o topo da escada', é um texto dimensionado sobre a realidade da vida, retratando sua fase...
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'O TOPO DA ESCADA',
é um texto dimensionado sobre a realidade da vida,
retratando sua fase evolutiva, em que pesem os sofrimentos
que chegam e se instalam.
Mostra que já estivemos, um dia, todos nós, ocupando
os primeiros degraus dessa escada. embora à época
não nos dando conta disso,
Ano Novo, Vida Nova!
Esse marco representano calendário terreno
mais uma alvorada em nossaturbulenta e penosa existência!
Se é aguardado por muitos,com preparativos sonhados
durante o ano todo epromessas infindas a começar
na nova etapa,
nem tanto o é por outros, cujos corações amargurados
pela saudade,esperam com intensa expectativa
a acomodação da efervescência social,
Depois, tudo estará terminado.
porquanto o final, é só uma questão de dias.
Se por um lado destaca-sea alegria das comemorações,com explícita manifestação
estampada no rosto,aqueles outros que estão
envolvidos no manto da tristezaafastam-se do burburinhoe recolhem-se em silêncio!
E foi num desses instantes,em que o mundo todo vibrava com a chegada do novo ano,que conversei sobre o assunto
em certa reunião familiar,e alguém,
com longa estrada percorrida,
cabelos embranquecidos e voz cansada, lembrou: - “Veja,
comecei fazendo uma relação e já está deste tamanho! Quantos
partiram, meu Deus, equantos chegaram!” – e
mostrou-me com mão trêmula,extensa relação de nomes.
Foi então que vi, nessa listagem,o registro de pessoas conhecidas,
amigas, parentes e, inclusive,consanguíneos íntimos
do meu interlocutor.
Por alguns instantes, o silêncio se fez presente.
Enquanto meus olhos percorriam
aquele pedaço de papelescrito a lápis, os pensamentosdivagavam, buscando no infinito
também reunir a minha relação nominal.
Certamente desliguei-medaquele fraterno ambiente,
reunindo os fragmentos de saudadeque estavam adormecidos em meu
subconsciente... e fui longe.
Na medida que fôssemosavançando no tempo,
os que estavam à nossa frentecederiam seus lugares
e nós iríamos, aos poucos,assumindo os postos que lhes pertenciam.
Em poucos anos,os mais velhos não seriam
mais os nossos avós a ocupar o topo da escada,
mas sim, nós próprios.
Um dia estivemosentre os mais jovens.
Hoje... é a vida.Essa escada teria, um dia,
que chegar ao topo.
Mas quando são os mais novos que se despedem para uma viagem
sem retorno, como era o caso daquele lar em que eu
me encontrava, não me pareceurazoável pensar em alegria
com o coração ainda sangrando.
Ao terminar a leitura, erguer a cabeça e voltar o olhar
para o lado, sem contudofixar em ponto algum em
razão do turbilhão que se instalara, fui percebido
nesse gesto e a voz do anfitrião,em volume suave e entrecortada
disse-me:
-“Não é fácil para ninguémperder alguém da família; da família
íntima onde o amor impera!Sei que devo cumprir minha tarefa,
percorrer minha estradae carregar o meu fardo,
em que pese a ausência e a faltaque me faz o apoio que eu tinha
do meu amado e único filho!”
Com um longo suspiro,compreendi a exposição que
me fora feita;A atmosfera de tristeza que eu
ali conhecera, não era sem razão.
Levantei-me, abracei-o comovidoe beijei-lhe o rosto.
Não pude lhe dizer nada,porque a voz enroscou-seem minha garganta e não
consegui pronunciar uma palavra sequer.