o que é o tarô

8/2/2019 O que o Tar

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O que o Tar

O tarotou os arcanos maiores e menores, o baralho ou cartas de jogar, os naipes e ostrunfos, consistem numa nica e mesma coisa. Trata-se de um jogo de 78 cartas, que aparece nasegunda metade do sculo 14, na Europa crist, com iconografia crist. Tudo indica que ganhoua forma que hoje conhecemos pelas mos das escolas e corporaes que construiram as grandescatedrais, suas imagens e vitrais.

Dada sua origem annima, isenta de instrues e regras dogmticas, deu margem a incontveisfantasias e re-invenes mais ou menos arbitrrias. Desde seu aparecimento foi utilizado, pornobres e plebeus, para jogos, passatempos e, ao que tudo indica, como instrumento de mancias.

O cenrio imaginativo que cerca o Tarot, profuso e contraditrio, confunde o inicianteinteressado em compreender sua linguagem simblica. Esse jogo maravilhoso, portanto,representa um real desafio para o estudo. Se dependssemos, por exemplo, apenas dosdicionrios para saber o significado do Tar, teramos informaes muito pobres e distorcidas.

O Aurlio o mais lacnico: "Tar. Coleo de 78 cartas, maiores que as do baralho, dedesenho diverso, usadas sobretudo por cartomantes".

Os autores esqueceram de informar que a parte do tar, que constitui o baralho comum, utilizado, no s por cartomantes, mas como fonte de lazer nos lares, nos clubes e cassinos. So produzidos no mundo todo e movimentam milhes de dlares. OHouaiss oferece um poucomais: "Tar. Conjunto de 78 cartas de baralho (tambm ditas lminas) ilustradas por figuras

simblicas e usado para supostamente predizer o futuro e conhecer o que, no passado ou nopresente, seencontra velado. O baralho constitudo de 22 arcanos maiores e 56 arcanos menores."Para continuar nessa linha genrica de definio, podemos esclarecer que:

Apostila Tarot a Arte Magna Gerson Lus Mestre Professor Laminsca-CentroHolistico

Trunfos ou arcanos maiores.Tar de Jacques Viville 1650

Naipes ou cartas ou arcanos

menores.Baralho de meados do


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quatro naipesou sries:Paus, Ouros,Espadas eCopas cada

um deles com 10 cartas numeradas de 1 a 10, com desenhos que tornam os significadossimblicos mais abstratos que os dos arcanos maiores, num total de 40 cartas; s, Dois, Trs...

Nove e Dez de Copas.

quatro figuras: Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete mais parecidas com as dos arcanosmaiores, tambm repetidas em quatro naipes, num total de 16 cartas. So tambm conhecidascomo cartas da corte.

Valete, Cavaleiro, Rainha e Rei de Ouros no Tar Visconti Sforza - 1450

Para acrescentar um simples comentrio a essa descrio sumria do Tar, podemos lembrarque os quatro naipes Paus, Ouros, Espadas e Copas correspondem aos quatro elementostradicionais Fogo, Terra, Ar e gua representao simblica das foras-qualidadesconstitutivas do universo, que aparecem na Astrologia, na Alquimia, na Cabala, nos textossagrados, como o caso do Gnesis, dos Evangelhos.


os 22 trunfos ou arcanos maiores so numerados de 1 a 21 e um deles, O Louco, norecebe nmero na maior parte dos baralhos;

as 56 lminas, atualmente denominadas arcanos menores, constituem cartas de jogardo baralho comum e se subdividem em:


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Os ases e suas correspondncias simblicas com os quatro elementos: Copas (gua), Espadas (ar), Ouros (terra) ePaus (fogo) no Tarot de Mitelli - 1665

Um sentido esotrico...O Tar pode, enfim, ser entendido como uma linguagem simblica que traduz o cosmo

em sua constituio e eterna mudana, em sua estrutura e dinmica. Ele foi criado, na Europa,num momento em que vrias escolas esotricas e corporaes de artistas, buscavam transmitir osconhecimentos, no por palavras, mas por imagens que convidavam reflexo, investigao,

para serem corretamente assimiladas. o caso, por exemplo, dos mestres e praticantes daAlquimia, que produziram livros de gravuras, sem maiores comentrios por escrito, conhecidoscomo Mutus Liber, ou seja,Livro Sem Palavras, livro mudo...

Os 22 arcanos maiores, entre outros significados possveis, descreveriam as 21 etapasevolutivas que o homem representado pelo Louco pode percorrer em sua vida. O nmero 21(= 3 x 7) tambm resulta da combinao de duas leis fundamentais do universo: a Lei de Trs(tudo, para existir, necessita de trs foras) e a Lei de Sete, ou Lei das Oitavas (tudo semanifesta num processo de sete passos ou fases). Do mesmo modo que outros grandessistemas simblicos, o Tar apreciado como uma instigante fonte de inspirao e de aplicaoem variadas situaes e propsitos.

... e um sentido ldicoOs registros histricos, a partir do sculo 14, j mencionam a utilizao das cartas como lazer,

em jogos e passatempos. Essa funo ldica permanece viva at hoje, pois o que chamamos de jogos de baralho ou baralho comum, exatamente o mesmo conjunto que os escritoresmodernos denominam arcanos menores.

Para mantermos uma atitude aberta em relao ao Tar bom no esquecer que esse conjuntosimblico sobreviveu at hoje e se difundiu, no em razo do seu sentido mais profundo, mas

pelo interesse que despertou como jogo de lazer ou de apostas a dinheiro e como instrumento decartomancia.

Tal como um verdadeiro Mutus Liber, o Tar no veio acompanhado de normas ou dogmas,para ser utilizado obrigatoriamente deste ou daquele modo; todas as regras que hoje conhecemosforam inventadas posteriormente. Portanto, as normas e regras de utilizao que lemos eouvimos, as afirmaes do que certo ou errado, devem ser compreendidas de modo muitorelativo e flexvel. Os verdadeiros autores do Tar, aqueles que sabiam do que se tratava,

permaneceram annimos e sem palavras. Ningum, hoje em dia, pode se arvorar comoautoridade para falar em nomes dos mestres originais.



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O Tarot permance um desafio em aberto. O que podemos fazer nos associarmos para tentardecifrar os ensinamentos que se ocultam sob o conjunto das 78 cartas. E para fugir aos erros dasubjetividade, nada melhor que trabalhar em grupo, partilhar, colocar prova nossas reflexes.

Origens do Tar: referncias histricas do sc. 14

para a Europa, especificamente o norte da Itlia, que devemos nos voltar para encontrar asprimeiras manifestaes do jogo do 78 cartas que hoje conhecemos pelo nome de Tarot. E, ajulgar pelos mais antigos exemplares conservados, as mudanas sofridas ao longo do tempoforam muito menores do que se poderia esperar: os quatro naipes conhecidos hoje so osmesmos dos jogos italianos desde sempre: Copas, Espadas, Paus e Ouros. Alm das dez cartasnumricas, as figuras so em nmero de quatro, para cada naipe: um rei, uma rainha (ou dama),um cavaleiro e um valete. Restam ainda 22 cartas especiais que, de certo modo, formariam umquinto naipe e que os documentos italianos denominam de trionfi (trunfos) e, os franceses,atouts, com o mesmo sentido de trunfo, ou seja, de cartas que se sobrepem s demais.

Cada um dos vinte e dois arcanos maiores do Tar permitem paralelos com Alquimia, Astrologia, Sufismo,

Cabala, Mstica Crist...Restaram inmeras cartas de tar pintadas mo, do sculo XV. So os mais antigos legados

histricos, que esto sob guarda de museus ou em posse de colecionadores.

Registros concretos

No se sabe ao certo a origem das cartas do baralho tradicional. Nem se pode afirmar, comcerteza, se o conjunto dos 22 trunfos ou Arcanos Maiores com seus desenhos emblemticos

e as muito bem conhecidas 56 cartas dos chamados Arcanos Menores com seus quatronaipes foram criados separadamente e mais tarde combinados num nico baralho, ou se,desde seu nascimento, tiveram a forma de um baralho de setenta e oito cartas.

Existe, no entanto, um ponto de concordncia entre a maior parte dos estudiosos: rarosimaginam que se trataria de alguma manifestao ingnua de cultura popular ou de folclore.Ao contrrio, a abstrao das 40 cartas numeradas, bem como as evocaes simblicas dostrunfos, permitem associaes surpreendentes com inmeras outras linguagens simblicas.Sugerem uma produo muito bem elaborada, um trabalho de Escola.



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Entre os mais antigos exemplares, encontra-se o clebre jogo pintadopara a famlia Visconti-Sforza, de Milo, que pode datar dos anos 1430-50.

De outro conjunto, conhecido por Tarot de Charles VI, restaram 17 cartas, conservadas na BibliotecaNacional de Frana, que parecem datar da segunda metade do sc. XV.

A maior parte dos estudiosos consideram os 22 trunfos

os atualmente denominados "arcanos maiores" umacriao do norte da Itlia, como atestam as cartas do TarotVisconti Sforza. J as dvidas aparecem quando se trata doconjunto das cartas numeradas atualmente conhecidas por"arcanos menores" ou "baralho comum" , que poderiam tersido levadas pelos rabes Europa durante a Idade Mdia.Existem menes s "cartas sarracenas" em registros do

sc. 14.

A carta ao lado do baralho sarraceno ou Mamlk,contemporneo ou pouco anterior ao Visconti Sforza.[Museu Topkapi de Istambul (Turquia), rplica por Aurelia-Carta Mundi, Blgica]

Anteriores s lminas apresentadas acima, encontramos apenas referncias a um jogode cartas. bastante citado, nos estudos de Tar, o nome de Johannes, monge alemo queescreveu em Brefeld, na Sua, que um jogo chamadojogo de cartas (ludus cartarum) chegouat ns neste ano de 1377, mas declara expressamente no saberem que poca, onde e porquem esse jogo havia sido inventado. Sobre as cartas utilizadas, diz que os homens pintam

as cartas de maneiras diferentes, e jogam com elas de um modo ou de outro. Quanto formacomum, e ao modo como chegaram at ns, quatro reis so pintados em quatro cartas, cadaum deles sentado num trono real e segurando um smbolo em sua mo .



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H outra meno, ainda no sculo XIV, embora no tenha restado exemplar algum dasreferidas cartas: nos livros de contabilidade de Charles Poupart, tesoureiro de Carlos IV, daFrana, existe uma passagem que declara que trs baralhos em dourado e variegadamenteornamentados foram pintados porJacquemin Gringonneur, em 1392, para divertimento do reida Frana.

Variantes

Numa composio diferente, com 50 cartas divididas em 5 sries de 10 cartas cada,existem vrios exemplares do jogo chamado Carte di Baldini (c. 1465), tambm conhecidocomo os Tarocchi de Mantegna, nome de um dos mais importantes pintores do norte da Itliano sc. XV.

As 50 lminas do Tar de Mantegna (c.1465) tm um fino acabamento grfico. Suas 5sries de 10 cartas, porm, no mantm equivalncia nem com seu contemporneoVisconti-Sforza, nem com o que hoje se denomina Tar Clssico.

Alem de estruturas diferentes, exemplificada com o Tar de Mantegna, existem inmerosexemplos posteriores de acrscimo de cartas como o caso do I Tarocchi Classici e decortes e supresses que acabaram por originar jogos que se tornaram populares: Tar

Lenormand, tambm conhecido comoBaralho Cigano.

A origem do Tar continua em questo e so muitas as teorias propostas. Naverdade, porm, nada existe de idntico em outras culturas, pintado ou impresso em

cartes, que pudesse ter estabelecido um modelo direto para o jogo de 78 cartas quevem luz, na Europa, no final do sc. 14. E os desenhos mais antigos de cartas quechegaram at ns so coerentes com a iconografia crist dessa poca. Se essaafirmao vale em particular para os 22 arcanos maiores, no cabe inteiramente parao conjunto das 56 ou 52 cartas do baralho sarraceno, j mencionado no sc. 14.

Apesar desses desses dois indcios mais prximos cabe investigar a possvelinfluncia de outras culturas desse

perodo histrico e, igualmente, omaterial resgatado de civilizaes

anteriores.Alguns estudiosos mostram as analogiasentre o Tar e o antigo jogo indiano do



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Chaturanga, ou jogo dos Quatro Reis,que correspondem aos quatro naipes dascartas de jogar. A quadruplicidade, noentanto, a representao de umarealidade universal que transcende osdois jogos em questo.

O Chaturanga, que data do sc. V ou VI,antecessor do moderno jogo de xadrez,originalmente tinha o Rei, o General (aRainha moderna), seu Cavaleiro e os

pees ou soldados comuns.

No h, porm, indicaes consistentesde como poderia ter ocorrido umcaminho entre esse jogo e o Tar.

Chaturanga

Cruzados ou rabes?

H estudos que afirmam que as cartas de jogar foram levadas para a Europapelos cruzados. Contudo, a ltima Cruzada terminou mais ou menos em 1291 eno existem referncias que comprovem a presena de cartas de jogar na Europa at

pelo menos cem anos mais tarde.

Uma justificativa para a origem sarracena das cartas o nome espanhol eportugus naipe, que derivaria do rabe naibi. Tambm a palavra hebraica naibesse assemelha a naibi, o antigo nome italiano dado s cartas e, em ambas as lnguas,a palavra indica bruxaria, leitura da sorte e predio. No entanto, no se encontramna histria dos rabes e judeus referncias ao jogo de cartas, anteriores aos sculo15.

Esse tipo de restrio histrica, no entanto, no invalida a hiptese de umacriao ou re-criao "multi-tradicional" do Tar. Sabemos que, em especial naPensula Ibrica, sbios cristos, rabes e judeus, mantiveram uma criativaconvivncia durante o perodo em que o Tar d sinal de vida.

Do ponto de vista das provas histricas, o que se pode afirmar com

segurana que os rabes utilizavam, j em meados do sc. 14, um baralho de 52cartas, com estrutura idntica aos que hoje conhecemos como "arcanos menores" ou"baralho", cuja procedncia, contudo, no est esclarecida.



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Origem cigana?

Hiptese muito difundida no Brasil, porm discutvel do ponto de vista histrico, a que associa a origem das cartas de ler a sorte aos ciganos provenientes doHindusto.

Origem Egpcia?

A hiptese da origem egpcia do Tar foi aventada por Court de Gebelin em sua

obra,Le Monde Primitif analys et compar avec le monde moderne, publicada apartir de 1775..

Court de Gebelin Apostila Tarot a Arte Magna Gerson Lus Mestre Professor Laminsca-CentroHolistico

Os registros disponveis indicam que apenas no comeo do sc. XVesse povo comeou a entrar na Europa. Sabe-se que em 141 emBarcelona e Paris, em 1427. H, porm, claras evidncias de que os

grupos ciganos s estenderam suas peregrinaes para o interior daEuropa depois que as cartas j eram conhecidas ali h algum tempo.

Povo nmade, recorria aos mais variados recursos e talentos parasobreviver. As mulheres particularmente utilizavam as artesmnticas para "ler a sorte" dos habitantes das comunidades quevisitavam. Nessa rea, a tcnica tradicional mais importante pareceter sido a quiromancia (orientao e predio do futuro segundo aslinhas e sinais das mos) e, bem mais tarde, a cartomancia(utilizao dos baralhos impressos na Europa). esse um dos

motivos pelos quais os ciganos ficam intimamente associados scartas.

Embora afastados da tradio escrita e da arte de impresso dascartas os ciganos tiveram um grande papel na circulao e nadifuso da cartomancia.

Gebelin foi um apaixonado estudioso da mitologia antiga eestabeleceu inmeras correlaes entre os ensinamentostradicionais e as cartas do tar que, segundo ele, seriamalegorias representadas em antigos hierglifos egpcios.

Um ponto, no entanto, no pode ser esquecido: embora existamnecessariamente similaridades entre as linguagens simblicasmais consistentes, isso no quer dizer que tenha existido

influncia direta de uma sobre a outra.

O significado das correspondncias entre linguagens simblicasconstitui um tema delicado. Nem sempre possvel chegar auma concluso, pois similaridades e correspondncias noquerem dizer, necessariamente, que tenha havido cpia ousimples adaptao de uma cultura nacional para outra.


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(1725-1784)

A favor da correo intelectual de Court de Gebelin, importante lembrar que ascartas utilizadas por ele continuaram a ser as do Tar clssico. Ele no falsificou neminventou um "baralho egpcio" para justificar suas hipteses. Smente aps a publicaode seus estudos que comearam a aparecer baralhos desenhados com os motivosegpcios, sem maiores compromissos com a histria comprovvel desse desafiador jogode cartas.

Reproduo das cartas 17-Estrela, 18-Lua e 19-Sol, que acompanharamo famoso trabalho de Court de Gebelin, publicado em 1781.Ele prprio no redesenhou o Tar com motivos egipcios...

Seja como for, com Gebelin que se inicia a divulgao de textos e deestudos que assinalam um sentido mais alto para o Tar, como uma linguagemsimblica, como um meio de transmisso dos conhecimentos esotricos, espirituais,que vai muito alm de sua utilizao como jogo de baralho.

Mltiplas influncias

Uma boa parte dos estudiosos da origem das cartas jogar e do Tarreconhecem que no se trata de uma inveno casual. Indica claramente umfundamento simblico que, para muitos, traduziria o significado e as

propriedades do Cosmo, bem como o papel do homem na Criao. Seriaproduto de uma Escola (escola dos criadores de imagens da Idade Mdia,como sugere Oswaldo Wirth). Nessa direo de pensamento, o Tar seria umacriao de Escolas francesas e/ou italianas, no final do sc. XII, sem qualquer

relao com indianos ou chineses. A favor desse ponto de vista pesa o fato deno ter sido encontrados jogos iguais aos arcanos maiores em outras culturas.



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Boa parte das imagens do dos arcanos maiores do tar clssico guarda ntimarelao com a iconografia crist presente nas catedrais gticas, construdas apartir do sc. XI

H muitos estudos que apontam as relaes entre o Tar e Cabala. De fato, as

22 lminas dos trunfos, ou Arcanos Maiores, so em igual nmero ao das letrasdo alfabeto hebraico e ao dos 22 caminhos ou conexes entre os sefirot do desenhosimblico denominado rvore da Vida. As 40 cartas numeradas, dos ArcanosMenores, representam o mesmo nmero de sefiroth da "Escada de Jac", esquemaresultante da superposio de quatro "rvores da Vida".

Tal constatao, porm, no exclui a hiptese de contribuies rabes, quetiveram um forte e prolongado impacto, atravs do sufismo, sobre a mstica crist,em particular na Pennsula Ibrica.

Um perodo de ouro...

No implausvel, para alguns autores, imaginar o nascimento do Tar porvolta de 1180, perodo de grande fora criativa na Europa, embora as primeirasmenes registradas ocorram apenas duzentos anos aps, em 1391. A razo para isso,segundo eles, seria simples: na origem, o Tar no tinha a funo ldica de jogo de

pacincia ou de apostas em dinheiro, mas desempenhava o papel de estimular areflexo pessoal sobre o caminho espiritual. Desse modo, ele no poderia sermencionado como jogo de lazer nas crnicas da poca.

A essncia do Tar escreve Kris Hadar se funde de modo maravilho mstica

que fez do sc. XII um sculo de luz, de liberdade e de profundidade da qual notemos mais lembrana. Nessa poca, a mulher era mais liberada que hoje."

no correr desse perodo que so erigidas as catedrais gticas, em memria daelevao do esprito, e que aparece igualmente a busca de um ideal cavalheirescoque alcanar sua perfeio graasaos trovadores e o FinAmor, que colocar emevidncia a arte de crescer no amor.

Para corroborar tal ponto de vista, pode ser lembrado que nesse mesmoperodo se desenvolvem os primeiros romances iniciticos sobre os cavaleiros daTvola Redonda, a lenda do Rei Artur e a Demanda do Santo Graal.

Contemporneo dos primeiros romances, o Tar poderia ser consideradocomo um dos livros sem palavras (comuns na alquimia) para a reflexo e a



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meditao sobre a salvao eterna e a busca de Si, mesmo para quem no soubesseler. Era uma porta aberta verdade, tal como as catedrais, que permitiam aos

pobres e aos ricos crescerem na comunho com Deus.

O Tar afirma Kris Hadar uma catedral na qual cada um pode orar paradescobrir, no labirinto de sua existncia, o caminho da Salvao.

Paralelos do Tar com outros jogos

Quando deixamos de lado as tentativas algumas delas foradas de encontrarpara o tar uma origem necessariamente fora da Europa, em outras culturas e povos,abre-se um outro campo muito atraente para os estudos simblicos.

Tal como foi mencionado mais acima, a propsito da similaridades entre o Tar eo jogo indiano do Chaturanga, os estudos comparativos permitem reconhecer

princpios bsicos e universais que esto presentes em diferentes jogos criados emculturas diversas sem que houvesse um contato prximo entre elas, sem que umaexpresso em dado contexto cultural tenha sido necessariamente copiado de outro.Podemos encontrar provas de que o conhecimento das leis primordias se revela porcaminhos criativos e renovados.

O Papel especial dos impressoresO estudo atento dos trunfos, atualmente denominados Arcanos Maiores, mostra

conforme ressalta Thierry Depaulis que se trata de uma iconografia tipicamente

europia, misturando alegorias: crists: a Morte, o Diabo, a Casa-de-Deus, o Julgamento, as virtudescardinais,

populares: o Amor, a Roda da Fortuna, o Pendurado, o Tempo que o Tarde Marselha denomina Eremita,

humansticas ou os estados da sociedade: o Louco, o Mgico, o Imperador e aImperatriz, o Papa e a Papisa estes ltimos substitudos, como o caso doTarot de Besanon, do sc. XVIII, por Jpiter e Juno,

cosmolgicas: a Estrela, a Lua, o Sol, o Mundo; e o Carro, antigo smbolo dotriunfo muito apreciado durante o Renascimento.

Em meados do sc. XVII existia uma grande quantidade de casas editoras, com desenhosmuitos prximos aos que, atualmente,so designados Tar Clssico ou Tar de Marselha.As lminas acima, so do Tar de Jean Noblet, impressos em Paris, no ano de 1650, erestaurados por Jean-Claude Flornoy.



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Segundo boa parte dos historiadores, o jogo do tar teria entrado na Frana durante asguerras contra a Itlia, bem no incio do sc. XVI. Sua mais antiga meno, nesse pas, apareceem Gargantua, de Rabelais (1534), que cita o "tarau"em sua longa lista de jogos de seu heri. A

partir de meados do sc. XVI, as referncias se multiplicam. Esto conservadas, alis, as 38cartas de um jogo feito em Lyon, em 1557, por Catelin Geoffroy. Isso quer dizer que o tar

possui, na Frana, tal como na Itlia, verdadeiro selo de nobreza. Os gravuristas francesesdesempenharam um papel fundamental na difuso do jogo.

Os jogos eram estampados por meio de gravaes em madeira, e pintados mo. Alm disso, por serem destinadas a jogadores, as cartas eram levemente ensaboadas, para garantir quedeslizassem com facilidade. O papel especial da Frana No sc. XVIII, o tar produzido portoda parte, na Europa e, principalmente, na Frana: Marseille, Avignon, Lyon, Paris, Rouen,Dijon, Chambry, Besanon, Colmar, Strasbourg, Belfort, para citar os centros mais destacados.

Na Itlia e na Sua tambm aparecem importantes gravadores e impressores das cartas. ocaso do chamado Tar Clssico, impresso na Sua nessa mesma poca, cujas gravuras sosimilares s produzidas em Marselha. Ainda existem os blocos de madeira originais utilizados

para estampagem do baralho, entalhados em 1751 por Claude Burdel, cujas iniciais CBestoimpressas no braso do Carro (lmina 7).

Cartas do tar denominado Clssico que se difundiu pela Europa. Acima, trs cartasrestauradas dos trunfosoriginalmente gravados e impressos porClaude Burdel,na Sua. O Dois de Ouros uma foto do original, que traz a informao:

Claude Burdel - Cartier et Graveur - 1751.

Um modelo especfico dominou amplamente entre os impressores franceses: trata-se doclebre Tar de Marselha, assim denominado porque essa cidade era sua principal produtora nasegunda metade do sc. XVIII. Essas cartas foram to difundidas que at mesmo os italianos se

puseram a importar e a copiar os jogos impressos em Marselha. Uma referncia bsica dessalinha marselhesa encontra-se nas gravuras de Nicolas Conver. Esse modelo foi bastante copiadoe as cores utilizadas sofreram inmeras alteraes em razo dos processos tipogrficos adotados.

1760Tar ConverDesenho do fundador da

Maison Camoin,impresso por mquina ecolorido mo em vriascores.

1880Tar CamoinCom novas

mquinas so usadasapenas quatro coresno mesmo gravadode Conver (1760).

1898Tar BesanonNo possui as

mesmas cores doTar Clssico esubstitui as cartas daPapisa e do Papa.

Aps 1930, o traadodo Tar de Besanon

retomado commisturas de cores, sobcritrios discutveis.



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Persistem at hoje divergncias entre os estudiosos e restauradores do Tar, com respeito verso do Tar de Marselha que seria mais adequada, seja quanto aos detalhes das gravuras, sejaem relao s cores utilizadas.

1931 GrimaudEdio compilada porPaul Marteau, comquatro cores chapadas.

1997 CamoinRedesenhado comocpia fiel dos gravados deNicolas Conver, de 1760.

2000 Kris HadarProposta do autorcanadense a partir dased. Grimaud e Camoin.

A cada sculo que se seguiu, aumentou a difuso das cartas e a inveno de novos desenhos,mais ou menos afastados do modelo clssico.

As variaes modernasAs cartas do baralho moderno para jogos de

entretenimento ou apostas mantiveram o padroclssico, com os quatro naipes e as figuras. Masno so mais chamadas de "Tar", poisdescartaram os trunfos (os "arcanos maiores"),mantendo to somente o Louco com a funo deCoringa.

Apenas no incio do sculo XX comeou a seimpor mundialmente, vindo da Alemanha, odesenho moderno do baralho comum, com seugrafismo simplificado para facilitar o manuseiodas cartas, mas sem que as regras dos jogos sealterassem.

Jogos e mancias: um percurso de mos dadas

Est ainda por ser feito, no Brasil de hoje, um levantamento para sabermos qual a proporoquantitativa da utilizao das cartas:(a) para estudos simblicos, terapia e cartomancia;(b) parajogos de lazer, nos lares e nos clubes, e para carteado valendo dinheiro, nos cassinos eoutros recintos fechados.

Jogos e lazerOs registros histricos mais antigos sobre a existncia do Tar so encontrados na Europa,

em particular na Itlia e Frana. E o que neles se mencionam so o jogos e o lazer. Tal utilizao

das cartas se estende at hoje, passando pelas apostas retratadas nos filmes de "faroeste"americano, cassinos, clubes, bares.



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Muitos clubes e comunidadesorganizam torneios de jogos de

baralho: buraco, canastra, tranca ebridge, entre outros.A foto ao lado foi divulgada naInternet pelo site do Clube Monte

Lbano de So Paulo: um torneio detranca com a participao dosassociados.

O baralho moderno, herdeiro dos Arcanos Menores do Tar, tambm anima jogos na famlia,que vo dos mais simples, para crianas, at os elaborados e complexos, para os adultos, semcontar as "pacincias" que podem ser jogadas solitariamente, no s com baralhos impressos,mas igualmente pelas telas dos computadores.Cartomancia

A febre da aplicao do Tar cartomancia, na Europa, torna-se visvel com Etteilla, naseqncia da divulgao do trabalho de Court de Gebelin (1775).

Etteilla, pseudnimo de Alliette, ora descrito como peruqueiro, ora como professor de lgebra,foi considerado por muitos como um oportunista. Tornou-se um dos mais ardorosos seguidoresde Gebelin e se dedicou a promover suas idias para acumular grande fama e fortuna.

Os desenhos do baralho do Grande Etteilla afastam-se das figuras simblicas encontradas namaioria dos tars at ento. Hoje em dia, possvel encontrar reprodues, das cartas originaisde Etteilla, que parece ser sido um exemplo marcante de simplificao e popularizao dossmbolos.

O baralho redesenhado sob a direo de Jean-Baptiste Alliette "Etteilla" (1738-1791)revela claramente sua finalidade adivinhatria. Os significados das cartas

so reduzidos umas poucas referncias prticas, prprias cartomancia:"Doena", "Fortuna", "Nobre", "Homem Loiro"...

A prtica popular da cartomancia, entretanto, j corria h muito por toda Europa, graasaos ciganos e sensitivos espalhados por toda parte. E, hoje em dia, todas as pessoas conhecem oTar em razo de sua utilizao mntica, quer nos grandes centros urbanos, quer nas pequenascidades.

Lazer e Cartomancia no BrasilNa primeira metade do sculo passado, com o grande afluxo de imigrantes europeus e rabes,

muito antes da TV e dos eletrnicos, os baralhos dominavam a cena dos jogos de mesa. Sua

versatilidade de regras permitia entreter crianas, adultos competitivos, idosos dispostos aospassamentos, tantos nos lares, nos encontros familiares, como nos clubes.Os jogos de baralhos eram e continuam sendo relativamente baratos e acessveis, o que



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facilitava e facilita sua difuso. Ao lado da utilizao ldica, o baralho comum aparece nasmos de uma certa parcela de mulheres interessadas em outra vertente: ler a sorte pelas cartas.

Exemplo de um baralho comum, dos anos 40 ou 50, bem marcado pelo uso,com anotao dos significados das cartas segundo a ca rtomancia popular:"Sucesso garantido pela ajuda de um amigo inteligente e sensato","Viagem de negcios", "Inimiga maledicente e invejosa", "Unio feliz, vantajosa"...

No Interior brasileiro, ainda fcil encontrar curandeiras, benzedeiras, paranormais, queutilizam o baralhos comuns, muitas vezes sobras dos jogos de carteado dos homens, para realizarseus trabalhos de ajuda e para fazer predies.

Sob a designao genrica de 'tarlogos' existem, entre ns, inmeros praticantes queconciliam a cartomancia com uma viso simblica mais ampla. Muitos deles so profissionaisque dedicam exclusivamente ao atendimento de pessoas, combinando em diferentes graus enveis, as previses com o aconselhamento psicolgico e existencial. A histria do baralho noBrasil ainda est por ser registrada como merece.

Pesquisas histricas e estudos sobre o Tar

Pesquisas histricas

Os estudos dos smbolos antigos, que se estendem at o Renascimento, soindispensveis para quem deseja compreender a essncia do Tar. Paraentender a razo das mudanas e das distores que ocorreram desde ento, a

pesquisa dos historiadores so de valiosa ajuda.

Personalidades & famosos na histria das cartas

Os nomes famosos na histria do tar distribuem-se num vasto cenrio queinclui desde estudiosos srios e consistentes at fantasistas, alguns ingnuos,outros que inventam histria para incrementar a propaganda de seu prprionome e de seus interesses pessoais.

As mltiplas faces do Esoterismo e o Tar



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Court de Gebelin

A publicao pelo Court de Gebelin (1719-1784) deLeMonde Primitif analys et compar avec le monde moderne (Omundo primitivo analisado e comparado com o mundomoderno", em 1775, constitui um marco importante na histriamoderna do Tar. O baralho passa a ser considerado no apenasassunto de jogos de lazer ou de adivinhao e ingressa no rol de

interesse dos esotricos e intelectuais a partir do final do sc.18.

de Gebelin o primeiro texto de que se tem notcias queoferece outras informaes simblicas sobre as cartas que vomuito alm do receiturio para a cartomancia popular.

O papel de Court de Gebelin na histria mais recente do tar discutido no tpico sobre asorigens do jogo de cartas Tar egpicio ? e Hipteses

Um bom artigo sobre Gebelin e seu papel na valorizao esotrica e simblica do tar, foielababorado por James W. Revak e traduzido por Alesander Lepletier emAntoine Court deGbelin: pai do tar esotrico moderno: Antoine Court de Gbelin

Etteilla, pseudnimo de Jean-Baptiste Alliette (1738-1791),tambm francs e contemporneo de Gebelin, outro nome dereferncia na histria do Tar, tanto pela divulgao do baralhoquanto pelo livro que escreveu, Manire de se rcrer avec le

jeu de cartes nommes tarots (Maneira de se divertir com ojogo de cartas denominadas tars) em 1785.

Etteilla no se prende aos aspectos eruditos e consegueapresentar um texto com indicaes prticas que tiveram grandeinfluncia sobre os cartomantes da poca, como foi o caso deMlle. Lenormand.

Etteilla

Outros franceses Eliphas Levi (1810-1875) foi um filsofo que se dedicou ao estudo dossmbolos e que deixou muitos seguidores. Seminarista da Igreja Catlica Romana, artista

plstico, seu nome verdadeiro era Alphonse Louis Constant.

Eliphas Levi

Em seu famoso livro "Dogma e ritual da Alta Magia"(1856), descreve o Tar como uma sntese da cincia e

chave universal da Cabala. Estabeleceu a correspondnciaentre as 22 letras do alfabeto hebraico, os 22 caminhos darvore da Vida - que ligam os Sephirot entre si e os 22trunfos ou Arcanos Maiores.

Ao invocar ao mesmo tempo a Cabala, a alquimia e aastrologia, bem como a tradio hermtica, Eliphas Levireiterava que o Tar oculta os segredos dos antigosconhecimentos.

Eliphas Levi e Court de Gebelin so, de certo modo, doismarcos da profuso de publicaes, irmandades e crculosesotricos mais ou menos secretos que se espalhariam pelaEuropa durante o sc. 19.

http://www.clubedotaro.com.br/site/h23_18_egipcio.asphttp://www.clubedotaro.com.br/site/h22_4_Gebelin.asphttp://www.clubedotaro.com.br/site/h23_18_egipcio.asphttp://www.clubedotaro.com.br/site/h22_4_Gebelin.asp


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Outros nomes tambm se destacam nesse perodo efervescente, como o caso deStanislas de Guaita (1861-1897), fundador da "Ordem Kabalstica da Rosacruz", que congregou

muitos dos assim chamados "ocultistas" e "magos".Entre as figuras desse perodo, muito prximo de Stanilasde Guaita, destaca-se Oswald Wirth (1860-1943), deorigem sua, autor de obras que se tornaram clssicas,como "O simbolismo hermtico em suas relaes com aalquimia e a franco-maonaria", "O simbolismoastrolgico" e, sobretudo, "O Tar dos imaginrios (dossanteiros) da Idade Mdia".

Ainda que se atribua a Wirth a primeira tentativa de concebere editar um Tar especificamente esotrico, conhecido por Tar

Oswald Wirth, a srie que idealizou e desenhou, em 1889, fortemente inspirada no Tar Clssico ou Tar de Marselha. Nessesentido, embora fosse maom, seu trabalho no constituiu um "tarmanico", exclusivo, como alguns autores defendem, a menos quetambm se considere os desenhos dos antigos "cartiers" franceses,entre eles o jogo marselhs, como herdeiros dos antigos construtoresdas catedrais, o que a, sim, bastante plausvel.

Oswald Wirth

Quanto a idia de um tar manico, alm da resenha sobre o Tar de Marselha,dois textos de Jean-Claude Flornoy mencionam as vicissitudes das corporaes deofcio: O Tarot de Jean Noblet (1650) e Tars de Jean Dodal e Jean-Pierre Payen(1701-15)

Papus

J um outro francs, contemporneo de Oswald Wirth,inspirado nos esboos egpcios de Eliphas Levi, arriscou-senum novo desenho do Tar. Foi ele Papus, nome ocultistautilizado por Grard Encause (1865-1917), mdico francs,fundador e lder da "Ordem espiritual e manica dosMartistas", autor do Tarot des Bohmiens (Paris, 1889), obraat hoje traduzida e publicada.

O desenhos originais do Tar dos Bomios, elaborados porJean-Gabriel Goulinat, apareceram apenas no formato de livro,

publicado em 1889 e revisto em 1911. As estampas ganharam oformato de baralho, somente quando seus desenhos originaisforam reproduzidos e coloridos, em 1981.

Embora seja muito mais popular que Eliphas Levi e OswaldWirth, h estudiosos, entre entre eles P. D. Ouspensky, queapontam deslizes em seus textos.

Na segunda metade do sc. 19 amplia-se a quantidade de escritores e publicaes ligadosao esoterismo. Proliferam ordens, irmandades, sociedades, lojas, sob vrias designaes:rosacruzes, manicas, ocultistas, templrias, esotricas, mgicas, secretas...

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Joio e trigo se misturam irremediavelmente.

Num cenrio catico, em que reina uma sintomtica confuso entre orito sagrado e a magia pessoal, entre o estar a servio e a busca de

poder egico, surge um pensador pontual e rigoroso diante dasfantasias que continuam a proliferar no mundo moderno: RenGunon (1886-1951).

Sua experincia se diferencia em relao maioria dos autores de seutempo. Participou, durante sua formao, de vrias escolas e passou

por diversos ritos existentes na Frana. Teve, porm, a oportunidadede encontrar e de reconhecer outras fontes ligadas de modo maisdireto aos ensinamentos tradicionais e soube propor uma claradistino entre o sagrado e o profano, resultado de longos anos detrabalho.Ren Gunon teve fora e coragem para remar contra a mar e dedicou sua vida ao estudo e transmisso do saber que se encontra alm da cincia moderna.

Os ingleses

Na esteira do que se passa no continente europeu, a Inglaterra igualmente palco para personagens que incluem o Tar em seusestudos.

Um deles, MacGregor Mathers (1854-1918), obteve grandenotoriedade e est associado ao ressurgimento do ocultismo e da

Magia na virada do sculo XIX.Ligado a lojas manicas e a sociedades rosacrucianas, fundoucom William Robert Woodman e William Wynn Westcott umaOrdem prpria, a Golden Dawn ou "Aurora Dourada". Em seulivro "O Tarot: um pequeno tratado sobre a leitura das cartas",at hoje publicado e traduzido ao portugus, MacGregor Mathers

prope-se a dar aos seus leitores "uma idia do profundo significado das cartas de Tarot e de como ele poder serutilizado para fins divinatrios".

Oswald Wirth

Waite

Entre os ingleses ligados aos estudos esotricos e que se dedicaramao tar, Arthur Edward Waite (1857-1942) um dos maisapreciados e traduzidos. Pesquisou em diversas fontes e escreveuvrios livros, entre eles, The Key to the Tarote The Holy Kabbalah.

Sob sua iniciativa e superviso, um baralho de 78 cartas conhecidocomo baralhoRider foi desenhado porPamela Colman Smith.

Esse baralho engrossa a tendncia moderna de dar figuraes aosArcanos Menores, como recurso para traduzir de modo factual seussignificados, o que acarreta, por outro lado, no empobrecimentosimblico.



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Ao lado dos estudiosos e autores que se dedicaram ao propsitode investigar as correspondncias entre o Tar e demaislinguagem simblicas, tornou-se conhecido um outro nome

bastante controvertido: Aleister Crowley (1875-1947). Seusdons, embora reais, foram utilizados segundo seus crticos demodo banal e repleto de fanfarrices.

Foi ele quem inspirou Lady Frieda Harris a redesenhar as cartasdo Tar. Esse trabalho, de aprecivel valor esttico, se afastacompletamente dos desenhos clssicos dos arcanos. O Tar deCrowley s foi impresso pela primeira vez em 1971, com o livroThe Book of Thoth.

Aleister Crowley

Dois russos: estudos em profundidade

Entre os estudos muito importantes sobre os fundamentos simblicos do tar, algunsdeles representam um verdadeiro desafio para os iniciantes. o caso, por exemplo, da obra deG. O. Mebes, professor e esoterista russo, morto em campo de concentrao pelo regimecomunista. O que nos restou de seus cursos foram anotaes de alunos, portanto sem muitasexplicaes de detalhes para aqueles que desconhecem a simblica da rvore de Vida e no

participavam diretamente do contexto prtico em que Mebes realizava o seu trabalho.

Tomberg

Mebes est longe do papel de personalidade popular, mas deixou para aposteridade importantes estmulos para novas direes de pesquisa sobre

as cartas ao estabelecer inusitados nexos entre smbolos cabalsticos e osarcanos maiores e menores.

Outro nome que permanece afastado do espao circence cultivado poralgumas personalidades, mas que pode ser considerado como o autormais consistente na indicao dos vnculos possvel do tar comdiferentes correntes de ensinamento, o de Valentim Tomberg,contemporneo de Mebes e que conseguiu manter-se annimo poralgumas dcadas.

Embora tambm dependamos de muito estudo para compreender todo o alcancedas afirmaes de Tomberg, o seu texto foi especialmente preparado para publicao e,dentrto do possvel, ele se mostra bem didtico. Pode ser considerado como o ponto alto dosestudos sobre o Tar.

Cartas, lminas, arcanosNo clima europeu do sculo XIX, em que o Tar foi revalorizado pelos estudiosos

de temas esotricos, torna-se compreensvel que seria bem recebida a troca de termos paradesignar as cartas e o baralho. De fato foi o que aconteceu a partir da publicao, em 1865,da obra "Lhomme rouge des Tuileries" de Paul Christian, pseudnimo de Jean-BaptistePitois (1811-1877). Discpulo de Eliphas Levi, atribui-se a Paul Christian ter "inventado ostermos lminas e arcanos para designar as cartas dos Tarots".

Cenrio atual da histria do Tar -Esquecimento das origens e contradies

http://www.clubedotaro.com.br/site/h2319_Mebes.asphttp://www.clubedotaro.com.br/site/z94_Tomberg-bio.asphttp://www.clubedotaro.com.br/site/h2319_Mebes.asphttp://www.clubedotaro.com.br/site/z94_Tomberg-bio.asp


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Nos dois ltimos sculos surgiram inmeros desenhos diferentes, com as mais variadasinspiraes artsticas, que animam os colecionadores de todo o mundo.

Hoje podemos encontrar editoras especializadas, em especial nos Estados Unidos e Europa,com centenas de baralhos redesenhados livremente nos ltimos cinqenta anos. Existe de tudo, eem tal profuso, que torna difcil para o iniciante distinguir as invenes livres, subjetivas, semcompromisso com qualquer fonte de conhecimento, e os trabalhos que buscam os vnculos doTar com os Ensinamentos antigos..

Oito exemplos do trunfo 2, A Sacerdotisa: uma evidente contradio de sinais.No alto, esquerda, a carta do Tar de Jean Noblet (1650), seguida dos desenhos doincio do sc. XX: White (Rider), Crowley e, mais recente, o "egpicio" da Editora Kier.Abaixo, da esquerda para a direita, representaes da Sacerdotisa em alguns

dos tars contemporneos: de Manara, dos Santos, Aquarian e Salvador Dali .Nessa situao, torna-se recomendvel aos interessados em estudar e compreender os

ensinamentos contidos no Tar, que comecem sua investigao pelos desenhos clssicos; estespossivelmente esto mais prximos da fonte e menos distorcidos pela subjetividade de artistasque nem sempre conhecem a amplitude de significados simblicos das antigas figuras que se

propem a reinventar.Quanto aos manuais e livros sobre o Tar, bom lembrar que s comearam a ser publicados

nos ltimos 200 anos. Nos sculos anteriores no circulava qualquer "manual de instruo". Ascartas talvez fossem entendidas de modo mais direto e seu sentido transmitido na convivncia,de forma espontnea. Hoje, porm, temos necessidade de manuais e professores e no muitofcil, primeira vista, distinguir os diferentes nveis de qualidade e de compreenso. Uma

profuso de fantasias, atraentes do ponto de vista artstico, mas carentes de consistncia,convivem com e no mais das vezes encobrem os testemunhos de uma outra ordem deconhecimento.

Os Arcanos Maiores

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21/72

Louco Mago Papisa Imperatriz Imperador Papa Namorados Carro

8

Justia

9

Eremita

10 Rodada Fortuna

11

Fora

12

Pendurado

13

Morte

14

Temperana

15

Diabo

16

Torre

17

Estrela

18

Lua

19

SoL

20

Julgamento

21

Os significados dos Arcanos Maiores

Os textos com dados bsicos sobre cada arcano, esto subdivididos em quatro tpicos:

imagem e descrio da lminasignificados simblicosinterpretaes usuais na cartomanciahistria e iconografia.

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(0 ou 22) O Louco O Arcano da Busca e do Amor

Tar de Marselha

Ao contrrio do que ocorre nos demais arcanos, amargem superior da lmina no tem numerao, razo

pela qual se costuma atribuir-lhe o valor de arcano 0

ou 22, segundo a necessidade. Um homem andacom um basto na mo direita. Est de costas, mas seurosto, bem visvel, aparece de trs quartos. Sobre oombro direito leva uma vara em cuja extremidade huma pequena trouxa. O personagem est vestido noestilo dos antigos bobos da corte: as calas rasgadasdeixam ver parte da coxa direita. Um animal que

poderia ser um felino parece arranhar esta parteexposta ou ter provocado o rasgo.

De um cho rido, acidentado, brotam cinco plantas.

O viajante tem a cabea coberta por um gorro quedesce at a nuca e lhe cobre as orelhas; esta estranhatouca transforma seu rosto barbudo numa espcie demscara. Veste uma jaqueta, presa por um cintoamarelo; seus ps esto cobertos por caladosvermelhos.

Espontaneidade, despreocupao, admirao, saudade.Impulsividade. Inconscincia. Alienao.

Interpretaes usuais na cartomanciaPassividade, completo abandono, repouso, deixar de

resistir. Irresponsabilidade. Inocncia. Escolha intuitivaacertada. Domnio dos instintos; capacidade medinica.Absteno. O no-fazer. Mental: Indeterminao devida s mltiplas

preocupaes que se apresentam e das quais se tem apenasuma vaga conscincia. Idias em processo detransformao. Conselhos incertos. Emocional: Revezes sentimentais, incerteza frente aoscompromissos, sentimentos vulgares e sem durao.Infidelidade.

Fsico: Inconscincia, desordem, falta palavra dada,insegurana, desprazer. Abandono voluntrio dos bensmateriais. Assunto ou negcio enfraquecido. Do ponto devista da sade: transtornos nervosos, inflamaes,abscessos.

Sentido negativo: Enquanto andarilho, o Louco significaqueda ou marcha que se detm. Abandono forado dos bensmateriais; decadncia sem muita possibilidade derecuperao. Complicaes, atoleiro, incoerncia.

Tar de Marselha

http://www.clubedotaro.com.br/site/m32_22_trouxa.asphttp://www.clubedotaro.com.br/site/m32_22_trouxa.asp


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Nulidade. Incapacidade para raciocinar e autodirigir-se,entrega aos impulsos cegos. Automatismo. Confusesinconscientes. Extravagncia. Castigo causado pelainsensatez das aes. Remorsos vos.

Histria e iconografia Reis e senhores, desde pocas remotas, tinham bufes em seus palcios,verdadeiras caricaturas da corte. Histrias sobre eles, bem como as representaes grficas desse

personagem, podem ser contadas s dezenas.

O Filho

Mas a imagem deste Arcano um louco solitrioque atravessa os campos e agredido por um animal

no havia sido representada at ento: prpria doTar e, nesse sentido, representa uma de suascontribuies mais originais do ponto de vistaiconogrfico.

Van Rijneberk arrisca a hiptese de que o esprito burlesco e irreverente da Idade Mdia teria parodiado, neste personagem, a classe dos Clericivagante que, segundo ele, eram estudantesmigratrios e inquietos, sempre em busca de novosmestres de quem pudessem aprender cincias eidias, e de novas tabernas onde pudessem beberfiado um pouco de vinho bom.

Mais de um autor v nesses viajantes insaciveis epouco escrupulosos os primeiros agentes talvez

ignorantes da sua misso, mas de grande eficcia real da Reforma religiosa.

No desenho feito por Wirth aparece pela primeira vezimpresso o termoLe fou (O Louco) para designar o arcano semnmero, embora tradicionalmente fosse conhecido por este

nome desde muito antes. Tanto o baralho Marselha original,bem como seus numerosos contemporneos franceses (e osexemplares dos copistas espanhis) chamam Le Mat a estacarta.

Paul Marteau levantou a hiptese de que este nome seria umaaluso ao jogo de xadrez, j que o protagonista est em cheque(pelos outros, pelo mundo), numa situao de encurralamentosemelhante do cheque mate. A palavra mat, no francs,significa "fosco, abafado, indistinto" e ainda o "cheque mate",no xadrez. J o termo mt, quer dizer "mastro".

Outro estudioso do Tar, Gwen Le Scouzec, sugere duas

variantes etimolgicas: o nome viria literalmente do rabe(mat: morto), ou seria uma apcope do italianomatto (louco,doido), nome com que aparece no tarocchino de Bolonha.



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Tar de Oswald Wirth

I. O Mgico ou O Mago O Arcano da Mstica, da Concentrao, do Impulso Criado

Tar de Marselha

O ttulo francs desta carta, Le Bateleur, pode sertraduzido tambm como Prestidigitador, Malabarista,Pelotiqueiro, Bufo, Acrobata ou Cmico. O termoPrestidigitador talvez fosse o mais adequado ao simbolismodinmico do personagem, mas comum que seu nome sejatraduzido do ingls Magician, Mgico ou Mago.

Um prestidigitador, de p, frente mesa onde coloca osseus instrumentos, segura uma esfera ou um disco amareloentre o polegar e o indicador da mo direita, enquanto com a

mo esquerda aponta obliquamente para o cho uma varetacurta.O personagem representado de frente, com o rosto

voltado para a esquerda. [Nas referncias aos protagonistasde cada carta, ser considerada sempre a esquerda e a direitado leitor]. Usa um chapu cuja forma lembra o smbolo

algbrico de infinito ( ) e seus cabelos, em cachos louros,escapam desse curioso chapu. Veste uma tnicamulticolorida, presa por um cinto amarelo.

Sobre a mesa, da qual se vem apenas trs pernas, h

diversos objetos: copos, pequenos discos amontoados, dados,uma bolsa e uma faca com a lmina descoberta ao lado desua bainha.

O prestidigitador est s, no meio de uma campina rida comtrs tufos de erva; no horizonte, entre as pernas da figura, umarvore se desenha contra o cu incolor.

Significados simblicos



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Arcano da relao entre o esforo pessoal e a realidadeespiritual. Domnio, poder, auto-realizao, capacidade,impulso criador, ateno, concentrao sem esforo,espontaneidade.

O ser, o esprito, o homem ou Deus; o esprito que se pode compreender; a unidade geradora dos nmeros, asubstncia primordial. Ponto de partida. Causa primeira.

Influncia mercuriana.

Interpretaes usuais na cartomancia

Destreza, habilidade, finura, diplomacia, eloqncia,capacidade para convencer, esprito alerta, intelignciarpida, homem inquieto nas suas atividades e negcios. Mental: Facilidade para combinar as coisas, apropriaointeligente dos elementos e dos temas que se apresentam ao

esprito. Emocional: Psicologia materialista; tende para a buscadas sensaes, do vigor, da qualidade criativa.Generosidade unida a cortesia. Fecundidade em todos ossentidos. Fsico: Muita vitalidade e poder sobre as enfermidadesde ordem mental ou nervosa, neuroses e obsesses. EstaCarta indica uma tendncia favorvel para questes desade, mas no assegura a cura. Para conhecer odiagnstico necessrio considerar outras cartas.

Tar de Marselha

Sentido negativo: Charlato persuasivo, sugestivo, ilusionista, intrigante, politiqueiro, impostor,mentiroso, explorador de inocentes. Agitao v, ausncia de escrpulos. Discusses, brigas que podemse tornar violentas, dado o vigor do personagem. Mau uso do poder, orientao defeituosa na ao,operaes inoportunas. Tendncia disperso nas aes, falta de unidade nos processos e atividades.Duvida. Indeciso. Incerteza frente aos acontecimentos. Histria e iconografia Desde a antiguidadeclssica so bem conhecidos esses personagens que ganhavam a vida com suas habilidades. Seu ofcio secombinava freqentemente com a apresentao de danas e a prtica do charlatanismo passavam o seutempo a vagabundear pelas feiras.



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"LEscamoteur", O Ilusionista Pintura de Jerome Bosch (1453-1516)

No h muitas marcas literrias de sua passagem pela cultura europia, mas, em compensao,foi um personagem de prestgio nas artes grficas desde os primeiros tempos. As gravaesmedievais costumam mostr-lo no desempenho de suas mgicas frente a um grupo de espectadoresabsortos.

O Tar suprime as testemunhas e acrescenta detalhes originais (a mesa de trs pernas, a posio

das pernas e dos braos do protagonista, entre outros), mas o seu parentesco com os registros sobreas feiras evidente.Pode-se acrescentar que, no mundo islmico, o Prestidigitador foi tambm um personagem de

vasta popularidade.

Tar de Oswald Wirth

Num sentido mais geral, o Prestidigitador pode serconsiderado smbolo da atividade originria e do poder criadorexistente no homem. Como ponto de partida do Tar, tambm o primeiro passo inicitico, a vontade bsica nocaminho para a sabedoria, a matria primordial dos

alquimistas, o barro paradisaco do qual ser obtido o AdoKadmon.Se o mundo visvel no passa de iluso pergunta-se

Oswald Wirth o seu criador no ser o ilusionista porexcelncia?

Neste plano, o Prestidigitador identifica-se com amaterialidade do ser criado, at que o demiurgo e a criaturatornam-se o mesmo: certamente h aqui um sentido

psicolgico, para o qual a identidade produto da experincia pessoal (o homem o resultado das suas prprias aes).Desta maneira, pode-se interpretar a supresso da quarta perna

da mesa como representativa do ternrio humano no mundo(esprito-psique-corpo).

Uma das especulaes em torno do personagem do Arcano Ipode ser estabelecida a partir da sua atividade intensa, de seudinamismo sem repouso (produto de seu carter deintermedirio entre o sensvel e o virtual), atributo que orelaciona de modo estreito ao simbolismo de Mercrio.

Nesse sentido, a vareta que traz na mo esquerda seria a

simplificao do caduceu, assim como seu estranho chapucorresponde quase exatamente ao capacete alado da divindade.Seu nome grego significaria intrprete, mediador, o queconfirmaria essa hiptese. Muito j se estudou sobre o papelfundamental desempenhado por Hermes Trimegisto na histriado ocultismo; os alquimistas desenvolveram boa parte de suassutis investigaes em torno do simbolismo de Mercrio; no absurdo, portanto, supor que o Tar tenha sido colocado sobsua invocao.

O arcano do Mago tambm relacionado ao Aleph ( ), do

alfabeto hebraico, e pode ser associado idia de princpio etambm ao primeiro som articulvel ( a ) que, segundo atradio expressa a fora, a causa, a atividade, o poder eseria o paradigma do homem em sua relao com as demais



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criaturas.Hermes (Mercrio)

II. A Papisa (ou A Sacerdotisa) O Arcano da Sabedoria, da Gnose, do Princpio Receptivo

Tar de Marselha

Uma mulher sentada, com um livro aberto sobre a saia euma coroa tripla na cabea.

Olha para a esquerda e veste uma tnica vermelha sobrea qual se desdobra um manto azul (em algumas verses ascores so opostas). Duas partes da sua tiara esto ornadasde flores, mas a parte superior uma simples abbada.Um vu, que lhe cai sobre os ombros, cobre totalmente os

seus cabelos; na mesma altura desse vu, por trs, apareceuma cortina cujos pontos de fixao no so visveis.Tampouco se podem ver os ps da mulher, assim como a

base do trono. Fato curioso, que reencontrado somente noarcano XXI, que a figura ultrapassa a margem superior doquadro: o extremo da tiara supera a linha negra, um pouco direita do nmero II.


A Sabedoria, a Gnose, a Casa de Deus e do homem, osanturio, a lei, a Cabala, a igreja oculta, a reflexo.

Fala tambm do binrio, do princpio feminino,receptivo, materno.

Mistrio. Intuio. Piedade. Pacincia, influnciasaturnina passiva.


Reserva, discrio, silncio, meditao, f, confiana atenta. Pacincia, sentimento religioso,resignao. Favorvel s coisas ocultas.



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Mental: Grande riqueza de idias. Responde a problemasconcretos melhor do que a questes vagas. Emocional: amistosa, recebe bem. Mas no afetuosa. Fsico: Situao garantida, poder sobre osacontecimentos, revelao de coisas ocultas, segurana de triunfosobre o mal. Boa sade, mas com um ritmo fsico lento.

Sentido negativo: Dissimulao, hipocrisia, intenes

secretas. Mesquinharia, inao, preguia. Beatice. Rancor,disposio hostil ou indiferena. Misticismo absorvente, fantico.Peso, passividade, carga. As intuies que traz invertem seusentido e se tornam falsas. Atraso, lentido nas realizaes.

Histria e iconografia

A traduo exata do nome que o Tar de Marselha d a estearcano (La Papesse) A Papisa. Outras verses, como A

Sacerdotisa ou A Alta Sacerdotisa, vm do nome que lhe dadoem ingls (The High Priestess). A figura da Papisa faz aluso aum fato histrico, ou melhor, lendrio, que ocupa um lugarnotvel na literatura da Idade Mdia: a pretensa existncia de umPapa do sexo feminino. A tradio popular diz que uma mulherocupou a cadeira de So Pedro durante alguns anos sob o nomede Joo VIII. Vrias verses aparecem, mas o mais antigotestemunho que chegou at ns bastante posterior data de seusuposto reinado. De qualquer modo, para o estudo tradicional eiconogrfico do Tar, no importa estabelecer alguma fidelidade

histrica. Embelezada com o correr do tempo, uma de suasverses combina admiravelmente com o simbolismo maternalque se atribui estampa: segundo tal verso, a papisa teria ficadogrvida de um dos seus familiares e, como no se recolheu poca do parto, o acontecimento teria se dado em plena rua,durante uma procisso entre a igreja de So Clemente e o palciode Latro.

Tar de Marselha

A Sacerdotisa representa a submisso majestosa s exigncias dessa iniciao, o equilbrio que arepartio elementar de forcas produz no conflito.


Com a dramtica descoberta do embuste, o enfurecido squito papal teria assassinado Joana e seu filho.Antigas tradies romanas asseguram que, no lugar do homicdio, permaneceu durante sculos um tmuloornado por seis letras P, que podiam ser lidas de trs maneiras diferentes (jogando com a inicial comum a

Papa, Pedro, pai e parto). Ainda com relao a essa lenda, deve-se assinalar um fato notvel: na clebreBblia ilustrada alem do ano de 1533, a grande prostituta do Apocalipse est representada com uma tiarana cabea, A tradio afirma que foi desenhada deste modo por desejo expresso e sugesto de MartinhoLutero. Enquanto o Mgico no poderia permanecer em repouso (numa unidade andrgina onde tudo impulso e estmulo), a Sacerdotisa o prprio repouso: sentada, majestosa, receptiva, seu reino binrio,uma etapa na distino da polaridade do universo. Se o binrio equivale a conflito, no sentido de rompimentoda unidade, de abandono do caos essencial onde no existem as magnitudes nem os nomes, tambm a

primeira etapa dolorosa e imprescindvel das vias iniciticas, o comeo da busca da identidade.


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O que o Arcano I era para a encarnao dasenergias espirituais o Arcano II o quanto aceitao dessa metamorfose: o reconhecimento

prvio da luta entre os princpios branco-negro,dia-noite, Yang-Yin. Alguns autores vem na

Sacerdotisa a representao de Isis, com todas assuas conotaes noturnas e ocultas. Tambm aassociam a Cassiopia, a rainha negra da Etipia eme da constelao Andrmeda, e a Belkis, a

belssima rainha de Sab, para quem Salomoteria composto o Cntico dos Cnticos. Essarelao da Sacerdotisa com deusas e rainhasnegras (ou escuras) no parece casual e acentua acontrapartida com a carta a seguir: o simbolismo

branco, luminoso e diurno do Arcano III (AImperatriz), com quem a Sacerdotisa forma adupla oposta e complementar da feminilidade.

Este smbolo subterrneo, que se refere aoaspecto esotrico da revelao, teria passado parao cristianismo sob a forma das virgens negras,cujo ritual se realiza com freqncia numa criptaou num lugar inacessvel.

Me, esposa celeste, senhora do saber esotrico,a Papisa ou Sacerdotisa ocupa na estrutura do Taro lugar da porta, da passagem entre o exterior e ointerior, do ponto imvel e comum entre a Casa e

a rua.

Isis, deusa do amore da magia, que se tornou

a deusa-me do Egito

III. A ImperatrizO Arcano da Magia Sagrada, da Fora Mediadora, da Me

Tar de Marselha-Camoin

Uma mulher coroada, sentada num trono, mantm contra si, com suamo direita, um escudo ornado com uma guia amarela, enquanto quecom a esquerda sustenta um cetro que termina por um globo encimado

pela cruz.Est representada de frente, com os joelhos separados e com os ps

ocultos nas dobras da tnica. A cintura da Imperatriz est marcada porum cinto, que se une a uma gola dourada. A coroa leva flores amarelos e

permite que os cabelos da figura se derramem sobre os ombros.O trono est bem visvel e seu espaldar sobressai altura da cabea da

Imperatriz. No ngulo inferior esquerdo da estampa cresce uma planta. Aguia desenhada no escudo olha para a direita.


O verbo, o ternrio, a plenitude, a natureza, a fecundidade, a geraonos trs mundos.Sabedoria. Discernimento. Idealismo. Influncia solar intelectual. oarcano da Magia Sagrada, instrumento do poder divino.



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Gravidez, criatividade, sucesso. Compreenso, inteligncia, instruo,encanto, amabilidade. Elegncia, distino, cortesia. Domnio doesprito, abundncia, riqueza.

Mental: Penetrao na matria por meio do conhecimento das coisasprticas. Os problemas vem tona e podem ser reconhecidos.

Emocional: Capacidade para penetrar na alma dos seres. Pensamentofecundo e criador.

Fsico: Esperana, equilbrio. Soluciona os problemas. Renova emelhora as situaes. Poder continuo e irresistvel nas aes.

Sentido negativo: Desavenas, discusses em todos os planos. Ascoisas se embaralham e ficam confusas. Atraso na realizao de umacontecimento que, no entanto, ocorrer.

Vaidade, presuno, desdm. Futilidade, luxo, prodigalidade. Deixa-se

levar pelas adulaes, falta de refinamento, modos de novo-rico. Tar de Marselha-Kris

Histria e iconografiaA Imperatriz, adornada dos smbolos atribudos feminilidade triunfante, pode ser relacionada a

um repertrio interminvel: a Madona crist, a esposa do rei ou me do heri; a deusa primordial detodos os ritos matriarcais, as quatro damas do baralho.

Tar de Oswald Wirth

Sobre a figura da Imperatriz parece ser mais importante considerar a sualocalizao no Tar (como a terceira da srie) e sua relao com outrasfiguras do que o seu simbolismo individual, j que o carter difuso da cartatorna sua amplitude inesgotvel. Assim, ser interessante recapitular tudo

que foi escrito sobre o simbolismo do trs e a ordem do ternrio, bem comos variadas significaes atribudas s damas dos Arcanos Menores.Na verso de Wirth, a Imperatriz aparece aureolada por doze estrelas,

das quais somente nove so visveis: evidente o duplo sentido alegricodesta representao, que se refere simultaneamente aos signos do Zodaco eao perodo da gestao. Como o 9 tambm representao da inteligncia,no momento da sua maturidade, possvel associar os atributos centrais doArcano III: feminilidade-experincia-sabedoria. Relacionada em todas ascosmogonias ao simbolismo lunar e face oculta do conhecimento(Sacerdotisa), a mulher admite tambm um perodo solar (Imperatriz), doqual h correspondncias nas organizaes culturais mais remotas da

humanidade.

Do ponto de vista matriarcal, a Imperatriz no ainda aEva protagonista do pecado e da queda, mas a que aparece emcertas tradies talmdicas: a fundadora, que reencontra Adodepois de trezentos anos de separao; a que aniquila Lilit arival estril e luxuriosa para organizar junto ao primeiro pai afamlia dos homens.Alguns comentaristas do Isl vem nesta Eva triunfante doadultrio a representao da passagem das sociedadesanrquicas ao princpio de ordem dos tempos histricos. Seu

tmulo mtico se localiza em Djeda ou Djidda, s margens domar Vermelho e prximo da montanha sagrada de Arafat, ondeo teria ocorrido seu reencontro com Ado, para formar o casal

primordial. Apostila Tarot a Arte Magna Gerson Lus Mestre Professor Laminsca-CentroHolistico


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A Imperatriz, finalmente, smbolo da palavra e representao envoltrio material do corpo, seus rgos e suas funes.

Lilit e a rebeldia feminina

Ouspensky a imagina repousando sobre um trono de luz, bela e fecunda, em meio interminvelprimavera.

IIII. O IMPERADORO Arcano da Autoridade, da Paternidade e da Obedincia

Tar de Marselha

Sentado num trono com as pernas cruzadas, um homem coroado visto de perfil. Em sua mo direita traz um cetro que termina por umglobo e pela cruz, enquanto a outra mo segura o cinto.

No primeiro plano, direita, um escudo com a imagem de uma guiaparece apoiar-se no cho.

Um colar amarelo prende uma pedra (ou um medalho) de cor verde.A coroa se prolonga extraordinariamente por detrs da nuca.O trono, uma cadeira em cujo brao esquerdo se apia o Imperador,

repousa como a mesa do Arcano I sobre um terreno aparentementerido, do qual brota uma solitria planta amarela.

Ao contrrio do emblema da Imperatriz, a guia do Arcano IIII olha para a esquerda. O desenho das guias, por outro lado, diferenotavelmente num e noutro caso.

A notao IIII, no topo do desenho, que ocorre tambm nos arcanosVIIII, XIIII e XVIIII no habitual na numerao romana (que registrariaIV, IX, XIV e XIX).

Essa forma de grafar, porm, faz parte da tradio grfica do Tar, talcomo aparece na verso de Marselha e na maioria das colees de cartasantigas.

Significados simblicosO poder, o portal, o governo, a iniciao, o tetragrama, o quaternrio, a pedra cbica ou sua base.Proteo paternal. Firmeza. Afirmao. Consistncia. Poder executivo. Influncia saturnina-marciana. Concretizao, habilidades prticas, ordem, estabilidade, prestgio. Interpretaes usuaisna cartomancia Direito, rigor, certeza, firmeza, realizao. Energia perseverante, vontadeinquebrantvel, execuo do que est resolvido. Protetor poderoso. Mental: Inteligncia equilibrada, que no despreza o plano utilitrio.

Emocional: Acordo, paz, conciliao dos sentimentos. Fsico: Os bens, o poder passageiro. Contrato firmado, fuso de sociedades, situao do acordo.Sade equilibrada, mas com tendncia exuberncia excessiva.



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Sentido negativo: Resultados contrrios ao pretendido, ruptura do equilbrio. Queda. Perda dosbens, da sade ou do domnio sobre coisas e seres. Oposio tenaz, hostilidade preconcebida.Teimosia, adversrio obstinado; assunto contrrio aos interesses. Autodestruio, grande risco deser enganado. Autoritarismo, tirania, absolutismo.


Alguns estudiosos chamam ateno para um aspecto significativodesta figura: o Imperador tem as pernas cruzadas. Este detalhecorroboraria a tese de inspirao germnica do arcano, visto que noantigo direito alemo esta posio era prescrita ritualmente para os altosmagistrados (1220). No entanto, imagens semelhantes e igualmenteantigas aparecem nas iconografias francesa e inglesa, representando altosdignitrios.

O carter cerimonial e prestigioso do cruzar as pernas pode ter umaorigem mais remota, possivelmente oriental, j que isso no habitual no

panteo greco-romano.O antigo simbolismo, convertido em liturgia pela codificao alem,

admite tambm um profundo sentido psicolgico: cruzar as pernas e osbraos indica concentrao volitiva, encerra o protagonista na sua esferapessoal e, do ponto de vista gestual, afirma claramente o desejo deindividuao.

Outros detalhes merecem ser assinalados a propsito do Imperador. comum, associar o simbolismo do Tetragrammaton figura do

Imperador. sabido que o tetragrama traduz ao nome de Deus omitindo-o, ao decomp-lo no nome das letras que o formam: Yod He Vau

He.

Tar de Marselhade Kris Hadar

He


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Tar de Oswald Wirth

Isto se harmoniza perfeitamente com a verso de Wirth sobre o ArcanoIIII, segundo a qual ele no apenas o Prncipe deste mundo, que "reinasobre o concreto, sobre o que est corporificado", mas tambm o

paradigma do homem estritamente normal, em posse de suaspotencialidades, mas ainda no realizado pela iniciao.

Nesse sentido, representa o quaternrio de ordem terrena, de organizaoda vida sensvel, e pode ser relacionado tambm ao demiurgo dos

platnicos, s divindades inferiores em geral (os heris, antes dos deuses),e a toda tentativa de criao de vida no nvel terreno e perecvel.

Tambm se v nele, enquanto rei que propicia a prosperidade e ocrescimento de seu povo, uma correspondncia ao mito de Hrcules,portador da ma, que leva as mas de ouro ao jardim das Hesprides.

Hrcules, enquanto heri solar, que resume como nenhum outro as fasesdo processo inicitico no sentido da liberao individual que,esotericamente, s se pode alcanar atravs do trabalho e do esforo.

Como Hrcules, tambm o Imperador no transcende a condio humana, embora o princpioindique que poder lev-la sua mais alta manifestao.

considerado, em sua face no trabalhada, como representante do aspecto violento e agressivodo masculino, mas tambm como dispensador da energia vital e, neste aspecto, como a Naturezaabundante, divisvel, nutritiva.

V. O Papa (O Pontfice ou o Hierofante) O Arcano da Transcendncia, da Iluminao, da Pobreza

Tar de Marselha

Um grupo de trs personagens em que um deles visto de

frente, sentado, com a mo direita levantada no sinal da beno,tendo em sua mo esquerda o eixo de uma cruz de seis braos;sua cabea est coroada por uma tiara. Os outros dois

personagens que se encontram em primeiro plano, de costas paraquem contempla a imagem, tm os rostos voltados para o

primeiro personagem. Este, protagonista da figura, tem vesteazul, capa vermelha ornada de amarelo. Sua mo esquerda estfechada e coberta por uma luva que tem impressa uma cruz dostemplrios. A barba e o cabelo do Pontfice so brancos.

Percebe-se apenas vagamente a cadeira em que o personagemcentral est sentado, com duas colunas ao fundo.

Os dois personagens que esto de costas mostram a tonsura. Oda esquerda aponta sua mo direita para o solo, com os dedosseparados. O homem da direita aponta para o alto com sua moesquerda, com os dedos juntos.


o arcano do ato da bno, da iniciao, da demonstrao, doensino. Lei, simbolismo, filosofia, religio. Dever. Moral.Conscincia. O Santo.




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Autoridade moral, sacerdcio. Proteo, lealdade. Observncia dasconvenes, respeitabilidade. Ensino, conselhos equilibrados.Benevolncia, generosidade indulgente,perdo.Mansido.

Busca de sentido, revelao, hora da verdade, confiana, indicaes docaminho da salvao. Mental: O Pontfice representa a forma ativa da inteligncia humana,que traz principalmente as solues lgicas. Significa tambm os

pensamentos inspirados por um nvel mais alto de conscincia. Emocional: Sentimentos poderosos, afetos slidos, solicitude, semcair em sentimentalismos. O Pontfice indica os sentimentos normais, talcomo devem ser manifestados na vida, de acordo com as circunstncias. Fsico: Equilbrio, segurana na situao e na sade. Segredorevelado. Vocao religiosa ou cientifica. Sentido negativo: Indica um ser desprovido de sua razo e seusinstintos, na obscuridade, carente de apoio espiritual. Projeto retardado.

Chefe sentencioso, moralista estreito, rgido, prisioneiro dasformalidades, metafsico dogmtico, professor autoritrio, tericolimitado, pregador da boca pra fora. Conselheiro desprovido de

sentido prtico.Problemas com sade, indeciso, negligncia.

Histria e iconografiaO Arcano V uma das figuras que permitiram precisar com maior exatido a antiguidade do Tar,

j que seus detalhes iconogrficos remontam a um modelo perdido em que se inspirounecessariamente o desenho de Fautrier (Tar de Marselha), o que confirmado pelas diferenas esemelhanas com maos mais antigos, como os de Baldini (1436-1487) e Gringonneur (1450).

Em primeiro lugar, preciso destacar que o Pontfice do Tar de Marselha barbudo, enquantoseus precursores renascentistas e medievais no o so. H estudos que estabelecem uma curiosacronologia da moda papal neste aspecto. Torna-se assim evidente que o tar clssico copia ummodelo mais antigo que no chegou at ns, mas que assegura a continuidade evolutiva do Tar

desde os imagiers du moyen age at a atualidade.Outro detalhe interessante o da evoluo da tiara papal na iconografia do Tar. A tiara (comseu simbolismo sobre a existncia dos trs reinos ou mundos) no um elemento litrgico que

permaneceu invarivel ao longo da Histria. Boa parte dos estudiosos tende a concluir que ascomposies das tiaras representadas no Tar clssico foram inspiradas em gravaes bemanteriores ao final do sculo XV, possivelmente dos fins do primeiro milnio.

Tar de Oswald Wirth

A luva papal ornada com a cruz-de-malta indica tambm a origemremota da imagem, j que desde os tempos de Inocncio III (1197-1216) acruz havia sido substituda por uma plaqueta circular.

Arcano da capacidade adivinhatria, da intuio filosfica, doconhecimento espontneo, o Pontfice simboliza tambm (por seu nmero)o homem como intermedirio entre a divindade e o plano das coisas criadas.A soma destes simbolismos permite associ-lo ao mediador por

excelncia, o pacifista, o construtor de pontes, o que encontra a sada parasituaes aparentemente insolveis, mediante um luminoso claro intuitivo.

O Papa tambm visto como representante da lei moral, no escrita, quedomina a conscincia e, no setenrio que as pontas da sua cruz organizam,as virtudes necessrias para vencer ossete pecados capitais:- orgulho (Sol), preguia (Lua),- inveja (Mercrio),clera (Marte), luxria (Vnus), - gula (Jpiter) e avareza (Saturno).

Wirth o imagina um ancio pleno de indulgncia para com as debilidades humanas, pontificando



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ante duas categorias de fiis: aqueles que compreendem (representados pelo personagem com a mopara o alto); e os que formam o rebanho cego e inconsciente que obedece por temor ao castigo, eno por autodeterminao (representados pelo personagem que aponta a mo para o cho). Estascombinaes (alto e baixo, direita e esquerda) voltam a colocar a ordem do quaternrio comomodelo de organizao. Considerado do ponto de vista do quaternrio formado pelos arcanosanteriores, o Pontfice representaria o contedo da forma, a quintessncia concebvel (se bem que

imperceptvel), o domnio da quarta dimenso.

VI. Os Namorados (Os Enamorados ou Os Amantes) O Arcano da Iniciao, da Castidade e doLivre-arbtrio

Tar de Marselha-Camoin

Um homem, entre duas mulheres, visado por uma flecha que parecepronta para ser disparada por um anjo, Cupido, frente de um disco solar.O homem, no centro do grupo, olha para a mulher da esquerda. Ele temcabelos louros, as pernas descobertas, e sua vestimenta uma tnica delistas verticais, com mangas e um cinto amarelo. V-se apenas uma das

suas mos, a direita, altura do cinto.A mulher da direita, com os cabelos louros soltos sobre os ombros, temum rosto jovem, fino. A mo esquerda est pousada sobre o peito dohomem, enquanto a direita aponta para baixo, de modo que os braosesto cruzados.

A outra mulher, a da esquerda, est representada de costas, mas o rostoaparece de perfil. Tem cabelos que escapam livremente de um curiosochapu. Dirige a mo direita para a terra e pousa a esquerda sobre oombro do jovem.

O anjo, de cabelos louros e asas azuis, segura uma flecha branca comuma das mos enquanto com a outra segura um arco da mesma cor. Do

disco solar surgem 24 raios pontiagudos, um dos quais superposto pelaasa do anjo.

Significados simblicosSentimento. Livre arbtrio. Maioridade. Prova. Escolha.Encadeamento, enredo, abrao, luta, antagonismo, Combinao,

equilbrio. Matrimnio, ligao, unio. Integrao de ambos os sexosao poder gerador do universo.


Deciso voluntria, eleio. Votos, aspiraes, desejos. Exame,deliberaes, responsabilidades. Afetos.

Mental: Amor pelas belas formas e pelas artes plsticas. Emocional: Dedicao e sacrifcios. Fsico: Os desejos, o amor, o sacrifcio pela ptria ou pelos ideaissociais, assim como todos os sentimentos manifestados fortemente no

plano fsico. a carta da unio e do matrimnio. Representa para os consulentes de

ambos os sexos, tambm, a infidelidade; em certos casos, a iminncia deuma escolha a ser realizada. Sentido negativo: Ruptura, separao, corte, desordem. Divrcio.Prova a ser suportada. Dvida, falta de resoluo. Tentao perigosa,risco de ser seduzido. M conduta, libertinagem. Debilidade, falta de

herosmo. Infidelidade, maus relacionamentos, indeciso e impotncia.

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Em vasos e quadros da poca romana, encontra-se com freqncia a imagem de um casal denamorados ante uma terceira pessoa ou elemento (em geral um Cupido).

O Arcano VI parece referir-se de forma alegrica a uma idia diferente: a famosa parbolade Hrcules na encruzilhada entre a Virtude e o Vicio, tal como conta Xenofonte nas suaslembranas de Scrates. bem provvel que esta parbola e suas variantes, como a de Luciano, oJovem, disputado pela Arte e pela Cincia, entre as mais conhecidas tenha sido popular na IdadeMdia, visto que citada por vrios autores dessa poca (Ccero, no Tratado dos Deveres; So

Baslio, no seuDiscurso aos Jovens).

A idia fundamental deste tema ou seja, a necessidade deescolha entre dois caminhos encontra-se igualmente emmuitas imagens crists. Pode-se citar como exemplo umaminiatura bizantina do sculo X, onde Davi est representadoentre duas mulheres que simbolizam a Sabedoria e a Profecia:a pomba que pousa sobre a cabea do rei lembra em muito oCupido do Arcano VI. A antiguidade desta parbola indiscutvel, mesmo que as suas representaes grficas maisremotas no tenham chegado at nos. Na vida de Apolnio deTiana, narrada por Filostrates no final do sculo II, h umacuriosa passagem em que um sbio egpcio diz a Apolnio:

Tu conheces, nos livros de imagens, a representao de Hrcules em que ele, jovem, ainda no escolheu o seucaminho. O Vcio e a Virtude o rodeiam, tentam atra-lo,cada um o quer para si...

Davi, entre a Sabedoria e a Profecia

preciso remontar mais uma vez aos pitagricos para encontrar o simbolismo grfico do tema,representado entre eles pela letra Y, emblema da escolha vital que todo homem realiza no final dainfncia.

Tar de Oswald Wirth

O trao da metade inferior da letra Y representaria precisamente ainfncia, isenta de vcios ou virtudes; os braos que partem da bifurcaoda letra representariam cada uma dessas tendncias, enquanto que o pontoonde a bifurcao se produz seria o momento exato em que a puberdade semanifesta.

comum encontrar nos manuscritos medievais esta referncia letra Y:bifurcao, ou letra de Pitgoras. No casual, assim, que algunsdesenhos modernos do Tar mencionem esta lmina como A Dvida ou AProva.

Esse mesmo significado mencionado no Antigo Testamento noDeuteronmio, no primeiro dos Salmos, e mais explicitamente ainda emJeremias. A idia no reaparece no Novo Testamento, mas sim no comeodos Ensinamentos dos Doze Apstolos, texto no cannico,

presumivelmente composto por volta do sculo II: Dois so os caminhos;um leva Vida e outro Morte. Uma interpretao totalmente diferentev nessa estampa o ato do compromisso matrimonial dos noivos diante dosacerdote. Alguns dos clebres pintores renascentistas Rafael, Perugino deram testemunho dessa cerimnia na vida da Virgem.

Wirth v no Enamorado a primeira fase individual da trajetria inicitica, quando o homemterminou a sua formao, mas no comeou ainda o seu trabalho.

Outra vertente de interpretao menciona o simbolismo sexual do senrio, partindo do sentidoliteral do nome da Carta.

Entre os pitagricos disse Clemente de Alexandria o seis um



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numero sexual, chamando-se por esta razo O Matrimnio.Nas analogias geomtricas, o Enamorado se identifica ao selo de Salomo,

ou seja, tem claro vnculo com cpula dos tringulos entrelaados.Do ponto do vista psicolgico, sem dvida a metfora mais transparente

do caminho para a identidade, que s se

o que é o tarô

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