o que cai na cespe

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Prof. Rodrigo Bezerra A. Cuidado com o emprego das preposições (eis um dos pontos principais – a regência): o CESPE em suas provas sempre questiona o "emprego" e/ou a "supressão" de preposições. Observe abaixo: - O emprego da preposição “de” em “Não há dúvida de que” (L.1) justifica-se pela regência da forma verbal “há”. - Como na seqüência há um complemento oracional, a omissão da preposição “de” em “Não há dúvida de que” (L.1) também estaria de acordo com as exigências da norma escrita culta. Comentário: Os dois itens acima, extraídos da mesma prova, versam sobre o período abaixo: "Não há dúvida de que, no início do século XXI, os Estados Unidos da América chegaram mais perto do que nunca da possibilidade de constituição de um “império mundial”. Ora, a preposição "de" – após o substantivo "dúvida" – não foi empregada em virtude do verbo "haver" que, diga-se de passagem, no sentido de "existir, ocorrer, realizar-se, acontecer" é um verbo "impessoal, transitivo direto". Logo, o item está errado. O item 2 é uma questão não muito rara em se tratando de prova do CESPE – omissão da preposição nos complementos nominais oracionais. Como se sabe, o complemento nominal em termo simples exige a preposição; já no complemento nominal oracional, a preposição – por se tratar de um complemento de uma base transitiva direta – é facultativa. Logo, o item 2 está correto. B. Cuidado com o emprego da preposição na comparações de inferioridade e de superioridade. Observe: - Mantêm-se a correção gramatical do período e as informações originais do texto ao se eliminar a palavra sublinhada em “mais perto do que nunca” (L.2-3). Comentário: Como se sabe, nas comparações de superioridade e de inferioridade, a preposição que antecede a oração comparativa é sempre facultativa. Logo, "mais perto do que nunca" ou "mais perto que nunca" são construções corretas. Item correto, portanto. C. Cuidado com o emprego dos tempos e dos modos verbais (notadamente os tempos do modo subjuntivo e suas correlações). À semelhança da Fundação Carlos Chagas, o CESPE frequentemente cobra tanto o emprego dos tempos e modos verbais quanto a correlação entre esses tempos e modos. Observe: - O emprego do futuro do pretérito em “significaria” (L.5) é decorrente do emprego de estrutura antecedente que tem valor condicional, formada por verbo no imperfeito do subjuntivo. Comentário: Duas correlações são bastante cobradas em provas: (futuro do presente do indicativo – futuro do subjuntivo e futuro do pretérito do indicativo – pretérito imperfeito do subjuntivo). Percebe que a banca, mais uma vez, cobrou a segunda. Logo, o item está correto, pois o futuro do pretérito do indicativo se correlaciona com o pretérito imperfeito do subjuntivo. Observe o período: "Mas, se o mundo chegasse a esse ponto e constituísse um império global, isso significaria — ao mesmo tempo e por definição — o fim do sistema político

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Page 1: o que cai na cespe

Prof. Rodrigo Bezerra

A. Cuidado com o emprego das preposições (eis um dos pontos principais – a regência): o CESPE em suas provas sempre questiona o "emprego" e/ou a "supressão" de preposições. Observe abaixo:

- O emprego da preposição “de” em “Não há dúvida de que” (L.1) justifica-se pela regência da forma verbal “há”.

- Como na seqüência há um complemento oracional, a omissão da preposição “de” em “Não há dúvida de que” (L.1) também estaria de acordo com as exigências da norma escrita culta.

Comentário: Os dois itens acima, extraídos da mesma prova, versam sobre o período abaixo:

"Não há dúvida de que, no início do século XXI, os Estados Unidos da América chegaram mais perto do que nunca da possibilidade de constituição de um “império mundial”.

Ora, a preposição "de" – após o substantivo "dúvida" – não foi empregada em virtude do verbo "haver" que, diga-se de passagem, no sentido de "existir, ocorrer, realizar-se, acontecer" é um verbo "impessoal, transitivo direto". Logo, o item está errado.

O item 2 é uma questão não muito rara em se tratando de prova do CESPE – omissão da preposição nos complementos nominais oracionais. Como se sabe, o complemento nominal em termo simples exige a preposição; já no complemento nominal oracional, a preposição – por se tratar de um complemento de uma base transitiva direta – é facultativa. Logo, o item 2 está correto.

B. Cuidado com o emprego da preposição na comparações de inferioridade e de superioridade. Observe:

- Mantêm-se a correção gramatical do período e as informações originais do texto ao se eliminar a palavra sublinhada em “mais perto do que nunca” (L.2-3).

Comentário: Como se sabe, nas comparações de superioridade e de inferioridade, a preposição que antecede a oração comparativa é sempre facultativa. Logo, "mais perto do que nunca" ou "mais perto que nunca" são construções corretas. Item correto, portanto.

C. Cuidado com o emprego dos tempos e dos modos verbais (notadamente os tempos do modo subjuntivo e suas correlações). À semelhança da Fundação Carlos Chagas, o CESPE frequentemente cobra tanto o emprego dos tempos e modos verbais quanto a correlação entre esses tempos e modos. Observe:

- O emprego do futuro do pretérito em “significaria” (L.5) é decorrente do emprego de estrutura antecedente que tem valor condicional, formada por verbo no imperfeito do subjuntivo.

Comentário: Duas correlações são bastante cobradas em provas: (futuro do presente do indicativo – futuro do subjuntivo e futuro do pretérito do indicativo – pretérito imperfeito do subjuntivo). Percebe que a banca, mais uma vez, cobrou a segunda. Logo, o item está correto, pois o futuro do pretérito do indicativo se correlaciona com o pretérito imperfeito do subjuntivo. Observe o período:

"Mas, se o mundo chegasse a esse ponto e constituísse um império global, isso significaria — ao mesmo tempo e por definição — o fim do sistema político interestatal."

D. Cuidado com o emprego do acento grave. (Muito cuidado com este assunto, pois o CESPE alterna perguntas bobas com perguntas capciosas, ardilosas.)

Os 3 sinais indicativos de crase empregados à linha 8 têm justificativas diferentes, e dois deles podem ser omitidos sem prejuízo para a correção gramatical do período.

Comentário: Primeiro observe o período abaixo:

"... por isso, o tratado internacional tem sido considerado norma de natureza ordinária, e, conseqüentemente, é sujeito à modificação, à revogação e à alteração por qualquer legislação ordinária,..."

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Boa pergunta. Observe que a banca primeiro afirma "têm justificativas diferentes". O que de imediato pode ser constado como "falso" pelo candidato, uma vez que todos os acentos se justificam pela regência do substantivo "sujeito". Ademais, retirar dois não faz sentido algum. Poderiam ser retirados todos os acentos, empregando-se os substantivos em sentido genérico. Portanto, item totalmente falso.

E. Cuidado com as perguntas que versam sobre função sintática dos termos. (Geralmente são fáceis, mas é bom ficar atento)

- Nas linhas 10 e 11, pela presença das preposições, é correto afirmar que os elementos “da lógica”, “da história passada” e “do sistema mundial” têm a mesma função sintática no período, pois complementam a palavra “análise”.

Comentário: Questão facílima. Basta observar rapidamente o período para perceber que o item está errado. Veja o período:

"...mas são idéias ou projetos que não têm nenhum apoio objetivo na análise da lógica e da história passada do sistema mundial."

Perceba que os termos "da lógica" e "da história" estão subordinado ao vocábulo "análise" enquanto o termo "do sistema mundial" está subordinado à "história passada". Logo, os dois primeiros são "complementos nominais" do termo "análise". Já "do sistema mundial" é um "adjunto adnominal" para o termo "história passada".

F. Cuidado com o assunto "pontuação". (Geralmente as questões são fáceis e dizem respeito a substituições de pontuação.) Observe abaixo:

Os sinais de parênteses nas linhas de 12 a 15 têm a função de organizar as idéias que destacam e de inseri-las na argumentação do texto; por isso, sua substituição pelos sinais de travessão preservaria a coerência textual e a correção do texto, mas, na linha 15, o ponto final substituiria o segundo travessão.

Comentário: Primeiramente observe o período:

"Evidentemente, isso leva a perceber que há um conflito entre a autonomia da vontade do agente ético (a decisão emana apenas do interior do sujeito) e a heteronomia dos valores morais de sua sociedade (os valores são dados externos ao sujeito). Esse conflito..."

O item está totalmente correto. Perceba que o "xis" da questão é a substituição de pontuação. Como sabemos os sinais de pontuação "vírgula", "ponto e vírgula", "travessão", "parênteses" e "dois pontos" apresentam empregos bem semelhantes. Na questão, cobra-se a troca dos parênteses pelo travessão – substituição bem plausível. Apenas um ponto – como após o último parêntese ocorre um ponto, não há a necessidade de se colocar um travessão nesse lugar, pois o ponto por si só é suficiente.

Continuação...

A. Tipologia textual (frequentemente a banca cobra o conhecimento sobre as características que distinguem os textos dissertativos, narrativos e descritivos). Observe abaixo:

1. TEXTO DISSERTATIVO

- Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa.

- É um tipo de texto argumentativo

- Predominam substantivos abstratos denominados de temas.

- Predominam verbos no presente do indicativo – nocionais.

- Predomínio da linguagem objetiva.

- Prevalece a denotação.

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- Defesa de um argumento: introduz, desenvolve e conclui.

2. TEXTO NARRATIVO

- Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta antes, durante e depois dos acontecimentos.

- É um tipo de texto seqüencial.

- Predominam substantivos concretos denominados de figuras.

- Predominam verbos no pretérito, especialmente o pretérito perfeito.

- Presença de narrador, enredo, cenário, tempo.

- O diálogo direto e o indireto são freqüentes.

- Apresentação de um conflito. Há transformações de estado.

3. TEXTO DESCRITIVO

- Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma visão.

- É um tipo de texto figurativo.

- Predominam adjetivos. É um texto atributivo.

- Predominam verbos de ligação.

- Predomínio de atributos.

- Tem como resultado a imagem física ou psicológica.

- Freqüente emprego de metáforas, comparações e outras figuras.

B. Estrutura do período (com frequência aparecem perguntas sobre coordenação e subordinação). Observe uma dessas perguntas, extraída de uma prova preparada pelo CESPE para o concurso do TER/AL em 2004.

- No segundo período do texto, a relação entre as orações dá-se por coordenação.

Observe o período: "Mas leitura, quer do mundo, quer de livros, só se aprende e se vivencia, de forma plena, coletivamente, em troca contínua de experiências com os outros."

Comentário: Item correto. Há duas que se relacionam por coordenação aditiva.

C. Relações de coesão textual [fique atento às referências intratextuais – referência anafóricas (retomadas) e referência catafóricas (antecipações)]. Há um sem-número de questões em provas que perguntam a que termo um determinado elemento se refere. São em geral questões (itens) bem fáceis, mas é preciso ficar atento para não cometer um deslize. Observe abaixo dois bons exemplos:

- Na linha 3, a passagem “nesse intercâmbio de leituras” refere-se a “troca contínua de experiências”.

- Na linha 5, na estrutura “(cuja posse poderia ser punida com a fogueira)”, o pronome relativo “cuja” refere-se à expressão “certos livros”.

D. É preciso ficar atento às questões sobre "redação oficial". (Frequentemente o CESPE/UNB, quando no edital consta "redação oficial", promove perguntas sobre a elaboração de documentos oficiais).

Sugiro que leiam urgentemente o manual da Presidência da República. Coloquei-o em um artigo anterior. É só entrar no meu artigo e baixá-lo. Sugiro dar uma atenção especial para as seguintes

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correspondências oficiais: aviso, ofício e memorando (documentos do padrão ofício), requerimento, parecer e resolução. Frequentemente as questões exigem o conhecimento sobre tais documentos.