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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALICENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPSCAMPUS ITAJAÍCURSO DE DIREITONÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJSETOR DE MONOGRAFIAS
O TRABALHO NOTURNO DO ATLETA DE FUTEBOL MENOR DE 18 ANOS
SIMONE PEREZ ALBINO
ITAJAÍ (SC), 08 de Novembro de 2010
DECLARAÇÃO
DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PÚBLICA EXAMINADORA
ITAJAÍ, ____ DE ____________ DE 2010.
________________________________Professor Orientador MSc. Wanderley Godoy Junior
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALICENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPSCAMPUS ITAJAÍCURSO DE DIREITONÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJSETOR DE MONOGRAFIAS
O TRABALHO NOTURNO DO ATLETA DE FUTEBOL MENOR DE 18 ANOS
SIMONE PEREZ ALBINO
Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel
em Direito.
Orientador: Professor MSc. Wanderley Godoy Junior
ITAJAÍ (SC), 08 de Novembro de 2010
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, por ter sido amigo
e fiel em todas as horas;
Ao meu pai Luiz e minha mãe Nair, pelo incentivo
nesta trajetória de minha vida;
Ao meu filho João Luiz, pela paciência e
entendimento nesses cinco anos que o deixei todas
as noites com os avós;
Aos meus irmãos Samara e Rafael, por sempre
estarem prontos a me ajudar nos momentos bons e
ruins;
Ao meu orientador prof. Wanderley Godoy Júnior,
que me acolheu com paciência e dedicação;
E aos valiosos amigos que encontrei na
universidade;
Obrigada!
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Luiz e Nair, os verdadeiros
responsáveis e patrocinadores pela realização e
conclusão deste sonho.
Vocês são o melhor presente que Deus me deu.
Ao meu filho João Luiz, pela sua amizade,
companheirismo, pelo seu carinho e por estar
sempre presente.
Filho, sem você minha vida seria sem graça.
Te amo!
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do
Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de
toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
ITAJAÍ (SC) 08, NOVEMBRO DE 2010
Simone Perez AlbinoGraduanda
PÁGINA DE APROVAÇÃO
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do
Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Simone Perez Albino, sob o título O
Trabalho Noturno Do Atleta De Futebol Menor De 18 Anos, foi submetida em 24 de
novembro de 2010, à banca examinadora composta pelos seguintes professores:
Professor MSc. José Silvio Wolf (Examinador) e aprovada com a nota ( ).
ITAJAÍ (SC) 08, NOVEMBRO DE 2010
Professor MSc. Wanderley Godoy JuniorOrientador e Presidente da Banca
Professor Antônio Augusto LapaCoordenação da Monografia
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ART.. Artigo.
CLT. Consolidação das Leis do Trabalho.
CND. Conselho Nacional de Desportos.
CRFB. Constituição da República Federativa do Brasil.
ECA. Estatuto da Criança e do Adolescente.
INDESP. Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto.
LGSD. Lei Geral Sobre Desporto.
OIT. Organização Internacional do Trabalho.
SENAC. Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.
SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
ROL DE CATEGORIAS
Atleta Amador
É o praticante de qualquer modalidade desportiva, inclusive futebol de campo, sem
receber nenhuma forma de remuneração ou de incentivos materiais. São amadores
os atletas que participam das competições no âmbito dos desportos educacional e
de participação, bem como os milhões de jogadores de todas as idades que
participam de competições regulares ou eventuais promovidas pelos sistemas
desportivos estaduais, distritais ou municipais1.
Atleta Não-Profissional
É o que pratica qualquer modalidade desportiva, inclusive futebol de campo,
mantendo ou não contrato de recebimento de incentivos materiais e/ou de
patrocínio, desde que não haja contrato de trabalho entre as partes (conforme art.
3º, parágrafo único, II, da LGSD)2.
Atleta Profissional
É o atleta praticante de qualquer modalidade desportiva, cuja atividade é
caracterizada por remuneração pactuada em contrato de trabalho desportivo, cujo
modelo a própria LGSD instituiu. Este contrato, firmado entre jogador e a entidade
de prática desportiva, devidamente registrado na entidade nacional dirigente da
modalidade gera o vínculo desportivo3.
Jornada de Trabalho
A expressão jornada de trabalho tem sentido mais restrito que o anterior,
compreendendo o tempo em que o empregado tem de se colocar em disponibilidade
perante seu empregador, em decorrência do contrato4.
1 KRIEGER, Revista 1 IBDD p. 412 KRIEGER, Revista 1 IBDD p. 413 KRIEGER, Revista 3 IBDD p. 1624 DELGADO, Mauricio Godinho. Jornada de Trabalho e Descansos Trabalhistas. 2 ed. ver. reelaborada e atual. até Lei 9.601/98. São Paulo: LTr, 1998. p. 23.
8
Direito Desportivo
É a parte ou ramo do Direito Positivo que regula as relações desportivas, assim
entendidas aquelas formadas pelas regras e normas internacionais e nacionais
estabelecidas para cada modalidade, bem como as disposições relativas ao
regulamento e à disciplina das competições5.
Empregado
Preferimos, assim, definir empregado como a pessoa física que presta serviços de
natureza contínua a empregador, sob subordinação deste e mediante pagamento de
salário6.
Empregador
É o ente destituído de personalidade jurídica. Não é requisito para ser empregador
ter personalidade jurídica. Tanto é empregador a sociedade de fato, a sociedade
irregular que ainda não tem seus atos constitutivos registrados na repartição
competente, como a sociedade regularmente inscrita na Junta Comercial ou no
Cartório de Registro de Títulos e Documentos. Será também considerado como
empregador o condomínio de apartamentos, que não tem personalidade jurídica,
mas emprega trabalhadores sob o regime da CLT (Lei nº 2.757/56)7.
5 KRIEGER, Marcílio. IBDD 1, p.406 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. P.145.
7 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 145
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................... XI
INTRODUÇÃO ..................................................................................12
Capítulo 1 ..........................................................................................15
1. HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO E DO ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL..............................................................15
1.1 CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO.....................................................15
1.1.1 AS TEORIAS DO DIREITO DO TRABALHO............................................................ 17
1.1.2 CONCEITO DE EMPREGADO E EMPREGADOR..................................................... 18
1.1.3 CONCEITO DE RELAÇÃO DE EMPREGO E RELAÇÃO DE TRABALHO....................... 20
1.1.4 DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO ................................................................. 21
1.2 A HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO..............................23
1.3 O SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL ......................27
1.4 CONCEITO DE ATLETA PROFSSIONAL, NÃO-PROFISSIONAL E AMADOR..............................................................................................................................30
1.5 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO DO ATLETA PROFISSONALDE FUTEBOL NO BRASIL...................................................................................34
Capítulo 2 ..........................................................................................37
2. A JORNADA DE TRABALHO.......................................................37
x
2.1 CONCEITO DE JORNADA DE TRABALHO..................................................37
2.2 FUNDAMENTOS DA JORNADA DE TRABALHO.........................................39
2.3 CONSTITUCIONALIDADE DA JORNADA DE TRABALHO .........................40
2.4 CLASSIFICAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO .......................................43
2.5 A JORNADA DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL45
2.5.1 INTERVALOS .................................................................................................. 48
2.5.2 CONCENTRAÇÃO E HORAS EXTRAS.................................................................. 51
2.5.3 FÉRIAS.......................................................................................................... 52
2.5.4 REPOUSO SEMANAL REMUNERADO.................................................................. 54
2.5.5 PRORROGAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO POR IMPOSIÇÃO DO EMPREGADOR.. 55
Capítulo 3 ..........................................................................................58
3. O TRABALHO NOTURNO DO ATLETA DE FUTEBOL MENOR DE 18 ANOS...........................................................................................58
3.1 O TRABALHO DO MENOR DE 18 ANOS......................................................58
3.2 O ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL E O TRABALHO NOTURNO....68
3.3 O ATLETA DE FUTEBOL MENOR DE 18 ANOS EM HORÁRIO NOTURNO73
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................77
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS...........................................80
RESUMO
A presente monografia tem como objetivo fazer um estudo sobre o trabalho noturno do atleta menor de 18 anos, analisando seus pressupostos e fatos históricos. O trabalho se inicia com a história do direito do trabalho e do atleta de futebol profissional, onde se verifica que a partir da década de 20 do século passado, as Constituições dos países passaram a tratar do direito do trabalho e, portanto, a constitucionalizar os direitos trabalhistas. A partir daí, examina-se a jornada de trabalho do empregado, questionando os fundamentos, a constitucionalidade, a classificação e completando com a jornada de trabalho do atleta profissional de futebol, que tem como destaque a discussão sobre a revogação da lei Pelé, acerca da duração diária da jornada de trabalho do atleta profissional de futebol. E por fim, aprofunda-se no tema principal, ou seja, o Trabalho Noturno do Atleta de Futebol Menor de 18 anos, trazendo algumas particularidades que são aplicadas somente a este tipo de emprego, objetivando preservar os direitos do atleta menor de 18 anos, principalmente no que diz respeito ao trabalho no período noturno.
INTRODUÇÃO
Dentro dos esportes que integram o rol do desporto, o futebol
até hoje é o que se tornou mais popular e praticado por muitos em todo o mundo. No
Brasil, este esporte se expandiu muito, ao ponto de sermos conhecidos como o país
do futebol. E sendo assim, tornou-se imprescindível a criação de uma legislação
específica que abordasse de forma elucidativa o tema Desporto e mais
especificamente o futebol.
O futebol atingiu proporções gigantescas, pois muitos garotos
buscam todos os dias essa prática desportiva, pois veem nela um meio de ganhar a
vida e chegar ao sucesso. Com essa procura, tornou-se indubitável o fato de que o
futebol deveria ser profissionalizado, pois, havia uma estreita ligação deste ramo do
Direito Desportivo com o Direito do Trabalho, devido ao vínculo trabalhista existente
entre atleta de futebol e o seu respectivo clube.
Assim, a presente Monografia tem como objeto de estudo,
demonstrar “O Trabalho Noturno do Atleta de Futebol Menor de 18 anos” e, como
objetivos: institucional, produzir uma monografia para obtenção do grau de bacharel
em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI; geral, pesquisar, à luz da
doutrina pátria os aspectos que fundamentam o Trabalho Noturno do Atleta de
Futebol Menor de 18 Anos; específico, demonstrar um tema que tem suscitado
muitos questionamentos e controvérsias, tomando um corpo maior em sua
discussão atual, uma vez que é de grande importância a proibição do trabalho do
menor, neste caso específico, o trabalho noturno do atleta menor de 18 anos.
A pesquisa foi desenvolvida tendo como base as seguintes
hipóteses:
a) existem diferenças entre atleta profissional, atleta não-
profissional e atleta amador;
b) a jornada de trabalho do atleta profissional de futebol
apresenta particularidades diferentes em relação a jornada de
trabalho do trabalhador comum;
13
c) o trabalho noturno do atleta menor de 18 anos necessita de
um amparo legal mais específico, pois é um assunto que gera
muitas polêmicas.
Para tanto, inicia-se o primeiro capítulo tratando da História do
Direito do Trabalho no Brasil e no Mundo, conceitos de Atleta Profissional, Não
Profissional e Amador, finalizando com a Evolução Histórica da Legislação
Desportiva no Brasil.
No segundo capítulo, aborda-se a síntese dos aspectos gerais
e específicos da Jornada de Trabalho em geral e da Jornada de Trabalho do Atleta
de Futebol Profissional.
No terceiro e último capítulo, fala-se do assunto propriamente
dito, O Trabalho Noturno do Atleta de Futebol Menor de 18 Anos, abordando pontos
de maior relevância e polêmica.
A presente Pesquisa se encerra com as Considerações Finais,
nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da
estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre o trabalho Noturno do
Atleta de Futebol Menor de 18 Anos.
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de
Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados o
Método Cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia
é composto na base lógica Indutiva.
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas,
do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica.
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação8 foi
utilizado o Método Indutivo9, na Fase de Tratamento de Dados o Método
8 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente
estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed. Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008. p. 83.
9 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática.p. 86.
14
Cartesiano10, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é
composto na base lógica Indutiva.
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas
do Referente11, da Categoria12, do Conceito Operacional13 e da Pesquisa
Bibliográfica14.
10 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE,
Eduardo de oliveira. A monografia jurídica. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-26.
11 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 54.
12 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 25.
13 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 37.
14 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 209.
Capítulo 1
1. HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO E DO ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL
É de suma importância que se verifique a história do direito do
trabalho bem como a evolução da legislação do atleta profissional de futebol, pois
sendo este, motivo de tamanha adoração, ainda é área pouco explorada e de
relevante crescimento mundial.
1.1 CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO
Para relatar sobre o Direito do Trabalho, é necessário lembrar
sua origem, e seu desenvolvimento no decorrer do tempo, bem como a evolução
histórica da legislação do atleta profissional de futebol, para assim compreendermos
melhor os problemas atuais. Tal análise será de suma importância teórica para o
pleno desenvolvimento deste trabalho.
REALE apud NASCIMENTO15 traz a seguinte definição para o
direito:
O direito não é um fenômeno estático. É dinâmico. Desenvolve-se no movimento de um processo que obedece a uma forma especial de dialética na qual se implicam, sem que se fundam, os pólos de que se compõe. Esses pólos mantêm-se irredutíveis. Conservam-se em suas normais dimensões, mas correlacionam-se. De um lado, os fatos que ocorrem na vida social, portanto a dimensão fática do direito. De outro, os valores que presidem a evolução das idéias, portanto a dimensão axiológica do direito.
Conceitua Direito do Trabalho MORAES FILHO16:
15 REALE, apud ,NASCIMENTO. Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria
geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 3.
16 MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao direito do trabalho. 9°. ed. São Paulo: Ltr, 2003. p. 34.
16
Em nenhum outro ramo do direito se manifeste tão ao vivo, cruentemente ao vivo, a luta entre os dois ideais valorativos do ordenamento jurídico: a segurança e justiça, O primeiro se inclina pela manutenção do status quo, o segundo força a mudança estrutural e qualitativa da sociedade, empurrando-a para novas formas de organização. Por isso, mesmo, em nenhum outro campo jurídico se encontra tão dramática e intensa esta sede de justiça distributiva como no direito do trabalho.
O Direito do Trabalho origina-se da revolução industrial, na
Europa, onde com os inventos e ascensão científica, houve uma grande mudança
na vida econômica, religiosa, cultural e social.
CASSAR17 transcreve sobre o direto do trabalho:
O direito do trabalho nasce como reação ao cenário que se apresentou com a Revolução Industrial, com a crescente e incontrolável exploração desumana do trabalho. É produto da reação da classe trabalhadora ocorrida no século XIX contra a utilização sem limites do trabalho humano. O direito comum (civil), com suas regras privadas de mercado, não mais atendia aos anseios da classe trabalhadora, oprimida e explorada diante da explosão do mercado de trabalho ocorrido em virtude da descoberta da máquina a vapor, do tear, da luz e da conseqüente revolução industrial. Em face da mecanização do trabalho já não mais se exigia o aprendizado de um ofício ou profissão. Qualquer “operário” estaria apto para o trabalho e sua mão-de-obra mais barata, seu poder de barganha, em face dos numerosos trabalhadores em busca de colocação no mercado, era ínfimo.
NASCIMENTO18 esclarece ainda sobre o direito:
Tem-se como pacífico que o direito não pertence à natureza física, não é produzido por uma lei química ou biológica, muito menos por uma lei mecânica própria do mundo não cultural e dentro de uma infalível inelutabilidade. É inteiramente correta a conclusão segundo a qual o direito, ao contrário, apresenta-se-nos pleno de sentido, de significação, como expressão de uma estrutura de fins e de meios congruentes, como intencionalidade. Nada há na natureza física que se nos pareça como um elemento jurídico. Ao contrário, existe o direito porque o homem procura ordenar sua coexistência com outros homens, pautando-a por meio de determinadas normas por ele dispostas no sentido de evitar um conflito de interesses e realizar um ideal de justiça.
17 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 3°ed. Niterói: Impetus, 2009. p. 10.18 NASCIMENTO, Amauri Mascarro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 19°.ed. São Paulo:Saraiva, 2004. p. 4-5.
17
Leciona GIRARDI19 sobre o fato que desencadeia o direito:
ex fácto jus óritur, ou seja, o direito brota do fato. São os fatos, que ocorrem na realidade da vida, as fontes que originam os direitos, como faculdades, poderes, potencialidades do ser humano. Ter direito é ter um poder, uma faculdade, dentro de um contexto social em que vigoram regras. Estas é que dão suporte aos direitos.
A revolução industrial foi um dos principais fatores
desencadeantes do direito do trabalho, nesta época o trabalhador passa a ser
protegido jurídica e economicamente, assegurando assim direitos jurídicos ao
empregado em razão da sua inferioridade econômica
1.1.1 As teorias do direito do trabalho
As teorias subjetivistas e objetivistas são usadas para definir o
Direito do Trabalho.
NASCIMENTO20 ensina sobre a teoria subjetivista:
Subjetivistas são as definições que partem dos tipos de trabalhadores a que se aplica o direito do trabalho. Para alguns, essas pessoas são todos os trabalhadores, posição que é muito ampla. Para outros, nem todos os trabalhadores são abrangidos pelo direito do trabalho, mas apenas os trabalhadores denominados empregados.
O mesmo autor conceitua a teoria objetivista:
Objetivistas são as definições que partem não das pessoas sobre as quais o direito do trabalho se aplica, mas da matéria de que se ocupa. Aqui também há divergências porque, para alguns, o direito do trabalho disciplina todas as relações de trabalho, enquanto, para outros, recai apenas sobre o trabalho subordinado e não sobre o trabalho autônomo.
MARTINS21 alude sobre a teoria subjetivista:
19 GIRARDI, Leopoldo Justino. O trabalho no direito. Brasil:Coli, 2005. p. 21.20 NASCIMENTO. Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 27 ed. rev. e atual. São Paulo:
LTr, 2001. p. 56.21 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. Sao Paulo: Atlas, 2001.
p. 45.
18
Não se pode conceber, porém, que qualquer trabalhador será amparado pelo Direito do Trabalho, como ocorre com o funcionário público e o trabalhador autônomo, que são espécies do gênero trabalhadores, não sendo assistidos por nossa matéria. O direito do trabalho vai estudar espécie de empregado, que é o trabalhador subordinado ao empregador, que não tem autonomia em seu mister.
RUSSOMANO22 descreve sobre a teoria subjetivista: “(...) os
subjetivistas definem o Direito do Trabalho em função dos sujeitos, isto é, das
pessoas que participam da relação de emprego”.
Conforme MARTINS23:
O direito do trabalho tem por finalidade melhorar as condições sociais e de trabalho, assegurando que o trabalhador possa por meio de seu salário ter uma vida digna e que possa desempenhar seu papel na sociedade.
Assim, é claro que o Direito do Trabalho é de grande
importância na vida do ser humano, pois este lhe traz segurança e lhe proporciona
condições de poder viver com tranquilidade em sociedade.
1.1.2 Conceito de empregado e empregador
Para entender melhor o Direito do Trabalho, é importante
distinguir o que é relação de emprego e relação de trabalho, mas antes é necessário
entender o significado de empregado e empregador.
Conceitua DE PLÁCIDO E SILVA24 sobre empregado :
Derivado do latim implicare (unir, juntar, ligar), é o vocábulo utilizado, na terminologia jurídica, para indicar a pessoa física que, unida ou ligada a outra, por se encontrar sob sua direção, presta serviços a esta, em regra, mediante uma remuneração. Embora se possa admitir empregado, em acepção genérica, como a pessoa que se ocupa em fazer alguma coisa para outrem, mesmo gratuitamente, no conceito rigorosamente jurídico, o sentido de empregado é o de quem está no exercício de uma ocupação sob fiscalização e direção de outrem, sujeito a horário, e da qual decorrem vantagens ou
22 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Direito do Trabalho. 6 ed. Curitiba: Juruá, 1997. p. 24.23 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001.
p. 46.24 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 522.
19
remunerações para seu ocupante, seja qual for a categoria da ocupação. Empregado, em tal significação, exprime sempre o sentido de auxiliar, colaborador ou trabalhador assalariado. Mesmo o auxiliar interessado nos negócios do estabelecimento, comercial ou industrial, desde que não possui a qualidade de sócio, tenha ordenado ou remuneração pelos serviços ou cargos ocupados, é empregado. E não importa que o emprego, cargo, ocupação ou serviço seja em caráter permanente. Tanto basta que a pessoa física seja admitida, com efetividade ou temporariamente, para exercer qualquer cargo, ofício ou ocupação a mando e por conta de outrem, para que, assim se titule. Empregado. A CF/88 denomina, genericamente, de servidor público civil tanto ao funcionário que exerce cargo efetivo ou comissionado, como ao empregado ou celetista, que ocupa emprego.
A CLT traz também seu conceito de empregado:
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie deemprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
Para conceituar empregador a CLT transcreve da seguinte
maneira:
Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços.
§1° Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exc lusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados.
§2° Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiver sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
E DE PLÁCIDO E SILVA25 acrescenta:
25
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico/atualizadores Nagib Islaibi Filho e Glaucia Carvalho. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 521.
20
Designação dada à pessoa seja física ou jurídica, que admite em seu estabelecimento o empregado para que execute serviços ou exerça funções por si determinadas, mediante remuneração ajustada. Na técnica do Direito Trabalhista, empregador é o patrão.
Portanto, empregado é a pessoa física que presta serviços de
natureza contínua a empregador, sob subordinação deste e mediante pagamento de
salário e empregador é aquele que contrata o trabalhador aos seus serviços de
forma remunerada e tendo em contrapartida deste a prestação de trabalho.
1.1.3 Conceito de relação de emprego e relação de trabalho
Depois de conceituar empregado e empregador, traz-se os
conceitos de relação de emprego e relação de trabalho.
A primeira, a relação de emprego surge de uma relação jurídica
entre as partes, originando o contrato de trabalho.
GRAVATÁ; MORGADO26 relatam:
Relação de emprego corresponde a um tipo determinado de relação de trabalho, que se caracteriza pela prestação de subordinação, que deriva de um contrato de emprego, ou como se costuma chamar contrato de trabalho subordinado ou simplesmente contrato de trabalho (stricto sensu), este um ajuste tipicamente trabalhista, cuja as regras e requisitos de configuração se encontram previstos na Consolidação das Leis Trabalhistas.
RUSSOMANO27 também define:
Relação de emprego é o vinculo obrigacional que une, reciprocamente o trabalhador e o empresário, subordinado o primeiro às ordens legítimas do segundo, através do contrato individual de trabalho.
Já a segunda, a relação de trabalho pode ser conceituado como o vínculo jurídico do qual uma pessoa presta serviços a outra pessoa, sem subordinação.
DELGADO28 alude sobre o tema:
26 GRAVATÁ, Isabelli e MORGADO, Almir. Direito do Trabalho para Área Fiscal: Teoria, Legislação e Provas Comentadas para Fiscal do INSS e do Trabalho. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. p. 2327 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Direito do Trabalho. 6 ed. Curitiba: Juruá, 1997. p. 52.
21
Refere-se a todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada em trabalho humano. Refere-se, pois, a toda modalidade de trabalho humano moderadamente admissível.
Transcreve GRAVATÁ; MORGADO29:
Por relação de trabalho entende-se toda aquela relação jurídica que esteja baseada num contrato de trabalho (lato sensu), ou seja, aquela relação em que há um tomador de serviços e um prestador de serviços. Esse tipo de relação, normalmente, não é trabalhista, pois encontra seus fundamentos nos contratos civis de locação de serviços. Portanto, a expressão “contrato de trabalho” designa um gênero muito grande de contratos, compreendendo todo tipo de trabalho, pelo qual uma pessoa se obriga a uma prestação de trabalho em favor de outra.
Sendo assim, pode-se entender que relação de emprego se dá
pela prestação de serviço de natureza não eventual, mediante salário e
subordinação do empregado ao empregador, e como relação de trabalho, qualquer
forma de prestação ou locação de serviço, qualquer forma de relação jurídica onde
haja prestação de trabalho humano prestado a outrem.
1.1.4 Divisão do direito do trabalho
O Direito do Trabalho é dividido da seguinte forma: Direito
Coletivo; Direito Individual; Direito Internacional; Direito Público.
Sobre o Direito Internacional do Trabalho NASCIMENTO30
leciona:
O direito internacional do trabalho abrange mais que um setor. Primeiro, a Organização Internacional do Trabalho, suas convenções e os tratados internacionais entre os estado. O direito internacional do trabalho divide-se em público, comunitário e privado
No mesmo sentido MARTINS31 alude:
28 DELGADO, Mauricio Godinho. Introdução ao Direito do Trabalho. 2 ed. ver. atual. reelaborada. São Paulo: LTr, 1999. p. 230.29 GRAVATÁ, Isabelli e MORGADO, Almir. Direito do Trabalho para Área Fiscal: Teoria, Legislação
e Provas Comentadas para Fiscal do INSS e do Trabalho. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. p. 23.
30 NASCIMENTO Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 2000. p. 62 .
22
O Direito Internacional do trabalho não faz parte do Direito do Trabalho, mas é um dos segmentos do Direito Internacional. Há necessidade, de se estudar o Direito Internacional do Trabalho para serem compreendidas certas regras internacionais que envolvem o trabalho, principalmente as emendas da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
NASCIMENTO32 esclarece sobre o Direito Público do Trabalho:
O direito público do trabalho é a parte que disciplina as relações entre o Estado e os empregadores e o Estado e os trabalhadores. Compreende-se, no seu âmbito, para exemplificar, a fiscalização trabalhista exercida pelo Ministério do Trabalho e do Emprego através das Delegacias Regionais do Trabalho sobre as empresas, a colocação e formação de mão-de-obra pelo Estado, o direito penal do trabalho etc.
Transcreve NASCIMENTO33 sobre o Direito Individual do
Trabalho:
Seu objetivo é o estudo das relações individuais de trabalho. De acordo com a doutrina predominante, essas relações são de natureza contratual. Nesse caso, o direito individual do trabalho tem como base o estudo da relação de emprego, dos seus sujeitos, modalidades e conteúdo.
MARTINS34 esclarece sobre o Direito Coletivo do Trabalho:
Direito Coletivo do Trabalho é o segmento do Direito do Trabalho encarregado de tratar da organização sindical, da negociação coletiva, dos contratos coletivos, da representação dos trabalhadores e da greve.
O Direito Internacional do Trabalho trata então de regras
internacionais que envolvem o trabalho; o Direito Público do Trabalho disciplina as
relações entre o trabalhador e o serviço público; o Direito Individual do Trabalho,
estuda o contrato do trabalho, que pode ser feito como um acordo tácito ou
expresso, que corresponde à relação de emprego e por último o Direito Coletivo do
31 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 69.
32 NASCIMENTO Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. LTr, 2000. p. 62.
33 NASCIMENTO Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. LTr, 2000. p. 62.
34 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 69.
23
Trabalho, estuda toda parte de sindicatos, convenções coletivas de trabalho, greve,
e representação dos trabalhadores nas empresas.
1.2 A HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO
O surgimento do Direito do Trabalho está relacionado à
exploração da mão-de-obra, principalmente, com o invento das primeiras máquinas
industriais, pois se verifica o surgimento de aspectos culturais, políticos e
econômicos que o influenciaram.
Conforme escreve DELGADO35:
No que diz respeito ao direito do trabalho dos principais países capitalistas ocidentais, os autores tendem a construir periodizações que guardam alguns pontos fundamentais em comum. Um desses marcos fundamentais está no” Manifesto Comunista”, de Marx e Engels, em 1848. Outro dos marcos que muitos autores tendem a enfatizar está, em contrapartida, na encíclica católica Rerum Novarum, de 1891. Um terceiro marco usualmente considerado relevante pelos autores reside no processo da primeira guerra mundial e seus desdobramentos, como, por exemplo, a formação da OIT- Organização Internacional do Trabalho (1919) e a promulgação da Constituição Alemã de Weimar (1919). É também desse mesmo período a Constituição Mexicana(1917). As duas cartas constitucionais mencionadas foram, de fato, pioneiras na inserção em texto constitucional de normas nitidamente trabalhistas ou, pelo menos, pioneiras no processo jurídico fundamental de constitucionalização do Direito do Trabalho, que seria uma das marcas distintivas do século XX.
Desta forma MARTINS36 relata:
É impossível compreender o direito do trabalho sem conhecer seu passado. Esse ramo do direito é muito dinâmico, mudando as condições de trabalho com muita frequência, pois é intimamente relacionado com as questões econômicas.
A única necessidade do ser humano no passado era a busca
pelo alimento, assim, trabalhava-se para comer. Porém veio a evolução e esta
mostrou que o homem necessitava de outras coisas, como se defender, ficando
assim essa necessidade em segundo plano. A luta entre homens se resumia em 35 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 7°.ed. São Paulo:LTr, 2008. p. 9236 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001.
p. 33.
24
sobrevivência do, vencedor, e morte do derrotado. Mas com o tempo o homem
passou a perceber que era melhor manter os inimigos vivos, porém prisioneiros e
com o tempo se tivesse muitos prisioneiros poderia trocá-los, vendê-los e finalmente
a idéia da escravidão foi consolidada.
Sobre a primeira relação de trabalho, ou seja, a escravidão,
MARTINS37 destaca:
O escravo era considerado apenas uma coisa, não tendo qualquer direito, muito menos trabalhista. O escravo, portanto, não era considerado sujeito de direito, pois era propriedade do dominus. Nesse período, constatamos que o trabalho do escravo continuava no tempo, até de modo indefinitivo, ou mais precisamente até o momento em que o escravo vivesse ou deixasse de ter essa condição. Entretanto não tinha nenhum direto apenas o de trabalhar.
Nesta época, o escravo era considerado apenas uma coisa,
não tinha direitos, apenas, o direito de trabalhar.
A segunda relação de trabalho foi a servidão, onde os
senhores feudais davam proteção militar e política aos servos, mas em troca, estes
tinham que trabalhar em suas terras.
Segundo OLEA apud FERRARI38:
Ante a subsistência, pelo menos colonial, de situações de escravidão, no próprio país de relações de servidão e na própria casa de servidores aos que são dadas ordens e sobre os que exercitam poderes diferenciados, existe um verdadeiro afã de separar e caracterizar o arrendamento de serviços do que depois se chamaria contrato de trabalho. Por isso se insiste sobre a liberdade de um pacto constitutivo de uma relação obrigatória de origem contratual pura. A liberdade pessoal de subsistir ao longo da execução do contrato: por um lado, pressupõe limites à duração indefinida do pacto, seja porque esta traz à mente a idéia mais ou menos clara de que uma cessão perpétua lembra escravidão ou servidão, seja porque como efetivamente o é, como se vê em Hegel, com clareza meridiana, as promulgações por normativas declaram, com efeito, que o arrendamento de serviços feitos por toda vida é nulo.
37 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001.
p. 34.38 ALONSO OLEA apud FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascarro;MARTINS FILHO, Ives
Gandra da Silva. História do trabalho: do direito do trabalho e da justiça do trabalho. São Paulo: LTr, 1998. p. 33-34.
25
Assim NASCIMENTO39 alude:
Embora recebendo certa proteção militar e política prestada pelo senhor feudal dono das terras, os trabalhadores também não tinham uma condição livre. Eram obrigados a trabalhar nas terras pertencentes aos seus senhores.
Ainda para SUSSEKIND ET AL40:
A servidão foi um tipo muito generalizado de trabalho em que o individuo sem ter a condição jurídica de escravo, na realidade não dispunha de sua liberdade. Não sendo escravos, na completa expressão do termo, estavam sujeitos às mais severas restrições, inclusive de deslocamento, e os vilains francs e sokemen das aldeias senhoriais de Flandres e da Inglaterra raramente tinham licença para se locomover para outras terras.
Depois surgiram na idade média as corporações de ofício, em
que personagens eram os mestres, os companheiros e os aprendizes.
Ensina MARTINS41:
Os mestres eram os proprietários das oficinas, que já tinham passado pela obra-mestra. Os companheiros eram trabalhadores que percebiam salários dos mestres. Os aprendizes eram os menores que recebiam dos mestres o ensino metódico do oficio ou profissão.
Nas corporações, houve a conquista da maior liberdade do
trabalhador passando a exercer sua atividade de forma organizada.
NASCIMENTO42 destaca:
O trabalho se torna assalariado, e o aprendiz é, juridicamente, livre, ainda que impossibilitado de desenvolver sua atividade profissional em outro lugar ou de modo diverso daquele que é imposto pelo mestre da corporação da localidade onde vive.
39 NASCIMENTO. Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 27 ed. rev. e atual. São Paulo:
LTr, 2001. p. 37.40 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; TEIXEIRA FILHO, João de Lima; VIANNA, Segadas.
Instituições de Direito do Trabalho. vol. 2. 19 ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 29.41 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001.
p. 34.42 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho; relações individuais e coletivas do trabalho. 19 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 523.
26
Os reis apoiaram as corporações na intenção de derrubar os
senhores feudais, mas restringiram os direitos conquistados gerando grandes
combates.
Sobre a extinção das corporações de ofício MARTINS43
esclarece:
Em 1791, logo após a Revolução Francesa, houve na França o inicio de liberdade contratual. O decreto d’Allarde suprimiu de vez as corporações de ofício, permitindo a liberdade de trabalho. A Lei Le Chapelier, de 1791, proibia o restabelecimento das corporações de ofício, o agrupamento de profissionais e as coalizões, eliminando as corporações de cidadãos.
A mudança mais profunda na história do trabalho ocorreu com
a Revolução Industrial e com o surgimento da máquina a vapor.
GIRARDI44 leciona a respeito:
O homem passou a ser operador de máquinas. No sistema novo de produção a cabeça, caput, é a máquina. O trabalho é colocado a serviço da maquina. Capital e trabalho passam a viver intimamente associado, como uma espécie de verso e anverso de uma mesma moeda, de forma que o capital não vive sem o trabalho e este não tem espaço fora do capital.
SUSSEKIND45 relata:
Verificaram-se movimentos de protestos e até mesmo verdadeirasrebeliões com a destruição de máquinas, mas posteriormente o desenvolvimento dos sistemas de comércio em especial, com a adoção da maquina a vapor nas embarcações, estenderam-se os mercados, e, conseqüentemente as indústrias se desenvolveram, admitindo um maior número de trabalhadores, mas seus salários eram baixos, porque, com o antigo sistema do artesanato, cada peça custava muito mais caro do que com a produção em série.
43 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001.
p. 35.
44 GIRARDI, Leopoldo Justino. O Trabalho no direito. Brasil: Coli, 2005. p. 15.45 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; Teixeira Filho João de Lima; Vianna, Segadas.
Instituições de Direito do Trabalho. vol 2. 19 ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 32.
27
Com a revolução industrial as relações de trabalho se
fortaleceram com base em um contrato de locação de serviços, onde os
empregadores e empregados eram os capitalistas e os proletários.
Nesse entendimento destaca GOMES; GOTTSCHALK46:
O contrato de trabalho converteu-se em ato de adesão do trabalhador a condições impostas discricionariamente pela outra parte. Para impedir que às massas sofressem os efeitos dessa escravidão, a lei conferiu aos trabalhadores certos direitos, prerrogativas e vantagens, as quais figuram, nos termos do civilismo, como restrições à liberdade de estipulação do conteúdo da relação de trabalho. Essas restrições proliferaram tanto, que essa relação passou a ser disciplinada por um complexo de normas jurídicas animadas de espírito diferente, constituindo o Direito do Trabalho.
A lei referida seria um conjunto de normas a que se denominou
Direito Social.
NASCIMENTO47 sobre o emprego na atualidade:
Os sociólogos e economistas observam que os empregos, na indústria, diminuíram; a hegemonia, na nova sociedade, não será mais exercida pelos proprietários dos meios de produção; acionista e administrador de capital não se identificam numa mesma pessoa e só pessoa; ganham destaque aqueles que têm conhecimento e a informação.
A partir da década de 20 do século passado, as Constituições
dos países passaram a tratar do direito do trabalho e, portanto, a constitucionalizar
os direitos trabalhistas.
1.3 O SURGIMENTO DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL
Para relatar a evolução do Direito do Trabalho no Brasil, é
necessário um exame político social do Império e das primeiras décadas do Regime
Republicano, nas origens de nossas Leis.
SÜSSEKIND48 assim esclarece:
46 Orlando e Elson Gottschalk. Curso de Direito do trabalho. Rio de Janeiro: Forense,1999. p. 117.47 NASCIMENTO. Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 27.ed. rev. e atual. São Paulo:
LTr, 2001. p. 43.
28
O processo evolutivo da legislação do trabalho tem uma correlação direta com o ambiente político e, sobretudo, com o ambiente social e econômico: ele normalmente nasce e se desenvolve tendo em vista a pressão dos acontecimentos; não apenas da opinião pública, através dos chamados “movimento de opinião”, “campanhas políticas”, propagandas nos jornais e na praça pública, mas especificamente, da pressão material que se manifesta por meio das greves, etc.
Sobre a abolição da escravatura e a proclamação da República
comenta NASCIMENTO49:
Abolida a escravidão e proclamada a República, iniciou-se o período liberal do direito do trabalho, caracterizado por algumas iniciativas que, embora sem maior realce, contribuíram para o ulterior desenvolvimento da nossa legislação.
Ainda sobre os primeiros anos da República, NASCIMENTO50
relata:
Os fatores internos mais influentes foram o movimento operário de que participaram imigrantes com inspirações anarquistas, caracterizado por inúmeras greves em fins de 1800 e início de 1900; o surto industrial, efeito da Primeira Guerra Mundial, com elevação do número de fábricas e de operários – em 1919 havia cerca de 12.000 fábricas e 300.000 operários; e a política trabalhista de Getúlio Vargas (1930).
É notável que a Revolução de 1930 trouxe reformas sociais e
benefícios aos trabalhadores, que foi declarada por motivos eleitorais como uma
revolução de superfície.
Alude CESARINO JÚNIOR apud SÜSSEKIND51:
A legislação Social do Brasil começou, decididamente, após a Revolução de 1930. O Governo Provisório, que foi constituído sob a chefia do então Presidente da República, Senhor Getúlio Vargas,
48 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; TEIXEIRA FILHO, João de Lima; VIANNA, Segadas.
Instituições de Direito do Trabalho. vol. 2. 19 ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 50.49 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do
direito do trabalho; relações individuais e coletivas do trabalho. 19 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 61.
50 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho; relações individuais e coletivas do trabalho. 19 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 62.
51 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; TEIXEIRA FILHO, João de Lima; VIANNA, Segadas. Instituições de Direito do Trabalho. vol. 2. 19 ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 58.
29
criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que principiou realmente a elaboração das nossas leis sociais.
MARTINS52 relata sobre as primeiras constituições brasileiras:
Inicialmente, as Constituições brasileiras versavam apenas sobre a forma do Estado, o sistema de governo. Posteriormente, passaram a tratar de todos os ramos do Direito e, especialmente, do Direito do Trabalho, como ocorre com nossa Constituição Atual.
As Constituições Brasileiras desde 1934 passaram a ter
normas de direito do trabalho, que foram aprovadas em 1937, 1946 e 1967,
juntamente com a Emenda Constitucional de 1969 e 1968.
Entende NASCIMENTO53 que:
A ampliação das negociações coletivas é imperativo decorrente da adoção do princípio da liberdade sindical, pela Constituição Federal de 1988 em diversos dos seus dispositivos. A liberdade de organização sindical só se completa com a autonomia para a negociação.
Assim, é de grande importância a sistematização das leis
esparsas que deram origem a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT (1943).
NASCIMENTO54 explica que:
A Consolidação não é um código, porque, não obstante a sua apreciável dimensão criativa, sua principal função foi a de reunião das leis existentes e não a criação, como num código, de leis novas.
A CLT tem uma grande importância na história do Direito do
Trabalho brasileiro pela influência exercida e pela técnica que revelou.
52 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001.
p. 38-40.53 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito
do trabalho; relações individuais e coletivas do trabalho. 19 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 80.
54 NASCIMENTO. Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 27 ed. rev. e atual. São Paulo: LTr, 2001. p. 47.
30
1.4 CONCEITO DE ATLETA PROFSSIONAL, NÃO-PROFISSIONAL E AMADOR
Este trabalho trata do trabalho noturno do atleta de futebol
menor de 18 anos, por isso é de fundamental importância a distinção de atleta
profissional, atleta não-profissional e atleta amador de futebol.
A doutrina de nosso país não apresenta muitos conceitos a
respeito do atleta profissional de futebol, mas podem-se destacar alguns.
Em relação ao desporto profissional MELLO FILHO55 relata:
Por isso mesmo, ao cogitar do desporto praticado de modo profissional, caracterizou-o como aquele em que o desportista faz jus a “remuneração pactuada em contrato formal de trabalho”. Exsurgeda letra cristalina da lei que a condição de profissional decorre da vinculação jurídica do atleta com um ente desportivo para a prestação de serviços consistentes na prática desportiva.
O desporto teve um grande crescimento com o passar dos
tempos e por isso é importante salientar a necessidade de cada vez mais
aperfeiçoar a profissionalização da prática desportiva do futebol.
Dentro desta prática é importante ressaltar a existência da
prática desportiva profissional, semi-profissional e amadora, pois existem muitos
atletas destes diferentes níveis de formação.
A respeito do conceito do Atleta Profissional GUTMAN56
transcreve:
A existência de um contrato formal de trabalho, firmado entre o atleta e o clube, em que fique consignada a sua remuneração, caracteriza sua atividade. Devemos não esquecer, em hipótese alguma, que isto só é viável com a anuência da entidade de administração. Vejamos, como exemplo, o que ocorre no basquete e no vôlei. Todos têm conhecimento que os atletas destas modalidades recebem salários e, há, até mesmo, clubes que assinam a carteira de trabalho de seus atletas, como profissionais. Não basta. Há que se ter à anuência da entidade de administração, haja vista que é ela que define se uma modalidade é profissional ou não. Em basquete e vôlei, não se
55 MELLO FILHO, Álvaro. Direito Desportivo no Limiar do Século XXI. ABC Fortaleza, 2000. p. 44.
56 GUTMAN, Luís Guilherme. O Fim do Passe e a Nova Legislação Desportiva. Editora Jurídica Mizuno, 2000. p. 30.
31
admite a prática profissional, no âmbito da entidade de administração. Portanto, os atletas destas modalidades serão considerados não-profissionais até que a respectiva entidade de administração modifique esta condição.
Em sua dissertação GODOY JUNIOR57 apud KRIEGER aponta
ainda outro conceito a respeito do Atleta Profissional:
É o atleta praticante de qualquer modalidade desportiva, cuja atividade é caracterizada por remuneração pactuada em contrato de trabalho desportivo, cujo modelo a própria LGSD instituiu. Este contrato, firmado entre jogador e a entidade de prática desportiva,devidamente registrado na entidade nacional dirigente da modalidade gera o vínculo desportivo.
Ainda sobre a categoria Atleta Profissional, também podemos
encontrar em KRIEGER58:
Aquele cuja atividade caracteriza-se pelo recebimento de remuneração pactuada em contrato formal de trabalho firmado com entidade de prática desportiva, pessoa jurídica de direito privado. Atualmente podem ser profissionais o atleta da modalidade de futebol de campo (entendimento segundo o disposto no art. 3º, parágrafo único, I; art. 28 e art. 94, todos da LGSD e arts. 1º e 2º da Lei nº 6.354/76).
CARVALHO59 apresenta o conceito de desporto
profissionalizado ou disputado de modo profissional:
O desporto é profissionalizado, ou disputado de modo profissional, quando o atleta, sob vínculo empregatício, presta serviços a terceiros, mediante remuneração, estabelecida em contrato que discrimine, reciprocamente, os direitos e obrigação das partes contratantes. A remuneração, direta ou indireta, não é o sinal distintivo do desporto profissionalizado, mas, sim, a existência de uma profissão reconhecida, de que decorra a possibilidade da celebração de contrato de trabalho entre o profissional e quem o contrata.
57 GODOY JUNIOR, apud KRIEGER. Wanderley. O Contrato de Trabalho do Atleta de Futebol
Profissional, 2008. p. 11.58 KRIEGER, Marcílio Cesar Ramos. Alguns conceitos para o Estudo do Direito Desportivo. In Revista Brasileiro de Direito Desportivo. vol. 1, São Paulo, Primeiro semestre 2002. p. 41.
59 CARVALHO, A. Dardeau. Comentários à Lei Sobre Desportos Lei 9.615/98 de 24/03/1998. Rio de Janeiro: Destaque, 2000. p. 35.
32
Este conceito trata do Atleta Profissional em geral, podendo ser
este de qualquer modalidade desportiva e não apenas do Atleta de Futebol
Profissional.
Antes da CRFB de 1988, o Desporto no Brasil compreendia
apenas duas modalidades, a categoria profissional e a categoria amadora.
Parte-se agora para o conceito de Atleta Não-Profissional, que
segundo KRIEGER60:
É o que pratica qualquer modalidade desportiva, inclusive futebol de campo, mantendo ou não contrato de recebimento de incentivos materiais e/ou de patrocínio, desde que não haja contrato de trabalho entre as partes (conforme art. 3º, parágrafo único, II, da LGSD).
Sobre o assunto, SANTOS61 assim dispõe:
A extensão da profissionalização obrigatória, a partir de 21 anos de idade, flexibiliza as entidades de prática desportiva no sentido de manterem os atletas como não profissionais por um período mais dilatado, ressaltando ainda que poderão jogar entre os profissionais na condição de não profissionais, por interpretação analógica da legislação que não prevê qualquer prestrição a respeito, entretanto, a Confederação Brasileira de Futebol registra contratos somente de natureza profissional.
Os atletas não-profissionais são aqueles atletas com idade
entre quatorze a vinte anos, que ainda não possuem vínculo empregatício com
nenhum clube, mas nada impede que os atletas se profissionalizem antes de
completaram os 21 anos de idade.
Ainda entre os não-profissionais existem os chamados atletas
amadores, que sendo uma categoria muito utilizada no meio desportivo, é
importante ressaltar algumas considerações e conceitos a respeito.
Sobre o Desporto Amador, CARVALHO62 relata:
60 KRIEGER, Marcílio Cesar Ramos. Alguns conceitos para o Estudo do Direito Desportivo. In
Revista Brasileiro de Direito Desportivo. vol. 1, São Paulo, Primeiro semestre 2002. p. 41.61 SANTOS, Antônio Sérgio Figueiredo. Desportivo e Justiça do Trabalho: Atletas e clubes de
futebol; direitos e deveres. Estatuto do torcedor. : Edição do Autor, 2003. p. 28.62 CARVALHO, A. Dardeau. Comentários à Lei Sobre Desportos Lei 9.615/98 de 24/03/1998. Rio
de Janeiro: Destaque, 2000. p. 35.
33
A classificação dos desportos em profissionais e não-profissionais ainda deixaria espaço para os chamados desportos praticados por amadores, em verdade muito raros atualmente em qualquer modalidade desportiva. Não há mais lugar, no desporto, para a conceituação helênica, de puro prazer, que se lhe atribuía há bem poucos anos.
MELLO FILHO63 ainda expõe importante consideração de que
a categoria Não-Profissional, não está necessariamente relacionada com a categoria
Amador:
O conceito de não-profissional, extraído da concepção de profissional e oposto a ela, é expressão que não corresponde necessária e exatamente amador, na conceituação helênica, de prática desportiva por puro prazer.
Na realidade, a concepção de não-profissional é mais
dilargada, ao permitir o recebimento de bolsa de estudos, mantimentos para reforçar
sua alimentação, ajuda de custo para transporte e moradia, enfim, plúrimas formas
de “incentivos materiais e de patrocínio” que não caracterizem remuneração
derivada de contrato de trabalho, impossíveis, portanto, de ser arroladas
exaustivamente.
Alude KRIEGER64 sobre os Atletas Amadores:
São atletas amadores os milhões de brasileiras e brasileiros que se exercitam desportivamente sem objetivar senão o aprimoramento de sua qualidade de vida, por meio ou da prática desportiva informal, ou do desporto educacional, do desporto militar, do desporto de participação ou ainda, do desporto de rendimento – nesse caso, observadas as disposições do parágrafo único do art. 3º da LGSD.
KRIEGER65 alude um conceito de Atleta Amador:
É aquele que se dedica ao desporto por lazer, não recebendo, seja direta, seja indiretamente, nenhuma espécie de remuneração ou
63 MELLO FILHO, Álvaro. Direito Desportivo no Limiar do Século XXI. ABC Fortaleza, 2000. p. 45.64 KRIEGER, Marcílio. Disposições Relativas ao Atleta no Direito Desportivo Brasileiro, 2003. p.
161.65 KRIEGER, Marcílio. Disposições Relativas ao Atleta no Direito Desportivo Brasileiro, 2003. p.
161.
34
retribuição, salvo os prêmios que lhe sejam atribuídos em virtude de suas conquistas ou feitos.
Ou seja, amador é aquele que exerce uma atividade desportiva
por prazer, e não por profissão.
1.5 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO DO ATLETA PROFISSONAL
DE FUTEBOL NO BRASIL
A primeira lei que tratou e regulamentou o esporte no Brasil, foi
o Decreto-lei nº 3.199, e foi editada em 1941, na ditadura de Getúlio Vargas. Essa lei
era uma cópia do modelo nazista que existia na época, quando o esporte era uma
maneira de se aferir a hegemonia de uma raça sobre a outra. Este Decreto-lei tratou
de normas sobre os esportes em geral e não apenas sobre o futebol, onde as
relações entre atletas e clubes passaram a ser determinadas por normas
administrativas das entidades, tais como as das Federações Regionais e da
Confederação.
Um pouco mais tarde, em 1º de maio de 1943 um marco
importante em nossa história na era de Getúlio Vargas, foi o Decreto-lei nº 5.452 que
aprovou a CLT, com publicação no Diário Oficial da União em 9 de agosto e entrou
em vigor em 10 de novembro do mesmo ano.
Com a CLT, pode-se disciplinar as relações entre atletas e
associações.
Em sua dissertação GODOY JUNIOR66 em concordância com
ZAINAGHI destaca a importância do surgimento de uma legislação específica para o
atleta de futebol profissional:
Todavia, fazia-se necessário um disciplinamento específico da profissão do atleta de futebol, já que se aplicava a esta as disposições da CLT que regulavam a situação dos artistas. Somente em 1964 é que surge um diploma legal específico sobre a profissão de atleta de futebol. Foi o Decreto 53.820, de 24 de março, que tratava da participação dos atletas nas partidas; do “passe” (deveria
66 GODOY JUNIOR, apud ZAINAGHI.. O Contrato de Trabalho do Atleta de Futebol Profissional,
2008. p. 15.
35
ter a concordância do jogador, este teria direito a 16% do valor da transação); das férias, intervalo entre partidas (60 horas); criação de um seguro para atletas; do contrato de trabalho etc.
Na esfera administrativa, foram editadas resoluções e
deliberações que tratavam de normas relacionadas ao atleta de futebol profissional.
Destaca ZAINAGHI67 sobre o assunto:
O Conselho Nacional de Desportos sempre editou normas com finalidade de regular, disciplinar e preencher lacunas existentes nas leis, através das deliberações e resoluções. As mais importantes tratavam do “passe”, das penalidades aplicáveis aos atletas, sendo que, quanto ao “passe”, ficou famosa a Deliberação n. 9/67, conhecida como “Lei do Passe”, por tratar dos valores, forma de fixação destes, “passe livre” etc.
O período que compreendeu os anos de 1945 e 1985 foi
aquele que o esporte brasileiro foi normalizado primeiramente pelo Decreto-lei nº.
3.199/1941 e pelas deliberações do Conselho Nacional de Desportos até 1975,
depois deste ano, pela Lei nº. 6.251/1975 e seu Decreto regulamentador, nº.
80.228/1977, e pela continuação das deliberações do CND. O ponto comum é que
todos esses documentos legais podem ser caracterizados como instrumentos
autoritários que produziram uma tutela e uma cartorialização do esporte brasileiro
por mais de quarenta anos.
Na visão de MELO FILHO68:
Outrossim, acresça-se que a Lei nº. 6.251 condensava no CND funções legislativas, executivas e judicantes, tornando-o o órgão que fazia a norma, exercia atos de fiscalização e controle, e julgava matérias desportivas, reunindo em um só órgão todas as funções entregues na República Federativa do Brasil a três poderes distintos e inconfundíveis.
Nesta época, o esporte brasileiro precisava de uma
modernização, o que veio a acontecer com a Lei nº. 6.251, apesar da continuação
da ação tuteladora do Estado no processo esportivo.
67 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os Atletas Profissionais de Futebol no Direito do Trabalho. p. 53.
68 MELO FILHO, Álvaro. Lei Pelé: comentários à Lei nº. 9.615/98. Brasília: Livraria e Editora Brasília Jurídica, 1998. p. 30.
36
Em 1993 foi editada a lei 8.672/93 conhecida como Lei Zico, o
qual seu idealizador Artur Antunes Coimbra na referida época, era Secretário de
Esportes e queria deixar seu nome registrado na história em sua passagem pelo
Governo Federal. Sendo instituída na esfera administrativa a resolução nº 1 do
Instituto Nacional do Desenvolvimento do Desporto – INDESP, para regulamentar a
referida lei.
Recentemente, o então Ministro dos Esportes, Edson Arantes
do Nascimento lutou até ser editada a Lei 9.615/98 conhecida como Lei Pelé, que
trata de normas gerais do desporto e da profissão do atleta de futebol profissional.
Sobre a Lei 9.615/98, PERRY69 faz a seguinte critica:
Chegamos a 1998. Alçado por uma inspiração demagógica, o Ministro Extraordinário dos Esportes, quando o desporto está subordinado ao Ministério da Educação e do Desporto, Edson Arantes do Nascimento, o atleta do Século, “Pelé”, resolveu que o nosso desporto não poderia ser ordenado por uma “Lei Zico”, haveria de ser por uma “Lei Pelé”. E quando bastaria efetuar algumas alterações na Lei 8.672/93, preferiu-se enviar ao Congresso o projeto que veio a se tornar a Lei 9615, como afirmei acima, repetindo muitas das suas disposições e com as mesmas características dos diplomas legais que se sucederam.
A lei 9.615/98 foi regulamenta pelo decreto 2.574 de29 de abril
de 1998 e logo entrou em vigor, sofrendo várias alterações, sendo a primeira em 21
de dezembro de 1999 pela lei 9.940/99 (já revogada pela lei 9981/00), depois em 14
de julho de 2000 pela lei 9.981/00 e em 15 de maio de 2003 pela lei 10.672/03.
Assim se deu a evolução histórica da legislação relativa ao
atleta de futebol no Brasil, mas com certeza muitas outras mudanças ocorrerão em
breve.
69 PERRY, Valed. Crônica de Uma Certa Lei do Desporto (Lei 9.615/98) Lei Pelé Um Gol Contra.
p. 4.
Capítulo 2
2. A JORNADA DE TRABALHO
No Brasil existem muitas definições para o período de trabalho,
ou seja, como jornada de trabalho ou duração do trabalho. O fato é que de uma ou
de outra forma, o empregado participa com suas funções sempre vinculadas a um
determinado período de horas.
2.1 CONCEITO DE JORNADA DE TRABALHO
Os autores que se especializaram nos estudos sobre jornada
de trabalho não são unânimes quanto à denominação do tema, tendo assim
algumas teorias:
• Jornada de trabalho;
• Duração do trabalho;
• Horário de trabalho.
A primeira teoria considera apenas o tempo que o empregado
efetivamente trabalhou, não incluindo qualquer parada que ocorra durante as
atividades diárias desempenhadas por ele.
NASCIMENTO70 conceitua a respeito:
A primeira é a teoria da jornada diária de trabalho como tempo efetivamente trabalhado. Ficam excluídas, portanto, as paralisações da atividade do empregado, residindo nisso a critica que se faz.
Já a segunda teoria defende que jornada de trabalho é o tempo
que o empregado permanece dentro do estabelecimento no qual trabalha, à
disposição do empregador.
70 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2005. p. 344.
38
Sobre esta teoria NASCIMENTO71:
A segunda é a teoria da jornada do tempo à disposição do empregador no centro de trabalho. Entende-se por centro de trabalho o estabelecimento em que o empregado, após o trajeto de sua residência, apresenta-se, correndo daí por diante a sua jornada.
O art. 7°, XIII da CRFB de 1988 diz que:
A duração do trabalho normal não pode ser superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
E na terceira teoria NASCIMENTO72 descreve:
A terceira teoria é a da jornada como o tempo à disposição do empregador no centro de trabalho ou fora dele, abrangendo, desse modo, o período in itinere, ou seja, aquele em que o empregado se desloca de sua residência para o trabalho e vice-versa, sem desvio no percurso.
Dispõe a CLT sobre o horário de trabalho ou trabalho in itinere,
no dispositivo legal art. 58, parágrafo 2º que diz:
Art. 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.
Parágrafo 2º. O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte publico, o empregador fornece a condução.
MARTINS73 define desta forma:
O tempo in itinere, considerado como jornada de trabalho desde o momento em que o empregado sai da sua residência até quando a ela regressa. Não se pode considerar o tempo in itinere em todos os casos, pois o empregado pode residir muito distante da empresa e o empregador nada tem com isso, ou o empregado ficar parado horas no transito da cidade no trajeto da sua residência para o trabalho, ou
71 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2005. p. 345.
72 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2005. p. 344.
73 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 500.
39
vice versa. Haveria dificuldade em controlar a citada jornada e o empregador não poderia ser responsabilizado em todas as hipóteses pelo pagamento de tais horas. A jornada in itinere depende de que o empregador forneça a condução e o local de trabalho seja de difícil acesso ou não servido por transporte regular público.
A legislação brasileira permite a conclusão de que há um
sistema misto no que diz respeito a jornada de trabalho, sendo utilizada tanto a
teoria do tempo à disposição do empregador quanto a teoria do tempo in itinere.
Vejamos o conceito de jornada de trabalho trazido por
DELGADO74:
Jornada de trabalho é o lapso temporal diário em que o empregado se coloca a disposição do empregador em virtude do respectivo contrato. É desse modo a medida principal do tempo diário de disponibilidade do obreiro em face de seu empregador como resultado do cumprimento do contrato de trabalho os vincula.
Portanto, apesar das discussões doutrinárias, a jornada de
trabalho pode ser considerada como sendo o tempo em que o empregador esteve a
disposição do empregador, podendo ser dentro ou fora do seu centro de trabalho
principal.
2.2 FUNDAMENTOS DA JORNADA DE TRABALHO
Existem fundamentos para a limitação da jornada de trabalho.
• Fundamentos Biológicos ;
• Fundamentos Econômicos;
• Fundamentos Sociais;
• Fundamentos Humanos.
Sobre o Fundamento Biológico esclarece NASCIMENTO75:
74 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LT 2003. p. 824.
75 NASCIMENTO. Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 27 ed. rev. e atual. São Paulo: LTr, 2001. p. 345.
40
O trabalho desenvolvido longamente pode levar a fadiga física e psíquica; daí a necessidade de pausas para evitar a queda do rendimento, o acumulo de acido lático no organismo e a conseqüente insegurança do trabalhador.
MARTINS76 elucida sobre o Fundamento Econômico:
Os aspectos econômicos dizem respeito a produção da empresa, em que o empresário aumenta a jornada de trabalho, pagando horas extras, justamente, para aumentar a produção, daí a necessidade da fiscalização do Estado, de sua tutela, para limitar a jornada de trabalho para que não haja excessos.
AZEVEDO77 define Social da seguinte forma:
Possibilitam ao trabalhador viver como ser humano, na coletividade a que pertence, gozando os prazeres materiais e espirituais criados pela civilização, entregando-se a pratica de atividades recreativas, culturais ou físicas, aprimorando seus conhecimentos e convivendo, enfim com sua família.
Sobre o Fundamento Humano, MARTINS78 demonstra:
O principal fundamento humano e diminuir os acidentes do trabalho. É sabido que, no período em que o trabalhador presta serviços cansado ou quando faz horas extras, ocorre maior índice de acidentes do trabalho, principalmente em virtude de fadiga. Muitas vezes,o empregado, para receber salário das horas extras, presta maior numero de horas do que tem condições, e é justamente nesse momento que podem ocorrer os acidentes de trabalho.
Portanto, o estudo dos fundamentos da limitação para a
jornada de trabalho são essenciais, pois visam uma melhor qualidade de vida para
o trabalhador
2.3 CONSTITUCIONALIDADE DA JORNADA DE TRABALHO
Na maioria dos países ocorre uma fixação do limite máximo da
jornada de trabalho de um empregado. Em meados do século XIX, na maioria dos
países europeus, a jornada de trabalho era fixada entre 12 a 16 horas diárias. 76 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 502.
77 AZEVEDO, Jackson Chaves de. Direito do Trabalho. 19 ed. São Paulo: LTr. , 2001. p. 167.
78 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 502.
41
Depois de um tempo, vários países passaram a usar uma
jornada de trabalho menor, que passou a ser de 8 horas diárias ou 48 horas
semanais.
Assim explica NASCIMENTO79:
Na Inglaterra (1847), o Parlamento discutiu projeto cuja justificativa era a seguinte: “Para que a agitação fosse conduzida tranqüilamente, para que cessassem todas as discussões entre o capital e o trabalho, para que a mais não houvesse greves, ameaças, injurias em relação aos patrões, dentro ou fora do parlamento”, fixou-se a duração diária do trabalho em 10 horas.
MARTINS80 destaca que:
Na Inglaterra, em 1847, foi fixada a jornada de 10 horas. Na França, em 1848, foi estabelecida a jornada de trabalho de 10 horas; em Paris, 11 horas. Em 1868, nos Estados Unidos, a jornada foi determinada em oito horas no serviço público federal.
Na época citada acima a Igreja já se preocupava com a
limitação da jornada de trabalho, pois não era justo o homem trabalhar além do que
suas forças suportassem.
Para SÜSSEKIND81:
A Igreja, pela voz de Sua Santidade o Papa Leão XIII, publicou em 1891 a famosa Encíclica “Rerum Novarum”, que exerceu remarcada influência, não apenas entre os trabalhadores, mas também entre os governantes e legisladores, de quem dependia a decretação das medidas de proteção ao trabalho humano.
MARANHÃO82 ensina:
Para tornar efetiva a universalização dos preceitos de proteção ao trabalho, o Tratado de Versalhes criou a Organização Internacional
79 NASCIMENTO. Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 27 ed. rev. e atual. São Paulo:
LTr, 2001. p. 257.
80 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001. p. 435.
81 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; TEIXEIRA FILHO, João de Lima; VIANNA, Segadas.
Instituições de Direito do Trabalho. vol. 2. 19 ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 791.
82 MARANHÃO, Délio. CARVALHO, Luiz Inácio Barbosa. Direito do Trabalho. 9ª ed. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas. 1981. p. 88.
42
do Trabalho (OIT). E tal era a importância que esse organismo dispensava ao problema da fixação da jornada de trabalho em oito horas ou da semana de 48, que o principal ponto da ordem do dia da primeira Conferência que realizou na capital norte-americana, em outubro de 1919, dizia a respeito justamente à “aplicação do princípio da jornada de oito horas ou da semana de 48 horas”.
Dessa conferência resultou a Convenção Internacional nº 1,
que o Brasil, porém não ratificou. As primeiras Leis trabalhistas sobre duração do
trabalho iniciaram a partir da década de 30.
No Brasil, a evolução histórica da jornada de trabalho sofreu
grandes variações ao longo dos anos. Vários decretos vieram e a partir de 1932
regularizaram a jornada de trabalho de diversas profissões.
Na CRFB de 1988 a jornada de trabalho encontra respaldo:
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV -jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva.
NASCIMENTO83 entende da seguinte forma:
Primeira, a duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 44 horas semanais, facultada a compensação de horários e a redução de jornada mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Jornadas menores podem ser fixadas, pela lei, convenções.
A jornada de trabalho na ordem trabalhista brasileira não pode
ter duração superior a oito horas diárias ou quarenta e quatro horas semanais, salvo
em alguns casos.
A CLT descreve:
Art. 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.
83 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. São Paulo. LTr, 2005. p. 326.
43
O entendimento da nossa Carta Magna encontra-se também
na CLT, pois esta tratou de limitar a jornada de trabalho.
2.4 CLASSIFICAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO
A jornada de trabalho pode ser dividida de quatro maneiras:
quanto à duração, ao período, a profissão e a flexibilidade.
MARTINS84 ensina:
A jornada de trabalho pode ser normal, que é a comum, a ordinária, de oito horas. Presume-se no contrato de trabalho que o trabalhador se obriga a prestar oito horas diárias de trabalho e 44 semanais (art. 7°, XIII, da CRFB/88), salvo disposição em sentido contrario; a extraordinária ou suplementar, que são de horas que excederem os limites legais, como as que suplantarem as oito horas diárias e 44 semanais.
E completa NASCIMENTO85:
A duração a jornada de trabalho é ordinária ou normal, sendo assim considerada aquela que desenvolve dentro dos limites estabelecidos pelas normas jurídicas; é extraordinária ou suplementar, situando-se aqui as horas que ultrapassam os limites normais fixados pelas normas jurídicas.
A duração normal do trabalho, para os empregados em
qualquer atividade privada, não excederá de oito horas diárias, desde que não seja
fixado expressamente outro limite.
SAAD86 continua sobre a jornada de trabalho:
Nada impede que o empregador estabeleça a jornada de trabalho de menor duração, pois estando o contrato de trabalho em vigência sendo encurtada a jornada por decisão do empregador, ou seja, uma alteração unilateral, não havendo a diminuição de salário mantida pelo principio da inalterabilidade.
84 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001.
p. 501.85 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 22. ed. ver. e atual. São Paulo:
Saraiva, p. 351.
86 SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de direito do trabalho. São Paulo LTr. 2000. p. 232.
44
Entende-se então que a duração menor do trabalho não
acarreta prejuízos ao empregado, em virtude do contrato que existe entre
empregador e empregado.
Ainda sobre a jornada, MARTINS87 descreve:
A jornada pode ser diurna, no interregno compreendido entre as 5 e as 22h; noturna, no lapso de tempo entre as 22 e 5h (art. 73 par 2º, da CLT); e mista, como, por exemplo, das 16 as 24h, que compreende parte do período considerado pela lei como diurno e parte do período noturno (art. 73, par 4º, da CLT). O trabalhador rural tem critério diferente quanto ao período da jornada: considera-se trabalho noturno o executado entre 21h de um dia e as 5h do outro, na lavoura, e entre as 20h de um dia e as 4h do dia seguinte, na pecuniária (art. 7º da lei nº 5889/73)”.
Completa NASCIMENTO88:
Quanto ao período do dia em que é prestada, a jornada será diurna quando entre 5 e 22 horas, nos centros urbanos com outros critérios no meio rural; noturna, quando entre 22 horas de um dia e 5 horas do dia seguinte ou suas prorrogações (art. 73, par 5º, da CLT), de modo que se poderá estender alem de 5 horas; nos meios rurais, há outras determinações: mista quando transcorre tanto no período diurno como noturno; e em revezamento, semanal ou quinzenal, quando num período há trabalho de dia, em outro a noite, sendo mais encontrado entre nos o revezamento semanal.
E continua Nascimento descrevendo que, à profissão, há
jornada geral, de todo o empregado, e jornadas especiais, para ferroviários,
médicos, telefonistas, jornalistas, bancários, cabineiros de elevadores etc.
MARTINS89 sobre a jornada flexível ensina:
Existem jornadas flexíveis, e quando o empregado faz seu próprio horário, havendo um limite semanal ou anual onde ele e obrigado a cumprir, este horário flexível muitas vezes ajuda na produção que fica concentrada em certo período. Já a inflexíveis são jornadas que não tem como o empregado fazer seu horário são as ditas não seccionadas, ressaltando que estas jornadas não estão previstas
87 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001.
p. 501.
88 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. São Paulo. LTr, 2005. p. 352.
89 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001. p. 501.
45
pela norma jurídica brasileira, com isso a lei não impede que seja praticadas.
As jornadas flexíveis são jornadas onde não se tem horário
para iniciar e terminar o trabalho, mas precisam cumprir um determinado número de
horas semanais, estando presente quando determinado em horários concentrados.
2.5 A JORNADA DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL
Para o atleta profissional de futebol existe um contrato de
trabalho, e este se comparado à CLT apresenta diversas peculiaridades.
Não poderia ser diferente no que diz respeito à jornada de
trabalho, que também apresenta diferenças, sendo aplicáveis a ela apenas normas
celetistas que não contrariam as disposições especiais que versam sobre o assunto.
Para KRIEGER90 ‘jornada de trabalho do atleta profissional de
futebol é o período de tempo em que o atleta presta ou está a disposição do
empregador para prestá-lo’.
MACHADO91 ensina a respeito da jornada de trabalho do
atleta:
Por força constitucional, o empregado atleta tem por obrigação uma jornada de trabalho normal definida em 44 horas semanais, da mesma forma, a jornada diária deverá ser no máximo de 8 horas, podendo ser compensáveis.
A Jornada de Trabalho do Atleta de Futebol Profissional, é um
tema que gera algumas polêmicas, pois, a Lei 9.615/98 e suas alterações, não
estipularam nada a respeito da jornada de trabalho, mas nesse caso é possível
recorrer à Lei 6.354/76.
A Lei 6.354/76 discorre a respeito:
90 KRIEGER, Marcilio. Disposições relativas ao atleta no direito desportivo brasileiro. Revista
Brasileira de Direito Desportivo. N. 3, 2003. p. 170.91 MACHADO, Rubens. Approbato et alii (coordenação). Curso de Direito Desportivo Sistêmico.
São Paulo:Quartier Latin, 2007. p. 131.
46
Art. 6º. O horário normal de trabalho será organizado de maneira a bem servir ao adestramento e à exibição do atleta, não excedendo, porém, de 48 (quarenta e oito) horas semanais, tempo em que o empregador poderá exigir que fique o atleta à sua disposição.
GRISARD92 destaca importante consideração:
Note-se que o artigo não fazia menção alguma a duração diária da jornada, estabelecendo apenas a duração máxima semanal, embora a CLT, cujas normas já aplicavam-se ao atleta profissional por determinação do artigo 28 da Lei n° 6.354/76, já fizesse previsão do limite máximo diário de 8 horas, nos termos de seu artigo 58.
A previsão de 48 horas semanais que consta na Lei citada, foi
prejudicada com a CRFB de 1988, que fixou a Jornada de Trabalho máxima de 8
horas diária e 44 horas semanal.
O artigo 6o da Lei 6.354/76 foi revogado expressamente em
2001, pelos artigos 93 e 96 da Lei 9.615/98, o qual gerou muitos debates aos
operadores do direito.
BARROS93 depois da revogação da referida lei transcreve:
Dispunha o art. 6° da Lei n. 6.354/76, que o horário normal de trabalho do atleta seria organizado de forma a bem servir o seu adestramento e exibição, não podendo exceder de quarenta e oito horas semanais, hoje, quarenta e quatro horas semanais, em face de alteração constitucional, tempo em que o empregador poderia exigir que o empregado permanecesse à sua disposição. Lembra-se, entretanto, que esse dispositivo vigorou apenas até 25 de março de 2001, quando foi revogado pelos arts. 93 e 96 da Lei n. 9.615, de 1998.
Embora a Constituição de 1998 assegure aos empregados
urbanos e rurais jornada de oito horas, dadas as peculiaridades que envolvem a
função do atleta, entendemos que as normas a respeito de limitação de horas
semanais, a partir de 26 de março de 2001, não mais serão aplicadas ao profissional
de futebol.
92 GRISARD, Luiz Antonio. Horas Extras, Intervalos e Adicional Noturno para Atletas
Profissionais de Futebol. Portal do Direito Desportivo, Florianópolis, 2003. Disponível em: <http://www.marciliokrieger.com.br/pdfs/Artigo%20Horas%20Extras>. Acessado em 15.out.2010.
93 BARROS, Alice Monteiro de. As relações de trabalho no espetáculo. São Paulo: LTr, 2003. p. 183.
47
A tese da doutrinadora, de que as alterações introduzidas pela
Lei n. 9.615/98 ao revogarem o artigo que tratava especificamente da jornada de
trabalho do jogador de futebol e de não ter introduzido regras que substituíssem o
texto, ora revogado, implicitamente excluíram a aplicação das normas
constitucionais atinentes ao caso.
Em contrapartida ZAINAGHI94 relata que:
Segundo a norma constitucional a exceção à regra das 8 horas diárias é a compensação de horários, mediante acordo individual ou coletivo ou convenção coletiva. A norma constitucional só não se aplica às relações de trabalho domestico, pois o parágrafo único do art. 7 não se estendeu a esses empregados a limitação do inciso XIII.
E continua:
Portanto, os atletas profissionais têm jornada de trabalho de 8 horas e duração semanal de 44, incluindo-se os treinamentos e os períodos de exibição.
Ainda em concordância como mesmo posicionamento acima
GRISARD95 alude:
Não nos parece defensável a tese de que os atletas profissionais de futebol não estariam sujeitos aos limites constitucionais de jornada simplesmente em virtude das peculiaridades que permeiam sua atividade. Se assim fosse, deveríamos ter uma regra específica para os mineiros, para os portuários, etc. O preceito constitucional é claro ao dispor que o limite de 8 horas diárias e 44 semanais é direito de todos os trabalhadores urbanos e rurais, não excepcionando a aplicação desta regra aos atletas. Registre-se que a Constituição facultou a compensação de horários e a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva, sem, no entanto, permitir o extrapolamento dos limites legais ali fixados.
Sendo assim o atleta não deve exceder as 8 horas diárias de
trabalho, levando em conta a norma constitucional.
94 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Direito do Trabalho dos jogadores de Futebol. Revista Brasileira de
Direito Desportivo, n.3, 2003. p. 57-58. 95 GRISARD, Luiz Antonio. Horas Extras, Intervalos e Adicional Noturno para Atletas
Profissionais de Futebol. Portal do Direito Desportivo, Florianópolis, 2003. Disponível em: <http://www.marciliokrieger.com.br/pdfs/Artigo%20Horas%20Extras>. Acessado em 15.out.2010.
48
2.5.1 Intervalos
Durante a jornada de trabalho o Empregado tem o direito a
determinados períodos para descanso ou alimentação.
Descreve MARTINS96:
Intervalos para descanso são período na jornada de trabalho, ou entre uma e outra, em que o empregado não presta serviços, seja para se alimentar ou para descansar.
Sobre o assunto DELGADO97 comenta:
Os períodos de descanso conceituam-se como lapsos temporais regulares, remunerados ou não, situados intra ou interjornadas diárias ou semanais ou ainda no ano contratual, em que o empregado pode sustar a prestação de serviços e sua disponibilidade perante o empregador, com o objetivo de recuperação e implementação de suas energias ou de sua inserção pessoal, familiar ou comunitária.
Quanto ao Atleta de Futebol Profissional não se tem nada a
respeito do assunto nas legislações específicas, ficando amparado o mesmo na Lei
6.354/76.
Discorre a Lei 6.354/76:
Art. 28. Aplicam-se ao atleta profissional de futebol as normas gerais da legislação do trabalho e da previdência social, exceto naquilo que forem incompatíveis com as disposições desta lei.
Ainda sobre o assunto acima comenta a Lei 9.615/98:
Art. 28. A atividade do atleta profissional, de todas as modalidades desportivas, é caracterizada por remuneração pactuada em contrato formal de trabalho firmado com entidade de prática desportiva, pessoa jurídica de direito privado, que deverá conter, obrigatoriamente, cláusula penal para as hipóteses de descumprimento, rompimento ou rescisão unilateral.
96 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 13.ed. rev. e ampl., atual. at. São Paulo: Atlas, 2001.
p. 213-214.97 DELGADO, Mauricio Godinho. Jornada de Trabalho e Descansos Trabalhistas. 2 ed. ver. reelaborada e atual. até Lei 9.601/98. São Paulo: LTr, 1998. p.101.
49
Parágrafo 1º. Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da legislação trabalhista e da seguridade social, ressalvadas as peculiaridades expressas nesta Lei ou integrantes do respectivo contrato de trabalho.
É claro então que ao Atleta de Futebol Profissional devem ser
seguidas as normas contidas na CLT em relação aos intervalos.
No que se refere aos intervalos intrajornada a CLT transcreve:
Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
Parágrafo 1º. Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.
Parágrafo 2º. Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.
Parágrafo 3º. O limite mínimo de 1 (uma) hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho quando, ouvido o Departamento Nacional de Higiene e Segurança do Trabalho (DNHST) (atualmente Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho – SSMT), se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.
Parágrafo 4º. Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo cinqüenta por cento sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
Portanto, é direito do empregado de qualquer empresa e
também do Atleta de Futebol Profissional ter um intervalo de no mínimo 1 hora e,
não podendo exceder de 2 horas e o intervalo de 15 minutos para a jornada que
ultrapassar de 4 horas e não exceder de 6 horas.
50
GRISARD98 relata sobre o intervalo do Atleta de Futebol
Profissional:
Resta claro, pois, que o atleta faz jus a um intervalo de, no mínimo, uma hora entre um expediente e outro na mesma jornada diária de trabalho. Ocorrendo trabalho durante o período destinado a repouso e alimentação, deve ser o mesmo remunerado como extra, com o acréscimo previsto no parágrafo 4º acima transcrito – mínimo de 50% sobre o valor da hora normal.
Alude ZAINAGHI99 em relação ao assunto:
E mais. O jogador de futebol goza de um intervalo especial, em virtude da legislação desportiva, qual seja o de quinze minutos, nos dias de jogos, entre os dois tempos da partida. Os intervalos durante a semana de treinos, para repouso e alimentação, não serão computados na jornada. Já os quinze minutos de intervalo durante a realização dos jogos, não serão descontados, isto é, trata-se de tempo à disposição do empregador, computados, portanto, na jornada de trabalho.
Ao Atleta de Futebol Profissional é garantido, portanto, o
intervalo intrajornada de pelo menos 1 hora.
Quanto ao intervalo interjornada, diz-se que é o tempo que o
Empregado deve ter de descanso entre uma jornada de trabalho e outra, ou seja,
entre um dia e outro de trabalho.
Mas esses dois tipos de intervalos, intrajornada e interjornada,
não foram inseridos em nenhuma legislação a que o Atleta de Futebol Profissional
faz jus, ficando a CLT responsável pelo referido assunto.
No artigo 66 da CLT, encontra-se descrito que “Entre duas
jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas
para descanso”.
98 GRISARD, Luiz Antonio. Horas Extras, Intervalos e Adicional Noturno para Atletas
Profissionais de Futebol. Portal do Direito Desportivo, Florianópolis, 2003. Disponível em: <http://www.marciliokrieger.com.br/pdfs/Artigo%20Horas%20Extras>. Acessado em 15.out.2010.
99 ZAINAGH, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1998. p. 86.
51
Assim, o Atleta de Futebol Profissional tem direito a um
descanso de 11 horas consecutivas, entre um dia e outro de trabalho prestado.
2.5.2 Concentração e horas extras
A concentração é uma atividade típica da profissão do Atleta de
Futebol Profissional, para tanto é importante definir seu conceito e previsão legal.
A Lei 6.354/76 descreve:
Art 7º. O atleta será obrigado a concentrar-se, se convier ao empregador, por prazo não superior a 3 (três) dias por semana, desde que esteja programada qualquer competição amistosa ou oficial e ficar à disposição do empregador quando da realização de competição fora da localidade onde tenha sua sede. Parágrafo único. Excepcionalmente, o prazo de concentração poderá ser ampliado quando o atleta estiver à disposição de Federação ou Confederação.
ZAINAGHI100 quanto à concentração:
A concentração serve para que o clube-empregador exerça uma vigilância sobre o empregado-atleta, no sentido deste alimentar-se adequadamente, obedecer à hora de sono, não ingerir bebidas alcoólicas ou outras drogas nocivas ou proibidas aos jogadores de futebol.
GRISARD101 alude sobre a finalidade do período de
concentração:
A concentração, além de ser costume peculiar ao atleta, é procedimento que visa resguardá-lo, de forma que esteja em plenas condições de saúde física e psicológica para que sua performance seja adequada. O empregador, assim, assume postura diligente ao não permitir que seus atletas se alimentem mal, que durmam poucas horas, que ingiram bebidas alcoólicas, etc. Não pode o empregador, pretendendo resguardar seus empregados, ser “punido” com a contagem do tempo de concentração como horas extras.
100 ZAINAGH, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. São
Paulo: LTr, 1998. p. 91.101 GRISARD, Luiz Antonio. Horas Extras, Intervalos e Adicional Noturno para Atletas
Profissionais de Futebol. Portal do Direito Desportivo, Florianópolis, 2003. Disponível em: <http://www.marciliokrieger.com.br/pdfs/Artigo%20Horas%20Extras>. Acessado em 15.out.2010.
52
Sendo assim, desde que o Clube cumpra a previsão legal, o
Atleta de Futebol Profissional não terá o referido período como tempo a disposição
do seu Empregador.
Em contrapartida, alguns consideram este período de
concentração como um tempo em que o atleta está à disposição do empregador e,
portanto, se as horas efetivamente trabalhadas for superior a 44 horas semanais, o
atleta terá o direito de receber por horas extras.
Há jurisprudências nesse sentido:
Horas extras. Jogador de futebol. É devido o pagamento de horas extras ao jogador de futebol por todo o período que ficou em concentração, sem compensação de horário, à disposição do empregador (TRT/PR – 9ª Reg., Ac. 236/82 – Proc. |RO. 1079/81 –Rel. Juiz Indalécio Gomes – p. sessão de 18.2.82).
Portanto, há muitas divergências no que diz respeito ao direito
de horas extras no período de concentração, pois esta se dá num período em que o
atleta de futebol deve ficar em resguardo, sob a orientação de seu empregador, ou
seja, o clube, para que mantenha um nível de vida compatível ao esforço físico, que
é primordial para um bom desempenho de sua atividade laboral.
No caso, as horas extras são devidas quando o atleta estiver à
disposição do empregador, exercendo suas atividades laborativas, como treinos,
musculação, treinamentos, jogos, estando mais do que 8 horas diárias ou 44 horas
semanais.
2.5.3 Férias
Férias é um direito proporcionado a todo o empregado, bem
como ao Atleta de Futebol Profissional, mas com algumas particularidades.
MAGANO102 conceitua férias da seguinte maneira:
Férias é o período de cessação do trabalho, sem prejuízo de remuneração, após o decurso de 12 meses de vigência do contrato
102 MAGANO, Octavio Bueno. Dicionário Jurídico-Econômico das Relações de Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2002. p.105.
53
de trabalho. Correspondem, hoje, em nossa legislação, a 30, 24, 18 ou 12 dias consecutivos. Esse é o período de gozo a que se contrapõe o prazo aquisitivo, ou seja, 12 meses de vigência do contrato de trabalho (v. Súmulas 198 e 199 do STF). Quanto ao valor, devem corresponder a um terço a mais do que o salário normal (v. art. 7º, XVII, da CF).
No que diz respeito às férias do Atleta de Futebol Profissional,
a Lei 9.615/98 não apresenta nada a respeito.
Assim, pode-se recorrer à Lei 6.354/76:
Art. 25. O atleta terá direito a um período de férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, que coincidirá com o recesso obrigatório das atividades de futebol.
Parágrafo único. Durante os 10 (dez) dias seguintes ao recesso é proibida a participação do atleta em qualquer competição com ingressos pagos.
DOMINGUES103 conceitua a respeito de período aquisitivo:
O período aquisitivo é o tempo durante o qual o empregado acumula tempo de serviço para usufruir do direito às férias. Cada período tem duração de 12 meses de trabalho. Geralmente, inicia-se na data de admissão do empregado com o término doze meses depois. Assim, o empregado que começou a trabalhar em 10.11.1998 completou o primeiro período aquisitivo em 9.11.1999.
O Atleta de Futebol Profissional não necessita trabalhar um
ano inteiro para ter o direito das férias, pois o referido artigo determina que as férias
deverão coincidir com o recesso obrigatório do futebol.
Sobre o período concessivo relata DOMINGUES104:
Ao término de cada período aquisitivo tem início um período concessivo, que se estende aos 12 meses subseqüentes. No exemplo mencionado cujo período aquisitivo terminou em 9.11.1999, de 10.11.1999 até 9.11.2000 ocorre o período concessivo do período aquisitivo finalizado. Significa que, nos 12 meses subseqüentes ao término do período aquisitivo de férias o empregador deverá conceder férias ao empregado. A cada período aquisitivo ocorre um
103 DOMINGUES, Marcos Abílio. Introdução ao Direito Individual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2000. p. 104.
104 DOMINGUES, Marcos Abílio. Introdução ao Direito Individual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2000. p. 104.
54
período concessivo e assim sucessivamente. E cada período aquisitivo seguinte é ao mesmo tempo período concessivo do período anterior.
Ao Atleta de Futebol Profissional não será aplicada a norma da
CLT em relação ao período concessivo, pois este terá obrigatoriamente suas férias
no período de recesso.
Portanto sobre o cabimento das férias ao Atleta de Futebol
Profissional, também terá o mesmo, direito ao terço constitucional, ou seja, sobre o
total da remuneração devida de férias, e ainda o acréscimo de 1/3, conforme o inciso
XVII, do artigo 7º, da CRFB/88.
2.5.4 Repouso semanal remunerado
Na falta de previsão expressa na Lei 6.354/76 e Lei 9.615/98,
sobre o repouso semanal remunerado, é aplicada de forma subsidiária aos atletas
profissionais de futebol, as mesmas normas dos empregados comuns.
A Lei 605/49 prevê:
Art. 1º. Todo empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local.
A CRFB de 1988 ratifica o entendimento acima e prevê em seu
art. 7°, XV, a concessão por parte do empregador de um dia de descanso
remunerado ao respectivo empregado, de preferência aos domingos.
Em virtude dos jogos de futebol acontecerem normalmente aos
domingos e feriados já que os jogos são marcados especialmente nestas datas, os
jogadores não podem ser dispensados do trabalho, tendo assim seu descanso em
outro dia da semana. E no caso de não terem esse dia, o empregador deverá pagá-
lo em dobro.
Destarte, todas as regras referentes ao repouso semanal
remunerado deverão ser aplicadas aos jogadores profissionais de futebol, sendo
respeitadas as peculiaridades que esse emprego possui.
55
2.5.5 Prorrogação da jornada de trabalho por imposição do empregador
É permitido em alguns casos que a jornada de trabalho seja
prorrogada além do limite legal ou contratual.
Para melhor elucidar sobre o assunto existem 3 hipóteses:
• Prorrogação da Jornada de Trabalho por motivo de força
maior, conforme art.61 da CLT.
Descreve a CLT:
Art. 61. Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.
Conceitua MARTINS105 sobre força maior:
O art. 501 da CLT conceitua força maior como um acontecimento inevitável, imprevisível, para qual o empregador não deu causa, direta ou indiretamente, como ocorre em casos de incêndio, inundação, terremoto, furacão etc.
É de entendimento, que no caso de força maior, a norma
jurídica não determina o máximo da jornada de trabalho, acreditando-se que então
não existe um limite estipulado.
Outra hipótese:
• Prorrogação da Jornada de Trabalho para atender à
realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar
prejuízo manifesto ao empregador, conforme art. 61 da CLT.
MARTINS106 a respeito da hipótese acima:
105 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p 547.
106 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 548.
56
Serviços inadiáveis são aqueles que não podem ser terminados durante a própria jornada de trabalho. Como, por exemplo, temos o trabalho com produtos perecíveis.
Ainda sobre o assunto Delgado esclarece, “A modalidade de
prorrogação para atendimento a necessidade imperiosa vinculada a realização ou
conclusão de serviços inadiáveis ou cuja a inexecução possa acarretar prejuízo”.
A CRFB de 1988 dispõe sobre serviços inadiáveis:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal.
Serviços inadiáveis são os que necessitam ser concluídos na
mesma jornada de trabalho, pois caso contrário o empregador será prejudicado.
Terceira e ultima hipótese:
• Prorrogação da Jornada de Trabalho para recuperação de
horas de paralisação, conforme art.61, parágrafo 3º, da CLT.
Conforme a CLT descreve:
Art. 61. Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.
[...]
Parágrafo 3º. Sempre que ocorrer interrupção do trabalho, resultante de causas acidentais, ou de força maior, que determinem a impossibilidade de sua realização, a duração do trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo necessário até o máximo de 2 (duas) horas, durante o número de dias indispensáveis à recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de 10 (dez) horas diárias, em período não superior a 45 (quarenta e cinco) dias por ano, sujeita essa recuperação à prévia autorização da autoridade competente.
57
MARTINS107 relata da seguinte forma sobre o assunto:
O parágrafo 3º do art. 61 da CLT mostra a possibilidade da prorrogação a jornada em virtude de interrupção do trabalho da empresa como um todo, resultante de causas acidentais, ou de força maior, que determinem a impossibilidade da realização do serviço.
Portanto, é possível a prorrogação da jornada de trabalho em
decorrência de interrupção do trabalho por motivos de acidentais, de força maior,
que não permitam a realização do trabalho por determinado tempo.
107 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 550.
Capítulo 3
3. O TRABALHO NOTURNO DO ATLETA DE FUTEBOL MENOR DE 18 ANOS
A CRFB de 1988 proíbe qualquer forma de trabalho aos
menores de 16 anos, ressalvada a condição de aprendiz, a partir dos 14 anos
completos. E a16 anos completos, é permitido ao menor trabalhar, mas de forma
limitada em face de dispositivos existentes que garantem a proteção quanto à sua
saúde física, mental, moral e espiritual, em atendimento a princípios e preceitos
constitucionalmente insculpidos, através do Estatuto da Criança e do Adolescente e
da Consolidação das Leis do Trabalho, além de outras fontes isoladas em legislação
esparsa.
3.1 O TRABALHO DO MENOR DE 18 ANOS
Tendo o ser humano necessidade de tornar lícito e justo, o
trabalho de todos os cidadãos, e mais precisamente neste caso específico, o
trabalho do menor de 18 anos, fez com que fossem criados amparos legais.
Com este amparo tornou-se possível ao menor um bom
desenvolvimento do trabalho, sendo este acompanhado em sua evolução e no
desenvolvimento de suas capacidades.
A CRFB de 1988 trouxe regras que beneficiaram no que tange
ao trabalho do menor, pois é dever da sociedade buscar a evolução da norma
jurídica, para benefício de seu povo.
Conforme preceitua o art. 7º da CRFB: “São direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição”.
59
A criança e o adolescente também estão amparados na CRFB
de 1988, em seu art. 227, parágrafo 3º, inciso I, que trata dos deveres da família,
sociedade e do Estado:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Parágrafo 3º. O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no artigo 7º, inciso XXXIII.
O artigo em análise considera as crianças e os adolescentes
como cidadãos plenos, sujeitos de direitos e obrigações a quem o Estado, a família
e a sociedade devem dar prioridade.
Sobre o trabalho do menor LIMA108 apud BARROS comenta:
São vários os esforços realizados para melhorar as condições de trabalho dos jovens e impedir a mão-de-obra infantil. As razõesapresentadas, originariamente, para justificar a legislação tutelar a respeito do menor são de caráter higiênico e fisiológico.
A autora enfatiza que o trabalho realizado em demasia e
exercido de maneira prejudicial ao desenvolvimento normal do menor, pode
acarretar conseqüências futuras, tornando-o uma pessoa com problemas de saúde,
comprometendo assim o seu futuro.
Ainda sobre o trabalho do menor continua LIMA109 apud
BARROS:
108 LIMA. Débora Arruda Queiroz. BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. São
Paulo: LTr, 2005. <http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1330> acessado em 15. Out. 2010.
109 LIMA. Débora Arruda Queiroz. BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2005. <http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1330> acessado em 15. Out. 2010.
60
A par do aspecto humanitário, outros fundamentos são arrolados para justificar a tutela especial, entre os quais os de ordem moral, de segurança e de cultura. É que certos tipos de atividade, como a impressão de livros frívolos ou a elaboração de artigos, impressos ou cartazes pornográficos poderão afetar a formação moral do menor. A essas atividades acrescentem-se aquelas que exigem muita atenção, expondo o trabalhador menor a um risco constante de acidentes. Finalmente, a necessidade de propiciar-lhe uma instrução apropriada, livre de outras atividades que lhe ocupem o tempo, constitui uma causa que também justifica a tutela especial do menor.
LIMA em concordância com GRUNSPUN110, analisando a
questão do trabalho infantil relata:
O conhecimento cada vez maior sobre os perigos, riscos e prejuízos para as crianças na idade em que trabalham e posteriormente no desenvolvimento podem caracterizar o abuso que significa o trabalho infantil e ajudar a erradicar esse abuso, além da exploração. Temos relatos de crianças que querem trabalhar e fazem manifestações contra as proibições. Mas não é porque querem é(sic) que podem, pois nem elas nem os adultos sabem dos riscos do trabalho infantil e quanto a sociedade poderá, no futuro, arcar com as conseqüências.
Conclui-se, portanto, que o menor está sujeito a sofrer
alterações em seu desenvolvimento em virtude de danos passíveis a sua atividade
laborativa.
A OIT dedica-se demasiadamente às questões que dizem
respeito ao trabalho infantil e, desde que foi criada, estabeleceu critérios atinentes à
idade mínima para o trabalho, tratando de forma diferenciada quanto às atividades
que comprometem a saúde moral, psíquica e social do menor e limitando em 18
anos a idade mínima para o trabalho.
Dispõe a OIT da seguinte maneira em seu art. 3º da
Convenção nº 138:
Parágrafo 1º. Não será inferior a dezoito anos a idade mínima para admissão a qualquer tipo de emprego ou trabalho que, por sua natureza ou circunstâncias em que for executado, possa prejudicar a saúde, a segurança e a moral do jovem.
110LIMA. Débora Arruda Queiroz. GRUNSPUN, Haim. O trabalho das crianças e dos adolescentes.
São Paulo, LTr, 2000. <http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1330> acessado em 15. Out. 2010.
61
A preocupação desta instituição internacional foi de
universalizar as regras mínimas no que dizem respeito ao trabalho através de suas
Convenções Internacionais, incorporando a evolução legislativa, até então existente,
bem ainda os princípios de dignificação do trabalho humano.
Outro ponto importante é quanto à escolaridade do menor. A
OIT sempre buscou também proteger o desenvolvimento saudável dos jovens
trabalhadores, incluindo a escolaridade como valor preponderante em relação ao
trabalho.
O art. 3º da Convenção nº 138 dispõe:
Parágrafo 3º. Não obstante o disposto no parágrafo 1º deste artigo, a lei ou regulamentos nacionais ou a autoridade competente poderão, após consulta às organizações de empregadores e de trabalhadores interessadas, se as houver, autorizar emprego ou trabalho a partir da idade de dezesseis anos, desde que estejam plenamente protegidas a saúde, a segurança e a moral dos jovens envolvidos e lhes seja proporcionada instrução ou formação adequada e específica no setor da atividade pertinente.
E continua a mesma Convenção, art. 2º:
Parágrafo 3º. A idade mínima fixada nos termos do parágrafo 1º deste artigo não será inferior à idade de conclusão da escolaridade compulsória ou, em qualquer hipótese, não inferior a 15 anos.
Parágrafo 4º. Não obstante o disposto no parágrafo 3º deste artigo, o Estado-membro, cuja economia e condições do ensino não estiverem suficientemente desenvolvidas, poderá, após consulta com as organizações de empregadores e de trabalhadores interessadas, se as houver, definir, inicialmente, uma idade mínima de 14 anos.
Assim, numa análise ao dispositivo acima citado, pode-se notar
que a idade mínima inicial para o trabalho era de 14 anos, a qual foi posteriormente
aumentada para 15 anos e que os setores da economia foram progressivamente
alargados no que concerne a tal limitação.
A Convenção nº 138 incorporou a última posição da OIT e
pode ser resumida nos seguintes parâmetros:
a) preconiza a idade mínima para o trabalho em 15 anos de idade, com o mister de garantir escolaridade mínima sem trabalho durante o primeiro grau;
62
b) admite que países em desenvolvimento adotem a idade de 14 anos para o trabalho e, excepcionalmente, a de 12 anos em caso de aprendiz,nesses casos, porém, os eventuais signatários devem implementar política de elevação progressiva da idade mínima;
d) as atividades que afetem a integridade física ou psíquica, a preservação da moralidade, ou a própria segurança do adolescente devem ser desempenhadas somente a partir dos 18 anos. Tolera, no entanto, a idade de 16 anos em tais hipóteses, desde que oadolescente esteja submetido a cursos profissionalizantes.
É sabido que a OIT realiza frequentemente estudos no que diz
respeito a trabalhos intoleráveis a que crianças e adolescentes são submetidos
diariamente.
A CLT, também alude sobre o trabalho do menor empregado
em seus artigos 402 a 441 e sobre o contrato de aprendizagem em seus artigos 424
a 433:
Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de 14 (quatorze) até 18 (dezoito) anos.
Art. 441. O quadro a que se refere o item I do art. 405 será revisto bienalmente.
A CLT nos artigos supra citados prevê limites à jornada de
trabalho do menor de 18 anos, tendo como regra, a proibição de prorrogar a jornada
normal diária, mas apresentando algumas exceções:
• regime de compensação de horário por mais de 2 horas/dia;
• força maior, em jornada máxima de 12 horas/dia, se o
trabalho for imprescindível;
• entre a jornada normal e a extraordinária, 15 minutos de
intervalo.
E continua a CLT:
Art. 424. É dever dos responsáveis legais de menores, pais, mães, ou tutores, afastá-los de emprego que diminuam consideravelmente o seu tempo de estudo, reduza o tempo de repouso necessário a sua saúde e constituição física, ou prejudiquem a sua educação moral.
63
Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo ou quando o aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a hipótese prevista no § 5º do art. 428 desta Consolidação, ou ainda antecipadamente nas seguintes hipóteses
a) revogada;
b) revogada .
I – desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz;
II – falta disciplinar grave;
III – ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo; ou
IV – a pedido do aprendiz.
Em relação ao menor aprendiz empregado a CLT é clara em
sua definição:
Art. 403. É proibido qualquer trabalho os menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos.
Parágrafo único. O trabalho do menor não poderá ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que não permitam a freqüência à escola.
Portanto a CLT, proíbe expressamente qualquer trabalho antes
dos 14 anos de idade, podendo assim, dos 14 aos 16 anos, somente ser autorizado
o trabalho na condição de aprendiz.
Portanto a CLT, proíbe expressamente qualquer trabalho antes
dos 14 anos de idade, podendo assim, dos 14 aos 16 anos, somente ser autorizado
o trabalho na condição de aprendiz.
NASCIMENTO111 sobre o contrato de aprendizagem:
111 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 22. ed. ver. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2007. p. 985-986.
64
O menor aprendiz, a que se refere o mencionado texto legal, é empregado, com todos os diretos do maior, percebendo remuneração não inferior ao salário-mínimo, pois é do empregador que o receberá, e não das instituições em que necessariamentedeverá ser inscrito.
Muitos menores desde muito cedo já se interessam ou
necessitam trabalhar para o seu sustento e de sua família, assim é proporcionado
ao menor aprendiz, capacitação profissional, desde sua adolescência, visando seu
crescimento profissional, intelectual e social.
A CLT ainda alude sobre o contrato de trabalho especial:
Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.
MARTINS112 define contrato especial:
A aprendizagem é um contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado. É, portanto, um contrato de trabalho, devendo o empregado ser registrado desde o primeiro dia de trabalho, embora haja ao mesmo tempo caráter discente. Poderá a aprendizagem ser, porém, tanto industrial, como comercial ou rural.
O aprendiz pode ser admitido também por entidade sem fins
lucrativos, conforme a CLT:
Art. 430. Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta poderá ser suprida por outras entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica, a saber:
II - Entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Comenta NASCIMENTO113:
112 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 139.
65
Tratando-se, como está claro na lei, de uma relação de aprendizagem especial não caracterizando relação de emprego, porque nela figura como instituição, que ministrará a aprendizagem, uma entidade do tipo acima mencionado e porque a aprendizagem é dirigida e ministrada com esse tipo de instituição.
Este tipo de contrato tem por objetivo a assistência ao
adolescente e à educação profissional, não gerando vínculo empregatício com a
empresa tomadora dos serviços.
Em relação a validade do contrato de aprendizagem, a CLT
determina:
Art. 428 Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.
Parágrafo 1º. A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na carteira de trabalho e previdência social, a matrícula e freqüência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino fundamental, e inscrição em programas de aprendizagem desenvolvidos sobre orientação de entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica.
Relata OLIVEIRA114 “é licito ao menor firmar recibo pelo
pagamento de salário”.
Portanto, ao aprendiz é direito o salário mínimo hora, ou outra
condição que venha a beneficiá-lo a ser oferecida pelo empregador, bem como o
direito de ter sua CTPS anotada e contrato escrito, com prazo de no máximo dois
anos, podendo este ser prorrogado uma única vez.
A participação em cursos profissionalizantes é obrigatória, para
o desenvolvimento técnico-profissional, podendo ser elas atividades teóricas ou
práticas, de forma a aumentar seu conhecimento. Estas atividades são
desenvolvidas por Escolas Técnicas, SENAC, SENAI, entre outras.
113 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 22. ed. ver. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2007. p. 985-986.114 OLIVEIRA, Aristeu de. Manual de Prática Trabalhista. 39. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 223.
66
OLIVEIRA115 lembra que:
Ficam as entidades desenvolvedoras dos programas de aprendizagem com a responsabilidade de enviar ao empregador, no início de cada mês, a freqüência do aprendiz às aulas e o seu aproveitamento em períodos estabelecidos nos programas de aprendizagem em que estiver matriculado.
A legislação brasileira ainda ressalta que para o aprendiz a
jornada de trabalho não poderá ser maior que 6 horas diárias, não sendo permitida
horas extras ou compensação de horas. E para os que já tiverem completado o
ensino fundamental é permitido a jornada de 8 horas diárias, desde que sejam
computados as horas destinadas à aprendizagem.
O ECA veio a acrescentar pontos importantes à proteção do
menor.
Descreve o ECA da seguinte forma:
Art. 2º. Estabelece distinção entre a criança e o adolescente ressaltando que se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Ainda o ECA define os trabalhos vedados:
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno realizado entre as vinte e duas horas de um dia e às cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola.
NASCIMENTO116 sobre as proibições de trabalho infantil:
115 OLIVEIRA, Aristeu de. Manual de Prática Trabalhista. 39. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 331.
67
A Convenção n. 182, de 1999, dispõe sobre proibições e ações que os Estados se comprometem a desenvolver, destinadas a eliminar as “piores formas de trabalho infantil”, considerando, para os seus fins, criança toda pessoa menor de 18 anos de idade, e piores formas de trabalho infantil, além de outras, “escravidão ou prática análogas”, dentre as quais a sujeição por dívida e escravidão, o trabalho forçado ou compulsório e o trabalho que, por sua natureza ou pelas circunstâncias em que é executado, é suscetível de prejudicar a saúde, a segurança e a moral da criança.
LIMA117 apud NASCIMENTO e MARTINS esclarecem que são
quatro os motivos da vedação ao trabalho infantil e da proteção especial ao trabalho
do adolescente. São os fundamentos de ordem:
(a) fisiológica: visam permitir o desenvolvimento normal do indivíduo, protegendo-os dos inconvenientes de atividades que lhe coloquem em risco a vida e a saúde. Por conseguinte, veda-se o trabalho à criança e protege-se o labor do adolescente, proibindo-se aos últimos a atividade em locais insalubres, perigosos, penosos e durante o período noturno, bem como horas excessivas de labor;
(b) moral:para que se mantenha a criança e o adolescente afastados de ambientes que lhe prejudiquem a moralidade;
(c) de segurança:a fim de que os indivíduos não se exponham aos riscos de acidentes de trabalho; e
(d) cultural: porque a criança e o adolescente devem poder estudar, ter instrução adequada, a fim de desenvolver a intelectualidade.
O Ministério Público, no ECA, também elucida sobre as
garantias às crianças e aos adolescentes:
Art. 201 – Compete ao Ministério Público:
[...]
116 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 22. ed. ver. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2007. p. 985-986.117 LIMA. Débora Arruda Queiroz. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho.
24a ed. rev. e atual. São Paulo: LTr, 1998. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 21a ed. São Paulo: Atlas, 2005. http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1330 acessado em 15.out. 2010.
68
VIII – Zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
[...]
XI – Inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas.
As citações acima relatam sobre a proteção do trabalho do
menor, demonstrando que lhes é assegurado os direitos básicos para seu
desenvolvimento físico, social e intelectual.
Analisando então os textos que enfatizam o trabalho do menor,
conclui-se que o ordenamento jurídico pátrio impôs diversas limitações ao trabalho
infanto-juvenil, no intuito de proteger o desenvolvimento moral, físico e psíquico do
menor, deixando-os fora do mercado formal de trabalho e alienando-os a um meio
onde a lei somente é conhecida para os outros.
3.2 O ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL E O TRABALHO NOTURNO
Há um tipo de atleta que pode ser considerado profissional no
sentido de ter um empregador, contrato de trabalho, ter responsabilidades
determinadas, incentivos de produção. Esses atletas são considerados profissionais
e tem regimento especial de acordo com suas categorias.
O jogador de futebol é um desses atletas profissionais, que no
Brasil tem grande destaque e alguns chegam a ganhar muito dinheiro.
Essa relação de emprego pode ocorrer tanto no período
matutino, diurno ou noturno. E por estarem sujeitos a essas variações de horários, e
principalmente por trabalharem muitas vezes no período noturno, que é prática
habitual ao profissional desportivo, visto que os jogos têm início geralmente após as
22 horas, ultrapassando o horário considerado diurno, acabam por interferir em
questões de ordem biológica, familiar e social,este profissional inspira mais atenção
por parte da legislação trabalhista.
69
Relata sobre o assunto ZAINAGHI118:
O trabalho noturno priva o seu exercente de convívio com a família, da pratica do lazer e também do sono. É trabalho mais penoso, pois o uso da luz artificial força e, portanto é mais prejudicial à vista, além de anafisiológico e causador de maior esgotamento do que praticado durante o dia.
O que o jurista no âmbito trabalhista visa, é a proteção da
integridade física, psíquica do empregado, onde ele desestimula o trabalho noturno.
A CRFB de 1988 atribui em seu artigo 7°, inciso IX,
remuneração superior do trabalho noturno em relação ao diurno.
Quanto ao horário noturno, ainda existe uma diferença se
comparada com o horário matutino e diurno, completando a hora noturna se em 52
minutos e 30 segundos, enquanto a hora diurna completa-se com 60 minutos.
Conforme norma disposta no artigo 73, parágrafos 1º e 2º, da
CLT:
Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte porcento), pelo menos, sobre a hora diurna.
Parágrafo 1º. A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos.
Parágrafo 2º. Considera-se noturno, para efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.
O período noturno de trabalho é diferente do trabalho diurno,
pois, resulta em 7 horas de trabalho, de acordo com a citação acima, além de dar
direito ao empregado a um acréscimo de pelo menos 20% em relação à hora diurna.
118 ZAINAGH, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1998. p.92.
70
Sendo a profissão do atleta profissional de futebol diferente
das demais profissões, é necessário sem sombra de dúvidas que esta requer
cuidados especiais.
Com isso a legislação trabalhista prevê ainda os horários
mistos, que ocorrem quando a jornada de trabalho começa em horário diurno e
transpassa para o horário noturno, podendo neste caso ser possível a aplicação do
adicional de horário noturno, mas não ocorrendo o mesmo quando se inverte a
situação.
Dispõe a CLT a respeito:
Art. 73. [...]
Parágrafo 4º. Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.
Resta saber se o atleta profissional de futebol terá direito ao
adicional noturno.
Dispõe a Lei nº 9.615/98:
Art. 93. O disposto no art. 28, § 2o, desta Lei somente produzirá efeitos jurídicos a partir de 26 de março de 2001, respeitados os direitos adquiridos decorrentes dos contratos de trabalho e vínculos desportivos de atletas profissionais pactuados com base na legislação anterior.
E conclui a mesma lei:
Art. 96. São revogados, a partir da vigência do disposto no § 2º do art. 28 desta Lei, os incisos II e V e os §§ 1º e 3º do art. 3º, os arts. 4º, 6º, 11 e 13, o § 2º do art. 15, o parágrafo único do art. 16 e os arts. 23 e 26 da Lei no 6.354, de 2 de setembro de 1976; são revogadas, a partir da data de publicação desta Lei, as Leis nos 8.672, de 6 de julho de 1993, e 8.946, de 5 de dezembro de 1994.
A partir de então surgiram 2 correntes doutrinárias distintas
acerca do assunto acima, no qual tem como defensores os doutrinadores Domingos
Sávio Zainaghi e Alice Monteiro de Barros.
71
ZAINAGHI119 destaca alguns pontos da legislação que
exemplificam a situação do profissional:
Quanto a redução da hora noturna, é possível afirmar-se quanto ao atleta profissional de futebol que esta não ocorre, uma vez que a lei nº 6.354/76 afirma em seu artigo. 28: 'aplicam-se ao atleta profissional de futebol as normas gerais da legislação do trabalho e da Previdência Social, exceto naquilo que não forem incompatíveis com as disposições desta lei.
Continua o autor:
É fato que a Constituição Federal determina que o trabalho noturno deverá ter remuneração superior à do trabalho diurno. Ocorre que aLei nº 6.354/76 silenciou quanto ao adicional para trabalho noturno. Logo, não parece que a norma celetizada tenha aplicação às relações de trabalho envolvendo atletas profissionais de futebol. E nem se afirme que a previsão contida na CLT possa ser aplicada analogicamente ou que se trate de lacuna da norma especial.
Completa o mesmo:
Da mesma forma a atividade do atleta profissional de futebol traz suas próprias peculiaridades, fazendo com que algumas normas da legislação comum lhe sejam aplicáveis e outras não. E é nesta última que se encaixa a possibilidade ou não de se aplicar ao jogador de futebol o adicional noturno previsto na CLT.
ZAINAGHI120 para completar afirma que "A norma
constitucional só não se aplica às relações de trabalho doméstico, pois o parágrafo
único do art. 7º não estendeu a esses empregados a limitação do inciso XIII."
Cabe salientar, conforme citado acima que a legislação prevê a
remuneração do horário noturno, em pelo menos 20 % a mais do que à do diurno,
uma vez que não há previsão na Lei nº 6.354/76, e, ainda, pelo fato de ser uma
atividade sui generis, não podendo, neste particular, ser equiparado a uma atividade
normal de trabalho.
Ao contrário, a outra parte da doutrina acredita que o atleta
profissional de futebol não tem direito de receber pelo adicional noturno.
119 ZAINAGH, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.. p.85.
120 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Nova legislação desportiva. São Paulo: LTr, 2001, p. 20.
72
BARROS121 argumenta:
Embora a Constituição de 1988 assegure aos empregados urbanos e rurais jornada de oito horas, dadas as peculiaridades que envolvem a função do atleta, entendemos que as normas a respeito da limitação de horas semanais, a partir de 26 de março de 2001, não mais serão aplicadas ao profissional do futebol. O tratamento diferenciado a respeito das relações trabalhistas comuns se justifica em face da natureza especial dessa prestação de serviços, que consiste em uma peculiar distribuição da jornada entre partidas, treinos e excursões.
Analisando as doutrinas acima citadas, há divergências quando
se fala em adicional noturno, pois a lei específica contém particularidades, sendo ao
assinar o contrato o profissional já fica ciente dos horários que deverá trabalhar,
tendo incluso por diversas vezes, sua atividade no período noturno, uma vez que a
maioria das partidas de futebol são realizadas à noite.
Dispõe desta forma a lei 9.615/98:
Art. 28. A atividade do atleta profissional, de todas as modalidades desportivas, é caracterizada por remuneração pactuada em contrato formal de trabalho firmado com entidade de prática desportiva, pessoa jurídica de direito privado, que deverá conter, obrigatoriamente, cláusula penal para as hipóteses de descumprimento, rompimento ou rescisão unilateral.
Parágrafo 1º. Aplicam-se ao atleta profissional de futebol as normas gerais da legislação trabalhista e da seguridade social, ressalvadas as peculiaridades expressas nesta lei ou integrantes do respectivo contrato de trabalho.
No entanto não se pode esquecer ou mesmo deixar de lado
que o direito ao adicional noturno está previsto na CRFB 1988, e este deve ser
rigorosamente seguido, devido ao fato dessa ser a lei maior.
Sendo assim, e seguindo a lei pátria é justo aplicá-lo ao atleta
profissional de futebol, se este fizer jus a este recebimento, ou seja, exercer suas
atividades laborais no período estipulado legalmente como noturno.
121 BARROS, Alice Monteiro de. As relações de trabalho no espetáculo. São Paulo: LTr, 2003,
p.183.
73
3.3 O ATLETA DE FUTEBOL MENOR DE 18 ANOS EM HORÁRIO NOTURNO
O futebol hoje em dia no Brasil e porque não dizer no mundo
todo, é uma profissão almejada por muitas pessoas, principalmente crianças, pois
estas vêem no jogador de futebol um ídolo e acabam por desejarem essa carreira
curta, mas que, no entanto, muitas vezes traz a fama, e com sorte chegam a ganhar
muito dinheiro.
Contudo, como já visto, o trabalho de menores é proibido, salvo
algumas poucas exceções legais. Mesmo assim, é muito comum ver crianças e
adolescentes no meio esportivo, o qual muitas vezes requer que trabalhem no
período noturno.
A CRFB de 1988, em seu artigo 7º, inciso XXXIII, proíbe o
trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 (dezoito) anos.
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição:
[...]
XXXIII. Proibição de trabalho noturno, perigoso ou in salubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz a partir de quatorze anos.
A capacidade de um atleta profissional de futebol firmar
contrato com menos de dezoito anos, e em detrimento disso, desempenhar
profissionalmente atividades desportivas aos dezesseis anos, pode levá-lo a prática
de partidas de futebol em período noturno, o que é normal acontecer.
Descreve sobre o assunto a Lei 9.615/1998:
Art. 29. A entidade de prática desportiva formadora do atleta terá o direito de assinar com esse, a partir de dezesseis anos de idade, o primeiro contrato de trabalho, cujo prazo não poderá ser superior a cinco anos.
Parágrafo 4º. O atleta não profissional em formação, maior de quatorze e de vinte anos de idade, poderá receber auxílio financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a forma de bolsa de aprendizagem livremente pactuada mediante contrato formal, que seja gerado vínculo empregatício entre as partes.
74
A mesma Lei 9.615/1998, Lei Pelé, ainda institui outras normas
específicas sobre o desporto e dá outras providências ao mesmo, devendo esta ser
observada.
Quanto a vedação da prática do profissionalismo a Lei
9.615/1998 assim comenta:
Art. 44. É vedada a prática do profissionalismo, em qualquer modalidade, quando se tratar de:
III - menores até a idade de dezesseis anos completos.
A Lei 6.354/1976 transcreve:
Art. 5º. Ao menor de 16 (dezesseis) anos é vedada a celebração do contrato, sendo permitido ao maior de 16 (dezesseis) anos e menor de 21 (vinte e um) anos, somente com o prévio e expresso assentimento de seu representante legal.
O que se pode perceber ao analisar a lei supra citada, é que na
CRFB de 1988, a impressão que se tem é de que a normatização não é respeitada
pelos clubes, vez que grande parte das partidas de futebol são realizadas no período
noturno, e, muitas vezes, inúmeros atletas profissionais com menos de 18 (dezoito)
anos estão atuando sem qualquer intervenção do Ministério Público do Trabalho.
Conforme regulamentação dada pelo artigo 28 da Lei 9.615/98:
Art. 28 [...]
Parágrafo 2º. O vínculo desportivo do atleta com a entidade desportiva contratante tem natureza acessória ao respectivo vínculo trabalhista, dissolvendo-se, para todos os efeitos legais:
I - com o término da vigência do contrato de trabalho desportivo; ou
II - com o pagamento da cláusula penal nos termos do caput deste artigo; ou ainda
III - com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial de responsabilidade da entidade desportiva empregadora prevista nesta Lei.
75
Assim, a partir do momento em que há o rompimento, extinção
ou resilição do Contrato de Trabalho, haverá também a extinção do direito federativo
do atleta profissional junto a entidade de prática desportiva, vez que este é acessório
daquele, e, em se tratando de contratos acessórios, o principal deve ser seguido.
A referida lei, ainda obriga as entidades de prática desportiva a
contratarem seguro de acidentes de trabalho para os atletas com o intuito de garantir
segurança caso ocorra algum acidente.
Comenta a Lei 9.615/98 sobre o assunto:
Art. 45. As entidades de prática desportiva são obrigadas a contratar seguro de acidentes de trabalho para atletas profissionais a ela vinculados, com o objetivo de cobrir os riscos a que eles estão sujeitos.
Parágrafo único. A importância segurada deve garantir direito a uma indenização mínima correspondente ao valor total anual da remuneração ajustada no caso dos atletas profissionais.
Portanto, resta claro que a relação entre clube e atleta
profissional é empregatícia.
A lei Pelé já foi diversas vezes alterada e hoje encontra-se a
um passo para ser substituída pelo Estatuto do Desporto (Projeto de lei 4874 de
2001).
Um dos pontos chave para a mudança é o problema do jovem
jogador de futebol. O projeto de lei visa alterar o art. 29, inserindo o art.29-A, art. 29
B, art. 29 C, buscando dar um incentivo aos clubes formadores de jovens e garantir
essa instituição que faz às vezes de educadora.
No entanto resta saber se esta mudança vai trazer
modificações também no que tange ao ponto sobre o trabalho noturno do menor de
18 anos, pois como se pode perceber, a Carta Magna não está sendo levada a sério
e a lei específica possui muitas lacunas em relação ao assunto.
E este não pode de maneira alguma ser esquecido, pois o ser
humano, no caso, em particular, o menor de 18 anos e suas necessidades, devem
76
ser assistidas com frenquência e ademais, serem tomadas atitudes adequadas para
o bem estar do menor.
Contudo, no momento, como é a Lei Pelé ainda que
regulamenta e confere outras providências à profissão, é ela quem está sendo
observada e seguida, e, em todo o seu conteúdo, não proíbe a disputa das partidas
em período noturno aos atletas profissionais maiores de 16 anos e menores de 18
anos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente trabalho acadêmico foi a análise do
trabalho noturno do atleta de futebol menor de 18 anos. O resultado demonstrou que
apesar do futebol ser visto na maioria das vezes como diversão, proporcionando
emoções, sincronizando milhares de pessoas em um mesmo sentimento de paixão,
ainda assim, necessita de complementação jurídica mais profunda por parte dos
profissionais de direito.
O desenvolvimento do presente trabalho decorreu pela sua
divisão em três capítulos.
No primeiro capítulo, foram explorados conceitos, aspectos
históricos do direito do trabalho, das leis desportivas no Brasil, destacando a Lei
9.615/98 (Lei Pelé) e suas alterações e a distinção entre atleta profissional, não-
profissional e amador.
O segundo capítulo abordou aspectos sobre a jornada de
trabalho do empregado, com ênfase na jornada de trabalho do atleta profissional de
futebol.
No terceiro e último capítulo, foi estudado o assunto
propriamente dito, o trabalho noturno do atleta de futebol menor de 18 anos.
Deste capítulo, específico sobre o tema, extrai-se que no
tocante a sua legislação já foi diversas vezes alterada e ainda assim, a lei Pelé
encontra-se a um passo de ser substituída pelo Estatuto do Desporto, restando
saber se essa alteração vai trazer benefícios ao assunto em questão.
Assim sendo, as hipóteses argüidas para a realização do
presente trabalho acadêmico ratificam-se da seguinte forma:
a) existem diferenças entre atleta profissional, atleta não-
profissional e atleta amador;
78
Confirmando, o atleta profissional pratica esporte como
profissão, onde recebe salário em conformidade com o contrato formal de trabalho,
firmado entre o atleta e a entidade desportiva. O atleta não-profissional é identificado
pela liberdade de prática, e nesse caso,não existe o contrato de trabalho, recebendo
incentivos materiais e patrocínios. E o atleta amador, é aquele que pratica qualquer
modalidade não recebendo nenhuma compensação econômica como conseqüência
da prática esportiva, e que o pratica por simplesmente buscar saúde,
condicionamento físico ou mesmo como forma de lazer.
b) a jornada de trabalho do atleta profissional de futebol
apresenta particularidades diferentes em relação a jornada de trabalho do
trabalhador comum;
Fica confirmado que a jornada de trabalho do atleta profissional
de futebol, assim como o contrato de trabalho do mesmo apresenta nuances em
relação a jornada de trabalho do trabalhador comum, pois a elas são aplicáveis
normas celetistas que não contrariam as disposições especiais que versam sobre o
assunto.
c) o trabalho noturno do atleta menor de 18 anos necessita de
um amparo legal mais específico, pois é um assunto que gera muitas polêmicas.
Ficou constatado assim, que como a lei Pelé já foi diversas
vezes alterada e sabe-se que está a um passo para ser substituída pelo Estatuto do
Desporto (Projeto de lei 4874 de 2001), esta com certeza não está sendo
competente o suficiente para suprir as necessidades da categoria, principalmente no
que diz respeito ao tema em questão, além de estar passando por cima da nossa lei
maior, a CRFB.
Portanto, é de suma importância ressaltar, que dado a
magnitude que este esporte representa não só no Brasil, mas em todo o mundo, o
tema ora em estudo deve ser tratado pelos profissionais da área jurídica de forma
mais aprofundada, pois apesar de haverem leis específicas que retratam acerca do
tema, ainda existem muitas lacunas legislativas que acabam por não proteger de
forma mais segura o atleta menor de 18 anos.
79
Tecidas tais considerações, cumpre o presente trabalho
acadêmico sua finalidade institucional, qual seja, a produção de Monografia para
obtenção do título de Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI e investigatória, buscando através de pesquisa bibliográfica, jurisprudencial
e doutrinária o exame do tema proposto..
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