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Guia de Mamíferos Não Voadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica FICHA TÉCNICA ORGANIZADORES: Cintia Corsini Fernandes¹ & Victor Hugo Colombi² ¹ Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA ² Universidade Federal do Espírito Santo - UFES FOTOS CEDIDAS: Cintia Corsini, Fernando Farias, Humberto Yamaguti, Jaderson Lopes de Souza, Leonardo Merçon, Marco Sena, Renan Betzel, Victor Colombi e Yuri Leite. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS UTILIZADAS: Bonvicino, C. R.; Oliveira J. A.; D'Andrea P. S. 2008. Guia dos Roedores do Brasil, com chaves para gêneros baseadas em caracteres externos. Rio de Janeiro: Centro Pan-Americano de Febre Aftosa - OPAS/OMS. 120 p. Cáceres, N. C. Os Marsupiais do Brasil, Biologia, Ecologia e Conservação. 2013. 2. edição. 530p. ISBN: 978-85-7613-410-7. Don E. Wilson & DeeAnn M. Reeder (eds). 2005. Mammal Species of the World. A Taxonomic and Geographic Reference (3 ed), Johns Hopkins University Press, 142 p. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/ Patton, J. L; Pardiñas, U.F.J. & D’Élia G. Mammals of South America. Volume 2. 2015. dos Reis N. R. et al. Mamíferos do Brasil. 2011. 2 edição. 439p. Londrina. INFORMAÇÕES: Instituto Nacional da Mata Atlântica Av. José Ruschi, n°4 - Santa Teresa - ES Site: http://inma.gov.br/ Telefone: +55 27 3259-1182 Horário de funcionamento: terça a domingo das 08:00 às 17:00 horas. Este guia tem o objetivo de colaborar com a conservação dos mamíferos não voadores encontrados na área de parque de 77.000 do Instituto Nacional da Mata Atlântica através da popularização científica, estimulando as pessoas a valorizar a biodiversidade da Mata Atlântica. O QUE SÃO OS MARSUPIAIS? Os marsupiais representam um dos três principais grupos atuais de mamíferos, junto aos monotremados (ornitorrincos e equidnas) e placentários ou eutérios. A bolsa ou marsúpio é uma característica marcante desse grupo e está presente em muitas espécies, mas nos marsupiais sul-americanos, ocorre apenas nas espécies de maior porte, e por vezes, se desenvolve apenas no período reprodutivo. Marsupiais atualmente ocorrem apenas nas Américas, Austrália e ilhas próximas. No Brasil, os representantes recentes são classificados em apenas uma ordem, Didelphimorphia, e uma família, Didelphidae. No país são registradas 56 espécies e esse número tende a aumentar à medida que novos estudos forem feitos. Glossário 1 Anuros = animais anfíbios que não possuem cauda como rãs, sapos e pererecas; Espécie endêmica = espécie animal ou vegetal que ocorre somente em uma determinada área ou região geográfica; Espécie onívora = animais que obtêm o alimento de animais e vegetais; Glândulas paracloacais = glândulas localizadas perto do ânus (cloaca). Hábitos crepusculares = atividades mais desenvolvidas durante o amanhecer e anoitecer; Hábito semifossorial = modo de vida sob o solo ou sob folhiço; Pelagem lanosa = pelos compridos e crespos, semelhantes aos da lã. Foto: Cintia Corsini

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Guia de Mamíferos Não Voadores do

Instituto Nacional da Mata Atlântica

FICHA TÉCNICA

ORGANIZADORES:Cintia Corsini Fernandes¹ & Victor Hugo Colombi²¹ Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA² Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

FOTOS CEDIDAS:Cintia Corsini, Fernando Farias, HumbertoYamaguti, Jaderson Lopes de Souza, LeonardoMerçon, Marco Sena, Renan Betzel, Victor Colombie Yuri Leite.

PRINCIPAIS REFERÊNCIAS UTILIZADAS:Bonvicino, C. R.; Oliveira J. A.; D'Andrea P. S. 2008.

Guia dos Roedores do Brasil, com chaves paragêneros baseadas em caracteres externos. Riode Janeiro: Centro Pan-Americano de FebreAftosa - OPAS/OMS. 120 p.

Cáceres, N. C. Os Marsupiais do Brasil, Biologia,Ecologia e Conservação. 2013. 2. edição. 530p.ISBN: 978-85-7613-410-7.

Don E. Wilson & DeeAnn M. Reeder (eds). 2005.Mammal Species of the World. A Taxonomicand Geographic Reference (3 ed), JohnsHopkins University Press, 142 p.

Instituto Chico Mendes de Conservação daBiodiversidade (ICMBio). Disponível em:http://www.icmbio.gov.br/portal/

Patton, J. L; Pardiñas, U.F.J. & D’Élia G. Mammalsof South America. Volume 2. 2015.

dos Reis N. R. et al. Mamíferos do Brasil. 2011. 2edição. 439p. Londrina.

INFORMAÇÕES:Instituto Nacional da Mata AtlânticaAv. José Ruschi, n°4 - Santa Teresa - ESSite: http://inma.gov.br/Telefone: +55 27 3259-1182Horário de funcionamento:terça a domingo das 08:00 às 17:00 horas.

Este guia tem o objetivo de colaborarcom a conservação dos mamíferosnão voadores encontrados na área deparque de 77.000 m² do InstitutoNacional da Mata Atlântica através dapopularização científica, estimulandoas pessoas a valorizar a biodiversidadeda Mata Atlântica.

O QUE SÃO OS MARSUPIAIS?Os marsupiais representam um dos três principaisgrupos atuais de mamíferos, junto aosmonotremados (ornitorrincos e equidnas) eplacentários ou eutérios. A bolsa ou marsúpio éuma característica marcante desse grupo e estápresente em muitas espécies, mas nos marsupiaissul-americanos, ocorre apenas nas espécies demaior porte, e por vezes, se desenvolve apenas noperíodo reprodutivo.Marsupiais atualmente ocorrem apenas nasAméricas, Austrália e ilhas próximas.No Brasil, os representantes recentes sãoclassificados em apenas uma ordem,Didelphimorphia, e uma família, Didelphidae. Nopaís são registradas 56 espécies e esse númerotende a aumentar à medida que novos estudosforem feitos.

Glossário 1• Anuros = animais anfíbios que não possuem

cauda como rãs, sapos e pererecas;• Espécie endêmica = espécie animal ou vegetal

que ocorre somente em uma determinadaárea ou região geográfica;

• Espécie onívora = animais que obtêm oalimento de animais e vegetais;

• Glândulas paracloacais = glândulas localizadasperto do ânus (cloaca).

• Hábitos crepusculares = atividades maisdesenvolvidas durante o amanhecer eanoitecer;

• Hábito semifossorial = modo de vida sob osolo ou sob folhiço;

• Pelagem lanosa = pelos compridos e crespos,semelhantes aos da lã.

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Guia de Mamíferos Não Voadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (parte 1)

Gracilinanus microtarsus(Wagner, 1842)CuícaOrdem: DidelphimorphiaFamília: Didelphidae

Como o próprio nome já diz, possui coloração dorsalcastanha-acinzentada e o ventre branco. Pequeno,pode ter de 24 a 43 cm de comprimento total. Éarborícola, constrói ninhos nas árvores, o que lheconfere maior proteção contra predadores terrestres. Éuma espécie onívora, se alimenta principalmente defrutos, néctar, pequenos invertebrados e vertebrados.Seu período reprodutivo se estende desde o final daestação seca até o final da estação úmida. Comdistribuição ampla, é endêmica da Mata Atlântica eocorre desde o estado do Paraná até a Bahia, comregistros ainda para o interior de Minas Gerais.

Marmosops incanus(Lund, 1840)Cuíca cinzenta magraOrdem: DidelphimorphiaFamília: Didelphidae

A cuíca-lanosa é um marsupial pequeno, que pesaentre 140-390 g e as fêmeas tem a metade do tamanhodos machos. Solitária e noturna, forma casal somentena época reprodutiva e a fêmea tem uma brevegestação de 24 dias e passa 4 meses cuidando dosfilhotes, que são no máximo 3. Ótima escaladora deárvores, possui um cauda preênsil que é maior que otamanho do seu corpo. Quando está em perigo, podefingir-se de morta durante horas. É uma espécieonívora que se alimenta principalmente de frutos,néctar, pequenos invertebrados e vertebrados. Habitaas florestas da Venezuela, Brasil, Trinidad e Tobago,Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

Caluromys philander (Linnaeus, 1758) Cuíca-lanosaOrdem: DidelphimorphiaFamília: Didelphidae

Didelphis aurita(Wied-Neuwied, 1826)Gambá-de-orelha-pretaOrdem: DidelphimorphiaFamília: Didelphidae

Monodelphis americana(Müller, 1776)Cuíca de listrasOrdem: DidelphimorphiaFamília: Didelphidae

Marmosa (Micoureus)paraguayanus(Tate, 1931)Guaiquica-cinzaOrdem: DidelphimorphiaFamília: Didelphidae

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É caracterizado pelo seu tamanho pequeno entre osdidelfídeos, chegando até 12cm de comprimento.Diferentemente das outras cuícas, as espécies deMonodelphis não apresentam máscara facial e M.americana possui três listras escuras, iniciando-se entreas orelhas. Apresenta hábito semifossorial, alimenta-seprincipalmente de insetos e pequenos vertebrados(roedores, lagartos e anuros), frutos e carniça. Temnúmero elevado de embriões no útero, variando de 2 a16. Ocorre do Pará até Santa Catarina, com registrotambém para a região central em Goiás.

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Animal de pequeno porte, de vida semi-arborícola e dehábitos crepusculares ou noturnos. É importante nadispersão de diversas espécies de plantas, além de sealimentar de pequenos vertebrados e invertebrados.Possui um par de glândulas secretoras paracloacais(abaixo da pele, ao lado da parede cloacal), cujasecreção é de odor bem desagradável. Tais glândulassão utilizadas quando o animal está incitado pelomanuseio, luta, acuado ou por outro estímulo, ou seja,desempenham papel na defesa. O início da reproduçãofrequentemente é em julho. Ocorre em áreasflorestadas, desde a costa leste no estado da Paraíbaaté o Rio Grande do Sul, além do leste do Paraguai.

A cuíca é um animal pequeno, pesando entre 15 e 35g.Noturna, frequentemente vive nas árvores, mastambém pode se locomover pelo solo. É insetívora-onívora, mas predominantemente insetívora. Oambiente é um forte determinante regional do tipo deestratégia reprodutiva. Tem mais filhotes quemarsupiais maiores devido ao seu metabolismo maiselevado, que é inversamente relacionado ao seutamanho corporal e área de vida. A reprodução écondicionada ao período das chuvas na região, emborao ciclo possa ser variável, tendo até 9 filhotes. Ocorre,predominantemente, na Mata Atlântica, desde a Bahiaaté o Rio Grande do Sul.

Possui uma larga faixa de pelos escurecidos ao redordos olhos, pelagem dorsal longa, lanosa, de coloraçãomarrom-acinzentada. É noturna, solitária e por seressencialmente arborícola, sua cauda é preênsil, compelagem corporal cobrindo os 3cm iniciais. Não possuimarsúpio e de modo geral, o período reprodutivo seestende desde o final da estação seca até o final daestação úmida, tendo entre 6 a 11 filhotes. Sua dieta écomposta principalmente por invertebrados e frutos.Ocorre do sul da Bahia até o norte do Rio Grande doSul, na Mata Atlântica, com alguns registros para oCerrado, estendendo-se de leste a sul no Paraguai.

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Guia de Mamíferos Não Voadores do

Instituto Nacional da Mata Atlântica

ORDENS CINGULATA E PILOSA:Os mamíferos das ordens Cingulata e Pilosa sãocaracterizados pela presença de articulaçõesadicionais entre as vértebras lombares.Na ordem Cingulata, estão incluídos os mamíferospossuidores de carapaça, os tatus, que utilizam essaestrutura para defesa contra predadores e proteçãocontra danos causados pela vegetação. São 21espécies conhecidas dentre de uma única família,das quais 11 ocorrem no Brasil.Na ordem Pilosa, estão incluídos mamíferos quepossuem pela pelagem densa e presença de dentespouco desenvolvidos ou sua total ausência, que sãoos tamanduás e as preguiças. Esta ordem possui 4famílias e 10 espécies, com 8 delas ocorrendo noBrasil.

ORDEM PRIMATES:É um grupo de mamíferos que compreende ospopularmente chamados de macacos, símios,lêmures e os seres humanos. Primatas sãocaracterizados por possuírem grande cérebros secomparados aos outros mamíferos, uma maioracurácia no sentido da visão em detrimento doolfato, com olhos voltados para a frente no crânio.Possuem, geralmente, cinco dedos nas mãos e pés,com unhas e não garras. Muitos possuem polegaropositor, uma característica diagnóstica dosprimatas, embora não seja limitada a essa ordem.

ORDEM CARNIVORA:Os carnívoros constituem uma ordem de animaismamíferos placentários, encontrados em quase todoo mundo. Suas características comuns são apresença de pés com quatro ou cinco dedos comgarras, dentes adaptados para cortar, com apresença de caninos fortes, cônicos e pontiagudos,adaptados para capturar e mastigar a carne deoutros animais. Até o momento foram descritos 126gêneros e 286 espécies.

Este guia tem o objetivo de colaborarcom a conservação dos mamíferosnão voadores encontrados na área deparque de 77.000 m² do InstitutoNacional da Mata Atlântica através dapopularização científica, estimulandoas pessoas a valorizar a biodiversidadeda Mata Atlântica.

FICHA TÉCNICA

ORGANIZADORES:Cintia Corsini Fernandes¹ & Victor Hugo Colombi²¹ Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA² Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

FOTOS CEDIDAS:Cintia Corsini, Fernando Farias, HumbertoYamaguti, Jaderson Lopes de Souza, LeonardoMerçon, Marco Sena, Renan Betzel, Victor Colombie Yuri Leite.

PRINCIPAIS REFERÊNCIAS UTILIZADAS:Bonvicino, C. R.; Oliveira J. A.; D'Andrea P. S. 2008.

Guia dos Roedores do Brasil, com chaves paragêneros baseadas em caracteres externos. Riode Janeiro: Centro Pan-Americano de FebreAftosa - OPAS/OMS. 120 p.

Cáceres, N. C. Os Marsupiais do Brasil, Biologia,Ecologia e Conservação. 2013. 2. edição. 530p.ISBN: 978-85-7613-410-7.

Don E. Wilson & DeeAnn M. Reeder (eds). 2005.Mammal Species of the World. A Taxonomicand Geographic Reference (3 ed), JohnsHopkins University Press, 142 p.

Instituto Chico Mendes de Conservação daBiodiversidade (ICMBio). Disponível em:http://www.icmbio.gov.br/portal/

Patton, J. L; Pardiñas, U.F.J. & D’Élia G. Mammalsof South America. Volume 2. 2015.

dos Reis N. R. et al. Mamíferos do Brasil. 2011. 2edição. 439p. Londrina.

INFORMAÇÕES:Instituto Nacional da Mata AtlânticaAv. José Ruschi, n°4 - Santa Teresa - ESSite: http://inma.gov.br/Telefone: +55 27 3259-1182Horário de funcionamento:terça a domingo das 08:00 às 17:00 horas.

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Bradypus variegatus(Schinz, 1825)Preguiça comumOrdem: PilosaFamília: Bradypodidae

Guia de Mamíferos Não Voadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (parte 2)

Callithrix geoffroyi(É. Geoffroy in Humboldt,1812)

Sagui-da-cara-brancaOrdem: PrimatesFamília: Callitrichidae

Callicebus personatus(É. Geoffroy, 1812) Guigó ou SauáOrdem: PrimatesFamília: Pitheciidae

Dasypus novemcinctus(Linnaeus, 1758)Tatu-galinhaOrdem: CingulataFamília: Dasypodidae

Ativo, principalmente durante o dia, pode ser visto emcasal ou em pequenos grupos. As ninhadas variam de 2a 5 filhotes, que desenvolvem-se rapidamente.Extremamente ágil e rápido, tem grande capacidadepara escalar e nadar. Carnívoro, alimenta-se depequenos mamíferos, aves, ovos, répteis, anfíbios einsetos. Habita florestas, plantações, manguezais eambientes antropizados, vivendo sob troncos deárvores, pedras ou em tocas que podem cavar. NoBrasil, pode ser encontrado nos estados do RJ, ES, SP,PR, RS, MG, GO, AL, CE, MG, MS, MA, PB, PE e SC. Asprincipais ameaças à espécie são atropelamentos, caça,desmatamento e incêndios.

Galictis cuja (Molina, 1782)Furão-pequenoOrdem: CarnivoraFamília: Mustelidae

Carnívora semiaquática, apresenta pelagem curta edensa, de coloração marrom. Os pés possuemmembranas entre os dedos, as orelhas e as narinaspodem ser fechadas e a cauda é musculosa e flexívelpara o mergulho. Tanto noturna quanto diurna, égeralmente solitária e vive em águas claras, onde sealimenta principalmente de crustáceos e peixes, alémde anfíbios, mamíferos, insetos e aves. Ocorre desde oMéxico por toda América Central e do Sul até o norteda Argentina. No Brasil, pode ser encontrada em quasetodo o país, onde tenha disponibilidade de água doce.O declínio populacional deve-se à poluição edegradação das margens dos rios e lagoas e à caça.

Lontra longicaudis(Olfers, 1818)LontraOrdem: CarnivoraFamília: Mustelidae

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Primata de médio porte, mede entre 27 e 45 cm echega a pesar 1,5kg. Arborícola e diurno, vive emgrupos familiares que utilizam vocalizações de longoalcance para definir os limites territoriais. A fêmea temum filhote por ano e todo o grupo ajuda a criá-lo. Adieta é predominantemente composta por frutos, alémde folhas, flores, brotos, pequenos invertebrados eovos. Endêmico da Mata Atlântica, ocorre do EspíritoSanto ao leste de Minas Gerais. Observações realizadasnos últimos anos sugerem que esta espécie tem setornado cada vez mais rara e de difícil observação evem sofrendo redução populacional em decorrência daperda e fragmentação de hábitat.

Tem a pelagem longa, grossa e ondulada, comcoloração variando em tons de marrom e manchasesbranquiçadas. Mede cerca de 50cm podendo chegara 1m. Possui 3 dedos unidos em cada pata e unhascompridas, características da espécie. Não é tão lentacomo se imagina, sendo boa nadadora. Arborícola,alimenta-se principalmente de folhas, ramos e brotosde várias plantas como a embaúba, figueira e ingazeira.A fêmea tem um filhote por gestação. É amplamentedistribuída na América do Sul e Central. No Brasil, apopulação está diminuindo devido à degradação efragmentação dos habitats, atropelamentos, quedas,eletrocussão e caça.

Segunda maior espécie do gênero, tem hábitocrepuscular e noturno, contudo, também é vistodurante o dia e consegue nadar. Alimenta-se deinvertebrados, mas pode consumir vegetais, pequenosvertebrados, ovos e carniça. Quando se reproduz,somente um óvulo é fecundado e nascemquadrigêmeos do mesmo sexo. Ocorre em todo oterritório brasileiro e possui a maior distribuiçãogeográfica entre os cingulados: desde o sul dos EUAatravessando a América Central indo até o noroeste daArgentina e Uruguai. As principais ameaças à espéciesão incêndios, desmatamento, caça e atropelamentos.

Macaco de pequeno porte, pesa aproximadamente350g. Arborícolas e diurno, vive em grupos e a fêmeatem, geralmente, gêmeos. A dieta é baseada noconsumo de frutos, seiva, insetos, ovos e pequenosvertebrados. A espécie é endêmica da Mata Atlântica,encontrada nos estados do Espírito Santo (norte daBacia do Rio Doce), sul da Bahia e áreas adjacentes deMinas Gerias. Apesar da grande capacidade deadaptação a alterações no ambiente, sofre impactocom a fragmentação do habitat, além de estarsuscetível à ação de caçadores para ser utilizado comoanimais de estimação.

O QUE SÃO OS ROEDORES?Os roedores são da ordem Rodentia, que é aordem de mamíferos com maior número deespécies viventes, compreendendo mais de 2000espécies, representando aproximadamente 42%da biodiversidade de mamíferos conhecida. Elessão encontrados em grande número em todos oscontinentes, exceto na Antártida.As espécies vivem em uma variedade deambientes, podendo ser arbóreas, fossoriais(escavação) ou semiaquáticas. Alguns roedoresconhecidos são os ratos, esquilos, cães depradaria, porcos-espinhos, castores, hamsters ecapivaras.São caracterizados pela presença de um único parde incisivos bastante desenvolvidos, tanto namaxila, quando na mandíbula. Entre os incisivos eos dentes da bochecha existe um grande espaçosem dentes, chamado de diastema, que ocorre namaioria das espécies. Nenhum dos seus dentestem raízes, por isso, todos crescem continuamenteao longo da vida do animal.Geralmente tem os sentidos do olfato, audição evisão bem desenvolvidos. As espécies noturnasmuitas vezes têm olhos ampliados e alguns sãosensíveis à luz ultravioleta. Muitas espécies tembigodes longos, sensíveis ao toque.

Glossário 2• Cauda preênsil = rabo que tem a capacidade

de se prender ou agarrar à alguma coisa;• Coloração dorsal = cor apresentada na parte

do dorso ou "costas";• Espécie arborícola = animais cuja vida se dá

principalmente nas árvores;

Guia de Mamíferos Não Voadores do

Instituto Nacional da Mata Atlântica

Este guia tem o objetivo de colaborarcom a conservação dos mamíferosnão voadores encontrados na área deparque de 77.000 m² do InstitutoNacional da Mata Atlântica através dapopularização científica, estimulandoas pessoas a valorizar a biodiversidadeda Mata Atlântica.

FICHA TÉCNICA

ORGANIZADORES:Cintia Corsini Fernandes¹ & Victor Hugo Colombi²¹ Instituto Nacional da Mata Atlântica - INMA² Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

FOTOS CEDIDAS:Cintia Corsini, Fernando Farias, HumbertoYamaguti, Jaderson Lopes de Souza, LeonardoMerçon, Marco Sena, Renan Betzel, Victor Colombie Yuri Leite.

PRINCIPAIS REFERÊNCIAS UTILIZADAS:Bonvicino, C. R.; Oliveira J. A.; D'Andrea P. S. 2008.

Guia dos Roedores do Brasil, com chaves paragêneros baseadas em caracteres externos. Riode Janeiro: Centro Pan-Americano de FebreAftosa - OPAS/OMS. 120 p.

Cáceres, N. C. Os Marsupiais do Brasil, Biologia,Ecologia e Conservação. 2013. 2. edição. 530p.ISBN: 978-85-7613-410-7.

Don E. Wilson & DeeAnn M. Reeder (eds). 2005.Mammal Species of the World. A Taxonomicand Geographic Reference (3 ed), JohnsHopkins University Press, 142 p.

Instituto Chico Mendes de Conservação daBiodiversidade (ICMBio). Disponível em:http://www.icmbio.gov.br/portal/

Patton, J. L; Pardiñas, U.F.J. & D’Élia G. Mammalsof South America. Volume 2. 2015.

dos Reis N. R. et al. Mamíferos do Brasil. 2011. 2edição. 439p. Londrina.

INFORMAÇÕES:Instituto Nacional da Mata AtlânticaAv. José Ruschi, n°4 - Santa Teresa - ESSite: http://inma.gov.br/Telefone: +55 27 3259-1182Horário de funcionamento:terça a domingo das 08:00 às 17:00 horas.

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Guia de Mamíferos Não Voadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (parte 3)

Coendou spinosus(F. Cuvier, 1823)Ouriço-cacheiroOrdem: RodentiaFamília: Erethizontidae

Akodon cursor(Winge, 1887)Rato-do-chãoOrdem: RodentiaFamília: Cricetidae

O rato-d’água possui uma cauda maior que o corpo,sua pelagem é castanha-escura no dorso e ventreesbranquiçado. Possui membranas entre os dedos, ecomo o próprio nome sugere, tem hábito semi-aquático, por isso vive em áreas restritas a cursosd’água. Se alimenta de peixes, fungos, frutos, sementese invertebrados. Se reproduz de duas a três vezes porano, tendo de um a três filhotes. Ocorre dePernambuco ao Rio Grande do Sul, em partes de MinasGerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Argentina e leste doParaguai.

Nectomys squamipes(Brants, 1827)Rato-d’águaOrdem: RodentiaFamília: Cricetidae

Cuniculus paca(Linnaeus, 1766)PacaOrdem: RodentiaFamília: Cuniculidae

Kannabateomysamblyonyx(Wagner, 1845)Rato-da-taquaraOrdem: RodentiaFamília: Echimyidae

Guerlinguetus ingrami(Thomas, 1901)Caxinguelê ou esquiloOrdem: RodentiaFamília: Sciuridae

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Possui pelos dorsais recobrindo os espinhos, de corbege, castanho-escuro e ponta bege, amarela oularanja. Quando ameaçado encolhe o corpo e eriça osespinhos para se defender. A região ventral não possuiespinhos. Mede de 50 a 90cm e pesa até 2kg. As patassão curtas, com 4 dedos e unhas grandes e curvas. Acauda é comprida e preênsil. Solitário e de hábitonoturno e crepuscular, quase nunca desce ao chão e aágua é retirada de seus alimentos (frutas, brotos efolhas). Ocorre no Brasil, Argentina, Paraguai eUruguai. As ameaças à espécie são a destruição efragmentação do hábitat e atropelamentos, por ser umanimal lento.

Roedor arborícola de médio porte, depende de bambusou taquaras como abrigo e se alimenta exclusivamentede folhas e brotos dessas plantas. Devido a essesfatores, possui baixa taxa de reprodução. Pode pesaraté 570g e vive sozinho ou em pares. Ocorre na costa eregiões de montanhas da Mata Atlântica brasileira atéo Uruguai, Argentina e Paraguai. A Estação Biológica deSanta Lúcia, em Santa Teresa, é um dos poucos locaisque atualmente se tem registro dessa espécie, ondeocupa bambuzais exóticos. Devido à perturbaçõesambientais, ou seja, a destruição do seu hábitatnatural, está criticamente ameaçada de extinção.

Apresenta uma pelagem dura com variações decoloração do vermelho ao cinza-escuro, sempre commanchas brancas na lateral do corpo. Pesa entre 6 a12kg. Possui 4 dedos nas patas dianteiras e 5 nastraseiras, com unhas afiadas. Desgasta seus grandesdentes incisivos roendo troncos, pois nunca param decrescer. Noturna, se alimenta de frutas, folhas,sementes e raízes. Ocorre em matas tropicais naAmérica do Sul, preferencialmente perto de lagos, riosou riachos. Há locais onde não são mais encontradas,pois a população da espécie está reduzindodrasticamente devido à caça.

Roedor pequeno e terrestre, de pequeno porte. Possuiorelhas grandes, dorso com pelagem castanho claro aoescuro. Noturno, vive em galerias sob o folhiço. Éinsetívoro-onívoro, sendo que invertebrados esementes também fazem parte da sua dieta. Tem, emmédia, de três a oito filhotes. As fêmeas são maisterritorialistas que os machos e a área de vida dosmachos é maior do que a das fêmeas na épocareprodutiva. Ocorre na costa leste do Brasil, da Paraíbaao Paraná, e leste de Minas Gerais.

Apresenta uma coloração marrom, com o ventre maisclaro e listras mais escura na fronte e sobre os olhos.Sua cauda, que é mantida alta sobre as costas com aponta curvada para trás, é maior do que o corpo.Diurno, tem hábitos terrestres e arborícolas, sendo umótimo escalador. Habita ocos de árvores e touceiras deplantas, onde come frutos, sementes, folhas, flores,fungos e insetos. Dispersor de sementes, costumaenterrá-las e desta forma, ajuda na recuperação deambientes degradados. Ocorre na porção leste doBrasil, desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. Aprincipal ameaça à espécie é o crescimento urbanodesordenado e a devastação das matas nativas.

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