EXCELENTISSIMA SENHORA DELEGADA-GERAL DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADODE GOIÁS.

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o SINDICATO D LEGADOS DE POLÍCIA DO ESTADO DE

GoIÁs - SINDEPOL, pessoa jurídica d~Jireito privado, com sede na Rua 146, Quadra 58,

Lote 13, n? 396, Galeria 146, Salas 3 e 4, Setor Marista, Goiânia-Go, neste ato representado

pelo seu presidente Wilson Luis Vieira, e, considerando o que foi deliberado em reunião da

diretoria da entidade em 19 de setembro de 2012, devidamente documentado em ata, vem à

digna presença de Vossa Excelência expor e requerer o que adiante segue.

I-DOS FATOS

1. Há mais de ano os delegados de polícia lotados em Goiânia estão

concorrendo .a escalas de plantões na central de flagrantes de Valparaíso, no Entorno do

Distrito Federal, recebendo para a prestação de tal serviço apenas uma diária no valor de R$

90,00 (noventa reais).

2. O Delegado de Polícia é escalado mediante portaria expedida pelo

Superintendente da Polícia Judiciária, a qual, apenas faz a designação da autoridade policial,

sem, contudo, fundamentar a necessidade, a conveniência e a oportunidade para justificar a

excepcionalidade do ato administrativo. Além disso, atualmente, estão sendo escalados apenas

os delegados lotados como adjuntos nas delegacias especializadas da Capital.

3. Necessário destacar que o ato administrativo acima mencionado não

faz referência aos direitos da autoridade designada, tais como período de descanso e

remuneração por serviço extraordinário, bem como não se preocupa com as consequências

advindas deste serviço extraordinário para as atividades inerentes à lotação e ao exercício de

seu cargo.

11- DO DIREITO

1. Os princípios constitucionais estampados no artigo 37 da Constituição

Federal e no artigo 92 da Constituição do Estado de Goiás exigem da autoridade

administrativa obediência à legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência,

razoabilidade, proporcionalidade e motivação. Além desses, a Lei estadual n° 13.800/2001,

acrescenta a frnalidade, a segurança jurídica e o interesse público.

2. Atento à obediência de tais princípios, é imperioso reconhecer que as

portarias expedidas pela Superintendência da Polícia Judiciária, data vênia, afrontam, pelo

menos, dois princípios, a saber:

a) Princípio da motivação, vez que não expõe a causa, os fatores e as

circunstâncias justificadoras do ato editado.

b) Princípio da legalidade, vez que fere os artigos 30 e 52 da Lei n''10.460/88, senão vejamos:

Art. 30 - O funcionário nomeado terá exercício na repartição em quehouver claro de lotação.

§10- Lotação é o número de funcionários de cada classe que deve ter

exercício em cada repartição ou serviço.

O artigo 29 desta lei define o exercício como ato personalíssimo,

caracterizado pela frequência e execução das atividades atribuídas ao cargo ou à função.

Naturalmente, que tais atividades só podem estar circunscritas à repartição em que o

funcionário estiver servindo.

Art. 52 - Os órgãos cujos serviços se fizerem necessários diuturnamentee/ou aos sábados, domingos e feriados civis ou religiosos funcionarãonesses dias em regime de plantão, fixados pelos respectivos dirigentes.(sublinhei).

In caso, parece claro que a autoridade encarregada de fixar o regime de

plantão e escalar os servidores para tal atividade, é o delegado titular da regional. Evidente,

também, de que os servidores a serem escalados devem ser aqueles que estejam lotados e em

exercício na aludida circunscrição regional. Se assim não for, haverá afronta ao princípio da

legalidade. Ressalte-se que o poder discricionário não ampara este ato, vez que a

discricionariedade não pode afrontar o princípio da legalidade. ~'P'(~,\\J \I.P

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3. De outro lado, não é pretensão do SINDEPOL causar embaraços para a

administração. Pelo contrário, esta entidade anseia que a Polícia Civil cresça cada dia mais no

conceito da sociedade pelos relevantes serviços prestados à segurança pública, servindo de

exemplo e paradigma para as congêneres do país e alienígenas. Contudo, que o faça de forma

harmoniosa, respeitando os direitos, a equidade e garantindo as vantagens asseguradas a seus

integrantes, não sendo estes responsáveis por atender a sociedade, suprindo deficiências

estatais, em detrimento a seus direitos de trabalhadores.

lU - DO PEDIDO

Frente ao exposto, requer a Vossa Excelência, que se digne a:

a) Determinar ao senhor Superintende da Polícia Judiciária que se

abstenha de escalar delegados, mediante ordem de serviço ou portaria, a desempenhar

atividades plantonistas de natureza eventual nas Centrais de Flagrantes do Entorno do Distrito

Federal, resguardando ao Delegado Regional daquela localidade que, mediante ato

fundamentado, estabeleça as escalas de plantão às quais concorram todos os delegados sob

sua administração, garantido o pagamento dos valores a que façam direito, de acordo com as

planilhas contidas no Anexo I;

b) Caso discorde da argumentação jurídica apresentada, indeferindo o

pedido, requer que, em respeito ao princípio da equidade, passem a concorrer a referida escala

de plantões todos os delegados lotados nas repartições policiais do Estado, inclusive aqueles

que estão em funções administrativas.

c) Que seja regulamentada a referida escala, assegurando ao delegado

plantonista:

1) Diária completa no valor fixado pela Lei estadual 16.434/2008,

regulamentada pelo Decreto 6.907/2009, relativa ao período de atividade de plantão de 24h, e

meia diária para o período de deslocamento e de retomo a lotação de origem, conforme

planilha I contida no Anexo II;

2) Ajuda de custo de natureza indenizatória por serviço extraordinário

(Lei estadual 15.94912006), conforme planilha II contida no Anexo II. Trata-se de serviço

operacional fora da escala normal de trabalho, cabendo aqui ressaltar a impossibilidade de

compensações unicamente por folgas, posto que a natureza das obrigações lega~.s i ostas aof,\~o.

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Delegado de Polícia, ainda que esteja nesta condição, na prática não o desvincula das

atividades de sua lotação, mantendo-se responsável pelo cumprimento de prazos legais,

medidas cautelares, ações investigativas de natureza urgente, coordenação de equipes e

deliberações administrativas que terão imenso prejuízo sem sua tempestiva atuação, e ainda

assim se executadas por substituto eventual.

3) Atualização da portaria que regulamenta o valor dado a hora

extraordinária, tendo-se em vista não haver nenhuma relação ou proporcionalidade do valor

atual com a remuneração percebida pelo Delegado de Polícia, sendo pacífico no âmbito dos

tribunais pátrios o entendimento de que as horas extraordinárias, devidas aos servidores

públicos, devem guardar relação com suas remunerações, de acordo com cálculos expressos

no Anexo IH.

Seguem com o presente petitório planilhas explicativas e cálculos

demonstrativos.

Nestes termos, pede deferimento.

Gabinete do Presidente do SINDEPOL, em Goiânia-Go., aos 28 dias do

mês de setembro de 2012.

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PRESIDENTE

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ANEXO I

Tendo em vista o respeito à legalidade, caberá ao Delegado Regional da

localidade em que se fizer necessário o reforço de contingente escalar os Delegados de Polícia

que estiverem sob sua administração. Assim, haverá duas possibilidades de escalas:

1. Aquela que promova o rodízio de Delegados de Polícia ao longo do

período em que se fizer necessário o reforço de pessoal;

Nesta hipótese, será devido o pagamento de Ajuda de custo de

natureza indenizatória por serviço extraordinário (Lei estadual

15.949/2006) a cada Delegado de Polícia escalado, uma vez que o

serviço por eles prestado é de caráter eventual e não os desobriga das

atribuições e responsabilidades frente à Delegacia em que se

encontram lotados.

Número de Valor aHoras Descrição Cálculo receber

17 horas Trabalho diurno 17 X R$ 46,024* R$ 782,408Trabalho

7 horas noturno 7 X (R$ 46,024+20%**) R$ 386,601

Total R$ 1.169,009

2. Aquela que escale um Delegado de Polícia para que, durante o

período de excepcionalidade, responda pelas atividades com

exclusividade, devendo ser apontado um Delegado de Polícia para

responder por suas atribuições durante o período de seu afastamento.

Diga-se que, de acordo com o Art 46, § 2°, da Lei 16.90112011 - Lei

Orgânica da Polícia Civil, ao substituto garantir-se-á o pagamento da

respectiva ajuda de custo.

ANEXO II

Planilha I

Número de Diárias Descrição Valor da diária

1 24 horas de serviço R$ 160,00

0,5 Deslocamento R$ 80,00

Total R$ 240,00

Planilha II

Número de Horas Descrição Cálculo Valor a receber

17 horas Trabalho diurno 17 X R$ 46,024* R$ 782,408

7 horas Trabalho noturno 7 X (R$ 46,024+20%**) R$ 386,601

6 horas Deslocamento 6XR$46,024 R$ 276,144

Total R$ 1.445,153* Valor atualizado de acordo com proposta contida no Anexo III

** Adicional de 20% para trabalho noturno de acordo com o previsto na legislação trabalhista

TOTAL DEVIDO POR DIA TRABALHADO

Descrição Valor

Diárias R$ 240,00

Ajuda de Custo por serviço extraordinário R$ 1.445,15

Total R$1.685,15

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ANEXO rn

De acordo com vasto acervo decisório dos tribunais brasileiros, o valor da

hora extraordinária deve manter relação com o salário/subsídio do servidor.

Sendo a carga horária semanal de 40 horas e sendo consideradas 05

semanas por mês, o cálculo relativo ao valor da hora extraordinária deve ser realizado

mediante a divisão do salário/subsídio percebido pelo servidor pelo número de horas

trabalhadas ao longo do mês, assim teremos:

Número de horas mensais trabalhadas Subsídio de Delegado de 3a Classe Valor da hora extraordinária

200 R$ 9.204,80 R$ 46,024

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