o peso da pedra com entalhes

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I adenda electrónica adenda electrónica N.º 13 | Julho 2005 [http://almadan.cidadevirtual.pt] SUMÁRIO s adenda electrónica I Sumário II Editorial | Jorge Raposo Arqueologia III Riba-Rio: um povoado calcolítico da planície do médio Tejo Júlio Manuel Pereira IV Os Pesos de Pedra Com Entalhes: possíveis vestígios pré-históricos da actividade da pesca na região de Constância Júlio Manuel Pereira V Intervenção Arqueológica no “Mercado Velho” de Palmela: primeiros resultados António Rafael Carvalho Opinião VI Sobre a Cristianização de um Forum Adriaan De Man Património VII Património e Identidade num Contexto de Glocalização Marta Anico e Elsa Peralta VIII A Identificação do Forte Português em Quíloa ou, como uma escavação arqueológica pode proporcionar resultados opostos às conclusões do seu autor João Lizardo IX Castelo de Monforte de Rio Livre João Mário Martins da Fonte e Ismael Basto Cardoso

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Page 1: O Peso da Pedra com Entalhes

I adendaelectrónica

adendaelectrónicaN . º 1 3 | J u l h o 2 0 0 5

[http://almadan.cidadevirtual.pt]

S U M Á R I O sadenda electrónica

I Sumário

II Editorial | Jorge Raposo

Arqueologia

III Riba-Rio: um povoado calcolítico daplanície do médio TejoJúlio Manuel Pereira

IV Os Pesos de Pedra Com Entalhes:possíveis vestígios pré-históricos daactividade da pesca na região deConstânciaJúlio Manuel Pereira

V Intervenção Arqueológica no“Mercado Velho” de Palmela:primeiros resultadosAntónio Rafael Carvalho

Opinião

VI Sobre a Cristianização de um ForumAdriaan De Man

Património

VII Património e Identidade num Contexto de GlocalizaçãoMarta Anico e Elsa Peralta

VIII A Identificação do Forte Português em Quíloaou, como uma escavação arqueológicapode proporcionar resultados opostos às conclusões do seu autorJoão Lizardo

IX Castelo de Monforte de Rio LivreJoão Mário Martins da Fonte e Ismael Basto Cardoso

Page 2: O Peso da Pedra com Entalhes

al-madan IIª Série, n.º 13, Julho 2005

adenda electrónicaPropriedadeCentro de Arqueologia de AlmadaApartado 603 Pragal2801-602 Almada PORTUGAL

Tel. / Fax 212 766 975

E-mail [email protected]

Registo de imprensa 108998

Http://almadan.cidadevirtual.pt

ISSN 0871-066X

Depósito Legal 92457/95

Director Jorge Raposo ([email protected])

Conselho Científico Amílcar Guerra, António Nabais, Luís Raposo, Carlos Marques da Silva e Carlos Tavares da Silva

Redacção Rui Eduardo Botas, Ana Luísa Duarte, Elisabete Gonçalves e Francisco Silva

Colunistas Mário Varela Gomes, Amílcar Guerra, VíctorMestre, Luís Raposo, António M. Silva e Carlos M. da Silva

Colaboram na edição em papel Mila Abreu, Jorge deAlarcão, Mário Almeida, M. C. André, Nathalie Antunes--Ferreira, Marta Anico, Nuno Bicho, Jean-Yves Blot, JacintaBugalhão, João L. Cardoso, António Rafael Carvalho, AntónioSá Coixão, Miguel Correia, Luís Miguel Costa, Eugénia Cunha,A. Dias Diogo, Ana Luísa Duarte, José d’Encarnação, AlexandraFigueiredo, João Fonte, Patrícia Freire, Mário Varela Gomes,Susana Gómez Martínez, Gisela Gonçalves, Jorge AndréGuedes, Amílcar Guerra, Natália Jorge, Vítor O. Jorge, VirgílioLopes, A. Celso Mangucci, Carlos Alberto Mendes, VíctorMestre, Paulo Morais, João Muralha, Leonor Pereira, JoãoRaposo, Jorge Raposo, Luís Raposo, Ana Ribeiro, Jorge Russo,Ana Luísa Santos, António Manuel Silva, Carlos Marques daSilva, Maria de Fátima Silva, A. Monge Soares, Ana M. Vale,António C. Valera, Rui Venâncio, Alexandra Vieira, RaquelVilaça e todos os que aderiram ao Directório de Empresas eProfissionais de Arqueologia & Património

Colaboram na adenda electrónica Marta Anico, IsmaelCardoso, António Rafael Carvalho, Adriaan De Man, JoãoMartins da Fonte, João Lizardo, Elsa Peralta, Júlio Manuel Pereira

Publicidade Patrícia Freire

Apoio administrativo Palmira Lourenço

Resumos Jorge Raposo (português), Luisa Pinho (inglês) e Maria Isabel dos Santos (francês)

Modelo gráfico Vera Almeida e Jorge Raposo

Paginação electrónica Jorge Raposo

Tratamento de imagem Jorge Raposo e Cézer Santos

Ilustração Jorge Raposo

Revisão Ana Luísa Duarte, Maria Graziela Duarte, José CarlosHenrique e Fernanda Lourenço

Distribuição da edição em papel CAA

Distribuição da adenda electrónica distribuição gratuitaatravés de http://almadan.cidadevirtual.pt

Periodicidade Anual

Apoios Fundação Calouste Gulbenkian, Câmara Municipal de Almada, Câmara Municipal do Seixal, Instituto Português da Juventude

N os últimos anos, desenvolveu-se em Portugal uma diversificadaárea de prestação de serviços em Arqueologia, envolvendo umnúmero crescente de empresas e profissionais liberais que acorrem

às necessidades de pessoas individuais e colectivas, de natureza pública ouprivada.

Contudo, como seria de esperar de mecanismos de oferta e procura poucoconsolidados, esta é uma actividade ainda algo incipiente, em constantemutação, onde não é fácil a quem dela precisa identificar e contactar asalternativas de que dispõe, nem aos que poderão dar resposta a essassolicitações promover as capacidades técnico-científicas que reúnem para assatisfazer.

Se isto é particularmente visível no que respeita aos trabalhos arqueológicos(em particular associados à prevenção ou minimização de impactos de grandesou pequenas obras), não deixa de ocorrer também na área do tratamento econservação preventiva ou curativa de bens móveis e imóveis, onde se regista a mesma “fluidez” de mercado, nem, sequer, quando falamos de intervençõesno Património arquitectónico, embora aqui em menor grau, por se tratar, na maioria dos casos, de empresas já estabilizadas.

Neste contexto, interessava reunir a informação dispersa por várias fontes eproceder à sua actualização e validação junto dos próprios, de modo a produziruma primeira versão de um Directório de Empresas e Profissionais deArqueologia & Património, que constituísse uma ferramenta de trabalho útil eeficaz.

O resultado é o que se apresenta no dossiê especial deste número (ediçãoem papel), que inclui perto de uma centena de empresas e profissionais e cobrepraticamente todo o tipo de intervenções de âmbito patrimonial. Naturalmente,não estará aí representado o universo total deste tipo de prestadores de serviçosno nosso país, uma vez que alguns não terão sido inventariados na pesquisa queesteve na base do inquérito promovido pela Al-Madan, e outros não se sentirammotivados para lhe responder, ou não o fizeram em tempo útil. Mas é umdocumento que, doravante, cremos de difícil dispensa.

Com este volume, para além da diversidade temática dos artigos,crónicas, textos de opinião, notas de actualidade, noticiário diverso e

outras rubricas fixas a que já habituou os seus leitores, Al-Madan passa aintegrar uma Adenda Electrónica (em http://almadan.cidadevirtual.pt), onde se reúnem conteúdos que não foi possível contemplar na tradicionaledição em papel. Obedecendo aos mesmos objectivos e tratamento editorial,garante-se assim o acesso online, em formato PDF, a informação científica ououtra que perderia parte da sua pertinência e actualidade.

Nas páginas impressas ou pelo ciberespaço, o leitor certamente encontrarámomentos de leitura com prazer e de reflexão estimulante.

Jorge Raposo

f i c h a t é c n i c a

Capa Jorge Raposo

Fase de escavação na olaria romana doPorto dos Cacos (Alcochete)

Fotografia © Centro de Arqueologia de Almada

E D I T O R I A L e

Apoio do Programa Operacional Ciência, Tecnologia, Inovação do Quadro Comunitário de Apoio III

adenda electrónica

II al-madan adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (13) | Julho 2005

C E N T R O D E A R Q U E O L O G I A D E A L M A D Aadendaelectrónica

Page 3: O Peso da Pedra com Entalhes

IV.1 adendaelectrónicaadendaelectrónica

Introdução

A pesca é, seguramente, uma das activi-dades económicas mais antigas daregião do Médio Tejo, nas imediações

da vila de Constância. Tal como nos tempos históri-cos, ela terá sido praticada, certamente, pelas popu-lações que, ao longo da Pré-história, passaram ou sefixaram nas zonas ribeirinhas do Tejo e seus afluen-tes. Contudo, são parcos os vestígios dessa activida-de nessa época tão recuada, a que não será estranhaa inexistência de boas condições de preservação dosmesmos, particularmente quando correspondem amatérias facilmente perecíveis, como fibras vegetaisou os esqueletos dos peixes.

Por isso, não deve causar estranheza que, des-contando os escassos trapézios recolhidos na região(cuja relação com actividades piscatórias, através daintegração em instrumentos compósitos, é possível,mas não segura), os vestígios pré-históricos mais an-tigos aqui recuperados relacionáveis com a pesca, se-jam uns pequenos seixos de aspecto banal, designa-dos usualmente por pesos de rede ou pesos de pesca.Trata-se de uns simples seixos chatos, de contornoelipsoidal, ovalado ou, mais raramente, circular, nosquais se produziu o adelgaçamento intencional dazona mesial, mediante lascamento ou fricção em

possíveis vestígios pré-históricos da actividade da pesca na região de Constância

Os Pesos de Pedra Com Entalhespor Júlio Manuel Pereira

Mestre em Pré-História e Arqueologia; Sócio do Centro deArqueologia de Almada.

A R Q U E O L O G I A ar e s u m o

O autor apresenta alguns pesosde pedra encontrados na pro-ximidade da vila de Constância,os quais, apesar de algumas dú-vidas quanto à sua funcionali-dade, podem constituir os maisantigos vestígios pré-históricosda actividade da pesca na re-gião.

p a l a v r a s c h a v e

Pré-História; pesca; pesos depedra.

a b s t r a c t

The author presents somestone weights gathered nearthe town of Constância.Although some doubts persistwith regard to their functional-ity, they may well be the oldestvestiges of the prehistoricactivity of fishing in this area.

k e y w o r d s

Pre-History; fishing; stoneweights.

r é s u m é

On présente ici quelques galetsencochés rassemblés aux envi-rons du village de Constânciaet qui, malgré la persistance dequelques doutes en ce qui con-cerne à leur fonctionnalité,peuvent constituer les plusanciens vestiges de l'activitépréhistorique de la pêche danscette région.

m o t s c l é s

Préhistoire; pêche; galets enco-chés.

adenda electrónica

pontos opostos, a fim de permitir que fossem amar-rados por aí a uma rede ou a um fio.

Os pesos de pesca: seu reconhecimento

Os pesos de pedra com entalhes foram assinala-dos pela primeira vez no século XIX, em estaçõeslacustres suíças e em estações de superfície da Fran-ça, na região da Aquitânia (NOUGUIER 1951: 225).

Em Portugal, em 1907, Martins Sarmento men-ciona pela primeira vez a recolha, no interior de umacasa do Castro de Sabroso, de cerca de “trinta pedrasovais com dois vergões laterais” (SARMENTO 1907:115), em granito, que se encontravam juntas, bemcomo de outras dispersas, mas às quais não atribuiufuncionalidade específica.

Seria só em 1925 que Joaquim Fontes, numaconferência realizada na Associação dos Arqueó-logos Portugueses, ao referir-se a seixos rolados eachatados que encontrou numa visita à Galiza, osidentificaria como pesos de tear ou de rede (FONTES1928: 57).

Tais pedras viriam a ser identificadas inequivo-camente como pesos de rede pelo Padre Eugénio

Page 4: O Peso da Pedra com Entalhes

bem como na Gruta de Ibne Amar, nas proximidadesde Estômbar (COSTA 1971: 599). No litoral Norte daPenínsula são conhecidos sob a designação de pou-tadas.

Outros, caracteristicamente “languedocenses”(Fig. 2), são peças em quartzito, de secção em para-lelograma, com encoches laterais, “várias vezes in-teiramente executadas apenas de um lado e somenteesboçadas do outro” (RAPOSO e SILVA 1980-81: 69).

Têm dimensões muito variadas − alguns commais de 20 cm de comprimento −, são apenas par-cialmente corticais e contêm arestas vivas, pelo que,embora geralmente sejam classificadas como pesosde rede, não é seguro quetenha sido essa a sua fun-cionalidade.

Outros ainda, comoo exemplar aqui repro-duzido (Fig. 3), recolhi-do em Carreço, a cercade um metro de profun-didade, aquando da cons-trução dos alicerces deuma casa (PAÇO 1970: 56),mais abundantes no lito-ral minhoto, são talhadosem seixos achatados, se-gundo o eixo maior, ten-do dimensões muito va-riadas.

São designados por chumbeiras por, nos tempossubactuais, serem usados para exercer a função daschumbeiras ou chumbadas na pesca à linha, sem pre-juízo de os de maiores dimensões também poderemter a funcionalidade de pesos de rede.

Por último, aqueles em que centraremos a nossaanálise, por serem do tipo que foi referenciado naregião em estudo, caracterizam-se por serem de pe-quenas dimensões, talhados em seixos rolados acha-tados − o que lhes confere naturalmente uma peque-na espessura −, e por apresentarem entalhes poucoacerados nas extremidades do eixo mais curto.

Esses entalhes são, geralmente, apenas dois, masé conhecido um exemplar com três entalhes do mes-mo lado, recolhido nos Alegrios (Idanha-a-Nova),aqui reproduzido (Fig. 4), e um outro com dois enta-lhes do mesmo bordo, recolhido no Monte do Frade(Penamacor) (VILAÇA 1995: 318), bem como umcom quatro entalhes, proveniente de Lavradores(Gaia), que se encontrará depositado no Museu deAntropologia Dr. Mendes Correia, na Faculdade de

Jalhay, pouco tempo depois (JA-LHAY 1927), ao referir-se aos querecolhera no castro de Santa Ma-ria de Oya, junto a Pontevedra(cit. por PAÇO 1970: 51), bem co-mo, no ano seguinte, ao descreveros que recuperara na estação “as-turiense” de La Guardia (JALHAY 1928); na mesmaaltura, em Portugal, Rui de Serpa Pinto, deu a conhe-cer a existência na estação “asturiense” de Âncora desete desses seixos talhados como os pesos de rede ede tear até então recolhidos e descritos (PINTO 1928).Alguns trabalhos imediatamente posteriores, de AbelViana e Afonso do Paço, viriam a chamar a atençãopara esses pesos de pedra, associando-os a activida-des piscatórias.

Isso significa que só tardiamente se começou adar importância à sua presença e, durante muito tem-po, exclusivamente em associação com as indústriasditas paleolíticas ou epipaleolíticas do litoral minho-to e da Galiza.

Assim, embora no nosso país, pelo menos a par-tir de 1928, eles tenham sido claramente identifica-dos como pesos de pesca, na vizinha Espanha algunsautores ainda lhes atribuem um carácter mágico-sim-bólico, por entenderem que corresponderiam a estili-zações dos “ídolos-violino” da civilização Cicládicaou das estatuetas de terracota do Neolítico da Tes-sália, da Macedónia e da Anatólia.

Por isso, não é de estranhar que, mesmo em pu-blicação relativamente recente (REQUENA e VARELA1994: Fig. 9, n.ºs 1 e 2), surjam dois exemplares refe-renciados como “ídolos-violino”.

Tipos de pesos de pedra

São essencialmente quatro os tipos de pesos depedra que têm sido identificados em contextos ar-queológicos.

Uns são espessos e ar-redondados, caracterizan-do-se por possuírem umsulco mediano no sentidodo eixo mais longo (em-bora, raramente, no senti-do do eixo mais curto),que geralmente o envolvecompletamente, mas quepode também, menos fre-quentemente, ocupar ape-

nas uma parte dessa superfície (CARDOSO 1996: Fig.2, n.º 3).

Ocorrem essencialmente em zonas litorais, ten-do sido referenciada a sua presença em locais tãodiferentes como o povoado de Leceia (Oeiras), aGruta II de Palmela, o Povoado de Pedrão (Setúbal),a Vinha da Poveira (Sines) (CARDOSO 1996: 108-109),

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A R Q U E O L O G I Aa

adendaelectrónica al-madan adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (13) | Julho 2005

C E N T R O D E A R Q U E O L O G I A D E A L M A D A

adenda electrónica

Figura 1

Peso de pesca com sulco longitudinalenvolvente recolhido em Leceia(CARDOSO 1996: fig. 2, n.º 2).

0 3 cm

Figura 2

“Peso de pedra” típico do “Languedocense”(RAPOSO et al. 1980-81: Fig. 13).

Figura 3

“Chumbeira” recolhida em Carreço,segundo PAÇO 1970; Fig. 3.

Page 5: O Peso da Pedra com Entalhes

Poderiam igualmente ser utilizadospara o mesmo fim em redes de emalhar eestacadas fixas para capturar o peixe navazante, processo ainda em uso nalgu-mas zonas do litoral há poucas décadas.

A circunstância de terem sido igualmente reco-lhidos pesos de pedra deste tipo inicialmente em ci-tânias do interior e, posteriormente, em alguns po-voados de altura mais afastados das linhas de água,tem levado alguns investigadores a manter em aber-to a hipótese de que poderiam também ter sido uti-lizados como pesos de tear.

Em reforço daquela tese é aduzido que, tendo-severificado o desaparecimento dos pesos de tear qua-drangulares, em barro (bem como os em forma decrescente, típicos do Sul do país), em contextos pos-teriores ao Calcolítico, a não se admitir a utilizaçãodos pesos de pedra como pesos de tear, ter-se-ia deconcluir pelo desaparecimento da actividade de tece-lagem, o que não faz sentido. Assim, “é possível que,a certa altura, as populações tenham deixado de fa-bricar especificamente pesos em argila e tenham co-meçado a utilizar, indistintamente, em teares e emredes (eventualmente para outro fim?), os pesos deseixos, já naturalmente modelados” (VILAÇA 1995),retomando-se na Idade do Ferro e na Época Romanaa tradição calcolítica dos pesos em barro, agora sobnovas formas.

As dúvidas quanto à sua utilização em tearesvieram a ser desfeitas com o achado, no Cabeço doCrasto de São Romão (Seia), de diversos desses sei-xos talhados, jazendo entre buracos de poste, “con-figurando a existência de um possível tear vertical”(SENNA-MARTINEZ 2000: 140).

Esta descoberta, porém, não exclui a possibili-dade de estes artefactos possuírem funções múlti-plas, pois casos há − como sucede no povoado doMaxial (Abrantes) −, em que, a par de pesos de pe-dra, foram recuperados pesos de tear quadrangularesem barro cozido, pelo que, ou estaríamos aqui em

presença de dois tipos de teares ou de arte-factos com funcionalidades distintas.

O seu aparecimento em monumentossepulcrais como a Anta 1 do Val da Laje(Tomar) ou a Anta dos Pombais (Marvão)tem fundamentado, como já vimos, a

Ciências do Porto (cit. por BRANDÃOe LANHAS 1971: 585). Adiante divul-gamos também um exemplar, reco-lhido no Monte Pedregoso, que apre-senta quatro entalhes (dois em cadaeixo). Desconhece-se a finalidadedessa multiplicidade de entalhes,sendo de admitir que se destinasse apossibilitar uma melhor fixação.

A utilização dos pesos de pedra

Os pesos de pedra de sulco transversal têm sus-citado diversas interpretações no tocante à sua fun-cionalidade, embora prevaleça a tese da utilizaçãoem actividades piscatórias (CARDOSO 1996).

Em relação aos pesos de pedra com entalhes la-terais existem menos dúvidas quanto à sua utiliza-ção, particularmente no que se refere aos que pos-suem entalhes nas extremidades do eixo maior, co-mo são geralmente os do litoral minhoto, admitindo--se que os de menores dimensões servissem comopedras de arremesso de anzol, na pesca à linha, umpouco como as chumbadas actuais. Nos anos 1930,foi ainda referenciada a utilização com esse fim nolitoral do Minho, sendo as suas dimensões variáveisconsoante a espécie que se pretendia pescar (PAÇO1970: 54).

Os de maiores dimensões teriam uma utilizaçãoidêntica aos do tipo anterior, ou mesmo outras nãoespecificadas, como sugeriu Henri Breuil, que estu-dou alguns destes exemplares provenientes da es-tação de Carreço e que sustentou que “[…] não há ne-nhuma razão para pensar que estas peças tenhamservido de pesos de rede ou de linha” (BREUIL et al.1962: 89), tratando-se “[…] visivelmente de utensí-lios e não de pesos” (BREUIL et al. idem: 105).

Quanto aos que serão objecto deste apontamen-to − os que possuem entalhes nas extremidades doeixo menor −, é geralmente aceite que seriam uti-lizados em redes de mão para pesca em águas baixas,destinando-se a mantê-las na vertical (Fig. 5), siste-ma ainda hoje utilizado em águas interiores, nomea-damente em zonas lagunares, embora usando chum-beiras em vez de pesos de pedra.

IV.3 adendaelectrónica

Figura 4

Peso de pedra com três entalhes do mesmo lado,procedente de Alegrios (VILAÇA 1995: Est.ª CLXXXIV).

Figura 5

Representação da possível utilização dos pesos de pesca (CLEYET-MERLE 1990: 146).

Page 6: O Peso da Pedra com Entalhes

suposição de que poderiamter também um carácter má-gico-simbólico, correspon-dendo a ídolos ou, eventual-mente, a representações sim-plificadas dos ídolos alme-rienses. Contudo, pensamosnão haver fundamento sufi-ciente para essa suposição,pelo que optamos pela expli-cação mais simples − tratar--se-ia de artefactos do quo-tidiano do morto, que acom-panhariam o seu espólio vo-tivo, tal como as lâminas desílex ou os machados de pe-

dra polida, ou ainda, poderiam ser tão só o resultadode actividades de pesca realizadas nas proximidadespara alimento dos construtores dos megálitos.

A sua distribuição na região de Constância

Os pesos de pedra com entalhes laterais, quer naFrança e Suíça, quer ainda na Espanha e em Por-tugal, distribuem-se principalmente por zonas ondeseria possível a exploração do meio aquático (mari-nho, fluvial ou lacustre), o que reforça a convicçãode que teriam sido utilizados como pesos de pesca.

Nesta região do Alto Ribatejo, nas imediações davila de Constância, tendo presente os exemplares re-censeados, constata-se que também apresentam umadistribuição ribeirinha, conforme se pode ver na Fig. 6.

É provável que a sua distribuição real seja maisvasta, quer por uma ainda insuficiente prospecçãoactual, quer pela falta de divulgação desses achados.Só um trabalho de divulgação e de prospecção con-tinuada permitirá, no futuro, umavisão mais correcta e exacta dessadistribuição.

Na Tabela I, indicam-se os sí-tios e os contextos em que é donosso conhecimento terem sidorecolhidos pesos de pedra, jáobjecto de divulgação, ainda querestrita, sendo a caracterizaçãofuncional e cronológico-culturala que foi avançada por quem ospublicou.

De seguida passaremos a for-necer uma informação mais de-talhada acerca de pesos de pedrarecolhidos pelo autor.

1. Quinta do Maia Velho − Montalvo (Constância)

Nas proximidades da Quinta do Maia Velho,arredores de Montalvo, num terraço na margem di-reita do Rio Tejo, foram recolhidos dois pesos depedra (um de talhe simétrico unifacial e outro de ta-lhe simétrico bifacial), bem como alguns artefactossobre seixo quartzítico de talhe “languedocense”.

O facto de se tratar de achados isolados, descon-textualizados, e a escassez dos elementos existentesnão permitem caracterizar com rigor a ocupação pré--histórica do local.

2. Tancos (Vila Nova da Barquinha)

Em 1994, na foz da Ribeira de Tancos, afluenteda margem direita do Rio Tejo, na cascalheira doleito da ribeira, foi recolhido um peso de pedra.

Tratando-se também de um achado isolado, des-contextualizado, não é possível associá-lo a qualquerperíodo cronológico-cultural, embora o facto de,muito próximo, a montante, existir um povoado doNeolítico Final/Calcolítico − o Casal dos Cucos −possa suscitar a hipótese de estar relacionado comessa ocupação.

3. Tancos − Ferrolhoa (Vila Nova da Barquinha)

No vale da Ribeira de Tancos, na zona da Ferro-lhoa, foi recolhido um peso de pedra, de talhe simé-trico unifacial (Fig. 7).

Tratando-se de um achado isolado, descontex-tualizado, não é possível associá-lo a qualquer perío-do cronológico-cultural, embora se possa tambémsuscitar a hipótese de este peso estar relacionadocom a ocupação existente nas proximidades, no Ca-sal dos Cucos.

IV.4

A R Q U E O L O G I Aa

adendaelectrónica al-madan adenda electrónica ISSN 0871-066X | IIª Série (13) | Julho 2005

C E N T R O D E A R Q U E O L O G I A D E A L M A D A

adenda electrónica

Figura 6

Distribuição dos pesos de pesca naregião em torno de Constância.

0 3 cm

Figura 7

Peso de pedra recolhido na margem daRibeira de Tancos.

Dese

nho:

Júlio

Per

eira.

Page 7: O Peso da Pedra com Entalhes

IV.5 adendaelectrónica

Tabela 1

Pesos de Pedra Recolhidos na Região de Constância (Alto Ribatejo)

Sítio Concelho N.º de Pesos Materiais associados Caracterização funcional Cronologia proposta

Bom Sucesso Abrantes Vários Acampamento / Oficina de Talhe Paleolítico Inferior / Médioe “Languedocense”

Amoreira Abrantes Dezenas Povoado ou habitat temporário Neolítico

Jogada Abrantes Vários Necrópole megalítica Neolítico / Calcolítico

Maxial Abrantes 1 Povoado Calcolítico

Anta 1 do Val da Laje Tomar 1 Necrópole Neolítico

Alto do Carrinho Chamusca Vários Indeterminado Indeterminado

Quinta de São Vicente Constância 1 Povoado Neo-Calcolítico

Alminhas Constância 1 Povoado Neo-Calcolítico / Bronze inicial

Chã da Bica I Constância 2 Acampamento / Oficina de talhe / Paleolítico Inferior / Médio/ Povoado e Neo-Calcolítico

Chã da Bica Constância 1 Acampamento / Oficina de talhe / Neo-Calcolítico/ Povoado

Ponte de Santo António / Constância 3 Acampamento / Oficina de Talhe / Paleotíco Médio e/ Antoninho I Povoado Neo-Calcolítico

Quinta do Morgado Constância 3 Acampamento / Oficina de Talhe / Paleolítico Inferior / Médio/ Povoado e Neo-Calcolítico

Ribeira da Ponte da Pedra / Vila Nova da Barquinha 1 Indeterminado Indeterminado/ Pomar dos Pessegueiros

Barreira Vermelha Vila Nova da Barquinha Vários Indeterminado Indeterminado

“Bifaces, unifaces, calhaus truncados, raspadores, núcleos, lascas”(BATISTA 1995: 62).

“Indústria lítica em quartzito (lascas, seixos afeiçoados, pontas,raspadores, anfibolite polida reutilizada para a obtenção de peças dotipo ‘seixo afeiçoado’ e raros elementos em sílex (pontas, lâminas elamelas)” (OOSTERBEEK e CRUZ 1993: 158).

“Núcleo de sílex, fragmento de machado de pedra polida” (BATISTA 1995: 61).Nas intervenções realizadas nas antas entretanto localizadas, foram recolhidas lascas em quartzo, sílex e anfibolito, bem comofragmentos de cerâmica manual, incluindo um fragmento do bordode um recipiente com furo de suspensão e um outro com decoração incisa (CRUZ e OOSTERBEEK 1998).

Seixos afeiçoados de talhe “languedocense” em quartzito; lascas desílex e lâminas e lamelas no mesmo material, com e sem retoque;uma conta de colar de cor verde; um fragmento de clava em xistoanfibólico, uma conta discóide em xisto; cerâmica diversa, incluindoum prato de bordo almendrado e um fragmento de cerâmicapontilhada e diversos fragmentos de vasos globulares; fragmentos de“ídolos de cornos” e pesos de tear quadrangulares em cerâmica; uma mó plana e artefactos de pedra polida.

“Lâminas sem retoque; lâminas retocadas num ou nos dois bordos(algumas como elementos de foice); encoches; raspadeiras; largasdezenas de pontas de seta em sílex de tipologia diversificada [...];escopros; enxós e machados de anfibolite e grauvaque, parcialmentepolidos, de secção ovalóide, achatada ou trapezoidal; diversosnúcleos de lamelas em quartzo hialino; diversas lascas com ou semretoque em sílex, quartzo hialino e quartzito, [...] macro-utensíliosuni ou bifaciais (choppers e chopping tools)” (OOSTERBEEK et al. 1992: 40).

Núcleos e lascas em quartzito, um biface no mesmo material e um“disco” em anfibolito, ambos com arestas muito vivas. Na zona maiselevada (cerca de 100 m de altitude), foram recolhidos fragmentosde sílex e um fragmento de mó em granito.

“Lasca semi-cortical de sílex, mó plana movente, fragmento de talãode machadinha de calcedónia” (BATISTA 2004: 60).

“Seixos talhados simples uni e bifaciais [...], núcleo unifacial informe,lascas semi-corticais simples, mós planas [...], quartzo leitoso, cristalde rocha (lascas), cerâmicas lisas do calcolítico do Sudoeste [...] eraras com decoração incisa” (BATISTA 2004: 61).

“Lascas corticais e semi-corticais, algumas delas retocadas (entalhes edenticulados) [...], fragmento de biface (ponta), seixos talhados detalhe uni e bifacial, núcleos levallois [...], cerâmicas grosseiras, uma delas com restos de mamilo, mós planas movente e dormente,machado de pedra polida de secção circular/oval, pequeno seixoachatado com duas depressões centrais efectuadas através depicotado, lascas de sílex, quartzo hialino e leitoso”. (BATISTA 2004: 65).

“Pico, seixos talhados uni e bifaciais [...], raspador lateral, núcleosinformes, pequeno disco achatado, lasca cortical retocada e lascassemi-corticais simples [...], cerâmicas lisas do Calcolítico do Sudoeste(formas esféricas)” (BATISTA 2004: 67).

“Núcleos discóides, núcleos bifaciais e sobre lasca [...], grandequantidade de seixos talhados uni e bifaciais, núcleos, pico, discoatípico, lascas semicorticais, sílex (lascas, lâmina simples), mó plana”(BATISTA 2004: 69).

“Núcleos, machado de mão, núcleo discóide, lascas não corticais [...],machados de pedra polida de secção circular e rectangular, seixotalhado unifacial, lascas corticais e semicorticais, mós planas, sílex(lâminas, lamelas, lascas, núcleo de lamelas), lascas de quartzohialino” (BATISTA 2004: 77).

Uma indústria lítica, essencialmente sobre quartzito, de talhe“languedocense” (incluindo numerosos “discos”, mascompreendendo também numerosos biface).

Diversos artefactos em quartzito de tipologia do Paleolítico Inferior,bem como “discos” de talhe “languedocense”.

Page 8: O Peso da Pedra com Entalhes

4. Tancos − Lagoa Fedorenta (V. N. da Barquinha)

A Lagoa Fedorenta é uma zona situada entreTancos e Vila Nova da Barquinha, na margem direi-ta do Rio Tejo, constituída por uma extensa casca-lheira no leito de cheia desse curso de água, ondeoutrora houve um braço do rio, constituindo umalagoa malcheirosa, que D. João III, em 1550, autori-zou que fosse rompida, desviando o curso do rio.

Nesse local foi recolhido um peso de pedra degrandes dimensões, talhado bifacialmente de formaligeiramente dissimétrica (Fig. 8).

Tratando-se de um achado iso-lado, totalmente descontextualiza-do, não é possível associá-lo a qual-quer período cronológico-cultural.

5. Pedregoso (Vila Nova da Barquinha)

Este sítio arqueológico foi descoberto pelo autorem finais de 1992. Situa-se no limite entre os con-celhos de Vila Nova da Barquinha e da Golegã, namargem direita do Rio Tejo, ocupando o declive sua-ve de ambos os lados de uma pequena linha de água,tributária da Ribeira de Vale Marques, até à altitudemáxima de 25 metros.

Este arqueossítio corresponde a uma ocupaçãoromana − provavelmente uma villa −, tendo sido re-colhidas tégulas, ímbrices e cerâmica diversa, inclu-indo fundos de ânforas, pesos de tear, um fragmentode conta de colar em pasta vítrea e uma moeda.

IV.6

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Contudo, para além de material romano, nos ter-renos baixos periodicamente revolvidos pelos traba-lhos agrícolas e, ocasionalmente, inundáveis, foramrecolhidos três pesos de pedra, que aqui se reprodu-zem (Fig. 10), lascas de sílex, lâminas e lamelas nomesmo material, um pequeno fragmento de uma pla-ca de xisto decorada com pequenos triângulos, umfragmento de um braçal de arqueiro ou, talvez maisadequadamente, de um esticador têxtil, e seixosquartzíticos de talhe “languedocense”, incluindo um“disco”.

Os exemplares números 2 e 3 foram já divulga-dos por Ana Rosa CRUZ (1996: Est. CLVIII, n.ºs 2 e4), embora os desenhos apresentem pouco rigor.

Tratando-se de materiais provenientes de recolhasde superfície em contextos completamente revolvi-dos e abrangendo períodos crono-culturais diversifi-cados, não é possível associar estes pesos de pedra auma cronologia específica.

6. Cardal − Torrinha Pequena (V. N. da Barquinha)

Este sítio foi descoberto pelo autor em 1998. Si-tua-se no Bairro do Cardal, nas traseiras de uma ur-banização recente, numa zona conhecida por Torri-nha Pequena.

Na superfície de um terreno silto-argiloso, aver-melhado, que recobre um terraço de baixa altitude(34 metros), na margem direita do Rio Tejo, recolhe-mos um pequeno núcleo de sílex com negativos delascas, diversos subprodutos do talhe do sílex, umfragmento de lâmina obtida por percussão directa euma lâmina de quartzo, além do peso de pedra, emquartzito, que aqui se reproduz (Fig. 9), o qual foiadelgaçado por retoque unifacial.

Os escassos elementos que até ao momento pos-suímos não permitem caracterizar com rigor a ocu-pação pré-histórica do local. Contudo, admitimos −com as necessárias reservas − que possamos estarem presença de um sítio com ocupação numa fase detransição Mesolítico/Neolítico.

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Figura 8

Peso de pedra recolhido nacascalheira da Lagoa Fedorenta.

Figura 9

Peso de Pedra recolhido na Torrinha Pequena.

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Embora este sítio pareça corresponder a umazona de actividades específicas (produção e proces-samento de alimentos) do povoado do Monte Pedre-goso, que lhe fica fronteiro, e por isso, integrável noCalcolítico Final/Idade do Bronze, não é seguro queo peso de pedra corresponda ao mesmo período, an-tes sendo de admitir com plausível a sua maior anti-guidade.

IV.7

7. Torrinha I (Vila Nova da Barquinha)

Este sítio foi descoberto em 1993 por elementosda Associação Histórico-Cultural de Vila Nova daBarquinha.

Situa-se frente ao Povoado do Monte Pedregoso,numa pequena elevação (24 metros de altitude), en-tre a Ribeira de Vale Marques e a Ribeira da Ponteda Pedra, na margem direita do Rio Tejo, e desen-volve-se sobre uma camada arenosa sobrejacente aum terraço quaternário.

Nesse local, numa área muito restrita (cerca de500 m2), aquando do revolvimento da terra para arealização de trabalhos agrícolas, para além de frag-mentos de cerâmica lisa, tem vindo a ser recolhido,à superfície, um importante conjunto lítico, incluindolascas, núcleos e lâminas de sílex, raspadeiras, buris,raspadores, um elemento de foice com lustro de uso,diversos elementos de moagem e artefactos de pedrapolida, incluindo um fragmento de enxó em fibrolite.

Numa zona restrita dessa pequena elevação,afastada do local de maior concentração daquelesmateriais, e onde se deu o desmantelamento par-cial do terraço, ali não coberto da aludida camadaarenosa, foram recolhidos seixos quartzíticos afei-çoados, de talhe “languedocense”, incluindo um“disco” bem como o peso de pedra que aqui se re-produz (Fig. 11), o qual foi adelgaçado por retoquebifacial.

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Figura 10

Pesos de pedra recolhidos no Pedregoso.

Figura 11

Peso de pedra recolhido naTorrinha I.

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8. Monte Pedregoso (Golegã)

Este sítio arqueológico (também conhecido porAlto Pedregoso) foi descoberto por elementos da As-sociação Histórico-Cultural de Vila Nova da Barqui-nha, em 1994, na sequência do desenvolvimento daprospecção de superfície em torno de um sítio ar-queológico romano do Pedregoso

O Monte Pedregoso situa-se precisamente nolimite entre os concelhos de Vila Nova da Barquinhae da Golegã, desenvolvendo-se no sentido deste últi-mo, a 25 metros de altitude, na margem direita doRio Tejo, nas proximidades da confluência de umpequeno curso de água temporário com a Ribeira deVale Marques, afluente da Ribeira da Ponte da Pe-dra.

Os abundantes vestígios arqueológicos foramrecolhidos à superfície numa camada arenosa de coravermelhada sobrejacente ao terraço quaternário,revolvida pelos trabalhos agrícolas, a qual se estendeaté ao sítio do Pedregoso sem soluções de continui-dade. O espólio recolhido é constituído por núcleose lascas residuais de sílex de diversas colorações;lamelas e lâminas finas com ligeiro predomínio dasde secção triangular, em sílex; uma conta de colardiscóide, de cor verde; elementos de foice; um fura-dor em sílex sobre lâmina trapezoidal; um fragmen-to de cerâmica de tradição do Neolítico Antigo evo-lucionado; fragmentos de cerâmica globular lisa edecorada com incisões em “espinha”; fragmento decerâmica com decoração impressa por puncionamen-to; fragmento de uma taça campaniforme com deco-ração constituída por reticulados; numerosos frag-mentos de mós em granito; seixos afeiçoados emquartzito, de talhe “languedocense” e abundantes ar-tefactos de pedra polida.

Foram igualmente recolhidos quatro pesos depedra, de que se representam aqui dois (Fig. 12), ten-do os outros dois já sido divulgados (CRUZ 1996: est.CLVIII).

É de realçar o facto de o exemplar n.º 1 apresen-tar também dois levantamentos em locais opostos doeixo maior, que parecem ter sido efectuados por per-cussão indirecta, eventualmente para permitir umaamarração em cruz. Para além disso, tem a particu-laridade de o lascamento do eixo menor ter sido feitoalternadamente em cada face e o do eixo maior ape-nas numa face.

O exemplar n.º 2, para além do lascamento, foisujeito a uma operação de fricção para provocar oaprofundamento da reentrância.

Em nossa opinião, alicerçada em prospecção sis-temática e continuada do local há vários anos, face àquantidade e diversidade dos achados e ao facto de,aquando dos primeiros revolvimentos do solo pormotivo das lavras, serem perfeitamente individuali-záveis as zonas de habitação ou de actividades de ta-lhe em função das concentrações de materiais ce-râmicos e líticos, estamos perante um povoado − umdos mais importantes e extensos das terras baixas damargem direita do MédioTejo.

Apesar de algum arcaísmo de parte da indústriade sílex atestar uma ocupação anterior do local, ascaracterísticas da cerâmica decorada ali recolhida,levam-nos a integrar este sítio no Calcolítico Final // Idade do Bronze.

9. Riba-Rio (Golegã)

Este arqueossítio foi por nós referenciado pelaprimeira vez em 1998. Situa-se na margem direita doRio Almonda, a escassa distância deste, à entrada

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Figura 12

Pesos de pedra do MontePedregoso.

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IV.9

Norte da localidade da Azi-nhaga (concelho da Golegã),num terreno com um declivemuito suave para o rio, a umaaltitude de cerca de 18 metros.

Aí, em sucessivas visitasao local, aquando da prepa-ração das lavras para a se-menteira de milho, na cama-da arenosa clara sobrejacentea uma outra mais argilosa querecobre um terraço de baixaaltitude, tivemos oportunida-de de recolher abundante ma-terial lítico, constituído, predominantemente, por las-cas de sílex de colorações diversas, fragmentos delâminas trapezoidais no mesmo material, algumas degrande largura, núcleos e ainda seixos quartzíticostalhados, bem como fragmentos de artefactos de pe-dra polida. Foram também recuperados muitos frag-mentos de pequenas dimensões de cerâmica lisa ealguns de cerâmica campaniforme, bem como umfragmento de cobre inclassificável.

Recentemente recolhemos no local também doispesos de pedra, um deles em quartzito, adelgaçadopor retoque unifacial (Fig. 13, n.º 1).

A diversidade, tipologia e características dosmateriais recolhidos e a extensão da sua mancha dedispersão levam-nos a interpretar o sítio como umpovoado, atribuível ao Calcolítico.

Peso e dimensões

A Tabela 2 sintetiza os achados conhecidos, so-bre os quais existem elementos quantitativos, tendoa sua análise conduzido aos seguintes resultados:

A) Peso

É muito reduzido o número dos exemplares (11)sobre os quais possuímos informação quanto ao seupeso. Contudo, nessa pequena amostra, verifica-seque a maioria tem um peso inferior a 100 gramas,resultado idêntico ao verificado no Castelo Velho deCaratão, onde o mais pesado atinge 80 g, e aos valo-res obtidos por Raquel Vilaça no conjunto de sítiosda Beira Baixa por si estudado (VILAÇA 1995: 319),onde, entre 16 exemplares, apenas um excede os 100 g(114 g).

Todavia, enquanto que estes últimos chegam apesar apenas 20 g e os do Castelo Velho do Caratão25 g, os exemplares analisados recolhidos nesta re-gião distribuem-se entre 52 g (exemplar da TorrinhaPequena) e 249 g (exemplar da Lagoa Fedorenta),este ultrapassando largamente o limite imediata-mente inferior, representado pelo exemplar da Fer-rolhoa (116 g).

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Figura 13

Pesos de pedra recolhidos em Riba-Rio.

Tabela 2

Pesos de Pedra Recolhidos na Região de Constância (Alto Ribatejo)

Sítio Comprimento [cm] Largura min. [cm] Espessura máx. [cm] Peso [g] Matéria-prima Observações

Torrinha Pequena 4,90 4,00 1,30 52,00 quartzito

Torrinha I 8,10 5,30 1,00 92,00 grauvaque

Pedregoso 6,30 5,10 1,50 - xisto

Pedregoso 7,60 4,90 1,80 108,00 grauvaque

Pedregoso 8,00 5,20 1,10 - grauvaque

Monte Pedregoso 7,60 5,30 1,40 100,00 xisto anfibólico

Monte Pedregoso 9,60 6,30 2,20 221,00 xisto anfibólico

Monte Pedregoso 7,80 5,20 1,60 - -

Monte Pedregoso 8,40 5,30 1,10 - -

Lagoa Fedorenta 9,80 6,40 2,10 249,00 quartzito

Tancos 7,30 4,80 2,00 - xisto anfibólico

Ferrolhoa 8,90 5,10 1,50 116,00 quartzito

Quinta do Morgado 7,40 3,40 1,20 58,00 quartzito

Quinta do Morgado 7,60 5,20 1,30 90,00 -

Quinta do Maia Velho 7,50 5,00 1,20 - -

Quinta do Maia Velho 7,30 3,50 0,80 - quartzito

Alminhas 5,20 4,70 - - -

Chã da Bica I 7,60 4,40 - - -

Ponte de Sto António I 8,20 4,40 - - -

Amoreira 8,30 5,00 2,20 - quartzito

Amoreira 10,20 4,20 1,20 - quartzito

Amoreira 7,20 4,10 1,40 - quartzito

Amoreira 7,30 3,20 1,00 - quartzito

Amoreira 5,40 2,10 1,50 - quartzito

Amoreira 6,60 - - - quartzito Fragmento

Amoreira - 4,00 - - quartzito Fragmento

Riba-Rio 7,00 3,20 1,50 68,00 quartzito

Riba-Rio 6,30 3,70 1,40 56,00 xisto anfibólico

Val da Laje 6,80 4,20 2,00 - xisto anfibólico

Maxial 6,30 4,40 0,90 - xisto anfibólico

B) Espessura máxima

Há uma notável semelhança entre todos os pesosde pedra analisados (25) no tocante à espessura.Efectivamente, embora a mesma oscile entre 0,8 cm(exemplar da Quinta do Maia Velho) e 2,2 cm

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Page 12: O Peso da Pedra com Entalhes

(exemplar n.º 1 do Monte Pedregoso), a maioria(72%) situa-se num valor igual ou inferior a 1,5 cm.

Registe-se que os sete pesos de pedra recolhidosno povoado dos Três Moinhos (Beja) têm tambémuma espessura que oscila entre 0,9 cm e 1,7 cm(CARDOSO 1996: 114).

C) Comprimento

Conforme se pode verificarpelo gráfico junto, o comprimen-to dos 29 pesos analisados é va-riável, oscilando entre 4,9 cm(exemplar da Torrinha Peque-na) e 10,2 cm (um exemplar daAmoreira).

No entanto, é perfeitamen-te visível que a maioria se situano intervalo entre os 6 cm e os9 cm.

Resultados semelhantes fo-ram obtidos no Castelo Velhodo Caratão (Mação), onde os 14pesos de pedra recolhidos vari-am entre 5,1 cm e 7,4 cm, e nossete exemplares do povoadodos Três Moinhos, entre 5,1 cme 7,5 cm (CARDOSO 1996: 114).

D) Largura mínima

No tocante à largura míni-ma (medida entre entalhes), amesma distribui-se entre 2,1 cm(exemplar da Amoreira) e 6,4 cm(exemplar da Lagoa Fedorenta),centrando-se a sua distribuiçãoentre os 4 cm e os 6 cm.

E) Matérias-primas utilizadas

Os exemplares presentes naregião são feitos a partir de ma-térias-primas abundantes local-mente, de fácil recolha, nomea-damente nas cascalheiras doscursos de água. Foram princi-palmente executados a partir deseixos achatados, geralmenteapresentando um bom rolamen-to, de quartzito, grauvaque existos anfibólicos, não se cons-tatando nenhuma preferênciamarcada por qualquer destasmatérias-primas que pudessesignificar um grau de selecçãoapurado, quer no tocante à du-reza, quer à granulosidade.

Contudo, a observação parece indiciar que oquartzito seria a matéria-prima principal para o fa-brico de tais artefactos na transição para o Neolíticoou no início deste período, não talvez pelas pro-priedades especiais desta matéria-prima, mas por sera mais utilizada (a par do sílex) para o fabrico dosdemais artefactos necessários à vida diária desseslongínquos povoadores deste espaço geográfico.

Entalhes

A quase totalidade dos exemplares analisadospossui entalhes simétricos ou com uma dissimetriamuito ligeira. Constituem excepções os exemplares1 e 3 do Pedregoso e o exemplar da Lagoa Fedo-renta, o qual, como já vimos, é excepcional a todosos títulos.

De uma forma geral, os entalhes são provocadospor levantamentos obtidos bifacialmente. Porém,como já vimos, alguns têm entalhes unifaciais, o quesó sucede com seixos quartzíticos.

Registe-se também o facto de haver um exem-plar em que o talhe foi feito por retoque bilateral masalternadamente em cada face − o exemplar 2 doMonte Pedregoso −, tipo de talhe que já havia sidodetectado num exemplar da Quinta do Morgado e noexemplar da Anta 1 do Val da Laje, aqui não repro-duzidos.

Todos os entalhes foram obtidos por percussãodirecta, com excepção do exemplar 1 do Monte Pe-dregoso, e só foi detectada a técnica da fricção noexemplar 2 daquele sítio.

Cronologia

É praticamente impossível determinar a cronolo-gia dos pesos de pedra partindo exclusivamente dosdados morfológicos ou morfométricos que apresen-tam.

Assim, a mesma terá de ser deduzida a partir doselementos materiais associados aos mesmos, quepossam constituir um termo de referência crono-cul-tural, tarefa difícil e pouco rigorosa, em virtude de,como vimos, alguns pesos serem provenientes deachados isolados e os restantes recenseados na re-gião corresponderem a recolhas de superfície, sendopoucos aqueles que foram recuperados em contextosestratigráficos bem definidos.

Nalgumas regiões ainda ocorre uma dificuldadeadicional, motivada pelo conhecimento da utilizaçãode tais pesos de pedra em época muito recente (PAÇO1970: 54; BRANDÃO e LANHAS 1971: 582). Essa é,porém, uma dificuldade que parece não existir aqui,onde a utilização de pesos de pedra em cerâmicaconheceu larga generalização desde os tempos his-tóricos.

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Page 13: O Peso da Pedra com Entalhes

Embora não deixando de admitir a possibilidadede tais artefactos, noutros contextos, poderem tertido a funcionalidade de pesos de tear, a circunstân-cia de a totalidade dos exemplares aqui divulgadoster sido recolhida na imediata proximidade de cursosde água e até mesmo no seu leito e o facto de, salvoos exemplares do Maxial, Monte Pedregoso e Riba-Rio (e eventualmente os da Amoreira), não teremsido recolhidos no interior de povoados, levam-nos aadmitir a forte probabilidade de terem sido utilizadosem actividades piscatórias.

Porém, com os dados actualmente existentes,não é possível determinar se as actividades haliêuti-cas que os mesmos parecem documentar teriam umcarácter de uma certa permanência, levando à fixa-ção das populações, ou se seriam marcadas por umasazonalidade relacionada com o ciclo de reproduçãodas espécies piscícolas, gerando ocupações de carác-ter temporário. Só o estudo de restos faunísticos − in-existente até ao momento − poderia ajudar a esclare-cer esta questão e, particularmente, o papel do povo-ado da Amoreira (onde foram recuperadas dezenasde pesos de pedra) nesta zona do vale do Tejo.

IV.11

Aqui, tal como noutras regiões do país, os pesosde pedra abrangem uma cronologia que vai desde atransição para o Neolítico (Torrinha Pequena,Amoreira) até uma fase avançada do Calcolítico e,eventualmente, início da Idade do Bronze (Maxial,Riba-Rio), sendo um exemplo notável de sobrevi-vência de uma técnica de trabalho da pedra de ori-gem milenar.

Conclusão

Este trabalho visou chamar a atenção e dar aconhecer um conjunto de artefactos que poderãoconstituir as únicas marcas visíveis na região daactividade da pesca na Pré-História − os pesos depedra com entalhes.

A distribuição dos pesos de pedra torna evidenteque, nesta região, os mesmos ocorrem ao longo dedois eixos principais, que correspondem aos maisimportantes cursos de água que a atravessam − oTejo e o Zêzere.

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