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2 GISELE ANTUNES AYRES DISTRIBUIÇÃO DO MERCÚRIO NAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO MADEIRA Niterói 2004

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GISELE ANTUNES AYRES

DISTRIBUIÇÃO DO MERCÚRIO NAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO MADEIRA

Niterói

2004

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Ay74 Ayres, Gisele Antunes.

Distribuição do mercúrio em águas superficiais do Rio

Madeira. / Gisele Antunes Ayres. - Niterói: [s.n.], 2004.

69 f.: il. Color; 30 cm.

Dissertação (mestrado em Geociências - Geoquímica

Ambiental) - Universidade Federal Fluminense, 2004.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Drude de Lacerda.

1. Mercúrio 2. Águas Superficiais 3. Garimpo de ouro

3. Rio Madeira 4. Tese 5. Produção Intelectual I. Título

Ay74 Ayres, Gisele Antunes.

Distribuição do mercúrio nas águas superficiais do Rio

Madeira. / Gisele Antunes Ayres. - Niterói: [s.n.], 2004.

69 f.: il. Color; 30 cm.

Dissertação (mestrado em Geociências - Geoquímica

Ambiental) - Universidade Federal Fluminense, 2004.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Drude de Lacerda.

1. Mercúrio 2. Águas Superficiais 3. Garimpo de ouro

3. Rio Madeira 4. Tese 5. Produção Intelectual I. Título

CDD 628.l68 574.5263

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GISELE ANTUNES AYRES

DISTRIBUIÇÃO DO MERCÚRIO NAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO MADEIRA

Dissertação apresentada ao curso de Pós- Graduação em Geociências da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Geoquímica Ambiental.

Orientador: PROF. Dr. LUIZ DRUDE DE LACERDA

Niterói 2004

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Dedicatória

À Deus que é o meu refúgio e fortaleza.

À minha amada mãe Dalva (in memorian) pelo amor, cuidado e exemplo de fé e compaixão.

Ao meu pai Antenor pelo

apoio, incentivo e amor que sempre dedicou a mim.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Luiz Drude de Lacerda pela orientação, pela confiança, amizade e pelo

exemplo profissional.

Ao Emanuel Nazareno, pela cumplicidade e companheirismo, pela paciência e

compreensão.

Ao Prof. Dr. Jorge João Abrão pelo apoio, incentivo nos momentos mais difíceis e

pela amizade ao longo destes anos de convivência.

Ao Marcelo Dominguez, pela ajuda na coleta das amostras, e realização deste

trabalho e pela amizade.

A Heloísa Paraquetti pela ajuda na realização das análises no laboratório e pela

amizade.

A Renata Barreto pelo apoio na sala de aula, pelo incentivo nos momentos mais

difíceis, pelo carinho e amizade.

Ao Prof. Dr.Edison Bidone pelo incentivo e amizade. Ao Prof. Dr. Weber Landim pela revisão e amizade. Ao Prof. Dr. Marcelo Bernades pela revisão e amizade. A Profª Drª. Rozane Marins pela participação e amizade. A Ciça Filgueiras pela amizade por todos esses anos. Ao Wilson Machado pela ajuda, incentivo e amizade.

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Aos amigos do laboratório 409, Andréa Coimbra, Mauricio Mussi, Luis Fernando da

Silva, Renata Ferreira, pelo incentivo, ajuda e amizade.

Aos funcionários da biblioteca, pela atenção e ajuda. Aos funcionários da secretaria, Nivaldo Camacho, Meiber,Tereza, e demais, pelo

incentivo e ajuda.

Aos colegas da turma de 2002, pelo carinho e amizade. A Psicóloga e amiga Cora Maria, pelo incentivo e apoio nos momentos mais difíceis. Ao Psicólogo Carlos Melo, que me ajudou a encontrar o equilíbrio. Ao CNPq. por financiar e tornar possível a realização deste trabalho.

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“A Bacia Amazônica é uma dessas

grandezas tão grandiosas que ultrapassam

as percepções do homem”.

Mário de Andrade, 1927.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 16 1.1 O ELEMENTO MERCÚRIO................................................................... 16 1.1.1 O mercúrio no ambiente.................................................................... 17 1.1.2 A toxicidade do mercúrio para o homem........................................ 20 1.1.3 As emissões de mercúrio pelo garimpo de ouro na Amazônia......23 1.2 AMAZÕNIA BRASILEIRA.........................................................................26

1.2.1 Amazônia – Impacto ambiental do garimpo......................................28 1.2.2 Amazônia – Impacto ambiental do desmatamento...........................30

2 OBJETIVOS............................................................................................... 34 2.1 Objetivo geral........................................................................................ 34 2.1.1 Objetivos específicos......................................................................... 34 3 ÁREA DE ESTUDO.....................................................................................35 3.1 O RIO MADEIRA.......................................................................................35 4 METODOLOGIA...................................................................................... 38 4.1 AMOSTRAGEM....................................................................................... 38 4.1.1 Determinação de mercúrio................................................................. 40

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................43 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA HIDROQUÍMICA DO RIO MADEIRA......................43

5.2 TEORES DE MERCÚRIO NAS ÁGUAS DO RIO MADEIRA..........................46

5.3 VARIAÇÃO TEMPORAL DAS CONCENTRAÇÕES DE MERCÚRIO NO RIO

MADEIRA ENTRE OS ANOS DE 1997 E 2002............................................49 5.4 PARTIÇÃO GEOQUÍMICA DO MERCÚRIO NAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO

RIO MADEIRA...............................................................................................52

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6 CONCLUSÃO....................................................................................................56 7 ANEXO..............................................................................................................58 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................61

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 Concentração de Hg em peixes carnívoros e piscívoros em diferentes

áreas da Amazônia..........................................................................22 Tabela 2 Concentração de Hg total em cabelos humanos em diferentes áreas da

Amazônia.........................................................................................23 Tabela 3 Produção de ouro e emissão de Hg na região do Rio Madeira..........25 Tabela 4 Produção de ouro no Rio Madeira......................................................28 Tabela 5 Valores de pH e condutividade elétrica nas águas superficiais do Rio

Madeira (médias e desvio padrão)...................................................58 Tabela 6 Concentração de total de sólidos em suspensão nas águas superficiais do

Rio Madeira.......................................................................................59 Tabela 7 Concentração de Hg total e Hg total dissolvido nas águas superficiais do

Rio Madeira........................................................................................59 Tabela 8 Concentração de Hg particulado e Hg no TSS nas águas superficiais do

Rio Madeira........................................................................................60 Tabela 9 Concentração de Hg total em águas de rios da região amazônica e outras

áreas relatadas na literatura..............................................................48 Tabela 10 Coeficiente de distribuição (KD) entre as concentrações de Hg no material

em suspensão e na água do Rio Madeira..........................................53

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 Ciclo do mercúrio no ambiente: processo de biometilação...................18

Figura 2 Diagrama simplificado do ciclo biogeoquímico do Hg na Amazônia.....19

Figura 3 Perdas de Hg para o ambiente durante as várias etapas de extração do

ouro no Rio Madeira.............................................................................24

Figura 4 Ciclo esquemático do destino do Hg no Rio Madeira............................26

Figura 5 a Garimpo de ouro no Rio Madeira........................................................29

Figura 5 b Garimpo de ouro no Rio Madeira........................................................30

Figura 6 Mapa do desmatamento na Amazônia brasileira...................................32

Figura 7 Gráfico da área desmatada na Amazônia brasileira..............................33

Figura 8 Mapa de localização da área de estudo..................................................37

Figura 9 Mapa das estações de coleta de amostras de águas superficiais do Rio

Madeira...................................................................................................39

Figura 10 Distribuição de pH nas águas superficiais do Rio Madeira nos períodos de

1997 e 2002..........................................................................................44 Figura 11 Distribuição de condutividade elétrica nas águas superficiais do Rio

Madeira nos períodos de 1997 e 2002.................................................44

Figura 12 Distribuição de TSS nas águas superficiais do Rio Madeira nos períodos

de 1997 e 2002..........................................................................................45

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Figura 13 Distribuição de Hg total dissolvido nas águas superficiais do Rio Madeira

nos períodos de 1997 e 2002.....................................................................49

Figura 14 Distribuição de Hg total nas águas superficiais do Rio Madeira nos

períodos de 1997 e 2002..........................................................................49 Figura 15 Distribuição de Hg particulado nas águas superficiais do Rio Madeira nos

períodos de 1997 e 2002..........................................................................51 Figura 16 Distribuição de Hg no TSS nas águas superficiais do Rio Madeira nos

períodos de 1997 e 2002..........................................................................52

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RESUMO

O presente trabalho foi realizado no Rio Madeira entre a cidade de Porto Velho (RO) e o Rio Amazonas (AM), localizado na bacia Amazônica. Os resultados apresentados neste trabalho foram obtidos em duas excursões durante o período de 1997, realizado por Lacerda e colaboradores, e 2002 por UFF/UNIR, com a orientação do GPS as amostras de águas superficiais foram coletadas nos mesmos pontos estabelecidos em 1997 (Lechler et al., 2000), com o objetivo de avaliar a variação nas concentrações de mercúrio, determinar e comparar a partição entre os períodos de 1997 e 2002. a fim de verificar o efeito da diminuição do garimpo de ouro e das mudanças nos usos da terra no transporte do mercúrio ao longo do Rio Madeira, utilizando a técnica de geração de vapor frio com pré-concentração em ouro acoplado em um aparelho de espectrofotometria de fluorescência atômica TEKRAN 2500, apresentando um limite de detecção em torno de 0,1ng/L para determinação do Hg dissolvido e 0,6ng/L para o Hg total e Hg associado ao material particulado em suspensão. As concentrações de Hg dissolvido variaram de 0,44 0,83ng/L e 0,30 a 1,14ng/L, e para o Hg total de 3,03 a 49,5ng/L e 3,00 a 59,6 ng/L e para o Hg no TSS foi de 68 a 251ng/g e 9,6 a 122,1 ng/g entre os períodos de 1997 e 2002 respectivamente. As concentrações de Hg dissolvido não variaram significativamente e encontram-se dentro da faixa reportada para outros rios da Amazônia. Entretanto, ocorreram modificações significativas na distribuição do Hg associado ao material particulado em suspensão. Em 1997, as concentrações de Hg, em massa, associada ao TSS foram significativamente maiores que em 2002. Os resultados sugerem que ocorreu uma alteração na distribuição do Hg nas águas do Rio Madeira. Palavras-chave: mercúrio, águas superficiais, garimpo de ouro, Rio Madeira.

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ABSTRACT

The present work was accomplished in Rio Madeira among the city of Porto Velho (RO) and Rio Amazonas (AM), located in the Amazon basin. The results presented in this work were obtained in two trips during the period of 1997, accomplished by Lacerda and collaborators, and 2002 by UFF/UNIR, with the orientation of GPS the samples of superficial waters were collected in the same points established in 1997 (Lechler et al., 2000), with the objective of evaluating the variation in the mercury concentrations, to determine and to compare the partition among the periods of 1997 and 2002. in order to verify the effect of the decrease of the claim of gold and of the changes in the uses of the earth in the transport of the mercury along Rio Madeira, using the technique of generation of cold vapor with pré-concentration in gold coupled in an apparel of espectrofotometria of atomic fluorescência TEKRAN 2500, presenting a detection limit around 0,1ng/L for determination of dissolved Hg and 0,6ng/L for total Hg and Hg associated to the material particulado in suspension. The concentrations of dissolved Hg varied of 0,44 0,83ng/L and 0,30 to 1,14ng/L, and for total Hg of 3,03 at 49,5ng/L and 3,00 to 59,6 ng/L and for Hg in TSS went from 68 to 251ng/g and 9,6 to 122,1 ng/g among the periods of 1997 and 2002 respectively. The concentrations of dissolved Hg didn't vary significantly and they meet inside of the strip reportada for another rivers of Amazônia. However, they happened significant modifications in the distribution of Hg associated to the material particulado in suspension. In 1997, the concentrations of Hg, in mass, associated TSS were significantly larger than in 2002. The results suggest that happened an alteration in the distribution of Hg in Rio Madeira waters. Word-key: mercury, superficial waters, claim of gold, Rio Madeira.

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1 INTRODUÇÃO 1.1 ELEMENTO MERCÚRIO

O mercúrio elementar ou metálico (Hgº) pode estar no estado líquido ou de

vapor, sendo um líquido na temperatura e pressão ambiental, apresentando uma

alta pressão de vapor, tendo uma baixa solubilidade em águas e lipídeos, e na

presença de oxigênio pode ser facilmente oxidado a Hg2+ (USEPA, 1997).

A química do mercúrio é complexa, devido à dificuldade de predizer o

comportamento do mercúrio no ambiente natural, onde pode ser encontrado sob

diferentes formas químicas. De uma maneira geral, podemos dividir em 3 classes de

compostos mercuriais, segundo suas principais características físico-químicas:

compostos voláteis: Hgº, (CH3)2Hg; compostos reativos: Hg2+, HgX2, HgX3-, HgX4

-2,

onde X = OH-, Cl- e Br-, Hgº em aerossóis, Hg2+ complexado a ácidos orgânicos; e

compostos não reativos: CH3Hg+, CH3HgCl, CH3HgOH, e outros compostos

organomercúricos; Hg(CN), HgS e Hg2+ ligado ao enxofre em materiais húmicos

(LACERDA,1989). Essas espécies determinam a solubilidade, mobilidade e

toxicidade em ecossistemas aquáticos, bem como o seu potencial para a metilação.

Alguns aspectos importantes sobre as propriedades físico-químicas do mercúrio, o

tornam um elemento muito utilizado, e conseqüentemente, ocorrências de

intoxicações humanas e contaminação ambiental são inevitáveis.

O mercúrio possui um vasto espectro de utilização. Entre as mais importantes

aplicações do mercúrio metálico destacam-se: Produção de aparelhos científicos de

precisão, como termômetros e barômetros, nos quais se aproveitam às propriedades

do mercúrio de se expandir e contrair pela ação da temperatura e a de sofrer

compressão e transmiti-la a outro ponto (AZEVEDO, 1993).

Na indústria elétrica: na fabricação de lâmpada a vapor de mercúrio, tubos de

raios X, interruptores de corrente, instrumentos de controle industrial, termostatos

automáticos, medidores, retificadores, baterias secas (VEGA, 1985; GALVÃO &

COREY,1987). Nas indústrias Químicas: como catalisadores, nas indústrias de polpa

e papel, de plásticos, tintas e eletrônica, na fabricação de cloro-soda,no uso agrícola

de fungicidas, inseticidas e bactericidas. Na preparação de amálgamas usadas em

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odontologia (mercúrio mais liga de prata-estanho); e na extração do ouro (Au) nas

áreas de garimpo, deve-se ao fato do Hg e o Au terem grande afinidade e

amalgamarem, formando compostos intermetálicos sólidos: AuHg2, Au2Hg e Au3Hg,

(MELAMED & VILLAS BOAS, 2002).

1.1.1 O mercúrio – no ambiente

O mercúrio, seja por sua presença natural, ou pela poluição de origem

antrópica, é um elemento que apresenta uma grande capacidade de dispersão no

ambiente, atingindo vários compartimentos: litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera

(AZEVEDO, 1993).

Os depósitos de mercúrio podem ocorrer em qualquer tipo de rocha (ígneas,

sedimentares ou metamórficas), sendo o cinábrio (sulfeto mercúrico vermelho) e o

metacinábrio (sulfeto mercúrico preto), os minérios mais comuns, (MAILMAN, 1980).

Entretanto, não há ocorrência de mineralizações de Hg no Brasil, exceto numa área

de Ouro Preto (MG).

Considera-se a existência de dois ciclos de transporte e distribuição do

mercúrio no ambiente: global e local. O ciclo global compreende as fontes naturais:

erupções vulcânicas, degaseificação da crosta terrestre, erosão e dissolução das

rochas. Também podemos encontrar na atmosfera vapores de mercúrio metálico ou

compostos mercuriais orgânicos. As emissões naturais contribuem com cerca de 25

a 50% das emissões atmosféricas globais (EPRI, 1994).

O ciclo local é favorecido pelas fontes antropogênicas: a queima de

combustíveis fósseis, as atividades de mineração e fundição do metal, o uso de

tintas, a incineração de lixo hospitalar e doméstico, e resíduos industriais. O ciclo se

completa através da introdução do mercúrio no ambiente terrestre e aquático devido

à deposição natural ou precipitação atmosférica. Tanto o mercúrio proveniente das

fontes naturais e antropogênicas, podem sofrer transformações no ambiente. As

formas inorgânicas se transformam principalmente por reações de

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oxidação/redução. O mercúrio inorgânico bivalente (Hg2+) é gerado pela oxidação do

vapor de Hg por processos físico-químicos, em água e na presença de oxigênio.

Esta oxidação é favorecida quando existem substâncias orgânicas no meio. Em

condições redutoras apropriadas, ou por intervenção de bactérias em meio

anaeróbio, o Hg2+ pode se reduzir a Hgº (TENA, 1981).

Nas camadas superiores do sedimento, que são biologicamente ativas, o Hg2+

é, em parte, metilado por bactérias bênticas a metilmercúrio (CH3Hg+), aonde irá se,

integrar na cadeia trófica, e ou se as condições de pH forem apropriadas, dará

origem ao dimetilmercúrio (CH3)2Hg), o qual por ser insolúvel e volátil passará à

atmosfera, vindo a ser recolhido nas águas da chuva. Se estas forem ácidas, o

(CH3)2Hg transformar-se-á no (CH3Hg+), retornando ao meio aquático, e assim é

completado o ciclo (TENA,1981), conforme demonstrado simplificadamente na

Figura 1.

Figura 1 Ciclo do Hg no ambiente: processo de biometilação, adaptado de Mailman

(1980).

Atmosfera Hgº (CH3)2Hg Água Hgº (CH3)2Hg (dimetilHg) pH alto pH baixo Hg2+ CH3Hg+ (metilHg)

O sedimento age como sumidouro e fonte potencial de mercúrio, dependendo

das condições geoquímicas do meio sedimentar, e uma vez contaminado pode

causar risco à vida aquática por muitos anos. Dependendo da condição físico-

química ou biológica, os compostos de mercúrio no sistema aquático podem passar

do sedimento para a fase aquosa, ser acumulado pela biota aquática, perdido para

atmosfera e transportado com material particulado para novos locais ainda não

contaminados (KUDO, 1992; USEPA, 1997).

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O Hg lançado na atmosfera é altamente reativo e disponível para metilação e

acumulação pela biota depois de sua deposição em ambientes de superfície. O Hg

atmosférico se deposita principalmente como Hg2+ e Hg-particulado; essas formas

são prontamente metiladas em diversos ambientes amazônicos particularmente em

áreas de várzeas, lagos marginais, rios de águas pretas e reservatórios artificiais, o

alagamento sazonal resulta em uma exportação de metil-Hg formado nas áreas

inundadas para os grandes sistemas fluviais (LACERDA,1997).

A Figura 2 é uma representação simplificada dos ciclos de mercúrio que

acontecem entre uma variedade de ecossistemas da Amazônia. Há vários

reservatórios que controlam a distribuição do mercúrio: atmosfera, rios, lagos,

sedimentos, solos, etc., contribuindo significativamente com a transformação do

mercúrio.

Figura 2 Diagrama simplificado do ciclo biogeoquímico do Hg na Amazônia,

adaptado de Meech et al., (1995).

Desmatamento queimadas

Cerrado e

Floresta Área inundação

Solos, Húmus e Sedimentos

Origem natural

Rios, lagos e oceanos

Fauna e Agricultura

Inalação Direta

Fauna Aquática

Cadeia Alimentar

Usos Industriais

Atividade Garimpeira

ATMOSFERA

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1.1.2 A toxicidade do mercúrio para o homem

O mercúrio (Hg) é um elemento químico considerado pela Agência de

Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), como um elemento

extremamente perigoso, devido a sua característica de acúmulo e persistência no

ambiente e biota, e por ser altamente neurotóxico. Seu efeito tóxico depende da

forma química, da dose, do tempo de exposição e da taxa de ingestão (USEPA,

1997). Sob o ponto de risco à saúde humana, as mais importantes formas do

mercúrio são: os vapores do Hg metálico e o Hg orgânico (OMS, 1978).

A exposição humana a altas concentrações de Hg metálico, Hg orgânico e Hg

inorgânico provocam danos permanentes ao cérebro, rins e compromete o

desenvolvimento fetal. A absorção, distribuição, metabolismo, excreção e

conseqüentemente, a toxicidade dependem do seu estado de oxidação e da forma

química absorvida pelo organismo (WHO, 1990). Os compostos de Hg orgânico, por

serem lipossolúveis, permeiam com grande facilidade o organismo, pelas vias

digestivas e epidérmicas (GALVÃO & COREY, 1987; LANGFORD & FERNER,

1999).

A forma metilada é solúvel em lipídios difundindo-se facilmente através das

interfaces biológicas como sangue-placenta e sangue-cérebro, devido à alta

afinidade do metil-Hg com os grupos sulfidrila, a sua incorporação é rápida nos

órgãos vitais (ASCHNER & ASCHNER, 1990).

A ingestão de peixe é o principal acesso do Hg ao organismo humano, na qual

o Hg orgânico representa cerca de 95% do Hg total. Os sintomas clínicos de

intoxicação por metil-Hg em crianças e adultos incluem: paraestesia (dormência das

extremidades e ao redor da boca), ataxia (dificuldades no andar), disartria

(dificuldades na fala), estreitamento do campo visual, surdez, tremores e deficiência

intelectual (WHO, 1990).

O primeiro caso de contaminação de pessoas, causado diretamente por Hg foi

constatado na Baía de Minamata no Japão, em 1956. Onde a Chisso Corporation,

indústria de plásticos aumentou a fabricação do seu principal produto, o cloreto de

vinila, na qual eram empregados sais de mercúrio como catalisadores, parte deste

metal era convertido em metilmercúrio durante o processo, e posteriormente lançado

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como resíduo nas águas da Baía. A fábrica operava de maneira ineficiente e

estimou-se que tenha lançado ao mar 600 toneladas de mercúrio (OTTAWAY,

1982).

A intoxicação da população local foi através do consumo de peixes e de

outros pescados da Baía de Minamata. Oficialmente foi reconhecido que 2.252

pessoas foram diretamente contaminadas pelo metilmercúrio, sendo que dentre elas

ocorreram 1.043 óbitos (SMITH & SMITH, 1975).

Nos Estados Unidos, em 1969, a intoxicação de seres humanos resultou da

ingestão, de carne de porcos alimentados, com grãos tratados com fungicidas

organomercuriais (GOODMAN & GILMAN, 1991). No Iraque em 1971, a causa do

acidente foi à importação de mais de 90.000 tons de metil-Hg para o tratamento de

grãos de sementes de trigo usados na preparação de pão caseiro (BAKIR et al.,

1973).

Na Amazônia a inalação dos vapores de Hg ocorre na queima da

amalgamação e na purificação do ouro, descritas na Figura 3. O diagnóstico da

intoxicação mercurial na Amazônia é dificultado pela semelhança dos sintomas

atribuídos a outras causas, principalmente a malária, endêmica nas regiões de

garimpo. Outra dificuldade neste diagnóstico é a falta de condições para que os

profissionais de saúde local possam estabelecer um diagnóstico diferencial para a

intoxicação mercurial (exames clínicos, bioquímicos e toxicológicos) em relação a

outras patologias da região (BRANCHES et al., 1993; CÃMARA et al., 1996).

A biodiversidade e os habitantes da região Norte podem estar sendo

influenciadas com a poluição dos rios pelo mercúrio que vem contaminando as

populações ribeirinhas que são dependentes de peixes, chegando a consumir em

média 200 gramas por dia (BOISCHIO & HENSHEL, 1999), conseqüentemente,

estão propensas a serem contaminadas por mercúrio. A concentração máxima

permitida para consumo humano é de 500 ng/g de Hg (WHO, 1976), a Tabela 1

mostra, vários estudos que foram realizados em peixes, constatando níveis elevados

de mercúrio em diferentes áreas da Amazônia.

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Tabela 1 Concentração de Hg em peixes carnívoros ou piscívoros em diferentes áreas da Amazônia.

Origem N° Espécies

N° Amostras

Média ng/g Hg

Variação ng/g Hg

Referência

Rio Madeira 50 370 850 165-3920 Malm et al. 1997

Rio Madeira 22 154 665 60-3960 Gali, 1997

Rio Madeira 251 638 11-500 Barbosa et al. 1995

Rio Madeira 280-420 Lechler et al. 2000

Rio Tapajós 23 118 498 25-5960 Malm et al. 1997

Rio Tapajós 12 212 499 46-2200 Uryu 1996

Rio Tapajós 19 73 511 132-1354 Lebel et al. 1997

Rio Tapajós 9 85 723 120-3580 Hacon 1996

Rio Tapajós 7 297 Da Silva Brabo et al. 2000

RioTartarugalzinho 16 45 570 35-1200 Bidone et al. 1997

Rio Negro 18 113 780 226-4231 Malm et al. 1994

Rio Beni 11 30 330-2300 Maurice-Bourgoin et al.

2000

Itacaiúnas-

Parauapebas

7 55 50-2300 Lacerda et al. 1994

Estudos realizados em cabelos humanos das populações ribeirinhas,

garimpeiros e índios em diferentes áreas da Amazônia, demonstrado na Tabela 2

também constatam níveis elevados de mercúrio.

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Tabela 2 Concentração de Hg Total em cabelos humanos nas diferentes áreas da Amazônia.

Origem N°

Amostras Média

μg/g Hg

Variação

Referência

Rio Madeira 169 8,98 0,22-71 Malm et al. 1996

Rio Madeira

242

17,2 Barbosa et al. 1995

Boischio et al. 1995

Rio Madeira 10 8-339 Boischio et al. 2000

Rio Tapajós

432

16,76

0,7-176 Malm et al. 1996

Akagi et al. 1995b

Rio Tapajós 132 14,1-20,8 Harada et al. 2001

Rio Tapajós 96 13,2 1,0-142 Lebel et al. 1997

Índios Kayapó 419 8,00 37 Barbosa et al. 1995

Rio Negro 154 75,5 171 Forsberg et al. 1995

Reservatório Tucuruí 125 35,0 0,9-240 Leino e Lodenius 1995

Reservatório Balbina 58 5,78 1,15-26 Malm et al. 1995b

Índios Yanomami 162 3,61 1,40-8,14 Castro et al. 1991

Todos os autores sugerem a hipótese que com o aumento das concentrações

de mercúrio em sistemas aquáticos, conseqüentemente aumenta a concentração do

mercúrio no pescado, contaminando as populações que utilizam este recurso

alimentar.

1.1.3 As emissões de mercúrio pelo garimpo de ouro na Amazônia

O mercúrio metálico é usado para a separação das partículas finas de ouro

através do processo de amalgamação, após a etapa de pré-concentração gravítica

da fração pesada dos sedimentos de rio, solos, ou minério moído, dependendo do

tipo de garimpo e da técnica de garimpagem (LACERDA & SALOMONS, 1992).

Pfeiffer & Lacerda (1988) calcularam as perdas de Hg para o ambiente num

garimpo do Rio Madeira, onde o ouro é extraído dos sedimentos ativos do rio. Eles

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calcularam que a perda principal é para a atmosfera, e ocorre durante a queima do

amalgama, que na área, é freqüentemente realizada sem o uso de retortas,

atingindo de 50% a 60% de perda total de mercúrio. De 40% a 50% são perdidos

para os rios como Hg metálico durante o processo de amalgamação. O Fator de

Emissão (FE), isto é, a quantidade de Hg liberado no meio ambiente para produzir

1,0 kg de ouro, é de cerca de 1,32 kg, segundo Pfeiffer & Lacerda (1988), conforme

demonstrado na Figura 3.

Figura 3 Perdas de Hg para o ambiente durante as várias etapas de extração do

ouro no Rio Madeira, segundo Lacerda & Salomons (1992).

Perdas de Hg Etapas

Pré-concentração gravimétrica de Au

Concentrado

Perdas para os rios (0,40 kg)

Adição de Hg às bateias ou calhas Au:Hg 1:4

Amálgama de Au-Hg

Vaporização para a atmosfera (0,72 kg)

Espremendo o excesso

Queima do amálgama

Evaporação pelo

Manuseio e requeima (0,20 kg)

Recuperação de Hg, +/- de 70%

Perdas totais: 1,32 kg de Hg

Para 1 kg de Au

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A Tabela 3 demonstra, a evolução da produção de ouro e perda de mercúrio

na região do Rio Madeira no período de 1979 a 1985, usando a relação de Au:Hg =

1:1,32 e a média do fator 7 entre a produção de ouro oficial e a estimada para

calcular a introdução do mercúrio no ambiente (LACERDA et al., 1989).

Tabela 3 Produção de ouro e emissão de Hg na região do Rio Madeira, segundo

Lacerda et al, (1989). Ano Produção de

Ouro (t) Oficial

Produção deOuro (t)

Estimada

Hg Lançadono rio

(t)

Hg Lançado na atmosfera

(t)

Perda Total de Hg

(t) 1979 0,18 1,24 0,74 0,89 1,64 1980 0,24 1,77 1,00 1,20 2,20 1981 0,82 5,72 3,43 4,12 7,55 1982 1,35 9,46 5,67 6,81 12,48 1983 3,45 24,18 14,51 17,41 31,92 1984 1,93 13,52 8,11 9,73 17,84 1985 1,47 10,30 6,18 7,41 13,59 Total 9,44 66,19 39,64 47,57 87,22 Média Anual

1,34

9,45

5,66

6,79

12,46

A Figura 4 mostra um ciclo esquemático do destino do Hg, na região do Rio

Madeira. O Hg metálico liberado diretamente para o rio, se deposita e eventualmente

se acumula no sedimento de fundo, ficando relativamente imóvel, uma vez que as

condições físico-químicas do Rio Madeira, particularmente de pH (6,8) e a

condutividade elétrica (100 μS/cm) não favorecem sua remobilização. Entretanto a

fração liberada para a atmosfera, será rapidamente oxidada (Hgº... Hg2+), e carreada

pela precipitação para áreas adjacentes ao rio, geralmente ocupadas por matas

tropicais. Nos solos e rios da floresta, de pH ácido (< 6.0) e baixa condutividade

elétrica (< 20 μS/cm), o processo de metilação do Hg será favorecido, colocando o

Hg novamente em disponibilidade. Se eventualmente o metil-Hg for carreado de

volta ao Rio Madeira, poderá ser incorporado e acumulado em peixes, que são muito

utilizados pela população local (LACERDA, et al., 1987).

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Figura 4 Ciclo esquemático do destino do Hg no Rio Madeira, segundo Lacerda, et al. (1987).

Precipitação

H2O, O3Hgº(vapor)

55-60%

sublimação

Hg2+

Oxidação

Balsa de garimpo

Hgº (metálico)

pH=6,8 μS/cm=100

Rio Madeira

Rios de Florestas

pH= 4,7-6,0 μS/cm= 5-20

Hg(CH3)+

Metilação Hg2+

peixes

40-45%

Acumulação em sedimentos

1.2 AMAZÔNIA BRASILEIRA

A Amazônia é o maior conjunto contínuo de florestas tropicais do planeta, é

conhecida de três maneiras: Amazônia biológica - Bioma Amazônico possui 3,68

milhões de km2, se somado às zonas de transição com o bioma do Cerrado (414 mil

km2) e com o bioma da Caatinga (144mil km2) seu total será de 4,24 milhões de km2.

Como Região Norte - segundo o conceito da divisão política do Brasil, esta abrange

seis estados: Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá e Tocantins. A área é de

3,8 milhões de km2, ou seja, 44% do Brasil. E como Amazônia Legal: conceito criado

em 1953 pela Constituição Federal, para incluir, além dos seis estados da região

Norte, a faixa do Estado de Mato Grosso ao norte do paralelo 16° s, o atual Estado

de Tocantins e a região a oeste do meridiano 44°O do Maranhão, são 5,1 milhões de

km2 e representa 59,78% do território nacional. Há duas grandes bacias

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hidrográficas: A Amazônica, com 3,89 milhões de km2, correspondendo a 45% da

superfície do país, com mais de 13 milhões de habitantes (7% do total); incluem

entre seus principais rios o Amazonas e, na margem esquerda, o Japurá, Içá, Negro,

Nhamundá, Trombetas e o Jarí; e na margem direita, o Javari, Jutaí, Juruá, Purus,

Madeira, Tapajós e o Xingu; e a bacia do Araguaia-Tocantins, com 757 mil km2, com

mais de 7 milhões de habitantes (3,5% do total), 8,9% da superfície do país, e cujos

principais rios são o Araguaia e o Tocantins, além do Rio das Mortes. Há na bacia

Amazônica três tipos de águas, que variam conforme o ambiente geológico, e a

cobertura vegetal por onde passam. A idade geológica da calha do rio determina a

sua coloração. As formações mais recentes, como os Andes, são “brancas”

(barrentas); as que vêm de formações mais antigas podem ser “escuras” ou “ Verde-

azuladas”. Representando 1/5 do que todos os rios do planeta despejam de água

nos oceanos (uma média de 200 mil m3/s). O volume de água na foz do Amazonas

varia entre 100mil m3/s no período da seca e 300mil m3/s no período das cheias. A

vazão do Amazonas é cinco vezes superior à vazão do segundo maior rio do

planeta, o Zaire (MEIRELLES, 2004).

A planície da bacia amazônica é coberta por imenso bloco de floresta tropical

primária, intercalada por rios, riachos, igarapés, lagos, canais, pântanos, trechos de

savanas, praias arenosas e algumas outras formações. As características

geomorfológicas e a localização da região, interceptando os ventos quentes e

úmidos da circulação geral da atmosfera e a convergência intertropical tende a

determinar um clima quente e úmido, estas características permitiram o

desenvolvimento de uma floresta equatorial que desempenha um papel fundamental

para o ciclo biogeoquímico do Hg na Amazônia (AYRES, 1993).

A “terra firme” cobre a grande maioria da Amazônia 96%, menos de 4% da

região é inundada de forma permanente ou temporária; 86,78% da vegetação é

composta por formações florestais. As várzeas representam mais de 180 mil km2,

estas resultam de dezenas de milhares de anos de deposição de sedimento que se

acumularam no fundo dos rios. Os ciclos anuais são de “enchente” e “vazante”,

“chuva” (inverno) e “seca” (verão). Durante as cheias, as várzeas são alagadas e a

água do rio carrega grande quantidade de matéria orgânica para as matas e os

campos. A camada de matéria orgânica originária dos Andes torna o solo da várzea

de alta fertilidade, incomum perante o pobre solo da Amazônia, o que atrai há

séculos comunidades humanas para região (MEIRELLES, 2004).

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1.2.1 Amazônia – Impacto ambiental do garimpo

O primeiro impacto ambiental do garimpo é a retirada de toda a camada de

cobertura vegetal da área de extração. A paisagem assemelha-se a uma cratera

lunar. Os dejetos da exploração são despejados nos cursos d’água e afeta a vida

dos rios, alterando a velocidade, a disponibilidade de oxigênio, a vida dos peixes e

animais aquáticos sofre mudanças. O garimpo em geral, é realizado nas nascentes

dos rios, com conseqüências em extensas regiões. Estima-se que 1,5 bilhões de

t/terra tenham sido jogadas no Rio Tapajós no auge do garimpo, entre 1978 e 1995.

Até a década de 1950 a Amazônia esteve praticamente ausente dos ciclos de ouro,

diamantes e outros minérios. A garimpagem se inicia com a descoberta de

cassiterita em Rondônia e de ouro no Rio Tapajós. A atividade garimpeira no Rio

Madeira teve inicio por volta de 1978. O Ministério de Minas e Energia, com a

finalidade de regularizar e ordenar o garimpo criou a Reserva Garimpeira do Rio

Madeira, ocupando uma área de aproximadamente 192 Km2, compreendendo o

trecho entre as Cachoeiras do Paredão e Teotônio. Ao longo das margens e leito do

Rio Madeira, fora dos limites da Reserva Garimpeira, existe diversos garimpos como

Penha, Taquaras, Araras e Periquitos. A atividade garimpeira no Rio Madeira

desenvolve-se por meio de balsas e dragas e nas laterais do rio, com tratores de

esteiras e bombas de pressão (ESTADO DE RO, 2004).

A Tabela 4 demonstra o declíneo da produção de ouro registrada em

Rondônia nos períodos de 1990 a 1995 no Rio Madeira.

Tabela 4 Produção de ouro no Rio Madeira, segundo Estado de RO, (2004).

Ano Ouro Kg Ano Ouro Kg

1990 9.610 1993 3.424

1991 5.606 1994 3.400

1992 4.285 1995 1.935

O segundo impacto é a contaminação causada pelo o uso do mercúrio para

separar o ouro da argila, e também o uso do óleo diesel como combustível, para o

abastecimento das máquinas para a dragagem. É comum o garimpeiro, no

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reabastecimento jogar o óleo velho no solo, porém como o diesel atrapalha a

separação do ouro e do mercúrio, é empregado detergente líquido ou sabão em pó

na limpeza do solo. Estudos indicam o lançamento de 5 milhões de litros de

detergente por ano no Rio Madeira (MEIRELLES, 2004).

Figura 5 a Garimpo de ouro no Rio Madeira

Fonte: Estado de RO, (2004).

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Figura 5 b Garimpo de ouro no Rio Madeira

Fonte: Estado de RO, (2004).

1.2.2 Amazônia - O impacto ambiental do desmatamento

Desmatamento é a operação que objetiva a supressão total da vegetação

nativa de determinada área para o uso do solo. Considera-se nativa toda vegetação

original, remanescente ou regenerada, caracterizada pelas florestas, capoeiras,

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cerradões, cerrados, campos, campos limpos, vegetações rasteiras, etc. As

queimadas ou desmatamentos retiram os micronutrientes do solo, desprotegendo e

diminuindo a sua fertilidade e proporcionando as erosões. O solo sem cobertura

causa o assoreamento de rios, lagos, causando inundações. Forma novas ilhas nos

estuários dos rios, impedindo a subida dos peixes e os meios de transportes fluviais,

(COMON, 2004).

Durante as queimadas ocorrem modificações químicas no solo e água, e

estas podem influenciar a disponibilidade de mercúrio inorgânico ou de outros

constituintes químicos. Acredita-se que as queimadas liberem uma fração

significante de mercúrio disponível, sulfato ou carbono lábil, sendo que desta forma

podem estimular os processos de metilação. Estudos realizados por Krabbenhoft et

al., (2000), demonstraram que durante as queimadas as concentrações de sulfato e

sulfeto nas superfícies das águas aumentaram 2,4 e 7,0 vezes respectivamente.

Benoit et al., (1999) demonstraram que o sulfeto pode ter controle sobre a

especiação de mercúrio na superfície aquosa e que em determinadas concentrações

pode aumentar potencialmente a disponibilidade do mercúrio para a metilação por

formação de espécies de sulfeto.

A partir de 1964, as terras da Amazônia passaram ser de grande interesse

para a pecuária, são descobertas ricas jazidas de minérios e a madeira passou a ser

explorada em grande escala, e, no entanto o impacto mais duradouro foi quando

estradas de acesso abriram caminhos para madeireira clandestina, para invasão de

terras, para a pecuária extensiva, a grilagem, e para os conseqüentes

desmatamentos e queimadas. Mais de 12% da área original da Floresta Amazônica

já foram destruídos devido a políticas governamentais inadequadas, modelos

inapropriados de ocupação do solo e à pressão econômica, que levou à ocupação

desorganizada e ao uso não-sustentável dos recursos naturais. Muitos imigrantes

foram estimulados a se instalar na região, levando com eles métodos agrícolas

impróprios para a Amazônia. As queimadas e o desmatamento tornaram-se

constantes, o fogo é uma prática do cotidiano, sendo utilizado na limpeza de pastos

e na preparação do solo para a agricultura, tanto por pequenos, médios ou grandes

proprietários rurais. O fogo é ateado principalmente no meio e no fim do verão

amazônico, no período seco. Até o final de 2002 o INPE calculava que 582 mil km2

tinham sido desmatados (área equivalente a toda região Sul do Brasil),

(MEIRELLES, 2004).

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Os estados do Pará, Rondônia Mato Grosso e Tocantins são os maiores

responsáveis pelos desmatamentos ilegais. Juntos, totalizam 62.355,224 hectares

desmatados sem autorização do IBAMA, correspondendo por mais de 90% dos

74.746,719 hectares de floresta derrubada na Amazônia (MMA, 2004). A Figura 6

demonstra as áreas desmatadas, em vermelho corresponde ao desmatamento até

2002, e em preto o desmatamento de 2002 e 2003. A Figura 7 demonstra a

evolução da área desmatada do ano de 1996 até 2003.

Os impactos acima descritos produzem inúmeras alterações nos

ecossistemas aquáticos, que causam modificações diretas ou com efeitos indiretos.

As avaliações qualitativas e quantitativas destes impactos são parte muito

importantes dos futuros estudos, diagnósticos, e ações estratégicas na pesquisa

ambiental.

Figura 6 Mapa do desmatamento na Amazônia brasileira; segundo INPE (2004).

Amazônia Brasileira

Desmatamento 2002 - 2003

Desmatamento até 2002

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Figura 7 Gráfico da área desmatada na Amazônia brasileira, segundo INPE (2004)

Evolução da área Desmatada

25.000

30.000

0

5.000

10.000

15.000

20.000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Km

²

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo do presente trabalho foi avaliar a variação nas concentrações de

mercúrio total dissolvido e mercúrio particulado no Rio Madeira entre Porto Velho e a

confluência do Rio Amazonas entre os períodos de 1997 e 2002, a fim de verificar o

efeito da diminuição do garimpo de ouro e das mudanças nos usos da terra no

transporte de mercúrio ao longo do Rio Madeira.

2.1.1 Objetivos específicos

• Determinar a partição do mercúrio nas águas superficiais do Rio Madeira entre Porto Velho e o Rio Amazonas, entre as fases dissolvida e particulada.

• Comparar a partição do mercúrio nas águas superficiais entre os períodos de 1997 e 2002.

• Avaliar o impacto da diminuição do garimpo de ouro, e da colonização da porção sul da bacia do Rio Madeira, sobre a partição do mercúrio em suas águas.

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3 ÁREA DE ESTUDO 3.1 O RIO MADEIRA

O Rio Madeira é um dos maiores rios do mundo em volume d’água. Possui

uma área de drenagem total de 1.420.000 de Km2 ou cerca de 1/5 da totalidade da

bacia Amazônica. Com uma vazão média anual de 23.000 a 31.200 m3/s, e

precipitação de 1.940 mm/ano. Com o acréscimo do Rio Guaporé, a drenagem do

sistema do Rio Madeira tem o curso sul-norte mais longo do que qualquer rio situado

inteiramente dentro dos trópicos (mais de 2000 km). Seguindo ao norte, o Rio

Madeira percorre aproximadamente 324 km no Estado de Rondônia, sua largura

varia entre 440 a 9.900 m e no período das cheias sua profundidade média é de

8,20 m e na estiagem reduz a 2,80 m. Sendo o único afluente do Amazonas cujos

tributários drenam todos os três principais tipos de áreas de drenagem para a Bacia

Amazônica, ou seja: os flancos altamente erosíveis dos Andes, o Maciço Brasileiro

desnudado e antigo, e as terras baixas da Terciária cobertas por florestas. A

hidroquímica do Rio Madeira é controlada pelos flancos Andinos, embora a terra

baixa, que é pobre em nutrientes, tenha um papel importante por limitar a produção

primária nos lagos e nas lagoas da planície inundada (GOULDING, 1979).

Gibbs (1967) foi o primeiro cientista a medir os fatores que controlam a

condutividade elétrica, a composição e a concentração de material em suspensão no

Rio Madeira.

Segundo Gibbs (1967), o Rio Madeira pelo fato de ter seus afluentes

originando-se nos Andes, sua condutividade elétrica e as concentrações de material

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em suspensão, estão entre as mais elevadas dos rios amazônicos, sendo

classificado por Sioli (1950), com base em suas propriedades hidroquímicas como

um rio de águas brancas, rico em materiais em suspensão, com pH próximo de

neutro, com visibilidade de 0,1m a 0,5m. Os rios das cabeceiras do Rio Madeira

originam-se a cerca de 5.000m de altitude na Serra de Cochabamba na Cordilheira

Ocidental da Bolívia, e em menores dimensões no flanco oeste do Maciço Brasileiro

e nas terras baixas bolivianas adjacentes, na província de Chiquitos. Os três rios

principais que se juntam para formar o Rio Madeira são: o Rio Beni, o Rio Guaporé,

e o Rio Mamoré. Sendo que o Rio Beni (o afluente mais importante e o Rio Madre de

Dios que desemboca nele vindo do Peru) são os principais controladores da

geoquímica do Rio Madeira. Os maiores afluentes da margem direita que drenam a

parte noroeste do Maciço Brasileiro é o Rio Aripuanã e o Rio Machado. Somando a

descarga total anual do Rio Madeira, em Porto Velho, que foi estimada em 600-650

bilhões m3/ano (Ministério das Minas e Energia, 1974) e a estimativa de Gibbs

(1967) de quase 1 trilhão m3/ano na desembocadura.

A área de estudo demonstrada na Figura 8, está compreendida entre os

paralelos 8 e 3° S e pelos meridianos 63 e 58° W, abrangendo parte dos Estados de

Rondônia e Amazonas. A amostragem cobriu cerca de 950 km ao longo do Rio

Madeira, entre a cidade de Porto Velho e a confluência do Rio Amazonas. Nesta

área destaca-se a cidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, como

principal núcleo populacional, contando atualmente com 353.961 habitantes (IBGE,

2004).

A construção do porto graneleiro, na capital Porto Velho, em 1995, e a

abertura da Hidrovia do Madeira, em 1997 ligando Porto Velho (RO) até o porto de

Itacoatiara (AM), com 1.115 km de extensão, por onde circula a maior parte da

produção de grãos e minérios da região, muda o perfil econômico de Rondônia,

barateando o transporte de seus produtos agrícolas. Rondônia abastece a Região

Nordeste com feijão e milho, destacando-se como produtor nacional de cacau, café

robusta, arroz e soja (ESTADO de RO, 2004).

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Figura 8 Mapa da localização da área de estudo.

Fonte: IBGE, (2004).

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38

4 METODOLOGIA

Para a determinação de mercúrio nas amostras de águas superficiais do Rio

Madeira foi utilizado a técnica de espectrofotometria. Para a análise dos dados foi

utilizado o programa de estatística (STATSOFT, 2001), o método não – paramétrico:

o teste de Mann – Whitney U, devido ao baixo número de amostras. O teste U é

aplicado em situações em que se tem um par de amostras independentes e se quer

testar se as populações que deram origem a essas amostras podem ser

consideradas semelhantes ou não. O teste U pode ser considerado a versão não –

paramétrica do teste t, de Student, para amostras independentes. Foi usado um

nível de significância do teste de 5% (p < 0,05) para os resultados.

4.1 AMOSTRAGEM

Para a coleta das amostras de águas superficiais foi realizada uma expedição

pelo Rio Madeira, com duração de 17 dias, no período do mês de maio de 2002,

partindo da cidade de Porto Velho até o Rio Amazonas. Com a orientação do GPS

foram coletadas duas amostras em cada estação, em um total de 17 estações, com

uma distância aproximada de 50 km entre as estações, e um total de 950 km ao

longo do Rio Madeira, demonstrada na Figura 9. As estações foram estabelecidas

nos mesmos pontos realizados em cruzeiro anterior, (maio, 1997) pela equipe da

UFF/UNIR (LECHLER et al., 2000).

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39

Figura 9 Mapa das estações de coleta de amostra de águas superficiais do Rio Madeira.

. Fonte: IBGE, (2004).

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40

As amostras de águas superficiais foram coletadas em garrafas de

polietilenotereftalato (PET) comercializadas com água mineral de 500ml, em

duplicidade (FADINI & JARDIM, 2000). A limpeza das garrafas consistiu no descarte

da água mineral e rinsadas com a água amostrada antes de sua estocagem e

conservada congeladas até a realização das análises, no laboratório de

Biogeoquímica do Programa de Pós-Graduação em Geoquímica da UFF.

As amostras foram subdivididas em filtradas (em campo) e não filtradas. A

filtração foi feita em filtros GF/F de 47 cm, pré-tratados com aquecimento a 200°C,

para descontaminação, e pesados em balança analítica com precisão de 0,0001g,

(marca Marte AL 500), antes e depois da filtração, para determinação do Total de

Sólidos em Suspensão (TSS). Em campo, foram medidos os principais parâmetros

físico-químicos da água: pH, temperatura e condutividade elétrica, através de um

potenciômetro portátil de campo marca Digimed.

4.1.1 Determinação de mercúrio

As amostras para determinação de Hg total dissolvido, e Hg no TSS foram

analisadas por espectrofotometria de fluorescência atômica utilizando a técnica de

geração de vapor frio com pré-concentração em ouro, em um aparelho TEKRAN

modelo 2500. Tal metodologia tornou-se bastante aplicável devido a sua grande

sensibilidade na determinação de traços de mercúrio, apresentando um limite de

detecção em torno de 0,10 ng/L. Devido à sensibilidade analítica da técnica, foi

necessária a preparação de um laboratório de atmosfera isenta de mercúrio, com

exaustão forçada da área reservada para o aparelho, bem como a utilização de

reagentes de grau analítico e água destilada / deionizada (MARINS et al., 2002).

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41

O mercúrio total dissolvido foi determinado em uma alíquota de 50ml da

amostra filtrada, após a oxidação com BrCl, produzido a partir da reação de KBrO3 á

1% e HCl 20% isento de mercúrio, deixando reagir por 1 hora. Adicionou-se ao

frasco de reação uma alíquota de 10ml dessa solução reduzindo-a com a solução de

SnCl2 10%, contendo uma solução de ácido ascórbico a 1% em HCl 1% isento de

mercúrio (MARINS et al.,2002).

O mercúrio no TSS foi determinado no material retido no filtro GF/F, após a

digestão com água régia 50% (3 HCl: 1 HNO3: 4 H2O), a 70° C por 1 hora com o

auxílio de um reator termo-cinético (“Dedo-Frio”), (GONÇALVES & PAIVA, 1995) que

tem a função de manter o sistema em refluxo evitando a perda de mercúrio e a

volatilização de reagentes, como também a contaminação.

Adicionou-se ao frasco de reação uma alíquota de 1ml dessa solução

reduzindo-a com 1ml da solução de SnCl2 10% em HCl 1% isento de mercúrio. Para

cada filtro foi determinada a concentração do Hg por massa (ng Hg/g, de TSS) e Hg

por volume (ng Hg/L, de volume filtrado). O Hg particulado foi quantificado pela

multiplicação da concentração do Hg no TSS e o teor do TSS, e o Hg total foi

quantificado, pela soma da concentração do Hg total dissolvido e da concentração

do Hg particulado.

Para todas as espécies de Hg determinadas foram feitos brancos seguindo os

mesmos procedimentos de digestão e detecção das amostras em duplicatas,

apresentando diferenças de até 10% entre as duplicatas, para todas as estações.

Para quantificação das curvas de calibração das análises, foram usadas

soluções padrão de Hg+2 de 1000 mg/L, Merck, preparando padrões intermediários

para obtenção da solução padrão de 5 e/ou 10 ng/L. As curvas de calibração são

construídas em unidade de massa (pg) de Hg versus absorbância (MARINS et

al.,2002).

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42

Para o cálculo dos limites de detecção do método foi utilizado o procedimento

(segundo MILLER & MILLER, 1993), onde o limite é igual 3 vezes o desvio padrão

da reta dividido pela inclinação da reta, obtida a partir da regressão linear da curva

de calibração, sendo, Sy/x = {∑ (yi – y)2. (n-2)-1}1/2 onde:

Sy/x = desvio padrão da reta.

Y = Valor de y calculado através da reta de regressão linear correspondente a cada

valor de x.

Yi = os valores de y medidos para cada valor de x.

n = número de pontos da curva de calibração (grau de liberdade).

Limite de detecção analítico associado com a medida do Hg foi estimado em

três vezes o desvio padrão das medidas dos brancos dos reagentes, submetido a

todo o procedimento analítico divididos pelo volume. Para o Hg Total dissolvido em

10ml, foi de 0,13 ng Hg/ L e para o Hg no TSS em 1ml, foi de 0,60 ng Hg/ L.

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43

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA HIDROQUÍMICA DO RIO MADEIRA

Os resultados apresentados neste trabalho foram obtidos em duas excursões

durante o período de maio de 1997, realizado por Lacerda e colaboradores

(LECHLER et al, 2000), e maio 2002, em parceria com a Universidade Federal de

Rondônia.

Os resultados obtidos para os parâmetros físico-químicos, estão descritos nas

Tabelas 5 e 6 em anexo. As águas coletadas no Rio Madeira mostraram valores de

pH mínimo de 5,71 e máximo de 6,60 para o período de 1997 e valores mínimo de

6,56 e máximo de 6,89 para o período de 2002, temperatura média de 24° C para os

períodos de 1997 e 2002.

Os valores obtidos para condutividade elétrica nos mesmos períodos acima

foram de 42 a 120 μS/cm e 46 a 126 μS/cm, respectivamente. Os valores de pH,

temperatura e condutividade elétrica, não tiveram variações significativas (p>0,05),

entre os períodos de 1997 e 2002, apresentando um comportamento similar ao

longo do rio. Entretanto para condutividade elétrica observa-se um declínio da

estação 1 (Porto Velho), com condutividade de 126 µS/cm, até a estação 17

(confluência com Rio Amazonas), com valores de 42 µS/cm, como demonstrado

nas Figuras 10 e 11.

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44

Figura 10 Distribuição de pH nas águas superficiais do Rio Madeira nos períodos de 1997 e 2002.

pH

0

2

4

6

8

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Estações

pH20021997

Figura 11 Distribuição de condutividade elétrica nas águas do Rio Madeira nos períodos de 1997 e 2002.

condutividade

020406080

100120140

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Estações

Con

dutiv

idad

e uS

/cm

20021997

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45

Os valores de pH, temperatura e condutividade são semelhantes aos valores

encontrados por Lacerda et al, (1989), e Lecher et al, (2000), no Rio Madeira, e

também concordam com as faixas de valores sugeridos por Sioli, (1950), para rios

de águas brancas.

As concentrações de TSS nos períodos de 1997 e 2002 apresentaram

variações, 31 a 274 mg/L e 132 a 580 mg/L, respectivamente. Mostrando, portanto

um aumento significativo (p<0,05) no período de 2002 em relação a 1997.

As maiores concentrações ocorreram entre as estações de 6 a 11, como

demonstrado na Figura 12.

Figura 12 Distribuição de Total de Sólidos em Suspensão nas águas superficiais do Rio Madeira nos períodos de 1997 e 2002.

TSS

0

100

200

300400

500

600

700

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Estações

TSS

mg/

L

20021997

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46

Devido ao Rio Madeira ter seus principais afluentes originando-se nos Andes,

as concentrações de material em suspensão estão entre as mais elevadas dos rios

amazônicos (GIBBS, 1967). As concentrações de TSS estão na mesma faixa de

variação encontradas por Maurice-Bourgoin, et al., (2000), nos rios Tipuani (188-338

mg/L); Mapiri (32-135 mg/L);sendo ambos tributários andinos do Rio Beni, um dos

formadores do Rio Madeira. Na planície Amazônica do Rio Beni, aqueles autores

encontraram concentrações de 167-537 mg/L, enquanto que no Rio Madeira as

concentrações variaram de 33-149 mg/L (MAURICE-BOURGOIN, et al., 2000).

5.2 TEORES DE MERCÚRIO NAS ÁGUAS DO RIO MADEIRA

As concentrações de Hg medidas em águas superficiais do Rio Madeira nos

períodos de maio de 1997 e 2002 estão descritas nas Tabelas 7 e 8 em anexo. As

concentrações de Hg Total Dissolvido (HgTD), variaram de 0,44 a 0,83 ng/L e 0,30 a

1,14 ng/L, respectivamente para os anos 1997 e 2002. As concentrações de Hg

Total (Dissolvido + Particulado), (HgT), variaram de 3,03 a 49,5 ng/L e 3,00 a 59,6

ng/L, respectivamente para os anos de 1997 e 2002. As concentrações de Hg

Particulado (HgP), variaram de 2,3 a 48,8 ng/L e 2,5 a 59,2 ng/L, respectivamente

para os anos de 1997 e 2002, enquanto que as concentrações de Hg no material

particulado em suspensão (HgTSS), variaram de 68 a 251 ng/g e 9,6 a 122,1 ng/g;

respectivamente para os anos de 1997 e 2002.

A Tabela 9 compara as concentrações obtidas ao longo do Rio Madeira neste

estudo com dados da literatura em rios sob diferentes condições ambientais. As

concentrações do Hg total no Rio Madeira, entre as estações 1 e 15, estão na faixa

de variação de valores reportados por outros estudos realizados neste rio (NRIAGU

et al., 1992; LECHLER et al., 2000; MAURICE–BOURGOIN et al, 2000) e em

diferentes rios, tais como: Fox, Kalamazoo, Indiana, Zongo, Chestatee, Carson,

Demene, Urubaxi, Tapajós, Daraá, Aluanã, MutumParaná, com elevadas vazões e

cargas semelhantes de material particulado em suspensão (MASON e SULLIVAN,

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47

1998; ROULET et al., 1998; MASTRINI et al., 1999; WAYNE et al., 1996). Valores

próximos aos encontrados nas estações 16 e 17, que estão localizadas na

confluência do Rio Madeira com o Rio Amazonas, são semelhantes aos encontrados

em rios, ou secções fluviais de vazão mais baixa, como aqueles reportados para os

rios Anascotia, Grand, St. Joseph, First Broad, Tipuaní e Maripí (KRABBENHOFT et

al, 1995; FADINI et al., 2001). Por outro lado mesmo os menores valores observados

nas estações 16 e 17, são maiores que aqueles observados em rios glaciais

(VANDAL et al., 1993) e amazônicos de águas pretas, como o Rio Negro (FADINI et

al., 2001).

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48

Tabela 9 Concentração de Hg total em águas de rios da região amazônica e outras áreas, relatadas na literatura.

RIOS Hg TOTAL ng/L REFERÊNCIA Anacostia,(Washinton,EUA), vazão baixa 4,45 – 8,72 Mason e Sullivan, 1998.

Fox, (afluente Lago Michigan, EUA),

Kalamazoo, (afluente Lago Michigan, EUA)

Indiana, (afluente Lago Michigan, EUA)

Grand, (afluente Lago Michigan, EUA)

St.Joseph, (afluente Lago Michigan, EUA)

Rios rurais, (Wiscosin, EUA).

27,6

10,3

8,56

4,93

5,34

0,8 – 21

Hurley et al, 1998.

Allequash, (Wiscosin, EUA) 0,9 – 6,3 Krabbenhoft et al, 1995

Rios glaciais. (Antarctica) 0,54 – 0,96 Vandal et al, 1998

Tapajós (AM) 0,7 – 15,94 Roulet et al, 1998

Chestatee (Georgia, EUA)

First Broad (Carolina do Norte, EUA)

11,11

3,38

Mastrine et al. 1999

Carson 2,7 – 82 Wayne et al., 1996.

Demene (AM) Negro (AM)

Urubaxi (AM) Marauía (AM) Daraá (AM) Aluanã (AM)

7,4 – 11,4 2,3 15,0 7,3 11,5 13,1

Fadini et al, 2001

Tipuaní (Andes) Mapiri (Andes) K’aka (Andes) Zongo (glacial)

Beni Madeira

3,11 – 5,37 2,25 – 6,99 3,5 – 6,08

7,0 2,24 – 2,57

9,49 – 10,86

Maurice – Bourgoin et al, 2000.

Mutum Paraná (confluência com Madeira) Madeira (Prainha)

Madeira (Porto Velho) Madeira (Cachoeira de Teotônio)

25,8 33,2 24,1 23,7

Nriagu et al, 1992

Madeira 7,0 – 20,05 Lechler et al. 2000 Madeira, entre as estações 1 e 15. Madeira, entre as estações 16 e 17.

9,4 – 60,0 3,0 - 5,3

Este estudo

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49

5.3 VARIAÇÃO TEMPORAL DAS CONCENTRAÇÕES DE Hg NO RIO MADEIRA ENTRE 1997 E 2002.

Foi observada uma diferença provavelmente significante (p>0,05) entre as

concentrações do Hg Total dissolvido nos períodos de 1997 e 2002, demonstrado na

Figura 13.

Figura 13 Distribuição de Hg total dissolvido nas águas superficiais do Rio Madeira nos períodos de 1997 e 2002.

Hg Dissolvido

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Estações

Hg

D n

g/L

20021997

Entretanto, a diferença provavelmente significante (p>0,05) das concentrações

de Hg total dissolvido e o número pequeno de amostras por ponto impedem uma

discussão mais detalhada desta variação. Por outro lado, segundo Lacerda (1992), a

fração dissolvida parece ter pouca importância no transporte de Hg em rios da

Amazônia, cujas condições físico-químicas dominantes não favorecem a sua

solubilidade.

As concentrações de mercúrio total dissolvido em água quase sempre são

muito baixas. O Mercúrio associa-se rapidamente ao material em suspensão ou é

incorporado em organismos biológicos, (MAURICE-BOURGOIN, et al. 2000).

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50

As concentrações do Hg total dissolvido estão semelhantes aos valores

obtidos por Lechler et al., (2000) nas mesmas estações ao longo do Rio Madeira; por

Roulet et al., (1998), (<1,9 ng/L) no Rio Tapajós na estação seca, e por Paraquetti

et al. (2004), no Rio Itinguçu (1,2 ng/L); no Rio Itimirim (0,4 ng/L); no Rio Guarda (0,5

ng/L), e no Rio São Francisco (0,4 ng/L), todos tributários da Baía de Sepetiba (RJ).

Nas concentrações do Hg particulado e de Hg total (o qual é dominado pela

fração particulado) foi observado um comportamento similar entre os dois períodos

ao longo do rio, com exceção das estações 6 e 9, demonstrados nas Figuras 14 e 15

que mostraram um aumento nas concentrações na campanha de 2002.

Figura 14 Distribuição de Hg Total nas águas superficiais do Rio Madeira nos períodos de 1997 e 2002.

Hg Total ( D+P )

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17Estações

Hg

T ng

/L

20021997

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51

Figura 15 Distribuição de Hg Particulado nas águas do Rio Madeira nos períodos de

1997 e 2002.

Hg Particulado

020406080

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Estações

Hg

P ng

/L

20021997

Estas estações localizam-se aproximadamente a 400-550 km a jusante de

Porto Velho, e da principal área de garimpo. Segundo Lebel et al., (1997), a

dispersão do Hg nos rios amazônicos não pode, de maneira geral, ser atribuída

somente ao garimpo. O lançamento do Hg nos rios usado pelas atividades

garimpeiras parece não influenciar a carga de Hg na coluna d’água à longa distância

(mais de 50 km rio abaixo). No Rio Tapajós, por exemplo, Roulet et al.,(1998)

observaram que a carga de Hg encontrada na coluna d’água, é independente de

atividades garimpeiras. Outros estudos estimam que valores altos de Hg

encontrados na Bacia Amazônica podem estar relacionados a outras atividades

humanas, incluindo a queima da biomassa (MEECH et al. 1995), e ao aumento de

erosão dos solos resultante do desmatamento. O Hg pode ser fortemente

influenciado por partículas de solos de superfície enriquecidas com óxidos de ferro e

alumínio, e com a afluência desses solos para o sistema aquático pode ocorrer um

aumento da carga de Hg (ROULET et al., 1998; ROULET e LUCOTTE, 1999;

FORSBERG et al., 1999).

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52

Segundo Carrol (2000), 95% do Hg na coluna d’água está associado a

partículas em suspensão. Maurice-Bourgoin, et al., (2000) relata a alta capacidade

de adsorção do Hg, especialmente em partículas finas (argila), resultando na maior

parte do Hg ser transportado associado ao material particulado em suspensão.

As concentrações do Hg no TSS, entre os períodos de 1997 e 2002,

apresentaram as maiores variações, apresentando uma diferença significativa

(p<0,05) de 1997 para 2002, como demonstrado na Figura 16.

Figura 16 Distribuição de Hg no TSS nas águas do Rio Madeira nos períodos de

1997 e 2002.

Hg TSS

0

50

100

150

200

250

300

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

Estações

Hg

TSS

ng/g

20021997

5.4 PARTIÇÃO GEOQUÍMICA DO MERCÚRIO NAS ÁGUAS DO RIO MADEIRA

A Tabela 10 descreve, a afinidade relativa do Hg nas fases dissolvida e

particulada (HgTSS), que são obtidas na partição entre o Hg presente na água na

forma dissolvida e particulada através do coeficiente de distribuição (KD), usando a

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53

equação: KD = Cp/Cd, onde Cp é a concentração do Hg particulado (HgTSS, ng/kg), e

Cd é a concentração do Hg dissolvido (ng/L), o KD é expresso em L/Kg. O elevado

valor do KD indica a alta afinidade do Hg pela fase particulada. De um modo geral,

valores de KD variando de 2,0 a 5,0 x 105 são relacionados aos processos de sorção/

dessorção enquanto que valores de KD próximos de 10,0 x 105 ou maiores são

relacionados a processos de precipitação/dissolução de minerais (LEERMAKERS et

al., 1995). Os valores do KD medidos no Rio Madeira sugerem que a interação do Hg

com as partículas em suspensão e sua distribuição na água é controlada por

processos de sorção / dessorção.

Tabela 10 Coeficiente de distribuição (KD) entre as concentrações de Hg no material

em suspensão e na água do Rio Madeira.

KD1997

Estações

(L/Kg x 105)

Log KD1997

KD2002

(L/Kg x 105)

Log KD2002

01 3,0 5,48 1,1 5,02 02 3,1 5,49 0,9 4,94 03 3,5 5,54 0,7 4,83 04 4,4 5,64 0,9 4,97 05 3,3 5,52 1,2 5,07 06 2,4 5,38 1,2 5,08 07 - 0,8 4,88 08 3,2 5,51 0,7 4,83 09 1,4 5,15 1,3 5,12 10 1,9 5,28 1,1 5,04 11 1,7 5,22 2,3 5,36 12 1,5 5,17 1,5 5,17 13 1,0 5,01 0,2 4,30 14 2,6 5,41 1,0 5,01 15 2,7 5,43 0,2 4,37 16 1,0 5,00 0,4 4,55 17 1,6 5,06 0,4 4,57

Os valores de Log KD são similares aos encontrados em outros rios também

dominados por processos de sorção e dessorção, como por exemplo, os principais

tributários da Baía de Sepetiba (RJ), Paraquetti et al., (2004), o Rio Itimirim, 5,26-

5,30; Rio Guandu, 3,69-5,05; Itinguçu, 5,65-5,88; Rio Guarda, 4,06 - 6,97, e Rio São

Francisco, 4,82-6,48, sistemas lagunares costeiros (LACERDA e GONÇALVES,

2001), e rios que drenam bacias não mineralizadas (LEERMAKERS et al., 1995).

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Diversos estudos sugerem que a lixiviação de solos pode ser uma fonte

potencial de Hg para rios (MARINS et al. 1998; FORSBERG et al. 1999), e que um

aumento da carga de TSS pode determinar a concentração do Hg particulado e total

presente na água, quando a concentração total é controlada por esta fração

(ROULET et al., 1998). Forsberg et al., (1999), discute que o solo representa o maior

“reservatório”, de Hg no ecossistema e potencial fonte de Hg para os ambientes

aquáticos. Carrol, (2000), observou um aumento da concentração de Hg no Carson

River (EUA) em virtude dos desmatamentos e queimadas.

No trabalho apresentado por Godoy et al, (2002) no Rio Taquari no Pantanal

foi observado um significativo aumento na taxa de assoreamento, refletindo um

aumento da carga de material em suspensão para o Pantanal, e um acréscimo no

fluxo de Hg, sendo este fato atribuído à expansão das atividades agrícolas no alto

Rio Taquari durante os últimos 25 anos. Foi observado que embora no período de

2002 a concentração de TSS no Rio Madeira tenha sido maior do que em 1997, os

valores do KD foram inversos, sugerindo uma diluição dos teores, em massa, de Hg

associado ao material em suspensão, o que se verifica pela diminuição das

concentrações do Hg presente no TSS.

Em 1997, as concentrações de Hg, em massa (ng/g), associada ao TSS foram

significativamente maiores (p<0,05) que em 2002. Isto pode ser explicado pela maior

emissão de Hg na época em relação a 2002. Porém, uma vez que naquele período o

garimpo de ouro na região já havia diminuído a níveis muito baixos, outro fator muito

importante pode estar relacionado à aceleração do desmatamento a partir de 1998,

que praticamente dobrou em relação à década anterior, passando de cerca de

13.000 km2/ano em 1996 para 23.000 km2/ano, em 2002. O Estado de Rondônia em

1998/2000 teve uma safra de 22.704 toneladas de soja (em grão), e em 2001/2002,

colheu 97.812 toneladas, um aumento de 330,8%, Rondônia atualmente, detém a

maior produtividade média no cultivo de soja do País, com marca ao redor de 3000

kg/ha (IBGE, 2004).

Este desmatamento afeta principalmente a região sul do Estado de Rondônia,

que drena próximo aos pontos de maior concentração de TSS medidas no Rio

Madeira, a jusante da foz do Rio Machado. Este material, relativamente empobrecido

em Hg, originado nas regiões de cerrado do sul do estado e largamente utilizado

para plantações de soja e criação de gado, resultaria em uma diluição dos teores de

Hg, em massa, presentes no TSS, resultando nas menores concentrações

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observadas em 2002 em relação a 1997. Almeida et al. (2004), por exemplo,

encontraram concentrações de Hg em solos desmatados bem menores do que em

solos de floresta, na região do Rio Candeias, Rondônia. Lacerda et al. (2004)

encontraram concentrações até 10 vezes menores de Hg em solos de pasto que em

solos florestais na região de Alta Floresta, Mato Grosso. Portanto, uma maior carga

de material em suspensão originado neste tipo de solo para o Rio Madeira, resultaria

numa diminuição da concentração do Hg presente no TSS.

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6 CONCLUSÃO

Os resultados sugerem que ocorreu uma alteração na distribuição de algumas

frações do Hg nas águas do Rio Madeira. As concentrações do Hg total dissolvido

não existe diferença provavelmente significativa (p>0,05) entre os períodos de 1997

e 2002, e encontram-se dentro da faixa reportada para outros rios da Amazônia, sob

condições hidrodinâmicas semelhantes. Sugere-se que a fração dissolvida não

representa um vetor importante no transporte do Hg no Rio Madeira, devido a sua

baixa concentração em relação à fase particulada.

As concentrações do Hg particulado (ng/L) não apresentaram diferença

significativa (p>0,05) entre os períodos de 1997 e 2002. Ocorreram modificações

significativas (p<0,05) na distribuição do Hg associado ao TSS. Sendo esta fração

um importante vetor no transporte do Hg no Rio Madeira, representando de 90 a

98% do Hg total presente nas águas.

As concentrações do TSS apresentaram uma variação significante (p<0,05)

entre os períodos de 1997 e 2002. Foi observado um aumento nas concentrações

em 2002 quando comparado com as concentrações medidas em 1997, sugere-se

que este aumento seja devido ao aumento da taxa de erosão, atribuído à expansão

agrícola da região a partir de 1996, uma vez que durante o período avaliado ocorreu

um grande aumento dos teores de TSS no Rio Madeira.

As concentrações do Hg em massa (ng/g), associado ao TSS foram

significativamente maiores (p<0,05) em 1997 do que em 2002; apresentando uma

relação inversa ao TSS. Sugere-se que com o aumento da expansão agrícola, o

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carreamento dos produtos da erosão de solos empobrecidos em Hg originados na

porção sul do estado, na interface com a formação Cerrado, resultou na diluição do

Hg em massa presente no TSS.

Foi possível observar uma alteração na distribuição e entre as frações do Hg,

constatando-se que apesar da diminuição das atividades garimpeiras, os teores de

Hg presentes na coluna d’água do Rio Madeira encontram-se elevados. O impacto

ambiental causado pela colonização da Bacia do Rio Madeira pode estar

disponibilizando o Hg para a coluna d’água, alterando o ciclo do elemento no

ambiente amazônico.

Os resultados apresentados neste estudo sugerem que os picos de

contaminação observados para todas as frações do Hg determinadas nas estações

6 a 11, podem estar relacionados com alterações nos usos do solo na região da

bacia que drena para aquele trecho do rio, particularmente o desmatamento e as

queimadas devido à expansão agrícola da região. A região localizada entre os

pontos 6 e 11 de amostragem localiza-se onde o chamado “arco do desmatamento”

que mais se aproxima do Rio Madeira, drenando grande parte do sul do estado de

Rondônia, área atualmente dominado por pastagens e plantações de soja.

Entretanto, os resultados apresentados neste estudo devem ser considerados

como preliminares. A hipótese de que a expansão agropecuária é a principal

responsável pelos resultados encontrados, necessita validação através de uma

análise elementar do material particulado em suspensão antes e depois da foz do

Rio Machado, que drena a principal parte agrícola do estado. Indicadores da

atividade agropecuária, como a relação Hg: Al, ou as características da matéria

orgânica presente neste material, devem ser realizadas para verificar a importância

do material gerado por estas atividades para a carga de material em suspensão do

RioMadeira.

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7 ANEXO Tabela 5 Valores médios e desvio padrão do pH e condutividade elétrica nas águas

superficiais do Rio Madeira. Estações

pH

1997

pH

2002

Condutividade

μs/cm 1997

Condutividade

μs/cm 2002

01 6,50 6,89 120 ± 0,71 126 ± 0,53 02 6,60 6,76 107 ± 0,53 109 ± 0,68 03 6,60 6,67 115 ± 0,32 117 ± 0,55 04 6,35 6,78 102 ± 0,70 100 ± 0,78 05 6,50 6,70 113 ± 0,32 110 ± 0,81 06 6,30 6,73 94 ± 0,51 96 ± 0,42 07 6,67 - 93 ± 0,35 08 6,26 6,62 89 ± 0,46 91 ± 0,41 09 6,20 6,60 98 ± 0,31 96 ± 0,38 10 6,15 6,56 94 ± 0,32 98 ± 0,60 11 6,28 6,62 82 ± 0,34 84 ± 0,56 12 6,10 6,73 81 ± 0,47 86 ± 0,57 13 5,91 6,73 67 ± 0,41 69 ± 0,72 14 6,02 6,76 75 ± 0,38 71 ± 0,64 15 6,05 6,76 52 ± 0,40 56 ± 0,31 16 6,15 6,79 42 ± 0,37 53 ± 051 17 5,71 6,76 68 ± 0,35 46 ± 0,56

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Tabela 6 Concentração do Total de Sólidos em Suspensão e temperatura nas águas

superficiais do Rio Madeira. Estações

TSS mg/L 1997

TSS mg/L 2002

T °C 1997

T °C 2002

01 183 352 24 24 02 228 312 24 24 03 202 148 24 24 04 172 444 24 24 05 200 372 24 24 06 214 580 24 24 07 - 484 24 24 08 99 440 24 24 09 208 524 24 24 10 274 528 24 24 11 228 540 24 24 12 197 412 23 24 13 132 264 24 24 14 95 336 24 24 15 96 252 24 24 16 42 140 23 24 17 31 132 24 24

Tabela 7 Concentrações de Hg total dissolvido e total nas águas superficiais do Rio

Madeira. Estações

Hg Total Dissolvido

1997 ng/L

Hg Total Dissolvido

2002 ng/L

Hg Total 1997 ng/L

Hg Total 2002 ng/L

01 0,46 ± 0,03 0,60 ± 0,17 25,9 23,1 02 0,44 ± 0,02 0,84 ± 0,17 31,7 23,9 03 0,46 ± 0,02 0,84 ± 0,17 33,0 9,4 04 0,50 ± 0,04 0,84 ± 0,17 38,0 35,9 05 0,73 ± 0,11 1,02 ± 0,09 49,5 46,4 06 0,82 ± 0,09 0,84 ± 0,17 43,0 60,0 07 - 1,14 ± 0,09 43,9 08 0,78 ± 0,07 1,14 ± 0,26 25,6 35,2 09 0,72 ± 0,09 0,84 ± 0,02 21,7 59,6 10 0,54 ± 0,05 0,72 ± 0,17 28,8 42,6 11 0,69 ± 0,05 0,30 ± 0,09 27,4 37,5 12 0,70 ± 0,11 0,48 ± 0,17 21,2 29,9 13 0,83 ± 0,04 0,48 ± 0,00 12,0 3,0 14 0,78 ± 0,18 0,42 ± 0,26 20,0 14,9 15 0,79 ± 0,05 0,66 ± 0,43 21,2 4,6 16 0,73 ± 0,14 0,78 ± 0,17 3,0 4,5 17 0,59 ± 0,20 0,84 ± 0,09 3,5 5,3

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Tabela 8 Concentrações de Hg particulado e no TSS nas águas superficiais do Rio

Madeira, (média e desvio padrão). Estações

Hg no TSS 1997 ng/g

Hg no TSS 2002 ng/g

Hg Particulado

1997 ng/L

Hg Particulado

2002 ng/L

01 139 ± 2,6 64,04 ± 10,47 25,4 22,5 02 137 ± 0,0 74,01 ± 3,84 31,2 23,1 03 161 ± 1,55 57,5 ± 7,09 32,5 8,5 04 218 ± 9,83 78,9 ± 10,78 37,5 35 05 244 ± 5,96 122,1 ± 0,17 48,8 45,4 06 197 ± 5,33 102,02 ± 6,69 42,2 59,2 07 - 88,4 ± 15,77 - 42,8 08 251 ± 2,24 77,4 ± 16,02 24,9 34,1 09 101 ± 1,21 112,2 ± 14,32 21 58,8 10 103 ± 1,38 79,3 ± 6,86 28,2 41,9 11 117 ± 3,27 68,9 ± 4,79 26,7 37,2 12 104 ± 2,54 71,4 ± 4,24 20,5 29,4 13 85 ± 0,57 9,6 ± 0,75 11,2 2,5 14 202 ± 1,32 43,1 ± 1,35 19,2 14,5 15 213 ± 0,58 15,8 ± 1,82 20,5 4,0 16 74 ± 1,21 27,8 ± 1,74 2,3 3,7 17 68 ± 0,57 31,7 ± 3,28 2,9 4,4

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Os primeiros colonizadores portugueses começam a percorrer o atual estado de Rondônia no século XVII. Somente no século seguinte, com a descoberta e a exploração de ouro em Goiás e Mato Grosso, aumenta o interesse pela região. Em dos primeiros núcleos coloniais, que só se desenvolvem no final do século XIX com o surto da exploração da borracha.

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Os primeiros colonizadores portugueses começam a percorrer o atual estado de Rondônia no século XVII. Somente no século seguinte, com a descoberta e a exploração de ouro em Goiás e Mato Grosso, aumenta o interesse pela região. Em