o trabalho funcional e a reabilitaÇÃo … · 2011-01-30 · direcionei minha linha de pesquisa....
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O TRABALHO FUNCIONAL E A REABILITAÇÃO
PSICOMOTORA NO IDOSO.
Cássia Ribeiro de Carvalho Silva
Orientadora: Prof.a/Mestre Fátima Alves
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O TRABALHO FUNCIONAL E A REABILITAÇÃO
PSICOMOTORA NO IDOSO.
O presente estudo tem como objetivo mostrar
os benefícios que o trabalho funcional traz na reabilitação
motora do idoso através de revisão bibliográfica dos
temas supracitados.
Por: Cássia Ribeiro de Carvalho Silva
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela
proteção e por me iluminar em todos os momentos da
minha vida.
Agradeço a minha mãe Norma Ribeiro de
Carvalho Silva, ao meu pai Marcondes Alberto Silva, pelo
apoio e incentivo, agradece especialmente a minha filha
Maria Clara Ribeiro Vieira pela disposição e força de
vontade ao acordar cedo todos os sábados para me
acompanhar em mais uma jornada.
Agradeço a todos meus familiares que
acompanharam minha luta para vencer os desafios da
vida. As minhas primas Natalia Rondon e Gelria Maia
pela ajuda durante as pesquisas.
Agradeço também a todas minhas alunas do
grupo de convivência por mostrarem o quanto é
prazeroso trabalhar com idosos.
Agradeço também a minha orientadora
Prof.a/Mestre Fátima Alves, ao mestre Paulo Gil Salles
que foi quem me inicializou nas pesquisas acadêmicas e
ao meu professor e amigo José Ricardo por mostrar o
quanto é belo o mundo da psicomotricidade.
Agradeço a todos aqueles que por descuido
deixei de citar, mas que foram de suma importância em
minha vida.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a meus avós paternos
e maternos José João Silva, Maria de Lourdes Silva,
Severino Ribeiro de Carvalho e Juracy Ribeiro de
Carvalho, pois foi pela admiração que tenho por eles e
pela fascinante fase de vida que é a maturidade que
direcionei minha linha de pesquisa. A minha filha Maria
Clara por todos os momentos maravilhosos que me
proporcionou desde o dia que nasceu provando o quanto
à vida vale à pena.
5
“(...) Velhice é apenas um estado de espírito,
mesmo se a velocidade do envelhecimento para cada
organismo da espécie humana é especifica: a primeira
diferença entre os idosos, de acordo com a idade
cronológica e biológica, é a individualidade. Há velhos de
20 anos e jovens de 80”.(Delfina Pimenta, 2011).
6
RESUMO
O envelhecimento é um processo irreversível, contínuo e inevitável onde o
indivíduo tem sua capacidade motora diminuída interferindo nas atividades
básicas do seu cotidiano. Com o passar dos anos o individuo sofre
modificações fisiológicas, biológicas, psicológicas e sociais, o trabalho
funcional e o trabalho psicomotor visam retardar ou minimizar essas
modificações que geram dependência e limitação. Com o objetivo de deixar
este individuo o mais independente possível algumas medidas de prevenção e
de reabilitação devem ser tomadas, trabalhando em cima dos reais problemas,
que são: suas limitações físicas e psíquicas. O idoso independente é um idoso
“vivo”, que é capaz de se locomover, se vestir, se alimentar, resolver suas
finanças e etc, o que faz com ele seja auto-suficiente.
7
METODOLOGIA
Este estudo será desenvolvido através de revisão bibliográfica
utilizando livros de Vitor da Fonseca, Fátima Alves e Cacilda Velasco além de
artigos científicos como os do Colégio Americano de Medicina e esporte
(AMERICAN COLLEGE) que abordam os temas reabilitação psicomotora,
idoso e treinamento funcional. Com uma abordagem direta e clara serão
apontados os principais problemas encontrados pelo idoso como: incapacidade
motora, desequilíbrio muscular, patologias associadas, dependência psíquica e
social, dependências básicas do seu dia-dia, entre outras.
A metodologia utilizada destina-se a apontar as modificações
ocorrentes na vida do individuo ao ficar idoso, suas principais limitações e o
que pode ser feito para prevenir ou amenizar os sintomas do envelhecimento.
Com a prática regular de atividades físicas, incluindo um bom trabalho
funcional o individuo obtém melhoras motoras e até psicológicas, pois ele ficará
mais independente e mais confiante ao realizar suas tarefas diárias.
O idoso enfrenta muitos problemas ocasionando limitações, o que
faz com que ele se sinta muitas vezes “inútil” naquele ambiente que o rodeia. O
trabalho funcional e o trabalho psicomotor fornecerão subsídios capazes de
trazer de volta sua vitalidade perdida com o passar dos anos, pois este idoso
ganhará força muscular, equilíbrio, flexibilidade, coordenação entre outras, ou
seja, ele ganhará autonomia reduzindo o risco de acidentes e até mesmo o
tornando se independente para tomar suas próprias decisões.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
CAPITULO I – O ENVELHECIMENTO............................................................. 11
CAPITULO II - TREINAMENTO FUNCIONAL.................................................. 16
CAPÍTULO III - REABILITAÇÃO PSICOMOTORA........................................... 22
CONCLUSÃO................................................................................................... 27
BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 29
ÍNDICE.............................................................................................................. 34
9
INTRODUÇÃO
A população idosa vem aumentando com o passar do tempo e,
como conseqüência da natureza fisiológica do ser humano, o individuo tem sua
capacidade motora diminuída interferindo assim em atividades básicas do seu
cotidiano, tendo em vista que a velhice envolve dois processos, sendo um
fisiológico e outro metabólico. Sendo assim, o presente trabalho tem o objetivo
de abordar temas relacionados os processos de modificações que o idoso
sofre, apontando caminhos possíveis para que estes processos ocorram de
maneira natural, mas com qualidade.
No primeiro capítulo falaremos sobre o envelhecimento de uma
forma geral citando algumas limitações e doenças associadas; no segundo
abordaremos o tema treinamento funcional, suas variáveis e benefícios; já no
terceiro e último capitulo serão descritos a psicomotricidade, a reabilitação
psicomotora e a relação existente entre todos os temas supracitados.
A questão central deste trabalho é abordar se a prática regular de
atividades físicas incluindo exercícios funcionais pode ou não melhorar o
desenvolvimento motor do idoso; auxiliando na sua autonomia, melhorando seu
equilíbrio, coordenação, flexibilidade e força muscular. Seguindo de uma boa
avaliação funcional que nada mais é do que verificar a funcionabilidade que
este indivíduo tem perante os problemas do seu cotidiano e perante a
sociedade, a “função” é avaliada de acordo com a capacidade que este idoso
tem em realizar as atividades da vida diária (AVD), obteremos informações
cabíveis para direcionar o trabalho a ser realizado com este individuo.
A dependência motora é o fator que mais impossibilita o idoso,
fazendo-se necessários trabalhos reabilitadores com o intuito de minimizar os
sintomas do envelhecimento e recuperar sua autonomia devem ser feitos
trabalhos reabilitadores. O trabalho com o idoso deve ser feito de forma
sensível, lúdica e prazerosa com exercícios de resistência muscular,
10alongamento e força, que iram melhorar a circulação, melhorando também o
raciocínio e as atividades diárias em geral.
A reabilitação psicomotora aliada ao trabalho funcional resgatará a
independência psicológica e motora deste individuo. Resgatar é importante,
mas melhor que isto é prevenir, pois o idoso ativo mantém sua integridade
física e psíquica rejuvenescida retardando o aparecimento dos sintomas do
envelhecimento. Segundo Fonseca, (1998) envelhecer é viver, viver é mover-
se, essa afirmativa é tomada como base para as justificativas de programas de
prevenções e de reabilitação psicomotora. Apesar de inevitável os efeitos do
envelhecimento podem ser combatidos com medidas reabilitativas, ativas ou
preventivas.
Tentando obter uma correlação entre os temas abordados, foi
descrito como o treinamento funcional e a reabilitação psicomotora são feitos, e
o ponto em comum é que: a melhor medida a ser tomada é a preventiva. O
trabalho realizado com sucesso, paciência e individualidade faz deste individuo
um cidadão independente, eficiente e ativo perante a sociedade.
11
CAPITULO I
O ENVELHECIMENTO
Envelhecer é um acontecimento biológico e inevitável que devemos
nos preparar para tal mudança com consciência e sabedoria, a população
idosa vem crescendo muito e cada vez com mais saúde, o que é fruto de muita
informação passada principalmente pelos meios de comunicação, que a cada
dia ”despeja” temas e reportagens que estão na moda, sobre saúde e
qualidade de vida. Devido a este turbilhão de informações passadas através da
mídia, o idoso hoje tem consciência da importância de adotar hábitos mais
adequados para o cuidado com sua própria saúde, como a prática de atividade
física, o consumo de uma alimentação saudável e até mesmo hábito de uma
boa leitura, pois assim pode-se manter não só o corpo como também a mente
saudável.
O aumento do envelhecimento populacional é um novo fenômeno
mundial onde até mesmo os países mais ricos ainda estão tentando se
adaptar. Envelhecer não é mais privilégio de uma pequena parcela da
população, porém os países mais desenvolvidos diferem substancialmente dos
demais. O Brasil, por exemplo, não está preparado para receber tamanho
crescimento populacional de idosos, pois, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS) a população de indivíduos com mais de 60 anos crescerá de tal
modo que em 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em idosos. A (OMS)
prevê também que o grupo de maior crescimento é o de idosos com mais de 80
anos do sexo feminino. Dados da Fundação IBGE (1984) mostram que em
1983 no Rio de Janeiro quase 8% da população pertencia à faixa etária de 60
anos ou mais, enquanto Salvador menos de 5% da população pertencia ao
mesmo grupo.
Atualmente o idoso mostra-se cada vez mais independente, porem
não podemos esquecer que ele ainda dispõe de certas limitações e é pensando
nestas limitações que devemos focar o trabalho psicomotor para que se
12obtenha uma boa reabilitação e minimize estas limitações. O idoso deve ser o
menos dependente possível para que ele se sinta útil e ativo e a dependência
pode ser relacionada também com fragilidade que é definida por Hazzard et al.
(1994) como uma vulnerabilidade que o indivíduo apresenta aos desafios do
próprio ambiente. Parte desta dependência ou limitação está relacionada com
alguma patologia associada ao envelhecimento, porem, antes de direcionar o
trabalho a ser realizado devemos classificar se esta patologia é limitante ou
não e em qual grau ela se encontra. Para avaliarmos o grau de dependência
utilizamos o método de avaliação funcional, que é muito aplicado na prática
geriátrica e tem se mostrado um indicador de tamanha relevância para avaliar
necessidades e determinar a utilização de recursos. O objetivo principal em
uma avaliação funcional nada mais é do que verificar a funcionabilidade que
este indivíduo tem perante os problemas do seu cotidiano e perante a
sociedade, a “função” é avaliada de acordo com a capacidade que este idoso
tem em realizar as atividades da vida diária (AVD), que pode ser dividida em:
(a) atividades básicas da vida diária tarefas próprias do autocuidado, como se
alimentar, vestir-se, controlar os esfíncteres, banhar-se, locomover-se, etc.;
(b) atividades instrumentais da vida diária indicativas da capacidade para levar
uma vida independente na comunidade, como realizar as tarefas domésticas,
compras, administrar as próprias medicações, manusear dinheiro, etc.;
(c) atividades avançadas da vida diária marcadoras de atos mais complexos, e
em grande parte, ligados à automotivação, como trabalho, atividades de lazer,
contatos sociais, exercícios físicos, etc.
Segundo Pitaud (1999) para caracterizar o idoso como uma pessoa
independente outro fator importante a ser avaliado além dos demais citados é a
capacidade de participação na vida econômica e social em decidir o que quer
fazer com seus recursos sem a ajuda de terceiros.
Não é apenas a dependência que faz do individuo incapaz, mas sim
o somatório de fatores incapacitantes é que vão determinar o quanto este idoso
é independente ou não, porém a dependência não é algo permanente, é um
processo que pode ser modificado, prevenido ou até mesmo reduzido de
13acordo com o trabalho a ser aplicado, seja adequando o ambiente às limitações
irreversíveis ou revertendo as que são possíveis, tornando este individuo o
mais auto-suficiente possível.
1.1 O envelhecimento e as doenças associadas
Com o aumento decorrente do numero de idosos vem também o
aumento proporcional das doenças associadas ao envelhecimento, destacando
se as doenças crônico-degenerativas, podemos dizer que o desuso das
funções fisiológicas que ocorre por imobilidade e má adaptação é um fator mais
determinante até do que as doenças crônicas, porem não podemos deixar de
citar a diabetes e a hipertensão arterial como um fator agravante às demais
doenças provenientes da idade . A dependência motora é considerada um fator
muito importante que afeta a qualidade de vida do idoso, devido à diminuição
funcional motora este indivíduo torna-se mais limitado e dependente.
1.1.1 Doenças crônico-degenerativas
Dentre as doenças associadas ao desequilíbrio e às limitações
articulares podemos citar as principais como: osteoporose, osteoartrite e artrite
reumatóide. A mais comumente falada é a osteoporose que se caracteriza pela
diminuição da massa óssea e com isso o aumento da fragilidade esquelética e
susceptibilidade a fraturas. WHO, (1994) define a osteoporose como
sendo doença caracterizada por baixa massa óssea e deterioração da
microarquitetura do osso, levando a aumento da fragilidade óssea e,
conseqüentemente, maior risco de fraturas. Assim, a prevenção da
fratura é o objetivo principal e fundamental na abordagem de mulheres após a
menopausa e em indivíduos idosos. A perda de massa óssea também pode ser
conseqüência da diminuição de massa muscular e de força, o declínio gradual
da massa óssea, começa por volta dos 30 ou 40 anos de idade, diminuindo
cerca de 0,5 % ao ano, sendo que esta perda é muito mais acentuada na
mulher após a menopausa. As mulheres são as mais acometidas pelas
14doenças relacionadas ao desequilíbrio, segundo Basires, a partir dos 80 anos
ocorre uma redução no equilíbrio, diminuição na velocidade do andar, fraqueza
da musculatura dos membros inferiores, deficiência na cognição e efeitos de
medicamentos além da diminuição hormonal após a menopausa. Associada
ainda ao problema de desequilíbrio deve ressaltar a grande freqüência de
quedas que conforme citado por Tinetti e Spuchkey M(1989) as principais
causas de quedas nos idosos são as alterações da marcha, a diminuição da
força muscular, a perda de agilidade, o deficiente controle postural, o déficit de
visão e de audição, a confusão mental, os acidentes vasculares cerebrais, as
arritmias cardíacas, as doenças reumáticas crônicas e alguns
medicamentos. Boas partes destas quedas são oriundas de atividades do
cotidiano deste individuo, atividades básicas e corriqueiras, mas que com o
passar dos anos e as limitações se transformam em atividades perigosas como
subir escadas, varrer casa, estender roupa na corda ou até mesmo caminhar
dentro de sua residência, pois exigem deste idoso maior atenção já que seu
corpo não responde da mesma maneira que antes quando se era jovem.
1.1.2 Dependência neuromotora
Segundo Matsudo,(2000), a dependência neuromotora seria o
problema que mais afeta a qualidade de vida dos idosos, tanto para realizar as
atividades básicas de vida diária, quanto às atividades instrumentais exigidas
por ela. Os declínios funcionais e motores que se acentuam com a idade são: a
redução da agilidade, da coordenação, diminuição do equilíbrio, redução da
flexibilidade, redução da mobilidade articular e o aumento da rigidez da
cartilagem, dos tendões e dos ligamentos. Em pesquisa Andrade et al (1996)
mostra que mulheres praticantes de atividade física de 30 a 73 anos de idade
tiveram um declínio do desempenho neuromotor com o passar dos anos, a
perda é de: 67% para agilidade, 58% para membros inferiores, 28% para força
de membros superiores, enquanto a redução de massa muscular é mais lenta
que a perda de força e tem uma forte relação com a diminuição dos hormônios
sexuais (WHO 2006).
15
1.1.3 Doença de Alzheimer
Com a apresentação clínica e patológica bem definida a Doença de
Alzheimer (DA) é a causa mais comum de demência no idoso (Marinho et al.,
1997), a doença afeta pelo menos cerca de 5% dos indivíduos com mais de 65
anos, onde aparecem os primeiros sintomas, e 20% daqueles com mais de 80
anos (Jorm,1987). É uma doença neurodegenerativa progressiva que causa
demência comprometendo a autonomia dos pacientes portadores, em seu
estágio inicial o individuo apresenta dificuldade em pensar com clareza, tem
tendência ao esquecimento de fatos recentes, dificuldade em registrar novas
informações, comete lapsos e se confunde facilmente alem de apresentar
queda em seu rendimento funcional na execução de tarefas mais complexas.
Segundo Laks 1997 á medida que a doença evolui, o paciente passa a ter
dificuldades ao desempenhar as tarefas mais simples, como utilizar utensílios
domésticos, ou ainda para vestir-se, cuidar da própria higiene e até mesmo
para alimentar-se.
1.1.4 Diabetes
No grupo das doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia
destaca-se o diabetes melito, que é resultante do mau funcionamento na
secreção de insulina e/ou em sua ação. O diabetes tipo II é uma situação
clínica freqüente, que acometendo cerca de 7,6% da população adulta entre 30
e 69 anos, sendo mais comum do que o diabetes tipo I a doença atinge cerca
de 90% dos casos de diabetes, tendo picos de incidência nos indivíduos com
mais de 60 anos.
16
CAPITULO II
TREINAMENTO FUNCIONAL
Existem varia definições para capacidade funcional, porem todas
giram em torno de um mesmo foco, o de que o mau funcionamento destas
capacidades implica na autonomia do idoso. Segundo Ramos (2003), a
capacidade funcional é um componente no modelo de saúde dos idosos e na
melhora da Autonomia Funcional na terceira idade, particularmente útil no
contexto do envelhecimento. Já Matsudo (2000) define como o potencial que
os idosos apresentam para decidir e atuar em suas vidas de forma
independente. A incapacidade funcional para Yang e Jorge (2005) é a
dificuldade de realizar tarefas que fazem parte do cotidiano do ser humano e
que normalmente são indispensáveis para uma vida independente na
comunidade.
Um dos principais objetivos do trabalho funcional é resgatar a
autonomia do idoso nas Atividades da Vida Diária (AVD), já que com o passar
dos anos e as doenças associadas o individuo vai perdendo força,
coordenação, flexibilidade, agilidade e equilíbrio, o que lhe torna dependente,
agravando ainda mais possíveis problemas neuromotores. Com hábitos
saudáveis e pratica de atividades físicas o individuo recupera sua
independência total ou parcial melhorando também sua auto-estima. Com o
passar dos anos vai se tornando cada vez mais difícil realizar funções
consideradas básicas para qualquer individuo jovem, mas que para o idoso
pode ser algo muito complicado, ações básicas do repertorio motor como:
caminhar, subir ou descer escadas, segurar um talher, fazer sua higiene
pessoal, vestir-se, calçar-se, arrumar os cabelos sem ter que depender da
ajuda de terceiros.
A capacidade funcional surge então como um novo paradigma na
área de saúde, a avaliação desta capacidade direciona estratégias de
promoção de saúde com o objetivo de prevenir ou restaurar as possíveis
17incapacidades. O Treinamento Funcional trabalha os quatro tipos básicos de
habilidades: locomotora, estabilização, manipulação e a de consciência de
movimento, qualquer movimento complexo executado nas atividades diárias é
uma combinação desses movimentos básicos. O principal objetivo do
Treinamento funcional é deixar o corpo preparado para os desgastes e funções
do dia a dia, trabalhando o equilíbrio, coordenação, força, resistência,
concentração, consciência corporal ou mesmo movimentos específicos. Em
qualquer exercício que inclua uma destas capacidades citadas pode-se dizer
que se trata de um exercício funcional porque tem uma função e um objetivo.
Alguns exercícios são feitos com estabilidade nas articulações outro não,
priorizando a instabilidade e o movimento e que cabe ao profissional avaliar
qual é melhor para a individualidade biológica de cada idoso.
Muitas vezes as pessoas fortalecem apenas a musculatura mais
superficial por questões estéticas ou até mesmo por falta de informação, sem
lembrar que é de suma importância o fortalecimento da musculatura
estabilizadora e o não fortalecimento desta musculatura faz com que cada vez
mais ela fique fraca gerando assim um desequilíbrio progressivo, reduzindo a
eficiência dos movimentos, já que a musculatura superficial esta fortalecida e a
estabilizadora fraca, sendo a conseqüência é o aparecimento de lesões
musculares, articulares ou de ligamentos.
Já que o intuito é melhorar o equilíbrio e a estabilidade, o
treinamento funcional prioriza exercícios que causam instabilidade e
desequilíbrio, pois assim recrutam-se os músculos estabilizadores. Outro tipo
de treinamento muito importante dentre os funcionais é o de isometria que é a
realização de exercício sustentando a postura por um determinado tempo, que
são muito indicados para o ganho de resistência e estabilidade.
Exercícios específicos para Atividades da Vida Diária (AVD)
permitem ao sistema muscular o recrutamento de fibras adequadas, o que
aumenta a capacidade funcional do individuo para a realização das suas
tarefas e quanto mais parecido for o exercício com a atividade ou o gesto
diário, melhores serão os ganhos e melhor será o desempenho deste individuo
18na sua rotina. Para a realização destas atividades podemos contar com o
auxilio de vários recursos na melhora da capacidade funcional como: bolas,
cabos, elásticos, superfícies instáveis, halteres entre outros. Recentes
investigações constataram que indivíduos idosos podem se beneficiar,
substancialmente, de exercícios físicos, tais como a caminhada, o treinamento
de força e alguns tipos de esporte, como a hidroginástica, aumentando os
níveis de força, de resistência, de equilíbrio e, principalmente, de mobilidade,
prolongando sua independência funcional, permitindo-lhes viver de maneira
auto-suficiente e digna (ACSM, 1998;Nobrega et al., 1999; Yaffe et al.,
2001;Gill et al., 2002; César et al., 2004; Filho et al., 2006).Benefícios gerais ao
indivíduo como:
• Melhora na eficiência dos movimentos,
• Melhora do equilíbrio muscular,
• Melhora da postura,
• Melhora do equilíbrio estático e dinâmico,
• Maior estabilidade da coluna vertebral,
• Diminuição de ocorrências de lesões,
• Melhora das qualidades físicas com equilíbrio, força, coordenação
motora, resistência central e periférica (cardiovascular e muscular),
• Melhora lateralidade, flexibilidade e propriocepção.
Para o idoso estes exercícios são os mais eficazes, pois atuam
revertendo perdas fisiológicas e motoras, já que contribuem para uma maior
autonomia funcional. O baixo risco de lesões, controle de freqüência cardíaca e
pressão arterial são fatores que tornam certos exercícios seguros, portanto
preferíveis nesta faixa etária. Por fim uma sensação agradável e de bem-estar
deve envolver o indivíduo pra que este se sinta motivado a progredir com os
exercícios.
Segundo Papaléu Netto (2002) saúde não significa simplesmente a
ausência de doenças, o termo engloba aspectos físicos, psíquicos e sociais.
19Portanto, o indivíduo deve interagir com seu meio plenamente, necessitando
para isso de uma capacidade funcional preservada. A prática de atividade física
regular é uma forma de manutenção da aptidão física em indivíduos idosos,
para atenuar e reverter à perda de massa muscular, contribuindo para
preservação da autonomia funcional e o envelhecimento saudável
(FABRÍCIO et al., 2004).
2.1 Alterações Funcionais
O envelhecimento é um processo irreversível que começa ao
nascimento e termina com a morte do individuo. Juntamente a este processo
ocorrem às modificações em seu organismo, trazendo o envelhecimento físico,
biológico, psicológico e social. Fisiologicamente este processo tem inicio com o
termino da fase de desenvolvimento e estabilização, perdurando até que as
alterações estruturais e funcionais se tornam evidentes. Biologicamente ocorre
no decorrer de toda sua vida. O psicológico e social decorrem de vários fatores
externos e internos como decepções e perdas.
2.2 Exercícios funcionais
Segundo a SBGG um programa ideal de exercícios físicos para os
idosos deve durar de 30 a 90 minutos, se possível todos os dias da semana,
incluindo exercícios aeróbicos, de força muscular, de flexibilidade e equilíbrio,
porém devem ser exercícios agradáveis que promovam o bem estar e
motivação. Com as informações colidas através da avaliação funcional é que
podemos conhecer o perfil do idoso visando retardar as incapacidades geradas
pelo envelhecimento do individuo ou melhorá-las.
A avaliação funcional pode ser feita através de testes, entrevistas,
revisão de prontuário ou por observação. Os critérios a serem observados
durante uma avaliação funcional baseiam-se em quatro subdivisões.
• Atividades Básicas de Vida Diária (AVD) que correspondem aos níveis mais
graves de deficiência das aptidões físicas relevantes, onde são avaliadas as
20funções de sobrevivência, tais como se alimentar, banhar-se, higiene pessoal,
vestir-se, transferir-se de um local a outro, e outras.
• As Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) são definidas
basicamente como as atividades da vida diária, porém abrangendo problemas
mais complexos da vida cotidiana do individuo, como, por exemplo, gerir o
orçamento doméstico, utilizar o telefone, sair só, fazer compras etc.
• As Atividades Avançadas de Vida Diária (AAVD) incluem também atividades
voluntárias sociais, ocupacionais e de recreação, as dificuldades em participar
dessas atividades podem não indicar perda funcional atual, mas risco de
perdas futuras ainda mais importantes.
• Estado Geral de Saúde e Qualidade de Vida ou Medidas de Qualidade de
Vida Relacionada à Saúde (EGSQUAL), que inclui itens ligados a aspectos
sociais e interpretativos da saúde do indivíduo.
O treinamento funcional pode ser realizado na sala de musculação,
na sala de ginástica, ao ar livre ou até mesmo em casa, o ideal é trabalhar com
suas características mais marcantes como: transferência, estabilização,
melhoramento da postura, atividades de base e exercícios multiarticulares.
Quanto maior a especificidade e a semelhança do treino com a atividade diária,
maior será a transferência dos ganhos do treino para essa mesma atividade. A
instabilidade "recruta" os músculos estabilizadores do joelho, tornozelo, quadril
e, principalmente, da coluna (core).
O Treinamento Funcional usa quantidades controladas de
instabilidade para estimular o sistema proprioceptivo e a capacidade de reação,
trabalha tanto a postura estática quanto a postura dinâmica. Os exercícios de
base são mais parecidos com os movimentos que executamos nas atividades
diárias, possibilitam aplicação de uma força maior do que nos exercícios de
cadeia aberta e trabalham todo o sistema neuromuscular e a habilidade do
corpo estabilizar as articulações durante o movimento. Os exercícios
multiarticulares desenvolvem tanto a capacidade de estabilização quanto a
coordenação intramuscular utilizando apoios dos pés ou das mãos.
21É comum escutarmos em academias os profissionais de Educação
Física dizer que se deve fortalecer a musculatura do “CORE”, o que seria isto?
São os músculos que rodeiam e estabilizam o tronco, a musculatura envolvida
é o reto abdominal, os oblíquos, o transverso e a musculatura do quadril. É
necessário compreender que o corpo tem um centro gravitacional, onde se
originam todos os movimentos, os músculos associados a este centro
gravitacional sustentam a coluna, os órgãos internos e a postura, formando um
cilindro de estabilidade ao redor da cintura. O CORE TRAINING traz ao seu
praticante maior estabilidade na coluna e força abdominal melhorando assim
todos os outros movimentos. Todo exercício de força ou resistência muscular
devem ser associado a exercícios de flexibilidade e alongamento, combinado a
exercícios isométricos e funcionais que trabalhem com a musculatura
estabilizadora do tronco que é responsável pela transmissão de força entre os
membros superiores e inferiores.
22
CAPITULO III
REABILITAÇÃO PSICOMOTORA
Para Vítor da Fonseca (1983), "Psicomotricidade é a evolução das
relações recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos,
psicológicos e sociais que intervêm na integração, elaboração e realização do
movimento humano". De acordo com a origem da palavra que vem do grego - alma
e do latim - moto (agitar), podemos dizer que a psicomotricidade está
diretamente relacionada ao corpo que se movimenta. É uma área que estuda
as relações entre as funções psíquicas e a motricidade em diversos contextos,
com o objetivo de contribuir para superar problemas de maturação,
desenvolvimento, aprendizagem e comportamento, através da intervenção por
mediação corporal.
Esta área é muito abrangente dando oportunidades de terapeutas,
pedagogos, psicólogos, professores, entre outros profissionais atuarem como
psicomotricistas. Almeida (2006, p17) afirma que: “... psicomotricista é o
profissional da área de saúde e educação que pesquisa, ajuda, previne e cuida
do homem na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios da integração
somapsíquica”. A atuação deste profissional é de suma importância no
desenvolvimento humano, agindo de forma preventiva ou terapêutica,
auxiliando na recuperação e no tratamento de possíveis distúrbios provenientes
de uma maturação inapropriada ou inadequada.
É fundamental o individuo estar preparado para envelhecer de forma
saudável, pois é inevitável envelhecer, com o passar dos anos o corpo
envelhece e se desgasta, ocorrendo o desgaste físico e mental, porém
podemos envelhecer de forma saudável e prazerosa. Além do envelhecimento
do corpo também não podemos esquecer o envelhecimento emocional que
ocorre devido à solidão, isolamento, perdas, limitações físicas e sociais,
redução da capacidade intelectual e até por desilusões acumuladas por toda
23vida deste idoso. Após os 65 anos de idade o individuo se torna mais
vulnerável à morte já que está mais suscetível a doenças e também por fatores
causados pelo próprio envelhecimento como surdez, cegueira, perda das
atividades intelectuais,incapacidade física e perda da sua autonomia.
Um fator importantíssimo a ser citado no processo de
envelhecimento são as limitações que o corpo vai sofrendo durante o passar
dos anos, essas limitações deixam este individuo dependente, o que agrava
cada vez mais todos os problemas adquiridos com a idade. A pratica de
exercícios psicomotores em idosos deve ser realizada em um ambiente
agradável e prazeroso, de forma lenta trabalhando a respiração, repetindo a
seqüência no máximo cinco vezes, sempre com intervalo entre as seções
dependendo da individualidade biológica de cada idoso. Com a prática da
psicomotricidade o individuo passa a conhecer e a utilizar seu corpo podendo
perceber a relação intima que existe entre pensamento, sentimento e atos. O
trabalho psicomotor aumenta a percepção corporal, relaxa e alonga a
musculatura favorecendo o desenvolvimento físico e motor.
Muitos autores vêm se preocupando com a prática psicomotora para
o idoso, destacando uma serie de técnicas com o objetivo de elevar o nível da
autonomia física e psicológica, para melhorar o equilíbrio emocional,
potencializar sua socialização e melhorar a adaptação a novas situações. A
psicomotricidade leva o idoso a reconhecer a importância do seu corpo ao
longo de sua existência, ajudando este individuo a viver em grupo e
estabelecer contatos sociais. Através de técnicas psicomotoras damos a
oportunidade para este idoso refletir sobre toda sua historia de vida, para que
ele possa fazer coisas que não foram feitas antes.
Psicomotricidade não é apenas tato, mas sim contato, comunicação
e troca. Através do toque a pessoa pode transmitir seus sentimentos sem nem
ao menos usar uma palavra se quer, pois através de um simples gesto somos
capazes de fazer com que o outro nos compreenda. Sempre devemos propor
atividade onde este idoso possa superar seus limites, como por exemplo,
vergonha de se expor, o importante é que ele se sinta cada vez mais dentro de
24sua própria pele, à medida que se percebe o próprio corpo passamos também
a perceber o das outras pessoas. Ao planejarmos atividades a serem aplicadas
ao idoso estamos tentando retardar os efeitos do envelhecimento e preservar
sua autonomia. A psicomotricidade tem função profilática, pois ajuda o idoso a
reaprender atividades motoras básicas e a se adaptar fazendo das limitações
um aprendizado para uma nova fase de vida, esta fase terá sim algumas
limitações porem com sintomas reduzidos.
“A psicomotricidade pode oferecer um efeito preventivo,
conservando uma tonicidade funcional, um controle
postural flexível, uma boa imagem corporal, uma
organização espacial e temporal plástica, uma integração
e prolongamento das paxias ideomotoras etc,
perfeitamente integradas às necessidades funcionais do
ancião, escapando à imobilidade, à passividade, ao
isolamento, à solidão, à depressão, à independência, à
institucionalização e a marginalização, dando à fase
terminal da vida a dignidade que se merece”.
(FONSECA,1987,p 12)
Dentre muitas atividades que podem ser aplicadas ao idoso vamos
citar 3 mais importantes dentre estas:
• Atividades físicas que favoreçam o equilíbrio, a marcha e a escuta de si
(ginástica, vivencias psicomotoras, hidroginástica, etc).
• Atividades que proporcionem ao idoso a iniciativa de explorar seu
potencial criativo e trabalhar relações interpessoais (contato com seu
próprio corpo, contato com o corpo dos demais, danças, etc).
• Atividades que proporcionem a auto-descoberta e a valorização de suas
vivencias e experiências (dar oportunidade do idoso falar sobre seus
projetos de vida, trabalhos de dramatização, teatro, etc).
A reabilitação psicomotora é uma área que pode desenvolver-se nos
seguintes âmbitos: preventivo (apoio à gestação, promoção do
25desenvolvimento, promoção da qualidade de vida do idoso), educativo
(estimulação do desenvolvimento psicomotor, e do potencial de aprendizagem),
Reeducativo ou terapêutico, (intervenção nos problemas de desenvolvimento
ou aprendizagem e problemas emocionais).
A reabilitação psicomotora é uma área já apreciada na tradição dos
portugueses para tratar pessoas com necessidades especiais em nível de
investigação e atendimento. No Brasil como em várias partes do mundo,
estudiosos de diferentes áreas de pesquisa estão se interessado por este
assunto, buscando aperfeiçoar técnicas e embasar teses sobre a importância
do idoso na sociedade. Buscando principalmente o trabalho profilático aos
decorrentes transtornos vivenciados pelos idosos; como quedas freqüentes,
limitações físicas e orgânicas, doenças degenerativas ou associadas ao
envelhecimento.
As mudanças são continuas no processo de envelhecimento, por
isso necessitamos de adaptações para enfrentar tamanha mudança, estas
modificações serão combatidas com medidas preventivas e reabilitativas. A
psicomotricidade trabalha com o fator reabilitativo e o treinamento funcional
também, porém com um foco maior na prevenção. Dentre os exercícios
psicomotores e os exercícios funcionais podemos citar alguns que são
utilizados em abas áreas como:
• Técnicas de auto-alongamento,
• Mobilização ativa.
• Mobilização ativo-assistida.
Todas as técnicas acima citadas atuam na estimulação do tônus
muscular com exercícios básicos de engatinhar, marchar (andar) com
movimentos alternados de braços e pernas, equilibrar-se com um pé elevado,
arremessar ou pegar algum objeto em atividades de coordenação óculo-
manual, chutar uma bola em atividades óculo-pedais. O profissional deve aliar
suas técnicas cientificas a sua criatividade podendo utilizar atividades
psicomotores recreativos aplicados em crianças num protocolo psicomotor.
26Se soubermos mesclar as técnicas do treinamento funcional com as
experiências diárias do trabalho psicomotor, seja ele preventivo ou reabilitativo,
disponibilizaremos de uma gama de atividades lúdicas e ricas em criatividade
para ser aplicada ao idoso trazendo melhora na sua qualidade de vida.
Devemos sempre estar em atividade, pois nossas células morrem, mas são
recriadas; se estamos ativos essa renovação ocorre com maior velocidade, o
cérebro não se degenera nós é que por descuido deixamos que ele envelheça,
envelhecer é apenas uma questão de estado de espírito pois existem jovens
com menos de 20 anos que tem um espírito ranzinzo e moribundo enquanto
existem idosos com a mente de uma criança.
Segundo Santos (2001) no ocidente, o primeiro texto referindo-se a
velhice encontra-se no Egito e data de 2.500 a .C.:
“Quão penoso é o fim do ancião! Vai dia-dia
enfraquecendo: visão baixa, seus ouvidos tornam-se
surdos, o nariz se obstrui e nada mais pode cheirar, a
boca se torna silenciosa e já não fala. Suas faculdades
intelectuais se reduzem e torna-se impossível recordar o
que foi ontem. Doem-lhe todos os ossos. A ocupação a
que outrora se entrega com prazer, só a realiza agora
com dificuldade e desaparece o sentido do gosto. A
velhice é a pior desgraça que pode acontecer a um
homem.”
De certo não é este o futuro que queremos aos nossos entes
queridos, tão pouco a nós mesmos. Pois se hoje somos jovens, amanha não
mais seremos, faremos parte desta tão populosa massa de idosos que toma
conta do mundo, que já trabalhou e contribuiu para sua sociedade evoluir e
hoje desfruta do tão merecido descanso da sua maturidade.
27
CONCLUSÃO
Segundo a cultura greco-romana, a velhice é uma fatalidade da vida,
porém pode vir carregada de saúde e vigor, na velhice, podem-se alcançar
virtudes, tais como: a prudência, a sabedoria, a discrição e a
equanimidade.(Ferreira, et al 2010).
É pensando no envelhecimento saudável que o individuo deve se
manter ativo físico e mentalmente. A prática regular de atividades físicas
retarda os efeitos motores do envelhecimento, porém nunca é tarde demais
para começar, pois mesmo com o avançar da idade o individuo consegue
melhorar sua qualidade de vida e sua autonomia nem que seja parcialmente.
O corpo humano necessita de manutenção constante, esses
cuidados permanentes podem ser feitos através do treinamento funcional e da
reabilitação psicomotora. A Psicomotricidade proporciona aos idosos a
redescoberta de valores, sentimentos, capacidades, onde há um sentido muito
maior do que meramente a repetição de exercícios puramente ginásticos. O
que não significa que a pratica de exercícios seja desnecessária.
O envelhecimento apresenta varias alterações psíquicas, motoras e
sociais que podem ser agravadas a fatores emocionais ou até mesmo a
doenças associadas, o que faz com este individuo dependente e limitado.
Como foi mostrado nesta pesquisa, a reabilitação psicomotora se aliada às
técnicas do treinamento funcional é uma relação perfeita para a melhora
motora-funcional e psicológica deste idoso.
Devido ao corrente crescimento da população idosa no mundo,
estudiosos de todas as áreas estão buscando aperfeiçoar técnicas ou métodos
já utilizados em indivíduos adultos para adequá-las aos idosos, objetivando
prevenir doenças, limitações, quedas, dores, etc; características anteriormente
associadas aos “velhos”, proporcionando maior longevidade a este indivíduo.
O processo de envelhecimento vem acompanhado de muitos
preconceitos, que se aplicam meramente pelo fator idade, ao achar que este
28indivíduo é velho demais para realizar suas ações sozinho. Esta gerontofobia
atualmente tem se mostrado menos freqüente do que a alguns anos atrás. E é
para que este preconceito se torne cada vez mais escasso devemos trazer este
idoso de volta à sociedade, pois ele é um cidadão que merece respeito, valor,
compreensão e acima de tudo AMOR.
29
BIBLIOGRAFIA
ACSM-American College of Sports Medicine. Position Stand on Exercise and
Physical Activity for Older Adults. 1998.
ACSM-American College of Science, Manual de pesquisas das Directrizes do
ACSM. São Paulo: Manole.1999
ACSM-American College of Sports Medicine. Progression Models in resistence
Training for Healthy Adults. Medicine and Science in Sports and Exercise,
Indianapolis, 2002.v.34, n.32.
ALMEIDA, Geraldo Peçanha de.Teoria e Pratica em Psicomotricidade: jogos,
atividades ludicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. Rio de Janeiro:
Wak,2006.
ALVES, Fátima. Psicomotricidade, corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro:
Wak.,2003
AMORIN PRS, Miranda M, Chiapeta SMV. Estilo de vida ativo ou sedentário:
impacto sobre a capacidade funcional. Revista brasileira de ciências do esporte
2002; 23(3):49-63.)
ANDRADE EL, MATSUDO SMM et al. Body mass index and neuromomotor
performance in elderly women. In: Proceedings International Pre-Olympic
Congress Phisical activity sport and health. Dallas, 1996
BASIRES S, PEREIRA SEM, et al. Quedas em idosos. Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia. Associação Medica Brasileira; 2001.
30
CÉSAR EP,ALMEIDA OV, PERNAMBUCO CS,VALE RGS, DANTAS
EH.Aplicação de quatro testes do protocolo GDLAM. Rev Minei Ed Física
2004;12(1):18-37.
FABRÍCIO, S. C. C. et.al. Causas e conseqüências de quedas de idosos
atendidos em hospital público. Revista de Saúde Pública, v. 38, 2004. p. :93-
99.
FERREIRA, Carlos Albert et. Al. Psicomotricidade na sáude., Rio de Janeiro:
Wak, 2010.
FERREIRA, CARLOS, A.M., THOMPSON, RITA, MOUSINHO, RENATA. –
Psicomotricidade Clinica. São Paulo: Lovise, 2002, 131 p. 4.
FILHO ML, FERREIRAWR, CÉSAR EP.Os benefícios do treinamento de força
no desempenho da autonomia funcional do idoso. Rev de Ed Física Exército
2006;134:57-68.
FONSECA, V. - Manual de Observação Psicomotora: Significação
Psiconeurológica dos Fatores Psicomotores. Lisboa: Âncora (2007).
FONSECA, V.– Terapia Psicomotora. Lisboa: Âncora (2007).
FONSECA, V.– Desenvolvimento Psicomotor e AprendizAgem. Lisboa: Âncora
(2005).
FONSECA, V.– Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre:
Artmed (2004).
FONSECA, VÍTOR DA - "Psicomotricidade" - São Paulo: Martins Fontes,
1983.
FONSECA, Vitor da. Manual de Observação Psicomotora – Significação
Psiconeurológica dos Fatores Psicomotores. São Paulo : Martins Fontes, 1987.
FUNDAÇÃO IBGE. Regiões metropolitanas. Rio de Janeiro, 1984. v. 7, t. 22.
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1981)
GEIS, Pilar Pout e RUBÍ, Maika Carrogio. Terceira Idade: Atividades criativas e
Recursos Práticos. São Paulo: Paidotribo, reimpressão 2007.
31GILL TM, BAKER DI, GOTTSCHALK M, PEDUZZI P, ALLORE H, BYERS A. A
program to prevent functional decline in physically frail, ederly persons who live
at home. N Engl J Med 2002 347;(14):1068-74.
Hazzard Wr et. al. Principles of geriatric medicine and gerontology. 4th Ed. New
York: McGraw-Hill; 1999.
HAZZARD, W. R.; BRERMAN, E. L.; BLASS, J. P.; ETTINGER, W. H. &
HALTER, J. B.,. Principles of Geriatric Medicine and Gerontology. New York:
McGraw Hill,1994,3rd Ed.
HEDRICK SC. Assessment of functional status: activities of daily living. In:
Rubenstein LZ, Wieland D, Bernabei R, editors. Geriatric assessment
technology: state of the art. Milano: Editrice Kurtis; 1995. p. 311.
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2000.
JORM, A.F.; KORTEN, A.E.; HENDERSON, A.S. - The prevalence of dementia:
a qualitative integration of the literature. Acta psychiatrica
Scandinavica, 1987;76:465-79.
Kuroda Y e ISRAEL S. Sport and physical activities in arder people. In: The
Olimpic book of sports medicine. Oxford: Blackwell Scientific
Publications;1988.
LAKS, J. Revista Brasileira de Neurologia . 1997;33(4):201-6.
MACHADO, José Ricardo Martins e NUNES, Marcus Vinicius da Silva.
Recriando a Psicomotricidade. Sprint, Rio de Janeiro, 2010.
MALERBI D, FRANCO L. Multicenter study of the prevalence of diabetes
mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Brazilian population aged.
30-69 yr. Diabetes Care, 1992; 15:1509-16.
MARINHO, V.; LAKS, J.; ENGELHARDT, E. - Aspectos neuropsiquiátricos das
demências degenerativas. Revista Brasileira de Neuropsicologia . 1997,33(1),
31-7.
MATSUDO, S. M.M. Avaliação do idoso: física e funcional. Londrina: Midiograf;
2000.
32MCDOWELL IW, NEWELL C. Measuring health: a guideto rating scales and
questionnaires. 2nd Ed. New York: Oxford University Press; 1996.
MINAYO MCS e SANCHES O. Quantitativo-qualitativo: oposição ou
complementaridade. Caderno de Saúde Pública 1993; 9(3): 237-248.
MTSUDO, S.M.M. Envelhecimento e Atividade Física. Londrina: Midiograf,
2001.
NÓBREGAAC, FREITAS EV, OLIVEIRAMA, LEITÃOMB, LAZZOLI JK et
al.Posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: Atividade física e saúde no
idoso. Ver Bras Med Esporte 1999;5(6):207-11.
PAPALÉU NETTO. Matheus.Gerontologia: A velhice e o envelhecimento em
visão globalizada. São Paulo: Atheneu, 2002.
PITAUD, P., 1999. La dependencia y su prise en charge (responsabilidad) en
Francia. In: El Reto de la Dependencia al Envejecer (R. M. Moragas, org.), pp.
17-30, Barcelona: Herder.
Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: Atividade Física e Saúde no
Idoso.Rev.Bras.Med.Esporte-Nov/Dez,1999.
RAMOS, L. R. Fatores determinantes do envelhecimento saudável em idosos
residentes em centro urbano: Projeto Epidoso. Caderno de Saúde Pública, São
Paulo, v. 19, 2003. p. 793-797.
REBELATTO JR, et al. Fisioterapia Geriátrica, São Paulo: Manole; 2004.
REUBEN DB, WIELAND D, RUBENSTEIN LZ. Functional status assessment of
older persons: concepts and implications. Facts and Research in Gerontology
1993; 7:231-40.
SANTARÉM, José Maria. Promoção da saúde do idoso: a importância da
atividade física. Disponível em:
<http://www.saudetotal.com/saude/musvida/idoso.htm>. Acesso em: 05 janeiro
2011.
33SANTOS, S. S. C. Envelhecimento: visão de filósofos da antiguidade oriental
e ocidental. Revista René. Fortaleza, v.2, n.1, jan./jun. 2001.
SBGG-SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA.
Normas para funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras
instituições destinadas ao atendimento de idosos. Gerontologia, 1(3):125-7,
1993.
SPIRDUSO W. Phisical dimensions of again. Champagne: Human
Kinetics;1995.
The Expert Committee on the diagnosis and classification of diabetes mellitus.
Report of the Expert Committee on the diagnosis and classification of diabetes
mellitus. Diabetes Care 1997;20:1183-97.
TINETTI, SPUCHKEY M. Prevention of falls among the elderly. The New
England journal of medicine 1989; 320: 1055-9.
VELASCO, cacilda Gonçalves. Aprendendo a Envelhecer...” a luz da
psicomotricidade.” All Print, São Paulo, 2005.
WHO-World Health Organization. The WHO Family of International
Classifications(CIF).
World Health Organization. Assessment of fracture risk and its application to
screening for postmenopausal osteoporosis. Geneva: WHO; 1994.
XAVIER, F. et al. Octagenários de Veranópolis: as condições psicológicas,
sociais e de saúde geral de um grupo representativo de idosos com mais de 80
anos residentes na comunidade. Revista AMRIGS, Porto Alegre, n.44, v.12, p.
25-29, 2000.
YAFFE K, BARNES D, NEVITT M, LUIS L, COVINSKI K. A prospective study of
physical activity an cognitive in elderly women. Arch Intern Med 2001;161:1703-
8.
YANG, Y.; GEORGE, L. K. Functional disability: disability transitions and
depressive symptoms in late life. J Aging Health, v. 17, 2005. p. 263-292.
34
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO............................................................................................ 2
AGRADECIMENTO............................................................................................ 3
DECICATÓRIA................................................................................................... 4
RESUMO............................................................................................................ 6
METODOLOGIA................................................................................................. 7
SUMÁRIO........................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
CAPITULO I – O ENVELHECIMENTO............................................................. 11
1.1 O ENVELHECIMENTO E AS DOENÇAS ASSOCIADAS.......................... 13
1.1.1 DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS............................................. 13
1.1.2 DEPENDÊNCIA NEUROMOTORA ....................................................... 14
1.1.3 DOENÇA DE ALZHEIMER ................................................................... 15
1.1.4 DIABETES .............................................................................................. 15
CAPITULO II - TREINAMENTO FUNCIONAL.................................................. 16
2.1 ALTERAÇÕES FUNCIONAIS..................................................................... 19
2.2 EXERCÍCIOS FUNCIONAIS ...................................................................... 19
CAPÍTULO III - REABILITAÇÃO PSICOMOTORA........................................... 22
CONCLUSÃO................................................................................................... 27
BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 29
ÍNDICE.............................................................................................................. 34