o sistema digestÓrio

25
O SISTEMA DIGESTÓRIO SISTEMA DIGESTIVO O sistema digestivo, que se estende da boca até o ânus, é responsável pela recepção dos alimentos, da sua degradação em nutrientes (um processo denominado digestão), a absorção de nutrientes para o interior da corrente sangüínea e a eliminação das partes não digeríveis dos alimentos do organismo. O trato digestivo é constituído pela boca, garganta, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus. O sistema digestivo também inclui órgãos localizados fora do trato digestivo: o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar. (epiglote) fecha- se ao mesmo tempo que a zona posterior do palato mole (céu da boca) eleva-se para evitar que os alimentos subam até o nariz. O esôfago (um canal muscular com paredes delgadas revestido por uma membrana mucosa) conecta a garganta com o estômago. Os alimentos são impulsionados através do esôfago não sob o efeito da força da gravidade, mas por ondas de contrações e relaxamentos musculares rítmicos, que são denominados peristaltismo. Boca, Garganta e Esôfago A boca é a entrada tanto para o sistema digestivo como para o respiratório. O interior da boca é revestido por uma membrana mucosa. Os condutos procedentes das glândulas salivares, tanto nas bochechas quanto sob a mandíbula, drenam para o interior da boca. No assoalho da cavidade bucal, localiza-se a língua, que é utilizada para detectar os sabores e para misturar os alimentos. Na região póstero-inferior da boca, encontra-se a faringe (garganta). O gosto é detectado pelas papilas gustativas localizadas sobre a superfície da língua. Os odores são detectados pelos receptores olfatórios localizados na porção alta do nariz. O paladar é relativamente simples, ele diferencia somente o doce, o azedo, o salgado e o amargo. O olfato é muito mais complexo e identifica muitas variações sutis. Os alimentos são fragmentados em partículas mais facilmente digeríveis ao serem cortados pelos dentes anteriores (incisivos) e a mastigação com os dentes posteriores (molares), enquanto qu0e a saliva oriunda das glândulas salivares envolve as partículas com enzimas digestivas, dando início à digestão.

Upload: daianevc

Post on 14-Jun-2015

582 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: O SISTEMA DIGESTÓRIO

O SISTEMA DIGESTÓRIO

SISTEMA DIGESTIVO

O sistema digestivo, que se estende da boca até o ânus, é responsável pela recepção dos alimentos, da sua degradação em nutrientes (um processo denominado digestão), a absorção de nutrientes para o interior da corrente sangüínea e a eliminação das partes não digeríveis dos alimentos do organismo. O trato digestivo é constituído pela boca, garganta, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus.

O sistema digestivo também inclui órgãos localizados fora do trato digestivo: o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar. (epiglote) fecha-se ao mesmo tempo que a zona posterior do palato mole (céu da boca) eleva-se para evitar que os alimentos subam até o nariz. O esôfago (um canal muscular com paredes delgadas revestido por uma membrana mucosa) conecta a garganta com o estômago. Os alimentos são impulsionados através do esôfago não sob o efeito da força da gravidade, mas por ondas de contrações e relaxamentos musculares rítmicos, que são denominados peristaltismo.

Boca, Garganta e Esôfago

A boca é a entrada tanto para o sistema digestivo como para o respiratório. O interior da boca é revestido por uma membrana mucosa. Os condutos procedentes das glândulas salivares, tanto nas bochechas quanto sob a mandíbula, drenam para o interior da boca. No assoalho da cavidade bucal, localiza-se a língua, que é utilizada para detectar os sabores e para misturar os alimentos. Na região póstero-inferior da boca, encontra-se a faringe (garganta). O gosto é detectado pelas papilas gustativas localizadas sobre a superfície da língua.

Os odores são detectados pelos receptores olfatórios localizados na porção alta do nariz. O paladar é relativamente simples, ele diferencia somente o doce, o azedo, o salgado e o amargo. O olfato é muito mais complexo e identifica muitas variações sutis. Os alimentos são fragmentados em partículas mais facilmente digeríveis ao serem cortados pelos dentes anteriores (incisivos) e a mastigação com os dentes posteriores (molares), enquanto qu0e a saliva oriunda das glândulas salivares envolve as partículas com enzimas digestivas, dando início à digestão.

Entre as refeições, o fluxo de saliva elimina as bactérias que podem causar cáries dentais e outros distúrbios. A saliva também contém anticorpos e enzimas (p.ex., lisozima), que quebram as proteínas e atacam as bactérias diretamente. A deglutição (ato de engolir algo) começa voluntariamente e continua automaticamente. Para impedir que os alimentos passem à traquéia e atinjam os pulmões, uma pequena lingüeta muscular

Estômago

É um órgão muscular oco, grande, em forma de feijão e que é dividido em três partes: a cárdia, o corpo (fundo) e o antro. A partir do esôfago, o alimento entra no estômago passando por um músculo aneliforme (esfíncter), que abre e fecha. Normalmente, o esfíncter impede que o conteúdo gástrico (do estômago) reflua ao esôfago. O estômago serve como uma área de armazenamento para os alimentos, contraindo ritmicamente e misturando o alimento com enzimas. As células que revestem o estômago secretam três substâncias importantes: o muco, o ácido clorídrico e o precursor da pepsina (uma enzima que quebra as proteínas).

Page 2: O SISTEMA DIGESTÓRIO

O muco reveste as células de revestimento do estômago para protegê-las contra lesões causadas pelo ácido e pelas enzimas. Qualquer rompimento dessa camada de muco – (p.ex., causada por uma infecção pela bactéria Helicobacter pylori ou pela aspirina) pode acarretar um dano que leva a uma úlcera gástrica. O ácido clorídrico provê o meio altamente ácido necessário para que a pepsina quebre as proteínas.

A alta acidez gástrica também atua como uma barreira contra infecções, matando a maioria das bactérias. A secreção ácida é estimulada por impulsos nervosos que chegam ao estômago, pela gastrina (um hormônio liberado pelo estômago) e pela histamina (uma substância liberada pelo estômago). A pepsina é responsável por aproximadamente 10% da degradação das proteínas. Ela é a única enzima capaz de digerir o colágeno, que é uma proteína e um constituinte importante da carne. Somente algumas substâncias (p.ex., álcool e aspirina) podem ser absorvidas diretamente do estômago e apenas em pequenas quantidades.

O sistema digestório humano é formado por um longo tubo musculoso,

ao qual estão associados órgãos e glândulas que participam da digestão.

Apresenta as seguintes regiões; boca, faringe, esôfago, estômago, intestino

delgado, intestino grosso e ânus.

A parede do tubo digestivo, do esôfago ao intestino, é formada por

quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e adventícia.

Page 3: O SISTEMA DIGESTÓRIO

BOCA

A abertura pela qual o alimento entra no tubo digestivo é a boca. Aí

encontram-se os dentes e a língua, que preparam o alimento para a

digestão, por meio da mastigação. Os dentes reduzem os alimentos em

pequenos pedaços, misturando-os à saliva, o que irá facilitar a futura ação

das enzimas.

Características dos dentes

Imagem: http://www.webciencia.com/11_06dente.htm

Os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas ao maxilar

superior e mandíbula, cuja atividade principal é a mastigação. Estão

implicados, de forma direta, na articulação das linguagens.  Os nervos

sensitivos e os vasos sanguíneos do centro de qualquer dente estão

protegidos por várias camadas de tecido. A mais externa, o esmalte, é a

substância mais dura. Sob o esmalte, circulando a polpa, da coroa até a

raiz, está situada uma camada de substância óssea chamada dentina. A

cavidade pulpar é ocupada pela polpa dental, um tecido conjuntivo frouxo,

ricamente vascularizado e inervado. Um tecido duro chamado cemento

separa a raiz do ligamento peridental, que prende a raiz e liga o dente à

gengiva e à mandíbula, na estrutura e composição química assemelha-se

ao osso; dispõe-se como uma fina camada sobre as raízes dos dentes.

Através de um orifício aberto na extremidade da raiz, penetram vasos

sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo.

Page 4: O SISTEMA DIGESTÓRIO

Tipos de dentes 

Em sua primeira dentição, o ser humano tem 20 peças que recebem o

nome de dentes de leite. À medida que os maxilares crescem, estes dentes

são substituídos por outros 32 do tipo permanente. As coroas dos dentes

permanentes são de três tipos: os incisivos, os caninos ou presas e os

molares. Os incisivos têm a forma de cinzel para facilitar o corte do

alimento. Atrás dele, há três peças dentais usadas para rasgar. A primeira

tem uma única cúspide pontiaguda. Em seguida, há dois dentes chamados

pré-molares, cada um com duas cúspides. Atrás ficam os molares, que têm

uma superfície de mastigação relativamente plana, o que permite triturar e

moer os alimentos.

 

Imagem: http://www.webciencia.com/11_06dente.htm

A língua

Page 5: O SISTEMA DIGESTÓRIO

A língua movimenta o alimento

empurrando-o em direção a garganta, para que

seja engolido. Na superfície da língua existem

dezenas de papilas gustativas, cujas células

sensoriais percebem os quatro sabores

primários: amargo (A), azedo ou ácido (B),

salgado (C) e doce (D). De sua combinação

resultam centenas de sabores distintos. A

distribuição dos quatro tipos de receptores

gustativos, na superfície da língua, não é

homogênea.

As glândulas salivares

A presença de alimento na boca, assim como sua visão e cheiro,

estimulam as glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima

amilase salivar ou ptialina, além de sais e outras substâncias. A amilase

salivar digere o amido e outros polissacarídeos (como o glicogênio),

reduzindo-os em moléculas de maltose (dissacarídeo). Três pares de

glândulas salivares lançam sua secreção na cavidade bucal: parótida,

submandibular e sublingual:

Page 6: O SISTEMA DIGESTÓRIO

Imagem:

www.webciencia.com/11_11glandula.htm 

Glândula parótida - Com

massa variando entre 14 e 28

g, é a maior das três; situa-se

na parte lateral da face,

abaixo e adiante do pavilhão

da orelha.

Glândula submandibular - É

arredondada, mais ou menos

do tamanho de uma noz.

Glândula sublingual - É a

menor das três; fica abaixo da

mucosa do assoalho da boca.

O sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca,

um pH neutro (7,0) a levemente ácido (6,7), ideal para a ação da ptialina. O

alimento, que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua

para o fundo da faringe, sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado

pelas ondas peristálticas (como mostra a figura do lado esquerdo), levando

entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago. Através dos peristaltismo,

você pode ficar de cabeça para baixo e, mesmo assim, seu alimento

chegará ao intestino. Entra em ação um mecanismo para fechar a laringe,

evitando que o alimento penetre nas vias respiratórias.

Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a

passagem do alimento para o interior do estômago.

FARINGE E ESÔFAGO

A faringe, situada no final da cavidade

bucal, é um canal comum aos sistemas

digestório e respiratório: por ela passam o

alimento, que se dirige ao esôfago, e o ar,

que se dirige à laringe.

O esôfago, canal que liga a faringe ao

estômago, localiza-se entre os pulmões,

Page 7: O SISTEMA DIGESTÓRIO

Imagem: CD O CORPO

HUMANO 2.0. Globo

Multimídia.

atrás do coração, e atravessa o músculo

diafragma, que separa o tórax do abdômen.

O bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos

para percorre-lo.

 ESTÔMAGO E SUCO GÁSTRICO

Imagem:

www.webciencia.com/11_09estom.htm

O estômago é uma bolsa de

parede musculosa, localizada no

lado esquerdo abaixo do abdome,

logo abaixo das últimas costelas. É

um órgão muscular que liga o

esôfago ao intestino delgado. Sua

função principal é a digestão de

alimentos protéicos. Um músculo

circular, que existe na parte inferior,

permite ao estômago guardar quase

um litro e meio de comida,

possibilitando que não se tenha que

ingerir alimento de pouco em pouco

tempo. Quando está vazio, tem a

forma de uma letra "J" maiúscula,

cujas duas partes se unem por

ângulos agudos.

 

Segmento superior: é o mais volumoso, chamado "porção vertical".

Este compreende, por sua vez, duas partes superpostas; a grande

tuberosidade, no alto, e o corpo do estômago, abaixo, que termina pela

pequena tuberosidade.

Segmento inferior: é denominado "porção horizontal", está separado

do duodeno pelo piloro, que é um esfíncter. A borda direita, côncava, é

chamada pequena curvatura; a borda esquerda, convexa, é dita grande

curvatura. O orifício esofagiano do estômago é o cárdia.

Page 8: O SISTEMA DIGESTÓRIO

As túnicas do estômago: o estômago compõe-se de quatro túnicas;

serosa (o peritônio), muscular (muito desenvolvida), submucosa (tecido

conjuntivo) e mucosa (que secreta o suco gástrico). Quando está cheio de

alimento, o estômago torna-se ovóide ou arredondado. O estômago tem

movimentos peristálticos que asseguram sua homogeneização.

O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro, transparente,

altamente ácido, que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O

ácido clorídrico mantém o pH do interior do estômago entre 0,9 e 2,0.

Também dissolve o cimento intercelular dos tecidos dos alimentos,

auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação.

A pepsina, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na

forma de pepsinogênio. Como este é inativo, não digere as células que o

produzem. Por ação do ácido cloródrico, o pepsinogênio, ao ser lançado na

luz do estômago, transforma-se em pepsina, enzima que catalisa a digestão

de proteínas. 

Imagem: CD O CORPO HUMANO

2.0. Globo Multimídia.

A pepsina, ao catalizar a

hidrólise de proteínas, promove o

rompimento das ligações peptídicas

que unem os aminoácidos. Como

nem todas as ligações peptídicas são

acessíveis à pepsina, muitas

permanecem intactas. Portanto, o

resultado do trabalho dessa enzima

são oligopeptídeos e aminoácidos

livres.

 A renina, enzima que age

sobre a caseína, uma das proteínas

do leite, é produzida pela mucosa

gástrica durante os primeiros meses

de vida. Seu papel é o de flocular a

caseína, facilitando a ação de outras

Page 9: O SISTEMA DIGESTÓRIO

enzimas proteolíticas.

 

A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a

protege da agressão do suco gástrico, bastante corrosivo. Apesar de

estarem protegidas por essa densa camada de muco, as células da mucosa

estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco gástrico.

Por isso, a mucosa está sempre sendo regenerada. Estima-se que nossa

superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias.

Eventualmente ocorre desequilíbrio entre o ataque e a proteção, o que

resulta em inflamação difusa da mucosa (gastrite) ou mesmo no

aparecimento de feridas dolorosas que sangram (úlceras gástricas).

A mucosa gástrica produz também o fator intrínseco, necessário à

absorção da vitamina B12.

O bolo alimentar pode permanecer no estômago por até quatro horas

ou mais e, ao se misturar ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da

musculatura estomacal, transforma-se em uma massa cremosa acidificada

e semilíquida, o quimo.

Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos

poucos, liberado no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da

digestão.

INTESTINO DELGADO

O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de

comprimento por 4cm de diâmetro e pode ser dividido em três regiões:

duodeno (cerca de 25 cm), jejuno (cerca de 5 m) e íleo (cerca de 1,5 cm).

A porção superior ou duodeno tem a forma de ferradura e compreende o

piloro, esfíncter muscular da parte inferior do estômago pela qual este

esvazia seu conteúdo no intestino.

A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas

primeiras porções do jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático,

produzido pelo pâncreas, que contêm diversas enzimas digestivas. Outra

secreção que atua no duodeno é a bile, produzida no fígado e armazenada

Page 10: O SISTEMA DIGESTÓRIO

na vesícula biliar. O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os sais biliares têm

ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras

(fragmentando suas gotas em milhares de microgotículas).

Imagem: CD O CORPO HUMANO

2.0. Globo Multimídia.

O suco pancreático, produzido

pelo pâncreas, contém água,

enzimas e grandes quantidades de

bicarbonato de sódio. O pH do suco

pancreático oscila entre 8,5 e 9. Sua

secreção digestiva é responsável

pela hidrólise da maioria das

moléculas de alimento, como

carboidratos, proteínas, gorduras e

ácidos nucléicos.

A amilase pancreática

fragmenta o amido em moléculas de

maltose; a lípase pancreática

hidrolisa as moléculas de um tipo de

gordura – os triacilgliceróis,

originando glicerol e álcool; as

nucleases atuam sobre os ácidos

nucléicos, separando seus

nucleotídeos.

O suco pancreático contém ainda o tripsinogênio e o

quimiotripsinogênio, formas inativas em que são secretadas as enzimas

proteolíticas tripsina e quimiotripsina. Sendo produzidas na forma inativa, as

proteases não digerem suas células secretoras. Na luz do duodeno, o

tripsinogênio entra em contato com a enteroquinase, enzima secretada

pelas células da mucosa intestinal, convertendo-se me tripsina, que por sua

vez contribui para a conversão do precursor inativo quimiotripsinogênio em

quimiotripsina, enzima ativa.

Page 11: O SISTEMA DIGESTÓRIO

A tripsina e a quimiotripsina hidrolisam polipeptídios, transformando-os

em oligopeptídeos. A pepsina, a tripsina e a quimiotripsina rompem ligações

peptídicas específicas ao longo das cadeias de aminoácidos.

A mucosa do intestino delgado secreta o suco entérico, solução rica

em enzimas e de pH aproximadamente neutro. Uma dessas enzimas é a

enteroquinase. Outras enzimas são as dissacaridades, que hidrolisam

dissacarídeos em monossacarídeos (sacarase, lactase, maltase). No suco

entérico há enzimas que dão seqüência à hidrólise das proteínas: os

oligopeptídeos sofrem ação das peptidases, resultando em aminoácidos.

Suco

digestivoEnzima

pH

ótimoSubstrato Produtos

Saliva Ptialina neutro polissacarídeos maltose

Suco

gástricoPepsina ácido proteínas oligopeptídeos

Suco

pancreático

Quimiotripsina

Tripsina

Amilopepsina

Rnase

Dnase

Lipase

alcalino

alcalino

alcalino

alcalino

alcalino

alcalino

proteínas

proteínas

polissacarídeos

RNA

DNA

lipídeos

peptídeos

peptídeos

maltose

ribonucleotídeos

desoxirribonucleotídeos

glicerol e ácidos graxos

Suco

intestinal ou

entérico

Carboxipeptidase

Aminopeptidase

alcalino

alcalino

oligopeptídeos

oligopeptídeos

aminoácidos

aminoácidos

Page 12: O SISTEMA DIGESTÓRIO

Dipeptidase

Maltase

Sacarase

Lactase

alcalino

alcalino

alcalino

alcalino

dipeptídeos

maltose

sacarose

lactose

aminoácidos

glicose

glicose e frutose

glicose e galactose

No intestino, as contrações rítmicas e os movimentos peristálticos das

paredes musculares, movimentam o quimo, ao mesmo tempo em que este

é atacado pela bile, enzimas e outras secreções, sendo transformado em

quilo.

A absorção dos nutrientes ocorre através de mecanismos ativos ou

passivos, nas regiões do jejuno e do íleo. A superfície interna, ou mucosa,

dessas regiões, apresenta, além de inúmeros dobramentos maiores,

milhões de pequenas dobras (4 a 5 milhões), chamadas vilosidades; um

traçado que aumenta a superfície de absorção intestinal. As membranas

das próprias células do epitélio intestinal apresentam, por sua vez,

dobrinhas microscópicas denominadas microvilosidades. O intestino

delgado também absorve a água ingerida, os íons e as vitaminas.

 

Os nutrientes absorvidos pelos vasos sanguíneos do intestino passam

ao fígado para serem distribuídos pelo resto do organismo. Os produtos da

digestão de gorduras (principalmente glicerol e ácidos graxos isolados)

chegam ao sangue sem passar pelo fígado, como ocorre com outros

nutrientes. Nas células da mucosa, essas substâncias são reagrupadas em

triacilgliceróis (triglicerídeos) e envelopadas por uma camada de proteínas,

formando os quilomícrons, transferidos para os vasos linfáticos e, em

seguida, para os vasos sangüíneos, onde alcançam as células gordurosas

(adipócitos), sendo, então, armazenados.

INTESTINO GROSSO

É o local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a das

secreções digestivas. Uma pessoa bebe cerca de 1,5 litros de líquidos por

dia, que se une a 8 ou 9 litros de água das secreções. Glândulas da

Page 13: O SISTEMA DIGESTÓRIO

mucosa do intestino grosso secretam muco, que lubrifica as fezes,

facilitando seu trânsito e eliminação pelo ânus. 

Mede cerca de 1,5 m de comprimento e divide-se em ceco, cólon

ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide e reto. A

saída do reto chama-se ânus e é fechada por um músculo que o rodeia, o

esfíncter anal.

Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu

trabalho consiste em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis,

reforçar o movimento intestinal e proteger o organismo contra bactérias

estranhas, geradoras de enfermidades.

As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem

absorvidas, contribuindo com porcentagem significativa da massa fecal.

Como retêm água, sua presença torna as fezes macias e fáceis de serem

eliminadas.

O intestino grosso não possui vilosidades nem secreta sucos

digestivos, normalmente só absorve água, em quantidade bastante

consideráveis. Como o intestino grosso absorve muita água, o conteúdo

intestinal se condensa até formar detritos inúteis, que são evacuados.

O pâncreas exócrino produz enzimas digestivas, em estruturas

reunidas denominadas ácinos. Os ácinos pancreáticos estão ligados

através de finos condutos, por onde sua secreção é levada até um condutor

maior, que desemboca no duodeno, durante a digestão.

O pâncreas endócrino secreta os hormônios insulina e glucagon, já

trabalhados no sistema endócrino.

GLÂNDULAS ANEXAS

Pâncreas

O pâncreas é uma glândula

mista, de mais ou menos 15 cm de

comprimento e de formato

triangular, localizada

transversalmente sobre a parede

posterior do abdome, na alça

Page 14: O SISTEMA DIGESTÓRIO

formada pelo duodeno, sob o

estômago. O pâncreas é formado

por uma cabeça que se encaixa no

quadro duodenal, de um corpo e de

uma cauda afilada. A secreção

externa dele é dirigida para o

duodeno pelos canais de Wirsung e

de Santorini. O canal de Wirsung

desemboca ao lado do canal

colédoco na ampola de Vater. O

pâncreas comporta dois órgãos

estreitamente imbricados: pâncreas

exócrino e o endócrino.

O pâncreas exócrino produz enzimas digestivas, em estruturas reunidas denominadas ácinos. Os ácinos pancreáticos estão ligados através de finos condutos, por onde sua secreção é levada até um condutor maior, que desemboca no duodeno, durante a digestão.

O pâncreas endócrino secreta os hormônios insulina e glucagon, já

trabalhados no sistema endócrino.

Fígado

Imagem: CD O CORPO HUMANO 2.0.

Globo Multimídia.

É o maior órgão interno, e é

ainda um dos mais importantes. É

a mais volumosa de todas as

vísceras, pesa cerca de 1,5 kg no

homem adulto, e na mulher adulta

entre 1,2 e 1,4 kg. Tem cor

arroxeada, superfície lisa e

recoberta por uma cápsula

própria. Está situado no

quadrante superior direito da

cavidade abdominal.

Page 15: O SISTEMA DIGESTÓRIO

O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome

de lobos, compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos,

rodeadas por canais diminutos (canalículos), pelos quais passa a bile,

secretada pelos hepatócitos. Estes canais se unem para formar o ducto

hepático que, junto com o ducto procedente da vesícula biliar, forma o ducto

comum da bile, que descarrega seu conteúdo no duodeno.

As células hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias

nutritivas e a excretar os materiais residuais e as toxinas, bem como

esteróides, estrógenos e outros hormônios. O fígado é um órgão muito

versátil. Armazena glicogênio, ferro, cobre e vitaminas. Produz carboidratos

a partir de lipídios ou de proteínas, e lipídios a partir de carboidratos ou de

proteínas. Sintetiza também o colesterol e purifica muitos fármacos e muitas

outras substâncias. O termo hepatite é usado para definir qualquer

inflamação no fígado, como a cirrose.

Funções do fígado:

Secretar a bile, líquido que atua no emulsionamento das gorduras

ingeridas, facilitando, assim, a ação da lipase;

Remover moléculas de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente

para formar glicogênio, que é armazenado; nos momentos de

necessidade, o glicogênio é reconvertido em moléculas de glicose, que

são relançadas na circulação; 

Armazenar ferro e certas vitaminas em suas células;

Metabolizar lipídeos;

Sintetizar diversas proteínas presentes no sangue, de fatores

imunológicos e de coagulação e de substâncias transportadoras de

oxigênio e gorduras;

Degradar álcool e outras substâncias tóxicas, auxiliando na

desintoxicação do organismo;

Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais,

transformando sua hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-

esverdeado presente na bile.

vesícula biliar é um órgão pequeno localizado debaixo do fígado que tem forma de pêra. Armazena a bílis, um líquido amarelo-esverdeado produzido

Page 16: O SISTEMA DIGESTÓRIO

pelo fígado, até que o aparelho digestivo dele necessite. A bílis é composta de sais biliares, electrólitos, pigmentos biliares como a bilirrubina, colesterol e outras gorduras (lípidos). A bílis é utilizada pelo organismo para que o colesterol, as gorduras e as vitaminas dos alimentos gordos sejam mais solúveis e, desse modo, possam ser melhor absorvidas.

Os sais biliares estimulam o intestino grosso a segregar água e outros sais, o que ajuda a que o conteúdo intestinal avance com maior facilidade até ao exterior do corpo. A bilirrubina, um produto residual formado por restos de glóbulos vermelhos inúteis, é excretada pela bílis. Os produtos da decomposição dos medicamentos e os resíduos processados pelo fígado também são excretados na bílis.

Os sais biliares aumentam a solubilidade do colesterol, das gorduras e das vitaminas lipossolúveis para facilitar a sua absorção no intestino. A hemoglobina produzida pela destruição dos glóbulos vermelhos converte-se em bilirrubina, o principal pigmento da bílis, e passa a esta como um produto residual. Na bílis também se segregam algumas proteínas que têm um papel importante na função digestiva.

A bílis flui desde os finos canais colectores dentro do fígado até aos canais hepáticos esquerdo e direito, depois para o interior do canal hepático comum e finalmente para o grosso canal biliar comum. Quase metade da bílis segregada entre as refeições flui directamente, através do canal biliar comum, para o intestino delgado. A outra metade é desviada do canal hepático comum através do canal cístico até ao interior da vesícula biliar, onde se armazenará. Já na vesícula biliar, até 90 % da água da bílis passa ao sangue. O que fica é uma solução concentrada de sais biliares, lípidos biliares e sódio.

Quando a comida chega ao intestino delgado, uma série de sinais hormonais e nervosos provocam a contracção da vesícula biliar e a abertura de um esfíncter (o esfíncter de Oddi). A bílis flui então da vesícula biliar directamente para o intestino delgado para se misturar ali com o conteúdo alimentar e desempenhar as suas funções digestivas.

Uma grande proporção dos sais biliares armazenados na vesícula biliar é lançada no intestino delgado e quase 90 % é reabsorvida através da parede da secção inferior deste; o fígado extrai então os sais biliares do sangue e segrega-os outra vez dentro da bílis. Os sais biliares do corpo experimentam este ciclo de 10 a 12 vezes por dia. Em cada ocasião, pequenas quantidades de sais biliares chegam ao intestino grosso, onde são decompostos pelas bactérias. Alguns destes sais biliares são reabsorvidos no intestino grosso e o resto é excretado nas fezes.

uma glândula localizada atrás do fígado, está delimitada interiormente pelo epitélio vesicular biliar e produz os componentes da bílis.

A vesícula biliar localiza-se na fossa da superfície visceral do fígado, onde está coberta inferior e lateralmente pelo peritônio. A principal parte da vesícula biliar é denominada corpo. A terminação inferior cega do corpo está na borda do fígado ou inferiormente a esta, sendo denominada fundo. Acima, o colo, e a primeira parte do ducto cístico apresentam comumente a forma de um S, uma disposição que resulta no que se denominou de sifão. A vesícula varia bastante em tamanho e forma. Em média, comporta cerca de 30 ml. Uma dilatação denominada bolsa cervical está algumas vezes presente na junção do corpo com o colo, porém é patológica. A mucosa do ducto

Page 17: O SISTEMA DIGESTÓRIO

cístico e do colo da vesícula biliar apresenta-se sob a forma de pregas espirais. As do ducto são tão regulares que foram denominadas valvas espirais.

Relações e anatomia de superfície. Quando o indivíduo está em decúbito, as relações da vesícula biliar são: acima, com o fígado, posteriormente, com a primeira ou segunda parte do duodeno, ou ambas; com o cólon transverso, inferiormente; e, anteriormente, com a parede abdominal anterior.

A vesícula biliar varia de posição de acordo coma posição do fígado. Quando o indivíduo está em posição erecta, a vesícula biliar pode estar em qualquer local, desde a borda costal direita e a linha semilunar e entre os planos transpilórico e supracristal, dependendo do tipo corporal. Nas mulheres magras, a vesícula pode ficar pendurada até a crista ilíaca.

Independente da atividade de cada pessoa, fígado e vesícula seguem uma rotina diária importante ao bom funcionamento do organismo. Por exemplo: os alimentos são melhor processados pelo fígado das três horas da tarde às três horas da manhã. Já a vesícula atua melhor no horário inverso—das três horas da manhã às três horas da tarde. Os dois órgãos digerem bem frutas como banana, pêra, maçã, abacaxi e cereais tipo milho e arroz integral. Mas um alimento que atua de forma medicinal e curativa, benéfico ao fígado e à vesícula, é a berinjela (Solanum melongena).

Além dessa propriedade, também é indicada para quem faz regimes de emagrecimento. Cada 100 gramas de berinjela tem apenas 28 calorias, mais vitaminas A, B1, B2, B5, C, potássio, cálcio (previne osteoporose) e magnésio (bom para o estômago). De acordo com a médica naturalista Ana Lídia Carvalho, do Instituto de Medicina Natural da Amazônia, a berinjela é excelente para quem tem pressão alta, ajuda a regular os níveis de colesterol e triglicerídeos. Para baixar a pressão alta: bata no liqüidificador uma berinjela pequena com um copo de água, coe e tome em jejum todos os dias.

A vesícula biliar é um órgão oco, com forma de pêra, preso à superfície inferior do fígado e que desemboca por meio do ducto cístico no colédoco ou ducto hepático comum.

A parede da vesícula apresenta-se constituída por quatro camadas diferentes. Uma camada mucosa, constituída por epitélio prismático simples e lâmina própria.

Uma camada de músculo liso. Uma camada bastante desenvolvida de tecido conjuntivo perimuscular; e uma camada adventícia, na parte da vesícula presa ao fígado e serosa no restante da vesícula.

A função da vesícula é acumular bile produzida pelo fígado; a bile armazenada na vesícula passa por um processo de concentração pois as células da camada mucosa absorvem a água, concentrando a bile de 50 a 100 vezes.

Este processo se dá devido a um transporte ativo de sódio, sendo a água transportada passivamente pelo gradiente osmótico

A água e o cloreto de sódio absorvidos entram pela superfície apical das células epiteliais e fluem para os espaços extracelulares dos lados e da base das células, depois para o tecido conjuntivo e para os vasos sangüíneos e linfáticos.

A contração da musculatura lisa da vesícula biliar é controlada pela ação do hormônio colecistocinina, elaborado na mucosa intestinal, que promove o lançamento da bile na luz do duodeno.

Page 18: O SISTEMA DIGESTÓRIO

A secreção total de bile é de aproximadamente 700 a 1. 200ml, e o volume máximo da vesícula é de apenas 30 a 60 ml. No obstante, a secreção biliar de até 12 horas pode ser armazenada na vesícula biliar, pois a água, o sódio, o cloreto e a maioria dos outros pequenos eletrólitos são absorvidos continuamente pela mucosa vesicular, diminuindo o volume total da bile e, conseqüentemente, concentrando os outros elementos.

O esvaziamento da vesícula biliar só acontece se o esfíncter que regula a passagem do ducto colédoco ao duodeno, o esfíncter de Oddi, estiver relaxado, e se a musculatura lisa da vesícula se contrair gerando a força necessária para deslocar a bile ao longo do duto colédoco. O principal estímulo para o esvaziamento da vesícula biliar é a liberação do hormônio colecistocinina.

Este hormônio é liberado pela mucosa intestinal, especialmente pelas regiões superiores do intestino delgado, na presença de gorduras no alimento que penetra no intestino.

A coleistocinina secretada é absorvida pelo sangue e ao passar pela vesícula biliar produz contrações específicas do músculo vesicular, essas contrações criam a pressão que força a bile para o duodeno. Quando não existe gordura na refeição, a vesícula esvazia-se precariamente; porém quando a quantidade de gordura é suficiente a vesícula esvazia seu conteúdo em uma hora.

Fonte