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O SETOR DE BIOTECNOLOGIA
EM MINAS GERAIS
GUIA DE INFORMAÇÕES PARA FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS
AGRADECIMENTOS
Para a realização deste estudo foi de fundamental importância a prestimosa
colaboração da Secretaria de Estado de Fazenda nas pessoas da Sra. Tânia
Maria Sahione Azevedo e do Sr. Antônio Amorim Filho, sem os quais não seria
possível a concretização plena deste. Agradecemos também a colaboração do
Escritório de Prioridades Estratégicas, nas pessoas do Sr. Felipe Augusto de
Araújo, Sr. Renato Silva Beschizza e da Sra. Gláucia Alves Macedo pelas
informações disponibilizadas. Igualmente estendemos nossos agradecimentos
à Fundação Biominas pela receptividade e atenção nas conversas realizadas
sobre o setor. Por fim, lembramos a fundamental participação da equipe da
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, em
especial, nas pessoas dos Srs. Antônio Eduardo Macedo S. Paula Leite Junior,
Marco Antônio Rodrigues Cunha, Daniel Fernandes de Abreu e Silva,
Maxmilian Avelar, João Paulo Braga Santos, Gabriel Vieira Pereira, Vítor
Augusto Martins Costa e Flávia Cristina Vieira Barroso.
Os autores,
Bárbara Cardoso Dias - Assessoria de Gestão e Inteligência Estratégica/
Superintendência de Desenvolvimento da Produção
Leonardo Vieira Bortolini - Assessoria de Gestão e Inteligência Estratégica
Thiago Luiz Rodarte - Superintendência de Desenvolvimento da Produção
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 10
1. CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS DO SETOR ........................................ 11
1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS ......................................................................... 13
1.2. EMPREGO E RENDA ...................................................................................... 18
1.3. MULTINACIONAIS E INSTITUIÇÕES PÚBLICAS ........................................... 24
2. FATORES RELEVANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DO SETOR .......... 27
2.1 FATORES QUE LEVARAM À ESCOLHA DO LOCAL DE INSTALAÇÃO ............. 28
2.2 PRINCIPAIS ENTRAVES PARA O CRESCIMENTO ............................................ 32
3. FORMAÇÃO PROFISSIONAL E A DEMANDA POR MÃO DE OBRA NO
SETOR ....................................................................................................................... 38
3.1. CURSOS TÉCNICOS ...................................................................................... 38
3.2. GRADUAÇÃO .................................................................................................. 41
3.3. PÓS-GRADUAÇÃO ......................................................................................... 44
4. OS FUNDOS DE FINANCIAMENTO PARA O SETOR DE BIOTECNOLOGIA
NO BRASIL E NO ESTADO DE MINAS GERAIS ....................................................... 47
4.1. ANÁLISE DOS FUNDOS DE FINANCIAMENTO NO BRASIL EM MINAS
GERAIS ...................................................................................................................... 51
4.1.1. MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (MCTI) ................. 51
4.1.2. FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS (FINEP) ................................. 55
4.1.2.1. PROGRAMA INOVAR ........................................................................... 60
4.1.3. CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E
TECNOLÓGICO (CNPQ) ............................................................................................ 61
4.1.3.1. PROJETOS DE PESQUISA FINANCIADOS PELO CNPQ NA ÁREA DE
BIOTECNOLOGIA ...................................................................................................... 62
4.1.4. BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO (BNDES) ................................ 64
4.1.5. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL
SUPERIOR (CAPES) .................................................................................................. 66
4.1.6. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE MINAS GERAIS –
(FAPEMIG) ................................................................................................................. 68
4.1.7. BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS (BDMG) .................... 72
5. AS INCUBADORAS DE EMPRESAS BIOTECNOLÓGICAS ............................ 74
6. ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES DOS GRUPOS DE PESQUISA DA ÁREA .... 76
7. ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES DE PUBLICAÇÕES DE PATENTES DA ÁREA
81
8. ANÁLISE DOS DADOS DE COMÉRCIO E PRODUÇÃO ................................. 85
9. ATUAÇÃO RECENTE DO GOVERNO DE MINAS NO FOMENTO AO SETOR
DE BIOTECNOLOGIA .............................................................................................. 102
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 106
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 111
ANEXO 1: QUESTIONÁRIO DE PESQUISA SOBRE AS EMPRESAS DO SETOR DE
BIOTECNOLOGIA .................................................................................................... 114
ANEXO 2: QUESTIONÁRIO DE PESQUISA SOBRE AS INCUBADORAS EM MINAS
GERAIS .................................................................................................................... 120
ATLAS DA BIOTECNOLOGIA EM MINAS GERAIS ................................................. 123
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Número de empresas de biotecnologia por município...................... 13
Tabela 2: Incubadoras citadas pelas empresas de Biotecnologia e o número de
empresas que citaram cada incubadora .......................................................... 16
Tabela 3: Número de fontes de financiamento e o número de empresas que
tiveram acesso a cada quantidade ................................................................... 17
Tabela 4: Fontes de financiamento das empresas e o número de empresas que
tiveram acesso a cada fonte............................................................................. 17
Tabela 5: Remuneração média nas empresas de biotecnologia por município
em Minas Gerais e em São Paulo .................................................................... 20
Tabela 6: Remuneração média dos empregados no estado de Minas Gerais e
no estado de São Paulo no setor de biotecnologia, por nível de escolaridade
em 2010 ........................................................................................................... 21
Tabela 7: Relação entre a remuneração média dos empregados nos estados
de São Paulo e Minas Gerais no setor de biotecnologia, por nível de
escolaridade em 2010 ...................................................................................... 22
Tabela 8: Número de ocupados e salário médio das instituições de
biotecnologia privadas de capital nacional em Minas Gerais ........................... 25
Tabela 9: Número de ocupados e salário médio das instituições públicas de
biotecnologia em Minas Gerais ........................................................................ 26
Tabela 10: Número de ocupados e salário médio das empresas multinacionais
de biotecnologia em Minas Gerais ................................................................... 26
Tabela 11: Classificação pelas empresas de biotecnologia da relevância de
fatores diversos na escolha do local de instalação da empresa....................... 28
Tabela 12: Matriz de correlação da classificação das empresas da importância
dos fatores diversos para a escolha do seu local de instalação ....................... 31
Tabela 13: Número de empresas que selecionou cada aspecto de infraestrutura
como entrave ao seu crescimento por município ............................................. 36
Tabela 14: Número de Turmas e número de matrículas nos cursos técnicos
relacionados mais diretamente à biotecnologia................................................ 39
Tabela 15: Número de Turmas e número de matrículas nos cursos técnicos de
áreas afins à biotecnologia ............................................................................... 39
Tabela 16: Localização das turmas do Curso Técnico de Análises Clínicas em
MG ................................................................................................................... 40
Tabela 17: Número de concluintes nos cursos da área de biotecnologia nas
microrregiões de Minas Gerais onde as empresas da área estavam localizadas
em 2011 ........................................................................................................... 42
Tabela 18: Número de concluintes nos cursos da área de biotecnologia nas
microrregiões de São Paulo onde as empresas da área estavam localizadas
em 2011 ........................................................................................................... 43
Tabela 19: Número de cursos de mestrado e doutorado e nota média da Capes
por grande área ................................................................................................ 44
Tabela 20: Número de cursos de mestrado e doutorado por grande área e
município .......................................................................................................... 45
Tabela 21: Nota média capes dos cursos de mestrado e doutorado
relacionados à biotecnologia por município ..................................................... 46
Tabela 22: Brasil: Principais programas de apoio à biotecnologia ................... 48
Tabela 23: Valor anual contratado em projetos complementares de
biotecnologia e pelos fundos setoriais .............................................................. 53
Tabela 24: Projetos contratados por tipo de instituição .................................... 53
Tabela 25: Projetos de biotecnologia com empresas contratados pelos fundos
setoriais ............................................................................................................ 54
Tabela 26: Número de projetos de biotecnologia contratados por UF ............. 54
Tabela 27: Valores efetivamente contratados e valores contratados esperados
pelos fundos setoriais em projetos de biotecnologia nos estados do sudeste
brasileiro ........................................................................................................... 55
Tabela 28: Número de projetos contratados pela Finep entre 2007 e 2011 por
UF .................................................................................................................... 56
Tabela 29: Número de projetos contratados pela Finep executados por
empresas de Minas Gerais na área de biotecnologia e o número total entre
2007 e 2011 ..................................................................................................... 58
Tabela 30: Número de projetos contratados pela Finep executados por
empresas de Minas Gerais por tipo de demanda entre 2007 e 2011 ............... 58
Tabela 31: Instituições/ empresas com mais de um projeto contratado pela
Finep entre 2007 e 2011 .................................................................................. 59
Tabela 32: Comparação entre MG e SP do número de projetos contratados na
Finep entre 2007 e 2011 e os valores médio e total dos projetos .................... 60
Tabela 33: Número de projetos de pesquisa de biotecnologia apoiados pelo
CNPq por UF .................................................................................................... 63
Tabela 34: Instituições de origem dos projetos de biotecnologia apoiados pelo
CNPq em MG ................................................................................................... 64
Tabela 35: Principais instrumentos de apoio do BNDES à biotecnologia com
seu número de operações e valor empenhado ................................................ 65
Tabela 36: Participação de cada UF no total investido pela Capes em bolsas
fomento ............................................................................................................ 67
Tabela 37: Programa rede mineira de biotecnologia e bioensaios - projeto
estruturador arranjo produtivo local de biotecnologia ....................................... 69
Tabela 38: Número de projetos de biotecnologia financiados pela Fapemig por
município entre 2007 e 2011 ............................................................................ 70
Tabela 39: Número de projetos de biotecnologia financiados pela Fapemig por
tema de pesquisa do projeto ............................................................................ 70
Tabela 40: Número de projetos de biotecnologia financiados pela Fapemig por
instituição ......................................................................................................... 71
Tabela 41: Grupos de pesquisa em Minas Gerais por ano de fundação .......... 76
Tabela 42: Grupos de pesquisa em São Paulo por ano de fundação .............. 76
Tabela 43: Total de pesquisadores, estudantes e de técnicos e quantidade de
grupos de pesquisa por instituição em Minas Gerais em 2013 ........................ 77
Tabela 44: Total de pesquisadores, estudantes e de técnicos e quantidade de
grupos de pesquisa por instituição em São Paulo em 2013 ............................. 78
Tabela 45: Quantidade de grupos de pesquisa e número dos que possuíam
relações com o setor produtivo por área de conhecimento em Minas Gerais em
2013 ................................................................................................................. 79
Tabela 46: Quantidade de grupos de pesquisa e número dos que possuíam
relações com o setor produtivo por área de conhecimento em São Paulo em
2013 ................................................................................................................. 80
Tabela 47: Número de patentes depositadas por município (quando pessoa
jurídica), e tipo de instituição no período de 1980 a 2008 no estado de Minas
Gerais ............................................................................................................... 81
Tabela 48: Número de patentes depositadas por município (quando pessoa
jurídica), e tipo de instituição no período de 1980 a 2008 no estado de São
Paulo ................................................................................................................ 81
Tabela 49: Índice de vantagem tecnológica ..................................................... 83
Tabela 50: Participação dos países no total das patentes publicadas em
biotecnologia .................................................................................................... 83
Tabela 51: Evolução percentual das importações e exportações para o total dos
119 NCM's - Brasil e Minas Gerais - 2008 a 2012 ........................................... 87
Tabela 52: Principais produtos de biotecnologia exportados por Minas Gerais
de 2008 a 2012 (em US$mil FOB de 2012) ..................................................... 88
Tabela 53: Crescimento percentual das exportações para os mais
representativos - Minas Gerais - 2008 a 2012 .................................................. 89
Tabela 54: Principais produtos de biotecnologia importados por Minas Gerais
de 2008 a 2012 (em US$mil FOB de 2012) ..................................................... 89
Tabela 55: Crescimento percentual das importações para os mais
representativos - Minas Gerais - 2008 a 2012 .................................................. 91
Tabela 56: Participação de Minas Gerais nas exportações brasileiras - 2008 a
2012 ................................................................................................................. 92
Tabela 57: Participação de Minas Gerais nas Importações brasileiras - 2008 a
2012 ................................................................................................................. 94
Tabela 58: Dados das 10 maiores empresas (em termos de faturamento) de
biotecnologia do estado de Minas Gerais ........................................................ 95
Tabela 59: Valor das compras interestaduais das empresas de biotecnologia de
Minas Gerais1 ................................................................................................... 95
Tabela 60: Vinte principais produtos e serviços adquiridos pelas empresas
mineiras do setor de biotecnologia ................................................................... 96
Tabela 61: Vinte principais produtos importados pelas 10 empresas de
biotecnologia com maior faturamento em Minas Gerais* ................................. 97
Tabela 62: Principais produtos importados pelas empresas de biotecnologia de
Minas Gerais de janeiro à março de 2013 que não eram produzidos no Estado
em dezembro de 2012 ..................................................................................... 99
Tabela 63: Principais produtos produzidos pelas empresas de biotecnologia de
Minas Gerais em dezembro de 2012 ............................................................... 99
Tabela 64: Principais produtos importados em Minas Geais de janeiro a março
de 2013 dentre aqueles que eram produzidos no estado em dezembro de 2012
....................................................................................................................... 100
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Área de atuação das empresas de biotecnologia de Minas Gerais .. 14
Figura 2: Número de empresas de biotecnologia por mesorregião e área de
atuação ............................................................................................................ 15
Figura 3: Número de empresas por ano de fundação ...................................... 16
Figura 4: Número de funcionários e número de empresas de biotecnologia por
município em Minas Gerais .............................................................................. 18
Figura 5: Número de funcionários e número de empresas de biotecnologia por
município em São Paulo .................................................................................. 20
Figura 6: Proporção das pessoas empregadas no setor de biotecnologia por
nível de escolaridade em Minas Gerais e em São Paulo em 2010 .................. 23
Figura 7: Classificação das empresas quanto à importância de fatores diversos
como entrave para seu crescimento ................................................................ 32
Figura 8: Conceito Preliminar de Curso – CPC – Valor médio por tipo de
instituição ......................................................................................................... 34
Figura 9: Medidas adotadas pelas empresas que consideram a escassez de
mão de obra um entrave importante para o seu crescimento .......................... 34
Figura 10: Tipo de insumos cuja escassez tem sido um entrave importante para
o crescimento das empresas ............................................................................ 35
Figura 11: Aspectos de infraestrutura que representam um entrave importante
para o crescimento das empresas e o número de empresas que selecionou
cada aspecto .................................................................................................... 36
APRESENTAÇÃO
A biotecnologia está incluída entre o setores que o Estado de Minas Gerais
vem chamando de setores da Nova Economia, sejam eles, Tecnologias de
Informação, Energias Alternativas, Eletroeletrônica, Ciências da Vida e
Aeroespacial. A necessidade de se desenvolver esses setores tem levantado
debates dentro e fora das esferas de governo. Por um lado, isso se justifica
pelo fato de que são setores nos quais há geração de empregos de alta
qualidade, no sentido de que demanda mão de obra com maior qualificação
que, por consequência é, em média, mais bem remunerada. Por outro lado,
trata-se de setores onde, em geral, há grande agregação de valor, o que pode
implicar na dinamização da economia e melhoria nos termos de troca do
estado.
A biotecnologia, que ora integra o grupo “Ciências da Vida” junto ao setor de
fármacos, destaca-se por sua multidisciplinaridade, que se traduz na grande
importância da área em diversas atividades econômicas que têm potencial
impacto no bem-estar social. Entre estas atividades podemos citar como
exemplo o papel da biotecnologia no aumento da produtividade agrícola; na
área de saúde, por meio da elaboração de novos medicamentos, vacinas e kits
diagnósticos; e na área de energia potencializando a produção de
bicombustíveis.
Uma vez reconhecida a importância estratégica desse setor para o
desenvolvimento econômico é importante a atuação do Estado para estimular
seu crescimento e a sua competividade. Para se traçar políticas públicas
adequadas para o fomento dessa atividade é primordial um conhecimento
aprofundado da realidade da mesma com seus reais potenciais e os gargalos a
serem superados. É com esse objetivo que a Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico apresenta este estudo. Pretende-se aqui, a partir
do levantamento e agregação das mais diversas fontes de informação sobre o
setor de Biotecnologia, gerar subsídios para a formulação de políticas públicas.
1. CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS
DO SETOR
Para caracterizar e analisar as empresas mineiras de biotecnologia, o primeiro
desafio encontrado foi definir o que é uma empresa do ramo da biotecnologia,
para, assim, determinar quais são as companhias que se enquadram nessa
definição. Essa atividade não é reconhecida como um setor1, uma vez que se
constitui em um meio para a produção de bens e serviços muito diversos que
são produzidos por diferentes setores de atividades. Por isso, de acordo com
os critérios utilizados nacional e internacionalmente para a classificação de
atividades econômicas, não cabe estabelecer uma categoria única definida
como segmento homogêneo quanto à similaridade de funções produtivas,
quanto às características dos bens e serviços e quanto à finalidade de uso dos
bens e serviços.
Diante dessa dificuldade, para a determinação das empresas que compõem o
setor de biotecnologia, optou-se pela utilização da base de dados
disponibilizadas pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC) por meio dos dados do Biotec Map 2011 cujo escopo inclui o
levantamento das empresas do setor realizado pelo Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento (CEBRAP). Nesta base, a biotecnologia está definida
como a aplicação de organismos, sistemas ou processos biológicos para fins
tanto de pesquisa e desenvolvimento internos, como para manufatura e
prestação de serviços.
Uma vez que diversas empresas utilizam a biotecnologia de forma marginal e é
muito difícil quantificar esse uso, foram consideradas como empresas de
biotecnologia apenas aquelas que empregam a biotecnologia, da forma
anteriormente definida, como atividade principal dentro da empresa.
Implicitamente, estão excluídas as empresas da chamada “biotecnologia
1 Ao longo deste trabalho, entretanto, essa atividade será referida como setor em alguns momentos, apenas para facilitar a redação.
tradicional”, por exemplo, as empresas de alimentos e bebidas, que têm como
tecnologia básica a fermentação.
Os dados do MDIC apontaram a existência de 58 empresas em Minas Gerais.
Tomando por base a mesma definição, a partir dos cadastros dos arranjos
produtivos locais de Belo Horizonte, Viçosa e do Triângulo Mineiro e das
incubadoras de empresas, BIOMINAS, CENTEV, CIAEM e INOVA foram
adicionadas outras 31 empresas, totalizando 89 empresas.
Identificadas as empresas, passou-se à investigação de suas características. A
partir do cadastro de pessoas jurídicas no Ministério da Fazenda foi possível
identificar o setor de atividade de 77 dessas empresas que estavam ativas,
bem como seu ano de abertura.
Em complemento, foi desenvolvido um questionário (em anexo) que foi enviado
para também 77 dessas empresas. Destas, 31 responderam ao questionário, o
que representa uma amostra de aproximadamente 35% da população
identificada. Algumas informações extraídas das respostas são apresentados
no item 1.1.
No item 1.2, por sua vez, foram levantados dados sobre número de
funcionários, ocupação e remuneração nas empresas do setor a partir da
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Nesta seção, são apresentados
tantos dados para as empresas localizadas dentro do próprio estado mineiro,
como considerou-se também, como parâmetro de comparação para averiguar
o desempenho relativo de Minas, os dados do estado de São Paulo. Este, além
de ser a maior economia do Brasil, é também destaque no setor de
biotecnologia: segundo os dados do MDIC é o estado com o maior número de
empresas na área, totalizando 96 empresas. Para esta seção foram
consideradas apenas as empresas da base do MDIC, para possibilitar a
comparação, uma vez que não tivemos acesso a cadastros secundários no
Estado de São Paulo.
Até aqui, foram consideradas apenas as empresas nacionais de capital
privado. Assim, na última seção foram levantados os dados da RAIS para as
empresas multinacionais e instituições públicas que atuam no setor. Foram
identificadas 7 empresas multinacionais e 5 instituições públicas, algumas
delas presentes em mais de um município do Estado de Minas Gerais. As
informações referentes a essas empresas, assim como uma breve comparação
com as primeiras são feitas no item 1.3.
1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS
A Tabela 1 apresenta a distribuição das empresas de biotecnologia ao longo
dos municípios mineiros. Observa-se uma enorme concentração de empresas
na capital mineira e em sua região metropolitana. Também nos municípios
pertencentes aos APL’s do Triângulo Mineiro e de Viçosa. Ademais, são
poucas as empresas que se afastam desses polos.
TABELA 1: NÚMERO DE EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA POR MUNICÍPIO Município Nº de empresas Município Nº de empresas
Andradas 1 Montes Claros 2
Araguari 1 Patos de Minas 2
Barbacena 1 Patrocínio 1
Belo Horizonte 43 Sabará 1
Buritizeiro 1 Santa Luzia 1
Cajuri 1 Uberaba 6
Contagem 1 Uberlândia 7
Itabira 1 Varginha 1
Itajubá 1 Vespasiano 1
Juatuba 2 Viçosa 12
Lagoa Santa 2 Total 89
Fonte: Elaboração própria.
Quanto à área de atuação dessas empresas, de acordo com a classificação
IBGE da atividade econômica destas através da CNAE, foram identificadas 41
CNAE’s distintas o que ilustra a enorme diversidade de atuações específicas
dessas empresas.
Assim, agrupamos essas empresas em 7 grandes áreas diferentes e as que
não se enquadraram em nenhuma dessas foram classificadas como “outro”,
como mostra a Figura 1. Observa-se que grande parte das empresas (43%)
atuam na área de saúde humana. A segunda área de maior expressividade foi
a da saúde animal (21%), seguida da área de insumos (14%) e agricultura
(12%). As áreas de Bioenergia e Bioinformática ainda são pouco exploradas no
território mineiro.
FIGURA 1: ÁREA DE ATUAÇÃO DAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA DE MINAS GERAIS
Fonte: Elaboração própria.
Separando a composição por área de atuação e por mesorregião, na Figura 2,
percebemos que a região metropolitana de Belo Horizonte concentra uma
maior variedade de ramos de atuação das empresas, entretanto, mais da
metade das empresas desta região são da área de saúde humana. A Zona da
Mata, por outro lado, possui uma maior concentração na área de saúde animal
seguida pela área da agricultura. Esses perfis estão em grande parte
relacionados à tradição de pesquisa nas universidades federais de ambas as
regiões, das quais originaram diversas spinoffs. No Triângulo Mineiro e Alto
Parnaíba, saúde animal, agricultura e saúde humana estão divididas entre as
empresas presentes na região de forma quase homogênea. As demais regiões,
muito menos expressivas em número de empresas, têm todas ao menos 1
empresa da área de saúde humana.
21%
14%
43%
5%
12% 3% 1%
1%
Saúde animal
Insumos
Saúde humana
Meio ambiente
Agricultura
Outro
Bioenergia
Bioinformática
FIGURA 2: NÚMERO DE EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA POR MESORREGIÃO E ÁREA DE
ATUAÇÃO
Fonte: Elaboração própria.
Quanto à idade dessas empresas, os dados extraídos do Ministério da
Fazenda apontam que 63% das empresas foram fundados na década de 2000.
Um número também significante destas foi fundada na década de 1990 (25%).
Poucas foram abertas em outros períodos como pode ser observado na Erro!
Fonte de referência não encontrada.. Essas dados mostram que, o
crescimento dessa atividade na iniciativa privada é bastante recente dentro da
economia do estado de Minas Gerais, embora se saiba que a atividade de
pesquisa nessa área seja muito mais antiga, dentro das universidades.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Zona da Mata Triângulo Mineiro e Alto
Parnaíba
Metropolitana de BH
Sul e Sudoeste de Minas
Norte de Minas Campo das Vertentes
Saúde humana Saúde animal Insumos Meio ambiente
Agricultura Bioenergia Bioinformática Outro
FIGURA 3: NÚMERO DE EMPRESAS POR ANO DE FUNDAÇÃO
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Ministério da Fazenda.
Passando ao questionário, dentre as 31 empresas respondentes, 15 estão ou
já estiveram incubadas, o que chama atenção para a importância dessas
instituições para o setor de biotecnologia em Minas Gerais. Observou-se
também que dentre essas 15 empresas, 11 foram fundadas entre 2000 e 2009,
mostrando que a relevância desse serviço é algo mais recente. As incubadoras
mais citadas foram a Biominas e a Centev que, como mostra a Tabela 22,
incubaram cinco das empresas respondentes cada uma.
TABELA 2: INCUBADORAS CITADAS PELAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA E O NÚMERO
DE EMPRESAS QUE CITARAM CADA INCUBADORA
Incubadoras Nº de empresas
Biominas 5
Centev 5
UFRJ 1
Incit 1
Unitecne 1
CIAEM/UFU 1
Não informado 1
Total 15
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às empresas.
Quanto ao acesso a fontes de financiamento, a Tabela 3 mostra que apenas
quatro das empresas que responderam ao questionário disseram nunca ter tido
3
2
19
48
4
0 10 20 30 40 50 60
1970-1979
1980-1989
1990-1999
2000-2009
>2009
acesso a nenhuma fonte externa, enquanto dez empresas tiveram acesso a
mais de uma fonte externa. Esses números mostram uma evolução do acesso
a financiamentos quando comparado ao estudo de Souza (2001). O estudo
realizado em 2001 apontou que a maioria das empresas de biotecnologia
nesse ano não havia recebido nenhum incentivo financeiro do governo.
TABELA 3: NÚMERO DE FONTES DE FINANCIAMENTO E O NÚMERO DE EMPRESAS QUE
TIVERAM ACESSO A CADA QUANTIDADE Nº de fontes de financiamento Nº de empresas
0 4
1 8
2 9
3 3
4 2
5 4
6 1
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às empresas.
Dentre as fontes de financiamento citadas pelas empresas, a FAPEMIG foi a
mais frequente (Tabela 4), tendo financiado quinze das empresas. As outras
fontes mais populares foram a Finep, o BNDES e o CNPq. Mesmo o capital de
risco privado, fonte de financiamento ainda incipiente no setor de biotecnologia
no Brasil, foi citado por oito empresas (25%). Tais fontes de financiamento e
suas características são aprofundadas na seção 4.
TABELA 4: FONTES DE FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS E O NÚMERO DE EMPRESAS
QUE TIVERAM ACESSO A CADA FONTE Fonte de financiamento Nº de empresas
Fapemig 15
Finep 13
BNDES 11
CNPq 11
Capital de risco privado 8
BDMG 3
SEBRAE (Sebraetec) 3
Capes 2
AMITEC 1
Jetro 1
Total 73
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às empresas.
Por fim, apenas 10 das 31 empresas responderam ter exportado nos últimos 12
meses. E apenas 13 disseram possuir patentes próprias. Esses números são,
em parte, reflexo da baixa capacidade de inovação e baixa competitividade
internacional de grande parte das empresas.
1.2. EMPREGO E RENDA
Do total de 154 empresas em Minas Gerais e em São Paulo presentes na base
de dados do MDIC, foram encontradas 102 empresas na base da RAIS de
2010, sendo 41 de Minas e 61 de São Paulo. Os dados da RAIS nos mostram
que as 41 empresas de Minas empregavam 1.632 pessoas em 2010, o que
resulta em uma média de 40 pessoas por estabelecimento, enquanto em São
Paulo havia 12.190 pessoas empregadas nas 61 empresas gerando uma
média de 200 empregados por estabelecimento.
FIGURA 4: NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS E NÚMERO DE EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA
POR MUNICÍPIO EM MINAS GERAIS
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2010).
Os dados da Figura 4 e da Figura 5: Número de funcionários e número de
empresas de biotecnologia por município em São Paulo mostram informações quanto
à localização da mão de obra e das empresas dentro dos dois estados por
município. Pode-se perceber que em Minas Gerais, os municípios que têm
maior número de empresas não são necessariamente os municípios com maior
número de pessoas empregadas. Especialmente, as empresas da capital
mineira, apesar de estarem bastante concentradas espacialmente, empregam,
em média, menos pessoas relativamente aos demais municípios, com exceção
de Araguari. Além disso, tanto em Minas quanto em São Paulo o maior número
de funcionários não está empregado nas maiores cidades, mostrando que as
empresas maiores não se encontram nas capitais.
FIGURA 5: NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS E NÚMERO DE EMPRESAS DE
BIOTECNOLOGIA POR MUNICÍPIO EM SÃO PAULO
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2010).
A Tabela 5 mostra a remuneração média do setor por município nos dois
estados. Nota-se que a remuneração no estado de São Paulo é, em média,
55% maior que em Minas Gerais. Ao mesmo tempo, na capital paulista e em
Campinas estão os melhores salários do setor no estado de São Paulo e em
Uberlândia estão os melhores de Minas Gerias, mas ainda muito abaixo do
nível paulista.
TABELA 5: REMUNERAÇÃO MÉDIA NAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA POR MUNICÍPIO
EM MINAS GERAIS E EM SÃO PAULO Minas Gerais São Paulo
Município Remuneração
Média Município
Remuneração Média
Uberlândia 3.647,34 São Paulo 6.751,66
Lagoa Santa 2.695,98 Campinas 5.389,43
Uberaba 1.934,38 Guarulhos 5.047,66
Belo Horizonte 1.931,42 Rio Claro 3.812,77
Itabira 1.759,07 Hortolândia 3.618,18
Montes Claros 1.706,44 Piracicaba 3.242,07
Varginha 1.379,68 São Roque 2.679,89
Sabará 1.124,84 Itupeva 2.678,65
Santa Luzia 1.009,52 Barueri 2.648,29
Viçosa 982,47 São José dos Campos 2.607,61
Contagem 886,85 Taboão da Serra 2.576,00
Andradas 864,36 São Carlos 2.553,07
Araguari 814,18 Moji Mirim 2.299,95
- - Itapira 2.262,27
- - Juatuba 2.015,91
- - Ribeirão Preto 1.990,85
- - Cotia 1.948,30
- - Leme 1.811,03
- - Vargem Grande
Paulista 1.678,00
- - Jaboticabal 1.561,73
- - Rafard 1.373,71
- - Holambra 1.088,20
- - Mogi das Cruzes 1.065,12
- - Assis 719,95
- - Lençóis Paulista 568,22
- - Quatá 556,28
Média geral 1.595,12 Média geral 2.482,49
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2010).
Para tentar explicar esses padrões apresenta-se, a seguir, o perfil da mão de
obra empregada de acordo com o nível de escolaridade apontado pelos dados
da RAIS. A Tabela 6 mostra a remuneração por nível de escolaridade para os
dois estados:
TABELA 6: REMUNERAÇÃO MÉDIA DOS EMPREGADOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS E
NO ESTADO DE SÃO PAULO NO SETOR DE BIOTECNOLOGIA, POR NÍVEL DE
ESCOLARIDADE EM 2010 Nível Minas Gerais São Paulo
Doutorado 7.343,09 11.122,54
Mestrado 6.333,84 9.682,24
Superior Completo 3.566,56 6.089,83
Superior Incompleto 1.559,39 4.126,35
Médio Completo 1.201,93 2.109,03
Fundamental Completo 848,73 1.969,40
Médio Incompleto 837,17 1.823,06
6. A 9. Fundamental 807,02 1.519,53
Até 5.a Incompleto 723,89 1.385,84
5º ano Fundamental Completo 679,38 1.274,99
Analfabeto 630,00 921,72
Média geral 1.595,12 3.820,41
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2010).
Como se pode observar a partir da comparação na Tabela 7, a vantagem para
São Paulo quanto à média salarial - em relação a Minas Gerais - se dá em
todos os níveis de escolaridade, ocorrendo com maior intensidade no caso dos
funcionários com menor nível de instrução, com exceção das pessoas com
nível superior incompleto, que em São Paulo recebem em média 164% a mais
do que as pessoas com nível de escolaridade semelhante em Minas Gerais.
Esse resultado é esperado, diante do maior custo de vida em São Paulo,
entretanto, pode ter dois efeitos, o primeiro é no sentido de atração de
empresas de biotecnologia para Minas Gerais, uma vez que, neste estado terá
menor custo com salários, mas, por outro, esse pode ser um fator responsável
pela dificuldade de atração de mão de obra nas empresas mineiras.
TABELA 7: RELAÇÃO ENTRE A REMUNERAÇÃO MÉDIA DOS EMPREGADOS NOS ESTADOS
DE SÃO PAULO E MINAS GERAIS NO SETOR DE BIOTECNOLOGIA, POR NÍVEL DE
ESCOLARIDADE EM 2010 Nível Remuneração Média
5º ano Fundamental Completo 168,34%
Superior Incompleto 164,61%
Fundamental Completo 132,04%
Médio Incompleto 81,51%
Até 5.a Incompleto 76,13%
Médio Completo 75,47%
6. a 9. Fundamental 71,72%
Superior Completo 70,75%
Mestrado 52,87%
Doutorado 51,47%
Analfabeto 46,31%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da RAIS/2010.
Algo que se destaca é a maior proporção de profissionais ocupados em São
Paulo que possuem ensino superior completo, como mostra a Figura 6,
enquanto em Minas Gerais ainda há uma grande proporção que tem como
nível de escolaridade máximo o ensino fundamental completo. Por outro lado,
percebe-se em Minas Gerais uma proporção de doutores maior, ainda que a
proporção seja baixa.
FIGURA 6: PROPORÇÃO DAS PESSOAS EMPREGADAS NO SETOR DE BIOTECNOLOGIA
POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE EM MINAS GERAIS E EM SÃO PAULO EM 2010
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2010).
Quanto às ocupações presentes nas empresas, também foram encontradas
algumas diferenças entre os dois estados. Uma diferença que chamou atenção
foi quanto ao número de pessoas ocupadas na área de vendas. Dentre
técnicos de nível médio em operações comerciais, vendedores e
demonstradores, as empresas do estado de São Paulo contam com 2.847
funcionários (23% do total ocupado nessas empresas) enquanto nas empresas
de Minas há 51 pessoas ocupadas (apenas 3% do total). Entretanto, enquanto
em São Paulo esses profissionais estão divididos entre 12 empresas, em Minas
estão presentes em 17. Além disso, em São Paulo duas empresas que têm
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Minas Gerais São Paulo
24,63% 10,61%
50,43%
53,65%
22,73% 34,59%
0,55% 0,92% 0,55% 0,24%
Doutorado
Mestrado
Superior
Médio
Analfabeto a fundamental
como atividade principal a fabricação de medicamentos alopáticos para
humano concentram cerca de 70% desses profissionais.
Outro fato que merece destaque é que, dentre pesquisadores, físicos,
químicos, biólogos, agrônomos, engenheiros e afins que possuem mestrado ou
doutorado, as empresas de São Paulo contam com 53 funcionários enquanto
as empresas mineiras possuem apenas 5. Se for comparado
proporcionalmente ao total de funcionários, essa diferença não é muito grande,
entretanto, em termos de grandeza absoluta, essa diferença é fundamental
para a vantagem competitiva das empresas paulistas, especialmente no
desenvolvimento de novos produtos. Ainda, vale destacar que a maioria dos
funcionários com mestrado ou doutorado, tanto em Minas Gerais quanto em
São Paulo, atua na área gerencial.
Entretanto, como foi dito, grande parte dessas empresas são de micro ou
pequeno porte e muitas vezes os proprietários da empresa são seus próprios
pesquisadores e possuem uma qualificação elevada. Como a base de dados
da RAIS traz informações apenas sobre funcionários, a qualificação profissional
para pesquisa e desenvolvimento dentro das empresas é, em parte,
subestimada.
Nos dois estados as ocupações nas empresas são muito heterogêneas. Uma
vez que a biotecnologia está inserida em diversas atividades distintas, como o
desenvolvimento de medicamentos, a remediação do solo, o melhoramento
genético de animais, etc., isso faz com que habilidades e formações
profissionais diferentes sejam demandadas, dependendo da atividade principal
da empresa. Além disso, o fato de haver empresas grandes e, ao mesmo
tempo, diversas empresas médias e pequenas na amostra estudada também
contribui para a heterogeneidade da estrutura de ocupações entre essas
empresas.
1.3. MULTINACIONAIS E INSTITUIÇÕES
PÚBLICAS
Nesta seção foram levantados os dados de emprego das instituições de
biotecnologia de Minas Gerais de caráter público e das empresas
multinacionais. Foram identificadas no estado mineiro sete empresas
multinacionais e cinco instituições públicas. Destas foram encontradas na base
de dados da RAIS seis empresas privadas multinacionais e duas instituições
públicas.
Abaixo são apresentados três tabelas com as informações das empresas
privadas de capital nacional (Tabela 8), instituições públicas (Tabela 9) e
empresas multinacionais (Tabela 10).
A primeira diferença encontrada diz respeito ao número médio de funcionários
por empresa. Enquanto nas empresas privadas de capital nacional são
empregados, em média 53 funcionários por empresa, nas instituições públicas
são 765 por unidade e nas empresas multinacionais são 479 funcionários por
empresa.
Outra diferença, muito expressiva, diz respeito ao número de pessoas
ocupadas nas instituições públicas que possuem mestrado e doutorado como
nível escolar. Também nas empresas multinacionais esse número é muito mais
que nas empresas de capital nacional.
Tanto nas empresas de capital nacional como nas empresas multinacionais
observa-se uma grande concentração (52% e 55%) de funcionários com o
ensino médio completo, alertando para a demanda desse nível de qualificação
ao qual se atribuem, na maioria das vezes, serviços técnicos.
TABELA 8: NÚMERO DE OCUPADOS E SALÁRIO MÉDIO DAS INSTITUIÇÕES DE
BIOTECNOLOGIA PRIVADAS DE CAPITAL NACIONAL EM MINAS GERAIS Escolaridade Nº de
ocupados % do total de
ocupados Salário Médio
Até o Ensino Fundamental completo 402 24,63% 813
Ensino Médio completo 841 51,53% 1.258
Educação Superior completa 371 22,73% 3.567
Mestrado completo 9 0,55% 6.334
Doutorado completo 9 0,55% 7.343
Total 1632 -
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2010).
TABELA 9: NÚMERO DE OCUPADOS E SALÁRIO MÉDIO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE
BIOTECNOLOGIA EM MINAS GERAIS
Escolaridade Nº de ocupados
% do total de ocupados
Salário Médio
Até o Ensino Fundamental completo 251 16,41% 3.234
Ensino Médio completo 523 34,18% 2.625
Educação Superior completa 559 36,54% 4.568
Mestrado completo 49 3,20% 10.147
Doutorado completo 148 9,67% 15.452
Total 1530 100% -
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2010).
TABELA 10: NÚMERO DE OCUPADOS E SALÁRIO MÉDIO DAS EMPRESAS MULTINACIONAIS
DE BIOTECNOLOGIA EM MINAS GERAIS
Escolaridade Nº de ocupados
% do total de ocupados
Salário Médio
Até o Ensino Fundamental completo 465 16,17% 1.611
Ensino Médio completo 1587 55,20% 1.920
Educação Superior completa 752 26,16% 4.884
Mestrado completo 49 1,70% 9.011
Doutorado completo 22 0,77% 11.492
Total 2875 100% -
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2010).
Além do já exposto anteriormente, observa-se que os salários pagos nas
empresas privadas de capital nacional estão abaixo dos salários pagos na
demais categorias para todos os níveis de escolaridade. As empresas
multinacionais são as que, em média, melhor remuneram os funcionários com
educação superior completa.
Os resultados aqui encontrados chamam atenção para a relativa baixa
qualificação e remuneração da mão de obra das empresas privadas de capital
nacional. Tal fato pode estar ligado ao porte dessas empresas e pode ser
interpretado ainda como causa e consequência da dificuldade de atração de
mão de obra reportada por essas empresas que será apresentada no próximo
capítulo.
2. FATORES RELEVANTES PARA O
DESENVOLVIMENTO DO SETOR
2.1 FATORES QUE LEVARAM À ESCOLHA DO LOCAL DE
INSTALAÇÃO
Foi perguntado às empresas qual o grau de importância dos seguintes fatores
para a escolha do local de instalação da empresa: tamanho do município;
acesso a aeroportos; densidade e qualidade da malha rodoviária; proximidade
geográfica com fornecedores de insumos; proximidade geográfica com
fornecedores de serviços; proximidade geográfica com o mercado consumidor;
proximidade geográfica com outras empresas de biotecnologia; proximidade
geográfica com universidades e centros de estudo na área de biotecnologia;
disponibilidade de mão de obra especializada; custo da mão de obra;
financiamento público; e incentivos fiscais. As empresas deveriam classificar
cada item como muito importante, importante, pouco importante ou não
importante.
Todos os fatores estabelecidos foram importantes ou muito importantes para,
pelo menos, 39% das empresas respondentes. No entanto, alguns fatores
foram mais frequentes que outros na escolha do local de instalação da
empresa. A Tabela 11 mostra o percentual de empresas que apontou como
importante ou muito importante e pouco importante ou não importante cada
fator. A proximidade geográfica com universidades e centros de estudo na área
de biotecnologia foi o fator que influenciou a escolha do maior número de
empresas (75,76%).
TABELA 11: CLASSIFICAÇÃO PELAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA DA RELEVÂNCIA DE
FATORES DIVERSOS NA ESCOLHA DO LOCAL DE INSTALAÇÃO DA EMPRESA.
Importante ou Muito importante
Pouco importante ou Não é
importante
Proximidade geográfica com universidades e centros de estudo na área de biotecnologia
75,76% 24,24%
Custo da mão de obra 68,75% 31,25%
Disponibilidade de mão de obra especializada 65,63% 34,38%
Proximidade geográfica com outras empresas de biotecnologia
62,50% 37,50%
Proximidade geográfica com o mercado consumidor 59,38% 40,63%
Acesso a aeroportos 53,13% 46,88%
Proximidade geográfica com fornecedores de insumos
53,13% 46,88%
Proximidade geográfica com fornecedores de serviços
53,13% 46,88%
Financiamento público 50,00% 50,00%
Densidade e qualidade da malha rodoviária 46,88% 53,13%
Tamanho do município 42,42% 57,58%
Incentivos fiscais 39,39% 60,61%
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às empresas.
O fator menos importante, de forma geral, foi o incentivo fiscal. O tamanho do
município por si só não foi importante ou foi pouco importante para a maioria
das empresas. Já o acesso a aeroportos, a proximidade com fornecedores e o
financiamento público foram importantes ou muito importantes para a decisão
do local de instalação de aproximadamente 50% das empresas. Outros fatores
citados como importantes foram: a existência de incubadoras de empresas,
expectativa de cumprimento de programa político, doação de terreno e
afetividade.
No entanto, mesmo os incentivos fiscais, fator considerado importante ou muito
importante pelo menor número de empresas, têm sua relevância confirmada
por quase 40% da amostra, não podendo ser descartado como um
componente importante para a atração de empresas. Por outro lado, de acordo
com a Tabela 1111, uma política de atração de empresas com maior alcance
deveria focar nas instituições de ensino e pesquisa e na qualificação de mão de
obra.
Vale ressaltar ainda que a maior empresa da amostra, com 800 funcionários,
apontou como fatores relevantes para sua instalação apenas o financiamento
público e o incentivo fiscal. Todos os outros fatores foram não importantes, na
contramão da tendência das demais empresas. Tal empresa instalou-se no
Norte de Minas, estimulada por uma política pública da SUDENE na década de
1950. Essa empresa enfrentou e enfrenta entraves para seu crescimento como
o acesso a aeroportos, a densidade e qualidade da malha rodoviária e as
dificuldades de articulação com universidades e outras empresas de
biotecnologia, o que pode estar ligado ao fato de ela estar geograficamente
distante dos principais polos de biotecnologia de Minas Gerais. Por outro lado,
mais recentemente a atração de outras empresas de biotecnologia para essa
região e articulações com a Universidade Estadual local tem amenizado esses
entraves e estabelecido um novo polo em potencial na região. Apesar disso, é
importante que políticas de incentivo fiscal estejam de acordo com as
especificidades do setor. Os setores tecnológicos, como a biotecnologia, por
exigirem em seu desenvolvimento uma série de conexões com o próprio setor
e com a pesquisa na fronteira do conhecimento precisa de uma localização
geográfica privilegiada do ponto de vista desses aspectos e da própria
infraestrutura urbana para que alcance uma melhor competitividade e
capacidade de inovação.
Por último, a matriz de correlação entre as variáveis na Tabela 1212, mostra
que, com algumas exceções, os fatores que levaram as empresas a
escolherem o local onde estão instaladas não estão fortemente
correlacionados. Entre as exceções estão, a proximidade geográfica com
fornecedores e serviços e a proximidade geográfica com fornecedores de
insumos. A alta correlação entre essas variáveis mostra que as empresas que
deram maior importância para um desses fatores deram também para o outro.
Da mesma forma, as empresas que deram uma importância maior ao acesso a
aeroportos também deram uma alta importância ao tamanho do município e à
malha rodoviária. E as empresas que deram importância elevada à
disponibilidade de mão de obra também deram importância elevada ao custo
desta. Tais correlações são esperadas, uma vez que são variáveis bastante
próximas.
TABELA 12: MATRIZ DE CORRELAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS DA IMPORTÂNCIA DOS FATORES DIVERSOS PARA A ESCOLHA DO
SEU LOCAL DE INSTALAÇÃO Tamanho
do Município
Acesso a aeroportos
Densidade e qualidade
da malha rodoviária
Proximidade geográfica
com fornecedores de insumos
Proximidade geográfica
com fornecedores de serviços
Proximidade geográfica
com o mercado
consumidor
Proximidade geográfica com outras
empresas de biotecnologia
Proximidade geográfica com universidades e centros de
estudo
Disponibilidade de mão de obra especializada
Custo da mão de
obra
Financia-mento público
Incentivos fiscais
Tamanho do Município 1,00 0,71 0,59 0,35 0,32 0,20 0,43 -0,10 0,06 0,20 0,41 0,36
Acesso a aeroportos 0,71 1,00 0,67 0,47 0,46 0,21 0,69 0,09 0,25 0,36 0,62 0,32
Densidade e qualidade da malha rodoviária
0,59 0,67 1,00 0,49 0,58 0,12 0,47 -0,08 0,05 0,22 0,46 0,43
Proximidade geográfica com fornecedores de
insumos 0,35 0,47 0,49 1,00 0,89 0,57 0,45 0,26 0,03 0,41 0,31 0,04
Proximidade geográfica com fornecedores de
serviços 0,32 0,46 0,58 0,89 1,00 0,45 0,35 0,12 0,06 0,42 0,39 0,05
Proximidade geográfica com o mercado
consumidor 0,20 0,21 0,12 0,57 0,45 1,00 0,40 0,26 0,01 0,28 -0,07 -0,12
Proximidade geográfica com outras empresas de
biotecnologia 0,43 0,69 0,47 0,45 0,35 0,40 1,00 0,18 0,23 0,28 0,59 0,28
Proximidade geográfica com universidades e
centros de estudo -0,10 0,09 -0,08 0,26 0,12 0,26 0,18 1,00 0,08 -0,19 -0,21 -0,19
Disponibilidade de mão de obra especializada
0,06 0,25 0,05 0,03 0,06 0,01 0,23 0,08 1,00 0,61 0,42 0,53
Custo da mão de obra 0,20 0,36 0,22 0,41 0,42 0,28 0,28 -0,19 0,61 1,00 0,55 0,44
Financiamento público 0,41 0,62 0,46 0,31 0,39 -0,07 0,59 -0,21 0,42 0,55 1,00 0,46
Incentivos fiscais 0,36 0,32 0,43 0,04 0,05 -0,12 0,28 -0,19 0,53 0,44 0,46 1,00
Correlação média com as demais variáveis
0,32 0,44 0,36 0,39 0,37 0,21 0,39 0,02 0,21 0,32 0,36 0,24
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às empresas.
2.2 PRINCIPAIS ENTRAVES PARA O CRESCIMENTO
Uma das questões feitas às empresas se relaciona aos entraves enfrentados
para o crescimento. A Figura 7 mostra o nível de importância dado pelas
empresas aos seguintes entraves: escassez de mão de obra, dificuldade de
obtenção de insumos, infraestrutura, regulação ambiental, dificuldade de
articulação com universidades, dificuldade de estabelecer cooperação com
outras empresas, dificuldade de obtenção de certificações internacionais.
Todos os fatores representam entraves importantes ou muito importantes para
o desenvolvimento da maioria das empresas. No entanto, a escassez de mão
de obra é um problema importante a ser superado pelo maior parte das
empresas, enquanto a dificuldade de obtenção de certificações internacionais
foi o entrave cuja importância foi pouca ou nenhuma para a maioria das
empresas.
FIGURA 7: CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS QUANTO À IMPORTÂNCIA DE
FATORES DIVERSOS COMO ENTRAVE PARA SEU CRESCIMENTO
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às empresas.
7 10 10 10 9 9
12
23 21 21 20 22 22
18
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Escassez de
mão de obra
qualificada
Dificuldade de
obtenção de
insumos
Infraestrutura Regulação
ambiental
Dificuldade de
articulação
com
universidades
Dificuldade de
estabelecer
cooperação
com outras
empresas
Dificuldade de
obtenção de
certificações
internacionais
Pouco importante ou Não é importante Importante ou Muito importante
Dentre as empresas que consideraram a escassez de mão de obra um entrave
com algum grau de importância para o seu crescimento, dez apontaram a
escassez de nível técnico, dez apontaram a escassez de doutores, dez
apontaram a escassez de pessoas com nível superior e sete disseram que a
escassez de mestres era um entrave ao seu crescimento. Algumas empresas
especificaram que os profissionais disponíveis no mercado não possuem
prática laboratorial, e que os formados em escolas privadas, de forma geral,
não são suficientemente qualificados. Uma empresa argumentou ainda que os
aqueles que estão se formando são pouco criativos, sendo preparados para
copiar, em detrimento de inventar novos produtos e processos, o que dificulta a
inovação.
Os dados do Enade – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes –
ratificam a reclamação das empresas de que os cursos relacionados à
biotecnologia oferecidos pelas instituições privadas são de pior qualidade
quando comparados aos ofertados pelas instituições públicas (Figura 8). O
índice do Enade usado para medir a qualidade dos cursos superiores é o CPC
– Conceito Preliminar de Curso – que é uma média entre diversas variáveis
(Conceito Enade, o desempenho dos ingressantes no Enade, o Conceito IDD2,
e as variáveis de insumo - corpo docente, infraestrutura e programa
pedagógico).
2O Conceito IDD é uma padronização do Indicador de Diferença Entre os Desempenhos
Observado e Esperado (IDD) que tem o propósito de trazer às instituições informações comparativas dos desempenhos de seus estudantes concluintes em relação aos resultados obtidos, em média, pelas demais instituições cujos perfis de seus estudantes ingressantes são semelhantes.
FIGURA 8: CONCEITO PRELIMINAR DE CURSO – CPC – VALOR MÉDIO POR TIPO DE
INSTITUIÇÃO
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do ENADE.
A maioria dessas empresas (18), como mostra a Figura 9, forneceu
treinamento com recursos próprios para suprir a escassez de mão de obra
qualificada. Apenas três não adotaram nenhuma medida. A segunda medida
mais comum foi a busca de apoio de instituição pública, dois exemplos dados
foram a busca por bolsistas de pesquisa do CNPq e da FAPEMIG e a parceria
com universidades para a criação de um mestrado profissional. Dentre as
medidas mostradas na Figura 9, nove empresas adotaram mais de uma delas.
FIGURA 9: MEDIDAS ADOTADAS PELAS EMPRESAS QUE CONSIDERAM A ESCASSEZ DE
MÃO DE OBRA UM ENTRAVE IMPORTANTE PARA O SEU CRESCIMENTO
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às empresas.
4,03
2,69
0
1
2
3
4
5
Pública Privada
3
3
5
10
18
0 5 10 15 20
Importou mão de obra de outro país
Nenhuma medida foi adotada
Importou mão de obra de outros estados brasileiros
Buscou ajuda de instituição pública
Forneceu treinamento com recursos próprios
Quanto à indisponibilidade de insumos treze empresas marcaram ter como
entrave a indisponibilidade de máquinas e equipamentos e treze marcaram
matéria prima, como mostra a Figura 10. A Matéria prima inclui reagentes,
produtos químicos em geral, material para embalagem, entre outros. Para lidar
com esse tipo de entrave 17 empresas disseram ter importado insumos de
outros estados e 17 disseram ter importado de outros países, sendo que, 10
dessas empresas marcaram as duas opções. Uma empresa alegou ainda ter
cancelado contrato devido à indisponibilidade de insumos.
FIGURA 10: TIPO DE INSUMOS CUJA ESCASSEZ TEM SIDO UM ENTRAVE IMPORTANTE
PARA O CRESCIMENTO DAS EMPRESAS
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às empresas.
Quanto aos fatores ligados à infraestrutura, o entrave mais comum é o acesso
a aeroportos, citado por 13 empresas como mostra a Figura 11. Além dos
fatores apresentados na Figura 11, foram citados como entraves o transporte
público para funcionários (empresa instalada em Juatuba) e condições de
transporte e estocagem de reagentes especiais (ex. câmara fria em aeroportos
para tornar possível o tráfego de insumos, ou para não perder itens na
alfândega).
13
13
7
0 2 4 6 8 10 12 14
Máquinas e equipamentos
Matéria prima
Serviços
FIGURA 11: ASPECTOS DE INFRAESTRUTURA QUE REPRESENTAM UM ENTRAVE
IMPORTANTE PARA O CRESCIMENTO DAS EMPRESAS E O NÚMERO DE EMPRESAS QUE
SELECIONOU CADA ASPECTO
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às
empresas.
Por último, a Tabela 13 mostra o total de empresas instaladas em cada
município que responderam ao questionário e o total de empresas que
marcaram acesso a aeroporto, densidade e qualidade da malha rodoviária e
telecomunicações como entraves ao seu crescimento. Como o número de
empresas em cada município é muito pequeno, com exceção de Belo
Horizonte, não é possível identificar se tais problemas de infraestrutura são
típicos desses municípios. Pode-se observar, no entanto, que na região
metropolitana de Belo Horizonte, que inclui Contagem e Itabira, o problema
mais apontado pelas empresas foi o acesso a aeroportos.
TABELA 13: NÚMERO DE EMPRESAS QUE SELECIONOU CADA ASPECTO DE
INFRAESTRUTURA COMO ENTRAVE AO SEU CRESCIMENTO POR MUNICÍPIO
Município Total de empresas que responderam o
questionário
Acesso a aeroportos
Densidade e qualidade da
malha rodoviária Telecomunicações
Belo Horizonte 15 5 2 3
Itajubá 1 0 0 0
Viçosa 4 2 2 1
Itabira 1 0 1 0
Araguari 1 0 1 1
Andradas 1 0 0 0
Uberaba 1 0 0 0
Barbacena 1 1 1 0
13
11
8
0 2 4 6 8 10 12 14
Acesso a aeroportos
Densidade e qualidade da malha rodoviária
Telecomunicações
Cajuri 1 1 1 0
Montes Claros 1 1 0 0
Uberlândia 1 1 1 1
Contagem 1 1 0 0
Juatuba 1 1 0 1
Varginha 1 0 1 1
Total 31 0 0 0
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do questionário aplicado às empresas.
3. FORMAÇÃO PROFISSIONAL E A
DEMANDA POR MÃO DE OBRA NO
SETOR
Como pôde ser visto no capítulo anterior, a escassez de mão de obra foi o
entrave apontado como significativo para o maior número de empresas de
biotecnologia, dentre aquelas que responderam ao questionário. De forma a
conhecer melhor a oferta por mão de obra para essa atividade, neste capítulo
selecionamos os principais cursos técnicos, de graduação e pós-graduação
com foco na biotecnologia e fazemos um levantamento de sua oferta em Minas
Gerais, comparando com o estado de São Paulo para os dois primeiros níveis
de educação.
3.1. CURSOS TÉCNICOS
A educação de nível técnico, cuja escassez foi apontada por 10 das 31
empresas que responderam ao questionário, é de enorme importância para o
setor quando observa-se que mais da metade do pessoal ocupado possui o
ensino médio completo e uma grande parte desses ocupa um cargo de
atribuições técnicas.
De forma a selecionar quais são os cursos técnicos de maior importância para
o setor, optou-se em primeiro lugar por buscar apenas por aqueles
relacionados à área de pesquisa e produção. Em seguida, através do Catálogo
de Cursos Técnicos do Ministério da Educação – MEC, foram analisados os
temas possivelmente abordados na formação e as possibilidades de atuação
de cada um dos cursos técnicos da lista. Posteriormente, foram selecionados
aqueles com maior afinidade com a área e as empresas de Biotecnologia. Os
cursos foram divididos em 2 grupos: o primeiro relativo aos cursos que
apresentaram uma afinidade direta com a área de produção e pesquisa e
desenvolvimento em Biotecnologia, e, o segundo, relativo a aqueles afins que
apresentaram um caráter de apoio à atividade.
Uma vez selecionados os cursos, foram extraídas da base de dados do Censo
Escolar informações sobre o número de turmas e matrículas em Minas Gerais
e em São Paulo nesses cursos. Os resultados podem ser observados na
Tabela 14 e Tabela 15 abaixo.
TABELA 14: NÚMERO DE TURMAS E NÚMERO DE MATRÍCULAS NOS CURSOS TÉCNICOS
RELACIONADOS MAIS DIRETAMENTE À BIOTECNOLOGIA MG SP
Cursos Técnicos Número de
Turmas Número de Matrículas
Número de Turmas
Número de Matrículas
Análises Clínicas 93 1970 109 1886
Biotecnologia 8 132 - -
Citopatologia - - 1 16
Total 101 2102 110 1902
Fonte: Elaboração própria a partir do dados do Censo Escolar.
TABELA 15: NÚMERO DE TURMAS E NÚMERO DE MATRÍCULAS NOS CURSOS TÉCNICOS
DE ÁREAS AFINS À BIOTECNOLOGIA MG SP
Cursos Técnicos Número de
Turmas Número de Matrículas
Número de Turmas
Número de Matrículas
Equipamentos Biomédicos 3 80 7 141
Farmácia 100 2339 262 5680
Hemoterapia 1 18 7 280
Análises Químicas - - 12 368
Química 118 3034 515 13244
Alimentos 18 488 64 1820
Controle Ambiental 5 98 1 13
Agricultura 32 777 5 105
Agropecuária 99 2617 78 2034
Florestas 3 116 11 345
Zootecnia 24 606 3 76
Total 403 10173 965 24106
Fonte: Elaboração própria a partir do dados do Censo Escolar.
Dentre os cursos diretamente relacionados com a Biotecnologia, Minas Gerais
sai um pouco à frente do estado de São Paulo em número de matrículas,
apesar de ter menos turmas. Já nos cursos afins, o estado mineiro não possui
nem metade do número de turmas e número de matrículas do estado paulista.
Por outro lado, os cursos técnicos específicos de Biotecnologia, ainda em
pequeno número em Minas Gerais e ausentes no Estado de São Paulo, são
relativamente recentes e mostram o surgimento de uma demanda de
qualificação específica para o setor.
Quanto à localização desses cursos, os cursos técnicos de análises clínicas
estão bastante concentrados na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no
Triângulo Mineiro, como pode ser visto na Tabela 16. Já os cursos de
Biotecnologia estão todos no município de Belo Horizonte.
TABELA 16: LOCALIZAÇÃO DAS TURMAS DO CURSO TÉCNICO DE ANÁLISES CLÍNICAS
EM MG Mesorregião Número de turmas
Campo das Vertentes 2
Central Mineira 1
Metropolitana de Belo Horizonte 38
Noroeste de Minas 1
Norte de Minas 9
Oeste de Minas 3
Sul e Sudoeste de Minas 3
Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba 17
Vale do Mucuri 6
Vale do Rio Doce 8
Zona da Mata 5
Total 93
Fonte: Elaboração própria a partir do dados do Censo Escolar.
Os cursos afins estão presentes com maior frequência nas diversas regiões
embora também estejam em maior número no Triângulo e Região
Metropolitana. O que chamou mais atenção, no entanto, foi o reduzido número
de cursos técnicos ligado à Biotecnologia na mesorregião da Zona da Mata,
onde encontra-se o município de Viçosa, um dos polos de Biotecnologia do
Estado. Nessa região, como afirmaram algumas das empresas no questionário,
a escassez de mão de obra técnica para o setor parece mais acentuada.
3.2. GRADUAÇÃO
Para os três maiores níveis de escolaridade (doutorado, mestrado e
graduação) é possível apontar - através dos dados da amostra do Censo
Demográfico - qual a formação das pessoas por ocupação.
Para realizar o cruzamento das bases de dados do Censo e da RAIS,
considerou-se os dados dos funcionários que na RAIS foram declarados
possuir um dos três maiores níveis de escolaridade. Esses dados foram
cruzados com aqueles disponíveis na amostra do Censo Demográfico de modo
que, dada a ocupação descrita na RAIS, essa ocupação foi "capturada" no
Censo e na mesma linha foi verificado qual curso de doutorado a pessoa na
amostra cursou. A pessoa na amostra representa uma determinada quantidade
de pessoas na população dada pelos parâmetros estatísticos de ponderação
estabelecidos pela pesquisa do IBGE. Evidentemente não é possível dizer que
o número de pessoas dado por essa ponderação é o número de pessoas exato
no cruzamento dos cursos com as ocupações, pois os dados do censo são
amostrais e da RAIS são censitários no setor formal do mercado de trabalho.
Dessa forma só é possível dizer quais os cursos mais cursados pelas pessoas
que estão em determinada ocupação nas empresas classificadas pelo MDIC
como de biotecnologia e que constavam da base da RAIS.
Desse cruzamento foi possível extrair a lista de possíveis cursos superiores
demandados pelo setor de biotecnologia em Minas e em São Paulo.
Em Minas Gerais esses cursos são: saúde (cursos gerais); ciências da
educação; odontologia; ciência da terra; engenharia e profissões de engenharia
(cursos gerais); processamento de alimentos; química e engenharia de
processos; gerenciamento e administração; contabilidade e tributação;
farmácia; formação de professores com especialização em matérias
específicas; formação de professores de disciplinas profissionais; ciência da
computação; eletrônica e automação; processamento da informação;
tecnologias de diagnóstico e tratamento médico.
Em São Paulo esses cursos são: direito; formação de professores de
disciplinas profissionais; saúde (cursos gerais); ciências da educação;
odontologia; ciência da computação; gerenciamento e administração;
processamento da informação; eletricidade e energia; proteção ambiental;
engenharia civil e de construção; engenharia e profissões de engenharia
(cursos gerais); proteção ambiental (cursos gerais); engenharia mecânica e
metalurgia; processamento de alimentos; química e engenharia de processos;
biologia e bioquímica; marketing e publicidade; terapia e reabilitação; serviços
de beleza; formação de professores de disciplinas profissionais; eletrônica e
automação; tecnologias de diagnóstico e tratamento médico.
Fazendo a compatibilização dessas listas e excluindo os cursos menos ligados
à produção em si, como os cursos gerencias, cursos de direito, entre outros,
chegou-se aos seguintes cursos apresentados na Tabela 17 e na
Tabela 18 com os respectivos números de concluintes em Minas Gerais e em
São Paulo por microrregião.
Na área de TI, tecnologias de informação estão agregados os cursos de:
ciência da computação, análise de sistemas, informática, redes de
computadores e sistemas de informação. No estado de São Paulo estão junto
os cursos de Informática Biomédica e Sistemas Biomédicos. Ainda, não
incluídos nas tabelas existe um cursos com nome de ciências agrárias em
Piracicaba, o qual graduou 12 pessoas no ano de 2011.
TABELA 17: NÚMERO DE CONCLUINTES NOS CURSOS DA ÁREA DE BIOTECNOLOGIA NAS MICRORREGIÕES DE
MINAS GERAIS ONDE AS EMPRESAS DA ÁREA ESTAVAM LOCALIZADAS EM 2011
Alimentos Bioquímica Biotecnologia Ciências
biológicas Engenharias Farmácia
Belo Horizonte 0 0 27 624 1434 564
Itabira 0 0 0 0 141 15
Montes Claros 0 0 0 89 246 227
Poços de Caldas 0 0 0 11 0 3
Uberaba 21 0 0 19 138 78
Uberlândia 72 0 0 175 233 103
Varginha 0 0 0 43 33 58
Viçosa 0 28 0 49 174 41
Total 93 28 27 1010 2399 1089
(continua...)
Física Matemática Química
Química ambiental
Sistemas biomédicos
TI Total
Belo Horizonte 49 134 67 33 0 1301 4233
Itabira 0 0 0 0 0 31 187
Montes Claros 0 64 14 0 30 140 810
Poços de Caldas 0 13 22 0 0 99 148
Uberaba 0 0 0 0 0 121 377
Uberlândia 18 20 67 0 0 243 931
Varginha 0 0 8 0 0 72 214
Viçosa 11 16 43 0 0 51 413
Total 78 247 221 33 30 2058 7313 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2011) e Censo Demográfico. (fim.)
TABELA 18: NÚMERO DE CONCLUINTES NOS CURSOS DA ÁREA DE BIOTECNOLOGIA NAS MICRORREGIÕES DE
SÃO PAULO ONDE AS EMPRESAS DA ÁREA ESTAVAM LOCALIZADAS EM 2011
Alimentos Biotecnologia Ciências
biológicas Ciências da
natureza Engenharias Farmácia
Araraquara 0 0 54 0 106 205
Assis 0 0 30 0 0 63
Bauru 0 0 118 0 56 127
Campinas 0 0 344 0 1533 533
Piracicaba 0 0 77 0 32 71
Ribeirão Preto 0 26 129 0 229 230
São Paulo 58 0 1256 20 2517 2720
Total 58 26 2008 20 4473 3949
(continua...)
Física Matemática Química
Química ambiental
Sistemas biomédicos
TI Total
Araraquara 0 0 43 0 0 22 430
Assis 0 7 70 0 0 56 226
Bauru 28 26 57 0 28 137 577
Campinas 81 57 169 0 0 808 3625
Piracicaba 0 9 32 0 0 96 329
Ribeirão Preto 0 26 57 0 19 134 850
São Paulo 235 522 686 26 0 6358 14409
Total 344 647 1114 26 47 7711 20446
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da Rais (2011) e Censo Demográfico (fim.)
Observa-se mais uma vez que o número total de concluintes em São Paulo é
muito superior ao de Minas Gerais. Em ambos os Estados há uma
concentração expressiva dos concluintes na microrregião da capital. De forma
geral, não se pode tirar conclusões a respeito da adequabilidade da oferta
desses cursos no Estado mineiro uma vez que não foi possível auferir a
demanda por essas formações, que são necessárias não apenas no setor de
Biotecnologia mais em diversos outros setores.
3.3. PÓS-GRADUAÇÃO
Quanto aos cursos de pós-graduação, através da base de dados da Capes que
fornece a lista dos cursos de mestrado e doutorado no Brasil, extraímos os
cursos do estado de Minas e analisamos o currículo de cada um deles. Foram
considerados todos aqueles que apresentaram, ao menos, uma disciplina cujo
escopo compreendesse o ensino de algum processo biotecnológico. Foram
encontrados diversos cursos de mestrado e doutorado em áreas diferentes que
se enquadraram no critério utilizado. Entretanto, poucos deles tinham seu foco
na biotecnologia em si, que foi o caso do cursos de mestrado e doutorado em
Biotecnologia e Genética.
Ao todo foram encontrados 95 cursos divididos entre as áreas apresentadas na
Tabela 19. O maior número de cursos, como podemos observar, estão na área
de ciências agrárias. Por outro lado, os cursos da área de ciências biológicas
são, em média, ligeiramente melhor avaliados.
TABELA 19: NÚMERO DE CURSOS DE MESTRADO E DOUTORADO E NOTA MÉDIA DA
CAPES POR GRANDE ÁREA Grande Área Número de cursos Nota média Capes
Ciências Agrárias 42 4,5
Ciências Biológicas 22 4,6
Ciências da Saúde 14 3,5
Engenharias 8 3,6
Multidisciplinar 6 3,8
Ciências Exatas e da Terra 3 4
Elaboração própria a partir do dados da Capes.
A Tabela 20 mostra os cursos por município. Como esperado, os municípios de
Belo Horizonte, Viçosa e Uberlândia estão entre aqueles com mais cursos de
mestrado e doutorado relacionados à biotecnologia. Uma surpresa é o
município de Lavras, que embora tenha sua universidade reconhecida na área
de ciências agrária e com 17 cursos relacionados à biotecnologia, não possui
nenhuma empresa de biotecnologia documentada nas fontes pesquisadas para
este estudo.
O município de Belo Horizonte concentra seus cursos na áreas de ciências
biológicas já o de Viçosa na área de ciências agrárias, o que está
correlacionado com as áreas das empresas biotecnologias dessas regiões.
TABELA 20: NÚMERO DE CURSOS DE MESTRADO E DOUTORADO POR GRANDE ÁREA E MUNICÍPIO
Ciências Agrárias
Ciências Biológicas
Multidisci-plinar
Ciências da
Saúde
Engenha-rias
Ciências Exatas e da Terra
Total
Lavras 16 1 0 0 0 0 17
Belo Horizonte 3 10 0 3 1 0 17
Viçosa 11 3 0 0 0 0 14
Uberlândia 2 3 0 1 1 1 8
Alfenas 2 0 0 3 1 0 6
São João Del Rei 1 0 3 1 0 0 5
Montes Claros 2 1 2 0 0 0 5
Ouro Preto 0 1 1 1 2 0 5
Diamantina 3 0 0 1 0 1 5
Uberaba 1 1 0 3 0 0 5
Juiz de Fora 1 1 0 1 0 1 4
Itajubá 0 0 0 0 3 0 3
Governador Valadares 0 1 0 0 0 0 1
Elaboração própria a partir do dados da Capes.
Por fim, a nota média dos cursos por município confirma a excelência da pós
graduação nas áreas relacionadas à biotecnologia no municípios de Belo
Horizonte e Viçosa, como pode ser visto na Tabela 21.
TABELA 21: NOTA MÉDIA CAPES DOS CURSOS DE MESTRADO E DOUTORADO
RELACIONADOS À BIOTECNOLOGIA POR MUNICÍPIO Município Nota Média Capes
Viçosa 5,1
Belo Horizonte 5,1
Lavras 4,8
Ouro Preto 4,4
Uberlândia 4,0
Juiz de Fora 3,8
Uberaba 3,6
Itajubá 3,3
São João Del Rei 3,2
Montes Claros 3,2
Alfenas 3,2
Diamantina 3,0
Governador Valadares 3,0
Elaboração própria a partir dos dados da Capes.
4. OS FUNDOS DE FINANCIAMENTO
PARA O SETOR DE BIOTECNOLOGIA NO
BRASIL E NO ESTADO DE MINAS GERAIS
O desenvolvimento das atividades biotecnológicas percorre uma longa
trajetória, desde a concepção da ideia até a comercialização do produto final.
Essa trajetória e o conjunto de estágios que nela estão inseridos costumam
totalizar de dez a quinze anos até sua conclusão. Tempo que vale tanto para o
desenvolvimento de novos medicamentos ou novas variedades vegetais
(FREITAS; ANDRADE; LOPES, 2013). Diante do elevado prazo de maturação
dos investimentos em biotecnologia, seu alto custo e o risco inerente da
atividade, o sucesso no seu desenvolvimento depende de um sólido e
diversificado sistema de financiamento.
Nos países desenvolvidos observa-se uma diversidade de opções de
financiamento às pesquisas biotecnológicas favorecendo o desenvolvimento e
a comercialização desses produtos de alto valor agregado. As principais
opções encontradas são: o financiamento público a partir de programas em
áreas de energia, saúde, agropecuária e meio ambiente; financiamento
privado, com investidores angels3 , fundos de venture capital4 , abertura de
capital acionário dentre outros (FREITAS; ANDRADE; LOPES, 2013).
No entanto, mesmo nos mercados desenvolvidos, o governo é responsável por
boa parte dos fundos, principalmente através de universidades e centros de
pesquisa. Isso ocorre devido ao caráter de “quase bem público” da pesquisa
3 Um investidor angel é uma pessoa física ou uma empresa disposta a investir em outras
empresas que, estando a iniciar suas atividades empresariais (startups), não contam com o aporte financeiro necessário. Este investidor vislumbra retorno econômico e aporta os recursos para lançar o empreendimento e está disposto a correr riscos, enquanto aguarda ganhos financeiros com o crescimento da empresa. 4
Venture Capital é a classificação que o capital de risco recebe. É usada quando o investimento em empresas em estágio inicial, com potencial de geração de receitas e lucros ainda incerto, e possivelmente dependente de um produto, tecnologia ou mercado que não tenha sido inteiramente testado como proposição de negócios. Neste investimento o risco é bem maior, pois trata-se de algo novo.
científica. Por outro lado, diante da dificuldade de financiamento público à
pesquisa em alguns países desenvolvidos, novas formas de compartilhamento
de custos e riscos entre os setores público e privado têm surgido,
caracterizando um sistema híbrido de financiamento (TASSEY, 2005).
Na contramão da tendência mundial de financiamento público-privado, nos
países emergentes como Brasil, China e Índia parece haver um crescimento do
investimento público em biotecnologias (LELE, 2003).
No caso brasileiro, as bases de ciência e tecnologia são constituídas pelo
CNPq e Capes (criados na década de 1950) ao lado da Finep e MCT (criados
nas décadas de 1960 e 1980, respectivamente). Apoiadas nessa base, desde a
década de 1970, foram implantadas diversas iniciativas de apoio à pesquisa e
inovação que tiveram ação direta nas atividades biotecnológicas (FREITAS;
ANDRADE; LOPES, 2013). A Tabela 2222 mostra um resumo dos programas
federais que tiveram grande importância para esse setor no período.
TABELA 22: BRASIL: PRINCIPAIS PROGRAMAS DE APOIO À BIOTECNOLOGIA
Período Programa/Instituição Principal atividade desenvolvida
Década de 1970
CNPq e Finep
Impactos nos setores científicos e industriais
Usuários das técnicas das biotecnologias tradicionais
1984-1989 PADCT1 - fase 1
Apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico
1987-1999 RHQE2 (MCT/CNPq)
Recursos humanos para atividades estratégicas
1990-1996 PADCT - fase 2 Apoio ao desenvolvimento científico e
tecnológico
1997-2002 PADCT - fase 3 Apoio ao desenvolvimento científico e
tecnológico
2000-presente PPA3
Biotecnologia e recursos genéticos (Genoma)
2002 Fundos setoriais Fundo Setorial de Biotecnologia (CT -
Biotec)
Fonte: Adaptado de Assad e Aucélio (2004) apud Freitas, Andrade e Lopes, 2013. Notas: 1 Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. 2 Programa de Apoio à Capacitação de Recursos Humanos em Biotecnologia e demais áreas estratégicas. 3 Plano Plurianual. Obs.: Ao final da década de 1990, o RHQE foi remodelado e passou a ter seu foco em áreas de tecnologia industrial básica, não especificando apoio a temas específicos como a biotecnologia, desenvolvimento de materiais ou mesmo ramos da química fina.
De acordo com o BNDES (2010), na década de 1970 o esforço de inovação
estava muito mais ligado à formação de recursos humanos e à pesquisa em
universidades. A criação dos primeiros fundos setoriais, em 1999, trouxe uma
mudança no arcabouço institucional de fomento à inovação ao tornar direta a
vinculação entre a arrecadação e a política de ciência, tecnologia e inovação.
Além disso, a criação dos Fundos Setoriais de Biotecnologia (CT Biotec),
Energia (CT Energia) e Saúde (CT Saúde) foi muito importante para a
consolidação do fomento às atividades biotecnológicas. Os fundos setoriais,
além disso, já nasceram tendo como proposta estimular a interação entre as
universidades e o setor produtivo de forma a aplicar o conhecimento científico
no mercado, gerando inovação (BNDES, 2010).
Duas mudanças legais recentes foram igualmente importantes para o apoio à
inovação no Brasil: a Lei de Inovação e a Lei do Bem. Enquanto a primeira
legalizou a aplicação de recursos públicos não reembolsáveis diretamente em
empresas, compartilhando com as mesmas os elevados custos e riscos
inerentes às atividades de P&D, a segunda possibilitou a dedução dos gastos
com P&D do imposto de renda (BNDES, 2010).
Atualmente, as maiores fontes nacionais de financiamento público para o setor
de biotecnologia são ainda a Finep, o CNPq, a Capes e o MCT (com os fundos
setoriais de CT&I) ao lado do BNDES, cujos programas e ações serão tratados
de forma mais detalhada no item 4.1.4 desta seção.
Apesar do crescimento do apoio público às atividades biotecnológicas nos
últimos anos, de acordo com um estudo da BIOMINAS (2004), no ano de 2004,
as questões financeiras ainda eram o fator mais difícil para 14% das empresas.
Outro estudo realizado por Rezaie et. al. (2008), constatou que apesar de as
empresas de biotecnologia reconhecerem os esforços públicos para apoiar as
atividades de P&D no setor, existem críticas quanto ao funcionamento dos
programas e instituições de apoio. Dentre os pontos negativos apontados estão
a impossibilidade de se financiar pela Finep qualquer trabalho conduzido fora
do país, ainda que as qualificações desejadas não estejam disponíveis no
Brasil; o fato de que as empresas precisam da permissão da Finep para
patentear tecnologias cujo desenvolvimento foi parcialmente financiado pela
mesma; viés na seleção de projetos pela Finep, que favorece aqueles que
geram publicação em detrimento de projetos para o desenvolvimento de
produtos.
No caso do BNDES, Zylberg (2012) argumenta que apesar de esta ser a maior
fonte de financiamento reembolsável do país, provendo às companhias
financiamentos em termos favoráveis quando comparados aos termos
oferecidos por bancos comerciais, a contrapartida requerida para este tipo de
financiamento o torna inviável para a maioria das micro e pequenas empresas.
Tal dificuldade é reafirmada pela Kihara e Soares (2011), segundo a qual o
“impacto desta limitação tende a se agravar à medida que as empresas
avançam nos estágios de desenvolvimento de seus produtos e começam a
demandar recursos para investimento em infraestrutura, capital de giro,
marketing e vendas” (KIHARA, E.; SOARES, 2011; p.22).
Outra limitação ao financiamento à biotecnologia no Brasil é a escassez de
investidores privados (KIHARA, E.; SOARES, 2011; RAZAEIE, 2008;
ZYLBERG, 2012). O modelo norte-americano de financiamento às atividades
biotecnológicas, caso de sucesso replicado em diversos países, consiste em
rodadas de investimento de venture capital, seguidas de abertura de capital
(IPO – Initial Public Offering) (KIHARA, E.; SOARES, 2011).
De acordo com a Biominas (2011) a dificuldade de implantação desse modelo
no Brasil reside: (1) na inexistência de uma indústria de venture capital
expressiva e consciente do longo ciclo de investimento e retorno característicos
das atividades biotecnológicas; (2) na inexistência de um mercado de capital
suficientemente desenvolvido.
Outras barreiras apontadas por Razaie (2008) são: (1) a aversão ao risco da
maioria dos investidores brasileiros de venture capital; (2) potenciais
complicações legais a investidores angels que, em alguns casos podem ser
processados pelas firmas nas quais investem; (3) o desempenho positivo do
mercado financeiro brasileiro e a taxa de juros brasileira que tem sido mantida
em patamares elevados nas últimas duas décadas.
Diante das várias barreiras ao desenvolvimento do financiamento privado para
o setor no Brasil, ao menos no curto prazo, até que haja condições para o
estabelecimento de fundos privados, o setor público mantém sua importância
indiscutível para o crescimento e desenvolvimento das atividades
biotecnológicas. Por outro lado, a alocação dos recursos públicos de forma
eficiente também é essencial para uma política de sucesso. É nesse sentido
que se pretende caracterizar, a seguir, os programas de financiamento no
Brasil e analisar a participação de Minas Gerais nesses programas bem como
a atuação das fontes de financiamento próprias do estado.
4.1. ANÁLISE DOS FUNDOS DE FINANCIAMENTO
NO BRASIL EM MINAS GERAIS
As principais fontes de financiamento nacionais para o setor de biotecnologia
são:
MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia, Fundos Setoriais.
Finep
BNDES
Capes
CNPq
Os principais financiadores mineiros são:
Fapemig
BDMG
4.1.1. MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
E INOVAÇÃO (MCTI)
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), após a incorporação
das duas mais importantes agências de fomento do país – Finep e CNPq –
passou a ser o coordenador dos programas e ações consolidadores da Política
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Essa política tem como
objetivo transformar a CT&I em um componente estratégico do
desenvolvimento econômico e social do Brasil (MCTI, 2013).
Uma ferramenta importante do MCTI são os Fundos Setoriais de Ciência e
Tecnologia que constituem um mecanismo de estímulo ao fortalecimento do
sistema de CT&I nacional. Os Fundos têm como objetivo garantir a ampliação e
a estabilidade do financiamento para a área e o estabelecimento de estratégias
de longo prazo. Encontram-se atualmente em operação catorze fundos cujos
temas são: Petróleo e Gás Natural; Energia; Recursos Hídricos; Transportes;
Mineração; Espacial; Tecnologia da Informação; Infraestrutura; Saúde;
Agronegócio, Verde-Amarelo; Biotecnologia; Setor Aeronáutico; e
Telecomunicações (MCTI, 2013).
O Fundo Setorial de Biotecnologia (CT-Bio) tem como foco formar e capacitar
recursos humanas para este setor fortalecendo a infraestrutura nacional de
pesquisas e expandindo a base de conhecimento para, dessa forma, estimular
a formação de empresas de base biotecnológica e, também, a transferência de
tecnologias para empresas consolidadas (Finep, 2013).
Observando as chamadas públicas para o CT-Bio, verifica-se que a maior parte
delas é executada pelo CNPq. Apenas uma chamada vertical (financiada por
apenas um fundo setorial) foi executada pela Finep desde que o fundo foi
criado. Dentre as chamadas transversais (financiada por dois ou mais fundos)
com participação do fundo de biotecnologia duas foram executadas pela
FINEP.
Como mostra um estudo do IPEA (2013), os projetos de biotecnologia, por
serem multidisciplinares e aplicáveis a áreas diversas, receberam entre 2003 e
2008 um volume muito maior recursos de outros fundos setoriais que do
próprio CT-Bio. O valor contratado total em projetos de biotecnologia pelo CT-
Bio chega a ser menos da metade do valor contratado pelos demais Fundos.
Os valores anuais contratados podem ser observados na Tabela 2323, onde
PC refere-se a projetos complementares que são aqueles projetos de
biotecnologia contratado por outro fundo que não o CT-Bio.
TABELA 23: VALOR ANUAL CONTRATADO EM PROJETOS COMPLEMENTARES DE
BIOTECNOLOGIA E PELOS FUNDOS SETORIAIS CT-Bio PC
Valor contratado (R$)
% no total dos fundos setoriais
Valor contratado (R$)
% no total dos fundos setoriais
2000 13.524 0,14
2001 205.972 0,38
2002 4.149.000 0,96 1.853.592 0,43
2003 2.754.728 1,53 3.807.523 2,12
2004 11.963.350 2,37 13.720.642 2,72
2005 10.501.043 1,68 33.649.463 5,39
2006 19.250.755 1,42 46.938.502 3,47
2007 - - 34.122.326 4,8
2008 6.077.697 0,99 14.116.054 2,31
Fonte: IPEA (2013).
Pode-se observar também na Tabela 2323 que o valor contratado varia
bastante de um ano para outro. Na Tabela 2424 estão os projetos contratados
por tipo de instituição. Percebe-se uma predominância das universidades
públicas - federal e estadual - enquanto as universidades privadas, o terceiro
setor e os institutos privados representam apenas 4% dos projetos contratados
pelo CT-Bio e 1,4% dos PCs.
TABELA 24: PROJETOS CONTRATADOS POR TIPO DE INSTITUIÇÃO Tipo de instituição CT-Bio PC
Projetos % no total Projetos % no total
Universidade federal 49 56 139 62,3
Universidade estadual 16 18 50 22,4
Empresa, fundação, hospital ou instituto público 18 21 25 11,2
Universidade privada 3 3 5 2,2
Instituto privado 1 1 1 0,4
Terceiro setor - - 2 0,9
Associação privada - - 1 0,4
Total 87 100 223 100
Fonte: IPEA (2013).
A Tabela 2525 mostra o número de projetos contratados com participação de
empresas dentro do total de projetos. O percentual é pequeno, no entanto, no
caso dos PCs é quase o dobro do CT-Bio. E ambos estão abaixo do percentual
médio de todos os projetos contratados pelos fundos setoriais.
TABELA 25: PROJETOS DE BIOTECNOLOGIA COM EMPRESAS CONTRATADOS PELOS
FUNDOS SETORIAIS
Fundo Total de projetos Projetos
com empresa % de projetos com empresa
CT-Bio 189 11 5,8
PC 503 55 10,9
Fundos setoriais 13.433 1.665 12,4
Fonte: IPEA (2013).
A Tabela 2626 mostra o total de projetos de biotecnologia contratados pelas
dez UFs com maior número de projetos contratados, Minas Gerais é o terceiro
estado com maior número de projetos de biotecnologia contratados na
categoria PC e o quarto estado pelo CT-Bio.
TABELA 26: NÚMERO DE PROJETOS DE BIOTECNOLOGIA CONTRATADOS POR UF UF Total PC % total PC Total CT-Bio % total CT-Bio
SP 87 17 32 17
RJ 73 15 17 9
MG 56 11 16 8
DF 42 8 18 10
RS 40 8 11 6
AM 30 6 8 4
PE 25 5 13 7
PR 23 5 12 6
CE 22 4 11 6
SC 18 4 3 2
Fonte: Adaptado de IPEA (2013).
Tomando como base o número de grupos de pesquisa, o IPEA (2013) calcula o
valor contratado esperado em cada estado caso a distribuição do valor
contratado total siga a mesma proporção da divisão dos grupos de pesquisa. A
Tabela 2727 mostra os valores efetivamente contratados e os valores
esperados para os estados do Sudeste. Percebe-se que em Minas Gerais o
valor esperado é 2,5 vezes maior que o contratado.
TABELA 27: VALORES EFETIVAMENTE CONTRATADOS E VALORES CONTRATADOS
ESPERADOS PELOS FUNDOS SETORIAIS EM PROJETOS DE BIOTECNOLOGIA NOS
ESTADOS DO SUDESTE BRASILEIRO UF Valores contratados (A) Valores contratados: esperado (B)
ES 181.826 1.189.530
MG 13.105.683 28.846.107
RJ 32.650.851 31.720.805
SP 73.861.191 55.313.154
Fonte: Adaptado de IPEA (2013).
De acordo com o IPEA (2013, p. 60), “este resultado pode estar correlacionado
aos diferentes expertises dos grupos de pesquisa entre os estados brasileiros,
aos distintos níveis de complexidade e custo dos projetos de pesquisa entre as
UFs, ou mesmo à heterogênea capacidade de atração de recursos dentre as
várias instituições demandantes”.
4.1.2. FINANCIADORA DE ESTUDOS E
PROJETOS (FINEP)
A Finep é responsável por promover e financiar a inovação e a pesquisa
científica e tecnológica em empresas, universidades, institutos tecnológicos,
centros de pesquisa e outras instituições públicas ou privadas, mobilizando
recursos financeiros e integrando instrumentos para o desenvolvimento
econômico e social do país (Finep, 2013).
A Finep, além de ser uma das executoras dos fundos setoriais incluindo o
Fundo Setorial de Biotecnologia, utiliza-se de programas que abrangem as
seguintes linhas de ação: apoio à inovação em empresas; apoio às Instituições
Científicas e Tecnológicas (ICTs); apoio à cooperação entre empresas e ICTs;
outras ações (Prêmio Finep de Inovação, Patrocínios, Parques Tecnológicos e
Cooperação Internacional).
A Finep opera seus programas por meio de apoio financeiro reembolsável e
não reembolsável:
Financiamento não reembolsável (subdividido em duas modalidades):
(1) apoio financeiro concedido a instituições públicas ou organizações
privadas sem fins lucrativos; (2) subvenção econômica que consiste na
aplicação de recursos públicos não reembolsáveis diretamente em
empresas.
Financiamento reembolsável: crédito direcionado a projetos de PD&I em
instituições que tenham capacidade de desenvolver os projetos e de
pagamento do crédito recebido.
Analisando o número total de projetos contratados pela Finep por UF entre
2007 e 2011, na Tabela 2828, observa-se que Minas Gerais, em média, ocupa
o quarto lugar dentre os estados com maior participação no total de projetos
contratados. Além disso, parece haver uma tendência de queda da participação
do estado no total dos projetos contratados entre 2009 e 2011. Outro fato que
chama atenção é a queda de quase 50% no número de projetos contratados
pela Finep em todo o Brasil entre 2010 e 2011.
TABELA 28: NÚMERO DE PROJETOS CONTRATADOS PELA FINEP ENTRE 2007 E 2011 POR UF
UF 2007 % 2008 % 2009 % 2010 % 2011 % Média
SP 218 27% 147 22% 167 26% 206 25% 112 27% 25,68%
RJ 115 14% 108 16% 101 16% 123 15% 56 14% 15,08%
RS 76 9% 72 11% 65 10% 80 10% 65 16% 11,26%
MG 68 8% 41 6% 63 10% 71 9% 25 6% 7,89%
SC 56 7% 49 7% 47 7% 49 6% 29 7% 6,98%
PR 48 6% 28 4% 43 7% 43 5% 32 8% 6,02%
PE 34 4% 38 6% 20 3% 35 4% 11 3% 4,03%
BA 27 3% 24 4% 19 3% 24 3% 9 2% 3,03%
CE 21 3% 19 3% 20 3% 21 3% 13 3% 2,88%
DF 19 2% 22 3% 17 3% 23 3% 9 2% 2,68%
AM 34 4% 18 3% 13 2% 15 2% 8 2% 2,56%
RN 13 2% 15 2% 7 1% 18 2% 5 1% 1,69%
PB 11 1% 18 3% 6 1% 12 1% 5 1% 1,55%
GO 11 1% 8 1% 7 1% 12 1% 8 2% 1,42%
PA 8 1% 8 1% 7 1% 16 2% 7 2% 1,40%
MS 9 1% 3 0% 6 1% 10 1% 4 1% 0,95%
AL 4 0% 9 1% 3 0% 10 1% 3 1% 0,86%
MT 3 0% 4 1% 2 0% 9 1% 3 1% 0,63%
MA 3 0% 6 1% 6 1% 5 1% 1 0% 0,62%
ES 6 1% 3 0% 3 0% 7 1% 2 0% 0,61%
RO 4 0% 3 0% 5 1% 2 0% 2 0% 0,49%
SE 4 0% 5 1% 3 0% 5 1% 0 0% 0,47%
PI 3 0% 2 0% 3 0% 4 0% 0 0% 0,33%
TO 2 0% 3 0% 1 0% 6 1% 0 0% 0,32%
RR 2 0% 3 0% 2 0% 1 0% 1 0% 0,28%
AC 1 0% 3 0% 0 0% 2 0% 0 0% 0,17%
AP 1 0% 1 0% 2 0% 0 0% 1 0% 0,17%
TOTAL 801 100% 660 100% 638 100% 809 100% 411 100% 100%
Fonte: Elaboração própria a partir do dados da Finep.
Na Tabela 29, que mostra o número de projetos de biotecnologia contratados
pela Finep em Minas Gerais e sua participação no valor total de projetos,
percebe-se entre 2008 e 2011, um crescimento da participação da
biotecnologia no total dos projetos contratados em Minas que chega a 20% de
todos os projetos em 2011. Neste ano a queda do número de projetos de
biotecnologia foi percentualmente menor que a queda do total de projetos
contratados.
TABELA 29: NÚMERO DE PROJETOS CONTRATADOS PELA FINEP EXECUTADOS POR
EMPRESAS DE MINAS GERAIS NA ÁREA DE BIOTECNOLOGIA E O NÚMERO TOTAL ENTRE
2007 E 2011
Fonte: Elaboração própria a partir do dados da Finep.
Foi possível observar ainda que a grande maioria (82%) dos projetos de
biotecnologia contratados pela Finep em Minas Gerais entre 2007 e 2011 eram
não reembolsáveis. E ainda, ao contrário da precária participação de empresas
nos projetos dos fundos setoriais, na Finep, em Minas Gerais, 74% dos
projetos tiveram como executoras instituições privadas e apenas 26%
instituições públicas.
Por outro lado, as parcerias público-privadas foram pouco expressivas entre os
projetos de biotecnologia contratados pela Finep em Minas Gerais: três
projetos foram de parceria público-privada (7,8%), dois deles foram de editais
que exigiam a cooperação entre ICTs e empresas e o segundo foi de uma
encomenda vertical de projeto de pesquisa.
TABELA 30: NÚMERO DE PROJETOS CONTRATADOS PELA FINEP EXECUTADOS POR
EMPRESAS DE MINAS GERAIS POR TIPO DE DEMANDA ENTRE 2007 E 2011
Demanda Nº de projetos contratados Percentual
Subvenção Econômica 20 53%
Demanda Espontânea 4 11%
Programa Juro Zero 3 8%
PROINFRA 2 5%
10 4 8 11 5
58 37 55 60 20
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2007 2008 2009 2010 2011
Biotecnologia Outros
Encomenda Vertical de Projeto de Pesquisa 2 5%
Cooperação ICTs Empresas 2 5%
PROMOPETRO 1 3%
Encomenda Programa Primeira Empresa Inovadora 1 3%
Eventos Excepcionalidades 1 3%
Rede GENOPROT 1 3%
Encomenda Transversal Projetos de Pesquisa 1 3%
Total 38 100%
Fonte: Elaboração própria a partir do dados da Finep.
Tais características podem ser explicadas pelo tipo de demanda mais frequente
dos projetos contratados em Minas Gerais como mostra a Tabela 3030. A
subvenção econômica, que visa a transferência de recursos para empresas,
respondeu por mais de 50% dos projetos contratados.
As instituições que tiveram mais de um projeto contratado pela Finep entre
2007 e 2011 estão na Tabela 3131. Dentre elas estão duas instituições de
ensino públicas, uma empresa pública e cinco empresas privadas.
TABELA 31: INSTITUIÇÕES/ EMPRESAS COM MAIS DE UM PROJETO CONTRATADO PELA
FINEP ENTRE 2007 E 2011 Instituição/Empresa Nº de projetos
Geociclo Biotecnologia S/A 3
Gct Global Ciência & Tecnologia Ltda 3
Universidade Federal De Viçosa 3
Biocod Tecnologia 2
Katal Biotecnológica Indústria E Comércio Ltda 2
Empresa De Pesquisa Agropecuária De Minas Gerais 2
Labtest Diagnóstica S.A. 2
UFMG- Instituto De Ciências Biológicas 2
Fonte: Elaboração própria a partir do dados da Finep.
As características dos projetos contratados em Minas não diferem muito das
encontradas no estado de São Paulo. Dentre as diferenças sutis, tem-se que
uma porcentagem um pouco maior dos projetos contratados são do tipo
Subvenção (61%) e os projetos não reembolsáveis representam 90% dos
projetos contratados por São Paulo. A maior diferença está no valor médio dos
projetos contratados nos dois estados. Considerando o período de 2007 a
2011, os projetos contratados em São Paulo têm uma média de quase um
milhão de reais a mais, como mostra a Tabela 3232.
TABELA 32: COMPARAÇÃO ENTRE MG E SP DO NÚMERO DE PROJETOS
CONTRATADOS NA FINEP ENTRE 2007 E 2011 E OS VALORES MÉDIO E TOTAL DOS
PROJETOS UF Nº de projetos Valor total Valor médio por projeto
MG 38 R$ 73.591.039,24 R$ 1.936.606,30
SP 99 R$ 296.300.179,26 R$ 2.992.931,10
Fonte: Elaboração própria a partir do dados da Finep.
Essa diferença pode estar ligada ao fato de que o valor financiável por projeto
de subvenção está ligado ao faturamento anual da empresa. Como as
empresas do estado de São Paulo são, em média, maiores que as do estado
de Minas Gerais, as primeiras devem ser capazes de contratar um maior
volume de recursos em seus projetos.
4.1.2.1. PROGRAMA INOVAR
Outro programa de financiamento da Finep que vale destacar é o Inovar, criado
em 1999 em parceria com o Fumin/BID cujo objetivo é, através de um
programa de venture capital, apoiar as empresas inovadoras. O projeto Inovar
criou a Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP),
realizou parceria com fundos de pensão e agentes de fomento para o
investimento em fundos e ainda organizou diversos fóruns visando a
aproximação entre empresas e investidores. Na segunda etapa do programa
(Inovar II), em 2008, foram promovidas ações para consolidar a indústria de
venture capital e private equity 5 , e contribuir para a estruturação de uma
5 Private equity: atividade financeira realizada baseada no investimento em empresas não são
listadas em bolsa de valores, com o objetivo de alavancar seu crescimento.
indústria de seed capital6 no Brasil. Já foram aprovados pela Finep 18 fundos
de venture capital e private equity. Com essas ações de investimento, a Finep
aprovou 26 fundos, dos quais 19 estão em operação, cinco em fase de
captação e um fundo completamente desinvestido em 2008 (Finep, 2013).
Ao todo, a Finep efetuou investimentos em pouco mais de 80 empresas
inovadoras. Dentre as empresas investidas quatro são de biotecnologia, sendo
três mineiras: Excegen (Belo Horizonte), Bioexton (Uberaba) e Biocancer (Belo
Horizonte). A quarta empresa de biotecnologia, paulistana, foi a SuperBAC
(Finep, 2013).
4.1.3. CONSELHO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E
TECNOLÓGICO (CNPQ)
O CNPq é uma agência do MCT que tem como objetivo o fomento da pesquisa
científica e tecnológica e a formação de recursos humanos para a pesquisa no
país. As bolsas concedidas pelo CNPq para a formação de recursos humanos
no campo da pesquisa científica e tecnológica, são destinadas ás
universidades, institutos de pesquisa, centros tecnológicos e de formação
profissional, tanto no Brasil como no exterior. Além disso, o CNPq destina
recursos financeiros para a implantação de projetos, programas e redes de
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e investe em ações de divulgação
científica e tecnológica (CNPq, 2013).
Na área de biotecnologia, o CNPq tem elevada importância na execução de
recursos do Fundo Setorial de Biotecnologia além da execução de outros
projetos na área financiados pelos demais fundos setoriais. Além dos projetos
dos fundos setoriais, dois programas atualmente ativos do CNPq se destacam
na área de biotecnologia:
6 Capital semente: modalidade de financiamento voltada para empresas, em fase de projeto e
desenvolvimento, antes do início das atividades do negócio.
a) BIONORTE - Rede de Biotecnologia e Biodiversidade da Amazônia
Legal
A Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal - BIONORTE foi
criada em 2008 com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de projetos de
pesquisa, desenvolvimento e inovação e formação de doutores, com foco na
biodiversidade e biotecnologia. A rede visa gerar conhecimentos, processos e
produtos que contribuam para o desenvolvimento sustentável da Amazônia
Legal. A previsão de duração é de seis anos podendo ser renovada mediante
indicadores de uma Comissão Independente de Avaliação (CNPq, 2013).
Em 2009, o MCT, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FNDCT), o Fundo Setorial da Amazônia (CT-Amazônia) e o CT-
Bio, a partir do CNPq, lançaram um edital para esse programa no qual foram
aprovados 20 projetos, com duração de 36 meses. As Fundações de Amparo à
Pesquisa e as Secretarias de Estado de Ciência e Tecnologia da Amazônia
Legal também realizam financiamentos – em conjunto – das propostas
aprovadas cujas instituições executoras estejam sediadas em seus respectivos
estados (CNPq, 2013).
b) PPBio
O objetivo do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) é “ampliar e
aprofundar o conhecimento da biodiversidade da Amazônia e do seu potencial
químico para subsidiar as políticas de geração de produtos e de melhoria da
qualidade de vida da população local” (PPBio, 2013). O programa é estruturado
em três componentes: coleções biológicas, inventários biológicos e projetos
temáticos.
4.1.3.1. PROJETOS DE PESQUISA
FINANCIADOS PELO CNPQ NA ÁREA DE
BIOTECNOLOGIA
Não foi possível o acesso aos editais e seus resultados para fazer uma análise
mais profunda dos projetos de biotecnologia financiados pelo CNPq. No
entanto, disponível em seu web site estavam o número de projetos financiados
por área, região e instituição. Ao todo, na área de biotecnologia, foram
encontrados 182 projetos financiados pelo órgão, aproximadamente apenas
1,49% do total de projetos financiados. No entanto, é bastante provável a
existência de diversos outros projetos de biotecnologia enquadrados em outras
áreas como imunologia, parasitologia, microbiologia, ciências agrárias, etc.
Pode-se observar na Tabela 3333 que, dentre os projetos apoiados
classificados na área de biotecnologia, o estado de São Paulo foi o principal
contratante. Minas Gerais aparece em quarto lugar com 19 projetos apoiados,
um número substantivo que reforça a importância do estado no âmbito das
pesquisas de biotecnologia.
TABELA 33: NÚMERO DE PROJETOS DE PESQUISA DE BIOTECNOLOGIA APOIADOS PELO
CNPQ POR UF UF Nº de projetos de
pesquisa Percentual
SP 47 25,82%
DF 27 14,84%
RJ 23 12,64%
MG 19 10,44%
RS 12 6,59%
PR 11 6,04%
CE 9 4,95%
SC 5 2,75%
BA 4 2,20%
PB 4 2,20%
PA 4 2,20%
AM 3 1,65%
SE 3 1,65%
PE 3 1,65%
RO 2 1,10%
MS 2 1,10%
GO 1 0,55%
MA 1 0,55%
PI 1 0,55%
RN 1 0,55%
Total 182 100%
Fonte: Elaboração própria da partir dos dados do CNPq.
A Tabela 3434 mostra quais são as instituições mineiras responsáveis pelos
projetos financiados pelo CNPq. A Universidade Federal de Minas Gerais foi a
instituição com o maior número de projetos. As universidades federais de
Viçosa e Uberlândia, situadas nos dois outros pólos de biotecnologia do
estado, também aparecem no quadro.
TABELA 34: INSTITUIÇÕES DE ORIGEM DOS PROJETOS DE BIOTECNOLOGIA APOIADOS
PELO CNPQ EM MG Instituição Nº de projetos de
pesquisa Percentual
Universidade Federal de Minas Gerais 8 42,11%
Fundação Oswaldo Cruz 3 15,79%
Universidade Federal de Ouro Preto 3 15,79%
Universidade Federal de Uberlândia 2 10,53%
Universidade Federal de Viçosa 2 10,53%
Fundação Ezequiel Dias 1 5,26%
Fonte: Elaboração própria da partir dos dados do CNPq.
4.1.4. BANCO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO (BNDES)
O BNDES é o principal agente de financiamento de longo prazo para
investimentos em todos os segmentos da economia. Desde a sua fundação,
em 1952, o BNDES apoia os diversos setores da economia oferecendo
condições especiais para micro, pequenas e médias empresas (BNDES, 2010).
Além do apoio por intermédio de suas linhas de financiamento tradicionais, o
BNDES tem alguns instrumentos específicos para incentivar o desenvolvimento
da biotecnologia para saúde. No âmbito do financiamento a empresas com
recursos reembolsáveis, destaca-se o Programa de Apoio ao Complexo
Industrial da Saúde (Profarma), criado em 2004. O Profarma visa contribuir
para a redução da vulnerabilidade da Política Nacional de Saúde, promovendo
a articulação entre as políticas industrial e de saúde, com participação efetiva
do Ministério da Saúde em sua revisão ocorrida em 2007 (BNDES, 2010).
O Profarma conta com um estoque atual de R$ 20 milhões financiados em 10
operações, conforme exposto na Tabela 3535. É importante notar que são
números ainda modestos, isso porque as maiores empresas farmacêuticas
nacionais apenas recentemente começaram a manifestar interesse em investir
na área de biotecnologia (BNDES, 2010).
O Fundo Tecnológico do BNDES (Funtec) destina-se ao apoio de projetos
voltados para o desenvolvimento tecnológico e a inovação, alocando recursos
não reembolsáveis em projetos em que há parceria entre uma ICT e uma
empresa privada e que tenham a perspectiva de gerar inovação para o
mercado. O Funtec elege anualmente focos prioritários para apoio, em áreas
selecionadas, dentre elas, a área de saúde. A biotecnologia para saúde tem se
mantido como um tema relevante no âmbito do Funtec nos últimos anos. Para
o ano de 2010, um dos focos definidos para apoio na área de saúde é o
“desenvolvimento de biofármacos obtidos por tecnologias celulares e/ou
recombinantes não produzidos no país”. Como mostra a Tabela 3535,
atualmente há nove projetos aprovados no âmbito do Funtec na área de
biotecnologia para saúde, perfazendo um valor aproximado de R$ 113 milhões
(BNDES, 2010).
TABELA 35: PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE APOIO DO BNDES À BIOTECNOLOGIA COM
SEU NÚMERO DE OPERAÇÕES E VALOR EMPENHADO Instrumento de apoio Operações Valor (R$ mil)
Profarma produção 3 8.362
Profarma inovação 5 8.710
Profarma exportação 2 3.000
Funtec 9 112.928
Criatec 5 8.000
Total 27 150.491
Fonte: Adaptado de BNDES (2010).
Outro importante instrumento do BNDES para apoio a empresas emergentes
de base tecnológica é o Fundo Criatec, de seed capital. Esse fundo foi lançado
em janeiro de 2007 com R$ 100 milhões disponíveis para investimento, dos
quais R$ 80 milhões provenientes do BNDES. Na área de biotecnologia para
saúde, até junho de 2010 foram aprovadas inversões em cinco empresas num
montante de R$ 8 milhões. Além do Criatec, em setembro de 2009 o BNDES
aprovou a criação de um novo fundo de investimentos de venture capital em
empresas emergentes voltados para as áreas de biotecnologia e
nanotecnologia (BNDES, 2010).
Por fim, o BNDES dispõe de uma linha de crédito rotativo e pré-aprovado
voltado às micro, pequenas e médias empresas. O limite do Cartão BNDES é
de até RS 1 milhão para o financiamento à aquisição de bens e serviços de
fornecedores credenciados, com taxas e prazos atrativos (BNDES, 2010).
4.1.5. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO
DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES)
A Capes, fundação ligada ao Ministério da Educação (MEC), tem como objetivo
o apoio à expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado
e doutorado) no Brasil. A partir de 2007, passou também a atuar na formação
de professores da educação básica. As áreas de atuação da Capes podem ser
agrupadas da seguinte forma: “avaliação da pós-graduação stricto sensu;
acesso e divulgação da produção científica; investimentos na formação de
recursos de alto nível no país e exterior; promoção da cooperação científica
internacional; indução e fomento da formação inicial e continuada de
professores para a educação básica” (Capes; 2013).
Nos últimos anos, tornaram-se também competências da Capes as ações
indutivas direcionadas ao desenvolvimento de projetos que incluem a formação
de recursos humanos em áreas consideradas estratégicas pelo governo. Essa
iniciativa explica o aumento no orçamento da Capes, que passou de R$ 6,4
milhões em 2003 para R$ 91,8 milhões em 2010.
Dentre os programas de ação indutiva, alguns beneficiaram diretamente as
atividades biotecnológicas:
Toxinologia / Capes (2010)
Programa de Nanobiotecnologia (2008)
Doutorados em bioinformática e microeletrônica (BioMicro)
Pró-Amazônia: Biodiversidade e Sustentabilidade (2012)
Programa Nacional de Incentivo à Pesquisa em Parasitologia Básica
(2010)
Programa Capes-Embrapa
Não foi possível acessar o volume de investimentos ou o número de bolsas de
pesquisa e de fomento destinados especificamente à biotecnologia pela Capes.
Percebe-se, no entanto, pela Tabela 36 36, que o estado de Minas Gerais, de
forma geral, foi o terceiro estado com maior volume de investimento da Capes
entre 2007 e 2011, mas ainda atrás do Rio de Janeiro e de São Paulo em todos
os anos do período.
TABELA 36: PARTICIPAÇÃO DE CADA UF NO TOTAL INVESTIDO PELA CAPES EM BOLSAS
FOMENTO UF 2007 2008 2009 2010 2011
SP 30,60% 28,18% 27,10% 25,54% 26,04%
RJ 13,67% 13,49% 15,23% 14,72% 13,71%
MG 9,63% 10,39% 9,73% 9,90% 10,41%
RS 9,61% 9,33% 9,37% 9,93% 9,90%
PR 5,77% 5,37% 5,10% 6,43% 6,61%
SC 3,53% 3,83% 3,50% 4,03% 4,33%
PE 3,92% 4,34% 3,28% 3,70% 3,55%
BA 2,80% 2,81% 3,38% 3,23% 3,12%
DF 3,41% 3,73% 3,55% 2,71% 3,00%
PB 2,26% 2,44% 3,11% 2,86% 2,83%
CE 2,45% 2,65% 3,12% 2,98% 2,77%
RN 1,78% 2,17% 2,34% 2,43% 2,38%
PA 1,75% 1,90% 1,66% 1,73% 1,77%
GO 1,31% 1,35% 1,62% 1,76% 1,64%
ES 0,76% 0,92% 1,08% 1,12% 1,12%
MS 0,61% 0,80% 0,91% 1,00% 1,05%
AM 0,90% 1,01% 1,19% 1,07% 0,98%
MT 0,94% 0,89% 0,98% 0,83% 0,81%
PI 0,46% 0,60% 0,46% 0,57% 0,72%
SE 0,45% 0,47% 0,59% 0,68% 0,69%
AL 0,50% 0,58% 0,67% 0,64% 0,64%
MA 0,80% 0,74% 0,63% 0,57% 0,53%
EX 1,27% 0,90% 0,45% 0,55% 0,52%
TO 0,24% 0,40% 0,35% 0,32% 0,26%
AC 0,16% 0,22% 0,15% 0,18% 0,19%
RO 0,13% 0,20% 0,18% 0,18% 0,19%
RR 0,23% 0,17% 0,15% 0,20% 0,14%
AP 0,05% 0,11% 0,12% 0,13% 0,08%
Total Absoluto (R$mil)
634.531,00 776.894,00 1.326.726,00 1.445.097,00 1.698.178,00
Fonte: Capes.
4.1.6. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO
ESTADO DE MINAS GERAIS – (FAPEMIG)
A Fapemig é a agência de fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico
de Minas Gerais. É uma fundação do Governo Estadual, vinculada à Secretaria
de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) cujos recursos
financeiros são assegurados pela constituição do estado (Fapemig, 2013). Sua
missão é “induzir e fomentar a pesquisa e a inovação científica e tecnológica
para o desenvolvimento do estado de Minas Gerais” (Fapemig, 2013).
Para atender sua missão a instituição atua nos seguintes âmbitos:
financiamento de projetos de pesquisa científica e tecnológica; incentivo à
capacitação de recursos humanos para Ciência e Tecnologia, por meio de
bolsas em diversos níveis de formação; contribuição para a fixação de grupos
de pesquisa científica e tecnológica; promoção da integração entre o setor
produtivo e instituições de pesquisa e desenvolvimento; apoio à realização e
organização de eventos de caráter científico e tecnológico; realização de
intercâmbios entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros, e estabelecimento
de laços de cooperação com instituições nacionais e internacionais; orientação
e encaminhamento das ações de patenteamento e comercialização de
produtos ou processos inovadores; divulgação dos resultados das pesquisas
(Fapemig, 2013)
Nos últimos anos, a Fapemig lançou quatro editais exclusivos para a área de
biotecnologia, como mostra a Tabela 3737.
TABELA 37: PROGRAMA REDE MINEIRA DE BIOTECNOLOGIA E BIOENSAIOS - PROJETO
ESTRUTURADOR ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE BIOTECNOLOGIA Edital Disponível Demanda Recomendado
Valor (R$) Nº projetos Nº projetos Valor (R$)
13/2007 2.000.000,00 18 12 1.563.610,00
15/2008 1.500.000,00 11 5 602.032,00
18/2009 2.000.000,00 31 9 1.955.100,00
18/2010 1.400.000,00 15 11 1.406.022,00
Total 6.900.000,00 75 37 5.526.764,00
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Fapemig.
O edital de 2007 teve por objetivo financiar projetos visando a adequação de
laboratórios para credenciamento e certificação, nos termos das normas de
boas práticas laboratoriais nacionais e/ou internacionais. Nesse edital foram
consideradas elegíveis as instituições de ensino superior, pesquisa e
desenvolvimento tecnológico, públicas e privadas sem fins lucrativos.
Os editais lançados em 2008, 2009 e 2010 foram voltados para o
financiamento de projetos direcionados a pesquisas em áreas de interesse
para o sistema público de saúde regional e que apresentem possibilidade de
inserção em mercados internacionais. O foco principal desses editais foi na
área de diagnóstico. Em 2008 e 2010, puderam concorrer instituições de
ensino e pesquisa com parceria obrigatória com micro e pequenas empresas.
Em 2009, foram elegíveis projetos apresentados por instituições de ensino e
pesquisa individualmente ou por empresas públicas e privadas em parceria
obrigatória com as instituições de ensino e pesquisa.
As principais características dos projetos aprovados 7 são apresentadas na
Tabela 3838, na Tabela 3939 e na Tabela 4040. Destaca-se que mais da
metade dos projetos foram contratados por instituições do município de Belo
7 Foram analisados apenas os projetos aprovados nos anos de 2007, 2009 e 2010. As informações sobre os projetos de 2008 não foram disponibilizados pela Fapemig.
Horizonte. Depois da adequação de laboratórios, que foi objetivo de todos os
projetos aprovados em 2007, a área de diagnósticos foi a área mais comum
dentre os projetos. No entanto, foram citadas diversas outras áreas, que apesar
de menos frequentes chamam atenção para a existência de diferentes
competências dentro da biotecnologia no estado.
TABELA 38: NÚMERO DE PROJETOS DE BIOTECNOLOGIA FINANCIADOS PELA FAPEMIG
POR MUNICÍPIO ENTRE 2007 E 2011 Cidade Nº de projetos
Belo Horizonte 18
Viçosa 4
São João Del Rey 1
Lavras 1
Sete Lagoas 1
Juiz de Fora 1
Uberlândia 1
Alfenas 1
Contagem 1
Desconhecido 2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Fapemig.
TABELA 39: NÚMERO DE PROJETOS DE BIOTECNOLOGIA FINANCIADOS PELA FAPEMIG
POR TEMA DE PESQUISA DO PROJETO Subárea Nº de projetos
Adequação de laboratórios 11
Diagnóstico 7
Fitomedicamentos 3
Controle biológico 2
Biomedicamentos 2
Cultivo in vitro 1
Insumos 1
Bioprospecção 1
Bioinformática 1
Identificação molecular 1
Biofertilizantes 1
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Fapemig.
Mais uma vez, a instituição com maior número de projetos financiados foi a
UFMG, seguida da Embrapa e da UFV. Diversas empresas privadas também
aparecem como beneficiadas nos editais, como mostra a Tabela 4040.
TABELA 40: NÚMERO DE PROJETOS DE BIOTECNOLOGIA FINANCIADOS PELA FAPEMIG
POR INSTITUIÇÃO Instituição Nº de projetos
UFMG 10
Embrapa 3
UFV 2
Aptivalux Bioengenharia Ltda. 1
Bioaptus Consultoria e Serviços ede Biotecnologia
1
Biocod 1
Biotecnologia Ltda. 1
Bravir Industrial Ltda. 1
Cetec 1
Codon Biotecnologia Ltda. 1
Fiocruz 1
Fitoclone 1
Funed 1
ISCM - BH 1
Patsos 1
UFLA 1
UFSJ 1
UFU 1
UNIFAL 1
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Fapemig.
Apesar desses editais e seus resultados mostrarem características importantes
da pesquisa em biotecnologia de Minas Gerais financiada pela Fapemig, é
muito provável que grande parte dos projetos da área tenha sido contratada a
partir de outros programas. Por exemplo, para o programa de demanda
espontânea, em que as instituições podem propor seus projetos não
precisando seguir um tema pré-estabelecido, a Fapemig destinou 23 milhões
anuais entre 2007 e 2011. Houve ainda editais sob o tema da biodiversidade e
dos bicombustíveis. No entanto, não foi possível ter acesso aos projetos
financiados por esses programas.
Analisando as receitas e os valores investidos pela Fapemig entre 2007 e 2011
e comparando-os aos dados da Fapesp três diferenças encontradas merecem
destaque: (1) o percentual da receita investido pela Fapemig em auxílios
regulares e bolsas está muito abaixo da Fapesp; (2) na Fapemig não há um
programa regular para inovação em micro e pequenas empresas ou um
programa regular de parceria para inovação; (3) não há também na Fapemig
um programa regular de apoio à infraestrutura de pesquisa, para o qual, no
caso da Fapesp, foi destinado em média 9% da receita anual entre 2007 e
2011.
No entanto, através dos dados disponibilizados pela Fapesp, é possível
constatar o destino de quase toda a receita anual da instituição. O mesmo não
ocorre para a Fapemig, portanto não se pode afirmar precisamente se a receita
excedente foi destinada a investimentos em infraestrutura, por exemplo.
Por fim, vale ressaltar que, apesar dos problemas encontrados, de acordo com
as respostas obtidas através do questionário enviado às empresas, a fonte de
financiamento mais frequente foi a Fapemig, o que mostra que esta tem
participado efetivamente do fomento ao setor.
4.1.7. BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE
MINAS GERAIS (BDMG)
Fundado em 1962, o BDMG tem como objetivo oferecer crédito e apoiar ações
relevantes para o desenvolvimento econômico e dinamização da economia de
Minas Gerais (BDMG, 2013). Além de oferecer linhas de crédito especiais para
empresas de diferentes portes, o BDMG conta com dois programas especiais
voltados à inovação:
a) Pró-Inovação Fapemig/BDMG
Esse programa tem por finalidade apoiar projetos inovadores de empresas
instaladas em Minas Gerais. Contempla investimentos fixos, intangíveis e em
capital de giro relacionados diretamente com atividades voltadas para
inovações que resultem em significativa melhoria da competitividade no
mercado e maior produtividade. O valor máximo financiável é de dois milhões
por empresa, os juros são de 0,64% ao mês, com carência de até doze meses
e um prazo total de sessenta meses (BDMG, 2013).
b) Proptec Fapemig/BDMG
Essa linha de financiamento foi criada com o objetivo de apoiar propostas de
implantação, ampliação e modernização de empresas localizadas em parques
tecnológicos apoiados pelo Estado, por meio da Secretaria de Estado de
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais. Os itens financiáveis, o
valor máximo, o prazo de carência e o prazo total são os mesmos do programa
Pró-inovação. No entanto, os juros são um pouco mais altos, 0,72% ao mês
(BDMG, 2013).
Apesar desses programas e do potencial que a instituição tem para alavancar o
setor de biotecnologia, de acordo com as respostas obtidas através do
questionário enviado às empresas, apenas duas delas disseram ter sido
beneficiadas com algum financiamento de origem do banco mineiro.
5. AS INCUBADORAS DE EMPRESAS
BIOTECNOLÓGICAS
A relação das incubadoras que atuam no estado de Minas Gerais foi obtida a
partir de dados disponibilizados pela Associação Nacional de Entidades
Promotoras de Empreendimentos Inovadores - Anprotec. Nesta lista havia 29
incubadoras da quais 21 receberam o questionário - devido a problemas de
falta de contato - o qual busca avaliar como tem se dado a relação das
incubadoras com as empresas, levando em consideração principalmente as
restrições que geram dificuldades para um maior número de interações. Foram
recebidas 11 respostas as quais passamos a analisar.
Com relação à localização das incubadoras respondentes uma se localiza em
Belo Horizonte e as demais no interior do estado e o número de funcionários é
em média de 6 por incubadora com pouca variação entre elas.
Das 6 incubadoras que responderam à questão relativa à capacidade ou não
da infraestrutura por elas disponibilizada de atender às demandas das
empresas incubadas, metade disse que sim. Todas as incubadoras que
responderam afirmativamente estão dentro de universidades e ou faculdades.
Além disso, dentre elas, todas mantém atualmente alguma empresa de
biotecnologia incubada; todas receberam financiamento de uma ou mais
instituições públicas e privadas. Dentre as que responderam negativamente,
uma pertence a uma prefeitura e as outras duas estão dentro de universidades
ou faculdades. Foram apontadas, dentre as razões para a não capacidade da
infraestrutura por elas disponibilizada atender às demandas das empresas
incubadas, a falta de acesso a recursos financeiros, a pouca disponibilidade de
espaço físico e a inadequação dos laboratórios às necessidades das
empresas.
No que diz respeito à receita auferida no processo de incubação houve seis
respostas válidas, sendo que em duas delas a incubação é realizada
gratuitamente.
Das 11 incubadoras, seis disseram não possuir nenhuma empresa da área
incubada atualmente, sendo que destas, quatro afirmaram que a razão para tal
foi a falta de demanda. Nas cinco incubadoras que responderam
afirmativamente há 14 empresas incubadas atualmente.
Com relação à incubação de empresas de biotecnologia, além das respostas
obtidas anteriormente, foi realizada entrevista por telefone com as incubadoras
que não haviam respondido o questionário on-line. Foram obtidas oito
respostas adicionais, das quais quatro afirmaram que incubam empresas de
biotecnologia. Novamente a razão majoritária apontada para tal foi o fato de
que as incubadoras nunca receberam uma demanda desse tipo de empresa.
6. ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES DOS
GRUPOS DE PESQUISA DA ÁREA
Como se trata de um setor onde a pesquisa para a geração de inovação é
muito importante, uma das variáveis fundamentais a serem analisadas é a
relação dos grupos de pesquisa da área com as empresas. Em consulta
realizada nas bases do CNPq - utilizando como critério de busca a palavra
biotecnologia - foram encontrados 93 grupos com alguma interface com a área
em Minas Gerais e 102 grupos em São Paulo.
TABELA 41: GRUPOS DE PESQUISA EM MINAS GERAIS POR ANO DE FUNDAÇÃO
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do CNPq.
TABELA 42: GRUPOS DE PESQUISA EM SÃO PAULO POR ANO DE FUNDAÇÃO
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do CNPq.
2
5
20
66
0 10 20 30 40 50 60 70
1955 - 1970
1971 - 1990
1991 - 2000
2001 - 2012
4
12
23
62
0 10 20 30 40 50 60 70
1932 - 1970
1971 - 1990
1991 - 2000
2001 - 2013
Dessa forma vê-se que não há grande diferença no número total de grupos,
destacando-se apenas que nos últimos anos mais grupos têm sido fundados
em Minas Gerais e que a pesquisa em São Paulo é mais antiga.
Outras características importantes a serem destacadas são o “tamanho” dos
grupos de pesquisa, que aqui será dado pelo número de pesquisadores,
técnicos e estudantes nos grupos, e as instituições às quais os grupos
pertencem. Os dados para Minas Gerais são apresentados na Tabela 4343, e
para São Paulo na Tabela 4444.
TABELA 43: TOTAL DE PESQUISADORES, ESTUDANTES E DE TÉCNICOS E QUANTIDADE DE
GRUPOS DE PESQUISA POR INSTITUIÇÃO EM MINAS GERAIS EM 2013
Instituição Pesquisadores Estudantes Técnicos Grupos de pesquisa
UFMG 245 187 21 18
UFV 211 234 75 15
UFLA 182 209 15 11
EPAMIG 104 28 7 7
UFU 60 55 5 6
EMBRAPA 44 18 9 3
FUNED 41 26 8 5
UFOP 38 39 7 2
UFVJM 30 30 5 3
UFJF 27 20 2 2
IFTM 24 7 2 1
UNIFAL/MG 22 54 3 3
UFSJ 19 33 1 3
UNIFENAS 19 46 1 2
CETEC 18 2 4 1
UNIMONTES 12 15 1 1
UNILAVRAS 11 14 1 1
CNEN 11 8 2 1
PUC Minas 10 1 0 2
HEMOMINAS 8 4 2 1
UNIFEI 7 22 0 1
IFMG 4 2 1 1
UNIVÁS 4 6 1 1
UNITRI 3 7 0 1
UNIUBE 2 3 1 1
Total 1156 1070 174 93
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do CNPq.
TABELA 44: TOTAL DE PESQUISADORES, ESTUDANTES E DE TÉCNICOS E QUANTIDADE DE
GRUPOS DE PESQUISA POR INSTITUIÇÃO EM SÃO PAULO EM 2013
Instituição Pesquisadores Estudantes Técnicos Grupos de pesquisa
USP 228 243 48 25
- IAC 146 64 45 6
UNESP 117 182 23 15
UNICAMP 86 114 14 11
UFSCAR 82 118 8 9
Instituto de Zootecnia 39 20 17 3
EMBRAPA 34 35 4 1
UNAERP 28 24 4 4
ICMBio 25 0 0 1
UFABC 22 41 1 3
UNG 18 9 7 2
Instituto Butantan 17 25 21 2
IFSP 15 8 0 1
MACKENZIE 13 6 7 1
FAMERP 12 19 1 1
UNIFESP 12 11 0 2
UAM 11 1 2 2
UNIFRAN 11 24 2 1
UNOESTE 10 26 1 2
UNINOVE 10 22 5 1
UNIP 10 2 1 1
USC 8 0 0 1
UNIVAP 8 10 1 1
IBT 7 10 1 1
UNIARARAS 6 8 2 1
UFSCAR 5 4 1 1
UNISANTOS 4 1 0 1
UMC 1 0 0 1
Total 985 1027 216 101
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do CNPq.
Como se vê, o número total de “ocupados” nos grupos de pesquisa em São
Paulo é menor do que em Minas Gerais, sendo que só há vantagem para São
Paulo no número de técnicos e a maior vantagem de Minas se dá no número
de pesquisadores. Além disso, em ambos os estados, a maior parte dos grupos
se encontra em instituições públicas. Conforme será visto – na Tabela 4545 e
na Tabela 4646 - mesmo com um maior número de pessoas “ocupadas” nos
grupos e possuindo maior número de relações com o setor produtivo, o estado
de Minas Gerais gera um menor número de patentes do que São Paulo.
TABELA 45: QUANTIDADE DE GRUPOS DE PESQUISA E NÚMERO DOS QUE POSSUÍAM RELAÇÕES
COM O SETOR PRODUTIVO POR ÁREA DE CONHECIMENTO EM MINAS GERAIS EM 2013 Áreas Grupos de
pesquisa Possui relações com
o setor produtivo
Ciências Agrárias; Agronomia 16 7
Ciências Agrárias; Medicina Veterinária 14 8
Ciências Biológicas; Genética 7 2
Ciências Agrárias; Ciência e Tecnologia de Alimentos 7 1
Ciências Biológicas; Bioquímica 7 1
Ciências Agrárias; Zootecnia 6 3
Ciências Exatas e da Terra; Química 6 1
Ciências Biológicas; Microbiologia 5 1
Ciências Biológicas; Parasitologia 3 1
Ciências Biológicas; Imunologia 3 0
Ciências da Saúde; Farmácia 3 0
Ciências Agrárias; Recursos Florestais e Engenharia Florestal 2 1
Ciências Biológicas; Ecologia 2 0
Ciências da Saúde; Medicina 1 1
Engenharias; Engenharia de Materiais e Metalúrgica 1 1
Engenharias; Engenharia Mecânica 1 1
Engenharias; Engenharia Química 1 1
Ciências Agrárias; Medicina Veterinára 1 0
Ciências Biológicas; Biologia Geral 1 0
Ciências Biológicas; Farmacologia 1 0
Ciências Biológicas; Morfologia 1 0
Ciências da Saúde; Nutrição 1 0
Ciências Exatas e da Terra; Física 1 0
Engenharias; Engenharia Biomédica 1 0
Engenharias; Engenharia Sanitária 1 0
Total 93 30
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do CNPq
TABELA 46: QUANTIDADE DE GRUPOS DE PESQUISA E NÚMERO DOS QUE POSSUÍAM RELAÇÕES
COM O SETOR PRODUTIVO POR ÁREA DE CONHECIMENTO EM SÃO PAULO EM 2013 Áreas Grupos de
pesquisa Possui relações com
o setor produtivo
Ciências Agrárias; Medicina Veterinária 15 1
Ciências Agrárias; Agronomia 14 5
Ciências Exatas e da Terra; Química 12 0
Ciências Biológicas; Genética 7 3
Ciências Biológicas; Microbiologia 7 1
Ciências Biológicas; Bioquímica 6 1
Ciências da Saúde; Farmácia 6 0
Ciências Agrárias; Zootecnia 5 1
Engenharias; Engenharia Química 4 2
Ciências Biológicas; Imunologia 3 1
Engenharias; Engenharia Biomédica 3 1
Ciências Biológicas; Biofísica 3 0
Ciências Biológicas; Botânica 3 0
Ciências Exatas e da Terra; Física 2 2
Ciências Biológicas; Ecologia 2 1
Ciências da Saúde; Medicina 2 1
Ciências Agrárias; Ciência e Tecnologia de Alimentos 1 1
Ciências Agrárias; Recursos Florestais e Engenharia Florestal 1 1
Engenharias; Engenharia Mecânica 1 1
Ciências Biológicas; Parasitologia 1 0
Ciências Exatas e da Terra; Ciência da Computação 1 0
Engenharias; Engenharia de Materiais e Metalúrgica 1 0
Engenharias; Engenharia de Produção 1 0
Total 101 23
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do CNPq
Vemos que as relações com o setor produtivo em Minas Gerais se dão
majoritariamente nas áreas relacionadas às Ciências Agrárias, enquanto que
em São Paulo elas estão um pouco mais bem distribuídas entre as áreas.
De modo geral, nas instituições maiores, nos grupos com número maior de
pesquisadores e com maior longevidade há maior número de relações com o
setor produtivo em ambos os estados.
7. ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES DE
PUBLICAÇÕES DE PATENTES DA ÁREA
As patentes relacionadas à biotecnologia depositadas no INPI - Instituto
Nacional da Propriedade Intelectual - no período de 1980 a 2008, totalizam 43
pedidos (LADEIRA, 2012). A Tabela 4747 mostra o perfil dos depositários
dessas patentes por município em Minas Gerais.
TABELA 47: NÚMERO DE PATENTES DEPOSITADAS POR MUNICÍPIO (QUANDO PESSOA JURÍDICA), E
TIPO DE INSTITUIÇÃO NO PERÍODO DE 1980 A 2008 NO ESTADO DE MINAS GERAIS
Tipo de Instituição
Belo Hori-zonte
Lagoa Santa
Montes Claros
Ouro Preto
Paracatu Poços
de Caldas
Uber-lândia
Não identi-ficado
Total
Privada 7 3 2 0 3 0 0 1 16
Pública 7 0 1 1 0 1 0 0 10
Não definido 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Misto 2 0 0 0 0 0 3 0 5
Total 16 3 3 1 3 1 3 1 31
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do INPI apud Ladeira (2012).
A Tabela 48 mostra o perfil dos depositários das patentes por município em
São Paulo.
TABELA 48: NÚMERO DE PATENTES DEPOSITADAS POR MUNICÍPIO (QUANDO PESSOA
JURÍDICA), E TIPO DE INSTITUIÇÃO NO PERÍODO DE 1980 A 2008 NO ESTADO DE SÃO
PAULO Município Misto Privada Pública Não definido Total
São Paulo 21 41 95 0 157
Pessoa Física 0 0 0 60 60
Campinas 2 1 46 1 50
Piracicaba 2 8 0 0 10
Cravinhos 0 8 0 0 8
Serrana 0 7 0 0 7
Ribeirão Preto 0 5 0 1 6
Não identificado 0 6 0 0 6
Londrina 0 0 3 0 3
Birigui 0 2 0 0 2
Jaboticabal 0 2 0 0 2
Paulínia 0 2 0 0 2
São Carlos 0 0 2 0 2
Sumaré 0 2 0 0 2
Araraquara 0 1 0 0 1
Bragança Paulista 0 1 0 0 1
Embu 0 1 0 0 1
Lorena 0 1 0 0 1
Mauá 0 1 0 0 1
Miracatu 0 1 0 0 1
São Bernardo do Campo
0 1 0 0 1
São José dos Campos 0 1 0 0 1
Suzano 0 1 0 0 1
Vargem Grande Paulista
1 0 0 0 1
Total 26 93 146 62 327
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do INPI apud Ladeira (2012).
Em Minas Gerais a maior parte dos depósitos no período se deu por
instituições privadas e localizadas na RMBH, seguidas das instituições públicas
localizadas na capital do estado. Há também um expressivo número de
depósitos realizados por pessoas físicas.
Já no estado de São Paulo a maioria dos depósitos se origina de instituições
públicas localizadas em São Paulo (capital) e em Campinas. Em seguida,
destacam-se as instituições privadas localizadas na capital paulista. Aqui
também há considerável número de pessoas físicas como depositários.
Com respeito às patentes depositadas no WIPO - World Intellectual Property
Organization - foram encontrados 9 depósitos nos municípios de Minas Gerais
(Belo Horizonte, Contagem e Viçosa) no período de 1990 à 2011. No caso de
São Paulo, no período de 2006 a 2011, havia 25 depósitos de patentes.
Apresentamos também, na Tabela 49 os dados que comparam o número de
depósitos do Brasil com outros países. A estatística do índice de vantagem
tecnológica revelada mostra o quociente da fração das patentes de
biotecnologia de um país pela fração das patentes do país no total das
patentes depositadas no WIPO. Para a produção desta estatística são
considerados apenas os países que depositaram mais de 500 patentes no
período de 2007 a 2009.
TABELA 49: ÍNDICE DE VANTAGEM TECNOLÓGICA País 1998-2000 2008-10 Variação
Espanha 0,7 1,6 121,14%
Holanda 0,5 1,2 120,44%
Brasil 0,5 1,2 119,48%
Cingapura 0,9 1,8 87,64%
Nova Zelândia 1,0 1,8 87,62%
Irlanda 0,8 1,3 68,16%
Austrália 0,9 1,5 55,38%
Israel 0,9 1,4 50,17%
Austria 0,7 0,9 43,61%
Suíça 0,8 1,0 38,23%
Dinamarca 1,6 2,2 33,32%
França 0,8 1,1 29,09%
Estados Unidos 1,3 1,5 16,45%
Canadá 1,4 1,5 6,72%
Reino unido 1,0 1,1 6,03%
Bélgica 1,7 1,8 3,81%
India 1,1 1,1 2,07%
Taiwan .. 1,9 -
Polônia .. 1,2 -
Hungria .. 0,9 -
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da OCDE
A Tabela 50 mostra qual a proporção de cada um dos países no total de
depósitos em biotecnologia do mundo.
TABELA 50: PARTICIPAÇÃO DOS PAÍSES NO TOTAL DAS PATENTES PUBLICADAS EM
BIOTECNOLOGIA País 2008-10
Estados Unidos 40,96
Japão 11,49
Alemanha 6,77
França 4,80
Reino Unido 3,92
Coréia 3,74
China 3,12
Canadá 2,64
Holanda 2,44
Espainha 1,79
Itália 1,68
Austrália 1,68
Dinamarca 1,60
Suíça 1,50
Israel 1,49
Bélgica 1,29
Suécia 1,21
India 1,11
Austria 0,76
Cingapura 0,70
Finlândia 0,57
Rússia 0,48
Brasil 0,41
Nova Zelândia 0,38
Noruega 0,35
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da OCDE.
Como se vê a proporção das patentes da área de biotecnologia no Brasil
aumentou significativamente no período analisado. Ao mesmo tempo a
participação do país nos depósitos mundiais é irrisória, estando atrás de países
como Holanda, Suíça, Dinamarca, Israel, Suécia e Bélgica, os quais possuem
estoque de capital e trabalho muito menores que os brasileiros.
8. ANÁLISE DOS DADOS DE COMÉRCIO E
PRODUÇÃO
Nesta seção, abordaremos dados de importação e exportação, buscando
mensurar a importância tanto das maiores empresas de biotecnologia no
âmbito do estado de Minas Gerais, como do estado mineiro no âmbito nacional,
destacando os principais produtos transacionados. Duas bases de dados
distintas serão usadas. Para avaliar os aspectos referentes à importância das
maiores empresas, utilizaremos as bases de dados da Secretaria de Estado de
Fazenda, onde constam informações de faturamento, compras, vendas e
produção. Já para mensurarmos a evolução das transações do estado como
um todo, bem como sua importância no âmbito nacional, serão utilizados os
dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Os dados do MDIC foram obtidos através do Sistema de Análise das
Informações de Comércio Exterior (AliceWeb) que contém a base de dados do
Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX). Foram levantados
dados anuais de 2008 a 2012 para os valores nominais dos produtos
transacionados em dólares americanos e em seguida tais valores foram
corrigidos, obtendo os valores em dólares de 2012, utilizando o Consumer
Price Index (Índice de Preços ao Consumidor), divulgado pelo governo dos
Estados Unidos. Como exportações, consideraram-se as mercadorias enviadas
ao exterior8, como importações consideraram-se as entradas de mercadorias
originárias do exterior, e o saldo comercial é apresentado como a diferença
entre exportações e importações, para cada ano.
A seleção dos produtos mais relevantes de biotecnologia foi feita a partir da
listagem dos produtos de interesse para o desenvolvimento e competitividade
deste setor, feita pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2006. O trabalho do CGEE
consistiu em detalhar, para o Brasil, os produtos importados mais relevantes,
8 Valor de mercadorias exportadas produzidas, extraídas e cultivadas em Minas Gerais, independente de
onde esteja localizada a empresa exportadora.
de acordo com o código NCM 8 dígitos (Nomenclatura Comum do Mercosul,
nível máximo de especificação) do produto, podendo ser este genérico ou
específico9. O Centro destacou 119 produtos cuja utilização basicamente se
aplica à saúde humana e animal, notadamente, o ramo mais relevante das
empresas biotecnológicas de Minas Gerais. Os produtos estão presentes,
portanto, no rol de produtos químicos orgânicos (NCM 2 díg. - 29), produtos
farmacêuticos (NCM 2 díg. - 30) e alguns de NCM 2 dígitos 35 (materiais
albuminoides; Produtos à base de amidos ou de féculas modificados; Colas;
Enzimas).
A escolha destes 119 produtos se justifica pela carência de outras listas de
produtos que sejam mais específicas e completas em relatar aqueles produtos
que se enquadram no amplo e diversificado setor de biotecnologia. Os dados
do MDIC, além disso, não nos revelam, de forma minuciosa e específica todos
os produtos, isso porque como já foi dito, alguns NCM’s se referem a um
conjunto genérico de produtos. Neste sentido, não foi possível obter dados
para alguns tipos de produtos, separadamente, ficando prejudicada, por
exemplo, a análise de quais as sementes e enzimas importadas e exportadas.
Segundo dados do Informativo Comércio Exterior divulgado pelo Centro de
Estatísticas e Informações da Fundação João Pinheiro, publicado em 2011, o
segmento de Produtos Biotecnológicos voltados para Saúde Humana e Animal-
Fármacos-Químicos, correspondia neste ano, por 29,6% do total das vendas
externas mineiras de Produtos Intensivos em Informação e Conhecimento
(PII&C).
A Tabela 51, abaixo, traz os valores relativos de crescimento ou decrescimento
das exportações e importações brasileiras e mineiras destes 119 produtos
relacionados, calculados tanto com relação a 2008 quanto com relação ao ano
anterior, nos revelando alguns aspectos importantes.
As exportações brasileiras apresentam crescimento em todos os anos
(crescimento este cada vez menor), atingindo em 2012 um valor 160,14%
maior do que o de 2008. O Brasil também importou mais destes produtos a
9 Os específicos se referem somente a um produto, e os genéricos podem conter guias de importação de
mais de um produto.
cada ano, sendo destaque o ano de 2010, em que o país importou 49,03% a
mais que no ano anterior. Minas Gerais também aumentou os níveis de
exportação para o total dos 119 produtos, chegando a um crescimento de
3740% em 2012 dos valores exportados em 2008. O maior crescimento foi em
2009, quando as exportações superaram em 972% as exportações do ano
anterior, também chamando atenção o decrescimento em 2011 em relação a
2010 (de 9%).
As importações mineiras aumentaram em todos os anos do período analisado,
sobretudo no ano de 2010, em que o estado importou 187,22% a mais que em
2009 (e 310,43% a mais que em 2008).
TABELA 51: EVOLUÇÃO PERCENTUAL DAS IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES PARA O
TOTAL DOS 119 NCM'S - BRASIL E MINAS GERAIS - 2008 A 2012
Em relação a 2008
2009 2010 2011 2012
Exportações Brasil 54,28% 113,83% 156,19% 160,14%
Importações Brasil 7,56% 60,29% 64,85% 75,68%
Exportações Minas 972% 1659% 1494% 3740%
Importações Minas 42,90% 310,43% 398,16% 420,89%
Em relação ao ano anterior
2009 2010 2011 2012
Exportações Brasil 54,28% 38,60% 19,81% 1,54%
Importações Brasil 7,56% 49,03% 2,85% 6,57%
Exportações Minas 972% 64% -9% 141%
Importações Minas 42,90% 187,22% 21,38% 4,56%
Fonte: Elaboração própria a partir dados do MDIC.
Obtidos os valores de importação e exportação para os 119 NCM’s10 referentes
aos produtos considerados mais relevantes, a análise dos valores reais
transacionados pelo Brasil e por Minas Gerais nos remeteram a listas mais
enxutas dos produtos de maior destaque e representatividade para o comércio
exterior. As exportações mineiras de Produtos Biotecnológicos voltados para
10
119 para NCM 8 dígitos ou 3 para NCM 2 dígitos.
Saúde Humana e Animal-Fármacos-Químicos corresponderam em 2012 a
9,5% das exportações brasileiras desses Produtos11.
A Tabela 52 informa a relação dos principais produtos exportados por Minas
Gerais, no período de 2008 a 2012, com os respectivos valores, e informa
ainda a representatividade dos valores das exportações destes para o valor
total das exportações dos 119 produtos. Observa-se, primeiramente, que dois
dos principais produtos são considerados produtos farmacêuticos (com NCM 2
dig.-30), a saber “Medicamento contendo insulina, em doses” e “Outras frações
do sangue, prod. Imunol. Modif, exc. Medicamentos”, significando a maioria das
exportados. Os produtos “Outras proteases e seus concentrados” (de NCM 2
dig.-35) correspondem à enzimas para uso industrial.
Os valores exportados em cada ano representam quase que a totalidade dos
valores referentes aos 119 produtos. Notadamente, o aumento na
representatividade, chegando a 99,77%, foi puxado pelo incremento das
exportações de medicamentos contendo insulina, em doses, sendo que os
valores para os outros dois produtos variaram bem menos. Sobre este primeiro,
observa-se também que foi responsável pelo grande aumento no valor total das
exportações mineiras de todos os produtos, e essas variações, em termos
percentuais, podem ser mais bem observadas na Tabela 53. Com exceção de
2011, os valores de medicamentos contendo insulina, em doses, exportados
por Minas tiveram crescimento relativo enorme, sobretudo em 2009.
TABELA 52: PRINCIPAIS PRODUTOS DE BIOTECNOLOGIA EXPORTADOS POR MINAS GERAIS DE
2008 A 2012 (EM US$MIL FOB DE 2012) Produto 2008 2009 2010 2011 2012
Medicamento contendo insulina, em doses 80.762 78.203 138.571 122.097 314.088
Outras proteases e seus concentrados 3.689 8.817 4.781 6.967 4.507
Outras frações do sangue, prod. Imunol. Modif, exc. medicamentos
4.245 2.601 4.083 3.964 3.769
Valor total para os 119 produtos 8.415 90.202. 147.988 134.118 323.115
Representatividade 95,25% 99,36% 99,63% 99,19% 99,77%
11
Segundo Informativo CEI/FJP Comércio Exterior 2011
Fonte: Elaboração própria a partir dados do MDIC.
TABELA 53: CRESCIMENTO PERCENTUAL DAS EXPORTAÇÕES PARA OS MAIS
REPRESENTATIVOS - MINAS GERAIS - 2008 A 2012
Produto Em relação a 2008
2009 2010 2011 2012
Medicamento contendo insulina, em doses 96.732% 171.480% 151.082% 388.807%
Outras proteases e seus concentrados 138,96% 29,59% 88,84% 22,15%
Outras frações do sangue, prod. Imunol. Modif, exc. medicamentos
-38,71% -3,79% -6,61% -11,20%
Produto Em relação ao ano anterior
2009 2010 2011 2012
Medicamento contendo insulina, em doses 96.732% 77,19% -11,89% 157,24%
Outras proteases e seus concentrados 138,96% -45,77% 45,72% -35,31%
Outras frações do sangue, prod. Imunol. Modif, exc. medicamentos
-38,71% 56,96% -2,92% -4,92%
Fonte: Elaboração própria a partir dados do MDIC.
Na Tabela 54 são apresentados os valores de importação dos produtos mais
relevantes para o setor de biotecnologia em Minas. De início, destaca-se o
aumento da representatividade dos valores referentes a esses produtos para o
total dos 119 (exceto em 2012), sendo possível inferir que o crescimento
vertiginoso desse total, de US$ 36.488.804,09 em 2008 para US$
190.066.285,00 em 2012, se deve em maior parte à evolução destes mais
importantes. Mais uma vez, a combinação dos dados desta tabela com outra,
contendo o crescimento ou decrescimento percentual para cada produto nos
permite observar melhor o comportamento de cada um no comércio exterior.
Esses valores são demonstrados na Tabela 55.
TABELA 54: PRINCIPAIS PRODUTOS DE BIOTECNOLOGIA IMPORTADOS POR MINAS
GERAIS DE 2008 A 2012 (EM US$MIL FOB DE 2012)
Produto 2008 2009 2010 2011 2012
21-succinato sodico de hidrocortisona 341 841 2561 3318 3367
Amoxicilina e seus sais 3442 617 1002 531 741
Insulina e seus sais 17340 26989 65328 52615 97082
Medicamentos contendo outros antibioticos, em doses
1781 1016 417 429 139
Outros anti-soros especif.de animais/pessoas,imunizados
1118 1160 2040 2281 1835
Outros macrolidios e seus sais 1120 1183 1904 985 2470
Outras.frações do sangue,prod.imunol.modif.exc.medicamentos
5405 7869 8678 9652 9823
Outs.medicam.c/ac.monocarboxil.acicl.n/sat.etc. em doses
566 529 1660 1318 1012
Vacina contra a meningite,em doses 0 7135 59303 103843 65355
Valor total para os 119 produtos 36.489 52.141 149.762 181.774 190.066
% do valor total 85,27% 90,79% 95,41% 96,26% 95,66%
Fonte: Elaboração própria a partir dados do MDIC.
Percebe-se que houve redução acentuada nas importações de “Amoxilina e
seus sais” e de “Medicamentos contendo outros antibióticos, em doses”, para
todos os outros houve crescimento, sobretudo no ano de 2010. Quatro destes
que apresentaram crescimento merecem ser destacados, a saber, o produto
“21-succinato sódico de hidrocortisona” (principalmente em 2009 e 2010), o
produto “Insulina e seus sais” (exceto em 2011), o produto “Outs.fracões do
sangue,prod.imunol.modif.exc.medicament.” (que por sinal é o único presente
nas duas listas, de importação e de exportação), e o produto “Vacina contra a
meningite,em doses”. Este último é o grande responsável tanto pelo aumento
da representatividade dos 9 destacados no total para os 119 (de 85,27% em
2008 para 95,66% em 2012), sobretudo para os anos de 2009 a 2011.
Muitos outros trabalhos tem evidenciado o aumento da representatividade dos
produtos do setor de biotecnologia para Minas Gerais no período estudado,
tanto para exportações quanto para importações, porém uma crítica que tem
sido feita, e que ainda merece análises mais apuradas, é a de que o
incremento das transações para o setor tem sido sustentado por empresas que
agregam pouco valor aos produtos, por serem especializadas em processos de
armazenagem, mistura ou embalagem dos produtos, o que significa que Minas
Gerais importa produtos tecnológicos, e os exporta com algumas modificações.
A simples análise do saldo comercial não nos permitiria inferir aqueles produtos
que possivelmente apresentam tal característica (notadamente de ter altos
valores tanto de exportação quanto de importação, como no único caso já
citado), isso porque essas modificações provavelmente implicam na alteração
dos nomes dos produtos a serem exportados.
A Tabela 55 traz a evolução relativa das importações dos 9 principais produtos,
tanto com relação a 2008 como com relação ao ano anterior.
TABELA 55: CRESCIMENTO PERCENTUAL DAS IMPORTAÇÕES PARA OS MAIS
REPRESENTATIVOS - MINAS GERAIS - 2008 A 2012
Produto Em relação a 2008
2009 2010 2011 2012
21-Succinato sódico de hidrocortisona 146,30% 650,29% 871,87% 886,24%
Amoxicilina e seus sais -82,08% -70,90% -84,56% -78,48%
Insulina e seus sais 55,64% 276,74% 203,42% 459,86%
Medicamentos contendo outros antibióticos, em doses -42,98% -76,56% -75,93% -92,20%
Outros antissoros especif.de animais/pessoas, imunizados
3,71% 82,37% 103,97% 64,07%
Outros macrolidios e seus sais 5,64% 70,00% -12,03% 120,59%
Outs.fracoes do sangue,prod.imunol.modif.exc.medicament.
45,58% 60,54% 78,56% 81,72%
Outs.medicam.c/ac.monocarboxil.acicl.n/sat.etc. em doses
-6,48% 193,16% 132,78% 78,75%
Vacina contra a meningite, em doses - - - -
Produto Em relação ao ano anterior
2009 2010 2011 2012
21-Succinato sódico de hidrocortisona 146,30% 204,62% 29,53% 1,48%
Amoxicilina e seus sais -82,08% 62,36% -46,95% 39,37%
Insulina e seus sais 55,64% 142,05% -19,46% 84,52%
Medicamentos contendo outros antibióticos, em doses -42,98% -58,89% 2,69% -67,57%
Outros antissoros especif.de animais/pessoas, imunizados
3,71% 75,85% 11,85% -19,56%
Outros macrolidios e seus sais 5,64% 60,93% -48,25% 150,76%
Outs. fracoes do sangue, prod. imunol. modif. exc. medicament.
45,58% 10,28% 11,23% 1,77%
Outs. medicam. c/ac. monocarboxil. acicl. n/sat. etc. em doses
-6,48% 213,48% -20,60% -23,21%
Vacina contra a meningite, em doses - 731,15% 75,11% -37,06%
Fonte: Elaboração própria a partir dados do MDIC.
É interessante também observarmos a participação de Minas Gerais nas
importações e exportações brasileiras, por isso a Tabela 56 e a Tabela 57 nos
trazem estes dados para os cinco anos em estudo. Foi feita a separação da
participação dos produtos mais relevantes em termos de valor transacionado,
uma vez que a análise de todos os produtos nos revela que alguns dos menos
relevantes representam um percentual significativo das importações e
exportações brasileiras, em todos ou em alguns dos anos em estudo.
TABELA 56: PARTICIPAÇÃO DE MINAS GERAIS NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS - 2008 A
2012
Produto 2008 2009 2010 2011 2012
Acumulado no Período
Medicamento contendo insulina, em doses 0% 64% 53% 35% 96% 60%
Outras proteases e seus concentrados 27% 48% 35% 33% 38% 36%
Outs.fracoes do sangue, prod. imunol. modif. exc. medicament
68% 63% 89% 78% 76% 75%
Dexametasona e seus acetatos 4% 0% 10% 0% 8% 7%
Enzimas preparadas a base de transglutaminase
0% 0% 14% 11% 27% 15%
Outras vacinas para medicina veterinaria 1% 2% 2% 3% 2% 2%
Outros anti-soros especif.de animais/pessoas, imunizados
3% 3% 9% 24% 29% 9%
Vacina veterinária contra a raiva 11% 17% 11% 29% 18% 18%
Total para os 8 principais produtos 13% 55% 50% 34% 89% 55%
Total para os 119 produtos 3% 24% 28% 21% 51% 29%
Fonte: Elaboração própria a partir dados do MDIC.
A última linha da tabela nos mostra que a cada ano, a participação de Minas
nas exportações dos 119 produtos foi crescente. Já a última coluna nos mostra
quanto que as exportações mineiras representam das exportações brasileiras
para cada um dos produtos somando-se os valores de todo o período. Mais
uma vez é evidenciada a importância dos 3 produtos destacados nas
exportações dos 119 produtos listados, chegando a representar 75% das
exportações brasileiras em um dos produtos (sendo que os demais também
apresentam valores relevantes).
Nota-se, a partir da Tabela 57 que foi crescente, no período considerado, a
participação das importações mineiras nas importações brasileiras, tanto para
os 19 produtos listados, como para todos os 119 produtos (penúltima e última
linhas). Além disso, se compararmos os dados das duas tabelas de
participação, notamos que os valores de exportação de Minas Gerais são muito
mais representativos do que os valores de importação de produtos
biotecnológicos (para os 119 produtos considerados), com relação ao total de
transações brasileiras. Na tabela 57, os 9 primeiros produtos listados são os já
destacados como principais, enquanto os outros 10 foram relacionados por
apresentarem valores relevantes no “acumulado no período”, última coluna, o
que significa que embora possam ter apresentado baixos valores na
representatividade de importações em alguns dos anos, são importantes
quando consideramos os valores do período como um todo. É o caso dos
produtos “Outs.medic.c/hormonios, mas n/c/antibiótico” e “Outras
imunoglobulinas séricas”.
Os produtos de maior destaque quanto a representatividade nas importações
foram, notadamente, “Insulina e seus sais” (sendo Minas Gerais o único
importador deste no período), “Vacina contra a meningite,em doses” (cuja
participação foi crescente ao longo do período), “21-succinato sodico de
hidrocortisona” (participação de Minas foi crescente até 2011 e caiu em 2012),
“Vacina veterinaria,contra a leptospirose” (apesar dos decréscimos em 2011 e
2012) e “Outros hormonios de catecolamina” (produto que não foi importado
pelo Brasil em 2012).
TABELA 57: PARTICIPAÇÃO DE MINAS GERAIS NAS IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS - 2008 A 2012 Produto
2008 2009 2010 2011 2012 Acumulado no Período
21-succinato sodico de hidrocortisona 6% 23% 29% 47% 35% 30%
Amoxicilina e seus sais 7% 2% 3% 1% 3% 3%
Insulina e seus sais 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Medicamentos contendo outros antibioticos, em doses
3% 1% 1% 1% 0% 1%
Outros anti-soros especif.de animais/pessoas, imunizados
15% 21% 28% 26% 20% 22%
Outros macrolidios e seus sais 5% 4% 7% 4% 12% 6%
Outs.fracoes do sangue, prod. imunol. modif. exc. medicament
3% 4% 4% 4% 3% 4%
Outs. medicam. c/ac. monocarboxil. acicl. n/sat. etc. em doses
2% 2% 5% 3% 2% 3%
Vacina contra a meningite em doses 0% 31% 64% 96% 95% 77%
Antitoxinas de origem microbiana 0% - - - 100% 15%
DL-Norgestrel 25% 0% 0% 0% 0% 12%
Medicamento cont.hcg (gonadotrofina corionica), em doses
21% 29% 43% 8% 4% 10%
Metilprednisolona e seus derivados 3% 13% 9% 8% 17% 10%
Outras imunoglobulinas sericas 0% 13% 0% 0% 68% 39%
Outros hormonios de catecolamina 26% 27% 79% 66% - 38%
Outs.medic.c/hormonios, mas n/c/antibiotico 83% 0% 0% - - 51%
Oxitocina 1% 8% 10% 19% 22% 13%
Papaina 1% 3% 10% 9% 3% 6%
Vacina veterinaria,contra a leptospirose 64% 62% 70% 55% 53% 59%
Total para os 19 principais produtos 8% 11% 27% 28% 28% 22%
Total para os 119 produtos 2% 2% 4% 5% 5% 4%
Fonte: Elaboração própria a partir dados do MDIC. Nota: (1) – o símbolo “-“ significa que não implica dado numérico, ou seja, que o Brasil não importou tal produto neste ano.
Em busca de mensurar a importância das maiores empresas de biotecnologia
no âmbito do estado de Minas Gerais, são feitas algumas análises a seguir.
A Tabela 5858 mostra o faturamento das empresas que atuam na área de
biotecnologia no estado de Minas Gerais.
TABELA 58: DADOS DAS 10 MAIORES EMPRESAS (EM TERMOS DE FATURAMENTO) DE
BIOTECNOLOGIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Município Faturamento
Médio* Nº de empresas**
Nº de Funcionários**
Montes Claros 167.966.730,63 1 486
Juatuba 128.147.129,66 2 -
Lagoa Santa 45.516.368,47 2 213
Uberaba 36.158.817,09 3 96
Itabira 21.711.372,17 1 51
Contagem 15.365.486,39 1 52
Varginha 7.975.940,82 1 37
Santa Luzia 6.164.090,09 1 27
Viçosa 5.502.127,44 6 -
Belo Horizonte 5.137.220,39 27 286
Uberlândia 4.800.049,69 4 -
Sabará 3.932.460,29 - -
Andradas 1.917.225,23 1 25
TOTAL 450.295.018,36
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SEF/MG* (2012) e da RAIS/MTE** (2010).
A Tabela 599 mostra o montante das compras realizadas pelas empresas
mineiras em outros estados da federação.
TABELA 59: VALOR DAS COMPRAS INTERESTADUAIS DAS EMPRESAS DE
BIOTECNOLOGIA DE MINAS GERAIS1
Estado Valor
São Paulo 21.117.796,65
Rio de Janeiro 4.888.360,32
Bahia 1.266.578,04
Parana 1.223.357,73
Rio Grande do Sul 1.059.884,00
Não Especificado 897.012,37
Goiás 616.544,30
Santa Catarina 490.582,66
Para 333.198,39
Mato Grosso do Sul 319.318,34
Pernambuco 313.566,48
Espirito Santo 219.940,43
Mato Grosso 217.144,93
Distrito Federal 119.117,47
Rio Grande do Norte 91.314,58
Amazonas 33.988,03
Alagoas 26.164,48
Paraiba 23.802,83
Ceara 17.949,31
Piaui 17.747,93
Tocantins 17.619,85
Roraima 10.090,00
Maranhão 6.752,68
Sergipe 6.442,67
Rondônia 5.367,30
Acre 1.265,12
Total geral 33.340.906,89
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SEF/MG. 1Refere-se às compras das 10 empresas com maior faturamento em 2012.
Dentre os 1.137 serviços e produtos adquiridos pelas empresas que atuam na
área de biotecnologia em Minas Gerais, a Tabela 6060 mostra os 20 maiores
(em termos de valor) importados pelas empresas mineiras dos demais estados
da federação no período de janeiro à março de 2013.
TABELA 60: VINTE PRINCIPAIS PRODUTOS E SERVIÇOS ADQUIRIDOS PELAS EMPRESAS
MINEIRAS DO SETOR DE BIOTECNOLOGIA Produto Valor
Despesa Sintegra 1.966.509,40
Equiderm Pomada 250 Gr 1.871.698,45
Montanide Isa 50 V2 1.163.074,50
Frasco Plastico Soro 500 Ml Gravado Hertavita - Esteril 1.079.323,47
Comissão Sobre Promoção de Vendas 941.619,36
Ngf-5 900 Gr 867.727,13
Semen Bov Cong. Acondic. em 5 Botijoes Dhz Vat Et 17 20 Liter Racas Ho 823.338,99
Filtro Hidrofobico 0,2 Micra Ab1 Pfr7pv - Pall 670.689,88
6167097 Cartucho Ganaseg B12 25 Ml - Mexico 590.461,58
Raiva I Herbivoros 25 Ds Semiac 470.446,00
Oleo de Sesamo 464.117,03
Frasco de Vidro Nao Siliconizado 10 Ml 429.958,07
Equipo 2,0 M C/ Injetor Lateral S/ Latex 40x16mm 405.432,68
Tampa de Borracha Nitrílica Vermelha de 20mm C/1000 (ALT) 381.121,80
Triglicerideo do Acido Caprilico e Acido Caprico 365.041,77
Cartucho Vitamax 10 Ml 359.661,77
Polietileno Glicol Peg 6000 353.938,00
Frascos De Polipropileno, Boca De 20mm, Capacidade 50 Ml 343.476,74
Serviço de Indutrialização Terceiros 338.686,18
Selo Aluminio 13 Mm Verde Metalico Gravado Hertape 317.010,14
Caixa Coletiva 12un X 350g Unguento Vallee C/Colm 310.479,45
Total 14.513.812,39
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SEF/MG. *Período: Janeiro a março de 2013.
Dos produtos acima, dezesseis tiveram algum tipo de transformação industrial
para sua obtenção e quatro não. Esse dado é um indício (e nada mais do que
isso) de que a indústria fornecedora de insumos para a área de biotecnologia
no estado de Minas Gerais não seria capaz de atender às demandas do setor.
Para ter maior certeza sobre essa conclusão seria necessário uma base de
dados com um período de tempo maior.
Os principais produtos importados de outros países pelas empresas da área
estão listados na Tabela 6161.
TABELA 61: VINTE PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS PELAS 10 EMPRESAS DE
BIOTECNOLOGIA COM MAIOR FATURAMENTO EM MINAS GERAIS*
Descrição NCM Importações
Minas Gerais
Importações Brasil
Proporção
Outs.Reagentes De Diagnostico Ou De Laboratorio 5.282.260,1 151.452.800,3 3,49%
Semen De Bovino 2.537.605,0 15.430.417,7 16,45%
Outs.Instrumentos E Apars.Que Utiliz.Radiacoes Opticas
1.786.105,2 28.978.930,9 6,16%
Medicamento C/Outs.Estrogenios/Progestogenios,Em Doses
1.667.557,0 32.030.110,4 5,21%
Outs.Oleos De Petroleo Ou De Minerais Betumin 1.366.118,0 55.298.148,9 2,47%
Reagentes P/Determinacao Dos Grupos/Fatores Sanguineos
1.241.169,2 3.366.387,4 36,87%
Outros Macrolidios E Seus Sais 1.103.970,6 9.672.932,7 11,41%
Prepar C/Cloridrato De Ractopamina =>2%.C/Sup Far.Soja
1.021.935,2 7.602.422,8 13,44%
Outs.Instrs.E Apars.P/Análise/Ensaio/Medida 982.266,1 - -
Outs.Instrs.E Apars.P/Análise/Ensaio/Medida 883.626,9 - -
Outros Anti-Soros Especif. De Animais/Pessoas, Imunizados
820.740,7 3.422.032,7 23,98%
Outs. Fracoes Do Sangue, Prod. Imunol. Modif. Exc. Medicament
696.621,0 137.608.312,5 0,51%
Outs.Reagentes De Diagnostico Ou De Laboratorio 675.994,4 151.452.800,3 0,45%
Medicamento Contendo Fumarato De Tiamulina,Em Doses
646.580,8 2.567.390,4 25,18%
Medicamento C/Outs.Vitaminas/Provitaminas,Etc.Em Doses
585.563,1 24.541.061,3 2,39%
Colorimetros 573.620,3 7.280.627,2 7,88%
Outs.Fracoes Do Sangue, Prod. Imunol. Modif. Exc. Medicament
560.608,7 137.608.312,5 0,41%
Outs. Reagentes De Diagnostico Ou De Laboratorio 545.047,2 151.452.800,3 0,36%
Outros Distribuidores/Doseadores De Solidos/Liquidos
543.049,9 17.022.464,9 3,19%
Lactonas 531.275,7 78.851.081,9 0,67%
Total 24.051.714,9 1.015.639.035,2 2,37%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SEF/MG e do MDIC.
Dentre os produtos acima dezoito tiveram algum tipo de transformação
industrial para sua obtenção - e muitos deles tiveram transformações muito
mais complexas do que aqueles que são adquiridos dos demais estados - e
dois não. Mais uma vez esse dado é um indício de que a indústria fornecedora
de insumos para a área de biotecnologia no estado de Minas Gerais não seria
capaz de atender às demandas do setor.
Uma pergunta interessante que surge é quais desses produtos importados
pelas empresas situadas em Minas Gerais não são produzidos dentro do
próprio estado. Na Tabela 6262 constam os principais produtos (em termos de
valor), que em dezembro de 2012, não se encontravam entre as operações que
tinham a indústria mineira como remetente, o que é uma boa indicação de que
eles não eram produzidos no Estado àquela época.
TABELA 62: PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS PELAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA
DE MINAS GERAIS DE JANEIRO À MARÇO DE 2013 QUE NÃO ERAM PRODUZIDOS NO
ESTADO EM DEZEMBRO DE 2012 Produto Valor
Outros Reagentes De Diagnostico/ Laboratorio, Em Suporte/Prepars 5.958.254,49
Semen De Bovino 3.360.944,02
Outs.Oleos De Petroleo,Minerais Betuminosos E Prepars. 2.373.179,95
Outs.Medicam.Cont.Prods.P/Fins Terapeuticos, Etc.Doses 1.871.698,45
Outs.Instrumentos E Apars.P/Analise/Ensaio/ Medida, Etc. 1.865.893,00
Outs.Instrumentos E Apars.Que Utiliz.Radiacoes Opticas 1.786.105,16
Medicamento C/Outs.Estrogenios/ Progestogenios, Em Doses 1.667.557,02
Reagentes P/Determinacao Dos Grupos/Fatores Sanguineos 1.241.169,17
Outros Macrolidios E Seus Sais 1.103.970,56
Preparações Com Teor De Cloridrato De Ractopamina Igual Ou Superior A 2%, Em Peso, Com Suporte De Farelo De Soja
1.021.935,16
Medicamento Cont.Acido O-Acetilsalicilico,Etc.Em Doses 867.727,13
Outs.Anti-Soros Especifs.De Animais/Pessoas,Imunizados 820.740,65
Outs.Fracoes Do Sangue,Prod.Imunol.Modif. Exc.Medicament 696.621,01
Outs.Partes De Apars.P/Filtrar Ou Depurar Liquidos,Etc. 670.689,88
Medicamento Contendo Fumarato De Tiamulina,Em Doses 646.580,82
Garrafoes,Garrafas,Frascos,Artigos Semelhs.De Plasticos 612.929,54
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SEF/MG.
Como se vê dos produtos importados pelas empresas mineiras nos três
primeiros meses de 2013 dezesseis eram oriundos de transformações
industriais.
Os principais produtos que foram produzidos no estado de Minas Gerais (em
dezembro de 2012) que eram importados pelas empresas de biotecnologia (de
janeiro à março de 2013) são listados na Tabela 6363.
TABELA 63: PRINCIPAIS PRODUTOS PRODUZIDOS PELAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA
DE MINAS GERAIS EM DEZEMBRO DE 2012 Produto Valor
Acido citrico 11.607.751,71
Alcool etilico n/desnaturado c/vol.teor alcoolico>=80% 39.029.293,45
Caixas de papel ou cartao,ondulados (canelados) 46.052.934,60
Garrafoes,garrafas,frascos,artigos semelhs.de plasticos 13.487.401,71
Nitrogenio 16.846.742,91
Oleo de soja,refinado,em recipientes com capacidade>5l 13.485.618,36
Oleos lubrificantes com aditivos 14.824.089,77
Outras chapas de polimeros de etileno,n/reforcadas,etc. 18.226.899,64
Outras ureias,mesmo em solucao aquosa 14.065.952,84
Outros aparelhos p/filtrar ou depurar gases 17.704.180,49
Outros sacos,bolsas e cartuchos,de polimeros de etileno 11.983.428,85
Outs.acucares de cana,beterraba,sacarose quim.pura,sol. 24.054.761,43
Outs.construcoes e suas partes,de ferro fund/ferro/aco 15.507.064,24
Outs.inseticidas,apresentados de outro modo 47.790.417,19
Oxido de zinco (branco de zinco) 14.995.624,99
Oxidos,hidroxidos e peroxidos de outros metais,etc. 38.032.837,80
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SEF/MG.
Todos os produtos fabricados em Minas Gerais em dezembro de 2012 foram
importados ou de outros estados ou do exterior no período de janeiro a março
de 2013. Na Tabela 6464 está a relação dos principais.
TABELA 64: PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS EM MINAS GEAIS DE JANEIRO A
MARÇO DE 2013 DENTRE AQUELES QUE ERAM PRODUZIDOS NO ESTADO EM DEZEMBRO
DE 2012 Produtos Origem Valor
Equiderm pomada 250 gr RJ;EX 1.871.698,45
Montanide isa 50 v2 SP;EX 1.007.062,00
Ngf-5 900 gr RJ 867.727,13
Filtro hidrofobico 0,2 micra ab1 pfr7pv - pall SP;EX 670.689,88
Frasco plastico soro 500 ml gravado hertavita - esteril SP;EX 612.929,54
6167097 cartucho ganaseg b12 25 ml - mexico SP 590.461,58
Raiva i herbivoros 25 ds semiac SP 470.446,00
Frasco de vidro nao siliconizado 10 ml SP;EX 429.958,07
Equipo 2,0 m c/ injetor lateral s/ latex 40x16mm SC 405.408,00
Tampa de borracha nitrílica vermelha de 20mm c/1000 (alt) SP;EX 381.121,80
Serviço de indutrialização terceiros SP 335.042,40
Selo aluminio 13 mm verde metalico gravado hertape SP 317.010,14
Caixa coletiva 12un x 350g unguento vallee c/colm SP 310.479,45
Polietileno glicol peg 6000 SP 287.388,00
Essai isa 65 vg SP 275.161,00
Tampa borracha 13 mm SP;EX 267.936,11
Ractopamine hcl SP;EX 230.800,61
Povidona k12 SP 212.160,00
Id-anti-d (rh1) (1x12) PA;EX 208.289,14
Soro bovino SP;EX 200.369,00
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SEF/MG.
Como se vê, nenhum dos principais produtos importados entre janeiro e março
de 2013 estava entre os principais produzidos em dezembro de 2012, ou seja,
compram-se no estado aqueles produtos que menos se produz em termos de
valor.
9. ATUAÇÃO RECENTE DO GOVERNO DE
MINAS NO FOMENTO AO SETOR DE
BIOTECNOLOGIA
Com o intuito de diversificar a economia mineira, o Governo de Minas vem
desenvolvendo uma série de ações que visam ampliar a atração de
investimentos de segmentos da denominada Nova Economia. Para tanto, a
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Secretaria de Estado
de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais se mobiliza no
sentido de promover as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação
em biotecnologia aplicada à saúde humana e animal, agronegócio e meio
ambiente.
No setor de Biotecnologia, as ações promovidas pela SEDE visam, em linhas
gerais, a melhoria de diversos aspectos da gestão empresarial, a implantação
de um instituto de ciência e tecnologia aplicada com ênfase em soluções
biotecnológicas, a prática da Responsabilidade Social Empresarial, a
capacitação e adequação das empresas do APL para participarem do mercado
internacional e a ação compartilhada de compra de insumos e distribuição da
produção, tanto no mercado interno quanto externo. Para o alcance de tais
resultados, as atividades foram estruturadas no Programa de Apoio à
Competitividade dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) e direcionadas ao APL
de biotecnologia da região metropolitana de Belo Horizonte, a partir da
subdivisão em Capacitação e Melhoria Empresarial; Tecnologia e Informação;
Meio Ambiente e Desenvolvimento Social; Posicionamento de Mercado,
Comercialização e Prospecção; Governança, Associativismo, Gestão e
Administração do APL e, Logística e Infraestrutura.
A Capacidade e Melhoria Empresarial representa um investimento de
R$395.000,00 e conta com 35 empresas participantes e quatro contratos de
consultoria em execução, que visam mudar a mentalidade das empresas para
explorar mercados alternativos e potencializar seu desenvolvimento com uso
de tecnologias convergentes. A ação denominada Tecnologia e Informação,
por sua vez, foi arquitetada a partir do Plano de Negócios do Instituto de
Ciência e Tecnologia BIOTEC e do Programa Gestão da Inovação, que busca
fortalecer tanto as capacidades internas das empresas como a relação externa
entre as empresas e instituições. Para execução dessa atividade, foi utilizada
uma metodologia envolvendo três fases principais: diagnóstico, capacidade
coletiva e consultoria individual.
A primeira etapa do Programa de Gestão da Inovação consiste em um
diagnóstico da situação atual das empresas participantes no que se refere à
estruturação das atividades internas e externas de Pesquisa, Desenvolvimento
e Inovação. O objetivo desta etapa é caracterizar melhor a demanda das
empresas e possibilitar um aprimoramento do conteúdo a ser abordado no
treinamento coletivo e, subsequentemente, nas consultorias individuais.
A segunda etapa consiste na condução de workshops em temas considerados
de maior demanda com base no diagnóstico. O objetivo é fornecer às
empresas uma visão sucinta e prática a respeito do processo de inovação no
setor de biotecnologia, com ênfase em saúde humana, e apresentar fontes de
informação, ferramentas e métodos considerados relevantes tendo em vista o
público em questão.
A terceira etapa consiste em assessorar as empresas de forma individual e
customizada às suas necessidades. Para tanto, foi investido R$510.700,00 de
recursos da SEDE.
No que concerne ao Meio Ambiente e Desenvolvimento Social, foram
abrangidas 15 empresas para promoção de produção limpa e responsabilidade
social e 20 empresas para participar de um programa de saúde e segurança no
trabalho, demandando R$210.000,00 de investimentos da SEDE. Lado outro,
para o Posicionamento de Mercado, Comercialização e Prospecção foi
abarcado tanto a participação em feiras hospitalares, médicas e de
biotecnologia, quanto um relatório de inteligência mercadológica, os quais
contam com um recurso de R$ 589.506,74.
Com relação à fase de Governança, Associativismo, Gestão e Administração
do APL, foi projetada a elaboração de um sistema de informação sistematizado
bem como a comunicação e marketing do APL a partir de um investimento de
R$ 160.000,00.
Por fim, para a realização das ações de Logística e Infraestrutura consolidou-se
um estudo do SEBRAE sobre Modelo de Logística Compartilhada da Cadeia
que determinou o gasto de R$ 272.023,00 de recursos da Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Econômico. O objetivo deste estudo é determinar a
viabilidade da concepção de um modelo de logística compartilhada entre as
empresas do APL da região metropolitana de Belo Horizonte de modo a reduzir
o elevado custo logístico dessas empresas, melhorando assim, a
competitividade dessas.
Diante de todos os valores apresentados, as atividades desempenhadas pela
SEDE para o desenvolvimento do setor de biotecnologia em Minas Gerais
representaram um dispêndio total de R$ 2.246.229,74.
As ações da Secretaria de Estado, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de
Minas Gerais (SECTES), por sua vez, envolvem o Pólo de Excelência em
Genética Bovina e o Projeto de melhoria competitiva das empresas de
biotecnologia humana em Belo Horizonte, em parceria com a FIEMG e
SEBRAE, respectivamente.
Criado pela SECTES em 2008, a partir de uma iniciativa do Governo de Minas
Gerais e, instalado em 2009 com recursos da FAPEMIG na Associação
Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), o Pólo de Excelência em Genética
Bovina, exerce papel fundamental para consolidar a liderança de Minas no
desenvolvimento sustentável da genética animal, a partir do desenvolvimento
da pesquisa e da capacidade de inovação.
Entre as atividades concebidas ao longo dos quatro anos do programa, estão:
o projetos de implementação; consolidação e manutenção do Pólo; projetos
técnico-científicos articulados pelo Pólo; projetos de inovação para empresas
de biotecnologia; diagnóstico da capacidade exportadora de empresas de
biotecnologia de Uberaba; eventos técnico-científicos promovidos pelo Pólo e
parceiros; lançamento e apresentação do Programa de Incentivo à Inovação;
criação da AMIA - Associação Mineira de Inovação no Agronegócio Missões
Internacionais – Colômbia, Austrália e Nova Zelândia; reuniões técnicas
realizadas para o planejamento/ acompanhamento de ações/projetos do Pólo e
parceiros; visitas recebidas de diversas instituições, e visitas realizadas em
universidades, feiras e empresas de biotecnologia.
Já o Projeto de melhoria competitiva das empresas de biotecnologia humana
em Belo Horizonte nasceu em 2009 para propor as áreas de negócio a serem
desenvolvidas nos 3 a 5 anos subsequentes à sua implementação, através da
identificação de áreas de melhoria para obter produtos e serviços de alto
componente tecnológico e colheita das prioridades das políticas nacionais de
fomento de biotecnologia e do complexo de indústrias da saúde.
A fim de atender os objetivos gerais, a saber, o entendimento da realidade
local, a busca de oportunidades de desenvolvimento do APL de Belo Horizonte,
elaboração de diagnóstico de desenvolvimento do entorno de Belo Horizonte e
apresentação de proposta de desenvolvimento, foram estruturadas as
seguintes ações: entrevistas; análise do entorno científico de MG, incluindo
áreas distintivas, plataformas disponíveis e de futuro; estudo de tendências
mundiais e dados de mercado via diagnósticos, análise da indústria
farmacêutica, bioprodução e sistemas de saúde; e exame de referências
mundiais, quais sejam, diagnósticos dos Estados Unidos, a bioprodução na
Índia e a indústria farmacêutica Alemã (fitoterápicos).
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com a amostra considerada e os dados dela obtidos, observou-se
que o setor de biotecnologia em Minas Gerais é caracterizado pela presença
majoritária de pequenas e médias empresas, que dependem em grande
medida da proximidade com instituições de pesquisa, outras empresas do
mesmo setor e também de incubadoras. Essas empresas estão, em sua
maioria, localizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na
Microrregião de Viçosa e no Triângulo Mineiro.
Apesar da relevância do estado de Minas Gerais no setor de biotecnologia em
nível nacional, o tamanho do setor de biotecnologia mineiro ainda é
relativamente pequeno quando comparado ao do estado de São Paulo,
principalmente em relação ao número de empregos gerados. As empresas do
estado de São Paulo empregam um maior número de funcionários que, por sua
vez, têm uma remuneração média, nesse estado, mais alta em cada nível de
escolaridade.
Quanto à disponibilidade de mão de obra no estado de Minas Gerais, de
acordo com os dados disponíveis, não parece haver escassez quantitativa de
mão de obra para as empresas de biotecnologia em Minas Gerais uma vez que
o setor emprega um número relativamente baixo de trabalhadores. Por outro
lado, a escassez de mão de obra qualificada foi um entrave considerado
importante para o crescimento de 74% das empresas que responderam ao
questionário. Esse número pode estar ligado à qualidade da mão de obra
formada, principalmente nas instituições particulares de ensino, estas últimas -
além de ser a fonte do maior número de graduados em cursos relacionados ao
setor - como foi observado, possuem, pela avaliação do ENADE, um conceito
significativamente inferior ao conceito das instituições públicas.
A escassez de mão de obra apontada pelas empresas pode ainda estar ligada
à capacidade de atração de mão de obra pelas empresas de biotecnologia,
uma vez que, o salário pago a alguns profissionais empregados nas empresas
analisadas é menor nessas que no restante da economia, em média.
Pela análise das fontes de financiamento para a biotecnologia conclui-se que,
para a pesquisa e desenvolvimento, essas fontes não podem ser consideradas
escassas em Minas Gerais. As empresas e instituições de pesquisa mineiras
têm grande relevância no número de projetos de biotecnologia contratados
pelas fontes de financiamento federais. A FAPEMIG foi a fonte de
financiamento externo mais citada pelas empresas, sendo que 48% das
empresas da amostra que responderam ao questionário receberam
financiamento da instituição, o que mostra a relevância da mesma no estado
para o fomento à pesquisa em biotecnologia.
Por outro lado, os recursos direcionados para a modernização e expansão da
infraestrutura são mais escassos. No âmbito nacional, o BNDES é a fonte mais
importante para esse tipo de financiamento. No entanto, as garantias
solicitadas dificultam o acesso, principalmente das micro e pequenas
empresas, que são numerosas em Minas Gerais no setor de biotecnologia.
Uma alternativa para suprir essa lacuna no estado seria o BDMG, que apesar
de contar com linhas de financiamento reembolsáveis para a inovação com
condições especiais para as pequenas e médias empresas, parece não
alcançar à maioria das empresas de biotecnologia, uma vez que, da amostra
que respondeu ao questionário, apenas duas citaram o BDMG como fonte de
financiamento. A falta de divulgação das linhas de financiamento ou as
garantias exigidas dessas empresas podem ser motivos para esse baixo
número, o que pode ser investigado em trabalhos posteriores. Essa dificuldade
das empresas em conseguir acesso a recursos para infraestrutura pode estar
ligada ainda à falta de preparação do empresário para a solicitação de
recursos, o que pode ser tratado através de um suporte do Estado aos
empresários interessados na elaboração dos pedidos de financiamento.
Algumas das incubadoras de empresas que responderam ao questionário
apontaram como dificuldade a inadequação da infraestrutura de seus
laboratórios para atender às empresas de biotecnologia, o que poderia ser
minimizado também através de programas de apoio à infraestrutura que não se
restrinjam às fases iniciais da implantação e abarquem também a manutenção
e modernização contínua dos laboratórios.
Quanto aos problemas de infraestrutura do estado, o mais citado pelas
empresas foi a dificuldade de acesso a aeroportos. Na região metropolitana de
Belo Horizonte essa dificuldade de acesso está relacionada aos problemas de
liberação de produtos e à inadequação da infraestrutura para armazenar os
produtos importados e exportados por essas empresas.
Por último, um dos maiores gargalos encontrados no setor de biotecnologia
mineiro é a baixa capacidade de transformação da pesquisa das instituições
públicas em inovação, principalmente quando comparado com o setor paulista.
Os grupos de pesquisa que definiram a biotecnologia como uma de suas áreas
em Minas Gerais, comparados com os mesmos no estado de São Paulo, são
maiores em termos de número de integrantes, no entanto, o estado de São
Paulo gera um número maior de patentes majoritariamente depositadas por
instituições públicas naquele estado. Em Minas Gerais as patentes são, em sua
maioria, depositadas por instituições privadas.
Diante dos aspectos apontados pelo estudo algumas recomendações de
políticas públicas podem ser feitas no intuito de estimular o crescimento do
setor de biotecnologia, estratégico para o estado de Minas Gerais. O primeiro
passo para uma política setorial de sucesso deve ser coordenar as ações
dentro do governo entre os diversos agentes promotores do desenvolvimento
(SEDE, SECTES, FAPEMIG, BDMG, INDI) que seja consistente ao longo do
tempo.
Como observado, a proximidade com outras empresas e com instituições de
ensino e pesquisa é muito importante para as empresas desse setor. Assim,
recomenda-se direcionar as ações de incentivo fiscal e creditício para regiões
nas quais já haja concentração de empresas e/ou instituições de ensino e
pesquisa na área.
Para amenizar o problema da mão de obra, uma ação seria a criação de canais
de comunicação permanentes para propiciar o diálogo entre as instituições
formadoras (principalmente as privadas) de mão de obra de nível superior e as
empresas de modo a adequar a formação do profissional com o perfil
demandado pelas empresas. O apoio e a criação de cursos de pós-graduação
voltados para a prática laboratorial e à biotecnologia industrial para os
profissionais da área e o apoio à criação dos cursos técnicos especializados
em biotecnologia industrial é também uma ação importante para suprir o déficit
desse tipo específico de mão de obra.
A indisponibilidade de recursos para o financiamento da modernização e
ampliação de infraestrutura poderia ser minorada através da implantação de
programas de financiamento contínuos de apoio à infraestrutura nas empresas
e nas incubadoras, de modo a não criar um gargalo de infraestrutura
laboratorial para o setor.
Em termos da infraestrutura do estado ações voltadas à adequação dos
aeroportos para o armazenamento de mercadorias importadas e exportadas
pelo setor assim como a melhoria do funcionamento da liberação de
mercadorias devem ser priorizados.
O problema da baixa geração de inovação a partir da pesquisa científica no
estado mineiro pode ser minimizado através da priorização da publicação de
editais de financiamento que tenham como uma das cláusulas obrigatórias a
interação entre as empresas e as instituições de ensino e pesquisa, pelo
estabelecimento de metas para o número de projetos com interações e
também metas para a transferência de tecnologia das universidades.
Deveria também ser realizado o direcionamento dos fundos de
desenvolvimento do estado para a atração e promoção de empresas que
produzam os insumos necessários para o setor, em especial aqueles com
maior valor agregado, de modo a diminuir a dependência das empresas da
importação de insumos e preenchendo assim as lacunas existentes na cadeia
produtiva do setor.
Apesar da relevância dos resultados obtidos até agora a partir dos dados
disponíveis, alguns pontos necessitam ainda de um estudo mais aprofundado.
Uma melhor aferição da escassez ou não de mão de obra no Estado de Minas
Gerais é possível com o pleno acesso aos microdados da RAIS. Com estes
dados poderíamos também expandir a base de comparação a nível nacional e
com outros estados relevantes no setor como o Rio de Janeiro.
Uma melhor aferição de quais são e de onde vem os insumos utilizados pelas
empresas da área será possível caso tenhamos acesso aos dados das notas
fiscais eletrônicas da Secretaria de Estado de Fazenda no nível de CNPJ, já
que a estratégia utilizada para estudar o setor foi a partir das empresas que o
compõe. Obter o faturamento total do setor, o faturamento por região e por
área da biotecnologia (saúde humana, saúde animal, etc.) seria possível com o
acesso aos dados da SEF por CNPJ.
Por último ampliar o diálogo com a SECTES, com a FAPEMIG e BDMG para
mapear quais foram as últimas políticas públicas desses órgãos para o fomento
ao setor, além de estabelecer maior contato com os representantes do setor
para alinhar as conclusões do trabalho com a realidade das empresas.
REFERÊNCIAS
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ANEXO 1: QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
SOBRE AS EMPRESAS DO SETOR DE
BIOTECNOLOGIA
1. Identificação da empresa
1.1 Nome da empresa:
1.2 Município:
1.3 Número de funcionários:
1.4 Ano de fundação:
2. Sobre a empresa
2.1 Subárea(s) da biotecnologia na(s) qual (is) a empresa atua:
Saúde humana
Saúde animal
Agricultura
Meio ambiente
Bioenergia
Bioinformática
Outros:
2.2 A empresa está ou esteve incubada?
Sim
Não
2.3 Em caso afirmativo, aponte a incubadora:
2.4 A empresa exportou nos últimos 12 meses?
Sim
Não
2.5 A empresa possui patentes próprias?
Sim
Não
2.6 Aponte, dentre as opções abaixo, a(s) fonte(s) de financiamento à(s) qual(is) a empresa tem ou teve acesso:
FINEP
CNPq
BNDES
FAPEMIG
CAPES
Capital de risco privado
A empresa não recebe ou recebeu financiamento externo
Outros:
3.1 Indique qual foi o grau de importância dos fatores abaixo para a escolha do local de instalação da empresa:
Não foi importante
Pouco importante
Importante Muito
importante
Tamanho do município
Acesso a aeroportos
Densidade e qualidade da malha rodoviária
Proximidade geográfica com fornecedores de insumos
Proximidade geográfica com fornecedores de serviços
Proximidade geográfica com o mercado consumidor
Proximidade geográfica com outras empresas de biotecnologia
Proximidade geográfica com universidades e centros de estudo na área de biotecnologia
Disponibilidade de mão de obra especializada
Custo da mão de obra
Financiamento público
Incentivos fiscais
3.2 Caso algum fator importante não tenha sido listado entre as opções da questão anterior, aponte-o:
4. Entraves para o crescimento
4.1 Aponte o nível de importância da escassez de mão de obra como um entrave para o desenvolvimento da empresa:
Não é importante
Pouco importante
Importante
Muito importante
4.2 Caso escassez de mão de obra tenha algum grau de importância como um entrave, aponte em qual(is) nível(is) de formação:
Técnico
Superior
Mestrado
Doutorado
Especifique:
4.3 Caso a escassez de mão de obra tenha algum grau de importância enquanto um entrave para o desenvolvimento da empresa aponte a(s) medida(s) adotadas:
Forneceu treinamento com recursos próprios
Importou mão de obra de outros estados brasileiros
Importou mão de obra de outro país
Buscou ajuda de instituição pública
Nenhuma medida foi adotada
Outros:
4.4 Aponte o nível de importância da indisponibilidade de insumos oriundos do Estado de Minas Gerais para aplicação no processo produtivo como um entrave para o desenvolvimento da empresa?
Não é importante
Pouco importante
Importante
Muito importante
4.5 Caso a indisponibilidade de insumos tenha algum grau de importância para o desenvolvimento da empresa, aponte quais são esses insumos:
Máquinas e equipamentos
Serviços
Outros:
4.6 Caso a empresa venha sendo prejudicada pela indisponibilidade de insumos oriundos do Estado de Minas Gerais, aponte a medida adotada:
Importou insumos de outros estados brasileiros
Importou insumos de outros países
Outros:
4.7 Aponte o nível de importância dos fatores relacionados à infraestrutura como um entrave para o desenvolvimento da empresa:
Não é importante
Pouco importante
Importante
Muito importante
4.8 Caso os fatores relacionados à infraestrutura tenham algum grau de importância enquanto entrave, aponte qual(is):
Densidade e qualidade da malha rodoviária;
Aceso a aeroportos;
Telecomunicações;
Outros:
4.9 Além dos fatores expostos nas questões anteriores aponte o grau de importância dos itens listados abaixo como um entrave para o crescimento da empresa:
Não é importante
Pouco importante
Importante Muito importante
Regulação ambiental
Dificuldade de articulação com universidades e centros de estudo na área de biotecnologia
Cooperação/interação incipiente entre empresas de biotecnologia
Baixa competitividade em relação a produtos similares estrangeiros
Dificuldade na obtenção de certificações internacionais
4.10 Caso haja outros fatores não listados anteriormente que representem um entrave para o crescimento da empresa, aponte:
ANEXO 2: QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
SOBRE AS INCUBADORAS EM MINAS
GERAIS
1. Identificação da incubadora
1.1 Nome:
1.2 Município:
1.3 Número de colaboradores:
1.4 Ano de Fundação:
1.5 Receita auferida pela incubação:
2. Sobre a incubadora
2.1 Atualmente, quantas empresas (de qualquer área), estão sendo incubadas?
2.2 Mantém atualmente alguma empresa de biotecnologia incubada?
Sim
Não
2.3 Caso tenha respondido negativamente à pergunta anterior aponte o motivo:
2.4 Caso tenha respondido afirmativamente à questão 2.2 aponte quantas empresas:
2.5 Aponte, dentre as opções abaixo, a(s) fonte(s) de financiamento à(s) qual(is) a incubadora tem ou teve acesso:
FINEP
BNDES
FAPEMIG
A incubadora não recebe ou recebeu financiamento externo
Outros:
3. Fatores relacionados à infraestrutura da incubadora (Apenas para aqueles
que tenham respondido afirmativamente à questão 2.2).
3.1 Descreva a infraestrutura (espaço físico, máquinas, equipamentos, laboratório, etc) atual que a incubadora é capaz de oferecer às empresas de biotecnologia:
3.2 A infraestrutura apontada na questão anterior é capaz de atender à demanda de todas as empresas de biotecnologia que desejam utilizar suas instalações?
Sim
Não
3.3 Caso tenha respondido negativamente à questão anterior aponte os fatores que representam um entrave para que a incubadora consiga atender à demanda das empresas de biotecnologia.
ATLAS DA BIOTECNOLOGIA EM MINAS GERAIS
GRÁFICO 1: NÚMERO DE EMPRESAS PRIVADAS NACIONAIS DE BIOTECNOLOGIA POR MUNICÍPIO
GRÁFICO 2: NÚMERO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E EMPRESAS MULTINACIONAIS DE BIOTECNOLOGIA POR MUNICÍPIO
GRÁFICO 3: NÚMERO DE GRUPOS DE PESQUISA NA ÁREA DE BIOTECNOLOGIA POR MUNICÍPIO
GRÁFICO 4: NÚMERO DE INCUBADORAS JÁ INCUBARAM EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA POR MUNICÍPIO
GRÁFICO 5: NÚMERO DE PATENTES NA ÁREA DE BIOTECNOLOGIA POR MUNICÍPIO