o patrimônio imaterial - a atuação do iphan em minas gerais

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O Patrimônio Imaterial: a atuação do IPHAN em Minas Gerais Corina Maria Rodrigues Moreira 1 Superintendência do IPHAN em Minas Gerais [o patrimônio imaterial] são os usos, representações, expressões, conhecimentos e técnicas junto com os instrumentos, objetos, artefatos e espaços culturais que lhes são inerentes que as comunidades, os grupos e em alguns casos os indivíduos reconheçam como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é recriado constantemente pelas comunidades e grupos em função de seu entorno, sua interação com a natureza e sua história, infundindo-lhes um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo assim a promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Convenção da UNESCO dedicada à Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Patrimônio Imaterial, Referências Culturais, Salvaguarda, Políticas Públicas. O chamado patrimônio imaterial foi reconhecido no Brasil pela Constituição de 1988 que, em seu artigo 216, afirma que o patrimônio cultural brasileiro constitui-se por bens de natureza material e imaterial que referenciam a identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Mas desde finais dos anos 1930 Mário de Andrade, ao elaborar o anteprojeto que previa a organização do campo da preservação do patrimônio cultural no país já incluía, em suas reflexões, a dimensão intangível do patrimônio ao indicar a proteção de manifestações da cultura popular, do folclore e da cultura indígena. Essa dimensão, no entanto, foi excluída do Decreto-Lei 25/1937, que criou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/SPHAN 2 e instituiu o tombamento como principal instrumento legal voltado à preservação do patrimônio histórico e artístico nacional, privilegiando seus aspectos materiais (FONSECA, 2003, 2005; GONÇALVES, 1996; MINICONI, 2004; RUBINO, 1996). Entre as décadas de 1940 e 1960 os debates a respeito da cultura popular e dos modos de vida tradicionais centraram-se na perspectiva do folclore, desvinculando-se da noção de patrimônio que orientava as propostas de Mário de Andrade, mas ainda assim contribuindo, sobremaneira, para o registro, a documentação e a própria permanência de 1 Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). 2 Hoje chamado de Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN.

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Page 1: O Patrimônio Imaterial - a atuação do IPHAN em Minas Gerais

O Patrimônio Imaterial: a atuação do IPHAN em Minas Gerais

Corina Maria Rodrigues Moreira1

Superintendência do IPHAN em Minas Gerais

[o patrimônio imaterial] são os usos, representações, expressões,

conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e

espaços culturais que lhes são inerentes – que as comunidades, os grupos e em alguns casos os indivíduos reconheçam como parte integrante de seu

patrimônio cultural. Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de

geração em geração, é recriado constantemente pelas comunidades e grupos

em função de seu entorno, sua interação com a natureza e sua história,

infundindo-lhes um sentimento de identidade e continuidade e contribuindo

assim a promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Convenção da UNESCO dedicada à Salvaguarda do Patrimônio Imaterial

Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Patrimônio Imaterial, Referências Culturais,

Salvaguarda, Políticas Públicas.

O chamado patrimônio imaterial foi reconhecido no Brasil pela Constituição de

1988 que, em seu artigo 216, afirma que o patrimônio cultural brasileiro constitui-se por

bens de natureza material e imaterial que referenciam a identidade, a ação e a memória

dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

Mas desde finais dos anos 1930 Mário de Andrade, ao elaborar o anteprojeto que

previa a organização do campo da preservação do patrimônio cultural no país já incluía,

em suas reflexões, a dimensão intangível do patrimônio ao indicar a proteção de

manifestações da cultura popular, do folclore e da cultura indígena. Essa dimensão, no

entanto, foi excluída do Decreto-Lei 25/1937, que criou o Serviço do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional/SPHAN2 e instituiu o tombamento como principal

instrumento legal voltado à preservação do patrimônio histórico e artístico nacional,

privilegiando seus aspectos materiais (FONSECA, 2003, 2005; GONÇALVES, 1996;

MINICONI, 2004; RUBINO, 1996).

Entre as décadas de 1940 e 1960 os debates a respeito da cultura popular e dos

modos de vida tradicionais centraram-se na perspectiva do folclore, desvinculando-se da

noção de patrimônio que orientava as propostas de Mário de Andrade, mas ainda assim

contribuindo, sobremaneira, para o registro, a documentação e a própria permanência de

1 Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Mestre em Ciências

Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). 2 Hoje chamado de Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN.

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2

muitas das manifestações da chamada cultura popular que persistem ainda hoje. Essa

temática foi reacesa em meados dos anos 1970, quando da incorporação do conceito de

referências culturais aos debates tanto sobre patrimônio quanto sobre cultura popular,

advindos das reflexões possibilitadas pela adoção de uma visão antropológica da cultura

e no contexto dos debates internacionais travados a esse respeito a partir de então3.

É nesse contexto que podemos inserir a Política Nacional do Patrimônio

Imaterial, inaugurada em 2000 pelo Decreto 3.551, que institui o Registro de Bens

Culturais de Natureza Imaterial e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial.

Essa política visa valorizar e dar visibilidade à diversidade cultural brasileira e

reconhecer como patrimônio práticas sociais e expressões culturais inseridas,

historicamente, na vida cotidiana, como esclarece Weffort:

.

(...) continuidade histórica tomada aqui no melhor sentido de tradição, isto é,

de práticas culturais que são constantemente reiteradas, transformadas e

atualizadas, mantendo para o grupo um vínculo do presente com o seu

passado. (WEFFORT, Francisco. Exposição de motivos que

encaminha o Decreto n. 3551/2000. Brasília, 17 mai. 2000.)

Para que possamos ter uma pequena amostra de como essa política vem sendo

efetivada desde então vamos abordar, neste texto, alguns conceitos e parâmetros caros

ao campo do patrimônio imaterial, conjugando-os às principais ações que vêm sendo

desenvolvidas em Minas Gerais pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional/IPHAN-MG.

A noção de referências culturais e a salvaguarda do patrimônio imaterial

Considerando o patrimônio cultural como uma construção social que diz respeito

a todos, num processo de contínua recriação de sentidos e significados que possibilita a

produção das múltiplas identidades formadoras da sociedade (HALL, 2000; SANTOS,

1994; CASTELLS, 2002; COSTA, 2000; OLIVEIRA, 2000), a noção de referências

culturais pode nos trazer significativas contribuições para a apreensão da diversidade

constitutiva disto que se costuma chamar “cultura brasileira”.

3 Convenção sobre a salvaguarda do patrimônio mundial, cultural e natural, Paris, 16 de novembro de

1972; Recomendação sobre a salvaguarda da cultura tradicional e popular, Paris, 15 de novembro de

1989; Carta de Mar Del Plata sobre o patrimônio intangível, Mar Del Plata, junho de 1997; Carta de

Fortaleza – Patrimônio Imaterial: estratégias e formas de proteção, Fortaleza, novembro de 1997;

Convenção para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, Paris, 17 de outubro de 2003; Convenção

sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, Paris, 20 de outubro de 2005.

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Nesse sentido, tomar a noção de referências culturais como norte para a

elaboração de políticas públicas neste campo pode nos orientar, inclusive, na execução

de ações pautadas no diálogo com os sujeitos e grupos sociais que significam e

ressignificam seus patrimônios cotidianamente e que são os seus principais produtores,

mantenedores e transmissores. Isto porque esta noção desloca o foco dos bens para os

sujeitos para os quais esses bens fazem sentido, evidenciando as marcas que a dimensão

simbólica imprime à constituição do mundo social (BOURDIEU, 1974, 1996, 1998;

PATRIMÔNIO, 2006) e indicando a necessária participação desses atores sociais nos

processos de identificação, reconhecimento e salvaguarda desses bens. Esses processos

devem, portanto, ter seus métodos e instrumentos descentralizados e socializados com

vistas à autonomia e sustentabilidade desses atores e das dinâmicas que vêm

empreendendo ao longo do tempo, e que garantiram a existência, a continuidade dessas

expressões culturais, e sua atualidade.

Dizendo respeito aos diversos domínios da vida social – como festas, saberes,

modos de fazer, lugares, formas de expressão, edificações, dentre outros – aos quais são

atribuídos sentidos e valores de importância diferenciada, a idéia de referências culturais

indica, ainda, o desbordamento da noção de preservação para a de salvaguarda, na

medida em que reconhece o caráter dinâmico de expressões culturais que são,

sobretudo, vivas e em movimento, configurando bens e manifestações de caráter

processual e dinâmico.

Identificar e conhecer se convertem, nesse sentido, em ações basilares de uma

política que prevê o reconhecimento e a produção de condições de sustentabilidade

dessa diversidade de expressões culturais em um mundo que a cada dia preza mais a

homogeneização e a mercantilização da cultura (CASTELLS, 2002; ARANTES, 2000;

ZUKIN, 2000; LEITE, 2002). Para tanto, alguns instrumentos vêm sendo elaborados

tanto com vistas à sistematização e produção de saberes a respeito dessas expressões

culturais e à identificação dos sentidos a elas atribuídos por aqueles que as

compartilham, quanto visando o reconhecimento e a valorização dessas referências

culturais.

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Instrumentos de identificação e conhecimento

Levando em consideração que a sistematização e produção de informação

constituem-se, elas próprias, como ações de salvaguarda, mas sobretudo como nortes

fundamentais para a elaboração e coordenação dessas ações, e tomando por referência

uma visão global e integrada das dimensões material e imaterial do patrimônio cultural,

dois instrumentos principais vêm sendo elaborados e utilizados pelo IPHAN com vistas

à identificação e ao conhecimento da diversidade cultural brasileira: o mapeamento e o

inventário.

O inventário não se constitui propriamente como novidade enquanto instrumento

de produção de documentação e informação (INVENTÁRIO, 2000; MACIEL, 2004),

mesmo no campo do patrimônio cultural. 4 No entanto, ao ser pensado e realizado

como principal instrumento de sistematização e produção de saberes a respeito dos

significados e sentidos que são atribuídos aos bens culturais por aqueles que os

atualizam cotidianamente, o inventário de referências culturais5 constitui-se como

metodologia própria desse campo do saber, marcada por especificidades conceituais e

de procedimentos que possibilitam a maior aproximação possível frente a esses bens

chamados de imateriais ou intangíveis. Em Minas Gerais, alguns desses bens foram ou

vêm sendo inventariados (pelo IPHAN ou por parceiros) – como o modo artesanal de

fazer o queijo Minas, os toques dos sinos nas cidades mineiras e o ofício dos fotógrafos

lambe-lambe em Belo Horizonte, por exemplo – suscitando interessantes questões e

reflexões, que serão apresentadas mais adiante.

Já no que diz respeito ao mapeamento cultural, este se configura como

instrumento que visa uma aproximação inicial frente ao multifacetado universo das

expressões culturais e de seus atores sociais, mostrando-se como importante meio de

identificação preliminar das referências culturais que constituem o mundo social e de

planejamento e execução de ações para sua investigação e salvaguarda. Isto porque ao

possibilitar a identificação dessas referências, o mapeamento possibilita também uma

sistematização inicial das proximidades, distâncias e, digamos, trânsitos culturais que

4 Os órgãos de preservação do patrimônio lançam mão já há bastante tempo dos inventários de sítios

urbanos como fundamento para sua ação, a exemplo do Inventário de Bens Imóveis, utilizado pelo

IPHAN para ser aplicado em núcleos históricos tombados. 5 O Inventário Nacional de Referências Culturais/INRC ganhou sua forma definitiva em 1999, a partir de

experiências anteriores de inventariamento de referências culturais levadas a cabo pelo Centro Nacional

de Folclore e Cultura Popular e pelo Departamento de Informação e Documentação, do IPHAN, tendo

sido sistematizado pela empresa Andrade e Arantes – Consultoria e Projetos Culturais, contratada pelo

IPHAN para este fim.

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marcam determinadas territorialidades e a vida social que nelas se expressa, indicando

possíveis caminhos de atuação para os poderes públicos com vistas à salvaguarda destes

bens.

Em novembro de 2008 a Superintendência do IPHAN em Minas Gerais deu

início ao mapeamento cultural do estado visando, através de levantamento em fontes

diversas – como monografias, livros, guias, vídeos, jornais, web, dentre outras –

identificar os principais bens de natureza imaterial presentes em seu território.

Lançando mão das categorias que organizam tanto o instrumento do Registro quanto o

Inventário Nacional de Referências Culturais,6 além de ter incluído a categoria “Mestres

de Ofício”, este mapeamento será finalizado em outubro deste ano (2009) e já foram

cadastrados, até o momento, mais de 5.000 bens presentes em todo o estado.

As informações levantadas nesta etapa estão sendo registradas em um banco de

dados criado especificamente para este fim, e serão posteriormente inseridas em suporte

cartográfico com vistas a propiciar a visualização da distribuição dos bens de natureza

imaterial no estado e sua análise territorial. Isto possibilitará a elaboração de sínteses

que vislumbrem os "caminhos" e "rotas" destes bens no estado e que servirão como

referência para a proposição de ações coordenadas entre o poder público, em suas

diversas instâncias, e a sociedade civil, com vistas à identificação das referências

culturais presentes em território mineiro, seu inventariamento e sua salvaguarda.

Há que se destacar, ainda, o caráter provisório deste mapeamento, pensado como

uma primeira aproximação frente à múltipla realidade cultural do estado e como

instrumento de gestão que indicará as linhas gerais para o planejamento das ações do

IPHAN em Minas Gerais no campo do patrimônio imaterial. Configurando-se portanto

como um trabalho inicial de conhecimento desta realidade, prevê-se a continuidade e

constante realimentação deste "mapa cultural dos bens imateriais de Minas Gerais", na

medida em que estas informações se tornem públicas e gerem movimentos no sentido

de sua ampliação e maior detalhamento dos dados levantados, especialmente junto aos

municípios e entidades da sociedade civil que atuam nesta área.

6 Essas categorias serão abordadas com maior vagar no próximo item deste texto.

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Instrumentos de reconhecimento e valorização

O instrumento legal destinado ao reconhecimento dos bens de natureza imaterial

como patrimônio cultural brasileiro é o Registro, instituído pelo Decreto 3.551/2000.

Os bens são registrados em quatro livros – Celebrações, Formas de Expressão, Lugares

e Saberes – e devem ter como referência “a continuidade histórica do bem e sua

relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira”

(BRASIL, 2000).

Duas características marcam o Registro, distinguindo-o do outro instrumento de

preservação patrimonial historicamente utilizado no Brasil, o tombamento: a

necessidade de declaração formal da comunidade produtora do bem anuindo à

instauração do processo de Registro e a revalidação, a cada dez anos, dos bens culturais

registrados.

A anuidade da comunidade fundamenta-se na perspectiva de que os sujeitos e

grupos sociais são os mantenedores e transmissores privilegiados desses bens – como

dissemos anteriormente –, sua participação nos processos de patrimonialização

configurando-se como importante fundamento à salvaguarda dos mesmos e como

maneira de respeitá-los como sujeitos desse processo e seus legítimos produtores.

Já a revalidação dos bens registrados leva em consideração o caráter dinâmico e

de mobilidade que marca os bens imateriais, sua historicidade e a possibilidade de

permanência e/ou transformação que os caracteriza. A idéia de registro, nesse sentido,

diz respeito à sua acepção direta de documentar, deixar marcada, registrada, a existência

de uma determinada referência cultural, na forma como ela se mantém naquele

momento, para a posteridade. O bem a ser registrado deve ser, assim, documentado e

descrito de forma detalhada, cabendo ao IPHAN promover sua ampla divulgação e

promoção, com vistas à sua valorização e conhecimento.

Em Minas Gerais temos, até o momento, um bem registrado como Patrimônio

Cultural Brasileiro e um em fase de finalização de instrução de processo de Registro –

respectivamente o Modo Artesanal de Fazer o Queijo de Minas e os Toques dos Sinos

nas Cidades Mineiras – além de um bem compartilhado com os estados do Rio de

Janeiro, São Paulo e Espírito Santo – o Jongo no Sudeste.

No que diz respeito à valorização desses bens registrados, o principal

instrumento utilizado com tal fim são os chamados Planos de Salvaguarda, que têm suas

diretrizes elaboradas desde o momento de identificação e inventariamento do bem e são

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7

construídos conjuntamente pelas comunidades, poder público e parceiros diversos.

Prevendo a articulação com as políticas das áreas de educação, meio ambiente e

desenvolvimento econômico e social e com entes federativos e sociedade civil, os

Planos de Salvaguarda podem prever “desde a ajuda financeira a detentores de saberes

específicos com vistas à sua transmissão até, por exemplo, a organização comunitária ou

a facilitação de acesso a matérias primas”.7

A Superintendência do IPHAN em Minas Gerais vem acompanhando

sistematicamente, até o momento, o Plano de Salvaguarda do Jongo, desenvolvido pelo

Pontão de Cultura do Jongo,8 e está dando início, ainda este ano, ao Plano de

Salvaguarda do Modo Artesanal de Fazer o Queijo Minas, através da realização das

primeiras reuniões com produtores do queijo para estabelecimento das diretrizes gerais

para a salvaguarda deste modo de fazer. Há que se destacar, também, o diálogo que

vem sendo construído com a Associação do Mercado Central de Belo Horizonte e

outros parceiros com vistas ao inventariamento deste bem cultural, e a normatização da

Superintendência do IPHAN em Minas Gerais que orienta as ações relativas aos

pedidos de refundição de sinos danificados no estado, ações que indicam a

transversalidade dos Planos de Salvaguarda, que perpassam todo o processo de

conhecimento, reconhecimento e valorização de bens culturais considerados referenciais

para a memória e identidade de diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

As categorias que organizam a salvaguarda do patrimônio imaterial

Tanto o Inventário quanto o Registro constituem-se como instrumentos da

política pública de patrimônio para a salvaguarda dos bens de natureza imaterial que

participam da formação cultural brasileira. Levando em consideração sua amplitude e a

diversidade de bens, pensou-se em categorias que pudessem auxiliar na produção e

sistematização de conhecimentos e de documentação a seu respeito, com vistas à

7 Informação disponível em: portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=12553&retorno

=paginaIphan. 8 Proposta de articulação, capacitação e fortalecimento das comunidades jongueiras que, se propõe

“atender a uma série de necessidades e demandas das comunidades pertencentes aos ‘territórios

jongueiros’ e pode, em uma grande articulação entre o Ministério da Cultura, o Centro Nacional de

Folclore e Cultura Popular (IPHAN), a universidade, as comunidades e os diversos parceiros garantir as

condições objetivas para a concretização de ações que vêm sendo discutidas coletivamente há vários anos

e que representam a aspiração das comunidades jongueiras da região sudeste”.

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8

fundamentação de ações objetivando o reconhecimento, a valorização e a

sustentabilidade desses bens.

Essas categorias – Saberes, Celebrações, Formas de Expressão, Lugares –

contribuem para a elaboração de uma descrição pormenorizada do bem, indicando a

complexidade das relações que se estabelecem na sua produção e dos significados a ele

atribuídos. Constituem-se assim, por intermédio dessas categorias e das narrativas que

produzem, referências à formação e continuidade histórica do bem e ao seu contexto

cultural específico, identificando-se os sujeitos e os processos de circulação que

participam da sua produção, o que pode auxiliar, sobremaneira, na elaboração de

diretrizes para a ação conjunta de poder público e sociedade civil com vistas à

salvaguarda desses bens.

Os Saberes

Definidos pela legislação como os conhecimentos e modos de fazer enraizados

no cotidiano das comunidades, dizem respeito a “atividades desenvolvidas por atores

sociais reconhecidos como conhecedores de técnicas e de matérias-primas que

identifiquem um grupo social ou uma localidade” (INVENTÁRIO, 2000, p.31) e a

conhecimentos tradicionais e ofícios muitas vezes imbuídos de sentidos práticos e/ou

rituais que configuram a identidade de determinados grupos sociais.

Um representante dessa categoria é o Modo Artesanal de Fazer o Queijo Minas,

único bem referenciado em território mineiro registrado até o momento. Configurando-

se como um saber existente há mais de dois séculos, transmitido geralmente em meio

familiar através de gerações, este modo de fazer viu-se ameaçado em sua continuidade

em razão de debates sobre a proibição da produção de queijo com leite cru, ingrediente

fundamental à caracterização desse produto e do seu modo de fazer.

Mobilizados em torno dessa ameaça, os produtores de queijo artesanal da região

do Serro entraram com o pedido de registro desse modo de fazer como patrimônio

cultural brasileiro em 2001, agregando-se a eles, posteriormente, os produtores das

regiões da Serra da Canastra e da Serra do Salitre. O bem foi registrado em 2008 e,

atualmente, os produtores da região de Araxá pleiteiam o reconhecimento dessa região

como também sendo referencial na produção do queijo artesanal mineiro, e sua inclusão

no referido Registro.

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9

No decorrer de toda a pesquisa realizada com vistas à instrução do seu processo

de registro foram identificados alguns pontos a merecerem atenção nos debates que

nortearão a sistematização de um plano para a salvaguarda desse modo de fazer.

Algumas ações, inclusive, já foram efetivadas mesmo antes do registro do bem,9 como

por exemplo a liberação da utilização do leite cru na produção do queijo e as políticas

de controle sanitário do rebanho, executadas por um dos parceiros do processo de

registro desse modo de fazer, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do

Estado de Minas Gerais/EMATER-MG.

O desenvolvimento dessas ações reafirma o caráter dinâmico da perspectiva de

salvaguarda que orienta as políticas de patrimônio imaterial, tendo em vista não se

limitarem a um momento específico da ação do poder público mas, sim, permearem

todo o processo de identificação, reconhecimento e valorização da diversidade de

referências que participam da formação cultural brasileira. Nesse contexto, a

elaboração de um Plano de Salvaguarda vem no sentido de sistematizar, organizar as

demandas surgidas durante esse processo e os possíveis caminhos para a

sustentabilidade do bem em questão.

Esses caminhos devem ser construídos sempre com a maior participação dos

grupos sociais envolvidos com o bem, fundamento que norteia a sistematização do

Plano de Salvaguarda do Modo Artesanal de Fazer o Queijo Minas. Ainda este ano

serão realizadas as primeiras reuniões com os detentores desse saber para levantamento

das diretrizes que deverão nortear, conjuntamente, as ações do poder púbico e da

comunidade com vistas à permanência desse modo de fazer.

Celebrações

Momentos diferenciados de sociabilidade, as celebrações se expressam através

de rituais e festas que “marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do

entretenimento e de outras práticas da vida social” (BRASIL, 2000). Esses momentos

participam fortemente na produção de sentidos de pertencimento e envolvem práticas

diversas, que vão desde aquelas relacionadas à alimentação e ornamentação pessoal e

dos caminhos e lugares que marcam esses momentos à manifestação de formas de

expressão variadas, como músicas, orações e danças, por exemplo.

9 Lei Estadual n°14.185, de 31 jan. 2002; Decreto n° 42.645, de 05 jun. 2002; Portaria 517, de 14 jun.

2002; Portaria 518, de 14 jun. 2002; Portaria 523, de 03 jul. 2002.

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10

Em Minas Gerais existe uma diversidade significativa de celebrações,

especialmente aquelas de origem afro-brasileira e as ligadas à produção agrícola – como

as Festas do Rosário e as Festas do Milho, respectivamente – disseminadas em várias

regiões do estado, conforme já pudemos depreender do levantamento inicial propiciado

pelo Mapeamento Cultural, citado anteriormente.

Não tendo havido ainda, no entanto, demandas para o inventariamento ou

registro desses bens encaminhadas à Superintendência do IPHAN no estado, nem

sistematização desses dados preliminares, aguarda-se a conclusão do referido

Mapeamento, que propiciará uma primeira aproximação frente a estas manifestações e a

elaboração de diretrizes iniciais para sua identificação e pesquisa, na medida em que se

confirmarem os indícios de referencialidade que têm se mostrado aí presentes.

Formas de Expressão

A categoria Formas de Expressão inclui manifestações literárias, musicais,

plásticas, cênicas e lúdicas (BRASIL, 2000) que, associadas a grupos sociais ou regiões

específicas, são “desenvolvidas por atores sociais (individuais ou coletivos)

reconhecidos pela comunidade e em relação às quais o costume define normas,

expectativas, padrões de qualidade, etc” (INVENTÁRIO, 2000, p. 31). Constituem-se,

muitas vezes, por formas não-linguísticas que expressam representações elaboradas

pelos grupos sociais a respeito de seu cotidiano e de suas visões de mundo e

estabelecem laços que os identificam e aproximam.

O Jongo e o Toque dos Sinos são dois exemplos de Formas de Expressão que

estão sob enfoque das políticas federais de patrimônio cultural em Minas Gerais. No

caso do Jongo, no interior de um território mais amplo que o estadual – tendo em vista

que seu registro diz respeito à região Sudeste; e no caso do Toque dos Sinos, ainda em

fase de elaboração de seu dossiê, tendo em vista a finalização de seu inventário.

Forma de expressão da cultura afro-brasileira constituída por canto, dança e

percussão de tambores, o Jongo formou-se basicamente nas fazendas de café e cana-de-

açúcar do Vale do Rio Paraíba, ao que tudo indica a partir da segunda metade do século

XIX, acontecendo geralmente nas festas dos santos católicos e das divindades afro-

brasileiras, nas festas juninas e naquelas que comemoram a abolição da escravidão, no

13 de maio. Tendo sido registrado como Jongo no Sudeste, em Minas Gerais até o

momento foi identificado um grupo, na cidade de Carangola, que tem participado

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11

sistematicamente das atividades desenvolvidas pelo Pontão do Jongo com vistas à

salvaguarda dessa forma de expressão.10

Por outro lado está se iniciando, sob coordenação da Superintendência do

IPHAN em Minas Gerais, a identificação de grupos e mestres de Jongo na região da

Zona da Mata mineira, com vistas à ampliação dos conhecimentos sobre essa

manifestação no estado e das possibilidades de atuação do poder público para a

salvaguarda deste bem na região.

Já no que diz respeito aos Toques dos Sinos, seu pedido de registro partiu da

Secretaria Estadual de Cultura, referindo-se especificamente à cidade de São João del-

Rei. Com o início dos estudos a respeito dessa forma de expressão naquela cidade,

surgiram indícios de que os toques dos sinos constituíam-se como referência em outras

regiões do estado, estendendo-se o estudo e o pedido de registro para as cidades de Ouro

Preto, Mariana, Catas Altas, Sabará, Diamantina, Serro, Tiradentes e Congonhas do

Campo, solicitação feita pela Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais.

Presentes de diferentes formas nessas cidades os toques dos sinos têm, no

entanto, forte participação na produção de suas identidades, ainda que muitas vezes isto

seja sentido pela sua já quase ausência, como é o caso de Sabará, ou pelo estranhamento

que as transformações que envolvem sua permanência provoca em suas populações,

como em Tiradentes. Estabelecendo-se como linguagem11 conformam, sobretudo, uma

paisagem sonora que compõe a ambiência dessas localidades, conferindo-lhes uma

identidade própria e possibilitando que seus habitantes se distingam dos de outras

cidades a partir do repertório dos toques, do que “dizem” e do som diferenciado que

plangem. Em fase final de instrução, o processo de pedido para registro do Toque dos

Sinos nas Cidades Mineiras deverá ser encaminhado ao Conselho Consultivo do

IPHAN, que dará seu parecer a respeito.

Há que se destacar ainda, no que diz respeito a esta forma de expressão, que sua

existência está diretamente implicada à conservação do bem material que a sustenta – os

sinos – e à prática de um ofício transmitido oralmente há gerações – o de sineiro. Nesse

sentido, a salvaguarda do bem “Toque dos Sinos” não pode desconsiderar a interface

entre estas dimensões, indicando a impossibilidade de dissociação entre o material e o

10 Ações que giram em torno de três eixos principais: articulação, capacitação e difusão e divulgação. 11 O emprego da palavra linguagem derivando de uma abordagem semiótica e não lingüística, conforme

debates ocorridos no decorrer da realização do inventário e da elaboração do dossiê de caracterização do

bem, em fase de finalização.

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12

imaterial no que diz respeito às políticas de patrimônio cultural – uma das diretrizes

dessa política, inclusive.

Lugares

As praças, mercados, santuários, feiras são alguns dos espaços onde se

concentram e reproduzem práticas culturais coletivas que propiciam a elaboração de

sentidos diversos para aqueles que os têm como referência, tanto em seu cotidiano

quanto em momentos excepcionais, em suas manifestações vernáculas e/ou oficiais.

Apropriados de formas variadas, relacionam-se a práticas e atividades diversas, ligadas

ao mundo do trabalho, das trocas, do lazer, da religião, da expressão política, enfim,

constituem-se como locais de centralidade para a vida de determinados grupos sociais,

em dado território.

Um desses lugares referenciais vem merecendo a atenção das políticas federais

de patrimônio cultural, em Minas Gerais: o Mercado Central de Belo Horizonte.

Marcado pela diversidade – de freqüentadores, de produtos, de relações, de

apropriações, de representações – é um lugar ao qual é associada uma determinada

identidade que diz respeito à cidade e ao Estado, sendo reconhecido por várias pessoas e

grupos sociais (não só do estado) como referência de um determinado pertencimento.

No entanto, apesar de ser um espaço público, é propriedade particular da Associação de

seus lojistas, que não demonstram interesse em se aproximar das políticas públicas de

patrimônio cultural.

No entanto, a partir de uma demanda social expressa por meio do Ministério

Público, da mídia e de alguns setores da cidade diante de uma ameaça de

descaracterização sofrida por este espaço, considerou-se a necessidade de

estabelecimento de um diálogo com seus detentores, no sentido de que fosse ampliada a

noção de “comunidade Mercado”, que vai além deles e diz respeito a todos os que

tomam esse espaço como referência para a produção de sentidos de pertencimento e

sociabilidade. Esse diálogo vem sendo articulado juntamente com a política municipal

de patrimônio cultural,12 e tem possibilitado a ampliação do debate sobre a dimensão

referencial que esse espaço abriga, gerando um movimento na própria Associação de

12 As ações realizadas até o momento foram a recolhimento, em vídeo, de depoimentos de freqüentadores,

feirantes e outras pessoas ligadas ao Mercado e o Seminário “Mercado Central: memória e perspectivas”,

que darão origem a uma publicação impressa e audiovisual sobre esse espaço, já em fase de preparação.

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feirantes em direção à sua salvaguarda: a elaboração de um regimento interno que prevê

alguns parâmetros para a permanência desse como um espaço diferenciado e de forte

marca identitária e a abertura para que seja negociado o seu inventariamento através do

Inventário Nacional de Referências Culturais.

Para finalizar, há que se considerar que as ações aqui brevemente expostas

dizem respeito a uma política pública recente no cenário brasileiro, ainda em fase de

consolidação, disseminação e construção de caminhos para a consecução de seus

objetivos. Esses caminhos, no entanto, já têm alguns de suas diretrizes afirmadas – a

participação, a sustentabilidade e a diversidade – e, ainda que muitas vezes se mostrem

aquém do ideal, orientam a busca de alternativas que contribuam, de forma concreta,

para a efetivação do direito à memória e à diversidade em território nacional, sempre

levando em conta que esse processo não se faz sem conflitos.

Pois, como nos afirma Mário Chagas, “excluindo os aspectos involuntários,

todas as ações de preservação, musealização e memorização estão ao serviço de

determinados sujeitos, o que equivale a dizer que elas ocorrem como um ato de vontade,

ou como um ato de poder” (CHAGAS, 2002, p.18) e que “a constituição do bem

cultural implica um processo de atribuição voluntária de significados e valores”

(CHAGAS, 2002, p. 25), o que nos indica a necessidade de desnaturalização dos

conceitos de patrimônio cultural e de percepção de seu caráter construído e inventado

(GONÇALVES, 2005; ARANTES NETO, 2000.).

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