o tentado - leonardo teixeira
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7/25/2019 O Tentado - Leonardo Teixeira
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O tentado
Muita gente segue uma trilha de bala, inzoneira, a bater testa em mesma rvore.
Sem se dar conta da preciso do desvio. Em voar de bala no se desvia o alvo, nem com
muita espoleta. Por muito empenho de se martelar a insistncia, o prego da vida se desgasta,at se infiltrar por completo na madeira da morte. uando se es!uiva de um martelar mal
feito, o prego e a vida se entortam. Mas a regra, a esses tentados em frisar num s" rumo de
!uerncia, por ruir#se o merecido. $ tentado parece possu%do pela vertente de sua vereda,
tem os antolhos por guia de referncia. &ai testando a testada, at !ue se'a tentado por outra
tenta(o. )ova te*tura.
+ogero por nome era pouco conhecido, mas ao falar +ego#ful as portas e
'anelas se fecham, tamanha fama se tinha de sua figura bernenta, sempre a aporrinhar em
algum boteco. +ego#ful era um ba-, troncudo, a camisa abotoada apenas no boto de
bai*o, com o umbigo estufado e tostado pelo sol. inha seu 'eito de andar com as pernas
ar!ueadas, como se cavalgasse a cada passo. /arrancudo e olheiro 0 sedento 0, no podia
ver mulher, !ue ' sobe'avam pensamentos copulados com seu 'eito desemendado de rufio,
atroz, desrespeitando as mulheres casadas e seus maridos. Para ele no havia damas, nem
mo(a de fam%lia !ue se pudesse amenizar a cobi(a dos olhos em e*ternada vol-pia. )o
adianta, +ego#ful no tinha o menor descaramento, era biltre e sem estatutos. Estava
sempre consumindo aguardentes e os sorvia com e*trema rapidez. E nesse momento
tornava#se ainda mais desordeiro, valentoso, de instigar !uem aparecer pela frente. /omo
tinha a robusteza de um touro, e ainda portava um ferro 12, mostrando o cabo, acima da
embira !ue circundava a sua cal(a pu%da de algodo, de fato repelia !ual!uer intento alheio
de freio.
+ego#ful andava por vrios vilare'os, a(oitando o vento, deflorando mo(as.
3inda !ue fizessem !uerela, +ego#ful se rompia no arrocho. Sem !ual!uer brio, nem
toler4ncia. E foram muitas as 'udiadas com o pre'u%zo for(oso. Pois de tudo !ue se lembra
!ue +ego#ful era desses de rumo martelado, o tentado em pessoa, vindi(o, de outras
maldades, aprontou no 5ro'elo +o*o, um amuado, onde morava uma mo(a de fam%lia, to
formosa, !ue no passava despercebida sem o regalo de vista. Mas de uma balancesa no
passo to meiga, !ue se via a menina pulante, no meio da!uelas carnes de mulher rodeada
em contornos andando no seu pulo#menina em voo corte'o. Mas o vestido ficou ali,
burilando no olho de +ego#ful. $ vento e o tecido a moldar a escultura da mo(a. 6osse
prendada, de fato o era, e de fam%lia, consagrada e comprometida com um mo(o novo, dos
mais trabalhadeiros, franzino, macilento 0 de pouca carne 0 sabe#se l por muita sorte, era o
noivo dela. 7m mo(o honesto, de pouca conversa e atitude, de prudncia e pacincia 0 o!ue prestigiava os olhos do pai da mo(a. 3li, tudo no amuado do 5ro'elo +o*o, era gente de
fam%lia, o conhecido, eram todos de estima(o no lugar, em conforto. 3 paz se seguia num
reinado de lagoa sem vento, !uando a apari(o de +ego#ful deu a pedrada de sua presen(a
bem no meio do lago.
Pelo visto do contado, a mo(a, com a pancada de +ego#ful, ficou desatinada,
perdera a clareza das vistas e a no(o dos sentidos. 8evada numa mateira escondida, se
rompeu em dores, e teve o membro adentrado num rompante sem preceito, 'udioso,
descarecido. 3 Mo(a#menina se viu sangrada antes da menarca manchadeira. 9epois do ato
feito, a vergonha e o mal estar, !ue fosse morta em vez disso. Mas o descarado mofino a
dei*ou viva, em pranto, em vermelhido prurida, e se foi, todo altru%sta, largando para trs amo(a, to d"cil, ali 'ogada na mataria.
Pois, maior no foi o intento de segui#la vez por outra. uerendo bulir repetido. E
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tamanha foi a dor de ver a filha corrompida em dores, a futura mulher furada em traumas,
!ue se viu sofrendo a maior lazeira. $ mo(o noivo, se ps firme no conforto, em lgrimas
de ver to !uerida criatura violentada em modorra. oda inofensiva e lastimada. 3li deitada,
!uebradi(a, deflorada. Sentiu o peso do ultra'e a vacalhar sua honra !uando soube !ue o
fagamicho pestilento a seguia vez por outra na !uerncia de um novo intento. 3% a !uota seesbarrou no limite do suportado. E o rapaz viu#se obrigado a largar do zelo. E logo ele, todo
passivo na calmaria. ue nunca tivera desafetos, sempre 'eitoso. 8ogo agora em vspera do
matrimnio, aos temporais pr#nupciais. Mas o mo(o, a!uele tipo mi-do e mo%do pela
labuta do tempo, de rosto gravado e carregado de muito suor, se viu, em seu canto da casa,
no relembramento do 'udiado, passando tamanha dor da tristeza, obrigado a sucumbir suas
lam-rias. 3!uilo era demais da conta: $s olhos do rapaz encontraram sem !uerer uma
cartucheira antiga, com dois canos, ali detrs de umas tran!ueiras, e ficou carregando o
tempo a se resvalar no gatilho do ferro. E, sem !uerer, refez seus sentidos e repassou a
afronta in'uriosa !ue a sua noiva passara. E volta e meia desviava o olhar, mas firmando a
dire(o na arma, como !ue atra%sse com %m preguento, e, fitando novamente a bicha velha,
!uase enferru'ada, remirou o fito nela, e vislumbrou ali o despertar de um lampe'o na ideia.
9eu um trato de limpeza com "leo e tudo. /arregou de bala, vagaroso, no
capricho, e acariciou#a como se fosse sua noiva 'udiada. ;)o h tantos no !ual reto de um
tiro mirado:< E se foi portando a cartucheira meio !ue disfar(ado, pisando nas estradas meio
!ue escondido, como se entrasse no mato. Pois morreria por ela, mas levaria o cu'o
primeiro.
Pois l na frente o +ego#ful se vinha, e muito. )a rapidez de suas fartas carnes.
5alan(ando a barriga, o peito aberto, o cabo do ferro despontando na embira. $ mo(o se
prontificou irado, os olhos fumegando o rancor e o "dio no derramados por uma vida
inteira, mirando a enorme figura. 3li morreria e mataria por ela, a sua amada. 3li se firmou
o embate. $ +ego#ful, sem pestane'ar sacou a mo ' armada e ouviu#se um forte
estampido. 7m -nico estrondo, alteado, barulhoso !ue s", reverberando eco. E somente um.
$ outro saiu com vida. +ego#ful se foi ao cho, ' desfalecido, largando a arma na mo
toda bamba, agora sem vida. )o meio do peito um rombo !ueimado, tombando uma vida. $
peito vermelho agora dei*aria sedento um urubu l no alto. )o vilare'o do 5ro'elo +o*o, os
moradores foram alertados pelo eco, da!uele estampido ' detonado. E se e*auriu na
cercania da mata. $s moradores sa%ram e olharam os horizontes, mas s" a pasmaceira calma
em toda a redondeza se mostrava, alm de o sol alaran'ar o tempo e pintar o cu de poeira
no entardecer. E viram !ue no foi nada, um trovo talvez, um estralado de madeira em
fogo = lenha. $u algo do tipo. $ !ue mais ocorreria na!uela altura do tempo, sem feste'os>
Essa terra inabitada. )ada acontece por a!ui: $ 'usto, o sempre? a sorte, !ui(> alvez: