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Accio, um fascista susceptível, é a causa do desespero dos seus pais. Conflituoso, impulsivo e explosivo, arranja facilmente sarilhos, enfrentando cada batalha como se fosse uma guerra. O seu irmão, Manrico, é um comunista fascinante. É bonito, carismático, amado por todos, mas igualmente perigoso… No dia-a-dia de uma pequena cidade italiana nos anos 60 e 70, os dois irmãos lançam-se em crenças políticas opostas, estão apaixonados pela mesma mulher e, em permanente confronto, vivem um período das suas vidas pleno de fugas, retornos, conflitos e grandes paixões. É uma história sobre o crescimento de dois irmãos e 15 anos de história da Itália passam, enquanto vemos as vivências de Accio e Manrico, tão diferentes mas tão iguais…

Cattleya - Itália - 2007 - 100’ - 1.85 : 1 – cor

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Daniele LuchettiDaniele LuchettiDaniele LuchettiDaniele Luchetti

FFFFilmografiailmografiailmografiailmografia

2007 Mio fratello è figlio unico Cannes Film Festival Cannes Film Festival Cannes Film Festival Cannes Film Festival –––– Un Certain Regard Un Certain Regard Un Certain Regard Un Certain Regard

2003 Dillo con parole mie

2000 12 pomeriggi (documentario-performance)

1998 I piccoli maestri

Venice Film Festival Venice Film Festival Venice Film Festival Venice Film Festival ---- in competition in competition in competition in competition

1995 La scuola

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1994 L’unico paese al mondo(collective film)

1993 Arriva la bufera

1991 Il portaborse Cannes Film Festival Cannes Film Festival Cannes Film Festival Cannes Film Festival ---- in competition in competition in competition in competition

1990 La settimana della Sfinge

San Sebastian Film Festival San Sebastian Film Festival San Sebastian Film Festival San Sebastian Film Festival ---- in competit in competit in competit in competitionionionion

1988 Domani accadrà Cannes Film Festival – Un Certain Regard, Camèra d’Ormention

Stefano Rulli e Sandro PetragliaStefano Rulli e Sandro PetragliaStefano Rulli e Sandro PetragliaStefano Rulli e Sandro Petraglia (Argumentistas)(Argumentistas)(Argumentistas)(Argumentistas)

Stefano Rulli nasceu em Roma em 1949. Escreveu os seus primeiros guiões nos anos 70, a trabalhar como argumentista e assistente de realização em Nel Piu Alto dei Cieli, de Silvano Agosti e em Il Gabiano, de Marco Bellocchio. Em 2005 Rulli escreveu e realizou um documentário chamado Un Silenzio Particolare, que também protagonizou. Também escreve regularmente para televisão. Sandro Petraglia nasceu em Roma em 1947 e começou a trabalhar em cinema nos anos 70. Sozinho, trabalhou com Nanni Moretti (Bianca), Peter Del Monte (Giulia e Giulia, Étoile), Paolo e Vittorio Taviani (Fiorile), Daniele Luchetti (Domani, Domani) e Roberto Faenza (L’Amante Perduto). Um dos seus trabalhos mais recentes é o argumento do filme La Ragazza del Lago, de Andrea Molaioli. Sandro também escreve para televisão. Rulli e Petraglia trabalharam pela primeira vez juntos nos anos 80, quando escreveram uma trilogia sobre a vida nos subúrbios de Roma: Il Pane e le Mele (1980), Settecamini da Roma (1981), e Lunario d’Inverno (1982). A equipa atingiu um enorme sucesso em 2003 com A Melhor Juventude, realizado por

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Marco Tulli Giordana. Rulli e Petraglia trabalharam também para Marco Risi (Mery Per Sempre), Daniele Luchetti (Il Portaborse, La Scuola), Francesco Rosi (La Tregua) e Gianni Amelio (Il Ladro di Bambini, Le Chiavi di Casa)

Elio GermanoElio GermanoElio GermanoElio Germano (Accio) (Accio) (Accio) (Accio)

Elio Germano nasceu em Roma em Setembro de 1980. Começou a ter aulas de teatro ainda muito novo. Sempre gostou de representar mas também de escrever histórias, algumas das quais publicadas. Gosta de rap e hip-hop e tem uma banda que se chama “Bestie Rare”. Estreou-se como protagonista em Il Cielo In Una Stanza, realizado por Carlo Vanzina. Da sua filmografia como actor fazem parte Concorrenza Sleale, de Ettore Scola, Respiro, de Emanuele Crialese, Quo Vadis Baby, realizado por Gabriele Salvatores, e Romanzo Criminale, de Michele Placido.

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Outros créditos incluem Liberi, de Tavarelli, Sangue Libero, de Rienzo, Melissa P, de Luca Guadagnino, Do You Like Hitchcock?, de Dario Argento. Foi nomeado duas vezes para melhor actor secundário (um para o Nastro d’Argento, outro para o David di Donatello Award), pelo filme What Will Happen To Us?, de Veronesi, em 2004. Recentemente protagonizou com Daniel Auteuil Napolèon, realizado por Paolo Virzi, e ganhou o prémio David di Donatello para melhor actor, o Ciak d’Oro, um Globo de Ouro e foi nomeado para melhor Actor Europeu 2007 pelo seu papel em O Meu Irmão é Filho Único. Podemos vê-lo também em IIl Mattino Ha L’oro in Boca, de Francesco Paterno, Ill Passato è Una Terra Straniera, realizado por Daniele Vicari e Come Dio Comanda, de Gabriele Salvatores, baseado no livro de Niccolò Ammaniti. Elio gosta de fazer parte do processo criativo e sente que é um instrumento que se move de acordo com o realizador.

FilmografiaFilmografiaFilmografiaFilmografia

Il Passato è una terra straniera - Daniele Vicari (2008)

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Come Dio comanda - Gabriele Salvatores (2008)

Tutta la vita davanti - Paolo Virzì (2008)

Il Mattino ha l'oro in bocca - Francesco Patierno (2008)

Mio fratello è figlio unico - Daniele Luchetti (2007)

Nessuna qualità agli eroi - Paolo Franchi (2007)

Sangue - Libero Di Rienzo (2007)

N (Io e Napoleone) - Paolo Virzì (2007)

Melissa P. - Luca Guadagnino (2005)

Mary - Abel Ferrara (2005)

Quo vadis baby? - Gabriele Salvatores (2005)

Romanzo Criminale - Michele Placido (2005)

Che ne sarà di noi? - Giovanni Veronesi (2003)

Ora o mai più - Lucio Pellegrini (2002)

Liberi - Gianluca Maria Tavarelli (2002)

Respiro - Emanuele Crialese (2001)

Ultimo stadio - Ivano De Matteo (2001)

Concorrenza sleale - Ettore Scola (2000)

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Il cielo in una stanza - Enrico and Carlo Vanzina (1999)

Riccardo ScamarcioRiccardo ScamarcioRiccardo ScamarcioRiccardo Scamarcio (Manr (Manr (Manr (Manrico)ico)ico)ico) Riccardo Scamarcio nasceu em Trani em Novembro de 1979, filho de um pintor, mudou-se para Roma aos 18 anos e estudou representação no Centro Sperimentale di Cinematografia. A sua carreira começou na série de televisão italiana Compagni di Scuola. Contudo, a sua estreia no grande ecrã foi no filme A Melhor Juventude (2003), de Mario Tullio Giordana. O seu grande sucesso foi em 2004, em Three Steps Over Heaven, que levou à sequela I Want You, pela qual ganhou o Globo de Ouro da Foreign Press Association para Melhor Jovem

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Actor. Entrou ainda em Romanzo Criminale, realizado por Michele Placido (2005), Manuaale d'Amore 2, de Giovanni Veronesi (2007) e Go Go Tales, de Abel Ferrara (2007). Uma estrela internacional em ascensão, Riccardo Scamarcio vai protagonizar Eden is West, a estrear. Também foi escolhido para o novo projecto de Ferrara, um film noir baseado no livro Pericles The Black Man, de Giuseppe Ferrandino. Protagoniza também o recente thriller Colop D'Occchio, de Sérgio Rubini, onde encarna um artista.

FilmografiaFilmografiaFilmografiaFilmografia

Eden Is West - Costa-Gavras

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Colpo d'occhio - Sergio Rubini (2008)

Prova a volare – Lorenzo Cicconi Massi (2007)

Mio fratello è figlio unico - Daniele Luchetti (2007)

Ho voglia di te - Luis Prieto (2007)

Go go tales - Abel Ferrara (2007)

Manuale d’ amore 2 - Giovanni Veronesi (2007)

Texas - Fausto Paravidino (2005)

Romanzo Criminale - Michele Placido L’uomo perfettoby Luca Lucini (2005)

Tre metri sopra il cielo - Luca Lucini (2003)

Il motore del mondo - Lorenzo Cicconi Massi (2003)

Ora o mai più - Lucio Pellegrini (2002)

La meglio gioventù - Marco Tullio Giordana (2002)

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Entrevista com Daniele LuchettiEntrevista com Daniele LuchettiEntrevista com Daniele LuchettiEntrevista com Daniele Luchetti

Como e quando decidiu dedicarComo e quando decidiu dedicarComo e quando decidiu dedicarComo e quando decidiu dedicar----se a este projecto?se a este projecto?se a este projecto?se a este projecto? De início, o desafio não era tanto compreender como fazer este filme mas identificar as razões profundas que me fizeram ler o romance com tanta paixão. A resposta a esta pergunta pode ser encontrada no filme. Tendo identificado num longo e complexo romance uma linha que me ligava profundamente à história foi a chave para começar o projecto. Eu tinha a certeza que a personagem de Pennachi não era apenas uma parte da sua biografia mas também uma parte de uma biografia italiana geral. Uma fatia de Itália inventada pelos excluídos: irmãos mais novos e crianças para quem nunca ninguém tinha tempo. Jovens inteligentes que enveredaram pelo mau caminho, que obedeceram a ordens superficiais apenas porque estavam à procura de uma identidade ou de um amigo que os ouvisse, que passasse tempo com eles. Este factor humano, não necessariamente político, permitiu-me encontrar o meu próprio caminho pessoal e emocional enquanto construía a história. O Meu Irmão é Filho Único não é um filme político. É um filme sobre seres humanos que amam, sofrem, riem e que também se envolvem na política. O filme não toma um partido político: fala das pessoas que tomam partidos. Eu

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acredito ser esta a minha chave – encontrar o elemento humano que é pessoal e emocional no seu âmago. Quando escreveu o guião voltou a trabalhar com Sandro Petraglia e StefanoQuando escreveu o guião voltou a trabalhar com Sandro Petraglia e StefanoQuando escreveu o guião voltou a trabalhar com Sandro Petraglia e StefanoQuando escreveu o guião voltou a trabalhar com Sandro Petraglia e Stefano Rulli. Como é que esta relação mudou, se cheRulli. Como é que esta relação mudou, se cheRulli. Como é que esta relação mudou, se cheRulli. Como é que esta relação mudou, se chegou a mudar, ao longo dos anos. gou a mudar, ao longo dos anos. gou a mudar, ao longo dos anos. gou a mudar, ao longo dos anos. Mantiveram o mesmo tipo de linguagem e técnicas de escrita?Mantiveram o mesmo tipo de linguagem e técnicas de escrita?Mantiveram o mesmo tipo de linguagem e técnicas de escrita?Mantiveram o mesmo tipo de linguagem e técnicas de escrita? A minha relação com o Sandro e o Stefano é saudável e vital. Temos as nossas contradições, discussões, mas cada um de nós defende a sua posição. Costumamos dizer que eles têm a missão de guiar o barco sempre em frente enquanto a minha é a de explorar aqui e ali e de vez em quando fazê-los mudar de rumo. O resultado destas duas rotas é o nosso caminho comum. Quando começámos a trabalhar nesta história, disse-lhes que a minha intenção era fazer um filme mais real e autêntico do que os outros que tinha feito. Eles compreenderam isto, encorajaram-me e ajudaram-me durante a escrita quando eu me desviava da minha intenção original. O filme encaixa no género italiano, de acordo com a melhor tradição do cinema O filme encaixa no género italiano, de acordo com a melhor tradição do cinema O filme encaixa no género italiano, de acordo com a melhor tradição do cinema O filme encaixa no género italiano, de acordo com a melhor tradição do cinema italiano, que também se foca nas mudanças sociais e civis do país. Pensa que italiano, que também se foca nas mudanças sociais e civis do país. Pensa que italiano, que também se foca nas mudanças sociais e civis do país. Pensa que italiano, que também se foca nas mudanças sociais e civis do país. Pensa que este tipo de história poderá este tipo de história poderá este tipo de história poderá este tipo de história poderá reflorescer, oureflorescer, oureflorescer, oureflorescer, ou está só marcada por episódios está só marcada por episódios está só marcada por episódios está só marcada por episódios esporádicos?esporádicos?esporádicos?esporádicos? Honestamente, nunca me preocupei com o facto de cair num género ou se o filme faz parte de um tipo de género italiano. Faz parte porque, evidentemente, a minha forma de narrar tende a retratar as personagens de uma forma espontânea e apaixonada. Eu nunca me sinto superior em relação às personagens, mas sim narro o engenho delas com verdadeiro respeito. Realizei outros filmes com a intenção de entretenimento de uma forma quase sistemática (por exemplo, o La Scuola). Desta vez, contudo, o sorriso é provocado pela afeição. Uma afeição com a qual necessito de criar empatia e interesse nas personagens, mesmo quando a história já não é engraçada, mas pesada e emocionalmente intensa. Os actores principais são muito novos e bemOs actores principais são muito novos e bemOs actores principais são muito novos e bemOs actores principais são muito novos e bem----sucedidos (Gersucedidos (Gersucedidos (Gersucedidos (Germano e mano e mano e mano e Scarmacio), enquanto Scarmacio), enquanto Scarmacio), enquanto Scarmacio), enquanto osososos outros já têm muitos anos de experiência (Zingaretti, outros já têm muitos anos de experiência (Zingaretti, outros já têm muitos anos de experiência (Zingaretti, outros já têm muitos anos de experiência (Zingaretti,

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Finocchiaro, Popolizio, Bonaiuto). Finocchiaro, Popolizio, Bonaiuto). Finocchiaro, Popolizio, Bonaiuto). Finocchiaro, Popolizio, Bonaiuto). O resultado é uO resultado é uO resultado é uO resultado é um grupom grupom grupom grupo muito eficaz. Que muito eficaz. Que muito eficaz. Que muito eficaz. Que instruções deu aos protagonistas?instruções deu aos protagonistas?instruções deu aos protagonistas?instruções deu aos protagonistas? Antes de mais, pedi-lhes que esquecessem os “truques” do ofício. Tentei ajudá-los nisto destacando uma série de hábitos de representação que são parte do “ofício” mas não têm autenticidade. Uma vez clarificada esta questão, quando estávamos a filmar, tentei eliminar todas as causas típicas de atritos e distracções que o plateau cria naturalmente para os actores. Retirei todas as indicações de posições e expressões. Juntamente com o cameraman e com o director de fotografia, dei aos actores total liberdade de movimentos no plateau. Filmei muitas vezes sem ensaiar, pedindo ao camera simplesmente para seguir o que estava a acontecer, como se fosse um acontecimento real, sem decidir de antemão qual seria o plano. Para manter a espontaneidade que eu queria, filmei muitas vezes com várias cameras que captavam ao mesmo tempo uma sequência “ao vivo”. Isto deu aos actores mais liberdade, libertando-os das obrigações técnicas do plateau. Para manter a espontaneidade entre um take e o outro, os diálogos ou até a completa dinâmica da cena eram alterados. Isto deu-me a frescura e espontaneidade que eu procurava e também muito mais material para editar. Os actores eram livres, sim, mas para fazer o que eu queria. Tudo isto teve lugar enquadrado num plano prévio que foi discutido com cada uma das personagens. Ao longo do filme, várias músicas dos anos 60 e 70 marAo longo do filme, várias músicas dos anos 60 e 70 marAo longo do filme, várias músicas dos anos 60 e 70 marAo longo do filme, várias músicas dos anos 60 e 70 marcam a passagem do cam a passagem do cam a passagem do cam a passagem do tempo. A música final é de Nada, mas numa esplêndida versão acústica. De tempo. A música final é de Nada, mas numa esplêndida versão acústica. De tempo. A música final é de Nada, mas numa esplêndida versão acústica. De tempo. A música final é de Nada, mas numa esplêndida versão acústica. De acordo com que critério, além das suas preferências, é que escolheu a música e acordo com que critério, além das suas preferências, é que escolheu a música e acordo com que critério, além das suas preferências, é que escolheu a música e acordo com que critério, além das suas preferências, é que escolheu a música e as canções?as canções?as canções?as canções? Escolhi um caminho simples, que foi pensar apenas na eficiência das cenas. Quando precisava de fazer uma alusão à atmosfera desses anos, fazia-o sem ter medo de usar as músicas simples que ficavam no ouvido dessa época. Quando queria intensificar uma emoção mais complexa não tinha medo de pedir a Piersanti para intensificar os acordes emocionais. Obviamente, tudo isto foi moderado pelo meu gosto pessoal.

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CríticasCríticasCríticasCríticas

Meu irmão, meu rival: laços que ligam e que afastamMeu irmão, meu rival: laços que ligam e que afastamMeu irmão, meu rival: laços que ligam e que afastamMeu irmão, meu rival: laços que ligam e que afastam O conflito social nos filmes italianos – a luta de classes, as guerras ideológicas, disputas políticas, seja o que for – é muitas vezes expresso através da rivalidade entre irmãos. Se imaginarmos a nação como uma indisciplinada família disfuncional, então o melhor símbolo da sua crise interna de certeza que seria o de dois irmãos rivais, Rómulo e Remo a lutar. O Meu irmão é Filho Único, realizado por Daniele Luchetti a partir de um guião que escreveu com Sandro Petraglia e Stefano Rulli, é uma refrescante adenda menor à nobre tradição do cinema fraternal italiano. Um espécimen mais leve, mais longo pode ser encontrado em A Melhor Juventude (2003) uma mini-série que também foi escrita por Petraglia e Rulli. Nessa história, o amor e o conflito fraternal são a plataforma para uma longa e complexa crónica da transformação da Itália durante quatro décadas, desde os anos 60 até agora. O alcance de O Meu irmão é Filho Único é menos amplo e mais focado na perspectiva psicológica do que na sociológica, mas tal como A Melhor Juventude, vai buscar

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a sua energia à agitação dos anos 60 e segue dois irmãos, separados à esquerda e à direita pela força centrífuga dos tempos. Manrico (Riccardo Scamarcio), o filho mais velho de uma família de classe-média que vive numa pequena cidade fora de Roma, segue o ofício do pai na fábrica e logo se torna comunista, como se fosse um requisito. A militância é uma boa forma de atrair mulheres, incluindo Francesca (Diane Fleri), uma burguesa particularmente atraente, e o romance de radicalismo de esquerda assenta bem ao charme e auto-confiança de Manrico, à maneira de Byron. O seu irmão mais novo, Accio (Elio Germano), é mais do tipo intelectual (há também uma irmã no meio, mas como em quase todos os filmes deste tipo, ela co-existe à margem da história). Accio é melhor aluno que Manrico e também naturalmente céptico. Depois de ser expulso do seminário, inclina-se, por instinto e por acaso, na direcção do fascismo. Está composto o cenário para uma peça moralista ou para um intenso melodrama familiar mas, felizmente, nenhum deles se materializa. Em vez disso, mesmo quando a narrativa se desvia para a violência ou a dor, a visão de Luchetti é fresca e pouco convencional. Ele parece apontar para a estética do momento, indefinida – de cortar a respiração – que caracteriza os jovens filmes italianos dos finais dos anos 60 e princípios dos anos 70, filmes como Fists in the Pocket e China is Near, de Marco Bellocchio. O problema é que o esforço do realizador para inspirar o imediatismo e a pressa nas histórias dessa agitada era, empresta a O Meu Irmão é Filho Único um inevitável ar nostálgico. A ausência de perspectiva que dá ao filme o seu ritmo engraçado – estamos tão perto das personagens que não conseguimos ver para além delas – também soa a algo um pouco evasivo. Que tempos loucos, aqueles! Sim, mas já sabíamos isso. Diz-nos algo de novo, ou então leva-nos a crer que, 40 anos depois, devíamos importar-nos com isso. Ainda assim, a nostalgia destes tempos loucos tem os seus atractivos mesmo que – ou até especialmente se – não estivemos lá. E ainda que muito de O Meu Irmão é Filho Único pareça familiar, as personagens são interessantes e vívidas o suficiente para ganhar a nossa simpatia. O desempenho de Germano é especialmente ágil e encantador; ele convence-nos que Accio é

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assustadoramente volátil, mesmo antes de mostrar que ele é constante e sensível, e depois faz o truque ao contrário. E há momentos provocadores quanto baste e pormenores que desvendam os sabores da época e lugar: Accio perde a virgindade com a mulher do seu mentor político debaixo de um edredão bordado com uma cara semelhante à de Mussolini. O pai de Accio e Manrico a ostentar um crucifixo num encontro político; e, mais memorável, uma orquestra de estudantes de esquerda a tocar uma versão Marxista “corrigida” do Hino da Alegria e a ser interrompida por um gang fascista que defende Beethoven da forma que tiver de ser. Esta cena, violenta, ardente e absurda, apresenta um quadro do que há de melhor em O Meu Irmão é Filho Único: Accio e Manrico, ao mesmo tempo aliados e inimigos, ligados e separados pelo amor, pela política e pela arte. A. O. Scott,A. O. Scott,A. O. Scott,A. O. Scott, New York TimesNew York TimesNew York TimesNew York Times, Março de 2008, Março de 2008, Março de 2008, Março de 2008

Daniele Luchetti mantém-se sereno e vencedor em O Meu Irmão é Filho Único, um micro-conto sobre os conturbados anos 60 e 70 em Itália, visto do prisma de uma família politicamente dividida. Escrito pelo duo d’ A Melhor Juventude, que nos trouxe os anos pós II Guerra Mundial de uma forma forte e comovente, o

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filme dá-nos um humor quente que clarifica a vista desafiadora da esperança, mesmo quando os acontecimentos se tornam trágicos. Tanto Luchetti como os produtores tiveram a sensibilidade de evitar fazer um filme político, o que significa que, em vez do comentário mordaz, há um lado brincalhão mais contido, provavelmente incapaz de gerar debate. Para aqueles que sentem que a Itália ainda tem de enfrentar o seu passado fascista, O Meu Irmão é Filho Único é mais uma prova viva, através do uso de humor consensual quando lida com membros desorientados da extrema direita disfarçando o carácter insidioso desta forma de nostalgia. O curioso adolescente Accio não está destinado a permanecer muito tempo no seminário. O filho mais novo de uma família de classe-média que vive no sul de Roma, Accio regressa à casa da família, frustrando o desejo de tranquilidade dos pais e envolve-se em desordeiras querelas com o prodigioso irmão mais velho, Manrico. Depois de uma transição maravilhosamente conseguida, um mais velho Accio já se encontra sob a influência do líder local do partido fascista, Mario. Mais como uma revolta contra os princípios esquerdistas da sua família do que como uma vocação verdadeira, a solidariedade de Accio com os seus camaradas fascistas (peregrinações à campa de Mussolini, pequenos ataques em grupo) é enfraquecida pela sua falta de compromisso doutrinal. As suas ligações começam a mudar quando Mario e os seus gangsters marcam como alvo Manrico, que é agora um líder comunista numa fábrica local. Luchetti injecta finalmente uma nota sinistra durante a actuação dos estudantes do “Hino da Alegria” de Beethoven; o hall está cercado de camisas-negras, que estão contra os sentimentos marxistas expressos no libretto, que foi alterado. Isto leva a uma dissolução que marca a separação definitiva de Accio e os seus antigos camaradas. Nunca verdadeiramente comprometido com nada, Accio basicamente deambula por ali, seguindo à distância os avanços de Manrico na direcção de politicas mais radicais enquanto nutre uma paixão pela namorada do irmão, Francesca. Logo depois, o guião torna-se mais dividido, com um sentido indefinido da passagem do tempo e das personagens, como a da irmã, Violetta e a da mãe de família (a fantástica Angela Finocchiaro, que consome todas as atenções

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quando aparece). Ainda assim, Luchetti dá-nos um indispensável “murro” no fim, reforçando a ideia de que as crenças políticas são meros elementos decorativos no que toca ao mínimo de respeito humano. (…) O papel de Accio, de uma vigorosa energia que carrega uma doçura conquistadora, foi feito à medida para Germano, que nunca esteve tão bem. Faz uma dupla maravilhosa com o apaixonante Scamarcio.(…) A história passa-se em Latina, uma cidade criada por Mussolini e um local perfeito para uma família em busca de estabilidade num mundo instável. A fotografia de Claudio Collepiccolo envolve-se nas personagens sem se impor, e a selecção das músicas pop dos anos 60 e 70 de Nada e Little Tony acompanham na perfeição. JAY Weissberg , JAY Weissberg , JAY Weissberg , JAY Weissberg , VarietyVarietyVarietyVariety, , , , 18 de Maio 200718 de Maio 200718 de Maio 200718 de Maio 2007

O fluente e sentido filme italiano de Daniele Luchetti é a história de dois irmãos nascidos depois da guerra, que se tornam adultos nos anos 60 e se separam na paranóica, violenta e amarga atmosfera política da Itália dos anos 70. O filme tem a qualidade independente e comunicativa do cinema italiano mais recente, como A Melhor Juventude e Romanzo, este último com os mesmos protagonistas Elio Germano e o belíssimo Riccardo Scamarcio. (…)

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Accio (o irmão mais novo) começa a apaixonar-se pela bonita namorada do irmão Manrico. Estas cenas são agradáveis e até hilariantes, com toda a gente a falar ao mesmo tempo e recriam de certa forma o espírito de I Vitelloni, de Fellini e as primeiras obras de Coppola e Scorcese, que continham o mesmo espírito. À medida que o filme progride, contudo, torna-se mais pesado e mais consciente. Accio torna-se fascista e Manrico marxista e a sua separação e, depois, parcial reconciliação, é dolorosa e complexa. Sem nunca perder as suas qualidades, o filme torna-se fraccionado e menos empolgante, enquanto nos agarra com seu trágico destino, e a razão para a escolha de dois actores para o papel de Accio é explicada com uma imagem muito comovente no final. O Meu Irmão é Filho Único mostra a tremenda energia da qual os filmes italianos contemporâneos são capazes. Peter Bradshaw, Peter Bradshaw, Peter Bradshaw, Peter Bradshaw, The GuardianThe GuardianThe GuardianThe Guardian, 4 de Abril 2008, 4 de Abril 2008, 4 de Abril 2008, 4 de Abril 2008 Baseado no romance de Antonio Pennacchi, ‘Il Fasciocomunista’, e escrito pelo famoso duo de autores Sandro Petraglia e Stefano Rulli, esta é uma enérgica, perspicaz, divertida e inteligente meditação sobre a herança fascista italiana. Cruzando os anos 60, segue as experiências de dois irmãos divididos politicamente. (…) Sem ser tão longo e aprofundado quanto a magna obra de Petraglia e Rulli, A Melhor Juventude, cobre no entanto o mesmo território de uma forma divertida, sério-cómica. Uma boa parte da leveza e humor do filme provém dos actores, principalmente dos deliciosos, afiados e atractivos desempenhos de Vittorio Emanuele Propizio e Elio Germano, que representam Accio enquanto adolescente e adulto. É uma visão fundamentalmente doméstica e satírica de uma destrutiva “guerra civil” que serve como gentil crítica a um mais sério e pesado exame ao passado italiano (incluindo o dos próprios escritores), que consegue evocar, mas nunca de forma trivial, os loucos, mortais conflitos da história política recente italiana. Energicamente realizada é apenas ligeiramente afectada por um final desnecessariamente sentimentalista. Wally Hammond, Wally Hammond, Wally Hammond, Wally Hammond, Time Out LondonTime Out LondonTime Out LondonTime Out London,,,, AbrilAbrilAbrilAbril 2002002002008888

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Os filmes sobre o amadurecimento político podem parecer o mais velho subgénero do plano da filmografia europeia, mas quando é bem feito, porque é que não havemos de gostar? Nem todos os filmes têm de ser inovadores, para a faixa etária dos 20 anos, cheios de tendências pós-modernas e ecoar as últimas canções indie-rock. (…) O filme do realizador Daniele Luchetti, dá-nos uma verdadeira ideia do que seria vivermos as nossas crenças políticas e enfrentar quaisquer glórias ou consequências advindas. Como em quase todos os filmes italianos, evoca as sensuais, intimas dinâmicas de uma família, com Accio a debater-se, a abraçar, a esmurrar e a amaldiçoar os seus parentes normalmente, no dia-a-dia. Embora o filme não afaste totalmente o sentimento de estar ultrapassado (podia ter sido feito em qualquer altura dos últimos 40 anos), é uma memorável, muitas vezes comovente, obra intemporal. Desson Thomson, Desson Thomson, Desson Thomson, Desson Thomson, Washington PostWashington PostWashington PostWashington Post, 11 de Abril 2008, 11 de Abril 2008, 11 de Abril 2008, 11 de Abril 2008

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AccioAccioAccioAccio…………………………………………......Elio Germano ManriManriManriManricocococo……………….………………………….Riccardo Scamarcio FrancescaFrancescaFrancescaFrancesca………….…….................................Diane Fleri ViolettaViolettaViolettaVioletta…………….…….…………….…………Alba Rohrwacher MãeMãeMãeMãe…………...................................................Angela Finocchiaro PPPPaiaiaiai………………………………….……………..Massimo Popolizio MarioMarioMarioMario NastriNastriNastriNastri……………………………….……...Luca Zingaretti BellaBellaBellaBella……………………………….………………Anna Bonaiuto PadrePadrePadrePadre CavalliCavalliCavalliCavalli……………………………….…….Ascanio Celestini Prof.Prof.Prof.Prof. MontagnaMontagnaMontagnaMontagna…………………………………..Claudio Botosso AccioAccioAccioAccio comcomcomcom anosanosanosanos…………………………….…….Vittorio Emanuele Propizio BombacciBombacciBombacciBombacci……………..……………..…………….Ninni Bruschetta

Daniele Luchetti…………. …………..realizaçãorealizaçãorealizaçãorealização Daniele Luchetti, Sandro Petraglia, Stefano Rulli……………….……..argumentoargumentoargumentoargumento

Baseado na obra de Antonio Pennacchi Baseado na obra de Antonio Pennacchi Baseado na obra de Antonio Pennacchi Baseado na obra de Antonio Pennacchi Francesco Frigeri….………………….…………direcção de direcção de direcção de direcção de artearteartearte

Maria Rita Barbera……………………....…………..guarda.guarda.guarda.guarda----rouparouparouparoupa Franco Piersanti…………………………………………..músicamúsicamúsicamúsica

Claudio Collepiccolo……….………………..direcção de fotografia.direcção de fotografia.direcção de fotografia.direcção de fotografia Bruno Pupparo……………..………………………………somsomsomsom Mirco Garrone………….…………………………..montagemmontagemmontagemmontagem

Gianni Costantin…………….casting/acasting/acasting/acasting/assistente de realizaçãossistente de realizaçãossistente de realizaçãossistente de realização Bruno Ridolfi…………………………….produtor executivoprodutor executivoprodutor executivoprodutor executivo

Matteo De Laurentiis………………produtor executivoprodutor executivoprodutor executivoprodutor executivo da Cattleya da Cattleya da Cattleya da Cattleya Gina Gardini….………………………..produtoraprodutoraprodutoraprodutora----delegadadelegadadelegadadelegada

Riccardo Tozzi, Giovanni Stabilini, Marco Chimenz…………………..…..produçãoproduçãoproduçãoprodução Fabio Conversi………………..……………………cocococo----produtorprodutorprodutorprodutor