abril de 1993
pelo Conselho de Segurança por meio da Resolução 819, que determinava que Srebrenica e
mantida livre de qualquer conflito armado ou ataque. Estima
antes dos ataques nessa região, viviam cerca de 60.000 muçulmanos na área de segurança.
Contudo, contrariando a determinação do Conselho de Segurança da ONU, por
e 1995, as forças armadas sérvias bombardearam Srebrenica e
atacaram a sede da ONU na cidade, conforme explicado na acusação:
4. On or about 6 July 1995, the Bosnian Serb army shelled Srebrenica and attacked United Nations observation posts that were manned by Dutch soldiers and located in the safe area. The attack on the Srebrenica safe área by the continued through 11 July 1995, when the first unit sof theat tackingforces entered Srebrenica. (ICTY, 1995)
A partir de 12 de julho de 1995, Ratko Mladic coordenou o processo de
evacuação dos refugiados da cidades (ele estava presente nesse ato). O exército separou os
homens das mulheres e crianças para que fossem transportados em ônibus ou caminhões
A separação dos homens e mulheres ocorreu com a presença de Mladic, como
11. Onorabout 12 July 1995, atthedirectionand in the presenceMLADIC, approximately 50-60 buses and trucks arrived nearcompound in Potocari. Shortly after the arrival of these vehicles, the
of Bosnian Muslim refugees started. As Muslim women, childrento board the buses and trucks, Bosnian Serb military personnel
from the women and children. This selection and separationplace in the presence of and at the direction of RATKO MLADIC.
los da cidade, os militares executaram mulheres e homens em
vários locais próximos à ares de segurança. Com o objetivo de espalhar o terror e o pânico,
muitos corpos foram deixados nos campos.
Sobre esses e outros fatos, Ratko Mladic e Radovan Karadzic responderam pelos
atos e omissões criminosas que cometeram diretamente e através de seus subordinados,
igualmente constou nas demais acusações:
cessary and reasonable measures to prevent them from doing so
Além destas, Mladic e Karadzic também foram acusados de cometimento de
A área de segurança da ONU em Srebrenica foi criada em 16 de abril de 1993
pelo Conselho de Segurança por meio da Resolução 819, que determinava que Srebrenica e
mantida livre de qualquer conflito armado ou ataque. Estima-se que
antes dos ataques nessa região, viviam cerca de 60.000 muçulmanos na área de segurança.
Contudo, contrariando a determinação do Conselho de Segurança da ONU, por
e 1995, as forças armadas sérvias bombardearam Srebrenica e
4. On or about 6 July 1995, the Bosnian Serb army shelled Srebrenica and attacked d by Dutch soldiers and located in
Bosnian Serbar my tacking Bosnian Serb
julho de 1995, Ratko Mladic coordenou o processo de
evacuação dos refugiados da cidades (ele estava presente nesse ato). O exército separou os
homens das mulheres e crianças para que fossem transportados em ônibus ou caminhões
omens e mulheres ocorreu com a presença de Mladic, como
presence of RATKO near the UN military
vehicles, the evacuation women, children and men
personnel separated the separation of Muslim men
of RATKO MLADIC. (ICTY,
militares executaram mulheres e homens em
terror e o pânico,
zic responderam pelos
atos e omissões criminosas que cometeram diretamente e através de seus subordinados,
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
45. RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC are also, or alternatively, criminally responsible as commanders for the acts of their subordinates pursuant to Article 7(3) of the Tribunal Statute. Command criminal responsibility is the responsibility of a reason to know that his subordinate was about to commit such acts or had done so and the superior failed to take the necessary and reasonable measures to prevent such acts or to punish the
Especialmente em julho de 1995, milhares de homens e mulheres muçulmano
foram sumariamente executado
alguns locais em que essas acusações sumárias ocorreram,
47. Between about 12 July 1995 and 13 July 1995, Bosnian Serb military personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, arrived in Potocari where thousands of Muslim men, women and children had somilitary personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, summarily executed many Bosnian Muslim refugees who remained in Potocari. 48. Between about 13 July 19under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, summarily executed many Bosnian Muslim men who fled to the woods and were later captured or surrendered. 49. Thousands of Bosnian Musor had been captured, were transported from various assembly locations in and around Srebrenica to a main assembly point at a school complex near Karakaj.50. On or about 14 July 1995, Bosnian Serb military and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, transported thousands of Muslim men from this school complex to two locations a short distance away. At theselocations, BosnianMLADICmass graves
Por terem participado diretamente e no comando ou planejamento da ação
criminosa de ataque à área de segurança da ONU e posterior execução de muçulmanos é que
Ratko Miladic e Radovan Karadzic foram acusados de genocídio, crime contra a humanidade
e violações às leis e aos costumes de guerra.
6.4.3 Sentença de Radovan Karadzic prolatada
Antes de concluir o trabalho, merece destaque a prolação da sentença
condenatória à Radovan Karadzic publicada em 24 de março de 2016.
Ele foi condenado à 40 anos de prisão pelo cometimento dos crimes de genocídio;
perseguição (um crime contra a humanidade); extermínio (crime contra a humanidade);
assassinato (crime contra a humanidade); assassinato (uma violação das leis ou costumes de
guerra); deportação (um crime contra a humanidade); atos desumanos de transferência forçada
(um crime contra a humanidade); terror (uma violação das leis ou costumes de guerra);
Volume 10 – nº 2 - 2016
45. RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC are also, or alternatively, criminally responsible as commanders for the acts of their subordinates pursuant to Article 7(3) of the Tribunal Statute. Command criminal responsibility is the responsibility of a superior officer for the acts of his subordinate if he knew or had reason to know that his subordinate was about to commit such acts or had done so and the superior failed to take the necessary and reasonable measures to prevent such acts or to punish the perpetrators there of. (ICTY, 1995)
Especialmente em julho de 1995, milhares de homens e mulheres muçulmano
foram sumariamente executados pelo exercito comandado por essas duas autoridades. Destaca
alguns locais em que essas acusações sumárias ocorreram, conforme consta na acusação:
47. Between about 12 July 1995 and 13 July 1995, Bosnian Serb military personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, arrived in Potocari where thousands of Muslim men, women and children had sought refuge in and around the UN military compound. Bosnian Serb military personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, summarily executed many Bosnian Muslim refugees who remained in Potocari. 48. Between about 13 July 1995 and 22 July 1995, Bosnian Serb military personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, summarily executed many Bosnian Muslim men who fled to the woods and were later captured or surrendered. 49. Thousands of Bosnian Muslim men, who fled Srebrenica and who surrendered or had been captured, were transported from various assembly locations in and around Srebrenica to a main assembly point at a school complex near Karakaj.50. On or about 14 July 1995, Bosnian Serb military personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, transported thousands of Muslim men from this school complex to two locations a short distance
At theselocations, Bosnian Serbsoldiers, with the knowMLADIC, summarily executed these Bosnian Muslim detaineesmass graves. (ICTY, 1995)
Por terem participado diretamente e no comando ou planejamento da ação
criminosa de ataque à área de segurança da ONU e posterior execução de muçulmanos é que
Ratko Miladic e Radovan Karadzic foram acusados de genocídio, crime contra a humanidade
e violações às leis e aos costumes de guerra.
Sentença de Radovan Karadzic prolatada
Antes de concluir o trabalho, merece destaque a prolação da sentença
atória à Radovan Karadzic publicada em 24 de março de 2016.
Ele foi condenado à 40 anos de prisão pelo cometimento dos crimes de genocídio;
perseguição (um crime contra a humanidade); extermínio (crime contra a humanidade);
humanidade); assassinato (uma violação das leis ou costumes de
guerra); deportação (um crime contra a humanidade); atos desumanos de transferência forçada
(um crime contra a humanidade); terror (uma violação das leis ou costumes de guerra);
45. RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC are also, or alternatively, criminally responsible as commanders for the acts of their subordinates pursuant to Article 7(3) of the Tribunal Statute. Command criminal responsibility is the
superior officer for the acts of his subordinate if he knew or had reason to know that his subordinate was about to commit such acts or had done so and the superior failed to take the necessary and reasonable measures to prevent
Especialmente em julho de 1995, milhares de homens e mulheres muçulmanos
s pelo exercito comandado por essas duas autoridades. Destaca
conforme consta na acusação:
47. Between about 12 July 1995 and 13 July 1995, Bosnian Serb military personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, arrived in Potocari where thousands of Muslim men, women and
ught refuge in and around the UN military compound. Bosnian Serb military personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, summarily executed many Bosnian Muslim refugees who
95 and 22 July 1995, Bosnian Serb military personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, summarily executed many Bosnian Muslim men who fled to the
lim men, who fled Srebrenica and who surrendered or had been captured, were transported from various assembly locations in and around Srebrenica to a main assembly point at a school complex near Karakaj.
personnel, under the command and control of RATKO MLADIC and RADOVAN KARADZIC, transported thousands of Muslim men from this school complex to two locations a short distance
know ledge of RATKO detainees and buried them in
Por terem participado diretamente e no comando ou planejamento da ação
criminosa de ataque à área de segurança da ONU e posterior execução de muçulmanos é que
Ratko Miladic e Radovan Karadzic foram acusados de genocídio, crime contra a humanidade
Antes de concluir o trabalho, merece destaque a prolação da sentença
Ele foi condenado à 40 anos de prisão pelo cometimento dos crimes de genocídio;
perseguição (um crime contra a humanidade); extermínio (crime contra a humanidade);
humanidade); assassinato (uma violação das leis ou costumes de
guerra); deportação (um crime contra a humanidade); atos desumanos de transferência forçada
(um crime contra a humanidade); terror (uma violação das leis ou costumes de guerra);
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
ataques ilegais contra civis (uma violação das leis ou costumes de guerra); e tomada de reféns
(uma violação das leis ou costumes de guerra).
Karadzic foi inocentado de apenas uma acusação, que era sobre cometimento do
crime de genocídio. Destaca o conteúdo de trecho do
NOT GUILTY of COUNT 1: genocide. GUILTY ofthefollowingcounts: - COUNT 2: genocide; - COUNT 3: persecution, a crime against humanity; - COUNT 4: extermination, a crime against humanity; - COUNT 5: murder, a crime against humanity; - COUNT 6: murder, a violation of the laws or customs of war; - COUNT 7: deportation, a crime against humanity; - COUNT 8: inhumane actsterror, a violati- COUNT 10: unlawfulatwar; and- COUNT 11: hostage2016, p. 2537)
Como já se encontrava preso desde 21
descontar o tempo passado na prisão de sua pena como constou na referida sentença:
6072. The Chamber hereby sentences the Accused, Radovan Karadžisentence of 40 years of imprisonment. The Accused has been inJuly 2008; and, pursuant to Rule 101(C) of the Rules, he is entitled to credit for time spent in detention thus far.
Quanto a Ratko Mladic, tem
portanto ainda não há sentença a
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo tratou de um julgamento histórico realizado pelo Tribunal Penal
Internacional. Foi a primeira vez que um ex
Internacional, e, mesmo com a morte
de exemplo para outros líderes, que desde o início do julgamento, tem consciência de que não
são imunes à legislação internacional.
Como consequência
também para prevenir o cometimento dos crimes aqui tratados, especialmente do genocídio,
comandados pelos órgãos do Estado, considerando que o Tribunal Internacional pode não
permanecer inerte perante esses fatos, como ocorreu na E
Além disso, o julgamento serve como uma expressão de respeito e comoção da
comunidade internacional para as etnias vítimas dos crimes de genocídio, de crimes contra a
humanidade e de todas as atrocidades
Volume 10 – nº 2 - 2016
s contra civis (uma violação das leis ou costumes de guerra); e tomada de reféns
(uma violação das leis ou costumes de guerra).
Karadzic foi inocentado de apenas uma acusação, que era sobre cometimento do
crime de genocídio. Destaca o conteúdo de trecho do dispositivo da sentença:
NOT GUILTY of COUNT 1: genocide. GUILTY ofthefollowingcounts:
COUNT 2: genocide; COUNT 3: persecution, a crime against humanity; COUNT 4: extermination, a crime against humanity; COUNT 5: murder, a crime against humanity; COUNT 6: murder, a violation of the laws or customs of war; COUNT 7: deportation, a crime against humanity; COUNT 8: inhumane acts–forcible transfer, a crime against humanity; COUNT 9:
terror, a violation of the laws or customs of war; COUNT 10: unlawfulat tacks on civilians, a violation of the
war; and COUNT 11: hostage-taking, a violation of the laws or customs
2016, p. 2537)
Como já se encontrava preso desde 21 de julho de 2008, Karadzic poderá
descontar o tempo passado na prisão de sua pena como constou na referida sentença:
6072. The Chamber hereby sentences the Accused, Radovan Karadžisentence of 40 years of imprisonment. The Accused has been inJuly 2008; and, pursuant to Rule 101(C) of the Rules, he is entitled to credit for time spent in detention thus far. (ICTY, 2016, p. 2537)
Quanto a Ratko Mladic, tem-se que o seu processo ainda não foi concluído,
ntença a ele dirigida até o momento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
tratou de um julgamento histórico realizado pelo Tribunal Penal
rimeira vez que um ex-chefe de Estado foi julgado p
, e, mesmo com a morte de Milosevic antes de concluído seu julgamento, serve
de exemplo para outros líderes, que desde o início do julgamento, tem consciência de que não
são imunes à legislação internacional.
Como consequência do narrado no parágrafo antecedente, o julgamento s
para prevenir o cometimento dos crimes aqui tratados, especialmente do genocídio,
comandados pelos órgãos do Estado, considerando que o Tribunal Internacional pode não
e esses fatos, como ocorreu na Ex-Iugoslávia.
Além disso, o julgamento serve como uma expressão de respeito e comoção da
comunidade internacional para as etnias vítimas dos crimes de genocídio, de crimes contra a
humanidade e de todas as atrocidades relatadas neste trabalho.
s contra civis (uma violação das leis ou costumes de guerra); e tomada de reféns
Karadzic foi inocentado de apenas uma acusação, que era sobre cometimento do
forcible transfer, a crime against humanity; COUNT 9:
laws or customs of
customs of war. (ICTY,
de julho de 2008, Karadzic poderá
descontar o tempo passado na prisão de sua pena como constou na referida sentença:
6072. The Chamber hereby sentences the Accused, Radovan Karadžić, to a single sentence of 40 years of imprisonment. The Accused has been in custody since 21 July 2008; and, pursuant to Rule 101(C) of the Rules, he is entitled to credit for time
se que o seu processo ainda não foi concluído,
tratou de um julgamento histórico realizado pelo Tribunal Penal
chefe de Estado foi julgado por Tribunal
de Milosevic antes de concluído seu julgamento, serve
de exemplo para outros líderes, que desde o início do julgamento, tem consciência de que não
do narrado no parágrafo antecedente, o julgamento serve
para prevenir o cometimento dos crimes aqui tratados, especialmente do genocídio,
comandados pelos órgãos do Estado, considerando que o Tribunal Internacional pode não
Além disso, o julgamento serve como uma expressão de respeito e comoção da
comunidade internacional para as etnias vítimas dos crimes de genocídio, de crimes contra a
Revista Virtual Direito Brasil – Volume 10
Contudo, o processo excess
adequadamente todos que praticaram as barbaridades aqui narradas, sendo certo que os nomes
julgados pelo Tribunal são aqueles que tiveram maior participação e influência na pratica dos
atos criminosos.
Portanto, conclui-se que
Ex-Iugosláva é a preservação da
suas vítimas, tendo em vista que processo
depoimentos, sendo possível, a partir daí, narr
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Volume 10 – nº 2 - 2016
o processo excessivamente complexo e demorado não é capaz de punir
adequadamente todos que praticaram as barbaridades aqui narradas, sendo certo que os nomes
julgados pelo Tribunal são aqueles que tiveram maior participação e influência na pratica dos
se que o maior benefício do Tribunal Penal Internac
a preservação da memória de todo conflito, da história dos agressores e de
, tendo em vista que processo reuniu um número gigantesco
entos, sendo possível, a partir daí, narrar com maior exatidão o que ocorreu na região.
; NASCIMENTO E SILVA, G. E.; CASELLA, P. B. Manual de direito ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
Curso de direito internacional público. 4 ed. São Paulo: Atlas,
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A era dos direitos. Traduzido por Carlos Nelson Coutinho.
Tragédia na Iugoslávia: Guerra e nacionalismo no Leste europeu.
Imperialismo e guerra na Iugoslávia: radiografia do conflito nos bálcãs.
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Guerra civil. Traduzido por Marcos Branco Lacerda e Sergio anhia das Letras, 1995.
Teoria pura do direito. Traduzido por João Baptista Machado.
Teoria geral do direito e do estado. Traduzido por João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Curso de direito internacional público. 5 ed. São Paulo: Revista dos
ireitos humanos & cidadania: à luz do direito internacional. Campinas: Minelli,
ivamente complexo e demorado não é capaz de punir
adequadamente todos que praticaram as barbaridades aqui narradas, sendo certo que os nomes
julgados pelo Tribunal são aqueles que tiveram maior participação e influência na pratica dos
Penal Internacional para a
memória de todo conflito, da história dos agressores e de
reuniu um número gigantesco de provas e
ar com maior exatidão o que ocorreu na região.
Manual de direito
4 ed. São Paulo: Atlas,
sua evolução, seu futuro de Manole, 2004.
Traduzido por Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro:
Guerra e nacionalismo no Leste europeu. 5 ed. São
radiografia do conflito nos bálcãs.
ed. São Paulo:
Traduzido por Marcos Branco Lacerda e Sergio
Traduzido por João Baptista Machado. 5 ed. São
Traduzido por João Baptista Machado. 3 ed.
5 ed. São Paulo: Revista dos
Campinas: Minelli,
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