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O Patrimônio Imaterial: a atuação do IPHAN em Minas Gerais
Corina Maria Rodrigues Moreira1
Superintendência do IPHAN em Minas Gerais
[o patrimônio imaterial] são os usos, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e
espaços culturais que lhes são inerentes – que as comunidades, os grupos e em alguns casos os indivíduos reconheçam como parte integrante de seu
patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de
geração em geração, é recriado constantemente pelas comunidades e grupos
em função de seu entorno, sua interação com a natureza e sua história,
infundindo-lhes um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo
assim a promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
Convenção da UNESCO dedicada à Salvaguarda do Patrimônio Imaterial
Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Patrimônio Imaterial, Referências Culturais,
Salvaguarda, Políticas Públicas.
O chamado patrimônio imaterial foi reconhecido no Brasil pela Constituição de
1988 que, em seu artigo 216, afirma que o patrimônio cultural brasileiro constitui-se por
bens de natureza material e imaterial que referenciam a identidade, a ação e a memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
Mas desde finais dos anos 1930 Mário de Andrade, ao elaborar o anteprojeto que
previa a organização do campo da preservação do patrimônio cultural no país já incluía,
em suas reflexões, a dimensão intangível do patrimônio ao indicar a proteção de
manifestações da cultura popular, do folclore e da cultura indígena. Essa dimensão, no
entanto, foi excluída do Decreto-Lei 25/1937, que criou o Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional/SPHAN2 e instituiu o tombamento como principal
instrumento legal voltado à preservação do patrimônio histórico e artístico nacional,
privilegiando seus aspectos materiais (FONSECA, 2003, 2005; GONÇALVES, 1996;
MINICONI, 2004; RUBINO, 1996).
Entre as décadas de 1940 e 1960 os debates a respeito da cultura popular e dos
modos de vida tradicionais centraram-se na perspectiva do folclore, desvinculando-se da
noção de patrimônio que orientava as propostas de Mário de Andrade, mas ainda assim
contribuindo, sobremaneira, para o registro, a documentação e a própria permanência de
1 Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Mestre em Ciências
Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). 2 Hoje chamado de Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN.
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2
muitas das manifestações da chamada cultura popular que persistem ainda hoje. Essa
temática foi reacesa em meados dos anos 1970, quando da incorporação do conceito de
referências culturais aos debates tanto sobre patrimônio quanto sobre cultura popular,
advindos das reflexões possibilitadas pela adoção de uma visão antropológica da cultura
e no contexto dos debates internacionais travados a esse respeito a partir de então3.
É nesse contexto que podemos inserir a Política Nacional do Patrimônio
Imaterial, inaugurada em 2000 pelo Decreto 3.551, que institui o Registro de Bens
Culturais de Natureza Imaterial e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial.
Essa política visa valorizar e dar visibilidade à diversidade cultural brasileira e
reconhecer como patrimônio práticas sociais e expressões culturais inseridas,
historicamente, na vida cotidiana, como esclarece Weffort:
.
(...) continuidade histórica tomada aqui no melhor sentido de tradição, isto é,
de práticas culturais que são constantemente reiteradas, transformadas e
atualizadas, mantendo para o grupo um vínculo do presente com o seu
passado. (WEFFORT, Francisco. Exposição de motivos que
encaminha o Decreto n. 3551/2000. Brasília, 17 mai. 2000.)
Para que possamos ter uma pequena amostra de como essa política vem sendo
efetivada desde então vamos abordar, neste texto, alguns conceitos e parâmetros caros
ao campo do patrimônio imaterial, conjugando-os às principais ações que vêm sendo
desenvolvidas em Minas Gerais pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional/IPHAN-MG.
A noção de referências culturais e a salvaguarda do patrimônio imaterial
Considerando o patrimônio cultural como uma construção social que diz respeito
a todos, num processo de contínua recriação de sentidos e significados que possibilita a
produção das múltiplas identidades formadoras da sociedade (HALL, 2000; SANTOS,
1994; CASTELLS, 2002; COSTA, 2000; OLIVEIRA, 2000), a noção de referências
culturais pode nos trazer significativas contribuições para a apreensão da diversidade
constitutiva disto que se costuma chamar “cultura brasileira”.
3 Convenção sobre a salvaguarda do patrimônio mundial, cultural e natural, Paris, 16 de novembro de
1972; Recomendação sobre a salvaguarda da cultura tradicional e popular, Paris, 15 de novembro de
1989; Carta de Mar Del Plata sobre o patrimônio intangível, Mar Del Plata, junho de 1997; Carta de
Fortaleza – Patrimônio Imaterial: estratégias e formas de proteção, Fortaleza, novembro de 1997;
Convenção para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, Paris, 17 de outubro de 2003; Convenção
sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, Paris, 20 de outubro de 2005.
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Nesse sentido, tomar a noção de referências culturais como norte para a
elaboração de políticas públicas neste campo pode nos orientar, inclusive, na execução
de ações pautadas no diálogo com os sujeitos e grupos sociais que significam e
ressignificam seus patrimônios cotidianamente e que são os seus principais produtores,
mantenedores e transmissores. Isto porque esta noção desloca o foco dos bens para os
sujeitos para os quais esses bens fazem sentido, evidenciando as marcas que a dimensão
simbólica imprime à constituição do mundo social (BOURDIEU, 1974, 1996, 1998;
PATRIMÔNIO, 2006) e indicando a necessária participação desses atores sociais nos
processos de identificação, reconhecimento e salvaguarda desses bens. Esses processos
devem, portanto, ter seus métodos e instrumentos descentralizados e socializados com
vistas à autonomia e sustentabilidade desses atores e das dinâmicas que vêm
empreendendo ao longo do tempo, e que garantiram a existência, a continuidade dessas
expressões culturais, e sua atualidade.
Dizendo respeito aos diversos domínios da vida social – como festas, saberes,
modos de fazer, lugares, formas de expressão, edificações, dentre outros – aos quais são
atribuídos sentidos e valores de importância diferenciada, a idéia de referências culturais
indica, ainda, o desbordamento da noção de preservação para a de salvaguarda, na
medida em que reconhece o caráter dinâmico de expressões culturais que são,
sobretudo, vivas e em movimento, configurando bens e manifestações de caráter
processual e dinâmico.
Identificar e conhecer se convertem, nesse sentido, em ações basilares de uma
política que prevê o reconhecimento e a produção de condições de sustentabilidade
dessa diversidade de expressões culturais em um mundo que a cada dia preza mais a
homogeneização e a mercantilização da cultura (CASTELLS, 2002; ARANTES, 2000;
ZUKIN, 2000; LEITE, 2002). Para tanto, alguns instrumentos vêm sendo elaborados
tanto com vistas à sistematização e produção de saberes a respeito dessas expressões
culturais e à identificação dos sentidos a elas atribuídos por aqueles que as
compartilham, quanto visando o reconhecimento e a valorização dessas referências
culturais.
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Instrumentos de identificação e conhecimento
Levando em consideração que a sistematização e produção de informação
constituem-se, elas próprias, como ações de salvaguarda, mas sobretudo como nortes
fundamentais para a elaboração e coordenação dessas ações, e tomando por referência
uma visão global e integrada das dimensões material e imaterial do patrimônio cultural,
dois instrumentos principais vêm sendo elaborados e utilizados pelo IPHAN com vistas
à identificação e ao conhecimento da diversidade cultural brasileira: o mapeamento e o
inventário.
O inventário não se constitui propriamente como novidade enquanto instrumento
de produção de documentação e informação (INVENTÁRIO, 2000; MACIEL, 2004),
mesmo no campo do patrimônio cultural. 4 No entanto, ao ser pensado e realizado
como principal instrumento de sistematização e produção de saberes a respeito dos
significados e sentidos que são atribuídos aos bens culturais por aqueles que os
atualizam cotidianamente, o inventário de referências culturais5 constitui-se como
metodologia própria desse campo do saber, marcada por especificidades conceituais e
de procedimentos que possibilitam a maior aproximação possível frente a esses bens
chamados de imateriais ou intangíveis. Em Minas Gerais, alguns desses bens foram ou
vêm sendo inventariados (pelo IPHAN ou por parceiros) – como o modo artesanal de
fazer o queijo Minas, os toques dos sinos nas cidades mineiras e o ofício dos fotógrafos
lambe-lambe em Belo Horizonte, por exemplo – suscitando interessantes questões e
reflexões, que serão apresentadas mais adiante.
Já no que diz respeito ao mapeamento cultural, este se configura como
instrumento que visa uma aproximação inicial frente ao multifacetado universo das
expressões culturais e de seus atores sociais, mostrando-se como importante meio de
identificação preliminar das referências culturais que constituem o mundo social e de
planejamento e execução de ações para sua investigação e salvaguarda. Isto porque ao
possibilitar a identificação dessas referências, o mapeamento possibilita também uma
sistematização inicial das proximidades, distâncias e, digamos, trânsitos culturais que
4 Os órgãos de preservação do patrimônio lançam mão já há bastante tempo dos inventários de sítios
urbanos como fundamento para sua ação, a exemplo do Inventário de Bens Imóveis, utilizado pelo
IPHAN para ser aplicado em núcleos históricos tombados. 5 O Inventário Nacional de Referências Culturais/INRC ganhou sua forma definitiva em 1999, a partir de
experiências anteriores de inventariamento de referências culturais levadas a cabo pelo Centro Nacional
de Folclore e Cultura Popular e pelo Departamento de Informação e Documentação, do IPHAN, tendo
sido sistematizado pela empresa Andrade e Arantes – Consultoria e Projetos Culturais, contratada pelo
IPHAN para este fim.
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marcam determinadas territorialidades e a vida social que nelas se expressa, indicando
possíveis caminhos de atuação para os poderes públicos com vistas à salvaguarda destes
bens.
Em novembro de 2008 a Superintendência do IPHAN em Minas Gerais deu
início ao mapeamento cultural do estado visando, através de levantamento em fontes
diversas – como monografias, livros, guias, vídeos, jornais, web, dentre outras –
identificar os principais bens de natureza imaterial presentes em seu território.
Lançando mão das categorias que organizam tanto o instrumento do Registro quanto o
Inventário Nacional de Referências Culturais,6 além de ter incluído a categoria “Mestres
de Ofício”, este mapeamento será finalizado em outubro deste ano (2009) e já foram
cadastrados, até o momento, mais de 5.000 bens presentes em todo o estado.
As informações levantadas nesta etapa estão sendo registradas em um banco de
dados criado especificamente para este fim, e serão posteriormente inseridas em suporte
cartográfico com vistas a propiciar a visualização da distribuição dos bens de natureza
imaterial no estado e sua análise territorial. Isto possibilitará a elaboração de sínteses
que vislumbrem os "caminhos" e "rotas" destes bens no estado e que servirão como
referência para a proposição de ações coordenadas entre o poder público, em suas
diversas instâncias, e a sociedade civil, com vistas à identificação das referências
culturais presentes em território mineiro, seu inventariamento e sua salvaguarda.
Há que se destacar, ainda, o caráter provisório deste mapeamento, pensado como
uma primeira aproximação frente à múltipla realidade cultural do estado e como
instrumento de gestão que indicará as linhas gerais para o planejamento das ações do
IPHAN em Minas Gerais no campo do patrimônio imaterial. Configurando-se portanto
como um trabalho inicial de conhecimento desta realidade, prevê-se a continuidade e
constante realimentação deste "mapa cultural dos bens imateriais de Minas Gerais", na
medida em que estas informações se tornem públicas e gerem movimentos no sentido
de sua ampliação e maior detalhamento dos dados levantados, especialmente junto aos
municípios e entidades da sociedade civil que atuam nesta área.
6 Essas categorias serão abordadas com maior vagar no próximo item deste texto.
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Instrumentos de reconhecimento e valorização
O instrumento legal destinado ao reconhecimento dos bens de natureza imaterial
como patrimônio cultural brasileiro é o Registro, instituído pelo Decreto 3.551/2000.
Os bens são registrados em quatro livros – Celebrações, Formas de Expressão, Lugares
e Saberes – e devem ter como referência “a continuidade histórica do bem e sua
relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira”
(BRASIL, 2000).
Duas características marcam o Registro, distinguindo-o do outro instrumento de
preservação patrimonial historicamente utilizado no Brasil, o tombamento: a
necessidade de declaração formal da comunidade produtora do bem anuindo à
instauração do processo de Registro e a revalidação, a cada dez anos, dos bens culturais
registrados.
A anuidade da comunidade fundamenta-se na perspectiva de que os sujeitos e
grupos sociais são os mantenedores e transmissores privilegiados desses bens – como
dissemos anteriormente –, sua participação nos processos de patrimonialização
configurando-se como importante fundamento à salvaguarda dos mesmos e como
maneira de respeitá-los como sujeitos desse processo e seus legítimos produtores.
Já a revalidação dos bens registrados leva em consideração o caráter dinâmico e
de mobilidade que marca os bens imateriais, sua historicidade e a possibilidade de
permanência e/ou transformação que os caracteriza. A idéia de registro, nesse sentido,
diz respeito à sua acepção direta de documentar, deixar marcada, registrada, a existência
de uma determinada referência cultural, na forma como ela se mantém naquele
momento, para a posteridade. O bem a ser registrado deve ser, assim, documentado e
descrito de forma detalhada, cabendo ao IPHAN promover sua ampla divulgação e
promoção, com vistas à sua valorização e conhecimento.
Em Minas Gerais temos, até o momento, um bem registrado como Patrimônio
Cultural Brasileiro e um em fase de finalização de instrução de processo de Registro –
respectivamente o Modo Artesanal de Fazer o Queijo de Minas e os Toques dos Sinos
nas Cidades Mineiras – além de um bem compartilhado com os estados do Rio de
Janeiro, São Paulo e Espírito Santo – o Jongo no Sudeste.
No que diz respeito à valorização desses bens registrados, o principal
instrumento utilizado com tal fim são os chamados Planos de Salvaguarda, que têm suas
diretrizes elaboradas desde o momento de identificação e inventariamento do bem e são
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construídos conjuntamente pelas comunidades, poder público e parceiros diversos.
Prevendo a articulação com as políticas das áreas de educação, meio ambiente e
desenvolvimento econômico e social e com entes federativos e sociedade civil, os
Planos de Salvaguarda podem prever “desde a ajuda financeira a detentores de saberes
específicos com vistas à sua transmissão até, por exemplo, a organização comunitária ou
a facilitação de acesso a matérias primas”.7
A Superintendência do IPHAN em Minas Gerais vem acompanhando
sistematicamente, até o momento, o Plano de Salvaguarda do Jongo, desenvolvido pelo
Pontão de Cultura do Jongo,8 e está dando início, ainda este ano, ao Plano de
Salvaguarda do Modo Artesanal de Fazer o Queijo Minas, através da realização das
primeiras reuniões com produtores do queijo para estabelecimento das diretrizes gerais
para a salvaguarda deste modo de fazer. Há que se destacar, também, o diálogo que
vem sendo construído com a Associação do Mercado Central de Belo Horizonte e
outros parceiros com vistas ao inventariamento deste bem cultural, e a normatização da
Superintendência do IPHAN em Minas Gerais que orienta as ações relativas aos
pedidos de refundição de sinos danificados no estado, ações que indicam a
transversalidade dos Planos de Salvaguarda, que perpassam todo o processo de
conhecimento, reconhecimento e valorização de bens culturais considerados referenciais
para a memória e identidade de diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
As categorias que organizam a salvaguarda do patrimônio imaterial
Tanto o Inventário quanto o Registro constituem-se como instrumentos da
política pública de patrimônio para a salvaguarda dos bens de natureza imaterial que
participam da formação cultural brasileira. Levando em consideração sua amplitude e a
diversidade de bens, pensou-se em categorias que pudessem auxiliar na produção e
sistematização de conhecimentos e de documentação a seu respeito, com vistas à
7 Informação disponível em: portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12553&retorno
=paginaIphan. 8 Proposta de articulação, capacitação e fortalecimento das comunidades jongueiras que, se propõe
“atender a uma série de necessidades e demandas das comunidades pertencentes aos ‘territórios
jongueiros’ e pode, em uma grande articulação entre o Ministério da Cultura, o Centro Nacional de
Folclore e Cultura Popular (IPHAN), a universidade, as comunidades e os diversos parceiros garantir as
condições objetivas para a concretização de ações que vêm sendo discutidas coletivamente há vários anos
e que representam a aspiração das comunidades jongueiras da região sudeste”.
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fundamentação de ações objetivando o reconhecimento, a valorização e a
sustentabilidade desses bens.
Essas categorias – Saberes, Celebrações, Formas de Expressão, Lugares –
contribuem para a elaboração de uma descrição pormenorizada do bem, indicando a
complexidade das relações que se estabelecem na sua produção e dos significados a ele
atribuídos. Constituem-se assim, por intermédio dessas categorias e das narrativas que
produzem, referências à formação e continuidade histórica do bem e ao seu contexto
cultural específico, identificando-se os sujeitos e os processos de circulação que
participam da sua produção, o que pode auxiliar, sobremaneira, na elaboração de
diretrizes para a ação conjunta de poder público e sociedade civil com vistas à
salvaguarda desses bens.
Os Saberes
Definidos pela legislação como os conhecimentos e modos de fazer enraizados
no cotidiano das comunidades, dizem respeito a “atividades desenvolvidas por atores
sociais reconhecidos como conhecedores de técnicas e de matérias-primas que
identifiquem um grupo social ou uma localidade” (INVENTÁRIO, 2000, p.31) e a
conhecimentos tradicionais e ofícios muitas vezes imbuídos de sentidos práticos e/ou
rituais que configuram a identidade de determinados grupos sociais.
Um representante dessa categoria é o Modo Artesanal de Fazer o Queijo Minas,
único bem referenciado em território mineiro registrado até o momento. Configurando-
se como um saber existente há mais de dois séculos, transmitido geralmente em meio
familiar através de gerações, este modo de fazer viu-se ameaçado em sua continuidade
em razão de debates sobre a proibição da produção de queijo com leite cru, ingrediente
fundamental à caracterização desse produto e do seu modo de fazer.
Mobilizados em torno dessa ameaça, os produtores de queijo artesanal da região
do Serro entraram com o pedido de registro desse modo de fazer como patrimônio
cultural brasileiro em 2001, agregando-se a eles, posteriormente, os produtores das
regiões da Serra da Canastra e da Serra do Salitre. O bem foi registrado em 2008 e,
atualmente, os produtores da região de Araxá pleiteiam o reconhecimento dessa região
como também sendo referencial na produção do queijo artesanal mineiro, e sua inclusão
no referido Registro.
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No decorrer de toda a pesquisa realizada com vistas à instrução do seu processo
de registro foram identificados alguns pontos a merecerem atenção nos debates que
nortearão a sistematização de um plano para a salvaguarda desse modo de fazer.
Algumas ações, inclusive, já foram efetivadas mesmo antes do registro do bem,9 como
por exemplo a liberação da utilização do leite cru na produção do queijo e as políticas
de controle sanitário do rebanho, executadas por um dos parceiros do processo de
registro desse modo de fazer, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do
Estado de Minas Gerais/EMATER-MG.
O desenvolvimento dessas ações reafirma o caráter dinâmico da perspectiva de
salvaguarda que orienta as políticas de patrimônio imaterial, tendo em vista não se
limitarem a um momento específico da ação do poder público mas, sim, permearem
todo o processo de identificação, reconhecimento e valorização da diversidade de
referências que participam da formação cultural brasileira. Nesse contexto, a
elaboração de um Plano de Salvaguarda vem no sentido de sistematizar, organizar as
demandas surgidas durante esse processo e os possíveis caminhos para a
sustentabilidade do bem em questão.
Esses caminhos devem ser construídos sempre com a maior participação dos
grupos sociais envolvidos com o bem, fundamento que norteia a sistematização do
Plano de Salvaguarda do Modo Artesanal de Fazer o Queijo Minas. Ainda este ano
serão realizadas as primeiras reuniões com os detentores desse saber para levantamento
das diretrizes que deverão nortear, conjuntamente, as ações do poder púbico e da
comunidade com vistas à permanência desse modo de fazer.
Celebrações
Momentos diferenciados de sociabilidade, as celebrações se expressam através
de rituais e festas que “marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do
entretenimento e de outras práticas da vida social” (BRASIL, 2000). Esses momentos
participam fortemente na produção de sentidos de pertencimento e envolvem práticas
diversas, que vão desde aquelas relacionadas à alimentação e ornamentação pessoal e
dos caminhos e lugares que marcam esses momentos à manifestação de formas de
expressão variadas, como músicas, orações e danças, por exemplo.
9 Lei Estadual n°14.185, de 31 jan. 2002; Decreto n° 42.645, de 05 jun. 2002; Portaria 517, de 14 jun.
2002; Portaria 518, de 14 jun. 2002; Portaria 523, de 03 jul. 2002.
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Em Minas Gerais existe uma diversidade significativa de celebrações,
especialmente aquelas de origem afro-brasileira e as ligadas à produção agrícola – como
as Festas do Rosário e as Festas do Milho, respectivamente – disseminadas em várias
regiões do estado, conforme já pudemos depreender do levantamento inicial propiciado
pelo Mapeamento Cultural, citado anteriormente.
Não tendo havido ainda, no entanto, demandas para o inventariamento ou
registro desses bens encaminhadas à Superintendência do IPHAN no estado, nem
sistematização desses dados preliminares, aguarda-se a conclusão do referido
Mapeamento, que propiciará uma primeira aproximação frente a estas manifestações e a
elaboração de diretrizes iniciais para sua identificação e pesquisa, na medida em que se
confirmarem os indícios de referencialidade que têm se mostrado aí presentes.
Formas de Expressão
A categoria Formas de Expressão inclui manifestações literárias, musicais,
plásticas, cênicas e lúdicas (BRASIL, 2000) que, associadas a grupos sociais ou regiões
específicas, são “desenvolvidas por atores sociais (individuais ou coletivos)
reconhecidos pela comunidade e em relação às quais o costume define normas,
expectativas, padrões de qualidade, etc” (INVENTÁRIO, 2000, p. 31). Constituem-se,
muitas vezes, por formas não-linguísticas que expressam representações elaboradas
pelos grupos sociais a respeito de seu cotidiano e de suas visões de mundo e
estabelecem laços que os identificam e aproximam.
O Jongo e o Toque dos Sinos são dois exemplos de Formas de Expressão que
estão sob enfoque das políticas federais de patrimônio cultural em Minas Gerais. No
caso do Jongo, no interior de um território mais amplo que o estadual – tendo em vista
que seu registro diz respeito à região Sudeste; e no caso do Toque dos Sinos, ainda em
fase de elaboração de seu dossiê, tendo em vista a finalização de seu inventário.
Forma de expressão da cultura afro-brasileira constituída por canto, dança e
percussão de tambores, o Jongo formou-se basicamente nas fazendas de café e cana-de-
açúcar do Vale do Rio Paraíba, ao que tudo indica a partir da segunda metade do século
XIX, acontecendo geralmente nas festas dos santos católicos e das divindades afro-
brasileiras, nas festas juninas e naquelas que comemoram a abolição da escravidão, no
13 de maio. Tendo sido registrado como Jongo no Sudeste, em Minas Gerais até o
momento foi identificado um grupo, na cidade de Carangola, que tem participado
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sistematicamente das atividades desenvolvidas pelo Pontão do Jongo com vistas à
salvaguarda dessa forma de expressão.10
Por outro lado está se iniciando, sob coordenação da Superintendência do
IPHAN em Minas Gerais, a identificação de grupos e mestres de Jongo na região da
Zona da Mata mineira, com vistas à ampliação dos conhecimentos sobre essa
manifestação no estado e das possibilidades de atuação do poder público para a
salvaguarda deste bem na região.
Já no que diz respeito aos Toques dos Sinos, seu pedido de registro partiu da
Secretaria Estadual de Cultura, referindo-se especificamente à cidade de São João del-
Rei. Com o início dos estudos a respeito dessa forma de expressão naquela cidade,
surgiram indícios de que os toques dos sinos constituíam-se como referência em outras
regiões do estado, estendendo-se o estudo e o pedido de registro para as cidades de Ouro
Preto, Mariana, Catas Altas, Sabará, Diamantina, Serro, Tiradentes e Congonhas do
Campo, solicitação feita pela Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais.
Presentes de diferentes formas nessas cidades os toques dos sinos têm, no
entanto, forte participação na produção de suas identidades, ainda que muitas vezes isto
seja sentido pela sua já quase ausência, como é o caso de Sabará, ou pelo estranhamento
que as transformações que envolvem sua permanência provoca em suas populações,
como em Tiradentes. Estabelecendo-se como linguagem11 conformam, sobretudo, uma
paisagem sonora que compõe a ambiência dessas localidades, conferindo-lhes uma
identidade própria e possibilitando que seus habitantes se distingam dos de outras
cidades a partir do repertório dos toques, do que “dizem” e do som diferenciado que
plangem. Em fase final de instrução, o processo de pedido para registro do Toque dos
Sinos nas Cidades Mineiras deverá ser encaminhado ao Conselho Consultivo do
IPHAN, que dará seu parecer a respeito.
Há que se destacar ainda, no que diz respeito a esta forma de expressão, que sua
existência está diretamente implicada à conservação do bem material que a sustenta – os
sinos – e à prática de um ofício transmitido oralmente há gerações – o de sineiro. Nesse
sentido, a salvaguarda do bem “Toque dos Sinos” não pode desconsiderar a interface
entre estas dimensões, indicando a impossibilidade de dissociação entre o material e o
10 Ações que giram em torno de três eixos principais: articulação, capacitação e difusão e divulgação. 11 O emprego da palavra linguagem derivando de uma abordagem semiótica e não lingüística, conforme
debates ocorridos no decorrer da realização do inventário e da elaboração do dossiê de caracterização do
bem, em fase de finalização.
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imaterial no que diz respeito às políticas de patrimônio cultural – uma das diretrizes
dessa política, inclusive.
Lugares
As praças, mercados, santuários, feiras são alguns dos espaços onde se
concentram e reproduzem práticas culturais coletivas que propiciam a elaboração de
sentidos diversos para aqueles que os têm como referência, tanto em seu cotidiano
quanto em momentos excepcionais, em suas manifestações vernáculas e/ou oficiais.
Apropriados de formas variadas, relacionam-se a práticas e atividades diversas, ligadas
ao mundo do trabalho, das trocas, do lazer, da religião, da expressão política, enfim,
constituem-se como locais de centralidade para a vida de determinados grupos sociais,
em dado território.
Um desses lugares referenciais vem merecendo a atenção das políticas federais
de patrimônio cultural, em Minas Gerais: o Mercado Central de Belo Horizonte.
Marcado pela diversidade – de freqüentadores, de produtos, de relações, de
apropriações, de representações – é um lugar ao qual é associada uma determinada
identidade que diz respeito à cidade e ao Estado, sendo reconhecido por várias pessoas e
grupos sociais (não só do estado) como referência de um determinado pertencimento.
No entanto, apesar de ser um espaço público, é propriedade particular da Associação de
seus lojistas, que não demonstram interesse em se aproximar das políticas públicas de
patrimônio cultural.
No entanto, a partir de uma demanda social expressa por meio do Ministério
Público, da mídia e de alguns setores da cidade diante de uma ameaça de
descaracterização sofrida por este espaço, considerou-se a necessidade de
estabelecimento de um diálogo com seus detentores, no sentido de que fosse ampliada a
noção de “comunidade Mercado”, que vai além deles e diz respeito a todos os que
tomam esse espaço como referência para a produção de sentidos de pertencimento e
sociabilidade. Esse diálogo vem sendo articulado juntamente com a política municipal
de patrimônio cultural,12 e tem possibilitado a ampliação do debate sobre a dimensão
referencial que esse espaço abriga, gerando um movimento na própria Associação de
12 As ações realizadas até o momento foram a recolhimento, em vídeo, de depoimentos de freqüentadores,
feirantes e outras pessoas ligadas ao Mercado e o Seminário “Mercado Central: memória e perspectivas”,
que darão origem a uma publicação impressa e audiovisual sobre esse espaço, já em fase de preparação.
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feirantes em direção à sua salvaguarda: a elaboração de um regimento interno que prevê
alguns parâmetros para a permanência desse como um espaço diferenciado e de forte
marca identitária e a abertura para que seja negociado o seu inventariamento através do
Inventário Nacional de Referências Culturais.
Para finalizar, há que se considerar que as ações aqui brevemente expostas
dizem respeito a uma política pública recente no cenário brasileiro, ainda em fase de
consolidação, disseminação e construção de caminhos para a consecução de seus
objetivos. Esses caminhos, no entanto, já têm alguns de suas diretrizes afirmadas – a
participação, a sustentabilidade e a diversidade – e, ainda que muitas vezes se mostrem
aquém do ideal, orientam a busca de alternativas que contribuam, de forma concreta,
para a efetivação do direito à memória e à diversidade em território nacional, sempre
levando em conta que esse processo não se faz sem conflitos.
Pois, como nos afirma Mário Chagas, “excluindo os aspectos involuntários,
todas as ações de preservação, musealização e memorização estão ao serviço de
determinados sujeitos, o que equivale a dizer que elas ocorrem como um ato de vontade,
ou como um ato de poder” (CHAGAS, 2002, p.18) e que “a constituição do bem
cultural implica um processo de atribuição voluntária de significados e valores”
(CHAGAS, 2002, p. 25), o que nos indica a necessidade de desnaturalização dos
conceitos de patrimônio cultural e de percepção de seu caráter construído e inventado
(GONÇALVES, 2005; ARANTES NETO, 2000.).
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