o prelo que pedagogiza a pena: ellen g. white e os ... · de seus membros e lideres passassem a ler...

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 3858 O PRELO QUE PEDAGOGIZA A PENA: ELLEN G. WHITE E OS CONSELHOS AOS ESCRITORES E EDITORES ADVENTISTAS (1848-1910) 1 Débora da Silva Sousa 2 Premissas de uma escrita NUMA reunião efetuada em Dorchester (Massachusetts), em novembro de 1848, foi-me concedida uma visão da proclamação da mensagem [...] e do dever que incumbia aos irmãos de publicarem a luz que resplandecia em nosso caminho. Depois da visão eu disse ao meu esposo: “Tenho uma mensagem para ti. Deves começar a publicar um pequeno jornal e manda-lo ao povo. Seja pequeno a principio; mas, lendo-o o povo, mandar-te-ão meios com que imprimi-lo, e alcançará bom êxito desde o principio. Desde este pequeno começo foi-me mostrado assemelhar-se a torrentes de luz que circundam o mundo” (WHITE, E. 1979, p. 127, grifo nosso). Inverno de 1848. A neve cai no extremo nordeste da Nova Inglaterra. Apesar das intempéries, Ellen Golden White e seu esposo o pastor Tiago White, continuaram tomando o “vapor”, viajando entre as federações do Maine e de Massachusetts 3 , para que suas vozes ensinassem aos estadunidenses acerca da doutrina do segundo advento 4 . A palavra dita e 1 O presente ensaio vincula-se a pesquisa que desenvolvo no doutoramento com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico CNPq. 2 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba. E-Mail: <[email protected]>. 3 Embora, a partir do ano de 1849, Ellen realizou viagens para outras federações, em conjunto com seu esposo e outros membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, quando esta se institucionalizou em meados da década de 1860. 4 O Movimento Adventista teve emergência em meados de 1830, a partir dos estudos e pregações de um senhor denominado Guilherme Miller. Miller, como era conhecido, pregava que Cristo retornaria muito breve, especialmente, no decorrer do ano 1843. Para construir esta datação, o pregador baseava-se em duas passagens bíblicas: primeiramente, Apocalipse 10: 1-2, e 10-11, os quais falam “vi outro anjo forte descendo do céu” [...] e “tinha na mão um livrinho aberto”, “tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei; e, na minha boca, era doce como o mel; quando, porém, o comi, o meu estomago ficou amargo”; e seguidamente, Daniel 12:4, “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até o tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará”; e retrocedendo ao capítulo 8:14 do mesmo livro em que Daniel profere, “E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”. Miller interpretou, portanto, estes textos da seguinte forma: Cristo viria, aproximadamente, no dia que o santuário fosse purificado, a contar o ano de 457 A.C, com a reconstrução da cidade de Jerusalém findando os 2.300 anos, em 1843, contabilizando um ano para cada dia, conforme o livro de Números 14: 34; e acrescentou que para corroborar esta periodização, viveriam os homens um reavivamento religioso, a ser tratado na página seguinte, demarcado pelo excessivo estudo da Bíblia, como aparentou em suas leituras o livro ao qual se refere o profeta João em Apocalipse. Apesar de Miller ter errado os seus cálculos, foi a partir de suas leituras que um movimento pautado, unicamente, na espera do segundo advento de Cristo se formou e disto se organizou uma doutrina religiosa. Por outro lado, as particularidades ficaram, todavia, restritas a estes sentidos e significados atribuídos às profecias sagradas. Isto porque, a “expectativa de um futuro reinado de Cristo por meio de uma vinda gloriosa, uma espécie de paraíso terrestre reencontrado”, conhecida como matriz Milenarista (MARTIN, 2003, p. 35) tem existência desde a antiguidade clássica. Por isto que não é incomum o leitor encontrar a terminologia milerismo, em referência a Miller, ou milenarismo em deferência a esta outra conotação quando se fala de o movimento adventista, entre as décadas de 1830-1860. Foi justamente neste último decênio que o movimento adventista tornou-se a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a partir das instruções proféticas de Ellen G. White e as correções relacionadas às

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 3858

O PRELO QUE PEDAGOGIZA A PENA: ELLEN G. WHITE E OS CONSELHOS AOS ESCRITORES E EDITORES ADVENTISTAS (1848-1910)1

Débora da Silva Sousa2

Premissas de uma escrita

NUMA reunião efetuada em Dorchester (Massachusetts), em novembro de 1848, foi-me concedida uma visão da proclamação da mensagem [...] e do dever que incumbia aos irmãos de publicarem a luz que resplandecia em nosso caminho. Depois da visão eu disse ao meu esposo: “Tenho uma mensagem para ti. Deves começar a publicar um pequeno jornal e manda-lo ao povo. Seja pequeno a principio; mas, lendo-o o povo, mandar-te-ão meios com que imprimi-lo, e alcançará bom êxito desde o principio. Desde este pequeno começo foi-me mostrado assemelhar-se a torrentes de luz que circundam o mundo” (WHITE, E. 1979, p. 127, grifo nosso).

Inverno de 1848. A neve cai no extremo nordeste da Nova Inglaterra. Apesar das

intempéries, Ellen Golden White e seu esposo o pastor Tiago White, continuaram tomando o

“vapor”, viajando entre as federações do Maine e de Massachusetts3, para que suas vozes

ensinassem aos estadunidenses acerca da doutrina do segundo advento4. A palavra dita e

1 O presente ensaio vincula-se a pesquisa que desenvolvo no doutoramento com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – CNPq.

2 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba. E-Mail: <[email protected]>.

3 Embora, a partir do ano de 1849, Ellen realizou viagens para outras federações, em conjunto com seu esposo e outros membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, quando esta se institucionalizou em meados da década de 1860.

4 O Movimento Adventista teve emergência em meados de 1830, a partir dos estudos e pregações de um senhor denominado Guilherme Miller. Miller, como era conhecido, pregava que Cristo retornaria muito breve, especialmente, no decorrer do ano 1843. Para construir esta datação, o pregador baseava-se em duas passagens bíblicas: primeiramente, Apocalipse 10: 1-2, e 10-11, os quais falam “vi outro anjo forte descendo do céu” [...] e “tinha na mão um livrinho aberto”, “tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei; e, na minha boca, era doce como o mel; quando, porém, o comi, o meu estomago ficou amargo”; e seguidamente, Daniel 12:4, “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até o tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará”; e retrocedendo ao capítulo 8:14 do mesmo livro em que Daniel profere, “E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”. Miller interpretou, portanto, estes textos da seguinte forma: Cristo viria, aproximadamente, no dia que o santuário fosse purificado, a contar o ano de 457 A.C, com a reconstrução da cidade de Jerusalém findando os 2.300 anos, em 1843, contabilizando um ano para cada dia, conforme o livro de Números 14: 34; e acrescentou que para corroborar esta periodização, viveriam os homens um reavivamento religioso, a ser tratado na página seguinte, demarcado pelo excessivo estudo da Bíblia, como aparentou em suas leituras o livro ao qual se refere o profeta João em Apocalipse. Apesar de Miller ter errado os seus cálculos, foi a partir de suas leituras que um movimento pautado, unicamente, na espera do segundo advento de Cristo se formou e disto se organizou uma doutrina religiosa. Por outro lado, as particularidades ficaram, todavia, restritas a estes sentidos e significados atribuídos às profecias sagradas. Isto porque, a “expectativa de um futuro reinado de Cristo por meio de uma vinda gloriosa, uma espécie de paraíso terrestre reencontrado”, conhecida como matriz Milenarista (MARTIN, 2003, p. 35) tem existência desde a antiguidade clássica. Por isto que não é incomum o leitor encontrar a terminologia milerismo, em referência a Miller, ou milenarismo em deferência a esta outra conotação quando se fala de o movimento adventista, entre as décadas de 1830-1860. Foi justamente neste último decênio que o movimento adventista tornou-se a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a partir das instruções proféticas de Ellen G. White e as correções relacionadas às

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ouvida ainda consistia no principal mediador (PAIM, 2005) entre os enunciados

instrucionais dos que defendiam o segundo advento e seus possíveis leitores. Não se tratava,

todavia, de uma palavra qualquer. Tratava-se, pois, de textualidades que eram emanadas de

uma boca que dizia ter dons carismáticos, ou em outros termos, o dom de profecia. Desta

prática, que se fez por meio de sonhos e visões que De Certeau (2016, p, 192-193)

compreende como uma experiência mística de uma “semicegueira do sujeito” que “cria o

vazio em que ressoa a palavra do outro”, posicionou Ellen, no decorrer das décadas, em um

lugar heterotópico e, portanto, contestador para o seu sexo (FOUCAULT, 2006, p. 415), a

saber, de pertinência e autoridade no interior do adventismo (KNIGHT, 2015, p. 55).

Em conformidade com isto, Ellen, historicamente, vivenciou a quebra de uma

tradição cristã que silenciou, por séculos, a voz pública do feminino nas práticas

espiritualistas desenvolvidas no protestantismo estadunidense. O renascimento religioso5

que se apoderou de muitas das doutrinas protestantes, a partir de 1800, fez com que alguns

de seus membros e lideres passassem a ler o feminino como importante instrumento para a

adesão de outras mulheres a este “reformismo” religioso quando consentiram às mesmas o

direito de, pelos menos, orarem publicamente. Aliás, no interior do milenarismo, o

protestante Charles Finney estimulou muitas das mulheres que se converteram a este

movimento a estenderem a prática de conversão e, assim, instruírem os parentes, vizinhos e

empregados (FERNANDES, MORAIS, 2014, 119). Doravante, os deslocamentos de lugares

sociais e culturais construídos para o feminino, no interior dos dogmas protestantes, foram

conforme Fernandes e Morais (2014, p.119) delicados por se limitarem à expansão destas

fronteiras simbólicas ao direito de orar, ou no máximo, converter outras pessoas,

publicamente. Ainda que, para outras funções, uma mulher em público se situasse sempre

deslocada, porque o “espaço [que] ao mesmo tempo a regula e a exprime, a torna visível”

(PERROT, 1998, p. 8). Nesse sentido, quando Ellen se

interpretações de Miller; a organização da doutrina, com inclusão do sábado para ser guardado a partir das leituras dos mandamentos e uma visão dita por Ellen; o trabalho de outros lideres, a exemplo das atuações do conjugue da “profetiza”; o surgimento dos periódicos e estratégias “organizacionais capazes de difundir os ensinamentos” da doutrina (KNIGHT, 2015, p. 35).

5 O reavivamento espiritual foi uma prática protestante liderada por metodistas, batistas e presbiterianos, embasada na revalorização de suas doutrinas e combate as atitudes sociais e culturais consideras desmoralizantes e degradantes como o alcoolismo, a prostituição e apatia que acometeu os estadunidenses após a grave crise econômica de 1819 e aproximadamente toda década de 1830, quando da queda de valores dos produtos agrícolas. Foi neste contexto que Ellen se tornou membro da Igreja Metodista, em 1842. No mesmo ano conheceu as concepções de Miller em uma reunião realizada na cidade onde residia, em Portland, no Maine. Ela e sua família permaneceram como metodistas até ano de 1843, quando foram desligados desta denominação porque Ellen pregava, publicamente, a doutrina do segundo advento preconizada por Miller. No que concerne ao seu esposo, o pastor adventista Tiago White, Ellen o conheceu em Orrington, Maine, no ano de 1845, quando iniciou os trabalhos de evangelização em cidades e vilas daquela federação. No ano posterior, casaram-se.

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disse nomeada divinamente para a missão da instrução, cravou-se em seu corpo a condição

de contestação e inversão dos lugares preconizados pela feminilidade no sexo para o

protestantismo6. Embora isto se fizesse por argumentos que não dialogassem com as

contestações feministas de seu tempo, sendo operacionalizadas por falar de si como a

divinamente disseminadora da mensagem que educa e prepara almas para serem salvas no

segundo advento. Autoridade por meio de deslocamentos que se iniciaram pela fala e,

paulatinamente, consolidaram-se pela pena quando Ellen G. White - como ela assinala seus

manuscritos e escritos impressos na condição de autora (CHARTIER, 2014) - passou a

publicitar, em periódicos e livros, as profecias que dizia receber. Relatos que educam e que

foram elaborados para a impressão a partir de uma “provocação” mística a qual incitou o seu

cônjuge em publicar um pequeno jornal, como se vê na epigrafe, mas também, por todas as

circunstâncias e lugares cotidianos em que as leituras se fazem (CHARTIER, 2009, p, 94).

Ao que sugere sua palavra impressa, Ellen vivenciou, ainda, a proposta “revolução da

leitura” aludida por Chartier (2009, p. 94-97), cujos impressos, dentre estes os periódicos,

perpassaram por uma frenética mudança qualitativa e quantitativa de suas produções e

circulações, suscitando uma verdadeira “mania da leitura” ou mesmo uma “febre da leitura”.

Instaurando-se por isto nos oitocentos, um concorrido mercado editorial e tipográfico de

enunciados seculares e religiosos que disputavam, através da palavra impressa, as

sensibilidades do leitor. Ellen, porquanto, parecia ciente da necessidade de ser produzida

uma literatura adventista informativa e educativa que pudessem adentrar neste fascinante

circuito da cultura escrita. Primeiramente convocou o próprio esposo, como já dito, a torna-

se um escritor, autor e editor. Posteriormente, vivenciou com ele estas práticas7 e as lendo

elaborou, a partir da sua pena e de um prelo, um manual pedagógico dedicado,

exclusivamente, às boas maneiras nas artes de escrever. Inserindo os textos que compõem

esta materialidade neste novo gênero literário consagrado ao “bom-tom” em suas variantes

facetas (SCHWARCZ, 1997), Ellen propõe a educação e o refinamento das práticas

escriturárias de modo a tornar o(s) periódico do segundo advento um singular e atrativo

6 Posso dizer que estes deslocamentos se deram sem contestações em parte. Em sua escrita de si, Ellen relembra que encontrou oposições dentro do próprio adventismo a respeito de seu suposto dom profético, o qual era lido por alguns como diabólico. Além disso, nas viagens de evangelização que realizou antes de casar, sempre ia acompanhada de uma presença masculina, seja um parente, seja um irmão que compartilhava da mesma fé (WHITE, E. 1979).

7 Ao que sugere as suas memórias, outros adventistas já publicavam esporadicamente, em outros periódicos desde a época de Miller acerca do segundo advento. Todavia, esclareço que, até então, os adventistas não tinham a sua própria Gazeta. Elucido, também que, embora neste ano de 1848 Ellen ainda não publicasse, já praticava a escrita, assim como o seu esposo, uma vez que, em 1851, publicou o primeiro esboço de sua autobiografia, abrangendo, aproximadamente, seus anos de vida entre 1840-1850 de título Christian Experience and Views (Experiência Cristã e Visões).

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instrumento evangelizador através de artigos que moldariam os sentidos e as posturas de

seus leitores (adventistas ou não) nas atividades sociais e públicas, mas ainda a normatização

das expressões corporais e dos costumes no íntimo do lar.

A partir destas premissas, o presente artigo se propõe em analisar as recomendações

desta autora dirigidas aos pares escritores e editores, com ênfase nos princípios instrucionais

que recaem sobre as maneiras de elaborar as revistas e gazetas adventistas. Para tanto, utilizo

como corpus documental o guia impresso O Outro poder - Conselhos aos Escritores e

Editores que reúne os manuscritos e artigos assinados por Ellen e abordam o respectivo

tema, cujos editores adventistas brasileiros, deste modo, o traduz na primeira edição aqui

operacionalizada. Somam-se a isto alguns textos autobiográficos compilados na escrita de si,

Vida E Ensinos e Mensagens Escolhidas, por serem produções textuais contemporâneas à

tessitura educativa ora esquadrinhada, corroborando assim para melhor compreendê-la.

Escritos e publicados nos Estados Unidos, entre os anos de 1848-1910, estes conselhos

editorais orientam toda a obra impressa adventista do sétimo dia, principalmente, os

periódicos produzidos neste recorte temporal/espacial.

Por sua vez, para o proposto ensaio aproprio-me das contribuições teórico-

metodológicas fomentadas pelo historiador cultural Roger Chartier, sobretudo a categoria de

edição e tradução, enquanto as intervenções por que passam os manuscritos antes de sua

impressão, considerando que a “materialidade do livro é inseparável da materialidade do

texto” (CHARTIER, 2014, p. 11): mudanças lexicais, estéticas, culturais e gramaticais;

revisões que repartem e distribuem em seções os textos. E seus diálogos com as discussões

desenvolvidas a despeito da escrita e da autoria, demarcando estas práticas entre o

assinalamento do manuscrito e a sua posterior assinalação quando em circulação como

marcas da “função-autoral”. Não deixando, o autor, após todas estas ingerências, sua marca,

os trações de si no texto, pois, ainda que não seja possível falar-se de uma total

“originalidade” entre o manuscrito e o impresso, o autor e a sua obra se entrelaçam pelo

contexto biográfico que é a matriz de sua escrita.

Decerto, metodologicamente, dividi o presente ensaio em dois momentos:

primeiramente, discuto as instruções elaboradas por Ellen e prescritas para todos os

periódicos do contexto e, posteriormente, historicizo propriamente os mesmos buscando

pontuar algumas especificidades educacionais que a autora atribuiu a cada um dos

impressos. Para tanto, parto do pressuposto de que a escrita oitocentista votada à produção

de uma “ciência” da civilidade das práticas corporais, designadamente, aqui, os referenciados

manuais pedagógicos adventistas do sétimo dia, não excluem de afeiçoar o corpo e, com mais

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evidência, as maneiras de pensar e escrever dos escritores, e posteriormente, dos autores.

Tão-somente, aparentemente, a exceção pesa, apenas, sobre o cotidiano de outrem, pois o

ritual da interiorização desta pedagogia do corpo inicia-se no silêncio do quarto, sob as folhas

brancas e a pena que o escritor rabisca nos papéis.

O requinte da pena, a edição da escrita

Entre os anos de 1850 e, aproximadamente, 19108, cinco anos antes de seu

falecimento, Ellen sempre procurava por entre os cômodos das diferentes casas em que

morou9, um espaço aconchegante que lhe permitisse rabiscar os papéis e escrever novos

artigos, revisar e fazer acréscimos aos já escritos e realizar novas leituras e pesquisas acerca

de temas que contribuíssem para a construção de adventistas idôneos nas práticas de viver a

religião com os desafios cotidianos nos dias que antecediam a volta de Cristo (WHITE, E.

1979); e que se circunscrevem no campo de uma educação regrada e normatizada por

dispositivos voltados para a modelação e a “transformação de hábitos, valores e

comportamentos” (MAGALDI; XAVIER, 2008, p. 9-10) dos citados cristãos. Porquanto,

sempre lhe foi corriqueira a passagem pelo processo criativo que vivencia um intelectual que

sai da função de um escritor para de um autor (CHARTIER, 2014, p. 130), fazendo ela

própria, bem como os editores que receberam os seus manuscritos, os gestos educativos,

seletivos e corretivos que violentaram e reprimiram os seus textos para adequá-los aos

formatos de edição e publicação que conferiam a circulação aos manuais whiteanos de

civilidade. Consagrada autora pelo pioneiro e principal periódico adventista, a Review and

Herald (Revista do Arauto), por ser, igualmente, fomentadora deste jornal em conjunto com

o seu esposo e outros membros do movimento, aprendeu os transmites que perpassavam,

naquele contexto, de o funcionamento e a circulação de um impresso de modo que todos que

para ele escrevessem e trabalhassem, não deixassem de passar pelo crivo da “censura” e das

interferências aos seus escritos, não estando exclusa a pena de Ellen. Quiçá, nos tentames de

evitar estas interdições de outros e mesmo normatizar o funcionamento deste e doutros

periódicos que foram criados, a posteriori, a autora passou a redigir pequenos textos que

ensinavam a escritores, autores e editores as maneiras adequadas de tornar os periódicos

adventistas atrativos, o verdadeiro “bom-tom” da escrita, esclarecendo a utilidade das

publicações adventistas: “O grande objetivo de nossas publicações é exaltar a Deus e atrair a

8 Ellen nasceu em Gorhan, Maine, em 26 de novembro de 1827. Faleceu em Santa Helena, Califórnia, em 16 de julho de 1915.

9 Por necessidade da obra missionária, Ellen e seu esposo se mudavam recorrentemente de cidades e até mesmo de federações: Maine, Massachusetts, Nova Iorque, Califórnia e varias cidades que compõem estes estados.

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atenção das pessoas para as verdades vivas da Palavra de Deus” (WHITE, E. 2010, p. 11).

Deste recorte textual, Ellen sinalizava para o leitor que a função do prelo adventista nada

mais era que um instrumento de esclarecimento, convencimento e conversão acerca da

doutrina do segundo advento de Cristo e seus diálogos bíblicos, considerando-se que a

circulação dos textos não se limitava a chegar-se, somente, aos seus destinatários e leitores

adventistas. Devia ensinar, portanto, a demonstração de pureza, elevação, santificação da

alma, do corpo e do espirito, transitando seus conteúdos pelas temáticas da educação

familiar, escolar, na Igreja e no lar; da saúde física e espiritual, das maneiras corretas de

vestir-se e alimentar-se; sobre as práticas do que ler e como ler, os modos de meditar e orar,

sem excluir, claro, alguns artigos sobre as maneiras adequadas de escrever e publicar “as

receitas” que produziam verdadeiros alimentos intelectuais. Práticas modeladoras da

doutrina adventista do sétimo dia que, quando praticadas, tornavam possível a salvação de

almas. Singularidades que se davam, por conseguinte, por serem os textos dialogados com

temáticas do cotidiano que se entrelaçavam as experiências espirituais direcionadas para o

“fim dos tempos”, enquanto outros prelos tratavam dos mesmos assuntos articulando-os,

todavia, as leituras científicas, eruditas, poéticas e literárias (WHITE, E. 2010).

Destarte, os conteúdos dos impressos deveriam ser “devotados à publicação de

assuntos vivos e relevantes [...] repleto de pensamentos práticos, animadores e

enobrecedores [...] que comuniquem ao leitor a ajuda, iluminação e boa disposição” (WHITE,

E. 2010, p. 14, grifo nosso) e que mesmo em conformidade com a ciência, deveriam, tão

somente, corroborar os preceitos e normas adventistas. Atribuição que não era estendida aos

romances e a ficção, uma estética escriturária, em voga, que além de articulada aos prazeres

“mundanos” efetuava o adoecimento da mente e do corpo. Ellen, aqui, se apropriando da

leitura medical dos efeitos “da fúria de ler” do consumo desta literatura embriagante que

excitava as sensibilidades à fantasia e à recusa da realidade (CHARTIER, 2009, p. 93). Na

seção do manual que inaugura as prescrições, dedicou-se as maneiras de escrever e ensinou-

se, primeiramente, ao escritor que os adventistas não necessitavam de romance e ficção, mas

de uma pena que tratava no papel palavras de objetividade, clareza, histórias concretas de

quem praticava e vivia para o evangelho. E nunca deviam esquecer os caros escritores que

ambicionavam assinar publicamente textos para tornarem-se autores, o “Assim diz o

Senhor”, carecia anteceder qualquer palavra dita pela pena, considerando-se que ele tomava,

misticamente, o pecador pela mão (DE CERTEAU, 2016, p. 193) e usava esta cartografia viva,

de maneira controlada, para que os seus propósitos e seus saberes tornarem-se esclarecidos.

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Devo ressaltar que estas prescrições direcionadas ao refinamento e a educação da

pena dos que pretendem escrever para os periódicos adventistas ou mesmo para corrigir “a

mente e a mão” dos que já escreviam, uma vez que estas normas se fizeram tecidas em

contemporaneidade quando foram criados e circulavam as revistas e jornais adventistas,

foram, ainda, elaboradas em conjunto com as próprias leituras que Ellen realizava destes

periódicos em circulação. A cautela que emanava de suas regras prescritivas parte de um

diagnostico que ela mesma realizava acerca das “enfermidades” escriturárias que faziam do

prelo e das páginas adventistas emanarem uma mensagem de cheiro de “morte para a

morte”, quando deveriam expressar uma missiva de “um cheiro de vida”: “Tenho me

entristecido grandemente pelas publicações que saem de nossos prelos e que rebaixam a

verdade a um nível que jamais poderia acontecer” (WHITE, E. 2010, p. 21).

Ellen referia-se à notável escrita romanesca e ficcional, à exacerbada valorização de

atitudes humanas, à ausência de objetividade e simplicidade na estética escriturária e a

distribuição dos textos em artigos longos e enfadonhos. Esta última regra, todavia requer

algumas considerações. A escrita instrucional de Ellen sobre o tema ora analisado, apresenta

em alguns momentos o seu contexto autobiográfico, uma escrita de si que se relaciona as suas

práticas escriturárias, como já havia dito em outro momento. A despeito do tamanho dos

artigos a serem publicados, ela diz: “Não sinto que devo medir as linhas que eu escrevo [...]. O

pedido feito é: Pequenos artigos, irmã White. Nem sempre podem ser assim” (WHITE, E.

2010, p. 26, grifo nosso). Ao que sugere este pequeno relato em que Ellen fala de si mesma,

ela parece colocar-se em uma posição de contraponto à uma convenção tipográfica, acredito

que dos editores adventistas, que ora parecem aceitar artigos longos e com conteúdos

dispensáveis em sua leitura, ora parecem cobrar um reduzido formato dos textos para que se

encaixem em uma proposta materialidade que preze pela quantidade em detrimento de um

suposta verdadeira qualidade dos artigos. A sua escrita suscita que ela não estava nem um

pouco à vontade com a ideia de ter que pedagogizar sua pena, descontruindo a partir desta

contradição e por uma nova normatização, que deveriam e poderiam ser os artigos longos,

desde que, o intuito de sua extensão se justificasse na necessidade do aprofundamento de um

tema e seus devidos esclarecimentos para que não fosse comprometida a compreensão do

leitor. Isto, justifica, também, a sua indicação, como parte deste conteúdo de instrução, a

história dos pioneiros adventistas e suas experiências, dentre estas a sua própria, muito

embora ela não se refira a si, mas que sua biografia e práticas não poderiam ser recusadas

desta história testemunhal, visto que ela já era considerada neste período como umas das

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pioneiras do movimento e, como mostrado, com propriedade para falar, discordar e

normatizar.

Ser educada estas posturas escriturárias dos escritores e autores pares parte de uma

preocupação que Ellen apresentava não apenas em manter a assiduidade e afetividade dos

leitores adventistas em deferência aos conteúdos diversificados de nuances, porém,

religiosas, presentes nas páginas dos jornais e revistas do segundo advento. Consistia,

também, a partir desta última colocação, em ensiná-los a rejeitar impressos contraditórios à

doutrina, imputando aos outros impressos disponíveis à leitura a sua desnecessária consulta

e, assim, a recriminação e a penalidade aos seus discursos (CHARTIER, 1998), fazendo do

leitor, subjetivamente, seu próprio inquiridor que inibe de si os desejos de ler impressos

inadequados, ou conforme as suas palavras, satânicos.

Na medida em que Ellen elaborava os objetivos, os conteúdos e os modos de escrever-

se para o prelo adventista, manuseava, igualmente, a sua pena para instruir os editores do

segundo advento, estes mediadores que rachavam as palavras e adaptavam as tessituras

assinadas às materialidades adventistas da palavra escrita que as tornavam possíveis de

serem lidas (CHARTIER, 2014, p. 20). Decerto, os editores, esclarecidos das orientações

expostas nas páginas anteriores, bem como das instruções especificas, lhes cabiam, segundo

Ellen: “a solene [...] responsabilidade que repousa sobre as nossas casas publicadoras

(WHITE, E. 2010, p. 90). A Casa Publicadora é, até o presente, a editora oficial da Igreja

Adventista do Sétimo Dia, e foi regulamentada, aproximadamente, quando esta denominação

protestante recebeu este nome por seus membros, quando reconhecida juridicamente, isto

ocorrendo, conforme Knight (2015, p. p. 155-156) entre os anos de 1860-1861. Ellen,

porquanto se referiu as filiais que desta instituição foram criadas, no decorrer das décadas,

todas com o objetivo de fazerem dos seus editores os administradores no preparo de

periódicos e livros. Esta cultura escrita que se produz, apresenta-se como reitera Chartier

(1998, p. 23) “inseparável dos gestos violentos que a reprime”10, no sentido que aqui atribuo

de ser a função dos editores a de ler e escriturar e organizar os artigos e seus respectivos

conteúdos, os vetando ou os aceitando, com possibilidades, ainda, de ajustes e revisões. Pois,

Ellen, assim, os recomendou: “Os artigos que tenham qualquer sinal de vulgaridade deveriam

ser recusados como algo indigno de considerações” (WHITE, E. 2010, p. 19).

10 Isto é, segundo Chartier (1998, p. 23) a apropriação penal dos discursos referenciada por Foucault como a primeira afirmação da identidade do autor para associar um nome próprio a uma obra. Prática comum nos séculos XVIII para punir aqueles que produziam e assinalavam impressos tidos como transgressores.

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Disto posso organizar uma breve sistematização do que deveriam atentar os editores

no exercício da leitura e possíveis “censuras” a propostos artigos: a) misturar temas sagrados

a temas comuns, nisto incluindo-se a ressalva de crença nos preceitos científicos; b) defesa

em teorias panteístas e de outro caráter religioso; c) textos que rebatessem a legitimidade do

sábado como dia a ser guardado; d) artigos que não enfatizassem a doutrina e os

ensinamentos que singularizavam a fé adventista. A partir destas interdições, não poderiam

ser outros se não os adventistas os autores dos artigos que faziam o produto editorial e

impresso dos periódicos do segundo advento. De fato, um escritor leigo e não sensibilizado

com os preceitos desta crença, se não iria deturpá-la a partir de uma leitura própria, poderia

questioná-la embasando-se em outros saberes. Isto não significava que os próprios autores

adventistas não tivessem elaborado textos que, de uma forma ou de outra, tenham

caminhando por estas “fissuras” as quais Ellen lia como transgressoras e de má reputação. A

sua preocupação em instruir os editores a esta tarefa seletiva, já imprimia em si a recorrência

desta indisciplina entre os escritores adventistas, mas também a imperativa apropriação

subjetiva dos mesmos dessa pedagogia da pena como pressuposto para receber-se um convite

à publicação.

A normatização dos que desejavam assinar um artigo se estendia a outra pedagogia

que abarcava, no entanto o corpo em seu conjunto. Não bastava, portanto, experiências e

habilidades nas artes de escrever em dialogo com as proposições adventistas do sétimo dia.

Tinha-se que está envolvido ativamente “na obra da causa de Deus” (WHITE, E. 2010, p. 85),

vivendo e praticando o evangelho, construindo experiências de boa reputação, o mesmo

valendo para o editor. Convocando-se estes ministros para publicar, parecia está o prelo

adventista composto de homens com pouca experiência e influência. Nesses chamados para a

impressão, Ellen que publicava semanalmente na já citada Review and Herald, parecia ser

uma das poucas mulheres a exercer uma posição de destaque nas convenções tipográficas

adventistas, pois as suas instruções eram sempre direcionadas a nomenclaturas que se

remetiam ao masculino: “o escritor”, “o autor”, “o editor”. Possivelmente, seu dom profético

lhe permitiu instruir ao masculino em suas facetas intelectualizadas, mas também a

legitimou em escrever para e sobre, propriamente, os periódicos adventistas de seu tempo.

Dos periódicos adventistas...

Conforme Faulhaber (2012, p. 34) quando os textos passam para a etapa de bens

culturais mercantilizados quando se materializam e circulam nos impressos - considerando-

se que os periódicos também possuem um valor quantitativo no interior de uma cultura

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escrita - “fundem-se as definições de forma, conteúdo, propriedade e uso comum,

apropriação material e criação simbólica”, colocadas pelo corpo administrativo e editorial. A

despeito disto, Ellen lembra que o primeiro periódico que produziu com o esposo e outros

adventistas chamava-se Present Truth (A Verdade Presente) incentivado pela experiência

mística que expôs assim que iniciei as palavras deste ensaio. Era um periódico pequeno, cujos

tamanhos das páginas era de mais ou menos entre 15 e 25 cm, escrito e editado por Tiago

White com as instruções conjuntas de Ellen G. White. Produzido em uma tipografia

particular, seus quatro números contendo cada um oito laudas, circularam entre julho e

setembro de 1849, em espacialidades que variavam conforme as cidades que eram visitadas

pelo casal em sua cotidiana prática de converter com a voz e que, neste momento,

igualmente, fluíam da pena (WHITE, E. 1979, p. 128-129). Apesar de publicar em suas

páginas assuntos referentes à brevidade do segundo advento, não considero este impresso

como pioneiro dos periódicos adventistas do sétimo dia porque ele resultou de uma ação

muito mais isolada, do que coletiva e sua circulação apresentou-se efêmera

Condições diferentes se deram na criação na Review and Herald criada, em novembro

de 185011, na casa de uma irmã chamada Edson e que acolheu o casal White em Paris

(Maine). Inicialmente, o periódico denomina-se Advent Review and Sabbath Herald

(Revista do Advento e Arauto do Sábado)12, singularizando suas páginas as premissas iniciais

que caracterizavam a doutrina adventista. Apesar das dificuldades financeiras, dois anos

depois, em abril de 1852, os Whites e alguns amigos compraram um prelo e passaram a

editar os textos em uma nova casa em que o casal residia em Rochester13 (Nova York).

Seguindo muitas das prescrições colocadas acima e outras introduzidas no decorrer das

décadas, seu conteúdo era dominacional no intuito de traçar e tornar conhecido os

fundamentos básicos da doutrina adventista, posicionado, por isto, historicamente, como o

principal periódico do segundo advento. Sendo assim, Ellen recomendava para suas páginas

a ausência de contradições doutrinárias e religiosas para que a mente do povo não fosse

confundida e que se defenda vibrante e ardorosamente a doutrina do segundo advento.

Décadas depois, em 1902, ela propôs aos editores a inserção de pequenos artigos sobre

casamento, para descontrair e também educar: “Tentarei preparar alguns pequenos artigos

11 O referido periódico foi produzido até junho de 1998. 12 Sempre que se refere a este periódico Ellen utiliza a nomenclatura condessada Review and Herald, todavia, nas

pesquisas que tenho realizado sobre este periódico, esta terminologia alongada se manteve nas impressões do jornal.

13 Ellen mencionou que no decorrer do ano de 1854, outro periódico adventista intitulado Messenger of Truth (Mensageiro da Verdade) circulou durante dois anos. Entretanto, os seus colunistas embora adventistas, se opuseram se opuseram aos testemunhos de dados por ela e também sobre a doutrina e o governo da Igreja.

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para Review sobre o tema, além do artigo que envio a cada semana” (WHITE, E. 2010,

p.108). Talvez porque, na época, a temática das dissoluções matrimoniais e as contraposições

à maternidade estivessem em voga. Cronologicamente, em agosto de 1866, após uma

assembleia da Associação Geral, fundada na mesma década que se deu a institucionalização

da Igreja e órgão que a permitiu ser reconhecida juridicamente, foi determinada a criação do

periódico The Health Reformer (O Reformador da Saúde) que circulou com essa

nomenclatura entre os anos de 1866-1878, passando a ser chamado de Good Health (Boa

Saúde) (WHITE, E. 2010, p. 126). Sua criação se deu a pedido da própria Ellen, após afirmar

ter recebido duas visões, uma em 6 junho de 1863, e outra em 25 de dezembro de 1865.

Acerca da primeira experiência, ela relatou: ”Vi que agora devíamos ter especial cuidado com

a saúde que Deus nos deu, pois nossa obra ainda não tinha sido realizada” (WHITE, E, 1987,

p. 279). Não entrarei em detalhes, sobretudo nos diálogos do dito com a Medicina

oitocentista, porque ela é detalhadamente discutida em minha tese de doutoramento, mas,

neste momento, cabe-me esclarecer ao caro leitor, que a proposta Reforma da Saúde baseava-

se, basicamente, em 14 pressupostos: 1ª a alimentação deve ser composta verdura e frutas; 2ª

consumir trigo não refinado; 3ª algum tipo de creme em substituição da manteiga; 4ª

mastigar bem os alimentos; 5ª evitar carne e peixe; 6ª omitir gorduras e molhos; 7ª evitar

todos os tipos de estimulantes, como chás, café, tabaco e álcool; 8ª consumir bastante água;

9ª a ultima refeição ser feita de três a quatro horas antes de dormir; 10ª evitar comer demais;

11ª dormir em espaços ventilados; 12ª evitar roupas apertadas; 13ª tomar banhos mornos e

14ª exercitar-se (KNIGHT, 2015). Esse estilo de vida, que parte, antes de tudo, pelo

aprendizado do governo si, é uma apropriação que Ellen realizou do conceito denominado de

Reforma da Saúde que já circulava nos Estados Unidos desde 1830. Disseminado pelo

ministro presbiteriano Sylvester Graham, no contexto do já citado reavivamento espiritual

(FERNANDES; MORAIS, 2014), certamente, formaram leituras sobre o corpo e sua saúde

que se uniram a doutrina adventista e se tornaram parte fundamental de sua teologia.

Devendo ser inserida, de imediato em um periódico especifico, sobretudo, porque viviam os

estadunidenses “costumes contrários á saúde”, como relatou Ellen e por isto a necessidade

de, “ensiná-la [a Reforma da Saúde] diligentemente ao povo” (WHITE, E. 2010, p. 124-125).

Ponderando-se que as cidades norte-americanas eram “febris” de gente e geografias doentes,

pelas insalubridades de suas cartografias ocasionadas pela falta de higiene das populações em

relação aos espaços que habitavam e em deferência consigo mesmas (KNIGHT, 2015).

Nas leituras e apropriações Whiteanas, a saúde e a higiene do corpo embasadas nos

princípios acima, eram fundamentais para o equilíbrio da mente, do corpo, e da união de

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ambos para a espiritualidade. O corpo doente, além de desprovido de comunhão com Deus

porque se encontrava de tal modo, pela desobediência daquelas observações que se fizeram

em dialogo com as sagradas escrituras, também impedia um bom desempenho escriturário

dos que decidiam fazer da pena diligências para tornar circular “a palavra”; a doença,

ocasionando esforços fracos e infrutíferos na escrita (WHITE, E. 2010, p. 104). Do periódico

editado pelo médico Dr. Lay, talvez o único médico adventista deste contexto, contado com

artigos do casal White, esperava-se, ensinar aos adventistas esta importância religiosa dos

cuidados salubres. O crivo de um esculápio da ciência, mas também cristão, certificava, os

resultados desta prática que diluía conhecimentos cotidianos a noções medicais, ainda que a

medicina oitocentista fosse demarcada pelas suas precariedades (PEREIRA-NETO, 2001)

Trazendo seus curtos e interessantes artigos, como sugeriu Ellen, em 1875, às receitas de um

estilo de vida que faria dos adventistas os verdadeiros arautos de uma fé que não dispensava

as prerrogativas do viver saudável, contendo as suas páginas as experiências benéficas dos

membros da Igreja, de modo que para ela, “não pomos à prova prática em nossa família,

nossas próprias mesas. Isso é uma dissimulação, uma espécie de hipocrisia” (WHITE, E.

2010, p. 131). Ensinar, portanto, era pontuar princípios e exemplificá-los. Espelhar-se no

outro, esta antiga metodologia utilizada, historicamente, deste os clássicos para pedagogizar,

não fazia, na sua acepção, a pena educativa falhar.

As referidas prerrogativas educativas deveriam, ainda, proporcionar a facilidade da

circulação destas instruções pela ampla extensão dos territórios norte-americanos, e até

mesmo, por outras fronteiras que se fazem liquidas e separadas pelas águas dos oceanos. Um

pouco antes de Ellen propor a criação de um periódico voltado, especificamente, para uma

educação da saúde, ela escreveu em 1861: ”Nossas publicações devem ser impressas noutras

línguas, para que sejam atingidas as nações estrangeiras. Muito pode ser feito por meio do

prelo, [...] se a influência do trabalho dos pregadores acompanhar as nossas

publicações”(WHITE, E, 1979, p. 210, grifo nosso). Corroboradas, também, por um chamado

divino em visão, Ellen tratou de atribuir ao feminino à utilidade de, “estudando outras

línguas e ocupando-se em traduzir” (WHITE, E. 1979, p. 210) uma prática de tornar a palavra

impressa adventista uma cultura, igualmente, escrita de e para a conversão. A Signs of the

Times (Sinais dos Tempos) a partir das prescrições de Ellen, realizava uma dupla “fissura”

das palavras: atribuía um posicionamento às práticas de escrever que incluía o manuseio da

pena pelo feminino, mesmo que nas práticas de traduzir, que extrapolava o lugar escriturário

que Ellen como parte deste sexo exercia quase que, exclusivamente; e as interferências que

estas leituras ocasionavam ao texto em sua tradução, pois de acordo com Chartier (2014, p.

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11), “A mesma obra não é de fato a mesma quando muda sua linguagem, seu texto ou sua

pontuação” para aproximá-la de outros modos de cultura escrita.

Não se tratava, desse modo, de uma ruptura total, por sua vez, os mesmos conteúdos

textuais abordados em línguas distintas dialogavam, tornando este jornal, publicado,

primeiramente, em 4 junho de 1874 e editado incialmente por Tiago White como importante

instrumento missionário no oeste dos Estados Unidos e, posteriormente, nas práticas

missionárias adventistas na Austrália14 que se deram com a colonização britânica da Oceania.

Como afirmou Ellen em 1879, a Signs of the Times era a revista missionária adventista, que

deveria mais do que nunca, manter a simplicidade, a objetividade e a concisão em suas

páginas, preceitos recomentados para todos os periódicos, como importantes traços

escriturários a serem observados pelos escritores, autores, editores, e agora, também as

tradutoras, para que a persuasão da doutrina do segundo advento fosse realizada com

sucesso entre os britânicos e, sobretudos, entre os grupos étnicos que eram naturais da

recém-colonizada região.

Viabilizar esta obra educativa e instrucional entre outros povos e línguas, tornava-se

fundamental, em sua leitura, a introdução nestes espaços missionários de pregadores que

agiriam, oralmente, como mediadores entre os textos adventistas e os leitores (PAIM, 2015,

p. 129). Este “bom leitor para ler os sermões publicados em nossos periódicos”, instrui ela,

(WHITE, E. 2010, p. 112), facilitaria a compreensão de modo persuasivo das “narrativas” do

mundo adventista que se conta no mundo imperialista em que se conta. “Este é o problema

do narrador”, ou em outras palavras, do mediador, que “confronta-se com um problema de

tradução” (HARTOG, 1999, p. 229), sobretudo quando seu intento partiu de uma proposição

que não deseja ao outro o lugar da apropriação criativa e inventiva que provém das leituras

que se fazem das palavras orais e escritas15. Acredito que a ênfase nestas “escolas bíblicas”,

embora dialogassem com questões concernentes a tradução, também se devessem pela

perpetuação de erros que ela já havia apontado em outros momentos cujas instruções não

pareciam apropriadas pelos editores. Uma vez mais lendo todos os periódicos em circulação,

ela escreveu em uma epistola impressa no manual e datada de 1899, que a Signs continuava

publicando “assuntos comuns [não tendo o suficiente] do que é sagrado” e prossegue: “A

14 Além de uma dita visão que Ellen disser ter e impulsionou a produção de um periódico nestas terras do Imperialismo, ela afirma ter tido um outra visão acerca de um chamado para atuar em um lugar cujas paisagens se assemelhavam ao ouvir e lia dizer acerca da Austrália. O empreendimento ocorreu no dia 8 de dezembro de 1891. A respeito ver: WHITE, A. 2015, p. 270.

15 Não sei informar se os colonizadores e missionários do período produziram uma gramática baseada na fala e nos vocábulos linguísticos dos grupos étnicos que habitavam a Oceania e mais precisamente o território da Austrália, como fizeram os jesuítas na catequização dos indígenas nas américas espanhola e portuguesa. Por isto, considero como práticas de leituras destes impressos adventistas tanto na sua forma oral como na escrita.

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verdade presente. É preciso vigiar a revista para que nela não sejam introduzidos artigos não

apropriados para este tempo” (WHITE, E. 2010, p. 112-113). Quiçá pensasse Ellen, que na

continuidade destas falhas editoriais poderia o mediador, na posição de professor, “punir”

certos discursos ao selecionar conteúdos e passar para o seu aluno-leitor, as instruções que

não demandariam de temas mundanos e pouco despertariam para as coisas sagradas.

Essas preocupações instrucionais relacionadas às práticas de leituras e os significados

que se faziam dos textos, aparecem elencadas de maneira mais precisa nos ensinamentos que

Ellen direcionou a primeira revista educativa adventista em circulação nos Estados Unidos,

entre julho de 1897 e o verão 1899. Nomeada de Christian Educator (Educador Cristão)

findava sobre os assuntos que eram colocados diante dos leitores, os educando, aqui, em

especifico, a censurarem tipologias textuais descompromissadas com a doutrina que

circulavam e não mais se restringiam aos periódicos. Para tanto, Ellen sugeriu aos editores

deste magazine que publicassem textos alertando as características que possuíam os escritos

impressos inapropriados, como muitos dos traços que já indiquei em momentos anteriores

deste ensaio, ampliando este reconhecimento à materialidade de livros e como eram os textos

neles publicados e, portanto, oferecidos aos leitores: textos os quais seus autores enunciavam

uma particular elucidação, destituídas da frase “Assim disse o Senhor”; outros que

incentivassem os estudantes a estudar como modelo os “chamados” sábios, homens da

ciência e autores eruditos; e que não estimulassem a recorrente consulta aos textos bíblicos.

Aprender a ler e, principalmente, selecionar o que se devia ler, resultaria, conforme Ellen em

separar os bons leitores dos maus leitores, dá má influência que muitos impressos

apresentavam no seleto grupo do segundo advento, pois “todos os que ensinavam a Palavra

devem obter essa experiência” (WHITE, E. 2010, p. 122) em suas práticas de ler. O valor das

publicações adventistas estava, logo, no poder modelador que buscavam imprimir em seus

membros se apresentando valiosa para a consolidação e a permanência dos adventistas na

instituição e, mais importante, angariar novos membros para comprometerem-se a esta

causa. Das leituras que fez dos mesmos periódicos que dos seus editores buscou instruir,

mas também de outras leituras que se realizaram do seu cotidiano evangelizador, em suas

caminhadas pelas cidades e vilas, Ellen se deparou com leitores que liam pelas cartografias

citadinas em suas diversas facetas os periódicos seculares, a literatura romanesca, os

impressos eruditos. A ruptura dos adventistas e outros leitores com a apropriação de leituras

seculares autorizadas e não autorizadas - no sentido de textos impressos que circulavam com

a certificação de seus autores; e os que não eram autorizados por terem conteúdo depravado

e “pirateado” por ser o impresso uma cópia não autorizada pelo autor e o editor que a

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comprou – somente poderia ser amenizada se o corpo editorial composto por escritores,

autores e editores adventistas, lessem com o devido afinco, atenção e sua devia apropriação,

ao que preceituava a pena de Ellen acerca das instruções concernentes as maneiras que ela

entendia como corretas de manuscrever e publicar. Seguidas essas devidas orientações,

acrescidas de um preço acessível e sempre que possível, aumentando os números em

circulações, estaria apto, o prelo adventista, a multiplicar os seus leitores, “mas na

diversidade ampliada pelas práticas de ler” (CHARTIER, 2014, p. 103): no silencio da noite e

no íntimo do quarto, nas leituras didáticas que se faziam em voz alta, nas artes de educar na

escola, na Igreja e no privado familiar.

Considerações Finais

A facilidade de produzir a materialidade em que os textos se dão a ler, periódicos e

livros, principalmente, deu pertinência para que a palavra impressa suscitasse maneiras de

ler mais livres, estando o leitor solto das amarras que o prendia ao ler sentado em uma

cadeira com o impresso na frente de seus olhos e apoiado sobre a mesa. Esta “mania da

leitura” que discorre Chartier (2014) em o leitor se apropria do texto assinado por outrem no

espaço e nas condições que melhor lhe confortar, não deixou ainda de suscitar, na época,

interesses pedagógicos entre aqueles que desejam instruir e normatizar sentimentos, gestos e

hábitos de leitores. A Medicina, a Escola, a Igreja e o Estado viram nos manuais pedagógicos

um importante dispositivo para moldar práticas sociais e culturais do que consideravam

inapropriadas para as novas necessidades comportamentais. Foi neste contexto

demarcado por interdições e orientações que a escritora e autora adventista Ellen G. White,

se apropriou da pena para educar indivíduos no interior de uma civilidade que se respaldava

em preceitos cristãos contidos na Bíblia, mas também em leituras que ela fazia em seu

cotidiano nas práticas de viajar para converter, e nas experiências místicas que dizia ter.

Experiências que as deu legitimidade para sair do lugar comum destinado ao seu sexo, o

silêncio e o retraimento, para os lugares da eloquência e da autoria. Destes lugares

desestabilizadores e tolerados por crenças, Ellen elaborou um variado conjunto instrucional

de diversos temas que podiam ser dialogados com a teologia adventista o que a ela permitiu

desenvolver práticas nas artes de escrever e editar textos, de modo que os tornasse

convidativos as sensibilidades do leitor em aprender os conteúdos expostos nas páginas

impressas do segundo advento.

No entanto, até o cotidiano leitor se tornar um apropriador destas instruções

necessitava os escritores de refinarem a suas penas e aos editores aprenderem certo crivo

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para censurar e aceitar os textos. Para os que manuscrevem nada de conteúdos mundanos

misturados aos temas sagrados, se possível, artigos curtos e ausentes de termos difíceis e

incoerentes; abstenham-se de nomes e práticas eruditas/cientificas, e se recorridas somente

para demonstrar que Deus está até mesmo acima da razão humana. Aos editores rachem as

palavras, governem e corrijam as falhas textuais que, quando impossibilitados de revisão,

nem aproximá-los do prelo. Ellen, portanto, era rigorosa e não sessava em corrigir e em

enfatizar a recorrência do que ela entendia como incoerência nos periódicos adventistas,

porque isto suscitava práticas de leituras que perpassavam pela negação de seus princípios,

ainda que os mesmos fossem embasados em um dom profético. Apesar disto, suas instruções

circulavam e a sua pena era sempre requisitada para preencher as páginas dos periódicos,

recorrentemente. Demonstrando que o prelo fixou o seu lugar não somente como a autora

adventista que educava por meio da oralidade, mas, principalmente pela palavra impressa

pelas instruções nos modos adequados de manuscrever e publicar.

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