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1 O quê, como, quando, onde e o porquê da Corte Interamericana. Sistema Interamericano de Direitos Humanos 1. Que é o Sistema Interamericano de Direitos Humanos? Os Estados das Américas, em exercício de sua soberania e no âmbito da Organização dos Estados Americanos adotaram uma série de instrumentos internacionais que se converteram na base de um sistema regional de promoção e proteção dos direitos humanos, conhecido como o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Dito sistema reconhece e define os direitos reconhecidos nestes instrumentos e estabelece obrigações tendentes a sua promoção, e proteção. Ademais, através deste sistema foram criados dois órgãos destinados a velar por sua observância: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Sistema Interamericano começou formalmente com a aprovação da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem em 1948. Adicionalmente, o Sistema conta com outros instrumentos como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos; Protocolos e Convenções sobre temas especializados, como a Convenção para Prevenir e Punir a Tortura, a Convenção sobre o Desaparecimento Forçado e a Convenção para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, entre outros; e os Regulamentos e Estatutos de seus órgãos. 2. Que é a Convenção Americana? A Convenção Americana, também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica é um tratado internacional que prevê direitos e liberdades que devem ser respeitados pelos Estados Partes. Além disso, a Convenção estabelece que a Comissão e a Corte são os órgãos competentes para conhecer dos assuntos relacionados com o cumprimento dos compromissos contraídos pelos Estados partes da Convenção; e regula seu funcionamento. 3. Quais são as liberdades e os direitos reconhecidos na Convenção Americana? A Convenção Americana reconhece em sua primeira parte a obrigação dos Estados de respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos, assim como o dever de adotar as disposições de direito interno que sejam necessárias para fazer efetivo o gozo desses direitos. Em sua segunda parte, a Convenção reconhece os seguintes direitos e liberdades: direito ao reconhecimento da personalidade jurídica; direito à vida; direito à integridade pessoal; proibição da escravidão e da servidão; direito à liberdade pessoal; princípio da legalidade e da retroatividade; direito à indenização; proteção da honra e da dignidade; liberdade de consciência e de religião; liberdade de pensamento e de expressão; direito de retificação ou resposta; direito de reunião; liberdade de associação; proteção à família; direito ao nome; direitos da criança;

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O quê, como, quando, onde e o porquê da Corte Interamericana.

Sistema Interamericano de Direitos Humanos

1. Que é o Sistema Interamericano de Direitos Humanos? Os Estados das Américas, em exercício de sua soberania e no âmbito da Organização dos Estados Americanos adotaram uma série de instrumentos internacionais que se converteram na base de um sistema regional de promoção e proteção dos direitos humanos, conhecido como o Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Dito sistema reconhece e define os direitos reconhecidos nestes instrumentos e estabelece obrigações tendentes a sua promoção, e proteção. Ademais, através deste sistema foram criados dois órgãos destinados a velar por sua observância: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Sistema Interamericano começou formalmente com a aprovação da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem em 1948. Adicionalmente, o Sistema conta com outros instrumentos como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos; Protocolos e Convenções sobre temas especializados, como a Convenção para Prevenir e Punir a Tortura, a Convenção sobre o Desaparecimento Forçado e a Convenção para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, entre outros; e os Regulamentos e Estatutos de seus órgãos.

2. Que é a Convenção Americana? A Convenção Americana, também conhecida como Pacto de San José da Costa Rica é um tratado internacional que prevê direitos e liberdades que devem ser respeitados pelos Estados Partes. Além disso, a Convenção estabelece que a Comissão e a Corte são os órgãos competentes para conhecer dos assuntos relacionados com o cumprimento dos compromissos contraídos pelos Estados partes da Convenção; e regula seu funcionamento.

3. Quais são as liberdades e os direitos reconhecidos na Convenção Americana?

A Convenção Americana reconhece em sua primeira parte a obrigação dos Estados de respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos, assim como o dever de adotar as disposições de direito interno que sejam necessárias para fazer efetivo o gozo desses direitos. Em sua segunda parte, a Convenção reconhece os seguintes direitos e liberdades: direito ao reconhecimento da personalidade jurídica; direito à vida; direito à integridade pessoal; proibição da escravidão e da servidão; direito à liberdade pessoal; princípio da legalidade e da retroatividade; direito à indenização; proteção da honra e da dignidade; liberdade de consciência e de religião; liberdade de pensamento e de expressão; direito de retificação ou resposta; direito de reunião; liberdade de associação; proteção à família; direito ao nome; direitos da criança;

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direito à nacionalidade; direito à propriedade privada; direito de circulação e de residência; direitos políticos; igualdade perante a lei; proteção judicial e desenvolvimento progressivo dos direitos econômicos, sociais e culturais.

4. Quando entrou em vigor a Convenção Americana? A Convenção Americana foi subscrita após a Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, em 22 de novembro de 1969 na cidade de San José, Costa Rica, e entrou em vigor em 18 de julho de 1978.

5. Quais são os protocolos adicionais à Convenção Americana? A Convenção tem dois protocolos adicionais. O primeiro é o Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais ou “Protocolo de San Salvador”, subscrito em 17 de novembro de 1988. O segundo é o Protocolo à Convenção Americana sobre Direitos Humanos referente à Abolição da Pena de Morte, subscrito em 08 de junho de 1990.

6. Quais Estados são parte da Convenção Americana? Os Estados que ratificaram a Convenção Americana são: Argentina, Barbados, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dominica, Equador, El Salvador, Grenada, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Suriname, Trinidad e Togabo, Uruguai e Venezuela.

7. Quais Estados aceitam a competência contenciosa da Corte?

Os Estados que reconhecem a competência contenciosa da Corte são: Argentina, Barbados, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Suriname, Uruguai e Venezuela. Órgãos do Sistema Interamericano de Direitos Humanos

8. Que é a Comissão Interamericana e quais são suas atribuições?

A função principal da Comissão é a de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e servir como órgão consultivo da Organização dos Estados Americanos nesta matéria. A Comissão, por um lado, tem competências com dimensões políticas, entre as quais se destacam a realização de visitas in loco e a preparação de relatórios sobre a situação dos direitos humanos nos Estados membros. Por outro lado, realiza funções com uma dimensão quase judicial. É dentro desta competência que recebe as denúncias de particulares ou organizações relativas a violações

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de direitos humanos, examina essas petições e adjudica os casos no suposto de que se cumpram os requisitos de admissibilidade. A Comissão Interamericana foi criada pela Resolução III da Quinta Reunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores celebrada em Santiago do Chile em 1959, com o fim de corrigir a carência de órgãos especificamente encarregados de velar pela observância dos direitos humanos no Sistema.

9. Que é a Corte Interamericana e quais são suas atribuições?

A Corte Interamericana é um dos três Tribunais regionais de proteção dos Direitos Humanos, conjuntamente com a Corte Europeia de Direitos Humanos e a Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos. É uma instituição judicial autônoma cujo objetivo é aplicar e interpretar a Convenção Americana. A Corte Interamericana exerce uma função contenciosa, dentro da qual se encontra a resolução de casos contenciosos e o mecanismo de supervisão de sentenças; uma função consultiva; e a função de ditar medidas provisórias. A Corte Interamericana pôde estabelecer-se e organizar-se quando entrou em vigor a Convenção Americana. Em 22 de maio de 1979, os Estados Partes da Convenção Americana elegeram, durante o Sétimo Período Extraordinário de Sessões da Assembleia Geral da OEA, os primeiros juízes que comporiam a Corte Interamericana. A primeira reunião da Corte foi realizada em 29 e 30 de junho 1979 na sede da OEA em Washington, D.C. Sede da Corte Interamericana

10. Onde fica a sede da Corte Interamericana de Direitos Humanos? A sede da Corte Interamericana está em San José da Costa Rica.

11. Por que San José da Costa Rica é a sede da Corte Interamericana? Em 1º de julho de 1978, a Assembleia Geral da OEA recomendou a aprovação do oferecimento formal do Governo da Costa Rica para que a sede da Corte fosse estabelecida nesse país. Esta decisão foi ratificada depois pelos Estados Partes na Convenção durante o Sexto Período Extraordinário de Sessões da Assembleia Geral, realizado em novembro de 1978. A cerimônia de instalação da Corte foi realizada em San José em 03 de setembro de 1979. Instrumentos que regem o funcionamento da Corte

12. Quais são os instrumentos que regem o funcionamento da Corte Interamericana?

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A organização, procedimento e função da Corte estão regulados na Convenção Americana. Ademais, o Tribunal tem um Estatuto e um Regulamento expedido pela própria Corte.

13. Quando entraram em vigor o Regulamento e o Estatuto atuais? O Regulamento entrou em vigor em 1º de janeiro de 2010, enquanto que o Estatuto entrou em vigor em 1979. Sobre os Juízes

14. Como está integrada a Corte Interamericana? A Corte está integrada por sete Juízes, nacionais dos Estados membros da OEA. A composição atual da Corte é a seguinte, em ordem de precedência: Juiz, Diego García-Sayán (Peru), Presidente; Juiz, Manuel E. Ventura Robles (Costa Rica), Vice-Presidente; Juiz, Alberto Pérez Pérez (Uruguai);

Juiz, Eduardo Vio Grossi (Chile). Juiz, Roberto F. Caldas (Brasil) Juiz, Humberto Antonio Sierra Porto (Colômbia); Juiz, Eduardo Ferrer Mac-Gregor Poisot (México);

15. Como são eleitos os Juízes da Corte Interamericana?

O Secretário Geral da OEA solicita aos Estados partes na Convenção que apresentem uma lista com os nomes de seus candidatos para Juízes da Corte. Cada Estado parte pode propor até três candidatos, nacionais do Estado que os propõe ou de qualquer outro Estado membro da Organização. Os Juízes são eleitos a título pessoal pelos Estados partes, em votação secreta e pela maioria absoluta dos votos, durante a Assembleia Geral da OEA imediatamente anterior à expiração do mandato dos Juízes cessantes.

16. Quanto tempo dura o mandato dos juízes?

O mandato dos Juízes é de seis anos e podem ser reeleitos uma vez mais pelo mesmo período. No entanto, os Juízes que terminam seu mandato continuam participando no estudo dos casos que conheceram antes que expirara seu período e que se encontrem em estado de Sentença.

17. Como se nomeia o Presidente e o Vice-Presidente da Corte, e qual é a duração de seu cargo?

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O Presidente e o Vice-Presidente são eleitos pelo Plenário da Corte, por um período de dois anos e podem ser reeleitos por um período igual.

18. Os Juízes estão sempre na sede da Corte? Os Juízes estão à disposição da Corte, e devem transladar-se à sede ou ao lugar em que esta realize suas sessões, quantas vezes e pelo tempo que seja necessário. Ainda que não exista o requisito de residência para os Juízes na sede da Corte, o Presidente deve oferecer permanentemente seus serviços.

19. Os Juízes podem conhecer de casos de sua nacionalidade? Os Juízes não podem conhecer de casos de sua nacionalidade. No entanto, em casos interestatais é possível sim que os Estados nomeiem um juiz ad-hoc da nacionalidade dos Estados envolvidos no caso em questão. Funções da Corte Interamericana

20. Que é a função contenciosa da Corte? Dentro desta função, a Corte determina se um Estado incorreu em responsabilidade internacional pela violação de algum dos direitos reconhecidos na Convenção Americana ou em outros tratados de direitos humanos aplicáveis ao sistema interamericano. Ademais, através desta via, a Corte realiza a supervisão do cumprimento de sentenças.

21. Que é a supervisão do cumprimento de sentenças?

A supervisão do cumprimento das resoluções da Corte implica, em primeiro termo, que esta solicite informação ao Estado sobre as atividades desenvolvidas para os efeitos de dito cumprimento no prazo outorgado pela Corte, assim como recolher as observações da Comissão e das vítimas ou seus representantes. Uma vez que o Tribunal tem essa informação pode apreciar se houve cumprimento da decisão, orientar as ações do Estado para este fim e cumprir com a obrigação de informar à Assembleia Geral sobre o estado do cumprimento dos casos que se tramitam perante ela. Ademais, quando o considere pertinente, o Tribunal convoca ao Estado e aos representantes das vítimas a uma audiência para supervisionar o cumprimento de suas decisões e nesta escutar o parecer da Comissão.

22. Por que a Corte realiza este mecanismo de supervisão?

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A implementação efetiva das decisões da Corte é a peça chave da verdadeira vigência e eficácia do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, sem a qual se faz ilusório o propósito que determinou seu estabelecimento. Por isso, a Corte tem considerado que o efetivo cumprimento de suas decisões é parte integrante do direito de acesso à justiça. Neste sentido, resulta necessário que existam mecanismos efetivos para executar as decisões da Corte.

23. Que é a função consultiva da Corte?

Por este meio a Corte responde consultas que formulam os Estados membros da OEA ou os órgãos da mesma sobre: a) a compatibilidade das normas internas com a Convenção; e b) a interpretação da Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados Americanos.

24. Que são as medidas provisórias?

São medidas que dita a Corte em casos de extrema gravidade e urgência, e quando seja necessário para evitar danos irreparáveis às pessoas. Estes três requisitos têm que comprovar-se, prima facie, para que se outorguem estas medidas. Períodos de sessões da Corte Interamericana

25. Quantos períodos de sessões a Corte realiza a cada ano? A Corte realiza a cada ano os períodos de sessões que sejam necessários para seu eficaz funcionamento. Atualmente, o Tribunal realiza quatro períodos ordinários de sessões ao ano e dois períodos extraordinários.

26. Que faz a Corte durante os períodos de sessões? Dentro de seus Períodos de Sessões, a Corte realiza diversas atividades. Entre elas, audiências e resoluções sobre casos contenciosos, medidas provisórias e supervisão do cumprimento de sentenças, assim como da adoção de sentenças. Ademais, a Corte considera diversos trâmites nos assuntos pendentes perante ela e analisa os diferentes relatórios apresentados pela Comissão Interamericana, os representantes das supostas vítimas ou as supostas vítimas e os Estados envolvidos nos assuntos em que se tenham adotado medidas provisórias ou nos casos que se encontrem na etapa de supervisão do cumprimento de Sentença. Ademais, a Corte considera assuntos de ordem administrativa. O exercício das funções da Corte Interamericana em seus períodos de sessões abarca processos caracterizados por uma importante e dinâmica participação das partes envolvidas nos assuntos

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e casos de que se trate. Esta participação é crucial em termos de efetividade das medidas e obrigações ordenadas a partir do Tribunal e marca a pauta sobre a marcha e duração dos processos.

27. Que são as audiências públicas sobre casos contenciosos? No âmbito da competência contenciosa do Tribunal, o processo de elaboração de uma sentença tem várias etapas que combinam a natureza escrita e a oral. A segunda etapa, essencialmente oral, expressa-se na audiência pública sobre cada caso que costuma durar aproximadamente um dia e meio. Em dita audiência, a Comissão expõe os fundamentos da apresentação do caso perante a Corte, e de qualquer outro assunto que considere relevante para a resolução do mesmo. Em seguida os juízes do Tribunal escutam os peritos, testemunhas e supostas vítimas convocados mediante resolução, os quais são interrogados pelas partes (a Comissão unicamente com respeito aos peritos) e, se for o caso, pelos Juízes. Logo após, a Presidência concede a palavra às supostas vítimas ou a seus representantes e ao Estado demandado para que exponham suas alegações sobre o mérito do caso. Posteriormente, a Presidência outorga às supostas vítimas ou a seus representantes e ao Estado, respectivamente, a possibilidade de uma réplica e uma tréplica. Concluídas as alegações, a Comissão apresenta suas observações finais, depois do qual têm lugar as perguntas finais que realizam os Juízes às partes.

28. Que são as audiências sobre medidas provisórias?

Em uma audiência sobre medidas provisórias, que costumam durar aproximadamente duas horas, os representantes dos beneficiários e a Comissão Interamericana têm a oportunidade de evidenciar, se for o caso, a subsistência das situações que determinaram a adoção das medidas provisórias; enquanto que o Estado deve apresentar informação sobre as medidas adotadas com a finalidade de superar essas situações de extrema gravidade, urgência e irreparabilidade do dano e, no melhor dos casos, demonstrar que tais circunstâncias deixaram de verificar-se nos fatos. Em dita audiência os solicitantes das medidas provisórias iniciam a apresentação de suas alegações com respeito à configuração das três referidas condições, seguidos pela Comissão Interamericana ou os representantes dos beneficiários, segundo seja o caso, finalizando o Estado com a apresentação de suas correspondentes observações. Tanto os representantes e a Comissão, bem como o Estado têm a opção de réplica e tréplica, respectivamente. Finalmente, os Juízes têm a possibilidade de formular perguntas aos participantes na audiência. É importante destacar que no contexto destas audiências, que podem ser públicas ou privadas, o Tribunal costuma ter um papel conciliador e, nessa medida, não se limita a tomar nota da informação apresentada pelas partes, senão que, sob os princípios que o inspiram como corte de direitos humanos, entre outras medidas, sugere algumas alternativas de solução, chama a atenção diante de descumprimentos marcados por falta de vontade, promove a apresentação de cronogramas de cumprimento a trabalhar entre todos os envolvidos e inclusive, coloca à

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disposição suas instalações, e toma qualquer medida que considere conveniente para contribuir com o processo.

29. Que são as audiências sobre supervisão do cumprimento de sentença? O Tribunal, quando o considera pertinente, convoca o Estado e os representantes das vítimas a uma audiência para supervisionar o cumprimento de suas decisões, e nesta escuta o parecer da Comissão. Em ditas audiências, que costumam durar aproximadamente duas horas, o Estado apresenta os avanços no cumprimento das obrigações ordenadas pelo Tribunal na sentença que se trate e os representantes das vítimas e a Comissão Interamericana fazem suas observações diante do estado de cumprimento em questão. As partes têm também suas respectivas opções de réplica e tréplica. Por fim, os Juízes têm a possibilidade de formular questionamentos às partes. No contexto de ditas audiências, o Tribunal tem assim como nas audiências sobre medidas provisórias, um papel conciliador e, nessa medida, não se limita apenas a tomar nota da informação apresentada pelas partes, mas sugere algumas alternativas de solução, chama a atenção diante de descumprimentos marcados por falta de vontade, promove a apresentação de cronogramas de cumprimento a trabalhar entre todos os envolvidos e inclusive, coloca à disposição suas instalações para que as partes possam conversar.

30. Que é a adoção de sentenças?

Este processo implica a deliberação dos juízes no período de sessões no que se tenha previsto a emissão da Sentença. O processo de deliberação pode durar vários dias durante um período de sessões e inclusive, devido a sua complexidade, pode ser suspenso e reiniciado em um próximo período de sessões. Nesta etapa se dá a leitura do projeto de sentença, previamente revisado pelos Juízes, e gera-se o espaço para o debate com respeito aos pontos controversos, ou seja, consideram-se de maneira ampla e vigorosa as diferentes decisões jurídicas envolvidas. Também, realiza-se um estudo minucioso sobre a prova aportada no expediente do caso e nos argumentos das partes em todas as etapas do procedimento. Se os Juízes solicitam a substituição ou modificação de algum aspecto do projeto, trabalha-se imediatamente em uma nova proposta que é submetida à consideração e votação dos Juízes. Assim, no contexto desta deliberação vão se discutindo e aprovando os diferentes parágrafos do projeto até chegar aos pontos resolutivos da sentença que são objeto de votação final por parte dos Juízes da Corte. Em alguns casos os Juízes apresentam votos dissidentes ou concordantes ao sentido da Sentença, os quais constituirão parte da mesma. O resultado desta deliberação é a sentença definitiva e inapelável do caso.

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31. Qual é o quórum que se precisa para as deliberações da Corte? Segundo o artigo 14 do Regulamento da Corte, o quórum para as deliberações da Corte é de cinco juízes. Procedimento perante a Corte

32. Como é apresentado um caso perante a Corte? De acordo com a Convenção Americana, só os Estados Partes e a Comissão têm direito a submeter um caso à decisão da Corte. Em consequência, o Tribunal não pode atender petições formuladas por indivíduos ou organizações. Desta maneira, os indivíduos ou organizações que considerem que existe uma situação violatória das disposições da Convenção e desejem acudir ao Sistema Interamericano, devem encaminhar suas denúncias à Comissão Interamericana, a qual é competente para conhecer de petições que lhe apresente qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente reconhecida que contenham denúncias ou queixas de violação da Convenção por um Estado Parte.

33. Em que momento a Corte tem competência para conhecer de um caso sobre um Estado em específico?

A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso relativo à interpretação e aplicação das disposições da Convenção que lhe seja submetido, sempre que os Estados Partes no caso tenham aceitado sua competência contenciosa. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão à Convenção Americana, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obrigatória de pleno direito a competência da Corte.

34. A Corte pode conhecer de casos mesmo quando os Estados não tenham assinado a Convenção?

De fato, a declaração pode ser feita incondicionalmente, ou sob condição de reciprocidade, por um prazo determinado ou para casos específicos.

35. Quanto dura o procedimento de um caso perante a Corte? A média de duração do procedimento de um caso contencioso perante a Corte entre os anos de 2010 a 2012 foi de 18,8 meses. Esta média se considera desde a data de submissão de um caso perante a Corte, até a data de emissão de sentença de reparações por parte da Corte.

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36. Que são os amicus curiae? São escritos realizados por terceiros alheios a um caso, que oferecem voluntariamente sua opinião a respeito de algum aspecto relacionado com o mesmo, para colaborar com o Tribunal na resolução da sentença.

37. Quem pode apresentar um amicus curiae?

Qualquer pessoa ou instituição de qualquer país pode apresentar um amicus curiae. Sentenças

38. São suscetíveis de apelação as sentenças do Tribunal? Não, as sentenças do Tribunal são definitivas e inapeláveis.

39. Sobre o que têm versado as Sentenças da Corte? Através do exercício de sua competência contenciosa, a Corte tem ditado sentenças que abrangem questões de direito interno, assim como de direito internacional. Entre estes temas podemos enumerar de forma taxativa os seguintes: obrigações que têm os Estados com relação ao tratamento dos detentos; devido processo legal; direito à associação, direito de circulação e de residência, direito a contar com defensor, direito ao desenvolvimento progressivo dos direitos econômicos, sociais e culturais, direito à família, direito à honra e à dignidade; direito à igualdade perante a Lei; independência judicial; direito à integridade pessoal; liberdade de consciência e de religião; desaparecimento forçado; regras de direito humanitário; direitos de autor; deslocamento forçado; estado de emergência; exceções preliminares; habeas corpus; impunidade; garantias judiciais; indulto; jurisdição militar; deficientes mentais; reparações; princípios gerais do direito internacional; pena de morte; paramilitares; povos indígenas; tratamentos cruéis, desumanos e degradantes; terrorismo; suspensão de garantias, liberdade de pensamento e de expressão; e acesso à informação. Ademais, mediante o exercício de sua competência consultiva, a Corte tem examinado uma série de temas relevantes, que têm permitido esclarecer diversas questões do direito internacional americano vinculadas com a Convenção Americana, tais como: outros tratados objeto da função consultiva da Corte; efeito das reservas sobre a entrada em vigor da Convenção Americana; restrições à pena de morte; proposta de modificações à Constituição Política de um Estado parte; diplomação obrigatória de jornalistas; exigibilidade de retificação ou resposta; habeas corpus sob suspensão de garantias judiciais em estados de emergência; interpretação da Declaração dos Direitos e Deveres do Homem no âmbito do artigo 64 da Convenção; exceções ao esgotamento dos recursos interamericanos; compatibilidade de um projeto de lei com a Convenção; certas atribuições da Comissão Interamericana de Direitos Humanos estabelecidas na Convenção Americana; responsabilidade internacional por expedição e aplicação de leis violatórias à

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Convenção; relatórios da Comissão interamericana; direito à informação sobre a assistência consular no âmbito das garantias do devido processo legal; condição jurídica e direitos dos migrantes não documentados; controle de legalidade no exercício das atribuições da Comissão Interamericana; e o artigo 55 da Convenção Americana.

40. As sentenças da Corte são vinculantes? Sim, as sentenças da Corte são vinculantes.

41. Os juízes internos estão obrigados a aplicar as sentenças da Corte? Os casos resolvidos pela Corte Interamericana costumam converter-se em casos emblemáticos e em uma fonte de inspiração doutrinária e jurisprudencial para os Tribunais Nacionais, já que os mesmos tratam sobre questões transcendentes que requerem uma solução à luz da Convenção Americana. Neste sentido, as decisões da Corte têm um impacto que vai mais além dos limites específicos de cada caso em concreto, já que a jurisprudência que se vai formando através de sucessivas interpretações influi nos países da região através de reformas legais ou jurisprudência local que incorporam os padrões fixados pela Corte Interamericana ao direito interno. Isto se pode ver, por exemplo, no regulamento da Comissão Interamericana, que dispõe que os casos serão submetidos à Corte quando --entre outras circunstâncias-- exista "a necessidade de desenvolver ou esclarecer a jurisprudência do sistema" ou os casos possam ter um "eventual efeito [positivo] nos ordenamentos jurídicos dos Estados membros". O Sistema supõe que uma interpretação coerente da Convenção Americana para todos os países da região é uma condição indispensável para a efetiva vigência dos direitos humanos em todo o hemisfério americano.

42. Que é um voto à Sentença? Quando uma sentença não expressa no todo ou em parte a opinião unânime dos Juízes, qualquer destes terá direito a que se agregue sua opinião à decisão. Ditos votos são acrescentados à Sentença.

43. Que são as sentenças de interpretação? Caso alguma das partes no processo esteja em desacordo sobre o sentido ou alcance da sentença em questão a Corte o interpreta através de uma sentença de interpretação. Dita interpretação é realizada a pedido de qualquer das partes, sempre que esta se apresente dentro dos noventa dias a partir da data da notificação da decisão. Publicidade

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44. São públicas as audiências? Qualquer pessoa pode ingressar às audiências do Tribunal, salvo quando este considere oportuno que sejam privadas.

45. São públicas as deliberações? Não, a Corte sempre delibera em privado e suas deliberações permanecem secretas. Nelas só participam os juízes, ainda que possam estar também presentes o Secretário e o Secretário Adjunto, assim como o pessoal da Secretaria requerido. Ninguém mais pode ser admitido a não ser por decisão especial da Corte e prévio juramento ou declaração solene.

46. Qual informação da Corte é pública? De acordo com o Regulamento, a Corte pode fazer públicos os seguintes documentos: suas sentenças e outras decisões, incluindo os votos fundamentados, dissidentes ou concordantes, quando cumpram os requisitos indicados no Regulamento da Corte; as peças do expediente, exceto as que sejam consideradas irrelevantes ou inconvenientes; o desenvolvimento das audiências através do meio tecnológico que corresponda; e todo documento que se considere conveniente. Ademais, os documentos depositados na Secretaria da Corte, concernentes a casos já sentenciados, são acessíveis ao público, salvo que a Corte tenha resolvido outra coisa. Fundo de Assistência Jurídica

47. Que é o Fundo de Assistência Jurídica? O Fundo de Assistência Jurídica da Corte tem como objeto facilitar o acesso ao Sistema

Interamericano de Direitos Humanos àquelas pessoas que atualmente não têm os recursos

necessários para levar seu caso ao sistema. Toda pessoa que não tenha recursos econômicos

para cobrir os gastos que origina um processo perante a Corte e uma vez que o caso tenha sido

apresentado perante o Tribunal, poderá solicitar expressamente acolher-se ao Fundo das

Vítimas.

Defensor Interamericano

48. Que é o Defensor Interamericano? O Defensor Interamericano é uma pessoa ou grupo de pessoas, designadas de ofício por parte do Tribunal em casos em que as supostas vítimas não têm representação legal devidamente acreditada.

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49. Por que surge a figura do Defensor Público Interamericano?

A Corte considera que para a efetiva defesa dos direitos humanos e a consolidação do Estado de Direito, é necessário que se assegure a todas as pessoas as condições necessárias para que possam aceder à justiça tanto nacional como internacional e façam valer efetivamente seus direitos e liberdades. Ao prover assistência jurídica àquelas pessoas que carecem de recursos econômicos ou que carecem de representação jurídica evita-se, por um lado, que se produza uma discriminação no que diz respeito ao acesso à justiça, ao não fazer depender esta da posição econômica do justiciável e, por outro lado, permite uma adequada defesa em juízo. Secretaria da Corte

50. Que é a Secretaria da Corte? A Secretaria está composta por um Secretário e um Secretário Adjunto, os quais dão suporte legal e administrativo à Corte em seu trabalho judicial. O Secretário é Pablo Saavedra Alessandri (Chile) e a Secretária Adjunta é Emilia Segares Rodríguez (Costa Rica). Orçamento

51. Qual foi o orçamento que a OEA outorgou à Corte em 2013? O orçamento que recebeu a Corte dos fundos da OEA foi de U$ 2.661.000,00 (dois milhões e seiscentos e sessenta e um mil dólares dos Estados Unidos da América). Programa de estágios e visitas profissionais

53. Em que consiste o programa de estágios e visitas profissionais? O programa de estágios e visitas profissionais da Corte oferece a estudantes e profissionais das áreas de direito, relações internacionais, ciência política, línguas e tradução, a oportunidade de realizar um estágio no Sistema Interamericano. Este programa tem como finalidade, dar a conhecer o funcionamento do Sistema Interamericano, os instrumentos internacionais aplicáveis e difundir as atividades do Tribunal; outorgar aos participantes selecionados experiência prática relevante que complemente sua formação acadêmica e profissional, a qual pode ser logo aplicada nos distintos âmbitos laborais em que se desempenhem uma vez concluído o estágio ou a visita profissional; e promover a participação de pessoas de distintas nacionalidades, provenientes de diferentes sistemas jurídicos.

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Links úteis

- Convenção Americana: http://www.oas.org/juridico/spanish/tratados/b-32.html - Regulamento da Corte: http://corteidh.or.cr/reglamento.cfm

- Estatuto da Corte: http://corteidh.or.cr/estatuto.cfm

- Sentenças da Corte: http://corteidh.or.cr/casos.cfm

- Medidas provisórias da Corte: http://corteidh.or.cr/medidas.cfm

- Supervisão do cumprimento de sentenças da Corte:

http://corteidh.or.cr/supervision.cfm

- Comunicados de imprensa: http://corteidh.or.cr/comunicados.cfm

- Datas das sessões da Corte: http://corteidh.or.cr/fechas.cfm

- Regulamento da Comissão Interamericana: http://www.cidh.org/Basicos/Basicos10.htm

- Estatuto da Comissão Interamericana: http://www.cidh.org/Basicos/Basicos9.htm

- Informação sobre a Comissão Interamericana: http://www.cidh.oas.org/Default.htm

- Informação sobre a Organização dos Estados Americanos: http://www.oas.org/es/default.asp ________________________________________________________________________

PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS EM MATÉRIA DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E

CULTURAIS, “PROTOCOLO DE SAN SALVADOR”

Preâmbulo

Os Estados Partes na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, “Pacto de San

José da Costa Rica”, Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das

instituições democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no

respeito dos direitos essenciais do homem; Reconhecendo que os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ser ele

nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da

pessoa humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza

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convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o direito interno dos Estados

americanos; Considerando a estreita relação que existe entre a vigência dos direitos econômicos,

sociais e culturais e a dos direitos civis e políticos, porquanto as diferentes categorias de direito

constituem um todo indissolúvel que encontra sua base no reconhecimento da dignidade da

pessoa humana, pelo qual exigem uma tutela e promoção permanente, com o objetivo de

conseguir sua vigência plena, sem que jamais possa justificar-se a violação de uns a pretexto

da realização de outros; Reconhecendo os benefícios decorrentes do fomento e desenvolvimento da cooperação

entre os Estados e das relações internacionais; Recordando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a

Convenção Americana sobre Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano

livre, isento de temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa

gozar de seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como de seus direitos civis e

políticos; Levando em conta que, embora os direitos econômicos, sociais e culturais fundamentais

tenham sido reconhecidos em instrumentos internacionais anteriores, tanto de âmbito universal

como regional, é muito importante que esses direitos sejam reafirmados, desenvolvidos,

aperfeiçoados e protegidos, a fim de consolidar na América, com base no respeito pleno dos

direitos da pessoa, o regime democrático representativo de governo, bem como o direito de

seus povos ao desenvolvimento, à livre determinação e a dispor livremente de suas riquezas e

recursos naturais; e Considerando que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos estabelece que

podem ser submetidos à consideração dos Estados Partes, reunidos por ocasião da Assembléia

Geral da Organização dos Estados Americanos, projetos de protocolos adicionais a essa

Convenção, com a finalidade de incluir progressivamente no regime de proteção da mesma

outros direitos e liberdades, Convieram no seguinte Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos

Humanos, “Protocolo de San Salvador”:

Artigo 1 Obrigação de adotar medidas

Os Estados Partes neste Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos

Humanos comprometem-se a adotar as medidas necessárias, tanto de ordem interna como por

meio da cooperação entre os Estados, especialmente econômica e técnica, até o máximo dos

recursos disponíveis e levando em conta seu grau de desenvolvimento, a fim de conseguir,

progressivamente e de acordo com a legislação interna, a plena efetividade dos direitos

reconhecidos neste Protocolo.

Artigo 2 Obrigação de adotar disposições de direito interno

Se o exercício dos direitos estabelecidos neste Protocolo ainda não estiver garantido

por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados Partes comprometem-se a adotar,

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de acordo com suas normas constitucionais e com as disposições deste Protocolo, as medidas

legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos esses direitos.

Artigo 3 Obrigação de não discriminação

Os Estados Partes neste Protocolo comprometem-se a garantir o exercício dos direitos

nele enunciados, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião,

opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica,

nascimento ou qualquer outra condição social.

Artigo 4

Não-admissão de restrições Não se poderá restringir ou limitar qualquer dos direitos reconhecidos ou vigentes num

Estado em virtude de sua legislação interna ou de convenções internacionais, sob pretexto de

que este Protocolo não os reconhece ou os reconhece em menor grau.

Artigo 5 Alcance das restrições e limitações

Os Estados Partes só poderão estabelecer restrições e limitações ao gozo e

exercício dos direitos estabelecidos neste Protocolo mediante leis promulgadas com o

objetivo de preservar o bem-estar geral dentro de uma sociedade democrática, na medida

em que não contrariem o propósito e razão dos mesmos.

Artigo 6

Direito ao trabalho 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, o que inclui a oportunidade de obter os

meios para levar uma vida digna e decorosa por meio do desempenho de uma atividade lícita,

livremente escolhida ou aceita. 2. Os Estados Partes comprometem-se a adotar medidas que garantam plena

efetividade do direito ao trabalho, especialmente as referentes à consecução do pleno

emprego, à orientação vocacional e ao desenvolvimento de projetos de treinamento

técnico-profissional, particularmente os destinados aos deficientes. Os Estados Partes

comprometem-se também a executar e a fortalecer programas que coadjuvem um

adequado atendimento da família, a fim de que a mulher tenha real possibilidade de exercer

o direito ao trabalho.

Artigo 7 Condições justas, eqüitativas e satisfatórias de trabalho

Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem que o direito ao trabalho, a que se refere

o artigo anterior, pressupõe que toda pessoa goze do mesmo em condições justas, eqüitativas

e satisfatórias, para o que esses Estados garantirão em suas legislações, de maneira particular:

a. Remuneração que assegure, no mínimo, a todos os trabalhadores condições

de subsistência digna e decorosa para eles e para suas famílias e salário

eqüitativo e igual por trabalho igual, sem nenhuma distinção;

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b. O direito de todo trabalhador de seguir sua vocação e de dedicar-se à atividade

que melhor atenda a suas expectativas e a trocar de emprego de acordo com a

respectiva regulamentação nacional; c. O direito do trabalhador à promoção ou avanço no trabalho, para o qual serão

levadas em conta suas qualificações, competência, probidade e tempo de

serviço; d. Estabilidade dos trabalhadores em seus empregos, de acordo com as

características das indústrias e profissões e com as causas de justa

separação. Nos casos de demissão injustificada, o trabalhador terá direito a uma

indenização ou à readmissão no emprego ou a quaisquer outras prestações

previstas pela legislação nacional; e. Segurança e higiene no trabalho;

f. Proibição de trabalho noturno ou em atividades insalubres ou perigosas para os

menores de 18 anos e, em geral, de todo trabalho que possa pôr em perigo sua

saúde, segurança ou moral. Quando se tratar de menores de 16 anos, a jornada

de trabalho deverá subordinar-se às disposições sobre ensino obrigatório e, em

nenhum caso, poderá constituir impedimento à assistência escolar ou limitação

para beneficiar-se da instrução recebida; g. Limitação razoável das horas de trabalho, tanto diárias quanto semanais. As

jornadas serão de menor duração quando se tratar de trabalhos perigosos,

insalubres ou noturnos; h. Repouso, gozo do tempo livre, férias remuneradas, bem como remuneração nos

feriados nacionais.

Artigo 8

Direitos sindicais

1. Os Estados Partes garantirão:

a. O direito dos trabalhadores de organizar sindicatos e de filiar-se ao de sua

escolha, para proteger e promover seus interesses. Como projeção desse direito,

os Estados Partes permitirão aos sindicatos formar federações e confederações

nacionais e associar-se às já existentes, bem como formar organizações sindicais

internacionais e associar-se à de sua escolha. Os Estados Partes também

permitirão que os sindicatos, federações e confederações funcionem livremente; b. O direito de greve.

2. O exercício dos direitos enunciados acima só pode estar sujeito às limitações e

restrições previstas pela lei que sejam próprias a uma sociedade democrática e necessárias

para salvaguardar a ordem pública e proteger a saúde ou a moral pública, e os direitos ou

liberdades dos demais. Os membros das forças armadas e da polícia, bem como de outros

serviços públicos essenciais, estarão sujeitos às limitações e restrições impostas pela lei. 3. Ninguém poderá ser obrigado a pertencer a um sindicato.

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Artigo 9 Direito à previdência social

1. Toda pessoa tem direito à previdência social que a proteja das conseqüências da

velhice e da incapacitação que a impossibilite, física ou mentalmente, de obter os meios de vida

digna e decorosa. No caso de morte do beneficiário, as prestações da previdência social

beneficiarão seus dependentes. 2. Quando se tratar de pessoas em atividade, o direito à previdência social

abrangerá pelo menos o atendimento médico e o subsídio ou pensão em caso de acidentes de

trabalho ou de doença profissional e, quando se tratar da mulher, licença remunerada para a

gestante, antes e depois do parto.

Artigo 10 Direito à saúde

1. Toda pessoa tem direito à saúde, entendida como o gozo do mais alto nível de

bem-estar físico, mental e social. 2. A fim de tornar efetivo o direito à saúde, os Estados Partes comprometem-se a

reconhecer a saúde como bem público e, especialmente, a adotar as seguintes medidas para

garantir este direito:

a. Atendimento primário de saúde, entendendo-se como tal a assistência médica

essencial colocada ao alcance de todas as pessoas e famílias da comunidade; b. Extensão dos benefícios dos serviços de saúde a todas as pessoas sujeitas à

jurisdição do Estado; c. Total imunização contra as principais doenças infecciosas; d. Prevenção e tratamento das doenças endêmicas, profissionais e de outra

natureza; e. Educação da população sobre prevenção e tratamento dos problemas da saúde;

e f. Satisfação das necessidades de saúde dos grupos de mais alto risco e que,

por sua situação de pobreza, sejam mais vulneráveis.

Artigo 11 Direito a um meio ambiente sadio

1. Toda pessoa tem direito a viver em meio ambiente sadio e a contar com os

serviços públicos básicos. 2. Os Estados Partes promoverão a proteção, preservação e melhoramento do

meio ambiente.

Artigo 12

Direito à alimentação

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1. Toda pessoa tem direito a uma nutrição adequada que assegure a possibilidade

de gozar do mais alto nível de desenvolvimento físico, emocional e intelectual. 2. A fim de tornar efetivo esse direito e de eliminar a desnutrição, os Estados

Partes comprometem-se a aperfeiçoar os métodos de produção, abastecimento e distribuição

de alimentos, para o que se comprometem a promover maior cooperação internacional com

vistas a apoiar as políticas nacionais sobre o tema.

Artigo 13 Direito à educação

1. Toda pessoa tem direito à educação. 2. Os Estados Partes neste Protocolo convêm em que a educação deverá

orientar-se para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua

dignidade e deverá fortalecer o respeito pelos direitos humanos, pelo pluralismo ideológico,

pelas liberdades fundamentais, pela justiça e pela paz. Convêm, também, em que a educação

deve capacitar todas as pessoas para participar efetivamente de uma sociedade democrática e

pluralista, conseguir uma subsistência digna, favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade

entre todas as nações e todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades

em prol da manutenção da paz. 3. Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem que, a fim de conseguir o pleno

exercício do direito à educação:

a. O ensino de primeiro grau deve ser obrigatório e acessível a todos

gratuitamente; b. O ensino de segundo grau, em suas diferentes formas, inclusive o ensino técnico

e profissional de segundo grau, deve ser generalizado e tornar-se acessível a

todos, pelos meios que forem apropriados e, especialmente, pela implantação

progressiva do ensino gratuito; c. O ensino superior deve tornar-se igualmente acessível a todos, de acordo com a

capacidade de cada um, pelos meios que forem apropriados e, especialmente,

pela implantação progressiva do ensino gratuito; d. Deve-se promover ou intensificar, na medida do possível, o ensino básico para

as pessoas que não tiverem recebido ou terminado o ciclo completo de instrução

do primeiro grau; e. Deverão ser estabelecidos programas de ensino diferenciado para os deficientes,

a fim de proporcionar instrução especial e formação a pessoas com

impedimentos físicos ou deficiência mental. 4. De acordo com a legislação interna dos Estados Partes, os pais terão direito a

escolher o tipo de educação a ser dada aos seus filhos, desde que esteja de acordo com os

princípios enunciados acima. 5. Nada do disposto neste Protocolo poderá ser interpretado como restrição da

liberdade dos particulares e entidades de estabelecer e dirigir instituições de ensino, de acordo

com a legislação interna dos Estados Partes.

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Artigo 14

Direito aos benefícios da cultura 1. Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem o direito de toda pessoa a:

a. Participar na vida cultural e artística da comunidade; b. Gozar dos benefícios do progresso científico e tecnológico; c. Beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais que lhe caibam em

virtude das produções científicas, literárias ou artísticas de que for autora. 2. Entre as medidas que os Estados Partes neste Protocolo deverão adotar para

assegurar o pleno exercício deste direito, figurarão as necessárias para a conservação,

desenvolvimento e divulgação da ciência, da cultura e da arte. 3. Os Estados Partes neste Protocolo comprometem-se a respeitar a liberdade

indispensável para a pesquisa científica e a atividade criadora. 4. Os Estados Partes neste Protocolo reconhecem os benefícios que decorrem da

promoção e desenvolvimento da cooperação e das relações internacionais em assuntos

científicos, artísticos e culturais e, nesse sentido, comprometem-se a propiciar maior

cooperação internacional nesse campo.

Artigo 15

Direito à constituição e proteção da família

1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida

pelo Estado, que deverá velar pelo melhoramento de sua situação moral e material. 2. Toda pessoa tem direito a constituir família, o qual exercerá de acordo com as

disposições da legislação interna correspondente. 3. Os Estados Partes comprometem-se, mediante este Protocolo, a proporcionar

adequada proteção ao grupo familiar e, especialmente, a:

a. Dispensar atenção e assistência especiais à mãe, por um período razoável, antes

e depois do parto; b. Garantir às crianças alimentação adequada, tanto no período de lactação

quanto durante a idade escolar; c. Adotar medidas especiais de proteção dos adolescentes, a fim de assegurar o

pleno amadurecimento de suas capacidades físicas, intelectuais e morais; d. Executar programas especiais de formação familiar, a fim de contribuir para a

criação de ambiente estável e positivo no qual as crianças percebam e

desenvolvam os valores de compreensão, solidariedade, respeito e

responsabilidade.

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Artigo 16 Direito da criança

Toda criança, seja qual for sua filiação, tem direito às medidas de proteção que sua

condição de menor requer por parte da sua família, da sociedade e do Estado. Toda criança tem

direito de crescer ao amparo e sob a responsabilidade de seus pais; salvo em circunstâncias

excepcionais, reconhecidas judicialmente, a criança de tenra idade não deve ser separada de

sua mãe. Toda criança tem direito à educação gratuita e obrigatória, pelo menos no nível

básico, e a continuar sua formação em níveis mais elevados do sistema educacional.

Artigo 17 Proteção de pessoas idosas

Toda pessoa tem direito à proteção especial na velhice. Nesse sentido, os Estados

Partes comprometem-se a adotar de maneira progressiva as medidas necessárias a fim de

pôr em prática este direito e, especialmente, a:

a. Proporcionar instalações adequadas, bem como alimentação e assistência

médica especializada, às pessoas de idade avançada que careçam delas e não

estejam em condições de provê-las por seus próprios meios; b. Executar programas trabalhistas específicos destinados a dar a pessoas idosas a

possibilidade de realizar atividade produtiva adequada às suas capacidades,

respeitando sua vocação ou desejos; c. Promover a formação de organizações sociais destinadas a melhorar a qualidade

de vida das pessoas idosas.

Artigo 18 Proteção de deficientes

Toda pessoa afetada por diminuição de suas capacidades físicas e mentais tem direito

a receber atenção especial, a fim de alcançar o máximo desenvolvimento de sua

personalidade. Os Estados Partes comprometem-se a adotar as medidas necessárias para esse

fim e, especialmente, a:

a. Executar programas específicos destinados a proporcionar aos deficientes os

recursos e o ambiente necessário para alcançar esse objetivo, inclusive

programas trabalhistas adequados a suas possibilidades e que deverão ser

livremente aceitos por eles ou, se for o caso, por seus representantes legais; b. Proporcionar formação especial às famílias dos deficientes, a fim de ajudá-los

a resolver os problemas de convivência e convertê-los em elementos atuantes

no desenvolvimento físico, mental e emocional destes; c. Incluir, de maneira prioritária, em seus planos de desenvolvimento urbano a

consideração de soluções para os requisitos específicos decorrentes das

necessidades deste grupo; d. Promover a formação de organizações sociais nas quais os deficientes possam

desenvolver uma vida plena.

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Artigo 19 Meios de proteção

1. Os Estados Partes neste Protocolo comprometem-se a apresentar, de

acordo com o disposto por este artigo e pelas normas pertinentes que a propósito deverão

ser elaboradas pela Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos, relatórios

periódicos sobre as medidas progressivas que tiverem adotado para assegurar o devido

respeito aos direitos consagrados no mesmo Protocolo. 2. Todos os relatórios serão apresentados ao Secretário-Geral da OEA, que os

transmitirá ao Conselho Interamericano Econômico e Social e ao Conselho Interamericano de

Educação, Ciência e Cultura, a fim de que os examinem de acordo com o disposto neste

artigo. O Secretário-Geral enviará cópia desses relatórios à Comissão Interamericana de

Direitos Humanos. 3. O Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos transmitirá

também aos organismos especializados do Sistema Interamericano, dos quais sejam membros

os Estados Partes neste Protocolo, cópias dos relatórios enviados ou das partes pertinentes

deles, na medida em que tenham relação com matérias que sejam da competência dos referidos

organismos, de acordo com seus instrumentos constitutivos. 4. Os organismos especializados do Sistema Interamericano poderão apresentar

ao Conselho Interamericano Econômico e Social e ao Conselho Interamericano de Educação,

Ciência e Cultura relatórios sobre o cumprimento das disposições deste Protocolo, no campo de

suas atividades. 5. Os relatórios anuais que o Conselho Interamericano Econômico e Social e o

Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura apresentarem à Assembléia Geral

conterão um resumo da informação recebida dos Estados Partes neste Protocolo e dos

organismos especializados sobre as medidas progressivas adotadas a fim de assegurar o

respeito dos direitos reconhecidos no Protocolo e das recomendações de caráter geral que a

respeito considerarem pertinentes. 6. Caso os direitos estabelecidos na alínea a do artigo 8, e no artigo 13, forem

violados por ação imputável diretamente a um Estado Parte deste Protocolo, essa situação

poderia dar lugar, mediante participação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e,

quando cabível, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, à aplicação do sistema de

petições individuais regulado pelos artigos 44 a 51 e 61 a 69 da Convenção Americana sobre

Direitos Humanos. 7. Sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior, a Comissão Interamericana de

Direitos Humanos poderá formular as observações e recomendações que considerar pertinentes

sobre a situação dos direitos econômicos, sociais e culturais estabelecidos neste Protocolo em

todos ou em alguns dos Estados Partes, as quais poderá incluir no Relatório Anual à Assembléia

Geral ou num relatório especial, conforme considerar mais apropriado. 8. No exercício das funções que lhes confere este artigo, os Conselhos e a

Comissão Interamericana de Direitos Humanos deverão levar em conta a natureza progressiva

da vigência dos direitos objeto da proteção deste Protocolo.

Artigo 20 Reservas

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Os Estados Partes poderão formular reservas sobre uma ou mais disposições específicas

deste Protocolo no momento de aprová-lo, assiná-lo, ratificá-lo ou a ele aderir, desde que não

sejam incompatíveis com o objetivo e o fim do Protocolo.

Artigo 21 Assinatura, ratificação ou adesão.

Entrada em vigor 1. Este Protocolo fica aberto à assinatura e à ratificação ou adesão de todo Estado

Parte na Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 2. A ratificação deste Protocolo ou a adesão ao mesmo será efetuada mediante

depósito de um instrumento de ratificação ou de adesão na Secretaria-Geral da Organização

dos Estados Americanos. 3. O Protocolo entrará em vigor tão logo onze Estados tiverem depositado seus

respectivos instrumentos de ratificação ou de adesão. 4. O Secretário-Geral informará a todos os Estados membros da Organização a

entrada em vigor do Protocolo.

Artigo 22 Incorporação de outros direitos e

ampliação dos reconhecidos 1. Qualquer Estado Parte e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos

poderão submeter à consideração dos Estados Partes, reunidos por ocasião da Assembléia

Geral, propostas de emendas com o fim de incluir o reconhecimento de outros direitos e

liberdades, ou outras destinadas a estender ou ampliar os direitos e liberdades reconhecidos

neste Protocolo. 2. As emendas entrarão em vigor para os Estados ratificantes das mesmas na

data em que tiverem depositado o respectivo instrumento de ratificação que corresponda a dois

terços do número de Estados Partes neste Protocolo. Quanto aos demais Estados Partes,

entrarão em vigor na data em que depositarem seus respectivos instrumentos de ratificação.